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Numero do processo: 16561.720178/2015-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2010, 2011
Ementa:
PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA.
Os tributos e contribuições que estejam com exigibilidade suspensa constituem provisões, e não despesas incorridas, estando assim vedada sua dedução para apuração da base de cálculo da CSLL, conforme regra do art. 13, inciso I, da Lei nº 9.249/1995.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
Sendo a multa de ofício classificada como débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, é regular a incidência dos juros de mora calculados pela taxa Selic a partir de seu vencimento.
Numero da decisão: 1302-002.636
Decisão: Vistos, relatado e discutido os autos
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cézar Candal, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Flavio Machado Vilhena Dias, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2010, 2011 Ementa: PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Os tributos e contribuições que estejam com exigibilidade suspensa constituem provisões, e não despesas incorridas, estando assim vedada sua dedução para apuração da base de cálculo da CSLL, conforme regra do art. 13, inciso I, da Lei nº 9.249/1995. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Sendo a multa de ofício classificada como débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, é regular a incidência dos juros de mora calculados pela taxa Selic a partir de seu vencimento.
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decisao_txt : Vistos, relatado e discutido os autos Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cézar Candal, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Flavio Machado Vilhena Dias, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
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TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Os tributos e contribuições que estejam com exigibilidade suspensa constituem provisões, e não despesas incorridas, estando assim vedada sua dedução para apuração da base de cálculo da CSLL, conforme regra do art. 13, inciso I, da Lei nº 9.249/1995. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Sendo a multa de ofício classificada como débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, é regular a incidência dos juros de mora calculados pela taxa Selic a partir de seu vencimento. Vistos, relatado e discutido os autos Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 01 78 /2 01 5- 40 Fl. 1924DF CARF MF Processo nº 16561.720178/201540 Acórdão n.º 1302002.636 S1C3T2 Fl. 1.925 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cézar Candal, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Flavio Machado Vilhena Dias, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Por bem retratar a lide em análise, adoto o relatório da DRJRJO, a seguir transcrito: Do lançamento: O presente processo tem origem no auto de infração, lavrado pela DEMAC/São Paulo e cientificado à interessada acima qualificada em 17/12/2015, conforme Aviso de RecebimentoAR de fls. 1581, de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, no valor de R$ 8.252.395,77, acrescido da multa de ofício, no percentual de 75%, e demais acréscimos moratórios. A autuação, conforme a descrição dos fatos do auto de infração e o Termo de Verificação Fiscal de fls. 1565/1575, decorre de falta de adição à base de cálculo da CSLL, nos anos de 2010 e 2011, de Tributos e Contribuições com Exigibilidade Suspensa por discussão judicial, mais especificamente Imposto de Renda Retido na FonteIRRF sobre leasing (R$ 699.065,55 em 2010 e R$ 739.751,85 em 2011) e Contribuição ao Fundo Aeroviário (R$ 39.107.032,86 em 2010 e R$ 51.147.436,09 em 2011). Tais tributos e contribuições foram devidamente adicionados ao Lucro Líquido para apuração do Lucro Real, base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa JurídicaIRPJ, mas não à base de cálculo da CSLL sob a justificativa da interessada de inexistir base legal que imponha a indedutibilidade de tributos e contribuições com exigibilidades suspensas para a CSLL. Considerando tais valores com natureza de provisão, logo indedutíveis, a Fiscalização efetuou o lançamento com base no art. 13, inciso I, da Lei nº 9.249/1995 e também com base no art. 41, § 1º, da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, utilizandose do art. 57 da mesma para estender os efeitos à CSLL. A autuação teve como enquadramento legal os arts. 2º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, com as alterações do art. 2º da Lei nº 8.034, de 12 de abril de 1990; arts. 41, § 1º, e 57 da Lei nº 8.981/1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995; arts. 2º, 13 e 19 da Lei nº 9.249/1995; art. 1º da Lei nº 9.316, de 22 de novembro de 1996 e art. 28 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Da impugnação: Fl. 1925DF CARF MF Processo nº 16561.720178/201540 Acórdão n.º 1302002.636 S1C3T2 Fl. 1.926 3 Inconformada com o lançamento, a interessada apresentou, em 14/01/2016, a impugnação de fls. 1587/1612, onde descreve a autuação, argui a tempestividade e alega, em síntese, que: Os lançamentos contábeis dos tributos com exigibilidade suspensa seriam passivo genuíno e não meras provisões, uma vez que não se referem a fatos pretéritos a demandar prestações futuras incertas quanto ao prazo e/ou o montante, desta forma não podendo ser a eles aplicada a regra do art. 13 e inciso I da Lei nº 9.249/1995. O art. 41, § 1º, da Lei nº 8.981/1995 seria inaplicável à CSLL, inexistindo norma legal desta contribuição que trate especificamente da dedutibilidade de tributos com exigibilidade suspensa (ao contrário do IRPJ); e que a interpretação do art. 57 da Lei nº 8.981/1995 não pode ser feita no sentido de aplicarse o art. 41, § 1º, da mesma. Discorre que em 17/08/2012 houve decisão favorável transitada em julgado na discussão do IRRF sobre Leasing (Processo nº 2000.61.00.0083344), que foi revertido naquele ano e, consequentemente tributado para fins de cálculo da CSLL, não podendo o Fisco ter feito o lançamento em litígio quanto a este imposto sob o argumento de falta de adição em 2010 e 2011, uma vez que já teria havido tributação em 2012 e a fim de não configurar bis in idem. Alega que, em sendo o depósito judicial tratado como receita da União, poderia o contribuinte utilizálo como despesa, para não ferir o princípio da isonomia, não se podendo, assim, aplicar os arts. 41, § 1º, da Lei nº 8.981/1995 e 13, I, da Lei nº 9.249/1995. Transcreve ementas e trecho de voto de Acórdãos do Conselho de Contribuintes e CARF que corroborariam suas alegações. Encerra pedindo o cancelamento do auto de infração e protestando contra os juros de mora sobre a multa de ofício, em razão do disposto no art. 161 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário NacionalCTN). Após análise das razões de impugnação, a DRJRJO negoulhe provimento, em decorrência mantendo o crédito tributário de CSLL, por entender que os tributos cuja exigibilidade esteja suspensa não ensejam a dedutibilidade da base de cálculo da referida contribuição, bem como manteve a multa de ofício, no percentual de 75%, e demais acréscimos moratórios sobre a multa de ofício, conforme denota o Acórdão n.º 1286.274, a seguir transcrito: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2010, 2011 PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Os tributos e contribuições que estejam com exigibilidade suspensa constituem provisões, e não despesas incorridas, estando assim vedada sua dedução para apuração da base Fl. 1926DF CARF MF Processo nº 16561.720178/201540 Acórdão n.º 1302002.636 S1C3T2 Fl. 1.927 4 de cálculo da CSLL, conforme regra do art. 13, inciso I, da Lei nº 9.249/1995. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Sendo a multa de ofício classificada como débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, é regular a incidência dos juros de mora calculados pela taxa Selic a partir de seu vencimento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada, a recorrente apresentou Recurso Voluntário para apreciação deste Conselho, reiterando as razões expostas em sua impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa – Relator. Tendo o presente Recurso Voluntário atendido aos requisitos de admissibilidade (cf. Despacho de Encaminhamento de fl. 1922), dele tomo conhecimento. Como relatado, a recorrente não apresentou novas razões perante esta instância administrativa, apenas corroborou os argumentos apresentados em sede de impugnação. Pois bem. Tratase de auto de infração lavrado em face da falta de adição à base de cálculo da CSLL, nos anos de 2010 e 2011, de tributos com a exigibilidade suspensa por discussão judicial. Apesar de a contribuinte ter adicionado os referidos tributos ao lucro líquido para apuração do lucro real (base de cálculo do Imposto de Renda), esses não foram adicionados à base de cálculo da CSLL, sob a justificativa de inexistir base legal que imponha a indedutibilidade de tributos e contribuições com exigibilidades suspensas para a contribuição em tela. Entretanto, não assiste razão a recorrente, como demonstrado a seguir. A lei 8.981/95 dispõe em seu art. 41, caput e §1º, o seguinte: Art. 41. Os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação do lucro real, segundo o regime de competência. § 1o O disposto neste artigo não se aplica aos tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa, nos termos dos incisos II a IV do art. 151 da Lei no 5.172, de 251066, haja ou não depósito judicial. Fl. 1927DF CARF MF Processo nº 16561.720178/201540 Acórdão n.º 1302002.636 S1C3T2 Fl. 1.928 5 Como dito nos dispositivos acima mencionados, os tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa por determinação judicial não devem ser dedutíveis na determinação do lucro real, base de cálculo do imposto de renda. Apesar de a previsão não se destinar a base de cálculo específica da CSLL, não se pode ignorar que, fora as ocasiões em que a Lei expressamente define as diferenças entre o critério quantitativo da CSLL e do IRPJ, as bases de cálculo desses tributos são iguais (cf. art. 2º da Lei 7.689/88). Ademais, seria um contrassenso admitir que um tributo, não pago e que a contribuinte reputa ilegal ou inconstitucional seja, ao mesmo tempo, escriturado como despesa incorrida. Logo, a reserva de valores lançados na escrituração contábil referentes aos tributos questionados judicialmente, e que pode ser que venham a ser considerados inconstitucionais ou ilegais, nada mais representa do que mera provisão. Neste ponto, correta a autuação. Feitas essas considerações, e relembrando que a recorrente apenas reiterou os argumentos apresentados em sede de impugnação, adoto as razões da decisão recorrida (cf. §3º, art. 57, RICARF), com as quais me coaduno, litteris: “Do mérito: Inicialmente, no que pertine às Ementas transcritas pela interessada, cumpre ressaltar que os Acórdãos proferidos pelos Egrégios Conselho de Contribuintes e Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da FazendaCARF, embora possam ser utilizados como reforço a esta ou aquela tese, não se constituem, por si só, entre as normas complementares contidas no art. 100 do Código Tributário Nacional e, portanto, não vinculam as decisões desta instância julgadora, restringindose aos casos julgados e às partes inseridas no processo que resultou a decisão, consoante o disposto no Parecer Normativo CST nº 390/1971: "(...) 3 Necessário esclarecer, na espécie, que, embora, o Código Tributário Nacional , em seu art. 100, inciso II, inclua as decisões de órgãos colegiados na relação das normas complementares à legislação tributária, tal inclusão é subordinada à existência de lei que atribua a essas decisões eficácia normativa. Inexistindo, entretanto, até o presente, lei que confira a efetividade de regra geral às decisões dos Conselhos de Contribuintes, a eficácia de seus acórdãos limitase especificamente ao caso julgado e às partes inseridas no processo de que resultou a decisão. 4 Entendase aí que, não se constituindo em norma geral a decisão em processo fiscal, proferida por Conselho de Contribuintes, não aproveitará seu acórdão em relação a qualquer outra ocorrência, senão aquela objeto da decisão, ainda que de idêntica natureza, seja ou não interessado na nova relação o contribuinte parte no processo que decorreu a decisão daquele colegiado. (...)" Assim, quando faz menção a tais Acórdãos ou até mesmo a atos emanados de Tribunais Judiciários que corroboram sua tese, a reclamante apenas ilustra sua argumentação, pois a Administração Pública encontrase cingida Fl. 1928DF CARF MF Processo nº 16561.720178/201540 Acórdão n.º 1302002.636 S1C3T2 Fl. 1.929 6 estritamente ao que a lei autoriza. O princípio da legalidade é a pedra de toque no desenvolvimento da atividade administrativa estatal e as decisões, tanto administrativas quanto judiciais, não podem servir como diretriz para o julgamento administrativo. Por outro lado, de acordo com o mesmo art. 100 do Código Tributário NacionalCTN, temos que: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; ... Quanto a isso, o art. 50 da Instrução Normativa SRF nº 390, de 30 de janeiro de 2004, que trata da apuração e pagamento da CSLL, assim determina: Art. 50. Os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação do resultado ajustado, segundo o regime de competência. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa em virtude de: I depósito, ainda que judicial, do montante integral do crédito tributário; II impugnação, reclamação ou recurso, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; III concessão de medida liminar em mandado de segurança; IV concessão de medida liminar ou de tutela antecipada em outras espécies de ação judicial. Na mesma linha, o art. 131 da Instrução Normativa RFB nº 1700, de 14 de março de 2017, que revogou a Instrução Normativa SRF nº 390/2004, assim determina: Art. 131. As despesas realizadas com o pagamento de tributos são dedutíveis na determinação do lucro real e do resultado ajustado, segundo o regime de competência. § 1º O disposto neste artigo não se aplica aos tributos cuja exigibilidade esteja suspensa nos termos dos incisos II a V do caput do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, haja ou não depósito judicial. Tal entendimento também se encontra na Solução de Consulta nº 21Cosit, de 06 de novembro de 2013, e na Solução de Consulta InternaCOSIT nº 09, de 18 de junho de 2012. A indedutibilidade das despesas relativas aos tributos cuja exigibilidade esteja suspensa decorre do fato de que, ainda que contabilizadas como contas a pagar, têm a natureza de provisão para riscos fiscais. Tal entendimento, ilustre se, também encontra amparo nas seguintes decisões do CARF: CSLL BASE DE CÁLCULO DEDUTIBILIDADE DE TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA Os tributos e contribuições que estejam com exigibilidade suspensa, nos termos do art. 151, inciso II do CTN, constituem provisões e não despesas incorridas, estando vedada sua dedução para apuração da base de cálculo da CSLL, conforme regra do art. 13, inciso I, da Lei 9.249/95. Acórdão 10808126 , de 02/12/2004. Fl. 1929DF CARF MF Processo nº 16561.720178/201540 Acórdão n.º 1302002.636 S1C3T2 Fl. 1.930 7 CSLL – PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS – TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA – Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, por traduzirse em nítido caráter de provisão.(Acórdão 10196.009, de 01/03/2007) CSLL – ANTECIPAÇÃO DE CUSTOS OU DESPESAS – TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA – A dedutilibidade de tributos ou contribuições, cuja exigibilidade esteja suspensa por força de medida judicial, somente ocorrerá por ocasião em que houver decisão final da justiça desfavorável à empresa. (Acórdão 10194491, de 29/01/2004). Já o Tribunal Regional Federal da Terceira Região ao apreciar a apelação em mandado de segurança AMS28924 SP 2003.61.00.0289245 assim decidiu: TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSSL. DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DOS VALORES REFERENTES A TRIBUTOS CUJA EXIGIBILIDADE ESTEJA SUSPENSA. VEDAÇÃO. ART 41 DA LEI 8.981/95. 1. Discutese o direito à dedução, da base de cálculo do IRPJ e CSLL, como despesas, dos valores decorrentes de obrigações tributárias, cuja exigibilidade se encontra suspensa, em face de sentença judicial, relacionada a tributos e juros relativos a eles, tendo como fundamento a inexistência de texto normativo, indicando a indedutibilidade de tais despesas, nessa hipótese. 2. A questionada lei 8.981/95 veio confirmar o que anteriormente já disciplinava a lei 8.541/92, que em seu artigo 8 º determinava que a regra da dedutibilidade não se aplicava aos tributos e contribuições cuja exigibilidade estivesse suspensa em virtude de depósito judicial ou não, seja pela concessão de medida liminar ou sentença judicial, regra que vem sendo confirmada. 3. Antes da edição desses ordenamentos a regra era o da dedutibilidade dos tributos e contribuições como despesas ou custos, no período base da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, independentemente de seu pagamento. Por essa razão vêm os contribuintes insurgindose contra o novo critério, via de regra, sob a alegação de que a tributação incidirá sobre uma base de cálculo incompatível com o que entendem como conceito de renda, ou seja, a disponibilidade econômica que alegam não ter. In casu, a apelante tenta atribuir à sentença judicial um efeito não admitido pela lei, para alterar os critérios da tributação da pessoa jurídica, entendimento que não encontra suporte na legislação tributária. 4. Os valores cuja exigibilidade se encontra suspensa para discussão, por opção do contribuinte ou determinação judicial e até mesmo administrativa, não correspondem a pagamento do tributo, que é o fato gerador para o efeito da dedutibilidade do imposto de renda, uma vez que a obrigação tributária ainda permanece até a decisão final a ser proferida, em sede judicial ou administrativa, vale dizer, não houve a Fl. 1930DF CARF MF Processo nº 16561.720178/201540 Acórdão n.º 1302002.636 S1C3T2 Fl. 1.931 8 extinção do crédito. Decisão final, cujo trânsito em julgado não se operou, ou seja, não exauriu os seus efeitos na definitividade da questão posta sob análise, porquanto, após esse momento não mais existirá controvérsia sobre o tema e o contribuinte ingressará na fase executória do decisum. 5. Reservase à lei, por critérios de política fiscal, determinar quando e de que forma a disponibilidade financeira deve ser tributada. No presente caso, definiu a lei que o patrimônio do contribuinte, ainda quando os valores estejam sub judice, não foi alterado. Para ela, não houve alteração da renda por fato econômico idôneo, apto a ensejar a dedução pretendida. Os valores ainda integram o patrimônio do contribuinte para fins tributários. Não existiu um fato jurídico apto a isentar, na forma de dedução, a tributação, já que a situação discutida se encontra pendente. Portanto, não pode ser alcançada para os fins pretendidos pela impetrante. 6. Revelase, assim, incontroversa a intenção do legislador em definir no § 1º artigo 41 da Lei nº 8.981/95, a indedutibilidade dos tributos e contribuições, que se encontram com sua exigibilidade suspensa, da base de cálculo do IRPJ e CSLL, por não considerálas obrigações fiscais efetivas, mas sim uma expectativa ou estimativa de valores a serem despendidos, caso sejam julgadas, em última instância, improcedentes as ações judiciais ou administrativas propostas pelo contribuinte. 7. Os tributos e contribuições com exigibilidade suspensa, por força da sentença proferida nos Mandados de Segurança, constituem apenas passivos tributários em aberto, portanto, não podem ser deduzidos do cálculo dos tributos e contribuições como pretende a impetrante. 8. Apelação improvida A reversão da despesa com o IRRF sobre Leasing no ano de 2012, resultado de decisão favorável transitada em julgado no processo nº 2000.61.00.0083344, não afasta a necessidade de adição ao lucro líquido das despesas respectivas nos anos de 2010 e 2011, mas tão somente permite a sua exclusão no ano de 2012, como ocorreu com o IRPJ. Por fim, à luz dos arts. 151 e 156 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário NacionalCTN), os depósitos judiciais não extinguem o crédito tributário, mas, tal como as sentenças judiciais, são formas de suspensão do mesmo, não afastando, portanto, a indedutibilidade dos tributos e contribuições questionada no presente litígio, inexistindo previsão legal para considerar tais depósitos como despesa do contribuinte por serem os mesmos supostamente tratados como receita da União. Face a todo o exposto, voto pela indedutibilidade na CSLL de tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa. Da Incidência de Juros de mora sobre a Multa de Ofício: A impugnante também contesta a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, sob o argumento de que tal exigência não encontra amparo legal, visto que a legislação que rege a matéria autoriza a incidência de juros somente sobre o valor do tributo ou contribuição. Todavia, a exigência de acréscimos moratórios sobre a penalidade não é objeto do lançamento ora em litígio. Os juros, incidentes sobre o crédito tributário lançado a título de multa, serão calculados e atualizados até a data do efetivo pagamento, na fase de execução do acórdão e de cobrança do crédito Fl. 1931DF CARF MF Processo nº 16561.720178/201540 Acórdão n.º 1302002.636 S1C3T2 Fl. 1.932 9 tributário mantido, após se tornar definitiva, na esfera administrativa, a decisão acerca do lançamento impugnado. Apesar disso, registrese que a incidência de juros sobre a multa de ofício está amparada nas disposições do art. 61 Lei nº 9.430/1996, de seguinte teor: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento”. A partir das disposições legais acima, tendo em conta que a multa de ofício é “débito para com a União decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal”, configurase regular a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício a partir de seu vencimento. Esse entendimento está de acordo com o Parecer MF/SRF/COSIT/COOPE/SENOG nº 28, de 02 de abril de 1998: "3. (...). Assim, desde 01.01.97, as multas de ofício que não forem recolhidas dentro dos prazos legais previstos estão sujeitas à incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de um por cento no mês de pagamento, desde que estejam associadas a: a) fatos geradores ocorridos a partir de 01.01.97; b) fatos geradores que tenham ocorrido até 31.12.94, se não tiverem sido objeto de pedido de parcelamento até 31.08.95." Também nesse sentido, citamse decisões proferidas pelo antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, atual CARF: “JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, após o seu vencimento, está prevista pelos artigos 43 e 61, § 3º, da Lei 9.430/96.” (1º Conselho de Contribuintes, 3ª Câmara, acórdão 10322197, sessão de 07/12/2005) “JUROS DE MORA INCIDENTES SOBRE MULTA DE OFÍCIO TAXA SELIC A multa de ofício integra a obrigação tributária principal, e por conseguinte, o crédito tributário, sendo legítima a incidência dos juros de mora calculados com base na taxa Selic desde o mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao pagamento e de um por cento no mês do pagamento. A cobrança de débitos para com a Fazenda Nacional, após o vencimento, acrescidos de juros moratórios calculados com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, além de ampararse em legislação ordinária, não Fl. 1932DF CARF MF Processo nº 16561.720178/201540 Acórdão n.º 1302002.636 S1C3T2 Fl. 1.933 10 contraria as normas balizadoras contidas no Código Tributário Nacional”. (1º Conselho de Contribuintes, 5ª Câmara, acórdão 105 15211, sessão de 07/07/2005) Assim, tem plena previsão legal a incidência de juros moratórios sobre a multa aplicada, visto que se tratam de débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, sendo, portanto, cabível a exigência de juros moratórios sobre a multa de ofício calculados com base na taxa Selic. Conclusão Diante do exposto, voto por NEGAR provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Fl. 1933DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.909935/2012-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/01/2007
PIS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ.
Transitou em julgado decisão do STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática de recurso repetitivo, que deu pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, de observância obrigatória por este Conselho, nos termos do seu Regimento Interno.
