Busca Facetada
Turma- Segunda Turma Ordinária d (15,255)
- Quarta Câmara (15,255)
- Terceira Seção De Julgame (15,255)
- PIS - proc. que não vers (64)
- Cofins - ação fiscal (tod (63)
- Cofins- proc. que não ver (59)
- IPI- processos NT - ressa (55)
- PIS - ação fiscal (todas) (34)
- IPI- processos NT- créd.p (21)
- IPI- ação fiscal - penali (16)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (14)
- IPI- ação fiscal- insuf. (11)
- Pasep- proc. que não vers (11)
- CPMF - ação fiscal- (insu (8)
- DCTF_COFINS - Auto eletr (8)
- Outros proc. que não vers (7)
- IRPF- ação fiscal - omis. (6)
- IOF - ação fiscal- (insuf (4)
- PEDRO SOUSA BISPO (2,762)
- WALDIR NAVARRO BEZERRA (1,997)
- RODRIGO MINEIRO FERNANDES (1,008)
- JORGE OLMIRO LOCK FREIRE (677)
- ANTONIO CARLOS ATULIM (654)
- CYNTHIA ELENA DE CAMPOS (585)
- MARIA APARECIDA MARTINS D (579)
- THAIS DE LAURENTIIS GALKO (553)
- MAYSA DE SA PITTONDO DELI (442)
- DIEGO DINIZ RIBEIRO (410)
- JORGE LUIS CABRAL (401)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (378)
- Pedro Sousa Bispo (303)
- JOAO CARLOS CASSULI JUNIO (297)
- Lázaro Antônio Souza Soar (252)
- 2021 (2,514)
- 2019 (1,892)
- 2018 (1,662)
- 2023 (1,391)
- 2017 (1,352)
- 2020 (1,174)
- 2024 (1,106)
- 2016 (975)
- 2011 (707)
- 2012 (473)
- 2022 (411)
- 2014 (360)
- 2013 (343)
- 2025 (331)
- 2015 (243)
- 2019 (2,136)
- 2021 (2,003)
- 2017 (1,483)
- 2023 (1,340)
- 2018 (1,337)
- 2024 (1,212)
- 2020 (1,080)
- 2016 (823)
- 2022 (745)
- 2025 (621)
- 2011 (488)
- 2014 (350)
- 2013 (302)
- 2015 (255)
- 2010 (82)
- os (15,218)
- de (15,205)
- membros (15,169)
- do (15,063)
- por (14,987)
- votos (14,724)
- em (14,469)
- julgamento (14,430)
- colegiado (14,130)
- presidente (13,661)
- participaram (13,657)
- recurso (13,585)
- conselheiros (13,486)
- e (13,369)
- unanimidade (13,094)
Numero do processo: 10882.720555/2010-27
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008
COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE.
O distribuidor atacadista de mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) não pode descontar créditos sobre os custos de aquisição vinculados aos referidos produtos, mas como está sujeito ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003.
Direito de Crédito Reconhecido.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-002.513
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso para afastar a glosa dos fretes sobre a venda. Vencidos conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida e Pedro Souza Bispo que negavam provimento integral.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente Substituto
(assinado digitalmente)
João Carlos Cassuli Junior - Relator
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO (Presidente Substituto), FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO DEÇA, PEDRO SOUSA BISPO (Suplente), FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA (Suplente), JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR, FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária.
Nome do relator: JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE. O distribuidor atacadista de mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) não pode descontar créditos sobre os custos de aquisição vinculados aos referidos produtos, mas como está sujeito ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003. Direito de Crédito Reconhecido. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10882.720555/2010-27
anomes_publicacao_s : 201501
conteudo_id_s : 5418803
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3402-002.513
nome_arquivo_s : Decisao_10882720555201027.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 10882720555201027_5418803.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso para afastar a glosa dos fretes sobre a venda. Vencidos conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida e Pedro Souza Bispo que negavam provimento integral. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente Substituto (assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Junior - Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO (Presidente Substituto), FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO DEÇA, PEDRO SOUSA BISPO (Suplente), FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA (Suplente), JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR, FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária.
dt_sessao_tdt : Tue Oct 14 00:00:00 UTC 2014
id : 5786614
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:34:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047474257526784
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2021; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 708.092 1 708.091 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10882.720555/201027 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402002.513 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 14 de outubro de 2014 Matéria PIS/COFINS Recorrente NATURA COSMÉTICOS S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE. O distribuidor atacadista de mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) não pode descontar créditos sobre os custos de aquisição vinculados aos referidos produtos, mas como está sujeito ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003. Direito de Crédito Reconhecido. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso para afastar a glosa dos fretes sobre a venda. Vencidos conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida e Pedro Souza Bispo que negavam provimento integral. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 72 05 55 /2 01 0- 27 Fl. 708092DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 2 (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho – Presidente Substituto (assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Junior Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO (Presidente Substituto), FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D’EÇA, PEDRO SOUSA BISPO (Suplente), FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA (Suplente), JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR, FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. Fl. 708093DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10882.720555/201027 Acórdão n.º 3402002.513 S3C4T2 Fl. 708.093 3 Relatório Tratase de Pedido de Ressarcimento eletrônico de nº 05809.32272.290708.1.113778, pelo qual o contribuinte pretende reaver direito de crédito de R$ 23.838.628,66 apurado no 2º trimestre de 2008 em relação à COFINS não cumulativa, tendo sido o crédito vinculado e utilizado em compensações declaradas nas DCOMP nº 27089.30503300708.1.3.117621 e 10962.59339.290808.1.3.114588. Após prolação de Despacho Decisório que veio a ser declarado nulo pela 3ª Turma da DRJ/Campinas, houve prolação de novo Despacho Decisório em substituição ao anterior, que indeferiu o pleito de ressarcimento e não homologou as compensações vinculadas, sob o fundamento de que o desconto de créditos não cumulativos calculados em relação à armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, no caso de o ônus ter sido assumido pelo vendedor, não se aplica em relação aos produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal de que trata a Lei nº 10.147, de 2000, e Leis nº 10.637, de 2002 e nº 10.833, de 2003. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório em 06/11/2012, o contribuinte apresentou tempestivamente, em 05/12/2012, sua Manifestação de Inconformidade, que por bem resumidos os pontos de defesa nela suscitados no Relatório da decisão da DRJ/CPS, transcrevese: “A seu ver, a interpretação sistemática das Leis nº 10.637, de 2002 nº 10.833, de 2003 e nº 11.033 de 2004, afasta o entendimento que orientou o despacho decisório. Diz que a não cumulatividade das ditas contribuições é princípio que tem sede na Constituição e cujo alcance não pode ser restringido pelo legislador ordinário. Acrescenta que o critério a ser invocado na aplicação do princípio da não cumulatividade é o da percepção do faturamento ou receita e não, como ocorre com relação a legislação do ICMS e do IPI, a desoneração de determinada venda de bens. Nesse cenário, o conceito de insumo para efeito de apuração de créditos não cumulativos não coincide com o utilizado na formatação do IPI. Assim, prossegue, os créditos permitidos devem refletir todas as despesas e os custos que colaboram direta ou indiretamente na formação do faturamento. Entende assim, que não pode prosperar a glosa de créditos calculados sobre os fretes, mesmo os incorridos nas vendas de produtos sujeitos à tributação concentrada já que estes se revelam indissociáveis do auferimento das receitas. Fl. 708094DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 4 Na sequência de sua manifestação de defesa, a contribuinte detalha sua atividade empresarial, especificamente a forma de distribuição de seus produtos pelo sistema de venda direta ou portaaporta, procurando justificar a necessidade de desembolso dos valores pagos com fretes: (…) Sobre o entendimento expresso no despacho decisório de que haveria vedação legal à apuração de créditos sobre dispêndios com fretes nas vendas de produtos sujeito à tributação concentrada, diz que a alínea a “b” do inciso I do art. 3º das Leis nº 10.637 de 2002 e nº 10.833, de 2003 vedou apenas apuração de créditos sobre as aquisições, para revenda, de produtos sujeitos à tributação concentrada. Não se estenderia essa vedação aos fretes incorridos na vendas desses produtos, como também seria o entendimento expresso pela própria Receita Federal do Brasil na regulamentação do ressarcimento e compensação de créditos não cumulativos tratado no art. 27 da Instrução Normativa nº 1.300, de 2012. Assim, a citada alínea “b” do inciso I do art. 3º das Leis nº 10.637, de 2002 e nº 10.833, de 2003 não se aplica aos demais gastos incorridos nas vendas dos produtos monofásicos, como é o caso dos fretes. Continuando, interpreta ela própria o inciso IX, art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, concluindo que não há nenhuma vedação à apuração de crédito não cumulativo sobre os fretes suportados pelo vendedor nas operações de venda de produtos sujeitos à tributação monofásica. Destaca a contribuinte, mais à frente, que a possibilidade de apuração de créditos sobre o frete mesmo na venda de produtos sujeitos à tributação monofásica se impõe na medida em que impede o efeito cascata já que os serviços de frete são normalmente tributados pelo PIS e Cofins. Abrindo outro tópico, discorre a peça de defesa acerca da impossibilidade de cobrança de estimativas de IRPJ e CSLL compensadas com o crédito em discussão. Isso porque, após o encerramento do anocalendário, as estimativas deixam de existir, assumindo em seu lugar a apuração do tributo com periodobase anual” Por fim, requer seja julgada procedente a Manifestação de Inconformidade, nos termos dos requerimentos nela alinhados. DO JULGAMENTO DE 1ª INSTÂNCIA Em análise aos argumentos sustentados pelo sujeito passivo em sua defesa, a 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas (DRJ/CPS), houve por bem considerar improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, não reconhecendo o direito creditório em questão, tendo proferido o Acórdão nº 0540.507, ementado nos seguintes termos: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 Fl. 708095DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10882.720555/201027 Acórdão n.