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Numero do processo: 10580.720845/2009-31
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Sep 25 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB.
É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração.
IRPF. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE NO REGIME DE ANTECIPAÇÃO. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE PELO IMPOSTO DEVIDO APÓS O TÉRMINO DO PRAZO PARA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL.
A falta de retenção pela fonte pagadora não exonera o beneficiário e titular dos rendimentos, sujeito passivo direto da obrigação tributária, de incluí-los, para fins de tributação, na Declaração de Ajuste Anual; na qual somente poderá ser deduzido o imposto retido na fonte ou o pago. Aplicação da Súmula CARF nº 12.
REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO OU FUNÇÃO INCIDÊNCIA.
Sujeitam-se à incidência do imposto de renda as verbas recebidas como remuneração pelo exercício de cargo ou função, independentemente da denominação que se dê a essa verba.
IRPF. JUROS DE MORA. PAGAMENTO FORA DO CONTEXTO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO.
No caso dos autos a verba não foi recebida no contexto de rescisão de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, de forma que incide o imposto de renda sobre as parcelas intituladas juros de mora, conforme jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça STJ.
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM RAZÃO DE LEI EM SENTIDO FORMAL E MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO MANIFESTADO PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ AO JULGAR O RESP 1.118.429/SP.
Em que pese a referência a uma ação judicial e a natureza trabalhista das verbas, a fonte obrigacional do pagamento dos rendimentos objeto do lançamento decorreu diretamente de Lei em sentido formal e material, e não diretamente de uma condenação judicial, hipótese na qual dever-se-ia observar o regime estabelecido pelo art. 100 da Constituição da República Federativa do Brasil, não se aplica, portanto, o entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça STJ no RESP 1.118.429/SP.
MULTA DE OFÍCIO. COMPROVANTE DE RENDIMENTOS COM ERRO. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL CONFORME OS COMPROVANTES EMITIDOS PELA FONTE PAGADORA. SÚMULA CARF Nº 73.
Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício.
Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 2802-003.118
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluir a multa de ofício, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Jorge Cláudio Duarte Cardoso - Presidente.
(assinado digitalmente)
Jaci de Assis Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello.
Nome do relator: JACI DE ASSIS JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração. IRPF. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE NO REGIME DE ANTECIPAÇÃO. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE PELO IMPOSTO DEVIDO APÓS O TÉRMINO DO PRAZO PARA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. A falta de retenção pela fonte pagadora não exonera o beneficiário e titular dos rendimentos, sujeito passivo direto da obrigação tributária, de incluí-los, para fins de tributação, na Declaração de Ajuste Anual; na qual somente poderá ser deduzido o imposto retido na fonte ou o pago. Aplicação da Súmula CARF nº 12. REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO OU FUNÇÃO INCIDÊNCIA. Sujeitam-se à incidência do imposto de renda as verbas recebidas como remuneração pelo exercício de cargo ou função, independentemente da denominação que se dê a essa verba. IRPF. JUROS DE MORA. PAGAMENTO FORA DO CONTEXTO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO. No caso dos autos a verba não foi recebida no contexto de rescisão de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, de forma que incide o imposto de renda sobre as parcelas intituladas juros de mora, conforme jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça STJ. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM RAZÃO DE LEI EM SENTIDO FORMAL E MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO MANIFESTADO PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ AO JULGAR O RESP 1.118.429/SP. Em que pese a referência a uma ação judicial e a natureza trabalhista das verbas, a fonte obrigacional do pagamento dos rendimentos objeto do lançamento decorreu diretamente de Lei em sentido formal e material, e não diretamente de uma condenação judicial, hipótese na qual dever-se-ia observar o regime estabelecido pelo art. 100 da Constituição da República Federativa do Brasil, não se aplica, portanto, o entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça STJ no RESP 1.118.429/SP. MULTA DE OFÍCIO. COMPROVANTE DE RENDIMENTOS COM ERRO. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL CONFORME OS COMPROVANTES EMITIDOS PELA FONTE PAGADORA. SÚMULA CARF Nº 73. Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Recurso voluntário provido em parte.
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DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração. IRPF. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE NO REGIME DE ANTECIPAÇÃO. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE PELO IMPOSTO DEVIDO APÓS O TÉRMINO DO PRAZO PARA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. A falta de retenção pela fonte pagadora não exonera o beneficiário e titular dos rendimentos, sujeito passivo direto da obrigação tributária, de incluílos, para fins de tributação, na Declaração de Ajuste Anual; na qual somente poderá ser deduzido o imposto retido na fonte ou o pago. Aplicação da Súmula CARF nº 12. REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO OU FUNÇÃO INCIDÊNCIA. Sujeitamse à incidência do imposto de renda as verbas recebidas como remuneração pelo exercício de cargo ou função, independentemente da denominação que se dê a essa verba. IRPF. JUROS DE MORA. PAGAMENTO FORA DO CONTEXTO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 08 45 /2 00 9- 31 Fl. 129DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 2 No caso dos autos a verba não foi recebida no contexto de rescisão de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, de forma que incide o imposto de renda sobre as parcelas intituladas juros de mora, conforme jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça STJ. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM RAZÃO DE LEI EM SENTIDO FORMAL E MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO MANIFESTADO PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ AO JULGAR O RESP 1.118.429∕SP. Em que pese a referência a uma ação judicial e a natureza trabalhista das verbas, a fonte obrigacional do pagamento dos rendimentos objeto do lançamento decorreu diretamente de Lei em sentido formal e material, e não diretamente de uma condenação judicial, hipótese na qual deverseia observar o regime estabelecido pelo art. 100 da Constituição da República Federativa do Brasil, não se aplica, portanto, o entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça STJ no RESP 1.118.429∕SP. MULTA DE OFÍCIO. COMPROVANTE DE RENDIMENTOS COM ERRO. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL CONFORME OS COMPROVANTES EMITIDOS PELA FONTE PAGADORA. SÚMULA CARF Nº 73. Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Recurso voluntário provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluir a multa de ofício, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso Presidente. (assinado digitalmente) Jaci de Assis Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello. Relatório Por bem sintetizar os atos e procedimentos que integram os presentes autos, abaixo se reproduz o relatório extraído do Acórdão 1526.188, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador – DRJ/SDR: Fl. 130DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10580.720845/200931 Acórdão n.º 2802003.118 S2TE02 Fl. 130 3 “Tratase de auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente aos anos calendário de 2004, 2005 e 2006, para exigência de crédito tributário, no valor de R$ 185.873,47, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal constantes no auto de infração, o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003. As diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, conseqüentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. O contribuinte foi cientificado do lançamento fiscal e apresentou impugnação, alegando, em síntese, que: a) não classificou indevidamente os rendimentos recebidos a título de URV, pois o enquadramento de tais rendimentos como isentos de imposto de renda encontrase em perfeita consonância com a legislação instituidora de tal verba indenizatória; b) o STF, através da Resolução nº 245, de 2002, reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV recebidas pelos magistrados federais, e que por esse motivo estariam isentas da contribuição previdenciária e do imposto de renda. Este tratamento seria extensível aos valores a mesmo título recebidos pelos membro do magistrados estaduais; c) o Estado da Bahia abriu mão da arrecadação do IRRF que lhe caberia ao estabelecer no art. 5º da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 2003, a natureza indenizatória da verba paga, sendo a União parte ilegítima para exigência de tal tributo. Além disso, se a fonte pagadora não fez a retenção que estaria obrigada, e levou o autuado a informar tal parcela como isenta em sua declaração de rendimentos, não tem este último qualquer responsabilidade pela infração; d) independentemente da controvérsia quanto à competência ou não do Estado da Bahia para regular matéria reservada à Lei Federal, o valor recebido a título de URV tem a natureza indenizatória. Neste sentido já se pronunciou o Supremo Tribunal Federal, o Presidente do Conselho da Justiça Federal, Primeiro Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, Poder Judiciário de Rondônia, Ministério Publico do Estado do Maranhão, bem como, ilustres doutrinadores; e) caso os rendimentos apontados como omitidos de fato fossem tributáveis, deveriam ter sido submetidos ao ajuste anual, e não tributados isoladamente como no lançamento fiscal; f) ainda que as diferenças de URV recebidas em atraso fossem consideradas como tributáveis, não caberia tributar os juros e correção monetária incidentes sobre elas, tendo em vista sua natureza indenizatória; g) mesmo que tal verba fosse tributável, não caberia a aplicação da multa de ofício e juros moratórios, pois o autuado teria agido com boafé, seguindo orientações da fonte pagadora, que por sua vez estava fundamentada na Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 2003, que dispunha acerca da natureza indenizatória das diferenças de URV; Fl. 131DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 4 h) o Ministério da Fazenda, em resposta à Consulta Administrativa feita pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, também, teria manifestadose pela inaplicabilidade da multa de ofício, em razão da flagrante boafé dos autuados, ratificando o entendimento já fixado pelo AdvogadoGeral da União, através da Nota AGU/AV 12/2007. Na referida resposta, o Ministério da Fazenda reconhece o efeito vinculante do comando exarado pelo Advogado Geral da União perante à PGFN e a RFB. Foi determinada diligência fiscal para que o órgão de origem adotasse as medidas cabíveis para ajustar o lançamento fiscal ao Parecer PGFN/CRJ/Nº 287/2009, de 12 de fevereiro de 2009, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, que, em razão de jurisprudência pacificada no Superior Tribunal de Justiça, concluiu pela dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e pela desistência dos já interpostos, desde que inexistisse outro fundamento relevante, com relação às ações judiciais que visassem obter a declaração de que, no cálculo do imposto renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente, deveriam ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, devendo o cálculo ser mensal e não global.” A DRJ/SDR, fls. 75 a 81, julgou a impugnação improcedente, nos termos da seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA IRPF. As diferenças de remuneração recebidas pelos Magistrados do Estado da Bahia, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003, estão sujeitas à incidência do imposto de renda. MULTA DE OFÍCIO. INTENÇÃO. A aplicação da multa de ofício no percentual de 75% sobre o tributo não recolhido independe da intenção do contribuinte. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Extraemse da decisão de primeira instância os seguintes a argumentos: a) a diferença apurada pela conversão do valor do salário em URV tem natureza salarial incidindo o IRPF; b) o IRPF é regido por legislação Federal não sendo legítima a concessão de isenção por legislação Federada; c) Parecer Normativo SRF nº 1, de 24 de setembro de 2002, que dispõe que a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção do IRRF extinguese no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual pessoa física, e que a falta de oferecimento dos rendimentos à tributação por parte desta última, a sujeita à exigência do imposto correspondente, acrescido de multa de ofício e juros de mora, conforme abaixo transcrito; d) que a citada consulta na realidade não seguiu o rito do processo administrativo de consulta previsto no art. 48 da Lei nº 9.430, de 1996, portanto, teve caráter meramente informativo, sem qualquer efeito vinculante, bem como as demais normas e pareceres; Fl. 132DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10580.720845/200931 Acórdão n.º 2802003.118 S2TE02 Fl. 131 5 e) que nos anos calendários em questão, as bases de cálculo declaradas já sujeitavam o contribuinte à incidência do imposto de renda em sua alíquota máxima, bem como, já tinham sido aproveitadas as parcelas a deduzir previstas legalmente. Nesta situação, o imposto apurado mediante aplicação direta da alíquota máxima sobre os rendimentos omitidos coincide com o imposto apurado com base na tabela progressiva sobre a base de cálculo ajustada em razão da omissão; f) que o art. 55, inciso XIV, do RIR/99 dispõe claramente que tanto os juros moratórios, quanto quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, estão sujeitos à tributação, a menos que correspondam a rendimentos isentos ou não tributáveis; g) que a Resolução do STF nº 245 não pode ser estendida às verbas pagas aos Magistrados do Estadual da Bahia, pois isto resultaria na concessão de isenção sem lei específica. Não se poderia, também, recorrer à analogia em matéria que trate de isenção, que está sujeita a interpretação literal, conforme preconiza o art. 111, inciso II, do CTN. Intimado da supramencionada decisão, em 15/04/2011, fls. 84, o interessado interpôs recurso voluntário, em 19/04/2011, fls. 85 a 122, reiterando as alegações apresentadas na impugnação, para reafirmar a validade e o efeito vinculante da resposta à consulta feita pela Presidente do TJ/BA ao Ministério da Fazenda, nos mesmos termos do parecer, que afirma vinculante, exarado pelo AdvogadoGeral da União; que violase o princípio da economia processual no esforço de manter uma exação, a multa, que será fatalmente desconstituída pelo Poder Judiciário; que deveria ter sido levado em consideração, não apenas a alíquota vigente no momento em que as verbas deveriam ter sido pagas, mas também o total que atingiria mês a mês a remuneração da contribuinte à época em que seria devido o pagamento, para se apurar adequadamente suposto imposto a pagar; da mesma forma que não há incidência de imposto sobre a URV, por entender ser verba indenizatória, também não há incidência de imposto de renda sobre o rendimento recebido a título de juros moratórios; entende pela necessidade de extinção do crédito tributário exigidos nos presentes autos, tanto por considerar a União parte ilegítima para figurar no pólo Ativo da relação jurídicotributária, quanto por suposta violação ao princípio constitucional da isonomia. De acordo com o despacho, datado de 18 de novembro de 2011, o presidente da Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção do CARF determinou o sobrestamento do feito, tendo em vista o previsto no art. 62A, §1º, Regimento Interno do CARF, Portaria MF 256, de 2009 e na Portaria nº 1, de 03 de janeiro de 2012 (art. 1º, Parágrafo Único), na medida em que o Recurso Extraordinário 614406/RS, o qual teve sua repercussão geral reconhecida em 20/10/2010, e que ainda se encontra pendente de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, versa sobre matéria que em tese se assemelha ao presente caso. Tendo em vista que a Portaria nº 545, de 18 de novembro de 2013, revogou os parágrafos primeiro e segundo do art. 62A do RICARF, o presente processo foi distribuído, por sorteio, a este Conselheiro, em 12/05/2014. É o relatório. Voto Conselheiro Jaci de Assis Junior, Relator Fl. 133DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 6 O recurso foi tempestivamente apresentado e preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. O assunto tratado nos presentes autos possui diversos precedentes nesta 2ª Tuma Especial, dos quais convém reproduzir o inteiro teor do voto condutor do Acórdão nº 2802002.907, proferido Conselheiro Jorge Claudio Duarte Cardoso, em sessão realizada no dia 15 de maio de 2014, tendo em vista que expressa com propriedade o entendimento unânime firmado pelos membros participantes, dos quais este Relator integrou e que ora o adota como razões de decidir, na parte que interessa ao presente litígio: “Da legitimidade ativa da União O fato de o produto da arrecadação do IRRF pertencer ao Estado da Federação não subtrai da União sua competência para fiscalizar e arrecadar o Imposto de Renda sujeito ao ajuste anual, que não se confunde com o imposto retido na fonte. Este é mera antecipação daquele. A União possui legitimidade ativa para cobrar o Imposto de Renda, pois não só possui competência tributária como tem interesse econômico e jurídico em fiscalizar e arrecadar o imposto apurado no ajuste anual. São inconfundíveis os conceitos de imposto retido na fonte e de imposto devido no ajuste anual, bem como os de competência tributária, legitimidade ativa e de titularidade do produto da arrecadação. Ademais, a ausência de retenção do imposto na fonte não exclui a competência da União para a constituição do crédito tributário de rendimentos sujeitos a incidência do imposto na DIRPF, nos termos da Súmula CARF n.12, verbis: “Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção.” Desta forma, a decisão proferida no Resp 874.759 não tem o efeito almejado pelo recorrente. Do natureza tributária das verbas (URV e juros de mora) Essa Turma Julgadora reiteradas vezes decidiu , entre outros pontos, que: a) a União possui legitimidade ativa e as diferenças pagas pelo Estado da Bahia, de que trata este processo, tem natureza remuneratória e tributável; b) a Resolução do STF nº 245/2002 não é dirigida aos Membros da magistratura estadual; c) não há quebra de isonomia; d) a atualização do tributos pelos juros de mora é correta; e e) a multa de ofício deve ser excluída em decorrência de o contribuinte ter sido induzido ao erro pelas informações prestadas pela fonte pagadora nos comprovantes de rendimentos e certidões (fls. 16 a 21). Citase como exemplo o acórdão nº 2802002.778, de 19 de Março de 2014, cujas razões de decidir são transcritas e passam a integrar a fundamentação do presente acórdão. Isto porque a fonte obrigacional do pagamento dos rendimentos objeto do lançamento vergastado, em que pese a referência a uma ação judicial e a natureza trabalhista das verbas, decorre diretamente de Lei em sentido formal e material, e não diretamente de uma condenação judicial, Fl. 134DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10580.720845/200931 Acórdão n.º 2802003.118 S2TE02 Fl. 132 7 hipótese na qual deverseia observar o regime estabelecido pelo art. 100 da Constituição da República Federativa do Brasil. Quanto à suposta ilegitimidade ativa da União para a exigência do tributo, conforme exposto nas razões de embargante, a tese fundase na disposição constitucional do artigo 157, I, que determina caber aos Estados e ao Distrito Federal o produto da arrecadação do IRRF sobre rendimentos pagos por estes Entes Federativos, suas autarquias ou fundações públicas. A questão é singela e já foi objeto de decisão do CARF em diversas ocasiões, assentandose na jurisprudência deste Conselho que a ausência de retenção do imposto na fonte não exclui a competência da União para a constituição do crédito tributário de rendimentos sujeitos a incidência do imposto na DIRPF, nos termos da Súmula CARF n.12, verbis: “Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção.” A título de obiter dictum, digase que é natural que a repartição das receitas tributárias haverá de ser observada, tratandose de matéria relativa às relações financeiras entre União e Estados e não à competência para a arrecadação do imposto. No mérito, a controvérsia ora apresentada reside na caracterização da natureza dos rendimentos auferidos pela Contribuinte, membro do Poder Judiciário do Estado da Bahia, a título de recomposição de diferenças de remuneração havidas quando da conversão do Cruzeiro Real para URV, sendo que para o caso concreto é relevante citar que tratase de pagamento de verba prevista em Lei Estadual, in casu a Lei Ordinária Estadual n° 8730, a qual o Recorrente tenta equivaler à verba paga aos magistrados federais e estendida aos Procuradores da República. Sendo certo que esse abono pago à magistratura federal foi objeto de Resolução administrativa nº 245/2002 do Supremo Tribunal Federal e que a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional curvouse ao entendimento do STF, este manifestado em expediente administrativo interna corporis, e passou a tratar essa verba como isenta. Destaco que a verba objeto da Resolução STF nº 245/2005 foi o abono previsto no art. 6° da Lei n° 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2° da Lei n° 10.474, de 2002. Este abono alcançou unicamente a Magistratura Federal, cuja Lei que o criou estabelece que: “Art. 6º Aos membros do Poder Judiciário é concedido um abono variável, com efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 1998 e até a data da promulgação da Emenda Constitucional que altera o inciso V do art. 93 da Constituição, correspondente à diferença entre a remuneração mensal atual de cada magistrado e o valor do subsídio que for fixado quando em vigor a referida Emenda Constitucional.” Ao passo que os arts. 4º e 5º da Lei Ordinária Estadual n° 8730, dispõe: “Art. 4º As diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor Fl. 135DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 8 URV, objeto das Ações Ordinárias de nº 613 e 614, julgadas procedentes pelo supremo Tribunal Federal, serão apuradas mês a mês, de 1º de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001, e o montante correspondente a cada Magistrado será dividido em 36 parcelas iguais e consecutivas para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 5º São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 2º desta Lei.” Com a devida vênia, não vislumbro identidade nas verbas de que tratam os atos normativos federais e o que veicula a lei ordinária do Estado da Bahia ora examinada. A legislação federal demonstra apenas que o subsídio conhecido como “abono variável” foi criado com a finalidade de se atribuir aos membros do Poder Judiciário uma espécie de verba retroativa que corrigia as eventuais diferenças de escalonamento salarial. Já a verba percebida pelo Recorrente, na análise dos elementos constantes dos autos, se traduz em recomposição de natureza salarial, ainda que paga extemporaneamente, sendo certo que para fins de Imposto de Renda vige o princípio de impossibilidade de concessão de isenções heterônomas, razão pela qual é irrelevante, para fins da definição da natureza do rendimento, a classificação que lhe dá a sua fonte pagadora. Pontuese que não se trata de negar vigência ou atribuir ao citado dispositivo legal qualquer pecha de inconstitucionalidade, pois não se discute a natureza indenizatória da verba percebida, mas não se pode olvidar que nem toda indenização referese à recomposição de patrimônio, como no exemplo clássico dos lucros cessantes, e no presente caso entendo ter ocorrido uma recomposição salarial que, malgrado a extemporaneidade, significou acréscimo patrimonial. Todavia, a existência de um dispositivo legal considera a verba não tributável foi decisiva para a conduta do requerente, que declarou o rendimento com a mesma natureza atribuída pela fonte pagadora, razão pela qual é cabível a exoneração, exclusivamente, da multa de oficio em decorrência de um erro escusável induzido pela interpretação errônea dada pela fonte pagadora, no mesmo sentido dos acórdãos 10616801, 106 16360 e 19600065, cujos excertos são a seguir reproduzidos. “(...) MULTA DE OFÍCIO EXCLUSÃO – Deve ser excluída do lançamento a multa de ofício quando o contribuinte agiu de acordo com orientação emitida pela fonte pagadora, um ente estatal que qualificara de forma equivocada os rendimentos por ele recebidos. (...)” (acórdão 10616801, de 06/03/2008, da 6ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes,relator Conselheiro Luiz Antonio de Paula) “ (...) MULTA DE OFICIO CONTRIBUINTE INDUZIDO A ERRO PELA FONTE PAGADORA Não comporta multa de oficio o lançamento constituído com base em valores espontaneamente declarados pelo contribuinte que, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável no preenchimento da declaração de rendimentos. (...) (Acórdão n° 10616360, sessão de 23/01/2008, relator o Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos) “ (...) MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas por sua Fl. 136DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10580.720845/200931 Acórdão n.º 2802003.118 S2TE02 Fl. 133 9 fonte pagadora, um ente estatal que qualificara de forma equivocada os rendimentos por ele recebidos, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício.(...)” (acórdão nº 19600065, de 02/12/2008, da 6ª Turma Especial do 1º Conselho de Contribuintes, conselheiro(a) relator(a) Valéria Pestana Marques) Ressaltese, por oportuno, que a exclusão da multa de ofício não implica na exigência substitutiva da multa de mora, eis que ambas possuem o caráter de penalidade, e neste voto se reconhece que o contribuinte agiu de boa fé, não podendo lhe ser imputado nenhum ilícito que merece tal imposição, na exata medida em que não se reconhece no crédito tributário natureza de pena. Com relação aos juros de mora, estes constituem mera atualização do valor do tributo para assegurarlhe a manutenção do seu valor quando pago a destempo, não se trata de sanção e possui previsão legal de incidência. Quanto a tese de não incidência do IRPF sobre verbas relativas a incidência de juros de mora sobre valores recebidos a destempo, na ausência de norma isentiva explícita, é de se observar o caráter tributável dos rendimentos em questão. Ademais, a legislação em vigor é taxativa ao determinar a sua tributação nos termos do art.55, XIV, do RIR: Art. 55. São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, § 2º, inciso IV, e 70, § 3º, inciso I): (...) XIV os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis; Ressaltese, ainda, que a tributação independe da denominação dos rendimentos, bastando para a incidência o benefício por qualquer forma e a qualquer título, nos termos do § 40, art. 3°, da Lei 7.713/88. Observese que o artigo 62 do Regimento do CARF, Portaria MF n.256/2009, veda que este Conselho deixe de aplicar dispositivos de lei ou decreto, ao fundamento de inconstitucionalidade, salvo quando declarados inconstitucionais por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. Do mesmo modo, a jurisprudência do STF e do STJ em matéria infraconstitucional, somente vincula os julgamentos do CARF, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, nos termos do artigo 62A do citado Regimento do CARF. Neste sentido, é relevante destacar que o Acórdão proferido no Agravo Regimental em Embargos de Divergência no REsp n° 1.163.490, veiculado pelo DJe de 21 de março de 2012, trata do alcance do decidido Fl. 137DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 10 em sede de recurso repetitivo pelo Acórdão proferido no citado REsp n° 1.227.133. Desta forma, há que se entender pelo não cabimento à espécie dos autos do precedente que fundamentou a decisão recorrida, o REsp n° 1.227.133. De fato, ao apreciar o Resp n° 1.227.133, inicialmente o voto vencedor do Ministro Cesar Asfor Rocha reconhecia a nãoincidência do IR sobre juros moratórios, de forma ampla. Por outro lado, o julgamento dos embargos de declaração no referido recurso especial, publicado no DO de 02/12/11 reconheceu que os Ministros que acompanharam o voto do relator, deram provimento ao recurso em sentido mais restrito, reconhecendo apenas a nãoincidência do IR sobre juros moratórios, quando os mesmos incidem sobre rescisão de contrato de trabalho, o que levou à modificação da ementa do acórdão por ocasião dos referidos embargos de declaração. Os fundamentos abaixo reforçam a adequação do entendimento desta Turma Julgadora. Quanto à exclusão da multa, convém obserar que, de acordo com o Demonstrativo de Multa e Juros de Mora, fls. 11, sobre o imposto de renda apurado de ofício incidiu, única e exclusivamente, a multa de 75% (setenta e cinco por cento), regulamentada pelo art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Foi contra essa imputação que o contribuinte direcionou sua defesa. Ainda em relação ao assunto, convém aduzir que ao caso se aplica a Súmula CARF nº 73: Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. O caso do recorrente não se refere a rescisão de contrato de trabalho, de forma que os juros de mora são tributáveis, como decidido pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ no REsp 1089720/RS, julgado em 10/10/2012 e publicado em 28/11/2012. (No mesmo sentido há o REsp 1234377/RS, AgRg no AgRg no AREsp 190821/RS, AgRg no AREsp 18626/RS; e EDcl no AgRg no REsp 1221039/ RS). Quanto à alegação de imprestabilidade da base de cálculo, anotase que o recorrente sustenta ser aplicável o entendimento segundo o qual o imposto deve ser calculado mensalmente, pelas tabelas das épocas próprias, entendimento consolidado no STJ no REsp 1.118.429∕SP. Analisandose o demonstrativo de apuração do imposto (fls. 07/09) verifica se que o valor recebido em cada ano foi computado como rendimento omitido nesses ano calendário (2004, 2005, 2006), valores que foram acrescidos à base de cálculo declarada, logo as deduções contidas na Declaração de Ajuste Anual foram consideradas. Todavia, acima consta fundamentação para não se aplicar, neste caso concreto, o entendimento de tributação de rendimentos com base no REsp 1.118.429∕SP, de forma que a argumentação acerca de possível erro na base de cálculo fica prejudicada e que o lançamento não merece reparo. Fl. 138DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10580.720845/200931 Acórdão n.º 2802003.118 S2TE02 Fl. 134 11 Ademais, o exemplo do recorrente de que, em 1995, o valor que deveria ter sido recebido de URV estaria na faixa de isenção demonstra uma premissa equivocada do recorrente qual seja: confundese o imposto retido na fonte – que é mera antecipação do imposto anual – com o imposto anual. Não é porque um rendimento isoladamente está abaixo da faixa de isenção (e portanto não haverá retenção na fonte) que o somatório anual será isento. Por fim, registrase que decisões administrativas e judiciais sem força vinculante, doutrina, pareceres de juristas, interpretações de Outros Órgãos públicos não constituem normas de direito tributário de aplicação obrigatória pelo CARF.” Nos termos acima expostos, concluise pela inexistência da suposta violação ao princípio da isonomia, pela legitimidade ativa da União para exigir o crédito tributário constituído, pela natureza tributável da verba trabalhista recebida pelo contribuinte, pela impossibilidade de aplicação do entendimento manifestado pelo STJ ao julgar o REsp 1.118.429∕SP, bem como, pela necessidade de exclusão tão somente da multa de ofício imposta, haja vista, inclusive, que o assunto se encontra pacificado no âmbito do CARF, por meio da Sumula nº 73. Diante do exposto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para tão somente excluir a multa de ofício. (assinado digitalmente) Jaci de Assis Junior Fl. 139DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
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Numero do processo: 10510.000005/2007-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2101-000.093
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do presente Recurso Voluntário, até que ocorra decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, a ser proferida nos autos do RE n.º 614.406, nos termos do disposto nos artigos 62-A, §§1º e 2º, do RICARF.
