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Numero do processo: 10830.002727/2009-59
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Sep 04 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2008, 2009 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não está inquinado de nulidade o auto de infração lavrado por autoridade competente e que não tenha causado preterição do direito de defesa, efetuado em consonância com o que preceitua o art. 142 do Código Tributário Nacional, especialmente se o sujeito passivo, em sua defesa, demonstra pleno conhecimento dos fatos que ensejaram a sua lavratura, exercendo, atentamente, o seu direito de defesa. NULIDADE DO PROCESSO FISCAL. MOMENTO DA INSTAURAÇÃO DO LITÍGIO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Somente a partir da lavratura do auto de infração é que se instaura o litígio entre o fisco e o contribuinte, podendo-se, então, falar em ampla defesa ou cerceamento dela, sendo improcedente a preliminar de cerceamento do direito de defesa quando concedida, na fase de impugnação, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos. COMPENSAÇÃO COM CRÉDITO QUE NÃO SE REFERE A TRIBUTO OU CONTRIBUIÇÃO ADMINISTRADO PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL. LEGALIDADE. Verificando-se que o ato administrativo foi editado por servidor competente, fundou-se em motivos evidenciados nos autos e previstos em lei como ensejadores da não-declaração da compensação, nada há que o macule, mormente ante sua regular ciência ao sujeito passivo. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. A COMPETÊNCIA PARA O AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL LANÇAR TRIBUTOS FEDERAIS INDEPENDE DO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF. IMPOSSIBILIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. A autoridade fiscal tem competência fixada em lei para lavrar o Auto de Infração. Na falta de cumprimento de norma administrativa a referida autoridade fica sujeita, se for o caso, a punição administrativa, mas o ato produzido continua válido e eficaz. CAUTELA DE OBRIGAÇÕES DA ELETROBRÁS. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Não compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil promover a restituição de obrigações da Eletrobrás nem sua compensação com débitos tributários (Súmula CARF nº 24). CAUTELA DE OBRIGAÇÕES DA ELETROBRÁS. CRÉDITO DE NATUREZA NÃO TRIBUTÁRIA. NÃO-DECLARAÇÃO. MULTA ISOLADA. CABIMENTO. É regular a exigência de multa isolada, prevista no § 4º do art. 18 da Lei nº 10.833, de 2003, em face de DCOMPs consideradas não-declaradas, por veicularem, créditos que não se referem a tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CARÁTER DE CONFISCO. INOCORRÊNCIA. A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa ao lançamento de ofício, para exigi-lo com acréscimos e penalidades legais. A multa de lançamento de ofício é devida em face da infração às regras instituídas pelo Direito Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista em lei é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V, do art. 150 da Constituição Federal. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Preliminares rejeitadas. Recurso negado.
Numero da decisão: 2202-001.960
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pela Recorrente e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. A Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga votou pelas conclusões quanto à preliminar de nulidade do lançamento em função de possíveis irregularidades no Mandado de Procedimento Fiscal – MPF. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes.
Nome do relator: NELSON MALLMANN