º 3402002.513 S3C4T2 Fl. 708.094 5 COFINS NÃO CUMULATIVA. CRÉDITOS. FRETES NA VENDA. PRODUTOS TRIBUTADOS COM INCIDÊNCIA CONCENTRADA/MONOFÁSICA. IMPOSSIBILIDADE. Pessoa jurídica que, na espécie, atua no ramo de venda por atacado de produtos de perfumaria, higiene pessoal e de toucador, sujeitos ao modelo monofásico de incidência não cumulativa da Cofins, não pode, tendo em vista expressa vedação legal, apurar créditos relativos às despesas de frete na venda dos aludidos produtos, ainda que os fretes tenham sido por ela suportados. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Em apertada síntese, a DRJ/CPS entendeu que haveria restrição à tomada de créditos sobre a aquisição, para revenda, de produtos sujeitos a incidência monofásica das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, e, como os fretes nas operações de venda são vinculados à entrega destes mesmos produtos monofásicos, não poderia haver o desconto de créditos. Consequentemente, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e manteve o indeferimento do PER/DCOMP. DO RECURSO VOLUNTÁRIO Cientificado em 08/07/2013 do Acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas (AR3, juntado aos autos eletronicamente), o contribuinte apresentou seu Recurso Voluntário em 06/07/2013, reproduzindo os mesmos argumentos trazidos em sede de Manifestação e sustentando que possui o direito ao desconto de créditos sobre as despesas com frete nas operações de revenda de produtos monofásicos, que seria garantido pelo art. 17, da Lei n° 11.033/04, cujo reconhecimento de inexistência de restrição ao crédito haveria sido reconhecido quando da edição das Medidas Provisórias n°s. 413/2008 e 451/2008, que previram expressamente a restrição ao crédito em questão, mas que foram posteriormente rejeitadas pelo Congresso Nacional. Cita fundamentos doutrinários, jurisprudência e posicionamentos existentes em Solução de Consulta e de decisões deste Conselho para amparar seus argumentos, requerendo, ao final, o provimento do recurso para se reconhecer o crédito. Sucessivamente, se acaso não venha a ser reconhecido o direito creditório, sustenta que não pode sujeitarse à multa sobre compensações de estimativas mensais de IRPJ e CSLL, que foram compensadas com os créditos em questão, segundo arrazoado que tece, deduzindo fosse cancelada a exigência que tem efeito reflexo do indeferimento do crédito, nesse sentido. DA DISTRIBUIÇÃO Tendo o processo sido distribuído a esse relator por sorteio regularmente realizado, vieram os autos para relatoria, por meio de processo eletrônico sem numeração – Fl. 708096DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 6 mesmo eletronicamente, estando apto para análise desta Colenda 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o relatório. Fl. 708097DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10882.720555/201027 Acórdão n.º 3402002.513 S3C4T2 Fl. 708.095 7 Voto Conselheiro João Carlos Cassuli Junior, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Como bem pontuado pela decisão da DRJ/CPS, restringese a lide na interpretação do direito ao desconto de créditos sobre as despesas com frete, incontroversamente suportadas pela Recorrente e por esta incorridas na revenda de produtos sujeitos ao sistema de tributação concentrada/monofásica. O deslinde da questão passa pela análise da legislação que envolve a matéria, sendo pertinente trazer à colação o preceito legal que veda o direito ao desconto de créditos sobre a aquisição para revenda, de produtos de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal, que nos autos restou incontroverso serem aqueles que foram comercializados pela Recorrente e que geraram as despesas de frete. Vejamos: Art. 3° Do valor apurado na forma do art. 2° a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) nos incisos III e IV do § 3° do art. 1° desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004)(Vide Medida Provisória nº 413, de 2008) (Vide Lei nº 11.727, de 2008). b) nos §§ 1° e 1°A do art. 2° desta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) (grifouse) Art. 2° (...) § 1° Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (...) II no inciso I do art. 1° da Lei n° 10.147, de 21 de dezembro de 2000, e alterações posteriores, no caso de venda de produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal, nele relacionados; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005). Fl. 708098DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 8 A celeuma, por sua vez, reside na interpretação do disposto no inciso IX, do art. 3°, da Lei n° 10.833/2003 (aplicável a Contribuição ao PIS/Pasep por força do art. 15, desta mesma Lei), e que está assim vazado: Art. 3° Do valor apurado na forma do art. 2° a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. (grifouse) Com efeito, segundo se colhe da decisão recorrida, houve o entendimento de que, considerando que haveria a restrição ao desconto de créditos sobre a aquisição, para revenda, de produtos sujeitos a incidência monofásica das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, e, considerando estarem os fretes nas operações de venda vinculados à entrega destes mesmos produtos monofásicos, igualmente não poderia haver o desconto de créditos, eis que o dispositivo em questão (inciso IX, do art. 3°), reportase ao frete na operação de venda “nos casos dos incisos I e II”. Portanto, no entendimento da decisão de piso, se pelo teor do inciso I do art. 3°, da Lei de regência, não houver o direito ao crédito, igualmente não haverá o direito ao crédito sobre o frete na operação de venda. Tenho, no entanto e com a devida vênia dos julgadores da regional, que no caso em concreto a interpretação que foi dada ao preceito legal não é a que melhor atende às normas de hermenêutica e mesmo à sistemática não cumulativa da contribuição, havendo fundamentos para concluir de modo diverso, como passo a expor. Inicialmente, porque as empresas que dedicamse à revenda de produtos sujeitos a incidência monofásica fazem parte daquelas pessoas jurídicas que sujeitamse à não cumulatividade das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, pois que as receitas provenientes da comercialização de tais produtos são tributadas, porém, em função do regime de tributação concentrado pelo qual se aumenta a alíquota no fabricante ou importador, reduzindoa a zero nos distribuidores atacadistas ou nos varejistas (caso da Recorrente) a alíquota das contribuições acaba sendo reduzida a zero. Assim, as revendas (distribuidores e atacadistas) de produtos monofásicos estão sujeitas a não cumulatividade, embora as receitas sejam tributadas à alíquota zero. Por tal razão, têm direito ao desconto dos créditos permitidos pela legislação, arrolados nos incisos III e seguintes do art. 3°, das Leis n°s 10.637/2002 para o PIS/Pasep e 10.833/2003 para a COFINS. Cabe pontuar que quanto aos incisos I e II, do mesmo diploma, tratamse dos créditos sobre os produtos para revenda, aqui analisados, e os bens e serviços utilizados como insumo (inc. II), os quais igualmente devem conceder o crédito, nas hipóteses legais pertinentes e de acordo com a atividade de cada contribuinte em particular, já que componentes da sistemática não cumulativa. Neste caso em particular, não estamos lidando com insumos, previsto no inciso II, já que o contribuinte não desenvolve atividade industrial ou de prestação de serviços. Fl. 708099DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10882.720555/201027 Acórdão n.º 3402002.513 S3C4T2 Fl. 708.096 9 Pois bem, tenho que quando o inciso I do art. 3° em questão veda o direito ao desconto de créditos, o faz sobre os bens adquiridos para revenda sujeitos à tributação concentrada. A vedação legal à tomada de créditos referese expressamente à aquisição de bens, de modo que os “custos de aquisição” estão compreendidos na vedação ao crédito, devendo ser interpretado que neste “custo” estão englobados os dispêndios para trazer as mercadorias ao estoque de mercadorias para revenda, nos termos dos itens 9 e 10, do pronunciamento técnico CPC nº 16, aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários através da Deliberação CVM nº 575, de 05 de Junho de 2009, que regulamenta o registro dos estoques. Esta Deliberação possui força de Lei e disciplina o Direito Privado, devendo ser observado pelo direito tributário, nos termos dos arts. 109 e 110, do CTN. Por outro lado, quando o inciso IX, do mesmo art. 3°, das Leis n°s. 10.637/02 e 10.833/03, permite o direito ao desconto de créditos sobre “armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor”, está tratando de despesas comerciais, inerentes à venda das mercadorias, e não à dispêndios relativos a sua aquisição. Esses dispêndios de entrega dos produtos revendidos não agregam ao “custo de aquisição” das mercadorias, mas antes são despesas de vendas, não podendo ser abrangidas na vedação contida no inciso I, do mesmo dispositivo legal, pelo fato de consistir em outra operação de aquisição, relacionada com outra pessoa jurídica (que não o fornecedor de produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal), que é o prestador dos serviços de transportes nas operações de entrega da mercadoria para o comprador, o qual é contribuinte das contribuições em questão sobre a receita do frete cobrado à Recorrente. Tenho que a menção existente no inciso IX, do art. 3°, em questão, quando reportase aos “casos dos incisos I e II”, visa firmar que o direito ao desconto de crédito será quando a armazenagem ou o frete na operação de venda tiver como objeto mercadorias para revenda ou bens ou produtos fabricados a partir dos insumos que ali estão especificados, independentemente do regime de sua tributação, não podendo abranger a armazenagem e o frete de bens que não se enquadrem como mercadorias para revenda e nem como bens ou produtos fabricados a partir dos referidos insumos (seria o exemplo de armazenagem ou transporte de bens do ativo imobilizado). Ademais, no caso em questão, o art. 17, da Lei n° 11.033/04 não deixa dúvidas que há direito em manter os créditos que sejam vinculados à venda de produtos desonerados. Vejamos: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Como já me manifestei em outras oportunidades, esse dispositivo trata da “manutenção dos créditos” que são passíveis de serem efetivamente “descontados” pelos contribuintes, de modo que, se for permitido descontar o crédito, poderão eles ser mantidos, ainda que vinculados a operações de vendas de produtos sujeitos à suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência das contribuições ao PIS/COFINS. E apenas para o caso de interpretações que tendam a compreender que o dispositivo legal acima refirase apenas ao regime específico de tributação denominado Fl. 708100DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 10 Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuárias – REPORTO, afasto desde já esta possibilidade, colacionando recente julgado do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, que julgou especificamente matéria neste sentido, cuja inteligência nos ensina de que o referido artigo não se restringe ao REPORTO, sendo tal aplicação restrita apenas aos artigos 13 a 16 da Lei 11.033/04. Por ser de extrema valia no caso, transcrevo a ementa e parte do voto do Eminente Ministro Mauro Campbell: RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. PIS/PASEP E COFINS. CREDITAMENTO. ART. 17 DA LEI 11.033/2004, C/C ART. 16, DA LEI N. 11.116/2005. INCIDÊNCIA QUE NÃO SE RESTRINGE AO REPORTO. NECESSIDADE DE REVISÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO STJ QUANTO AO PONTO. REGIME DE INCIDÊNCIA MONOFÁSICA DAS CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS. REGIME ESPECIAL EM RELAÇÃO AO REGIME DE INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVO. APLICAÇÃO DO ART. 2º, §1º, I, IV E V; E ART. 3º, I "B” DA LEI N. 10.637/2002 E DA LEI N. 10.833/2003. IMPOSSIBLIDADE DE CREDITAMENTO SALVO DETERMINAÇÃO LEGAL EXPRESSA QUE SOMENTE PASSOU A EXISTIR EM 24.06.2008 COM A PUBLICAÇÃO DO ART. 24, DA LEI Nº 11.727/2008. 