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Numero do processo: 16327.000001/2005-24
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Dec 05 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Data do fato gerador: 31/12/1999
CONHECIMENTO. ANULAÇÃO DA DECISÃO DA DRJ. QUESTÃO PRELIMINAR.
Não se conhece do recurso especial quando a decisão recorrida anula por questão preliminar a decisão de primeira instância, in casu, existência de concomitância com processo judicial, ainda que parcial. Inteligência do § 2o do art. 67 do RICARF-Anexo II.
Numero da decisão: 9101-002.069
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso especial da Fazenda. Declarou-se impedido de participar do julgamento o Conselheiro Antônio Carlos Guidoni Filho (Suplente Convocado), sendo substituído pela Conselheira Meigan Sack Rodrigues (Suplente Convocada).
(Assinado digitalmente)
OTACÍLIO DANTAS CARTAXO - Presidente.
(Assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Relator.
EDITADO EM: 24/11/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente), MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, MEIGAN SACK RODRIGUES (Suplente Convocada), JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, LEONARDO MENDONÇA MARQUES (Suplente Convocado), PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado). Ausentes, Justificadamente, os Conselheiros KAREM JUREIDINI DIAS e JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR.
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 31/12/1999 CONHECIMENTO. ANULAÇÃO DA DECISÃO DA DRJ. QUESTÃO PRELIMINAR. Não se conhece do recurso especial quando a decisão recorrida anula por questão preliminar a decisão de primeira instância, in casu, existência de concomitância com processo judicial, ainda que parcial. Inteligência do § 2o do art. 67 do RICARFAnexo II. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso especial da Fazenda. Declarouse impedido de participar do julgamento o Conselheiro Antônio Carlos Guidoni Filho (Suplente Convocado), sendo substituído pela Conselheira Meigan Sack Rodrigues (Suplente Convocada). (Assinado digitalmente) OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. (Assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Relator. EDITADO EM: 24/11/2014 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 00 01 /2 00 5- 24Fl. 1852DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente), MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, MEIGAN SACK RODRIGUES (Suplente Convocada), JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, LEONARDO MENDONÇA MARQUES (Suplente Convocado), PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado). Ausentes, Justificadamente, os Conselheiros KAREM JUREIDINI DIAS e JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto, com adendos e pequenas modificações para maior clareza, o Relatório do acórdão recorrido, o qual, por sua vez, adotou o texto da DRJ: Por bem descrever os eventos ocorridos até o momento de seu relato, adoto o relatório produzido na DRJ. Em conseqüência de procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias foram lavrados, em 30/12/2004, contra a instituição financeira contribuinte acima identificada, os Autos de Infração, a seguir discriminados: a) Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) Lucro Real (fls. 99/104): Total do Crédito Tributário (IRPJ, juros de mora, multa de oficio75%, multa exigida isoladamente e juros de mora exigidos isoladamente): R$ 4.051.668,57; Fato Gerador: 31/12/1999; 001: PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. DEDUÇÃO ANTECIPADA DAS PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS SEM OBSERVÂNCIA DOS PRAZOS LEGAIS. Redução indevida do lucro liquido pela dedução antecipada dos valores relativos as perdas efetivas no recebimento de créditos ocorridas no anocalendário de 1999, conforme descrito no Termo de Verificação. Fato Gerador Valor Tributável ou Imposto Multa (%) 31/12/1999 R527.135.420,8075,00(sic) ENQUADRAMENTO LEGAL Art. 9° da Lei n° 9.430/96; Arts. 249, inciso I, 251 e parágrafo único, e 340 do RIR/99 002. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE ESCRITURAÇÃO A PARTIR DO AC 97. ANTECIPAÇÃO DE CUSTOS OU DESPESASDEDUÇÃO ANTECIPADA DAS PERDAS EFETIVAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. Fl. 1853DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 16327.000001/200524 Acórdão n.º 9101002.069 CSRFT1 Fl. 3 3 Redução indevida do lucro liquido pela dedução antecipada dos valores relativos as perdas efetivas no recebimento de créditos ocorridas no anocalendário de 1999, conforme descrito no Termo de Verificação. Fato Gerador Valor Tributável ou Imposto Multa (%) 31/12/1999 R$ 8.459.695,9175,00 (sic) ENQUADRAMENTO LEGAL Art. 248, 249, inciso II, inciso I, 251, 273, 274, 843, 957, parágrafo único, inciso II, do RIR/99. b) Contribuição Social (CSLL) (fls. 103 a 106): Total do Crédito Tributário (Multa exigida isoladamente, juros de mora exigidos isoladamente): RS 2.649.974,56; Fato Gerador 31/12/1999; 001. CSLLINOBSERVÂNCIA DO REGIME DE ESCRITURAÇÃO (A PARTIR DO AC 97. FINANCEIRAS) ANTECIPAÇÃO DE CUSTOS/ DESPESASPOSTERGAÇÃO DO PAGAMENTO DA CSLL (FINANCEIRAS). Fato Gerador Valor Tributável ou Contribuição Multa (%) 31 1 121 1999 RS35.595.116,71 75,00 ENQUADRAMENTO LEGAL: Art. 2° e §§, da Lei n° 7.689/88, arts.28, 43, 44, § 1º, inciso II, e 61, da Lei n° 9.430/96; Art. 7° da Medida Provisória n° 1.80711999 e reedições; Art. 6° da Medida Provisória n° 1.858/1999 e reedições. No Termo de Verificação Fiscal, fls. 92/93, o autuante assim descreve os fatos: “(1)Albergado no entendimento de que as perdas efetivas no recebimento de créditos devessem ser apropriadas como despesas operacionais tão logo se tornassem definitivas, visto a sua imprescindibilidade para a determinação da renda ou lucro, o contribuinte fiscalizado impetrou ação mandamental consistente no MS n° 2003.61.00.0285173 perante a 26" Vara Cível da Justiça Federal da Seção Judiciária do Estado de São Paulo, objetivando a dedução antecipada, na apuração das bases de cálculo do 1RPJ e da CSIL do citado anocalendário, dos valores relacionados às perdas no recebimento de créditos, sem a observância das condições e prazos estabelecidos nos arts. Ye 14 da Lei n °9.430/96. (2) A medida liminar pretendida foi negada pelo MM Juiz da 26ª Vara Cível da Justiça Federal da Seção Judiciária em São Paulo em data de 23/10/2003, cuja decisão foi objeto de Fl. 1854DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 4 interposição pelo contribuintefiscalizado junto ao TRF, de Agravo de Instrumento pelo qual foi negado o efeito suspensivo pleiteado. (3) Em 25.06.2004, foi publicada a Sentença proferida pelo MM Juiz da 26° Cível da Justiça Federal, na qual foi homologada a desistência requerida pelo contribuintefiscalizado, onde foi julgado extinto o Processo sem apreciação do mérito. (4) Submetidos à análise os documentos que integram o Processo AdministrativoJudicial nº 16327.003452/200351, constatei que o contribuinte fiscalizado sustentou categoricamente na exordial que na apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL referentes aos anoscalendário de 1998 a 2002, ‘..deixou de adicionar os valores das perdas relativas aqueles anos. conforme declarações anexas...’ (5) Examinando a DIPJ do anocalendário de 1999, verifiquei que o contribuintefiscalizado consignou na linha 29 Outras Despesas Operacionais da Ficha 068 Despesas Operacionais, o montante de R$ 671.323.395.75 (fls.___) (sic) não oferecido à tributação pelo IRPJ e CSLL com base na medida judicial interposta. (6) Ao demonstrar a composição dos valores integrantes do montante citado no item precedente, noticiou o contribuinte fiscalizado que as perdas definitivas no recebimento de créditos totalizaram, no AC/99, o valor de RS 35.595.116.71. (fls. ___) (sic) cujo valor está convalidado na declaração firmada em data de 06/10/2003 (f1s. ____).(sic) (7) Diante de todo o exposto verifiquei que o procedimento adotado pelo contribuintefiscalizado afronta as regras previstas nos arts. 340 a 343 do RIR/99, não se encontrando qualquer respaldo judicial em face da Sentença proferida em 25/06/2004 além da ausência de previsão legal das disposições contidas na Lei n° 9.430/96. (8) Desta forma, procederseá, de ofício, à constituição do pertinente crédito tributário, através da lavratura dos competentes autos de infração de IRPJ e CSLL incidentes sobre o montante de R$ 35.595.116,71, (....).’ Irresignada com o lançamento, a interessada, por intermédio de seu advogado e procurador (procuração à fl. 112 a 116), apresentou, em 28/01/2005, a impugnação de fls. 117 a 143, acompanhada dos documentos de fls. 144 a 182. Após descrever os fatos, a impugnante alega, em preliminar, a nulidade do auto de infração porque não logrou a fiscalização apurar credito tributário que se revista das características de liquidez, certeza e exigibilidade que, no seu entender, é embasada pelo fato de que a presente autuação foi efetuada sem qualquer verificação ou análise por parte do fisco nos livros, registros e documentos fiscais do impugnante, nem mesmo o razão contábil. Aponta que o fisco baseouse apenas em declaração feita pelo Impugnante no sentido e que no anobase 1999 registrara como perdas definitivas no recebimento de seus Fl. 1855DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 16327.000001/200524 Acórdão n.º 9101002.069 CSRFT1 Fl. 4 5 créditos o montante de R$35.595.1 16,71, deduzindoo da base de calculo do IRPJ e CSL em 31/12/1999. Defende que teria sido utilizada forma presumida para determinar a matéria tributável e calcular o montante do imposto devido, ou seja, segundo a recorrente, presumiu o fiscal autuante que se tratava de perdas prováveis com créditos de liquidação duvidosa sujeitas aos prazos e condições dos artigos 9° e seguintes da Lei 9.430/96, e sem fazer qualquer análise da natureza dos valores que compõem o valor acima, passou a considerar parte indedutível e outra parte dedutível apenas no anobase de 2000. Aponta também que ao calcular o valor sobre o qual deveria incidir o adicional de 4% de CSL no anobase de 1999, o Fisco apurou percentual de 21,25% o qual não guarda relação como os valores constantes da DIN 2000, relativa ao anocalendário 1999 (conforme Ficha 30, itens: base de cálculo até abril R$ 474.221.668,34 e Base de Cálculo da CSSL –RS 559.550.827,40 fls. 35 dos autos). Afirma a interessada que, ao exigir juros na postergação, o Fisco os calculou pela SELIC até fevereiro de 2001 + 1% relativo a março. Aduz a contribuinte que, como o pagamento se deu em março de 2001, já foi efetuado com acréscimo da SELIC de fevereiro e de 1% de março, percentuais que devem ser excluídos da exigência em causa sob pena de cobrança em duplicidade. Argúi, ainda, a nulidade da autuação por ter sido violado o critério da postergação previsto na legislação tributária (art. 6° do DecretoLei n° 1.598/77 e do Parecer Normativo n° 02/96). Argumenta que ‘Como consequência, é nulo o presente auto de infração nesta parte por ter deixado de recompor os resultados do Impugnante nos exercícios futuros, e por exigir valores que o Impugnante não deixou de recolher, mas, quando muito, postergou seu recolhimento, em absoluto desatendimento á legislação tributária.‘ Quanto ao mérito, assevera que o valor de RS 35.595.116,71, para o anocalendário de 1999 é composto integralmente de perdas/descontos concedidos na renegociação de dívidas conforme registros na conta 81.9.99.00.66546 (Perdas na Renegociação de Dívidas), nos valores de R$ 17.341.160,60 e R$ 18.253.956,11, relativos aos 1° e 2° semestre, respectivamente (doc. de f1. 163/166) que constituem despesas operacionais das instituições financeiras dedutíveis de imediato Dora efeito de IRPJ e CSL. Acrescenta que tais valores representam receitas que de fato não existiram, ou seja, valores registrados como receitas, tributados pelo IRPJ e pela CSL e que por alguma razão não foram percebidos. Argúi, ainda, que: As perdas na renegociação de créditos, perdas parciais caracterizadas por descontos ou abatimentos nas divides, dentre os quais podem ser elencados os seguintes: a) desconto concedido em encerramento de conta corrente; b) desconto concedido em liquidação de contrato; c) estorno de juros e taxas Fl. 1856DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 6 cobrados indevidamente; d) desconto concedido em renegociação de dividas. Em todas essas situações o recorrente assim age para que sua perda não seja muito maior ou mesmo total. Ou seja, quando o recorrente em seu processo de cobrança administrativo ou judicial verifica que o devedor não tem mais recursos nem crédito e que se não receber parte do crédito vai perdêlo integralmente, ele negocia dando descontos. Esses descontos, obviamente, são perdas parciais imediatas de definitivas no recebimento de seus créditos e como Leis dedutíveis para efeito de 1RPJ e CSL sob pena de se fazer incidir as exações referidas sobre valores que não são renda nem lucro do recorrente. A só demonstração de que tais valores não foram recebidos já seria suficiente pare justificar a sua não sujeição a esses tributos por não ter ocorrido a materialidade dos fatos geradores, que é a percepção de renda. Não tendo o fiscal autuante procedido ao levantamento das documentações e análises necessárias como seria de rigor, requer a Impugnante a produção de prova pericial, com o fim de comprovar os fatos trazidos com a presente defesa, uma vez que o grande volume de documentação inviabiliza a imediata juntada ao processo administrativo. Tal procedimento de glosa integral desses valores contraria os artigos 153, III e 195,1 da Constituição Federal e os artigos 43 e 44 do CTN que prevêem de forma clara que a matéria tributável é a renda ou o lucro do período, conceitos de direito privado, utilizados expressamente pela Constituição Federal e que não podem ser alterados pela legislação tributária, nos termos do que dispõe o artigo 110 do CTN, ferindo, ainda, o principio da capacidade contributiva previsto no artigo 145, parágrafo 1º, da Constituição Federal de 1988, uma vez que esta havendo tributação de valores que de fato o impugnante jamais percebeu. Sob o tópico: ‘Liberalidade não se presume, deve ser comprovada’, expõe que: 1) é totalmente descabida a hipótese levantada pelo Agente Fiscal, posto que as Instituições Financeiras não possuem nenhum interesse de qualquer natureza, em perdoar parcialmente dividas e evidentemente, não tomaria tal decisão apenas para não pagar tributos, até porque, tributos devidos seriam em valor inferior ao montante perdoado; 2) a liberalidade não se presume como tenta fazer crer a fiscalização, sua ocorrência deve ser comprovada. Assim, quanto à possibilidade de liberdade de descontos/ abatimentos, para os casos de créditos concedidos a pessoas com qualquer relação de interesse das Instituições Financeiras, a legislação tributária tratou a questão, e estabeleceu mecanismos, os quais veda a dedução de perdas, em seu artigo 9°, § 6°, da Lei n° 9.430/96; 3) para que o valor das perdas definitivas e efetivas possa compor a base de cálculo dos tributos ora impugnados, deveria ser demonstrada pelo Fisco a disponibilidade financeira dos Fl. 1857DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 16327.000001/200524 Acórdão n.º 9101002.069 CSRFT1 Fl. 5 7 valores, e de que abriu mão dos mesmos, por simples liberalidade; 4) além dos julgados do Primeiro Conselho de Contribuintes (Acórdãos 107.06.500 e 107.06.506), que reconhecem tratarse no caso de despesas operacionais do recorrente, portanto, dedutíveis, também perante o poder judiciário (Mandado de Segurança nº 2004.61.00.0049172) a dedutibilidade imediata das perdas definitivas tem sido admitida. Assim, nos termos dos julgados acima noticiados, em especial da Câmara Superior de Recursos Fiscais, nos arts. 9° a 14 da Lei n° 9.430/96 veiculam condições e prazos para dedução das perdas provisórias, não se aplicando àquelas já definitivamente incorridas. Contrapõemse à exigência de multa de ofício isolada para valores cuja tributação foi considerada apenas postergada para o anobase de 2000 (parte de IRP1 e toda a CSL), nos termos do artigo 6°, parágrafo 7°, do Decretolei n° 1.598/77, que atribuiu A hipótese os mesmos efeitos da denúncia espontânea prevista no artigo 138 do CTN, de modo que nessas hipóteses só é permitida a exigência da correção monetária e dos juros de mora. Também, segundo a defendente, não ampara a exigência a Lei n° 9.430/96, artigo 44, I, c/c § 1°, II, uma vez que da simples leitura desse dispositivo legal já se verifica que tal norma é de caráter absolutamente genérico, estipulando a regra geral aplicável aos casos em que há falta ou insuficiência de recolhimento de imposto. Aduz, ainda, que a jurisprudência do Conselho de Contribuintes, sempre foi dominante quanto ao não cabimento de multa de mora nos casos de postergação de pagamento (Acórdãos 1° CC 1052.610/88, 10318568, 10193438). Também decidiu o Conselho de Contribuintes pela não incidência de multa de oficio em caso de postergação em julgado recente, relativo aos anosbase de 1998 e 1999 (Acórdão n° 101 94560, de 12/05/2004), portanto, posterior ao advento da Lei n° 9.430/96. Contesta a exigência de juros de mora sobre multa proporcional por falta de embasamento legal que a autorize. Nesse sentido já decidiu a Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, em processo em que também se exigia indevidamente juros de mora sobre a multa de oficio (Acórdão n° 10419184) e a Primeira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes (Acórdão n° 30131539). Ressalta que não ha como alegar que a exigência teria fundamento no artigo 61 da Lei n° 9.430196, uma vez que aquele dispositivo autoria apenas a incidência de juros somente sobre o valor dos tributos e contribuições, e não sobre o valor da multa de oficio lançada, até porque referido artigo está a disciplinar os acréscimos morat6rios incidente sobre os débitos em atraso que ainda não foram objeto de lançamento. Discorda da aplicação dos juros na forma pretendida pela Fiscalização, uma vez que a utilização da SELIC, a qual é composta de correção monetária, juros e valores correspondentes a remuneração de serviços prestados pelas instituições Fl. 1858DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 8 financeiras, ultrapassa o equivalente a 1%, percentual previsto para os juros, no artigo 161 do Código Tributário Nacional. Por fim, a impugnante, nos termos do art. 16, inciso IV, do Decreto nº 70.235, requer a realização de perícia e, para tanto, indica seu perito e formula quesitos. Por força do disposto na Portaria RFB n.° 3.377, de 19 de agosto de 2005 (DOU de 24.08.2005), a competência de julgamento do presente processo foi transferida para esta DRJ. À fl. 185, o Despacho da Presidência n° 2050/2005 determina, com base no artigo 18 e parágrafos do Processo Administrativo Fiscal (Decreto n° 70.235/72), com as alterações da Lei n° 8.748/1993,o retorno dos autos à repartição de origem para verificar a procedência das alegações contidas na peça impugnatória, especificamente com relação aos itens abaixo indicados, carreando aos autos os documentos pertinentes, e a conseqüente reabertura de prazo à contribuinte para apresentações de razões adicionais de defesa: I. se houve a alegada postergação do pagamento do IRPJ referente à parcela de R$ 27.135.420,70 para exercícios posteriores, haja vista que a própria fiscalização considerou o pagamento sobre o valor de R$ 8.459.695,91 como postergado para o anocalendário de 2000, sem nenhum demonstrativo que esclareça esse reconhecimento; II. se o valor tributável de RS 35.595.116,71, classificado pelo contribuinte como ‘perdas em renegociação de dívidas’, com base nos documentos acostados aos autos às fls. 163/166, atende aos requisitos previstos pelo artigo 9° e seguintes da Lei n° 9.430/96, para as perdas registradas em 1999, constituindo despesas operacionais das instituições financeiras. Em atendimento ao despacho acima foi proferido o Termo de Encerramento de Diligência Fiscal fl. 1.234/1.255, e juntada a documentação de fls. 187/1.233. Às fls. 1.257/1.271, foram apresentadas as razões adicionais de defesa pela autuada. Em síntese, a recorrente alega, no que concerne aos itens 56 e seguintes (fls. 12 a 22) do citado Termo de Encerramento de Diligência Fiscal que, juntando vultuosa documentação, já analisada pela Fiscalização, logrou comprovar que realmente os valores glosados pelo fisco são perdas/descontos concedidos nas renegociações de dívidas e que constituem despesas operacionais de qualquer instituição financeira, dedutíveis de imediato para efeito de IRPJ e CSSL. Prossegue em sua argumentação, aduzindo que a interpretação esposada pelo Fisco nos itens 64 e seguintes do citado Termo de Encerramento de Diligência Fiscal não se coaduna com o entendimento do Primeiro Conselho de Contribuintes manifestado no recente julgado da Primeira Câmara no Acórdão 10195.469, de 26/04/2006: ‘os abatimentos concedidos ao devedor na liquidação de operações de crédito classificamse como despesas operacionais e são dedutíveis do lucro operacional’ Quanto as observações feitas no item 70 no sentido de que no exame da documentação apresentada pela impugnante teria sido Fl. 1859DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 16327.000001/200524 Acórdão n.º 9101002.069 CSRFT1 Fl. 6 9 constatada a existência de contratos de operações de crédito garantidos por alienação fiduciária e outros com hipotecas, não merecem ser levadas em consideração porque tratase de referência genérica, totalmente desacompanhada de qualquer demonstração quanto aos tipos de contrato, data, valor, parte envolvida e outros elementos que indiquem a sua efetiva existência e os montantes respectivos. Com relação as observações feitas pela Fiscalização nos itens 47 a 55, afirma que demonstrou que tem e sempre teve as informações, documentos e registros em livros contábeis e fiscais todos em conformidade com a legislação fiscal, normas do BACEN e normas de contabilidade geralmente aceitas, tanto que as colocou à disposição da Fiscalização por ocasião da diligência. O que afirmou que não tinha e não tem, porque não se trata de documento de natureza contábil ou fiscal, é o relatório gerencial nos moldes solicitados pela Fiscalização (Relatório analítico em meios magnéticos). Sustenta, ainda, que há nulidade no procedimento fiscal quer porque o levantamento fiscal foi incompleto, quer porque não atendeu o PN 2/96 e o não cabimento da multa isolada em postergação. Quanto à questão da aplicação de juros de mora com base na taxa SELIC, reportase a impugnante aos argumentos desenvolvidos em sua impugnação. A 1ª Turma da DRJ/JFA, em sessão de julgamento, decidiu, por unanimidade, julgar procedente em parte o lançamento, com supedâneo nos seguintes fundamentos: não há nulidade, não havendo ato ou termo lavrado por pessoa incompetente, e não se podendo cogitar de despacho ou decisão proferido em etapa anterior a impugnação (art. 59, I, e II, Decreto n°70.235/72). Não houve impedimento para a defesa, nem apresentação de documentação. Além, a fiscalização se utilizou de informações prestadas pela própria contribuinte; quanto a postergação, ha menção expressa do autuante sobre o assunto no Termo de Verificação Fiscal e na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal. quanto ao pedido de diligências, foi atendido, com o retomo dos autos it unidade de origem para comprovar a veracidade de suas afirmações, relativamente as perdas definitivas no recebimento de créditos ou caso contrario, não sendo o caso de perdas prováveis com créditos de liquidação duvidosa. Assim, entendendo bem instruído o processo, dispensou a realização de perícia contábil; cabe ao auditor provar o fato gerador; contudo, cabe ao contribuinte comprovar que tem direito à dedutibilidade, os quais poderiam ter sido trazidos durante a impugnação. Além disso, foi possibilitada a juntada de documentos após a diligência determinada. Todavia, o contribuinte ajuizou Mandado de Segurança (Processo n° 2003.61.00.0285173) perante a 26' Vara Cível Federal de São Paulo visando a assegurar o direito de não ser penalizado por ter computado para efeito de apuração da base de cálculo do IRPJ e CSL Fl. 1860DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 10 devidos, relativos aos anos base de 1998 a 2002, o valor das perdas sofridas pelo impetrante ao longo daqueles anos no recebimento de seus crédito, o qual foi julgado extinto, sem julgamento de mérito, com fundamento no art. 267, VIII, do CPC. A propositura de Mandado de Segurança importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto (art.1°, § 2°, Decretolei n° 1.737/79, e art. 38, parágrafo único, da Lei n° 6.830/80, esclarecidos pelo ADN n° 3/96 e Parecer COSIT n° 27/97); a fiscalização observou o critério de postergação prescrito no art. 6° do decretolei n° 1.598/77 e Parecer Normativo n° 02/96), pois verificase que não se limitou a glosar as perdas deduzidas, mas considerou os efeitos no exercício em que elas seriam dedutíveis (fls. 94/96 e 103); a parcela de R$ 27.135.420,80, conforme ficha 09B da DIPJ/2001, não foi paga, sendo o valor tributável devido no AC de 2000 de apenas R$ 8.459.695,91. Sendo assim, não merece o tratamento de mera postergação ; os juros calculados sobre a postergação estão corretos, nos termos do art. 43 e § 3° do art. 5° da Lei n° 9.430/96; o percentual de 21,25% utilizado pela fiscalização, apesar de incorreto, fica mantido, para não agravar a exigência já feita; as perdas com créditos garantidos por alienação fiduciária, bem como assegurados por hipoteca estão contidos na matéria discutida junto ao Poder Judiciário; aplicase a retroatividade benigna is multas isoladas de 75% sobre os valores postergados, em face da nova redação dada ao art. 44 da Lei n° 9.430/96 pela MP 351, convertida na Lei n° 11.488/2007; a alegação de que a exigência de juros de mora sobre multa proporcional inconstitucional/ilegal, com base em decisões do Conselho de Contribuintes foi rechaçada, com base no Parecer Normativo CST n° 390/71. A incidência dos juros de mora se deu apenas sobre os valores de imposto, e não sobre os valores de multa de oficio; juros selic sobre multa isolada do devidos com base no art. 161 do CTN, 61, e § 3°, da Lei n° 9.430/96, esclarecidos pelo Parecer COSIT n° 28/98; não ha diferenças no aspecto material relativamente aos juros de imposto e de multa de oficio, aplicandose a ambos o disposto no art. 61, §3° da Lei n° 9.430/96; a aplicação da taxa selic aos juros de mora, definida pelo art. 13 da Lei n° 9065/95, continua em vigor, não cabendo apreciação sobre inconstitucionalidade ou ilegalidade de tal norma; a alíquota de 1% somente se aplica acaso não definidos percentuais diversos na legislação (art. 161, § 1°, CTN); Fl. 1861DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 16327.000001/200524 Acórdão n.º 9101002.069 CSRFT1 Fl. 7 11 igual destino dado as decisões acerca do 1RPJ cabem à CSLL, na ausência de argumentos específicos. Irresignado, o recorrente interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, alegando, em síntese, que: Preliminarmente a autuação, bem como a decisão da DRJ reconheceram como matéria em discussão a aplicação das regras do art. 9° da Lei n° 9.430/96 às perdas efetivas com descontos concedidos nas renegociações de dividas, quando, na verdade, pediase a dedução, como despesa operacional, dos valores objeto de perda/desconto, na medida em que são perdas efetivas e não provisórias; No mérito Inexistência de renúncia à discussão na via administrativa: a alínea ‘e’ do Ato Declaratório COSIT n° 03/96 é desprovida de base legal. Além disso, a renúncia a via administrativa tem por objetivo evitar decisões conflitantes e não se aplica no caso em que o processo judicial foi extinto sem julgamento de mérito, antes da lavratura do auto de infração e da decisão de primeira instância. Juntada jurisprudência do 1° Conselho de Contribuintes; Despesas operacionais do recorrente: as perdas incorridas são parciais e definitivas no recebimento de créditos. Os valores assim registrados representam receitas que de fato não existiram, ou seja, valores registrados como receitas, tributados pelo 1RPJ e CSLL e que por alguma razão não foram percebidos. Acaso tributados, haverá o pagamento sobre não renda, havendo violação aos art. 153, III, e 195, I, da CF, 43 e 44 do CTN, e art. 145, § 1°, da CF. Juntado acórdão decidido no sentido requerido pela recorrente, de relatoria da Conselheira Sandra Maria Faroni; a recorrente concede descontos porque, feitas suas análises, percebe que se não agir rapidamente para receber parte dos créditos poderá arcar com prejuízo total. Não há qualquer liberalidade nisso, em perdoar dívidas; ao entender pela postergação, deveria ter o auditor, em obediência ao art. 6° do Decretolei nº 1.598/77 e ao Parecer CST 02/96, ter verificado o lucro dos anos seguintes (2000 a 2003), para então concluir pela parcela postergada. Como foi verificado somente o ano seguinte, que resultou em lucro de R$ 8.459.695,91, admitiu a parcela restante (R$ 27.135.420,80) como não passível de ser compensada. Porem, já no ano de 2001 ocorreu a postergação de outros R$ 19.458.617,72. Assim, não observados os atos que disciplinam a apuração, deve ser cancelada a autuação. Juntada jurisprudência do 1° Conselho de Contribuintes; Fl. 1862DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 12 Vício no cômputo dos juros na postergação: o recorrente apurou saldo negativo, tanto de IRPJ como de CSLL ao final do exercício de 2000. Assim, a postergação do valor supostamente devido em 1999 não pode ser considerada paga em 30/03/2001, mas em 31/12/2000, somente podendo ser exigidos juros do período de fevereiro/2000 a dezembro/2000. Prova disso, é que o saldo negativo já é passível de compensação acrescido de juros a partir de janeiro de 2001. Se assim não se decidisse, deveriam ser considerados os juros de mora já pagos desde fevereiro/200I, tal como fez a fiscalização quanto ao débito vencido em 30/03/2000, mas atualizado desde fevereiro/2000; a decisão da DRJ reconhece o erro no percentual de 21,25% apurado pela fiscalização, sobre o qual deveria incidir o adicional de 4% de CSLL. No entanto, sem dizer qual o percentual correto, admite o erro, para não agravar a exigência. Desta forma, o credito tributário não se reveste dos requisitos de liquidez e certeza necessários para a sua constituição válida, o que impõe sua nulidade; da imputação do valor pago correspondente aos valores postergados de CSLL: o valor de R$ 280.311,54 (correspondente à diferença apurada pela fiscalização entre a CSLL postergada e o total pago, relativo aos valores postergados), deve ser deduzido dos juros de mora exigidos isoladamente; da exigência de juros sobre multa: a exigência de juros sobre multa de ofício não tem base legal, somente autorizada a incidência de multa e juros sobre o valor atualizado do tributo ou da contribuição. A valer tal exigência, ficará sem sentido o art. 161 do CTN, especialmente a expressão ‘sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis’, O § 3° do art. 61 da Lei n° 9430/96 optou por prever a incidência dos juros de mora apenas sobre o valor dos tributos, contribuições e multas isoladas, e não sobre multas de oficio exigidas como acessório juntamente com o tributo eventualmente exigido. O art. 43 da Lei n° 9.430/96 segue o mesmo entendimento, e seria desnecessário, caso a multa de ofício estivesse no conceito de ‘débitos’ do art. 61; da imprestabilidade da Selic como índice para efeitos de cômputo dos juros de mora: por extrapolar em muito o percentual de 1% do art. 161 do CTN, por ser uma figura híbrida, e ser fixada unilateralmente pelo Poder Executivo, não é hábil para o cálculo dos juros, podendo ser afastada na esfera administrativa pela antinomia das normas legais instituidoras da taxa com as normas de lei complementar do CTN. É o relatório. A decisão a quo, proferida pela 2a Turma Ordinária da 3a CÂmara da 1a Seção, foi ementada nos seguintes termos (Ac. 130200.440, de 16/12/2010); ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/12/1999 CONCOMITÂNCIA. LANÇAMENTO EFETUADO APÓS A RENÚNCIA DA AÇÃO JUDICIAL. INOCORRÊNCIA. Fl. 1863DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 16327.000001/200524 Acórdão n.º 9101002.069 CSRFT1 Fl. 8 13 Não ha renúncia à esfera administrativa se o recorrente desiste da ação judicial antes do lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para afastar a concomitância e determinar o retomo do processo à DRJ para análise das questões suscitadas. [...] A Fazenda Nacional insurgese, por meio de recurso especial, contra a decisão que afastou a concomitância em razão de o contribuinte ter desistido da ação judicial antes do lançamento. Argumenta que o ajuizamento de ação judicial, cujo objeto contém ou está contido no recurso administrativo, tem o condão de implicar na renúncia da esfera administrativa, a teor do parágrafo único do art. 38 da Lei n° 6.830/80, art. 1°, § 2°, do Decretolei n° 1.737/1979, bem como do ADN COSIT nº 3, de 1996. Acostou paradigma para a tese de que “a mera propositura da competente ação judicial importa diretamente na renúncia ao direito de deflagrar a instância administrativa ou, até, na desistência de recurso acaso interposto”. O recurso foi admitido pelo presidente da 3ª Câmara da Primeira Seção do CARF. Devidamente cientificado, o sujeito passivo apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO O recurso especial da Fazenda é tempestivo. Porém, considerando os argumentos trazidos no especial do recorrente e nas contrarrazões e memoriais do recorrido, pareceme que há que se analisar a questão da admissibilidade o recurso especial. O recorrido sustenta que os fatos do paradigma são diferentes dos fatos do acórdão recorrido pelo contribuinte, esta diferença seria suficiente para comprometer a suposta diferença interpretativa que poderia sustentar a existência da divergência ensejadora do especial. Em termos legais, a norma que se discute aqui é o art. 38 da LEF: que diz: Art. 38 A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo Único A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer Fl. 1864DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 14 na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto. (Negritouse). Também há regramento legal previsto no art. 1°, § 2°, do Decretolei n° 1.737/1979, que diz: Art 1º Serão obrigatoriamente efetuados na Caixa Econômica Federal, em dinheiro ou em Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional ORTN, ao portador, os depósitos: I relacionados com feitos de competência da Justiça Federal; II em garantia de execução fiscal proposta pela Fazenda Nacional; III em garantia de crédito da Fazenda Nacional, vinculado à propositura de ação anulatória ou declaratória de nulidade do débito; IV em garantia, na licitação perante órgão da administração pública federal direta ou autárquica ou em garantia da execução de contrato celebrado com tais órgãos. § 1º O depósito a que se refere o inciso III, do artigo 1º, suspende a exigibilidade do crédito da Fazenda Nacional e elide a respectiva inscrição de Dívida Ativa. § 2º A propositura, pelo contribuinte, de ação anulatória ou declaratória da nulidade do crédito da Fazenda Nacional importa em renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto. (Negritou se). O Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, estatui em seu art. 87:: Art. 87. A existência ou propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial com o mesmo objeto do lançamento importa em renúncia ou em desistência ao litígio nas instâncias administrativas (Lei no6.830, de 1980, art. 38, parágrafo único). Parágrafo único. O curso do processo administrativo, quando houver matéria distinta da constante do processo judicial, terá prosseguimento em relação à matéria diferenciada. O RICARFAnexo II em seu art. 78 diz: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 1° A desistência será manifestada em petição ou a termo nos autos do processo. § 2° O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. (Negritouse). Fl. 1865DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 16327.000001/200524 Acórdão n.º 9101002.069 CSRFT1 Fl. 9 15 Dispositivo de natureza semelhante também estava presente na redação antiga redação do art. 62 do Decreto 70.235/1972, está também consubstanciada na Súmula n. 1 do CARF, que diz: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Evidentemente que a Súmula se refere à existência de processos simultâneos, independentemente do processo judicial ter se iniciado antes ou depois do lançamento de ofício, mas é necessário que eles tenham coexistido, haveria que existir a perspectiva de prejudicialidade compulsando os acórdãos norteadores da desta Súmula, entendo ser este a sua mens. Outra situação seria a existência de julgamento de mérito em qualquer instância judicial, o que não é ocaso. No caso presente o contribuinte impetrou mandado de segurança, porém não obteve a liminar (23/10/2003), inconformado o contribuinte interpôs agravo de instrumento, cujo efeito suspensivo foi negado pelo TRF, na sequência o contribuinte desistiu do feito, que foi julgado extinto sem julgamento do mérito (25/06/2004), tendo sio o auto de infração lavrado em 30/12/2004. No caso do único paradigma apresentado no recurso especial da Fazenda (Ac. 104137.265 da 4ª T da CSRF), ocorreu situação semelhante, como se deflui do voto do relator, ao transcrever trecho do acórdão da DRJ, conforme abaixo (fl. 7 do Ac. 104137.265): É verdade que a propositura de ação judicial que tem o interessado no pólo ativo, discutindo a mesma matéria e objeto do processo que se encontra na esfera julgadora administrativa, implica automaticamente na desistência ou renúncia à via administrativa, ante o principio da unicidade de jurisdição. É válido recordar, entretanto, que antes da instauração da lide administrativa, ou seja, antes que sobreviesse o Despacho decisório (fls. 17/18), trazendo o pronunciamento a respeito do que fora requerido pelo contribuinte, este atravessou petição, requerendo a desistência da ação (fls. 110/111). Ou seja, o contribuinte antes que se instaurasse a lide administrativa (com o despacho denegatório e consequente manifestação de inconformidade), desistiu de ação judicial, iniciada antes do pedido administrativo, cuja desistência se deu após o ingresso na via administrativa, após a decisão denegatória de segunda instância, mas antes da lide administrativa ter início. A questão então se afigura simples: em ambos os casos não existiu em momento nenhum concomitância de fato, tratouse de desistência, sem julgamento do mérito, antes do lançamento de ofício e do despacho denegatório e das consequentes impugnação e manifestação de inconformidade que instauraram os contenciosos nos dois processos. Assim, no meu entender, há divergência, o que levaria esta CSRF a ter que analisar se em situações que tais, que não estão cobertas claramente pelas normas supracitadas, Fl. 1866DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 16 se deve ser reconhecida, ou não, a concomitância de processos e, por conseguinte, se haveria, ou não, a desistência da discussão na esfera administrativa. Porém, há outro aspecto a ser considerado e que não foi cogitado na análise de admissibilidade. Ocorre que a sentença recorrida anulou em parte a decisão da primeira instância e devolveu o processo para que seja analisada a parte não discutida na DRJ, em virtude da suposta concomitância de processos, reconhecida pelo recorrido. Ora, o § 2o do art. 67 do RICARFAnexo II diz que nestes casos não cabe recurso especial, confirase: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. [...] § 2° Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que aplique súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da Câmara Superior de Recursos Fiscais ou do CARF, ou que, na apreciação de matéria preliminar, decida pela anulação da decisão de primeira instância. (Negritouse). Assim, considerando este último aspecto, sigo o RICARF e deixo de conhecer o recurso especial da PGFN, devendo ser cumprido o que foi decido no Acórdão recorrido. (Assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Relator Fl. 1867DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO
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Numero do processo: 19515.001301/2003-30
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 21 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jan 23 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1997
DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO. ART. 150, § 4º CTN. RECURSO ESPECIAL 973.733/SC - JULGADO NA SISTEMÁTICA DO ARTIGO 543 - C DO CPC. ARTIGO 62 - A DO RICARF.
