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Numero do processo: 13851.902679/2013-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2012
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. INTIMAÇÃO. INCONSISTÊNCIAS DO PEDIDO. NULIDADE INEXISTENTE.
Diante da certeza de que o despacho decisório de não homologação da compensação explicita de maneira fundamentada os motivos pelos quais o crédito pleiteado foi considerado inexistente, não assiste razão à Recorrente a respeito da alegação de sua nulidade. Também não acarreta nulidade a dispensa de intimação para a comprovação do crédito quando não há nenhuma dúvida quanto à sua falta de liquidez e certeza.
Numero da decisão: 1401-002.459
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Lívia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza Gonçalves.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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PERDCOMP Recorrente JOSÉ MARIA DOS SANTOS TRANSPORTADORA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2012 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. INTIMAÇÃO. INCONSISTÊNCIAS DO PEDIDO. NULIDADE INEXISTENTE. Diante da certeza de que o despacho decisório de não homologação da compensação explicita de maneira fundamentada os motivos pelos quais o crédito pleiteado foi considerado inexistente, não assiste razão à Recorrente a respeito da alegação de sua nulidade. Também não acarreta nulidade a dispensa de intimação para a comprovação do crédito quando não há nenhuma dúvida quanto à sua falta de liquidez e certeza. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Lívia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 1. 90 26 79 /2 01 3- 27 Fl. 64DF CARF MF Processo nº 13851.902679/201327 Acórdão n.º 1401002.459 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de PER/DCOMP em que a Contribuinte pretende compensar débito de sua titularidade com crédito de IRPJ, recolhido via DARF em 14/01/2013, no valor de R$ 2.651,43. Analisando o pedido, a Autoridade Administrativa que jurisdiciona a Recorrente não homologou a compensação pretendida ante a constatação de que o pagamento indicado teria sido integralmente utilizado para a quitação de outros débitos de sua responsabilidade, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. Irresignado com o indeferimento do PER/DCOMP, a Contribuinte apresentou manifestação de inconformidade à DRJ, tendo a Delegacia de Julgamento assim se pronunciado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2012 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Intimado do Acórdão de Manifestação de Inconformidade, apresentou Recurso Voluntário onde, em apertada síntese, argui o seguinte: 1) Reitera a arguição de nulidade do despacho decisório haja vista a forma sintética como foi tratado o direito da Recorrente, o que o estaria impedindo de ter uma visão clara do porque o seu crédito fora declarado inexistente. Fundamenta suas alegações no disposto no art. 59, inc. II, do Decreto 70.235/72; 2) Entende que deveria, obrigatoriamente, ter sido intimado previamente à edição do despacho decisório para que tivesse oportunidade de comprovar a existência do crédito pleiteado, conforme o disposto no art. 65, da Instrução Normativa SRF nº 900/2008. Afinal, vieram os autos para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 65DF CARF MF Processo nº 13851.902679/201327 Acórdão n.º 1401002.459 S1C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401002.457, de 13.04.2018, proferida no julgamento do Processo nº 13851.902677/201338, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401002.457): O Recurso Voluntário é tempestivo e sua matéria se enquadra na competência deste Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. A peça recursal limitase a reclamar a nulidade do despacho decisório que não homologou a compensação pleiteada. Nenhuma arguição de mérito, principalmente em relação à existência do crédito declarado, foi trazida pelo recurso. E, como veremos adiante, as alegações de que o despacho decisório incorreria em nulidade são totalmente descabidas. O primeiro ponto, relativo à falta de motivação/fundamentação, que teria impedido a Contribuinte de "ter uma visão clara" do porque o seu crédito fora declarado inexistente foi assim tratado no acórdão recorrido: O despacho não deixa dúvida quanto à sua motivação: o fundamento de fato para a não homologação é a inexistência do crédito utilizado na compensação; o fundamento legal é, entre outros, o art. 74 da Lei n.º 9.430, de 1996. O caput do referido artigo diz que o sujeito passivo que apurar crédito passível de restituição ou de ressarcimento poderá utilizálo na compensação de débitos próprios. Isso significa que, se o sujeito passivo não apurar crédito passível de restituição ou ressarcimento, não poderá fazer compensação. Portanto, a inexistência do crédito utilizado no PER/DCOMP é fundamento de fato legítimo e suficiente para a não homologação. O despacho decisório explicita de maneira fundamentada, como se concluiu pela inexistência do crédito utilizado. Lá consta que o Darf apresentado como origem do crédito foi utilizado para pagamento de tributo declarado. Entre as informações nele apresentadas, estão o valor original do débito declarado, seu período de apuração e o código do tributo. Demonstrase, assim, que o despacho traz, de forma explícita, a motivação da não homologação. A exposição é clara e exaustiva, não havendo preterição do direito de defesa. Fl. 66DF CARF MF Processo nº 13851.902679/201327 Acórdão n.º 1401002.459 S1C4T1 Fl. 5 4 A análise da motivação é questão de mérito. Sua eventual improcedência não é motivo de nulidade e não afeta o estabelecimento da relação jurídica processual. Perfeita a análise empreendida pela DRJ. Os motivos pelos quais o despacho decisório declarou a inexistência do crédito estão muito bem delineados. Vejam abaixo uma fotografia do próprio despacho decisório que evidencia o dito pelo acórdão: Aliás, a própria decisão recorrida traz uma informação, não contestada pela Contribuinte no Recurso Voluntário, de que o mesmo DARF tido como origem do crédito teria sido utilizado em outras 19 (dezenove) PER/DCOMP, além desta. Vejam: Ainda que o DARF utilizado constituísse pagamento indevido, não seria suficiente para fazer frente a tantas compensações com ele pretendidas. O mesmo DARF, no valor de R$ 11.411,75, foi utilizado em 20 PER/DCOMP para compensar débitos que somam R$93.176,36, conforme abaixo discriminado: Então, resta claramente demonstrado que a Contribuinte sabia exatamente o que estava fazendo, bem assim do porque o alegado crédito seria inexistente. Também muito bem explicado o porque de a Contribuinte limitarse a aventar a nulidade do despacho decisório, ao invés de tentar demonstrar a existência do crédito. Fl. 67DF CARF MF Processo nº 13851.902679/201327 Acórdão n.º 1401002.459 S1C4T1 Fl. 6 5 O segundo ponto levantado pela Recorrente trata da pretensa obrigatoriedade de a Autoridade Administrativa intimála, previamente à edição do despacho decisório, para que comprovasse a existência do crédito pleiteado, diante da inconsistência apontada, conforme o disposto no art. 65, da Instrução Normativa SRF nº 900/2008. Curioso, neste ponto, é que quando da manifestação de inconformidade, a norma citada fora a Instrução Normativa SRF nº 1.300/2012, e não a IN SRF nº 900/2008. Ocorre que a IN SRF nº 900/2008 foi totalmente revogada pela IN SRF nº 1.300/2012, esta sim, passível de citação pelo Recurso Voluntário, eis que vigente à época da transmissão da PER/DCOMP. Fato é que a IN SRF nº 1.300/2012 reproduziu em seu art. 74 a redação contida no art. 65 da IN SRF nº 900/2008, utilizada pela Recorrente. Abaixo colaciono o referido dispositivo: IN SRF nº 1.300/2012 Art. 76. A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas. Quer nos fazer crer a Recorrente que a expressão "poderá", grifada no texto, constituirseia em um poderdever da Administração de intimar o contribuinte quando, durante a análise de pedidos como este que estamos apreciando, houver sido verificada, em suas próprias palavras, "uma inconsistência nos créditos declarados pelo contribuinte". Aqui, claramente, estamos diante de uma tentativa de inversão do alcance do dispositivo colacionado. Tal norma nada mais é do que uma garantia posta ao Fisco de somente conceder a restituição/ressarcimento/compensação quando estiver seguro quanto a liquidez e certeza do crédito apresentado pelo Contribuinte. Em havendo dúvida por parte do Fisco em relação ao crédito apresentado, o referido dispositivo lhe permite condicionar o pagamento/compensação à sua efetiva comprovação, seja pela apresentação "de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos", seja pela determinação de "realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas". No caso em apreço, não houve dúvida nenhuma da parte do Fisco ao não homologar a compensação, eis que patente a inexistência do crédito pleiteado, ante à sua total utilização para a quitação de outros débitos que não aqueles apontados na PER/DCOMP sob análise. Fl. 68DF CARF MF Processo nº 13851.902679/201327 Acórdão n.º 1401002.459 S1C4T1 Fl. 7 6 Não se trata, portanto, de uma obrigação, mas tão somente de uma faculdade posta à disposição da Autoridade Administrativa para garantir a correção no deferimento dos pleitos dos Contribuintes. Portanto, também neste ponto, rechaço as alegações da Recorrente. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 69DF CARF MF
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Numero do processo: 13819.904874/2012-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI PREVISTO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97. APURAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO DA REVENDA DE BENS IMPORTADOS. DESCABIMENTO.
É descabida a apuração do crédito-presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11-A da Lei nº 9.440/97, em relação à contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS incidentes sobre ao faturamento auferido com a revenda de veículos importados.
ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DOS CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS. VINCULAÇÃO AO MÉTODO ADOTADO PELA MATRIZ.
O método utilizado pelo estabelecimento beneficiado com o crédito presumido de IPI previsto nos arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11-A, da Lei nº 9.440/97, para determinar, no cálculo do incentivo, os créditos da não-cumulatividade de contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS referentes aos insumos aplicados na industrialização dos bens incentivados é vinculado àquele adotado pela matriz para calcular os créditos destes mesmos insumos na apuração centralizada das contribuições devidas na forma das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente.
CONVÊNIO ICMS Nº 51/00. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97.
De acordo com o Convênio ICMS n° 51/00, havia que serem destacados na nota fiscal emitida pelo estabelecimento industrial os valores do ICMS próprio e o pelo qual era responsável por substituição.
A fiscalização glosou a exclusão da base de cálculo do rateio proporcional o valor que identificou nos documentos contábeis e fiscais como sendo o ICMS próprio.
VENDAS PARA CONSUMO NA ZONA FRANCA DE MANAUS. TRIBUTAÇÃO À ALÍQUOTA ZERO. MANUTENÇÃO DOS CORRESPONDENTES CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97.
As receitas de vendas de veículo para consumo na Zona Franca de Manaus estão submetidas à alíquota zero, não tendo natureza de receitas de exportação, devendo ser mantidos os respectivos créditos para o cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas para fins de apuração do crédito presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11-A, da Lei nº 9.440/97.
Numero da decisão: 3301-004.694
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator
(assinado digitalmente)
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI PREVISTO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97. APURAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO DA REVENDA DE BENS IMPORTADOS. DESCABIMENTO. É descabida a apuração do crédito-presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11-A da Lei nº 9.440/97, em relação à contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS incidentes sobre ao faturamento auferido com a revenda de veículos importados. ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DOS CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS. VINCULAÇÃO AO MÉTODO ADOTADO PELA MATRIZ. O método utilizado pelo estabelecimento beneficiado com o crédito presumido de IPI previsto nos arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11-A, da Lei nº 9.440/97, para determinar, no cálculo do incentivo, os créditos da não-cumulatividade de contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS referentes aos insumos aplicados na industrialização dos bens incentivados é vinculado àquele adotado pela matriz para calcular os créditos destes mesmos insumos na apuração centralizada das contribuições devidas na forma das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente. CONVÊNIO ICMS Nº 51/00. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97. De acordo com o Convênio ICMS n° 51/00, havia que serem destacados na nota fiscal emitida pelo estabelecimento industrial os valores do ICMS próprio e o pelo qual era responsável por substituição. A fiscalização glosou a exclusão da base de cálculo do rateio proporcional o valor que identificou nos documentos contábeis e fiscais como sendo o ICMS próprio. VENDAS PARA CONSUMO NA ZONA FRANCA DE MANAUS. TRIBUTAÇÃO À ALÍQUOTA ZERO. MANUTENÇÃO DOS CORRESPONDENTES CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97. As receitas de vendas de veículo para consumo na Zona Franca de Manaus estão submetidas à alíquota zero, não tendo natureza de receitas de exportação, devendo ser mantidos os respectivos créditos para o cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas para fins de apuração do crédito presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11-A, da Lei nº 9.440/97.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira - Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator (assinado digitalmente) Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
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APURAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO DA REVENDA DE BENS IMPORTADOS. DESCABIMENTO. É descabida a apuração do créditopresumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A da Lei nº 9.440/97, em relação à contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS incidentes sobre ao faturamento auferido com a revenda de veículos importados. ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11A, DA LEI Nº 9.440/97. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DOS CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS. VINCULAÇÃO AO MÉTODO ADOTADO PELA MATRIZ. O método utilizado pelo estabelecimento beneficiado com o crédito presumido de IPI previsto nos arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A, da Lei nº 9.440/97, para determinar, no cálculo do incentivo, os créditos da não cumulatividade de contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS referentes aos insumos aplicados na industrialização dos bens incentivados é vinculado àquele adotado pela matriz para calcular os créditos destes mesmos insumos na apuração centralizada das contribuições devidas na forma das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente. CONVÊNIO ICMS Nº 51/00. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11A, DA LEI Nº 9.440/97. De acordo com o Convênio ICMS n° 51/00, havia que serem destacados na nota fiscal emitida pelo estabelecimento industrial os valores do ICMS próprio e o pelo qual era responsável por substituição. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 90 48 74 /2 01 2- 15 Fl. 957DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 958 2 A fiscalização glosou a exclusão da base de cálculo do rateio proporcional o valor que identificou nos documentos contábeis e fiscais como sendo o ICMS próprio. VENDAS PARA CONSUMO NA ZONA FRANCA DE MANAUS. TRIBUTAÇÃO À ALÍQUOTA ZERO. MANUTENÇÃO DOS CORRESPONDENTES CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11A, DA LEI Nº 9.440/97. As receitas de vendas de veículo para consumo na Zona Franca de Manaus estão submetidas à alíquota zero, não tendo natureza de receitas de exportação, devendo ser mantidos os respectivos créditos para o cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas para fins de apuração do crédito presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A, da Lei nº 9.440/97. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator (assinado digitalmente) Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente). Fl. 958DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 959 3 Relatório Adoto o relatório da decisão de primeira instância: "Tratase de Manifestação de Inconformidade, fls. 02/65, interposta aos 17/02/2014, em face do Despacho Decisório de fls. 102, cientificado ao sujeito passivo aos 21/01/2014, fls. 103. 2. O Despacho Decisório reconheceu parcialmente (R$ 1.784.762,62) o crédito de R$ 49.310.650,56 requerido a título de ressarcimento de IPI do 2º Trimestre de 2010. (Pedido de Ressarcimento – PER registrado sob o nº 29906.20219.130809.1.1.018484). 3. Ademais, dada a insuficiência do crédito reconhecido, supradito Despacho Decisório homologou, parcialmente, as compensações objeto da Declaração de Compensação – DCOMP 1117.37547.250810.1.3.011465 e não homologou as compensações realizadas por intermédio das DCOMP nº 02156.73520.310810.1.3.017503, 13655.78510.240910.1.3.018100, 07004.07684.170910.1.3.018215 e 14295.08037.140910.1.3.018457. Além disto, concluiu inexistir valor a ser ressarcido à contribuinte. I. Do Termo de Verificação Fiscal: 4. Registra o TVF que a contribuinte apresentou Pedidos de Ressarcimento alusivos aos 1º trimestre de 2009 ao 4º trimestre de 2011, por meio dos quais requereu o reconhecimento de direito creditório, num total de R$ 882.807.837,91, a título de: (i) crédito básico de IPI; (ii) crédito presumido de IPI correspondente a 3% do valor do imposto destacado nas Notas Fiscais (art. 56, da MP 2.15835, de 24/08/2001); e (iii) crédito presumido de IPI equivalente ao dobro do valor da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS efetivamente devidas (Lei nº 9.440/97). 5. Noticia haver sido confirmada a exatidão dos créditos correspondentes às duas primeiras parcelas acima discriminadas, tendo sido, contudo, detectadas irregularidades na apuração do crédito presumido da Lei nº 9.440/97, consistentes no cálculo do incentivo em relação à revenda de produtos importados e, ainda, na apuração de créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS em desacordo com a legislação aplicável. I.1. Da indevida apuração do benefício em relação à revenda de veículos importados: 6. Explica o TVF que a contribuinte é fabricante de veículos e possui fábricas em diversos municípios dentre elas a situada em Camaçari/BA, que goza de incentivo fiscal, previsto na Lei nº 9.440/97, equivalente ao dobro do valor da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS efetivamente devidas. Tal benefício, inicialmente atribuído à Troller Veículos Especiais Ltda, foi transferido, após a incorporação desta pessoa jurídica pela autuada, ao estabelecimento desta em Camaçari pelo Termo de Compromisso de Rerratificação ao Termo Aditivo de Ratificação de Habilitação MDIC/SDP/Nº 168/I/02, de 28/02/2002. Fl. 959DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 960 4 7. Reproduz os seguintes dispositivos da Lei nº 9.440/97, que instituiu o incentivo em questão1: “Art. 1º Poderá ser concedida, nas condições fixadas em regulamento, com vigência até 31 de dezembro de 1999: (...) IX crédito presumido do imposto sobre produtos industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nº 7, 8 e 70, de 7 de setembro de 1970, 3 de dezembro de 1970 e 30 de dezembro de 1991, respectivamente, no valor correspondente ao dobro das referidas contribuições que incidiram sobre o faturamento das empresas referidas no § 1º, deste artigo. §1º. O disposto no caput aplicase exclusivamente às empresas instaladas ou que venham a se instalar nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste, e que sejam montadoras e fabricantes de: a) veículos automotores terrestres de passageiros e de uso misto de duas rodas ou mais e jipes; b) caminhonetas, furgões, pickups e veículos automotores, de quatro rodas ou mais, para transporte de mercadorias de capacidade máxima de carga não superior a quatro toneladas; c) veículos automotores terrestres de transporte de mercadorias de capacidade de carga igual ou superior a quatro toneladas, veículos terrestres para transporte de dez pessoas ou mais e caminhõestratores; (...) Art. 11. O Poder Executivo poderá conceder, para as empresas referidas no § 1º do art. 1º, com vigência de 1º de janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2010, os seguintes benefícios: (...) IV extensão dos benefícios de que tratam os incisos IV, VI, VII, VIII e IX do art. 1º. Art. 11A. As empresas referidas no § 1 º do art. 1º , entre 1º de janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2015, poderão apurar crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nºs 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, no montante do valor das contribuições devidas, em cada mês, decorrente das vendas no mercado interno, multiplicado por: ( Incluído pela Lei nº 12.218, de 30 de março de 2010) I 2 (dois), no período de 1 º de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2011; (...) § 1º No caso de empresa sujeita ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o montante do crédito presumido de que trata o caput será calculado com base no valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, decorrentes das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda. Fl. 960DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 961 5 § 2 º Para os efeitos do § 1º , o contribuinte deverá apurar separadamente os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas com a venda no mercado interno e os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de exportações, observados os métodos de apropriação de créditos previstos nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei n º 10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 3º Para apuração do valor da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas na forma do § 1º, devem ser utilizados os créditos decorrentes da importação e da aquisição de insumos no mercado interno”. 8. Cita que o enfocado incentivo foi regulamentado pelos Decretos nº 2.179, de 18/03/1997, e 3.893, de 22/08/2001 (este, revogado pelo de nº 7.422, de 31/12/2010), com disposições também nos Decretos nº 4.544, de 26/12/2002, e 7.212, de 15/06/2010. 9. Expõe que o art. 1º, da Lei nº 9.440/97, exige que, para gozo do incentivo, a empresa: (i) já estivesse instalada ou que viesse a se instalar nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste; e (ii) fosse montadora e fabricante de veículos automotores, tratores, colheitadeiras, dentre outros. Externa, ainda, que este artigo impõe que as condições para a concessão do benefício sejam fixadas em regulamento. 10. Argúi que “o Decreto nº 2.179/97, que regulamentou a Lei nº 9.440/97, diz que as empresas beneficiárias poderão obter crédito presumido como ressarcimento do PIS e da COFINS no valor correspondente ao dobro das referidas contribuições que incidiram sobre o faturamento. O inciso IV do art. 2º define como beneficiárias as empresas instaladas ou que venham a se instalar nas regiões Norte, Nordeste ou CentroOeste e que sejam montadoras e fabricantes de veículos automotores, tratores, colheitadeiras, entre outros”. 11. Fala que o art. 1º, do Decreto nº 3.893/2001, que regulamentou o art. 11, da Lei nº 9.440/97, dispõe que o incentivo corresponde à aplicação da alíquota de 7,30% sobre o faturamento com a venda de produtos de fabricação própria e que o art. 1ºA, deste Decreto, incluído pelo de nº 5.710, de 24/02/2006, preceitua que, sob o regime nãocumulativo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o benefício corresponde ao dobro das contribuições devidas, decorrentes de vendas no mercado interno. 12. Acentua que o art. 112, do Decreto nº 4.544/2002, e o art. 135, do Decreto nº 7.212/2010, também estabelecem que o benefício equivale ao dobro das contribuições que incidiram sobre o valor do faturamento decorrente da venda de produtos de fabricação própria. 13. Consigna que o art. 11A, da Lei nº 9.440/97, incluído pela Lei nº 12.218, de 30/03/2010, preconiza que o crédito presumido corresponde ao ressarcimento da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS no montante equivalente ao dobro das contribuições devidas em cada mês, decorrente das vendas no mercado interno. 14. Menciona que o Decreto nº 7.422/2010 regulamentou o artigo 11A da Lei nº 9.440, dispondo que o incentivo corresponde ao ressarcimento da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS no montante do valor das contribuições devidas, em cada mês, decorrente das vendas no mercado interno dos produtos referidos no inciso IV, do art 2º, do Decreto nº 2.179/1997. Fl. 961DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 962 6 15. Ademais, reportase o TVF às cláusulas 4a e 5a, do Termo de Compromisso de Rerratificação ao Termo Aditivo de Ratificação de Habilitação MDIC/SDP/Nº 168/I/02. 16. A partir dos dispositivos normativos acima, conclui que o incentivo examinado apenas recai sobre as vendas, no mercado interno, de produtos de fabricação própria. 17. Diz que a exigência de que as empresas beneficiadas devam exercer atividades de montagem e de fabricação decorre do objetivo do incentivo, qual seja: (i) de acordo com a Exposição de Motivos da Lei nº 9.440/97 (EM Interministerial nº 613/1996 MF), fomentar o desenvolvimento regional, aumentar o nível de emprego e descentralizar o setor industrial no Brasil e neutralizar as desvantagens naturais existentes nas regiões incentivadas em relação às demais do País; e (ii) consoante Exposição de Motivos da Lei nº 12.218/2010 (EM nº 166/2009 MF/MCT/MDIC), que incluiu o art. 11A na Lei nº 9.440/97, implementar medidas complementares à política de desenvolvimento produtivo no País, reforçando a regionalização da indústria automotiva Brasileira. 18. Comenta, ainda, que, de acordo com a “Prestação de Contas Anual” do exercício de 2012, emitida pela Secretaria de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o crédito presumido analisado objetiva contribuir para a instalação de unidades da indústria automotiva, fomentar o desenvolvimento regional, o aumento de empregos e a descentralização industrial no Brasil. 19. Salienta que sobredita Prestação de Contas traz demonstrativo do número de empregos gerados pelos beneficiários do comentado crédito presumido e que, no caso da FORD, figura um total de 12.806 empregos, o que a Fiscalização tem como conseqüência direta da atividade de fabricação e de montagem de automóveis. 20. Fala que, aos moldes do art. 3º, da Portaria Interministerial nº 258, de 14/10/2001 (que, consoante inclusive anotado no Termo de Compromisso acima aludido, rege o crédito presumido aqui tratado), “Poderão solicitar o benefício (...) as empresas que estejam fabricando produtos automotivos nas regiões de abrangência da Lei nº 9.440, de 14 de março de 1997”, sendo que, na forma do Anexo I desta Portaria, os beneficiados devem prestar informações concernentes à linha de produção, à capacidade produtiva e ao número de empregos. 21. Registra, ainda, que as Cláusulas 7a a 9a, de supradito Termo de Compromisso, bem como o art. 8º, da Lei nº 11.434, de 28/12/2006 (abaixo reproduzido), exigem a manutenção dos níveis de produção e emprego, sob pena de perda da habilitação e do incentivo: “Art. 8o Os incentivos e benefícios fiscais concedidos por prazo certo e em função de determinadas condições a pessoa jurídica que vier a ser incorporada poderão ser transferidos, por sucessão, à pessoa jurídica incorporadora, mediante requerimento desta, desde que observados os limites e as condições fixados na legislação que institui o incentivo ou o benefício, em especial quanto aos aspectos vinculados: I ao tipo de atividade e de produto; II à localização geográfica do empreendimento; III ao período de fruição; Fl. 962DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 963 7 IV às condições de concessão ou habilitação. § 1o A transferência dos incentivos ou benefícios referidos no caput deste artigo poderá ser concedida após o prazo original para habilitação, desde que dentro do período fixado para a sua fruição. § 2o Na hipótese de alteração posterior dos limites e condições fixados na legislação referida no caput deste artigo, prevalecerão aqueles vigentes à época da incorporação. § 3o A pessoa jurídica incorporadora fica obrigada, ainda, a manter, no mínimo, os estabelecimentos da empresa incorporada nas mesmas Unidades da Federação previstas nos atos de concessão dos referidos incentivos ou benefícios e os níveis de produção e emprego existentes no ano imediatamente anterior ao da incorporação ou na data desta, o que for maior. § 4o Na hipótese do art. 11 da Lei no 9.440, de 14 de março de 1997, é vedada a alteração de benefício inicialmente concedido para a produção dos produtos referidos nas alíneas a a e do § 1o do art. 1o da citada Lei, para os referidos nas alíneas f a h, e viceversa” (grifo constante do TVF) 22. Reflete que a legislação claramente condiciona o gozo do benefício à manutenção dos níveis de emprego e produção, o que a contribuinte aceita ao assinar o Termo de Compromisso, sendo a industrialização e não a simples revenda de veículos importados a única atividade que vai ao encontro do objetivo pretendido pelas Leis 9.440/97 e 11.434/2006, conclusão que vê reforçada pela disposição contida no art. 7º, da Lei nº 9.440/97, c/c o art. 12, do Decreto nº 2.179/97, que determinam índice médio anual de nacionalização, no percentual mínimo de 60%, para beneficiárias montadoras e fabricantes de veículos e autopeças em cuja produção sejam utilizados insumos importados. 23. Visualiza a impossibilidade de apuração do incentivo analisado em relação às vendas de veículos importados como decorrência do §3º, do art. 11A, da Lei nº 9.440/97, e do art. 1ºA, §2º, do Decreto nº 3.893/2001, pois, segundo o TVF, ao definir que no cálculo do benefício devem ser considerados os créditos decorrentes da importação e da aquisição de insumos no mercado interno, o legislador diz, ainda que indiretamente, que o produto cuja venda gera o benefício é o veículo fabricado pela empresa beneficiária a partir desses insumos. 24. Destaca que o art. 1º, caput, IX e §1º, da Lei nº 9.440/97, dispõe que o incentivo poderá ser concedido apenas a empresas montadoras ou fabricantes de veículos ou autopeças noutras palavras, estabelecimentos industriais, sendo que, consoante art. 9º, do RIPI, os importadores não são industriais, mas apenas a estes equiparados, pelo que quando uma montadora/fabricante importa produtos para revenda no mercado interno, sem realizar qualquer operação de industrialização, ela não é beneficiária do crédito presumido de IPI em relação a tais operações, cujas correspondentes vendas no mercado interno não devem ser incluídas na base de cálculo do incentivo fiscal de que trata a Lei nº 9.440/97. 25. Assevera que a importação/revenda de produtos acabados, em que inexiste industrialização, desatende o maior objetivo da instituição do incentivo fiscal: o incremento de empregos na indústria; a melhoria dos níveis de investimento, produção e competitividade industrial; e a descentralização e desenvolvimento de economia dos estados beneficiados. Fl. 963DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 964 8 26. Complementa que, na diretriz acima trilha o parecer elaborado por Ives Gandra da Silva Martins, bem como a Solução de Consulta Interna (SCI) COSIT nº 17, de 26/07/2012, cuja ementa (que foi transcrita) está assim redigida: “As receitas decorrentes das vendas no mercado interno de veículos acabados importados não devem ser utilizadas na apuração do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.440, de 14 de março de 1997”. 27. Menciona o TVF que, pelas razões acima expostas, foram excluídas, no cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devida, as receitas de vendas de produtos acabados importados (códigos CFOP nº 5.102 e 6.102), bem como os custos vinculados a tais receitas. I.2. Da análise dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS calculados pela contribuinte: 28. Sobre a apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devida para fins de determinação do crédito presumido analisado, o TVF afirma que as normas peculiares do incentivo criaram duas exceções à regra geral de cálculo de supraditas contribuições: (i) o benefício deve ser levantado apenas no estabelecimento incentivado, com segregação das parcelas da filial, ao passo que a regra geral é a apuração centralizada na matriz; e (ii) na apuração feita pela matriz, os custos, encargos e despesas vinculados às receitas de exportação são considerados para definição dos créditos, enquanto na filial não. 29. Assegura que o cálculo do incentivo deve observar as suas normas específicas e, em caso de ausência, lacuna ou omissão, as da apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, pois o valor destas contribuições da filial de Camaçari é base de cálculo do benefício. 30. Narra haver sido constatado que a contribuinte incorreu nos seguintes equívocos na apuração dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, os quais afetaram, conseqüentemente, o cálculo do crédito presumido de IPI: (i) erro no método de determinação dos créditos destas contribuições; (ii) equívoco no cálculo dos créditos oriundos de outras filiais; e (iii) erro na determinação do fator de rateio em função de quatro circunstâncias: (iii.1) redução da receita de vendas no mercado interno decorrente da exclusão do ICMS, da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS; (iii.2) utilização de receita contábil para determinação do valor das vendas internas; (iii.3) inclusão de vendas para o exterior de CKD (“Complete Knocked Down”) que não sofreram qualquer industrialização no estabelecimento incentivado; e (iii.4) exclusão de receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus. I.2.1. Erro no método de determinação dos créditos: 31. Comenta o TVF que, para o cálculo do incentivo fiscal avaliado neste processo administrativo, incidente sobre as receitas de vendas no mercado interno, os Decretos nº 3.893/2001 (art. 1ºA, §1º) e nº 7.422/2010 (art. 2º, §2º) determinam que o contribuinte apure, separadamente, os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas no mercado interno dos demais custos relacionados às receitas de exportação, o que deve ser realizado mediante a adoção de um dos métodos previstos nos §§8º e 9º, do art. 3º, das Leis nº 10.637, de 30/12/2002, e 10.833, de 29/12/2003, ambos assim redigidos: “§ 8º. Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § Fl. 964DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 965 9 7º e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês § 9º. O método eleito pela pessoa jurídica para determinação do crédito, na forma do § 8º, será aplicado consistentemente por todo o anocalendário e, igualmente, adotado na apuração do crédito relativo à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa, observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal”. 32. Registra que esta forma de apuração é igualmente utilizada para calcular os créditos vinculados à receita de exportação, consoante art. 6º, §3º, da Lei nº 10.833/2003. 33. O TVF também se remete ao art. 21, da IN SRF nº 404, de 12/03/2004, bem como ao 40, da IN SRF nº 594, de 26/12/2005, in verbis: IN SRF nº 404/2004: Art. 21. Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência não cumulativa da Cofins, em relação apenas à parte de suas receitas, o crédito deve ser apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. § 1º Para efeito do disposto neste artigo, a pessoa jurídica deve registrar, a cada mês, destacadamente para a modalidade de incidência referida no caput e para aquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, as parcelas: I dos custos, das despesas e dos encargos de que trata a alínea b do inciso I e os incisos II e III do art. 8º, observado o disposto no art. 9º; e II do custo de aquisição dos bens e serviços de que trata a alínea "b" do inciso I do art. 8º, adquiridos de pessoas físicas, observado o disposto nos arts. 10 e 11. § 2º Para efeito do disposto no § 1º, o valor a ser registrado deve ser determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I apropriação direta, inclusive, em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. § 3º Para apuração do crédito decorrente de encargos comuns, na hipótese do inciso I do § 2º, aplicase sobre o valor de aquisição de insumos, dos custos e das despesas, referentes ao mês de apuração, a relação percentual existente entre os custos vinculados à receita sujeita à incidência nãocumulativa e os custos totais incorridos no mês. Fl. 965DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 966 10 § 4º O método eleito pela pessoa jurídica deve ser aplicado consistentemente por todo o anocalendário. IN SRF nº 594/2005: “Art. 40. Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação apenas a parte de suas receitas, o crédito deve ser apurado, exclusivamente, tendo por base os custos, as despesas e os encargos vinculados a essas receitas, que deverão ser registrados separadamente daqueles vinculados às receitas sujeitas à incidência cumulativa das contribuições. § 1º Para efeito do disposto no caput, os valores a serem registrados devem ser determinados, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração, com a utilização do método de custo real de absorção, mediante a aplicação de critérios de apropriação por rateio que dêem uma adequada distribuição aos custos comuns; ou II rateio proporcional, aplicandose aos custos, às despesas e aos encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. § 2º O método referido no § 1º, eleito pela pessoa jurídica, deve ser aplicado consistentemente por todo o anocalendário para a Contribuição para o PIS/Pasep e para a Cofins.” 34. A partir dos dispositivos acima, conclui que a pessoa jurídica deve optar, no mês de janeiro, por um dos métodos previstos na legislação para cálculo dos créditos, e aplicar a opção, feita no DACON, para todo o anocalendário restante. 35. Diz que o art. 15, da Lei nº 9.779, de 19/01/1999, estipula que a apuração e o pagamento da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS ocorra de modo centralizado no estabelecimento matriz da pessoa jurídica. 36. Qualifica como falha na apuração do incentivo a distinção entre o método utilizado pela filial (que, segundo a Fiscalização, não segue o disposto na IN SRF nº 594/2005) para determinar os créditos decorrentes dos insumos utilizados na industrialização e o usado pela matriz (rateio proporcional) para calcular os créditos dos mesmos insumos que influenciam na apuração dos mesmos tributos. 37. Reflexiona que, como a filial é parte de um todo – a matriz, “o crédito do mesmo insumo da filial de Camaçari é calculado de uma forma na apuração centralizada (feita pela matriz) e de outra forma no cálculo do benefício (pela filial). Ou ainda, o mesmo insumo pode impactar positivamente na apuração centralizada, gerando mais crédito, ou negativamente na apuração da filial, gerando menos crédito, porém, neste caso, sendo benéfico para a empresa, uma vez que o incentivo fiscal corresponde ao dobro das contribuições devidas (débitos menos créditos)”. 38. Diz ser ilógica e desarrazoada a distinção acima e que, sendo a contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS apuradas e pagas de modo centralizado na matriz e, ainda, como a filial nada mais é que parte de uma única pessoa jurídica, a filial deve seguir os métodos e os critérios que são usados pela matriz na apuração de tributos de cujo resultado a filial participa. Fl. 966DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 967 11 39. Fala que o incentivo analisado corresponde ao dobro das contribuições devidas e que, segundo determina a Lei n° 9.779/99, quem apura e paga as contribuições é a matriz, sendo que “a apuração nada mais é que a soma das parcelas das filiais. Logo, o cálculo do PIS e Cofins devidos pela filial devem estar dentro do cálculo das contribuições da Matriz, inclusive, e principalmente, o cálculo do incentivo, sob pena de causar uma distorção no valor incentivado”. 40. Cita exemplo concreto da citada distorção ocorrido no mês de abril de 2010, relativamente ao qual pontua que: 40.1. considerando as apurações do contribuinte e excluindo a operação de venda de veículos importados, a filial de Camaçari calculou, para fins do incentivo, contribuições devidas no valor de R$ 16.172.625,66, o que resultou num incentivo de R$ 32.345.251,32 (nesta operação, o total de crédito foi de R$ 19.904.183,88 e o débito foi de R$ 36.076.809,32); 40.2. na apuração feita pela matriz (DACON), e ainda considerando a exclusão dos veículos importados, os créditos, referentes a custos e vendas no mercado interno e externo, da filial de Camaçari totalizaram R$ 30.933.646,56, sobre o qual, aplicandose o fator de rateio de vendas no mercado interno apurado pelo contribuinte (79,85%), obtémse crédito no mercado interno no montante de R$ 24.700.516,77 e contribuições devidas no valor total de R$ 11.376.369,23 (o valor do débito foi o mesmo: R$ 36.076.809,32); 40.3. assim as contribuições devidas pela filial incentivada, conforme apurado no DACON, importaram em R$ 11.376.369,23, enquanto no cálculo do incentivo o valor devido atingiu R$ 16.172.625,66 (e o crédito presumido R$ 32.345.251,32); 40.4. considerandose as contribuições efetivamente devidas pela filial (ou seja, os R$ 11.376.369.32 apurados em DACON e declarados em DCTF), o valor do incentivo deveria ser de R$ 22.752.738,64 (dobro das contribuições devidas), em vez dos R$ 32.345.251,32 apurados pela contribuinte (3,52 vezes as contribuições devidas). 