1. O art. 17, da Lei 10.833/2004, e o art. 16, da Lei n. 11.116/2005, não são de aplicação exclusiva o Regime Tributário para incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária REPORTO. Necessidade de revisão da jurisprudência do STJ, pois equivocados quanto a pontos precedentes: AgR no REsp. n 1.226.371/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 03.05.2001; REsp. nº 1.217.828/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 12.04.2001; REsp. n. 1.218.561/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 07.04.2001; AgR no REsp. n. 1.224.392/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, julgado em 22.02.2011; AgR no REsp. n 1.219.450/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 17.02.2011; REsp. nº 1.140.723/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 02.09.2010. 2. As receitas provenientes das atividades de venda revenda de veículos automotores, máquinas, pneus, câmaras de ar, autopeças e demais acessórios, por estarem sujeita ao pagamento das contribuições ao PIS/PASEP e à COFINS em Regime Especial de Tributação Monofásica, com alíquota concentrada na atividade de venda, na forma dos artigos 1º, caput; 3º, caput; e 5º, caput, da Lei n. 10.485/2002, e alíquota zero na atividade de revenda, conforme os artigos 2º, §2º, I; 3º, §2º, I e I; e 5º, parágrafo único, da mesma lei, não permitem o creditamento pelo revendedor das referidas contribuições incidentes sobre as receitas do vendedor por estarem fora do Regime de Incidência NãoCumulativo, a teor dos artigos 2º, §1º, I, IV e V; e 3º, I "b” da Lei n. 10.637/2002 e da Lei n.10.803/2003. Deste modo, não se lhes aplicam, por incompatibilidade de regimes por especialidade de suas normas, o disposto nos artigos 17, da Lei n.11.033/2004, e 16, da Lei n. Fl. 708101DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10882.720555/201027 Acórdão n.º 3402002.513 S3C4T2 Fl. 708.097 11 11.116/2005, cujo âmbito de incidência se restringe ao Regime NãoCumulativo, salvo determinação legal expressa que somente passou a existir em 24.6.2008 com a publicação do art. 24, da Lei n. 11.727/2008, para os casos ali previstos. 3. Recurso especial não provido com o alerta pra necessidade da revisão da jurisprudência desta Casa, conforme item "1.” (REsp. Nº 1.267.003 RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 17.09.2013) E assim, concluiu o voto, neste tocante: “[...] Deste modo, pareceme claro que somente os artigos 13 a 16, da Lei n. 11.033/2004, tratam especificamente do REPORTO, sendo que o art. 17 tem aplicação par fora do citado regime, podendo, em tese, alcançar o contribuinte. Neste ponto, acredito na necessidade de revisão da jurisprudência desta Casa, pois não vejo com aplicarse o benefício instituído pelo art. 17, da Lei 11.033/2004, c/c art. 16, da Lei n. 11.116/2005, exclusivamente ao REPORTO. Nesta linha surge, portanto, a necessidade de examinar a compatibilidade do sistema monofásico com a técnica do creditamento e identificar e aplicar legislação correta ao caso concreto.” E no caso em análise, embora seja inerente à venda de produtos sujeitos à alíquota zero, própria do regime da tributação concentrada ou monofásica, houve a contratação de serviços de transporte para a entrega dos produtos em questão, de modo que o fato de estar sujeita a alíquota zero nas aquisições e nas revendas, não impede o direito à tomada e manutenção dos créditos sobre o frete na operação de venda, se suportado pelo vendedor, nos termos do preceito legal supra. Digno de nota que houveram tentativas do Governo em restringir o direito à tomada de créditos pelos distribuidores e comerciantes de produtos sujeitos à incidência monofásica. Primeiramente através da edição da Medida Provisória n° 413, de 03/01/2008, que inseriu os §§ 14 e 22, no art. 3°, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente, nos seguintes termos: § 14 / §22. Excetuamse do disposto neste artigo os distribuidores e os comerciantes atacadistas e varejistas das mercadorias e produtos referidos no § 1° do art. 2° desta Lei, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas, não se aplicando a manutenção de créditos de que trata o art. 17 da Lei n° 11.033, de 21 de dezembro de 2004. Referido dispositivo foi rejeitado pelo Congresso Nacional nos termos do Parecer n° 00053, do Deputado Sandro Mabel, nos seguintes termos: Fl. 708102DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 12 Os Artigos 14 e 15 da supracitada MP inseriu novos parágrafos nas leis 10.637/02 e 10.833/03, vedando aos comerciantes varejistas e atacadistas a tomada de créditos de PIS e COFINS sobre serviços tomados, energia elétrica, armazenagem, aquisição de ativos imobilizados, entre outros. A matéria, entretanto, já encontrase amplamente disciplinada, tratandose esta alteração de aumento de impostos a fim de obter compensações pela rejeição da CPMF. A segunda tentativa veio através da Medida Provisória n° 451, de 15/12/2008, que inseriu os §§ 15 e 23, no art. 3°, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente, nos seguintes termos: § 15 / § 23. Sem prejuízo da vedação constante na alínea "b" do inciso I do caput, excetuamse do disposto nos inciso II a IX do caput os distribuidores e os comerciantes atacadistas e varejistas das mercadorias e produtos referidos no § 1 o do art. 2 o , em relação aos custos, despesas e encargos vinculados às receitas com a venda desses produtos. Referido dispositivo, por seu turno, foi rejeitado pelo Congresso Nacional nos termos do Parecer n° 00009, do Deputado Eduardo Gomes, nos seguintes termos: Os artigos 8o e 9o da supracitada Medida Provisória inseriram novos parágrafos aos artigos 3o das Leis n°s 10.637/02 e 10./833/03, vedando aos distribuidores e aos comerciantes varejistas e atacadistas de produtos sujeitos às alíquotas monofásicas o reconhecimento de créditos de PIS e COFINS sobre fretes, armazenagem, aluguéis, energia elétrica, dentre outros. Frisese que dispositivos semelhantes haviam sido também incluídos quando da edição da Medida Provisória n° 413, de 03 de janeiro de 2008, tendo sido suprimidos pelo Legislativo Federal quando de sua votação para conversão da MP na Lei n° 11.727, de 23 de junho de 2008. As alterações previstas na MP 451 resultariam em injustificado aumento da PIS/COFINS incidente na gasolina, diesel e querosene de avião, que tem toda a carga tributária concentrada de forma monofásica na refinaria. A vedação dos créditos de PIS/COFINS incidente sobre esses custos inerentes a comercialização destes combustíveis, caracteriza se como aumento da carga tributária, com impactos nos preços, e prejuízos para os consumidores finais. Com efeito, após as duas rejeições à tentativa de impor restrições ao direito de tomada e manutenção de créditos, implementadas nas Medidas Provisórias n°s. 413 e 451, ambas de 2008, emerge claro que não subsiste a referida proibição ao desconto de créditos sobre os dispêndios previstos nos inciso II a X, dos art. 3º, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003. Fl. 708103DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10882.720555/201027 Acórdão n.º 3402002.513 S3C4T2 Fl. 708.098 13 Emerge claro, ainda, que o preceito do inciso IX, do art. 3°, das Leis de regência do PIS e da COFINS, quando reportase aos casos dos incisos I e II, do mesmo dispositivo, não veda a tomada de créditos, pois que se o vedasse, seria desnecessário a edição de Medida Provisória para proibir o que já seria proibido, do que se conclui que não existe a proibição no preceito em questão, mas que ele apenas está se reportando ao dispêndios com armazenagem e frentes nas operações de revenda de mercadorias e de insumos, unicamente. Neste sentido, cumpre invocar o entendimento contido nas Soluções de Consulta n°s. 178/2008, 126/2010, 139/2010. Embora todas sejam aplicáveis, pois que relativas à tributação monofásica, destaco a ementa da Solução de Consulta n° 178/08, por se referir aos produtos da indústria farmacêutica: “DISTRIBUIDOR ATACADISTA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS E DE HIGIENE PESSOAL. CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. Relativamente a períodos posteriores a 1º de agosto de 2004, o distribuidor atacadista das mercadorias citadas no art. 1º da Lei nº 10.147/2000 (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) faz jus aos créditos do regime nãocumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep, nos termos da legislação de regência. Tais créditos não abrangem as aquisições, para revenda, das mercadorias em questão” (grifouse) Dentro deste Conselho Administrativo já há entendimentos que sinalizam positivamente ao direito ao crédito aqui debatido, como se pode ver pelos seguintes excertos: “(...) Importante denotar que é inerente do regime de não cumulatividade o direito de crédito, sendo que as hipóteses das receitas sujeitas à alíquota zero, não prejudicam o regime da não cumulatividade, o qual tem sua alíquota aplicável prevista no art 2o das Leis n° 10.637/02 e 10.833/03. Apesar de não serem aplicáveis à base de cálculo das revendedoras de combustíveis, devido ao regime especial da alíquota zero, estas alíquotas são utilizadas para designar o montante do crédito, pois o art. 2o determina em seu §1o que se excetua desse regime exclusivamente a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, os quais devem aplicar as alíquotas previstas nos incisos I a III do art. 4o, da Lei n° 9.718/98 e alterações posteriores. (...) Diante do exposto, concluise que há o direito de crédito para as pessoas jurídicas que auferem receitas de vendas de produtos que incidem a alíquota zero, pois é característica do regime de não cumulatividade o direito deste. Ademais, inexiste qualquer vedação legal, prevalecendo o direito subjetivo das pessoas jurídicas à compensação ou recuperação dos créditos, mediante a aplicação das alíquotas pertinentes ao regime não cumulativo, previsto no art. 16 da Lei n° 11.116/2005. (...)” Fl. 708104DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 14 (Processo Administrativo n° 13161.000646/200690, Recurso n° 153.835, Acórdão n° 210200.083, Relator Conselheiro Maurício Taveira e Silva, 2a Turma