Já o STF, entendeu pela não inclusão, no Recurso Extraordinário nº 574.706, que tramita sob a sistemática da repercussão geral, mas de caráter não definitivo, pois pende de decisão embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional, elemento necessário à vinculação deste CARF.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.440
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria qualificada de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conselheiro Ari Vendramini votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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ICMS NA BASE DE CÁLCULO. Recorrente QUÍMICA AMPARO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2007 a 31/01/2007 PIS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. Transitou em julgado decisão do STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática de recurso repetitivo, que deu pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, de observância obrigatória por este Conselho, nos termos do seu Regimento Interno. Já o STF, entendeu pela não inclusão, no Recurso Extraordinário nº 574.706, que tramita sob a sistemática da repercussão geral, mas de caráter não definitivo, pois pende de decisão embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional, elemento necessário à vinculação deste CARF. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por maioria qualificada de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conselheiro Ari Vendramini votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 99 35 /2 01 2- 94 Fl. 98DF CARF MF Processo nº 13839.909935/201294 Acórdão n.º 3301004.440 S3C3T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 06051.757, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba. Por meio de Despacho Decisório da Delegacia da Receita Federal de Jundiaí foi indeferido o pleito constante do Pedido Eletrônico de Restituição – PER transmitido pela contribuinte, em razão da realização de pagamento a maior. Em referido ato administrativo, a autoridade fiscal indeferiu o pleito da interessada tendo em vista que o DARF discriminado no PER estava integralmente utilizado para quitação do débito de PIS cumulativa/o, não restando saldo de crédito disponível para o reconhecimento do crédito solicitado. A contribuinte foi cientificada do citado despacho decisório e apresentou, tempestivamente, a Manifestação de Inconformidade cujo conteúdo é resumido a seguir. A interessada defende, em apertada síntese, o direito ao crédito solicitado com a alegação de ter incluído de forma indevida o ICMS na base de cálculo da contribuição recolhida. Diz que o ato administrativo foi proferido de forma precipitada e com flagrante desrespeito à legislação tributária, notadamente a que trata da necessidade de lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional). Sustenta a legitimidade do indébito tributário informado no pedido de restituição alegando que no presente caso não existe óbice à restituição, nos termos do art. 165, do Código Tributário Nacional, uma vez que houve um erro na composição da base de cálculo da contribuição e que a vinculação do DARF, pago indevidamente, a um débito declarado em DCTF, constituise em uma mera informação. Relata que está juntando ao processo planilha por meio da qual se pode constatar a existência do pagamento a maior do que o devido e que este documento faz a prova necessária para confirmar o indébito alegado. Acrescenta que em caso de dúvida quanto ao crédito o julgamento pode ser convertido em diligência para que a interessada seja intimada a demonstrar, através de outros elementos, o crédito vindicado. Defende a tese relativa a improcedência da inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição alegando que referido tributo não integra o conceito de faturamento (receita bruta), pois tratase de mero ingresso de recursos, os quais devem ser repassados ao fisco estadual, e que o Supremo Tribunal Federal – STF, consoante o voto proferido pelo Ministro Marco Aurélio no Recurso Extraordinário nº 240.785/MG, entendeu que o valor do ICMS não pode compor a base de cálculo das contribuições Fl. 99DF CARF MF Processo nº 13839.909935/201294 Acórdão n.º 3301004.440 S3C3T1 Fl. 4 3 (PIS e Cofins). Sustenta que a interpretação da autoridade tributária relacionada com a questão da inclusão do ICMS nas receitas dos contribuinte (interpretação do art. 3º da Lei 9.718, de 1988) é contrária ao art. 110 do CTN, uma vez que não se caracteriza como juízo de inconstitucionalidade, mas sim como controle administrativo interno dos atos administrativos. Aduz, por fim, que a declaração de inconstitucionalidade (exclusão do ICMS da base de cálculo da contribuição) em referido RE é iminente e que o proferimento dela pelo Supremo Tribunal Federal tornará sua observância obrigatória pela Administração Tributária. Diante do exposto, requer a interessada o acolhimento da manifestação para o fim de afastar o Despacho Decisório questionado e deferir integralmente o pedido de restituição. O citado acórdão decidiu pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob o fundamento, em síntese, que falece ao julgador da esfera administrativa competência para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária e pela impossibilidade de exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo da contribuição. Inconformada com a improcedência da manifestação de inconformidade, a contribuinte interpôs recurso voluntário, basicamente, repetindo os argumentos trazidos em sede de manifestação. Ao final, pugna pela reforma do acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 100DF CARF MF Processo nº 13839.909935/201294 Acórdão n.º 3301004.440 S3C3T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.397, de 22 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 13839.900183/201204, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.397): "O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade1. O núcleo da discussão em pauta é a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da Cofins. O acórdão recorrido enumera diplomas legais de regência, concluindo não haver previsão legal para a exclusão do ICMS da base de cálculo da Cofins: Pelas argumentações trazidas em sua manifestação de inconformidade, vêse, de pronto, que a pretensão da contribuinte implica negar efeito a disposição expressa de lei. Nesse contexto, cumpre registrar que não há na legislação de regência previsão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, na forma aduzida pela interessada, já que esse valor é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário. De fato. A Lei Complementar nº 7, de 1970, a Lei Complementar nº 70, de 1991, a Lei nº 9.715, de 1998 (que resultou da conversão da Medida Provisória nº 1.212, de 1995 e suas reedições), a Lei nº 9.718, de 1998, e, mais recentemente, as Leis 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, ao longo de seus dispositivos, definem expressamente todos os aspectos das hipóteses de incidência vinculadas ao PIS e à Cofins. As citadas normas definem os sujeitos passivos da relação tributária, os casos de nãoincidência, a alíquota, a base de cálculo, o prazo de recolhimento, etc., e submetem as contribuições às normas do processo administrativo fiscal, além do que, para os casos de atraso de pagamento e penalidades, as 1 Ressaltese ser desnecessário responder todos as questões levantadas pelas partes, em já havendo motivo suficiente para decidir (Lei n° 13.105/15, art. 489, § 1o , IV. STJ, 1ª Seção, EDcl no MS 21.315DF, julgado de 8/6/2016, rel. Min. Diva Malerbi). Fl. 101DF CARF MF Processo nº 13839.909935/201294 Acórdão n.º 3301004.440 S3C3T1 Fl. 6 5 subordina, de forma subsidiária, à legislação do imposto de renda. Como se percebe, nada resta a definir. Os atos legais descrevem expressamente todas as feições das exações instituídas, nada deixando ao alvedrio do intérprete. Quando remetem atribuições a normas de outro tributo, o fazem estabelecendo com precisão os limites da remissão; limites estes, aliás, que, in concreto, jamais se estendem sobre a definição das bases de cálculo das contribuições. O conceito de faturamento tem sua extensão perfeitamente delimitada pela explicitação de seu conteúdo e pela expressa enumeração das exclusões passíveis de serem efetuadas, não havendo dentre essas, como se vê, qualquer referência ao ICMS devido pela venda de mercadorias. Caso pretendesse o legislador excluir o ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins, estaria a hipótese expressamente prevista como uma das exclusões da receita bruta. Sobre o tema, o STJ decidiu, em recurso especial sob a sistemática de recurso repetitivo, pela inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições, já com trânsito em julgado. Já o STF entendeu pela sua não inclusão, em recurso extraordinário sob a sistemática da repercussão geral, mas em caráter não definitivo, pois pende de decisão sobre embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional. É o que detalha decisão recente deste Conselho: PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. TRÂNSITO EM JULGADO. CARF. REGIMENTO INTERNO. Decisão STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática do recurso repetitivo, art. 543C do CPC/73, que firmou a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", a qual deve ser reproduzida nos julgamentos do CARF a teor do seu Regimento Interno. Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido em sentido contrário no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de aplicação obrigatória desse precedente ao caso concreto. Recurso Voluntário Negado (CARF, 3º Seção, 4º Câmara, 2º Turma Ordinária, Ac. 3402 004.742, de 24/10/2017, rel. Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire). Fl. 102DF CARF MF Processo nº 13839.909935/201294 Acórdão n.º 3301004.440 S3C3T1 Fl. 7 6 Assim, transitada em julgado decisão do STJ, em recurso especial, sob a sistemática de recurso repetitivo, pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, deve este Conselho observála, nos termos do seu Regimento Interno, descabendo analisar argumentos trazidos aos autos sobre o tema. A decisão do STF, em sentido contrário, em recurso extraordinário de repercussão geral, mas de caráter não definitivo, não tem o mesmo efeito. Nos ditos embargos, a Fazenda Nacional requer a modulação dos efeitos da decisão embargada, para que produza efeitos ex nunc, apenas após o julgamento dos embargos. Ora, se há pedido de modulação dos efeitos, tratase de atividade satisfativa, incluíndose na solução de mérito nos termos do art. 487 do atual CPC. E se assim é, podese afirmar que não houve ainda decisão definitiva de mérito, independentemente do transito em julgado. A embargante ainda suscita, entre outras questões, haver erro material ou omissão, por ter a corrente vencedora prestado ao art. 187 da Lei 6.404/76 efeito que ele não possui: estabelecer conceito de receita bruta: 7. Observese que, no caso dos autos, alguns votos da corrente vencedora2 [...] concederam grande relevância ao fundamento de que “receita bruta”, expressão a que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ao longo de inúmeros julgados, equiparou ao vocábulo “faturamento” (art. 195, I, b, da Constituição), possui um sentido próprio no direito privado, definido no art. 187, I, da Lei 6.404/76. 8. No entanto, cumpre destacar que há um equívoco evidente em tal linha de argumentação: o mencionado dispositivo legal não estabelece qualquer conceito para receita bruta. Apenas disciplina que, na demonstração do resultado do exercício, deverá estar descrita a “receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos”. A assertiva, simplesmente, permite concluir que tais expressões se referem a grandezas diferentes, mas não afirma que uma não esteja contida na outra. Levanta também, na mesma toada que os votos vencedores "deixaram de considerar o disposto no art. 12 do DecretoLei 1.598/77, reiteradamente citado pelos votos vencidos", que dá pela inclusão dos tributos na receita bruta: art. 12. A receita bruta compreende: I o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II o preço da prestação de serviços em geral; III o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. § 1o A receita líquida será a receita bruta diminuída de: (...) III tributos sobre ela incidentes; e Fl. 103DF CARF MF Processo nº 13839.909935/201294 Acórdão n.º 3301004.440 S3C3T1 Fl. 8 7 (...) § 4o Na receita bruta não se incluem os tributos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de mero depositário. § 5o Na receita bruta incluemse os tributos sobre ela incidentes e os valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das operações previstas no caput, observado o disposto no § 4o. (Grifos do original). Ainda que sejam três os pilares da argumentação da corrente vencedora, apenas um deles tratando do conceito de receita, tratase evidentemente de questão meritória. A recorrente traz aos autos planilha na qual recalcula a base de cálculo da Cofins "sem o ICMS", com a qual, juntamente como os documentos mencionados na seqüência, pretende provar o seu direito ao crédito em discussão: (...) Instrui o recurso voluntário com relatórios "NOVA GIA" a demonstrarem a apuração do ICMS, referente apenas a novembro de 2011, como também o balancete referente apenas a este período. O acordão recorrido assim se manifestou quando lhe fora levada dita planilha: "não sendo hábil para a comprovação do direito à repetição do indébito, uma simples planilha, desacompanhada de documentação contábil e fiscal que lhe conceda suporte e validade.A planilha segue abaixo". Tais elementos não demonstram o direito ao crédito sem que a questão de direito que defende, de não inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição, prospere. A planilha mencionada também não se fez acompanhar de documentos que lhe fizessem prova, para todos os períodos. Assim, também, a diligência que requer, para, eventualmente, "atestar in loco a regularidade da escrituração e do crédito", somente mereceria provimento, em caso de demonstração da exclusão do ICMS da base de cálculo da Cofins. Insurgese a recorrente contra a afirmação do acórdão de piso de que "o débito de Cofins cumulativa, do período de apuração de nov/2002 (para o qual consta alocado o pagamento objeto do pedido de restituição), foi constituído, nos termos do art. 142 do CTN, através de [...] DCTF apresentada pela interessada, posto que essa declaração constituí confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito tributário, conforme prevê o § 1º do art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 13 de junho de 1984". Ainda que se apliquem tais normas, há decisões deste Conselho que têm entendido pela relativização de tal meio de prova, com as quais concordo, privilegiandose o princípio da verdade material: Fl. 104DF CARF MF Processo nº 13839.909935/201294 Acórdão n.º 3301004.440 S3C3T1 Fl. 9 8 COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. INFORMAÇÕES CONSTANTES DA DOCUMENTAÇÃO SUPORTE. LIQUIDEZ E CERTEZA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. O direito creditório pleiteado não pode ser vinculado a requisitos meramente formais, nos termos do art. 165 do Código Tributário Nacional. Assim, ainda que a DCTF seja instrumento de confissão de dívida, a comprovação por meio de outros elementos contábeis e fiscais que denotem erro na informação constante da obrigação acessória, acoberta a declaração de compensação, em apreço ao princípio da verdade material Recurso Voluntário Provido (CARF, 3º Seção, 3º Câmara, 1º Turma Ordinária, Ac. 3301 002.678, de 08/12/2015, rel. Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas). O acórdão de piso entendeu não ter se configurado qualquer das hipóteses do art. 165 do CTN, aquele que estabelece o direito à restituição de tributo, especialmente por que "não existe a comprovação de que tenha ocorrido, em face da legislação aplicável, pagamento da contribuição em valor a maior do que o devido"; como também porque "não foi demonstrada a existência de decisão judicial transitada em julgado reconhecendo a existência de indébito tributário (relativamente ao pagamento apontado no pedido de restituição – PER) que diga respeito à inclusão indevida do ICMS na base de cálculo da contribuição. não havendo decisão". Argumenta a recorrente ter havido erro na composição da base de cálculo da Cofins, visto que "a Recorrente considerou inadvertidamente o ICMS como componente de sua receita bruta", nos termos do inciso II, do dito artigo. Mais uma vez, somente com a demonstração do direito ao crédito, o que não ocorre, poderseia falar no dito erro. Assim, pelo exposto voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 105DF CARF MF Processo nº 13839.909935/201294 Acórdão n.º 3301004.440 S3C3T1 Fl. 10 9 Fl. 106DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11968.000493/2004-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 04/06/2004
ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. CONCOMITÂNCIA. RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA. SÚMULA CARF Nº 1.
A propositura pelo contribuinte de ação judicial contra a Fazenda Nacional, com o mesmo objeto do auto de infração, configura renúncia às instâncias administrativas no tocante a mesma matéria, nos termos do art. 62 do Decreto Lei nº 70.235/72 e Súmula CARF nº 1.
Numero da decisão: 3201-003.693
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Tatiana Josefovicz Belisário - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: 04581893674 - CPF não encontrado.
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 04/06/2004 ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. CONCOMITÂNCIA. RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA. SÚMULA CARF Nº 1. A propositura pelo contribuinte de ação judicial contra a Fazenda Nacional, com o mesmo objeto do auto de infração, configura renúncia às instâncias administrativas no tocante a mesma matéria, nos termos do art. 62 do Decreto Lei nº 70.235/72 e Súmula CARF nº 1.
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CONCOMITÂNCIA. RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA. SÚMULA CARF Nº 1. A propositura pelo contribuinte de ação judicial contra a Fazenda Nacional, com o mesmo objeto do auto de infração, configura renúncia às instâncias administrativas no tocante a mesma matéria, nos termos do art. 62 do Decreto Lei nº 70.235/72 e Súmula CARF nº 1. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Tatiana Josefovicz Belisário Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 96 8. 00 04 93 /2 00 4- 16 Fl. 362DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte em face do acórdão nº 1723.497, proferido pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento São Paulo II (SP), que assim relatou o feito: Trata o presente processo de Autos de lnfraçao Iavrados para cobrança da Contribuição para o PIS/PASEP (fls. 01/04) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS (fls. 05/10) por falta de recolhimento das contribuições. A autoridade lançadora, na Descrição dos Fatos do auto de infração relativo ao PIS/PASEP (fls. 04), relata o que segue: “Falta de recolhimento em tempo legal da contribuição PIS/PASEP Importação na importação de papel (NCM/TEC 4802.61.91), conforme se verifica no extrato da declaração de importação n° 04/04598735 (fls. 11 a 13), registrada em 14/05/2004. A obrigatoriedade do recolhimento da contribuição Pis/Pasep Importação está prevista nos arts. l°, 3°, inc. I, 4°, inc. /, 5°, inc. I, 7°, inc. le 8°, inc. le 13, inc. l da Lei n° 10.865, de 30 de abril 2004. Vale salientar que há uma previsão legal de beneficio de alíquota 0 (zero) na importação de papel, conforme se verifica no art. 8°, § 12, inciso IV da Lei n° 10.865/2004, todavia a utilização do referido beneficio está condicionada à regulamentação pelo Poder Executivo de acordo com o art, 8°, § 13, inciso ll da Lei n° 10. 865/2004. Sendo assim, em face do Poder Executivo não ter ainda regulamentado o beneficio da alíquota 0 (zero), cobrase a diferença da referida contribuição somada aos acréscimos legais devidos. (...)" Semelhante relato é apresentado na descrição dos fatos relativos ao auto de infração da COFINS (fls. 08). Ciente dos lançamentos em 04/06/2004, fls. 03 e 07, em 04/07/2004 apresentou a autuada a impugnação de fls. 47/54, onde alegou, em apertada síntese, que o comando legal que instituira a alíquota zero para a mercadoria em questão (artigo 8°, §l2, inciso IV, da Lei n° 10.865/2004) não necessitaria de regulamentação para sua aplicação, “eis que todos os elementos necessários à materialização da obrigação tributária estão dispostos expressamente na lei de incidência,...”. Após exame da Impugnação apresentada pelo Contribuinte, a DRJ proferiu acórdão assim ementado: Fl. 363DF CARF MF Processo nº 11968.000493/200416 Acórdão n.º 3201003.693 S3C2T1 Fl. 363 3 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 04/06/2004 OPÇÃO PELA VIA JUDICIAL. A propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto, importa a renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto. Impugnação não Conhecida Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário alegando que a presente lide administrativa não possui o mesmo objeto do Mandado de Segurança nº 2004.83.00.0116135, impetrado perante a 6ª Vara da Seção Judiciária do Estado de Pernambuco, que tinha por objeto exclusivamente "evitar a paralisação de suas atividades e a propiciar a manutenção da distribuição de seus produtos aos assinantes e consumidores". Assim defende a legitimidade da aplicação da alíquota zero nas importações autuadas, requerendo o provimento do Recurso Voluntário. Após os autos foram remetidos a este CARF e a mim distribuídos por sorteio. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Conforme se depreende do relato dos fatos, o presente Recurso Voluntário cingese à averiguar a ocorrência ou não de concomitância com o Mandado de Segurança nº 2004.83.00.0116135 impetrado pela Recorrente. O lançamento fiscal devese exclusivamente à cobrança do PIS e da COFINS sobre a importação objeto da DI nº 04/0459873005/001 ao fundamento de que esta não poderia se valer da "isenção" prevista no artigo 8°, §l2, inciso IV, da Lei n° 10.865/2004, uma vez que tal dispositivo não seria autoaplicável e ainda se encontrava pendente de regulamentação pelo Poder Executivo. Em face do lançamento fiscal, a Recorrente impetrou o Mandado de Segurança nº 2004.83.00.0116135 com o seguinte pedido de mérito: Fl. 364DF CARF MF 4 A medida liminar foi concedida nos seguintes termos: Consta às fls. 232 e seguintes do presente feito o acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região nos autos do referido mandamus. A decisão foi assim ementada: TRIBUTÁRIO. PIS/COFINSIMPoRTAÇÃO. ALÍQUOTA. REDUÇÃO. REGULAMENTO. DESNECESSIDADE. l. O gozo do beneficio previsto no art. 8°, § 12, IV, da Lei rI° 10.865/2004 redução das alíquotas do PIS/COFINS Importação a zero independia da edição de regulamento pelo Poder Executivo, isto porque os elementos necessários à sua utilização já se encontravam presentes no próprio diploma legal. 2. Editado o regulamento previsto no art. 8°, § 13, da Lei n° 10.865/2004, desapareceu o impedimento à aplicação das alíquotas reduzidas dos citados tributos. 3. Ademais, o art. 7° do referido Decreto n° 5.171/2004 fixa a vigência da aludida regulamentação em 1° de maio de 2004, antes, portanto, dos registros da DI n°s 04/04598735, efetivado em 14/05/2004. 4. Apelação e remessa oficial improvidas. Fl. 365DF CARF MF Processo nº 11968.000493/200416 Acórdão n.º 3201003.693 S3C2T1 Fl. 364 5 Além disso, consta petição anexada aos presentes autos (fls. 239/240) pela própria Recorrente afirmando: Com efeito, a Requerente entendeu por bem utilizarse do Mandado de Segurança de n° 2004.83.00.0116135, que tramitou perante à 63 Vara da Seção Judiciária de Pernambuco, para discutir o seu direito ao benefício de redução da alíquota em referida importação. Nesse sentido, cumpre expor que em referido Mandado de Segurança foi proferida decisão que garantiu o seu direito à fruição do benefício (Doc. 01), a qual transitou em julgado em 26.10.2010 (Doc. 02), restando decidido o mérito da discussão. Assim, tendo em vista que o mérito da discussão já foi decidido em esfera judicial de forma favorável à Requerente e que o presente processo administrativo perdeu seu objeto, é a presente para requerer seja determinada a sua baixa e posterior arquivamento dos autos. . Assim, pelo cotejo entre os fundamentos da autuação e do Mandado de Segurança de n° 2004.83.00.0116135, não há dúvida de que ambos possuem o mesmo objeto: o beneficio previsto no art. 8°, § 12, IV, da Lei n° 10.865/2004. Nos termos do art. 62 do Decreto 70.235/72: Art.62. A propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, importa renúncia às instâncias administrativas. Parágrafo único.O curso do processo administrativo, quando houver matéria distinta da constante do processo judicial, terá prosseguimento em relação à matéria diferenciada. No mesmo sentido, a Súmula CARF nº 1, de aplicação obrigatória: Súmula CARF nº 1 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Logo, uma vez reconhecida a existência de concomitância, não há lide administrativa passível de apreciação e julgamento por este órgão. Caberá à autoridade lançadora, por conseguinte, o estrito cumprimento da ordem judicial transitada em julgado. Pelo exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso Voluntário em razão da concomitância com o Mandado de Segurança de n° 2004.83.00.0116135. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Fl. 366DF CARF MF 6 Fl. 367DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15540.720001/2011-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2006
SIMPLES. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO DE ORIGEM.
Presumem-se receitas omitidas os valores creditados em conta-corrente mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
SIMPLES. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTOS.
Correto o lançamento das diferenças de tributos apuradas no regime do Simples, quando verificada a utilização de alíquota menor do que a que deveria ter sido aplicada.
SIMPLES. EXCLUSÃO DE OFÍCIO. EXCESSO DE RECEITA BRUTA.
Comprovado que a empresa ultrapassou o limite de receita bruta para permanência na sistemática do Simples, mantém-se o Ato Declaratório de Exclusão.
Numero da decisão: 1401-002.638
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
Nome do relator: 02531833757 - CPF não encontrado.