41. Rememora que a filial aproveita o saldo credor de IPI, fortemente influenciado pelo incentivo analisado, para compensar débitos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS apurados pela matriz: ou seja, a filial de Camaçari utiliza um incentivo, cuja base de cálculo é estas contribuições devidas, para pagar débitos destes mesmos tributos. 42. Cita, ainda, que o art. 251, do RIR/99, impõe que a escrituração deva abranger todas as operações da contribuinte, sendo que o seu art. 252, embora faculte a adoção de escrituração descentralizada, exige que os resultados das filiais sejam incorporados na escrituração da matriz ao final de cada mês. 43. Ademais, referencia a Norma Brasileira de Contabilidade – NBC T 2.6 (aprovada pela Resolução nº 684, de 14/12/1990, do Conselho Federal de Contabilidade): “01. A Entidade que tiver unidade operacional ou de negócios, que como filial, agência, sucursal ou assemelhada, e que optar por sistema de escrituração descentralizado, deverá ter registros contábeis que permitam a identificação das transações de cada uma dessas unidades, observado o que prevê a NBC T 2 – Da Escrituração Contábil. Fl. 967DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 968 12 02. A escrituração de todas as unidades deverá integrar um único sistema contábil, com a observância dos Princípios Fundamentais da Contabilidade aprovados pelo Conselho Federal de Contabilidade. 03. O grau de detalhamento dos registros contábeis ficará a critério da Entidade. (...)” 44. Externa que a filial (ou estabelecimento) nada mais é que a descentralização das atividades da empresa, fazendo parte de um patrimônio único, e cita o conceito de estabelecimento previsto no art. 1.142, do Código Civil, como “todo complexo de bens organizados para exercício da empresa, por empresário ou sociedade empresária” e comenta que o Código Civil, em seus arts. 1.179, 1.184 e 1.188, referese à empresa ao tratar das demonstrações financeiras e do balanço patrimonial. 45. E conclui que, uma vez que, de acordo com a informação constante do DACON entregue pelo sujeito passivo e com aquela prestada em resposta a Intimação expedida aos 20/05/20132, a matriz elegeu o rateio proporcional, deveria esta mesma metodologia ter sido adotada pela filial em Camaçari para determinar o crédito presumido examinado. 46. Menciona que, em resposta aos itens 2 e 3, da sobredita Intimação, a contribuinte afirmou que, com fundamento no §2º, do art. 11A, da Lei nº 9.440/97 (o qual se remete aos incisos II, do §8º, do art. 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003), realizou, para o cálculo dos créditos utilizados na apuração do incentivo discutido, o rateio dos créditos “proporcionalmente às receitas auferidas de acordo com sua natureza, quais sejam, receitas de veículos produzidos, importados e exportados” e que as receitas proporcionalizadas foram aquelas contabilmente reconhecidas e destacadas no SPED Contábil (esta informação foi posteriormente retificada, conforme será relatado no item 56 abaixo). 47. Aduz que a contribuinte apresentou demonstrativo com segregação, por estabelecimento, da apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, de modo a espelhar o DACON entregue à RFB e que este demonstrativo exibe que “a apuração dos créditos foi feita efetivamente por meio das aquisições de insumos, utilizando o método de rateio proporcional”, mas que, da análise da apuração feita pela filial em Camaçari para fins de levantamento do incentivo tratado nos correntes autos, evidenciase a adoção de dois métodos na determinação de créditos: o rateio proporcional, no tocante às despesas com energia elétrica, armazenagem e fretes, bens do ativo imobilizado e serviços; e o denominado “Bill of material (BOM)”, no tangente aos insumos dos veículos fabricados. 48. Expõe que a técnica do “Bill of material” (também designada estrutura de produtos) consiste em uma lista de peças ou componentes e a respectiva quantidade dos itens necessários à industrialização do produto final e, in casu, foi feita por chassis, com listagem de todas as peças e componentes integrantes do veículo. 49. Menciona que o método adotado pela contribuinte se aproxima da apropriação direta, mas que a legislação impõe que esta apropriação seja efetivada por intermédio de “sistema de contabilidade de custo integrada e coordenada com a escrituração, com a utilização do método de custo real de absorção, mediante aplicação de critérios de apropriação por rateio que dêem uma adequada distribuição aos custos comuns”. Fl. 968DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 969 13 50. Reportase ao conceito de sistema de contabilização de custo integrado e de custo de produção, constantes, respectivamente, dos arts. 294 e 2903, do RIR/99, a partir dos quais conclui que, ao optar pelo método de apropriação direta, deve ser atribuído ao custo do produto final todos os custos diretos (matériaprima, mão de obra, e outros) e indiretos (energia, seguros de depreciação, almoxarifado, etc), o que alude não ter ocorrido na sistemática empregada pela filial em Camaçari para cálculo do incentivo em exame, pois os gastos indiretos não foram computados ao custo dos produtos, mas contabilizados em grupos que englobam todos os custos e despesas da Unidade, o que demonstra, detalhadamente, ter efetivamente ocorrido com a despesa de energia elétrica de julho de 2009. 51. Aponta o TVF diversas irregularidades no plano de contas adotado pela contribuinte, dentre elas a falta de divisão por subgrupos, mas apenas um segundo nível analítico – o que contraria a Resolução CFC nº 1.299/2010, que determina um mínimo de 4 níveis com as contas analíticas a partir do nível 4. 52. Outra irregularidade descortinada seria a contabilização de despesas com serviços e outros, as quais, “segundo informações da contribuinte, são escrituradas nas contas de cada serviço contratado, e os créditos descontados são escriturados nas contas de ativo 06M_PISCPR e 06M_COFCPR”, tendo as autoridades fiscais constatado que “os lançamentos não estão classificados pelo centro de custo de cada filial, e sim o da unidade matriz (0664)”, em virtude do que a Fiscalização conclui inviável a apuração dos valores referentes à filial de Camaçari. 53. Indica que a circunstância acima não ocorreu na conta de energia, em que os gastos do estabelecimento incentivado estão classificados no centro de custo 0667. 54. Narra que a contribuinte apresentou planilha por meio da qual tenta demonstrar as contas que registraram as despesas e lista os documentos que deram suporte aos lançamentos e as diversas contas contábeis em que os valores teriam sido escriturados. 55. Comenta que os dados da planilha acima evidenciam que “a mesma conta contábil recebeu lançamentos de custo 0664 e 0667, ou seja, de São Bernardo e Camaçari” e, além disto, “trazem gastos que foram escriturados em conta contábil com somente a indicação do centro de custo 0664”, o que revela a falta de separação contábil dos custos da filial de Camaçari, bem como a nãoapropriação dos gastos à conta de custos de produção. 56. Diz que, como o método acima estava em desacordo com o informado pela fiscalizada em resposta à Intimação expedida aos 20/05/2013, ela foi reintimada aos 21/11/20134 a noticiar qual o método utilizado para apurar os créditos relativos aos custos dos insumos dos produtos fabricados e, na hipótese de realizar apropriação direta, a apresentar os espelhos das contas contábeis (esta Reintimação se refere ao método usado no cálculo do incentivo), sendo que, em atendimento, a contribuinte comunicou que utiliza a apropriação direta, por meio de contabilidade integrada e coordenada com a escrituração e, para corroborar esta assertiva, anexou resumo do SPED contábil da conta “23B01A00” atinente ao mês de janeiro de 2009, bem como planilha FIRS e cálculo do incentivo examinado5. 57. Menciona o TVF que os dados apresentados pela contribuinte exibem que, no cálculo do incentivo do mês de janeiro de 2009, o custo dos veículos fabricados na Unidade de Camaçari foi de R$ 202.255.744,56 e o valor líquido (excluídos o ICMS, a contribuição para PIS/PASEP e a COFINS) seria de R$ 173.147.608,10. Fl. 969DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 970 14 58. Expõe ter sido constatado que a conta contábil “23B01A00” recebeu, em janeiro de 2009, lançamentos a débito e a crédito de R$ 189.879.887,65 e R$ 8.732.279,55, que geraram saldo de R$ 181.147.608,10, tendo apresentado a contribuinte uma reconciliação para fins do incentivo, com ajustes contábeis de R$ 5.973.818,92, além de outros dois acertos no total de R$ 1.919.807,40, com os quais o custo no mês importou em R$ 173.253.981,78. 59. O TVF aponta três problemas nos dados examinados: (i) os ajustes denominados “outros custos” e “veículos não elegíveis” não estão contabilizados, não restando, assim, patenteada a contabilização integral dos custos vinculados ao incentivo da Lei nº 9.440/97; (ii) os ajustes contábeis na conta “23B01A00” dizem respeito a veículos faturados que ainda se encontram no pátio da empresa, sendo que as receitas de vendas respectivas foi considerada no cálculo do incentivo, tendo a contribuinte considerado o correlato débito, mas não levou em conta o custo (crédito), o que aumentou as contribuições devidas; (iii) contabilização de custos pelo valor líquido (excluída a contribuição para o PIS/PASEP, a COFINS e o ICMS), enquanto o cálculo do incentivo deve ser realizado pelo valor bruto, não tendo a contribuinte exibido escrituração dos tributos de modo a permitir correta apropriação e dedução dos valores. 60. Complementa o TVF que a conta contábil “23B01A00” também é usada para escriturar custos dos veículos importados, cujos lançamentos indicam o centro “0664”, de São Bernardo do Campo, o que inviabiliza a verificação dos custos associados à filial de Camaçari (centro de custo “0667”). 61. Assevera que, em razão do exposto, a contabilidade da contribuinte não permite a identificação dos custos integrados de produção do estabelecimento incentivado, inviabilizando a apuração de créditos pelo método de apropriação direta, não podendo o método empregado pelo sujeito passivo ser considerado como apropriação direta, tal como disciplinado pelo art. 3º, §8º, I, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e nas IN SRF 404/2004 e 594/2005, pois não lastreado em sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração, nem se trata do método de custeio por absorção. 62. Complementa o TVF que o emprego de dois métodos distintos para o cálculo de créditos infringe o ditame dos arts. 3º,§9º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, taxativos ao determinarem que “o método eleito deve ser um só, sendo aplicável a todo o anocalendário”, bem como o do §8º deste artigo, que preconiza que o sujeito passivo deve optar por um ou outro método (determinação também gravada no programa Dacon mensal). 63. Destaca, também, que os insumos utilizados na industrialização são comuns aos veículos vendidos pelo estabelecimento em Camaçari no mercado interno e no externo. 64. Em face de todo o exposto, conclui que a apuração dos créditos vinculados ao custo dos insumos dos veículos fabricados pela contribuinte não pode ser aceita, pelo que a Fiscalização utilizou o método de rateio proporcional. I.2.2. Créditos oriundos de outras fábricas: 65. O TVF anuncia que a unidade em Camaçari recebe, em transferência, insumos (tais como motor de transmissão, estamparia, dentre outros), produzidos pelos seus estabelecimentos situados em Taubaté e em São Bernardo do Campo e que são integrados aos veículos produzidos em Camaçari. Fl. 970DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 971 15 66. Noticia que, pelo método “Bill of material”, utilizado pelo estabelecimento incentivado, os créditos sobre estes insumos transferidos não são apropriados pela peça inteira (por exemplo, um motor), mas pelas peças individuais (parafusos, correias, pistões, etc) que compõem o insumo (no exemplo citado, o motor), sendo a transferência realizada por meio de Notas Fiscal com código CFOP 6151 (Transferência de produção do estabelecimento), sendo que a base de cálculo do ICMS indicada nesta Nota observa o disposto no art. 39, II, do Decreto Estadual nº 45.490/2000 (RICMS/2000) 6, e, assim, são retiradas parcelas que foram incluídas no preço. 67. Ilustra a afirmação acima com um caso concreto e, em seguida, aduz que, pela sistemática adotada pela empresa, outros custos envolvidos na fabricação dos motores tais como materiais indiretos (graxa, estopa, etc), energia elétrica, armazenagem, serviços, além de despesas com frete e armazenagem , aluguéis de máquinas e equipamentos, etc – são todos apropriados pelas filiais que produzem as peças (Taubaté e São Bernardo), circunstância esta que é indiferente para o cálculo das contribuições apuradas de forma centralizada pela matriz, mas que impactam na apuração do crédito presumido de IPI discutido. 68. Pondera que a distorção decorrente da sistemática acima não ocorreria se a filial em Camaçari fabricasse os referenciados insumos, pois os correspondentes custos seriam totalmente suportados por esta Unidade, o mesmo ocorrendo se tais insumos fossem adquiridos de uma empresa independente, pois no seu preço estariam encartados todos os custos e despesas que foram incorridos na fabricação. 69. Elucida que, para corrigir a situação, foi ajustada a apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS da filial em Camaçari de modo a apropriar os custos e as despesas que arcaram as filiais em Taubaté e São Bernardo vinculados à produção de peças destinadas à industrialização naquele estabelecimento. 70. No item 5.5 “Créditos das filiais de Taubaté e São Bernardo (Anexos E a H)”, pág. 32 e 33 do TVF, é explicado como se procedeu ao ajuste acima: 70.1. extraiuse do DACON segregado os valores de bens e serviços utilizados como insumos, de despesas com energia elétrica, com armazenagem e frete, bens do ativo permanente, assim como os valores de outras operações com direito a crédito, e, à soma destas rubricas, aplicouse o percentual de 9,25%; 70.2. levantouse as saídas de produtos fabricados pelos estabelecimentos em Taubaté e São Bernardo do Campo, para o que foram utilizados os CFOP vinculados à produção (5.101, 5.151, 6.101, 6.151 e 7.127), segregados por destinatário; 70.3. dividiuse a saída para Camaçari pelo total das saídas, e, desta maneira, encontrouse o percentual correspondente às saídas para a filial de Camaçari, que foi aplicado ao total dos créditos vinculados à produção das filiais em Taubaté e São Bernardo do Campo, e, assim, definiuse o crédito relacionado à produção de peças fabricadas e que foram destinadas à filial de Camaçari, cuja correspondente importância foi transportada para o anexo C. 71. Ressalvou que a filial em Taubaté utilizou o CFOP 6.101 para emitir Notas destinadas à empresa Benteler Comp. Autom. Ltda, mas que, de acordo com resposta da Fl. 971DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 972 16 6 "Artigo 39 Na saída de mercadoria para estabelecimento localizado em.outro Estado, pertencente ao mesmo titular, a base de cálculo é (Lei 6.374/89, art. 26, na redação da Lei 10.619/00, art. 1.º, XV, e Convênio ICMS3/95): (...) II o custo da mercadoria produzida, assim entendido a soma do custo da matériaprima, do material secundário, da mãodeobra e do acondicionamento, atualizado monetariamente na data da ocorrência do fato gerador;" contribuinte, as vendas destinadas a esta empresa têm natureza de revenda de mercadoria, pois não sofrem qualquer processo de industrialização, pelo que tais saídas foram excluídas do rateio da filial em Taubaté (33ª pág. Do TVF, primeiro parágrafo). I.2.3. Dos Erros na determinação do fator de rateio: 72. O TVF assinala que, pelo método do rateio proporcional, a parcela dos créditos comuns vinculados às receitas de vendas no mercado interno é assim definida: (i) somase as vendas do mercado interno e externo; e (ii) dividese as vendas internas pelo total das vendas para obtenção do percentual de rateio; (iii) aplicase este percentual ao total dos créditos vinculados a custos, despesas e encargos comuns e, assim, obtémse a parte destes créditos relacionados às vendas no mercado interno. 73. Narra que, segundo planilhas de apuração entregues pela contribuinte (utilizadas para determinar a base de cálculo dos créditos sobre energia elétrica, armazenagem e frete, bens do ativo imobilizado e serviços), o fator de rateio foi por ela calculado da seguinte forma: 73.1. foram apuradas “por meio de conta contábil representativa das vendas locais, as vendas brutas do mês, ajustada por lançamentos contábeis feitos ao final e ao início do mês, referentes aos veículos faturados mas que ainda estavam no pátio da empresa”; 73.2. das receitas acima foram abatidas as vendas canceladas e os tributos sobre vendas (IPI, ICMS, PIS e COFINS) e foi obtido o valor líquido das vendas no mercado interno; 73.3. foram extraídas da contabilidade as vendas para o mercado externo (tanto de produtos fabricados, quanto as do chamado “CKD”), que foram somadas às vendas no mercado interno para apuração do total das receitas; e 73.4. foram divididas as receitas das vendas internas pelo total das receitas, apurandose o fator de rateio. 74. Consigna que a apuração feita pelo sujeito passivo contém quatro erros que distorceram e reduziram o percentual de rateio: (i.1) redução da receita de vendas no mercado interno decorrente da exclusão do ICMS, da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS; (ii.2) utilização de receita contábil para determinação do valor das vendas internas; (ii.3) inclusão de vendas para o exterior de CKD que não sofreram qualquer industrialização na filial da FORD em Camaçari; e (ii.4) exclusão de receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus. I.2.3.1. Redução da receita de vendas no mercado interno: 75. O TVF narra que, da receita bruta apurada para fins de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS consideradas devidas no cálculo do incentivo, a contribuinte excluiu não apenas o ICMS por substituição tributária, mas Fl. 972DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 973 17 também o imposto por responsabilidade própria, além dos valores de supraditas contribuições. 76. As exclusões do ICMS (por responsabilidade própria), da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS a autoridade fiscal tem por indevidas, com fundamento nos arts. 3º, §8º, II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, no art. 31, da Lei nº 8.981, de 20/01/1995, no art. 2º, da Lei nº 9.718/98, pois a legislação não prevê a exclusão de outros tributos além do IPI e do ICMS substituição, pelo que somente estes impostos foram excluídos pelas autoridades fiscais na determinação de ofício do fator de rateio. I.2.3.2. Erro na determinação da receita de vendas no mercado interno: 77. Expõe o TVF que a contribuinte extratou a receita de vendas no mercado interno da conta contábil “23A01A00LOCAL”, o que distorceu o cálculo, porque nesta conta figuram os seguintes lançamentos que modificam o montante da receita bruta: (i) ajustes de veículos faturados que ainda estão no pátio do estabelecimento; e (ii) ICMS destacado na Nota Fiscal Eletrônica a título de substituição tributária, mas que, na realidade, tratase de ICMS normal. 78. Quanto ao ponto inicial, salienta que, como os ajustes feitos no primeiro e no último dia de cada mês, com lançamentos a crédito e a débito (cujo histórico possui o texto “REVERSAO DE VENDAS NÃO EMBARC”) não foram considerados pela contribuinte na definição da receita de vendas para cálculo do débito das contribuições, também não devem ser considerados para cálculo do rateio. 79. Relativamente ao segundo ponto, aduz que, conforme Convênio ICMS n° 51/00: (i) nas vendas de veículos novos, em que ocorra faturamento direto ao consumidor pela montadora “e a operação esteja sujeita a regime de substituição tributária em relação às demais vendas, a montadora deverá emitir nota fiscal, de faturamento direto, contendo, no campo informações complementares, o detalhamento das bases de cálculo relativas à operação do estabelecimento emitente e a operação sujeita ao regime de sujeição passiva por substituição, seguidas das parcelas do imposto decorrentes de cada uma delas”; (ii) “a parcela do imposto relativa à operação sujeita ao regime de sujeição passiva por substituição é devida à unidade federada de localização da concessionária que fará a entrega do veículo ao consumidor”. 80. Explica que o Convênio visa a repartir o ICMS incidente nas operações de vendas de veículos do fabricante diretamente a consumidor final situado em outra unidade da federação, pois nesta operação, em que ocorre só uma circulação de mercadoria, inexiste substituição tributária, por não haver operação posterior a ser substituída (pelo que o imposto da venda do veículo ficaria todo para o Estado produtor) e que, em razão disto, o Convênio instituiu regime de partilha, em que “a base de cálculo do imposto é obtida a partir da aplicação de determinados percentuais, e, do total de ICMS apurado, parte fica com o estado de origem do produto e a outra parte com o estado de destino”. 81. Menciona que a própria Nota Fiscal emitida deixa claro que, na circunstância examinada, é normal – e não por substituição – a tributação pelo ICMS, o que exemplifica por meio da Nota Fiscal nº 165.291, cujo texto foi apresentado e abaixo transcrevo: “FATURAMENTO DIRETO AO CONSUMIDOR. CONV ICMS Nº 51/00. ART. 304 DO RICMS/SP E CONV 58/2008. BASE CALC ICMS ORIGEM Fl. 973DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 974 18 40.989,55. ICMS ORIGEM 4.918,75 72,74000% BASE CALC. ICMS DESTINO : 15.571,16 ICMS DESTINO 1.868,54 27,53000 % BASE DE CÁLCULO. ICMS TOTAL 56.560,71 – CAMPOS DE ICMS SUBST USADOS P/ DEMONST ICMS A SER RECOL AO ESTADO DEST, ASSIM CONSIDERADO O EST. DO DISTR. CONV 58/08”. 82. Diz que, por não se tratar de substituição tributária, o valor destacado na nota fiscal não pode reduzir a receita de vendas, mas que, na conta contábil utilizada pela contribuinte, esta parcela é lançada a débito da conta de receita, reduzindoa, o que, no cálculo do rateio proporcional, reduz o valor da receita de vendas no mercado interno, alterando o percentual que será aplicado aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. 83. Realça que a própria contribuinte, na apuração da receitas de vendas para o cálculo do débito da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, não considerou o valor destacado na nota a título de substituição tributária, excluindo somente o IPI da receita. 84. Conclui que os dois fatores acima inviabilizam a utilização da conta contábil “23A01A00LOCAL” para determinar a receita de vendas no mercado interno com vistas a definir o rateio proporcional. 85. O TVF também menciona que, nos termos da legislação aplicável, a receita bruta é a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica e, no cálculo do incentivo da Lei 9.440, o contribuinte reconheceu a receita de vendas de acordo com as Notas Fiscais emitidas no mês e, consequentemente, apropriou os créditos correspondentes a estas vendas de acordo com a emissão de tais Notas; daí porque foi utilizada a receita de vendas apurada pela própria contribuinte quando do cálculo do incentivo fiscal da Lei 9.440, que está devidamente ajustada pelos cancelamentos, IPI e ICMS substituição tributária. I.2.3.3. Erro na composição da receita de exportação: 86. O TVF expõe que, na receita de exportação, a contribuinte, além da venda de produtos fabricados pela filial em Camaçari, considerou as de “CKD” 7. 87. Fala que a filial em Camaçari adota sistema de condomínio industrial em que a participação dos fornecedores ocorre diretamente na montagem e no processo de produção, num contexto de logística unificada que reduz o número de componentes fabricados dentro das montadoras (que priorizam o desenho, a montagem e a distribuição dos veículos) e deixa para os fornecedores a fabricação dos componentes e peças e a montagem dos módulos. 88. Menciona que, no caso da FORD, a maior parte dos módulos e peças são produzidos pelos fornecedores, cabendo à filial em Camaçari apenas a compra dos “kits” para exportação, fato corroborado pela resposta ao Termo de Intimação que foi lavrado em 21/11/2013, ocasião em que a intimada apresentou planilha identificando quais peças foram produzidas (e quais não) pela empresa (este relator não localizou nos presentes autos, nem no do processo administrativo nº 13502.721308/201314, este documento). 89. Exterioriza que a definição do fator de rateio é importante para a adequada distribuição dos créditos das contribuições, aqui vinculados aos custos de industrialização, e que o incentivo da Lei nº 9.440/97 deve ser calculado sobre as vendas de produtos de fabricação própria, pelo que os créditos devem ser calculados somente sobre os custos, despesas e encargos vinculados a estas vendas, o que Fl. 974DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 975 19 inclusive foi observado pela contribuinte no cálculo do fator de rateio, em que considerou apenas as vendas de produtos fabricados no cômputo das vendas no mercado interno. 90. Aduz que a fiscalizada deveria adotar o mesmo critério para apurar as receitas de vendas no mercado interno e no externo e, assim, como não considerou as vendas no mercado interno de veículos importados (revenda), também não deveria incluir no cômputo das receitas de exportação a venda de CKD adquiridos prontos. 91. Conclui que “da forma como procedeu, a recorrente reduziu o valor das vendas internas e, ao considerar todas as vendas de CKD aumentou o valor das exportações, reduzindo, dessa forma, o percentual de vendas no mercado interno”. 92. Finaliza este item expondo que na apuração de ofício do fator de rateio, não serão incluídas as vendas de CKD relativamente aos quais a filial não efetuou qualquer industrialização, mas tãosomente àqueles em ela realizou alguma industrialização, para o que foi utilizada a informação prestada pela própria empresa. I.2.3.4. Nãoinclusão das receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus: 93. O Termo de Verificação Fiscal proclama que a contribuinte não considerou, nas vendas no mercado interno, aquelas efetuadas para revendedores localizados na Zona Franca de Manaus ZFM, que são tributadas à alíquota zero (art. 2º, da Lei nº 10.996, de 15/12/20048), mas apenas as realizadas a consumidores finais e tributadas sob alíquotas positivas. 94. Menciona que o art. 17, da Lei nº 11.033, de 21/12/20049, garantiu a manutenção dos créditos vinculados às vendas com suspensão, alíquota zero e não incidência, razão por que na apuração de ofício as vendas para os revendedores localizados na ZFM compuseram as vendas internas para fins de cálculo do fato de rateio, de modo a apropriar os créditos correspondentes. I.3. Apuração do incentivo da Lei nº 9.440/97: 95. No item “5 – APURAÇÃO DE OFÍCIO DO INCENTIVO DA LEI 9.440”, o TVF explica como procedeu ao cálculo do benefício, reportandose aos anexos do Termo. 96. Elucida que as receitas de vendas no mercado interno (Anexo B) foram obtidas nos demonstrativos de cálculo apresentados pela contribuinte, atestados por amostragem pela Fiscalização e feitos a partir do valor da Nota Fiscal, com exclusão do IPI, do ICMS substituição tributária e das comissões pagas aos vendedores. 97. Aclara que os bens utilizados como insumos (Anexo C) foram levantados a partir das aquisições efetuadas pela contribuinte, conforme dados do SPEDFiscal e também de planilhas demonstrativas do DACON segregado, entregue pelo sujeito passivo. 98. Esclarece, ainda, que foram aproveitadas as informações constantes da apuração feita pela fiscalizada (tanto no cálculo do incentivo, quanto no Dacon segregado, cujos valores foram conferidos com os registros contábeis) para a definição dos créditos da filial em Camaçari atinentes aos seguintes itens: (i) outros serviços utilizados como insumos; (ii) despesas com energia elétrica; (iii) armazenagem e frete; (iv) bens do ativo permanente, e (v) outras operações com direito a créditos. Fl. 975DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 976 20 99. Alude que, sobre a soma das operações citadas nos dois parágrafos anteriores, foi aplicado o percentual de 9,25% para obtenção dos créditos gerados diretamente pela filial em Camaçari, que foram adicionados aos créditos oriundos das filiais de Taubaté e São Bernardo do Campo, levantados aos moldes relatados nos itens 65 a 71 acima. 100. Relativamente ao fator de rateio, elucidou que: (i) foi considerada a receita de vendas no mercado interno apurada pela contribuinte (vide item 96 acima) para obtenção da receita bruta, da qual foram excluídos os montantes do IPI e do ICMS substituição tributária; (ii) as receitas de exportação foram apuradas a partir das Notas Fiscais emitidas (não tendo sido nesta rubrica considerada todas as receitas de exportações de CKD, mas apenas aquelas em que houve industrialização por parte da contribuinte). 101. Quanto ao demais, explica o TVF que procedeu à apuração do total de créditos, aplicou sobre este valor o fator de rateio encontrado acima e calculou os créditos cabíveis. Por fim, dos débitos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre as receitas no mercado interno foram abatidos os correlatos créditos apurados, e, por derradeiro, foram obtidos os montantes das contribuições devidas, que foram multiplicados por dois para definição do incentivo a que a contribuinte faz jus. I.4. Da apuração do IPI: 102. Noticia o TVF que, após a apuração de ofício do crédito presumido de IPI, os valores do benefício sofreram redução, influenciando na apuração do saldo do imposto, o que resultou na exigência, de ofício, do IPI devido aqui tratada. I.5. Dos Pedidos de Ressarcimento e das Declarações de Compensação: 103. Por fim, o TVF noticia que, em virtude do recálculo do incentivo ora analisado, concluise que, dos R$ 891.905,837,91 requeridos pela contribuinte a título de ressarcimento de créditos de IPI atinentes aos 1º trimestre de 2009 ao 4º trimestre de 2011, apenas seria procedente a importância de R$ 251.226.453,63 (vide tabela da penúltima lauda de reportado Termo). Particularmente no que se refere ao 2º trimestre de 2010, tratado nos correntes autos, o PER, apresentado no montante de R$ 49.310.650,56, foi parcialmente deferido no valor de R$ 1.784.762,62. II. Da Manifestação de Inconformidade: II.1. Da base de cálculo do benefício: 104. A recorrente diz que o incentivo aqui tratado corresponde, no regime da nãocumulatividade, ao dobro da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS efetivamente devidas em cada mês incidentes sobre o faturamento decorrente de suas vendas no mercado interno, inexistindo distinção da natureza ou origem das receitas componentes do faturamento. 105. Comenta os objetivos, sobre os quais já se discorreu no item 17 deste Relatório, da Lei nº 9.440/97 e alude que os benefícios listados nos nove incisos do art. 1º desta Lei seriam correlacionados e possibilitariam uma adequada proporção entre a política de desenvolvimento regional mediante estímulos à produção de bens manufaturados, tanto destinados ao mercado interno, quanto ao externo, assegurando balanço cambial positivo entre as importações e as exportações. Fl. 976DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 977 21 106. Fala que o art. 6º, IV, do Decreto nº 2.179/97, preconizou que incentivo previsto no inciso IX, do art. 1º, da Lei nº 9.440/97, corresponde ao dobro do valor destas contribuições que incidem sobre o faturamento, que deve ser o foco na interpretação do comentado incentivo. 107. Externa ser incontroverso que o faturamento, várias vezes citado no TVF, inclui o valor das receitas auferidas pela pessoa jurídica com a venda de bens e mercadorias, a prestação de serviços ou com ambas e sobre isto reproduziu o texto do caput do art. 1°, das Leis n° 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como ementa de decisão do STF no RE 390.840/MG. 108. Anota ser vedado “à lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente” e fala que, porquanto a Lei nº 9.440/97 determina que o benefício contendido corresponde ao dobro das contribuições incidentes sobre o faturamento, não pode o intérprete restringir ou alargar o conceito e a natureza jurídica deste instituto; ademais, afiança inexistir norma que imponha excluir do faturamento receitas que o integra, legal e materialmente. 109. Continuando, aduz que, consoante consta da EM n° 166, de 19/11/2009, houve significativa evolução do nível de empregos formais nas Regiões onde situadas as plantas da indústria automotiva beneficiada pela Lei n° 9.440/97 e que o desempenho das relações comerciais ligadas ao setor automotivo nestas localidades demonstra o acerto das medidas até então adotadas, pelo que os signatários de citada Exposição de Motivos justificaram a prorrogação da política instaurada por esta Lei. 110. Aponta que, dentre outros, pelos fundamentos constantes da EM nº 166/2009, foi editada a MP 471, de 20/11/2009 (convertida na Lei nº 12.218/2010), que introduziu o art. 11A à Lei nº 9.440/97, estendendo o prazo para fruição do crédito presumido analisado, que passou a ser calculado a partir do valor da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, em cada mês, decorrentes de “vendas no mercado interno” (destaca a recorrente que, de acordo com o disposto em seu art. 3º, a Lei nº 12.218/2010 apenas passou a produzir efeitos ao 1º/01/2011). 111. Pondera que, apesar de o legislador ter usado expressão diversa, a base de cálculo do incentivo é a mesma do inciso IX, do art. 1°, da Lei n° 9.440/97, pois o valor das “vendas no mercado interno” tem natureza jurídica e econômica igual a de faturamento (receitas auferidas como resultado das vendas de mercadorias e/ou de prestação de serviços). 112. Diz que o art. 2°, caput e §§ 1°, 2° e 3°, do Decreto n° 7.422, de 31/12/2010, reitera que o incentivo analisado deve ser calculado a partir das vendas no mercado interno: Art. 2° As empresas de que trata o § 1° do art. 1° da Lei n° 9.440, de 1997 , instaladas nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste, poderão apurar, entre 1° de janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2015, crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI como ressarcimento da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, no montante do valor das contribuições devidas, em cada mês, decorrente das vendas no mercado interno dos produtos referidos no inciso IV do art. 2° do Decreto n° 2.179, de 18 de março de 1997, multiplicado por: I dois, no período de 1° de janeiro a 31 de dezembro de 2011; (...) Fl. 977DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 978 22 §1° No caso de empresa sujeita ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o montante do crédito presumido de que trata o caput será calculado com base no valor das contribuições efetivamente devidas em cada mês, decorrentes das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda. § 2°Para efeitos do §1°, o contribuinte deverá apurar separadamente os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas com as vendas no mercado interno e os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de exportações, observados os métodos de apropriação de créditos previstos nos §§ 8° e 9° do art. 3° da Lei n°10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nos §§ 8° e 9° do art. 3° da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003 . § 3° Para a apuração da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas na forma do § 1°, devem ser descontados os créditos decorrentes da importação e da aquisição de insumos no mercado interno. 113. Conclui que a base de cálculo do crédito presumido contendido é o faturamento, sem distinção da origem das receitas que o compõem, a não ser a de que elas decorram de vendas no mercado interno. II.2. Da alegação de que o benefício deve ser apurado sobre as receitas de vendas de veículos importados: 114. A recorrente diz que “na interpretação de normas está consagrado o emprego do método sistemático, que orienta o estudioso a não examinar o dispositivo de forma isolada senão correlacionandoo dentro da pirâmide normativa que encerra o sistema jurídico, como leciona KELSEN, para extrair o alcance, a finalidade e o objetivo da norma sob investigação”. 115. Em seguida, articula que o art. 1º, do Decreto nº 3.893/2001, bem como os arts. 112 e 135, dos RIPI/2002 e 2010, respectivamente, encerram disposição sem amparo no art. 11, da Lei nº 9.440/97 (nem nos demais dispositivos desta lei), que emprega a expressão “faturamento” ao se referir à base de cálculo da contribuição para PIS/PASEP e da COFINS a partir da qual deve ser calculado o crédito presumido de IPI. 116. Remetese ao art. 99, do CTN10, e fala que se a lei, expressamente e sem restrição de qualquer natureza, preceitua que o faturamento é a base de cálculo das contribuições para fins de apuração do incentivo, descabe ao Decreto delimitar ou alterar o alcance do beneficio legal em função da qual foi expedido. 117. Consigna, também, que, aos moldes do art. 1A, do Decreto n° 3.893/2001, a vigência da disposição embutida em seu art. 1° é taxativamente limitada: "Art. 1A. A partir da efetiva aplicação pelo contribuinte, do regime de incidência não cumulativa da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o montante do credito presumido de IPI de que trata o art. 1° corresponderá ao dobro do valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, no regime de não cumulatividade, decorrente das vendas no mercado interno, considerandose os créditos e os débitos referentes a essas operações de venda" (grifo no original) 118. Registra que a recorrente se enquadra na hipótese acima, pois desde os anos de 2003 e 2004 apura, pela ordem, a contribuição para o PIS/PASEP e a Fl. 978DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 979 23 COFINS sob o regime nãocumulativo e, portanto, o crédito presumido de IPI a que tem direito corresponde ao dobro do valor dessas contribuições calculado sobre as vendas no mercado interno. 119. Articula que, segundo inclusive expresso na EM nº 166/2009, a instalação do estabelecimento da recorrente em Camaçari acrescentou e contribuiu com números impares para a participação do Estado da Bahia, a nível nacional, nos indicadores de empregos formais na indústria automobilística, nos volumes de exportação e de importação, na participação no PIB e na competitividade dos fabricantes nela instalados, o que se corrobora pela informação inserida no próprio TVF de que a FORD gerou 12.806 empregos formais, circunstância que a manifestante tem como consequência direta da atividade de fabricação, montagem e venda de veículos, inclusive dos importados. 120. Justifica que a importação de veículos e a sua subseqüente venda no mercado interno se inserem e complementam a política desenvolvimentista de regionalização industrial da Lei n° 9.440/97, pois esta atividade é desempenhada de forma integrada, dentro de um contexto de relações comerciais amplas que agregam tanto o mercado interno quanto o de exportação, aliado à colaboração de técnicos e demais pessoas habilitadas, com a realização de investimentos necessários para a adaptação e a concretização de facilidades portuárias necessárias à operação de desembaraço dos bens, para ambos os mercados. 121. Comenta que a indústria automotiva não se estabelece nem se desenvolve sem complementação entre as diversas plantas situadas em inúmeros países e os respectivos mercados e que, neste aspecto, a recorrente projeta e desenvolve modelos no Centro de Desenvolvimento de Produtos em Camaçari (um dos oito centros globais de criação de veículos e um dos especializados em carros compactos da FORD, no âmbito do projeto Amazon). Ademais, cita que o modelo Eco Sport é o primeiro carro global de passageiros da marca FORD criado na América do Sul e exportado para outros países, o que demonstraria que a esta indústria pressupõe fluxo de importações e de exportações, não sendo a planta industrial em Camaçari uma unidade isolada, mas inserida em uma organização mundial. 