A contagem do prazo decadencial nos casos de lançamento por homologação, havendo pagamento, é o constante no §4º, artigo 150, do CTN, conforme entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previsto no artigo 543 - C do Código de Processo Civil, nos termos do que determina o caput do artigo 62 - A do Regimento Interno deste Conselho Administrativo Fiscal.
Numero da decisão: 9101-001.976
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
OTACÍLIO DANTAS CARTAXO - Presidente.
(assinado digitalmente)
JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente), MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, KAREM JUREIDINI DIAS, JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado).
Nome do relator: JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR
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TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO. ART. 150, § 4º CTN. RECURSO ESPECIAL 973.733/SC JULGADO NA SISTEMÁTICA DO ARTIGO 543 C DO CPC. ARTIGO 62 A DO RICARF. A contagem do prazo decadencial nos casos de lançamento por homologação, havendo pagamento, é o constante no §4º, artigo 150, do CTN, conforme entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previsto no artigo 543 C do Código de Processo Civil, nos termos do que determina o “caput” do artigo 62 A do Regimento Interno deste Conselho Administrativo Fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. (assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR – Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente), MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, KAREM JUREIDINI DIAS, JORGE CELSO FREIRE AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 13 01 /2 00 3- 30 Fl. 888DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/1 2/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNI OR 2 DA SILVA, MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado). Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência (fls. 781/785) interposto pela Fazenda Nacional com fundamento no artigo 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria n° 256 de 22/06/2009. Insurgiuse a Recorrente contra o acórdão nº 110300.298 de fls. 174/178 proferido pelos membros da 3ª Turma Ordinária, da 1ª Câmara, da Primeira Seção de Julgamento deste Conselho, os quais, por unanimidade de votos, acolheram a preliminar de decadência para dar provimento ao recurso e acolheram a preliminar de decadência em relação ao ano calendário de 1997. O acórdão recorrido foi assim ementado: “IRPJ. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS EM DESACORDO COM A LIMITAÇÃO DE 30% ESTABELECIDA PELAS LEIS 8.981/95 e 9.065/95. DECADÊNCIA DO DIREITO DE LANÇAR. FORMALIZAÇÃO DO LANÇAMENTO DE OFÍCIO APÓS 0 TRANSCURSO DO PRAZO ESTABELECIDO NO ART. 150, § 4°, DO CTN. Nos termos do que prescreve o art. 150, § 4°, do CTN, dispõe a Fazenda Pública do prazo de 5 (cinco) anos, contado da data da ocorrência do fato gerador, para formalizar o lançamento de oficio. A regra do 150, § 4°, do CTN, somente é afastada quando comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação.” A Fazenda Nacional, em suas razões recursais, afirmou que foi incorreta a aplicação do artigo 150, § 4° do CTN, pois considerou apenas que, pelo IRPJ tratarse de tributo sujeito a modalidade de lançamento por homologação, deveria ser aplicado o dispositivo mencionado, afastando a aplicação do art. 173, inciso I, do CTN. Afirmou a existência de divergência jurisprudencial quanto ao entendimento do acórdão recorrido e trouxe como paradigma a ementa dos seguintes acórdãos: " Ementa: DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO LANÇAR TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO. Restando configurado que o sujeito passivo não efetuou recolhimentos, o prazo decadencial do direito do Fisco constituir o crédito tributário deve observar a regra do art. 173, inciso I, do CTN. Precedentes no STJ, nos termos do RESP n° 973.733 SC, submetido ao regime do art. 543 C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008". (Processo 10880.032666/9854. Ac 910100.460). Fl. 889DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/1 2/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNI OR Processo nº 19515.001301/200330 Acórdão n.º 9101001.976 CSRFT1 Fl. 889 3 “COFINS E PIS. DECADENCIA. Uma vez que o STF, por meio da Súmula Vinculante n° 08, considerou inconstitucional o art. 45 da Lei n° 8.212/91, há que se reconhecer a decadência em conformidade com o disposto no Código Tributário Nacional. Assim, o prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário referente à Cofins e ao PIS decai no prazo de cinco anos fixado pelo CTN, sendo, com fulcro no art. 150, § 4°, caso tenha havido antecipação de pagamento, inerente aos lançamentos por homologação, ou artigo 173, I, em caso contrário. Recurso Voluntário Provido em Parte."(Processo 13502.000424/200405. Ac 330100.359) Em sede de exame de admissibilidade foi dado seguimento ao Recurso Especial do contribuinte (fls. 812) O contribuinte apresentou contrarrazões às fls. 830/836 alegando, preliminarmente, ausência de divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e o acórdão 910100.460, pois no acórdão recorrido não houve discussão sobre a existência de antecipação, mas apenas foi consignado que nada foi observado na oportunidade do julgamento e o acórdão paradigma tratou de situação em que, de fato, não houve antecipação. No mérito, sustentou que o prazo decadencial relativo aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação será sempre o previsto no artigo 150, §4º do CTN independentemente da existência de antecipação. Por fim, pugnou pela manutenção do acórdão recorrido. É o relatório. Voto Conselheiro João Carlos de Lima Junior, Relator. O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. O cerne da questão é a análise da regra que deverá reger o prazo decadencial aplicável ao lançamento: o artigo 173, inciso I, ou o artigo 150, §4°, ambos do CTN. Em diversas oportunidades manifestei meu entendimento no sentido de que os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, por sua natureza, são passíveis de lançamento no prazo previsto no artigo 150 §4º do CTN, ou seja, o dies a quo do prazo quinquenal para constituição desses tributos é o fato gerador, independentemente de ter ou não havido pagamento. Assim ementava minhas decisões: Fl. 890DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/1 2/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNI OR 4 “IRPJ Ex(s): 1999 IRPJ DECADÊNCIA LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, a decadência é contada de acordo com os ditames do artigo 150, § 4º do CTN, operandose cinco anos após a ocorrência do fato gerador. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO.” (1º Conselho de Contribuintes / 1a. Câmara / ACÓRDÃO 10196.373, em 18.10.2007 Publicado no DOU em: 09.09.2008) Com as alterações no Regimento Interno do CARF, foi incluído o mandamento do Art. 62 –A: “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Portanto, impõese a este tribunal administrativo a reprodução dos julgados definitivos proferidos pelo STF e pelo STJ, na sistemática prevista pelos artigos 543 B e 543 C do Código de Processo Civil. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do Recurso Especial repetitivo 973.733/SC, firmou o seguinte entendimento em relação a questão em debate: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito.” (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp Fl. 891DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/1 2/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNI OR Processo nº 19515.001301/200330 Acórdão n.º 9101001.976 CSRFT1 Fl. 890 5 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” A interpretação do texto transcrito nos leva à conclusão de que devemos nos dirigir ao artigo 173, I, do CTN quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre e inexiste declaração prévia do débito que constitua o crédito tributário. Portanto encontraríamos duas condições para sairmos do artigo 150, §4º: 1) não haver o pagamento e 2) não haver declaração prévia constitutiva do crédito. No caso ora em análise temos que: i) trata de tributos sujeitos ao lançamento por homologação; ii) houve pagamento (fl.615); iii) o fato gerador se deu no ano calendário de 1997; iv) a ciência do contribuinte do auto de infração se deu em 11/04/2003. Do exposto, tendo em vista que houve pagamento, deve ser aplicada a regra do artigo 150, §4º, do CTN. Assim, relativamente ao ano calendário de 1997, decaiu direito do Fisco de constituir o crédito tributário. Portanto, nego provimento ao recurso da Fazenda Nacional. (documento assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR – Relator. Fl. 892DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/1 2/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNI OR
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Numero do processo: 13888.000971/2001-52
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 09 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jan 23 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 1997
PRAZO DECADENCIAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ARTIGO 150, §4º, DO CTN. DECLARAÇÃO DE RENDIMENTO QUE CONSTITUI CONFISSÃO DE DÍVIDA.
O termo inicial da contagem do prazo decadencial nos casos de lançamento por homologação, quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre, mas existe declaração prévia do débito capaz de constituir o crédito tributário (no período a DIRPJ), é o constante na regra especial contida no § 4º do artigo 150 do CTN, conforme entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previsto no artigo 543-C do Código de Processo Civil, nos termos do que determina o "caput" do artigo 62-A do Regimento Interno deste E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Numero da decisão: 9101-002.040
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em NEGAR provimento ao recurso especial, vencido o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão.
(documento assinado digitalmente)
OTACÍLIO DANTAS CARTAXO - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
RAFAEL VIDAL DE ARAUJO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente), MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, KAREM JUREIDINI DIAS, JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 1997 PRAZO DECADENCIAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ARTIGO 150, §4º, DO CTN. DECLARAÇÃO DE RENDIMENTO QUE CONSTITUI CONFISSÃO DE DÍVIDA. O termo inicial da contagem do prazo decadencial nos casos de lançamento por homologação, quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre, mas existe declaração prévia do débito capaz de constituir o crédito tributário (no período a DIRPJ), é o constante na regra especial contida no § 4º do artigo 150 do CTN, conforme entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previsto no artigo 543-C do Código de Processo Civil, nos termos do que determina o "caput" do artigo 62-A do Regimento Interno deste E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
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Termo inicial de contagem do prazo. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado SERCOL PORTO FERREIRA SERVIÇOS E ADMINISTRAÇÃO S/C LTDA ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 1997 PRAZO DECADENCIAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ARTIGO 150, §4º, DO CTN. DECLARAÇÃO DE RENDIMENTO QUE CONSTITUI CONFISSÃO DE DÍVIDA. O termo inicial da contagem do prazo decadencial nos casos de lançamento por homologação, quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre, mas existe declaração prévia do débito capaz de constituir o crédito tributário (no período a DIRPJ), é o constante na regra especial contida no § 4º do artigo 150 do CTN, conforme entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previsto no artigo 543C do Código de Processo Civil, nos termos do que determina o "caput" do artigo 62A do Regimento Interno deste E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em NEGAR provimento ao recurso especial, vencido o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. (documento assinado digitalmente) OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. (documento assinado digitalmente) RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 00 09 71 /2 00 1- 52 Fl. 1226DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/01/20 15 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente), MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, KAREM JUREIDINI DIAS, JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado). Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência (fls.1122 a 1129) interposto pela Fazenda Nacional em 05/10/2009, com fundamento no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria nº 256, de 22/06/2009, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), alegando divergência jurisprudencial em relação a regra de contagem da decadência na ausência de pagamento, se é caso de se aplicar o art. 150, §4º, ou o art. 173, I, ambos do Código Tributário Nacional (CTN), para o PIS e a COFINS. 2. A Recorrente insurgiuse contra o Acórdão nº 180500.070, de 28/05/2009, por meio do qual a 5a Turma Especial da 1a Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a decadência das exigências do PIS e da COFINS para fatos geradores ocorridos até 31/07/1996. 3. O Acórdão Recorrido foi assim ementado: " ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 1997 REEMBOLSO DE ISS. Tem natureza jurídica de receita tributada o valor do reembolso do ISS devido pela prestadora de serviços que a empresa contratante concordou em pagar. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. DECADÊNCIA. Aplicase ao Pis e à Cofíns o prazo decadencial de cinco anos para a constituição do crédito tributário, previsto no parágrafo 4º do artigo 150 do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte." 4. Extraise do voto condutor o seguinte trecho: "Por fim, resta apreciar a questão da decadência das contribuições ao Pis e Cofins. O auto de infração foi lavrado em 20.08.2001 e somente poderia exigir tributo cujo fato gerador ocorreu após 30.08.1996, pois o prazo decadencial é de 5 anos contados da data da ocorrência do fato gerador. Essa é a interpretação pacificada atualmente do parágrafo 4º do artigo 150 do CTN, aplicável inclusive para as contribuições de financiamento da seguridade social, conforme reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal. Assim sendo, tanto o Pis como a Cofins exigidas nestes autos cujos fatos geradores ocorreram antes dessa data devem ser cancelados." 5. A recorrente afirmou que o acórdão diverge da jurisprudência administrativa (que versa "sobre a mesma moldura fática, a saber, a discussão acerca do prazo decadencial no caso de nãorecolhimento prévio de tributos sujeitos a lançamento por homologação") e Fl. 1227DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/01/20 15 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 13888.000971/200152 Acórdão n.º 9101002.040 CSRFT1 Fl. 1.168 3 trouxe como paradigma o Acórdão CSRF nº 0203.331, de 1º/07/2008, oriundo da Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, assim ementado: "Ementa: TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. É inconstitucional o artigo 45 da Lei nº 8.212/1991, que trata de decadência de crédito tributário. Súmula Vinculante nº 08 do STF. TERMO INICIAL: (a) Primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º)." 6. Transcrevese parte do voto condutor do acórdão paradigma: "A matéria em debate no Especial cingese em saber, por primeiro, se o prazo de decadência para o lançamento das contribuições sociais, sujeitarseia às regras do CTN, pela sistemática do lançamento por homologação, ou pela regra prevista no art. 45 da Lei nº 8.212/91 e, por último, caso a primeira opção seja a eleita, decidir se a existência ou não de pagamento conduziria ou não a aplicação do 150, § 4º, para o art. 173, I, ambos do CTN. ... Portanto, dada a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91, há de se definir o termo inicial do prazo decadencial nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Ressalvado meu entendimento pessoal, no sentido que, em se tratando de lançamento de oficio, o prazo deve ser contado na forma do art. 173 do CTN, adotei em plenário o posicionamento do STJ sobre a matéria. ... No presente litígio verificase que não foram realizados pagamentos do devido, na forma do art. 150 do CTN." 7. Quando do Exame de Admissibilidade do Recurso Especial (fls.1134 e 1135), a Presidenta da 2a Câmara da 1a Seção de Julgamento do CARF, por meio do Despacho nº 1200 0.381/2009, deu seguimento ao recurso, ao reconhecer que: "O acórdão apontado como paradigma realmente diverge do ora recorrido, posto que, em razão da ausência de pagamento, adotou para a contagem da decadência a regra estabelecida no art. 173, I, do CTN, ao passo que o acórdão recorrido considerou irrelevante esse aspecto, contando a decadência pela regra do § 4º do art. 150, independente de haver ou não antecipação de pagamento. Registrese que o acórdão paradigma foi proferido por colegiado distinto." 8. O contribuinte apresentou documento (fls.1142 a 1145), que foi recepcionado como Contrarrazões ao Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional, nos termos do Despacho nº 120000.134/2010 (fls.1149 e 1150), onde apresentou precedentes com manifestação no mesmo sentido do acórdão recorrido, a saber: Fl. 1228DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/01/20 15 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 4 CSRF/0104.719, de 14/10/2003: Decadência – CSLL e COFINS – As referidas contribuições, por suas naturezas tributárias, ficam sujeitas ao prazo decadência de 5 anos. PIS/DECADÊNCIA – Por sua natureza tributária e entendimento de que sequer faz parte integrante da seguridade social, o prazo de lançamento fica subordinado ao dos lançamentos por homologação, de acordo com o estabelecido no CTN, art. 150, § 4º. CSRF/0105.304, de 21/09/2005: CSL/PIS/COFINS – DECADÊNCIA – Considerando que a Contribuição Social Sobre o Lucro, o PIS e a COFINS são lançamentos do tipo por homologação, o prazo para o fisco efetuar lançamento é de 5 anos a contar da ocorrência do fato gerador, sob pena de decadência nos termos do art. 150, § 4º, do CTN. 9. É o relatório. Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. 2. Conheço do recurso, pois este preenche os requisitos de admissibilidade. 3. Entendo ser desnecessário dizer mais do que foi dito no voto condutor do Acórdão nº 9101001.750, sessão de 18 de setembro de 2013, relativo ao Processo nº 18471.001949/200216, da lavra do eminente Conselheiro João Carlos de Lima Júnior, o qual adoto, mutatis mutandis (para adaptação das datas de contagem) e com pequenos ajustes: Desse modo, cumpre a análise da regra que deverá reger o prazo decadencial aplicável ao lançamento tributário para exigência do PIS e da COFINS: o artigo 173, inciso I, ou o artigo 150, §4°, ambos do CTN. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do Recurso Especial repetitivo 973.733/SC firmou o seguinte entendimento em relação a questão em debate: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008). Fl. 1229DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/01/20 15 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 13888.000971/200152 Acórdão n.º 9101002.040 CSRFT1 Fl. 1.169 5 A interpretação literal do texto transcrito nos leva à conclusão de que devemos nos dirigir ao artigo 173, I, do CTN, quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre e inexiste declaração prévia do débito capaz de constituir o crédito tributário. Nesse contexto encontraríamos duas condições para enquadramos no art. 150, §4º: 1) haver o pagamento ou 2) haver declaração prévia que constitua crédito tributário. Assim, mesmo não existindo o pagamento, a declaração prévia do débito bastaria para mantermos a contagem do prazo a partir do fato gerador. No caso ora em análise temos que: i) cuida de tributo sujeito ao lançamento por homologação; ii) houve apresentação de declaração prévia; iii) a data dos fatos geradores em debate compreende o ano calendário de 1996; iv) a lavratura do auto de infração se deu em 20/08/2001. Em relação ao mencionado período não foi possível encontrar nos autos comprovantes de pagamento. Entretanto, em relação ao ano de 1996 foi acostada aos autos a DIRPJ. Assim, cumpre verificar se a declaração apresentada constituía confissão de dívida. A legislação aplicável no período era o Decreto nº 2.124, de 13/06/1984, que dispunha em seu artigo 5º: “Art. 5º. O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal. §1º. O documento que formaliza o cumprimento da obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para exigência do referido crédito.” Posteriormente, com base no referido DecretoLei, foi editada a Instrução Normativa SRF nº 77, de 24/07/1998, no seguinte sentido: “Art. 1º. Os saldos a pagar, relativos a tributos e contribuições, constantes das declarações de rendimentos das pessoas físicas e jurídicas e da declaração do ITR, quando não quitados nos prazos estabelecidos na legislação, e da DCTF, serão comunicados à Procuradoria da Fazenda nacional para fins de inscrição como dívida Ativa da União.” Cumpre observar que até o anocalendário 1997, exercício 1998, a declaração de rendimentos da pessoa jurídica era chamada DIRPJ. A partir do anocalendário 1998, exercício 1999, foi introduzida a DIPJ, instituída pela IN SRF nº 127, de 30/10/98. Conforme redação dos artigos transcritos, os saldos a pagar de impostos e contribuições, informados na DCTF ou na Declaração de Rendimentos, não eram passíveis de lançamento de ofício, posto que qualquer uma das duas declarações constituía meio próprio de confissão de dívida. A partir do anocalendário 1999, exercício 2000, a DIPJ deixou de constituir confissão de dívida, o que passou a ser feito somente por meio da DCTF, nos termos da Instrução Normativa SRF nº 14, de 14/02/2000: Fl. 1230DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/01/20 15 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 6 “O art. 1º da Instrução Normativa SRF nº 077, de 24 de julho de 1998, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 1º. Os saldos a pagar, relativos a tributos e contribuições, constantes da declaração de rendimentos das pessoas físicas e da declaração do ITR, quando não quitados nos prazos estabelecidos na legislação, e da DCTF, serão comunicados à Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de inscrição como Dívida Ativa da União.” Da redação transcrita, foi retirada a expressão “e jurídicas”, referindose à declaração de rendimentos. Assim, nos termos da IN SRF nº 14/2000, apenas a declaração de rendimentos da pessoa física e a declaração do ITR é que continuaram a ter caráter de confissão de dívida, sendo que as pessoas jurídicas passaram a confessar os tributos devidos apenas na DCTF. Portanto, do exposto, tendo em vista que foram apresentadas a DIRPJ (Exercício 1997, Anocalendário 1996), bem como que esta constituía confissão de dívida, a regra decadencial aplicável é aquela do artigo 150, §4º, do CTN. No caso concreto, tendo em vista que (i) os fatos geradores ocorreram em meses do ano de 1996, (ii) o contribuinte era optante pelo regime de tributação com base no lucro real mensal e (iii) que o auto de infração foi lavrado em 20/08/2001, nos termos do artigo 150, § 4º do CTN, verificouse a decadência do direito de constituição de crédito tributário em relação aos fatos geradores ocorridos até julho de 1996. 4. Por todo o exposto, NEGO provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. 5. É como voto. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator Fl. 1231DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/01/20 15 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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Numero do processo: 10950.002805/2005-25
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 29 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Obrigações Acessórias
Exercício: 2005
EMENTA: A multa por atraso na entrega de DCTF é devida quando a data da entrega ultrapassa o prazo prorrogado pela Receita Federal em razão de problemas técnicos no sistema de transmissão pela internet.
Numero da decisão: 9101-001.099
Decisão: ACORDAM os membros da 1° turma da câmara superior de recursos fiscais, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Karem Jureidini Dias e Otacilio Dantas Cartaxo. Designado a conselheira Viviane Vidal Wagner para redação do voto vencedor.
