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Numero do processo: 13827.000281/2005-41
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Oct 27 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004
COFINS. REGIME NÃO-CUMULATIVO. INSUMOS. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS . CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO.
No regime de incidência não-cumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637/02 e 10.833/03 (art. 3º, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. Diante do modelo prescrito pelas retrocitadas leis - dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo - vê-se que o legislador optou por um regime de não-cumulatividade parcial, onde o termo insumo, como é e sempre foi historicamente empregado, nunca se apresentou de forma isolada, mas sempre associado à prestação de serviços ou como fator de produção na elaboração de produtos destinados à venda, e, neste caso, portanto, vinculado ao processo de industrialização.
COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DE CUSTOS E DESPESAS COM INSUMOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS INSUMOS NO PROCESSO PRODUTIVO OU NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
O creditamento objeto do regime da não-cumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, além da necessária observação das exigências legais, requer a perfeita comprovação, por documentação idônea, dos custos e despesas decorrentes da aquisição de bens e serviços empregados como insumos na atividade da pessoa jurídica.
REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO-COMPROVAÇÃO. GLOSA.
A não-comprovação dos créditos, referentes à não-cumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização.
ÁLCOOL PARA OUTROS FINS. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. RATEIO.
As receitas relativas a vendas de álcool para outros fins que não o carburante são tributadas pelas contribuições sociais no regime de incidência não-cumulativa, devendo o respectivo crédito, em relação aos insumos utilizados na produção de álcool, ser apurado proporcionalmente à receita total do produto.
NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA.
O julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores.
Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da impugnação, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido.
DESPACHO DECISÓRIO. INSUBSISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
É incabível a arguição de nulidade do despacho decisório, cujos procedimentos relacionados à decisão administrativa estejam revestidos de suas formalidades essenciais, em estrita observância aos ditames legais, assim como verificado que o sujeito passivo obteve plena ciência de seus termos e assegurado o exercício da faculdade de interposição da respectiva manifestação de inconformidade.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Direito Creditório Reconhecido em Parte.
Numero da decisão: 3802-003.849
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e na parte conhecida dar parcial provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano Damorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2004 COFINS. REGIME NÃO-CUMULATIVO. INSUMOS. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS . CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. No regime de incidência não-cumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637/02 e 10.833/03 (art. 3º, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. Diante do modelo prescrito pelas retrocitadas leis - dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo - vê-se que o legislador optou por um regime de não-cumulatividade parcial, onde o termo insumo, como é e sempre foi historicamente empregado, nunca se apresentou de forma isolada, mas sempre associado à prestação de serviços ou como fator de produção na elaboração de produtos destinados à venda, e, neste caso, portanto, vinculado ao processo de industrialização. COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DE CUSTOS E DESPESAS COM INSUMOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS INSUMOS NO PROCESSO PRODUTIVO OU NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. O creditamento objeto do regime da não-cumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, além da necessária observação das exigências legais, requer a perfeita comprovação, por documentação idônea, dos custos e despesas decorrentes da aquisição de bens e serviços empregados como insumos na atividade da pessoa jurídica. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO-COMPROVAÇÃO. GLOSA. A não-comprovação dos créditos, referentes à não-cumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização. ÁLCOOL PARA OUTROS FINS. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. RATEIO. As receitas relativas a vendas de álcool para outros fins que não o carburante são tributadas pelas contribuições sociais no regime de incidência não-cumulativa, devendo o respectivo crédito, em relação aos insumos utilizados na produção de álcool, ser apurado proporcionalmente à receita total do produto. NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA. O julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores. Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da impugnação, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido. DESPACHO DECISÓRIO. INSUBSISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É incabível a arguição de nulidade do despacho decisório, cujos procedimentos relacionados à decisão administrativa estejam revestidos de suas formalidades essenciais, em estrita observância aos ditames legais, assim como verificado que o sujeito passivo obteve plena ciência de seus termos e assegurado o exercício da faculdade de interposição da respectiva manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte.
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REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS . CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. No regime de incidência nãocumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637/02 e 10.833/03 (art. 3º, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. Diante do modelo prescrito pelas retrocitadas leis dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo vêse que o legislador optou por um regime de não cumulatividade parcial, onde o termo “insumo”, como é e sempre foi historicamente empregado, nunca se apresentou de forma isolada, mas sempre associado à prestação de serviços ou como fator de produção na elaboração de produtos destinados à venda, e, neste caso, portanto, vinculado ao processo de industrialização. COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DE CUSTOS E DESPESAS COM INSUMOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS INSUMOS NO PROCESSO PRODUTIVO OU NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. O creditamento objeto do regime da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, além da necessária observação das exigências legais, requer a perfeita comprovação, por documentação idônea, dos custos e despesas decorrentes da aquisição de bens e serviços empregados como insumos na atividade da pessoa jurídica. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. GLOSA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 82 7. 00 02 81 /2 00 5- 41 Fl. 570DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 A nãocomprovação dos créditos, referentes à nãocumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização. ÁLCOOL PARA OUTROS FINS. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. RATEIO. As receitas relativas a vendas de álcool para outros fins que não o carburante são tributadas pelas contribuições sociais no regime de incidência não cumulativa, devendo o respectivo crédito, em relação aos insumos utilizados na produção de álcool, ser apurado proporcionalmente à receita total do produto. NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA. O julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores. Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da impugnação, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido. DESPACHO DECISÓRIO. INSUBSISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É incabível a arguição de nulidade do despacho decisório, cujos procedimentos relacionados à decisão administrativa estejam revestidos de suas formalidades essenciais, em estrita observância aos ditames legais, assim como verificado que o sujeito passivo obteve plena ciência de seus termos e assegurado o exercício da faculdade de interposição da respectiva manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e na parte conhecida dar parcial provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Fl. 571DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 571 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 4ª Turma da DRJ de Ribeirão Preto – SP (fls. 488/494 do processo eletrônico), que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela interessada contra despacho decisório que homologou parcialmente a Declaração de Compensação (Dcomp fls. 4/6), cujo crédito provém do saldo credor da contribuição da COFINS não cumulativos, relativo a receitas de exportação, apurado no regime de incidência nãocumulativa, referente ao mês de outubro de 2004. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: Trata o presente processo de Declaração de Compensação (Dcomp), a fls.4 a 6, cujo crédito provém do saldo credor da Cofins, relativo a receitas de exportação, apurado no regime de incidência nãocumulativa, referente ao mês de outubro/2004, no valor de R$ 246.489,27. A DRF/Bauru, por meio do despacho decisório de fls. 162/164, homologou parcialmente a compensação, reconhecendo o direito creditório no valor de R$ 52.521,86. De acordo com o Termo de Constatação Fiscal, de fls. 149/153, o crédito foi deferido parcialmente devido à glosa de vários itens relativos aos créditos apurados pela requerente, conforme descrito no citado termo. Cientificada do despacho decisório e inconformada com o deferimento parcial de seu pedido, a interessada apresentou manifestação de inconformidade, às fls.188/222, alegando, preliminarmente, duplicidade de autuação, porquanto em data anterior foi lavrado auto de infração sob as mesmas alegações, cuja verificação fiscal abrangeu os anos de 2004 e 2005, conforme documentos que anexa. Assim, tratarseia da mesma exigência fiscal em razão de um mesmo fato. Ainda em preliminar, alega que “a inclusão, no auto de infração, de valores não devidos, face à parte da exigência estar abrangida pelo instituto da decadência ou em razão da glosa indevida...” “...retira do presente a liquidez e certeza, o que por si só torna nula a lavratura do auto de infração...” Prosseguindo, também em preliminar, argumenta que o despacho decisório e o termo de constatação seriam nulos porquanto não discriminam especificamente quais os produtos que não se enquadram como insumo, tampouco apresentam a motivação e a fundamentação legal das glosas, além de a fiscalização ter apontado no termo de constatação o descumprimento de vários artigos do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999), que seriam totalmente inaplicáveis ao caso concreto. Fl. 572DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 Assim, faltariam elementos essenciais ao ato administrativo, tais como, motivo, agente, objeto, forma, finalidade, resultando no cerceamento do direito de defesa e na nulidade do procedimento. Também discorre longamente sobre a motivação do ato administrativo, para concluir que a motivação que o ato deve conter tem que ser acessível ao destinatário, de modo que este prescinda de advogado ou especialista para exercer seu direito de defesa. Por fim, argumenta que o ato combatido ofende também o princípio da verdade material, o que também levaria a sua nulidade. Quanto ao mérito, alega, em resumo, que o conceito de insumo para o PIS e Cofins não pode ser transposto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações (ICMS), pois a nãocumulatividade das contribuições sociais não se restringe às empresas industriais. Assim, insumo, no âmbito da nãocumulatividade, não seria composto somente pelas matériasprimas utilizadas diretamente na produção, mas por todos os bens e serviços, desde que utilizados na fabricação de bens e serviços, anexando excerto de texto de jurista nesse sentido. Ainda quanto ao mérito, repete as alegações preliminares quanto à ausência de discriminação e fundamentação das glosas, discorrendo brevemente sobre seu processo produtivo e o aproveitamento dos insumos que, segundo seu entendimento, gerariam direito ao crédito das contribuições. Quanto aos insumos, argumenta que a graxa foi indevidamente glosada, pois nada mais é que um lubrificante indispensável ao funcionamento das máquinas do processo produtivo, e, assim como este, deveria dar direito ao crédito, conforme entendimento da própria Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), por meio de Solução de Divergência que cita. O mesmo se aplica aos combustíveis e lubrificantes utilizados no processo produtivo, cujo aproveitamento do crédito está previsto na Lei nº 10.833, de 2003, na IN SRF nº 404, de 2004, e ainda em entendimento da Administração Tributária. Com relação ao estoque de abertura do álcool carburante, a contribuinte alega que a fiscalização glosou valores dos créditos a ele relativos e não estabeleceu o rateio proporcional entre o álcool carburante (regime cumulativo) e o álcool para outros fins (regime nãocumulativo), pois, segundo a recorrente, também teria havido venda deste último tipo, conforme notas fiscais que anexa. O mesmo se pode dizer em relação aos insumos utilizados para a produção de álcool carburante, ou seja, deveria haver o rateio entre os insumos utilizados na produção de álcool carburante, álcool para outros fins e açúcar. Fl. 573DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 572 5 Reclama também a recorrente que teria havido glosa indevida de créditos relativos a embalagens, haja vista que o acondicionamento do açúcar constituise em etapa da industrialização. No que tange aos créditos relativos aos serviços prestados, argumenta, em resumo, que a legislação permite o desconto de tais créditos desde que utilizados na produção de bens ou na prestação de serviços, e não somente aqueles aplicados diretamente na produção dos produtos, e ainda que a fiscalização não teria sido clara no embasamento da glosa. Em relação à glosa dos créditos referentes aos serviços que, segundo a fiscalização, a contribuinte não teria comprovado que não houve aumento da vida útil do bem em mais de um ano, alega que não há como fazer prova negativa e que houve inversão do ônus da prova já que a fiscalização é que teria que provar o que alegou para embasar a glosa. Quanto aos créditos oriundos do aluguel de máquinas e equipamentos, argúi que tais bens são utilizados tanto na movimentação da matériaprima, que geraria crédito, quanto no transporte e empilhamento de mercadorias, que não geraria crédito, assim a fiscalização deveria ter segregado proporcionalmente os créditos relativos a esse item. No tocante aos créditos relativos a arrendamento mercantil, argumenta que a fiscalização, apesar de não citar no termo de constatação nem no despacho decisório, glosou esse crédito sem maiores explicações. Alega também que para os créditos relativos a insumos adquiridos de pessoa jurídica foram utilizados os percentuais relativos ao crédito presumido, reduzindo assim o seu valor sem base legal ou justificativa. Por fim, argumenta que houve aplicação indevida de rateio do crédito em casos em que o crédito deveria ser integral, como nos serviços de ensacamento, marcação e manuseio de sacaria e em relação à levedura. Diante de tais alegações, que incluem a imputação de falta de clareza e de cerceamento do direito de defesa à decisão da autoridade a quo, considerando ainda que a recorrente cita itens que, de acordo com os autos, os respectivos créditos não teriam sido objeto de glosa e também tendo em vista que o termo de constatação, de fls. 149/153, contém apenas uma descrição vaga das glosas, pois não detalha os itens glosados acompanhados dos respectivos valores, o presente foi baixado em diligência à DRF para que os auditoresfiscais responsáveis discriminassem, por item, os valores dos créditos glosados, bem assim esclarecessem o porquê de cada glosa. Em atendimento à diligência foi expedido o Termo de Diligência, de fls.459/466, com os esclarecimentos solicitados. Fl. 574DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Ciente do termo acima, a requerente apresentou a manifestação de fls.469/477, onde alega, em resumo, que as IN nºs 247, de 2002, e 404, de 2004, são ilegais, porquanto extrapolam o disposto nas Leis nºs 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, ao restringirem o conceito de insumo no âmbito da não cumulatividade. Repete ainda alegação da manifestação inicial no sentido de que o conceito de insumos para as contribuições sociais não é o mesmo que o aplicado no âmbito do IPI, se assemelhando mais aos conceitos utilizados no imposto de renda, abrangendo todo e qualquer custo ou despesa necessários à atividade da empresa, conforme decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) e da Justiça, das quais transcreve partes. Os argumentos aduzidos pelo sujeito passivo, no entanto, não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. GLOSA. A nãocomprovação dos créditos, referentes à não cumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. Os insumos utilizados no processo produtivo somente dão direito a crédito no regime de incidência nãocumulativa, se incorporado diretamente ao bem produzido ou se consumidos/alterados no processo de industrialização em função de ação exercida diretamente sobre o produto e desde que não incorporados ao ativo imobilizado. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. Somente dão direito ao crédito no regime de incidência nãocumulativa, os gastos expressamente previstos na legislação de regência. DIREITO DE DEFESA. CERCEAMENTO. INOCORRÊNCIA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo autuado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 575DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 573 7 Cientificada da referida decisão em 18/12/2012 (fls. 502), a interessada, em 15/01/2013 (data da transmissão de arquivos via sistema de validação e autenticação de arquivos digitais – fls. 504), apresentou o recurso voluntário de fls. 505/532, com as alegações resumidas abaixo: a) preliminarmente, argumenta que a questão não foi decidida com isenção, falta do princípio da motivação, inconsistências dos dados, subjetivismo, demonstração da efetiva irregularidade, e ainda ausência, no Acórdão, de apreciação de todas as razões suscitadas, solicitando a nulidade da decisão DRJ, posto que cuidou ela de matéria estranha à versada na Manifestação de Inconformidade. Argumenta ofensa ao princípio da verdade material, ensejando que o lançamento de ofício, está irremediavelmente eivado de nulidade, portanto deve ser decretada a insubsistência do despacho decisório ora combatido. Cita jurisprudências administrativas e judiciais; b) quanto ao mérito, no que se refere aos tópicos abaixo relacionados, questiona o Fisco pelas glosas dos créditos, expressando seus argumentos para cada item, observandose que na maioria deles, houve por parte fiscalização algum tipo de restrição ao conceito de insumos: b.1 Da Definição de Insumos no Contexto da NãoCumulatividade; b.2 Dos Insumos Consumidos Pela Recorrente; b.3 Dos Produtos Lubrificantes (graxas); b.4 Os Lubrificantes Utilizados no Processo Produtivo; b.5 Falta Distinção Entre o Álcool Cumulativo e Não Cumulativo; b.6 Os Materiais de Embalagem Específicos Para o Açúcar; b.7 O Valor do Estoque de Abertura; b.8 Dos Serviços Tomados Pela Recorrente; b.9 Do Aluguel de Máquinas e Equipamentos; b.10 Do Leasing; b.11 Da Aquisição de Insumos de Pessoas Jurídicas, e b.12 Da Aplicação Indevida do Rateio. Diante do exposto, requer que seja declarada a nulidade da decisão ora recorrida ou, se assim não entender, que seja dado provimento ao presente recurso em face da improcedência do feito fiscal e, como decorrência, ser com o reconhecido o direito creditório da Recorrente e a consequente homologação das compensações objeto do pleito. É o relatório. Fl. 576DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra 1) Admissibilidade do recurso Quanto ao recurso voluntário, não consta, dos autos, claramente no documento, a data em que o mesmo foi protocolizado. Todavia, admito que o aludido recurso foi protocolizado em 15/01/2013, data em que foi recebido o arquivo digital da empresa segundo o correspondente recibo do Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais (fl. 504). Assim, considerando que o arquivo transmitido é identificado como “RECURSO VOLUNTÁRIO – PROCESSO 13827.000281/200541”, e que a unidade preparadora encaminhou o processo para este CARF, julgoo como tempestivo. No mais, o recurso voluntário preenche aos demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. 2) Preliminar de Nulidade da decisão recorrida Alegou a recorrente a nulidade do Acórdão de primeira instancia, argumentando que teria havido a ausência de apreciação de todas as razões suscitadas e que a questão não foi decidida com isenção, havendo inconsistências dos dados, subjetivismo, não demonstração da efetiva irregularidade e porque o acórdão recorrido não se ateve aos aspectos fundamentais colocados à análise do julgador. Conclui alegando que a decisão em discussão cuidou de matéria estranha à versada na Manifestação de Inconformidade, proferindo, assim, decisão de natureza diversa da que foi demandada, sem a motivação e violando a garantia do recorrente e que o Termo de Diligência, em sua visão, nada acrescentou aos autos. A preliminar deve ser rejeitada, pois o acórdão recorrido escorouse no entendimento explícito no sentido de que as aquisições de insumos e dos serviços só geram créditos quando os bens e serviços são aplicados diretamente no produto em fabricação. Especificamente quanto a graxa, a decisão invocou e adotou a interpretação contida na Solução de Divergência Cosit nº 12/2007 para negar o crédito pleiteado pelo contribuinte, o que atende ao disposto no art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/99. Portanto, verificase na decisão, que a DRJ detalhou todas as razões pelas quais resultou na improcedência da manifestação de inconformidade, não reconhecendo, como exposto, o direito creditório. Contudo, temos que observar que o julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem detalhar ao máximo seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores. Sendo resolvida a questão suscitada, com motivação explícita no Acórdão, não se tem por omisso o julgado. Em suma, os motivos de não reconhecer o direito creditório postulado, residem nas próprias declarações e documentos produzidos pela contribuinte e que nos presentes autos, não restou comprovada qualquer restrição ao direito de defesa da recorrente. Fl. 577DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 574 9 Portanto, o contribuinte pode discordar do teor da decisão, mas não tem razão quanto à preliminar de nulidade, pois o acórdão recorrido está motivado e atende ao princípio da persuasão racional do julgador. Preliminar de nulidade rejeitada. 3) Ofensa ao Princípio da verdade material A recorrente argumenta que o ato combatido ofende também o princípio da verdade material, o que também levaria a sua nulidade, conforme consta do item 44 do recurso voluntário: (...) “44 Temos, por conseqüência, que o lançamento de ofício vestibular está irremediavelmente eivado de nulidade, aliás, insanável. Isto posto, deve ser provida a manifestação de inconformidade ora interposta para o fim de ser decretada, ab initio, a insubsistência do despacho decisório ora combatido, conforme as preliminares acima alinhadas” (g.n). Frisese que o presente processo não se trata de lançamento de crédito tributário, mas sim de despacho decisório que homologou parcialmente a compensação apresentada via Dcomp, ou seja, análise de compensação entre créditos e débitos tributários. Notese que no acórdão da DRJ restou demonstrado com clareza essa questão. Observese: (...) Primeiramente, quanto às alegações preliminares de que haveria duplicidade de autuação, pois o período em questão já havia sido objeto de auto de infração, e que faltaria liquidez e certeza ao lançamento, cumpre esclarecer que a impugnante enganase, porquanto o presente não se trata de lançamento de crédito tributário, mas sim de despacho decisório que homologou parcialmente compensação apresentada via DComp. Assim, não há que se falar em duplicidade de lançamento, pois os procedimentos envolvidos são distintos, este processo, como acima explicado, tratase de análise de compensação entre créditos e débitos tributários e aquele, de constituição do crédito tributário pelo lançamento de ofício, tampouco a homologação parcial de Declaração de Compensação necessita de liquidez e certeza, requisitos estes exigidos para o lançamento do crédito tributário (...). Portanto, no que se refere às preliminares de insubsistência, também não se vislumbra a sua ocorrência, conforme pretende o contribuinte, eis que o despacho decisório, além de se revestir dos requisitos e formalidades necessários à sua constituição, nos termos da legislação de regência da matéria, está adequadamente caracterizado e motivado, de modo a justificar a não aceitação parcial do crédito alegado, como também, não ficou caracterizado cerceamento de defesa, uma vez que a recorrente foi regularmente intimada nos autos. Preliminar de insubsistência do despacho decisório rejeitada. Fl. 578DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 10 4) Do Mérito Como já exposto, a lide envolve discussão concernente à existência ou não de direito creditório referente ao regime de incidência nãocumulativa da COFINS de competência do mês de outubro de 2004. A recorrente, cujo nome de fantasia é Destilaria Tonon, tem por objeto a fabricação de álcool nas suas diversas especificações, e a sua comercialização nos mercados interno e externo (exportação), podendo, em nome dela, serem praticados todas as operações, principais e acessórias, relacionadas com tal atividade. Acrescentese que através do processamento da canadeaçúcar a destilaria produz álcool e açúcar. Consta dos autos que no anocalendário 2004, a empresa enquadravase no regime não cumulativo da COFINS para as receitas decorrentes da produção de açúcar, energia elétrica, levedura e da venda de créditos de carbono e no regime cumulativo para as receitas decorrentes da produção do álcool carburante. O núcleo da questão em combate concentrase sobre a subsunção no conceito de insumos – bens ou serviços adquiridos, que geram direito aos créditos de PIS e da COFINS. É pertinente, portanto, que, antes do exame das questões fáticas objeto da controvérsia sejam feitas breves considerações acerca do referido regime de incidência, nas quais abordaremos, em conjunto, questões atinentes aos regimes da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, dada a similitude existente entre os mesmos. O regime de incidência nãocumulativa das contribuições para o PIS/Pasep e para a COFINS foi instituído, respectivamente, pelas leis nº 10.637, de 30/12/2002 (conversão da Medida Provisória no 66, de 2002), e 10.833, de 29/12/2003 (conversão da medida Provisória no 135, de 2003), tendo passado a produzir efeitos, em relação à nãocumulatividade dessas contribuições – na mesma ordem – a partir de 1o de dezembro de 2002 e de 1o de fevereiro de 2004. Ressalvadas as exceções legais, estão sujeitas à incidência nãocumulativa do PIS/Pasep e da COFINS as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda que apuram o IRPJ com base no lucro real. A legislação pertinente ao regime autoriza, ainda, o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica, nos termos dos artigos 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. O cálculo do crédito é realizado mediante a aplicação das mesmas alíquotas específicas para o PIS/Pasep e para a COFINS sobre referidos custos, despesas e encargos (vide artigo 3o, § 1o, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003). Referidas leis, em seus correspondentes artigo 3o, § 2o, fazem ressalvas ao direito de creditamento em tela. Assim, não dará direito a crédito o valor da mãodeobra paga a pessoa física (hipótese prevista originariamente nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003), bem como (e agora incluídas pela Lei 10.865/2004) as quantias despendidas na aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, e aqui (isenção), quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota zero, isentos ou não alcançados pela contribuição. Os créditos apurados deverão ser utilizados, prioritariamente, para a dedução do valor devido das correspondentes contribuições a recolher. No caso de créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados a receitas de exportação, poderão tais Fl. 579DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 575 11 créditos ser utilizados para a compensação com outros débitos da própria empresa, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. As leis instituidoras da nãocumulatividade admitem, ainda, o ressarcimento em dinheiro, caso não seja possível a utilização dos créditos para a dedução das contribuições a recolher até o final de cada trimestre do ano civil. A questão posta em exame nos autos diz respeito, justamente, à existência ou não de direito ao creditamento da COFINS nãocumulativo em vista da aquisição de matériasprimas e de serviços utilizados no processo produtivo destinado à exportação. Com efeito, o inciso II do artigo 3o da Lei no 10.833/2003, bem como do correspondente preceito da Lei no 10.637 de 2002, prevê o cálculo de créditos a serem descontados ou ressarcidos em relação a bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. 4.1) Da definição de insumos no contexto da nãocumulatividade Sabese que essa questão é polêmica, mas uma análise mais detida da Lei nº 10.833/03 revela que o legislador não determinou que o significado do vocábulo “insumo” fosse buscado na legislação deste ou daquele tributo. Se não existe tal determinação, o intérprete deve atribuir ao vocábulo “insumo” um conteúdo semântico condizente com o contexto em que está inserido o art. 3º , II, da Lei nº 10.833/03. Nesse passo, distinguemse as não cumulatividade do IPI e do PIS/Cofins. No IPI a técnica utilizada é imposto contra imposto (art. 153, § 3º, II da CF/88). No PIS/Cofins, a técnica é base contra base (art. 195, § 12 da CF/88 e arts. 2º e 3º , § 1º da Lei nº 10.637/02 e 10.833/03). A recorrente aduz em seu recurso que: (...) “ao contrário do que ocorre na legislação do IPI, as leis que regulam o regime do PIS e da COFINS não cumulativos não delimitam o significado de insumo. No entanto, a Receita Federal, extrapolando sua competência, expediu as Instruções Normativas 247/02 e 404/04, que se amoldando a legislação do IPI, restringiu o significado de insumo para o PIS e a COFINS não cumulativos”. E segue defendendo que: (...) “Dessarte, devem ser considerados insumos os gastos que, ligados inseparavelmente aos elementos produtivos, proporcionam a existência do produto ou serviço, o seu funcionamento, a sua manutenção ou o seu aprimoramento. Sob essa ótica, o insumo pode integrar as etapas que resultam no produto ou serviço ou até mesmo as posteriores, desde que seja imprescindível para o funcionamento do fator de produção”. Ou seja, pelo entendimento da contribuinte, insumo, no âmbito da não cumulatividade, não seria composto somente pelas matériasprimas utilizadas diretamente na produção, mas por todos os bens e serviços, desde que utilizados na fabricação de bens e serviços, anexando excerto de texto de jurista nesse sentido. Fl. 580DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 12 No entanto, da leitura das redações do dispositivo que trata do creditamento em decorrência da aquisição de insumos – a atual e as historicamente concebidas para referido preceito – constatase que o termo “insumo”, na forma como é e sempre foi empregado, nunca se apresentou no texto normativo de forma isolada, mas continuamente associado ao seu papel de fator de produção ou na prestação de serviços, ou na fabricação de produtos destinados à venda, ou seja, ao processo de industrialização. No regime nãocumulativo de PIS/Cofins, a Lei dispõe de maneira diferente da legislação do IPI, reconhecendo o crédito em relação à aquisição de “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes” (art. 3º, II, da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003). O legislador, como visto, vai além do âmbito da industrialização, utilizando termos mais amplos, referindose à produção ou fabricação de bens e, também, à prestação de serviços. O contexto em que ocorre a incidência de PIS/Cofins, apresenta como fato gerador a receita bruta ou faturamento, referindose, assim, a todo tipo e amplitude de atividade produtiva, não se limitando apenas à fase de industrialização. Desde o primeiro momento este Conselho recusou a pretensão de confinar o conceito de insumo aos mesmos critérios da legislação do IPI, conforme serve de exemplo o seguinte julgado da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no qual foi negado provimento ao recurso do Procurador da Fazenda Nacional: CRÉDITO. RESSARCIMENTO, A inclusão no conceito de insumos das despesas com serviços contratados pela pessoa jurídica e com as aquisições de combustíveis e de lubrificantes, denota que o legislador não quis restringir o creditamento do PIS/Pasep às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Recurso negado Acórdão 9303001.035, Processo 11065.101271/200647, Rel. Cons. Henrique Pinheiro Torres, j. 23/08/2010 Como vimos acima, concluímos que geram direito de crédito todos os insumos – bens ou serviços – que sejam aplicados na produção – de bens ou serviços –, cuja receita esteja sujeita à incidência sob o regime nãocumulativo. No entanto, não é toda e qualquer aquisição que gera direito de crédito, mas apenas aquelas que se enquadrem nas hipóteses de crédito previstas nas Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. São estas Leis a fonte primária de definição dos critérios para o direito de crédito. O entendimento deste Conselho, com efeito, é de que: “O conceito de insumo previsto no inciso II do art. 3° da Lei n° 10.637/02 e normalizado pela IN SRF n° 247/02, art. 66, § 5°, inciso I, na apuração de créditos a descontar do PIS não cumulativo, não pode ser interpretado como todo e qualquer bem Fl. 581DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 576 13 ou serviço que gera despesa necessária à atividade da empresa, mas tão somente aqueles adquiridos de pessoa jurídica, intrínsecos à atividade, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado. (…) (Acórdão 330100.423, Processo 11080.003383/200483, Rel. Cons. Maurício Taveira e Silva, j. 03/02/2010). Assim, na busca de um conceito adequado para o vocábulo insumo, no âmbito das contribuições não cumulativas, a tendência da jurisprudência no CARF caminha no sentido de considerar o conceito de insumo coincidente com conceito de custo de produção, pois além de vários dos itens descritos no art. 3º da Lei nº 10.833/03, integrarem o custo de produção, esse critério oferece segurança jurídica tanto ao fisco quanto aos contribuintes, por estar expressamente previsto no artigo 290 do Regulamento do Imposto de Renda. Nessa linha de raciocínio, este colegiado vem entendendo que para um bem ser apto a gerar créditos da contribuição não cumulativa, com base no art. 3º, II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2002, ele deve ser aplicado ao processo produtivo (integrar o custo de produção) e não ser passível de ativação obrigatória à luz do disposto no art. 301 do RIR/99. Se for passível de ativação obrigatória, o crédito deverá ser apropriado não com base no custo de aquisição, mas sim com base na despesa de depreciação ou amortização, conforme normas específicas. Para definir o conceito de insumo no PIS e na COFINS não cumulativos é necessário constatar a essencialidade do bem ao processo produtivo do contribuinte. Assim, geram crédito do PIS e da COFINS não cumulativos somente as despesas com materiais considerados essenciais. Portanto, para decidir quanto ao direito ao crédito de PIS/Cofins não cumulativo é imprescindível que primeiro se confiram as características da atividade produtiva desenvolvida pela empresa para, então, analisar quais as aquisições que configuram insumo para os bens e serviços por ela produzidos. É com este enfoque que passaremos a examinar os argumentos apresentados pela Recorrente frente os elementos e constatações presentes nos autos. 4.2) Dos Insumos consumidos pela recorrente A recorrente discorre em seu recurso voluntário que no desenvolvimento de sua atividade produtiva, adquire diversas matériasprimas, produtos intermediários, materiais de embalagem e serviços que são empregados no processo de fabricação e comercialização de seus produtos. Dentre eles, aqueles arrolados nos demonstrativos de fls. 296/301 (Análise dos dados elaboradas pela fiscalização durante a ação fiscal), parte foram objeto de glosa e que no entender da recorrente, geram o direito ao crédito da COFINS. Ressalta que os produtos e serviços concorrem decisivamente para a obtenção do açúcar e do álcool, ou seja, inúmeros produtos e serviços que são adicionados ao caldo durante a decantação, fermentação, destilação (álcool) ou filtração, evaporação, cozimento centrifugação e secagem (açúcar) visando um só e único fim: o produto final industrializado. Fl. 582DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 14 A defesa se limitou a fazer alegações genéricas em relação ao seu direito de tomar o crédito em relação a todos os custos e despesas necessários à manutenção da sua atividade, com base no art. 3º, II das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, mas não trouxe aos autos nenhum elemento hábil à comprovação de que os bens glosados nas planilhas (fls. 296/301), se enquadram nos requisitos que garantem o direito de crédito com base no custo de aquisição do bem. O simples exame das referidas planilhas não permite ao julgador constatar que os bens ali discriminados se enquadram no conceito de insumo que vem sendo adotado por este colegiado. Alguns dos itens glosados definitivamente se verifica que não integram o custo de produção. Por outro lado, outros itens poderiam gerar o crédito das contribuições, como por exemplo produtos químicos, lubrificantes e combustíveis, se aplicados na produção; materiais de manutenção/reparos, desde que efetuados na fábrica ou em máquinas utilizadas diretamente na produção. Embora a Recorrente trouxe aos autos uma descrição do processo produtivo da empresa (Etapas do Processo Industrial e Fluxogramas fls. 244/259), por si só não permite ao julgador correlacionar os materiais glosados com as formas pelas quais são utilizados no referido processo produtivo. No caso sob análise, quanto aos elementos probatórios, tratase de processo de iniciativa do contribuinte, no qual ele compareceu perante a administração para pleitear o direito aos créditos da contribuição. Competelhe, portanto, o ônus de comprovar que o direito alegado é certo quanto à sua existência e líquido quanto ao valor solicitado. Não tendo o contribuinte se desincumbido do ônus de comprovar o direito alegado no recurso, há que se manter as glosas consignadas nas planilhas de fls. 296/301. Ressaltese que para todos os itens glosados nos autos, a fiscalização elaborou uma Planilha denominada “Análise de dados da empresa feita durante a ação fiscal” (fls. 296/301), que contém a discriminação e identificação das despesas apresentadas pela Recorrente, as linhas do DACON, data e número da Nota Fiscal, insumos, serviços, produtos, fornecedores, valores, receitas, e a informação da manutenção do item ou a glosa efetuada pela fiscalização e seu motivo. Para tanto foi tomado a devida ciência da empresa. 4.3) Os Produtos Lubrificantes Graxa Sobre este item, a recorrente argumenta em seu recurso voluntário que, (...) “quanto aos insumos, nas alegações para justificar o feito fiscal, a fiscalização referese expressamente às aquisições de graxa feitas pela Recorrente e glosa os créditos a ela relativo invocando a Solução de Divergência nº 12/07”. Tal contraditório se apresenta enfrentado, uma vez que nas planilhas demonstrativas das glosas e no relatório do Termo de Diligência (fl. 460), onde no item “Lubrificantes” a fiscalização descreve a motivação do ato: glosa – graxa não é lubrificante, por definição da (ANP). A recorrente visando elucidar a questão no intento de elidir a glosa perpetrada pelo Fisco, reproduz várias conceituação do vocábulo “graxa”, pesquisado em Fl. 583DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 577 15 abalizadas publicações linguísticas e técnicas (dicionários, sites, Wikipédia, etc.), visando conceituar o termo graxa, concluindo que a graxa nada mais é que um lubrificante indispensável ao funcionamento de máquinas, equipamentos, motores, etc. Isto porque, conforme definido na legislação (Lei nº 10.637, de 2002, art. 3º, II e § 2º; Lei nº 10.865, de 2004, art. 40) os combustíveis e lubrificantes utilizados ou consumidos no processo de produção de bens e serviços geram créditos do regime de apuração nãocumulativa da Contribuição para a COFINS. No entanto, o Fisco em seu Termo de Constatação Fiscal (fls. 149/153), informa que: (...) “Com relação aos insumos, aplicandose o disposto na IN SRF 404/2004, art. 8o, inciso I, "b" e § 4 o , inciso I, "a", foram glosados valores referentes à compra de graxa (conforme Solução de Divergência Cosit 12/2007) e óleos lubrificantes empregados nos veículos da empresa. Relação das notas fiscais, com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls. 136 a 139”. Quando da elaboração do Termo de Diligência (fls. 459/466), a fiscalização relata que: (...) Lubrificantes foi glosada a nota fiscal de compra de graxa, em razão da Solução de Divergência Cosit 12/2007. O inciso II do artigo 3º o da Lei 10.833/03 prevê o desconto de créditos sobre lubrificantes, e conforme consta da citada Solução de Divergência, graxa não é lubrificante, em definição da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Solução de Divergência 12 de 24 de outubro de 2007 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Não se consideram insumos, para fins de desconto de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, materiais de limpeza de equipamentos e máquinas, graxas, pinos, tarraxas e ferramentas (...). Como se nota, o Fisco escorouse na Solução de Divergência Cosit nº 12/2007, que conclui que não são considerados insumos, para fins de desconto de créditos da contribuição para o PISPasep e da Cofins, os materiais de limpeza de equipamentos e máquinas, graxas, pinos, tarraxas e ferramentas. No entanto, entendo que o produto graxa, no caso, tem a finalidade de preservar a integridade e o regular funcionamento das máquinas utilizadas na atividade produtiva e, portanto, atividade intrínseca ao processo produtivo da empresa. Não há atividade produtiva sem a constante preservação dos maquinários. O dicionário Wikipédia ao se referir ao vocábulo “graxa” dános o seguinte ensinamento: “Graxas são o nome genérico e popular dado a lubrificantes pastosos compostos (semi plásticos) ou de alta viscosidade, compostos de misturas de óleos lubrificantes minerais (de diversas viscosidades) e seus aditivos e especialmente do ponto de vista químico, sais de determinados ácidos graxos com cálcio, sódio, lítio, alumínio, bário e magnésio (geralmente chamados de sabão que em formam com os óleos de origem mineral uma emulsão, que atuam como agente espessador. Em tais formulações o óleo mineral entra como o verdadeiro lubrificante e o espessador, além de conferir a viscosidade à mistura, atua na retenção do óleo mineral” (g.n). Fl. 584DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 16 Portanto, no que se refere ao produto graxa, devese reconhecer o direito de crédito do PIS e da COFINS, pois o art. 3º, II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 é expresso em reconhecer tal direito em relação às aquisições de combustíveis e lubrificantes, não havendo dúvida de que a graxa é um lubrificante e de que tem a sua aplicação como lubrificante nos equipamentos e máquinas utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Com base nos conceitos acima, concluo, pois, pelo reconhecimento do direito de crédito na aquisição de graxa, glosado pelo Fisco conforme demonstrativo de fl. 297. 4.4) Os Lubrificantes Utilizados no Processo Produtivo Nos termos relatados nos autos, a Fiscalização glosou créditos calculados sobre determinados bens e serviços, considerandoos não abrangidos pelo conceito de insumos, nos termos do art. 3°, inciso II, das Leis n° 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003. Neste tópico específico, argumenta a recorrente em seu recurso voluntário no que se refere ao entendimento oficial concernente à apuração indevida de créditos sobre combustíveis e lubrificantes, alega a interessada que estes teriam sido efetivamente utilizados no processo produtivo, e que: (...) “Segundo a disposição expressa no art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/02, 22 e segundo, ainda, a disciplina contida no art. 66, inciso I, alínea ”b”, da Instrução Normativa SRF 247/02, geram direito a créditos da COFINS os dispêndios com combustíveis e lubrificantes utilizados ou consumidos no processo de produção de bens e serviços destinados à venda”. E segue, (...) “Esclarecendo o alcance da norma em comento, a Coordenação Geral do Sistema de Tributação – COSIT, expediu a Solução de Divergência nº 37/08, firmando o entendimento abaixo transcrito:”(...). Por outro lado, de acordo com o Termo de Constatação Fiscal (fls. 149/153), o Fisco relata que: (...) “Com relação aos insumos, aplicandose o disposto na IN SRF 404/2004, art. 8o, inciso I, "b" e § 4 o , inciso I, "a", foram glosados valores referentes à compra de graxa (conforme Solução de Divergência Cosit 12/2007) e óleos lubrificantes empregados nos veículos da empresa. Relação das notas fiscais, com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls. 136 a 139”. Já nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fls. 297), a fiscalização esclarece, na coluna especificada para os Lubrificantes, que tais créditos foram mantidos (glosando somente as graxas, por não ser considerado lubrificantes). Restando claro, portanto, que somente os bens e serviços utilizados de forma direta na produção da pessoa jurídica dão direito ao crédito das contribuições, devendo ser, efetivamente, absorvidos no processo produtivo que constitui o objeto da sociedade empresária. De acordo com os dispositivos legais (arts. 3º da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003) já reproduzidos, é possível constatar que a lei prevê, de forma expressa, o direito de creditamento relativo a combustíveis e lubrificantes utilizados como insumos na prestação de serviços ou na produção de bens ou produtos destinados à venda. Fl. 585DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 578 17 Assim, não há como acolher os argumentos da recorrente no que diz respeito ao alegado direito de creditamento relativamente às glosas nas aquisições de lubrificantes. Notese, que no caso, conforme apurado pela fiscalização em seu demonstrativo (fl. 297), tais créditos referente às aquisições de lubrificantes, foram mantidos. Portanto, quanto aos Lubrificantes utilizados no processo produtivo, não conheço do recurso apresentado, por falta de interesse recursal. 4.5) Falta de Distinção Entre o Álcool Cumulativo e Não Cumulativo Argumenta a recorrente que no que se refere à glosa relativa aos insumos empregados no fabrico do álcool carburante (cumulativo), tampouco assiste razão à fiscalização. 4.5.1) Produtos Químicos utilizados Em seu recurso aduz que: (...) “A fiscalização glosou o crédito de vários produtos químicos que possuem emprego geral no processo produtivo, ou seja: são aplicados tanto na industrialização do álcool como do açúcar, conforme se vê na planilha – utilização anexada aos autos, sem a mínima preocupação em estabelecer o necessário e indispensável rateio proporcional para distinguir a quantidade destinada à produção do álcool e daquela destinada à produção do açúcar. Com efeito, revendo os termos da fiscalização, verifico que, concernente aos produtos químicos adquiridos, a priori, sua admissão não foi vetada, entretanto, restringida àqueles utilizados no tratamento de água, na limpeza de caldeiras, nas torres de resfriamento e os utilizados exclusivamente na fabricação de álcool, na premissa que o termo “insumo” refere se aos bens e serviços utilizados diretamente no processo industrial ou produtivo, razão porque apenas estes materiais poderiam ser admitidos como tal. Tal fato, consta quando o Fisco relata em seu Termo de Diligência (fls. 459/466) que glosou as compras de determinados produtos químicos: (...) Visando a esclarecer a analise feita na ação fiscal, complementamos as informações contidas no Termo de Constatação Fiscal de 29/06/2009 com as despesas glosadas pela fiscalização de acordo com as linhas da ficha 04 do DACON. Estão sendo anexadas fotocópias de notas fiscais de produtos químicos, lubrificantes, serviços, fretes, razões de contas contábeis, estoque de abertura, contratos de prestação de serviços, descritivos manutenção e demais elementos que serviram de base para as glosas. LINHA 2 BENS UTILIZADOS COMO INSUMO Neste item foram apresentadas notas fiscais de aquisição de produtos químicos, lubrificantes, embalagens e cana adquirida de pessoas jurídicas. Os produtos de utilização comum na produção do álcool e açúcar foram rateados de acordo com o percentual não cumulativo, apurado com base nas receitas, e os de uso exclusivo do açúcar foram considerados sem aplicação do rateio. Fl. 586DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 18 Produtos Químicos a fiscalização glosou as compras de produtos químicos que não são utilizados diretamente na produção do açúcar. Já nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fls. 296/297), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para: L02 Produtos Químicos, que para algumas notas fiscais os créditos foram mantidos e outros foram glosados, assim motivados: glosa álcool e glosa – caldeira, mantido com rateio e mantido sem rateio. Portanto, não assiste razão a Recorrente, pois como se verifica no referido Termo, o Fisco informou ainda que os produtos de utilização comum na produção do álcool dos outros produtos não cumulativos, como o açúcar e levedura, foram rateados de acordo com o percentual não cumulativo, apurado com base nas receitas, e os de uso exclusivo dos produtos não cumulativos foram considerados sem aplicação do rateio. Em seu recurso voluntário, embora a recorrente tenha discorrido sobre os insumos consumidos por ela (produtos químicos), em momento algum demonstrou e provou que os bens cujos créditos foram glosados são consumidos no processo de fabricação de seus produtos. A configuração de insumo depende da demonstração da aplicação do bem e serviço na atividade produtiva concretamente desenvolvida pelo contribuinte. A falta desta demonstração impede o reconhecimento do direito de crédito. Com já relatado, como se trata de um pedido de interesse exclusivo da requerente, ressarcimento de contribuições sociais recolhidas, que implica renúncia por parte do ente tributante, o ônus da comprovação dos valores que compõem o crédito postulado é todo da requerente. Desta forma, a composição do valor do crédito pretendido, deve ser devidamente comprovada e explicitada, por parte de quem o postula, de modo a que não restem dúvidas quanto à natureza e montante das operações. Portanto, não podem descontar da contribuição para o COFINS apurada mensalmente, créditos calculados em relação aos valores das aquisições de materiais de consumo, por absoluta falta de amparo legal uma vez que tais despesas não se encontram relacionados no art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, nem tampouco caracterizam insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. 4.5.2) Álcool Cumulativo e Não Cumulativo Neste mesmo tópico a Recorrente prossegue alegado em seu recurso que: (...) “Ainda seguindo este confuso raciocínio, em momento algum a fiscalização preocupouse em verificar se todo o álcool produzido teria sido, de fato, comercializado como álcool carburante (hidratado ou anidro) – CUMULATIVO ou se, como comprovadamente ocorreu, teria havido também a comercialização de álcool destinado a outros fins que não ao consumo como combustível e, portanto, NÃOCUMULATIVO. A par deste fato, a Recorrente apresentou cópias de inúmeras notas fiscais emitidas que comprovam cabalmente que a operação de venda por elas acobertadas referemse à venda de álcool etílico hidratado ou álcool etílico anidro destinados à utilização de diversos outros fins que não ao uso como combustível. As operações de vendas do álcool “Outros Fins“ foi igualmente comprovada através do registro contábil daquelas vendas no período de auditado, conforme espelhado nas folhas do Razão Analítico juntado aos autos. Fl. 587DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 579 19 A título de exemplo, listamos abaixo algumas notas fiscais, dentre aquelas já anexadas, que evidenciam, apenas pela singela leitura da razão social do destinatário da mercadoria, não se tratar de operação relativa à venda de álcool anidro ou hidratado para fins carburantes, já que a comercialização de álcool combustível somente é permitida, pela Agência Nacional de Petróleo ANP, para as distribuidoras por ela credenciadas. NF. 075228 – 01/10/2004 – Cloroetil Solventes Acéticos S/A. NF. 075281 – 04/10/2004 – Cloroetil Solventes Acéticos S/A. NF. 075318 – 05/10/2004 – Butilamil Inds. Reunidas S/A. NF. 076227 – 21/10/2004 – Butilamil Inds. Reunidas S/A. Ora, como é conhecimento comezinho, o álcool carburante ou combustível, quando do advento da lei instituidora do regime nãocumulativo permaneceu no regime cumulativo, enquanto que o álcool não destinado ao uso como combustível foi tangido ao regime da nãocumulatividade. Decorre daí a certeza da precariedade e subjetividade do trabalho realizado pela fiscalização que, por consequência atestam a incontestável nulidade da glosa efetuada”. Sobre esse fato, no Termo de Constatação, verificase consignado que: (...) No anocalendário 2004, a empresa enquadravase no regime não cumulativo da COFINS para as receitas decorrentes da produção de açúcar e levedura e no regime cumulativo para as receitas decorrentes da produção do álcool carburante. Tal fato, também foi mencionado quando o Fisco relata em seu Termo de Diligência (fls. 459/466) quando efetua analisa sobre o estoque de álcool: Com relação ao estoque de álcool, temos no Livro de Produção Diária, a seguinte variação do estoque, porém, não há identificação do destino do produto, se é álcool carburante ou outros fins: (...). (...)Podemos concluir que houve venda de álcool para outros fins, porém, a empresa não apresentou elementos que pudessem definir o volume correto das vendas do álcool para fins não carburante para ser mantido o seu credito presumido do estoque de abertura, conforme solicitado no item 8, do Termo de Diligência Fiscal (...). A DRJ, sobre a questão, não se manifestou, mesmo considerando que tais argumentos estava presentes na manifestação de inconformidade, conforme trecho do Acórdão recorrido, abaixo destacado (fl. 490): (...) Com relação ao estoque de abertura do álcool carburante, a contribuinte alega que a fiscalização glosou valores dos créditos a ele relativos e não estabeleceu o rateio proporcional entre o álcool carburante (regime cumulativo) e o álcool para outros fins (regime nãocumulativo), pois, segundo a recorrente, também teria havido venda deste último tipo, conforme notas fiscais que anexa. Fl. 588DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 20 Como é sabido, em que pese o exposto, na fase impugnatória do processo administrativo fiscal ainda há a possibilidade de a requerente aduzir provas aos autos, conforme disposto no § 4º, do art. 16 do PAF. No caso vertente, a interessada apresentou cópia de notas fiscais de venda de álcool para “Outros fins” (fls. 263 a 274), além de outros documentos, como cópia do livro Razão Analítico (fl. 260/262), o que comprovam documentalmente esse tipo de venda e podem ser aceitos. Destarte, para apuração do crédito relativo às vendas de álcool para “Outros fins”, efetivamente comprovadas pela Recorrente, na fase impugnatória, os insumos utilizados na sua produção devem ser rateados na proporção da receita por elas gerada em relação à receita total da venda de álcool. Verificase que, pelo exposto acima, que a decisão a quo não analisou as vendas de álcool para “Outros fins” efetivamente comprovadas através de documentação hábil juntadas aos autos (cópia de Notas Fiscais). Na linha do acima verificado, os respectivos valores de créditos devem ser ajustados pela Delegacia da RFB de origem. Quanto aos demais argumentos da recorrente, não podem ser considerados, tendo em vista que não foram acostados aos autos, mais provas hábeis contrária em sede de manifestação de inconformidade e tampouco nesta fase, objetivando comprovar o alegado pela Recorrente. Assim, temse que devem ser reconhecidos o direito pleiteado da Recorrente, concernente apenas para as Notas Fiscais de venda álcool “Outros fins” nºs 075228, 075231, 075318, 076149, 076211, 076390, 075224, 075513, 076106, 076227, 076355 e 076541, emitidas no mês de outubro de 2004, cujas cópias foram juntadas aos autos às fls. 263/274. As mesmas, foram devidamente contabilizadas no Livro Razão Analítico, conforme extrato de fls. 260/262. Concluindo, temos que para apuração do crédito relativo às vendas de álcool para outros fins, efetivamente comprovadas pela impugnante, na fase impugnatória, os insumos utilizados na sua produção devem ser rateados na proporção da receita por elas gerada em relação à receita total da venda de álcool. 