Ordinária da 1a Câmara da 2a Seção do CARF, sessão de julgamentos de 06/05/2009). (grifouse) “(...) O contribuinte tem razão quando argumenta que o frete sofreu a incidência integral do PIS e da COFINS e, por isso, não pode ser comparado ao procedimento aplicável ao insumo não tributado. Não se comparam elementos distintos por absoluta impropriedade de meio e inconsistência de conclusão. Ao meu sentir também não é possível a restrição imposta sob a fundamentação de que o custo do frete passa a ser o custo do próprio insumo. O custo do insumo é aquele representado na nota fiscal de sua compra e é sobre este número que se deve imputar as regras específicas do crédito presumido. Qualquer outra interpretação resultaria na redução do direito ao crédito do contribuinte sem o supedâneo de fundamentação legal para tanto. (...)” (Processo Administrativo n° 11065.724992/201197, Acórdão n° 3302001.916, Redator Designado Conselheiro José Antonio Francisco, 2a Turma Ordinária da 3a Câmara da 3a Seção do CARF, sessão de julgamentos de 29/01/201) grifouse. “(...) Contudo, é de se observar que o comando transcrito impede o creditamento em relação bens não sujeitos ao pagamento da contribuição e serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Não trata o dispositivo de serviços sujeitos à tributação efetuados em/com bens não sujeitos a tributação (o que é o caso do presente processos). Improcedente assim a subsunção efetuada pelo julgador a quo no sentido de que o fato de o produto não ser tributo ‘contaminaria’ também os serviços a ele associados. Vejase que é possível um bem não sujeito ao pagamento das contribuições ser objeto de uma operação de transporte tributada. E que o dispositivo legal citado não trata desse assunto. (...) Assim, as Leis n° 10.637/2002 e 10.833/2003 impedem o creditamento no caso de a aquisição de bens ou serviços não estar sujeita ao pagamento da contribuição. E a Lei n° 11.033/2004 não gera direito a novo crédito (contrapondo a vedação), mas tãosomente permite a manutenção dos créditos (se existentes), no caso de venda efetuada com suspensão, isenção, alíquota zero ou nãoincidência das contribuições. Vejase que, no caso em questão, em face da inexistência de vedação no dispositivo legal analisado, era (e continua sendo) possível o creditamento em relação a serviços Fl. 708105DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10882.720555/201027 Acórdão n.º 3402002.513 S3C4T2 Fl. 708.099 15 tributados efetuados em/com bens não sujeitos a tributação pela contribuição. (...) Destaquese, por fim, que o fato de o serviço compor o custo de aquisição dos bens utilizados como insumos não opera uma transformação da natureza dos serviços tributados em bens não tributados, impossibilitando o creditamento. ‘Integrar o custo de aquisição do bem adquirido’ difere de ‘integrar o tratamento tributário do bem adquirido’. (...)” (Processo Administrativo n° 10950.003054/200645, Acórdão n° 3403001.940, Relator Conselheiro Rosaldo Trevisan, 3a Turma Ordinária da 4a Câmara da 3a Seção do CARF, sessão de julgamentos de 19/03/2013) Com efeito, tenho que a restrição ao desconto de créditos para os produtos sujeitos à incidência monofásica, são inerentes aos “custos” de aquisições, como literalmente disciplinado pela legislação (art. 3°, I, das Leis n°s. 10.637/02 e 10.833/03), não podendo ser estendida para as operações de venda, que são despesas inerentes à outra etapa do processo empresarial, pagas para outra pessoa jurídica, diversa daquela do fornecedor do produto monofásico e que está fora dos dispêndios que compõem os “custos de aquisição”, de modo que entendo que não deve prevalecer a glosa dos créditos em questão. Cabe mencionar ainda, que o regime de tomada de créditos das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS não se reveste da natureza nem de benefício e nem de desoneração, não podendo ser implementada uma interpretação literal e restritiva do direito aos créditos. Nas palavras de MARCO AURÉLIO GRECO, temos: “Desta ótica, a não cumulatividade se vocaciona a assegurar a neutralidade da exigência à vista da multiplicidade de modos operacionais de estruturação dos negócios. Por isso, regras sobre regime geral de créditos são regras de adequação da tributação à realidade sobre a qual a norma tributária incide. Têm a fundamental função de garantir a adequada distribuição do ônus tributário em abstrato, pela sequência de operações em concreto. Por ser esta sua função, não visam nem onerar nem desonerar quem quer que seja, mas apenas implementar a tributação adequada para que, de um lado, o conceito abstrato de não cumulatividade não se apresente como fórmula linguística desprovida de qualquer significado e, por outro lado, que a realidade econômica concreta não seja negativamente discriminada por uma distribuição da carga tributária que privilegie uns em detrimento de outros. (...) Por isso, o artigo 111 do CTN não é aplicável às regras que preveem o direito ao crédito, no âmbito normal de não cumulatividade de PIS e COFINS.” Fl. 708106DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 16 (GRECO, Marco Aurélio. Artigo: PIS e Cofins – Fretes pagos para o transporte de mercadorias. PEIXOTO, Marcelo Magalhães/MOREIRA JUNIOR, Gilberto de Castro. In PIS e COFINS à luz da jurisprudência do CARF – Vol. 2. São Paulo: MP Editora, 2013, p. 347 e ss.) A partir das lições de GRECO, devese averiguar a realidade da incidência tributária no caso em que a empresa distribuidora atacadista adquire produtos gravados pelo regime de tributação concentrada. A política governamental culminou na elevação da alíquota das contribuições ao PIS e da COFINS na “fase” do fabricante ou importador, e na redução a zero das alíquotas dos tributos em questão, nas fases seguintes, dos comerciantes distribuidores atacadistas e varejistas. Com isso, criou a tributação dita “concentrada” ou “monofásica” para determinados produtos. E, aliás, fêlo em troca da sistemática da “substituição tributária” que era aplicada em massa anteriormente, mas que, sabidamente, criava muitas dificuldades de controle quanto a margem de valor agregado – MVA, bem como quanto ao direito de ressarcimento das operações presumidas que não ocorriam. Logo, a mudança de mecanismo da substituição tributária para a de monofasia, manteve a tributação concentrada no fabricante ou importador, relativamente a toda a cadeia de circulação de bens, sem que houvesse aumento da carga tributária. Isso é público e notório, e, pois, desnecessário prova matemática neste momento, bastando a citação para o raciocínio em desenvolvimento. Pois bem, ainda que concentrada a tributação em uma única fase (fabricante ou importador), com elevação da alíquota nesta fase, não se poderia prever quais os dispêndios de frete que seriam incorridos pelos distribuidores atacadistas e varejistas no transporte dos produtos sujeitos à incidência monofásica até chegar ao consumidor final. Continuam na cadeia de circulação os transportadores que são contribuintes do PIS e da Cofins, assim como continuam sujeitos a incidência não cumulativas os próprios distribuidores atacadistas e varejistas, sem que, no entanto, os dispêndios com o frente no transporte necessário à entrega das mercadorias revendidas, tenham sido atingidos pela concentração de tributação inerente a monofasia. Assim é que quando o comerciante atacadista adquire produtos monofásicos, já está nele contida tributação de toda a cadeia de circulação inerente àqueles produtos. Mas tenho que não se poderia prever a forma ou mesmo o volume das entregas que seriam necessárias para se levar a mercadoria revendida até o consumidor final. Daí porque, os dispêndios com o frete nas operações de entrega da mercadoria revendida não estão contemplados no preço da mercadoria adquirida que já foi “economicamente” tributada pela alíquota concentrada; os serviços de fretes não foram submetidos à incidência monofásica, mas apenas aqueles expressamente elencados no inciso I, do art. 3°, em questão. Não conceder o crédito sobre os serviços de frete cuja receita será tributada pelo transportador, transmudaria o frete em incidência monofásica, contrariamente à Lei, ou pior, transformaria os serviços de frete, quando relativos a produtos monofásicos, em tributação cumulativa, anulando a sistemática. Por tais razões, a interpretação que entendo deva prevalecer, por privilegiar o desígnio da não cumulatividade, é aquela que concede o direito ao crédito nas operações de armazenagem e frete nas operações de venda, desde que o frete tenha sido suportado pelo vendedor. Na esteira das considerações acima, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito ao desconto de créditos sobre os fretes nas operações de venda de produtos monofásicos. Fl. 708107DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10882.720555/201027 Acórdão n.º 3402002.513 S3C4T2 Fl. 708.100 17 É como voto. (assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Junior – Relator. Fl. 708108DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 10680.915581/2009-74
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/09/2003
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DILIGÊNCIA FISCAL. CRÉDITO SUFICIENTE.
Uma vez confirmado, mediante diligência, a procedência do direito creditório decorrente de pagamento a maior, deve ser deferida a restituição e homologadas as compensações até o limite do crédito reconhecido pela respectiva verificação fiscal.
Recurso Parcialmente Provido
Numero da decisão: 3402-002.531
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente Substituto
(assinado digitalmente)
João Carlos Cassuli Junior - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO (Presidente Substituto), MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO DEÇA, FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA (Substituto), JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR, FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária.
Nome do relator: JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201411
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 30/09/2003 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DILIGÊNCIA FISCAL. CRÉDITO SUFICIENTE. Uma vez confirmado, mediante diligência, a procedência do direito creditório decorrente de pagamento a maior, deve ser deferida a restituição e homologadas as compensações até o limite do crédito reconhecido pela respectiva verificação fiscal. Recurso Parcialmente Provido
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10680.915581/2009-74
anomes_publicacao_s : 201501
conteudo_id_s : 5418796
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3402-002.531
nome_arquivo_s : Decisao_10680915581200974.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 10680915581200974_5418796.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente Substituto (assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Junior - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO (Presidente Substituto), MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO DEÇA, FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA (Substituto), JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR, FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária.