Matéria: DCTF - Multa por atraso na entrega da DCTF
Nome do relator: Karem Jureidini Dias
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ementa_s : Obrigações Acessórias Exercício: 2005 EMENTA: A multa por atraso na entrega de DCTF é devida quando a data da entrega ultrapassa o prazo prorrogado pela Receita Federal em razão de problemas técnicos no sistema de transmissão pela internet.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2011-11-24T11:44:07Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 13; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2011-11-24T11:44:07Z; Last-Modified: 2011-11-24T11:44:07Z; dcterms:modified: 2011-11-24T11:44:07Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; xmpMM:DocumentID: uuid:d9b726e4-5a9e-4cf7-ae56-8144738728cc; Last-Save-Date: 2011-11-24T11:44:07Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2011-11-24T11:44:07Z; meta:save-date: 2011-11-24T11:44:07Z; pdf:encrypted: false; modified: 2011-11-24T11:44:07Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2011-11-24T11:44:07Z; created: 2011-11-24T11:44:07Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; Creation-Date: 2011-11-24T11:44:07Z; pdf:charsPerPage: 1419; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2011-11-24T11:44:07Z | Conteúdo => F L 85 CSRF-T I FL 1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo n" 10950.002805/2005-25 iteclirso n" 137.620 Especial do Procurador A^órdiio n" 9101-01.099 — P Turma Sessão de 29 de junho de 2011 Matéria MULTA DCTF Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado AMADOR E SAKUNO SS Assunto: Obrigações Acessórias Exercício: 2005 EMENTA: A multa por atraso na entrega de DCTF é devida quando a data da entrega ultrapassa o prazo prorrogado pela Receita Federal em razão de problemas técnicos no sistema de transmissão pela internet. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1a turma da câmara superior de recursos fiscais, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Karem Jureidini Dias e Otacilio Dantas Cartaxo. Designado a conselheira Viviane Vidal Wagner para redação do voto vencedor. (assinado digitalnzente) Otacilio Dantas Cartaxo — Presidente. (assinado digitalmente) Karem Jureidini Dias — Relatora. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner — Redatora Designada A, d INAL3CIIS SA - CIS F. dIVI1r201 I por VN"ANE VIDA IVINER, /2011 po Kit'RENI A d;;;IllaimePtkI: en 17í `r2011 pc 2rT:\CIL,0 AS CAN .IAX.C. €-,crt 211110011 por SANA I CL lir!`.:11N3 '277:1',77 NA CRUZ Dr CAR!' 1 , 86 Processo n° 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-01.099 Fl. 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Otacilio Dantas Cartaxo, Orlando José Gonçalves Bueno, Claudemir Rodrigues Malaquias, Valmir Sandri, Alberto Pinto Souza Júnior, Viviane Vidal Wagner, Susy Gomes Hoffmann, Karem Jureidini Dias, João Carlos de Lima Júnior, Antonio Carlos Guidoni Filho e Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz. AiLiemloodo en 3111 fL120 1 ;I'D!. SILVANA t 1„,i 1)S SANICIS Y2f; 1 I poi- VVANEVO /VASI\IFP 1!;.:‘()11 poi- Kt:REV: DIAS i=s oro -171 /2U1 1 or Ci fy,C , b ;') Aí1 CAR:,-AXts ; 2 ?I:11/2011 ror SUELt TOt ';', 13E;\:',1);:isS :71A CiA.17 DI - CAR' FL 87 Processo n° 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-01.099 Fl. 3 Relatório Trata-se de Recurso Especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Naciolia! em Cace do Acórdão n.° 303-34.987, proferido pela Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes. Em 12 de julho de 2005 foi lavrado Auto de Infração (fls. 03) para a exigência de valores relativos à multa por atraso na entrega de Declaração de Débitos e Créditos de Tributos Federais – DCTF do 4° trimestre de 2004, no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais). Impugnado o lançamento (lis. 01/02) o Contribuinte alega, em suma, que a DCTF foi apresentada fora do prazo, por motivo de falha técnica a nível regional, o que ocasionou o congestionamento no site da Receita Federal, conforme teria informado a Sra. Alacir Braz, chefe do Centro de Atendimento ao Contribuinte – CAC em Maringá. Encaminhados os autos A. Terceira Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Curitiba – PR, esta julgou procedente o lançamento (fls. 18/22), nos termos da seguinte ementa: "Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 Ementa: DECLARAÇÃO DE DÉBITOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS — DCTF. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA. CABIMENTO. A contribuinte que, obrigada à entrega da DCTF, a apresenta fora do prazo legal sujeita-se à multa estabelecida na legislação de regência. Lançamento Procedente" Adveio, então, o Recurso Voluntário do Contribuinte (fls. 26/34), em que reitera os argumentos apresentados em sua Impugnação e acrescenta, em suma, que: (i) a única forma que a Receita Federal do Brasil disponibiliza aos contribuintes para que cumpram com suas obrigações acessórias, em especial a entrega da DCTF, é pela internet, conforme estabelece o artigo 5 0, § 1°, da IN SRF n.° 482, de 21 de dezembro de 2004; (ii) no item 18 do acórdão recorrido, os julgadores destacam que a Receita Federal considerou espontâneas todas as DCTF's apresentadas até 18/02/2005, contudo, como se pode exigir um cumprimento daquilo que formalmente até então ninguém sabia, pois a instrução acerca da benevolência do prazo somente foi disponibilizada em 08/04/2004; (iii) não poderia ter sido penalizado uma vez que somente após 52 (cinquenta e dois) dias tomou ciência de que estaria obrigado a fazer a entrega nos dias 16, 17 e 18 de fevereiro, conforme Ato Declaratório Executivo SRF n.° 24, de Autf. , nril:adO d PLmenit.) e 31110íZ)1 1 pi ; : i;u3 (,);. s,,,11;:, .:};) 03:11.2011 por VIV;ANE VDAL i2;) < KfiEZDV: L':<AS, A I 7F11;2011 OTAULIt: DAN'f AS CAR' ÏAY.0 3 6.n-171/11120 S..EL r CILFN nr, , ;) ¶EENSES EI C,Ruz Di' CAR F. MC' LI. Processo n° 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão n.e 9101 -01.099 Fl. 4 08/04/2005, e que diariamente manteve contato com os funcionários da Receita Federal em Maringá, que ate o dia da entrega efetiva da DCTF não sabiam o que fazer. Devidamente processado o recurso, este foi encaminhado para a Terceira Camara do Tivito Conselho de Contribuintes, que proferiu decisão (fls. 37/47) onde, por unanimidad ,,,; dos votos, deu provimento ao recurso voluntário, nos termos da ementa: 'Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 Ementa: DCTF/4° TRIMESTRE/2004. FALTA DE SERVIÇO. CULPA ADMINISTRATIVA. EMPREGO DA EQUIDADE. INCABÍVEL A IMPOS10 -0 DE MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. Deve-se interpretar a lei tributária que defina infrações, ou comine penalidades, da maneira mais favorável ao acusado no caso de dúvida quanto a natureza ou às circunstâncias materiais do fato, quanto et natureza ou extensão dos seus efeitos, quanto a autoria da infração, imputabilidade, ou punibilidade. 0 procedimento administrativo adequado deveria estar ajustado coin a moralidade administrativa, com a eficiência da administração pública, com a boa-fé na relação com o contribuinte e exigia, neste caso, que tão logo houvesse o diagnóstico da situação, estando a administração fiscal finalmente ciente dos limites técnicos para recepção da massa de DCTF ainda pendente da regular via eletrônica de transmissão e recepção, pudesse de modo claro e geral informar aos contribuintes o prazo prospectivo que seria a todos concedido para proceder a transmissão eletrônica da DCTF sem falha do sistema.' A definição de tal prazo requeria necessariamente prévia, oportuna, e adequada análise técnica. Poderiam ser necessários dois dias, três dias ou dez dias, o importante é que a informação fosse precisa, oportuna e proporcionasse aos contribuintes em geral a possibilidade de transpor o obstáculo representado pela pane no sistema oficial de transmissão da DCTF, sem incorrer em ação faltosa. Neste caso há percepção de negligência administrativa quanto a definir com antecipação adequada o critério de :distribuição diária da transmissão e recepção da: demanda esperada de declarações, hem como o prazo gral prospectivo que deveria ser concedido, em igualdade de condições, a todos os contribuintes que foram impedidos de entregar suas DCTF eletronicamente no prazo legal. No caso concreto, observando-se as circunstâncias do caso e a devida eqüidade, conforme previsto no CTN, deve-se afastar a penalidade indevidamente aplicada. Recurso Voluntário Provido" Inconformada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial (fls. 52/67) contra o Acórdão n.° 303-34.987 (fls. 37/47), sustentado-o no acórdão divergente n.° 302- 38.631, da Segunda Camara do Terceiro Conselho de Contribuintes, e, argumentando, basicamente, que: ao , t1:;.foo em ::;',I10:201 rA.1.; '..)S P0. I-Y::r porrerrip err 031',1;2C1 1 por VrVIAPPP \ILAL WAONER, 7 . r em 7'3/11/2011 por o' 1000 4 dr,.ih:rmntc: err 17Í1 1/2011 pr.): 71 17,77JO D/ÇNTAF: oro impio, sr,o ein 21/11/7011 por 117 CRUZ LI. 89 Processo n° 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-01.099 Fl. 5 (i) o contribuinte sequer fez prova dos fatos que aduz, de modo a caracterizar eventual obstrução por parte da Administração Pública e que A. época, conforme artigo 4° da IN n.° 255, de 11/12/2002, o contribuinte já estava obrigado a transmitir a DCTF por meio eletrônico. (ii) o Ato Declaratório Executivo SRF n.° 24, de 08/04/2005, foi editado, com a devida motivação, para sanar e esclarecer todos as consequências decorrentes dos problemas técnicos verificados no sistema de transmissão da DCTF em 15/02/2005. (iii) Se a autoridade administrativa competente determinou que fossem admitidas, sem mora, as DCTF's apresentadas entre os dias 16 e 18 de fevereiro de 2005 é porque reconheceu a insuficiência do referido sistema eletrônico apenas naqueles dias, elegendo critério seguro para proteger os contribuintes prejudicados. 0 exame de admissibilidade foi realizado (fls. 69/71), determinando o seguimento do Recurso Especial interposto. Devidamente cientificado, o Contribuinte apresentou suas contrarrazões (fls. 75/80). o relatório. !jig liairre Me ern 3111 O'IeG I I p , DOS ,",.so 20 px ViV;:\NE VUAL WAGNLK s;Anafics digit,)inonte cio 175 52511 O FAG:1_10 17151555 C 5 e, one en 21/110W per I 5:1.ENTiNi0 5'5 ES 175.55 DL CARE. H. 90 Processo n° 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão ri.° 9101 -01.099 Fl. 6 Voto Vencitil o Conselheira Karem Jureidini Dias, Relatora 0 Recurso Especial reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na !cgislaçáo de regência e lhe foi dado seguimento em despacho de admissibilidade, pelo que dc,lo conheço. Informo que o recurso é de divergência, porquanto o acórdão recorrido foi votado à unanimidade. 0 acórdão citado pela D. Procuradoria da Fazenda Nacional (AC n.° 302-38.631) se presta como paradigma, por tratar de caso de todo semelhante. Inicialmente, cumpre delimitar a lide. A exigência objeto deste processo refere-se à multa de oficio por atraso na entrega da DCTF correspondente ao 4° Trimestre de 2004. 0 Contribuinte questionou a aplicação da multa objeto da autuação, sob a alegação de que s6 houve o atraso em decorrência dos problemas técnicos, ocorridos exatamente em 15 de fevereiro de 2005, dia limite para a entrega das declarações, que posteriormente foram admitidos formalmente pela Receita Federal do Brasil no Ato Declaratório Executivo SRF n.° 24, de 8 de abril de 2005, publicado somente em 12 de abril de 2005. Ainda, o Contribuinte afirma que, manteve contato com a Delegacia da Receita Federal, tanto no dia aprazado para a entrega da declaração, quanto nos dias seguintes, a fim de obter uma orientação oficial de como proceder. No entanto, somente em 12 de abril de 2005, quase dois meses após a data de vencimento legal, foi publicado o Ato Declaratório Executivo SRF n.° 24/2005, que estendeu o prazo para a entrega das DCTF's relativas ao 4° trimestre de 2004 e declarou válidas somente as declarações entregues até 18 de fevereiro de 2005. A despeito da d. Procuradoria alegar que não há prova de obstrução por parte da Administração Pública, não restam dúvidas quanto A. ocorrência de problemas técnicos que impossibilitaram a transmissão das declarações dentro do prazo legal, conforme reconhecido no próprio Ato Declaratório Executivo SRF n.° 24/2005. Ora, o citado ato declaratório, apesar de reconhecer que o Contribuinte pode ter ficado impossibilitado de cumprir o seu dever legal, dispensou da multa somente aqueles que entregaram a declaração nos três dias subseqüentes, em detrimento daqueles, como a Recorrida, que entregaram dias após o vencimento (a Recorrida entregou em 28 de fevereiro de 2005), apesar de também terem entregado antes da publicação do Ato Declaratório. Ou seja, o contribuinte cumpriu com a obrigação antes da publicidade por parte da Administração Pública acerca do reconhecimento do problema causado e do deferimento para entrega em outro prazo. A sanção é consequência jurídica da desobediência de uma determinada norma jurídica, relacionada ao comportamento licito que se quer realizado. A proporcionalidade na imputação da sanção tem por função garantir os fins perseguidos pelo Estado, em relação de ponderação com os direitos e garantias individuais. Além da proporcionalidade que se espera da Lei, o que não é objeto de nossa análise, há que se observar r¡tg;-e.;te eto311;cy,:oll i);j1 Lv At I 0:i FL AF:',` 0:,111 i2t) 1 V ■ DAL WACALFZ, As.00 o ioe ern 2 31'11/2:A r)',AS, A d,gli.a:menV% ent 17/1 1/2G1'; o 3 AC2 O 13AN S C,N-rrAY,f 6 jrnp(C., ,,,,:0 um 2 1 1'2011 1,_zo SIlFO 101 ENT' NO 2 \r`)Fi S DA <227 :7 DI CART MI' H. 91 Processo ri" 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-01.099 Fl. 7 a proporcionalidade no caso concreto. Nesse sentido, se ao ato de reconhecimento da Administração Pública só foi dado publicidade posteriormente ao cumprimento da obrigação por parte do administrado, não há logicamente equidade ou tratamento proporcional entre este contribuinte e aquele que da mesma forma, cumpriu posteriormente ao prazo legal, mas antes do Ato Decla:-a:ório. De mais a mais, plausível a dúvida sobre a informação por parte da Receita Feclud do Biasil acerca da data em que poderia a DCTF ser transmitida sem a implicação em media imputação de penalidade, bem como de se interpretar a favor do contribuinte no sentido de que este procurou cumprir com o seu dever legal. Nesse sentido, dispõe o Código Tributário Nacional: "Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributaria utilizara, sucessivamente, na ordem indicada: I- a analogia; II- os princípios gerais de direito tributário,. os princípios gerais de direito público; IV- a equidade. §1° 0 emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. §2° 0 emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I- a capitulação legal do fato; LT- à natureza ou as circunstancias materiais do fato, ou a natureza ou extensão dos seus efeitos; III- à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV- à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação". No caso em análise, o Ato Declaratório Executivo SRF n.° 24/2005, foi publicado no dia 12 de abril de 2005, quase dois meses após a data de vencimento legal para a entrega da declaração, na qual reconhecidamente houve o problema na recepção dos dados. De acordo com o principio da publicidade, insculpido no artigo 37, caput, da Constituição Federal, e observado os ensinamento de José Afonso da Silva in (Curso de Direito Constitucional Aut ido (;;;v121:'“ente em n 311', 0;20 I 1 0.;; SiLVANA CAIS = ;NA CCC SANTOS TE,2`;:i;,1: ■<;oo(iiq 0311r2:)11 f,of VIVIANE \NAGNLF., 03.'111201i ps;1 KAREM ..`:.;Tia:;INi DIAS, A ç, sir, aclo 17f11/201 -, IDAN1 AC CAN 7 ,)1/1 I I p m SJO/ a..r N - ;;N(3 DF (AR - M17 H. 92 Processo n° 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-01.099 Fl. 8 Positivo, 31 ed., São Paulo: Ed. Malheiros Editores, 2008, pg. 670) "A publicidade se faz pela inserção do ato no jornal oficial ou por edital afixado no lugar de divulgação de atos públicos, para conhecimento do público em geral e inicio da produção de seus efeitos. A publicação oficial é exigência da executoriedade do ato que tenha que produzir efeitos externos.". Não bastasse, no caso há prova contundente da boa-fé do Contribuinte em cumprir a obrigação e a falta de informação sobre a possibilidade de entrega a posteriori. Importanie ttanscrever o relato da Superintendência da 9' Regido Fiscal, exarado pela tlinc;nti(tria Alacir Braz, Chefe do CAC — Centro de Atendimento ao Contribuinte em Maringá -- PR, nos autos do processo n.° 10950.002735/2005-13, juntado As fls.95: "Em atendimento ao despacho as folhas de n° 31, esclarecemos; I. Contribuintes reclamaram durante, pelo menos uma semana antes das entrega da DCTF, questionando sobre as dificuldades encontradas e a não disponibilidade do Programa para entrega pela Internet; 2. Tentamos durante todo o período, inclusive com a SATEC, responder aos questionamentos, porem, não tivemos nada oficial de que seria um problema em nossa Rede; 3. No último dia, como derradeira tentativa de resolver os problemas dos contribuintes passamos um Notes para a Satec, solicitando que fosse verificada a possibilidade deste CAC receber as DCTF impressas. Não foi possível, uma vez que a legislação, permitia sua recepção, somente em casos de constatação oficial do problema na Rede; 4. A situação foi bem dramática, chegamos a deixar a Delegacia aberta até as 20 horas para que os contribuintes tentassem enviar as declarações pelo autoatendimento; 5. Os esclarecimentos a serem dados, como se colocou, não se tratava de anexação de documentos, uma vez que somente trabalhamos com informações oficiais; o que foi dito é que se daria as informações do ocorrido, como se faz agora; 6. Houve realmente uma reunião com o Delegado o chefe da SATEC e os contribuintes que estavam com dificuldades de transmitir a DCTF. Eles, (Delegado/Chefe SATEC) esclareceram que as DCTF's deveriam ser entregues o mais rápido possível, e que oficialmente a MULTA não poderia deixar de ser cobrada tendo em vista o efetivo atraso na entrega das declarações. 7. Tivemos sempre a preocupação de somente repassar as informações oficiais, por isso esclarecíamos ao contribuinte que o prazo limite era as 20 horas da data prevista, porque esta era a informação ser dada. 8. Realmente, se soubéssemos que haveria a prorrogação do prazo para a entrega alertaríamos aos contribuintes, uma vez que os mesmos vieram na manhã seguinte buscando unia solução junto a este CAC e a preocupação foi encaminhada ao Gabinete. tti;; 0,r1a1r—ori pc: ,:»LVNA la:NA u(As si,r4Tes Ass' 03;11/2011 po: ViANE 0311 12D'il 51)1 KAlE s;,aoo (iqi;,c.11,-in. nic: en) ;7/11 12011 pr: , ' 1 ».1:1.1C: 55;'•1111;;;',P ,,i ,?. -FAX0 2111112011 wm 31170 TÇ5N rr\k:+ MEN'Es,F IDA 1007 )- Fn o;.1-,5 A 8 Di: CAR F FL ).; Processo n° 10950.002805/2005-25 Acórdão n.° 9101-01.099 CSRF-T1 Fl. 9 9. Ainda, não tínhamos até aquele momenta qualquer noticia de que poderia haver prorrogação ou ato oficial que permitisse a entrega sem a emissão da multa. 10. As tentativas para verificar os problemas ocorridos foram :lctuados por este CAC e SATEC, a exaustão; víamos o sofrimento dos contribuinte na tentativa de entrega com os sistemas congestionados." Considerando que, até a publicação do ato mencionado, o Contribuinte não possuía nenhuma informação acerca de nova data para a transmissão da declaração, bem como a prLsunção da tentativa por parte do contribuinte impera, por força do disposto no artigo 112 do Código Tributário Nacional, entendo que deve ser exonerada a multa em questão. Vale neste ponto destacar a ponderação exarada pelo no voto do Relator Zenaldo Loibman, no Acórdão n.° 303-34-989, proferido nos autos do processo n.° 10950.002853/2005-13, quando do julgamento do Recurso Voluntário n.° 137.623, que tratou de idêntica questão: omissão da administração enz explicitar a razão ou o critério objetivo que normalmente deveria fundamentar o ato normativo complementar exarado na forma do ADE SRF 24/2005, equivale a se poder tomar o referido ato administrativo por arbitrário, e nesse sentido além da injustificável afronta a isonoinia acusada coin acerto pela recorrente, é, a meu ver, e s.mj., o caso de se observar as prescrições legais no art. 108 c/c o art. 112, do CTN. o io 03:11:2011 po; VVONE SP, 1000 thrmta .r::1i0 eo Neste rumo penso que ao se pode aqui olvidar a consideração cumulativa dessas normas jurídicas quanto a estabelecer autorização legal para que a autoridade competente, no caso a autoridade julgadora representada por esse colegiado, possa aplicar a equidade para afastar a penalidade que, embora prevista em norina geral encontrada na legislação tributária, exigiu a expedição de nova norma especialmente exarada pela administração, mediante o ADE SRF referido, que em face da ausência de disposição expressa, vale dizer fundamento lógico garantidor de isonoinia, e agredindo o principio da irretroatividade da norma administrativa que leva à aplicação de penalidade, revelou-se inexplicavelmente omissa quanto â razão de dispensar a multa apenas de uma parte dos contribuintes, isto é, somente dos que incorreram em atraso de até três dias, em detrimento dos demais que eventualmente entregaram sua declaração com atraso de quatro dias ou de dez dias, principalmente quando se examinam as circunstâncias que envolvem o caso concreto Acresce que o CTN determina que se deve interpretar a "lei tributária" que defina infrações, ou coinine penalidades, da maneira mais favorável ao acusado no caso de dúvida quanto a natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou a natureza ou extensão de seus efeitos, ou quanto a autoria da infração, imputabilidade, ou punibilidade. Pois bem, se entendermos que a norma definidora da extensão da data do vencimento para a entrega da DCTF em foco, foi err. 31/1C:2011 exarada 'por: meio, dosADE (SRF,. .e .pode r'smentendida como vu _1 AL :,',,fiku;'?„ 0:',J1112011 LU\ 0, A ! 7111120 :1 por 0 - 1, C20011,.4," TP:S Ci',RDVKO TDLEN'f L.4'1*ND:..S DA CRUZ. 9 Processo n° 10950.002805/2005-25 Acórdão n.° 9101-01.099 1' . 94 CSRF-T1 Fl. 10 sendo, lato sensu, a lei tributária que combinada com as demais leis indicadas no auto de infração servem de base legal para a exigência da multa lançada, pode-se concluir que há evidentes dúvidas quanto ás circunstâncias materiais do lato impeditivo da transmissão e recepcdo das DCTF na data legal de vencimento, rein como há evidente dúvida sobre a possibilidade que teria a autoridade administrativa de naquele momento do incidente, ou muito próximo a ele, estabelecer o período de tempo razoável, bem como um critério eficiente de distribuição, ao longo de tal período, do volume total das transmissões de DCTF esperadas. Mas, há ainda neste caso, duvida sobre a ocorrência ou mesmo autoria da infração, sobre a sua imputabilidade e principalmente sobre a punibilidade do ora recorrente, havendo a percepção de negligência administrativa quanto a definir com antecipação adequada o critério de distribuição diária da transmissão e recepção da demanda esperada de declarações, bem como o prazo geral prospectivo que deveria ser concedido, em igualdade de condições, a todos os contribuintes que foram impedidos de entregar suas DCTF eletronicamente no prazo legal. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário, para com base no disposto no art.108 c/c o art.112, do GEV, aplicar neste caso juízo de eqüidade e propor o cancelamento da multa lançada." Também de se considerar que o ato que impossibilitou o envio da declaração em nada se relaciona com a vontade do Contribuinte. A conduta da Administração Pública é pautada pela boa-fé objetiva, inclusive no concernente as suas obrigações colaterais, dentre elas, os deveres de informação e de proteção. Quando o Estado transfere ao contribuinte um dever, ele também fornece ou deve fornecer as informações e os meio que dependem do Estado para o cumprimento da obrigação. A questão que se discute não é de espontaneidade, mas in cant, de ausência de culpabilidade por parte do contribuinte, de presunção da sua boa-fé subjetiva que, por seu turno, pressupõe a confiança na boa-fé objetiva do Estado. Se não foi possível o cumprimento da obrigação por falha corretamente reconhecida pela própria Administração Pública; e, se a autorização para o cumprimento posterior s6 foi noticiada após o próprio cumprimento da obrigação pelo administrado, não há que se falar em infração passível de multa. Por todo o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Karem Jureidini Dias — Relatora. digiairnente en: 31'101201 1:o! SAN 'i e 12 5 .11 po, V1V!A1\ic \PDAt \,',/ACNI-Lt< d:', - ;:a!reallo, en: 1;,:!": t2011 DAS d 1 7/111;J:01 no; O 1 AO 1 .10 LOiÍAS 10 mo err i 7 DI 1120 : SUE.1 Ta..t- NT ;NO f, ES DA C.1 0.7._ DJ CARE N11. Processo n° 1 09 50 .0028 05 / 20 05 -25 Acórdão n. ° 9101-01.099 CSRF-Tl Fl. 11 Voto Vencedor Conselheira Viviane Vidal Wagner — Redatora designada Peço vênia para discordar do bem fundamentado voto da conselheira relatora. Em sessão do mês de março de 2011, esta Primeira Turma da CSRF decidiu, por maioria de votos, manter a multa devida pelo atraso na entrega da DCTF do 4 0 trimestre de 2004 em vários processos com situação fática idêntica a deste. Por economia processual, transcrevo a integra do meu voto prolatado num daqueles processos (processo n° 10950002294/2005-41), com o qual fundamento as razões de decidir o presente recurso, in verbis: A discussão cinge-se a validade ou não do auto de infração de imposição de multa por atraso na entrega de DCTF entregue após a data da prorrogação definida no Ato Declaratário Executivo SRF n° 24, de 8 de abril de 2005, que estabeleceu, ipsis litteris: Artigo único. As Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) relativas ao 4° trimestre de 2004, que tenham sido transmitidas nos dias 16, 17 e 18 de fevereiro de 2005, serão consideradas entregues no dia 15 de fevereiro de 2005. O voto condutor do acórdão recorrido sustenta que deve ser aplicada ao caso a equidade prevista no art. 108, §2°, do CTN, devendo ser considerada tempestiva a entrega da DCTF relativas ao 4° trimestre de 2004 na data em que foi entregue pelo contribuinte, ainda que posterior ao término da prorrogação concedida pelo ato referido. Esse argumento, no meu entender, não merece prosperar. Como decidiu esta colenda Primeira Turma da CSRF, em sessão realizada em fevereiro de 2011, a prorrogação do prazo da entrega da DCTF do 4" trimestre de 2004 não teve força de torná-lo indefinido. E posso acrescentar: ainda que a publicação do ato tenha se dado quase dois meses após o ocorrido, não se subsume disso o alargamento do prazo até a data de sua publicação. A Secretaria da Receita Federal é o órgão competente para estabelecer o prazo de entrega da DCTF, conforme dispõe a Lei n° 10.426, de 2002, que alterou a sistemática de apuração da multa devida pelo atraso na entrega de declarações, in verbis: T‘lik, { 11! ■ ;O:i(), "!125'1"; p0C C:r) eql 7 VI i2G1 ern 31. C/201 Dim SILVANA ;NA OCE: 7 1. . di,„ ila;mente ViDAL Assa ado 0 . fri01m0;;16 ern 0,, PI 1 p201 - 11.1 ;A88;0 0A3'ITA8 C;/Er;'!-A;KO poi (Cl. EN .;ES F.';A aAS, A ( ' AR F. MI : Processo n° 10950.002805 12005-25 Acórdão n° 9101-01.099 Art.7=0 sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica e Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirt), nos prazos fixados, ou yi as apresentar corn incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não-apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal, e sujeitar-se-á as seguintes multas: [...] (destaquei) Com fundamento no disposto no art. 50 do Decreto-lei n°2.124, de 13 de junho de 1984, e no art. 16 da Lei n° 9.779, de 19 de janeiro de 1999, foi editada a 1nstrução Normativa SHE n° 255, em 11 de dezembro de 2002, dispondo sobre a forma e o prazo de entrega da DCTF, verbis: Da Forma de Apresentação Art. 4o A DCTF sera apresentada em meio magnético, mediante a utilização de programa gerador de declaração, disponível na Internet, no endereço <http://www.recei ta.fazenda.gov.br>. Do Local e do Prazo de Entrega Art. 5o A DCTF deverá ser apresentada até o último dia fail da primeira quinzena do segundo mês subseqüente ao trimestre de ocorrência dos fatos geradores, sendo transmitida via Internet, na forma determinada pela Secretaria da Receita Federal. (destaquei) A regra geral no ordenaniento jurídico brasileiro é que, na impossibilidade material de cumprimento do prazo na data fatal, prorroga-se o mesmo para o primeiro dia útil seguinte. No caso sob análise, o contribuinte ficou impossibilitado de entregar a DCTF do 4' trimestre de 2004 dentro do prazo previsto na legislação, assim como os denials que deixaram para cumprir a obrigação acessória no último dia do prazo, em razão de problemas técnicos no sistema eletrônico disponível para a transmissão de declarações. O próprio órgão competente reconheceu o problema e considerou entregues no prazo as declarações enviadas pela internet até o dia 18 de fevereiro de 2005, resguardando o direito daqueles que insistiram na entrega logo após a pane. Sendo ônus do contribuinte, não restou demonstrado nos autos a impossibilidade de entrega nos dias subsequentes. Por dedução lógica, tal prova nem seria possível, visto que a maioria dos contribuintes em idêntica situação conseguiu apresentar a declaração naquele período, ficando exonerada da multa. No presente caso, apenas vários dias após o fim do prazo original, o contribuinte enviou sua declaração pela internei, extrapolando o prazo prorrogado pelo ADE SRF n°24/2005. 11. 9() CSRF-T1 Fl. 12 Auteuticio d;g0a'm ,0v1e 31:1(.1 2 1 .NA 11O1 L. A. , ' 03/ I 112{11 po VLVu1AL • ,2/31'1 T.SC -: 1 p;,r 3;„!NL" D,1:5 ; LI dqitaltr,(1 .1(i c., : -r; 1 FT11:2011 AS 12 hrlpwss::: on 21/1112211 púr SUEL! 01 1 u7 Dr CARI - F. Processo n ° 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101 -01.099 Fl. 13 Isto posto, voto no sentido de dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Verificando-se no presente caso a ausência de entrega efetiva da DCTF por qualquer outro meio no prazo regulamentar e a entrega em meio eletrônico em data posterior prorrogação concedida pela Receita Federal do Brasil, voto no sentido de considerar devida a multa imposta, dando provimento ao recurso da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Atitoow .d() çente en. :.>1/1. 0/2011 S:LVPS4A cr 7:1NA ,r% os \l ■VIANE ViDAL VI/AGNER Aic 0311 '1[20'; 1 pofKA3Ms.`',!:-.:1-'1)1\1; :AS, A ,,sir; ado dicptakneitc: cm 17! 11(2011 por 6 {AC1:) D».;`:,'FAS 11Y1Ott":SS0 crn 7 i1 1 ::23 11 pf.:f SUFI NO (;;;', 13
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Numero do processo: 13808.003670/2001-23
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jan 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Feb 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 1996
Ementa:
REGIMENTO INTERNO CARF - DECISÃO DEFINITIVA STF E STJ - ARTIGO 62-A DO ANEXO II DO RICARF
Segundo o artigo 62-A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C do Código de Processo Civil devem ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito deste Conselho.
DECADÊNCIA
O Superior Tribunal de Justiça, em julgamento de Recurso Representativo de Controvérsia, pacificou o entendimento segundo o qual para os casos em que se constata pagamento parcial do tributo ou declaração constitutiva de crédito tributário, deve-se aplicar o artigo 150, § 4º do Código Tributário Nacional; de outra parte, para os casos em que não se verifica o pagamento, deve ser aplicado o artigo 173, inciso I, também do Código Tributário Nacional.
COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL E BASE NEGATIVA NÃO CONFIGURA PAGAMENTO PARCIAL
A compensação de prejuízo fiscal e base negativa atua na formação do lucro real tributável, não se equiparando a pagamento parcial de imposto.
Numero da decisão: 9101-002.081
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade dos votos, em dar provimento parcial ao recurso da fazenda, nos termos do voto da relatora, para afastar a decadência, exceto para o mês de Fevereiro.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente
(ASSINADO DIGITALMENTE)
Karem Jureidini Dias Relatora
Participaram do julgamento os Conselheiros MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, KAREM JUREIDINI DIAS, LEONARDO DE ANDRADE COUTO (Conselheiro Convocado), ANTÔNIO CARLOS GUIDONI FILHO, RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).