Nome do relator: CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do presente Recurso Voluntário, até que ocorra decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, a ser proferida nos autos do RE n.º 614.406, nos termos do disposto nos artigos 62A, §§1º e 2º, do RICARF. (assinado digitalmente) __________________________________________________ JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS – Presidente Substituto (assinado digitalmente) __________________________________________ CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Raimundo Tosta Santos (Presidente Substituto), José Evande Carvalho Araujo, Alexandre Naoki Nishioka, Gonçalo Bonet Allage, Gilvanci Antonio de Oliveira Sousa, Celia Maria de Souza Murphy (Relatora). Relatório Trata o presente processo de Auto de Infração contra o contribuinte em epígrafe, no qual foi apurada omissão de rendimentos do trabalho com vínculo empregatício, recebidos da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, assim como rendimentos recebidos da União Federal (sucessora do BNCC), em sede de ação trabalhista. Fl. 120DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10510.000005/200711 Resolução n.º 2101000.093 S2C1T1 Fl. 113 2 Em 2.1.2007, o contribuinte apresentou impugnação, pedindo o cancelamento do Auto de Infração, tendo em vista que a declaração de ajuste correspondente já havia sido analisada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, conforme extrato para simples conferência, recebido em fevereiro de 2006. Ao examinar o pleito, a 3.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA) decidiu pela improcedência da impugnação, por meio do Acórdão n.º 1521.930, de 17 de dezembro de 2009, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004 (sic) ALTERAÇÃO DO LANÇAMENTO APÓS NOTIFICAÇÃO. O lançamento pode ser alterado quando constatado erro ou fato novo que deva ser apreciado. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 9.2.2010, no qual alega que, por ocasião da apresentação da declaração de ajuste, entendia que as verbas às quais se reporta o Auto de Infração eram indenizatórias, isentas da incidência do imposto de renda. Todavia, devido a fatos supervenientes, não se trata mais de saber se as verbas recebidas são ou não tributáveis. Importa agora que se trata de rendimentos recebidos acumuladamente, devendo o imposto ser calculado com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos A fim de fundamentar seu posicionamento, cita a transcreve trechos do Parecer PGFN/CRV/N° 287/2009, de 12 de fevereiro de 2009, aprovado pelo Ministro da Fazenda, através do Despacho s/n, de 11.5.2009, publicado no DOU de 13.5.2009: Esclarece que os rendimentos recebidos correspondem ao período de dezembro de 1983 a dezembro de 1990, razão pela qual a apuração do imposto sobre a renda deveria ter levado em conta as tabelas e alíquotas daquela ocasião, o que não foi feito. Por esse motivo, pede o cancelamento do Auto de Infração. É o Relatório Despacho Conselheira Celia Maria de Souza Murphy O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais previstos no Decreto n° 70.235, de 1972. Dele conheço. No presente caso, temse que o Auto de Infração objeto deste processo inclui a omissão de rendimentos recebidos acumuladamente pelo contribuinte, em sede de ação trabalhista. Fl. 121DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10510.000005/200711 Resolução n.º 2101000.093 S2C1T1 Fl. 114 3 Compulsando os autos, verificase que a Fiscalização, ao proceder ao lançamento tributário, em 2006, cumpriu a norma do artigo 12 da Lei n.º 7.713, de 1988. Em 2009, o tema dos rendimentos recebidos acumuladamente foi objeto do Parecer PGFN n.º 287, de 2009, posteriormente ratificado pelo Ato Declaratório n.º 1, de 2009. Diferentemente do que determina a norma do artigo 12 da Lei n.º 7.713, de 1988, a orientação do referido Parecer PGFN é no sentido de que “no cálculo do imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente, devem ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, devendo o cálculo ser mensal e não global”. Tendo em vista que tal orientação, em última instância, derroga a regra do art. 12 da Lei n.º 7.713, de 1988, foi levada à apreciação, em caráter difuso, por parte do Supremo Tribunal Federal, o qual reconheceu a repercussão geral do tema e determinou o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC, em decisão assim ementada, in verbis: “TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. ART. 12 DA LEI 7.713/88. ANTERIOR NEGATIVA DE REPERCUSSÃO. MODIFICAÇÃO DA POSIÇÃO EM FACE DA SUPERVENIENTE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI FEDERAL POR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. 1. A questão relativa ao modo de cálculo do imposto de renda sobre pagamentos acumulados – se por regime de caixa ou de competência – vinha sendo considerada por esta Corte como matéria infraconstitucional, tendo sido negada a sua repercussão geral. 2. A interposição do recurso extraordinário com fundamento no art. 102, III, b, da Constituição Federal, em razão do reconhecimento da inconstitucionalidade parcial do art. 12 da Lei 7.713/88 por Tribunal Regional Federal, constitui circunstância nova suficiente para justificar, agora, seu caráter constitucional e o reconhecimento da repercussão geral da matéria. 3. Reconhecida a relevância jurídica da questão, tendo em conta os princípios constitucionais tributários da isonomia e da uniformidade geográfica. 4. Questão de ordem acolhida para: a) tornar sem efeito a decisão monocrática da relatora que negava seguimento ao recurso extraordinário com suporte no entendimento anterior desta Corte; b) reconhecer a repercussão geral da questão constitucional; e c) determinar o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC.” (STF, RE 614406 AgRQORG, Relatora: Min. Ellen Gracie, julgado em 20/10/2010, DJe043 DIVULG 03/03/2011). Ante o reconhecimento da repercussão geral do tema, pelo Supremo Tribunal Federal, e a determinação do sobrestamento dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC, verifica se que as questões concernentes ao artigo 12 da Lei n.º 7.713, de 1988, utilizada como fundamento para o cálculo do tributo devido neste processo, tal como se depreende do “Demonstrativo de Apuração do Imposto de Renda Devido” (fls. 5 verso), anexo ao Auto de Fl. 122DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10510.000005/200711 Resolução n.º 2101000.093 S2C1T1 Fl. 115 4 Infração, não podem ser apreciadas por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais até que ocorra o julgamento final do Recurso Extraordinário pelo Supremo Tribunal Federal. É que, recentemente, foi alterado (Portaria MF n.º 586, de 2010) o Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), editado pela Portaria MF n.º 256, de 2009, determinando o sobrestamento ex officio dos recursos nas hipóteses em que reconhecida a repercussão geral do tema e determinado o sobrestamento dos julgamentos sobre a matéria pelo Supremo Tribunal Federal, a teor do art. 62A, §§1º e 2º, do Regimento Interno do CARF, que, a seguir transcrevese, ipsis litteris: Artigo 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543 B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Esses os motivos pelos quais entendo por bem sobrestar a apreciação do presente recurso voluntário, até que ocorra decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, a ser proferida nos autos do RE n.º 614.406, nos termos do disposto nos artigos 62A, §§1º e 2º, do RICARF. (assinado digitalmente) _________________________________ Celia Maria de Souza Murphy – Relatora Fl. 123DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS
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Numero do processo: 10825.002164/00-50
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 21 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Sep 09 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Período de apuração: 01/09/1989 a 31/07/1991
NORMAS PROCESSUAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO E OMISSÃO. INEXISTÊNCIA.
Não havendo omissão, contradição ou obscuridade no acórdão proferido devem ser rejeitados os embargos opostos. Os embargos de declaração não se prestam a mera manifestação de inconformismo com a decisão prolatada ou à rediscussão dos fundamentos do julgado, uma vez que não se trata do remédio processual adequado para reexame da lide.
O livre convencimento do julgador permite que a decisão proferida seja fundamentada com base no argumento que entender cabível, não sendo necessário que se responda a todas as alegações das partes, quando já se tenha encontrado motivo suficiente para fundar a decisão, nem se é obrigado a ater-se aos fundamentos indicados por elas ou a responder um a um todos os seus argumentos.
Embargos de Declaração rejeitados.
Numero da decisão: 3202-000.550
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração apresentados pela Fazenda Nacional.
Irene Souza de Trindade Torres Presidente
Luís Eduardo Garrossino Barbieri - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Irene Souza da Trindade Torres, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilberto de Castro Moreira Júnior, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza e Octávio Carneiro Silva Corrêa.
Nome do relator: Irene Souza da Trindade Torres
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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO E OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. Não havendo omissão, contradição ou obscuridade no acórdão proferido devem ser rejeitados os embargos opostos. Os embargos de declaração não se prestam a mera manifestação de inconformismo com a decisão prolatada ou à rediscussão dos fundamentos do julgado, uma vez que não se trata do remédio processual adequado para reexame da lide. O livre convencimento do julgador permite que a decisão proferida seja fundamentada com base no argumento que entender cabível, não sendo necessário que se responda a todas as alegações das partes, quando já se tenha encontrado motivo suficiente para fundar a decisão, nem se é obrigado a aterse aos fundamentos indicados por elas ou a responder um a um todos os seus argumentos. Embargos de Declaração rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração apresentados pela Fazenda Nacional. Irene Souza de Trindade Torres – Presidente Luís Eduardo Garrossino Barbieri Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 5. 00 21 64 /0 0- 50 Fl. 287DF CARF MF Impresso em 09/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 31/07/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Irene Souza da Trindade Torres, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilberto de Castro Moreira Júnior, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza e Octávio Carneiro Silva Corrêa. Relatório Tratase de Embargos de Declaração interpostos pela Fazenda Nacional (fls. 238/240), em face do Acórdão nº 320200.046, de 18/09/2009, proferido por esta Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção de Julgamento deste CARF (fls. 228/233). Alega a embargante que teria havido omissão no votocondutor do Acórdão, o qual decidiu, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que fosse reconhecido a Recorrente o direito creditório dos valores pagos a maior a título de Finsocial e para que sejam feitas as compensações até onde houver disponibilidade de saldo favorável, nos termos das conclusões de diligência de fls. 221/222. No entender da ilustre Procuradora da Fazenda Nacional, o Relator do Acórdão acolheu, corretamente, a necessidade de cumprimento dos requisitos previstos no artigo 17 da IN 21/97 e artigo 158 do CPC, entretanto, partindo deste pressuposto, ao aplicálo omitiuse nos seguintes pontos: haveria a necessidade de comprovação não apenas da homologação do pedido de desistência de execução judicial, mas também de comprovação de assunção de todas as custas do processo. Aduz que o Recorrente em nenhum momento comprovou a satisfação deste segundo requisito (IN 21/97); quando à fundamentação para admissão da homologação da desistência de execução judicial em período em muito posterior ao protocolo do pedido de restituição, já que pedido foi apresentado em 14/12/2000 e a homologação judicial da desistência apenas ocorreu em 01/09/2005. Isto porque a IN 21/97 (redação dada pela IN SRF 73/1997), já determinava que o pleito de direito creditório lastreado em título judicial em fase de execução somente poderia ser apreciado se o interessado fizesse prova, perante a autoridade administrativa, da desistência da ação de execução, assim como da assunção das custas do processo pedido de desistência da execução judicial, ou seja, tais requisitos deveriam ter sido demonstrados quando do protocolo do pedido submetido à apreciação da Administração. Destaca, ainda, a embargante que as decisões administrativas necessitam de fundamentação nos termos do que dispõe o artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Por fim, requer sejam os presentes embargos de declaração julgados procedentes com a finalidade de sanar a omissão apontada. É o Relatório. Voto Os embargos de declaração estão disciplinados no art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais nos seguintes termos: Fl. 288DF CARF MF Impresso em 09/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 31/07/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10825.002164/0050 Acórdão n.º 3202000.550 S3C2T2 Fl. 243 3 Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Destarte, temos que os embargos declaratórios têm por finalidade tornar clara a decisão embargada ou trazer à discussão matéria que foi omitida no julgamento, de tal sorte que a solução dada pelo órgão encarregado de resolver a controvérsia demonstre, com clareza, haver enfrentado o objeto do litígio. O que se verifica da leitura do Acórdão embargado é que neste não há qualquer omissão a ser suprida. O voto condutor do Acórdão enfrentou os principais pontos trazidos pelas partes, bem como se pronunciou acerca dos pontos que foram suscitados nos embargos ora analisados. A meu entender, as questões trazidas nos embargos já foram devidamente apreciadas e submetidas à análise do Colegiado, muito embora, no entender da embargante o acórdão recorrido não fez a aplicação da norma (IN SRF 21/97 e artigo 158/CPC) ao caso concreto, como pretendido por ela (embargante). Contudo, a não adoção de tese defendida pela parte não é motivo suficiente para o acatamento de embargos. Não houve qualquer omissão quanto à homologação do pedido de desistência de execução judicial e da comprovação de assunção das custas do processo. O digno Relator, neste aspecto, formou sua convicção e fundamentou o acórdão com base nas informações trazidas no bojo da diligência fiscal efetuada, conforme pode concluirse da leitura de trechos do votocondutor abaixo transcritos: Verificase que, depois da interposição do recurso, a recorrente juntou cópias de documentos judiciais que atestam a homologação da desistência da execução judicial, de forma a satisfazer o requisito que motivou a denegação em primeira instância, como se verifica dos documentos de fls. 121/122. A propósito, a sentença judicial entendeu correta essa homologação, para que pudesse ter prosseguimento o pedido administrativo de restituição dos valores recolhidos. (...) Os elementos trazidos pela diligência dão conta de um crédito a favor da recorrente no valor de R$ 8.688,86, atualizado em agosto/2008, referente a pagamentos efetuados a maior a titulo de Finsocial, conforme planilhas de calculo de fls. 212/213. Assim, as informações trazidas pelo diligenciante e os documentos constantes do processo são suficientes para concluir pela efetiva existência de valores recolhidos a maior a titulo de Finsocial no período alegado pela requerente. No que respeita à compensação pretendida, referente a débitos do Simples, a diligência concluiu pela existência de uma dívida no montante de R$ 12.814,32, referente a parcelas de dezembro/2000 a agosto/2001, também atualizado em agosto/2008 (fl. 220). Fl. 289DF CARF MF Impresso em 09/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 31/07/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES 4 Aduziu a diligência que essa dívida poderia ser compensada após as compensações dos débitos fiscais não recolhidos pela contribuinte, que, como se verifica da informação de fls. 182/183, referemse a parcelas de Finsocial dos períodos de agosto a outubro/1991 e dezembro/1991 a março/1992, e de Cofins dos períodos de agosto a dezembro/1994. Destarte, em se tratando de pedido efetuado com a observância das formalidades estabelecidas na legislação em vigor e tendo sido preenchidos pela requerente os requisitos necessários para que venha a ser favorecida em seu pleito, que foi inclusive alicerçado com a diligência fiscal determinada pela 1ª. Câmara do 3º Conselho de Contribuintes e promovida pelo diligenciante da SRF que fez a devida verificação entre os valores pagos e os efetivamente devidos, bem como das compensações cabíveis, há que se concluir que o pedido tem pleno amparo no art. 165, I, do CTN e no art. 120 do Regulamento do Finsocial baixado pelo Decreto no 92.698/86, bem como nas normas especificas pertinentes à restituição e compensação previstas na IN SRF no 900/2008. (grifamos) Em reforço a este entendimento, importante destacar trecho constante do relatório do Acórdão recorrido, onde consta a informação de que a própria Procuradoria da Fazenda Nacional reconheceu não se tratar de ação de repetição de indébito, mas pedido meramente declaratório, não havendo mais nada a executar, verbis: A recorrente retornou ao processo As fls. 118/122 com ajuntada dos seguintes documentos: a) manifestação da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional afirmando que houve o levantamento de parte dos valores depositados em juízo, bem com a conversão em renda da Unido Federal do saldo remanescente, e que, como não se trata de ação de repetição de indébito, mas pedido meramente declaratório, resta prejudicado o pedido de desistência da execução, pois nada mais há a executar; e b) despacho da Juíza Federal da 16ª Vara Cível Federal, declarando sem razão a União Federal quanto às suas alegações, pois pertinente o pedido de desistência formulado pelos autores, e concluindo com a homologação judicial da desistência referente à execução das verbas de sucumbência para que possa ter prosseguimento o pedido administrativo de restituição dos valores recolhidos indevidamente, que não foram abarcados pela sentença judicial. Deste modo, entendo não ter havido a omissão apontada pelo embargante. Isto porque o sistema de livre convencimento motivado, adotado no nosso ordenamento jurídico, permite que a decisão proferida seja fundamentada com base nos argumentos que o julgador entender cabíveis, o que foi feito no caso concreto. Não houve, por tais razões, omissão no Acórdão embargado, o que demonstra a impossibilidade de se reformar esta decisão em sede de embargos de declaração. Em outro giro, registrese que os embargos de declaração não se prestam a mera manifestação de inconformismo com a decisão prolatada ou à rediscussão dos fundamentos do julgado, uma vez que não se trata do remédio processual adequado para reexame da lide. Fl. 290DF CARF MF Impresso em 09/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 31/07/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10825.002164/0050 Acórdão n.º 3202000.550 S3C2T2 Fl. 244 5 Neste sentido, pronunciouse o STJ: AgRg no AREsp 179411 / SP Data da decisão: 19/06/2012 DJe 27/06/2012 Ementa: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS. TENTATIVA DE REDISCUSSÃO DA MATÉRIA DE MÉRITO DECIDIDA. IMPOSSIBILIDADE EM SEDE DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 1. Nos termos do art. 535 do CPC, os embargos de declaração apenas são cabíveis quando constar no julgamento obscuridade ou contradição ou quando o julgador for omisso na análise de algum ponto. Admitese, por construção jurisprudencial, também a interposição de aclaratórios para a correção de erro material. 2. "A omissão a ser sanada por meio dos embargos declaratórios é aquela existente em face dos pontos em relação aos quais está o julgador obrigado a responder; enquanto a contradição que deveria ser arguida seria a presente internamente no texto do aresto embargado, e não entre este e o acórdão recorrido. Já a obscuridade passível de correção é a que se detecta no texto do decisum, referente à falta de clareza, o que não se constata na espécie."(EDcl no AgRg no REsp 1.222.863/PE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 13/6/2011) 3. Embargos manejados com nítido caráter infringente, onde se objetiva rediscutir a causa já devidamente decidida. 4. Embargos de declaração rejeitados. (grifamos) Com essas considerações, REJEITO OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO opostos pela Fazenda Nacional. É como voto. Luís Eduardo Garrossino Barbieri (assinado digitalmente) Fl. 291DF CARF MF Impresso em 09/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 31/07/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES 6 Fl. 292DF CARF MF Impresso em 09/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 31/07/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES
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Numero do processo: 10935.902382/2012-62
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 15/09/2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE.
Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito.
Numero da decisão: 3802-002.538
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano DAmorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Bruno Maurício Macedo Curi - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn.
O conselheiro Solon Sehn declarou-se impedido.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 15/09/2003 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. COFINS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. DESCABIMENTO. Diante das regras vigentes, não é cabível pedido de restituição de COFINS que tenha por base a alegação de recolhimento a maior por inclusão do ICMS na base de cálculo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 15/09/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE. Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 23 82 /2 01 2- 62 Fl. 60DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano D’Amorim Presidente. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. O conselheiro Solon Sehn declarouse impedido. Relatório O contribuinte JUMBO ALIMENTOS LTDA. interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 0642.688, proferido em primeira instância pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba/PR, que julgou improcedente o direito creditório pleiteado pelo sujeito passivo em sede de manifestação de inconformidade, rejeitandoa. Por bem explicitar os atos e fases processuais ultrapassados até o momento da análise da impugnação, adotase o relatório elaborado pela autoridade julgadora a quo: “Trata o processo de Despacho Decisório emitido pela DRF Cascavel/PR, em 01/08/2012, que indeferiu o pedido de restituição formulado por meio do Per/Dcomp nº 29769.78078.161107.1.2.044006, rastreamento nº 029224605, devido à inexistência de crédito pleiteado de R$ 7.161,72, uma vez que o pagamento de COFINS (Código 2172), do período de 31/08/2003, efetuado em 15/09/2003, estaria totalmente utilizado na extinção, por pagamento, de débito da contribuinte do mesmo fato gerador. Cientificada da decisão em 13/08/2012, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, a inconstitucionalidade da cobrança do PIS e da Cofins sem a exclusão do ICMS da base de cálculo. Diz que o conceito de faturamento trazido pela Lei nº 9.718, de 1998, não pode ser elastecido a ponto de abarcar o conceito de “ingresso”, por isso, o ICMS não integra a base de cálculo das contribuições, por se tratar de mero ingresso de recursos, os quais devem ser repassados ao fisco estadual, e que o Supremo Tribunal Federal – STF tem entendido que o valor do ICMS não pode compor a base de cálculo do PIS e da Cofins. Dessa forma, solicita que os créditos sejam restituídos, acrescidos de juros de mora, desde seu pagamento indevido até a data da restituição/compensação. É o relatório.” Indeferida a manifestação de inconformidade apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a improcedência do direito creditório na forma da ementa que segue: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 61DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.902382/201262 Acórdão n.º 3802002.538 S3TE02 Fl. 122 3 Data do fato gerador: 15/09/2003 COFINS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO EM PER/DCOMP. Inexistindo o direito creditório informado em PER/DCOMP, é de se indeferir o pedido de restituição apresentado. EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo das contribuições ao PIS/Pasep e à Cofins, pois aludido valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando for cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. CONTESTAÇÃO DE VALIDADE DE NORMAS VIGENTES. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. Compete à autoridade administrativa de julgamento a análise da conformidade da atividade de lançamento com as normas vigentes, às quais não se pode, em âmbito administrativo, negar validade sob o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada acerca da decisão exarada pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba, a interessada interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual reitera os argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso e passo à análise das razões recursais. Da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS A Recorrente alega que possui direito de crédito amparada no fato de que incluiu, quando de sua apuração do PIS e da COFINS, o ICMS em sua base de cálculo; e que tal inclusão seria indevida, de modo que merece ser proporcionalmente restituída do montante decorrente desse procedimento. De início vale destacar que, ao invés de questionar a constitucionalidade da regra (o que levaria ao não conhecimento do presente Recurso), o contribuinte cerra sua discussão na extensão do conceito de faturamento – o que, na esteira da decisão proferida pelo STF no RE 346084, no qual se afastou a tributação sobre a receita bruta e se limitou ao Fl. 62DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 faturamento, assim entendido como as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e prestações de serviços. Desse modo, o recurso é passível de conhecimento. Além disso, por mais que esteja sujeita ao regime não cumulativo do PIS e da COFINS, por entender que o conceito de faturamento deve ser apenas um (pois, independente do regime de tributação, temse em verdade dois únicos tributos, PIS e COFINS), comungo com o pressuposto de que o conceito de faturamento adotado com relação à lei 9.718 deve ser o mesmo válido também para os regimes das leis 10.637/2002 e 10.833/2003. A Recorrente fundamenta seu pleito defendendo que o ICMS não seria receita própria do sujeito passivo, o que implicaria na seguinte situação: Para tanto, espelhase em doutrina e em julgados que entendem que o ICMS não se enquadra no conceito de faturamento, por não representar vantagem do sujeito passivo, mas apenas receitas de terceiros. A DRJ, todavia, não acolheu o entendimento da Recorrente, pelo singelo fato de que as normas vigentes – às quais o julgador administrativo está adstrito – impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Assim dispôs a decisão recorrida: “Pela manifestação de inconformidade apresentada, vêse, de pronto, que a pretensão da contribuinte implica negar efeito a disposição expressa de lei. Nesse contexto, cumpre registrar que não há na legislação de regência revisão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, já que esse valor, ainda que assim não entenda a interessada, é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário, consoante se depreende da leitura dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998: (...)” Entendo que a DRJ está correta em suas considerações, apesar de uma pequena impropriedade ao se referir à lei 9.718/98 – pois o direito creditório decorre de PIS e COFINS recolhidos pela sistemática não cumulativa. As normas de direito vigentes, às quais o CARF está vinculado, impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Nesse sentido, vejase o que dispõem as leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que em matéria de ICMS autorizam a dedução somente no caso de exportação: Lei 10.637/2002 “Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Fl. 63DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.902382/201262 Acórdão n.º 3802002.538 S3TE02 Fl. 123 5 § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: VII decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Lei 10.833/2003 “Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: VI decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Logo, do ponto de vista normativo a Recorrente já não merece acolhida em seu pleito, ao menos no âmbito administrativo. E nem se diga que o conceito simples de faturamento, indicado no parágrafo 2o do artigo 1o das leis 10.637/2002 e10.833/2003, permitiria inferir que o ICMS incidente sobre as operações do próprio sujeito passivo, seria incompatível com a base de cálculo. Trata se de afastamento legal da base de cálculo, apenas para o caso excepcional do ICMS da exportação. E mesmo isso possui uma razão de ser, qual seja a desoneração das exportações. De todo modo, mesmo que se abstraia da letra fria das normas vigentes, ou se entenda que a dicção do inciso VI do § 3o do art. 1o das leis de regência da sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS, entendo que não é cabível a exclusão do ICMS da base de cálculo dessas contribuições. E isso pela própria essência do ICMS. Desde que o STF entendeu, no RE 212209, que o ICMS compõe a própria base de cálculo, não restam dúvidas de que esse imposto integra o valor da operação. E não há, com a devida vênia a todos os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais trazidos pela Recorrente, condições de se decompor o valor da operação entre itens que integrariam sua receita, e outros (em especial, o ICMS) que implicariam receitas de terceiros. É o que se verifica, inclusive, do julgado do RE em tela, no qual o Ministro Marco Aurélio, relator, confrontou o Min. Nelson Jobim, redator para o Acórdão. Abaixo segue o questionamento e a resposta: Fl. 64DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Esse raciocínio foi acompanhado pelo STJ, o qual, nos Edcl no REsp no 1.413.129SP, firmou tal entendimento, conforme se verifica do aresto abaixo: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. FUNGIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. CONTRADIÇÃO E AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA. MATÉRIA EXCLUSIVAMENTE CONSTITUCIONAL. AFASTAMENTO. "Não procede ainda a afirmação de que a matéria de fundo é exclusivamente constitucional, pois o STJ conhece reiteradamente da questão e possui firme orientação de que a parcela relativa ao ICMS compõe a base de cálculo do PIS e da Cofins (Súmulas 68 e 94/STJ). Precedentes atuais: AgRg no REsp 1.106.638/RO, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 15/5/2013; REsp 1.336.985/MS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 8/2/2013; AgRg no REsp 1.122.519/SC, Rel. Ministro Ari Pargendler, Primeira Turma, DJe 11/12/2012" (AgRg no Ag 1301160/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 12/6/2013). A propósito, valhome do Acórdão proferido no RESP 8.541, o qual serviu como paradigma para as Súmulas 68 (que consagra a inclusão do antigo ICM na base de cálculo do PIS) e também 94 (que consagra a inclusão do ICMS na base de cálculo do antigo Finsocial) do STJ. Nele o Min. Ilmar Galvão, Relator, aponta as seguintes razões: Fl. 65DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.902382/201262 Acórdão n.º 3802002.538 S3TE02 Fl. 124 7 Apesar de se referir ao antigo ICM, a discussão travada (assim como o raciocínio espelhado) remanesce atual, pelo que me valho dessas razões de decidir. Sem embargo, o fato de o ICMS ser tributo de repercussão jurídica não me parece promover diferenças relevantes para o deslinde da causa. A não cumulatividade é, ao fundo, uma sistemática de tributação, destinada a atender a um propósito particular de política econômica, com o fito de evitar a verticalização da cadeia produtiva. Assim leciona Alcides Jorge Costa em O ICM na Constituição e na Lei Complementar (Ed. Resenha Tributária, São Paulo, 1978). Entender que o ICMS, por ser de repercussão jurídica, não significa receita própria, implica conseqüências tão graves no âmbito daquele tributo, que é mesmo incogitável admitir isso para o PIS e a COFINS. Apenas à guisa de ilustração, trago outro exemplo, além da inclusão do ICMS na própria base de cálculo (que teria que ser revista, pois perderia sua Fl. 66DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 razão de ser), que a inadimplência teria reflexos diametralmente opostos no ICMS se ele fosse considerado receita de terceiros. Esses reflexos, que podem ser suscitados como marginais ao PIS e à COFINS, em verdade guardam íntima relação com essas contribuições. Basta ver que, se o contribuinte considera que o ICMS é receita de terceiros, teria que observar todos os reflexos contábeis decorrentes disso – inclusive lançando a parcela de ICMS do seu preço em conta contábil própria, de receita de terceiros. De um modo ou de outro, seja do ponto de vista legal, de finalidade das normas, ou mesmo contábil, as próprias raízes do ICMS impedem que ele seja considerado receita de terceiros. E isso, em sede de PIS e COFINS, não pode ser considerado distinto, sob pena de instabilidade e insegurança jurídica absoluta. Os conceitos devem ser trabalhados de maneira uniforme. Por isso mesmo, no que toca os fundamentos do seu pedido de restituição, nego provimento ao Recurso Voluntário. Da ausência de comprovação da materialidade do crédito Ultrapassada a questão acima, o exame da materialidade do crédito do sujeito passivo também não resiste a uma análise mais acurada. Apesar de o despacho decisório afirmar que o crédito argüido pelo sujeito passivo foi integralmente utilizado para pagamento de outros débitos, a Recorrente não demonstrou, por meio de documentos hábeis, que o montante pleiteado referese ao ICMS incluído de modo (a seu ver) indevido na base de cálculo do PIS e da COFINS. Isso se verificou na manifestação de inconformidade e também no presente Recurso Voluntário. Ora, o processo administrativo tributário em si é regido pelo princípio da verdade material, que busca, mais do que qualquer formalismo, a essência do que é levado a revisão administrativa. Assim é que, no que tange ao pedido de restituição, é de responsabilidade do sujeito passivo demonstrar, mediante a apresentação de provas hábeis e idôneas, a composição e a existência do crédito pleiteado junto à Fazenda Nacional, para que sejam aferidas (i) sua legitimidade e (ii) a materialidade do seu crédito, para os fins do art. 165 do CTN. Neste espeque, a Recorrente, mesmo instada a tanto pela DRJ, não acostou aos autos documentação suficiente para comprovação de que efetivamente o crédito pleiteado se refere à inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Reiterese aqui, que no rito do processo de análise de pedidos de restituição, o sujeito passivo deve demonstrar a materialidade de seu crédito. Vale repisar que, diferentemente do processo de revisão do lançamento tributário, em que o ônus da prova compete ao fisco (demonstrando cabalmente as razões pelas quais o tributo deve ser exigido), no pedido de compensação o contribuinte deve demonstrar as razões pelas quais ele deve ser restituído no montante pleiteado. Assim sendo, não há nos autos fundamentos que legitimem a restituição pleiteada pela Recorrente, de modo que deve ser negado provimento ao presente Recurso Voluntário, não se reconhecendo o crédito requerido. Fl. 67DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.902382/201262 Acórdão n.º 3802002.538 S3TE02 Fl. 125 9 Conclusão Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Fl. 68DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 16004.000918/2009-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. ACOLHIMENTO.
