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Numero do processo: 36750.000998/2004-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Nov 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/05/1995 a 30/09/2003
ERRO MATERIAL. APLICAÇÃO DO ARTIGO 66 DO RICARF. CABIMENTO.
São cabíveis embargos inominados, que não se sujeitam ao prazo de 5 (cinco) dias, na hipótese de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto ou erros de escrita ou de cálculo, nos termos do art. 66, do Regimento Interno do CARF (Portaria MF 343/2015).
Numero da decisão: 2301-004.723
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos inominados para acolhê-los, para que seja considerado o termo final do prazo decadencial novembro de 1998, inclusive
JOÃO BELLINI JÚNIOR - Presidente.
RELATORA GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES - Relator.
NOME DO REDATOR - Redator designado.
EDITADO EM: 20/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Júlio César Vieira Gomes (Presidente Substituto), Alice Grecchi, Andrea Brose Adolfo (suplente), Fabio Piovesan Bozza, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (suplente), Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/1995 a 30/09/2003 ERRO MATERIAL. APLICAÇÃO DO ARTIGO 66 DO RICARF. CABIMENTO. São cabíveis embargos inominados, que não se sujeitam ao prazo de 5 (cinco) dias, na hipótese de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto ou erros de escrita ou de cálculo, nos termos do art. 66, do Regimento Interno do CARF (Portaria MF 343/2015).
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APLICAÇÃO DO ARTIGO 66 DO RICARF. CABIMENTO. São cabíveis embargos inominados, que não se sujeitam ao prazo de 5 (cinco) dias, na hipótese de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto ou erros de escrita ou de cálculo, nos termos do art. 66, do Regimento Interno do CARF (Portaria MF 343/2015). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos inominados para acolhêlos, para que seja considerado o termo final do prazo decadencial novembro de 1998, inclusive JOÃO BELLINI JÚNIOR Presidente. RELATORA GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES Relator. NOME DO REDATOR Redator designado. EDITADO EM: 20/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Júlio César Vieira Gomes (Presidente Substituto), Alice Grecchi, Andrea Brose AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 36 75 0. 00 09 98 /2 00 4- 49 Fl. 573DF CARF MF 2 Adolfo (suplente), Fabio Piovesan Bozza, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (suplente), Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amilcar Barca Teixeira Júnior. Relatório Para melhor esclarecimento da ordem dos fatos, importante esclarecer que em 24/03/2011 (fls.512), o Ilustre Representante da PGFN, foi devidamente intimado da decisão do acórdão de fls. 507/511, opondo nos autos a observação SEM RECURSO. Retornando, os autos, para a Delegacia da REceita Federal de Cuiabá, o auditor, entendeu haver no acórdão, Assim, tratam os autos de Embargos de Declaração (fls. 517/518) aviados nos termos do inciso V, do artigo 65 do RICARF, em 27 de abril de 2011. Em 12 de agosto de 2012, o Ilustre Relator à época, proferiu o seguinte despacho de encaminhamento, litteris: "De acordo com o artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF n 256, de 22/0612009. a existência de contradição entre a decisão e seus fundamentos possibilita a oposição de embargos de declaração: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. Entendese por contradição o vicio consistente em duas afirmativas ou duas negativas. ou uma afirmativa e outra negativa, que reciprocamente se excluem, de modo a não poderem subsistir. Nesses casos os embargos têm por fim provocar a declaração da assertiva ou negativa que deve prevalecer. Todavia, que pese a louvável intenção da embargante, não se vislumbra no v. acórdão a contradição apontada. Pelo contrário, por perfunctória análise dos autos do processo, observase, hialinamente, que esta colenda Turma foi diligente ao analisar todas as hipóteses de abrangência do instituto da decadência, não necessitando, por consectário, que constasse em seu voto qualquer manifestação sobre existência ou não de pagamento parcial. Não obstante isso, insta salientar que há consectário lógico entre os fundamentos trazidos no voto e a conclusão exarada A unanimidade pelo v. acórdão, levando a conclusão de que não existe qualquer contradição a ser sanada, sendo que os embargos da Fazenda limitamse a mero inconformismo, não persistindo qualquer supedâneo para o acolhimento. Destarte, é de clareza impar que independente da regra aplicada, a decadência estarseia configurada, sendo que, na Fl. 574DF CARF MF Processo nº 36750.000998/200449 Acórdão n.º 2301004.723 S2C3T1 Fl. 3 3 verdade, o que busca a embargante é rediscutir matéria já amplamente exaurida no v. acórdão. Em razão do exposto, entendo que devam ser rejeitados os embargos opostos. À consideração do Senhor Presidente (assinado digitalmente) Damião Cordeiro de Moraes" O despacho citado em epígrafe, foi submetido à apreciação do Presidente da Câmara, denegando prosseguimento. Em 10 de setembro de 2012, fls. 520, a PGFN foi intimada da decisão de fls. 518/519, opondo a seguinte observação COM PETIÇÃO DE ERRO MATERIAL, juntada em fls. 523 e seguintes. Em seus fundamentos, a PGFN afirma que: "Dessarte, é evidente o erro material perpetrado, já que aplicado o prazo previsto no 173, I do CTN e tendo a ciência do contribuinte ocorrido em 29/01/2004, não há como declarar a decadência em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 01/1999. Explicase. É consenso na doutrina e jurisprudência pátrias que, em sede de tributo sujeito a lançamento por homologação, diante da inexistência pagamento, o prazo decadencial para a cobrança dos tributos sujeitos a lançamento por homologação é aquele constante do artigo 173,1, do CTN. Assim, em relação às competências 01/1999 a 11/1999 (em que não houve pagamento antecipado), verificase que somente no dia 1° de janeiro de 2000 iniciou a contagem do prazo decadencial. Computandose cinco anos, temse que a decadência ocorreria em 01/01/2005. Como a ciência do auto se deu em 29/01/2004, os lançamentos não aconteceram a destempo." Finaliza dizendo: "Vale ressaltar que o posicionamento já está pacificado no âmbito do STJ, de acordo com recente decisão da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (sessão de julgamentos do dia 12.08.2009) no Recurso Especial 973.733/SC, de Relatoria do Min. Luiz Fux, representativo de divergência, nos termos do procedimento do art. 543C do CPC. Fl. 575DF CARF MF 4 Dessarte, a fim de evitar decisões contraditórias e salvaguardar a segurança jurídica, impõese a aplicação da mencionada jurisprudência também por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, nos termos conforme determina o art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Por fim, ressaltese que o despacho que rejeitou os embargos não foi submetido à apreciação do Presidente da Câmara, conforme determinação do voto do despacho (fls519) e art. 65 do RICARF. Ante o exposto, tendo em vista lapso manifesto, devolvo os autos a esta Câmara para que seja corrigido o erro material existente no Acórdão 230101.672, afastandose a decadência em relação aos fatos geradores de 01/1999 a 11/1999, nos termos da literal disposição do art. 173, I do CTN aplicado por esta colenda Câmara, por unanimidade." Em fls. 567, o Conselheiro Adriano Gonzales Silvério, submeteu o pedido de correção por erro material com parecer favorável ao Presidente da 3ª Câmara, da 2ª Seção do CARF que proferiu da presente decisão, verbis: "Presentes os pressupostos do artigo 65 caput do RICARF, acolho os presentes embargos de declaração. Marcelo Oliveira Presidente – 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF" É o que basta para o Relatório. Voto Conselheiro Relatora GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES Dispõe o § 1º, do artigo 65 do RICARF: "Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. § 1º Os embargos de declaração poderão ser interpostos, mediante petição fundamentada dirigida ao presidente da Turma, no prazo de 5 (cinco) dias contado da ciência do acórdão: I por conselheiro do colegiado, inclusive pelo próprio relator; Fl. 576DF CARF MF Processo nº 36750.000998/200449 Acórdão n.º 2301004.723 S2C3T1 Fl. 4 5 II pelo contribuinte, responsável ou preposto; III pelo Procurador da Fazenda Nacional; IV pelos Delegados de Julgamento, nos casos de nulidade de suas decisões; ou Este texto não substitui o publicado no DOU. V pelo titular da unidade da administração tributária encarregada da liquidação e execução do acórdão. " Há que se ressaltar que em atenção ao acórdão proferido em fls. 507/511, foi fundamentado restringindo sua aplicabilidade ao inciso I, do artigo 173 do CTN. Assim, considerando erro na contagem do prazo decadencial, com análise restritiva ao artigo 173, I do CTN, a decadência terá seu termos final em novembro de 1998, inclusive. Consta do decisum: "ACORDAM os membros da 3' Câmara / P Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial com base no artigo 173, I do CTN, e no mérito manter os demais valores lançados, nos termos do voto do relator." Conclusão Isto posto, CONHEÇO dos EMBARGOS, devendo os mesmos serem recebidos nos termos do artigo 66 do RICARF, para correção de erro material apontado, considerando o termo final decadencial 11/1998, inclusive. É como voto. Relatora GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES Relator Fl. 577DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13936.000648/2008-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Dec 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2006 a 31/08/2008
NORMAS GERAIS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. MULTAS. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. NATUREZA JURÍDICA. PENALIDADE. IDENTIDADE.
Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN), a lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
No caso, para aplicação da regra expressa no CTN, deve-se comparar as penalidades sofridas, a(s) antiga(s) em comparação com a(s) determinada(s) pela nova legislação.
JUROS SELIC. INCIDÊNCIA SOBRE OS DÉBITOS TRIBUTÁRIOS ADMINISTRADOS PELA RFB.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Numero da decisão: 2301-004.288
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: I) Por voto de qualidade: a) em dar provimento parcial ao recurso, na questão da aplicação da multa de ofício, a fim de que se verifique, na execução do julgado, para efeitos do Art. 106, do CTN, com a aplicação do cálculo mais benéfico, as penalidades que o sujeito passivo poderia sofrer na legislação anterior (créditos incluídos em autuações por descumprimento de obrigação acessória - falta de declaração e nos de declaração inexata - e principal), com as penalidades determinadas atualmente pelo Art. 35-A da Lei 8.212/1991 (créditos incluídos em autuações por descumprimento de obrigação acessória - falta de declaração e nos de declaração inexata - e principal). Vencidos os Conselheiros Adriano Gonzáles Silvério e Manoel Coelho Arruda Júnior, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, e o Conselheiro Natanael Vieira dos Santos, que limitava a presente multa a 75% (setenta e cinco por cento); I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento aos demais argumentos da recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Marcelo Oliveira.
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - PRESIDENTE DA TERCEIRA CÂMARA E DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO.
Andrea Brose Adolfo - Relatora ad hoc na data da formalização.
Marcelo Oliveira - Redator ad hoc na data da formalização.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CLEBERSON ALEX FRIESS, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR (Relator), NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, ADRIANO GONZALES SILVERIO.
Nome do relator: MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/09/2006 a 31/08/2008 NORMAS GERAIS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. MULTAS. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. NATUREZA JURÍDICA. PENALIDADE. IDENTIDADE. Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN), a lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. No caso, para aplicação da regra expressa no CTN, deve-se comparar as penalidades sofridas, a(s) antiga(s) em comparação com a(s) determinada(s) pela nova legislação. JUROS SELIC. INCIDÊNCIA SOBRE OS DÉBITOS TRIBUTÁRIOS ADMINISTRADOS PELA RFB. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: I) Por voto de qualidade: a) em dar provimento parcial ao recurso, na questão da aplicação da multa de ofício, a fim de que se verifique, na execução do julgado, para efeitos do Art. 106, do CTN, com a aplicação do cálculo mais benéfico, as penalidades que o sujeito passivo poderia sofrer na legislação anterior (créditos incluídos em autuações por descumprimento de obrigação acessória - falta de declaração e nos de declaração inexata - e principal), com as penalidades determinadas atualmente pelo Art. 35-A da Lei 8.212/1991 (créditos incluídos em autuações por descumprimento de obrigação acessória - falta de declaração e nos de declaração inexata - e principal). Vencidos os Conselheiros Adriano Gonzáles Silvério e Manoel Coelho Arruda Júnior, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, e o Conselheiro Natanael Vieira dos Santos, que limitava a presente multa a 75% (setenta e cinco por cento); I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento aos demais argumentos da recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Marcelo Oliveira. Luiz Eduardo de Oliveira Santos - PRESIDENTE DA TERCEIRA CÂMARA E DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO. Andrea Brose Adolfo - Relatora ad hoc na data da formalização. Marcelo Oliveira - Redator ad hoc na data da formalização. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CLEBERSON ALEX FRIESS, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR (Relator), NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, ADRIANO GONZALES SILVERIO.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 25; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2099; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 6.676 1 6.675 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13936.000648/200832 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301004.288 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 21 de janeiro de 2015 Matéria Contribuições Sociais Previdenciárias Recorrente INDÚSTRIAS NOVACK1 S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2006 a 31/08/2008 NORMAS GERAIS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. MULTAS. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. NATUREZA JURÍDICA. PENALIDADE. IDENTIDADE. Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN), a lei aplica se a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. No caso, para aplicação da regra expressa no CTN, devese comparar as penalidades sofridas, a(s) antiga(s) em comparação com a(s) determinada(s) pela nova legislação. JUROS SELIC. INCIDÊNCIA SOBRE OS DÉBITOS TRIBUTÁRIOS ADMINISTRADOS PELA RFB. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: I) Por voto de qualidade: a) em dar provimento parcial ao recurso, na questão da aplicação da multa de ofício, a fim de que se verifique, na execução do julgado, para efeitos do Art. 106, do CTN, com a aplicação do cálculo mais benéfico, as penalidades que o sujeito passivo poderia sofrer na legislação anterior (créditos incluídos em autuações por descumprimento de obrigação acessória falta de declaração e nos de declaração inexata e principal), com as penalidades determinadas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 93 6. 00 06 48 /2 00 8- 32 Fl. 6676DF CARF MF 2 atualmente pelo Art. 35A da Lei 8.212/1991 (créditos incluídos em autuações por descumprimento de obrigação acessória falta de declaração e nos de declaração inexata e principal). Vencidos os Conselheiros Adriano Gonzáles Silvério e Manoel Coelho Arruda Júnior, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, e o Conselheiro Natanael Vieira dos Santos, que limitava a presente multa a 75% (setenta e cinco por cento); I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento aos demais argumentos da recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Marcelo Oliveira. Luiz Eduardo de Oliveira Santos PRESIDENTE DA TERCEIRA CÂMARA E DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO. Andrea Brose Adolfo Relatora ad hoc na data da formalização. Marcelo Oliveira Redator ad hoc na data da formalização. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CLEBERSON ALEX FRIESS, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR (Relator), NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, ADRIANO GONZALES SILVERIO. Fl. 6677DF CARF MF Processo nº 13936.000648/200832 Acórdão n.º 2301004.288 S2C3T1 Fl. 6.677 3 Relatório Conselheira Andrea Brose Adolfo Relatora designada ad hoc na data da formalização. Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheiro responsável pelo relatório ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designada AD HOC para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo o relato deixado pelo conselheiro nos sistemas internos do CARF, com as quais não necessariamente concordo. Feito o registro. Adoto o relatório de fls. 3.139 e ss: O relatório fiscal explicativo do lançamento oferece as seguintes informações acerca da constituição do crédito: 4.1 Através da auditoria fiscal realizada junto à empresa Industrias Novacki S/A, constatamos que a mesma efetuou compensações de contribuições previdenciárias indevidamente, isto posto, que não apresentou documentos ou explicações que justificassem tal procedimento. Na explicação por escrito apresentada pela empresa em 23/09/2008, esclarece que não existem processos referentes as compensações, afirma ainda que seguiu orientações esposadas pela assessoria jurídica para tal procedimento. Fica devidamente caracterizada que a empresa efetuou compensações de contribuições previdenciária indevidamente, uma vez que a empresa não efetuou recolhimentos ou pagamentos indevidos Previdência Social, portanto, não há direito de realizar compensações de contribuições para seguridade social. Observase, ainda, que a empresa não respeitou o limite contido no art. 251 § 1° do Regulamento da Previdência Social, Decreto n° 3048 de 06/05/1999, no qual expressa que a compensação, independente da data do recolhimento, não pode ser superior a trinta por cento do valor a ser recolhido em cada competência. Verificouse também, que em z algumas competências a empresa informou incorretamente a aliquota do GILRAT, originando contribuição a menor que a devida, informou 2% quando o correto é 3%. As competências envolvidas e os valores das diferenças que deixaram de ser declaradas pela empresa em GF1P, constam de planilha anexa, sob o titulo (DEMONSTRATIVO DA APURAÇÃO DIFERENÇA DE GILRAT). Na competência dezembro/2007, não informou através de GFIP os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias referentes a filial 85.601.201/000520. Fl. 6678DF CARF MF 4 4.2 Diante dos fatos expostos, lavramos o presente Auto de Infração — AI e para melhor compreensão, as situações encontradas serão tratadas individualmente por levantamentos. No prazo legal, o sujeito passivo impugnou o lançamento para requerer o reconhecimento das nulidades apontadas, com o cancelamento da cobrança. Caso superadas as preliminares, solicita o cancelamento integral da cobrança ou a sua redução pela exclusão de verbas indevidas, observandose as formalidades legais para tanto e garantindo a impugnante o devido processo legal. Para fundamentar os seus pedidos, apresenta as seguintes alegações: a) o lançamento seria nulo porque lhe faltariam o fundamento legal especifico da exigência, a descrição clara e precisa dos fatos geradores lhe que deram origem e a exata disposição legal que teria sido infringida pela empresa. Não estariam indicados claramente os percentuais exatos das multas aplicadas a cada competência e itens de cobrança. Aplicandose os percentuais indicados no anexo FLD não seria possível chegar ã composição do valor que está sendo cobrado. A empresa não teria sido adequadamente informada sobre quais verbas estão sendo exigidas, quanto e a que titulo. Quanto aos juros não consta memória de cálculo devidamente discriminada, nem os percentuais exatos, não sendo possível chegar a uma memória de cálculo. Tais supostas omissões acarretariam cerceamento do direito de defesa. b) 0 lançamento conteria vicio de intimação. A empresa teria sido cientificada do lançamento via postal, sendo a notificação recebida por pessoa que não detinha poderes para representar o sujeito passivo. c) A autuação se basearia em presunção. A auditoria fiscal não teria produzido a prova da falta de recolhimento do tributo. d) Além de cobranças que seriam indevidas no AI impugnado, a empresa também possuiria créditos de SAT junto á previdência social e que foram compensados com as contribuições devidas. e) Diante da suposta inconstitucionalidade da contribuição sobre remuneração de trabalhadores autônomos e empresários instituída pela Lei Complementar 84/1996, deveria ser afastada a exigibilidade e a cobrança dessa contribuição. f) Não incidiria contribuição previdenciária sobre o valor correspondente aos primeiros 15 dias do auxiliodoença pago pela empresa ao empregado e sobre verbas como auxilio doença, licençagestante, licençapaternidade, avisoprévio indenizado, licença remunerada do dirigente sindical, terço constitucional de férias, férias indenizadas, abonos e Fl. 6679DF CARF MF Processo nº 13936.000648/200832 Acórdão n.º 2301004.288 S2C3T1 Fl. 6.678 5 gratificações não contratuais, ajudas dc custo e décimo terceiro salário. g) A impugnante atua no ramo de comercialização de papéis. Não é contribuinte da contribuição sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural. Assim, todos os valores exigidos são indevidos e aqueles que foram pagos no passado são compensáveis com outras contribuições, o que foi feito na forma legalmente. h) 0 saláriomaternidade, na vigência da Lei 9.876, de 1999, não constituía base de cálculo da contribuição previdenciária. Por essa hipótese, a impugnante poderia ter compensado os valores que recolheu a esse titulo com contribuições vincendas, que estão sendo agora indevidamente exigidas no documento impugnado. i) No seu item 3.6, a impugnação repisa os argumentos acerca de suposta inconstitucionalidade da contribuição sobre a remuneração de autônomos e empresários instituída pela Lei Complementar 84, de 1996, praticamente repetindo o texto do item 3.2, para ao final, requerer que sejam canceladas todas as exigências supostamente feitas a titulo de contribuições sobre remunerações pagas a essas categorias de prestadores de serviço. j) Seria ilegal a exigência, das empresas de médio e grande porte, da contribuição para o SEBRAE. Seria também inconstitucional por não ter sido instituída por Lei Complementar e por incidir sobre a mesma base de cálculo de outros tributos. Além disso, a Ordem de Serviço INSS/DAF n° 3 teria, na prática duplicado as aliquotas, dispondo sobre a contribuição como se tivessem sido criados vários adicionais: um para cada entidade. k) A cobrança da contribuição para o salário educação seria inconstitucional. 1) 0 seguro de Acidentes do Trabalho seria inconstitucional: por desvio de função constitucional do beneficio c desvio de finalidade, uma vez que se cobra um plus que não se reverte em beneficio diferente do que ordinariamente já é assegurado ao contribuinte. Seria contribuição social sem destinagão. Possui a natureza de taxa c por isto não poderia ter a mesma base da contribuição do empregador, que teria a natureza de imposto. Para a sua constituição careceria de Lei Complementar. Contraria o principio da legalidade tributária, ao ter as aliquotas de cada atividade e os respectivos graus de risco fixados por Decreto. Fl. 6680DF CARF MF 6 1.1) 0 grau de risco a que está submetido a empresa seria médio, correspondente à aliquota de 2% e não 3%, conforme considerou a Auditoria Fiscal. 0 grau de risco deveria ser aferido cm cada estabelecimento da notificada e não para toda a empresa. 1.2) 0 Decreto 6.042, de 2007, reduziu a aliquota relativa à fabricação de papel de 3% para 2%, alterando o Anexo V do Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto 3.048, de 1999. Sendo o Decreto uma norma interpretativa, aplicarseia a retroatividade benigna da lei tributária, devendo o percentual de 2% ser aplicado cm todas as competências do AI. m) A impugnante não seria contribuinte da contribuição ao INCRA por ser destinada a atividade estranha às dessa empresa e por ter sido extinta pela Lei 7.787, de 1989 ou porque não fora recepcionada pela Constituição de 1988. n) Seria indevida a exigência da contribuição correspondente a 11% incidente sobre o valor das notas fiscais de prestação de serviços emitidas por empresas prestadoras de serviço mediante cessão de mão de obra: a) por constituir novo tributo instituído por lei ordinária; b) por ter a mesma base de cálculo da Cofins; por eleger como responsável pelo cumprimento da obrigação tributária pessoa estranha ao fato que chi nascimento a essa obrigação. Assim, considerando os supostos vícios na legislação que instituiu o sistema de retenção, e para que sejam observados o contraditório e a ampla defesa, necessária e imperiosa a determinação de juntada de documentos e a realização de prova pericial contábil, para análise de toda a documentação e escrita fiscal da empresa, verificandose outros documentos que ainda não teria sido examinados pela fiscalização, para cancelar a exigência. o) No Auto de Infração 37.047.5542 já estão sendo exigidos da impugnante valores a titulo de contribuições, por falta de declaração cm GFIP. A mesma razão fática não poderia ser utilizada, com fundamentos regulamentares diferentes, para cobrar mais de uma vez a mesma alegada infração. Assim, requer o cancelamento da presente autuação, por duplicidade de cobrança. o.1) Ademais, tal situação não poderia prosperar visto que, conforme protocolo de envio de arquivos conectividade social em anexo, no dia 11/01/2008 às 09h56m a impugnante apresentou GFIP e às 10h42 apresentou GFIP retificadora, procedente A DECLARAÇÃO DE TODOS OS FATOS GERADORES DE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁ RIAS E, INCLUSIVE, DECLARANDO QUE OS RESPECTIVOS VALORES FORAM COMPENSADOS. A autuação se da, pois o fisco SO considerou como enviada a GFIP retificadora, desconsiderando a declaração encaminhada às 09h56m, do dia 11/01/2008. Ora, às 10h42min a impugnante Fl. 6681DF CARF MF Processo nº 13936.000648/200832 Acórdão n.º 2301004.288 S2C3T1 Fl. 6.679 7 retificou a GFIP anterior corrigindo um erro em relação ao funcionário Cicero Pedro da Silva. Ocorre que, na retilicadora a empresa informou somente os dados do referido empregado, pois já havia informado os dados de todos os outros empregados na GFIP retificadora (09h56min). Entretanto os Auditores da RFB desconsideraram a primeira GFIP enviada pelo contribuinte, considerando como (mica declaração feita pela impugnante a GFIP retificadora. Ou seja, cercearam o direito do contribuinte de apresentar declaração retificadora antes da notificação do lançamento pela autoridade administrativa.... Assim, em razão do direito do contribuinte de apresentar GF1P retificadora antes da notificação do lançamento, devem ser consideradas como declaradas as GF1PS apresentadas às 09h56min e às 10h42min e não somente a GFIP retificadora como entendeu o fisco. p) Uma vez que a impugnante possuiria créditos perante a Previdência Social, tais créditos são compensáveis com débitos posteriores, inclusive os que foram objeto da autuação ora questionada, tornandose inaplicável imposição de juros e multa sobre esses valores. No entanto, se ainda restarem dúvidas quanto aos procedimentos contábeis de compensação, poderá ser determinada diligências para o levantamento e confirmação dos elementos trazidos pela impugnante. p.1) Embora a Lei 11.457, de 2007 vede a compensação de créditos do contribuinte de origem não previdencidria (IRPJ, PIS, COFINS, etc) com contribuições destinadas à previdência social, tal compensação seria possível. A limitação da compensação em 30% do valor do tributo devido configuraria empréstimo compulsório. q) Foi aplicada multa de 30% no levantamento Riscos de Acidentes do Trabalho — RAT, enquanto que no levantamento Glosa de Compensação Indevida — GLC foi aplicada multa de 15%. Ocorreriam divergências quanto à fundamentação dessas multas, mencionandose legislações que prevêem aplicação de percentuais diversos destes. A Receita Federal do Brasil ora cita legislação que prevê multa de 8%, mas também menciona dispositivo em que a multa seria de 14%, e outros, até 100%. Diante disto, ficaria cristalino que o fisco não fundamenta adequadamente o percentual da multa a ser aplicado sobre tributos vencidos. E como poderia a impugnante defenderse se a RFB não saberia sequer fundamentar a exigência da multa de mora? q.1) Além de não ser o caso de infração à legislação tributária, ocultação de informações nem omissão de receitas, impõese o reconhecimento da ilegalidade ou inconstitucionalidade da multa imposta porque, a toda evidência, o percentual tão elevado caracteriza um verdadeiro excesso, um desvio de finalidade, violando a Constituição Federal e princípios jurídicos e legais que devem reger tais procedimentos. A multa incidente violaria os princípios da capacidade contributiva e econômica do impugnante e teria caráter confiscatório. Fl. 6682DF CARF MF 8 r) Seria ilegal a cobrança de juros pela taxa SELIC, devendose excluir do cálculo desse acréscimo o excedente de 1% ao mês. Por fim, requer a juntada de planilhas c a produção de prova pericial, para que seja devidamente analisada a documentação fiscal e contábil da impugnante em relação aos débitos previdenciários. Apresenta quesitos e indica assistente técnico. Requer, ainda, o direito de apresentar oportunamente outros elementos que ensejariam a descaracterização da imputação. Em 02 de julho de 2009, os membros da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba – PR, acordaram por unanimidade dos votos, julgar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Segue ementa do acórdão: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2006 a 31/08/2008 37.047.5534 ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE Não se prestam para exame em sede administrativa alegações acerca de inconstitucionalidade ou ilegalidade de normas plenamente vigentes. LANÇAMENTO. VALIDADE válido o lançamento que informa clara e precisamente todos os fatos geradores do débito, as contribuições devidas e os períodos a que se referem, o valor dos juros e da multa incidentes sobre os valores não recolhidos. VÍCIO DE INTIMAÇÃO. INOCORRÊNCIA Inocorre vicio na intimação do sujeito passivo, quando a notificação assinada por pessoa que se intitula seu diretor. COMPENSAÇÃO OU RESTITUIÇÃO Somente poderá ser restituída ou compensada contribuição para a Seguridade Social arrecadada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, na hipótese de pagamento ou recolhimento indevido. RAT. APLICAÇÃO RETROATIVA DAS TABELAS. IMPOSSIBILIDADE O Ministério da Previdência Social, com base em critérios técnicos, pode alterar o enquadramento das empresas na tabela dc atividades para efeitos de contribuição para o RAT. Com base nesses critérios, que são as estatísticas de acidentes do trabalho, o Decreto 6.042 reduziu a aliquota para a atividade de "fabricação de papel", que antes integrava o grau de risco grave, passando para o risco médio. Tratando se de critério técnico, baseado na diminuição da quantidade de acidentes de trabalho nesse ramo de atividade, medida a partir de certo período de tempo, não se admite a aplicação retroativa da tabela que reduziu o grau de risco. AUTO DE INFRAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA E DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. PROCESSOS DISTINTOS Tratandose de processos distintos, Fl. 6683DF CARF MF Processo nº 13936.000648/200832 Acórdão n.º 2301004.288 S2C3T1 Fl. 6.680 9 não se confundem o auto de infração lavrado por descumprimento de obrigação acessória c o auto de infração lavrado por descumprimento de obrigação principal. SELIC Para fatos geradores ocorridos partir de janeiro de 1995, é licita a incidência dos juros com base na taxa SELIC, nos termos da Lei 9.065/95. MULTA A multa pelo recolhimento em atraso da contribuição previdenciária arrecadada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil tem caráter irrelevável, incide de forma automática sobre o débito e, conforme o mês de ocorrência do fato gerador, obedece aos percentuais previstos na legislação aplicável. DILIGÊNCIA Ê desnecessária a baixa dos autos cm diligência quando os elementos constantes dos autos são suficientes para firmar o convencimento do julgador. PERÍCIA Ê desnecessária a prova pericial quando os elementos constantes dos autos são suficientes para firmar o convencimento do julgador. IMPUGNAÇÃO. PROVAS. OPORTUNIDADE Com a impugnação ocorre a oportunidade da apresentação de provas, precluindo o direito de o impugnante apresentálas cm outro momento processual. Lançamento Procedente Cientificada da decisão de primeira instância em 15/07/2009, conforme AR juntado, e com ela não se conformando, a contribuinte interpôs, em 14/08/2009, o recurso voluntário, por meio do qual reiterou as razões de inconformidade aduzidas na impugnação e pleiteou que o recurso seja conhecido e provido. É o relatório. Fl. 6684DF CARF MF 10 Voto Vencido Conselheira Andrea Brose Adolfo Relatora ad hoc na data da formalização. Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheiro responsável pelo voto ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designada AD HOC para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo integralmente as razões de decidir do então conselheiro, constantes dos arquivos do CARF, com as quais não necessariamente concordo. Feito o registro. Atendido o pressuposto de admissibilidade, frente à tempestividade, conheço dos recursos e passo ao seu exame. 1 PRELIMINAR DE NULIDADE – NÃO ACOLHIMENTO Segundo consta dos autos a fiscalização glosou os valores compensados em GFIP, haja vista considerar que os créditos apurados pela autuada careciam de liquidez e certeza, circunstâncias essas que estão evidenciadas no Relatório Fiscal. Em suma o presente lançamento apurou o fato tributável dentro do que determina a legislação de regência, identificando o contribuinte e dandolhe plena ciência da infração apurada. Não vislumbro a tese de nulidade da autuação, argüida pela recorrente, pois não foi observado qualquer vício no procedimento da fiscalização e formalização do lançamento. Foram cumpridos todos os requisitos dos artigos 10 e 11 do Decreto n° 70.235, de 06/03/72, verbis: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Fl. 6685DF CARF MF Processo nº 13936.000648/200832 Acórdão n.º 2301004.288 S2C3T1 Fl. 6.681 11 Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. A recorrente foi devidamente intimada de todos os atos processuais que trazem fatos novos, assegurandolhe a oportunidade de exercício da ampla defesa e do contraditório, nos termos do artigo 23 do mesmo Decreto: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) III por edital, quando resultarem improfícuos os meios referidos nos incisos I e II. (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) A decisão recorrida também atendeu às prescrições que regem o processo administrativo fiscal: enfrentou as alegações pertinentes do recorrente, com indicação precisa dos fundamentos e se revestiu de todas as formalidades necessárias. Não contém, portanto, qualquer vício que suscite sua nulidade, passando, inclusive, pelo crivo do Egrégio Superior Tribunal de Justiça: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 9.12.1993). “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. NULIDADE DO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. SÚMULA 188/STJ. 1. Não há nulidade do acórdão quando o Tribunal de origem resolve a controvérsia de maneira sólida e fundamentada, apenas não adotando a tese do recorrente. Fl. 6686DF CARF MF 12 2. O julgador não precisa responder a todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem está obrigado a aterse aos fundamentos por elas indicados “. (RESP 946.447RS – Min. Castro Meira – 2ª Turma – DJ 10/09/2007 p.216) Portanto, em razão do exposto e nos termos das regras disciplinadoras do processo administrativo fiscal, não se identificam vícios capazes de tornar nulo quaisquer dos atos praticados: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. O direito à ampla defesa e, ao contraditório, assegurado pela Constituição Federal, não foram maculados em razão do lançamento ter sido efetuado através do exame dos documentos de posse da notificada, por ela elaborados, o que lhe permite contradizer e defenderse sem qualquer restrição, eis que forçosamente, é de seu conhecimento os elementos oferecidos para exame. Ademais, foram cumpridos todos os requisitos do artigo 11 do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972, verbis: “Art. 11. 'A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula.” O recorrente foi devidamente intimado de todos os atos processuais, assegurandolhe a oportunidade de exercício da ampla defesa e do contraditório, nos termos do artigo 23 do mesmo Decreto. “Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, nó caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei n° 9.532, de 10.12.1997) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei n° 9.532, de 10.12.1997)” Fl. 6687DF CARF MF Processo nº 13936.000648/200832 Acórdão n.º 2301004.288 S2C3T1 Fl. 6.682 13 Diante dessas considerações, rejeito a alegação de nulidade da autuação fiscal. Superadas as questões preliminares para exame do cumprimento das exigências formais, passo à apreciação do mérito. II OBJETO Extraise de modo cristalino do Relatório Fiscal o lançamento que este destina se a apurar e lançar o crédito relativo a contribuições previdenciárias arrecadadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, incidentes sobre remunerações pagas ou creditadas aos seus segurados empregados e contribuintes individuais (empresários). Portanto, o relatório informa, claramente, qual é o fato gerador: prestação de serviços por segurados empregados e contribuintes individuais, do qual resultou o pagamento de remuneração, sobre a qual incide o encargo patronal da contribuição previdenciária, que a empresa deixou de recolher. Exsurge claro, também, desse relatório, que a empresa, a titulo de compensação por suposto recolhimento indevido de contribuições, deixou de recolher a contribuição patronal cm período discriminado nos anexos do processo. Consta, também, perfeitamente identificado na peça explicativa do lançamento que o sujeito passivo recolheu, em algumas competências, a contribuição destinada ao custeio dos benefícios decorrentes dos riscos ambientais do trabalho (GILRAT, antigamente conhecido por Seguro de Acidentes do Trabalho — SAT) a menor do que a efetivamente devida. Ou seja, a contribuição seria de 3% sobre a remuneração dos segurados empregados, enquanto que foi recolhido o correspondente a apenas 2%. E ainda, na competência dezembro/2007 deixou a autuada de declarar na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social — GFIP grande parcela da remuneração paga aos segurados empregados do estabelecimento identificado pelo CNPJ 85.601.201/000520 e por conseqüência, também deixou de recolher as contribuições incidentes sobre essas remunerações. Em consonância com esses esclarecimentos, destacase do relatório fiscal e dos anexos que integram o processo original que o lançamento é composto por três LEVANTAMENTOS: GLC — Glosa de compensação indevida; RAT — Diferença de RAT (contribuição ao acidente do trabalho), e FPG — Folha de pagamento (Contribuições não recolhidas na competência dezembro/2007 do estabelecimento CNPJ /000520. Os valores apurados são os correspondentes à folha de pagamento da impugnante. Consta bem claro dos autos que a empresa pagou remuneração aos empregados e contribuintes individuais que lhe prestaram serviços. Sobre essa remuneração, por sua vez, incide o encargo patronal da contribuição previdenciária. A remuneração consta das folhas de pagamento da empresa. Eis ai, portanto, descrita a ocorrência do fato gerador, que é a prestação de serviços por segurados empregados e contribuintes individuais, do qual resultaram as remunerações aqui tributadas. Não persistindo dúvida quanto ã ocorrência do fato gerador, surge para o sujeito passivo o dever de realizar o objeto da obrigação tributária principal, isto 6, de efetuar pagamento do tributo no tempo devido. Assim, como lhe compete realizar tal objeto, lhe cabe também comprovar ao fisco o cumprimento de tal obrigação. Assim, ao contrário do que supõe a impugnante, não é ao fisco que compete demonstrar a falta de recolhimento da contribuição, mas o sujeito passivo é que deve Fl. 6688DF CARF MF 14 demonstrar o cumprimento integral da obrigação principal. Por isto, a alegação de que a falta de recolhimento da contribuição foi presumida resulta de todo despropositada. Mas no caso em exame a falta de pagamento já foi confessada pela própria impugnação ao admitir que a empresa deixou de recolher as contribuições a titulo de compensação com um certo crédito seu decorrente de recolhimento indevido de contribuição destinada ao custeio dos benefícios de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (RAT). Além do mais, a omissão do recolhimento foi registrada na GFIP de duas formas: mediante informação, no campo correspondente, de alíquota do RAT a menor, e mediante aposição, no campo próprio, de informações de valores a serem compensados no mês. Assim, a falta de recolhimento restou confirmada e por todas essas razões, se constata desde logo que o lançamento não se baseou em presunção, como supõe a defesa, mas em fatos reais. A respeito da compensação, assim estabelece o art. 89, da Lei 8.212, de 1991: Somente poderá ser restituída ou compensada contribuição para a Seguridade Social arrecadada pelo Instituto Nacional do Seguro Social — INSS, na hipótese de pagamento ou recolhimento indevido. § 2° Somente poderá ser restituído ou compensado, nas contribuições arrecadadas pelo InSS, o valor decorrente das parcelas referidas nas a líneas "a", "b" e "c", do parágrafo único do art. 11 desta lei. § Em qualquer caso, a compensação não poderá ser superior a trinta por cento do valor a ser recolhido em cada competência Conforme se extrai das disposições acima reproduzidas, só poderá ser compensado ou restituído crédito decorrente de recolhimento indevido. Por recolhimento indevido entendese aquele crédito decorrente de pagamento efetuado além dos limites legais, entre outras circunstâncias, por inexistência de fato gerador, por utilização de alíquota superior àquela prevista legalmente, por erro na base de cálculo, ou mesmo por recolhimento em duplicidade da contribuição. No caso em tela, contudo, o contribuinte não manifestou, nem à auditoria fiscal e nem agora no processo, nenhuma disposição para demonstrar a existência do crédito decorrente do recolhimento indevido e, por conseqüência, do direito à restituição. Para melhor entendimento, filiome ao decidido pela DRJ que muito bem examinou a presente questão: A fls. 106 vêse juntada correspondência da empresa, dirigida ao Sr. Delegado da Receita Federal do Brasil em Ponta Grossa, onde o contribuinte afirma singelamente que seguiu entendimento esposado pela sua assessoria jurídica que orientou pela possibilidade de utilizarse de créditos de SAT, compensandoos com débitos da empresa para com o INSS, efetivados conforme planilha anexa. Por isto, apenas por suposição se pode aduzir que a empresa estaria se compensando de recolhimento indevido de SAT/RAT. Fl. 6689DF CARF MF Processo nº 13936.000648/200832 Acórdão n.º 2301004.288 S2C3T1 Fl. 6.683 15 Mas que créditos seriam esses? De onde provem? De erro de enquadramento? De alíquota aplicada a maior? Sabese que até maio/2007 a alíquota correspondente à atividade da empresa era de 3% (fabricação de papel). Teria efetuado o recolhimento por uma alíquota maior que essa? Ocorre que não foi juntada aos autos a tal planilha mencionada na correspondência, que seria inicio de evidência de supostos créditos. Assim, a impugnante não fornece elementos suficientes para o exame de seu suposto direito, em sede administrativa. Observase, a este respeito, que a partir de junho/2007 a aliquota do RAT devida pela empresa de acordo com a sua atividade preponderante foi reduzida de 3% para 2%, pelo Decreto 6.042, de 12/02/2007. Extraise, por outro lado, do relatório fiscal explicativo do lançamento que, após a edição desse Decreto, a empresa promoveu indevidamente a retificação de suas GFIP do período de setembro/2006 a maio/2007, para estender a aliquota do RAT menor (2%) para período anterior A vigência dos efeitos do citado Decreto. Colhese também da impugnação o argumento de que a redução trazida pelo Decreto 6.042 na aliquota do RAT deveria ser aplicada a todo o período do Auto de Infração, em face da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN. Só se foi cm decorrência desse entendimento que a empresa promoveu a retificação das GFIP e veio alegar a existência de excesso de recolhimento a esse titulo e o suposto crédito a ser compensado. Porque outra hipótese de recolhimento indevido não se vislumbra. Se for isto, tal entendimento não encontra sustentação. A uma, porque a modificação introduzida na tabela de atividades e correspondentes graus de risco, que constitui o anexo V do Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto 3.048, de 1999, atende a disposição contida no parágrafo 3° do art. 22, da Lei 8.212, de 1991: §3º 0 Ministério do Trabalho e da Previdência Social (hoje Ministério da Previdência Social) poderá alterar, com base nas e estatísticas de acidentes de trabalho, apuradas em inspeção, o enquadramento de empresas para efeito da contribuição a que se refere o inciso II deste artigo, a fim de estimular investimentos em prevenção de acidentes. Conforme se ye da disposição reproduzida, o Ministério da Previdência Social, com base cm critérios técnicos, pode alterar o enquadramento das empresas na tabela de atividades para efeitos de contribuição para o RAT. Portanto, com base nesses critérios, que são as estatísticas de acidentes do trabalho, o Decreto 6.042 atribuiu nova aliquota para a atividade de "fabricação de papel". Nesse aspecto, se antes essa atividade Fl. 6690DF CARF MF 16 integrava o grau de risco grave, é porque assim as estatísticas indicavam. E se agora o risco deve ser médio, evidentemente assim o é porque as estatísticas indicaram a redução na quantidade de acidentes de trabalho nesse ramo de atividade, justificandose a redução do grau de risco. Por isto, se se pudesse falar em retroação dos efeitos da nova tabela inserida no anexo V do Regulamento, como quer a impugnantc, esta somente poderia se dar até o momento a partir do qual as estatísticas de acidente do trabalho do ramo de "fabricação de papel" tivessem se reduzido. Isto, no entanto, não é possível, uma vez que a redução não se da de um mês para outro, mas ao longo de determinado período, só constatado mediante análise estatística. [...] Não se podendo falar em retroação da alíquota devida pela empresa, também não há que se analisar, sob esse ângulo, a hipótese de credito decorrente da aplicação da alíquota maior no período em que esta estava plenamente vigente. Mas neste ponto, a defesa diz que se ainda restarem dúvidas quanto aos procedimentos contábeis de compensação, poderá ser determinada diligências para o levantamento e confirmação dos elementos trazidos pela impugnante. Temse nisto, primeiro, que a defesa não traz nenhum elemento que sirva de inicio de prova do recolhimento indevido. Muito pelo contrário, nem ao menos se dignou indicar de onde provérn o seu possível crédito. Segundo, não será a regularidade da escrita fiscal que consignará o direito da empresa, se não restar comprovada a origem desse suposto crédito. Além disto, esse crédito deveria ter sido posto, antes, ao exame da auditoria fiscal, com todos os elementos necessários a comprovar a sua materialidade. Ao par disto, a impugnação deveria ter trazido aos autos, para apreciação do julgador os elementos que julgasse suficientes e aptos para demonstrar o seu direito. Inexistindo, qualquer inicio de prova, não há razão para se encaminhar o processo cm diligência c nem para perícia. [Grifo nosso] Portanto, sem razão a Recorrente. IV INCONSTITUCIONALIDADE Em relação as demais matérias tratadas no Recurso Voluntário, devem ser aplicados os enunciados das Súmulas deste CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 6691DF CARF MF Processo nº 13936.000648/200832 Acórdão n.º 2301004.288 S2C3T1 Fl. 6.684 17 V SELIC Quanto à inaplicabilidade da taxa de juros SELIC para fins tributários, é matéria que já se encontra sumulada nesse Tribunal Administrativo, nos termos da Súmula CARF n. 04: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Nesse sentido, sendo a Súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF, nos temos do “caput” do art. 72 do Regimento Interno do CARF1., não pode esse colegiado afastar a utilização da taxa de juros aplicada às contribuições lançadas no presente lançamento. VI DA MULTA APLICADA A autuação em comento refere se ao descumprimento pelo contribuinte da sua obrigação tributária principal, consistente no dever de recolher a contribuição previdenciária dentro do prazo previsto em lei. Além do pagamento do tributo não recolhido, a legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores previa a imposição ao contribuinte da penalidade correspondente ao atraso no pagamento, conforme art. 35 da Lei nº 8.212/1991, que escalonava a multa (I) de 4% a 20%, quando o valor devido não tivesse sido incluído em notificação fiscal de lançamento, (II) de 12% a 50% para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal, e (III) de 30% a 100% nos casos em que o débito já tivesse sido inscrito em dívida ativa. Como se depreende do caput do art. 35 referido (sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos...) a penalidade decorria do atraso no pagamento, independentemente de o lançamento ter sido efetuado de ofício ou não. Em outras palavras, não existia na legislação anterior a multa de ofício, aplicada em decorrência do lançamento de ofício pela auditoria fiscal, mas apenas a multa de mora, oriunda do atraso no recolhimento da contribuição. A punição do art. 35 da referida lei dirigia se à demora no pagamento, sendo mais agravada/escalonada de acordo com o momento em que fosse recolhida. Ocorre que, com o advento da MP nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009, o art. 35 da Lei nº 8.212/1991 foi revogado, tendo sido incluída nova redação àquele art. 35. A análise dessa nova disciplina sobre a matéria, introduzida em dezembro/2008, adquire importância em face da retroatividade benigna da legislação posterior que culmine penalidade mais benéfica ao contribuinte, nos termos do art. 106, II do CTN, acima transcrito. Cabe, portanto, analisar as disposições introduzidas com a referida MP nº 449/2008 e mantidas com a sua conversão na Lei nº 11.941/2009: Fl. 6692DF CARF MF 18 Art. 35 da Lei nº 8.212/1991 Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único d art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos da multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 61 da Lei nº 9.430/1996 Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. À primeira vista, a indagação de qual seria a norma mais favorável ao contribuinte seria facilmente resolvida, com a aplicação retroativa da nova redação do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996, sendo esta última a utilizada nos casos em que a multa de mora excedesse o percentual de 20% previsto como limite máximo pela novel legislação. Contudo, o art. 35A, também introduzido pela mesma Lei nº 11.941/2009, passou a punir o contribuinte pelo lançamento de ofício, conduta esta não tipificada na legislação anterior, calculado da seguinte forma: Art. 35A.Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido Fl. 6693DF CARF MF Processo nº 13936.000648/200832 Acórdão n.º 2301004.288 S2C3T1 Fl. 6.685 19 apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Pela nova sistemática aplicada às contribuições previdenciárias, o atraso no seu recolhimento será punido com multa de 0,33% por dia, limitado a 20% (art. 61 da Lei nº 9.430/1996). Sendo o caso de lançamento de ofício, a multa será de 75% (art. 44 da Lei nº 9.430/1996). Não existe qualquer dúvida quanto à aplicação da penalidade em relação aos fatos geradores ocorridos após o advento da MP nº 449/2008. Contudo, diante da inovação em se aplicar também a multa de ofício às contribuições previdenciárias, surge a dúvida de com que norma será cotejada a antiga redação do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 para se verificar a existência da penalidade mais benéfica nos moldes do art. 106, II, “c” do CTN. Isto porque, caso seja acolhido o entendimento de que a multa de mora aferida em ação fiscal está disciplinada pelo novo art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei 9.430/1996, terá que ser limitada ao percentual de 20%. Ocorre que alguns doutrinadores defendem que a multa de mora teria sido substituída pela multa de ofício, ou ainda que esta fosse sim prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/1991, na sua redação anterior, na medida em que os incisos II e III previam a aplicação da penalidade nos casos em que o débito tivesse sido lançado ou em fase de dívida ativa, ou seja, quando tivesse decorrido de lançamento de ofício. Contudo, nenhum destes dois entendimentos pode prevalecer. Consoante já afirmado acima, a multa prevista na redação anterior do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 destinava se a punir a demora no pagamento do tributo, e não o pagamento em razão de ação fiscal. O escalonamento existente era feito de acordo com a fase do pagamento, isto é, quanto mais distante do vencimento do pagamento, maior o valor a ser pago, não sendo punido, portanto, a não espontaneidade do lançamento. Também não seria possível se falar em substituição de multa de mora por multa de ofício, pois as condutas tipificadas e punidas são diversas. Enquanto a primeira relaciona s com o atraso no pagamento, independentemente se este decorreu ou não de autuação do Fisco, a outra vincula se à ação fiscal. Por outro lado, não me parece correta a comparação da nova multa calculada conforme o art. 35 A da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996 (multa de ofício prevista em 75% do valor da contribuição devida) com o somatório das multas previstas no art.32, §4º e 5º e no revogado art. 35 ambos da Lei nº 8.212/1991. Em primeiro lugar, esse entendimento somente teria coerência, o que não significa legitimidade, caso se entendesse que a multa de ofício substituiu as penalidades tanto pelo descumprimento da obrigação principal quanto pelo da acessória, unificando as. Fl. 6694DF CARF MF 20 Nesses casos, concluindo se pela aplicação da multa de ofício, por ser supostamente a mais benéfica, os autos de infração lavrados pela omissão de fatos geradores em GFIP teriam que ser anulados, já que a penalidade do art. 44, I da Lei nº 9.430/1996 (multa de ofício) estaria substituindo aquelas aplicadas em razão do descumprimento da obrigação acessória, o que não vem sendo determinado pelo Fisco. Em segundo lugar, não se podem comparar multas de naturezas distintas e aplicadas em razão de condutas diversas. Conforme determinação do próprio art. 106, II do CTN, a nova norma somente retroage quando deixar de definir o ato como infração ou quando cominar lhe penalidade menos severa. Tanto em um quanto no outro caso verifica se a edição de duas normas em momentos temporais distintos prescrevendo a mesma conduta, porém com sanções diversas. Assim, somente caberia a aplicação do art. 44, I da Lei nº 8.212/1996 se a legislação anterior também previsse a multa de ofício, o que não ocorria até a edição da MP nº 449/2008. A anterior multa de mora somente pode ser comparada com penalidades que tenha a mesma ratio, qual seja, o atraso no pagamento das contribuições. Revogado o art. 35 da Lei nº 8.212/1991, cabe então a comparação da penalidade aplicada anteriormente com aquela da nova redação do mesmo art. 35, já transcrita acima, que remete ao art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Não só a natureza das penalidades leva a esta conclusão, como também a própria alteração sofrida pelo dispositivo. No lugar da redação anterior do art. 35, que dispunha sobre a multa de mora, foi introduzida nova redação que também disciplina a multa de mora, agora remetendo ao art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Estes dois dispositivos é que devem ser comparados. Diante de todo o exposto, não é correto comparar a multa de mora com a multa de ofício. Esta terá aplicação apenas aos fatos geradores ocorridos após o seu advento. Para fins de verificação de qual será a multa aplicada no caso em comento, deverão ser cotejadas as penalidades previstas na redação anterior do art. 35 da Lei nº8.212/1991 com a instituída pela sua nova redação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009, c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996) aplicandolhe a que for mais benéfica. DISPOSITIVO Ante o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO para que seja aplicada aos fatos geradores do lançamento, a penalidade prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/1991 até a competência 11/08, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009, c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996, caso seja mais benéfica para o contribuinte, afastando nesse período toda e qualquer aplicação de multa de ofício. É como voto. Foi assim que o conselheiro votou na sessão de julgamento, conforme registro. (assinado digitalmente) Andrea Brose Adolfo Relatora ad hoc na data da formalização Fl. 6695DF CARF MF Processo nº 13936.000648/200832 Acórdão n.º 2301004.288 S2C3T1 Fl. 6.686 21 Voto Vencedor Conselheiro Marcelo Oliveira Redator Designado. Devido a ausência de conselheiros titulares e pelo impedimento, inclusive técnico, de conselheiros suplentes elaborarem votos vencedores, designeime, na ocasião, redator do voto vencedor. Assim, com todo respeito ao relator, divirjo de suas conclusões quanto à multa, acompanhando suas conclusões nas demais questões. Em casos como esse – em que a legislação foi alterada, com novos cálculos e forma de aplicação de penalidades – o Código Tributário Nacional (CTN), determina que a legislação deve retroagir. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: ... II tratandose de ato não definitivamente julgado: ... c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Portanto, pela determinação do CTN, acima, a administração pública deve verificar, nos lançamentos não definitivamente julgados, se a penalidade determinada na nova legislação é menos severa que a prevista na lei vigente no momento do lançamento. Para tanto, devemos comparar as penalidades aplicadas antes da alteração legislativa com a imposta atualmente. A Lei 8.212/1991 trazia a seguinte redação quando tratava de multas: Lei 8.212/1991: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Fl. 6696DF CARF MF 22 b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). § 1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar.(Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o Fl. 6697DF CARF MF Processo nº 13936.000648/200832 Acórdão n.º 2301004.288 S2C3T1 Fl. 6.687 23 acréscimo a que se refere o § 1º deste artigo.(Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 4o Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinqüenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) Com a edição da Medida Provisória 449/2008 ocorreram mudanças na legislação que trata sobre multas, com o surgimento de dois artigos: Lei 8.212/1991: Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). ... Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Lei 9.430/1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Ocorre que o nobre relator não comparou as penalidades, antigas e novas, quando os mesmos fatos jurídicos forem verificados pelo Fisco (falta de pagamento ou recolhimento, falta de declaração e declaração inexata). Fl. 6698DF CARF MF 24 O relator comparou, para a aplicação do Art. 106 do CTN, penalidade de multa aplicada em lançamento de ofício, com penalidade aplicada quando o sujeito passivo está em mora, sem a existência do lançamento de ofício, e decide, espontaneamente, realizar o pagamento. Para tanto, na defesa dessa tese, há o argumento que a antiga redação utilizava o termo multa de mora. Lei 8.212/1991: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: ... II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: Esclarecemos aqui que a multa de lançamento de ofício, como decorre do próprio termo, pressupõe a atividade da autoridade administrativa que, diante da constatação de descumprimento da lei, pelo contribuinte, apura a infração e lhe aplica as cominações legais. Em direito tributário, cuidase da obrigação principal e da obrigação acessória, consoante art. 113 do CTN. A obrigação principal é obrigação de dar. De entregar dinheiro ao Estado por ter ocorrido o fato gerador do pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária. A obrigação acessória é obrigação de fazer ou obrigação de não fazer. A legislação tributária estabelece para o contribuinte certas obrigações de fazer alguma coisa (escriturar livros, emitir documentos fiscais etc.): são as prestações positivas de que fala o §2º do art. 113 do CTN. Exige também, em certas situações, que o contribuinte se abstenha de produzir determinados atos (causar embaraço à fiscalização, por exemplo): são as prestações negativas, mencionadas neste mesmo dispositivo legal. O descumprimento de obrigação principal gera para o Fisco o direito de constituir o crédito tributário correspondente, mediante lançamento de ofício. É também fato gerador da cominação de penalidade pecuniária, leiase multa, sanção decorrente de tal descumprimento. O descumprimento de obrigação acessória gera para o Fisco o direito de aplicar multa, igualmente por meio de lançamento de ofício. Na locução do §3º do art. 113 do CTN, este descumprimento de obrigação acessória, isto é, de obrigação de fazer ou não fazer, convertea em obrigação principal, ou seja, obrigação de dar. Já a multa de mora não pressupõe a atividade da autoridade administrativa, não têm caráter punitivo e a sua finalidade primordial é desestimular o cumprimento da Fl. 6699DF CARF MF Processo nº 13936.000648/200832 Acórdão n.º 2301004.288 S2C3T1 Fl. 6.688 25 obrigação fora de prazo. Ela é devida quando o contribuinte estiver recolhendo espontaneamente um débito vencido. Portanto, para a correta aplicação do Art. 106 do CTN, que trata de retroatividade benigna, o Relator deveria verificar as penalidades que o sujeito passivo sofreu na legislação anterior (créditos incluídos em autuações por descumprimento de obrigação acessória, nos casos de falta de declaração e/ou apresentação de declaração inexata, e por descumprimento de obrigação principal, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento), com as penalidades determinadas atualmente pelo Art. 35A da Lei 8.212/1991 (créditos incluídos em autuações por descumprimento de obrigação acessória, nos casos de falta de declaração e/ou apresentação de declaração inexata, e por descumprimento de obrigação principal, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento). Conseqüentemente, divirjo do relator e voto em dar proviemtno parial ao recurso, a fim de que se verifique, na execução do julgado, para efeitos do Art. 106, do CTN, com a aplicação do cálculo mais benéfico, as penalidades que o sujeito passivo poderia sofrer na legislação anterior (créditos incluídos em autuações por descumprimento de obrigação acessória falta de declaração e nos de declaração inexata e principal), com as penalidades determinadas atualmente pelo Art. 35A da Lei 8.212/1991 (créditos incluídos em autuações por descumprimento de obrigação acessória falta de declaração e nos de declaração inexata e principal), acompanhando o relator nas demais questões. É como voto. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Fl. 6700DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13161.001793/2008-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Nov 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007
CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE.
Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelece-se o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE
Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições.
ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA.
A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial.
CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANO-CALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE.
1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir ano-calendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro.
2. O saldo apurado antes do ano-calendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições.
VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.158-35/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF.
As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes.
CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-003.297
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito básico correspondente às notas fiscais nº 112421, 13951, 40721 e 7331 referente a insumos básicos e o crédito correspondente aos gastos com energia elétrica, quanto aos últimos, excepcionadas as notas fiscais 27643, 987063 e 541925.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa integral dos créditos relativos aos fretes de transferência entre estabelecimentos e nas compras sem direito a crédito, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado e, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação aos gastos com frete na aquisição de produtos tributados a alíquota zero, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à apropriação de créditos presumidos agroindustriais, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator e a Conselheira Lenisa Prado, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referentes ao direito de manutenção dos créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão e de vendas excluídas da base de cálculo, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referente ao direito de manutenção do crédito de custos, despesas e encargos comuns vinculados às transações com associados de bens e serviços à alíquota zero, devendo ser refeito o rateio excluindo os valores destas operações da definição de receita. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, e o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à incidência de juros de mora sobre o valor objeto do pedido de ressarcimento, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Domingos de Sá Filho - Relator
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Redator Designado.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Redator Designado.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE. Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelecese o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA. A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 16 1. 00 17 93 /2 00 8- 49 Fl. 337DF CARF MF 2 Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANOCALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE. 1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir anocalendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro. 2. O saldo apurado antes do anocalendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições. VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.15835/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF. As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 338DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 49 3 Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito básico correspondente às notas fiscais nº 112421, 13951, 40721 e 7331 referente a insumos básicos e o crédito correspondente aos gastos com energia elétrica, quanto aos últimos, excepcionadas as notas fiscais 27643, 987063 e 541925. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa integral dos créditos relativos aos fretes de transferência entre estabelecimentos e nas compras sem direito a crédito, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado e, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação aos gastos com frete na aquisição de produtos tributados a alíquota zero, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à apropriação de créditos presumidos agroindustriais, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator e a Conselheira Lenisa Prado, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referentes ao direito de manutenção dos créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão e de vendas excluídas da base de cálculo, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referente ao direito de manutenção do crédito de custos, despesas e encargos comuns vinculados às transações com associados de bens e serviços à alíquota zero, devendo ser refeito o rateio excluindo os valores destas operações da definição de receita. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, e o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à incidência de juros de mora sobre o valor objeto do pedido de ressarcimento, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Fl. 339DF CARF MF 4 (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) Domingos de Sá Filho Relator (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Redator Designado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Redator Designado. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário em razão do Acórdão que negou o direito ao crédito pleiteado referente aos anos calendários de 2004, 2005, 2006 e 2007, e, manteve o indeferimento parcial da pretensão do reconhecimento do direito creditório relativo ao PIS/PASEP e a COFINS, conforme se vê do voto. Em sede de Embargos Declaratórios foram acolhidos os argumentos da Embargante, aqui Recorrente, para o exame da Manifestação de Inconformidade em toda a sua plenitude, diante de omissão quando da análise procedida que resultou num Acórdão da 2ª Turma da DRJ/CGE. Em sendo assim, está em exame o Acórdão de nº 3302003.297. O pleito foi deferido parcialmente pelos motivos elencados no relatório fiscal, o que restou acolhido pelo julgador de piso. Em sua conclusão resume os ajustes nos cálculos realizados pela contribuinte: “I. Glosa parcial dos créditos básicos decorrentes de aquisição de insumos, energia elétrica, aluguéis de pessoa jurídica, fretes e aquisições do imobilizado, (Tabela 04); II. Glosa integral do valor referente ao crédito presumido da atividade agroindustrial por NÃO restar comprovado que a contribuinte exerceu atividade agroindustrial, bem como, pela ausência de comprovação da destinação à alimentação humana ou animal, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 (Tabela 04); III. Estorno dos créditos decorrentes das saídas com suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (inciso II, § 4o, art. 8º – da Lei nº 10.925/2004 Tabela 03 e 04); Fl. 340DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 50 5 IV. Glosa integral dos créditos decorrente da proporção de saídas sujeita a alíquota zero, considerando que as operações realizadas estavam efetivamente sujeitas à exclusão da base de cálculo e, por decorrência, inexiste suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); V. Glosa integral dos créditos decorrentes da proporção de saídas não tributadas decorrentes de operações sujeitas à exclusão de base de cálculo, considerando a matéria circunscrevese a questão se Recorrente é considerada agroindustrial ausência de suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); VI. Deferimento dos créditos básicos vinculados às operações de exportações realizados no período.” Do relatório fiscal constatas as razões das glosas: 1. CRÉDITO BÁSICO 1.1 AQUISIÇÃO DE INSUMOS No período em análise a contribuinte registrou créditos integrais da não comutatividade das contribuições para o Pis e da Cofins sobre as compras de pessoa jurídica. Através do Termo de Intimação Fiscal 003, por amostragem, foram solicitadas cópias das notas fiscais de aquisição registradas na memória de cálculo do Dacon. O contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais registradas (Tabela 04 e 05). 1.2 FRETES / DESPESAS DE ARMAZENAGEM O contribuinte apurou créditos da contribuição para Pis e da Cofins sobre os fretes de operações de venda/armazenagem, transferência e compras de mercadorias. Conforme será demonstrado, apenas os fretes vinculados a operações de venda geram direito a apuração de crédito da contribuição para Pis e da Cofins. 1.2.1 FRETE SOBRE OPERAÇÕES DE VENDAS / ARMAZENAGEM Nas operações com fretes sobre vendas somente existe direito ao crédito da nãocumulatividade das contribuições para o Pis e da Cofins se for comprovado que o ônus foi suportado pelo vendedor (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso IX c/c art. 15, inciso II e art. 93) Através do Termo de Intimação Fiscal 003 a contribuinte foi intimada a apresentar cópia digitalizada dos comprovantes de pagamento a título de fretes sobre venda/despesa de armazenagem as pessoas jurídicas. Fl. 341DF CARF MF 6 Pela análise da documentação solicitada, a contribuinte comprovou que, no período entre agosto de 2004 e dezembro de 2007, foi a responsável pelo pagamento dos serviços de fretes contratados. Portanto, atende ao requisito legal para apuração do crédito, ou seja, o ônus foi suportado pela vendedora. 1.2.2 FRETES SOBRE OPERAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA As transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte implicam em mero deslocamento das mercadorias com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores. Portanto, não integram a “operação de venda” referida no art. 3º, inciso IX da Lei nº 10.833/2003. Somente o valor do frete contratado para o transporte de mercadorias para o consumidor final, desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, gera direito ao crédito do PIS/PASEP e da Cofins. Cumpre registrar que somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias diretamente aos clientes adquirentes é que geram direito a créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, consoante entendimento da CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit) da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), exarado na Solução de Divergência nº 11, de 27 de setembro de 2007, cuja ementa está disponível no sítio da RFB na internet. A exclusão das transferências de mercadorias foi realizada a partir das informações prestadas através do Termo de Intimação Fiscal 005 (ver Tabela 04 e 06). 1.2.3 FRETE NAS OPERAÇÕES DE COMPRA Os fretes sobre compras, quando por conta do comprador, integram o custo dos bens. Se tais bens geram direito a crédito de PIS e Cofins, logo, indiretamente, o frete incidente na compra dos mesmos também gerará. Porém, se a aquisição destes bens não gerarem crédito, o frete sobre a compra também não gerará direito ao crédito. As mercadorias transportadas nos fretes das operações de compra foram fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero (conforme, inciso I e III do art. 1º da Lei 10.925/2004). Portanto, nos fretes de operações de compra não existe a apuração do crédito. A exclusão dos valores relativos a estas operações foi realizada a partir das informações prestadas através do Termo de Intimação Fiscal 005 (ver Tabela 04 e 06). 1.3 ENERGIA ELÉTRICA Fl. 342DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 51 7 As despesas com energia elétrica geram créditos da cumulatividade da contribuição para Pis e da Cofins contratadas com pessoa jurídica domiciliada no País, incorridas a partir do período de apuração de fevereiro de 2004 (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso III e Lei nº 10.637/2002, art. 3º, inciso IX do caput). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitadas cópias das notas fiscais de aquisição conforme os registros da memória de cálculo do Dacon apresentado pelo contribuinte. O contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais registradas (Tabela 04 e 05). 1.4 ALUGUÉIS PESSOA JURÍDICA É permitida a apropriação de créditos da nãocumulatividade da contribuição para o Pis e da Cofins sobre os valores relativos as despesas utilizadas na atividade da empresa, em relação a aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica domiciliada no Pais, utilizados na atividade da empresa (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso IV e Lei nº 10.637/2002, art. 3º, inciso IV). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitados todos os comprovantes relativos aos créditos decorrentes de despesa com aluguéis. A análise da documentação apresentada comprovou apenas parte dos valores registrados no Dacon (ver Tabela 04) 1.5 CRÉDITO IMOBILIZADO (VALOR DA AQUISIÇÃO) A partir do mês de agosto 2004 é possível calcular créditos da não cumulatividade da contribuição para Pis e da Cofins somente em relação: a máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao Ativo Imobilizado, adquiridos de pessoas jurídicas domiciliadas no País ou importados, utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, incisos VI do caput e inciso II do § 3º). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitados todos os comprovantes relativos aos créditos de aquisição de imobilizado. A análise da documentação apresentada comprovou apenas parte dos valores registrados no Dacon (ver Tabela 04). 2. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA A luz do dispositivo transcrito, o enquadramento legal para utilização do crédito presumido decorre das seguintes condições: que as mercadorias produzidas estejam classificadas na(s) NCM(s) estabelecidas pela lei; que a contribuinte exerça a atividade de produção de mercadoria (agroindústria); e, que os produtos fabricados sejam destinados à alimentação humana ou animal. Fl. 343DF CARF MF 8 2.1 PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL OU VEGETAL O art. 8º da Lei nº 10.925/2004 estabeleceu os capítulos de classificação na NCM dos produtos de origem animal ou vegetal que dão direito ao crédito presumido da atividade agroindustrial. No caso em tela, conforme a memória de cálculo do DACON, no período em análise, os produtos exportados pela contribuinte foram soja NCM 1201.90.00 e milho NMC 1005.90.10. Assim, referidos produtos estão classificados entre os capítulos 8 a 12 da NCM, conforme a determinação do art. 8º da Lei 10.925/2004, com a regulamentação reproduzida na alínea d, inciso I, do art. 5º da Instrução Normativa RFB nº 660. 2.2 AGROINDÚSTRIA A Lei nº 10.925, de 2004, não faz nenhuma menção explícita a atividade de agroindústria. O art. 8º do referido diploma legal aponta a necessidade de produção de mercadorias para apuração do crédito presumido, nos seguintes termos: “Art. 8º As pessoas jurídicas […] que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal […]”. Grifouse O termo agroindústria foi definido no art. 6º da IN RFB 660/2006, abaixo transcrito: Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e (...) Grifouse Conforme os aludidos dispositivos legais, somente possui direito de apurar o crédito presumido em análise a pessoa jurídica que produza mercadoria. O inciso III, § 1º, art. 8º, da Lei nº 10.925/2004, estabelece que o direito de apurar o crédito presumido nele previsto aplicase também nas aquisições efetuadas de pessoa de cooperativa de produção agropecuária. 3.3 DESTINAÇÃO À ALIMENTAÇÃO HUMANA OU ANIMAL Através do Termo de Intimação Fiscal 003, a contribuinte foi intimada a comprovar que os produtos fabricados foram destinados à alimentação humana ou animal. Em resposta a intimação fiscal a contribuinte limitouse a reproduzir o disposto no Regulamento Técnico Anexo a Instrução Normativa nº 11 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, bem como, a afirmar que “ Como visto, conforme padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura, as mercadorias relacionadas no Caput do Art. 8º da lei 10.925/2004, produzidas pela contribuinte estão dentro nos padrões a serem destinadas a alimentação humana ou animal, atendendo todos os requisitos para apuração do Crédito Presumido de Pis e Cofins. A comprovação dos requisitos destinação a alimentação humana ou animal é ônus da agroindústria interessada. A exportação, na maior parte dos casos pode inviabilizar a comprovação de tal Fl. 344DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 52 9 requisito, se a venda se der, por exemplo, para comerciantes no exterior (Solução de Consulta nº 24 – SRRF09/Disit). 2.3 UTILIZAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO O valor do crédito presumido previsto na Lei nº 10.925, de 2004, arts. 8º e 15, somente pode ser utilizado para dedução da Contribuição para o PIS e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) apuradas no regime de incidência não cumulativa. Art. 15. As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem vegetal, classificadas no código 22.04, da NCM, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Vigência) Grifouse 3. CRÉDITOS MERCADO INTERNO NÃO TRIBUTADO Os créditos relativos ao mercado interno não tributado estão vinculados as seguintes operações: vendas suspensas; vendas com alíquota zero e exclusões de base de cálculo permitidas as sociedades cooperativas. Como se demonstrará, nestas situações não existe o direito a manutenção do crédito previsto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004. Desta maneira, os créditos vinculados a operações não tributadas no mercado interno foram integralmente indeferidos. 4.1 – VENDAS SUSPENSAS Conforme analisado no subitem 3.2, a Lei 10.925/2004 excluiu do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal. Referidas atividades foram consideradas típicas de cerealista. Assim, nas operações realizadas no período a contribuinte faz jus a suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (art. 9º), mas deve providenciar o respectivo estorno dos créditos da não cumulatividade (inciso II, § 4o, art. 8º Tabela 04). 4.2 VENDAS COM ALÍQUOTA ZERO A partir do mês de agosto/2004 os insumos vendidos pela contribuinte aos associados (adubos, fertilizantes e sementes) tiveram as alíquotas da contribuição para o PIS e da COFINS reduzidas a zero (art. 1º da Lei 10.925/2004). Entretanto, a venda de insumos a associados deve ser registrada como exclusão de base de cálculo nos termos da MP nº 2.158, de 24 de Fl. 345DF CARF MF 10 agosto de 2001 e não como uma venda não tributada sujeita à alíquota zero. O art. 17 da Lei nº 11.033 garantiu o direito à manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a operações com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o Pis e da Cofins. Portanto, ao registrar indevidamente as exclusões de base de cálculo como vendas sujeitas à alíquota zero, houve a manutenção indevida dos créditos vinculados a estas operações. O valor do crédito vinculado as operações de venda com alíquota zero foi integralmente glosado (tabelas 03 e 04) 4.3 EXCLUSÕES DE BASE DE CÁLCULO O legislador estabeleceu tratamento diferenciado para operações praticadas pela sociedade cooperativas. Em referidas operações, o procedimento previsto é o de excluir os valores respectivos das bases de cálculo do PIS e da Cofins. Nesta sistemática, NÃO existe previsão legal para a manutenção do direito ao crédito vinculado as operações sujeitas à exclusão de base de cálculo. O direito a manutenção do crédito nas operações não tributadas foi estipulado pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004. No presente caso, conforme a memória de cálculo de Dacon, a contribuinte manteve indevidamente o direito a crédito nas operações de entradas vinculadas as exclusões de base de cálculo permitidas as cooperativas (art 15 MP 215835/01 e art 17 leis 10.684/03). O valor do crédito vinculado as operações sujeitas à exclusão de base de cálculo admitidas as cooperativas foi integralmente glosado (tabelas 03 e 04) O julgado encontrase resumido a ementa: ACÓRDÃO. OMISSÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. Deve ser apreciada como embargos de declaração a manifestação do contribuinte na qual se alegue omissão quanto a questões suscitadas na defesa ou impugnação, acerca das quais o órgão julgador deveria ter se pronunciado. COMPENSAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA. Não se homologa compensação quando o direito creditório não ficar comprovado. RESSARCIMENTO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. O reconhecimento do direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de PIS e Cofins depende da comprovação documental do respectivo direito. Fl. 346DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 53 11 CRÉDITO PRESUMIDO. COOPERATIVAS. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. REQUISITO. O crédito presumido destinado às cooperativas agroindustriais beneficiam apenas aquelas entidades que realizam algum processo que possa ser consideração como industrialização, observadas nas exclusões contidas na lei. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI Nº 10.925/2004, ARTS 8º E 15. COMPENSAÇÃO E RESSARCIMENTO. VEDAÇÃO. O crédito presumido previsto nos artigos 8º e 15 da Lei nº 10.925/2004 só pode ser utilizado para deduzir o PIS e a Cofins apurados no regime de incidência nãocumulativa, vedada a compensação ou o ressarcimento do valor do crédito presumido. JUROS. COMPENSAÇÃO E RESSARCIMENTO. NÃO INCIDÊNCIA. Não incidirão juros compensatórios no ressarcimento de créditos de IPI, de PIS e de Cofins, bem como na compensação dos referidos créditos. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte.” Em sede recursal debate a contribuinte em relação aos tópicos: 1. Créditos de aquisições de insumos, comprovantes das aquisições desconsiderados pela fiscalização; 2. Créditos de aquisições de energia elétrica – comprovantes das aquisições desconsiderados pela fiscalização; 3. Fretes sobre a transferência de insumos entre estabelecimentos; 4. Fretes sobre compras de fertilizantes e sementes; 5. Créditos Presumido sobre aquisições de pessoas físicas, processo produtivo; 6. Forma de utilização do crédito presumido, restrições da colocadas pela Receita Federal ao ressarcimento; 7. Manutenção dos créditos vinculados as receitas com suspensão de incidência de PIS e Cofins; 8. Receitas sujeitas a alíquotas zero, reclassificação indevidas das vendas efetuadas pela fiscalização considerando como venda de bens a associados; Fl. 347DF CARF MF 12 9. Ressarcimento de créditos vinculados as receitas sem incidência de PIS e Cofins, exclusões permitidas as sociedades Cooperativas; 10. Previsão legal para incidência da SELIC. Inicialmente, faz introdução quanto aquisições de matéria prima e do processo produtivo: “O critério da nãocumulatividade permite a realização de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica, tudo descrito no Art. 3o das respectivas Leis (10.637 e 10.833). Para o exercício regular de suas atividades, dentre os custos, despesas e encargos suportados, a contribuinte adquire de fornecedores pessoas físicas residentes no país e jurídicas situadas no mercado interno, bens e serviços utilizados como insumos (Inciso II do Art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003) para a produção de mercadorias classificadas na NCM nos Capítulos 8 a 12, constantes do Caput do artigo 8 o da lei 10.925/2004. Estes bens e serviços utilizados como insumos (Inc. II do art. 3 das Leis) decorrem de uma extensa e complexa cadeia produtiva, onde vários itens ao longo da mesma estão sujeitos à incidência das denominadas Contribuições ao Fundo de Participação no Programa de Integração Social PIS (Lei Complementar n° 7, de 7.9.70) , e Contribuição Social sobre o Faturamento COFINS (Lei Complementar n° 70, de 30.12.91), exemplo: óleo diesel, caminhões, colhedeiras, máquinas, peças, ferramentas, etc. Daí, o direito ao crédito sobre as aquisições de pessoas físicas e de pessoas jurídicas com suspensão, ser presumido, conforme constante nas Leis 10.637/2002, 10.833/2003 e no art. 8 o da Lei 10.925/2004. Os créditos sobre os bens e serviços utilizados como insumos conforme descritos no inciso II do art. 3 o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 devem ser apurados no mês da aquisição, conforme Inciso I do parágrafo 1 o do art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, combinado com o parágrafo 2o do art. 8o da lei 10.925/2004, independente da finalidade que se dará a mercadoria produzida, ou seja, do momento da venda.” Considerando que estes 56 (cinqüenta e seis) processos estão vinculados ao MPF 0140200.2011.00053 e: a) que possuem igual teor, pois o mérito discutido é o mesmo em todos os processos; b) considerando os princípios da economia e celeridade processual; c) o propósito de evitar o desperdício de recursos (papel, cópias, impressões, tempo utilizados pelos agentes fiscais para digitalização e vinculação das informações apresentadas para cada processo); d) o tempo utilizado pelo julgador para análise individual de cada processo; e) a possibilidade de julgamento simultâneo. Optou a Contribuinte ao invés de anexar em cada processo (56 vezes), os mesmos documentos que intencionam evidenciar seu direito, discorrer longamente em cada processo em 56 Fl. 348DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 54 13 manifestações de inconformidade idênticas, contendo 73 páginas cada uma, sobre os fundamentos que entende lhe assegurar o direito a crédito complementar; em ANEXAR todos os documentos, bem assim, EM APRESENTAR na versão estendida da manifestação de inconformidade todos os fundamentos legais que entende assegurar o melhor direito para todos os processos mencionados na página inicial, no processo n. 13161.001928/200795, conforme consta anexado nas folhas 84 à 267 do referido processo” Em síntese argumenta em suas razões que: III DAS RAZÕES DE REFORMA Fundamentos legais, discorre sobre o tema: “DO SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE PIS E COFINS DIREITO AO RESSARCIMENTO DOS CRÉDITOS 3.1.1 DAS PREMISSAS DO SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE PIS E COFINS E SUA INTERPRETAÇÃO Para o adequado enfrentamento dos importantes temas aqui versados, cumprenos trazer a baila, as premissas que nortearam a instituição do sistema não cumulativo para o PIS e a Cofins, marcos históricos de enunciação do direito positivo, constantes respectivamente das Justificativas dos Senhores Ministros da Fazenda, por ocasião dos Projetos de Medidas Provisórias que resultaram nas Leis 10.637/2002 (PIS) e 10.833/2003 (Cofins) 3.1.2 – DOS CRÉDITOS VINCULADOS AS RECEITAS DE EXPORTAÇÕES Tanto a lei 10.637/2002 quanto a lei 10.833/2003, determinam que as empresas poderão descontar, dos seus débitos apurados, créditos calculados sobre os itens relacionados no Art. 3o de ambas as Leis. Sendo inicialmente autorizado o ressarcimento dos créditos vinculados as exportações conforme disposto para o PIS no Art. 5 o da Lei 10.637/02 e para a COFINS no Art. 6 o da Lei 10.833/03. Portanto, partindo desta premissa, estamos diante de mecânica própria do PIS e COFINS, sistemática prevista pelo Legislador, que de modo coerente, assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o Princípio Constitucional da não comutatividade e também, evitar a incidência das Contribuições quando da realização de Exportações, ainda que indiretamente. Ao contrário, importaria em afirmar que incidem as referidas contribuições quando da realização de exportações, pois, não teria o Contribuinte o direito de ressarcir o montante pleno que incidiu nas etapas anteriores ao ato de exportar, o que representaria custo, ônus tributário, o que é vedado pelo Legislador Constitucional e, que contraria a prática internacional de não exportar tributos. 3.1.3 DOS CRÉDITOS VINCULADOS AS RECEITAS NO MERCADO INTERNO. Fl. 349DF CARF MF 14 Inicialmente, na introdução do sistema não cumulativo, o Saldo de crédito de PIS e Cofins remanescente após o aproveitamento com os débitos das próprias contribuições, somente poderia ser utilizado para ressarcimento ou compensação, a parcela de créditos proporcional às receitas de exportação, imunidade, ao que as Leis (10.637 e 10.833) denominaram de isenção conforme disposto art. 5o da lei 10.637/2002 para o PIS e art. 6 o da lei 10.833/2003 para a Cofins. Na seqüência, mediante evolução legislativa, visando esclarecer dúvidas relativas a interpretação da legislação do PIS e Cofins, conforme consta no item 19 da exposição de motivos 111 MF, foi editada a medida provisória 206/2004, posteriormente convertida na lei 11.033/2004 que assim dispõem em seu art.17. Portanto, resta muito claro que o art. 17 da lei 11.033/2004 confirmou o direito a manutenção dos créditos apurados na forma do art. 3 o das 10.637/2002 e 10.833/2003 e vinculados às receitas nele mencionadas. Assim, também partindo desta premissa, estamos diante de mecânica própria do PIS e COFINS, sistemática prevista pelo Legislador, que de modo coerente, assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o Princípio Constitucional da não cumulatividade, evitando o efeito cascata, ou seja, a cumulatividade. Portanto, as leis não deixam dúvidas quanto a possibilidade de manutenção dos créditos, bem como da recuperação dos mesmos (saldo credor), mediante dedução, compensação ou ressarcimento do saldo de créditos decorrentes de saídas com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência das contribuições para o PIS e Cofins, acumulados a partir de 09 de agosto de 2004. 3.1.4 DA MATERIALIDADE DO PIS E COFINS Ainda cabe destacar que a não cumulatividade do PIS e Cofins, possuiu sistemática de apuração própria, diferente da sistemática adotada em outros tributos como o IPI. No caso, não estamos tratando de apuração de créditos IPI, estamos diante de créditos de PIS e Cofins, cuja materialidade é diversa, sendo que o conceito de insumos e produção para PIS e Cofins é mais amplo que o conceito adotado para o IPI, não guardando nenhuma relação a apuração de créditos de PIS e Cofins com a incidência ou não de IPI no produto produzido. IV Análise do Relatório/Despacho Decisório da RFB No período analisado, em conformidade com o art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, a contribuinte apurou créditos sobre insumos utilizados na produção adquiridos de pessoas jurídicas e, sobre a energia elétrica consumida em seus estabelecimentos. Porém, ao julgar o tema entendeu a 2 a Turma da DRJ/CGE que o direito ao crédito sobre estes itens não poderia ser deferido, pois Fl. 350DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 55 15 segundo seu entendimento, o direito não teria sido comprovado devendo ser considerada encerrada a fase probatória. Todavia, não concorda a contribuinte, pois estas aquisições como se demostrará a seguir, estão efetivamente comprovadas. Ressaltase, que a fiscalização durante sua análise teve várias maneiras e oportunidades de efetivamente comprovar a existência destas aquisições, uma vez que todos os livros e registos contábeis estavam em seu poder, conforme apresentado em atendimento as diversas intimações, sejam por meio dos documentos físico ou digital. Assim, considerando que para o caso em questão há documentos que comprovam a efetiva aquisição, entende a contribuinte que o crédito deve ser deferido, em observância ao principio da verdade material. 4.1.1 AQUISISÕES DE INSUMOS Mencionase que a fiscalização indeferiu parte dos créditos apurados sobre as aquisições de insumos utilizados na produção, sob o argumento que parte destas aquisições não foram comprovadas, uma vez que, segundo seu entendimento, não teriam sido apresentadas pela contribuinte, as notas fiscais (documento físico) relacionadas pela fiscalização nas Tabelas 04 e 05 cuia ciência tomou a contribuinte juntamente com o Relatório Fiscal, e que ora, para melhor análise do colegiado, novamente seguem anexo ao recurso. Ocorre, que o direito ao crédito apurado sobre estas aquisições não pode ser desconsiderado, pelo simples fato de a Contribuinte não ter conseguido encontrar parte destas notas em seu arquivo (extenso e histórico), para apresentar a fiscalização. Registrese que estas aquisições, constam registradas na escrituração contábil e fiscal da contribuinte, com a plena identificação, a qual a fiscalização teve acesso irrestrito durante o processo de análise do crédito. Assim, considerando que estas Notas Fiscais de aquisições de insumos foram devidamente registradas e escrituradas, a fiscalização poderia considerar estes meios para confirmar estas aquisições, uma vez que, estas informações estão relacionadas em documentos, tais como: livros digitais de entradas e saídas, razões contábeis, arquivos contábeis, arquivos digitais de entradas e saídas formato SINTEGRA, todos apresentados a fiscalização pela contribuinte em atendimento as intimações recebidas. Para além disso, todos os comprovantes que evidenciam a ocorrência da efetiva aquisição dos insumos referente as notas Fl. 351DF CARF MF 16 fiscais relacionadas Tabela 05 elaborada pela fiscalização anexa ao Relatório Fiscal, seguiram no ANEXO I da manifestação de inconformidade então protocolada para melhor análise da DRJ, onde foram anexados, cópia das notas fiscais n° 1395, 2948, 11242 e 7331, bem como os comprovantes de pagamentos de demais registros, conforme podese observar nos documentos constantes nas folhas 166 a 225 do processo 13161.001928/200795, e que ora, para melhor analise deste colegiado, novamente são apresentados anexo a este recurso, confirmando o direito ao crédito. Portanto, considerando que estão comprovadas as aquisições de insumos anteriormente desconsideradas pela fiscalização, conforme relação constante na Tabela 05, que seguiu anexa ao Relatório Fiscal para ciência, requer a contribuinte a manutenção do crédito sobre estas as aquisições. 4.1.2 DA ENERGIA ELÉTRICA Relativo às despesas de energia elétrica, da mesma forma que manifestou entendimento sobre as aquisições de insumos, entendeu a fiscalização que algumas aquisições não estariam comprovadas, argumentando que não teriam sido apresentadas pela contribuinte as faturas relacionadas pela fiscalização nas Tabelas 04 e 05 cuja ciência tomou a contribuinte juntamente com o Relatório Fiscal, indeferindo desta forma, o crédito apurado sobre estas faturas. Todavia s.m.j., o argumento da fiscalização está equivocado, pois tais notas fiscais, foram devidamente apresentadas à fiscalização, em atendimento ao termo de intimação fiscal 003, onde a contribuinte apresentou cópia digitalizada destes documentos, e também em atendimento ao termo de intimação fiscal 004 onde a contribuinte apresentou os originais destes documentos, sendo que estas faturas originais ficaram em poder da fiscalização até a finalização dos seus trabalhos, sendo devolvidas a contribuinte somente após ocorrer a ciência do Relatório Fiscal. Ademais, evidenciado o equivoco da fiscalização, comprovado a existência destes documentos, juntamente com manifestação de inconformidade então protocolada para melhor analise da DRJ, contribuinte apresentou novamente as faturas de energia elétrica, que foram desconsideradas pela fiscalização (Tabela 05 elaborada pela fiscalização), conforme pode ser verificado nos documentos (ANEXO II) constantes nas folhas 226 a 267 do processo 13161.001928/200795, e que ora, em virtude de não terem sido considerados no julgamento da DRJ, no intuito de facilitar a análise deste colegiado a contribuinte novamente os apresenta, anexo, a este recurso. Assim, considerando o principio da verdade material, uma vez que existem os comprovantes das despesas de energia elétrica e, que foram desconsideradas pela fiscalização sob o argumento de Fl. 352DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 56 17 não apresentação da documentação, requer a contribuinte a manutenção do crédito de PIS e Cofins apurados sobre a totalidade das despesas com Energia Elétrica. 4.2 DOS FRETES SOBRE OPERAÇÃO DE TRANFERÊNCIAS DE MERCADORIAS Dentre os custos, despesas e demais encargos elencados no Art. 3o das Leis 10.637/02 e 10.833/03, no inciso IX do art. 3o estão relacionados ás despesas de armazenagem e frete na operação de venda. Todavia, ao efetuar a verificação dos créditos apurados pelo contribuinte, a fiscalização entendeu que não seria possível apurar créditos sobre os fretes, relativo às transferências de insumos, mercadorias entre estabelecimentos, entendendo que estas operações não integrariam as operações de venda, argumentando se tratar de mero deslocamento das mercadorias. Ocorre que este "deslocamento" como denominado pela fiscalização, não se dá pela simples vontade da contribuinte em transferir a mercadoria de um estabelecimento para outro, mas decorre da necessidade de se realizar esta operação, em virtude de diversos fatores interligados a operação de produção e venda destas mercadorias. O fato é que estas transferências representam custos necessários a atividade da contribuinte, sendo certo que se houvesse alguma forma de evitar o ônus destes custos, certamente seriam evitados, pois nenhuma empresa almeja ter seus custos e despesas majorados sem que realmente seja estritamente necessário. Portanto, os fretes relativos a transferências entre estabelecimentos também fazem parte dos custos de produção necessários à atividade, pois sem eles não haveria como concluir todas as etapas de produção, não podendo a mercadoria ser comercializada, enviada para o destino. 4.3 DOS FRETES SOBRE COMPRAS DE FERTILIZANTES E SEMENTES A contribuinte no período analisado, adquiriu mercadorias para revenda, dentre as quais fertilizantes e sementes sujeitas a alíquota 0% de PIS e Cofins. Sobre a aquisição de sementes e fertilizantes não houve aproveitamento de crédito, pois a contribuinte observou o disposto no § 2o do art. 3° das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 que veda o aproveitamento de crédito sobre as aquisições não sujeitas ao pagamento das contribuições. Todavia, ao adquirir os fertilizantes e as sementes para revenda, é necessário que estas mercadorias sejam transportadas do Fl. 353DF CARF MF 18 estabelecimento do fornecedor até o estabelecimento do comprador, para isso, é preciso contratar os serviços de transportes de uma terceira empresa que realizará o frete destas mercadorias até o seu destino. Logo, quando o ônus desta despesa é suportado pelo adquirente, (caso da recorrente) esta despesa será agregada ao custo da mercadoria adquirida. Estes fretes (serviços), são onerados pelas contribuições para o PIS e Cofins, uma vez que estes fretes foram tributados na etapa anterior, pois para a pessoa jurídica que prestou o serviço de frete, estas operações representam sua receita/faturamento, portanto base de calculo das contribuições nesta fase da operação. Ademais, o frete não é aquisição com alíquota zero ou suspensão e, sim, operação regularmente tributada de PIS e Cofins, daí a não cumulatividade prever o direito ao crédito pelo adquirente. Ou seja, uma coisa é a mercadoria outra coisa é o frete. Que apesar de ser custo de aquisição, todavia, são operações distintas, de fornecedores igualmente distintos, mediante Notas Fiscais específicas. O fundamento utilizado pelo Agente Fiscal para vedar o crédito nas aquisições de fretes aplicados no transporte de mercadorias tributadas a alíquota zero não tem Isto porque, fundou seu entendimento no Inciso II do Parágrafo 2 o do art. 3 o da Lei 10.833/2003. Neste fundamento, claro está à vedação do direito ao crédito na aquisição de mercadorias ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Definitivamente, este não é o caso. Posto que, os fretes são alcançados pelas Contribuições. O fato de a mercadoria adquirida ser tributada a alíquota zero, não autoriza a extensão da interpretação no sentido de afastar o direito ao crédito nos serviços contratados (fretes) e aplicados no transporte daquelas mercadorias. 4.4 DO CRÉDITO PRESUMIDO ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL – PRODUÇÃO DAS MERCADORIAS DE ORIGEM VEGETAL CLASSIFICADAS NOS CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM. A Contribuinte diante da mecânica do PIS e da COFINS não cumulativa, para o período, apurou crédito presumido sobre insumos adquiridos de pessoas físicas e pessoas jurídicas com suspensão, utilizados na produção de mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12, com fundamento, no inciso II do artigo 3o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003 combinado com o § 10 do Art.3° da Lei 10.637/2002, § 5, do Art. 3o da Lei 10.833/2003 e a partir de agosto de 2004 no artigo 8o da lei 10.925/2004. Todavia entendeu a fiscalização que a contribuinte não se enquadraria como empresa produtora, por conseguinte e não faria jus a apuração do referido crédito. Mas vejamos mais informações. 4.4.1 ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL CONCEITO PROCESSO PRODUTIVO. Fl. 354DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 57 19 A Recorrente de acordo com o inciso I do artigo 6 o da IN SRF 660 exerce atividade econômica de produção de mercadorias relacionadas no artigo 5º da referida IN. 4.4.3 AQUISIÇÃO DE INSUMOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO A Contribuinte adquire de pessoas físicas e jurídicas que desempenham atividade rural insumos, utilizados no processo produtivo em conformidade com o inciso II do art.3 o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003 e art. 7 o da IN SRF 660. Ressaltamos que os produtos agropecuários resultantes da atividade rural, são adquiridos pela contribuinte, são os insumos (daí o Inciso II do Art. 3 o das Leis) que após processo produtivo atividade agroindustrial (definição da IN 660, art. 6), resultam nas mercadorias classificadas nos capítulos 10, e 12 da NCM Nomenclatura Comum do MERCOSUL (§ 10 do Art. 3 o da Lei 10.637/2002, § 5, do Art. 3 o da Lei 10.833/2003 e Caput do art. 8 o da Lei 10.925 e Inciso II do art. 3o das Leis 10.637 e 10.833). Portanto, faz jus a Contribuinte ao crédito de PIS e COFINS, calculados sobre estes insumos, considerando as disposições da Lei e IN, nas alíquotas previstas na legislação. 4.4.4 DA ATIVIDADE ECONÔMICA DE PRODUÇÃO DAS MERCADORIAS CLASSIFICADAS NOS CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL. O contribuinte é equiparado a estabelecimento produtor de acordo com o artigo 4 o da lei 4.502/65: Art. 4o Equiparamse a estabelecimento produtor, para todos os efeitos desta Lei: IV os que efetuem vendas por atacado de matériasprimas, produtos intermediários, embalagens, equipamentos e outros bens de produção. (Incluído pelo DecretoLei n° 34, de 1966) (grifo acrescido) Por conseguinte, realiza o beneficiamento das mercadorias (grãos) através de procedimentos próprios e necessários para obtenção do Padrão Oficial, previsto em Legislação Federal e, requisito necessário para o comércio.” Submetido a julgamento, a Turma decidiu, em razão do apelo da contribuinte, confirmado pelo patrono em sustentação oral, a necessidade de se baixar o feito em diligência para que fosse anexada cópia integral dos autos do processo administrativo 13161.001928/200795, ao argumento de que as provas capazes de nortear a decisão teriam sido carreadas, por essa razão os autos retornaram a origem. Fl. 355DF CARF MF 20 Retorna os autos para apreciação das matérias, registrase, em que pese a diligência determinada, restou esclarecido, posteriormente, que os documentos objeto da determinação tinham sido anexados pela própria Recorrente. Era o que tinha a relatar, sendo essa a matéria a ser apreciada. Voto Vencido Conselheiro Domingos de Sá Filho, relator. Cuidase de recurso tempestivo, atendido os pressupostos de admissibilidade, deve ser conhecido. O debate encontra focado em glosas. No tocante aos créditos básicos oriundos de aquisição de insumos, o indeferimento decorre de falta de comprovação. O deferimento parcial dos créditos se refere aos insumos: ENERGIA ELÉTRICA, ALUGUÉIS PAGOS A PESSOAS JURÍDICAS, FRETE e AQUISIÇÃO DE IMOBILIZADO. GLOSA DE CRÉDITO DE INSUMOS TRIBUTADOS ALÍQUOTA ZERO, EXTORNO DE CRÉDITO VENDA MERCADO INTERNO, ETC. A fiscalização reconhece o direito a apropriação de créditos para as contribuições do PIS e da COFINS. Afirma que a solicitação dos comprovantes das aquisições de insumos aconteceu por meio do “Termo de Intimação – 003”, atendido, o contribuinte apresentou diversos documentos, entretanto, insuficientes a comprovar totalidade do crédito almejado, cabendo glosar parte. É cristalino o direito de tomar crédito relativo as contribuições a descontar referentes ao PIS e a COFINS é o que se extraí do relatório fiscal. Em resposta a Interessada sustenta que os livros de registros de entrada estavam à disposição e foram examinados pelo Fisco, além do que, anexou com o recurso os documentos a justificar a totalidade do crédito pretendido. Registrase, na fase inicial o julgador de piso determinou diligência no sentido de apurar a existência dos créditos desejados em razão da negativa total pelo fato da contribuinte deixar de apresentar documentação ao fundamento da incapacidade de pessoal, vez que a mesma encontrava e encontra em processo de liquidação. Concluído os trabalhos fiscais, o resultado mostrou existência de crédito o que foi reconhecido, tanto para o PIS quanto para a COFINS. Insatisfeita por diversas razões advém o voluntário, o que passase a examinar item a item: 1. DAS GLOSAS DOS CRÉDITOS BÁSICOS. As glosas em sua totalidade, como se vê do relatório fiscal aconteceu por insuficiência documental a título de comprovação. Há enorme dificuldade de aferir com precisão se os documentos colecionados junto com o voluntário fazem parte do rol da documentação examinado pela fiscalização em trabalhos diligenciais, visto que, o relatório fiscal menciona o número das planilhas (tabela), entretanto, essas planilhas não encontram nos autos. Fl. 356DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 58 21 Considerando que a Recorrente cuidou de trazer com o voluntário cópia das faturas de energia, bem como, aquisição de insumos básicos adquiridos, soja, trigo e sementes, cujo crédito foi glosado, devese reconhecer o direito de descontar crédito das contribuições com ressalvas, visto que, no caso da energia o relatório fiscal menciona ter reconhecido parcialmente com base da documentação apresentada, em sendo assim, o reconhecimento ao direito de apurar credito se restringe se as faturas anexadas aos autos, não sendo as mesmas aferidas pela fiscalização. Assim, sou inclinado reconhecer o direito a tomada do crédito das notas de aquisições de insumos colecionada aos autos referente às aquisições ali mencionadas por serem pertinentes a atividade da cooperativa, bem como, relacionadas com as faturas de energia, desde que não sejam as mesmas incluídas no rol daquelas que serviram para deferimento parcial pela fiscalização. 1.1 DA GLOSA DOS INSUMOS. O motivo da glosa dos créditos calculados sobre parte do custo de aquisição dos insumos de produção foi a falta de comprovação com documentação adequada. Segundo a autoridade fiscal, a contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais discriminadas na Tabela 05, que integra o processo nº 10010.031.138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado, a seguir parcialmente reproduzida: DATA Nº NF FORNECEDOR VALOR 23/03/05 10161 EURO GRAOS LTDA 281.400,00 14/04/05 467141 AGROPECUARIA ESCALADA DO NORTE 493.884,30 26/04/05 7771 KAZU CEREAIS LTDA 290.000,00 26/04/05 13951 GRAO D'GIRO COMERCIO DE GRAOS 286.000,00 08/08/05 40721 GRAO D'GIRO COMERCIO DE GRAOS 269.898,44 13/10/05 288801 AGROPASTORIL JOTABASSO LTDA 650.000,00 19/12/05 29481 D'OESTE CEREAIS LTDA 409.500,00 15/03/06 112421 PROCOMP AGROPECUARIA LTDA 271.238,49 20/03/06 3097301 AGROPASTORIL JOTABASSO LTDA 416.800,00 14/03/07 18731 KAZU CEREAIS LTDA 273.400,00 11/04/07 73311 KASPER E CIA LTDA 1.490.000,00 20/04/07 658241 LR AGROPECUARIA LTDA 363.635,39 No recurso em apreço, a recorrente alegou que o direito ao crédito apurado sobre tais aquisições não podia ser desconsiderado, pelo simples fato de a contribuinte não ter conseguido encontrar parte das notas em seu arquivo (extenso e histórico), para apresentar a fiscalização, haja vista que as respectivas operações de aquisição constavam registradas na sua escrituração contábil e fiscal, com a plena identificação, a qual a fiscalização teve acesso irrestrito durante o processo de análise do crédito. A recorrente asseverou ainda que anexada à manifestação de inconformidade, constante dos autos do processo nº 13161.001928/200795 (fls. 166/225), as cópias das notas fiscais de nºs 1395, 2948, 11242 e 7331, bem como os comprovantes de pagamentos, referente às demais aquisições. E para melhor análise, anexara tais documentos aos presentes autos. Com efeito, compulsando os documentos anexados aos presentes autos e os autos do processo nº 13161.001928/200795, verificase que foram apresentados os referidos documentos. Porém, com exceção das cópias das notas fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331, as demais cópias de documentos apresentados não se prestam para comprovar a respectiva operação de aquisição de insumos, por não serem os documentos hábeis e idôneos a Fl. 357DF CARF MF 22 comprovar as supostas operações de aquisição. A cópia da nota fiscal de nº 2948 não fora localizada nos autos. Assim, os créditos relativos as notas fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331 devem ser restabelecidos. 