4.6) Materiais de Embalagem Específicos Para o Açúcar Aduz a recorrente que: (...) “A glosa, de forma inexplicável, atingiu os créditos oriundos da aquisição de sacaria destinada especificamente à embalagem do açúcar. O acondicionamento do açúcar constituise em etapa da industrialização e, como tal em face do princípio da não cumulatividade das contribuições, deve ter todos os valores relativos às suas aquisições de fornecedores considerados para fins de dedução de créditos. Neste aspecto, diante da obviedade do direito ao creditamento, cremos desnecessária argumentação mais aprofundada acerca deste tema”. A fiscalização no seu Termo de Diligência (fls. 459/466) apresenta como fundamentação da glosa dessas aquisições pela seguinte motivação: (...) Embalagens Glosada a nota fiscal da Polikraft referente a aquisição de sacos para embalagens de levedura. O contribuinte ensaca seus produtos em embalagens retornáveis ou em sacas de 25 kgs que não atendem ao previsto na legislação. Ou seja, a empresa não utiliza as chamas Fl. 589DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 580 21 "embalagens de apresentação", aceitas pela legislação como dando direito ao crédito, e sim as "embalagens de transporte". A embalagem de apresentação é aquela incorporada ao produto durante o processo de fabricação, há que se ter como tal aquela que é usualmente empregada para a venda do produto ao consumidor final e que contenha o produto em quantidades compatíveis com sua venda no varejo; e também podese ter como tal aquela que, apesar de conter quantidades maiores, contenham rótulos destinados exclusivamente ao propósito de promover ou valorizar o produto; de outro lado, há que se ter como embalagens de transporte aquelas que se destinam apenas ao transporte dos produtos, por comportarem quantidades superiores às usualmente vendidas no varejo e não conterem indicações promocionais destinadas à valorização do produto (são, geralmente, latas, caixas, engradados, tambores, as sacas (te 50/ikgs, etc). Essas embalagens não fazem parte do processo produtivo, o produto é embalado após a produção. Fundamentação legal: art. 3 o , II, da Lei 10.833/2003 c/c o artigo 8°,I, b CL §4°,I, a da Instrução Normativa SRF n° 404/2004. Com efeito, revendo os termos do relatório do Fisco, verifico que, concernente ao material de embalagem específico para o açúcar, a priori, sua admissão não foi vetada, entretanto, restringida àqueles produtos por se tratarem de embalagens retornáveis, de transporte e não de apresentação, na premissa que o termo “insumo” referese aos bens e serviços utilizados diretamente no processo industrial ou produtivo. Nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fl. 297), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para: L02 Embalagens, que tais notas fiscais os créditos foram glosados, assim motivados: glosa – não se agrega ao produto. No entanto, a recorrente alega que a glosa, atingiu os créditos oriundos da aquisição de sacaria destinada especificamente à embalagem do açúcar. O acondicionamento do açúcar constituise em etapa da industrialização e, como tal em face do princípio da não cumulatividade das contribuições, deve ter todos os valores relativos às suas aquisições de fornecedores considerados para fins de dedução de créditos. Como já frisado anteriormente sobre o conceito de insumos, a tendência é o acolhimento da interpretação que, sem se restringir às legislações do IPI e do IRPJ, busca a construção do conceito de insumo a partir de critérios próprios do PIS/Pasep e da Cofins. Insumo, nessa linha, abrangeria o custo de produção e, dependendo das particularidades do caso concreto, despesas de venda do produto industrializado, notadamente quando incorridas para atender exigências indispensáveis ao exercício de determinada atividade econômica ou à comercialização de um produto. Feito esse registro, ingressando no exame do caso concreto, verificase que a fiscalização, consoante já destacado, não reconheceu o direito ao crédito relativo às aquisições de Embalagens (no caso sacaria), assentado nos seguintes fundamentos: Glosadas por se tratarem de embalagens de transporte e não de apresentação. A decisão recorrida, como se vê, foi além do conceito de insumo restrito de insumo das Instruções Normativas n° 247/2002 e n° 404/2004. Aplicando diretamente as disposições do Regulamento do IPI (Decreto nº 4.544/2002), restringiu o direito ao crédito apenas às embalagens incorporadas ao produto no processo de industrialização. Tratase, porém, de interpretação que não tem respaldo na legislação, à medida que a IN SRF nº 247/2002, não opera com a distinção adotada pela decisão recorrida: Art. 66. [...] Fl. 590DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 22 § 5º Para os efeitos da alínea “b” do inciso I do caput, entende se como insumos: I – utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; Neste caso, entendo que tratase, assim, diferentemente dos casos em que ocorre especificamente para a etapa de transporte, de acondicionamento diretamente relacionado à produção do bem e que afasta o seu enquadramento com bem do ativo imobilizado. O Recorrente, portanto, mesmo considerando os critérios da IN SRF nº 247/2002 e ao conceito de insumo adotado pela jurisprudência do CARF, tem direito ao crédito relativo às aquisições de embalagens (sacaria – embalagem do açúcar). Por fim, afastada a interpretação restritiva adotada pela decisão recorrida, descabe a exigência de prova da venda dos materiais de embalagens com o produto ao consumidor final. 4.7) O Valor do Estoque de Abertura Descreve a recorrente em seu recurso, que: (...)A mesma indesculpável falha e condenável parcialidade está presente quando se verifica que foram glosados os valores de todo o estoque de abertura do álcool sem se proceder a necessária e inafastável proporcionalidade entre o álcool carburante e o não carburante. Ora, como é conhecimento comezinho, o álcool carburante ou combustível, quando do advento da lei instituidora do regime nãocumulativo permaneceu no regime cumulativo, enquanto que o álcool não destinado ao uso como combustível foi tangido ao regime da nãocumulatividade. Decorre daí a certeza do precário trabalho realizado pela fiscalização e a conseqüente nulidade da glosa efetuada. Tais fatos revelam, além de ser de extrema fragilidade e arbitrariedade a verificação efetuada, que a fiscalização não tem observado in totum as regras da própria RFB, o que torna ainda mais marcante em todo o procedimento fiscal a opção pelo hipotético e pela presunção”. No referido Termo de Constatação (fl. 151), a fiscalização observa que: (...) O estoque de abertura a ser considerado para a COFINS foi diminuído de R$ 64.442,75 para R$ 9.584,96 com a glosa dos valores referentes a álcool carburante (estoque de produto acabado) e dos produtos químicos utilizados na produção do álcool carburante. O fisco, ao elaborar o Termo de Diligência, informa que (fls. 464/465): LINHA 20 CRÉDITO PRESUMIDO ESTOQUE ABERTURA O estoque de abertura apresentado pela empresa continha os materiais de embalagem que foram mantidos pela fiscalização. Dos produtos químicos apresentados, foram glosados os utilizados nas caldeiras e na produção do álcool, por não serem insumos de produtos não cumulativos. Já no estoque de produtos acabados foram glosados o álcool hidratado e o álcool anidro no valor total. Fl. 591DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 581 23 Com relação ao estoque de álcool, temos no Livro de Produção Diária, a seguinte variação do estoque, porém, não há identificação do destino do produto, se é álcool carburante ou outros fins: (...). (...) Com as informações contidas nos razões apresentados da venda de álcool outros fins e com as informações prestadas nos valores de venda dos diversos tipos de álcool temos o seguinte: (...). (...) Podemos concluir que houve venda de álcool para outros fins, porém, a empresa não apresentou elementos que pudessem definir o volume correto das vendas do álcool para fins não carburante para ser mantido o seu credito presumido do estoque de abertura, conforme solicitado no item 8 do Termo de Diligência Fiscal. O mesmo ocorrendo com os produtos químicos em estoque utilizados na produção de álcool. Neste momento, assiste razão a recorrente, pois ao se analisar a questão da venda de álcool para “Outros fins”, no caso vertente, a interessada apresentou aos autos cópias das referidas notas fiscais (venda de álcool para “outros fins” (fls. 263/274) acompanhado de cópia da escrituração no livro Razão analítico (fls. 260/262), o que comprovam documentalmente esse tipo de venda e podem ser aceitos. Destarte, para apuração do crédito relativo às vendas de álcool para outros fins, efetivamente comprovadas pela impugnante, na fase impugnatória, as receitas relativas a vendas de álcool para outros fins são tributadas pela contribuição social (COFINS) no regime de incidência nãocumulativa, devendo o respectivo crédito, em relação aos insumos utilizados na produção desse álcool, ser apurado proporcionalmente à receita total do produto. Portanto, assiste razão a Recorrente, pois verificase que nem todo o álcool produzido teria sido comercializado como álcool carburante (hidratado ou anidro – regime cumulativo). Desta forma, deverá ser reavaliado o estoque de abertura do álcool e proceder a reavaliação da necessária proporcionalidade entre o álcool carburante e o não carburante, conforme ficou descrito no Termo de Diligência (fls. 464/465) e demonstrativos (fls. 296/301). 4.8) Serviços Tomados Pela Recorrente Nos termos relatados neste processo, o Fisco glosou créditos calculados sobre determinados bens e serviços, considerandoos não abrangidos pelo conceito de insumos, nos termos do art. 3°, inciso II, das Leis n° 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003. Sobre este item, a recorrente argumenta em seu recurso que: (...) “concluise que insumo , no contexto das regras desta não cumulatividade da contribuição ao PIS, comporta a contratação de serviços destinados a execução de outros serviços. Mais ainda, o inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.637/02 e o art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.833/03, conjugados com as demais regras previstas nesta lei, autoriza nos a concluir que a expressão “serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda” acolhe a possibilidade de haver a contratação de serviços para a execução de outros serviços, quaisquer que sejam, desde utilizados com o escopo final que é a obtenção do produto final industrializado. Fl. 592DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 24 Resta, destarte evidenciado que não foi a preocupação da autoridade lançadora a especificação de cada tipo ou categoria de serviço e sua identificação, aspectos de suma relevância para a caracterização e legitimação da glosa. Por derradeiro, cumpre esclarecer que nenhum dos serviços, tomados pela Recorrente e que foram utilizados no seu processo produtivo, se enquadram entre aqueles que são passíveis de registro no ativo imobilizado ou permanente, de acordo com as normas contábeis geralmente aceitas, bem como com as de regência do Imposto de Rendas Pessoas Jurídicas, eis que se tratam de serviços que em sua essência e própria finalidade devem e foram lançados diretamente como custo de produção” (...). Como já abordado neste relatório, os §§ 2º e 3º do art. 3º da Lei nº 10.637/02 e da Lei nº 10.833/03 vedam o crédito da contribuição à COFINS e ao PIS se os bens e serviços forem adquiridos de pessoa física ou de pessoa jurídica não estabelecida no País. Desta forma, as exceções às regras de apropriação de créditos já estão claramente dispostas em tais parágrafos, cumprindo, assim, a função que lhes foi atribuída pela alínea “c ” do inciso III, do art. 11, da Lei Complementar nº 95/09. Verificase que no Termo de Constatação Fiscal (fls. 149/153), consta que: (...) “As despesas com prestação de serviço com direito ao crédito da COFINS não cumulativo estão disciplinadas pelo disposto na IN SRF 404/2004, art. 8º, inciso I, “'b". " b.1 " , § 4º , I. '"b". Foram objetos de glosa as despesas apresentadas pela empresa que não se enquadravam na definição supramencionada: "os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto"; neste caso, açúcar e outros produtos sujeitos ao regime não cumulativo da COFINS. Relação das notas fiscais com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls. 136 a 139”. Foram glosadas as notas fiscais de serviço que não correspondiam ao conceito de insumo na fabricação de açúcar e levedura, as que deveriam ter sido ativadas (vez que a empresa não comprovou que não houve aumento da vida útil do bem reparado em mais de um ano) e aquelas cuja descrição não permitia determinar se correspondiam a custo ou despesa operacional. Também não procede as alegações da recorrente no que concerne que não houve a preocupação da autoridade lançadora quanto a especificação de cada tipo ou categoria de serviço e sua identificação, aspectos de suma relevância para a caracterização e legitimação da glosa. No Termo de Diligência (fls. 459/466) a fiscalização elaborou relatório bem detalhado no tópico “LINHA 3 SERVIÇOS UTILIZADOS COM INSUMO”, onde descreve que, LINHA 3 SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMO A fiscalização entendeu que a informação contida na linha 13Outros valores com direito à crédito deveria ser informada na linha 3 da ficha 4 do Dacon serviços utilizados como insumo, por se tratar de serviços prestados por pessoa jurídica. Portanto não houve glosa total do informado pela Santa Cândida na Linha 13 — Ficha 04, mas simplesmente a análise como sendo linha 3 da mesma ficha: (...). Seguindo o tópico, a fiscalização explicita no documento toda fundamentação e as base legal sobre os conceitos de insumos para fins de creditamento sobre tais bens e serviços, especificando as glosas efetuados (fl. 462): (...) Com a base legal acima foram efetuadas as seguintes glosas: Fl. 593DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 582 25 "não corresponde ao conceito de insumo" notas fiscais de serviços não relacionados com o processo produtivo, citados no anexo, como por exemplo leitura mensal, controle de pragas, assessoria técnica, locação de toalhas, conserto de rádio, copias de chaves, locomoção de motoristas. "NF não identifica se é custo ou despesa" notas fiscais com descrição genérica não sendo possível identificar se é despesa ou custo. "valor que deveria ser incorporado ao ativo" notas fiscais de reformas de equipamentos que deveriam ser ativadas em razão do aumento da vida útil do bem reparado. As partes e peças de reposição utilizadas em máquinas e equipamentos que respondam diretamente pela fabricação ou produção de bens destinados à venda, podem ser consideradas insumos para efeito de apuração de créditos relativos à contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins nãocumulativas, desde que referidas partes e peças sofram alterações decorrentes da ação diretamente exercida no processo de fabricação do produto que está sendo produzido e desde que não estejam incorporadas ao ativo imobilizado da empresa. Com efeito, revendo os termos do relatório do Fisco, se verifica que, concernente aos materiais acima especificados, a priori, sua admissão não foi vetada, entretanto, restringida àqueles enquadrados no conceito do termo “insumo”, este quando referese aos bens e serviços utilizados diretamente no processo industrial ou produtivo. Nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fls. 297/298), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para: L03 – Serviços Utilizados como insumo, quais notas fiscais os créditos foram glosados e as que os créditos foram mantidos. As glosas estão assim motivadas: as que não corresponde ao conceito de insumo, valor que deveria ser incorporado ao ativo e nota fiscal não identificada se é custo ou despesas. Quanto a alegação de que nenhum dos serviços, tomados pela Recorrente e que foram utilizados no seu processo produtivo, se enquadram entre aqueles que são passíveis de registro no ativo imobilizado ou permanente, de acordo com as normas contábeis geralmente aceitas, bem como com as de regência do IRPJ, verificamos que a fiscalização relata em seu Termo de Constatação Fiscal que, (...) “Foram glosadas as notas fiscais de serviço que não correspondiam ao conceito de insumo na fabricação dos produtos de incidência nãocumulativa, as que deveriam ter sido ativadas (vez que a empresa não comprovou que não houve aumento da vida útil do bem reparado em mais de um ano) e aquelas cuja descrição não permitia determinar se correspondiam a custo ou despesa operacional”. Se as partes e peças adquiridas no caso, forem para máquinas ou equipamentos que estiverem no ativo imobilizado, deixarão de ser consideradas como insumos e poderão gerar créditos decorrentes de depreciação futura, conforme previsto na Lei n° 10.637/2002, art. 3º, Inciso VI, combinado com o seu § 1º, Inciso III, (c/ artigo 15 da Lei nº 10.833/2003). Desta forma, esses produtos que atuam diretamente em todo o processo de fabricação dos bens ou produtos destinados à venda, que representem acréscimo de vida útil superior a um ano ao bem no qual ocorra sua aplicação, devem ser capitalizados, consoante estabelece o art. 346 do RIR (Regulamento do Imposto de Renda Decreto n° 3.000/1999) . Verificase no Termo de Diligência que: Fl. 594DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 26 (...) A Santa Cândida possui uma moenda com seis ternos. Apresentou descritivos de manutenção da recepção de cana, do preparo da cana e da moenda. Da descrição verificase que as mesas alimentadoras, as esteiras metálicas, bem como a moenda são desmontadas e recuperadas ao final da Safra com troca de pinos, buchas e outras peças de acordo com o projeto de engenharia. Os ternos são compostos por castelo, bagaceira, cabeçotes, rolos e pentes. Nas notas fiscais de serviços não se verifica a aquisição ou instalação desses elementos anualmente. As notas fiscais de serviços glosadas referemse a soldas, frisamentos, aplicações de chapas inox, válvulas, hidrojateamento, recuperação de cilindros, desfibrilador, usinagem, etc, portanto são substituições de partes e peças que resultam em aumento da vida útil em mais de um ano, devendo ser ativadas. Também consideramos que devem ser ativados as notas fiscais de fornecimento de mão de obra de pedreiros, pintores e serviços de engenharia. Como se vê, consta do Termo de Constatação que a empresa Santa Cândida possui uma moenda com seis ternos e ainda apresentou descritivos de manutenção da recepção de cana, do preparo da cana e da moenda. Verificase que as mesas alimentadoras, esteiras metálicas, bem como a moenda são desmontadas e recuperadas ao final da safra com troca de pinos, buchas e outras peças de acordo com o projeto de engenharia. Assim, não procede as alegações da recorrente no que concerne não haver a preocupação da autoridade lançadora quanto a especificação de cada tipo ou categoria de serviço e sua identificação, aspectos de suma relevância para a caracterização e legitimação da glosa. A fiscalização elaborou um demonstrativo, detalhando que como regra foram glosados os serviços que não se enquadravam no conceito de insumo, ou seja, os serviços que não quedaramse demonstrados que estavam diretamente ligados à produção dos produtos não cumulativos. Portanto, correto as glosas de parte dos valores dos serviços tomados pela Recorrente, uma vez que a mesma não junta nos autos provas contrárias. 4.9) Aluguel de Máquinas e Equipamentos Aduz a recorrente em seu recurso que: (...) “Segundo a dicção do Fisco, não geram direito a crédito o aluguel de máquinas, escavadeira ou guindaste, porque a Recorrente não demonstrou terem sido eles utilizados na fabricação do açúcar. A respeito há que se ter presente que a escavadeira é utilizada na tanto movimentação da matériaprima (canadeaçúcar), como no transporte e movimentação do açúcar em bruto. O mesmo se dá com o guindaste que faz a movimentação dos contêineres de açúcar, tanto no empilhamento e armazenagem quanto no carregamento nos veículos de transporte. É também utilizado na movimentação de peças e equipamentos pesados. Assim, ou se deveria reconhecer o direito ao crédito integral ou, ao menos, proporcional na hipótese de movimentação da matériaprima da qual deriva tanto o açúcar como o álcool. Tal questão foi dessa forma analisada pela fiscalização em seu Termo de Constatação Fiscal (fls. 149/153): Fl. 595DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 583 27 Também não geraram direito a crédito o aluguel de máquinas que não se enquadravam no disposto no art. 66, inciso II, i b" da IN 247/2002: "aluguel de prédios, máquinas e equipamentos utilizados nas atividades da empresa". Assim, não foram consideradas as Notas Fiscais referentes a aluguel de escavadeira, andaimes ou guindastes, máquinas que a empresa não demonstrou terem sido utilizadas na fabricação de açúcar e outros produtos com direito ao crédito da COFINS não cumulativo. Relação das notas fiscais com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls. 136 a 139 (grifamos). O artigo 3º da Lei nº 10.833/03 prevê a utilização das despesas de máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa. Porém, como se verifica no Termo de Diligência efetuado pela fiscalização (fls. 459/466), Linha 6 –Despesas de aluguéis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoas Jurídicas, tais despesas que foram glosadas porque verificouse que tratam de locação de máquinas e equipamentos referente à atividade de construção civil da empresa: LINHA 6 DESPESAS DE ALUGUÉIS DE MAQUINAS E EQUIPAMENTOS LOCADOS DE PESSOAS JURÍDICAS O artigo 3 o da Lei 10.833/03 prevê a utilização das despesas de máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa. Foram glosadas notas fiscais de locação de guindastes e munks, equipamentos utilizados na construção civil.A recorrente não faz provas nos autos de que tais despesas foram aplicados no processo produtivo. Nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fl. 299), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para as L06 – Aluguel de Máquinas e Equipamentos, quais notas fiscais os créditos foram glosados e as que os créditos foram mantidos. As glosas efetuadas estão assim motivadas: não é atividade da empresa. No entanto, em seu recurso, a recorrente não faz provas nos autos de que tais despesas foram aplicados no processo produtivo. Portanto, os gastos com tais itens escapam do conceito de insumo e não geram crédito das contribuições sociais não cumulativas. Mantenhamse as glosas procedidas a esse título. 4.10) Do Leasing A empresa em seu recurso argumenta que, (...) “A Fiscalização, é omissa ao fato tanto no Despacho Decisório como no Termo de Verificação Fiscal, porém elaborou os demonstrativos e fichas do DACON de acordo com seu critério e entendimento, desprezando as informações prestadas anteriormente pela Recorrente no mesmo DACON relativamente aos créditos, oriundos de operações de arrendamento mercantil (leasing), que foram sumariamente glosados. Assim, no DACON elaborado pelo Fisco não constou sequer uma das aquisições de bens na modalidade de leasing, sendo que, na realidade existem várias no período examinado que, inexplicavelmente, foram desprezadas. Nada há no bojo dos autos que indique, especifique, ou sequer Fl. 596DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 28 sugira o porque da glosa ou da omissão naquele DACON dos valores relativos aos contratos de leasing ignorados pelo Fisco. Não procede a alegação de omissão colocada pela recorrente, senão vejamos o que foi relatado sobre este tema no Termo de Constatação Fiscal (fls. 149/153): A partir de 01/05/2004 em virtude de alterações na Lei 10.833/2003, introduzidas pela Lei 10.865/2004, deixaram de dar direito a crédito: despesas financeiras, aquisições de máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado para utilização na produção de bens destinados à venda anteriores a 01/05/2004. Portanto, os valores referentes a esses lançamentos foram glosados. E o Fisco segue informando no Relatório de Diligência (fl. 463): LINHA 8 ARRENDAMENTO MERCANTIL mantidas as despesas informadas de duas Saveiros e uma Kombi. Glosada duas notas fiscais da Laponia Sudeste Ltda referente a arrendamento mercantil feito em 18/02/2004, pois o inciso V do art. 3ºo da Lei 10.833/03, com redação dada pelo art. 21 da Lei 10.865/04 foi limitado pelo art. 31 da Lei 10.865/04 à aquisições feitas a partir de 01/05/2004. Nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fl. 299), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para as L08 – Arrendamento Mercantil, quais notas fiscais os créditos foram glosados e as que os créditos foram mantidos. As glosas estão assim motivadas: adquirido antes de 01/05/2004. A Lei nº 6.099, de 12 de setembro de 1974, regula o tratamento tributário que deve ser dispensado ao contrato de arrendamento mercantil. O art. 3º, da mencionada lei, assim determina: “Art. 3º Serão escriturados em conta especial do ativo imobilizado da arrendadora os bens destinados a arrendamento mercantil” Assim, não resta dúvida de que os bens destinados ao arrendamento mercantil compõem o ativo imobilizado das arrendadoras. No entanto, verificase que no Termo de Constatação Fiscal, bem como no demonstrativo de fl. 299, o Fisco promoveu a glosa do valor das despesas com Arrendamento Mercantil, realizadas antes de 30/04/2004, com fundamento no inciso V do art. 3º da Lei 10.833/03, com redação dada pelo art. 21 da Lei 10.865/04, limitado pelo art. 31 da Lei nº 10.865/04 às aquisições a partir de 01/05/2004. O art. 31, § 3º, da Lei nº 10.865/2004, define que: Art. 31. É vedado, a partir do último dia do terceiro mês subseqüente ao da publicação desta Lei, o desconto de créditos apurados na forma do inciso III do § 1o do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, relativos à depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até 30 de abril de 2004. Fl. 597DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 584 29 (...) § 3º É também vedado, a partir da data a que se refere o caput, o crédito relativo a aluguel e contraprestação de arrendamento mercantil de bens que já tenham integrado o patrimônio da pessoa jurídica (g.n). Notese que a Lei não se refere a arrendamento mercantil no parágrafo primeiro do artigo 31. Isso é apenas tratado no parágrafo 3º, para vedar apenas o crédito relativo a arrendamento mercantil de bens que já tenham integrado patrimônio da Pessoa Jurídica, o que não restou demonstrado nos autos pelo Fisco. Portanto, assiste razão a recorrente em reclamar de seu direito, uma vez que não consta dos autos, que as aquisições dos referidos veículos, já tinham em algum momento, integrado o patrimônio da empresa. Por este motivo legal, no presente caso, não deve ser mantida a glosa dos valores computados em desacordo com a legislação. 4.11) Da Aquisição de Insumos de Pessoas Jurídicas De acordo com a Administração tributária, a vinculação dos créditos aos tipos de receitas auferidas deve ser realizada diretamente quando for possível identificar a sua vinculação exclusiva a cada tipo de receita, sendo que, em relação aos custos comuns das atividades cumulativas e não cumulativas, facultase à pessoa jurídica a utilização de qualquer dos critérios previstos no § 8º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, ou seja, a apropriação direta (no caso de a pessoa jurídica possuir sistema de custos integrado e coordenado com a escrituração) ou o rateio proporcional. No que se refere a esse tópico, a recorrente alega que: (...) “No indigitado DACON elaborado pela Fiscalização foi utilizado e aplicado, indevidamente, para fins de cálculo do valor a ser creditado nas aquisições de canadeaçúcar, efetuadas de Pessoa Jurídica, o mesmo critério e método de apuração adotado para se apurar o Crédito Presumido (para o PIS 70% e para a COFINS 80%), reduzindo, sem base legal, o montante do crédito a ser aproveitado pela Recorrente. Igualmente, ao item imediatamente anterior, nada há nos autos e nas notas feitas a ele que esclareça o motivo e justifique tamanha parcialidade”. Vejase o que informa a fiscalização no Termo de Diligência (fl. 460/461): LINHA 2 BENS UTILIZADOS COMO INSUMO Neste item foram apresentadas notas fiscais de aquisição de produtos químicos, lubrificantes, embalagens e cana adquirida de pessoas jurídicas. Os produtos de utilização comum na produção do álcool e açúcar foram rateados de acordo com o percentual não cumulativo, apurado com base nas receitas, e os de uso exclusivo do açúcar foram considerados sem aplicação do rateio. (...) Cana Adquirida de Pessoa Jurídica A empresa informou o total de cana adquirida de pessoa jurídica R$ 465.030,45. A fiscalização aplicou sobre este valor o percentual 50,30% referente a cana utilizada na produção do açúcar e acrescentou o frete proporcional a cana adquirida de pessoa jurídica utilizada na produção do açúcar, valor informado como sendo linha 3 e apurado na conta 30101003004020 Despesas de Fabricação Transporte de Cana de Açúcar, demonstrados no anexo do Termo de Constatação Fiscal. Fl. 598DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 30 E segue informando o contido na LINHA 19: LINHA 19 – CRÉDITO PRESUMIDO NA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL– Apurado com base de cálculo o valor da aquisição de cana de açúcar de pessoas físicas aplicandose o percentual de cana utilizada na produção de açúcar e acrescendo o frete da cana adquirida de pessoa física utilizada na produção do açúcar (demonstrado no anexo do Termo de Constatação Fiscal). De acordo com o artigo 8º da Lei 10.925/2004 só é possível o aproveitamento deste crédito para abater das contribuições devidas. Observese que, quanto ao rateio cabe esclarecer que o percentual das receitas cumulativas e nãocumulativas foi informado pela própria requerente, conforme consta das planilha à fls. 123/143 (informações da própria fiscalizada e aceito pela fiscalização – demonstrativos de fls. 144/148 e 296/301), sendo nela apurado o percentual das receitas cumulativas (álcool carburante) em relação ao total das receitas e, por diferença, o percentual das nãocumulativas. Como se sabe, na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência "não cumulativa" da COFINS em relação apenas a parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. Para tanto, a pessoa jurídica deverá alocar, a cada mês, separadamente para a modalidade de incidência as parcelas dos custos respectivos. No caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas sujeitas à "não cumulatividade" e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: a) apropriação direta, inclusive, em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou b) rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. Verificase que o método eleito pela Recorrente foi aceito pela Fisco e aplicado consistentemente por todo o período analisado. 4.12) Da Aplicação Indevida de Rateio Dispõe o § 7º do art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 que “Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência nãocumulativa da COFINS, em relação apenas à parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas”. Como já abordado no tópico anterior, a regra acima implica em que, se o contribuinte auferir receitas sujeitas aos regimes cumulativo e nãocumulativo, os insumos apenas gerarão crédito na proporção em que forem aplicados nestas últimas. A comercialização de álcool “para fins carburantes” submetese à incidência de PIS/Cofins pelo regime cumulativo, de modo que, por não se submeter ao regime não cumulativo das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, os insumos aplicados na sua produção não geram direito de crédito. Nesse contexto a recorrente alega em seu recurso que: Fl. 599DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 585 31 “Houve, ainda, no DACON da fiscalização, aplicação indevida de rateio proporcional para fins de apurar o valor do crédito, em situações em que o crédito deve ser integral, a exemplo dos serviços de ensacamento, marcação e manuseio da sacaria, serviços estes utilizados especificamente na produção do açúcar. Da mesma forma, esse erro crasso foi cometido em relação à levedura, sendo que por serem ambos os produtos não cumulativos, o crédito corresponde a 100%”. Como se observa, a Recorrente sustenta que a fiscalização, ao fazer os ajustes na base de cálculo do PIS e COFINS, distorceu os valores do crédito em que nos casos citados os créditos deveriam ser integrais. Vejase que no Termo de Diligência elaborado pela fiscalização, esclarece que (fls. 465/466): (...) PERCENTUAIS DE RATEIO COM BASE NAS RECEITAS Conforme previsão contida na Lei 10.833/03 artigos 6º (exportação) e 3º , § 8o , II (não cumulativas) os rateios tem a seguinte regra: "rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. " A fiscalização apurou, primeiramente, o percentual das receitas cumulativas (álcool carburante) em relação ao total das receitas no mês, e considerando a diferença para 100% como o percentual das receitas não cumulativas, mesmo valor utilizado pela Santa Cândida — 85,64%. O percentual de exportação foi obtido, pela fiscalização, como sendo o total das exportações de produtos não cumulativos (açúcar e levedura) dividido pelo total das receitas não cumulativas (descontandose as receitas cumulativas do total das receitas no mês) resultando em 84,52%. A empresa apurou como sendo o total das exportações de produtos não cumulativos dividido pelo total das receitas descontado o álcool exportado (não descontou o álcool no mercado interno como nos meses anteriores), apurando 72,39%. Portanto, não conseguimos vislumbrar as inconsistências apresentadas pela recorrente, uma vez que não demonstra claramente, com base em documentos e números, onde se encontra as referidas distorções, pois examinando os autos e verificandose os rateio mencionados, concluise pela inclusão de tais serviços nas referidas composições dos rateios, exceto àqueles que foram objeto de glosa. Isto posto, não leva a outro caminho senão à manutenção da forma com procedeu a fiscalização nesse tópico, fazendose, obviamente, os ajustes necessários, decorrentes desta decisão. 5) Das provas Como já analisado neste voto, a fiscalização apurou glosas de bens e serviços. A recorrente, porém, com exceção relativo às vendas de álcool para outros fins efetivamente comprovadas pela recorrente, não anexou aos autos as provas junto com suas manifestações contrárias aos outros itens glosados, o que acaba por ser um empecilho à comprovação de suas alegações. Não sendo possível a análise do vínculo entre as supostas determinações e os gastos que elas o teriam obrigado. O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento a maior do tributo, desse modo, afim de comprovar a existência do crédito alegado, a interessada deve instruir sua defesa, em Fl. 600DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 32 especial a manifestação de inconformidade, com documentos que respaldem suas afirmações, considerando o disposto nos artigos 15 e 16 do Decreto nº 70.235/1972: “Art.15.A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art.16.A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (RedaçãodadapelaLeinº8.748,de1993)” No processo administrativo fiscal, assim como no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é de quem alega a sua existência, ou seja, do interessado, é assim que dispõe a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de1999 no seu artigo 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo37 desta Lei. No mesmo sentido os artigos 333 e 396 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973CPC: Art.333.O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Art.396. Compete à parte instruir a petição inicial (art.283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados a provar lhe as alegações. 6) Da apresentação das provas O artigo 16 do Decreto nº 70.235/72 em seu § 4º determina, ainda, o momento processual para a apresentação de provas no processo administrativo fiscal, bem como as exceções albergadas que transcrevemos a seguir: “§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b)refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.” A análise da norma supracitada é clara e direta ao estabelecer o momento correto a serem carreadas as provas a fim de substanciar os argumentos da Recorrente, qual seja, na manifestação de inconformidade, contudo, esta turma recursal tem firmado entendimento no sentido de admitir, excepcionalmente, a análise de provas trazidas em sede de recurso voluntário, quando estas não dependam de análise técnica aprofundada e sejam complementares às provas trazidas em Manifestação de Inconformidade, contudo, mesmo neste momento processual, não foram trazidas aos autos quaisquer outros documento que provassem Fl. 601DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000281/200541 Acórdão n.º 3802003.849 S3TE02 Fl. 586 33 que o sujeito passivo realizou gastos em decorrência das glosas de bens e serviços apurados pelo fisco, excetuandose a já comentada. 7) Conclusão Diante das considerações e fundamentos acima expostos, voto da seguinte forma: a) não conhecer do recurso voluntário na parte concernente ao seguinte item: dos Lubrificantes (item 4.4), por falta de interesse recursal; b) na parte conhecida, para: rejeitar as preliminares, e c) dar provimento parcial, para reconhecer o direito do crédito calculado da COFINS não cumulativo calculado sobre os seguintes itens: graxa (item 4.3), insumos utilizados nas vendas de álcool para “outros fins”, referente às notas fiscais comprovadas (item 4.5.2); das Embalagens (item 4.6); no ajuste do Valor do Estoque de Abertura (item 4.7) e das operações com arrendamento mercantil Leasing (item 4.10), conforme voto; d) negar provimento em relação aos seguintes itens: dos produtos químicos (item 4.5.1); serviços utilizados como insumos (item 4.8) e aluguel de Máquinas e Equipamentos (item 4.9), e e) manter o entendimento do Fisco em relação aos créditos decorrentes da aquisição de insumos de pessoas jurídicas e forma de aplicação do rateio, já que os cálculos foram baseados em dados do próprio sujeito passivo (itens 4.11 e 4.12), de acordo com o contido neste voto. Este julgado limitouse a reconhecer o direito em tese, ficando a quantificação do crédito, o cálculo e a homologação da compensação declarada a cargo da autoridade administrativa da circunscrição fiscal do contribuinte. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Relator Fl. 602DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 34 Fl. 603DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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Numero do processo: 10380.900753/2009-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Oct 13 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2005
PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL.
Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3101-001.713
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para determinar que a apuração da contribuição, no período em questão, seja feita no regime cumulativo, com o retorno dos autos à unidade de origem, para a apuração do valor do indébito e o processamento da compensação até o limite do valor deferido. Fez sustentação oral o Dr. Luiz Felipe Krieger Moura Bueno, OAB/RJ nº 117.908, advogado do sujeito passivo.
Henrique Pinheiro Torres - Presidente
Rodrigo Mineiro Fernandes - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo Mineiro Fernandes, Valdete Aparecida Marinheiro, Amauri Amora Câmara Junior, Elias Fernandes Eufrásio, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres.
Nome do relator: RODRIGO MINEIRO FERNANDES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2005 PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para determinar que a apuração da contribuição, no período em questão, seja feita no regime cumulativo, com o retorno dos autos à unidade de origem, para a apuração do valor do indébito e o processamento da compensação até o limite do valor deferido. Fez sustentação oral o Dr. Luiz Felipe Krieger Moura Bueno, OAB/RJ nº 117.908, advogado do sujeito passivo. Henrique Pinheiro Torres Presidente Rodrigo Mineiro Fernandes Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 90 07 53 /2 00 9- 90 Fl. 543DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900753/200990 Acórdão n.º 3101001.713 S3C1T1 Fl. 544 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo Mineiro Fernandes, Valdete Aparecida Marinheiro, Amauri Amora Câmara Junior, Elias Fernandes Eufrásio, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres. Relatório Trata o presente processo de declaração de compensação (DCOMP) eletrônica na qual o interessado alega possuir crédito decorrente de pagamento a maior da contribuição que pretende utilizar para compensar com seus débitos. A análise do direito creditório concluiu que o pagamento informado como origem do crédito encontravase totalmente utilizado para quitação de débito do contribuinte da própria contribuição, não restando saldo disponível para ser utilizado para a compensação pretendida. Como resultado, o direito creditório não foi reconhecido, com a conseqüente não homologação da compensação, conforme Despacho Decisório e Detalhamento da Compensação. Regularmente cientificada, a interessada apresentou a manifestação de inconformidade, acompanhada de documentos ao seu ver probatórios de seus direitos, alegando, em síntese: que seu crédito decorre de pagamento a maior em virtude de ter calculado a contribuição indevidamente com alíquota de nãocumulatividade; que embora tenha concorrido involuntariamente para a conclusão do Despacho Decisório, seu crédito não pode ser aniquilado por erro de fato cometido no cumprimento de obrigação acessória; que seu objeto societário é a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica e toda a sua energia fornecida no anocalendário 2005 foi adquirida pela Companhia Energética do Ceará, cujo contrato de compra e venda foi celebrado em 31/08/2001 (aditivos em 10/10/2001 e 22/11/2002), com prazo de 20 anos; que estava obrigada a pagar as contribuições calculadas exclusivamente de forma cumulativa, por força do disposto na alínea “b” do inciso XI do art. 10 da Lei nº 10.833/2003; que indicou indevidamente na DCTF o valor da contribuição devida no período, calculando e recolhendo com a alíquota prevista para a não cumulatividade; que percebendo o erro estornou a parcela da despesa que havia contabilizado a maior e a registrou no ativo; que apresentou o PER/DCOMP em tela declarando a compensação relativa à diferença acima apontada, mas se ouvidou de retificar a DCTF correspondente. Ao fim, pede a reforma do Despacho Decisório para homologar integralmente a compensação declarada. A DRJ em FORTALEZA/CE julgou improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo a nãohomologação da compensação do débito fiscal declarado. Entendeu o órgão julgador de primeiro grau que, a partir de 31/10/03, para fins de apuração da Cofins, o preço predeterminado é descaracterizado após o 1º reajuste, salvo quando demonstrado que o reajuste de preços se dá em percentual não superior ao correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Discordando da decisão de primeira instância, a interessada apresentou recurso voluntário onde basicamente reproduz o alegado em primeira instância, reforçando notadamente a importância do Ofício nº 1.431/2006SFF/ANEEL, que acredita fazer prova a Fl. 544DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900753/200990 Acórdão n.º 3101001.713 S3C1T1 Fl. 545 3 seu favor. Por fim, requereu a reforma do acórdão recorrido e a subsistência total da compensação efetivada. Em sessão de julgamento realizada em 10 de novembro de 2011, esta turma de julgamento, em sua composição anterior, determinou a conversão do julgamento em diligência para que a unidade preparadora jurisdicionante do domicílio tributário da recorrente intimasse a recorrente, para trazer aos autos, laudo de perito competente, com o detalhamento do processo de produção da energia elétrica fornecida no período em que a recorrente alega possuir crédito, indicação dos insumos utilizados, a variação dos preços dos respectivos insumos e a memória dos reajustes do preço da energia elétrica fornecida, bem como a conclusão acerca da questão controversa se os índices utilizados ultrapassaram, ou não, os custos de produção ou a variação ponderada dos custos dos insumos. Após ser regularmente intimada, a recorrente apresentou o Laudo Pericial solicitado, com o detalhamento do processo de produção de energia elétrica, indicação dos insumos utilizados, variação dos preços dos insumos e memória dos reajustes do preço da central geradora termelétrica FORTALEZA – CGTF, assinado pelos engenheiros José Mario Miranda Abdo e Eduardo Henrique Ellery Filho, sócios da empresa Abdo, Ellery & Associado Consultoria Empresarial em Energia e Regulação. Após o atendimento do disposto na Resolução, a unidade de origem encaminhou o os autos a esse órgão julgador de segunda instância para apreciação. Novamente em pauta para julgamento, esta turma determinou nova conversão do julgamento em diligência, para trazer aos autos complemento do laudo pericial, com a informação completa da composição final do preço de venda de energia para a COELCE, informando, de forma detalhada, a ponderação dos insumos gás natural e TUST na composição do preço final da energia vendida, com a correspondente relação insumo x produto da energia vendida para a COELCE no ano de 2005. Após ser regularmente intimada, a recorrente apresentou o complemento do Laudo Pericial Técnico elaborado pelos engenheiros José Mario Miranda Abdo e Eduardo Henrique Ellery Filho, sócios da empresa Abdo, Ellery & Associado Consultoria Empresarial em Energia e Regulação, contendo a composição final do preço de venda de energia para a COELCE, com o detalhamento da ponderação dos insumos na composição do preço final de energia. Após o atendimento do disposto na Resolução, a unidade de origem encaminhou o os autos a esse órgão julgador de segunda instância para apreciação. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, Relator O recurso voluntário é tempestivo e, considerando o preenchimento dos requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Fl. 545DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900753/200990 Acórdão n.º 3101001.713 S3C1T1 Fl. 546 4 A questão meritória a ser apreciada por esse colegiado é a sujeição ou não das receitas da recorrente ao PIS e Cofins com incidência cumulativa. A recorrente alega ter apurado de forma equivoca a contribuição com incidência nãocumulativa, quando o correto seria a incidência cumulativa, existindo, segundo seu entendimento, saldo de contribuição recolhida indevidamente e passível de restituição e compensação. Entretanto, não foi esse o entendimento da unidade de origem e da autoridade julgadora de primeira instância, que não reconheceu o direito creditório, com a conseqüente não homologação da compensação, sob o fundamento de que a contribuição seria devida pelo regime nãocumulativo e inexistia o crédito declarado. A incidência nãocumulativa das contribuições de que tratam a Lei n° 10.637/2002 e a Lei nº 10.833/2003, encontra, entre as exceções legalmente previstas, aquela relativa às receitas originadas de contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, com prazo superior a um ano de fornecimento de bens ou serviços a preço predeterminado (art. 10, XI, “b”, da Lei 10.833/2003), que estariam sujeitas às contribuições pela sistemática cumulativa. Regulamentando esse diploma legal e definindo preço predeterminado, foi editada a Instrução Normativa SRF n° 468, de 08/11/2004. A Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, de caráter interpretativa, esclareceu a questão do reajuste de preços para a caracterização ou não de preço predeterminado, para fins de incidência nãocumulativa das contribuições, assim dispondo: Art. 109. Para fins do disposto nas alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1o do art. 27 da Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase desde 1o de novembro de 2003. Posteriormente foi editada a Instrução Normativa SRF nº 658, de 4 de julho de 2006, dispondo sobre as contribuições incidente sobre as receitas decorrentes de contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, com produção de efeitos a partir de 1° de fevereiro de 2004, nos seguintes termos: Art. 2° Permanecem tributadas no regime de cumulatividade, ainda que a pessoa jurídica esteja sujeita a incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: II com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços; Art. 3° Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. [...] Fl. 546DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900753/200990 Acórdão n.º 3101001.713 S3C1T1 Fl. 547 5 §2° Ressalvado o disposto no §3º, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação, após a data mencionada no art. 2º, da primeira alteração de preços decorrente da aplicação: I de cláusula contratual de reajuste, periódico ou não; ou II de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio §3° 0 reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou em variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o prego predeterminado. Art. 5° Consideramse com prazo superior a 1 (um) ano os contratos com prazo indeterminado cuja vigência tenha se prolongado por mais de 1 (um) ano, contado da data em que foram firmados. Parágrafo único, Aplicase aos contratos mencionados no caput o disposto nos §§ 2°e 3° do art. 3°. Art. 7 Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: I a partir de 1° de fevereiro de 2004, em relação às receitas decorrentes dos contratos de que tratam os incisos I a III do art. 2º; Importanos, para a solução da questão em litígio, identificar se o reajuste de preços praticados pela recorrente à época dos fatos foi em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Caso positivo, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado, sujeitandose a recorrente à alíquota cumulativa das contribuições, subsistindo indébito tributário passível de repetição e compensação. Portanto, há duas possibilidades para a sujeição ao regime cumulativo de incidência das contribuições: (i) a adoção de um percentual que reflita o custo de produção (específico para cada contratante) ou (ii) da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos de insumos utilizados (índice setorial). O ponto principal para a sujeição ao regime cumulativo é a comprovação de que o reajuste praticado não foi superior à variação dos custos de produção. A recorrente celebrou, em 31 de agosto de 2001, contrato de compra e venda de energia elétrica com a Companhia Energética do Ceará – COELCE, por um prazo de 20 anos, contados a partir da data inicial de fornecimento, que foi devidamente aprovado pela ANEEL através do Ofício nº 243/2002SFF/ANEEL, de 09/04/2002. Conforme informado no Laudo Técnico, a recorrente, Central Geradora Termelétrica Fortaleza (CGTF) produzia energia via ciclo combinado de gás natural e vapor. Foi projetada a partir do Programa Prioritário de Termoeletricidade (PPT) do Governo Federal, com sede na cidade de Caucaia, Ceará, dentro do Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Foi concluída em 2003, com capacidade instalada de 326,60 MW e 318,5 MW de energia assegurada, contando com uma linha de transmissão de 1,2 km em altatensão. Fl. 547DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900753/200990 Acórdão n.º 3101001.713 S3C1T1 Fl. 548 6 A defesa da recorrente é toda calcada no esforço para provar que o índice previsto para reajuste do preço predeterminado, constante do contrato de fornecimento de energia elétrica para a Companhia Energética do Ceará – COELCE, não restou descaracterizado quando do primeiro reajuste, porquanto tal índice refletira os acréscimos dos custos de produção de energia elétrica, nos exatos termos condicionados pela legislação aplicável, tendo como consequência a tributação de suas receitas pelo PIS e COFINS no sistema cumulativo. Esta turma de julgamento, em sua composição anterior, em 10 de novembro de 2011, ao determinar a conversão do julgamento em diligência, assim se manifestou sobre o índice utilizado pela recorrente (por maioria de votos, vencido o Conselheiro Leonardo Mussi da Silva): Em que pese o alentado trabalho de convencimento do patrono da recorrente, que acredita firmemente ter trazido prova de que o pronunciamento da ANEEL certifica serem os índices de reajustamento de preços previstos no contrato de fornecimento de energia elétrica da recorrente, reflexo dos custos de produção ou variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, penso que não se pode, à luz do aludido Ofício, de fato, dizer que os índices utilizados pela recorrente (k1, k2 e k3, respectivamente fatores de ponderação dos índices IGPM, de combustíveis e de variação cambial) estão no formato previsto na legislação apontada, até porque o Ofício reportase explicitamente apenas ao IGPM, fazendo menção genérica aos “demais índices” no seu último parágrafo. Nesse sentido, concordo com o órgão judicante de primeiro grau, no sentido de que o Ofício da ANEEL trazido aos autos não se afeiçoa a laudo ou parecer para os fins do art. 30 do Decreto nº 70.235/72, que trata de peças técnicas com o escopo de identificar produtos para posterior classificação fiscal, as quais têm caráter específico e não genérico. A Cláusula 6.3 do Contrato de Fornecimento estabelece que a fórmula de reajuste dos preços seria determinada com base na Resolução ANEEL 22/2001, que previa, para aplicação do limite de repasse dos preços contratuais, o Valor Normativo estabelecido para cada contrato de compra de energia seria atualizado para o mês anterior à data de acordo com a seguinte fórmula: Onde: VNi Valor Normativo reajustado no mês do reajuste das tarifas de fornecimento do concessionário ou permissionário de distribuição; VNoi Valor Normativo vigente no mês de registro do contrato de compra de energia referido ao mês de publicação da resolução; K1 = fator de ponderação do índice IGPM; K2 = fator de ponderação do índice de combustíveis; Fl. 548DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900753/200990 Acórdão n.º 3101001.713 S3C1T1 Fl. 549 7 K3 = fator de ponderação do índice de variação cambial IGPMli valor do índice geral de preços ao mercado, estabelecido pela Fundação Getúlio Vargas FGV, no mês anterior a data de atualização do VN; IGPMOi valor do índice geral de preços ao mercado, estabelecido pela Fundação Getúlio Vargas FGV, no mês anterior à data de entrada em vigor da Resolução; COMBli valor do índice do combustível, no mês anterior a data de atualização do VN; COMBOi valor do índice do combustível, no mês anterior à data de entrada em vigor da Resolução; IVCli média da cotação de venda do dólar norteamericano, divulgada pelo Banco Central do Brasil, no mês anterior a data de atualização do VN; IVC0i = R$ 1,9633/US$. Já a variação do índice referente ao combustível, a ser utilizado na fórmula de atualização dos Valores Normativos, considera 80% da parcela do preço com reajuste estipulado pelas variações da taxa cambial e do índice de preços ao atacado no mercado dos Estados Unidos da América, e 20% restantes pela variação do IGPM. Portanto, a fórmula para reajustes de preço baseiase em índices que captam a variação geral de preços (IGPM), a variação cambial e a variação setorial (combustível), esse, por sua vez, também derivado da variação cambial. Dessa forma, a variação cambial entra duas vezes na composição da fórmula de reajuste de preços. Estes índices, apesar de contratualmente estipulados e aprovados pela agência reguladora, não representam necessariamente a variação dos custos da produção ou dos insumos utilizados, mas sim a recomposição de preços de mercado. Não foi comprovado que há uma correlação direta entre os componentes da fórmula de reajuste de preços e a variação dos custos de produção. A utilização dos fatores, mesmo ponderados, e dos índices geral, setorial e especialmente o cambial, tendem a restabelecer o preço de mercado, atualizando os custos para os novos empreendimento e não os custos da produção ou dos insumos efetivamente incorridos. Considerando que a fórmula de reajuste de preços não foi derivada de índice refletor da variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, restanos analisála em função da variação do custo de produção. O Laudo apresentado, em atendimento ao determinado por essa turma de julgamento, foi dividido em duas partes: (i) a primeira fez uma contextualização da CGTF na recente história do setor elétrico brasileiro e no arcabouço legal e regulatório em que está inserida; (ii) a segunda parte fez um estudo da questão específica sobre os reajustes de preços da recorrente para a COELCE, e se esse reajuste ultrapassou ou não a variação dos preços dos insumos. Fl. 549DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900753/200990 Acórdão n.º 3101001.713 S3C1T1 Fl. 550 8 Questionados se os reajustes de preços no CGTFCOELCE ultrapassaram ou não a variação ponderada dos insumos, os peritos apresentaram a seguinte resposta: Nesse contexto de forte definição por parte do Estado, os reajustes aplicados desde o início do suprimento CGTFCOELCE não ultrapassaram os custos de produção ou a variação ponderada dos insumos pelas seguintes razões: · As Regras de Reajuste Contratual foram estabelecidas na legislação setorial; · O contrato foi analisado e aprovado pela ANEEL; · As regras de reajuste contratual definidas pela legislação setorial visam a variação ponderada dos custos de produção ou dos insumos, em consonância estrita com o princípio da legalidade, observado com todo o natural zelo pelo Regulador, em especial obedecendo o que dispõe o art. 27 da Lei nº 9.069/1995 no que diz respeito às condições necessárias para a utilização de índice diferente do IPC; e · A variação de preço de venda não foi superior à dos insumos. O Laudo apresentado definiu como insumos da produção de energia os seguintes itens: (i) gás natural e (ii) tarifa do uso do sistema de transmissão (TUST). O reajuste de preço relativo ao fornecimento para a COELCE foi efetuado em abril de 2004, no percentual de 34%, em relação à data de referencia contratual de 31/08/2002, considerando uma variação no preço do gás natural de 33,24%, portanto, em percentual maior do que seu principal insumo, mas inferior à variação da tarifa do uso do sistema de transmissão (TUST) de 312,88%. A recorrente apresentou, em atendimento à Resolução desta turma de julgamento, o complemento do Laudo Técnico, no qual consta a composição final do preço com base nos nesses insumos: Também foi apresentada a evolução ponderada dos insumos e produto: Fl. 550DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900753/200990 Acórdão n.º 3101001.713 S3C1T1 Fl. 551 9 Constatase, que em todos os anos do período apresentado, a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, ficando demonstrado que a correção no preço da energia elétrica praticada no período em questão (2005), não foi superior ao que ocorreu com seus insumos. Dessa forma, o reajuste praticado não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado, sujeitandose a recorrente à alíquota cumulativa das contribuições, subsistindo indébito tributário passível de repetição e compensação. Diante dos fatos apurados, dou provimento parcial ao recurso voluntário, determinando que a apuração da contribuição, no período em questão, seja feita no regime cumulativo, com o retorno dos autos à Unidade de Origem, para apuração do valor do indébito e o processamento da compensação até o limite do valor deferido Rodrigo Mineiro Fernandes Fl. 551DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES
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Numero do processo: 13864.000486/2010-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Nov 20 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 30/05/2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ARTIGO 65 DO RICARF.