Nome do relator: KAREM JUREIDINI DIAS
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DECADÊNCIA O Superior Tribunal de Justiça, em julgamento de Recurso Representativo de Controvérsia, pacificou o entendimento segundo o qual para os casos em que se constata pagamento parcial do tributo ou declaração constitutiva de crédito tributário, devese aplicar o artigo 150, § 4º do Código Tributário Nacional; de outra parte, para os casos em que não se verifica o pagamento, deve ser aplicado o artigo 173, inciso I, também do Código Tributário Nacional. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL E BASE NEGATIVA NÃO CONFIGURA PAGAMENTO PARCIAL A compensação de prejuízo fiscal e base negativa atua na formação do lucro real tributável, não se equiparando a pagamento parcial de imposto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 8. 00 36 70 /2 00 1- 23 Fl. 339DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13808.003670/200123 Acórdão n.º 9101002.081 CSRFT1 Fl. 3 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade dos votos, em dar provimento parcial ao recurso da fazenda, nos termos do voto da relatora, para afastar a decadência, exceto para o mês de Fevereiro. (ASSINADO DIGITALMENTE) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente (ASSINADO DIGITALMENTE) Karem Jureidini Dias – Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, KAREM JUREIDINI DIAS, LEONARDO DE ANDRADE COUTO (Conselheiro Convocado), ANTÔNIO CARLOS GUIDONI FILHO, RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente). Fl. 340DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13808.003670/200123 Acórdão n.º 9101002.081 CSRFT1 Fl. 4 3 Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional em face do acórdão de n° 180300.423, proferido pela 3ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que, deu provimento parcial ao Recurso Voluntário do Contribuinte e acolheu a preliminar de decadência para os fatos geradores ocorridos entre janeiro e junho de 1996. Originariamente, o processo versa sobre Auto de Infração (fls. 56/39), do qual o contribuinte foi cientificado em 17/07/2001 (conforme fls. 56), para exigência de CSLL, devido a compensação superior a 30% de base de cálculo negativa de CSLL nos períodos de janeiro a dezembro de 1996. O contribuinte impugnou o lançamento (fls. 101/112), argumentando, em síntese, que: (i) o direito do fisco de lançar os valores no auto de infração havia decaído, tendo em vista que o fato gerador do tributo ocorreu em 1996 e a ciência do auto de infração ocorreu dia 17/07/2001, e por se tratar de tributo sujeito ao lançamento por homologação, a regra aplicável seria a do art. 150, §4º do Código Tributário Nacional; e (ii) a limitação à compensação integral da base negativa de CSLL é inconstitucional. Em análise do recurso interposto pelo contribuinte, a DRJ entendeu, por unanimidade, julgar improcedente a Impugnação, em acórdão que restou ementado da seguinte forma (fls. 192/202): “CSLL. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. O direito de a Fazenda Pública vir a constituir o crédito tributário relativo a contribuição social (CSLL) perdura por dez anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato gerador. Exigência efetuada de maneira correta. CSLL. LIMITAÇÃO À COMPENSAÇÃO DE BASES DE CÁLCULO NEGATIVAS. INCONSTITUCIONALIDADE E/OU ILEGALIDADE. Descabe às instâncias administrativas, a apreciação de alegada inconstitucionalidade e/ou ilegalidade de Leis ou dispositivos legais, matéria essa de competência exclusiva do Poder Judiciário. Lançamento Procedente” O contribuinte, então, interpôs Recurso Voluntário (fls. 211/220) em que asseverou seus argumentos apresentados na Impugnação, alegando pela “(i) inconstitucionalidade da limitação ao percentual de 30% da compensação dos prejuízos fiscais do IRPJ e das bases negativas da CSLL; (ii) mais da metade dos créditos tributários lançados já se encontravam extintos pela decadência no momento do lançamento, nos termos do artigo 150, § 4o do CTN, dado que a Recorrente apurava o imposto de renda em período mensais, conforme atesta a DIRPJ/1997 (anexa ao processo administrativo)”. Sobreveio, então, o Acórdão nº 180300.423, que deu provimento parcial ao recurso do contribuinte, acatando a decadência. O acórdão restou assim ementado: Fl. 341DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13808.003670/200123 Acórdão n.º 9101002.081 CSRFT1 Fl. 5 4 “DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. Com a edição da súmula vinculante n° 8 pelo Supremo Tribunal Federal, o art. 45 da Lei n° 8.212/1991 não pode mais ser aplicado pela Administração Pública. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, aplicase o prazo de 5 (cinco) anos previsto no artigo 150, §4°, do CTN, ainda que não tenha havido pagamento antecipado. Homologase no caso a atividade, o procedimento realizado pelo sujeito passivo, consistente em verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo. SÚMULA CARFN0 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. SÚMULA CARFN03. Para a determinação da base de cálculo do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e da Contribuição Social sobre o Lucro, a partir do anocalendário de 1995, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido em, no máximo, trinta por cento, tanto em razão da compensação de prejuízo, como em razão da compensação da base de cálculo negativa.” Em face dessa decisão, a Procuradoria interpôs Recurso Especial (fls. 288/299) em que argumenta que, no presente caso, se aplica o dies a quo do art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, pois não houve pagamento antecipado e, consequentemente, não houve “atividade do contribuinte a homologar”. Assim, pela contagem do prazo decadencial deste dispositivo legal, o direito da Fiscalização de lançar o tributo não havia decaído. Em despacho às fls. 302/301, o r. recurso foi admitido. O contribuinte, cientificado do Acórdão e do Recurso Especial da Procuradoria no dia 08/02/2011 (fls.314 do processo digital) apresentou Contrarrazões às fls. 318 (do processo digital) no dia 22/02/2011, em que alegou que o acórdão recorrido entendeu ser “irrelevante o pagamento antecipado do tributo, na medida em que ‘o objeto da homologação não é o pagamento, mas a atividade de determinação e quantificação da obrigação tributária exercida pelo contribuinte, mediante a entrega das declarações exigidas pela lei’”. Asseverou, ainda, que a atividade relativa ao lançamento por homologação não se limita ao pagamento do tributo, tendo como objetivo também a identificação da matéria tributável, a quantificação da prestação tributária, a apresentação da declaração, dentre outros. O contribuinte alegou também que, mesmo que se considere o pagamento antecipado como requisito para a aplicação do art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional, devese considerar a compensação da base negativa como um pagamento, no âmbito da apuração do tributo, tendo em vista que a compensação foi informada na DCTF, como o Superior Tribunal de Justiça entendeu no REsp nº 898.459/AL e o entendimento exarado no Acórdão nº 110100.221, proferido pela 1ª Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção de Julgamento deste Conselho. É o relatório. Fl. 342DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13808.003670/200123 Acórdão n.º 9101002.081 CSRFT1 Fl. 6 5 Voto Conselheira Karem Jureidini Dias, Relatora O recurso é tempestivo e foi objeto de despacho de admissibilidade às fls. 302/303, estando clara a divergência jurisprudencial, pelo que dele conheço e passo a dispor. Quanto ao Recurso da Procuradoria, requerse a aplicação do no art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, alegando que se trata de tributo sujeito a homologação e não houve pagamento parcial do tributo. Já o contribuinte, em sede de Contrarrazões, argumenta que, conforme o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a aplicação da contagem do art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional, deve prevalecer, mesmo que sem pagamento parcial, visto que o entendimento do Tribunal foi no sentido que a “homologação” não é do pagamento, mas da atividade do contribuinte em lançar o tributo, o que não se limita ao pagamento do tributo, mas também envolve a declaração realizada em DIPJ. Subsidiariamente, o contribuinte alega que, se esta Turma não considerar que a declaração do crédito tributário em DIPJ é suficiente para a aplicação do dies a quo previsto no art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional, devese considerar a compensação da base de cálculo negativa, quando da apuração da CSLL, como pagamento, tendo em vista a sua declaração em DCTF. Importante mencionar que, tendo em vista a alteração do Regimento Interno desse Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, com o acréscimo do artigo 62A, no Anexo II, necessário se faz que este colegiado adote o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, quando a matéria tenha sido julgada por meio de Recurso Representativo de Controvérsia, nos termos do artigo 543B e 543C, do Código de Processo Civil. Eis a redação do artigo 62A do Anexo II do Ricarf: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No tocante ao prazo decadencial aplicável aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n° 973.733 – SC (2007/01769940), Sessão em 12 de agosto de 2009, relator o Ministro Luiz Fux, pacificou entendimento a ser adotado por aquele colegiado, em acórdão assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO Fl. 343DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13808.003670/200123 Acórdão n.º 9101002.081 CSRFT1 Fl. 7 6 ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, E 173, DO CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, inaludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (...) 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) Fl. 344DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13808.003670/200123 Acórdão n.º 9101002.081 CSRFT1 Fl. 8 7 Assim sendo, contrariamente ao posicionamento por mim sempre adotado, por força de previsão regimental do CARF, decido por acolher os critérios estipulados pelo Superior Tribunal de Justiça para aplicação de uma ou outra regra decadencial prevista no Código Tributário Nacional. Quanto ao pagamento parcial de tributo, cumpre ressaltar que ele se torna requisito para a aplicação do art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional se não houver declaração prévia do débito pelo sujeito passivo. Isto porque, segundo a própria ementa do Recurso Especial nº 973.733/SC, repetitivo do Superior Tribunal de Justiça, o prazo decadencial é sempre quinquenal, variando seu dies a quo. Aplicase o dies a quo previsto no art. 173, do Código Tributário Nacional, para os seguintes casos: (i) casos dos tributos não sujeitos ao lançamento por homologação; (ii) para os casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que se constatar dolo, fraude ou simulação; (iii) para os casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que não se constatar dolo fraude ou simulação e não houver declaração prévia constitutiva do débito, tampouco pagamento. Noutras palavras, de acordo com o teor do julgamento proferido no recurso repetitivo, proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, depreendese que será aplicável a regra do art. 150, § 4, do Código Tributário Nacional para efeito da contagem do dies a quo do prazo decadencial sempre que, cumulativamente: (i) tratarse de tributo sujeito ao lançamento por homologação; (ii) não houver acusação de dolo, fraude ou simulação (iii) houver declaração prévia do contribuinte e/ou pagamento parcial. Voltando ao presente caso, temos que não houve pagamento parcial, tampouco declaração em DCTF do tributo efetivamente devido ou quitação por compensação, já que a compensação de base negativa de CSLL não é a compensação, enquanto forma de quitação parcial, mas pertence à própria formação da base de cálculo do tributo devido. De fato, se de compensação de tributo se tratasse, para efeito de extinção do crédito tributário, então se estaria em situação equiparada a de pagamento parcial. Ocorre que a utilização de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa acumulados não se equipara a uma compensação de tributo, porquanto pertence à própria formação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, compondo, antes, a formação do lucro real tributável. Com efeito, a compensação a que se refere o art. 156, II, do Código Tributário Nacional, é, por exemplo, a compensação de saldo negativo de imposto, ou de imposto pago a maior, com tributo a pagar, não se assemelhando à utilização de prejuízo fiscal e base de calculo negativa, que simplesmente participam da formação do lucro real tributável. Verifico nos autos deste processo que, conforme DIRPJ às fls. 4/80, também não houve pagamento antecipado de estimativa no período em análise, janeiro a junho de 1996, exceto para o mês de fevereiro de 1996, em que houve pagamento de estimativa, conforme Ficha 11 da DIRPJ (às fls. 65). Dessa forma, como não há nos autos prova de que houve pagamento antecipado, representado pelo recolhimento de estimativas, a contagem de prazo decadencial deve ser realizada pelo art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Assim, para a CSLL referente ao período entre janeiro e junho de 1996, o direito do Fisco de lançar os créditos apenas estaria decaído a partir de 01/01/2002, tendo a ciência do Auto de Infração ocorrido em 17/07/2001, não há que se falar em decadência. Fl. 345DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13808.003670/200123 Acórdão n.º 9101002.081 CSRFT1 Fl. 9 8 Ante o exposto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, para afastar a decadência, exceto para o mês de fevereiro de 1996, tendo em vista que não estava decaído o direito do Fisco de lançar os tributos referentes ao período de janeiro e março a junho de 1996. Sala das Sessões, em 20/01/2015. (ASSINADO DIGITALMENTE) Karem Jureidini Dias Fl. 346DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10980.016269/2007-50
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002, 2003
FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. MULTA ISOLADA.
A falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e CSLL por contribuinte optante pela tributação com base no lucro real anual, enseja a aplicação da multa isolada, independentemente do resultado apurado pela empresa no período.
MULTA ISOLADA. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO APÓS O ENCERRAMENTO DO ANO-CALENDÁRIO.
Não há dúvida quanto à possibilidade de aplicação da multa isolada após o fim do ano-calendário a que corresponde a estimativa faltante. O texto da lei diz que a pessoa jurídica que deixar de recolher estimativa fica sujeita à multa isolada ainda que tenha sido apurado prejuízo .... e não ainda que venha a ser apurado prejuízo..., numa clara indicação de que a multa deve ser aplicada mesmo com o período já encerrado, e não apenas no ano em curso.
REVOGAÇÃO DE NORMA LEGAL. INOCORRÊNCIA.
A Lei nº 11.488/2007 não implicou em qualquer revogação da norma que prevê a aplicação de multa isolada para o caso de falta ou insuficiência de recolhimento de estimativa mensal. Houve apenas uma nova disposição do texto normativo, que não se confunde com a norma que dele se extrai. A referida norma legal, antes prevista no art. 44, § 1º, IV, da Lei 9.430/1996, apenas passou a constar do art. 44, II, b, da mesma lei, com um percentual menor do que o anteriormente previsto (50% e não mais 75%).
CSLL. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. MULTA ISOLADA.
Em relação à multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais, devem ser aplicados à CSLL os mesmos fundamentos adotados para o IRPJ.
Numero da decisão: 9101-003.869
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa e Luis Flávio Neto, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo Relator e Presidente em exercício.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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MULTA ISOLADA. A falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e CSLL por contribuinte optante pela tributação com base no lucro real anual, enseja a aplicação da multa isolada, independentemente do resultado apurado pela empresa no período. MULTA ISOLADA. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO APÓS O ENCERRAMENTO DO ANOCALENDÁRIO. Não há dúvida quanto à possibilidade de aplicação da multa isolada após o fim do anocalendário a que corresponde a estimativa faltante. O texto da lei diz que a pessoa jurídica que deixar de recolher estimativa fica sujeita à multa isolada “ainda que tenha sido apurado prejuízo ....” e não “ainda que venha a ser apurado prejuízo...”, numa clara indicação de que a multa deve ser aplicada mesmo com o período já encerrado, e não apenas no ano em curso. REVOGAÇÃO DE NORMA LEGAL. INOCORRÊNCIA. A Lei nº 11.488/2007 não implicou em qualquer revogação da norma que prevê a aplicação de multa isolada para o caso de falta ou insuficiência de recolhimento de estimativa mensal. Houve apenas uma nova disposição do texto normativo, que não se confunde com a norma que dele se extrai. A referida norma legal, antes prevista no art. 44, § 1º, IV, da Lei 9.430/1996, apenas passou a constar do art. 44, II, “b”, da mesma lei, com um percentual menor do que o anteriormente previsto (50% e não mais 75%). CSLL. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. MULTA ISOLADA. Em relação à multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais, devem ser aplicados à CSLL os mesmos fundamentos adotados para o IRPJ. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 01 62 69 /2 00 7- 50 Fl. 371DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 3 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa e Luis Flávio Neto, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo – Relator e Presidente em exercício. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte acima identificada, fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em que se alega divergência de interpretação da legislação tributária quanto à manutenção do lançamento de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e CSLL. A recorrente insurgese contra o Acórdão nº 180100.722, de 17/10/2011, por meio do qual a 1ª Turma Especial da 1ª Seção de Julgamento do CARF decidiu, por unanimidade de votos, manter a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e CSLL nos anoscalendário de 2002 e 2003. O acórdão recorrido contém a ementa e a parte dispositiva descritas abaixo: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2002, 2003 COMPENSAÇÃO CONTÁBIL. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. A partir de 01/10/2002, a sistemática para a compensação de tributos alterou, ainda que de mesma espécie, só sendo possível mediante a apresentação de Declaração de Compensação, não sendo mais admitida a compensação efetuada somente na forma contábil. MULTA DE OFÍCIO. ESTIMATIVAS NÃO RECOLHIDAS. PENALIDADE. O contribuinte que opta mas não cumpre a obrigação de antecipar os recolhimentos de tributos apurados em bases de cálculos estimadas, como impõe a norma tributária, sujeitase à aplicação de penalidade consoante norma tributária vigente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 372DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 4 3 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora. No recurso especial, a contribuinte afirma que o acórdão recorrido deu à legislação tributária interpretação divergente da que foi dada em outros processos, relativamente à matéria acima mencionada. Para o processamento do recurso, ela desenvolve os seguintes argumentos: DO CABIMENTO DO PRESENTE RECURSO ESPECIAL. DOS ACÓRDÃOS PARADIGMAS. para demonstrar a divergência das decisões, apresentase o Acórdão Paradigma n.° 910100.430, exarado 03 de novembro de 2009, pela egrégia Câmara Superior de Recursos Fiscais deste Conselho (doc. 01), no Processo Administrativo Fiscal n,° 11453.004296/200459 (inteiro teor extraído do sítio do CARF) cuja ementa foi assim lavrada: Assunto: Imposto sobe a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 1999, 2000 Ementa: IRPJ. RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA. Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativa no curso do período de apuração e de ofício pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. A infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. Pelo critério da consunção, a primeira conduta é meio de execução da segunda. O bem jurídico mais importante é sem dúvida a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do ano calendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação. Recurso Especial do Procurador Negado. no caso paradigma apresentado, havia a exigência de multa de ofício isolada aplicada em função de estimativas não recolhidas, em função da concomitância com a incidência de multa de ofício cobradas juntamente com o tributo apurado no procedimento; a Fazenda Nacional, autora do Recurso Especial, sustentava a legalidade da exigência das duas multas de ofício, pois, no seu entendimento, envolveriam infrações e bases de cálculo distintas; assim como no caso da Recorrente, a exigência fiscal do recurso paradigma também trata da aplicação da multa isolada em razão do descumprimento do recolhimento por estimativa mensal do IRPJ e da multa incidente juntamente com o tributo devido pela apuração final do exercício; da forma como foi efetuado o lançamento, a Recorrente foi duplamente penalizada, a uma porque foi exigida a aplicação de multa isolada pela falta de recolhimento do IRPJ e da CSSL por estimativa mensal, e a duas porque foi exigida a multa de ofício em razão Fl. 373DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 5 4 da suposta falta de recolhimento do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da CSSL apurados em 31.12.2002; no referido acórdão, a Colenda Câmara Superior decidiu pela improcedência do feito fiscal, considerando incabível a aplicação concomitante da multa isolada e da multa por falta de recolhimento do tributo apurado no balanço; conforme se extrai da leitura do voto da ilustre relator, tal decisão fundamentouse no entendimento de que não se justificaria a aplicação da multa após o encerramento do período de apuração, quando já teriam sido realizados os devidos ajustes. Nesse caso, bastaria a cobrança do imposto apurado no juste, acompanhado, aí sim, da respectiva multa; e continua o nobre relator: "o que não pode ser acatado, na visão do CARF, é a cobrança de multa sobre duas bases implicando na duplicidade de punição. Foi exatamente o que ocorreu no presente caso. A Fiscalização formalizou a exigência do IRPJ apurado no ajuste do anocalendário de 2000, imputando corretamente multa de ofício e juros de mora sobre esse valor. Aqui, não há mácula a ser imputada ao procedimento fiscal. Entretanto, o Fisco exige também a multa de ofício isolada sobre as estimativas que não foram recolhidas. Admitindose tal prática, estarseia admitindo que, sobre o imposto apurado de ofício, se aplicassem duas punições, atingindo valores superiores ao das penalidades cominadas para faltas qualificadas. Tal penalidade seria desproporcional ao proveito obtido com a falta"; o entendimento acima se contrapõe ao voto do Acórdão recorrido de fls. 9: "Equivocase a recorrente ao afirmar justamente o contrário, que no decorrer do anocalendário é devida a multa ora aplicada. Não, durante o anocalendário, constado que a contribuinte não recolheu as estimativas cabe somente exigir os valores dos tributos estimados. Encerrado o anocalendário só se pode exigir a multa pelo não recolhimento efetuado a tempo próprio, e não mais o tributo, cujo valor final é apurado no ajuste anual"; na mesma linha do Acórdão paradigma e contrária à tese esposada pela d. Relatora, é a jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme se verifica pela ementa do Acórdão 91.01.00.375 1ª Turma (Doc. 2): Assunto: Multa Isolada Exercício: 2001 Ementa: IRPJ. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA. Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativa no curso do período de apuração e de ofício pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. RETROATIVIDADE BENIGNA. O CTN consagra o princípio da aplicação retroativa da lei posterior mais benéfica às penalidades art. 106, inciso II, "a" do CTN. ao tratar do artigo 106 do CTN, assim se manifestou o relator: "Não fossem os argumentos acima que por si só já são suficientes, no meu entendimento, para afastar a presente exigência, é de se observar que o dispositivo legal que lhe dava supedâneo inciso IV, § 1° do art. 44 da Lei nº 9.430/96, restou revogado pelo art. 14 da Lei n° 11.488/2007, Fl. 374DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 6 5 apagando, portanto, os efeitos do ato que antes era considerado ilícito, em respeito ao princípio da aplicação retroativa da lei posterior mais benéfica às penalidades tributárias, ex vi do disposto no art. 106, do CTN"; resta cristalino que na situação paradigma foi dada uma interpretação diversa para exigência da multa isolada por falta de recolhimento de estimativa após apurado o tributo efetivamente devido ao final do ano calendário; portanto, em situações idênticas e prequestionada no presente processo, conforme se verifica da Impugnação e do Recurso Voluntário que o instruem, o ordenamento jurídico tributário foi aplicado de maneira diversa, uma vez que, no acórdão recorrido, data vênia, houve uma interpretação equivocada que feriu frontalmente princípios basilares do ordenamento pátrio. Desta forma, cabível o presente Recurso Especial; DA IMPOSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA DE MULTA ISOLADA APÓS ENCERRADO O EXERCÍCIO FISCAL. o Acórdão da DRJ, em que pese tenha afastada a exigência do IRPJ e da CSLL dos exercícios 2003 e 2004, manteve a exigência de multa isolada pela suposta falta de recolhimentos em alguns meses desses exercícios em face de compensações efetuadas pela Recorrente no tocante ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido apurados pelo regime de estimativa; assim, a Recorrente efetuou a compensação de valores relativos ao Imposto de Renda e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, recolhidos a maior em exercícios anteriores constante da DIPJ anocalendário 2001 (vide planilha doc. 4 da Impugnação) com o débito desses tributos nos meses de agosto, outubro (somente para a CSLL) e novembro de 2002; da mesma forma, exigese multa isolada relativo ao mês de agosto 2003, em face da compensação de imposto de renda na fonte pago a maior, no valor de R$ 6.000,00, decorrentes de juros sobre o capital próprio em contrapartida com o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, não considerada pela Fiscalização; nesses dois casos, a Recorrente deixou de informar na DCTF Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais, o valor do débito total e o valor do crédito utilizado para fins da compensação, por entender desnecessária tal informação, uma vez que os dois valores tanto do débito como crédito se equivalem; no anocalendário 2002, os débitos do IRPJ devido nos meses de agosto e novembro foram compensados com o Imposto de Renda pago a maior do ano calendário 2001; da mesma forma, a CSLL devida nos meses de agosto, outubro e novembro de 2002 foi compensada com a CSLL paga a maior no ano calendário 2001; em relação ao ano calendário 2003, o IRPJ foi compensado parcialmente, no valor de R$ 6.000,00, com o pagamento indevido do Imposto de Renda na Fonte Juros sobre o Capital Próprio; Fl. 375DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 7 6 ainda que fosse exigível a cobrança de multa em razão da falta de informação na DCTF, o enquadramento correto seria a multa prevista §1º do art. 6º da Instrução Normativa 126/98, in verbis: Art. 6° A falta de entrega da DCTF ou a sua entrega após os prazos referidos no art. 2°, sujeitará a pessoa jurídica ao pagamento da multa correspondente a cinqüenta e sete reais e trinta e quatro centavos, por mês calendário ou fração de atraso, tendo como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para a entrega da declaração e como termo final da data da efetiva entrega (Decretolei n° 1968, de 1982, art. 11, parágrafos 2° e 3°, com as modificações do Decretolei n° 2065, de 1983, art. 10; Lei n° 8383, de 1991, art. 3º, inciso I; da Lei n° 9249, de 1995, art. 30). Parágrafo 1º Para cada grupo ou fração de cinco informações inexatas, incompletas ou omitidas, apuradas na DCTF, será cobrada multa de cinco reais e setenta e três centavos. ainda que vencido os argumentos acima, eventual exigência de multa isolada só seria cabível antes de encerrado os exercícios 2002 e 2003, na situação da exigência após apurados os tributos no fechamento do ano calendário não há que se falar em multa isolada por falta do tributo devido por antecipação; esse também tem sido o posicionamento deste E. Conselho, conforme se verifica pelos seguintes julgados: ACÓRDÃO CSRF/0105.327 IRPJ Ex: 1998 IRPJ RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA MULTA ISOLADA LANÇAMENTO DEPOIS DE ENCERRADO O ANO CALENDÁRIO Encerrado o período anula de apuração do imposto de renda, a exigência de recolhimento por estimativa deixa de ter eficácia, uma vez que prevalece a exigência do imposto efetivamente devido, apurado com base no lucro real, em declaração de rendimentos apresentada tempestivamente, revelandose improcedente a cominação de multa sobre eventuais diferenças se o imposto recolhido antecipadamente superou o efetivamente devido. Grifouse. Recurso especial negado. [...] DO PEDIDO em face de todo exposto, e comprovado de forma cabal a existência de divergência de interpretação das normas tributárias entre Câmaras deste Egrégio Conselho de Administrativo de Recursos Fiscais, conforme analiticamente demonstrado, REQUERSE que o presente Recurso Especial seja conhecido e provido para fins de que seja reformado o Acórdão guerreado, de sorte a considerar totalmente improcedente as exigências das multas isoladas presentes na medida fiscal. Fl. 376DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 8 7 Quando do exame de admissibilidade do recurso especial da contribuinte, o Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do Despacho nº 13/2014, exarado em 14/02/2014, deu seguimento ao recurso, fundamentando sua decisão na seguinte análise sobre a divergência suscitada: [...] A recorrente argumenta, em síntese, que a jurisprudência administrativa diverge do acórdão recorrido por entender que após o encerramento do exercício não cabe a exigência de multa isolada concomitante com a multa de ofício aplicada. Indica como paradigmas: o Acórdão nº 910100.430, proferido em sessão de 03/11/2009 e o Acórdão nº 910100.375, proferido em 01/10/2009, ambos pela 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais –CSRF. [...] Tratase da mesma matéria analisada nos acórdãos paradigmas e no acórdão recorrido, com conclusões distintas. A conclusão dos acórdãos paradigmas é a de que após o encerramento do exercício não cabe a exigência de multa isolada se o sujeito passivo apura base de cálculo negativa ao final do exercício ou o imposto apurado ao final do exercício é inferior às estimativas apuradas. O acórdão recorrido, por seu turno, traz entendimento que é cabível a aplicação das multas isoladas, independente do resultado apurado ao final do exercício, pois estas têm natureza diversa da multa de ofício aplicada em face da insuficiência de recolhimentos do imposto apurado anualmente pelo lucro real. Assim, entendo estar presente a divergência jurisprudencial apontada pela recorrente. Em 07/04/2014, o processo foi encaminhado à PGFN, para ciência do despacho que deu seguimento ao recurso especial da contribuinte, e em 11/04/2014, o referido órgão apresentou tempestivamente as contrarrazões ao recurso, com os seguintes argumentos: DAS RAZÕES QUE JUSTIFICAM A MANUTENÇÃO DO V. ACÓRDÃO RECORRIDO. nos autos de infração que compõem o presente processo, também houve o lançamento das multas isoladas pertinentes à falta de recolhimento das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL nos períodos especificados; argumentou a contribuinte que efetuou as compensações conforme planilha anexa (fls. 227/228), tendo deixado de informar em DCTF o valor do débito total e o valor do crédito utilizado para fins de compensação, por entender desnecessária tal informação, uma vez que os dois valores se equivaliam. Em seguida, apontou os supostos créditos por ele utilizados; no tocante ao assunto em pauta, cumpre salientar que a compensação encontra previsão nas disposições do art. 156, III e art. 170 do CTN, como modalidade de extinção do crédito tributário: [...]; Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 9 8 com a edição da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, foi autorizada a compensação entre quaisquer débitos e créditos administrados pela SRF, ainda que de espécies distintas ou destinação constitucional diversa; esta lei foi regulamentada pelo Decreto nº 2.138, de 29 de janeiro de 1997; a matéria foi regulada pela Instrução Normativa SRF nº 21, de 10 de março de 1997. No § 3º do art. 12, foi estabelecido que a compensação a requerimento, formalizada no "Pedido de Compensação", poderia ser efetuada inclusive com débitos vincendos, desde que não existisse débitos vencidos, ainda que objeto de parcelamento, de obrigação do contribuinte; por sua vez, o seu art. 14 estipulava que os créditos decorrentes de pagamento indevido, ou a maior que o devido, de tributos e contribuições da mesma espécie e destinação constitucional, inclusive quando resultantes de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, poderiam ser utilizados, mediante compensação, para pagamento de débitos da própria pessoa jurídica, correspondentes a períodos subsequentes, desde que não apurados em procedimento de ofício, independentemente de requerimento. Nesse caso, evidentemente, que a escrituração do contribuinte deveria retratar as compensações levadas a efeitos nessas condições, ganhando relevância maior as DCTF, nas quais deveriam ser informadas as compensações realizadas; com o advento da Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, em seu art. 49, que