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     2 A  autoridade  fiscal  tem  competência  fixada  em  lei  para  lavrar  o  Auto  de  Infração.  Na  falta  de  cumprimento  de  norma  administrativa  a  referida  autoridade  fica  sujeita,  se  for  o  caso,  a  punição  administrativa,  mas  o  ato  produzido continua válido e eficaz.  CAUTELA  DE  OBRIGAÇÕES  DA  ELETROBRÁS.  RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.  Não compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil promover a restituição  de  obrigações  da  Eletrobrás  nem  sua  compensação  com  débitos  tributários  (Súmula CARF nº 24).  CAUTELA  DE  OBRIGAÇÕES  DA  ELETROBRÁS.  CRÉDITO  DE  NATUREZA  NÃO  TRIBUTÁRIA.  NÃO­DECLARAÇÃO.  MULTA  ISOLADA. CABIMENTO.  É regular a exigência de multa isolada, prevista no § 4º do art. 18 da Lei nº  10.833,  de  2003,  em  face  de  DCOMPs  consideradas  não­declaradas,  por  veicularem,  créditos  que  não  se  referem  a  tributos  ou  contribuições  administrados pela Secretaria da Receita Federal.  MULTA  DE  LANÇAMENTO  DE  OFÍCIO.  CARÁTER  DE  CONFISCO.  INOCORRÊNCIA.   A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa ao lançamento  de  ofício,  para  exigi­lo  com  acréscimos  e  penalidades  legais.  A  multa  de  lançamento de ofício é devida em face da infração às regras instituídas pelo  Direito Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista  em lei é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V, do art. 150  da Constituição Federal.   INCONSTITUCIONALIDADE.  O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade  de lei tributária (Súmula CARF nº 2).  Preliminares rejeitadas.  Recurso negado.       Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  rejeitar  as  preliminares suscitadas pela Recorrente e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos  do  voto  do Relator. A  Conselheira Maria  Lúcia Moniz  de Aragão Calomino Astorga  votou  pelas  conclusões  quanto  à  preliminar  de  nulidade  do  lançamento  em  função  de  possíveis  irregularidades no Mandado de Procedimento Fiscal – MPF.     (Assinado digitalmente)   Nelson Mallmann – Presidente e Relator    Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de  Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro  Fl. 292DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 129          3 Anan  Junior  e  Nelson  Mallmann  (Presidente).  Ausente,  justificadamente,  o  Conselheiro  Helenilson Cunha Pontes.  Fl. 293DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     4 Relatório  CASA  INDEPENDÊNCIA  ÓPTICA  E  COMÉRCIO  LTDA.,  contribuinte  inscrita  no  CNPJ/MF  04.932.012/0001­05,  com  domicílio  fiscal  na  cidade  de  Campinas,  Estado de São Paulo, à Av. Projetada Leste, nº 500, Bairro Pequeno Dom Pedro, jurisdicionada  a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Campinas ­ SP, inconformada com a decisão de  Primeira  Instância  (fls. 93/122), prolatada pela 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do  Brasil de Julgamento em Campinas ­ SP, recorre, a este Conselho Administrativo de Recursos  Fiscais, pleiteando a sua reforma, nos termos da petição de fls. 211/234.  Contra a contribuinte acima mencionada foi lavrado, em 26/03/2009, Auto de  Infração  de  Imposto  de  Renda  Retido  na  Fonte  (fls.  02/10),  com  ciência  por  AR,  em  30/03/2009  (fls.  81),  exigindo­se  o  recolhimento  do  crédito  tributário  no  valor  total  de  R$  469.498,63  (padrão  monetário  da  época  do  lançamento  do  crédito  tributário),  a  título  de  Imposto  de Renda Retido  na  Fonte,  acrescidos  da multa  de  lançamento  de  ofício  normal  de  75%; da multa  isolada qualificada (§ 4º do art. 18 da Lei nº 10.833, de 2003) e dos  juros de  mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculados sobre o valor do imposto de renda, relativo aos  exercícios  de  2008  e  2009,  correspondentes  aos  anos­calendário  de  2007  e  2008,  respectivamente.   A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização  externa, onde a autoridade fiscal lançadora entendeu haver as seguintes irregularidades:  1  –  IMPOSTO  DE  RENDA  NA  FONTE  SOBRE  TRABALHO  ASSALARIADO:  Falta  de  recolhimento  do  imposto  de  renda  na  fonte  sobre  trabalho  assalariado, conforme Termo de Verificação em anexo. Infração capitulada nos arts. 620, 621,  624, 625, 626, 636, 637, 638, 641 a 646, do RIR, de 1999 c/c art. 1° da Lei nº 9.887, de 1999.  2 – MULTA  ISOLADA  ­ COMPENSAÇÃO  INDEVIDA: Compensação  indevida efetuada em declaração prestada pelo sujeito passivo, conforme Termo de Verificação  em anexo, foi apurado um total de R$ 312.866,88 em débitos de diversos tributos que foram  objeto de compensação considerada indevida. Infração capitulada art. 18 da Lei n° 10.833/03,  com redação dada pelas Leis n°s 11.051, de 2004 e 11.196, de 2005 e pelo art. 18 da Medida  Provisória n° 351/07.  A Auditora­Fiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela constituição  do crédito  tributário  lançado esclarece, ainda, através do Relatório da Ação Fiscal, datado de  26/03/2009 (fls. 11/18), entre outros, os seguintes aspectos:  ­  que,  em  05/08/2008,  foi  emitido  o  Termo  de  Inicio  de  Fiscalização,  recebido pela empresa em 18/08/2008, solicitando informações sobre a quitação dos débitos de  "SIMPLES" referentes aos períodos de apuração outubro a dezembro/02, janeiro/03, janeiro a  dezembro/04 e janeiro a dezembro/05, dos débitos de IRPJ e CSLL dos períodos de apuração  1º ao 4° trimestres de 2007 e 1º trimestre de 2008, dos débitos de PIS e COFINS dos períodos  de apuração fevereiro/2007 a dezembro/2007 e janeiro/2008 a maio/2008, além dos constantes  do  processo  administrativo  n°  10830.208338/2005­10  devendo  ainda,  apresentar  cópias  de  todas as Declarações de Compensação entregues à Receita Federal do Brasil, apresentar uma  listagem contendo  todos os processos de  consulta  formalizados perante  a Receita Federal  do  Brasil  que  versem  sobre  a  legislação  dos  aludidos  imposto/contribuições,  impetrados  após  Fl. 294DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 130          5 01/02/2007 e prestar esclarecimentos, apresentando declarações e/ou planilhas que detalhassem  eventuais  compensações  entre  impostos/contribuições  durante  o  período  de  01/02/2007  e  31/07/2007, além de outros itens referentes à documentação da empresa;  ­  que  da  análise  dos  documentos  apresentados,  verificou­se  que  a  empresa  confirmou as retenções de IRRF sobre a folha de salários, referentes ao código de arrecadação  0561, dos períodos de apuração de janeiro a agosto/2004. Os recolhimentos referentes a esses  PA foram confirmados nos sistemas da Receita Federal do Brasil e, portanto, não será feito o  lançamento dos débitos  de  IRRF aqui  tratados.  Para  garantir  que  tais pagamentos não  sejam  utilizados para outros fins, será encaminhada correspondência ao SECAT desta Delegacia para  que proceda ao bloqueio destes DARF nos sistemas da Receita Federal;  ­  que,  nos  termos  do  §  4°,  do  art.  18,  da  Lei  n°  10.833/03,  o  percentual  atinente A multa de oficio deverá observar o disposto no artigo 44, inciso 1, da Lei n° 9.430/96  e em seu § 1º;  ­ que o art. 72 da Lei n° 4.502/64 versa sobre os casos em que é constatada  fraude, definida como "toda ação ou omissão dolosa  tendente a  impedir ou  retardar,  total ou  parcialmente,  a  ocorrência  do  fato  gerador  da  obrigação  tributária  principal,  ou  a  excluir  ou  modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a  evitar ou diferir o seu pagamento.";  ­  que  no  caso  em  análise,  fácil  constatar  a  presença  de  fraude  no  procedimento levado a efeito pela fiscalizada, por  inexistir amparo legal para a compensação  de  créditos  não  administrados  pela  Receita  Federal  do  Brasil.  Ou  seja,  assim  agindo,  não  poderia ser outro o intento do sujeito passivo senão o de criar subterfúgios, objetivando abster­ se de pagar divida tributárias liquidas e certas;  ­  que  o  presente  Auto  de  Infração  se  limita  ao  lançamento  de  IRRF  não  declarado e da multa isolada prevista pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007;  ­  que  a  presente  ação  fiscal  restringiu­se  às  verificações  das  informações  contidas  no  processo  de  Pedido  de  Compensação  n°  10830.000844/2007­16.  Fica,  portanto,  ressalvado  o  direito  da  Fazenda  Nacional  fazer  verificações  posteriores  e  cobrar  o  que  for  devido  em  razão  dos  fatos,  circunstâncias  e  elementos  não  verificados  e/ou  não  conhecidos  nesta oportunidade;  ­  que  por  tratar­se  de  procedimento  de  revisão  interna,  fica  dispensada  a  emissão  de Mandado  de  Procedimento  Fiscal  ­ MPF,  com  base  no  artigo  11,  inciso  IV,  da  Portaria RFB 4.066/2007.  Irresignada  com  o  lançamento  a  autuada  apresenta,  tempestivamente,  em  29/04/2009,  a  sua  peça  impugnatória  de  fls.  93/122,  instruída  pelos  documentos  de  fls.  123/181, solicitando que seja acolhida a impugnação e determinado o cancelamento do crédito  tributário amparado, em síntese, nos seguintes argumentos:  ­  que  se  constata  ainda  que  o  Nobre  Auditor  Fiscal  dispensou  a  emissão  Mandado de Procedimento Fiscal — MPF sob o argumento que se  trata de procedimento de  revisão  interna,  fundamentando no  art.  11,  inciso  IV da Portaria RFB 4.066/2007 da RIB,  a  qual vigia época do inicio da fiscalização;  Fl. 295DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     6 ­ que da leitura do dispositivo acima, constata­se que o MPF será dispensado  quando a fiscalização referir­se à  revisão interna de declarações, hipótese que não se verifica  no presente caso, uma vez que a ação instaurada não se refere apenas, à revisão de declarações,  mas sim de procedimento de maior complexidade, haja vista os esclarecimentos e documentos  requisitados. Da leitura do dispositivo acima, constata­se que o MPF será dispensado quando a  fiscalização referir­se à revisão interna de declarações, hipótese que não se verifica no presente  caso, uma vez que a ação instaurada não se refere apenas, à revisão de declarações, mas sim de  procedimento  de  maior  complexidade,  haja  vista  os  esclarecimentos  e  documentos  requisitados;  ­  que,  nesse  liame,  em  razão  do  objeto  da  ação  fiscal,  tem­se  que  essa  somente poderia ser instaurada através da lavratura de Mandado de Procedimento Fiscal, e não  por  mero  Termo  de  Inicio  de  Fiscalização,  eivando  a  ação  da  mais  absoluta  nulidade  por  indubitável vicio procedimental;  ­  que,  destarte,  a  ação  fiscal  em questão deve  ser  anulada desde  seu  inicio,  lavrando­se o competente Mandado de Procedimento Fiscal com observância das normas que  regem  a matéria  de  fiscalização,  inclusive  no  tocante  aos  prazos  de  validade  e  informações  acerca  dos  auditores  responsáveis,  o  que  obedecerá,  inclusive,  o  principio  constitucional  do  devido processo legal;  ­  que  conforme  consta  do  histórico  do  termo  de  inicio  de  fiscalização,  determinado pelo Registro de Procedimento Fiscal n°. 08.1.04.00­2008­000959­8, a ação fiscal  se  justificou pela necessidade de verificação da  quitação dos  seguintes débitos:  "SIMPLES":  Períodos  de Apuração Nov./2002  e Dez/2002,  Jan12003,  Jan/2004  a Dez/2004,  Jan.  2005  a  Dez. 2005; IRPJ e CSLL: Períodos de Apuração 1° ao 4° trimestre de 2007 e 1° trimestre 2008;  PIS e COFINS: Períodos de Apuração Fev./2007 a Dez./2007 e Jan./2008 a Mai./2Q08, e no  que se refere ao processo administrativo n°. 10830.208375/2005­10;  ­  que,  desse  modo,  ato  continuo  ao  recebimento  do  Termo  de  Início  de  Fiscalização a empresa contribuinte informou ao DD. Auditor­Fiscal que, os débitos objeto da  ação  fiscal  estavam  englobados  em  procedimento  de  compensação.  Ou  seja,  que  a  empresa  fiscalizada,  apresentou,  na  esfera  administrativa,  declarações  de  compensação  ensejando  a  extinção dos créditos  tributários  (art. 150 §§ 1° e 4° c/c 156,  II, do CTN, Lei 9.430/96 e  IN  600/2005);  ­  que  cumpre  salientar  que,  em  18/08/2008,  data  em  que  a  empresa  contribuinte  teve  conhecimento  do  Termo  de  Inicio  de  Fiscalização,  a  mesma  não  tinha  conhecimento  do  Despacho  Decisório  SEORT/DRF/CPS  sin,  de  28/07/2008,  que  fora  posteriormente  retificado pelo Despacho Decisório SEORT/DRF/CPS n°. 82,  de 19/12/2008,  despachos  estes  que  a  contribuinte  somente  teve  ciência  em  30/03/2009,  mesma  data  que  recebeu o presente Auto de Infração;  ­ que não procede a afirmação de que a contribuinte agiu  indevidamente ao  propor a compensação de seus tributos com créditos oriundos de Empréstimos Compulsórios,  por não ser este administrado pela Receita Federal;  ­  que  significa  dizer  que  a  contribuinte  não  pode  ser  penalizada  com  a  imposição da multa isolada de 150% (cento e cinqüenta por cento), sob o pretexto de ter agido  com  fraude  ao  apresentar  ao  Fisco  procedimento  administrativo  de  compensação  de  seus  tributos;  Fl. 296DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 131          7 ­  que,  assim  sendo,  é  evidente  a  impossibilidade  de  se  dar  qualquer  interpretação diversa da seguinte: a compensação será considerada indevida se o contribuinte,  dolosamente, prestar informações inverídicas ao Fisco de modo a não permitir a identificação  do crédito bem como dos valores informados na declaração;  ­  que,  isso,  definitivamente  não  ocorreu  no  procedimento  proposto  pela  contribuinte, vez que prestou todas as informações pertinentes para identificação do crédito, além  de  elencar,  minuciosamente,  os  elementos  necessários  referentes  aos  tributos  inseridos  na  declaração de compensação, tais como código da receita, competência, vencimento, valor original  do débito, etc.;  ­  que  observamos,  que  o  Nobre  Auditor  fiscal  argüiu  pela  impossibilidade  homologação do pedido  de  compensação  formulado pelo ora  recorrente  em  razão do crédito  apurado (empréstimo compulsório sobre o consumo de energia elétrica) não sofrer os efeitos da  administração da então Secretaria da Receita Federal, atual Receita Federal do Brasil;  ­ que a orientação sobredita não atende aos dispositivos legais que regulam a  administração econômico­financeira do estado Brasileiro. Demonstraremos em curta  incursão  histórica,  que  as  disposições  que  se  seguiram  atribuíram  à  Secretaria  da Receita  Federal  do  Brasil  a  obrigação  de  administrar  receitas  da  União,  somando­se,  por  conseguinte,  o  empréstimo compulsório sobre energia elétrica. É o que passamos a demonstrar;  ­  que,  assim,  não  se  pode  negar,  que  fiscalizar,  cobrar,  arrecadar  ou  dar  destinação são espécies do gênero administrar, e sob resta ótica, a Secretaria da Receita Federal  administrou o Empréstimo Compulsório sobre Energia Elétrica em conjunto bom a Eletrobrás,  como não poderia deixar de ser, em razão da solidariedade passiva da União;  ­ que por essas  razões a compensação não poderia  ter sido considerada não  declarada  nos  termos  do  inciso  II,  do  §12,  do  art.  74  da  Lei  9.430/96,  afastando­se,  por  conseguinte, a aplicação do § 4°, do art. 18 da Lei 10.833/03;  ­  que  a  proibição  do  confisco,  indubitavelmente,  é  um  dos  princípios mais  importantes a favor do contribuinte contra a avidez e sagacidade do Estado arrecadador, uma  vez  que  obsta  a  invasão  desarrazoada  na  propriedade  privada  do  cidadão.  No  seu  aspecto  semântico,  segundo  a  obra  Dicionário  Aurélio  Básico  da  Língua  Portuguesa  pelo  insigne  professor Aurélio  Buarque  de Holanda  Ferreira,  o  ato  de  confiscar  consigna: Apreender  em  proveito do fisco; arrestar. Apoderar­se ou apossar­se de, como em caso de confisco;  ­ que, destarte,  a cobrança dos encargos  tributários de natureza acessória nos  moldes desenhados pelo Estado arrecadador, demonstra que não se busca a  recomposição de  eventual  prejuízo  sofrido  e,  sim,  a  lucratividade  excessiva  ao  erário  As  expensas  da  propriedade do contribuinte/cidadão, ou seja, o seu locupletamento ilícito ou sem justa causa;  ­ que, prefacialmente, os fatos geradores foram devidamente declarados sem  qualquer omissão ou intuito de fraude e, depois nos termos da legislação tributária vigente, foi  extinto  os  créditos  tributários  do  período  relacionado  sob  condição  resolutória  de  ulterior  homologação,  ressaltando que,  enquanto não  incidir a eficácia preclusiva da última  instância  administrativa  sobre  o  pedido  de  restituição  dos  valores  correspondentes  As  Obrigações  da  Eletrobrás,  onde  a  União  é  solidariamente  responsável  pelo  seu  resgate,  poderá  ser  feita  a  extinção do crédito tributário pela declaração de compensação. Esta condição deverá persistir  Fl. 297DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     8 enquanto o pedido de restituição estiver pendente de decisão administrativa, ou seja, enquanto  não incidir a "coisa julgada" administrativa.  Após  resumir  os  fatos  constantes  da  autuação  e  as  principais  razões  apresentadas pela  impugnante, em 04/09/2009, os membros da Primeira Turma da Delegacia  da Receita do Brasil de Julgamento em Campinas ­ SP, concluíram pela procedência da ação  fiscal  e  pela  manutenção  do  crédito  tributário,  com  base,  em  síntese,  nas  seguintes  considerações:  ­ que o contribuinte defende, em suas razões, a regularidade da compensação  promovida  e considerada não declarada,  razão pela qual  cumpre  inicialmente esclarecer que,  nos  termos  do  art.  74  da  Lei  n°  9.430/96,  com  a  redação  que  lhe  foi  dada  pela  Lei  n°  11.051/2004,  os  atos  de  não­declaração  não  são  passíveis  de  discussão  no  âmbito  das  Delegacias de Julgamento e dos Conselhos de Contribuintes (atual Conselho Administrativo de  Recursos  Fiscais).  Isto  porque,  o  §  13  do  referido  dispositivo  expressamente  excepciona  o  cabimento de manifestação de inconformidade e recurso voluntário em tais circunstâncias;  ­  que  por  sua  vez,  nos  autos  do  processo  administrativo  n°  10830.000841/2007­82, consoante ressalta a autoridade preparadora, o recurso foi apresentado  pelo interessado na vigência da Medida Provisória n° 449/2008, que afastou a possibilidade de  questionamento,  no  âmbito  administrativo,  em  face  da  não­declaração  de  compensação  veiculada em DCOMP;  ­  que  com  referência  aos  vícios  alegados  em  decorrência  da  ausência,  nos  autos,  de  Mandado  de  Procedimento  Fiscal  —  MPF,  observe­se  que  a  Portaria  RFB  no  11.371/2007, dispensa a emissão de MPF nos seguintes casos:  IV ­  relativo a  revisão  interna  das declarações, inclusive para aplicação de penalidade pela falta ou atraso na sua apresentação  (malhas fiscais);  ­ que, ainda, irrelevante é o fato de serem solicitadas informações relativas ao  ativo  permanente  da  empresa,  se  isto  também  se  fez  em  procedimento  interno.  Não  é  a  amplitude do trabalho fiscal de revisão das declarações, mas sim a sua forma de execução, que  torna exigível ou não o MPF;  ­ que, de toda sorte, cumpre também consignar que é pacifico o entendimento  no âmbito administrativo de que o MPF é mero instrumento interno de planejamento, controle  e gerência das atividades de fiscalização, disciplinado por portarias da Receita Federal que não  têm  o  condão  de  alterar  a  competência  atribuída  ao  auditor  fiscal  e  não  o  desoneram  da  atividade obrigatória e vinculada do lançamento;  ­  que  o  contribuinte  inicia  sua  defesa  abordando  o  procedimento  por  ele  adotado, defendendo a inexistência de prejuízo ao Fisco. E, não obstante, como já dito, este não  seja  espaço  para  discussão  do  despacho  decisório  que  considerou  não­declaradas  as  compensações,  passa­se  à  análise  dos  argumentos  que  guardam  correlação  com  a  caracterização da hipótese de aplicação da multa isolada;  ­  que  assevera  que  apenas  propôs  a  compensação  de  seus  tributos  com  créditos oriundos de empréstimos compulsórios sobre energia elétrica, e invoca seu direito de  petição,  acrescentando  que  seu  procedimento  não  inibe  o  Fisco,  após  o  exaurimento  da  discussão  administrativa,  de  exigir  os  valores  que  lhe  são  devidos,  usando  todos  os  meios  legais  para  tal.  Entende  que  compensação  indevida  é  aquela  em  que  o  contribuinte,  dolosamente, prestar  informações inverídicas ao Fisco de modo a não permitir a  identificado  do crédito,bem como dos valores informados na declaração;  Fl. 298DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 132          9 ­ que ocorre que a DCOMP não se trata de mero pedido, mas sim de veículo  por meio do qual se formaliza a compensação (art. 74, § 1 ° da Lei n° 9.430/96, com a redação  dada pela Lei n° 10.637/2002) e conseqüente extinção do crédito tributário (art. 74, §, 2° da Lei  n° 9.430/96, com a redação dada pela Lei n° 10.637/2002);  ­  que  se  a  Receita  Federal  não  administra  o  crédito  que  o  contribuinte  pretende  compensar,  ela  está  impossibilitada de promover os  ajustes decorrentes de  eventual  compensação. Assim, quando a Instrução Normativa veicula os procedimentos para execução  de  tais  ajustes  exclusivamente  em  relação  aos  valores  recolhidos mediante DARF,  implícito  está o conceito de que os valores assim ingressados no Tesouro Nacional estão administrados  pela Receita Federal, quer  totalmente  (como no caso dos  impostos e contribuições  incidentes  sobre a renda e sobre o faturamento, por exemplo), quer parcialmente (como no caso das taxas  devidas A Justiça Federal, por exemplo);  ­  que  a  Secretaria  da Receita  Federal,  portanto,  incumbia  a  fiscalização  do  Imposto  Único  sobre  Energia  Elétrica,  o  qual  era  recolhido  pelos  distribuidores  de  energia  elétrica, depois de recebê­los por meio das contas de fornecimento. Observe­se, ainda, que o  produto  da  arrecadação  era  destinado  diretamente  ao  Banco  Nacional  de  Desenvolvimento  Econômico (BNDE);  ­ que o impugnante ainda invoca a responsabilidade solidária da União sobre  tais  títulos  para  afirmar  que  eles  teriam natureza  tributária, mas  decorreriam de  uma  relação  jurídica de natureza privada. Defende, assim, a certeza e liquidez dos créditos deles decorrentes  na  medida  em  que  a  opção  pela  restituição  do  empréstimo  compulsório  somente  poderia  ocorrer  depois  de  transcorridos  os  20  (vinte)  anos  estipulados  em  lei  para  o  resgate  das  Obrigações  e/ou  Cautelas,  e  somente  a  partir  deste  segundo  momento  fluiria  a  prescrição,  também vintenária;  ­  que,  de  toda  sorte,  admitir  que  os  empréstimos  compulsórios  possuem  natureza  tributária  em  nada  favorece  o  autuado,  pois  não  se  está  utilizando  o  indébito  decorrente  do  empréstimo  compulsório  pago  a  maior  ou  indevidamente,  mas  sim  suposto  direito  de  crédito  contra  a  Eletrobrás  representado  por  uma  cártula.  Ou  seja,  o  crédito  pretendido não representa o reverso da relação jurídico­tributária que obriga o contribuinte ao  pagamento  do  empréstimo  compulsório,  mas  sim  uma  nova  relação  jurídica  decorrente  dos  títulos emitidos pela Eletrobrás: o que se está discutindo é o cabimento ou não do resgate de  uma obrigação (um titulo de crédito), e não do empréstimo compulsório pago via lançamento  nas contas de consumo de energia elétrica;  ­ que, de todo o exposto, conclui­se que há obstáculos expressos na legislação  ao  procedimento  adotado  pelo  contribuinte.  A  compensação  somente  se  opera  na  forma  prevista  em  lei,  e,  no  âmbito  dos  tributos  administrados  pela  antiga  SRF,  está  vinculada A  apresentação de DCOMP e A existência de créditos do próprio sujeito passivo, decorrentes de  tributos  ou  contribuições  também administrados pela  antiga SRF,  passíveis  de  restituição  ou  ressarcimento, e, se decorrentes de decisão judicial, quando já ocorrido o trânsito em julgado;  ­ que, assim, na medida em que há forma legalmente prevista, claro está que  houve  abuso  de  forma,  se  esta  foi  usada  para  outro  fim  que  não  o  encontro  de  contas  nas  circunstâncias  especificadas.  Só  há  um  meio  de  alcançar  o  objetivo  econômico  visado  (extinção  de  créditos  tributários  administrados  pela  antiga  SRF):  a  compensação  na  forma  prevista  no  art.  74  da  Lei  n°  9.430/96,  com  a  redação  dada  pelas  Leis  n°  10.637/2002,  10.833/2003 e 11.051/2004;  Fl. 299DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     10 ­  que  é  importante  também  recordar,  como  já  dito,  que  a  DCOMP  não  caracteriza  mero  exercício  do  direito  de  petição,  mas  sim  de  veiculo  por  meio  do  qual  se  formaliza a compensação e conseqüente extinção do crédito tributário;  ­ que ao efetivar a compensação mediante DCOMP, o\ contribuinte angariou  para si  todos os efeitos dai decorrentes, como por exemplo, o direito à Certidão Negativa de  Tributos  e  Contribuições  Federais,  se  inexistentes  outros  débitos  exigíveis,  até  que  um  ato  administrativo firmasse a impropriedade da compensação veiculada. Evidente, neste contexto,  a inadmissibilidade do uso da DCOMP, especificamente criada para outros fins, de modo que a  negativa  apresentada  pelos  órgãos  da  Receita  Federal,  nestas  circunstâncias,  apenas  implementam o principio da legalidade;  ­  que  tais  condutas,  por  sua  vez,  são  reprimidas  com  à  aplicação  da multa  isolada  de  75%  e  com  o  restabelecimento  da  exigibilidade  dos  débitos  compensados,  independentemente  de  qualquer  discussão  administrativa  acerca  da  compensação.  Mas,  se  caracterizada  uma  das  circunstâncias  previstas  nos  arts.  71,  72  ou  73  da  Lei  no  4.502/64,  autorizada está a duplicação daquele percentual;  ­ que, todavia, no Termo de Verificação Fiscal, os fundamentos apresentados  para qualificação da penalidade são, apenas, a compensação de créditos não administrados pela  Receita  Federal  do  Brasil,  sem  qualquer  amparo  legal,  com  o  intento  de  criar  subterfúgios,  objetivando abster­se de pagar dividas  tributárias  liquidas e certas, atitude que corroboraria a  ocorrência de  fraude,  como previsto no Ato Declaratório  Interpretativo SRF n° 17/2002. Ou  seja, a penalidade foi qualificada porque o contribuinte efetuou compensações ao arrepio da lei;  ­ que, de outro lado, vê­se As fls. 75/115 que as DCOMP foram apresentadas  em formulário, apontando como origem e valor do crédito utilizado o que informado no Pedido  de Restituição n° 10830.000841/2007­82 que, nos termos do Despacho Decisório de fls. 27, se  reporta  a  supostos  créditos  oriundos  do  que  fora,  em  tese,  pago  a  titulo  de  empréstimo  compulsório,  representado  por  obrigações  ao  portador  da  empresa  Eletrobrás  –  Centrais  Elétricas Brasileiras S A;  ­ que considerando que a autoridade lançadora apenas questionou a natureza  do  crédito  alegado,  firmando  a  impossibilidade  de  sua  compensação  com  tributos  administrados pela Receita Federal, sem nada opor A sua efetiva existência e titularidade pelo  contribuinte, somente se pode concluir que a inadmissibilidade da compensação resulta de sua  natureza não tributária e de sua prescrição, e, em conseqüência, que a aplicação do percentual  de 150% está fundada na presunção de fraude antes referida, em razão da natureza do crédito  utilizado  na  compensação,  bem  como  da  impossibilidade  de  tal  procedimento  em  face  da  prescrição;  ­  que,  assim,  ausente  demonstração  de  que  o  contribuinte,  ao  realizar  a  compensação indevida, ainda que nas hipóteses agora previstas no inciso II do § 12° do art. 74  da Lei n° 9.430, de 1996, agiu com evidente intuito de fraude, não há motivo para a duplicação  da multa isolada de 75%, impondo­se a redução do valor lançado para R$ 234.649,48.  As ementas que consubstanciam a presente decisão são as seguintes:  ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Ano­calendário: 2007,2008  COMPETÊNCIA.  ATO  DE  NÃO­DECLARAÇÃO  DE  COMPENSAÇÃO.  PRESSUPOSTO  DA  APLICAÇÃO  DA  Fl. 300DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 133          11 MULTA  DE  OFÍCIO  ISOLADA.  APRECIAÇÃO  EM  JULGAMENTO.  Embora  as  Delegacias  de  Julgamento  não  tenham competência para apreciar  recurso contra atos de não­ declaração, na medida em que este pressuposto da aplicação da  multa  de  oficio  isolada,  e  o  reconhecimento  de  sua  eventual  nulidade  independeria  de  recurso  do  interessado,  é  possível  a  apreciação  dos  argumentos  do  impugnante,  mas  apenas  com  vistas  a  definir  o  cabimento  de  representação  A  autoridade  competente para revisão de oficio do ato questionado.   COMPENSAÇÃO  COM  CRÉDITO  QUE  NÃO  SE  REFERE  A  TRIBUTO  OU  CONTRIBUIÇÃO  ADMINISTRADO  PELA  SECRETARIA  DA  RECEITA  FEDERAL.  LEGALIDADE.  Verificando­se que o ato administrativo foi editado por servidor  competente,  fundou­se  em  motivos  evidenciados  nos  autos  e  previstos  em  lei  como  ensejadores  da  não­declaração  da  compensação, nada há que o macule, mormente ante sua regular  ciência ao interessado.  MANDADO  DE  PROCEDIMENTO  FISCAL.  DESNECESSIDADE.  MPF  não  é  exigido  nas  hipóteses  de  procedimento  de  fiscalização  interna,  destinado  a  revisão  de  declarações e ao lançamento de multas isoladas.   INSTRUMENTO  DE  CONTROLE  ADMINISTRATIVO.  O  Mandado  de  Procedimento  Fiscal  é  mero  instrumento  de  controle administrativo. Eventual irregularidade em sua emissão  não acarreta nulidade de lançamento.  CAUTELA  DE  OBRIGAÇÕES  DA  ELETROBRÁS.  CRÉDITO  DE  NATUREZA  NÃO  TRIBUTÁRIA.  NÃO­DECLARAÇÃO.  MULTA  ISOLADA.  CABIMENTO.  Regular  é  a  exigência  de  multa  isolada  em  face  de  DCOMPs  consideradas  não­ declaradas, por veicularem, crédito que não se refere a tributos  ou contribuições administrados pela antiga SRF.  PERCENTUAL  APLICÁVEL.  A  utilização  de  créditos  de  natureza  não  tributária  em  DCOMP  justifica  a  aplicação  de  multa  isolada  sobre  o  valor  total  do  débito  indevidamente  compensado, no percentual de 75%; a qualificação da multa fica  restrita  aos  casos  em  que  caracterizado  o  evidente  intuito  de  fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73, da Lei n° 4.502, de 1964.   RESPONSABILIDADE  OBJETIVA.  A  responsabilidade  por  infrações  da  legislação  tributária  independe  da  intenção  do  agente ou do  responsável  e da  efetividade, natureza e  extensão  dos efeitos do ato.  CARÁTER  CONFISCATÓRIO.  ARGÜIÇÃO  DE  INCONSTITUCIONALIDADE.  A  apreciação  de  questionamentos  relacionados  a  ilegalidade  e  inconstitucionalidade  da  legislação  tributária  não  é  de  competência  da  autoridade  administrativa,  sendo  exclusiva  do  Poder Judiciário.  Impugnação Procedente em Parte  Fl. 301DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     12 Crédito Tributário Mantido em Parte  Cientificado  da  decisão  de  Primeira  Instância,  em  16/10/2009,  conforme  Termo constante às fls. 210/211, e, com ela não se conformando, a contribuinte interpôs, em  tempo hábil  (13/11/2009), o  recurso voluntário de  fls. 211/234,  instruído pelo documento de  fls. 235/259, no qual demonstra irresignação contra a decisão supra, baseado, em síntese, nas  mesmas razões expendidas na fase impugnatória.  É o relatório.  Fl. 302DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 134          13 Voto             Conselheiro Nelson Mallmann, Relator  O  presente  recurso  voluntário  reúne  os  pressupostos  de  admissibilidade  previstos  na  legislação  que  rege  o  processo  administrativo  fiscal  e  deve,  portanto,  ser  conhecido por esta Turma de Julgamento.  Da  análise  da  matéria  contida  nos  autos,  verifica­se  que  a  autoridade  lançadora entendeu haver falta de recolhimento de Imposto de Renda na Fonte sobre trabalho  assalariado,  bem  como  aplicação  da  multa  isolada  por  compensação  indevida  de  tributos  e  contribuições  de  competência  da  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil.  Ou  seja,  compensação indevida efetuada em declaração prestada pelo sujeito passivo, conforme Termo  de  Verificação  em  anexo,  foi  apurado  um  total  de  R$  312.866,88  em  débitos  de  diversos  tributos que foram objeto de compensação considerada indevida.   Observa­se,  ainda,  que  a  discussão  principal  está  atrelada  a  aplicação  da  multa  isolada,  com previsão  legal  capitulada  art.  18  da Lei  n°  10.833/03,  com  redação  dada  pelas  Leis  n°s  11.051,  de  2004  e  11.196,  de  2005  e  pelo  art.  18  da Medida  Provisória  n°  351/07.  Inconformada, em virtude de não ter logrando êxito total na instância inicial,  o  contribuinte  apresenta  a  sua  peça  recursal  a  este  E. Conselho Administrativo  de Recursos  Fiscais pleiteando a  reforma da decisão prolatada na Primeira  Instância onde, em sua defesa,  suscita preliminares de nulidade do lançamento por entender que houve cerceamento no direito  de  defesa,  bem  como  apresenta  razões  de  mérito  sobre  o  lançamento  efetuado,  bem  como  questiona  a  possibilidade  da  compensação  das  cautelas  de  obrigações  da  Eletrobrás  com  os  débitos de natureza tributária.  Quanto às preliminares de nulidade do lançamento argüidas pela suplicante,  sob  o  entendimento  de  que  tenha  ocorrido  ofensa  aos  princípios  constitucionais  do  devido  processo  legal,  entendendo  que  a  autoridade  fiscal  lançadora  feriu  diversos  princípios  fundamentais, não devem ser acolhidas pelos motivos abaixo.   Entendo,  que  o  procedimento  fiscal  realizado  pelos  agentes  do  fisco  foi  efetuado dentro da estrita legalidade, com total observância ao Decreto n° 70.235, de 1972, que  regula o Processo Administrativo Fiscal, não se vislumbrando, no caso sob análise, qualquer  ato ou procedimento que tenha violado ou subvertido o princípio do devido processo legal.  O princípio da verdade material  tem por  escopo,  como a própria  expressão  indica, a busca da verdade real, verdadeira, e consagra, na realidade, a liberdade da prova, no  sentido  de  que  a Administração  possa  valer­se  de  qualquer meio  de  prova  que  a  autoridade  processante ou julgadora tome conhecimento, levando­as aos autos, naturalmente, e desde que,  obviamente  dela  dê  conhecimento  às  partes;  ao  mesmo  tempo  em  que  deva  reconhecer  ao  contribuinte  o  direito  de  juntar  provas  ao  processo  até  a  fase  de  interposição  do  recurso  voluntário.  Fl. 303DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     14 O Decreto n.º 70.235, de 1972, em seu artigo 9º, define o auto de infração e a  notificação  de  lançamento  como  instrumentos  de  formalização  da  exigência  do  crédito  tributário, quando afirma:  A  exigência  do  crédito  tributário  será  formalizado  em  auto  de  infração  ou  notificação  de  lançamento  distinto  para  cada  tributo.  Com nova redação dada pelo art. 1º da Lei n.º 8.748, de 1993:   A exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal  e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos  de  infração ou notificações  de  lançamento,  distintos para  cada  imposto,  contribuição  ou  penalidade,  os  quais  deverão  estar  instruídos  com  todos  os  termos,  depoimentos,  laudos  e  demais  elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito.  O  auto  de  infração  e  a  notificação  de  lançamento  por  constituírem  peças  básicas na sistemática processual tributária, a lei estabeleceu requisitos específicos para a sua  lavratura e expedição, sendo que a sua lavratura tem por fim deixar consignado a ocorrência de  uma ou mais infrações à legislação tributária, seja para o fim de apuração de um crédito fiscal,  seja com o objetivo de neutralizar, no todo ou em parte, os efeitos da compensação de prejuízos  a que o contribuinte tenha direito, e a falta do cumprimento de forma estabelecida em lei torna  inexistente  o  ato,  sejam  os  atos  formais  ou  solenes.  Se  houver  vício  na  forma,  o  ato  pode  invalidar­se.  Ademais,  a  jurisprudência  é mansa  e  pacífica  no  sentido  de  que  quando  o  contribuinte revela conhecer as acusações que lhe foram impostas, rebatendo­as, uma a uma, de  forma meticulosa, mediante extensa impugnação, abrangendo não só as questões preliminares  como também as razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa.  Da  mesma  forma,  não  procede  à  nulidade  do  lançamento  argüida  sob  os  argumentos de que o auto de infração não foi lavrado dentro dos parâmetros exigidos pelo art.  10  do Decreto  nº  70.235,  de  1972,  ou  seja,  erro  de  capitulação  legal,  descrição  confusa dos  fatos, falta de autenticidade, bem como não houve a devida descrição e capitulação da infração  cometida pela recorrente.  Inicialmente, verifica­se que para a contribuinte foi concedido o prazo legal  de  30(trinta)  dias,  a  contar  da  ciência  do  auto  de  infração,  para  apresentar  a  impugnação,  sendo­lhe assegurado vistas ao processo, bem como a extração de cópias das peças necessárias  a sua defesa, caso quisesse, garantindo­se desta forma o contraditório e a ampla defesa.   Quanto ao procedimento fiscal realizado pela agente do fisco, verifica­se que  foi efetuado dentro da estrita legalidade, com total observância ao Decreto n° 70.235, de 1972,  que  regula  o  Processo  Administrativo  Fiscal,  não  se  vislumbrando,  no  caso  sob  análise,  qualquer ato ou procedimento que tenha violado ou subvertido o princípio do devido processo  legal.  Verifica­se, ainda, que o Auto de Infração às fls. 02/10, identifica por nome e  CNPJ  a  autuada,  esclarece  que  foi  lavrado  na  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  em  Campinas SP, cuja ciência foi através de AR e descreve, as irregularidades praticadas e o seu  enquadramento legal assinado pela Auditora­Fiscal da Receita Federal do Brasil, cumprindo o  disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional ­ CTN, ou seja, o ato é próprio do agente  administrativo investido no cargo de Auditor­Fiscal.   Fl. 304DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 135          15 Não restam dúvidas de que o lançamento se deu em razão da constatação de  falta  de  recolhimento  de  Imposto  de  Renda  Retido  na  Fonte  sobre  rendimentos  do  trabalho  assalariado,  bem  como  a  aplicação  da multa  isolada  em  razão  da  tentativa  de  compensação  indevida de obrigações da Eletrobrás com débitos tributários da recorrente. Constam dos autos  chamados  ao  sujeito  passivo  para  que  esse  apresentasse  as  justificativas  acerca  das  compensações pretendidas.   O enquadramento legal e a narrativa dos fatos envolvidos permitem a perfeita  compreensão  do  procedimento  adotado,  da  base  tributável  apurada  e  do  cálculo  do  imposto  resultante, permitindo a interessada o pleno exercício do seu direito de defesa.  Ora, o lançamento, como ato administrativo vinculado, celebra­se com estrita  observância  dos  pressupostos  estabelecidos  pelo  art.  142  do  Código  Tributário  Nacional  ­  CTN, cuja motivação deve estar apoiada estritamente na lei, sem a possibilidade de realização  de um juízo de oportunidade e conveniência pela autoridade fiscal. O ato administrativo deve  estar  consubstanciado  por  instrumentos  capazes  de  demonstrar,  com  segurança  e  certeza,  os  legítimos  fundamentos  reveladores  da  ocorrência  do  fato  jurídico  tributário.  Isso  tudo  foi  observado  quando  da  determinação  do  tributo  devido,  através  do Auto  de  Infração  lavrado.  Assim, não há como pretender premissas de nulidade do auto de infração, nas formas propostas  pelo  recorrente,  neste  processo,  já  que  o  mesmo  preenche  todos  os  requisitos  legais  necessários.   Da análise dos autos, constata­se que a autuação é plenamente válida.  Faz­se necessário esclarecer, que a Secretaria da Receita Federal é um órgão  apolítico,  destinada  a  prestar  serviços  ao  Estado,  na  condição  de  Instituição  e  não  a  um  Governo específico dando conta de seus trabalhos à população em geral na forma prescrita na  legislação. Neste diapasão, deve agir com imparcialidade e justiça, mas, também, com absoluto  rigor, buscando e exigindo o cumprimento das normas por parte daqueles que faltam com seu  dever de participação.  Ademais,  o  Processo  Administrativo  Fiscal  ­  Decreto  n.º  70.235,  de  1972  manifesta­se da seguinte forma:  Art. 59 ­ São nulos:  I ­ Os atos e termos lavrados por pessoa incompetente;  II  ­  Os  despachos  e  decisões  proferidos  por  autoridade  incompetente ou com preterição do direito de defesa.  Como  se  verifica  do  dispositivo  legal,  não  ocorreu,  no  caso  do  presente  processo, a nulidade. O auto de infração foi lavrado e a decisão foi proferida por funcionários  ocupantes de cargo no Ministério da Fazenda, que são as pessoas, legalmente, instituídas para  lavrar e para decidir sobre o lançamento. Igualmente, todos os atos e termos foram lavrados por  funcionários com competência para tal.  Ora,  a  autoridade  lançadora  cumpriu  todos  os  preceitos  estabelecidos  na  legislação em vigor e o lançamento foi efetuado com base em dados reais sobre a suplicante,  conforme  se  constata  nos  autos,  com  perfeito  embasamento  legal  e  tipificação  da  infração  cometida. Como se vê, não procede à situação conflitante alegada pelo recorrente, ou seja, não  Fl. 305DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     16 se  verificam,  por  isso,  os  pressupostos  exigidos  que  permitam  a  declaração  de  nulidade  do  Auto de Infração.  Haveria  possibilidade  de  se  admitir  a  nulidade  por  falta  de  conteúdo  ou  objeto, quando o  lançamento que, embora  tenha sido efetuado com atenção aos requisitos de  forma e às formalidades requeridas para a sua feitura, ainda assim, quer pela insuficiência na  descrição dos fatos, quer pela contradição entre seus elementos, efetivamente não permitir ao  sujeito  passivo  conhecer  com  nitidez  a  acusação  que  lhe  é  imputada,  ou  seja,  não  restou  provada a materialização da hipótese de incidência e/ou o ilícito cometido. Entretanto, não é o  caso em questão, pois a discussão se prende a interpretação de normas legais de regência sobre  o assunto.  É de se esclarecer, que os vícios formais são aqueles que não interferem no  litígio  propriamente  dito,  ou  seja,  correspondem  a  elementos  cuja  ausência  não  impede  a  compreensão  dos  fatos  que  baseiam  as  infrações  imputadas.  Circunscrevem­se  a  exigências  legais para garantia da integridade do lançamento como ato de ofício, mas não pertencem ao  seu  conteúdo  material.  Por  outro  lado,  quando  a  descrição  defeituosa  dos  fatos  impede  a  compreensão dos mesmos, e, por conseqüência, das infrações correspondentes, tem­se o vício  material. No presente caso, houve o perfeito conhecimento dos fatos descritos e das infrações  imputadas.  Além  disso,  o  art.  60  do  Decreto  n.º  70.235,  de  1972,  prevê  que  as  irregularidades,  incorreções e omissões diferentes das  referidas no art. 59 do mesmo Decreto  não  importarão  em  nulidade  e  serão  sanadas  quando  resultarem  em  prejuízo  para  o  sujeito  passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio.  Quanto à preliminar de nulidade do  lançamento sob o entendimento de que  houve  irregularidade  na  emissão  do Mandado  de  Procedimento  Fiscal  – MPF,  é  de  se  dizer  que,  como  visto  no  relatório  a  suplicante  argúi  a  nulidade  do  auto  de  infração  sob  a  consideração de que não houve expedição de Mandado de Procedimento Fiscal – MPF.  Inicialmente com referência aos vícios alegados em decorrência da ausência,  nos  autos,  de Mandado  de  Procedimento  Fiscal — MPF,  observe­se  que  a  Portaria RFB  no  11.371, de 2007, dispensa a emissão de MPF nos seguintes casos:  Art. 10. O MPF não semi exigido nas hipóteses de procedimento  de fiscalização:  I ­ realizado no curso do despacho aduaneiro;  II  ­  interno,  de  formalização  de  exigência  de  crédito  tributário  constituído  em  termo  de  responsabilidade  ou  pelo  descumprimento  de  regime  aduaneiro  especial,  lançamento  de  multas isoladas, revisão aduaneira e formalização de abandono  ou apreensão de mercadorias realizada por outros órgãos;  III  ­  de  vigilância  e  repressão  ao  contrabando  e  descaminho  realizado em operação ostensiva;   IV  ­  relativo a revisão  interna das declarações,  inclusive para  aplicação  de  penalidade  pela  falta  ou  atraso  na  sua  apresentação (malhas fiscais); (o grifo não é do original).  V  ­  destinado,  exclusivamente,  iz  aplicação  de  multa  por  não  atendimento a intimação efetuada por AFRFB em procedimento  de diligência, realizado mediante a utilização de MPF­D;  Fl. 306DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 136          17 VI  ­  destinado  à  aplicação  de  multa  por  não  atendimento  a  Requisição de Movimentação Financeira (RMF), nos  termos do  art. 42 do Decreto n2 3.724, de 10 de janeiro de 2001; e  VII ­ destinado a verificação de ocorrência de avaria ou extravio  de mercadorias sob controle aduaneiro.  § 12 Na hipótese de realização de diligência, em decorrência dos  procedimentos fiscais de que trata este artigo, deverá ser emitido  MPF­D.  §  2º  Para  fins  do  disposto  no  inciso  lido  caput,  considera­se  revisão  aduaneira  o  procedimento  destinado  a  identificar  irregularidades  fiscais  relativas  ao  despacho,  com  base  tão  somente  nos  elementos  probatórios  disponíveis  no  âmbito  da  RFB.  E, no presente caso, observa­se no Termo de Inicio de Fiscalização juntado às  fls. 43/44, que foi ele lavrado na Delegacia da Receita Federal do Brasil em Campinas ­ SP e  cientificado a contribuinte por via postal,  à  semelhança do que anotado no Auto de  Infração  (fls. 02/39),  confirmando que o procedimento  fiscal  se desenvolveu  internamente,  e  teve por  finalidade  aplicar  as  consequências  legais  decorrentes  da  não­declaração  das  DCOMP,  complementando as atividades de revisão de seu conteúdo.  Ademais,  indiscutivelmente,  o  Mandado  de  Procedimento  Fiscal  –  MPF,  disciplinado pela Portaria SRF nº 1.265, de 1999, com as alterações incluídas pela Portaria SRF  nº 1.614, de 2000 e Portaria SRF nº 3.007, de 2001, é um instrumento interno de planejamento  e  controle  das  atividades  e  procedimentos  fiscais  relativo  aos  tributos  e  contribuições  administrados  pela Secretaria  da Receita  Federal. Desta  forma,  o mandado  consiste  em uma  ordem  emanada  de  dirigentes  das  unidades  da  Receita  Federal  para  que  seus  auditores,  em  nome desta,  executem atividades  fiscais,  tendentes a verificar o  cumprimento das obrigações  tributárias por parte do sujeito passivo.  A competência para a verificação fiscal inerente aos tributos e contribuições  administrados pela União encontra­se determinada desde a Lei n° 2.354, de 29 de novembro de  1954, artigo 7°, que alterou o artigo 124 do Decreto n° 24.239, de 1947.  O cargo de Auditor­Fiscal da Receita Federal  foi criado pelo Decreto­lei n°  2.225,  de  1985,  que  por  sua vez  substituiu  o  anterior  de  Fiscal  de Tributos Federais, Grupo  TAF­601. Este último decorreu da Lei n° 5.645, de 10 de dezembro de 1970, que estabeleceu  diretrizes para a classificação de cargos do Serviço Civil da União e das autarquias federais.  Sobre a competência do agente, também dispõe o art. 6° da Lei nº 10.593, de  2002, in verbis:   Art.  6°  ­  São  atribuições  dos  ocupantes  do  cargo  de  Auditor  Fiscal  da  Receita  Federal,  no  exercício  da  competência  da  Secretaria  da  Receita  Federal,  relativamente  aos  tributos  e  às  contribuições por ela administrados:  I – em caráter privativo:  a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário.  Fl. 307DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     18 Ora, as referidas Portarias não tem o condão de limitar o dispositivo legal. Ou  seja,  extrair  o  poder  de  investigação  fiscal  da  autoridade  competente  para  esse  fim.  O  poder/dever do Auditor­Fiscal da Receita Federal  foi  atribuído pelo Decreto­lei  n°  2.225, de  1985. De outro lado, somente a ele incumbe efetuar o lançamento, na forma do artigo 142 do  CTN.  Como  visto,  o Mandado  de  Procedimento  Fiscal  – MPF,  disciplinado  pela  Portaria SRF  nº  1.265,  de  1999,  com  as  alterações  incluídas  pela Portaria  SRF  nº  1.614,  de  2000 e da Portaria SRF nº 3.007, de 2001, é um instrumento interno de planejamento e controle  das atividades e procedimentos fiscais relativos aos tributos e contribuições administrados pela  Secretaria  da  receita  Federal  e  não  pode  obstar  o  exercício  da  atividade  de  lançamento  estabelecida por força de lei.  Assim, estando o Auditor­Fiscal em pleno exercício de suas funções e tendo  formalizado administrativamente o procedimento, mesmo a falta de Mandado de Procedimento  Fiscal – MPF não invalida o feito, se não ausentes outras irregularidades formais ou materiais.  Esta posição não é isolada e combina com a jurisprudência dominante deste  Conselho de Contribuintes, conforme se observa nas ementas dos Acórdãos abaixo citados:  Acórdão n° 201­77049  PAF.  MPF.  NULIDADE.  INOCORRÊNCIA.  O  Mandado  de  Procedimento Fiscal (MPF) advém de norma administrativa que  tem  por  objetivo  o  gerenciamento  da  ação  fiscal.  Por  tal,  eventuais  vícios  em  relação  ao  mesmo,  desde  que  evidenciado  que  não  houve  qualquer  afronta  aos  direitos  do  administrado,  não ensejam a nulidade do lançamento .”  Acórdão n° 108.07458  NULIDADE  –  INOCORRÊNCIA  –  MANDADO  DE  PROCEDIMENTO FISCAL – O MPF constitui­se  em  elemento  de  controle  da  administração  tributária,  disciplinado  por  ato  administrativo.  A  eventual  inobservância  de  norma  infralegal  não pode gerar nulidade no âmbito do processo administrativo  fiscal.  Acórdão n° 202.14949  NORMAS  PROCESSUAIS.  MANDADO  DE  PROCEDIMENTO  FISCAL (MPF). IRREGULARIDADE FORMAL. AUSÊNCIA DE  PREJUÍZO. NULIDADE  INEXISTENTE.  Irregularidade  formal  em MPF não  tem o condão de retirar a competência do agente  fiscal  de  proceder  ao  lançamento,  atividade  vinculada  e  obrigatória  (art.  142,  CTN),  se  verificados  os  pressupostos  legais.  Ademais,  não  tendo  havido  prejuízo  à  defesa  do  contribuinte, não há se falar em nulidade de ato.  Acórdão n° 107.06797  MPF. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. PROCESSO  ADMINISTRATIVO  FISCAL.  POSTULADOS.  INOBSERVÂNCIA.  CAUSA  DE  NULIDADE.  ARGÜIÇÃO  RECURSAL.  IMPROCEDÊNCIA. O Mandado de procedimento  Fiscal  (MPF)  fora  concebido  com  o  objetivo  de  disciplinar  a  Fl. 308DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 137          19 execução  dos  procedimentos  fiscais  relativos  aos  tributos  e  contribuições  sociais  administrados  pela  Secretaria  da  Receita  Federal.  Não  atinge  a  competência  impositiva  dos  seus  Auditores Fiscais que, decorrente de ato político por outorga da  sociedade  democraticamente  organizada  e  em  benefício  desta,  há  de  subsistir  em  qualquer  atos  de  natureza  restrita  e  especificamente  voltados  para  as  atividades  de  controle  e  planejamento  das  ações  fiscais.  A  não  observância  –  na  instauração  ou  amplitude  do  MPF  –  poderá  ser  objeto  de  repreensão disciplinar, mas não terá fôlego jurídico para retirar  a  competência  das  autoridades  fiscais  na  concreção  plena  de  suas atividades  legalmente próprias. A  incompetência  só  ficará  caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais  do agente que o praticou.  Acórdão n° 107.06820  MANDADO  DE  PROCEDIMENTO  FISCAL  –  MPF  –  A  atividade de seleção do contribuinte a ser fiscalizado, bem assim  a definição do escopo da ação fiscal, inclusive dos prazos para a  execução  do  procedimento,  são  atividades  que  integram  o  rol  dos  atos  discricionários,  moldados  pelas  diretrizes  de  política  administrativa  de  competência  da  administração  tributária.  Neste sentido, o MPF tem tripla função: a) materializa a decisão  da administração, trazendo implícita a fundamentação requerida  para  a  execução  do  trabalho  de  auditoria  fiscal,  b)  atende  ao  princípio  constitucional  da  cientificação  e  define  o  escopo  da  fiscalização  e  c)  reverencia  o  princípio  da  pessoalidade.  Questões  ligadas  ao  descumprimento  do  escopo  do  MPF,  inclusive do prazo e das prorrogações, devem ser resolvidas no  âmbito  do  processo  disciplinar  e  não  tem  o  condão  de  tornar  nulo  o  lançamento  tributário  que  atendeu  aos  ditames  do  art.  142 do CTN.  Ora,  com a  devida vênia,  neste  processo,  não  há que  se  falar  em nulidade,  porquanto, todos os requisitos previstos no art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, que regula o  processo administrativo fiscal, foram observados quando da lavratura do auto de infração.  É  equivocada  a  conclusão  da  suplicante  no  sentido  de  que  as  informações  sucintas; falta de Mandado de Procedimento Fiscal – MPF válido à época da lavratura do auto  ou a indicação de qualquer matéria a ser analisada e/ou a falta de comunicação específica da  expedição do MPF pela autoridade administrativa ou a extinção por decurso de prazo de sua  validade, levaria à incompetência do agente fiscal para o ato. A competência do auditor fiscal  para  os  procedimentos  de  fiscalização  e  lavratura  dos  autos  de  infração  não  advém  da  existência do Mandado de Procedimento Fiscal – MPF, mas de lei que determina as atribuições  do agente, estabelecendo os limites de sua atuação.  Assim,  não  é  passível  de  nulidade  o  lançamento  elaborado  por  servidor  competente, sob os argumentos de ter ultrapassado o prazo de encerramento do procedimento  fiscal;  ou  porque  do  novo Mandado  de  Procedimento  Fiscal  só  foi  dado  ciência  no  dia  da  lavratura do Auto de Infração; ou porque não houve emissão do Mandado nos casos de revisão  interna (malhas fiscais); ou porque o Mandado foi transformado de procedimento de diligência  para  procedimento  de  fiscalização  sem  a  substituição  do  Auditor­Fiscal  que  iniciou  o  Fl. 309DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     20 procedimento; ou porque não houve a emissão de Mandado Complementar, haja vista o dever  de ofício que o obriga a observar as normas que subordinam o exercício desse dever e que não  contraria  o  disposto  na  Portaria  SRF  de  nº  1.265,  de  1999  e  suas  edições  posteriores,  que  dispõe  sobre  o  planejamento  das  atividades  fiscais  e  estabelece  normas  para  execução  de  procedimentos  fiscais  relativos  aos  tributos  e  contribuições  administradas  pela  Secretaria  da  Receita Federal.  É de se observar, ainda, que nenhuma lei estabelece como requisito elementar  do  auto  de  infração  a  existência  de Mandado  de  Procedimento  Fiscal  – MPF,  aqueles  estão  previstos no art. 10 do Decreto 70.235, de 1972. O Mandado de Procedimento Fiscal – MPF é  necessário apenas para o controle administrativo dos atos dos fiscais na realização de exames e  intimação  de  contribuintes  ou  terceiros  para  que  apresentem  documentos  ou  prestem  informações, jamais para efetivação do lançamento que é procedimento imposto pela lei e não  por norma infra legal.  Verifica­se,  pelo  exame  do  processo,  que  não  ocorreram  os  pressupostos  previstos no Processo Administrativo Fiscal,  tendo  sido  concedido ao  sujeito passivo o mais  amplo direito, pela oportunidade de apresentar, na fase de instrução do processo, em resposta  às intimações que recebeu, argumentos, alegações e documentos no sentido de tentar elidir as  infrações apuradas pela fiscalização.  Dessa  maneira,  se  revela  totalmente  improfícua  sua  alegação  de  nulidade,  porque a apuração da infração foi feita com estrita observância das normas legais e a Portaria  SRF  nº  1.265,  de  1999  (e  portarias  posteriores),  é  norma  interna  da  Secretaria  da  Receita  Federal do Brasil que não acarreta a nulidade levantada pelo suplicante.   Eventuais falhas na emissão ou na prorrogação do Mandado de Procedimento  Fiscal não têm o condão de macular ação fiscal e  tampouco o lançamento dela decorrente. O  processo administrativo fiscal é regulado pelo Decreto nº 70.235, de 1972, que  tem status de  lei, e não pode ser alterado por um instrumento (MPF) instituído por uma portaria da SRFB,  hierarquicamente inferior.  Assim, não há dúvidas que todas as autoridades fiscais estão sujeitas às regras  aplicáveis  ao  Mandado  de  Procedimento  Fiscal,  e  caso  sejam  descumpridas,  cabe  ao  funcionário, autor do feito, se  for o caso, punição administrativa. Porém, entendo que  jamais  provocam a nulidade do lançamento.  Por fim, é de se dizer, que quanto a alegação da regularidade da compensação  promovida e considerada não declarada, cumpre esclarecer que, nos termos do art. 74 da Lei n°  9.430, de 1996, com a redação que lhe foi dada pela Lei n° 11.051, de 2004, os atos de não­ declaração  não  são  passíveis  de  discussão  no  âmbito  das  Delegacias  de  Julgamento  e  dos  Conselhos de Contribuintes (atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). Isto porque,  o  §  13  do  referido  dispositivo  expressamente  excepciona  o  cabimento  de  manifestação  de  inconformidade e recurso voluntário em tais circunstâncias:  Art.  74.  0  sujeito  passivo  que  apurar  crédito,  inclusive  os  judiciais  com  trânsito  em  julgado,  relativo  a  tributo  ou  contribuição  administrado  pela  Secretaria  da  Receita  Federal,  passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá­lo na  compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e  contribuições  administrados  por  aquele Órgão.  (Redação  dada  pela Lei n°10.637, de 2002)  (...).  Fl. 310DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 138          21 §  11.  A  manifestação  de  inconformidade  e  o  recurso  de  que  tratam os §§ 9° e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto  n° 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadram­se no disposto  no  inciso  III  do  art.  151  da Lei  n°  5.172,  de  25  de outubro  de  1966  ­  Código  Tributário  Nacional,  relativamente  ao  débito  objeto da compensação. (Incluído pela Lei n°10.833, de 2003)  §  12.  Será  considerada  não  declarada  a  compensação  nas  hipóteses: (Redação dada pela Lei n°11.051, de 2004)   I ­ previstas no § 3° deste artigo; (Incluído pela Lei n°11.051, de  2004);  II ­ em que o crédito: (Incluído pela Lei n° 11.051, de 2004).  a) seja de terceiros; (Incluída pela Lei n°11.051, de 2004);  b) refira­se a "crédito­prêmio" instituído pelo art. 1° do Decreto­ Lei n° 491, de 5 de março de 1969; (Incluída pela Lei n°11.051,  de 2004);  c)  refira­se  a  titulo  público;  (Incluída  pela  Lei  n°  11.051,  de  2004);  d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado;  ou (Incluída pela Lei n° 11.051, de 2004);  e)  não  se  refira  a  tributos  e  contribuições  administrados  pela  Secretaria  da  Receita  Federal  ­  SRF.  (Incluída  pela  Lei  n°11.051, de 2004).  § 13. 0 disposto nos §§ 2° e 5° a 11 deste artigo não se aplica às  hipóteses  previstas  no  §  12  deste  artigo.  (Incluído  pela  Lei  n°11.051, de 2004).  §  14.  A  Secretaria  da  Receita  Federal  ­  SRF  disciplinará  o  disposto neste artigo, inclusive quanto a fixação de critérios de  prioridade  para  apreciação  de  processos  de  restituição,  de  ressarcimento  e de  compensação.  (Incluído pela Lei n° 11.051,  de 2004).  Por sua vez, nos autos do processo administrativo n° 10830.000841/2007­ 82,  consoante  ressalta  a  autoridade  preparadora,  o  recurso  foi  apresentado  pelo  interessado  na  vigência da Medida Provisória n° 449/2008, que afastou a possibilidade de questionamento, no  âmbito administrativo, em face da não­declaração de compensação veiculada em DCOMP.  A autoridade preparadora e  revisora do processo original, quando  indagada,  assim, se manifestou (fls. 180):  Em  resposta  ao  expediente  :protocolizado  em  29/04/09  via  Correios informamos que o mesmo não foi analisado e não terá  seguimento em virtude do que dispõe o Art. 74 da Lei 9.430/96  com  redação  dada  pelo  Art.  29  da  Medida  Provisória  449  de  03/12/2008:  Fl. 311DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     22 Art.  74.  0  sujeito  passivo  que  apurar  crédito,  inclusive  os  judiciais  com  trânsito  em  julgado,  relativo  a  tributo  ou  contribuição  administrado  pela  Secretaria  da  Receita  Federal,  passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá­lo na  compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e  contribuições administrados por aquele Órgão.  §  12.  Será  considerada  não  declarada  a  compensação  nas  hipóteses:  ­ em que o crédito:  c) refira­se a titulo público;  e)  não  se  refira  a  tributos  e  contribuições  administrados  pela  Secretaria da Receita Federal ­ SRF.  16.  Nos  casos  revistos  no  §  12  o  pedido  será  analisado  em  caráter definitivo pela autoridade administrativa.  Comunicamos  que  os  débitos  foram  encaminhados  a  Procuradoria  Seccional  da  Fazenda  Nacional  em  Campinas  para inscrição dívida Ativa da Unido e cobrança executiva.  Nada mais há para se discutir sobre a matéria constante do processo original.  Ademais,  matéria  já  pacificada  neste  Tribunal  Administrativo  através  da  Súmula  CARF  nº  24:  Não  compete  à  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil  promover  a  restituição de obrigações da Eletrobrás nem sua compensação com débitos tributários.   Quanto a matéria de mérito, propriamente dito, cabe equacionar as questões  de fato constatadas durante a análise dos autos do processo em discussão, para tanto, se nota  que  a  infração  lançada  foi  falta  de  recolhimento  do  imposto  de  renda  na  fonte  sobre  pagamentos de salários, matéria não contestada pela recorrente, e a multa isolada prevista nas  Leis nºs 10.637, de 2002, 10.833, de 2003 e 11.051, de 2004.  Não tenho dúvidas, que o raciocínio utilizado pela autoridade fiscal lançadora  pode ser contestada, desde que seja feita de forma clara, demonstrando o equívoco cometido  pela  fiscalização.  Ou  seja,  qualquer  fato  e/ou  qualquer  presunção  utilizada  pela  fiscalização  pode ser contestada, quando um  juízo  razoável de determinado  fato não  leva à  existência do  fato que se pretende provar.  A presunção é justamente essa ilação mental entre o  fato indiciário e o fato  que  se  pretende  provar.  O  indício  e  a  presunção  são  partes  de  um  mesmo  expediente  probatório, são como duas faces de uma mesma moeda. Não faz sentido separá­los: primeiro  provar por  indícios, sem uso de qualquer presunção, a entrega de numerários aos sócios ou a  terceiros para, em seguida, aplicar­se à presunção. Não pode ser este o sentido da norma em  exame.  Vivemos em um Estado de Direito, onde deve imperar a lei, de tal sorte que o  indivíduo  só  se  sentirá  forçado  a  fazer  ou  não  fazer  alguma  coisa  compelido  pela  lei.  Daí  porque o  lançamento ser previsto no art. 142 do Código Tributário Nacional como atividade  plenamente vinculada, isto é, sem possibilidade de a cobrança se firmar em ato discricionário,  e,  por  outro  lado,  obrigatória,  isto  é  o  órgão  da  administração  não  pode  deixar  de  cobrar  o  tributo previsto em lei.  Fl. 312DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 139          23 Do  exposto,  conclui­se  que  há  obstáculos  expressos  na  legislação  ao  procedimento adotado pela contribuinte. A compensação somente se opera na forma prevista  em  lei,  e, no âmbito dos  tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal  do Brasil,  está vinculada à apresentação de DCOMP e à existência de créditos do próprio sujeito passivo,  decorrentes  de  tributos  ou  contribuições  também  administrados  pela  mesma  Secretaria,  passíveis  de  restituição  ou  ressarcimento,  e,  se  decorrentes  de  decisão  judicial,  quando  já  ocorrido o trânsito em julgado.  Assim, na medida em que há forma legalmente prevista, claro está que houve  abuso  de  forma,  se  esta  foi  usada  para  outro  fim  que  não  o  encontro  de  contas  nas  circunstâncias  especificadas.  Só  há  um  meio  de  alcançar  o  objetivo  econômico  visado  (extinção de créditos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil): a  compensação na forma prevista no art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, com a redação dada pelas  Leis n° 10.637, de 2002, 10.833, de 2003 e 11.051, de 2004.  Importante  também  recordar,  como  já  dito,  que  a DCOMP  não  caracteriza  mero  exercício  do  direito  de  petição,  mas  sim  de  veiculo  por  meio  do  qual  se  formaliza  a  compensação e conseqüente extinção do crédito tributário.  Desde a Medida Provisória n° 66, de 2002, ou seja, a partir de 01/10/2002,  não se cogita mais de compensação na própria escrituração do contribuinte, ou de pedido de  compensação, prestando­se a DCOMP à implementação de compensação pelo sujeito passivo,  com  efeito  extintivo  do  crédito  tributário.  Dai  a  impropriedade  do  uso  deste  veiculo  para  a  implementação de compensação fora dos parâmetros ali previstos.  Se o impugnante entende deter uma divida certa,  liquida e exigível em face  da  Eletrobrás  e  da União  Federal, mas  esta  não  é  decorrente  de  tributos  administrados  pela  Receita Federal, deve exercer seu direito na forma que a legislação lhe autoriza: executando a  União Federal, peticionando administrativamente o pagamento de seu crédito, ou peticionando  judicialmente o direito de deixar de recolher tributos em valor correspondente, dada a alegada  identidade  entre  devedor  e  credor,  apresentando  os mencionados  títulos  como  garantia,  com  vistas a  futura dação em pagamento. Ainda,  se cogita poder  exercitar  seu direito em  face da  Receita Federal, deveria ter dirigido a este órgão apenas a petição correspondente, aguardando  a decisão administrativa sem deixar de efetuar os recolhimentos devidos.  Ao efetivar a compensação mediante DCOMP, a contribuinte angariou para  si  todos  os  efeitos  dai  decorrentes,  como  por  exemplo,  o  direito  à  Certidão  Negativa  de  Tributos  e  Contribuições  Federais,  se  inexistentes  outros  débitos  exigíveis,  até  que  um  ato  administrativo firmasse a impropriedade da compensação veiculada. Evidente, neste contexto,  a inadmissibilidade do uso da DCOMP, especificamente criada para outros fins, de modo que a  negativa  apresentada  pelos  órgãos  da  Receita  Federal,  nestas  circunstâncias,  apenas  implementam o principio da legalidade.  Conclui­se,  dai,  que  a  contribuinte  descumpriu  as  determinações  legais  ao  efetivar  compensações  mediante  DCOMP  tendo  por  referência  supostos  créditos  que  não  decorrem de tributos ou contribuições administrados pela antiga Secretaria da Receita Federal.  Com  evidente  abuso  de  forma,  veiculou  compensações  indevidas,  e  assim  conseguiu postergar o pagamento de tributos.  Fl. 313DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     24 Tais condutas, por sua vez, são reprimidas com à aplicação da multa isolada  de  75%  e  com  o  restabelecimento  da  exigibilidade  dos  débitos  compensados,  independentemente  de  qualquer  discussão  administrativa  acerca  da  compensação.  Mas,  se  caracterizada uma das circunstâncias previstas nos arts. 71, 72 ou 73, da Lei nº 4.502, de 1964,  autorizada está a duplicação daquele percentual.  De fato, desde a criação da DCOMP nos termos antes referidos, providencias  legais  e  normativas  foram  adotadas  para  coibir  o  seu  uso  abusivo,  dentre  elas  o  citado Ato  Declaratório Interpretativo SRF n° 17/2002:  O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da atribuição  que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da  Secretariada  Receita  Federal,  aprovado  pela  Portaria  MF  n°  259, de 24 de agosto de 2001, declara:  Artigo  único.  Os  lançamentos  de  oficio  relativos  a  pedido;  ou  declarações de compensação indevidos sujeitar­se­ão à multa de  que  trata  o  inciso  II  do  art.  44  da  Lei  nº  9.430,  de  27  de  dezembro de 1996, por caracterizarem evidente intuito defraude,  nas hipóteses em que o crédito oferecido a compensação seja:  I — de natureza não­tributária;  II — inexistente de fato;  III—  não  passível  de  compensação  por  expressa  disposição  de  lei;  IV— baseado em documentação falsa.  Parágrafo único. O disposto nos incisos 1 a III deste artigo não  se  aplica  às  hipóteses  em que  o  pedido  ou  a  declaração  tenha  sido apresentado com base em decisão judicial.  Na  seqüência,  a  Instrução  Normativa  SRF  no  226/2002  ratificou  este  entendimento, e o estendeu a outras hipóteses de compensação:  Art. 10 Será liminarmente indeferido:  II  (...).  ­  o  pedido  ou  a  declaração  de  compensação  cujo  direito  credit6rio alegado tenha por base:  a) o "crédito­prêmio", referido no inciso I;  b) titulo público;  c)  crédito  de  terceiros,  cujo  pedido  ou  declaração  tenha  sido  protocolizado a partir de 10 de abril de 2000.  Parágrafo único. Na hipótese do inciso II, deverá ser observado  o disposto no ADI SRF n° 17, de 3 de outubro de 2002.  Assim, a determinação presente naquele momento era de que fosse aplicada a  multa de oficio de 150% (ou 225%, conforme o caso) se a compensação indevida se reportasse,  dentre outros, a créditos de terceiros ou de natureza não tributária. Posteriormente, na redação  Fl. 314DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 140          25 original  do  caput  e  do  parágrafo  2°  do  artigo  18  da  Lei  no  10.833,  de  2003,  foi  prevista  a  imposição da multa isolada nos casos de compensação indevida. Para maior clareza, o referido  dispositivo é novamente transcrito:  Art. 18. 0 lançamento de oficio de que trata o art. 90 da Medida  Provisória nº 2.158­35, de 24 de agosto de 2001, limitar­se­á à  imposição  de  multa  isolada  sobre  as  diferenças  apuradas  decorrentes de compensação indevida e aplicar­se­á unicamente  nas  hipóteses  de  o  crédito  ou  o  debito  não  ser  passível  de  compensação por expressa disposição legal, de o crédito ser de  natureza não tributária, ou em que ficar caracterizada a prática  das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei n2 4.502, de 30  de novembro de 1964.  (...).  §2.  A  multa  isolada  a  que  se  refere  o  caput  é  a  prevista  nos  incisos  I  e  II ou no § 22 do art. 44 da Lei n2 9.430, de 1996,  conforme o caso.  Neste  contexto,  a  aplicação  deste  dispositivo,  à  luz  do ADI  SRF  nº  17,  de  2002,  permitia  concluir  que  estava  estabelecida  uma  presunção  de  fraude,  quando  a  compensação fosse negada na hipótese de créditos de  terceiros ou de natureza não  tributária,  entre outras. Ou seja, a utilização de créditos não passíveis de compensação mediante DCOMP  já seria motivo suficiente para qualificação da penalidade.  Ocorre que a Instrução Normativa SRF n° 534, de 2005 evidenciou mudança  de entendimento da Administração Tributária acerca da aplicação da multa de oficio isolada, ao  também admitir a aplicação da penalidade prevista no inciso I do art. 44 da Lei no 9.430/96 nos  casos de compensação com créditos de terceiros, de natureza não­tributária ou mesmo antes do  trânsito em julgado de decisão judicial:  Art. 31.  §  1º  Também  será  considerada  não  declarada  a  compensação  nas hipóteses:  I ­ previstas no § 3° do art. 26;  II­ em que o crédito:  a) seja de terceiros;  b) refira­se a "crédito­prêmio" instituído pelo art. 1° do Decreto­ Lei n° 491, de 05 de março de 1969;  c) refira­se a título público;  d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado;  ou  e)  não  se  refira  a  tributos  e  contribuições  administrados  pela  SRF.  § 4° Verificada a situação mencionada no caput e no § 1º em  relação aparte dos  Fl. 315DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     26 débitos  informados na Declaração de Compensação, somente a  esses será dado tratamento previsto neste artigo.  §  5°  Nas  hipóteses  do  inciso  II  do  §  1°,  será  aplicada  multa  isolada nos percentuais previstos nos incisos I ou H do capta ou  no § 20 do art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996.   De  fato,  ao  se  cogitar  da  aplicação  da  multa  de  75%  nestes  casos,  foi  expurgada a presunção de fraude até então existente, exigindo­se, para aplicação da multa de  150%, prova do evidente intuito defraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n°4.502, de 30  de novembro de 1964. Assim não fosse, e inexistiria hipótese fática de aplicação do percentual  de 75% (previsto no inciso I do art. 44 da Lei no 9.430, de 1996), admitido no referido § 5º  Importante observar que, na seqüência, a Lei n° 11.196, de 2005, publicada  em  22/11/2005  e  já  vigente  à  época  da  apresentação  das  DCOMP,  transportou  este  entendimento para o art. 18, da Lei no 10.833, de 2003, nos seguintes termos:  Art. 117. O art. 18 da Lei e 10.833, de 2003, passa a vigorar com  a seguinte redação:  (...).  § 4°. Será também exigida multa  isolada sobre o valor  total do  débito  indevidamente  compensado,  quando  a  compensação  for  considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do  art. 74 da Lei n 2 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicando­ se os percentuais previstos:  I  ­  no  inciso  Ido  caput  do  art.  44  da  Lei  e  9.430,  de  27  de  dezembro de 1996;  II  ­  no  inciso  lido  caput  do  art.  44  da Lei  n  2  9.430,  de  27  de  dezembro  de  1996,  nos  casos  de  evidente  intuito  defraude,  definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro  de  1964,  independentemente  de  outras  penalidades  administrativas ou criminais cabíveis.  § 5º. Aplica­se o disposto no § 2' do art. 44 da Lei e 9.430, de 27  de dezembro de 1996, às hipóteses previstas no § 4º deste artigo.   Note­se que as hipóteses previstas no inciso II, do § 12, do art. 74, da Lei nº  9.430,  de  1996,  acima mencionadas  são,  justamente,  os  casos  de  compensação  indevida,  ou  compensação  não­declarada  como  passou  a  ser  chamada:  (a)  com  créditos  de  terceiros;  (b)  como "crédito­prêmio" instituído pelo art. 10 do Decreto­Lei nº 491, de 5 de março de 1969;  (c) com créditos vinculados a  titulo público;  (d) com créditos decorrentes de decisão  judicial  não  transitada  em  julgado;  e  (e)  com  créditos  que  não  se  refiram  a  tributos  e  contribuições  administrados pela SRF.  Ainda, o referido dispositivo foi alterado pela Medida Provisória nº 351, de  2007, convertida na Lei no 11.488. de 2007, mas continuou a exigir motivação especifica para  a duplicação do percentual de 75%, na forma do art. 44 da Lei n° 9.430/96, também alterado  nessa ocasião:  Art. 14. O art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996,  passa  a  vigorar  com  a  seguinte  redação,  transformando­se  as  alíneas a, b e c do § 2° nos incisos I, II e III:  Fl. 316DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 141          27 "Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as  seguintes multas:  I  ­  de  75%  (setenta  e  cinco  por  cento)  sobre  a  totalidade  ou  diferença  de  imposto  ou  contribuição  nos  casos  de  falta  de  pagamento  ou  recolhimento,  de  falta  de  declaração  e  nos  de  declaração inexata;  (...).  § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste  artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da  Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de  outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.  (...).  Art. 18. Os arts. 3° e 18 da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de  2003, passam a vigorar com a seguinte redação:  (...).  "Art. 18. 0 lançamento de oficio de que trata o art. 90 da Medida  Provisória n° 2.158­35, de 24 de agosto de 2001, limitar­se­á A  imposição  de  multa  isolada  em  razão  de  não­homologação  da  compensação  quando  se  comprove  falsidade  da  declaração  apresentada pelo sujeito passivo.  (...).  §  2° A multa  isolada a  que  se  refere o  caput  deste artigo  será  aplicada no percentual previsto no  inciso I do caput do art. 44  da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro,  e  terá  como  base  de  cálculo  o  valor  total  do  débito  indevidamente compensado.  (...).  §  4º  Será  também exigida multa  isolada  sobre  o  valor  total  do  débito  indevidamente  compensado  quando  a  compensação  for  considerada não declarada nas hipóteses do inciso H do § 12 do  art. 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicando­se  o percentual  previsto no  inciso  I  do  caput do art.  44 da Lei n°  9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicado na forma de seu §  1°, quando for o caso.  § 5° Aplica­se o disposto no § 2° do art. 44 da Lei no 9.430, de  27 de dezembro de 1996, As hipóteses previstas nos §§ 2º e 4°  deste artigo.".  Portanto,  para  decidir  quanto  ao  cabimento  da  duplicação  do  percentual  de  75% aqui aplicada para cálculo da multa isolada, cumpre determinar se está evidenciado que a  conduta do contribuinte refine as características de um dos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73  da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964.  Fl. 317DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     28 O  impugnante  questiona  também  a  aplicação  da  penalidade  enquanto  não  incidir a eficácia preclusiva da última instância administrativa sobre o pedido de restituição dos  valores correspondentes às Obrigações Eletrobrás, pois nesta pendência, a extinção do ;credito  tributário  pela  declaração  de  compensação  permaneceria  possível,  nos  termos  do  art.  26  da  Instrução Normativa SRF n° 600/2005.  Inicialmente  observe­se  que,  mesmo  se  o  direito  creditório  estivesse  efetivamente  sendo discutido  em sede de manifestação de  inconformidade amparada  com os  efeitos do art. 74, §§ 9º a 11, da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pela Lei nº 10.833,  de  2003,  a  única  eficácia  suspensiva  que  se  poderia  cogitar  seria  em  relação  aos  débitos  compensados, de modo a impedir sua cobrança.  E  isto  porque,  em  razão  da  presunção  de  legitimidade  dos  atos  administrativos,  os  recursos  administrativos  contra  eles opostos,  à  falta de previsão  expressa  em outro sentido,  têm apenas efeito devolutivo da matéria recorrida. Ou seja, se a norma em  referência determina, tão só, a suspensão da exigibilidade dos débitos compensados, claro está  que apenas este efeito do ato administrativo é postergado.  Logo, mesmo se este não  fosse o caso em que a  lei  expressamente afasta a  aplicação  do  art.  74,  §§ 9°  a  11,  da Lei  n°  9.430,  de  1996,  com  a  redação  dada  pela Lei  nº  10.833,  de  2003,  as  demais  consequências  do  reconhecimento  da  natureza  não  tributária  do  crédito (impossibilidade de compensação mediante DCOMP, sua conseqüente não declaração e  sujeição  à  multa  isolada)  subsistiriam,  por  falta  de  disposição  expressa  no  sentido  de  sua  suspensão, viabilizando a aplicação da penalidade aqui discutida.  Aqui,  portanto,  sem  qualquer  determinação  legal  a  amparar  tal  pretensão,  ineficaz  é mera  a  argüição  acerca  da  possibilidade,  em  tese,  de  discussão  administrativa  do  direito creditório para obstar os efeitos decorrentes da não declaração da compensação, dentre  os quais a multa isolada aqui formalizada.  Quanto  às  disposições  do  art.  100,  parágrafo  único  do  Código  Tributário  Nacional,  resta  evidente  por  todo  o  exposto  que  o  contribuinte  deixou  de  cumprir  os  atos  normativos que, em consonância com as disposições legais, vedam a compensação, mediante  DCOMP,  de  créditos  que  não  correspondam  a  tributos  ou  contribuições  administrados  pela  antiga SRF. A apresentação de Declarações de Compensação em formulários aprovados pelos  referidos  atos  normativos  não  elidem  o  fato  de  que  seu  conteúdo  exprime  exatamente  circunstâncias em que seu uso é vedado.  Da mesma forma, não cabe razão a recorrente no que tange às alegações de  ilegalidade  /  ofensas  a  princípios  constitucionais  (razoabilidade,  capacidade  contributiva,  inconstitucionalidade,  não  confisco  e  juros  abusivos),  o  exame  das  mesmas  escapa  à  competência da autoridade administrativa julgadora.   Há que se destacar que à autoridade fiscal cabe verificar o fiel cumprimento  da  legislação  em vigor,  independentemente  de  questões  de  discordância,  pelos  contribuintes,  acerca  de  alegadas  ilegalidades/inconstitucionalidades,  sendo  a  atividade  de  lançamento  vinculada  e  obrigatória,  sob  pena  de  responsabilidade  funcional,  como  previsto  no  art.  142,  parágrafo único, do Código Tributário Nacional.  Não  há  dúvidas  de  que  se  entende  como  procedimento  fiscal  à  ação  fiscal  para  apuração  de  infrações  e  que  se  concretize  com  a  lavratura  do  ato  cabível,  assim  considerado  o  termo  de  início  de  fiscalização,  termo  de  apreensão,  auto  de  infração,  notificação, representação fiscal ou qualquer ato escrito dos agentes do fisco, no exercício de  Fl. 318DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 142          29 suas  funções  inerentes ao cargo. Tais atos excluirão a espontaneidade se o contribuinte deles  tomar conhecimento pela intimação.  Os  atos  que  formalizam  o  início  do  procedimento  fiscal  encontram­se  elencados no artigo 7º do Decreto n.º 70.235, de 1972. Em sintonia com o disposto no artigo  138,  parágrafo  único  do  Código  Tributário  Nacional,  esses  atos  têm  o  condão  de  excluir  a  espontaneidade do sujeito passivo e de todos os demais envolvidos nas infrações que vierem a  ser verificadas.  Em outras palavras, deflagrada a ação fiscal, qualquer providência do sujeito  passivo, ou de terceiros relacionados com o ato, no sentido de repararem a falta cometida não  exclui  suas  responsabilidades,  sujeitando­os  às  penalidades  próprias  dos  procedimentos  de  ofício. Além disso, o ato inaugural obsta qualquer retificação, por iniciativa do contribuinte e  torna ineficaz consulta formulada sobre a matéria alcançada pela fiscalização.  Ressalte­se, com efeito, que o emprego da alternativa “ou” na redação dada  pelo legislador ao artigo 138, do Código Tributário Nacional, denota que não apenas a medida  de  fiscalização  tem o condão de constituir­se  em marco  inicial da ação  fiscal, mas,  também,  consoante  reza  o  mencionado  dispositivo  legal,  “qualquer  procedimento  administrativo”  relacionado  com  a  infração  é  fato  deflagrador  do  processo  administrativo  tributário  e  da  conseqüente exclusão de espontaneidade do sujeito passivo pelo prazo de 60 dias, prorrogável  sucessivamente com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos, na  forma do parágrafo 2°, do art. 7°, do Dec. n° 70.235, de 1972.  O  entendimento,  aqui  esposado,  é  doutrina  consagrada,  conforme  ensina  o  mestre FABIO FANUCCHI em “Prática de Direito Tributário”, pág. 220:  O processo  contencioso administrativo  terá  início  por  uma das  seguintes formas:  1.  pedido  de  esclarecimentos  sobre  situação  jurídico­tributária  do sujeito passivo, através de intimação a esse;  2.  representação  ou  denúncia  de  agente  fiscal  ou  terceiro,  a  respeito de circunstâncias capazes de conduzir o sujeito passivo  à assunção de responsabilidades tributárias;  3 ­ autodenúncia do sujeito passivo sobre sua situação irregular  perante a legislação tributária;  4.  inconformismo  expressamente  manifestado  pelo  sujeito  passivo, insurgindo­se ele contra lançamento efetuado.  (...).  A  representação e a denúncia produzirão os mesmos efeitos da  intimação  para  esclarecimentos,  sendo  peças  iniciais  do  processo que irá se estender até a solução final, através de uma  decisão  que  as  julguem  procedentes  ou  improcedentes,  com os  efeitos naturais que possam produzir tais conclusões.  No  mesmo  sentido,  transcrevo  comentário  de  A.A.  CONTREIRAS  DE  CARVALHO em “Processo Administrativo Tributário”, 2ª Edição, págs. 88/89 e 90, tratando  de Atos e Termos Processuais:  Fl. 319DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     30 Mas é dos atos processuais que cogitamos, nestes comentários.  São atos processuais os que se realizam conforme as regras do  processo,  visando  dar  existência  à  relação  jurídico­processual.  Também participa dessa natureza o que se pratica à parte, mas  em  razão  de  outro  processo,  do  qual  depende.  No  processo  administrativo tributário, integram essa categoria, entre outros:  a) o auto de infração; b) a representação; c) a intimação e d) a  notificação  (...).  Mas,  retornando  a  nossa  referência  aos  atos  processuais,  é  de  assinalar que, se o auto de infração é peça que deve ser lavrada,  privativamente,  por  agentes  fiscais,  em  fiscalização  externa,  já  no  que  concerne  às  faltas  apuradas  em  serviço  interno  da  Repartição  fiscal,  a  peça que  as  documenta  é a  representação.  Note­se que esta, como aquele, é peça básica do processo fiscal  (...).  Portanto, o Auto de Infração deverá conter, entre outros requisitos formais, a  penalidade  aplicável,  a  sua  ausência  implicará  na  invalidade  do  lançamento.  A  falta  ou  insuficiência de recolhimento do imposto dá causa a lançamento de ofício, para exigi­lo com  acréscimos e penalidades legais.   É de se esclarecer, que a infração fiscal independe da boa fé do contribuinte,  entretanto, a penalidade deve ser aplicada, sempre, levando­se em conta a ausência de má­fé,  de  dolo,  e  antecedentes  do  contribuinte. A multa  que  excede  o montante  do  próprio  crédito  tributário,  somente  pode  ser  admitida  se,  em  processo  regular,  nos  casos  de  minuciosa  comprovação,  em  contraditório  pleno  e  amplo,  nos  termos  do  artigo  5º,  inciso  LV,  da  Constituição  Federal,  restar  provado  um  prejuízo  para  fazenda  Pública,  decorrente  de  ato  praticado pelo contribuinte.  Por outro lado, a vedação de confisco estabelecida na Constituição Federal de  1988,  é  dirigida  ao  legislador.  Tal  princípio  orienta  a  feitura  da  lei,  que  deve  observar  a  capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco. Não observado esse  princípio,  a  lei  deixa  de  integrar o mundo  jurídico  por  inconstitucional. Além disso,  é  de  se  ressaltar, mais uma vez, que a multa de ofício é devida em face da infração às regras instituídas  pelo Direito Fiscal e, por não constituir  tributo, mas penalidade pecuniária prevista em  lei,  é  inaplicável o conceito de confisco previsto no  inciso V, do art. 150 da Constituição Federal,  não cabendo às autoridades administrativas estendê­lo.  Assim, as multas são devidas, no lançamento de ofício, em face da infração  às  regras  instituídas  pela  legislação  fiscal  não  declarada  inconstitucional  pelo  Supremo  Tribunal Federal, cuja matéria não constitui tributo, e sim de penalidade pecuniária prevista em  lei, sendo inaplicável o conceito de confisco previsto no art. 150,  IV da CF., não conflitando  com o estatuído no  art.  5°, XXII  da CF.,  que  se  refere  à  garantia do direito de propriedade.  Desta forma, o percentual de multa aplicado está de acordo com a legislação de regência.   Ora, os mecanismos de controle de legalidade / constitucionalidade regulados  pela própria Constituição Federal passam, necessariamente, pelo Poder Judiciário que detém,  com  exclusividade,  tal  prerrogativa.  É  inócuo,  portanto,  suscitar  tais  alegações  na  esfera  administrativa.  De  qualquer  forma,  há  que  se  esclarecer  que  o  Imposto  Renda  da  Pessoa  Física é um tributo calculado sobre a renda tributável auferida. Ou seja, é calculado levando­se  Fl. 320DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 143          31 em  consideração  aos  rendimentos  tributáveis  auferidos  e  em  razão  do  valor  é  enquadrada  dentro de uma alíquota, não estando o seu valor limitado à capacidade contributiva do sujeito  passivo da obrigação tributária.   Ademais, os princípios constitucionais têm como destinatário o legislador na  elaboração da norma, como é o caso, por exemplo, do principio da Vedação ao Confisco, que  orienta a feitura da lei, a qual deve observar a capacidade contributiva e não pode dar ao tributo  a conotação de confisco, cabendo à autoridade fiscal apenas executar as leis.  Da  mesma  forma,  não  vejo  como  se  poderia  acolher  o  argumento  de  inconstitucionalidade ou ilegalidade formal da multa de ofício e da taxa SELIC aplicada como  juros  de  mora  sobre  o  débito  exigido  no  presente  processo  com  base  na  Lei  n.º  9.065,  de  20/06/95,  que  instituiu  no  seu  bojo  a  taxa  referencial  do  Sistema  Especial  de  Liquidação  e  Custódia de Títulos Federais (SELIC).  É meu entendimento, acompanhado pelos pares desta Turma de Julgamento,  que  quanto  à  discussão  sobre  a  inconstitucionalidade  de  normas  legais,  os  órgãos  administrativos  judicantes  estão  impedidos  de  declarar  a  inconstitucionalidade  de  lei  ou  regulamento, face à inexistência de previsão constitucional.  No  sistema  jurídico  brasileiro,  somente  o  Poder  Judiciário  pode  declarar  a  inconstitucionalidade de  lei ou ato normativo do Poder Público, através do chamado controle  incidental e do controle pela Ação Direta de Inconstitucionalidade.  No caso de  lei sancionada pelo Presidente da República é que dito controle  seria  mesmo  incabível,  por  ilógico,  pois  se  o  Chefe  Supremo  da  Administração  Federal  já  fizera o controle preventivo da constitucionalidade e da conveniência, para poder promulgar a  lei,  não  seria  razoável  que  subordinados,  na  escala  hierárquica  administrativa,  considerasse  inconstitucional lei ou dispositivo legal que aquele houvesse considerado constitucional.  Exercendo  a  jurisdição  no  limite  de  sua  competência,  o  julgador  administrativo  não  pode  nunca  ferir  o  princípio  de  ampla  defesa,  já  que  esta  só  pode  ser  apreciada no foro próprio.  Se verdade fosse, que o Poder Executivo deva deixar aplicar lei que entenda  inconstitucional, maior  insegurança  teriam  os  cidadãos,  por  ficarem  à mercê  do  alvedrio  do  Executivo.  O  poder  Executivo  haverá  de  cumprir  o  que  emana  da  lei,  ainda  que  materialmente possa ela ser  inconstitucional. A sanção da lei pelo Chefe do Poder Executivo  afasta ­ sob o ponto de vista formal ­ a possibilidade da argüição de inconstitucionalidade, no  seu âmbito interno. Se assim entendesse, o chefe de Governo vetá­la­ia, nos termos do artigo  66,  §  1º  da Constituição. Rejeitado  o  veto,  ao  teor  do  §  4º  do mesmo  artigo  constitucional,  promulgue­a ou não o Presidente da República, a lei haverá de ser executada na sua inteireza,  não podendo ficar exposta ao capricho ou à conveniência do Poder Executivo. Faculta­se­lhe,  tão­somente, a propositura da ação própria perante o órgão jurisdicional e, enquanto pendente a  decisão,  continuará  o  Poder  Executivo  a  lhe  dar  execução.  Imagine­se  se  assim  não  fosse,  facultando­se  ao  Poder  Executivo,  através  de  seus  diversos  departamentos,  desconhecer  a  norma  legislativa  ou  simplesmente negar­lhe  executoriedade por  entendê­la,  unilateralmente,  inconstitucional.  Fl. 321DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN     32 A evolução do direito,  como quer o  suplicante, não deve pôr em risco  toda  uma construção  sistêmica baseada na  independência  e na harmonia dos Poderes,  e  em cujos  princípios repousa o estado democrático.  Não  se  deve  a  pretexto  de  negar  validade  a  uma  lei  pretensamente  inconstitucional, praticar­se inconstitucionalidade ainda maior consubstanciada no exercício de  competência de que este Colegiado não dispõe, pois que deferida a outro Poder.   Ademais, matéria  já pacificada no  âmbito  administrativo,  razão pela qual o  Presidente  do  Primeiro  Conselho  de  Contribuintes,  objetivando  a  condensação  da  jurisprudência predominante neste Conselho, conforme o que prescreve o art. 30 do Regimento  Interno dos Conselhos de Contribuintes  (RICC),  aprovado pela Portaria MF nº 55, de 16 de  março de 1998, providenciou a edição e aprovação de diversas súmulas, que foram publicadas  no DOU, Seção I, dos dias 26, 27 e 28 de junho de 2006, vigorando para as decisões proferidas  a partir de 28 de julho de 2006.  Atualmente estas súmulas foram convertidas para o Conselho Administrativo  de Recursos  Fiscais  – CARF,  pela Portaria CARF  nº  106,  de  2009  (publicadas  no DOU de  22/12/2009),  assim  redigidas:  “O  CARF  não  é  competente  para  se  pronunciar  sobre  a  inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2)” e “A partir de 1º de abril de 1995,  os  juros  moratórios  incidentes  sobre  débitos  tributários  administrados  pela  Secretaria  da  Receita  Federal  são  devidos,  no  período  de  inadimplência,  à  taxa  referencial  do  Sistema  Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).”  Diante do conteúdo dos autos e pela associação de entendimento sobre todas  as considerações expostas no exame da matéria e por ser de justiça, voto no sentido de rejeitar  as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso.   (Assinado digitalmente)   Nelson Mallmann                   Fl. 322DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10830.002727/2009­59  Acórdão n.º 2202­001.960  S2­C2T2  Fl. 144          33 Declaração de Voto                Fl. 323DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN

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4296095 #
Numero do processo: 11330.000455/2007-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Sep 28 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005 Ementa: RECURSO INTEMPESTIVO Recurso voluntário não conhecido por falta de requisitos de admissibilidade, já que interposto intempestivamente.Art. 126, da Lei n(8.213/91, combinado com artigo 305, parágrafo 1( do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.(3048/99. Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 2302-002.070
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário pela intempestividade Liege Lacroix Thomasi – Relatora e Presidente Substituta Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Paulo Roberto Lara dos Santos, Manoel Coelho Arruda Junior, Adriana Sato.
Nome do relator: LIEGE LACROIX THOMASI

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 27/09/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI     2   Relatório  Trata o presente de auto­de­infração, lavrado e cientificado ao sujeito passivo  em 18/12/2006, em virtude do descumprimento do artigo 32, inciso IV, §5º, da Lei n.º 8.212/91  e  artigo  225,  inciso  IV  do  Regulamento  da  Previdência  Social,  aprovado  pelo  Decreto  n.º  3.048/99, com multa punitiva aplicada conforme dispõe o artigo 32, § 5º da Lei n.º 8.212/91 e  artigo  284,  inciso  II,  do  Regulamento  da  Previdência  Social,  aprovado  pelo  Decreto  n.º  3.048/99,  por  não  ter  informado  nas  Guias  de  Recolhimento  do  FGTS  e  Informações  à  Previdência Social – GFIP’s das competências de 01/1999 a 12/2005, as remunerações pagas a  empregados, a título de prêmio, através de cartões eletrônicos com a intermediação da empresa  Incentive House S/A..  O  relatório  fiscal  da  infração,  fls.  02,  diz  da  ocorrência  de  circunstância  agravante do artigo 290,V, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º  3.048/99, por ser o contribuinte reincidente.  Após  a  apresentação  da  impugnação,  Acórdão  de  fls.209/220,  julgou  a  autuação procedente.  Inconformado  o  contribuinte  apresentou  recurso  voluntário,  onde  alega  a  tempestividade  do  mesmo,  dizendo  ter  recebido  o  Acórdão  em  13/06/2011  e  requerendo  a  reforma da  decisão  para  acatar  a  decadência  das  competências  até  11/2001  e  a  aplicação  da  multa nos termos da Lei n.º 11.941/2009. Requer , por fim, prazo para a juntada de procuração  e substabelecimento.  É o relatório.  Fl. 316DF CARF MF Impresso em 28/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 27/09/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 11330.000455/2007­94  Acórdão n.º 2302­002.070  S2­C3T2  Fl. 254          3   Voto             Conselheira  Liege Lacroix Thomasi, Relatora  Da Admissibilidade  O  recurso  é  INTEMPESTIVO,  razão  pela  qual  dele  não  se  deve  tomar  conhecimento.  Cientificado  o  sujeito  passivo  do Acórdão  de  fls.  209/220,  em  03/06/2011,  fls.225, o prazo para  interposição de  recurso,  que  é de 30  (trinta) dias,  conforme o  art.  126,  caput, da Lei n.º 8.213/91, combinado com o art. 305, § 1º, do Regulamento da Previdência  Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99, iniciou em 06/06/2011, fruindo até 05/07/2011.  Entretanto,  o  recurso  foi  interposto  apenas  em  13/07/2011,  conforme  documento de fls. 226, configurando­se, portanto, sua intempestividade.  Lei n° 8213/91  Art.  126.  Das  decisões  do  Instituto  Nacional  do  Seguro  Social­INSS  nos  processos  de  interesse  dos  beneficiários  e  dos  contribuintes  da  Seguridade  Social  caberá  recurso  para  o  Conselho  de  Recursos  da  Previdência Social, conforme dispuser o Regulamento. (Redação dada  pela Lei nº 9.528, de 1997)  Regulamento da Previdência Social/ Decreto n° 3.048/99  Art.305. Das decisões do  Instituto Nacional do Seguro Social  e  da  Secretaria  da  Receita  Previdenciária  nos  processos  de  interesse  dos  beneficiários  e  dos  contribuintes  da  seguridade  social,  respectivamente,  caberá  recurso  para  o  Conselho  de  Recursos  da  Previdência  Social  (CRPS),  conforme  o  disposto  neste  Regulamento  e  no  Regimento  do  CRPS.  (Alterado  pelo  Decreto nº 6.032 ­ de 1º/2/2007 ­ DOU DE 2/2/2007)  §  1º  É  de  trinta  dias  o  prazo  para  interposição  de  recursos  e  para  o  oferecimento  de  contra­razões,  contados  da  ciência  da  decisão e da interposição do recurso, respectivamente. (Redação  dada pelo Decreto nº 4.729, de 9/06/2003)  A  recorrente  argúi  que  o  recurso  é  tempestivo  porque  diz  ter  recebido  o  Acórdão  em  13/06/2011,  mas  não  há  qualquer  prova  desta  alegação,  pelo  contrário,  os  documentos constantes dos autos comprovam o recebimento do Acórdão proferido pela DRJ,  em 03/06/2011, fls. 225.  Pelo exposto, considerando o artigo 35, do Decreto n°70.235/72, que dispõe:  Fl. 317DF CARF MF Impresso em 28/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 27/09/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI     4 “Art.  35.  O  recurso  ,  mesmo  perempto,  será  encaminhado  ao  órgão  de  segunda instância, que julgará a perempção.”  Voto  por  não  conhecer  o  recurso,  por  falta  de  requisito  para  sua  admissibilidade, mantendo a decisão de primeira instância proferida.    Liege Lacroix Thomasi ­ Relatora                                    Fl. 318DF CARF MF Impresso em 28/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 27/09/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI

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Numero do processo: 15586.001161/2009-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Feb 07 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 2402-000.228
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência Julio César Vieira Gomes - Presidente Igor Araújo Soares - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Júlio César Vieira Gomes, Igor Araújo Soares, Ewan Teles Aguiar, Ronaldo de Lima Macedo, Nereu Miguel Ribeiro Domingues e Ana Maria Bandeira.
Nome do relator: IGOR ARAUJO SOARES

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 23/01/2 013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por IGOR ARAUJO SOARES Processo nº 15586.001161/2009­09  Resolução nº  2402­000.228  S2­C4T2  Fl. 213          2   RELATÓRIO  Trata­se  de  recurso  voluntário  interposto  por  SANTA  CASA  DE  MISERICÓRDIA DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM em face do acórdão fls. 127/138, que  manteve  a  integralidade  do  Auto  de  Infração  n.  37.240.475­8,  lavrado  para  a  cobrança  de  contribuições  sociais  devidas  a  Terceiros  /  Outras  Entidades,  previstas  no  art.  94  da  Lei  n°  8.212, de 24/07/1991, e determinadas pelo FPAS 515, quais sejam:  a­)Salário Educação;  b­)INCRA, SENAC, SESC e SEBRAE.  O  lançamento  compreende  o  período  de  01/2007  a  13/2007,  tendo  sido  o  contribuinte cientificado em 16/10/2009 (fls. 35).  Consta do relatório fiscal que a ação fiscal decorreu da Decisão n° 70, prolatada  no  Processo  2008.34.00.038314­4  que  tramita  no  Juízo  da  13a  Vara/DF  determinou  à  Secretaria da Receita Federal do Brasil a cobrança mediante lançamento de todos os créditos de  contribuições  devidas  à  Seguridade  Social,  em  face  de  entidades  que  possuíam  pedidos  de  concessão e renovação de Certificados de Entidade Beneficente de Assistência Social ­ CEBAS  e Representações Administrativas que estavam pendentes de julgamento no Conselho Nacional  de Assistência Social — CNAS quando da edição da Medida Provisória 446/2008, bem como  das que aguardavam decisões em Recursos/ Pedidos de Reconsideração dirigidos ao Ministro  da  Previdência  Social,  relativamente  aos  fatos  geradores  ocorridos  dentro  dos  períodos  de  validade ou análise dos CEBAS solicitados.  Nesta  mesma  decisão  supramencionada,  observa­se  o  crédito  tributário  ora  constituído está com sua exigibilidade suspensa.  Extrai­se  do  relatório  que  a  recorrente  apresentou  certidão  emitida  pelo  Conselho  Nacional  de  Assistência  Social  ­  CNAS,  datada  de  06/07/2006,  com  validade  de  01/01/2004 a 31/12/2006, da qual se verifica a empresa protocolizou pedido de renovação do  certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social no CNAS, o qual aguardava análise e  foi DEFERIDO por força do artigo 37 da Medida Provisória 446, de 07/11/2008, publicada no  Diário  Oficial  da  União  em  23/01/2009.  A  recorrente  obteve  a  validade  da  renovação  que  abrangeu  o  período  de  01/01/2007  a  31/12/2009,  por  meio  do  processo  n.°  71010.002999/2006­54.  Ainda no relatório, restou consignado que nas Guias de Recolhimento do FGTS  e  Informações Sociais Previdência Social — GFIP,  relativas às competências compreendidas  no período de 01/2007 a 12/2007, o contribuinte  informou o código FPAS 639, por entender  ser  portadora  do  Certificado  de  Entidade  Beneficente  de  Assistência  Social  emitido  pelo  CNAS, mesmo não o possuindo em mãos, pois aguardava a renovação do mesmo, a qual veio a  ser deferido por força da MP 446/2008.  Em  seu  recurso,  a  recorrente  sustenta  ser  entidade  isenta  das  contribuições  sociais patronais, uma vez que, durante o curso da ação  fiscal,  apresentou a certidão emitida  pelo CNAS, datada de 06/07/2006, com validade para o período de 01/01/2004 a 31/12/2006,  Fl. 218DF CARF MF Impresso em 07/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 23/01/2 013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por IGOR ARAUJO SOARES Processo nº 15586.001161/2009­09  Resolução nº  2402­000.228  S2­C4T2  Fl. 214          3 além de  também  ter oferecido  ao  auditor o documento protocolizado  junto  ao CNAS com o  pedido  de  renovação  do  certificado,  datado  de  11/10/2006,  o  qual  aguardava  análise  e  posteriormente  veio  a  ser  deferido  por  força  do  artigo  37  da  Medida  Provisória  446,  de  07/11/2008.  Esclarece,  por  conseguinte,  que  o  período  de  validade  obtido  na  renovação  abrangeu as competências de 01/01/2007 a 31/12/2009.  Logo, entende que o período de validade da renovação retroagiu de 01/01/2007  a 31/12/2009, ou seja, garantindo­lhe a isenção durante o período relativo ao lançamento objeto  do  presente  auto  de  infração,  nas  competências  compreendidas  entre  01/2007  a  12/2007,  incluindo, 13/2007.  Assim, não há que se falar em pagamento de cota patronal, acidente de trabalho,  multas, penalidades, terceiros/outras entidades, relativos a salário educação, Incra, Senac, Sesc,  SEBRAE (determinadas pelo FPAS 515).  Aduz  serem  ilegítimos  e  nulos  os  autos  de  infração,  pois  não  possuem  fundamentação legal, o que caracterizou a conduta do fiscal como ilegítima, já que a recorrente  nunca  deixou  de  ter  o  direito  de  declarar  o  código  FPAS  (639),  tendo  comprovado  ser  portadora do certificado de entidade beneficente de assistência social emitido pelo CNAS para  o  período  lançado,  sendo  que  a  sua  não  apresentação  quando  da  fiscalização  ocorreu  exclusivamente devido à demora do órgão na análise do pedido de renovação formulado.  Finaliza  requerendo que  seja  reconsiderada  a  decisão  para declarar  a  nulidade  dos  Autos  de  Infração  ou  declará­los  insubsistentes,  tornando  sem  efeito  os  lançamentos,  multas e demais cobranças pretendidas, com a competente baixa dos seus registros nesse órgão,  por não estar legitimada a pretensão do agente do fisco.  Sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, vieram os autos a este  Eng. Conselho.  É o relatório.  Fl. 219DF CARF MF Impresso em 07/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 23/01/2 013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por IGOR ARAUJO SOARES Processo nº 15586.001161/2009­09  Resolução nº  2402­000.228  S2­C4T2  Fl. 215          4 VOTO  Conselheiro Igor Araújo Soares, Relator  PRELIMINARMENTE  Conforme relatado, o presente lançamento decorreu de ordem liminar emanada  do Poder Judiciário em ação Civil Pública, determinando que a Secretaria da Receita Federal  do Brasil levasse a efeito o lançamento de contribuições sociais objeto do Auto de Infração ora  combatido.  A ordem liminar tinha o seguinte comando:  “Por tal razão, em sede de liminar, determino à Secretaria da Receita  Federal do Brasil para que constitua ­ proceda ao lançamento de todos  os  créditos de  contribuições devidas 6 Seguridade Social,  em  face de  entidades  que  tinham  pedidos  de  concessão  e  renovação  de  Certificados de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS) e  Representações Administrativas, que estavam pendentes de julgamento  no Conselho Nacional de Assistência Social ­ CNAS, quando da edição  da  Medida  Provisória  446/2008,  bem  como  das  que  aguardavam  decisões  em  Recursos/Pedidos  de  Reconsideração  dirigidos  ao  Ministro  da  Previdência  Social  (art.7°,  §1°  do Decreto  2.536/98  e  §  único do art. 18 da Lei n.° 8.742/93), relativamente aos fatos geradores  ocorridos dentro dos períodos de validade ou análise dos Certificados  de  Entidade  Beneficente  de  Assistência  Social  (CEBAS)  solicitados,  suspendendo­se  contudo  a  exigibilidade  do  crédito  tributário  até  a  decisão em contrário deste Juízo.”  Dessa forma, não vejo como deixar de concordar com o entendimento proferido  pelo v. acórdão de primeira instância quando entendeu ser válido o presente Auto de Infração,  eis que  lavrado em decorrência de ordem  liminar vigente  e de cumprimento obrigatório, não  havendo  que  se  falar  em  sua  anulação  pelo  fato  da  liminar  ter  sido  cassada  pelo  Tribunal  Regional Federal da 1a Região, pois aqui o lançamento fora devidamente formalizado.  Todavia, outra não pode ser a conclusão, senão a de que o presente processo está  intimamente  ligado  à  sorte  da Ação Civil  Pública  impetrada  no  Judiciário.  Se  naquela  ação  restar  entendido  que  as  renovações  por  força  da  MP  446/08  foram  ilegais,  é  certo  que  o  presente  lançamento  deverá  ser  mantido.  Por  outro  lado,  se  ali  restar  decidido  que  as  renovações por força da MP 446/08 são legais, fato é que para o período lançado, deverá ser  considerada válida a decisão do CNAS que deferiu a renovação do certificado, de modo que,  em  sendo  este  o  único  motivo  para  o  lançamento,  o  presente  Auto  de  Infração  deverá  ser  anulado.  Ao  analisar  o  andamento  processual  de  referida  ação  civil  pública  no  site  do  TRF  da  1a  Região,  verifiquei  que  o  processo  fora  concluso  para  sentença  em  20/05/2010,  quando então fora convertido em diligência, diante de uma informação acerca de um pedido de  desistência noticiado.  Dessa forma, entendo prudente constar dos autos maiores informações acerca da  situação atual da ação civil pública n. 2008.34.00.038314­4, motivo pelo qual voto no sentido  de  CONVERTER  O  JULGAMENTO  EM  DILIGÊNCIA  para  que  baixem  os  autos  à  Fl. 220DF CARF MF Impresso em 07/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 23/01/2 013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por IGOR ARAUJO SOARES Processo nº 15586.001161/2009­09  Resolução nº  2402­000.228  S2­C4T2  Fl. 216          5 repartição  de  origem  de  modo  que  a  autoridade  fiscal  providencie  a  juntada  aos  autos  de  informações  atualizadas  sobre  o  andamento  da  ação,  especialmente  sobre  o  pedido  de  desistência formulado, esclarecendo, ainda se houve ou não a sua homologação.  É como voto.    Igor Araújo Soares  Fl. 221DF CARF MF Impresso em 07/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 23/01/2 013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por IGOR ARAUJO SOARES