Acolhem-se os embargos declaratórios para sanar eventuais omissões verificadas no acórdão.
LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. CONTAS CONJUNTAS. INTIMAÇÃO. NECESSIDADE. SÚMULA CARF Nº 29.
No caso de conta bancária em conjunto é indispensável a regular e prévia intimação de todos os titulares para comprovar a origem dos recursos depositados e/ou creditados nas contas bancárias.
ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DA CONTA. CORREÇÃO.
Constatada a ocorrência de erro material no julgado, acolhem-se os Embargos de Declaração apenas para corrigir o referido erro material existente.
Numero da decisão: 2201-002.482
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher parcialmente os Embargos de Declaração para, sanando o vício apontado no Acórdão nº 2201-1.475, de 18/03/2014, corrigir o erro na identificação da conta, mantendo-se a decisão original, no sentido de, "por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência os depósitos das contas da Caixa e Bradesco, nos termos do voto do Relator, e desqualificar a multa de ofício, reduzindo-a ao percentual de 75%".
Assinado Digitalmente
EDUARDO TADEU FARAH Relator
Assinado Digitalmente
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), EDUARDO TADEU FARAH, GUSTAVO LIAN HADDAD, GUILHERME BARRANCO DE SOUZA (Suplente convocado), FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA e NATHALIA MESQUITA CEIA.
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. ACOLHIMENTO. Acolhem-se os embargos declaratórios para sanar eventuais omissões verificadas no acórdão. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. CONTAS CONJUNTAS. INTIMAÇÃO. NECESSIDADE. SÚMULA CARF Nº 29. No caso de conta bancária em conjunto é indispensável a regular e prévia intimação de todos os titulares para comprovar a origem dos recursos depositados e/ou creditados nas contas bancárias. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DA CONTA. CORREÇÃO. Constatada a ocorrência de erro material no julgado, acolhem-se os Embargos de Declaração apenas para corrigir o referido erro material existente.
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ACOLHIMENTO. Acolhemse os embargos declaratórios para sanar eventuais omissões verificadas no acórdão. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. CONTAS CONJUNTAS. INTIMAÇÃO. NECESSIDADE. SÚMULA CARF Nº 29. No caso de conta bancária em conjunto é indispensável a regular e prévia intimação de todos os titulares para comprovar a origem dos recursos depositados e/ou creditados nas contas bancárias. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DA CONTA. CORREÇÃO. Constatada a ocorrência de erro material no julgado, acolhemse os Embargos de Declaração apenas para corrigir o referido erro material existente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher parcialmente os Embargos de Declaração para, sanando o vício apontado no Acórdão nº 2201 1.475, de 18/03/2014, corrigir o erro na identificação da conta, mantendose a decisão original, no sentido de, "por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência os depósitos das contas da Caixa e Bradesco, nos termos do voto do Relator, e desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%". Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 09 18 /2 00 9- 03 Fl. 3512DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por EDUARDO TADEU FARAH 2 Assinado Digitalmente MARIA HELENA COTTA CARDOZO Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), EDUARDO TADEU FARAH, GUSTAVO LIAN HADDAD, GUILHERME BARRANCO DE SOUZA (Suplente convocado), FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA e NATHALIA MESQUITA CEIA. Relatório A Fazenda Nacional interpôs Embargos de Declaração, fls. 2256/2266, com fundamento no art. 64, inciso I, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 256/2009. Alega a Embargante que o Acórdão n° 2201002.345, de 18 de março de 2014, contém vícios, nos termos que se seguem: A r. decisão ora embargada, em sede de julgamento de Recurso Voluntário, deu parcial provimento ao recurso para excluir da base de cálculo os valores relativos às contas de depósito da Caixa e do Bradesco, tendo em vista que não houve a devida intimação dos cotitulares Isis Calegare e Igor Augusto Calegare, respectivamente. O colegiado determinou, ainda, a desqualificação da multa de ofício imputada ao auto de infração. (...) Ocorre que, da leitura das Fichas de Cadastro de Clientes das respectivas contas (Caixa – documento à fl. 559 e Bradesco – documento às fls. 486/487, ambos constantes do Anexo I, Volume 3), os cotitulares são dependentes de seus genitores, na medida em que declaram não possuir qualquer renda e tenham o mesmo endereço destes. Destaquese, ainda, que Isis Calegare tem como data de nascimento 08/03/1989 e o período autuado cingese aos anos calendário 2003 a 2006. Deste modo, cumpre observar que a mencionada cotitular da conta da Caixa era menor de idade durante todo o período objeto do presente lançamento. Considerando que a Sra. Ana Maria Calegare, genitora, foi devidamente intimada a se manifestar sobre os depósitos existentes, o que envolve a movimentação de seus dependentes, e não houve comprovação neste sentido, deve ser mantida a presunção do art. 42 da Lei nº 9.430/1996. (...) Outro aspecto relevante de destaque cingese ao alcance do acórdão ora embargado. Ocorre que o dispositivo não mencionou expressamente quais as contas de depósito da Caixa e do Bradesco teriam sido excluídas do lançamento, tal qual o ilustre Conselheiro Relator indicou no último parágrafo do voto condutor. Fl. 3513DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 16004.000918/200903 Acórdão n.º 2201002.482 S2C2T1 Fl. 3 3 Não obstante esteja evidente no voto o entendimento do julgador, considerando a existência de diversas contas movimentadas pelo contribuinte em cada uma destas instituições, e considerando que o dispositivo é parte relevante para determinar a extensão do julgado, requer a União que tal menção seja também feitano dispositivo, a fim de evitar qualquer interpretação errônea no momento da execução do acórdão. Pois bem, no que tange à intimação aos cotitulares: Isis Calegare e Igor Augusto Calegare, verificase que o Conselheiro Relator não identificou nos autos as citadas intimações para comprovar a origem dos depósitos bancários, razão pela qual aplicou ao caso a Súmula CARF nº 29. Entretanto, a Embargante chama a atenção para o fato de que não haveria necessidade de intimação, pois os cotitulares são dependentes de seus genitores, não possuem qualquer renda e residem no mesmo endereço do recorrente. Além disso, assevera a Fazenda Nacional que a Sra. Ana Maria Calegare, genitora dos cotitulares, foi devidamente intimada, em outro processo, a se manifestar sobre os depósitos existentes, o que envolve a movimentação de seus dependentes. Quanto à alegação de que o dispositivo não mencionou expressamente quais contas de depósito da Caixa e do Bradesco teriam sido excluídas do lançamento, compulsando se os autos, mais precisamente à fl. 559 – Anexo 3, verificase que houve um pequeno equívoco na identificação da conta, ou seja, onde se lê CAIXA – Ag. 299 – op. 32 – c/c 15.5660, leiase CAIXA – Ag. 299 – op. 32 – c/c 15.3660. Em razão do exposto, a presidência da Câmara acolheu os Embargos e determinou a inclusão do processo em pauta de julgamento, com vistas a sanar os vícios apontados. É o relatório. Voto Conselheiro EDUARDO TADEU FARAH, Relator. Os embargos atendem os requisitos de admissibilidade. De início, cumpre reproduzir trecho do voto, relativamente à matéria embargada (fl. 3494): Entretanto, conforme bem observou o recorrente em resposta ao Termo de Verificação Fiscal, 1961/1969pdf, a cotitular Isis Calegare da conta da CAIXA – Ag. 299 – op. 32 – c/c 15.5660 – (fl. 559 – Anexo 3) e o cotitular Igor Augusto Calegare da conta do BRADESCO – Ag. 3.635/8 – c/c 574/6 – (fl. 486/487 – volume III), não foram intimados a comprovar a origem dos depósitos bancários, consoante se infere do Termo de Verificação Fiscal, fls. 1957/1958pdf. Fl. 3514DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por EDUARDO TADEU FARAH 4 Pelo que se vê, Isis Calegare, cotitular da conta da CAIXA – Ag. 299 – op. 32 – c/c 15.5660 – (fl. 559 – Anexo 3) e Igor Augusto Calegare, cotitular da conta do BRADESCO – Ag. 3.635/8 – c/c 574/6 – (fl. 486/487 – volume III), não foram intimados a comprovar a origem dos depósitos bancários. Assim, penso que não há qualquer reparo a fazer no entendimento do Colegiado, já que em razão do princípio da legalidade, é forçoso reconhecer que não se aperfeiçoa a presunção legal de omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários de origem não comprovada de tais contas. Embora alegue a embargante que não haveria a necessidade de intimação aos cotitulares, pois ambos são menores, não possuem renda, moram no mesmo endereço dos genitores, além de constar como dependentes na Declaração de Ajuste de Ana Maria Calegare, que foi devidamente intimada em outro processo a se manifestar sobre os depósitos existentes, cumpre esclarecer que a Súmula CARF nº 29 é clara quanto a necessidade de intimação de todos os cotitulares, mormente porque o contribuinte não incluiu os cotitulares: Isis Calegare e Igor Augusto Calegare como dependentes em sua declaração. Quanto à alegação de que o dispositivo não mencionou expressamente quais contas de depósito da Caixa e do Bradesco teriam sido excluídas do lançamento, reproduzo, de antemão, trecho do voto condutor do acórdão embargado (fl. 3494): Entretanto, conforme bem observou o recorrente em resposta ao Termo de Verificação Fiscal, 1961/1969pdf, a cotitular Isis Calegare da conta da CAIXA – Ag. 299 – op. 32 – c/c 15.5660 – (fl. 559 – Anexo 3) e o cotitular Igor Augusto Calegare da conta do BRADESCO – Ag. 3.635/8 – c/c 574/6 – (fl. 486/487 – volume III), não foram intimados a comprovar a origem dos depósitos bancários, consoante se infere do Termo de Verificação Fiscal, fls. 1957/1958pdf. (...) Do exposto, verificase que o procedimento fiscal não está lastreado nas condições impostas pela legislação pertinente. Assim, os valores constantes da conta da CAIXA – Ag. 299 – op. 32 – c/c 15.5660 e do BRADESCO – Ag. 3.635/8 – c/c 574/6, devem ser excluídos da exigência. Por sua vez, o dispositivo do acórdão consignou (fl. 3487): Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência os depósitos das contas da Caixa e Bradesco, nos termos do voto do Relator, e desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. Fez sustentação oral pelo Contribuinte o Dr. Rogério de Lellis Pinto, OAB/DF 25.248. O julgamento do recurso foi antecipado para a sessão de 18 de março às 09:00 horas, a pedido do Contribuinte. Do exposto, verificase que o próprio dispositivo do acórdão embargado remete ao voto do Relator, onde estão especificadas as contas excluídas da exigência. Ocorre, entretanto, que analisando à fl. 559 – Anexo 3, verificase que houve um pequeno equívoco na identificação da conta, ou seja, onde se lê CAIXA – Ag. 299 – op. 32 – c/c 15.5660, leiase CAIXA – Ag. 299 – op. 32 – c/c 15.3660. Ante a todo o exposto, voto por acolher em parte os Embargos de Declaração para, sanando o equivoco na identificação da conta, manter a decisão original no sentido de Fl. 3515DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 16004.000918/200903 Acórdão n.º 2201002.482 S2C2T1 Fl. 4 5 “por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência os depósitos das contas da Caixa e Bradesco, nos termos do voto do Relator, e desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%”. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 3516DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por EDUARDO TADEU FARAH
score : 1.0
Numero do processo: 10830.907585/2011-32
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Aug 21 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2004
PIS/PASEP. ICMS. EXCLUSÃO. BASE DE CÁLCULO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA Nº 02.
A exclusão do Icms da base de cálculo do PIS/Pasep e a Cofins, de acordo com a legislação vigente (Lei nº 10.833/200e, art. 1º, § 3º, III; Lei nº 9.718/1998, art. 3º, § 2º, Lei nº 9.715/1998, art. 3º, parágrafo único; Lei nº 10.637/2002, art. 1º, § 3º, II), somente é autorizada no regime de substituição tributária (Icms-ST). No demais casos, pressupõe o reconhecimento da inconstitucionalidade da incidência, matéria que, como se sabe, é objeto da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) nº 14, no Supremo Tribunal Federal. Antes do julgamento desta, não há como se afastar a inclusão do Icms na base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep, pela falta de previsão legal e, nos termos da Súmula CARF nº 02, pela incompetência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para declarar a inconstitucionalidade de atos normativos fora das hipóteses previstas no art. 62 do Regimento Interno.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3802-002.933
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente.
(assinado digitalmente)
SOLON SEHN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: Solon Sehn
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2004 PIS/PASEP. ICMS. EXCLUSÃO. BASE DE CÁLCULO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA Nº 02. A exclusão do Icms da base de cálculo do PIS/Pasep e a Cofins, de acordo com a legislação vigente (Lei nº 10.833/200e, art. 1º, § 3º, III; Lei nº 9.718/1998, art. 3º, § 2º, Lei nº 9.715/1998, art. 3º, parágrafo único; Lei nº 10.637/2002, art. 1º, § 3º, II), somente é autorizada no regime de substituição tributária (Icms-ST). No demais casos, pressupõe o reconhecimento da inconstitucionalidade da incidência, matéria que, como se sabe, é objeto da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) nº 14, no Supremo Tribunal Federal. Antes do julgamento desta, não há como se afastar a inclusão do Icms na base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep, pela falta de previsão legal e, nos termos da Súmula CARF nº 02, pela incompetência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para declarar a inconstitucionalidade de atos normativos fora das hipóteses previstas no art. 62 do Regimento Interno. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2004 PIS/PASEP. ICMS. EXCLUSÃO. BASE DE CÁLCULO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA Nº 02. A exclusão do Icms da base de cálculo do PIS/Pasep e a Cofins, de acordo com a legislação vigente (Lei nº 10.833/200e, art. 1º, § 3º, III; Lei nº 9.718/1998, art. 3º, § 2º, Lei nº 9.715/1998, art. 3º, parágrafo único; Lei nº 10.637/2002, art. 1º, § 3º, II), somente é autorizada no regime de substituição tributária (IcmsST). No demais casos, pressupõe o reconhecimento da inconstitucionalidade da incidência, matéria que, como se sabe, é objeto da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) nº 14, no Supremo Tribunal Federal. Antes do julgamento desta, não há como se afastar a inclusão do Icms na base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep, pela falta de previsão legal e, nos termos da Súmula CARF nº 02, pela incompetência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para declarar a inconstitucionalidade de atos normativos fora das hipóteses previstas no art. 62 do Regimento Interno. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 75 85 /2 01 1- 32 Fl. 71DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 (assinado digitalmente) SOLON SEHN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte/MG, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo Recorrente, assentada nos fundamentos resumidos na ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2004 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O interessado apresentou o PER/Dcomp (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação), sem retificar a Dctf (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais). Tal fato fez com que o pagamento continuasse atrelado à quitação do débito originário, inviabilizando a homologação da compensação. Em sede de manifestação de inconformidade, o Recorrente alegou que o crédito seria decorrente do recolhimento indevido de PIS/Pasep e de Cofins, resultante da inclusão do Icms na base de cálculo das contribuições. Sustentou ainda que, em se tratando de receita tributária dos Estados da Federação, o referido imposto não faria parte da receita auferida pela empresa. Aduz que a manutenção do imposto na base de cálculo da contribuição afrontaria os arts. 146, III, da Constituição e art. 110 do Código Tributário Nacional. A Recorrente, nas razões de fls. 55 e ss., reitera os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade, requerendo a reforma da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheiro Solon Sehn O sujeito passivo teve ciência da decisão no dia 09/10/2013 (fls. 64), interpondo recurso tempestivo em 12/11/2013 (fls. 55). Assim, presentes os demais requisitos de admissibilidade do Decreto no 70.235/1972, o mesmo pode ser conhecido. Fl. 72DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10830.907585/201132 Acórdão n.º 3802002.933 S3TE02 Fl. 67 3 A exclusão do Icms da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins, de acordo com a legislação vigente (Lei nº 10.833/200e, art. 1º, § 3º, III; Lei nº 9.718/1998, art. 3º, § 2º, Lei nº 9.715/1998, art. 3º, parágrafo único; Lei nº 10.637/2002, art. 1º, § 3º, II), somente é autorizada no regime de substituição tributária (IcmsST). No demais casos, a exclusão pressupõe o reconhecimento da inconstitucionalidade da incidência, matéria que, como se sabe, é objeto da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) nº 14, no Supremo Tribunal Federal. Antes do julgamento da referida ADC, não há como se afastar a inclusão do Icms na base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep, pela falta de previsão legal e, nos termos da Súmula CARF nº 02, pela incompetência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para declarar a inconstitucionalidade de atos normativos fora das hipóteses previstas no art. 62 do Regimento Interno: Súmula Carf nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 1993. Votase pelo desprovimento do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Solon Sehn Relator Fl. 73DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 Fl. 74DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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Numero do processo: 10314.012536/2009-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 19 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2009
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. INCORREÇÃO. MULTA. CABIMENTO. DÚVIDA FUNDADA. INOCORRÊNCIA.
Não se revela fundada a dúvida acerca de classificação fiscal quando, após alteração de texto das Normas Explicativas do Sistema Harmonizado - NESH, resta claro em qual posição da TEC/NCM deve ser enquadrado o produto, de maneira que, nestes casos, ainda que inexistente a intenção de lesar a Fazenda Nacional, aplica-se a multa a prevista no art. 84 da MP 2.158-35/2001.
Recurso voluntário negado.
Não se qualifica como cerceamento do direito de defesa o indeferimento, devidamente fundamentado, de pedido de perícia ou diligência que, pela sua natureza, mostra-se desnecessário ou desinfluente para solução do conflito, nos termos do art. 18 do Decreto nº 70.235/72, que regulamenta o processo administrativo fiscal.