1. 2 GLOSA DE ENERGIA. O motivo da glosa dos créditos calculados sobre parte do custo de aquisição de energia elétrica foi a falta de comprovação com documentação adequada. Segundo a autoridade fiscal, a contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais discriminadas na Tabela 05, que integra o processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado, a seguir parcialmente reproduzida: DATA Nº NF CNPJ FORNECEDOR VALOR 09/08/04 27643 15.413.826/000150 12.632,67 13/08/04 273527 15.413.826/000150 14.016,00 19/08/04 28157 15.413.826/000150 35.147,35 19/08/04 28159 15.413.826/000150 31.133,05 20/08/04 28160 15.413.826/000150 10.689,13 01/09/04 28444 15.413.826/000150 40.973,62 09/09/04 616170 15.413.826/000150 14.040,33 14/09/04 28948 15.413.826/000150 42.539,70 14/09/04 28950 15.413.826/000150 29.725,81 14/09/04 910115 15.413.826/000150 17.213,00 06/12/04 758100 15.413.826/000150 12.143,06 10/12/04 841834 15.413.826/000150 11.270,00 14/12/04 987063 15.413.826/000150 32.906,66 21/12/04 92633 15.413.826/000150 30.573,39 07/01/05 406656 15.413.826/000150 11.001,64 15/03/05 58958 15.413.826/000150 21.085,00 16/03/05 149601 15.413.826/000150 20.394,47 16/03/05 149599 15.413.826/000150 19.717,11 06/06/05 604193 15.413.826/000150 18.076,86 06/07/05 541925 15.413.826/000150 14.470,31 26/09/05 317457 15.413.826/000150 20.696,10 03/10/05 579804 15.413.826/000150 19.708,12 04/10/05 579814 15.413.826/000150 34.273,16 08/09/06 576517 03.747.565/000125 19.361,01 19/02/07 233576 15.413.826/000150 10.158,24 08/03/07 1924 15.413.826/000150 10.123,00 19/03/07 151839 15.413.826/000150 30.148,74 10/04/07 605375 03.747.565/000125 10.026,33 08/05/07 316013 15.413.826/000150 11.167,38 20/07/07 24102 15.413.826/000150 10.043,49 21/08/07 19789 15.413.826/000150 10.132,90 21/08/07 19928 15.413.826/000150 10.076,62 01/10/07 41729 15.413.826/000150 30.678,69 3389 15.413.826/000150 13.561,00 No recurso em apreço, a recorrente alegou que o direito ao crédito apurado sobre valor de aquisição da energia elétrica acobertado pelas notas fiscais discriminadas na referida Tabela não podia ser desconsiderado, porque tais documentos foram devidamente apresentadas à fiscalização, em atendimento ao termo de intimação fiscal 003, onde a contribuinte apresentara cópia digitalizada dos citados documentos, e também em atendimento ao termo de intimação fiscal 004, em que apresentara os originais dos citados documentos, inclusive as faturas originais ficaram em poder da fiscalização até a finalização dos seus trabalhos, sendo devolvidas a contribuinte somente após ocorrer a ciência do Relatório Fiscal. Fl. 358DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 59 23 A recorrente asseverou ainda que anexara à manifestação de inconformidade, constante dos autos do processo nº 13161.001928/200795 (fls. 226/267), as cópias das notas fiscais discriminadas na citada Tabela. E para melhor análise, anexara tais notas fiscais aos presentes autos. De fato, compulsando os documentos anexados aos presentes autos e os autos do processo nº 13161.001928/200795, verificase que, com exceção das cópias das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925, as demais foram apresentadas. Assim, deve ser mantida a glosa apenas dos créditos calculados sobre o valor das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925. 1.3 FRETES SOBRE OPERAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA. O motivo da glosa deuse ao fundamento de que tratase de meras transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, implicaria em mero deslocamento com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores, motivo pelo qual, entendeu não integrar operação de venda. Ao contrário da posição do fisco, sustenta o contribuinte tratarse de transferência necessárias a atividade, afirma, se houvesse meios de evitar o ônus destes custos, não há dúvida de que seriam evitados. Não há como ignorar que algumas atividades a armazenagem dos insumos são necessários, bem como, o seu remanejamento posterior. É de conhecimento notório, constantemente divulgado pelos veículos de comunicação o déficit de locais de armazenamento das safras de grão. A imprensa, repetidamente, divulga que no auge da colheita de grãos os produtores são obrigados a estocar os grãos em carrocerias de caminhões e em outros locais muitas vezes inusitados. Acontece, ainda, venda para exportação antecipada por falta de local adequado a estocagem, ninguém dúvida disso, pois essas notícias são facilmente comprovadas por intermédio das publicações dos periódicos. Essa Turma é sensível ao entendimento da necessidade de estocagem de insumos e sua transferência posteriormente para outro estabelecimento, desde que, não se revele transferência pura e simples estratégica de comercialização. Em outras oportunidades já reconheceu essa necessidade de se estocar em determinado local e o remanejamento para sede e ou outro estabelecimento industrial da mesma pessoa jurídica, nesses casos os custos de transferência configura insumo necessário a atividade da empresa. Bem afirmou a Recorrente, o frete nesses casos de transferência possui o único objetivo é de concluir todas as etapas de produção, pois a soja colhida no campo e adquirida pela Interessada ainda não está pronta a comercialização, precisa passar por processo industrial, seja aquela destinada ao mercado interno, quanto as destinadas a exportação. Não pode esquecer, que tratase de agroindústria, cuja atividade industrial se refere ao processo de beneficiamento de grãos, seja de soja, trigo e milho, a secagem, limpeza, padronização e classificação dos grãos, deixa os produtos prontos a exportação, bem como, ao consumo humano ou animal. Fl. 359DF CARF MF 24 Considerando que a razão da glosa foi simplesmente pelo fato de tratarse de transferência entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, sem análise apurada quanto ao destino dos insumos, inclino no sentido de afastar a glosa e reconhecer o direito quanto aos valores pagos a título de frete tomados de pessoas jurídicas constantes nas “Tabelas 04 e 06” que se refere a exclusão de transferência conforme demonstrado pela fiscalização. 1.4 – GLOSA DE VALOR PAGO DE FRETE NAS OPERAÇÕES DE COMPRA DE INSUMO QUE NÃO GERA DIREITO A CRÉDITO. Tratase de glosa de crédito oriundo do frete de transporte de mercadoria pago a pessoa jurídica nacional. No entendimento da fiscalização o fato dos insumos objeto do transporte não gerarem o direito a tomada, consequentemente, o frete também não pode gerar o direito. O motivo preponderante para glosar é simplesmente por tratarse de frete de operações de aquisições de fertilizantes e sementes submetidos à alíquota zero, inciso I e III do art. 1º da Lei nº 10.925/2004. Penso diferente, o evento da aquisição de produtos sujeitos à alíquotas zero não veda o direito de tomar crédito dos custos relativamente ao transporte desses produtos. Se a legislação prevê incidência à alíquota zero, mas não tem a amplitude de vedar outros créditos decorrentes de operações e prestações adquiridas por parte da Recorrente, que, por sua vez, está sujeita ao regime não cumulativo. Não se pode perder de vista que o inciso I e III do art. 1º da Lei nº 10.925/2004 realmente fixa alíquota igual a zero, sendo assim, para aqueles insumos veda o crédito de produto adquirido justamente porque essa operação não é tributada pelo PIS/COFINS, o que não ocorre com outras operações autônomas, e.g., frete e armazenagem, que são regularmente tributadas, não havendo razão jurídica nenhuma para não outorgarem o direito ao crédito. A esse respeito, calha trazer à colação ementa de decisão havida na Segunda Turma Ordinária, da Quarta Câmara, da Terceira Seção, veiculada no Acórdão no 3402 002.513, de relatoria do Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, que mediante raciocínio semelhante ao do presente processo, admitiu o crédito de frete e armazenagem de contribuinte que adquiriu tais prestações em cuja operação de venda estava sujeita ao regime monofásico: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE. O distribuidor atacadista de mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) não pode descontar créditos sobre os custos de aquisição vinculados aos referidos produtos, mas como está sujeito ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele Fl. 360DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 60 25 suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003. Direito de Crédito Reconhecido. Recurso Voluntário Provido. A transferência direcionada a estabelecimentos da mesma pessoa jurídica com o objetivo de processamento gera direito a tomada de crédito sobre o dispêndio a título de frete, bem como, o frete decorrente da entrega de mercadorias vendidas, no caso resta patente que o ônus foi da cooperativa recorrente. Recentemente, em voto impa proferido pela Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, 2ª T. 3ª Câmara, 2ª Seção, processo administrativo nº 10925.720202/201415, afastou glosa em caso semelhante. Considerando à ausência das “tabelas 04 e 06 nestes autos, confiante na consignação da fiscalização, afasto também glosa, para reconhecer o direito da tomada do crédito com base nos valores constante da tabela que serviu de base para exclusão dos valores relativos a operações de frete. 1.5 ALUGUEIS PESSOA JURÍDICA. A glosa procedida decorreu de análise da documentação apresentada e julgada insuficiente a comprovar todo custo de aluguéis registrados no DACON. A fiscalização elaborou a “TABELA 04””, concluiu tratarse de valores inferiores ao montante declarado pela Interessada. Nestes autos não se enxerga resistência a glosa, sendo assim, mantémse intacta a decisão de piso nesta parte. 1.6 CRÉDITO IMOBILIZADO (VALOR DA AQUISIÇÃO) A glosa ocorreu em decorrência da ausência de comprovação total do crédito pleiteado. Segundo consta do relatório fiscal, que o contribuinte fez prova apenas de parte dos créditos registrados no DACON provenientes de aquisição de imobilizado. Também não se vê resistência e tampouco irresignação com referência a essa glosa. 2. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. O crédito presumido apontado pelo contribuinte restou glosado ao fundamento da inexistência de comprovação da atividade agroindustrial, e, pela ausência de comprobação da destinação, isso é, se era para alimentação humana e/ou animal, conforme dispõe o art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Consta que o contribuinte teria sido intimado para comprovar se os produtos fabricados foram destinados à alimentação humana ou animal. Em síntese teria a recorrente sido considerada tãosó cooperativa de produção agropecuária, para a qual existe a suspensão das contribuições, obrigandoa proceder o estorno dos créditos da não cumulatividade, e, não podendo apurar crédito presumido nos moldes ocorrido. Fl. 361DF CARF MF 26 Em resposta a posição do fisco, afirmou tratarse de produtos classificados no CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL, por essa razão é considerada agroindústria. Endossa seu entendimento de que todas as Pessoas Jurídicas que produzam as mercadorias classificadas nas posições da NCM descritas no caput do art. 8º da Lei nº 10.825/2004, gozam do direito de descontar o crédito oriundo das aquisições de insumos, para tanto, basta produzir as mercadorias de origem animal ou vegetal, desde que classificadas conforme determina o art. 8º do mencionado diploma legal. A Interessada justifica sua condição agroindústria, sustentando tratarse de exportação de produtos submetidos a processo industrial, impõe, assim, buscarse a saber se o beneficiamento dispensado a soja, milho e o trigo enquadram no rol das mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12, da NCM. Não há dúvida de que os produtos agrícolas, soja, trigo e milho, passam por procedimento tecnológico de beneficiamento, embora em sua maior parte sejam exportados in natura. O beneficiamento de grãos e sementes é realizado por máquinas projetadas com base em uma ou mais características físicas do produto e dos contaminantes a serem retirados. O processo de secagem dos grãos visa melhor qualidade dos produtos, mantendo as propriedades físicoquímicas, permitindo acondicionamento e armazenagem resguardar qualidade. A pesquisa universitária divulgada notícias que o beneficiamento se revela etapa importante na qualidade dos grãos e sementes: “´´E na unidade de beneficiamento que o produto adquire, após a retirada de contaminantes como: sementes ou grãos imaturos, rachados ou partidos; sementes de ervas daninhas, material inerte, pedaços de plantas etc., as qualidades físicas, fisiológicas e sanitárias que possibilitam sua boa classificação em padrões e qualidade.” No processo de beneficiamento surge a padronização e classificação, essa última configura prática obrigatória em todos os segmentos de marcado, seja interno ou externo. A comercialização do produto depende do tratamento após colheita, tornando indispensável. Essa melhora busca a certificação, que constitui documento hábil para todas as transações. Em trabalho elaborado pela professora Maria A. B. Regitano d’Arce, Depto. Agroindústria e Nutrição ESALQ/USP, intitulado “PÓS COLHEITA E ARMAZENAMENTO DE GRÃOS” , colhe informação de suma importância: “Nos países desenvolvidos, os problemas de colheita, armazenamento e manuseio (secagem, limpeza, movimentação, etc.)de grãos, constituem objeto de estudo permanente, visando prolongar a vida comercial dos produtos. Uma prioridade das nações mais pobres deve ser a redução do trágico desperdício que se verifica a partir das colheitas, porfalta de silos adquados, secagem mal processada, transporte inadequado, controle de qualidade, etc. ...” Recentemente foi noticiado pela imprensa a união das duas maiores indústrias de beneficiamento da América Latina, Camil Alimentos, beneficiadora de arroz e Fl. 362DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 61 27 feijão e Cosan Alimentos, dona das marcas de varejo de açúcar união e da Barra, e, capitaneadas pela Gávea Investimentos. O destaque dáse em razão da união de duas maiores indústrias de beneficiamento, como se vê o beneficiamento é parte do processo industrial, necessariamente os produtos não precisam passar por transformações e resultar em produto novo. Sendo assim, não dúvida alguma de as atividades desenvolvidas pela Recorrente enquadraa na qualidade agroindústria e o benefício do art. 8º da Lei 10.925/2004. As informações trazidas colaboram para formação de juízo, não estão sujeitos a provas, os fatos que possuem presunção de legalidade, portanto, o beneficiamento configura uma etapa da industrialização, motivo pelo qual deve a interessada ser considerada agroindústria. De modo que resta assegurado pelo legislador ordinário o direito ao crédito presumido da Contribuição ao PIS e a COFINS em favor agroindústria, que realizar exportações, podendo compensar os referidos créditos com os débitos das contribuições ou com outros tributo dos desde que seja administrados pela Receita Federal. Nesse sentido os Acórdãos nºs 3102.002.231; 3402.002.113, que reconhece o direito, desnecessário tecer outros fundamentos, pois essa matéria encontra pacificado perante o CARF. Assim, reverter as glosas dos créditos procedido pela fiscalização. MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS DE AQUISIÇÕES VINCULADO VENDA COM SUSPENSÃO, ISENÇÃO, ALÍQUOTA ZERO OU NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PIS/COFINS. Outro ponto de discórdia se refere ao direito a manutenção do crédito previsto pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004. A glosa encontra consubstanciada ao fato de que a Lei 10.925/2004 exclui do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal, por essa razão foram consideradas típicas de cerealista. Sustenta a Interessada, passado apenas cinco dias do inicio da vigência do parágrafo 4º do art. 8º da lei 10.925/2004, dispositivo que vedava às pessoas jurídicas o aproveitamento do crédito, foi derrogado pela Medida Provisória nº 206, de 06 de agosto de 2004, publicada em 09.08.2004. É verdade, a vedação foi afastada pela novel norma introduzida pela MP 206, convertida em Lei nº 11.033/2004, art. 17: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/P ASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações” Em sendo, assim, inexiste óbice a manutenção de crédito proveniente de aquisições com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de contribuição para o PIS/Pasep e COFINS. Fl. 363DF CARF MF 28 Assim, impõe restabelecer esse direito de manutenção de crédito a Recorrente. DIREITO DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITO VENDA A ASSOCIADOS INCLUSÃO À BASE DE CÁLCULO No que tange a manutenção do crédito vinculado as operações sujeitas à exclusões da base de cálculo da contribuição para o PIS e da Cofins referentes a Repasses aos associados, a fiscalização sustenta inexistência de previsão legal para a manutenção do direito ao crédito vinculado as operações, razão pela qual ocorreu a glosa. É de conhecimento geral com o advento da Medida Provisória 2.15835 de 2001, a sociedades cooperativas passaram a ser tributadas sobre a totalidade de suas receitas conforme encontra disciplinado pela Lei nº 9.718 de 1998. Restou assegurado, tanto pela Lei nº 9718, bem como, as seguintes, o direito de excluir da base de cálculo uma série de itens. Exclusão de receitas da base de cálculo só deve acontecer quando encontrar respaldada por permissivo legal, por essa razão a lei descreve minunciosamente os caso em que se autoriza as exclusões. Nesse mesmo sentido o conjunto de leis norteadoras da incidência da Contribuição Social para o PIS/PASEP e a COFINS, são explícitas em relação aos créditos, não deixam dúvida que só podem ser utilizados para desconto dos valores da contribuição apurados sobre as receitas sujeitas à incidência não cumulativa. Todas as vezes que a intenção do legislador foi no sentido de se manter o crédito, menciona com clareza, pois os créditos em si não ensejam compensação ou restituição, salvo expressa disposição legal. O exemplo mais comum é o crédito apurado em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, manifestamente a legislação pertinente autoriza. No caso específico tratase negócio com o associado da cooperativa, também possui caráter de alienação, assim sendo, encontra respaldo legal na norma prevista pelo art. 17º da Lei 11.033/2004, que se refere a operação de venda: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações” Sendo assim, é cabível se cogitar da possibilidade de manutenção de créditos nessas operações tendo por base o disposto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004, a manutenção de créditos da contribuição, nas hipóteses autorizadas por lei, tem por pressupostos necessários a possibilidade legal do respectivo crédito, é vedado quando não se verificando esses pressupostos. Assim, dou provimento para modificar a decisão recorrida e assegurar o direito de manutenção do crédito. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC DECORRENTE DE ÓBICE DA ADMINISTRAÇÃO. No tocante à aplicação da taxa SELIC sobre os créditos após o ingresso do pedido de compensação, não há, na legislação, dispositivo que reconheça aludido direito, mas o Superior Tribunal de Justiça, por meio do Recurso Especial no 1.037.847RS, julgado na Fl. 364DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 62 29 sistemática dos Recurso Repetitivos (artigo 543C do CPC), reconheceu a correção monetária dos créditos quando há oposição do Fisco, in verbis: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IP. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização direto de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direto pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo lídima necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: REsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09205, DJ 10.205; REsp 613.97/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.1205, DJ 05.1205; REsp 495.3/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09206, DJ 23.10206; REsp 52.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.1206, DJ 24.09207; REsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03208, DJe 07.4208; e REsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavscki, julgado em 12.1208, DJe 24.1208). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido a regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/208. Desse modo, tendo havido oposição do Fisco à compensação, sendo que houve o reconhecimento de um item controverso em favor da Recorrente, devese aplicar a correção monetária sobre os créditos da Recorrente, em conformidade com o julgado cuja ementa foi acima transcrita, resultante de julgamento de Recurso Repetitivo, que o CARF está obrigado a observar, por conta de seu Regimento Interno. Diante do exposto, conheço do recurso e dou provimento parcial para: 1 em relação a glosa dos créditos básicos, restabelecer somente o direito aos valores dos créditos calculados sobre o custo de aquisição (i) dos insumos, relativos às notas Fl. 365DF CARF MF 30 fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331, e (ii) da energia de elétrica, exceto das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925; 2 afastar, também, glosa dos valores pagos a título de frete tomados de pessoas jurídicas constantes nas “Tabelas 04 e 06”, que se refere à exclusão de transferência entre estabelecimento, conforme demonstrado pela fiscalização; 3 reconhecer o direito da tomada do crédito com base nos valores constante da tabela que serviu de base para exclusão dos valores relativos a operações de frete, cujos insumos adquiridos não geram créditos; 4 – reconhecer o direito do credito presumido, por tratarse de agroindústria; 5 afastar glosa e manter o crédito proveniente de aquisições vinculado a venda com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de contribuição para o PIS/Pasep e COFINS; 6 – tornar sem efeito glosa dos créditos das aquisições de mercadorias vendidas aos associados da cooperativa; 7 – reconhecer o direito aplicação da Taxa Selic tendo em razão ter havido oposição do Fisco à compensação/restituição. Domingos de Sá Filho Voto Vencedor Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator Designado. Inicialmente, cabe consignar que a controvérsia cingese (i) a glosa de créditos básicos e agroindustriais da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, (ii) restrições quanto a forma de utilização do crédito presumido agroindustrial e (iii) não incidência de taxa Selic sobre a parcela do crédito pleiteado. A) DA ANÁLISE DOS CRÉDITO GLOSADOS As glosas dos créditos básicos foram motivadas por falta de comprovação, falta de cumprimento de requisitos legais e por falta de amparo legal, conforme a seguir demonstrado. De acordo com a conclusão apresentada no Relatório Fiscal colacionado aos autos, a seguir parcialmente reproduzida, os créditos não admitidos foram motivados por: I. Glosa parcial dos créditos básicos decorrentes de aquisição de insumos, energia elétrica, aluguéis de pessoa jurídica, fretes e aquisições do imobilizado, (Tabela 04); II. Glosa integral do valor referente ao crédito presumido da atividade agroindustrial por NÃO restar comprovado que a contribuinte exerceu atividade agroindustrial, bem como, pela ausência de comprovação da destinação à alimentação humana ou animal, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 (Tabela 04); Fl. 366DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 63 31 III. Estorno dos créditos decorrentes das saídas com suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (inciso II, § 4o, art. 8º – da Lei nº 10.925/2004 Tabela 03 e 04); IV. Glosa integral dos créditos decorrente da proporção de saídas sujeita a alíquota zero, considerando que as operações realizadas estavam efetivamente sujeitas à exclusão da base de cálculo e, por decorrência, inexiste suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); V. Glosa integral dos créditos decorrentes da proporção de saídas não tributadas decorrentes de operações sujeitas à exclusão de base de cálculo, considerando a ausência de suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 Tabela 03 e 04); [...]. O órgão colegiado de primeiro grau manteve, integralmente, as referidas glosas, com base nos mesmos fundamentos aduzidos na citado relatório fiscal. Inconformada com o resultado do citado julgamento, no recurso voluntário em apreço, a recorrente contesta a manutenção das referidas glosas. Assim, uma vez apresentadas as razões gerais da controvérsia, a seguir serão apreciadas apenas as questões específicas, para as quais este Conselheiro foi designado redator, a saber: a) em relação aos créditos básicos, a totalidade da glosa das despesas com fretes relativos às operações de transferência entre estabelecimentos e de compras sujeitas à alíquota zero; b ) crédito presumido agroindustrial. I) DA GLOSA DOS CRÉDITOS BÁSICOS. A glosa parcial dos créditos básicos realizada pela fiscalização está relacionada a: a) parte das aquisições de bens utilizados como insumos de fabricação de bens destinados à venda não comprovadas; b) parte do custo de aquisição de energia elétrica não comprovada; c) parte das despesas com aluguéis da pessoa jurídica não comprovada; d) a totalidade das despesas com fretes relativos às operações de transferência e de compras, por falta de amparo legal; e e) parte dos encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado não comprovada. Aqui será analisada apenas a questão referente à totalidade da glosa das despesas com fretes nas operações de (i) transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte e (ii) de compras de mercadorias que não geraram direito a crédito das referidas contribuições (compra de fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero). De acordo com citado relatório fiscal, por falta de amparo legal, a fiscalização procedeu a glosa da totalidade das despesas com fretes relativos às operações de transferência e de compras, discriminadas nas Tabelas de nº 04 e 06, integrante do processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado. No entendimento da fiscalização, gera direito ao crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins somente o valor do frete contratado para o transporte de mercadorias diretamente para entrega ao consumidor final e desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, Fl. 367DF CARF MF 32 bem como os gastos com frete sobre as operações de compras de bens que geram direito a crédito, quando o comprador assume ônus com o frete, cujo valor integra o custo de aquisição dos bens. De outra parte, não gera direito a crédito os gastos com frete relativos aos serviços de transportes prestados: a) nas transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, que implicam mero deslocamento das mercadorias com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores; e b) nas compras de mercadorias que não geram direito a crédito das referidas contribuições, no caso, nas operações de compra de fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero, conforme art. 1º, I e III, da Lei 10.925/2004. O entendimento da fiscalização está em consonância com o entendimento deste Relator explicitado no voto condutor do acórdão nº 3302003.207, de onde se extrai os excertos pertinentes, que seguem transcritos: No âmbito da atividade comercial (revenda de bens), embora não exista expressa previsão legal, a partir da interpretação combinada do art. 3°, I e § 1°, I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/20031, com o art. 289 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda de 1999 RIR/1999), é possível extrair o fundamento jurídico para a apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre o valor dos gastos com os serviços de transporte de bens para revenda, conforme se infere dos trechos relevantes dos referidos preceitos normativos, a seguir transcritos: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, [...]; [...]§ 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] (grifos não originais) RIR/1999: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matériasprimas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 14). 1 Por haver simetria entre os textos dos referidos diplomas lgais, aqui será reproduzido apenas os preceitos da Lei 10.833/2003, por ser mais completa e, em relação aos dispositivos específicos, haver remissão expressa no seu art. 15 de que eles também se aplicam à Contribuição para o PIS/Pasep disciplinada na Lei 10.637/2002. Fl. 368DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 64 33 §1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13). [...] (grifos não originais) Com base no teor dos referidos preceitos legais, podese afirmar que o valor do frete, relativo ao transporte de bens para revenda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, somente se o custo de aquisição dos bens para revenda propiciar a apropriação dos referidos créditos, o valor do frete no transporte dos correspondentes bens, sob a forma de custo de aquisição, também integrará a base de cálculo dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não cumulativas. Em contraposição, se sobre o valor do custo de aquisição dos bens para revenda não for permitida a dedução dos créditos das citadas contribuições (bens adquiridos de pessoas físicas ou com fim específico de exportação, por exemplo), por ausência de base cálculo, também sobre o valor do frete integrante do custo de aquisição desses bens não é permitida a apropriação dos citados créditos. Neste caso, apropriação de créditos sobre o valor do frete somente seria permitida se houvesse expressa previsão legal que autorizasse a dedução de créditos sobre o valor do frete na operação de compra de bens para revenda, o que, sabidamente, não existe. [...] Em suma, chegase a conclusão que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre valor dos gastos com frete, são assegurados somente para os serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10;637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou Fl. 369DF CARF MF 34 fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Enfim, cabe esclarecer que, por falta de previsão legal, o valor do frete no transporte dos produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica (entre matriz e filiais, ou entre filiais, por exemplo), não geram direito a apropriação de crédito das referidas contribuições, porque tais operações de transferências (i) não se enquadra como serviço de transporte utilizado como insumo de produção ou fabricação de bens destinados à venda, uma vez que foram realizadas após o término do ciclo de produção ou fabricação do bem transportado, e (ii) nem como operação de venda, mas mera operação de movimentação dos produtos acabados entre estabelecimentos, com intuito de facilitar a futura comercialização e a logística de entrega dos bens aos futuros compradores. O mesmo entendimento, também se aplica às transferência dos produtos acabados para depósitos fechados ou armazéns gerais. 2 Com base nesse entendimento, rejeitase as alegações da recorrente de que gerava direito ao crédito das referidas contribuições o custo com o frete no transporte relativo a: a) transferências das mercadorias entre estabelecimentos, porque representava uma etapa intermediária da operação de venda e para exportação, logo, tais despesas, quando suportadas pela recorrente, eram complementares as despesas com fretes sobre vendas no ato da entrega da mercadoria ao adquirente; e b) das compras das mercadorias sujeitas a alíquota zero, porque os fretes sobres essas compras estavam oneradas pelas citadas contribuições, estando desta forma onerado o custo final da aquisição da mercadoria, pelos gravames na proporção do custo com fretes sobre tais aquisições. Por essas considerações, por falta de amparo legal, deve ser mantida integralmente as glosas dos referidos créditos, conforme determinado pela fiscalização. II) DA GLOSA DO CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. A falta de amparo legal foi o motivo da glosa do valor integral do crédito presumido agroindustrial apropriado pela recorrente no período fiscalizado. Segundo a fiscalização, a recorrente não exercia a atividade de cooperativa de produção agroindustrial e não comprovara que os produtos por ela exportados foram destinados à alimentação humana ou animal, conforme exigência determinada no art. 8º da Lei 10.925/2004, que segue transcrito: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2 BRASIL. CARF. 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção. Ac. 3302003.207, Rel. Cons. José Fernandes do Nascimento, Sessão de 19 mai 2016. Fl. 370DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 65 35 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM;3 (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2º O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1º deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. [...] Da leitura do referido preceito legal, extraise que não são todos os produtos de origem animal ou vegetal nele relacionados que proporcionam o direito de apropriação de crédito presumido agroindustrial, mas apenas aqueles destinados à alimentação humana ou animal. Segundo a fiscalização, a recorrente não exercia atividade de cooperativa de produção agroindustrial, mas de cooperativa de produção agropecuária, uma vez que a sua atividade econômica limitavase a “limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura”, atividade típica de cerealista, que a própria Lei 10.925/2004 havia excluído do conceito de agroindústria. Para melhor análise, transcrevese os excertos pertinentes extraídos do relatório fiscal: Através do Termo de Intimação Fiscal 003, a contribuinte foi intimada a comprovar que exerceu a atividade de produção de mercadorias (agroindústria). Em resposta a intimação fiscal, a contribuinte descreveu o processo produtivo realizado que pode 3 A atual redação do inciso é a seguinte: "I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, e 18.01, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM);" (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013) Fl. 371DF CARF MF 36 ser sintetizado nas seguintes etapas: 1º ETAPA: Recebimento e Classificação; 2º ETAPA – Descarga das Mercadorias; 3º ETAPA – Prélimpeza dos Grãos; 4º ETAPA – Secagem; 5º ETAPA – Póslimpeza; 6º Armazenagem e Controle de Qualidade; 7º ETAPA Expedição. As etapas produtivas descritas subsumemse as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura. A própria Lei 10.925/2004 excluiu do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal. Referidas atividades foram consideradas típicas de cerealista, sendolhe vedado apurar o mencionado crédito presumido (§ 4º, art. 8º da Lei 10.925/2004). Para a fiscalização, para que fosse considerada cooperativa de produção agroindustrial, a recorrente deveria receber a produção de seu cooperado, industrializála e vender o produto industrializado, o que não fora feito. De outra parte, a contribuinte alegou que desenvolve o processo produtivo/atividade econômica de beneficiamento, por meio do qual eram alteradas as características originais e obtidos os grãos aperfeiçoados/beneficiados a serem comercializados/exportados. Nos excertos a seguir transcritos, a recorrente expõe as razões pelas quais entende que fazia jus ao crédito presumido em questão: As aquisições de matériasprimas (produtos resultantes da atividade rural) realizadas junto a pessoas físicas ou jurídicas com suspensão, são os insumos necessários para a obtenção das mercadorias soja beneficiada, trigo beneficiado, e milho beneficiado, classificados na NCM respectivamente nos capítulos 12 e 10. Não há que se falar em mercadorias classificadas nos capítulos 12, 10, da NCM, sem que tenhamos as matériasprimas provenientes da atividade rural, que são o principal "insumo" destas mercadorias. Como se vê, as mercadorias comercializadas/exportadas pela recorrente são por ela produzidas. E, diante de mecânica do PIS e da COFINS nãocumulativa, tem fundamento para apuração o crédito presumido, no inciso II do artigo 3º das leis 10.637/2002 e art. 3º da lei 10.833/2003 combinado com o Caput do artigo 8º da lei 10.925/2004. Do cotejo entre o entendimento da fiscalização e o da recorrente, fica evidenciado que o cerne da controvérsia reside no tipo da atividade exercida pela recorrente, ou seja, se a atividade por ela exercida era de produção agroindustrial ou, simplesmente, de produção agropecuária. A Lei 10.925/2004 não contém a definição da atividade de produção agroindustrial nem da atividade de cooperativa de produção agropecuária, no entanto, nos termos do art. 9º, § 2º, atribuiu à RFB a competência para regulamentar a matéria. E com base nessa competência, por meio da Instrução Normativa SRF 660/2006, o Secretário da RFB definiu a atividade de produção agroindustrial no art. 6º, I, da referida Instrução Normativa, a seguir transcrito: Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: Fl. 372DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 66 37 I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e [...] As atividades de produção de que trata o art. 2º4 da Lei 8.023/1990, são as atividades rurais típicas, não exercidas pela recorrente, conforme se infere dos elementos coligidos aos autos. E as mercadorias comercializadas/exportadas pela recorrente encontramse mencionadas no art. 5º, I, “d”, da citada Instrução Normativa, que, no período de apuração dos créditos, tinha a seguinte redação: Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de nãocumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: [...] d) nos capítulos 8 a 12, 15 e 16; 5 [...](grifos não originais) No período de apuração dos créditos presumidos em apreço, os produtos exportados pela recorrente foram grãos de milho, classificados no código NCM 1005.90.10, e grãos de soja, classificados no código NCM 1201.90.00. Portanto, inequivocamente, produtos pertencentes aos capítulos 8 a 12 da NCM. Além disso, inexiste controvérsia quanto ao fato de que tais produtos foram submetidos a processo de classificação, limpeza, secagem e armazenagem, conforme se extrai da descrição do processo produtivo apresentada pela própria recorrente. Porém, embora esse processo seja denominado de beneficiamento de grãos, ele não se enquadra na modalidade de industrialização, denominada de beneficiamento, que se encontra definida no art. 4º, II, do Decreto 7.212/2010 (RIPI/2010), porque, apesar de serem submetidos ao citado processo de “beneficiamento”, os grãos de milho e soja exportados pela recorrente permanecerem na 4 "Art. 2º Considerase atividade rural: I a agricultura; II a pecuária; III a extração e a exploração vegetal e animal; IV a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; V a transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada, tais como a pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acondicionados em embalagem de apresentação. (Redação dada pela Lei nº 9.250, de 1995) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à mera intermediação de animais e de produtos agrícolas." (Incluído pela Lei nº 9.250, de 1995) 5 A redação autualmente vigente tem o seguinte teor: "d) nos capítulos 8 a 12, e 15, exceto os códigos 0901.1 e 1502.00.1;" (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1223, de 23 de dezembro de 2011) Fl. 373DF CARF MF 38 condição de produtos in natura e, portanto, com a anotação NT (Não Tributado) na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), o que os exclui da condição de produtos industrializados e, portanto, fora do campo de incidência do imposto, nos termos do parágrafo único do art. 2º do RIPI/2010. Aliás, em relação ao IPI, a vedação de apropriação de créditos sobre insumos utilizados na produção de produtos com a anotação NT na TIPI foi objeto da Súmula CARF nº 20, que tem o seguinte teor, in verbis: “Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT.” Assim, por se tratar de comercialização/exportação de produto in natura, a atividade de produção realizada pela recorrente representa típica atividade de beneficiamento de produtos agropecuários, que não se caracteriza como operação de industrialização, conforme definido na legislação do IPI, mas atividade de beneficiamento de produtos in natura de origem vegetal (grãos), conforme definição estabelecida no art. 3º, § 1º, III, da Instrução Normativa SRF 660/2006, a seguir transcrito: Art. 3º A suspensão de exigibilidade das contribuições, na forma do art. 2º, alcança somente as vendas efetuadas por pessoa jurídica: I cerealista, no caso dos produtos referidos no inciso I do art. 2º; II que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel, no caso do produto referido no inciso II do art. 2º; e III que exerça atividade agropecuária ou por cooperativa de produção agropecuária, no caso dos produtos de que tratam os incisos III e IV do art. 2º. § 1º Para os efeitos deste artigo, entendese por: I cerealista, a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal relacionados no inciso I do art. 2º; II atividade agropecuária, a atividade econômica de cultivo da terra e/ou de criação de peixes, aves e outros animais, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990; e III cooperativa de produção agropecuária, a sociedade cooperativa que exerça a atividade de comercialização da produção de seus associados, podendo também realizar o beneficiamento dessa produção. [...] (grifos não originais) Assim, com base nas referidas definições e tendo em conta que a atividade da recorrente limitase a mero beneficiamento dos grãos de milho e soja exportados, chegase a conclusão de que a recorrente não exerce a atividade de cooperativa de produção agroindustrial, mas de cooperativa de produção agropecuária. E no âmbito da cooperativa de produção agropecuária, a diferenciação entre a atividade de beneficiamento e atividade de industrialização encontrase nitidamente Fl. 374DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 67 39 evidenciada, por exemplo, no art. 15, IV, da Medida Provisória 2.15835/2001, a seguir reproduzido: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: [...] IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; [...] (grifos não originais) Outro dado relevante que ratifica a conclusão de que a recorrente exercia a atividade de produção agropecuária, em vez da atividade de produção agroindustrial, está no fato de ela ter declarado, nos respectivos Dacon do período de apuração (fls. 131/154 do citado processo nº 10010.031138/041361), as receitas de venda no mercado interno dos referidos produtos de origem vegetal sob regime de suspensão6, regime de tributação não aplicável às cooperativas de produção agroindustrial, mas às cooperativas de produção agropecuária, nos termos do art. 9º, III, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1odo art. 8odesta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso;(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1odo art. 8odesta Lei; e(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1º do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] (grifos não originais) Assim, se acatada a pretensão da recorrente, o que se admite apenas por hipótese, ela seria duplamente beneficiada, pois, além de não submeter a tributação das referidas contribuições a receita da venda dos produtos de origem vegetal comercializados no mercado interno, ainda se apropriaria, indevidamente, do valor do crédito normal vinculado às referidas receitas, o que é expressamente vedado pelo art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004, a seguir analisado. Não se pode olvidar que a dedução de tais créditos somente é assegurada às cooperativas de produção agroindustrial, cujas receitas de venda dos produtos fabricados com 6 Os valores e o percentual de participação da receita submetida ao regime de suspensão encontramse discriminados na Tabelas de nº 03 (fls. 644/645), integrante do processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), apenso a este processo. Fl. 375DF CARF MF 40 insumos de origem vegetal, realizadas no mercado interno, sujeitamse ao regime de tributação normal das citadas contribuições. Também não procede a alegação da recorrente de que processo produtivo de grãos encontravase disciplinado na Lei 9.972/2000 e regulamentado pelo Decreto 6.268/2007 e pelas Instruções Normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pois, diferentemente do alegado, os referidos diplomas normativos não tratam de processo produtivo de grãos, mas da classificação dos produtos vegetais, incluindo a classificação dos grãos. Dada essa finalidade específica, certamente, tais preceitos normativos não têm qualquer relevância para a definição do tipo de processo produtivo realizado pela recorrente, para fins de atribuição da forma de incidência das referidas contribuições. Portanto, fica demonstrado que se trata de alegação estranha ao objeto da controvérsia em apreço. Dessa forma, por se caracterizar como cooperativa de produção agropecuária, independentemente da destinação dos produtos produzidos e comercializados (se destinada ou não à alimentação humana ou animal), a recorrente não faz jus ao aproveitamento do crédito presumido em apreço, conforme determina o art. 8º, § 4º, I, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 8º [...] § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: [...] III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. (grifos não originais) Com base nessas considerações, deve ser mantida a glosa integral dos créditos presumidos agroindustriais, indevidamente apropriados pela recorrente. III) DO INDEFERIMENTO DOS CRÉDITOS VINCULADAS ÀS OPERAÇÕES NÃO TRIBUTADAS REALIZADAS NO MERCADO INTERNO. De acordo com relatório fiscal e os dados apresentados nas Tabelas de nºs 03 e 04 (fls. 643/653), integrantes do processo nº 10010.031.138/041361 (dossiê memorial), a fiscalização propôs o deferimento apenas dos valores dos créditos básicos vinculados às receitas de exportação. No que tange aos créditos básicos vinculados às receitas de venda realizadas no mercado interno, a fiscalização manifestouse pelo indeferimento integral, sob o argumento de que tais operações de aquisição estavam vinculadas às receitas de venda no mercado interno não sujeitas à tributação, especificamente, as receitas de venda com suspensão e sujeitas à Fl. 376DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 68 41 alíquota zero, bem como as exclusões da base de cálculo permitidas, exclusivamente, às sociedades cooperativas, efetivamente utilizadas. Aqui serão analisadas apenas as questões atinentes às receitas (i) das vendas com suspensão e (ii) das vendas excluídas da base de cálculo. III.1) Do Indeferimento dos Créditos Vinculados às Receitas das Vendas Com Suspensão. Segundo a fiscalização, na condição de cooperativa agropecuária de produção, as operações de venda realizadas pela recorrente no mercado interno estavam amparadas pela regime de suspensão da incidência da Contribuição para PIS/Pasep e da Cofins, nos