122. Expressa que vários dispositivos regulamentares estabelecem comandos cujos sentidos são aperfeiçoados mediante a integração entre os mercados interno e externo. Nessa diretriz, reproduz os seguintes artigos do Decreto nº 2.197/97: “Art. 5º As ‘Montadoras de Veículos’ poderão realizar ‘Importações Diretas’ ou ‘Indiretas’, até 31 de dezembro de 1999, de ‘Veículos de Transporte’ com redução de cinqüenta por cento do imposto de importação. Parágrafo único. A redução prevista neste artigo não poderá resultar em pagamento de imposto de importação em valor inferior ao que seria devido mediante aplicação da alíquota correspondente constante da Tarifa Externa Comum. Art. 6º Os ‘Beneficiários’ poderão obter, até 31 de dezembro de 1999: (...) III isenção do adicional ao frete para renovação da Marinha Mercante; IV isenção do IOF nas operações de câmbio realizadas para pagamento dos bens importados; (...) Fl. 979DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 980 24 VI crédito presumido do imposto sobre produtos industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nºs 7, 8 e 70, de 7 de setembro de 1970, 3 de dezembro de 1970 e 30 de dezembro de 1991, respectivamente, no valor correspondente ao dobro das referidas contribuições que incidiram sobre o faturamento das empresas referidas no inciso IV do art. 2º. (...) Art. 9º. O valor total FOB das importações de matériasprimas e dos produtos relacionados nas alíneas ‘ a’ a ‘h’ do inciso IV do art. 2º, procedentes e originários de países membros do MERCOSUL, adicionado às importações de ‘lnsumos’ e ‘Veículos de Transporte’ com redução do imposto de importação, não poderá exceder, por ano calendário, o das ‘Exportações Líquidas’. Parágrafo único. Será admitida, até 31 de dezembro de 1998, variação de até dez por cento, para mais ou para menos, na proporção a que se refere o caput deste artigo, para utilização ou compensação no ano calendário imediatamente seguinte. Art. 11. No caso de ‘Newcomers’, as proporções a que se referem os arts. 7º a 10 serão calculadas tornandose por base um período de cinco anos, considerandose como primeiro ano o prazo entre a data do primeiro desembaraço aduaneiro das importações com redução do imposto de importação de ‘Insumos’ ou de ‘Veículos de Transporte’ e 31 de dezembro do ano subseqüente, findo o qual utilizarseá o critério do ano calendário. Art. 15. A inobservância ao disposto neste Decreto sujeitará o ‘Beneficiário’ ao pagamento de multa de: (...) VI 120% sobre o valor FOB das importações de ‘Insumos’ e de ‘Veículos de Transporte’, realizadas nas condições previstas no inciso II do art. 4º e no art. 5º, respectivamente, que exceder a proporção estabelecida no art. 9º;” 123. Adiante, fala que a autoridade fiscal respalda seu posicionamento na SCI COSIT nº 17/2012, que a recorrente reputa em desacordo com a interpretação literal imposta pelo art. 111, do CTN (que inviabiliza interpretação extensiva ou integração analógica), e cita que as Leis nº 9.440/97 e 12.218/2010 definem o faturamento ou as vendas no mercado interno como parâmetro para apuração das contribuições sociais e, assim, do crédito presumido de IPI. 124. Historia que o art. 6º, VI, do Decreto nº 2.179/97, fixou o faturamento como base do incentivo analisado e que, em seguida, o art. 1º, do Decreto n° 3.893/2001, restringiu o benefício ao faturamento da venda de produtos de fabricação própria, limitação que a recorrente entende ilegal, mas que não figura no art. 1ºA, do Decreto nº 2.179/97, introduzido pelo Decreto nº 5.710, de 24/02/2006. 125. Consigna que o art. 2º, do Decreto nº 7.422, de 31/12/2010 (que estabelece que a base de cálculo do incentivo é o faturamento “decorrente das vendas no mercado interno”), alude aos produtos referidos no art. 2º, IV, do Decreto n° 2.179/97 remissão que o sujeito passivo tem por equivocada, já que tal dispositivo faz menção aos beneficiários dos incentivos, dentre os quais se incluem as montadoras e fabricantes de veículos automotores. 126. Assevera que a manifestante é montadora e fabricante de veículos automotores e, portanto, pode gozar do incentivo fiscal, sendo que os demais veículos por ela comercializados, ainda que importados, estão listados nas alíneas do Fl. 980DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 981 25 inciso IV, do artigo 2°, do Decreto n° 2.179/97, e que, também neste particular, inexistiria margem para interpretação que autorize a conclusão de estarem fora do âmbito do crédito presumido de IPI o faturamento auferido com a venda no mercado interno de veículos importados. 127. Reportandose ao argumento, adotado pela já comentada SCI, de que o alcance da Lei nº 9.440/97 deveria ser definido no contexto em que editada (raciocínio a partir do qual concluiu que, por ser uma norma voltada ao desenvolvimento regional e intimamente relacionada ao aumento dos postos de trabalho afastaria o benefício em relação aos veículos importados), a recorrente repisa a impossibilidade de “interpretação extensiva ao se tratar de benefícios fiscais”, além do que pondera que, ao ativar porto marítimo para concretizar suas operações de comércio exterior, estaria fomentando o desenvolvimento regional e proporcionando o aumento de postos de trabalho. 128. Quanto ao índice mínimo da nacionalização de bens em cuja produção forem utilizados insumos importados (cuja possibilidade de fixação foi conferida ao Poder Executivo pelo art. 7°, da Lei n° 9.440/97), articula não ter havido a definição deste índice, sendo possível apenas a conclusão que o Poder Executivo não entendeu necessário utilizar tal faculdade e que, ao contrário da conclusão atingida pela SCI, isto milita em favor da manifestante, pois não há como prever que, se regulamentação houvesse, excluiria por completo os veículos importados. 129. Vitupera, ainda, a SCI no ponto em que conclui que a possibilidade, preceituada no art. 11A, §3º, da Lei nº 9.440/97, de utilização, na base de cálculo do incentivo, de créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS decorrentes da importação e da aquisição de insumos seria bastante para concluir ser inviável o cômputo do faturamento auferido com a venda de veículos, pois, segundo a recorrente, tal utilização sinaliza, apenas, a intenção do legislador de permitir crédito das contribuições sobre custo, despesa ou encargo suportado pelo adquirente, mas “em absoluto quer representar a vedação do PIS e da COFINS incorridos na importação de veículos, para venda no mercado interno, compondo o faturamento”. 130. A última desaprovação à enfocada SCI se dirige a ventilada analogia entre a Leis n° 9.826/99 e 9.440/97, pois, segundo a contribuinte, o benefício da primeira lei tem por base, na forma de seu art. 1º, §2º, o próprio IPI incidente na venda de veículos, o que não tem relação o benefício dos arts. 1º, 11 e 11A da segunda lei, apurado sobre o faturamento, o que inviabiliza a comparação entre estes institutos. Ademais, reflexiona que, mesmo que assim não fosse, a analogia pressupõe a ausência de norma (art. 108, I, do CTN) o que aqui inocorre e, além disto, de seu emprego não pode resultar na exigência de tributo não previsto em lei (§1º), nem, mutatis mutandis, na glosa de crédito tributário efetuado em conformidade com a lei. 131. Destaca, ademais, que a SCI não vincula a manifestante, que não formulou o questionamento, de iniciativa da CoordenaçãoGeral de Fiscalização – COFIS e dirigido à CoordenaçãoGeral de Tributação COSIT, sendo submetida, a princípio, a exame pela DITIP e pela COTEX e, por fim, aprovada pelo CoordenadorGeral da COSIT (ressalva, após reproduzir os arts. 82 e 85 a 87, do Regimento Interno da RFB, que, quando muito, a DITIP tem atribuição para elaborar projeto de atos administrativos ou atos normativos e de emitir pareceres, cabendo à COTEX supervisionar suas atividades). 132. Aduz, ainda, que, mesmo que obrigasse a ora defendente, a SCI somente poderia produzir efeitos a partir da data de sua publicação, o que ainda não ocorreu validamente, pois o ato apenas foi divulgado na internet, o que desatenderia o ditame Fl. 981DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 982 26 do art. 37, da CF/88, da Lei Complementar n° 95, de 26/02/1998, do art. 1°, da Lei de Introdução ao Código Civil, c/c o art. 101, do CTN, e, especialmente, o comando do art. 48, § 4°, da Lei n° 9.430/96, pois apenas a veiculação por intermédio do Diário Oficial da União é que teria o condão de tornar o ato válido para todos os efeitos legais. 133. Finalizando este tópico, diz carecer de respaldo legal e ser resultado de errônea interpretação a conclusão do TVF (págs. 9 e 13) e do item 26 da SCI nº 17/2012 no sentido de que o incentivo abordado nos presentes autos recairia apenas sobre as vendas de produtos de fabricação própria no mercado interno e de que na apuração do incentivo não poderiam ser consideradas as vendas de veículos importados. II.3. Da alegação de exatidão dos critérios adotados para a apuração dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS: 134. Fala a recorrente que, segundo a legislação disciplinadora do benefício contendido, receitas não decorrentes de vendas no mercado interno não devem ser computadas na apuração dos valores a recolher da contribuição para PIS/PASEP e da COFINS e, assim, devem ser desconsiderados os custos, as despesas e os encargos vinculados a estas receitas. 135. Advoga que, até a edição da Lei n° 12.218/2010, com vigência a partir de 01/01/2011 e que incluiu à Lei n° 9.440/97 o art. 11A, inexistia disposição legal ou regulamentar (Decreto nº 2.179/97) que determinasse a opção por um dos métodos para a apuração dos créditos e dos créditos das contribuições, e , em relação ao período posterior ao início da vigência daquela lei, verificarseia a correção do procedimento adotado pela manifestante, conforme orientado pela IN SRF nº 404/2004, cujo art. 21 reproduziu. 136. Consigna que, por força da Lei nº 9.440/97, está obrigada, na apuração do incentivo analisado, a segregar os créditos atinentes às vendas no mercado interno daqueles relativos às exportações e frisa que, como apenas parte de suas receitas está sujeita à incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS (sobre as vendas no mercado interno, com exclusão das exportações), um dos procedimentos objeto da IN SRF n° 404/2004 é no sentido da utilização do método de apropriação direta para a apuração do crédito decorrente de encargos comuns. 137. Sustenta que o art. 40, da IN SRF n° 594/2005, que reputa tecnicamente mais apropriada, elucidou a correta forma da apuração dos créditos pela apropriação direta (a contribuinte destaca a expressão “aplicação de critérios de apropriação por rateios que dêem uma adequada distribuição dos custos comuns”, constante do inciso I, §1º, deste artigo). 138. Diz que “o legislador ofertou ao contribuinte, a utilização de métodos de rateio que pudessem, de forma mais adequada, segregar os custos comuns em seu processo de produção, por entender que mesmo com a adoção de uma contabilidade coordenada e integrada, utilizando o custeio por absorção, nem todos os custos, despesas e encargos são passíveis de rateio direto ao produto”. 139. Articula que "a apropriação direta com a utilização do método de custo real de absorção, procedimento que adotou, é respaldada por normas da própria autoridade fiscal, inexistindo base legal para que a Fiscalização exija o método de rateio proporcional, com desprezo daquele igualmente permitido pelas normas complementares”. Fl. 982DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 983 27 140. E assevera que, na forma dos arts. 108 e 111, ambos do CTN, é desautorizado o uso de analogia para impor à manifestante um só dos métodos previstos nas nupercitadas normas para a apuração de créditos das contribuições, quando há dois permitidos. 141. Pelo exposto, por entender inexistir norma que discipline critério específico de apuração das contribuições ou que vede o método por ela adotado para segregar os créditos relativos aos custos e despesas e os débitos decorrentes das receitas de vendas no mercado interno, a manifestante se insurge, relativamente ao período de Janeiro/2009 até Dezembro/2010, em que não vigorava a Lei n° 12.218/2010, contra a desconsideração do método por ela adotado, e pugna pelo restabelecimento de escrita fiscal original do IPI e pela reconstituição do “Anexo A”, que acompanha a autuação, mas ressalva que sua insurgência é no sentido de haver autorização para o emprego da apropriação direta, com a utilização do custo real de absorção, com o rateio dos custos comuns, consagrado na IN SRF n° 594/2005. II.4. Da alegação de inocorrência de erro no método para determinação dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS: 142. A defendente argúi que a Lei nº 9.779/99 não teria aplicabilidade no cálculo do incentivo de que trata a Lei nº 9.440/97. 143. Comenta que, como afirmado na 14ª lauda do TVF, a recorrente, por ser beneficiária do incentivo aqui examinado, deve apurar a contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS de modo segregado no estabelecimento em Camaçari, em contraposição à regra geral de apuração centralizada na matriz. Tal assertiva a recorrente tem por correta, porque, por estar submetida à Lei nº 9.440/97, deve apurar estas contribuições de forma específica e singular. 144. Assegura ser distinto o cálculo das contribuições a que está submetida a matriz (Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003), que não está habilitada ao incentivo da Lei nº 9.440/97, e o do benefício fiscal previsto nesta Lei, que utiliza subsidiariamente apenas dois parágrafos das normas gerais de citadas contribuições. 145. Julga impertinente a afirmação, contida na 17a. lauda do TVF, de que a manifestante deveria “adotar o método de rateio proporcional que fora empregado pela matriz para apuração do PIS e da COFINS” (43ª lauda, penúltimo parágrafo, do recurso), pois a filial está submetida a regra própria e específica que excepciona a regra geral que vincula a apuração de suas contribuições à matriz. 146. Sustenta que “Não socorre o despacho decisório a circunstância de a Requerente ser estabelecimento filial e o crédito em relação a determinado insumo ser calculado de uma forma pela matriz e de outra por ela. A questão não é de lógica ou de razoabilidade, como aduz o TVF, mas sim de ordem legal”. 147. Afirma que um aspecto é a apuração das contribuições pelo estabelecimento da manifestante e outro é a quantificação das mesmas contribuições em relação à pessoa jurídica da qual ele é parte integrante como filial. 148. Exemplifica que, na apuração das contribuições nãocumulativas, que serão integradas aos resultados da matriz com o das demais filiais, podem ser apropriados créditos atinentes a custos, despesas e encargos dos produtos exportados, enquanto na apuração do crédito presumido de IPI somente podem ser computadas as vendas no mercado interno (o que exclui as exportações). Fl. 983DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 984 28 149. Fala que o método “Bill of material” atende à apropriação direta, com a utilização de custo real de absorção conforme sistema de contabilidade integrada e coordenada com a escrituração, pois apura os créditos relativos aos custos com a aquisição de insumos para a fabricação de veículos faturados pelo estabelecimento incentivado por numeração de cada chassi, listando todas as peças e componentes que integram cada veiculo faturado. 150. Ventila que desrespeitaria “a Lei n° 9.440/97, sendo ainda materialmente impróprio, caso tivesse adotado o mesmo método pelo qual optou o estabelecimento matriz”, pois há custos, despesas e encargos que são inerentes à matriz, mas não ao estabelecimento situado em Camaçari (45a lauda, terceiro parágrafo, da Manifestação de Inconformidade) e assevera a defendente que o método por ela adotado está em conformidade com o art. 3º, §8º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e “encontra pouso na Instrução Normativa RFB (sic) nº 594/2005, sem contestação”. 151. Pondera que se, consoante mencionado na pág. 21, do TVF, a aplicação do “BOM” segrega os custos de produção do estabelecimento em Camaçari daqueles de outras filiais, a fim de permitir a correta aferição do crédito presumido de IPI examinado, eventuais divergências quanto aos critérios para apuração dos gastos indiretos (como, no caso, da energia elétrica) não têm “o condão de contaminar por completo o procedimento adotado pela Requerente”. 152. Com fundamento no art. 16, §5º, do Decreto n° 70.235/72, requereu, por motivo de força maior, a posterior juntada de laudo técnico de natureza contábil, já em elaboração, que visa a comprovar a consistência, do ponto de vista dos princípios contábeis, do método empregado pela manifestante para a apuração do benefício aqui tratado e, desde logo, juntou declaração, firmada por um de seus diretores e por seus contadores, de que a defendente possui e mantém contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração, que permite apurar o referido incentivo mediante o método de apropriação direta. 153. Diante das razões esposadas, assevera ser “impróprio o levantamento realizado pela Fiscalização para a quantificação dos créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos suportados pela Requerente, tomando em consideração o método de rateio proporcional pelo qual optara o estabelecimento Matriz, para fins de apuração do valor das contribuições que irão compor a base do crédito presumido de IPI a que faz jus a Requerente” (47ª Lauda, quarto parágrafo, da Manifestação de Inconformidade). II.5. Quanto aos créditos originados de outros estabelecimentos: 154. A contribuinte articula que o estabelecimento da FORD em Taubaté transfere insumos para a manifestante para emprego na produção e, nestas operações, o remetente utiliza a base de cálculo para fins do ICMS, conforme o RICMS/SP, aprovado pelo Decreto n° 45.490, de 30/11/2000, que assim dispõe: “Artigo 39 Na saída de mercadoria para estabelecimento localizado em outro Estado, pertencente ao mesmo titular, a base de cálculo é (Lei 6.374/89, art. 26, na redação da Lei 10.619/00, art. 1.º, XV, e Convênio ICMS3/95): (...) II o custo da mercadoria produzida, assim entendido a soma do custo da matériaprima, do material secundário, da mãodeobra e do acondicionamento, atualizado monetariamente na data da ocorrência do fato gerador;” Fl. 984DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 985 29 155. Desfia que o RICMS/BA, baixado pelo Decreto n° 6.824, de 14/03/1997, assim estabelece a base de cálculo nas operações de transferências entre estabelecimentos: “Art. 56 A base de cálculo do ICMS, nas operações internas e interestaduais realizadas por comerciantes, industriais, produtores, extratores e geradores, quando não prevista expressamente de forma diversa em outro dispositivo regulamentar, é: (...) V na saída de mercadoria em transferência para estabelecimento situado em outra unidade da Federação, pertencente ao mesmo titular: (...) b) o custo da mercadoria produzida, assim entendido a soma do custo da matériaprima, material secundário, acondicionamento e mãodeobra;” 156. Diz que são divergentes os dispositivos regulamentares acima, pois enquanto o primeiro determina a atualização monetária do custo, o segundo não contempla essa majoração e menciona que, como a manifestante está situada no Estado da Bahia, submetese à legislação emanada do sujeito ativo ao qual está jurisdicionada e, neste sentido, nas operações de transferência de insumos provenientes de Taubaté, não reconhece na base de cálculo adotada pelo estabelecimento remetente aquelas parcelas não autorizadas pela legislação baiana. 157. Aponta que os signatários do TVF têm entendimento mais liberal e extensivo quanto à interpretação do que se deve considerar custo, despesa ou encargos para fins de apuração de créditos da contribuição (acolhendo créditos sobre graxa, estopa, serviços não especificados e despesas com frete/armazenagem), quando é notório que a RFB adota conceito restritivo de insumo [exemplifica o fato com o acolhimento créditos com frete entre estabelecimentos da mesma empresa (item 5.5., do TFV), não admitido pela RFB]. 158. Encerra o assunto afirmando que a adoção da apropriação direta, com utilização do método de custo real de absorção (aqui consistente no emprego do Bill of material”) é mais acertada e condizente com a legislação a que está imperativamente submetida. II.6. Do erro no cálculo da receita bruta: 159. Neste item, a recorrente defende que a exclusão de tributos não cumulativos, que por ela são recuperáveis, seria coerente com o método de apropriação direta para determinação dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS. 160. Expõe que a Fiscalização verificou que a manifestante contabiliza o custo dos veículos pelo valor líquido, excluídos os impostos recuperáveis (ICMS, PIS e COFINS) 11 e que na determinação da receita bruta foram também excluídos os tributos recuperáveis, mantendose, assim, o mesmo critério usado para o cálculo dos créditos relativos às contribuições. 161. Ademais, tem como descabida a inclusão do ICMS como parcela integrante do faturamento, pois não é legal nem juridicamente possível admitirse que no conceito de faturamento possa ser incluída outra parcela que não o integre. Fl. 985DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 986 30 162. Fala que o ICMS não constitui riqueza da contribuinte com as operações de venda de produtos e/ou mercadorias, sendo ônus fiscal a que está submetida por imperativo legal, sendo o mesmo raciocínio aplicável à contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS. 163. Giza que, segundo palavras do Ministro Marco Aurélio, “se alguém fatura ICMS, esse alguém é o Estado e não o vendedor da mercadoria”, e sustenta ser incabível, aos moldes do art. 111, do CTN, a alteração da definição, do conteúdo e do alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, “utilizados expressa ou implicitamente pela legislação que engloba o sistema jurídico pátrio, para definir ou limitar competências tributárias”. 164. Reportase à repercussão geral em torno da questão, declarada nos RE n° 574.7069 e n° 592.616, bem como à concessão de medida cautela na Ação Direta de Constitucionalidade n° 18. 165. Em razão do exposto, afirma inexistir erro na determinação da receita bruta. II.7. Da contestação da alegação de erro na determinação da receita de vendas no mercado interno: 166. Quanto aos ajustes de veículos faturados, mas que não deram saída do estabelecimento, externa que “não tendo havido a saída dos produtos do estabelecimento fabril, os documentos fiscais não compuseram o faturamento, que foi suspenso, para ser reconhecido o respectivo valor quando concretizado” e que, quando muito, poderseia “conjecturar tratarse de postergação, com a consequência de tornar ocorridos os seus efeitos para o cômputo da receita bruta do período seguinte, inocorrendo prejuízos ao Fisco”. 167. Ademais, faz críticas à exclusão do ICMS relatada nos itens 79 a 82 acima, pois reputa que a Fiscalização teria interpretado de modo inusitado o Convênio ICMS n° 51/2000. 168. Diz que a própria Fiscalização expõe, na pág. 28 do TVF, que supradito Convênio objetiva estabelecer repartição, com a unidade da Federação de destino, de uma parte do ICMS (suportado pelo destinatário) que integralmente seria devido à unidade da Federação em que situada a montadoraremetente e que, para tanto, consoante registrado pela Fiscalização na 29a. lauda do TVF, o citado Convênio “atribuiu ao fabricante de veículos a condição de contribuinte substituto, obrigado a reter e recolher o valor que corresponde à unidade da Federação de destino”. 169. No intuito de eliminar quaisquer dúvidas de suas assertivas, a recorrente reproduziu as seguintes disposições de citado Convênio: “Cláusula primeira Em relação às operações com veículos automotores novos, constantes nas posições 8429.59, 8433.59 e no capítulo 87, excluída a posição 8713, da Nomenclatura Brasileira de Mercadoria/Sistema Harmonizado NBM/SH, em que ocorra faturamento direto ao consumidor pela montadora ou pelo importador, observarseão as disposições deste convênio. § 1º O disposto neste convênio somente se aplica nos casos em que: I a entrega do veículo ao consumidor seja feita pela concessionária envolvida na operação; Fl. 986DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 987 31 II a operação esteja sujeita ao regime de substituição tributária em relação a veículos novos. § 2º A parcela do imposto relativa à operação sujeita ao regime de sujeição passiva por substituição é devida à unidade federada de localização da concessionária que fará a entrega do veículo ao consumidor. (...) Cláusula Segunda. Para a aplicação do disposto neste convênio, a montadora e a importadora deverão: I emitir a Nota Fiscal de faturamento direto ao consumidor adquirente: a) com duas vias adicionais, que, sem prejuízo da destinação das demais vias prevista na legislação, serão entregues: 1. uma via, à concessionária; 2. uma via, ao consumidor; b) contendo, além dos demais requisitos, no campo ‘Informações Complementares’, as seguintes indicações: 1. a expressão ‘Faturamento Direto ao Consumidor Convênio ICMS Nº 51/00, de 15 de setembro de 2000’; 2. detalhadamente as bases de cálculo relativas à operação do estabelecimento emitente e à operação sujeita ao regime de sujeição passiva por substituição, seguidas das parcelas do imposto decorrentes de cada uma delas; 3. dados identificativos da concessionária que efetuará a entrega do veículo ao consumidor adquirente; II escriturar a Nota Fiscal no livro próprio de saídas de mercadorias com a utilização de todas as colunas relativas a operações com débito do imposto e com substituição tributária, apondo, na coluna ‘Observações’ a expressão ‘Faturamento Direto a Consumidor’. (...) Parágrafo único. A base de cálculo relativa à operação da montadora ou do importador que remeter o veículo à concessionária localizada em outra unidade federada, consideradas a alíquota do IPI incidente na operação e a redução prevista no Convênio ICMS 50/99, de 23 de julho de 1999, e no Convênio ICMS 28/99, de 09 de junho de 1999, será obtida pela aplicação de um dos percentuais a seguir indicados sobre o valor do faturamento direto a consumidor, observado o disposto na cláusula seguinte: (...) II veículo saído das Regiões Norte, Nordeste e CentroOeste ou do Estado do Espírito Santo para quaisquer unidades federadas, bem como veículo saído das regiões Sul e Sudeste para essas mesmas regiões, exceto para o Estado do Espírito Santo: (...)”. Fl. 987DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 988 32 170. Conclui que o entendimento fiscal usado para “glosar a exclusão” do ICMS calculado e retido por substituição tributária da receita de vendas da recorrente contraria o Convênio ICMS n° 51, de 2000, sendo, portanto, improcedente. II.8. Da irresignação no tocante à alegação de erro na composição das receitas de exportação: 171. A recorrente diz que o TVF, em sua pág. 30, afirma que “No caso do CKD, a maior parte dos módulos e peças, são produzidos pelos fornecedores’” e pondera que “se a própria Fiscalização reconhece e admite que a ‘maior parte dos módulos e peças’ são produzidos pelos fornecedores, a boa lógica e o sempre oportuno bom senso faz com que a menor parte dos módulos e peças são efetivamente produzidas pela Requerente, o que aliás encontrase corroborado pela resposta a intimação de 21/11/2013 e acolhida pela Fiscalização”. 172. Ratifica que o CKD corresponde a kit composto por diversas partes necessárias à montagem de veículos, que são produzidas tanto pelos fornecedores como pela manifestante, que pela recorrente são reunidas para exportação e, em seguida, menciona as definições de industrialização e montagem constante do art. 3°, caput e inciso III, do RIPI/2002, a partir das quais tem como claro “que não se trata de simples revenda de bens para exportação como equivocadamente entendeu a Fiscalização, sendo desarrazoada a glosa perpetrada neste item, quanto à exclusão das receitas de exportação de CKD's do cálculo do rateio”. 173. Alude que “Segundo a Fiscalização, no cálculo do rateio que entendeu seria o correto, foram excluídas as receitas do que equivocadamente considerou como sendo simples revenda, pois ainda a seu ver, a definição do rateio é importante para a adequada distribuição dos créditos das contribuições, sendo que estes estariam vinculados aos custos de industrialização”, o que a recorrente tem por incorreto “pois o direito ao crédito das contribuições é oriundo dos custos, despesas e encargos necessários à atividade da Requerente, não somente aqueles decorrentes da industrialização, mas todos aqueles relacionados ao faturamento ou às receitas de vendas no mercado interno”. 174. Aduz que como a Fiscalização, no rateio, excluiu parte das exportações de CKD, caracterizadas, segundo a recorrente erroneamente, como revenda de partes produzidas por seus fornecedores no estabelecimento da recorrente, os valores estornados não poderiam ser acrescidos às vendas no mercado interno (Anexo D) e influenciar os créditos das contribuições. II.9. Da contestação à inclusão das receitas de vendas de veículos à Zona Franca de Manaus para fins de cálculo do percentual de rateio: 175. A contribuinte especula que, conforme art. 40, do Ato das Disposições Transitórias da CF/88, a Zona Franca de Manaus tem características de área de livre comércio, de exportação e importação e que o art. 4°, do Decreto Lei n° 288, de 28/02/1967 (recepcionado pela ordem constitucional, consoante decidido na ADI n° 2.348 MD/DF), assim preconiza: “Art 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro”. Fl. 988DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 989 33 176. Exterioriza que o art. 5°, I, da Lei n° 10.637/2002, e o art. 6°, I, da Lei n° 10.833/2003, determinam, respectivamente, a não incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS sobre as receitas de exportação; logo, julga correta e legal a exclusão das vendas realizadas para destinatários localizados na Zona Franca de Manaus, equiparadas a exportação. II.10. Da alegação de equívocos nos cálculos constantes da exigência fiscal e do pedido de juntada de documentos após a Manifestação de Inconformidade: 177. A recorrente enuncia que a autoridade fiscal incidiu em quatro equívocos na metodologia por ela mesma eleita, os quais resultariam na incorreção dos valores lançados: (i) um, relativo aos veículos faturados que não deram saída do estabelecimento da manifestante; (ii) outro, relacionado à afirmação de que a contribuinte cometeu erro ao adotar a receita líquida no rateio; (iii) o terceiro engano consistiria na nãoconsideração, pela Fiscalização, de todas as saídas do estabelecimento de Camaçari; e (iv) o último, a não adoção da totalidade dos CFOP de vendas de mercadorias e dos de revenda. 178. Acerca do primeiro aspecto, aduz que a “a Fiscalização se equivoca ao afirmar, no TVF, fl. 22, que, em relação aos veículos já faturados, mas que não deram saída do estabelecimento da Requerente, ‘a receita da venda desses veículos foi considerada no cálculo do incentivo. Ou seja, o contribuinte considerou a receita (débito), mas não considerou o custo (crédito), aumentando (sic) ‘o PIS e COFINS devidos’” e que “A improcedência de tal afirmação pode ser verificada da Resposta da Requerente n° 5, de 16/12/2013, referente ao Termo de Intimação recebido em 21/11/2013”. 179. Sustenta que, do arquivo resumo do SPED relativo ao mês de janeiro de 2009, preparado pela recorrente a partir do sistema FIRS e exemplo de Bill of material, adotado pela Fiscalização como amostra, seria possível se constatar que os ajustes de “revenue recognition”, atinentes a veículos faturados e não entregues, considerados pela manifestante no referido mês se vinculam a períodos anteriores, tratandose de veículos cuja receita foi reconhecida no mês analisado, mas anteriormente faturados. 180. Afirma que, dado o acima exposto, “a base para cálculo do custo de veículos vendidos foi ajustada com o objetivo de não considerar créditos em duplicidade, já que, sendo o PIS/COFINS e o incentivo calculado com base nos veículos faturados, os créditos correspondentes aos custos também seguem o mesmo critério. Logo, tais custos já teriam sido apropriados em períodos anteriores para fins de apuração de PIS/COFINS”. 181. Sobre o segundo ponto, relembra que, na apuração dos créditos presumidos de IPI, elegeu o método da apropriação direta e que somente para os encargos comuns, realizou rateio (como previsto na IN SRF 594/2005) e menciona que “a legislação aplicável à matéria, quando da adoção da apropriação direta, autoriza a apropriação por rateio para os custos comuns, sem contudo impor a adoção da receita líquida (sic) para tanto, diferentemente do que se dá quando da eleição do método do rateio proporcional”. 182. Realça que foi a própria Fiscalização que, ao eleger determinadas saídas para a aplicação de seu rateio proporcional, deixou de adotar a receita bruta, imposição esta não aplicável à manifestante, que usou a apropriação direta para apuração do benefício. Fl. 989DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 990 34 183. O terceiro suposto engano cometido pela Fiscalização está no fato de que, no cálculo da proporção de créditos gerados no estabelecimento incentivado, constante do Anexo “D” do TVF, foram eleitas apenas as seguintes operações: (i) Vendas no Mercado Interno; (ii) Vendas para ZFM; (iii) Exportações Produção e Exportação – CKD. 184. Diz que, contrariamente ao “mencionado no TVF, pág. 33, 3° parágrafo, foi utilizado, tanto para o denominador quanto para o numerador do fator, a receita de vendas de veículos incentivados extraída do ‘Anexo A Venda de veículos nacionais incentivados’, fornecida pela própria manifestante e não aquela registrada nos livros fiscais de saídas”. E pondera que, uma vez que a Fiscalização seguiu nova metodologia para calcular o incentivo, no denominador do fator deveria ter considerado o livro de saídas (e não ter apenas selecionando as vendas sujeitas ao incentivo). 185. Aponta que, tal como feito no cálculo do rateio proporcional de créditos de Taubaté e São Bernardo do Campo, deveriam ser consideradas outras operações de saída para compor o denominador do cálculo do rateio, tais como: “TRANSFERENCIA DE PRODUÇÃO DO ESTABELECIMENTO (CFOP 5.151/6.151), TRANSFERENCIA DE MERCADORIA ADQ. RECEB. TERCEIROS (CFOP 5.152/6.152), VEN. MERC. ADQ/REC TER MERC SUJ. REG. ST, SUBSTITUTO”, pois, ao se considerar a totalidade de créditos informados no DACON, foram também considerados créditos relacionados às demais operações exercidas pela filial (como transferências de peças para o mercado de reposição da Filial em Pirajá). 186. A recorrente apresentou, para o mês de janeiro de 2009, quadro demonstrativo das diferenças entre os fatores atingidos a partir das duas metodologias. 187. Na seqüência, a recorrente indica o quarto equívoco no levantamento da Fiscalização, consistente nos seguintes aspectos: (i) não adoção da totalidade dos CFOP de vendas de mercadorias produzidas; e (ii) não adoção de CFOP de revenda. Tais circunstâncias a recorrente pretende evidenciar mediante pronunciamento de empresa de consultoria contábil que assim aponta, por amostragem em relação ao mês de mês de janeiro de 2009, os reflexos dos dois pontos referenciados no trabalho fiscal (fls. 95/96): 187.1. no rateio dos créditos de insumos oriundos das Unidades em Taubaté e em São Bernardo do Campo, teriam sido detectados dois equívocos na seleção de CFOP: (i) para a filial em Taubaté, não teriam sido consideradas as vendas para Benteler Componentes Automotivos Ltda referentes a mercadorias industrializadas em terceiro por encomenda da FORD (CFOP 6.101); (ii) para a filial em São Bernardo do Campo, não teriam sido consideradas as vendas de mercadorias sujeitas à substituição tributária do ICMS (CFOP 5.401 e 6.401) e as vendas de mercadorias produzidas destinadas à ZFM e à Área de Livre Comércio (CFOP 6.109). 187.2. a nãoinclusão dos mencionados CFOP resultam em uma maior proporção das saídas para Camaçari em relação às vendas totais, aumentando os valores dos créditos a serem transferidos para a apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o que diminui a base de cálculo do incentivo; 187.3. no mencionado rateio, foram considerados os CFOP relativos a vendas de mercadorias produzidas no estabelecimento, tendo sido ali considerados créditos comuns às atividades de revenda e de produção (como energia elétrica e frete), o que teria distorcido a alocação de créditos para Camaçari, que considera créditos comuns Fl. 990DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 991 35 (produção e revenda) e apenas parte das vendas (produção), aumentando os valores transferidos para esta filial. 188. A recorrente protestou pela oportuna juntada de laudo em relação aos demais períodos da autuação. II.11. Do pedido de diligência: 189. O sujeito passivo requereu, com espeque no art. 30, do Decreto n.° 70.235/72 c/c os arts. 36 e 57, caput e inciso IV, do Decreto n° 7.574/2011, a realização de diligência, no sentido de demonstrar que: (i) a apropriação direta, com uso do método de custo real de absorção, permite a apuração do crédito presumido de IPI da Lei n° 9.440/97; (ii) o método utilizado pela Fiscalização não permite auferir este incentivo. Nomeou assistente técnico para a diligência e formulou os seguintes quesitos: 189.1. tendo em vista que a recorrente mantém contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração, esclarecer se o critério da apropriação direta com a utilização do método de custo real de absorção permite apurar, adequadamente, segundo as normas contábeis, o crédito presumido de IPI da Lei n° 9.440/97; 189.2. se os critérios do rateio em relação aos custos comuns utilizados pela manifestante atendem aos critérios previstos pela IN/SRF n° 594/2005. 190. Ademais, pugnou pela posterior juntada de pareceres técnicos contábeis que objetivam o exame da contabilidade da recorrente de custo integrada e dizer se ela atende as práticas e aos princípios de contabilidade, bem como sobre os cálculos do levantamento fiscal (fundamentou esta pretensão no art. 16, §5º, do Decreto n° 70.235/72, por motivo de forca maior, pois já pleiteou a elaboração do documento à empresa de consultoria, mas sua conclusão exige mais que os 30 dias de prazo para Manifestação de Inconformidade). II.12. Do pedido final: 191. Ao final, a recorrente pleiteou: (i) a posterior juntada de documentos; (ii) a realização de diligência; e (iii) a homologação integral dos débitos compensados, cuja suspensão de exigibilidade requereu com fundamento no art., 151, III, do CTN. III. Do primeiro Parecer Técnico: 192. Por meio de petição de fls. 209/211, entregue aos 10/04/2014, a contribuinte: 192.1. requereu a juntada de Parecer Técnico, fls. 212/226, por intermédio da pretende comprovar a existência de equívocos cometidos pela Fiscalização e em função do qual requer seja declarada totalmente improcedente a autuação, ou, se assim não entender este Colegiado, ao menos seja determinada a realização de diligência solicitada na Manifestação de Inconformidade, cuja necessidade teria restado corroborada em razão deste Parecer; 192.2. solicitou a autorização para posterior juntada, assim que finalizado, de outro Parecer, naquela ocasião em elaboração, por meio do qual objetiva evidenciar que tem contabilidade coordenada e integrada para utilização do método de apropriação direta na apuração do incentivo discutido e da correção do procedimento adotado pela suplicante. Fl. 991DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 992 36 193. O Parecer de fls. 212/226 contextualiza a autuação e, em seguida, ressalva que a análise feita pela empresa de consultoria se baseou em documentos, fatos e informações prestados pela contribuinte (que se alterados poderiam implicar a modificação das conclusões do Parecer Técnico), cuja precisão e completude solicitou fossem confirmados. 194. Avante, registra que a Fiscalização, no rateio que fez, deixou de adotar a relação percentual da receita bruta e, na verdade, elegeu determinados CFOP. 195. Consigna que, no cálculo da proporção das saídas das filiais da contribuinte em Taubaté e em São Bernardo do Campo para a filial em Camaçari, existiriam dois equívocos: (i) filial em Taubaté: não teriam sido consideradas as vendas para a empresa Benteler Componentes Automotivos Ltda atinentes a mercadorias industrializadas em terceiro por encomenda da Ford; e (ii) filial em São Bernardo do Campo: não teriam sido consideradas vendas de mercadorias produzidas sujeitas a substituição tributária do ICMS (CFOP 5.401 e 6.401), tampouco vendas de mercadorias produzidas destinadas à ZFM. 196. Destaca que a nãoconsideração dos CFOP acima acarretou a elevação da proporção das saídas para Camaçari em relação às vendas totais, reduzindo o benefício (ao Parecer, foi juntada planilha relativa ao mês de janeiro/2009 e quadro resumo dos anos de 2009 a 2011, além de diversos anexos, que diz estarem embasados em informações do Sped Fiscal, contendo a relação entre as transferências para Camaçari e todos os CFOP de produção de São Bernardo do Campo e Taubaté e o recálculo dos créditos transferidos por estas duas filiais). 197. Em seguida, o Parecer Técnico discorre sobre o cálculo dos créditos da filial de Camaçari feito pela aplicação, sobre a totalidade dos créditos, apurados pela FORD, da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS referentes à produção de veículos, da relação percentual entre as receitas da filial em Camaçari com a venda local de veículos por ela produzidos (excluídas, portanto, as receitas de exportações e as receitas de veículos importados) e o total das receitas da FORD e diz que, considerando os créditos da filial em Camaçari levantados segundo esta metodologia, foi encontrada, nos anos de 2009 a 2011, a diferença total de R$ 457.647.363. 198. Externa o Parecer Técnico que a correta aplicação do rateio proporcional pela receita bruta depende da verificação desta grandeza na contabilidade, mas, como a Fiscalização considerou as informações contidas no DACON, foi feito o rateio proporcional descrito no parágrafo antecedente para se aproximar o máximo possível das premissas da autuação. 199. Ao final, sintetiza que: (i) ao adotar determinados CFOP para determinar os créditos referentes a bens e mercadorias transferidos de outras unidades para a filial em Camaçari, a fiscalização teria se equivocado no cálculo; e (ii) ainda que assim não fosse, ao optar pela adoção de CFOP, a fiscalização estaria contrariando as conclusões do próprio TVF, pois a legislação da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS impõe que o método de rateio seja aplicado com a utilização de relação percentual da receita bruta. IV. Do segundo Parecer Técnico: 200. À fl. 351 consta petição, protocolizada aos 14/07/2014, por meio da qual é solicitada a prorrogação, por mais 60 (sessenta) dias, do prazo para entrega do segundo Parecer Técnico, que, posteriormente, foi enviado aos 17/09/2014, fls. Fl. 992DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 993 37 357/435, através da petição acostada às fls. 355/356, que requereu a desconstituição do Despacho Decisório recorrido. IV.1. Questões iniciais, afirmação de existência de sistema de custo integrado e coordenado com a contabilidade e de adoção do método de apropriação direta: 201. Inicialmente, o Parecer de fls. 357/435 relata, brevemente, as atividades da FORD, sua estrutura no Brasil e a produção/importação de veículos da empresa nos anos de 2009, 2010 e 2011 e, além disto, resume o contexto da autuação e faz a mesma observação do final do item 193 acima. 