Havendo omissão, contradição ou obscuridade no acórdão embargado, merecem ser acolhidos os embargos de declaração.
Numero da decisão: 2301-004.160
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em acolher os embargos, nos termos do voto do Relator; b) acolhidos os embargos, em deixar claro que a decisão foi por negar provimento ao recurso voluntário e manter o crédito tributário, nos termos do voto do Relator
Marcelo Oliveira - Presidente.
Adriano Gonzales Silvério - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (presidente da turma), Adriano Gonzales Silvério, Daniel Melo Mendes Bezerra, Cleberson Alex Friess, Natanael Vieira dos Santos e Manoel Coelho Arruda Junior.
Nome do relator: ADRIANO GONZALES SILVERIO
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Numero do processo: 19311.000203/2009-67
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. SIMULAÇÃO.
Uma vez caracterizada a simulação essa situação conduz necessariamente ao preenchimento automático das condições previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964 suficientes para embasar a qualificação da multa de ofício.
MULTA ISOLADA. ESTIMATIVAS MENSAIS.
Nos casos de lançamento de oficio, deve ser aplicada a multa de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor da estimativa mensal, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro liquido, no ano-calendário correspondente.
ILEGALIDADE OU INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. INEXISTÊNCIA.
Salvo nos casos de que trata o artigo 26-A, do Decreto nº 70.235, de 1972, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, não tem competência para conhecer de matéria que sustente a insubsistência do lançamento sob o argumento de que a autuação se deu com base norma inconstitucional ou ilegal.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. IRPJ, CSLL. ANTECIPAÇÕES. DEDUTIBILIDADE.
Na constituição de oficio do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devem ser considerados, para efeito de dedução do imposto ou da contribuição devida, os valores de IRPJ e de CSLL decorrentes de retenção na fonte ou de antecipação (estimativas) referentes às receitas compreendidas na apuração.
Numero da decisão: 1402-001.767
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, rejeitar as preliminares suscitadas no recurso voluntário e, no mérito, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Carlos Pelá, Moises Giacomelli Nunes da Silva e Paulo Roberto Cortez que votaram por dar provimento parcial ao recurso para cancelar a multa isolada.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2005, 2006, 2007 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. SIMULAÇÃO. Uma vez caracterizada a simulação essa situação conduz necessariamente ao preenchimento automático das condições previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964 suficientes para embasar a qualificação da multa de ofício. MULTA ISOLADA. ESTIMATIVAS MENSAIS. Nos casos de lançamento de oficio, deve ser aplicada a multa de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor da estimativa mensal, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro liquido, no ano-calendário correspondente. ILEGALIDADE OU INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. INEXISTÊNCIA. Salvo nos casos de que trata o artigo 26-A, do Decreto nº 70.235, de 1972, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, não tem competência para conhecer de matéria que sustente a insubsistência do lançamento sob o argumento de que a autuação se deu com base norma inconstitucional ou ilegal. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. IRPJ, CSLL. ANTECIPAÇÕES. DEDUTIBILIDADE. Na constituição de oficio do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devem ser considerados, para efeito de dedução do imposto ou da contribuição devida, os valores de IRPJ e de CSLL decorrentes de retenção na fonte ou de antecipação (estimativas) referentes às receitas compreendidas na apuração.
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DE ALIMENTOS S.A. FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005, 2006, 2007 ILEGALIDADE OU INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. INEXISTÊNCIA. Salvo nos casos de que trata o artigo 26A, do Decreto nº 70.235, de 1972, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, não tem competência para conhecer de matéria que sustente a insubsistência do lançamento sob o argumento de que a autuação se deu com base norma inconstitucional ou ilegal. NULIDADE. REQUISITOS ESSENCIAIS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A fase litigiosa do procedimento administrativo somente se instaura com a impugnação do sujeito passivo ao lançamento já formalizado. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, e não provada violação das disposições previstas na legislação de regência, restam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa e de nulidade do procedimento fiscal. SIMULAÇÃO. INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS ALHEIAS A RELAÇÃO JURÍDICA. Caracteriza simulação a interposição de pessoa jurídica fictícia, sem patrimônio e atividade empresarial, em operação de aquisição de quotas sociais, seguida de incorporação da interposta pessoa, com o intuito de ocultar a transferência gratuita de recursos da Sociedade a seus sócios, reais adquirentes das quotas, e para garantir a dedutibilidade do ágio pago pela própria Sociedade. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006, 2007 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 00 02 03 /2 00 9- 67 Fl. 1316DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.317 2 ÁGIO PAGO PELA INCORPORADA NA AQUISIÇÃO DE QUOTAS DA INCORPORADORA. OPERAÇÃO SIMULADA. INDEDUTIBILIDADE. A operação dissimulada de aquisição de quotas pelos sócios, com recursos pagos pela própria Sociedade investida, que também assume o ônus do passivo da aquisição, em função de simulação de incorporação, não caracteriza pagamento de ágio pelo adquirente das quotas e nem incorporação de sociedade investidora, sendo procedente a glosa da amortização do ágio. DESPESAS DE JUROS. VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS E PASSIVAS. SIMULAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE. São indedutíveis as despesas com juros e variações cambiais ativas e passivas contabilizadas na determinação do lucro real da incorporadora quando desconsiderada a operação dissimulada de alienação de quotas e de incorporação da interposta pessoa,. BAIXA DE ELEMENTOS DO ATIVO EM FAVOR DOS ADQUIRENTES DAS QUOTAS. DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS. Presumese distribuição disfarçada de lucros no negócio pelo qual a pessoa jurídica aliena, por valor notoriamente inferior ao de mercado, bem do seu ativo a pessoa ligada ou realiza com pessoa ligada qualquer outro negócio em condições de favorecimento, assim entendidas condições mais vantajosas para a pessoa ligada do que as que prevaleçam no mercado ou em que a pessoa jurídica contrataria com terceiros. A baixa de elementos do ativo (direitos a receber e intangíveis), em favor exclusivamente dos sócios, reais adquirentes das quotas sociais, caracteriza alienação/baixa a pessoa ligada ou em favor de pessoa ligada, por valor notoriamente inferior ao de mercado, de bem do seu ativo, fato que se subsume à hipótese normativa de distribuição disfarçada de lucros. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005, 2006, 2007 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. SIMULAÇÃO. Uma vez caracterizada a simulação essa situação conduz necessariamente ao preenchimento automático das condições previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964 suficientes para embasar a qualificação da multa de ofício. MULTA ISOLADA. ESTIMATIVAS MENSAIS. Nos casos de lançamento de oficio, deve ser aplicada a multa de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor da estimativa mensal, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro liquido, no anocalendário correspondente. ILEGALIDADE OU INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. INEXISTÊNCIA. Salvo nos casos de que trata o artigo 26A, do Decreto nº 70.235, de 1972, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, não tem competência Fl. 1317DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.318 3 para conhecer de matéria que sustente a insubsistência do lançamento sob o argumento de que a autuação se deu com base norma inconstitucional ou ilegal. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. IRPJ, CSLL. ANTECIPAÇÕES. DEDUTIBILIDADE. Na constituição de oficio do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devem ser considerados, para efeito de dedução do imposto ou da contribuição devida, os valores de IRPJ e de CSLL decorrentes de retenção na fonte ou de antecipação (estimativas) referentes às receitas compreendidas na apuração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, rejeitar as preliminares suscitadas no recurso voluntário e, no mérito, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Carlos Pelá, Moises Giacomelli Nunes da Silva e Paulo Roberto Cortez que votaram por dar provimento parcial ao recurso para cancelar a multa isolada. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 1318DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.319 4 Relatório IFC International Food Company Indústria de Alimentos S.A.recorre a este Conselho contra decisão de primeira instância proferida pela 2ª Turma da DRJ Campinas/SP, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Tratase de autos de infração à legislação do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica — IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido — CSLL, lavrados em 11/05/2009, para constituição do crédito tributário relativo ao anocalendário de 2005 no montante de R$2.252.768,79 (principal, multa qualificada e juros de mora até a data da lavratura), e a retificação dos prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas da CSLL dos anos calendário de 2006 e 2007, em face das irregularidades observadas em processo de alienação de 60% (sessenta por cento) das cotas da IFC International Food Company Indústria de Alimentos S.A (IFC), no qual o autuado figura como adquirente das referidas cotas, mediante a utilização de recursos disponibilizados, sem qualquer ônus, pela própria IFC. Para melhor elucidação da sucessão de atos incorridos na hipótese presente, e que culminaram com a lavratura dos Autos de Infração, vale aqui a transcrição de trechos do Termo de Verificação Fiscal de fls. 832/869, in litteris: Em 18/02/2008 foi iniciada, sob Mandado de Procedimento Fiscal – MPF n° 08.1.24.002008001040, fiscalização do contribuinte IFC International Food Company Indústria de Alimentos S.A., CNPJ n° 04.136.746/000188, localizado à R. Prefeito José Carlos, 750, Jardim Santa Julia, Itupeva, SP. A fiscalização teve por objetivo verificar o cumprimento das obrigações relativas ao IRPJ do exercício 2006, ano calendário 2005, decorrentes de reorganização societária que implicou alteração do quadro societário e incorporação de empresa investidora. Foram constatados os fatos narrados a seguir. 1. Introdução Sócios remanescentes da empresa IFC (novo nome da empresa Jack Link's) adquiriram quotas que pertenceram a sócios retirantes. A aquisição, de valor superior ao patrimônio líquido da empresa, foi paga com recursos da própria empresa. Foi concedido empréstimo a empresa investidora, seguido de incorporação sem restituição da quantia emprestada, com assunção de divida remanescente e transferência das quotas as pessoas físicas. Os efeitos tributários são diferentes dos imaginados pelo contribuinte. Nesta introdução será feito um resumo dos principais fatos e das implicações tributárias conforme entendimento da fiscalização. Posteriormente os fatos serão detalhados e qualificados. São partes relacionadas ao negócio: 1. Jack Link's do Brasil Ltda, CNPJ n° 02.473.696/000107, que teve seu nome alterado para IFC International Food Company Indústria de Alimentos SA e a quem chamaremos Jack Link's ou IFC; 2. Jay E. Link Cattle Ranches L.L.C., a quem chamaremos Jay LLC; 3. Troy J. Link Entreprises L.L.C., a quem chamaremos Troy LLC; Fl. 1319DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.320 5 4. José Barbosa Machado Neto, CPF nº 119.417.35860, a quem chamaremos José; 5. Alessandra Orlandi Barbosa Machado, CPF n° 137.623.008 95, a quem chamaremos Alessandra; 6. Eduardo Jacinto Gonçalves, CPF nº 584.241.56820, a quem chamaremos Eduardo; 7. Zest Investimentos, Participações e Negócios Ltda, CNPJ 07.273.468/000107, a quem chamaremos Zest; 8. Links Japan Holdings, K.K., a quem chamaremos Japan. Os cinco antigos sócios da empresa Jack Link's são partes em contrato de Compra e Venda de Quotas. São vendedores Jay LLC e Troy LLC, e compradores José, Alessandra e Eduardo. A venda tem por objeto as quotas de propriedade de Jay LLC e Troy LLC, representativas de 60% do capital da Jack Link's. O contrato de Compra e Venda de Quotas obriga as partes e seus sucessores. Jay LLC e Troy LLC cederam suas quotas à empresa Japan, que passou a ser a vendedora. José e Alessandra constituíram a empresa Zest, integralizando o capital com as quotas da Jack Link's (35% do capital) que lhes pertenciam. A Zest adquiriu as quotas da Jack Link's pertencentes à Japan. Eduardo não adquiriu quotas. A aquisição foi contratada para ser paga em 4 parcelas. A primeira parcela foi financiada pela Jack Link's, que emprestou recursos para a Zest. As parcelas seguintes deveriam ser pagas em 3 anos. A Jack Link's contratou fiança bancária em favor dos vendedores. São garantidores solidários José e Alessandra (então sócios da Zest e não mais sócios da Jack Link's) e Eduardo, que ofereceram ao banco como garantia 100% das quotas da Jack Link's. O capital da Jack Link's por ocasião do contrato de compra e venda de quotas era cerca de 25,6 milhões. Detinha reservas de reavaliação de cerca de 13 milhões e lucros acumulados de 6,5 milhões. O patrimônio líquido era cerca de 45,3 milhões. O preço acertado para 60% das quotas foi de 20 milhões de dólares, que correspondia a cerca de 52 milhões de reais. Além desse valor, consta do contrato ainda o cancelamento de faturas ('acordo invoices': contas a pagar dos sócios retirantes para a Jack Link's) no valor de cerca de 3,1 milhões de reais e a cessão pela Jack Link's de marcas e patentes. A Zest contabilizou ainda como ágio todas as despesas incorridas, pagas com empréstimos da Jack Link's. A Jack Link's transferiu à Zest embalagens no valor de cerca de 4,6 milhões, tendo como contrapartida conta de empréstimo a receber. A Zest contabilizou o valor das embalagens como ágio, em contrapartida a investimentos a pagar. A Zest contabilizou como custo de aquisição cerca de 59,1 milhões de reais, dos quais cerca de 33,7 milhões correspondiam a ágio na aquisição de quotas. As marcas e patentes foram cedidas pela Jack Link's a terceiros. Com a aquisição, a Zest, de propriedade de José e Alessandra, passou a ser possuidora de 95% das quotas da Jack Link's, que teve o nome alterado para IFC. Fl. 1320DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.321 6 Um mês após a aquisição das quotas, a Zest foi incorporada pela IFC. No momento da incorporação, a Zest tinha como únicos ativos R$1.000,00 em caixa e o investimento de 95% das quotas da IFC. O patrimônio líquido da Zest era seu capital, integralizado com R$1.000,00 mais 35% das quotas da Jack Link's pelo valor nominal. O passivo exigível correspondia ao custo de aquisição de 60% das quotas da Jack Link's, parte financiado pela Jack Link's, parte a ser paga em parcelas. Com a incorporação, a IFC recepcionou um acervo líquido negativo de cerca de 59,1 milhões, correspondente ao passivo da Zest menos R$1.000,00. Extinguiuse a dívida da Zest para com a IFC, correspondente ao financiamento da lª parcela da compra e das despesas computadas como custo de aquisição de investimento, no valor total de cerca de 23,6 milhões. A IFC assumiu as dívidas da Zest para com a Japan, correspondente às demais parcelas da compra, e com prestadores de serviços relacionados à aquisição, no valor total de cerca de 35,5 milhões de reais. A IFC passou a apresentar em seu balanço, impropriamente, no grupo Patrimônio Líquido, uma conta de titulo 'Outras', no valor negativo de cerca de 25,4 milhões. Esse valor resulta da soma do valor de reserva de ágio de cerca de 33,7 milhões e o valor negativo de cerca de 59,1 milhões relativos ao acervo liquido recebido da ZEST. O Patrimônio Líquido resultante, de cerca de 19,1 milhões, inferior ao capital de 25,6 milhões, só ficou positivo devido à Reserva de Ágio. O ágio ativado gerou benefícios fiscais de 12,5 milhões. A participação societária na IFC passou a ser de 81,434% para José, 13,566% para Alessandra e 5% para Eduardo. Após a incorporação, a IFC baixou faturas a receber no valor de cerca de 3,1 milhões, em contrapartida à conta ágio. No que respeita à aquisição de quotas, a questão central de interesse fiscal é a transferência de recursos da empresa aos sócios. A operação realizada contém, em tese, uma simulação relativa com interposição fictícia de pessoa. O mútuo entre a IFC e a Zest é, em tese, um negócio simulado. O negócio dissimulado é a transferência não onerosa de recursos da IFC para José e Alessandra, estes sim os verdadeiros compradores das quotas. O ilícito societário é a retirada pelos sócios, sem reposição, de recursos da empresa em prejuízo do capital. O ilícito tributário é o não recolhimento de: a) Imposto de Renda Pessoa Física IRPF e Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF incidentes sobre recursos distribuídos além do lucro contábil apurado; b) Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ e Contribuição Social sobre o Lucro Liquido CSLL decorrentes da distribuição disfarçada de lucros (DDL) através da transferência gratuita de ativos (invoices e intangíveis) para os sócios; c) IRPJ e CSLL decorrentes da dedução indevida de despesas de amortização de ágio na aquisição de investimentos, glosa de despesas de juros e variações monetárias ativas e passivas. Para a IFC a desconsideração do ato simulado tem como conseqüência o lançamento de multa isolada pela não retenção de IRRF, a glosa das despesas de amortização de ágio, de juros e Fl. 1321DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.322 7 variações monetárias ativas e passivas referentes ao investimento, e o lançamento de IRPJ e CSLL decorrente dessas glosas e da DDL. Constatouse ainda a existência de pagamentos ao sócio, relativos a uso de patentes e não relacionados à aquisição de quotas, sem retenção de IRRF. Também são objeto de lançamento de multa isolada. 2. Atos relativos à fiscalização Os atos relativos à fiscalização desenvolveramse conforme descrito a seguir. Em 06/06/2007 foi iniciado procedimento fiscal de diligência junto ao contribuinte com o objetivo de levantar informações sobre alterações societárias de 2002 a 2005 e reavaliação de ativos em 2003. O contribuinte apresentou cópias de diversos documentos juntadas ao processo, relacionadas abaixo: 1. Alterações contratuais da empresa IFC; 2. Contrato social e alterações contratuais da ZEST; 3. Documentos de origem da reserva de reavaliação do intangível e reversão (juntada ao processo cópia de parecer); 4. Demonstrativo do valor do ágio; 5. Folhas do Livro Razão da Zest; 6. Tradução para o português da versão de execução do Contrato de Compra e Venda de Quotas entre, de um lado, Jay E. Link Cattle Ranches, LLC e Troy J. Link Entreprises, LLC, e de outro lado, José Barbosa Machado Neto, Alessandra Orlandi Barbosa Machado e Eduardo Jacinto Gonçalves; 7. Comprovante de pagamento da primeira parcela da dívida; 8. Registros contábeis do ágio na IFC; 9. Registros contábeis de reavaliação de patente e seu estorno; 10. Contrato em inglês de compra de 60% do capital da IFC (parcial); 11. Contrato Social (constituição) da Jack Link's; 12. Comprovante de pagamento da primeira parcela da divida com dados da recebedora; 13. Contrato de mútuo entre Zest e IFC; 14. Contrato de Prestação de Garantia Fidejussória G no 1073/05 de 14/04/2005; 15. Carta de Fiança G1 073/05; 16. Documentos justificando a transferência de recursos referente à primeira parcela à conta de Jay Earl Link. Em 06/12/2007 foi encerrada a diligencia que recolheu cópias de documentos para análise, conforme Termo de Encerramento juntado ao processo. Em 18/02/2008 foi dado inicio à fiscalização do contribuinte, relativa ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ do exercício 2006, ano calendário 2005. Em 26/02/2008 o contribuinte informou que não houve aditamento ao contrato de compra e venda e apresentou cópia dos elementos listados abaixo: 1.Livros Razão e Diário da Zest; 2.Comprovantes de pagamentos das 2ª, 3ª e 4ª parcelas do contrato de compra e venda de quotas. Em 10/03/2008 o contribuinte apresentou cópia dos elementos listados abaixo: Fl. 1322DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.323 8 1. Anexo 4.8 Relação da propriedade intelectual transferível; 2.Cláusula 4.8 que documenta a cessão dos ativos intangíveis; 3.Contas razão de reserva de reavaliação dos anos 2003 a 2005; 4.Lista de ativos intangíveis em uso (marcas que substituíram as transferidas); 5. Contrato e lista de patentes de terceiros exploradas pela IFC; 6. Cláusula 4.14 e anexo 4.14 que listam embalagens destruídas. Em 04/04/2008 o Termo de Intimação Fiscal n° 0002 solicitou: 1) cópia do termo de acompanhamento de destruição de mercadorias emitido por Auditor Fiscal da Receita Federal, relativo à destruição de embalagens prevista em contrato; 2) cópia dos instrumentos de transferência de marcas e patentes; 3) confirmação de inexistência de aditamento ao contrato; 4) cópia de documento em que as partes compradores e vendedores indicam as demais partes quem serão seus sucessores no negócio; e 5) cópia de laudo de reavaliação das marcas estornadas. Em 11/04/2008 o contribuinte reafirmou que não tem aditamento do contrato de compra e venda de quotas e que não tem termo de acompanhamento de destruição de produtos emitido pela Receita Federal. Apresentou cópia do detalhe de um processo de transferência de marcas no INPI. Informa que no contrato social os sócios são Zest e Link's Japan, e que não existe outro documento que informe sucessão. Informou que essas empresas são citadas no contrato de compra e venda. Entretanto, constatase que o contrato é anterior à criação da Japan e à participação da Zest na IFC, e que nele não existe menção a esses nomes. Em 26/06/2008, ante a informação do contribuinte, datada de 26/02/2008, de que não houve aditamento do contrato de compra e venda, contrariando informações constantes do Contrato de Prestação de Garantia Fidejussória G n° 1073/05 e também da 8ª alteração contratual da IFC, solicitamos emissão de requisição de informação sobre movimentação financeira, requisitando ao Banco ABN AMRO Real S.A. cópia dos documentos relativos ao contrato de prestação de garantia. Em 06/08/2008 e em 24/09/2008 o banco apresentou cópias de documentos diversos, entre os quais 'Release Letter' datada de 20/09/2006 e sua tradução, onde consta item 2.1 que faz referencia ao contrato de aquisição de quotas 'aditado em 18 de abril de 2005 para nele incluir como partes as empresas Zest Investimentos, Participações e Negócios Ltda. e Links Japan Holdings Limited Y.K.'. Em 04/09/2008 o contribuinte tomou ciência do Termo de Retenção n° 0005 e em 27/10/2008 do Termo de Ciência e de continuação de procedimento fiscal nº 0006. Em 07/11/2008 o contribuinte tomou ciência do Termo de Ciência e de continuação de procedimento fiscal n° 0007, que informou a ampliação da fiscalização para os exercícios 2007 e 2008. Em 08/12/2008, o contribuinte tomou ciência do Termo de Retenção n° 0008. Apresentou cópias de documentos e contas de Livro Razão conforme lista abaixo: Investimentos a pagar 2.2.03.01.02 Investimentos 3.2.01.01.05 Variação Cambial Ativa Juros passivos Fl. 1323DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.324 9 6.4.01.01.03 Variação Cambial Passiva 1.5.01.01.01 Incorporação IFC/Zest 1.1.02.04.05 Mútuo entre sócios 2.4.03.01.05 () Saldo Incorporação 2.1.01.01.01 Capital Social Nacional 1.1.01.02.02 Banco Real SA 2.1.02.03.05 Empréstimo de Sócios 1.1.02.04.07 Imobiliz Destinados a Venda 1.3.02.05.01 Imóvel (Chácara) 1.3.02.05.02 Reavaliação da Chácara Instrumento particular de mútuo entre os sócios e a IFC; Contrato particular de cessão e transferência de direitos e obrigações sobre imóvel para liquidação de mútuo; 1.3.04.02.02 () Amortização Ágio Planilhas relativas ao ágio; Contrato de fiança e memorando de entendimento, onde consta proibição de distribuição de dividendos; Em 12/12/2008 foi lavrado Termo de Retenção n° 0009 e em 17/12/2008 o Termo de Retenção n° 0010. Em 23/12/2008 foi dada ciência do Termo de Intimação Fiscal n° 0011, que solicitou demonstrativo de pagamentos das despesas com carta de fiança no valor de R$ 725.349,21 e demonstrativo de valores residuais das marcas e patentes transferidas para os antigos sócios. Informase ao contribuinte que foi constatado que esses valores não foram baixados da contabilidade. Em 12/01/2009 o contribuinte apresentou os elementos solicitados na intimação n° 0011. Em 12/02/2009 foi dada ciência do Termo de Ciência e de Continuação do Procedimento Fiscal n° 0012, de mesma data. Em 08/04/2009 foi dada ciência do Termo de Intimação Fiscal n° 0013, que solicitou cópia do aditamento ao contrato de compra e venda de quotas. Em 14/04/2009 recebemos resposta do contribuinte em que informa que a inclusão das empresas Zest e Japan no contrato se deu através de troca de correspondência entre as partes. 3. FATOS CONSTATADOS Os documentos obtidos na diligência e na fiscalização permitiram constatar os fatos descritos a seguir. Reproduzimos partes dos documentos. Negritamos trechos que julgamos mais relevantes. FATO 1 Em 16/04/1998 é criada a empresa JACK LINK'S DO BRASIL LTDA, com capital de R$35.000,00, sendo seus sócios Alessandra Orlandi Barbosa Machado e José Barbosa Machado Neto. FATO 2 Em 01/06/1998 dáse a primeira alteração contratual na JACK LINK'S, quando ingressa na sociedade Eduardo Jacinto Gonçalves, que recebe quotas cedidas por José, e o capital é aumentado para R$155.000,00. A participação societária passa a ser de 75% para José, 10% para Alessandra e 15% para Eduardo. O item V estabelece que a administração da sociedade caberá aos sócios José e Alessandra, 'em conjunto ou isoladamente, porém unicamente em negócios da sociedade, ficando expressamente proibido Fl. 1324DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.325 10 o uso em cartas de fianças, abonos, endossos, ou em quaisquer transações alheias e estranhas ao ramo designado neste contrato'. O item VI estabelece que somente os sócios José e Alessandra terão direito a uma retirada mensal a titulo de Pró Labore. FATO 3 Em 08/05/2000 dáse a segunda alteração contratual na JACK LINK'S, quando são admitidas no quadro societário as empresas norte americanas JAY E. LINK CATTLE RANCHES L.L.C. e TROY J. LINK ENTRERPRISES L.L.C., estabelecidas nos endereços P. O. Box 210 e 579, 54859, Minong, Wisconsin, EUA, e representadas por José Barbosa Machado Neto. O ingresso dáse através de cessão de quotas dos antigos sócios. A participação societária passa a ser de 30% para a JAY LLC, 30% para a TROY LLC, 30% para José, 5% para Alessandra e 5% para Eduardo. · item VI altera os objetivos da sociedade 'que passa a explorar o ramo de produção de snack (carne defumada), ficando assim o objeto da sociedade: industrialização, fabricação, comercialização, importação e exportação de produtos alimentícios em geral, innatura, processados ou industrializados, inclusive snack'. · item VIII mantém os administradores, nos termos do item VI da alteração anterior. FATO 4 Em 16/06/2003 dáse a quarta alteração contratual na JACK LINK'S. A empresa JAY LLC é representada por seu sócio Jay Earl Link, e a empresa TROY LLC é representada por seu sócio Troy John Link Ambos são representados no ato por José Barbosa Machado Neto, procurador de ambas. O capital é aumentado para R$12.000.000,00, com aproveitamento de reservas de lucros acumulados no valor de R$11.045.000,00. A redação do contrato social é adaptada ao novo Código Civil, enquadrandose a sociedade como empresarial do tipo Sociedade Limitada. A cláusula 7ª do contrato social dispõe que ‘é vedado aos sócios caucionar ou, de qualquer forma, penhorar ou onerar suas quotas de capital, no todo ou em parte, salvo em favor do outro sócio'. A cláusula 12 ª dispõe que 'em operações estranhas aos negócios da sociedade e ao objeto social, é vedado aos administradores conceder, em nome da sociedade, fianças, avais ou outras formas de garantias que comprometam a sociedade'. A cláusula 13ª dispõe que os sóciosadministradores (Jose e Alessandra) receberão um valor mensal a titulo de prólabore que será determinado pelos quotistas, por maioria. A cláusula 16ª dispõe que o exercício social coincidirá com o ano civil. A cláusula 17ª dispõe que os sócios, por deliberação da maioria do capital, poderão antecipar a distribuição de lucros, baseada nos balanços que venham a ser levantados em períodos extraordinários. Os lucros serão partilhados aos sócios na proporção de suas quotas no capital social. A cláusula 19ª dispõe que 'o sócio que desejar alienar suas quotas de capital, no todo ou em parte, a qualquer titulo, deverá comunicar os demais sócios sua intenção, por escrito, indicando o nome do Fl. 1325DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.326 11 pretendente e o valor ajustado da alienação'. 'No prazo de 30 (trinta) dias a contar do recebimento da notificação, os demais sócios poderão exercer o direito de preferencia para a aquisição das quotas ofertadas, na proporção de sua participação no capital social, nas mesmas condições'. A cláusula 22ª dispõe que os casos omissos no contrato serão regulados pelo capitulo IV Da Sociedade Limitada, do Código Civil, (artigos 1052 a 1087) e legislação pertinente, e subsidiariamente pelas normas das sociedades anônimas. FATO 5 Em 09/03/2004 dáse a quinta alteração contratual na JACK LINK'S. O capital é aumentado para R$25.600.000,00, com aproveitamento de reservas de lucros acumulados no valor de R$14.400.000,00. FATO 6 Em 21/07/2004 dáse a constituição da empresa ZEST. São sócios a empresa SHAMA e Jose. O capital social é de R$1.000,00. A participação da SHAMA é de 99,9% e a de Jose de 0,1%. O objeto social é a participação como acionista ou quotista em outras sociedades de qualquer natureza, no Brasil e/ou no exterior; a exploração de atividades imobiliárias, incluindo corretagem; a administração de móveis e imóveis próprios. FATO 7 Em 29/09/2004 dáse a sexta alteração contratual na JACK LINK'S, quando os sócios deliberam readaptar a redação do Contrato Social as normas do novo Código Civil. É acrescentado à cláusula 17ª, §3°, que 'a menos que seja estipulada quantia superior, a Sociedade devera distribuir lucros obrigatórios aos sócios no valor de 25% (vinte e cinco por cento) do lucro liquido, consoante estabelecido no artigo 202, §2°, da Lei 6.404/76'. FATO 8 Em 02/01/2005 é celebrado contrato de mútuo entre JACK LINK'S, mutuante, e ZEST, mutuária. A cláusula 21 dispõe: 'Os empréstimos feitos pela MUTUANTE deverão ser liquidados em ate 180 (cento e oitenta) dias contados a partir da data de cada desembolso, pela MUTUÁRIA sempre que esta liquidação for requerida pelos primeiros, independente de qualquer outra condição'. A cláusula 31 dispõe: ‘Sobre os recursos emprestados pela MUTUANTE à MUTUÁRIA, em conjunto ou individualmente, a MUTUANTE cobrará juros da MUTUÁRIA desde o momento do empréstimo ate o dia de sua devolução. Estes juros serão apurados e pagos no dia do pagamento ou liquidação do principal pela MUTUANTE e deverão refletir no mínimo o custo médio que a MUTUANTE eventualmente teve para captar recursos equivalentes de instituições financeiras durante o prazo dos empréstimos... FATO 9 Em 16/03/2005 é assinado CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE QUOTAS tendo de um lado Jay LLC e Troy LLC, em conjunto declarados 'vendedores' e de outro lado Jose, Alessandra e Eduardo, em conjunto declarados 'compradores'. Participam como intervenientes JACK LINK'S (chamada de Sociedade), Jay Earl Link e Troy John Link. Fl. 1326DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.327 12 Lêse nos considerandos que os 'Vendedores desejam vender aos compradores, e os Compradores desejam comprar dos Vendedores, todas as Quotas' da JACK LINK'S que os vendedores possuem (folha 10 da tradução do documento). A definição de 'Curso normal de Negócio Provisório' a folha 16 da tradução do contrato, prevê, no item (vii), a não adoção de qualquer fusão ou reorganização envolvendo a Jack Link's, salvo o disposto na cláusula 8.9, que trata de Reestruturação Corporativa de compradores e de vendedores e que já prevê que ambos agirão de boa fé para implementar as reestruturações. A folha 11 da tradução traz definição de 'coligada': significará, a respeito de qualquer outra Pessoa que, direta ou indiretamente, seja Controlada, Controle ou esteja sob o Controle comum da referida Pessoa. Existem no contrato definições de controle, partes, pessoa, subsidiárias. Em diversas cláusulas as condições estabelecidas obrigam as partes e suas coligadas ou subsidiárias. Assim por exemplo, a definição de 'Informações Confidenciais' à folha 13 da tradução refere se à Jack Link's, aos quotistas, suas coligadas e subsidiárias. A cláusula 1.2.5 (folha 25 da tradução) dispõe que 'Uima referência a qualquer parte deste Contrato ou a qualquer outro contrato ou documento incluirão os sucessores e cessionários autorizados da referida parte'. A cláusula 1.2.6 dispõe que 'Qualquer referência a Sociedade neste Contrato, compreenderá as respectivas Coligadas e/ou Subsidiárias da Sociedade, a menos que expressamente indicado ao contrário'. A cláusula 2.2 trata do preço de compra, estipulado em vinte milhões de dólares americanos. Serão pagas uma parcela inicial de 6,75 milhões na data de encerramento do contrato, uma parcela de 5 milhões em 330 dias, outra parcela de 5 milhões em mais 360 dias e outra de 3,35 milhões em mais 360 dias, conforme clausula 2.3. A clausula 2.3.5 dispõe que os vendedores entregarão aos compradores a cada parcela um documento contendo os cálculos feitos pelos vendedores dos impostos sobre ganho de capital devidos pelos vendedores no Brasil (Declaração de Ganho de Capital). A clausula 3.2 Entregas pelos Compradores dispõe que os compradores entregarão garantia 'abrangendo totalmente (i) todos e qualquer pagamentos relacionados às Prestações do Preço de Compra até o pagamento integral das mesmas pelos Compradores aos Vendedores, e (ii) o valor total de juro para efetuar os referidos pagamentos (a `Garantia)'. O item (e) da cláusula 3.2 dispõe que no encerramento os compradores entregarão (i) instrumentos de cessão relacionados à cessão e transferência pelos Compradores e/ou Sociedade aos Vendedores ... de toda Propriedade Intelectual Transferível relacionada no Anexo 4.8...' e (ii) o respectivo certificado de registro emitido pelo INPI. O item (i) dispõe que no encerramento 'considerando que o Preço de Compra represente o valor justo, razoável e adequado para liquidar de forma incondicional e irrevogável tanto o Valor da Divida dos Vendedores quanto o Valor da Divida dos Compradores, que forem existentes reciprocamente entre os Compradores, Vendedores e a Sociedade, conforme mencionado nos Anexos 5.6 e 4.10... '. Fl. 1327DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.328 13 O item (a) da cláusula 3.3 Entregas pelos Vendedores repete o texto acima. A Seção 2.2 Nenhum outro valor, do Anexo 3.2 (i) Formulário de Contrato Quitação (folha 102 da tradução), dispõe que 'Exceto quanto ao Valor da Dívida das Vendedoras (conforme definido abaixo) relacionado no Anexo B ao presente instrumento, não há outros valores devidos (sejam devidos atualmente ou a se tornarem devidos futuramente) pela Empresa e/ou as Vendedoras as Compradoras na data do presente instrumento'. A cláusula 4.1 dispõe que 'Cada um dos compradores possui plenos poderes e autoridade para assinar e cumprir este Contrato e efetuar todas as Transações estabelecidas no presente, bem como cumprir todas as obrigações assumidas nos termos deste documento, tendo tomado todas as medidas necessárias para autorizar sua assinatura. Nenhuma outra medida será necessária para autorizar a assinatura e a conformidade com este Contrato por cada um dos Compradores'. A cláusula 5.6 Dívida Pendente dos Vendedores dispõe que 'O Anexo 5.6 especifica uma relação de divida pendente possuída pelos Vendedores a Sociedade e/ou pelos Vendedores aos Compradores, condicionadas ocorrência do Fechamento (o `Montante da Divida dos Vendedores). A cláusula 6.4 dispõe que as partes 'concordam a: a) dentro de um (I) ano a partir da data deste, alienar inteiramente de todos os Itens de Embalagem; e (b) ...fornecer evidências satisfatórias aos Vendedores, a seu exclusivo critério, que (i) todos os Itens de Embalagem foram inteiramente alienados pela Sociedade; e (ii) todos os custos, honorários e despesas relacionados com esta Cláusula 6.4 foram exclusivamente suportados pelos Compradores e/ou pela Sociedade'. FATO 10 Em 22/03/2005 dáse a primeira alteração contratual da empresa ZEST, com a retirada da sócia SHAMA e cessão de suas quotas para José e Alessandra. A participação de José passa a ser 95% e a de Alessandra 5%. FATO 11 Em 05/04/2005, correspondência assinada por José, Alessandra e Eduardo comunica aos vendedores a substituição dos signatários pela Zest como compradora das quotas, conforme cópia apresentada em resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 0013. FATO 12 Em 11/04/2005 dáse a segunda alteração contratual da empresa ZEST, com aumento de capital de R$1.000,00 para R$8.961.000,00, com a subscrição e integralização de capital através da transferência de quotas que os sócios detinham na JACK LINK'S. Estabeleceuse que a integralização de capital deveria ser realizada até 31/05/2005. A participação de José passa a ser 85,72% e a de Alessandra 14,28%. FATO 13 Em 12/04/2005 dáse a sétima alteração contratual da JACK LINK'S, ocorrendo a transferência de quotas dos sócios para empresas constituídas por esses mesmos sócios. Os sócios José e Alessandra 'cedem e transferem a totalidade de suas quotas representativas do capital social da Sociedade como integralizado ao capital social da sociedade ZEST INVESTIMENTOS, PARTICIPAÇÕES E NEGÓCIOS LTDA'. Os sócios JAY LLC e TROY LLC 'em decorrência de reorganização societária ocorrida no exterior, cedem e transferem a Fl. 1328DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.329 14 totalidade de suas quotas representativas do capital social da Sociedade à sociedade LINKS JAPAN HOLDINGS, KK'. A participação societária passa a ser de 60% para a LINKS JAPAN, 35% para a ZEST e 5% para Eduardo. Os administradores, agora não sócios, continuam sendo José e Alessandra. FATO 14 Em 14/04/2005, documento interno enviado pelo Banco Real intitulado ‘Solicitação de Operação Específica', contendo aprovação dos executivos do banco ao Contrato de Garantia Fidejussória, estabelece as Garantias a serem exigidas para assinatura do contrato. Lêse na terceira página do documento, no subtítulo 'Garantias conforme abaixo', item 6: 'Proibição de distribuição de dividendos durante todo o período de operação'. O texto é repetido no documento seguinte, que tem como referência 'Proposta n°. 2004/2.387.853 Aprovada nas seguintes condições: A proibição consta também à folha 5 de documento emitido pelo Banco Real com titulo Memorando de Entendimento sobre Fiança de Longo Prazo para:', subtítulo 'Obrigações nãopecuniárias', apresentado fiscalização pelo contribuinte após nossa visita à empresa em 08/12/2008. FATO 15 Em 14/04/2005 é assinado Contrato de Prestação de Garantia Fidejussória G N° 1073/05, entre ABN AMRO (BANCO) e JACK LINK'S (CLIENTE), tendo José, Alessandra e Eduardo como intervenientes solidários. O beneficiário é a LINKS JAPAN, o afiançado é a ZEST, o objeto da fiança é 'garantir o cumprimento das obrigações de pagamento das parcelas do preço de compra estabelecido na Cláusula 2.3.1, letras (b), (c) e (d) do 'Contrato de Compra e Venda de Quotas' firmado em 16 de março de 2005 e seu aditamento a ser firmado, limitada a responsabilidade do BANCO à quantia em moeda corrente nacional equivalente a US$ 14.655.000,00...'. No item V GARANTIAS, quadro Descrição das Garantias, consta subitem '5. Penhor da totalidade das quotas representando o capital social do CLIENTE a ser constituído dentro do prazo de quinze (15) dias contados da data de emissão da FIANÇA;'. Nas cláusulas contratuais, o item 1.1 declara que o Contrato de Compra e Venda é o ‘único documento comprobatório do objeto da Fiança'. O item 1.1.1 obriga a IFC a entregar ao banco cópia autenticada do aditamento do contrato. O item 3 estabelece que 'Na hipótese de o BANCO vir a ser chamado para satisfazer, total ou parcialmente, a FIANÇA prestada (PEDIDO DO BENEFICIÁRIO), fica desde já pactuado que o BANCO não se encontra, para realizar o pagamento abonado, sujeito a nenhuma comunicação prévia do ou para o CLIENTE, bem como o BANCO não está sujeito à verificação da legitimidade do PEDIDO DO BENEFICIÁRIO, tendo em vista que a FIANÇA é prestada em caráter incondicional'. O item 4 dispõe que a IFC obrigase perante o BANCO a: 'a) reembolsar o BANCO, independentemente de qualquer questionamento, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas contadas do Fl. 1329DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.330 15 recebimento de solicitação do BANCO nesse sentido de quaisquer pagamentos efetuados pelo BANCO ao BENEFICIÁRIO...'; ‘b) efetuar ao BANCO o pagamento de todos e quaisquer valores que sejam devidos pelo CLIENTE ao BANCO de acordo com este contrato'. O item 5 dispõe sobre custos adicionais (juros, comissões, multa) a serem arcados pela IFC `no caso de mora e/ou inadimplemento, por parte do CLIENTE e/ou dos INTERVENIENTES GARANTIDORES SOLIDÁRIOS, de qualquer obrigação por eles assumida perante o BANCO por força deste contrato...'. O item 13.1 dispõe que o CLIENTE obrigase também: 'a) a informar imediatamente o BANCO de qualquer negociação que possa resultar em qualquer alteração de sua atual composição acionária, imediatamente após o inicio da referida negociação; b) informar o BANCO bem como obter a sua anuência prévia e por escrito acerca de qualquer negociação que possa resultar em aquisição, pelo CLIENTE, de participação no capital social de outras empresas, imediatamente após o inicio da referida negociação; c) informar o BANCO bem como obter a sua anuência prévia e por escrito de qualquer negociação com BENEFICIÁRIO que possa resultar em novação do BENEFICIÁRIO ao CLIENTE,' O item 16, obrigações especiais do cliente, dispõe: '16. A contar da data de assinatura deste Contrato e ate que todos os valores devidos ao BANCO tenham sido pagos, o CLIENTE e os INTERVENIENTES GARANTIDORES SOLIDÁRIOS individualmente obrigamse relativamente ao CLIENTE: (i) Veracidade das Declarações e Efetividade das Garantias. Tomar todas as providências e atitudes necessárias para que, durante todo prazo do Contrato e ate que suas obrigações dele decorrentes tenham sido totalmente liquidadas, todas as declarações por ela prestadas permaneçam verdadeiras e precisas bem como as garantias por ela prestadas permaneçam integras e em vigor; e (viii) Não Contratação/Concessão de Mútuos. Não contratará ou concederá mútuos de ou a favor de controladas, coligadas e/ou sócios bem como terceiros, exceto relativamente ao mútuo a ser concedido a favor do AFIANÇADO para efetuar o pagamento do prego de compra estabelecido no Contrato de compra e Venda de Quotas referido no item IV do preambulo; e (ix) Pagamento de Dividendos. Limitar o pagamento dos dividendos líquidos eventualmente apurados do seu lucro liquido, aplicandose tal limitação também ao eventual pagamento de juros sobre o capital próprio; (x) Redução do capital social. Não reduzirá tampouco permitirá a redução do capital social por retirada dos sóciosquotistas; e (xii) NãoAlteração do Controle Acionário. Não alterar bem como não permitir alteração do controle acionário doCLIENTE que importe em uma alteração equivalente do controle societário do CLIENTE; e' FATO 16 Ate 18/04/2005 a JACK LINK'S emprestou R$25.372.643,00 a ZEST, conforme lançamentos contábeis em Livro Diário da Zest. FATO 17 Em 18/04/2005 dáse a oitava alteração contratual na JACK LINK'S, quando se dá a transferência das quotas da sócia LINKS JAPAN para ZEST. A participação societária passa a ser de 95% para Fl. 1330DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.331 16 a ZEST e 5% para Eduardo. A transação se dá 'pelo preço estipulado no Contrato de Compra de Quotas, assinado pelas partes em 16 de março de 2005, aditado em 18 de abril de 2005'. O sócio Eduardo Jacinto Gonçalves declara que foram atendidas as exigências para o exercício do direito de preferência estipulado no Contrato Social e renuncia a ele. A sociedade passa a se chamar IFC International Food Company Indústria de Alimentos Ltda. FATO 18 Em 25/04/2005 é assinado 'Termo de Prestação de Garantia Penhor de Quotas N° 1073/05', em que figura como contratante a IFC e como garantidores a Zest e Eduardo. Dispõe o item 3: 'Integrarão a garantia ora constituída os dividendos atribuídos as quotas empenhadas, bem como aquelas quotas que vierem ser atribuídas em decorrência do pagamento de bonificações, ou resultantes de desdobramentos.' Dispõe o item 8: 'Integrarão a garantia todos os rendimentos ou vantagens que forem atribuídos as quotas empenhadas, respectivos rendimentos e quaisquer outros bens eventualmente adquiridos com o produto da realização da garantia prestada'. FATO 19 Em 25/04/2005 dáse a nona alteração contratual na IFC. Os sócios quotistas ZEST e Eduardo empenham cada uma de suas quotas 'em favor do Banco ABN AMRO Real S.A., de acordo com os termos e condições estabelecidos no Termo de Prestação de Garantia Penhor de Quotas n° 1073/05', firmado em 14/04/2005. É acrescentado o parágrafo 3º à cláusula 5ª do contrato social informando que as quotas foram empenhadas em favor do Banco ABN AMRO Real S.A. FATO 20 Em 31/05/2005 o balanço patrimonial da ZEST constante da DIPJ de incorporação apresenta 33,7 milhões de ágio. Inclui como custo do investimento as despesas incorridas para aquisição até aquela data. FATO 21 Em 29/06/2005 dáse a décima alteração contratual na IFC. A Sociedade e a ZEST decidiram em 26/06/2005 pela junção das duas empresas, com a incorporação da ZEST pela Sociedade. O Protocolo e Justificação de Incorporação ('Protocolo’), parte integrante da 10ª alteração do contrato social, estipula os termos e as condições da operação de incorporação. O 'Protocolo' foi elaborado com base em ‘Laudo de Avaliação Contábil do Patrimônio Liquido' da ZEST. Lêse no Protocolo, no item 1. JUSTIFICATIVA: • 'os sócios da ZEST INVESTIMENTOS e IFC concluíram que não se justifica mais a manutenção da ZEST INVESTIMENTOS como sociedade independente, tendo decidido promover a reunião dos patrimônios por meio da incorporação da ZEST INVESTIMENTOS pela IFC; ' • 'as administrações da ZEST INVESTIMENTOS e da IFC entendem que esta proposta atende plenamente aos interesses de ambas as sociedades'. Já no item HI. DO ACERVO INCORPORADO E SUA AVALIAÇÃO, lemos: Fl. 1331DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.332 17 'Para a realização da presente operação, está sendo adotado o critério de avaliação do patrimônio liquido contábil da ZEST INVESTIMENTOS, conforme faculta o artigo 8° da Lei 6.404/76, com base no balanço patrimonial levantado em 31 de maio de 2005, que é considerada a database da operação. As variações patrimoniais posteriores à database acima estipulada constituirão resultados da IFC e serão por esta escrituradas, efetuandose os competentes lançamentos contábeis nos seus livros.' 