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2006 SIMPLES. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. Presumem-se receitas omitidas os valores creditados em conta-corrente mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. SIMPLES. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTOS. Correto o lançamento das diferenças de tributos apuradas no regime do Simples, quando verificada a utilização de alíquota menor do que a que deveria ter sido aplicada. SIMPLES. EXCLUSÃO DE OFÍCIO. EXCESSO DE RECEITA BRUTA. Comprovado que a empresa ultrapassou o limite de receita bruta para permanência na sistemática do Simples, mantém-se o Ato Declaratório de Exclusão.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2018-06-19T18:00:48Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2018-06-19T18:00:48Z; Last-Modified: 2018-06-19T18:00:48Z; dcterms:modified: 2018-06-19T18:00:48Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2018-06-19T18:00:48Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2018-06-19T18:00:48Z; meta:save-date: 2018-06-19T18:00:48Z; pdf:encrypted: true; modified: 2018-06-19T18:00:48Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2018-06-19T18:00:48Z; created: 2018-06-19T18:00:48Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; Creation-Date: 2018-06-19T18:00:48Z; pdf:charsPerPage: 1539; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2018-06-19T18:00:48Z | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 311 1 310 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15540.720001/201103 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401002.638 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de maio de 2018 Matéria SIMPLES OMISSÃO DE RECEITAS / EXCLUSÃO Recorrente L. S. CAPPE VEÍCULOS ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2006 SIMPLES. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. Presumemse receitas omitidas os valores creditados em contacorrente mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. SIMPLES. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTOS. Correto o lançamento das diferenças de tributos apuradas no regime do Simples, quando verificada a utilização de alíquota menor do que a que deveria ter sido aplicada. SIMPLES. EXCLUSÃO DE OFÍCIO. EXCESSO DE RECEITA BRUTA. Comprovado que a empresa ultrapassou o limite de receita bruta para permanência na sistemática do Simples, mantémse o Ato Declaratório de Exclusão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 54 0. 72 00 01 /2 01 1- 03 Fl. 311DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 15ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (DRJ/RJ1), que, por meio do Acórdão 1243.970, de 15 de fevereiro de 2012, julgou procedente em parte a impugnação apresentada pela empresa. Na decisão, a delegacia reconheceu a decadência até fevereiro de 2006, mantendo o lançamento fiscal quanto aos demais períodos. Quanto à manifestação de inconformidade apresentada pela interessada contra o Ato Declaratório Executivo nº 29, de 16/03/2001 (fl. 210), julgou improcedente o pedido da empresa, confirmando, portanto, a sua exclusão do Simples Federal a partir de 01/01/2007. Reproduzo, por oportuno, o teor do relatório constante no acórdão da DRJ: (início da transcrição do relatório do acórdão da DRJ) Tratase de processo, Auto de Infração Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e contribuições das Microempresas das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES, referente ao anocalendário de 2006, com a seguinte composição: TRIBUTOS SIMPLES COD PRINCIPAL JUROS DE MORA (*) MULTA TOTAL IRPJ 7104 19.873,53 9.218,32 14.905,11 43.996,96 PIS/PASEP 7200 14.562,87 6.752,62 10.922,10 32.237,59 CSLL 7307 21.147,48 9.913,71 15.860,57 46.921,76 COFINS 7403 62.428,64 29.283,36 46.821,42 138.533,42 INSS 7500 177.018,83 82.752,33 132.764,09 392.535,25 TOTAL 295.031,35 137.920,34 221.273,29 654.224,98 * Juros de Mora calculados até 28/02/2011. 2. De acordo com Termo de Verificação e Constatação Fiscal, fls. 09/13: 2.1. Tratase de Auto de Infração por ter sido constatada Omissão de Receitas – Receitas não escrituradas e insuficiências de recolhimentos que geraram diferenças relativas aos tributos IRPJ, PIS/PASEP. CSLL, COFINS e INSS, todos no regime de tributação do SMPLES, conforme a empresa havia se auto enquadrado. Fl. 312DF CARF MF Processo nº 15540.720001/201103 Acórdão n.º 1401002.638 S1C4T1 Fl. 312 3 2.2. Dos documentos solicitados a empresa apresentou contrato Social e suas alterações, Livro Diário, Livro de registro de Inventário e parte dos extratos bancários de conta corrente da empresa. Omissão de Receitas – Receitas não escrituradas 2.3. As omissões de Receitas referemse a depósitos bancários não escriturados, caracterizados por valores creditados nas suas contas corrrentes nos bancos UNIBANCO e ITAÚ, em relação aos quais a empresa, ao longo da ação fiscal, não comprovou, mediante documentação hábil e idônesa, a origem dos recursos utilizados nessas operações. 2.4. No decorrer da ação fiscal o contribuinte foi intimado e reintimado a apresentar documentos referentes ao anocalendário 2006, mas, ficou faltando parte dos extratos bancários. Considerando que a reintimação para apresentálos não foi atendida foi solicitada emissão de Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira (RMF) dos bancos UNIBANCO e ITAÚ. 2.5. Em atendimento a RMF os bancos apresentaram cópia dos dados da ficha cadastral e extrato das contas correntes. 2.6. O contribuinte foi então intimado através do Termo de Intimação de 20/01/2011 fls. 101, a esclarecer e comprovar, através de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos de valores creditados nas conta bancárias, discriminados pela Auditora no Anexo I, fls. 229/239, sendo novamente reintimado pelo Termo de 31/01/2011 (fls. 105). 2.7. Dos valores dos depósitos não comprovados, apurados mensalmente, foram excluídos os valores declarados pelo contribuinte na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica – SIMPLES (PJSI2007), ou seja, para efeito de apuração da receita omitida foram considerados os valores dos depósitos bancários não comprovados subtraídos os valores declarados pelo contribuinte na PJSI 2007 a título de Receita Bruta; sendo excluídos também os valores que puderam ser identificados pelos extratos como transferência bancária e empréstimos. 2.8. A tabela a seguir resume os valores apurados como receita a partir da movimentação financeira, a receita declarada e, por diferença, a receita omitida: MÊS DEPÓSITOS APURADOS RECEITAS DECLARADAS PJSI 2007 RECEITAS OMITIDAS JANEIRO 137.844,64 2.900,00 134.944,64 FEVEREIRO 162.222,20 2.000,00 160.222,20 MARÇO 90.616,79 1.600,00 89.016,79 ABRIL 185.018,15 3.800,00 181.218,15 MAIO 369.671,38 1.000,00 368.671,38 JUNHO 242.405,66 242.405,66 JULHO 224.403,69 2.650,00 221.753,69 AGOSTO 318.971,98 2.200,00 316.771,98 SETEMBRO 363.574,05 363.574,05 OUTUBRO 334.383,59 2.000,00 332.383,59 NOVEMBRO 320.778,22 2.000,00 318.778,22 DEZEMBRO 151.747,76 3.000,00 148.747,76 TOTAL 2.901.638,11 23.150,00 2.878.488,11 Fl. 313DF CARF MF 4 Insuficiência de Recolhimentos 2.9. Ao enquadrar os depósitos bancários detalhados como acréscimo à receita bruta declarada pela empresa, logo, como aumento da base de cálculo, verificouse também um novo enquadramento da alíquota do SIMPLES, ou seja, os valores originalmente recolhidos a título de IRPJ, PIS/PASEP. CSLL, COFINS e INSS, foram, por conseqüência, insuficientes, ensejando também no Auto de Infração a cobrança complementar devida a título de Insuficiência de Recolhimentos, conforme demonstrativo de apuração dos valores não recolhidos. Da Exclusão do Simples 2.10. O contribuinte, que estava enquadrado como Microempresa (ME) e optou e permaneceu no SIMPLES, no anocalendário 2006, em virtude da constatação da omissão de receitas decorrente da não comprovação dos valores creditados em contas bancárias, ultrapassou o valor limite estabelecido para Microempresa (ME) para permanecer no SIMPLES, razão pela qual foi formalizada Representação Fiscal para sua exclusão do SIMPLES. 2.11. Assim, foi lavrado o ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO 29, de 16/03/2011, fls. 210, entregue ao contribuinte em 28/03/2011 (fls. 218), declarando sua exclusão do SIMPLES, com efeitos a partir de 01 de janeiro de 2007, conforme previsto nos artigos 15 e 16 da Lei 9317/96. Da Impugnação 3. Inconformada, a Impugnante, que tomou ciência do lançamento e do Ato Declaratório de Exclusão do Simples em 28/03/2011, fls 218, apresentou impugnação, fls. 220/227, em 25/04/2011 (fls. 219), na qual, em síntese, alega: 3.1. A recorrente não era proprietária dos veículos objeto de financiamento por bancos integrantes do Sistema Financeiro Nacional. 3.2. Para afastar conotação de que esteja postergando a juntada dos documentos requisitados pela Receita Federal, a recorrente faz juntar cópias das correspondências dirigidas às instituições Financeiras envolvidas com os créditos efetuados em sua conta corrente, através das quais pode ser depreendido que visando atender às exigências formuladas, não foram encaminhadas as cópias de regelação de contratos de financiamento do ano de 2006 e segunda via do comprovante de rendimentos pagos ou creditados e de retenção de imposto de renda na fonte – pessoa jurídica – ano calendário 2006, conforme art 53, Lei 7450/85, código de retenção 8045, alíquota 1,5%. 3.3. A Recorrente se constitui em empresa que fazia a intermediação de financiamento de compra e venda de veículos somente auferindo receitas a título de comissão por cada contratação ajustada, não sendo proprietária dos veículos objeto de financiamento, pertencentes a terceiros. 3.4. Ajustadas as condições do contrato, os Bancos, normalmente sediados na capital de São Paulo depositavam nas contas correntes da Recorrente os valores brutos de cada operação, cabendo a recorrente fazer os respectivos repasses aos ex proprietários do veículos alienados, ficando, tão e somente com o valor referente a cada comissão, também conhecida como taxa de retorno. 3.5. Ainda que expressivas somas transitassem nas contas correntes do recorrente, a atividade lucrativa sempre foi, como ainda é, exercida pelos bancos integrantes do Sistema Financeiro Nacional, pois a recorrente funcionava apenas como intermediária das operações, sendo remunerada a título de comissão. Fl. 314DF CARF MF Processo nº 15540.720001/201103 Acórdão n.º 1401002.638 S1C4T1 Fl. 313 5 3.6. Considerando que ditas comissões sempre foram tributadas na fonte, sem que fosse causado qualquer dano ao fisco, a ponto de caracterizar qualquer conotação de omissão de receita, o erro da recorrente consistiu em não fazer as declarações referentes as comissões recebidas, mas não incorrendo em sonegação de receita uma vez que tributadas na fonte. 3.7. Esses e outros aspectos merecem acolhida por parte da Receita Federal, que para o fim de evitar que venha a ser penalizada em razão de uma atividade lucrativa do Sistema Financeiro, que por não ser proprietária dos bens financiados, que por ter sofrido tributação das comissões auferidas diretamente na fonte, cabendo às Instituições Financeiras prestar as declarações pertinentes ao Fisco. 3.8. Conforme pode ser depreendido das amostragens abaixo, acompanhadas dos respectivos documentos comprobatórios, os valores que transitaram na conta corrente da recorrente não podem ser tipificados como receitas. Os contratos de empréstimos e as comissões recebidas podem ser identificados no extrato de conta da empresa porque os códigos bancários são relativos, embora peculiares de cada instituição. Quanto às autuações referentes ao INSS e outros Tributos 3.9. Acolhidas as razões mencionadas para descaracterizar que o valor transitado nas contas correntes da recorrente se referiam, em sua maior parte a créditos para serem repassados aos proprietários dos veículos financiados, por certo toda e qualquer tributação, não obstante aquela feita na fonte pelos bancos, deveria levar em consideração somente os valores auferidos pela recorrente a título de comissão. Quanto a decisão que excluiu a recorrente da condição de microempresa 3.10. O Relatório que demonstrou a expressiva movimentação financeira nas contas bancárias da recorrente, ensejou a tomada de decisão proferida pelo Sr. Delegado da Receita Federal no sentido de excluir a recorrente da condição de microempresa. 3.11. Considerando que o principal deve seguir o acessório, em sendo acolhidas as justificativas que os valores transitados nas contas correntes da Recorrente não se destinavam integralmente a esta, (mas aos proprietários dos veículos financiados) em se reconhecendo que as receitas da recorrente não ultrapassaram os limites destinados para as microempresas, por certo haverá de merecer a reforma da decisão que excluiu a recorrente da condição de microempresa. Conclusão 3.12. Ainda que não encaminhados os documentos solicitados aos bancos envolvidos nas operações: cópia de regelação de contratos de financiamentos do ano de 2006 e segunda via do comprovante de rendimentos pagos ou creditados e de retenção de renda na fonte – pessoa jurídica: · Demonstrado que todos os créditos constantes da listagem em anexo se referem a contratos de empréstimos, os quais poderão ser comparados e analisados pelos mesmos códigos de liberação dos contratos que constam da amostragem antes feita, referentes ao Banco Itaucred e BV Financeira. Fl. 315DF CARF MF 6 · Demonstrado que os valores que transitaram nas contas correntes da recorrente compreendem os valores dos bens financiados e repassados aos respectivos vendedores. · Demonstrado que a recorrente auferia tão e somente os valores referentes às comissões, também reconhecidas como retorno. 3.13. Alternativa e sucessivamente, admitindose a hipótese de outro entendimento, seja revista a autuação para que a incidência ocorra somente sobre os valores recebidos a título de comissão (taxa de retorno), autorizandose as compensações pelos valores retidos pelas Instituições Financeira. 4. É o relatório. (término da transcrição do relatório do acórdão da DRJ) A DRJ, por meio do por meio do Acórdão 1243.970, de 15 de fevereiro de 2012, julgou procedente em parte a impugnação apresentada pela empresa, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 DECADÊNCIA. Nos casos de lançamento por homologação, em que o contribuinte antecipa o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, o prazo de cinco anos para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário contase, em regra, da data de ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN). ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2006 SIMPLES. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. Presumemse receitas omitidas os valores creditados em contacorrente mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regu larmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. SIMPLES. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTOS. Correto o lançamento das diferenças de tributos apuradas no regime do Simples, quando verificada a utilização de alíquota menor do que a que de veria ter sido aplicada. SIMPLES. EXCLUSÃO DE OFÍCIO. EXCESSO DE RECEITAS BRUTA. Comprovado que a empresa ultrapassou o limite de receita bruta para per manência na sistemática do Simples, mantémse o Ato Declaratório de Ex clusão. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido em Parte Fl. 316DF CARF MF Processo nº 15540.720001/201103 Acórdão n.º 1401002.638 S1C4T1 Fl. 314 7 A DRJ reconheceu a decadência do lançamento quanto aos fatos geradores de 31/01/2006 e 28/02/2006. A recorrente tomou ciência do acórdão da DRJ na data de 16/03/2012 (sexta feira) cf. ARECF de efl. 293. Sendo assim, o prazo para interposição de recurso voluntário começou a fluir a partir de 19/03/2012 (inclusive). Desta forma, o prazo final para protocolização do recurso voluntário seria 17/04/2012 (terçafeira). A recorrente encaminhou o recurso voluntário, via postagem, na data de datado de 13/04/2012 (efl. 306), que foi confirmado no termo de solicitação de juntada de efl. 295. No recurso voluntário, a recorrente não traz nada de novo. Traz somente pedido de intimação das instituições financeiras para verificar as saídas dos numerários, para comprovar que efetuava a intermediação de venda de veículos. Ao fim, pede pela improcedência do lançamento. No CARF, coube a mim a relatoria do processo. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator O recurso é tempestivo e atende os demais requisitos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Como dito, a DRJ afastou o lançamento cujos fatos geradores ocorreram em janeiro e fevereiro de 2006. Não houve interposição de recurso de ofício em razão do valor exonerado ser menor que o limite de alçada hoje no valor de R$ 2.500.000,00. Assim, os fatos geradores de 01 e 02/2006 não fazem parte deste voto. A recorrente não traz novos argumentos, principalmente para combater as razões de decidir da DRJ. Assim, aplico o teor do § 3º do art. 57 do vigente Regimento Interno do CARF, para reproduzir, mutatis mutandis, os fundamentos da DRJ e considerálos como razão de decidir: § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da Fl. 317DF CARF MF 8 decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) (início da transcrição do voto da DRJ) Do lançamento Omissão de Receitas com base em Depósitos Bancários – Receitas não escrituradas 13. Tratase de Auto de Infração lavrado em razão de ter sido constata omissão de receitas, decorrente de valores creditados em contas bancárias mantidas pelo contribuinte, em relação aos quais, apesar de regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nas operações. 14. Na apreciação dos autos constatase que o contribuinte foi intimado, através do Termo de Intimação de 20/01/2011, fls. 101/102, a comprovar os valores creditados nas contas do Banco Itaú e UNIBANCO discriminados pela Auditora no Anexo I (fls. 229/239). Em resposta o contribuinte expôs as razões de fls. 104, sem anexar qualquer documento de prova das alegações. 15. Posteriormente, fls.105, o contribuinte foi intimado a apresentar os contratos de financiamentos citados nos esclarecimentos dados ao Termo de intimação de 20/01/2011, ao que respondeu com as informações de fls. 107/108, nas quais informa: que os documentos ficavam restritos às instituições de crédito e aos escritórios de despachantes do DETRAN, sendo que só possuía controle escritural onde todas as informações ficavam registradas e que não existia uma via de contrato destinada às empresa congêneres. Com o passar dos anos, com mudança de ramo para oficina mecânica, o equipamento foi envelhecendo, passando por pequenos reparos, panes até que os defeitos se agravaram e parou de funcionar. 16. Termina sua exposição com uma descrição da vida particular do titular da empresa. 17. Apesar das duas intimações específicas o contribuinte não comprovou a origem dos recursos que passaram pelas contas bancárias e foram discriminados no anexo I do Termo de intimação de 20/01/2011 pela Auditora. 18. Assim, considerando que a empresa não apresentou nenhum dos documentos solicitados, conforme consta do item 12 do Termo de Verificação e Constatação Fiscal, foram lavrados os Autos de Infração por omissão de receita, com a seguinte ressalva: Dos valores dos depósitos não comprovados, apurados mensalmente, foram excluídos os valores declarados pelo contribuinte na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica – SIMPLES (PJSI2007), ou seja, para efeito de apuração da receita omitida foram considerados os valores dos depósitos bancários não comprovados subtraídos os valores declarados pelo contribuinte na PJSI 2007 a título de Receita Bruta; sendo excluídos também os valores que puderam ser identificados pelos extratos como transferência bancária e empréstimos. 19. Logo, constatase que o lançamento decorrente da presunção de omissão de receita prevista no artigo 42 da Lei 9430/96, presunção esta que se aplica às empresas Fl. 318DF CARF MF Processo nº 15540.720001/201103 Acórdão n.º 1401002.638 S1C4T1 Fl. 315 9 optantes pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES, nos termos do artigo 18 da Lei 9.317, de 5 de dezembro de 1996, in verbis: Art. 18. Aplicamse à microempresa e à empresa de pequeno porte todas as presunções de omissão de receita existentes nas legislações de regência dos impostos e contribuições de que trata esta Lei, desde que apuráveis com base nos livros e documentos a que estiverem obrigadas aquelas pessoas jurídicas. 20. O artigo 42 da Lei 9430/1996 estabelece: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica;II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Alterado pela Lei nº 9.481, de 13.8.97) § 4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de Fl. 319DF CARF MF 10 informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002)(grifei) 21. Tratase de uma presunção legal de que os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, não comprovados com documentação hábil e idônea, constituem receita omitida. 22. A presunção legal tem o condão de inverter o ônus da prova, transferindoo para o contribuinte, que pode refutálo mediante oferta de provas hábeis e idôneas, razão pela qual a Auditora, durante o procedimento fiscal necessita intimar o contribuinte, de forma individualizada, a justificar os créditos constantes das contas de depósito, conforme determina o artigo 42 da Lei 9430. 23. Deste modo, configurada a pertinência da presunção legal e presente o suporte legal para que se considerem os valores creditados nas contas de depósito da Impugnante, cujas origens não foram comprovadas, como receitas omitidas presumidas. 24. Notase que na fundamentação legal do lançamento a Auditora deixou de mencionar o artigo 42 da Lei 9430/96, mencionando apenas o artigo 24 da Lei 9.249/95 e o artigo 18 da Lei 9317/96. Tal equívoco, no entanto, não é capaz de macular o Auto de Infração, visto que através dos procedimentos adotados pela Auditora, assim como com a descrição dos fatos constantes do Termo de Verificação e Constatação Fiscal, constatase que foram oferecidos elementos suficientes para compreensão do fato gerador e da matéria tributável apurada, em nada prejudicando, face ao pleno conhecimento do contribuinte da matéria objeto da autuação, haja vista as manifestações apresentadas pelo mesmo, tanto durante o procedimento fiscal, quanto na Impugnação ora em análise. Neste sentido apontam as decisões abaixo: RPJ – CSLL ERRO NA MENÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO INOCORRÊNCIA A simples ocorrência de erro no enquadramento legal da infração não é bastante, por si só, para acarretar a nulidade do Auto de Infração, quando a descrição dos fatos, que dele é parte integrante, e os cálculos efetuados pelo fisco para encontrar a matéria tributável permitem ao autuado o conhecimento por inteiro do ilícito que lhe é imputado.(Acórdão 10706998, 27/02/2003, Relator Luis Martins Valero) CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA – Improcede a alegação do cerceamento do direito de defesa, quando o contribuinte o exerce na sua plenitude como se depreende dos autos do processo. (Ac. 10310.340, DOU de 11101990, p. 19.279, Rel. Cons. Luiz Alberto Cava Macieira) 25. Na Impugnação, o contribuinte repete os argumentos antes apresentados durante o procedimento fiscal de que “a Recorrente se constitui em empresa que fazia a intermediação de financiamento de compra e venda de veículos somente auferindo receitas a título de comissão por cada contratação ajustada, não sendo proprietária dos veículos objeto de financiamento, pertencentes a terceiros. Ajustadas as condições do contrato, os Bancos, normalmente sediados na capital de São Paulo depositavam nas contas correntes da Recorrente os valores brutos de cada operação, cabendo a recorrente fazer os respectivos Fl. 320DF CARF MF Processo nº 15540.720001/201103 Acórdão n.º 1401002.638 S1C4T1 Fl. 316 11 repasses aos exproprietários do veículos alienados, ficando, tão e somente com o valor referente a cada comissão, também conhecida como taxa de retorno”. Durante o procedimento fiscal, no entanto, a impugnante não apresentou qualquer elemento de prova de suas alegações. 26. Na impugnação, o contribuinte orienta como identificar os valores de financiamentos e os valores de comissões nos extratos bancários e junta a mesma, cópias de alguns documentos bancários de financiamentos, cujos recursos e taxas de comissões afirma terem sido depositados em suas contas bancárias. 27. Analisando os documentos que foram juntados à Impugnação, não é possível acatar os argumentos apresentados pelos seguintes fatos: · Nos documentos de financiamentos do Itaú, fls. 244/259, não é possível constatar a menção de qualquer comissão; sendo que em tais documentos, consta no item 7: “Entrega do valor – O Itaubanco entregará o valor total financiado, deduzido o valor do IOF e da tarifa bancária quando financiados diretamente ao fornecedor do bem ou serviço ou ao cliente, conforme especificado no item 4, mediante crédito em contacorrente...”.(grifei) · Se a impugnante consta como fornecedor do bem, significa dizer, s.m.j. que é o vendedora do bem. · Nos documentos da BV apresentados a impugnante aparece IDENTIFICADA CLARAMENTE COMO VENDEDORA. · A impugnante em nenhum momento identificou os vendedores. · A impugnante não juntou aos autos qualquer documento que comprove que repassou o total dos valores obtidos dos financiamentos para os eventuais vendedores dos veículos. · Não sendo a impugnante a vendedora, mas apenas mera intermediadora como alega, nos documentos de empréstimos deveria constar também o nome dos reais vendedores. · A Impunante não apresentou qualquer documentos que prove que a mesma tenha acordado o recebimento de comissões. 28. A natureza das transações da pessoa jurídica (se venda de bens ou prestação de serviços) deve estar demonstrada documentalmente, sendo que os documentos apresentados junto com a Impugnação levam a conclusão de que a Impugnante teve como atividade, à época dos fatos geradores, venda de veículos, sendo, inclusive, esta a atividade que, à época dos fatos geradores, constava do requerimento de empresário registrado na Junta Comercial em 13/04/2004, ou seja, atividade principal, CNAE 50105/02 Comércio varejista de automóveis, camionetas, utilitários novos e usados. A Impugnante mudou a atividade principal apenas em 12/07/2007, conforme documento de fls. 113, no qual consta como atividade principal, CNAE 45200/01 – Oficina mecânica de veículos automotores, Fl. 321DF CARF MF 12 permanecendo, no entanto, como atividade secundária, o comércio a varejo de veículos automotores novos e usados. 29. Importante destacar que a atividade prestação de serviços de intermediação de financiamento, avocada pela Impugnante em sua defesa, que se caracteriza por serviços profissionais de corretor ou a ele assemelhados, constitui atividade impeditiva para empresa permanecer no Simples, nos termos do inciso XIII do art. 9º da Lei nº 9.317/96: Art. 9o Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: ... XIII que preste serviços profissionais de corretor, representante comercial, despachante, ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, médico, dentista, enfermeiro, veterinário, engenheiro, arquiteto, físico, químico, economista, contador, auditor, consultor, estatístico, administrador, programador, analista de sistema, advogado, psicólogo, professor, jornalista, publicitário, fisicultor, ou assemelhados, e de qualquer outra profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida; (grifei) 30. Sobre a vedação atinente aos serviços profissionais de “corretor”, “representante comercial” e a eles assemelhados, a Coordenação Geral de Tributação da Receita Federal do Brasil orientou: ... para identificar serviços semelhantes aos de corretor ou representante comercial, serão tidos como assemelhados quaisquer serviços que traduzam a mediação ou intermediação de negócios e que resultem no pagamento de ‘comissões, corretagens ou qualquer outra remuneração pela representação comercial ou pela mediação na realização de negócios civis e comerciais’ (RIR/1999, art. 651, inciso I)” (Perguntas e Respostas Pessoa Jurídica 2007, capítulo V, questão 040) (grifei). 31. O contribuinte alega ainda: Considerando que ditas comissões sempre foram tributadas na fonte, sem que fosse causado qualquer dano ao fisco, a ponto de caracterizar qualquer conotação de omissão de receita, o erro da recorrente consistiu em não fazer as declarações referentes as comissões recebidas, mas não incorrendo em sonegação de receita uma vez tributadas na fonte. 32. Tais considerações de que o contribuinte já teria sofrido a retenção do imposto de renda na fonte sobre as comissões recebidas não acarreta qualquer modificação no lançamento. (...) porque ditas retenções não foram comprovadas (...) (...) 34. A Impugnante apresentou Livro Diário, fls. 115/136, no qual não escriturava toda sua movimentação financeira, inclusive bancária. Importante mencionar que as empresas optantes pelo SIMPLES estão dispensadas da escrituração comercial, desde que mantenham em boa ordem e guarda enquanto não decorrido o prazo decadencial, além de outros elementos, o livro caixa, no qual deve estar escriturada toda a sua movimentação Fl. 322DF CARF MF Processo nº 15540.720001/201103 Acórdão n.º 1401002.638 S1C4T1 Fl. 317 13 financeira, inclusive bancária; além dos documentos que deram base a sua escrituração, conforme preconiza o artigo 7º da Lei 9317/96: Art. 7° A microempresa e a empresa de pequeno porte, inscritas no SIMPLES apresentarão, anualmente, declaração simplificada que será entregue até o último dia útil do mês de maio do ano calendário subseqüente ao da ocorrência dos fatos geradores dos impostos e contribuições de que tratam os arts. 3° e 4° . § 1° A microempresa e a empresa de pequeno porte ficam dispensadas de escrituração comercial desde que mantenham, em boa ordem e guarda e enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes: a) Livro Caixa, no qual deverá estar escriturada toda a sua movimentação financeira, inclusive bancária; b) Livro de Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término de cada ano calendário; c) todos os documentos e demais papéis que serviram de base para a escrituração dos livros referidos nas alíneas anteriores. ...(grifei) 35. Então, se optou por apresentar o livro Diário, no mesmo deveria também constar a escrituração de toda a movimentação financeira. Notese que os livros contábeis fazem prova contra ou a favor das pessoas a que pertencem, nos termos do art. 226 do Código Civil (Lei nº 10.406, de 10/01/2002), in verbis: Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios. 36. Portanto, a empresa inscrita no Simples deve escriturar ao menos o Livro Caixa com toda sua movimentação financeira, inclusive bancária, e guardar em boa ordem, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações pertinentes, todos os documentos que serviram de base à escrituração. 37. Isto posto, mantenho os valores lançados de IRPJ SIMPLES que não foram atingidos pela decadência. Lançamentos Reflexos 38. Conseqüentemente, em razão de serem decorrentes do principal, os lançamentos reflexos de PIS, COFINS, CSLL e INSS os valores que não foram atingidos pela decadência, também serão MANTIDOS. Fl. 323DF CARF MF 14 Insuficiência de Recolhimentos 39. Considerando que a Impugnante não conseguiu demonstrar a improcedência ou qualquer incorreção dos valores apurados, cabe manter também os valores apurados por insuficiência de recolhimentos, do período não atingido pela decadência, visto que a Impugnante apresentou declaração simplificada informando um valor de receita inferior ao que foi apurado a título de omissão de receita, tendo, por conseqüência, sido considerado uma alíquota inferior a que deveria ser utilizada para calcular os impostos. (...) Ato Declaratório Executivo 29/2011 41. Os Autos de Infração de Omissão de Receita foram mantidos, fato que ratifica o motivo de exclusão e deixa evidente a procedência do Ato Declaratório Executivo 29, de 16/03/2011, fls. 210. 42. Assim, VOTO POR MANTER A EXCLUSÃO DO SIMPLES efetuada através do ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO 29/2011, com efeitos da exclusão a partir 1º de janeiro de 2007, conforme previsto nos artigo 15 e 16 da Lei 9317/96. 43. Importante destacar que o Art. 16 da Lei 9317/96 determina que “a pessoa jurídica excluída do SIMPLES sujeitarseá, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas”. (...) (término da transcrição do voto da DRJ) Conclusão Diante do exposto, voto por NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Fl. 324DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.003554/2010-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
GANHO DE CAPITAL. IMÓVEL RURAL COM BENFEITORIAS. VALOR DE ALIENAÇÃO.
Somente se as benfeitorias tiverem sido deduzidas como despesa de custeio na apuração da determinação da base de cálculo do imposto da atividade rural, o valor da alienação referente a elas será tributado como receita da atividade rural, do contrário integram o valor de alienação para fins de apuração do ganho de capital.
Há necessidade de o contribuinte comprovar que ao tempo certo deduziu o valor das benfeitorias como custo ou despesa da atividade rural. A comprovação da realização das benfeitorias e a sua discriminação no anexo da atividade rural são condições indispensáveis para sua integração ao custo do imóvel.
Numero da decisão: 2402-006.148
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira De Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior, Renata Toratti Cassini e Mário Pereira de Pinho Filho.