202. Adiante, registra que o Parecer Técnico objetivou: (i) entender os sistemas adotados pela contribuinte e constatar a integração e a coordenação dos sistemas de custeio com a contabilidade da empresa, com a realização de testes; (ii) examinar a legislação do incentivo e do caso concreto da FORD; e (iii) rever os cálculos da Ford “referentes aos meses de janeiro a dezembro de 2011, que foram objeto de questionamento fiscal” (item “3. Escopo”). 203. Em seguida, discorre longamente sobre os sistemas utilizados pela FORD para o controle e o registro de suas operações de aquisição de materiais produtivos (inclusive importados) e intermediários e de peças/acessórios, tendo apresentado testes relativos às aquisições de materiais produtivos e intermediários [itens 5.1.1 e 5.1.2 (e subitens) do Parecer]. 204. Na seqüência, diferencia custos de despesas e apresenta as seguintes classificações de custos: 204.1. quanto à apropriação: (i) custos diretos, os apropriados diretamente aos produtos fabricados, porque possível a mensuração objetiva do valor consumido nos produtos (exemplo clássico: matériaprima); e (ii) custos indiretos, os cuja apropriação aos diferentes produtos depende de cálculos, rateios ou estimativas (exemplos clássicos: depreciação de produtos utilizados na fabricação de mais de um produto, gastos com limpeza, etc); 204.2. acerca dos níveis de produção: (i) custos fixos, aqueles cujos valores não se alteram em função do volume de produção; (ii) variáveis, os que se modificam em função deste volume; e (iii) semifixos ou mistos, os que não de modificam desde que a produção se mantenha em determinada faixa. 205. Alude que há diferentes processos para apuração de custos, dentre os quais: (i) custeio variável: contabilização dos custos fixos diretamente em conta de participação de resultado e dos variáveis apenas quando vendidos os produtos fabricados; (ii) custeio padrão: registro dos gastos por valores estimados de cada produto (e não pelos efetivamente incorridos); e (iii) custeio por absorção: rateio de todos os custos (fixos e variáveis) em cada fase da produção (pág. 33, do Parecer Técnico). 206. Narra o Parecer que as pessoas jurídicas devem adotar o custeio por absorção em atendimento ao art. 177, da Lei n° 6.404, de 15/12/1976, que determina, dentre outras questões, que a escrituração da companhia deve ser mantida em registros permanentes, com observância de métodos e critérios uniformes ao longo do tempo, e registrar as mutações patrimoniais de acordo com o regime de competência. 207. Reportase: (i) ao Princípio da Competência aos moldes dispostos no art. 9°, da Resolução CFC n° 750, de 29/12/1993, que estipula o reconhecimento das Fl. 993DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 994 38 transações e outros eventos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento e a simultaneidade da confrontação das receitas e das correlatas despesas; (ii) ao Princípio do Confronto das Despesas com as Receitas e com os Períodos Contábeis, em razão do qual devem ser diferidos os gastos que proporcionarão receitas futuras na medida em que tais receitas sejam auferidas; e (iii) ao Princípio da Realização da Receita, segundo o qual “A receita é considerada realizada, e, portanto, passível de registro pela Contabilidade, quando produtos ou serviços produzidos ou prestados pela Entidade são transferidos para outra entidade ou pessoa física com a anuência destas e mediante pagamento ou compromisso de pagamento”. 208. Conclui que os gastos incorridos em contas de resultado devem ser reconhecidos conjuntamente com as receitas de venda, motivo por que a legislação societária usa o custeio da absorção e registra que a legislação tributária estabelece que a apuração do lucro real deve ser precedida da apuração do lucro líquido de cada período de apuração com a observância das leis comerciais (artigo 247, do RIR/99), pelo que, também para fins tributários, as empresas devem adotar o custeio por absorção. 209. Depois, passa a arrazoar sobre as disposições contidas nos arts. 289 a 297 do RIR/99, que dispõe sobre “Custos de Bens e Serviços” da pessoa jurídica e, na seqüência, sobre o sistema de custeio da FORD. 210. Sustenta que a empresa possui sistemas e rígido controle da quantidade de materiais e valores dos materiais produtivos (matérias primas) e intermediários (demais bens do processo produtivo não encaixados no conceito de matérias primas), e que tais sistemas têm interface com a contabilidade, o que possibilita que todas as suas operações sejam anotadas nos livros societários. 211. Expõe que a contribuinte efetua o registro dos materiais produtivos e intermediários por intermédio de “lançamento a débito em conta de Ativo (estoque) com base no valor da nota fiscal de aquisição, líquido dos tributos recuperáveis” e que, em contrapartida, “escritura a obrigação de pagar em conta de Passivo”. 212. Descreve teste exemplificativo feito para evidenciar a existência de controle das quantidades de matériasprimas em estoque e as de produtos em elaboração. 213. Observa que, após a sua utilização na fabricação dos veículos, a FORD escritura os valores das matériasprimas em conta contábil de produtos acabados por meio de redução da conta de produtos em elaboração e que, por ocasião da venda do veículo, a correspondente receita é consignada em conta de resultado do exercício, o que também faz para o custo das matériasprimas (reconhecidos na conta contábil de resultado “23B01A00 – Custo VeículosRevend/Cons”, em que os custos das peças são escriturados pelo valor do último pedido de compras na data da fabricação do veículo, sendo que a diferença entre o custo de aquisição constante das notas fiscais e o do valor do pedido é reconhecida na conta contábil 24A01). 214. Afirma que o “BOM” é obtido pela contribuinte mediante relatórios extraídos do sistema FIRS, sendo que, como a diferença entre o efetivo custo de aquisição e o valor do pedido é escriturada em conta de resultado, o custo das matériasprimas dos produtos vendidos é reconhecido pelo seu efetivo valor de aquisição. 215. Diz que os custos indiretos (gastos com energia elétrica, armazenagem, fretes, depreciação e mãodeobra) são registrados em conta de resultado do Fl. 994DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 995 39 exercício e que, para expurgar o montante pertinente aos veículos não vendidos “a Empresa, com base em critérios de rateio, determina a parcela de custo correspondente a tais veículos e realiza a escrituração a débito em conta de ativo e a crédito em conta de resultado” (58ª Lauda do Parecer Técnico), objetivando estes lançamentos a ativação dos gastos de produtos fabricados mas não vendidos, procedimento este que, consoante a empresa de consultoria, observa os princípios citados no item 207 acima e relevam a aderência ao custeio por absorção, em que os gastos incorridos em produtos não vendidos são ativados. 216. Registra o comentado Parecer Técnico que, para atender aos citados princípios, a contribuinte emprega a metodologia denominada “reconhecimento de receita” (ou “revenue recognition”), a qual “consiste em excluir do resultado do exercício os valores das receitas e custos dos bens cuja transferência do título legal ou posse não foram realizadas aos clientes”. Além disto, assegura que este método é relevante para atendimento das regras contábeis, mormente as da Norma de Procedimento Contábil – NPC nº 14/01, emitida pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON. 217. Expressa que, à maneira do item 4, da NCP 14, receita é a entrada bruta de benefícios econômicos relacionados às atividades ordinárias da pessoa jurídica e que incrementam seu patrimônio, excluídas as contribuições dos sócios/acionistas, estando estabelecido nos arts. 15, 16, 20 e 23 desta Norma que: 217.1. a receita somente deve ser reconhecida quando for provável que os benefícios econômicos relativos à transação serão recebidos pela empresa; e 217.2. a receita de venda de produtos/mercadorias deve ser registrada, dentre outros, desde que (i) os riscos e benefícios significativos decorrentes da propriedade já tenham sido transferidos ao comprador; (ii) o valor da receita possa ser medido com segurança; (iii) seja provável que o benefício econômico decorrente da transação seja percebido pela empresa; e (iv) os custos referentes à transação possam ser medidos com segurança. 218. Consigna que, normalmente, “a transferência dos riscos e benefícios da propriedade coincide com a transferência do título legal ou da passagem da posse para o comprador” e que a recorrente, que escriturou a receita e os respectivos custos antes da tradição do veículo, adotou o “revenue recognition”, para que sua contabilidade refletisse os princípios contábeis que orientam o tema. 219. Relembra ter sido identificada a existência de rígido sistema de controle das matériasprimas utilizadas no processo produtivo, da quantidade de peças em seus estoques e dos correspondentes valores e que, como a FORD extrai dos seus sistemas relatórios com informações dos itens adquiridos, quantidade de entradas, movimentos para a produção, estoques diários, e, além disto, adota custeio por absorção, podese inferir que a contribuinte possui custeio integrado e coordenado com a contabilidade. IV.2. Do cálculo do crédito presumido de IPI: 220. Em seu item 5.5, o Parecer Técnico narra que foram analisados os “cálculos preparados pela Ford e que foram objeto de questionamento fiscal, referentes aos meses de janeiro a dezembro de 2011”, tendo sido detectada a necessidade de revisão dos cálculos, aos moldes adiante relatados, sendo que, no recálculo, foi “utilizada a metodologia da apropriação direta”. Ademais, narra haver sido verificada “a materialidade da diferença entre os cálculos originais da Ford e o valor do recálculo”. Fl. 995DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 996 40 IV.2.1. Das receitas que devem integrar a base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS para fins de apuração do incentivo: 221. Desfia o Parecer Técnico que o benefício tratado nos correntes autos é regional, devendo ser apurado a partir da contribuição para o PIS/PASEP e na COFINS devidas pelo estabelecimento de Camaçari. 222. Articula que, como o incentivo corresponde ao dobro das contribuições incidentes sobre as vendas no mercado interno, seria o benefício cabível tanto em relação ao faturamento dos veículos nacionalmente produzidos, quanto o dos veículos importados comercializados no Brasil. 223. Justifica que, em face de expressas previsões nas Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, na base de cálculo do incentivo não devem ser consideradas as receitas: (i) de vendas para o exterior (que representem ingresso de divisas) e para a ZFM; (ii) de vendas canceladas; e (iii) de vendas de veículos da frota, que possuem natureza não operacional. 224. O Parecer Técnico acentua que a contribuinte, na apuração da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, computou receitas de vendas de veículos de fabricação própria e importados na base de cálculo do crédito presumido de IPI e, além disto, receitas de vendas para a ZFM, sendo que estas últimas receitas, que seriam equiparadas a exportação, foram excluídas pela empresa de consultoria para cálculo do incentivo, o que ocasionou pequenas diferenças em relação às bases de cálculo levantadas pela empresa. Reporta que, no mais, foi constatada, a partir de testes, a exatidão das informações constantes das listagens de notas fiscais. IV.2.2. Dos créditos da nãocumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS: 225. Sobre o direito a creditamento no âmbito da sistemática nãocumulativa da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o Parecer Técnico, inicialmente, lista as hipóteses de creditamento previstas no art. 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003. 226. Após, diz que a contribuinte deve apurar, separadamente, os créditos decorrentes de custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas com as vendas no mercado interno e aqueles vinculados às receitas de exportação, observados, a critério da pessoa jurídica, os métodos e apropriações de créditos constantes nos §§8° e 9°, dos arts. 3°, da das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, quais sejam: apropriação direta (cujo emprego pressupõe sistema de custo integrado e coordenado) e rateio proporcional. 227. Depois de repisar o entendimento de que a FORD possui sistema de custo integrado e coordenado com a contabilidade – e que , assim, estaria apta a adotar o método de apropriação direta ressalta que, embora no DACON dos meses de janeiro de 2009 a dezembro de 2011, a contribuinte informou que usou o método de rateio proporcional, “na prática, ao se utilizar da BOM (vide item 5.1.5 Do Sistema de Custeio da Ford), forma de apropriação direta, pois leva em conta as matérias primas efetivamente utilizadas no processo produtivo no mês da venda de cada veículo, para o cálculo do crédito do PIS e da COFINS, a Ford adotou metodologia da apropriação direta”. 228. Ademais, realça que “o valor das matérias primas é significativamente superior aos demais gastos gerais de fabricação, evidencia que na essência, a Ford Fl. 996DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 997 41 optou pela apropriação direta” e, assim, “deve ser considerado o cálculo do crédito pela apropriação direta” e, por conseqüência, devese “buscar na contabilidade os montantes passíveis de cálculo do crédito”. 229. O Parecer Técnico reproduziu o seguinte trecho de orientação relacionada à apropriação direta colhida do sítio, na internet, da RFB12: “Observação: No caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas sujeitas à incidência nãocumulativa e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa, os créditos serão determinados, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: apropriação direta, aplicandose ao valor dos bens utilizados como insumos, aos custos, às despesas e aos encargos comuns, adquiridos no mês, a relação percentual entre os custos vinculados à receita sujeita à incidência nãocumulativa e os custos totais incorridos no mês, apurados por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou rateio proporcional, aplicando se ao valor dos bens utilizados como insumos, aos custos, às despesas e aos encargos comuns, adquiridos no mês, a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas no mês”. 230. Perfilha o entendimento de que, de acordo com orientação acima, a contribuinte “deve apurar a relação percentual entre os custos vinculados à receita sujeita à incidência nãocumulativa (no presente caso, sobre os custos dos veículos computados na base de cálculo do incentivo) e os custos totais incorridos no mês” e que, para tanto, devem ser identificadas na contabilidade as contas contábeis que registram os custos totais incorridos no mês. 231. Continua expondo que, uma vez que o benefício foi concedido para o estabelecimento de Camaçari e não para toda a pessoa jurídica , o método de apropriação previsto nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637/2002, e nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.833/2003, deve considerar, na apropriação direta, os custos incorridos em Camaçari. 232. Anota que “Para a identificação do percentual mencionado na manifestação da RFB, a Ford deve dividir o custo das mercadorias vendidas no mercado interno pelo estabelecimento de Camaçari pelo custo total do estabelecimento de Camaçari (fórmula Custo da Mercadoria Vendida no Mercado Interno do Estabelecimento de Camaçari/ Custo da Mercadoria Vendida total do Estabelecimento de Camaçari)”. 233. No item 5.5.3.9, o Parecer Técnico consigna que “A Ford, em seu cálculo original, utilizouse de percentual sobre a receita para identificar os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas com a venda no mercado interno e os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de exportação”, sendo que, para identificação destes valores, a empresa de consultoria adotou o critério aludido nos itens 227 a 230 acima e realizou “os ajustes no valor dos créditos a serem considerados para fins do cálculo do incentivo”. 234. Menciona que os créditos sobre as matériasprimas dos veículos fabricados pela FORD no Brasil são reconhecidos por intermédio do “BOM”, no qual figura a relação de todas as matériasprimas utilizadas na montagem de cada um dos veículos e o respectivo custo, considerandose o valor do último pedido de compra na data de fabricação do veículo e destaca que no sistema FIRS constam os Fl. 997DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 998 42 valores (tanto líquidos como com inclusão dos tributos recuperáveis) de cada uma das peças utilizadas no processo produtivo. 235. Realça que como o “BOM” considera o valor das peças na data de fabricação dos veículos – e não o custo de aquisição efetivamente incorrido na data da compra da matériaprima – devese realizar ajuste, como aquele procedido na contabilidade e que “devese considerar o saldo da conta contábil 24A01 do estabelecimento de Camaçari para fins de ajustes”, sendo que tais acertos, de baixos percentuais, não produzem efeitos significantes no cálculo do incentivo. 236. Garante ser possível adotar o “BOM” para apuração das bases de cálculo dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS e que os créditos sobre veículos importados podem ser obtidos na Declaração de Importação. 237. Elucida, outrossim, que, como as receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus foram excluídas do cálculo do incentivo, o mesmo fez a empresa de assessoria no tocante aos correspondentes custos. 238. O Parecer Técnico salienta, ainda, que o crédito da contribuição para o PIS/ PASEP e da COFINS é calculado, na apropriação direta, a partir dos valores dos insumos escriturados na contabilidade, sendo que “os custos contabilizados não levam em conta os tributos recuperáveis incidentes sobre os bens adquiridos”, ao passo que “a legislação aplicável do PIS e da COFINS possibilita o cálculo do crédito sobre o valor da aquisição dos insumos no qual se incluem os tributos recuperáveis”, razão por que “sobre os valores escriturados na contabilidade devem ser imputados os tributos recuperáveis para a determinação da base de cálculo de crédito do PIS e da COFINS” (item 5.3, 71ª lauda do Parecer). 239. Quanto aos insumos indiretos, diz que a contribuinte pode apurar créditos com: (i) gastos com PDI13; (ii) despesas de frete incorridas na distribuição (vendas de veículos) e nas aquisições de matériasprimas; (iii) gastos gerais de fabricação [serviços de manutenção, materiais intermediários (graxa, luvas, etc) e energia elétrica]; (iv) retroativo de preços; e (v) depreciação de bens do ativo. Sobre estas rubricas, atestadas pela empresa de consultoria junto ao SPED/Fiscal e outros documentos e cujos créditos esta empresa calculou créditos por meio de apropriação direta, extraio os seguintes registros constantes do Parecer Técnico: 239.1. gastos com PDI: não apurados originalmente pela FORD e, embora inexpressivos, devem ser admitidos; 239.2. fretes na distribuição: calculado pela FORD com base nas notas fiscais de aquisição, tendo sido constatada “a necessidade de alteração do procedimento para considerar o método da apropriação direta, devese identificar o montante a ser computado na base de cálculo do crédito”; 239.2.1. para tanto, foi utilizado o relatório denominado “CS 783”, extraído do sistema CAPS (Sistema de contas a pagar) que apresenta os gastos incorridos com frete distribuição e identifica as correspondentes Notas Fiscais, tendo sido identificado, por meio de análise e testes, a consistência dos valores constantes do relatório com aqueles escriturados no SPED contábil, e, assim, foram calculados os créditos a partir dos registros contábeis com utilização do método de apropriação direta. 239.3. fretes incorridos nas compras: “Do mesmo modo do ocorrido para o frete distribuição, para o crédito do frete compras, a Ford realizou o cálculo do montante com base nas notas fiscais, enquanto para a identificação dos custos Fl. 998DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 999 43 relacionados aos veículos exportados foi aplicado o fator de rateio apurado com base nas receitas líquidas” e que, constatada a “necessidade de alteração do procedimento, adotamos a mesma metodologia acima apresentada para identificar qual montante deve ser computado na base de cálculo do crédito”, sendo que, ao final, após igualmente ter sido detectada a consistência dos dados apresentados nos relatórios com os escriturados no SPED contábil, foram calculados os créditos pela apropriação direta através dos registros contábeis; 239.4. gastos gerais de fabricação: sobre os gastos gerais de fabricação [identificados no item 5.2.5.4 do Parecer Técnico como serviços de manutenção, materiais intermediários (graxa, luva, etc) e energia elétrica], “a Ford realizou o cálculo do crédito com base nas notas fiscais, enquanto para a identificação dos custos relacionados aos veículos exportados foi aplicado o fator de rateio apurado com base nas receitas líquidas”, sendo que “na apropriação direta, deve o contribuinte considerar os saldos contábeis para fins de determinação dos créditos. Para a identificação dos valores dos gastos gerais de fabricação a serem considerados no cálculo do incentivo realizamos os mesmos testes mencionados nos tópicos acima e verificamos a aderência dos valores considerados” (item 5.5.3.4 do Parecer Técnico). 239.5. retroativo de preço: diferenças pactuadas a título de pagamentos complementares feitos pela FORD a seus fornecedores atinentes a aquisições pretéritas de insumos; 239.5.1 sobre esta parcela, não foram inicialmente calculados créditos pelos estabelecimentos em Taubaté e em São Bernardo do Campo, o que foi feito pela empresa de consultoria, que afirma para tanto ter adotado os mesmos procedimentos descritos anteriormente; 239.6. depreciação de bens do ativo: créditos descontados à fração de 1/24 e 1/48 sobre o valor de aquisição de ativo fixo. IV.2.3. Dos créditos da nãocumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS sobre transferências realizadas entre estabelecimentos: 240. Relativamente aos créditos das nãocumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS sobre insumos transferidos por outras filiais da empresa ao estabelecimento incentivado, ressalva que a FORD não considerou os valores de gastos gerais de fabricação, tais como serviços de manutenção, materiais intermediários, energia elétrica, frete incorrido nas compras e crédito sobre ativo imobilizado. 240.1. Narra que a Lei nº 9.440/97 não prevê a necessidade de segregar os créditos e débitos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS decorrentes de operações do estabelecimento situado na região incentivada dos demais estabelecimentos situados nas demais regiões, e, por conseqüência, não indica a forma pela qual deve ser calculado crédito no caso em que o estabelecimento recebe insumos de outras regiões. 240.2. Diferencia que a segregação dos créditos vinculados às receitas no mercado interno e às receitas de exportação por um dos no tocante à qual há obrigatoriedade de adoção de um dos métodos previsto nos §§8º e 9º, do art. 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 é imposta pela legislação. 240.3. Em face do que consta acima, o Parecer Técnico apresenta entendimento no sentido de que, como a legislação não prevê um método específico Fl. 999DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1000 44 para que a FORD transfira créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS de outros estabelecimentos para aquele situado em Camaçari, tal transferência, , sendo necessária, pode ser realizada por um ou mais métodos razoáveis e não vedados pela lei, na trilha da inteligência adotada pela Solução de Divergência COSIT nº 23, de 23/09/2013. 240.4. Logo, o Parecer Técnico que, no cálculo dos créditos referentes aos insumos transferidos para a filial em Camaçari pelos estabelecimentos da FORD em São Bernardo do Campo e em Taubaté, considerou “o percentual obtido mediante o somatório das saídas de venda/revenda e transferências de SBC e Taubaté dividido pelo total das transferências de produção para Camaçari” e aplicou este percentual “sobre o valor dos insumos dos estabelecimentos de São Bernardo do Campo e de Taubaté e o resultado obtido foi considerado no cálculo para fins de apuração do incentivo”. IV.2.4. Do “revenue recognition” – reconhecimento de receita: 241. Consigna o Parecer Técnico que o método “revenue recognition”, adotado pela FORD, “é aderente à legislação na medida em que a receita e correspondentes custos são reconhecidos na contabilidade apenas quando satisfeitos determinados requisitos (no caso a concretização da venda por meio da tradição dos bens)” e que, deste modo, “os saldos contábeis mensais não contemplam as receitas decorrentes das vendas já faturadas, mas cujas mercadorias não foram entregues aos clientes”. 242. Acentua que “Como para a base de cálculo do PIS e da COFINS são considerados os valores das vendas faturadas, o ajuste do efeito do ‘revenue recognition’, para o cálculo dos créditos de PIS e COFINS, é um procedimento que oferece equilíbrio entre as receitas tributadas e os custos deduzidos” e que eventual equívoco na aplicação desta sistemática implicaria, em tese, “apenas antecipação ou postergação do crédito, isto é, não produziria efeito ao longo do tempo quanto à apuração do valor do principal do crédito. Isto porque, os custos correspondentes às vendas tributadas em mês anterior serão computados como crédito no mês subseqüente”. 243. Quanto à questão, diz, no item 5.4, que “Independentemente do ‘revenue recognition’ produzir, em tese, efeito temporal, para o cálculo do incentivo, deve ser considerado o ‘revenue recognition’ para fins de apuração do cálculo dos créditos de PIS e COFINS”; contudo, mais adiante no item 5.5.3.10, articula que “Conforme demonstrado no item 5.4, os ajustes de ‘revenue recognition’ escriturados na contabilidade devem ser desconsiderados para fins de apuração do PIS e da COFINS” e que “Deste modo, desconsideramos os ajustes do ‘revenue recognition’ escriturados na contabilidade, referentemente aos veículos elegíveis ao benefício, para fins de determinação dos valores a serem considerados no cálculo do incentivo”. IV.3. Conclusão: 244. Conclui o segundo Parecer Técnico que a Ford: (i) possui sistema de custeio integrado e coordenado com a contabilidade; e (ii) referentemente aos meses do ano de 2011, calculou crédito em valor superior ao que apuramos, em “valores imateriais” quando comparados com a totalidade de créditos passíveis de utilização por este Incentivo. V. Da Resolução: Fl. 1000DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1001 45 245. Em sessão realizada aos 20/10/2014, decidiu esta Turma converter o julgamento em diligência, nos termos da Resolução nº 001.897, fls. 641/680. 246. Na ocasião, ponderouse que: 246.1. No recurso interposto, a recorrente assevera que, no cálculo do fator de rateio dos créditos da nãocumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS da filial em Camaçari efetuado para fins de definição do crédito presumido de IPI aqui tratado, a autoridade fiscal teria incorrido em equívoco, consistente na nãoconsideração, dentre outras saídas daquele estabelecimento, de transferências de produtos para outras filiais; 246.2. De forma assemelhada, a manifestante disse que a definição, pela Fiscalização, dos créditos da nãocumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS atinentes a insumos oriundos da filial em São Bernardo do Campo14 apropriados na filial em Camaçari com vistas ao cálculo do reportado incentivo também apresentaria engano, materializado na nãoconsideração, no total das saídas daquela Unidade, de vendas de mercadorias sujeitas à substituição tributária do ICMS (CFOP 5.401 e 6.401) e de vendas de mercadorias produzidas destinadas à ZFM e à Área de Livre Comércio (CFOP 6.109), o que teria acarretado uma maior proporção das saídas para Camaçari em relação às vendas totais, o aumento dos créditos a serem transferidos para a apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS e, consequentemente, a 14 Por evidente lapso, constou, aqui e em outros pontos da Resolução, referência a "São José dos Campos", o que foi devidamente corrigido por meio de Despacho proferido nos autos por este julgador, na condição de PresidenteRelator diminuição da base de cálculo do incentivo. Tal afirmação é corroborada por Parecer Técnico anexado pela contribuinte aos 10/04/2014 sobre o qual acima já se relatou; 246.3. Inobstante acostada, às fls. 1.133/1.291, do processo administrativo nº 13502.721308/201314, cópia de “Registros Fiscais de Apuração dos Valores de IPI” concernentes à filial em Camaçari, naqueles autos inexistem elementos suficientes para formação do convencimento relativo à alegação de que, no cálculo do fator de rateio, não teriam sido consideradas todas as saídas da filial em Camaçari: primeiramente, porque este documento não possui, relativamente ao ano de 2009, detalhamento das saídas por CFOP; depois, porquanto, apesar de neste documento haver, para os anos de 2010 e 2011, esta especificação, os registros correlatos devem ser conferidos com a escrituração fiscal/contábil da contribuinte (o que também deve ocorrer para o ano de 2009); 246.4. Ainda que estivesse comprovado que, no cálculo do rateio, não foram incluídas determinadas saídas de produtos fabricados, seria necessário verificar se o universo dos insumos que estão sendo rateados compreende aqueles empregados na industrialização dos produtos cujas saídas a requerente diz não terem sido consideradas; 246.5. Não há elementos que viabilizem a apreciação do argumento discorrido no item 246.2 acima, pois não constam dos presentes autos (nem nos do processo administrativo nº 13502.721308/201314) os Livros de Apuração de IPI (nem os correspondentes elementos da escrita contábil/fiscal que corroborem estas anotações) da unidade da contribuinte em São Bernardo do Campo (neste ponto, vale a mesma observação do parágrafo anterior). 247. Diante dos fatos acima narrados, com fundamento no art. 18, do Decreto nº 70.235/72, o julgamento foi convertido em diligência pela Turma e, por Fl. 1001DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1002 46 consequencia, os presentes autos à Unidade de Origem no sentido de que a autoridade fiscal: 247.1. verificasse, no Livro Registro de Apuração do IPI do estabelecimento em Camaçari e nos demais pertinentes Livros/Documentos da escrita fiscal/contábil, a eventual existência de saídas de produtos fabricados nesta filial que acaso não tivessem sido consideradas, quando do cálculo do fator de rateio, no total das saídas de citado estabelecimento e, com atenção para a observação do item 246.4 acima e para eventuais outros aspectos que tivessem interferência na questão, elaborasse, se fosse o caso, demonstrativo mensal de crédito presumido de IPI adicional a ser reconhecido além daqueles já apurados no curso da fiscalização; 247.2. confirmasse, no Livro de Apuração do IPI da filial em São Bernardo do Campo e nos demais pertinentes Livros/Documentos da escrita fiscal/contábil que legitimassem as anotações consignadas neste Livro, a eventual existência de saídas de mercadorias fabricadas neste estabelecimento sujeitas à substituição tributária do ICMS (CFOP 5.401 e 6.401) ou destinadas à ZFM e à Área de Livre Comércio (CFOP 6.109) que acaso não tivessem sido consideradas para fins de apuração da parcela de créditos da nãocumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS a serem transferidos para a filial em Camaçari e, com atenção para a observação do item 246.4 acima e para eventuais outros aspectos que tivessem interferência na questão, elaborasse, se fosse o caso, demonstrativo mensal de crédito presumido de IPI adicional a ser reconhecido à contribuinte além daqueles já apurados no curso da Fiscalização antes efetuada; 247.3. na hipótese de serem apurados valores adicionais a título do crédito presumido de IPI discutido neste processo, reconstituísse a escrita fiscal do IPI da contribuinte e informasse a repercussão de tal reconstituição no Auto de Infração (indicando os valores do imposto lançado cujas exigências deveriam ser mantidas) e no Pedido de Ressarcimento objeto deste processo administrativo, informando, se fosse o caso, as importâncias a serem ressarcidas em complemento àquelas inicialmente admitidas; 247.4. da Resolução e do resultado da diligência fosse dada ciência o sujeito passivo e lhe facultasse se pronunciar a respeito dos aspectos alvo da diligência determinada, no prazo de 30 (trinta) dias, findo o qual deveria este processo administrativo ser devolvido, com ou sem manifestação da diligenciada, a esta DRJ para continuidade do julgamento. VI. Do Relatório de Diligência: 248. Concluída a diligência, as autoridades fiscais elaboraram o Relatório de fls. 711/719, em que, inicialmente, expõem os termos da diligência solicitada e comentam as premissas e a metodologia da ação fiscal originária. 249. Na sequência, o Relatório de Diligência discorre sobre a questão exposta no item 247.1: inicialmente, quanto às saídas sob os CFOP nº 5152, 5403, 6152 e 6403 e, após, sobre as saídas das mercadorias sob os CFOP nº 5151 e 6151. 250. Relativamente às saídas de mercadorias sob o CFOP nº 5152, 5403, 6152 e 6403, esclarece que elas não foram incluídas – nem deveriam em face da metodologia adotada no cálculo do rateio, pois se referem a produtos simplesmente revendidos, o que a própria descrição dos aludidos CFOP evidenciaria. Sobre a questão, complementa que: Fl. 1002DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1003 47 250.1. a contribuinte foi intimada a apresentar a relação de Notas Fiscais de entrada e de saída dos bens classificados sob os supraditos CFOP, tendo apontado os seguintes detalhamentos: (i) CFOP 5.152: Veículo importado pela Ford em Camaçari e incorporado à frota desta planta; (ii) CFOP 6.152: Transferência de veículos importados para as plantas de São Bernardo, Jaguar e Land Rover. Ainda, existem algumas peças transferidas para testes na filial de Tatuí (campo de provas); (iii) CFOP 5.403: Venda de veículos importados para clientes localizados dentro do estado da Bahia no regime de ICMS Substituição Tributária; (iv) CFOP 6.403: Venda de veículos importados para clientes localizados fora do estado da Bahia no regime de Substituição Tributária; 250.2. os dados apresentados pela contribuinte foram verificados no SPED Fiscal e foi constado que as entradas dos produtos, que posteriormente saíram sob os CFOP mencionados no subitem antecedente, foram classificadas sob o CFOP 3102 – Compras para comercialização, com o NCM 87033290 – Automóveis de passageiros e outros veículos; 250.3. a contribuinte informou – e a Fiscalização confirmou – que tais entradas se referem a veículos importados e foram registradas, no DACON segregado, na Ficha 06B – Pis e Cofins na importação alíquotas diferenciadas; 250.4. a planta de Camaçari apenas fabrica os modelos Ecosport e Fiesta Flex e, assim, todos os demais veículos saídos deste estabelecimento foram importados; 250.5. caso fossem consideradas as saídas de mercadorias sob os CFOP nº º 5152, 5403, 6152 e 6403 o percentual correspondente aos veículos importados apropriaria uma parcela de créditos dos custos, despesas e encargos vinculados à fabricação de bens, sem que, para isto, tivesse utilizado quaisquer destes insumos. 251. Já no tocante às saídas de mercadorias sob os CFOP nº 5151 e 6151, da filial em Camaçari, consiga que: 251.1. a contribuinte foi intimada a informar a destinação dos produtos saídos sob os códigos acima e a apresentar a relação das Notas Fiscais de saída e, em resposta, disse tais saídas se destinavam a filiais e/ou centro de distribuição de peças; 251.2. o sujeito passivo também foi intimado a informar se os insumos constantes da linha 06A, item II, do DACON segregado, foram integralmente destinados à fabricação de veículos ou foram transferidos para outras filiais e, em atendimento, disse que: “A regra geral é que cada planta efetue sua própria aquisição para a realização de sua atividade (fabricação/comercialização), não obstante o exposto, na relação de insumos comprados para industrialização pela planta de Camaçari, temos alguns casos específicos de transferências de materiais para as plantas de São Bernardo do Campo, Tatuí e Pirajá, as quais demonstramos nas planilhas elaboradas no item 1.2 do grupo TRANSFERÊNCIA DE INSUMOS”; 251.3. em resposta ao item 1.2 da intimação, que solicitou planilha discriminativa dos valores mensais das transferências e a relação de Notas Fiscais, a contribuinte apresentou a seguinte explicação: “Com base nos arquivos de compras – ficha 06A, item II, incluímos o número da peça (part number) e a descrição. Em seguida, comparamos com o Sped fiscal (notas fiscais de transferências) e desenvolvemos as planilhas mensais, Fl. 1003DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1004 48 demonstrando os CFOP’s de transferências, quais sejam: 5.151, 5.152, 6.151 e 6.152, assim como, identificação do produto transferido e destino dos mesmos. A identificação destes insumos está no grupo superior do arquivo com o item TRANSFERÊNCIA DE INSUMOS. Ressaltamos ainda, que há peças transferidas que não referemse a insumos, tais como, veículos produzidos que são incorporados a frota e/ou insumos que são transformados em outras peças, e essas estão identificadas como TRANSFERÊNCIA DE PRODUÇÃO”. 251.4. “Foi apresentada planilha com a relação das notas fiscais (planilha item 1.2), discriminando, entre outros, o código do produto, CFOP, classificação, NCM, CNPJ destinatário. Em relação à classificação, o contribuinte atribuiu a origem dos bens a: veículos (V), importados (I), peças e assessórios importados (lP&A), comprados (C) e fabricados (F). Também foi atribuída a denominação "#N/D, referindo aos bens cuja origem o contribuinte não localizou/classificou”; 251.5. a análise foi feita considerando as duas verificações apontadas na Resolução da DRJ: se houve saídas de produtos fabricados que não foram consideradas no cálculo do rateio, e se os insumos rateados foram utilizados na industrialização de tais produtos; 251.6. em relação à saída, foi constatado que os bens saídos sob os CFOP nº 5151 e 6151 não foram incluídos no fator de rateio; 251.7. a planilha apresentada evidencia que a contribuinte deu saída, sob os CFOP acima, a veículos e peças cujas origem/entradas se referem tanto a bens utilizados como insumos, como a bens oriundos de outras filiais; 251.8. para atender ao disposto no item 247 acima, é necessário que os produtos transferidos tenham utilizado, na sua fabricação, insumos que foram rateados e, consequentemente, incluídos na apuração do crédito da filial em Camaçari, realizada pela Fiscalização e expresso no demonstrativo de fls. 60 a 62 do processo; 251.9. o demonstrativo acima se baseou em informações do DACON segregado apresentado pela contribuinte, que demonstra a aquisições de insumos nas fichas 06A, item II, e 06B – Pis e Cofins na importação de insumos; 251.10. “Em relação aos veículos, a planilha apresentada pelo contribuinte mostra a saída de veículos fabricados na filial de Camaçari (Ecosport e Fiesta flex), que foram incorporados ao ativo permanente da empresa. Os insumos utilizados na fabricação desses produtos foram incluídos no rateio elaborado de ofício (fls. 60 a 62). Ou seja, os créditos dos insumos foram concedidos ao contribuinte. Ocorre que, de acordo com a metodologia estabelecida no trabalho fiscal, o incentivo da Lei 9.440/97 incide somente sobre a receita da venda de veículos. Consequentemente, só podem ser considerados créditos em relação a estas receitas”; 251.11. “a legislação do PIS e COFINS só admite o desconto dos créditos relativos aos bens e serviços utilizados como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Como os veículos foram destinados ao ativo imobilizado, o crédito relativo aos insumos utilizados na fabricação não poderia ser utilizado”; 251.12. as saídas dos supraditos veículos devem compor o cálculo do fato de rateio, de modo a destacar a parcela dos créditos vinculados à fabricação destes Fl. 1004DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1005 49 bens, com reflexos na reconstituição do crédito presumido de IPI, sendo que os valores utilizados no cálculo do fator de rateio serão líquidos do IPI, consoante metodologia empregada no trabalho fiscal; 251.13. sobre as saídas de peças, foi constatado que parte delas foi adquirida pela filial de Camaçari e estão incluídas nas Fichas 06A, item II, e 06B Pis e Cofins na importação insumos, do DACON segregado e, portanto, fizeram parte do rateio elaborado de ofício, sendo que outra parcela foi proveniente das filiais de São Bernardo do Campo e Taubaté (motor e transmissão), e o crédito correspondente foi apropriado à filial de Camaçari, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal, item 5.5 (fls. 49 e 50), pelo que também fizeram parte do rateio elaborado pela fiscalização, com a consequente concessão dos créditos ao contribuinte; 251.14. “Em que pese estas peças não terem sido utilizadas na fabricação de veículos, concluímos que as saídas devem ser incluídas no cálculo do fator de rateio, de forma a segregar a parcela dos créditos correspondentes às peças que foram transferidas e as que foram utilizadas no processo produtivo. Tal providência se faz necessária devido à metodologia utilizada no cálculo do crédito presumido da Lei n° 9.440/97, onde foi determinado que o incentivo incide somente sobre a receita de venda dos veículos fabricados no estabelecimento de Camaçari”; 251.15. “Nesse sentido, como somente as vendas dos veículos fabricados foram utilizadas no cálculo do incentivo, conforme folhas 57 a 59, então somente os créditos vinculados às estas vendas devem ser considerados”; 251.16. pelas razões acima, as saídas de peças sob os CFOP 5151 e 6151 comporão o cálculo do fator de rateio, com reflexo na reconstituição do crédito presumido de IPI, consoante anexo I, no qual são demonstrados os valores concernentes a veículos e peças saídos sob referidos CFOP, cujos totais foram adicionados ao Anexo “D”. 