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4442663 #
Numero do processo: 13811.001716/99-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Jan 14 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/1999 a 31/03/1999 CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. LEI Nº 9.363/96. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. Consoante interpretação do Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recurso repetitivo, a ser reproduzida no CARF conforme o art. 62-A do Regimento Interno deste Tribunal Administrativo, alterado pela Portaria MF nº 586, de 2010, matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de pessoas físicas dão direito ao Crédito Presumido instituído pela Lei nº 9.363/96. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI RELATIVO A COMBUSTÍVEIS, ENERGIA ELÉTRICA, TELEFONIA E LENHA. Não se permite o aproveitamento de créditos relativos a combustíveis, energia elétrica e a telefonia, visto não possuir relação com a produção industrial. Sumula CARF nº 19. CORREÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. É cabível a aplicação da taxa SELIC em casos de cobrança de juros moratórios, conforme a Súmula nº 4 deste egrégio Conselho.
Numero da decisão: 3401-002.014
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso para reconhecer o direito às aquisições de pessoas físicas e cooperativas e à incidência da selic, a partir do protocolo do pedido, sobre a parcela inicialmente indeferida JULIO CESAR ALVES RAMOS - Presidente. RELATOR FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE - Relator. EDITADO EM: 26/12/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:
Nome do relator: FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2142; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C4T1  Fl. 696          1 695  S3­C4T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  13811.001716/99­44  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  3401­002.014  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  23 de outubro de 2012  Matéria  PEDIDO DE RESSARCIMENTO ­ IPI  Recorrente  CARGILL AGRÍCOLA S/A  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS ­ IPI  Período de apuração: 01/01/1999 a 31/03/1999  CRÉDITO  PRESUMIDO  DO  IPI.  LEI  Nº  9.363/96.  AQUISIÇÕES  DE  PESSOAS FÍSICAS.  Consoante  interpretação  do  Superior  Tribunal  de  Justiça  em  julgamento  de  recurso  repetitivo,  a  ser  reproduzida  no  CARF  conforme  o  art.  62­A  do  Regimento Interno deste Tribunal Administrativo, alterado pela Portaria MF  nº  586,  de  2010,  matérias­primas,  produtos  intermediários  e  materiais  de  embalagem  adquiridos  de  pessoas  físicas  dão  direito  ao Crédito  Presumido  instituído pela Lei nº 9.363/96.   CRÉDITO  PRESUMIDO  DE  IPI  RELATIVO  A  COMBUSTÍVEIS,  ENERGIA ELÉTRICA, TELEFONIA E LENHA.  Não  se  permite  o  aproveitamento  de  créditos  relativos  a  combustíveis,  energia  elétrica  e  a  telefonia,  visto  não  possuir  relação  com  a  produção  industrial. Sumula CARF nº 19.  CORREÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. É  cabível  a  aplicação da  taxa  SELIC em casos de cobrança de  juros moratórios,  conforme a Súmula nº 4  deste egrégio Conselho.       Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,    por  unanimidade,  dar  parcial  provimento ao recurso para reconhecer o direito às aquisições de pessoas físicas e cooperativas  e à incidência da selic, a partir do protocolo do pedido, sobre a parcela inicialmente indeferida       JULIO CESAR ALVES RAMOS ­ Presidente.      AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 00 17 16 /9 9- 44 Fl. 697DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE, Assinado digitalmente em 1 1/01/2013 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLET O DUARTE     2   RELATOR FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE ­ Relator.    EDITADO EM: 26/12/2012  Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:     Relatório  Trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento de crédito presumido  de  IPI  protocolado  pela  contribuinte  Cargill  Agrícola  (sucessora  da  antiga  Cargill  Cacau),  referente ao primeiro trimestre de 1999, no valor de R$ 825.623,52.  Em 30.04.2010, a Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária  em São Paulo deferiu parcialmente o pleito da contribuinte, reconhecendo o direito creditório  no  valor  de  R$  440.725,49.  Quanto  às  glosas  efetuadas  pela  fiscalização,  a  recorrente  teria  incluído, indevidamente, em suas planilhas de custo de produção de produtos exportados gastos  com  combustíveis,  lubrificantes,  energia  elétrica,  água,  lenha  e  insumos  adquiridos  de  não  contribuintes do PIS e da Cofins (pessoas físicas e cooperativas).  Cientificada  da  decisão,  a  contribuinte  protocolou,  tempestivamente,  Manifestação de Inconformidade, na qual alega, em síntese, que:  a)  Quanto às glosas da fiscalização relacionadas aos insumos adquiridos de  pessoas físicas e cooperativas, a Lei 9.363/96 é clara ao definir que a base  de cálculo do crédito presumido do IPI será o valor total das aquisições de  matérias­primas, produtos intermediários e material de embalagem.  b)  A decisão do legislador foi no sentido de que a totalidade dos insumos em  questão  seja  computada  no  cálculo  do  crédito  presumido  do  IPI,  desde  que consumidos em processo de industrialização de produtos exportados.  Sendo assim,  sua determinação é genérica,  não vedando o  creditamento  em  relação  aos  insumos  adquiridos  junto  a  pessoas  físicas  ou  cooperativas.  c)  Instruções  Normativas,  de  grau  hierárquico  inferior  à  lei,  não  podem  restringir a aplicação do diploma que deveria apenas regulamentar. Se a  lei não  restringiu o  crédito presumido a aquisições de pessoas  jurídicas,  não  pode  o  Poder  Executivo  invadir  competências  exclusivas  do  Poder  Legislativo  por  intermédio  de  Instruções  Normativas,  a  exemplo  da  INSRF nº 23/97.  d)  O  Conselho  de  Contribuintes,  por  meio  de  sua  Câmara  Superior,  já  reconheceu a ilegalidade e invalidade da IN nº 23/97.  e)  Com a revogação da Medida Provisória 674/94, não há mais qualquer ato  normativo exigindo a comprovação de pagamento de PIS e COFINS para  que a contribuinte faça jus ao crédito. O direito ao crédito presumido se  restringe  a  duas  condições:  ser  a  empresa  produtora  e  exportadora  de  produtos  nacionais  e  adquirir  insumos  no  mercado  interno  para  a  industrialização de seus produtos vendidos no exterior.   f)  No  que  tange  aos  créditos  referentes  aos  gastos  com  energia  elétrica,  bagaço de  cana, água,  combustíveis,  telefonia  e  lenha, o  creditamento é  Fl. 698DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE, Assinado digitalmente em 1 1/01/2013 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLET O DUARTE Processo nº 13811.001716/99­44  Acórdão n.º 3401­002.014  S3­C4T1  Fl. 697          3 válido, pois estes são produtos intermediários. O regulamento do IPI, em  seu art. 164, define produtos intermediários como “aqueles que, embora  não  se  integrando  ao  novo  produto,  forem  consumidos  no  processo  de  industrialização,  salvo  se  compreendidos  entre  os  bens  do  ativo  permanente.”  Por  fim,  a  requerente  requereu  o  acolhimento  de  sua  Manifestação  de  Inconformidade para que reste amplamente deferido seu pleito, mediante o reconhecimento do  crédito presumido de IPI em sua totalidade, com o devido acréscimo da Taxa Selic.  Em  01.06.2011,  a  2ª  Turma  da  DRJ/POR  julgou  a  Manifestação  de  Inconformidade improcedente, sob os seguintes fundamentos:  a)  O  art.  1º  da MP  n°  1484­27,  convertida  na  Lei  nº  9.363/1996,  trata  de  ressarcimento  das  contribuições  para  o  PIS/Pasep/Cofins,  incidentes  sobre  as  aquisições.  Portanto,  é  claro  que  para  o  gozo  do  benefício  é  necessário  eu  tenham  incidido  tais  contribuições  sobre  as  aquisições,  tenha  ocorrido  o  fato  gerador  e  o  recolhimento  das  contribuições  pelos  fornecedores. Não ocorrendo tal fato, não há o que ressarcir.  b)  Geram  direito  ao  crédito,  além  das  matérias­primas,  produtos  intermediários  “scricto­sensu” e material  de embalagem que  e  integram  com  o  produto  final,  quaisquer  outros  bens  –  desde  que  não  contabilizados  pela  contribuinte  em  seu  ativo  permanente  –  que  se  consumam  por  decorrência  de  um  contato  físico,  ou  seja,  sofram  em  função da  ação exercida diretamente  sobre o produto  em  fabricação, ou  vice­versa.  Isto  é,  desgaste,  dano  ou  perda  de  propriedades  físicas  ou  químicas do material, sendo excluídos aqueles que não se integrem nem  sejam consumidos na operação de industrialização. Deste modo, não são  produtos intermediários: combustíveis, lubrificantes e a energia elétrica.  c)  Por outro  lado, admite­se energia elétrica e combustível na apuração do  crédito presumido quando a contribuinte optar pela base de cálculo da Lei  10.276/01, o que não foi o presente caso.  d)  A  requerente  não  tem  direito  aos  juros  pleiteados,  pois  não  existe  previsão legal neste sentido. No âmbito do direito público, administração  e  administrado  estão  submetidos  ao  princípio  da  legalidade  estrita,  ou  seja, só se pode fazer aquilo que a lei manda.    A contribuinte foi cientificada da decisão, em 21.07.2011 e, em 25.07.2011,  protocolou Recurso Voluntário, alegando, em síntese, que:   a)  Os  insumos  que  foram  computados  no  cálculo  do  aludido  valor  foram  exatamente  aqueles  autorizados  pela  Lei  9.363/96,  ou  seja,  matérias­ primas,  produtos  intermediários,  materiais  de  embalagem,  energia  elétrica, combustíveis e lenha consumidos no processo produtivo.  b)  A Instrução Normativa nº 27/97 não é respaldo para a glosa de insumos  adquiridos  de  pessoas  físicas,  na  medida  em  que  pretende  limitar  o  alcance  da  lei,  restringindo,  arbitrariamente,  o  direito  ao  crédito  presumido do IPI.  Fl. 699DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE, Assinado digitalmente em 1 1/01/2013 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLET O DUARTE     4 c)  A Lei 9.363/96 determina que a base de cálculo do crédito presumido do  IPI  será  o  valor  total  das  aquisições  de  matérias­primas,  produtos  intermediários e materiais de embalagem.    A  contribuinte  repisa  todos  os  outros  argumentos  apresentados  na  Manifestação de Inconformidade e, por  fim, requer o deferimento de seu Recurso Voluntário  mediante  reconhecimento  do  crédito  presumido  de  IPI  em  sua  totalidade,  com  o  devido  acréscimo dos juros Selic.   É o Relatório.     Voto             Conselheiro Relator FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE  Este  recurso  apresenta  os  requisitos  de  tempestividade  e  cumpre  os  pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido.  Em suma, a contribuinte protocolou pedido de  ressarcimento de créditos de  IPI referente ao período 1º trimestre de 1999. Não logrando êxito em sua demanda, protocolou  Recurso Voluntário onde defende que os insumos adquiridos de pessoas físicas e cooperativas,  bem  como,  energia  elétrica,  combustíveis,  água,  telefonia  e  lenha  geram  créditos  de  IPI,  passiveis de ressarcimento.  No  que  toca  à  glosa  dos  créditos  presumidos  como  ressarcimento  das  contribuições  relativas às aquisições de pessoas  físicas, os artigos 1º e 2º da Lei nº 9.363/96  dispõem  que  a  empresa  produtora  e  exportadora  de mercadorias  nacionais  fará  jus  a  crédito  presumido  do  IPI,  como  forma  de  ressarcimento  das  contribuições  incidentes  sobre  as  respectivas  aquisições,  no  mercado  interno,  de  matérias­primas,  produtos  intermediários  e  material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Sendo que a base de cálculo do  crédito presumido  será determinada  sobre o valor  total  das  aquisições,  conforme  artigos que  transcrevo abaixo:  “Art.  1º A  empresa  produtora  e  exportadora  de  mercadorias  nacionais  fará  jus  a  crédito  presumido  do  Imposto  sobre  Produtos  Industrializados,  como  ressarcimento  das  contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de  setembro  de  1970,  8,  de  3  de  dezembro  de  1970,  e  70,  de  30  de  dezembro de 1991,  incidentes sobre as respectivas aquisições, no  mercado interno, de matérias­primas, produtos intermediários e  material de embalagem, para utilização no processo produtivo.   Parágrafo único.  O  disposto  neste  artigo  aplica­se,  inclusive,  nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim  específico de exportação para o exterior.   Art. 2º A base de cálculo do crédito presumido será determinada  mediante  a  aplicação,  sobre  o  valor  total  das  aquisições  de  matérias­primas,  produtos  intermediários  e  material  de  embalagem  referidos  no  artigo  anterior,  do  percentual  correspondente  à  relação  entre  a  receita  de  exportação  e  a  receita operacional bruta do produtor exportador.”    Fl. 700DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE, Assinado digitalmente em 1 1/01/2013 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLET O DUARTE Processo nº 13811.001716/99­44  Acórdão n.º 3401­002.014  S3­C4T1  Fl. 698          5 Entretanto o art. 2º, § 2º, da IN SRF nº 23/97 delimitou a utilização do crédito  presumido,  instituído  pela  Lei  nº  9.363/96,  somente  em  relação  às  aquisições,  efetuadas  de  pessoa jurídicas, sujeitas às contribuições de PIS/PASEP e Cofins, conforme abaixo reproduzo:  Art.  2º Fará  jus  ao  crédito  presumido  a  que  se  refere  o  artigo  anterior  a  empresa  produtora  e  exportadora  de  mercadorias  nacionais.   (...)  §  2º  O  crédito  presumido  relativo  a  produtos  oriundos  da  atividade rural, conforme definida no art. 2º da Lei nº 8.023, de  12  de  abril  de  1990,  utilizados  como  matéria­prima,  produto  intermediário ou embalagem, na produção bens exportados, será  calculado,  exclusivamente,  em  relação às  aquisições,  efetuadas  de  pessoas  jurídicas,  sujeitas  às  contribuições  PIS/PASEP  e  COFINS.    Entretanto  é  importante  ressaltar  que  reconhecendo  a  jurisprudência  do  Egrégio STJ, proclamando que a IN SRF nº 23/97 extrapolou a regra prevista no art. lº da Lei  nº. 9.363/96 ao excluir da base de cálculo do beneficio do crédito presumido do IPI as referidas  aquisições, como constam as elucidativas ementas, a seguir transcritas:  "PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO ­ REMESSA EX OFFICIO:  ABRANGÊNCIA  ­  CRÉDITO  PRESUMIDO  DO  IPI  ­  AQUISIÇÃO  DE  MATÉRIAS­PRIMAS  E  INSUMOS  DE  PESSOA  FÍSICA  ­  LEI  9.363/96  E  IN/SRF  23/97  ­  LEGALIDADE  (...)  4.  A  IN/SRF  23/97  extrapolou  a  regra  prevista no art. 1º, da Lei 9.363/96 ao excluir da base de cálculo  do  benefício  do  crédito  presumido  do  IPI  as  aquisições,  relativamente aos produtos da atividade rural, de matéria­prima  e  de  insumos  de  pessoas  físicas,  que,  naturalmente,  não  são  contribuintes  diretos  do  PIS/PASEP  e  da  COFINS.  5.  Entendimento  que  se  baseia  nas  seguintes  premissas:  a)  a  COFINS e o PIS oneram em cascata o produto rural e, por isso,  estão  embutidos  no  valor  do  produto  final  adquirido  pelo  produtor­exportador,  mesmo  não  havendo  incidência  na  sua  última aquisição; b) o Decreto 2.367/98 ­ Regulamento do IPI ­,  posterior  à  Lei  9.363/96,  não  fez  restrição  às  aquisições  de  produtos  rurais;  c)  a  base  cálculo  do  ressarcimento  é  o  valor  total  das  aquisições  dos  insumos  utilizados  no  processo  produtivo  (art.  2º),  sem  condicionantes.  6.  Regra  que  tentou  resgatar  exigência  prevista  na  MP  674/94  quanto  à  apresentação  das  guias  de  recolhimentos  das  contribuições  do  PIS  e da COFINS, mas que, diante de  sua caducidade, não  foi  renovada pela MP 948/95 e nem na Lei 9.363/96. 7.Precedente  da Segunda Turma no REsp 586.392/RN.  8. Recurso especial provido em parte." (cf. Acórdão da 2ª Turma  do  STJ  no  REsp  nº.  529.758­SC,  Reg.  nº.  2003/0072619­9,  em  sessão de 13/12/2005, rel. Min Eliana Calmon, publ. in DJU de  20/02/2006 p. (268)).    “TRIBUTÁRIO.  RECURSO  ESPECIAL.  IPI.  CRÉDITO  PRESUMIDO. LEI N. 9.363/96. IN/SRF 23/97 ILEGALIDADE.1.  Fl. 701DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE, Assinado digitalmente em 1 1/01/2013 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLET O DUARTE     6 A Lei n. 9.363/96 ­ instituidora de crédito presumido do IPI ­ não  distinguiu  entre  os  fornecedores  as  pessoas  físicas  e  jurídicas,  não  podendo  a  IN  23/97,  da  SRF,  implantar  tal  distinção,  estabelecendo que o benefício do crédito presumido do IPI, para  ressarcimento de PIS/Pasep e COFINS, somente será cabível em  relação  às  aquisições  de  pessoa  jurídicas.2.  Recurso  especial  improvido  (Acórdão da 2ª Turma do STJ no REsp nº.  627.941­ CE, Reg. nº. 2003/0219342­8, em sessão de 15/02/2007, rel. Min  João Otávio de Noronha , publ. in DJU de 07/03/2007 p)”    No mesmo  sentido  vem  decidindo  a  CSRF,  como  se  pode  ver  da  seguinte  ementa: (grifamos)  "IPI ­ CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI NA EXPORTAÇÃO ­  AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS  ­  A  base  de  cálculo  do  crédito  presumido  será  determinada  mediante  a  aplicação,  sobre  o  valor  total  das  aquisições  de  matérias­primas,  produtos  intermediários,  e  material  de  embalagem referidos no art. 1° da Lei n°. 9.363, de 13.12.96, do  percentual  correspondente  à  relação  entre  a  receita  de  exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador  (art. 2° da Lei n°9.363/96). A lei citada refere­se a 'valor total' e  não prevê qualquer exclusão.  As Instruções Normativas nº. 23/97 e 103/97 inovaram o texto da  Lei  n°9.363,  de  13.12.96,  ao  estabelecerem  que  o  crédito  presumido de IPI será calculado, exclusivamente, em relação às  aquisições efetuadas de pessoas  jurídicas, sujeitas à COFINS e  às Contribuições ao PIS/PASEP (IN n°. 23/97), bem como que as  matérias­primas,  produtos  intermediários  e  materiais  de  embalagem  adquiridos  de  cooperativas  não  geram  direito  ao  crédito  presumido  (IN  n°  103/97).  Tais  exclusões  somente  poderiam  ser  feitas  mediante  Lei  ou  Medida  Provisória,  visto  que  as  Instruções Normativas  são  normas  complementares  das  leis  (art..  100  do  CTN)  e  não  podem  transpor,  inovar  ou  modificar  o  texto  da  norma  que  complementam.  (..)  Recurso  especial  provido  parcialmente."  (cf.  Acórdão  CSRF/02­01.416  da  2ª  Turma  da  CSRF,  no  Recurso  nº  .  115.731,  Processo  nº  10980.015233/9941, rel. Conselheiro Henrique Pinheiro Torres,  em sessão de 08/09/2003)”    Levando em conta o  art.  62­A do Anexo  II  do RICARF,  acrescentado  pela  Portaria MF nº 586, de 21.12.2010, que dispõe o seguinte:  “Art.  62­A.  As  decisões  definitivas  de  mérito,  proferidas  pelo  Supremo Tribunal  Federal  e  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça  em  matéria  infraconstitucional,  na  sistemática  prevista  pelos  artigos 543­B e 543­C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973,  Código  de  Processo  Civil,  deverão  ser  reproduzidas  pelos  conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.  §  1º  Ficarão  sobrestados  os  julgamentos  dos  recursos  sempre  que  o  STF  também  sobrestar  o  julgamento  dos  recursos  extraordinários  da  mesma  matéria,  até  que  seja  proferida  decisão nos termos do art. 543­B.  § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo  relator  ou  por  provocação  das  partes  Portanto  o  direito  ao  Fl. 702DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE, Assinado digitalmente em 1 1/01/2013 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLET O DUARTE Processo nº 13811.001716/99­44  Acórdão n.º 3401­002.014  S3­C4T1  Fl. 699          7 crédito de IPI está restrita apenas as aquisições feitas de pessoa  jurídica, sujeita a contribuição de PIS e Cofins. Se o insumo for  fornecido por pessoa jurídica não sujeita ao PIS/Pasep e Cofins,  ou  diretamente  por  pessoa  física,  não  há  direito  ao  crédito  presumido  destes  insumos.  Conclui  que  a  IN  nº.  23/97  não  extrapolou a regra prevista pelo art. 1º da Lei nº. 9.363/96.”    Após essa exposição, parece não haver dúvida de que há que se reconhecer o  crédito presumido, proveniente de insumos adquiridos de pessoas físicas e cooperativas.  Quanto  à  alegação  dos  créditos  referentes  aos  gastos  com  energia  elétrica,  água,  combustíveis,  telefonia  e  lenha,  em  outras  palavras  insumos  que  não  se  alteram  em  função de ação exercida sobre a fabricação do produto, a legislação dispõe, conforme dispõe o  art. 1º da Lei nº. 9.363/96, o qual segue abaixo: (grifamos)  “Art.  1º  A  empresa  produtora  e  exportadora  de  mercadorias  nacionais  fará  jus  a  crédito  presumido  do  Imposto  sobre  Produtos  Industrializados,  como  ressarcimento  das  contribuições de que tratam as Leis Complementares nºs 7, de 7  de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30  de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições,  no  mercado  interno,  de  matérias­primas,  produtos  intermediários  e  material  de  embalagem,  para  utilização  no  processo produtivo.”    O Decreto nº 2.637/98, vigente a época dos  fatos, corrobora com a idéia de  que é necessário, para contabilização do crédito, que a matéria­prima, produto intermediário ou  material  de  embalagem  deve  ser  utilizado  no  processo  produtivo,  mesmo  não  integrando  o  novo produto, conforme art. 147, inc. I do RIPI/98, que abaixo transcrevo: (grifos nossos)  Art.  147.  Os  estabelecimentos  industriais,  e  os  que  lhes  são  equiparados,  poderão  creditar­se  (Lei  nº  4.502,  de  1964,  art.  25):  I  ­  do  imposto  relativo  a  matérias­primas,  produtos  intermediários  e  material  de  embalagem,  adquiridos  para  emprego na  industrialização de  produtos  tributados,  incluindo­ se, entre as matérias­primas e produtos intermediários, aqueles  que,  embora  não  se  integrando  ao  novo  produto,  forem  consumidos  no  processo  de  industrialização,  salvo  se  compreendidos entre os bens do ativo permanente;    Portanto, verifica­se que insumo, para gerar o direito ao crédito de IPI, deve  ser consumido no processo de industrialização não precisando necessariamente integrar­se ao  novo  produto.  Entretanto,  a  contribuinte  não  comprovou  de  que  forma  estes  produtos  se  integram ao produto.  Não obstante, em relação aos valores referentes ao óleo diesel e à eletricidade  a Súmula CARF nº 19 dispõe: (grifos nossos)   “Súmula  CARF  nº  19:  Não  integram  a  base  de  cálculo  do  crédito  presumido  da  Lei  nº  9.363,  de  1996,  as  aquisições  de  combustíveis  e  energia  elétrica  uma  vez  que  não  são  Fl. 703DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE, Assinado digitalmente em 1 1/01/2013 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLET O DUARTE     8 consumidos  em  contato  direto  com  o  produto,  não  se  enquadrando  nos  conceitos  de  matéria­prima  ou  produto  intermediário.”    Outrossim, a telefonia não pode ser contemplada pelo conceito insumo, nem  que seja feita uma interpretação mais ampla deste conceito, carecendo também de força legal  para  o  seu  crédito.  Portanto,  são  corretas  as  glosas  efetuadas  a  respeito  de  energia  elétrica,  água, combustíveis, telefonia e lenha.  Finalmente,  quanto  a  inaplicabilidade  da  taxa  de  juros  SELIC  para  fins  de  ressarcimento  de  débitos  tributários,  trata  de  matéria  que  já  se  encontra  pacificada  neste  Tribunal Administrativo, conforme ementas abaixo reproduzidas: (grifamos)  “RESSARCIMENTO  DE  IPI.  ACRÉSCIMO  DE  JUROS  CALCULADOS  COM  BASE  NA  TAXA  SELIC.  APLICAÇÃO  DAS  DECISÕES  DO  STJ  PROFERIDAS  NO  RITO  DO  ART.  543­C. Na forma de reiterada jurisprudência oriunda do STJ, é  cabível a aplicação da taxa selic acumulada a partir da data de  protocolização  do  pedido  administrativo,  a  título  de  “atualização  monetária”  do  valor  requerido,  quando  o  seu  indeferimento  constitui  ilegítima  resistência  por  parte  da  Administração  tributária  (RESP  993.164)  (Acórdão  nº  9303­ 002.020,  da  3ª  Turma  do  CSRF,  no  recurso  nº  132.107,  Processo:  10665.000086/00­93, Rel. Júlio César Alves Ramos, em sessão de 14  de junho de 2012)”    “IMPOSTO  SOBRE  PRODUTOS  INDUSTRIALIZADOS  IPI  Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003  IPI. CRÉDITO  PRESUMIDO.  INSUMOS  ADQUIRIDOS  DE  NÃO  CONTRIBUINTES. Por  força  das  reiteradas  decisões  do  STJ e  do art. 62A do RICARF,  incluise na base de cálculo do crédito  presumido o valor das aquisições de insumos que não sofreram a  incidência do PIS e Cofins. CRÉDITO PRESUMIDO. ENERGIA  ELÉTRICA. As aquisições de energia elétrica estão excluídas do  cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, uma vez  que tal insumo não é considerado produto intermediário à luz da  legislação do IPI. Súmula CARF nº 19. CRÉDITO PRESUMIDO  DE  IPI.  RECEITA  DE  EXPORTAÇÃO.  EXCLUSÃO  DAS  VARIAÇÕES CAMBIAIS. As variações cambiais não compõem a  receita  de  exportação  para  efeito  de  apuração  do  crédito  presumido  de  IPI.  TAXA  SELIC.  Por  força  das  reiteradas  decisões  do  STJ  e  do  art.  62A  do  RICARF,  o  valor  do  ressarcimento  do  crédito  presumido  deve  ser  corrigido  pela  variação da taxa Selic. (Acórdão nº 3403­001.527, da 4ª Câmara da  3ª Turma Ordinária da 3ª Seção de Julgamento do CARF, Processo:  10783.901514/2008­33,  Rel.  Luduína  Maria  Alves  Macambira,  em  sessão de 21 de março de 2012)”    “CRÉDITO PRESUMIDO. IPI. AQUISIÇÃO DE INSUMOS DE  PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS. ADMISSIBILIDADE. A  Lei  n.  9.363/1996  permite  a  inclusão  na  base  de  cálculo  do  crédito  presumido  do  IPI  os  valores  referentes  a  aquisições  de  insumos  para  utilização  no  processo  produtivo  de  bens  destinados à exportação, independentemente de o fornecedor ser  pessoa  física  (produtor  rural)  ou  cooperativa.  Matéria  já  apreciada  pelo  STJ,  na  sistemática  dos  recursos  repetitivos.  Fl. 704DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE, Assinado digitalmente em 1 1/01/2013 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLET O DUARTE Processo nº 13811.001716/99­44  Acórdão n.º 3401­002.014  S3­C4T1  Fl. 700          9 CRÉDITO PRESUMIDO.  IPI. DEFINIÇÃO DE RECEITAS DE  EXPORTAÇÃO.  RESTRIÇÃO  A  BENS  NÃO  INDUSTRIIALIZADOS. PROCEDÊNCIA. A definição de receita  de  exportação  estabelecida  nas  Portarias  do  MF  encontra  expresso  amparo  no  art.  6o  da  Lei  nº  9.363(1996.  RESSARCIMENTO.  ATUALIZAÇÃO  MONETÁRIA.  TAXA  SELIC.  CABIMENTO.  O  crédito  referente  a  ressarcimento  sujeita­se  a  atualização monetária  (Taxa  SELIC),  a  partir  do  pedido,  até  a  data  de  sua  efetiva  utilização.  Matéria  já  apreciada  pelo  STJ,  na  sistemática  dos  recursos  repetitivos.(Acórdão  nº  3403­001.738,  da  4ª  Câmara  da  3ª  Turma  Ordinária  da  3ª  Seção  de  Julgamento  do  CARF,  Processo:  13807.006966/2004­59,  Rel.  Rosaldo  Trevisan,  em  sessão  de  22  de  agosto de 2012)”     Portanto,  verifica­se  que  o  crédito  referente  a  ressarcimento  sujeita­se  a  atualização monetária da taxa Selic.  Frente a  todo o exposto, voto por julgar parcialmente procedente o Recurso  Voluntário, acatando, pelos motivos acima expostos, o pleito relativo à aquisição de insumos  provenientes  de  pessoas  físicas  e  a  aplicação  da  taxa  Selic  para  atualização  monetária  do  crédito a ser ressarcido.     Relator  FERNANDO  MARQUES  CLETO  DUARTE  ­  Relator                               Fl. 705DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE, Assinado digitalmente em 1 1/01/2013 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por FERNANDO MARQUES CLET O DUARTE

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Numero do processo: 16004.720031/2012-22
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Mar 01 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/2009 a 30/04/2011 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. OMISSÃO NA ARRECADAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS A SERVIÇO DA EMPRESA. Ao deixar de efetuar a arrecadação da contribuição dos segurados a seu serviço, incidentes sobre a totalidade das remunerações limitadas ao teto legal, o sujeito passivo incorre em descumprimento de obrigação acessória. ÓRGÃO PÚBLICO. ANOTAÇÃO NA CTPS DE SERVIDOR CONTRATADO SEM CONCURSO APÓS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. INEXIGIBILIDADE. Não se pode exigir que os órgãos públicos procedam às anotações em CTPS de servidores contratados sem concurso após a Constituição Federal de 1988. Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2401-002.861
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir a multa aplicada no AI n.º 51.116.917-1. Elias Sampaio Freire - Presidente Kleber Ferreira de Araújo - Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir a multa aplicada no AI n.º 51.116.917-1. Elias Sampaio Freire - Presidente Kleber Ferreira de Araújo - Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2270; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C4T1  Fl. 1.834          1 1.833  S2­C4T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  16004.720031/2012­22  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2401­002.861  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  23 de janeiro de 2013  Matéria  CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS  Recorrente  OLÍMPIA PREFEITURA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2009 a 30/04/2011  PROGRAMAS  DE  FRENTE  DE  TRABALHO.  PRESTAÇÃO  DE  SERVIÇO EM ATIVIDADES ORDINÁRIAS DO SERVIÇO MUNICIPAL.  FALTA  DE  COMPROVAÇÃO  DO  OFERECIMENTO  DE  CAPACITAÇÃO. OCORRÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DA RELAÇÃO  DE  EMPREGO.  CARACTERIZAÇÃO  DOS  PARTICIPANTES  COMO  SEGURADOS EMPREGADOS. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES.  Incidem  contribuições  sobre  os  valores  pagos  aos  participantes  dos  programas denominados “Frentes de Trabalho”, nos caos em que a prestação  do  serviço  se  dá  em  atividades  que  consistem  em  necessidade  contínua  do  órgão  público  contratante  e  preenche  os  requisitos  da  relação  de  emprego,  mormente, quando não se comprova o oferecimento de cursos de capacitação  profissional.  ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS  Período de apuração: 01/01/2009 a 30/04/2011  DESCUMPRIMENTO  DE  OBRIGAÇÃO  ACESSÓRIA.  OMISSÃO  NA  ARRECADAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS A SERVIÇO  DA EMPRESA.  Ao  deixar  de  efetuar  a  arrecadação  da  contribuição  dos  segurados  a  seu  serviço,  incidentes  sobre  a  totalidade  das  remunerações  limitadas  ao  teto  legal, o sujeito passivo incorre em descumprimento de obrigação acessória.  ÓRGÃO  PÚBLICO.  ANOTAÇÃO  NA  CTPS  DE  SERVIDOR  CONTRATADO SEM CONCURSO APÓS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL  DE 1988. INEXIGIBILIDADE.  Não se pode exigir que os órgãos públicos procedam às anotações em CTPS  de servidores contratados sem concurso após a Constituição Federal de 1988.  Recurso Voluntário Provido em Parte.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 72 00 31 /2 01 2- 22 Fl. 1834DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 17/02 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE     2     Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.    ACORDAM  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  dar  provimento parcial ao recurso para excluir a multa aplicada no AI n.º 51.116.917­1.    Elias Sampaio Freire ­ Presidente    Kleber Ferreira de Araújo ­ Relator    Participaram  do  presente  julgamento  o(a)s  Conselheiro(a)s  Elias  Sampaio  Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira,  Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.  Fl. 1835DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 17/02 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 16004.720031/2012­22  Acórdão n.º 2401­002.861  S2­C4T1  Fl. 1.835          3   Relatório  Trata­se de Autos de Infração – AI lavrados contra o ente público acima para  exigência das contribuições patronais para a Seguridade Social,  inclusive aquela destinada ao  financiamento  dos  benefícios  concedidos  em  razão  do  grau  de  incidência  de  incapacidade  laborativa  decorrente  dos  riscos  ambientais  do  trabalho  –  RAT,  AI  n.º  51.016.920­1,  e  das  contribuições dos segurados, AI n.º 51.016.921­0.  O  fato gerador apurado diz  respeito a pagamentos decorrentes do programa  assistencial denominado “Frentes de Trabalho”,  instituído pela Lei Municipal n. 2.898, de 25  de outubro de 2001. Segundo o fisco, o programa admitia trabalhadores com dezoito anos ou  mais, residentes a mais de dois anos no Município e com tempo desemprego superior ou igual  a seis meses.  Assevera­se  que  os  trabalhadores  incluídos  na  “Frentes  de  Trabalho”  executavam  serviços  de  limpeza,  conservação  e  manutenção  do  patrimônio  público  da  administração direta e indireta e de bens de entidades privadas sem fins lucrativos.  Informa­se que os participantes  recebiam uma bolsa no valor de um salário  mínimo e que tinham que cumprir as cláusulas dos termos de adesão, dentre as quais se destaca  a carga horária diária de oito horas.  A  Autoridade  Fiscal  considerou  os  trabalhadores  como  segurados  empregados da Prefeitura, apresentando as seguintes justificativas:  a)  há  um  contrato  de  locação  de  serviço  (termo  de  adesão),  pelo  prazo  de  doze a dezoito meses, conforme documentação acostada por amostragem;  b)  há  obrigatoriedade  de  frequência  ao  local  de  trabalho,  com  duração  da  jornada pré­estabelecida;  c)  os  bolsistas  do  programa  “Frentes  de  Trabalho”  faziam  jus  a  benefícios  concedidos aos demais servidores, a exemplo de seguro de acidentes pessoais;  d) existe subordinação jurídica, haja vista a previsão da aplicação de penas de  desconto da remuneração e exclusão do programa;  e)  as  oito  horas  de  trabalho  não  dizem  respeito  à  aprendizagem  ou  capacitação, mas tem por fim atender a necessidades da Prefeitura.  Afirma  o  fisco  que,  nos  termos  dos  contratos  efetivados  para  inclusão  no  programa,  verificou  estarem  presentes  os  elementos  caracterizadores  da  relação  de  emprego,  além de que não foi detectada situação de emergência ou de excepcional interesse público, que  justificasse a contratação nos termos do art. 37, IX, da Constituição Federal.  Também  constam  do  processo  os  seguintes  AI  lavrados  para  aplicação  de  multa decorrentes do descumprimento de obrigação acessória:  Fl. 1836DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 17/02 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE     4 a)  AI  n.º  51.016.916­3:  por  deixar  o  sujeito  passivo  de  arrecadar  a  contribuição dos segurados, decorrentes dos fatos geradores acima narrados; e  b)  AI  n.º  51.016.917­1:  por  deixar  o  sujeito  passivo  de  inscrever  na  Previdência Social os participantes do programa “Frentes de Trabalho”.  Cientificada dos lançamentos em 30/01/2012, o Município ofertou defesa, na  qual alegou o programa “Frentes de Trabalho” tem caráter eminentemente social, não havendo,  portanto, formação do vínculo de emprego.  O  referido  programa,  afirmou,  tem  por  fim  promover  o  princípio  constitucional da dignidade da pessoa humana, preparando os participantes para reingresso no  mercado  de  trabalho,  mediante  capacitação  em  diversas  atividades  relacionadas  a  serviços  públicos.  Alegou  que  os  valores  disponibilizados  ao  bolsistas  não  podem  ser  equiparados a remuneração, até porque a Constituição veda a contratação de trabalhadores pelo  regime da CLT, conforme redação do art. 39, restaurada após a decisão do Supremo Tribunal  Federal na ADI n.º 2.135.  A  exigência  das  contribuições  sobre  as  bolsas  do  programa  “Frentes  de  Trabalho” fere a autonomia municipal.  Pede o cancelamento das autuações.  A  9.ª  Turma  de  Julgamento  da  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  ­  DRJ  em  Ribeirão  Preto  (SP)  julgou  improcedente  a  impugnação,  mantendo  integralmente os créditos.  De acordo com entendimento do órgão a quo, os bolsistas enquadram­se na  previsão da alínea “a” do inciso I do art. 12 da Lei n.º 8.212/1991, por esse motivo, merecem o  tratamento de segurados empregados.  Afirma­se que o  fato do Município denominar os  pagamentos de bolsa não  altera  o  seu  caráter  contraprestativo.  Embora  não  possa  haver  o  reconhecimento  do  vínculo  empregatício, aduziu a DRJ, é legal a incidência de contribuições previdenciárias.  Alega­se  ainda não  ter havido a  comprovação de que os bolsistas  recebiam  treinamento.  Inconformado,  o  sujeito  passivo  interpôs  recurso  voluntário,  no  qual,  inicialmente  apresentou  a  legislação  estadual  e  municipal  concernentes  ao  programa  denominado  “Frentes  de  Trabalho”,  para  comprovar  que  os  valores  pagos  aos  participantes  tratavam­se  de  bolsas,  concedidas  temporariamente  a  desempregados,  os  quais  eram  submetidos à qualificação profissional.  Afirmou  que  o  caráter  assistencial  e  de  formação  afasta  qualquer  possibilidade de criação do vínculo de emprego previsto na CLT.  Apresentou  jurisprudência que afasta a  incidência de contribuições sobre os  valores  pagos  a  título  de  bolsa  por  participação  em  programa  emergencial  de  auxílio  desemprego, sob a  justificativa de  inexistir o  liame empregatício entre o  trabalhador e a ente  público, mas vínculo meramente administrativo.  Fl. 1837DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 17/02 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 16004.720031/2012­22  Acórdão n.º 2401­002.861  S2­C4T1  Fl. 1.836          5 Alega que não se aplicam as disposições da CLT ao referido programa, posto  que, conforme a vasta  jurisprudência colacionada, os bolsistas  somente  têm direito às verbas  previstas no contrato administrativo e na legislação municipal que embasou o seu ingresso na  ação emergencial de auxílio aos desempregados.  Não  se  caracteriza  emprego,  defende,  a  inscrição  voluntária  em  programa  social  que  envolve  qualificação  e  frentes  de  trabalho  similares  a  mutirões,  cuja  benesse  financeira  é  o  recebimento  de  ajuda  de  custo,  para  prestação  de  serviços  sem  controle  de  jornada de trabalho.  Asseverou  que  a  bolsa  recebida  pelos  participantes  tem  cunho  de  ajuda  financeira  para  suprir  necessidades  como  alimentação,  transporte,  despesas  escolares  e  vestuário, portanto, não se subsume ao conceito jurídico de salário­de­contribuição.  O  vínculo  previdenciário  dos  bolsistas,  advogou,  poderia  se  dar  como  facultativo,  a  exemplo  do  que  ocorre  com  os  estagiários,  jamais  na  condição  de  segurados  empregados.  Sustentou que tributação das verbas sob questão representa verdadeira afronta  ao princípio da legalidade, posto que o fisco faz incidir contribuições sobre verba não prevista  na Lei n.º 8.212/1991.  Requer o provimento do recurso.  É o relatório.  Fl. 1838DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 17/02 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE     6   Voto             Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator  Admissibilidade  O  recurso  merece  conhecimento,  posto  que  preenche  os  requisitos  de  tempestividade e legitimidade.  Incidência de contribuições sobre os repasses efetuados a título de bolsa  A  lavratura  teve  como  motivação  a  suposta  prestação  de  serviços  pelos  trabalhadores  inscritos  no  programa  “Frentes  de  Trabalho”  na  condição  de  segurados  empregados.  Afirmou o fisco que a atividade laboral continha os requisitos da alínea “a”  do inciso I do art. 12 da Lei n.º 8.212/1991, posto que estariam presentes a subordinação, a não  eventualidade  e  a  remuneração.  Feita  essa  constatação,  foram  os  trabalhadores  enquadrados  como  segurados  empregados  e  apuradas  as  contribuições  previdenciárias  incidentes  sobre  os  valores repassados pela Municipalidade aos participantes do programa.  O  sujeito  passivo,  para  afastar  a  tributação,  alegou  que  inexiste  vínculo  de  emprego, conforme prescrevem as leis estadual e municipal que tratam do programa “Frentes  de Trabalho”. Asseverou que os pagamentos referem­se a bolsas de caráter assistencial, além  de  que  eram  disponibilizadas  para  fazer  frente  a  despesas  dos  participantes,  os  quais  eram  submetidos a programas de capacitação para reingresso no mercado de trabalho.  Confrontemos, então, os argumentos e as provas.  Observa­se que a Lei Municipal n.º 2.898, de 25 de outubro de 2001, prevê  que  o  ingresso  no  programa  “Frentes  de  Trabalho”  tem  por  finalidade  oferecer,  aos  desempregados  residentes  no  Município  de  Olímpia,  ocupação,  renda  e  qualificação  profissional,  mediante  a  realização  de  cursos  promovidos  diretamente  pela  Prefeitura  ou  mediante convênio com entidades educacionais (art. 1.º e § 1.º do art. 2.º).  Nos  termos  do  parágrafo  único  do  art.  5.º  do  mesmo  diploma  legal,  a  participação no programa não implica em reconhecimento de vínculo empregatício.  De fato, se a situação fática encontrada pelo fisco coincidisse com os ditames  da  Lei  n.º  2.898/2001,  certamente  não  haveria  de  se  exigir  contribuições  sobre  as  bolsas  fornecidas pelo programa assistencial.  Todavia,  o  relato  do  fisco  dá  conta  da  ocorrência  de  prestação  de  serviço  pelos  trabalhadores  incluídos  no  programa  nas  atividades  de  manutenção,  limpeza  e  conservação  do  patrimônio  público  e  de  entidades  privadas  sem  fins  lucrativos.  Afirmou  a  Autoridade  Fiscal  que  o  trabalho  era  realizado  em  jornada  de  oito  horas  diárias,  com  subordinação,  haja  vista  a  possibilidade  de  aplicação  de  penas  aos  que  não  seguissem  as  normas constantes em termo de adesão.  Fl. 1839DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 17/02 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 16004.720031/2012­22  Acórdão n.º 2401­002.861  S2­C4T1  Fl. 1.837          7 O  órgão  recorrido,  por  sua  vez,  justificou  a  manutenção  do  lançamento  principalmente no fato da Prefeitura não ter comprovado a realização de cursos de capacitação  profissional dirigidos aos participantes do programa “Frentes de Trabalho”.  Esse  ponto,  diga­se  de  passagem,  não  chegou  a  ser  contraditado  pela  recorrente,  que  não  trouxe  aos  autos  nenhum  documento  que  pudesse  atestar  que  os  trabalhadores receberam os alegados treinamentos.  O que se observa que é os integrantes do programa laboravam em atividades  típicas  do  serviço  público  municipal,  mediante  o  pagamento  de  um  valor  fixo  mensal,  acrescido  de  outras  vantagens  concedidas  aos  servidores  públicos municipais,  a  exemplo  de  seguro de vida.  A  designação  dos  trabalhadores  para  as  atividades  acima  mencionadas  contraria o que dispõe a Lei Paulista n.º 10.321, de 08 de junho de 1999, que criou o Programa  Emergencial de Auxílio Desemprego, a qual prescreve:  Art. 6.º A participação do bolsista no Programa Emergencial de  Auxílio  Desemprego  implica  na  colaboração,  em  caráter  eventual,  mediante  a  prestação  de  serviços  de  interesse  da  comunidade  local,  do  município,  ou  de  órgãos  públicos,  sem  vínculo  de  subordinação,  para  o  exercício  de  tarefas  que  não  constituam atribuições destes órgãos ou objeto de contratação e  também  sem  comprometimento  das  atividades  já  desenvolvidas.(grifos nossos).  Ao  criar  o  programa,  que  serviu  de  inspiração  para  ação  semelhante  no  âmbito do Município de Olímpia, o legislador estadual teve a cautela de impor barreiras para  evitar que os participantes das “Frentes de Trabalho” fossem alocados em substituição à mão  de obra rotineiramente utilizada pelos órgãos públicos, de modo que o referido programa não  viesse  retirar do mercado de  trabalho pessoas que  já  atuavam na prestação de  serviço,  como  funcionários  públicos  ou  na  condição  de  terceirizados. O  que  representaria  uma  incoerência  sem tamanho.  Ocorre  que  os  trabalhadores  das  “Frentes  de  Trabalho”  laboravam  em  atividades típicas do serviço público municipal, desvirtuando o objetivo da ação assistencial.  Esse  mesma  situação  foi  enfrentada  por  essa  Turma,  no  julgamento  do  processo  n.º  159383.000282/2010­86,  no  qual  prevaleceu  o  entendimento  de  que  haveria  incidência  de  contribuições  sobre  os  valores  pagos  a  trabalhadores  integrantes  de  programa  semelhante,  cuja  prestação  de  serviço  a  outro município  paulista  preenchia  os  requisitos  da  relação de emprego.  Peço  licença  para  transcrever  excerto  do  voto  do  Conselheiro  Relator  Marcelo Freitas de Souza Costa:  “Em  que  pese  os  argumentos  da  recorrente,  estes  não  são  capazes  de  excluir  do  levantamento,  os  valores  pagos  aos  segurados.  Como bem salientou o Auditor Fiscal, embora houvesse referida  cláusula, restou comprovados os requisitos que caracterizam os  Fl. 1840DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 17/02 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE     8 trabalhadores como segurados obrigatórios do Regime Geral de  Previdência Social – RGPS.  Referidos  laboristas,  cumpriam  jornada de trabalho pré  fixada,  recebiam  remuneração,  havia  a  pessoalidade  já  que  não  poderiam se fazer substituir por outro e recebiam ordens a serem  cumpridas, o que demonstra claramente a subordinação.  Ademais, pelo próprio termo utilizado na lei municipal, verifica­ se  que  não  haveria  como os  trabalhos  serem  realizados  sem  a  subordinação, conforme quer fazer entender o recorrente. Senão,  quais  seriam  as  atividades  práticas  realizadas  em  prol  da  municipalidade?  Seriam  os  próprios  trabalhadores  a  definir  o  que, como e onde realizá­las? Certamente que não.  Embora  conste  na  lei municipal  que  a  concessão  das  referidas  bolsas  não  geraria  vínculo  empregatício  com  a  prefeitura,  os  trabalhadores  se  enquadram  perfeitamente  na  qualidade  de  segurados obrigatórios da Previdência Social, devendo haver o  recolhimento  das  contribuições  incidentes  sobre  as  remunerações auferidas.”  Esse foi o voto condutor do acórdão n.º 2401­002.529, que, por unanimidade,  negou provimento ao  recurso voluntário, mantendo  integralmente as contribuições  incidentes  sobre os valore pagos a título de bolsa aos participantes do programa “Frentes de Trabalho”.  Voltando  ao  caso  que  nos  é  posto,  já  é  possível  se  concluir  que,  tendo  os  trabalhadores laborado em atividades ordinárias do serviço municipal, mediante remuneração e  sob subordinação à Prefeitura Municipal, são os mesmos enquadrados perante o Regime Geral  de Previdência Social, na condição de segurados empregados, sendo devidas as contribuições  sobre as remunerações percebidas.  A obrigação de reter a contribuição dos segurados  A par das considerações acima, acerca do enquadramento previdenciário dos  participantes das “Frentes de Trabalho” da Prefeitura de Olímpia como segurados empregados,  é  exigível  do  sujeito  passivo  a  obrigação  de  efetuar  a  arrecadação  da  contribuições  dos  segurados,  mediante  desconto  da  remuneração,  conforme  determina  a  Lei  n.º  8.212/1991,  verbis:  Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de  outras  importâncias  devidas  à  Seguridade  Social  obedecem  às  seguintes normas: (Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93)   I ­ a empresa é obrigada a:   a)  arrecadar  as  contribuições  dos  segurados  empregados  e  trabalhadores  avulsos  a  seu  serviço,  descontando­as  da  respectiva remuneração;   (...)  Devemos,  assim,  ter  como  procedente  a  multa  aplicada  em  face  do  não  cumprimento da obrigação acima tratada.  Fl. 1841DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 17/02 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 16004.720031/2012­22  Acórdão n.º 2401­002.861  S2­C4T1  Fl. 1.838          9   A obrigação de inscrever os segurados no RGPS  Afirma o fisco que a Prefeitura autuada deixou de inscrever os segurados no  RGPS,  pois,  embora  tenha  apresentado  os  termos  de  adesão  ao  programa  “Frentes  de  Trabalho”, deixou de efetuar o registro dos trabalhadores no livro ou ficha própria, bem como  não  fez  a  anotação  na  Carteira  de  Trabalho  e  Previdência  Social  –  CTPS,  nem  declarou  as  remunerações correspondentes na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de  Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP.  Essa  autuação  não  procede,  posto  que  as  três  condutas  apontadas  não  justificam a aplicação da multa imposta, conforme veremos.  A  acusação  da  falta  de  lançamento  nas  fichas  de  registro  de  empregados  contradiz  trecho do próprio  relato do  fisco,  posto que há  ali  informação em sentido diverso,  conforme excerto que transcrevemos:  “4.8.  As  fichas  de  frequência,  conforme  documentos  por  amostragem  de  fls.  690/1442  e  as  fichas  de  registro  de  empregados,  por  amostragem  de  fls.  1538/1589,  apresentavam  um  controle,  do  comparecimento  do  trabalhador  no  local  de  prestação  de  serviços,  salário,  eventuais  faltas,  transferências  para  outros  locais,  horário  de  trabalho,  descanso  semanal  e  demais  ocorrências  características  da  relação de  emprego.”(fl.  1643)  Há  de  se  concluir  que  havia  o  lançamento  dos  trabalhadores  nas  fichas  de  registro de empregados, não se configurando a falta quanto a esse aspecto.  Por outro  lado,  a anotação na CTPS não poderia  ser exigida do Município,  posto que a teor da Súmula TST n.º 363, o servidor contratado sem concurso somente faz jus  ao recebimento dos salários e dos valores relativos aos depósitos do FGTS. Eis o verbete:  TST  Enunciado  nº  363  ­  Res.  97/2000,  DJ  18.09.2000  ­  Republicação  ­ DJ 13.10.2000  ­ Republicação DJ 10.11.2000  ­  Nova Redação ­ Res. 111/2002, DJ 11.04.2002 ­ Nova redação ­  Res. 121/2003, DJ 21.11.2003 Contratação de Servidor Público  sem  Concurso  ­  Efeitos  e  Direitos  A  contratação  de  servidor  público,  após  a  CF/1988,  sem  prévia  aprovação  em  concurso  público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente  lhe  conferindo  direito  ao  pagamento  da  contraprestação  pactuada,  em  relação  ao  número  de  horas  trabalhadas,  respeitado  o  valor  da  hora  do  salário  mínimo,  e  dos  valores  referentes aos depósitos do FGTS.  Assim, não  se pode punir  a autuada pela  falta de  anotação na CTPS, posto  que essa conduta não lhe poderia ser exigida, conforme a Súmula do TST transcrita. O vínculo  do trabalhador para com a Municipalidade era comprovado mediante contrato administrativo,  cujo instrumento é o termo de adesão.  Quanto  à  falta  de  declaração  dos  segurados  na  GFIP,  esta  é  obrigação  acessória que, uma vez descumprida, é punida com a multa prevista no art. 32­A, I, da Lei n.º  Fl. 1842DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 17/02 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE     10 8.212/1991,  não  podendo  ser  objeto  de  autuação  sob  outro  fundamento  legal,  sob  pena  da  ocorrência de dupla penalidade pelo mesmo fato, o que não pode ser admitido.  Deve­se então cancelar a multa relativa ao AI n.º 51.116.917­1.  Conclusão  Voto por dar provimento parcial ao recurso para excluir a multa aplicada no  AI n.º 51.116.917­1.    Kleber Ferreira de Araújo                              Fl. 1843DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 17/02 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE

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Numero do processo: 10670.720072/2010-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Dec 03 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL. PAGAMENTO ANTECIPADO. CONTAGEM A PARTIR DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR Constatando-se a antecipação de pagamento parcial do tributo aplica-se, para fins de contagem do prazo decadencial, o critério previsto no § 4.º do art. 150 do CTN, ou seja, cinco anos contados da ocorrência do fato gerador. Recurso Voluntário Provido em Parte Os valores pagos pela empresa para custear despesas com alimentação efetuadas pelo seus empregados em estabelecimentos conveniados sujeitam-se à incidência de contribuições sociais, por não estarem em consonância com a norma que prevê a exclusão desse tipo de parcela do salário de contribuição. MATERIAL ESCOLAR. DISPONIBILIZAÇÃO A PARTE DO QUADRO FUNCIONAL. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. Fornecimento de verba para compra de material escolar, não extensível a todos os empregados e diretores da empresa, é considerado base de cálculo para incidência de contribuições sociais. FALTA DE PAGAMENTO DO TRIBUTO E DECLARAÇÃO INCORRETA EM GFIP. MULTA MAIS BENÉFICA. AFERIÇÃO CONSIDERANDO TODOS AS LAVRATURAS EFETUADAS NA AÇÃO FISCAL. Nos casos em que tenha havido falta de recolhimento das contribuições e declaração incorreta dos fatos geradores em GFIP, para a aferição da multa mais benéfica, deve-se cotejar a soma da multa por inadimplemento da obrigação principal (art. 35 da Lei n.º 8.212/1991) e da multa por descumprimento da obrigação acessória (§ 5.º do art. 32 da Lei n.º 8.212/1991) com a atual multa de ofício (art. 35-A da Lei n.º 8.212/1991), prevalecendo a que seja mais favorável ao contribuinte. MULTA. LIMITE DE 20% DA CONTRIBUIÇÃO DEVIDA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. O limite da multa previsto no § 2.º do art. 61 da Lei n.º 9.430/1996 (20% da contribuição devida) somente é cabível para recolhimento espontâneo.
Numero da decisão: 2401-002.737
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, I) por maioria de votos, declarar a decadência até a competência 11/2005, vencida a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, que aplicava a regra do art. 173, I do CTN. II) Pelo voto de qualidade, no mérito, dar provimento parcial ao recurso, para excluir do lançamento as parcelas relativas a horas extras. Vencidos os conselheiros Marcelo Freitas de Souza Costa, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Walter Murilo Melo de Andrade, que davam provimento parcial em maior extensão, para limitar, também, a multa ao patamar de 20%. Elias Sampaio Freire - Presidente Kleber Ferreira de Araújo - Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Walter Murilo Melo de Andrade, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2315; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C4T1  Fl. 2.718          1 2.717  S2­C4T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10670.720072/2010­18  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2401­002.737  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  18 de outubro de 2012  Matéria  CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS  Recorrente  COMPANHIA DE TECIDOS NORTE DE MINAS COTEMINAS  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005  VERBAS  CONTROVERSAS.  DISCUSSÃO  NA  JUSTIÇA  DO  TRABALHO.  OCORRÊNCIA  DO  FATO  GERADOR.  PRONUNCIAMENTO DEFINITIVO DO PODER JUDICIÁRIO.  Somente  consideram­se  ocorridos  os  fatos  geradores  de  contribuições  previdenciárias,  para  as  verbas  que  estejam  sobre  discussão  na  Justiça  do  Trabalho, quando esta se pronunciar definitivamente sobre a lide.  ALIMENTAÇÃO.  PAGAMENTO  PARCIAL  PELO  SUJEITO  PASSIVO  DE COMPRAS EFETUADAS PELOS EMPREGADOS. INCIDÊNCIA DE  CONTRIBUIÇÕES.  Os  valores  pagos  pela  empresa  para  custear  despesas  com  alimentação  efetuadas pelo seus empregados em estabelecimentos conveniados sujeitam­ se  à  incidência  de  contribuições  sociais,  por  não  estarem  em  consonância  com  a  norma  que  prevê  a  exclusão  desse  tipo  de  parcela  do  salário  de  contribuição.  MATERIAL ESCOLAR. DISPONIBILIZAÇÃO A PARTE DO QUADRO  FUNCIONAL. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES.  Fornecimento  de  verba  para  compra  de  material  escolar,  não  extensível  a  todos os empregados e diretores da empresa,  é considerado base de cálculo  para incidência de contribuições sociais.  FALTA  DE  PAGAMENTO  DO  TRIBUTO  E  DECLARAÇÃO  INCORRETA  EM  GFIP.  MULTA  MAIS  BENÉFICA.  AFERIÇÃO  CONSIDERANDO TODOS AS LAVRATURAS EFETUADAS NA AÇÃO  FISCAL.  Nos  casos  em  que  tenha  havido  falta  de  recolhimento  das  contribuições  e  declaração  incorreta dos fatos geradores em GFIP, para a aferição da multa  mais  benéfica,  deve­se  cotejar  a  soma  da  multa  por  inadimplemento  da     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 0. 72 00 72 /2 01 0- 18 Fl. 2718DF CARF MF Impresso em 03/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/11/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/11 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/11/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE     2 obrigação  principal  (art.  35  da  Lei  n.º  8.212/1991)  e  da  multa  por  descumprimento  da  obrigação  acessória  (§  5.º  do  art.  32  da  Lei  n.º  8.212/1991)  com a  atual multa  de ofício  (art.  35­A da Lei  n.º  8.212/1991),  prevalecendo a que seja mais favorável ao contribuinte.  MULTA.  LIMITE  DE  20%  DA  CONTRIBUIÇÃO  DEVIDA.  LANÇAMENTO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE.  O limite da multa previsto no § 2.º do art. 61 da Lei n.º 9.430/1996 (20% da  contribuição devida) somente é cabível para recolhimento espontâneo.  ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005  PREVIDENCIÁRIO.  PRAZO  DECADENCIAL.  PAGAMENTO  ANTECIPADO. CONTAGEM A PARTIR DA OCORRÊNCIA DO FATO  GERADOR  Constatando­se a antecipação de pagamento parcial do tributo aplica­se, para  fins de contagem do prazo decadencial, o critério previsto no § 4.º do art. 150  do CTN, ou seja, cinco anos contados da ocorrência do fato gerador.  Recurso Voluntário Provido em Parte      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  ACORDAM os membros  do  colegiado,  I)  por maioria  de  votos,  declarar  a  decadência até a competência 11/2005, vencida a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva  Vieira, que aplicava a regra do art. 173, I do CTN. II) Pelo voto de qualidade, no mérito, dar  provimento parcial ao recurso, para excluir do lançamento as parcelas relativas a horas extras.  Vencidos  os  conselheiros Marcelo  Freitas  de Souza Costa, Rycardo Henrique Magalhães  de  Oliveira e Walter Murilo Melo de Andrade, que davam provimento parcial em maior extensão,  para limitar, também, a multa ao patamar de 20%.    Elias Sampaio Freire ­ Presidente    Kleber Ferreira de Araújo ­ Relator    Participaram  do  presente  julgamento  o(a)s  Conselheiro(a)s  Elias  Sampaio  Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Walter Murilo Melo de Andrade, Elaine Cristina Monteiro e  Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.  Fl. 2719DF CARF MF Impresso em 03/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/11/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/11 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/11/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10670.720072/2010­18  Acórdão n.º 2401­002.737  S2­C4T1  Fl. 2.719          3   Relatório  Trata­se do Auto de Infração – AI n.º 37.299.851­8, lavrado contra o sujeito  passivo  acima  para  exigência  de  diferenças  de  contribuições  dos  segurados  empregados  não  declaradas  na  Guia  de  Recolhimento  do  Fundo  de  Garantia  do  Tempo  de  Serviço  e  Informações à Previdência Social ­ GFIP.  O  Relatório  Fiscal,  fls.  19/28,  enumera  os  fatos  geradores  presentes  no  lançamento, conforme a seguir.  Horas extras ­ com acréscimo de 50%, para os empregados que laboravam  no turno de 22 às 6h e que tiveram redução do intervalo intrajornada de 1 hora para 40 minutos  no estabelecimento 22.677.520/0012­29 (a partir de 10/2004) e de 1 hora para 30 minutos nos  demais estabelecimentos.  Subsídio alimentação  ­  fornecido pela empresa para  compras de alimentos  realizadas  em  supermercados  mediante  a  utilização  de  cartão.  Afirma­se  que  o  segurado  adquiria  produtos  até  o  limite  de  30%  do  seu  salário,  sendo  o  desconto  efetuado  no  mês  seguinte à compra, porém, a empresa arcava com parte da despesa, parcela que denominou de  subsídio.   Concluiu  o  Fisco  que,  por  não  se  enquadrar  nas  normas  de  execução  do  Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, o valor correspondente ao subsídio deveria  sofrer a incidência das contribuições sociais.  Subsídio  material  escolar  –  fornecido  para  os  empregados  que  comprovassem estar estudando e/ou possuir dependentes frequentando a escola.  Informa­se  que  a  multa  foi  aplicada  considerando­se  as  alterações  promovidas  pela  MP  n.º  449/2008,  posteriormente  convertida  na  Lei  n.º  11.941/2009,  com  observância do valor mais benéfico  ao  sujeito passivo, quando  se  comparou a  totalidade das  autuações lavradas na ação fiscal.  Cientificada em 13/12/2010, a empresa ofertou impugnação, fls.1.992/2.043,  na qual alegou que:  a) ocorreu decadência de parte das contribuições lançadas;  b) contesta a  incidência de contribuição sobre as diferenças de horas extras,  ao  argumento de que se  tratam de meras  expectativas de direito,  pois nem  foram pagas pela  empregadora,  que  as  entende  indevidas,  nem  foram  objetos  de  condenação  pela  Justiça  do  Trabalho;  c)  que  os  valores  considerados  não  são  remunerações  pagas  ou  creditadas  pela impugnante e nem podem ser tidas como remuneração devida, mesmo que em tese;  Fl. 2720DF CARF MF Impresso em 03/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/11/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/11 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/11/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE     4 d)  que  as  verbas  devidas  a  que  se  refere  o  art.  22,  I  da  Lei  8.212/91,  são  aquelas  incontroversas,  reconhecidas  pelo  próprio  empregador,  porém,  não  devidamente  quitadas, ou, pelo Poder Judiciário, quando devidamente provocado;  e)  Contesta  a  inclusão  no  levantamento  de  empregados:  I)  que  já  nem  poderiam pleitear a verba em vista do prazo prescricional previsto no art. 11 da CLT; II) que  aderiram  a  acordos  na  Justiça  do  Trabalho;  e  III)  que  ingressaram  com  reclamatórias  trabalhistas individuais;  f)  aponta  erros  cometidos  pelo  Fisco  quando  do  cálculo  do  valor  da  hora  extra;  g) do valor do vale alimentação concedido aos empregados, apenas pequena  parte, de 26 a 27%, é custeada pela empresa;  h) o referido subsídio não tem natureza salarial, posto que fornecido por mera  liberalidade  do  empregador,  não  sendo  contraprestação  pelo  trabalho,  além  de  que  foi  pago  apenas durante a vigência da Convenção Coletiva de Trabalho, não sendo, portanto, habitual;  i)  deve­se  levar  em  conta  que  o  subsídio  alimentação  não  é  concedido  em  pecúnia e que apenas parte do custeio é suportado pelo empregador;  j) traz jurisprudência e textos doutrinários que abonariam a sua tese quanto à  não incidência de contribuições sobre a verba alimentação;  k)  fornece uma vez  por  ano, mediante  convênio  com  livrarias  e  papelarias,  auxílio  material  escolar,  correspondente  a  no  máximo  um  terço  do  salário  mínimo  para  empregados estudantes sem dependentes e até meio salário mínimo para aqueles que possuem  dependentes matriculados;  l) nos termos dos acordos coletivos colacionados, essa verba não se incorpora  ao salário dos empregados;  m)  o  auxílio material  escolar  não  tem  natureza  salarial,  conforme  dispõe  o  inciso II do § 2.º do art. 458 da CLT;  n)  esse  benefício  é  fornecido  sem  qualquer  exigência  de  aumento  de  produtividade ou qualquer tipo de contraprestação por parte do empregado;  o) a própria Lei n.º 8.212/1991, em seu art. 28, § 9.º, alínea “t” prescreve a  não  incidência  de  contribuições  sobre  valores  relativos  a  planos  educacionais  que  visem  à  educação básica;  p)  a  jurisprudência  da  Justiça  Federal  tem  repelido  a  incidência  de  contribuições sobre parcelas dessa natureza;  q)  a  multa  lhe  foi  imposta  em  patamar  mais  gravoso  que  aquele  previsto  quando da ocorrência dos fatos geradores, deve­se, portanto, substituir a multa de ofício (75%  da  contribuição  devida)  pela multa  de mora  de  20%,  que  é  atualmente  prevista  ou,  quando  muito, cabe a utilização das regras dispostas no inciso II do art. 35 da Lei n.º 8.212/1991, na  redação vigente até a publicação da MP n.º 449/2008.  Por  fim, pede o reconhecimento parcial da decadência; cancelamento do AI  ou a redução do valor da multa.  Fl. 2721DF CARF MF Impresso em 03/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/11/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/11 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/11/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10670.720072/2010­18  Acórdão n.º 2401­002.737  S2­C4T1  Fl. 2.720          5 A Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  –  DRJ  em  Belo  Horizonte (MG) declarou a parcial improcedência da impugnação, fls. 2.533/2.553.  Não foi acolhida a decadência, por entender a DRJ que deveria ser aplicado  na  espécie  o  art.  173,  I,  do  CTN,  uma  vez  que  não  fora  antecipado  o  recolhimento  das  contribuições decorrentes dos fatos gerados presentes no lançamento.  Para a DRJ, as verbas que o fisco considerou salário de contribuição não se  enquadram nas hipóteses de exclusão do § 9.º do art. 28 da Lei n.º 8.212/1991, sendo lícita a  tributação sobre as mesmas.  Afirmou  o  órgão  recorrido  que  a  redução  do  intervalo  intrajornada  não  encontra  amparo  na  jurisprudência  dominante  e  que  o  cálculo  levado  a  efeito  pelo  Fisco  mereceria  apenas  um  reparo,  qual  seja  a  exclusão  dos  empregados  que  estavam  litigando  individualmente na Justiça do Trabalho.  A  multa  aplicada,  segundo  a  DRJ,  foi  fixada  com  correção,  conforme  determina o Parecer PGFN/CAT n.º 433/2009.  O sujeito passivo interpôs recurso voluntário, fls. 2.168/2.197, no qual repete  os argumentos apresentados na defesa e pede:  a) declaração parcial da decadência;  b) reconhecimento de que as contribuições lançadas são improcedentes; e  c) redução no valor da multa.  É o relatório.  Fl. 2722DF CARF MF Impresso em 03/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/11/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/11 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/11/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE     6   Voto             Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator  Admissibilidade  O  recurso  merece  conhecimento,  posto  que  preenche  os  requisitos  de  tempestividade e legitimidade.  Decadência  Com a declaração de  inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n.º 8.212/1991  pela Súmula Vinculante n.º 08, editada pelo Supremo Tribunal Federal em 12/06/2008, o prazo  decadencial para as contribuições previdenciárias passou a ser aquele fixado no CTN.  Quanto à norma a ser aplicada para fixação do marco inicial para a contagem  do quinquídio decadencial, o CTN apresenta três normas que merecem transcrição:  Art. 150 (...)  § 4º Se a  lei  não fixar prazo a homologação,  será ele de cinco  anos,  a  contar  da  ocorrência  do  fato  gerador;  expirado  esse  prazo  sem  que  a  Fazenda  Pública  se  tenha  pronunciado,  considera­se homologado o lançamento e definitivamente extinto  o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou  simulação.  ................................................................................................  Art.  173.  O  direito  de  a  Fazenda  Pública  constituir  o  crédito  tributário extingue­se após 5 (cinco) anos, contados:   I  ­  do  primeiro  dia  do  exercício  seguinte  àquele  em  que  o  lançamento poderia ter sido efetuado;   II  ­  da  data  em que  se  tornar  definitiva  a  decisão  que  houver  anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.  (...)  A  jurisprudência majoritária do CARF,  seguindo entendimento do Superior  Tribunal  de  Justiça,  tem  adotado  o  §  4.º  do  art.  150  do  CTN  para  os  casos  em  que  há  antecipação de pagamento do tributo.  O art. 173, I, tem sido tomado para as situações em que comprovadamente o  contribuinte  não  tenha  antecipado  o  pagamento  das  contribuições,  na  ocorrência  de  dolo,  fraude  ou  simulação  e  também para os  casos  de  aplicação  de multa  por  descumprimento  de  obrigação acessória.  Por  fim,  o  art.  173,  II,  merece  adoção  quando  se  está  diante  de  novo  lançamento lavrado em substituição ao que tenha sido anulado por vício formal.  Fl. 2723DF CARF MF Impresso em 03/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/11/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/11 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/11/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10670.720072/2010­18  Acórdão n.º 2401­002.737  S2­C4T1  Fl. 2.721          7 Na  situação  sob  enfoque,  verifico  que  foram  colacionados  pelo  sujeito  passivo as guias de recolhimento do período de 01 a 11/2005 (Anexo C, fls. 2.083 e segs.), por  esse motivo, deve ser aplicada a norma do art. 150, § 4.º, do CTN, para a contagem do prazo de  decadência.  Merecem, portanto,  ser excluídas pela caducidade as competências até 01 a  11/2005, haja vista que a cientificação do lançamento ocorreu em 13/12/2010.  Horas extras  A contestação da empresa quanto a verba denomina hora extra centra­se na  inocorrência do fato gerador.  O Fisco justificou sua pretensão no fato do Sindicato dos empregados haver  pleiteado em sede reclamatória trabalhista o pagamento de horas extras decorrentes de redução  do tempo intrajornada promovida pela Autuada.  Na  apuração,  foram  excluídos  os  segurados  que  firmaram  acordo  judicial  com o empregador para pagamento da parcela, haja vista que a comprovação do recolhimento  das contribuições decorrentes deveria ser efetuada perante o Juízo Trabalhista.  A  Recorrente  alega  que  o  fato  gerador  das  contribuições  lançadas  não  se  configurou, posto que não houve o pagamento,  o crédito, nem se comprovou a existência de  dívida da  empresa para  com os  trabalhadores,  não  cabendo  a  exigência  sobre valores que  se  encontram em litígio na Justiça do Trabalho..  A regra de incidência das contribuições previdenciárias patronais encontra­se  no inciso I do art. 22 da Lei n.º 8.212/1991, assim redigido:  Art.  22.  A  contribuição  a  cargo  da  empresa,  destinada  à  Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de:  I ­ vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas  ou  creditadas  a  qualquer  título,  durante  o mês,  aos  segurados  empregados  e  trabalhadores  avulsos  que  lhe  prestem  serviços,  destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma,  inclusive  as  gorjetas,  os  ganhos  habituais  sob  a  forma  de  utilidades  e  os  adiantamentos  decorrentes  de  reajuste  salarial,  quer  pelos  serviços  efetivamente  prestados,  quer  pelo  tempo  à  disposição  do  empregador  ou  tomador  de  serviços,  nos  termos  da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo  de  trabalho  ou  sentença  normativa.(Redação  dada  pela  Lei  nº  9.876, de 1999).  Observa­se que o critério temporal é o pagamento, a ocorrência do crédito ou  reconhecimento  de  débito  pela  empresa,  em  decorrência  de  contrapartida  pela  prestação  de  serviço efetuada pelo segurado empregado ou trabalhador avulso.  De  se  concluir,  então,  que  o momento  da  ocorrência  do  fato  gerador  se  dá  quando o empregador repassa o valor correspondente à remuneração, quando credita a quantia  ou quando se evidencia a ocorrência de uma dívida decorrente do serviço prestado, mediante,  por exemplo, o lançamento da remuneração em folha de pagamento ou quando há condenação  em sentença trabalhista irrecorrível ou acordo judicial para pagamento de verbas salariais.  Fl. 2724DF CARF MF Impresso em 03/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/11/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/11 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/11/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE     8 No caso sob  julgamento, verifica­se que, para os empregados que firmaram  acordo  judicial  para  pagamento  das  horas  extras,  o  Fisco  não  lançou  os  pagamentos  correspondentes, posto que, nos termos do inciso VIII do art. 114 da Constituição Federal, é da  Justiça  do  Trabalho  a  competência  para  execução  das  contribuições  previdenciárias  devidas  decorrentes das sentenças por ela proferidas.  Veja­se que, nos casos de condenação em sentença trabalhista, o fato gerador  ocorre  no  momento  em  que  houve  a  prestação  do  serviço,  sendo  esse  um  caso  em  que  a  hipótese  de  incidência  resta  configurada  pelo  reconhecimento  da  dívida  do  empregador  pelo  Judiciário.  Feitas essas considerações, já se pode perceber que a empresa merece razão  quando argumenta que o  lançamento é  improcedente por não  ter ocorrido o  fato gerador das  contribuições.  De  fato,  para  os  empregados  que  não  aderiram  ao  acordo  firmado  entre  empregador  e  Sindicato  dos  trabalhadores  não  se  pode  falar  em  atendimento  ao  critério  temporal previsto na regra matriz de incidência, posto que a verba em questão, pelo menos no  momento do lançamento, não era devida pela empresa, estando pendente de pronunciamento da  Justiça Laboral.  Mesmo  que,  posteriormente,  o  Judiciário  viesse  a  se  pronunciar  favoravelmente  a  pretensão  dos  empregados,  ainda  assim  não  poderá  o  Fisco  efetuar  o  lançamento  das  contribuições,  uma  vez  que  a  competência  para  execução  das mesmas  é  da  Justiça do Trabalho.  Portanto, razão assiste ao sujeito passivo quanto à exclusão do lançamento da  remuneração relativa às horas extraordinárias.  Subsídio alimentação  Os  autos  revelam  que  o  fornecimento  de  auxílio  (subsídio)  alimentação  se  dava  mediante  convênio  firmado  entre  a  Autuada  e  empresas  revendedoras  de  produtos  alimentícios,  onde  os  empregados  poderiam  efetuar  compras.  Os  valores  eram  descontados  parcialmente dos mesmos no mês  subsequente  ao da  aquisição, haja vista que o  empregador  subsidiava o equivalente a um terço do valor das compras.  A  Auditoria  entendeu  que  seriam  devidas  contribuições  sobre  o  valor  do  subsídio,  posto  que  essa modalidade  de  fornecimento  de  alimentação  não  se  enquadrava  na  sistemática do PAT.  Verifiquemos,  inicialmente,  se  é  aplicável  à  verba  sob  comento  o  Ato  Declaratório  PGFN  n.º  03  (DOU  24/11/2011),  que  autoriza  a  dispensa  de  apresentação  de  contestação e interposição de recurso e desistência dos já interpostos:  “nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre  o pagamento in natura do auxílio­alimentação não há incidência  de contribuição previdenciária”  JURISPRUDÊNCIA:  Resp  nº  1.119.787­SP  (DJe  13/05/2010),  Resp nº 922.781/RS (DJe 18/11/2008), EREsp nº 476.194/PR (DJ  01.08.2005),  Resp  nº  719.714/PR  (DJ  24/04/2006),  Resp  nº  333.001/RS  (DJ  17/11/2008),  Resp  nº  977.238/RS  (DJ  29/11/2007).  Fl. 2725DF CARF MF Impresso em 03/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/11/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/11 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/11/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10670.720072/2010­18  Acórdão n.º 2401­002.737  S2­C4T1  Fl. 2.722          9 O  texto  do Ato Declaratório  refere­se  apenas  aos  casos  de  fornecimento  in  natura.  Por  isso,  devemos  investigar  se o  pagamento  efetuado  na  sistemática  acima  relatada  poderia ser considerado prestação in natura.  Verifiquemos a jurisprudência em que se baseou a PGFN para exarar o Ato  Declaratório em questão:  PROCESSUAL  CIVIL  E  TRIBUTÁRIO.  AUSÊNCIA  DE  PREQUESTIONAMENTO.EMBARGOS  DE  DECLARAÇÃO.  OMISSÃO.  INOCORRÊNCIA.  PROGRAMA DE  ALIMENTAÇÃO DO  TRABALHADOR  ­  PAT  . AUXÍLIO­ALIMENTAÇÃO PAGO EM ESPÉCIE AOS EMPREGADOS.  OBRIGATORIEDADE  DE  RECOLHIMENTO  DO  FGTS.  LEI  Nº  6.321/76.  LIMITAÇÃO.  PORTARIA  Nº  326/77.  VIOLAÇÃO  AO  PRINCÍPIO  DA  HIERARQUIA  DAS  LEIS.  CRÉDITO  TRIBUTÁRIO.  CORREÇÃO  MONETÁRIA.  JUROS  MORATÓRIOS  PELA  TR/TRD.  APLICABILIDADE.(...)3. O STJ, em inúmeros julgados, assentou o entendimento  de  que  o  pagamento  in  natura  do  auxílio­alimentação  não  tem natureza  salarial  e,  como tal, não integra a base de cálculo da contribuição previdenciária. Pela mesma  razão,  não  integra  a  base  de  cálculo  das  contribuições  para  o  FGTS,  igualmente  assentado  no  conceito  de  "remuneração"  (Lei  8.036/90,  art.  15).  O  auxílio  alimentação pago em espécie e com habitualidade integra o salário e como tal sofre  a incidência da contribuição previdenciária. Precedentes do STJ (REsp 674.999/CE,  Rel.  Min.  Luiz  Fux,  1ª  Turma,  DJ  de  30.05.2005;  REsp  611.406/CE,  Rel.  Min.  Franciulli Netto, 2ª Turma, DJ de 02.05.2005;EREsp 603.509/CE, Rel. Min. Castro  Meira, 1ª Seção, DJ de 08.11.2004; REsp 643.820/CE, Rel. Min. José Delgado, 1ª  Turma, DJ de 18.10.2004; REsp 510.070/DF, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, DJ de  31.05.2004). Por tal razão, o auxílio alimentação pago em espécie com habitualidade  também  sofrerá  a  incidência  do  FGTS.4.  "O  pagamento  in  natura  do  auxílio­ alimentação, vale dizer, quando a própria alimentação é fornecida pela empresa, não  sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial,  esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador ­  PAT"  (EREsp  603.509/CE,  Rel.  Min.  Castro  Meira,  1ª  Seção,  DJ  de  08.11.2004).(...)Ex  positis,  NEGO  SEGUIMENTO  ao  Recurso  Especial.Publique­ se.  Intimações necessárias.Brasília  (DF),  07 de maio de 2010.(REsp nº 1.119.787­ SP, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 13/05/2010).  ***  EMENTA:  TRIBUTÁRIO  E  PROCESSUAL  CIVIL.  RECURSO  ESPECIAL.  EXECUÇÃO  FISCAL.  REFEIÇÃO  REALIZADA  NAS  DEPENDÊNCIAS  DA  EMPRESA.  NÃO­INCIDÊNCIA  DE  CONTRIBUIÇÃO  PREVIDENCIÁRIA. PRECEDENTES. DÉBITOS PARA COM A SEGURIDADE  SOCIAL.  PRESUNÇÃO  DE  CERTEZA  E  LIQUIDEZ  DA  CERTIDÃO  DA  DÍVIDA ATIVA. PRECEDENTES.1. Recurso especial interposto pelo INSS contra  acórdão  proferido  pelo  TRF  da  4ª  Região  segundo  o  qual:  a)  o  simples  inadimplemento da obrigação tributária não constitui infração à lei capaz de ensejar  a  responsabilidade  solidária  dos  sócios;  b)  o  auxílio­alimentação  fornecido  pela  empresa não sofre a incidência de contribuição previdenciária, esteja o empregador  inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador ­ PAT. Em seu apelo, o  INSS aponta negativa de vigência dos artigos 135 e 202, do CTN, 2º, § 5º, I e IV, 3º  da Lei 6.830/80, 28, § 9º, da Lei n. 8.212/91 e divergência jurisprudencial. Sustenta,  em síntese, que: a) a) o ônus da prova acerca da não­ocorrência da responsabilidade  tributária  será  do  sócio­executado,  tendo  em  vista  a  presunção  de  legitimidade  e  certeza da certidão da dívida ativa; b) é pacífico o entendimento no STJ de que o  Fl. 2726DF CARF MF Impresso em 03/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/11/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/11 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/11/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE     10 auxílio­alimentação,  caso  seja  pago  em  espécie  e  sem  inscrição  da  empresa  no  Programa de Alimentação do Trabalhador  ­ PAT, é salário e sofre a  incidência de  contribuição  previdenciária.2.  A  jurisprudência  do  Superior  Tribunal  de  Justiça  pacificou  o  entendimento  no  sentido  de  que  o  pagamento  in  natura  do  auxílio­ alimentação,  isto  é,  quando  a  própria  alimentação  é  fornecida  pela  empresa,  não  sofre  a  incidência  da  contribuição  previdenciária,  por  não  constituir  natureza  salarial,  esteja  o  empregador  inscrito  ou  não  no  Programa  de  Alimentação  do  Trabalhador  ­  PAT.  Com  tal  atitude,  a  empresa  planeja,  apenas,  proporcionar  o  aumento da produtividade e eficiência funcionais. Precedentes. EREsp 603.509/CE,  Rel.  Min.  Castro  Meira,  DJ  de  08/11/2004,  REsp  719.714/PR,  Rel.  Min.  Teori  Albino Zavascki, DJ de 24/04/2006. (grifou­se)(...)5. Recurso especial parcialmente  provido.(STJ,  REsp  977.238/RS,  1ª  Turma,  Rel.  Min.  José  Delgado,  DJ  29/11/2007).  ***  DECISÃO(...)É  pacífica  neste  Superior  Tribunal  de  Justiça  a  orientação  no  sentido  de  que  o  pagamento  in  natura  do  auxílio­alimentação,  isto  é,  quando  a  própria alimentação é fornecida pela empresa, não sofre a incidência da contribuição  previdenciária por não possuir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não  no  Programa  de  Alimentação  do  Trabalhador  ­  PAT.(STJ,  REsp  333.001/RS,  2ª  Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJ 17/11/2008)  ***  TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. RECURSO ESPECIAL.  CONTRIBUIÇÃO  PREVIDENCIÁRIA.  AUXÍLIO­ALIMENTAÇÃO.1.  O  pagamento  in  natura  do  auxílio­alimentação,  vale  dizer,  quando  a  própria  alimentação  é  fornecida  pela  empresa,  não  sofre  a  incidência  da  contribuição  previdenciária, por não possuir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não  no  Programa  de  Alimentação  do  Trabalhador  ­  PAT  ou  decorra  o  pagamento  de  acordo ou convenção coletiva de trabalho.2. Ao revés, quando o auxílio alimentação  é pago em dinheiro ou seu valor creditado em conta­corrente, em caráter habitual e  remuneratório,  integra  a  base  de  cálculo  da  contribuição  previdenciária.3.  Precedentes  da  Seção.4.  Embargos  de  divergência  providos.  (grifou­se)(EREsp  476.194/PR, 1ª Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJ 01.08.2005).  Percebe­se  que  os  quatro  julgados  acima  manifestam  claramente  o  entendimento de que somente se considera o  fornecimento  in natura quando a alimentação é  fornecida pela própria empresa,  o que nos  leva  a concluir  que o  fornecimento de  cartões ou  tickets  para  aquisição  de  produtos  em  estabelecimentos  comerciais  não  representa  fornecimento in natura.  Conclui­se,  portanto,  que  o  Ato Declaratório mencionado  não  se  aplica  ao  caso em tela.  Seguimos analisando os demais argumentos da empresa.  Não  deve  ser  acatada  a  tese  de  que  o  subsídio  alimentação  era  pago  em  conformidade  com  o  PAT.  É  que  para  fazer  jus  ao  benefício,  eram  exigidas  do  empregado  diversas condições, como se pode ver do Regulamento da Empresa, fls. 2.094/2.095. Somente  seria fornecido o subsídio alimentação se o empregado:  a) não estivesse cumprindo aviso prévio;  b) não estivesse em período de experiência;  Fl. 2727DF CARF MF Impresso em 03/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/11/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/11 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/11/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10670.720072/2010­18  Acórdão n.º 2401­002.737  S2­C4T1  Fl. 2.723          11 c) não tivesse sofrido pena de suspensão nos últimos trinta dias;  d) não tivesse mais de três faltas no mês anterior;  e) não estivesse em gozo de auxílio doença.   Por outro lado, a legislação do PAT apresenta exigências não observadas na  sistemática adotada pela Recorrente para fornecimento do subsídio alimentação.   A  Lei  n.º  6.321/1976,  que  institui  benefícios  fiscais  para  as  empresas  que  realizam despesas com a alimentação do trabalhador, em seu art. 4.º, prevê a regulamentação  das suas regras por ato do Poder Executivo. Com esse objetivo foi editado o Decreto n. 05, de  14/01/1991.  Para  dar  aplicação  ao  Decreto  acima  foi  editada  a  Portaria  MTb  n.º  87,  de  28/01/1997.  Compulsando esses normativos, verifica­se, no § 1.º do art. 2.º do Decreto n.º  05/1991 e no art. 4.º da Portaria MTb n.º 87/1997, que a participação do trabalhador no custeio  do PAT deverá ficar limitada a 20% do custo da refeição.  Como  vimos  o  pagamento  do  subsídio  alimentação  não  obedece  a  essas  regras,  posto  que  a  empresa  arca  com  apenas  26%  do  valor  da  compra  efetuada  pelo  trabalhador.  Nos  termos  da  Portaria  acima,  o  empregador  poderá  se  utilizar  de  duas  modalidades para fornecimento de alimentação:  a) Autogestão (serviço próprio): em que a empresa beneficiária assume toda a  responsabilidade  pela  elaboração  das  refeições,  desde  a  contratação  de  pessoal  até  a  distribuição aos usuários.  b)  Terceirização  (Serviços  de  terceiros):  o  fornecimento  das  refeições  é  formalizado  por  intermédio  de  contrato  firmado  entre  a  empresa  beneficiária  e  as  concessionárias, as quais deverão também ser inscritas no PAT.  Essa última modalidade pode se dar através de entrega de refeições no local  de trabalho, em restaurantes conveniados ou a distribuição de cestas de alimentos, mediante a  entrega de cupons ou assemelhados fornecidos pelo empregador.  A  sistemática  de  fornecimento  do  subsídio  alimentação,  que  consistia  em  pagamento, pela empresa, de parte das compras efetuadas pelos empregados não se enquadra  em nenhuma das modalidades acima mencionadas.  Afasta­se, portanto, a alegação de que o fornecimento de alimentação estava  em consonância  com o PAT,  sendo cabível a  incidência de contribuições  sobre essa parcela,  posto  que  disponibilizada  em  desacordo  com  a  Lei  n.  8.212/1991,  conforme  se  verifica  do  dispositivo:  § 9º Não  integram o salário­de­contribuição para os  fins desta  Lei, exclusivamente:  (...)  Fl. 2728DF CARF MF Impresso em 03/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/11/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/11 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/11/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE     12 c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas  de  alimentação  aprovados  pelo  Ministério  do  Trabalho  e  da  Previdência Social, nos termos da Lei n°6.321, de 14 de abril de  1976;  (...)  Observe­se  do  dispositivo  transcrito  que  a  previsão  de  isenção  de  contribuição sobre  a alimentação  fornecida aos  empregados condiciona  a desoneração a dois  requisitos: que a alimentação seja fornecida “in natura” e que a sua disponibilização esteja em  conformidade com as normas do PAT.  Assim, não tendo a recorrente fornecido a alimentação em consonância com  PAT, devem incidir contribuições sobre o subsídio alimentação.  A existência de cláusula nas Convenções Coletivas de Trabalho colacionadas  retirando  a  natureza  salarial  da  verba  também não  pode  ser  utilizada  como  justificativa  para  não  incidência  de  contribuições.  Como  bem  asseverou  o  órgão  recorrido,  o  fato  da  disponibilização  do  subsídio  estar  previsto  em  norma  coletiva  de  trabalho  não  altera  sua  natureza frente as normas tributárias. É certo que as Convenções Coletivas de Trabalho são de  observância  obrigatória  para  as  partes,  todavia,  não  estão  acima  da  legislação  de  custeio  da  Seguridade Social.   Em razão do princípio da estrita legalidade tributária, nosso ordenamento não  admite  que  acordos  entre  patrões  e  empregados  venham  afastar  a  incidência  tributária  sobre  determinado fato gerador.  É  também  inegável  a  habitualidade  com  que  a  verba  era  disponibilizada,  posto que as compras de gêneros alimentícios eram mensais e, por conseguinte, o subsídio era  disponibilizado com a mesma freqüência.  Subsídio material escolar  Conforme o Regulamento da Empresa, fls. 2.096/2.097, a empresa subsidiava  parte do material escolar para empregados estudantes ou que tivessem dependentes estudando  na rede oficial de ensino, num valor que variava de um terço à metade do salário mínimo.  Para  fazer  jus  ao  benefício,  além  de  comprovar  a  condição  de  estudante  (própria ou do dependente), o trabalhador deveria preencher os mesmos requisitos necessários  ao já mencionado subsídio alimentação.  A legislação previdenciária prevê que sejam excluídos da base de cálculo os  valores concernentes ao plano educacional, porém condiciona que a benesse esteja disponível a  todos os empregados e dirigentes da empresa. Eis o normativo na redação vigente quando da  ocorrência dos fatos geradores.  § 9º Não  integram o salário­de­contribuição para os  fins desta  Lei, exclusivamente:  (...)  t)o  valor  relativo  a  plano  educacional  que  vise  à  educação  básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro  de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais  vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que  Fl. 2729DF CARF MF Impresso em 03/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/11/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/11 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/11/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10670.720072/2010­18  Acórdão n.º 2401­002.737  S2­C4T1  Fl. 2.724          13 não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos  os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo;  Vê­se  que  o  legislador  pretendeu  afastar  da  incidência  de  contribuição  previdenciária  as  verbas  disponibilizadas  aos  segurados  empregados  a  título  de  educação  básica  e  para  cursos  de  capacitação  e  qualificação  profissionais,  todavia,  erigiu  as  seguintes  condições para validade da regra desonerativa:  a) que os cursos profissionais sejam vinculados à atividade da empresa;  b) que a disponibilização do benefício não fosse utilizado como complemento  salarial; e  c)  que  o  acesso  ao  plano  educacional  estivesse  disponível  a  todos  os  empregados e dirigentes da empresa.  Verifica­se  que,  ao  excluir  do  subsídio material  escolar  os  empregados  em  período de experiência, em aviso prévio, que estivessem afastados por motivo de saúde e que  tivessem sofrido a pena de suspensão, a empresa descumpriu a exigência constante na letra “c”  acima.  Cabível,  então,  a  incidência  de  contribuições  sobre  o  subsídio  material  escolar,  posto  que  não  fornecido  em  consonância  com  a  regra  que  exclui  do  salário  de  contribuição tais parcelas.  E nem se fale que a legislação trabalhista, mais especificamente o inciso II do  §  2.º  do  art.  458  da CLT,  que  exclui  do  conceito  de  salário  o material  didático,  impediria  a  incidência  de  contribuição  sobre  a  referida  verba.  É  que  o  Direito  do  Trabalho  e  o  Direito  Previdenciário  embora  tenham  muitos  pontos  de  intersecção,  não  coincidem  na  sua  integralidade.  A prova é que há diversas parcelas que são base de cálculo para o FGTS, mas  não integram o salário­de­contribuição, como é o caso do auxílio acidente. A própria CLT no  seu art. 12, ressalta a autonomia do Direito Previdenciário do Laboral, nos seguintes termos:  Art. 12 ­ Os preceitos concernentes ao regime de seguro social  são objeto de lei especial.  Assim,  conclui­se  que  a  verba  denominada  subsídio  material  escolar  deve  sofrer  a  incidência  de  contribuições  sociais  posto  que  não  disponibilizada  a  todos  os  empregados da Recorrente, contrariando a norma que prevê a sua exclusão da base de cálculo.  A aplicação da multa mais benéfica  Para análise do argumento relativo ao prejuízo da empresa em razão do fisco  ter­lhe aplicado a multa mais gravosa é de se  fazer uma retrospectiva dos dispositivos  legais  que tratam da questão. Observa­se que com o advento da Medida Provisória MP n. 449/2008,  convertida na Lei n. 11.941/2009, houve profunda alteração no cálculo das multas decorrentes  de  descumprimento  das  obrigações  principais  e  acessórias  relacionadas  às  contribuições  previdenciárias.  Fl. 2730DF CARF MF Impresso em 03/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/11/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/11 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/11/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE     14 Na  sistemática  anterior,  quando  havia  falta  de  recolhimento  do  tributo  acompanhada  da  infração  de  omitir  fatos  geradores  em  GFIP,  aplicava­se  a  multa  por  inadimplemento  da  obrigação  principal  (art.  35  da  Lei  n.º  8.212/1991),  cumulada  com  a  penalidade  decorrente  do  descumprimento  da  obrigação  acessória,  esta  punida  com  a multa  correspondente a cem por cento da contribuição não declarada,  ficando a penalidade  limita a  um teto calculado em função do número de segurados da empresa (§ 5.º do art. 32 da Lei n.º  8.212/1991).   A multa  aplicada  sobre  as  contribuições  lançadas  variava  de  acordo  com  a  fase  processual  do  lançamento,  ou  seja,  quanto  mais  cedo  o  contribuinte  quitava  o  débito,  menor era a multa imposta.  Atualmente,  de  acordo  com  o  art.  35­A  da  Lei  n.º  8.212/1991,  introduzido  pela  MP  n.º  449/2008,  posteriormente  convertida  na  Lei  n.º  11.941/2009,  ocorrendo  o  lançamento da obrigação principal, a penalidade decorrente do erro ou omissão na GFIP  fica  incluída na multa de ofício constante no crédito constituído. Deixa, assim, de haver cumulação  de pena administrativa com a multa pela falta de pagamento do tributo , condensando­se ambas  em valor único. Vejam o diz o dispositivo:  Art.  35­A.  Nos  casos  de  lançamento  de  ofício  relativos  às  contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplica­se o disposto  no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.   É  que  o  art.  44,  I,  da  Lei  n.  9.430/19961  prevê  que,  havendo  declaração  inexata ou omissa de tributo, acompanhado da falta de recolhimento do mesmo, deve­se aplicar  a multa ali especificada. Como já exposto, nessas situações, a multa agora é una para ambas as  infrações, descumprimento das obrigações principal e acessória.   Na  situação  sob  enfoque,  conforme  demonstrado  pelo  Fisco,  somando­se  a  multa  por  falta  de  declaração  dos  fatos  geradores  em  GFIP  (§  5.º  do  art.  32  da  Lei  n.º  8.212/1991  –  100%  da  contribuição  não  declarada,  limitada  ao  teto  legal)  com  a  multa  decorrente do não recolhimento da contribuição (art. 35 da Lei n.º 8.212/1991 – 24% do tributo  devido) foi obtido, para todas as competências, exceto para 02/2005, um valor superior a multa  aplicada com esteio na nova legislação (art. 35­A da Lei n.º 8.212/1991 – 75% do tributo não  recolhido).  Vejo que procedeu com acerto o  fisco  ao  impor  ao  sujeito passivo  a multa  menos gravosa, aplicando­se a legislação atual (75% do tributo devido) para os fatos geradores  ocorridos anteriormente a sua vigência, em obediência ao que prescreve o art. 106,  II,”c”, do  CTN. Ressalve­se  a  competência  02/2005,  na  qual  foi  imposta  a multa  de  24%,  prevista  na  legislação revogada, posto que mais favorável à Recorrente.  O pedido para utilização do percentual de 20% requerido pela Autuada não  pode  ser  acolhido. É  que  esse percentual,  previsto  no  §  2.º  do  art.  61  da Lei  n.º  9.430/1996  somente se aplica para  recolhimento espontâneo. Havendo  lançamento de ofício é aplicado o  art. 44, I, da mesma Lei, que impõe o patamar de 75%.                                                                1 Art. 44.  Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas:             I ­ de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de  falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;   (...)  Fl. 2731DF CARF MF Impresso em 03/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/11/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/11 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/11/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10670.720072/2010­18  Acórdão n.º 2401­002.737  S2­C4T1  Fl. 2.725          15 Conclusão  Diante do exposto, voto por reconhecer a decadência para o período de 01 a  11/2005  e,  no  mérito,  por  dar  provimento  parcial  ao  recurso,  para  que  sejam  excluídas  da  apuração as parcelas relativas a horas extras.  Kleber Ferreira de Araújo                                Fl. 2732DF CARF MF Impresso em 03/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/11/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/11 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 26/11/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE

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4410602 #
Numero do processo: 10976.000340/2010-47
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Dec 06 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 12/08/2010 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INFRAÇÃO. GFIP. APRESENTAÇÃO COM INFORMAÇÕES EM DESACORDO COM OS NORMATIVOS PERTINENTES. A apresentação, pela empresa cedente de mão-de-obra, de GFIP sem distinção de cada estabelecimento ou obra de construção civil da empresa contratante do serviço, constitui infração à legislação previdenciária. Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2803-001.917
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a). assinado digitalmente Helton Carlos Praia de Lima - Presidente. assinado digitalmente Oséas Coimbra - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira Júnior. André Luis Marsico Lombardi e Natanael Vieira dos Santos.
Nome do relator: OSEAS COIMBRA JUNIOR

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1447; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­TE03  Fl. 2          1 1  S2­TE03  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10976.000340/2010­47  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2803­001.917  –  3ª Turma Especial   Sessão de  20 de novembro de 2012  Matéria  Auto de Infração. Obrigação Acessória  Recorrente  GOOD LIFE SAÚDE S/A  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS  Data do fato gerador: 12/08/2010  LEGISLAÇÃO  PREVIDENCIÁRIA.  INFRAÇÃO.  GFIP.  APRESENTAÇÃO  COM  INFORMAÇÕES  EM  DESACORDO  COM  OS  NORMATIVOS PERTINENTES.  A  apresentação,  pela  empresa  cedente  de  mão­de­obra,  de  GFIP  sem  distinção  de  cada  estabelecimento  ou  obra  de  construção  civil  da  empresa  contratante do serviço, constitui infração à legislação previdenciária.  Recurso Voluntário Negado             Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a).      assinado digitalmente  Helton Carlos Praia de Lima ­ Presidente.        AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 97 6. 00 03 40 /2 01 0- 47 Fl. 58DF CARF MF Impresso em 06/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2012 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 03/12/2012 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 10976.000340/2010­47  Acórdão n.º 2803­001.917  S2­TE03  Fl. 3          2 assinado digitalmente  Oséas Coimbra ­ Relator.      Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de  Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira  Júnior. André Luis  Marsico Lombardi e Natanael Vieira dos Santos.     Fl. 59DF CARF MF Impresso em 06/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2012 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 03/12/2012 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 10976.000340/2010­47  Acórdão n.º 2803­001.917  S2­TE03  Fl. 4          3   Relatório  A  empresa,  prestadora  de  serviços  de  mão­de­obra  foi  autuada  por  descumprimento  da  legislação  previdenciária,  por  ter  entregue  as Guias  de Recolhimento  do  FGTS e  Informações à Previdência Social  ­ GFIP´s, sem diferenciar os estabelecimentos das  empresas contratantes onde foram alocados os segurados.  A  Decisão­Notificação  –  fls  42  e  ss,  conclui  pela  improcedência  da  impugnação  apresentada, mantendo  o Auto  lavrado.  Inconformada  com  a  decisão,  apresenta  recurso voluntário tempestivo, alegando, na parte que interessa, o seguinte:  ·  Não  obstante  o  RPS  disponha  que  a  multa  seria  de  R$  636,17  (seiscentos e dezessete reais, dezessete centavos), contra a recorrente  foi  feito  lançamento  tributário  no  valor  de  R$1.431,79  (um  mil,  quatrocentos  e  trinta  e  um  reais  e  setenta  e  nove  centavos).  Em  nenhuma hipótese tal medida poderá ser reconhecida como válida por  essa  Turma  Recursal  de  Julgamento,  pois  a  Fiscalização  deixou  bastante claro não existir no presente processo qualquer circunstância  agravante.  ·  O  valor  de  R$  636,17  não  foi  respeitado  pela  Fiscalização,  que  se  valendo  da  Portaria  Interministerial  MPS/MF  n°  48,  fundamenta  a  multa  de  R$1.431,79  (um  mil,  quatrocentos  e  trinta  e  um  reais  e  setenta e nove centavos).  ·  E  nem  se  alegue  que  o  aumento  de  pena  decorreria  da  Portaria  Interministerial MPS/MF n° 48, de 12/02/2009, visto que o  referido  veículo normativo não tem força para alterar as disposições do RPS.  ·  Requer  seja  dado  provimento  ao  presente  recurso  e,  assim,  seja  respeitado o disposto no art.292,  inciso I, do RPS, estipulando como  valor mínimo da pena a quantia de R$ 636,17.    É o relatório.  Fl. 60DF CARF MF Impresso em 06/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2012 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 03/12/2012 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 10976.000340/2010­47  Acórdão n.º 2803­001.917  S2­TE03  Fl. 5          4 Voto             Conselheiro Oséas Coimbra      O  recurso  voluntário  é  tempestivo,  e  considerando  o  preenchimento  dos  demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado.  A recorrente se insurge acerca do valor da multa aplicada, somente. A multa  foi aplicada em seu valor mínimo consoante art. 92 da  lei 8.212/91 c/c 283, caput, parágrafo  3o, do Regulamento da Previdência Social ­ RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, como bem  detalhado no relatório fiscal. Não foram aplicadas agravantes.  A  legislação  que  fundamentou  o  auto  é  a  vigente  no  momento  do  fato  gerador, sendo que o art. 102 da lei 8.212/91 autoriza a correção do valor da multa nas mesmas  épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação  continuada  da  Previdência  Social  e  este  valor  é  aplicado  quando  da  lavratura  do  respectivo  auto.   A  portaria  Interministerial  Ministério  da  Previdência  Social/Ministério  da  Fazenda  ­  MPS/MF  n°  333,  de  29  de  junho  de  2010  apenas  deu  publicidade  à  correção  efetivada por lei, não alterando seus índices.  Assim sendo, a multa foi corretamente aplicada pela autoridade fiscal.    CONCLUSÃO  Pelo  exposto,  voto  por  conhecer  do  recurso  e,  no  mérito,  nego­lhe  provimento.      assinado digitalmente  Oséas Coimbra ­ Relator.                          Fl. 61DF CARF MF Impresso em 06/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2012 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 03/12/2012 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 10976.000340/2010­47  Acórdão n.º 2803­001.917  S2­TE03  Fl. 6          5     Fl. 62DF CARF MF Impresso em 06/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2012 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 03/12/2012 por OSEAS COIMBRA JUNIOR

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Numero do processo: 10293.000308/98-48
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Feb 28 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Período de apuração: 31/12/1989 a 31/10/1991 Ementa FINSOCIAL. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRAZO PRESCRICIONAL. Para os pedidos administrativos protocolizados antes de 09/06/2005, deve ser aplicado o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4º com o do art. 168, I, do CTN (tese do 5+5).:
Numero da decisão: 9900-000.472
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. OTACÍLIO DANTAS CARTAXO - Presidente. ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR - Relator. EDITADO EM: 26/12/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias, Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas, Mercia Helena Trajano Damorim que substituiu Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Nome do relator: ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1870; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRF­PL  Fl. 419          1 418  CSRF­PL  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS    Processo nº  10293.000308/98­48  Recurso nº               Extraordinário  Acórdão nº  9900­000.472  –  Pleno   Sessão de  29 de agosto de 2012  Matéria  Finsocial  Recorrente  Fazenda Nacional  Recorrida  Comercial e Representações Junior Ltda.    ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES  Período de apuração: 31/12/1989 a 31/10/1991  Ementa  FINSOCIAL.  REPETIÇÃO  DE  INDÉBITO.  PRAZO  PRESCRICIONAL.  Para os pedidos administrativos protocolizados antes de 09/06/2005, deve ser  aplicado o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art.  150, § 4º com o do art. 168, I, do CTN (tese do 5+5).:       Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.    OTACÍLIO DANTAS CARTAXO ­ Presidente.     ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR  ­ Relator.    EDITADO EM: 26/12/2012  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Otacílio  Dantas  Cartaxo,  Susy Gomes Hoffmann, Valmar  Fonseca  de Menezes, Alberto  Pinto  Souza  Júnior,  Francisco  de  Sales  Ribeiro  de  Queiroz,  João  Carlos  de  Lima  Júnior,  Jorge  Celso  Freire  da  Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias, Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira  Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 29 3. 00 03 08 /9 8- 48 Fl. 425DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/0 1/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR     2 Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães  de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio  César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda,  Rodrigo  da  Costa  Possas,  Mercia  Helena  Trajano  Damorim  que  substituiu  Marcos  Aurélio  Pereira Valadão.    Relatório    Trata­se de Recurso Extraordinário interposto pela Fazenda Nacional (doc. a  fls. 366 e segs.), com fundamento no arts. 9º e 43 do Regimento Interno da Câmara Superior de  Recursos  Fiscais,  aprovado  pela  Portaria MF  n°  147,  de  2007,  em  face  do Acórdão  n°  03­ 05.542, que negou provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, sob o fundamento de  que  o  prazo  prescricional  da  pretensão  à  restituição  de  valores  pagos  a  título  de  Finsocial  começou a correr com a edição da MP n˚ 1.110/95, por meio da qual a Fazenda Nacional teria  reconhecida a inconstitucionalidade da exação.   Em  breve  síntese,  a  recorrente  sustenta  que:  “pelo  exame  dos  artigos  165,  inciso I e 168, inciso I, ambos do CTN, constata­se que o direito de o sujeito passivo pleitear a  restituição total ou parcial de tributo pago indevidamente ou maior que o devido, em face da  legislação  tributária  aplicável,  ou  da  natureza  ou  circunstâncias  materiais  do  fato  gerador  efetivamente  ocorrido,  EXTINGUE­SE COM O DECURSO DO PRAZO DE CINCO ANOS,  CONTADOS  DA  DATA  DA  EXTINÇÃO  DO  CRÉDITO  TRIBUTÁRIO”.  Em  apoio  ao  seu  argumento, sustenta que:   “Esse entendimento, conforme ensina Leandro Paulsen, já se firmou na  jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:  ‘A  Primeira  Seção  do  STJ,  quando  do  julgamento  dos  Embargos de Divergência no REsp 435.835­SC, em março  de 2004, reconsiderou entendimento anterior para  firmar  posição,  agora,  no  sentido  de  que  a  declaração  de  inconstitucionalidade não influi na contagem do prazo para  repetição  ou  compensação.  Entendemos  que  prevaleceu  a  melhor  orientação.  Isso  porque  o  prazo  não  se  altera  em  função  do  fundamento  do  pedido  de  repetição,  de  modo  que  a  declaração  de  inconstitucionalidade,  pelo  Supremo,  não  tem  implicação  na  sua  contagem.  Efetivamente,  o  direito à repetição não se origina da decisão do STF. Cada  contribuinte, antes mesmo de qualquer decisão do STF, tem  a  possibilidade  de buscar  no  Judiciário,  o  reconhecimento  do direito  à  repetição ou  à compensação  com  fundamento  em  inconstitucionalidade  forte  no  controle difuso’(Grifou­ se).  O posicionamento adotado no EREsp acima mencionado já se encontra  pacificado  naquela  Corte.  Foi  inclusive  reiterado,  recentemente,  pelo  voto  condutor  do  eminente Ministro Teori Albino Zavascki,  no REsp  747.091/SC. Veja­se:  ‘Considerou­se  ser  irrelevante,  para  efeito  da  contagem do  prazo prescricional, a causa do recolhimento indevido (v.g.,  pagamento  a maior  ou  declaração  de  inconstitucionalidade  Fl. 426DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/0 1/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR Processo nº 10293.000308/98­48  Acórdão n.º 9900­000.472  CSRF­PL  Fl. 420          3 do tributo pelo Supremo), eliminando­se a anterior distinção  entre  repetição  de  tributos  cuja  cobrança  foi  declarada  em  controle  concentrado  e  em  controle  difuso,  com  ou  sem  edição de resolução pelo Senado Federal (...)’ (Grifou­se).”   Em despacho a fls. 393, o Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais  admitiu  o  Recurso  Extraordinário  da  Fazenda  Nacional,  por  entender  que  atendia  aos  pressupostos de recorribilidade.  Cientificada  do  recurso  extraordinário  da  Fazenda Nacional,  o  contribuinte  apresentou contrarrazões a fls. 399.    Voto             Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior   Ao analisar mais detidamente o acórdão paradigma (Acórdão n˚ 02­02.088)  aduzido  pela  recorrente,  verifico  que,  embora  o  Relator  tenha  feito  menção  a  posição  predominante à época neste Colegiado, qual seja, a de que o dies a quo do prazo prescricional  se desloca para a data da publicação da Resolução Senatorial, essa não foi a ratio decidendi do  julgado,  mas  sim,  mero  obiter  dictum.  Tanto  é  assim  que  na  ementa  do  acórdão  sequer  qualquer menção foi feita acerca desse entendimento. Aliás, o Relator não poderia sustentar as  duas posições ao mesmo tempo, ainda que, naquele caso, elas  levassem ao mesmo resultado,  pois elas são excludentes, razão que demonstra ainda mais o caráter acessório do comentário  feito  sobre a posição majoritária então vigente. Assim, a verificação da divergência deve ser  feita à  luz do posicionamento que efetivamente foi adotado no acórdão paradigma, qual seja,  que o dies a quo do prazo prescricional é aquele indicado no art. 168, I, do CTN.   Por essa razão conheço do recurso extraordinário da Fazenda Nacional, pois  resta presente o dissídio jurisprudencial.  Por  força  do  disposto  no  art.  62­A do RICARF,  as  decisões  definitivas  de  mérito,  proferidas  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça  em  matéria  infraconstitucional,  na  sistemática prevista pelo  art.  543­C do CPC, deverão  ser  reproduzidas pelos  conselheiros no  julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Assim, reproduzo o que fora decidido no REsp  nº 1.110.578/SP,  representativo de controvérsia  julgado pela sistemática do art. 543 do CPC,  cuja ementa a seguir transcrevo:  REsp 1110578 /SP RECURSO ESPECIAL 2009/0008313­4   Relator(a) Ministro LUIZ FUX (1122)   Órgão Julgador S1 ­ PRIMEIRA SEÇÃO  Data do Julgamento 12/05/2010  Data da Publicação/Fonte DJe 21/05/2010RT vol. 900 p. 204  Ementa  TRIBUTÁRIO.  RECURSO  ESPECIAL  REPRESENTATIVO  DE  CONTROVÉRSIA.  ART.543­C,  DO  CPC.  REPETIÇÃO  DE  INDÉBITO.  TAXA  DE  ILUMINAÇÃO  PÚBLICA.TRIBUTO  DECLARADO  INCONSTITUCIONAL.  Fl. 427DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/0 1/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR     4 PRESCRIÇÃO  QUINQUENAL.  TERMO  INICIAL.  PAGAMENTO  INDEVIDO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO DE OFÍCIO.  1. O prazo de prescrição quinquenal para pleitear a repetição tributária,  nos tributos sujeitos ao lançamento de ofício, é contado da data em que  se  considera  extinto  o  crédito  tributário,  qual  seja,  a  data  do  efetivo  pagamento  do  tributo,  a  teor  do  disposto  no  artigo168,  inciso  I,  c.c  artigo  156,  inciso  I,  do  CTN.  (Precedentes:  REsp  947.233/RJ,  Rel.  Ministro  LUIZ  FUX,  PRIMEIRA  TURMA,  julgado  em23/06/2009,  DJe 10/08/2009; AgRg no REsp 759.776/RJ, Rel. Ministro HERMAN  BENJAMIN,  SEGUNDA  TURMA,  julgado  em  17/03/2009,  DJe20/04/2009;  REsp  857.464/RS,  Rel.  Ministro  TEORI  ALBINO  ZAVASCKI,PRIMEIRA  TURMA,  julgado  em  17/02/2009,  DJe  02/03/2009;  AgRg  no  REsp1072339/SP,  Rel.  Ministro  CASTRO  MEIRA,  SEGUNDA  TURMA,  julgado  em03/02/2009,  DJe  17/02/2009;  AgRg  no  REsp.  404.073/SP,  Rel.  Min.  HUMBERTO  MARTINS,  Segunda  Turma,  DJU  31.05.07;  AgRg  no  REsp.732.726/RJ, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, Primeira Turma,  DJU21.11.05)  2.  A  declaração  de  inconstitucionalidade  da  lei  instituidora  do  tributo  em  controle  concentrado,  pelo  STF,  ou  a  Resolução  do  Senado  (declaração de  inconstitucionalidade em controle difuso) é  despicienda para fins de contagem do prazo prescricional tanto em  relação  aos  tributos  sujeitos  ao  lançamento  por  homologação,  quanto  em  relação  aos  tributos  sujeitos  ao  lançamento  de  ofício.  (Precedentes:  EREsp  435835/SC,  Rel.  Ministro  FRANCISCO  PEÇANHA  MARTINS,  Rel.  p/  Acórdão  Ministro  JOSÉ  DELGADO,  PRIMEIRA  SEÇÃO,julgado  em  24/03/2004,  DJ  04/06/2007;  AgRg  no  Ag  803.662/SP,  Rel.Ministro  HERMAN  BENJAMIN,  SEGUNDA  TURMA,  julgado  em  27/02/2007,  DJ19/12/2007)  3. In casu, os autores, ora recorrentes, ajuizaram ação em 04/04/2000,  pleiteando a repetição de tributo indevidamente recolhido referente aos  exercícios  de  1990  a  1994,  ressoando  inequívoca  a  ocorrência  da  prescrição, porquanto transcorrido o lapso temporal quinquenal entre a  data  do  efetivo  pagamento  do  tributo  e  a  da  propositura  da  ação.  4.  Recurso  especial  desprovido.  Acórdão  submetido  ao  regime  do  art.  543­C do CPC e da Resolução STJ 08/2008."[grifo nosso]  Do julgado acima transcrito, de plano já se conclui que o acórdão recorrido  merece  reforma,  pois,  como  ali  decidido,  "declaração  de  inconstitucionalidade  da  lei  instituidora  do  tributo  em  controle  concentrado,  pelo  STF,  ou  a  Resolução  do  Senado  (declaração  de  inconstitucionalidade  em  controle  difuso)  é  despicienda  para  fins  de  contagem do prazo prescricional  tanto em relação aos  tributos  sujeitos ao  lançamento por  homologação, quanto em relação aos tributos sujeitos ao lançamento de ofício".  Resta,  então  saber  qual  o  prazo  prescricional,  quando  se  tratar  de  tributo  sujeito ao  lançamento por homologação, pois a posição adotada no  item 1 do acórdão acima  transcrito  refere­se  unicamente  aos  lançamentos  de  ofício.  Sobre  tal  questão,  já  decidiu  o  Supremo  Tribunal  Federal,  ao  julgar  o  recurso  representativo  da  controvérsia  RE  n.  566.621/RS; como também o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o recurso representativo  de controvérsia REsp n. 1.269.570­MG. Tal posição jurisprudencial foi muito bem sintetizada  na ementa do REsp 1089356/PR, a qual assim dispõe:  Fl. 428DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/0 1/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR Processo nº 10293.000308/98­48  Acórdão n.º 9900­000.472  CSRF­PL  Fl. 421          5   REsp 1089356 / PR RECURSO ESPECIAL 2008/0210352­1  Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141)  Órgão Julgador T2 ­ SEGUNDA TURMA  Data do Julgamento 02/08/2012  Data da Publicação/Fonte DJe 09/08/2012  Ementa  TRIBUTÁRIO.  RECURSOS  ESPECIAIS.  JUÍZO  DE  RETRATAÇÃO.  ART.  543­B,  §  3º,  DO  CPC.  MANDADO  DE  SEGURANÇA  QUE  ATACA  INDEFERIMENTO  DE  PEDIDO  DE  RESTITUIÇÃO  DE  SALDOS  NEGATIVOS  DA  CSLL  REFERENTES  AO  EXERCÍCIO  DE  1996.  PEDIDO  ADMINISTRATIVO  PROTOCOLADO  ANTES  DE  09.06.2005.  INAPLICABILIDADE DA LEI COMPLEMENTAR N. 118/2005 E  DO ART. 16 DA LEI N. 9.065/95.  1.  Tanto  o  STF  quanto  o  STJ  entendem  que,  para  as  ações  de  repetição de indébito relativas a tributos sujeitos a lançamento por  homologação ajuizadas de 09.06.2005 em diante, deve ser aplicado  o  prazo  prescricional  quinquenal  previsto  no  art.  3º  da  Lei  Complementar n. 118/2005, ou seja, prazo de cinco anos com termo  inicial na data do pagamento. Já para as ações ajuizadas antes de  09.06.2005, deve ser aplicado o entendimento anterior que permitia  a cumulação do prazo do art. 150, §4º com o do art. 168, I, do CTN  (tese  do  5+5).  Precedente  do  STJ:  recurso  representativo  da  controvérsia  REsp  n.  1.269.570­MG,  1ª  Seção,  Rel.  Min.  Mauro  Campbell  Marques,  julgado  em  23.05.2012.  Precedente  do  STF  (repercussão geral):  recurso  representativo da controvérsia RE n.  566.621/RS,  Plenário,  Rel.  Min.  Ellen  Gracie,  julgado  em  04.08.2011.  2. No caso, embora se trate de mandado de segurança ajuizado no ano  de 2007, houve observância do prazo do art. 18 da Lei n. 1.533/51 e a  impetrante impugna o ato administrativo que decretou a prescrição do  seu  direito  de  pleitear  a  restituição  dos  saldos  negativos  da  CSLL  referentes ao ano­calendário de 1995, exercício de 1996, cujo pedido de  restituição  foi  protocolado  administrativamente  em  05.07.2002,  antes,  portanto, da Lei Complementar n. 118/2005. Diante das peculiaridades  dos autos, o Tribunal de origem decidiu que o prazo prescricional deve  ser  contado  da  data  de  protocolo  do  pedido  administrativo  de  restituição. Em assim decidindo, a Turma Regional não negou vigência  ao art. 168, I, do CTN; muito pelo contrário, observou entendimento já  endossado pela Primeira Turma do STJ  (REsp 963.352/PR, Rel. Min.  Luiz Fux, DJe de 13.11.2008).  3. No tocante ao recurso da impetrante, deve ser mantido o acórdão do  Tribunal  de  origem,  embora  por  outro  fundamento,  pois,  ainda  que  o  art. 16 da Lei n. 9.065/95 não se aplique nas hipóteses de  restituição,  via compensação, de  saldos negativos da CSLL, no caso a  impetrante  formulou  administrativamente  simples  pedido  de  restituição.  Na  Fl. 429DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/0 1/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR     6 espécie,  ao adotar a data de homologação do  lançamento como  termo  inicial  do prazo prescricional quinquenal para  se pleitear  a  restituição  do tributo supostamente pago a maior, o Tribunal de origem considerou  tempestivo o pedido de restituição, o qual, por conseguinte, deverá ter  curso  regular  na  instância  administrativa.  Mesmo  que  a  decisão  emanada  do  Poder  Judiciário  não  contemple  a  possibilidade  de  compensação  dos  saldos  negativos  da  CSLL  com  outros  tributos  administrados  pela  Receita  Federal  do  Brasil,  nada  obsta  que  a  impetrante efetue a compensação sob a regência da legislação tributária  posteriormente concebida.  4.  Recurso  especial  da  Fazenda  Nacional  parcialmente  conhecido  e,  nessa parte, não provido, e recurso especial da impetrante não provido,  em juízo de retratação.  Em suma, temos que:  a)  para  as  ações  de  repetição  de  indébito  relativas  a  tributos  sujeitos  a  lançamento  por  homologação  ajuizadas  de  09/06/2005  em  diante,  deve  ser  aplicado  o  prazo  prescricional quinquenal previsto no art. 3º da Lei Complementar n. 118/2005, ou seja, prazo  de cinco anos com termo inicial na data do pagamento; e  b)  para  as  ações  ajuizadas  antes  de  09/06/2005,  deve  ser  aplicado  o  entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4º com o do art. 168, I,  do CTN (tese do 5+5).  Todavia,  o  julgado  acima  transcrito  foi  além  do  decidido  nos  recursos  representativos de controvérsia retro citados, pois sustentou que tais conclusões se aplicariam  também em caso de pedido administrativo, ou seja, as mesmas considerações acerca da data do  ajuizamento da ação de repetição de indébito, para fins de determinação do dies a quo do prazo  prescricional,  seriam  também  aplicáveis  em  caso  de  restituição  pedida  diretamente  à  Administração Tributária. Sobre tal ponto, embora não seja caso de aplicação do art. 62­A, já  que o referido recurso especial não foi julgado pela sistemática do art. 543­C do CPC, adoto tal  entendimento para então concluir que:  a) para os pedidos administrativos de restituição relativos a tributos sujeitos a  lançamento  por  homologação  protocolizados  de  09/06/2005  em  diante,  deve  ser  aplicado  o  prazo prescricional quinquenal previsto no art. 3º da Lei Complementar n. 118/2005, ou seja,  prazo de cinco anos com termo inicial na data do pagamento; e  b) para os pedidos administrativos protocolizados antes de 09/06/2005, deve  ser aplicado o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4º com o  do art. 168, I, do CTN (tese do 5+5).  In  casu,  como  o  pedido  foi  protocolizado  em  02/04/1998,  aplica­se  a  cumulação  dos  prazos  do  art.  150,  §  4˚,  com  o  do  art.  168,  I,  do  CTN,  ou  seja,  dez  anos  contados do fato gerador,  razão pela qual concluo ser  tempestivo o pedido de restituição dos  pagamentos a título de Finsocial relativos aos fatos geradores de 12/1989 a 10/1991.  Em  face  do  exposto,  voto  no  sentido  de  negar  provimento  ao  recurso  extraordinário da Fazenda Nacional e determinar o  retorno dos autos à Delegacia da Receita  Federal  de  Julgamento,  para  enfrentamento  do mérito  do  pedido  de  restituição/compensação  em tela.    Alberto Pinto Souza Junior  ­ Relator  Fl. 430DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/0 1/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR Processo nº 10293.000308/98­48  Acórdão n.º 9900­000.472  CSRF­PL  Fl. 422          7                               Fl. 431DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/0 1/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR

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Numero do processo: 13851.720152/2008-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2004 ITR. ISENÇÃO. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornou-se requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, passando a ser, regra geral, uma isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n.º 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17-O, §1º, da Lei n.º 6.938/81. A jurisprudência do CARF tem entendido que a averbação da área de reserva legal à margem da matrícula do imóvel supre referida exigência. Hipótese em que a área de reserva legal foi comprovada com a averbação à margem da matrícula, ocorrida em 1991. ITR. VALOR DA TERRA NUA. LAUDO. Apenas é cabível a aceitação do VTN informado pelo contribuinte quando apresentado laudo técnico de avaliação, emitido por profissional habilitado, que atenda aos requisitos essenciais das normas da ABNT, em especial da NBR 14653-3. Hipótese em que a amostra utilizada pelo laudo de avaliação se refere a município diverso do da localização da propriedade do Recorrente. Recurso provido em parte.
Numero da decisão: 2101-001.973
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao recurso, para excluir da tributação a área de reserva legal de 380,4 ha. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), José Raimundo Tosta Santos, Celia Maria de Souza Murphy, Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa e Gonçalo Bonet Allage.
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2041; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C1T1  Fl. 480          1 479  S2­C1T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  13851.720152/2008­19  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2101­001.973  –  1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  20 de novembro de 2012  Matéria  ITR  Recorrente  CLUBE NÁUTICO ARARAQUARA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ­ ITR  Exercício: 2004  ITR.  ISENÇÃO. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO  AMBIENTAL  (ADA).  OBRIGATORIEDADE  A  PARTIR  DE  LEI  10.165/00.  A  apresentação  do ADA,  a partir  do  exercício  de  2001,  tornou­se  requisito  para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade  Territorial  Rural,  passando  a  ser,  regra  geral,  uma  isenção  condicionada,  tendo em vista a promulgação da Lei n.º 10.165/00, que alterou o conteúdo  do art. 17­O, §1º, da Lei n.º 6.938/81.  A jurisprudência do CARF tem entendido que a averbação da área de reserva  legal à margem da matrícula do imóvel supre referida exigência.  Hipótese em que a área de reserva legal foi comprovada com a averbação à  margem da matrícula, ocorrida em 1991.  ITR. VALOR DA TERRA NUA. LAUDO.   Apenas  é  cabível  a  aceitação  do VTN  informado  pelo  contribuinte  quando  apresentado  laudo  técnico de  avaliação,  emitido por profissional habilitado,  que  atenda  aos  requisitos  essenciais  das  normas  da ABNT,  em  especial  da  NBR 14653­3.  Hipótese  em  que  a  amostra  utilizada  pelo  laudo  de  avaliação  se  refere  a  município diverso do da localização da propriedade do Recorrente.  Recurso provido em parte.        Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 1. 72 01 52 /2 00 8- 19 Fl. 482DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/11/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 22/11/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13851.720152/2008­19  Acórdão n.º 2101­001.973  S2­C1T1  Fl. 481          2 ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos,  em dar  provimento em parte ao recurso, para excluir da tributação a área de reserva legal de 380,4 ha.    (assinado digitalmente)  LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS  Presidente    (assinado digitalmente)  ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA  Relator  Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos  (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator),  José Raimundo Tosta Santos, Celia Maria  de Souza Murphy, Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa e Gonçalo Bonet Allage.  Relatório  Trata­se de recurso voluntário (fls. 310/335, numeração digital) interposto em  09 de novembro de 2011 contra o acórdão de fls. 296/305, do qual o Recorrente teve ciência  em 11 de outubro de 2011 (fl. 309), proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de  Julgamento  em Campo Grande  (MS), que  julgou procedente  a notificação de  lançamento de  fls.  02/07,  lavrada  em 15  de  setembro  de  2008,  em decorrência  da  falta  de  recolhimento  do  imposto sobre a propriedade territorial rural, verificada no exercício de 2004.  O acórdão teve a seguinte ementa:  “Assunto: ITR  ÁREA DE RESERVA LEGAL. ADA.  Por exigência de Lei, para ser considerada isenta, a área de reserva legal deve  estar averbada na Matrícula do  imóvel  junto ao Cartório de Registro de  Imóveis e  ser  reconhecida  mediante  Ato  Declaratório  Ambiental  ­  ADA,  cujo  requerimento  deve ser protocolado dentro do prazo estipulado. O ADA é igualmente exigido para  a comprovação das áreas de preservação permanente.  VALOR DA TERRA NUA.  O  valor  da  terra  nua,  apurado  pela  fiscalização,  em  procedimento  de  ofício  nos  termos  do  art.  14  da  Lei  9.393/96,  não  é  passível  de  alteração,  quando  o  contribuinte  não  apresentar  elementos  de  convicção  que  justifiquem  reconhecer  valor menor. Impugnação improcedente.   Crédito Tributário Mantido” (fl. 296).  Fl. 483DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/11/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 22/11/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13851.720152/2008­19  Acórdão n.º 2101­001.973  S2­C1T1  Fl. 482          3 Não  se  conformando,  o  Recorrente  interpôs  o  recurso  de  fls.  310/335,  pedindo a  reforma do acórdão  recorrido, para cancelar o  lançamento, uma vez que haveria  a  comprovação da  área de  reserva  legal,  por meio de  averbação na matrícula do  imóvel desde  1991,  apresentando  ainda  justificativas  do  engenheiro  que  elaborou  o  laudo  técnico,  o  que  cumpriria as exigências da ABNT.  É o relatório.  Voto             Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, Relator  O  recurso preenche os  requisitos de  admissibilidade, motivo pelo qual dele  conheço.  A  presente  controvérsia  gira  em  torno  da  comprovação  de  área  de  reserva  legal (380,4 ha.) e da não comprovação do valor da terra nua (VTN) declarado.   Tendo em vista que a matéria no  âmbito deste Conselho Administrativo de  Recursos  Fiscais  (CARF)  é  recorrente,  cumpre  tecer  alguns  breves  esclarecimentos  antes  de  adentrar na questão especificamente debatida nestes autos.  De  fato,  como  é  cediço,  o  imposto  sobre  a  propriedade  territorial  rural,  de  competência da União, na forma do art. 153, VI, da Constituição, incide nas hipóteses previstas  no art. 29 do Código Tributário Nacional, ora trazido à baila, in verbis:  “Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial  rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por  natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município.”  À guisa do disposto pelo Código Tributário Nacional, a União promulgou a  Lei Federal n.º 9.393/96, que, na esteira do estatuído pelo art. 29 do CTN, instituiu, em seu art.  1º, como hipótese de incidência do tributo, a “propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel  por natureza, localizado fora da zona urbana do município”.  Sem adentrar especificamente na discussão a respeito da eventual ampliação  do  conceito  de  propriedade  albergado  pela  Constituição  Federal  pelo  disposto  nos  artigos  citados, ao incluírem como fato gerador do ITR o domínio útil e a posse (cum animus domini),  tema que não releva na análise do presente recurso, verifica­se que não há qualquer discussão a  respeito da incidência do tributo no que toca às áreas de preservação permanente ou de reserva  florestal legal.  Com  efeito,  muito  embora  em  tais  áreas  a  utilização  da  propriedade  deva  observar  a  regulamentação  ambiental  específica,  disso  não  decorre  a  consideração  de  que  referida parcela do imóvel estaria fora da hipótese de incidência do ITR. Isso porque, como se  sabe, o direito de propriedade, expressamente garantido no inciso XXII do art. 5º da CF, possui  limitação constitucional assentada em sua função social (art. 5º, XIII, da CF).   Nesse sentido, consoante salienta Gilmar Mendes (et. al.), possui o legislador  uma  relativa  liberdade  para  conformação  do  direito  de  propriedade,  devendo  preservar,  Fl. 484DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/11/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 22/11/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13851.720152/2008­19  Acórdão n.º 2101­001.973  S2­C1T1  Fl. 483          4 contudo, “o núcleo essencial do direito de propriedade, constituído pela utilidade privada e,  fundamentalmente, pelo poder de disposição. A vinculação social da propriedade, que legitima  a imposição de restrições, não pode ir ao ponto de colocá­la, única e exclusivamente, a serviço  do  Estado  ou  da  comunidade.”  (MENDES,  Gilmar  Ferreira  (et.  al.).  Curso  de  direito  constitucional. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 483).  No que atine à regulação ambiental, deste modo, verifica­se que a legislação,  muito  embora  restrinja  o  uso  do  imóvel  em  virtude  do  interesse  na  preservação  do  meio  ambiente  ecologicamente  equilibrado,  na  forma  como  estabelecido  pela  Constituição  da  República, não elimina as faculdades de usar, gozar e dispor do bem, tal como previstas pela  legislação cível.  Com fundamento no exposto, não versando os autos sobre hipótese de não­ incidência do tributo, mas, sim, de autêntica isenção ou, como querem alguns, redução da base  de cálculo do ITR, dispôs a Lei Federal n.º 9.393/96, em seu art. 10, o seguinte:  “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte,  independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e  condições  estabelecidos  pela  Secretaria  da  Receita  Federal,  sujeitando­se  a  homologação posterior.  § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerar­se­á:  [...]  II ­ área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas:  a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771,  de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de  1989” (grifei).  Havendo  referido  dispositivo  legal  feito  expressa  referência  a  conceitos  desenvolvidos em outro ramo do Direito, mais especificamente no que toca à seara ambiental,  oportuno  se  faz  recorrer  ao  arcabouço  legislativo  desenvolvido  neste  campo  específico,  na  forma indicada pelo art. 109 do CTN, para o fim de compreender, satisfatoriamente, o que se  entende por áreas de preservação permanente e de reserva legal, estabelecidas como hipótese  de isenção do ITR (redução do correspondente aspecto quantitativo).  A  respeito  especificamente  da  chamada  “área  de  preservação  permanente”  (APP),  dispõe  o  Código  Florestal,  Lei  n.º  4.771/65,  atualmente  regulada,  também,  pelas  Resoluções CONAMA n. 302 e 303 de 2002, o seguinte:  “Art. 2° Consideram­se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei,  as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:  a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto  em faixa marginal cuja largura mínima será:   1 ­ de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de  largura;   2 ­ de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a  50 (cinquenta) metros de largura;   Fl. 485DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/11/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 22/11/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13851.720152/2008­19  Acórdão n.º 2101­001.973  S2­C1T1  Fl. 484          5 3 ­ de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a  200 (duzentos) metros de largura;  4  ­  de  200  (duzentos)  metros  para  os  cursos  d'água  que  tenham  de  200  (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;   5  ­  de  500  (quinhentos)  metros  para  os  cursos  d'água  que  tenham  largura  superior a 600 (seiscentos) metros;   b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;  c)  nas  nascentes,  ainda  que  intermitentes  e  nos  chamados  "olhos  d'água",  qualquer  que  seja  a  sua  situação  topográfica,  num  raio mínimo  de  50  (cinquenta)  metros de largura;   d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;  e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a  100% na linha de maior declive;  f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;  g)  nas  bordas  dos  tabuleiros  ou  chapadas,  a  partir  da  linha  de  ruptura  do  relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;   h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a  vegetação.   Parágrafo  único.  No  caso  de  áreas  urbanas,  assim  entendidas  as  compreendidas  nos  perímetros  urbanos  definidos  por  lei  municipal,  e  nas  regiões  metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar­se­ á  o disposto  nos  respectivos  planos  diretores  e  leis de  uso  do  solo,  respeitados  os  princípios e limites a que se refere este artigo.   Art.  3º  Consideram­se,  ainda,  de  preservação  permanente,  quando  assim  declaradas  por  ato  do  Poder  Público,  as  florestas  e  demais  formas  de  vegetação  natural destinadas:  a) a atenuar a erosão das terras;  b) a fixar as dunas;  c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;  d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares;  e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;  f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;  g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;  h) a assegurar condições de bem­estar público.  § 1° A supressão  total ou parcial de  florestas de preservação permanente só  será  admitida  com  prévia  autorização  do  Poder  Executivo  Federal,  quando  for  necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública  ou interesse social.  Fl. 486DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/11/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 22/11/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13851.720152/2008­19  Acórdão n.º 2101­001.973  S2­C1T1  Fl. 485          6 § 2º As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime  de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei.”  Verifica­se, à luz do que se extrai dos artigos em referência, que a legislação  considera  como  área de  preservação permanente,  trazendo à baila  a  lição de Edis Milaré,  as  “florestas e demais formas de vegetação que não podem ser removidas, tendo em vista a sua  localização  e  a  sua  função  ecológica”  (MILARÉ,  Edis.  Direito  do  ambiente:  doutrina,  jurisprudência, glossário. 5ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 691).  Vale  notar,  nesse  sentido,  que  nas  áreas  de  preservação  permanente,  consoante esclarece o disposto pelo §1º do art. 3º, citado supra, não há qualquer possibilidade  de supressão das florestas, apenas excetuada tal regra nos casos de execução de obras, planos,  atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social.  Não  se  confunde  com  a  área  de  preservação  permanente,  no  entanto,  a  chamada  área  de  reserva  legal,  ou  reserva  florestal  legal,  cujos  contornos  são  estabelecidos  igualmente  pelo  Código  Florestal,  mais  especificamente  em  seu  art.  16,  que,  na  redação  vigente, isto é, com a redação que lhe foi dada pela MP 2.166­67/2001, assim dispõe:  “Art. 16.  As  florestas  e  outras  formas  de  vegetação  nativa,  ressalvadas  as  situadas  em  área  de  preservação  permanente,  assim  como  aquelas  não  sujeitas  ao  regime de utilização  limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de  supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo:   I ­ oitenta  por  cento,  na  propriedade  rural  situada  em  área  de  floresta  localizada na Amazônia Legal;   II ­ trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado  localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e  quinze  por  cento  na  forma  de  compensação  em  outra  área,  desde  que  esteja  localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos do § 7o deste artigo;   III ­ vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras  formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e   IV ­ vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada  em qualquer região do País.  § 1o O percentual de reserva legal na propriedade situada em área de floresta e  cerrado será definido considerando separadamente os índices contidos nos incisos I e  II deste artigo.   § 2o A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser  utilizada  sob  regime  de  manejo  florestal  sustentável,  de  acordo  com  princípios  e  critérios  técnicos  e  científicos  estabelecidos  no  regulamento,  ressalvadas  as  hipóteses  previstas  no  §  3o  deste  artigo,  sem  prejuízo  das  demais  legislações  específicas.   § 3o  Para  cumprimento  da  manutenção  ou  compensação  da  área  de  reserva  legal  em  pequena  propriedade  ou  posse  rural  familiar,  podem  ser  computados  os  plantios  de  árvores  frutíferas  ornamentais  ou  industriais,  compostos  por  espécies  exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas.   § 4o A  localização  da  reserva  legal  deve  ser  aprovada  pelo  órgão  ambiental  estadual  competente  ou,  mediante  convênio,  pelo  órgão  ambiental  municipal  ou  Fl. 487DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/11/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 22/11/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13851.720152/2008­19  Acórdão n.º 2101­001.973  S2­C1T1  Fl. 486          7 outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de  aprovação, a  função social da propriedade, e os  seguintes critérios e  instrumentos,  quando houver:   I ­ o plano de bacia hidrográfica;   II ­ o plano diretor municipal;  III ­ o zoneamento ecológico­econômico;   IV ­ outras categorias de zoneamento ambiental; e   V ­ a  proximidade  com  outra  Reserva  Legal,  Área  de  Preservação  Permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente protegida.   § 5o  O  Poder  Executivo,  se  for  indicado  pelo  Zoneamento  Ecológico  Econômico ­ ZEE e pelo Zoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, o Ministério  do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, poderá:   I ­ reduzir,  para  fins  de  recomposição,  a  reserva  legal,  na  Amazônia  Legal,  para até cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas  de  Preservação  Permanente,  os  ecótonos,  os  sítios  e  ecossistemas  especialmente  protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos; e   II ­ ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices  previstos neste Código, em todo o território nacional.  § 6o  Será  admitido,  pelo  órgão  ambiental  competente,  o  cômputo  das  áreas  relativas à vegetação nativa existente em área de preservação permanente no cálculo  do percentual de reserva legal, desde que não implique em conversão de novas áreas  para  o  uso  alternativo  do  solo,  e  quando  a  soma  da  vegetação  nativa  em  área  de  preservação permanente e reserva legal exceder a:   I ­ oitenta por cento da propriedade rural localizada na Amazônia Legal;   II ­ cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do  País; e  III ­ vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas alíneas "b"  e "c" do inciso I do § 2o do art. 1o.  § 7o  O  regime  de  uso  da  área  de  preservação  permanente  não  se  altera  na  hipótese prevista no § 6o.   § 8o  A  área  de  reserva  legal  deve  ser  averbada  à  margem  da  inscrição  de  matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de  sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou  de retificação da área, com as exceções previstas neste Código.   § 9o  A  averbação  da  reserva  legal  da  pequena  propriedade  ou  posse  rural  familiar é gratuita, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando  necessário.   § 10. Na  posse,  a  reserva  legal  é  assegurada  por Termo  de Ajustamento  de  Conduta,  firmado  pelo  possuidor  com  o  órgão  ambiental  estadual  ou  federal  competente, com força de título executivo e contendo, no mínimo, a localização da  reserva legal, as suas características ecológicas básicas e a proibição de supressão de  Fl. 488DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/11/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 22/11/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13851.720152/2008­19  Acórdão n.º 2101­001.973  S2­C1T1  Fl. 487          8 sua vegetação, aplicando­se, no que couber, as mesmas disposições previstas neste  Código para a propriedade rural.   § 11. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais  de  uma  propriedade,  respeitado  o  percentual  legal  em  relação  a  cada  imóvel,  mediante  a  aprovação  do  órgão  ambiental  estadual  competente  e  as  devidas  averbações referentes a todos os imóveis envolvidos.  (...)  Art. 44.  O  proprietário  ou  possuidor  de  imóvel  rural  com  área  de  floresta  nativa,  natural,  primitiva  ou  regenerada  ou  outra  forma  de  vegetação  nativa  em  extensão inferior ao estabelecido nos incisos  I,  II,  III e  IV do art. 16,  ressalvado o  disposto  nos  seus  §§  5o  e  6o,  deve  adotar  as  seguintes  alternativas,  isoladas  ou  conjuntamente:   I ­ recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o plantio, a cada três  anos,  de  no  mínimo  1/10  da  área  total  necessária  à  sua  complementação,  com  espécies  nativas,  de  acordo  com  critérios  estabelecidos  pelo  órgão  ambiental  estadual competente;   II ­ conduzir a regeneração natural da reserva legal; e   III ­ compensar  a  reserva  legal  por  outra  área  equivalente  em  importância  ecológica e extensão, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada  na mesma microbacia, conforme critérios estabelecidos em regulamento.   § 1o  Na  recomposição  de  que  trata  o  inciso  I,  o  órgão  ambiental  estadual  competente deve apoiar tecnicamente a pequena propriedade ou posse rural familiar.   § 2o  A  recomposição  de  que  trata  o  inciso  I  pode  ser  realizada mediante  o  plantio  temporário  de  espécies  exóticas  como  pioneiras,  visando  a  restauração  do  ecossistema  original,  de  acordo  com  critérios  técnicos  gerais  estabelecidos  pelo  CONAMA.   § 3o  A  regeneração  de  que  trata  o  inciso  II  será  autorizada,  pelo  órgão  ambiental  estadual  competente,  quando  sua  viabilidade  for  comprovada  por  laudo  técnico, podendo ser exigido o isolamento da área.   § 4o Na  impossibilidade  de  compensação  da  reserva  legal  dentro  da mesma  micro­bacia  hidrográfica,  deve  o  órgão  ambiental  estadual  competente  aplicar  o  critério  de  maior  proximidade  possível  entre  a  propriedade  desprovida  de  reserva  legal e a área escolhida para compensação, desde que na mesma bacia hidrográfica e  no  mesmo  Estado,  atendido,  quando  houver,  o  respectivo  Plano  de  Bacia  Hidrográfica, e respeitadas as demais condicionantes estabelecidas no inciso III.   § 5o  A  compensação  de  que  trata  o  inciso  III  deste  artigo,  deverá  ser  submetida  à  aprovação  pelo  órgão  ambiental  estadual  competente,  e  pode  ser  implementada mediante o arrendamento de área sob regime de servidão florestal ou  reserva legal, ou aquisição de cotas de que trata o art. 44­B. (...)”  O Código  Florestal  estabelece,  em  sua  essência,  como  lembra MILARÉ,  a  idéia  de  disciplinar  a  supressão  tanto  das  florestas  e  demais  formas  de  vegetação  nativa,  excetuadas  as  áreas  de  preservação  permanente,  vistas  anteriormente,  como,  igualmente,  das  florestas  não  sujeitas  ao  regime  de  utilização  limitada,  ou  já  objeto  de  legislação  específica  (MILARÉ, Edis. op. cit. p. 702).  Fl. 489DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/11/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 22/11/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13851.720152/2008­19  Acórdão n.º 2101­001.973  S2­C1T1  Fl. 488          9 Nesse  sentido,  lembra  o  referido  ambientalista  que  “ao  permitir  tal  supressão  [de  florestas]  determina  que  se  mantenha  obrigatoriamente  uma  parte  da  propriedade  rural  com  cobertura  florestal  ou  com  outra  forma  de  vegetação  nativa”,  delimitando, assim, “a porção a ser constituída como Reserva da Floresta Legal” (Op. cit. p.  702).  A reserva florestal  legal, portanto, sendo um percentual determinado por  lei  para a preservação da vegetação nativa do imóvel rural, constitui, como afirma Paulo de Bessa  Antunes,  “uma  obrigação  que  recai  diretamente  sobre  o  proprietário  do  imóvel,  independentemente  de  sua  pessoa  ou  da  forma  pela  qual  tenha  adquirido  a  propriedade”,  estando,  assim,  “umbilicalmente  ligada  à  própria  coisa,  permanecendo  aderida  ao  bem”  (ANTUNES, Paulo de Bessa. Poder Judiciário e reserva legal: análise de recentes decisões do  Superior Tribunal de Justiça. In: Revista de Direito Ambiental n.º 21. São Paulo: Revista dos  Tribunais, 2001, p. 120).  À luz do exposto, verifica­se que as restrições ambientais, tanto nos casos de  áreas  de  preservação  permanente,  como  naqueles  em  que  há  reserva  legal,  decorrem,  explicitamente, da ocorrência ou verificação,  in  loco, dos pressupostos  legais apontados pela  legislação,  inexistindo,  portanto,  qualquer  discricionariedade  por  parte  do  proprietário  ou  agente público.  Nesse passo, consoante se extrai da legislação ambiental trazida à baila, não  há a exigência, para o cumprimento das normas relativas às áreas de preservação permanente  ou de  reserva  legal, de qualquer ato público que as constitua, mas, apenas e  tão­somente, da  ocorrência das hipóteses  legais previstas pelo Código Florestal, bem como pelos demais atos  normativos primários que disponham sobre o tema.   À guisa do exposto, portanto, a averbação à margem da matrícula do imóvel  da área de reserva florestal legal, com a devida vênia daqueles que entendem de forma diversa,  não tem natureza constitutiva, mas simplesmente declaratória, tendo em vista que, excetuadas  as hipóteses especificamente mencionadas na legislação, a observância do percentual de 20%  previsto  em  lei  independe de qualquer  averbação,  estando apenas  sujeita  à aprovação da  sua  localização  por  órgão  ambiental  estadual  competente  ou,  mediante  convênio,  pelo  órgão  ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, na forma do §4º do art. 16 da  Lei n.º 4.771/65.  Nesse  sentido,  oportuno  afirmar  que,  muito  embora  a  legislação  preveja  a  necessidade de averbação da reserva legal, de acordo com o que dispõe o §8º do art. 16 da Lei  n.º 4.771/65, a sanção decorrente da falta de averbação da área de reserva legal, prevista pelo  art.  55  do Decreto  n.º  6.514/2008,  encontra­se  atualmente  prorrogada  para  2011,  de  acordo  com o que estatui o Decreto Federal n.º 7.029/2009, razão pela qual se infere que a legislação  concedeu  um  período  de  adaptação  aos  proprietários,  a  fim  de  que  possam  cumprir  referida  determinação legal, deixando de cominar­lhes qualquer penalidade em decorrência da falta de  averbação de referida área.  Por  tais  razões,  especialmente  por  entender  que  a  observância  dos  percentuais fixados em lei para exploração de área rural decorre de normas de ordem pública,  que não podem ser afastadas pelo contribuinte pelo  simples  fato de que não procedeu este  à  competente averbação, tenho para mim que esta última possui caráter nitidamente declaratório,  sendo  necessária  para  conferir  publicidade  ao  gravame  fixado  que,  como  já  se  verberou  oportunamente, decorre diretamente da legislação ambiental.  Fl. 490DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/11/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 22/11/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13851.720152/2008­19  Acórdão n.º 2101­001.973  S2­C1T1  Fl. 489          10 Além da desnecessidade de averbação, para o fim específico de constituir as  áreas  de  reserva  florestal  legal,  igualmente  não  havia,  até  o  exercício  de  2000,  qualquer  fundamento legal para a exigência da entrega do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para o fim  de reduzir a base de cálculo do ITR. Nesse sentido, aliás, dispunha o art. 17­O, da Lei Federal  n.º 6.938/81, com a redação que lhe foi conferida pela Lei n. 9.960/2000, o seguinte:  "Art. 17­O. Os proprietários rurais, que se beneficiarem com redução do valor  do  Imposto  sobre  a  Propriedade  Territorial  Rural  ­  ITR,  com  base  em  Ato  Declaratório Ambiental ­ ADA, deverão recolher ao Ibama 10% (dez por cento) do  valor  auferido  como  redução  do  referido  Imposto,  a  título  de  preço  público  pela  prestação de serviços técnicos de vistoria." (AC)  "§ 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR  é opcional."  Por esta razão, portanto, isto é, por inexistir qualquer fundamento legal para a  entrega  tempestiva  do  ADA,  como  requisito  para  a  fruição  da  redução  da  base  de  cálculo  prevista pela legislação atinente ao ITR, a 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais  aprovou a seguinte súmula, extraída do texto da Portaria n.º 106/2009:  “A  não  apresentação  do  Ato  Declaratório  Ambiental  (ADA)  emitido  pelo  IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a  fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000.”  Pois  bem.  Muito  embora  inexistisse,  até  o  exercício  de  2000,  qualquer  fundamento para a exigência da entrega do ADA como requisito para a fruição da isenção, com  o advento da Lei Federal n.º 10.165/2000 alterou­se a redação do §1º do art. 17­O da Lei n.º  6.938/81, que passou a vigorar da seguinte forma:  “Art. 17­O.   (...)   § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR  é obrigatória.”  Assim,  a  partir  do  exercício  de  2001,  a  exigência  do  ADA  passou  a  ter  previsão legal com a promulgação da Lei n.º 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17­O,  §1º,  da  Lei  n.º  6.938/81,  para  a  fruição  da  redução  da  base  de  cálculo  do  Imposto  sobre  a  Propriedade Territorial Rural.   Feita  esta  observação,  relativa,  portanto,  à  obrigatoriedade  de  apresentação  do ADA, cumpre mover à análise do prazo em que poderia o contribuinte protocolizar referida  declaração no órgão competente.  No que toca a este aspecto específico,  tenho para mim que é absolutamente  relevante uma digressão a respeito da mens legis que norteou a alteração do texto do art. 17­O  da Lei n.º 6.938/81.   Analisando­se,  nesse  passo,  o  real  intento  do  legislador  ao  estabelecer  a  obrigatoriedade de apresentação do ADA, pode­se inferir que a mudança de paradigma deveu­ se  a  razões  atinentes  à  efetividade  da  norma  isencional,  especialmente  no  que  concerne  à  aferição do real cumprimento das normas ambientais pelo contribuinte, de maneira a permitir  que este último possa usufruir da redução da base de cálculo do ITR.  Fl. 491DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/11/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 22/11/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13851.720152/2008­19  Acórdão n.º 2101­001.973  S2­C1T1  Fl. 490          11 Em  outras  palavras,  a  efetiva  exigência  do  ADA  para  o  fim  específico  da  fruição da redução da base de cálculo do  ITR foi facilitar a fiscalização por parte da Receita  Federal da preservação das áreas de reserva legal ou de preservação permanente, utilizando­se,  para este fim específico, do poder de polícia atribuído ao IBAMA.  Em  síntese,  pode­se  afirmar  que  a  alteração  no  regramento  legal  teve  por  escopo razões de praticabilidade tributária, a partir da criação de um dever legal que permita,  como  afirma  Helenílson  Cunha  Pontes,  uma  “razoável  efetividade  da  norma  tributária”  (PONTES, Helenílson Cunha. O princípio da praticidade no Direito Tributário (substituição  tributária, plantas de valores, retenções de fonte, presunções e ficções, etc.): sua necessidade e  seus  limites.  In:  Revista  Internacional  de  Direito  Tributário,  v.  1,  n.º  2.  Belo  Horizonte,  jul/dez­2004, p. 57), no caso da norma isencional.   De fato, no caso da redução da base de cálculo do ITR, mais especificamente  no que atine às áreas de interesse ambiental  lato sensu, além da necessidade de fiscalizar um  número extenso de contribuintes, exigir­se­ia, não fosse a previsão de entrega do ADA, que a  Receita Federal tomasse para si o dever de fiscalizar o extenso volume de propriedades rurais  compreendido no  território nacional, o que, do ponto de vista econômico, não  teria qualquer  viabilidade.  Por esta razão, assim, passou­se, com o advento da Lei Federal n.º 10.165/00  a exigir, de forma a inverter o ônus da prova, a apresentação do ADA para o fim de permitir a  redução da base de cálculo do ITR, declaração esta sujeita ao poder de polícia do IBAMA.  Tratando­se,  portanto,  da  interpretação  do  dispositivo  em  comento,  deve  o  aplicador  do  direito,  neste  conceito  compreendido  o  julgador,  analisar  o  conteúdo  principiológico  que  norteia  referido  dispositivo  legal,  a  fim  de  conferir­lhe  o  sentido  que  melhor se amolda aos objetivos legais.  Partindo­se  desta  premissa  basilar,  verifica­se  que  o  art.  17­O  da  Lei  n.º  6.938/81, em que pese o fato de imprimir, de forma inafastável, o dever de apresentar o ADA,  não estabelece qualquer exigência no que toca à necessidade de sua protocolização em prazo  fixado pela Receita Federal para o fim específico de permitir a redução da base de cálculo do  ITR.  A  exigência  de  protocolo  tempestivo  do  ADA,  para  o  fim  específico  da  redução da base de cálculo do ITR, não decorre expressamente de lei, mas sim do art. 10, §3º,  I, do Decreto n.º 4.382/2002, que data de setembro de 2002.  Quer­se com  isso dizer, portanto, que, muito embora a  legislação  tratasse a  respeito da entrega do Ato Declaratório Ambiental, para o fim específico da redução da base de  cálculo  do  ITR,  não  havia  disposição  alguma  a  respeito  do  prazo  para  sua  apresentação,  e,  menos  ainda,  que  possibilitasse  à  Receita  Federal  desconsiderar  a  existência  de  áreas  de  preservação permanente ou de reserva legal no caso de apresentação intempestiva do ADA.  Com efeito, sendo certo que a instituição de tributos ou mesmo da exclusão  do  crédito  tributário,  na  forma  como  denominada  pelo  Código  Tributário  Nacional,  são  matérias que devem ser  integralmente previstas em lei, na forma como estatuído pelo art. 97,  do  CTN,  mais  especificamente  no  que  toca  ao  seu  inciso  VI,  não  poderia  sequer  o  poder  regulamentar estabelecer a desconsideração da isenção tributária no caso da mera apresentação  intempestiva do ADA.  Fl. 492DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/11/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 22/11/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13851.720152/2008­19  Acórdão n.º 2101­001.973  S2­C1T1  Fl. 491          12 O prazo de seis meses, contado da entrega da DITR, foi instituído apenas por  instrução normativa, muito posteriormente embasada pelo Decreto n.º 4.382/2002, o que, com  a devida vênia, não merece prosperar.  Em virtude,  portanto,  da  ausência de  estabelecimento  de  um critério  rígido  quanto ao prazo para a apresentação do ADA, eis que não se encontra previsto em lei, cumpre  recorrer aos mecanismos de integração da legislação tributária, de maneira a imprimir eficácia  no disposto pelo art. 17­O da Lei n.º 6.398/81.  Dentre  os  mecanismos  de  integração  previstos  pelo  ordenamento  jurídico,  dispõe  o  Código  Tributário  Nacional,  em  seu  art.  108,  I,  que  deve  o  aplicador  recorrer  à  analogia,  sendo  referida  opção  vedada  apenas  no  que  toca  à  instituição  de  tributos  não  previstos em lei, o que, ressalte­se, não é o caso.  Nesse  esteio,  recorrendo­se  à  analogia  para  o  preenchimento  de  referida  lacuna,  deve­se  recorrer  à  legislação  do  ITR  relativa  às  demais  declarações  firmadas  pelo  contribuinte,  mais  especificamente  no  que  atine  à  DIAT  e  à  DIAC,  expressamente  contempladas  pela  Lei  n.º  9.393/96,  aplicadas  ao  presente  caso  tendo­se  sempre  em  vista  o  escopo  da  norma  inserida  no  texto  do  art.  17­O  da  Lei  n.º  6.398/81,  isto  é,  imprimir  praticabilidade  à aferição da  existência das  áreas de  reserva  legal  e preservação permanente,  para o fim específico da isenção tributária.  Pois  bem.  Sendo  certo  que  a  apresentação  do  ADA  cumpre  o  papel  de  imprimir  praticabilidade  à  apuração  da  área  tributável,  verifica­se  que  cumpre  o  escopo  da  norma a sua entrega até o início da fiscalização, momento a partir do qual a apresentação já não  mais cumprirá seu desiderato, passando o ônus da prova a ser do contribuinte.  De fato, até o início da fiscalização em face do contribuinte, verifica­se que a  entrega do ADA possibilitará a consideração, por parte da Receita Federal, da redução da base  de  cálculo  do  ITR,  submetendo  as  declarações  do  contribuinte  ao  pálio  do  órgão  ambiental  competente  e  retirando  referida  aferição  do  âmbito  da Receita  Federal  do Brasil. A  entrega,  portanto,  ainda  que  intempestiva,  muito  embora  pudesse  ensejar  a  aplicação  de  uma  multa  específica,  caso  existisse  referida  norma  sancionatória,  seria  equivalente  à  retificação  das  demais declarações relativas ao ITR, isto é, da DIAT e da DIAC, devendo, pois, ter o mesmo  tratamento  que  estas  últimas,  em  consonância  com  o  que  estatui  o  brocardo  jurídico  “ubi  eadem ratio,  ibi eaedem legis dispositio”,  isto é, onde há o mesmo racional, a  legislação não  pode aplicar critérios distintos.  À guisa do exposto, portanto, no que toca à entrega do ADA, tenho para mim  que cumpre seu desiderato até o momento do início da fiscalização, a partir do qual a omissão  do  contribuinte  ensejou  a  necessidade  de  fiscalização  específica  relativa  ao  recolhimento  do  ITR, o que implica nos custos administrativos inerentes a este fato.  Assim, aplica­se ao ADA, de acordo com este entendimento basilar, a regra  prevista pelo art. 18 da Medida Provisória n.º 2.189­49/01, que assim dispõe, verbis:  “Art. 18.  A  retificação  de  declaração  de  impostos  e  contribuições  administrados  pela  Secretaria  da Receita  Federal,  nas  hipóteses  em  que  admitida,  terá  a  mesma  natureza  da  declaração  originariamente  apresentada,  independentemente de autorização pela autoridade administrativa.”  Fl. 493DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/11/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 22/11/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13851.720152/2008­19  Acórdão n.º 2101­001.973  S2­C1T1  Fl. 492          13 De  acordo  com  a  interpretação  que  ora  se  sustenta,  pois,  é  permitida  a  entrega do ADA, para o fim de inverter o ônus da prova, ainda que intempestivamente, desde  que o contribuinte o faça até o início da fiscalização.  Após  o  início  da  fiscalização,  o  contribuinte  deve  comprovar  os  dados  constantes da DITR, por outros documentos que provem efetivamente as áreas de preservação  permanente  e  de  reserva  legal,  à  luz  do  que  se  extrai  do  próprio  “Manual  de  Perguntas  e  Respostas” do Ato Declaratório Ambiental (ADA) editado pelo IBAMA em 2010.  De  fato,  de  acordo  com  a  pergunta  e  resposta  n.  10,  não  seria  possível  a  apresentação retroativa do ADA, o qual, a partir do exercício de 2007, tornou­se anual.  Assim, a pergunta e resposta n. 11 orienta o administrado a adotar o seguinte  procedimento, em virtude da impossibilidade de apresentação retroativa do ADA:  “Em  virtude  da  impossibilidade  de  proceder­se  à  apresentação  de ADA,  de  um ou mais Exercícios anteriores – por não haver retroatividade –, recomenda­se  que seja efetuado o preenchimento do  formulário  referente ao Exercício em vigor,  mesmo  porque  a  apresentação,  a  partir  do  ADA  –  Exercício  2007  tornou­se  ANUAL.  É  necessário,  também,  munir­se  de  mapa(s)  georreferenciado(s)  da  propriedade e respectivos laudos técnicos, se disponíveis. Sua apresentação, em um  primeiro momento,  não  é  necessária  ao  Ibama,  porém,  caso  haja notificação  pela  Receita Federal do Brasil ao proprietário rural – pela não apresentação do ADA no  Exercício devido –, à ela deverão ser apresentados.”  Mais  adiante,  em  resposta  à  pergunta  n.  40  (“Que  documentação  pode  ser  exigida para comprovar a existência das áreas de interesse ambiental?”), o  IBAMA relaciona  os seguintes documentos:  “●  Ato  Declaratório  Ambiental  –  ADA  e  o  comprovante  da  entrega  do  mesmo;  ● Ato do Poder Público declarando as florestas e demais formas de vegetação  natural como Área de Preservação Permanente, conforme dispõe o Código Florestal  em seu artigo 3.;  ● Laudo técnico emitido por engenheiro agrônomo ou florestal, acompanhado  da Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, que especifique e discrimine as  Áreas  de  Interesse Ambiental  (Área  de Preservação Permanente; Área  de Reserva  Legal;  Reserva  Particular  do  Patrimônio  Natural;  Área  de  Declarado  Interesse  Ecológico; Área  de Servidão Florestal  ou Ambiental; Áreas Cobertas  por Floresta  Nativa;  Áreas  Alagadas  para  fins  de  Constituição  de  Reservatório  de  Usinas  Hidrelétricas);  ● Laudo de vistoria técnica do Ibama relativo à área de interesse ambiental;  ●  Certidão  do  Ibama  ou  de  outro  órgão  de  preservação  ambiental  (órgão  ambiental  estadual)  referente  às Áreas de Preservação Permanente  e de Utilização  Limitada;  ●  Certidão  de  registro  ou  cópia  da matrícula  do  imóvel  com  averbação  da  Área de Reserva Legal;  Fl. 494DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/11/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 22/11/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13851.720152/2008­19  Acórdão n.º 2101­001.973  S2­C1T1  Fl. 493          14 ●  Termo  de  Responsabilidade  de  Averbação  da  Área  de  Reserva  Legal  (TRARL) ou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC);  ● Declaração de interesse ecológico de área imprestável, bem como, de áreas  de proteção dos ecossistemas (Ato do Órgão competente, federal ou estadual – Ato  do Poder Público – para áreas de declarado interesse ecológico): Se houver uma área  no imóvel rural que sirva para a proteção dos ecossistemas e que não seja útil para  a  agricultura  ou  pecuária,  pode  ser  solicitada  ao  órgão  ambiental  federal  ou  estadual a vistoria e a declaração daquela como uma Área de Interesse Ecológico.  ●  Certidão  de  registro  ou  cópia  da matrícula  do  imóvel  com  averbação  da  Área de Servidão Florestal;  ●  Portaria  do  Ibama  de  reconhecimento  da  Área  de  Reserva  Particular  do  Patrimônio Natural (RPPN).”  Pode­se  concluir,  portanto,  que  a  própria  Administração  Pública,  que  não  pode venire contra factum proprium, entende que tanto o ADA como a averbação da reserva  legal têm efeito meramente declaratório, não sendo os únicos documentos comprobatórios das  áreas de preservação permanente e de  reserva  legal, o que  remete a solução da controvérsia,  nas  hipóteses  em  que  ausentes  a  apresentação  do  referido  ADA  ou  a  averbação  da  reserva  legal, à análise de cada caso concreto.  Ante  as  considerações  tecidas  acima,  diante  da  não  apresentação  do ADA,  faz­se  mister  haver  a  comprovação  por  algum  dos  documentos  elencados  no  “Manual  de  Perguntas e Respostas” do Ato Declaratório Ambiental (ADA) editado pelo IBAMA.  No presente caso, o Recorrente apresenta certidão de matrícula do imóvel (fl.  23),  da qual  consta  a  averbação  da  área de  reserva  legal  (307,31  ha  +  73,17  ha,  totalizando  380,48 ha) desde 1991, portanto em muito anterior ao período fiscalizado (2004).  Além  disso,  o  Laudo  de  Vistoria,  Constatação  e  Avaliação  de  fls.  25/116,  apresentado pelo contribuinte, subscrito pelo engenheiro agrimensor Carlos Eduardo Cardoso,  atende  aos  requisitos  legais,  eis  que  veio  acompanhado  da  Anotação  de  Responsabilidade  Técnica  (ART)  do  engenheiro  e  especificou  e  discriminou  as  áreas  de  interesse  ambiental,  constatando a existência de 380,48 ha. de área de reserva legal e 108,05 ha. de área de represa.  No que tange ao valor da terra nua, o disposto no item 9.2.3.5, alínea " b", da  NBR  14653­3,  indica  ser  obrigatório  que  o  Laudo  contenha,  "no  mínimo,  cinco  dados  de  mercado efetivamente utilizados". Os dados de mercado coletados (no mínimo cinco) devem,  ainda, se  referir  a  imóveis  localizados no município do imóvel avaliando, na data do fato  gerador do ITR (1° de janeiro de 2004).  A decisão recorrida, com suporte no auto de infração, entendeu que o referido  laudo  não  logrou  comprovar  o VTN declarado  pelo Recorrente  em  sua  declaração  de  2004,  uma  vez  que  não  apresentou  os  cinco  dados  de  mercado  efetivamente  utilizados,  mas  tão  somente  se  baseou  em  tabelas  do  IEA  (Instituto  de  Economia  Agrícola)  do  Estado  de  São  Paulo,  que  contêm “um número expressivo de  fontes  imobiliárias  [que] não  correspondem à  pesquisa de mercado propriamente dita, servindo somente como valores de referência”, o que  motivou seu arbitramento, com base no SIPT.   Neste  contexto,  o  Recorrente  acosta  a  seu  recurso  voluntário  uma  Justificativa Técnica  do  Laudo  (fls.  380/384),  assinada  pelo  próprio  engenheiro  agrimensor,  Fl. 495DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/11/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 22/11/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13851.720152/2008­19  Acórdão n.º 2101­001.973  S2­C1T1  Fl. 494          15 segundo  a  qual,  por  se  tratar  de  laudo  elaborado  em  2007,  relativo  a  anos  anteriores,  dificultando pesquisas  imobiliárias confiáveis,  foram utilizadas como referência as sobreditas  tabelas  do  IEA,  “amplamente  usada  em  Engenharia  de  Avaliações  e  nas  ações  judiciais”,  através da qual foram trazidos de 8 a 10 informantes para o período abrangido (2003 a 2007).  Ocorre, porém, que tais dados (fl. 467) dizem respeito apenas ao Município de Araraquara, mas  o imóvel se situa no Município de Américo Brasiliense, como o próprio laudo reconhece.   Desse modo,  desatendendo  as  exigências  das  regras  da NBR  14653­3,  não  deve  ser  aceito  o  laudo  para  fins  de  fixação  do  VTN,  devendo  prevalecer  o  entendimento  adotado  pela  DRJ  quanto  à  prevalência  dos  valores  encontrados  no  sistema  SIPT,  de  conformidade com o art. 14 da Lei n.º 9.393/96.  Eis os motivos pelos quais voto no sentido de DAR provimento EM PARTE  ao recurso, para excluir da tributação a área de 380,4 ha. de reserva legal.    (assinado digitalmente)  ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA  Relator                            Fl. 496DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/11/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 22/11/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS

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Numero do processo: 10783.900003/2009-85
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Feb 28 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. INSUMOS ADQUIRIDOS DE NÃO CONTRIBUINTES. POSSIBILIDADE. ENTENDIMENTO FIRMADO EM RECURSO REPETITIVO PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ART. 62-A DO ANEXO II DO RICARF. O Superior Tribunal de Justiça firmou, pelo regime de recursos repetitivos, o entendimento de que devem ser incluídos, na base de cálculo do crédito presumido de IPI, o valor das aquisições de insumos que não sofreram a incidência do PIS e Cofins, de modo que devem ser computadas as aquisições de pessoas físicas e cooperativas. Entendimento que este Tribunal Administrativo reproduz em respeito ao art. 62-A do Regimento Interno. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS. NATUREZA. RECEITAS FINANCEIRAS. As variações monetárias havidas em função da taxa de câmbio da moeda estrangeira, nos termos do art. 9º da Lei nº 9.718/98 e art. 375 do RIR/99 (Decreto nº 3.000/99), para fins de apuração do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363/96, devem ser consideradas como receitas financeiras e não de exportação, mostrando-se incorreto o procedimento de emissão de notas fiscais complementares para formalização de aludidos valores. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. ENTENDIMENTO FIRMADO EM RECURSO REPETITIVO PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. NÃO SE APLICA QUANDO O DIREITO DE CRÉDITO É INTEGRALMENTE APROVEITADO EM COMPENSAÇÃO NO MESMO ATO DO PEDIDO DE RESSARCIMENTO. Entende o Superior Tribunal de Justiça que, nada obstante os créditos de IPI não estejam sujeitos à atualização por sua própria natureza, o contribuinte tem direito à atualização no período compreendido entre a data do protocolo do pedido de ressarcimento e a data na qual se concretizar o seu efetivo pagamento, em razão da demora a que dá causa o Estado em reconhecer o direito do contribuinte. Trata-se de entendimento judicial uniformizado pela Primeira Seção do STJ (EREsp 468926/SC, DJ 02/05/2005), o qual foi reiterado em recurso repetitivo (REsp 1035847/RS, DJe 03/08/2009; REsp 993164/MG, DJe 17/12/2010), de modo que tem de ser reproduzido no âmbito do CARF por força do art. 62-A do Anexo II do Regimento Interno. Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 3403-001.857
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado em dar provimento parcial ao recurso da seguinte forma: 1) por unanimidade de votos, reconhecer o direito de o contribuinte incluir as aquisições de não contribuintes do PIS e da Cofins no cálculo do crédito presumido, assim como reconhecer o direito à correção pela taxa Selic entre a data de apresentação do pedido de ressarcimento e as datas da efetiva utilização do crédito; e 2) por maioria de votos, negar o direito de o contribuinte incluir as receitas de variação cambial no cálculo do crédito presumido. Vencidos os Conselheiros Ivan Allegretti (Relator) e Domingos de Sá Filho. Designado o Conselheiro Robson José Bayerl. Antonio Carlos Atulim – Presidente Ivan Allegretti – Relator Robson José Bayerl – Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Marcos Tranchesi Ortiz e Ivan Allegretti.
Nome do relator: IVAN ALLEGRETTI

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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. INSUMOS ADQUIRIDOS DE NÃO CONTRIBUINTES. POSSIBILIDADE. ENTENDIMENTO FIRMADO EM RECURSO REPETITIVO PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ART. 62-A DO ANEXO II DO RICARF. O Superior Tribunal de Justiça firmou, pelo regime de recursos repetitivos, o entendimento de que devem ser incluídos, na base de cálculo do crédito presumido de IPI, o valor das aquisições de insumos que não sofreram a incidência do PIS e Cofins, de modo que devem ser computadas as aquisições de pessoas físicas e cooperativas. Entendimento que este Tribunal Administrativo reproduz em respeito ao art. 62-A do Regimento Interno. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS. NATUREZA. RECEITAS FINANCEIRAS. As variações monetárias havidas em função da taxa de câmbio da moeda estrangeira, nos termos do art. 9º da Lei nº 9.718/98 e art. 375 do RIR/99 (Decreto nº 3.000/99), para fins de apuração do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363/96, devem ser consideradas como receitas financeiras e não de exportação, mostrando-se incorreto o procedimento de emissão de notas fiscais complementares para formalização de aludidos valores. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. ENTENDIMENTO FIRMADO EM RECURSO REPETITIVO PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. NÃO SE APLICA QUANDO O DIREITO DE CRÉDITO É INTEGRALMENTE APROVEITADO EM COMPENSAÇÃO NO MESMO ATO DO PEDIDO DE RESSARCIMENTO. Entende o Superior Tribunal de Justiça que, nada obstante os créditos de IPI não estejam sujeitos à atualização por sua própria natureza, o contribuinte tem direito à atualização no período compreendido entre a data do protocolo do pedido de ressarcimento e a data na qual se concretizar o seu efetivo pagamento, em razão da demora a que dá causa o Estado em reconhecer o direito do contribuinte. Trata-se de entendimento judicial uniformizado pela Primeira Seção do STJ (EREsp 468926/SC, DJ 02/05/2005), o qual foi reiterado em recurso repetitivo (REsp 1035847/RS, DJe 03/08/2009; REsp 993164/MG, DJe 17/12/2010), de modo que tem de ser reproduzido no âmbito do CARF por força do art. 62-A do Anexo II do Regimento Interno. Recurso parcialmente provido.

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado em dar provimento parcial ao recurso da seguinte forma: 1) por unanimidade de votos, reconhecer o direito de o contribuinte incluir as aquisições de não contribuintes do PIS e da Cofins no cálculo do crédito presumido, assim como reconhecer o direito à correção pela taxa Selic entre a data de apresentação do pedido de ressarcimento e as datas da efetiva utilização do crédito; e 2) por maioria de votos, negar o direito de o contribuinte incluir as receitas de variação cambial no cálculo do crédito presumido. Vencidos os Conselheiros Ivan Allegretti (Relator) e Domingos de Sá Filho. Designado o Conselheiro Robson José Bayerl. Antonio Carlos Atulim – Presidente Ivan Allegretti – Relator Robson José Bayerl – Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Marcos Tranchesi Ortiz e Ivan Allegretti.

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/01/2013 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente e m 05/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM     2 do  pedido  de  ressarcimento  e  a  data  na  qual  se  concretizar  o  seu  efetivo  pagamento,  em  razão da demora  a que dá  causa o Estado em  reconhecer o  direito do contribuinte. Trata­se de entendimento  judicial uniformizado pela  Primeira  Seção  do  STJ  (EREsp  468926/SC,  DJ  02/05/2005),  o  qual  foi  reiterado  em  recurso  repetitivo  (REsp  1035847/RS,  DJe  03/08/2009;  REsp  993164/MG,  DJe  17/12/2010),  de  modo  que  tem  de  ser  reproduzido  no  âmbito do CARF por força do art. 62­A do Anexo II do Regimento Interno.  Recurso parcialmente provido.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do Colegiado em dar provimento parcial ao recurso da  seguinte forma: 1) por unanimidade de votos, reconhecer o direito de o contribuinte incluir as  aquisições  de  não  contribuintes  do  PIS  e  da Cofins  no  cálculo  do  crédito  presumido,  assim  como reconhecer o direito à correção pela taxa Selic entre a data de apresentação do pedido de  ressarcimento  e  as  datas  da  efetiva utilização  do  crédito;  e 2)  por maioria de  votos,  negar  o  direito  de  o  contribuinte  incluir  as  receitas  de  variação  cambial  no  cálculo  do  crédito  presumido.  Vencidos  os  Conselheiros  Ivan  Allegretti  (Relator)  e  Domingos  de  Sá  Filho.  Designado o Conselheiro Robson José Bayerl.  Antonio Carlos Atulim – Presidente   Ivan Allegretti – Relator   Robson José Bayerl – Redator Designado  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  Conselheiros  Antonio  Carlos  Atulim, Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Marcos Tranchesi Ortiz  e Ivan Allegretti.   Relatório  Por  bem  descrever  os  fatos,  transcrevo  o  seguinte  trecho  do  relatório  do  acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Juiz de Fora/RJ (fls. 171/172):    Fl. 496DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/01/2013 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente e m 05/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10783.900003/2009­85  Acórdão n.º 3403­001.857  S3­C4T3  Fl. 496          3   (...)    (...)      Fl. 497DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/01/2013 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente e m 05/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM     4     Por meio do Acórdão nº 09­34.070, de 18 de março de 2011 (fls. 170/177), a  3ª Turma da DRJ em Juiz de Fora/MG manteve a exclusão das aquisições de pessoas físicas e  cooperativas da base de cálculo do crédito presumido de IPI, bem como a exclusão do valor  das exportações de notas­fiscais tidas como decorrentes de variação cambial entre a data de sua  emissão e a do embarque para o exterior. e, também, recusou a atualização do direito de crédito  pleiteado, reconhecendo apenas parte do direito creditório.  O entendimento da DRJ foi resumido na seguinte ementa:   ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  PRODUTOS  INDUSTRIALIZADOS ­ IPI  Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004  CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO.  I – AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS.   O  valor  das  matérias­primas  adquiridas  de  pessoas  físicas  e  cooperativas, não se computa no cálculo do crédito presumido,  pois, conforme a legislação de regência, os  insumos adquiridos  devem sofrer o gravame das referidas contribuições.  II – RECEITA DE EXPORTAÇÃO.  Para  fins  de  apuração  do  crédito  presumido,  a  Receita  de  Exportação a ser considerada é o valor em reais registrado nas  notas fiscais de exportação no mês da sua emissão, ou seja, da  saída  dos  produtos  do  estabelecimento  industrial,  não  devendo  ser  computada  eventual  variação  cambial  entre  a  data  de  emissão da nota fiscal e a do embarque para o exterior.  ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004  Fl. 498DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/01/2013 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente e m 05/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10783.900003/2009­85  Acórdão n.º 3403­001.857  S3­C4T3  Fl. 497          5 I – JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA..  As  normas  e  determinações  previstas  na  legislação  tributária  presumem­se revestidas do caráter de legalidade, contando com  validade e eficácia. Não cabe à esfera administrativa questioná­ las ou negar­lhes aplicação, mas, tão somente velar pelo seu fiel  cumprimento.  II – CORREÇÃO MONTARIA E JUROS  É  incabível,  por  falta  de  previsão  legal,  a  incidência  de  atualização monetária  ou  de  juros  Selic  sobre  o  ressarcimento  de créditos de IPI.  ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004  COMPENSAÇÃO.  DIREITO  CREDITÓRIO  DEFERIDO  EM  PARTE. NÃO HOMOLOGAÇÃO PARCIAL.  A permissão para a compensação de débitos tributários somente  se dá com créditos líquidos e certos, conforme art. 170 do CTN.  Uma  vez  deferido  em  parte  o  direito  creditório  indicado  pela  interessada para compensar os débitos objetos das DCOMPS em  análise,  cabe  a  homologação  parcial  das  compensações  sob  exame.  Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte  Direito Creditório Reconhecido em Parte.  O  contribuinte  apresentou  recurso  voluntário  (fls.  328/402)  alegando,  em  síntese (1) que tem direito de incluir na base de cálculo do crédito presumido o valor total das  aquisições, independente de se tratar de fornecedores pessoas físicas ou cooperativas, citando  precedentes deste Conselho e do Superior Tribunal de Justiça; (2) que algumas das notas fiscais  apresentadas  não  poderão  ser  excluídas  do  total  das  receitas  de  exportação,  já  que  não  configuram  variação  cambial,  mas  sim  complementos  de  preço  e  (3)  que  tem  direito  à  atualização do seu crédito pela taxa SELIC.  É o relatório.    Voto Vencido  Conselheiro Ivan Allegretti, Relator  O recurso é tempestivo, motivo pelo qual dele conheço.  a) As aquisições de não contribuintes de PIS/Cofins.  Fl. 499DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/01/2013 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente e m 05/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM     6 Em  razão  do  disposto  no  art.  62­A  do RI­CARF,  introduzido  pela  Portaria  MF 586/2010, deve ser reproduzido neste caso o entendimento firmado pelo Superior Tribunal  de Justica, pela sistemática dos recursos repetitivos, a respeito da mesma questão jurídica.  Este dispositivo do RI­CARF estabelece o seguinte:  “Art.  62­A.  As  decisões  definitivas  de  mérito,  proferidas  pelo  Supremo Tribunal  Federal  e  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça  em  matéria  infraconstitucional,  na  sistemática  prevista  pelos  artigos 543­B e 543­C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973,  Código  de  Processo  Civil,  deverão  ser  reproduzidas  pelos  conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.   §  1º  Ficarão  sobrestados  os  julgamentos  dos  recursos  sempre  que  o  STF  também  sobrestar  o  julgamento  dos  recursos  extraordinários  da  mesma  matéria,  até  que  seja  proferida  decisão nos termos do art. 543­B.   § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo  relator ou por provocação das partes.”  O  entendimento  firmado  pelo  STJ  na  sistemática  do  art.  543­C  do CPC,  é  resumido na seguinte ementa:  PROCESSUAL  CIVIL.  RECURSO  ESPECIAL  REPRESENTATIVO  DE  CONTROVÉRSIA.  IPI.  CRÉDITO  PRESUMIDO  PARA  RESSARCIMENTO  DO  VALOR  DO  PIS/PASEP  E  DA  COFINS.  EMPRESAS  PRODUTORAS  E  EXPORTADORAS  DE  MERCADORIAS  NACIONAIS.  LEI  9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97.  CONDICIONAMENTO  DO  INCENTIVO  FISCAL  AOS  INSUMOS  ADQUIRIDOS DE  FORNECEDORES  SUJEITOS À  TRIBUTAÇÃO  PELO  PIS  E  PELA  COFINS.  EXORBITÂNCIA  DOS  LIMITES  IMPOSTOS  PELA  LEI  ORDINÁRIA.  SÚMULA  VINCULANTE  10/STF.  OBSERVÂNCIA.  INSTRUÇÃO  NORMATIVA (ATO NORMATIVO SECUNDÁRIO).  CORREÇÃO  MONETÁRIA.  INCIDÊNCIA.  EXERCÍCIO  DO  DIREITO  DE  CRÉDITO  POSTERGADO  PELO  FISCO.  NÃO  CARACTERIZAÇÃO  DE  CRÉDITO  ESCRITURAL.  TAXA  SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, DO CPC.  INOCORRÊNCIA.  1. O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não  poderia  ter  sua  aplicação  restringida  por  força  da  Instrução  Normativa SRF 23/97, ato normativo secundário, que não pode  inovar no ordenamento jurídico, subordinando­se aos limites do  texto legal.  2.  A  Lei  9.363/96  instituiu  crédito  presumido  de  IPI  para  ressarcimento do valor do PIS/PASEP e COFINS, ao dispor que:  "Art.  1º  A  empresa  produtora  e  exportadora  de  mercadorias  nacionais  fará  jus  a  crédito  presumido  do  Imposto  sobre  Produtos  Industrializados  ,  como  ressarcimento  das  contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7  de  setembro  de  1970,  8,  de  3  de  dezembro  de  1970,  e  de  Fl. 500DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/01/2013 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente e m 05/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10783.900003/2009­85  Acórdão n.º 3403­001.857  S3­C4T3  Fl. 498          7 dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no  mercado interno, de matérias­primas, produtos intermediários e  material de embalagem, para utilização no processo produtivo .  Parágrafo  único.  O  disposto  neste  artigo  aplica­se,  inclusive,  nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim  específico de exportação para o exterior."  3. O artigo 6º, do aludido diploma legal, determina, ainda, que  "o  Ministro  de  Estado  da  Fazenda  expedirá  as  instruções  necessárias  ao  cumprimento  do  disposto  nesta  Lei,  inclusive  quanto  aos  requisitos  e  periodicidade  para  apuração  e  para  fruição  do  crédito  presumido  e  respectivo  ressarcimento,  à  definição  de  receita  de  exportação  e  aos  documentos  fiscais  comprobatórios  dos  lançamentos,  a  esse  título,  efetuados  pelo  produtor exportador".  4. O Ministro de Estado da Fazenda, no uso de suas atribuições,  expediu  a  Portaria  38/97,  dispondo  sobre  o  cálculo  e  a  utilização  do  crédito  presumido  instituído  pela  Lei  9.363/96  e  autorizando  o  Secretário  da Receita Federal  a  expedir  normas  complementares  necessárias  à  implementação  da  aludida  portaria (artigo 12).  5.  Nesse  segmento,  o  Secretário  da  Receita  Federal  expediu  a  Instrução  Normativa  23/97  (revogada,  sem  interrupção  de  sua  força  normativa,  pela  Instrução  Normativa  313/2003,  também  revogada,  nos  mesmos  termos,  pela  Instrução  Normativa  419/2004), assim preceituando:  "Art. 2º Fará  jus ao crédito presumido a que se refere o artigo  anterior  a  empresa  produtora  e  exportadora  de  mercadorias  nacionais.  § 1º O direito ao crédito presumido aplica­se inclusive:  I  ­ Quando  o  produto  fabricado  goze  do  benefício  da  alíquota  zero;  II  ­  nas  vendas  a  empresa  comercial  exportadora,  com  o  fim  específico de exportação.  §  2º  O  crédito  presumido  relativo  a  produtos  oriundos  da  atividade rural, conforme definida no art. 2º da Lei nº 8.023, de  12  de  abril  de  1990,  utilizados  como  matéria­prima,  produto  intermediário ou embalagem, na produção bens exportados, será  calculado,  exclusivamente,  em  relação às  aquisições,  efetuadas  de  pessoas  jurídicas,  sujeitas  às  contribuições  PIS/PASEP  e  COFINS ."  6. Com efeito, o § 2º, do artigo 2º, da Instrução Normativa SRF  23/97,  restringiu  a  dedução  do  crédito  presumido  do  IPI  (instituído  pela  Lei  9.363/96),  no  que  concerne  às  empresas  produtoras  e  exportadoras  de  produtos  oriundos  de  atividade  rural,  às  aquisições,  no mercado  interno,  efetuadas  de  pessoas  Fl. 501DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/01/2013 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente e m 05/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM     8 jurídicas sujeitas às contribuições destinadas ao PIS/PASEP e à  COFINS.  7. Como de sabença, a validade das instruções normativas (atos  normativos  secundários)  pressupõe  a  estrita  observância  dos  limites  impostos  pelos  atos  normativos  primários  a  que  se  subordinam  (leis,  tratados,  convenções  internacionais,  etc.),  sendo certo que, se vierem a positivar em seu texto uma exegese  que possa irromper a hierarquia normativa sobrejacente, viciar­ se­ão de ilegalidade e não de inconstitucionalidade (Precedentes  do Supremo Tribunal Federal: ADI 531 AgR, Rel. Ministro Celso  de  Mello,  Tribunal  Pleno,  julgado  em  11.12.1991,  DJ  03.04.1992;  e  ADI  365  AgR,  Rel.  Ministro  Celso  de  Mello,  Tribunal Pleno, julgado em 07.11.1990, DJ 15.03.1991).  8.  Conseqüentemente,  sobressai  a  "ilegalidade"  da  instrução  normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96,  ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido  do  IPI,  as  aquisições  (relativamente  aos  produtos  oriundos  de  atividade rural) de matéria­prima e de insumos de fornecedores  não  sujeito  à  tributação  pelo  PIS/PASEP  e  pela  COFINS  (Precedentes das Turmas de Direito Público: REsp 849287/RS,  Rel.  Ministro  Mauro  Campbell  Marques,  Segunda  Turma,  julgado  em  19.08.2010,  DJe  28.09.2010;  AgRg  no  REsp  913433/ES,  Rel.  Ministro  Humberto  Martins,  Segunda  Turma,  julgado em 04.06.2009, DJe 25.06.2009; REsp 1109034/PR, Rel.  Ministro  Benedito  Gonçalves,  Primeira  Turma,  julgado  em  16.04.2009,  DJe  06.05.2009;  REsp  1008021/CE,  Rel.  Ministra  Eliana  Calmon,  Segunda  Turma,  julgado  em  01.04.2008,  DJe  11.04.2008; REsp 767.617/CE, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira  Turma,  julgado  em  12.12.2006,  DJ  15.02.2007;  REsp  617733/CE,  Rel.  Ministro  Teori  Albino  Zavascki,  Primeira  Turma,  julgado  em  03.08.2006,  DJ  24.08.2006;  e  REsp  586392/RN,  Rel.Ministra  Eliana  Calmon,  Segunda  Turma,  julgado em 19.10.2004, DJ 06.12.2004).  9. É que: (i) "a COFINS e o PIS oneram em cascata o produto  rural  e,  por  isso,  estão  embutidos  no  valor  do  produto  final  adquirido  pelo  produtor­exportador,  mesmo  não  havendo  incidência na sua última aquisição" ; (ii) "o Decreto 2.367/98 ­  Regulamento do IPI ­, posterior à Lei 9.363/96, não fez restrição  às aquisições de produtos rurais" ; e (iii) "a base de cálculo do  ressarcimento  é  o  valor  total  das  aquisições  dos  insumos  utilizados  no  processo  produtivo  (art.  2º),  sem  condicionantes"  (REsp 586392/RN).  10.  A  Súmula Vinculante  10/STF  cristalizou  o  entendimento  de  que:  "Viola  a  cláusula  de  reserva  de  plenário  (CF,  artigo  97)  a  decisão  de  órgão  fracionário  de  tribunal  que,  embora  não  declare  expressamente  a  inconstitucionalidade  de  lei  ou  ato  normativo do poder público  , afasta  sua  incidência, no  todo ou  em parte."  11.  Entrementes,  é  certo  que  a  exigência  de  observância  à  cláusula de reserva de plenário não abrange os atos normativos  secundários  do  Poder  Público,  uma  vez  não  estabelecido  Fl. 502DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/01/2013 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente e m 05/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10783.900003/2009­85  Acórdão n.º 3403­001.857  S3­C4T3  Fl. 499          9 confronto direto com a Constituição, razão pela qual inaplicável  a Súmula Vinculante 10/STF à espécie.  (...)   15.  Recurso  especial  da  empresa  provido  para  reconhecer  a  incidência de correção monetária e a aplicação da Taxa Selic.  16. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido.  17. Acórdão submetido ao regime do artigo 543­C, do CPC, e da  Resolução STJ 08/2008.  (REsp  993164/MG,  Rel.  Ministro  LUIZ  FUX,  PRIMEIRA  SEÇÃO, julgado em 13/12/2010, DJe 17/12/2010)  Assim, por força do art. 62­A do RICARF, os Conselheiros do CARF devem  obrigatoriamente  reproduzir  o  entendimento  do  STJ  neste  caso  concreto,  reconhecendo  o  direito ao crédito presumido de IPI em relação às aquisições de pessoas físicas.  b)  A  consideração  da  variação  cambial  na  determinação  do  valor  da  exportação.  O acórdão recorrido recusou ao contribuinte o direito de considerar no valor  da exportação as diferenças causadas pela variação cambial.   Ocorre  que,  como  o  próprio  contribuinte  informou,  o  valor  das  diferenças  geradas pela variação cambial era sujeito à emissão de nota fiscal para complementar o preço  da exportação.  É  extreme  de  dúvida  que  o  procedimento  do  contribuinte  apenas  surtiu  o  efeito  de  ajustar  os  valores  das  operações,  constantes  nas  notas  fiscais,  aos  valores  efetivamente recebidos pelas operações instrumentalizadas por meio destas mesmas notas.  Entendo  que  assiste  razão  ao  recorrente,  devendo  ser­lhe  reconhecido  o  direito a que se considere na apuração do crédito presumido os valores que constam nas notas  fiscais, na medida em que estes são os valores efetivos das operações de exportação.  c) Atualização pela taxa Selic.  O  Superior  Tribunal  de  Justiça  firmou  em  recurso  repetitivo  o  seguinte  entendimento:   PROCESSO  CIVIL.  RECURSO  ESPECIAL  REPRESENTATIVO  DE  CONTROVÉRSIA.  ARTIGO  543­C,  DO  CPC.  TRIBUTÁRIO.  IPI.  PRINCÍPIO  DA  NÃO  CUMULATIVIDADE.  EXERCÍCIO  DO  DIREITO  DE  CRÉDITO  POSTERGADO  PELO  FISCO.  NÃO  CARACTERIZAÇÃO  DE  CRÉDITO  ESCRITURAL.  CORREÇÃO  MONETÁRIA. INCIDÊNCIA.  1.  A  correção  monetária  não  incide  sobre  os  créditos  de  IPI  decorrentes  do  princípio  constitucional  da  não­cumulatividade  (créditos escriturais), por ausência de previsão legal.  2.  A  oposição  constante  de  ato  estatal,  administrativo  ou  normativo,  impedindo a utilização do  direito  de  crédito oriundo da aplicação do  Fl. 503DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/01/2013 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente e m 05/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM     10 princípio da não­cumulatividade, descaracteriza referido crédito como  escritural,  assim  considerado  aquele  oportunamente  lançado  pelo  contribuinte em sua escrita contábil.  3.  Destarte,  a  vedação  legal  ao  aproveitamento  do  crédito  impele  o  contribuinte  a  socorrer­se  do  Judiciário,  circunstância  que  acarreta  demora  no  reconhecimento  do  direito  pleiteado,  dada  a  tramitação  normal dos feitos judiciais.  4.  Consectariamente,  ocorrendo  a  vedação  ao  aproveitamento  desses  créditos,  com  o  conseqüente  ingresso  no  Judiciário,  posterga­se  o  reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade  de atualizá­los monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa  do  Fisco  (Precedentes  da  Primeira  Seção:  EREsp  490.547/PR,  Rel.  Ministro  Luiz  Fux,  julgado  em  28.09.2005,  DJ  10.10.2005;  EREsp  613.977/RS,  Rel.  Ministro  José  Delgado,  julgado  em  09.11.2005,  DJ  05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado  em  27.09.2006,  DJ  23.10.2006;  EREsp  522.796/PR,  Rel.  Ministro  Herman  Benjamin,  julgado  em  08.11.2006,  DJ  24.09.2007;  EREsp  430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins,  julgado em 26.03.2008,  DJe  07.04.2008;  e  EREsp  605.921/RS,  Rel.  Ministro  Teori  Albino  Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008).  5.  Recurso  especial  da  Fazenda  Nacional  desprovido.  Acórdão  submetido  ao  regime  do  artigo  543­C,  do  CPC,  e  da  Resolução  STJ  08/2008.  (REsp  1035847/RS,  Rel.  Ministro  LUIZ  FUX,  PRIMEIRA  SEÇÃO,  julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009)  O  mesmo  entendimento  foi  reiterado  pelo  STJ  em  relação  ao  crédito  presumido  de  IPI,  também  em  recurso  repetitivo,  do  qual  se  transcreve  apenas  o  trecho  pertinente da ementa:  PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE  CONTROVÉRSIA.  IPI.  CRÉDITO  PRESUMIDO  PARA  RESSARCIMENTO  DO  VALOR  DO  PIS/PASEP  E  DA  COFINS.  EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS  NACIONAIS.  LEI  9.363/96.  INSTRUÇÃO  NORMATIVA  SRF  23/97.  CONDICIONAMENTO  DO  INCENTIVO  FISCAL  AOS  INSUMOS  ADQUIRIDOS  DE  FORNECEDORES  SUJEITOS  À  TRIBUTAÇÃO  PELO  PIS  E  PELA  COFINS.  EXORBITÂNCIA  DOS  LIMITES  IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. SÚMULA VINCULANTE 10/STF.  OBSERVÂNCIA.  INSTRUÇÃO  NORMATIVA  (ATO  NORMATIVO  SECUNDÁRIO).  CORREÇÃO  MONETÁRIA.  INCIDÊNCIA.  EXERCÍCIO  DO  DIREITO  DE  CRÉDITO  POSTERGADO  PELO  FISCO.  NÃO  CARACTERIZAÇÃO  DE  CRÉDITO  ESCRITURAL.  TAXA SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, DO CPC.  INOCORRÊNCIA.  1. O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não poderia  ter  sua  aplicação  restringida  por  força  da  Instrução  Normativa  SRF  23/97, ato normativo secundário, que não pode inovar no ordenamento  jurídico, subordinando­se aos limites do texto legal.  (...)   12. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo,  impedindo  a  utilização  do  direito  de  crédito  de  IPI  (decorrente  da  aplicação  do  princípio  constitucional  da  não­cumulatividade),  descaracteriza  referido  crédito  como  escritural  (assim  considerado  aquele  oportunamente  lançado  pelo  contribuinte  em  sua  escrita  contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob  Fl. 504DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/01/2013 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente e m 05/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10783.900003/2009­85  Acórdão n.º 3403­001.857  S3­C4T3  Fl. 500          11 pena de  enriquecimento  sem causa do Fisco  (Aplicação analógica  do  precedente  da Primeira  Seção  submetido  ao  rito  do  artigo  543­C,  do  CPC:  REsp  1035847/RS,  Rel.  Ministro  Luiz  Fux,  julgado  em  24.06.2009, DJe 03.08.2009).  13.  A  Tabela  Única  aprovada  pela  Primeira  Seção  (que  agrega  o  Manual  de  Cálculos  da  Justiça  Federal  e  a  jurisprudência  do  STJ)  autoriza a aplicação da Taxa SELIC (a partir de  janeiro de 1996) na  correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por  óbice  do  Fisco  (REsp  1150188/SP,  Rel.  Ministra  Eliana  Calmon,  Segunda Turma, julgado em 20.04.2010, DJe 03.05.2010).  (...)  15.  Recurso  especial  da  empresa  provido  para  reconhecer  a  incidência de correção monetária e a aplicação da Taxa Selic.  16. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido.  17.  Acórdão  submetido  ao  regime  do  artigo  543­C,  do  CPC,  e  da  Resolução STJ 08/2008.  (REsp  993164/MG,  Rel.  Ministro  LUIZ  FUX,  PRIMEIRA  SEÇÃO,  julgado em 13/12/2010, DJe 17/12/2010)  No âmbito do IPI, portanto, a aplicação da correção pela taxa Selic em razão  da demora causada pelo Fisco no ressarcimento do direito do contribuinte é matéria definida  em  recurso  repetitivo,  pelo  STJ,  o  que  exige  a  reprodução  deste  mesmo  entendimento  no  âmbito  do CARF,  por  força  do  art.  62­A RICARF,  introduzido  pela Portaria MF nº  586,  de  21/12/2010, que estabelece o seguinte:  Art.  62­A.  As  decisões  definitivas  de  mérito,  proferidas  pelo  Supremo Tribunal  Federal  e  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça  em  matéria  infraconstitucional,  na  sistemática  prevista  pelos  artigos 543­B e 543­C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973,  Código  de  Processo  Civil,  deverão  ser  reproduzidas  pelos  conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF  Neste  caso,  portanto,  deve  ser  reconhecido  o  direito  de  atualização  entre  a  data do pedido e o seu efetivo aproveitamento.    4) Conclusão  Pelas razões expostas, voto por dar provimento ao recurso para reconhecer ao  contribuinte o direito (1) de incluir na base de cálculo do crédito presumido as aquisições de  pessoas  físicas,  (2)  incluir  na  receita  de  exportação  as  notas  fiscais  de  complementação  de  preços,  que  se  referem  aos  valores  de  variação  cambial  e  (3)  de  atualização  do  crédito  pela  aplicação da  taxa Selic,  correspondente  ao período  transcorrido  entre  a data do protocolo do  pedido  e  a  data  em  que  se  concretizou  o  ressarcimento  ou  a  utilização  por  meio  de  compensação.  Ivan Allegretti  Fl. 505DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/01/2013 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente e m 05/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM     12 Voto Vencedor  Conselheiro Robson José Bayerl, Redator Designado  Peço  vênia  ao  eminente  conselheiro  relator  para  dissentir  de  seu  entendimento  quanto  à  consideração  da  variação  cambial  ativa  como  receita  de  exportação,  para fins de cálculo do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363/96.  Neste  sentido, distintamente da  ilação do voto vencido,  sua verificação não  decorre de reajuste ou complemento do preço de venda a justificar a emissão de notas fiscais  complementares,  como procedeu o  contribuinte, mas  sim, de  flutuação da moeda estrangeira  em que negociado o contrato comercial, cuidando­se de mera receita financeira.  Nos  termos  do  art.  3º,  parágrafo  único,  da Lei  nº  9.363/96,  considerando  a  inexistência de uma acepção específica neste diploma, utiliza­se, subsidiariamente, a legislação  do  Imposto de Renda para  a definição do  conceito de  receita operacional bruta,  para  fins de  apuração  do  crédito  presumido  aqui  tratado,  e,  por  via  reflexa,  da  natureza  das  variações  cambiais.  Por  conseguinte,  o  Decreto  nº  3.000/99,  que  regulamenta  o  Imposto  de  Renda, estabelece a natureza das receitas em questão:  “Art. 375. Na determinação do  lucro  operacional  deverão  ser  incluídas,  de  acordo com o regime de competência, as contrapartidas das variações monetárias,  em  função  da  taxa  de  câmbio  ou  de  índices  ou  coeficientes  aplicáveis,  por  disposição legal ou contratual, dos direitos de crédito do contribuinte, assim como  os ganhos cambiais e monetários realizados no pagamento de obrigações (Decreto­ Lei nº 1.598, de 1977, art. 18, Lei nº 9.249, de 1995, art. 8º).  Parágrafo único.  As  variações  monetárias  de  que  trata  este  artigo  serão  consideradas,  para  efeito  da  legislação  do  imposto,  como  receitas  ou  despesas  financeiras, conforme o caso (Lei nº 9.718, de 1998, art. 9º).” (destacado)  Não  discrepa  deste  conceito  as  disposições  do  art.  9º  da  Lei  nº  9.718/98,  verbis:  “Art. 9° As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do  contribuinte, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis  por disposição legal ou contratual serão consideradas, para efeitos da legislação do  imposto  de  renda,  da  contribuição  social  sobre  o  lucro  líquido,  da  contribuição  PIS/PASEP  e  da  COFINS,  como  receitas  ou  despesas  financeiras,  conforme  o  caso.” (destacado)  Assim,  se  as  receitas  de  variação  cambial  devem  ser  enquadradas  como de  natureza financeira, para apuração das contribuições em comento, logicamente não podem ser  qualificadas como receita de exportação para o desiderato de se calcular o crédito presumido de  IPI como ressarcimento de indigitadas exações, como pretende o recorrente.  Note­se que a receita em comento é proveniente da operação de exportação,  porém,  com ela  não  se  confunde,  possuindo  natureza  diversa,  da mesma  forma que os  juros  percebidos pela quitação, em atraso, das contas a receber (vendas a prazo), que não podem ser  considerados receitas de faturamento.  Fl. 506DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/01/2013 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente e m 05/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10783.900003/2009­85  Acórdão n.º 3403­001.857  S3­C4T3  Fl. 501          13 Portanto,  representando o dispositivo adrede  transcrito  reprodução  literal de  texto legal, inarredável a conclusão que as receitas aqui tratadas (variação cambial ativa) não se  incluem no conceito de receita operacional bruta e, como tal, não devem ser agregadas à receita  de  exportação.  Em  conseqüência,  incorreto  o modus  operandi  observado  pelo  recorrente  ao  emitir notas fiscais de exportação complementares atinentes a tais receitas.  Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso.  Robson José Bayerl                  Fl. 507DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/01/2013 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente e m 05/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM

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