deu nova redação ao art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, as compensações ficaram condicionadas à entrega pelo sujeito passivo de Declaração de Compensação (DComp). Essa norma entrou em vigor a partir de 1º de outubro de 2002 e a citada MP foi convertida posteriormente na Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, passando o assunto a ser regulado ainda na IN SRF nº 210, de 30 de setembro de 2002; nesse sentido, notese que, assim como para proceder à constituição do crédito tributário, a fiscalização deve observar os ritos legais pertinentes, notadamente os previstos no Decreto nº 70.235, de 1972, e o prazo decadencial, sob pena de ser imputado nulo ou improcedente o lançamento, também em relação a eventuais indébitos tributários devem ser observadas as normas vigentes e procedimentos específicos quanto à formalização da compensação e atenção aos prazos prescricionais do direito creditório; em relação ao lançamento em questão, para os fatos geradores ocorridos até outubro de 2002, deveria ter sido apresentado o Pedido de Compensação ou comprovados os registros contábeis das compensações, para o caso de tributos e contribuições da mesma espécie e destinação constitucional. No tocante aos fatos geradores ocorridos a partir de outubro de 2002, a compensação somente estaria legitimada mediante a apresentação da DComp; na sua defesa, a contribuinte apresentou tão somente as planilhas de fls. 227/228, nas quais procura demonstrar a existência de créditos compensáveis, entretanto esses documentos são insuficientes para as comprovações legais necessárias, conforme acima explicitado; na situação dos autos, portanto, ficou constatada a infringência das normas pertinentes às compensações das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL nos períodos especificados, legitimando a exigência das multas isoladas, no percentual de 50%, uma vez caracterizada a falta de recolhimento dessas estimativas, nos termos estabelecidos no art. 44, §1º, inciso IV, da Lei nº 9.430, de 1996, alterado pelo art. 14 da Medida Provisória nº 351, de Fl. 378DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 10 9 22 de janeiro de 2007, c/c o art. 106, inciso II, alínea ‘c’ do CTN, consoante consignado nos autos de infração correspondentes. DO PEDIDO. diante do exposto, a União (Fazenda Nacional) requer sejam REJEITADOS os argumentos trazidos no Recurso Especial da contribuinte, mantendose o teor do v. acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 379DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 11 10 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. Conheço do recurso, pois este preenche os requisitos de admissibilidade. O presente processo tem por objeto lançamento para constituição de crédito tributário a título de IRPJ e CSLL no anocalendário de 2002 (lucro real anual), e também para exigência de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais desses tributos nos anoscalendário de 2002 e 2003. O lançamento de IRPJ se deu em razão da falta de recolhimento/confissão de uma parte do imposto apurado em DIPJ. O auto de infração apresenta as seguintes informações sobre esse item: Conforme Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica do anocalendário de 2002 DIPJ 2003, a empresa apurou, naquele anocalendário, imposto no valor de R$741.448,80. A empresa possuía saldo de IRPJ a compensar de anos anteriores no valor de R$234.596,19 (razão fls.), e IRRF a compensar no valor de R$114.677,77 (razão fls.), efetuou recolhimentos relativo a estimativa no valor de R$168.132,92, restando portanto um saldo a pagar no valor de R$252.569,33. A Fiscalização constatou também a falta/insuficiência de recolhimento/ confissão de débitos de estimativas mensais de IRPJ relativamente aos meses de agosto e novembro de 2002, e agosto de 2003. Isso motivou o lançamento da multa isolada prevista no art. 44, §1°, inciso IV, da Lei n° 9.430/96, reduzida para 50% em razão do art. 14 da Medida Provisória n ° 351/07 c/c art. 106, inciso II, alínea "c" da Lei n° 5.172/66. A Fiscalização registra que a contribuinte procurou demonstrar que tinha quitado essas estimativas faltantes por meio de compensação, mas a justificativa não foi aceita. Em relação à CSLL, o lançamento seguiu o mesmo padrão. Quanto à falta de recolhimento/confissão de uma parte da contribuição apurada em DIPJ, consta a seguinte informação no auto de infração: Conforme Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica do anocalendário de 2002 DIPJ 2003, a empresa apurou, naquele anocalendário, contribuição no valor de R$275.159,81. A empresa possuía saldo de CSLL a compensar de anos anteriores no valor de R$108.990,71 e efetuou recolhimentos relativo a estimativa no valor de R$75.364,67, restando portanto um saldo a pagar no valor de R$90.804,43. A multa isolada por falta de recolhimento/confissão de estimativas de CSLL foi aplicada em relação aos meses de agosto, outubro e novembro de 2002. A contribuinte Fl. 380DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 12 11 também procurou demonstrar que tinha quitado essas estimativas faltantes por meio de compensação, mas a justificativa não foi aceita pela Fiscalização. A decisão de primeira instância cancelou a exigência de IRPJ e CSLL, porque restou comprovado que a contribuinte mantinha a escrituração do Lalur em conformidade com a legislação fiscal, contendo o registro de exclusões e compensações de prejuízos fiscais de períodos anteriores que quitavam completamente o tributo no ajuste, sem remanescer saldo em aberto. Mas foi mantida a exigência da multa isolada por falta/insuficiência de recolhimento de estimativas mensais. Seguindo esse mesmo passo, a decisão de segunda instância administrativa (acórdão ora recorrido) também manteve a exigência da multa isolada. E é exatamente esse o objeto do recurso especial da contribuinte. É importante registrar que o recurso especial não traz paradigma para comprovar divergência sobre a quitação das estimativas, mediante compensação. O que a contribuinte questiona como objeto de divergência jurisprudencial é a aplicação da multa isolada em si, porque, segundo ela: seria incabível a aplicação concomitante da multa isolada e da multa por falta de recolhimento do tributo apurado no balanço; o dispositivo legal que dava supedâneo à multa aplicada (inciso IV, § 1° do art. 44 da Lei nº 9.430/96) teria sido revogado pelo art. 14 da Lei n° 11.488/2007; e não seria possível exigir a multa isolada após encerrado o exercício fiscal. Entretanto, também cabe esclarecer que o caso não é de concomitância de multas. Para o anocalendário de 2003, nem mesmo houve lançamento de IRPJ no ajuste. Apenas houve lançamento da multa isolada por falta/insuficiência de recolhimento da estimativa de IRPJ referente ao mês de agosto de 2003. E para o anocalendário de 2002, embora tenha havido lançamento de IRPJ e CSLL referentes ao ajuste anual, o contexto da decisão de primeira instância administrativa evidencia que a situação não é de concomitância de multas. Conforme já mencionado, a decisão de primeira instância cancelou as exigências de IRPJ e CSLL, porque as compensações de prejuízos fiscais, registradas no Lalur (efls. 100/126), comprovaram que não havia saldo de débito em aberto no ajuste anual. Essa decisão inclusive acatou as informações constantes da DIPJ retificadora para o anocalendário de 2002 (efls. 177/225), transmitida no curso da ação fiscal, porque essa nova declaração apenas visava ajustar suas informações à escrituração do Lalur. Ocorre que, mesmo após o registro das compensações de prejuízos fiscais (e de bases negativas de CSLL), a DIPJ retificadora continuou apontando saldo devedor para as estimativas faltantes de IRPJ nos meses de agosto e novembro de 2002, e de CSLL nos meses de agosto, outubro e novembro de 2002. Ou seja, as compensações de prejuízos fiscais e de base negativa de CSLL que serviram para cancelar os tributos no ajuste, não tiveram o mesmo efeito em relação às Fl. 381DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 13 12 estimativas mensais. Por isso, a multa isolada em relação às estimativas faltantes continuou sendo exigida. O caso, portanto, não é de concomitância de multas, e nem de aplicação da Súmula CARF nº 105, porque não se está exigindo nenhum tributo no ajuste anual (com multa de ofício). O débito que a Fiscalização apurou em relação ao ajuste anual (e que já foi cancelado) decorreu do fato de a contribuinte não ter registrado na DIPJ a compensação de prejuízos fiscais e de bases negativas da CSLL, enquanto que a falta das estimativas (que motivou a aplicação da multa isolada) estava relacionada ao fato de a contribuinte ter pretendido quitar essas estimativas mediante compensação, mas sem observar os procedimentos legais para tanto. Essa questão poderia comprometer, inclusive, a própria admissibilidade do recurso, porque o primeiro paradigma apresentado (Acórdão nº 910100.430) aborda exclusivamente a questão da concomitância de multas. O conhecimento do presente recurso especial só é possível em razão do segundo paradigma (Acórdão nº 910100.375), porque essa decisão vai além da questão da concomitância, defendendo o entendimento de que a multa isolada só pode ser exigida durante o anocalendário em curso, e também que o dispositivo legal que dava supedâneo à multa aplicada (inciso IV, § 1° do art. 44 da Lei nº 9.430/96) teria sido revogado pelo art. 14 da Lei n° 11.488/2007. Diferentemente das questões relativas à concomitância, esses argumentos podem sim ser confrontados com a situação do acórdão recorrido, e é nessa perspectiva que se toma conhecimento do recurso especial. Em primeiro lugar, não procede o argumento no sentido de que a multa isolada prevista no art. 44, § 1º, IV, da Lei 9.430/1996 teria sido revogada em razão das alterações promovidas pela Lei nº 11.488/2007. Com efeito, não houve qualquer revogação da norma que prevê a aplicação de multa isolada para o caso de falta ou insuficiência de recolhimento de estimativa mensal. Houve apenas uma nova disposição do texto normativo, que não se confunde com a norma que dele se extrai. A referida norma legal, antes prevista no art. 44, § 1º, IV, da Lei 9.430/1996, apenas passou a constar do art. 44, II, “b”, da mesma lei, com um percentual menor do que o anteriormente previsto (50% e não mais 75%). Também não há nenhuma dúvida quanto à possibilidade de aplicação da multa isolada após o fim do anocalendário a que corresponde a estimativa faltante. O texto da lei diz que a pessoa jurídica que deixar de recolher estimativa fica sujeita à multa isolada “ainda que tenha sido apurado prejuízo ....” e não “ainda que venha a ser apurado prejuízo...”, numa clara indicação de que a multa deve ser aplicada mesmo com o período já encerrado, e não apenas no ano em curso. Fl. 382DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 14 13 Cabe ainda registrar que essa alegação de que a multa isolada só pode ser aplicada no curso do próprio anocalendário sempre está relacionada ao argumento de que com o encerramento do anocalendário desaparece a base imponível da referida penalidade (as próprias estimativas); e de que a exigência de recolhimentos por estimativa deixa de ter sua eficácia, uma vez que prevalece a exigência do tributo efetivamente devido, conforme a apuração no ajuste anual. Em síntese, esse tipo de argumentação é no sentido de que se não há tributo a ser exigido no ajuste, também não há razão para exigir estimativas mensais, e nem para aplicar multa isolada pela falta de seu recolhimento. Quanto aos presentes autos, já se esclareceu que não há débito a ser exigido em relação ao ajuste anual. Esta 1ª Turma da CSRF já examinou esse tipo de situação, quando exarou o Acórdão nº 9101002.604, na sessão realizada em 15/03/2017. Aquele julgado também analisou exigência de multa isolada relativamente a períodos anteriores a 2007, em que não houve a aplicação concomitante das multas isolada e de ofício. E tratou de anoscalendário em que o contribuinte ou não tinha apurado tributo a pagar no final do ano, ou tinha apurado prejuízo fiscal, ou tinha apurado tributo no ajuste em valor inferior ao montante das estimativas que seriam devidas ao longo do ano. Vale transcrever trechos do voto do Conselheiro André Mendes de Moura que orientou a referida decisão, e também declaração de voto por mim apresentada naquela ocasião: Acórdão nº 9101002.604 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1997, 1999, 2000, 2001 APLICABILIDADE DE SÚMULAS. IDENTIDADE ENTRE FATOS. A aplicação de entendimento sumular só pode se consumar caso os fatos da autuação fiscal guardem similitude com os fatos dos acórdãos paradigmas. Diante de suportes fáticos diferentes, não há que se falar em aplicação de súmula. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA MENSAL. MULTA ISOLADA. BASE DE CÁLCULO. PRAZO. A sanção imposta pelo descumprimento da apuração e pagamento da estimativa mensal do lucro real anual é a aplicação de multa isolada incidente sobre percentual do imposto que deveria ter sido antecipado. O lançamento, sendo de ofício, submetese a limitador temporal estabelecido por regra decadencial do art. 173, inciso I do CTN, não havendo óbice que se seja efetuado após encerramento do anocalendário. [...] Fl. 383DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 15 14 Voto Conselheiro André Mendes de Moura [...] Mérito. A matéria devolvida trata da multa isolada por falta de recolhimento de estimativa mensal, no decorrer dos anoscalendário de 1997, 1999, 2000 e 2001, conforme relato da autoridade fiscal (efls. 57/58): [...] A multa isolada, após ter sido mantida na decisão de primeira instância, foi mantida parcialmente pela decisão recorrida. Para os anos calendário de 1997, foi afastada integralmente, porque não se apurou tributo a pagar ao final do anocalendário. Para o anocalendário de 1999, também foi afastada a autuação porque se apurou prejuízo fiscal em 31 de dezembro. Para os anoscalendário de 2000 e 2001, a decisão recorrida manteve a autuação fiscal até o limite apurado de IRPJ a pagar, pautando se nas seguintes conclusões (efls. 3223/3225): [...] Tomandose por base todo o exposto até o momento, entendo que não há reparos a fazer na autuação fiscal, sendo necessário apenas tecer considerações complementares. O lucro real é um dos regimes de tributação existentes no sistema tributário, atualmente regido pela Lei nº 9.430, de 1996, aplicado a partir do anocalendário de 1997: Capítulo I IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA Seção I Apuração da Base de Cálculo Período de Apuração Trimestral Art. 1º A partir do anocalendário de 1997, o imposto de renda das pessoas jurídicas será determinado com base no lucro real, presumido, ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada anocalendário, observada a legislação vigente, com as alterações desta Lei. (grifei) No lucro real, podese optar pelo regime de apuração trimestral ou anual. Vale reforçar que é uma opção do contribuinte aderir ao regime anual ou trimestral. E, no caso do regime anual, a lei é expressa ao dispor sobre a apuração de estimativas mensais. Transcrevo redação vigente à época dos fatos geradores objeto da autuação: Fl. 384DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 16 15 Lei nº 9.430, de 1996 Art. 2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. ................................................................................ Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 Art. 35. A pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto devido em cada mês, desde que demonstre, através de balanços ou balancetes mensais, que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto, inclusive adicional, calculado com base no lucro real do período em curso. § 1º Os balanços ou balancetes de que trata este artigo: a) deverão ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no livro Diário; b) somente produzirão efeitos para determinação da parcela do Imposto de Renda e da contribuição social sobre o lucro devidos no decorrer do anocalendário. § 2º Estão dispensadas do pagamento de que tratam os arts. 28 e 29 as pessoas jurídicas que, através de balanço ou balancetes mensais, demonstrem a existência de prejuízos fiscais apurados a partir do mês de janeiro do anocalendário. Observase, portanto, com base em lei, a obrigatoriedade de a contribuinte optante pelo regime de lucro real anual, apurar, mensalmente, imposto devido, a partir de base de cálculo estimada com base na receita bruta, ou por balanço ou balancete mensal, esta que, inclusive, prevê a suspensão ou redução do pagamento do imposto na hipótese em que o valor acumulado já pago excede o valor de imposto apurado ao final do mês. Contudo, a hipótese de não pagamento de estimativa deve atender aos comandos legais, no sentido de que os balanços ou balancetes deverão ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no livro Diário. Tratase de obrigação imposta ao contribuinte que optar pelo regime do lucro real anual. E o legislador, com o objetivo de tutelar a conduta legal, dispôs penalidade para o seu descumprimento. No caso, a prevista no art. 44 da mesma Lei nº 9.430, de 1996 (redação à época dos fatos geradores): Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: Fl. 385DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 17 16 I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: (...) IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente; Registrese que o percentual da multa isolada sobre estimativa mensal não recolhida, foi alterado de 75% para 50%, com base na Lei nº 11.488, de 2007. A sanção imposta pelo sistema é claríssima: caso descumprido o pagamento da estimativa mensal, cabe imputação de multa isolada, sobre a totalidade (caso em que não se pagou nada a título de estimativa mensal) ou diferença entre o valor que deveria ter sido pago e o efetivamente pago, apurado a cada mês do anocalendário. A sanção tem base legal. A sanção expressamente dispõe que é cabível ainda que a pessoa jurídica tenha apurado prejuízo fiscal. E se trata de multa, gênero, isolada, espécie, a ser lançada de ofício e cujo prazo decadencial é regido pelo art. 173, inciso I do CTN. Pode sim ser efetuado lançamento após o anocalendário, naturalmente dentro do período não atingido pela decadência. Nesse contexto, não obstante as substanciosas argumentações da decisão recorrida, entendo que, no caso concreto, não há base legal para se afastar a multa isolada para o anocalendário de 1997 porque a contribuinte, ao final do anocalendário, não apurou lucro, e para o anocalendário de 1999 porque a contribuinte não apurou tributo a pagar. Tampouco carece de base legal limitar a aplicação de multa isolada ao valor de imposto apurado ao final do anocalendário, como ocorreu para os anoscalendário de 2000 e 2001. Consumarseia situação de exceção, e um prêmio para as pessoas jurídicas que descumprissem deliberadamente a lei tributária. Por qual razão a pessoa jurídica que descumpre conduta prevista em lei deve receber tratamento diferente (e vantajoso) daquela que cumpriu com suas obrigações, apurou mensalmente a estimativa mensal a pagar e efetuou os recolhimentos? Fl. 386DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 18 17 Como acolher conduta de contribuinte que ignorou a legislação tributária vigente, e se considerou apto a receber um tratamento especial, diferente das demais pessoas jurídicas que cumpriram com suas obrigações? Não se trata de legalidade por legalidade. O sistema jurídicotributário deve ser respeitado, assim como os contribuintes que seguem suas determinações. Não se deve fomentar lacunas para se ignorar a lógica do sistema, para conceder tratamentos vantajosos para condutas lesivas, em afronta à proporcionalidade e razoabilidade. Correto, portanto, o procedimento adotado pela autoridade fiscal. Diante do exposto, voto no sentido conhecer e dar provimento ao recurso especial da PGFN, para restabelecer a aplicação da multa isolada no percentual de 50%. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Declaração de Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo. A presente declaração de voto se faz necessária tendo em vista que, em relação à matéria objeto do recurso especial ora sob exame, passo a adotar entendimento distinto daquele por mim acolhido no âmbito de alguns antigos acórdãos. A matéria trazida à apreciação desta 1ª Turma diz respeito à divergência interpretativa quanto à exigência de multa isolada imposta pela autoridade fiscal por falta de pagamento de estimativas mensais de IRPJ devidas. Inicialmente considero importante registrar que, conforme bem enfatizado pelo Relator, no presente caso a multa isolada foi imposta sobre os valores das estimativas já declaradas pelo sujeito passivo, não alcançando os valores referentes às provisões não autorizadas, objeto de lançamento de ofício para exigência de IRPJ e CSLL. Noutras palavras, não houve aqui exigência concomitante entre a multa isolada imposta por falta de pagamento de estimativas de IRPJ, e a multa de ofício imposta por falta de pagamento do IRPJ devido ao final dos respectivos anoscalendário, razão pela qual também não se aplica aqui o disposto na Súmula CARF nº 105. Pois bem, no caso a Turma recorrida afastou integralmente a multa isolada imposta pela falta de pagamento das estimativas mensais de IRPJ devidas ao longo dos anos de 1997 e 1999, e parcialmente a multa isolada imposta pela falta de pagamento das estimativas mensais de IRPJ devidas no decorrer dos anos de 2000 e 2001. Fl. 387DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 19 18 Relativamente aos períodos objeto da presente autuação, acima mencionados, a referida multa isolada encontra previsão legal no art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430/96, em sua redação original, o qual faz remissão ao art. 2º da mesma Lei, também na redação original, ambos a seguir transcritos: Art. 2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1ºe 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. (...) Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. §1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: (...) IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente; (g.n.) (...) Pelo exame do acórdão recorrido é possível resumir da seguinte maneira a interpretação que a Turma emprestou às normas acima reproduzidas: a) a multa isolada deve ser aplicada em caso de falta de pagamento das estimativas mensais de IRPJ e/ou CSLL devidas ao longo do ano calendário; b) todavia, encerrado o anocalendário, o valor total da multa isolada está limitado a 50% (percentual previsto na MP 351/2007, aplicado retroativamente) do valor do IRPJ e/ou da CSLL devidos ao final do mesmo ano; c) como corolário da afirmativa acima, encerrado o anocalendário com apuração de prejuízo fiscal e/ou base negativa da CSLL, incabível a Fl. 388DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 20 19 imposição de multa isolada pois inexistentes IRPJ e/ou CSLL devidos ao final do ano; d) entretanto, a multa isolada poderá ser imposta sem observância do afirmado nos itens "b" e "c", desde que o lançamento seja realizado antes de encerrado o respectivo anocalendário. Bem, como se verá a seguir, das quatro afirmações acima apenas aquela contida no item "a" é correta. As outras três ("b", "c" e "d") são incorretas. Da fato, a construção interpretativa levada a efeito pela Turma recorrida para chegar às conclusões contidas nos itens "b" e "c" retro parte do disposto no caput do art. 44 da Lei nº 9.430/96 segundo o qual as multas ali previstas (isoladas ou não) só podem incidir sobre o valor do "tributo ou contribuição". E como a Turma recorrida entendeu que as estimativas mensais de IRPJ e de CSLL não são "tributo ou contribuição", concluiu que a multa isolada prevista no art. 44, § 1º, IV, não poderia incidir sobre o valor daquelas estimativas. A multa, assim, incidiria sobre um valor equivalente ao da estimativa mensal, desde que tal valor não ultrapassasse o valor do IRPJ e/ou da CSLL devidos ao final do anocalendário (afirmativa "b"). E acaso apurado prejuízo fiscal e/ou base negativa da CSLL, a multa isolada sequer poderia ser exigida, pois inexistentes IRPJ e CSLL devidos ao final do ano calendário (afirmativa "c"). Ocorre que, embora sob o ponto de vista científico até seja possível considerarse correta a premissa de que as estimativas mensais de IRPJ e de CSLL não são "tributo ou contribuição" (e não estou afirmando aqui que são, ou que não são), o fato iniludível é que a própria Lei nº 9.430/96, ao se referir àquelas estimativas mensais, expressamente às denominou de "imposto" ou "contribuição" mensais, com vistas a distinguilas do imposto e da contribuição devidos ao final do anocalendário. Vejamos novamente o que estabelece o art. 2º: Art. 2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1ºe 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. (g.n.) (...) §4º Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor: (...) IV do imposto de renda pago na forma deste artigo. (g.n.) Como dito, a norma acima textualmente denomina as estimativas mensais de IRPJ como "imposto". E não é só. Outras normas da mesma Fl. 389DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 21 20 Lei, ao se referirem às estimativas mensais de IRPJ previstas no art. 2º, expressamente às denominam de "imposto", senão vejamos: Art. 3º A adoção da forma de pagamento do imposto prevista no art. 1º, pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime do lucro real, ou a opção pela forma do art. 2º será irretratável para todo o anocalendário. Parágrafo único. A opção pela forma estabelecida no art. 2º será manifestada com o pagamento do imposto correspondente ao mês de janeiro ou de início de atividade. (g.n.) (...) Art. 6º O imposto devido, apurado na forma do art. 2º, deverá ser pago até o último dia útil do mês subseqüente àquele a que se referir. (g.n.) (...) Quanto às estimativas mensais de CSLL, o art. 30 da Lei nº 9.430/96 textualmente denomina as estimativas mensais de CSLL como "contribuição social sobre o lucro líquido". Vejamos: Art. 30. A pessoa jurídica que houver optado pelo pagamento do imposto de renda na forma do art. 2º fica, também, sujeita ao pagamento mensal da contribuição social sobre o lucro líquido, determinada mediante a aplicação da alíquota a que estiver sujeita sobre a base de cálculo apurada na forma dos incisos I e II do artigo anterior. (g.n.) (...) Ora, se a própria Lei nº 9.430/96, em diversos de seus artigos, expressamente conferiu às estimativas mensais de IRPJ e CSLL a denominação de "imposto" ou "contribuição", a Turma recorrida jamais poderia interpretar as expressões "imposto de renda", "contribuição social sobre o lucro líquido" e apurados "na forma do art. 2º", todas contidas no art. 44, § 1º, IV daquela Lei, como se tais expressões se referissem ao IRPJ e à CSLL devidos ao final do anocalendário, e não às próprias estimativas mensais de IRPJ e de CSLL. Essa premissa inicial equivocada, de que ao empregar as expressões "imposto de renda" e "contribuição social sobre o lucro líquido" o art. 44, § 1º, IV não poderia estar se referindo às estimativas mensais, mas sim ao IRPJ e à CSLL devidos final do ano, causou grande dificuldade à Turma recorrida para interpretar a parte final daquela mesma norma, à qual estabelece que a multa isolada é exigida "ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente". Foi a partir da dificuldade da Turma recorrida em compatibilizar essa (equivocada) premissa inicial com a parte final da norma que surgiu a "interpretação", descrita na afirmativa "d" retro, segundo à qual na hipótese de a autuação ser realizada no decorrer do próprio anocalendário (e só nessa hipótese) a multa isolada poderá incidir sobre o valor das estimativas mensais, sem qualquer limitação aos valores do IRPJ e da CSLL devidos ao final do ano, já que no decorrer do anocalendário a fiscalização não poderia Fl. 390DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 22 21 saber qual o valor de IRPJ ou CSLL seriam devidos ao final do ano, se é que algum valor seria devido. Ocorre que essa imaginativa "interpretação" do art. 44, § 1º, IV, da Lei nº 9.430/96 levou à Turma recorrida a violar a sua própria premissa inicial, que tanto lhe era cara. De fato, veja que a premissa inicial da Turma (a multa isolada não pode incidir sobre o valor da estimativa mensal, pois esta não é tributo ou contribuição) colide frontalmente com a afirmativa "d" (a multa isolada incide sobre a estimativa mensal, desde que a autuação seja realizada ao longo do ano calendário respectivo). Ora, o fato de a autuação ser realizada no decorrer do anocalendário nada pode dizer sobre a natureza do valor sobre o qual incide a multa isolada (se sobre o valor das estimativas ou sobre o valor do IRPJ e da CSLL devidos ao final do ano). Em verdade, como sugerido antes, a correta interpretação do art. 44, § 1º, IV, da Lei nº 9.430/96 deve levar em consideração o fato de que essa Lei, em diversos momentos, denominou as estimativas mensais de IRPJ e CSLL como "imposto" ou "contribuição". E ainda que seja possível afirmar se que essa denominação não seja cientificamente correta (e, novamente, não acolho nem afasto aqui essa proposição), o fato é que, como essa denominação foi empregada ao longo do texto legal, não haveria razão para o intérprete deixar de considerála justamente ao examinar a multa isolada de que trata o art. 44. Somese a isso o fato de que, ao empregarse a denominação legal (estimativa mensal como "imposto" ou "contribuição"), a interpretação do art. 44 tornase linguisticamente muito mais fluida (ao contrário do esforço interpretativo hercúleo empreendido pela Turma recorrida), além de consentânea com a finalidade da multa isolada, que é de reprimir a falta dos pagamentos mensais por estimativa. Tendo em vista o exposto, voto por manter integralmente as exigências das multas isoladas por falta de pagamento das estimativas mensais de IRPJ verificada ao longo dos anos de 1997, 1999, 2000 e 2001. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Adoto os mesmos fundamentos acima transcritos, para dizer que a aplicação da multa isolada por falta/insuficiência de recolhimento de estimativas referentes aos anos calendário de 2002 e 2003 não fica prejudicada pelo fato de não se estar exigindo débito de IRPJ e CSLL em relação ao ajuste anual desses períodos. Finalmente, embora a questão da quitação das estimativas mediante compensação não esteja no escopo da divergência jurisprudencial suscitada (conforme já esclarecido anteriormente), reforço o registro de que não se pode reconhecer como válidas as compensações alegadas pela contribuinte, em razão da falta de atendimento dos requisitos legais previstos para esse tipo de procedimento, conforme bem esclarecido no acórdão recorrido. Fl. 391DF CARF MF Processo nº 10980.016269/200750 Acórdão n.º 9101003.869 CSRFT1 Fl. 23 22 Para os débitos surgidos até outubro de 2002, a contribuinte deveria ter apresentado ou Pedidos de Compensação ou os registros contábeis das compensações, para o caso de compensação entre tributos e contribuições de mesma espécie. Já no tocante aos débitos surgidos de outubro de 2002 em diante, a compensação somente estaria legitimada mediante a apresentação da DComp. E nenhuma dessas providências foi adotada. Desse modo, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso especial da contribuinte. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 392DF CARF MF
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Numero do processo: 10855.900800/2008-91
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2000
RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE.
A falta de comprovação de divergência jurisprudencial inviabiliza o processamento do recurso especial. A divergência jurisprudencial não se estabelece em matéria de prova, e sim na interpretação das normas, visto que, na apreciação da prova, o julgador tem o direito de formar livremente a sua convicção. Além disso, a caracterização da divergência jurisprudencial se dá quando o entendimento do caso paradigma pode ser transposto para o recorrido, produzindo o resultado pretendido pelo recorrente, mas isso não ocorre aqui. No caso sob exame, a impossibilidade da caracterização de divergência não decorre apenas das diferenças entre os conjuntos probatórios dos casos cotejados, ou do fato de o julgador ter o direito de formar livremente a sua convicção ao apreciar as provas. Essa impossibilidade também decorre do fato de que a imputação de ônus probatório com suas respectivas consequências simplesmente não poderia ser transposta de um caso para o outro. Não se pode pretender validar um PER/DCOMP tomando como referência o ônus probatório que foi imputado à Fiscalização num caso em que houve lançamento de ofício (auto de infração).
Numero da decisão: 9101-003.906
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator e Presidente em Exercício.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado para substituir o conselheiro Luis Flávio Neto), Rafael Vidal de Araújo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2000 RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. A falta de comprovação de divergência jurisprudencial inviabiliza o processamento do recurso especial. A divergência jurisprudencial não se estabelece em matéria de prova, e sim na interpretação das normas, visto que, na apreciação da prova, o julgador tem o direito de formar livremente a sua convicção. Além disso, a caracterização da divergência jurisprudencial se dá quando o entendimento do caso paradigma pode ser transposto para o recorrido, produzindo o resultado pretendido pelo recorrente, mas isso não ocorre aqui. No caso sob exame, a impossibilidade da caracterização de divergência não decorre apenas das diferenças entre os conjuntos probatórios dos casos cotejados, ou do fato de o julgador ter o direito de formar livremente a sua convicção ao apreciar as provas. Essa impossibilidade também decorre do fato de que a imputação de ônus probatório com suas respectivas consequências simplesmente não poderia ser transposta de um caso para o outro. Não se pode pretender validar um PER/DCOMP tomando como referência o ônus probatório que foi imputado à Fiscalização num caso em que houve lançamento de ofício (auto de infração).