252. Avante, passa do Relatório de Diligência à saídas, da filial de São Bernardo do Campo, realizadas sob os CFOP nº 5401, 6401 e 6109. Sobre o assunto, comenta que: 252.1. por meio dos arquivos de Notas Fiscais extraídos do SPED Fiscal, constatouse que os bens saídos sob os códigos acima são veículos modelos Ka e Courier, além de pickups e caminhões, fabricados naquela Unidade; 252.2. “A exemplo da filial Camaçari, os insumos utilizados na fabricação dos aludidos veículos foram informados no DACON segregado, fichas 06A, item II, e 06B Pis e Cofins na importação insumos. Conforme demonstrado na apuração dos créditos da filial de SBC (fls. 72 a 74), os valores correspondentes a essas fichas compuseram o montante que foi apropriado na definição dos créditos transferidos para a filial de Camaçari”; 252.3. logo, concluise que as saídas sob os comentados CFOP, promovidas pela filial de São Bernardo do Campo, devem compor o cálculo do fator de rateio do Anexo “H” (fls. 75 a 77), com reflexo na reconstituição do crédito presumido de IPI (registra o Relatório de Diligência que “Os valores que serão utilizados no cálculo do fator de rateio serão líquidos de IPI e ICMS substituição tributária, conforme metodologia utilizada no trabalho fiscal. Também excluiremos o seguro destacado na nota fiscal, por ser cobrado separadamente do preço do produto”). 253. Alfim, expõem as autoridades fiscais diligenciantes que, diante de todo o exposto: (i) alterouse os Anexos A, B, C, D, G e H; (ii) reconstituiuse a escrita Fl. 1005DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1006 50 fiscal do IPI do sujeito passivo e, como consequencia, os valores a serem ressarcidos a título de IPI sofreram alterações, consoante segue: VIII. Do pronunciamento da contribuinte em relação ao Relatório de Diligência: 254. Cientificada da conclusão da diligência realizada, a contribuinte, por meio da petição de fls. 747/754, alegou, preliminarmente, que esta Turma teria se olvidado de requerer que a autoridade diligenciante efetuasse verificações concernentes à transferência de créditos da filial da contribuinte em Taubaté para o estabelecimento incentivado, razão por que requereu que fosse determinada nova diligência para levantamento completo do cálculo do rateio, com abrangência da filial em Taubaté, sob pena de cerceamento do direito de defesa. 255. Adiante, quanto às conclusões da autoridade fiscal diligenciante no tocante às saídas sob os CFOP nº 5.152, 5.403, 6.152 e 6.403 da filial em Camaçari, criticou a conclusão da Fiscalização de que tais saídas não deveriam ser consideradas pois atinentes a simples revenda de mercadorias (que não de produtos fabricados em Camaçari) porque o pressuposto do lançamento de ofício é o de que, da receita de venda de veículos, deveriam ser excluídas as vendas de produtos importados. 256. É que a recorrente reputa que a questão acima é matéria controvertida nos autos, cuja decisão é de exclusiva competência desta DRJ, sendo descabido à Fiscalização se recusar a atender à determinação objeto da Resolução expedida por este Colegiado por supostamente contrariar a metodologia empregada na apuração que levou ao lançamento de ofício. Por isto, requereu o retorno dos autos à Origem para completa instrução, em cumprimento aos princípíos da verdade material e do direito de ampla defesa. 257. Na sequencia, opôsse à inclusão, no Anexo D, da parcela correspondente às vendas para a ZFM como integrante da receita de venda no mercado interno, na medida em que, por força de lei, tais vendas são, para todos os efeitos legais, equiparadas a exportação. 258. Sobre o fator de rateio, queixouse que não deveriam seus cálculos considerar as parcelas atinentes ao ICMS, à contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS, por se tratarem de tributos que têm por natureza jurídica a não cumulatividade, e, por isto mesmo, recuperáveis pelo contribuinte, não integrando a receita de vendas no mercado interno. Fl. 1006DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1007 51 259. Outrossim, contesta “a conclusão da d. Fiscalização ao computar o valor das operações de saídas de veículos destinados ao ativo imobilizado para fins de cálculo do fator de rateio, de forma a destacar a parcela dos créditos vinculados à fabricação desses bens, com reflexo na reconstituição do crédito presumido de IPI” pois, conforme a recorrente “Se tais operações de saídas de veículos para integrar o ativo imobilizado não são computadas na receita de venda no mercado interno, tampouco podem ser considerados os créditos relativos aos insumos e encargos necessários à fabricação dos mesmos, que, portanto, devem ser excluídos, implicando necessariamente o refazimento dos cálculos para apuração do fator de rateio nesse particular”. 260. Encerrando, requereu a realização de nova diligência para necessárias apurações ao cálculo do rateio de créditos originários da filial em Taubaté e para que fossem sanados os equívocos que a recorrente alegou terem sido cometidos pelas autoridades diligenciantes." A DRJ no Recife (PE) julgou a manifestação de inconformidade procedente em parte e o Acórdão n° 1151.379, datado de 11 de novembro de 2015, foi assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI PREVISTO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11A, DA LEI Nº 9.440/97. APURAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO DA REVENDA DE BENS IMPORTADOS. DESCABIMENTO. É descabida a apuração do créditopresumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A da Lei nº 9.440/97, em relação à contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS incidentes sobre ao faturamento auferido com a revenda de veículos importados. ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11A, DA LEI Nº 9.440/97. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DOS CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS. VINCULAÇÃO AO MÉTODO ADOTADO PELA MATRIZ. O método utilizado pelo estabelecimento beneficiado com o crédito presumido de IPI previsto nos arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A, da Lei nº 9.440/97, para determinar, no cálculo do incentivo, os créditos da nãocumulatividade de contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS referentes aos insumos aplicados na industrialização dos bens incentivados é vinculado àquele adotado pela matriz para calcular os créditos destes mesmos insumos na apuração centralizada das contribuições devidas na forma das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente. CONVÊNIO ICMS Nº 51/00. PARCELA DO ICMS REPARTIDA COM O ESTADO DA CONCESSIONÁRIA. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE Fl. 1007DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1008 52 APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11A, DA LEI Nº 9.440/97. É devida por responsabilidade própria da montadora e não por substituição a parcela do ICMS que, na forma do Convênio ICMS nº 51/00, é repartida com o Estado de localização da concessionária que fará a entrega do veículo diretamente faturado ao consumidor pela montadora, devendo referida parcela integrar a base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas para fins de apuração do crédito presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A, da Lei nº 9.440/97. VENDAS PARA CONSUMO NA ZONA FRANCA DE MANAUS. TRIBUTAÇÃO Á ALÍQUOTA ZERO. MANUTENÇÃO DOS CORRESPONDENTES CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11A, DA LEI Nº 9.440/97. As receitas de vendas de veículo para consumo na Zona Franca de Manaus estão submetidas à alíquota zero, não tendo natureza de receitas de exportação, devendo ser mantidos os respectivos créditos para o cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas para fins de apuração do crédito presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A, da Lei nº 9.440/97. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. ADICIONAL APURADO EM DILIGÊNCIA. UTILIZAÇÃO INTEGRAL PARA DIMINUIÇÃO DO SALDO DEVEDOR DO IMPOSTO. VALOR A SER RESSARCIDO/ COMPENSADO. INEXISTÊNCIA. Inexistre valor do imposto a ser ressarcido/compensado quando tenha sido integralmente utilizado, para redução do saldo devedor do imposto cobrado por meio de Auto de Infração, o valor adicional do crédito presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A, da Lei nº 9.440/97, apurado em diligência em função da diminuição, em relação ao procedimento fiscal inicial, da apropriação de créditos da não cumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS pelo estabelecimento incentivado e de seus reflexos no incremento do mencionado benefício. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010 DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Indeferese o pedido de realização de diligência em relação a aspectos tidos como prescindíveis pela autoridade julgadora. DECRETO. FUNDAMENTO DE INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DA APLICAÇÃO OU INOBSERVÂNCIA PELOS ÓRGÃOS DE JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. VEDAÇÃO. Fl. 1008DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1009 53 Aos órgãos de julgamento administrativo é vedado, ressalvadas exceções não configuradas nos autos, afastar, sob fundamento de inconstitucionalidade, a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Inconformado, o contribuinte interpôs recurso voluntário, em que ratificou os argumentos contidos na manifestação de inconformidade. A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou contrarrazões ao recurso voluntário, em que apresenta argumentos para sustentar a glosa de créditos presumidos de IPI. É o relatório. Fl. 1009DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1010 54 Voto Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator O recurso voluntário preenche os requisitos legais de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Tratase de indeferimento de Pedidos de Ressarcimento (PER) de créditos presumidos do IPI (Lei n° 9.440/97) apurados no 2° trimestre de 2010, ao qual foram vinculadas Declarações de Compensação (DCOMP), que, por conseguinte, não foram homologadas. Com efeito, a presente contenda é apenas um dos resultados do trabalho de auditoria dos cálculos dos créditos presumidos de IPI do período compreendido entre o 1° trimestre de 2009 ao 4° trimestre de 2011. Por se tratarem de processos conexos, os que abrigam os indeferimentos dos PER dos demais trimestres, o auto de infração (processo n° 13502.721308/201314), lavrado para lançamento de ofício dos saldos devedores de IPI resultantes das glosas, e parte das multas isoladas por não homologação de compensações vinculadas aos PER encontramse nesta pauta para julgamento. Há duas questões de mérito no centro desta contenda, acerca do cálculo do crédito presumido do IPI: i) se pode ou não ser calculado sobre a receita da revenda de produtos importados; e ii) os critérios para identificação dos créditos de PIS e COFINS relativos às receitas de vendas nos mercados interno ou externo , a serem deduzidos das contribuições devidas sobre as vendas no mercado interno, bases de cálculo do incentivo fiscal. Cumpre mencionar que a DRJ determinou a realização de diligência, basicamente para verificar se havia saídas de produtos fabricados na filial de Camaçari (BA), São Bernardo do Campo (SP) e Taubaté (SP) que não haviam sido computadas nos fatores de rateio adotados para cálculo do crédito presumido de IPI. A diligência (fls. 711 a 745) concluiu que realmente havia saídas não computadas no citado cálculo, cujos impactos foram os de redução dos valores das glosas, com reflexo nas DCOMP, e redução dos saldos devedores lançados de ofício, em sede do processo n° 13502.721308/201314. Passo então ao exame de cada um dos argumentos de defesa, na ordem e sob os títulos utilizados no recurso voluntário. "V AS RECEITAS DE VENDA DE VEÍCULOS IMPORTADOS INTEGRAM O FATURAMENTO PARA FINS DE APURAÇÃO DO PIS E DA COFINS, BASE DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI DA LEI N° 9.440/97" Fl. 1010DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1011 55 Os argumentos apresentados na peça recursal são essencialmente os mesmos da manifestação de inconformidade, os quais foram criteriosamente apreciados pela DRJ, com cuja decisão concordo e dela faço minha razão de decidir, com fulcro no § 1° do art. 50 da Lei n° 9.784/99: "(. . .) X.3. Da impossibilidade de apuração do créditopresumido de IPI previsto na Lei nº 9.440/97 em relação a revenda de bens importados: 271. O inciso IX, do art. 1º, caput, da Lei n 9.440/97, reconhece o direito ao crédito presumido corresponde ao dobro da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS que incidiram sobre o faturamento das “empresas referidas no §1º”, o qual, por seu turno, preceitua que “O disposto no caput aplicase exclusivamente às empresas instaladas ou que venham a se instalar nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste, e que sejam montadoras e fabricantes” dos produtos descritos nas alíneas “a” a “h” deste parágrafo legal. 272. A primeira questão a ser dirimida é se a contribuinte tem, ou não, direito a apurar o incentivo aqui analisado em relação à revenda de bens importados. 273. O questionamento acima não se resolve pela simples análise textual do art. 1º, IX e §1º, da Lei nº 9.440/97, pois este dispositivo autoriza o alcance de duas conclusões totalmente conflitantes, a depender da maior (ou menor) ênfase que for conferida a cada um dos termos contidos na lei: (i) a atingida pela manifestante, que se apega ao significado da expressão “faturamento” inserta no texto legal; e (ii) e a alcançada pela autoridade fiscal, que se concentra na expressão “sejam montadoras e fabricantes” embutida nestes dispositivos. 274. Aliás, a própria recorrente, conquanto, sobremaneira inspirada no art. 111, do CTN, critique a SCI COSIT nº 17/2012 por ter se valido de uma interpretação não tão literal – e mais teleológica do incentivo fiscal em análise (27a/28ª e 33a laudas da Manifestação de Inconformidade), de modo um tanto contraditório sustenta, na 22ª laudas deste recurso, que o texto do art. 1º e 1A, do Decreto nº 3.893/2001 (assim como os dos arts. 112 e 135, do RIPI/2002 e 2010, respectivamente) deveria ser sistematicamente analisado – o que só vem a reforçar a impossibilidade de se interpretar, apenas de forma textual, o benefício fiscal contendido, até porque, tal como ensina Carlos Maximiliano e outros tantos doutrinadores, tal interpretação é a mais pobre e precária. 275. O benefício fiscal deve ser visualizado nos seus múltiplos aspectos, porquanto ele encerra, em essência, uma perda de arrecadação. O incentivo não pode gerar desequilíbrio, tampouco criar condições mais favoráveis aos beneficiados sem uma contraprestação ao Estado e à sociedade, sob pena de flagrante afronta ao interesse público inerente ao crédito tributário. Daí o cabimento da interpretação teleológica e sistemática sobre o assunto, desde que não amplie o alcance do favor fiscal expressamente previsto na lei. 276. Neste contexto, o art. 111, do CTN, embora fale em interpretação literal, está se referindo a interpretação restritiva, de modo a inviabilizar, nas situações ali descritas, interpretação que estenda a suspensão/exclusão do crédito tributário, a isenção e a dispensa do descumprimento de obrigações acessórias a outras situações que não aquelas expressas em lei. Nesta diretriz, confirase ementa do STJ no RESP n° 1.410.259/PR, DJ de 09/10/2015: Fl. 1011DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1012 56 “TRIBUTÁRIO. BENEFÍCIO FISCAL. REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. ART. 1º, XIV, DA LEI N. 10.925/2004. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. 1. As disposições tributárias que concedem benefícios fiscais demandam interpretação literal, a teor do disposto no art. 111 do CTN. 2. O art. 1º, XIV, da Lei n. 10.925/2004 reduz à alíquota zero de PIS e COFINS incidentes na importação e sobre a receita bruta de venda no mercado interno de farinha de trigo classificada no código 1101.00.10 da TIPI, o que restringe o benefício apenas ao produto especificamente enquadrado no indigitado código classificatório. 3. A farinha de rosca não pode ser enquadrada no apontado código, pois as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH), no Capítulo 11, ao explicitar as Considerações Gerais, apenas estabelecem que a farinha de rosca devem submeterse à posição 1101 (Farinhas de trigo ou de mistura de trigo com centeio) para fins classificatórios, mas em nada a equiparam à farinha de trigo prevista no código 1101.00.10. 4. Ou seja, a farinha de rosca enquadrase na posição 11.01, mas não se pode deduzir deste fato que sua classificação seja no específico código 1101.00.10, o que afasta a pretensão recursal da parte de beneficiarse da alíquota zero, porquanto inviável a interpretação extensiva almejada. Recurso especial improvido” (g.n.). 277. A propósito da possibilidade de o intérprete se socorrer de outros métodos, que não o exclusivamente gramatical, para atingir o alcance da norma que dispõe sobre incentivos fiscais, reproduzo excerto do voto condutor do Acórdão n º 20177.690, proferido pela Primeira Câmara do então Segundo Conselho de Contribuintes no processo administrativo n º 13962.000040/9894: “No caso do crédito presumido de IPI, que é incentivo fiscal criado com a finalidade específica de anular, ao menos em parte, o efeito indesejável da ‘exportação de tributos’, não se pode prescindir da interpretação teleológica, pois se trata da própria razão de ser do incentivo” (g.n.) 278. Assim, no caso vertente, não se deve menoscabar, na interpretação do benefício examinado, a sua finalidade, que, de forma incontroversa, é, aos moldes descritos na Exposição de Motivos da Lei nº 9.440/97 (EM nº 613/1996 MF), o de fomentar o desenvolvimento regional, aumentar o nível de emprego e descentralizar o setor industrial no Brasil, bem como neutralizar as desvantagens naturais existentes nas regiões incentivadas em relação às demais do País. 279. E pergunto: em que a revenda de produtos importados proporciona a descentralização de setor industrial no Brasil??? Respondo sem dificuldades: em nada! 280. Ademais, concordo com a afirmação das autoridades fiscais lançadoras no sentido de que é a industrialização na Região incentivada que tem maiores Fl. 1012DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1013 57 condições potenciais de oportunizar o fomento do desenvolvimento regional e incrementar o nível de empregos, o que somente de forma extremamente discreta e totalmente desproporcional em relação ao incentivo ocorre por intermédio de mera operação de revenda de bens importados. 281. Portanto, dentre as duas interpretações que se pode extrair dos termos literais do art. 1º, caput e §1º, da Lei nº 9.440/97, é a da autoridade fiscal recorrida, na senda de que o crédito presumido é indevido em relação às operações de revenda de bens importados, já que o benefício pressupõe a “montagem ou fabricação”, a que mais se afina com a interpretação teleológica do benefício e, por isto, deve ser sobrepor àquela dada pela manifestante. 282. Não bastassem as razões acima, a impossibilidade de apuração do incentivo sobre a revenda de produtos importados está categoricamente disposta no art. 1º, caput, do Decreto nº 3.893/2001, in verbis: Art. 1º Às empresas referidas no §1º do art. 1º da Lei nº 9.440, de 14 de março de 1997, poderá ser concedido, até 31 de dezembro de 2010, o incentivo fiscal do crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nºs 7, de 7 de setembro de 1970, nº 8, de 3 de dezembro de 1970 e nº 70, de 30 de dezembro de 1991, no montante correspondente à aplicação da alíquota de 7,30% (sete vírgula trinta por cento) sobre o valor do faturamento decorrente da venda de produtos de fabricação própria, desde que as referidas empresas tenham: (...) (g.n.) 283. Com efeito, o art. 1º acima é de meridiana clareza ao acentuar que benefício analisado corresponde à aplicação da alíquota de 7,30% sobre o faturamento “decorrente de vendas de produtos de fabricação própria” – o que, sem margens para incertezas, afasta o faturamento decursivo da revenda de bens (importados ou não), que, com evidência, não são de fabricação própria da empresa incentivada. 284. Em semelhante diretriz, o art. 1A, do Decreto nº 3.893/2001, incluído pelo art. 1º, do Decreto nº 5.710, de 24/02/2006, que passou a disciplinar o cálculo do crédito presumido por pessoa jurídica submetida ao regime de incidência não cumulativa: “Art. 1A. A partir do início da efetiva aplicação, pelo contribuinte, do regime de incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o montante do crédito presumido de IPI de que trata o art. 1º corresponderá ao dobro do valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, no regime de nãocumulatividade, decorrente das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda” (g.n.) 285. Realmente, o comando normativo faz expressa remissão ao “montante do crédito presumido de IPI de que trata o art. 1º”, e, por seu turno, este art. 1º, como patenteado acima, cuida de crédito presumido de IPI a ser calculado sobre o faturamento restrito às vendas de produtos de fabricação própria, não tendo o art. 1A trazido qualquer alteração expressa nesta limitação. Fl. 1013DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1014 58 286. Por fim, temse que, com a edição da Lei nº 12.218/2010, foi incluído o art. 11A à Lei nº 9.440/97, com vigência a partir de 01/01/2011, consoante ressalva o art. 3º daquela lei: "Art. 11A. As empresas referidas no § 1º do art. 1º, entre 1º de janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2015, poderão apurar crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nºs 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, no montante do valor das contribuições devidas, em cada mês, decorrente das vendas no mercado interno, multiplicado por: (...) § 1º No caso de empresa sujeita ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o montante do crédito presumido de que trata o caput será calculado com base no valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, decorrentes das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda." 287. Para o art. 11A, da Lei nº 9.440/97, valem as mesmas ressalvas feitas ao art. 1º desta Lei acerca da impossibilidade de se adotar uma interpretação unicamente gramatical do dispositivo, bem como é aproveitada a mesma conclusão relativa ao incentivo do art. 1º no tocante à impossibilidade do benefício ser calculado em relação a operações de revenda de produtos importados, pois, de modo semelhante ao primeiro analisado, o objetivo do incentivo do aludido art. 11A é, de conformidade com a Exposição de Motivos da Lei nº 12.218/2010 (EM nº 166/2009 MF/MCT/MDIC), o de implementar medidas complementares à política de desenvolvimento produtivo no País, reforçando a regionalização da indústria automotiva Brasileira. 288. A restrição também se extrai do Decreto nº 7.422/2010 (que regulamentou o aludido art. 11A), o qual, em seu art. 2º, reportase aos produtos referidos no inciso IV, do art. 2º, do Decreto nº 2.179/97, que, por seu turno, refere se a produtos montados ou fabricados pelas empresas beneficiárias: Decreto nº 7.422/2010: “Art. 2. As empresas de que trata o § 1º do art. 1º da Lei no 9.440, de 1997, instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste, poderão apurar, entre 1o de janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2015, crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI como ressarcimento da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, no montante do valor das contribuições devidas, em cada mês, decorrente das vendas no mercado interno dos produtos referidos no inciso IV do art. 2º do Decreto nº 2.179, de 18 de março de 1997, multiplicado por (...)”(g.n.) Decreto nº 2.179/97: Fl. 1014DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1015 59 “Art. 2º Para os fins deste Decreto, consideramse: (...) IV "Beneficiários": as empresas instaladas e que venham a se instalar nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste e que sejam montadoras e fabricantes de: a) veículos automotores terrestres de passageiros e de uso misto de duas rodas ou mais e jipes; b) caminhonetas, furgões, pickups e veículos automotores de quatro rodas ou mais para transporte de mercadorias de capacidade máxima de carga não superior a quatro toneladas; c) veículos automotores terrestres de transporte de mercadorias de capacidade de carga igual ou superior a quatro toneladas, veículos terrestres para transporte de dez pessoas ou mais e caminhõestratores; d) tratores agrícolas e colheitadeiras; e) tratores, máquinas rodoviárias e de escavação e empilhadeiras; f) carroçarias para veículos automotores em geral; g) reboques e semireboques utilizados para o transporte de mercadorias; h) partes, peças e componentes, conjuntos e subconjuntos acabados e semiacabados e pneumáticos, destinados aos produtos relacionados nesta e nas alíneas anteriores; (...)” 289. Ainda no plano regulamentar, destacase que o art. 135, do Decreto nº 7.212/2010, também restringe, incisivamente, o benefício aos produtos de fabricação própria: “Art. 135. Poderá ser concedido às empresas referidas no § 1º, até 31 de dezembro de 2010, o incentivo fiscal do crédito presumido do IPI, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares no 7, de 7 de setembro de 1970, no 8, de 3 de dezembro de 1970, e no 70, de 30 de dezembro de 1991, no montante correspondente ao dobro das referidas contribuições que incidiram sobre o valor do faturamento decorrente da venda de produtos de fabricação própria (Lei nº 9.440, de 14 de março de 1997, art. 11, caput e inciso IV)” (g.n.). 290. Não se olvide que, consoante art. 26A, caput, do Decreto nº 70.235/72, a autoridade julgadora administrativa está proibida de “afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade”, ressalvadas apenas as hipóteses (aqui não configuradas) taxativamente listadas no § 6º deste dispositivo. Fl. 1015DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1016 60 291. Sendo ainda mais exato, saliento que, nos casos em que a inconstitucionalidade haja sido proferida pelo STF no controle difuso de inconstitucionalidade – ainda que sob repercussão geral o afastamento, pela autoridade julgadora de primeira instância administrativa, da norma nestes termos declarada inconstitucional pela Suprema Corte depende de manifestação da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (art. 19, §5º, da Lei nº 10.522/2002). 292. Outrossim, realço que, aos moldes do art. 7º, IV, da Portaria RFB nº 341, de 12/07/2011, a autoridade administrativa de julgamento de primeira instância deve observar as normas legais e regulamentares, dentre as quais se incluem os decretos, que integram a legislação tributária (art. 96, do CTN). 293. Complementado os fundamentos acima, mencionase a Portaria Ministerial nº 258, de 14/10/2001, e as cláusulas constantes do Termo de Compromisso de Rerratificação ao Termo Aditivo de Ratificação de Habilitação MDIC/SDP/Nº 168/I/02, de 02/02/2002 assinado pela ora manifestante, que têm como pressuposto, aos moldes referenciados pela autoridade fiscal recorrida, a realização de industrialização pela beneficiária do incentivo. 294. Destaco, ainda, que o TVF em que se fundamentou o Despacho Decisório combatido se fundamenta, dentre outras normas, nos Decretos regulamentares acima citados e na Lei 9.440/97 e alterações, não tendo adotado como base legal a SCI COSIT nº 17/2012, de que reproduziu a ementa. O que, no máximo, verificase é a coincidência de parte dos argumentos usados pela autuação em relação aos constantes da SCI – mas não de todos, já que, por exemplo, diferentemente da SCI, a Fiscalização não faz comparação do benefício examinado com o incentivo da Lei nº 9.826/99. Isto não significa, todavia, que a Fiscalização tenha adotado a SCI como fundamento legal de sua conclusão, pelo que as críticas da recorrente dirigidas especificamente a este ato administrativo caem no vazio, assim como ocorre em relação à alegação de que a manifestante não estaria submetida à referida Solução de Consulta Interna. 295. Pelos fundamentos acima, improcedente a pretensão da contribuinte em calcular o crédito presumido debatido em relação à contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS incidente sobre as receitas decorrentes de revenda de produtos importados. Isto posto , nego provimento aos argumentos contidos no presente tópico. "VI OS CRITÉRIOS LEGAIS PARA APURAÇÃO DOS CRÉDITOS DE PIS E COFINS E DA INOCORRÊNCIA DE ERRO NA ADOÇÃO DO MÉTODO UTILIZADO PARA APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI" Conforme mencionado no item anterior, de acordo com o art. 11A da Lei n° 9.440/97, o crédito presumido de IPI equivale ao dobro das contribuições devidas sobre as vendas no mercado interno de produtos de fabricação própria. Contudo, para a apuração do incentivo, o contribuinte deve segregar de sua apuração consolidada o PIS e a COFINS devidos (resultado do cotejo de débitos e créditos) e incidentes sobre as vendas dos produtos de fabricação própria dos que recaem sobre as demais, tais como receitas de revenda de produtos e exportação. Fl. 1016DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1017 61 Assim, verificase que, quanto maior forem os valores dos créditos, menores serão as contribuições devidas e, por conseguinte, a base de cálculo do crédito presumido de IPI. O dispositivos legais assim dispõem: Lei n° 9.440/97, §§ 1° e 2° do art. 11 A "§ 1º No caso de empresa sujeita ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o montante do crédito presumido de que trata o caput será calculado com base no valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, decorrentes das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda. (Incluído pela Lei nº 12.218, de 2010) § 2º Para os efeitos do § 1º, o contribuinte deverá apurar separadamente os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas com a venda no mercado interno e os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de exportações, observados os métodos de apropriação de créditos previstos nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. (Incluído pela Lei nº 12.218, de 2010) Lei n° 10.833/03, §§ 8° e 9° do art. 3° § 3º Para apuração do valor da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas na forma do § 1º, devem ser utilizados os créditos decorrentes da importação e da aquisição de insumos no mercado interno." "§ 8o Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7o e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. § 9o O método eleito pela pessoa jurídica para determinação do crédito, na forma do § 8o, será aplicado consistentemente por todo o anocalendário e, igualmente, adotado na apuração do crédito relativo à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal." Fl. 1017DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1018 62 A controvérsia reside no critério de apuração dos créditos relativos a cada tipo de receita. A recorrente, para fins de cálculo do incentivo fiscal em comento, adotou dois métodos distintos: i) o "método do rateio proporcional" foi utilizado para calcular os créditos vinculados às despesas de energia elétrica, armazenagem, frete, serviços e bens do imobilizado; e ii) o método denominado de Bill of Material (BOM), para determinação dos demais insumos, o qual, segundo apurado pela fiscalização, aproximase do "método da apropriação direta" (inciso II do § 8° do art. 3° da Lei n° 10.833/03). Em sua defesa, a recorrente alegou que não havia dispositivo legal que a obrigasse a adotar o mesmo método da matriz. E por meio de argumentos e pareceres técnicos, sustenta que o método de custos adotado pode ser considerado como de apropriação direta, pois coordenado e integrado com o restante da escrituração mercantil, nos termos do art. 294 do RIR/99. A fiscalização e a DRJ, por seus turnos, entendem que o contribuinte deveria ter utilizado o método do rateio proporcional (inciso I do § 8° do art. 3° da Lei n° 10.833/03), pois o estabelecimento matriz o utilizava para outros fins (provavelmente, para fins de determinação do saldo de créditos de PIS e COFINS que, para fins de compensação, não requeriam que se esperasse pelo fim do respectivo trimestre calendário, porém poderiam ser imediatamente compensados). Adicionalmente, a fiscalização apontou várias inconsistências no cálculo dos custos, por meio do método Bill of Material, concluindo que não poderia ser considerado como coordenado e integrado ao restante da escrituração. Concordo com a fiscalização e a DRJ. Entendo que, para fins de cálculo do crédito presumido de IPI, deveria ter sido adotado o método aplicado pela matriz, qual seja, o do rateio proporcional. Assim, não adentrei na discussão acerca da adequação ou não à legislação do IRPJ do método Bill of Material. Desta forma,, faço do respectivo trecho do voto condutor da decisão da DRJ minha razão de decidir (§ 1° do art. 50 da Lei n° 9.784/99): "X.4. Da vinculação do método a ser adotado pelo estabelecimento incentivado na determinação dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS nãocumulativas para cálculo do benefício analisado àquele empregado pela matriz: 296. A questão a ser aqui inicialmente elucidada é se o método usado pelo estabelecimento beneficiado pelo incentivo previsto nos arts. 1º, IX, 11 e 11A, da Lei nº 9.440/97, para determinar os créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS nãocumulativas referentes aos insumos aplicados na industrialização dos bens incetivados, está, ou não, vinculado ao método adotado pela matriz para calcular os créditos destes mesmos insumos quando da apuração centralizada das contribuições devidas na forma das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente. Fl. 1018DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1019 63 297. Para resolver o questionamento, devese atentar para três questões extremamente relevantes: 298. A primeira é que, a depender do método adotado, haverá alteração dos valores da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS a pagar no regime não cumulativo. Este aspecto, bastante evidente, não foi debatido pela defendente, apesar de a autoridade fiscal ter apresentado exemplo concreto para demonstrar esta circunstância (vide item 40 acima). 299. A segunda, é que, nos termos do art. 15, da Lei nº 9.779/99, a apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas pelo regime não cumulativo deve ser feita de forma centralizada pela matriz: “Art. 15. Serão efetuados, de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica: (...) III a apuração e o pagamento das contribuições para o Programa de Integração Social e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servido Público PIS/PASEP e para o Financiamento da Seguridade Social COFINS” (g.n.). 300. E a terceira questão é que, nos termos do art. 1º, IX, da Lei nº 9.440/97, o benefício é calculado “no valor correspondente ao dobro das referidas contribuições que incidiram sobre o faturamento” (g.n.) – o que, à toda evidência, pressupõe a efetiva incidência da contribuição devida sobre o faturamento, tal como disciplinado pelo art. 1ºA do Decreto nº 3.893, de 2001, incluído pelo Decreto nº 5.710, de 2006, que assim estipula (reproduzo novamente o dispositivo): “o montante do crédito presumido de IPI de que trata o art. 1o corresponderá ao dobro do valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, no regime de não cumulatividade, decorrente das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda” (g.n.). 301. No mesmo sentido acima, está o art. 11A, § 1º , da Lei nº 9.440/97, que preceitura que “o montante do crédito presumido de que trata o caput será calculado com base no valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, decorrentes das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda” (g.n.) 302. Destarte, como a adoção, pelo estabelecimento beneficiado, de método de cálculo das contribuições devidas sobre as operações incentivadas distinto daquele empregado pela matriz na apuração centralizada da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre estas mesmas operações (agregadas às demais da pessoa jurídica) resulta em valores devidos distintos destas contribuições, concluise que o método adotado pela matriz vincula o da filial, de modo que o crédito presumido possa realmente corresponder ao dobro das contribuições efetivamente devidas. 303. Pensar de modo diverso é subverter a força normativa da linguagem empregada, bem como aceitar resultado não condizente com o bom senso, o razoável, o racional. 304. Ademais, não se pode desprezar que a instituição de um benefício fiscal é orientada por parâmetros de renúncia fiscal, que, no caso vertente, está correlacionado com os valores da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Fl. 1019DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1020 64 efetivamente devidos, não podendo ser adotado outro parâmetro do qual resulte o indevido alagamento do incentivo e, por conseqüência, da renúncia fiscal. 305. Não menos importantes sobre a questão são as ponderações entalhadas no TVF acerca do fato de que a pessoa jurídica constitui uma unidade só, e de que a contabilidade da pessoa jurídica deve integrar um único sistema contábil, até mesmo porque os resultados das filiais devem ser incorporados na escrituração da matriz (itens 37 a 39 e 41 a 46 acima), argumentos estes que também adoto, ao lado dos aqueles acima já esposados, no presente Voto. 306. Elucidese que o fato de a filial não poder se aproveitar de créditos referentes a produtos por ela exportados e de ela eventualmente possuir custos, despesas e encargos distintos da matriz não inviabiliza a adoção do mesmo método de rateio proporcional utilizado na apuração devida de modo centralizado pela matriz, desde que respeitadas, quando do emprego deste método, as características da filial. 307. A mesma lógica dos itens 298 a 306 acima impõe, independentemente de disposição normativa expressa, que, no cálculo do incentivo, a segregação dos créditos da nãocumulatividade de todo e qualquer veículo não incentivado – não apenas dos exportados – seja feita pelo mesmo método adotado pela matriz. 308. Neste ponto, chamo a atenção que a Solução de Divergência Cosit n° 23/2013 (citada no segundo Parecer Técnico), não trata da questão específica aqui analisada. De todo modo, a invocada Solução de Divergência ressalva, em seu item 15, que “a forma de despesas administrativas pode, em tese, ficar a critério do contribuinte, desde que tais operações estejam de acordo com as normas e padrões de contabilidade geralmente aceitos, ou que não levem a resultado diferente do legítimo, assim como devem permitir a suficiente clareza e segurança para a verificação e so controles por parte da autoridade fiscal” (g.n.). Logo, concluise que, no caso vertente, é impossível a adoção de critério de rateio proporcional que não embasado na receita bruta, pois a adoção de distintos critérios conduz à divergentes resultados. 309. Saliento, particularmente no tangente à separação dos créditos relacionados ao mercado interno e ao externo que, apesar de, originariamente, a Lei nº 9.440/97 não tenha expresso que fosse feita por um dos métodos previsto nos §§8º e 9º, do art. 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/ 2003, o art. 1º, do Decreto nº 5.710, de 01/03/2006, que acrescentou o art. 1A ao Decreto nº 3.893/2001 (sobre o qual cabem as observações dos itens 290 a 292 acima) faz literal menção a respeito: “Art. 1º. O Decreto n° 3.893, de 22 de agosto de 2001, passa a vigorar acrescido do seguinte artigo: ‘Art. 1 º A. A partir do início da efetiva aplicação, pelo contribuinte, do regime de incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o montante do crédito presumido de IPI de que trata o art. 1º corresponderá ao dobro do valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, no regime de nãocumulatividade, decorrente das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda. § 1º Para os efeitos do caput , o contribuinte deverá apurar separadamente os créditos decorrentes dos custos, despesas e Fl. 1020DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1021 65 encargos vinculados às receitas auferidas com a venda no mercado interno e os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de exportações, observados os métodos de apropriação de créditos previstos nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 2º Para apuração do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins devidas na forma do caput, devem ser utilizados os créditos decorrentes da importação e da aquisição de insumos no mercado interno.’ (g.n.) 310. Logo, desde o Decreto n° 5.710/2006 já havia disposição regulamentar determinando, para segregação dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS vinculados ao mercado interno e ao externo, a adoção de um dos métodos previstos nos §§8º e 9º, do art. 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, sendo que, posteriormente, tal determinação foi incluída pela Lei nº 12.218/2010 no art. 11A, da Lei nº 9.440/97. 