dt_sessao_tdt : Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
id : 5786587
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:34:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047476967047168
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1598; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 200 1 199 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.915581/200974 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402002.531 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 11 de novembro de 2014 Matéria COFINS Recorrente LOCALIZA RENT CAR S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/09/2003 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DILIGÊNCIA FISCAL. CRÉDITO SUFICIENTE. Uma vez confirmado, mediante diligência, a procedência do direito creditório decorrente de pagamento a maior, deve ser deferida a restituição e homologadas as compensações até o limite do crédito reconhecido pela respectiva verificação fiscal. Recurso Parcialmente Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho – Presidente Substituto (assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Junior Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 55 81 /2 00 9- 74 Fl. 200DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO (Presidente Substituto), MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D’EÇA, FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA (Substituto), JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR, FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. Fl. 201DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10680.915581/200974 Acórdão n.º 3402002.531 S3C4T2 Fl. 201 3 Relatório Versa o processo de compensação declarada no PER/DCOMP de nº. 11556.69504.151206.1.3.043004, no qual foi apontado como origem do crédito, pagamento indevido ou a maior, realizado pelo sujeito passivo no valor R$ 94.389,77 (noventa e quatro mil, trezentos e oitenta e nove reais e setenta e sete centavos), relativo à COFINS no período de 30/09/2003. O Despacho Decisório Eletrônico de fls. 04 – numeração eletrônica, não homologou a compensação pretendida ao argumento de que o pagamento foi utilizado na quitação integral de débitos da contribuinte, não restando saldo creditório disponível. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do despacho decisório de fls. 04 – numeração eletrônica, em 29/04/2009, o contribuinte inconformado com a decisão proferida, apresentou, em 29/05/2009, Manifestação de Inconformidade de fls. 02/03 – numeração eletrônica. Na Manifestação apresentada, a contribuinte alegou que a homologação do pedido de compensação não ocorreu devido a um equivoco no ajuste da sua DCTF que deixou de refletir o pagamento indevido a maior, assim, em 28/05/2009, na tentativa de demonstrar o pagamento indevido, retificou a DCTF do 3º trimestre de 2003, bem como anexou cópia da declaração retificadora apontada. DO JULGAMENTO DE 1ª INSTÂNCIA Em análise e atenção aos pontos suscitados pela interessada na Manifestação de Inconformidade apresentada, a 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG, proferiu o Acórdão de nº. 0237.258, ementado nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/09/2003 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA FORA DO PRAZO LEGAL. COMPENSAÇÃO INDEFERIDA. O prazo estabelecido pela legislação para o direito de constituir o crédito tributário deve ser o mesmo para que o contribuinte proceda à retificação da respectiva declaração. Fl. 202DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 4 Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A 1ª Turma da DRJ/BHE julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, por entender que as retificações feitas pelo contribuinte (após o despacho decisório), em 28/05/2009, estão atingidas pelo instituto da decadência. DO RECURSO Cientificado em 08/02/2012, da Decisão da 1ª Turma da DRJ/BHE, por meio de AR de fl. 44 – numeração eletrônica, o contribuinte apresentou em 14/03/2012, Recurso Voluntário a este Conselho, asseverando que a origem do direito creditório decorre de decisão judicial transitada em julgado em 17/02/2006, obtida nos autos do Mandado de Segurança nº 1999.38.00.0092865 na qual pleiteava a não exigência da Cofins sobre a receita bruta total, prevista na Lei nº. 9.718/98. Portanto, após trânsito em julgado, a Recorrente passou a transmitir PER/Dcomp’s relativos aos recolhimentos efetivados a partir do período de novembro/2002, período a partir do qual passou a recolher mediante DARF a parcela da Cofins apurada sobre “Outras receitas”. Anexou à peça recursal cópias da certidão de inteiro teor emitida pelo TRF da 1ª Região acerca do Mandado de Segurança nº 1999.38.00.0092865, bem como, petição inicial, sentença e decisão final, com respectiva certidão de trânsito em julgado, Ofício TRF1 nº 0154/02 – STTUR, de 05/02/2003 ordenando a conversão em renda dos depósitos judiciais, Ofício CEF nº 349/2003, confirmando a conversão em renda dos depósitos judiciais; Livro Razão do exercício de 2003 e Extrato de pagamentos obtidos junto à RFB. DO JULGAMENTO DE 2ª INSTÂNCIA Através da Resolução n° 3402000.609, a 2ª TO da 4ª Câmara da 3ª Seção deste Conselho, ao apreciar o recurso interposto pelo contribuinte, entendendo que o processo não reunia condições de receber um justo julgamento, houve por bem em converter o mesmo em diligência para que fossem adotadas as providências transcritas abaixo: a) Pautandose na decisão transitada em julgado da ação judicial, verifique a composição da base de cálculo adotada pela Recorrente ao recolher a Contribuição, levando em conta as notas fiscais emitidas, a escrita contábil e fiscal e outros documentos que considerar pertinentes, com relação ao mês em que está sendo apontada a existência de crédito utilizado para compensação veiculada na DCOMP em análise; b) Manifestese conclusivamente sobre a existência (ou não) de pagamento indevido ou a maior que o devido, bem como, havendo crédito, qual o seu respectivo montante; c) Após, seja dado vistas do “Relatório Final da Diligência” ao sujeito passivo, para que, querendo, se manifeste no prazo de no mínimo 30 (trinta) dias, retornando os autos para reinclusão em pauta de julgamento neste Conselho. Fl. 203DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10680.915581/200974 Acórdão n.º 3402002.531 S3C4T2 Fl. 202 5 DA REALIZAÇÃO DA DILIGÊNCIA Através do termo de intimação fiscal de fl. 167 – numeração eletrônica, o contribuinte foi intimado, em 17/03/2014 (tomou conhecimento por meio do portal eCAC), para apresentar no prazo 20 (vinte) dias a contar da data do recebimento da intimação, os Balancetes mensais de julho a outubro de 2003 – parte relativa às receitas auferidas. Regularmente intimado, o contribuinte apresentou o balancete solicitado (fls. 171 a 179), bem como a memória de cálculo com as contas que expurgou da base de cálculo da contribuição (fl. 182). Também consta aos autos a solicitação de esclarecimentos sobre quais receitas que compunham as contas Garantia Ampliada, Retorno de seguro, Retorno de Despachante, Retorno de Acessórios e Descontos Obtidos. A resposta da contribuinte à solicitação está na fl. 185. A autoridade preparadora afirma no relatório de diligência fiscal de fls. 191 e 192 – numeração eletrônica, que os valores apresentados pela contribuinte são coerentes com o balancete apresentado e totalizam R$ 3.146.325,58, logo, aplicando a esse valor a alíquota da Cofins (3%) se obtém o valor de R$ 94.389,77, valor esse que é informado pela contribuinte como crédito de pagamento a maior. Contudo, ressaltou que o demonstrativo incluiu as contas Garantia Ampliada, Retorno de Seguro, Retorno de Despachante e Retorno de Acessórios, constituídas por receitas diretamente vinculadas à atividade operacional da empresa, no caso a revenda de veículos seminovos, que não devem ser excluídas da base de cálculo da contribuição. Tendo em vista o exposto, a Autoridade Preparadora refez os cálculos reconhecendo o valor de R$ 92.888,87 como pagamento a maior da Cofins. A contribuinte foi informada do relatório da Autoridade Preparadora por meio da caixa postal eCAC. Conforme as fls. 194 e 195 demonstram, a abertura do documento ocorreu em 16/05/2014 e a ciência por decurso de prazo ocorreu em 23/05/2014. Por fim, não houve manifestação do contribuinte. DA DISTRIBUIÇÃO Tendo o processo sido distribuído a esse relator por sorteio regularmente realizado, vieram os autos para relatoria, por meio de processo eletrônico, numerado até a folha 198 (cento e noventa e oito), estando apto para análise desta Colenda 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o relatório. Fl. 204DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 6 Voto Conselheiro João Carlos Cassuli Junior, Relator. Atendidos os pressupostos de admissibilidade e tempestividade, conforme verificação efetuada já por conta do julgamento anterior, e, constatado o cumprimento da diligência nos termos em que solicitados na Resolução nº 3402000.609, entendo que possui agora, este processo, condições de receber um julgamento justo. A análise dos autos dá conta de que o despacho decisório indeferiu declaração de compensação, e consequentemente, manteve exigível crédito tributário sobre os tributos compensados, do que gerou insuficiência de recolhimentos, ante a conclusão da Fiscalização de que as retificações feitas pelo contribuinte (após o despacho decisório), na data de 29/04/2009, estariam atingidas pelo instituto da decadência. No entanto, tenho me posicionado no sentido de que quem origina o crédito é o pagamento indevido, e não a retificação (ou não) da DCTF (seja ela possível ou não, pelo decurso do prazo). A questão do prazo para se retificar a DCTF, no caso em concreto, é irrelevante para verificar se houve pagamento a maior, pois que não é a DCTF que constitui o crédito tributário, mas sim o pagamento indevido. E o pagamento indevido é decorrência de reconhecimento contido em decisão judicial própria do contribuinte, o que muda este caso na comparação com os casos de mero pagamento indevido em DARF. Neste caso, é a ação judicial, transitada em julgado em 02/2006, que permite a compensação, e não meramente o pagamento indevido feito sem ação. Superado isso, diante falta de análise do crédito pleiteado pela Recorrente até o momento, esta Turma determinou a realização de diligência fiscal a fim de verificar a existência (ou não) de pagamento indevido ou a maior que o devido, bem como, havendo crédito, qual o seu respectivo montante. A referida Diligência chegou às seguintes conclusões: Originalmente, o contribuinte apurou a Cofins sobre uma base de cálculo de R$ 14.160.639,91, obtendo o valor a pagar de R$ 424.819,20, conforme DIPJ 2004 (fl. 187). A DCTF apresentava débito no mesmo valor, vinculado a dois pagamentos, de R$ 330.429,43 e R$ 94.389,77 (fl. 188). Embora a DIPJ permaneça a mesma, a DCTF foi retificada e processada pelo Fiscal, que apresenta hoje o débito no valor de R$ 330.429,43, vinculado ao pagamento de mesmo valor. (fl. 189). Quanto ao pagamento de R$ 94.389,77, encontrase reservado para utilização no presente processo (fl. 190). O demonstrativo enviado pela empresa discrimina as contas que considera excluídas da base de cálculo da Cofins. Os valores informados são coerentes com o balancete apresentado e totalizam R$ 3.146.325,58. Aplicando a esse valor a alíquota da Fl. 205DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10680.915581/200974 Acórdão n.º 3402002.531 S3C4T2 Fl. 203 7 Cofins (3%) obtemos R$ 94.389,77, que é o valor informado como crédito de pagamento a maior. Porém, o demonstrativo inclui as contas “Garantia Ampliada”, “Retorno de Seguro”, “Retorno de Despachante” e “Retorno de Acessórios”, constituídas por receitas diretamente vinculadas à atividade operacional da empresa, no caso a revenda de veículos seminovos, que não devem ser excluídas da base de cálculo da contribuição. Por este motivo, os cálculos da empresa foram refeitos, conforme demonstrado a seguir: (...) Diante do exposto, sou pelo reconhecimento do crédito de pagamento a maior da Cofins, período de apuração setembro de 2003, no valor de R$ 92.888,87. Observase que, a Autoridade Preparadora expressamente afirmou que ao se aplicar o disposto na decisão judicial em favor da Recorrente, reconheceuse a existência de pagamento a maior da Cofins, período de apuração setembro de 2003, porém, houve por bem refazer o cálculo do crédito pleiteado pelo contribuinte por considerar que, nos cálculos da Recorrente, as receitas diretamente vinculadas à atividade operacional da empresa, no caso a revenda de veículos seminovos, não deveriam ter sido excluídas da base de cálculo da contribuição. Desta maneira, a Autoridade Preparadora glosou parte do crédito pleiteado, conforme se verifica no relatório de diligência fiscal. Porém, em face do reconhecimento de que apenas poderiam ser submetidas à tributação as receitas que preenchessem o conceito de faturamento, em face da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS/COFINS promovida pelo §1º, do art. 3º, da Lei nº 9.718/98, tenho que as receitas operacionais, porém que não decorram de “faturamento”, assim entendido com a receita da venda de mercadorias ou da prestação de serviços, não podem ser incluídos na base imponível das contribuições em análise. Deste modo, as receitas decorrentes de “Garantia Ampliada”, “Retorno de Seguro”, “Retorno de Despachante” e “Retorno de Acessórios”, revestemse de natureza de “outras receitas operacionais”, mas não se caracteriza como faturamento. Daí porque entendo ser equivocada a glosa realizada pela Autoridade Preparadora, posto que tais exclusões acabam ofendendo ao conceito de faturamento, contrariando o comando da declaração de inconstitucionalidade antes mencionada, de modo que, ao executar o comando desta decisão, deverá a autoridade preparadora afastar a glosa dos créditos sobre as rubricas acima mencionadas, homologando a compensação até o montante do credito disponível. Esta a razão – para que dúvidas não remanesçam – do porque do provimento ser parcial. Assim sendo, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o crédito já levantado pela diligência, bem como para determinar a exclusão da base de cálculo da contribuição no período em questão, dos valores relativos à “Garantia Ampliada”, “Retorno de Seguro”, “Retorno de Despachante” e “Retorno de Fl. 206DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 8 Acessórios” e, por fim, determinar a homologação da compensação até o limite do crédito reconhecido. É como voto. (assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Junior – Relator. Fl. 207DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 1/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 10840.004300/2002-08
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2002 a 30/09/2002
PRELIMINAR DE NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. FALTA DE APRECIAÇÃO DE PROVA.