Numero da decisão: 3401-002.693
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Robson José Bayerl Presidente ad hoc e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Mônica Monteiro Garcia de Los Rios, Raquel Motta Brandão Minatel, Eloy Eros da Silva Nogueira, Angela Sartori e Cláudio Monroe Massetti.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2009 NORMAS LEGAIS. RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. AVALIAÇÃO. DISCUSSÃO ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar a respeito de inconstitucionalidade de normas legais válidas e vigentes, ou mesmo manifestarse sobre aspectos atinentes à razoabilidade e proporcionalidade do seu conteúdo, por expressa vedação legal constante do art. 26A do Decreto nº 70.235/72, com a redação modificada pela Lei nº 11.941/09. PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não se qualifica como cerceamento do direito de defesa o indeferimento, devidamente fundamentado, de pedido de perícia ou diligência que, pela sua natureza, mostrase desnecessário ou desinfluente para solução do conflito, nos termos do art. 18 do Decreto nº 70.235/72, que regulamenta o processo administrativo fiscal. ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2009 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. INCORREÇÃO. MULTA. CABIMENTO. DÚVIDA FUNDADA. INOCORRÊNCIA. Não se revela fundada a dúvida acerca de classificação fiscal quando, após alteração de texto das Normas Explicativas do Sistema Harmonizado NESH, resta claro em qual posição da TEC/NCM deve ser enquadrado o produto, de maneira que, nestes casos, ainda que inexistente a intenção de lesar a Fazenda Nacional, aplicase a multa a prevista no art. 84 da MP 2.158 35/2001. Recurso voluntário negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 01 25 36 /2 00 9- 34Fl. 308DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Robson José Bayerl – Presidente ad hoc e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Mônica Monteiro Garcia de Los Rios, Raquel Motta Brandão Minatel, Eloy Eros da Silva Nogueira, Angela Sartori e Cláudio Monroe Massetti. Relatório Em procedimento de revisão aduaneira verificouse errônea classificação fiscal, na TEC/NCM, na importação do produto descrito como “COMPONENT B227” (“COMPONENT B227” ou “BCOMPONENT 227”), através de declarações de importação registradas no período de janeiro/2005 a junho/2009. O relatório de autuação informou que o produto, segundo laudo confeccionado pelo L. A. FALCÃO BAUER – Laboratório de Análises, juntado aos autos, corresponde a um Poli (Isocianato de Fenil Metileno) (MDI polimérico), sem carga inorgânica, na forma líquida, e/ou outra resina amínica, em forma primária, utilizada na fabricação de poliuretanos, estando descrita na NESH (Notas Explicativas do Sistema Harmonizado) como uma resina amínica modificada quimicamente. A classificação adotada pelo contribuinte se deu nas posições 3824.90.89 e 3909.50.19, enquanto a fiscalização apontou, como adequada, a posição 3909.30.20 (outras resinas amínicas em forma primária, sem carga), razão porque aplicou a multa equivalente a 1% (um por cento) do valor aduaneiro da mercadoria (art. 84 da MP 2.15835/2001). Em impugnação o contribuinte alegou tratarse o produto de uma mistura de isômeros de diisocianatos de difenilmetano, de fórmula geral C15H10N2O2, mistura de isocianatos cíclicos, que, por não possuir classificação específica, deveria ser enquadrado nas posições por ele empregadas até o advento da IN SRF 807/08, que aprovou o texto da NESH, quando passou então a ser cabível a posição 3909.30.20; que a mercadoria foi classificada de acordo com as normas vigentes em cada época de ocorrência das importações, normas estas mutáveis no transcurso do tempo; que a espécie “medida provisória” não seria o instrumento legal adequado para veicular a penalidade aplicada; que estaria amparado pelo ADN COSIT 10/97, que afasta a aplicação da multa quando a mercadoria estiver descrita corretamente com os elementos necessários ao seu correto enquadramento fiscal; que o produto, no período de 1998 a 2004, foi classificado pelo próprio Fisco em variadas classificações, o que revelaria a incerteza do enquadramento tarifário correto; que, pela aplicação dos arts. 105 e 112 do CTN, a classificação adotada pela fiscalização somente poderia ser exigida a partir da vigência da IN SRF 807/08; que as importações realizadas consubstanciariam “ato jurídico perfeito”, não sendo passível de revisão, a teor do art. 5º, XXXVI da CF/88 e art. 6º da LICC; que a Fl. 309DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10314.012536/200934 Acórdão n.º 3401002.693 S3C4T1 Fl. 11 3 imposição da multa em epígrafe padeceria de falta de razoabilidade, proporcionalidade e representaria violação ao princípio da isonomia; e, ao final, dentre outros pedidos, requereu a realização de perícia técnica. A DRJ Fortaleza/CE julgou o lançamento parcialmente procedente, exonerando os fatos geradores ocorridos anteriormente à edição da IN SRF 509/2005, acolhendo os argumentos de irretroatividade da lei tributária, de interpretação benigna e de mudança de critério jurídico, em decisão que restou assim ementada: “PROVAS. OPORTUNIDADE DA APRESENTAÇÃO. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazelo em outro momento processual, exceto quando fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, ou quando se refira a fato ou a direito superveniente, ou quando se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. SISTEMA HARMONIZADO. REGRAS DE INTERPRETAÇÃO. NOTAS EXPLICATIVAS. O produto declarado como “COMPONENT B 227” e suas variações “COMPONENT B227” e “BCOMPONENT 227”, identificado em laudo técnico como sendo “Poli (Isocianato de Fenil Metileno) (MDI polimérico), sem carga inorgânica, na forma liquida, Outra Resina Amínica, em forma primária”, classificase, à luz das Regras Gerais de Interpretação do Sistema Harmonizado e em conformidade com a descrição constante das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH), na redação vigente na época dos fatos, na posição 3909.30.20 da Nomenclatura Comum do Mercosul. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. IRRETROATIVIDADE. Demonstrado que, depois de oscilar, por diversas vezes, quanto à classificação fiscal adequada para o produto importado pelo sujeito passivo, a autoridade administrativa passou a adotar para esse produto, e em relação ao mesmo sujeito passivo, uma nova classificação fiscal, decorrente da alteração no texto das NESH que introduziu subsídios fundamentais para a exata determinação da classificação fiscal do produto, temse como configurada a mudança de critério jurídico, que, nos termos do art. 146 do Código Tributário Nacional, somente é válida, em relação ao mesmo sujeito passivo, para os fatos geradores ocorridos posteriormente à sua introdução. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. NOTAS EXPLICATIVAS DO SISTEMA HARMONIZADO. CARÁTER FUNDAMENTAL. As Notas Explicativas do Sistema Harmonizado NESH constituem elemento subsidiário de caráter fundamental para a correta interpretação do conteúdo das posições e subposições, bem como das Notas de Seção, Capítulo, posições e subposições da Nomenclatura do Sistema Harmonizado. INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. VEDAÇÃO. Fl. 310DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL 4 A arguição de inconstitucionalidade não é oponível na esfera administrativa, porquanto a autoridade administrativa carece de competência para apreciar matéria reservada ao Poder Judiciário. INTERPRETAÇÃO MAIS FAVORÁVEL AO ACUSADO. APLICABILIDADE. Sempre que houver dúvida quanto à capitulação legal do fato; à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; ou à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação, a legislação relativa a aplicação de penalidade deve ser interpretada da maneira mais favorável ao acusado. PENALIDADE. RETROATIVIDADE. Por não preencher qualquer das condições estabelecidas no art. 106 do Código Tributário Nacional, a Instrução Normativa que aprovou as alterações nas NESH que subsidiaram de forma fundamental a correta classificação fiscal da mercadoria importada pelo sujeito passivo na posição NCM 3909.30.20, somente alcança os fatos geradores ocorridos posteriormente à sua publicação, descabendo falarse em aplicação de penalidade, por erro na classificação fiscal, quanto aos fatos anteriores à sua vigência. APRESENTAÇÃO DE PROVAS. OPORTUNIDADE. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazelo em outro momento processual, salvo quando demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; quando se refira a fato ou a direito superveniente; ou quando se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas. LAUDO PERICIAL TÉCNICO. PRESCINDIBILIDADE. A ausência de laudo técnico não configura motivo para a nulidade do lançamento quando não pairem dúvidas acerca da identificação das mercadorias. Impugnação procedente em parte.” Em recurso voluntário o contribuinte apontou cerceamento no direito de defesa, pelo indeferimento da perícia requerida; destacou a ausência de proporcionalidade e razoabilidade na fixação da multa, pois não haveria vinculação alguma entre a classificação fiscal e o valor aduaneiro; insistiu na aplicação do ADN COSIT 10/1997; aduziu que, em face da dúvida havida na classificação fiscal, deveria ser observado o art. 112 do CTN; no mais, reprisou as alegações já deduzidas em impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O recurso interposto é tempestivo e preenche os demais requisitos para sua admissibilidade, devendo ser conhecido. Fl. 311DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10314.012536/200934 Acórdão n.º 3401002.693 S3C4T1 Fl. 12 5 Antes de examinar a preliminar argüida, registro que o próprio recorrente acata a classificação fiscal indicada pela autoridade administrativa, posição 3909.30.20, porém, restringe o seu emprego ao início da IN SRF 807/08, que aprovou o texto das Notas Explicativas do sistema Harmonizado NESH, como se extrai da seguinte passagem do recurso interposto: “Vale frisar que somente a partir da Instrução Normativa nº 807/08 foi aprovado o texto da NESH que estabelece a classificação exata do B227 como sendo uma ‘resina amínica modificada quimicamente’, sendo certo que, a partir daquele texto, sua classificação passou a ser, sem qualquer dúvida, a de número 3909.30.20.” (grifos no original) Neste diapasão, mostrase completamente desnecessária a realização da perícia pleiteada, porquanto não há dúvida alguma acerca do produto e sua qualificação, designado pelo laudo técnico que instrui o processo como sendo um Poli (Isocianato de Fenil Metileno) (MDI polimérico), sem carga inorgânica, na forma líquida, e outra resina amínica, em forma primária, utilizada na fabricação de poliuretanos, descrita na NESH (Notas Explicativas do Sistema Harmonizado) como uma resina amínica modificada quimicamente. Portanto, plenamente aplicável as disposições do art. 18 do Decreto nº 70.235/72, mesmo porque a classificação fiscal, a teor do art. 30, § 1º, não é aspecto técnico sujeito a laudo pericial, como asseverado pela decisão recorrida, que não incorreu em qualquer nulidade e tampouco vilipendiou o direito ao contraditório ao indeferir a vindicada perícia. No que diz respeito à alegada ausência de razoabilidade e proporcionalidade da regra insculpida no art. 84 da MP 2.15835/2001, tenho repetido que não compete às instâncias administrativas de julgamento aquilatar as razões que norteiam o legislador pátrio no exercício do poder legiferante constitucionalmente conferido, muito menos avaliar as pretensas vicissitudes de normas válidas e vigentes, ex vi do art. 26A do Decreto nº 70.235/72, art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais –RICARF, aprovado pela Portaria MF 256/09, bem assim, o enunciado da súmula CARF nº 2 (O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária), de maneira que, neste ponto, o recurso não deve sequer ser conhecido. Tocante à aplicação do ADN Cosit 10/97, o tema foi bem enfrentado pela decisão de piso, que destacou a revogação expressa de aludido ato opinativo pelo ADI SRF nº 13/2002: “Art. 1º Não constitui infração punível com a multa prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a solicitação, feita no despacho de importação, de reconhecimento de imunidade tributária, isenção ou redução do imposto de importação e preferência percentual negociada em acordo internacional, quando incabíveis, bem assim a indicação indevida de destaque ex, desde que o produto esteja corretamente descrito, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, e que não se constate, em qualquer dos casos, intuito doloso ou má fé por parte do declarante. Art. 2º Fica revogado o Ato Declaratório (Normativo) Cosit nº 10, de 16 de janeiro de 1997.” Fl. 312DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL 6 Como não bastasse, a inteligência do ato administrativo em tela limitase textualmente à aplicação da multa de ofício proporcional prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96, não se estendendo à penalidade do art. 84 da MP 2.15835/2001. De outra banda, ainda que possível admitir a pretensa aplicação do ato declaratório em destaque, em minha opinião, considerando que a descrição do produto nas declarações de importação se limitou à expressão “COMPONENT B227”, não há como reconhecer que esteja adequadamente descrito, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, como exigido, pois, apenas com estes dados, isoladamente, é impossível efetuar a sua classificação fiscal, principalmente por se tratar de produto químico. Quanto à aplicação do benefício do art. 112 do CTN, consistente na interpretação mais favorável ao contribuinte perante lei tributária que define infrações, sustenta o recorrente que a certeza da classificação fiscal do produto “COMPONENT B227” somente ocorreu com a publicação da IN SRF 807/08, que aprovou novo texto das Notas explicativas do Sistema Harmonizado – NESH; todavia, como acentuado pela decisão a quo, a redação trazida por este ato normativo, na parte que interessa ao presente julgado, é idêntica àquela introduzida pela IN SRF 509/05, senão vejase: “O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL , no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF nº 259, de 24 de agosto de 2001 , e pelo art. 1º da Portaria MF nº 91, de 24 de fevereiro de 1994, resolve: Artigo 1º Aprovar as alterações às Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias NESH, aprovadas pelo Decreto nº 435, de 28 de janeiro de 1992, decorrentes das Atualizações nº 5 (fevereiro de 2004) e 6 (agosto de 2004, efetuadas pela Organização Mundial das Alfândegas (OMA)), devidamente traduzidas para a língua portuguesa, conforme o anexo a esta Instrução Normativa. Artigo 2º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. JORGE ANTÔNIO DEHER RACHID Anexo Único (...) CAPÍTULO 39. Página 731. Posição 39.09. Primeiro parágrafo. Item 1). Novo terceiro parágrafo. Inserir o novo terceiro parágrafo seguinte : ‘O poli(isocianato de fenil metileno) (que é freqüentemente denominado " MDI em bruto" ou " MDI polimérico" ) apresentase na forma líquida, de aparência opaca, de uma cor que vai do castanho escuro ao castanho claro e sintetizase por reação de anilina e de formaldeído para constituir o poli(metileno fenilamina) que, reagindo em seguida com fosgênio e calor, dá as funções isocianato livres. É um polímero modificado quimicamente de anilina e de formaldeído (uma Fl. 313DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10314.012536/200934 Acórdão n.º 3401002.693 S3C4T1 Fl. 13 7 resina amínica modificada quimicamente). O polímero daí resultante totaliza uma quantidade média de unidades monoméricas compreendida entre 4 e 5 e é um importante pré polímero utilizado na fabricação de poliuretanos.’ (...)” (IN SRF 509/2005, DOU 15/02/2005) (sublinhado e destacado) “O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL , no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 224 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF nº 95, de 30 de abril de 2007 , e tendo em conta a competência que lhe foi outorgada pelo art. 1º da Portaria nº 91, de 24 de fevereiro de 1994, do Ministro de Estado da Fazenda, resolve: Art. 1 º Aprovar, na forma do Anexo Único a esta Instrução Normativa, o texto atualizado das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (NESH), aprovadas pelo Decreto nº 435, de 27 de janeiro de 1992, incorporando todas as alterações efetuadas pela Organização Mundial das Alfândegas (OMA) decorrentes da Recomendação do Conselho de Cooperação Aduaneira de 26 de junho de 2004, em vigor a partir de 1º de janeiro de 2007 (Quarta Emenda ao Sistema Harmonizado), devidamente traduzidas para a língua portuguesa. Art. 2 º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. JORGE ANTONIO DEHER RACHID ANEXO ÚNICO (...) 39.09 Resinas amínicas, resinas fenólicas e poliuretanos, em formas primárias. 3909.10 Resinas ureicas; resinas de tioureia 3909.20 Resinas melamínicas 3909.30 Outras resinas amínicas 3909.40 Resinas fenólicas 3909.50 Poliuretanos (Texto oficial de acordo com a IN RFB nº 1.260, de 20 de março de 2012) Fl. 314DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL 8 Esta posição abrange: 1) As resinas amínicas Resultam da condensação de aminas ou amidas com aldeídos (formaldeído, furfurol ou outros). Os mais importantes são os produtos de condensação do formaldeído com uréia ou com tiouréia (resinas uréicas e resinas de tiouréia), com a melamina (resinas melamínicas) ou com anilina (resinas de anilina). Estas resinas utilizamse na fabricação de artefatos de plástico transparente, translúcido ou colorido e com brilho notável; são muito empregadas para moldação, utensílios de mesa, artigos de fantasia ou objetos para usos eletrotécnicos. Em soluções e dispersões (emulsões e suspensões) (modificadas ou não por óleos vegetais, ácidos graxos (gordos*), álcoois ou outros polímeros sintéticos), utilizamse como colas, aprestos para têxteis, etc. (ver as Considerações Gerais deste Capítulo, exclusão b), para a classificação das colas). O poli(isocianato de fenil metileno) (que é freqüentemente denominado “MDI em bruto” ou “MDI polimérico”) apresentase na forma líquida, de aparência opaca, de uma cor que vai do castanho escuro ao castanho claro e sintetizase por reação de anilina e de formaldeído para constituir o poli(metileno fenilamina) que, reagindo em seguida com fosgênio e calor, dá as funções isocianato livres. É um polímero modificado quimicamente de anilina e de formaldeído (uma resina amínica modificada quimicamente). O polímero daí resultante totaliza uma quantidade média de unidades monoméricas compreendida entre 4 e 5 e é um importante pré polímero utilizado na fabricação de poliuretanos.” (IN SRF 807/2008, DOU 07/02/2008) (destacado) Confrontandose os dois textos acima transcritos, que reproduzem o conteúdo da NESH, constatase sem grande dificuldade que, como dito, a redação é idêntica, de maneira que, diversamente do que alega o recorrente, a suposta pacificação quanto à classificação fiscal em debate ocorreu então em 2005, através da IN SRF 509/2005, e não com o advento da IN SRF 807/2008, o que acarreta a inaplicabilidade do citado art. 112 do CTN. Outrossim, quanto à dificuldade histórica em se classificar o produto, entendo que não gera reflexo algum sobre o período autuado remanescente, que engloba fevereiro/2005 a junho/2009, haja vista que se verificou no período de 1998 a 2004, portanto, em momento anterior e não abrangido pela autuação. Demais disso, como consignado, o recorrente admite que após a novel redação da NESH a obscuridade existente teria se solucionado, o que se concretizou com a publicação da IN SRF 509/2005, como esclarecido, de modo que não se verifica a influência do problema relatado ao caso vertente. Também não se mostra procedente o argumento de aplicação retroativa da norma, haja vista que isto não ocorreu no caso sub examine, como já demonstrado. Concernente à configuração do ato jurídico perfeito e conseqüente impossibilidade de revisão das declarações de importação, equivocase o contribuinte quanto ao seu alcance, ao passo que tanto o art. 5º, XXXVI da CF/88, quanto o art. 6º, I da Lei de Lei de Introdução ao Código Civil (DecretoLei nº 4.657/42), garantem a irretroatividade da lei Fl. 315DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10314.012536/200934 Acórdão n.º 3401002.693 S3C4T1 Fl. 14 9 para prejudicar o “ato jurídico perfeito”, assim entendido aquele já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. Na legislação tributária, aludido corolário foi agasalhado pelos arts. 106 e 144 do Código Tributário Nacional. Contudo, a impossibilidade de retroatividade da norma para interferir no ato jurídico perfeito não se confunde com a revisão do lançamento por homologação para aferição, justamente, de sua prática segundo a legislação então vigente. Tratandose, na espécie, de vícios em obrigações acessórias atreladas a tributos sujeitos a lançamento na modalidade por homologação a própria lei confere à Administração Tributária a prerrogativa de proceder à sua revisão, desde que observado o prazo qüinqüenal assinalado no art. 150, § 4º do CTN. A legislação específica dispõe que a revisão aduaneira conceituada como o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação , deve ser realizada dentro do prazo de 05 (cinco) anos contados, no caso de importação, da data do registro da respectiva declaração, tudo devidamente respaldado do art. 54 do DecretoLei nº 37/66, na redação dada pelo DecretoLei nº 2.472/88), não havendo nessa atividade qualquer violação ao ato jurídico consumado, mas apenas exercício de um direito legalmente assegurado. Em síntese, a decisão sob vergasta não merece reparo algum, devendo ser mantida pelos seus próprios fundamentos. Por derradeiro, ressalto que não houve questionamento direto à classificação fiscal definida pela autuação, mas tão somente aspectos relativos à aplicação da penalidade. Com estas considerações, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Robson José Bayerl Fl. 316DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL
score : 1.0
Numero do processo: 10580.911708/2009-12
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 20 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/04/2003
Direito ao crédito não conhecido.
Ausência da prova do crédito pleiteado.
Numero da decisão: 3802-003.438
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o presente recurso e negar-lhe provimento, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano Damorim- Presidente.
(assinado digitalmente)
Cláudio Augusto Gonçalves Pereira- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (presidente da turma), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Sólon Sehn, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o presente recurso e negar-lhe provimento, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim- Presidente. (assinado digitalmente) Cláudio Augusto Gonçalves Pereira- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (presidente da turma), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Sólon Sehn, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
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Ausência da prova do crédito pleiteado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o presente recurso e negarlhe provimento, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim Presidente. (assinado digitalmente) Cláudio Augusto Gonçalves Pereira Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (presidente da turma), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Sólon Sehn, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 91 17 08 /2 00 9- 12 Fl. 162DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 31/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 2a Turma da DRJ/BHE, a qual, por unanimidade de votos, julgou pela IMPROCEDÊNCIA da manifestação de inconformidade, tendo em vista que, na ótica fazendária, o contribuinte não conseguiu comprovar o direito ao crédito e, por via de conseqüência, não houve a homologação da compensação pleiteada. Em ato contínuo, o processo de Declaração de Compensação fora realizado pelo contribuinte por meio eletrônico, no qual pretendia quitar os débitos declarados no referido documento, com créditos decorrentes de recolhimento indevido realizado, por meio de DARF, nos termos do Acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/04/2003 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de compensação Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecimento. Em sede de impugnação e de recurso, o contribuinte apresenta os mesmos argumentos, que, em síntese, se referem à identificação e exclusão da base de cálculo do PIS e da COFINS os medicamentos com incidência de alíquota zero, conforme decisão em seu favor, ainda não transitada em julgado, perante a 9ª Vara Federal da Seção Judiciária Federal do Distrito Federal sob o número 2009.34.00.0314472, de modo a manter a integralidade do crédito declarado e a homologar a compensação pleiteada por intermédio do PER/DCOMP. É o relatório. Voto Admissibilidade do Recurso. Tendo em vista que os requisitos de admissibilidade do presente recurso se fazem presentes, é de rigor dele tomar conhecimento e analisar o mérito da questão. Mérito Consultando os autos do processo noticiado pelo contribuinte, se verifica que houve a propositura de mandado de segurança coletivo, impetrado pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços, com o objetivo de suspensão da exigibilidade do PIS e da COFINS proveniente de medicamentos que já sofreram tal tributação, na forma prevista pela Lei nº 10.147/00, com as alterações posteriores feitas pela Lei nº 10.548/02, de modo a isentar ou impedir a cobrança de tais valores dos Hospitais e Clínicas substituídos. Nessa decisão de primeira instância do Pode Judiciário em favor ao recorrente, a qual está em segundo grau de jurisdição, a segurança foi concedida para Fl. 163DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 31/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10580.911708/200912 Acórdão n.º 3802003.438 S3TE02 Fl. 112 3 determinar à autoridade fiscal que se abstivesse de exigir o recolhimento da contribuição para o PIS e COFINS sobre a receita proveniente da utilização de medicação, bem como foi declarado o direito dos substituídos à compensação de todos os valores indevidamente recolhidos a título de PIS e da COFINS sobre a receita de medicamentos. A partir da decisão judicial proferida pelo Justiça Federal, surge a seguinte situação: o contribuinte cumpre a determinação judicial e, por sua conta e risco, adota esse novo modelo tributário para o futuro e aqui sempre é bom lembrar que essa decisão judicial ainda não é definitiva, pois comporta recursos de ambas as partes envolvidas no processo até o seu ultimato da marcha processual. E, por outro lado, em relação ao passado, o contribuinte se antecipa e requer a compensação dos direitos decorrentes da própria decisão judicial. Pois bem! Para que se possa promover a compensação dos pretensos créditos, necessário se faz o preenchimento dos requisitos da liquidez e certeza decorrentes do artigo 170 do Código Tributário Nacional. E é justamente aqui se esbarra o direito do contribuinte. A compensação tributária dáse nas condições estipuladas pela lei, entre créditos líquidos e certos, vencidos e vincendos do sujeito passivo. Não é possível o encontro de contas se o contribuinte não demonstrar, previamente, estes dois requisitos. No presente caso, o recorrente tem ao seu favor uma decisão judicial precária que suspende a exigibilidade do PIS e da COFINS proveniente de medicamentos que já sofreram tal tributação, na forma prevista pela Lei nº 10.147/00, com as alterações posteriores, bem como declaração do direito dos substituídos à compensação de todos os valores indevidamente recolhidos a título de PIS e da COFINS sobre a receita de medicamentos. Esta situação, por sua vez, não implica no reconhecimento da liquidez e da certeza dos créditos tributários. A compensação de tributos devidos com créditos do particular em face do fisco é permitida em nossa legislação, desde que satisfeitos certos requisitos para tanto. Inicialmente, é interessante lembrar que a matéria está prevista no Código Tributário Nacional, no caput do art. 170: "Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública." Desde logo se verifica que o CTN é expresso ao afirmar que a lei poderá permitir a compensação, desde que seja ela feita com a utilização de créditos líquidos e certos. Não basta, assim, que existam hipotéticos pagamentos de um tributo posteriormente julgado indevido: é preciso que exista a certeza do pagamento, bem como o valor atualizado do seu montante. Por via de conseqüência, qualquer decisão judicial que autorize a compensação de créditos ilíquidos ou incertos estará violando o art. 170 do CTN. Interessante observar que o dispositivo transcrito acima não condiciona a compensação a uma necessária intervenção do Poder Judiciário. Não exige o CTN, assim, que somente possa compensar créditos aquele que tenha uma autorização judicial para tanto. O caput do art. 66 da Lei nº 8.383, de 30/12/91, autoriza a compensação prevista no art. 170 do CTN: "Art. 66. Os casos de pagamento indevido ou a maior de tributos e contribuições federais, inclusive previdenciárias, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação Fl. 164DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 31/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a períodos subseqüentes." Expressamente se verifica, inicialmente, que há de haver pagamento indevido ou a maior de tributos para que possa surgir o direito à compensação. Além disso, como mencionado acima, os créditos precisam ser líquidos e certos. Assim, se inexiste pagamento indevido ou a maior, não é possível compensar (art. 66 da Lei nº 8.383/91). Nesse sentido, se não há a certeza da existência dos pagamentos devidos, ou se estes não são líquidos, não é possível compensar (art. 170 do CTN). Presentes esses requisitos, tem o contribuinte o direito à compensação. Se não estão presentes esses requisitos, não tem o contribuinte o direito à compensação. Tendo em vista que, no presente caso, o contribuinte tem em seu poder uma decisão judicial passível de reforma, já que não houve o acertamento tributário definitivo, sou pelo CONHECIMENTO do presente recurso e dele NEGOLHE provimento para manter a decisão de primeira instância. (assinado digitalmente) Cláudio Augusto Gonçalves Pereira Relator Fl. 165DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 31/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 10805.721983/2012-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 01 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2000
DETERMINAÇÃO DO LUCRO REAL. SUBVENÇÃO.
Comprovado que a isenção ou redução do imposto tem característica de subvenção para investimento, o valor respectivo não deverá ser computado na determinação do lucro real, nos termos do art. 443, do RIR/99.
Numero da decisão: 1302-001.497
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Redator Designado Marcio Rodrigo Frizzo. Vencido os Conselheiros Waldir Veiga Rocha e Alberto Pinto Souza Junior. Ausente momentaneamente o Conselheiro Helio Eduardo de Paiva Araújo.