termos do art. 9º da Lei 10.925/2004, em decorrência, ela deveria ter providenciado o estorno dos correspondentes créditos, conforme determinação expressa no inciso II do § 4º do art. 8º do citado diploma legal. Art. 8º [...] § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. [...] (grifos não originais) Por sua vez, a recorrente alegou que a restrição contida no citado preceito legal fora revogada pelo art. 17 da Lei 11.033/2004, nos termos do § 1º do art. 2º da Lei 4.657/1942 (Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro), a seguir transcrito: Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Sem razão a recorrente, porque, embora tenha entrado em vigor posteriormente, o novo preceito legal não é incompatível e tampouco regula inteiramente a matéria disciplinada no art. 8º da Lei 10.925/2004, que instituiu o crédito presumido agroindustrial e as vedações às manutenções tanto do referido crédito presumido quanto dos créditos vinculados as receitas de venda efetuadas com suspensão por pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e por cooperativa de produção agropecuária. Diferentemente do alegado, como o citado art. 17 da Lei 11.033/2004 instituiu norma de nítido caráter geral sobre manutenção, pelo vendedor, dos créditos Fl. 377DF CARF MF 42 vinculados às operações de vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, ao caso em apreço, aplicase o disposto no § 2º do art. 2º da Lei 4.657/1942, que determina que a lei nova não revoga nem modifica a lei anterior. Dessa forma, uma vez demonstrado que o inciso II do § 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004 estava em plena vigência no período de apuração dos créditos em questão e ainda se encontra em vigor, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1972 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho (RICARF/2015), aprovado pela Portaria MF 343/2015, aos membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Com base nessas considerações e tendo em conta que ficou anteriormente demonstrado que a recorrente, no período de apuração dos créditos, exercia atividade de cooperativa de produção agropecuária, com respaldo no inciso II do § 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004, deve ser mantida a glosa integral dos créditos vinculados as receitas de venda com suspensão. III.2) Do Indeferimento dos Créditos Vinculados às Receitas de Venda Excluídas da Base de Cálculo. De acordo com relatório fiscal, no período analisado, a contribuinte registrou exclusões de base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previstas no art 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art 17 da Lei 10.684/2003, em relação as quais não lhe eram assegurado a manutenção dos créditos vinculados, sob o argumento de que como o ato cooperativo, definido no art. 79 da Lei 5.764/1971, não representava operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria, logo, não existia “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS e da COFINS”, conforme estabelece o art. 17 da Lei 11.033/2004. Por decorrência, não havia suporte legal para manutenção do direito ao crédito em operações não tributadas pela exclusão de base de cálculo decorrente de ato cooperativo. Já a recorrente alegou que o conceito de ato cooperativo, contido no art. 79 da Lei 5.764/1971, não influenciava na apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, porque, atualmente, o cálculo das ditas contribuições independiam de tal conceito, uma vez que tanto a base de cálculo e o fato gerador destas contribuições correspondiam ao faturamento total, independente da denominação e classificação contábil, conforme determinado pelo art. 1º das Leis 10.637/2003 e 10.833/2004. Para a recorrente, posteriormente ao advento da Medida Provisória 1.858 6/1999, cuja redação definitiva foi mantida na vigente Medida Provisória 2.15835/2001, os dispositivos que asseguravam isenção das citadas contribuições foram revogados, passando desde então as sociedades cooperativas a serem tributadas sobre a totalidade de suas receitas da mesma forma que as demais pessoas jurídicas, nos termos dos arts. 2º e 3º da Lei 9.718/1998. Em decorrência, todos os fatos que não tinham a aptidão de gerar tributos integravam o campo da não incidência, logo o resultado obtido das exclusões da base de cálculo permitidas às sociedades cooperativas, efetuadas pela contribuinte, correspondiam as receitas sem incidência das referidas contribuições, em virtude de não gerar receita tributável. Não assiste razão à recorrente. No caso em tela, a não tributação das referidas contribuições não decorreu do fato de as receitas auferidas não serem submetidas à incidência das referidas contribuições, ou em razão das respectivas operações de venda estarem fora do campo incidência das referidas contribuições, conforme alegado pela recorrente, mas pelo fato Fl. 378DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 69 43 de não existir base cálculo ou a base de cálculo ter sido zerada, após efetivadas as exclusões, especificamente, asseguradas à recorrente na condição de sociedade cooperativa de produção agropecuária. E a falta de tributação motivada pela inexistência de base cálculo, certamente, não se enquadra em nenhuma das hipóteses de manutenção do crédito das referidas contribuições, previstas no art. 17 da Lei 11.033/2004. Com base nessas considerações, deve ser mantida a glosa integral dos créditos vinculados à base cálculo zerada, em razão das exclusões da base de cálculo das referidas contribuições, autorizadas no art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art 17 da Lei 10.684/2003, e efetuadas pela recorrente no curso do período da apuração dos créditos glosados. IV) DA ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC Em relação aos créditos escriturais da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, decorrentes da aplicação do regime da nãocumulatividade, cabe consignar que, independentemente da forma de aproveitamento (dedução, compensação ou ressarcimento), existe vedação expressa a qualquer forma de atualização ou incidência de juros, conforme expressamente consignada no artigo 13, combinado com o disposto no inciso VI do art. 15, ambos da Lei n° 10.833, de 2003, que seguem transcritos: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] VI no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Dessa forma, como se trata de preceito legal vigente, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1996 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II RICARF/2015, os membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Cabe consignar ainda que, no caso em tela, não se aplica o entendimento exarado no acórdão proferido no julgamento do Recurso Especial (REsp) nº 1.035.847/RS, submetido ao regime do recurso repetitivo, previsto no artigo 543C do CPC, transitado em julgado em 3/3/2010, por duas razões: a) o referido julgado trata da atualização de crédito escritural oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade do IPI e não de crédito escritural decorrente da aplicação do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins; b) a referida decisão não trata da vedação da atualização monetária determinada no art. 13 da Lei 10.833/2003 e tampouco afasta a aplicação do referido preceito legal, bem como se enquadra em nenhuma das hipóteses excepcionais elencadas no art. 62, § 1º, do Anexo II do RICARF/2015. Para melhor compreensão, transcrevese a seguir o enunciado da ementa do mencionado acórdão: Fl. 379DF CARF MF 44 PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547∕PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977∕RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953∕PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796∕PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498∕RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921∕RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08∕2008.7 (grifos não originais) Com base nessas considerações, fica demonstrada a impossibilidade de acolher a sua pretensão da recorrente, com vistas à atualização dos valores dos créditos em apreço com base na variação da taxa Selic. VI) DA CONCLUSÃO Por todo o exposto, em relação às questões aqui analisadas, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento 7 BRASIL. STJ. REsp 1035847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009. Fl. 380DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 70 45 Voto Vencedor 2 Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, redator designado. Com o devido respeito aos argumentos do ilustre relator, divirjo de seu entendimento quanto à reversão total da glosa relativa aos créditos vinculados às vendas de adubos, fertilizantes e sementes pela recorrente aos seus associados, as quais tiveram as alíquotas da contribuição para o PIS e da COFINS reduzidas a zero pelo art. 1º da Lei 10.925/2004. Salientase que tais créditos foram glosados originalmente por falta de apresentação de documentos, como todos os demais créditos solicitados. Porém em diligência requerida pela DRJ, restou consignado em relatório fiscal a manutenção da referida glosa em razão de tais valores consistirem em exclusões da base de cálculo das cooperativas, nos termos do artigo 15 da MP nº 2.15835/2001: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: [...] II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; [...] No tópico seguinte "EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO", a autoridade fiscal justificou a glosa dos créditos vinculados a exclusões do artigo 15 da MP nº 2.158 35/2001, em razão da não previsão da manutenção de créditos vinculados à exclusões de base de cálculo na redação do artigo 17 da Leinº 11.033/2004, a seguir transcrito: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Acrescentou ainda que tais operações são atos cooperativos conforme definição contida no artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, e, portanto, não configurariam operações de compra e venda, conforme extraise do excerto abaixo do relatório fiscal: "O conceito de ato cooperativo está disposto na Lei nº 5.764/71 (que “define a Política Nacional de Cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas”): Art. 79. Denominamse atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. Parágrafo único. O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Grifouse. Fl. 381DF CARF MF 46 A luz do dispositivo legal, o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Portanto, não existe “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS e da COFINS (art. 17 da Lei nº 11.033/2004). Por decorrência, não há suporte legal para manutenção do direito ao crédito em operações não tributadas pela exclusão de base de cálculo decorrente de ato cooperativo." Verificase, de fato, que as operações consideradas como vendas de adubos, fertilizantes e sementes aos associados se subsumem à definição de ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, e neste sentido, impende8 reproduzir a recente decisão do STJ no REsp nº 1.164.716/MG, transitado em julgado em 22/06/2016 e submetido à sistemática de recursos repetitivos, na qual restou decidido que os atos cooperativos não implicam operações de compra e venda, conforme ementa abaixo transcrita: EMENTA TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. NÃO INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS NOS ATOS COOPERATIVOS TÍPICOS. APLICAÇÃO DO RITO DO ART. 543C DO CPC E DA RESOLUÇÃO 8/2008 DO STJ. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. Os RREE 599.362 e 598.085 trataram da hipótese de incidência do PIS/COFINS sobre os atos (negócios jurídicos) praticados com terceiros tomadores de serviço; portanto, não guardam relação estrita com a matéria discutida nestes autos, que trata dos atos típicos realizados pelas cooperativas. Da mesma forma, os RREE 672.215 e 597.315, com repercussão geral, mas sem mérito julgado, tratam de hipótese diversa da destes autos. 2. O art. 79 da Lei 5.764/71 preceitua que os atos cooperativos são os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. E, ainda, em seu parág. único, alerta que o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. 3. No caso dos autos, colhese da decisão em análise que se trata de ato cooperativo típico, promovido por cooperativa que realiza operações entre seus próprios associados (fls. 126), de forma a autorizar a não incidência das contribuições destinadas ao PIS e a COFINS. 4. O parecer do douto Ministério Público Federal é pelo desprovimento do Recurso Especial. 5. Recurso Especial desprovido. 8 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 382DF CARF MF Processo nº 13161.001793/200849 Acórdão n.º 3302003.297 S3C3T2 Fl. 71 47 6. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 8/2008 do STJ, fixandose a tese: não incide a contribuição destinada ao PIS/COFINS sobre os atos cooperativos típicos realizados pelas cooperativas. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da PRIMEIRA Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Gurgel de Faria, Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região) e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Herman Benjamin. Sustentaram, oralmente, a Dra. HERTA RANI TELES, pela recorrente, e o Dr. JOÃO CAETANO MUZZI FILHO, pela interessada: ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS OCB Brasília/DF, 27 de abril de 2016 (Data do Julgamento). NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR Assim, tais operações não podem ser consideradas como mercantis, e, portanto, não se tratam de vendas, configurando operações não incidentes e não receitas de vendas não incidentes. Salientase que o artigo 17 da Lei 11.033/2004 dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. Destarte, entendo ser inaplicável o referido artigo para efeito de vinculação de créditos a estas parcelas. Porém, a glosa pura e simples dos créditos vinculados a estas operações, conforme realizada pela autoridade fiscal, pareceme equivocada. É que tais créditos referemse a custos, despesas e encargos comuns que foram vinculados a estas parcelas mediante rateio entre receitas. Assim, não sendo tais operações receitas de vendas, também não podem compor o rateio para vinculação de créditos tomados sobre custos, despesas e encargos comuns (por exemplo, energia elétrica), devendo tal rateio ser refeito, excluindo estas operações de seu denominador, e redistribuindo os créditos comuns às demais parcelas de receitas consideradas, devendo ser reanalisada a possibilidade de desconto, compensação ou ressarcimento, de acordo com a nova natureza e conforme o decidido neste julgamento. Frisese que a decisão não se refere às aquisições específicas de adubos, sementes e fertilizantes, as quais não geraram créditos, pois que sujeitaramse à alíquota zero, como, inclusive, confirmado pelo patrono da recorrente em sustentação oral. É como voto. Fl. 383DF CARF MF 48 (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 384DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12898.001047/2009-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2004
PROVAS. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL.
Se o contribuinte entrega à Receita Federal os originais dos documentos que fazem prova de seu direito e estes não são localizados pela repartição competente, os seus controles internos devem fazer prova a seu favor, em vista dos princípios da boa fé e da moralidade administrativa.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 1401-001.722
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, REJEITAR a necessidade de diligência suscitada durante o julgamento. Vencidos os Conselheiros Marcos de Aguiar Villas Boas, Júlio Lima Souza Martins e Antonio Bezerra Neto. Por maioria de votos, DERAM provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Ricardo Marozzi Gregorio, Júlio Lima Souza Martins e Antonio Bezerra Neto.
ANTONIO BEZERRA NETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
LIVIA DE CARLI GERMANO - Relatora.
(assinado digitalmente)
EDITADO EM: 07/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTONIO BEZERRA NETO (Presidente), LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN, GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, LIVIA DE CARLI GERMANO, MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, RICARDO MAROZZI GREGORIO, JULIO LIMA SOUZA MARTINS, AURORA TOMAZINI DE CARVALHO.
Nome do relator: LIVIA DE CARLI GERMANO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1978; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 3.870 1 3.869 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12898.001047/200969 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401001.722 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 15 de setembro de 2016 Matéria CSLL Recorrente Mauro Marcello Despachos Aduaneiros Ltda. Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2004 PROVAS. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Se o contribuinte entrega à Receita Federal os originais dos documentos que fazem prova de seu direito e estes não são localizados pela repartição competente, os seus controles internos devem fazer prova a seu favor, em vista dos princípios da boa fé e da moralidade administrativa. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, REJEITAR a necessidade de diligência suscitada durante o julgamento. Vencidos os Conselheiros Marcos de Aguiar Villas Boas, Júlio Lima Souza Martins e Antonio Bezerra Neto. Por maioria de votos, DERAM provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Ricardo Marozzi Gregorio, Júlio Lima Souza Martins e Antonio Bezerra Neto. ANTONIO BEZERRA NETO Presidente. (assinado digitalmente) LIVIA DE CARLI GERMANO Relatora. (assinado digitalmente) EDITADO EM: 07/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTONIO BEZERRA NETO (Presidente), LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN, GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, LIVIA DE CARLI GERMANO, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 8. 00 10 47 /2 00 9- 69 Fl. 3870DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por LIVIA DE CARLI GERMANO, Assinado digitalmente em 07/10/20 16 por LIVIA DE CARLI GERMANO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO 2 MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, RICARDO MAROZZI GREGORIO, JULIO LIMA SOUZA MARTINS, AURORA TOMAZINI DE CARVALHO. Relatório Tratase de auto de infração lavrado para cobrança de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL referente a fatos geradores ocorridos no anocalendário de 2004. Segundo o auto de infração a fls. 3944 do eprocesso, as fontes pagadoras fizeram constar de suas Declarações de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRFs valores retidos em montante inferior ao declarado pela Recorrente em sua DIPJ 2005. Diante disso, a autoridade fiscal autuante procedeu "à glosa da diferença entre os valores constantes do item 25 da ficha 14A e item 20 da ficha 18A da DIPJ2005, IRPJ e CSLL, respectivamente, de todos os trimestres de 2004, e os valores constantes como retidos pelas DIRFs entregues pelas fontes pagadoras, discriminados no DOSSIÊ INTEGRADO de fls. 4255" (fls. 41). Em suas razões de impugnação a fls. 91 e seguintes, a Recorrente observa: (...) Na oportunidade, apresentamos os nossos registros e controles de emissão das Notas Fiscais dos Serviços Prestados (Anexo V), demonstrando de forma clara que a Mauro Marcello Despachos Aduaneiros Ltda. faturou o valor bruto dos serviços prestados e recebeu o valor líquido, deduzidos os Impostos e as Contribuições pelas fontes pagadoras. em princípio, é obrigação do prestador dos serviços fazer constar da Nota fiscal os valores dos impostos e contribuições que devem ser retidos, desta forma, não deixa ao tomador de seus serviços a alternativa de afirmar que não os reteve e recolheu por não constarem da Nota Fiscal. Portanto, as retenções na fonte nada mais são do que adiantamento dos impostos e contribuições devidos pela Mauro Marcello Despachos Aduaneiros Ltda.. (...) Além disso, a Recorrente defende que a responsabilidade pelo recolhimento do Imposto de Renda, PIS, COFINS e CSLL retidos na fonte à alíquota total de 4,65% é de seus clientes. Em 29 de abril de 2010, a 1a Turma da DRJ/RJ1 deu provimento em parte à impugnação, em razão da decadência quanto ao primeiro trimestre de 2004, mantendo o crédito tributário no valor de R$ 6.548,33, acrescido de multa de 75% e juros de mora, sendo o acórdão de fls. 270274 assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL. Anocalendário: 2004 DECADÊNCIA. Quando há o pagamento do tributo, ocorre a decadência do dever do Fisco de efetuar o lançamento de ofício depois do prazo de cinco anos contados do fato gerador, no caso de lançamento por homologação. FALTA DE RECOLHIMENTO. RETENÇÃO NA FONTE. Deve ser exigida a diferença de CSLL não recolhida em face de redução de fonte maior que a comprovada. O acórdão proferido pela DRJ/RJ1 considerou que as planilhas apresentadas pela Recorrente não serviriam à comprovação das retenções, por se tratar de documentos Fl. 3871DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por LIVIA DE CARLI GERMANO, Assinado digitalmente em 07/10/20 16 por LIVIA DE CARLI GERMANO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 12898.001047/200969 Acórdão n.º 1401001.722 S1C4T1 Fl. 3.871 3 internos da empresa. Neste sentido, a DRJ/RJ1 observa que a Recorrente deveria ter acostado aos autos ou os comprovantes anuais de retenção emitidos pelas fontes pagadoras, ou mesmo as notas fiscais de serviços imbricadas com as retenções na fonte de CSLL que demonstrariam que as fontes pagadoras prestaram informações equivocadas à Receita Federal. Em seu recurso voluntário, a Recorrente reitera que a responsabilidade pelo recolhimento da CSLL é das fontes pagadoras e observa que apenas teve ciência de que as suas informações na DIPJ estavam divergentes das informados das DIRFs quando do lançamento do auto de infração. Não obstante, apresenta as notas fiscais que deram base às planilhas então apresentadas na impugnação, no intuito de demonstrar que as fontes pagadoras prestaram informações equivocadas à Receita Federal em suas DIRFs (anexo V do recurso fls. 359 a 3792). Em 8 de maio de 2012, esta turma decidiu converter o julgamento em diligência para constatação da regularidade da documentação apresentada pelo Recorrente e, eventualmente, recálculo do crédito tributário lançado. Especificamente, a Resolução 1401 000.140 (fls. 37953798) observou e, ao fim, propôs o quanto segue: De fato, a Recorrente trouxe à baila milhares documentos (cópias) que, em tese, podem demonstrar a ocorrência de valores retidos a título de IRRF, CSLL, PIS e COFINS. Importante frisar que um volume considerável destas cópias referemse a Notas Fiscais canceladas. Também há, nos autos, um volume considerável de cópias que se encontram completamente ilegíveis. Pelo exposto, proponho retornem os autos à instância preparadora, com o objetivo de: a) confirmar a autenticidade dos documentos (cópias) juntados autos pela Recorrente; b) identificar se os aludidos documentos são hábeis para reduzir o montante do crédito tributário lançado; c) apresentar parecer conclusivo acerca do valor do crédito tributário remanescente, após a devida apreciação dos argumentos e documentos juntados aos autos pela Recorrente; d) promover a regular notificação do contribuinte acerca do resultado da diligência, facultandolhe a apresentação de manifestação escrita, no prazo de 30 dias. Para o fim de se atender especialmente ao item "a" acima, inicialmente buscouse verificar a autenticidade das cópias juntadas aos autos. Neste quesito, a unidade de origem observou, a fls. 3807: "cabe informar que a documentação (Notas Fiscais) digitalizada e juntada ao processo foi efetuada por servidora habilitada para tal e, portanto, partese do princípio que as cópias em questão estão revestidas de autenticidade." Fl. 3872DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por LIVIA DE CARLI GERMANO, Assinado digitalmente em 07/10/20 16 por LIVIA DE CARLI GERMANO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO 4 Diante disso, a Recorrente foi intimada a apresentar as notas fiscais originais (fls. 3811). Em resposta constante de fls. 3813, a Recorrente observa que entregou as notas fiscais originais conforme protocolo assinado pelo Sr. Leandro Neves Lobo, Matrícula 1491636 em 18/10/2010. Face a tal resposta, foi solicitado ao CAC de Laranjeiras o envio das notas fiscais originais apresentadas pelo contribuinte. Todavia, diante da informação do chefe desta unidade de que não foi localizado nenhum documento, o Termo de Encerramento de Diligência Fiscal de fls. 3852, de em 17 de novembro de 2015, concluiu que não era possível atender à solicitação do CARF. Então, em 11 de fevereiro de 2016 foi proferido o despacho de encaminhamento de fls. 3866, de seguinte teor: "Tendo sido realizada a diligência solicitada pelo CARF, encaminhese o presente processo à 4º Câmara/1ª Turma para análise." É o relatório. Voto Conselheira Relatora Livia De Carli Germano O valor em litígio diz respeito a retenções na fonte de CSLL efetuadas com suporte no art. 30 da Lei n° 10.833/2003, ora reproduzido: Art. 30. Os pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas de direito privado, pela prestação de serviços de limpeza, conservação, manutenção, segurança, vigilância, transporte de valores e locação de mãodeobra, pela prestação de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, bem como pela remuneração de serviços profissionais, estão sujeitos a retenção na fonte da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, da COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP. (Vide Medida Provisória n. 232, 2004) § 1o O disposto neste artigo aplicase inclusive aos pagamentos efetuados por: I associações, inclusive entidades sindicais, federações, confederações, centrais sindicais e serviços sociais autônomos; II sociedades simples, inclusive sociedades cooperativas; III fundações de direito privado; ou IV condomínios edilícios. § 2o Não estão obrigadas a efetuar a retenção a que se refere o caput as pessoas jurídicas optantes pelo SIMPLES. §3°As retenções de que trata o caput serão efetuadas sem prejuízo da retenção do imposto de renda na fonte das pessoas jurídicas sujeitas a alíquotas específicas previstas na legislação do imposto de renda. (...) Fl. 3873DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por LIVIA DE CARLI GERMANO, Assinado digitalmente em 07/10/20 16 por LIVIA DE CARLI GERMANO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 12898.001047/200969 Acórdão n.º 1401001.722 S1C4T1 Fl. 3.872 5 Art. 35. Os valores retidos no mês, na forma dos arts. 30, 33 e 34 desta Lei, deverão ser recolhidos ao Tesouro Nacional pelo órgão público que efetuar a retenção ou, de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica, até o último dia útil do segundo decêndio do mês subsequente àquele mês em que tiver ocorrido o pagamento à pessoa jurídica fornecedora dos bens ou prestadora do serviço. (Redação dada pela Lei nº 13.137, de 2015) Art. 36. Os valores retidos na forma dos arts. 30, 33 e 34 serão considerados como antecipação do que for devido pelo contribuinte que sofreu a retenção, em relação ao imposto de renda e às respectivas contribuições. Como se percebe, os valores retidos são considerados antecipação do devido pelo contribuinte que sofreu a retenção. Em casos como este, o Parecer Normativo n. 1/2002 que trata do IRRF mas cujo raciocínio pode ser aplicado às retenções em questão esclarece que: (i) caso seja constatada a falta de retenção antes do encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado (seja trimestral, mensal estimado ou anual), serão exigidos da fonte pagadora o tributo, a multa de ofício e os juros de mora. (ii) caso seja constatada a falta de retenção após encerramento do período de apuração, serão exigidos da fonte pagadora a multa de ofício e os juros de mora isolados (calculados desde a data prevista para recolhimento do imposto que deveria ter sido retido até o encerramento do período de apuração); exigindose do contribuinte o tributo, a multa de ofício e os juros de mora, caso este não tenha submetido os rendimentos à tributação. (ii) em qualquer caso, tendo ocorrido a retenção e o não recolhimento, serão exigidos da fonte pagadora o tributo, a multa de ofício e os juros de mora, devendo o contribuinte oferecer o rendimento à tributação e compensar o tributo retido. Verificase, portanto, que para saber se o tributo é realmente devido pela Recorrente é de vital importância confirmar se seus clientes, as fontes pagadoras (i) efetuaram as retenções de CSLL nos valores corretos, tendo apenas preenchido as DIRFs de maneira incorreta (como defende a Recorrente); ou (ii) efetuaram retenções a menor de CSLL. No caso, a Recorrente apresentou planilhas que acreditava serem hábeis a comprovar a correta apuração das retenções informadas em sua DIPJ 2005, porém em seu acórdão a DRJRJ1 entendeu que estas não serviriam à comprovação das retenções por se tratar de documentos internos da empresa. Diante disso, a Recorrente apresentou então as notas fiscais originais que deram base à confecção de tais planilhas, acreditando assim provar que as fontes pagadoras erraram ao preencher as DIRFs. O exame de tais documentos, além de atender ao princípio da verdade material, resulta de um direito que não precluiu, em especial tendo em vista que a apresentação das notas fiscais ocorreu exatamente em reação à conclusão da DRJRJ1 de que as planilhas de controles internos não eram suficientes à comprovar o alegado na impugnação. Fl. 3874DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por LIVIA DE CARLI GERMANO, Assinado digitalmente em 07/10/20 16 por LIVIA DE CARLI GERMANO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO 6 Daí porque o julgamento foi convertido em diligência para a análise de tais notas fiscais. Todavia, conforme relatado, a diligência se tornou impossível pois a digitalização das notas fiscais originais efetuada por servidor da RFB resultou em diversas cópias ilegíveis e os documentos originais apresentados à Receita Federal não foram por esta localizados. Como se percebe, a impossibilidade de se proceder à análise dos documentos que deram base aos controles internos do Recorrente ocorre por razões que lhe são completamente alheias. Diante de toda essa situação, em homenagem ao princípio da boa fé e da moralidade administrativa, entendo que os controles internos apresentados pela Recorrente devem fazer prova em seu favor. Considerando que os valores constantes das planilhas alimentaram a DIPJ do Recorrente, que nada foi questionado quanto a isso, e em atenção aos princípios da moralidade e da eficiência administrativa, dou provimento ao recurso voluntário. Livia De Carli Germano Relatora (assinado digitalmente) Fl. 3875DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por LIVIA DE CARLI GERMANO, Assinado digitalmente em 07/10/20 16 por LIVIA DE CARLI GERMANO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO
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Numero do processo: 10530.720179/2009-27
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL
Sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação.
Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente.
Numero da decisão: 9202-004.125
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator
EDITADO EM: 18/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL Sujeitamse à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação. Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 01 79 /2 00 9- 27 Fl. 478DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente e Relator EDITADO EM: 18/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10580.720843/200942. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.124): Tratase de Auto de infração lavrado contra o contribuinte em epígrafe para cobrança de IRPF sobre rendimentos auferidos do Ministério Público da Bahia, a título de valores indenizatórios de URV. Tais rendimentos decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor (URV) em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Complementar nº 20/2003, do Estado da Bahia. Importante destacar, ainda que referida Lei dispôs serem de natureza indenizatória as verbas em questão. No entendimento da autoridade fiscal, as diferenças recebidas pelo contribuinte têm natureza salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994 e, portanto, são tributáveis pelo IRPF, sendo irrelevante a denominação dada pela Lei do Estado da Bahia. Para a apuração do imposto devido foi considerado os valores das diferenças salariais, incluindo atualização e juros. Inconformado, o contribuinte apresentou impugnação, que fora julgada procedente em parte, para excluir da base de cálculo do imposto valores recebidos a título de URV sobre férias indenizadas e 13º salário. Ato seguinte, tempestivamente foi apresentado Recurso Voluntário, onde, por unanimidade de votos, foi dado provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício. Fl. 479DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10530.720179/200927 Acórdão n.º 9202004.125 CSRFT2 Fl. 416 3 Inconformado com essa decisão o contribuinte, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, alegando, em resumo: a) Os rendimentos previstos na Lei Complementar 20/2003 tem a mesma natureza daqueles mencionados pela Lei Federal nº 10.477/2002, que trata do pagamento de diferenças de URV a membros do Ministério Público Federal; b) É nítida a natureza remuneratória das diferenças de URV, na medida em que representam ressarcimento pelo erro de cálculo da remuneração; c) É aplicável ao caso a mesma interpretação dada pelo STF através da Resolução 245/2002, que reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV pagas aos membros da magistratura federal; d) Quebra da isonomia quando se dispensa tratamento tributário diverso em relação às diferenças de URV pagas aos membros da magistratura Federal e aos membros do MPF em relação aos membros do Ministério Público Estadual; e) Vicio material na formação da base de cálculo do IRPF, na medida em que não foi observado o regime de competência em relação aos rendimentos recebidos acumuladamente; f) Não incidência do IRPF sobre juros moratórios Na análise de admissibilidade, foi dado parcial seguimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte para que fosse reapreciada a questão da não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e para que fosse rediscutida a não incidência de Imposto de Renda sobre rendimentos correspondentes a juros de mora. Regularmente intimada o a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 480DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.124, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10580.720843/200942, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e visa rediscutir as seguintes matérias: não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e, caso assim não se entenda, não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora. A matéria não é nova neste Colegiado. Tratase de Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física dos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006, acrescido de multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora, tendo em vista a reclassificação, como tributáveis, de rendimentos declarados como isentos, recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em trinta e seis parcelas, no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08/09/2003, editada em virtude do objeto da Ação Ordinária de nº 140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nºs 613 e 614. As verbas ora analisadas constituem diferenças salariais verificadas na conversão da remuneração do servidor público, quando da implantação do Plano Real, portanto tais valores referemse a salários (vencimentos) não recebidos ao longo dos anos. Nesse passo, o objetivo da ação judicial e/ou da lei do estado da Bahia foi simplesmente pagar à Contribuinte aquilo que antes deixou de ser pago, que nada mais é que salário, portanto de natureza tributável. Assim, o recebimento da verba ora tratada configura acréscimo patrimonial e, consequentemente, sujeitase à incidência do Imposto de Renda, consoante dispõe o art. 43 do CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: Fl. 481DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10530.720179/200927 Acórdão n.º 9202004.125 CSRFT2 Fl. 417 5 I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. O dispositivo legal acima não deixa dúvidas acerca da abrangência da tributação do Imposto de Renda, abarcando qualquer evento que se traduza em aumento patrimonial, independentemente da denominação que seja dada ao ganho. Seguindo esta linha, a Lei nº 7.713, de 1988, assim dispõe: Art. 1º Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliados no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. (...) § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. (...) § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. (...)” (grifei) Quanto à alegação de violação ao princípio da isonomia, a Contribuinte traz à baila o fato de que o Supremo Tribunal Federal, em sessão administrativa, atribuiu natureza indenizatória ao Abono Variável concedido aos membros da Magistratura da União pela Lei nº 10.474, de 2002. Ademais, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio do Parecer PGFN nº 529, de 2003, manifestou entendimento no sentido de que a verba em tela não estaria sujeita à tributação. Fl. 482DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 Entretanto, a Resolução nº 245, do STF, bem como o Parecer da PGFN, se referem especificamente ao abono concedido aos Magistrados da União pela Lei nº 10.474, de 2002; e o que se discute no presente processo é se tal entendimento deve ser aplicado à verba recebida pelos membros da Ministério Público do Estado da Bahia. Primeiramente, verificase que a posição do Supremo Tribunal Federal – STF sobre a natureza do Abono Variável atribuído aos Magistrados da União foi definida em sessão administrativa e expedida por meio de Resolução, e não em sessão de julgamento daquela Corte e, assim, não se trata de uma decisão judicial, cujos efeitos são bem distintos dos de uma resolução administrativa. Destarte, obviamente que a Resolução do STF nunca vinculou a Administração Tributária da União. Com o advento do Parecer PGFN/Nº 529, de 2003, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro da Fazenda, portanto com força vinculante em relação aos Órgãos da Administração Tributária, concluiuse que o Abono Variável de que trata o art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002, teria natureza indenizatória. Entretanto, dito parecer é claro quanto aos limites desse entendimento, conforme será demonstrado na seqüência. O parecer destaca que o Superior Tribunal de Justiça – STJ consolidou entendimento no sentido de que abonos recebidos em substituição a aumentos salariais sofrem a incidência do Imposto de Renda. Após, faz a ressalva de que, segundo entendimento dessa mesma Corte, nos casos de abono concedido como reparação pela supressão ou perda de direito, ele tem natureza indenizatória. Ainda segundo o parecer da PGFN, seria este o entendimento do STF, manifestado por meio da Resolução nº 245, de 2002, relativamente ao abono variável e provisório previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002. Assim, claro está que o Parecer da PGFN somente reconheceu a natureza indenizatória do Abono Variável, previsto nas Leis nºs 9.655, de 1998, e 10.474, de 2002, acolhendo entendimento do STF, no sentido de que tal verba destinarseia a reparar direito. Destarte, a Resolução nº 245, do STF, não possui efeitos de decisão judicial, e o Parecer PGFN/Nº 529, de 2003, apenas reconhece a natureza indenizatória do abono concedido aos Magistrados da União, acatando interpretação do STF quanto à natureza reparatória, especificamente para esse abono. Portanto, ambos os atos alcançam apenas o abono previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002. Ademais, a Resolução nº 245, do STF, excluiu do abono a verba referente à diferença de URV, o que evidencia que esta não tem natureza indenizatória, mas sim de recomposição salarial. Confirase a manifestação Superior Tribunal de Justiça, por meio de voto da Ministra Eliana Calmon, reconhecendo a falta e identidade entre o abono salarial tratado na Resolução e as diferenças de URV: Fl. 483DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10530.720179/200927 Acórdão n.º 9202004.125 CSRFT2 Fl. 418 7 “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E também o Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão no Recurso Extraordinário n.º 471.115: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Assim, não há como estenderse o alcance dos atos legais acima referidos para verbas distintas, concedidas para outro grupo de servidores, por meio de ato específico, diverso daqueles referidos na Resolução do STF e no Parecer da PGFN. Com efeito, a norma que concede isenção deve ser interpretada sempre literalmente, conforme inciso II, do art. 111, do CTN. Ademais, o mesmo código veda o emprego da analogia ou de interpretações extensivas para alcançar sujeitos passivos em situação supostamente semelhante, o que implicaria concessão de isenção sem lei federal própria, o que ofenderia o § 6º, do art. 150, da Constituição Federal, e o art. 176, do CTN. Destarte, a verba em exame deve ser efetivamente tributada. Quanto à alegada inexigibilidade de Imposto de Renda incidente sobre a verba recebida pela contribuinte a título de juros de mora, a decisão do STJ, no julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C, do CPC, é no sentido de que estaria restrita aos casos de pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, por força da norma isentiva prevista no inciso V, do art. 6º, da Lei nº 7.713, de 1988. Confirase: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA. JUROS DE MORA. CARÁTER REMUNERATÓRIO. TEMA JULGADO PELO STJ SOB A SISTEMÁTICA DO ART. 543 C DO CPC. Fl. 484DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 1. Por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, pelo regime do art. 543C do CPC (recursos repetitivos), consolidouse o entendimento no sentido de que 'não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais em decorrência de sua natureza e função indenizatória ampla.' Todavia, após o julgamento dos embargos de declaração da Fazenda Nacional, esse entendimento sofreu profunda alteração, e passou a prevalecer entendimento menos abrangente. Concluiuse neste julgamento que 'os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do art. 6º, V, da Lei 7.713/88, até o limite da lei'. 2. Na hipótese, não sendo as verbas trabalhistas decorrentes de despedida ou rescisão contratual de trabalho, assim como por terem referidas verbas (horas extras) natureza remuneratória, deve incidir o imposto de renda sobre os juros de mora. Agravo regimental improvido.(AgRg no REsp 1235772 RS – julgado em 26/06/2012) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA. JUROS DE MORA DECORRENTES DO PAGAMENTO EM ATRASO DE VERBAS TRABALHISTAS. NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA JÁ PACIFICADA PELA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO 1.227.133/RS. 1. A Primeira Seção, por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, fixou orientação no sentido de que é inexigível o imposto de renda sobre os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial. 2. Agravo regimental não provido.” (AgRg nos REsp 1163490 SC – julgado em 14/03/2012) Da análise do julgamento do Recurso Repetitivo 1.227.133/RS, verificase que são isentos do imposto de renda os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, conforme a regra do “accessorium sequitur suum principale”. Assim, não sendo as verbas trabalhistas de natureza indenizatória, o imposto de renda deve incidir também sobre os juros de mora. Ressaltese que as verbas ora analisadas já foram objeto de julgamento pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, oportunidade em que se deu provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, por meio do Acórdão nº 9202003.585, de 03/03/2015, assim ementado: Fl. 485DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10530.720179/200927 Acórdão n.º 9202004.125 CSRFT2 Fl. 419 9 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Precedentes do STF e do STJ. Recurso especial provido." A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial da Fazenda, determinando o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte. Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou por negar provimento ao recurso. Fez sustentação oral o Dr. Marcio Pinto Teixeira, OAB/BA nº 23.911, patrono da recorrida. Defendeu a Fazenda Nacional a Procuradora Dra. Patrícia de Amorim Gomes Macedo." Assentada a natureza tributável dos rendimentos objeto da autuação, resta esclarecer que o tributo devido deve ser calculado de acordo com as tabelas vigentes à época em que os rendimentos deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. Saliente se que a questão já foi decidida pelo STF, no RE 614.406/RS, com trânsito em julgado em 11/12/2014, e repercussão geral previamente reconhecida, em 20/10/2010, na sistemática do art. 543B, do Código de Processo Civil. Destarte, os Conselheiros do CARF devem reproduzir o entendimento do citado julgado, prolatado pelo STF em 23/10/2014, conforme determina o art. 62, § 2º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. Nesse passo, a decisão vinculante é no sentido de aplicarse o regime de competência, vedada a aplicação do regime de caixa. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte e, no mérito, doulhe provimento parcial, para que o cálculo do Imposto de Renda seja efetuado com base no regime de competência. Em face do acima exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Especial do Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 486DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 10 Fl. 487DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 16561.000084/2006-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2001
IMPOSTO DE RENDA NA FONTE SOBRE PAGAMENTOS SEM CAUSA. Sujeitam-se à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, os pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, bem como os pagamentos efetuados ou os recursos entregues a terceiros ou sócios, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa. A exigência contida no art. 61 da Lei nº 8.981, de 1995 não pressupõe que operações financeiras entre contas patrimoniais que não afetam a apuração do resultado sirvam de base imponível para a exigência do imposto de renda devido na fonte.
IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO CONCOMITANTE DA MULTA DE OFÍCIO E DA MULTA ISOLADA. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício (Súmula CARF n° 105).
LANÇAMENTOS A CRÉDITO DE CONTA DE ATIVO. NÃO COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA DE PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITA. Lançamentos contábeis efetuados a crédito de rubrica contábil do ativo circulante não podem configurar passivo não comprovado.
Numero da decisão: 1301-002.120
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso de ofício, conforme o voto do Relator, para: (i) no que se refere ao lançamento de imposto de renda na fonte incidente sobre pagamentos a beneficiários não identificados/pagamentos sem causa, restabelecer a tributação sobre pagamentos totalizando R$ 209.529.917,27; (ii) no que se refere à infração de omissão de receitas por lançamentos credores efetuados no passivo, restabelecer a tributação sobre o montante de R$ 297.332.100,00. Nos demais aspectos, foi negado provimento ao recurso de ofício, também por unanimidade.
(documento assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior e Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro. Ausente momentaneamente o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado).