'Assim, por meio da opera cão de incorporação, a IFC absorverá a totalidade do patrimônio liquido da ZEST INVESTIMENTOS, no valor de R$8.961.000,00 • No item VI. OUTRAS CONDIÇÕES, lemos: 'A IFC sucederá a ZEST INVESTIMENTOS em todos os direitos e obrigações relacionados ao patrimônio incorporado, nos termos do artigo 227 da Lei 6.404/76'. Já no 'LAUDO DE AVALIAÇÃO CONTÁBIL DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO' da Zest Investimentos, lemos no item 7. CONCLUSÃO: 'Em decorrência do trabalho realizado concluímos que o valor contábil correspondente ao acervo da INCORPORADA, avaliado na database de 31 de maio de 2005, de acordo com as práticas de contabilidade emanadas da legislação societária brasileira, valor contábil este a ser vertido para fins de incorporação ao capital da INCORPORADORA, nos termos do 'Protocolo e Justificação de Incorporação da Zest Investimentos, Participações e Negócios Ltda pela IFC – International Food Company Indústria de Alimentos Ltda', datado de junho de 2005, monta em R$8.961.000,00...'. A cláusula 5ª da alteração do contrato social dispõe que ‘Por meio da operação de incorporação mencionada nos itens 1 e 2 anteriores, a Sociedade absorverá a totalidade do patrimônio liquido da ZEST INVESTIMENTOS, no montante de R$8.961.000,00...'. A cláusula 7ª dispõe que ‘Por meio da já destacada operação de incorporação, a Sociedade absorve a totalidade do acervo líquido incorporado, anteriormente pertencente à ZEST INVESTIMENTOS, tudo conforme estabelecido no Protocolo'. A cláusula 8ª dispõe que 'Fica estabelecido, ainda, que a opera cão de incorporação da ZEST INVESTIMENTOS acarretará a manutenção do capital social atual da IFC, nos termos previstos no item V do Protocolo, no valor de R$25.600.000,00 ...' Após a incorporação o Patrimônio Liquido da IFC declarado em DIPJ passa a ser de R$20.138.866,27, e portanto inferior ao Capital. A participação societária passa a ser de 81,434% para Jose, 13,566% para Alessandra e 5% para Eduardo. FATO 22 Em 29/06/2005 dáse a terceira alteração contratual da empresa ZEST, quando a empresa é declarada extinta, tendo como sucessora a IFC. Lêse no Protocolo, item III. DO ACERVO INCORPORADO E SUA AVALIAÇÃO: 'Para a realização da presente operação, está sendo adotado o critério de avaliação do patrimônio liquido contábil da ZEST INVESTIMENTOS, conforme faculta o artigo 8° da Lei 6.404/76, com base no balanço patrimonial levantado em 31 de maio de 2005, que é considerada a database da operação. As variações patrimoniais posteriores à database acima estipulada constituirão resultados da IFC Fl. 1332DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.333 18 e serão por esta escrituradas, efetuandose os competentes lançamentos contábeis nos seus livros'. 'Assim, por meio da operação de incorporação, a IFC absorverá a totalidade do patrimônio liquido da ZEST INVESTIMENTOS, no valor de R$8.961.000,00...'. No item VI. OUTRAS CONDIÇÕES lêse que: 'A IFC sucederá a ZEST INVESTIMENTOS em todos os direitos e obrigações relacionados ao patrimônio incorporado, nos termos do artigo 227 da Lei 6.404/76'. 'A IFC promoverá todos os atos necessários para a averbação da sucessão dos bens incorporados'. O Laudo de Avaliação Contábil do Patrimônio Liquido concluiu que o valor contábil do acervo da incorporada era de R$8.961.000,00. Após a incorporação da Zest, a IFC apresenta Capital de R$25.600.000,00 e Patrimônio Liquido de R$20.138.866,27, conforme Balancete Consolidado Parcial do período 01/05/2005 a 31/05/2005. FATO 23 Em 31/10/2005 a IFC baixa de seu ativo contas a receber no valor de R$3.192.298,52, referente a acordo invoices na aquisição das quotas, lançando a contrapartida diretamente à conta ágio na aquisição de investimento. As amortizações, que vinham sendo feitas no valor mensal de R$280.547,65, passam a ser de R$307.150,13. Ou seja, a empresa está amortizando o ágio em 10 anos. Até 31/10/2005 considerou ágio de R$33.735.392,81, que é o valor determinado na incorporação. Então, passou a considerar ágio de R$36.858.015,98, acrescentando os recebíveis baixados, exceto variação cambial referente a carta de fiança (planilha do contribuinte 'Demonstrativo do Cálculo do Ágio Estimado). FATO 24 Em 01/01/2006 dáse a décima segunda alteração contratual na IFC, que delibera sobre sua transformação em sociedade anônima. As quotas são canceladas e substituídas por ações de mesmo valor. FATO 25 Em 31/01/2007 é realizada Assembléia Geral Extraordinária que, entre outros, altera disposição sobre criação de ações preferenciais com direito a voto e decide aumentar o capital da companhia. As novas ações preferenciais serão resgatáveis em 31/01/2012, garantindo uma taxa interna de retorno anual de 22,5% sobre o preço de emissão. O capital será aumentado de R$25.600.000,00 para R$29.344.478,00, por meio de uma emissão de 3.744.478 ações preferenciais com direito a voto, resgatáveis e conversíveis em ações ordinárias, no valor total de R$44.610.300,00, sendo que desse valor R$3.744.478,00 são destinados à formação do capital social e R$40.865.822,00 para a criação de Reserva de Ágio. FATO 26 Em 23/02/2007 é realizada Assembléia Geral Extraordinária que delibera aumentar o capital de R$29.344.478,00 para R$31.840.796,00, por meio de uma emissão de 2.496.318 ações preferenciais com direito a voto, resgatáveis e conversíveis em ações ordinárias, no valor total de R$29.072.400,00, sendo que desse valor R$2.496.318,00 são destinados à formação do capital social e R$26.848.160,00 para a criação de Reserva de Ágio. Fl. 1333DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.334 19 4. QUALIFICAÇÃO DOS FATOS José e Alessandra pretenderam adquirir quotas. Sem dispor dos recursos necessários, pretenderam utilizar recursos da própria empresa. O negócio de aquisição de quotas contém um mútuo realizado entre IFC e Zest que é, em tese, uma simulação relativa com interposição fictícia de pessoa. O ato simulado é o empréstimo de recursos da IFC para a Zest. O ato dissimulado é a transferência não onerosa de recursos da IFC para José e Alessandra. A simulação foi realizada para fornecer os recursos necessários à aquisição das quotas realizada por José e Alessandra, verdadeiros adquirentes das quotas. 4.1 MOTIVOS PARA SIMULAR Identificamos motivos de ordem societária e tributária, interligados e indissociáveis, que explicam, em tese, o interesse das partes na simulação. 4.1.1. MOTIVOS DE ORDEM SOCIETARIA: Um primeiro motivo da simulação é a transferência patrimonial, da empresa para sócios, de recursos em valor superior às reservas, ao capital e ao próprio patrimônio liquido, proibida pela legislação societária. Para argumentar, tomaremos como base o balanço patrimonial da empresa em 31/03/2005, último mês antes da assinatura do contrato de compra e venda. A ordem de grandeza dos números não muda e não invalida o raciocínio aqui apresentado se fosse considerado outro mês qualquer. Em 31/03/2005 a Jack Link's apresentava o seguinte balancete resumido (balancete escriturado em diário): ATIVO PASSIVO Ativo Circulante 24.841.052 Passivo Circulante 22.404.962 Realizável LP 585.922 Exigível LP 24.597.694 Permanente 63.863.421 Patrimônio Líquido Capital Social 25.600.000 Reservas Reaval. 13.218.952 Reservas Lucros 7.523 Lucros Acumulados 6.570.402 45.396.877 TOTAL ATIVO 89.290.39 TOTAL PASSIVO 92.399.533 Obs.: o balancete de março/2005 escriturado em diário apresenta Passivo superior ao Ativo. O demonstrativo apresentado pelo contribuinte informa contas de Reservas no valor de R$16.687.739 e Patrimônio Liquido de R$42.287.739. Para efeito de demonstrar nossas conclusões adotamos o valor escriturado. O valor da compra (sem contar despesas, perdão de dívida e outros) de 20 milhões de dólares, à taxa de 2,6157 vigente em 18/04/2005, data de fechamento do negócio, correspondia a R$52.314.000,00, claramente superior às reservas e lucros acumulados, e a todo o patrimônio liquido da empresa. Existem três formas de sócios adquirirem quotas com recursos da própria empresa: 1) A empresa comprar suas próprias quotas para manutenção em tesouraria e posterior alienação aos sócios. Não existe impedimento legal para uma sociedade limitada adquirir suas próprias quotas para manutenção em tesouraria. O Novo Código Fl. 1334DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.335 20 Civil (NCC), Lei n° 10.406/2002, não contem regras nesse sentido. O permissivo legal consta do artigo 30 da Lei n° 6.404/76, que rege as sociedades por ações. A cláusula 22ª do contrato social consolidado, objeto da 4ª alteração contratual da Jack Link's, de 16/06/2003, dispõe que os casos omissos no contrato social serão regulados pelo capitulo Da Sociedade Limitada, do Código Civil, (artigos 1052 a 1087) e legislação pertinente, e subsidiariamente pelas normas das sociedades anônimas (Fato 4). As alterações contratuais posteriores, até a transformação em sociedade anônima, mantiveram essa cláusula. Ocorre que, nos termos da alínea b) do artigo 30 da Lei n° 6.404/76, a aquisição de ações para manutenção em tesouraria só é permitida 'desde que até o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal; e sem diminuição do capital social, ou por doação'. Ainda que não constasse do contrato social a regula cão subsidiária pela Lei da Sociedades Anônimas, ainda assim a limitação de seu artigo 30 deveria ser respeitada. O capital social é mecanismo de garantia de credores, conceito básico e fundamental do direito societário. A validade da aquisição de quotas pela própria empresa sempre dependerá da existência de lucros acumulados e/ou reservas disponíveis que dêem suporte à aquisição. Portanto, dispondo de lucros e reservas de lucros de cerca de 19,7 milhões e PL de 45,3 milhões, a compra pela empresa de suas próprias quotas aos valores contratados de 52 milhões seria uma transação ilícita. 2) A empresa entregar recursos aos sócios para eles comprarem as quotas. A redução do ativo teria como contrapartida uma redução do Patrimônio Liquido. O artigo n° 1.059 do NCC limita a entrega de recursos financeiros da sociedade limitada aos sócios, dispondo que estes 'serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a qualquer titulo, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia se distribuírem com prejuízo do capital'. Mais uma vez verificase a impossibilidade da transferência patrimonial. Considerando o patrimônio liquido existente (cerca de 45,3 milhões), a distribuição dos recursos necessários à aquisição (cerca de 52 milhões) sem previsão de reposição implicaria reduzir o capital a zero e ainda registrar uma conta que retrataria um patrimônio liquido negativo. Do mesmo modo que na forma de aquisição anterior, a transação seria ilícita. 3) A empresa emprestar dinheiro aos sócios. Não haveria transferência patrimonial da empresa para os sócios. Os sócios não incorporariam ao seu patrimônio parte do patrimônio da empresa, pois restaria a obrigação de pagar. O empréstimo poderia ser pago pelos sócios no futuro, com rendimentos recebidos da empresa na forma de lucros distribuídos. A desvantagem é que os sócios poderiam não receber os lucros esperados. Os lucros previstos poderiam não ocorrer, e caso a empresa admitisse novos sócios, os lucros seriam distribuídos entre mais pessoas. Concluímos que, neste caso, a única forma legal dos sócios adquirirem as quotas com recursos da empresa seria através de empréstimo concedido pela empresa, com reposição dos recursos pelos Fl. 1335DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.336 21 sócios. Como o resultado dos atos praticados não é esse, concluise que essa não era uma opção desejada. No caso, houve contratação de mútuo, houve fornecimento de recursos, mas não houve reposição dos recursos emprestados. O negócio foi realizado de forma a tornar definitiva e sem ônus para os sócios uma transferência de recursos que deveria ter sido a titulo de empréstimo com reposição dos recursos emprestados. 4.1.2. MOTIVOS DE ORDEM TRIBUTARIA: Um segundo motivo para simulação é a obtenção de economia tributária no valor de cerca de 26 milhões de reais relativos a: a) Imposto de Renda Pessoa Física incidente sobre rendimentos tributáveis recebidos pelos sócios: a.1) Caso a Jack Link's entregasse aos sócios os recursos financeiros necessários à aquisição das quotas e quitação dos invoices, o rendimento dos sócios seria tributável. A lei isenta do imposto de renda lucros e dividendos pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real quando calculados com base nos resultados apurados, conforme artigos 39, inc. XXIX, e 654 do Decreto n° 3.000/99 (RIR/99). Uma vez que os rendimentos distribuídos ultrapassariam em muito os lucros apurados pela contabilidade, e não sendo contemplados nas hipóteses de isenção dos artigos 39 a 42 do RIR/99, incidiriam os artigos 37 e 38 do RIR/99. O valor de IRPF estimado seria de cerca de 15,8 milhões, considerando alíquota de 27,5% da tabela progressiva incidindo sobre o valor de aquisição atribuído pelo contribuinte exceto embalagens. (Lei 7713, art 30, § 4º; IN SRF n° 15/2001, art.5°, §§ 7° e 8°). a.2) Caso a Jack Link's comprasse as quotas sem ter lucros e reservas para tanto e as entregasse aos sócios, o beneficio dos sócios seria rendimento tributável, incidindo os artigos 37, 38 e 55 inciso IV do RIR/99 (rendimentos recebidos na forma de bens ou direitos). O beneficio dos sócios seria idêntico aos custos de aquisição contabilizados pela empresa. O valor de IRPF estimado seria igualmente de cerca de 15,8 milhões. Em ambos os casos ‘a.1’ e ‘a.2’ a empresa cometeria ilícito societário. Os atos seriam nulos e o beneficio dos sócios seria rendimento tributável decorrente de transação ilícita e percebido com infração à lei, incidindo os artigos 37, 38, e 55 inciso X do RIR/99. O beneficio dos sócios seria idêntico aos custos de aquisição arcados pela empresa. O valor de IRPF seria igualmente de cerca de 15,8 milhões. a.3) Se o negócio simulado fosse válido, José e Alessandra, que possuíam quotas da Zest no valor de 8,96 milhões, receberiam quotas da IFC no valor nominal de 24,32 milhões. Seriam beneficiados pelo negócio realizado pelas empresas, uma vez que, na relação de troca estabelecida, as novas participações têm valor maior que o custo da participação societária originária. Esse benefício constitui ganho de capital tributável previsto no artigo 117 do RIR/99 (alienação de ações; ações recebidas em valor superior as entregues; conforme Parecer Normativo CST n° 39 de 1981). Entretanto aqui não haveria um custo de aquisição de quotas registrado pela IFC. O valor do rendimento seria igual ao valor nominal das quotas recebidas (24,32) menos o custo da participação societária originária (8,96), resultando 15,36 milhões. Incidindo alíquota de 15%, o imposto devido seria cerca de 2,3 milhões. Portanto, se o negócio simulado fosse válido e os sócios recolhessem o Fl. 1336DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.337 22 IRPF no valor de 2,3 milhões incidentes sobre o negócio simulado, e uma vez que as alternativas possíveis teriam um custo tributário de 15,8 milhões, haveria uma economia tributária de 13,5 milhões de IRPF. b) Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido decorrente da dedução de despesas de amortização de ágio na aquisição de investimento: Essa economia decorre de permissivo legal do artigo 386 do RIR/99, aplicável unicamente nas incorporações de investida por investidora, ou viceversa, nos casos em que o investimento foi adquirido com ágio cujo fundamento econômico seja o valor de rentabilidade com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros. Essa economia não seria possível caso a aquisição se desse diretamente pelas pessoas físicas ou pela própria pessoa jurídica. Se o negócio simulado fosse válido, ao final o ágio pago na aquisição das quotas permaneceria na empresa, sob a forma de ativo diferido, tendo como contrapartida a reserva de ágio. Poderia ser amortizado em até cinco anos, e a despesa de amortização seria dedutível na apuração do IRPJ e CSLL, trazendo economia tributária de 34% sobre o ágio pago, igual a cerca de 12,5 milhões de reais. 4.2 RELAÇÃO DE TROCA NA INCORPORAÇÃO Na incorporação as quotas da empresa incorporada são extintas. Ao entregarem quotas da empresa a ser extinta, seus sócios estão na verdade entregando o acervo (bens, direitos e obrigações) que estas quotas representam. Esse acervo normalmente irá aumentar o acervo da incorporadora, que aumentará seu capital na mesma medida. O balanço de incorporação da ZEST em 31/05/2005 apresentava os seguintes valores: Ativo Circulante 1.000,00 Financiamentos CP 13.209.449,60 Participações IFC 34.332.643,00 Outros 725.349,21 Ágio Inv. IFC 33.735.392,81 Financiamentos LP 21.579.525,00 Créditos P. ligadas 23.593.712,00 Capital 8.961.000,00 Total 68.069.035,81 Total 68.069.035,81 O Protocolo, no item 'III Do acervo incorporado e sua avaliação', informa que 'está sendo adotado o critério de avaliação do patrimônio liquido contábil' da ZEST e que a IFC absorverá a totalidade do Patrimônio Liquido. Já o item VI fala em 'direitos e obrigações relacionados com o patrimônio incorporado' (Fato 21). O laudo de avaliação conclui que 'o valor contábil correspondente ao acervo da INCORPORADA ... a ser vertido para fins de incorporação ao capital da INCORPORADORA' é de R$8.961.000,00. Tanto o laudo quanto o protocolo não utilizam o termo 'acervo líquido', referindose apenas a acervo e patrimônio liquido. Apenas na 10ª alteração do contrato social encontramos referência a essa distinção entre patrimônio líquido e acervo líquido, onde a cláusula 5ª informa que 'a Sociedade absorverá a totalidade do patrimônio liquido da ZEST INVESTIMENTOS, no montante de R$8.961.000,00' e a cláusula 7ª informa que 'a Sociedade absorve a totalidade do acervo liquido incorporado', sem entretanto especificar o valor (Fato 21). O Patrimônio Líquido corresponde à diferença entre Ativo e Passivo. No caso, o Patrimônio Líquido da ZEST tem o valor do seu Fl. 1337DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.338 23 capital. Entretanto, é o acervo líquido transferido que permite visualizar a relação de troca estabelecida entre as partes. O acervo líquido corresponde ao valor dos bens e direitos, líquidos das obrigações, efetivamente transferidos da incorporada à incorporadora. Corresponde à riqueza efetivamente acrescida ao patrimônio da incorporadora. O capital da incorporadora será aumentado na medida dessa riqueza acrescida. Na operação de incorporação em que não existe participação de uma empresa em outra, o valor do acervo líquido é igual ao valor do patrimônio líquido da incorporada. Já no caso em que a incorporada detém participação na incorporadora, o acervo líquido corresponde à diferença entre ativo e passivo da incorporada, reduzido ainda do valor dessa participação. A participação não é transferida de uma empresa para outra. Ocorre que o custo dessa participação societária é registrado em balanço segregado em investimento e ágio. Embora sejam duas contas, ambas representam o mesmo investimento. Da mesma forma que a participação da incorporada na incorporadora não faz parte do acervo liquido transferido, também o ágio não faz parte do acervo liquido transferido. O ágio contabilizado na incorporadora como ativo diferido terá como contrapartida uma conta credora de reserva de ágio, distinta e segregada da contrapartida do acervo líquido, e não poderá ser utilizada para aumentar o capital da empresa. (IN SRF 11/99). Verificase então que o acervo líquido recebido pela IFC tem o valor negativo de R$59.107.035,81, que corresponde às dívidas assumidas pela ZEST para aquisição das quotas, menos R$1.000,00 em caixa. Por outro lado, como não houve redução nem aumento de capital da incorporadora, a IFC nada exigiu para se compensar da recepção desse acervo negativo. A incorporação realizada pela IFC, que no dizer do Protocolo e Justificação de Incorporação 'atende plenamente aos interesses de ambas as sociedades' (Fato 21), resultou na assunção das dívidas da investidora ZEST, no valor de R$59.108.035,81, dos quais R$23.593.712,00 correspondem as dívidas da ZEST para com a própria IFC que se tornaram irrecuperáveis, e R$35.514.323,81 correspondem as dívidas da ZEST para com a Japan e fornecedores. O que a IFC fez foi simplesmente assumir o passivo da ZEST, contraído na única transação da vida dessa empresa. Na relação de troca estabelecida na incorporação, a Zest entregou uma dívida líquida de R$59.107.035,81, e as 24.320.000 quotas da IFC antes pertencentes à Zest foram transferidas para José e Alessandra, os verdadeiros e únicos beneficiados na transação. Quem lê apenas os contratos sociais e o laudo de avaliação da Zest, imagina que a IFC incorporou ativos de R$8.961.000,00. Quem analisa a contabilidade das empresas, constata que a IFC incorporou dívidas de R$59.107.035,81. O balanço patrimonial do contribuinte não retrata de forma transparente a operação realizada. Na verdade, esconde a assunção da dívida dos sócios. Suas contas patrimoniais apresentam sob título 'Outras' o valor negativo de R$25.372.643,00, que resulta da soma do valor de reserva de ágio de R$33.735.392,81, e do valor negativo de R$59.107.035,81 relativos ao acervo líquido recebido da ZEST e uma diferença indevida de R$1.000,00 relativa à conta caixa da Zest. Fl. 1338DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.339 24 Os valores de reserva de ágio e acervo líquido deveriam aparecer segregados no patrimônio líquido, conforme Instrução Normativa SRF n° 11/1999. Verificase ainda que o Patrimônio Líquido apenas ficou positivo no valor de R$20.138.866,27 devido à reserva de ágio. Se excluída a reserva, o PL resultaria R$13.596.526,54 negativos. Concluise que: 1) a IFC assumiu o prejuízo pelo não recebimento do empréstimo concedido e ainda o saldo devedor da dívida assumida pela Zest; 2) não é verdadeira a afirmação de que a incorporação da ZEST atende aos interesses da IFC; 3) um dos objetivos de se concretizar a aquisição de quotas através da Zest era adicionar um valor (Reserva de Ágio) ao Patrimônio Líquido para que este não ficasse negativo. 4.3 ÁGIO 4.3.1 Inexistência dos pressupostos para amortização O artigo 386 do RIR/99 permite, para investimentos em que o ágio teve como fundamento a rentabilidade de empresa coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros, a dedução em cinco anos das contrapartidas das amortizações de ágio nas situações de incorporação em que: a) a incorporadora é a investidora, a incorporada é a investida, e a incorporadora detém participação societária na incorporada adquirida com ágio; ou então b) a incorporadora é a investida, a incorporada é a investidora, e a incorporada detém participação societária na incorporadora adquirida com ágio. Conforme o Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações da FIPECAFI, Ed. Atlas, 6ª edição, pág. 186, para a investidora que adquiriu investimento com ágio baseado em resultados futuros, 'as receitas equivalentes aos lucros da coligada ou controlada não representam um lucro efetivo, já que a investidora pagou por eles antecipadamente'. Para que a regra de dedução do artigo 386 incida é necessário que o lucro produzido pela investida/incorporadora seja a recuperação de um custo de investimento da investidora/ incorporada. Para tanto, é necessário que haja investidor e recursos investidos, ambos externos à empresa. O investidor, além de ser pessoa jurídica, tem que ser externo à empresa, pois assim determina a lei: o artigo 385 trata de investimento em coligada ou controlada. É necessário que o ágio represente a aquisição de direitos de sócios aos lucros futuros produzidos pelas atividades econômicas da empresa investida. É necessário que o ágio reflita um custo de aquisição de lucros futuros. Se o investidor nada desembolsa, para ele não existe custo. Os atos do contribuinte, planejados para atingir o fim previsto pela Lei, criaram artificialmente uma situação de incidência sem que exista um pressuposto fático previsto na Lei, qual seja um custo de investimento arcado por investidor pessoa jurídica externo à empresa antecipadamente à geração dos lucros pela empresa. 4.3.2 Cálculo do ágio O contribuinte apresentou demonstrativo de apuração do ágio, cujos elementos são reproduzidos a seguir: Valor das quotas em R$: R$ 52.314.000,00 (+) Valor das despesas de aquisição Serviços 1.145.003, 99 Lançamento estoque 4.690.705,13 Fl. 1339DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.340 25 Ref acordo invoices em aberto 3.192.298, 52 Variação Cambial Ref Pgtos Carta Fiança (69.675, 35) Comissão sobre carta de fiança 958.327,09 9.916.659,38 Total do Custo de Aquisição R$ 62.230.659,38 Participação adquirida pelo MEP R$ 25.372.643,00 Ágio calculado R$ 36.858.015,98 Parte dos valores agregados ao ágio como custo de aquisição são indevidos. Verificase nos Livros Diário das empresas em 31/05/2005 que os estoques de embalagens obsoletas em virtude da cessão de marcas, no valor de R$ 4.690.705,13, foram transferidos da IFC para a Zest tendo como contrapartida conta de empréstimo e contabilizados pela Zest diretamente como ágio. As embalagens deveriam ter sido baixadas do ativo da IFC como despesa por obsolescência. O lucro anual seria reduzido em R$4.690.705,13, e consequentemente reduziriam os lucros acumulados e Patrimônio Líquido PL da IFC. A despesa seria dedutível na IFC, caso a destruição desses itens tivesse sido certificada por Auditor Fiscal da Receita Federal, conforme determina o artigo 291 do RIR/99. Intimada, a empresa informou que não houve acompanhamento da destruição pela fiscalização (respostas ao Termo de Inicio de Ação Fiscal e ao Termo de Intimação Fiscal n° 0002). Os estoques baixados em virtude de obsolescência não podem ser considerados na Zest como custo do investimento porque não se trata de custo incorrido antes da aquisição e para a aquisição do investimento. Sendo uma despesa incorrida em conseqüência da aquisição, não pode ser transformada em ativo, devendo a contrapartida ser lançada em conta redutora do PL da Zest. Portanto o valor de R$ 4.690.705,13 deve ser excluído do ativo diferido e da reserva de ágio da IFC. De acordo com o Demonstrativo do Cálculo do Ágio Estimado e lançamentos no Livro Diário da IFC do dia 31/10/2005, houve uma transferência de contas a receber no valor de R$ 3.192.298,52 e de Variação Cambial Ref Pagtos Carta Fiança no valor de R$ 69.675,35 diretamente para a conta de ativo ágio da IFC. Essa é a razão da diferença entre o ágio constante do demonstrativo de apuração do contribuinte e dos livros da IFC (R$36.858.015,98) e o ágio constante dos livros e DIPJ da Zest (R$33.735.392,81). Tratandose de lançamento realizado após a incorporação da Zest e sem a contrapartida em Reserva de Reavaliação, essas contas a receber baixadas não podem ser transformadas em ativo como ágio/ativo diferido. A contrapartida dessa baixa é uma conta redutora do Patrimônio Liquido da IFC. Dessa forma, deve ser excluído o valor de R$7.883.003,65 (resultado de 4.690.705,13 + 3.192.298,52) do ágio calculado pelo contribuinte, resultando um ágio no valor de R$29.044.687,68 e custo de aquisição de R$54.417.331,08. 4.3.3 Implicações no Patrimônio Líquido A apuração incorreta do ágio implicou aumento indevido do Patrimônio Liquido. A conta Reserva de Ágio deve ser reduzida em R$ R$4.690.705,13 devido ao registro incorreto da baixa das embalagens. Fl. 1340DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.341 26 A conta Lucros Acumulados deve ser reduzida em R$3.192.298,52 devido ao registro incorreto da baixa de contas a receber. Conseqüentemente, o Patrimônio Líquido após a incorporação, contabilizado no valor de R$20.138.866,27, deveria ter sido contabilizado no valor de R$12.255.862,62. O Patrimônio Líquido resultou R$13.344.137,88 inferior ao Capital de R$25.600.000,00. Constatase ainda que mesmo ao final do pagamento da aquisição, conforme balancetes de agosto e de setembro de 2006, e nos balanços de 2005 e 2006, o Patrimônio Líquido continuou inferior ao Capital, somente superandoo em 2007 com a entrada de novos acionistas. 4.4 CONDIÇÕES DOS CONTRATOS A substituição dos compradores signatários do contrato de compra e venda de quotas pela Zest foi comunicada aos vendedores em correspondência de 05/04/2005 assinada por José, Alessandra e Eduardo (fato 11). Verificase no item 3 do documento que os compradores estavam em processo de reestruturação corporativa que envolveria a transferência das quotas dos compradores para uma afiliada dos compradores e que essa afiliada se tornaria a única proprietária de todas as quotas representativas da participação dos compradores na Jack Link's. Essa afiliada era a Zest. Entretanto, a transferência de quotas ocorreu em 12/04/2005 apenas com o aumento de capital da Zest pelos seus antigos sócios, José e Alessandra. Eduardo não ingressou na sociedade (fato 13), ficando portanto excluído da aquisição. A renúncia de Eduardo à aquisição ocorreu em 18/04/2005 (fato 16). O contrato de mútuo (Fato 8), onde a Jack Link's é mutuante e a Zest é mutuária, estabelecia que 'os empréstimos feitos pela MUTUANTE deverão ser liquidados em até 180 (cento e oitenta) dias contados a partir da data de cada desembolso, pela MUTUÁRIA sempre que esta liquidação for requerida pelos primeiros, independente de qualquer outra condição'. Portanto, o contrato estabelece prazo mínimo para pagamento de mútuo, mas não estabelece prazo máximo. A data final do pagamento seria determinada a critério da IFC, controlada por José e Alessandra. O contrato de compra e venda de quotas (Fato 9) estabelecia o preço a ser pago de vinte milhões de dólares, equivalente a cerca de 52 milhões de reais. A Zest claramente não tinha essa quantia, dai o contrato de mútuo. A razão do mútuo é exclusivamente o financiamento da aquisição. De fato, a única operação realizada pela Zest foi essa aquisição, e todos os custos incorridos pela empresa foram pagos com recursos do mútuo desde janeiro/2005 e motivados pela aquisição e considerados ágio. Já o contrato de garantia (Fato 15) dispunha que a IFC 'Não contratará ou concederá mútuos de ou a favor de controladas, coligadas e/ou sócios bem como terceiros, exceto relativamente ao mútuo a ser concedido a favor do AFIANÇADO para efetuar o pagamento do prego de compra estabelecido no Contrato de compra e Venda de Quotas referido no item IV do preâmbulo'. Fl. 1341DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.342 27 Constatase que desde o início estava definido que a compra das quotas seria feita pela Zest e totalmente paga com recursos da IFC e que a reposição do empréstimo ficaria a critério de José e Alessandra. O contrato de garantia contém o item 16, de obrigações especiais, em que o CLIENTE e os INTERVENIENTES GARANTIDORES SOLIDÁRIOS individualmente obrigamse relativamente ao CLIENTE...' É o banco exigindo garantias para conceder a carta de fiança. Ocorre que cliente é a IFC e intervenientes são as pessoas físicas. A Zest, que é a controladora da IFC, não é chamada pelo banco para garantir os atos da IFC (efetividade das garantias, ausência de ônus, não contratação de divida, não contratação de mútuo, não pagamento de dividendos). São os garantidores solidários que obrigamse a cumprir a garantia de penhora de quotas que pertencem a Zest, e não a própria Zest. Constatase que o próprio banco desconsiderou a Zest como controladora da IFC e compradora das quotas. A Zest era uma empresa de participações, cujo único investimento era a participação na IFC. Logo, os lucros distribuídos pela IFC constituiriam sua única receita. Entretanto, o contrato de garantia estipulava outra restrição à IFG: ‘Limitar o pagamento dos dividendos líquidos eventualmente apurados do seu lucro líquido, aplicandose tal limitação também ao eventual pagamento de juros sobre o capital próprio'. O texto não especifica a quanto estaria limitado o pagamento de dividendos. O contrato social da Jack Link's estabelecia dividendo mínimo de 25% do lucro (Fato 7). Documentos enviados pelo Banco Real (Fatos 14 e 18) estabelecem as condições para assinatura do contrato de garantia, incluindo 'Proibição de distribuição de dividendos durante todo o período de operação' e penhorando os dividendos atribuíveis as quotas. E de fato não houve distribuição de dividendos no período. Concluise, portanto que limitar o pagamento significa não distribuir dividendos. Essa cláusula retira da Zest durante a duração do contrato de garantia sua única fonte de receita, que lhe permitiria amortizar a dívida. Entretanto, essa cláusula não é motivo relevante para a incorporação da Zest, uma vez que os sócios poderiam renunciar a seu direito de receber 95% dos lucros passíveis de distribuição em troca da amortização da dívida. Da mesma forma, a cláusula do contrato de garantia que não permitia a redução do capital também não é motivo relevante para a incorporação. A redução do capital em si não é relevante para o banco, pois receberia todas as quotas da empresa como garantia. Seria indiferente a quantidade ou o valor das quotas. O que interessa é ter garantia de 100% do patrimônio da empresa, que esse patrimônio não se reduziria, que não haveria redução de capital por retirada de sócios após a realização do negócio. O banco aceitou a relação de troca na incorporação. Entendemos que se as proibições de distribuição de dividendos e de redução de capital fossem motivos relevantes para a incorporação que se seguiu, os sócios teriam obrigação de recusar essas cláusulas. Isso porque a incorporação com recepção das dívidas da Zest, sem compensação pelo ônus, teria o mesmo efeito de distribuição de recursos aos sócios e implicaria fraude à lei. Fl. 1342DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.343 28 Sendo o contrato de garantia parte integrante do contrato de compra e venda de quotas, não se trata de fato superveniente. Se essas cláusulas foram aceitas é porque não afetavam os planos das partes. Uma vez que o mútuo tinha prazo indeterminado, a não amortização da dívida poderia continuar indefinidamente. Se existisse a intenção de quitar o empréstimo com dividendos recebidos da IFC pela Zest, o tempo de duração do contrato de mútuo seria o necessário para a IFC gerar recursos para o pagamento do restante da aquisição (2ª , 3ª e 4ª parcelas) e distribuição de dividendos equivalentes ao custo de aquisição das quotas. Por outro lado, a demora na incorporação da Zest acarretaria a demora no aproveitamento da amortização do ágio. O contrato de garantia continha restrição de 'Não alterar bem como não permitir alteração do controle acionário do CLIENTE que importe em uma alteração equivalente do controle societário do CLIENTE' (Fato 15). Controle acionário é participação direta (art 116 da Lei das SA); controle societário pode ser participação indireta. A cláusula previa que a Zest deixaria de ser controladora direta, mas a participação de José e Alessandra continuaria sendo de 95% do capital. Concluise que já estava previsto que a incorporação da Zest ocorreria ainda durante a vigência do contrato de garantia, e antes mesmo de obter os recursos necessários para honrar seus compromissos. Resulta da incorporação em 31/05/2005, anterior ao pagamento das 2ª e 3ª parcelas, que o ágio começou a ser amortizado antes mesmo do pagamento total da aquisição. 4.5 DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS – DDL O art. 464, inciso 1, do RIR/99, presume distribuição disfarçada de lucro a alienação de bem do ativo a pessoa ligada por valor notoriamente inferior ao de mercado. Os artigos 465, inc. 1 e 466 definem o que se considera pessoas ligadas e controladores e o artigo 467 dispõe que a diferença entre o valor de mercado e o valor de alienação será adicionado ao lucro liquido do período de apuração. 4.5.1 Acordo Invoice O contrato de compra e venda (Fato 9) previa como parte do negócio a extinção dos débitos em haver porventura existentes entre as partes (acordo invoice). No caso, e de acordo com a planilha Demonstrativo do Cálculo do Ágio Estimado e lançamento do dia 31/10/2005 a débito da conta 13040201 ágio e a crédito da conta 12010102 Invoices, houve uma transferência de contas a receber no valor de R$3.192.298,52 diretamente para a conta de ativo Ágio da IFC. Portanto, embora lançado após a incorporação da Zest e sem a contrapartida em Reserva de Reavaliação, o fato é que os investidores e a empresa reconhecem que a baixa desses ativos representou uma entrega dos mesmos aos compradores das quotas, como parte de negócio realizado por eles. Não havendo contrapartida dos sócios em relação à empresa, a única conclusão possível é que esses bens foram entregues gratuitamente aos sócios. No caso de recebíveis, fica claro que o valor de mercado é o próprio valor contábil, uma vez que se tratam de títulos executáveis. 4.5.2 Ativos intangíveis Fl. 1343DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.344 29 Da mesma forma, a IFC transferiu ativos intangíveis para terceiros, conforme Cláusula 4.8 e Anexo 4.8 do contrato de compra e venda de quotas e protocolo do contribuinte datado de 10/03/2008 em resposta ao Termo de Inicio de Ação Fiscal, em virtude do contrato entre os sócios. Caracteriza assim a transferência dos ativos aos sócios compradores sem contrapartida conhecida e destes para terceiros. Não sendo possível a avaliação a preço de mercado, o valor contábil é o substituto possível para esse preço. Em 29/09/2004 a Jack Link's tinha ativos intangíveis avaliados em R$100.747.000,00 (patente GBP) e R$25.191.393,10 (marcas Jack Link's e Beef Jerjky). Em 31/12/2004 a empresa procedeu ao estorno de reavaliação de marcas e patentes no valor total de R$125.983.393,10. As reservas de reavaliação, que em 31/12/2003 somavam R$138.554.214,32, passaram em 31/12/2004 para R$13.293.709,84. O contribuinte não efetuou a baixa contábil dos intangíveis transferidos, conforme constatação no Termo de Intimação Fiscal n° 0011. A contabilização dos intangíveis não é individualizada por marca ou patente, conforme informação do contribuinte datada de 12/01/2009. Ante a limitação das informações disponíveis, consideramos que os intangíveis foram transferidos aos sócios em dezembro/2005, pelo valor dos custos registrados nas contas 13020301 e 13020303 incorridos até aquela data, conforme planilha apresentada pelo contribuinte em 12/01/2009, no total de R$293.072,51. 4.6 SEPARAÇÃO PATRIMONIAL Os atos praticados são gravíssimos. É legalmente impossível retirar de uma empresa recursos superiores ao seu patrimônio liquido. Conceito básico e fundamental da economia moderna é o de separação patrimonial entre pessoa jurídica e seus sócios. Edmar Oliveira Andrade Filho, em Sociedade de Responsabilidade Limitada, ed. Quartier Latin, 2004, bem coloca a questão: 'A criação de uma personalidade jurídica pressupõe a existência de um patrimônio que será a ela afetado. Esse patrimônio, antes pertencente aos membros da sociedade, é posto a serviço desta, debaixo de um complexo de relações que se formam entre a pessoa jurídica e seus membros, para cumprir uma função específica e determinada. Nas sociedades empresárias, o fim determinado é a exploração de atividade econômica e a apuração de um resultado que será repartido entre os sócios'. (pág. 35) 'Nas sociedades empresárias, a transferência patrimonial é feita, via de regra, a tíitulo de contribuição para o capital social da pessoa jurídica'. (pág. 36) ‘Feita a separação do patrimônio, os bens e direitos transferidos em pagamento da subscrição do capital passam para a esfera de poder da pessoa jurídica, que sobre eles adquire direitos de proprietário, isto é, adquire poderes de disposição, fruição e gozo e de ação erga omnes, inclusive contra os sócios. Portanto, os membros da pessoa coletiva que entregam bens em pagamento de capital não o fazem para formar condomínio juntamente com a sociedade já que não têm poderes de disposição sobre aqueles bens ...'(pág. 36) 'A possibilidade de criação de personalidades jurídicas e de realizar a separação patrimonial tem uma contrapartida: a responsabilidade'. (pág. 36) 'A noção de 'responsabilidade' tem íntima conexão com a idéia de ‘separação patrimonial' antes exposta. A separação só tem sentido se o patrimônio a ser separado o for para a realização de alguma finalidade, uma das quais é a criação de um centro de responsabilidade limitada. Fl. 1344DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.345 30 A mais importante conseqüência dessa separação é a possibilidade de criação de sociedades (e empresas) com limitação da responsabilidade dos sócios, nas hipóteses e condições previstas no ordenamento jurídico. Quando os sócios elegem constituir uma sociedade de responsabilidade limitada, eles criam um patrimônio social que, em princípio, responderá sozinho pelas dívidas da sociedade. Pela autoatribuição de uma responsabilidade limitada, os subscritores de quotas de uma sociedade empresária indicam o montante de bens que pretendem afetar a uma atividade econômica, de modo que preestabelecem o montante do que, em última instância, estão dispostos a perder. O índice desse montante é o valor do capital social, ou seja, o valor do capital social ‘manifesta o risco que os sócios assumem', ou o que é o mesmo , 'as perdas a que se sujeitam no exercício da atividade empresarial'. Assim, por intermédio desse mecanismo, os subscritores transferem uma parte dos riscos da atividade empresarial a terceiros que vierem a contratar com a sociedade constituída. Por tais razões, a possibilidade de separação e afetação de uma parcela patrimonial a um negócio, representa, de certa maneira, um privilégio'. (pág. 38, 39). 'Ora, a diminuição do capital real implica retirar garantias de credores que têm no capital um relativo mecanismo de garantia'. (pág. 119) A equação básica contábil 'ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LIQUIDO' bem expressa a separação patrimonial. A transferência de recursos do ativo para os sócios pode ocorrer em contrapartida a uma redução do passivo (pagamento de exigível), ou pela substituição por outra conta de ativo (por exemplo, empréstimo a receber) ou pela redução do Patrimônio Liquido em conta de Capital ou de Reservas. A transferência patrimonial realizada é legalmente impossível. O negócio realizado simplesmente criou um 'buraco' no Patrimônio Líquido, uma conta negativa que pelo cálculo do contribuinte deveria ter sido contabilizada no valor de R$59.107.035,81. Enquanto essa conta existir, haverá prejuízo na garantia de terceiros. Aqueles que contratarem com a sociedade, que assumirem parte dos riscos da atividade empresarial da IFC, estarão menos amparados, em benefício dos sócios que retiraram recursos da empresa. E como será coberto esse 'buraco'? Eventual compensação com lucros acumulados implicará apropriação de lucros pertencentes potencialmente aos acionistas minoritários, que não receberam os benefícios do negócio. Constatase nas demonstrações financeiras da IFC informadas nas DIPJ que, ainda em dezembro de 2007, constava de seu patrimônio líquido a conta negativa decorrente da incorporação da Zest. Constatase assim a definitividade da transferência patrimonial para José e Alessandra. 4.7 INTERPOSIÇÃO FICTÍCIA Entendemos que os quatro contratos realizados (de compra e venda de quotas, de mútuo, de garantia e de incorporação) constituem um negócio cuja causa é a aquisição de quotas por José e Alessandra com recursos retirados gratuitamente da empresa IFC com economia tributária. A causa pode ser declarada textualmente ou não. O componente de aquisição de quotas está declarado no contrato de compra e venda. O componente de pagamento com recursos da IFC está declarado no contrato de garantia. O componente de transferência de recursos não onerosa aos sócios, não declarada textualmente, está evidenciado pela interligação dos contratos e pela função da incorporação no negócio. A incorporação transfere o ônus do custo da aquisição totalmente para a Fl. 1345DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.346 31 IFC e o bônus das quotas adquiridas totalmente para José e Alessandra. Se houvesse intenção de repor os recursos emprestados, a relação de troca da incorporação seria estabelecida em bases eqüitativas, com a IFC recebendo dos sócios ativos que a compensassem do ônus assumido, ainda que para recebimento futuro (por exemplo, capital a integralizar no valor da conta negativa de patrimônio líquido recepcionada). Como não há bem transferido para a incorporadora na incorporação, e o pagamento da aquisição independia da situação financeira da Zest, pois seria financiada pela IFC, a incorporação, nos moldes em que realizada, só se justifica devido à causa que identificamos no negócio: 1) aproveitamento do ágio; 2) transmissão não onerosa das quotas aos sócios com economia tributária. Entendemos que a causa do negócio é ilícita porque implica retirada de recursos da IFC em beneficio dos sócios José e Alessandra em valor superior ao Patrimônio Liquido da IFC. O objetivo do planejamento, no caso, foi contornar essa ilicitude através de negócio jurídico indireto. 