(assinado digitalmente)
Alberto Pinto Souza Junior Presidente
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha Relator
(assinado digitalmente)
Márcio Rodrigo Frizzo Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Márcio Rodrigo Frizzo, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Eduardo de Andrade, Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Alberto Pinto Souza Junior.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2000 DETERMINAÇÃO DO LUCRO REAL. SUBVENÇÃO. Comprovado que a isenção ou redução do imposto tem característica de subvenção para investimento, o valor respectivo não deverá ser computado na determinação do lucro real, nos termos do art. 443, do RIR/99. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Redator Designado Marcio Rodrigo Frizzo. Vencido os Conselheiros Waldir Veiga Rocha e Alberto Pinto Souza Junior. Ausente momentaneamente o Conselheiro Helio Eduardo de Paiva Araújo. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior – Presidente (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha – Relator (assinado digitalmente) Márcio Rodrigo Frizzo – Redator Designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 72 19 83 /2 01 2- 51 Fl. 2792DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.793 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Márcio Rodrigo Frizzo, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Eduardo de Andrade, Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Alberto Pinto Souza Junior. Fl. 2793DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.794 3 Relatório PIRELLI PNEUS LTDA., já qualificada nestes autos, inconformada com o Acórdão n° 0540.012, de 21/02/2013, da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas/SP, recorre voluntariamente a este Colegiado, objetivando a reforma do referido julgado. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito: Tratase dos Autos de Infração relativos ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL e à Multa Regulamentar Isolada, lavrados em 20/06/2012, que formalizaram o crédito tributário contra a contribuinte em epígrafe no valor total de R$ 24.521.710,01, aí considerados o principal, a multa de ofício vinculada (75%), os juros de mora calculados até 06/2012 e a multa regulamentar isolada (50%), em razão de omissão de receita, decorrente de compensação/exclusão não autorizada na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL do anocalendário 2008; bem como de compensação considerada não declarada pelo sujeito passivo na DCOMP nº 13899.88619.240409.1.7.020401. O IRPJ e a CSLL foram exigidos conforme o Lucro Real Trimestral. As infrações foram discriminadas no Termo de Verificação Fiscal que acompanha os autos de infração, no qual a fiscalização relata a utilização indevida pela contribuinte de crédito decorrente de ação judicial não transitada em julgado (MS nº 002703641.1994.403.6100) na compensação de que trata a DCOMP nº 13899.88619.240409.1.7.020401, pois a interessada entendia não se aplicar a vedação contida no art. 170A do CTN, em virtude de a ação ter sido proposta antes da vigência da LC nº 104/2001, o que não foi aceito pelo Fisco, com fundamento de se ter incorrido na hipótese de aplicação da multa isolada prevista no art. 18 da Lei nº 10.833/2003, por se tratar de legislação vigente à data da entrega da DCOMP, conforme abaixo: 15. A Multa exigida isoladamente constituído referente à DCOMP Retificadora n° 13899.88619.240409.1.7.02401 entregue em 2009 considerada não declarada no valor débito indevidamente compensado de R$ 8.246.008,62 conforme disposto no artigo 74, § 12, II, d da Lei n° 9.430/1996: COMPENSAÇÃO RETIFICADORA CONSIDERADA NÃO DECLARADA VALOR RESTITUIÇÃO – IRRF – AC 1995 R$ 4.472.505,12 CODIGO RECEITA: 5856 COFINS NÃO CUMULATIVO PERIODO DE APURAÇÃO: 03/2009 ENTREGUE: 24/04/2009 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO R$ 8.246.008,62 Multa exigida isoladamente (50%) R$ 4.123.004,31 Em outro tópico do Termo de Verificação Fiscal, a fiscalização diz que a interessada usufruiu de benefício fiscal do FUNDOPEM – Nosso Emprego/RS, relativo à unidade de Gravataí/RS, utilizando o Crédito Presumido ICMS do incentivo fiscal para transferência para outra empresa do Estado, inclusive apropriando os descontos concedidos nessa operação como despesa operacional. Fl. 2794DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.795 4 Aponta que a interessada excluiu o crédito presumido ICMS na determinação do lucro real, face entendimento de se tratar de subvenção para investimento, o que não foi aceito, por desatender as exigências definidas no Parecer Normativo CST nº 112/1978, enquadrandose como subvenções correntes para custeio ou operação, disciplinadas na Lei nº 4.506, de 1964, art. 44, inciso IV e no Decreto 3.000/99 (RIR/99), artigo 392, inciso I, devendo ser computadas na apuração do lucro operacional, conforme abaixo demonstrado: 38. Tendo em vista que a interessada excluiu do Lucro Real Trimestral o Crédito Presumido de ICMS do benefício fiscal FUNDOPEM – Nosso Emprego/RS, foi adicionado de oficio ao Lucro Líquido do Exercício o IRPJ e CSSL conforme DEMONSTRATIVO DE CREDITO PRESUMIDO ICMS GRAVATAI INCENTIVO FISCAL FUNDOPEM/RS LANÇAMENTO DE IRPJ/CSLL anexo e resumido abaixo: TRIMESTRE LUCRO REAL ADICIONADO DE OFÍCIO LUCRO REAL APÓS AJUSTE 1° 24.430.674,44 24.430.674,44 2° 29.316.985,16 15.950.278,93 36.861.598,29 3° 31.016.742,68 8.111.951,15 39.128.693,83 4° 91.503,94 3.852.779,38 3.944.283,32 TOTAL 84.855.906,22 27.915.009,46 112.770.915,68 Ainda no mesmo Termo, a fiscalização apontou a dedução a maior de CSLL relativamente aos tributos pagos no exterior. Diz que, no procedimento fiscal elaborado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Feira de Santana, mediante o Mandado de Procedimento Fiscal MPF n° 0510200/004311 e documentos juntados ao processo n° 10805.720288/201019, foram verificados os seguintes fatos: a) O montante de lucro disponibilizado no exterior, no valor de R$ 35.707.136,68, foi adicionado ao lucro real, tendo sido computado no cálculo do imposto devido no Brasil, esse montante consta no LALUR; b) Os valores do imposto pago do exterior, pelas controladas, passíveis de compensação, demonstrado na tabela anexa enviada pela empresa e conferida por esta fiscalização, provocaram ajustes nos montantes de compensação permitida de IRPJ e CSLL, visto que, o tributo pago no exterior é um dos limites para o cálculo das compensações permitidas; c) O contribuinte não respeitou os critérios de cálculos estabelecidos no art. 15 da IN 213/02, o qual estabelece que o valor a ser compensado de CSLL deve ser apurado com o que exceder ao limite compensável de IRPJ, portanto primeiro calcula o IRPJ passível de compensação, só depois estabelece o montante de CSLL passível de compensação (dedução) com o valor que exceder ao tributo pago no exterior; d) o saldo de IRPJ disponível para compensação que não foi utilizado dentro do exercício poderá ser utilizado em exercícios subseqüentes, tendo em vista o estabelecido no § 15°, art.14 da IN n° 213/02, e deve ser ajustado de R$ 8.244.546,35 (valor apurado pelo contribuinte) para R$ 8.758.747,00; e) Foi efetuada nesta fiscalização a glosa compensações (deduções) relativas a CSLL, no valor de R$ 767.396,00, como demonstrado nos cálculos realizados pela autoridade fiscal de Feira de Santana mediante a tabela anexa e resumido abaixo conforme cálculos estabelecidos no art. 15 da IN 213/02. TRIMESTRE DEDUÇÃO DIPJ CSLL LIMITE CSLL GLOSA DE OFÍCIO CSLL Fl. 2795DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.796 5 4°/2008 1.476.961,01 709.564,48 767.396,53 Em razão das duas últimas infrações, conclui a fiscalização pela existência de omissão de receitas, ensejando a exigência da diferença devida com a multa de 75%. A interessada foi cientificada dos autos de infração, em 27/06/2012. Inconformada, a contribuinte apresentou, em 25/07/2012, por intermédio de seus representantes legais, impugnação acompanhada de documentos. Acerca da multa regulamentar isolada, devida em razão da compensação considerada não declarada, argumenta que a aplicação da penalidade está diretamente atrelada à decisão a ser proferida pelo CARF na análise do recurso apresentado nos autos do processo nº 10530.002424/200830, relativo à citada compensação (DCOMP nº 13899.88619.240409.1.7.020401), vinculada a pedido de restituição de saldo negativo de IRPJ, anocalendário 1995, feito em 10 de julho 98, configurando hipótese de prejudicialidade, por força da suspensão do crédito tributário, nos termos do art. 151, III, do CTN. Acrescenta que, como demonstrado no processo acima citado, o crédito tributário utilizado na compensação em questão não está tratado no MS nº 94.00270364, sendo inaplicáveis as disposições do art. 74, § 12, alínea “d”, da Lei nº 9.430/96, e do art. 18, § 4º, da Lei nº 10.833/03. E esclarece: “28. O Mandado de Segurança foi impetrado em 1994 visando ao reconhecimento do seu direito de aplicar o indexador econômico IPC 89 para correção de suas demonstrações financeiras no anocalendário de 1994, convalidando, nos períodos posteriores, em especial, nos anoscalendário de 1995 e 1996, os efeitos fiscais decorrentes. Embora o objeto da discussão judicial seja o valor do IRPJ devido no anocalendário de 1995, o valor de IRRF sobre receitas financeiras apurado neste período não está afetado por esta discussão judicial. 29. Isso porque, o MM. Juízo da 8ª Vara da Justiça Federal em São Paulo, ao analisar o pedido de depósito dos valores controversos feitos pela Impugnante (com o objetivo de suspender a exigibilidade do crédito tributário), expressamente consignou que a discussão judicial estava restrita às quantias depositadas judicialmente, que não incluíam o valor do IRRF. 30. Realizados os depósitos nos autos do processo judicial, o D. Juiz determinou a suspensão dos créditos tributários “nos limites das importâncias depositadas”, nos termos do artigo 151, IV do Código Tributário Nacional. 31. Ao assim decidir, o MM Juízo restringiu o resultado final da lide às importâncias depositadas – é dizer, eventual ganho ou perda do contribuinte repercutiriam apenas nos valores depositados judicialmente. Em caso de decisão final desfavorável, os valores depositados serão convertidos em renda da União, sendo certo que, em caso de decisão pela concessão de segurança, os valores poderão ser levantados pela Impugnante. Fl. 2796DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.797 6 32. Em qualquer situação que se visualize, a decisão judicial a ser proferida não trará qualquer efeito com relação ao IRRF que compõe o crédito de saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 1995, objeto do presente processo, comprovandose, desta forma, o direito alegado pela parte.” Diz que, em verdade, o direito creditório utilizado está vinculado ao processo nº 10805.000636/200139, “lavrado pela fiscalização para exigir valores de imposto devidos em razão da aplicação do IPC89 nas demonstrações financeiras”. Esclarece: “39. Na ocasião da lavratura da autuação, o Fiscal consignou a utilização dos valores de IRRF sobre receitas financeiras para dedução do valor exigido, em caso de decisão final desfavorável à Impugnante. Em outras palavras, o Fiscal ‘vinculou/prendeu’ o valor do IRRF como garantia do processo administrativo, sendo que eventual utilização deste crédito dependeria da solução final na esfera administrativa. 40. Justamente pelo fato de o Fiscal ter vinculado o valor do IRRF ao Processo Administrativo nº 10805.000636/200139, a Impugnante estava impedida de apresentar eventual pedido de compensação com relação ao crédito antes de seu término. Desta feita, não há dúvidas de que o valor do IRRF está vinculado/preso mencionado processo administrativo, haja vista que o próprio Fiscal consignou a utilização de tal valor como garantia do referido processo. 41. Contudo, após o regular trâmite do processo administrativo, com a apresentação de defesa pela Impugnante, o CARF entendeu pelo cancelamento do auto de infração em relação ao anocalendário de 1995, nos seguintes termos: (...). 42. Como se vê, a decisão reconheceu a homologação da escrita fiscal da Impugnante do anocalendário de 1995 em razão da inércia da Fiscalização em investigar o procedimento realizado pelo contribuinte no período de 5 anos a contar do fato gerador. 43. Desta feita, restou homologado o procedimento da Impugnante com relação aos efeitos da aplicação do indexador IPC 89 para as demonstrações financeiras do anocalendário de 1995 e, conseqüentemente, estava homologada a existência de saldo negativo do período, passível de recuperação via compensação. 44. Importante considerar que essa decisão do CARF não apenas se limitou a reconhecer a decadência do direito do Fisco de constituir o crédito de IRPJ de 1995, mas sim homologou todo o procedimento adotado pela Recorrente no anocalendário de 1995. Assim, a decisão proferida pelo CARF teve duas conseqüências jurídicas para o anocalendário de 1995: (i) o reconhecimento expresso da extinção do crédito tributário de IRPJ. Sendo assim, independentemente da Fl. 2797DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.798 7 análise de mérito a ser proferida nos autos do Mandado de Segurança nº 94.00270364, é legítima (sic) qualquer cobrança de IRPJ deste período. Concluir de outra forma seria esvaziar por completo o conteúdo da decisão proferida na esfera administrativa e tornar irrelevante toda a discussão administrativa travada; (ii) a homologação da escrita fiscal da Impugnante para o anocalendário de 1995. Isto é, a decisão proferida confirmou a escrita fiscal para o anocalendário de 1995, reconhecendo a inexistência de um débito tributário e aceitando o crédito de saldo negativo apurado e declarado, com a conseqüente liberação do crédito de IRRF que estava vinculado ao processo administrativo.” Ainda que se entenda pelo vínculo entre crédito compensado e o Mandado de Segurança nº 94.00270364, diz, conforme entendimento pacificado do C. Superior Tribunal de Justiça, firmado por meio do regime de recursos repetitivos (Recurso Especial nº 1.164.452), que a vedação do art. 170A do Código Tributário Nacional (“CTN”) não deve ser aplicada no caso presente, tendo em vista a norma ter sido introduzida apenas pela Lei Complementar nº 104/01, devendo ser aplicada apenas às ações judiciais propostas após a sua entrada em vigor e jamais em relação ao Mandado de Segurança nº 94.00270364, impetrado pela Impugnante no ano de 1994. Sobre a utilização do benefício do crédito presumido do ICMS decorrente do programa FUNDOPEM/RS, contrariamente à acusação fiscal, alega que atende estritamente aos requisitos previstos no Parecer Normativo CST nº 112/78 para a configuração de subvenção para investimento, pois “a transferência dos recursos concedidos pelo Estado Gaúcho está condicionada à efetiva e específica aplicação desses recursos na aquisição de bens relativos ao projeto de expansão da planta industrial da Impugnante naquele Estado”. Em suas palavras: “10. Assim, os requisitos do Parecer Normativo foram devidamente cumpridos no caso concreto e podem ser facilmente comprovados, tendo em vista que o incentivo concedido dependia da comprovação, pela Impugnante, da aplicação dos recursos na planta industrial de Gravataí (RS), nos termos do art. 32, XXVIII, nota 2 do Decreto nº 37.699/97 (“RICMS/RS”). É dizer, há clara correspondência entre o valor dos recursos concedidos pelo Estado do Rio Grande do Sul e o montante investido pela Impugnante para o fim de adquirir os ativos necessários para o desenvolvimento da região, até mesmo porque o benefício concedido à Impugnante estava limitado ao investimento realizado na expansão da planta de Gravataí (RS). 11. Diante disso, a considerar que os valores contabilizados em relação a esse benefício, assim como o atendimento ao artigo 443 do RIR/991 e ao artigo 18 da Lei nº 11.941/09 no caso presente é fato incontroverso, é decorrência lógica que o crédito de ICMS decorrente do Programa FUNDOPEM – Nosso Emprego/RS deve ser caracterizado como verdadeira subvenção Fl. 2798DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.799 8 para investimento que não pode ser objeto de tributação pelo IRPJ e pela CSLL.” Diz que a acusação fiscal é desordenada e obscura, “o que poderia até mesmo obstar o direito da Impugnante de apresentar sua defesa”. Convencida do seu direito, afirma que tal benefício jamais poderia ser considerado subvenção para investimento “haja vista que foi concedido justamente para auxiliar a Impugnante na aquisição de ativos fixos relacionados à expansão de sua planta industrial em Gravataí (RS), estando os créditos presumidos de ICMS intimamente ligados aos investimentos realizados pela Impugnante.” Cita doutrina. Discorre acerca do benefício fiscal concedido pelo Estado do Rio Grande do Sul, dizendo que objetiva subsidiar investimentos em empreendimentos industriais que levem ao desenvolvimento econômico do Estado, concluindo, em síntese: “a) A Lei nº 11.028/97, o Decreto nº 42.360/03 e os documentos firmados entre o Estado do Rio Grande do Sul e a Impugnante estabelecem claramente que o objetivo do programa FUNDOPEM/RS sempre foi subvencionar investimentos em empreendimentos industriais, sendo importante destacar que toda a legislação aplicável limita o valor do benefício ao montante efetivamente investido pelo contribuinte; b) O pleito à concessão do benefício fiscal estava condicionado à apresentação de projeto por parte do contribuinte, com a indicação detalhada e específica dos investimentos em ativos fixos que se pretendiam ver subvencionados pelo programa FUNDOPEM; c) Depois de minucioso exame por parte das autoridades fiscais, o projeto poderia ser então aprovado; d) A mera aprovação do projeto não era suficiente para que o contribuinte se valesse do benefício fiscal, cabendolhe fazer prova de que os investimentos constantes do projeto foram efetivamente realizados, inclusive com a apresentação das notas fiscais relativas a cada um dos bens adquiridos; e) Apenas depois de auditadas as comprovações dos investimentos realizados, inclusive por meio de verificação in loco por parte dos agentes fiscais estaduais, o Governo do Estado homologava o montante máximo do crédito presumido a que o contribuinte teria direito, que seria apurado a partir das saídas realizadas pelo estabelecimento industrial beneficiado.” Cita jurisprudência do CARF, no sentido de que para a classificação de determinado incentivo como subvenção para investimento, basta que existam (i) a intenção do Estado em transferir capital para a iniciativa privada e (ii) o aumento do estoque de capital da pessoa jurídica subvencionada, mediante incorporação dos recursos em seu patrimônio; bem como jurisprudência da CSRF, no sentido de que para a classificação de determinado incentivo como subvenção para investimento, basta a beneficiária assumir obrigações perante o Estado que reflitam a intenção deste ente público de desenvolver a econômica em seu território, mediante incremento dos investimento realizados pelos particulares. Fl. 2799DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.800 9 Conclui restar demonstrado que os investimentos fixos realizados pela contribuinte com o objetivo de promover a expansão industrial em Gravataí (RS) estão diretamente relacionados com o crédito presumido concedido pelo Estado Gaúcho, não restando dúvida quanto a ser classificado como subvenção para investimento. Quanto ao Parecer Normativo CST nº 112/78, esclarece: “98. Conforme disposto nesse Parecer Normativo, as subvenções para custeio consistem na transferência de recursos para pessoa jurídica com o objetivo de auxilialas em suas despesas gerais. Ou seja, a subvenção para custeio seria aquela concedida para a consecução dos objetivos sociais da pessoa jurídica beneficiada. 99. Por outro lado, o Parecer Normativo afirma que a subvenção para investimento deve necessariamente envolver a transferência de recursos para pessoa jurídica com o objetivo de aplicação específica desses recursos na aquisição de bens e direitos para a implantação ou a expansão de um empreendimento econômico. 100. Diferentemente do que vem entendendo a CSRF e o CARF, afirma também o Parecer Normativo que a subvenção para investimento possui características bem marcantes, “exigindo até mesmo perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta apenas o ‘animus’ de subvencionar para investimento. Impõese, também a efetiva e específica aplicação da subvenção, por parte do beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado”. 101. De acordo com a legislação estadual relativa ao Programa FUNDOPEM/RS, com a legislação federal vigente e também com o Parecer Normativo CST nº 112/78, fica evidente que o benefício do crédito presumido de ICMS concedido pelo Estado do Rio Grande do Sul ao estabelecimento da Impugnante em Gravataí claramente se enquadra como subvenção para investimento mesmo sob o ponto de vista restritivo adotado pelas autoridades fiscais no mencionado Parecer Normativo, não devendo ser oferecido à tributação pelo IRPJ e pela CSLL. 102. Isso porque no caso concreto ora analisado as obrigações assumidas pela Impugnante com o Estado Gaúcho – representadas pelo projeto de expansão industrial de estabelecimento em Gravataí – possuem relação intrínseca com o benefício fiscal concedido, em estrito cumprimento ao disposto no Parecer Normativo CST nº 112/78 para a classificação do incentivo como subvenção para investimento. 103. Ou seja, embora o entendimento da CSRF seja no sentido de que o incentivo fiscal deve ser classificado como subvenção para investimento simplesmente pelo fato de a empresa beneficiária assumir obrigações perante o Estado que reflitam a intenção deste ente de desenvolver o seu território (independentemente da inequívoca correspondência entre aplicação dos recursos e benefício concedido), os investimentos fixos realizados pela Impugnante no caso ora discutido para Fl. 2800DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.801 10 promover a expansão industrial estão diretamente relacionados com o crédito presumido concedido pelo Estado Gaúcho, não restando dúvidas de que devem ser classificados como subvenção para investimento, nos exatos termos do Parecer Normativo elaborado pelas autoridades fiscais. 104. De fato, são dois os principais requisitos previstos pelo Parecer Normativo para que os incentivos fiscais concedidos sejam classificados como subvenção para investimento: (i) o Estado concedente deve transferir recursos à empresa com o objetivo de que haja aplicação específica na aquisição de bens e direitos para a expansão industrial; e (ii) deve existir efetiva e específica aplicação da subvenção nos investimentos previstos para a expansão industrial e a geração de novos postos de trabalho – os quais foram efetivamente cumpridos pela Impugnante. Vejamos. 105. No que tange ao primeiro requisito, houve no presente caso transferência de recursos pelo Estado do Rio Grande do Sul à Impugnante por meio dos créditos presumidos de ICMS com a finalidade de que fossem aplicados especificamente para a aquisição de ativos fixos relacionados à expansão do estabelecimento industrial da Impugnante no Estado do Rio Grande do Sul. Assim, por meio da concessão de crédito de ICMS, o Estado do Rio Grande do Sul não teve por finalidade ajudar a Impugnante no pagamento de suas despesas correntes, mas buscou exatamente auxiliar a Impugnante na expansão de sua planta industrial. (...) 108. De fato, o aproveitamento do incentivo concedido, que teve o seu encerramento em novembro de 2005, pode ser observado por meio das planilhas reproduzidas abaixo, que demonstram a evolução (i) da fruição do incentivo; (ii) dos postos de trabalhos criados; e (iii) da ampliação da produção dos produtos da Impugnante. 109. Não bastasse isso, as normas estaduais que instituíram o FUNDOPEM/RS comprovam tudo o que afirma a Impugnante. 110. De acordo com as condições estabelecidas pelo art. 3º da Lei nº 11.028/97 e pelo artigo 2º do Decreto nº 42.360/03, para a concessão dos incentivos fiscais, as empresas beneficiárias devem promover os empreendimentos industriais e agroindustriais, bem como os centros de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico que visem ao desenvolvimento socioeconômico integrado e sustentável do Estado do Rio Grande do Sul. 111. Já nos termos do art. 4º da Lei nº 11.028/97 e do art. 6º do Decreto nº 42.360/03, a concessão dos incentivos fiscais às empresas é condicionada: (i) à geração de empregos; (ii) à realização de investimentos; e (iii) à comprovação de regularidade quanto ao cumprimento de obrigações perante o Poder Público. Isto é, para a concessão dos benefícios pelo Fl. 2801DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.802 11 Estado do Rio Grande do Sul, há contrapartidas por parte das empresas beneficiárias, especialmente em relação à aquisição de bens e de direitos para promover a geração e o incremento de empregos, além da realização de investimentos, tudo a fim de desenvolver a região. 112. Em outras palavras, as normas do Estado do Rio Grande do Sul confirmam que o fim específico da criação do programa FUNDOPEM é promover o desenvolvimento da região, especialmente mediante a criação de novos postos de trabalho e a expansão industrial. Desse modo, fica fácil perceber que o benefício concedido pelo Estado Gaúcho está intrinsecamente atrelado ao investimento realizado pelas empresas com o objetivo de promover a atividade industrial e agroindustrial daquela região. 113. No mais, a necessidade de aprovação de projeto apresentado pelas empresas para a homologação do incentivo confirma o objetivo econômico traçado pela Lei Estadual para a concessão do benefício e demonstra a preocupação do programa FUNDOPEM/RS para que o objetivo de desenvolvimento da região seja efetivamente atingido – reforçando o vínculo direto existente entre a concessão do benefício pelo Estado do Rio Grande do Sul e as contrapartidas a serem cumpridas pela empresa beneficiada. 114. Desse modo, a considerar que o investimento realizado pela Impugnante, mediante a aquisição de ativos para a expansão industrial do estabelecimento no Rio Grande do Sul, tem inequívoca relação com o crédito fiscal concedido, em atendimento aos requisitos previstos no Parecer Normativo CST nº 112/78, fica claro que o programa FUNDOPEM/RS tem por objetivo destinar o benefício fiscal na forma de subvenção para investimento e não para custeio. 115. No que tange ao segundo requisito, percebese que existe uma efetiva e específica aplicação da subvenção nos investimentos previstos para a expansão industrial e a geração de novos postos de trabalho, exatamente como acordado entre a Impugnante e o Estado do Rio Grande do Sul. 116. Conforme já mencionado anteriormente, a concessão de crédito de ICMS pelo Estado do Rio Grande do Sul dependia da comprovação da efetiva e especifica realização dos investimentos, estando o valor do benefício concedido limitado ao valor investido pela Impugnante, com fundamento no art. 9º do Decreto nº 42.360/03 e no art. 32, nota 02 do RICMS/RS, e mediante expressa aprovação do Conselho Diretor do Fundo Operação Empresa FUNDOPEM/RS, nos termos da Resolução nº 52/2004, in verbis: “(...) o Conselho Diretor, tendo em vista a conclusão da expansão industrial, homologa o valor final das comprovações financeiras dos investimentos realizados, comprovados, aceitos e demonstrado pelo SEADAP, no montante de 18.471.908,35 UIF/RS (...).” Fl. 2802DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.803 12 117. Assim, em conformidade com o que estabelece o Parecer Normativo CST nº 112/78, pelo qual deve existir efetiva e específica aplicação da subvenção aos objetivos do FUNDOPEM/RS, o valor que foi investido pela Impugnante para a expansão industrial possui inequívoca correspondência com o montante concedido pelo Estado Gaúcho por meio de incentivos fiscais. 118. No caso da Impugnante, este vínculo se torna ainda mais nítido e fácil de ser verificado, pois o próprio Conselho Diretor do programa auditou e homologou os investimentos em ativos fixos realizados e ressaltou que o limite do crédito presumido concedido pelo Estado do Rio Grande do Sul se limitaria ao valor do investimento comprovado, aceito e demonstrado por órgão de fiscalização do governo gaúcho. 119. Em termos práticos, o valor total investido na expansão industrial pela Impugnante, no total de 18.471.908,35 UIF/RS, é exatamente o limite do montante de crédito presumido de ICMS que foi concedido pelo Estado do Rio Grande do Sul, havendo portanto uma nítida correspondência entre o valor investido pela Impugnante e o montante dos recursos concedidos pelo Governo Gaúcho. 120. Ou seja, todos os requisitos previstos no Parecer Normativo foram cumpridos no caso concreto, não havendo qualquer argumento para que os incentivos concedidos pelo Estado do Rio Grande do Sul por meio do Programa FUNDOPEM não sejam classificados como subvenção para investimento. 121. Do exposto, restando demonstrado que o valor do incentivo fiscal concedido pelo Estado do Rio Grande do Sul tem intrínseca correspondência com o valor do investimento realizado pela Impugnante, percebese que o procedimento adotado pela Impugnante não está em linha apenas com a jurisprudência dominante da CSRF, mas atende também aos restritivos requisitos estabelecidos pelo Fisco no Parecer Normativo CST nº 112/78, motivo pelo qual o benefício discutido deve ser classificado como subvenção para investimento e, por consequência, não ser submetido à tributação pelo IRPJ e pela CSLL, em atenção ao disposto no art. 38, § 2º do DecretoLei nº 1.598/77 e no art. 18, inciso II da Lei nº 11.941/09.”