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2000 RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. A falta de comprovação de divergência jurisprudencial inviabiliza o processamento do recurso especial. A divergência jurisprudencial não se estabelece em matéria de prova, e sim na interpretação das normas, visto que, na apreciação da prova, o julgador tem o direito de formar livremente a sua convicção. Além disso, a caracterização da divergência jurisprudencial se dá quando o entendimento do caso paradigma pode ser transposto para o recorrido, produzindo o resultado pretendido pelo recorrente, mas isso não ocorre aqui. No caso sob exame, a impossibilidade da caracterização de divergência não decorre apenas das diferenças entre os conjuntos probatórios dos casos cotejados, ou do fato de o julgador ter o direito de formar livremente a sua convicção ao apreciar as provas. Essa impossibilidade também decorre do fato de que a imputação de ônus probatório com suas respectivas consequências simplesmente não poderia ser transposta de um caso para o outro. Não se pode pretender validar um PER/DCOMP tomando como referência o ônus probatório que foi imputado à Fiscalização num caso em que houve lançamento de ofício (auto de infração). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator e Presidente em Exercício. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 90 08 00 /2 00 8- 91 Fl. 463DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado para substituir o conselheiro Luis Flávio Neto), Rafael Vidal de Araújo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte acima identificada, fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em que se alega divergência de interpretação da legislação tributária quanto à negativa de reconhecimento de direito creditório reivindicado em Declaração de Compensação (PER/DCOMP). A recorrente insurgese contra o Acórdão nº 1102000.942, de 08/10/2013, por meio do qual a 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, negou provimento a recurso voluntário apresentado na fase anterior do processo, mantendo a negativa em relação ao PER/DCOMP. O acórdão recorrido contém a ementa e a parte dispositiva descritas abaixo: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 1998 LUCRO PRESUMIDO. COEFICIENTE. EMPREITADA. Somente pode ser aplicado o percentual sobre a receita bruta para determinação da base de cálculo do imposto de renda mensal de 8% (oito por cento), no caso de empreitada comprovadamente em que há emprego de materiais, em qualquer quantidade e de mão de obra. PER/DCOMP. ÔNUS DA PROVA. Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de tributo pago a maior. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1998 DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 464DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 4 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. No recurso especial, a contribuinte afirma que o acórdão recorrido deu à legislação tributária interpretação divergente da que foi dada em outros processos, relativamente à matéria acima mencionada. Para o processamento do recurso, ela desenvolve os seguintes argumentos: a controvérsia existente no processo gira em torno da comprovação ou não de que as receitas da Recorrente sejam provenientes da prestação de serviços na construção civil com emprego de materiais, para fim de determinar o coeficiente aplicável para apuração do lucro presumido (se 8% ou 32%); o acórdão recorrido entendeu que a Recorrente não comprovou as atividades sujeitas ao coeficiente de 8%, ou seja, a prestação de serviços de construção civil com emprego de materiais; ocorre que os contratos de prestação de serviços comprovam claramente as atividades desenvolvidas pela Recorrente, assim como os materiais empregados nas obras, na medida em que são contratos firmados com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, onde consta expressamente os serviços a serem realizados, com emprego de materiais; por esta razão, restou caracterizada divergência com a decisão proferida pela Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes no processo 10245.000927/00 77, assim ementado: Acórdão nº 10195.517 LUCRO PRESUMIDO e LUCRO ARBITRADO PELO PRÓPRIO CONTRIBUINTE COEFICIENTES APLICÁVEIS NA APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO ATIVIDADE DE CONSTRUÇÃO CIVIL O auto de infração deve estar acompanhado de todos os elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. Tendo a fiscalização acusado a empresa de utilizar coeficientes inadequados, competia a ela provar que suas receitas não se originam de empreitada com fornecimento de materiais. Recurso provido. assim, considerando a divergência processual e que os contratos e as notas fiscais constituem prova hábil à comprovação do crédito da Recorrente, requer seja dado provimento ao recurso, para anular o acórdão recorrido e homologar a compensação realizada. Quando do exame de admissibilidade do recurso especial da contribuinte, o Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do despacho exarado em 25/05/2015, deu seguimento ao recurso especial, fundamentando sua decisão na seguinte análise sobre a divergência suscitada: I Matéria objeto do recurso especial Fl. 465DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 5 4 No recurso discutemse os meios de comprovação da prestação de serviços com fornecimento de materiais a ensejar a aplicação da alíquota de 8% para a determinação da base de cálculo do imposto de renda mensal. A contribuinte insurgese contra a decisão que manteve o indeferimento de parte dos pedidos de compensação por entender que, sendo diversas as atividades da contribuinte, os contratos por ela firmados podem abrigar uma ou mesmo mais de uma atividade, sendo necessária a apresentação de toda a documentação contábil e fiscal cabível para apurar a base de cálculo do IRPJ para que haja o reconhecimento do direito creditório. A recorrente entende que contratos e notas fiscais constituem prova hábil para a comprovação de seu direito creditório. [...] III Análise da admissibilidade do Recurso Especial [...] Na decisão combatida julgouse necessária, para a obtenção do direito creditório, a apresentação de todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica, bem como, os documentos e demais papéis que serviram de base para a escrituração comercial e fiscal, de forma a comprovar, de maneira inequívoca, a liquidez e a certeza do valor pleiteado em compensação. No paradigma, foi decidido que ordens de serviço de terceiros referente à contratação de construção com fornecimento de materiais, notas fiscais de aquisição de materiais e documentos fornecidos por terceiros declarando que as obras executadas compreenderam fornecimento de mãodeobra são suficientes para apurar o direito da contribuinte, não se tendo exigida a escrituração contábil e fiscal da recorrente. Assim, constato que foi comprovada a divergência argüida, uma vez que ante a mesma situação fática, os julgados confrontados obtiveram decisões diversas no sentido de comprovar o direito creditório dos sujeitos passivos, no que se refere à apuração da base de cálculo do lucro presumido à alíquota de 8%. Em 02/06/2015, o processo foi encaminhado à PGFN, para ciência do despacho que admitiu o recurso especial da contribuinte, e em 10/06/2015, o referido órgão apresentou tempestivamente as contrarrazões ao recurso, com os seguintes argumentos: DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. o Despacho nº 1101 – 1ª Câmara reconheceu como comprovada a caracterização da divergência jurisprudencial; todavia, o recorrente não pretende a uniformização de teses jurídicas, objetivo primordial do recurso especial interposto com base na configuração da divergência, mas sim o revolvimento do conjunto fáticoprobatório; Fl. 466DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 6 5 a princípio, cabe estabelecer em quais bases foi proferida a decisão recorrida: [...]; a decisão recorrida, deixa claro, portanto, que o contribuinte não se desincumbiu do ônus probatório consistente em demonstrar o seu direito creditório. Isto é, não comprovou que houve erro ou pagamento a maior hábil a gerar o indébito alegado; portanto, o Recurso Especial não deve ser conhecido, vez que este instrumento não pode ser utilizado para a rediscussão do conjunto fáticoprobatório; DA IMPROCEDÊNCIA DAS ALEGAÇÕES DA RECORRENTE. na remota hipótese de não ser aceito o entendimento acima, passase a demonstrar que o Recurso Especial também não merece provimento; a Fazenda Nacional adota como razões a elucidativa fundamentação apresentada no acórdão recorrido: [...]; ademais, convém destacar que a regra acerca da distribuição do ônus da prova no ordenamento jurídico pátrio encontra previsão no art. 333 do Código de Processo Civil, verbis: [...]; a norma extraída deste dispositivo determina que o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito incumbe ao autor. Aplicada ao contexto da compensação tributária, temse que compete ao contribuinte produzir a prova da certeza e liquidez do crédito que alega ter perante o Fisco; o ônus da prova que incumbe ao ente tributante consiste em, uma vez provado o fato constitutivo (crédito) pelo contribuinte, provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo daquele; com a devida vênia, não procede o entendimento de que cabe à autoridade fiscal a demonstração da inexistência dos elementos informados pelo contribuinte para a formação do crédito; tratase de inadmissível inversão do ônus da prova, a qual não tem previsão legal. É imperioso destacar que qualquer exceção à regra geral deve constar de texto de lei, como, por exemplo, existe no Direito do Consumidor, descabendo que o faça a autoridade julgadora com base em juízo de equidade; na compensação, cabe ao contribuinte provar a existência do crédito líquido e certo declarado. Se não se desincumbiu do ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, não há que se exigir da autoridade fiscal a demonstração de qualquer elemento contrário à alegação do crédito; cumpre frisar, por oportuno, que o entendimento adotado no acórdão recorrido encontra amparo na jurisprudência do CARF. Confirase: [...]; DO PEDIDO. ante todo o exposto, pugna a Fazenda Nacional para que seja negado conhecimento ao recurso especial interposto pelo contribuinte; Fl. 467DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 7 6 caso não seja este o entendimento sufragado, requer que, no mérito, seja negado provimento ao citado recurso, mantendose o acórdão proferido pela eg. Turma a quo. É o relatório. Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. O presente processo traz controvérsia sobre negativa de compensação (PER/DCOMP), em razão do não reconhecimento do direito creditório reivindicado pela contribuinte. Esse direito creditório seria originário de pagamento indevido ou a maior de imposto sobre a renda de pessoa jurídica (IRPJ), código de receita: 2089, no valor de R$ 498,10, relativo ao segundo trimestre de 2000. A contribuinte alega que aplicou indevidamente o coeficiente de 32% para presunção do lucro, enquanto que, por atuar no ramo de construção civil por empreitada, com fornecimento de material próprio, e por força da Solução de Consulta SRRF/8a RF/DISIT n° 52, proferida no processo administrativo n° 10855.000267/200351, o coeficiente correto seria de 8%. Tanto a decisão de primeira instância administrativa, quanto a de segunda instância (acórdão ora recorrido), indeferiram o pleito com o entendimento de que a contribuinte não se desincumbiu do ônus de comprovar o alegado direito creditório. Com seu recurso especial, a contribuinte busca a homologação da compensação realizada. E em sede de contrarrazões, a PGFN suscita inicialmente uma preliminar de não conhecimento do recurso, alegando que a decisão recorrida deixa claro que a contribuinte não se desincumbiu do ônus probatório consistente em demonstrar o seu direito creditório, e que o recurso especial não deve ser conhecido, uma vez que não pode ser utilizado para a rediscussão do conjunto fáticoprobatório. Realmente, não há condições para se conhecer do recurso especial. Reproduzo a seguir várias passagens do acórdão recorrido que ilustram a motivação para a negativa em relação ao PER/DCOMP: Acórdão nº 1102000.942 [...] Relatório Em síntese, o valor do indébito com o qual a contribuinte declarou a compensação, objeto deste processo, seria originário de pagamento Fl. 468DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 8 7 indevido ou a maior de imposto sobre a renda de pessoa jurídica (IRPJ), código de receita: 2089, no valor de R$ 498,10, relativo ao segundo trimestre de 2000. Ainda, a contribuinte apresentou DCTF, em 14/08/2000, declarando IRPJ (código de receita: 2089), relativo ao 2º trimestre de 2000, no valor de R$ 6.666,51, ou seja, no mesmo montante dos valores recolhidos, mediante DARF, em 31/07/2000, quais sejam: R$ 664,13, R$ 3.216,81 e R$ 2.785,57. Por sua vez, a contribuinte alega que o indébito informado na PER/Dcomp de n° 17670.03984.150104.1.3.040500 decorreu do fato de ter tratado a totalidade de suas receitas como receitas advindas de prestação exclusiva de serviços, sobre as quais foi aplicado o coeficiente de presunção de lucro de 32%. Pauta a contribuinte que atua no ramo de construção civil por empreitada, com fornecimento de material próprio, e por força da Solução de Consulta SRRF/8ª RF/DISIT n° 52, proferida no processo administrativo n° 10855.000267/200351, a essas receitas deveriam ser aplicadas o coeficiente de presunção de lucro de 8%. Com base nisto, sustenta ter efetuado recolhimento a maior que o devido, no 2º. trimestre de 2000, apresentando, em virtude disso, a PER/Dcomp de fls. 01/02, objeto do despacho decisório de fl. 03. Ainda, alega a delegacia de julgamento que há na DCTF declaração da existência de débito de IRPJ, código de receita: 2089, do 2º trimestre de 2000, no valor de R$ 6.666,51, não sendo suficiente para desnaturála a simples alegação em contrário, pois aquele documento goza do efeito de confissão legal de dívida (Decretolei n° 2.124, de 1984, artigo 5º, § 1º). Se há contradição e desejando a recorrente fazer valer montante diverso daquele regularmente declarado incumbialhe apresentar provas que permitissem albergar sua tese de pagamento indevido ou a maior. Em fls. 6064, verificamse as razões do recurso da contribuinte. Inicialmente, apresenta esta o Objeto Social de sua empresa(fls. 17): [...] Junta a Recorrente aos autos contrato de execução de obras bem como notas de fiscais de sua emissão e notas de compra de mercadorias / matérias primas que serão utilizadas em trabalhos de sua empresa, sem qualquer alusão a qual obra ou atividade que vem desenvolvendo, sempre recebidos em seu endereço. Afirma a Recorrente que deixou de retificar o valor do débito de IRPJ declarado na DCTF e na DIPJ, de modo que o sistema não constatou o pagamento a maior do imposto, gerando a não homologação da compensação por ausência de crédito. Transcreve esta o fundamento da não homologação da compensação: [...]; Alega a Recorrente que, embora se esforçasse, a delegacia de julgamento também entendeu que o crédito não foi devidamente comprovado, sendo imprescindível a apresentação de toda a documentação fiscal do trimestre para apuração da base de cálculo do IRPJ. Ainda, a Recorrente alega que, para atender a exigência do órgão recorrido, esta anexou ao presente recurso, todas as notas fiscais emitidas Fl. 469DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 9 8 no trimestre, os contratos dos demais meses que compõem o trimestre e que não haviam sido juntados, as notas fiscais dos materiais empregados nas obras e a cópia do Livro Diário correspondente ao trimestre. Em 14/06/2010 a Recorrente foi cientificada do Acórdão proferido pela autoridade fiscal (fls. 222) e apresentou o Recurso Voluntário (fls. 227231) reiterando os termos da defesa exordial. É o suficiente para o relatório. Passo ao voto. Voto [...] A Recorrente alega que está amparada pela Solução de Consulta SRRF/8ª RF/Disit nº 52, de 07.03.2005 formalizada no processo nº10855.000267/200351. A Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) manifestouse sobre a prestação de serviço em geral, quando a pessoa jurídica executar obras de construção civil com emprego de material, alegada pela recorrente em quatro contratos e três cartascontrato de execução de obras e/ou serviços de engenharia firmados com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SABESP. Nesse sentido, referida Solução de Consulta, citando o Ato Declaratório Cosit n° 6, de 13/01/1997, que disciplinou o assunto, declarou, em seu inciso I, que os percentuais aplicáveis no caso de atividade de construção por empreitada são os seguintes: [...]; 1 Na atividade de construção por empreitada, o percentual a ser aplicado sobre a receita bruta para determinação da base de cálculo do imposto de renda mensal será: 8% (oito por cento) quando houver emprego de materiais, em qualquer quantidade; 32% (trinta e dois por cento) quando houver emprego unicamente de mãodeobra, ou seja, sem o emprego de materiais. Com efeito, registre que a solução de consulta, em seu item 12, deixa claro que as empresas que exercem atividades diversificadas mereceram o tratamento disposto no artigo 223, § 3º do RIR/1999, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999, que estabelece que o percentual a ser aplicado é aquele correspondente a cada atividade. Ora, cabe assinalar que a base de cálculo do IRPJ para as empresas optantes do regime de tributação com base no lucro presumido é determinada mediante a aplicação dos percentuais fixados no art. 15 da Lei n° 9.249, de 1995, e arts. 1º e 25, inciso I, da Lei n° 9.430, de 1996, fundamento legal dos artigos 518 e 519 do RIR/99, que assim dispõem: [...]; Nesse sentido, mediante esse procedimento fiscal a Recorrente obteve esclarecimentos sobre a questão, oportunidade em que não lhe foi reconhecido qualquer direito creditório, por falta de análise da liquidez e certeza, nos termos do art. 170 do Código Tributário Nacional. A dedução esclarecida pela defendente, então, não está evidenciada. A Recorrente suscita que as compensações formalizadas no Per/Dcomp devem ser Fl. 470DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 10 9 homologadas, pois está sujeita ao lucro presumido calculado pelo coeficiente de 8% sobre a receita bruta, uma vez que se dedica à construção civil com emprego de materiais e de mão de obra. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01.10.2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Posteriormente, ou seja, em de 30.12.2003, ficou estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados, bem como que o prazo para homologação tácita da compensação declarada é de cinco anos, contados da data da sua entrega. Ademais, o procedimento se submete ao rito do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. O procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de tributo pago a maior. Logo, apreendese a partir da resposta consulta que nenhum procedimento adotada pela Recorrente foi “homologado” pela RFB, tão somente esta apresentou os fundamentos legais para que a Consulente, ora Requerente, aplicasse corretamente a lei. Apenas isto! [...] E isto foi realizado corretamente até porque, pela simples leitura do objeto social estabelecido em contrato social (fls. 15) da Recorrente, constatase que a mesma se propõe a exercer diversas modalidades de prestação de serviços, quais sejam: a) saneamento urbano e civil; b) pavimentação em todos os seus tipos e modalidades; c) terraplanagem e remoção de terra; d) drenagem; e) calçamento e sua reposição; f) construção civil e geral, por empreitadas ou administração por conta própria ou de terceiros; g) serviços técnicos de engenharia; h) serviços especializados de impermeabilização, vedação na construção civil; i) Administração de obras na construção civil; j) incorporação imobiliária em geral; k) compra e venda de imóveis e a promoção de venda de empreendimentos imobiliários de sua propriedade; l) administração de bens imóveis próprios; m) qualquer outro negócio conexo, conseqüente, afim ou correlato com o objetivo social. Exercendo a Recorrente atividades diversas na área de construção civil, os contratos por ela firmados podem abrigar uma ou mesmo mais de uma atividade, daí porque imprescindível a apresentação de toda a documentação fiscal cabível para apuração da base de cálculo do IRPJ, do 4º trimestre de 1998, de modo a demonstrar o montante do tributo devido. Portanto, a contribuinte deveria trazer aos autos demonstrativo da apuração do lucro presumido do 4º trimestre de 1998 (outubro, novembro e dezembro de 1998) com aplicação, no caso de atividades diversificadas, do percentual correspondente a cada atividade, a fim de se determinar a base de cálculo e o imposto de renda devido e, aí sim, cotejar o IRPJ pago com aquele efetivamente devido. Fl. 471DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 11 10 Quando um contribuinte apresenta uma Declaração de Compensação, deve, necessariamente, demonstrar o crédito tributário a seu favor, para extinguir um débito tributário constituído em seu nome, de forma que o reconhecimento do indébito tributário seja o fundamento fático e jurídico de qualquer declaração de compensação. [...] O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com seu trabalho ou com ele e os materiais. A obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. [...] Concluindo, o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a apuração da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, verificandose a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros e documentos contábeis e fiscais, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado, o que aqui não restou provado. Em assim sucedendo, conduzo meu voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (g.n.) Não é possível extrair nenhuma divergência em relação ao acórdão recorrido a partir do entendimento de ele graduou previamente o valor das provas, ou restringiu as possibilidades de comprovação do indébito a um único tipo de prova, ou algo semelhante a isso. O acórdão recorrido, embora tenha feito alguns comentários genéricos sobre a importância da escrituração contábil e fiscal, não disse em nenhum momento que só reconheceria o indébito se a contribuinte tivesse apresentado "toda" a sua escrituração contábil e fiscal. Não há nenhuma dúvida de que o acórdão recorrido indeferiu sim o pleito da contribuinte, mas por entender que ela não conseguiu comprovar de alguma forma o alegado direito creditório, principalmente porque restou evidenciado, segundo o acórdão recorrido, que ela executa atividades diversas na área da construção civil, submetidas a diferentes coeficientes para a presunção do lucro. É sempre importante lembrar que o Recurso Especial tem por escopo uniformizar o entendimento da legislação tributária entre as câmaras e turmas que compõem o CARF, não se prestando como instância recursal no reexame de material probatório. Com efeito, o alegado dissenso jurisprudencial deve se dar em relação a questões de direito. A divergência jurisprudencial realmente não se estabelece em matéria de prova, e sim na interpretação das normas, visto que, na apreciação da prova, o julgador tem o direito de formar livremente a sua convicção, conforme dispõe o art. 29 do Decreto nº 70.235/1972. Mas o que a contribuinte busca com seu recurso especial é justamente o reexame do conjunto fáticoprobatório, e isso não é possível em sede de recurso especial. Não bastasse esse problema de não se poder confrontar, em sede recurso especial, as convicções dos julgadores diante das provas de cada um dos processos, há ainda Fl. 472DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 12 11 um outro aspecto que também inviabiliza a caracterização de divergência e o conhecimento do recurso. É que a caracterização de divergência só pode ocorrer quando o entendimento do caso paradigma pode ser transposto para o recorrido, produzindo o resultado pretendido pelo recorrente, mas isso não ocorre aqui, porque o acórdão paradigma (Acórdão nº 101 95.517) examinou a questão do coeficiente de presunção de lucro num contexto bastante diferente daquele analisado pelo acórdão recorrido. O paradigma tratou de auto de infração para exigência de IRPJ, e, nesse caso, o ônus probatório é inicialmente atribuído à Fiscalização. O trecho abaixo evidencia o contexto em que foi exarado o paradigma: Acórdão paradigma nº 10195.517 [...] A solução do litígio demanda análise do ônus da prova. Tendo a fiscalização acusado a empresa de utilizar coeficientes inadequados, competia a ela provar que as receitas da interessada não se originam de empreitada com fornecimento de materiais. O artigo 9º do Decreto nº 70.235/72 determina que devem acompanhar o auto de infração todos os elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. No caso, caberia à fiscalização demonstrar que as receitas da empresa não advêm de empreitada com fornecimento de material, o que não foi feito. A fiscalização limitouse a alegar que a empresa, em razão de sua atividade (prestação de serviços gerais), estaria sujeita aos coeficientes de [...]. Quando se trata de auto de infração (caso paradigma), o ônus probatório inicial é da Fiscalização, e se ela não se desincumbe desse ônus, o lançamento não é mantido. E quando se trata de reivindicação de direito creditório em um PER/DCOMP (caso recorrido), é o contribuinte que tem que se desincumbir inicialmente do ônus probatório, sob pena de o alegado crédito não ser reconhecido. Assim, não há como pretender que o mesmo ônus probatório que foi imputado à Fiscalização num caso de lançamento de ofício (auto de infração), seja imputado ao Fisco num caso de repetição de indébito, em que a iniciativa é do contribuinte. Isto porque o ônus da prova incumbe ao autor (da ação judicial, do procedimento administrativo, etc.) quanto ao fato constitutivo de seu direito (CPC, art. 373, I). Assim, no caso sob exame, a impossibilidade da caracterização de divergência não decorre apenas das diferenças entre os conjuntos probatórios dos casos cotejados, ou do fato de o julgador ter o direito de formar livremente a sua convicção ao apreciar as provas. Essa impossibilidade também decorre do fato de que a imputação de ônus probatório com suas respectivas consequências simplesmente não poderia ser transposta de um caso para o outro. Não se pode pretender validar um PER/DCOMP tomando como referência o Fl. 473DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 13 12 ônus probatório que foi imputado à Fiscalização num caso em que houve lançamento de ofício (auto de infração). Desse modo, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso especial da contribuinte. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 474DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13855.003821/2008-54
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006
RECURSO ESPECIAL. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. NÃO CONHECIMENTO.
Não se conhece do Recurso Especial quando não se demonstra divergência interpretativa em relação a todos dispositivos normativos que fundamentam o acórdão recorrido.
Numero da decisão: 9101-003.873
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura, Viviane Vidal Wagner e Adriana Gomes Rêgo. Votaram pelas conclusões os conselheiros Cristiane Silva Costa Rafael Vidal de Araújo e Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado).
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Re^go - Presidente.