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2001 IMPOSTO DE RENDA NA FONTE SOBRE PAGAMENTOS SEM CAUSA. Sujeitam-se à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, os pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, bem como os pagamentos efetuados ou os recursos entregues a terceiros ou sócios, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa. A exigência contida no art. 61 da Lei nº 8.981, de 1995 não pressupõe que operações financeiras entre contas patrimoniais que não afetam a apuração do resultado sirvam de base imponível para a exigência do imposto de renda devido na fonte. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO CONCOMITANTE DA MULTA DE OFÍCIO E DA MULTA ISOLADA. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício (Súmula CARF n° 105). LANÇAMENTOS A CRÉDITO DE CONTA DE ATIVO. NÃO COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA DE PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITA. Lançamentos contábeis efetuados a crédito de rubrica contábil do ativo circulante não podem configurar passivo não comprovado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2548; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 1.601 1 1.600 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16561.000084/200660 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 1301002.120 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 13 de setembro de 2016 Matéria IRRF e Omissão de Receitas Recorrente FAZENDA NACIONAL Recorrida PPL PARTICIPAÇÕES LTDA. (EX PARMALAT PARTICIPAÇÕES DO BRASIL LTDA. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001 IMPOSTO DE RENDA NA FONTE SOBRE PAGAMENTOS SEM CAUSA. Sujeitamse à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, os pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, bem como os pagamentos efetuados ou os recursos entregues a terceiros ou sócios, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa. A exigência contida no art. 61 da Lei nº 8.981, de 1995 não pressupõe que operações financeiras entre contas patrimoniais que não afetam a apuração do resultado sirvam de base imponível para a exigência do imposto de renda devido na fonte. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO CONCOMITANTE DA MULTA DE OFÍCIO E DA MULTA ISOLADA. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício (Súmula CARF n° 105). LANÇAMENTOS A CRÉDITO DE CONTA DE ATIVO. NÃO COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA DE PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITA. Lançamentos contábeis efetuados a crédito de rubrica contábil do ativo circulante não podem configurar passivo não comprovado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso de ofício, conforme o voto do Relator, para: (i) no que se refere ao lançamento de imposto de renda na fonte incidente sobre pagamentos a beneficiários não identificados/pagamentos sem causa, restabelecer a tributação sobre pagamentos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 00 00 84 /2 00 6- 60 Fl. 1601DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 16561.000084/200660 Acórdão n.º 1301002.120 S1C3T1 Fl. 1.602 2 totalizando R$ 209.529.917,27; (ii) no que se refere à infração de omissão de receitas por lançamentos credores efetuados no passivo, restabelecer a tributação sobre o montante de R$ 297.332.100,00. Nos demais aspectos, foi negado provimento ao recurso de ofício, também por unanimidade. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior e Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro. Ausente momentaneamente o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado). Relatório Cuida o presente processo dos autos de infração às fls. 821/869, referentes a IRPJ, CSLL, IRRF e contribuição para o PIS e COFINS, além de multas isoladas, todos relativos ao anocalendário de 2001. Os referidos autos decorrem das seguintes infrações tributárias: (i) omissão de receitas; (ii) falta de comprovação, mediante documentação hábil, de custos e despesas; (iii) não adição de parcela de juros relativos a mútuos firmados com pessoas vinculadas no exterior; (iv) realização de pagamentos sem causa ou de operação não comprovada. Sobre a omissão de receitas foi exigido, como reflexo, o PIS e a COFINS. Também como reflexo, foi exigida CSLL sobre as infrações decorrentes de omissão de receitas, glosa de despesas com juros e falta de adição da parcela de juros. Ademais, em decorrência da falta de recolhimento do IRPJ e da CSLL sobre a base de cálculo estimada em função do refazimento dos resultados apurados nos balancetes mensais de redução/suspensão, foi lavrada multa isolada de 75%, com fulcro no art. 44, § 1º, IV, da Lei nº. 9.430, de 1996. A 2° Turma da DRJ em Brasília prolatou o Acórdão n° 0366.014, o qual rejeitou, por unanimidade de votos, as preliminares de nulidade e de decadência suscitadas e, no mérito, julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada, a fim de (1) cancelar as exigências de multas isoladas de IRPJ; (2) cancelar as exigências de multas isoladas de CSLL; (3) cancelar as exigências de IRRF; (4) manter a multa de ofício de 112,5% sobre o IRPJ de valor principal de R$ 852.462,02; e (5) considerar devidos os valores dos tributos consignados nos demonstrativos. Fl. 1602DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 16561.000084/200660 Acórdão n.º 1301002.120 S1C3T1 Fl. 1.603 3 Em especial, no que se refere à autuação de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), decidiu a DRJ em acórdão às fls. 1518 a 1550: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2001 PAGAMENTOS SEM CAUSA. Operação financeira contabilizada entre contas patrimoniais ativas e/ou passivas, cuja movimentação não afeta a apuração do resultado, não pode servir de base imponível para a exigência do imposto de renda devido na fonte, com fundamento no art. 61 da Lei nº 8.981, de 1995 (...) A Fazenda Nacional aditou razões ao Recurso de Ofício às fls. 1588 a 1599 insurgindose, especialmente, contra o cancelamento da exigência fiscal referente ao IRRF. Sustenta a Recorrente, em síntese, que: (i) no caso dos valores entregues à Wishaw Trading (mutuária) a título de empréstimo pela Recorrida (mutuante), não foi demonstrado o emprego das quantias em alguma operação que justificasse o empréstimo, bem como não há suporte em documentação ou a demonstração de entrada de recursos no país; (ii) a DRJ limitouse a analisar os elementos contábeis da Recorrida, olvidandose da necessária demonstração da existência e concretude dos mútuos formalizados; (iii) não parece crível a alegação da Recorrida de que se tratavam de meras transferências de capital, em função da contabilidade “atípica” empregada pela contribuinte; (iv) a escrituração realizada sem observância das disposições legais não se mostra hábil para fazer prova dos fatos registrados contabilmente. Requer, ao final, seja dado provimento ao Recurso de Ofício a fim de que seja mantido o lançamento de IRRF. Ademais, por se tratar de exoneração do sujeito passivo ao pagamento de tributo e encargo de multa em montante superior ao limite fixado no art. 1º da Portaria MF nº 3/2008, tornase obrigatório o reexame por este Colegiado do acórdão recorrido. Assim sendo, impõese a análise dos demais lançamentos julgados improcedentes pela decisão da DRJ. O contribuinte não interpôs Recurso Voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Relator Primeiramente, impende registrar que o Recurso de Ofício preenche os requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. 1. IRRF SOBRE PAGAMENTOS SEM CAUSA. Fl. 1603DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 16561.000084/200660 Acórdão n.º 1301002.120 S1C3T1 Fl. 1.604 4 Conforme dispõe o relatório fiscal às fls. 791, o agente fiscal considerou como pagamentos injustificados ou sem causa “os lançamentos credores, efetuados sem suporte em documentação hábil, em contas bancárias, principalmente na citada conta no Banco do Brasil de Nova York, muitos dos quais para quitar empréstimos cujo dinheiro não entrou no País, para aplicação nas atividades operacionais de empresas do Grupo Parmalat”. Nos termos do artigo 61 da Lei n° 8.981/95, sujeitamse à incidência, exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, todo o pagamento efetuado por pessoas jurídicas a beneficiário não identificado. Na seqüência, prevê o § 1º que a referida retenção também se aplica aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa: Art. 61. Fica sujeito à incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais. § 1º A incidência prevista no caput aplicase, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa, bem como à hipótese de que trata o § 2º, do art. 74 da Lei nº 8.383, de 1991. § 2º Considerase vencido o Imposto de Renda na fonte no dia do pagamento da referida importância. § 3º O rendimento de que trata este artigo será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto. Da análise do § 1°, depreendese que não somente os pagamentos efetuados, mas também os recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular devem sofrer a incidência do IRRF à alíquota de 35% quando não houver comprovação da operação ou de sua causa. Entendo que o cerne da discussão, no presente caso, cingese à verificação da idoneidade dos documentos apresentados pelo contribuinte para fins de comprovação das causas que originaram os pagamentos objeto da autuação. No que tange às transferências entre contas da Recorrida, restou decidido no Acórdão da DRJ n° 0366.014 que não se tratam de pagamentos efetuados a terceiros, o que pressupõe a saída de valores da empresa, mas de meros lançamentos envolvendo contas de natureza patrimonial. Por seu turno, a Fazenda Nacional alega a inexistência de comprovação da causa das referidas operações, conforme se observa do seguinte trecho das contrarazões apresentadas (fl. 1596): “Referidos mútuos sinalizam que importes da ordem de milhões de dólares foram entregues à Wishaw Trading (mutuária) à título de empréstimo pela fiscalizada Parmalat Participações (mutuante). Todavia, não demonstrou a autuada a Fl. 1604DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 16561.000084/200660 Acórdão n.º 1301002.120 S1C3T1 Fl. 1.605 5 utilidade ou o emprego de referidas quantias em alguma operação que justificasse o envio de tais somas de valores ao exterior. Limitouse, entretanto, a dizer que se trataria de “casos óbvios de transferência de capital por ela realizada”, sem demonstrar de forma concreta a existência ou qual teria sido o emprego de tais valores e em qual operação". O contribuinte salientou em sua impugnação (fls. 970/972) que, dentre as operações consideradas como pagamentos sem causa, há, inclusive, transferências entre contas correntes da contribuinte de diferentes bancos e aplicações financeiras com seus respectivos resgates. Essas alegações do contribuinte encontramse comprovadas pelos documentos juntados à impugnação às fls.1349 a 1355, quais sejam: Data Descrição Valor Nome Contrapartida Comentários 31/10/2001 BRASIL C/C 9630X P.H. 7.474.917,98 BANCO HSBC C/C 0052984 Contribuinte demonstrou em impugnação (extratos bancários fls. 1349/1355) que se trata de transferência entre contas do Banco do Brasil e o Banco HSBC de mesma titularidade. Por tais razões, não procede a exigência a título de IRRF sobre as transferências entre contas da mesma titularidade nos valores de R$ 7.474.917,98. Ademais, acostado à impugnação, há documentos que comprovam a existência de contratos de mútuos firmados com o Banco Sudameris e com o Banco Daycoval S.A. É o que se observa dos contratos e comprovantes de pagamento às fls. 1331 a 1346, os quais conferem causa aos pagamentos nos valores de, respectivamente, R$ 2.493.973,59 e R$ 5.105.000,00: Data Descrição Valor Nome Contrapartida Comentários 31/01/2001 BANRISUL C/C 06.01750106 2.493.973,59 BCO SUDAMERIS Contribuinte demonstrou em impugnação (extratos bancários e contrato fls. 1331/343) a transferência de valores para conta do Banco Sudameris do Brasil S.A., o que corrobora com o contrato de mútuo 17/07/2001 BRASIL C/C 9630X P.H. 5.105.000,00 BANCO DAYCOVAL S/A Contribuinte demonstrou em impugnação (extratos bancário e contrato fls. 13441348) a transferência de valores para conta do Banco Daycoval, o que corrobora com o contrato de mútuo anexado Por sua vez, em relação aos demais contratos de mútuo, entendo que a contribuinte não trouxe os elementos necessários à comprovação de sua causa, não sendo suficiente a mera apresentação de contratos de mútuo sem comprovação de pagamento do principal ou de juros ou de cartas do contribuinte solicitando ao banco a transferência de valores, sem que exista qualquer indício de que a instituição financeira a recebeu. Fl. 1605DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 16561.000084/200660 Acórdão n.º 1301002.120 S1C3T1 Fl. 1.606 6 Cumpre salientar que, em outros casos, o contribuinte não trouxe aos autos quaisquer documentos capazes de comprovar a operação ou a sua causa. A tabela a seguir elenca os documentos que não foram aceitos: Data Descrição Valor Nome Contrapartida Fls. Comentários 31/01/2001 BRASIL C/C 9630X P.H. 10.486.981,45 BANK OF AMERICA 381 Contribuinte apresentou simples pedido de pagamento de juros feito a mão pela empresa 30/06/2001 PARMALAT BRASIL 3.000.000,00 BRASIL C/C 9630X P.H 492 Contribuinte apresentou simples autorização ao banco do brasil de débito em conta (Favorecido Parmalat Brasil S/A Ind Alim) 31/08/2001 BCO DO BRASIL C/C 756010119 USA 22.405.353,45 BCO DO BRASIL _ Contribuinte não apresentou documentos 31/08/2001 BCO DO BRASIL C/C 756010119 USA 22.201.200,00 BCO DO BRASIL _ Contribuinte não apresentou documentos 15/09/2001 BRASIL C/C 9630X P.H 21.262.190,08 WISHAW TRADING 549 Contribuinte apresentou contrato de mútuo com wishaw trading, sem testemunhas 30/09/2001 BCO DO BRASIL C/C 756010119 USA 2.613.519,13 EXTERBANCA _ Contribuinte não apresentou documentos 30/09/2001 BCO DO BRASIL C/C 756010119 USA 23.411.700,00 BCO DO BRASIL _ Contribuinte não apresentou documentos 31/10/2001 BCO DO BRASIL C/C 756010119 USA 5.241.896,81 WISHAW TRADING 589 Contribuinte apresentou contrato de mútuo com Wishaw Trading, sem testemunhas 31/10/2001 BCO DO BRASIL 24.253.211,81 BCO DO BRASIL C/C 756010119 USA _ Documentos não comprovam se tratar de resgate de aplicação financeira (fls. 1360) 31/10/2001 BCO DO BRASIL C/C 756010119 USA 19.479.600,00 WISHAW TRADING 586 Contribuinte apresentou contrato de mútuo com Wishaw Trading, sem testemunhas e sem assinatura da Wishaw. 31/10/2001 BRASIL C/C 9630X P.H. 1.237.091,20 DESPESA FINANCEIRA 560 Contribuinte apresentou simples pedido ao banco do Brasil para transferência de valores ao banco HSBC (favorecido Cargill Agrícola S.A.) 30/11/2001 BCO DO BRASIL C/C 756010119 USA 40.823.904,10 BCO BOSTON 616 Contribuinte apresentou simples pedido de pagamento ao BLAFCO de valor referente a operação contratada em 30/11/2000 Fl. 1606DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 16561.000084/200660 Acórdão n.º 1301002.120 S1C3T1 Fl. 1.607 7 31/12/2001 BCO DO BRASIL C/C 756010119 USA 13.113.269,24 BCO BOSTON 617 Contribuinte apresentou simples pedido ao banco do Brasil para transferência de valores ao Banck Boston N.A., Boston (favorecido BLAFCO) Assim sendo, mantenho parcialmente o quanto decidido pela DRJ a fim de manter a autuação fiscal somente em relação aos pagamentos no valor total de R$ 209.529.917,27. 2. MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. A Fiscalização procedeu à recomposição dos balancetes mensais de suspensão/redução com base nas receitas omitidas, o que resultou na constatação de falta de recolhimento de IRPJ e de CSLL sobre estimativas mensais. Por essa razão, foram exigidas multas isoladas de 75% sobre as diferenças recolhidas a menor. Essas exigências foram julgadas improcedentes pela DRJ, com base nos seguintes argumentos: Ressalvado o meu entendimento sobre o tema, entendo que, no presente caso, o cancelamento das multas isoladas é medida que se impõe. No caso dos autos, por se tratar de exigências de multas isoladas referentes ao anocalendário de 2001, a norma aplicável é art. 44, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9.430, de 1996, em sua redação original (à exceção, é claro, da redução do percentual da multa de 75% para 50%). Sobre a impossibilidade de as multas de ofício e isolada poderem coexistir em casos como o dos autos, o E. Conselho Administrativo vem reiteradamente decidindo nesse sentido, conforme acórdãos: 9101001.261, de 22/11/2011; 9101 001.203, de 17/10/2011; 9101001.238, de 21/11/2011; 9101001.307, de 24/04/2012; 1402001.217, de 04/10/2012; 1102000.748, de 09/05/2012 e 1803 001.263, de 10/04/2012. (...) Nesse cenário, a Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em sessão de 8 de dezembro de 2014, aprovou o seguinte enunciado de súmula, ainda pendente de publicação: “Súmula CARF: A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44, § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício.” De se afastar, portanto, as exigências de multas isoladas. Em relação à aplicação concomitante da multa isolada e da multa de ofício, tenho os seguintes comentários a tecer. Fl. 1607DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 16561.000084/200660 Acórdão n.º 1301002.120 S1C3T1 Fl. 1.608 8 É pacífico neste Colegiado que a multa de ofício decorrente de falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual deve prevalecer em detrimento da multa isolada. É esse o entendimento consolidado na Súmula CARF nº 105: Súmula CARF nº 105: A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Sobre a impossibilidade de aplicação conjunta da multa de ofício e da multa isolada, peço vênia para transcrever trecho do voto condutor do Acórdão nº 40105838, da sessão de 15/04/2008, proferido pela 1ª Turma da CSRF, cujo relator foi o Conselheiro Marcos Vinicius Néder de Lima: (...) Quando várias normas punitivas concorrem entre si na disciplina jurídica de determinada conduta, é importante identificar o bem jurídico tutelado pelo Direito. Nesse sentido, para a solução do conflito normativo, devese investigar se uma das sanções previstas para punir determinada conduta pode absorver a outra, desde que o fato tipificado constitui passagem obrigatória de lesão, menor, de um bem de mesma natureza para a prática da infração maior. No caso sob exame, o não recolhimento da estimativa mensal po de ser visto como etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. A primeira conduta é, portanto, meio de execuç ão da segunda. Com efeito, o bem jurídico mais importante é sem dúvida a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do anocalendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação. Assim, a interpretação do conflito de normas deve prestigiar a relevância do bem jurídico e não exclusivamente a grandeza da pena cominada, pois o ilícito de passagem não deve ser penalizado de forma mais gravosa que o ilícito principal. É o que os penalistas denominam "princípio da consunção". Segundo as lições de Miguel Reale Junior: "pelo critério da consunção, se ao desenrolar da ação se vem a violar uma pluralidade de normas passandose de uma violação menos grave para outra mais grave, que é o que sucede no crime progressivo, prevalece a norma relativa ao crime em estágio mais grave..." E prossegue "no crime progressivo, portanto, o crime mais grave engloba o menos grave, que não é senão um momento a ser ultrapassado, uma passagem obrigatória para se alcançar uma realização mais grave". Fl. 1608DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 16561.000084/200660 Acórdão n.º 1301002.120 S1C3T1 Fl. 1.609 9 Assim, não pode ser exigida concomitantemente a multa isolada e a multa de oficio na hipótese de falta de recolhimento de tributo apurado ao final do exercício e também pela falta de antecipação sob a forma estimada. Cobrase apenas a multa de oficio por falta de recolhimento de tributo. Essa mesma conduta ocorre, por exemplo, quando o contribuinte atrasa o pagamento do tributo não declarado e é posteriormente fiscalizado. Embora haja previsão de multa de mora pelo atraso de pagamento (20%), essa penalidade é absorvida pela aplicação da multa de oficio de 75%. É pacífico na própria Administração Tributária, que não é possível exigir concomitantemente as duas penalidades — de mora e de oficio — na mesma autuação por falta de recolhimento do tributo. Na dossimetria da pena mais gravosa, já está considerado o fato de o contribuinte estar em mora no pagamento. Nesse sentido, cabe ressaltar que a Medida Provisória 351, de 22 de janeiro de 2007, convertida na Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007, veio a disciplinar posteriormente a aplicação de multas nos casos de lançamento de oficio pela Administração Pública Federal. Esse dispositivo legal veio a reconhecer a correção da jurisprudência desta Câmara, estabelecendo (que) a penalidade isolada não deve mais incidir "sobre a totalidade ou diferença de tributo", mas apenas sobre "valor do pagamento mensal" a título de recolhimento de estimativa. Além disso, para compatibilizar as penalidades ao efetivo dano que a conduta ilícita proporciona, ajustou o percentual da multa por falta de recolhimento de estimativas para 50%, passível de redução a 25% no caso de o contribuinte, notificado, efetuar o pagamento do débito no prazo legal de impugnação (Lei no 8.218/91, art. 6°). Assim, a penalidade isolada aplicada em procedimento de oficio em função da não antecipação no curso do exercício se aproxima da multa de mora cobrada nos casos de atraso de pagamento de tributo (20%). Providência que se fazia necessária para tornar a punição proporcional ao dano causado pelo descumprimento do dever de antecipar o tributo. (...) Assim sendo, adoto como razões de decidir os fundamentos do voto condutor acima transcrito, julgando improcedente a cominação da multa isolada aplicada sobre as estimativas de IRPJ e de CSLL não pagas, devendo permanecer, somente, a aplicação da multa de ofício sobre o imposto apurado ao final do anocalendário e não pago. 3. OMISSÃO DE RECEITAS. Conforme consta autuação relativa ao IRPJ às fls. 827, o agente fiscal considerou omitidas as receitas em relação aos: (i) lançamentos credores, sem suporte em documentação hábil, efetuados no ativo e que reduziram valores a receber, identificados na planilha de fls. 785/786 e descritos no item 67 do Termo de Constatação e Encerramento de Fiscalização; e (ii) os lançamentos credores, sem suporte em documentação hábil, efetuados no passivo e que aumentaram os valores a pagar, identificados na Planilha de fls. 787/788 e descritos no item 68 do mesmo Termo de Constatação e Encerramento de Fiscalização. Fl. 1609DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 16561.000084/200660 Acórdão n.º 1301002.120 S1C3T1 Fl. 1.610 10 Esses lançamentos foram julgados improcedentes pela DRJ. 3.1. Lançamentos Credores Efetuados no Ativo. Nos moldes do Termo de Constatação e Encerramento de Fiscalização (fls. 785), este item trata a seguinte hipótese: “créditos efetuados no Ativo, quando não documentados, foram considerados como sendo passivos injustificados, ou não| comprovados, na medida em que serviram para reduzir supostos recebíveis”. Conforme planilha elaborada pela autoridade autuante, foi considerado como receita omitida o valor total de R$ 835.364.979,21. A DRJ cancelou a atuação no que tange aos lançamentos credores efetuados no ativo, considerando que “à toda evidência, os lançamentos credores efetuados no Ativo (reduzindo valores a receber), ainda que sem suporte em documentação hábil, não constituem hipótese de omissão de receitas ao amparo da referida norma legal.” Essa conclusão foi baseada no resultado do julgamento do processo administrativo nº 16327.000003/200602, também de interesse da ora Recorrente, nos termos do Acórdão nº 0346.473, assim ementado: PASSIVO FICTÍCIO. INEXISTÊNCIA. Lançamentos contábeis efetuados a crédito de rubrica contábil do ativo circulante não podem configurar passivo fictício. O citado acórdão da DRJ foi mantido por esta 4ª Câmara, 1ª Turma Ordinária da 1° Seção deste Colegiado nos moldes do Acórdão n° 1401001.599, que assim prevê em relação a este item da autuação: De acordo com o Acórdão da DRJ, os valores que deram base a esse item estão registrados no Ativo Circulante (código 1.02.01.02.007) da Recorrida, de modo que não há omissão de receitas. Foram, portanto, afastadas a acusação fiscal sem sequer ser necessário aprofundar nos argumentos da Recorrida. A DRJ sequer aprofundou nas alegações e documentos da Recorrida, pois entendeu que os registros contábeis demonstravam haver créditos em conta de ativo, não havendo que se falar em omissão de receitas. Não bastasse isso, a Recorrida comprovou (questão já analisada anteriormente e prova juntada no doc. 10 da Impugnação) que houve celebração de mútuo com a empresa Wishaw Trading e realização de pagamento de juros. O objetivo do mútuo era a compra, por conta e ordem da Recorrida, de títulos do tesouro norteamericano denominados TBills,conforme doc. 16 da Impugnação. Sendo assim, não há passivo fictício. Deve ser mantido o Acórdão da DRJ quanto a esse item. Assiste razão a DRJ. Fl. 1610DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 16561.000084/200660 Acórdão n.º 1301002.120 S1C3T1 Fl. 1.611 11 Conforme preceitua o art. 40 da Lei n° 9.430/96, são duas as presunções legais de omissão de receitas: (i) falta de escrituração de pagamentos efetuados; e (ii) manutenção, no passivo, de obrigações cuja exigibilidade não seja comprovada: Art. 40. A falta de escrituração de pagamentos efetuados pela pessoa jurídica, assim como a manutenção, no passivo, de obrigações cuja exigibilidade não seja comprovada, caracterizam, também, omissão de receita. Logo, lançamentos no ativo não podem ser presumidos como receitas omitidas, à vista da legislação tributária vigente. Inexiste, pois, passivo fictício. Entendo, portanto, que a decisão da DRJ foi acertada e deve ser mantida, corroborando o entendimento de que não há, no presente caso, subsunção do fato à norma, devendo ser afastar a exigência referente às receitas tidas como omitidas no montante de R$ 835.364.979,21. 3.2. Lançamentos Credores Efetuados no Passivo. Nos moldes do Termo de Constatação e Encerramento de Fiscalização (fls. 787), este item trata dos casos de “passivos de origem não comprovada os valores que provocaram aumento do passivo, cuja origem não pôde ser determinada; em vários casos, não ficou documentado o ingresso dos recursos correspondentes no Brasil para aplicação nas atividades de empresas do grupo Parmalat situadas no País”. Conforme planilha elaborada pela autoridade autuante, foi considerado como receita omitida o valor total de R$ 672.432.249,70. A DRJ cancelou os subitens desse lançamento relativos à assunção de dívidas da Wishaw Trading perante a Bonlat Finance Corp, nos valores de R$ 55.317.600,00, R$ 230.490.000,00 e R$ 11.524.500,00 e às transferências de recursos entre contas bancárias da Recorrente. Em relação à assunção de dívidas, a DRJ decidiu o quanto segue: Asseverou a impugnante que assumiu dívidas que eram da Wishaw Trading perante a Bonlat Finance Corp, nos valores de R$ 55.317.600,00, R$ 230.490.000,00 e R$ 11.524.500,00, e que, em contrapartida, lançou no ativo (a débito) um crédito diante da Wishaw Trading no mesmíssimo valor, sem trânsito no resultado. Aduz que os contratos de empréstimo às fls. 463 e 456 evidenciam a obrigação da Wishaw Trading perante a impugnante em virtude da assunção de dívida negociada, e que o instrumento à fl. 458 e a planilha de cálculo de variações cambiais à fl. 460 evidenciam o valor da dívida assumida pela impugnante. As explicações da suplicante, acompanhadas dos referidos documentos, a meu ver, são suficientes para comprovar os referidos valores escriturados em seu passivo, mormente por se tratar de caso de assunção de dívidas no exterior. Fl. 1611DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 16561.000084/200660 Acórdão n.º 1301002.120 S1C3T1 Fl. 1.612 12 Afasto, portanto, a acusação de omissão de receitas neste subitem. Discordo do posicionamento adotado pela DRJ. Os documentos carreados aos autos às fls. 465, 467 e 472, analisados em conjunto com o instrumento à fl. 469 e com a planilha de cálculo de variações cambiais à fl. 470, não demonstram a efetiva assunção de dívidas da Wishaw Trading por inexistir qualquer comprovação de transferência de numerários nestas operações. No que se refere às transferências de recursos entre contas bancárias da Recorrente, adoto a posição defendida pela DRJ: Asseverou a impugnante que o lançamento a crédito no valor de R$ 1.209.349,70 na conta do Banrisul teve como contrapartida lançamento a débito na conta de ativo que reflete a conta corrente da impugnante no HSBC, ou seja, mera transferência de valores entre contas bancárias de titularidade da impugnante, o que já estaria evidenciado pelo doc. de fl. 383, ratificado pelo extrato emitido pelo HSBC, bem pelo DOC correspondente anexados à peça de defesa no denominado “doc. 9”. Aduz que: (a) o valor de R$ 6.000.000,00, lançado a crédito no Banco Mercantil teve como contrapartida um lançamento a débito no Banco do Brasil, representando transferência entre contas, o que o doc. à fl. 386 já provava e é confirmado pelos extratos anexos, emitidos pelo Banco Mercantil e pelo Banco do Brasil (doc. 10); e (b) o valor de R$ 700.000,00, transferido do Banco Mercantil para o Banco ABC Brasil S/A, como evidencia o documento à fl. 411, não sendo demais, em relação a esta transferência, juntar os seguintes documentos: (i) extrato do Banco Mercantil indicando a saída de R$700.000,00; (ii) extrato do Banco ABC Brasil S.A. indicando a entrada de R$ 4.583.239,46; e (iii) extrato do Banco do Brasil demonstrando a saída de R$ 3.883.239,46 da conta da impugnante com destino ao Banco ABC Brasil S.A. (que somada com os referidos R$ 700.000,00, totaliza a quantia de R$ 4.583.239,46, recebida no Banco ABC Brasil S.A.) (doc. 11). As explicações da suplicante, acompanhadas dos referidos documentos, a meu ver, são suficientes para comprovar os referidos valores escriturados em seu passivo, razão pela qual é de se afastar a acusação de omissão de receitas neste subitem. Entendo, portanto, que se tratam de meras transferências entre contas bancárias da própria Recorrente, conforme demonstram os extratos bancários às fls. 1315/1326, sem efeitos no resultado: Fl. 1612DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 16561.000084/200660 Acórdão n.º 1301002.120 S1C3T1 Fl. 1.613 13 Data Conta Descrição Valor Nome Contrapartida fls. Comentários 31/01/2001 2.01.02.01.03.017 BANCO BANRISUL C/C 23.01768009 1.209.349,70 BANCO HSBC C/C 0052984 383 Contribuinte apresentou, em impugnação, extratos bancários que comprovam a transferência entre contas da mesma titularidade (fls. 1315/1317) 28/02/2001 2.01.02.01.03.018 BANCO MERCANTIL C/C 6.097.005.7 6.000.000,00 BRASIL C/C 9630X P.H. 386 Contribuinte apresentou, em impugnação, extratos bancários que comprovam a transferência entre contas da mesma titularidade (fls. 1318/1320) 31/05/2001 2.01.02.01.03.018 BANCO MERCANTIL C/C 6.097.005.7 700.000,00 BCO ABC CC 22000305 411 Contribuinte apresentou, em impugnação, extratos bancários que comprovam a transferência entre contas da mesma titularidade (fls. 1321/1326) Por tais razões, não deve subsistir a exigência fiscal somente no que tange à omissão de receitas no valor de R$ 7.909.349,70, sendo mantida a autuação sobre os lançamentos no valor de R$ 664.522.900,00. No mais, é importante atentar ao fato de que a decisão da DRJ equivocouse nos cálculos apresentados no demonstrativo de fls. 1548/1549 (IRPJ e CSLL), vez que, de acordo com os fundamentos da decisão, foi mantido o montante de R$ 367.190.800,00 em relação à infração “Omissão de Receitas”, e não de R$ 337.190.800,00. Portanto, conheço do Recurso de Ofício para, no mérito, darlhe parcial provimento, a fim de (i) restabelecer a autuação fiscal de IRRF em relação aos pagamentos no valor total de R$ 209.529.917,27; e (ii) no que se refere à infração de omissão de receitas por lançamentos credores efetuados no passivo, restabelecer a tributação sobre o montante de R$ 297.332.100,00. É como voto. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator Fl. 1613DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 16561.000084/200660 Acórdão n.º 1301002.120 S1C3T1 Fl. 1.614 14 Fl. 1614DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA
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Numero do processo: 11610.004319/2007-27
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2003
RECURSO VOLUNTÁRIO. NÃO CONHECIDO.
Não se conhece de recurso em que o recorrente não enfrenta os fundamentos da decisão recorrida.
Numero da decisão: 1302-001.983
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Relator.
LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO - Presidente.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Marcelo Calheiros Soriano, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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Recorrente DUKE ENERGY INTERNAC., GERAÇÃO PARANAPANEMA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003 RECURSO VOLUNTÁRIO. NÃO CONHECIDO. Não se conhece de recurso em que o recorrente não enfrenta os fundamentos da decisão recorrida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR – Relator. LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Presidente. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Marcelo Calheiros Soriano, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 0. 00 43 19 /2 00 7- 27 Fl. 248DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO 2 Versa o presente processo sobre recurso voluntário, interposto pelo contribuinte em face do Acórdão nº 1642.778 da 7ª Turma da DRJ/SP1, o qual foi assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2003 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MANDADO DE SEGURANÇA. PRETENSÃO ANÁLOGA NA ESFERA ADMINISTRATIVA. CONCOMITÂNCIA COM A VIA JUDICIAL. Importa em renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ajuizada sob qualquer natureza de provimento jurisdicional, antes ou depois do lançamento de oficio, mormente quando o objeto da ação e a causa de pedir demandada na esfera administrativa denotemse análogas àquelas promovidas na via judicial. Impugnação Não Conhecida Sem Crédito em Litígio Vale a transcrição dos seguintes trechos do relatório e voto do acórdão recorrido: “O presente processo versa acerca de Auto de Infração eletrônico nº 1.008.194, emitido em 14/03/2007, atinente à multa de mora isolada no valor consolidado de R$ 7.668,74, apurados em decorrência da constatação de falta de pagamento dos acréscimos legais correspondentes à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) atinentes à estimativa de junho do anocalendário de 2003 (fls. 40/48): (...) Regularmente cientificado da referida autuação, por via postal, em 09/04/2007 (fl. 99), o contribuinte apresentou impugnação em 09/05/2007 (fls. 2/10), acompanhada da documentação probatória, segundo a qual aduziu seus argumentos de fato e de direito, objetivando refutar as inferências e os efeitos inerentes ao aludido lançamento de ofício. Preliminarmente, sustenta que a exigência configurase indevida e não merece prosperar, visto que efetuou a denúncia espontânea do débito principal mediante pagamento levado a efeito com fundamento nos termos do art. 138 do Código Tributário Nacional (CTN) combinado com os art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996 com a redação dada pela Lei nº 10.637, de 30/12/2002 e 10.833, de 29/12/2003, e com observância das Instruções Normativas SRF nº 360, de 24/09/2003 e 414, de 30/03/2004 (doc. nº 6). (...) Manifesta também que, antevendo a possibilidade da ocorrência da exigência do pagamento dos acréscimos legais supracitados, impetrou o Mandado de Segurança nº 2004.61.00.0253553, em 09/09/2004, distribuído para 13ª Vara Federal em São Paulo, objetivando dirimir a imposição de quaisquer penalidades calculadas sobre débito principal quitado por intermédio da denúncia espontânea (doc. nº 7). Fl. 249DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 11610.004319/200727 Acórdão n.º 1302001.983 S1C3T2 Fl. 249 3 Esclarece que regularmente processado o feito com a concessão da medida liminar pleiteada em 12/04/2005, promoveuse a concessão da segurança postulada (doc. nº 8 e 9), reconhecendose, assim, o direito líquido e certo da requerente não se sujeitar ao pagamento da multa moratória incidente a CSLL paga sem o acréscimo moratório, circunstância que inviabiliza a autuação em destaque. Ressalta que inconformada com a decisão proferida em favor da contribuinte, a União Federal (Fazenda Nacional) interpôs recurso de apelação com objetivo de reformar a sentença. Noticia que a última informação observada à época da apresentação da peça impugnatória dava conta que o juízo a quo recepcionou o recurso somente no efeito devolutivo, remetendose os autos ao TRF da 3ª Região aguardando julgamento da pretensão (doc. nº 10 a 12). (...) Em apertada síntese, encentra suas arguições de direito questionando a validade da autuação levada efeito pela autoridade tributária, mormente persistindo em relação à legitimidade dos procedimentos efetuados pelo contribuinte com a finalidade de promover a extinção da importância suplementar da contribuição declarada na DCTF retificadora do 2º trimestre do anobase de 2003, transmitida em 19/09/2006, particularmente, em relação ao mês de junho daquele períodobase. Para tanto, de forma relutante, entende pertinente a extinção da obrigação tributária, bem assim a inadmissibilidade da imputação da multa de mora, sobre as importâncias recolhidas fora do prazo mediante aplicação do instituto da denúncia espontânea disposto no art. 138 do CTN. Sob este aspecto, certifica que o reconhecimento do direito líquido e certo de absterse do pagamento da multa de mora ratificouse por meio de sentença proferida nos autos do Mandado de Segurança nº 2004.61.00.0253553, em 09/09/2004, distribuído para 13ª Vara Federal em São Paulo/SP. Agregado a isso, por intermédio de petição aditiva instruída nos autos do Processo nº 11610.004320/200751, protocolada em 27/12/2011, afirma que as importância concernente ao mês de junho do ano calendário de 2003 foi integralmente depositada nos autos do mesmo processo em face do ingresso Apelação Cível submetida no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, suspendendose a exigibilidade nos moldes do art. 151, II do CTN. Encerrada tais ponderações, passase a analisar o conteúdo do litígio instaurado pelo contribuinte. Compete inaugurar o exame da controvérsia partindose da apreciação da questão vertente à admissibilidade da aplicação do instituto da denúncia espontânea na forma adotada pelo impugnante para efeito de dispensa do pagamento da multa de mora incidente sobre a parcela do imposto de renda paga em atraso. Fl. 250DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO 4 No que tange a esse aspecto, cumpre instar que essa mesma pretensão foi objeto de ajuizamento de formulado mediante impetração de Mandado de Segurança Processo nº 2004.61.00.0253553 (atual Processo nº 002535584.2004.4.03.6100), objeto de sentença que concedeu segurança plenamente favorável ao sujeito passivo em sede da 13ª Vara Federal em São Paulo/SP, in verbis: (...) Hodiernamente, a ação tramita no âmbito da Sexta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Por sinal, em sede de Recurso de Apelação apreciado pela Sexta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região houve a reforma da sentença, denegando a ordem de segurança pleiteada e obstando a aplicação do instituto da denúncia espontânea para efeito de afastar a incidência de multa de mora sobre os valores dos débitos pagos em atraso, in verbis: (...) Aliás, cumpre esclarecer que, denegada a ordem de segurança, a medida judicial retornou ao statu quo ante, segundo se depreende do preceito expresso na Súmula 405 do Supremo Tribunal Federal: (...) Sob estas perspectivas, cabe acentuar que o ajuizamento de demanda judicial concomitantemente às instâncias administrativas de julgamento conduz na imposição de limitações quanto ao exame na matéria, consoante se denota pela disposição estabelecida no § 2º do art. 1º do Decretolei n.º 1.737, de 20/12/1979, trasladado abaixo: (...) À vista de todo o exposto, voto no sentido de NÃO CONHECER a impugnação do contribuinte.”. A recorrente, cientificada do Acórdão nº 1642.778 em 27/03/2014 (Termo a fls. 139), interpôs, em 10/04/2014 (vide Termo a fls. 142), recurso voluntário (doc. a fls. 143 e segs.), no qual aduz requer seja acolhido e integralmente provido o presente recurso voluntário, para o fim de que seja reconhecida, em preliminar, a nulidade do auto de infração, em razão da: ofensa ao art. 62 do Decreto 70235/72 e da inexistência de infração, pois, antes mesmos de qualquer ato procedimental do Fisco tendente à efetivação do lançamento, a recorrente antecipouse e obteve perante o Poder Judiciário medidas liminares, seguidas da realização de depósitos judiciais no montante integral dos supostos créditos tributários que suspenderam sua exigibilidade; já no mérito, que seja cancelado o lançamento, pois a multa moratória exigida é totalmente indevida, pois a recorrente pagou o débito principal nos termos do art. 138 do CTN. É o relatório. Voto O recurso voluntário é tempestivo e foi subscrito por mandatários com poderes para tal, conforme procuração a fls. 161. No entanto, o recurso voluntário não pode ser conhecido, pois não enfrentou a decisão de primeira instância. Observese que a decisão de primeira instância Fl. 251DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 11610.004319/200727 Acórdão n.º 1302001.983 S1C3T2 Fl. 250 5 não conheceu da impugnação por entender que teria havido renúncia à instância administrativa, com a impetração de mandado de segurança pela recorrente. Esse foi o único fundamento da decisão recorrida, o qual não foi enfrentado no recurso voluntário. Quanto ao não conhecimento de recurso quando não enfrenta os fundamentos da decisão recorrida, vale trazer à colação os seguintes julgados: TJMG Agravo Interno Cv AGT 10024110811676002 MG (TJMG) Ementa: AGRAVO INTERNO RAZÕES DE RECURSO QUE NÃO ENFRENTAM OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO RECORRIDA RECURSO NÃO CONHECIDO. Não se conhece de recurso em que o recorrente não enfrenta os fundamentos da decisão recorrida. TJRS – Agravo de Instrumento AI 7006049 RS Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA (ART. 557, CAPUT, CPC). CONTRATOS DE CARTÃO DE CRÉDITO. AUSÊNCIA DE PREPARO. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE. RECURSO DESERTO. INÉPCIA RECURSAL. RAZÕES DISSOCIADAS, QUE NÃO ENFRENTAM A DECISÃO AGRAVADA. 1. Não comprovado o pedido e concessão da gratuidade nem demonstrado o preparo no ato da interposição do recurso, impositiva a declaração de sua deserção. Inteligência dos arts. 511 e 525, § 1º, do CPC. 2. A ausência de fundamentos para reformar a decisão agravada afronta o princípio da dialeticidade e requisitos do art. 524 do CPC. AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO CONHECIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70060491883, Vigésima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Eduardo Richinitti, Julgado em 14/07/2014). Em face do exposto, voto por não conhecer do recurso voluntário. Alberto Pinto Souza Junior Relator Fl. 252DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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Numero do processo: 16561.720140/2012-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NOVO PRONUNCIAMENTO PARA ESCLARECER CONTRADIÇÃO ENTRE O ACÓRDÃO E AS CONCLUSÕES DO VOTO CONDUTOR DO ARESTO.
Constatado que há contradição entre o acórdão e as conclusões do voto condutor do aresto, prolata-se nova decisão para sanar essa contradição.
Numero da decisão: 1402-002.282
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração para sanar contradição no acórdão 1402-002.144, sendo o seguinte o novo resultado do julgamento: por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso de ofício para restabelecer a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Por unanimidade de votos, rejeitar as arguições de nulidade e a prejudicial de decadência e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo da infração nº 003 o total de R$ 80.284.578,46, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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NOVO PRONUNCIAMENTO PARA ESCLARECER CONTRADIÇÃO ENTRE O ACÓRDÃO E AS CONCLUSÕES DO VOTO CONDUTOR DO ARESTO. Constatado que há contradição entre o acórdão e as conclusões do voto condutor do aresto, prolatase nova decisão para sanar essa contradição. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração para sanar contradição no acórdão 1402002.144, sendo o seguinte o novo resultado do julgamento: “por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso de ofício para restabelecer a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Por unanimidade de votos, rejeitar as arguições de nulidade e a prejudicial de decadência e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo da infração nº 003 o total de R$ 80.284.578,46, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado”. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 01 40 /2 01 2- 24 Fl. 11614DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.282 S1C4T2 Fl. 11.615 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone. Fl. 11615DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.282 S1C4T2 Fl. 11.616 3 Relatório Transcrevemse os fatos dos Embargos de Declaração por mim opostos ao formalizar o acórdão 1402002.144: Tratase de auto de infração referente à glosa de despesas amortização de ágio e provisões não dedutíveis, além de infração decorrente de suposta omissão de receitas. No julgamento do recurso voluntário este colegiado (sessão de 05 de abril de 2016), seguindo voto condutor do aresto, decidiu dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a exigência referente à omissão de receitas correspondente ao item 003 do auto de infração (acórdão 1402002.144). A infração cujo crédito tributário foi exonerado (item 4.2.1 do voto) está subdividido em duas partes, a saber: Omissão de receitas referente às Contas 53.100.000 (Bonificações Nacionais), 53.100.100 (Garantido Nacional) e 53.200.000 (Bonificação Margem Garantida); Omissão de receitas referente à Conta 53.400.000 (Inserção Comercial). Ocorre que, no momento da formalização do acórdão, constatei que em relação à segunda parte da infração (Omissão de receitas referente à Conta 53.400.000 Inserção Comercial) restou não justificado um saldo devedor de R$ 15.232.181,53 (fl. 11.609 e pg. 58 do acórdão), o que implicaria a manutenção parcial da exigência. Tal conclusão constava, inclusive, da minuta disponibilizada ao colegiado por ocasião do julgamento. Contudo, conforme já esclarecido, acabou constando no resultado do julgamento, por equívoco deste próprio relator, que a infração referente à omissão de receita deveria ser integralmente cancelada, o que contradiz as próprias conclusões contidas no parágrafo anterior. Os autos foram então encaminhados ao ilustre Presidente desta Turma, que admitiu dos embargos, devolvendome para relato. É o relatório. Fl. 11616DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.282 S1C4T2 Fl. 11.617 4 Voto Conselheiro FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Relator. Conforme relatado, tratase somente de adequar o resultado do julgado às conclusões contidas no próprio voto condutor do aresto. O resultado do julgamento contido na Ata da Reunião de Julgamentos é o seguinte: Por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso de ofício para restabelecer a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Por unanimidade de votos, rejeitar as arguições de nulidade e a prejudicial de decadência e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a exigência referente à omissão de receitas correspondente ao item 003 do auto de infração, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Contudo, conforme relatado, no voto condutor do aresto, a respeito do item 003 do auto de infração (item 4.2.1 do voto), assim consta: Logo, não resta justificado o saldo devedor ajustado de R$ 15.232.181,53, devendo ser mantida a omissão de receita nesse montante, excluindose da base de cálculo da infração nº 3 relativa à omissão de receita na Conta 53.400.000 (Inserção Comercial) o total de R$ 80.284.578,46. Logo, o resultado do julgamento necessita ser alterado a fim de que não haja contradição entre as conclusões do voto e o resultado do julgado. Fl. 11617DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.282 S1C4T2 Fl. 11.618 5 CONCLUSÃO Isso posto, voto por acolher os embargos de declaração para sanar contradição no acórdão 1402002.144, sendo o seguinte o novo resultado do julgamento: “por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso de ofício para restabelecer a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Por unanimidade de votos, rejeitar as arguições de nulidade e a prejudicial de decadência e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo da infração nº 003 o total de R$ 80.284.578,46, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado”. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Relator Fl. 11618DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 13502.720618/2013-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2011
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
ARBITRAMENTO. ATIVIDADES DIVERSIFICADAS. OMISSÃO DE RECEITAS. IMPOSSIBILIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DA ATIVIDADE. PERCENTUAL APLICÁVEL.