Não é nula a decisão de primeira instância que deixa de apreciar o mérito por entender preclusa a prova apresentada na manifestação de inconformidade. Entretanto, reformada a decisão de primeira instância nessa parte por este Conselho Administrativo, o processo deve retornar à DRJ para a análise do mérito.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3402-002.553
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para reformar a decisão da DRJ. Vencidos os Conselheiros Fernando Luiz da Gama Lobo dEça (Relator) e Fenelon Moscoso de Almeida. Designada a Conselheira Maria Aparecida de Paula para redigir voto vencedor.
(Assinatura Digital)
GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO - Presidente
(Assinatura Digital)
FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA - Relator
(Assinatura Digital)
MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA - Redatora Designada
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Fernando Luiz da Gama Lobo d'Eça (Relator), Maria Aparecida Martins de Paula, Fenelon Moscoso de Almeida (Suplente), João Carlos Cassuli Júnior e Maurício Rabelo de Albuquerque Silva.
Nome do relator: FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201411
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/2002 a 30/09/2002 PRELIMINAR DE NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. FALTA DE APRECIAÇÃO DE PROVA. Não é nula a decisão de primeira instância que deixa de apreciar o mérito por entender preclusa a prova apresentada na manifestação de inconformidade. Entretanto, reformada a decisão de primeira instância nessa parte por este Conselho Administrativo, o processo deve retornar à DRJ para a análise do mérito. Recurso Voluntário Provido em Parte.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10840.004300/2002-08
anomes_publicacao_s : 201501
conteudo_id_s : 5418806
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3402-002.553
nome_arquivo_s : Decisao_10840004300200208.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA
nome_arquivo_pdf_s : 10840004300200208_5418806.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para reformar a decisão da DRJ. Vencidos os Conselheiros Fernando Luiz da Gama Lobo dEça (Relator) e Fenelon Moscoso de Almeida. Designada a Conselheira Maria Aparecida de Paula para redigir voto vencedor. (Assinatura Digital) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO - Presidente (Assinatura Digital) FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA - Relator (Assinatura Digital) MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA - Redatora Designada Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Fernando Luiz da Gama Lobo d'Eça (Relator), Maria Aparecida Martins de Paula, Fenelon Moscoso de Almeida (Suplente), João Carlos Cassuli Júnior e Maurício Rabelo de Albuquerque Silva.
dt_sessao_tdt : Wed Nov 12 00:00:00 UTC 2014
id : 5786628
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:34:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047477155790848
conteudo_txt : Metadados => date: 2014-12-15T13:27:15Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2014-12-15T13:27:15Z; Last-Modified: 2014-12-15T13:27:15Z; dcterms:modified: 2014-12-15T13:27:15Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; Last-Save-Date: 2014-12-15T13:27:15Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2014-12-15T13:27:15Z; meta:save-date: 2014-12-15T13:27:15Z; pdf:encrypted: true; modified: 2014-12-15T13:27:15Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2014-12-15T13:27:15Z; created: 2014-12-15T13:27:15Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; Creation-Date: 2014-12-15T13:27:15Z; pdf:charsPerPage: 2019; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2014-12-15T13:27:15Z | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2.552 1 2.551 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10840.004300/200208 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402002.553 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 12 de novembro de 2014 Matéria IPI RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO PROVA DO CRÉDITO FALTA DE ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO Recorrente VILLIMPRESS INDÚSTRIA E COMÉRCIO GRÁFICOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2002 a 30/09/2002 PRELIMINAR DE NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. FALTA DE APRECIAÇÃO DE PROVA. Não é nula a decisão de primeira instância que deixa de apreciar o mérito por entender preclusa a prova apresentada na manifestação de inconformidade. Entretanto, reformada a decisão de primeira instância nessa parte por este Conselho Administrativo, o processo deve retornar à DRJ para a análise do mérito. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para reformar a decisão da DRJ. Vencidos os Conselheiros Fernando Luiz da Gama Lobo d’Eça (Relator) e Fenelon Moscoso de Almeida. Designada a Conselheira Maria Aparecida de Paula para redigir voto vencedor. (Assinatura Digital) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Presidente (Assinatura Digital) FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 00 43 00 /2 00 2- 08 Fl. 852DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por MARIA APA RECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 20/01/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 2 (Assinatura Digital) MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Redatora Designada Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Fernando Luiz da Gama Lobo d'Eça (Relator), Maria Aparecida Martins de Paula, Fenelon Moscoso de Almeida (Suplente), João Carlos Cassuli Júnior e Maurício Rabelo de Albuquerque Silva. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 679/686) contra o Acórdão DRJ/RPO nº 1415.040 de 07/03/07 constante de fls. 671/674 exarado pela 2ª Turma da DRJ de Ribeirão Preto SP que, por unanimidade de votos, houve por bem “indeferir” a Manifestação de Inconformidade de fls. 71/73, mantendo o Despacho Decisório de fls. 66 e respectiva informação fiscal (fls. 64/65) da DRF de Ribeirão Preto SP, que indeferiu o Pedido de Ressarcimento de créditos básicos de IPI, com base na IN/SRF nº 210/02. período de apuração 3° trimestre de 2002, no valor total de R$ 24.635,31, decorreriam de "insumos adquiridos com produtos saídas alíquota zero, conforme artigo 148 do DecretoLei nº 2.637 de 25/06/98. O Despacho Decisório de fls. 66 e respectiva informação fiscal (fls. 64/65) da DRF de Ribeirão Preto SP r. despacho decisório explicitaram os motivos do indeferimento nos seguintes termos: “Sr. Chefe, Trata o presente processo de Declaração de Compensação apresentada pela empresa acima identificada, mediante a utilização do formulário previsto na IN SRF rir. 210, de 30/09/2002 , no qual a declarante indica no quadro 3 como origem do crédito utilizado, o ressarcimento de IPI, e no quadro 4, os respectivos débitos compensados. Às fls. 02, referindose ao crédito, informa tratarse de ressarcimento de créditos do IPI, no montante de R$ 24.635,31 , e que tais créditos, nos termos da alegação efetuada pela requerente na linha 15 dos referidos formulários, decorreriam de "insumos adquiridos com produtos saídas alíquota zero, conforme artigo 148 do DecretoLei nº 2.637 de 25/06/98", relativamente ao 3° trimestre de 2002. Às fls. 03/45, juntou, entre outros documentos, cópias do Livro de Apuração do IPI e relação das notas fiscais de entradas com crédito de IPI . A observar, que às fls. 03, o contribuinte apresentou requerimento via do qual pleiteia a correção dos créditos alegados. Para as verificações necessárias à comprovação da legitimidade do pleito, os autos foram remetidos à Seção de Fiscalização, cujo resultado da ação fiscal desenvolvida junto ao estabelecimento da empresa interessada, encontramse às fls. 47/63 . Fl. 853DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por MARIA APA RECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 20/01/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 10840.004300/200208 Acórdão n.º 3402002.553 S3C4T2 Fl. 2.553 3 É o relatório. Preliminarmente, em se tratando de créditos do IPI conforme alegado pela requerente, convém observar que inexiste previsão legal para a atualização monetária de créditos efetuados a destempo ou de saldo credor de IPI . Referindose o crédito objeto da compensação declarada, a ressarcimento do Imposto sobre Produtos Industrializados, o processo foi encaminhado à Seção de Fiscalização com o fim de serem realizadas as diligências necessárias à confirmação do pleito, conforme fls. 46 . Ocorre que, conforme Informação Fiscal de fls. 62/63 , o contribuinte, após intimações em 03/08/2005 (fls. 48/49) e 27/09/2005 (53/54) , reintimação em 01/11/2005 (fls. 55/56) , e nova intimação em 01/11/2005 (fls. 57/59), não apresentou, na íntegra, a documentação/esclarecimentos solicitados pela Fiscalização. Destaca o Fisco, que o contribuinte apresentou o Livro Registro de Apuração do IPI escriturado em desacordo com a legislação vigente . Intimado e reintimado a proceder à reescrituração do referido livro, o contribuinte não se manifestou a respeito até o final da ação fiscal . Da mesma forma, não apresentou as Notas Fiscais do período em meio magnético, nem manifestouse a respeito . Em conseqüência, não tendo sido possível verificar a exatidão das informações prestadas, nos termos do artigo 19 da então vigente IN SRF nr. 460/2004 (art. 19 da IN SRF rir. 600/2005), a Fiscalização manifestouse desfavoravelmente quanto à pretensão do contribuinte . Nessa condição, não efetivadas as verificações necessárias relativamente à apuração do crédito postulado, conforme atesta a Fiscalização na Informação de fls. 62/63 resta desconsiderar o ressarcimento solicitado às fls. 02 . Desta forma, pelos motivos expostos, proponho o não reconhecimento de direito creditório à interessada, relativamente ao presente processo . Ainda, é de se observar que a interessada declara a utilização do alegado crédito na compensação de débitos, conforme fez constar na Declaração de Compensação de fls. 01 (a compensação de tributos e contribuições foi modificada a partir da edição do artigo 49 da Medida Provisória rir. 66, de 29/08/2002, convertida posteriormente na Lei rir. 10.637, de 30/12/2002, alterado pelos artigos 17 da Lei rir. 10.833, de 29/12/2003, e 0 da Lei rir. 11.051, de 29/12/2004) . À consideração superior. . (...) DESPACHO DECISÓRIO Fl. 854DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por MARIA APA RECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 20/01/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 4 IPI — Imposto sobre Produtos Industrializados Ressarcimento — comprovação A autoridade da SRF competente para decidir sobre o pedido de ressarcimento de créditos do IPI poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação, pelo estabelecimento que escriturou referidos créditos, do livro Registro de Apuração do IPI correspondente aos períodos de apuração e de escrituração (ou cópia autenticada) e de outros documentos relativos aos créditos, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal no estabelecimento da pessoa jurídica a fim de que seja verificada a exatidão das informações prestadas (art. 19, IN 600/2005) . Conforme informação de fls. 64/65, com a qual concordo, bem como da legislação pertinente à espécie, não reconheço o direito creditório da interessada, relativamente ao presente processo administrativo . Em consequência, não homologo a compensação declarada através da Declaração de Compensação de fls. 01, objeto dos autos . Dêse ciência do presente Despacho à interessada, e demais providências cabíveis conforme normas vigentes. Por seu turno, a r. decisão de fls. 621/623 da 4ª Turma da DRJ de Salvador BA, houve por bem “indeferir” a Manifestação de Inconformidade de fls. 288/292, mantendo o Despacho Decisório de fls. 259/269 da DRF de Camaçarí BA, aos fundamentos sintetizados na seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01 /07/2002 a 30/09/2002 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. É ônus processual da interessada fazer a prova dos fatos constitutivos de seu direito. FALTA DE ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO. Quando documentos solicitados ao interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respectiva apresentação implicará arquivamento do processo. Solicitação Indeferida” Nas razões de Recurso Voluntário (fls. 679/686) apresentadas, a ora Recorrente sustenta a insubsistência da r. decisão recorrida tendo em vista: a) preliminarmente a nulidade e ilegalidade da r. decisão recorrida que indeferiu a perícia por cerceamento a seu direito de defesa e violação ao princípio da verdade material e às normas aplicáveis à espécie que possibilitariam a apresentação de documentos em fase recursal, razões pelas quais, embora entenda suficiente a documentação carreada aos autos, apresentava outros na fase recursal, a fim de demonstrar a legitimidade do crédito ressarciendo; b) no mérito que os elementos Fl. 855DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por MARIA APA RECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 20/01/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 10840.004300/200208 Acórdão n.