(assinado digitalmente)
Flávio Franco Corrêa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, Luis Fabiano Alves Penteado, Viviane Vidal Wagner, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado para substituir o conselheiro Luis Flávio Neto), Caio César Nader Quintella (suplente convocado) e Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
Nome do relator: FLAVIO FRANCO CORREA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006 RECURSO ESPECIAL. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece do Recurso Especial quando não se demonstra divergência interpretativa em relação a todos dispositivos normativos que fundamentam o acórdão recorrido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura, Viviane Vidal Wagner e Adriana Gomes Rêgo. Votaram pelas conclusões os conselheiros Cristiane Silva Costa Rafael Vidal de Araújo e Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado). (assinado digitalmente) Adriana Gomes Re^go - Presidente. (assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, Luis Fabiano Alves Penteado, Viviane Vidal Wagner, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado para substituir o conselheiro Luis Flávio Neto), Caio César Nader Quintella (suplente convocado) e Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
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FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece do Recurso Especial quando não se demonstra divergência interpretativa em relação a todos dispositivos normativos que fundamentam o acórdão recorrido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura, Viviane Vidal Wagner e Adriana Gomes Rêgo. Votaram pelas conclusões os conselheiros Cristiane Silva Costa Rafael Vidal de Araújo e Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado). (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente. (assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, Luis Fabiano Alves Penteado, Viviane Vidal Wagner, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado para substituir o conselheiro Luis Flávio Neto), Caio César Nader Quintella (suplente convocado) e Adriana Gomes Rêgo (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 5. 00 38 21 /2 00 8- 54 Fl. 1286DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.286 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela PGFN em face do acórdão nº 140200.914, assim ementado: "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006 IRPJ. AGROINDÚSTRIA. CANADEAÇÚCAR. DEPRECIAÇÃO INCENTIVADA. Os recursos aplicados na formação da lavoura canavieira, integrados ao ativo imobilizado, podem ser apropriados integralmente como encargos do período correspondente a sua aquisição." De acordo com o voto condutor do acórdão recorrido: a) a recorrida é sociedade agrícola cujo objeto social é plantação e industrialização de canadeaçúcar; portanto, exerce atividade tipicamente rural, adequandose, pois ao artigo 22A da Lei nº 8.212/91, o qual define que agroindústrias são produtores rurais que industrializam e comercializam bens de sua propriedade ou de produção própria e adquirida de terceiros, podendo beneficiarse integralmente dos incentivos circunscritos à atividade rural; b) a tributação beneficiada dos resultados obtidos na atividade rural não é privativa apenas do setor primário da economia, uma vez que, nos termos da Medida Provisória nº 2.15970/2001, é possível a depreciação de ativo imobilizado quando da exploração da atividade rural; c) os custos do cultivo de canadeaçúcar são sujeitos à depreciação acelerada, e não à exaustão, diversamente do que afirmara a Fiscalização. Despacho de Encaminhamento à PGFN em 15/06/2012, à efl. 939. Recurso Especial da União (PGFN) interposto em 25/07/2012, à efl. 976. Nessa oportunidade, suscita divergência em relação aos acórdãos nº 10513.579 e 10318.812. No mérito, aduz o seguinte: a) o contribuinte exerce atividade agroindustrial (industrialização), não se enquadrando, por conseguinte, no conceito de atividade rural disposto no artigo 2°da Lei 8.023/1990; b) a atividade da recorrida implica transformação substancial da canade açúcar em açúcar cristal e álcool combustível, dentro de um processo que acarreta alteração da composição e das características do produto in natura; c) o contrato social da recorrida indica a natureza industrial do processo de transformação da canadeaçúcar; d) o objetivo da lei, ao prever o benefício da depreciação acelerada incentivada, foi estimular a atividade preponderantemente rural, como setor primário da economia, e não alcançar a atividade industrial, o que pode ser verificado pelo elenco dos requisitos exigidos para configurar a atividade rural; Fl. 1287DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.287 3 e) a sociedade recorrida exerce atividade de industrialização da canade açúcar para obtenção de açúcar e álcool destinados à venda no mercado interno e externo, assim caracterizando atividade industrial, e não meramente rural. Nesse contexto, a produção da canadeaçúcar se insere em uma das etapas do processo produtivo (não em sua atividade predominante), voltada à obtenção de milhões de litros de álcool e toneladas de açúcar; f) a autuada não utiliza equipamentos e utensílios usualmente empregados na atividade rural, mas, sim, maquinário sofisticado do parque industrial da usina (moendas e caldeiras, que não se assemelham aos moinhos empregados pelo produtor rural de açúcar mascavo), além de adquirir produtos de terceiros; g) a atividade da recorrida se afasta do rol das atividades rurais, motivo por que não pode se igualar a um empreendimento rural, já que a legislação tributária diferenciou o tratamento dado ao produtor rural e ao industrial, em observância ao princípio da capacidade contributiva; h) a equiparação da agroindústria ao produtor rural, em conformidade ao artigo 22A da Lei nº 8.213/1991, é expressa e taxativamente para fins previdenciários, não aplicável extensivamente ao imposto de renda; i) o artigo 314 do RIR/99 referese tão somente à depreciação, e o custo para a formação da lavoura canavieira está sujeita à exaustão, de modo que não se aplica ao caso concreto a depreciação acelerada incentivada prevista atualmente no artigo 6º da Medida Provisória nº 215970/2001; j) a decisão recorrida ignora a boa técnica ao considerar depreciação e exaustão intercambiáveis. Ademais, a lei é clara, expressa e taxativa ao conferir o benefício apenas a bens do ativo imobilizado sujeitos à depreciação; k) não há previsão legal para dedução integral dos valores aplicados na formação da lavoura canavieira, pois esta se sujeita à exaustão, e a lei não permite a dedução integral no cultivo de florestas, de bens sujeitos à exaustão; l) o custo de formação de florestas ou de plantações de certas espécies vegetais que não se extinguem com o primeiro corte, como é o caso da canadeaçúcar, e que voltam a produzir novos troncos ou ramos, de tal modo a possibilitar um segundo ou até um terceiro corte, deve ser objeto de quotas de exaustão, ao longo do período total de vida útil do empreendimento; Ante o exposto, requer seja dado provimento ao presente recurso, para que sejam mantidas as glosas de prejuízos compensados indevidamente. A recorrida foi intimada a apresentar contrarrazões por abertura do documento em 26/09/2014, conforme efl. 988. Contrarrazões apresentadas no dia 29/09/2014, à efl. 989. Nessa oportunidade, alega: 1) o Despacho de Admissibilidade do apelo fazendário tratou da depreciação acelerada incentivada do maquinário utilizado na atividade agroindustrial, ao passo que o objeto do referido recurso reportase à aquisição de maquinário e ao custo da lavoura da cana deaçúcar; Fl. 1288DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.288 4 2) a recorrida não se utilizou do benefício previsto no artigo 6º da Medida Proviória n° 2.15970/2001, em toda a atividade agroindustrial, mas apenas e tão somente naqueles bens utilizados na sua atividade rural; 3) a Fazenda Nacional não demonstrou a divergência exigível para fins de conhecimento do Recurso Especial, pois as conclusões que foram adotadas pelo prolator do despacho de admissão não constam do Recurso de Divergência apresentado pela Fazenda Nacional. Vale reparar que os acórdãos ofertados como paradigmas não tratam do benefício fiscal concedido ao setor agrícola com o intuito de estimular sua produção. 4) a recorrente discorreu sobre o que seria considerado atividade rural, sem, contudo, especificar o que tal significaria, devendose considerar que o acórdão n° 10513.579 nem sobre cultivo de cana tratou; 5) o segundo paradigma, acórdão n° 10318.812, apesar de analisar questão referente à lavoura de canadeaçúcar, não se reporta à matéria principal dos autos, qual seja, o benefício da depreciação acelerada incentivada, o que leva à inafastável conclusão de que os precedentes utilizados não configuraram o dissídio jurisprudencial; 6) o RICARF é cristalino ao exigir, expressamente, a transcrição integral das ementas, exigência esta ignorada pelo despacho de admissão, nem cumprida pela recorrente, bastando para isso que se verifique a peça recursal; 7) os §§ 4o e 6o do artigo 67 do RICARF (Portaria n° 256, de 22.06.2009) estabeleceram que o Recurso Especial não pode ser conhecido sem a demonstração analítica do dissídio jurisprudencial alegado, ou seja, não basta a indicação das ementas divergentes; é também necessário que o recorrente demonstre a similitude fática e indique os pontos dos acórdãos paradigmas que divergem do acórdão recorrido; 8) em outras palavras, a divergência só se caracteriza quando são adotadas soluções diversas para situações fáticas similares, o que depende da imprescindível análise das situações fáticas e jurídicas retratadas nos acórdãos recorrido e paradigma, assim como a demonstração de haver conclusão diversa para casos semelhantes, o que em momento nenhum foi demonstrado pela Fazenda Nacional em seu recurso; 9) a matéria objeto dos paradigmas não se identifica com a versada nestes autos, na medida em que nenhuma das ementas parcialmente citadas faz qualquer referência ao benefício trazido pelo artigo 6o da Medida Provisória nº 2.15970/2001. Nenhum dos precedentes citados pela recorrente aborda esta questão, nem poderia, haja vista os julgados paradigmas se relacionarem a processos administrativos de 1992 e 1998; 10) cumpre esclarecer que, com relação ao primeiro paradigma (acórdão n° 10513.579), sequer existe similitude fática entre as atividades exercidas pela empresa, naquele caso, e aquela da ora recorrida, visto que as atividades exercidas pelo contribuinte no acórdão paradigma eram atividades relacionadas ao abate de aves, enquanto a atividade da recorrida é o cultivo de canadeaçúcar; Fl. 1289DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.289 5 11) tais aspectos foram reconhecidos pelo acórdão recorrido e a ora recorrente não realizou qualquer análise entre o que restou julgado, nos acórdãos ofertados como paradigmas que divergiram do acórdão recorrido; 12) cabe, ainda, registrar que a recorrente também não comprovou que os acórdãos ofertados como paradigmas não foram reformados, posteriormente; 13) não bastasse a inexistência de análise do dissídio jurisprudencial supostamente instaurado pelo acórdão recorrido, frente a outras decisões proferidas pelo Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Recurso Especial da Fazenda Nacional também não deve ser admitido em razão da ausência da transcrição da íntegra das ementas dos acórdãos ofertados como paradigmas; 14) verificase às folhas 3 e 4 do Recurso Especial que foram colacionados apenas trechos das ementas dos acórdãos paradigmas, em franca violação ao disposto no §9° do artigo 67 do RICARF; 15) com efeito, não se pode sustentar que algumas poucas linhas sobre as supostas divergências entre o acórdão recorrido e aqueles ofertados como paradigmas se ajustem à exigência regimental. Isso porque os demais argumentos trazidos pela Fazenda Nacional, em seu Recurso de Divergência, apenas repisam os inseridos em suas contrarrazões ao recurso voluntário da recorrida e já rechaçados por este órgão administrativo; 16) a recorrente menciona em seu recurso que o acórdão recorrido entendeu que a recorrida desenvolve atividade agrícola, e que não haveria diferença contábil entre depreciação e exaustão. E que o primeiro acórdão ofertado como paradigma traria a descrição do que se configura atividade rural. Já com relação ao segundo paradigma, resume a informar que os recursos da lavoura em formação integram o ativo imobilizado, mas seus custos são absorvidos por quotas de exaustão. Tal não representa um cotejo analítico entre o acórdão recorrido e os paradigmas; 17) a situação fática do primeiro paradigma (acórdão n° 10513.579) é absolutamente diversa daquela ocorrida nestes autos. Em relação ao segundo paradigma, consta apenas a afirmação de que os custos do plantio da cana integram o ativo permanente, porém nenhum dos dois acórdãos paradigmas enfrenta a questão do benefício outorgado pela Medida Provisória n° 2.15970/2001, a qual serviu de base para a autuação fiscal e para a decisão de 1a Instância, assim como para o acórdão recorrido. Portanto, inexistente similitude fática entre os paradigmas e o acórdão recorrido a originar conclusão diversa deste; 18) elucidese, no mérito, que a lei que instituiu o benefício da depreciação incentivada teve como destinatários aqueles que desenvolvem atividade preponderantemente rural, mas, sim, aqueles que exercem atividade rural, porquanto pretendeu beneficiar todo o setor rural; 19) além disso, a recorrente sustenta que o cultivo de canadeaçúcar, e consequentemente, a produção de açúcar e álcool não se enquadram como atividade rural, o que chega às raias do absurdo; Fl. 1290DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.290 6 20) com efeito, é oportuna a referência ao artigo 22A da Lei n° 8.212/91, que é claro ao definir que agroindústrias são produtores rurais que industrializam e comercializam bens de sua propriedade ou de produção própria e adquirida de terceiros, podendo beneficiarse integralmente dos incentivos circunscritos à atividade rural; 21) é evidente que a recorrida é sociedade agrícola e exerce atividade tipicamente rural (e não preponderantemente rural), que compreende desde a preparação das terras destinadas às lavouras até a obtenção do produto final, no caso, açúcar e álcool, posteriormente comercializados no mercado interno e externo. Nesse sentido, para concretização de seu objeto social, a recorrida realiza a contratação de pessoas para prestação de serviços, bem como a aquisição de insumos, máquinas e equipamentos (tipicamente agrícolas) para a execução dos processos de plantio, cultivo e colheita da canadeaçúcar. Sua cadeia produtiva é verticalizada, porém, toda ela é voltada e dependente da canadeaçúcar in natura, base de sua existência social; 22) por exercer inequivocamente atividade rural, a recorrida faz jus ao benefício fiscal conhecido como depreciação acelerada, previsto na Medida Provisória n° 2.15970/2001; 23) contudo, entende a ora recorrente que a recorrida não seria elegível ao citado benefício em razão de exercer atividade agroindustrial, assim não se enquadrando no conceito de atividade rural disposto no artigo 2° da Lei 8.023/90. Todavia, o artigo 2o da Lei n° 8.023/90, com a redação dada pela Lei n° 9.250/95, trouxe disposições genéricas sobre a atividade rural, especificada na Medida Provisória nº 2.15970/2001, quando previu uma situação diferenciada e especial para a depreciação dos ativos, no exercício da atividade rural, como a que é exercida pela ora recorrida; 24) empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas. Ainda nesse conceito, "o campo de atividade das empresas rurais pode ser dividido em 3 (três) grupos distintos: a) produção vegetal atividade agrícola; (b) produção animal atividade zootécnica; c) indústrias rurais atividade agroindustrial". Ou seja, para todos os fins, legais e contábeis, não importa qual atividade seja especificamente desenvolvida: todas elas são rurais, independentemente de ser agrícola, animal ou agroindustrial, exatamente nos termos como determinado pelo artigo 6° da Medida Provisória n° 2.15970/2001; 25) vêse, portanto, ser equivocado o entendimento de que, uma vez que o objeto social da empresa também conteria atividades complementares de produção e comercialização de açúcar e álcool, o cultivo de lavoura de canadeaçúcar não poderia ser considerado como produção agrícola; 26) o artigo 26 da Medida Provisória nº 2.15979/2001 contém um benefício fiscal objetivo, específico, em função da atividade, e não subjetivo, como quer fazer parecer a Procuradoria da Fazenda Nacional. Por se tratar de disposição específica e objetiva, deve ser aplicada nos termos como nela dispostos, para atividade rural, sem qualquer distinção quanto a ser esta atividade exercida por pessoa física, jurídica, agrícola, agroindustrial, agropecuária ou qualquer outra diferenciação; Fl. 1291DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.291 7 27) referido preceito normativo não dispôs sobre nenhuma exceção ou especificação quanto à concessão do benefício, ou quanto à distinção entre as atividades rurais, além de não ter feito qualquer remissão à Lei n° 8.023/90. E mais: a análise objetiva comprova a intenção do legislador pátrio no sentido de conceder um benefício fiscal que objetiva impulsionar a atividade rural, mediante autorização para realização da depreciação acelerada, sem qualquer restrição quanto ao tipo de contribuinte ou quanto à própria atividade rural, o qual é reprodução do disposto no § 2° do art. 12, da Lei n° 8.023/90 (posteriormente revogado pela Lei n° 9.249/95); 28) este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais vem reconhecendo que as atividades exercidas por empresas com o mesmo objeto social da recorrida configuram atividade rural e, nesta circunstância, fazem jus ao benefício da depreciação acelerada, cuja única exigência é que os bens depreciados sejam utilizados na atividade rural, exatamente o caso da recorrida; 29) ou seja, não estão em discussão (i) as determinações da Lei n° 8.023/90; (ii) se ela seria aplicável a pessoa física ou jurídica; (iii) se o tamanho da empresa ou montante de faturamento diferenciaria o que é produção agrícola ou não. O que está em discussão é se o caso concreto se trata de exploração, ou não, de atividade rural, que, neste sentido, autorizaria a fruição do benefício previsto na medida provisória. E mais: o que define a atividade rural é a produção de produtos agrícolas, a partir da utilização do solo, no caso, pelo cultivo da terra, mediante a utilização de produtos naturais dela extraídos; 30) o que deve ser observado é que o benefício fiscal utilizado pela recorrida, retratado no artigo 6o da Medida Provisória n° 2.15970/2001, destinase a qualquer empresa exploradora de atividade rural, em sentido amplo, sem qualquer restrição de produto, faturamento, capital social, etc; 31) reforça o entendimento da recorrida a análise da Lei n° 10.256/2001. Esse diploma, cujo artigo 2o inseriu o artigo 22A na Lei n° 8.212/91, estabeleceu a modalidade de contribuição previdenciária a que se sujeita a agroindústria, assim compreendido o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros; 32) importante que essa CSRF responda o seguinte questionamento: deveria o produtor desse segmento econômico ser tributado como produtor rural, pela contribuição social patronal sobre seu faturamento, arcando com o ônus que disso decorre, e não ser considerado produtor rural exclusivamente para fins de glosa de fruição de um regime diferenciado de depreciação? 33) no tocante ao debate em torno da depreciação acelerada incentivada, aduz o recurso especial que "... não existe previsão legal para dedução integral dos valores aplicados na formação da lavoura canavieira, pois esta se sujeita à exaustão, e a lei não permite a dedução integral no cultivo de florestas, de bens sujeitos à exaustão"; 34) a lavoura de canadeaçúcar nunca se esgota ou acaba. Para ser extinta, deve ser arrancada do solo e nova canadeaçúcar deve ser plantada novamente. Para garantir resultados satisfatórios nas colheitas, o produtor da canadeaçúcar, a exemplo de outras Fl. 1292DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.292 8 culturas, investe em melhorias do solo ao intento de garantir adequado suprimento nutricional à planta, o que é possível, em média, no caso da canadeaçúcar, em até cinco cortes, quando, então, a baixa qualidade se torna inevitável, finalizando o ciclo de produção, por incapacidade de retorno futuro do investimento; 35) é pacífica a classificação, no ativo permanentes, dos recursos aplicados na formação da cultura canavieira, devendo ser realizada a apropriação dos respectivos custos no decorrer dos períodos que contribuirão na geração de receitas, de acordo com os limites de sua vida útil econômica; 36) desde o princípio, o legislador foi direto e específico, ao definir que estarão sujeitos à exaustão e à depreciação APENAS os direitos cujos objetos sejam minerais ou florestais, e ao que se depreende do senso comum, não há na literatura relatos da existência de florestas de canadeaçúcar; 37) a linha entre estes dois institutos contábeis aparentemente é tênue, bastando, entretanto, a correta compreensão dos conceitos e dos princípios envolvidos para concluirse que, na depreciação, não há o desaparecimento da cultura, sendo que ela somente não poderá mais ser utilizada em decorrência de sua queda de qualidade. Já na exaustão, há o desaparecimento da cultura pela exploração; 38) os bens sujeitos a depreciação perdem seu valor econômico por força de desgaste, de uso efetivo, de seu emprego na atividade social. Por sua vez, os bens sujeitos a exaustão são aqueles que se esgotam com o curso do tempo, por força da exploração humana, perdendo as suas propriedades físicas. Embora ambos reflitam a perda da vida útil econômica do bem, no primeiro caso não há o desaparecimento físico do bem, diferentemente da segunda hipótese; 39) a formação da lavoura compreende o preparo do solo (destoca, aragem, adubação e criação de sulcos), a plantação dos toletes e o surgimento posterior das touceiras/soqueiras. Nesta cultura, os custos a serem imobilizados são os incorridos do preparo do solo até a cobertura dos toletes com terra, que originarão as touceiras/soqueiras; 40) estas últimas não são destinadas à venda pelo produtor, nem se caracterizam como matériaprima que, no caso em exame, podem ser representadas pelos colmos. De fato, a touceira/soqueira, como antes mencionado, é a parte subterrânea da cana deaçúcar que permanece viva, com suas raízes, corte após corte da planta, da mesma forma que uma árvore permanece viva após cada colheita de frutos e podas; 41) a touceira/soqueira, permanecendo viva, continua plantada no solo, não deixando de existir, nem sendo consumida pelo próprio solo ou pela retirada periódica dos colmos. Muito pelo contrário: ali permanece até que seja retirada fisicamente, quando se inicia o cultivo de nova lavoura, com novo plantio, tendo em vista que somente não poderá ser novamente utilizada em decorrência da perda da qualidade da sacarose; 42) o fato é que após quatro ou cinco cortes, a cultura da canadeaçúcar se torna economicamente inviável por força do desgaste, deterioração do uso e por ações da Fl. 1293DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.293 9 natureza de onde se destacam o empobrecimento do solo e a superficialização do sistema radicular da planta, que diminuem a qualidade da sacarose. A planta poderia, em tese, sofrer novos cortes, oferecer mais outras safras, tendo em vista que, fisicamente, no solo ela permanece o que de fato, em circunstâncias especiais, acontece no Brasil mas tal não gera, em regra, retorno do investimento para o produtor, pois a manutenção daquelas soqueiras se torna por demais custosa, de maneira que, embora vivas, perdem sua utilidade econômica, com conseqüente descarte daquela cultura, para se iniciar um novo ciclo; 43) o artigo 307 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99 é claro ao prescrever que "podem ser objeto de depreciação todos os bens sujeitos a desgaste pelo uso ou por causas naturais ou obsolescência normal"; 44) além disso, ainda que se considerasse o fundamento contido no Recurso Especial no sentido de que, no caso concreto, tratarseia de cultura tipicamente florestal, a legislação pátria prevê a possibilidade de sua classificação como atividade rural, o que garante o direito à depreciação, no caso específico da canadeaçúcar, ex vi d o artigo 6o da Medida Provisória n° 2.15970/2001. Isso porque o artigo 59 da Lei n° 9.430/95, inserido na Seção III da referida lei, quando trata de "Normas Aplicáveis a Atividades Especiais", dispõe que se considera também como atividade rural o cultivo de florestas que se destinem ao corte para comercialização, consumo ou industrialização; 45) reforçando o entendimento da recorrida, vale salientar que a Receita Federal, em 1987, expediu a Solução de Consulta n° 33, portanto, em período anterior ao incentivo da depreciação integral, afirmando, com base no Parecer Normativo n° 18/79, que "o encargo a ser contabilizado pelas empresas que cultivam a canadeaçúcar, através de empreendimentos próprios, deve ser denominado depreciação"; 46) assim, subsomemse os fatos apresentados e ocorridos no caso concreto, integralmente, à hipótese contida no artigo 6o da Medida Provisória n° 215970/2001, que permite ao contribuinte depreciar aceleradamente, no próprio exercício em que os custos foram incorridos, os bens do ativo imobilizado, exceto a terra nua, adquiridos por pessoa jurídica que explore a atividade rural, para uso nessa atividade. Diante de todo o exposto, postula o não conhecimento do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, por não haver preenchido os requisitos exigidos pelo artigo 67 do Regimento Interno do CARF, quanto à demonstração analítica do dissídio jurisprudencial alegado, bem assim quanto à reprodução integral das ementas dos acórdãos apontados como paradigmas. Todavia, caso seja conhecido o apelo requer seja negado provimento, tendo em conta o benefício previsto no artigo 6o da Medida Provisória n° 2.15970/2001. Posteriormente às contrarrazões, em Despacho de Saneamento às efls. 1.068/1.070, determinouse o retorno dos autos à Presidência da 4º Câmara/1ª Seção para complementação do exame de admissibilidade, no sentido de se apreciar a existência da divergência em relação à matéria indicada no acórdão paradigma nº 10318.812. Fl. 1294DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.294 10 Em Despacho de Admissibilidade de 11 de abril de 2017, às efls. 1.071/1.074, deuse seguimento ao Recurso Especial em relação à matéria indicada no acórdão paradigma nº 10318.812. Contribuinte cientificado do Despacho de Admissibilidade em 21/04/2017,à efl. 1.079. Contrarrazões adicionais apresentadas em 05/05/2017, conforme efls. 1.081. Nessa oportunidade, alega que, não obstante o novo Despacho de Admissibilidade, mais uma vez não houve manifestação em relação à divergência indicada no acórdão paradigma nº 103 18.812, o que acarreta a nulidade do Despacho. Todavia, reitera que a recorrente não demonstrou o suposto dissídio jurisprudencial. Na sessão de 5 de outubro de 2017, a 1ª Turma/CSRF resolveu converter o julgamento em diligência à Presidência da 4º Câmara/1ªSeção, a fim de que seja complementado o despacho de exame de admissibilidade original (efls. 982/984), no sentido de se apreciar a existência da divergência em relação à matéria indicada no acórdão paradigma nº 10318.812. Novamente, em Despacho de Admissibilidade de 17/11/2017, à efl. 1.1.58, deuse seguimento ao Recurso Especial em relação à matéria indicada no acórdão paradigma nº 10318.812. Em petição às efls. 1.64/1.168, a recorrida assevera que a Turma não poderia admitir o Recurso Especial fazendário, em face da falta cometida pela 4ªCâmara/1ª Seção, ao deixar de apreciar a matéria indicada no acórdão paradigma nº 10318.812. Nessa perspectiva, defende a nulidade do exame de admissibilidade complementar, uma vez inexistente nas normas legais e regimentais. O contribuinte foi formalmente cientificado da Resolução e do Despacho de Admissibilidade de efl 1.158 no dia 24/01/2018, por abertura de mensagem, conforme efl. 1.225. Contrarrazões complementares apresentadas em 08/02/2018, à efl. 1.226. Nessa oportunidade, reitera a nulidade do Despacho de Admissibilidade complementar, bem como os argumentos já exibidos nas contrarrazões anteriores. O processo foi levado a novo sorteio por meio do Despacho de 27 de abril de 2018, à efl. 1.281, em razão do afastamento do relator original, Conselheiro André Mendes de Moura. Em 07/06/2018, por sorteio, o processo foi distribuído ao Conselheiro Flávio Franco Corrêa. É o relatório. Voto Conselheiro Flávio Franco Corrêa, Relator. Fl. 1295DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.295 11 Anoto que os autos retornaram ao CARF após o cumprimento da Resolução nº 9101000.033, às efls. 1.149/1.155, na relatoria do Conselheiro André Mendes de Moura. No entanto, o ilustre Conselheiro afastouse do serviço em razão do gozo de licença capacitação, motivo por que os autos foram levados a sorteio para nova distribuição, conforme Despacho de 27 de abril de 2018, à efl. 1.281. Finalmente, vieram à minha carga no dia 7 de junho deste ano, sorteado regularmente. Nesse sentido, não há razão para desconsiderar o ato jurídico do sorteio e, consequentemente, da distribuição, na forma do artigo 50, § 3º, do RICARF: O presente Recurso Especial é tempestivo. Todavia, a recorrida traz ao debate questões relevantes ao conhecimento do apelo fazendário. Para responder às questões expostas nas contrarrazões, mostrase relevante o quadro fático retratado nos autos, bem como as infrações apontadas pela Fiscalização. De plano, trazse à colação a resposta à intimação consignada no Termo de Início de Fiscalização, por meio da qual a recorrida declarou que, “sob o ponto de vista jurídico e econômico, classificase como Agroindústria do Setor Sucroalcooleiro (art.22A da Lei n.°8.212/91), dedicandose, inicialmente, ao cultivo da lavoura de canadeaçúcar, como atividade essencialmente agrícola, e à industrialização dessa matériaprima, como atividade industrial, para fabricação do açúcar e do álcool.” E disse mais: “Essas atividades compõem um só negócio empresarial uno e indivisível. Dessa forma, o produto de sua atividade agrícola (canadeaçúcar) não é faturado em termos técnicos, não gerando, assim, receita da atividade agrícola propriamente dita, uma vez que a canadeaçúcar oriunda das lavouras cultivadas, é consumida no processo industrial, gerando, a final, uma receita única, vinculada a uma atividade agroindustrial. A empresa, para realizar os seus lançamentos contábeis e gozar dos benefícios fiscais legalmente previstos, orientouse pelo disposto no artigo 2° da Lei n° 8023/90, que determina quais as atividades classificadas como atividade rural podem ter a depreciação acelerada. A empresa efetivamente exerce a atividade rural prevista no inciso Ill de seu estatuto, que define seu objeto social. 3) Conforme comentado anteriormente, a empresa não aufere receita de vendas de produtos agrícolas, já que produz a canadeaçúcar com a finalidade de utilizála no processo produtivo do açúcar e do álcool. Dessa forma, não há segregação dos custos e despesas utilizados na apuração do lucro real. 4) As exclusões sob a rubrica "depreciação / amortização acelerada incentivada" referemse a valores de aquisição ou formação de ativo imobilizado utilizado na atividade rural da empresa, conforme pode ser constatado na relação das aquisições apresentada no item 5. Tendo em vista o disposto no artigo 314 do Regulamento do Imposto de Renda, que autoriza as pessoas jurídicas que explorem a atividade rural a gozarem dos benefícios da depreciação acelerada, a ora Requerente aplicou tal dispositivo aos seus resultados. Fl. 1296DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.296 12 Por outro lado, sendo a exploração de lavouras de canadeaçúcar entendida como atividade rural (artigo 58 do mesmo regulamento), esta empresa, constituida como uma agroindústria, tem o direito de gozar do beneficio. 5) Os valores utilizados como exclusão, bem como aqueles adicionados à apuração do Lucro Real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido, constam de planilha anexa na qual informamos os valores mês a mês, de forma sintética. Para cada um dos meses há um relatório analítico que compõe os valores adicionados e excluídos.” Ao final dos trabalhos de auditoria, a Fiscalização efetuou lançamentos de ofício para a constituição de créditos de IRPJ e CSSL, que teriam sido suprimidos pela recorrida em razão de práticas configuradoras das seguintes infrações fiscais: A) IRPJ: 1) exclusão indevida do lucro líquido de depreciação incentivada, nos anos calendário de 2003 a 2006, sem que fossem observados os requisitos legais concernentes à atividade rural; 2) compensação indevida de prejuízos fiscais, que foram revertidos após a glosa das exclusões acima. B) CSLL: 1) exclusão indevida do lucro líquido de depreciação incentivada, sem que fossem observados os requisitos legais concernentes à atividade rural; 2) compensação indevida de bases de cálculo negativas, que foram revertidas após a glosa as exclusões acima. Em Relatório Fiscal, a Fiscalização apresentou as conclusões abaixo, que emprestaram fundamento aos lançamentos de ofício efetuados: 1) de acordo com estatuto social, o objeto social da fiscalizada é "a exploração, produção, industrialização, comércio e exportação de produtos da agricultura e pecuária em geral, e, especificamente, a cultura e industrialização da canadeaçúcar, para a produção de açúcar e álcool e sua comercialização e exportação, podendo ainda dedicarse a outras operações, que direta ou indiretamente estejam ligadas a estas atividades"; 2) as usinas de açúcar e álcool, como a fiscalizada, dedicamse quase com exclusividade à venda destes produtos. Tratase da chamada atividade agroindustrial, em que predomina a produção na visão industrial, própria do segundo setor da economia. Do que foi apurado no processo produtivo da usina, a produção de canadeaçúcar é própria do setor primário, enquanto a sequência e finalização do processo pertencem ao setor secundário. Em verdade a produção da cana é tão somente uma das etapas para a obtenção do álcool combustível e do açúcar cristal; Fl. 1297DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.297 13 3) compulsada a base legal da atividade rural, seria de se esperar que a atividade desempenhada fosse a produção agrícola ou a transformação de produtos decorrentes da atividade rural. A empresa realiza venda de óleo diesel e "outras mercadorias", mas o que prepondera é a atividade de transformação em que produz açúcar e álcool; 4) na atividade preponderante, a da transformação da produção agrícola, exige a lei outras condições, a saber: a) que não sejam alteradas a composição e as características do produto in natura; b) sejam utilizados equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais; c) a transformação seja efetivada pelo próprio agricultor ou criador; d) que seja utilizada matériaprima exclusivamente produzida na área rural; 5) a limitação imposta atinge a fiscalizada, eis que, na produção de açúcar cristal e álcool combustível, há nítida alteração das características do produto in natura. Consta inclusive da Instrução Normativa n° 81/2001, art. 2°, VI, alínea b, item 2, que a atividade permitida como rural é a de moagem de canadeaçúcar para produção de açúcar mascavo, melado, rapadura. A normativa permite a produção deste açúcar devido à manutenção das características e composição, ao ensejo de que da transformação do produto não derive produto de outra espécie; 6) no caso sob análise, o açúcar fabricado em nada se aproxima do açúcar mascavo. Portanto, para ter seus resultados tributados como atividade rural, a usina não poderia produzir açúcar e álcool, mas tão somente açúcares como o mascavo, que mantém as características e composição do derivado em bruto da canadeaçúcar. No presente, o açúcar cristal produzido não mantém a característica, nem a composição do açúçar mascavo. Nos balanços contábeis dos custos da produção, resta clara a utilização de produtos químicos para fabricar o açúcar e o álcool, de molde a alterar a composição e as características do açúcar fabricado; 7) quanto ao álcool combustível fabricado, maior a distância entre o legislado e o produzido pela usina. Impossível esconder a alteração das características e composição da canadeaçúcar, quando se transforma em álcool combustível. Sendo assim, claro está que também a transformação para o álcool descaracteriza a atividade como rural; 8) quanto à exigência de que sejam utilizados equipamentos e utensílios usualmente empregados na atividade rural, evidente é que em nada se assemelham as enormes moendas e caldeiras encontradas no processo produtivo da usina para produzir açúcar e álcool com o moinho usado na atividade do produtor rural de açúcar mascavo. Também dos balancetes contábeis aferese a alta complexidade e grandiosidade do maquinário utilizado no processo industrial, quando identificadas as contas de custos de produção sob a rubrica "manutenção de equipamento". Claro está que não é usual que seja encontrado na atividade rural um parque industrial como o produtor de açúcar e álcool; 9) ainda na descaracterização de que a usina executa atividade rural, a diferença do processo desta com a do produtor rural é também Fl. 1298DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.298 14 quantitativa. Tratase de processo industrial o verificado nas usinas, eis que a quantidade produzida de milhões de litros de álcool e de toneladas de açúcar cristal requer manejo industrial. Não pode, nem foi pensado na lei tributária, um tratamento em bases iguais do produtor rural com o industrial que se utilize de insumos agrícolas. Suas dimensões os desigualam, inclusive no que tange à capacidade contributiva. Nestes termos dispõe o art. 3°, inciso I, da IN n° 257/02, ao vedar expressamente a inclusão na atividade rural das atividades de industrialização, como as implementadas pela auditada; 10) a última, mas não menos importante condição da atividade rural é de que o produtor utilizese somente de matériaprima produzida na área rural de sua exploração. Impedido está o produtor rural de adquirir produtos de terceiros para que os transforme. Evitase, com mais esta restrição, que haja comercialização da produção de produtores rurais e possível concentração na produção rural. 