4.7.1 Inexistência de negócio jurídico indireto Entendemos que o negócio indireto não pode substituir negócio direto proibido por lei (transferência patrimonial maior que o patrimônio líquido). No caso, constatase de plano a incompatibilidade do negócio jurídico adotado para transferência de recursos (mútuo) com o objetivo pretendido de transferência gratuita. No negócio indireto, a causa pretendida é diferente da causa do negócio típico escolhido, mas o negócio substituto é verdadeiramente realizado, cumprindo as características de sua tipicidade. Por exemplo, alguém que não podendo doar, vende por valor simbólico. Através da venda atinge os fins da doação. Mas a venda é efetivamente realizada, há transferência de coisa em troca de recursos. Aqui, pretendese transferir recursos graciosamente utilizando contrato de mútuo, cuja definição legal exige a devolução, na mesma qualidade e quantidade, do bem fungível entregue (art. 586 do NCC). A incompatibilidade entre mútuo e transferência gratuita pode ser vencida pela interposição de pessoa, que deve ser real. Se a IFC emprestasse à Zest, a Zest restituísse os recursos à IFC e depois transferisse as quotas a José e Alessandra de forma eqüitativa, a interposição teria sido real, teria havido negócio indireto: teriam sido utilizados recursos da IFC, o mútuo efetivamente se realizaria com a reposição dos recursos, e a transferência seria não onerosa para José e Alessandra. A incorporação contratada pela Zest, da forma como foi feita, impediu a realização efetiva do contrato de mútuo, pois a IFC não recebeu de volta os recursos fornecidos. Portanto, a Zest não se submeteu à disciplina jurídica do contrato de mútuo e não existiu negócio indireto. Entendemos que se a incorporação decorresse de contingências externas à empresa, teria havido simplesmente fraude à lei societária, que não exige intencionalidade. A simples ocorrência por meios indiretos de resultado que a lei proíbe (a retirada de recursos da IFC em benefício dos sócios em valor superior ao Patrimônio Líquido) torna o negócio nulo (art. 166, inc. VI do NCC). Fl. 1346DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.347 32 Entretanto, entendemos que a incorporação da Zest faz parte de um conjunto préordenado de atos jurídicos, intencional, e que nunca houve intenção de restituir a IFC o valor emprestado. Se houvesse intenção de restituição, a relação de troca na incorporação teria sido eqüitativa, com a IFC recebendo ativos dos sócios para compensar as dívidas assumidas e impedir a conta negativa do patrimônio líquido. José e Alessandra obtiveram benefícios de R$74.646.420,01, conforme demonstrado ao final do item 4. Aumentaram seu patrimônio no valor de R$53.359.767,59 (custo total de aquisição das quotas) em detrimento dos sócios minoritários e da segurança dos que transacionaram com a empresa. Se os atos praticados fossem válidos teriam obtido economia tributária de R$21.286.652,82 (amortização do ágio e redução do imposto de renda ao ganho de capital). Não foi a sorte que os premiou. Foi o planejamento que lhes permitiu alcançar tais benefícios. 4.7.2 Pacto Simulatório É possível identificar no mútuo e nos atos realizados a existência, em tese, de um pacto simulatório entre José e Alessandra (interponentes), a Zest (interposta) e a IFC. O acordo tripartite no mútuo é óbvio, na medida em que as empresas que o contrataram representavam interesses das mesmas pessoas. Os fatos se sucederam na seguinte ordem: contrato de mútuo (Fato 8), contrato de compra e venda (Fato 9), comunicação que a Zest efetuaria a compra (fato 11), reorganização societária com entrada da Japan e Zest na IFC (Fato 13), contrato de garantia (Fato 15), transação das quotas (Fato 17) e incorporação da Zest (fato 21). A utilização de recursos da IFC é o motivo do mútuo; a participação da Zest na compra foi comunicada aos vendedores pelos sócios; ao contratar a incorporação a Zest não se submeteu à disciplina jurídica do contrato de mútuo e transferiu um ônus à IFC em beneficio dos sócios. Todos os atos estavam previstos ou indicados nos contratos assinados. Portanto, existe um préordenamento dos atos, consensual entre as partes (José e Alessandra, Zest e IFC) e desde 02/01/2005, indicando que José e Alessandra comprariam as quotas com recursos fornecidos pela IFC, que a compra seria formalizada pela Zest e que as quotas adquiridas seriam transferidas aos sócios pela incorporação da Zest. 4.7.3 Ato simulado José Beleza dos Santos, em A Simulação em Direito Civil, Ed. Lejus, 1999, faz distinção entre interposição fictícia e interposição real. O texto apresenta aspectos relevantes que ajudam a identificar a ocorrência de interposição fictícia: 'O intermediário real procede como verdadeiro outorgante no negócio jurídico, diz Ferrara, a relação em vez de se estabelecer entre as partes estabelecese entre três pessoas, ocupando o interposto a posição intermédia para receber e tornar a transferir ou para obrigarse e ser exonerado. O efeito último do negócio realizarse6 entre os interessados, mas antes é necessário que passe pela pessoa interposta que, transitória mas necessariamente, deve adquirir para o seu patrimônio a propriedade ou os créditos transmitidos pelo contrato e sujeitarse à responsabilidade e débitos correlativos'. 'Na interposição fictícia a intervenção do intermediário portanto, meramente aparente; na interposição real é verdadeira e efetiva; na interposição fictícia há necessariamente um conluio entre os diretamente interessados e o intermediário, porque aqueles são os reais Fl. 1347DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.348 33 outorgantes e este só com o seu nome colabora nos atos realizados; pelo contrário, a interposição real exclui a existência desse conluio, e exige apenas o acordo quanto à mediação real do intermediário entre uma das partes que é o interponente e a pessoa interposta. Na interposição fictícia, desfeita a simulação, aparecem os reais outorgantes no ato jurídico e é apenas à capacidade destes e à suas vontades que se deve atender; na interposição real, como o intermediário foi parte nos atos em que interveio, há que atender também à sua capacidade e vontade para determinar a eficácia dos negócios jurídicos em que foi outorgante'. Haveria interposição real, licita, se a Zest tivesse restituído os recursos a IFC, e se a relação de troca na incorporação tivesse ocorrido em bases eqüitativas, e não com a assunção de dividas pela IFC sem nenhuma contrapartida. Em tese existe interposição fictícia de pessoa no contrato de mútuo entre IFC e Zest porque: a) a Zest não se sujeitou à responsabilidade e débitos decorrentes do negócio, nem jamais houve pretensão de que o fizesse; a Zest contratou a incorporação antes de repor o mútuo e pagar as dívidas assumidas; contrato de mútuo foi motivado pela compra contratada por José e Alessandra; havia previsão no contrato de garantia de que o valor total das quotas adquiridas seria pago com recursos fornecidos pela IFC e de que o controle acionário da IFC seria substituído sem alteração do controle societário; com a incorporação encerrouse o mútuo e a própria Zest; b) a intervenção da Zest é aparente na medida em que era controlada pelas pessoas que controlavam também a IFC e que ao final receberam as quotas cuja aquisição motivou os empréstimos; o contrato de compra e venda se deu entre José e Alessandra e os vendedores; José e Alessandra comunicaram aos vendedores que a compra seria realizada pela Zest; A Zest não tinha recursos para a compra; contrato de garantia permitia alteração de controle acionário da IFC (participação direta, art. 116 da Lei da SA) se mantido o controle societário (participação indireta), já prevendo que ocorreria a transmissão das quotas para José e Alessandra via incorporação; a incorporação fatalmente teria que ocorrer antes da admissão de novos sócios/acionistas, pois se assim não fosse estes poderiam demandar contra a incorporação (artigo 117, §1 °, incisos 'b' e ‘f’ da lei das SA); a incorporação da Zest ocorreu durante a vigência do contrato, e, portanto antes do pagamento das 2a e 3ª parcelas; próprio banco nem considerou a Zest como controladora e compradora verdadeira das quotas da IFC; não houve efetiva entrega de recursos da Zest na aquisição; negócio realizado fraudou lei proibitiva; c) existe acordo entre as partes, José e Alessandra (interponentes), Zest (interposta) e IFC porque: José e Alessandra são compradores no contrato de aquisição de quotas; Fl. 1348DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.349 34 José e Alessandra comunicam aos vendedores que a compra seria realizada pela Zest; José e Alessandra são partes ou intervenientes em todos os contratos; José e Alessandra são controladores, sócios e administradores das empresas Zest e IFC e, portanto os atos das empresas refletem a vontade das mesmas pessoas; O motivo do mútuo é fornecer recursos para a aquisição das quotas; Os motivos da aquisição de quotas pela Zest são o aproveitamento do ágio, a transmissão dos custos para a IFC e a transmissão das quotas para os sócios José e Alessandra; não há interesse negocial da Zest nos atos praticados; Os únicos beneficiários são José e Alessandra; d) não existe capacidade e vontade da Zest para determinar a eficácia do negócio jurídico, na medida em que não tem capacidade financeira nem atividade geradora de lucros para honrar os compromissos que assumiu; e) desfeita a simulação, verificase que apenas é atendida a vontade de José e Alessandra, destinatários finais das quotas adquiridas com os recursos do mútuo e únicos beneficiários das transações realizadas em prejuízo da sociedade investida e do sócio minoritário (participação de 5% nas perdas); não existe interesse negocial da Zest nos atos praticados, uma vez que ela não tem capacidade financeira, não tem atividade econômica além da aquisição realizada, é encerrada por incorporação ao final do negócio; não existe interesse negocial da IFC nos atos praticados, uma vez que ao final apenas assume os custos da transação, não recebendo nenhuma compensação pelos mesmos; os sócios promoveram uma transferência patrimonial ilícita da empresa para si no valor de R$53.359.767,19, superior ao patrimônio líquido; os sócios obtiveram benefício tributário de R$21.286.652,82, dos quais R$11.411.458,94 referemse a tributos não recolhidos e R$9.875.193,88 a obrigações criadas para o Estado (dedutibilidade do ágio); os sócios quase triplicaram sua participação na empresa desembolsando apenas R$1.000,00 na constituição da Zest; a recepção pela IFC do acervo líquido negativo e a entrega das quotas a José e Alessandra revela os verdadeiros interessados no negócio. A prova definitiva da, em tese, interposição fictícia é a falta de capacidade econômica da Zest, aliada ao não pagamento do empréstimo e o fato de o acervo líquido transferido na incorporação ser o valor da dívida de aquisição das quotas. Mostra que a Zest apenas emprestou seu nome para intermediar uma transação em benefício dos sócios administradores. Também não é verdadeira a afirmação de que a incorporação da ZEST atende aos interesses da IFC. Os fatos constatados, em tese, permitem enquadrar a aquisição realizada na previsão do artigo 167, §1º, incisos I e II da Lei n° 10.406/2002 (Novo Código Civil), implicando o lançamento previsto no art. 149, inc. VII da Lei n° 5.172/66 (CTN). Fl. 1349DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.350 35 4.7.4 Ato dissimulado O ato dissimulado é a transferência gratuita a José e Alessandra dos recursos necessários à aquisição das quotas. O empréstimo não é uma simulação absoluta e contamina os outros atos. Se fosse simulação absoluta, não teria havido negócio algum e não teria saído dinheiro da IFC. Entretanto saíram recursos da IFC, pessoas foram beneficiadas e, portanto algum negócio houve. A participação da Zest no conjunto de atos praticados, se válida, permitiria: a) viabilizar o empréstimo simulado; b) viabilizar a aquisição de quotas pela Zest; c) aproveitar o beneficio fiscal do ágio; d) tornar o patrimônio líquido positivo; e) obter economia fiscal de IRPF incidente sobre o ganho das pessoas físicas, transformando o ganho da tabela progressiva (27,5%) em ganho de capital (15%), conforme descrito no item 4.1.2. a 3 anterior; e f) legitimar ato nulo praticado. Afastado o empréstimo, afastase também a aquisição de quotas pela Zest. Se ela nada pagou, nem ficou com o produto da compra, então ela não realizou o negócio jurídico de compra e venda contratado por José e Alessandra. Portanto afastase também o benefício fiscal do ágio; não existe Reserva de ágio a contabilizar no patrimônio líquido, que no cálculo do contribuinte deve ser reduzido ao valor negativo de cerca de 13,5 milhões; não existe ativo diferido a amortizar; as despesas de amortização do ágio não são dedutíveis. Cabe perguntar se a participação que a Zest detinha na IFC, decorrente do aumento do capital, permitiria alcançar os resultados e) e f) citados. Afastar o empréstimo não quer dizer que o negócio dissimulado é a aquisição de quotas pela IFC e sua posterior distribuição aos sócios, via incorporação da Zest ou diretamente. A aquisição das quotas pela IFC seria ato nulo conforme art. 30 da Lei 6.404/76 c/c art. 166, II do NCC. Entender que seria possível transferir quotas adquiridas ilegalmente aos sócios via incorporação seria legitimar o ato nulo praticado e prestigiar a ilegalidade, principalmente tendo em conta que os objetivos dos atos têm também natureza tributária (mudança da alíquota de 27,5% para 15%). A transferência das quotas da IFC aos sócios via incorporação da Zest seria também um ato simulado. Uma das funções da Zest no negócio foi tornar positivo o patrimônio líquido via adição da Reserva de Ágio. O único negócio/investimento realizado pela Zest foi a aquisição de quotas da IFC contratada por José e Alessandra, com recursos recepcionados em empréstimo que demonstramos ser, em tese, simulado. Excluída a aquisição decorrente do empréstimo simulado, a Zest não cumpriu seu objeto social de aquisição de investimentos. Portanto sua participação como investidora da IFC é totalmente artificial. Sua incorporação nada acrescentaria ao patrimônio da IFC e seria apenas um veiculo para fraudar a lei societária e transformar IRPF da tabela progressiva em ganho de capital. Também a transferência das quotas diretamente da IFC aos sócios seria motivo de desconsideração porque a aquisição seria ato nulo. Uma vez que falamos em interposição fictícia de pessoa, devese descobrir quem é o interponente, a pessoa a quem a Zest substituiu. Uma vez que a simulação é uma declaração enganosa de vontade, devese descobrir qual é a vontade verdadeira. Fl. 1350DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.351 36 Entendemos que os interponentes são José e Alessandra e que a vontade verdadeira é a transferência gratuita a José e Alessandra dos recursos e conseqüente aquisição das quotas por José e Alessandra porque: 1) o contrato de compra e venda de quotas foi assinado por José e Alessandra. Os atos que se seguiram ao contrato foram pré ordenados para atingir a finalidade da aquisição. Assim, a entrada da Zest na IFC e o mútuo são elementos da aquisição de quotas. José e Alessandra aparecem como partes ou intervenientes em todos os contratos; 2) José e Alessandra comunicaram aos vendedores que a compra seria finalizada pela Zest e que suas quotas seriam entregues à Zest. Portanto, a Zest substituiu José e Alessandra na aquisição; 3) a decisão de investimento é uma decisão do investidor e não da empresa investida. É o dono que manda na propriedade, e não a propriedade que manda no dono. Admitir que o interponente é a IFC seria admitir que a IFC decidiu ser investida da Zest, sendo que a Zest ingressou na sociedade ao recepcionar quotas entregues pelos sócios em aumento de capital; 4) quando a empresa investida atua, ela realiza a vontade de seu investidor. Os atos praticados pela Zest e IFC visam atender a vontade de seus investidores José e Alessandra; 5) a causa confere unicidade aos atos praticados. Quando da assinatura do contrato de compra e venda a Zest não era sócia da Jack Link's. A participação da Zest na Jack Link's e sua posterior incorporação fazem parte da simulação para tornar o patrimônio líquido positivo e obter economia tributária, e igualmente devem ser afastadas. Não tem sentido imaginar que os atos praticados têm uma parte dolosa (o mútuo) e uma parte inocente (a transferência das quotas); 6) Se José e Alessandra tivessem adquirido as quotas diretamente, teriam efetuado os dispêndios que a empresa efetuou, registrando a aquisição em seu patrimônio pelo regime de caixa. Se a aquisição fosse feita pela IFC o regime adotado seria de competência. O regime de caixa traz um custo tributário menor que o regime de competência porque exclui as variações cambiais, que no caso representaram ganho tributável líquido de R$6.332.443,62; 7) A única forma lícita de aquisição das quotas com recursos da IFC seria através de empréstimo da IFC aos sócios. A simulação buscou alcançar transferência definitiva de recursos. A conclusão lógica é que os recursos para aquisição das quotas foram transferidos da IFC para José e Alessandra e que a aquisição das quotas foi feita por José e Alessandra. O demonstrativo abaixo apresenta os benefícios dos sócios com a simulação: Valor Contratado 52.314.000,00 Variação cambial do investimento (6.245.901,35) Juros Pagos 1.789.509,10 Pagamento aos vendedores 47.857.607,75 Despesas Incorridas Carta Fiança 958.327,09 Variação cambial fiança (86.542,27) Serviços 1.145.003,99 Fl. 1351DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.352 37 Despesas em beneficio dos sócios 2.016.788,81 TOTAL DOS PAGAMENTOS 49.874.396,16 Distribuição Disfarçada de Lucros Acordo Invoices 3.192.298,52 Valor residual intangíveis 293.072,51 Total DDL 3.485.371,03 Benefícios do custo de aquisição 53.359.767,19 Economia Fiscal de amortização do ágio calculado (34% x 29.044.687,68) 9.875.193,88 IRPF (0,275 x total dos pagam) 13.715.458,94 () IRPF s/ ganho de capital (0,15 x 15.360.000,00) 2.304.000,00 Imposto de Renda não recolhido 11.411.458,94 Benefícios Tributários 21.286.652,82 TOTAL DO BENEFÍCIO 74.646.420,01 5. CONCLUSÃO Na empresa IFC, a readequação do valor do custo de aquisição para R$54.417.331,08 e do ágio para R$29.044.687,68, a desconsideração dos atos simulados e a identificação de pagamentos pelo uso de patentes têm as seguintes implicações tributárias: a) Glosa da despesa mensal de amortização de ágio. A dedutibilidade da despesa de amortização do ágio ocorre apenas nos casos previstos no artigo 386 do RIR/99. Depende, portanto da existência de atos jurídicos praticados por investidor pessoa jurídica e empresa investida: ato de aquisição e ato de incorporação. Uma vez demonstrado que houve transferência de recursos da IFC para José e Alessandra, pessoas físicas, e sendo eles os verdadeiros compradores, os atos jurídicos necessários não ocorreram. Houve aquisição de participação societária com pagamento de ágio. Entretanto, a aquisição não foi realizada por investidor pessoa jurídica. Os recursos para aquisição deveriam ter entrado na Zest através de ato jurídico realizado pelos sócios de forma legal. Não existindo esse ato, não cabe ao servidor público criar uma obrigação para o Estado com base em presunção do que poderia ter ocorrido. Justificase assim a glosa das despesas de amortização de ágio, que vinha sendo feita à taxa de 1/120 ao mês, nos seguintes valores: agosto e setembro/2005: R$280.547,65 outubro/2005: R$360.355,19 novembro/2005 a dezembro/2007: R$307.150,13 Os valores glosados foram adicionados ao lucro líquido mensal e anual, com fundamento no artigo 391 do RIR/99. b) Glosa das despesas de juros e das variações cambiais ativas e passivas referentes ao investimento. As planilhas anexas "Investimentos a pagar Variação Cambial e juros", anos 2005 e 2006, reproduzem os lançamentos às contas 32.01.01.05 Variação Cambial Ativa, 63.01.01.01 Juros Passivos e 64.01.01.03 Variação Cambial Passiva, conforme copias do Livro Razão juntadas ao processo, entregues pelo contribuinte à fiscalização. As despesas glosadas são indedutíveis conforme artigos 299 e 300 do RIR/99. Foram adicionadas ao lucro apurado pelo contribuinte para determinação do lucro real. c) DDL recebíveis e intangíveis Fl. 1352DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.353 38 A entrega dos recebíveis (invoices) aos sócios tem como conseqüência tributária a Distribuição Disfarçada de Lucros DDL em 31/10/2005 no valor de R$3.192.298,52 a ser acrescentada ao lucro líquido mensal e anual (art. 467 do RIR/99). A entrega dos intangíveis aos sócios tem como conseqüência tributária a Distribuição Disfarçada de Lucros DDL em 31/12/2005 no valor de R$293.072,51 a ser acrescentada ao lucro líquido mensal e anual (art. 467 do RIR/99). Em relação aos itens a), b) e c) anteriores, a planilha anexa "Apuração de Valores a glosar e Lucro" discrimina mensalmente os valores glosados e o ajuste do lucro real. Quando verificada falta de pagamento de estimativas de IRPJ e CSLL, foi aplicada a multa isolada de 50%, com fundamento, até maio/2007, conforme disposto no artigo 16 da IN n° 93/97, no art. 44, inc. II, §1°, inc. IV da Lei 9.430/96, com a aliquota mais benéfica do art. 44, inc. II, alínea b) da mesma lei alterada pela Lei n° 11.488/2007, e a partir de junho/2007 com fundamento no art. 44, inc. II, alínea b) da Lei n° 9.430/96 alterada pela Lei n° 11.488/2007. Quando verificada falta de pagamento de IRPJ e CSLL anuais, efetuouse o lançamento do tributo com multa de 150% prevista no art, 44, inc. II da Lei n° 9.430/96, em virtude da simulação. Os Autos de Infração acompanham este Termo de Verificação e de Encerramento do Procedimento Fiscal e dos quais este Termo é parte integrante. d) Multa isolada e juros por não retenção de IRRF. José e Alessandra beneficiaramse dos custos arcados pela IFC, no valor de R$49.874.396,16, conforme planilha "Pagamentos realizados em benefício dos sócios" anexa, onde os custos estão discriminados conforme registrados em conta Empréstimo de Sócios da empresa Zest e parcelas pagas pela 1FC após a incorporação. Esses pagamentos constituem distribuição de recursos aos sócios em valor superior ao lucro apurado pela contabilidade. Portanto, não se incluem na isenção prevista no artigo 39, inc. XXIX, e 654 do RIR/99. O aumento da riqueza dos sócios, embora realizado em contrapartida a uma diminuição da riqueza da empresa, constitui rendimento tributável, conforme disposto na Lei 7.713/88, art 30, §40; Decreto 3.000/99 RIR arts. 37 e 38; e IN SRF n° 15/2001, art. 5, §§ 7o e 8o. Tratandose de fraude a lei societária com utilização, em tese, de simulação, incide o artigo 55, inciso X do RIR/99. Está sujeito à retenção na fonte, conforme arts. 620 e 639 do RIR/99. Não houve retenção na fonte, como se verifica na DIRF emitida pela IFC juntada ao processo. Em resposta ao Termo de Início de Fiscalização, o contribuinte apresentou cópia de Contrato de Licença de Uso de Patente celebrado em 31/10/2005 com o sócio José Machado Barbosa Neto. Verificase no livro razão lançamentos a crédito da conta 21020305 Empréstimo de Sócios, em contrapartida a débitos à conta 11040107 Royalties a Pagar Patentes Sócios em 31/10/2005 e 26/12/2005. Posteriormente, os empréstimos foram pagos pela IFC com a transferência de um imóvel (chácara) a José e Alessandra, casados em regime de comunhão parcial de bens, conforme cópias de documentos fornecidos pela IFC e juntados ao processo. Fl. 1353DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.354 39 O contribuinte não declarou em DIRF a retenção do Imposto de Renda na Fonte incidente sobre os royalties pagos, conforme arts 620, 631 e 717 do RIR/99. Não encontramos recolhimentos da empresa relativos ao IRRF devido sobre os royalties pagos. O não recolhimento de IRRF pela fonte pagadora sujeitaa ao lançamento de multa e juros previstos no art. 9° da Lei n° 10.426/2002; no art. 61, § 3o, da Lei 9.430/96; nos arts. 722 e 957 do RIR/99, conforme Parecer Normativo SRF nº 1 de 24/09/2002, item 16, b) e subitem 16.1. Na planilha "Pagamentos realizados em beneficio dos sócios" as datas de vencimento foram obtidas no sitio da Receita Federal na Internet, opção Agenda Tributária, utilizando os códigos 8045 Demais Rendimentos, para os pagamentos em beneficio dos sócios, e 3208 Royalties. A planilha anexa "Taxa SELIC acumulada para cálculo de juros" apresenta as taxas utilizadas. Tendo em vista os valores mensais das retiradas individuais dos sócios (DIRF juntada ao processo) a aplicação da tabela progressiva do imposto dáse pela alíquota de 27,5%. Efetuamos o lançamento de multa isolada e juros pelo não recolhimento de IRRF sobre os pagamentos listados. Aplicase multa isolada no valor de 50% do imposto não retido e juros devidos no período entre a data em que deveria ter sido recolhido o imposto e a data de entrega da declaração de ajuste da pessoa física. Encerramos nesta data a ação fiscal levada a efeito no sujeito passivo acima identificado tendo sido verificado, por amostragem, o cumprimento das obrigações tributárias relativas ao IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA nos anoscalendário de 2005 a 2007 decorrentes de reorganização societária ocorrida no ano de 2005, onde foram constatadas as irregularidades mencionadas nos Demonstrativos de Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal dos Autos de Infração Lavrados e neste Termo. Da referida ação fiscal foi apurado o Crédito Tributário abaixo descrito. CRÉDITO TRIBUTÁRIO APURADO: Multa e juros isolados pelo não recolhimento de IRRF R$ 8.440.707,83 Multa isolada de IRPJ R$ 150.944,18 Multa isolada de CSLL R$ 492.749,45 Imposto de Renda Pessoa Jurídica R$ 1.656.447,65 Contribuição Social R$ 596.321,14 Foram formalizados três processos: de exigência de multa isolada de IRRF; de exigência de IRPJ, CSLL e multas; e representação fiscal para fins penais, devido à existência de simulação. Em virtude, da redução do IRPJ e CSLL a compensar, fica o contribuinte intimado a retificar o Livro de Apuração do Lucro Real LALUR para considerar os efeitos desta fiscalização e reduzir na Parte B o Prejuízo Fiscal Operacional do Período Base e a Base de Cálculo negativa de CSLL do Próprio Período, nos anoscalendário de 2006 e 2007, os valores respectivos de R$1.875.207,60 e R$3.685.801,56. Esses valores serão reduzidos no sistema de controle de prejuízos fiscais da Receita Federal (sistema SAPLI). Fica o contribuinte intimado a proceder ao registro oficial dos livros diário do ano 2007 apresentados à fiscalização em folhas avulsas. Fl. 1354DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.355 40 Devolvemos nesta data todos os livros e documentos utilizados na presente fiscalização e não juntados aos processos, no estado em que foram recebidos. Cientificado do lançamento, em 18/05/2009, o contribuinte protocolizou a impugnação de fls. 910/965, em 17/06/2009, alegando em sua defesa as seguintes razões de fato e de direito. Preliminares Invoca a necessidade de apensamento aos presentes autos dos processos n° 19311.000202/200912 (Matéria: Multa Isolada IRRF; Interessado: IFC), 19311.000201/200978 (Matéria: IRPF; Interessado: José Barbosa Machado Neto) e 19311.000200/200923 (Matéria: IRPF; Interessado: Alessandra Orlandi Barbosa Machado), tendo em conta a identidade dos fundamentos fáticos e jurídicos das diversas autuações. Requer a nulidade das autuações, em razão da ausência de previsão legal a amparar o procedimento adotado pela fiscalização de desconsideração do negócio jurídico praticado pela Impugnante. Segundo a defesa, o Parágrafo único do art. 116 do CTN, dispositivo que ampara a desconsideração, pelas autoridades fiscais, dos atos ou negócios jurídicos, seria norma de eficácia limitada, dependente de outro instrumento legal para que pudesse produzir efeitos. Mérito No mérito, defende a existência de propósito negocial, afirmando que toda a operação encontravase devidamente justificada, sem qualquer desvio ou ocultação do real objetivo. E explica: 38. Com efeito, no decorrer do ano de 2004, a Impugmante passou a enfrentar uma série de dificuldades nas negociações com seu único cliente, envolvendo o preço dos produtos produzidos, aumento de sua área de atuação dentre outros fatores. 39. Referidas dificuldades originaramse em virtude do fato de seu único cliente ser, também, seu sócio majoritário, na medida em que os Sr. Jay E. Link e Troy J. Link eram os detentores e distribuidores exclusivos da marca Jack Link's. 40. A manutenção das condições impostas pelo único cliente da Impugnante passou a impossibilitar o crescimento da empresa, na medida em que esta estaria impossibilitada de expandir seus negócios, ficando atrelada por prazo indeterminado às negociações com um único cliente, que importaria em sensível redução de sua lucratividade em virtude de preços e condições impostas, o que levaria a Impugnante a passar a ser uma mera coadjuvante na cadeia de produção dos produtos Jack Link's. Assim a retirada dos sócios Jay E. Link e Troy J. Link foi apresentada como a solução para os problemas enfrentados pela empresa, o que garantiria maior liberdade de negociação dos produtos e possibilidade de expansão de seu campo de atuação no mercado. Nesse sentido, os sócios remanescentes teriam dado inicio às negociações para a aquisição das quotas representativas de 60% (sessenta por cento) do capital da empresa. Diz que teria sido efetivada pesquisa para levantamento dos recursos necessários e elaborado laudo de avaliação das quotas, o qual teria concluído pelo valor de mercado de 30 milhões de dólares em 16/03/2005. Diante das dificuldades enfrentadas para levantamento dos recursos necessários pelas pessoas físicas junto às instituições financeiras, fato que teria levado à desistência do Sr. Eduardo em adquirir as quotas dos sócios retirantes, a única alternativa teria sido a captação de recursos Fl. 1355DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.356 41 por meio de investimento decorrente de ingresso de novo sócio na IFC. E explica: 52. Para tanto, admitindo a possibilidade de ingresso de novo sócio, investidor, para viabilizar a aquisição das quotas em questão, por razões de ordem negocial, o Sr. José Barbosa e Sra. Alessandra Orlandi resolveram criar uma estrutura societária que permitisse a entrada de novos sócios, por meio de integralização de capital com recursos financeiros, e que, ao mesmo tempo, viabilizasse a preservação do valor de mercado de suas participações societárias, mesmo com diluição destas últimas, haja vista a diferença entre o valor patrimonial da IFC, com base em registros contábeis, e o seu valor de mercado. 53. Para tanto, o Sr. José Barbosa e Sra. Alessandra Orlandi decidiram utilizar a ZEST Investimentos, Participações e Negócios Ltda., pessoa jurídica constituída em julho de 2004, e que, naquele momento, tinha como sócios SHAMA Investimentos, Participações e Negócios Ltda. e o Sr. José Barbosa Machado Neto. A intenção, portanto, era transferir, a titulo de integralização de capital da ZEST, a participação societária que detinham na IFC, como de fato foi feito, e posteriormente, por meio de solicitação, que foi tacitamente aceita, na medida em que nunca se opuseram, habilitar a ZEST a exercer o direito de aquisição da participação dos vendedores na IFC, de maneira a viabilizar a entrada dos novos sócios, agora, diretamente na ZEST e, indiretamente, na IFC. 54. Com a estrutura apresentada acima montada, o próximo passo seria transformar a ZEST em Sociedade Anônima e fazer uma chamada de capital com ágio a ser integralizada totalmente pelos novos sócios investidores, que contribuiriam para integralização de capital os recursos necessários para aquisição das quotas da IFC dos Vendedores. 55. Ocorre que, às vésperas da concretização do negócio, o investidor que seria admitido como novo sócio da ZEST, fornecendo os recursos necessários para a aquisição das quotas, impôs uma série de novas condições que inviabilizaria a aquisição como planejada. 56. Em virtude das exigências realizadas pelo provável novo sócio da ZEST, não foi finalizada a operação de aumento de capital da ZEST com subscrição e integralização de capital pelo novo investidor, o que acarretou conseqüências quase que irremediáveis a todo processo de aquisição das quotas dos Srs. Jay E. Link e Troy J. Link. 57. Tendo em vista a proximidade da concretização da venda, com o pagamento da primeira parcela, a já demonstrada impossibilidade, inclusive agravada pela urgência de captação de recursos perante as Instituições Financeiras, o Sr. José Barbosa e a Sra. Alessandra Orlandi foram compelidos a fazer uso da única solução que a atual conjuntura possibilitaria, a saber, captação de recursos, por meio de mútuo, diretamente da empresa Jack Link's. Explica que a IFC possuía recursos disponíveis e sua transferência a titulo de empréstimo aos sócios configuravase plenamente legal. Da mesma forma, haveria propósito negocial e ausência de desvio ou ocultação de outra operação na incorporação da ZEST (investidora) pela IFC (investida). Em suas palavras: 62. Referida incorporação teve por razão a desnecessidade de manutenção da estrutura societária resultante da operação anterior, na medida em que, conforme demonstrado acima, a aquisição das quotas pela ZEST decorreu do fato de esta estrutura ter sido considerada a que melhor poderia atender à necessidade de captação de recursos com terceiros (novos sócios), bem como à preservação do valor de mercado da participação remanescente do Sr. José Barbosa e da Sra. Alessandra Orlandi, a despeito de sua eventual diluição, sendo Fl. 1356DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.357 42 certo que, diante dos novos fatos ocorridos (novas exigências por parte do potencial novo sócio) a não efetivação de admissão de novo sócio tornou desnecessária a manutenção de referida estrutura societária. Diz que esta justificativa integra o Protocolo e Justificação de Incorporação, parte integrante da 10ª alteração do contrato social. Contesta a imputação de simulação, na medida em que a intenção da empresa não foi enganar o fisco ou fraudar a Lei, e ocultar o fato jurídico tributário. Também afirma não ter havido transmissão de direitos a pessoas diversas das contratantes, qualquer declaração cláusula ou condição não verdadeira, ou documentos antedatados ou pósdatados. Em suma, como todas as operações praticadas teriam observado os preceitos constitucionais e legais, não apresentando qualquer conteúdo irreal ou falso, não teriam sido preenchidos os requisitos do art. 167 do Código Civil — Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que suportariam a qualificação da operação como simulada. Justificadas as operações de constituição e de incorporação da ZEST, defende não ser possível a imputação de simulação. Em suas palavras: 83. Assim sendo, é inconteste que, ao contrário do Sr. Fiscal, nunca houve a simulação de 'empréstimo de recursos da IFC para a ZEST', tampouco a dissimulação de ‘transferência não onerosa de recursos da IFC para Jose e Alessandra' e, se não houve tais irregularidades na operação, a desconsideração do negócio praticado é descabida. Contradita as afirmações da fiscalização de que o mútuo seria uma operação simulada, por ter prazo indeterminado, tendo em conta que à luz do Código Civil, a ausência de prazo expresso não tornaria o contrato irregular, nem permitiria a presunção de ausência de intenção de devolução dos recursos. Alega ainda que a empresa sempre teria dado publicidade de seus atos, tanto que teria encaminhado correspondência aos vendedores das quotas, informando que a aquisição se daria por intermédio da ZEST. Não aceita a argumentação do Fisco de que "já estava previsto que a incorporação da ZEST ocorreria ainda durante a vigência do contrato de garantia, e antes mesmo de obter os recursos necessários para honrar seus compromissos ". Reitera que a intenção da empresa não teria sido ocultar o fato jurídico tributário, mas criar condições com a retirada dos sócios Jay E. Link e Troy E Link, para exercer suas atividades em condições mais competitivas. Defendese com base nos preceitos constitucionais, regentes da atividade econômica de valorização do trabalho e da livre iniciativa. Aduz ainda que se houve propósito negocial/substrato econômico na operação praticada, não pode ser desconsiderado o negócio, e que de acordo com o art. 170 da Constituição Federal — CF, "o contribuinte não é obrigado, de acordo com a legislação pátria, a exercer suas atividades optando pelo modo mais oneroso ". Não acata assim a imputação de abuso de direito ou a utilização da teoria do "propósito negocial", "segundo a qual o Fisco não estaria obrigado a aceitar os efeitos fiscais que decorreriam dos atos utilizados sem fins civis ou comerciais, mas exclusivamente com o objetivo de obter vantagem fiscal". E assevera: 98. Isto porque, estão devidamente justificados os seguintes atos: a existência da ZEST e seu propósito negocial; a necessidade da aquisição das quotas da Impugnante por meio dessa pessoa jurídica; a Fl. 1357DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.358 43 ausência da razão de existir da ZEST diante do não ingresso de recursos pelos potenciais investidores; a incorporação da ZEST pela IFC. No caso do abuso de direito, "deveria ser demonstrado que a Impugnante teria se utilizado de formas jurídicas anormais, insólitas ou inadequadas, com o único fim de obter vantagem fiscal". Conclui dai que os lançamentos estariam amparados em presunções para caracterização dos atos como simulados ou dissimulados, tendo em conta que não preenchidos os requisitos previstos na legislação de regência: (i) o intuito do agente de fraudar a Lei ou enganar o Fisco; (ii) a existência de negócio que aparente conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas realmente intencionadas; (iii) a existência de negócio com dados irreais ou falsos; e (iv) instrumentos particulares antedatados ou pósdatados. Referese ainda ao Parecer dos Auditores Independentes, relativo ao anocalendário de 2005, a corroborar que as operações estariam devidamente justificadas, com a aprovação das demonstrações financeiras. Em suas palavras: 108. Verificase, assim que, diante da existência de propósito negocial, bem como da legitimidade de todos os atos praticados, fato corroborado pelo Parecer fornecido pelos Auditores Independentes, é evidente a inexistência de qualquer fundamento que possa legitimar a alegação de simulação por parte da D. Fiscalização. Questiona, nos seguintes termos, a autuação com base em operação presumida pela fiscalização: (...) poderia o Sr. Fiscal ter considerado que o ato simulado seria 'o empréstimo de recursos da IFC para a ZEST' e o ato dissimulado 'a transferencia não onerosa de recursos da IFC para José e Alessandra", recompondo e qualificando a operação, estabelecendo o possível fato gerador ocorrido com base nas próprias presunções? Como não admite a presunção como meio de prova do fato jurídico tributário, em face do principio da estrita legalidade que rege o sistema tributário nacional, argumenta: 128. Assim, o lançamento pautado em presunções não pode prosperar, eis que meras presunções, interpretações, conclusões, são elementos insuficientes para caracterizar a ocorrência do fato gerador e, em decorrência, sujeitar a Impugnante ao recolhimento de exação tributária apurada ao arrepio da Lei. Assevera ainda que "não se pode ter por legítimo o ato do Sr. Fiscal de desconsiderar a operação praticada pela Impugnante com o único intuito de que haja o recolhimento de tributos". Ainda que houvesse simulação e a fiscalização pudesse desconsiderar o ato praticado, defende que "não se pode ter por legítima sua presunção de que houve, no caso, 'mútuo realizado entre IFC e ZEST que é, em tese, uma simulação relativa com interposição fictícia de pessoa' ": 132. Conforme mencionado, não é dado ao D. Fiscal a discricionariedade de, a seu bel prazer, recortar os fatos e adequálos às hipóteses de incidência previstas, mormente quando o intuito é, única e exclusivamente, aumentar a arrecadação. Em seu entender o Fisco não poderia desconsiderar uma operação legítima, praticada pelo contribuinte, por entendêla como a solução mais eficiente, do ponto de vista econômico e empresarial, apenas porque, para o Fisco, seria melhor que o contribuinte tivesse praticado uma outra operação que garantisse maior arrecadação aos cofres públicos. Fl. 1358DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.359 44 Admitida a ocorrência de simulação, no caso, no máximo teria havido um mútuo entre a IFC e os Srs. José e Alessandra, uma vez que, conforme reconhecido pela própria fiscalização, seriam ilícitas as outras duas formas de aquisição de quotas pelos sócios com recursos da empresa (alienação de ações em tesouraria e entrega de recursos aos sócios). Tal opção teria sido desconsiderada pela fiscalização, com base na presunção de que esta não seria "uma opção desejada", porque "embora tenha havido a contratação do mútuo, o fornecimento dos recursos, 'não houve reposição dos recursos emprestados'". Defende a legitimidade da operação praticada, e conclui: 142. (...) Assim sendo, se a operação inicialmente praticada era legitima, por óbvio que não existiria registro de reposição dos recursos emprestados por parte dos sócios. 143. Esta seria (e foi) uma situação criada apenas por decorrência lógica da desconsideração da operação inicialmente praticada. 144. De se apontar, inclusive que o Sr. Fiscal considera dispensável a existência da ZEST na operação de aquisição das quotas da Impugnante por José e Alessandra, entendendo, inclusive, que constitui um ato simulado, por que considera que o mútuo foi realizado entre IFC e ZEST, e não entre IFC e José e Alessandra se, frisese, esta é uma operação legal? Assevera afronta ao art. 112 do CTN quando o Fisco desconsidera a operação praticada, e presume como verdadeira a conduta mais gravosa, principalmente quando a suposta vontade da Impugnante poderia ter sido enquadrada em outra operação legal, mais benéfica. Reputa ilegítimas as presunções da fiscalização de interposição fictícia de pessoa, e de que a vontade verdadeira do negócio seria a transferência gratuita dos recursos a José e Alessandra para aquisição das quotas dos sócios retirantes. E pontua: 149. Ao que tudo indica, deixou o D. Fiscal de considerar que a 'verdadeira' operação seria o mútuo entre a Impugnante e seus sócios, em razão dos efeitos tributários que decorrem de tal operação, com o que não podemos concordar, seja em razão do artigo 112 do Código Tributário Nacional, seja em razão do uso indevido da presunção in casu, tendo em vista que, a seu bel prazer, entendeu o Fiscal que o mútuo entre a Impugnante e seus sócios 'lido era uma opção desejada'. Acrescenta ainda que: 150. (...) o fato de não ter o registro da reposição de valores não é justificativa hábil para consignar que esta não seria a operação praticada, pois este registro somente não existe porque o negócio praticado, no entender da Impugnante, era legitimo, e este não seria um efeito dele decorrente. Enfim, é no mínimo ilógico justificar a falta de adoção de uma determinada atitude por parte dos sócios da IFC, tendo como base para referida justificação uma situação jurídica decorrente de uma operação tida como simulada e, portanto, desconsiderada. No entender da defesa, se considerada simulada a operação, a Impugnante deveria ter sido intimada a retificar seus registros fiscais para retratar essa nova realidade (mútuo realizado entre a Impugnante e seus sócios). Fundamentase na intimação fiscal para retificação dos registros do Lalur, em função das autuações, para advogar: 153. Ora, se em razão da nova realidade apresentada pelo Fisco a Impugnante deveria retificar seus livros fiscais, por óbvio que, desconsiderada a operação, pode ser autorizada a retificar seus registros contábeis para adequálos à nova realidade decorrente do julgamento da presente manifestação — mútuo entre a Impugnante e seus sócios. Fl. 1359DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.360 45 Após descrever as operações envolvidas na alienação de 60% (sessenta por cento) das quotas da JACK LINK'S do Brasil Ltda., atual IFC International Food Company Indústria de Alimentos S.A., explica a contabilização no Passivo da ZEST Investimentos Participações e Negócios Ltda., adquirente das quotas da IFC, em contrapartida a conta de Investimento, como custo da participação adquirida, do valor das embalagens (R$ 4,6 milhões) que deveriam ser inutilizadas pela IFC, de acordo com o contrato de compra e venda das participações societárias. Invoca a ocorrência de erro na contabilização do valor do Acordo Invoice de R$ 3,1 milhões, como custo de aquisição da participação societária, apenas no mês de outubro de 2005, ao invés de abril de 2005, quando da concretização do negócio. Da mesma forma, por erro, teria a empresa mantido em seus registros contábeis o valor de R$ 293 milhões do ativo intangível (marcas e patentes), transferido para os vendedores, de acordo com o contrato. Defende a regularidade da contabilização de tais valores no Ativo da ZEST como custo de aquisição da participação societária, tendo por contrapartida conta de Passivo devido à IFC. Contesta a afirmação da fiscalização de que o patrimônio liquido da ZEST na data do balanço que teria servido de base à incorporação, em 31/05/2005, era negativo. Segundo a Impugnante o patrimônio da ZEST era de aproximadamente 9 milhões. Afirma que todas as operações teriam sido escrituradas pelas partes, e que a fiscalização teria tido acesso aos livros comerciais e fiscais da ZEST e da IFC, e a toda documentação de suporte, especialmente àquela vinculada à alienação da participação societária e à incorporação da ZEST pela IFC. Salienta que em momento algum a fiscalização teria questionado a contribuinte acerca das razões que teriam levado à reorganização societária implementada e que teria culminado nas presentes autuações. Afirma não ter sido questionada a alienação das quotas e o pagamento do preço, mas apenas a sua causa presumida pela fiscalização, quais sejam: (i) o aproveitamento do ágio; e (ii) a transmissão não onerosa das quotas da IFC aos seus atuais sócios com economia tributária. Requer a improcedência das exigências assim fundamentadas. A mesma argumentação é efetuada em relação à CSLL. Aduz ainda que mesmo após a reconstituição de oficio das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL do anocalendário de 2005, não haveria débito exigível. Afirma a ocorrência de erro na planilha elaborada pela fiscalização, de acordo com a qual o ajuste nas bases de cálculo de IRPJ e CSLL seria de R$ 4.593.092,97, com um débito de IRPJ de R$ 1.124.273,24 e de CSLL de R$ 413.378,37. Todavia, a contribuinte teria recolhido estimativas no anocalendário de 2005 nos valores de R$ 2.378.035,89 (IRPJ) e R$ 859.692,92 (CSLL), tendo por resultado saldos negativos de IRPJ de R$ 1.253.762,65, e de CSLL de R$ 446.314,55. Desta forma, não caberia o lançamento de qualquer valor devido de IRPJ e CSLL no período. 