(destaques do original) Passando à dedução de CSLL relativamente à tributação de lucros disponibilizados no exterior, a qual não teria observado os critérios de cálculo estabelecidos pelo art. 15 da IN nº 213/2002, ressalta que “nenhum questionamento foi feito em relação aos critérios utilizados, mas unicamente em relação ao procedimento realizado”. Esclarece que realizou o recolhimento do montante assim exigido no auto de infração (doc. 4), requerendo a extinção do crédito tributário correspondente, nos termos do art. 156, I, do CTN. E acrescenta: “124. Não obstante, considerando que a autoridade lançadora expressamente reconheceu a validade dos créditos relativos aos Fl. 2803DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.804 13 tributos pagos no exterior, divergindo apenas quanto ao procedimento utilizado, a Impugnante reserva seu direito de proceder novamente à compensação de tais valores nos termos da legislação em vigor.” Ainda, contrapõese à cobrança de juros sobre a multa de ofício, por descumprir as determinações do art. 61 da Lei nº 9.430/96, pois somente são admitidos os acréscimos moratórios referentes aos débitos decorrentes de tributos e contribuições e não sobre as penalidades pecuniárias. Discorre acerca da natureza da multa e dos juros, concluindo que “o único pressuposto da cobrança dos juros decorre da não transferência voluntária e dentro do prazo legal do capital do contribuinte aos cofres públicos. Excetuandose essa situação, qualquer incidência de juros revelase abusiva e arbitrária, por ausência de seu pressuposto de fato, qual seja, a reposição de capital”. E continua: “131. Nesse sentido, é evidente que os juros não existem por si só e não podem ser aplicados aleatoriamente sobre qualquer evento. Decorrem, antes de tudo, de uma obrigação principal. O mesmo ocorre em relação à multa, que só será devida se existir uma obrigação anterior não quitada no prazo legal. 132. Os juros não podem incidir sobre a multa, já que essa penalidade não retrata obrigação principal, mas sim encargo que se agrega ao valor da dívida, como forma de punir o contribuinte.” Acusa que a exigência afronta ao princípio do nãoconfisco e do direito de propriedade. Cita jurisprudência. Encerra solicitando pela procedência da impugnação, pelo cancelamento da exigência e arquivamento do processo. Declara a autenticidade das cópias anexadas à defesa, nos termos do art. 365, inciso IV, do Código de Processo Civil, protestando “pela produção de todas as provas em Direito admitidas e pela oportuna sustentação oral de suas razões de defesa”. Ainda, requer o encaminhamento de todas as intimações no endereço do escritório de seu representante legal (advogado), com envio de cópia à Impugnante. A 4ª Turma da DRJ em Campinas/SP analisou a impugnação apresentada pela contribuinte e, por via do Acórdão nº 0540.012, de 21/02/2013 (fls. 2321/2399), considerou procedente o lançamento com a seguinte ementa (grifos no original): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 Provas. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal não existe previsão de sustentação oral no julgamento da impugnação, feito em 1ª Instância Administrativa. A prova documental, por sua vez, deve ser apresentada no momento da impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, a menos que demonstrado, Fl. 2804DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.805 14 justificadamente, o preenchimento de um dos requisitos constantes do art. 16, § 4º, do Decreto nº 70.235, de 1972, o que não se logrou atender neste caso. Endereçamento das Intimações. É prevista a intimação do sujeito passivo apenas no domicílio tributário, assim considerado o do endereço postal, eletrônico ou de fax, pelo contribuinte fornecido, para fins cadastrais, à Secretaria da Receita Federal. Cerceamento do Direito de Defesa. Inexiste ofensa ao princípio da ampla defesa e do contraditório quando o sujeito passivo demonstra ter pleno conhecimento dos fatos imputados pela fiscalização, bem como da legislação tributária aplicável, exercendo seu direito de defesa de forma ampla na impugnação. Matéria Não Impugnada. Dedução a Maior de CSLL sobre os Tributos Pagos no Exterior. Consolidase administrativamente a matéria que não tenha sido impugnada, operandose em relação a ela a preclusão processual, mormente à vista da anuência da infração pela contribuinte, mediante a apresentação do recolhimento do respectivo crédito tributário, cumprindo à autoridade preparadora a verificação da suficiência e regularidade do pagamento efetuado. Limite da Lide. O julgado limitase à lide, ou seja, aos fatos perfeitamente descritos e identificados e devidamente enquadrados nos dispositivos legais que suportam a presente exação, tempestivamente impugnados. A impugnação de lançamento não constitui espaço para protestar por eventual reconhecimento de direito creditório e/ou para requerer o reexame de decisão proferida em 1ª Instância de Julgamento frente razões de manifestação de inconformidade ofertadas em processo distinto, pois é previsto rito específico para o procedimento de restituição e/ou compensação. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 Ajustes da Base de Cálculo. Exclusão Indevida. Crédito Presumido de ICMS. Não se caracteriza como subvenção para investimento o crédito presumido de ICMS decorrente do incentivo do FUNDOPEM/RS, devendo a correspondente despesa, computada no lucro líquido, ser adicionada na determinação do lucro real. Fl. 2805DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.806 15 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2008 Ajustes da Base de Cálculo. Exclusão Indevida. Crédito Presumido de ICMS. Não se caracteriza como subvenção para investimento o crédito presumido de ICMS decorrente do incentivo do FUNDOPEM/RS, devendo a correspondente despesa, computada no lucro líquido, ser adicionada na determinação da base de cálculo da CSLL. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2008 PER/DCOMP. Crédito Oriundo de Ação Judicial não Transitada em Julgado. Compensação Considerada Não Declarada. Multa de Ofício Isolada. Cabimento. A multa isolada de que trata o art. 18 da Lei nº 10.833, de 2003, com as alterações da Lei nº 11.051, de 2004, é aplicável aos casos de compensação considerada nãodeclarada em que o crédito seja decorrente de ação judicial não transitada em julgado. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2008 Inconstitucionalidade. Instâncias Administrativas. Competência. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade, restringindose a instância administrativa ao exame da validade jurídica dos atos praticados pelos agentes do fisco. Juros de Mora sobre Multa de Ofício. Sendo a multa de ofício classificada como débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, é regular a incidência dos juros de mora, a partir de seu vencimento. A par de manter o crédito tributário, a Autoridade Julgadora em primeira instância alertou a Unidade Preparadora para a necessidade, por sua ótica, de: [...] b) Efetuar lançamento complementar, [...] visando exigir o diferencial da multa regulamentar isolada devida pela compensação considerada não declarada na DCOMP nº 13899.88619.240409.1.7.020401, porque devida a penalidade no percentual de 75% e exigida no percentual de 50%. Fl. 2806DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.807 16 A DRF Santo André, então, houve por bem cancelar o lançamento inicial da multa regulamentar isolada e proceder à lavratura de nova multa, no percentual tido por correto, nos autos do processo administrativo nº 10805.721547/201363. Os débitos correspondentes, no presente processo, foram cancelados, para evitar a duplicidade de cobrança, sendo certo que toda a discussão atinente a esta matéria (multa regulamentar isolada) passou a ser travada nos autos do mencionado processo administrativo nº 10805.721547/2013 63. Vide documentos às fls. 2408 e 2416/2417. Ciente da decisão de primeira instância em 15/08/2013, conforme Termo à fl. 2698, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 28/08/2013 conforme carimbo de recepção à folha 2700. No recurso interposto (fls. 2702/2737), a interessada historia o ocorrido, sob sua ótica, e conclui que remanesce no presente processo somente a discussão acerca dos créditos de IRPJ e CSLL após a inclusão, ao lucro do exercício, do valor do benefício do crédito presumido do ICMS registrado por sua unidade de Gravataí/RS, decorrente do programa FUNDOPEM – Nosso Emprego/RS. A recorrente reclama, inicialmente, que, apesar da extensa decisão proferida, a DRJ teria efetuado uma análise superficial e genérica, sem qualquer exame dos documentos relacionados ao caso concreto. Relaciona os documentos que teriam sido por ela acostados aos autos e sobre os quais o julgador não se teria manifestado, nem mesmo para esclarecer quais os motivos de sua não aceitação como prova das alegações de defesa. Em defesa de seu alegado direito, a interessada reitera e reforça os argumentos trazidos em sede de impugnação, contrapondose ao quanto decidido em primeira instância. Seus argumentos são sintetizados por ela mesma (fl. 2723): 89. Em síntese, temse que: a) A Lei nº 11.028/97, o Decreto nº 42.360/03 e os documentos firmados entre o Estado do Rio Grande do Sul e a Recorrente estabelecem claramente que o objetivo do programa FUNDOPEM/RS sempre foi subvencionar investimentos em empreendimentos industriais, sendo importante destacar que toda a legislação aplicável limita o valor do benefício ao montante efetivamente investido pelo contribuinte; b) O pleito à concessão do benefício fiscal estava condicionado à apresentação de projeto por parte do contribuinte, com a indicação detalhada e específica dos investimentos em ativos fixos que se pretendiam ver subvencionados pelo programa FUNDOPEM; c) Depois de minucioso exame por parte das autoridades fiscais, o projeto poderia ser então aprovado; d) A mera aprovação do projeto não era suficiente para que o contribuinte se valesse do benefício fiscal, cabendolhe fazer prova de que os investimentos constantes do projeto foram efetivamente realizados, inclusive com a apresentação das notas fiscais relativas a cada um dos bens adquiridos; e) Apenas depois de auditadas as comprovações dos investimentos realizados, inclusive por meio de verificação in loco por parte dos Fl. 2807DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.808 17 agentes fiscais estaduais, o Governo do Estado homologava o montante máximo do crédito presumido a que o contribuinte teria direito, que seria apurado a partir das saídas realizadas pelo estabelecimento industrial beneficiado. 90. Portanto, por tudo quanto foi exposto acima, é evidente que o crédito presumido de ICMS foi concedido pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul para viabilizar a ampliação da planta industrial da Recorrente em Gravataí/RS. A recorrente prossegue em sua argumentação e sustenta que a decisão recorrida teria buscado fundamento no Parecer Normativo CST nº 112/78, embora sem a ele fazer menção específica. Faz consignar seu entendimento de que referido PN traria interpretação ilegal da legislação de regência da matéria, e que os requisitos do parecer estariam sendo rechaçados na jurisprudência administrativa do CARF e da CSRF, que colaciona. Não obstante, afirma que todos os requisitos teriam sido por ela atendidos. Aos seus argumentos, acrescenta gráficos e fotografias. Na sequência, a interessada combate a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Conclui com o pedido de reforma do acórdão combatido, cancelamento dos lançamentos e arquivamento do processo administrativo. É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O recurso é tempestivo e dele conheço. Cumpre, inicialmente, delimitar o litígio. A multa exigida isoladamente, com base no art. 18 da Lei nº 10.833/2003, passou a ser tratada no processo administrativo nº 10805.721547/201363. Os débitos correspondentes, no presente processo, foram cancelados, para evitar a duplicidade de cobrança. Em assim sendo, descabe qualquer discussão sobre essa matéria, no presente processo. A infração intitulada Dedução a Maior de CSLL sobre os Tributos Pagos no Exterior não foi objeto de impugnação, consolidandose a exigência no âmbito administrativo. O fato foi expressamente consignado pelo julgador de primeira instância em seu voto, à fl. 2334, inclusive com menção ao documento representativo do recolhimento do crédito tributário. Essa matéria, pois, não integra o litígio. As exigências correspondentes à exclusão do crédito presumido do ICMS na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, feitas pela interessada com fundamento no benefício fiscal do FUNDOPEM/RS e tidas por indevidas pelo Fisco, foram Fl. 2808DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.809 18 mantidas em primeira instância, e são a única matéria em discussão, em sede de recurso voluntário. Afirma a fiscalização que tais exclusões seriam indevidas, por se tratar de subvenções para custeio. Em sentido contrário, a interessada sustenta que se trata de subvenções para investimento oriundas de ente público, não sujeitas à tributação. Considero importante, para a solução do litígio, a transcrição dos artigos 392 e 443 do Decreto nº 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99): Art. 392. Serão computadas na determinação do lucro operacional: I as subvenções correntes para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais (Lei nº 4.506, de 1964, art. 44, inciso IV); II as recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões, quando dedutíveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 44, inciso III); III as importâncias levantadas das contas vinculadas a que se refere a legislação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (Lei nº 8.036, de 1990, art. 29). [...] Art. 443. Não serão computadas na determinação do lucro real as subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e as doações, feitas pelo Poder Público, desde que (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 38, §2º, e DecretoLei nº1.730, de 1979, art. 1º, inciso VIII): I registradas como reserva de capital que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto no art. 545 e seus parágrafos; ou II feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do contribuinte e utilizadas para absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas. Como se vê, as subvenções para custeio devem integrar o resultado tributável, enquanto que as subvenções para investimento, desde que atendam aos requisitos legais, não integram o lucro real. Releva, então, distinguir com clareza as características de uma e outra espécies de subvenções. Tal distinção já foi feita, de maneira magistral, pelo Parecer Normativo CST nº 112, de 1978, pelo que transcrevo alguns excertos, a seguir: [...] 2. CONTEÚDO DAS SUBVENÇÕES Lei nº 4.506/64 art. 44 Fl. 2809DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.810 19 2.1 A matéria surgiu com o art. 44 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964, que entre as rubricas integrantes da receita bruta operacional de empresa, incluiu: as subvenções correntes para custeio ou operação recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais. [...] 2.3 A amplitude e generalidade atribuída ao termo SUBVENÇÃO pela Lei nº 4.506/64 é confirmada pelo § 2º do art. 38 do Decretolei nº 1.598/77 ao distinguir a isenção ou redução de impostos como formas de subvenção. Tecnicamente, na linguagem orçamentária, a isenção ou redução de impostos jamais poderiam ser intituladas de subvenção. 2.4 Outra dificuldade na interpretação da expressão "subvenções correntes para custeio ou operação" decorreu exatamente do fato de a matéria ter sido abordada "pela metade". Se o dispositivo legal tivesse tratado das subvenções, sem acrescentarlhes qualquer complemento restritivo, mesmo que nos detivéssemos na pesquisa da Lei nº 4.320/64, logo perceberíamos a amplitude do conceito face às suas fontes e partiríamos, então, para a pesquisa em outros campos. A Ciência Contábil, por exemplo, tem condições de nos oferecer um conceito que possa abrigar toda a extensão atribuída às SUBVENÇÕES pelo texto legal, sob o ângulo da modificação produzida no patrimônio da empresa beneficiária. É o que fez o Parecer Normativo CST Nº 142/73, ao incluir as SUBVENÇÕES como integrantes de recursos públicos ou privados não exigíveis. É esta uma caracterização, sem dúvida nenhuma, de natureza técnicocontábil. O patrimônio da empresa beneficiária é enriquecido com recursos vindos de fora sem que isto importe na assunção de uma dívida ou obrigação. É como se os recursos tivessem sido carreados pelos próprios donos da empresa com a condição de não serem exigidos nem cobrados, originados, pois, do chamado CAPITAL PRÓPRIO, ao contrário do CAPITAL ALHEIO ou de TERCEIROS, que é sempre exigível e cobrável. Se preferimos, contudo, em conceito jurídico, eis o que diz DE PLÁCIDO E SILVA, em seu Vocabulário Jurídico: Juridicamente, a subvenção não tem o caráter nem de paga, nem de compensação. É mera contribuição pecuniária destinada a auxílio ou em favor de uma pessoa, ou de uma instituição, para que se mantenha, ou para que execute os serviços ou obras pertinentes a seu objeto. " (Os grifos são do original). Em resumo, SUBVENÇÃO, sob o ângulo tributário para fins de imposição do imposto de renda às pessoas jurídicas, é um auxílio que não importa em qualquer exigibilidade para o seu recebedor. 2.5 Delineada a espinha dorsal do mandamento legal, fácil fica a tarefa de analisar os complementos qualificativos acrescentados às SUBVENÇÕES pela Lei nº 4.506/64. Esses complementos, para fins de interpretação, podem ser assim esquematizados: 1º quanto à sua natureza, as subvenções serão CORRENTES; 2º quanto à sua finalidade, as subvenções serão para CUSTEIO ou OPERAÇÃO. Abandonando, por enquanto, o complemento que qualifica a subvenção quanto à sua natureza, vamos tentar estabelecer os contornos da SUBVENÇÃO que se destina ao CUSTEIO OU OPERAÇÃO. SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO ou SUBVENÇÃO PARA OPERAÇÃO são expressões sinônimas. SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliála a fazer face ao seu conjunto de despesas. SUBVENÇÃO PARA OPERAÇÃO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliála nas suas operações, ou seja, na consecução de seus objetivos sociais. As operações da pessoa jurídica, realizadas para que alcance as suas finalidades sociais, provocam custos ou Fl. 2810DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.811 20 despesas, que, talvez por serem superiores às receitas por ela produzidas, requerem o auxílio de fora, representado pelas SUBVENÇÕES. O CUSTEIO representa, portanto, em termos monetários, o reflexo de operação desenvolvida pela empresa. Daí porque julgamos as expressões como sinônimas. 2.6 Retomando o qualificativo da subvenção quanto à sua natureza, o tributarista JOSÉ LUIZ BULHÕES PEDREIRA, em sua obra IMPOSTO DE RENDA, já distinguia as SUBVENÇÕES PARA CUSTEIO ou OPERAÇÃO das SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. Esta dicotomia, salvo melhor juízo, abriga sob enfoque teleológico, todos os tipos de SUBVENÇÃO e veio a ser consagrada pelo DL nº 1.598/77. A SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO ou OPERAÇÃO é uma SUBVENÇÃO corrente ou comum. Já a SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO é uma SUBVENÇÃO especial. Neste caso, a utilização do adjetivo "corrente" no art. 44 da Lei nº 4.506/64 teve, apenas, a finalidade de destacar o caráter de normalidade próprio das subvenções para custeio ou operação. 2.7 Ficou, portanto, evidente que o DL nº 1.598/77 ao complementar o disciplinamento das SUBVENÇÕES como que mostrou a "face oculta" da matéria, tornando fácil o entendimento da "face visível", até então, apresentada pela Lei Nº 4.506/64. DL nº 1.598/77 art. 38 2.8 – O DL nº 1.598/77, na seção dedicada ao disciplinamento dos "Resultados NãoOperacionais" fez incluir no § 2º de seu art. 38 as seguintes normas sobre as SUBVENÇÕES, "As subvenções para investimento, inclusive mediante a isenção ou redução de impostos concedida como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e as doações não serão computadas na determinação do lucro real, desde que: a) registradas como reserva de capital, que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto nos 3º e 4º do art. 19; ou b) feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do contribuinte e utilizadas para absorver superveniência passivas ou insuficiências ativas". 2.9 A primeira conseqüência que se extrai do citado artigo 38 é que as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO também são tributáveis, na qualidade de integrantes dos "Resultados NãoOperacionais". Para não serem tributáveis, devem ser submetidas a um tratamento especial, consistente no registro como reserva de capital, a qual não poderá ser distribuída. [...] 2.11 Uma dos fontes para se pesquisar o adequado conceito de SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO é o Parecer Normativo CST nº 2/78 (DOU de 16.01.78). No item 5.1 do Parecer encontramos, por exemplo, menção de que a SUBVENÇÃO para INVESTIMENTO seria a destinada à aplicação em bens ou direitos. Já no item 7, subentendose um confronto entre as SUBVENÇÕES PARA CUSTEIO ou OPERAÇÃO e as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, tendo sido caracterizadas as primeiras pela não vinculação a aplicações específicas. Já o Parecer Normativo CST Nº 143/73 (DOU de 16.10.73), sempre que se refere a Fl. 2811DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.812 21 investimento complementao com a expressão em ativo fixo. Desses subsídios podemos inferir que SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliála, não nas suas despesas, mais sim, na aplicação específica em bens ou direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos. Essa concepção está inteiramente de acordo com o próprio § 2º do art. 38 do DL 1.598/77. 2.12 Observase que a SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO apresenta características bem marcantes, exigindo até mesmo perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta apenas o "animus" de subvencionar para investimento. Impõese, também, a efetiva e específica aplicação da subvenção, por parte do beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. Por outro lado, a simples aplicação dos recursos decorrentes da subvenção em investimentos não autoriza a sua classificação como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. [...] Lei nº 4.506/64DL nº 1.598/77 2.14 Com o objetivo de promover a interação dos dois diplomas legais ora dissecados podemos resumir a matéria relacionada com as SUBVENÇÕES nos seguintes termos: As SUBVENÇÕES, em princípio, serão, todas elas, computadas na determinação do lucro líquido: as SUBVENÇÕES PARA CUSTEIO ou OPERAÇÃO, na qualidade de integrantes do resultado operacional; as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, como parcelas do resultado não operacional. As primeiras integram sempre o resultado do exercício e devem ser contabilizadas como tal; as últimas, se efetivamente aplicadas em investimentos, podem ser registradas como reserva de capital, e, neste caso, não serão computadas na determinação do lucro real, desde que obedecidas as restrições para a utilização dessa reserva. [...] 3. ISENÇÕES E REDUÇÕES DE IMPOSTOS 3.1 Delimitado o leito das duas correntes em que se dividem os recursos provenientes das SUBVENÇÕES, é de se concluir que nem todas as isenções ou reduções de impostos podem ser classificadas de SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. [...] [...] 3.6 Há, também, uma modalidade de redução do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (ICM), utilizada por vários Estados da Federação como incentivo fiscal, que preenche todos os requisitos para ser considerada como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. A mecânica do benefício fiscal consiste no depósito, em conta vinculada, de parte do ICM devido em cada mês. Os depósitos mensais, obedecidas as condições estabelecidas, retornam à empresa para serem aplicados na implantação ou expansão de empreendimento econômico. Em alguns casos que tivemos oportunidade de examinar, esse tipo de subvenção é sempre previsto em lei, da qual consta expressamente a sua destinação para o investimento; o retorno das parcelas depositadas só se efetiva após comprovadas as aplicações no empreendimento econômico; e o titular do empreendimento é o beneficiário da subvenção. Fl. 2812DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.813 22 3.7 É oportuna a advertência para o risco de generalizar as conclusões do item anterior para todos os casos de retorno do ICM. O contribuinte deverá ter cuidado de examinar caso por caso e verificar se estão presentes, todos os requisitos exigidos. Um retorno de ICM, por exemplo, como prêmio ao incremento das vendas, em relação às de período anterior, acima de determinado percentual, não será uma subvenção para investimento. [...] 7. CONCLUSÃO 7.1 Ante o exposto, o tratamento a ser dado às SUBVENÇÕES recebidas por pessoas jurídicas, para os fins de tributação do imposto de renda, a partir do exercício financeiro de 1978, face ao que dispõe o art. 67, item 1, letra "b", do Decretolei nº 1.598/77, pode ser assim consolidado: I As SUBVENÇÕES CORRENTES PARA CUSTEIO OU OPERAÇÃO integram o resultado operacional da pessoa jurídica; as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, o resultado não operacional; II SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO são as que apresentam as seguintes características: a) a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; b) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; e c) o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. III As ISENÇÕES ou REDUÇÕES de impostos só se classificam como subvenções para investimento, se presentes todas as características mencionadas no item anterior; IV As SUBVENÇÕES, PARA INVESTIMENTO, se registradas como reserva de capital não serão computadas na determinação do lucro real, desde que obedecidas as restrições para a utilização dessa reserva; [...] Examinemos, então, o caso concreto, à luz dos fundamentos acima e dos elementos dos autos. Às fls. 2381 e seguintes, o acórdão recorrido fez minucioso histórico da legislação estadual do Rio Grande do Sul pertinente ao assunto em debate, desde a lei estadual nº 6.427/1972, que instituiu o FUNDOPEMRS, leis posteriores que modificaram esse fundo, passando também pelos decretos regulamentadores. Considero desnecessário reproduzir todo o histórico, bastando, para clareza, a parte final, a partir da lei estadual nº 11.916/2003 (fls. 2386 e segs). Confirase (grifos no original): Na sequência, veio a Lei nº 11.916, de 02 de junho de 2003, que revogou a Lei nº 11.028, de 1997, trazendo as seguintes diretrizes e condições para a concessão do benefício: Fl. 2813DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.814 23 “Art. 1º Fica instituído o Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul – FUNDOPEM/RS , que tem como objetivo incentivar investimentos em empreendimentos industriais e agroindustriais e de centros de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico que visem ao desenvolvimento socioeconômico integrado e sustentável do Estado. Parágrafo único São diretrizes fundamentais do FUNDOPEM/RS estimular e apoiar empreendimentos que promovam no Estado do Rio Grande do Sul: I a descentralização estratégica da produção industrial e a redução de desigualdades regionais; II o desenvolvimento do parque industrial e agroindustrial, considerandose os arranjos produtivos locais; III a competitividade e a ampliação da atividade industrial e agroindustrial; IV a geração significativa de empregos; V o desenvolvimento ou a incorporação de avanços tecnológicos e de inovações de processos e produtos; VI o respeito ao meio ambiente; VII a complementação das cadeias produtivas da economia estadual. (...) Art. 3º Os recursos do FUNDOPEM/RS serão utilizados para: I financiar a instalação, ampliação, modernização ou reativação de plantas industriais e agroindustriais e de centros de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico; II subsidiar juros incidentes nas operações de crédito vinculadas a empreendimentos industriais e agroindustriais e dos centros de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico; III dar cobertura de risco nos financiamentos de longo prazo concedidos pelo Banco do Estado do Rio Grande do Sul S/A, pela Caixa Estadual S/A Agência de Fomento/RS ou pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE; IV constituir fundo a ser gerido pela Caixa Estadual S/A Agência de Fomento/RS, destinado a financiar a capitalização de empresas emergentes, com sede no Estado, nas áreas de alta tecnologia, pesquisa, desenvolvimento, inovação e fito farmacêutica, incluídas aquelas constituídas sob forma de cooperativas industriais e agroindustriais, inclusive as autogeridas. § 1º Em caráter excepcional, a critério do Conselho Diretor, os recursos do FUNDOPEM/RS poderão ainda ser utilizados para Fl. 2814DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.815 24 financiar capital de giro de empreendimentos industriais e agroindustriais e de centros de pesquisa e de desenvolvimento que, mesmo não atendendo a condição estabelecida no inciso II do artigo 4º, desenvolvam ações que resultem em efetivo incremento do número de empregos. § 2º V E T A D O. Art. 4º A concessão de incentivos com base nesta Lei será condicionada: I à geração de empregos; II à realização de investimentos; III à comprovação de regularidade quanto ao cumprimento de: a) obrigações contratuais junto ao Banco do Estado do Rio Grande do Sul S/A, à Caixa Estadual S/A Agência de Fomento/RS e ao Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE; b) obrigações fiscais e ambientais decorrentes da legislação vigente; IV à obtenção de pontuação mínima, a ser estabelecida em regulamento, na avaliação a que se refere o inciso III do artigo 13. (...) Art. 13 Compete ao Conselho Diretor: I propor a regulamentação do FUNDOPEM/RS; II fixar normas específicas visando ao