No caso de pessoa jurídica com atividades diversificadas tributadas com base no lucro arbitrado, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta será adicionada àquela a que corresponder o percentual mais elevado.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2011
MULTA QUALIFICADA. DECLARAÇÕES ZERADAS. PROCEDÊNCIA.
Correta a qualificação da multa de ofício na situação em que o contribuinte entrega diversas DCTFs e DACONs com valores de débitos zerados e DIPJ em que informa receita bruta em montante inferior à metada das receitas apuradas no procedimento de fiscalização. Dessa conduta sobressai o intuito de impedir que a autoridade fazendária tome conhecimento da ocorrência do fato gerador tributário.
MULTA AGRAVADA. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS DA ESCRITURAÇÃO. COEXISTÊNCIA COM ARBITRAMENTO DE LUCROS. IMPOSSIBILIDADE.
A falta de apresentação de livros e documentos da escrituração não justifica, por si só, o agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros. Súmula CARF nº 96.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Exercício: 2011
FATURAMENTO. EXCLUSÃO DO ISS. IMPOSSIBILIDADE.
O faturamento, correspondente à receita bruta da pessoa jurídica e base de cálculo da contribuição, inclui os tributos incidentes sobre vendas de produtos e serviços, em especial o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Não havendo previsão legal específica para a exclusão do ISS da base de cálculo da contribuição, a autuação se mostra correta.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Exercício: 2011
FATURAMENTO. EXCLUSÃO DO ISS. IMPOSSIBILIDADE.
O faturamento, correspondente à receita bruta da pessoa jurídica e base de cálculo da contribuição, inclui os tributos incidentes sobre vendas de produtos e serviços, em especial o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Não havendo previsão legal específica para a exclusão do ISS da base de cálculo da contribuição, a autuação se mostra correta.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2011
IRREGULARIDADE DA NUMERAÇÃO DE FOLHAS. NULIDADE DO PROCESSO. INOCORRÊNCIA.
Não se verificando qualquer irregularidade na numeração de folhas do processo, rejeita-se a nulidade invocada.
CIÊNCIA DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. VIA POSTAL.
É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Ademais, qualquer hipotética irregularidade já teria sido sanada pela apresentação tempestiva do recurso voluntário.
TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA.
O uso de um documento em separado do auto de infração para a descrição detalhada e minuciosa dos procedimentos fiscais, fatos constatados e infrações verificadas não constitui qualquer irregularidade. Antes, milita em favor do direito ao contraditório e à ampla defesa. O termo lavrado e entregue ao contribuinte na mesma data do auto de infração e expressamente tido como sua parte integrante e inseparável não dá margem a nulidade alguma nem viola qualquer princípio constitucional ou processual.
Numero da decisão: 1301-002.124
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado: (i) No que se refere ao recurso voluntário apresentado pelo responsável tributário Sr. Eládio Galdino Vilela de Souza, por unanimidade de votos, conhecer do recurso tão somente quanto aos argumentos que se opõem à declaração de intempestividade da impugnação e de revelia processual, e NEGAR-LHE provimento. Quanto aos demais argumentos, não conhecer. (ii) No que se refere ao recurso voluntário apresentado pela contribuinte Clínica Santa Helena Ltda., por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, DAR provimento PARCIAL para reduzir as multas aplicadas ao percentual qualificado de 150%.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, José Roberto Adelino da Silva e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2011 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ARBITRAMENTO. ATIVIDADES DIVERSIFICADAS. OMISSÃO DE RECEITAS. IMPOSSIBILIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DA ATIVIDADE. PERCENTUAL APLICÁVEL. No caso de pessoa jurídica com atividades diversificadas tributadas com base no lucro arbitrado, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta será adicionada àquela a que corresponder o percentual mais elevado. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2011 MULTA QUALIFICADA. DECLARAÇÕES ZERADAS. PROCEDÊNCIA. Correta a qualificação da multa de ofício na situação em que o contribuinte entrega diversas DCTFs e DACONs com valores de débitos zerados e DIPJ em que informa receita bruta em montante inferior à metada das receitas apuradas no procedimento de fiscalização. Dessa conduta sobressai o intuito de impedir que a autoridade fazendária tome conhecimento da ocorrência do fato gerador tributário. MULTA AGRAVADA. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS DA ESCRITURAÇÃO. COEXISTÊNCIA COM ARBITRAMENTO DE LUCROS. IMPOSSIBILIDADE. A falta de apresentação de livros e documentos da escrituração não justifica, por si só, o agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros. Súmula CARF nº 96. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Exercício: 2011 FATURAMENTO. EXCLUSÃO DO ISS. IMPOSSIBILIDADE. O faturamento, correspondente à receita bruta da pessoa jurídica e base de cálculo da contribuição, inclui os tributos incidentes sobre vendas de produtos e serviços, em especial o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Não havendo previsão legal específica para a exclusão do ISS da base de cálculo da contribuição, a autuação se mostra correta. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Exercício: 2011 FATURAMENTO. EXCLUSÃO DO ISS. IMPOSSIBILIDADE. O faturamento, correspondente à receita bruta da pessoa jurídica e base de cálculo da contribuição, inclui os tributos incidentes sobre vendas de produtos e serviços, em especial o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Não havendo previsão legal específica para a exclusão do ISS da base de cálculo da contribuição, a autuação se mostra correta. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 2011 IRREGULARIDADE DA NUMERAÇÃO DE FOLHAS. NULIDADE DO PROCESSO. INOCORRÊNCIA. Não se verificando qualquer irregularidade na numeração de folhas do processo, rejeita-se a nulidade invocada. CIÊNCIA DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. VIA POSTAL. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Ademais, qualquer hipotética irregularidade já teria sido sanada pela apresentação tempestiva do recurso voluntário. TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. O uso de um documento em separado do auto de infração para a descrição detalhada e minuciosa dos procedimentos fiscais, fatos constatados e infrações verificadas não constitui qualquer irregularidade. Antes, milita em favor do direito ao contraditório e à ampla defesa. O termo lavrado e entregue ao contribuinte na mesma data do auto de infração e expressamente tido como sua parte integrante e inseparável não dá margem a nulidade alguma nem viola qualquer princípio constitucional ou processual.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2011 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ARBITRAMENTO. ATIVIDADES DIVERSIFICADAS. OMISSÃO DE RECEITAS. IMPOSSIBILIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DA ATIVIDADE. PERCENTUAL APLICÁVEL. No caso de pessoa jurídica com atividades diversificadas tributadas com base no lucro arbitrado, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta será adicionada àquela a que corresponder o percentual mais elevado. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2011 MULTA QUALIFICADA. DECLARAÇÕES ZERADAS. PROCEDÊNCIA. Correta a qualificação da multa de ofício na situação em que o contribuinte entrega diversas DCTFs e DACONs com valores de débitos zerados e DIPJ em que informa receita bruta em montante inferior à metada das receitas apuradas no procedimento de fiscalização. Dessa conduta sobressai o intuito de impedir que a autoridade fazendária tome conhecimento da ocorrência do fato gerador tributário. MULTA AGRAVADA. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS DA ESCRITURAÇÃO. COEXISTÊNCIA COM ARBITRAMENTO DE LUCROS. IMPOSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 72 06 18 /2 01 3- 11 Fl. 2260DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.261 2 A falta de apresentação de livros e documentos da escrituração não justifica, por si só, o agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros. Súmula CARF nº 96. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Exercício: 2011 FATURAMENTO. EXCLUSÃO DO ISS. IMPOSSIBILIDADE. O faturamento, correspondente à receita bruta da pessoa jurídica e base de cálculo da contribuição, inclui os tributos incidentes sobre vendas de produtos e serviços, em especial o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Não havendo previsão legal específica para a exclusão do ISS da base de cálculo da contribuição, a autuação se mostra correta. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2011 FATURAMENTO. EXCLUSÃO DO ISS. IMPOSSIBILIDADE. O faturamento, correspondente à receita bruta da pessoa jurídica e base de cálculo da contribuição, inclui os tributos incidentes sobre vendas de produtos e serviços, em especial o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Não havendo previsão legal específica para a exclusão do ISS da base de cálculo da contribuição, a autuação se mostra correta. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2011 IRREGULARIDADE DA NUMERAÇÃO DE FOLHAS. NULIDADE DO PROCESSO. INOCORRÊNCIA. Não se verificando qualquer irregularidade na numeração de folhas do processo, rejeitase a nulidade invocada. CIÊNCIA DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. VIA POSTAL. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Ademais, qualquer hipotética irregularidade já teria sido sanada pela apresentação tempestiva do recurso voluntário. TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. O uso de um documento em separado do auto de infração para a descrição detalhada e minuciosa dos procedimentos fiscais, fatos constatados e infrações verificadas não constitui qualquer irregularidade. Antes, milita em favor do direito ao contraditório e à ampla defesa. O termo lavrado e entregue ao contribuinte na mesma data do auto de infração e expressamente tido como sua parte integrante e inseparável não dá margem a nulidade alguma nem viola qualquer princípio constitucional ou processual. Fl. 2261DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.262 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado: (i) No que se refere ao recurso voluntário apresentado pelo responsável tributário Sr. Eládio Galdino Vilela de Souza, por unanimidade de votos, conhecer do recurso tão somente quanto aos argumentos que se opõem à declaração de intempestividade da impugnação e de revelia processual, e NEGARLHE provimento. Quanto aos demais argumentos, não conhecer. (ii) No que se refere ao recurso voluntário apresentado pela contribuinte Clínica Santa Helena Ltda., por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, DAR provimento PARCIAL para reduzir as multas aplicadas ao percentual qualificado de 150%. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, José Roberto Adelino da Silva e Waldir Veiga Rocha. Relatório CLÍNICA SANTA HELENA LTDA., já qualificada nestes autos, inconformada com o Acórdão n° 1655.303, de 14/02/2014, da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP, recorre voluntariamente a este Colegiado, objetivando a reforma do referido julgado. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento em primeira instância, a seguir transcrito. DO PROCEDIMENTO FISCAL 01. Decorrente do trabalho de fiscalização realizado na pessoa jurídica indicada, relativo ao anocalendário de 2010, foram lavrados em 03/07/2013 (fl. 1588) o Auto de Infração do Imposto de Renda (fls. 4 a 8), o Auto de Infração da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (fls. 23 a 26), o Auto de Infração da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (fls. 40 a 44), o Auto de Infração da Contribuição para o PIS (fls. 49 a 53) e o Auto de Infração da Multa Regulamentar (fls. 59 a 61). O “Enquadramento Legal” encontrase às folhas 2 a 65 dos autos. O crédito tributário total lançado foi de R$ 14.031.597,16 (quatorze milhões, trinta e um mil, quinhentos e noventa e sete reais e dezesseis centavos), conforme abaixo demonstrado: [...] 02. Os fatos apurados pela Autoridade Lançadora estão descritos no “Termo de Verificação Fiscal” (fls. 66 a 130), a seguir sintetizados. Fl. 2262DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.263 4 03. Narra a Autoridade Fiscal que o Contribuinte atribuiuse o código CNAE n° 8630503, referente à atividade médica ambulatorial restrita a consultas. 04. Através do Termo de Início de Procedimento Fiscal, o Contribuinte foi intimado a apresentar à Fiscalização livros e documentos fiscais e contábeis. Apresentou todos os extratos bancários solicitados, mas não apresentou os livros e documentos referentes a sua escrituração comercial e fiscal, nem mesmo o livro Caixa. Reintimado a apresentálos, novamente não foram apresentados. 05. Pelo Termo de Intimação Fiscal n° 02, o Contribuinte foi intimado a comprovar a origem dos valores creditados/depositados em suas contas bancárias, a indicar o valor da receita bruta obtida em cada uma de suas filiais, o valor da receita bruta obtida por segmento de atividade da empresa e uma relação dos bens constantes do seu ativo. 06. Através do Termo de Reintimação Fiscal nº 03 (ciência em 23/05/2013), a Autoridade Fiscal, uma vez mais, solicitou a apresentação dos livros e documentos da escrita comercial e fiscal do Contribuinte, alertandoo que a não apresentação dos elementos solicitados implicaria na utilização do arbitramento como forma de apuração do seu lucro, bem como no agravamento da multa de ofício. Em 03/06/2013, o Contribuinte informou à Fiscalização que a escrituração ainda não estava finalizada. 07. Em seguida, a Autoridade Fiscal traz explicações da escolha do lucro arbitrado como forma de apuração do resultado do Contribuinte no caso posto. Observou a ausência de pagamento dos tributos lançados; nas DCTFs há indicação de tributação pelo lucro real trimestral; a DIPJ foi apresentada pelo lucro presumido. 08. Como o Contribuinte não apresentou a sua escrituração comercial e fiscal (Diário, Razão, Balancetes mensais, ou, alternativamente, o livro Caixa), apesar de várias vezes intimado, a legislação tributária indica o arbitramento do lucro na situação encontrada. 09. Da análise dos extratos bancários fornecidos pelo Contribuinte e das explicações dadas, a Autoridade Fiscal confirmou as transferências entre contas da própria Clínica (exceto as transferências provenientes do Banco Real), não as computando na Base de Cálculo apurada. No Termo de Verificação Fiscal, consta de forma resumida a análise da comprovação dos créditos nas contas correntes do Contribuinte. 10. Os valores referentes a “EMPRÉSTIMO BANCÁRIO (DESC. TÍTULOS)”, relativos à conta corrente Bradesco n° 617849, não foram excluídos da Base de Cálculo apurada, pois não houve a comprovação documental. Explica a Autoridade Fiscal que tratavamse de créditos pelo desconto de títulos devidos a duplicatas de clientes, o que representa uma receita do Contribuinte. Várias observações e explicações das demais contas e bancos nos quais o Contribuinte mantém conta constam do citado Termo, a exemplo da aqui mencionada. 11. Sobre a Base de Cálculo apurada, a Autoridade Fiscal conclui que o valor dos depósitos reconhecido pelo Contribuinte durante a ação fiscal como proveniente de receitas de sua atividade foi de R$ 28.613.484,08, de acordo com as justificativas apresentadas para os depósitos e com a planilha de segregação das receitas por filial e por atividade, apresentada em resposta ao Termo de Intimação Fiscal nº 02. Fl. 2263DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.264 5 12. Os valores creditados em conta bancária da Clínica Santa Helena cuja comprovação da origem dos recursos não foi aceita na ação fiscal totalizaram R$ 13.088.805,60. 13. Considerando que o Contribuinte não apresentou os livros e documentos de sua escrituração comercial e fiscal, nos quais tinha obrigação legal de manter a sua receita bruta, para efeitos de apuração dos tributos objetos desta ação fiscal, foi considerada como sendo a soma dos valores reconhecidos como receitas com os valores cuja comprovação da origem dos recursos não foi aceita, perfazendo o total de: R$ 28.613.484,08 R$ 13.088.805,60 R$ 41.702.289,68 14. O percentual de presunção do lucro utilizado no presente caso foi o de 32%. Diz a Autoridade Fiscal que os serviços hospitalares e alguns serviços médicos específicos são tributados considerando como percentual de presunção do lucro a alíquota de 8% e não a alíquota para a prestação de serviços em geral, que é de 32%. Entretanto, nem todos os serviços médicos possuem esse tratamento diferenciado, mas apenas aqueles que atendam aos requisitos legais estabelecidos. No caso concreto, o Contribuinte foi intimado a comprovar qual o valor de suas receitas que se submetia à incidência da alíquota de 32% e qual se submetia à alíquota de 8%. Em resposta, apresentou planilha na qual informa que sua receita bruta foi de R$ 28.613.484,08, dos quais R$ 25.752.135,67 referentes a atividades sujeitas à alíquota de 8% e R$ 2.861.348,41 referentes a atividades sujeitas à alíquota de 32%. 15. No entanto, a receita bruta apurada pela Fiscalização foi de R$ 41.702.289,68. A diferença entre esse valor e aquele reconhecido pelo Contribuinte como proveniente de receitas de sua atividade, durante a ação fiscal, é de R$ 13.088.805,60. Para a Autoridade Fiscal, esse valor deveria sofrer a incidência do percentual de presunção do lucro à alíquota de 32%. 16. Verificando as declarações apresentadas à RFB, observouse que foi informado na DIPJ uma receita bruta de apenas R$ 20.395.927,13. Já nas DACON’s apresentados à RFB, não informou qualquer valor a título de receita, ou seja, apresentou DACON’s “zeradas”, como se nenhuma renda houvesse sido auferida. Por fim, apresentou as DCTF’s também “zeradas”, à exceção de 1 valor de PIS e 1 de COFINS na DCTF de Novembro de 2010. 17. Conclui a Autoridade Fiscal que o Contribuinte omitiu cerca de 50% de suas receitas tributáveis ao Fisco. Além disso, em relação à receita informada na DIPJ, constatase que houve insuficiência de recolhimento e de declaração dos tributos fiscalizados (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS), uma vez que não foram encontrados pagamentos referentes a esses tributos, bem como não foram declarados em DCTF. 18. Antes de realizar a apuração dos tributos, foi feita a quantificação dos valores dos tributos retidos por terceiros, tendo a Clínica Santa Helena como beneficiária. Em consulta ao sistema informatizado “Portal DIRF”, verificouse a existência e o valor de tais retenções. A partir desse resultado, foi elaborada a planilha “Retenções de Contribuições CSLL/COFINS/PIS”. Fl. 2264DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.265 6 19. Descontados os valores retidos em Dirf (Declaração do Imposto Retido na Fonte) e os declarados em DCTF, foram obtidos os valores que foram constituídos através do lançamento tributário. 20. A Autoridade Fiscal constatou a ocorrência de infrações cometidas pelos sóciosadministradores da Clínica Santa Helena, Eládio Galdino Vilela de Souza e Vera Lúcia Ferreira de Souza, conforme fatos descritos nos arts. 71 e 72 da Lei n° 4.502/64 e no art. 1º, inciso I, ou, subsidiariamente, no art. 2º, inciso I, da Lei n° 8.137/90. 21. Os sóciosadministradores da Clínica entregaram declarações DACONs e DCTFs informando a ausência de débitos de tributos, quando, na verdade, existiam vários débitos. As declarações e os demonstrativos foram entregues “zerados”, com todos os campos preenchidos com o valor zero, ou apenas com os dados cadastrais, caso das DCTFs. Algumas declarações sequer chegaram a ser entregues. 22. A DIPJ apresentada, por sua vez, informa uma receita bruta auferida em 2010 no montante de R$ 20.395.927,13, enquanto que a receita bruta apurada pela Fiscalização foi de R$ 41.702.289,68. 23. Para a Autoridade Fiscal, a discrepância encontrada não pode ser imputada à ocorrência de um simples “erro material”, assim como não se pode entender como casos isolados. 24. Para a Fiscalização, a grande quantidade de declarações apresentadas contendo informações falsas forma um conjunto de circunstâncias que demonstra, de forma clara e evidente, a intenção, o propósito do Contribuinte de não submeter suas receitas à tributação, configurando um caso de sonegação. 25. A prática reiterada de apresentar declarações fiscais contendo informações falsas configurase como o meio fraudulento utilizado pelo sujeito passivo para tentar impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais. 26. O fato do Contribuinte ter em sua posse todos os extratos bancários solicitados e de ter apresentado documento com a segregação de suas receitas por unidade e por atividade em valor superior ao declarado não deixa restar dúvidas de que os administradores da empresa fiscalizada tinham pleno conhecimento de que a receita bruta auferida era muito maior que a indicada nas declarações, mas preferiram, conscientemente, tentar esconder essa informação do Fisco Federal. 27. A Fiscalização ainda destacou que os administradores, apesar de três intimações expedidas ao longo de cerca de 4 meses, não apresentaram os livros e documentos de sua escrituração comercial e contábil, com a mera afirmativa de que ainda não tinham sido elaborados. 28 Essa conduta levou ao fortalecimento das conclusões sobre a sua deliberada intenção de tentar impedir ou retardar, ao menos parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. A realização da apuração dos tributos devidos dispondo apenas de extratos bancários, sem poder verificar a escrituração contábil, trouxe grandes dificuldades para a Fiscalização, independentemente se tal escrituração foi ou não elaborada pelo Contribuinte. Fl. 2265DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.266 7 29. A entrega das declarações contendo informações falsas configurase em ato que não pode ter outro objetivo que não o de dificultar o conhecimento, por parte do Fisco, da situação fiscal do contribuinte (ou seja, se está regular ou não com a apuração e o pagamento/confissão de suas obrigações tributárias). E sua prática reiterada revela um dolo intenso por parte dos administradores da Clínica Santa Helena. 30. Dos argumentos acima sintetizados, concluiu a Autoridade Fiscal ter que qualificar a multa de ofício, como estabelecido no art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430, de 27/12/1996. 31. Reitera a Autoridade Fiscal que o Contribuinte, dos documentos solicitados, apenas entregou os extratos bancários, o Livro de Apuração do ISS e as notas fiscais de serviços. A sua escrituração comercial e fiscal, que poderia até se resumir ao Livro Caixa, não foi apresentada. 32. Após 4 meses da ciência do Termo de Início de Procedimento Fiscal, a escrituração contábil não foi apresentada, o que teria prejudicado o desenvolvimento da ação fiscal, ao tornálo mais dificultoso e demorado. Foi preciso recorrer às informações constantes nos extratos bancários, com a necessidade de intimar o contribuinte a comprovar a origem individualizada de centenas de depósitos a fim de encontrar o valor de sua receita, que deveria ser imediatamente obtida de sua escrituração contábil. 33. Também foi necessária a identificação de outras centenas de lançamentos que não se configuravam como receita, para serem excluídos da apuração da receita bruta. Tais informações deveriam estar disponibilizadas de forma direta em uma única conta contábil de receitas no Livro Razão, nos Balancetes Mensais, ou mesmo no Livro Caixa. 34. Embora não tenha inviabilizado a apuração dos tributos, o comportamento do Contribuinte fiscalizado trouxe dificuldades para a ação fiscal, impossibilitando a apuração do lucro presumido e acarretando a necessidade de recorrer à sistemática do lucro arbitrado. Para a Fiscalização, pouco importa se a recusa em entregar a documentação é expressa, se ocorre a entrega parcial ou se é informado que a documentação não existe; em todos os casos, o resultado prático é o mesmo: o atraso da ação fiscal e o surgimento de diversas dificuldades a serem superadas antes de realizar a apuração dos tributos devidos por culpa do fiscalizado. 35. Por esse motivo, a multa de ofício, já qualificada em 150%, foi agravada em 50%, passando a ser de 225%, nos termos do art. 44, § 2º, da Lei nº 9.430, de 1996. 36. Para a Fiscalização, as condutas do Contribuinte enquadramse nos casos descritos nos arts. 1º, inciso I, e 2º, inciso I, da Lei nº 8.137/90, condutas essas tipificadas como crimes contra a ordem tributária. 37. A conduta adotada pelos sóciosadministradores na gestão da empresa Clínica Santa Helena subsumese às normas citadas. Quando da entrega das DCTF’s e DACONs, prestaram declaração falsa, qual seja, a inexistência de débitos tributários, e omitiram informações às autoridades fazendárias, ao deixarem de apresentar algumas destas declarações. Também prestaram declaração falsa ao apresentarem a DIPJ com receita bruta bastante inferior à apurada durante a fiscalização. Fl. 2266DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.267 8 38. Ocorreu, no presente caso, a efetiva supressão ou redução dos tributos, motivo pelo qual procedeuse à autuação do Contribuinte. Além disso, também houve a prestação de declaração falsa e omissão de declaração sobre rendas, bens ou fatos, eximindo o Contribuinte dos pagamentos dos tributos devidos. 39. Por esses motivos, foi elaborada a respectiva Representação Fiscal para Fins Penais, objeto do processo administrativo nº 13502720.619/2013 58. 40. A Autoridade Fiscal ainda esclareceu que foram elaborados, conjuntamente com o Termo de Verificação Fiscal, os Termos de Sujeição Passiva nº 01 e 02, nos quais atribuise responsabilidade tributária aos sócios administradores Eládio Galdino Vilela de Souza e Vera Lúcia Ferreira de Souza, de acordo com o inciso III do art. 135 da Lei nº 5.172, de 25/10/1966 (Código Tributário Nacional). 41. Os representantes da pessoa jurídica autuada, à época dos fatos, eram os já mencionados sóciosadministradores, segundo consta no Contrato Social registrado na JUCEB. Em decorrência dos fatos descritos, bem como dos documentos apresentados, não há como negar que as pessoas citadas exerciam plenamente a gestão da empresa, lhes cabendo, inclusive, a administração de forma isolada ou conjunta, conforme consta no Contrato Social. 42. Conclui a Fiscalização que os administradores da Clínica Santa Helena, procedendo de forma livre e consciente no objetivo de se eximirem ilegalmente do pagamento dos tributos, mediante condutas tipificadas como crimes (seja de sonegação fiscal, falimentar, ou de apropriação indébita, dentre outros), se tornam pessoalmente responsáveis pelos créditos tributários apurados. 43. Por último, foram lavradas as Multas Regulamentares pela não apresentação das DCTFs referentes aos meses de janeiro, fevereiro, março e dezembro de 2010, além das DACONs referentes ao meses de janeiro, fevereiro e março de 2010; conforme determina o art. 7º da Lei nº 10.426, de 2002, com a redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004. 44. O cálculo das multas encontrase em planilha anexa ao autos do presente processo administrativo fiscal. DA IMPUGNAÇÃO 45. Cientificado do auto de infração em 03/07/2013 (fl. 1588), o Contribuinte apresentou impugnação às fls. 1404 a 1457 em 29/07/2013 (fl. 1404; 1588; 1606). Também foi apresentada em 15/08/2013 (fl. 1529) a defesa de Eládio Galdino Vilela de Souza, às fls. 1529 a 1549, cuja ciência ocorreu em 13/07/2013 (AR à fl. ). A seguir, a síntese das defesas apresentadas. IMPUGNAÇÃO CLÍNICA SANTA HELENA LTDA ILEGITIMIDADE DA PESSOA FÍSICA INTIMADA 46. Inicialmente, a Impugnante protesta pela ilegitimidade da pessoa física intimada do Auto de Infração, Sra. Ivanize Cardoso Bitencourt. Tal pessoa apenas possui poderes de cunho exclusivamente destinados à prática de atos contábeis de competência própria da atribuição de contador. 47. A pessoa física citada não é sócia da Impugnante e na procuração a ela outorgada não consta poderes específicos e especiais que lhe Fl. 2267DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.268 9 conferem legitimidade para receber a Intimação dos cinco autos de infração objetos deste processo. 48. A Impugnante mantém contrato com a empresa Parcer Serviços Contábeis Sociedade Simples Ltda, da qual a pessoa física citada faz parte. Possuem domicílios tributários distintos, a Impugnante em Camaçari e a outra em Salvador. 49. Apenas a pessoa física Gleide Gouveia de Oliveira, alem dos sócios da empresa, possuem poderes para representar a sociedade em juízo ou fora dele, conforme Alteração Contratual da empresa. 50. A intimação equivocada da pessoa física Ivanize Cardoso Bitencourt causou sérios prejuízos à defesa da Impugnante, pois os 5 autos de infração só chegaram ao conhecimento e a posse dos representantes legais da Impugnante no dia 11 do mês de julho de 2013. 51. Não houve tempo hábil à defesa para tecer considerações técnicas pormenorizadas e mesmo aparelhálo com os documentos comprobatórios. 52. Pelos motivos citados, requereu a Impugnante que se declare inexistente ou ineficaz a intimação da pessoa jurídica Impugnante, que seja dada a devida intimação da Clínica Santa Helena Ltda, através de um dos seus sócios ou da única pessoa física com poderes conferidos por instrumento estatutário com legitimidade para representála, Sra. Cleide Gouveia de Oliveira, de acordo com a mais recente Alteração Contratual arquivada na JUCEB; salvo se for entendido que a decisão de mérito do presente processo beneficie a Impugnante, nos termos do “§ 3º do artigo Incluído no Decreto n. 70.235 pela Lei nº 8.748, de 1993.” CONCLUSÕES SEM LÓGICAS E INVEROSSÍMEIS 53. Para a Impugnante, não é lógico nem plausível que ela seja autuada em aproximadamente R$ 14 milhões, relativamente ao seu patrimônio. A receita considerada omitida em 2010 é astronômica, no valor de R$ R$ 41.702.289,68, isso sem contar a crise que assola as principais unidades hospitalares da região nordestina. FLAGRANTE DISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO PELO AGENTE FISCAL AUTUANTE 54. A Autoridade Fiscal introduziu no processo administrativo um elemento que foi denominado “Termo de Verificação Fiscal”. Para a Impugnante, esse elemento não possui qualquer previsão legal no Direito Positivo Brasileiro. Isso se traduz em radical inovação pessoal e criativa, que nega frontalmente o princípio da Indisponibilidade do Interesse Público (art. 37, caput, § 6°, art. 5º, inciso II, ambos da CF/88, art. 142 do CTN, e art. 59 do Decreto 70.235/72). 55. O referido documento porta afirmações, sofismas e conclusões de extrema importância e contundência radical contra direitos patrimoniais e até imateriais da sociedade autuada, os quais se traduzem em prejuízos incomensuráveis. 56. Essa inovação pessoal do Agente Fiscal introduz no processo administrativo figura estranha ao Direito Administrativo Tributário, utilizada sem qualquer previsão legal, conduta essa vedada e mesmo passível de punição. É como se o Agente Fiscal legislasse em causa própria. Fl. 2268DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.269 10 57. Por esses motivos, a Impugnante não aceita que o “Termo de Verificação Fiscal” introduzido nos autos seja recepcionado ou considerado como elemento do presente processo administrativo, sobretudo vinculado aos 5 autos de infração. 58. Requereu o desentranhamento do “Termo de Verificação Fiscal” dos autos do presente processo administrativo fiscal ou que o mesmo seja considerado inexistente. AUSÊNCIA DE REQUISITOS ESTRUTURAIS IMPRESCINDÍVEIS PARA A EXISTÊNCIA DOS ATOS JURÍDICOS ADMINISTRATIVOS 59. A Impugnante cita o princípio da indisponibilidade do interesse público em seu auxílio, no sentido de que os agentes públicos estão impedidos de criar, inovar, modificar ou personalizar o Auto de Infração ao arrepio da lei especial que fixa como pressupostos e requisitos obrigatórios para a existência, a validade e a eficácia deste ato jurídico administrativo, sob pena de responsabilidade pessoal do agente Administrativo. 60. O art. 10 do Decreto nº 70.235/72 impõe ao agente público autuante que, na confecção dos autos de infração, atenda os requisitos intrínsecos para a existência válida e eficaz do ato jurídico administrativo, com a descrição do fato, a disposição legal infringida, a penalidade aplicável, a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de 30 dias. 61. Em seguida, a Impugnante reproduz documentos referentes aos Autos lavrados para afirmar que não foram cumpridos os requisitos acima descritos, a saber: a descrição do fato; a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de 30 dias. 62. Dessa forma, entende a Impugnante que os requisitos estruturais intrínsecos, legais e imprescindíveis à constituição e à própria existência dos 5 Autos de Infração contra ela lavrados são inexistentes, razão pela qual são nulos de pleno direito. CERCEAMENTO DO DIREITO DE AMPLA DEFESA E IMPOSSIBILIDADE DO EXERCÍCIO DA GARANTIA DO CONTRADITÓRIO 63. Afirma a Impugnante que os Autos de Infração combatidos são limitados e sintéticos, a ponto de que nada neles constam e os demais documentos que o Agente Fiscal indica como aparelhos não existem legalmente (“Termo de Verificação Fiscal”). 64. Houve preterição do direito de defesa da Impugnante, pois a necessária precisão para a defesa não existiu, além da limitação do prazo ocorrida diante da intimação ineficaz já explicitada. 65. O Auto de Infração lavrado contra qualquer contribuinte deve estar pautado nos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, sob pena de ser declarado nulo ou inexistente. 66. No caso, há um emaranhado de normas aplicáveis à infração imputada à Impugnante, o que dificulta o conhecimento da infração e a própria defesa do Contribuinte. Falta a descrição precisa dos fatos e a correlação fácil com as planilhas de cálculos da multa aplicada. Fl. 2269DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.270 11 67. Os Autos de Infração lavrados e ora impugnados estão pautados em erros e inconsistências que descaracterizam os lançamentos efetuados e demonstram a sua total improcedência. A exigência contida nos Autos lavrados afronta os direitos e garantias individuais constitucionalmente e legalmente concedidos à Impugnante. 68. Não houve a discriminação clara e precisa dos fatos que geraram a multa supostamente devida. A Impugnante questiona a possibilidade de exercício de seu direito de defesa quando se defronta com um procedimento administrativo omisso e obscuro em relação aos fatos e fundamentos que deveriam determinar a exigência. 69. Após citar doutrina e jurisprudência que entende ser favorável a sua tese, requer sejam consideradas improcedentes as infrações que lhe foram imputadas. IMPOSSIBILIDADE DE ARBITRAMENTO COM BASE EXCLUSIVAMENTE NOS EXTRATOS BANCÁRIOS DA IMPUGNANTE 70. Alega a Impugnante que valores provenientes de empréstimos entre empresas foram considerados fatos geradores dos tributos. O valor objeto dos contratos de mútuo atingem a soma total para o ano de 2010 em R$ 5.792.946,55. Esses valores já haviam sido tributados na origem pela empresa credora do empréstimo, conforme registros de movimento bancário e contratos de mutuo anexados. 71. Esse fato acarreta a nulidade dos 5 Autos de Infração lavrados contra a Impugnante. Nessa parte, os Autos não têm objeto, motivação e causa, em face da bitributação sobre valores oriundos de Receitas de terceiros já tributadas. 72. E o arbitramento deveria se dar com base na DIPJ e nos livros e documentos que foram apresentados pela Impugnante à Autoridade Fiscal, a qual se valeu exclusivamente dos extratos bancários. 73. Além disso, as multas aplicadas são manifestamente abusivas, ilegais e inconstitucionais, traduzindose em confisco e também ferindo a garantia constitucional da razoabilidade/proporcionalidade. 74. Portanto, toda a autuação realizada através de arbitramento está eivada de vício insanável, pois foi realizada desconsiderando elementos fáticos essenciais e respaldandose em elementos equivocados e impróprios para o arbitramento. SÚMULA 410 DO STJ: MULTA EM OBRIGAÇÃO DE FAZER 75. De acordo com a Súmula 410 do STJ, a qual se aplica ao presente caso, a prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. A intimação de Ivanize Cardoso Bitencourt não tem validade, pois esta pessoa, conforme já explicado, não estava apta para tal. Assim, as multas são nulas. PRESUNÇÃO DE LUCRO. SERVIÇO HOSPITALAR X CONSULTA MÉDICA. PROPORÇÃO DAS RECEITAS DA IMPUGNANTE 76. Defende a Impugnante que 90% de suas receitas são oriundas de serviços hospitalares. Assim, o arbitramento do lucro sobre 90% das receitas deveria utilizar o percentual de 8% e não o de 32%. Fl. 2270DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.271 12 EXCLUSÃO DO ISS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS – NECESSIDADE DE OBEDIÊNCIA À JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 77. A Impugnante defende a retirada da parcela correspondente ao ISS da base de cálculo apurada do PIS e da COFINS, pois a empresa não “fatura” imposto e sim presta serviço, o qual não está compreendido no conceito de “faturamento”. Cita jurisprudência que entende favorável a sua tese. CARÁTER CONFISCATÓRIO DA MULTA IMPOSTA 78. No caso, a simples verificação da existência de sanção pecuniária em proporções de 225% afronta o caráter razoável da imputação, o que afronta garantias e direitos fundamentais da Recorrente. 79. Ao aplicar uma multa sem causa e motivação, sobretudo no montante astronômico em tela, fica cerceada a Recorrente de exercer as suas atividades habituais e isso sem razão, já que sempre colaborou com a Fiscalização. 80. Portanto, a multa no patamar de 225% fere os princípios da razoabilidade, da boafé e do não confisco. Conclui a Impugnante pleiteando a aplicação de uma sanção com observância dos princípios citados. SELIC – IMPOSSIBILIDADE DE SUA UTILIZAÇÃO COMO TAXA DE JUROS MORATÓRIOS 81. Alem da multa imposta, a Autoridade Fiscal utiliza a taxa SELIC no cálculo dos juros cobrados, o que afronta o previsto no art. 161, § 1º, do CTN. Logo, é ilegal e mesmo inconstitucional o uso da SELIC no presente caso. NULIDADE MATERIAL DO AUTO DE INFRAÇÃO 82. A Autoridade Fiscal, na presente autuação, desconsiderou as informações da DIPJ, autuou com base exclusivamente em extratos bancários, não levou em consideração livros e documentos que foram apresentados pelo Contribuinte, arbitrou o lucro de maneira equivocada, aplicou multa confiscatória e não intimou os responsáveis legais da empresa, além de outras questões levantadas. Esses são erros de direito que provocam a nulidade material de todo o Auto de Infração. 83. Ao final, requereu a Impugnante o acolhimento da sua pretensão conforme razões acima sintetizadas, protestando por todos os meios de prova admitidos em direito, em especial a juntada posterior de documentos, em qualquer fase do processo. IMPUGNAÇÃO ELÁDIO GALDINO VILELA DE SOUZA 84. Eládio Galdino Vilela de Souza apresentou impugnação em 15/08/2013 (fl. 1529), às fls. 1529 a 1549, na qual fez a defesa a seguir sintetizada. ILEGITIMIDADE PASSIVA TRIBUTÁRIA DO CONTESTANTE 85. Inicialmente, diz o Impugnante que a Autoridade Fiscal agiu com abuso de poder e com dolo direto inescusável na autuação e que a punição da pessoa física sem a existência de ilícito apenas agrava a arbitrária conduta ilícita da Autoridade Lançadora. Fl. 2271DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.272 13 86. A mera inadimplência tributária, de per si, não afeta a conduta da pessoa física do sócio da empresa investigada e sem ilícito não há como sustentar ou justificar a punição inócua e desmedida imposta ao Impugnante. CONCLUSÕES SEM LÓGICAS, SEM FINALIDADE PÚBLICA E INVEROSSÍMEIS 87. Para o Impugnante, não é lógico que a empresa autuada, com patrimônio indicado pela Fiscalização, tenha sido autuada no montante do crédito tributário constituído pelo lançamento apenas no ano 2010. O valor apurado pela Fiscalização a título de receita bruta, no valor de R$ 41.702.289,68, é astronômico. Lembra o Impugnante que existe uma crise que assola as empresas do setor hospitalar, a qual levou à banca rota tradicionais unidades hospitalares da região nordestina. FLAGRANTE DISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO PELO AGENTE FISCAL AUTUANTE 89. O Impugnante diz que a Autoridade Lançadora introduziu no processo administrativo um elemento chamado “Termo de Verificação Fiscal” sem qualquer previsão legal, pois, com esse “nomem juris”, não há figura no Direito Positivo Brasileiro. 90. Afirmou que essa expressão não é elemento do ramo do Direito Administrativo Brasileiro, com destaque para o Direito Tributário Nacional. O uso desse “Termo de Verificação Fiscal” se traduz em radical inovação pessoal e criativa, que nega frontalmente o Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público (art. 37, “caput”, § 6°; art. 5º, inciso II, ambos da CF/88; art. 142 do CTN; art. 59 do Decreto n° 70.235/72). 91. O referido documento porta afirmações, sofismas e conclusões de extrema importância e contundência radical contra direitos patrimoniais e até imateriais da sociedade autuada, os quais se traduzem em prejuízos incomensuráveis. 92. Essa inovação pessoal do Agente Fiscal introduz no processo administrativo figura estranha ao Direito Administrativo Tributário, utilizada sem qualquer previsão legal, conduta essa vedada e mesmo passível de punição. É como se o Agente Fiscal legislasse em causa própria. 93. Por esses motivos, o Impugnante não aceita que o “Termo de Verificação Fiscal” introduzido nos autos seja recepcionado ou considerado como elemento do presente processo administrativo, sobretudo vinculado aos 5 autos de infração. 94. Requereu o desentranhamento do “Termo de Verificação Fiscal” dos autos do presente processo administrativo fiscal ou que o mesmo seja considerado inexistente. AUSÊNCIA DE REQUISITOS ESTRUTURAIS IMPRESCINDÍVEIS PARA A EXISTÊNCIA DOS ATOS JURÍDICOS ADMINISTRATIVOS 95. O Impugnante cita o princípio da indisponibilidade do interesse público em seu auxílio, no sentido de que os agentes públicos estão impedidos de criar, inovar, modificar ou personalizar o Auto de Infração ao arrepio da lei especial que fixa como pressupostos e requisitos obrigatórios para a existência, a validade e a Fl. 2272DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.273 14 eficácia deste ato jurídico administrativo, sob pena de responsabilidade pessoal do agente Administrativo. 96. O art. 10 do Decreto nº 70.235/72 impõe ao agente público autuante que, na confecção dos autos de infração, atenda os requisitos intrínsecos para a existência válida e eficaz do ato jurídico administrativo, com a descrição do fato, a disposição legal infringida, a penalidade aplicável, a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de 30 dias. 97. Em seguida, o Impugnante reproduz documentos referentes aos Autos lavrados para afirmar que não foram cumpridos os requisitos acima descritos, a saber: a descrição do fato; a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de 30 dias. 98. Dessa forma, entende o Impugnante que os requisitos estruturais intrínsecos, legais e imprescindíveis à constituição e à própria existência dos 5 Autos de Infração contra ela lavrados são inexistentes, razão pela qual são nulos de pleno direito. 99. Ao final, requereu o Impugnante o acolhimento da sua pretensão conforme razões acima sintetizadas, protestando por todos os meios de prova admitidos em direito, em especial a juntada posterior de documentos, em qualquer fase do processo. A 3ª Turma da DRJ em São Paulo I / SP analisou as impugnações apresentadas pela contribuinte e pelo responsável tributário Eládio Galdino Vilela de Souza e, por via do Acórdão nº 1655.303, de 14/02/2014 (fls. 1609/1659), considerou intempestiva a segunda impugnação e improcedente a primeira, em decisão assim ementada: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2010 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITA. Caracterizamse omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. LUCRO ARBITRADO. CABIMENTO. O contribuinte que deixar de apresentar, regularmente intimado, à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou que a apresente com vícios, erros, ou deficiências, fica sujeito ao arbitramento de seu lucro, conforme prescrito na legislação. AUTO DE INFRAÇÃO. CIÊNCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não ocorre cerceamento do direito de defesa quando a ciência do Auto de Infração, juntamente com os documentos que o compõe, é dada ao sócio da empresa, resguardandose ao Fl. 2273DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.274 15 contribuinte o prazo regulamentar de 30 dias para a apresentação de sua defesa. TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL. UTILIZAÇÃO NOS AUTOS DE INFRAÇÃO. Os Termos de Verificação Fiscal são documentos que descrevem os fatos apurados em um procedimento fiscal e normalmente são parte integrante do Auto de Infração. LANÇAMENTO. REQUISITOS LEGAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não constitui caso de nulidade do lançamento quando nele encontramse presentes os requisitos previstos na legislação regente. LUCRO ARBITRADO. PERCENTUAL A SER APLICADO SOBRE A RECEITA OMITIDA. Nos casos em que a pessoa jurídica possui atividades diversificadas, sujeitas a diferentes percentuais de determinação do lucro arbitrado, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta será adicionada àquela a que corresponder o percentual mais elevado. PIS. COFINS. ISS. BASE DE CÁLCULO. Integra a base de cálculo do PIS e da COFINS o Imposto sobre Serviços, não existindo previsão legal para a sua exclusão. MULTA QUALIFICADA E AGRAVADA. APLICABILIDADE. Restando comprovado comportamento caracterizador da qualificação e do agravamento da multa de ofício, é legítima a aplicação do percentual de 225%. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. CABIMENTO. Os juros de mora são devidos por expressa disposição legal, inclusive a utilização da taxa SELIC. PROVAS. MOMENTO DA APRESENTAÇÃO. O momento adequado para a produção de provas dáse dentro do prazo de impugnação, exceção feita às situações previstas nas normas que regem o contencioso administrativo. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. IMPUGNAÇÃO INTEMPESTIVA. A impugnação deve ser apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data da ciência do procedimento a ser impugnado. Sendo intempestiva a impugnação, as questões nela discutidas não são conhecidas. TRIBUTAÇÃO CONEXA. CSLL. PIS. COFINS. Aplicase aos lançamentos conexos o decidido sobre o lançamento que lhes deu origem, eis que possuem os mesmos elementos de prova. Fl. 2274DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.275 16 Ressalto, por relevante, que a decisão de primeira instância não faz qualquer referência à existência de impugnação ao lançamento por parte da Sra. Vera Lúcia Ferreira de Souza, apontada como responsável tributária. Quanto ao outro responsável tributário, Sr. Eládio Galdino Vilela de Souza, conforme, visto, sua impugnação foi tida como intempestiva. Contribuinte: Clínica Santa Helena Ltda. Ciente da decisão de primeira instância em 31/03/2014, conforme Aviso de Recebimento à fl. 1670, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 30/04/2014 conforme carimbo de recepção à folha 1674. No recurso interposto (fls. 1674/1747), a recorrente alega preliminarmente os pontos que se seguem: 1. Princípio da segurança jurídica. A recorrente registra erro na numeração de folhas dos autos. Em suas palavras: [...] o r Acórdão 1655.303 [...] conta numeração de 'FL. 1609' até 'FL. 1659'. Estas folhas enumeradas a menor induz entender que 'sic "TERMO DE SUJEIÇÃO PASSIVA nº 01" enumerado de "FL. 2014" até "FL. 2016" recebeu outra numeração ou foi supresso dos autos dos autos deste proceso número de folhas superior a 500 (quinhentos), conforme foto de fls ... A irregularidade apontada traria cerceamento ao direito de defesa, anulado o processo ou, no mínimo, devendo os autos serem devolvidos "ao curso do devido processo legal". 