163. Verificase que, ao preencher a última coluna de sua planilha, a D. Fiscalização presumiu que a diferença entre o IRPJ determinado de acordo com o lucro apurado pela Impugnante (R$ 552.077,96) e o por ela apurado após a recomposição das bases de cálculo (R$ 1.124.273,24), a saber, R$ 572.195,28, seria devido. Fl. 1360DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.361 46 164. Como pode a D. Fiscalização reconhecer a existência de um saldo negativo em favor da Impugnante no montante de R$ 1.253.762,65 e ao mesmo tempo apontar um saldo devedor de R$ 572.195,28? A contribuinte argúi a improcedência das exigências, ainda que referidos saldos negativos tivessem sido utilizados em compensações, tendo em conta que a determinação dos saldos negativos teria precedência sobre as suas utilizações. Em suas palavras: 169. Desta forma, caso a D. Fiscalização verificasse a alteração do saldo negativo, deveria esta, se for o caso, exigir da Impugnante o valor do suposto débito que tenha sido indevidamente compensado com o saldo negativo inexistente, mas nunca proceder à exigência de IRPJ e CSLL que são comprovadamente indevidos em virtude do recolhimento a maior no decorrer do anocalendário. Sob tal fundamento, requer a nulidade da autuação. Objeta ainda a ausência de prejuízo ao Erário, na medida em que, no anocalendário de 2005, o valor do ágio efetivamente aproveitado pela IFC seria inferior à receita financeira decorrente da variação cambial da dívida (sic) assumida pela IFC em função da incorporação da ZEST e vinculada à aquisição das quotas. Segundo a Impugnante o efeito final seria o aumento da arrecadação e não o beneficio da empresa. DA APLICAÇÃO DA MULTA QUALIFICADA PELA FRAUDE Assevera que dada a inexistência dos débitos de IRPJ e CSLL e a validade formal e material das operações, indevida a aplicação da multa qualificada. Em suas palavras: 190. No presente caso, não foi possível à D. Fiscalização infirmar a validade, regularidade e eficácia dos atos praticados, na medida em que estes se revestiram de todas as exigências legais. 191. Desta forma, ainda que se pudesse afirmar que o real objetivo era a aquisição das quotas pela pessoa física dos sócios Sr. José Barbosa e Sra. Alessandra Orlandi, o ato de compra, na forma em que foi estruturado, é legítimo e atingiu seu objetivo, razão pela qual não se poderia considerálo hipótese de simulação absoluta. 192. Apenas a simulação absoluta demonstraria o dolo dos agentes em fraudar a Administração Tributária; a simulação relativa não visaria a fraude, na medida em que não busca o ilícito, sendo eventuais feitos dela decorrentes apenas conseqüências normais previstas e autorizadas pela legislação, não havendo que se falar em intuito de fraude. 193. Neste sentido, ainda que se pudesse admitir que o real objetivo da operação foi diverso do aparente, sendo a simulação relativa, não haveria que se falar em presunção de fraude. Deveria, portanto, a D. Fiscalização ter comprovado de forma cabal que os atos praticados seriam ilícitos, pois é seu o ônus da prova, nos termos do artigo 333 do Código de Processo Civil. Conclui que a imputação de fraude estaria respaldada também em meras presunções, não havendo prova do dolo da empresa ou de que os atos teriam sido praticados com objetivo de fraudar a Administração Tributária. Ademais, todos os atos teriam sido levados a registro nos órgãos competentes e informados à Secretaria da Receita Federal do Brasil — RFB, com a contabilização das operações. Novamente faz remissão ao art. 112 do CTN para concluir: 201. Neste sentido, não havendo comprovação do evidente intuito de fraude, os fatos devem ser analisados de maneira mais favorável à Impugnante, aplicandose dentre as possíveis penalidades, a de menor gradação, restando, portanto, afastada a aplicação qualificada de 150%, devendo incidir apenas a multa de oficio de 75%. Fl. 1361DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.362 47 DA EXIGÊNCIA DA MULTA ISOLADA PELA FALTA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS Contesta a exigência da multa isolada, no anocalendário de 2007, tendo em conta a apuração, ao final do período, de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL. Diante da inexigibilidade de IRPJ e CSLL, não se sustentaria a exigência de multa isolada por falta de recolhimento das antecipações. Além de decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais — CSRF em favor de tal interpretação, invoca ofensa aos princípios da razoabilidade, moralidade e nãoconfisco. DO CARÁTER CONFISCATÓRIO DAS MULTAS EXIGIDAS As multas aplicadas afrontariam o principio do nãoconfisco. Em suas palavras: 227. A multa tem caráter nitidamente punitivo e não pode ser aplicada arbitrariamente, com evidente descompasso com a infração supostamente cometida. É imprescindível, nesses casos, que haja uma nítida correlação entre a infração cometida e a penalidade imposta, sob pena de anulação da multa lavrada, dada a sua patente abusividade, além da evidente afronta ao principio da vedação ao confisco, bem como ao direito de propriedade, constitucionalmente previstos (...) Faz remissão à doutrina e à jurisprudência, para ao final, requerer a redução para 20% (vinte por cento) das multas aplicadas com base nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Contesta a legalidade e a constitucionalidade da cobrança dos juros de mora com base na variação da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia — Selic. Com fundamento no principio da verdade material, protesta por todos os meios de prova em direito admitidos.” A decisão de primeira instância, representada no Acórdão da DRJ nº 05 27.072 (fls. 1.1441.227) de 07/10/2009, por unanimidade de votos, considerou parcialmente procedente os lançamentos nos termos seguintes: i) julgou improcedentes as exigências de IRPJ e CSLL, formalizadas nos autos de infração de fls. 877/884 e 885/892; ii) julgou procedentes as retificações de prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativa da CSLL dos anoscalendário de 2006 e 2007, formalizadas nos autos de infração de fls. 877/884 e 885/892; e iii) julgou procedentes as exigências de multa isolada por falta de recolhimento das estimativas mensais de IRPJ e CSLL formalizadas nos autos de infração de fls. 898/903 e 904/907. A decisão foi assim ementada. “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005, 2006,2007 Nulidade. Falta de Lei Ordinária. Desconsideração de Negócio Jurídico. Simulação. De acordo com os preceitos do art. 149, VII, do CTN, o lançamento deve ser efetuado pela autoridade administrativa, quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em beneficio daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação. Comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, deve a autoridade fiscal proceder ao competente lançamento dos efeitos Fl. 1362DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.363 48 tributários dos atos que o sujeito passivo pretendeu, dolosamente ocultar, por meio da simulação. Comprovada a simulação, prescindível o procedimento de desconsideração de negócio jurídico. Simulação. Alienação de Quotas Sociais. Interposição de Pessoa. Incorporação. Caracteriza simulação a interposição de pessoa jurídica fictícia, sem patrimônio e atividade empresarial, em operação de aquisição de quotas sociais, seguida de incorporação da interposta pessoa, com o intuito de ocultar a transferência gratuita de recursos da Sociedade a seus sócios, reais adquirentes das quotas, e para garantir a dedutibilidade do ágio pago pela própria Sociedade. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006, 2007 Simulação. Ágio Pago pela Incorporada na Aquisição de Quotas da Incorporadora. Dedutibilidade pela Incorporadora. Não Caracterização. A operação dissimulada de aquisição de quotas pelos sócios, com recursos pagos pela própria Sociedade investida, que também assume o ônus do passivo da aquisição, em função de simulação de incorporação, não caracteriza pagamento de ágio pelo adquirente das quotas e nem incorporação de sociedade investidora, sendo procedente a glosa da amortização do ágio. Simulação. Investimento. Despesas de Juros. Variações Cambiais Ativas e Passivas. Em função da simulação das operações de alienação de quotas e de incorporação da interposta pessoa, na determinação do lucro real da incorporadora foram também regularmente desconsideradas as despesas com juros e variações cambiais ativas e passivas contabilizadas. Baixa de Elementos do Ativo em favor dos Adquirentes das Quotas. Distribuição Disfarçada de Lucros. Presumese distribuição disfarçada de lucros no negócio pelo qual a pessoa jurídica aliena, por valor notoriamente inferior ao de mercado, bem do seu ativo a pessoa ligada ou realiza com pessoa ligada qualquer outro negócio em condições de favorecimento, assim entendidas condições mais vantajosas para a pessoa ligada do que as que prevaleçam no mercado ou em que a pessoa jurídica contrataria com terceiros. A baixa de elementos do ativo (direitos a receber e intangíveis), em favor exclusivamente dos sócios, reais adquirentes das quotas sociais, caracteriza alienação/baixa a pessoa ligada ou em favor de pessoa ligada, por valor notoriamente inferior ao de mercado, de bem do seu ativo, fato que se subsume à hipótese normativa de distribuição disfarçada de lucros. Fl. 1363DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.364 49 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005, 2006, 2007 Multa Qualificada. Fraude. Simulação. Provada que a simulação na operação de aquisição das quotas sociais, por interposta pessoa, seguida de incorporação desta última, visou impedir ou retardar, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência de diversos fatos geradores, suas naturezas ou circunstâncias materiais, e das condições pessoais dos contribuintes, suscetíveis de afetar as obrigações e os créditos tributários correspondentes, cabível a aplicação da multa qualificada. Multa Isolada. Estimativas Mensais. Nos casos de lançamento de oficio, deve ser aplicada a multa de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor da estimativa mensal, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro liquido, no ano calendário correspondente. Constitucionalidade de Lei. Competência do Órgão Administrativo de Julgamento. O julgamento administrativo está estruturado como uma atividade de controle interno dos atos praticados pela administração tributária, sob o prisma da legalidade, não podendo negar os efeitos de. lei vigente, pelo que estaria o Tribunal Administrativo indevidamente substituindo o legislador e usurpando a competência privativa atribuída ao Poder Judiciário. Lançamento de Oficio. IRPJ. CSLL. Antecipações. Na constituição de oficio do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devem ser considerados, para efeito de dedução do imposto ou da contribuição devida, os valores de IRPJ e de CSLL decorrentes de retenção na fonte ou de antecipação (estimativas) referentes às receitas compreendidas na apuração.” Contra a aludida decisão, da qual foi cientificada em 16/11/2009 (A.R. de fl. 1.236) a interessada interpôs recurso voluntário em 16/12/2009 (fls. 1.2411.301) onde repisa os argumentos apresentados em sua impugnação. Dessa decisão a Delegacia de Julgamento recorreu de ofício por ter o crédito tributário exonerado excedido o limite de alçada previsto na legislação. É o relatório. Fl. 1364DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.365 50 Fl. 1365DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.366 51 Voto Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Dele, portanto, tomo conhecimento. Breve resumo da lide Tratase de Auto de Infração lavrado por meio do qual se exige débitos de IRPJ, CSLL, e multa pela falta de recolhimento de estimativas mensais. A exigência decorre da desconsideração da operação de aquisição de quotas da ora Recorrente pela empresa Zest Investimentos Participações e Negócios Ltda com a sua posterior incorporação pela IFC. Centramse as autuações ora discutidas na caracterização como simuladas das operações de alienação de 60% (sessenta por cento) das quotas da IFC para a Zest, pessoa jurídica considerada fictícia, sem patrimônio e atividade empresarial, com o intuito de ocultar a transferência gratuita de recursos da IFC aos sócios, reais adquirentes das quotas, ou para garantir a fruição de benefícios fiscais (amortização de ágio) pela própria IFC A Empresa apresentou Impugnação alegando, em síntese: · a nulidade do auto de infração em razão da ausência de previsão legal que amparasse o procedimento de desconsideração da operação levado a cabo pela Fiscalização; · a existência de propósito negocial a justificar a realização da operação na formatação adotada; · a impossibilidade de desconsideração da operação realizada em virtude da inexistência de simulação; · a ilegitimidade da utilização de presunções pela Fiscalização; · a inexistência de IRPJ e CSLL a recolher no anocalendário de 2005 tendo em vista que em referido período a ora Recorrente apurou saldo negativo superior ao montante exigido; · ilegitimidade da multa qualificada de 150%; · impossibilidade de aplicação da multa isolada pela falta de recolhimento de estimativas mensais quando apurado prejuízo fiscal/base de cálculo negativa no período; · o caráter confiscatório da multa aplicada e; · a ilegitimidade da aplicação da Taxa SELIC. Fl. 1366DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.367 52 Analisando a Impugnação, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Campinas SP, proferiu decisão na qual entendeu parcialmente procedente o lançamento efetuado, nos termos a seguir descritos: a. Não haveria que se falar em nulidade pela falta de regulamentação do procedimento de desconsideração do ato jurídico por lei ordinária, na medida que o reconhecimento da simulação prescinde o processo de desconsideração; b. A operação realizada pela Recorrente foi simulada com o intuito de ocultar o real objetivo que seria a aquisição de quotas da IFC, por seus sócios, com recursos da própria empresa; c. Em razão da simulação praticada pela Recorrente não haveria que se falar em ágio, sendo, portanto, indevida a sua dedução; d. Também em virtude da simulação, seriam indevidas as deduções das despesas com juros e variação cambial passiva; e. A baixa de bens do ativo em favor dos sócios adquirentes seria considerada distribuição disfarçada de lucros e não ágio na aquisição das quotas; f. Não haveria que se falar em ilegitimidade da aplicação da multa qualificada em virtude da simulação do ato; g. As multas pela falta de recolhimento das estimativas mensais decorreriam de lei, sendo irrelevante a verificação ou não de lucro no período; e h. As multas não seriam confiscatórias, bem como seria legítima a aplicação da taxa SELIC. Inconformada, a autuada apresenta Recurso Voluntário onde repisa os argumentos aportados na Impugnação. A DRJ, por sua vez, recorre de ofício por ter exonerado crédito tributário em montante superior ao limite de alçada. Esse é o resumo da lide até aqui. Passo à análise. De se destacar, inicialmente, a conexão entre os presentes lançamentos e aqueles formalizados no âmbito dos processos administrativos n° 19311.000202/200912 (Matéria: Multa Isolada IRRF; Interessado: IFC), 19311.000201/200978 (Matéria: IRPF; Interessado: José Barbosa Machado Neto) e 19311.000200/200923 (Matéria: IRPF; Interessado: Alessandra Orlandi Barbosa Machado), tendo em conta a identidade dos fundamentos fáticos e jurídicos das diversas autuações, no que tange à caracterização, como simuladas, das operações societárias de aquisição de quotas, por interposta pessoa, e de subseqüente incorporação desta última. Fl. 1367DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.368 53 Assim, os diversos lançamentos foram efetuados para dar repercussão dos fatos apurados no campo de incidência de cada um tributos (IRPJ, CSLL, IRRF e IRPF), tributandose os fatos que a empresa e as pessoas físicas teriam pretendido dissimular, mediante a adoção da forma simulada. Não obstante, tendo em vista ser esse o processo administrativo contendo os lançamentos principais, entendo não haver óbice para o julgamento presente, isoladamente, haja vista não terem os processos decorrentes sido ainda submetidos a julgamento neste Conselho. DO RECURSO VOLUNTÁRIO Da preliminar de nulidade dos lançamentos suscitada Não vislumbro as preliminares de nulidade suscitadas. Inicialmente, cabe esclarecer que, no âmbito do processo administrativo fiscal, as hipóteses de nulidade são taxativamente previstas nos arts. 59 e 60 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972: “Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. (Grifouse). Nesses termos, o cerceamento do direito de defesa somente pode ser cogitado em face de despachos e decisões. Sendo o auto de infração um ato administrativo, a declaração de nulidade somente pode ser suscitada em caso de lavratura por pessoa incompetente. Possíveis irregularidades, incorreções e omissões cometidas no auto de infração não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Nesse sentido, não há que se falar em nulidade dos lançamentos, por falta de Lei ordinária a disciplinar a desconsideração do negócio jurídico supostamente praticado pela contribuinte, prevista no Parágrafo único do art. 116 do CTN, porque a fundamentação dos lançamentos é de que os atos teriam sido praticados com simulação. De acordo com os preceitos do art. 149, VII, do CTN, o lançamento deve ser efetuado pela autoridade administrativa, quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação. Comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, deve a autoridade fiscal proceder ao competente lançamento dos efeitos tributários dos atos que o sujeito passivo pretendeu, dolosamente ocultar, por meio da simulação. Fl. 1368DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.369 54 Oportuno esclarecer que, após o inicio do procedimento fiscal, incabível a intimação da empresa para retificação de sua escrituração contábil e fiscal de forma a adequála aos fatos efetivamente ocorridos, mas ocultados ou dissimulados pela prática da simulação. Nos termos do § 10 do art. 7° do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, o inicio do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. Diante do exposto, rejeito a preliminar de nulidade suscitada pela Recorrente. Do mérito Quanto ao mérito, adoto os fundamentos da decisão recorrida, na forma a seguir apresentada, por entender que bem enfrentaram a questão. A despeito do breve relato acima delineado, a operação de alienação de parte das cotas da IFC merece um melhor detalhamento, a fim de que se possa analisar a efetiva configuração da simulação no caso em exame. Da constituição e da extinção da ZEST. A constituição da empresa ZEST se deu em 21/07/2004, figurando como sócios a empresa Shama Investimentos, Participações e Negócios Ltda e o autuado, com participação respectiva de 99,9% e de 0,1%. Em 22/03/2005, foi formalizada a transferência das quotas de titularidade da SHAMA para José Barbosa Machado Neto e Alessandra O. Barbosa Machado, ficando a composição societária assim discriminada: José Barbosa Machado Neto, com 95% das quotas; e Alessandra O. Barbosa Machado, com 5% das quotas. O capital social da empresa era de R$ 1.000,00 (mil reais) e o objeto social era a participação como acionista ou quotista em outras sociedades de qualquer natureza, no Brasil e/ou no exterior; a exploração de atividades imobiliárias, incluindo corretagem; e a administração de móveis e imóveis próprios. Em 11/04/2005, dáse a segunda alteração contratual da empresa ZEST, com aumento de capital de R$ 1.000,00 para R$ 8.961.000,00, com a subscrição e integralização de capital através da transferência de quotas que os sócios detinham na JACK LINK'S (atual IFC). Tendo em vista que tais quotas correspondiam à totalidade da participação societária do autuado e da Sr. Alessandra na JACK LINK'S, com a cessão, os mesmos retiraramse do quadro societário, passando a figurar a ZEST como sócia direta da JACK LINK'S. No que concerne ao processo de alienação das quotas da JACK LINK'S pertencentes aos sócios Jay E. Link e Troy J. Link, devese ressaltar a existência de um contrato celebrado entre estes, figurando como vendedores, e o Sr. José e a Sra. Alessandra, na qualidade de compradores. Entretanto, em pese o rigor formal do referido acordo, em 05/04/2005, mediante "correspondência" assinada por José, Alessandra e Eduardo, e sem a realização de qualquer aditamento ao contrato, os mesmos "comunicam" aos vendedores a substituição dos signatários pela ZEST como compradora das quotas, conforme cópia apresentada em resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 0013. Fl. 1369DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.370 55 O contrato de compra e venda de quotas estabelecia o preço a ser pago de vinte milhões de dólares, equivalente a cerca de 52 milhões de reais. A ZEST claramente não possuía recursos para a aquisição das cotas. Tais recursos advieram do contrato de mútuo celebrado entre a JACK LINK'S, mutuante, e ZEST, mutuaria, em 02/01/2005, antes mesmo desta empresa figurar no quadro societário daquela. A razão do mútuo é exclusivamente o financiamento da aquisição. Adiante, serão tecidos maiores comentários acerca do contrato de mútuo. Em 18/04/2005, foi efetivada a transferência das quotas dos sócios vendedores para a ZEST, passando a participação societária da JACK LINK'S, agora já IFC, a ser de 95% para a ZEST e 5% para Eduardo. Em seguida, cerca de um mês e meio após a transação, a IFC incorporou a ZEST, sucedendoa em todos os direitos e obrigações relacionados ao patrimônio incorporado, inclusive o passivo referente à aquisição das cotas, sob a justificativa de que seria desnecessária a manutenção de referida estrutura societária. Consta dos autos que a única operação realizada pela ZEST foi a aquisição, em tese, das quotas participativas da IFC. Tal fato é comprovado através da escrituração do Livro Razão constantes dos autos resumida a 4 folhas que contém todas as operações realizadas pela ZEST. Ela não detinha qualquer patrimônio e não desempenhava qualquer atividade operacional. Durante todo o exíguo período de sua existência, ela não desempenhou outra atividade, a exceção da operação ora em análise, até a sua extinção por incorporação pela IFC, em 31/05/2005. Tal fato somente vem a evidenciar a constituição de pessoa jurídica, sem patrimônio ou qualquer atividade empresarial, com o único e exclusivo intuito de ser utilizada, como empresa interposta na aquisição de quotas sociais, com recursos da própria investida, pelos seus próprios sócios. Conforme muito bem salientado pela DRJ (fls. 1.040): "Tenta a contribuinte demonstrar a existência de propósito negocial nas operações societárias implementadas para a aquisição de 60% (sessenta por centos) das quotas da empresa Jack Link's (atual IFC) pelos sócios remanescentes, Sr. José Barbosa e Sra. Alessandra Orlandi. Todavia, o fato de a operação se justificar pelas necessidades de mercado, não tem relevância para a solução do caso, porque o problema não se localiza propriamente na causa da alienação das quotas, mas na forma como esta alienação foi implementada, mediante a constituição e incorporação de uma pessoa jurídica (ZEST), sem qualquer atividade empresarial, para reduzir a carga tributária incidente sobre a operação". Após a incorporação, a participação societária na IFC passa a ser de 81,434% para José, 13,566% para Alessandra e 5% para Eduardo. Percebase que, ao final, as quotas foram realmente adquiridas pelos sócios José e Alessandra, sendo que não se vislumbra qualquer propósito na participação da ZEST na operação, senão como mera intermediária, como um veículo de transferência das quotas, do montante objeto do contrato de mútuo e do ágio a ser futuramente amortizado pela IFC. Tratase de ato claramente simulado, mediante a utilização de empresa interposta, para realizar negócio jurídico com o fito de evitar a incidência tributária. Como se observa do desenrolar das operações, o fato de a ZEST ter sido constituída e utilizada como sociedade tendente a viabilizar a transferência da participação societária para os reais adquirentes, a caracteriza como uma "empresa veículo". Tal Fl. 1370DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.371 56 circunstância, aliada ao fato de as operações societárias terem sido realizadas de maneira estruturada e em curto espaço de tempo, dentre outros indícios, demonstram não ter havido qualquer affectio societatis nas operações realizadas pela ZEST. Em outras palavras, não houve qualquer justificativa fáticonegocial determinante das operações societárias que culminaram com a incorporação da ZEST pela IFC. É preciso ressaltar, ainda, que este Conselho vem reiteradamente decidindo por não atribuir higidez a atos societários firmados com o exclusivo propósito de obstaculizar, de forma direta ou indireta, o recolhimento de tributos. Citese como exemplo o seguinte julgado proferido sobre o presente tema: "INCORPORAÇÃO DE EMPRESA. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. NECESSIDADE DE PROPÓSITO NEGOCIAL. UTILIZAÇÃO DE "EMPRESA VEICULO". Não produz o efeito tributário almejado pelo sujeito passivo a incorporação de pessoa jurídica, em cujo patrimônio constava registro de ágio com fundamento em expectativa de rentabilidade futura, sem qualquer finalidade negocial ou societária, especialmente quando a incorporada teve o seu capital integralizado com o investimento originário de aquisição de participação societária da incorporadora (ágio) e, ato contínuo, o evento da incorporação ocorreu no dia seguinte. Nestes casos, resta caracterizada a utilização da incorporada como mera "empresa veículo"para transferência do ágio à incorporadora." Data da Sessão: 05/12/2007; Relator: Aloysio José Percínio da Silva; Decisão: Acórdão 103 23290) Assim, os motivos da aquisição de quotas pela ZEST são o aproveitamento do ágio ("ágio de si mesmo"), a transmissão dos custos para a IFC e a transmissão das quotas para os sócios José e Alessandra. Não há interesse negocial da referida empresa nos atos praticados e os únicos beneficiários da operação incorrida são os sócios José e Alessandra. Do contrato de mútuo Conforme salientado em linhas anteriores, foi firmado contrato de mútuo entre a JACK LINK'S (atual IFC), na qualidade de mutuante, e a ZEST, na condição de mutuária, contrato este subscrito pelo próprio Sr. José, ora contribuinte autuado, e pela Sra. Alessandra, em 02/01/2005, com o propósito de transferir para a ZEST os recursos necessários à aquisição das quotas que estavam sendo alienadas. A razão do mútuo é exclusivamente o financiamento da aquisição. O preço acertado pela compra das referidas cotas equivaleria a 52 milhões de reais e seria pago em quatro parcelas, conforme clausula 2.3 do contrato. Segundo consta do Termo de Verificação Fiscal, até a data de 18/04/2005, a JACK LINK'S teria "emprestado" R$ 25.372.643,00 à ZEST, conforme lançamentos contábeis em Livro Diário desta, o que equivaleria ao pagamento da primeira parcela do preço referente à aquisição das cotas. O valor restante sequer foi transferido para ZEST, haja vista que a incorporação desta pela IFC ocorreu logo em seguida. Fl. 1371DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.372 57 Interessante notar que o contrato de mútuo foi firmado antes mesmo da ZEST ingressar no quadro societário da empresa, fato este que somente veio a ocorrer em 11/04/2005, quando da cessão das quotas do Sr. José e da Sra. Alessandra, mediante subscrição e integralização das ações da ZEST, sendo que a "transferência" dos valores referentes ao mútuo contratado se deu em momento posterior. Dizse "transferência", entre aspas, porque o Aviso de Lançamento de fls. 529 confirma que os recursos utilizados para pagamento da primeira parcela do contrato de aquisição das quotas, sequer passaram pela titularidade da ZEST. A JACK LINK'S efetuou diretamente o pagamento aos sócios retirantes com recursos de sua própria conta corrente. Acrescentese a isso o fato de que o próprio contrato de mútuo previa que a mutuante arcaria também com outras despesas, consideradas necessárias à consecução da operação pretendida. Observese, neste sentido, trecho do voto da decisão de primeira instância: "De acordo com o Anexo I ao contrato de mútuo, de fls. 458/462, até mesmo as despesas necessárias para viabilizar a aquisição da participação societária serviços advocatícios (Emerenciano, Baggio e Associados), de avaliação econômicofinanceira com emissão de laudo (Setape) e de traduções (Ana Luiza Barbieri) , segundo o demonstrativo de fls. 335 e o Livro Razão de fls. 185/188, teriam sido custeadas com recursos advindos da Jack Link's. Tais fatos somente corroboram que a ZEST era apenas uma "casca", sem qualquer conteúdo patrimonial e empresarial, essencial para ser reconhecida como uma pessoa jurídica com vontade e interesse próprios, distintos da vontade e do interesse de seus sócios" (fls. 1.035 verso). (destaques acrescidos) Fato que também merece destaque é o de que o referido contrato estabelecia um prazo mínimo para pagamento do mútuo, mas não estabelecia um prazo máximo. A data final do pagamento ficaria a critério da IFC, controlada por José e Alessandra. Nos termos da cláusula 21 do referido contrato, "os empréstimos feitos pela MUTUANTE deverão ser liquidados em até 180 (cento e oitenta) dias contados a partir da data de cada desembolso, pela MUTUÁRIA sempre que esta liquidação for requerida pelos primeiros, independente de qualquer outra condição" (destaques acrescidos). Assim, uma vez que o mútuo tinha prazo indeterminado, a não amortização da dívida poderia continuar indefinidamente, o que de fato ocorreu, em razão da posterior incorporação da ZEST. A autoridade autuante destaca que, se existisse realmente a intenção de quitar o empréstimo com dividendos recebidos da IFC pela ZEST, o tempo de duração do contrato de mútuo seria o necessário para a IFC gerar recursos para o pagamento do restante da aquisição (2a, 3a e 4a parcelas), por intermédio da distribuição de dividendos equivalentes ao custo de aquisição das quotas. Desse modo, a fiscalização concluiu que já estava previsto que a incorporação da ZEST ocorreria ainda durante a vigência do contrato de garantia, e antes mesmo de obter os recursos necessários para honrar seus compromissos. Ainda relacionado à operação de aquisição das cotas dos sócios retirantes e ao próprio contrato de mútuo, foi firmado, em 14/04/2005, Contrato de Prestação de Garantia Fidejussória G N° 1073/05, entre ABN AMRO (BANCO) e JACK LINK'S (CLIENTE), tendo Fl. 1372DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.373 58 José, Alessandra e Eduardo como intervenientes solidários. O beneficiário é a LINKS JAPAN, o afiançado é a ZEST, o objeto da fiança é "garantir o cumprimento das obrigações de pagamento" das parcelas do preço de compra estabelecido no Contrato de Compra e Venda de Quotas. Conforme se depreende do Contrato de Prestação Fidejussória, a IFC obrigouse perante o BANCO a reembolsálo, mediante solicitação, de quaisquer pagamentos efetuados pelo BANCO ao BENEFICIÁRIO; a efetuar o pagamento de todos e quaisquer valores que sejam devidos pelo CLIENTE ao BANCO de acordo com o referido contrato; e a arcar com custos adicionais (juros, comissões, multa) no caso de mora e/ou inadimplemento, por parte do CLIENTE e/ou dos INTERVENIENTES GARANTIDORES SOLIDÁRIOS, de qualquer obrigação por eles assumida perante o BANCO. Observese que a JACK LINK'S, além de emprestar os recursos destinados à aquisição das suas próprias quotas pela ZEST, também se comprometeu a reembolsar o Banco de quaisquer pagamentos que o Banco efetuasse à Link's Japan, correspondentes às obrigações do contrato de compra e venda de quotas e decorrentes do inadimplemento da ZEST. Consta do Termo de Verificação Fiscal que: "O contrato de garantia contém o item 16, de obrigações especiais, em que 'o CLIENTE e os INTERVENIENTES GARANTIDORES SOLIDÁRIOS individualmente obrigamse relativamente ao CLIENTE...' É o banco exigindo garantias para conceder a carta de fiança. Ocorre que cliente é a IFC e intervenientes são as pessoas físicas. A Zest, que é a controladora da IFC, não é chamada pelo banco para garantir os atos da IFC (efetividade das garantias, ausência de ônus, não contratação de dívida, não contratação de mútuo, não pagamento de dividendos). São os garantidores solidários que obrigamse a cumprir a garantia de penhora de quotas que pertencem a Zest, e não a própria Zest. Constatase que o próprio banco desconsiderou a Zest como controladora da IFC e compradora das quotas". Diante dessas circunstâncias, constatase que a IFC arcou totalmente com o ônus da operação, inclusive no que tange à prestação da garantia. A ZEST, por seu turno, empresa que, em tese, contraiu o mútuo, que se obrigou à restituição do referido montante, que adquiriu as quotas e que se obrigou ao pagamento do preço referente à participação societária adquirida aos alienantes, saiu "ilesa" de toda a sucessão de atos. Daí porque correta a conclusão da fiscalização no sentido de considerar que o contrato de mútuo firmado seria fruto de uma simulação. A decisão de primeira instância, com muita propriedade, assevera que o contrato de mútuo "aparentou conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferiram, ou transmitiram. No caso, se o contrato fosse válido, a ZEST, na qualidade de mutuária, teria o direito a receber os recursos disponibilizados, e a IFC, na qualidade de mutuante, teria o direito a ver restituído o valor mutuado" (fls. 1.036), fatos que não se verificaram na prática. Dos efeitos da incorporação da ZEST. Fl. 1373DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.374 59 A extinção da ZEST, conforme já salientado alhures, se deu mediante a sua incorporação pela IFC, sob a justificativa de que não haveria mais interesse na manutenção da estrutura empresarial até então existente. Segundo consta do Termo de Verificação Fiscal: "FATO 21 Em 29/06/2005 dáse a décima alteração contratual na IFC. A Sociedade e a ZEST decidiram em 26/06/2005 pela junção das duas empresas, com a incorporação da ZEST pela Sociedade. O Protocolo e Justificação de Incorporação ('Protocolo'), parte integrante da 10a alteração do contrato social, estipula os termos e as condições da operação de incorporação. O 'Protocolo' foi elaborado com base em 'Laudo de Avaliação Contábil do Patrimônio Líquido' da ZEST. Lêse no Protocolo, no item 1. JUSTIFICATIVA: 'os sócios da ZEST INVESTIMENTOS e IFC concluíram que não se justifica mais a manutenção da ZEST INVESTIMENTOS como sociedade independente, tendo decidido promover a reunião dos patrimônios por meio da incorporação da ZEST INVESTIMENTOS pela IFC;' 'as administrações da ZEST INVESTIMENTOS e da IFC entendem que esta proposta atende plenamente aos interesses de ambas as sociedades'. Já no item III. DO ACERVO INCORPORADO E SUA AVALIAÇÃO, lemos: 'Para a realização da presente operação, está sendo adotado o critério de avaliação do patrimônio líquido contábil da ZEST INVESTIMENTOS, conforme faculta o artigo 8° da Lei 6.404/76, com base no balanço patrimonial levantado em 31 de maio de 2005, que é considerada a database da operação. As variações patrimoniais posteriores à database acima estipulada constituirão resultados da IFC e serão por esta escrituradas, efetuandose os competentes lançamentos contábeis nos seus livros.' 'Assim, por meio da operação de incorporação, a IFC absorverá a totalidade do patrimônio líquido da ZEST INVESTIMENTOS, no valor de R$8.961.000,00....'. No item VI. OUTRAS CONDIÇÕES, lemos: 'A IFC sucederá a ZEST INVESTIMENTOS em todos os direitos e obrigações relacionados ao patrimônio incorporado, nos termos do artigo 227 da Lei 6.404/76'. Já no 'LAUDO DE AVALIAÇÃO CONTÁBIL DO PATRIMÔNIO LIQUIDO' da Zest Investimentos, lemos no item 7. CONCLUSÃO: 'Em decorrência do trabalho realizado concluímos que o valor contábil correspondente ao acervo da INCORPORADA, avaliado na database de 31 de maio de 2005, de acordo com as práticas de contabilidade emanadas da legislação societária brasileira, valor contábil este a ser vertido para fins de incorporação ao capital da INCORPORADORA, nos termos do 'Protocolo e Justificação de Incorporação da Zest Investimentos, Participações e Negócios Ltda pela IFC International Food Company Indústria de Alimentos Ltda', datado de junho de 2005, monta em R$8.961.000,00...'. (...) A cláusula 8a dispõe que 'Fica estabelecido, ainda, que a operação de incorporação da ZEST INVESTIMENTOS acarretará a manutenção do capital social atual da IFC, nos termos previstos no item V do Protocolo, no valor de R$25.600.000,00 Fl. 1374DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.375 60 Após a incorporação o Patrimônio Líquido da IFC declarado em DIPJ passa a ser de R$20.138.866,27, e portanto inferior ao Capital. (... ) O Laudo de Avaliação Contábil do Patrimônio Líquido concluiu que o valor contábil do acervo da incorporada era de R$8.961.000,00. Após a incorporação da Zest, a IFC apresenta Capital de R$25.600.000,00 e Patrimônio Líquido de R$20.138.866,27, conforme Balancete Consolidado Parcial do período 01/05/2005 a 31/05/2005." (destaques acrescidos) Em que pese os fatos formalmente consolidados no Protocolo e Justificação de Incorporação e no Laudo de Avaliação Contábil do Patrimônio Líquido da ZEST acima transcritos, a partir dos quais se poderia deduzir que a IFC teria incorporado ativos de R$ 8.961.000,00, o que se constatou, na prática, foi que o balanço patrimonial do contribuinte não retratou de forma transparente a operação realizada e omitiu a assunção pela empresa das dívidas dos sócios. É dizer que, analisandose a contabilidade das empresas envolvidas na transação, constatase que a IFC incorporou, em verdade, dívidas no montante de R$ 59.107.035,81, ou seja, a IFC simplesmente assumiu o passivo da ZEST, contraído na única transação da vida dessa empresa, qual seja, a aquisição das quotas da própria IFC junto à JANPAN LINK'S, quotas estas que foram, ao final, transferidas para os sócios autuados. Em resumo, a IFC assumiu o prejuízo pelo não recebimento do empréstimo concedido e ainda o saldo devedor da dívida assumida pela ZEST. Ressaltese que a incorporação foi efetivada em 31/05/2005, ou seja, em data anterior ao pagamento das 2a, 3a e 4a parcelas do mútuo contraído, sendo que não houve restituição do valor equivalente à primeira parcela, cujo valor já teria sido utilizado. No caso, houve contratação de mútuo, houve fornecimento de recursos, mas não houve reposição dos recursos emprestados. O negócio foi realizado de forma a tornar definitiva e sem ônus para os sócios uma transferência de recursos que deveria ter sido a título de empréstimo com reposição dos recursos emprestados. Acrescentese, ainda, que o ágio começou a ser amortizado antes mesmo do pagamento total da aquisição, o que demonstra que um dos objetivos de se concretizar a aquisição de quotas através da ZEST era adicionar um valor (Reserva de Ágio) ao Patrimônio Líquido para que este não ficasse negativo. No que tange aos registros contábeis da operação a corroborar tal assertiva, a decisão proferida pela autoridade julgadora de primeira instância muito bem analisa a questão, pelo que pedimos vênia para transcrever parte do referido voto: "DA ESCRITURAÇÃO DA ZEST Às fls. 185/188 foram juntadas cópias da escrituração do Razão da ZEST desde a integralização do capital no valor de R$ 1.000,00, em 01/01/2005, até o encerramento das contas por incorporação à IFC, em 31/05/2005, a denotar a fugacidade e a falta de propósito negocial do suposto empreendimento. Fl. 1375DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.376 61 No Ativo, na conta Caixa 11010103, a entrada de recursos, afora a integralização do capital de R$ 1.000,00, teve por origem escritural empréstimos de sócios, para pagamento de notas fiscais designadas por nomes de pessoas físicas ("Ana Luiza Barbieri, Emerenciano) ou jurídicas (Setape Assessoria Econômica, Transarc Translation). Segundo o demonstrativo de fls. 335 e o Anexo I ao contrato de mútuo, de fls. 458/462, tais despesas referirseiam a serviços advocatícios (Emerenciano, Baggio e Associados), de avaliação econômicofinanceira com emissão de laudo (Setape) e de traduções (Ana Luiza Barbieri), contratados para viabilizar a aquisição da participação societária, e custeados com recursos da Jack Link's (IFC). Relevante destacar que na conta Caixa, afora as despesas acima, não consta da escrituração qualquer outra operação distinta do empréstimo recebido da Jack Link's (IFC), no valor de R$ 17.525.025,00, totalmente utilizado no pagamento da 1 parcela de compra das quotas da mutuante (Jack Link's). Ainda no Ativo, a conta Participação Societária 13010203 registra a aquisição das quotas da Jack Link's, por integralização de aumento de capital, no valor de R$ 8.960.000,00, e por aquisição das quotas dos sócios estrangeiros, no valor de R$ 25.372.643,00, totalizando R$ 34.332.643,00. De acordo com os demonstrativos elaborados pela empresa, e juntados às fls. 184, R$ 25.372.643,00 referese ao valor da participação adquirida (60%) avaliada pelo método da equivalência patrimonial. Na seqüência, na conta Ágio 13010204, constam lançamentos de notas fiscais em favor das mesmas pessoas físicas e empresas referidas na conta Caixa, aquisição de seguro, carta fiança, empréstimo de sócio ref. perda de estoque e o ágio propriamente dito na aquisição do investimento no valor de R$ 26.941.356,60, que representa justamente a diferença entre o valor de aquisição e o valor das quotas pelo método da equivalência patrimonial (R$ 52.314.000,00 R$ 25.372.643,00), sem a consideração das demais despesas, cf. demonstrado às fls. 184. Por outro lado, no Passivo, temse a conta Fornecedor 21010102 registra apenas a carta fiança e seus pagamentos. A seguir vem a conta Empréstimo de Sócios 21020301, na qual constam: (i) todos os suprimentos de numerários debitados em Caixa para fazer face ao pagamento das notas fiscais em favor das pessoas físicas e empresas já acima referidas; (ii) o empréstimo da Jack Link's no valor de R$ 17.525.025,00, para pagamento da 1 parcela relativa à aquisição das quotas dos sócios retirantes; e (iii) as contrapartidas das aquisições de seguro e de empréstimo de sócio ref. perda de estoque. Em seguida, ainda no Passivo, estranhamente, consta uma conta denominada Investimentos 21030101, na qual foram registrados: a débito, o valor da 1 parcela paga, relativo à aquisição das quotas de R$ 17.525.025,00; e a crédito, o preço das quotas adquiridas de R$ Fl. 1376DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.377 62 52.313.999,60: parte como empréstimo de R$ 25.372.643,00 (valor das quotas pelo método da equivalência patrimonial), e parte a título de ágio na aquisição de investimento de R$ 26.941.356,60, já acima explicado. O valor não pago relativo à aquisição das quotas de R$ 34.788.974,60, foi transferido por incorporação para o Passivo da IFC. Finalmente, no Patrimônio Líquido, conta Capital Social 24010103, não se encontra regularmente registrada a operação de integralização do aumento de capital no valor de R$ 8.960.000,00, registrada em 14/04/2005, tendo por contrapartida débito na conta Participação Societária 13010203. De acordo com os contratos sociais da ZEST, tal aumento de capital deuse justamente com as quotas detidas pelos sócios José Barbosa Machado Neto e Alessandra O. Barbosa Machado (35%) na Jack Link's. Da escrituração apresentada, consta ainda a conta 29010101 Incorporação ZEST/IFC, na qual se verifica que o único Ativo, de fato, transferido para a IFC foi o valor de R$ 1.000,00 constante do Caixa da empresa. Por sua vez, o valor de R$ 34.332.643,00 representa a soma dos valores patrimoniais das quotas da IFC detidas pela ZEST de R$ 8.960.000,00 (35% das quotas) e R$ 25.332.643,00 (60% das quotas), e o valor de R$ 33.735.392,81, corresponde ao escriturado na ZEST como ágio calculado na aquisição das quotas dos sócios estrangeiros". Verificase, então, que o acervo líquido recebido pela IFC tem o valor negativo de R$ 59.107.035,81, que corresponde às dívidas assumidas pela ZEST para aquisição das quotas, menos R$ 1.000,00 em caixa. Por outro lado, como não houve redução nem aumento de capital da incorporadora, a IFC nada exigiu para se compensar da recepção desse acervo negativo. A incorporação realizada pela IFC, que no dizer do Protocolo e Justificação de Incorporação 'atende plenamente aos interesses de ambas as sociedades' (Fato 21), resultou na assunção das dívidas da investidora ZEST, no valor de R$ 59.108.035,81, dos quais R$ 23.593.712,00 correspondem às dívidas da ZEST para com a própria IFC que se tornaram irrecuperáveis, e R$ 35.514.323,81 correspondem às dívidas da ZEST para com a Japan e fornecedores. Neste sentido, continua a autoridade julgadora: "Por sua vez, no que tange ao Passivo da ZEST vertido à IFC por incorporação, teriam sido efetivamente transferidos os seguintes valores: R$ 725.349,21 decorrente da carta fiança; e R$ 34.788.974,60 que representam as obrigações relativas às demais parcelas devidas pela aquisição das quotas da IFC dos sócios estrangeiros. No que tange ao Passivo correspondente ao empréstimo efetuado pela IFC, para que a ZEST pudesse proceder à aquisição das quotas detidas pelos sócios estrangeiros, no valor total de R$ 17.525.025,00, e ao valor de R$ 4.690.705,13, Fl. 1377DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.378 63 registrado como empréstimo de sócio ref. a perda de estoque, valores consignados como emprestados pela própria IFC, também não poderiam ser transferidos, por incorporação, tendo em conta a extinção das obrigações, dada a confusão entre devedor e credor da obrigação. Conseqüentemente, não deveriam também integrar o acervo vertido. Conforme visto acima, tendo em conta que o único Ativo passível de transferência para a IFC seria o saldo da conta Caixa, no valor de R$ 1.000,00, e as obrigações do Passivo relativas às aquisições das quotas 20 da IFC, no valor total de R$ 35.514.323,81 (R$725.349,21 + R$34.788.974,60), cumpre ratificar a conclusão da fiscalização de que o Laudo de Avaliação Contábil do Patrimônio Líquido da ZEST, em 31/05/2005, datado de 29/06/2005, para fins de incorporação à empresa IFC, encontrase completamente destituído de fundamentos contábeis, ao atribuir ao acervo da ZEST (incorporada) o valor de R$ 8.961.000,00, conforme se verifica às fls. 187/188 nas cópias do Livro Razão apresentado". (destaques acrescidos) Assim, na relação de troca estabelecida na incorporação, a ZEST entregou uma dívida líquida de R$ 59.107.035,81, e as quotas da IFC antes pertencentes à ZEST foram transferidas para José e Alessandra, os verdadeiros e únicos beneficiados na transação. A transferência patrimonial realizada não nos parece ser dotada de propósito negocial, conforme pretensões do contribuinte. O negócio realizado simplesmente criou, no dizer da fiscalização, um 'buraco' no Patrimônio Líquido, uma conta negativa que pelo cálculo do contribuinte deveria ter sido contabilizada no valor de R$59.107.035,81. Enquanto essa conta existir, haverá prejuízo na garantia de terceiros. Constatase, assim, que a incorporação foi efetivada no interesse dos sócios José e Alessandra, em detrimento da própria incorporadora, e com a finalidade exclusiva de economia fiscal. Da simulação. Na hipótese presente, é possível constatar que existe um préordenamento de atos, pactuados consensualmente entre as partes (José e Alessandra, ZEST e IFC), que não deixam dúvidas de que a causa do negócio foi, de fato, a aquisição de quotas por José e Alessandra com recursos retirados gratuitamente da empresa IFC e com economia tributária. Desde 02/01/2005, quando da contratação do mútuo, já se podia constatar indícios de que José e Alessandra comprariam as quotas com recursos fornecidos pela IFC, que a compra seria formalizada pela ZEST e que as quotas adquiridas seriam transferidas aos sócios pela incorporação da ZEST. Essa circunstância acabou por se confirmar na medida em que a incorporação, nos moldes em que foi realizada, somente poderia se justificar por dois motivos: o aproveitamento do ágio e a transmissão não onerosa das quotas aos sócios. Nenhum outro propósito negocial foi verificado na presente hipótese. Fl. 1378DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.379 64 Se a IFC emprestasse à ZEST, a ZEST restituísse os recursos à IFC e depois transferisse as quotas a José e Alessandra de forma equitativa, a interposição teria sido real, teriam sido utilizados recursos da IFC, o mútuo efetivamente se realizaria com a reposição dos recursos, e a transferência seria não onerosa para José e Alessandra. Entretanto, a incorporação contratada pela ZEST, da forma como foi feita, impediu a realização efetiva do contrato de mútuo, pois a IFC não recebeu de volta os recursos fornecidos. Tal fato deixou bastante claro a condição da ZEST de empresa que foi interposta no negócio com nítidos propósitos simulatórios, ou seja, com o intuito de dissimular a transferência gratuita a José e Alessandra dos recursos necessários à aquisição das quotas. Vale aqui mencionar alguns fatos constatados pela fiscalização e mencionados no bojo do Termo de Verificação que, considerados conjuntamente, não deixam dúvidas dos reais desígnios da sucessão de atos perpetrados pelos envolvidos. Observese: • O contrato de compra e venda se deu entre José e Alessandra e os vendedores; • A ZEST não tinha recursos para a compra; • O contrato de mútuo foi motivado pela compra contratada por José e Alessandra; • A ZEST não se sujeitou à responsabilidade e débitos decorrentes do negócio, nem jamais houve pretensão de que o fizesse; • Havia previsão no contrato de garantia de que o valor total das quotas adquiridas seria pago com recursos fornecidos pela IFC e de que o controle acionário da IFC seria substituído sem alteração do controle societário; • O próprio banco nem considerou a ZEST como controladora e compradora verdadeira das quotas da IFC; • Não houve efetiva entrega de recursos da ZEST na aquisição; • A ZEST contratou a incorporação antes de repor o mútuo e pagar as dívidas assumidas e, com a incorporação, encerrouse o mútuo e a própria ZEST; • Também não existe interesse negocial da IFC nos atos praticados, uma vez que ao final apenas assume os custos da transação, não recebendo nenhuma compensação pelos mesmos; • José e Alessandra são controladores, sócios e administradores das empresas ZEST e IFC e, portanto os atos das empresas refletem a vontade das mesmas pessoas; • Os motivos da aquisição de quotas pela ZEST são o aproveitamento do ágio ("ágio de si mesmo"), a criação artificial de despesas na IFC e a transmissão das quotas para os sócios José e Alessandra; • Os sócios quase triplicaram sua participação na empresa desembolsando apenas R$ 1.000,00 na constituição da ZEST; • Desfeita a simulação, verificase que apenas é atendida a vontade de José e Alessandra, destinatários finais das quotas adquiridas com os recursos do mútuo e únicos beneficiários das transações, realizadas em prejuízo da sociedade investida; • A entrada da ZEST na IFC e o mútuo são elementos da aquisição de quotas. José e Alessandra aparecem como partes ou intervenientes em todos os contratos; • José e Alessandra comunicaram aos vendedores que a compra seria finalizada pela ZEST e que suas quotas seriam entregues à ZEST. Portanto, a ZEST substituiu José e Alessandra na aquisição; Fl. 1379DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.380 65 • A única forma lícita de aquisição das quotas com recursos da IFC seria através de empréstimo da IFC aos sócios. A simulação buscou alcançar transferência definitiva de recursos. A conclusão lógica é que os recursos para aquisição das quotas foram transferidos da IFC para José e Alessandra e que a aquisição das quotas foi feita, em verdade, por José e Alessandra. Este Conselho já proferiu decisão em caso semelhante, concluindo pela manutenção da tributação, amparada no ato que foi dissimulado e afastando os efeitos das declarações de vontade formalmente documentadas, mas que não condiziam com a realidade dos fatos. Observese: Acórdão 10421.610 "NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO Não provada violação das disposições contidas no art. 142 do CTN, tampouco dos artigos 10 e 59 do Decreto n°. 