311. Ora, no caso vertente, consoante se observa nos documentos de fls. 1.292/2.713 do processo administrativo nº 13502.721308/201314, a própria contribuinte, na Ficha 01 – “Dados Iniciais”, inseriu, no campo “Método de Determinação dos Créditos”, de todos os 36 (trinta e seis) DACON entregues em relação aos meses de janeiro/2009 a dezembro/2011 a informação “Vinculados à Receita Auferida no Mercado Interno e de Exportação Com Base na Proporção da Receita Bruta Auferida” (g.n.), o que, como foi relatado por este Relator, foi confirmado pelo sujeito passivo em resposta à intimação que lhe foi dirigida no curso do procedimento fiscal. 312. No recurso interposto, mais uma vez, a recorrente, em mais de uma passagem, é peremptória ao dizer que usou o rateio proporcional. Apenas para exemplificar: 312.1. na 46ª lauda, terceiro parágrafo, da Manifestação de Inconformidade, ao registrar que “Logo, carece de qualquer fundamento legal a afirmação feita às págs. 17 do TVF quando sugere que a Requerente deveria adotar o método de rateio proporcional que fora empregado pela matriz para apuração do PIS e da COFINS” (g.n.); 312.2. na 50ª lauda, segundo parágrafo, da Manifestação de Inconformidade, em que conclui que “Desta forma, é impróprio o levantamento realizado pela Fiscalização para a quantificação dos créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos suportados pela Requerente, tomando em consideração o método de rateio proporcional pelo qual optara o estabelecimento Matriz, para fins de apuração do valor das contribuições que irão compor a base do crédito presumido de IPI a que faz jus a Requerente” (g.n.). 313. Aqui destaco que, conquanto o segundo Parecer Técnico concentre, quase que totalmente, seus esforços em evidenciar que a contribuinte disporia de sistema de contabilidade de custo integrada e coordenada com a escrituração, em nenhum momento é comprovado que, de fato, contrariamente ao que foi dito pelo próprio sujeito passivo nos DACON por ele entregues, no curso do procedimento fiscal e na Manifestação de Inconformidade interposta nos autos, o estabelecimento matriz da pessoa jurídica também tenha adotado o mesmo método supostamente inicialmente usado pela filial incentivada (apropriação direta). Aliás, referido Parecer Técnico – que, conforme ele mesmo ressalva, apenas se limitou ao ano de Fl. 1021DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1022 66 2011, enquanto a autuação envolve os anos de 2009, 2010 e 2011 –, sequer se fez acompanhar de demonstrativos nos quais estivesse evidenciado que, realmente, a matriz tenha realizado apropriação direta. 314. Aliás, o Parecer Técnico é contraditório sobre a questão, pois, embora afirme, em seu item 5.2.3., que a FORD teria realizado apropriação direta, posteriormente diz em seu item 5.3.3.9 que “A Ford, em seu cálculo original, utilizouse de percentual sobre a receita para identificar os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas com a venda no mercado interno e os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de exportação” e que “Para a identificação das parcelas dos citados valores, utilizamos o critério mencionado no item 5.2.7 acima e realizamos os ajustes no valor dos créditos a serem considerados para fins de cálculo do incentivo”!!! 315. Anoto que a contribuinte, na Impugnação ao Auto de Infração Complementar objeto do processo administrativo nº 13502.721308/201314, bem como na Manifestação de Inconformidade interposta em face do segundo Despacho Decisório proferido no processo administrativo nº 13819.904873/201262, ambos os recursos interpostos após a apresentação do comentado Parecer Técnico, continua a dizer que a matriz adotou o método de rateio proporcional. 316. Portanto, concluo que o estabelecimento matriz da pessoa jurídica utilizou, para apurar, de forma centralizada, a contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS devida na forma das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, o rateio proporcional previsto no art. 40, § 1º, I, da IN SRF nº 594/2005; então, pelos fundamentos esquadrinhados, deve usar este mesmo método para definir os créditos (e, por consequência, o valor efetivamente devido) destas contribuições para fins de levantamento do crédito presumido de IPI tratado na Lei nº 9.440/97. 317. Patenteado que a contribuinte deve aplicar, no cálculo do incentivo analisado, o mesmo método empregado pela matriz para segregar os créditos da não cumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS e, ainda, evidenciado que a matriz adotou o método de rateio proporcional, perde sentido analisar se o chamado método “Bill of material”, adotado pela manifestante, permite, ou não, apurar adequadamente o crédito presumido de IPI debatido. 318. No entanto, apenas para argumentar, registro estarem caracterizadas diversas inconsistências no método de segregação de créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS utilizado pela contribuinte no cálculo do benefício. Para exemplificar: 318.1. exclusão, nos custos contabilizados, do ICMS devido por responsabilidade própria, da contribuição para o PIS e da COFINS da base da receita de vendas, circunstância que distorce os cálculos e, inclusive, o Parecer Técnico diz ter ajustado (vide item 236 acima); 318.2. efeito de antecipação/postergação do gozo do incentivo advindo da utilização do “Revenue Recognition”, conforme inclusive admitido no Parecer Técnico; 318.3. exclusão, da base de cálculo das contribuições, de ICMS supostamente a título de substituição tributaria, mas que, na verdade, é devido por responsabilidade própria; Fl. 1022DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1023 67 318.4. consideração do valor das peças na data de fabricação dos veículos – e não o custo de aquisição efetivamente incorrido na data da compra da matériaprima – o que exige a realização de ajustes; 319. Ademais, anoto, ainda para argumentar, que o método empregado pelo Parecer Técnico para segregar os créditos da nãocumulatividade foi distinto daquele utilizado pela contribuinte, como se verifica, por exemplo, no tocante aos fretes nas compras, aos fretes nas vendas aos gastos gerais de fabricação, relativamente aos quais, consoante relatado nos itens 237.2, 237.3 e 237.4 acima, a contribuinte teria realizado rateio a partir da receita líquida e o Parecer procedeu à apropriação direta. 320. Não me alongo sobre as circunstâncias citadas nos dois parágrafos antecedentes, nem me debruço sobre as demais supostas irregularidades da contabilidade da contribuinte denunciadas no TVF, porque o exame destas questões perde sentido a partir das conclusão de que aqui devem os créditos serem segregados por meio do método do rateio proporcional em relação à receita bruta. E, por esta mesma razão, perde sentido avaliar o argumento da contribuinte de que, na apropriação direta, seria possível a rateio proporcional de determinados custos comuns. 321. Feitas as observações acima, julgo improcedente as Manifestação de Inconformidade, na parte em que pretendem afastar o método de rateio proporcional para segregação dos créditos referentes aos produtos incentivados. X.5. Do primeiro Parecer Técnico: 322. O primeiro Parecer Técnico, inovando os termos da defesa apresentada pela contribuinte, sugere que os créditos da nãocumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS a ser considerado no cálculo do incentivo aqui abordado fosse estabelecido mediante a aplicação, sobre a totalidade dos créditos da FORD, da relação percentual da receita bruta da venda de produtos incentivados (ou seja, excluindose as exportações e a receita de veículos importados do estabelecimento em Camaçari) e a receita total da Ford. 323. No entanto, o procedimento adotado pela Fiscalização permite calcular, com melhor exatidão, o crédito presumido de IPI, eis que, na metodologia inovadora proposta pelo primeiro parecer técnico – que sequer foi defendida pela recorrente na Manifestação de Inconformidade , a apuração da filial em Camaçari, estabelecimento incentivado, é fortemente influenciada pelas receitas e pelos créditos de outros estabelecimentos da pessoa jurídica, aos quais não se estende o comentado incentivo. Em razão do exposto, mantémse a metodologia empregada pela Fiscalização. 324. Outra inovação trazida pelo primeiro Parecer Técnico em relação à defesa, é a alegação de que o rateio realizado teria segregado custos comuns às atividades de revenda e de produção (como energia elétrica e fretes), o que teria distorcido a alocação de créditos para Camaçari. 325. Ocorre, primeiro, a que questão acima não foi ventilada na Manifestação de Inconformidade e configura matéria preclusa que não poderia ser atravessada tardiamente pelo Parecer Técnico, que sequer apresentou qualquer demonstrativo, a título exemplificativo que fosse, de qual seria o eventual incentivo adicional a que faria jus a contribuinte em razão da comentada circunstância. Ambas as circunstâncias são suficientes para rejeitar a alegação. Fl. 1023DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1024 68 326. Atentese que o segundo Parecer Técnico, no terceiro parágrafo de sua 66ª lauda, deixa claro que “o valor das matérias primas é significativamente superior aos demais gastos gerais de fabricação”, o que leva a crer que, plagiando os termos deste Parecer, que eventual diferença de incentivo analisado em razão da situação comentada é “imaterial” quando comparado com os valores totais envolvidos, especialmente quando se atenta para o fato de que as atividades da FORD são essencialmente industriais. Não fosse assim, decerto a recorrente e a empresa de consultoria teria tido o cuidado de melhor conduzir a questão e teria elaborado mínimos demonstrativos que viabilizassem o atendimento do pleito. 327. As demais questões ventiladas no primeiro Parecer Técnico, naquilo que interessa à solução da presente lide, foram objeto de diligência cuja conclusão ensejarão a redução da autuação inicialmente formalizada, nos termos adiante expostos. Portanto, nego provimento aos argumentos da recorrente. "VII QUANTO AOS CRÉDITOS ORIGINADOS DE OUTROS ESTABELECIMENTOS" Peças já submetidas à industrialização são transferidas das filiais de Taubaté e São Bernardo do Campo para a de Camaçari, onde o processo produtivo é concluído. Para fins do cálculo do crédito presumido de IPI, em relação às peças transferidas, são computados créditos tão somente relacionados aos custos diretos (ex: matéria prima), desconsiderandose, os demais, tais como, como graxa, estopa, energia elétrica, armazenagem, frete etc.. Tal fato, como vimos, redunda no aumento do valor do incentivo fiscal. Diante disto, a fiscalização apurou os demais custos e ajustou o cálculo do crédito presumido de IPI, adotando o método do rateio proporcional. A DRJ, motivada por contestação do contribuinte, requereu diligência para, entre outros motivos, verificar se havia transferências de mercadorias, cujos custos de fabricação e respectivas receitas de venda não haviam sido computadas nos cálculos dos créditos presumidos de IPI. A diligência não propôs retificação dos cálculos dos citados demais custos de fabricação de peças transferidas. A recorrente, por sua vez, limitouse a reiterar que entende que o método de apropriação direta seria o mais adequado (questão tratada no tópico anterior) e a consignar que a fiscalização teria computado custos como o de frete entre estabelecimentos da mesma empresa os quais a RFB notoriamente não aceita na base de cálculo dos créditos de PIS e COFINS. Em outras palavras, não contestou o procedimento da fiscalização de adicionar ao cálculo do crédito presumido de IPI os demais custos de fabricação das peças transferidas. Assim, nego provimento aos argumentos da recorrente, que, com efeito, não têm relação direta com a questão central discutida neste tópico. Fl. 1024DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1025 69 "VIII QUANTO AO SUPOSTO ERRO NA DETERMINAÇÃO DO FATOR DE RATEIO" A fiscalização identificou que o contribuinte adotou dois métodos de rateio dos custos, para fins de determinação dos créditos de PIS e COFINS a serem computados no cálculo do crédito presumido de IPI: i) para os custos com energia elétrica, armazenagem, frete e bens do imobilizado, adotou o rateio proporcional, qual seja, a participação percentual das receitas com vendas de produtos de fabricação própria, que estão dentro do escopo do incentivo fiscal, na receita total; e ii) nos cálculo dos custos diretos, adotou o método que denominou de Bill of material, cujo resultado se aproxima do método da apropriação direta. Conforme discutido anteriormente, a fiscalização recalculou o incentivo fiscal, adotando, para todos os fins, o método do rateio proporcional. Não obstante, na parte em que o contribuinte adotou o método que o agente fiscal julgava como correto (rateio proporcional), teria cometido erros no cálculo, que são tratados nos tópicos seguintes. "VIII a Sobre o item X 7 da decisão recorrida" Para fins do rateio proporcional, a recorrente excluiu o ICMS das receitas com vendas no mercado interno, procedimento que sustentou em todos os momentos processuais, pois entende que o tributo não compõem a receita e, por conseguinte, não pode sofrer tributação pelo PIS e a COFINS. A fiscalização recorreu às Lei n° 10.637/03 e 10.833/03, nos dispositivos em que definiram que a base de cálculo é receita bruta, da qual somente poderia ser excluído o ICMS devido por substituição tributária. A DRJ ratifica este posicionamento, acrescentando menções às Súmulas STJ 68 e 94. Já manifesteime perante esta turma no sentido de que devemos aplicar o Acórdão publicado no Diário de Justiça de 02/10/2017, relativo ao RE n° 574.706PR, cuja repercussão geral foi reconhecida, que dispõe que o ICMS não compõe as bases de cálculo do PIS e da COFINS. Contudo, no presente caso, para que pudesse dar provimento aos argumentos da recorrente, teria de constar na peça de defesa, que: i) o contribuinte comprovadamente não pagava e tampouco contabilizava PIS e COFINS sobre ICMS; ii) ao calcular as contribuições devidas, sobre as quais calculou o crédito presumido de IPI, também não computou o ICMS, pois, caso contrário, haveria distorções no cálculo do incentivo fiscal. Isto posto, não tenho fundamento para propor alterações nos cálculos da fiscalização, efetuado com base nos registros contábeis e fiscais do contribuinte. "VIII b Sobre o item X 8 da decisão recorrida" Para fins do rateio proporcional, a recorrente excluiu das receitas as que diziam respeito a veículos faturados, porém que, até então, não haviam saído do estabelecimento. Adicionalmente, excluiu a parcela do ICMS incidente sobre vendas em que teria figurado exclusivamente como responsável por substituição tributária, nos termos do Convênio ICMS 51/00. Fl. 1025DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1026 70 No primeiro caso, a fiscalização não acatou tal exclusão, em razão de as receitas correspondentes terem sido computadas no cálculo das contribuições devidas, base de cálculo do crédito presumido de IPI. Pelo mesmo motivo apresentado pela fiscalização, não dou provimento aos argumentos da recorrente. Ademais, cumpre mencionar que o simples fato de os bens não terem saído do estabelecimento não significa que ainda não havia disponibilidade econômica e jurídica da renda correspondente, isto é, que a receita ainda não havia sido auferida. No segundo, a fiscalização consignou que não aceitou a exclusão, pois o valor se referia a ICMS próprio. A meu ver, o Convênio ICMS n° 51/00 determina que a montadora destaque na nota fiscal o ICMS próprio e o ICMS sujeito ao regime da substituição tributária, que é o incidente sobre a venda da concessionária para o consumidor final. Assim, em tese, está correta a recorrente. Contudo, segundo a fiscalização, o ICMS objeto da controvérsia foi contabilizado a débito de conta de resultado, tal qual é registrado o ICMS "próprio" o valor integra a receita com venda e é contabilizado como despesa com ICMS, para que então seja conhecida a receita líquida com vendas. O ICMS substituição tributária, por seu turno, não é contabilizado em conta de resultado não integra a receita com vendas e tampouco é registrado como despesa com ICMS. E, neste ponto, o que a fiscalização consignou não foi contestado. Portanto, os lançamentos contábeis evidenciam que o indigitado ICMS era o devido por operações próprias, tal qual concluiu a fiscalização, e não o relativo à parcela em que figurava como sujeito passivo por substituição. Isto posto, nego provimento aos argumentos da recorrente. "VIII c Sobre o item X 9 da decisão recorrida" Reproduzo abaixo o respectivo trecho do Termo de Verificação Fiscal, em que a controvérsia é detalhadamente descrita e cuja conclusão foi ratificada pela DRJ: Fl. 1026DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1027 71 Em primeiro lugar, cumpre esclarecer que, ao computar as vendas com CKD no somatório das receitas com exportação, reduziu o percentual de participação das vendas de produtos de fabricação própria no total das receitas. Com isto, o percentual de créditos de PIS e COFINS a serem deduzidos das contribuições devidas sobre as vendas de produtos de fabricação própria também diminuiu. Como resultado final, houve aumento do incentivo fiscal, equivalente ao dobro das contribuições devidas sobre as vendas de produtos de fabricação própria. A recorrente afirma, porém sem comprovar, que os CKD constituem "kits" de fabricação própria. E aduz que, se a diligência pleiteada em primeira instância tivesse sido realizada, tal questão teria sido esclarecida. Se a recorrente tivesse carreado aos autos provas do que afirma, esta turma poderia ou acatar suas alegações ou, caso fosse necessário (ex: as provas fossem constituídas Fl. 1027DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1028 72 por grande número de documentos e de alto nível de complexidade), converter o julgamento em diligência, para obtenção dos esclarecimentos adicionais que fossem necessários. Contudo, não podemos dar provimento a argumentos infundados ou mesmo determinar a realização de diligências para produção de provas em favor do contribuinte, o que não encontraria respaldo no decreto n° 70.235/72. Portanto, nego provimento. "VIII d Sobre o item X 10 da decisão recorrida" A controvérsia foi bem descrita e enfrentada pela DRJ, de cujos argumentos faço minha razão de decidir (§ 1° do art. 50 da Lei n° 9.784/99): "X.10. Das receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus: 368. Sobre o assunto, a polêmica gira em torno da inclusão, ou não, das receitas de veículos de fabricação própria da ora recorrente, que foram vendidos a pessoas jurídicas revendedoras domiciliadas na Zona Franca de Manaus, na receita de vendas no mercado interno para fins de rateio dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS. 369. Tem razão a Fiscalização ao considerar que a operação comentada está sujeita à alíquota zero, diante da meridiana clareza do disposto no art. 2º, caput e § 1º, da Lei nº 10.996/2004: “Art. 2º. Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus ZFM, por pessoa jurídica estabelecida fora da ZFM. § 1º Para os efeitos deste artigo, entendemse como vendas de mercadorias de consumo na Zona Franca de Manaus ZFM as que tenham como destinatárias pessoas jurídicas que as venham utilizar diretamente ou para comercialização por atacado ou a varejo. (...)” 370. Notese que, se o legislador considerasse, para fins da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS nãocumulativas, que as operações de remessa de produtos para consumo na Zona Franca de Manaus caracterizassem operações de exportação, nenhum sentido teria que a Lei nº 10.996/2004 atribuísse alíquota zero a tais operações, pois em data anterior à edição desta lei, quando foi implantada a sistemática nãocumulativa de referidas contribuições, elas não incidem sobre receitas de exportação (art. 5º, I, da Lei nº 10.637/2002, e art. 6º, I, da Lei nº 10.833/2003). 371. Acrescentese que o comando do art. 4º, do DL nº 288/67, apenas é aplicável aos tributos “constantes da legislação em vigor” quando de sua edição, consoante não deixa margens para incertezas o texto deste dispositivo legal, assim redigido: Fl. 1028DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1029 73 “Art 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro” (g.n.) 372. Como tanto a contribuição para o PIS/PASEP e como a COFINS (seja pelo regime nãocumulativo aqui tratado, seja pelo regime cumulativo) apenas foram criadas após a edição do Decretolei nº 288/67, o art. 4º deste diploma legal não tem qualquer efeito sobre mencionadas contribuições. 373. Portanto, não tem razão a recorrente ao afirmar que os valores por ela auferidos com as vendas para a Zona Franca de Manaus equivaleriam a receitas de exportação, pois tais importâncias representam, na realidade, receitas de vendas no mercado interno sobre as quais recai a alíquota zero. 374. No sentido acima, reproduzo o voto condutor do julgado proferido aos 20/05/2013 pela 1ª Turma, 2ª Câmara, da 3ª Seção do CARF proferido no processo administrativo nº 10670.001491/200590: "Em relação à isenção das receitas ora tributadas, a contribuinte sustenta que, conforme previsto no artigo 4º Decretolei nº 288/67, as operações que destinam a ZFM mercadorias nacionais são, "para todos os efeitos fiscais", equivalentes a uma exportação brasileira para o exterior. Observase, contudo, que o citado DL 288/67, ao estabelecer esta equiparação, restringiu seus efeitos a legislação em vigor: Art. 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro. (grifo nosso) Referese, portanto, apenas aos tributos vigentes à data da promulgação deste Decretolei, no ano de 1967. As contribuições sociais, por sua vez, foram instituídas posteriormente; o PIS em 1970, por meio da Lei Complementar nº 07, e a Cofins em 1991, pela Lei Complementar nº 70. Constatase ainda que o DL 288/67, mesmo que tivesse este teor, não poderia modificar a legislação superveniente que instituísse novos tributos, projetando os efeitos desta isenção para o futuro indiscriminadamente. Ademais, o fato de ter sido publicada lei posterior, qual seja a MP n° 202, convertida na Lei n° 10.996, de 2004, reduzindo a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins para as receitas em comento necessariamente significa que antes desta publicação estas receitas eram tributadas, caso contrário a nova lei seria totalmente desnecessária, hipótese não recomendada pela hermenêutica jurídica. Concluise, desta forma, que as receitas de vendas a empresas situadas na ZFM não podem ser equiparadas às receitas de vendas de exportação para fins de incidência destes tributos” (Acórdão nº 3201001.281). Fl. 1029DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1030 74 375. Ocorre que, apesar de submetidas à alíquota zero, as operações aqui tratadas autorizam a manutenção do crédito da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, a partir da edição da Lei nº 11.033/2004, que assim preceitua em seu art. 17: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. 376. Diante do exposto, também improcede a Manifestação de Inconformidade quanto ao aspecto abordado." Concluo por negar provimento aos argumentos. "IX DOS EQUÍVOCOS DOS CÁLCULOS CONSTANTES DA EXIGÊNCIA FISCAL" Apesar de discordar de sua aplicação entende que poderia adotar dois diferentes métodos de apropriação de custos na filial Camaçari e o rateio proporcional na matriz a recorrente aponta três supostos erros nos cálculos do rateio proporcional efetuado pela fiscalização, os quais, abaixo enumero e aprecio: i) Cômputo das receitas de veículos faturados, porém não saídos do estabelecimento: os argumentos foram examinados e rechaçados, no tópico "VIII b Sobre o item X 8 da decisão recorrida". ii) Adoção do método de rateio "Bill of Material" e cômputo do ICMS próprio no cálculo do rateio proporcional: os argumentos foram apreciados e rechaçados nos tópicos "VI OS CRITÉRIOS LEGAIS PARA APURAÇÃO DOS CRÉDITOS DE PIS E COFINS E DA INOCORRÊNCIA DE ERRO NA ADOÇÃO DO MÉTODO UTILIZADO PARA APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI" e "VIII a Sobre o item X 7 da decisão recorrida". iii) Vendas de Camaçari não computadas no rateio proporcional e inclusão indevida das vendas para a Zona franca de Manaus: reproduzo a resposta dada pela DRJ, de que faço minha razão de decidir: "380. A terceira questão acima – as saídas da filial em Camaçari que a recorrente disse não teriam sido consideradas no denominador do fato de rateio foi objeto de diligência solicitada por esta Turma, ocasião em que a autoridade diligenciante prestou, em relação às saídas sob os CFOP n° 5152, 5403, 6152 e 6403, as informações contidas nos itens 248 (e subitens) acima e no tocante aos CFOP n° 5151 e 6151, as informações dos itens 249 (e subitens) acima. 381. Em relação às primeiras saídas acima, têm razão os diligenciantes ao asseverarem que, por se referirem a produtos importados simplesmente revendidos ou incorporados à frota da contribuinte, elas não deveriam ser consideradas no rateio, pois é óbvio que nestes produtos não foram empregados os insumos a serem rateados. Fl. 1030DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1031 75 382. Sobre as saídas acima, a contribuinte, na manifestação sobre o resultado da diligência, limitouse a falar que a questão é exatamente a matéria controvertida nos autos e que seria descabido à autoridade fiscal se recusar a atender a diligência solicitada por esta DRJ. 383. Ocorre que, como bem anotado no Relatório de Diligência, esta DRJ solicitou que fosse verificada, no Livro Registro de Apuração do IPI do estabelecimento em Camaçari e nos demais pertinentes Livros/Documentos da escrita fiscal/contábil que legitimassem as anotações consignadas neste Livro, a eventual existência de saídas de produtos fabricados nesta filial que acaso não tivessem sido consideradas, quando do cálculo do fator de rateio, no total das saídas de citado estabelecimento e, com atenção para a observação do item 244.4 acima e para eventuais outros aspectos que tivessem interferência na questão, e elaborasse, se fosse o caso, demonstrativo mensal de crédito presumido de IPI adicional a ser reconhecido além daqueles já apurados no curso da fiscalização. 384. Portanto, nada mais fez a autoridade fiscal que dar fiel cumprimento ao requerido por esta DRJ. Ademais, acima este Relator já votou contrariamente ao direito à consideração do incentivo sobre a revenda de veículos importados, sendo os mesmos fundamentos em que se baseia a conclusão a respeito aplicáveis aos veículos importados incorporados à frota da recorrente (CFOP nº 5.152, fl. 791). 385. Saliento que muito pertinente é a ponderação embutida no Relatório de Diligência no sentido de que caso fossem consideradas as saídas de mercadorias sob os CFOP nº 5152, 5403, 6152 e 6403 o percentual correspondente aos veículos importados apropriaria uma parcela de créditos dos custos, despesas e encargos vinculados à fabricação de bens, sem que, para isto, tivesse utilizado quaisquer destes insumos. 386. Destarte, as saídas ora examinadas não devem ser consideradas na definição do fator de rateio aos moldes pretendidos pela recorrente. 387. Prosseguindo, no tocante às saídas de mercadorias sob os CFOP nº 5151 e 6151 da filial em Camaçari, as autoridades diligenciantes concluíram que elas realmente deveriam fazer parte do fator de rateio, consoante fundamentos e nos moldes descritos no item 249 (e subitens) acima, que aqui acato. 388. A propósito das saídas acima, queixouse a diligenciada no que pertine à inclusão, no Anexo D, das vendas para a ZFM como integrante das receitas de vendas. No entanto, segundo fundamentos esquadrinhados no item “X.10. Das receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus”, sobre as receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus incide a contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS sob a alíquota zero, não se podendo tais vendas serem tratadas como operações de exportação." Nego provimento aos argumentos contidos neste tópico. CONCLUSÃO Nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. Fl. 1031DF CARF MF Processo nº 13819.904874/201215 Acórdão n.º 3301004.694 S3C3T1 Fl. 1032 76 Marcelo Costa Marques d'Oliveira (assinado digitalmente) Fl. 1032DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.913812/2012-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.556
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Lima Souza Martins (suplente convocado), Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Carlos Cesar Candal Moreira Filho.
Nome do relator: PAULO HENRIQUE SILVA FIGUEIREDO
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MONTREAL INFORMATICA S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Lima Souza Martins (suplente convocado), Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Carlos Cesar Candal Moreira Filho. Relatório Tratase de Recurso interposto em relação ao Acórdão nº 0953.515, proferido pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo sujeito passivo. A Manifestação de Inconformidade foi apresentada contra o Despacho Decisório que indeferiu Pedido Eletrônico de Restituição (PER) referente a pagamento efetuado, em 31/05/2005, a título de estimativa mensal de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 80 .9 13 81 2/ 20 12 -1 9 Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10680.913812/201219 Resolução nº 1302000.556 S1C3T2 Fl. 157 2 (CSLL), relativa ao anocalendário de 2009, no âmbito de parcelamento acompanhado pelo processo administrativo nº 13009.000062/200504. O indeferimento foi fundamentado no fato de que o pagamento estava integralmente alocado ao referido parcelamento, inexistindo, portanto, saldo passível de restituição. O PER, por outro lado, como esclarecido na Manifestação de Inconformidade, embasouse no fato de que o referido pagamento por estimativa não foi reconhecido no processo administrativo nº 13009.000190/0046, que tratou do Pedido de Restituição relativo ao saldo negativo de CSLL referente ao anocalendário de 1999. O Acórdão de primeira instância julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade do sujeito passivo uma vez que a decisão final do processo administrativo nº 13009.000190/0046 reconheceu a existência de saldo a pagar de CSLL, em relação ao ano calendário de 1999, no montante de R$ 241.202,59, enquanto todos os pagamentos realizados no âmbito do processo administrativo nº 13009.000062/200504, a título de CSLL, somente totalizariam R$ 176.594,58, não havendo, portanto, qualquer valor a restituir. Previamente à apreciação dos Recursos, fazse necessário esclarecimento, de modo que deixo de detalhar as razões recursais e passo à elucidação dos pontos a serem esclarecidos. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator O exame dos documentos constantes do processo nº 13009.00062/200504 indica que o sujeito passivo parcelou, em janeiro de 2005, débitos relativos a estimativas de CSLL, referente ao anocalendário de 1999, no total de R$ 588.468,60. Em agosto de 2006, contudo, o referido parcelamento foi rescindido, para adesão ao parcelamento especial instituído pela Medida Provisória nº 303, de 29 de junho de 2006. Em setembro de 2009, nova rescisão, desta vez para adesão ao parcelamento de que trata a Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Extrato constante à fl. 292 daquele processo, ainda, faz parecer que todo o débito teria sido quitado no âmbito deste último parcelamento. A quantificação correta dos valores extintos pelo sujeito passivo, a título de estimativas de CSLL, bem como a apuração dos montantes que permanecem disponíveis em relação a tais pagamentos, tem efeito direto na análise do PER de que trata o presente processo, bem como na análise de PER similares referentes aos demais pagamentos efetuados a título de estimativa de CSLL, no âmbito do processo n° 13009.00062/200504. É que o presente processo constitui paradigma em relação a lote de processos com fundamento em idêntica questão de direito (repetitivos), na forma permitida pelo art. 47, Fl. 157DF CARF MF Processo nº 10680.913812/201219 Resolução nº 1302000.556 S1C3T2 Fl. 158 3 §1º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RI/CARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015. PROCESSO DATA DO PAGAMENTO VALOR TOTAL DO PAGAMENTO 10680.913813/201255 30/06/2005 23.178,06 10680.913814/201208 29/07/2005 23.523,58 10680.913815/201244 31/08/2005 23.851,71 10680.913816/201299 30/09/2005 24.212,44 10680.913817/201233 31/10/2005 24.538,40 10680.913818/201288 30/11/2005 24.844,81 10680.913819/201222 29/12/2005 25.144,69 10680.913821/201200 31/01/2006 25.464,13 10680.913820/201257 24/02/2006 25.774,89 10680.913822/201246 31/03/2006 26.024,79 10680.913823/201291 28/04/2006 26.333,37 10680.913824/201235 31/05/2006 26.568,06 10680.913816/201299 30/06/2006 26.846,21 Isto posto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência, para que o processo retorne à Unidade de origem (DRF/Belo Horizonte/MG), para que: a) informe sobre o saldo a pagar referente ao processo nº 13009.000190/0046, e, em caso de extinção total ou parcial, detalhar a forma de extinção do referido saldo; b) informar se os pagamentos realizados no processo nº 13009.00062/200504 foram utilizados para quitação de débitos, discriminadamente, bem como sobre eventual saldo disponível; c) ao fim, elaborese relatório de diligência contendo as informações acima requeridas, com o acréscimo daquelas que entender cabíveis para o deslinde do presente processo, dando ciência do resultado ao sujeito passivo e concedendolhe prazo para, querendo, manifestarse nos autos. Após, reencaminhese o processo a este Colegiado. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Fl. 158DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16832.000873/2009-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
Ementa:
RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO.Tendo em vista que o crédito tributário exonerado pela DRJ encontra-se abaixo do limite de alçada determinado pela Portaria MF n° 63/2017, não conheço do Recurso de Ofício (Súmula CARF n° 103)
Numero da decisão: 1301-003.028
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto- Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2004 Ementa: RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO.Tendo em vista que o crédito tributário exonerado pela DRJ encontra-se abaixo do limite de alçada determinado pela Portaria MF n° 63/2017, não conheço do Recurso de Ofício (Súmula CARF n° 103)
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto- Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
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NÃO CONHECIMENTO.Tendo em vista que o crédito tributário exonerado pela DRJ encontrase abaixo do limite de alçada determinado pela Portaria MF n° 63/2017, não conheço do Recurso de Ofício (Súmula CARF n° 103) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 83 2. 00 08 73 /2 00 9- 14 Fl. 903DF CARF MF Processo nº 16832.000873/200914 Acórdão n.º 1301003.028 S1C3T1 Fl. 904 2 Relatório Cuidase o presente processo de autuação fiscal decorrente de omissão de receitas no anocalendário de 2004, o que culminou com a lavratura dos autos de infração, exigindo o credito tributário no valor de R$ 2.202 .246,41 Vejamos as descrições dos fatos do auto de infração e seus desdobramentos, conforme se extrai do relatório constante no Acórdão nº 1228.164 prolatado pela 3ª Turma da DRJ/FNS (fls. 867/868): Trata o presente processo dos autos de infrações lavrados pela Delegacia de Fiscalização (RJ), referentes ao anocalendário de 2004, por meio dos quais são exigidos do interessado o imposto sobre a renda de pessoa juridica IRPJ (Simples), no valor de R$ 52.646,56 (fls. 768/776; demonstrativos de percentuais aplicáveis sobre a receita bruta e diferenças apuradas às fls. 760/767; termo de constatação fiscal às fls. 756/759), a contribuição para o programa de integração social Pis (Simples), no valor de R$ 52.646,56 (fls. 777/785), a contribuição social sobre o lucro líquido CSLL (Simples), no valor de R$ 82.026,53 (fls. 786/794), a contribuição para 0 financiamento da seguridade social Cofins (Simples), no valor de R$ 164.053,08 (fls. 795/805), e a contribuição para a seguridade social INSS (Simples), no valor de R$ 341.784,57 (fls. 806/814), acrescidos da multa de 150% e dos encargos moratórios. 2 Fundamentou a exação: falta de comprovação das origens dos recursos depositados em contas bancárias. 2.1 Ao iniciar os trabalhos de fiscalização, foi constatado que o interessado não mais se encontrava no domicílio fiscal. As intimações foram endereçadas aos sócios que não as atenderam. O advogado do interessado informou que a documentação fiscal e contábil havia sido apreendida pela Polícia Federal (fls. 44 e 95/99). Entretanto, o auto de apresentação e apreensão não indica qualquer documento solicitado pela fiscalização aos sócios do interessado. 2.2 Diante da falta de comprovação das origens dos recursos depositados nas contas bancárias (intimações as fls. 59/88), os valores foram tomados como receitas omitidas. No anocalendário de 2004, a declaração simplificada da pessoa juridica Simples (fls. 2/19) encontrase com os campos zerados. 2.3 Aplicouse a multa qualificada de 150% por ter sido considerada dolosa a atitude da declaração simplificada não constar qualquer receita, enquanto os extratos bancários indicam movimentação financeira. Adicionalmente, a tentativa de ludibriar a fiscalização, ao alegar que os documentos estavam com a Polícia Federal. 3 Ao impugnar as exigências, fls. 834/847 (documentos de fls. 848/852), o interessado alega, em síntese, que: a documentação solicitada, que se encontrava na outra empresa do grupo (Borgtec), localizada em Ilhéus, foi objeto de apreensão em operação da Policia Federal; é bastante provável que o restante da documentação esteja em poder da Policia Federal; Fl. 904DF CARF MF Processo nº 16832.000873/200914 Acórdão n.º 1301003.028 S1C3T1 Fl. 905 3 nenhum pedido de esclarecimento foi solicitado à Polícia Federal, o que acabou por culminar no cerceamento da defesa; não mais detém a posse do acervo fiscal e contábil do ano de 2004, sugerindo que tal documentação tenha sido levada pela Policia Federal; o direito de defesa foi cerceado, a partir do momento em que a documentação necessária não foi analisada, ante a sua impossibilidade de entregála e ante a inércia da fiscalização requerêla às autoridades policial ou judicial. A DRJ negou provimento à impugnação apresentada e reconheceu de ofício a decadência do direito de lançar até o mês de agosto de 2004. Em decorrência são devidos apenas o seguintes montantes: imposto sobre a renda de pessoa juridica IRPJ (Simples), no valor de R$ 13.065,76, a contribuição para o programa de integração social Pis (Simples), no valor de R$ l3.065,76, a contribuição social sobre o lucro liquido CSLL (Simples), no valor de R$ 21.810,38, a contribuição para o financiamento da seguridade social Cofins (Simples), no valor de R$ 43.620,74, e a contribuição para a seguridade social INSS (Simples), no valor de R$ 81.492,33, acrescidos da multa de 150% e dos encargos moratórios. Regularmente intimado (873) da decisão, o contribuinte não interpôs Recurso Voluntário (902). A DRJ/I/RJO recorreu de ofício com relação a parte exonerada pela decisão da DRJ e os autos foram remetidos a este Colegiado para o julgamento do Recurso de Ofício. Eis a síntese do necessário. Passo a decidir. Voto Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Relator. RECURSO DE OFÍCIO Quanto à admissibilidade do recurso de ofício, devese ressaltar o teor do art. 1º da Portaria/MF nº 63/2017, publicada no DOU de 10/02/2017, a seguir transcrito: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). No caso em tela, ao somar os valores correspondentes a tributo e multa afastados em primeira instância (R$ 1.652.313,59), verifico que não superam o limite de dois milhões e quinhentos mil de reais, estabelecido pela norma em referência. Portanto, o recurso de ofício não é cabível, e dele não conheço. CONCLUSÃO Fl. 905DF CARF MF Processo nº 16832.000873/200914 Acórdão n.º 1301003.028 S1C3T1 Fl. 906 4 Ante todo o exposto, não conheço do Recurso de Ofício. É como voto. (assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Fl. 906DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.729500/2013-23
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Ano-calendário: 2006
Ementa:
SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE.
Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal.
SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES.
A instalação de elevadores amolda-se ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços.
Recurso voluntário provido. Direito creditório reconhecido.
Numero da decisão: 3402-005.145
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Carlos Augusto Daniel Neto e Waldir Navarro Bezerra acompanharam o Relator pelas conclusões (art. 63, § 8º do RICARF).
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Diego Diniz Ribeiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Vinícius Guimarães (Suplente convocado), Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que foi substituído pelo Conselheiro Suplente convocado.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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ementa_s : Assunto: Classificação de Mercadorias Ano-calendário: 2006 Ementa: SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores amolda-se ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. Recurso voluntário provido. Direito creditório reconhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Carlos Augusto Daniel Neto e Waldir Navarro Bezerra acompanharam o Relator pelas conclusões (art. 63, § 8º do RICARF). (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Vinícius Guimarães (Suplente convocado), Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que foi substituído pelo Conselheiro Suplente convocado.