º 3402002.553 S3C4T2 Fl. 2.554 5 presentes nos autos são suficientes para firmar o convencimento do julgador, mas a realização de diligência, comprovaria irretorquivelmente a legitimidade do crédito. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA, Relator O Recurso Voluntário preenche os requisitos de admissibilidade razão pela qual dele conheço. Preliminarmente rejeito a alegação de suposta violação ao princípio da verdade material, eis que como ressaltado na r. decisão recorrida, a ora Recorrente teve oportunidade de demonstrar a procedência de suas alegações mediante a prova documental não produzida oportunamente e, como também já assentou o E. STJ “o artigo 131 do CPC consagra o princípio da persuasão racional, habilitando o magistrado a valerse do seu convencimento, à luz dos fatos, provas, jurisprudência, aspectos pertinentes ao tema e da legislação que entender aplicável ao caso concreto, constantes dos autos. Nada obstante, competelhe rejeitar diligências que delonguem desnecessariamente o julgamento, a fim de garantir a observância do princípio da celeridade processual. (cf. REsp 886.695/MG, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 06.12.2007, DJ 14.12.2007; e EDcl no REsp 37033/SP, Rel. Ministro Ari Pargendler, Segunda Turma, julgado em 15.09.1998, DJ 03.11.1998)” (cf. AC. da 1ª do STJ no REsp 896045/RN, Reg. nº 2006/02290861, em sessão de 18/09/2008, Rel. Min. LUIZ FUX, Publ. in DJU de15/10/2008). No mérito, ante a ausência de comprovação oportuna da legitimidade do crédito e do ressarcimento pleiteados deve subsistir a r decisão recorrida, por seus próprios e jurídicos fundamentos que adoto como razões de decidir e transcrevo: “A interessada contestou o indeferimento de seu pedido de ressarcimento de crédito do IPI por falta de apresentação dos documentos que dão suporte ao pedido de ressarcimento de fl. 02. De início, há que se esclarecer que a lide em questão diz respeito à necessidade ou não dos documentos solicitados para a análise do pleito, portanto, somente será analisada a procedência ou não da decisão denegatória quanto a esta questão. Isto porque não foi levantada nenhuma questão de mérito na decisão recorrida, tendo sido somente analisado fato prejudicial, ou seja, a falta de comprovação, por meio de documentos hábeis, não só do direito, como do quantum a ser ressarcido. Quanto a este fato, devese destacar que a parte que invoca direito resistido deve produzir as provas necessárias do respectivo fato constitutivo. No caso em concreto, o administrado deve carrear aos autos as provas que dão lastro ao direito creditório reclamado. Fl. 856DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por MARIA APA RECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 20/01/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 6 Tratase de postulado do Código de Processo Civil, instituído pela Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e adotado de forma subsidiária na esfera administrativa tributária: Art. 333. O ónus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Art.. 396. Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados a provar lhe as alegações. Assim, na hipótese de solicitação administrativa, recai sobre a interessada o ônus de provar a pretensão deduzida. Logo, o pedido administrativo deve ser instruído com todos os elementos hábeis a demonstrar o direito da requerente. Portanto, ajuntada de documentos que demonstrem a efetividade e liquidez do crédito que a interessada aduz possuir e a comprovação de que referido crédito foi apurado de acordo com as normas legais é obrigação da pretendente. Sendo o caso de pedido de ressarcimento de créditos, este deve conter relação com a discriminação dos diversos insumos empregados na industrialização, cópia do Livro Registro de Apuração do IPI referente ao período de apuração, contendo inclusive o estorno do crédito correspondente ao valor solicitado, cópias de notas fiscais de aquisição de matérias primas, produtos intermediários e materiais embalagens utilizados, etc., sendo inclusive passível de exame fiscal toda a escrituração da contribuinte. A fim de comprovar a certeza e liquidez do ressarcimento requerido, a autoridade fiscal solicitou, fundamentada na legislação pertinente, a apresentação de informações ou documentos que julgou necessários para subsidiála no exame de mérito do processo, intimando a contribuinte a apresentálos sem lograr qualquer êxito. A contribuinte nem ao menos solicitou prorrogação de prazo para atendimento da intimação. Para que a Administração Pública se pronuncie a respeito da demanda do particular, por meio de despacho decisório, é necessário que a fiscalização investigue a existência do direito e o montante em concreto do crédito em questão, se efetivamente houve o estorno do crédito correspondente ao valor solicitado no pedido de ressarcimento e se a contribuinte cumpriu todas as condições para que possa se utilizar do benefício fiscal. Podem ser, então, suscitados alguns dispositivos do diploma legal que disciplina o processo administrativo geral no âmbito federal: Lei n° 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, mencionandose data, prazo, forma e condições de atendimento. Fl. 857DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por MARIA APA RECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 20/01/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 10840.004300/200208 Acórdão n.º 3402002.553 S3C4T2 Fl. 2.555 7 Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de oficio a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respectiva apresentação implicará arquivamento do processo. O princípio da cooperação do administrado, consagrado no diploma normativo já aludido, utilizado subsidiariamente no plano tributário, deve nortear a conduta deste, conforme transcrição que segue: Art. 42 São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: I expor os fatos conforme a verdade; II proceder com lealdade, urbanidade e boa fé; III não agir de modo temerário; IV prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos. (g. m.) Assim, a falta de atendimento da intimação já seria motivo suficiente para o indeferimento sumário da solicitação, providência equivalente, na seara tributária, ao arquivamento referido na lei. Como se vê, o Despacho Decisório proferido pelo órgão competente, à luz da norma supracitada, não é insubsistente, nem improcedente, como quer a interessada, mas sim imposição legal decorrente da preclusão ocorrida. Ainda que se invocasse o princípio do informalismo, não se pode imaginar que o contribuinte possa produzir provas a qualquer momento, segundo sua vontade, ignorando os dispositivos legais que impõe a concentração dos atos em determinados momentos processuais. Se por um lado existe a garantia do contraditório e do direito de defesa, por outro, o Estado é protegido contra injustificáveis protelações do processo, que possibilitem ao contribuinte a proposital ocultação dos fatos em determinada fase processual, ou mesmo procedimental, para sua apresentação em momento posterior que julgue mais oportuno ou favorável. Ademais, a autoridade julgadora não pode, nessa fase processual, apreciar os documentos trazidos juntamente com a impugnação, pois é competência precípua da autoridade administrativa da Seção de Orientação e Análise Tributária (SAORT), já que esta não se manifestou quanto ao mérito da questão, ou seja, quanto ao direito ao ressarcimento e quanto ao valor do direito creditório em discussão. Se assim o fizesse, esta Fl. 858DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por MARIA APA RECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 20/01/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 8 autoridade julgadora estaria avocando para si uma competência que não lhe é cabida, pois não se trata apenas de examinar a presença do direito em tese, mas também de averiguar a existência do direito in concreto, ou seja, averiguar se o beneficio reclamado originou efetivamente aquele crédito e se, até mesmo, referido crédito já não foi objeto de utilização para dedução com o IPI devido, pois não há no presente processo qualquer elemento de prova do estorno do crédito correspondente ao valor solicitado no pedido de ressarcimento de fl. 01. Por conseguinte, em razão do interessado não ter tempestivamente comprovado o direito creditório, é de se manter o despacho denegatório. Não se justifica, assim a reforma da r. decisão recorrida que deve ser mantida por seus próprios e jurídicos fundamentos, considerandose ainda que na fase instrutória, a ora a Recorrente não apresentou nenhuma evidencia concreta e suficiente cujo ônus lhe cabia (cf. art. 333, inc. I e 396 do CPC) para descaracterizar a motivação invocada pela d. Fiscalização, para o indeferimento do resssarcimento. Considerando a inexistência de créditos líquidos e certos contra a Fazenda Pública, os débitos eventual e indevidamente compensados, devem ser cobrados através do procedimento previsto nos §§ 7º e 8º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 (redação da Lei nº 10.833, de 2003). Isto posto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário para manter a r. decisão recorrida, por seus próprios e jurídicos fundamentos. É como voto Sala das Sessões, em 12 de novembro de 2014. FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA Fl. 859DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por MARIA APA RECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 20/01/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 10840.004300/200208 Acórdão n.º 3402002.553 S3C4T2 Fl. 2.556 9 Voto Vencedor Conselheira MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Redatora Designada Na sessão de julgamento do presente processo ousei divergir do posicionamento do Ilustre Relator, tendo prevalecido o entendimento divergente por maioria de votos na Turma. Em breve síntese, podese assim relatar a questão das provas no presente processo: i) O direito creditório não foi reconhecido pela DRFRibeirão Preto, tendo em vista a ausência de documentação hábil para amparar o pleito de ressarcimento, não obstante a contribuinte tenha sido intimada para esse fim. ii) A contribuinte apresentou documentação complementar na manifestação de inconformidade e solicitou a conversão do processo em diligência para a verificação da exatidão dos créditos. iii) A DRJRibeirão Preto indeferiu a solicitação de diligência, por considerar preclusa a prova apresentada, nos termos dos arts. 333 e 396 do Código de Processo Civil (CPC) e dos arts. 39 e 40 da Lei nº 9.784/99, e tendo em vista que não poderia, naquela fase processual, apreciar os novos documentos, o que seria atribuição da autoridade administrativa. Como é consabido, a manifestação de inconformidade e o recurso em face da decisão que a julgou improcedente seguem o rito processual do Decreto nº 70.235/72. Dispõe expressamente o art. 16, §4° do Decreto nº 70.235/72, abaixo transcrito, em consonância com o princípio da verdade material, que ainda há a oportunidade de apresentação de prova documental pela contribuinte por ocasião da impugnação: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Fl. 860DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por MARIA APA RECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 20/01/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 10 § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Assim, havendo legislação específica sobre a matéria no Decreto nº 70.235/72, que rege o