70.235, de 1972 e não se verificando outro vício insanável no lançamento, não há que se falar em nulidade, quer do lançamento, quer do procedimento fiscal que lhe deu origem, quer do documento que formalizou a exigência fiscal. NULIDADE DO LANÇAMENTO VÍCIOS NO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF INOCORRÊNCIA O Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento interno de planejamento e controle das atividades de fiscalização. Eventuais falhas nesses procedimentos, por si só, não contaminam o lançamento decorrente da ação fiscal. IRPF GANHO DE CAPITAL ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS SIMULAÇÃO Constatada a desconformidade, consciente e pactuada entre as partes que realizaram determinado negócio jurídico, entre o negócio efetivamente praticado e os atos formais de declaração de vontade, resta caracterizada a simulação relativa, devendose considerar, para fins de verificação da ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda, o negócio jurídico dissimulado. A transferência de participação societária por intermédio de uma seqüência de atos societários caracteriza a simulação, quando esses atos não têm outro propósito senão o de efetivar essa transferência. Em tal hipótese, é devido o imposto sobre ganho de capital obtido com a alienação das ações. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA SIMULAÇÃO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE A prática da simulação com o propósito de dissimular, no todo ou em parte, a ocorrência do fato gerador do imposto caracteriza a hipótese de qualificação da multa de ofício, nos termos do art. 44, II, da Lei n° 9.430, de 1996. JUROS MORATÓRIOS SELIC O crédito tributário não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta. O percentual de juros a ser aplicado no cálculo do montante devido é o fixado no diploma legal vigente á época do pagamento. Preliminares rejeitadas. Recurso negado". (destaques acrescidos) Há que se destacar que o fato de cada uma das transações, isoladamente e do ponto de vista formal, ostentar aparente legalidade, não garante legitimidade ao conjunto de Fl. 1380DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.381 66 operações, quando fica constatado que os atos praticados tinham objetivos diversos daqueles que lhes são próprios. Quanto ao argumento suscitado pelo contribuinte de inaplicabilidade do art 116, parágrafo único, do CTN ao caso concreto, por se tratar de norma antielisiva de eficácia limitada, ainda pendente de regulamentação e que, enquanto não for editada esta lei regulamentadora as autoridades administrativas não poderiam desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, tal argumento não merece qualquer respaldo. Primeiro, porque tal dispositivo legal sequer foi utilizado pela fiscalização para desconsiderar os atos praticados pelo recorrente e pelas pessoas a ele interligadas. Em momento algum a Fiscalização fundamentou a presente exigência no art. 116 do CTN. O fato de se mencionar nos autos a palavra dissimulação, de modo algum implica que a autuação tenha por base o dispositivo legal em comento, como sugere o Recorrente. Ademais, os atos ou negócios jurídicos aqui praticados estão contaminados pela ilicitude, na presença de práticas caracterizadas como dolo, fraude, ou simulação, estamos diante de infração à legislação tributária, sujeita ao lançamento de ofício, nos termos do art. 149, VII do CTN. Aqui não se trata de requalificar os fatos, mas de proceder ao lançamento com base nos fatos efetivamente ocorridos, cuja natureza, porém, foi artificialmente modificada ou cujo conhecimento por parte da Autoridade Administrativa foi escondido pela ação ou omissão do sujeito passivo, mas veio à tona pela ação do Fisco. Ora, a utilização de interposta pessoa é uma das formas típicas de simulação relativa, conforme definido no Código Civil de 2002, no seu artigo 167, § 2°. Há simulação quando há desconformidade entre a realidade fática e a aparência do negócio jurídico, quanto à pessoa a quem se confere ou transmite direitos, quanto ao momento em que se realiza o negócio jurídico, e quanto à própria substância deste. No caso, o descompasso entre a vontade interna e a vontade manifestada pelo sujeito passivo torna evidente o pacto simulatório, não havendo se falar em aplicação do parágrafo único do art. 116 do CTN ao caso. Da multa qualificada No que tange a aplicação da multa de ofício qualificada, entendo que a fiscalização procedeu corretamente. Conforme comprovado nos autos, a sucessão de atos com nítidos propósitos simulatórios por parte da contribuinte, mediante a interposição da ZEST na aquisição das quotas sociais da IFC e de sua subseqüente incorporação pela própria IFC, para favorecer os sócios e garantir a dedutibilidade do ágio na incorporadora, constitui um conjunto robusto que comprova a intenção dolosa da autuada de impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. A qualificação da multa de ofício, no caso em exame, encontra perfeito amparo no então vigente artigo 44, inciso II, da Lei n°. 9.430/1996 (atual art. 44, I, c/c § 1°, da Lei n.° 9.430/96, conforme nova redação conferida pela Lei n.° 11.488, de 15 de junho de 2007, resultante da conversão da MP n.° 351/2007), cujo teor é o seguinte: Fl. 1381DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.382 67 "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a)na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I prestar esclarecimentos; II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei § 3° Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6° da Lei n° 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991. § 4° As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. § 5o Aplicase também a multa de que trata o inciso I do caput sobre I a parcela do imposto a restituir informado pelo contribuinte, pessoa física, na Declaração de Ajuste Anual, que Fl. 1382DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.383 68 deixar de ser restituído em razão da constatação de infração à legislação tributária; e II o valor das deduções e compensações indevidas informadas na Declaração de Ajuste Anual da pessoa física". Fazse necessário integrar com as previsões dos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/66. Dispõem tais artigos: "Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais do contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas visando qualquer dos efeitos referidos nos artigos 71 e 72." Verificase que a sonegação, do artigo 71, referese à conduta (comissiva ou omissiva) para impedir ou retardar o conhecimento da ocorrência do fato gerador ou das condições pessoais da contribuinte. Fraude, do artigo 72, que não se trata de fraude à lei, mas ao Fisco, atua na formação do fato gerador da obrigação tributária principal, impedindo ou retardando sua ocorrência, como, também, depois de formado, modificandoo para reduzir imposto ou diferir seu pagamento. Este é o posicionamento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme se depreende do recente julgamento proferido no Acórdão CSRF/0105.643: "MULTA QUALIFICADA Restando configurada a utilização de interpostas pessoas por parte de pessoas físicas e jurídicas interligadas e a manutenção de contas bancárias à margem da escrituração, vislumbrase a ocorrência das hipóteses previstas nos artigos 71 e 73 da Lei n° 4.502/66." Assim, também não merece reparos o lançamento no que tange à qualificação da multa de ofício. Da aplicação dos juros calculados à taxa Selic No que tange aos argumentos da Recorrente de que a taxa SELIC seria inaplicável no presente lançamento, cabe observar que a sua utilização está expressamente prevista no artigo 13 da Lei n° 9.065/95, não cabendo à instancia julgadora administrativa apreciar a validade da norma. Fl. 1383DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.384 69 Ademais, tal matéria já está sumulada neste Conselho (Súmula CARF nº 4): A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Convém salientar que a pretensão de inconstitucionalidade levantada esbarra na circunstância de haver vedação expressa no regimento do Conselho apreciar referidas questões, muito menos para afastar, por via direta ou indireta, a aplicação de lei vigente, conforme dispõe o artigo 62 da Portaria 256, de 22 de junho de 2009. Cabível, portanto, a exigência dos juros moratórios calculados com base na taxa SELIC. Da multa isolada por falta de recolhimento das estimativas mensais Aduz a Recorrente que seria indevida a aplicação da multa isolada por falta de recolhimento das estimativas mensais quando apurado prejuízo fiscal/base de cálculo negativa no período. Nesse sentido, cumpre destacar as expressas disposições do art. 44, I, c/c §1°, IV da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996: Multas de Lançamento de Oficio Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei n°11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei n°11.488, de 2007) a) Omissis b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro liquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei n° 11.488, de 2007) Releva anotar que foi a Lei que instituiu a obrigatoriedade de recolhimento das antecipações de IRPJ e CSLL, mensalmente devidas, independentemente de apuração de base tributável ao final do período anual de apuração, impondo assim uma importante distinção jurídica entre o "recolhimento" mensal das estimativas (Antecipações) e o "pagamento" do IRPJ e da CSLL devidos ao final do período de apuração. Fl. 1384DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.385 70 Assim, há que se reconhecer por cabíveis as multas pela falta de recolhimento das estimativas mensais, por decorrerem de lei, sendo irrelevante a verificação ou não de lucro no período. Da multa de ofício e dos juros de mora calculados à taxa SELIC As exigências da multa de ofício e dos juros de mora calculados à taxa Selic têm amparo na Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e em dispositivos consignados nos autos de infração. Os argumentos conduzidos na peça de defesa são no sentido de atacar as normas que estabeleceram tais exigências, sob o entendimento de que seriam ilegais ou inconstitucionais. Com efeito, apreciações dessa natureza escapam à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar a validade de normas regularmente insertas no ordenamento jurídico, competência esta atribuída em caráter privativo ao Poder Judiciário. Compete à autoridade administrativa tributária observar a legislação nos termos em que editada, em conformidade com o que estatui o art. 142 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional (CTN). Há que se consignar, por fim, que a matéria se encontra sumulada no âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) que estabelece: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Com relação à taxa Selic, também há súmula neste CARF. Transcrevese a Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Descabidos, pois, os argumentos trazidos nesse ponto. DO RECURSO DE OFÍCIO Finalmente, cumpre apreciar a existência de saldos negativos de IRPJ e CSLL no anocalendário de 2005, suficientes para a absorção do IRPJ e da CSLL exigidos ex officio nos lançamentos ora sob apreciação. Corroboro o entendimento da decisão recorrida em reconhecer a procedência das razões da defesa no que tange à imposição de aproveitamento dos saldos negativos, porventura apurados, com os débitos objeto de lançamento de ofício do mesmo período de apuração. Fl. 1385DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.386 71 Conforme assinalado pela defesa, no mesmo período de apuração, não se pode reconhecer a existência de um direito creditório e de um débito do mesmo tributo. A respaldar tal interpretação, há inclusive orientação normativa da CoordenaçãoGeral de Tributação — Cosit (Solução de Consulta Interna n° 23, de 21 de dezembro de 2006), assim ementada: EMENTA: Na constituição de oficio do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devem ser considerados, para efeito de dedução do imposto ou da contribuição devida, os valores de IRPJ e de CSLL decorrentes de retenção na fonte ou de antecipação (estimativas) referentes as receitas compreendidas na apuração. Compulsando a DIPJ 2006 (01/06/2005 a 31/12/2005), fls. 1044/1062, as Fichas 12A e 17, relativas à demonstração da apuração do IRPJ e da CSLL devidos, temse: Lucro Real antes da CP 2.886.207,72 Compens. Prejuízo 290.947,94 Lucro Real após CP 2.595.259,78 Imposto sobre o Lucro Real x À alíquota de 15% 389.288,97 Adicional 245.525,98 Total do IRPJ apurado 634.814,95 Deduções x PAT 15.571,56 IR Mensal Pago por Estimativa 2.378.035,88 Imposto de Renda a Pagar (1.758.792,49) BC da CSLL antes da CBCN 2.886.207,72 Compens. BCNegativa 290.947,94 BC da CSLL após da CBCN 2.595.259,78 CSLL apurada 233.573,38 CSLL Mensal Paga por Estimativa 859.692,92 CSLL a Pagar (626.119,54) A DRJ, em consulta aos bancos de dados da Secretaria da Receita Federal do Brasil — RFB (fls. 1063/1071), no anocalendário de 2005, verificou a extinção, por pagamento ou compensação, dos seguintes valores de estimativas mensais de IRPJ e CSLL: IRPJ Pagamentos Compensações Totais jun/2005 jul/2005 560.245,64 70.543,16 630.788,80 ago/2005 128.754,12 381.831,67 510.585,79 set/2005 1.104.479,63 1.104.479,63 out/2005 nov/2005 132.181,66 132.181,66 dez/2005 Totais 688.999,76 1.689.036,12 2.378.035,88 CSLL Pagamentos Compensações Totais jun/2005 jul/2005 206.728,43 21.795,54 228.523,97 ago/2005 184.530,88 184.530,88 set/2005 398.332,67 398.332,67 out/2005 nov/2005 48.305,40 48.305,40 Fl. 1386DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.387 72 dez/2005 Totais 391.259,31 468.433,61 859.692,92 Ressaltese que os valores considerados como compensados não se restringem àqueles cuja compensação já foi regularmente homologada e operacionalizada pelo órgão de jurisdição do domicílio do sujeito passivo, mas também àqueles que foram compensados, mediante as DCOMP Eletrônicas abaixo discriminadas: DCOMP Débito Per.Apur. Valor EstimativaIRPJ jul/2005 70.543,16 40802.29207.240206.1.3.098644 EstimativaCSLL jul/2005 21.795,54 11998.78240.291005.1.3.021607 EstimativaIRPJ set/2005 242.756,99 42063.39555.081105.1.7.033570 EstimativaCSLL set/2005 82.672,52 35891.81018.081105.1.3.039604 EstimativaCSLL set/2005 4.000,00 EstimativaIRPJ nov/2005 132.181,66 41526.42791.040106.1.3.090430 EstimativaCSLL nov/2005 48.305,40 Adotase, assim, a interpretação referendada pela CoordenaçãoGeral de Tributação — Cosit de que, com a utilização de referido instrumento de confissão de dívida, ainda que as compensações venham a ser não homologadas, as estimativas deverão ser cobradas e pagas e, conseqüentemente, integrar o saldo negativo do período. É a seguinte a ementa da Solução de Consulta Interna n° 18, de 13 de outubro de 2006: Os débitos de estimativas declaradas em DCTF devem ser utilizados para fins de cálculo e cobrança da multa isolada pela falta de pagamento e não devem ser encaminhados para inscrição em Divida Ativa da Unido. Na hipótese de falta de pagamento ou de compensação considerada não declarada, os valores dessas estimativas devem ser glosados quando da apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ, devendo ser exigida eventual diferença do IRPJ ou da CSLL a pagar mediante lançamento de oficio, cabendo a aplicação de multa isolada pela falta de pagamento de estimativa. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp, e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIP." Desta forma, reconhecidos os saldos negativos de IRPJ e CSLL do ano calendário de 2005, nos valores de R$ 1.758.792,49 e de R$ 626.119,54, respectivamente, impôsse o cancelamento da exigibilidade e da cobrança do IRPJ e da CSLL do mesmo período de apuração. Conclusão Por todo o exposto, VOTO no sentido de rejeitar as preliminares de nulidade suscitadas e, no mérito, negar provimento aos recursos voluntário e de ofício. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator Fl. 1387DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19311.000203/200967 Acórdão n.º 1402001.767 S1C4T2 Fl. 1.388 73 Fl. 1388DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 10680.006076/2003-41
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 09 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Oct 06 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/02/2001 a 31/03/2001
MULTA DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Exclui-se a multa de oficio lançada, com fundamento no art. 106, II, c, do CTN, pela aplicação retroativa do disposto no caput do art. 18 da Lei n° 10.833/2003.
NORMAS PROCESSUAIS. COMPENSAÇÃO COMO MATÉRIA DE DEFESA. Em regra, é inadmissível a pretensão da compensação como matéria de defesa pretendendo a extinção do crédito tributário. A compensação e a impugnação a auto de infração são incompatíveis, por obedecerem a ritos procedimentais administrativos próprios e independentes. Porém quando a própria administração usa uma única decisão para a análise da compensação e autuação, aquela passa a ser a única matéria de defesa possível.
RECURSO ESPECIAL DO PROCURADOR NEGADO
RECURSO ESPECIAL DO CONTRIBUINTE PROVIDO
Numero da decisão: 9303-002.901
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial do sujeito passivo e negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. O Conselheiro Ivan Allegretti participou do julgamento em substituição à Conselheira Nanci Gama, que se declarou impedida de votar. Fez sustentação oral a Dra. Roberta Bordini Prado Landi, OAB/SP nº 236.181, advogada do sujeito passivo.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente Substituto
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Ivan Allegretti, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas (Substituta convocada), Maria Teresa Martínez López e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente Substituto).
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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RETROATIVIDADE BENIGNA. Excluise a multa de oficio lançada, com fundamento no art. 106, II, c, do CTN, pela aplicação retroativa do disposto no caput do art. 18 da Lei n° 10.833/2003. NORMAS PROCESSUAIS. COMPENSAÇÃO COMO MATÉRIA DE DEFESA. Em regra, é inadmissível a pretensão da compensação como matéria de defesa pretendendo a extinção do crédito tributário. A compensação e a impugnação a auto de infração são incompatíveis, por obedecerem a ritos procedimentais administrativos próprios e independentes. Porém quando a própria administração usa uma única decisão para a análise da compensação e autuação, aquela passa a ser a única matéria de defesa possível. RECURSO ESPECIAL DO PROCURADOR NEGADO RECURSO ESPECIAL DO CONTRIBUINTE PROVIDO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial do sujeito passivo e negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. O Conselheiro Ivan Allegretti participou do julgamento em substituição à Conselheira Nanci Gama, que se declarou impedida de votar. Fez sustentação oral a Dra. Roberta Bordini Prado Landi, OAB/SP nº 236.181, advogada do sujeito passivo. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 00 60 76 /2 00 3- 41 Fl. 1340DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 28/08/2 014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS 2 Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente Substituto (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Ivan Allegretti, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas (Substituta convocada), Maria Teresa Martínez López e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente Substituto). Relatório Adotarei o relatório da DRJ com as alterações e acréscimo que se fizerem necessários. Tratase de Recurso especial interposto pelo sujeito passivo, contra acórdão que deu provimento parcial ao Recuro Voluntário. Eis a ementa: Relator: Antonio Zomer Acórdão: 20216.648 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. A compensação não pode ser oposta a lançamento tributário, como matéria de defesa. LANÇAMENTO. AUTO DE INFRAÇÃO. NÃOCABIMENTO. Comprovado que os pedidos do contribuinte foram convertidos em Declarações de Compensação antes de sua apreciação pela autoridade fiscal, e que estas se constituíram em confissão de divida, perfeitamente executáveis, nos termos do disposto nos §§ 6º a 8º do art. 74 da Lei nº 9.430/96, na redação que lhe foi dada pela Medida Provisória nº 135/2003 (Lei nº 10.833/2003), improcede o lançamento nos moldes em que foi efetuado. Recurso provido. Relator: Antonio Zomer Acórdão: 20217.355 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. O deferimento dos embargos de declaração pode ter, em alguns casos, efeitos infringentes, no sentido de determinar a modificaçãodo julgamento anteriormente realizado (Acórdão CSRF/01539), razão pela qual retificase o Acórdão nº 202 16.648, cuja ementa passa a ter a seguinte redação: “PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 1341DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 28/08/2 014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS Processo nº 10680.006076/200341 Acórdão n.º 9303002.901 CSRFT3 Fl. 1.317 3 A compensação não pode ser oposta a lançamento tributário como matéria de defesa. IPI. LANÇAMENTO. AUTO DE INFRAÇÃO. CABIMENTO. De acordo com o disposto no art. 90 da Medida Provisória nº 2.158/2001, serão objeto de lançamento de ofício as diferenças apuradas em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados. MULTA DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA. Excluise integralmente a multa de ofício lançada, pela aplicação retroativa do caput do art. 18 da Lei 10.833/2003, com fundamento no art. 106, II, c, do CTN. Recurso provido em parte.” Embargos de declaração acolhidos. Foi lavrado o auto de infração de fls.3 a 14, em conseqüência da não homologação das compensações requeridas de IPI – códigos 0676 e 1097 (IPI veículos e outros) – nos processos de restituição/compensação nºs 13603.000414/200181, 13603.000488/200117, 13603.000532/200199, 13603.000534/200188 e 13601.000095/200212. Insurgiuse a contribuinte contra o feito fiscal por meio do arrazoado de fls.792 a 811, no qual defende a legitimidade dos créditos pleiteados para fins de compensação, créditos estes que teria a origem seguinte: “Em abril de 1990, a Fiat Automóveis impetrou o Mandado de Segurança nº90.00035570, questionando a aplicação da Medida Provisória 22/1988, convetida na Lei nº 7.689/1988, para que não lhe fosse exigida a exação criada por aqueles diplomas legais, qual seja, a Contribuição Social sobre o Lucro. Com efeito, foi proferida sentença favorável à Impugnante, o que deu origem à apelação interposta pela União Federal ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Por sua vez, aquele Tribunal confirmou a sentença de 1ª instância, ocorrendo o seu trânsito em julgado. Ocorre que, com o objetivo de modificar a decisão proferida pelo TRF, a União Federal propôs ação rescisória julgada procedente pela 2ª Seção do TRF da 1ª Região. Logo ficou configurada a obrigação da Fiat Automóveis S/A de pagar a CSL, desconstituindo se totalmente a decisão que havia sido proferida no mandado de segurança anteriormente impetrado. Diante desse quadro, o procedimento adotado pela Impugnante foi de deixar de efetuar o pagamento da CSL de 1992 a 1997, registrandoa, contudo, em conta de passivo. Além disso, a cada exercício o passivo foi acrescido dos encargos legais exigíveis sobre tributos não pagos. Para fins fiscais, a despesa gerada pelo registro daquele passivo e seus encargos foram considerados, à época, indedutíveis pela Impugnante na determinação da base Fl. 1342DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 28/08/2 014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS 4 de cálculo do IRPJ. Para fins da base de cálculo da CSL, foram adicionados os encargos financeiros. Ocorre que, posteriormente, a Impugnante identificou que aquelas adições representavam obrigações a pagar. Com isso, as adições efetuadas no lucro tributável de períodos anteriores eram indevidas, sendo que as mesmas deveriam ter sido tratadas como despesas dedutíveis em cada período de competência. Diante disto, procedeu à retificação das declarações de rendimentos dos anoscalendário de 1994 a 1997 para considerar dedutível a despesa de CSL registrada e seus encargos financeiros, para fins das apurações fiscais dos anos anteriores. Em decorrência dessa retificação das declarações de anos anteriores, foi apurado crédito tributário a recuperar, o qual foi objeto de pedido para compensação com outros tributos e contribuições administrados pela SRF, nos termos da legislação aplicável. Contudo, ao verificar aqueles pedidos de compensação e a origem do crédito apresentado, as autoridades fiscais afastaram a dedutibilidade daquela despesa de CSL no período de competência. Entendeu a Fiscalização que o passivo registrado representava uma provisão e, como tal, sua dedutibilidade apenas seria verificada quando do pagamento do passivo. Argumentou ainda que, quando menos, o passivo representava tributo com a exigibilidade suspensa em decorrência do Mandado de Segurança nº 90.00035570 que havia sido impetrado pela Impugnante, o que também levaria à dedutibilidade apenas por ocasião do seu pagamento. Formouse, no entendimento dos auditores fiscais, um vínculo entre a exclusão nas apurações fiscais e a realização do passivo através de seu pagamento, tratado pelos mesmos como provisão ou tributo com a exigibilidade suspensa. Com isso, entenderam não existir o referido crédito a compensar e, portanto, glosaram as compensações pleiteadas.” O Recurso Voluntário foi parcialmente provido, nos termos da ementa transcrita acima. A PGFN e a contribuinte apresentaram Recurso Especial e contrarrazões. É o relatório. Voto Os recursos atendem aos pressupostos de admissibilidade e deles tomo conhecimento. Primeiramente analisaremos o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Trata de uma matéria já bastante debatida que é a aplicação da multa de ofício devido à não homologação de compensação. Fl. 1343DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 28/08/2 014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS Processo nº 10680.006076/200341 Acórdão n.º 9303002.901 CSRFT3 Fl. 1.318 5 Como já dito, somente se analisará o cabimento ou não da multa de ofício prevista no art. 44, I da lei 9.430/96, pela aplicação da retroatividade benigna do disposto no art. 18 da Lei 10.833/2003, com fundamento no art. 106, II, c, do CTN. A PGFN alega que as situações fáticas são distintas. Que não houve a subsunção do fato à norma. Foi aplicada uma retroatividade benigna inexistente. Ocorre que houve uma mudança na legislação e as penalidades devem ser aplicadas de forma restritiva, ou seja, se houver dúvida quanto a capitulação do fato praticado, não se deve aplicar a penalidade. A descrição da norma deve se encaixar perfeitamente ao fato imponível para que haja a aplicação da multa. Foi o que ocorreu neste caso. A norma passou a capitular a infração de forma diversa e não mais passou a existir no mundo jurídico a penalidade por declaração não correta de compensação em DCTF por ter sido substituído o instrumento para este tipo de declaração que é a DCOMP. Houve uma substituição do regime anterior. A infração passou a ser capitulada pela nova lei de regência sobres as compensações. Dessa forma foi correto o entendimento do colegiado a quo, que deu provimento, somente nessa parte, ao Recurso Voluntário do contribuinte, com votação unânime. Assim nego provimento ao Recurso Especial interposto pela PGFN. Quanto ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, entendo que também deva ser provido. A contribuinte declarou compensações de IPI e outros tributos que deram origem a vários processos. Alguns foram homologados e outros não. Ocorreu uma situação atípica, visto que foram feitas as análises de diversos processos e a conclusão se deu por meio de um parecer da DIFIS SRRF da 6ª Região Fiscal com a aprovação pelo Delegado da Receita Federal de Contagem/MG. Deuse ciência ao contribuinte, informandolhe a possibilidade de recurso à DRJ. Foi lavrado o auto de infração referente à insuficiência de recolhimento de IPI, devido à glosa de compensações efetuadas, nos termos da legislação vigente. Não houve sequer argumentação de ilegalidade dos lançamentos, mas apenas que seja feita uma apreciação concomitantes com as compensações não homologadas. O fato de a análise das compensações terem sido feitas em conjunto, por meio de um parecer da DIFIS, com a aprovação do Delegado da Receita Federal, que é parte integrante do auto de infração, torna as compensações como única matéria de defesa possível à recorrente, que não pode ter o seu direito a ampla defesa tolhido. O presente auto de infração e as compensações não homologadas fazem parte, como já dito, de uma mesma decisão administrativa. Não houve o despacho decisório e auto de infração, como decisões separadas, pois o auto de infração trouxe como fundamentação do parecer exarado pela Difis, tornandoo parte integrante do AI. Tal procedimento dificultou deveras a defesa do contribuinte, a ponto de prejudicar a ampla defesa, um princípio constitucional insculpido no art. 5º da CF. Fl. 1344DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 28/08/2 014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS 6 O contribuinte, no fundo, acaba por alegar as compensações como matéria de defesa do referido auto de infração, não lhe sendo possível fazer a impugnação e manifestação de inconformidade separadamente. O procedimento de reconhecimento e aproveitamento de direito creditório tem requisitos e rito próprios. De acordo com o regime legal de compensação, por sobre existirem regras para a formalização de compensação, a autoridade julgadora é incompetente para se manifestar originalmente acerca da existência, regularidade e magnitude de crédito tributário eventualmente detido pela contribuinte, assim como a respeito da possibilidade de sua compensação. Sendo assim, é imprópria a utilização do recurso à compensação em sede de impugnação. Porém, no caso em tela, a própria administração agiu de forma a não restar outra alternativa de defesa. Em que pese a jurisprudência do CARF ser firme em relação a impossibilidade de se trazer as possíveis compensações para serem discutidas no processo do auto de infração, vejo que a atipicidade dos procedimentos feitos no presente processo, torna, excepcionalmente, possível a análise das compensações no processo de lançamento, sob pena de violação do princípio da ampla defesa. Pelo exposto, nego provimento ao recurso interposto pela PGFN e dou provimento ao recurso do sujeito passivo, com retorno à DRJ para que se proceda a análise do mérito. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Relator Fl. 1345DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 28/08/2 014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10680.011323/2008-36
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Nov 12 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006
DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO.
Todas as deduções declaradas estão sujeitas à comprovação ou justificação, mormente quando há dúvidas quanto à prestação dos serviços. Em tais situações, a apresentação tão-somente de recibos e/ou declarações de lavra dos profissionais é insuficiente para comprovar a efetividade dos serviços e dos correspondentes pagamentos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2801-003.815
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Carlos César Quadros Pierre e Flavio Araujo Rodrigues Torres.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Presidente e Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: TANIA MARA PASCHOALIN
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COMPROVAÇÃO. Todas as deduções declaradas estão sujeitas à comprovação ou justificação, mormente quando há dúvidas quanto à prestação dos serviços. Em tais situações, a apresentação tãosomente de recibos e/ou declarações de lavra dos profissionais é insuficiente para comprovar a efetividade dos serviços e dos correspondentes pagamentos. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Carlos César Quadros Pierre e Flavio Araujo Rodrigues Torres. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente e Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 01 13 23 /2 00 8- 36 Fl. 69DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10680.011323/200836 Acórdão n.º 2801003.815 S2TE01 Fl. 70 2 Trata o presente processo de notificação de lançamento que diz respeito a Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), referente ao exercício de 2006, por meio da qual se exigiu do contribuinte o credito tributário de R$ 13.655,56. O lançamento é decorrente da apuração de dedução indevida a título de Despesas Médicas, no valor de R$24.500,00. Em sua impugnação, a Contribuinte apresentou as razões de defesa abaixo, extraídas do acórdão recorrido: Inicialmente, faz um breve relato dos fatos. Em sede preliminar, diz não concordar com o posicionamento do auditor fiscal posto que os recibos emitidos pelo Dr. Luiz Henrique Moreira Marinho estão em conformidade como disposto no regulamento do IR. Diz que, ademais, não encontrou em todo o ordenamento jurídico brasileiro, lei que estipule a obrigação de manter conta corrente, tão pouco a obrigação de manter microfilmagens de cheques emitidos anexados aos recibos dos pagamentos que efetua, sejam a que título for, também não encontrou tal orientação no regulamento do IR no concernente às despesas dedutíveis. Ressalta que o Termo de Intimação Fiscal de n° 2006/606154619771028 foi devidamente respondido, não podendo ser penalizada. Entende que os serviços que utilizou no ano de 2005 e lançou em sua declaração, a título de dedução de despesas médicas, enquadramse perfeitamente neste fundamento legal. Ressalta que no artigo 8o , parágrafo 2o , alínea "a", III, da Lei 9.250/95, o legislador deixou claro que na falta dos recibos a dedução poderia ser feita através de indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. Cita jurisprudência do Primeiro Conselho de Contribuintes. Diz que o auditor desvirtuou seu entendimento ao glosar as referidas despesas odontológicas, pois notase que há previsões legais e jurisprudências favoráveis ao contribuinte. Alega que consta cópia do livro caixa e carne leão do Dr. Luiz Henrique Moreira Marinho, o qual comprova que realmente foi prestado o serviço à sua pessoa, e que os valores foram oferecidos a tributação do IR, pelo prestador dos serviços. No mérito diz que os recibos em tela preenchem os requisitos de admissibilidade, pois, cumprem as limitações dispostas no artigo 80, § Io , inciso III, do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3000/99), essenciais para sua validade. Alega que o Código Civil Brasileiro, em seu artigo 320 também tratou desse tema. Fl. 70DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10680.011323/200836 Acórdão n.º 2801003.815 S2TE01 Fl. 71 3 Conclui que não pode prevalecer o entendimento da delegacia de falta de comprovação do efetivo pagamento, pois sentese injustiçada, primeiro, porque os serviços lhe foram prestados e apresentou os recibos, bem como suas declarações de IR e sua movimentação financeira são condizentes com seus gastos. Segundo, porque jamais foi orientada, seja por esta delegacia da Receita Federal seja pelo ordenamento jurídico, a guardar extratos bancários e microfilmes dos cheques que emite e dos saques que efetua em sua conta corrente. Solicita que os recibos devidamente identificados, datados e assinados, conforme determina o art. 80, § I o , II e III, sejam acatados como documentos idôneos que são, e que sejam seus valores restabelecidos em sua declaração de Imposto de Renda como deduções da base de cálculo do IR. Requer seja acolhida a impugnação, cancelandose o débito fiscal reclamado. A 6ª Turma da DRJ/BHE/MG julgou improcedente a impugnação, conforme Acórdão de fls. 29/35, que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006 DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO Somente são admitidas as deduções pleiteadas com a observância da legislação tributária e que estejam devidamente comprovadas nos autos. Regularmente cientificada daquele acórdão, a Interessada interpôs recurso voluntário de fls. 42/45. Em sua defesa, repete os argumentos da impugnação. Conforme Resolução 2801000.291, às fls. 59/62, o julgamento foi convertido em diligência à unidade de origem para que se juntasse ao processo o(s) termo(s) de intimação para comprovação do efetivo pagamento e o(s) comprovante(s) de ciência da contribuinte. Cumprida a referida diligência, conforme documentos de fls. 65/67, os autos retornaram ao atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para prosseguimento. A numeração de folhas citada nesta decisão referese à serie de números do arquivo PDF. É o relatório. Voto Conselheira Tânia Mara Paschoalin, Relatora. Fl. 71DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10680.011323/200836 Acórdão n.º 2801003.815 S2TE01 Fl. 72 4 O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. De acordo com a descrição dos fatos constantes da notificação em apreço, à fl. 10, a Contribuinte, após ser devidamente intimada, não apresentou os documentos hábeis (p. ex.: cópias de cheques nominais, extratos ou depósitos bancários, ordem de pagamento, entre outros) para comprovar os efetivos pagamentos a Luiz Henrique Moreira Marinho (CPF 355.106.92634), cirurgião dentista, no montante de R$24.500,00. Como não se encontrava, nos autos, a intimação que solicitou à Contribuinte a comprovação do efetivo pagamento das referidas despesas médicas, o julgamento foi convertido em diligência à unidade de origem para que se juntasse ao processo o(s) termo(s) de intimação para comprovação do efetivo pagamento e o(s) comprovante(s) de ciência da contribuinte. Em atendimento, foram anexados, às fls. 65/66, o Termo de Intimação para comprovação do efetivo pagamento ao profissional Luiz Henrique Moreira Marinho e o correspondente comprovante de ciência da Contribuinte. Por sua vez, a Interessada, desde a fase impugnatória, requer o reconhecimento da comprovação das despesas médicas em discussão sem, contudo, aditar os elementos de provas que demonstram a efetividade dos correspondentes pagamentos. No caso sob exame, como a Recorrente não carreou aos autos as provas consideradas necessárias pela autoridade lançadora, denota que o procedimento fiscal foi acertado, porquanto indique a inexistência das despesas, ressalvada a comprovação contrária, que o interessado não logrou produzir, salientandose que, na análise de prova, à instância julgadora é assegurada a liberdade de convicção, a teor do art. 29 do Decreto nº 70.235, de 1972: Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Salientese que não se trata de exigências descabidas ou ilegais, já que a legislação que rege a matéria dispõe que todas deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, conforme se depreende dos dispositivos abaixo, cabendo à Contribuinte que pleiteou a dedução provar que realmente efetuou os pagamentos nos valores e nas datas constantes nos comprovantes, para que fique caracterizada a efetividade da despesa passível de dedução, no período assinalado. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decretolei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Fl. 72DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10680.011323/200836 Acórdão n.º 2801003.815 S2TE01 Fl. 73 5 O que não cabe aqui é admitirse a dedução de despesas médicas em valor significativo, como na espécie, sem tais comprovações. Assim, tão importante quanto o preenchimento dos requisitos formais do documento comprobatório da despesa, é a constatação da efetividade do pagamento direcionado ao fim indicado. Isto quer dizer que os documentos relacionados às despesas permitidas como dedução da base de cálculo do imposto sobre a renda não representam uma presunção absoluta e inquestionável, pois, sempre que necessário, a autoridade tributária poderá exigir do sujeito passivo a comprovação da sua efetividade/pagamento. Portanto, a exigência de comprovação do efetivo pagamento encontrase amparada na legislação e nos elementos fáticos existentes, razão pela qual deve ser mantida a glosa correspondente, ainda que o contribuinte demonstre disponibilidade de recursos para o pagamento das despesas glosadas. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Fl. 73DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN
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Numero do processo: 10380.005800/2002-13
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Nov 21 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 1997
COMPENSAÇÃO EM DCTF. PENDÊNCIA DE PROCESSO JUDICIAL. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE.
O fato de existir processo judicial discutindo a inconstitucionalidade dos Decretos-Lei nº 2.445/1988 e nº 2.449/1988 não afasta a possibilidade de lançamento para prevenção de decadência, já que a suspensão da exigibilidade do crédito tributário não atinge o lançamento, que é ato administrativo vinculado da Fazenda Pública.
AUSÊNCIA DE SALDO A COMPENSAR. LIQUIDAÇÃO.
Encerrado o processo judicial em que se discutia o direito ao crédito compensado e realizada liquidação, constatada a inexistência de saldo a compensar, deve ser mantido o auto de infração, já que não houve extinção do crédito tributário.
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3802-003.871
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente.