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ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores amoldase ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. Recurso voluntário provido. Direito creditório reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Carlos Augusto Daniel Neto e Waldir Navarro Bezerra acompanharam o Relator pelas conclusões (art. 63, § 8º do RICARF). (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 95 00 /2 01 3- 23 Fl. 357DF CARF MF 2 Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Vinícius Guimarães (Suplente convocado), Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que foi substituído pelo Conselheiro Suplente convocado. Relatório 1. Por bem retratar o caso em questão, emprego aqui parte do relatório desenvolvido pela DRJ de Juiz de Fora quando da lavratura do acórdão recorrido (acórdão n. 0954.853 fls. 290/297), o que passo a fazer nos seguintes termos: Trata o presente processo da DCOMP eletrônica nº 10844.81918.240609.1.7.045446, transmitida com objetivo de declarar a compensação do(s) débito(s) nela apontado(s), com crédito de R$ 53.204,17, proveniente de pagamento indevido ou a maior, relativo ao DARF no valor de R$ 927.178,81, referente à COFINS – PA 31/01/2006. A matéria foi objeto de decisão proferida por intermédio do Despacho Decisório, no qual a Delegacia de origem, com base em informação fiscal resultante de diligência do Serviço de Fiscalização para apuração do direito creditório referente à DCOMP acima identificada, onde ficou constatada a improcedência do crédito original nela informado, revisou de ofício o reconhecimento do direito creditório automático para não reconhecimento do direito creditório por inexistência do crédito e também de ofício revisou a homologação total da compensação efetuada através da mencionada declaração para compensação não homologada. A autoridade fiscal que proferiu a referida informação tomou por base a Solução de Consulta 446 SRRF/8ª RF/Disit, de 18/08/2007, uma vez que a Solução de Consulta 104 SRRF/10ª RF/Disit, de 18/08/2008, foi anulada pelo Parecer 52 SRRF10/Disit, de 13/09/2011, sob o seguinte argumento: É vedada a coexistência de duas soluções de consulta vigentes e eficazes sobre o mesmo fato, relativas a um mesmo sujeito passivo(...). Por sua vez, a Solução de Consulta vigente tem a seguinte ementa para o PIS: ELEVADORES. NÃOCUMULATIVIDADE. A instalação de elevador por seu produtor não caracteriza obra de construção civil, descabendo a aplicação do art. 10, XX, da Lei nº 10.833, de 2003. Caracterizase como operação de industrialização, na modalidade montagem, a reunião de partes, peças e componentes da qual resulte elevador, inclusive quando realizada fora do estabelecimento do executor, no próprio prédio onde esse equipamento será utilizado. Sofre incidência da contribuição para o PIS/Pasep em regime de apuração nãocumulativo o total das Fl. 358DF CARF MF Processo nº 11080.729500/201323 Acórdão n.º 3402005.145 S3C4T2 Fl. 358 3 receitas decorrentes do fornecimento de elevador por seu produtor, o qual se conclui ao final do processo de montagem. Para a Cofins foi proferida ementa com igual teor. (...). 2. Uma vez intimado o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 237/272, a qual foi julgada improcedente pelo sobredito acórdão e assim ementado: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006 COMPENSAÇÃO. A compensação pressupõe a existência de direito creditório líquido e certo. NULIDADE. Não procedem as arguições de nulidade quando não se vislumbra no despacho decisório qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72. COISA JULGADA. A decisão judicial transitada em julgado é, na verdade, a lei aplicada ao caso concreto e, tratandose de exclusão do crédito tributário, deve ser interpretada literalmente. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 3. Diante deste quadro, o contribuinte apresentou o recurso voluntário de fls. 307/342, oportunidade em que repisou os fundamentos desenvolvidos em sede de impugnação. 4. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro 5. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. A discussão travada nos autos e o precedente vinculante deste CARF favorável ao contribuinte 6. A questão aqui travada não é nova, uma vez que já foi decidida por este CARF para o mesmíssimo contribuinte de forma paradigmática, i.e., nos termos do art. 47, § 2º Fl. 359DF CARF MF 4 do RICARF. Referida decisão foi veiculada por intermédio do acórdão n. 3201002.448 e encontrase assim prescrita: (...). A princípio, temse que o cerne da questão é definir qual a natureza da atividade exercida pela Recorrente (instalação de elevadores): se construção civil ou se industrialização. Tal definição determinará se a Recorrente deveria, à época dos fatos geradores, apurar o recolhimento do PIS e da COFINS pelo regime não cumulativo ou pelo cumulativo. Há peculiar situação no feito, consistente no fato de que a Recorrente teria apresentado duas Consultas Fiscais acerca do tratamento tributário mais adequado, obtendo Soluções conflitantes. Na primeira delas, Solução de Consulta nº 446/2007, da 8ª Região Fiscal, concluiuse que se tratava de industrialização e que, portanto, as receitas estariam sujeitas ao regime não cumulativo das citadas contribuições. A segunda, Solução de Consulta nº 104/2008, da 10ª Região Fiscal, afirmou que as receitas estariam sob o regime cumulativo. No caso, o crédito postulado pela Recorrente origina da aplicação do segundo entendimento. Os créditos postulados, portando, decorrem da reapuração do PIS e da COFINS outrora calculados pelo regime não cumulativo e reajustados para o cumulativo. Idêntica questão já foi examinada por esta mesma Turma na sessão de 24 de fevereiro de 2016, em decisão por maioria proferida nos autos do Processo nº 11080.726628/201335, da mesma THYSSENKRUPP ELEVADORES S/A, no qual a Conselheira Doutora Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo foi designada Relatora para o Voto Vencedor. O referido Acórdão nº 3201002.070 recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/06/2008 a 31/12/2009 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsumese ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto Fl. 360DF CARF MF Processo nº 11080.729500/201323 Acórdão n.º 3402005.145 S3C4T2 Fl. 359 5 n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2008 a 31/12/2009 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsumese ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. Recurso Voluntário Provido e Recurso de Ofício Negado Vistos,relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Winderley Morais Pereira, relator. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Como consta em ata, o voto da i. Conselheira Doutora Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo foi por mim acompanhado integralmente. Por essa razão, peço vênia para transcrevêlo como fundamento do presente julgado: Como se depreende do voto do eminente relator, o mérito da presente demanda não foi conhecido, por se entender que havia solução de consulta, proferida para a situação específica dos autos e proposta pela própria Recorrente. Fl. 361DF CARF MF 6 Com efeito, no mérito a Recorrente alega que o regime jurídico de apuração das contribuições sociais, tome a sua atividades de instalação de elevadores como prestação de serviços de construção civil, o que determinaria a aplicação do regime cumulativo. A Recorrente obteve a solução de consulta SRRF/8ªRF/DISIT nº 446, de 18/09/2007, que ao analisar as atividades realizadas pela Recorrente de instalação de elevadores, decidiu não ser atividade de construção civil e portanto, estariam sujeita a apuração do PIS e da COFINS no regime não cumulativo. Não obstante, a Recorrente protocolou nova consulta, na Superintendência da Receita Federal do Brasil na 10ª Região Fiscal (Solução de Consulta SRRF/10ªRF/DISIT nº 104, de 18 de agosto de 2008), que considerou a atividade da Recorrente como prestação de serviços de construção civil e portanto, enquadrada nas disposições do art. 10, XX, da Lei nº 10.833/2003, determinando a apuração do PIS e da COFINS no regime cumulativo.(fls. 391 a 397). O entendimento do eminente Conselheiro Winderley Morais Pereira foi no sentido de que, em sendo a solução de consulta instrumento de garantia do contribuinte para esclarecimentos quanto a aplicação da legislação, a possibilidade de consultas do mesmo contribuinte tratando da mesma matéria serem protocoladas em unidades diversas da RFB, poderia mitigar a força normativa das consultas. Por essa razão, a decisão anterior não produziria efeito, nos termos do art. 54, IV do Decreto nº 70.235/72. Contudo, a questão que se põe e da qual se diverge do ilustre relator, é precisamente sobre a possibilidade de a decisão proferida no âmbito do contencioso administrativo fiscal, se sobrepor a decisão em solução de consulta, para o mesmo contribuinte. Ora, embora pelo processo de consulta possa se entender que o contribuinte recorra à Administração para buscar a correta exegese de determinada norma jurídica, verificase o que se busca, invariavelmente, é uma medida protetiva, de cunho preventivo, para a estruturação tributária de suas operações. O fato é que no âmbito do processo de consulta, o contribuinte não comparece na condição de mero consulente, até mesmo porque, já traz em seu pedido o posicionamento que entende cabível, com a respectiva fundamentação legal, o que aliás, é condição para o processamento de sua consulta, de acordo com a legislação em vigor, sob pena de sua ineficácia. Embora o procedimento de consulta não se equipare lógica e juridicamente ao processo administrativo fiscal, o fato é que este também possui conteúdo persuasivo, buscandose convencimento da Administração, acerca de determinada interpretação. E se assim for o caso, a solução em consulta conferelhe medida protetiva, um verdadeiro escudo contra eventuais futuros entendimentos administrativos contrários. Por essa razão, apenas a solução de consulta favorável ao contribuinte tem repercussões Fl. 362DF CARF MF Processo nº 11080.729500/201323 Acórdão n.º 3402005.145 S3C4T2 Fl. 360 7 no contencioso administrativo fiscal, no sentido de coibir o lançamento. Observese que, nessa toada, dispõe o art. 100 do Decreto n. 7574/2011: (...). Acresçase, por fim, que as decisões proferidas em procedimentos de consulta e no processo administrativo fiscal são lógica e juridicamente distintas, de sorte que não se verifica quaisquer relações de hierarquia entre elas. Superadas a questão, partese para o conhecimento do mérito da lide. A atividade de instalação de elevadores deve ser caracterizada como serviço, e não como atividade de industrialização, frisando se que, na hipótese dos autos, a Recorrente aparta a atividade de fabricação dos elevadores, da de sua instalação. Além de todas os fundamentos jurídicos trazidos pela Recorrente, como o fato de que a instalação de elevadores sob encomenda ser complemento da obra de construção civil, esta, indubitavelmente subsumida ao conceito de serviço, por se agregarem ao solo, dentre outras, temse que, para efeitos da legislação federal, que passou a tributar os serviços pelas contribuições sociais, bem como instituir o instrumental necessário para o controle do comércio exterior de serviços, com a edição da Nomenclatura Brasileira de Serviços, Decreto n. 7708/2011, não há mais dúvidas quanto ao enquadramento. Destarte, de acordo com o art. 2o do decreto, a NBS será adotada como nomenclatura única na classificação das transações com serviços, intangíveis e outras operações que produzam variações no patrimônio das pessoas físicas, pessoas jurídicas e entes despersonalizados. Os serviços de instalação de elevadores estão assim dispostos: SEÇÃO I SERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO Capítulo 1 Serviços de construção 1.0131 Outros serviços de instalação 1.0131.10.00 Serviços de instalação de elevadores, esteiras e escadas rolantes O direito positivo brasileiro não traz um conceito conotativo de "serviço' nem mesmo para efeitos de incidência do ISSQN, operando sempre com definições denotativas, ou seja, com listas que arrolam o que são considerados os "serviços" para efeitos de tributação. Portanto, não se questiona a validade, vigência e eficácia da Nomenclatura Brasileira de Serviços, para esse fim. Não se olvide, finalmente, que os decretos são de aplicação obrigatória para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, Fl. 363DF CARF MF 8 de maneira que considerada a atividade em questão como serviço, deve ser a aplicação do regime cumulativo das contribuições sociais. Por essas razões, entendo que há de ser dado provimento ao recurso voluntário.Com efeito, não vislumbro a possibilidade de uma Solução de Consulta expedida pela Receita Federal do Brasil vincular, ad eternum, uma exigência tributária que se mostre claramente ilegítima. Não se trata aqui de discutir se o contribuinte poderia ou não ter formulado uma segunda Consulta Fiscal, ou mesmo qual das respostas deveria prevalecer. Tratase aqui de reconhecer a legalidade ou ilegalidade de uma exigência tributária, ou, melhor dizendo, de definição acerca do alcance de uma norma tributária. Mesmo se admitisse que, de acordo com as normas procedimentais, a segunda Solução de Consulta deveria ser tida por inexistente, tal constatação, por óbvio, não chancela a legitimidade da primeira Solução de Consulta. Afinal, este não é o meio adequado para se definir fato gerador de obrigação tributária. E, nesse sentido, trago o seguinte precedente do Superior Tribunal de Justiça que reconhece o serviço de instalação e montagem de elevadores como obra de engenharia, e não como industrialização (portanto, atraindo a incidência do regime cumulativo do PIS e da COFINS à época dos fatos geradores): TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE ELEVADORES. IPI. NÃO INCIDÊNCIA. 1. A atividade de fornecimento de elevadores, que envolve a produção sob encomenda e a instalação no edifício, encerra, precipuamente, uma obra de engenharia que complementa o serviço de construção civil, não se enquadrando no conceito de montagem industrial, para fins de incidência do IPI. 2. Recurso especial provido. (REsp 1231669/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/11/2013, DJe 16/05/2014) Diante do exposto, voto por CONHECER e DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, exonerando o crédito tributário lançado. 7. Referida decisão apresenta um caráter vinculante, devendo ser seguida por esta Turma julgadora. Neste aspecto, todavia, não concordou o colegiado, que entende que, em tese, o colegiado poderia julgar de forma diferente daquele precedente paradigmático, haja vista que se está diante de outro lote de processos (ainda que referentes aos mesmíssimos fatos e com as mesmíssimas partes litigantes). Deixo tais considerações aqui registradas em razão do disposto no esquizofrênico art. 63, §8º do RICARF1, que 1 "Art. 63. As decisões dos colegiados, em forma de acórdão ou resolução, serão assinadas pelo presidente, pelo relator, pelo redator designado ou por conselheiro que fizer declaração de voto, devendo constar, ainda, o nome dos conselheiros presentes e dos ausentes, especificandose, se houver, os conselheiros vencidos e a matéria em que o foram, e os impedidos. Fl. 364DF CARF MF Processo nº 11080.729500/201323 Acórdão n.º 3402005.145 S3C4T2 Fl. 361 9 determina que as conclusões adotadas pelo colegiado seja externada por aquele Conselheiro que divergiu (e continua divergindo) e que foi vencido em relação à tais conclusões. 8. Tais considerações do colegiado, entretanto, não trazem qualquer repercussão no caso prático, até porque, no que tange ao mérito, a Turma julgadora aderiu integralmente com as precisas considerações elaboradas pela então Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e replicadas pela Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário (transcritas alhures), motivo pelo qual emprego tais fundamentos para fins de motivação do presente voto, o que faço com amparo no art. 50, § 1o da lei n. 9.784/992. Dispositivo 9. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte. 10. É como voto. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Relator. (...). § 8º Na hipótese em que a decisão por maioria dos conselheiros ou por voto de qualidade acolher apenas a conclusão do relator, caberá ao relator reproduzir, no voto e na ementa do acórdão, os fundamentos adotados pela maioria dos conselheiros." 2 "Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...). § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. (...)." Fl. 365DF CARF MF 10 Fl. 366DF CARF MF
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Numero do processo: 10768.906141/2006-13
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1001-000.509
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa- Presidente.
(assinado digitalmente)
José Roberto Adelino da Silva - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva
Nome do relator: JOSE ROBERTO ADELINO DA SILVA
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 90 61 41 /2 00 6- 13 Fl. 76DF CARF MF 2 Tratase Recurso Voluntário contra o acórdão, número 1228.991, da 5ª Turma da DRJ/rj1, o qual indeferiu a Manifestação de Inconformidade contra o despacho decisório que não homologou a declaração de compensação DCOMP n° 2l249.59595.300503.1.3.048150,, cujo voto reproduzo (parcialmente) a seguir: Voto 4. A manifestação de inconformidade é tempestiva e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n° 70.235/ 1972. Portanto, dela conheço. 5. A interessada contesta a decisão que não homologou a compensação declarada, mas alega possuir o crédito necessário para ver homologada parcialmente a compensação pretendida, restando a pagar do débito de IRPJ cód 5993 do PA 30/04/2 03 apenas R$ 174,83, que teria sido recolhido em 30/05/2008. 6. O despacho decisório homologou parcialmente a compensação declarada pela interessada, reconhecendo um crédito de 2.331,14 (fl.8). 7. Consultando os sistema da RFB, sistema DCTF GER, vemos que o débito de IRPJ cód 5993 declarado em DCTF pela interessada do PA 31/01/2003, R$ 3.607,79 (fl. 32/3). 8. O pagamento feito por DARF para o PA 31/01/2003 foi de R$ 5.838,93 ( fls. 30, 30 verso e 31), ou seja, foram recolhidos (5.838,93 3.607,79) R$ 2.231,54 a maior em 28/02/2003: este é o saldo de pagamento a maior de IRPJ na data do pedido de compensação. 9. Destarte, está correto o valor reconhecido no despacho decisório passível de ser utilizado como crédito do contribuinte na DCOMP sub análise, o que foi confirmado pelos cálculos do sistema CODAC/RFB, de fls. 34/6, a menos de diferenças de arredondamento não maior que R$0,01. 10. Segundo o CTN, Lei 5.172/66: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I o pagamento; II a compensação Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. 11. Em 30/10/2003 a MP 135, que foi convertida na Lei 10.833, de 29 de dezembro de 2003, promoveu alterações no art 74 da Lei 9.430/96, que passou a possuir a seguinte redação : ... Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10768.906141/200613 Acórdão n.º 1001000.509 S1C0T1 Fl. 3 3 13. Do exposto, voto pela homologação parcial da compensação pleiteada nos termos do despacho decisório da DERAT/RJ de n° 757794505 de fl. 08, indeferindo o pleito formulado na manifestação de inconformidade . ' Voto Conselheiro José Roberto Adelino da Silva Relator Inconformada, a recorrente apresentou o Recurso Voluntário, tempestivo, que apresenta os pressupostos de admissibilidade, previstos no Decreto 70.235/72, e, portanto, dele eu conheço. Em seu recurso, a preliminar se confunde com a descrição de fatos e análise do. Basicamente, alega que: Ao efetuar o recolhimento do IRPJ (5993) em 28.02.03 referente ao período de apuração 31/01/2003, a empresa recolheu R§ 2.231 14 a maior. Este valor é reconhecido gelo Fisco no Despacho Decisório 757794505. ¬ ' No mesmo Despacho Decisório o Fisco considera que o crédito valorado para compensação em 30. 5.2003 era de Ri 2.334 88. _ A O IRPJ (5993) devido referente ao periodo de apuração 30.04.2003 era de R$ 3.922,18. ' Para quitar esse débito, a empresa apresentou duas DCOMPs: 1. DCOMP 1283611923. 300503. 1.3. 042402 no valor de R$ 1.412,47 crédito proveniente de recolhimento a maior em 31.3.2003 referente ao PA 28.02.2003. Homologada pelo Fisco. 2. DCOMP 21249. 59595. 300503. 1.3. 048150 no valor de R$ 2.509, 71 .crédito proveniente de recolhimento a maior em' 28.2.2003 referente ao PA 31.01.2003. Homologada parcialmente. Ao perceber que havia pequeno erro na segunda DCOMP, a empresa, em 30.5.2008, efetuou o recolhimento adicional no código 5993 referente ao PA 30. 04.2003 no valor principal de R$ 174,83 acrescido de juros e multa. A Receita Federal homologou apenas R$ 922,41 da, segunda DCOMP (n° 2 acima). Obviamente houve um engano por parte do examinador que, considerando erroneamente que a primeira DCOMP (RS 1.412,47) utilizava o mesmo credito do recolhimento de 28.2.2003 efetuou a subtração de R$ 2.334,88 por R$ 1.412,47, concluindo que restavam apenas R$ 922,41. E fundamental entender que a primeira DCOMP (R$1.412,47) usou crédito de outro recolhimento a maior, ou seja do recolhimento de efetuado em 31.3.2003. Portanto a subtração não pode ser feita. ' Se a Receita Federal reconhece que o crédito valorado em 30.5.2003 era de R$ 2.334,88, esse valor deveria ser homologado já que todo o recolhimento a maior efetuado em 28.02.2003 foi utilizado apenas para abater o IPRJ do período de apuração 30.04.2003 Fl. 78DF CARF MF 4 Solicitamos que a Receita Federal homologue R$ 2.334,88 da DCOMP 21249.59595.300503.1.3.048150. . À vista de todo o exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência da ação fiscal, espera e requer a recorrente seja acolhido o presente recurso para o fim de assim ser decidido, cancelandose o débito fiscal reclamado. . Entendo que não assiste razão à recorrente na medida em que, com base sistemas da Receita Federal, foi homologada parcialmente a compensação pleiteada, verificada com base na DCTF e nos recolhimentos efetuados pela recorrente. Não restam dúvidas de que a DCTF constitui confissão de dívida, a alteração do lançamento se dá mediante a retificação da originalmente entregue. Se isto não ocorrer, o crédito tributário fica mantido. O Parecer Normativo COSIT n° 2/2015, assim dispõe: 3 É possível o reconhecimento do crédito com base em provas ou indícios sem a retificação da DCTF? Não. A DCTF é confissão de dívida, portanto sua retificação é imprescindível para o reconhecimento do crédito. A existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). A divergência entre os valores informados na DCTF afasta a certeza do crédito e é razão suficiente para o indeferimento do pedido. A súmula 436 do Superior Tribunal de Justiça STJ assim enunciou: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco. Observase, observase, tanto pelo teor do acórdão quanto pela documentação constante do processo, que a DRJ tomou todas as providências cabíveis a fim de confirmar a existência dos créditos, porém, sem sucesso. Assim, nego provimento ao presente recurso nos termos do voto da DRJ (acima transcrito), crédito tributário não reconhecido. É como voto. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Fl. 79DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.007408/2008-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2003
DEPÓSITO BANCÁRIO A DESCOBERTO. ÔNUS DA PROVA. MATÉRIA SUMULADA. SUJEITO PASSIVO É O TITULAR DA CONTA BANCÁRIA.
Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. Não comprovada a origem dos depósitos em conta corrente bancária, deve ser mantido o lançamento tributário. De acordo com a Súmula CARF nº 26, a presunção estabelecida pelo citado dispositivo legal dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.
Nestes casos, o lançamento em razão da omissão de receita deve ser lavrado em desfavor do titular da conta bancária.
RECURSO DESTITUÍDO DE PROVAS.
O recurso deverá ser instruído com os documentos que fundamentem as alegações do interessado. É, portanto, ônus do contribuinte a perfeita instrução probatória.
Numero da decisão: 2201-004.527
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a proposta de conversão do julgamento em diligência suscitada por membro do Colegiado, vencidos os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho e Douglas Kakazu Kushiyama. Em relação ao recurso voluntário, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares argüidas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo do tribuno lançado o valor de R$ 5.682,72.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente).
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
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ÔNUS DA PROVA. MATÉRIA SUMULADA. SUJEITO PASSIVO É O TITULAR DA CONTA BANCÁRIA. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. Não comprovada a origem dos depósitos em conta corrente bancária, deve ser mantido o lançamento tributário. De acordo com a Súmula CARF nº 26, a presunção estabelecida pelo citado dispositivo legal dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Nestes casos, o lançamento em razão da omissão de receita deve ser lavrado em desfavor do titular da conta bancária. RECURSO DESTITUÍDO DE PROVAS. O recurso deverá ser instruído com os documentos que fundamentem as alegações do interessado. É, portanto, ônus do contribuinte a perfeita instrução probatória. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a proposta de conversão do julgamento em diligência suscitada por membro do Colegiado, vencidos os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho e Douglas Kakazu Kushiyama. Em relação ao recurso voluntário, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares argüidas e, no mérito, em dar provimento AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 74 08 /2 00 8- 04 Fl. 693DF CARF MF Processo nº 19515.007408/200804 Acórdão n.º 2201004.527 S2C2T1 Fl. 694 2 parcial ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo do tribuno lançado o valor de R$ 5.682,72. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente). Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 627/663, interposto contra decisão da DRJ em São Paulo/SP, de efls. 604/620, a qual julgou parcialmente procedente o lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física – IRPF de fls. 217/222, lavrado em 26/11/2008 – Mandado de Procedimento Fiscal nº 008.1.90.002007029003, relativo ao anocalendário de 2003, com ciência do RECORRENTE em 27/11/2008 (fl. 225). O crédito tributário objeto do presente processo administrativo foi apurado em função da omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica e da omissão de rendimentos decorrente de depósito bancários de origem não comprovada. O valor total do crédito tributário foi de R$ 470.123,95, já inclusos juros de mora (até o mês da lavratura) e a multa de ofício de 75%. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal de fls. 214/216, a autoridade fiscal individualizou os créditos realizados nas contas mantidas pelo fiscalizado nos bancos Itaú S/A e Itaubank S/A e, ato contínuo, o intimou para comprovar a origem de cada um dos recursos individualizados. Após a apresentação de resposta e nova intimação, a fiscalização concluiu que os créditos individualizados, relacionado na planilha anexa (fls. 209/213), são rendimentos omitidos e elaborou o quadro abaixo a fim de consolidar, por mês, estes valores: Fl. 694DF CARF MF Processo nº 19515.007408/200804 Acórdão n.º 2201004.527 S2C2T1 Fl. 695 3 Quanto à omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, o TVF expõe o seguinte: “ recebimento da Rio Bravo Investimento S/A DTVM (R$ 21.397,30, em 13/06/2003), referente ao pagamento dos meses de abril e maio/2003, posto que não coincidem com os valores líquidos declarados em DIRF, a saber R$ 6.101,93 em abril e R$ 1.826,97 em maio, donde considerarseá como omissão de rendimentos a diferença de R$ 13.468.40.” Da Impugnação O RECORRENTE apresentou sua Impugnação de efls. 226/250 em 23/12/2008. Ante a clareza e precisão didática do resumo da Impugnação elaborada pela DRJ em São Paulo/SP, adotase, ipsis litteris, tal trecho para compor parte do presente relatório: “Transcorrido o prazo regulamentar para apresentação de defesa ou pagamento do débito em epígrafe, o contribuinte apresentou manifestação tempestiva às fls. 224/248 através de advogada, anexando procuração com poderes específicos às fls. 250, documentos às fls. 251/503, alegando em síntese que: > conforme planilha de fls. 228 e 235, os depósitos originamse de créditos mantidos junto à sociedade Swiss Park Incorporadora S/C Ltda, no valor de R$ 2.339.121,36 em 31/12/2003, oriunda de venda de imóvel ocorrida em 1996 com isenção tributária prevista pela Lei n.° 7.713/88. O crédito registrado em favor do autuado também se dá em relação a outros três irmãos (proporção de 12,5% para cada um) e a sua mãe, Sra. Karolina Z. Lewandowska (50%), conforme se infere de dados da DIRPF/2004. Em maio de 2003 o valor de R$ 10.000,00 foi transferido ao impugnante da conta corrente que sua mãe mantinha no Banco Itaú, o mesmo ocorrendo com o valor de R$ 24.700,00 levada a efeito em 02/12/2003. Cabe a fiscalização a confirmação de que os valores depositados em conta corrente eleita pela família para esse fim foram pagos pela empresa Swiss Park ou por outras pessoas físicas e jurídicas por conta e ordem dela. Requer a expedição de ofício ao Banco Fl. 695DF CARF MF Processo nº 19515.007408/200804 Acórdão n.º 2201004.527 S2C2T1 Fl. 696 4 Bradesco íncorporador do BCN com vistas a apresentar boletos bancários que atestam que a conta corrente se traduzia única e exclusivamente de movimentação atinente aos créditos que a família mantinha perante a Swiss Park; > conforme planilha de fls. 238, os créditos no total de R$ 27.550,00 originamse de valores inicialmente depositados na conta corrente de seu irmão, Aloísio Marcelo Lewandowski, conforme contratos de locação em anexo, depois rateados entre sua mãe e irmãos na razão de 1/5 para cada um; > R$ 5.682, 72 tem origem no instrumento particular de venda e compra de ações firmado com a UBF Garantias S/A; > R$ 27. 000, 00 (R$ 17.000,00 em 24/09/2003 e R$ 10.000,00 em 03/10/2003) – traz empréstimo que guarda relação com a esposa de seu irmão, Mônica Haddad Lewadowski que quitou parte dele em setembro e outubro de 2003. Encontrase reproduzido na declaração de bens do impugnante, sendo que apresenta mensagens eletrônicas e extratos bancários para comprovação do alegado; > R$ 100.000,00 (R$ 10.000,00 em 23/09/2003 e 23/09/2003 e R$ 80.000,00 em 24/09/2003) apresenta extratos bancários do impugnante e de sua mãe acusando a transferência de numerário bem como a informação do mútuo na DIRPF/2004 de sua genitora; > R$ 50.308,10 depósito em favor da esposa Valéria Lewandowski tratase de valor depositado pela sogra do impugnante em virtude de alienação de imóvel que sua esposa figurava como condômina; > conforme planilha de fls. 245, a natureza dos recursos informados na coluna “Maciel e irmãos" não dá conta de recursos estranhos, mas de contribuintes que mantém com o impugnante relação familiar. Não tendo a autoridade fiscal comprovado qualquer vínculo contraprestacional entre o autuado e familiares, a tributação deve ser afastada, já que na relação familiar, presumese a inexistência de fato gerador de imposto de renda; > os itens "Gol, Sul América e outros ” referemse a reembolsos de despesas que acompanha o dia a dia de qualquer cidadão; > R$ 841,53 referese a reembolso de despesas da Sul América conforme documentos em anexo; > R$ 157,00 referese a reembolso de passagem aérea conforme já informado no curso da ação fiscal; > o impugnante é empresário tendo ostentado o cargo de diretor da Rio Bravo Investimentos S/A DTVM no período fiscalizado. Deve ser afastado a tributação do valor de R$ 22.622,61 se comparado os valores recebidos a título de reembolso de despesas (R$ 7.062,32), retenção de aplicações financeiras (R$ Fl. 696DF CARF MF Processo nº 19515.007408/200804 Acórdão n.º 2201004.527 S2C2T1 Fl. 697 5 107.973,40) e de prolabore (R$ 12.358, 76) e que o cômputo do IR representou saldo a pagar de R$ 2.928,14; > requer o acolhimento da impugnação e improcedência do lançamento, especialmente a perícia requerida perante a conta corrente mantida junto ao BCN/Bradesco Marília; Da Decisão da DRJ Quando da apreciação do caso, a DRJ em São Paulo/SP julgou parcialmente procedente o lançamento, conforme acórdão com a seguinte ementa (fls. 604/620): ASSUNTO: IMPOSTO SODRE A RENDA DE PESSOA FÍSRCA IRPF Exercício: 2004 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA. Constituemse em base de incidência de imposto de renda da pessoa física rendimentos auferidos provenientes de pessoa jurídica. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. APRESENTAÇAO DE DOCUMENTOS COMPROVAÇAO DE QRIGEM DOS CREDITOS EM CONTA CORRENTE. A partir de 1° de janeiro de 1997, com a entrada em vigor da Lei 9.430 de 1996, consideramse rendimentos omitidos autorizando o lançamento do imposto correspondente os depósitos junto a instituições financeiras quando o contribuinte, após regularmente intimado, não lograr êxito em comprovar mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados. Somente enseja a revisão do lançamento à apresentação pelo contribuinte de prova robusta que comprove a origem de depósito bancário lançado como omissão de rendimento pela autoridade fiscal. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte” A autoridade julgadora de primeira instância exonerou o crédito tributário de R$ 48.125,00 (R$ 27.500,00 de imposto + R$ 20.625,00) pois reconheceu a idoneidade da documentação apresentada pelo contribuinte para justificar o depósito de R$ 100.000,00 (dois valores de RS 10.000,00 creditados em 23/09/2003 e R$ 80.000,00 em 24/09/2003) feito em razão de contrato de mútuo entre o contribuinte e sua mãe. A DRJ entendeu por manter o saldo remanescente, afirmando que o contribuinte não logrou em comprovar, com a individualização e exatidão necessária, a origem dos demais depósitos bancários, quais sejam: (i) Em que pese a comprovação de que o RECORRENTE possuía créditos com a Swiss Park Incorporadora S/C no valor de R$ 2.841.032,36 em 31/12/2002, não há Fl. 697DF CARF MF Processo nº 19515.007408/200804 Acórdão n.º 2201004.527 S2C2T1 Fl. 698 6 correspondência entre os valores declarados como amortização da dívida entre os anos calendário de 2002 e 2003, de R$ 501.911,00, e montante efetivamente depositados de R$ 472.166,00. Da mesma forma, os depósitos de R$ 10.000,00 e de R$ 24.000,00 repassados pela mãe do contribuinte sob o mesmo título também não foram devidamente individualizados e comprovados; (ii) Quanto aos valores declarados como proveniente de contrato de aluguel firmado entre o contribuinte e seu irmão, o RECORRENTE não há identidade de valores entre os constantes no instrumento contratual apresentado e os depósitos efetuados. Ademais, o contribuinte não juntou os contratos relativos ao período fiscalizado, anexando um contrato referente ao ano de 2001 e um termo que apenas consta que o aluguel equivalerá a 20% das comissões estabelecidas pelo Conselho Nacional do Petróleo para o revendedor; (iii) Não há identidade de data e valor entre o montante justificado como oriundos da compra e venda de ações da empresa UBF Garantias S/A e o depósito bancário recebido; (iv) Não há instrumento contratual apto para comprovar o mútuo firmado entre o RECORRENTE e a esposa de seu irmão, no valor total de R$ 27.000,00, bem como não consta na declaração de bens e direitos da Sra. Mônica Haddad Lewandoswki qualquer menção de mútuo com o RECORRENTE; (v) Quanto ao depósito no valor de R$ 50.308,10 que o contribuinte afirma ter sido feito em favor de sua esposa, em função da alienação de imóvel cuja mesma era condômina, não há identidade entre os valores constantes na Declaração de Imposto de Renda do espólio do sogro do Recorrente, no qual consta um crédito de R$ 15.000,00 a ser pago para esposa do RECORRENTE em função da alienação do imóvel em comento, e o valor efetivamente recebido de R$ 50.308,10; (vi) Os documentos de apresentados para comprovar os depósitos diversos de pequeno valor não são capazes de ilidir quaisquer dos créditos relacionados pela autoridade fiscal; (vii) As alegações prestadas pelo RECORRENTE não foram suficientes para afastar a presunção de rendimentos oriunda da diferença entre os valores declarados pelo contribuinte e pela pessoa jurídica Rio Bravo Investimentos S/A DTVM. Do Recurso Voluntário O RECORRENTE, devidamente intimado da decisão da DRJ em 30/11/2009, conforme termo de ciência de efl. 626, apresentou o recurso voluntário de efls. 627/663 em 23/12/2009. Em suas razões, reiterou os argumentos da Impugnação aplicáveis à parte mantida do lançamento. Este recurso compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório. Fl. 698DF CARF MF Processo nº 19515.007408/200804 Acórdão n.º 2201004.527 S2C2T1 Fl. 699 7 Voto Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais, razões por que dele conheço. PRELIMINAR DE NULIDADE O RECORRENTE alega que o lançamento seria nulo por ter considerado, na apuração do crédito tributário, o imposto pago no valor de R$ 18.805,87, enquanto que o imposto efetivamente pago pelo RECORRENTE teria sido de R$ 21.509,74, conforme fl. 689. Em princípio esclareço que um equívoco dessa natureza não é capaz de anular o lançamento. Sobre o tema, cito o o art. 59 do Decreto nº 70.235/72: “Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa.” No caso, um suposto equívoco quanto ao valor já pago de imposto pelo contribuinte é mero erro de cálculo que não implica em preterição do direito de defesa da parte. Ademais, o valor de R$ 18.805,87 foi extraído da própria declaração do RECORRENTE, onde se apurou tal quantia como imposto devido no exercício (fl. 04). No caso, verifico que as guias de fl. 689 apresentadas pelo RECORRENTE foram pagas em 2009 sob código da receita 2904 (IRPF LANÇAMENTO DE OFÍCIO). Verifico no número de referência que tais guias referemse ao presente processo. Ou seja, trata se de valor que o contribuinte reconheceu como devido e já efetuou o pagamento. Portanto, a unidade preparadora deve verificar o recolhimento do imposto e abater de eventual crédito tributário remanescente do presente processo. Neste sentido, deve ser afastado o pleito de nulidade do processo. PERÍCIA Quanto ao pedido de perícia, entendo não ser medida necessária ao deslinde da presente demanda. Não se trata o presente caso de matéria de fato controvertida ou de matéria jurídica de natureza técnica cuja comprovação não possa ser feita no corpo dos autos. Em verdade, tratase de deficiência na defesa do contribuinte que não logrou em apresentar Fl. 699DF CARF MF Processo nº 19515.007408/200804 Acórdão n.º 2201004.527 S2C2T1 Fl. 700 8 documentação específica para comprovar suas alegações, conforme razões que serão apresentadas ao longo do presente voto. Desta forma, tomando como base o disposto no artigo 18 do Decreto n° 70.235, de 1972, com a redação dada pelo art. 1° da Lei n° 8.748, de 1993, decido por negar o pedido de perícia proposto. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM ORIGEM COMPROVADA Foi lançado o imposto de renda relativo a depósitos efetuados em contas bancárias de titularidade do RECORRENTE, ao longo do ano de 2003, cujos extratos encontramse acostados às fls. 17/93. Durante a ação fiscal, o RECORRENTE foi intimado para a comprovar, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos créditos/depósitos ocorridos em suas contas bancárias (fl. 96). Em resposta, o RECORRENTE juntou os documentos comprobatórios de fls. 107/197. Posteriormente, a fim de buscar mais esclarecimentos sobre as alegações do RECORRENTE, este foi novamente intimado para comprovar suas alegações (fl. 200). Em que pese a autoridade fiscal ter reconhecido a procedência de alguns dos depósitos, o fisco procedeu com a lavratura do auto de infração dos depósitos não comprovados (fls. 209/213). Em princípio, devese esclarecer que o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 prevê expressamente que os valores creditados em conta de depósito que não tenham sua origem comprovada caracterizamse como omissão de rendimento para efeitos de tributação do imposto de renda, nos seguintes termos: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. A presunção de omissão de receita estabelecida pelo art. 42 da Lei nº 9.430/96 autoriza o lançamento quando a autoridade fiscal verificar a ocorrência do fato previsto, não sendo necessária a comprovação do consumo dos valores. A referida matéria já foi, inclusive, sumulada por este CARF, razão pela qual é dever invocar a Súmula nº 26 transcrita a seguir: “SÚMULA CARF Nº 26 A presunção estabelecida no art. 42 da Lei Nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.” Fl. 700DF CARF MF Processo nº 19515.007408/200804 Acórdão n.º 2201004.527 S2C2T1 Fl. 701 9 Portanto é legal a presunção de omissão de rendimentos por depósitos bancários de origem não comprovada, a qual pode ser elidida por prova em contrário, o que não aconteceu no presente caso. A única forma de elidir a tributação é a comprovação, pelo contribuinte, da origem dos recursos depositados nas contas correntes mediante documentação hábil e idônea. Para afastar a autuação, o RECORRENTE deve apresentar comprovação documental referente a cada um dos depósitos individualizadamente, nos termos do §3º do art. 42 da Lei nº 9.430/1996. O art. 15 do Decreto nº 70.235/72 determina que a defesa do contribuinte deve estar acompanhada de toda a documentação em que se fundamentar: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Deve, então, o RECORRENTE ter comprovado a origem dos recursos depositados na sua conta bancária durante a ação fiscal, ou quando da apresentação de sua impugnação/recurso, pois o crédito em seu favor é incontestável. Sobre o mesmo tema, importante transcrever acórdão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Anocalendário: 1998 (...) IMPOSTO DE RENDA TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVAMENTE COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS REGIME DA LEI Nº 9.430/96 POSSIBILIDADE A partir da vigência do art. 42 da Lei nº 9.430/96, o fisco não mais ficou obrigado a comprovar o consumo da renda representado pelos depósitos bancários de origem não comprovada, a transparecer sinais exteriores de riqueza (acréscimo patrimonial ou dispêndio), incompatíveis com os rendimentos declarados, como ocorria sob égide do revogado parágrafo 5º do art. 6º da Lei nº 8.021/90. Agora, o contribuinte tem que comprovar a origem dos depósitos bancários, sob pena de se presumir que estes são rendimentos omitidos, sujeitos à aplicação da tabela progressiva. (...) Recurso voluntário provido em parte. (1ª Turma da 4ª Câmara da 1ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais; julgamento em 04/02/2009)” Esclareçase, também, que a atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, devendo a autoridade fiscal agir conforme estabelece a lei, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional – CTN: Fl. 701DF CARF MF Processo nº 19515.007408/200804 Acórdão n.º 2201004.527 S2C2T1 Fl. 702 10 “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.” Desta forma, passamos a analisar, individualmente, as justificativas apresentadas pelo RECORRENTE para comprovar a origem dos depósitos bancários. Créditos oriundos da Swiss Park Incorporada S/C e da Sra. Karolina Lewandoska em função da amortização de créditos relativo à alienação de quota parte de imóvel para mencionada PJ (valor de R$ 472.116,00) Defende o RECORRENTE que o montante de R$ 472.116,00 é oriundo de crédito perante a empresa Swiss Park, o qual é amortizado ano a ano na proporção de 50% para sua mãe e 12.5% para cada filho, de forma que em 2002 o crédito remanescente da sua progenitora era de R$ 11.364.125,07 e de cada filho R$ 2.841.032,36. Em que pese existir crédito não tributável em favor do RECORRENTE advindos da empresa Swiss Park, e que de fato este crédito foi amortizado no ano de 2003 na ordem de R$ 501.911,00, o contribuinte não logrou em comprovar que os ingressos de R$ 472.116,00 são oriundos de tal amortização. Explico. Conforme previamente definido, é dever do contribuinte comprovar individualmente e através de documento hábil a origem de cada um dos depósitos efetuadas em sua conta. Contudo, o RECORRENTE apenas se limita a formular declarações genéricas de possíveis razões que levaram a incompatibilidade entre o valor declarado como amortizado no ano de 2003 e os depósitos efetuados, in verbis: “Ora, se absolutamente TODOS os depósitos do RECORRENTE foram identificados, se correspondem a mais do que doze milhões de reais e se dentro dos doze milhões não há a combinação para se chegar em R$ 501.911,00 (quinhentos e um mil, novecentos e onze reais), mas sim em R$ 472.116,00 (quatrocentos e setenta e dois mil e cento e dezesseis reais) não seria razoável a interpretação de que no lugar de amortizar o crédito perante a Swiss Park em R$ 501.911,00 (quinhentos e um novecentos e onze reais), o correto deveria ter sido, na declaração de bens, a diminuição de um ano para o outro no importe de RS 472.116,00(quatrocentos e setenta e dois mil e cento e dezesseis reais)? Ou, eventualmente, não seria razoável constatar que o crédito pode ter sido sim amortizado em R$ 501.911,00 e o efetivo ingresso na conta do RECORRENTE ter ficado na ordem de R$ 472.116,00, por conta de a diferença, i.e. R$ 29.795,00 ter sido paga pela Swiss Park na conta eleita pela família, mas lá Fl. 702DF CARF MF Processo nº 19515.007408/200804 Acórdão n.º 2201004.527 S2C2T1 Fl. 703 11 represada para em outro ano 'calendário ser disponibilizado ao RECORRENTE? Em razão da inversão do ônus da prova fruto da presunção de omissão de rendimentos nos casos de depósito sem origem comprovada, caberia ao RECORRENTE comprovar, efetivamente a origem dos créditos, e não ter se limitado a alegações genéricas do que pode ter ocorrido. Não cabe ao fisco, inclusive por força da estrita vinculação legal do ato de lançamento, afastar a presunção com base em cenários hipotéticos. Ante a ausência nos autos de documentação hábil e idônea para comprovar como proveniente da amortização do crédito não tributável que possui em favor do Swiss Bank os valores depositados, não pode o fisco afastala com base em alegações genéricas. Dos aluguéis recebidos (R$ 27.550,00) Neste ponto, entendo que não merece prosperar a alegação do RECORRENTE. Para comprovar a origem dos depósitos como proveniente de alugueis de imóveis não residenciais, o contribuinte junta ao processo 5 contratos de aluguéis, nos quais constam como locadores ele, seus irmãos e sua progenitora, e sempre com cláusula específica determinando o depósito dos valores na conta de seu irmão Aloísio Marcel Lewandowski. Apesar das evidências apontarem que tais valores são oriundos da renda de alugueis, ante a habitualidade dos depósitos e a previsão contratual, a documentação acostada não apresenta identidade de valores e datas, especificamente no tocante aos instrumentos contratuais de fls. 489/494 (Locatária: Posto de Serviços Terra Nova LTDA.), fls 495/500 (Locatária: Primus Prestação de Serviços Empresariais LTDA.) e fls. 501/507 (Locatária: Transempre Transportes Ltda.), pois ou não estipulam um valor fixo em Reais ou são demasiadamente antigos para comprovar o valor efetivamente recebido, em função dos prováveis reajustes sofridos. Por fim, perceba que existe clara incompatibilidade entre os valores declarados pelo próprio RECORRENTE em sua declaração anual como proveniente de alugueis (R$ 21.827,39) e os valores que o RECORRENTE alega terem sido efetivamente recebidos a este título (R$ 27.550,00). Este fato pode levar a uma das duas conclusões lógicas: (i) os valores que o contribuinte alega terem sido recebidos a título de aluguel foram, em verdade, recebidos a outro título de origem não comprovada; ou (ii) o contribuinte dolosamente declarou montante inferior em sua declaração anual com o intuito de fraudar o fisco. Independente de qual seja o caso, a documentação não cumpre os requisitos de identidade de valor e data para afastar a presunção legal de omissão de rendimentos. Contrato de venda de ações (R$ 5.682,72) Neste ponto, entendo que merecem prosperar as alegações do contribuinte quanto ao depósito de R$ 5.682,72 creditado em 03/04/2003 em função da alienação de ações Fl. 703DF CARF MF Processo nº 19515.007408/200804 Acórdão n.º 2201004.527 S2C2T1 Fl. 704 12 entre o RECORRENTE e a UBF GARANTIAS S.A, conforme instrumento particular de compra e venda de fls. 524/525. O referido instrumento estabelece que o RECORRENTE alienou à compradora 476.595.454 ações ordinárias nominativas representativas de 2,4366% do capital social da empresa UBF Garantias S/A, pelo preço certo e ajustado de R$ 304.924,52, com data base de 31/12/2002. De acordo com a cláusula 2° do referido instrumento: “O preço ora ajustado será pago em 05 (cinco) parcelas iguais e consecutivas, no valor de R$ 60.984,90 (sessenta mil, novecentos e oitenta e quatro reais e noventa centavos) cada uma, corrigidas desde a data base acima mencionada pelo IGPM e acrescidas de juros de l2% ao ano até a data do efetivo pagamento, vencendose a primeira em 31/03/2003, e as demais em 30/09/2003, 31/03/2004, 30/09/2004, e 31/03/2005, quanto então o VENDEDOR dará à COMPRADORA, plena e geral quitação.” A DRJ demostrou através de cálculos (fl. 615) que ao aplicar o índice IGPM do período de dez/2002 a mar/2003, acrescido dos juros de 12% a.a. prorata die, a diferença da parcela corresponderia ao montante de R$ 7.197,56 e não ao valor de R$ 5.682,72 creditado em 03/04/2003. Assim, entendeu que referido depósito não corresponderia à atualização da parcela da venda da participação societária. No entanto, a autoridade julgadora de primeira instância apurou o valor bruto do que seria devido ao RECORRENTE a título de juros e correção monetária, ao passo que o valor depositado na conta do contribuinte é líquido, tendo em vista que a compradora procedeu com a retenção e recolhimento do imposto de renda sobre os juros e outros acréscimos pagos em função da alienação da participação societária, conforme comprovante de rendimentos de fl. 527. O acima exposto, aliado ao fato de que o extrato de fl. 536 informa expressamente que o valor de R$ 5.682,72 creditado em 03/04/2003 é proveniente da UBF GARANTIAS, converge para a conclusão de que tal valor corresponde à correção e juros da parcela paga em março/2003 relativa ao instrumento particular de compra e venda de fls. 524/525. Em suma, verifico que o crédito no valor de R$ 5.682,72, datado de 03/04/2003, tem a fonte pagadora identificada (fl. 536), o instrumento particular de compra e venda firmado com tal fonte pagadora prevê o pagamento de juros e atualização sobre cada parcela paga (fls. 524/525), houve o crédito da primeira parcela em março/2003 (conforme extrato bancário de fl. 534) e a fonte pagadora efetuou a retenção e recolhimento de imposto de renda naquele anocalendário, conforme informe de rendimentos de fl. 527, o qual informa que o os rendimentos (no total de R$ 15.873,20 e IR retido de R$ 3.518,97) “referemse a juros e outros acréscimos, pagos por pessoas jurídicas a pessoa físicas, pela alienação de bens e direitos a prazo”. Sendo assim, entendo que o crédito de R$ 5.682,72 efetuado em 03/04/2003 corresponde à correção da parcela paga pela venda de participação societária à UBF Garantias, Fl. 704DF CARF MF Processo nº 19515.007408/200804 Acórdão n.º 2201004.527 S2C2T1 Fl. 705 13 sendo devidamente tributado e, portanto, deve ser excluído da base de cálculo do tributo lançado por omissão de rendimentos. Contrato de Mútuo – Mônica Haddad Lewandowski (R$ 27.000,00) Alega o contribuinte que os depósitos de R$ 17.000,00, efetuado em 24/09/2003 e de R$ 10.000,00, efetuado em 03/10/2003 tratamse de amortização de empréstimo firmado entre ele e a esposa do seu irmão, Mônica Haddad Lewandowski. Não merece prosperar a alegação do contribuinte, pois o mesmo não comprova a efetiva saída dos recursos. Perceba que na tabela apresentada as fls. 656 o RECORRENTE informa que houve saída de recursos nos dias 27/05/2003 (R$ 16.000,00), 29/06/2003 (R$ 25.600,00), 27/11/2003 (R$ 29.000,00) e 26/12/2003 (R$ 46.000,00). Contudo, em análise aos extratos referentes aos meses em comento, não se identifica nenhuma saída compatível relativa aos meses de maio e junho (anteriores às supostas amortizações realizadas em 24/09/2003 e 03/10/2003), conforme se percebe nas fls. 46/49, 54/57, 83/84 e 87. A jurisprudência do CARF entende que para ser comprovado o contrato de mútuo a saída dos recursos deve ser provada nos autos, o que não aconteceu no caso em tela. Neste sentido: MÚTUO. COMPROVAÇÃO. A alegação de que foram recebidos recursos em empréstimo obtido de pessoa física deve ser acompanhada dos comprovantes do efetivo ingresso do numerário no património do contribuinte, além da informação da dívida nas declarações de rendimentos do mutuário e do mutuante e da demonstração de que este último possuia recursos próprios suficientes para respaldar o empréstimo. (Ac 1 061283 6 de 23/08/2002) EMPRÉSTIMO NÃO COMPROVADO – MÚTUO. empréstimos realizados com terceiros deve vir acompanhada de provas inequívocas da efetiva transferência dos numerários emprestados, não bastando a simples apresentação do contrato de mútuo e/ou a informação nas declarações de bens do credor e do devedor. (Acórdão 10613763 de 05/12/2003) Portanto, deve ser mantido lançamento em relação aos depósitos de R$ 17.000,00, efetuado em 24/09/2003 e de R$ 10.000,00, efetuado em 03/10/2003. Depósito em favor da esposa, Valéria Lewandowski (R$ 50.308,10) Afirma o recorrente que o depósito de R$ 50.308,10 é fruto da alienação de imóvel pertencente ao espólio do seu sogro no qual a sua esposa era condômina, proprietária da fração ideal de 12,5%. Fl. 705DF CARF MF Processo nº 19515.007408/200804 Acórdão n.º 2201004.527 S2C2T1 Fl. 706 14 Novamente não existe identidade de valores entre o depósito creditado e a justificativa apresentada. Em princípio, destacase a incongruência entre o valor da venda do imóvel apresentado na declaração de imposto de renda do espólio e na promessa de compra e venda. Na declaração o valor venal foi de R$ 120.000,00 (fls. 577), por sua vez na promessa de compra e venda consta o valor de R$ 190.000,00 fls. (570). Todavia, irrelevante para a presente lide a divergência entre tais valores, posto que, independentemente do valor efetivamente praticado ter sido o da declaração ou o da promessa de compra e venda, o percentual de 12.5% de nenhum deles sequer alcança a metade do depósito que se pretende confirmar com tal operação. Portanto, deve ser mantido o lançamento sobre tal valor. Dos outros reembolsos O RECORRENTE apresenta documentação de fls. 583/593 relativa ao reembolso de despesas médicas. Contudo, não existe identidade de valores e datas entre os comprovantes de reembolso apresentados e os depósitos objeto da autuação (fls. 209/213). Ou seja, referidos reembolsos não foram objeto do lançamento. Por sua vez, quanto às demais despesas justificadas como reembolso por despesas familiares, novamente não logrou o RECORRENTE em apresentar documentação hábil e idónea. Ora, se o contribuinte alega se tratar de reembolso por despesas familiares, o mínimo que deveria ter feito era apontar a origem de tais valores. CONCLUSÃO Assim, considero insubsistentes as alegações do RECORRENTE, devendo o lançamento ser mantido em parte, exonerando apenas o depósito oriundo do contrato de venda de participação societária à UBF GARANTIAS S.A (R$ 5.682,72), mantendo os demais depósitos como omissão de rendimentos, pois não há comprovação da fonte de origem dos depósitos efetuados na conta bancária do RECORRENTE. Em razão do exposto, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, conforme razoes acima apresentadas. A unidade preparadora deve verificar o recolhimento parcial do imposto pelo RECORRENTE (fl. 689) e abater de eventual crédito tributário remanescente do presente processo. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim – Relator Fl. 706DF CARF MF Processo nº 19515.007408/200804 Acórdão n.º 2201004.527 S2C2T1 Fl. 707 15 Fl. 707DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.916392/2008-81
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3001-000.057
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para o órgão fiscal competente analisar documentos apresentados no Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo.