cumprimento das diretrizes previstas nesta Lei; III analisar projetos com pedidos protocolados na SEDAI e aprovar o seu enquadramento no FUNDOPEM/RS, para o gozo dos incentivos previstos no artigo 3º, atribuindolhes pontuação segundo a avaliação do grau de seu ajustamento aos seguintes parâmetros: a) geração de empregos; b) prioridade da região ou do município, segundo a política de desenvolvimento regional; c) integração em cadeias produtivas estratégicas prioritárias; d) graus de desenvolvimento tecnológico e de inovação dos processos e produtos; e) execução das obras civis e fornecimento de máquinas, equipamentos ou serviços, necessários ao empreendimento, por empresas sediadas no Estado; Fl. 2815DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.816 25 f) aquisição de insumos e serviços de empresas localizadas no Estado; g) impactos ambientais positivos, tais como reciclagem de resíduos e uso de fontes energéticas ou de tecnologias limpas, entre outros. IV eleger o índice de atualização monetária aplicável, que será o mesmo adotado para atualizar o valor da UIF/RS – Unidade de Incentivo do FUNDOPEM/RS; V determinar a taxa de juros; VI definir, quando for o caso, a parcela subsidiada dos juros bancários; VII definir o prazo de fruição dos incentivos, considerando a Taxa Interna de Retorno (TIR) compatível com o investimento; VIII estabelecer os prazos de carência e de amortização do financiamento; IX fixar o percentual da parcela mensal financiável, segundo o enquadramento referido no inciso III; X aprovar as garantias oferecidas pela empresa incentivada; XI estabelecer os abatimentos concedidos para os pagamentos pontuais das parcelas de amortização do financiamento de projeto aprovado pelo INTEGRAR/RS, conforme o artigo 6º, inciso II; XII normatizar os procedimentos a adotar nos casos de vencimento antecipado do financiamento, conforme disposto no artigo 9º; XIII criar, dentro dos limites da presente Lei, programas especiais, regionais ou setoriais, com características peculiares quanto a requisitos e incentivos; XIV estabelecer as condições para a concessão do incentivo previsto no parágrafo primeiro do artigo 3º; XV aprovar o indicador de desenvolvimento sócioeconômico regional previstos no artigo 6, inciso I. § 1º Nas hipóteses elencadas nos incisos II a XV deste artigo, o Conselho Diretor deliberará por meio de resoluções normativas, que serão publicadas na imprensa oficial. § 2º As concessões e as revogações de incentivos serão implementadas mediante decreto do Poder Executivo. § 3º Para a operacionalização do FUNDOPEM/RS, será utilizada a estrutura da Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, com a assessoria técnica da Caixa Estadual S/A Agência de Fomento/RS e dos demais órgãos da Administração Direta e Indireta. Fl. 2816DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.817 26 (...) Art. 17 Ficam mantidos todos os efeitos e condições decorrentes da Lei nº 11.028, de 10 de novembro de 1997, e alterações, para os empreendimentos com decreto de concessão, bem como para aqueles com incentivos requeridos por carta consulta protocolada no SEADAP/SEDAI, na vigência da referida Lei, que venham a ser concedidos por decreto. (...).” Como visto do dispositivo transcrito, o objetivo primordial do FUNDOPEM/RS permaneceu sendo a geração de empregos, dada a possibilidade legal de conferir o benefício à empresa para, inclusive, financiar capital de giro, mesmo na hipótese da falta de realização de investimentos, desde que observado o efetivo incremento de empregos. Observese que a nova lei dispôs, expressamente, a manutenção de todos os efeitos e condições decorrentes da lei anterior para os empreendimentos com decreto de concessão já emitido, como é o caso da autuada. Em regulamentação à referida Lei nº 11.916, de 2003, foi publicado o Decreto nº 42.360, de 25 de julho de 2003, nos seguintes termos: “DO FUNDO OPERAÇÃO EMPRESA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL FUNDOPEM/RS Art. 2° O Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul FUNDOPEM/RS, objetiva incentivar investimentos em empreendimentos industriais e agroindustriais e em centros de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico que visem ao desenvolvimento socioeconômico integrado e sustentável do Estado. DAS DIRETRIZES Art. 3° São diretrizes fundamentais do FUNDOPEM/RS estimular e apoiar empreendimentos que promovam no Estado do Rio Grande do Sul: I a descentralização estratégica da produção industrial e a redução de desigualdades regionais; II o desenvolvimento do parque industrial e agroindustrial, considerandose os arranjos produtivos locais; III a competitividade e a ampliação da atividade industrial e agroindustrial; IV a geração significativa de empregos; V o desenvolvimento ou a incorporação de avanços tecnológicos e de inovações de processos e produtos; VI o respeito ao meio ambiente; VII a complementação das cadeias produtivas da economia estadual. Fl. 2817DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.818 27 (...) DAS CONDIÇÕES PARA A CONCESSÃO DE INCENTIVOS Art. 6° A concessão dos incentivos previstos no artigo anterior será condicionada: I à geração de empregos; II à realização de investimentos; III à comprovação de regularidade quanto ao cumprimento de: a) obrigações contratuais junto ao Banco do Estado do Rio Grande do Sul S/A, à Caixa Estadual S/A Agência de Fomento/RS e ao Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul BRDE; b) obrigações fiscais e ambientais decorrentes da legislação vigente; IV à obtenção de um mínimo de 1/3 (um terço) dos pontos possíveis na avaliação procedida segundo a tabela específica, a ser elaborada de acordo com os parâmetros previstos no inciso III, do art. 17, que será instituída por Resolução Normativa do Conselho Diretor. § 1° No ato do protocolo da cartaconsulta as exigências referidas no inciso III, poderão ser atendidas mediante a apresentação, pela requerente: a) de declaração, sob as penas da lei, de que atende as condições previstas no referido inciso; e b) de cópia do protocolo de solicitação de licenciamento junto ao órgão ambiental competente, quando a empresa ainda não detiver licença ambiental em vigor. § 2° Caso se comprove, no decorrer do processo de análise da concessão do benefício, o não atendimento a quaisquer das condições previstas no inciso III deste artigo, o processo será arquivado no âmbito da CoordenadoriaAdjunta do Sistema Estadual de Atração e Desenvolvimento de Atividades Produtivas SEADAP, na Secretaria de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais SEDAI. § 3° Constatada, após a homologação do incentivo, a perda da condição de regularidade prevista no inciso III deste artigo, em decorrência de decisão judicial transitada em julgado, ou caso se verifique ter a beneficiária prestado declaração falsa quando do protocolo da cartaconsulta, a empresa terá cancelada a fruição do benefício, devendo devolver, nas condições previstas no § 1° do art. 13 deste Decreto, os valores que já tiver recebido, sem prejuízo das demais cominações legais. (...). Fl. 2818DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.819 28 Art. 9° Os parâmetros do financiamento concedido à empresa pelo FUNDOPEM/RS, respeitados os limites previstos nos incisos II a V do art. 7°, serão os constantes nas tabelas aprovadas em Resolução Normativa do Conselho Diretor, observado ainda o que segue: I a parcela mensal do financiamento não poderá exceder 75% (setenta e cinco por cento) do valor do ICMS incremental gerado, no mesmo mês, pelo respectivo empreendimento incentivado; II o montante do financiamento não poderá exceder ao valor total do ICMS incremental pertencente ao Estado, gerado pelo respectivo empreendimento incentivado, montante e valor esses atualizados monetariamente pela Unidade de Incentivo do FUNDOPEM/RSUIF/RS, definida no parágrafo único do art. 33, deste Decreto; III o cálculo do incentivo mensal incluirá uma parcela referente ao parâmetro “geração de empregos”, previsto no art. 17, III, “a”, ajustável em função do número de empregos incrementais efetivamente gerados no mês, em comparação com o número considerado na avaliação técnica do projeto para a respectiva pontuação, de acordo com o estabelecido na Resolução Normativa do Conselho Diretor que instituir a tabela específica referida no inciso IV do art. 6°; IV com exceção do financiamento para capital de giro previsto no § 1º, do art. 5º, o total do financiamento concedido à empresa incentivada terá como limite o montante do custo do investimento fixo, realizado a partir da data do protocolo da cartaconsulta e registrado contabilmente como ativo imobilizado, excluídos os veículos automotores não relacionados diretamente ao processo produtivo e terrenos. § 1° As bases para a determinação do faturamento bruto e do ICMS incrementais, serão as médias aritméticas dos respectivos valores, apurados nos 12 (doze) meses antecedentes ao mês anterior ao do protocolo da cartaconsulta de solicitação de enquadramento do projeto no FUNDOPEM/RS. § 2° Caberá ao Departamento da Receita Pública Estadual, da Secretaria da Fazenda SEFAZ, propor os critérios para apuração das bases e do faturamento bruto e ICMS incrementais, mensais, referidos no parágrafo anterior, para fins de regulamentação pelo Conselho Diretor. § 3° O valor dos equipamentos usados, incluído na determinação do limite do financiamento do projeto, não poderá exceder a 30% (trinta por cento) do montante do custo do investimento fixo, referido no inciso IV, salvo casos considerados de excepcional interesse do Estado e por deliberação do Conselho Diretor. Fl. 2819DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.820 29 § 4° Os valores orçados e efetivos dos investimentos fixos, bem como os valores das bases médias do ICMS e do faturamento bruto, referidos neste artigo, serão expressos em UIF/RS. § 5° Os juros apropriados durante o período de carência serão capitalizados e exigíveis juntamente com as parcelas de amortização do financiamento. § 6° As parcelas de financiamento serão liberadas às empresas incentivadas na forma definida em Lei. § 7° A amortização do financiamento darseá em parcelas mensais e sucessivas. § 8° Resolução Normativa do Conselho Diretor definirá as condições para a liquidação antecipada do financiamento. (...) Art. 17 Compete ao Conselho Diretor: I propor a regulamentação do FUNDOPEM/RS; II fixar normas específicas visando ao cumprimento das diretrizes previstas na Lei n° 11.916, de 02 de junho de 2003; III analisar projetos com pedidos protocolados na SEDAI e aprovar o seu enquadramento no FUNDOPEM/RS, para o gozo dos incentivos previstos no art. 5° deste Decreto, atribuindolhes pontuação segundo a avaliação do grau de seu ajustamento aos seguintes parâmetros: a) geração de empregos; b) prioridade da região ou do município, segundo a política de desenvolvimento regional; c) integração em cadeias produtivas estratégicas prioritárias; d) graus de desenvolvimento tecnológico e de inovação dos processos e produtos; e) execução das obras civis e fornecimento de máquinas, equipamentos ou serviços, necessários ao empreendimento, por empresas sediadas no Estado; f) aquisição de insumos e serviços de empresas localizadas no Estado; g) impactos ambientais positivos, tais como reciclagem de resíduos e uso de fontes energéticas ou de tecnologias limpas, entre outros. IV eleger o índice de atualização monetária aplicável aos financiamentos, que será o mesmo adotado para atualizar o valor da Unidade de Incentivo do FUNDOPEM/RS UIF/ RS; V determinar a taxa de juros; Fl. 2820DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.821 30 VI definir, quando for o caso, a parcela subsidiada dos juros bancários; VII definir o prazo de fruição dos incentivos, considerando a Taxa Interna de Retorno (TIR) compatível com o investimento; VIII estabelecer os prazos de carência e de amortização do financiamento; IX fixar o percentual da parcela mensal financiável, segundo o enquadramento referido no inciso III; X aprovar as garantias oferecidas pela empresa incentivada; XI estabelecer os abatimentos concedidos para os pagamentos pontuais das parcelas de amortização do financiamento de projeto aprovado no INTEGRAR/RS; XII normatizar os procedimentos a adotar nos casos de vencimento antecipado do financiamento; XIII criar, dentro dos limites da Lei n° 11.916, de 02 de junho de 2003, programas especiais, regionais ou setoriais, com características peculiares quanto a requisitos e incentivos; XIV estabelecer condições para a concessão do incentivo prevista no § 1º do art. 5° deste Decreto; XV aprovar o indicador de desenvolvimento sócioeconômico previsto no art. 11 deste Decreto § 1° Nas hipóteses elencadas nos incisos II a XV deste artigo, o Conselho Diretor deliberará por meio de Resoluções Normativas, que serão publicadas na imprensa oficial. § 2° Para os fins da letra “f” do inciso III deste artigo, consideramse como insumos as matériasprimas, os materiais de embalagens e os materiais secundários, e, como serviços, aqueles terceirizados no processo produtivo. (...). Art. 35 Ficam mantidos todos os efeitos e condições decorrentes da LEI N° 11.028, de 10 de novembro de 1997, e alterações, para os empreendimentos com Decreto de concessão, bem como para aqueles com incentivos requeridos por carta consulta protocolada na SEDAI, na vigência da referida Lei, que venham a ser concedidos por Decreto. ................ (...)”. Como já enfatizado, com a Lei nº 11.916, de 2003, mantevese o mesmo alinhamento anterior, de que, por meio do programa, podem ser concedidos benefícios em função da manutenção da atividade industrial, visando à geração de empregos, fator o qual influencia, inclusive, o cálculo do incentivo mensal, conforme expressamente preconizado no art. 9º, III, do Decreto nº 42.360, de 2003. Fl. 2821DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.822 31 Conforme resumido no relatório fiscal, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul firmou com a empresa Pirelli, através dos Protocolos de Intenção (de 14/11/97 e 20/08/2000), Carta Consulta, Resoluções (n°s 29/98, 48/2000, 52/2004, 05/2006) e Decreto Estadual do RS (nº 38.222/98), a concessão do incentivo fiscal de que trata o FUNDOPEM –Nosso Emprego/RS. O contrato homologado estabelece os critérios específicos de cálculo do incentivo (incremento de empregos, arrecadação de ICMS, prazo de fruição), não tendo sido fixada qualquer destinação da verba incentivada para investimento específico, condicionando apenas a realização do investimento de no mínimo 80% do valor do projeto aprovado. O Decreto Estadual nº 38.222 (RS), de 18 de fevereiro de 1998, que concedeu o benefício à autuada, portanto, na vigência da Lei nº 11.028, de 1997, e dos Decretos nºs 36.264, de 1995, e 37.373, de 1997, tem a seguinte redação: “Art. 1º Fica concedido à empresa PIRELLI PNEUS S/A, (...), o incentivo financeiro previsto no artigo 2º, da Resolução Normativa n° 40/97 FUNDOPEM/ RS, e alterações. Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.” Consoante se observa da concessão do benefício, importante verificar o teor da Resolução Normativa nº 40/97. O art. 2º da Resolução Normativa citada condiciona o incentivo à comprovação da ampliação efetiva de empregos e ao incremento real de ICMS. O art. 3º da norma fixa critérios de cálculo do incentivo financeiro, levando em conta, o incremento de empregos, o aumento de arrecadação do ICMS e o tamanho e a localização do município sede do empreendimento industrial. Do exposto, de se concluir que o negócio entabulado entre o Estado do Rio Grande do Sul e o impugnante, no âmbito do FUNDOPEM – Nosso Emprego/RS, contempla subvenção corrente, consubstanciada em auxílio financeiro concedido pelo Estado tendo em vista o interesse público de manutenção e geração de empregos. De fato, a Resolução nº 52/2004, trazida pela impugnante, demonstra, para fins de homologação de investimento repactuado, a verificação, pelo Conselho Diretor do FUNDOPEM, do cumprimento da meta estipulada acerca da geração de novos postos de trabalho. Confirase: Fl. 2822DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.823 32 Admitir que a pessoa jurídica de direito público, ao conceder isenção ou redução de impostos em favor de uma empresa para que ela realize operações em seu território, sempre tem a intenção de atrair investimentos, dispensaria a análise dos atos concessivos do benefício, e exigiria, tão só, a prova de que a beneficiária tinha a intenção de realizar ou realizou algum investimento. Contudo, desvincular o investimento realizado da exigência do subvencionador simplesmente anula a possibilidade de se cogitar de outro tipo de subvenção que não para investimento, pois basta qualquer ação ou intenção do subvencionado, independentemente de sua motivação, evidenciando que investimento houve, para afirmar que o benefício fiscal teria a natureza de subvenção para investimento, e assim afastar sua tributação. Não faço reparos ao decidido em primeira instância. Com efeito, a lei estadual que regula o FUNDOPEM/RS estabelece diretrizes e objetivos variados, entre os quais se incluem, é verdade, investimentos, mas não diretamente vinculados aos incentivos. Os investimentos aparecem como uma das ferramentas (mas não a única) que poderão auxiliar na geração de empregos, mas podem até mesmo ser dispensados, a teor do art. 3º, § 1º, da Lei estadual nº 11.916/2003. O Decreto nº 42.360/2003, que regulamentou a lei mencionada, não foge a essa linha, estando sempre o benefício atrelado à ampliação efetiva de empregos e ao incremento real do ICMS. A recorrente menciona documentos específicos relacionados ao benefício, e reclama que não teriam sido apreciados corretamente em primeira instância. São eles: · Protocolo de Intenções (fls. 2208/2211, 2212/2215) · CartaConsulta (fls. 2216/2223) · Relatório de Análise FUNDOPEM/RS (fls. 2224/2258) · Resolução nº 52/2004 (a decisão recorrida teria analisado somente algumas partes, ver fl. 2708) (fls. 2259/2260) · Fotos Ao contrário do que alega a recorrente, no entanto, tais documentos foram sim apreciados pelo acórdão recorrido, como visto no excerto acima transcrito, embora não conduzindo a conclusões que lhe pudessem ser favoráveis. O Protocolo de Intenções, já a partir de seu título, estabelece intenções e compromissos das partes (Pirelli e Governo do RS). Embora se mencione, entre os compromissos assumidos pela empresa, a ampliação de unidade produtiva, os investimentos fixos não aparecem diretamente vinculados ao benefício, mas como mero fator limitante. O incentivo se baseia no incremento do ICMS. A CartaConsulta deixa claro que o investimento de ampliação da unidade produtiva é a ferramenta, o meio que será empregado para o incremento de pessoal e do recolhimento do ICMS, este sim o objetivo principal a ser alcançado. Fl. 2823DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.824 33 O Relatório de Análise FUNDOPEM/RS mantém essa linha, sendo os investimentos sempre analisados em função de sua capacidade de geração de empregos e aumento da arrecadação. Mais uma vez os investimentos não se relacionam diretamente aos benefícios a ser concedidos e são tidos como ferramentas e fator limitante. Finalmente, a Resolução nº 52/2004, ato do Conselho Diretor do FUNDOPEM/RS que homologou o benefício fiscal concedido à interessada, não discrepa de todo o visto até aqui. Não obstante homologue o valor do investimento fixo comprovado (71% do montante orçado, art. 4º), deixa claro que tal homologação é para fins do limite do benefício então concedido. O crédito do ICMS é calculado com base no incremento do faturamento e da arrecadação do ICMS. Relevante observar, ao final, que não se discute aqui se a recorrente fez ou não investimentos. A questão é que, diante da legislação analisada, resta clara a falta de vinculação específica entre o incentivo fiscal concedido pelo governo estadual e os investimentos realizados. A intenção demonstrada pelo ente público era todo o tempo de criar postos de trabalho e incrementar a arrecadação do tributo estadual. Os investimentos sempre estiveram como aspecto acessório e instrumental para a intenção do órgão público, não se vinculando diretamente aos benefícios fiscais. Desta forma, e retomando as conclusões do Parecer CST nº 112/1978, de se constatar que não se encontra presente a intenção específica do subvencionador de destinação para investimentos, pelo que as subvenções recebidas pela interessada não podem se classificar como subvenções para investimentos. Correta, assim, a decisão de primeira instância que manteve o lançamento, quanto a este aspecto. Na sequência, a recorrente questiona a aplicação de juros moratórios sobre a multa de ofício. A matéria tem sido objeto de discussões ao longo do tempo, comportando decisões por vezes divergentes. A incidência de juros sobre a multa proporcional, aplicada no lançamento de ofício, conforme procedimento das Autoridades Administrativas, encontra seu fundamento no artigo 61 da Lei nº 9.430/1996 e, ainda, no art. 161 c/c art. 139, ambos da Lei nº 5.172/1966 (Código Tributário Nacional – CTN), os quais transcrevo para maior clareza: Lei nº 9.430/1996: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês Fl. 2824DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.825 34 subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Lei nº 5.172/1966 (CTN): Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. A polêmica gira em torno da abrangência que se há de atribuir à expressão “débitos para com a União, decorrentes de tributos”, presente no caput do art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Tenho que os débitos decorrentes de tributos não podem se restringir ao principal, mas igualmente devem abranger os débitos pelo descumprimento do dever de pagar, ou seja, as multas proporcionais aplicadas de ofício ao lançamento. Nesse sentido, a abrangência dos débitos para com a União deve ser a mesma atribuída ao crédito tributário de que trata o CTN. O débito do contribuinte para com a União, visto pela ótica do sujeito passivo da obrigação tributária, é o crédito tributário em favor da União, visto pela ótica do sujeito ativo da mesma obrigação. Essa discussão já foi travada na Câmara Superior de Recursos Fiscais. Peço vênia para transcrever, por sua clareza e por espelhar com exatidão meu pensamento sobre o assunto, excerto do voto condutor do acórdão CSRF/0400.651, de 18/09/2007, da lavra do ilustre Conselheiro Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho. Desde já, adoto seus fundamentos também aqui como razões de decidir (grifo consta do original). Consoante relatado, a matéria ora posta à apreciação deste Colegiado se circunscreve à questão atinente a incidência de juros de mora, à taxa SELIC, sobre a multa de oficio proporcional aplicada. O art. 139 do CTN determina que o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. O art. 113 do CTN, por sua vez, determina, em seu parágrafo primeiro, que a obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como da penalidade pecuniária dela decorrente. Entendo, assim, que a obrigação tributária principal compreende tanto os próprios tributos e contribuições, como, em razão de seu descumprimento, e por isso igualmente dela decorrente, a multa de oficio proporcional, que é exigível juntamente com o tributo ou contribuição não paga. Observese que tanto o tributo quanto a multa de oficio proporcional serão devidos com a consumação do fato gerador. A multa de oficio proporcional, embora seja um acréscimo ao tributo, não se trata de obrigação acessória, que se caracteriza pelo objeto não pecuniário, classificandose como uma obrigação de fazer. A obrigação tributária principal consiste, assim, em todo e qualquer pagamento devido, incluindose o tributo, a multa ou penalidade pecuniária. Fl. 2825DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.826 35 Em decorrência, o crédito tributário, a que se reporta o art. 161 do CTN, corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo seus acréscimos legais, notadamente a multa de oficio proporcional. O art. 61, parágrafo terceiro, da Lei n. 9.430/97, fundamento legal da multa aplicada no caso concreto, prevê a aplicação de juros de mora sobre os débitos decorrentes de tributos e contribuições cujos fatos geradores ocorreram a partir de 01 de janeiro de 1997. Dentre os débitos decorrentes dos tributos e contribuições, entendo, pelas razões indicadas acima, incluemse as multas de oficio proporcionais, aplicadas em função do descumprimento da obrigação principal, e não apenas os débitos correspondentes aos tributos e contribuições em si. Frisese, por oportuno, que dito parágrafo terceiro determina a aplicação dos juros sobre o valor dos débitos indicados no caput do artigo, e não sobre seu valor acrescido da multa de mora prevista no mesmo caput. Por outro lado, se o caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 admite a aplicação da multa de mora sobre valor que, a depender das circunstancia do lançamento, pode (considerando, por exemplo, a espontaneidade ou não do pagamento e o beneficio da denuncia espontânea), estar acrescido da multa de oficio proporcional, cabe ao aplicador da norma afastar a respectiva concomitância, cuja eventual aplicação, contudo, não tem o condão de modificar a legislação sobre a matéria, afastando a inclusão da multa de oficio proporcional na obrigação principal. Não é correta a afirmação de que toda penalidade pecuniária que se converte em obrigação principal é decorrente da observância de obrigação acessória. Não pagar tributo é o descumprimento de uma obrigação principal, constituindo parte desta. O fato de o dispositivo legal atribuir, à penalidade por descumprimento de obrigação acessória, a natureza de obrigação principal, não significa que toda e qualquer penalidade pecuniária é, em sua origem, uma obrigação acessória. Ou seja: a multa de oficio proporcional não é resultante do descumprimento de obrigação acessória, mas de obrigação principal. É obrigação principal em sua natureza, independentemente de conversão. Ressaltese, com relação aos juros de mora, que o art. 161 do CTN determina que o crédito não integralmente pago no vencimento será acrescido de juros de mora à taxa de 1% ao mês, caso a lei não disponha de modo diverso, e a Lei n. 9430/96 determina a aplicação da taxa Selic aos casos em questão. Como dito crédito, deve ser entender, pelas razões expostas, a obrigação tributária principal como um todo, incluindo a multa de oficio proporcional. Adicionalmente, especificamente quanto ao art. 43 da Lei n° 9.430/96, invocado pelo Contribuinte em sua defesa, destaquese que esse dispõe sobre a hipótese de "Auto de Infração Sem Tributo", razão pela qual não disciplina a aplicação da juros sobre a multa de oficio proporcional, que somente é exigida com o tributo. Ao final, por maioria de votos, a Câmara Superior decidiu conforme ementa abaixo: JUROS DE MORA — MULTA DE OFICIO — OBRIGAÇÃO PRINCIPAL— A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, Fl. 2826DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.827 36 incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. (Ac. CSRF/04 00.651, de 18/09/2007, proc. 16327.002231/200285, Rel. Cons. Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho) A matéria retornou à discussão na Câmara Superior em março de 2010, sendo prolatado o acórdão assim ementado, confirmando o entendimento aqui exposto: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Ac. 910100.539, de 11/03/2010, proc. 16327.002243/9971, Rel. Cons. Valmir Sandri, Redatora Designada Cons. Viviane Vidal Wagner) Pelas mesmas razões, nego provimento, também quanto a esta matéria, ao recurso voluntário interposto. Em conclusão, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Voto Vencedor Conselheiro Márcio Rodrigo Frizzo. Inobstante o bem fundamentado entendimento do Relator, a turma por maioria divergiu do entendimento adotado para posicionarse no sentido que passo a esclarecer. Há de se considerar a conclusão do Relator de que a regulamentação estadual do FUNDOPEM/RS tenha estabelecido diversos objetivos, dentre eles o investimento. Contudo, incabível a conclusão que o investimento realizado pela recorrente era desvinculado aos incentivos previstos na legislação estadual, merecendo melhor análise da situação fática para reconhecimento de sua natureza como subvenção para investimento. Como bem constatou a decisão da DRJ, enfatizada no voto do nobre relator, a recorrente foi beneficiada pelo Decreto Estadual n.º 38.222/1998 (RS) na vigência da Lei Estadual n.º 11.028/1997 (RS), a qual, mesmo revogada posteriormente pela Lei Estadual n.º 11.916/03 (RS), teve seus efeitos e benefícios mantidos aos empreendimentos que já tinham concessão em seu favor, como neste caso. Logo, é inaplicável no presente caso a Lei Estadual n.º 11.916/03 (RS), pois o art. 17, desta mesma lei, prescreveu o seguinte: Fl. 2827DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.828 37 Art. 17. Ficam mantidos todos os efeitos e condições decorrentes da Lei nº 11.028, de 10 de novembro de 1997, e alterações, para os empreendimentos com decreto de concessão, bem como para aqueles com incentivos requeridos por carta consulta protocolada no SEADAP/SEDAI, na vigência da referida Lei, que venham a ser concedidos por decreto. Neste sentido, importa analisar alguns artigos da Lei Estadual n.º 11.028/1997 (RS) relevantes para a maior clareza do presente caso. O art. 1º da Lei Estadual n.