Nome do relator: JAMED ABDUL NASSER FEITOZA
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IMÓVEL RURAL COM BENFEITORIAS. VALOR DE ALIENAÇÃO. Somente se as benfeitorias tiverem sido deduzidas como despesa de custeio na apuração da determinação da base de cálculo do imposto da atividade rural, o valor da alienação referente a elas será tributado como receita da atividade rural, do contrário integram o valor de alienação para fins de apuração do ganho de capital. Há necessidade de o contribuinte comprovar que ao tempo certo deduziu o valor das benfeitorias como custo ou despesa da atividade rural. A comprovação da realização das benfeitorias e a sua discriminação no anexo da atividade rural são condições indispensáveis para sua integração ao custo do imóvel. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 00 35 54 /2 01 0- 52 Fl. 251DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Mario Pereira De Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior, Renata Toratti Cassini e Mário Pereira de Pinho Filho. Fl. 252DF CARF MF Processo nº 13888.003554/201052 Acórdão n.º 2402006.148 S2C4T2 Fl. 252 3 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 224 usque 243, tomado contra Acórdão de fls. 207/216, advindo da 9ª Turma de Julgamento da DRJ/BHE que, por unanimidade de votos, julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada, reduzindo o valor do imposto devido. Está assim lançado o relatório da decisão recorrida: "Do Crédito Tributário Cuidase de crédito tributário relativo ao Imposto de Renda de Pessoa Física, exercício 2008, anocalendário 2007 formalizado por meio de auto de infração em decorrência da omissão de ganhos de capital na alienação de bens e direitos, conforme Termo de Constatação Fiscal de fls. 153 a 161. O imposto, a multa de ofício e os juros moratórios foram apurados conforme auto de infração de fls. 162 a 168. Imposto R$558.982,59 Juros de Mora (até 31/5/2010) R$179.209,81 Multa Proporcional R$419.236,94 Valor do Crédito Tributário Apurado R$1.157.429,34 Do Procedimento Fiscal Segundo o Termo de Constatação Fiscal, o contribuinte era proprietário dos imóveis rurais denominados Lotes Odeon 1 e Odeon 2 e sócio da empresa Tauã Biodiesel Ltda, tudo proporcionalmente dividido com os irmãos Darci Covolan e Romeu Covolan. Em 27/4/2007, conforme 1ª alteração contratual de fls. 38 a 41, decidiram integralizar o capital social da empresa constituída em 23/5/2006 com a entrega dos referidos imóveis. A integralização foi de 24.012.000 quotas no valor individual de R$1,00 e total de R$24.012.000,00, sendo R$4.611.000,00 em dinheiro e R$20.001.000,00 na forma dos imóveis rurais mencionados. Considerando a integralização anterior de R$600.000,00 no ato da constituição da sociedade, o capital passou a R$24.612.000,00. De acordo com a 1ª alteração contratual registrada na JUCEMAT em 27/4/2007 o Lote Odeon 1, matriculado sob o nº 865, com 1.983,40 ha foi integralizado pelo valor de R$10.000.500,00, sendo atribuída a quantia de R$198.440,00 à terra nua e R$9.802.060,00 às melhorias e investimentos e o Lote Odeon 2, matriculado sob o nº 668, com 1.984,44 ha pelo valor de R$10.000.500,00, sendo a quantia de R$198.440,00 Fl. 253DF CARF MF 4 atribuída à terra nua e R$9.802.060,00 às melhorias e investimentos. Na 2ª alteração contratual, fls. 42 a 45 registrada na JUCEMAT em 7/5/2007 houve integralização de 4.611.000 quotas a R$1,00 cada, passando o capital social a R$29.223.000,00, sendo que o valor dos imóveis integralizados anteriormente foi de R$10.000.500,00 cada, sem indicação de qualquer separação entre valor da terra nua e das benfeitorias. Em 17/7/2007 por meio da cláusula primeira da 3ª alteração contratual, fls. 46 a 52 foi retificada a cláusula segunda da 1ª alteração contratual para basicamente indicar que o Lote Odeon 1, matriculado sob o nº 865 foi desmembrado nos Lotes Odeon 1A e 1B, ambos com 991,70 ha (total de 1.983,40 ha). Nos termos da retificação os imóveis fruto do desmembramento foram matriculados sob os nº 2.061 e 2.062. Com isto a alteração contratual considerou a integralização de três imóveis, Odeon 1A, Odeon 1B e Odeon 2. Por esta alteração contratual, mantevese o valor da terra nua e das benfeitorias do Lote Odeon 2 e quanto aos Lotes Odeon 1A e 1B o valor individual foi de R$5.000.250,00, sendo que para a terra nua foi estabelecido R$99.220,00 e R$4.901.030,00 atribuído às melhorias e investimentos. Na 4º alteração contratual, fls. 61 a 63, registrada na JUCEMAT em 8/10/2007 o valor dos três imóveis foi de R$5.000.250,00 para cada um dos lotes Odeon 1A e 1B e R$10.000.500,00 para o lote Odeon 2, sem indicação de qualquer separação entre valor da terra nua e das benfeitorias. A 5ª alteração contratual, fls. 66 a 74, registrada na JUCEMAT em 2/1/2008 serviu para a retificação da forma de integralização dos imóveis rurais ao capital da empresa. Para o lote Odeon 2 de 1.984,44 ha foi definido em R$198.440,00 o valor da terra nua e excluída a importância de R$9.802.060,00 na forma de benfeitorias, pela ausência de averbação delas na matrícula do imóvel. Pelos mesmos motivos foi fixado em R$140.000,00 o valor da terra nua para cada um dos imóveis denominados Odeon 1A e Odeon 1B cujas áreas são de 991,70 ha e excluído igualmente o valor de R$4.860.250,00 de cada um em benfeitorias. Segundo esta alteração contratual, o valor excluído de R$19.522.560,00 em benfeitorias foi acrescentado ao capital social da empresa e integralizado sob a forma de reserva de reavaliação de imóveis. A autoridade autuante, com base na documentação e esclarecimentos apresentados pelo contribuinte concluiu inicialmente que pelos documentos examinados os imóveis foram adquiridos por R$140.000,00 (Odeon 1A), R$140.000,00 (Odeon 1B) e R$198.440,00 (Odeon 2) e transferidos à Tauã Biodiesel Ltda por R$5.000.250,00, R$5.000.250,00 e R$10.000.500,00, respectivamente. Apesar de o contribuinte ter tentado comprovar que efetuou a alienação dos imóveis pelos valores de aquisição, mediante Fl. 254DF CARF MF Processo nº 13888.003554/201052 Acórdão n.º 2402006.148 S2C4T2 Fl. 253 5 apresentação do contrato social e alterações da Tauã Biodiesel Ltda, a autoridade lançadora fixou que os imóveis foram transferidos pelos valores constantes da 3ª alteração contratual, corroborada com as matrículas dos imóveis e considerou que qualquer ato efetuado pela pessoa jurídica posteriormente à transferência não mais se relaciona com a pessoa física que tem sua participação nos imóveis encerrada com a alienação dos bens. Prossegue o autuante afirmando que o Laudo de Avaliação com data de 15/2/2007 que avaliou os imóveis em R$13.648.271,00 (Odeon 1A e Odeon 1B) e R$13.655.152,75 (Odeon 2) somente vem confirmar o fato de que os proprietários dos imóveis sabiam do seu real valor de mercado e por isto os vendeu pelos valores mencionados anteriormente. Diante destes fatos foi apurada a infração de omissão de rendimentos de ganho de capital à razão de 1/3 para cada um dos proprietários dos imóveis, entre eles o Sr. Vilson Covolan. Conforme quadros demonstrativos de fl. 160, o Ganho de Capital em relação aos imóveis Odeon 1A e 1B foi de R$280.210,86 e de R$278.771,74 para o imóvel Odeon 2. Lotes Odeon 1A e 1B Valor da Alienação 10.000.500,00 (‐)Custo de Aquisição 265.000,00 (=)Ganho de Capital I 9.735.500,00 Percentual de Redução FR1 39,13% (‐)Valor de Redução FR1 3.809.501,15 (=)Ganho de Capital após FR1 5.925.998,85 Percentual de Redução FR2 5,43% (‐)Valor de Redução FR2 321.781,73 Ganho de Capital 5.604.217,12 Alíquota 15% ‐ Imposto Devido 840.632,56 Vilson Covolan – 1/3 de 840.632,56 280.210,86 Lote Odeon 2 Valor da Alienação 10.000.500,00 (‐)Custo de Aquisição 315.000,00 (=)Ganho de Capital I 9.685.500,00 Percentual de Redução FR1 39,13% (‐)Valor de Redução FR1 3.789.936,15 (=)Ganho de Capital após FR1 5.895.563,85 Percentual de Redução FR2 5,43% (‐)Valor de Redução FR2 320.129.11 Ganho de Capital 5.575.434,74 Alíquota 15% ‐ Imposto Devido 836.315,21 Vilson Covolan – 1/3 de 836.315,21 278.771,74 No cálculo do Ganho de Capital foram considerados os percentuais de 39,13% e 5,43% em função dos fatores de redução FR1 e FR2 previstos na Lei 11.196/2005. Também foram considerados como custo de aquisição os valores de Fl. 255DF CARF MF 6 R$265.000,00 para os imóveis Odeon 1A e 1B e R$315.000,00 para o imóvel Odeon 2, por serem os constantes do Documento de Informação e Apuração do Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural (Diat) do ano de aquisição, informados como valor da terra nua. Impugnação Cientificado do Lançamento o sujeito passivo apresentou a impugnação de fls. 171 / a 185, na qual rebate o trabalho fiscal. Explica que na 1ª alteração contratual da Tauã Biodiesel foi integralizado o valor da terra nua para os três imóveis (R$396.880,00) e que por equívoco do contador responsável foram incluídos valores dos investimentos efetuados em benfeitorias; Cita o artigo 62 do Regulamento do Imposto de Renda para afirmar que as benfeitorias em imóveis rurais são consideradas despesas no mês do efetivo pagamento; Pela inteligência do artigo 61 do Regulamento do Imposto de Renda, entende que se as despesas com benfeitorias foram consideradas na apuração do resultado da atividade rural, caso alienadas (integralizadas) restringemse à tributação na atividade rural e não ao ganho de capital; Menciona o artigo 23, §§ 1º e 2º da Lei 9.249/1995 para justificar que a integralização de capital em bens pelo valor constante da declaração de bens encontra amparo legal; Justifica a retificação da integralização do capital promovida na 5ª alteração contratual, porque este é um ato soberano dos sócios e a reserva de reavaliação foi concebida com base em laudo técnico emitido por peritos tal como determina a legislação. Adverte que na ocorrência de erro de fato na indicação do valor da terra nua e das benfeitorias, não há vedação para a sua retificação; Firme no entendimento de que agiu em consonância com as determinações legais, contesta o lançamento baseado em omissão de ganho de capital e pugna pelo cancelamento da exigência fiscal." Em seu recurso, alega o recorrente que, na 5ª alteração contratual, houve a retificação do ato societário referente á integralização original dos imóveis em testilha, passando a constar como valor capitalizado o valor de custo de aquisição de tais bens – valor constante das respectivas declarações de rendimentos dos coproprietários – nos valores de R$ 140.000,00 (Fazenda Odeon 1A), R$ 140.000,00 (Fazenda Odeon 1B) e R$ 198.000,00 (Fazenda Odeon 2), o que teria sido feito antes mesmo do procedimento fiscalizatório. Aduz que a alteração realizada no contrato social da Tauá Biodisel Ltda é ato totalmente apto a neutralizar os efeitos da 1ª alteração, que teria sido feita equivocadamente, ao passo que integralizou o valor dos imóveis rurais em foco considerando o valor de suas benfeitorias. Assim, diz que “o intento da referida alteração foi justamente refletir a intenção dos sócios em aportar capital na sociedade, por meio dos referidos imóveis, nos exatos valores correspondentes ao custo de aquisição e, concomitantemente, realizar na Fl. 256DF CARF MF Processo nº 13888.003554/201052 Acórdão n.º 2402006.148 S2C4T2 Fl. 254 7 sociedade e reavaliação dos bens recebidos dos sócios a seu valor de mercado contra ajuste em conta de reserve de reavaliação de seu patrimônio liquido”(palavra por palavra, fls. 233) Desse modo, assinala o recorrente que a intenção sempre foi a de integralizar os referidos bens pelos seus valores de aquisição e valores históricos e não pelo “valor de Mercado”, tendo como escopo a correção do equívoco perpetrado pela 1ª alteração contratual, fazendo com que esse novo arranjo seja alinhado ao capital social da empresa. Afirma que a reunião dos sócios cotistas, que deu origem a alteração teve a presença da totalidade dos sócios cotistas, fazendo com que sejam as deliberações tomadas “soberanas nas relações dos sócios com a sociedade”, de modo que tal alteração seria totalmente autorizada pela legislação de regência. Em seguida, ressalta a possibilidade de atribuição de efeitos “ex tunc” ao ato de retificação do contrato social, de modo que os efeitos da refiticação sobrepõem o ato retificado, sendo este inexistente para todos os fins. Diz: “Em outras palavras, a 5ª alteração do contrato social, desfazendo a integralização originária e efetuando uma nova avaliação dos bens imóveis rurais conferidos, acabou por anular, desde a origem, os efeitos da primeira alteração, porquanto anulou completamente o que for a deliberado naquela primeira”. (fls. 234) Ressalta que é a praxe que as alterações societárias, em diversas partes do país, tenham efeitos ex tunc, razão pela qual a fiscalização não poderia, pela complete ausência de fato gerador, apoiarse na primeira alteração para fiar o auto de infração. Após, evidencia que seria expressamente previsto na legislação tributária federal, ex vi, o art. 23, §§ 1º e 2º, da Lei nº 9.249/1995, a integralização de capital por meio da conferência de bens imóveis por pessoa física a pessoa jurídica, tendo como parâmetro o valor constante da respectiva declaração de bens do proprietário. Fia que há “discricionariedade do investidor pessoa física ao integralizar determinado bem no capital de determina a empresa (…)” ainda que “tenha ciência de que o valor de Mercado do bem supera seu custo histórico” (fls. 237). Postula que cumpriu o regramento legal ao lançar as ações ou cotas adquiridas pelo mesmo valor dos bens integralizados em sua declaração. Assinala que o a legislação do Imposto de Renda atribui ao contribuinte o direito de integralizar bens imóveis ao capital social de determinada pessoa jurídica pelo seu valor de aquisição, “diferindo, assim, a tributação de eventual ganho de capital para a uma incerta e futura alienação das participações societárias adquiridas” (sic – fls. 238) Minuta que o conhecimento ou desconhecimento do real valor de Mercado do bem em nada interferiria na regularidade da operação efetuada, nem obrigaria o sujeito passive a integralizar os imóveis pelo seu valor de custo mais o valor das benfeitorias. Aventa que o valor das benfeitorias, teria sido refletido em conta contábil de “reserva de reavaliação”, conforme preconize o artigo 182 da lei nº 6.404/76, de modo que haveria complete regularidade e legalidade na operação, sem que tenha havido ganho de capital na conferência dos referidos bens. Fl. 257DF CARF MF 8 Advoga, em seguida, no sentido de que as benfeitorias realizadas com a conservação, reparos, construção, ampliação e reformas dos bens imóveis em comento no presente CARF, estariam devidamente comprovados nos autos durante o período fiscalizatório, restando provado, a seu ver, os dispêndios com desmatamento da terra, enleiramento do solo, calagem e demais melhorias necessárias à regular atividade da pessoa jurídica a qual os imóveis foram integralizados. Em seu relato, afiança que o trabalho fiscal não teria cuidado de averiguar as despesas realizadas pelo contribuinte, uma vez que elas não poderiam ser consideradas para o ganho de capital. Acrescenta, às fls. 242: “É dizer, admitindo terse dado a integralização pelo valo de custo acrescido do valor das benfeitorias realizadas e, não tendo essas despesas com benfeitorias composta o resultado da atividade rural da Recorrente – como aponta a fiscalização e o acórdão recorrido – imperioso admitir também que o valor das benfeitorias deveria ter sido considerado no custo dos imóveis para fins do cômputo de eventual ganho de capital”. Requer, assim, o conhecimento e provimento do recurso para que seja reformado o acórdão recorrido e cancelado o auto de infração contra si lavrado. Por derradeiro, pugna pelo direito de realizar sustentação oral de suas razões, conforme art. 58, inc. II, da Portaria nº 256/2009. É o relatório. Fl. 258DF CARF MF Processo nº 13888.003554/201052 Acórdão n.º 2402006.148 S2C4T2 Fl. 255 9 Voto Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator 1. Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos intrínsecos e extrínsecos da admissibilidade previstos no Decreto 70.235/72, portanto, voto por dele conhecer. 2. Mérito Tratase de Recurso Voluntário contra decisão da DRJ que manteve lançamento de crédito tributário relativo ao IRPF, exercício 2008, anocalendário 2007, formalizado por meio de auto de infração, em decorrência da omissão de ganhos de capital na alienação de imóveis rurais por meio de incorporação ao capital social de empresa, recebendo como paga quotas com valor equivalente a soma da terra nua e suas benfeitoria. A questão fática é intrincada, objetivando permitir uma melhor visualização do caso vamos reprisar as questões fáticas relacionadas aos imóveis em foco, partindo do momento de sua aquisição até a alienação e correção de valores em documentos utilizados para dar lastro ao presente lançamento. Registra o Relatório Fiscal (Fls. 157) que 02 dos imóveis em questão, Lotes Odeon 1A e 1B, segundo dados obtidos em Declaração de ITR e confirmados pelo Recorrente, constam em nome do Recorrente e seus dois irmãos, desde 1999, adquiridos pelo valor de R$ 140 mil cada um. Somente após 19/06/2007 o Recorrente passou a Declarar tais imóveis para fins de Imposto de Renda alegando que o lapso temporal se deu por confusão quanto ao momento que deveria declarar o bem ao fisco, uma vez que a Escritura Pública foi lavrada nesta data após desmembramos da matricula nº 865 em duas, 2.062 e 2.061. O registro de tais aquisições foi informado com o valor de R$ 140 mil cada. Na mesma data consta aquisição do imóvel Fazenda Odeon Lote 2, matrícula 668, declarado por R$ 198.440,00. Quanto às benfeitorias referidas nos respectivos documentos de base do lançamento, seus custos não foram relacionados no Demonstrativo da Atividade Rural da DIRPF/2008 – Bens da Atividade Rural e não constam da declaração de bens e direitos do Recorrente. No anexo da atividade rural, o impugnante descreveu apenas as dívidas da atividade rural, não tendo discriminado qualquer bem e os custos inerentes a eles. Os autos não registram informações a respeito da utilização de livro caixa, devidamente acompanhado dos documentos de base, o que poderia revelar se o valor investido a título de benfeitorias foi deduzido na atividade rural ou não. Fl. 259DF CARF MF 10 Por fim, adotaremos quadro elaborado pelo Agente fiscal para demonstrar as alterações contratuais realizadas na Sociedade Limitada TAUA BIODIESEL LTDA, CNPJ no 08.079.290/000112 no que se refere ao registro do preço de alienação dos referidos imóveis. Reprisadas sumariamente as questões de fato, de modo a se compreender os pontos mais sensíveis do presente caso, de pronto se percebe certa falta de cuidado do Recorrente para com as suas informações fiscais e patrimoniais. Desde a aquisição do imóvel em 1999, com declaração somente em 2007 até a sua alienação com a finalidade de integralizar capital, passando pela falta de registros relacionados as benfeitorias em suas declarações fiscais, o Recorrente, vítima de sua própria falta de organização, torna a identificação dos contornos da verdade processual que alega algo extremamente distante. Analisamos as informações processuais de maneira minuciosa, atenta, e buscamos identificar os contornos da tese recursal nos documentos carreados, mas não foi possível. Existem questões fáticas que antecedem as questões jurídicas levantadas pelo Recorrente, pois pairam dúvidas até mesmo quanto a existência das benfeitorias no valor declarado, eis que nenhum documento, mesmo depois de tal fato ter sido mencionado na decisão recorrida, foi juntado aos autos. De certo, os aspectos jurídicos devem ser analisados, contudo, no presente caso, tal análise deve ser feito a luz dos aspectos fáticos. E nesse sentido, as informações tomadas por base para desconstituir a presunção que se estabelece ante a lavratura do auto de infração, não permitem a este relator formar seu convencimento de modo alinhado a tese recursal. Para evidenciar as dificuldades de admitir a tese do Recorrente ante aos fatos, basta tomar o valor de aquisição dos Lotes Odeon 1A e 1B como exemplo. Qual o real valor de aquisição destes imóveis? Fl. 260DF CARF MF Processo nº 13888.003554/201052 Acórdão n.º 2402006.148 S2C4T2 Fl. 256 11 Percebam que os referidos imóveis foram adquiridos em 1999, registrados e declarados em DIRPF, pela primeira vez, em 2007 pelo valor de R$ 140 mil cada. Entretanto, das escrituras também é possível observar que, para a finalidade exclusiva de tributação no ITBI, os imóveis foram avaliados por R$ 150.000,00 cada. Em seguida é registrado na alienação na primeira alteração contratual da empresa em questão pelo valor de R$ 5 milhões cada. Na terceira alteração do contrato social da empresa, realizada para retificar equívoco cometido na primeira, os referidos imóveis ingressam com valor de aquisição fixado em R$ 99.220,00 pelo VTN. Já na quinta alteração tais valores voltam a base de R$ 140 mil, o VTN de cada um dos imóveis. Como se não bastasse toda a variação no custo de aquisição dos imóveis, o Recorrente ainda registra um novo valor através da DITR, desta vez fixado em R$ 265 mil para ambos os lotes. Isso posto, ainda que este relator entenda pela possibilidade jurídica de promoção de ajustes nos referidos contratos sociais e que a sistemática de lançamento a ser aplicável na determinação de ganho de capital decorrente da alienação de imóveis rurais, nos termos previstos na Lei 9.393/96, deve considerar o VTN Valor da Terra Nua, a documentação apresentada contém tantas contradições e incertezas, muitas já apontadas na decisão de piso, que se mostram ineficientes a formar o convencimento deste Relator. Os documentos não se mostram hábeis e idôneos a evidenciar de forma inconteste que as benfeitorias existem, que possuem o valor pretendido pelo Recorrente e que, o valor da operação registrado nos respectivos contratos sociais, não representa o valor da própria terra nua. Tais incertezas reforçam a regularidade do lançamento ao adotar, na determinação do ganho de capital, os elementos documentais de maior segurança jurídica existentes no processo. Notem que o Recorrente poderia ter trazido aos autos todas as DIRTs, CAFIRs, poderia ter declarado as benfeitorias como bens da Atividade Rural do Demonstrativo da Atividade Rural, no campo discriminação ou caso tenha optado por não considerar os valores das benfeitorias realizadas como despesas da atividade rural, deveria ter as informado na Declaração de Bens e Direitos integrantes da DAA, nos termos previstos no RIR/1999, art. 62 e Instrução Normativa SRF nº 83, de 11 de outubro de 2001, art. 8º., mas não o fez, eis que nas declarações constantes dos autos tal informação é inexistente. Ao contrário do que alega o Recorrente, o lançamento não se baseou na impossibilidade jurídica de se promover um ajuste nos atos societários, eis que tal ajuste se faz legalmente, se realizado de acordo com a realidade dos fatos. Percebese da leitura do Auto de Infração que o Agente fiscal, ante a tantas divergências, tomou por base a informação mais segura disponível, aquela com fé pública, qual seja, os valores registrados no Registro Geral de Imóveis, documento que constitui a alienação do bem e, de forma definitiva, promove o rompimento da relação patrimonial entre o Recorrente e os imóveis em questão. Neste documento, restou consolidado o valor de alienação dos imóveis em conformidade com a operação descrita na Terceira alteração contratual. Para definir o custo Fl. 261DF CARF MF 12 real de aquisição dos imóveis, observando o disposto na Lei 9.393/96 adotou o segundo elemento de maior credibilidade probatória disponível, ao tomar por base o valor declarado pelo Recorrente em dia DITR. Considerando a inexistência de provas, conformadas por meio de documentos hábeis e idôneos, no sentido da existência de benfeitorias nos valores declarados e não considerados pelo Agente Fiscal, não há como tomar tais valores como custo da atividade rural ou de aquisição de modo a deduzilos da base de cálculo tomada pelo fisco para quantificação do ganho de capital rejeitado, eis que não há certeza de que o valor da operação não seja o valor da própria VTN. Compreendese que existem gastos para o preparo e apresto do solo para que se aconteça o efeito do trabalho rural, no entanto, não se compreende é como tais benfeitorias, avaliadas em tão alto valor, sequer poderiam ser comprovadas eis que, além de não constar dos autos qualquer registro em declarações fiscais obrigatórias, mesmo depois da decisão recorrida ter registrado este fato, contribuinte não juntou uma única nota fiscal de serviços ou bens investidos na terra nua em foco. Ao deixar de prestar as informações relativas a DIRT, CAFIR, deixar de Adotar Livro Caixa da Atividade Rural e registrar tais operações ou mesmo indicar tais bens em sua declaração de ajuste anual, o recorrente tornou inviável a desconstituição da presunção formada pelo auto de infração. Importante registrar que, nestes casos, o ônus da prova recai sobre o sujeito passivo nos termos do art. 373, II, do Código de Processo Civil. Repriso: não se desconhece que, neste tipo de operação, somente se tributa o acréscimo patrimonial a partir da existência de disponibilidade jurídica ou econômica e calculado sobre o Valor da Terra Nua, não existindo a mera possibilidade de exigência de imposto sobre a renda pela mera expectativa de ingresso de valores no patrimônio do contribuinte. No entanto, e já de longa data, se faz necessário comprovação idônea da existência e real valor das referidas benfeitorias, para que se considere irregular a base adotado no auto de infração. A mera demonstração que houve alteração contratual não tem o condão de afastar a necessidade da prova. Confirase: “Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF. Ano calendário: 2006. GANHO DE CAPITAL. IMÓVEIS RURAIS. BENFEITORIAS. Para serem incorporadas ao custo de aquisição do imóvel as benfeitorias devem ser declaradas tempestiva e discriminadamente e comprovadas com documentação hábil e idônea” 1 “Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF. Ano calendário: 2005, 2006, 2007, 2008. IMÓVEL RURAL. GANHO DE CAPITAL. Tributase o ganho de capital decorrente da venda de imóvel rural considerando o valor da alienação menos os custos das benfeitorias não tributadas como despesas da atividade rural, e menos o valor da terra nua. BENFEITORIAS. IMÓVEL RURAL. CUSTO. Inexistindo nos autos documentos comprobatórios das aquisições das benfeitorias, considerase o valor da transferência/doação desses bens como custo de 1 Carf, 2S, Ac. 2201002.769. Fl. 262DF CARF MF Processo nº 13888.003554/201052 Acórdão n.º 2402006.148 S2C4T2 Fl. 257 13 aquisição, se não tiverem sido tributados como despesas da atividade rural. Caso dos autos” 2 Além disso, surpreende o laudo ser datado de 15/02/2007 e ser utilizado apenas em 28/12/2007, sendo notado o suposto erro somente após a incorporação dos valores à companhia Tauã Biodisel. Reprisase, nesse ponto, o bem colocado argumento a quo: “Não obstante, não há nos autos prova de que as benfeitorias existentes nos imóveis rurais em tela tenham sido deduzidas como despesas de custeio da atividade rural, nem mesmo o contribuinte tributou o valor relativo à alienação das benfeitorias como rendimentos da atividade rural quando as incluiu no valor da integralização ao capital social da Tauã Biodiesel Ltda.” Na mesma esteira, segue o art 62 do Regulamento do Imposto sobre a Renda – RIR/1999: “O valor das benfeitorias realizadas no imóvel rural durante o anocalendário é considerado investimento e pode ser deduzido como despesa de custeio e, neste caso, indicado, destacadamente, em Bens da Atividade Rural do Demonstrativo da Atividade Rural, nos campos ‘Discriminação’ e Valores em Reais.” Sendo assim, seguiu em certo caminho a fiscalização e a d. DRJ, entendendo que a tributação recai sobre o valor do preço total de alienação. Fiese ainda no art. 60 do RIR/99: “Art.60.O resultado da exploração da atividade rural será apurado mediante escrituração do Livro Caixa, que deverá abranger as receitas, as despesas de custeio, os investimentos e demais valores que integram a atividade (Lei nº9.250, de 1995, art. 18). § 1º O contribuinte deverá comprovar a veracidade das receitas e das despesas escrituradas no Livro Caixa, mediante documentação idônea que identifique o adquirente ou beneficiário, o valor e a data da operação, a qual será mantida em seu poder à disposição da fiscalização, enquanto não ocorrer a decadência ou prescrição (Lei nº 9.250, de 1995, art. 18, § 1º).” Desse modo, não há, portanto, como prevalecer a irresignação. Vale acrescentar, por derradeiro, que não é, no caso, ônus do Fisco, como alega o contribuinte, “averiguar que, se as despesas de desmatamento da terra, enleiramento do solo, calagem e preparo do solo para agricultura não foram despesas contabilizadas na apuração do imposto da atividade rural do Recorrente, devem ser consideradas, por outro lado, 2 Carf, 2S, ac. 2101002.600. Fl. 263DF CARF MF 14 como dispêndios (necessários que são) de conservação e manutenção dos imóveis conferidos”. Isso, como já esposado, deve ser comprovado pelo próprio contribuinte, com vistas a alumiar o caminho seguido pelo i. fiscal para, ao final, terse conta fidedigna com a realidade. No entanto, nada do que reprisado no recurso foi provado, devendose, portanto, ser mantida a decisão atacada. Conclusão À conta do exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza Fl. 264DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.722313/2011-38