Nome do relator: ORLANDO RUTIGLIANI BERRI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para o órgão fiscal competente analisar documentos apresentados no Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo. RELATÓRIO Dos fatos Cuidase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão 1642.311, da 11ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo/SP DRJ/SP1 que, em sessão de julgamento realizada em 04.12.2012, julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório declarado. Por bem sintetizar os fatos, transcrevo o relatório do acórdão recorrido (efls. 77 a 83): DA DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Trata o presente processo de Declaração de Compensação DCOMP n.º 37372.96035.130204.1.3.045085 (fls. 07 a 11), transmitida em 13/02/2004, que indicava como crédito o pagamento indevido ou a maior de COFINS código 2172, ocorrido em 15/07/2003, no montante RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 16 39 2/ 20 08 -8 1 Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10880.916392/200881 Resolução nº 3001000.057 S3C0T1 Fl. 109 2 de R$ 692,33 (crédito original na data de transmissão), referente ao período de apuração 30/06/2003, com débitos próprios de COFINS código 21721, com vencimentos em 15/05/2003 e 14/11/2003, sendo o valor total do DARF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais) igual a R$ 1.300,00. Cabe observar que consta, nesta DCOMP, no campo "Total do Crédito Original Utilizado nesta DCOMP", o valor de R$ 679,12, e, no campo "Saldo do Crédito Original", o valor de R$ 13,21. DO DESPACHO DECISÓRIO A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária (DERAT) em São Paulo emitiu, em 26/08/2008, o Despacho Decisório (DD) eletrônico com n.º de rastreamento 783788361 (fls. 02), assinado pelo titular da unidade de jurisdição da interessada, não homologando a compensação declarada, constando em sua fundamentação: (...) A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. (...) A interessada foi cientificada do referido despacho decisório em 29/08/2008 (fls. 05 a 06). DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Inconformada com o despacho decisório, a empresa apresentou, em 04/09/2008, a manifestação de inconformidade de fls. 12 a 13, com documentos anexos às fls. 14 a 75 (cópias de Procuração, de Instrumento Particular de Alteração do Contrato Social de 27/12/2006, de documento de identificação do subscritor da manifestação de inconformidade, de planilhas de demonstração de pagamento e compensação do COFINS/2003 e do PIS/2003, e de PER/DCOMP, Despacho Decisório, DARF e Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral no CNPJ), deduzindo as alegações a seguir sintetizadas. A empresa, primeiramente, faz menção aos despachos decisórios com números de rastreamento 783788361, 783788375 e 783788389, que, segundo ela, mostrariam, respectivamente, que os valores de R$ 692,33, R$ 438,26 e R$ 365,78, utilizados para compensação, já haviam sido utilizados para compensações anteriores, não restando saldo disponível, relatando, ainda: • que o valor de R$ 692,33, referente à COFINS de 06/2003, pago a maior em 15/07/2003, conforme Darf anexo, teria sido utilizado para compensação de parte da COFINS referente ao mês 04/2003 (R$ 27,37) e parte da COFINS referente ao mês Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10880.916392/200881 Resolução nº 3001000.057 S3C0T1 Fl. 110 3 10/2003 (R$ 580,00) de forma correta, conforme demonstrado em tabelas; • que o valor de R$ 438,26, referente à COFINS de 07/2003, pago a maior em 15/08/2003, conforme Darf anexo, teria sido utilizado para compensação de parte da COFINS referente ao mês 10/2003 (R$ 91,53) e parte da COFINS referente ao mês 11/2003 (R$ 280,00) de forma correta, conforme demonstrado em tabelas; • que o valor de R$ 365,78, referente ao PIS de 06/2003, pago a maior em 15/07/2003, conforme Darf anexo, teria sido utilizado para compensação de parte do PIS referente ao mês 04/2003 (R$ 40,05) e parte do PIS referente ao mês 10/2003 (R$ 280,00) de forma correta, conforme demonstrado em tabelas. Em seguida, informa que teria anexado aos autos, entre outros documentos, cópias dos despachos decisórios retro mencionados e dos PER/DCOMP com os seguintes números: 37372.96035.130204.1.3.045085, 42674.49901.130204.1.3.040540 e 00045.25719.130204.1.3.049526. À vista de todo o exposto, entendendo estar demonstrada a insubsistência e improcedência dos despachos decisórios anexos, requer o acolhimento da manifestação de inconformidade para o fim de assim ser decidido, cancelandose os débitos fiscais reclamados. É o relatório. Da decisão de 1ª Instância A 11ª Turma da DRJ/SP1, ao julgar improcedente a manifestação de inconformidade, exarou citado acórdão, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 15/07/2003 DCOMP DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ÔNUS DA PROVA. Compete à interessada a comprovação de seu direito creditório meras alegações, desacompanhadas de elementos de prova, não são suficientes para reformar a decisão que não homologou a compensação. Não apresentada a escrituração contábil, nem outra documentação hábil e suficiente, demonstrando a liquidez e certeza do crédito informado na DCOMP, se mantém a decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária em São Paulo, sem o reconhecimento de direito creditório. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10880.916392/200881 Resolução nº 3001000.057 S3C0T1 Fl. 111 4 Da ciência O contribuinte, em 02.05.2013, segundo "Aviso de RecebimentoAR" (efl. 85), tomou conhecimento da "INTIMAÇÃO 1167/2013" (efl. 84) dando conta do acórdão vergastado. Irresignado com a referida decisão, em 28.05.2013, conforme carimbo aposto "C.A.C./LUZ DERAT/SP 08.1.80.008 Nº 132" na "Folha de Rosto", o recorrente juntou o recurso voluntário (efls. 86 a 106). Do recurso voluntário Por sua singeleza, reproduzo os argumentos de defesa apresentados, que entendo suficientes para evidenciar a plausibilidade da proposta de diligência. Alega o recorrente que: A Arcobrás Comercial e Incorporadora Ltda, com sede à Rua São Bento, 545 100 andar Centro S.P. CEP. 01011 100, inscrita no CNPJ sob o n.º 60.601.721/000189, não se conformando com o Acórdão 1642.311 11ª Turma da DRJ/SP1 Processo 10880.916.392/200881 vêm, respeitosamente, no prazo legal, esclarecer e comprovar com documentos legais, por meio da apresentação da escrituração contábil do período, lançamento Diário, o Razão, parte da DIPJ ano calendário 2003, a planilha de cálculo da COFINS do período em discussão e a planilha de demonstração de pagamentos e compensações dos impostos, demonstrando a origem do crédito para as compensações na DCOMP nº 37372.96035.130204.1.3.045085, conforme esclarecimentos abaixo: I DOS FATOS A) O valor apurado da COFINS (cód.2172) referente ao mês 06/2003 foi de R$ 607,67 conforme demonstrado em lançamento diário, razão e base de cálculo, sendo que o recolhimento feito para o imposto em referencia foi de R$ 1.300,00 (maior que o devido) cf. DARF em 15/07/2003 já demonstrado anteriormente, originando o saldo credor de R$ 692,33, utilizado para a compensação de parte do valor recolhido à menor da COFINS (cód.2172) referente ao mês 04/2003 (R$ 27,37) e parte do valor recolhido à menor da COFINS (cód.2172) referente ao mês 10/2003 (580,00) conforme demonstrado em tabela anexa. II DA CONCLUSÃO À vista de todo o exposto, utilizamos o direito de interpor RECURSO ao CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS, solicitando o cancelamento do débito fiscal reclamado. Apresenta, juntamente com o arrazoado acima transcrito, os documentos juntados às efls. 89 a 99, no intuito de comprovar suas alegações e corroborar com a verdade material dos fatos. Do encaminhamento Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10880.916392/200881 Resolução nº 3001000.057 S3C0T1 Fl. 112 5 O processo digital, então, foi encaminhado para ser analisado por este Carf na forma regimental. É o relatório. VOTO Conselheiro Orlando Rutigliani Berri, Relator Da admissibilidade No caso, compulsando as datas antes destacadas, concluise que a referida petição recursal é tempestiva e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos na legislação; de modo que dela conheço. Da decisão recorrida Do voto condutor do acórdão recorrido colhese: Tendo em vista o disposto no artigo 74 da Lei n.º 9.430, de 27/12/1996, a seguir parcialmente transcrito, e, sendo tempestiva a manifestação de inconformidade apresentada, dela tomo conhecimento. (...) Não obstante as razões apresentadas pela empresa, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar, devendo a decisão da DERAT São Paulo, que não homologou a compensação declarada, ser mantida em sua integralidade pelas razões a seguir expostas. Cabe observar, aqui, que o processo em tela se refere apenas à Declaração de Compensação (DCOMP) n.º 37372.96035.130204.1.3.045085, que foi objeto do Despacho Decisório (DD) com n.º de rastreamento 783788361, não dizendo respeito às DCOMP’s n.º 42674.49901.130204.1.3.040540 e 00045.25719.130204.1.3.049526, objeto dos DD’s com n.º de rastreamento 783788375 e 783788389, respectivamente, também mencionados pela empresa, em sua manifestação de inconformidade. Cumpre esclarecer, no caso, que o despacho decisório apontou como causa da não homologação da compensação declarada: a inexistência de crédito disponível, tendo sido o DARF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais) discriminado na DCOMP (Declaração de Compensação) integralmente utilizado para a quitação de débitos do contribuinte, que estavam declarados em DCTF (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais). Desse modo, temse que os motivos da não homologação da compensação pleiteada residem em declarações e documentos produzidos pelo próprio contribuinte, e entregues à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). É de se destacar que a DCTF, a teor do que dispõe o DecretoLei n.º 2.124/84, em seu artigo 5º, parágrafo 1º, se constitui em um instrumento de confissão de dívida, e que eventual retificação dos Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10880.916392/200881 Resolução nº 3001000.057 S3C0T1 Fl. 113 6 valores antes nela informados deve ter por fundamento os dados da escrituração contábil da empresa. Cabe mencionar, ainda, no presente caso, que, até o presente momento, não consta no sistema informatizado da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) a entrega de DCTF retificadora relativa ao período de apuração em tela, e que, quando da transmissão da DCOMP em tela, o crédito não existia, pois o pagamento realizado por meio do DARF aí informado estava integralmente alocado ao débito declarado pela empresa, em DCTF, referente a COFINS Db: cód 2172 PA 30/06/2003. Ademais, cumpre ressaltar, aqui, que a simples apresentação de DCTF retificadora após a transmissão da DCOMP não seria suficiente para demonstrar a existência do crédito pleiteado, perante esta autoridade julgadora, sendo imprescindível a sua comprovação por documentação hábil que desse suporte aos valores declarados. Ou seja, nesta fase do processo, tal declaração a DCTF retificadora deveria estar acompanhada de documentos comprobatórios de erro no preenchimento da DCTF que já havia sido entregue antes dela, a fim de conferir liquidez e certeza ao crédito. E, no caso, a empresa não acostou aos autos documentos, como cópias da sua escrituração contábil, objetivando respaldar qualquer retificação que viesse a ser feita em suas declarações originais. Cabe salientar que a simples alegação de erro, e eventual retificação em DCTF, neste momento do rito processual, não são suficientes para fazer prova em favor do contribuinte, existindo a necessidade de comprovação documental do quanto alegado, em especial no que tange ao real valor devido, pela empresa, a título de COFINS código 2172, referente ao período de apuração 30/06/2003, por meio da apresentação da escrituração contábil do período, em especial os Livros Diário e Razão, e dos documentos que lhe dão sustentação, cabendo registrar, no caso, que somente são passíveis de compensação os créditos líquidos e certos, nos termos do artigo 170, “caput” do Código Tributário Nacional (CTN), a seguir transcrito. (...) Ressaltese que o sucesso da empresa em ver homologada a compensação declarada, nesta instância administrativa, já fora da órbita do tratamento eletrônico, se condiciona à comprovação da liquidez e certeza do crédito, devendo estar demonstrado que este tem apoio não só legal como documental. Assim, como não restou, aqui, devidamente comprovada a existência do crédito informado, pela empresa, na DCOMP, com documentação hábil, idônea e suficiente, não tendo sido apresentada prova inequívoca de erro relativo ao preenchimento da DCTF quando da elaboração da declaração original, não há que se falar em homologação da compensação. É de se observar, por fim, que, nos termos dos artigos 15 e 16 do Decreto n.º 70.235/72 e do artigo 333, inciso I do Código de Processo Civil (CPC), a seguir parcialmente transcritos, a prova do fato, no Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10880.916392/200881 Resolução nº 3001000.057 S3C0T1 Fl. 114 7 caso o equívoco no preenchimento da DCTF original, compete à pessoa que alega o fato, devendo ser esta, como regra, apresentada por ocasião da manifestação de inconformidade, o que não ocorreu no presente caso. (...) Do pedido: Assim, não deve ser atendido, aqui, o pedido da empresa, no sentido de acolhimento de sua manifestação de inconformidade, não restando demonstrada a liquidez e certeza do crédito, não havendo que se falar em improcedência do despacho decisório e em homologação da compensação declarada. E, desta forma, temse que os débitos informados na DCOMP, no momento, não devem ser cancelados. É de se destacar, no caso, que a declaração de compensação (DCOMP) constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do débito indevidamente compensado. nos termos do artigo 74, parágrafo 6º da Lei n.º 9.430/96, com a redação da Lei n.º 10.833/2003, a seguir transcrito. (...) Conclusão: Ante o exposto, voto no sentido de considerar a MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE IMPROCEDENTE, mantendo integralmente o Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte. Da justificativa para a proposta de diligência Compulsandose os autos verificase que o pedido de compensação do recorrente foi indeferido, por meio de despacho decisório eletrônico, número de rastreamento 783788361, em decorrência da inexistência de crédito. O acórdão recorrido, corretamente, manteve o indeferimento do pedido de compensação sob o argumento de o interessado não haver apresentado qualquer elemento contábilfiscal que demonstrasse o alegado pagamento a maior ou indevido e, deste modo, não ter comprovado a liquidez e certeza do crédito informado na DComp em questão. Portanto, o fundamento da decisão recorrida foi a falta de apresentação de documentação probante satisfatória (escrituração contábilfiscal) que corroborasse as informações apresentadas, notadamente, na DCTF retificadora. O interessado, quando da apresentação do recurso voluntário, aduz que "não se conformando com o Acórdão 1642.311 11ª Turma da DRJ/SP1 Processo 10880.916.392/200881 vêm, respeitosamente, no prazo legal, esclarecer e comprovar com documentos legais, por meio da apresentação da escrituração contábil do período, lançamento Diário, o Razão, parte da DIPJ ano calendário 2003, a planilha de cálculo da COFINS do período em discussão e a planilha de demonstração de pagamentos e compensações dos impostos, demonstrando a origem do crédito para as compensações na DCOMP nº 37372.96035.130204.1.3.045085" e que no seu entender é suficiente para a solução do litígio Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10880.916392/200881 Resolução nº 3001000.057 S3C0T1 Fl. 115 8 uma vez que o fundamento do despacho decisório repousa na inexistência de crédito disponível para compensação dos débitos informados no respectivo Per/Dcomp. Pois bem, é certo que é condição indispensável à compensação de tributos a liquidez e certeza do crédito, nos termos do que dispõe o art. 170A da Lei nº 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), sendo, portanto, necessária a comprovação efetiva da existência desses supostos créditos, o que pode ser demonstrado com base na análise da documentação contábilfiscal do contribuinte. Deste modo, com vista a propiciar a mais ampla oportunidade para o recorrente esclarecer e comprovar os fatos alegados, em atendimento aos princípios da verdade material, da ampla defesa e do contraditório, sou da opinião que o presente julgamento deve ser convertido em diligência, por entender que a documentação carreada aos autos, juntamente com o recurso voluntário apresentado, sinaliza com a possibilidade de acerto quanto ao correto valor do indébito de Cofins, e, com isto, o reconhecimento da extinção do débito tributário objeto da compensação, nos termos do inciso II do artigo 156 do CTN. Da conclusão Em face do acima exposto, nos termos dos artigos 18 e 29 do Decreto nº 70.235, de 1972, proponho a realização de diligência para que a autoridade fiscal da repartição de origem proceda à análise da documentação apresentada pelo recorrente em seu recurso voluntário, bem como, se entender necessário, intimar o contribuinte para apresentar outros documentos. Desta forma, os autos devem retornar à repartição de origem Derat/São Paulo para realização da diligência solicitada. Ao término dos trabalhos, a autoridade fiscal da repartição de origem deverá elaborar relatório conclusivo sobre os fatos apurados na diligência, inclusive manifestandose sobre a existência ou não de crédito líquido e certo apto para a homologar a compensação declarada, objeto do presente processo. Encerrada a instrução processual o recorrente deverá ser intimado a manifestar se, se assim desejar, no prazo de 30 (trinta) dias, antes da devolução do processo para este Carf, para prosseguimento do feito. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Fl. 115DF CARF MF
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Numero do processo: 13864.720198/2011-94
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-006.724
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1683; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 245 1 244 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13864.720198/201194 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202006.724 – 2ª Turma Sessão de 18 de abril de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MUNICIPIO DE JACAREI ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 86 4. 72 01 98 /2 01 1- 94 Fl. 245DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório A Fazenda Nacional, inconformada com o decidido no Acórdão nº 240301.971, proferido pela 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF em 13/03/2013, interpôs recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais. A decisão recorrida deu provimento parcial ao recurso para determinar a exclusão da multa de ofício aplicada até a competência de novembro de 2008 e determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei n. 8.212/91, na redação dada pela Lei n. 11.941/2009 (art. 61, da Lei n. 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Segue abaixo a ementa e o dispositivo do acórdão recorrido: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÃO DEVIDA. SEGURO ACIDENTE DO TRABALHO (SAT). ENTE PÚBLICO. ALÍQUOTA. A alíquota estabelecida para as atividades da Administração Pública em geral possui respaldo legal. REGULAMENTAÇÃO. LEGALIDADE. Não fere o Princípio da Legalidade a regulamentação, através de decreto, do conceito de atividade preponderante e da fixação do grau de risco da atividade laborativa. MULTA DE MORA. MULTA DE OFÍCIO. DISTINÇÃO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. A multa de mora prevista na legislação anterior deve ser limitada a 20%, pela aplicação retroativa do atual artigo 35 da Lei nº 8.212/1991. Já a multa de ofício correspondente a 75%, criada pela MP nº 449/2008 convertida na Lei nº 11.941/2009, deve ser cancelada nos períodos anteriores a sua criação. Recurso Voluntário Provido em Parte. Na origem, tratase de lançamento consubstanciado no DEBCAD 37.050.4704, em razão de descumprimento de obrigação acessória preceituada no art. 32, IV e § 5º, da Lei nº 8.212/91, por ter a empresa apresentado GFIP’s com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. O presente Recurso Especial visa à rediscussão das Penalidades/Retroatividade Benigna AIOP/AIOA: fatos geradores anteriores à MP nº 449, de Fl. 246DF CARF MF Processo nº 13864.720198/201194 Acórdão n.º 9202006.724 CSRFT2 Fl. 246 3 2008 tendo sido admitido. O contribuinte apresentou contrarrazões pugnando pela manutenção do a quo quanto a esta questão. O Contribuinte apresentou ainda, Recurso Especial quanto à matéria principal (NFLD 37.356.4279), recurso este não admitido em exame ou reexame de admissibilidade. Frente a essas decisões, procedeu o pagamento do valor, conforme comprovação de telas em fls 242/243 e despacho de Desistência de fls 237. É o relatório. Voto Conselheira Patrícia da Silva Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL Fl. 247DF CARF MF 4 RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499: Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos Fl. 248DF CARF MF Processo nº 13864.720198/201194 Acórdão n.º 9202006.724 CSRFT2 Fl. 247 5 previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Fl. 249DF CARF MF 6 Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Fl. 250DF CARF MF Processo nº 13864.720198/201194 Acórdão n.º 9202006.724 CSRFT2 Fl. 248 7 Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Fl. 251DF CARF MF 8 Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 252DF CARF MF Processo nº 13864.720198/201194 Acórdão n.º 9202006.724 CSRFT2 Fl. 249 9 § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Diante de todo o exposto, conheço o Recurso interposto pela Fazenda Nacional dandolhe provimento para reformar a decisão a quo para que a multa seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 É como voto (assinatura digital) Patrícia da Silva Fl. 253DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.003792/2002-00
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2003, 2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO NO DISPOSITIVO DA DECISÃO. SANEAMENTO.
Acolhem-se os embargos de declaração para suprir contradição, com efeitos infringentes.
Numero da decisão: 1401-002.172
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, em por unanimidade de votos, acolher os embargos, dando-lhe provimento para tão somente sanar a contradição existente na parte dispositiva do Acórdão Recorrido, nos termos do voto da Relatora. Conselheira Livia De Carli Germano ausente momentaneamente. Participou do julgamento o Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Letícia Domingues Costa Braga e Leonam Rocha de Medeiros.
Nome do relator: Antonio Bezerra Neto
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1595; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 2.052 1 2.051 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.003792/200200 Recurso nº Embargos Acórdão nº 1401002.172 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de fevereiro de 2018 Matéria Embargos de Declaração Embargante FAZENDA NACIONAL Interessado KODAK BRASILEIRA COMERCIO DE PRODUTOS PARA IMAGEM E SERVICOS LTDA ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003, 2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO NO DISPOSITIVO DA DECISÃO. SANEAMENTO. Acolhemse os embargos de declaração para suprir contradição, com efeitos infringentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, em por unanimidade de votos, acolher os embargos, dandolhe provimento para tão somente sanar a contradição existente na parte dispositiva do Acórdão Recorrido, nos termos do voto da Relatora. Conselheira Livia De Carli Germano ausente momentaneamente. Participou do julgamento o Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Letícia Domingues Costa Braga e Leonam Rocha de Medeiros. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 37 92 /2 00 2- 00 Fl. 2052DF CARF MF 2 Relatório Tratase de embargos de declaração interpostos pela Fazenda Nacional. Afirmase que a 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF, ao prolatar o Acórdão nº 1401001.518, incorreu em obscuridade, conforme trechos de seus embargos a seguir reproduzidos: Em síntese, como se pode observar, a decisão da DRJ/SPOI: 1. Manteve parcialmente a apuração pelo método PRL, reduzindo a base de cálculo de R$ 354.600,52 para R$ 238.234,93; Cancelou totalmente a apuração pelo método PIC, reduzindo a base de cálculo de R$ 1.552.063,90 para zero; 3. Manteve integralmente a apuração pelo método CAP, conservando a base de cálculo original de R$ 2.683.783,64. Acórdão de Recurso Voluntário nº 1401001.807 (folhas 2.025 a 2.036). [...] Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário para manter integralmente a infração ligada ao método PRL que foi reformada pelo Acórdão da CSRF nº 9101001.340. Por sua vez, a decisão do CARF conclui da seguinte forma: ‘nego provimento ao recurso voluntário em relação à parte devolvida para análise e ratifico a decisão da DRJ, ficando mantida a infração relacionada a PRL, uma vez que as duas outras infrações foram canceladas em definitivo pela câmara baixa’. Pois bem, o objeto do presente despacho se restringe a elucidar a decisão do CARF, pois, conforme texto destacado acima, não está claro em que ponto esta reformou a decisão da DRJ, se é que a reformou. Objetivamente, está correta a interpretação de que a decisão do CARF reformou a decisão da DRJ apenas para cancelar a apuração da base de cálculo pelo método CAP (de R$ 2.683.783,64 para zero)? Em outras palavras, está correta a interpretação de que a decisão do CARF determinou que, dentre os três métodos em comento (PRL, PIC e CAP), somente é tributável a base de cálculo apurada pelo método PRL e no valor de R$ 238.234,93 (que é o montante mantido pela DRJ em relação a este método)? (...) Conforme consulta ao eprocesso, os embargos foram opostos tempestivamente e por parte legítima, qual seja, o titular da unidade da administração tributária encarregada da liquidação e execução do acórdão. Fl. 2053DF CARF MF Processo nº 16327.003792/200200 Acórdão n.º 1401002.172 S1C4T1 Fl. 2.053 3 Quanto à alegação de obscuridade, é de se dizer que esta se revelou procedente, eis que a ora embargante demonstrou o ponto sobre o qual teria havido obscuridade por parte da Turma julgadora no julgamento do Acórdão nº 1401001.807. Tendo em vista todo o exposto, e nos termos do art. 65, § 1º, V do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, os Embargos de Declaração opostos pelo Delegado da Receita Federal em São Jose dos Campos, foram acolhidos em razão de a alegação de obscuridade revelarse procedente, submetendoa à apreciação da Turma. É o relatório. Voto Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Relatora Os embargos são tempestivos, para preencher todos os requisitos de admissibilidade, há que se verificar a existência dos vícios apontados. Quanto ao questionamento dos embargos, esclareço que conforme votado do Acórdão embargado, o presente processo já foi julgado na 7a Câmara do então, 1o Conselho de Contribuintes, com o seguinte resultado assim formalizado: "Assim, afasto as preliminares de nulidade e voto por se NEGAR provimento ao Recurso de Oficio e por se DAR Provimento ao Recurso Voluntário". A Fazenda Nacional ingressou com recurso especial à CSRF obtendo sucesso na reversão da matéria relacionada aos ajustes feitos pelo fiscal em relação à ausência de controle de preços de transferência, na importação, por parte do contribuinte. No caso, o fiscal valeuse do método PRL com relação aos produtos importados para revenda nos anos calendário de 1997, mesmo que esse não tenha sido considerado o método mais favorável ao Contribuinte. Dessa feita, o processo retornou para o enfrentamento de matéria de mérito que ficou prejudicada com o provimento que se deu na Câmara baixa, qual seja, o tratamento a ser dado aos excessos de custo de importações, contidos em bens que permaneçam no estoque ao final do anocalendário. Eis o teor do Acórdão da CSRF que fez menção a esse respeito: Considerando que o acórdão recorrido, por ter decidido pela inaplicabilidade do método PRL, não apreciou as alegações veiculadas no recurso voluntário (itens 78 a 134), quanto a supostas impropriedades na determinação dos ajustes por aquele método, não se pode nesta CSRF, sob pena de supressão de instância, adentrar em tal mérito. Nessa mesmo passo, a Câmara baixa que deu provimento ao recurso nessa matéria, assim sinalizou quanto a prejudicialidade na ocasião do julgamento dessa matéria: Nessa ordem de juízo é desnecessário analisar as questões ligadas ao tratamento a ser dado aos excessos de custos nas importações, contidos em bens que permaneçam no estoque ao final do anocalendário. Fl. 2054DF CARF MF 4 Em primeiro lugar, quero esclarecer que o Acórdão da CSRF comete pequeno equívoco ao referenciar os parágrafos 78 a 134, que versam exclusivamente sobre a arguição de nulidade relacionada à mudança de critério na aplicação do método pela autoridade fiscal. É que tal matéria já foi enfrentada sendo matéria de recurso de ofício que foi ratificada pela Câmara Baixa, e também de recurso voluntário na medida em que a Recorrente também pleiteou a extensão dos efeitos desses ajustes feitos pela DRJ, no sentido de ter maculado totalmente o lançamento. Nesse ponto, a Câmara baixa também tratou da matéria, rejeitando a preliminar de nulidade argüida nos referidos parágrafos (78 a 134). Eis os termos desse enfrentamento pela Câmara baixa: DA NULIDADE DOS AUTOS DE INFRAÇÃO 256. As hipóteses de nulidade dos atos processuais, entre os quais se incluem os Autos de Infração, estão perfeitamente definidas nos incisos I e II, do artigo 59 do Decreto n.° 70.235/72, que trata do Processo Administrativo Fiscal (PAF), com as alterações introduzidas pela Lei n° 8.748/93, in verbis: "Art. 59 São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...)" 257. Os Autos de Infração foram lavrados por pessoa competente, sendo que a hipótese do inciso II, quanto ao cerceamento de defesa, não se aplica a Autos de Infração. 258. Eventuais equívocos na determinação do montante devido (e mesmo se devido), não acarretam, ao contrário do que entende a impugnante, a nulidade dos Autos de Infração. Acarretam, se comprovados, a alteração do lançamento (no caso, por decisão de 1a instância, provocada pela impugnação da contribuinte), nos termos do artigo 145, inciso I, do CTN. 259. Não houve, como alega a impugnante com relação ao novos cálculos de ajustes relativos ao método PRL, efetuados pela Auditora Fiscal na diligência, mudança de critério. Houve mera correção de cálculos, mantendose o critério de apuração com base no mesmo método PRL adotado na autuação. 260. lmprocede, assim, a alegação de nulidade dos Autos de Infração. Em resumo, apesar de a 7a. Câmara do 1o Conselho de Contribuintes ter consignado em seu voto a questão relativa ao excesso de custo, verifico que essa matéria não é objeto da lide, pois não foi impugnada ou recorrida, assim o Acórdão da CSRF equivocouse quanto à necessidade de análise de matéria a ser enfrentada. A referência feita às alegações veiculadas no recurso voluntário (itens 78 a 134) dizem respeito a questões ligadas a preliminar de nulidade em função do recálculo do custo de importação por nova taxa de câmbio, matéria essa já rejeitada pela 7a. Câmara do 1o Conselho de Constribuintes. Fl. 2055DF CARF MF Processo nº 16327.003792/200200 Acórdão n.º 1401002.172 S1C4T1 Fl. 2.054 5 Enfrentada na preliminar da DRJ, na época teria que ter embargado de declaração e não o fez precluiu, nesse contexto a Câmara Superior de Recursos Fiscais julgou extra petita em relação aos custos da importação, contudo isso não supre a necessidade de tal matéria não ter sido objeto do recurso voluntário para que pudesse ser analisada nesse ponto. Destaco que matéria não impugnada e não contestada em Recurso Voluntário, não faz parte da lide. Razão pela qual, ao contrário do deliberado pela Câmara Superior, não restaram itens a serem apreciados no Recurso Voluntário de modo a evitar supressão de instancia, já que todos os questionamentos nele contidos foram exauridos pela DRJ, cuja decisão não se encontra justa causa para reforma. Feitas essas considerações, acolho os embargos de declaração apenas para retificar a redação da parte dispositiva contida no voto do acórdão embargado, para que a sua redação seja a seguinte: "NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário em relação à parte devolvida para julgamento pela CSRF e ratifico a decisão da DRJ, nos seus exatos termos, lembrando que restabelecida a infração relacionada a PRL conforme Acórdão da CSRF nº 9101001.340". Assim respondendo aos questionamentos postos, esclareço que está correta a interpretação de que a decisão do CARF determinou que, dentre os três métodos em comento (PRL, PIC e CAP), somente é tributável a base de cálculo apurada pelo método PRL e no valor de R$ 238.234,93 (que é o montante mantido pela DRJ em relação a este método). Ante o exposto, conheço dos Embargos de Declaração opostos, sem efeitos infringentes e doulhes provimento para sanar a contradição existente na parte dispositiva do Acórdão Recorrido. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin. Fl. 2056DF CARF MF
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