2. Ilegitimidade da pessoa intimada, Inexistência de representação processual. A intimação do acórdão recorrido teria sido recebida por preposto (empregado) da recorrente, Sr. Elison dos Santos Santana, que não teria poderes de representação. Com isso, seria nula a intimação da recorrente. No mérito, a recorrente traz os argumentos abaixo sintetizados, conforme os tópicos da peça recursal: I. Disponibilização do interesse público em negativa dos princípios: legalidade, isonomia, impessoalidade, supremacia do interesse público, finalidade, motivação, segurança jurídica e moralidade. II. Disponibilização do interesse público. Nestes dois tópicos, os reclamos da interessada se dirigem contra o Termo de Verificação Fiscal, cujo uso nos presentes autos implicaria violação de todos os princípios constitucionais mencionados. III. Omissões apontadas. Integralidade do v. Acórdão. Fl. 2275DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.276 17 O acórdão recorrido terseia omitido acerca de relevantes pontos da impugnação, a saber: Aquele veiculado no item IV da impugnação, sob o título: Ausência de requisitos estruturais imprescindíveis para existência legal dos atos jurídicos administrativo: 05 Autos de Infração Fiscal, em epígrafe. (fl. 1707) Omissão quanto a contradição sobre a não apresentação de livros e documentos e devolução desses mesmos livros e documentos. (fl. 1708) Omissão quanto a quem seriam os "administradores" da recorrente que teriam sido intimados a apresentar livros e documentos de sua escrituração contábil e fiscal e não o fizeram. IV. Devolução da matéria posta sob o título de Ilegitimidade da pessoa física intimada. A recorrente reitera que a Sra. Ivanize Cardoso Bitencourt não teria poderes para representar a pessoa jurídica e, desta forma, haveria irregularidade na intimação da autuação. A seguir, a recorrente passa a tratar do que chama de "mérito propriamente dito": V. Breve síntese da demanda. VI. Da não tributação de empréstimos realizados entre empresas impossibilidade de arbitramento com base exclusivamente nos extratos bancários da impugnante. VII. Isso posto, toda a autuação, realizada através de arbitramento, está eivada de vício insanável, posto que foi realizada desconsiderando elementos fáticos essenciais e respaldandose em elementos equivocados e impróprios para o arbitramento. A recorrente afirma que ingresso de ativos financeiros em conta bancária não se subsume à regra matriz de incidência de nenhum dos tributos que lhe são exigidos. Acrescenta que: a) parte dos valores são oriundos de transferências entre contas da impugnante; e b) outra parte dos valores são decorrentes de contas das empresas Camaçari Serviços Médicos e SH Brasil. A interessada se reporta a jurisprudência baseada na Súmula nº 182, do extinto TFR. VIII. Da presunção de lucro. Serviço Hospitalar X Consulta Médica. Proporção das receitas da impugnante. Defende a recorrente que 90% de suas receitas são oriundas de serviços hospitalares. Assim, o arbitramento do lucro sobre 90% das receitas deveria utilizar o percentual de 8% e não o de 32%. O auto de infração seria completamente nulo (tópico IX). X. Da exclusão do ISS da base de cálculo do PIS e da Cofins – necessidade de obediência à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Fl. 2276DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.277 18 A recorrente defende a retirada da parcela correspondente ao ISS da base de cálculo apurada do PIS e da COFINS, pois a empresa não “fatura” imposto e sim presta serviço, o qual não está compreendido no conceito de “faturamento”. Cita jurisprudência que entende favorável a sua tese. XI. Da multa com caráter confiscatório. No caso, a simples verificação da existência de sanção pecuniária em proporções de 225% afronta as garantias constitucionais do contribuinte, especialmente o art. 150, inciso IV, da Constituição Federal. A vedação ao confisco também seria estendida às multas. A recorrente ressalta sua boa fé e afirma que sempre colaborou com a fiscalização, trazendo, sempre que possível, os documentos solicitados, a exemplo dos extratos bancários. Teria também apresentado manifestação a todos os termos de intimação lavrados. Alguns dos documentos não teriam sido apresentados porque estavam sendo confeccionados. Não teria havido intuito lesivo ao Fisco. XII. Nulidade material do auto de infração A Autoridade Fiscal, na presente autuação, desconsiderou as informações da DIPJ, autuou com base exclusivamente em extratos bancários, não levou em conta operações entre empresas, arbitrou lucro de maneira equivocada, aplicou multa desproporcional e confiscatória, olvidou da jurisprudência dos tribunais superiores. Esses são erros de direito que provocam a nulidade material de todo o Auto de Infração. Compulsando os autos, encontro, às fls. 1865/1967, outra peça processual igualmente intitulada Recurso Voluntário, esta datada de 22/08/2014, conforme carimbo de recepção à fl. 1865 e data à fl. 1967. A interessada não aduz qualquer razão para a apresentação desta segunda peça recursal. Responsável Tributário: Eládio Galdino Vilela de Souza À fl. 1671 encontro a Comunicação SACAT/DRF/CCI Nº 0294/2014, datada de 10/06/2014, mediante a qual se daria ciência do acórdão de primeira instância ao responsável tributário, Sr. Eládio Galdino Vilela de Souza. Não encontro nos autos comprovação de que essa ciência tenha ocorrido por qualquer dos meios previstos na legislação (pessoal, postal, eletrônico, edital). Não obstante, encontro às fls. 1791/1834 recurso voluntário interposto em 30/04/2014 pelo Sr. Eládio Galdino Vilela de Souza (carimbo de recepção à fl. 1791). No recurso interposto, inicialmente o recorrente alerta para "questões de relevante interesse público de ordem pública e de cognição 'ex officio'" que se seguirão. Os tópicos podem ser sintetizados como abaixo: I. Princípio da Segurança Jurídica. O recorrente discorre sobre o princípio da segurança jurídica, que teria sido violado por irregularidades que menciona na numeração de folhas do processo, acarretando a Fl. 2277DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.278 19 eliminação da certeza do devido processo legal. Ainda, protesta contra "ficções inadmissíveis do Direito Público", traduzidas no Termo de Verificação Fiscal. II. Falta de intimação. Cerceamento do direito ao contraditório e à ampla defesa. Nulidade absoluta. O interessado protesta contra a falta de ciência do acórdão de primeira instância. Afirma que a pessoa signatária no Aviso de Recebimento não seria pessoa munida de poderes de representação. Acrescenta que, por cautela, houve por bem apresentar o presente recurso voluntário. III. Negativa de vigência de leis federais diante da falta e nulidade de intimação inicial. O recorrente sustenta que a pessoa a quem foi dada ciência do termo de sujeição passiva (Ivanize Cardoso Bitencourt) é pessoa estranha à composição societária da empresa; além disso, a pessoa física signatária no Aviso de Recebimento de fl. 1397 também não seria munida de imprescindível autorização ou de poderes de representação do recorrente. Afirma que não teve ciência do auto de infração no dia 13/07/2013. Acrescenta que a administração pública teria o dever de anular seus próprios atos, diante dos vícios de legalidade e determinar providências necessárias para sanar a falta de intimação. IV. Ilegitimidade passiva tributária do contestante. O recorrente afirma que figura no processo administrativo sem qualquer motivo ou fundamento. O Agente Fiscal teria agido com abuso de poder e dolo direto inescusável. V. Flagrante disponibilidade do interesse púbico pelo MD Agente Fiscal autuante. O recorrente protesta contra o Termo de Verificação Fiscal, que chama de "radical inovação pessoal e criativa" sem qualquer previsão legal, que violaria princípios legais e constitucionais. VI. Ausência de requisitos estruturais imprescindíveis para existência legal dos atos jurídicos administrativo: 05 Autos de Infração Fiscal, em epígrafe. O recorrente se reporta ao art. 10 do Decreto nº 70.235/1972 e grifa os incisos III, IV e V. Retoma os protestos contra o Termo de Verificação Fiscal e supostas violações de princípios constitucionais da isonomia, impessoalidade, interesse público, segurança jurídica, moralidade, além de não seguir forma preconstituída. Com tudo isso, reafirma que teria sido negado o princípio da indisponibilidade do interesse público. VII. Negativa absoluta da figura jurídica "auto de infração": especificada no artigo 10 e incisos do Decreto n. 70.235. O recorrente questiona a "descrição dos fatos", a "disposição legal infringida e a penalidade aplicável" e a "determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias". Sua conclusão é que teriam sido descumpridos os incisos III, IV e V do mencionado Decreto. Fl. 2278DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.279 20 Responsável Tributária: Vera Lúcia Ferreira de Souza À fl. 1672 encontro a Comunicação SACAT/DRF/CCI Nº 0295/2014, datada de 10/06/2014, mediante a qual se daria ciência do acórdão de primeira instância à responsável tributária, Sra. Vera Lúcia Ferreira de Souza. Não encontro nos autos comprovação de que essa ciência tenha ocorrido por qualquer dos meios previstos na legislação (pessoal, postal, eletrônico, edital). Às fls. 1846/1848 encontro requerimento firmado pela Sra. Vera Lúcia em conjunto com sua Advogada, no qual protesta contra um documento que teria sido anexado aos autos no dia 09/07/2014, dando conta de sua intimação no dia 12/06/2014. Afirma que teria tomado conhecimento de tal documento por informações de terceiro. Requer a declaração de nulidade de tal documento, e que lhe seja deferida “a contagem integral do prazo para diligência em condições de assegurar o exercício do contraditório e ampla defesa neste processo administrativo”. O processo foi devolvido à Unidade de Origem em 11/04/2016 mediante o despacho de fls. 2251/2252 para que fosse dada ciência à Sra. Vera Lúcia Ferreira de Souza do acórdão nº 1655.303, proferido pela autoridade julgadora em primeira instância. A Comunicação SACAT/DRF/LFS Nº 102/2016 (fl. 2255) foi enviada por via postal para o domicílio da responsável tributária, conforme comprovante de fl. 2256. Decorrido o prazo regulamentar sem manifestação da interessada, a Unidade Local fez lavrar o despacho de fl. 2258. O processo retorna ao CARF para o julgamento. É o Relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator Responsável Tributária: Vera Lúcia Ferreira de Souza A Sra. Vera Lúcia Ferreira de Souza, apontada nos autos como responsável tributária, não apresentou recurso voluntário. Responsável Tributário: Eládio Galdino Vilela de Souza Conforme registrado no relatório que antecede a este voto, não encontro nos autos prova de regular ciência da decisão de primeira instância ao responsável tributário Sr. Eládio Galdino Vilela de Souza. Não obstante, esse sujeito passivo apresentou recurso voluntário, às fls. 1791/1834. Na impossibilidade de se fazer qualquer juízo quanto a sua tempestividade, o recurso deve ser tido por tempestivo. Observo que a decisão de primeira instância considerou a impugnação intempestiva, dela não conhecendo e caracterizando a revelia, no que tange a esse sujeito passivo. Em assim sendo, o recurso voluntário é necessariamente de cognição restrita, somente Fl. 2279DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.280 21 pode ser conhecido nos argumentos que se oponham à declaração de intempestividade da impugnação e de revelia processual. Eis como foi tratada a matéria em primeira instância: 181. A impugnação de Eládio Galdino Vilela de Souza foi apresentada em 15/08/2013 (fl. 1529). A ciência do Auto de Infração ocorreu em 13/07/2013 (AR à fl. 1397) e a data da ciência do Termo de Sujeição Passiva também em 13/07/2013, conforme consta do Extrato do Processo e carimbo do Correio (AR à fl. 1588). 182. A ciência (13/07/2013) ocorreu em um sábado. Dessa forma, a contagem do prazo para apresentação de sua defesa iniciouse em 15/07/2013, segundafeira. Assim, o prazo de 30 dias para a apresentação de sua impugnação terminava em 13/08/2013. 183. Conforme relatado, a impugnação foi apresentada em 15/08/2013, portanto após o término do prazo para a sua apresentação. No recurso voluntário, o interessado protesta contra a falta de ciência do acórdão de primeira instância. Afirma que a pessoa signatária no Aviso de Recebimento não seria pessoa munida de poderes de representação. Acrescenta que, por cautela, houve por bem apresentar o presente recurso voluntário. O recorrente sustenta que a pessoa a quem foi dada ciência do termo de sujeição passiva (Ivanize Cardoso Bitencourt) é pessoa estranha à composição societária da empresa; além disso, a pessoa física signatária no Aviso de Recebimento de fl. 1397 também não seria munida de imprescindível autorização ou de poderes de representação do recorrente. Afirma que não teve ciência do auto de infração no dia 13/07/2013. Acrescenta que a administração pública teria o dever de anular seus próprios atos, diante dos vícios de legalidade e determinar providências necessárias para sanar a falta de intimação. Quanto à ciência da decisão de primeira instância, muito embora não se encontre nos autos a prova da regular ciência a este sujeito passivo, a questão já foi superada, tendo em vista que o interessado apresentou o presente recurso voluntário, aqui tido por tempestivo. Quanto à ciência do auto de infração, do Termo de Verificação Fiscal e do Termo de Sujeição Passiva solidária, compulsando os autos, constatase que foram todos encaminhados por via postal ao domicílio tributário do sujeito passivo. Os comprovantes de entrega (Avisos de Recebimento) se encontram às fl. 1397 e 1400, ambos datados de 16/07/2013. O Termo de Verificação Fiscal faz constar, ao final (fl. 130), que é parte integrante e indissociável dos autos de infração de que trata o presente processo. O Termo de Sujeição Passiva nº 01 também registra (fl. 162) que se faz acompanhar do Termo de Verificação Fiscal e dos autos de infração, dos quais dá ciência expressa e encaminha cópia, afirmando ainda que a “ciência pelo sujeito passivo solidário darseá por via postal, mediante Aviso de Recebimento (AR)”. O Decreto nº 70.235/1972, que regula o Processo Administrativo Fiscal, assim dispõe sobre a intimação: Art. 23. Farseá a intimação: Fl. 2280DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.281 22 [...] II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) [...] § 2° Considerase feita a intimação: [...] II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) [...] § 3oOs meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência.(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 4oPara fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo:(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) [...] Como se vê, na mesma linha do que afirmou a Turma Julgadora em primeira instância, nenhuma irregularidade existe na ciência do lançamento e dos termos que acompanharam e integraram os autos de infração. A intempestividade da impugnação foi corretamente identificada, e nenhum reparo se há de fazer quanto à revelia decretada. Quanto à reclamação de que as pessoas que receberam o Termo de Sujeição Passiva e os autos de infração não teriam poderes para representar legalmente a pessoa física, observese que o texto legal acima transcrito não traz esse requisito, bastando que a correspondência seja entregue no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo. A situação já foi há muito pacificada em sede administrativa, cabendo transcrever a súmula CARF nº 9: Súmula CARF nº9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. As súmulas CARF são de observância obrigatória pelos integrantes deste Colegiado administrativo, em face do que as alegações do recorrente não podem ser aceitas. Diante da regularidade da intimação, não se há de acolher alegações de cerceamento ao direito à ampla defesa e ao contraditório, inexistindo ainda qualquer nulidade a ser reconhecida. Quanto aos demais questionamentos, tenho que não podem ser conhecidos, diante da revelia desse sujeito passivo em primeira instância. Fl. 2281DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.282 23 O recorrente alerta para "questões de relevante interesse público de ordem pública e de cognição 'ex officio'". No entanto, examinando seus argumentos, constatase que se trata de aspectos meramente formais, que estão longe de se identificar com questões de ordem pública, capazes de afetar a segurança jurídica. Ademais, digase que em muito se assemelham aos argumentos trazidos pela recorrente Clínica Santa Helena, os quais serão apreciados na sequência, neste voto. Na hipótese de que algum ou alguns venham a ser aceitos, os efeitos da solidariedade os estenderão a todos os sujeitos passivos solidários. Em conclusão, no que toca ao responsável tributário Sr. Eládio Galdino Vilela de Souza, conheço do recurso voluntário tão somente quanto aos argumentos que se opoem à declaração de intempestividade da impugnação e de revelia processual, e lhes nego provimento. Quanto aos demais argumentos, não os conheço. Contribuinte: Clínica Santa Helena Ltda. O recurso voluntário interposto pela contribuinte Clínica Santa Helena Ltda. em 30/04/2014 (fls. 1674/1747) é tempestivo e atende aos demais requisitos processuais, e dele conheço. Desde logo, esclareço que a peça processual de fls. 1865/1967, também intitulada Recurso Voluntário, apresentada em 22/08/2014 e subscrita pela mesma contribuinte Clínica Santa Helena Ltda. não pode ser conhecida. Não vislumbro qualquer motivo que conduza à apresentação de dois recursos voluntários por parte do mesmo sujeito passivo, nem a interessada faz qualquer alegação nesse sentido. Em assim sendo, não conheço da peça processual de fls. 1865/1967. Preliminarmente, a recorrente registra erro na numeração de folhas dos autos. Em suas palavras: [...] o r Acórdão 1655.303 [...] conta numeração de 'FL. 1609' até 'FL. 1659'. Estas folhas enumeradas a menor induz entender que 'sic "TERMO DE SUJEIÇÃO PASSIVA nº 01" enumerado de "FL. 2014" até "FL. 2016" recebeu outra numeração ou foi supresso dos autos dos autos deste proceso número de folhas superior a 500 (quinhentos), conforme foto de fls ... A irregularidade apontada traria cerceamento ao direito de defesa, anulando o processo ou, no mínimo, devendo os autos serem devolvidos "ao curso do devido processo legal". Não se compreende a reclamação. Compulsando os autos, constatase que o presente processo administrativo fiscal é processo eletrônico, integrante do sistema eprocesso. Nesse sistema, a numeração de folhas é atribuída e controlada eletronicamente pelo próprio sistema. A exclusão de qualquer documento do processo, quando permitida, gera automaticamente um Termo que faz registrar o fato e seu autor. O Termo de Sujeição Passiva nº 01 possui a numeração de 160 a 162 (e não de 2014 a 2016, como afirma a recorrente). O Acórdão nº 1655.303 possui a numeração de 1609 a 1659. Os atos processuais se encontram no processo em perfeita ordem lógica e cronológica, não sendo possível vislumbrar a falta de qualquer documento. Não encontro termo de renumeração de folhas, muito menos termo de exclusão de documento. Em assim sendo, essa preliminar deve ser rejeitada. Fl. 2282DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.283 24 Ainda em preliminares, a recorrente reclama que a intimação do acórdão recorrido teria sido recebida por preposto (empregado) da recorrente, Sr. Elison dos Santos Santana, que não teria poderes de representação. Com isso, seria nula a intimação da recorrente. Esse argumento não merece prosperar por duas razões. Em primeiro lugar, porque a ciência se fez por via postal, conforme Aviso de Recebimento à fl. 1670. Desde que a correspondência foi entregue no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo (acerca do que não há contestação), é irrelevante quem é a pessoa que recebe a correspondência. O assunto já foi abordado, neste voto, ao tratar do recurso voluntário do responsável tributário Sr. Eládio Galdino Vilela de Souza, e todos os fundamentos ali desenvolvidos se aplicam aqui de igual modo. Basta a transcrição da súmula CARF nº 09. Súmula CARF nº9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Em segundo lugar, ainda que, apenas por hipótese, se pudesse reconhecer alguma irregularidade na intimação da decisão de primeira instância, o fato é que a interessada apresentou o competente recurso voluntário e, com isso, supriu qualquer hipotética irregularidade. Na sequência, a recorrente protesta contra o uso do Termo de Verificação Fiscal, o que, por sua ótica, representaria a violação de diversos princípios constitucionais que especifica. O Decreto nº 70.235/1972 dispõe, acerca do Auto de Infração: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. No caso concreto, todos os requisitos estão presentes. A recorrente se apega a um excesso de formalismo para entender que todas as informações acima teriam, obrigatoriamente, que estar reunidas em um único documento intitulado “auto de infração”. A jurisprudência tem entendido de modo diverso. Nenhum óbice existe a que se faça lavrar um documento em separado contendo, por exemplo, a descrição dos fatos, desde que esse Fl. 2283DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.284 25 documento, como é o caso vertente, faça parte integrante e indissociável do auto de infração. Isso é prática comum nas situações em que a descrição dos fatos é extensa (o termo dos autos tem 65 páginas), necessitando em muitos casos de transcrições, tabelas, demonstrativos e outros recursos indisponíveis no sistema empregado para o auto de infração. Ao contrário do que supõe a recorrente, o emprego de um termo em separado aumenta a clareza do lançamento e milita em favor do direito à ampla defesa e ao contraditório. É irrelevante o nome que se dá a esse termo. Na maioria das vezes, é chamado Termo de Verificação Fiscal, Termo de Verificação de Infrações ou, ainda, Relatório Fiscal. O importante é que sirva para os fins a que se propõe, a saber, a descrição minuciosa dos procedimentos fiscais, dos fatos e infrações constatadas, permitindo, como é o caso, a ampla defesa. Não há, com esse procedimento, qualquer tratamento diferente entre contribuintes, mas sim a adoção de um procedimento que se faz adequado a uma situação concreta, a saber, a necessidade de extensa descrição dos fatos. O formalismo exagerado não é compatível com o processo administrativo, não se fazendo necessária a previsão específica em lei da existência de um termo processual. Disso não se pode afirmar que o interesse público esteja sendo afetado, muito menos que algum princípio constitucional tenha sido violado. A seguir, a recorrente reclama que o acórdão recorrido terseia omitido acerca de relevantes pontos da impugnação, a saber: Aquele veiculado no item IV da impugnação, sob o título: Ausência de requisitos estruturais imprescindíveis para existência legal dos atos jurídicos administrativo: 05 Autos de Infração Fiscal, em epígrafe. Ao contrário do que afirma a recorrente, o acórdão recorrido abordou a questão da seguinte forma (fls. 1637/1638): 119. A Impugnante citou o princípio da indisponibilidade do interesse público em seu auxílio, no sentido de que os agentes públicos estão impedidos de criar, inovar, modificar ou personalizar o Auto de Infração ao arrepio da lei especial que fixa como pressupostos e requisitos obrigatórios para a existência, a validade e a eficácia deste ato jurídico administrativo, sob pena de responsabilidade pessoal do agente Administrativo. 120. Segundo argumentou, o art. 10 do Decreto nº 70.235/72 impõe ao agente público autuante que, na confecção dos autos de infração, atenda os requisitos intrínsecos para a existência válida e eficaz do ato jurídico administrativo, com a descrição do fato, a disposição legal infringida, a penalidade aplicável, a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnala no prazo de 30 dias. Segundo defendeu, os elementos citados não constam nos Autos. Por essa razão, os Autos lavrados seriam nulos de pleno direito. 121. A tese elaborada pela Impugnante novamente causa estranheza, eis que constam, nos documentos que ela mesma anexou aos autos, os elementos que disse estarem faltando. 122. De forma a se fazer justiça no presente caso, devese destacar que a Autoridade Fiscal trouxe aos autos deste processo administrativo fiscal documentação farta e explicações detalhadas, a exemplo do Termo de Verificação Fl. 2284DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.285 26 Fiscal, que descreve os fatos verificados no curso do procedimento fiscal em 65 folhas. 123. Todos os elementos indicados pela Impugnante constam dos documentos gerados pela Autoridade Fiscal – a descrição dos fatos, as disposições legais infringidas, as penalidades cabíveis, a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnala no prazo de 30 dias. Nada faltou na autuação de modo que a Impugnante pudesse alegar a nulidade dos Autos de Infração contra ela lavrados. A resposta não foi aquela que a então impugnante gostaria de receber, o que não significa, em absoluto, que a Turma Julgadora se tenha omitido. Compulsando os autos, não faço reparos ao quanto decidido em primeira instância. A descrição minuciosa dos fatos se encontra nas 65 páginas do Termo de Verificação Fiscal, sobre cuja regularidade já se discorreu neste voto. As disposições legais infringidas estão claramente especificadas tanto no Termo de Verificação Fiscal quanto nos autos de infração propriamente ditos, vide, por exemplo, as fls. 7, 8, 24, 25, 26, 42, 43, 44, 51, 52 e 53. As penalidades cabíveis igualmente estão lá, a exigência se encontra determinada na folha de rosto de cada auto de infração (fls. 4, 22, 40 e 49), juntamente com a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de 30 dias. A ciência se fez por via postal, uma das formas previstas em lei para a intimação. A alegação se mostra desprovida de qualquer fundamente, claramente com o objetivo de procrastinar o andamento processual e não pode ser acolhida. (fl. 1707) Omissão quanto a contradição sobre a não apresentação de livros e documentos e devolução desses mesmos livros e documentos. Não há contradição alguma. A expressão “Devolvemos, nesta data, todos os livros e documentos utilizados no presente procedimento de fiscalização, no estado em que foram recebidos” que consta no Termo de Encerramento de fl. 64 se refere, por certo à devolução daquilo que foi recebido, por exemplo, os extratos bancários. Ofenderia a lógica buscar o entendimento acerca da devolução de algo que sequer foi recebido, como pretende a recorrente. O certo é que a recorrente não afasta a afirmação constante do item 18 do Termo de Verificação Fiscal, de que “não apresentou sua escrituração comercial e fiscal (Livro Diário, Livro Razão, Balancetes mensais ou, alternativamente, Livro Caixa), apesar de ter sido intimado por três vezes a tanto [...]”, o que conduziu, ao final, ao arbitramento do lucro. (fl. 1708) Omissão quanto a quem seriam os "administradores" da recorrente que teriam sido intimados a apresentar livros e documentos de sua escrituração contábil e fiscal e não o fizeram. Mais uma vez, argumento meramente procrastinatório. Basta citar o Termo de Início de Ação Fiscal (fls. 178/180), recebido pelo Sr. Agnaldo Reis dos Santos Filho, procurador da interessada conforme documento de fl. 181. No Termo de Verificação Fiscal, parágrafos 1 a 12 (fls. 66/68), o Fisco descreve os diversos termos de intimação lavrados com o conteúdo de cada um. Os documentos estão nos autos, sempre recebidos por um procurador ou preposto da então fiscalizada. Considero desnecessário prosseguir com essa análise, já demonstrada a improcedência do argumento. Fl. 2285DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.286 27 Ainda como questão preliminar, a recorrente busca rediscutir a matéria posta sob o título de Ilegitimidade da pessoa física intimada. A recorrente reitera que a Sra. Ivanize Cardoso Bitencourt não teria poderes para representar a pessoa jurídica e, desta forma, haveria irregularidade na intimação da autuação. Em primeira instância, a matéria foi assim abordada (fl. 1634): 105. Os argumentos apresentados pela Impugnante são improcedentes. De acordo com o “Extrato do Processo”, a ciência dos Autos de Infração ocorreu em 03/07/2013, via “Correio” (fl. 1588). Ivanize Cardoso Bitencourt tomou ciência dos Autos de Infração em 28/06/2013 (fl. 176 dos autos). Assim, para fixar o prazo para apresentação de defesa, não foi considerada a ciência dada a essa pessoa. 106. Em 03/07/2013, tomou ciência dos lançamentos contestados a sócia Vera Lucia Ferreira de Souza (AR à fl. 1398). No AR, consta no campo Declaração de Conteúdo: “AUTO DE INFRAÇÃO – TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL – PLANILHAS DE APURAÇÃO”. 107. Concluise que a data da ciência considerada pela Receita Federal dos Autos de Infração – 03/07/2013 – está correta, assim como foi regularmente e plenamente cientificado dos lançamentos o Contribuinte autuado, já que a sócia da Clínica teve ciência, conforme acima explicado. 108. Dessa forma, os argumentos da Impugnante de que o seu direito de defesa teria sofrido prejuízos não é procedente. Houve a regular ciência dos lançamentos e o Contribuinte teve o prazo legal de 30 dias para apresentar a sua defesa. Esse questionamento se encontra plenamente superado. A uma, diante da decisão de primeira instância, que analisou corretamente a matéria. A duas, porque a Sra. Ivanize Cardoso Bitencourt, signatária do documento de fl. 176, era procuradora1 da pessoa jurídica (fl. 1011) e já havia praticado diversos outros atos no curso do procedimento de fiscalização, tanto para receber intimações quanto para prestar esclarecimentos e apresentar documentos (por exemplo, fls. 1015, 1016, 1075, 1076, 1078). A três, porque, tendo sido apresentada a competente impugnação ao lançamento, evidenciase que quem de direito deles teve ciência. E mais, sendo a impugnação considerada tempestiva, como de fato o foi, e analisada em sua integridade pela Turma Julgadora em primeira instância, fica afastada qualquer alegação de cerceamento ao direito à ampla defesa e ao contraditório. O argumento, também aqui, deve ser rejeitado. A recorrente passa, então, ao que chama de “mérito propriamente dito” (itens V e VI do recurso) A interessada afirma que ingresso de ativos financeiros em conta bancária não se subsume à regra matriz de incidência de nenhum dos tributos que lhe são exigidos. Reportase, ainda, a jurisprudência baseada na Súmula nº 182, do extinto TFR. 1 O documento de fl. 176 é datado de 26/06/2013. A procuração de fl. 1011 é datada de 03/04/2013. À fl. 1489 encontro documento intitulado Revogação de Instrumento de Procuração e Destituição de Poderes Outorgados, datado de 29/07/2013. Essa revogação, por disposição textual expressa, somente produz efeitos a partir de sua lavratura, ou seja, a partir de 29/07/2013. A ciência do documento de fl. 176, portanto, se deu dentro da vigência da procuração de fl. 1011. Fl. 2286DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.287 28 A acusação trata de omissão de receitas, caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, nos termos do art. 42 da Lei n° 9.430, com a redação dada pela Lei n° 10.637/2002, a seguir transcrito: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; [...] Tratase, como é cediço, de presunção relativa, que admite prova em contrário. Mas essa prova cabe à recorrente. Ao Fisco cabe provar o fato indiciário, definido na lei como necessário e suficiente ao estabelecimento da presunção, qual seja, a ocorrência de depósitos bancários de origem não comprovada. Não há dúvidas de que os depósitos efetivamente ocorreram. Regularmente intimada, a recorrente poderia afastar a presunção de omissão de receitas, desde que apresentasse, nos termos da lei, documentação hábil e idônea que comprovasse, individualizadamente, a origem dos valores creditados em suas contas correntes. Para os optantes pelo lucro presumido, a obrigação de escriturar toda a movimentação financeira, inclusive bancária e, ainda, de guardar todos os documentos e demais papéis que sirvam de base para a escrituração está prevista no art. 527 do Decreto nº 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99): Art. 527. A pessoa jurídica habilitada à opção pelo regime de tributação com base no lucro presumido deverá manter (Lei nº 8.981, de 1995, art. 45): I escrituração contábil nos termos da legislação comercial; II Livro Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término do anocalendário; III em boa guarda e ordem, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam Fl. 2287DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.288 29 pertinentes, todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica, bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. Parágrafo único.O disposto no inciso I deste artigo não se aplica à pessoa jurídica que, no decorrer do anocalendário, mantiver Livro Caixa, no qual deverá estar escriturado toda a movimentação financeira, inclusive bancária (Lei nº 8.981, de 1995, art. 45, parágrafo único). Ao descumprir essa obrigação, a recorrente queda sem meios hábeis para comprovação da origem dos valores que por lá transitaram. Não tendo a interessada qualquer cautela em documentar adequada e completamente os fatos, ficam por sua conta e risco as conseqüências de tal negligência. No caso, a conseqüência é a aplicação da presunção legal de omissão de receitas, nos estritos termos da lei, conforme anteriormente mencionado. Estabelecida a omissão de receitas, ainda que por presunção legal, tais receitas devem ser computadas na determinação do IRPJ e, por reflexo, das contribuições aqui analisadas (CSLL, PIS e COFINS). Devese rejeitar, portanto, a alegação de que os ingressos financeiros não integram a base de cálculo dos tributos aqui discutidos. O que se tributa não são os ingressos financeiros, mas as receitas omitidas, apuradas por presunção legal, com base nos depósitos bancários cuja origem não restou comprovada. Também não é demais registrar que a Súmula nº 182, do extinto Tribunal Federal de Recursos, bem assim a jurisprudência administrativa colacionada pela recorrente, se referem à legislação pretérita, anterior à vigência da Lei nº 9.430/1996, e se encontram superadas. No que tange a decisões mais recentes, com o devido respeito ao Poder Judiciário, não há, até o momento, alguma que vincule a decisão a ser proferida por este CARF, nos termos da legislação que rege o processo administrativo fiscal. A interessada acrescenta que: a) parte dos valores são oriundos de transferências entre contas da impugnante; e b) outra parte dos valores são decorrentes de contas das empresas Camaçari Serviços Médicos e SH Brasil. Quanto às transferências entre contas da própria interessada, a alegação não é nova, e vem desde antes mesmo do lançamento. Durante o procedimento de fiscalização diversas transferências entre contas de mesma titularidade foram tidas como comprovadas e excluídas da matéria tributável, conforme descrito pelo Fisco no Termo de Verificação Fiscal, parágrafos 21 a 24, fls. 74/75. Ademais, diversas outras exclusões foram feitas, como se verifica dessa leitura. Em sede de recurso, a interessada não aponta especificamente alguma transferência entre contas correntes de sua própria titularidade que tenha sido erroneamente incluída na base tributável. Desta forma, seu argumento carece de materialidade e deve ser rejeitado. Quanto à alegação de mútuos com as empresas Camaçari Serviços Médicos e SH Brasil, da mesma forma a alegação não é nova. 132. Quanto aos empréstimos discutidos na impugnação, a Autoridade Fiscal havia concluído pela sua não aceitação, considerando os respectivos valores receitas Fl. 2288DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.289 30 da empresa. De fato, a análise dos elementos levava a sua não aceitação. Exemplificando: conta Banco do Brasil – cc 104450: no campo Histórico dos extratos bancários, constavam para os valores creditados “TED transferências online”, provenientes da Camaçari Serviços Médicos. 133. Além do Histórico não esclarecer o motivo do crédito, o Contribuinte não havia entregue à Autoridade o contrato de mútuo. E se tivesse entregue à época, outras análises teriam sido empreendidas. Observese que a Camaçari Serviços Médicos Especiais Ltda não atua, obviamente, como financeira. Esta não é sua função. Embora isso não signifique que ela não possa efetuar um contrato de mútuo com outra empresa, o que estamos a dizer é que, sendo ela também uma empresa da área médica, os valores que a Impugnante alega que seriam empréstimos também poderiam ser devidos a pagamentos por serviços médicos prestados pela Impugnante. Essa é a razão pela qual apenas o contrato apresentado não comprova o alegado. 134. Abaixo, outra análise retirada do Termo de Verificação Fiscal: conta Banco Real – cc 17258100: no campo Histórico dos extratos bancários, constavam “pagamento a fornecedores” ou “Ted – transferência eletrônica disponível”, provenientes da Camaçari Serviços Médicos e da SH Brasil Serviços de Saúde Ltda. 135. As mesmas considerações já feitas valem para o exemplo acima. 136. Portanto, os valores discutidos pela Impugnante, por ela não ter comprovado que se tratam efetivamente de empréstimos por ela efetuados, ficam mantidos na base de cálculo apurada pela Autoridade Fiscal. Como se vê, os contratos vieram aos autos somente na fase de impugnação. Tratase, por certo, da documentação de fls. 1490/1524. O contrato com SH Brasil Serviços de Saúde Ltda. (fls. 1490/1491), com data de 10/04/2010, é assinado pelas mesmas pessoas tanto em nome da contratante como da contratada. A identidade entre os representantes de contratante e contratada não retira, por si só, a validade do contrato, mas por certo faz com que maiores cautelas sejam observadas. O contrato é particular e não há assinatura de testemunhas, pelo que os efeitos contra terceiros (o Fisco, em particular) restam prejudicados, conforme legislação abaixo. Código Civil – Lei nº 10.406/2002: Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro público. Parágrafo único. A prova do instrumento particular pode suprir se pelas outras de caráter legal. Código de Processo Civil (antigo) – Lei nº 5.869/1973: Fl. 2289DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.290 31 Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) [...] II a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994) Código de Processo Civil (novo) – Lei nº 13.105/2015: Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: [...] III o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas; É certo que a prova da efetividade do contrato se poderia fazer de outras formas, mas não encontro nos autos nada nesse sentido. Observese, ainda, a obscuridade da cláusula segunda do contrato (fl. 1490): CLÁUSULA SEGUNDA: As transações comerciais havidas por conta do crédito ora aberto serão realizadas mediante a emissão de Notas Fiscais, servindo estes documentos de comprovantes da utilização do crédito ora aberto. Ao que se pode compreender, haveria transações comerciais subjacentes ao contrato de abertura de crédito, mas não se esclarece que transações seriam essas, nem são apresentadas quaisquer notas fiscais emitidas nos termos contratuais. Ademais, não encontro entre os documentos de fls. 1490/1524 extratos bancários de contas da SH Brasil Serviços de Saúde que pudessem comprovar as transferências. Finalmente, lembro que a interessada não apresentou ao Fisco sua escrituração comercial, nem mesmo um livro Caixa no qual sua movimentação financeira estivesse registrada. Também não há nos autos cópias de livros da SH Brasil Serviços de Saúde em que se pudesse verificar a escrituração dos alegados mútuos. Esse conjunto de fatos dificulta sobremaneira a verificação de suas alegações, pelo que tenho por correto que os depósitos sejam tidos como de origem não comprovada. Verificações e constatações muito semelhantes podem ser feitas com relação ao contrato firmado com Camaçari Serviços Médicos Especiais Ltda. (fls. 1494/1495). Tratase também de contrato particular, não apresentado durante a fiscalização, assinado pelas mesmas pessoas em nome do contratante e da contratada, sem testemunhas. Apenas não se verifica aqui a obscura cláusula referida no contrato anteriormente analisado. As conclusões são as mesmas. Há uma série de Notas Fiscais de Serviços Eletrônicas, tendo como prestador de serviços Camaçari Serviços Médicos Especiais Ltda e como Tomador dos Serviços Construtora Norberto Odebrecht S/A. A recorrente afirma que os pagamentos por esses serviços teriam sido creditados em sua contacorrente por equívoco, mas a única alegação a corroborar tal afirmativa seria a identidade de valores e períodos. Não há qualquer demonstração de que os valores creditados “por equívoco” tenham sido restituídos a seu real titular. Também não se encontra demonstração (por exemplo, cópias de livros contábeis e Fl. 2290DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.291 32 fiscais) de que os valores tenham sido registrados como receitas pela empresa que seria sua verdadeira titular, segundo a recorrente. Não há como acatar as alegações da interessada. Nos tópicos VIII e IX de seu recurso, a recorrente defende que 90% de suas receitas são oriundas de serviços hospitalares. Assim, o arbitramento do lucro sobre 90% das receitas deveria utilizar o percentual de 8% e não o de 32%. O auto de infração seria completamente nulo. Também esta alegação já foi adequadamente enfrentada em primeira instância. Peço vênia para transcrever o excerto abaixo com o qual concordo e, desde já, adoto também aqui como razões de decidir, nos termos do § único do art. 50 da Lei nº 9.784/1999: 148. Defendeu a Impugnante que 90% de suas receitas são oriundas de serviços hospitalares. Assim, o arbitramento do lucro sobre 90% das receitas deveria utilizar o percentual de 8% e não o de 32%. 149. No curso do procedimento fiscal, o Contribuinte foi intimado a comprovar qual o valor de suas receitas que estava submetido à incidência da alíquota de 32% e qual se submetia à alíquota de 8%. 150. O Contribuinte respondeu à Fiscalização que sua receita bruta foi de R$ 28.613.484,08, sendo R$ 25.752.135,67 referentes a atividades sujeitas à alíquota de 8% e R$ 2.861.348,41 referentes a atividades sujeitas à alíquota de 32%. A receita bruta apurada na ação fiscal foi de R$ 41.702.289,68. A Autoridade Fiscal calculou a diferença entre o valor informado pelo Contribuinte com o valor da receita apurada, ou seja, R$ 41.702.289,68 R$ 28.613.484,08 = R$ 13.088.805,60. Esse valor foi lançado com a aplicação da alíquota de 32% para o cálculo do lucro arbitrado. 151. Ao valor remanescente – R$ 13.088.805,60 – deve ser aplicada o percentual de 32% para o cálculo do lucro arbitrado, conforme dispõe o § 1º do art. 24 da Lei nº 9.249/1995: “Art. 24. Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no períodobase a que corresponder a omissão. § 1º No caso de pessoa jurídica com atividades diversificadas tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta será adicionada àquela a que corresponder o percentual mais elevado. § 2º O valor da receita omitida será considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, da Contribuição para o PIS/Pasep e das contribuições previdenciárias incidentes sobre a receita. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009 ) (...) Fl. 2291DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.292 33 (destaquei.) 152. Portanto, correta a aplicação do percentual de 32% sobre o montante indicado pela Autoridade Fiscal no cálculo do lucro arbitrado. Da mesma maneira, correta a aplicação da lei, em especial do § 1º do art. 24 da Lei nº 9.249/1995, acima, que determina a aplicação do percentual mais elevado caso, não seja possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida. Inexiste, ainda, nulidade a ser reconhecida. A autuação não desconsiderou a natureza das atividades da pessoa jurídica, mas, diante da impossibilidade de identificação da natureza das receitas omitidas, foi aplicado o maior percentual, dentre aqueles das atividades diversificadas desenvolvidas pela interessada. No tópico X do recurso, a recorrente defende a retirada da parcela correspondente ao ISS da base de cálculo apurada do PIS e da COFINS, pois a empresa não “fatura” imposto e sim presta serviço, o qual não está compreendido no conceito de “faturamento”. Cita jurisprudência que entende favorável a sua tese. Tanto PIS quanto COFINS são contribuições cuja base de cálculo é o faturamento, correspondente à receita bruta da pessoa jurídica. Confirase o teor dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/1998, em sua redação vigente à época dos fatos geradores aqui discutidos. Art.2°As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei.(Vide Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Art.3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica.(Vide Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) O parágrafo 2º do art. 3º, supra, discrimina as exclusões da receita bruta, para fins de determinação da base de cálculo. Entre as exclusões admitidas não se encontra o imposto sobre serviços (ISS). Em adição a isso, o conceito de receita bruta é pacífico no âmbito da ciência contábil. Confirase o Manual de Contabilidade Societária2: 28.1 Receitas de vendas de produtos e serviços 28.1.1 Conceitos [...] A Lei nº 6.404/76, em seu art. 187, itens I e II, estabelece que as empresas deverão, na Demonstração do Resultado do Exercício, discriminar “a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, dos abatimentos e dos impostos” e “a receita líquida das vendas e serviços”. Dessa forma, a contabilização das vendas deverá ser feita por seu valor bruto, inclusive impostos, sendo que tais impostos e as devoluções e abatimentos deverão 2 IUDICIBUS, Sérgio de , et alii. Manual de Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2010, pp 485 e 490. Fl. 2292DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.293 34 ser registrados em contas devedores específicas, as quais serão classificadas com contas redutoras das vendas. O Regulamento do Imposto de Renda (art. 280 do RIR/99) define a receita líquida como a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. [...] 28.2.3 Impostos incidentes sobre vendas Os impostos incidentes sobre vendas devem ser deduzidos da receita bruta de vendas. A receita bruta deve ser registrada pelos valores totais, incluindo os impostos sobre ela incidentes (exceto, conforme já mencionado, o Imposto sobre Produtos Industrializados), os quais são assim registrados em contas devedores, apresentadas como redução das vendas brutas na Demonstração do Resultado do Exercício. a) ISS Nas receitas de serviços, temos a conta devedora do ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza). Todavia, se houver ISS incidente sobre outras receitas que não as Recetias Brutas de Vendas, deverá ele ser deduzido especificamente dessas receitas. [...] O ISS é tributo calculado “por dentro”, o que, no jargão contábil, significa que seu valor é incluído em sua própria base de cálculo, a saber, o preço final do serviço prestado3. E esse preço final é o faturamento, equivalente à receita bruta, base de cálculo das contribuições. Com todo o respeito ao Poder Judiciário, inexiste, até o presente momento, qualquer decisão que vincule a Administração Tributária em sentido diverso do exposto. Por esse motivo, o pedido deve ser rejeitado. A seguir (item XI), a recorrente combate as multas aplicadas, no percentual de 225% dos tributos lançados. Por sua ótica, tais multas teriam caráter nitidamente confiscatório, afrontando suas garantias constitucionais, especialmente o art. 150, inciso IV, da Constituição Federal. A vedação ao confisco também seria estendida às multas. Assim reza o dispositivo constitucional invocado pela recorrente (grifo não consta do original): Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] IV utilizar tributo com efeito de confisco; 3 Isso pode ser facilmente verificado até mesmo pelo exame de uma nota fiscal de serviços, por exemplo, à fl. 1506. Fl. 2293DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.294 35 [...] Por pertinente, reproduzo abaixo o artigo 3º da Lei nº 5.172/1966 (CTN) (grifo não consta do original): Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Ora, desde que tributo não é sanção de ato ilícito, conforme dispõe o CTN, fica patente a distinção entre tributo e multa, esta, sim, de natureza punitiva. E a vedação constitucional invocada se refere tão somente a tributo. Quanto à multa ora em discussão, inaplicável a limitação constitucional do poder de tributar trazida pela recorrente. A jurisprudência do STF colacionada não tem aplicação para a situação sob exame. E para sepultar de vez qualquer discussão sobre esse ponto, deve ser trazida à colação a súmula nº 2 deste Primeiro Conselho de Contribuintes, pelo que desnecessário se faz qualquer outro comentário: Súmula 1ºCC nº 2: O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ainda com relação aos percentuais de multa aplicados, a recorrente ressalta sua boa fé e afirma que sempre colaborou com a fiscalização, trazendo, sempre que possível, os documentos solicitados, a exemplo dos extratos bancários. Teria também apresentado manifestação a todos os termos de intimação lavrados. Alguns dos documentos não teriam sido apresentados porque estavam sendo confeccionados. Não teria havido intuito lesivo ao Fisco. Ainda que de forma não muito clara, entendese que a recorrente pretende combater os fundamentos que conduziram à duplicação do percentual básico (75%), levandoo a 150%, o que se tem chamado de qualificação da multa. E também os fundamentos que o aumentaram de metade, chegando a 225%, o que se tem chamado agravamento da multa. Transcrevo, inicialmente, o art. 44 da Lei nº 9.430/1996, base legal tanto de uma quanto de outra situações. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;(Vide Lei nº 10.892, de 2004)(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) [...] § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 2294DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.295 36 § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1odeste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para:(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos;(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991;(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) A qualificação da multa foi assim justificada no ato de lançamento (fls. 95/96): 53 Verificase, a partir do resultado da ação fiscal levada a efeito, que os sóciosadministradores da Clínica Santa Helena, já qualificados neste Termo, apresentaram os DACONs e as DCTF’s informando que não há débitos de tributos quando, em verdade, tais débitos existem. Todas estas declarações e demonstrativos foram entregues “zerados”, ou seja, com todos os campos preenchidos com o valor zero, ou só com dados cadastrais (caso das DCTF’s). A exceção ficou por conta apenas da DCTF de Novembro, onde foram informados 2 débitos, 1 de PIS e outro de COFINS. 54 Os DACON’s de Janeiro, Fevereiro e Março e as DCTF’s de Janeiro, Fevereiro, Março e Dezembro nem chegaram a ser entregues. 55 – A DIPJ apresentada, por sua vez, informa uma receita bruta auferida em 2010 no montante de R$ 20.395.927,13. 56 – Ao mesmo tempo, como pode ser verificado nos extratos bancários fornecidos pelo contribuinte, e segundo tudo quanto exposto neste Termo sobre depósitos bancários de origem não comprovada, a receita bruta apurada nesta ação fiscal foi de R$41.702.289,68. 57 – Ora, não é razoável supor que tal discrepância entre as informações prestadas ocorreu por um simples “erro material”. Não se trata de um erro de cálculo, ou de uma transcrição errônea de um valor da escrita fiscal para as declarações, mas sim da entrega de 1 DIPJ, 9 DACON’s e 8 DCTF’s preenchidas em completo desacordo com o resultado desta fiscalização. 58 – Ressaltese também a completa negligência ao não apresentar 3 DACON’s e 4 DCTF’s, documentos que o fiscalizado tem a obrigação de apresentar ao Fisco para informar o valor de suas receitas e dos tributos apurados. 59 – Também não é razoável supor que tenha sido um mero esquecimento, pelo qual em um determinado mês as declarações foram enviadas sem valores, ou nem mesmo tenham sido enviadas. Não foram casos isolados. 60 – A grande quantidade de declarações apresentadas contendo informações falsas forma um conjunto de circunstâncias que demonstra, de forma clara e evidente, a intenção, o propósito do fiscalizado de não submeter suas receitas à tributação, configurando uma sonegação. Fl. 2295DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.296 37 61 – A prática reiterada de apresentar declarações fiscais contendo informações falsas configurase como o meio fraudulento utilizado pelo sujeito passivo para tentar impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais. [...] Tenho que está perfeitamente caracterizada a conduta dolosa prevista no art. 71 da Lei nº 4.502/1964, verbis: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; De fato, ao apresentar declarações com valores de débitos zeradas e DIPJ com receita informada em valor muito inferior àquela que se veio afinal a apurar no procedimento de fiscalização, sobressai o intuito de impedir que a autoridade fazendária tome conhecimento da ocorrência do fato gerador tributário. A alegação de boa fé e colaboração durante a fiscalização não afasta nem modifica a conduta anterior. A colaboração com o Fisco nada mais é do que o cumprimento da lei que assim determina. A boa fé não se demonstrou ao apresentar declarações de débitos zeradas. A qualificação da multa deve, assim, ser mantida. Por sua vez, o agravamento da penalidade foi assim justificado no ato do lançamento (fls. 104/114): 73 Conforme narrativa nos itens 4, 5 e 10 deste Termo, dos livros e documentos solicitados, o sujeito passivo entregou apenas extratos bancários, Livro de Apuração do ISS e as notas fiscais de serviços. A sua escrituração comercial e fiscal, que poderia até se resumir ao Livro Caixa, não foi apresentada. 74 Passados 4 meses da ciência do Termo de Início de Procedimento Fiscal, o contribuinte não apresentou a sua escrituração contábil, prejudicando o desenvolvimento da ação fiscal, ao tornálo mais dificultoso e demorado. Foi preciso recorrer às informações constantes nos extratos bancários, com a necessidade de intimar o contribuinte a comprovar a origem individualizada de centenas de depósitos a fim de encontrar o valor de sua receita, que deveria ser imediatamente obtida de sua escrituração contábil. 75 – Foi preciso, inclusive, identificar, nos extratos bancários, outras centenas de lançamentos que não se configuravam como receita, para serem excluídos da apuração da receita bruta. Tais informações deveriam estar disponibilizadas de forma direta em uma única conta contábil de receitas no Livro Razão, nos Balancetes Mensais, ou mesmo no Livro Caixa, por exemplo. Fl. 2296DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.297 38 76 É importante frisar que, apesar de não ter inviabilizado a apuração dos tributos, o comportamento do fiscalizado trouxe sérias dificuldades para a ação fiscal, impossibilitando a apuração do lucro presumido e acarretando a necessidade de recorrer à sistemática do lucro arbitrado. 77 – Pouco importa se o contribuinte se recusa expressamente a entregar a documentação, se a entrega parcialmente, ou se informa não possuir a documentação; em todos os casos, o resultado prático é o mesmo: o atraso da ação fiscal e o surgimento de diversas dificuldades a serem superadas antes de realizar a apuração dos tributos devidos por culpa do fiscalizado. [...] 82 – Por tudo quanto exposto, concluise que a omissão do fiscalizado na entrega dos livros e documentos de sua escrituração comercial e fiscal que lhe foram solicitados se constitui em fato jurídico que acarreta diversas conseqüências, dentre as quais a necessidade de arbitramento do lucro como critério substitutivo de apuração da base de cálculo do imposto de renda, de cunho procedimental, e o agravamento em 50% da multa de ofício, de cunho sancionatório. Como se verifica, o motivo invocado pelo Fisco para o agravamento da multa foi a falta de apresentação dos livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, o que teria dificultado e atrasado o trabalho de apuração e lançamento. Não obstante, esse não é um fato que motiva o agravamento da penalidade. Não encontro a falta de atendimento a intimações para prestar esclarecimentos (inciso I do § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430/1996), nem qualquer das demais situações ali previstas. Ao contrário, diversas respostas constam dos autos, seja para apresentação parcial de documentos, seja para pedir prorrogação de prazo, seja para prestar esclarecimentos. Vide, por exemplo, fls. 916, 917/1009, 1010, 1016/1073, 1076 e 1079/1088. Essa constatação é coerente com a alegação da recorrente de que alguns dos documentos não teriam sido apresentados porque estavam sendo confeccionados. É certo que grande parte dos livros e documentos, que deveriam obrigatoriamente ser mantidos em boa guarda pelo contribuinte e prontamente apresentados quando solicitados, não o foram. Mas essa situação não encontra guarida no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430/1996. Por outro lado, motivam, como de fato o fizeram, o arbitramento do lucro. A jurisprudência administrativa se encontra consolidada no sentido de que as duas situações (arbitramento dos lucros e agravamento da penalidade) não podem conviver, quando apenas o fato que motivou a primeira é fundamento para a segunda. Confirase o teor da Súmula CARF nº 96: Súmula CARF nº 96: A falta de apresentação de livros e documentos da escrituração não justifica, por si só, o agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros. Na ausência de outro fundamento para o agravamento da penalidade, distinto daquele que conduziu ao arbitramento dos lucros, tenho que o agravamento deve ser afastado. Fl. 2297DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13502.720618/201311 Acórdão n.º 1301002.124 S1C3T1 Fl. 2.298 39 No que toca ao assunto “multas”, portanto, voto pelo provimento parcial do recurso para afastar o agravamento, reduzindo as multas ao percentual qualificado de 150%. O item XII do recurso voluntário é, na prática, uma síntese de todos os argumentos anteriormente apresentados pela recorrente. A Autoridade Fiscal teria desconsiderado as informações da DIPJ, autuado com base exclusivamente em extratos bancários, deixado de levar em conta operações entre empresas, arbitrado lucro de maneira equivocada, aplicado multa desproporcional e confiscatória, olvidado da jurisprudência dos tribunais superiores. Todas essas matérias já foram objeto de análise neste voto. Aos lançamentos reflexos de CSLL, PIS e COFINS aplicase, por igual, tudo que foi aqui exposto. Por todo o exposto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, pelo provimento parcial do recurso voluntário apresentado pela contribuinte Clínica Santa Helena Ltda. para reduzir as multas aplicadas ao percentual qualificado de 150%. Conclusão Encaminho meu voto no sentido de conhecer do recurso voluntário apresentado pelo responsável tributário Sr. Eládio Galdino Vilela de Souza tão somente quanto aos argumentos que se opõem à declaração de intempestividade da impugnação e de revelia processual, e negarlhe provimento. Quanto aos demais argumentos, não os conheço. No que respeita ao recurso voluntário apresentado pela contribuinte Clínica Santa Helena Ltda., voto por voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, por seu provimento parcial para reduzir as multas aplicadas ao percentual qualificado de 150%. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 2298DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA
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Numero do processo: 10835.720085/2005-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Exercício: 2005
SOCIEDADES COOPERATIVAS. NÃO INCIDÊNCIA.