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 9303-006.662
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso e que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
(Assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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DOLO. DECLARAÇÃO DE PREÇO INFERIOR AO EFETIVAMENTE PRATICADO. MERCADORIA JÁ DESEMBARAÇADA. MULTA. CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO. MULTA DE CEM POR CENTO DA DIFERENÇA DE PREÇO. CUMULAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Nos casos de fraude, sonegação ou conluio, constatada diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado ou o preço arbitrado pelo Fisco, aplicase somente a pena de perdimento do bem ou a multa equivalente ao seu valor aduaneiro, decorrente da conversão da pena de perdimento, nos casos em que não for possível localizar a mercadoria importada. Em tais circunstâncias, não se aplica cumulativamente a multa de cem por cento da diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado ou o preço arbitrado. Recurso Especial do Procurador Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso e que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 23 13 /2 01 1- 38 Fl. 1091DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 3 2 (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora (Assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3402002.253, da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a multa de ofício equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas, consignando a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Anocalendário: 2010 SUBFATURAMENTO. Comprovado em procedimento de ofício o subfaturamento do preço da mercadoria importada, deve ser exigido, com a correspondente multa de ofício, o Imposto de Importação sobre a diferença entre o valor aduaneiro apurado pela autoridade fiscal e o valor aduaneiro declarado pelo sujeito passivo. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 2010 SUBFATURAMENTO. Comprovado em procedimento de ofício o subfaturamento do preço da mercadoria importada, deve ser exigido, com a correspondente multa de ofício, o Imposto sobre Produtos Industrializados sobre a diferença entre o valor aduaneiro apurado pela autoridade fiscal e o valor aduaneiro declarado pelo sujeito passivo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2010 SUBFATURAMENTO. Fl. 1092DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 4 3 Comprovado em procedimento de ofício o subfaturamento do preço da mercadoria importada, deve ser exigida, com a correspondente multa de ofício, a contribuição para o Programa de Integração Social sobre a diferença entre a nova base de cálculo apurada pela autoridade fiscal e aquela apurada com base no valor aduaneiro declarado pelo sujeito passivo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2010 SUBFATURAMENTO. Comprovado em procedimento de ofício o subfaturamento do preço da mercadoria importada, deve ser exigida, com a correspondente multa de ofício, a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social sobre a diferença entre a nova base de cálculo apurada pela autoridade fiscal e aquela apurada com base no valor aduaneiro declarado pelo sujeito passivo. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2010 SUBFATURAMENTO. PENALIDADE. O subfaturamento constitui infração administrativa ao controle das importações com tipificação específica, punível com a pena de multa equivalente a cem por cento da diferença entre o valor apurado e o valor subfaturado. ” Foram opostos Embargos de Declaração pela Fazenda Nacional, alegando contradição e omissão no acórdão. Em Despacho às fls. 1013 a 1016, foram os embargos rejeitados em caráter definitivo, considerando que os vícios apontados eram manifestadamente improcedentes. Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial contra o r. acórdão que deu parcial provimento ao recurso para afastar a aplicação da multa em substituição à pena de perdimento prevista no art. 105, inciso XI, do DecretoLei 37/66. Fl. 1093DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 5 4 Trouxe, entre outros, a Fazenda Nacional, que: · A lei, em sentido estrito, previu duas condutas distintas, e para cada uma delas atribuiu a pena que se entendeu adequada. Com efeito, desembaraçar mercadoria mediante o uso de documento falso não se confunde com a conduta de subfaturar o preço da mercadoria importada; · É bem verdade que, muitas vezes, a primeira é infraçãomeio para a consecução da segunda. E quando isso ocorre, no direito penal, a questão é solucionada pelo princípio da absorção ou consunção: o delito com menor potencial ofensivo é absorvido pelo delito mais grave (major absorvet minorem), aplicandose somente a pena do segundo . Eis uma possível gênese para o parágrafo único do artigo 634; · Podese, ainda, aventar que o subfaturamento, quando feito mediante o uso de faturas falsas, revela um concurso formal de infrações, onde o agente, mediante uma só ação, pratica duas ou mais infrações tipificadas na legislação. Neste caso, aplicase a pena do delito mais grave, aumentada nos termos do art. 70 do Código Penal. Em Despacho às fls. 1033 a 1037, foi negado seguimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Sendo assim, foi apresentado agravo pela Fazenda Nacional para que seja reformado o despacho de admissibilidade que negou seguimento ao seu recurso. Em Despacho às fls. 1044 a 1048, o agravo foi acolhido, sendo dado seguimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Vencido Fl. 1094DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 6 5 Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, entendo que não devo conhecêlo, eis que não preenchidos os requisitos do art. 67 do RICARF/2015 com alterações posteriores. Ainda que o acórdão recorrido de nº 3402002.253, da 2º turma ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção, manifestasse entendimento diverso do acórdão indicado paradigma, vêse que o acórdão 3402002.853 paradigma foi proferido pela mesma turma da mesma Câmara e da mesma Seção de Julgamento. E não há como se conhecer o Recurso Especial da Fazenda somente porque os acórdãos foram proferidos por “colegiados” diversos (e não turmas diversas), considerando o caput do art. 67 do RICARF/2015 (Grifos meus): “Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. [...]” Ademais, cabe elucidar que não se aplicaria à essa análise o § 2º do art. 67 para se conhecer o presente Recurso, eis o que traz o dispositivo: “[...] Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 2º Para efeito da aplicação do caput, entendese que todas as Turmas e Câmaras dos Conselhos de Contribuintes ou do CARF são distintas das Turmas e Câmaras instituídas a partir do presente Regimento Interno. Fl. 1095DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 7 6 Vêse que o art. 67, § 2º, do RICARF/2015 traz somente que as Turmas e Câmaras do CARF devem ser consideradas distintas das Turmas e Câmaras INSTITUÍDAS A PARTIR DO PRESENTE REGIMENTO INTERNO. Vêse que a 2ª turma ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção não precisou ser instituída após o advento do Novo Regimento Interno do Conselho, vez que sua estrutura se manteve inerte ao compararmos com a estrutura dada pelo antigo regimento (Portaria MF 256/09). A 2ª turma da 4ª Câmara se manteve inerte, pois somente foram extintas pelo Novo Regimento, nos termos do art. 6º: · As turmas especiais; · As Turmas Ordinárias da 1ª Câmara das Seções de Julgamento do CARF; e · As 3ªs Turmas Ordinárias das 4ªs Câmaras da 2ª e 3ª Seções de Julgamento do C A R F. Como poderia a 2ª turma ordinária da 4ª Câmara ser instituída/criada após o novo regimento se nunca foram extintas? Somente foram instituídas após o novo regimento do CARF as Turmas Extraordinárias. Tais turmas foram instituídas após a Portaria MF 343/2015, conforme Portaria MF 359/17: “Art. 23A. Ficam criadas, no âmbito das seções de julgamento, turmas extraordinárias, de caráter temporário, integradas por 4 (quatro) conselheiros suplentes, sendo 2 (dois) representantes da Fazenda Nacional e 2 (dois) representantes dos Contribuintes.” E as decisões daquela turma extraordinária, conforme reza o art. 67, § 12, do RICARF/2015, não servirá como paradigma. Fl. 1096DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 8 7 Sendo assim, ressurgindo aos autos, resta claro que o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional não deva ser conhecido, eis que se tratam de decisões prolatadas pela 2ª turma ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – turma que se manteve inerte em sua estrutura, considerando o Novo Regimento do CARF (Portaria MF 343/2015). OU seja, não há como se demonstrar a divergência de interpretações se o acórdão indicado como paradigma é da mesma turma, câmara e seção de julgamento. E, esclarecendo novamente, não se trata de turma INSTITUÍDA APÓS O NOVO REGIMENTO. Ou seja, criada/fundada após o novo regimento, pois essa se manteve inerte. Eis informação IMPORTANTE dada pelo item 3.2 Origem dos Paradigmas constante do Manual de Admissibilidade – Versão 1.0 de Março2016: “Importante: Para fins de verificação da origem dos paradigmas, considerase que todas as Turmas e Câmaras dos Conselhos de Contribuintes ou do CARF são distintas das Turmas e Câmaras instituídas a partir de 10 de junho de 2015 (art. 67, § 2º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015).” Evidente que a razão de ser do art. 67, § 2º, do RICARF/2015 considerou a possibilidade de ressuscitar as turmas extintas posteriormente ao novo regimento. Ou seja, ressuscitar as Turmas Ordinárias da 1ª Câmara das Seções de Julgamento do CARF e as 3ªs Turmas Ordinárias das 4ªs Câmaras da 2ª e 3ª Seções após a sua extinção. O que ressuscitando, ou seja, instituindo essas turmas no CARF novamente e após a Portaria MF 343/15 que as extinguiu, teríamos que considerar que as decisões prolatadas por elas deveriam ser admitidas como proferidas por turmas diferentes daquelas instituídas (e extintas) com a mesma designação anteriormente ao novo regimento. Apenas para clarificar, temse ainda que não há que se considerar que as decisões foram dadas por “turmas diferentes” somente porque os integrantes Fl. 1097DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 9 8 do Colegiado daquela turma da mesma Câmara se alterou pela dinâmica do tempo, pela ausência de conselheiro ou por motivos de dispensa ou exoneração, eis que se assim fosse – todos os recursos que trouxessem paradigmas prolatados pela mesma turma quando houvesse alteração de entendimento em decorrência desses eventos deveriam ser conhecidos – o que afrontaria o disposto no caput do art. 67 do RICARF/2015 que, por sua vez, faz menção a turma, e não “integrantes” do Colegiado/Turma. Frisese tal entendimento, o art. 37, § 2º, do Decreto 70.235/72 – que traz: “Art. 37. O julgamento no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais farseá conforme dispuser o regimento interno. § 2o Caberá recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais, no prazo de 15 (quinze) dias da ciência do acórdão ao interessado: [...] II – de decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara, turma de Câmara, turma especial ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais [...]” Sendo assim, em respeito ao art. 37 do Decreto 70.235/72 e art. 67, caput e § 2º, da Portaria MF 343/2015 – não há que se conhecer o Recurso Especial. Cabe elucidar que, ainda que a nova versão do Manual de Admissibilidade excedesse na aplicação do art. 67 do RICARF e art. 37 do Decreto 70.235/72, ainda assim não se deveria conhecer o Recurso Especial, pois tal orientação seria dada sem previsão legal. Desenvolvo essa parte, pois, nesse caso, verifiquei que: 1. O Manual de Admissibilidade versão 1.0 trazia (Grifos meus): “Importante: Para fins de verificação da origem dos paradigmas, considerase que todas as Turmas e Câmaras dos Fl. 1098DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 10 9 Conselhos de Contribuintes ou do CARF são distintas das Turmas e Câmaras instituídas a partir de 10 de junho de 2015 (art. 67, § 2º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015).” Nota: NÃO FAZIA REFERÊNCIA A ITEM “ACÓRDÃO PROFERIDO PELO MESMO COLEGIADO QUE EXAROU O ACÓRDÃO RECORRIDO” 2. A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial em 10 de junho de 2016; 3. O primeiro despacho de admissibilidade, que foi emitido em 4 de julho de 2016, negou seguimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, pois lá foi considerado que o acórdão indicado como paradigma foi prolatado pela mesma turma do acórdão recorrido – em respeito ao caput do art. 67 do RICARF. 4. A Fazenda Nacional apresentou agravo contra o despacho que negou seguimento ao seu recurso em 1º de agosto de 2016, contemplando o entendimento de que “acórdão apresentado como paradigma do recurso fazendário foi proferido por colegiado diferente do colegiado prolator do acórdão impugnado – o acórdão recorrido foi prolatado em sessão de 26 de novembro de 2013, ainda sob a égide do Regimento Interno aprovado pela Portaria nº 256/2009, enquanto o acórdão paradigma foi proferido em 26 de janeiro de 2016, por Câmara instituída depois de 10 de junho de 2015”. Nota: ainda que tenha invocado, para tanto, o art. 67, § 2º, do RICARF, vêse que tal dispositivo traz outro entendimento. E, ademais, as duas portarias foram regidas pela Lei 11.941/09. 5. Em setembro de 2017, foi emitido novo Manual de Admissibilidade para fins de contemplar as mudanças trazidas pela Portaria MF 329/17 – que, por sua vez, não havia alterado o § 2º do art. 67 da portaria MF 343/15 constando novo item 2.3.2.2: “Assim, quando em confronto julgados proferidos pelos antigos Conselhos de Contribuintes e pelo CARF, não há dúvida de que Fl. 1099DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 11 10 os Colegiados são distintos, já que os respectivos prefixos são absolutamente diferentes. Entretanto, no caso de Recurso Especial interposto após dezembro de 2015 (quando o novo CARF reiniciou os julgamentos), os acórdãos recorrido e paradigma podem ter prefixos idênticos, sem que isso signifique necessariamente que tenham sido proferidos pelo mesmo Colegiado. Nesse passo, quando ocorrer tal situação, deve ser feita a seguinte aferição: a) Se ambos os acórdãos – recorrido e paradigma – foram proferidos na vigência do RICARF aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009 (de 1º/07/2009 a 09/06/2015), o paradigma não pode ser aceito, já que foi efetivamente proferido pelo mesmo Colegiado que prolatou o recorrido. b) Se ambos os acórdãos – recorrido e paradigma – foram proferidos a partir da vigência do RICARF aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015 (10/06/2015), o paradigma não pode ser aceito, já que foi efetivamente proferido pelo mesmo Colegiado que prolatou o recorrido. c) Se um dos acórdãos em confronto foi proferido antes de 10/06/2015 e o outro depois, o paradigma pode ser aceito, já que se considera que os Colegiados são distintos, independentemente de terem a mesma denominação e de os respectivos números exibirem o mesmo prefixo.” 6. Em dezembro de 2017, após essa nova orientação constante do Manual, foi emitido Despacho de Agravo, trazendo que, nos termos do art. 67, § 2º, do RICARF, deve ser dado seguimento ao recurso. Considerando os fatos que ocorreram e o direito esposado nesse contexto, entendo que, ainda que a nova versão do Manual de Admissibilidade tenha dado interpretação “extensiva”, não se deve conhecer o Recurso Especial, em respeito ao art. 34 do Decreto 70.235/72 e caput do art. 67, do RICARF/2015 e por falta de previsão legal. O termo “instituídas” a partir do presente Regimento Interno Fl. 1100DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 12 11 deve ser interpretado como “criada” ou “fundada”. Uma turma não poderia ser “criada” ou “fundada”, se não foi “extinta”. Ademais, não se pode considerar a mudança do Colegiado na turma ou o aumento do número de julgadores, a partir de julho/2015, como motivo para considerar como sendo de turmas diferentes, vez que ambas as Portarias regulamentaram dispositivos da mesma lei original – a Lei 11.941/09. E as decisões consideraram o Colegiado à época. E recordando novamente – tratamse de decisões proferidas pelas mesma turma, Câmara e Seção, eis que essa em específico se manteve inerte e não foi extinta pelo novo regimento. E, se assim considerássemos, se tivéssemos decisões de mesmas turmas com colegiados contemplando números de julgadores diversos (por ausência justificada, por exemplo), mas com quórum para julgamento, deveríamos considerar como decisões dadas por turmas diversas. E, continuando, caso considerasse as novas orientações do Manual de Admissibilidade – que, lembrando, não tem força legal, ainda que seja esclarecedor em vários pontos diversos do que estamos discutindo nesses autos, vêse que essa nova orientação somente surgiu apenas após a interposição do Recurso Especial, após o despacho de admissibilidade que negou seguimento e após a interposição do agravo. O que, por conseguinte, sua aplicação causaria insegurança jurídica às partes – tanto à Fazenda Nacional quanto à contribuinte. Apenas trago, em respeito aos colegas, que, independentemente da exposição de meu entendimento, aprecio as orientações dadas pelo Manual de Admissibilidade e admiro o trabalho exposto, vez que diversas vezes clarificou várias dúvidas que surgiram nesse Colegiado. Não obstante, em respeito ao disposto no “caput” do art. 67 do RICARF/2015 e art. 34 do Decreto 70.235/72, e por falta de previsão legal dispondo o contrário, o recurso especial interposto pela Fazenda não deve ser conhecido. Em vista de todo o exposto, entendo que o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional não deva ser conhecido. Fl. 1101DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 13 12 Considerando que essa conselheira foi vencida em relação à proposta de não conhecimento do Recurso Especial, passo a analisar a lide trazida em recurso – qual seja, se deverseia aplicar a multa substitutiva de perdimento ou não, no caso de subfaturamento. Depreendendose da análise dos autos do processo, entendo que não assiste razão à Fazenda Nacional, pois vêse que o conceito de subfaturamento se resume na caracterização da diferença entre o preço cobrado na fatura e aquele que fora ajustado – por pagamento à parte fora da escrita fiscal/contábil. E a lide versa sobre qual norma deve ser aplicada diante da situação em que uma mesma conduta se amolda, aparentemente, a dois ou mais dispositivos legais. Para elucidar melhor o meu entendimento, cabe recordar o Princípio da Sucessividade e o Princípio da Especialidade. O 1º Princípio, define que quando duas ou mais normas sucedem no tempo, referindose ao mesmo fato, a que for posterior sempre será preferida e o 2º confere que a norma será considerada especial quando apresentar elementos próprios e particulares à descrição da norma geral, e, por isso mesmo, deverá prevalecer. OU seja, quando os fatos se subsumem perfeitamente à hipótese de incidência trazida pelo enunciado específico. A norma geral somente seria aplicável quando não se verificar no ordenamento jurídico uma norma de caráter mais específico sobre determinada matéria ou determinado fato. Ressurgindo ao caso vertente, a partir de 24.8.01, entrou em vigor da MP 2158, que no art. 88 passou a prever penalidade específica a ser aplicada na hipótese de subfaturamento, tal ilícito foi excluído do rol das fraudes enumeradas em qualquer dos incisos do art. 23 do DecretoLei 1.455/76. Fl. 1102DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 14 13 Com o advento desse dispositivo, o subfaturamento não mais se encontrava no rol das condutas consideradas danosas ao Erário, uma vez que já havia passado a receber tratamento tributário distinto, sujeito a uma infração específica. A partir de 24.8.01, aos casos de subfaturamento, não se aplica o perdimento ou a multa por conversão, devendo ser exigido, além dos impostos e da multa de ofício, a multa administrativa de 100% sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado, conforme prevê o art. 88 da MP 2158, in verbis (Grifos meus): “Art. 88. No caso de fraude, sonegação ou conluio, em que não seja possível a apuração do preço efetivamente praticado na importação, a base de cálculo dos tributos e demais direitos incidentes será determinada mediante arbitramento do preço da mercadoria, em conformidade com um dos seguintes critérios, observada a ordem seqüencial: I preço de exportação para o País, de mercadoria idêntica ou similar; II preço no mercado internacional, apurado: a) em cotação de bolsa de mercadoria ou em publicação especializada; b) de acordo com o método previsto no Artigo 7 do Acordo para Implementação do Artigo VII do GATT/1994, aprovado pelo Decreto Legislativo no 30, de 15 de dezembro de 1994, e promulgado pelo Decreto no 1.355, de 30 de dezembro de 1994, observados os dados disponíveis e o princípio da razoabilidade; ou c) mediante laudo expedido por entidade ou técnico especializado. Parágrafo único. Aplicase a multa administrativa de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado, sem prejuízo da exigência dos impostos, da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e dos acréscimos legais cabíveis.” Fl. 1103DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 15 14 Ademais, é de se trazer que traz o art. 703 do Regulamento Aduaneiro que na hipótese em que o preço declarado for diferente do arbitrado na importação aplicase a penalidade específica. O que mais uma vez resta aplicar a multa sobre a diferença, e não a aplicação da pena de perdimento. Frisese tal entendimento vários julgados do TRF4: MAS nº 2004.70.00.0232320/PR, 2ª Turma, Rel. Dirceu de Almeida Soares, DJU de 27/4/2005, p. 737; TRF 4, MAS nº 2005.70.00.0038404/PR, 2ª Turma, Rel. Des. Antônio Albino Ramos de Oliveira, DE de 14/06/2007; TRF 4, MAS 2001.70.00.0365471/PR, 1ª Turma, Rel. Des. Joel Ilan Paciornil. DE de 14/6/2007. E Julgados do STJ: REsp 12187798 PR 2010/01983971 e REsp 1240005 RS 2011/00421311. Não sendo demais lembrar que o CTN traz em seu art. 98 que os Acordos de Valoração Aduaneira prevalecem sobre as demais normas internas. Em vista de todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. É como voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 1104DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 16 15 Voto Vencedor Andrada Márcio Canuto Natal Redator Designado Com o devido respeito ao voto da ilustre relatora, discordo do seu entendimento quanto ao conhecimento e mérito do recurso especial. Conhecimento do Recurso Especial De acordo com a relatora, o recurso especial da Fazenda Nacional não deve ser conhecido porque o acórdão paradigma nº 3402002.853 teria sido proferido pela mesma turma do acórdão recorrido, de nº 3402002.253. Apesar de terem a mesma numeração 3402, que identifica o colegiado que proferiu o acórdão, ou seja 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF, tal assertiva não é verdadeira. É que o Regimento Interno do CARF tratamas como turmas distintas. Somente para nos situarmos na questão temporal, o acórdão recorrido, 3402 002.253, foi proferido em 26/11/2013. Nesta época vigia o antigo Regimento Interno aprovado pela Portaria MF nº 256/2009. O acórdão paradigma, 3402002.853, foi proferido em 26/01/2016, quando já vigia o atual Regimento Interno aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Como se sabe, o atual Regimento Interno do CARF efetuou mudanças profundas na estrutura e funcionamento do CARF em razão da conhecida Operação Zelotes. Os julgamentos do CARF ficaram paralisados quase um ano para que, por meio de consultas públicas e infindáveis reuniões no MF, fosse gerido esse novo modelo de funcionamento. Nesta transição, por motivos diversos, foram substituídos uma grande quantidade de conselheiros. Além disto, foram extintas algumas turmas de julgamento, alterouse a composição paritária das turmas, de 6 para 8 conselheiros, reduziuse a duração dos mandatos e diversas outras mudanças significativas. Manteve sim, por questões práticas de sistemas internos, a mesma numeração das antigas turmas, porém o novo Regimento Interno fez questão de destacar que as turmas formadas a partir daí, seriam turmas diferentes das antigas, sobretudo para fins de comprovação de divergência jurisprudencial. Tanto é que tratou deste assunto na Seção específica destinada a regulamentar o Recurso Especial de Divergência. Senão vejamos: Seção II Fl. 1105DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 17 16 Do Recurso Especial Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 2º Para efeito da aplicação do caput, entendese que todas as Turmas e Câmaras dos Conselhos de Contribuintes ou do CARF são distintas das Turmas e Câmaras instituídas a partir do presente Regimento Interno. (...) Ora, como já foi dito, antes deste regimento interno, não existiam Turmas de Julgamento composta por 8 conselheiros. Então como negar que as novas turmas não foram instituídas pelo novo Regimento. A par disto, caso assim se entendesse, como pretende a relatora, que as turmas novas seriam somente as criadas agora com uma nova numeração de identificação, teríamos que este dispositivo do regimento interno seria inócuo e não teria qualquer necessidade de existir, pois as diferenças entre as turmas seriam índenes de qualquer dúvida. Diante do exposto, voto por conhecer o recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Mérito. Após a edição do Decreto nº 8.010/2013, restou incontroverso que nos casos de subfaturamento do preço1 na importação de mercadorias do exterior, depois do desembaraço aduaneiro, deve ser aplicada a pena de perdimento dos bens ou a multa decorrente de sua conversão e não a multa de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço praticado/arbitrado, ex vi § 1ºA do art. 703 do Regulamento Aduaneiro Decreto nº 6.759/09. Art. 703. Nas hipóteses em que o preço declarado for diferente do arbitrado na forma do art. 86 ou do efetivamente praticado, aplicase a multa de cem por cento sobre a diferença, sem prejuízo da exigência dos tributos, da multa de ofício referida no art. 725 e dos acréscimos legais cabíveis (Medida Provisória Fl. 1106DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 18 17 no 2.15835, de 2001, art. 88, parágrafo único). (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). § 1o A multa de cem por cento referida no caput aplicase inclusive na hipótese de ausência de apresentação da fatura comercial, sem prejuízo da aplicação de outras penalidades cabíveis (Lei no 10.833, de 2003, art. 70, inciso II, alínea “b”, item 2, e § 6o).(Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). § 1ºA Verificandose que a conduta praticada enseja a aplicação tanto de multa referida neste artigo quanto da pena de perdimento da mercadoria, aplicase somente a pena de perdimento. (Incluído pelo Decreto nº 8.010, de 2013) (grifos acrescidos) Até então, a ocorrência identificada nos autos era passível de ser apenada com as duas multas, cumulativamente. Observese o disposto no art. 689, inciso XI, do Regulamento Aduaneiro. CAPÍTULO II DO PERDIMENTO DA MERCADORIA Art. 689. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decreto Lei no 37, de 1966, art. 105; e DecretoLei no 1.455, de 1976, art. 23, caput e § 1o, este com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): (...) XI estrangeira, já desembaraçada e cujos tributos aduaneiros tenham sido pagos apenas em parte, mediante artifício doloso; Ao tempo da decisão recorrida, 26 de novembro de 2013, a legislação já havia afastado a cominação das multas cumuladas e determinado que apenas a multa aplicada pelo Fisco no auto de infração ora controvertido deveria ser imposta. O Colegiado, contudo, 1 Designação que se faz genericamente, sem compromisso com alegações de cunho jurídico em relação a essa terminologia, que enseja diferentes interpretações. Fl. 1107DF CARF MF Processo nº 10280.722313/201138 Acórdão n.º 9303006.662 CSRFT3 Fl. 19 18 não observou o disposto no § 1ºA do art. 703, introduzido em 17 de maio de 2013 pelo Decreto nº 8.010/2013. Correto, portanto, o procedimento fiscal ao aplicar apenas a multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. (assinatura digital) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 1108DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001369/2010-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2008
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. INFORMAÇÕES INEXATAS.
Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa de apresentar GFIP com os dados correspondentes a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias.
Numero da decisão: 2401-005.399
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Relatora e Presidente.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MIRIAM DENISE XAVIER
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OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Recorrente BANCO VOLKSWAGEN S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2008 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. INFORMAÇÕES INEXATAS. Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa de apresentar GFIP com os dados correspondentes a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Relatora e Presidente. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 13 69 /2 01 0- 77 Fl. 155DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Auto de Infração AI (Debcad 37.234.0245) lavrado contra a empresa em epígrafe, referente a multa por descumprimento de obrigação acessória por ter o sujeito passivo apresentado GFIP, no período de 01/05 a 12/08, com informações incorretas em relação a fatos geradores de contribuições previdenciárias (Lei 8.212/91, art. 32, IV, § 5º). Os fatos geradores não informados em GFIP que justificaram a lavratura do presente AI foram considerados base de cálculo da contribuição previdenciária devida pela empresa, contribuição patronal e contribuição arrecadada dos segurados, apuradas nos autos de infração 16327.001371/201046 e 16327.001372/201091, respectivamente. De acordo com o Relatório Fiscal (fls. 7/8), não foram informados em GFIP valores pagos aos segurados contribuintes individuais, vendedores e gerentes de vendas vinculados à rede de concessionárias Volkswagen, por intermédio de cartão premiação. A base de cálculo da multa apurada está descrita nas planilhas de fls. 9/10. Foi efetuado o cálculo comparativo das multas (planilha de fls. 103/106 do auto de infração principal 16327.001371/201046, ao qual o presente está apensado), nos termos da Portaria Conjunta PGFN/RFB n. 14, de 4/12/09. Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação, alegando em síntese: que inexiste a obrigação principal, assim, impossível a aplicação da multa por descumprimento de obrigação acessória; e que a multa está atualmente capitulada na Lei 8.212/91, art. 32A . Diante dos argumentos de impugnação apresentados, especialmente com relação ao fato da empresa DPTO PROMOÇÕES ter efetuado o pagamento das contribuições lançadas nos autos de infração contendo obrigação principal, às fls. 66/69, a DRJ determinou a realização de diligência para que fossem esclarecidos os seguintes pontos: 4.1. Existindo alteração no valor das contribuições previdenciárias incluídas nos Autos de Infração de Obrigação Principal n° 37.234.0253 e 37.234.0261, quais os seus reflexos no cálculo da multa incluída na presente autuação? 4.2. Havendo reflexos na multa aplicada neste processo administrativo, deverá referida Autoridade demonstrar, justificadamente, tal alteração. A Autoridade Fiscal responsável pela diligência pronunciouse por meio do Relatório de Fiscal Complementar (fls. 70/74), onde apresenta vários argumentos e conclui que há inequívoca relação direta e pessoal da autuada com a situação que constitui o fato gerador, ressaltando a impossibilidade de mudança do sujeito passivo por convenções particulares (art. 123 do CTN). Relembra que o art. 89 da Lei nº 8.212/91 garante o direito de restituição ou compensação no caso de recolhimento indevido ou a maior. Foi proferido o Acórdão 1633.122 13ª Turma da DRJ/SP1, em 10/8/01, fls. 93/107, que julgou improcedente a impugnação e manteve o lançamento. Fl. 156DF CARF MF Processo nº 16327.001369/201077 Acórdão n.º 2401005.399 S2C4T1 Fl. 155 3 Cientificado do Acórdão em 6/9/11 (Aviso de Recebimento AR de fl. 109), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 6/10/11, fls. 110/122, que contém, em síntese: Sustenta a inaplicabilidade da multa por descumprimento de obrigação acessória, haja vista inexistir obrigação principal devida. Aduz que se houvesse multa passível de ser aplicada, esta seria a prevista no art. 32A da Lei 8.212/91 e não as multas impostas pela fiscalização, em face da retroatividade benigna do CTNl, art. 106, II, 'c'. Pede cancelamento da autuação. Os autos foram baixados em diligência, conforme Resolução 2401000.301 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, fls. 137/143, onde se renovou os questionamentos efetuados pela DRJ na diligência por ela solicitada, tendo em vista que o fiscal autuante, a margem de responder os questionamentos formulados, apontou seu entendimento acerca da sujeição passiva no presente caso. Em resposta à diligência solicitada, a fiscalização elaborou o Relatório Fiscal, juntado ao processo principal 16327.001371/201046, ao qual o presente está apensado, às fls. 914/927, que contém as seguintes conclusões: · As remunerações declaradas pela DPTO Promoções correspondem a valores pagos a título de premiação por meio de cartão, decorrente da prestação de serviços dos beneficiários dos respectivos prêmios para com a autuada. Os beneficiários foram declarados em GFIP pela DPTO por força de previsão contratual. · Todos os beneficiários das premiações estão declarados nas GFIPs da DPTO Promoções Ltda. · As contribuições previdenciárias foram feitas de maneira integral. · Reafirma seu entendimento de que o sujeito passivo da obrigação tributária é a autuada e que o recolhimento indevido pode ser objeto de restituição. O sujeito passivo foi cientificado do Relatório Fiscal em 3/6/14 (assinatura à fl. 927) e, em 1/7/14, apresentou manifestação às fls. 148/153, que contém, em síntese: A fiscalização confirmou a coincidência entre os valores autuados e declarados pela DPTO. Mensalmente o requerente transmitia à DPTO recursos para executar os serviços e arcar com a contribuição previdenciária sobre os prêmios distribuídos. A DPTO alegou ter recolhido e declarado os pagamentos dos tributos em seu nome, na condição de responsável. Afirma que não se trata de compromisso contratual, mas de cumprimento da legislação fiscal, que decorre da constatação de que os recolhimentos das contribuições competem à empresa, na qualidade de fonte disponibilizadora dos recursos. Assim, como o Fl. 157DF CARF MF 4 desconto dos tributos era feito por ocasião do pagamento da remuneração, somente quem o fez é que poderia ser o sujeito passivo das obrigações fiscais. Alega que se a DPTO era a intermediária responsável por repassar os prêmios que fizeram surgir o fato gerador da contribuição, não há razão para não se aceitar também com legitimada a satisfazer a obrigação tributária. Acrescenta que, no caso, há evidente configuração de sujeição passiva solidária por interesse comum (CTN, art. 124, I) entre a requerente e a DPTO. Logo, com a satisfação do crédito tributário por um deles, a obrigação fiscal comum a ambos restou extinta, conforme CTN, art. 125, I. Conclui que o lançamento deve ser cancelado, pois representa bis in idem, que haveria, quando muito, descumprimento de obrigação acessória, e mesmo que o contribuinte fosse o sujeito passivo, deveria ser aceito os recolhimentos dos tributos pagos. É o relatório. Fl. 158DF CARF MF Processo nº 16327.001369/201077 Acórdão n.º 2401005.399 S2C4T1 Fl. 156 5 Voto Conselheira Miriam Denise Xavier, Relatora. ADMISSIBILIDADE O recurso voluntário foi oferecido no prazo legal, assim, deve ser conhecido. CONEXÃO Por se tratar de auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, por não informar em GFIP todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, o julgamento do presente processo fica condicionado ao resultado do julgamento nos processos relacionados, lavrados na mesma ação fiscal. No caso em apresso, foram lavrados os autos de infração 16327.001371/201046 e 16327.001372/201091, que contêm o lançamento da obrigação principal que justificou a lavratura do presente AI contribuição previdenciária devida pela empresa, patronal e arrecadada dos segurados, respectivamente. Tais autos de infração foram julgados, na mesma sessão de julgamento do presente, sendo que em ambos foi dado provimento ao recurso e o crédito tributário foi exonerado. Sendo assim, inexistindo a obrigação principal que ensejou a lavratura do presente AI, não há que se falar em multa por descumprimento da obrigação acessória de prestar as informações em GFIP. Por evidente perda de objeto, desnecessário discorrer sobre os demais argumentos apresentados pelo recorrente. CONCLUSÃO Voto por conhecer do recurso e, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Fl. 159DF CARF MF 6 Fl. 160DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10805.000461/2007-55
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2003
COOPERATIVA DE TRANSPORTES. ATOS COOPERATIVOS TÍPICOS. NÃO INCIDÊNCIA, POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STJ (REsp nº 1.164.716/MG), sob o rito dos recursos repetitivos, no sentido da não-incidência no caso de atos cooperativos típicos, promovidos por cooperativa que realiza operações entre seus próprios associados, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental (art. 62, § 2º, do RICARF).
Recurso Especial do Contribuinte Provido.
Numero da decisão: 9303-006.205
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), Valcir Gassen (Suplente convocado em substituição à Conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Ausente, justificadamente, a Conselheira Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2003 COOPERATIVA DE TRANSPORTES. ATOS COOPERATIVOS TÍPICOS. NÃO INCIDÊNCIA, POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STJ (REsp nº 1.164.716/MG), sob o rito dos recursos repetitivos, no sentido da não-incidência no caso de atos cooperativos típicos, promovidos por cooperativa que realiza operações entre seus próprios associados, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental (art. 62, § 2º, do RICARF). Recurso Especial do Contribuinte Provido.
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ATOS COOPERATIVOS TÍPICOS. NÃO INCIDÊNCIA, POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STJ (REsp nº 1.164.716/MG), sob o rito dos recursos repetitivos, no sentido da nãoincidência no caso de atos cooperativos típicos, promovidos por cooperativa que realiza operações entre seus próprios associados, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental (art. 62, § 2º, do RICARF). Recurso Especial do Contribuinte Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), Valcir Gassen (Suplente convocado em substituição à Conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Ausente, justificadamente, a Conselheira Érika Costa Camargos Autran. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 00 04 61 /2 00 7- 55 Fl. 612DF CARF MF Processo nº 10805.000461/200755 Acórdão n.º 9303006.205 CSRFT3 Fl. 613 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência, interposto pelo contribuinte (fls. 541 a 559), contra Acórdão 3102001.432, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 3ª Sejul do CARF (fls. 507 a 518), sob a seguinte Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2003 Ementa: Sobrestamento. Repercussão Geral Na esteira da orientação assentada na Portaria CARF nº 01/2012, o sobrestamento dos processos administrativos é medida excepcional, só adotada nas hipóteses em que o Supremo Tribunal Federal expressamente se manifesta nesse sentido. Ausente tal determinação, cumpre prosseguir no julgamento do feito. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2003 Cooperativa de Transporte. Incidência As ingressos auferidos por sociedades cooperativas de transporte, ainda que decorrentes de atos cooperativos sujeitam se à incidência da Cofins Dedução. Ato Cooperativo. Limites. Até a entrada em vigor da lei nº 11.196, de 2005, que só produziu efeitos a partir de 1º de dezembro de 2005, não havia previsão legal para que as sociedades cooperativas de transporte rodoviário de cargas deduzissem, quando da apuração dos valores devidos a título de Cofins, os ingressos decorrentes do ato cooperativo. Constitucionalidade das Normas Legais que Dispõem sobre Infrações e Penalidades. Matéria Estranha à Competência do CARF A análise dos princípios constitucionais apontados, em especial, de vedação ao confisco, demandaria o exame da constitucionalidade de dispositivo legal em vigor, procedimento, regra geral, vedado a este órgão, segundo o art. 62 do Regimento Interno do CARF. Excepcionalmente, admitese exclusivamente o afastamento de dispositivo declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal ou que envolva crédito tributário objeto de: dispensa legal de constituição, ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Fl. 613DF CARF MF Processo nº 10805.000461/200755 Acórdão n.º 9303006.205 CSRFT3 Fl. 614 3 Nacional, súmula da AdvocaciaGeral da União ou parecer do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República. Não se admite, portanto, reconhecer a inconstitucionalidade de ato legal que não se insira dentre tais hipóteses sob a alegação de que dispositivo de conteúdo análogo teria sido declarado inconstitucional pelo Pretório Excelso. Recurso Voluntário Negado. O contribuinte, inicialmente, apresentou Embargos de Declaração (fls. 526 e 527), que foram rejeitados (fls. 532 a 534). Ao Recurso Especial foi dado seguimento (fls. 590 a 593), no qual o contribuinte alega que “A tributação dos valores decorrentes dos atos cooperativos não podem ser objeto de incidência do PIS e da COFINS em razão de disposição legal que coloca os atos cooperativados fora do mercado, não constituindo esses valores receita ou faturamento, estando, portanto, à margem da regra matriz destes tributos”. A PGFN apresentou Contrarrazões (fls. 595 a 603). É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Os requisitos para se admitir o Recurso Especial foram todos cumpridos e respeitadas a formalidades previstas no RICARF, pelo que dele conheço. Logo ao início do seu Voto (fls. 512), o Relator do Acórdão recorrido delimita o litígio da seguinte forma: “O cerne do litígio, portanto, é a definição da correta base de cálculo da Cofins, mais especificamente, no que se refere à incidência da contribuição sobre os serviços de transporte pagos à cooperativa e prestados por meio de seus cooperados”. Em seguida, fala de pedido de sobrestamento do julgamento feito pelo contribuinte: “Inobstante a matéria encontrarse submetida ao regime de repercussão geral, reconhecida nos autos do Recurso Extraordinário nº 598.0855/RJ, seguindo a orientação assentada no parágrafo único do art. 1º da Portaria CARF nº 001, de 3 de janeiro de 2012, não haveria motivo para sobrestar o julgamento do presente recurso. Com efeito, não há qualquer referência expressa ao sobrestamento de recursos que envolverem matéria idêntica no acórdão que reconhece a repercussão geral”. Fl. 614DF CARF MF Processo nº 10805.000461/200755 Acórdão n.º 9303006.205 CSRFT3 Fl. 615 4 À época do julgamento, efetivamente não havia sido proferida decisão no referido Recurso Extraordinário, a qual de deu nos seguintes termos, em Acórdão de Relatoria do Ministro Luiz Fux, publicado em 10/02/2015: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. TRIBUTÁRIO. ATO COOPERATIVO. COOPERATIVA DE TRABALHO. SOCIEDADE COOPERATIVA PRESTADORA DE SERVIÇOS MÉDICOS. POSTO REALIZAR COM TERCEIROS NÃO ASSOCIADOS (NÃO COOPERADOS) VENDA DE MERCADORIAS E DE SERVIÇOS SUJEITASE À INCIDÊNCIA DA COFINS, PORQUANTO AUFERIR RECEITA BRUTA OU FATURAMENTO ATRAVÉS DESTES ATOS OU NEGÓCIOS JURÍDICOS. CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE “ATO NÃO COOPERATIVO” POR EXCLUSÃO, NO SENTIDO DE QUE SÃO TODOS OS ATOS OU NEGÓCIOS PRATICADOS COM TERCEIROS NÃO ASSOCIADOS (COOPERADOS), EX VI, PESSOAS FÍSICAS OU JURÍDICAS TOMADORAS DE SERVIÇO. POSSIBILIDADE DE REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO FISCAL (ISENÇÃO DA COFINS) PREVISTO NO INCISO I, DO ART. 6°, DA LC Nº 70/91, PELA MP Nº 1.8586 E REEDIÇÕES SEGUINTES, CONSOLIDADA NA ATUAL MP Nº 2.15835. A LEI COMPLEMENTAR A QUE SE REFERE O ART. 146, III, “C”, DA CF/88, DETERMINANTE DO “ADEQUADO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO AO ATO COOPERATIVO”, AINDA NÃO FOI EDITADA. EX POSITIS, DOU PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Mais tarde, sobreveio o Acórdão do STJ no Resp nº 1.164.716/MG, de Relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, publicado em 04/05/2016, assim ementado: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. NÃO INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS NOS ATOS COOPERATIVOS TÍPICOS. APLICAÇÃO DO RITO DO ART. 543C DO CPC E DA RESOLUÇÃO 8/2008 DO STJ. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. Os RREE 599.362 e 598.085 trataram da hipótese de incidência do PIS/COFINS sobre os atos (negócios jurídicos) praticados com terceiros tomadores de serviço; portanto, não guardam relação estrita com a matéria discutida nestes autos, que trata dos atos típicos realizados pelas cooperativas. Da mesma forma, os RREE 672.215 e 597.315, com repercussão geral, mas sem mérito julgado, tratam de hipótese diversa da destes autos. 2. O art. 79 da Lei 5.764/71 preceitua que os atos cooperativos são os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. E, ainda, em seu parág. único, alerta que o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Fl. 615DF CARF MF Processo nº 10805.000461/200755 Acórdão n.º 9303006.205 CSRFT3 Fl. 616 5 3. No caso dos autos, colhese da decisão em análise que se trata de ato cooperativo típico, promovido por cooperativa que realiza operações entre seus próprios associados (fls. 126), de forma a autorizar a não incidência das contribuições destinadas ao PIS e a COFINS. 4. O parecer do douto Ministério Público Federal é pelo desprovimento do Recurso Especial. 5. Recurso Especial desprovido. 6. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 8/2008 do STJ, fixandose a tese: não incide a contribuição destinada ao PIS/COFINS sobre os atos cooperativos típicos realizados pelas cooperativas. Desta forma, não há mais o que se discutir, já que ficou claro no Acórdão recorrido que os serviços de transporte pagos à cooperativa eram prestados por meio de seus cooperados e, por força regimental – Portaria MF nº 343/2015, art. 62, § 2º, a decisão do STJ deve ser reproduzida por este relator: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 – Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) À vista do exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 616DF CARF MF
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Numero do processo: 11634.720840/2011-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008, 2009
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. DISCUSSÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
SIGILO BANCÁRIO. LEI COMPLEMENTAR Nº 105. CONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO STF.
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 601314, e nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade - ADIs 2390, 2386, 2397 e 2859 garantiu ao Fisco o acesso a dados bancários dos contribuintes sem necessidade de autorização judicial, nos termos da Lei Complementar nº 105 e do Decreto nº 3.724, de 2001.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. REQUISIÇÃO DE MOVIMENTAÇÃOFINANCEIRA. DECRETO Nº 3.724/2001. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. EMBARAÇÃO À FISCALIZAÇÃO. HIPÓTESE PREVISTAS NO ART. 33 DA LEI Nº 9.430/96. EMISSÃO DE RMF BASEADA EM SIMPLES NÃO ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE EXTRATOS BANCÁRIOS. IMPOSSIBILIDADE.
O acesso à movimentação financeira do contribuinte, autorizado pela LeiComplementar nº. 105, de 2001, implica fiel obediência aos ditames doRegulamento correspondente (Decreto nº. 3.724, de 2001). No caso vertente,em que o referido acesso se deu com suporte nas hipóteses descritas no art.33 da Lei nº. 9.430, de 1996, seria necessário o aporte de documentaçãocapaz de indicar condutas que permitissem concluir pela intenção deliberadado contribuinte de obstaculizar o andamento da ação fiscal (embaraço), sendoinsuficiente, à evidência, a mera comprovação do não atendimento deintimação para apresentar extratos bancários.
LANÇAMENTOS REFLEXOS. CSLL. PIS. COFINS
A solução dada ao litígio principal, relativa ao IRPJ, aplica-se, no que couber, aos lançamentos reflexos, quando não houver fatos ou argumentos a ensejar decisão diversa.