º 11.028/1997 (RS) expressamente consigna que o objetivo primordial do FUNDOPEM/RS é subsidiar investimentos nos empreendimentos industriais visando o desenvolvimento econômico do Estado, in verbis: Art. 1º Fica instituído o Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul FUNDOPEM/RS, que tem como objetivo financiar e subsidiar investimentos em empreendimentos industriais que visem ao desenvolvimento sócioeconômico integrado do Estado. Para tanto, o parágrafo único, ainda do art. 1º, fixa as diretrizes fundamentais do programa de benefícios, assentando o seguinte: Parágrafo único São diretrizes fundamentais do FUNDOPEM/RS estimular e apoiar empreendimentos que promovam: I a descentralização da produção industrial; II a manutenção e ampliação da atividade industrial; III a geração significativa de empregos diretos e indiretos; IV a incorporação de avanços tecnológicos do processo ou do produto; V a parceria com o Estado na área social e da educação pública; VI a melhoria na qualidade do meio ambiente; e VII atividades empresariais que visem à produção de bens e serviços destinados à satisfação das necessidades de consumo da população de baixa renda. Posteriormente, o art. 3º da legislação estadual em análise determina para qual finalidade deverão ser utilizados os recursos advindos do FUNDOPEM/RS, nos seguintes termos: Art. 3º Os recursos do FUNDOPEM/RS serão utilizados: I para financiar a instalação, ampliação, modernização, relocalização ou reativação de plantas industriais; II para subsidiar juros incidentes nas operações de crédito vinculadas a empreendimentos industriais e agropecuários; e Fl. 2828DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.829 38 III para a cobertura do risco nos financiamentos de longo prazo concedidos pelas entidades do Sistema Financeiro Estadual, hoje integrado pelo BANRISUL, BRDERS e Caixa Estadual S.A. Agência de Desenvolvimento; IV para financiar a capitalização de empresas emergentes na área de alta tecnologia por investidores deste Estado. § 1º As parcelas de financiamento ou de subsídio serão liberadas às empresas beneficiárias na forma de crédito em conta corrente bancária ou apropriação de crédito fiscal presumido. § 2º O subsídio previsto no inciso II, para operações de crédito vinculadas a empreendimentos agropecuários, fica restrito aos produtores rurais possuidores, a qualquer título, de área de terra não superior a 4 (quatro) módulos rurais. Desta maneira, notase que a legislação estadual é genérica e bem abrangente, prevendo várias hipóteses tanto de subvenção de custeio como de investimento, buscando incentivar o crescimento e a ampliação industrial do estado. Por isto, dadas as diversas hipóteses de subvenção pela legislação estadual, de naturezas distintas, há de fazer a análise mais demorada da situação fática destes autos para verificar qual a natureza da subvenção aproveitada pela recorrente, se de custeio ou de investimento. Nos termos do Parecer Normativo CST n.º 112/1978, transcrito parcialmente pelo distinto relator em seu voto, restou consolidado que a subvenção para investimento pode se dar mediante a isenção ou redução de impostos e tem por fim fomentar a implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, merecendo o seguinte destaque mais uma vez: 2.11 – (...) Desses subsídios podemos inferir que SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliála, não nas suas despesas, mais sim, na aplicação específica em bens ou direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos. Essa concepção está inteiramente de acordo com o próprio § 2º do art. 38 do DL 1.598/77. Ressaltase, ainda, a conclusão do distinto Parecer nos seguintes termos: 7.1 – (...) II SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO são as que apresentam as seguintes características: a) a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; b) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; e c) o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. Fl. 2829DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.830 39 Portanto, uma vez demonstrada a intenção do subvencionador em destinar o benefício para o investimento e comprovado sua efetiva aplicação na expansão do empreendimento econômico, o qual tenha por titular o próprio beneficiário, caracterizada estará a subvenção para investimento. Analisando os documentos específicos quanto ao benefício em questão (fls. 2.208/2.260), levando em consideração os requisitos acima expostos para verificar sua natureza, tenho que restou comprovado tratarse de subvenção para investimento para expansão dos empreendimentos da recorrente. Isto pois, primeiramente, verificase que o Protocolo de Intenções (fls. 2.208/2.211) celebrado entre a recorrente e o estado do Rio Grande do Sul expressamente consigna a intenção deste, como subvencionador, em beneficiar a recorrente para que esta amplie seu empreendimento industrial conforme projeto específico de investimento, nos termos que seguem: (...) considerando a intenção e o interesse da Pirelli Pneus S.A., em ampliar suas atividades locais, mediante projeto específico de investimentos, destinado à produção de pneus (...) RESOLVEM firmar o presente PROTOCOLO DE INTENÇÕES, fixando os pressupostos básicos e necessários a nortear as ações relativas ao desenvolvimento e implementação do projeto, na forma seguinte: (...) Do excerto acima se extrai claramente a intenção do estado do Rio Grande do Sul de subvencionar a empresa recorrente exclusivamente para realização de investimento e ampliação das atividades industriais desta, o que fica ainda mais claro em sua cláusula II, item 1, pelo qual a empresa se compromete em ampliar sua unidade industrial de Gravataí/RS, como se destaca: II A Empresa Pirelli Pneus S.A. comprometese: 1 – a ampliar as atividades produtivas da unidade industrial de Gravatai/RS, com a capacidade de processamento de aproximadamente trinta e cinco mil toneladas/ano (35.000 t/a) para comercialização no mercado interno e externo e com um investimento aproximado de US$ 170.000.000 (cento e setenta milhões de dólares norteamericanos) (...) A intenção do estado do Rio Grande do Sul e da recorrente para investimento na ampliação de seu empreendimento industrial evidenciase, também, através do segundo Protocolo de Intenções assinado entre as partes (fls. 516/519), o qual regula em seu item 2 o seguinte: (...) 2. A EMPRESA comprometese a ampliar as atividades produtivas da sua unidade industrial de Gravataí, com capacidade de processamento de aproximadamente trinta e cinco mil toneladas/ano (35.000 t/a) para comercialização no mercado interno e externo e com um investimento aproximado de 31.151.000 UIFs (Unidades de Incentivo de FUNDOPEM), sendo incentivado pelo Estado os investimentos fixos (...). Fl. 2830DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.831 40 Ademais, importa observar que o primeiro Protocolo de Intenções (fls. 2.208/2.211) supramencionado está vinculado ao “projeto específico de investimentos”, o qual se encontra às fls. 505/515 destes autos e demonstra de maneira incontroversa os investimentos fixos que foram comprovadamente realizados pela recorrente para aproveitamento da subvenção, destacandose as informações abaixo (fls. 505): Projeto Gravataí – Investimentos (R$ x 1000) Descrição Origem 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Total Investimentos Fixos Obras Civis N 0 3570 13200 10240 12000 0 0 39010 Equipamentos Nacionais N 962 6715 9020 8444 7368 15445 4541 52495 Equipamentos Importados I 302 9457 9437 11462 12056 9470 2040 54224 Instalações e Melhoramentos Técnicos N 4475 2593 2903 3881 5830 6019 3080 28781 Total Investimentos Fixos 5739 22335 34360 34027 37254 30934 9661 174510 A comprovação da realização destes investimentos na ampliação do empreendimento da recorrente encontrase indiscutivelmente demonstrada através do Relatório de Análise FUNDOPEM/RS (fls. 555/589), em especial através dos seus itens 2 (fls. 561) e 3 (fls. 565 e seguintes). Sobre tal documento, ressalto que se trata de relatório oficial emitido pelo próprio estado do Rio Grande do Sul, ou seja, as informações representam a realidade de como ocorreram os fatos. Refazendo a análise do Relatório de Análise FUNDOPEM/RS (fls. 555/589), no tópico Fruição do incentivo pela PIRELLI (fls. 563), notase que o aproveitamento do benefício está vinculado à comprovação dos investimentos quando declara que “(...) O referido crédito fiscal tem sua fruição limitada a 10 anos e ao valor do investimento (...)”. A vinculação do benefício à comprovação do investimento resta cabalmente confirmada através do tópico do Relatório denominado Comprovação Financeira, onde se observa a necessidade de comprovação dos investimentos e aprovação desta pelo órgão responsável (SEADAP), como se destaca (fls. 563/564): COMPROVAÇÃO FINANCEIRA Comprovações de investimentos já processadas e aditivadas pelo SEADAP Valor Limite Global do Incentivo: 13.023.000 UIF/RS (50% do investimento fixo total do projeto) Valor Total da 1ª Comprovação Processada e Aceita pelo SEADAP: R$ 13.729.047,70 UIF/RS (A) Valor Liberado 1º Aditivo em 27/12/2002: 6.864.523,85 UIF/RS (até novembro de 2002 – 50% do montantes fixos aceitos pelo SEADAP) Comprovações em processamento no SEADAP Comprovação em 30/04/2003 – ref. Dezembro/2002 1) Obras Civis: 7.415,60 UIF/RS Fl. 2831DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.832 41 2) Equipamentos: 189.268,26 UIF/RS 3) Instalações: 49.644,12 UIF/RS Comprovação em 21/08/2003 – ref. Janeiro a Junho/2003 1) Obras Civis: 15.992,54 UIF/RS 2) Equipamentos: 626.535,84 UIF/RS 3) Instalações: 102.004,20 UIF/RS (...) Resumo das comprovações em processamento no SEADAP Dezembro/2002 – 246.327,98 UIF/RS Janeiro/Junho/2003 – 744.532,58 UIF/RS Julho/Dezembro/2003 – 1.532.121,77 UIF/RS Janeiro/Junho/2004 – 1.115.529,22 UIF/RS Julho e Agosto/2004 – 473.809,95 UIF/RS Total – 4.112.321,6 UIF/RS (B) Calandra em ‘z’ transferida de São Paulo: 536.657,16 UIF/RS (C) – valor orçado pela empresa. Total geral das comprovações apresentadas (A+B+C): 18.378.026,46. Portanto, ficaram comprovadas através dos documentos apresentados pela recorrente as peculiaridades que caracterizam como subvenção para investimento os benefícios aproveitados por esta, uma vez que, em consonância com o Parecer CST n.º 112/78, restou evidente i) a intenção do estado do Rio Grande do Sul de destinar os recursos para ampliação do empreendimento industrial da recorrente, bem como ii) a comprovação pela recorrente da aplicação do recurso a esta finalidade, condição esta vinculada a possibilidade de aproveitamento do benefício. Muito embora possa parecer em alguns momentos que a finalidade da subvenção dada a recorrente era o aumento de empregos, tal circunstância por si só não é suficiente para que se classifique o benefício como subvenção para custeio, pois demonstrado que os recursos deveriam ser necessariamente investidos em infraestrutura, ou seja, expansão do empreendimento econômico da recorrente. Em outras palavras, os recursos advindos da subvenção estatal não foram de forma alguma utilizados para cobrir os custos da folha de empregados da recorrente, ou quaisquer outros custos, mas foram aplicados para o cumprimento do projeto de ampliação da planta industrial da recorrente, o que consequentemente, de forma indireta, refletiria na criação de novos postos de trabalhos, como qualquer investimento de ampliação. Fl. 2832DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10805.721983/201251 Acórdão n.º 1302001.497 S1C3T2 Fl. 2.833 42 Acaso não houvesse a comprovação das despesas no cumprimento do projeto para ampliação do empreendimento industrial da recorrente, não poderia a empresa usufruir do benefício estatal. Desta maneira, não há dúvida que a subvenção estatal, no presente caso, tem natureza de subvenção para investimento e, então, não deve sofrer a tributação efetuada através do auto de infração combatido. Assim, por estas razões, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário para exonerar o crédito tributário correspondente à exclusão do crédito presumido do ICMS na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL. (assinado digitalmente) Márcio Rodrigo Frizzo – Redator Designado Fl. 2833DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 26/09/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001708/2006-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 21 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 28/02/1999 a 31/07/2004
PIS/PASEP. RUBRICAS CONTÁBEIS PASSIVAS. VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS. RECEITAS. CONFIGURAÇÃO.
Os registros contábeis credores lançados nas contas que abrigam direitos de crédito e obrigações do contribuinte sujeitos às variações monetárias em função da taxa de câmbio aplicáveis por disposição legal ou contratual serão consideradas receitas financeiras, para efeitos da legislação atinente à contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS, como receitas financeiras, ainda que tais lançamentos se verifiquem em rubricas contábeis de natureza passiva, ex vi do art. 9º da Lei nº 9.718/98.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3401-002.709
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Robson José Bayerl Presidente ad hoc e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, José Luiz Feistauer de Oliveira, Raquel Motta Brandão Minatel, Eloy Eros da Silva Nogueira, Angela Sartori e Cláudio Monroe Massetti.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 28/02/1999 a 31/07/2004 PIS/PASEP. RUBRICAS CONTÁBEIS PASSIVAS. VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS. RECEITAS. CONFIGURAÇÃO. Os registros contábeis credores lançados nas contas que abrigam direitos de crédito e obrigações do contribuinte sujeitos às variações monetárias em função da taxa de câmbio aplicáveis por disposição legal ou contratual serão consideradas receitas financeiras, para efeitos da legislação atinente à contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS, como receitas financeiras, ainda que tais lançamentos se verifiquem em rubricas contábeis de natureza passiva, ex vi do art. 9º da Lei nº 9.718/98. Recurso voluntário negado.
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FALTA DE MOTIVAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não padece de vício de falta de motivação o lançamento que descreve claramente as razões de sua lavratura, a infração cometida, o enquadramento legal e as parcelas que o compõem, tudo devidamente acompanhado de planilhas demonstrativas da apuração do crédito tributário exigido. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 28/02/1999 a 31/07/2004 PIS/PASEP. RUBRICAS CONTÁBEIS PASSIVAS. VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS. RECEITAS. CONFIGURAÇÃO. Os registros contábeis credores lançados nas contas que abrigam direitos de crédito e obrigações do contribuinte sujeitos às variações monetárias em função da taxa de câmbio aplicáveis por disposição legal ou contratual serão consideradas receitas financeiras, para efeitos da legislação atinente à contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS, como receitas financeiras, ainda que tais lançamentos se verifiquem em rubricas contábeis de natureza passiva, ex vi do art. 9º da Lei nº 9.718/98. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 17 08 /2 00 6- 18Fl. 3837DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL 2 Robson José Bayerl – Presidente ad hoc e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, José Luiz Feistauer de Oliveira, Raquel Motta Brandão Minatel, Eloy Eros da Silva Nogueira, Angela Sartori e Cláudio Monroe Massetti. Relatório Alberga este processo lançamento de PIS/Pasep, período de apuração fevereiro/1999 a julho/2004, referente a diferenças apuradas, segundo a fiscalização, nas contas do subgrupo 342 (receitas financeiras) e 343 (variações monetárias e cambiais), esclarecendo que o contribuinte adotou o regime de competência para o reconhecimento das receitas e que, no período não cumulativo, os créditos apropriados pelo contribuinte foram admitidos na apuração, aludindo, ainda, que a diferença de variação cambial do 1º trimestre/99 foi diferida em 48 parcelas no valor de R$ 194.622,00, conforme Deliberação CVM nº 294/99. Em impugnação o contribuinte sustentou a decadência do lançamento para o período fevereiro/1999 a agosto/2001, nos termos do art. 150, § 4º do CTN; que a variação cambial passiva é despesa e não receita, motivo pelo qual o acréscimo no valor mensal, em 48 parcelas, de R$ 194.622,00 mostrase indevido, pois reflete o diferimento da variação passiva e não ativa; que houve deficiência na motivação do auto de infração quanto às receitas abrigadas na rubrica “outras receitas operacionais”, vez que não demonstrado seu levantamento, o que ocasionou cerceamento no direito de defesa; que os valores por ele apresentados e tomados pelas autoridades fiscais como base do trabalho já incluíam as receitas financeiras e de variação monetária e cambial, pelo que, ao adicionálas novamente no cálculo a fiscalização promoveu cobrança dobrada sobre tais valores; que há um erro de cálculo no mês de dezembro/2002; e, que, para o período 2003 e 2004, adotou o regime de caixa, como comprova as DIPJs anexadas. A DRJ São Paulo I/SP julgou o lançamento parcialmente procedente, onde rechaçou a preliminar de nulidade por vício de motivação e acatou a alegação de decadência para o período fevereiro/1999 a julho/2001. No mérito, para o período agosto/2001 a novembro/2002, afastou a ampliação da base de cálculo promovida pela Lei nº 9.718/98, com base no art. 26A do Decreto nº 70.235/72, mantendo, como faturamento, apenas a receita de venda e prestação de serviços. Para o período de dezembro/2002 a julho/2004, sob o regime da não cumulatividade, excluiu as parcelas de R$ 194.622,00 correspondentes ao diferimento da variação cambial do 1º trimestre/99; afirmou a correção do cálculo do tributo no mês de dezembro/2002; esclareceu que não havia duplicidade na apuração da contribuição, pois a fiscalização tomou os valores dos subgrupos 342 e 343 e promoveu o abatimento das quantias já acrescentadas pelo contribuinte na planilhabase de apuração; fixou que o regime de competência, adotado pela fiscalização, estava correta, haja vista que, mesmo constando da DIPJ a apuração pelo regime de caixa, a simples apresentação de planilhas não seria prova suficiente da aplicação deste regime; ao final, refez os cálculos dos valores mantidos e exonerados. Em recurso voluntário o contribuinte insistiu na existência de duplicidade de inclusão de valores no cálculo do tributo; que há inconsistência na autuação quando, adotando o regime de competência, tomou por base os valores constantes dos balancetes que ensejaram Fl. 3838DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 19515.001708/200618 Acórdão n.º 3401002.709 S3C4T1 Fl. 11 3 as DIPJs, porém, desconsiderou o fato que estas mesmas declarações retratam a opção pelo regime de caixa; que é ilegítima a cobrança de PIS/Pasep sobre as variações monetárias passivas, consubstanciadas na conta 34301002; que está incorreta a apuração do mês de dezembro/2002; e, que há vício na motivação do auto, o que refletiria sua nulidade. Em 20/03/2012, através da Resolução nº 340300.313, a Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara converteu o julgamento em diligência para a aferição do regime de escrituração adotado pelo contribuinte, erros de cálculo e a verificação de cômputo em duplicidade de receitas submetidas à incidência da contribuição. Atendendo à diligência, o autuante afirmou que não houve prova da opção pelo regime de caixa, como afirmava o contribuinte; em relação à duplicidade, que as quantias acrescentadas pelo contribuinte foram devidamente consideradas e ajustadas na apuração; e, que não se verificou erro algum na apuração do mês de dezembro/2002. Em manifestação à diligência, o contribuinte insistiu novamente que adotou o regime de caixa, o que se confirmaria pelo preenchimento de suas DIPJs; que a fiscalização computou em dobro as receitas financeiras e de variações monetárias ativas; que a apuração de dezembro/2002 não deduziu os créditos a que fazia jus; e, ao final, solicitou dilação probatória para apresentação dos balancetes mensais do período 2002 a 2004. É o relatório. Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O atendimento aos requisitos de admissibilidade da peça já foi aferido por ocasião da conversão do julgamento em diligência. Preliminarmente, no tocante à nulidade do auto de infração por falta de motivação, mostrase completamente descabida a assertiva, pois, como será demonstrado adiante, não se verifica qualquer inconsistência no lançamento sob vergasta, tendo a autoridade fiscal consignado claramente no Termo de Verificação Fiscal que se está exigindo diferença de PIS/Pasep decorrente da não inclusão, no cálculo efetuado pelo contribuinte, da integralidade dos valores registrados nas contas dos grupos 342 e 343, o que é facilmente verificado pelo confronto com os balancetes mensais juntados ao processo, não havendo que se falar, em hipótese alguma, em cerceamento do direito de defesa. Diversamente do que afirma o recorrente, é clara a motivação do lançamento e todos os elementos necessários à sua compreensão estão presentes no lançamento, nada havendo que macule sua validade, ostentando a irresignação, nesta parte, claro viés retórico, sem qualquer respaldo nos elementos do processo. Na seqüência, respeitante à suposta duplicidade de cômputo das contas do grupo 342 (Receitas Financeiras) e 343 (Variações Monetárias), integrantes do Grupo 3 – Contas de Resultado, esquadrinhei as planilhas referenciadas pelo contribuinte (fls. 608/612, 693/694, 882 e 912) e concluí, na linha da decisão recorrida, que a autoridade administrativa, Fl. 3839DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL 4 nas tabelas de fls. 882 e 912, já havia procedido ao reajuste reivindicado pelo contribuinte, como passo a exemplificar nos meses a seguir discriminados: VALORES INDICADOS PELO CONTRIBUINTE (FL. 882) (SEM CENTAVOS) CONTA 03/2003 ABRIL/03 JUNHO/03 OUTUBRO/03 34201Receitas Financeiras R$ 404.903,00 R$ 176.034,00 R$ 77.901,00 R$ 308.450,00 34302Variações Monet. Ativas R$ 70.314,00 R$ 58.844,00 0,00 R$ 8.457,00 34301Variações Cambiais Ativas Realizadas R$ 85.192,00 R$ 58.540,00 R$ 475.085,00 R$ 94.373,00 TOTAL R$ 560.409,00 R$ 293.418,00 R$ 552.986,00 R$ 411.280,00 VALORES LÍQUIDOS RETIRADOS DOS BALANCETES 342 – Receitas Financeiras R$ 404.827,00 R$ 176.035,00 R$ 77.901,00 R$ 308.450,00 343 Variações Monetárias R$ 6.881.769,00 R$ 14.764.879,00 R$ 2.584.872,00 R$ 1.683.317,00 TOTAL R$ 7.286.596,00 R$14.940.914,00 R$ 2.662.773,00 R$ 1.991.767,00 DIFERENÇA ENTRE OS VALORES DO BALANCETE E AQUELES REGISTRADOS PELO CONTRIBUINTE NA TABELA DE FL. 882 Diferença R$ 6.726.187,00 R$14.647.496,00 R$ 2.109.787,00 R$ 1.580.487,00 VALORES INCLUÍDOS NA AUTUAÇÃO PELO FISCO – TABELA DE FL. 693 Outras Receitas Operacionais (Contas 342 e 343) R$ 6.726.186,00 R$14.647.494,00 R$ 2.109.785,00 R$ 1.580.475,00 Como se observa, fácil constatar que não houve inclusão dobrada dos valores contabilizados nos grupos de contas 342 (Receitas Financeiras) e 343 (Variações Monetárias), como repetidamente proclama o recorrente, mostrandose infundada a reclamação. No que concerne à adoção do regime de caixa, o recorrente a todo tempo afirmou que tal opção teria se cristalizado nas DIPJs, no entanto, não apontou onde exatamente, nesta declaração, está textualmente informada tal situação, ao passo que a fiscalização asseverou que as variações cambiais registradas nos balancetes observavam o regime de competência que deram suporte a tais declarações. Em diligência, a autoridade fiscal ratificou que, a partir dos balancetes apresentados no procedimento de fiscalização, a escrituração das variações cambiais obedeceu Fl. 3840DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 19515.001708/200618 Acórdão n.º 3401002.709 S3C4T1 Fl. 12 5 o regime de competência, não tendo o contribuinte logrado demonstrar a suposta opção pelo regime de caixa, não carreando prova alguma durante a diligência que corroborasse o seu argumento. O contribuinte, na manifestação à diligência, afirmou que sua opção pelo regime de caixa se perfez pela referência na DIPJ à MP 1.85810/99, no entanto, tenho que a simples remissão à legislação não seja suficiente a levar à conclusão pretendida, demandando mais elementos para sua demonstração, como bem esclareceu a decisão recorrida, verbis: “A empresa trata as variações cambiais ajustando mensalmente as contas de resultado da escrituração. Logo, na contabilidade utiliza o regime de competência, pois reconhece mensalmente as variações cambiais por conta das oscilações da moeda nacional em face da estrangeira. A planilha apresentada deve ter sido elaborada a partir de uma base documental que lhe desse suporte. Cada fato que enseja o registro de operação da qual resulte variação cambial tem suporte em documento: do qual são extraídos os dados dos registros iniciais da operação (contrato), da execução da operação e/ou suas alterações (e.g. aditamentos, remessas intermediárias, extratos bancários, transporte internacional de máquinas e/ou mercadorias, tributos de desembaraço aduaneiro); da conclusão da operação (e.g. distrato, remessa final, quitação, devolução de parte dos bens). Conciliando a documentação com a planilha que a sumariza é possível formar a convicção sobre a consistência dos dados em relação à base da realidade a que se referem. Ou seja, além da planilha deveriam ter sido trazidos os documentos relativos aos valores das operações nelas registradas. Em suma a empresa deveria anexar os mesmos documentos que enviaria a um contador se tivesse que registrar os fatos pelo alegado regime de caixa, ou ao consultor que tivesse que apurálos, ou seja, os documentos necessários à produção da planilha anexa.” À míngua dos aludidos elementos, entendo não ser possível acolher a alegação de opção pelo regime de caixa. Tocante à ilegitimidade da incidência do PIS/Pasep sobre variações monetárias passivas, registradas na subconta 34301002 – Variação Cambial Passiva, também entendo não assistir razão ao contribuinte. Com efeito, segundo disposições do art. 9º da Lei nº 9.718/98, as variações monetárias em função da taxa de câmbio serão consideradas receitas, para fins de apuração do PIS/Pasep e Cofins, nestes termos: “Art. 9° As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual serão consideradas, para efeitos da legislação do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição PIS/PASEP e da COFINS, como receitas ou despesas financeiras, conforme o caso.” Fl. 3841DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL 6 Notese que a expressão “conforme o caso” aposta no final do preceito em epígrafe, a meu ver, vinculase à qualidade de receita ou despesa financeira da variação monetária, em função da taxa de câmbio, relativamente ao imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido, eis que são tributos incidentes sobre o resultado da pessoa jurídica, isto é, o lucro; de modo que não se estende ao PIS/Pasep e à Cofins, cuja hipótese de incidência é distinta e recai sobre a receita, enquadrandose no conceito de faturamento veiculado pelo art. 1º, caput da Lei 10.637/02, então vigente (“total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil”). No caso vertente, a fiscalização incluiu na base de cálculo do PIS/Pasep os lançamentos a crédito efetuados na sobredita rubrica 34301002 – Variação Cambial Passiva (Grupo 3 – Contas de Resultado; Subgrupo 343 – Variações Monetárias) Considerando as normas contábeis pertinentes às contas de resultado, que registram as mutações patrimoniais (receitas e despesas), temse que toda receita é creditada e toda despesa é debitada, de maneira tal que os registros credores realizados na conta em destaque, ainda que destinada ao controle das variações passivas, ou representam estornos ou receitas pela taxa de volatilidade da moeda estrangeira, o que se verifica, por exemplo, quando a queda da cotação da moeda estrangeira frente à moeda nacional implica na redução de obrigações assumidas no exterior. Uma vez que não há qualquer alegação que tais registros de créditos corresponderiam a estornos, o que, inclusive, demandaria prova específica, forçoso concluir que tais valores se qualificam como receitas de variação cambial auferidas, independentemente de sua denominação ou classificação contábil, conforme estabelecido pelo art. 1º da Lei nº 10.637/02. Por derradeiro, quanto à apuração do mês de dezembro/2002, mais detalhadamente tratada na impugnação, sustenta o recorrente ser possuidor de créditos da ordem de R$ 7.724.643,65, que, se computados, resultariam em um valor devido de R$ 178.698,91. Pois bem, a fiscalização, pelos seus cálculos, parece não ter considerado aludidos créditos, que, digase, não foram adequadamente comprovados nos autos, o que acarretou a apuração de um valor devido de R$ 361.069,38 (fl. 693), que deduzido do valor declarado (R$ 178.702,39), redundou no lançamento da quantia de R$ 182.366,99. Tendo em conta que o contribuinte não ofereceu à tributação o montante de R$ 3.689.915,52, contabilizado nos grupos 342 e 343, inferese que esta parcela não sofreu a incidência da contribuição à alíquota de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos percentuais), o que corresponderia a um valor recolhido a menor da ordem de R$ 60.883,60. Ocorre que a decisão de primeira instância exonerou parcela do valor lançado no mês de dezembro/2002, sendo mantido, como tributo, apenas o valor de R$ 51.699,83 (fl. 987), de tal sorte que o auto de infração, com os ajustes determinados pela DRJ, acabou por eliminar completamente os efeitos da não consideração dos créditos na apuração não cumulativa do período em tela, não havendo qualquer ajuste a ser determinado por esta instância. Desta forma, tenho que a decisão recorrida não merece qualquer reparo, devendo ser mantida pelos seus próprios e jurídicos fundamentos. Fl. 3842DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 19515.001708/200618 Acórdão n.º 3401002.709 S3C4T1 Fl. 13 7 Com estas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário interposto. Robson José Bayerl Fl. 3843DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 p or ROBSON JOSE BAYERL
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