O resultado positivo obtido pelas sociedades cooperativas nas operações realizadas com seus cooperados não integra a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Exercício: 2005
SOCIEDADES COOPERATIVAS. INCIDÊNCIA. COOPERATIVA DE TRABALHO. DEDUÇÕES PERMITIDAS.
As sociedades cooperativas, em geral, estão sujeitas ao recolhimento da contribuição, a qual incide sobre o faturamento, assim entendida a receita bruta auferida pela pessoa jurídica. As deduções permitidas são aquelas autorizadas em lei, seja em caráter geral, seja ao tratar especificamente das sociedades cooperativas. As cooperativas de trabalho não estão autorizadas a deduzir da base de cálculo da contribuição a integralidade de suas receitas de prestação de serviços.
RETENÇÃO NA FONTE. ANTECIPAÇÃO DO VALOR DEVIDO. FALTA DE LIQUIDEZ E CERTEZA. RESTITUIÇÃO NEGADA.
Os valores da contribuição, retidos pelas fontes pagadoras das receitas auferidas pela cooperativa, são meras antecipações do valor que ao final de cada período de apuração se mostra devido, nos termos da lei. Se o valor devido foi irregularmente apurado não há como ter as retenções sofridas como direito creditório líquido e certo em favor do sujeito passivo. Correta a decisão de negou a restituição.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Exercício: 2005
SOCIEDADES COOPERATIVAS. INCIDÊNCIA. COOPERATIVA DE TRABALHO. DEDUÇÕES PERMITIDAS.
As sociedades cooperativas, em geral, estão sujeitas ao recolhimento da contribuição, a qual incide sobre o faturamento, assim entendida a receita bruta auferida pela pessoa jurídica. As deduções permitidas são aquelas autorizadas em lei, seja em caráter geral, seja ao tratar especificamente das sociedades cooperativas. As cooperativas de trabalho não estão autorizadas a deduzir da base de cálculo da contribuição a integralidade de suas receitas de prestação de serviços.
RETENÇÃO NA FONTE. ANTECIPAÇÃO DO VALOR DEVIDO. FALTA DE LIQUIDEZ E CERTEZA. RESTITUIÇÃO NEGADA.
Os valores da contribuição, retidos pelas fontes pagadoras das receitas auferidas pela cooperativa, são meras antecipações do valor que ao final de cada período de apuração se mostra devido, nos termos da lei. Se o valor devido foi irregularmente apurado não há como ter as retenções sofridas como direito creditório líquido e certo em favor do sujeito passivo. Correta a decisão de negou a restituição.
Numero da decisão: 1301-002.150
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário, para reconhecer direito creditório em favor da interessada, passível de restituição, no montante de R$ 8.115,94.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: Waldir Veiga Rocha
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NÃO INCIDÊNCIA. O resultado positivo obtido pelas sociedades cooperativas nas operações realizadas com seus cooperados não integra a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Exercício: 2005 SOCIEDADES COOPERATIVAS. INCIDÊNCIA. COOPERATIVA DE TRABALHO. DEDUÇÕES PERMITIDAS. As sociedades cooperativas, em geral, estão sujeitas ao recolhimento da contribuição, a qual incide sobre o faturamento, assim entendida a receita bruta auferida pela pessoa jurídica. As deduções permitidas são aquelas autorizadas em lei, seja em caráter geral, seja ao tratar especificamente das sociedades cooperativas. As cooperativas de trabalho não estão autorizadas a deduzir da base de cálculo da contribuição a integralidade de suas receitas de prestação de serviços. RETENÇÃO NA FONTE. ANTECIPAÇÃO DO VALOR DEVIDO. FALTA DE LIQUIDEZ E CERTEZA. RESTITUIÇÃO NEGADA. Os valores da contribuição, retidos pelas fontes pagadoras das receitas auferidas pela cooperativa, são meras antecipações do valor que ao final de cada período de apuração se mostra devido, nos termos da lei. Se o valor devido foi irregularmente apurado não há como ter as retenções sofridas como direito creditório líquido e certo em favor do sujeito passivo. Correta a decisão de negou a restituição. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 72 00 85 /2 00 5- 08 Fl. 233DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10835.720085/200508 Acórdão n.º 1301002.150 S1C3T1 Fl. 234 2 Exercício: 2005 SOCIEDADES COOPERATIVAS. INCIDÊNCIA. COOPERATIVA DE TRABALHO. DEDUÇÕES PERMITIDAS. As sociedades cooperativas, em geral, estão sujeitas ao recolhimento da contribuição, a qual incide sobre o faturamento, assim entendida a receita bruta auferida pela pessoa jurídica. As deduções permitidas são aquelas autorizadas em lei, seja em caráter geral, seja ao tratar especificamente das sociedades cooperativas. As cooperativas de trabalho não estão autorizadas a deduzir da base de cálculo da contribuição a integralidade de suas receitas de prestação de serviços. RETENÇÃO NA FONTE. ANTECIPAÇÃO DO VALOR DEVIDO. FALTA DE LIQUIDEZ E CERTEZA. RESTITUIÇÃO NEGADA. Os valores da contribuição, retidos pelas fontes pagadoras das receitas auferidas pela cooperativa, são meras antecipações do valor que ao final de cada período de apuração se mostra devido, nos termos da lei. Se o valor devido foi irregularmente apurado não há como ter as retenções sofridas como direito creditório líquido e certo em favor do sujeito passivo. Correta a decisão de negou a restituição. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário, para reconhecer direito creditório em favor da interessada, passível de restituição, no montante de R$ 8.115,94. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Waldir Veiga Rocha. Relatório COOPERATIVA DE TRABALHO MULTIPROFISSIONAL DE LUCÉLIA, já devidamente qualificada nestes autos, recorre a este Conselho contra a decisão prolatada pela 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito: Fl. 234DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10835.720085/200508 Acórdão n.º 1301002.150 S1C3T1 Fl. 235 3 Tratase de Manifestação de Inconformidade interposta em face de Despacho Decisório, em que foi apreciada a PER/DCOMP de fls. 02/04, transmitida em 29/08/2005, por intermédio da qual a contribuinte pretende ver restituído crédito, no montante de R$ 37.739,08, relativo a valores de PIS, Cofins e CSLL, que reputa terem sido indevidamente retidos, em decorrência de pagamentos efetuados por serviços prestados pelos seus associados. A análise da liquidez e certeza do crédito utilizado na PER/DCOMP foi efetuada pela DRF em Presidente Prudente no Despacho Decisório de fl. 150, de 14/12/2005, que aprovou o Parecer DRF/PPE/Saort nº 28, de 14/12/2005, através do qual a autoridade competente não reconheceu o direito creditório pleiteado, vez que os valores de PIS, Cofins e CSLL retidos devem ser considerados como antecipação do devido pelo contribuinte que sofreu a retenção, podendo ser deduzidos das contribuições devidas da mesma espécie, relativamente a fatos geradores ocorridos a partir do mês de retenção. Cientificada do Despacho Decisório em 26/12/2005 (fl. 153), a contribuinte ingressou, em 25/01/2006, com a manifestação de inconformidade de fls. 154/162, na qual alega, em síntese, que: a) a manifestante é uma cooperativa sem fins lucrativos, tendo como prestadores de serviços seus próprios associados; b) toda a receita da cooperativa reverte, exclusivamente, aos cooperados, sendo as despesas rateadas proporcionalmente entre os sócios; c) tratase de uma sociedade que não possui receita e nem despesa; d) as cooperativas buscam tão somente a satisfação dos custos administrativos, nunca o lucro; e) tributar os atos cooperativos é uma clara ofensa aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e da isonomia; f) a interessada teve o PIS, Cofins e CSLL retidos pelas fontes pagadoras, por se tratar de prestação de serviços e ser remunerada por empresas que se enquadravam nas hipóteses previstas na Lei nº 10.833/2003; g) discorre sobre a isenção dos atos cooperativos; h) assevera que Lei Ordinária não pode revogar Lei Complementar, portanto, as cooperativas continuam isentas do pagamento da Cofins, PIS e CSLL; i) cita matéria extraída da Internet que relata o tema em questão. Ao final, requer que o processo administrativo seja julgado totalmente procedente e seja restituída à requerente a contribuição do PIS, Cofins e CSLL, retida indevidamente. A 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP analisou a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte e, mediante o Acórdão nº 1415.858, de 29/05/2007 (fls. 196/202), indeferiu a solicitação, conforme ementa a seguir transcrita: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 CRÉDITOS. RESTITUIÇÃO. Para aceitarse a restituição pretendida pela contribuinte, os créditos que supõe ter necessitam gozar de liquidez e certeza. CSLL. SOCIEDADES COOPERATIVAS. INCIDÊNCIA. A contribuição social sobre o lucro líquido incide sobre a totalidade do resultado apurado pela cooperativa no período base, incluindo tanto os atos nãocooperativos quanto os cooperativos. A isenção da CSLL aplicável aos ingressos provenientes de atos cooperativos, prevista na Lei 10.865/2004, só tem vigência a partir de 1º de janeiro de 2005. Fl. 235DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10835.720085/200508 Acórdão n.º 1301002.150 S1C3T1 Fl. 236 4 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS. SOCIEDADES COOPERATIVAS. INCIDÊNCIA. As sociedades cooperativas, em geral, estão sujeitas ao recolhimento dessas contribuições, em relação às sua receita bruta total auferida mensalmente, sendo admitidas as exclusões ou deduções específicas de acordo com suas atividades. Ciente da decisão de primeira instância em 08/04/2008, conforme documento de fl. 207, e com ela inconformada, a empresa apresentou recurso voluntário em 08/05/2008 (registro de recepção à fl. 213, razões de recurso às fls. 213/223), mediante o qual oferece, mais ou menos com as mesmas palavras, os mesmos argumentos já trazidos em sede de manifestação de inconformidade. O processo foi levado a julgamento perante a 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF, a qual, mediante o Acórdão nº 3102001.435 (fls. 226/229), de 24/04/2012, declinou da competência para esta 1ª Seção de Julgamento. É o Relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O recurso é tempestivo e dele conheço. Conforme visto, o processo trata de pedido de restituição (PER). Na declaração eletrônica (fl. 6), consta que o crédito de R$ 37.739,08 seria de saldo negativo de CSLL, apurado entre 01/03/2004 e 31/12/2004. No entanto, desde o início do processo ficou claro que esse montante corresponde, de fato, às retenções na fonte sofridas pela interessada no anocalendário 2004, de três diferentes fontes pagadoras (fl. 7). Duas dessas fontes efetuaram a retenção sob o código 5952 e uma delas sob o código 8863. A retenção é conjunta, envolvendo três diferentes tributos, a saber: CSLL, PIS e COFINS. Passo a analisar, inicialmente, a CSLL. CSLL A incidência da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL sobre o resultado das cooperativas já foi objeto de discussões acirradas. No âmbito deste CARF, no entanto, a discussão já foi pacificada, a ponto de resultar na Súmula CARF nº 83, abaixo transcrita: Súmula CARF nº 83: O resultado positivo obtido pelas sociedades cooperativas nas operações realizadas com seus cooperados não integra a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, mesmo antes da vigência do art. 39 da Lei no 10.865, de 2004. Fl. 236DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10835.720085/200508 Acórdão n.º 1301002.150 S1C3T1 Fl. 237 5 Ressaltese que as súmulas CARF são de aplicação obrigatória pelos integrantes deste Colegiado. Alega a interessada tratarse de cooperativa de trabalho multiprofissional, sendo os cooperados profissionais de várias atividades e que a finalidade da cooperativa é conseguir trabalho para os cooperados junto a empresas que necessitem de seus serviços. Em uma das pontas das atividades desenvolvidas pela cooperativa, portanto, estariam os cooperados. Na outra ponta, empresas que necessitam dos serviços que eles (cooperados) estão habilitados a fazer. A totalidade dos atos praticados seria, pois, de atos cooperativos, não alcançados pela incidência da CSLL. O exame dos autos confirma esse entendimento. O objeto social da interessada consta do art. 2º de seu estatuto social (fls. 172/173), verbis: Art. 2° A COSERGE terá por objeto a defesa econômicosocial dos seus associados, por meio de ajuda mútua, proporcionandolhes condições para o exercício de suas atividades profissionais nas áreas administrativa, operacional, saúde, educação e produção. I — No cumprimento das suas finalidades a COSERGE se desenvolverá praticamente em duas áreas de operações contratuais com o mercado, urna com empresas públicas, onde a COSERGE poderá participar através de licitações, e outra com empresas privadas, pessoas jurídicas ou físicas na prestação de serviços gerais, tais como: Limpeza e Conservação Predial e Logradouros, Arrumadeira, Preparadores, Conferentes e Digitadores de Dados, Motoristas, Ascensoristas, Porteiros, Copeiros, Jardineiros, Atendentes de Postos de Gasolina, Lavador e Lubrificador de Autos, Serviços Auxiliares em Supermercados, Operadores de Cargas e Materiais, Operação de Telefonia e Telemarketing, Recepcionistas, Garagista e Manobrista de Estacionamento, Coleta de lixo Industriai e Urbano, Trabalhos agrícolas abrangendo toda a área rural, Trabalhos de mãodeobra Temporária. II — Todos os serviços contratados pela COSERGE serão executados por associados, não existindo vinculo empregatício entre ambos, nem entre esses últimos e os tomadores dos serviços, independentemente do local de sua prestação, nos termos do Art. 90 da LEI 5764/71 e do Art. 442 do DecretoLei 5452/43 (CLT), parágrafo único, introduzido pela Lei 8949/94. Nesse mesmo sentido, confiramse as diversas notas fiscais de serviços, de emissão da cooperativa juntadas aos autos. Por exemplo, à fl. 27, NFS emitida em nome de Churrascaria Esteio Ltda, cuja descrição dos serviços é "produção de serviços de limpeza, portaria, garçom, manutenção, recepção e cozinheiro ...". Ainda, na DIPJ correspondente ao anocalendário 2004 (fls. 116/118), observase que a interessada exclui da base de cálculo da CSLL a totalidade do resultado positivo, o que é coerente com seu entendimento sobre a não incidência dessa contribuição. Observo, finalmente, que não há questionamento por parte do Fisco a infirmar esse modo de operação. O Despacho Decisório (fl. 157) negou o pleito, fundado na Instrução Normativa SRF nº 390/2004, a qual dispõe que incide a CSLL sobre o resultado do período, seja ele decorrente de operações com cooperados ou com não cooperados. Também esse foi o fundamento adotado pelo acórdão recorrido. Fl. 237DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10835.720085/200508 Acórdão n.º 1301002.150 S1C3T1 Fl. 238 6 Esse entendimento, no entanto, se revela contrário à retromencionada Súmula CARF nº 83. Não havendo nos autos qualquer questionamento sobre a natureza dos atos praticados pela cooperativa, tenho que os resultados positivos por ela apurados devem ser tidos como decorrentes de atos cooperativos, do que decorre a não incidência da CSLL sobre esses resultados. Não havendo débito de CSLL, a integralidade do valor retido a esse título é passível de restituição. O próximo passo é quantificar a retenção sofrida. Como se viu, as retenções foram feitas por três diferentes fontes pagadoras, de modo globalizado, abrangendo CSLL, PIS e COFINS. Para o código de retenção 5952, a Instrução Normativa SRF nº 381/2003 assim dispõe: Art. 2º O valor da CSLL, da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, de que trata o art. 1º, será determinado mediante a aplicação, sobre o montante a ser pago, do percentual total de 4,65%, (quatro inteiros e sessenta e cinco centésimos por cento), correspondente à soma das alíquotas de 1% (um por cento), 3% (três por cento) e 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento), respectivamente, e recolhido mediante o código de arrecadação 5952. Por sua vez, para o código de retenção 8863, a Instrução Normativa SRF nº 306/2003 traz em seu anexo a seguinte partição: IR: 0,0%; CSLL: 1,0%; COFINS: 3,0%; PIS/PASEP: 0,65%; TOTAL: 4, 65%. Em ambos os casos, portanto, o valor retido a título de CSLL deve obedecer à proporção de 1/4,65 = 0,215054 ou 21,5054% do montante retido. Em sua DIPJ (fls. 117/118), a interessada discrimina a CSLL retida por entidade da administração pública federal (linha 17/49), no valor de R$ 4.233,76. Essa rubrica corresponde ao código de retenção 8863, e o extrato da DIRF apresentada pela fonte pagadora se encontra à fl. 17. O total da retenção (CSLL + COFINS + PIS) é de R$ 19.683,93. Aplicandose a esse valor a relação percentual anteriormente demonstrada (21,5054%), chega se à CSLL retida de R$ 4.233,76, exatamente o valor constante da DIPJ. Ainda na DIPJ (fls. 117/118) a interessada discrimina a CSLL retida por outras pessoas jurídicas (linha 17/47), no valor de R$ 3.882,17. Essa rubrica corresponde ao código de retenção 5952, para o qual houve duas retenções. O extrato da DIRF de fl. 18 (apresentada pela fonte pagadora Churrascaria Esteio Ltda.) traz um total de retenção (CSLL + COFINS + PIS) de R$ 3.695,98. Aplicandose a esse valor a relação percentual anteriormente demonstrada (21,5054%), chegase à CSLL retida de R$ 794,83. O extrato da DIRF de fl. 19 (apresentada pela fonte pagadora Maximeat Alimentos Ltda.) traz um total de retenção (CSLL + COFINS + PIS) de R$ 5.681,93. Aplicandose a esse valor a relação percentual anteriormente demonstrada (21,5054%), chega se à CSLL retida de R$ 1.203,40. Aqui, o valor declarado em DIRF pela fonte pagadora é Fl. 238DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10835.720085/200508 Acórdão n.º 1301002.150 S1C3T1 Fl. 239 7 divergente daquele que consta do Comprovante Anual de Retenção de CSLL, Cofins e PIS/PASEP (fl. 16), fornecido à interessada pela mesma fonte. Nesse último documento, constam retenções totalizando R$ 14.356,17, conduzindo a uma retenção de CSLL no valor de R$ 3.087,35. Ao confrontar o Comprovante de fl. 16 com o extrato da DIRF de fl. 19, observa se que a diferença reside nos meses de outubro, novembro e dezembro. Para esses três meses, constam valores pagos e retenções no documento de fl. 16, mas nada no documento de fl. 19. Ao examinar as notas fiscais de serviços de fls. 33/50, emitidas pela interessada tendo como tomadora dos serviços a Maximeat Alimentos Ltda., encontro notas fiscais correspondentes a todo o período, tanto os meses em que há coincidências entre os documentos de fls. 16 e 19 quanto os meses de outubro, novembro e dezembro. Penso que a interessada apresentou o documento obrigatório (Comprovante Anual de Retenção de CSLL, Cofins e PIS/PASEP), fornecido pela fonte pagadora, e, adicionalmente, apresentou cópias das notas fiscais, de sua emissão, cujos valores coincidem com aqueles do comprovante de fl. 16. Por esse motivo, diante da divergência entre os dois documentos, considero correto o de fl. 16. Com isso, considero a retenção por essa fonte pagadora, a título de CSLL, no montante de R$ 3.087,35. O total comprovado de retenção na fonte, a titulo de CSLL, é, pois, de R$ 8.115,94 (= R$ 4.233,76 + R$ 794,83 + R$ 3.087,35). No que toca a essa contribuição (CSLL), voto por dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer direito creditório, passível de restituição, no montante de R$ 8.115,94. COFINS e PIS/PASEP Aqui, a análise deve seguir outro viés. É que a incidência dessas contribuições não se dá sobre o resultado positivo correspondente a atos cooperados ou não cooperados, mas sim sobre o faturamento. E essa incidência já foi apreciada pelo Poder Judiciário. Para o PIS/PASEP, trago à colação o quanto decidido pelo Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 599.362, cuja decisão, datada de 06/11/2014, possui as seguintes ementa e acórdão: Recurso extraordinário. Repercussão geral. Artigo 146, III, c, da Constituição Federal. Adequado tratamento tributário. Inexistência de imunidade ou de não incidência com relação ao ato cooperativo. Lei nº 5.764/71. Recepção como lei ordinária. PIS/PASEP. Incidência. MP nº 2.15835/2001. Afronta ao princípio da isonomia. Inexistência. 1. O adequado tratamento tributário referido no art. 146, III, c, CF é dirigido ao ato cooperativo. A norma constitucional concerne à tributação do ato cooperativo, e não aos tributos dos quais as cooperativas possam vir a ser contribuintes. 2. O art. 146, III, c, CF pressupõe a possibilidade de tributação do ato cooperativo ao dispor que a lei complementar estabelecerá a forma adequada para tanto. O texto constitucional a ele não garante imunidade ou mesmo não incidência de tributos, tampouco decorre diretamente da Constituição direito subjetivo das cooperativas à isenção. 3. A definição do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo se insere na órbita da opção política do legislador. Até que sobrevenha a lei complementar Fl. 239DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10835.720085/200508 Acórdão n.º 1301002.150 S1C3T1 Fl. 240 8 que definirá esse adequado tratamento, a legislação ordinária relativa a cada espécie tributária deve, com relação a ele, garantir a neutralidade e a transparência, evitando tratamento gravoso ou prejudicial ao ato cooperativo e respeitando, ademais, as peculiaridades das cooperativas com relação às demais sociedades de pessoas e de capitais. 4. A Lei nº 5.764/71 foi recepcionada pela Constituição de 1988 com natureza de lei ordinária e o seu art. 79 apenas define o que é ato cooperativo, sem nada referir quanto ao regime de tributação. Se essa definição repercutirá ou não na materialidade de cada espécie tributária, só a análise da subsunção do fato na norma de incidência específica, em cada caso concreto, dirá. 5. Na hipótese dos autos, a cooperativa de trabalho, na operação com terceiros – contratação de serviços ou vendas de produtos não surge como mera intermediária de trabalhadores autônomos, mas, sim, como entidade autônoma, com personalidade jurídica própria, distinta da dos trabalhadores associados. 6. Cooperativa é pessoa jurídica que, nas suas relações com terceiros, tem faturamento, constituindo seus resultados positivos receita tributável. 7. Não se pode inferir, no que tange ao financiamento da seguridade social, que tinha o constituinte a intenção de conferir às cooperativas de trabalho tratamento tributário privilegiado, uma vez que está expressamente consignado na Constituição que a seguridade social “será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei” (art. 195, caput, da CF/88). 8. Inexiste ofensa ao postulado da isonomia na sistemática de créditos conferida pelo art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001. Eventual insuficiência de normas concedendo exclusões e deduções de receitas da base de cálculo da contribuição ao PIS não pode ser tida como violadora do mínimo garantido pelo texto constitucional. 9. É possível, senão necessário, estabeleceremse diferenciações entre as cooperativas, de acordo com as características de cada segmento do cooperativismo e com a maior ou a menor necessidade de fomento dessa ou daquela atividade econômica. O que não se admite são as diferenciações arbitrárias, o que não ocorreu no caso concreto. 10. Recurso extraordinário ao qual o Supremo Tribunal Federal dá provimento para declarar a incidência da contribuição ao PIS/PASEP sobre os atos (negócios jurídicos) praticados pela impetrante com terceiros tomadores de serviço, objeto da impetração. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária, sob a presidência do Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, decidindo o tema 323 da Repercussão Geral, por unanimidade de votos e nos termos do voto do Relator, em dar provimento ao recurso extraordinário. Já no que respeita à COFINS, confirase o teor da ementa e acórdão, datado de 06/11/2014, da decisão do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 598.085: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. TRIBUTÁRIO. ATO COOPERATIVO. COOPERATIVA DE TRABALHO. Fl. 240DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10835.720085/200508 Acórdão n.º 1301002.150 S1C3T1 Fl. 241 9 SOCIEDADE COOPERATIVA PRESTADORA DE SERVIÇOS MÉDICOS. POSTO REALIZAR COM TERCEIROS NÃO ASSOCIADOS (NÃO COOPERADOS) VENDA DE MERCADORIAS E DE SERVIÇOS SUJEITASE À INCIDÊNCIA DA COFINS, PORQUANTO AUFERIR RECEITA BRUTA OU FATURAMENTO ATRAVÉS DESTES ATOS OU NEGÓCIOS JURÍDICOS. CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE “ATO NÃO COOPERATIVO” POR EXCLUSÃO, NO SENTIDO DE QUE SÃO TODOS OS ATOS OU NEGÓCIOS PRATICADOS COM TERCEIROS NÃO ASSOCIADOS (COOPERADOS), EX VI, PESSOAS FÍSICAS OU JURÍDICAS TOMADORAS DE SERVIÇO. POSSIBILIDADE DE REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO FISCAL (ISENÇÃO DA COFINS) PREVISTO NO INCISO I, DO ART. 6°, DA LC Nº 70/91, PELA MP Nº 1.8586 E REEDIÇÕES SEGUINTES, CONSOLIDADA NA ATUAL MP Nº 2.158 35. A LEI COMPLEMENTAR A QUE SE REFERE O ART. 146, III, “C”, DA CF/88, DETERMINANTE DO “ADEQUADO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO AO ATO COOPERATIVO”, AINDA NÃO FOI EDITADA. EX POSITIS, DOU PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 1. As contribuições ao PIS e à COFINS sujeitamse ao mesmo regime jurídico, porquanto aplicável a mesma ratio quanto à definição dos aspectos da hipótese de incidência, em especial o pessoal (sujeito passivo) e o quantitativo (base de cálculo e alíquota), a recomendar solução uniforme pelo colegiado. 2. O princípio da solidariedade social, o qual inspira todo o arcabouço de financiamento da seguridade social, à luz do art. 195 da CF/88, matriz constitucional da COFINS, é mandamental com relação a todo o sistema jurídico, a incidir também sobre as cooperativas. 3. O cooperativismo no texto constitucional logrou obter proteção e estímulo à formação de cooperativas, não como norma programática, mas como mandato constitucional, em especial nos arts. 146, III, c; 174, § 2°; 187, I e VI, e 47, § 7º, ADCT. O art. 146, c, CF/88, trata das limitações constitucionais ao poder de tributar, verdadeira regra de bloqueio, como corolário daquele, não se revelando norma imunitória, consoante já assentado pela Suprema Corte nos autos do RE 141.800, Relator Ministro Moreira Alves, 1ª Turma, DJ 03/10/1997. 4. O legislador ordinário de cada pessoa política poderá garantir a neutralidade tributária com a concessão de benefícios fiscais às cooperativas, tais como isenções, até que sobrevenha a lei complementar a que se refere o art. 146, III, c, CF/88. O benefício fiscal, previsto no inciso I do art. 6º da Lei Complementar nº 70/91, foi revogado pela Medida Provisória nº 1.858 e reedições seguintes, consolidada na atual Medida Provisória nº 2.158, tornandose tributáveis pela COFINS as receitas auferidas pelas cooperativas (ADI 1/DF, Min. Relator Moreira Alves, DJ 16/06/1995). 5. A Lei nº 5.764/71, que define o regime jurídico das sociedades cooperativas e do ato cooperativo (artigos 79, 85, 86, 87, 88 e 111), e as leis ordinárias instituidoras de cada tributo, onde não conflitem com a ratio ora construída sobre o alcance, extensão e efetividade do art. 146, III, c, CF/88, possuem regular aplicação. 6. Acaso adotado o entendimento de que as cooperativas não possuem lucro ou faturamento quanto ao ato cooperativo praticado com terceiros não associados (não cooperados), inexistindo imunidade tributária, haveria violação a determinação constitucional de que a seguridade social será financiada por toda a sociedade, ex vi, art. 195, I, b, da CF/88, seria violada. Fl. 241DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10835.720085/200508 Acórdão n.º 1301002.150 S1C3T1 Fl. 242 10 7. Consectariamente, atos cooperativos próprios ou internos são aqueles realizados pela cooperativa com os seus associados (cooperados) na busca dos seus objetivos institucionais. 8. A Suprema Corte, por ocasião do julgamento dos recursos extraordinários 357.950/RS, 358.273/RS, 390.840/MG, Relator Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, DJ 15082006, e 346.084/PR, Relator Min. ILMAR GALVÃO, Relator p/ Acórdão Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, DJ 01092006, assentou a inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo das contribuições destinadas ao PIS e à COFINS, promovida pelo § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, o que implicou na concepção da receita bruta ou faturamento como o que decorra quer da venda de mercadorias, quer da venda de mercadorias e serviços, quer da venda de serviços. 9. Recurso extraordinário interposto pela UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), com fulcro no art. 102, III, “a”, da Constituição Federal de 1988, em face de acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região, verbis: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. COOPERATIVA. LEI Nº. 5.764/71. COFINS. MP N°. 1.858/99. LEI 9.718/98, ART. 3°, § 1° (INCONSTITUCIONALIDADE). NÃOINCIDÊNCIA DA COFINS SOBRE OS ATOS COOPERATIVOS. 1. A Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998 (DOU de 16/12/1998) não tem força para legitimar o texto do art. 3°, § 1°, da Lei nº. 9.718/98, haja vista que a lei entrou em vigor na data de sua publicação, em 28 de novembro de 1998. 2. É inconstitucional o § 1° do artigo 3º da Lei n° 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (RREE. 357.950/RS, 346.084/PR, 358.273/RS e 390.840/MG) 3. Prevalece, no confronto com a Lei nº. 9718/98, para fins de determinação da base de cálculo da Cofins o disposto no art. 2° da Lei n° 70/91, que considera faturamento somente a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. 4. Os atos cooperativos (Lei nº. 5.764/71 art. 79) não geram receita nem faturamento para as sociedades cooperativas. Não compõem, portanto, o fato imponível para incidência da Cofins. 5. Em se tratando de mandado de segurança, não são devidos honorários de advogado. Aplicação das Súmulas 512 do STF e 105 do STJ. 6. Apelação provida. (fls. 120/121). 10. A natureza jurídica dos valores recebidos pelas cooperativas e provenientes não de seus cooperados, mas de terceiros tomadores dos serviços ou adquirentes das mercadorias vendidas e a incidência da COFINS, do PIS e da CSLL sobre o produto de ato cooperativo, por violação dos conceitos constitucionais de “ato cooperado”, “receita da atividade cooperativa” e “cooperado”, são temas que se encontram sujeitos à repercussão geral nos recursos: RE 597.315RG, Relator Min. ROBERTO BARROSO, julgamento em 02/02/2012, Dje 22/02/2012, RE 672.215 RG, Relator Min. ROBERTO BARROSO, julgamento em 29/03/2012, Dje 27/04/2012, e RE 599.362RG, Relator Min. DIAS TOFFOLI, Dje13122010, notadamente acerca da controvérsia atinente à possibilidade da incidência da contribuição para o PIS sobre os atos cooperativos, tendo em vista o disposto na Medida Provisória nº 2.15833, originariamente editada sob o nº 1.8586, e nas Leis nºs 9.715 e 9.718, ambas de 1998. 11. Ex positis, dou provimento ao recurso extraordinário para declarar a incidência da COFINS sobre os atos (negócios jurídicos) praticados pela recorrida com terceiros tomadores de serviço, resguardadas as exclusões e deduções legalmente previstas. Ressalvo, ainda, a manutenção do acórdão recorrido naquilo Fl. 242DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10835.720085/200508 Acórdão n.º 1301002.150 S1C3T1 Fl. 243 11 que declarou inconstitucional o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, decidindo o tema 177 da Repercussão Geral, por unanimidade de votos e nos termos do voto do Relator, em dar provimento ao recurso extraordinário. Observese que ambos os julgados foram feitos em regime de Repercussão Geral, com o que, uma vez transitados em julgado, vincularão as decisões deste Colegiado Administrativo, a teor do § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno em vigor. Em consulta realizada ao sítio eletrônico do STF, constatei que nenhuma das duas decisões transitou em julgado na data deste julgamento, pelo que a vinculação ainda não se faz presente. Não obstante, os fundamentos e conclusões ali desenvolvidos são perfeitamente aplicáveis aqui. A Contribuição para o PIS e a COFINS incidem sobre os atos (negócios jurídicos) praticados pela cooperativa com terceiros tomadores de serviço. E essa incidência se dá sobre o faturamento, tal como definido nos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/1998 (redação à época dos fatos geradores): Art.2°As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Art.3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. [...] §2ºPara fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: Ias vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; IIas reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita;(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) [...] IVa receita decorrente da venda de bens do ativo permanente. Fl. 243DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10835.720085/200508 Acórdão n.º 1301002.150 S1C3T1 Fl. 244 12 [...] É certo que a lei permite que deduções sejam feitas da base de cálculo. O próprio § 2º do art. 3º, acima transcrito, especifica algumas delas, de caráter geral, aplicáveis a todas as pessoas jurídicas, inclusive as cooperativas. A Medida Provisória nº 2.15835/2001, tratando das cooperativas, reafirmou a incidência das contribuições e, ao mesmo tempo, elencou deduções permitidas especificamente a essas sociedades, confirase: Art.15.As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: Ios valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; IIas receitas de venda de bens e mercadorias a associados; IIIas receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IVas receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; Vas receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. §1oPara os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. §2oRelativamente às operações referidas nos incisos I a V docaput: Ia contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; IIserão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas. O procedimento da interessada, ao demonstrar em sua DIPJ a base de cálculo das contribuições (PIS e COFINS)1, é de discriminar a receita de prestação de serviços na linha 04 e excluir idêntico valor na linha 22 (Exclusões Permitidas às Sociedades Cooperativas). Com isso, chega a um valor devido igual a zero em todos os meses, pelo que os valores retidos na fonte seriam integralmente passíveis de restituição. Ora, entre as exclusões e deduções permitidas às sociedades cooperativas não se encontra a exclusão da totalidade da receita de prestação de serviços. Essa também foi a conclusão a que havia chegado a Unidade de Origem, 1 efls. 119 e segs, fichas 22A e 23A. Fl. 244DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10835.720085/200508 Acórdão n.º 1301002.150 S1C3T1 Fl. 245 13 no Despacho Decisório, confirase os itens 12.1 a 12.14, às efls. 153 e segs. Também nessa linha o acórdão recorrido. Concluise, assim, que não há isenção de PIS e COFINS para as sociedades cooperativas, e que entre as deduções da base de cálculo legalmente previstas não se encontra a exclusão da totalidade das receitas de prestação de serviços auferidas pelas cooperativas de trabalho. O valor devido de PIS e COFINS (zero, segundo a demonstração da interessada nas fichas 22A e 23A da DIPJ) não é correto. Os valores dessas contribuições, retidos pelas fontes pagadoras das receitas auferidas pela cooperativa, são meras antecipações do valor que ao final de cada período de apuração se mostra devido, nos termos da lei. Se o valor devido foi irregularmente apurado, conforme demonstrado, não há como ter as retenções sofridas como direito creditório líquido e certo em favor do sujeito passivo, e o recurso voluntário deve ser negado, quanto a esta parte. Conclusão Por todo o exposto, voto pelo provimento parcial do recurso voluntário, para reconhecer direito creditório em favor da interessada, passível de restituição, no montante de R$ 8.115,94. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 245DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA
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