(assinado digitalmente)
SOLON SEHN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira
Nome do relator: SOLON SEHN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 1997 COMPENSAÇÃO EM DCTF. PENDÊNCIA DE PROCESSO JUDICIAL. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE. O fato de existir processo judicial discutindo a inconstitucionalidade dos Decretos-Lei nº 2.445/1988 e nº 2.449/1988 não afasta a possibilidade de lançamento para prevenção de decadência, já que a suspensão da exigibilidade do crédito tributário não atinge o lançamento, que é ato administrativo vinculado da Fazenda Pública. AUSÊNCIA DE SALDO A COMPENSAR. LIQUIDAÇÃO. Encerrado o processo judicial em que se discutia o direito ao crédito compensado e realizada liquidação, constatada a inexistência de saldo a compensar, deve ser mantido o auto de infração, já que não houve extinção do crédito tributário. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente. (assinado digitalmente) SOLON SEHN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira
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PENDÊNCIA DE PROCESSO JUDICIAL. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE. O fato de existir processo judicial discutindo a inconstitucionalidade dos DecretosLei nº 2.445/1988 e nº 2.449/1988 não afasta a possibilidade de lançamento para prevenção de decadência, já que a suspensão da exigibilidade do crédito tributário não atinge o lançamento, que é ato administrativo vinculado da Fazenda Pública. AUSÊNCIA DE SALDO A COMPENSAR. LIQUIDAÇÃO. Encerrado o processo judicial em que se discutia o direito ao crédito compensado e realizada liquidação, constatada a inexistência de saldo a compensar, deve ser mantido o auto de infração, já que não houve extinção do crédito tributário. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 58 00 /2 00 2- 13 Fl. 139DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 SOLON SEHN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 4° Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza/CE, que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo Recorrente, assentada nos fundamentos resumidos na ementa seguinte (fls. 108): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 1997 Ação Judicial. Prevenção da Decadência. O crédito tributário deve ser constituído pelo lançamento em razão do dever de oficio e da necessidade de serem resguardados os direitos da Fazenda Nacional, prevenindose contra os efeitos da decadência. Multa. Retroatividade Benigna. Tendo em conta a nova redação dada pelo art. 25 da Lei 11.051, de 2004, ao art. 18 da Lei 10.833, de 2003, em combinação com o art. 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, cancelase a multa de oficio aplicada. Lançamento Procedente em Parte. Na descrição dos fatos, parte integrante do auto de infração, o AuditorFiscal informou que, por ocasião do procedimento fiscal, foram constatadas compensações indevidas com utilização de supostos créditos da contribuição ao PIS/Pasep, decorrentes da declaração de inconstitucionalidade dos DecretosLei n.° 2.445/1988 e 2.449/1988, em Dctf, utilizandose como origem o processo judicial n° 97.00l74220. O presente auto de infração, assim, foi lavrado para fins de prevenção de decadência, em razão da falta de recolhimento do PIS/Pasep nos períodos de apuração do terceiro e quarto trimestres de 1997. A recorrente alegou, inicialmente, que os créditos tributários estariam com exigibilidade suspensa em razão de decisão no referido processo judicial, bem como a ausência de razão para a manutenção da autuação. Afirmou ainda que a compensação, realizada em Dctf, foi embasada em decisão judicial, que não poderia ser ignorada pela Administração Pública, sob pena de caracterização de abuso de direito. A DRJ, por sua vez, entendeu que o lançamento para prevenção de decadência não viola direito subjetivo do contribuinte, mas proteger os interesses da Fazenda Pública. Aduziu que, de toda a forma, a referida autuação restaria com exigibilidade suspensa, vindo a ser executada apenas em caso de restar infrutífero o processo judicial. Por fim, excluiu a multa de ofício, por entender que a mesma é incabível nos casos em que há lançamento apenas para a prevenção de decadência. O Recorrente, nas razões recursais de fls. 121 e ss., repisa os argumentos elencados na Impugnação, requerendo o conhecimento e provimento do recurso voluntário. Fl. 140DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10380.005800/200213 Acórdão n.º 3802003.871 S3TE02 Fl. 139 3 É o relatório. Voto Conselheiro Solon Sehn O sujeito passivo teve ciência da decisão no dia 24/11/2008 (fls. 115), interpondo recurso tempestivo em 23/12/2008 (fls. 121). Assim, presentes os demais requisitos de admissibilidade do Decreto no 70.235/1972, o recurso pode ser conhecido. Após procedimento de liquidação realizado nos autos do processo administrativo n° 13830.001343/200311, foi constatado que os pagamentos efetuados pelo sujeito passivo (período de apuração de 07/1988 a 02/1996) não foram suficientes para absorver os valores devidos a título de PIS/Pasep. Houve, portanto, pagamento inferior ao devido, razão pela qual não foi apurado saldo credor a ser compensado. Nesse sentido, cumpre destacar a informação fiscal de fls. 133 e ss.: “[...] 7. Da análise das peças acostadas aos autos verificouse que a contribuinte figura como litisconsorte em duas ações judiciais: a Medida Cautelar n° 97.00174220 e a Ação Ordinária n° 97.00206637. Em resumo, a contribuinte, juntamente com os demais autores, conquistou, por meio da referida ação ordinária (principal), transitada em julgado em 19/06/2012, o direito de compensar “as quantias recolhidas indevidamente a título de PIS com base nos Decretosleis 2445/88 e 2449/88, com valores devidos a título do próprio Programa de Integração Social – PIS, assegurando a correção monetária dos seus créditos de acordo com os (seguintes) indexadores”: IPC, de março/1990 a janeiro/1991; e juros Selic a partir de janeiro/1996. Ficou garantido, ainda, a aplicação da chamada semestralidade, ou seja, considerase como base de cálculo o faturamento do sexto mês anterior ao do fato gerador, e a prescrição decenal (fls. 313342). 8. Dessa forma, considerando o que ficou decidido judicialmente e diante do trânsito em julgado da ação judicial, fezse necessário proceder à apuração do crédito relativo aos pagamentos indevidamente efetuado na forma dos DL 2.445/88 e 2.449/88, referentes aos períodos de apuração 07/1988 a 02/1996, para, num segundo momento, compensálo com os débitos informados nas DCTF com exigibilidade suspensa, vinculados ao processo judicial (Ação Cautelar) nº 97.00174220. 9. O cálculo foi efetuado com auxílio do aplicativo CTSJ II. Na apuração do crédito, considerouse o somatório das bases de cálculo de matriz e filial, informadas nas planilhas apresentadas pelo contribuinte (fls. 112121), confrontadas com os valores declarados nas DIPJ (fls. 155235 e 376380), exceto em relação aos períodos de 1988 e 1989 em que a conferência foi efetuada diretamente com o livro Registro de Apuração do ICMS. Com relação aos pagamentos, foram considerados os valores, de matriz e filial, apresentados pelo contribuinte em planilhas e por meio de cópia dos DARF (fls. 113114 e 125150) e confirmados em microfibras ou nos sistemas de controle da RFB (364375). 10. Com relação aos débitos a serem compensados, verificouse, pesquisando as DCTF apresentadas pela empresa para matriz e filial e os registros do sistema Fl. 141DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 SIEF, que além dos débitos controlados neste processo (PA 01 a 06/1998, matriz), foram encontrados os seguintes débitos de PIS com créditos vinculados ao processo judicial nº 97.00174220 (fls. 381404): PA 01 a 06/1998, filial – controlados no processo nº 10380.008215/200356 PA 08 a 12/19997, matriz – controlados no processo nº 10380.005800/2002 13, aguardando julgamento no CARF; PA 08 a 12/1997, filial – controlados no processo nº 10380.509769/200619 e inscritos em Dívida Ativa da União. 11. Encerrado o cálculo para apuração do eventual crédito, constatouse que os pagamentos efetuados, relativos aos períodos de apuração de 07/1988 a 02/1996, não foram suficientes para absorver os valores devidos a título de PIS, calculados na forma da Lei Complementar nº 07/70, para o mesmo período, conforme demonstrativos do aplicativo CTSJ II anexados às fls. 409559. 12. Em face do exposto, considerando que não foi apurado saldo credor a ser compensado, propõese o prosseguimento da cobrança dos débitos controlados neste processo e nos processos nº 10380.008215/200356, nº 10380.005800/200213 e nº 10380.509769/200619. 13. Á consideração superior”. (g.n.) Portanto, não tendo o sujeito passivo apresentado qualquer prova capaz de infirmar a constatação de ausência de saldo a compensar, nada justifica a anulação do lançamento tributário. Por fim, no tocante à alegação de impossibilidade de constituição do crédito tributário, cumpre destacar que o lançamento para prevenção de decadência é perfeitamente possível, nos termos do art. 63 da Lei nº 9.430/1994, não violando direito do contribuinte: “Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001)” Tratase de entendimento pacificado no âmbito jurisprudencial, consoante se depreende do seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. MANDADO DE SEGURANÇA. MEDIDA LIMINAR. SUSPENSÃO DO PRAZO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Nas exações cujo lançamento se faz por homologação, havendo pagamento antecipado, contase o prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN), que é de cinco anos. 2. Somente quando não há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação é que se aplica o disposto no art. 173, I, do CTN. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10380.005800/200213 Acórdão n.º 3802003.871 S3TE02 Fl. 140 5 3. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário na via judicial impede o Fisco de praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança de seu crédito, tais como inscrição em dívida, execução e penhora, mas não impossibilita a Fazenda de proceder à regular constituição do crédito tributário para prevenir a decadência do direito de lançar. 4. Embargos de divergência providos. (EREsp 572.603/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/06/2005, DJ 05/09/2005, p. 199) Votase, assim, pelo conhecimento e integral desprovimento do recurso. (assinado digitalmente) Solon Sehn Relator Fl. 143DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 11610.002616/00-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1988, 1989, 1993, 1994, 1995
COMPENSAÇÃO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO, RESSARCIMENTO OU REEMBOLSO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. INDEFERIMENTO. RECURSO AO CARF. EXECUÇÃO DO ACÓRDÃO PELA DRF. CÁLCULO DE VALORES. CONTROVÉRSIA. FATO NOVO.
Se no ato de execução do acórdão pela DRF houver discordância do contribuinte quanto aos valores apurados, e sobre os quais o CARF não tenha se manifestado, devolvem-se os autos do processo às mesmas instâncias julgadoras, a fim de ser julgada a controvérsia quanto aos valores, sob o rito do Decreto nº 70.235, de 1972.
Numero da decisão: 3201-001.680
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Conselheiro Daniel Mariz Gudino votou pelas conclusões.
JOEL MIYAZAKI - Presidente.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Winderley Morais Pereira, Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1988, 1989, 1993, 1994, 1995 COMPENSAÇÃO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO, RESSARCIMENTO OU REEMBOLSO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. INDEFERIMENTO. RECURSO AO CARF. EXECUÇÃO DO ACÓRDÃO PELA DRF. CÁLCULO DE VALORES. CONTROVÉRSIA. FATO NOVO. Se no ato de execução do acórdão pela DRF houver discordância do contribuinte quanto aos valores apurados, e sobre os quais o CARF não tenha se manifestado, devolvem-se os autos do processo às mesmas instâncias julgadoras, a fim de ser julgada a controvérsia quanto aos valores, sob o rito do Decreto nº 70.235, de 1972.
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PEDIDO DE RESTITUIÇÃO, RESSARCIMENTO OU REEMBOLSO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. INDEFERIMENTO. RECURSO AO CARF. EXECUÇÃO DO ACÓRDÃO PELA DRF. CÁLCULO DE VALORES. CONTROVÉRSIA. FATO NOVO. Se no ato de execução do acórdão pela DRF houver discordância do contribuinte quanto aos valores apurados, e sobre os quais o CARF não tenha se manifestado, devolvemse os autos do processo às mesmas instâncias julgadoras, a fim de ser julgada a controvérsia quanto aos valores, sob o rito do Decreto nº 70.235, de 1972. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Conselheiro Daniel Mariz Gudino votou pelas conclusões. JOEL MIYAZAKI Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Winderley Morais Pereira, Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 0. 00 26 16 /0 0- 91 Fl. 807DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 11610.002616/0091 Acórdão n.º 3201001.680 S3C2T1 Fl. 808 2 Por bem descrever a matéria de que trata este processo, adoto e transcrevo abaixo o relatório que compõe a Decisão Recorrida. Trata o presente processo de Pedido de Restituição (fl. 01) no montante de R$ 4.912.373,39, recolhidos a título de Contribuição para o PIS/PASEP, que foi instituído pela Lei Complementar n.º 7, de 07 de setembro de 1970, alterado pela MP n.º 1.212, de 1995, cujas alterações foram parcialmente declaradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal – STF por meio da Resolução do Senado Federal n.º 49, de 1995. 2. O administrado aduziu os Darfs de fls. 18/64 e 70/93. O requerente apresentou planilhas de apuração do pleito (fls. 65/69), retificandoas em 09/01/2002 (fls. 328/338). 3. A Delegada da Receita Federal de Administração Tributária em São Paulo/SP, indeferiu a solicitação da interessada, conforme Despacho Decisório, de 24/10/2003 (fls. 340/353), pelos seguintes motivos, em síntese: Na data da apresentação do pedido já estava decaído o direito ao crédito pleiteado referente aos pagamentos efetuados antes de 09/10/1995, nos termos do arts. 165, I e II, e 168, I, do CTN, e Ato Declaratório SRF nº 096, de 1999, em decorrência do transcurso do prazo de cinco anos contados da data da extinção do crédito tributário; O PISFATURAMENTO do sexto mês anterior, como inicialmente dispunha a Lei Complementar Nº 07/70, deixou de existir com a Lei nº 7.691, de 15/12/1988, uma vez que esta norma legal reduziu o prazo de recolhimento da exação para o dia 10 do 3º mês subseqüente ao da ocorrência do fato gerador, nos termos do Parecer PGFN/CAT Nº 437, de 19/03/1998. 4. Não conformada com decisão prolatada, em 14/01/2004 a contribuinte, por meio de seu representante, apresentou tempestivamente a sua manifestação de inconformidade (fls. 358/378), com os seguintes argumentos, em síntese: “ o pedido de restituição/compensação dos valores indevidamente recolhidos a título de PIS foi protocolizado em 09/10/2000, portanto, antes de decorridos 5 (cinco) anos da data da publicação da Resolução do Senado Nº 49/95, de 10/10/1995”; “ é pacífico o entendimento do STJ, reiteradamente seguido pelo Conselho de Contribuintes, no sentido de ser iniciada a contagem do prazo de 5 (cinco) anos, para pleitear a restituição do indébito tributário, na data da publicação da Resolução do Senado Federal que suspenda a lei declarada inconstitucional; e isso independentemente do período em que os valores foram indevidamente recolhidos”; “ o Ato Declaratório n.º 96/99 e a interpretação a ele dada pelo Fisco contrariam a jurisprudência do STJ e o entendimento do Fl. 808DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 11610.002616/0091 Acórdão n.º 3201001.680 S3C2T1 Fl. 809 3 próprio Conselho de Contribuintes, não encontrando amparo no Parecer PGFN nº 1.538/99 que, aliás, reconhece expressamente ter a tese da Requerente vencido no STJ;” e “ é também pacífico o entendimento do STJ e do Conselho de Contribuintes, inclusive de sua Câmara Superior de Recursos Fiscais (sic), no sentido de que base de cálculo do PIS, até a edição da Medida Provisória nº 1.212/95, é o faturamento do sexto mês anterior ao da ocorrência do fato gerador, sem correção monetária.” 5. Analisando o referido recurso em 16/06/2005, esta Quarta Turma da DRJ em Fortaleza proferiu o Acórdão n° 6.412 (fls. 427/436), no qual indeferiu a solicitação do requerente, ou seja, manteve o Despacho Decisório da Unidade local. 6. Irresignado, o administrado apresentou recurso voluntário (fls. 440/462). 7. Em 19/10/2006, a 2ª Câmara do então 2° Conselho de Contribuintes deu provimento ao recurso, por meio do Acórdão n° 20217.411 (fls. 473/479), com a seguinte ementa: PIS. PRESCRIÇÃO. Nos termos da posição majoritária desta Câmara, nos casos de declaração de inconstitucionalidade, proferida pelo STF no controle difuso da constitucionalidade das leis federais, de norma observada pelo contribuinte para realização de recolhimentos que, em razão disso, tornaramse indevidos em parte, o direito à repetição do indébito subsiste até o decurso do prazo de cinco anos, contados a partir da publicação da Resolução do Senado Federal, editada nos termos do artigo 52, X, da Constituição da República, que, in casu, ocorreu a partir de 10/10/2000, exclusive. SEMESTRALIDADE. A base de cálculo do PIS, até a edição da Medida Provisória n° 1.212/95, era o faturamento do sexto mês anterior ao da ocorrência do fato gerador, sem correção monetária. Jurisprudência consolidada do Egrégio Superior Tribunal de Justiça e, no âmbito administrativo, da Câmara Superior de Recursos Fiscais. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Nos termos das normas em vigor relativas à compensação de indébitos, é regular a compensação, seja a realizada na escrita fiscal do contribuinte com parcelas vincendas do mesmo tributo, seja a realizada com outros tributos, tudo nos termos das normas de regência. 8. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial pela divergência (fls. 481/494) contra o Acórdão n° 20217.411, alegando que o termo inicial da contagem da decadência deveria Fl. 809DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 11610.002616/0091 Acórdão n.º 3201001.680 S3C2T1 Fl. 810 4 ser a data de recolhimento do tributo. Por seu turno, o requerente apresentou contrarazões (fls. 528/557). 9. Em 01/07/2008, a 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais negou provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, mantendo, pois, como termo de início do prazo decadencial, a Resolução do Senado Federal que retira a eficácia da lei declarada inconstitucional (fls. 563/566). 10. Em 06/02/2009, o Presidente daquela Segunda Turma, mediante Despacho n° 047 (fls. 584/585) negou seguimento ao recurso extraordinário (fls. 571/580) interposto pela Fazenda Nacional. 11. Visando liquidar o crédito do sujeito passivo, com fulcro no Acórdão do Segundo Conselho n° 20217.411, e depois de intimar o administrado a apresentar livros contábeis, a Unidade Local emitiu ato administrativo (fls. 663/669) no qual se posicionou pela ausência de direito creditório do sujeito passivo, por falta de liquidez e certeza. 12. Contra esse ato administrativo, o administrado interpôs “manifestação de inconformidade” (fls. 672/709), com as seguintes alegações e pedidos: nulidade do despacho decisório recorrido, por preterição do direito de defesa, já que foi apresentado o Livro Diário; homologação tácita das bases de cálculo do PIS declaradas nos DARFs de pagamento e nas DIPJs; haveria de ser aplicada, neste caso, a disposição constante do artigo I o da Lei n° 9.873, de 23/11/1999, que limita no tempo o exercício do poder de polícia da Administração Pública Federal frente ao administrado Sobreveio decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza, que julgou, por unanimidade de votos, não conhecer a manifestação de inconformidade. Os fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido encontramse consubstanciados na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1988, 1989, 1993, 1994, 1995 PROCEDIMENTO DE LIQUIDAÇÃO DE CRÉDITO. DELEGACIA DE JULGAMENTO. INCOMPETÊNCIA. Não compete à Delegacia da Receita Federal de Julgamento apreciar a liquidação de crédito reconhecido pelo Conselho de Contribuintes. A DRJ entendeu que, em se tratando de lide referente à liquidação de direito creditório decorrente de acórdão proferido pelo CARF já transitado em julgado, caberia apenas a recorrente a apresentação de embargos de declaração ao órgão prolator da decisão. Fl. 810DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 11610.002616/0091 Acórdão n.º 3201001.680 S3C2T1 Fl. 811 5 Inconformada com a decisão, apresentou a recorrente, tempestivamente, o presente recurso voluntário. Afirma que, na “primeira fase” da discussão administrativa, o litígio envolvia apenas o tema da "decadência", não tendo havido qualquer pronunciamento da Receita Federal do Brasil e, também, dos Órgãos Administrativos de Julgamento quanto aos documentos juntados aos autos pela requerente para comprovar a existência do crédito pleiteado Em se tratando de um novo despacho decisório, a recorrente entende ter direito a se insurgir contra o indeferimento do direito creditório pleiteado e a não homologação das compensações realizadas, nos termos do §9° do artigo 74 da Lei n° 9.430/1996 e do artigo 66 da Instrução Normativa SRF n° 900/2008, de modo que, em 25/02/2011, foi protocolizada a competente manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Conforme relatado, a lide restringese à definição da competência para julgamento de defesa administrativa frente a despacho decisório que indefere pedido creditório do contribuinte já confirmado pelo CARF em decisão transitada em julgado, tendo o despacho decisório trazido razões ainda não enfrentadas pelo órgão. Neste ponto, entende a decisão recorrida que a presente defesa corresponde a embargos de declaração, na forma do artigo 65, § 1°, da Portaria MF nº 256, de 2009. Aduz ainda, em relação ao prazo para a apresentação destes embargos, que: Como os cálculos são, tecnicamente, parte da decisão do Conselho de Contribuintes, só sendo efetuados pela Unidade de Origem em razão de uma determinação regimental, o prazo para contestação desse procedimento de liquidação só poderia passar a correr depois da ciência desses cálculos. O citado artigo 65 do anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/ 2009, com as alterações introduzidas pela Portaria MF nº 586/2010, assim dispõe: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. § 1° Os embargos de declaração poderão ser interpostos, mediante petição fundamentada dirigida ao presidente da Turma, no prazo de cinco dias contado da ciência do acórdão: I por conselheiro do colegiado; II pelo contribuinte, responsável ou preposto; Fl. 811DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 11610.002616/0091 Acórdão n.º 3201001.680 S3C2T1 Fl. 812 6 III pelo Procurador da Fazenda Nacional; IV pelos Delegados de Julgamento, nos casos de nulidade de suas decisões; V pelo titular da unidade da administração tributária encarregada da liquidação e execução do acórdão. § 2º O presidente da Turma poderá designar conselheiro para se pronunciar sobre a admissibilidade dos embargos de declaração. § 3° O despacho do presidente será definitivo se declarar improcedentes as alegações suscitadas, sendo submetido à deliberação da turma em caso contrário. § 4° Do despacho que rejeitar os embargos de declaração será dada ciência ao embargante. § 5° Os embargos de declaração opostos tempestivamente interrompem o prazo para a interposição de recurso especial. § 6° As disposições deste artigo aplicamse, no que couber, às decisões em forma de resolução. (grifo nosso) Constatase, de pronto, que os embargos de declaração são oponíveis apenas em relação a acórdão proferido por turma do CARF, sendo necessário ainda que o mesmo apresente obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou seja omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Na situação em comento, a peça impugnatória enfrenta despacho decisório proferido pela DRF, que teve por fundamento situação não enfrentada pelo CARF. Não se trata, portanto, recurso frente a acórdão proferido por turma do CARF. Verificase ainda que a peça não tem por fundamento qualquer obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou que esteja sendo alegado que a turma se omitiu frente a ponto sobre o qual deveria ter se pronunciado. A discussão original restringiase à decadência do direito da recorrente de requerer a restituição, enquanto o despacho decisório em lide nega o direito da recorrente devido a mesma não ter apresentado os documentos que permitiriam confirmar o seu direito creditório. Em sendo estes os fatos trazidos ao processo, entendo que a impugnação apresentada frente ao despacho decisório em comento não corresponde a embargos de declaração. A RFB já se posicionou em relação ao tema por meio da Solução de Consulta Interna nº 18 – Cosit, de 3/8/2012, que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 812DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 11610.002616/0091 Acórdão n.º 3201001.680 S3C2T1 Fl. 813 7 COMPENSAÇÃO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO, RESSARCIMENTO OU REEMBOLSO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. INDEFERIMENTO. RECURSO AO CARF. EXECUÇÃO DO ACÓRDÃO PELA DRF. CÁLCULO DE VALORES. CONTROVÉRSIA. FATO NOVO. Na execução de acórdão do Carf observamse, rigorosamente, os limites materiais estabelecidos por este, inclusive quanto aos valores reivindicados pelo contribuinte, se sobre eles o Colegiado já houver se manifestado e declarado objetivamente no julgado. Se no ato de execução do acórdão pela DRF houver discordância do contribuinte quanto aos valores apurados, e sobre os quais o Carf não tenha se manifestado, devolvemse os autos do processo às mesmas instâncias julgadoras, a fim de ser julgada a controvérsia quanto aos valores, sob o rito do Decreto nº 70.235, de 1972. A controvérsia constitui fato novo que se materializa na forma de impugnação (manifestação de inconformidade) e recurso, com efeito suspensivo, previstos no Decreto nº 70.235, de 1972, admissíveis a partir da ciência da decisão da DRF quanto aos valores objeto da execução. Dispositivos Legais: Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), art. 151, III; Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, §11 do artigo 74; e Instrução Normativa RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008, art. 66. Da citada Solução de Consulta extraise os apontamentos abaixo: [...] 7. A questão objeto da consulta é centrada na execução de acórdão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), do que resulta a conclusão de que o processo fez curso completo em âmbito administrativo. Se essa execução se dá depois de exauridas as controvérsias submetidas a julgamento, e em conformidade com o acórdão definitivo, a questão se encerra. Porém, se a insurgência inicial (a que inaugurou o contencioso) foi quanto ao direito material em si o direito de compensar, de se ressarcir ou de ter o indébito restituído na forma e no prazo legal este deve ser julgado antes de qualquer outra providência. 8. É possível ocorrer (e normalmente ocorre) pedido de restituição ou declaração de compensação em que a dúvida, o litígio inicial é quanto ao direito reivindicado, e mesmo que o valor já venha declarado na peça inicial nada se diz sobre ele. A discussão do quantum, se não empreendida na impugnação inicial, há de se reservar para o momento oportuno se, e somente se deferido o pedido. Não se analisam valores se há fundado receio de que o direito objeto do pleito não existe. Fl. 813DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 11610.002616/0091 Acórdão n.º 3201001.680 S3C2T1 Fl. 814 8 9. Nas impugnações em que se discute o direito material sem referência ao valor objeto do pleito, a decisão que resultar do julgamento deste será, necessariamente, ilíquida; ou porque se presumiu que o valor declarado pelo contribuinte é correto ou porque se postergou para um segundo julgamento a liquidez do crédito. Em qualquer caso, haverá manifestação, ainda que tácita, da autoridade administrativa quanto ao valor reivindicado. 10. Reconhecido o mérito do pedido, embora por decisão ilíquida, o valor a ser compensado, ressarcido ou restituído será proposto ao órgão encarregado da liquidação do acórdão, no caso à DRF de origem. A autoridade administrativa não faz, como na esfera judicial, “uma liquidação de sentença”, dado que esta deve ser sempre líquida, mas efetua cálculos e ajustes a fim de cumprir a decisão administrativa que reconheceu o direito, nos termos em que proferida. 11. Se o contribuinte se insurgir contra os valores apurados, reabrese a discussão, no mesmo litígio, às mesmas instâncias julgadoras. Materialmente ligada ao litígio inicial que resultou na decisão favorável ao contribuinte, a impugnação do valor deve ser tratada nos mesmos autos, paralelamente à discussão inicial quanto ao direito de compensar, ressarcir ou restituir. O novo recurso segue o mesmo rito do primeiro e em tudo se lhe assemelha, inclusive quanto ao efeito suspensivo previsto no Decreto nº 70.235, de 1972, e determinado pelo art. 151, III, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN). Entendo que a solução proposta neste ato se mostra adequada à lide, posto que inexiste pronunciamento do CARF frente a falta de comprovação do direito creditório da contribuinte, que por sua vez motiva o despacho decisório ora guerreado. Não permitir ao contribuinte que o citado despacho decisório tenha o trâmite regular e os direitos concedidos pelo Decreto 70.235/72 resultaria em suprimir deste uma fase de defesa, prejudicando o seu direito ao duplo grau de jurisdição. Diante do exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário interposto pela recorrente, devendo a autoridade recorrida proferir nova decisão, conhecendo da manifestação de inconformidade apresentada pela recorrente. Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Relator Fl. 814DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 11610.002616/0091 Acórdão n.º 3201001.680 S3C2T1 Fl. 815 9 Fl. 815DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO
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Numero do processo: 13896.000426/2001-67
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 24 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 31/07/1988 a 30/06/1994
PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL.
Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, o prazo de cinco anos previsto no art. 3º da mesma lei só é válido para os pedidos de restituição protocolizados após a sua vigência, 09/06/2005. Para os pedidos protocolizados até esta data prevalece o prazo de 10 anos contados da data do pagamento a maior ou indevido.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Direito Creditório em Análise
Numero da decisão: 3301-002.309
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martinez Lopez, José Adão Vitorino de Morais, Fábia Regina Freitas, Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo e Andrada Márcio Canuto Natal.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 31/07/1988 a 30/06/1994 PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL. Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, o prazo de cinco anos previsto no art. 3º da mesma lei só é válido para os pedidos de restituição protocolizados após a sua vigência, 09/06/2005. Para os pedidos protocolizados até esta data prevalece o prazo de 10 anos contados da data do pagamento a maior ou indevido. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório em Análise
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente. Andrada Márcio Canuto Natal - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martinez Lopez, José Adão Vitorino de Morais, Fábia Regina Freitas, Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo e Andrada Márcio Canuto Natal.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1944; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 285 1 284 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13896.000426/200167 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301002.309 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de abril de 2014 Matéria Pedido de Restituição PIS/PASEP Recorrente UNICARD BANCO MÚLTIPLO S/A (SUCESSOR POR INCORPORAÇÃO DE CARTÃO UNIBANCO LTDA) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 31/07/1988 a 30/06/1994 PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL. Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, o prazo de cinco anos previsto no art. 3º da mesma lei só é válido para os pedidos de restituição protocolizados após a sua vigência, 09/06/2005. Para os pedidos protocolizados até esta data prevalece o prazo de 10 anos contados da data do pagamento a maior ou indevido. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório em Análise Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. Andrada Márcio Canuto Natal Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martinez Lopez, José Adão Vitorino de Morais, Fábia Regina Freitas, Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo e Andrada Márcio Canuto Natal. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 00 04 26 /2 00 1- 67 Fl. 465DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 30/ 04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13896.000426/200167 Acórdão n.º 3301002.309 S3C3T1 Fl. 286 2 Relatório Trata o presente processo de pedido de restituição de alegado crédito de PIS, referente aos valores recolhidos nos termos dos Decretoslei nº 2.448/88 e 2.449/88, que seriam maiores que os devidos pela LC nº 07/70. O contribuinte possui a ação declaratória nº 91.01037439, a qual tinha por objetivo a declaração de inexistência de relação jurídica para efeito de afastar a sistemática dos citados decretoslei. Conforme informado pelo despacho decisório a ação transitou em julgado em 28/03/1996, com ganho de causa ao contribuinte. A Delegacia Especial de Instituições Financeiras – DEINF/SP, indeferiu o seu pedido com base no art. 168, I do CTN sob o argumento de que havia transcorrido o decurso de prazo qüinqüenal para apresentação do pedido de restituição, pois os recolhimentos a maior teriam ocorrido no período de julho/88 a maio/94 e seu pedido protocolizado em 10/05/2001. O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, por meio da qual defendeu que o prazo para solicitar restituição de indébito é de dez anos contados do Resolução nº 49 do Senado Federal, o qual declarou a inconstitucionalidade dos Decretoslei nº 2.445 e 2.449/88, ou seja a partir de 10/10/95. A 10ª Turma da DRJ/São Paulo I, indeferiu a manifestação de inconformidade por meio do Acórdão nº 1621.510, de 25/05/2009, assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 31/07/1988 a 30/06/1994 PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. CRÉDITO DECORRENTE DE DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. PRAZO. 0 direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data do trânsito em julgado da decisão judicial que houver reconhecido o direito creditório. Solicitação Indeferida Não concordando com referida decisão o contribuinte apresentou recurso voluntário, por meio do qual, repete basicamente os mesmos argumentos trazidos em sede de manifestação de inconformidade. É o relatório. Fl. 466DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 30/ 04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13896.000426/200167 Acórdão n.º 3301002.309 S3C3T1 Fl. 287 3 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, por isto dele tomo conhecimento. Toda a controvérsia processual está centrada no prazo de que o contribuinte dispunha para entrar com o pedido de restituição. Se cinco anos contados da extinção do crédito tributário como entendia as decisões recorridas ou se dez anos contados da Resolução nº 49 do Senado Federal, que se deu em 10/10/1995. A decisão da DRJ faz referência, somente na ementa, de que o prazo para o contribuinte pedir a restituição é “de cinco anos, contados da data do trânsito em julgado da decisão judicial que houver reconhecido o direito creditório”. Porém o contribuinte não obteve decisão judicial reconhecendolhe direito creditório. Conforme relatado, o provimento judicial foi no sentido de declarar a inexistência de relação jurídica e afastar a exigibilidade do recolhimento do PIS na sistemática dos DecretosLeis nº 2.445 e 2.449/88. Portanto, sendo uma ação meramente declaratória, entendo que ela não afeta os prazos prescricionais do direito de pedir restituição, ou seja, estes prazos seguem a regra normal estabelecidas na legislação tributária. O prazo para os contribuintes apresentar o pedido de restituição foi objeto de apreciação pelo Supremo Tribunal Federal, que concluiu pela repercussão geral deste tema nos autos do Recurso Extraordinário nº 561.908, e passou a apreciar seu mérito nos autos do Recurso Extraordinário nº 566.621 sendo publicado em 11/10/2011 acórdão assim ementado: DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4o, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/2005, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Fl. 467DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 30/ 04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13896.000426/200167 Acórdão n.º 3301002.309 S3C3T1 Fl. 288 4 Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção de confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede a iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, §3o, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. Após esta decisão, esta corte administrativa passou a adotála em face do disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF, o qual determina a observância de decisões proferidas pelo STF e STJ no rito dos recursos repetitivos: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Neste sentido, recente acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais: Fl. 468DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 30/ 04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13896.000426/200167 Acórdão n.º 3301002.309 S3C3T1 Fl. 289 5 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1988 a 31/12/1991 NORMAS REGIMENTAIS. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO CONTEÚDO DE DECISÃO PROFERIDA PELO STF NO RITO DO ART. 543B DO CPC. Consoante art. 62A do Regimento Interno do CARF, “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF”. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO. DIREITO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO STF NO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 566.621/RS (RELATORA A MINISTRA ELLEN GRACIE). “Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de cinco anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacacio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º do CPC aos recursos sobrestados. (Acórdão da 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais nº 9303002.333, sessão do dia 20/06/2013) Sem dúvida a jurisprudência deste tribunal administrativo já vem reconhecendo pacificamente esses direitos, conforme se depreende de recente Acórdão proferido pela Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, processo de relatoria do eminente Conselheiro Henrique Pinheiro Torres: PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO O prazo para repetição de indébito, para pedidos efetuados até 08 de junho de 2005, era de 10 anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo pago indevidamente ou a maior que o devido (tese dos 5 + 5), a partir de 9 de junho de 2005, com o vigência do art. 3º da Lei complementar nº 118/2005, esse prazo passou a ser de 5 anos, contados da extinção do crédito pelo pagamento efetuado. Para restituição/compensação de créditos relativos a fatos geradores ocorridos entre setembro de 1989 e março de 1992, cujo pedido foi protocolado até 08 de junho de 2005, aplicavase o prazo decenal tese dos 5 + 5. Recursos negados.(Acórdão CSRF nº 9303002.304 3ª Turma, 20/06/2013). (grifei) Portanto, seguindo a linha das decisões acima alinhavadas, há que se reconhecer que o contribuinte detinha o prazo de dez anos, contados da data do fato gerador do pagamento indevido, para pedir restituição dos valores recolhidos a maior do PIS. Fl. 469DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 30/ 04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13896.000426/200167 Acórdão n.º 3301002.309 S3C3T1 Fl. 290 6 Considerando que o pedido de restituição foi apresentado em 10/05/2001, todos os pagamentos efetuados decorrentes de fatos geradores ocorridos a partir de 10/05/1991 podem ser objetos de análise de seu direito creditório. Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, tãosomente para reconhecer o direito do contribuinte em ter analisado o seu pedido de restituição para os pagamentos, cujos fatos geradores tenha ocorrido a partir de 10/05/1991, estando os períodos de julho/1988 a 10/05/1991 atingidos pelo prazo prescricional de dez anos para apresentar o seu pedido de restituição. Lembrando que o cálculo de eventual indébito deve obedecer ao disposto na súmula Carf nº 15: Súmula CARF nº 15 (VINCULANTE): A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. Tendo em vista que desde a origem do presente processo, não foi feita a análise do mérito do pedido de restituição, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, propondo o seu retorno à unidade de origem para que verifique a existência de crédito líquido e certo em favor do contribuinte para o período não atingido pelo prazo prescricional já informado. Andrada Márcio Canuto Natal Relator Fl. 470DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 30/ 04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS
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Numero do processo: 15504.018342/2008-48
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Nov 12 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SUCESSÃO. AQUISIÇÃO DE FUNDO DE COMÉRCIO OU DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL.
A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos créditos tributários, no qual se incluem multa e juros, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato, subsidiariamente com o alienante que prosseguir na exploração da atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.
RELATÓRIO DE REPRESENTANTES LEGAIS (REPLEG). PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO INFORMATIVO. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS NÃO ENCONTRADA. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA CARF Nº 88.
O relatório de representantes legais (REPLEG) não implica na atribuição de responsabilidade tributária aos sócios, haja vista que tal procedimento administrativo é meramente informativo.
ARGUIÇÕES DE ILEGALIDADES E INCONSTITUCIONALIDADES. IMPOSSIBILIDADE.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é órgão competente para afastar a incidência da lei em razão de ilegalidade/inconstitucionalidade, salvo nos casos previstos no art. 103-A da CF/88 e no art. 62 do Regimento Interno do CARF.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.307
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Julio César Vieira Gomes - Presidente
Nereu Miguel Ribeiro Domingues - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espíndola Reais, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SUCESSÃO. AQUISIÇÃO DE FUNDO DE COMÉRCIO OU DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos créditos tributários, no qual se incluem multa e juros, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato, subsidiariamente com o alienante que prosseguir na exploração da atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. RELATÓRIO DE REPRESENTANTES LEGAIS (REPLEG). PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO INFORMATIVO. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS NÃO ENCONTRADA. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA CARF Nº 88. O relatório de representantes legais (REPLEG) não implica na atribuição de responsabilidade tributária aos sócios, haja vista que tal procedimento administrativo é meramente informativo. ARGUIÇÕES DE ILEGALIDADES E INCONSTITUCIONALIDADES. IMPOSSIBILIDADE. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é órgão competente para afastar a incidência da lei em razão de ilegalidade/inconstitucionalidade, salvo nos casos previstos no art. 103-A da CF/88 e no art. 62 do Regimento Interno do CARF. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SUCESSÃO. AQUISIÇÃO DE FUNDO DE COMÉRCIO OU DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos créditos tributários, no qual se incluem multa e juros, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato, subsidiariamente com o alienante que prosseguir na exploração da atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. RELATÓRIO DE REPRESENTANTES LEGAIS (REPLEG). PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO INFORMATIVO. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS NÃO ENCONTRADA. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA CARF Nº 88. O relatório de representantes legais (REPLEG) não implica na atribuição de responsabilidade tributária aos sócios, haja vista que tal procedimento administrativo é meramente informativo. ARGUIÇÕES DE ILEGALIDADES E INCONSTITUCIONALIDADES. IMPOSSIBILIDADE. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é órgão competente para afastar a incidência da lei em razão de ilegalidade/inconstitucionalidade, salvo nos casos previstos no art. 103A da CF/88 e no art. 62 do Regimento Interno do CARF. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 01 83 42 /2 00 8- 48 Fl. 850DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/10/20 14 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Julio César Vieira Gomes Presidente Nereu Miguel Ribeiro Domingues Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espíndola Reais, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 851DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/10/20 14 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES Processo nº 15504.018342/200848 Acórdão n.º 2402004.307 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de auto de infração constituído em 05/11/2008 para exigir contribuições do segurado que deixaram de ser descontadas no período de 01/01/2005 a 31/12/2005. De acordo com o Relatório Fiscal (fls. 14 e seguintes), o lançamento foi segregado da seguinte forma: Levantamento PP2 (Folha de pagamento não declarada em GFIP), decorrente de pagamentos efetuados aos sócios da empresa a título de prolabore. Foram responsabilizadas, conforme Termos de sujeição passiva” (fls. 89/153 do processo nº 15504.018344/200837) as seguintes empresas: Educação Infantil e Ensino Fundamental Savassi Ltda. (CNPJ nº 05.385.879/000150), Educação Infantil e Ensino Fundamental Pampulha Ltda. (CNPJ nº 05.401.768/000190), Pampulha Ensino Fundamental Ltda. (CNPJ nº 06.001.557/000123), Educação Infantil e Ensino Fundamental Mangabeiras Ltda. (CNPJ nº 05.401.766/000100), Educação Infantil e Ensino Fundamental Sete Lagoas Ltda. (CNPJ: 05.392.395/000139), Mangabeiras Ensino Fundamental Ltda. (CNPJ nº 06.001.546/000143), Colégio Sete Lagoas Ensino Fundamental Ltda. (CNPJ nº 04.901.337/000120), Centro Mineiro de Ensino Superior CEMES Ltda. (CNPJ nº 02.636.995/000107), Promove Serviços Educacionais Ltda. (CNPJ nº 05.376.559/000134), Promove Cursos Livres e Mercantil Ltda. (CNPJ nº 42.975.896/000174), Magle Edição Comércio e Distribuição de Livros Ltda. (CNPJ nº 05.399.437/000163), Sociedade Educacional Sistema Ltda. (CNPJ nº 23.840.945/000117) e Associação Educativa do Brasil SOEBRAS (CNPJ nº 22.669.915/000127). As Recorrentes interpuseram impugnação (fls. 54/495) requerendo a total improcedência do lançamento. A empresa Associação Educativa do Brasil SOEBRAS interpôs impugnação (fls. 499/643). A d. Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte/MG, ao analisar o presente caso (fls. 656/673), julgou o lançamento procedente, entendendo que: (i) é devida a contribuição do segurado, quando esta não é retida; (ii) é devida a inclusão de empresas que compõem o mesmo grupo econômico no polo passivo do lançamento, por solidariedade; (iii) a alegação de que a multa é confiscatória não pode ser discutida na esfera administrativa, haja vista que se trata de exigência legal; (iv) é obrigação do Auditor Fiscal lavrar Representação Fiscal para Fins Penais sempre que constatada hipótese de crime contra a seguridade social; (v) a prova documental deve ser produzida no momento da impugnação; (vi) a pessoa jurídica que adquiri outra e continua a explorar sua atividade responde pelos tributos devidos até a data do ato; (vii) não há nulidade no MPF; (viii) a comparação para determinação da multa mais benéfica deverá ser feita quando do pagamento ou parcelamento do débito, ou quando do ajuizamento da execução fiscal pela PGFN. Fl. 852DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/10/20 14 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES 4 As Recorrentes interpuseram recurso voluntário (fls. 728/834) argumentando que: (i) o uso da marca pela SOEBRAS não pode culminar na sua responsabilidade solidária pelos débitos da PROMOVE; (ii) deverão ser excluídos do polo passivo todos os sócios do sujeito passivo e das empresas tidas como responsáveis solidárias; (iii) a multa é confiscatória; (v) há duplicidade de cobrança nos autos nº 37.124.2312 e 37.124.2320; (vi) a SOEBRAS é imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Fl. 853DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/10/20 14 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES Processo nº 15504.018342/200848 Acórdão n.º 2402004.307 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Relator Primeiramente, cabe mencionar que as empresas Promove Participações Ltda., Colégio Sete Lagoas Ensino Fundamental Ltda., Educação Infantil e Ensino Fundamental Sete Lagoas Ltda. – EPP, Sistema Educacional Sistema Ltda., e Promove Serviços Educacionais Ltda., (fls. 836/840) foram intimadas por meio de edital após a interposição do recurso. Considerando que tais empresas interpuseram, juntamente com as demais responsáveis, o recurso dentro do prazo previsto, considerando a data de intimação destas, concluise pela tempestividade do recurso. Preenchendo este a todos os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Defendem as Recorrentes que a SOEBRAS não pode ser responsabilizada pelas dívidas do grupo PROMOVE, haja vista que apenas arrenda o uso da marca “Promove”, sendo uma entidade sem fins lucrativos com autonomia e personalidade jurídica própria. Para compreensão do tema, vale destacar trechos do Relatório Fiscal que tratam da responsabilização da SOEBRAS (fls. 21/23): “11. A empresa Associação Educativa do Brasil SOEBRAS, CNPJ 22.669.915/000127, com sede à Rua Dos TIMBIRAS 1532, 14°. Andar SI. 1401, Bairro Funcionários, Belo HorizonteMG, CEP 30.140902, inicialmente, adquiriu das empresas PROMOVE, inclusive da AUTUADA, o direito de uso da marca PROMOVE, conforme contrato particular de "LICENÇA DE USO DE MARCA" datado de 01/11/2006, onde a licenciada (SOEBRAS) deveria utilizar a marca PROMOVE "de forma ampla, efetiva e permanente, em igual ou superior número de unidades educacionais, propiciando a manutenção ou a elevação de seu valor de mercado", ficando, inclusive, investida de "todos os poderes necessários para a defesa da marca PROMOVE, sem prejuízo dos seus próprios direitos". 11.1 A licenciada (SOEBRAS) nos termos do contrato acima mencionado, se responsabilizaria também pelo pagamento das obrigações trabalhistas das empresas licenciantes. 11.2 As licenciantes (empresas PROMOVE) outorgaram à Licenciada, ainda, através do ato mencionado supra, procuração específica, conferindo a esta os poderes para, perante o Instituto Nacional da Propriedade Industrial INPI, praticar todos os atos necessários à prorrogação do prazo de validade da marca PROMOVE e adoção de todo e qualquer ato que se destinasse à manutenção e proteção de seus registros. 11.3 A licenciada (SOEBRAS) inscreveu, para o exercício das atividades assim pactuadas, novos estabelecimentos no CADASTRO NACIONAL DE PESSOA JURÍDICA CNPJ, mantendo os mesmos endereços e CNAE CADASTRO NACIONAL DE ATIVIDADE ECONÔMICA dos estabelecimentos das empresas PROMOVE: 11.4 Em segundo ato a SOEBRAS, por contrato particular intitulado "CONTRATO PARTICULAR DE ALIENAÇÃO DE ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL TRESPASSE", adquiriu das empresas mencionadas no item 4, todo o complexo de bens organizado para exercício da atividade, Fl. 854DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/10/20 14 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES 6 compostos da titularidade do estabelecimento empresarial, portanto "todos os direitos, incluindo ativo e passivo (inclusive para os termos do art. 133 do Código Tributário Nacional e Art. 11° e 448 das Consolidações das Leis do Trabalho), bem como a propriedade de todos os seus elementos corpóreos e incorpóreos, imóveis, móveis e semoventes e afins (...)". 11.5 Além deste mencionado contrato, a SOEBRAS fez constar em seu Balanço Patrimonial em 31/12/2007, a aquisição supra mencionada, lançando em seu Ativo Diferido o montante de R$ 14.383.436,00, referente à incorporação dos estabelecimentos de ensino PROMOVE COLÉGIOS e PROMOVE FACULDADES, "incluindo a propriedade de todos os seus elementos corpóreos e incorpóreos, imóveis, móveis, semoventes e afins". 11.6 Contudo, a AUTUADA não procedeu às devidas anotações nos Órgãos Oficiais de Registro, ou. seja, não efetuou a sua baixa de estabelecimento, não arquivando na JUCEMG qualquer alteração contratual de dissolução ou liquidação, sendo seu último arquivamento neste órgão o Contrato de Alienação mencionado no item 6.4 registrado na JUCEMG sob o n°. 3817071. Tampouco cumpriu as obrigações frente à administração tributária, permanecendo ainda como ativa no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CNPJ da Receita Federal do Brasil, entregando, inclusive a Declaração de Informações EconômicoFiscais DIPJ Ano Calendário 2007 Exercício 2008.” Com base nos fatos apontados acima, a responsabilização da SOEBRAS foi fundamentada no art. 133, inc. II do CTN, segundo o qual: “Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: (...) II subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.” Analisando as informações acima, bem como os Contratos Particulares de Alienação de Estabelecimento Empresarial – TRESPASSE, não há dúvidas de que a SOEBRAS adquiriu toda a atividade empresarial da Promove Participações, dando continuidade ao negócio. Este Conselho, em situações semelhantes, reconheceu a responsabilidade subsidiária do adquirente quando este dá continuidade à atividade alienada, sob a mesma ou outra razão social, senão vejamos: “CONTRIBUINTE. ALIENAÇÃO DE FUNDO DE COMÉRCIO OU ESTABELECIMENTO COMERCIAL. CONTINUIDADE DAS ATIVIDADES. Provado que a pessoa jurídica alienou, a qualquer título, fundo d e comércio ou estabelecimento onde se deu a infração e que cont inuou suas atividades, esta responde pela obrigação tributária n a condição de contribuinte. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SUCESSÃO. AQUISIÇÃO DE FUNDO DE COMÉRCIO OU DE ESTABELECIMENTO CO MERCIAL. Fl. 855DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/10/20 14 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES Processo nº 15504.018342/200848 Acórdão n.º 2402004.307 S2C4T2 Fl. 5 7 A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pel os créditos tributários, no qual se incluem multas e juros, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato, subsidiariamente com o alienante que prosseguir na exploração da atividade no mesmo ou em outro ra mo de comércio, indústria ou profissão.” (CARF, 1ª Seção, 2ª T. Especial, PAF nº 11516.721812/201241, Cons. Rel. Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira. Sessão de 04/06/2014) Outrossim, as alegações das Recorrentes se referem tão somente ao uso da marca pela SOEBRAS, não havendo qualquer contestação dos fatos apurados pela fiscalização. Em vista disso, vislumbrase que a responsabilização da SOEBRAS é devida, não devendo ser realizado qualquer reparo neste ponto. Pleiteiam as Recorrentes ainda o afastamento da responsabilidade dos sócios do grupo Promove. No entanto, vale salientar que os sócios do Grupo Promove não foram responsabilizados, não havendo qualquer “Termo de Sujeição Passiva” lavrado em seus nomes. O fato de eles terem sido elencados no “REPLEG – Relatório de Representantes Legais” (fl. 11) não implica na atribuição de responsabilidade tributária, haja vista que tal procedimento administrativo é meramente informativo. Nesse sentido, vale transcrever a Súmula nº 88 do CARF: Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Portanto, sem razão as Recorrentes. Pretendem as Recorrentes discutir a inconstitucionalidade da multa e dos juros aplicados, por violação ao princípio do nãoconfisco. Todavia, impende ressaltar que o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é órgão competente para afastar a aplicação da lei com base na sua suposta inconstitucionalidade e ilegalidade, com exceção dos casos previstos no art. 103A da CF/88 e no art. 62, parágrafo único do Regimento Interno do CARF. Posto isso, não há como se acatar os argumentos das Recorrentes. Fl. 856DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/10/20 14 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES 8 As Recorrentes sustentam também que há duplicidade nas cobranças ocorridas nos autos de infração nº 37.124.2312 e 37.124.2320. Inobstante as Recorrentes não terem demonstrado em seu recurso qual a duplicidade contida em ditos autos de infração, verificase que estes não fazem parte do presente processo (auto de infração nº 37.197.5778). Desta forma, verificase que tal insurgência deve ser apreciada nos respectivos processos administrativos, motivo pelo qual deixo de apreciar este ponto. Sustentam as Recorrentes que a SOEBRAS detém imunidade tributária, por ser supostamente uma associação sem fins lucrativos. No entanto, verificase que as Recorrentes não juntaram qualquer documento que comprove a direito da SOEBRAS à imunidade tributária, fazendo alusão apenas à legislação, estatuto social e a decisões judiciais de terceiros, com efeitos inter partes. Assim, não se vislumbra a possibilidade de se atestar a imunidade tributária da SOEBRAS. Diante do exposto, voto pelo CONHECIMENTO do recurso para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É o voto. Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Fl. 857DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/10/20 14 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES
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