Numero da decisão: 1301-002.986
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Ângelo Abrantes Nunes que votou por negar provimento ao recurso voluntário. Ausente momentânea e justificadamente o Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro. Participou do julgamento o Conselheiro Suplente Breno do Carmo Moreira Vieira.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Ângelo Antunes Nunes (suplente convocado para manter paridade do colegiado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à Conselheira Bianca Felícia Rothschild) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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DISCUSSÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). SIGILO BANCÁRIO. LEI COMPLEMENTAR Nº 105. CONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO STF. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 601314, e nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade ADIs 2390, 2386, 2397 e 2859 garantiu ao Fisco o acesso a dados bancários dos contribuintes sem necessidade de autorização judicial, nos termos da Lei Complementar nº 105 e do Decreto nº 3.724, de 2001. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. REQUISIÇÃO DE MOVIMENTAÇÃOFINANCEIRA. DECRETO Nº 3.724/2001. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. EMBARAÇÃO À FISCALIZAÇÃO. HIPÓTESE PREVISTAS NO ART. 33 DA LEI Nº 9.430/96. EMISSÃO DE RMF BASEADA EM SIMPLES NÃO ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE EXTRATOS BANCÁRIOS. IMPOSSIBILIDADE. O acesso à movimentação financeira do contribuinte, autorizado pela LeiComplementar nº. 105, de 2001, implica fiel obediência aos ditames doRegulamento correspondente (Decreto nº. 3.724, de 2001). No caso vertente,em que o referido acesso se deu com suporte nas hipóteses descritas no art.33 da Lei nº. 9.430, de 1996, seria necessário o aporte de documentaçãocapaz de indicar condutas que permitissem concluir pela intenção deliberadado contribuinte de obstaculizar o andamento da ação fiscal (embaraço), sendoinsuficiente, à evidência, a mera comprovação do não atendimento deintimação para apresentar extratos bancários. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 4. 72 08 40 /2 01 1- 13 Fl. 1473DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.474 2 LANÇAMENTOS REFLEXOS. CSLL. PIS. COFINS A solução dada ao litígio principal, relativa ao IRPJ, aplicase, no que couber, aos lançamentos reflexos, quando não houver fatos ou argumentos a ensejar decisão diversa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Ângelo Abrantes Nunes que votou por negar provimento ao recurso voluntário. Ausente momentânea e justificadamente o Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro. Participou do julgamento o Conselheiro Suplente Breno do Carmo Moreira Vieira. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Ângelo Antunes Nunes (suplente convocado para manter paridade do colegiado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à Conselheira Bianca Felícia Rothschild) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Fl. 1474DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.475 3 Relatório COMERCIAL UNIPLACAS LTDA recorre a este Conselho em face do acórdão nº 1438.227 proferido pela 3ª Turma da DRJ em Ribeirão Preto que julgou improcedente a impugnação apresentada, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF). Por bem retratar o litígio, adoto o relatório da decisão recorrida, complementandoo ao final: Contra a empresa epigrafada foram lavrados os autos de infração de fls.1292/1335, que se prestaram a exigir o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ e respectivos consectários legais, como também a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins e a Contribuição para o PIS/Pasep – PIS, relativos a fatos geradores ocorridos nos anoscalendário 2007 e 2008, em razão da constatação de omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. O crédito tributário exigido neste processo está composto dos seguintes montantes: TRIBUTO TRIBUTO (R$) JUROS (R$) MULTA (R$) TOTAL (R$) IRPJ 644.532,54 233.343,23 966.798,79 1.844.674,56 PIS 209.665,89 78.123,57 314.498,77 602.288,23 COFINS 967.689,14 360.571,03 1.451.533,67 2.779.793,84 CSLL 348.368,07 126.159,59 522.552,10 997.079,76 TOTAL (R$) 2.170.255,64 798.197,42 3.255.383,33 6.223.836,39 O enquadramento legal para o lançamento dos tributos deuse como a seguir demonstrado: • IRPJ: Arts. 25 e 42 da Lei n° 9.430/96; Art. 528 do RIR/99. • PIS: Lei Complementar (LC) nº 7, de 1970, arts. 1º e 3°; Art. 24, § 2º, da Lei nº 9.249, de 1995; Arts. 2º, I, a, e parágrafo único, 10, 22, 51 e 91 do Decreto nº 4.524, de 2002. • COFINS: Arts. 2º, II, e parágrafo único, 3º, 10, 22, 51 e 91 e 5º do Decreto nº 4.524, de 2002. • CSLL: Art. 2° e parágrafos, da Lei n° 7.689/88; Art. 24 da Lei n° 9.249/95; Art. 1º da Lei nº 9.316/96; Art. 29 da Lei n° 9.430/96 e Art. 37 da Lei n° 10.637/02; Art. 3° da Lei n° 7.689/88 com alterações introduzidas pelo art. 17 da Lei nº 11.727/08. Os juros de mora foram lançados com fundamento no art. 61, § 3º, da Lei nº 9.430/96 e as multas de ofício, aplicadas essencialmente à razão 150% do valor dos respectivos tributos, foram lançadas com fundamento no que dispõe o art. 44, I, § 1º da Lei nº 9.430/96 com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488/07. O IPI lançado neste processo às fls.1336/1348 foi transferido para o processo nº 11634.720239/201210, conforme consta no despacho de fls.1415. O procedimento de fiscalização e as conclusões dele decorrentes foram relatadas no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 1280/1290. Fl. 1475DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.476 4 Segundo o relato da autoridade fiscal, o procedimento de fiscalização foi realizado tendo em vista que a contribuinte apresentou movimentação financeira em suas contas bancárias incompatível com a receita declarada. Relatou que a contribuinte foi intimada, relativamente aos anoscalendário (AC) de 2007 e 2008, a apresentar os atos constitutivos e alterações posteriores, DIPJ, DCTF e Dacon, os livros Diário e Razão, Registro de Entradas, Registro de Saídas, livro de Apuração de ICMS, Prestação de Serviços e Inventário, extratos bancários, etc. Como não foram apresentados os extratos bancários solicitados, foram expedidas as Requisições de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF) para o Banco Real, Unibanco, Safra, Itaú, Bradesco, Banco Semear, Banco Daycoval S/A, Coop. Créd. Livre Admi. Regional de Mandaguari, Coop. Crédito Rural Vale do Bandeirante de Coope. De Créd. Livre Adm.Agoempresarial Sicred. A fiscalização constatou que houve apenas o registro contábil parcial das operações do banco Real em 2008. A contribuinte foi intimada a comprovar a origem dos recursos depositados em suas contas bancárias e nada apresentou. Foram excluídos dos depósitos questionados pelo fisco os valores das receitas declaradas, conforme se pode ver no demonstrativo de fls. 1285/1286, tributandose a diferença como omissão de receita proveniente de depósitos bancários de origem não comprovada, exigindose o IRPJ, CSLL, PIS e Cofins neste processo e o IPI em processo distinto. Foi exigida a multa de 150% e foi formalizada a Representação Fiscal para Fins Penais, processo nº 11634.720848/201180. Notificada do lançamento, a contribuinte, representada pelo procurador João Fernando de Alvarenga Reis (fls. 1142, 1400), ingressou com a impugnação de fls.1356/1374, alegando: · Nulidade do auto de infração em função da violação do sigilo bancário. A Receita Federal, com fundamento na Lei Complementar (LC) nº 105/01 regulamentada pelo Decreto nº 3.724/01, solicitou às instituições financeiras, por meio de RMF, os extratos de sua movimentação financeira. Ocorre que referida LC viola a Constituição Federal (CF), no que concerne às garantias relativas ao sigilo bancário. O Supremo Tribunal Federal (STF) no RE 389.808/PR destacou a referida inconstitucionalidade; · Violação do sigilo bancário por falta de motivação na expedição da RMF. O relatório efetuado para justificar a emissão da referida requisição apenas cita o art. 33 da Lei n º 9.430, de 1996, sem especificar em qual das hipóteses se enquadra o pedido, o que caracteriza violação ao princípio da ampla defesa e do contraditório. Informou ao auditor que a não apresentação dos documentos solicitados no termo de intimação fiscal se deu em razão de estarem de posse do contador, carreando ao processo administrativo denúncia por apropriação indébita feita em face do mesmo. Assim, ficou descaracterizada a hipótese contida no art. 33 da Lei nº 9.430/96 e, conseqüentemente, a hipótese contida no Decreto nº 3.724/01, fato que desautoriza a expedição da RMF para as instituições financeiras; · Nulidade da RMF por falta de requisitos legais. Não há código de acesso à internet para permitir à instituição financeira a identificação da RMF; · Nulidade decorrente de erro na base de cálculo. O auditor fiscal considerou os depósitos em seu valor nominal, não levando em consideração a opção de declaração pelo lucro presumido a que fazia jus; · É inválida a presunção de omissão de receitas, pois a contribuinte informou ao autuante que os recursos eram relativos a financiamento de produção e indicou as empresas de fomento Fl. 1476DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.477 5 mercantil que fariam os referidos empréstimos disfarçados de operação de fomento. A partir dessa indicação, cabia à fiscalização averiguar essas informações. Por se tratar de simulação de operação de fomento obviamente não existiam documentos para comprovar a origem e razão dos recursos depositados; · A fiscalização considerou como omissão de receita operações que correspondem a empréstimos feitos junto a terceiros com cheques próprios, transações entre a impugnante e demais empresas, cujos sócios se confundem, fato que não caracteriza omissão de receitas. Diante do erro evidente, descoberto sem maior esforço, e diante da impossibilidade de se averiguar caso a caso a ocorrência ou não de omissão de receita, tal presunção deve ser descartada; · O ônus do fisco de comprovar a ocorrência caso a caso se impõe pela demonstração da impugnante de que houve erro na base de cálculo e, portanto, excesso de exação. Há de se salientar que caso fossem apresentadas as operações pelas empresas indicadas pela impugnante evidentemente outros valores seriam descartados, já que não se revelam como receita tributável; · Cumpre salientar que para a obtenção dos documentos referentes às operações de financiamento e verificação a legalidade dos juros cobrados já há diversas ações judiciais em andamento em face das empresas (WS, AM Créd e Cobrafas) que operaram os maiores valores conforme relatório anexo; · Resta evidenciado pelo princípio da capacidade contributiva subjetiva que não há possibilidade de tais recursos serem considerados como omissão de receita; · As multas lançadas são indevidas pois não restou comprovada a intenção de fraudar o fisco. · Solicitou que seja deferida a juntada de documentos posteriores ao presente processo à medida que a impugnante vem promovendo ações judiciais em face das empresas financiadoras para apresentação dos documentos. · Requereu que seja intimada a impugnante na pessoa de seu representante legal e de seus procuradores das decisões do referido processo sob pena de nulidade do processo administrativo. Analisando a impugnação apresentada, a turma julgadora de primeira instância consideroua improcedente. O contribuinte foi cientificado da decisão em 07 de agosto de 2012 (fl. 1444), apresentando recurso voluntário de fls. 14451463 em 06 de setembro de 2012. Em síntese, reafirma os argumentos de sua impugnação. É o relatório. Fl. 1477DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.478 6 Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE O recurso é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade do recurso, dele, portanto, tomo conhecimento. 2 PRELIMINARES 2.1 SIGILO BANCÁRIO. INCONSTITUCIONALIDADE. NULIDADE. Em seu recurso voluntário, aduz a recorrente que o lançamento seria nulo em razão da quebra de seu sigilo bancário sem autorização judicial, procedimento que entende ser inconstitucional. Entre os direitos e garantias fundamentais, a Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, XII, assegura que “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.” Entre os dados cuja a inviolabilidade está assegurada, nos dizeres da recorrente, encontrase o sigilo bancário, somente sendo admitido seu acesso, com ordem judicial, para fins criminais. Da leitura da norma constitucional acima transcrita depreendese que o legislador constituinte estabeleceu limites ao legislador ordinário, isto é, somente permitiu a edição de lei regulando o acesso ao sigilo bancário mediante duas condições: a) para fins de investigação criminal; b) mediante ordem judicial. Da leitura da norma constitucional acima transcrita depreendese que o legislador constituinte estabeleceu limites ao legislador ordinário, isto é, somente permitiu a edição de lei regulando o acesso ao sigilo bancário mediante duas condições: a) para fins de investigação criminal; b) mediante ordem judicial. O ponto principal do recurso em que se baseia o recurso é se o legislador ordinário poderia ter editado a Lei Complementar nº 105, de 2001 e a Lei nº 10.147, de 2001, outorgando poderes à Administração para requisitar a movimentação financeira dos contribuintes. Mais, além desta indagação há que se verificar se o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, órgão da Administração que é, tem competência para conhecer e julgar questões afetas à constitucionalidade das leis. Inicialmente, observo que sancionada determinada lei ela entra no sistema jurídico e presumese constitucional até que seja declarada sua inconstitucionalidade, retirandoa do sistema ou impedindo sua aplicação em relação ao caso concreto, isto é “inter partes”. Por outro lado, o Judiciário pode deixar de aplicar lei que a considere inconstitucional, contudo, o mesmo não se aplica em relação à Administração. A razão desta lógica é que o Fl. 1478DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.479 7 EstadoAdministração não pode avocar para si a prerrogativa de julgar a constitucionalidade ou não de lei. Tal prerrogativa, por força das previsões contidas nos artigos 97, 102, I, compete ao Poder Judiciário. À luz do artigo 103, I, da Constituição Federal, o chefe do Poder Executivo, no caso o Presidente da República, tem legitimidade para propor ação direta de inconstitucionalidade sustentando que determinada lei viola da Constituição. Contudo, nem o Presidência da República e tampouco os demais órgãos da Administração podem deixar de cumprir lei sob o pretexto de que esta viola norma Constitucional. Neste sentido, à luz do artigo 26A, § 6º, I, do Decreto nº 70.235, de 1972, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, a seguir transcrito, os Conselheiros do Carf somente podem deixar de aplicar lei sob o fundamento de inconstitucionalidade após o Supremo Tribunal Federal, por seu Plenário, em controle concentrado ou difuso, por decisão definitiva, ter reconhecido a inconstitucionalidade da norma. Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). .... § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) [...] Sobre a matéria este Conselho já pacificou seu entendimento por meio da Súmula nº 2, cujo teor é o seguinte: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. De todo modo, analisando o tema, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 601314, e nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade – ADIs 2390, 2386, 2397 e 2859 garantiu ao Fisco o acesso a dados bancários dos contribuintes sem necessidade de autorização judicial, nos termos da Lei Complementar nº 105 e do Decreto nº 3.724, de 2001. Quanto ao procedimento para acesso às informações bancárias diretamente pela Receita Federal, convém tecer alguns comentários adicionais. A respeito da suposta quebra de sigilo bancário, convém reforçar que o parágrafo único do art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 2001, estabelece que as informações e documentos obtidos pela RFB junto às instituições financeiras serão conservados em sigilo. No mesmo sentido, o mesmo diploma legal estabelece em seu art. 1º, § 3º, VI, que não constitui violação do dever de sigilo a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos seus arts. 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 10. Para preservar a inviolabilidade do direito constitucional que as pessoas têm à intimidade e à privacidade, preceitua o § 5º do art. 5º da precitada LC que: "As informações a que refere este artigo serão conservadas sob sigilo fiscal, na forma da legislação em vigor". Fl. 1479DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.480 8 Relativamente ao sigilo fiscal, vigora o art. 198 do Código Tributário Nacional, lei materialmente complementar, que, no seu caput, de acordo com a nova redação atribuída pela Lei Complementar nº 104, de 10 de janeiro de 2001, assim dispõe: "Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades". Portanto, as informações bancárias sigilosas são transferidas à administração tributária da União sem perderem a proteção do sigilo. Em resumo, no que tange às questões que envolvem os demais princípios constitucionais e inconstitucionalidade de leis apontadas pela recorrente, seu mérito não pode ser analisado por este Colegiado. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico nacional. Desse modo, rejeito a arguição de inconstitucionalidade suscitada. 2.2 IRREGULARIDADES NA EMISSÃO DA REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA RMF Aduz a recorrente que a emissão da RMF seria nulidade por falta de cumprimento de requisitos legais. Argumenta que embora esteja previsto no inciso IX do § 7º do art. 4º do Decreto nº 3.724, de 2001, que na RMF conste código de acesso à Internet que permita à instituição financeira identificar a RMF, não haveria tal identificação nos autos. Em primeiro lugar, o código a que se refere o citado dispositivo regulamentar é dirigido à consulta da instituição financeira que recebe a RMF a fim de disponibilizar as informações solicitadas pela autoridade fiscal. De toda forma, há nos autos a RMF com o tal código de acesso citado pela recorrente, conforme se observa à fl. 441, cujo trecho de interesse se reproduz a seguir: Fl. 1480DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.481 9 O outro ponto trazido pela recorrente a respeito da suposta nulidade da RMF seria a violação decorrente do não enquadramento nas hipóteses legais previstas no art. 33 da Lei nº 9.430, de 1996. Pois bem, a respeito do tema, assim dispõe a Lei Complementar nº 105, de 2001: Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Ato contínuo, o Poder Executivo editou o Decreto nº 3.724, de 2001 para regulamentar o art. 6º da LC nº 105, de 2001, relativamente à requisição, acesso e uso, pela Secretaria da Receita Federal, de informações referentes a operações e serviços das instituições financeiras e das entidades a elas equiparadas. É importante ressaltar o disposto no § 5º do art. 2º do Decreto nº 3.724, de 2001: Art. 2º [...] § 5o A RFB, por intermédio de servidor ocupante do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, somente poderá examinar informações relativas a terceiros, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis. Conforme se observa, e em sintonia com o disposto no art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 2001, para que o AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil possa examinar informações de terceiros contidas nos registros das instituições financeiras fazse necessário ter procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis. Em seu artigo 3º o Decreto em questão listou em quais hipóteses os exames serão considerados indispensáveis. Vejase sua redação à época da realização do procedimento fiscal: Art. 3o Os exames referidos no § 5o do art. 2o somente serão considerados indispensáveis nas seguintes hipóteses: I subavaliação de valores de operação, inclusive de comércio exterior, de aquisição ou alienação de bens ou direitos, tendo por base os correspondentes valores de mercado; II obtenção de empréstimos de pessoas jurídicas não financeiras ou de pessoas físicas, quando o sujeito passivo deixar de comprovar o efetivo recebimento dos recursos; Fl. 1481DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.482 10 III prática de qualquer operação com pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada em país enquadrado nas condições estabelecidas no art. 24 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996; IV omissão de rendimentos ou ganhos líquidos, decorrentes de aplicações financeiras de renda fixa ou variável; V realização de gastos ou investimentos em valor superior à renda disponível; VI remessa, a qualquer título, para o exterior, por intermédio de conta de não residente, de valores incompatíveis com as disponibilidades declaradas; VII previstas no art. 33 da Lei no 9.430, de 1996; VIII pessoa jurídica enquadrada, no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), nas seguintes situações cadastrais: a) cancelada; b) inapta, nos casos previstos no art. 81 da Lei no 9.430, de 1996; IX pessoa física sem inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou com inscrição cancelada; X negativa, pelo titular de direito da conta, da titularidade de fato ou da responsabilidade pela movimentação financeira; XI presença de indício de que o titular de direito é interposta pessoa do titular de fato. Conforme se observa, somente nessas 11 hipóteses é que a autoridade fiscal poderia requisitar às instituições financeiras as informações do contribuinte sob procedimento fiscal. Tratase de norma que deve ser interpretada restritivamente, uma vez que se trata de informações protegidas pelo sigilo de dados e, em se tratando de pessoas físicas, que podem inclusive violar a intimidade do sujeito passivo, sendo que o sigilo bancário a que as instituições estão obrigadas, uma vez repassadas as informações ao Fisco, convolase em sigilo fiscal. No art. 4º do Decreto nº 3.724, de 2001, determinase que antes da emissão da RMF o contribuinte deve ser previamente intimado a apresentar as informações sobre sua movimentação financeira: Art. 4o Poderão requisitar as informações referidas no § 5o do art. 2o as autoridades competentes para expedir o MPF § 1o A requisição referida neste artigo será formalizada mediante documento denominado Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF) e será dirigida, conforme o caso, ao: Fl. 1482DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.483 11 [...] § 2o A RMF será precedida de intimação ao sujeito passivo para apresentação de informações sobre movimentação financeira, necessárias à execução do MPF. § 3o O sujeito passivo responde pela veracidade e integridade das informações prestadas, observada a legislação penal aplicável. [...] § 5º A RMF será expedida com base em relatório circunstanciado, elaborado pelo AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil encarregado da execução do procedimento fiscal ou pela chefia imediata. § 6o No relatório referido no parágrafo anterior, deverá constar a motivação da proposta de expedição da RMF, que demonstre, com precisão e clareza, tratarse de situação enquadrada em hipótese de indispensabilidade prevista no artigo anterior, observado o princípio da razoabilidade. [...] § 8º A expedição da RMF presume indispensabilidade das informações requisitadas, nos termos deste Decreto. Pois bem, conforme se observa, para que a autoridade fiscal possa requerer informações de determinado contribuinte diretamente às instituições financeiras este deve estar sob procedimento fiscal, o exame deverá ser considerado indispensável, enquadrandose o caso concreto em uma das 11 hipóteses contidas no art. 3º do Decreto nº 3.724/2001 e o contribuinte deve ter sido previamente intimado a apresentar tais informações e assim não tenha procedido. Além disso, a emissão da RMF deverá se basear em relatório circunstanciado elaborado pela autoridade fiscal, no qual se demonstre tratarse de situação enquadrada em hipótese de indispensabilidade (observado o princípio da razoabilidade), nos termos dos §§ 5º e 6º do art. 4º do Decreto nº 3.724/2001. Convém ainda ressaltar que o disposto no § 8º do art. 4º do Decreto nº 3.724/2001, no que diz respeito à presunção de indispensabilidade das informações requisitadas em RMF, é dirigida à instituição financeira requerida, a fim de que não se abrisse a terceiros a possibilidade de se questionar a legalidade da requisição efetuada pela autoridade fiscal. Obviamente tal restrição não se aplicaria ao contribuinte sob procedimento fiscal, uma vez que tal interpretação implicaria franco e evidente cerceamento ao exercício de seu direito à ampla defesa. No caso concreto, a autoridade fiscal fundamentou a emissão da RMF com base no inciso VII do art. 3º do Decreto nº 3.724/2001 (hipóteses previstas no art. 33 da Lei no 9.430, de 1996). Vejase excerto da RMF, incluindo o relatório circunstanciado a que se refere o § 5º do art. 4º do Decreto nº 3.724/2001 (fls. 434, e 438439): Fl. 1483DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.484 12 Pois bem, conforme bem argumentado pela recorrente, a autoridade fiscal não indicou em qual hipótese prevista no art. 33 da Lei nº 9.430, de 1996, teria se enquadrado o caso concreto. Entendo que, por si só, essa falta de indicação não seria suficiente para caracterizar vício na emissão da RMF, desde que se possa extrair do relatório fundamentado Fl. 1484DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.485 13 em que se baseia a RMF ao menos um fato que se enquadre nas hipóteses previstas no art. 33 da Lei nº 9.430, de 1996. Analisando o sucinto relatório (fls. 438439), entendo que o fato ali contido que pode ser enquadrado nas hipóteses elencadas no art. 33 da Lei nº 9.430, de 1996, é a não apresentação, por parte do contribuinte, dos extratos e documentos bancários requeridos pela autoridade fiscal em sua intimação. Vejase a redação dessa hipótese, prevista no inciso I do art. 33 da Lei nº 9.430/96: I embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de exibição de livros e documentos em que se assente a escrituração das atividades do sujeito passivo, bem como pelo não fornecimento de informações sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade, próprios ou de terceiros, quando intimado, e demais hipóteses que autorizam a requisição do auxílio da força pública, nos termos do art. 200 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966; Pois bem, em sua defesa, aduz a recorrente que a não apresentação dos documentos se deu porque o rol de elementos solicitados pelo Fisco não estavam à sua disposição. A meu ver, independentemente disso, entendo extremamente frágil a interpretação dada pela autoridade fiscal de que a mera não apresentação dos extratos e documentos bancários por parte do fiscalizado seja suficiente para se expedir a RMF e possibilitar ao Fisco o acesso direto dessas informações junto às instituições financeiras. Se assim fosse, não haveria necessidade de o art. 3º do Decreto nº 3.724, de 2001, listar 11 hipóteses para que o sigilo bancário do contribuinte pudesse ser transferido ao Fisco. Bastaria uma: intimar o contribuinte e esse não apresentar os documentos solicitados. Ora, tal raciocínio, com a devida vênia, pareceme ser uma interpretação abusiva e extensiva, além de não razoável, de dispositivos que devem ser interpretados restritivamente. A importância do Decreto nº 3.724, de 2001, é de tamanha monta que o E. Supremo Tribunal Federal STF, ao julgar a ADI 2.859DF, e declarar constitucional o acesso direto pelo Fisco à movimentação financeira do contribuinte, fez referência expressa, na ementa do acórdão que as autoridades fiscais dos Estados e Municípios somente poderão acessar diretamente as informações e documentos bancários dos contribuintes sobre procedimento fiscal quando os respectivos poderes executivos editarem regulamentos semelhantes a esse diploma regulamentar federal. Com efeito, entendo que a obtenção dos elementos de prova em que se baseia o presente lançamento, quais sejam, os extratos bancários de onde se extraíram os depósitos tributados na forma do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, se deu forma ilícita. Por consequência, entendo que o lançamento encontrase maculado por um vício insanável, implicando o cancelamento integral da exigência. Esse entendimento não é inédito no âmbito do CARF. Vejase, por exemplo, o decidido no acórdão 1302000.489 em voto relatado pelo ilustre Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães, cujo excerto de interesse transcrevese a seguir: Fl. 1485DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.486 14 Trata a lide de exigências de Imposto de Renda Pessoa Jurídica e reflexos, relativas ao anocalendário de 2003, formalizadas em decorrência da apuração de omissão de receitas, caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Em sede de recurso voluntário, a contribuinte sustenta, entre outras alegações, a nulidade do lançamento efetivado com base na movimentação bancária. Afirma que a decisão recorrida não demonstrou, em momento algum, quais foram os fundamentos utilizados pelo Fisco para que fosse expedida a requisição de movimentação financeira, tendo havido, assim, explícita violação às normas que disciplinam a matéria. Em virtude de tal argumentação, este Colegiado decidiu pela conversão do julgamento me diligência para que fosse carreado aos autos o RELATÓRIO que serviu de suporte para a expedição da Requisição de Movimentação Financeira. Em atendimento, a Delegacia da Receita Federal em Florianópolis juntou o documento de fls. 364. Analisandose o referido documento, constatase que a Solicitação de Emissão de Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira teve por base as hipóteses previstas no art. 33 da Lei nº. 9.430, de 1996. Para dar sustentação à referida fundamentação, a autoridade solicitante consignou: A empresa, após regularmente intimada, não disponibilizou os extratos bancários, sendo que sua movimentação bancária difere significativamente das receitas declaradas. O artigo 6º da Lei Complementar nº. 105, de 2001, que autoriza as autoridades e os agentes fiscais tributários da União examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a conta de depósitos e aplicações financeiras, estabelece as seguintes condições: a) existência de processo administrativo ou procedimento fiscal em curso; e b) indispensabilidade do exame. No que tange à primeira das condições, inexiste controvérsia, eis que contra a Recorrente foi instaurado, de forma regular, procedimento fiscal. Quanto à segunda, o Decreto nº. 3.724, de 2001, regulamentando o art. 6º acima referenciado, estabeleceu as hipóteses em que os exames são considerados indispensáveis. Entre tais hipóteses, sem dúvida, há a que foi apontada pela autoridade fiscal (as previstas no art. 33 da Lei nº. 9.430, de 1996). Contudo, apesar de indicar as hipóteses do art. 33 em comento como fundamento para requisitar as informações bancárias, a referida autoridade, em relatório por demais econômico, Fl. 1486DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.487 15 simplesmente afirma que a contribuinte não disponibilizou os extratos e que a sua movimentação bancária difere significativamente das receitas declaradas. O artigo 33 da Lei nº. 9.430, de 1996, que trata do regime especial para cumprimento de obrigações pelo sujeito passivo, elenca as seguintes hipóteses: I embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de exibição de livros e documentos em que se assente a escrituração das atividades do sujeito passivo, bem como pelo não fornecimento de informações sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade, próprios ou de terceiros, quando intimado, e demais hipóteses que autorizam a requisição do auxílio da força pública, nos termos do art. 200 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966; II resistência à fiscalização, caracterizada pela negativa de acesso ao estabelecimento, ao domicílio fiscal ou a qualquer outro local onde se desenvolvam as atividades do sujeito passivo, ou se encontrem bens de sua posse ou propriedade; III evidências de que a pessoa jurídica esteja constituída por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios ou acionistas, ou o titular, no caso de firma individual; IV realização de operações sujeitas à incidência tributária, sem a devida inscrição no cadastro de contribuintes apropriado; V prática reiterada de infração da legislação tributária; VI comercialização de mercadorias com evidências de contrabando ou descaminho; VII incidência em conduta que enseje representação criminal, nos termos da legislação que rege os crimes contra a ordem tributária. Desconsiderada a hipótese de que a requisição da movimentação bancária da Recorrente tenha sido feita em razão da divergência com os valores declarados, vez que, nesse caso, a fundamentação deveria ser com base no inciso XI do art. 3º do Decreto nº. 3.724, a única situação que tangencia os motivos descritos pela autoridade fiscal é a estampada no item I acima (EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO). Nessa linha, o embaraço estaria caracterizado pela não fornecimento de informações sobre movimentação financeira. Se foi essa a direção adotada pelo agente fiscal, creio que o relatório de fls. 364 deveria ter reunido elementos capazes de caracterizar o embaraço à fiscalização, pois, considerada um interpretação sistemática da legislação, a simples ausência de Fl. 1487DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.488 16 apresentação de extratos bancários não autoriza o acesso à movimentação financeira do contribuinte por meio de requisição às instituições bancárias. Observese que, se assim fosse, todas as demais hipóteses previstas no art. 3º do Decreto nº. 3.724/2001 tornarseiam dispensáveis, visto que bastaria intimar o contribuinte a apresentar os documentos bancários e, uma vez não tendo sido apresentada resposta satisfatória, expedir a competente requisição aos estabelecimentos bancários. A meu ver, resta fora de dúvida que o embaraço à fiscalização fica configurado a partir de condutas que, não obstante isoladamente pouco possam significar, no seu conjunto deixam clara a intenção do contribuinte de obstaculizar o prosseguimento da ação fiscalizadora. Nessas circunstâncias, deve a autoridade fiscal, com o intuito de robustecer a acusação (de embaraço), colacionar aos autos elementos capazes de demonstrar tal intenção. No caso vertente, entretanto, não identifico nos autos tais elementos. Com efeito, a Recorrente foi intimada a apresentar os extratos bancários (fls. 04) e, afirmando estar com as atividades paralisadas, esclareceu que havia solicitado aos estabelecimentos bancários os citados documentos. Posteriormente, foi intimada a comprovar a origem dos valores ingressados em suas contas bancárias (fls. 142), vez que a Fiscalização, por meio de requisição de movimentação, obteve os extratos correspondentes. Nada mais consta no processo capaz de refletir condutas que justifiquem o enquadramento da pessoa jurídica na hipótese estampada no inciso I do art. 33 da Lei nº. 9.430, de 1996, ou em qualquer das outras hipóteses ali discriminadas. [...] Nessas circunstâncias, sou pela exoneração do sujeito passivo relativamente à matéria tributável apurada com base nos depósitos bancários, conforme indicação abaixo. [...] Destaco que, no caso, não há que se falar em nulidade in totum dos feitos fiscais, eis que a inobservância das exigências legais por parte da autoridade fiscal contaminou, apenas, a parcela do crédito tributário constituído com suporte nos extratos bancários. Acompanhando integralmente esse raciocínio, voto por cancelar integralmente a exigência, incluindose os lançamentos de CSLL, PIS e de Cofins. Fl. 1488DF CARF MF Processo nº 11634.720840/201113 Acórdão n.º 1301002.986 S1C3T1 Fl. 1.489 17 3 CONCLUSÃO Isso posto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 1489DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11131.000218/2008-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 09/03/2006 a 21/03/2006
OCULTAÇÃO DO REAL ADQUIRENTE.
A identificação do REAL COMPRADOR dos produtos importados no mercado interno, municia a fiscalização com informações suficientes para rastrear a mercadoria e principalmente a fonte do dinheiro, o que por si só já afasta a penumbra que o legislador quis evitar ao formular o tipo infracional em comento.
A troca de uma modalidade de importação por outra, ainda que procedente no presente caso, teria lugar em uma tipificação relacionada à omissão/imprecisão de informação de natureza comercial, se fosse o caso, mas jamais uma pena de perdimento, que é a pena capital na seara aduaneira, por absoluta ausência de subsunção do fato à norma.
Numero da decisão: 3302-005.481
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède -Presidente.
(assinado digitalmente)
Jorge Lima Abud- Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Déroulède.