11) no caso em tela, a usina não industrializa apenas o que planta. Também compra canadeaçúcar de terceiros, uma vez que sua atividade lucrativa é a venda de açúcar e álcool, independendo se tenha que adquirilos de fornecedores ou parceiros. Verificase pela DIPJ que cerca de 27% do insumo canavieiro empregado advêm de fornecedores. A empresa compra o insumo destes diretamente; 12) estão equivocadas as linhas de interpretações que admitem as atividades da usina como a de um produtor rural. Quer naquela em que se adequa ao artigo 2°, inciso I, da Lei n° 8.023/1990, como agricultor a cultivar cana deaçúcar, ou ao considerar que executa as atividades de transformação previstas no artigo 2°, inciso V, da mesma lei; 13) instada a justificar a conceituação como atividade rural através do Termo de Intimação Inicio de Ação Fiscal, aduziu que explora a atividade rural como atividade meio com o cultivo da cana. Traz para tanto o conceito esculpido no ordenamento jurídico previdenciário, qual seja, o art. 201A do Decreto n° 3.048/99. Esta definição só atinge a fiscalizada em seus efietos previdenciários; 14) não há outra conclusão que não a de que é descabivel tratar uma usina pertencente aos prósperos negócios da agroindústria como os produtores rurais albergados pelos benefícios fiscais da atividade rural. Impossível destacar artificialmente a atividade de produção da cana da sua etapa no amplo processo produtivo do açúcar e álcool, e considerála como pertencente à atividade rural. No caso em discussão, a usina não industrializa apenas o que planta. Também compra canadeaçúcar de terceiros, uma vez que sua atividade lucrativa é a venda de açúcar e álcool, independendo se tenha que adquirilos de fornecedores ou parceiros. Verificase por pela DIPJ que cerca de 27% do insumo canavieiro empregado advém de fornecedores. A empresa compra o insumo destes diretamente. Fl. 1299DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.299 15 15) as receitas da venda de canadeaçúcar são da atividade rural, mas não menos evidente que não se pode aceitar as receitas da venda de açúcar e álcool como sendo da atividade rural. Ou, mais absurdo ainda, considerar que, quanto à atividade rural, basta que oss custos sejam próprios da atividade rural, sem que as receitas decorrentes desta produção também estejam conceituadas como pertencentes à atividade rural; 16) em síntese, a atividade rural envolve os custos e as receitas. A indústria açucareira simplesmente por produzir a cana, utilizada como insumo no processo industrial, não pode se aproveitar dos benefícios da atividade rural, para a produção do açúcar e álcool. A previsão legal é da tributação do resultado como um todo da atividade rural, não quando as receitas de venda envolvem produtos não considerados da atividade rural; 17) reza o artigo 314 do RIR/99 que os bens do ativo permanente imobilizado utilizados na atividade rural podem ser depreciados integralmente no próprio ano de aquisição. Para tanto, podesem efetuar uma exclusão na apuração do lucro real, no valor do bem quando imobilizado, com as posteriores adições, nos anos subseqüentes, à medida que a quota de depreciação for sendo incorrida; 18) por meio do Livro de Apuração do Lucro Real ( LALUR ), constatase que assim foi feito, pela usina. Considerando que a conceituação da fiscalizada, como exercente de atividade rural em sua totalidade, está errada, os efeitos fiscais na apuração do lucro real devem ser desfeitos; 19) nos anoscalendário 2003, 2004, 2005 e 2006, constam no LALUR, como exclusões, os valores das aquisições ocorridas no período. Nesta rubrica de exclusões, aparece o maquinário adquirido para o trato da canadeaçúcar, o maquinário adquirido para o transporte da cana, os custos incorridos na formação da lavoura sob a rubrica "cana formação", tais como mãodeobra dos trabalhadores rurais, encargos previdenciários e trabalhistas, assim como os custos das prestadoras de serviços; 20) a fiscalizada utilizouse deste beneficio não apenas para o maquinário, mas também para a exclusão dos custos da cana em formação. É bom que se explique que a cana em formação cuida do plantio das mudas de cana deaçúcar plantadas em cada ciclo de cinco anos de produção. Neste qüinqüênio, a planta é apenas podada, mas não replantada. Logo, neste processo produtivo, os custos de formação da lavoura canavieira estão sendo ativados, para depois serem depreciados; 21) o contribuinte contabiliza em conta do Ativo Permanente Imobilizado (Canaviais em Formação) os custos apropriados para a formação da lavoura canavieira, amortizando contabilmente os custos desta conta na taxa de 20%, ao ano, mediante lançamentos de depreciação acumulada bens operação. O contribuinte entende que, por ser uma pessoa jurídica que explora atividade rural (nos termos do art. 58, inciso VI, do Decreto n° 3.000/99 — RIR/99), teria direito ao beneficio fiscal previsto nos artigos 307, II, e 314 do RIR/99, podendo depreciar integralmente, no Fl. 1300DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.300 16 próprio período de apuração, todos os custos incorridos com a formação da lavoura canavieira, registrados na conta Lavoura em Formação; 22) a fiscalizada excluiu, integralmente, nos ajustes do Lucro liquido do período (Parte A do Livro de Apuração do Lucro Real — LALUR), os custos da Lavoura em Formação. Em contrapartida, o custo excluído é adicionado nos próximos 60 (sessenta) meses, ou seja, nos próximos 5 anos, nos ajustes do Lucro liquido do período, no LALUR; 23) não bastassem as conclusões acima expostas quanto à incompatibilidade entre as atividades praticadas pelo contribuinte e os benefícios da atividade rural, restam outras questões fiscais a serem enfrentadas. Por primeiro, inexiste previsão legal para a dedução integral dos valores aplicados na formação da lavoura canavieira, vez que a lei não permite a dedução integral no cultivo de florestas, bens sujeitos ã exaustão. Ao segundo, a lei rural permite exclusivamente a dedução integral da depreciação, e no caso versado deparase com quotas de exaustão; 24) os bens ativados sob a rubrica "canaviais em formação" não podem ser qualificados como utilizados na atividade rural, uma vez que são compostos por mãodeobra e custos trabalhistas, os quais são diferentes das máquinas e equipamentos propriamente usados na atividade rural. Diante, pois, de todo o quadro fático e dos argumentos da Fiscalização, pode se avançar aos quesitos da recorrida, primeiramente em sede de preliminares. Inicialmente, a recorrida salienta que o RICARF é cristalino ao exigir, expressamente, a transcrição integral das ementas dos acórdão ofertados como paradigmas, exigência esta que teria sido ignorada pelo despacho de admissão, nem cumprida pela recorrente, bastando, para tanto, que se verifique a peça recursal. Ocorre que o artigo 67, § 111, do RICARF, com a redação dada pela Portaria MF nº 329/2017, autoriza “a reprodução parcial da ementa desde o que trecho omitido não altere a interpretação ou o alcance do trecho reproduzido.” Não foi outra a opção da recorrente, que preferiu ser econômica na reprodução das ementas, selecionando apenas as partes nas quais se evidencia a decisão adotada quanto à matéria objeto do Recurso Especial. Reparese a manifestação da PGFN no apelo interposto: “A tese consubstanciada no r. acórdão recorrido diverge do entendimento firmado nos acórdãos n.º 10513.579, e n.º10318.812, da Quinta e Terceira Câmaras do Primeiro Conselho de Contribuintes, respectivamente, e que ora são invocados como paradigmas. Segue a ementa dos referidos julgados: “ATIVIDADE RURAL. FRIGORÍFICO DE AVES ‑ O abate de aves para ser caracterizado com o atividade rural deve ser feito pelo próprio produtor rural, 1 "Art. 67 .... ....... § 11. As ementas referidas no § 9º poderão, alternativamente, ser reproduzidas, na sua integralidade, no corpo do recurso, admitindose ainda a reprodução parcial da ementa desde que o trecho omitido não altere a interpretação ou o alcance do trecho reproduzido. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017)" Fl. 1301DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.301 17 com equipamento e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na unidade rural explorada, e não com utilização de equipamentos típicos da atividade industrial, conforme art. 2, inc. V, da Lei nº 8.023, de 1990. IMPOSTO DE RENDA‑ PESSOA JURÍDICA ‑ FORMAÇÃO DE LAVOURA CANAVIEIRA ‑ A aplicação de recursos na formação de lavoura canavieira, por não se extinguir com o primeiro corte, e por voltarem a produzir, permitindo um segundo ou terceiro corte, deverá ser classificada no grupo do ativo imobilizado da pessoa jurídica, para que seus custos sejam absorvidos através de quotas de exaustão.” (grifos no original) Como já se pôde perceber, a União suscitou a existência de dissídio entre o acórdão recorrido e os acórdãos nº 10513.579 e 10318.812, oferecidos como paradigmas. Examinemolos: No voto condutor do acórdão nº 10513.579 consta o seguinte: “Apresento a seguir, de forma sucinta, os argumentos adotados pelo julgador singular na decisão recorrida, com os quais concordo e considero mais relevantes para o deslinde do caso em exame: a autuada alega que sua atividade é totalmente rural, no entanto, conforme cláusula Primeira do Contrato Social, consolidado em 02 de outubro de 1996 (fl. 23), o objetivo social da sociedade é a "produção, industrialização, comércio nacional e internacional de produtos avícolas, vinícolas, suínos, rações, concentrados e suplementos, ingredientes para a alimentação animal, sabão industrial e demais subprodutos derivados, importação e exportação de cereais e de condimentos". como se percebe pelo objetivo social da autuada, nem todas as atividades se caracterizariam como atividades rurais, sendo que o cerne da questão está em se definir se a atividade de abate de aves, o resfriamento, o congelamento, a elaboração de embutidos (nota fiscal à fl. 33) e a sua comercialização no mercado nacional e internacional, não estariam fora dessa caracterização. alega ainda a contribuinte que o abate de aves constituise em atividade rural, conforme o art. 2° da Lei n.o 8.023, de 1990, incluindose, ainda, a transformação de produtos que não implique na alteração da composição e características do produto in natura, pois requer simples procedimento rudimentar que não se caracteriza como industrialização. com relação a alegação de que sob o aspecto da legislação do IPI, o abate de aves, mesmo que divididas em partes e embaladas para comercialização, não caracteriza operação de transformação, podendo ser considerada como atividade rural, destaca que, no âmbito do imposto de renda, para que se caracterize como atividade rural, não basta que não haja transformação, é preciso que sejam atendidas, ainda, as demais condições do inc. V do art. 2° da Lei 8.023, de 1990, como a utilização de equipamentos e utensílios usualmente empregados na atividade rural. chama a atenção para o caso específico da autuada, pelo seu porte econômico, evidenciado pelos valores lançados na sua declaração de rendimentos, por suas atividades de comercialização no mercado interno e externo, é por demais lógico que um processo rudimentar não abrigaria tal nível de atividade Fl. 1302DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.302 18 econômica, senão pelo emprego de modernos equipamentos próprios do setor industrial. rebate as alegações baseada nas exclusões citadas no art. 3° da Instrução Normativa Secretaria da Receita Federal 125/92N visto entender que as mesmas não esgotam todas as atividades; sendo meramente exemplificativas, e que para caracterização da atividade rural devese considerar que o inc. V1 do art. 2° o qual dispõe que " a transformação de produtos agrícolas ou pecuários, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto "in natura" e não configure procedimento industrial, feita pelo próprio produtor rural, com equipamento e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na unidade rural explorada...", o que não é o caso da autuada” Comparando a situação sub examine com a que está retratada no acórdão nº 10513.579, deparase com a existência de similitude fática. Entendo que se deve refutar a alegação de que a diferença entre as atividades reveladas, quando se coloca o acórdão recorrido visàvis o acórdão nº 10513.579, seria o bastante para repelir a semelhança fática exigível, porquanto o ponto de conexão entre os julgados está no porte econômico dos contribuintes, na utilização de equipamentos e utensílios compatíveis com processos mais rudimentares e nos procedimentos empregados que não impliquem transformação, assim compreendida qualquer alteração na composição e nas características do produto in natura. A recorrente alude, por sua vez, ao acórdão nº 10318.812 com a pretensão de comprovar a similitude fática e o dissídio interpretativo quanto à sujeição dos custos aplicados na formação de lavoura canavieira a encargos de exaustão, e não a encargos de depreciação, distintamente do que restou assentado no acórdão recorrido, como se constata no seguinte trecho do Recurso Especial, à efl. 960: “O segundo acórdão paradigma (10318.812) indica que os recursos aplicados na formação de lavoura canavieira são classificados no grupo de ativo imobilizado da pessoa jurídica, para que seus custos sejam absorvidos através de quotas de exaustão. Por outro lado, o acórdão recorrido despreza a diferença técnica entre exaustão e depreciação, de maneira que o fato de lavouras em formação estarem sujeitas à exaustão não obsta o gozo do benefício.” (grifos no original) Podese ver, no acórdão ofertado como paradigma, de nº 10318.812, que a decisão tomada efetivamente diverge daquela que foi proferida pela Turma a quo, verbis: “Quanto ao item 1 Contabilização Indevida como Despesa do valor de Cz$ 25.637.697,72, correspondente a aplicação de recursos na formação de lavoura canavieira., consoante o art.15 do Decretolei n°1.598/777 e Parecer Normativo CST n°18/79, os custos de formação de culturas que não se extinguem com o primeiro corte, voltando a produzir novos ramos ou troncos, permitindo um segundo ou terceiro corte, deverão ser classificados no grupo do ativo imobilizado, para que seus custos sejam absorvidos, através de quotas de exaustão à medida e na proporção em que seus recursos forem sendo exauridos.” (grifos no original) Portanto, é inquestionável, também aqui, a similitude fática e o dissídio interpretativo, uma vez que, no acórdão ofertado como paradigma, deliberouse no sentido de Fl. 1303DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.303 19 que os custos aplicados na lavoura canavieira sujeitamse a quotas de exaustão, e não a quotas de depreciação, como afirmado no acórdão recorrido. Também não é verdade que o Recurso Especial da PGFN não tenha analisado as distintas situações fáticas e jurídicas referentes aos acórdãos ofertados como paradigmas e o recorrido. Observese a esse respeito o que disse o órgão de defesa da Fazenda Nacional, em sua irresignação: “Em primeiro lugar, o contribuinte exerce atividade agroindustrial (industrialização), não se enquadrando no conceito de atividade rural disposto no art. 2° da Lei 8.023/90. A legislação conceitua a atividade rural, conforme se segue: Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990 Art. 2º Considerase atividade rural: (...) [...] A IN SRF nº 257, de 2002: Art. 2º [...] Diante da definição legal ora apresentada, temse que o contribuinte não desenvolve atividade rural. Sua atividade implica transformação substancial da cana deaçúcar em açúcar cristal e álcool combustível, em um processo que acarreta alteração da composição e características do produto in natura. Além disso, o próprio contrato social da empresa indica a natureza industrial o processo de transformação da canadeaçúcar. Confira‑ se: ... a exploração, produção, industrialização, comércio e exportação de produtos da agricultura e pecuária em geral, e, Insta esclarecer que o objetivo da lei, ao prever o benefício da depreciação acelerada incentivada, foi incentivar a atividade preponderantemente rural, como setor primário da economia, e não alcançar a atividade industrial, o que pode ser verificado pelo elenco dos requisitos para ser configurada a atividade como rural. O acórdão paradigma 10513.579 assevera a necessidade de cumulatividade dos requisitos que caracterizam a atividade como rural. Tais requisitos estão dispostos no inc. do V do art. 2º da Lei nº 8.023 de 1990, verbis: “... a norma que define o que se considera “atividade rural”, para fins da apuração do IRPJ, é unicamente aquela constante no inciso V do art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990, que estabelece cinco condições a serem preenchidas pela pessoa jurídica para enquadramento do exercício de “atividade rural”: 1. “a transformação dos produtos decorrentes da atividade rural”; 2. “sem que sejam alteradas a composição e as características do produto “in naturaʹ ʹ ; 3. ʺ feita pelo próprio agricultor ou criadorʺ ; 4. ʺ com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades ruraisʺ ; 5. ʺ utilizando exclusivamente matéria‑ prima produzida na área rural explorada.ʺ Fl. 1304DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.304 20 A sociedade recorrente exerce atividade de industrialização da canadeaçúcar para obtenção de açúcar e álcool e à venda destes produtos no mercado interno e externo, configurando atividade industrial, e não meramente rural, sendo a produção da canadeaçúcar uma das etapas do processo produtivo, e não sua atividade predominante, para obtenção de milhões de litros de álcool e toneladas de açúcar. [...] Podese verificar, portanto, que descaracterizada a atividade rural, nos termos do que está definido no inciso V, art. 2, da Lei nº 8.023/90, a autuada se aproveitou indevidamente do benefício fiscal. Subsidiariamente, convém firmar que o art. 314 do RIR, referese tão somente à depreciação, e o custo para a formação da lavoura canavieira está sujeita à exaustão, de modo que não se aplica a depreciação acelerada incentivada prevista atualmente no art. 6º da MP 215970/2001. art. 6º da MP n° 2.15970, de 24 de agosto de 2001: [...] Apenas podem ser realizados integralmente no próprio ano de aquisição os bens do ativo imobilizado da pessoa jurídica que explore atividade rural sujeitos à depreciação no sentido estrito. [...] Não existe previsão legal para dedução integral dos valores aplicados na formação da lavoura canavieira, pois esta se sujeita à exaustão, e a lei não permite a dedução integral no cultivo de florestas, de bens sujeitos à exaustão. A jurisprudência do CARF confirma esse entendimento. O acórdão paradigma n.º10318.812 trata de situação fática idêntica à que se examina nos presentes autos. Naquela ocasião, o colegiado entendeu que lavouras de cana em formação são bens sujeitos à exaustão. Eis a ementa: [...]” (grifos no original) Assim, está claro que o apelo fazendário expôs a situação do caso concreto para cotejála com acórdão ofertado como paradigma nº 10513.5792, a fim de demonstrar a existência de divergência de interpretação sobre a caracterização, no rol das atividades rurais de que trata a Lei nº 8.023/1990, da atividade de agroindústria que opera com transformação. Já em outra passagem, a Fazenda Nacional destacou que os custos empregados na lavoura canavieira não se sujeitam a encargos de depreciação, diversamente do que reconhecera o acórdão recorrido. Em suporte a essa tese, cotejou o caso concreto em que a recorrida realiza o plantio de canadeaçúcar, comparandoo com situação similar retratada no acórdão ofertado como paradigma nº 10318.812. Todo o esforço da recorrente foi direcionado à demonstração de que a recorrida não atende ao disposto no artigo 2º da Lei nº 8.023/1990, com o intuito de sustentar que a recorrida não é uma empresa rural. Todavia, o Recurso Especial fazendário falece no ponto em que não ofereceu paradigma em contraposição ao entendimento de que o artigo 22A da Lei nº 8.212/1991 é o suficiente a suportar a decisão de que as agroindústrias exercem atividade rural, a teor do que ficou consignado no voto condutor do acórdão recorrido: Fl. 1305DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.305 21 Tanto a fiscalização quanto a DRJ de Ribeirão Preto, argumentam que a recorrente não faz jus ao benefício da depreciação acelerada por não exercer atividade tipicamente rural, o que desqualificaria a pretensão do requerente. Todavia esses argumentos estão equivocados, uma vez que a Usina Batatais é sociedade agrícola cujo objeto social é: a plantação e industrialização de canade açúcar, e, portanto, exerce atividade tipicamente rural. O artigo 22A da Lei nº 8.212/91 é claro ao definir que Agroindústrias são produtores rurais que industrializam e comercializa bens de sua propriedade ou de produção própria e adquirida de terceiros, podendo beneficiarse integralmente dos incentivos circunscritos à atividade rural. (grifei) Esse entendimento foi ratificado por esta mesma Turma no Acórdão 140200.271, assim ementado: ATIVIDADE RURAL. COMPATIBILIDADE COM EQUIPAMENTOS USUALMENTE EMPREGADOS NA ATIVIDADE EQUIPAMENTOS DE ALTA TECNOLOGIA – A lei prevê como condição para caracterizar a atividade como rural, a transformação de produtos, feita pelo próprio produtor, sem que haja alteração da composição e das características do produto in natura, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada. O emprego de equipamentos de alta tecnologia, não é vedado pela lei 8.023/1990. ATIVIDADE RURAL. FRIGORÍFICO DE AVES. Comprovado que a empresa atende todos os pressupostos do art. 2º. da Lei 8.023/1990 para fins de enquadramento na atividade rural, cancelase a exigência. Recurso de Oficio Negado. Recurso Voluntário Provido Equivocamse tanto a fiscalização quanto a DRJ de Ribeirão Preto/SP, ao desconsiderar a atividade rural da Recorrente ao argumento de que: “a regra é clara ao exigir que a pessoa jurídica explore atividade rural” e “ademais, não procede a alegação impugnante no sentido de que sua atividade deve ser qualificada como rural”, tese essa que teria amparo no artigo 2º, da Lei nº 8.023/90, com a redação dada pela Lei nº 9.250/95. A tributação beneficiada dos resultados obtidos na atividade rural, não é privativa apenas do setor primário da economia. Nos termos da Medida Provisória nº 2.15970/2001, e é possível a depreciação de ativo imobilizado quando da exploração da atividade rural.” Tenhase em conta que o Recurso Especial limitouse a afirmar que o artigo 22A da Lei nº 8.212/1991 só tem efeitos previdenciários. Diante da insuficiência recursal, não se pode conhecer do Recurso Especial da União. É como voto. (assinado digitalmente) Fl. 1306DF CARF MF Processo nº 13855.003821/200854 Acórdão n.º 9101003.873 CSRFT1 Fl. 1.306 22 Flávio Franco Corrêa Fl. 1307DF CARF MF
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Numero do processo: 11020.001897/2002-47
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 14 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Exercício: 1997
IRPJ. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. DEDUTIBILIDADE.
O cômputo do saldo de reservas de lucros para fins de apuração do limite de dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio somente é permitido a partir do ano calendário de 1997, em razão do disposto no art. 78 da Lei nº 9.430/96.
Numero da decisão: 1202-000.817
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso voluntário. Ausente, justificadamente, a conselheira Nereida de Miranda Finamore Horta.
Nome do relator: Viviane Vidal Wagner
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JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. DEDUTIBILIDADE. O cômputo do saldo de reservas de lucros para fins de apuração do limite de dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio somente é permitido a partir do ano calendário de 1997, em razão do disposto no art. 78 da Lei nº 9.430/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Ausente, justificadamente, a conselheira Nereida de Miranda Finamore Horta. (assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho Presidente (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Nelson Lósso Filho, Carlos Alberto Donassolo, Geraldo Valentim Neto, Orlando Jose Gonçalves Bueno, Viviane Vidal Wagner e Sérgio Luiz Bezerra Presta. Fl. 274DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11020.001897/200247 Acórdão n.º 120200.817 S1C2T2 Fl. 275 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto pelo contribuinte em face de decisão de primeira instância que julgou procedente o lançamento de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), oriundo de revisão interna da DIPJ ano calendário 1996, em que foram constatadas as seguintes infrações à legislação tributária: a) lucro inflacionário acumulado realizado a menor na demonstração do lucro real; b) juros sobre o capital próprio adicionado a menor na apuração do lucro real, configurando transgressão ao limite estabelecido no art. 9º da Lei nº 9.249/1995. Cientificado da autuação em 22/03/2002, o contribuinte impugnou o lançamento somente em relação ao item “b”, apresentando alegação preliminar de decadência e, no mérito, sustentando que “o limite legal para dedutibilidade dos juros sobre capital próprio foi respeitado”, com base no art. 29 da IN nº 93/97, tendo sido adotado o valor correspondente a "50% do somatório dos lucros acumulados e reserva de lucros" como limite para a dedução na apuração do lucro real (fls.162/163). A 1ª Turma da DRJ/Porto Alegre julgou procedente o lançamento editando a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 1996 DECADÊNCIA. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. IRPJ. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. DEDUTIBILIDADE. Não havia previsão legal, em 1996, para computar o saldo de reservas de lucros para fins de apuração do limite de dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio. A autorização legal somente foi inaugurada com a edição da Lei nº 9.430/1996, cujos efeitos, neste particular, somente vigoraram a partir de 1997. Cientificado da decisão em 08/03/2007 (fl.190), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 09/04/2007 (fls.191 e ss), sustentando o seguinte: a) o prazo aplicável é o disposto no art. 150, §4°, do CTN, in fine, tendo em vista que o tributo ora combalido se submete ao tipo de lançamento homologatório, tendo havido, em relação ao exercício em questão, inequívoco pagamento de IRPJ, ainda que, aos olhos do Fisco, de maneira insuficiente; Fl. 275DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11020.001897/200247 Acórdão n.º 120200.817 S1C2T2 Fl. 276 3 b) quanto à suposta "infração" consiste na dedução, na apuração do lucro real, dos juros sobre capital próprio em valor superior ao limite previsto no art. 9º, § 1°, da Lei n°9.249/95, a conclusão da turma julgadora está equivocada, pois o dispositivo legal fixou o limite de dedutibilidade, para efeito de apuração do lucro real, em (i) 50% (cinqüenta por cento) do lucro líquido correspondente ao períodobase do seu pagamento ou crédito, antes da provisão para o imposto de renda e da dedução desses juros; ou (ii) 50% (cinqüenta por cento) dos saldos de lucros acumulados de períodos anteriores. Para determinar a escolha do limite aplicável, dispôs o ADN COSIT n°13/96, e, posteriormente, a IN/SRF n°93/97, que entre ambos prevaleceria o maior. Dessa forma, considerando o valor correspondente a "50% do somatório dos lucros acumulados e reserva de lucros" como limite para a dedução na apuração do lucro real, o limite legal para dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio foi respeitado, inexistindo o "excesso de juros sobre o capital próprio" apontado pela fiscalização. A Terceira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes analisou o recurso voluntário e reconheceu a decadência, prolatando o acórdão nº 10323.400, em 06/03/2008, com a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 1997 Ementa: DECADÊNCIA o imposto sobre a renda é lançado segundo a modalidade por homologação. Assim, ressalvada a hipótese de dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial é regido segundo as regras próprias dessa modalidade, mesmo na hipótese de lançamento de oficio suplementar. Na seqüência, a 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, apreciou o recurso especial da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, prolatando o acórdão nº 9101 001.109, na sessão de 01/08/2011, em que afasta a preliminar de decadência e determina o retorno dos autos à Câmara a quo para análise das demais razões de mérito, com a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 1997 DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO DO ART. 173, INCISO I, DO CTN. TERMO INICIAL. INTERPRETAÇÃO CONFORME RECURSO ESPECIAL N° 973.733/SC. IMPOSSIBILIDADE. A contagem do prazo decadencial, na forma do art. 173, I, do CTN, deve se iniciar a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em poderia ter sido efetuado o lançamento de oficio. 0 disposto no art. 62A do RICARF não implica o dever do julgador administrativo em reproduzir a decisão proferida em sede de recurso repetitivo, sem antes analisar a situação fatica que ensejou a decisão do precedente judicial. A finalidade da disposição regimental é impedir que decisões administrativas sejam contrárias a entendimentos considerados definitivos pelo Superior Tribunal de Justiça, na sistemática prevista pelo art. Fl. 276DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11020.001897/200247 Acórdão n.º 120200.817 S1C2T2 Fl. 277 4 543C da Lei n2 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil. Retornando à Câmara, o recurso foi distribuído a esta relatora, através de novo sorteio, nos termos do art. 49, §§7º e 9º, da Portaria MF nº 256, de 22/06/2009 (Regimento Interno do CARF), em razão do relator original não fazer mais parte do quadro de conselheiros da 1ª Seção do CARF. É o relatório. Fl. 277DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11020.001897/200247 Acórdão n.º 120200.817 S1C2T2 Fl. 278 5 Voto Conselheira Viviane Vidal Wagner, Relatora Superada a questão da preliminar de decadência em caráter definitivo pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, órgão que representa a última instância de julgamento administrativo, através do acórdão nº 9101001.109, de 01/08/2011, cabe a este colegiado se manifestar unicamente sobre as demais razões de mérito, as quais, no presente caso, se resumem à dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio. Consoante se extrai do termo de verificação fiscal (fl.13) a fiscalização autuou em razão da seguinte constatação: Apuração de Excesso de Juros s/ Capital Próprio Ficha 06, Linha 16 (A) R$ 17.555.597,55 IRRF (B) > (R$ 2.289.860,55) Ficha 06, Linha 33 (fl. 36 ) R$ 11.761.846,43 Soma Algébrica/2 (C) 13.513.791,72 Valor dos Juros sobre Cap. Próprio (AB) > R$ 15.265.737,00 Excesso de Juros s/ Cap. Próprio (ABC) > R$ 1.751.945,29 A recorrente sustenta que o limite do art. 9º, § 1°, da Lei n°9.249/95 para dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio foi respeitado, considerando o valor correspondente a "50% do somatório dos lucros acumulados e reserva de lucros" como limite para a dedução na apuração do lucro real, de acordo com o ADN COSIT n°13/96, e a IN/SRF n° 93/97. Segunda ela, inexiste excesso, conforme demonstrativo (fl.163) abaixo reproduzido: Ficha 06, Linha 16 (A) 17.555.597,55 IRRF (B) (2.289.860,55) Ficha 06, Linha 29 4 1.443.754,92 Ficha 18, Linha 27 74.351.596,92 Saldo de Lucros Acumulados/2 (C) —› 37.175.798,46 Valor dos Juros s/ Cap. Próprio (AB) 15.265.737,00 Excesso de Juros s/ Cap. Próprio (ABC) —> (21.910.061,46) A diferença, é de se notar, se dá em função da inclusão do montante das reservas de lucros (Ficha 18, Linha 27 da DIRPJ/97) no cômputo do limite de dedutibilidade dos juros. Fl. 278DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11020.001897/200247 Acórdão n.º 120200.817 S1C2T2 Fl. 279 6 Ocorre que, até o final de 1996, não era permitido incorporar o saldo de reserva de lucros no cálculo do limite de dedução dos juros sobre o capital próprio. Senão, vejamos. O art. 9º, §1º, da Lei nº 9.249/95, originalmente dispôs: Art. 9º. A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido (...) § 1º. O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados. (destaquei) Da mesma forma dispôs o art. 29, §3º, da IN nº 11/96, como se vê: Art. 29, § 3º. O valor dos juros pagos ou creditados, ainda que capitalizados, não poderá exceder, para efeitos de dedutibilidade como despesa financeira, a cinqüenta por cento de um dos seguintes valores: b) dos saldos de lucros acumulados de períodos anteriores. Observese que o ADN COSIT nº 13, de 27/05/96, referido pela recorrente, ainda considerava a redação original: O limite, para fins de dedutibilidade, como despesa financeira, do valor dos juros pagos ou creditados, ainda que capitalizados, a título de remuneração do capital próprio, será de cinqüenta por cento do lucro líquido correspondente ao períodobase do seu pagamento ou crédito, antes da provisão para o imposto de renda e da dedução dos referidos juros, ou dos saldos de lucros acumulados de períodos anteriores, o que for maior.(destaquei) Apenas em 30/12/96, com a publicação da Lei nº 9.430, de 27/12/96, a redação do art. 9º, §1º, da Lei nº 9.249/95, foi alterada para considerar as reservas de lucros na apuração do limite de dedutibilidade dos juros, verbis: Art. 78. O § 1º do art. 9º da Lei nº 9.249,de 26 de dezembro de 1995, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 9º (...). §1º O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados. " (destaquei) Fl. 279DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11020.001897/200247 Acórdão n.º 120200.817 S1C2T2 Fl. 280 7 Assim, ao contrário do que sustenta a recorrente, os efeitos dessa alteração, com a inclusão do cômputo das reservas de lucros na apuração do limite da dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio, somente passaram a vigorar a partir de 01/01/1997. Vejase que da IN SRF nº 93/97, que dispõe sobre a apuração do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas a partir do anocalendário de 1997, veio regulamentar os efeitos da redação alterada da Lei nº 9.430/96, ao dispor, em seu o art. 29, inciso II: Art. 29. O montante dos juros remuneratórios do capital passível de dedução para efeitos de determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social limitase ao maior dos seguintes valores:(...) II 50% (cinqüenta por cento) do somatório dos lucros acumulados e reserva de lucros. Assim, a partir de 01/01/97, para fins de dedutibilidade do lucro real devem ser considerado o maior dos seguintes limites: (i) 50% (cinqüenta por cento) do lucro líquido correspondente ao períodobase do seu pagamento ou crédito, antes da provisão para o imposto de renda e da dedução desses juros; ou (ii) 50% (cinqüenta por cento) dos saldos de lucros acumulados e reservas de lucros de períodos anteriores. Em relação ao ano calendário 1996, objeto do presente lançamento, contudo, como demonstrado acima, apenas devem ser considerados como parte do segundo limite os lucros acumulados em períodos anteriores. Consta dos autos (fl.39) que, conforme “Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados” (Ficha 19), da DIRPJ/97 apresentada pela recorrente, inexistia saldo de lucros acumulados ao final de 1996 (linha 1). Intimado pela fiscalização, o contribuinte, ora recorrente, esclareceu que dentre as adições não constava qualquer valor a título de juros sobre capital próprio. Assim, em razão da inexistência de lucros acumulados de 1996, resta evidenciado o excesso de dedução de despesas de juros, conforme apurado pela fiscalização. Diante do exposto, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Fl. 280DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO
score : 1.0
Numero do processo: 19740.000481/2005-31
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Sep 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2000, 2001
MULTA ISOLADA POR INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. IMPUTAÇÃO DE MULTA DE OFÍCIO. MATÉRIA SUMULADA.
Imputação de multa isolada por insuficiência de recolhimento de estimativas mensais, e lançamento de multa de ofício. Sendo os fatos geradores anteriores ao ano de 2007, aplica-se a Súmula nº 105 do CARF, sedimentada com precedentes da antiga redação do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, que foi alterada pela MP nº 351, de 22/01/2007, convertida na Lei nº 11.489, de 15/07/2007, para afastar a multa isolada.
Numero da decisão: 9101-003.784
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se aqui o decidido no julgamento do processo 10508.000384/2006-15, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Relator e Presidente em exercício
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Demetrius Nichele Macei e Rafael Vidal de Araújo.
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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