Nome do relator: JORGE LIMA ABUD
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A identificação do REAL COMPRADOR dos produtos importados no mercado interno, municia a fiscalização com informações suficientes para rastrear a mercadoria e principalmente a fonte do dinheiro, o que por si só já afasta a penumbra que o legislador quis evitar ao formular o tipo infracional em comento. A troca de uma modalidade de importação por outra, ainda que procedente no presente caso, teria lugar em uma tipificação relacionada à omissão/imprecisão de informação de natureza comercial, se fosse o caso, mas jamais uma pena de perdimento, que é a pena capital na seara aduaneira, por absoluta ausência de subsunção do fato à norma. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Jorge Lima Abud Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 13 1. 00 02 18 /2 00 8- 51 Fl. 1707DF CARF MF Processo nº 11131.000218/200851 Acórdão n.º 3302005.481 S3C3T2 Fl. 1.708 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Déroulède. Relatório 0 presente auto de infração foi lavrado em 03/03/2008, sendo referente à exigência de lançamento da multa equivalente ao valor aduaneiro (100%) no valor de R$ 280.156,81. Tratase de lançamento complementar de retificação oriundo do auto de infração lavrado em 07/03/2007, esse de valor de R$ 1.460.504,37, processo administrativo n" 11131.000177/200711. No lançamento acima identificado foi incluída a multa de substituição pena de perdimento das mercadorias importadas ao amparo da Declaração de Importação n° 05/13055724. Ocorre que tal Declaração de Importação foi cancelada em razão do indeferimento de aplicação do Regime de Entreposto Aduaneiro (fls. 19/50) e as mercadorias originariamente declaradas nessa Declaração de Importação foram despachadas para consumo ao amparo da Declaração de Importação n° 06/02745599 registrada na modalidade por encomenda da SPIN (fls. 62/68). Convém aqui explicitar que a SPIN, embora intimada a apresentar todos os documentos (faturas, BL, LI, contratos de câmbio, etc.) referentes às importações em que figurasse como importadora, adquirente ou encomendante (item 9 do Termo de Intimação n° 01 fls. 22), não apresentou nenhum documento relacionados a DI n° 06/02745599, formalmente registrada pela COTIA por sua encomenda, exceto às notas fiscais de venda das mercadorias n° 69794, 69795 e 69797 (fls. 95/98), que não trazem nenhuma menção a essa situação.0 O presente auto de infração tem objeto as mercadorias importadas ao amparo da Declaração de Importação n° 06/02745599 registrada diretamente pela COTIA TRADING S/A por encomenda da empresa SPIN. Face a constatação pela fiscalização de que essa importação foi realizada com a ocultação do efetivo sujeito passivo, SPIN COMERCIAL LTDA, situação tipificada no inciso V, do artigo 23 do Decreto Lei n° 1.455/76, aplicouse a multa substitutiva da pena de perdimento. A empresa SPIN COMERCIAL LTDA foi cientificada do Auto de Infração, via Aviso de Recebimento, em 14/06/2008 (folhas 135). A COTIA TRADING foi cientificada do Auto de Infração, via Aviso de Recebimento, também em 14/06/2008 (folhas 138). A empresa SPIN apresentou impugnação em 16/07/2008, de folhas 142 a 153. Fl. 1708DF CARF MF Processo nº 11131.000218/200851 Acórdão n.º 3302005.481 S3C3T2 Fl. 1.709 3 A COTIA TRADING apresentou impugnação também em 16/07/2008, de folhas 165 a 187. Em 31 de julho de 2009, através do Acórdão n° 0815.904, a 2a. Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Fortaleza/CE, JULGOU PROCEDENTE o lançamento objeto do contencioso administrativo, para considerar devido o crédito tributário em epígrafe. Transcrevese um fragmento do Acórdão n° 0815.904: A bem da verdade, as relações explicitadas no item “ASPECTOS COMUNS”, constante na presente decisão, entre a SPIN e os fornecedores internacionais, deixaram claro que as referidas empresas constituem uma informal, porém real e única “organização” empresarial, que ora pratica importações diretas, ora por conta e ordem, utilizandose dos serviços de terceiros. Dessa forma, ainda que as assinaturas constantes nas faturas emitidas sejam certificadas como sendo de fato autênticas, as provas indici árias da existência de um grupo informal de empresas, congruentes e verossímeis, somadas aos demais elementos de prova, sem dúvida se sobrepõem a essa eventual constatação. E nesse ponto, mesmo que se pondere que a eventual vinculação entre o exportador e o adquirente da mercadoria não caracteriza a interposição fraudulenta de terceiros, não se pode deixar de considerar que a patente e intrínseca interligação aqui revelada somada às evidencias de simulação, conluio e fraude descortinadas pela autoridade fiscal, debilitam a credibilidade dos argumentos apresentados pelas partes autuadas e robustecem a convicção de interposição fraudulenta de terceiros nas importações. A Empresa SPIN tomou ciência da decisão da Delegacia Regional de Julgamento em 03/11/2009, via Edital (folhas 228). Em 26/11/2009, a empresa SPIN ingressou com RECURSO VOLUNTÁRIO, de folhas 251 a 280. Foi alegado que: ü A ilegitimidade passiva da recorrente; ü A suposta ocultação do adquirente das mercadorias — importações por conta própria versus importações por conta e ordem; ü Em face da objetividade dos conceitos legais, temse que a distinção fundamental entre as importações por conta pr6pria e por conta e ordem de terceiro é a seguinte: se o importador exclusivamente presta serviços ao adquirente das mercadorias importadas, apenas desembaraçandoas, mas sem adquirilas, tem se a figura da importação por conta e ordem de terceiro; por outro 'lado, na hipótese de ocorrer operação de compra e venda pelo Fl. 1709DF CARF MF Processo nº 11131.000218/200851 Acórdão n.º 3302005.481 S3C3T2 Fl. 1.710 4 importador, se o importador compra a mercadoria importada, fecha, o câmbio e efetua o pagamento ao exportador, e revende a mercadoria a terceiro, terseá a importação por conta própria do importador; ü O Ato Declaratório n° 07/2002)determina que é suficiente que apenas um dos requisitos elencados pelo seu artigo 2° seja cumprido para que se caracterize a operação de importação por conta própria. E, no caso presente, apenas com base nos documentos a que a Recorrente teve acesso, pelo menos dois deles foram satisfeitos operação de compra e venda interna e faturas comerciais em nome da importadora Cotia cabendo à autoridade fiscal apurar junto à Cotia se os outros dois (fechamento do contrato de câmbio e contabilização das mercadorias como compra e venda) também foram; ü A Recorrente adquiriu as mercadorias importadas no mercado interno da Cotia, em estreita consonância com as disposições normativas atinentes á matéria, motivo pelo qual essas importações jamais poderíam ser consideradas como realizadas por sua conta e ordem; ü O elemento de capital relevância para se determinar que as importações foram feitas por conta própria do importador Cotia, e não por conta e ordem da Recorrente, é que a Cotia adquiriu a propriedade das mercadorias revendendoas posteriormente à Recorrente. Traz ainda considerações sobre: ü Revenda das mercadorias à Recorrente; ü Vinculação Entre a Recorrente e os Fornecedores Estrangeiros; ü O Acordo Comercial Firmado com a Cotia Trading; ü Faturas com Assinaturas do Mesmo Signatário Distintas Entre Si; ü Margem de lucro da Trading; ü A multa substitutiva de perdimento só é aplicável se e quando aplicado o processo de perdimento e verificada a impossibilidade de perda da mercadoria pelo fato de a mesma ter sido entregue a consumo. Tal requisito, no entanto, não foi verificado no caso em tela; ü A ausência de comprovação da existência de fraude. Por todo o exposto, é o presente para requerer dignemse V.Exas., com fundamento nas razões de fato e de direito apresentadas, reformar a decisão de Ia instância, Fl. 1710DF CARF MF Processo nº 11131.000218/200851 Acórdão n.º 3302005.481 S3C3T2 Fl. 1.711 5 cancelando integralmente a exigência fiscal formulada, de modo a eximir a Recorrente do recolhimento da multa substitutiva da pena de perdimento cominada. Em 23 de maio de 2012, a 2a Turma Ordinária, da 1a Câmara, da 3a Seção de Julgamento do CARF, através da Resolução nº 3102000.211, resolveu baixar os autos em diligência para que fosse dada ciência ao Sujeito Passivo Solidário, Cotia Trading S/A, da decisão tomada em primeira instância administrativa de julgamento, abrindose prazo para impugnação, nos termos da Lei. A COTIA TRADING tomou ciência da decisão da Delegacia Regional de Julgamento em 27/09/2012, via Aviso de Recebimento (folhas 307). Em 29/10/2012, a COTIA TRADING ingressou com RECURSO VOLUNTÁRIO, de folhas 309 a 327. Foi alegado: ü Nulidade do auto de infração. Falta de motivação; ü Inconsistência da motivação fática; ü Falta de motivação jurídica; ü A multa alternativa à pena de perdimento não se aplica a mercadorias regularmente desembaraçadas; ü A Impugnante não efetuou importações por conta e ordem da autuada; ü Compete à fiscalização investigar a capacidade econômica do importador e a origem, disponibilidade e transferência dos recursos envolvidos, para, somente então, desconsiderar eventual importação efetuada mediante o emprego de artifício para ocultar o real adquirente; ü Inobservância do procedimento de verificação da origem dos recursos utilizados na importação; ü Exclusão da responsabilidade. Atuação em conformidade com o entendimento da Secretaria da Receita Federal: ADI/SRF 07, de 13/06/02; ü A Recorrente adquiriu as mercadorias estrangeiras e somente recebeu o pagamento pela sua revenda à SPIN após a tradição; ü A negociação com o exportador não implica responsabilidade pela operação; ü A eventual vinculação entre o exportador e o adquirente da mercadoria não caracteriza conta e ordem; Fl. 1711DF CARF MF Processo nº 11131.000218/200851 Acórdão n.º 3302005.481 S3C3T2 Fl. 1.712 6 ü Os preços praticados ou a lucratividade das empresas não indicam a natureza da importação; ü A DI foi registrada após decisão das autoridades competentes acerca da inaplicabilidade do regime de entreposto aduaneiro; ü Exclusão da responsabilidade. Atuação em conformidade com o entendimento da Secretaria da Receita Federal; ü Aplicação do principio da retroatividade benéfica, em função da edição do artigo 33 da Lei n° 11.488/2007. Em 31/03/20152 foi anexado aos autos o processo 11131.000177/200711, conforme solicitação das folhas 331 do processo digital. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Lima Abud Relator. Da admissibilidade. Por conter matéria desta E. Turma da 3a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pelo contribuinte, considerando que: Ø a Recorrente empresa SPIN teve ciência da decisão de primeira instância em 03 de novembro de 2009, quando, então, iniciouse a contagem do prazo de 30 (trinta) dias para apresentação do presente recurso voluntário apresentando a recorrente recurso voluntário em 26 de novembro de 2009; Ø a Recorrente COTIA TRADING teve ciência da decisão de primeira instância em 27 de setembro de 2012, quando, então, iniciouse a contagem do prazo de 30 (trinta) dias para apresentação do presente recurso voluntário apresentando a recorrente recurso voluntário em 29 de outubro de 2012, uma segundafeira. Da controvérsia. Tratase de matéria de fato e de direito quanto à constatação da prática de interposição fraudulenta de terceiros, infração tipificada no inciso V, do artigo 23 do Decreto Lei n° 1.455/76, onde: Ø A COTIA TRADING S/A atuou como importador interposto; e Ø A SPIN COMERCIAL LTDA atuou como sujeito passivo oculto. Fl. 1712DF CARF MF Processo nº 11131.000218/200851 Acórdão n.º 3302005.481 S3C3T2 Fl. 1.713 7 É questionada também a aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro (100%), na forma do §3° do artigo 23 do Decreto Lei n° 1.455/76 e o principio da retroatividade benéfica, em função da edição do artigo 33 da Lei n° 11.488/2007. Do Mérito. OS FATOS QUE EMBASAM A PRESENTE AÇÃO FISCAL O objeto do presente auto de infração. O presente auto de infração tem objeto as mercadorias importadas ao amparo da Declaração de Importação n° 06/02745599. Como dito, originariamente as mercadorias foram importadas ao amparo da Declaração de Importação n° 05/13055724. Ocorre que tal DI foi cancelada em razão do ndeferimento de aplicação do Regime de Entreposto Aduaneiro (fls. 19/50) e as mercadorias originariamente declaradas nessa Dl foram despachadas para consumo ao amparo da DI n° 06/02745599 registrada na modalidade por encomenda da SPIN (fls.62/68). A Declaração de Importação n° 06/02745599 Em 09/03/2006, foi registrada a DI 06/02745599 (fls. 67/75), amparando a importação das mercadorias originalmente declaradas na Declaração de Importação (fls. 20/29). Da Declaração de Importação consta que a encomendante das mercadorias seria a SPIN COMERCIAL LTDA., CNPJ: 86.938.453.000189, apresentando como documentos instrutivos o BL n° MSCUTM401331 e as cópias das faturas n° 550002 e 55003 (fls. 30, 68, 78 e 79). Das faturas. As faturas datadas de 13/02/2006 discriminam as mesmas mercadorias, nas mesmas quantidades das proformas n° 55002 e 55003 (fls. 31 e 32), sendo que: Ø das proformas consta a observação de que não existiria pagamento; Ø das faturas consta que o pagamento teria sido antecipado. Observase ainda que o preço das mercadorias constantes da fatura n° 55003 (fls. 78) é superior aos constantes da fatura proforma n° 55003 (fls. 32). A assinatura da signatária Gina Peres aposta nas faturas e proformas (fls. 31, 32, 78 e 79) é visualmente distinta da aposta na Declaração da MI INTERNATIONAL (fls. 57). Dos pagamentos Consta na fatura que a condição de pagamento foi feita em português (“antecipado”). Já no Siscomex, consta a informação de que o pagamento teria sido à vista. Fl. 1713DF CARF MF Processo nº 11131.000218/200851 Acórdão n.º 3302005.481 S3C3T2 Fl. 1.714 8 O Pagamento antecipado foi feito antes do embarque das mercadorias para o país de destino, que ocorreu em 10/09/2005. Entretanto, a informação do Siscomex de que essa importação foi paga mediante remessa feita pelo Contrato de Cambio n° 06/016825 (fls. 106/111) de pronto contraria essa informação de pagamento antecipado, posto que o contrato somente foi fechado em 2006. Das informações da TREDIEX TRANSPORTE E DESPACHO ADUANEIRO Informações da TREDIEX TRANSPORTE E DESPACHO ADUANEIRO (fls. 19 e 66) referentes às Declarações de Importação n° 05/13055724 e n° 06/02745599, respectivamente, mencionarem o importador COTIA TRADING e o cliente SPN 4095/05, evidenciam que as mercadorias consignadas no BL n° MSCUTM401331, originariamente objeto da Declaração de Importação n° 05/13055724 e posteriormente da Declaração de Importação n° 06/02745599 desde o seu embarque foram destinadas ao adquirente SPIN COMERCIAL e que o papel da COTIA foi o de promover a importação, e que os equívocos apostos nas proformas e faturas apenas atestam a confusão na implementação da tentativa de ocultar a verdadeira natureza do negócio. Resultado Bruto Nominal Declaração de Importação n° 06/02745599 Fl. 1714DF CARF MF Processo nº 11131.000218/200851 Acórdão n.º 3302005.481 S3C3T2 Fl. 1.715 9 Das conclusões da ação fiscal Conforme informado pela SPIN (fls. 109)14, essa operação foi suprida pela SPIN ao término da operação quando do repasse formal das mercadorias pela COTIA á SPIN. As mercadorias foram desembaraçadas em 21/03/2006 e transferidas para a SPIN mediante as notas fiscais de venda n° 69794, 69795 e 69797 (fls. 95/98)15 emitidas em 24/03/2006. Nesse mesmo dia a SPIN teria transferido à COTIA importância corresponde ao valor de face dessas notas (fls. 109), comprovando sua condição de supridora da operação. Nas operações em que o susposto encomendante invade as atribuições próprias do importador, ocorre a descaracterização desse encomendante, diante do nítido esvaziamento das razões licitas do emprego da modalidade, evidenciandose apenas motivos relacionados à ocultação. Resta evidente, portanto, nesse caso a tentativa da COTIA/SPIN de ingressar as mercadorias no regime de entreposto aduaneiro ocultando uma operação de importação por conta e ordem da SPIN, com cobertura cambial, e na qual era exigida licença de importação para alguns produtos, simulando uma operação sem cobertura cambial e sem exigência de LI e depois despachando as mercadorias para consumo mediante a simulação de uma operação por encomenda da SPIN. E após colacionar as evidências trazidas pela ação fiscal, este Relator indaga: Onde está a prática de interposição fraudulenta de terceiros? Da prática de interposição fraudulenta de terceiros A pessoa interposta tem o fito de cumprir ou realizar aquilo que o ordenante ou mandante não pode ou não quer fazer e para isso é colocada ou posta entre este e um terceiro. A interposta pessoa nada mais é que aquela que executa um ato jurídico ou uma série de atos jurídicos, a mando ou ordem de alguém. O ato jurídico, objeto da presente análise, é justamente a operação de importação maculada pela prática de interposição fraudulenta de terceiros. Portanto, um ilícito aduaneiro. O ato de se interpor em operação de importação, pressupõe necessariamente a existência de dois participes: Fl. 1715DF CARF MF Processo nº 11131.000218/200851 Acórdão n.º 3302005.481 S3C3T2 Fl. 1.716 10 1. O importador ➞ aquele que se apresenta às autoridades aduaneiras como responsável pela nacionalização da mercadoria. 2. O sujeito passivo oculto (ou responsável pela operação de importação) ➞ aquele que se vale do importador para obter a nacionalização da mercadoria à margem dos órgãos responsáveis pelos controles aduaneiros. O sujeito passivo oculto é aquele que não pode ou não quer promover a operação de importação em seu próprio nome. Por isso se vale outro ( o importador ) para obter produto importado no mercado interno. É de se frisar que é perfeitamente possível, à luz da legislação aplicável, que terceiro utilize o importador para obter produto importado no mercado interno. A legislação prevê duas formas de identificar o terceiro (REAL COMPRADOR no mercado interno ) responsável pela importação: I. modalidade de "importação por conta e ordem de terceiros"; e II. modalidade de "importação por encomenda". Não se valendo dessas duas modalidades de importação, fica caracterizada a seguinte situação: Ø o REAL COMPRADOR no mercado interno (sujeito passivo oculto) obtém a nacionalização do bem importado, por intermédio do importador interposto, sem a adoção formas previstas na legislação aplicável, permanecendo à margem dos órgãos responsáveis pelos controles aduaneiros. No inciso V, do artigo 23 do Decreto Lei n° 1.455/76, o legislador trata da mesma forma as seguintes expressões: I. sujeito passivo oculto aquele que importa o bem através de um importador interposto; II. real comprador aquele que adquire o bem importado através de importador interposto no mercado interno; e III. responsável pela operação (importação) aquele que mesmo não adquirido o bem importado no mercado interno, exerce o "Domínio do Fato" sobre a operação de importação. Essas expressões ao serem usadas pelo legislador como sinônimas, retratam a mesma pessoa: o terceiro no mercado interno (dentro do território nacional) que se vale de um importador interposto para obter a nacionalização de um bem, à margem dos órgãos responsáveis pelos controles aduaneiros. Fl. 1716DF CARF MF Processo nº 11131.000218/200851 Acórdão n.º 3302005.481 S3C3T2 Fl. 1.717 11 O núcleo da infração da prática de interposição fraudulenta de terceiros é o USO DE INTERPOSTA PESSOA em operação de comércio exterior com o propósito de ACOBERTAR o sujeito passivo oculto. - A Prática Efetiva de Interposição Fraudulenta de Terceiros A demonstração da prática efetiva de interposição fraudulenta de terceiros, tipificada no inciso V, do artigo 23 do Decreto Lei n° 1.455/76, engloba três pontos: 1. Identificação do importador interposto e do sujeito passivo oculto; 2. Constatação do liame entre o importador interposto e o sujeito passivo oculto; 3. Demonstração da FRAUDE ou SIMULAÇÃO. Nessa modalidade da infração, o ato de se interpor em uma operação de importação, pressupõe necessariamente a existência de dois participes. Na demonstração da prática efetiva, a fiscalização tem o dever de identificar tanto o importador interposto como o sujeito passivo oculto. Atualmente, duas formas de “terceirização” das operações de comércio exterior são reconhecidas e reguladas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB): · A importação por conta e ordem; e · A importação por encomenda. A escolha entre importar mercadoria estrangeira por conta própria ou por meio de um intermediário, contratado para esse fim, é livre e perfeitamente legal, seja esse intermediário um prestador de serviço ou um revendedor. Entretanto, tanto o importador quanto o adquirente ou encomendante. conforme o caso, devem observar o tratamento tributário específico dessas operações e alguns cuidados especiais, a fim de não serem autuados ou, até mesmo, que as mercadorias sejam apreendidas. Para que uma operação de importação por encomenda ou importação por conta e ordem seja realizada de forma perfeitamente regular, é necessário, antes de tudo, que tanto as empresas encomendantes e adquirentes quanto a empresa importadora estejam habilitadas para operar no Siscomex, nos termos da legislação respectiva. Além de habilitação de todos os intervenientes (encomendante, adquirente e importador), nas operações de importação terceirizadas, é necessário apresentar, à unidade da RFB com jurisdição para fiscalização aduaneira sobre o estabelecimento matriz da encomendante ou adquirente, cópia do contrato firmado entre as empresas (encomendante ou adquirente e importadora), caracterizando a natureza de sua vinculação, a fim de que a contratante e a contratada sejam vinculadas no Siscomex. pelo prazo ou operações previstos no contrato. Fl. 1717DF CARF MF Processo nº 11131.000218/200851 Acórdão n.º 3302005.481 S3C3T2 Fl. 1.718 12 A fim de promover o despacho aduaneiro das mercadorias importadas, conforme determina o art. 3o, da IN SRF n° 634/06 e o art. 3o, da IN SRF n° 225/02, ao elaborar a Declaração de Importação, o importador, pessoa jurídica contratada, deve informar que não se trata de uma operação por conta própria, indicando, em campo próprio na ficha “importador” da DI, o número de inscrição do encomendante ou do adquirente no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). A falta de indicação do encomendante ou adquirente na Declaração de Importação, bem como a ausência de habilitação de alguma das partes no Siscomex e a ausência de vinculação do contrato na Receita Federal caracterizam a situação de ocultação do sujeito passivo ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, punível com a pena de perdimento das mercadorias (art. 23 V, do Decretolei n° 1.455/76 com a redação dada pela Lei n° 10.637/02). Por derradeiro, temse que: 1) A luz do artigo 32,d) do DecretoLei n° 37/66 assume a condição de responsável solidário pelo imposto; 2) A luz do artigo 95, VI do DecretoLei n° 37/66 assume a condição de responsável pela infração que der causa. Os fatos que embasam a presente ação fiscal, relatados acima, indicam categoricamente que em 09/03/2006, foi registrada a DI n° 06/02745599 (fls. 67/75), amparando a importação das mercadorias originalmente declaradas na Declaração de Importação n° 05/13055724 (fls. 20/29). No rosto da Declaração de Importação consta: folhas 78 do processo digital. Nessa Declaração de Importação consta nos Dados Complementares que a encomendante das mercadorias seria a SPIN COMERCIAL LTDA. folhas 79 do processo digital. Fl. 1718DF CARF MF Processo nº 11131.000218/200851 Acórdão n.º 3302005.481 S3C3T2 Fl. 1.719 13 É de se salientar que a referida Declaração de Importação foi registrada após a edição da Lei n° 11.281, em 20/02/2006, mas antes da edição da IN SRF n° 634/06, em 24/03/2006, Instrução Normativa que estabelece requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora em operações procedidas para revenda a encomendante predeterminado. Acreditase que o Siscomex, na data do registro da Declaração de Importação, ainda não estava formatado para a modalidade de importação por "encomenda". Por esse motivo, provavelmente, que o nome do encomendante empresa SPIN não esteja no rosto da Declaração de Importação. De qualquer modo, o nome do REAL COMPRADOR dos produtos importados no mercado interno foi identificado pelo importador interposto, o que fulmina o núcleo da infração tipificada no inciso V, do artigo 23 do Decreto Lei n° 1.455/76: (...)na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação (...) (Grifo e negrito nossos) Se o REAL COMPRADOR dos produtos importados no mercado interno foi identificado pelo importador interposto, não há o que se falar em ocultação. Traz à análise um fragmento do Relatório de Procedimento Fiscal, às folhas 10 do processo digital: Assim sendo, temos que embora a Dl n° 06/0274^599 tenha sido registrada por conta própria da COTIA e por encomenda da SPIN COMERCIAL LTDA., na verdade, da mesma forma, que as demais Dl objeto de autuação no processo administrativo n° 11131,000177/2007 11 ela foi feita por conta e ordem da SPIN, uma vez que conforme contratos firmados entre elas (fls. 44/54)6, todos os riscos dessas operações foram assumidos pela SPIN, além das demais evidências apontadas no TC n° 02/2007 (fls. 8/17). Está aqui o cerne da ação fiscal, que pode ser assim condensado: No lugar de se adotar a modalidade de importação por "encomenda", a operação deveria ter adotado a modalidade de importação por "conta e ordem". Fl. 1719DF CARF MF Processo nº 11131.000218/200851 Acórdão n.º 3302005.481 S3C3T2 Fl. 1.720 14 É de se salientar que no mundo complexo das operações de comércio exterior não é fácil, em muitas vezes, distinguir uma modalidade da outra, até mesmo porque o encomendante e o financiador da operação se confundem e o circuito percorrido pela mercadoria não é sincronizado com o circuito percorrido pelo dinheiro e por vezes essa precisão chega a minúcias sem sentido. O fato é que a identificação do REAL COMPRADOR dos produtos importados no mercado interno, municia a fiscalização com informações suficientes para rastrear a mercadoria e principalmente a fonte do dinheiro, o que por si só já afasta a penumbra que o legislador quis evitar ao formular o tipo infracional em comento. A troca de uma modalidade de importação por outra, ainda que procedente no presente caso, teria lugar em uma tipificação relacionada à omissão/imprecisão de informação de natureza comercial, se fosse o caso, mas jamais uma pena de perdimento, que é a pena capital na seara aduaneira, por absoluta ausência de subsunção do fato à norma. Por fim, este Relator informa que está ciente das outras condutas apresentadas pelo Relatório de Procedimento Fiscal. Condutas essas, que em tese, poderiam ensejar infrações ou até mesmo exação tributária, mas jamais a prática de interposição fraudulenta de terceiros. Demais questões prejudicadas. Diante de tudo que foi exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso da Contribuinte. É como voto. Jorge Lima Abud Fl. 1720DF CARF MF
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