processo administrativo fiscal, não há que prevalecer a aplicação subsidiária genérica do Código de Processo Civil ou da Lei nº 9.784/99 em sentido contrário. De forma que, nesse aspecto assiste razão à recorrente, vez que não poderia a autoridade julgadora de primeira instância ter deixado de apreciar a prova apresentada pela contribuinte juntamente com a manifestação de inconformidade. Conforme já decidido no Acórdão Carf nº 140200.211, da 1ª Seção/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária (j. 05.07.2010) e no Acórdão objeto do processo nº 13406.000016/97 15, da 3ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes (j. 24.05.2001), cujas ementas abaixo se transcreve, na hipótese de reforma da decisão recorrida em relação à matéria que era prejudicial à análise do mérito, os autos devem retornar à DRJ para sua apreciação: [Ementa do Acórdão Carf nº 140200.211] IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1997, 1999 PRELIMINAR DE NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. FALTA DE APRECIAÇÃO DE MATÉRIA. Constatada a falta de apreciação a respeito do prazo da Fazenda Pública se pronunciar sobre as declarações retificadoras devem os autos retornar à DRJ para apreciação dessa matéria. RESTITUIÇÃO. SALDOS NEGATIVOS DE RECOLHIMENTO DO IRPJ E CSLL. O prazo para pleitear a restituição do saldo negativo de IRPJ ou CSLL, acumulado, devidamente apurado e escriturado, é de 5 anos contados do período que a contribuinte ficar impossibilitada de aproveitar esses créditos, mormente pela mudança de modalidade de apuração dos tributos ou pelo encerramento de atividades. PRELIMINAR DE NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. FALTA DE APRECIAÇÃO DE MATÉRIA. Fl. 861DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por MARIA APA RECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 20/01/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 10840.004300/200208 Acórdão n.º 3402002.553 S3C4T2 Fl. 2.557 11 Não é nula a decisão de primeira instância que deixa de apreciar o mérito de restituição por entender que o prazo para pleitear a restituição está extinto. Entretanto, reformada a decisão de primeira instância quanto ao prazo do sujeito passivo pedir a restituição, retornase os autos à DRJ para prosseguimento da análise do mérito. Recurso Voluntario Provido em Parte. [Ementa do Acórdão CC processo nº 13406.000016/9715] PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO NÃO COMPROVADA AUSÊNCIA DE EXAME DOCUMENTAL IMPUGNAÇÃO EXIGÊNCIA DE APRECIAÇÃO DAS PROVAS NECESSIDADE DE NOVO JULGAMENTO PELA AUTORIDADE DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. 1. A apreciação e a manifestação pela Autoridade Fiscal de 1ª instância da documentação apresentada em impugnação, quando fundamental ao deslinde da causa, é uma exigência jurídicoprocedimental, dela não se podendo desvincular, sob pena de anulação do processo. 2. Necessidade de retorno dos autos à instância originária para promover julgamento apreciando as provas apresentadas. (DOU 13/08/2001) Nessa linha, entendo que a irregularidade processual aqui mencionada não inquina de nulidade a decisão de primeira instância, conforme alegou a recorrente, desde que se proceda ao saneamento do feito com o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento, para que seja efetuada a análise de mérito, do que não resultará qualquer prejuízo à recorrente. Não há que se olvidar também que, in casu, a eventual análise de mérito por este Conselho Administrativo acarretaria a supressão de instância de julgamento à recorrente. Assim, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para reformar a decisão recorrida na parte em que considerou precluso o direito de produção de prova pela recorrente, devendo o processo retornar à instância a quo para a análise de mérito com a apreciação da prova apresentada juntamente com a manifestação de inconformidade. É como voto. Maria Aparecida Martins de Paula, Redatora Designada. Fl. 862DF CARF MF Impresso em 21/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 17/12/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por MARIA APA RECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 20/01/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
score : 1.0
Numero do processo: 11128.005671/2009-93
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 27/01/2005
INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA.
Documentos acostados aos autos não afastam a premissa adotada pela fiscalização, no sentido de que a empresa foi a responsável pelos transportes cujas informações foram prestadas à destempo no SISCOMEX.
PRESTAÇÃO EXTEMPORÂNEA DOS DADOS DE EMBARQUE.
Aplica-se a multa por embaraço à fiscalização, se o registro no SISCOMEX dos dados pertinentes ao despacho de exportação ocorrer além do prazo de 7 (sete) dias, na hipótese de embarque marítimo, prevista no inciso IV, item e do art. 107, do Decreto lei nº 37/66, alterado pelo artigo 77 da Lei nº 10.833, de 2003.
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 126.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37, de 1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-005.821
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Declarou-se impedido de participar do julgamento o conselheiro Diego Diniz Ribeiro, substituído pelo conselheiro Márcio Robson Costa (suplente convocado).
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 27/01/2005 INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. Documentos acostados aos autos não afastam a premissa adotada pela fiscalização, no sentido de que a empresa foi a responsável pelos transportes cujas informações foram prestadas à destempo no SISCOMEX. PRESTAÇÃO EXTEMPORÂNEA DOS DADOS DE EMBARQUE. Aplica-se a multa por embaraço à fiscalização, se o registro no SISCOMEX dos dados pertinentes ao despacho de exportação ocorrer além do prazo de 7 (sete) dias, na hipótese de embarque marítimo, prevista no inciso IV, item e do art. 107, do Decreto lei nº 37/66, alterado pelo artigo 77 da Lei nº 10.833, de 2003. PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 126. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37, de 1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 11128.005671/2009-93
anomes_publicacao_s : 201811
conteudo_id_s : 5928642
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3402-005.821
nome_arquivo_s : Decisao_11128005671200993.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
nome_arquivo_pdf_s : 11128005671200993_5928642.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Declarou-se impedido de participar do julgamento o conselheiro Diego Diniz Ribeiro, substituído pelo conselheiro Márcio Robson Costa (suplente convocado). (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
dt_sessao_tdt : Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
id : 7518427
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:31:50 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051144425570304
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1895; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 171 1 170 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11128.005671/200993 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402005.821 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de outubro de 2018 Matéria MULTA REGULAMENTAR ADUANEIRA Recorrente MAERSK BRASIL BRASMAR LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 27/01/2005 INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. Documentos acostados aos autos não afastam a premissa adotada pela fiscalização, no sentido de que a empresa foi a responsável pelos transportes cujas informações foram prestadas à destempo no SISCOMEX. PRESTAÇÃO EXTEMPORÂNEA DOS DADOS DE EMBARQUE. Aplicase a multa por embaraço à fiscalização, se o registro no SISCOMEX dos dados pertinentes ao despacho de exportação ocorrer além do prazo de 7 (sete) dias, na hipótese de embarque marítimo, prevista no inciso IV, item “e” do art. 107, do Decreto lei nº 37/66, alterado pelo artigo 77 da Lei nº 10.833, de 2003. PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 126. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37, de 1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Declarouse impedido de participar do julgamento o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 56 71 /2 00 9- 93 Fl. 171DF CARF MF 2 conselheiro Diego Diniz Ribeiro, substituído pelo conselheiro Márcio Robson Costa (suplente convocado). (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). Relatório Tratase de Auto de infração lavrado contra a Recorrente, na condição de agência de navegação responsável pela exportação, para exigir multa regulamentar com fulcro na previsão do art. 107, inciso IV, alínea "e" do Decretolei nº 37/1966, passível de ser aplicada "por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal". Conforme indicado no relatório fiscal da autuação, o fato que ensejou a lavratura da autuação foi o atraso no envio das informações da importação que competem à transportadora: "Concluído levantamento realizado na Equipe de Averbação de manifesto e Retificação de RE Averbado (EQMAX) do Setor de Exportação da Alfândega do Porto de Santos, através do qual se apurou informação dos dados de embarque no Sistema Integrado de Comercio Exterior (Siscomex), por parte da transportadora MAERSK BRASIL BRASMAR LTDA no ano de 2005 em prazo superior a 07 (sete) dias em 83 embarques/SD realizados através de 11 navios/viagem por ela representados. Em anexo consta A planilha com a relação dos dados de embarque informados fora do prazo por DDE, a data de embarque de cada DDE, a data da informação no Siscomex dos respectivos dados de embarque e quantidade de dias informados fora do prazo, por navio. Tendo em vista que para cada navio existem diversas datas de informações de embarque e no sistema só é permitido informar uma, a ficha Fato Gerador foi preenchida com a primeira data informada em atraso. O atraso na informação dos dados de embarque no Siscomex, de acordo com o art. 44 da IN 28/1994, constitui embaraço à fiscalização, e sujeita o Transportador Marítimo ao pagamento de multa no valor de R$ 5.000,00, conforme previsão legal do art. 107 do DecretoLei 37/1966, alterado pelo art. 77 da Lei 10.833/2003. Fl. 172DF CARF MF Processo nº 11128.005671/200993 Acórdão n.º 3402005.821 S3C4T2 Fl. 172 3 O DecretoLei 37/1966, art. 107, nos traz em sua alínea c. que embaraçar, dificultar ou impedir a ação da fiscalização aduaneira por qualquer meio ou forma (omissiva ou comissiva) constitui embaraço à fiscalização. Nesse caso, a própria IN 28/2004, expressamente no art. 44, enquadra este descumprimento de prazo na informação dos dados de embarque como embaraço cabendo, portanto a multa de R$ 5.000,00. Reforçando, no mesmo artigo 107, na alínea e. está expresso que deixar de prestar informação nos prazos estabelecidos pela RFB sobre veiculo transportador ou carga nele transportada ou suas operações enseja multa de R$ 5.000,00. Com isso, fica claro, por meio desses dois dispositivos legais a infração cometida pelo transportador marítimo. A presente autuação está lastreada na alínea "e", inciso IV, do artigo 107 do DecretoLei n ° 37/66, com redação dada pelo artigo 77 da Lei n ° 10.833/03, e traz a seguinte redação "Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): c) a quem, por qualquer meio ou forma, omissiva ou comissiva, embaraçar, dificultar ou impedir ação de fiscalização aduaneira, inclusive no caso de nãoapresentação de resposta, no prazo estipulado, a intimação em procedimento fiscal; e) por deixar de prestar informação sobre veiculo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada A empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga" E também no artigo 37 da Instrução Normativa SRF n ° 28/94: "Art. 37. Imediatamente após realizado o embarque da mercadoria, o transportador registrará os dados pertinentes, no SISCOMEX, com base nos documentos por ele emitidos. Parágrafo único. Na hipótese de embarque de mercadoria em viagem internacional, por via rodoviária, fluvial ou lacustre, o registro de dados do embarque, no SISCOMEX, sera de responsabilidade do exportador ou do transportador, e deverá ser realizado antes da apresentação da mercadoria e dos documentos A unidade da SRF de despacho. " O termo "imediatamente" foi esclarecido nos termos da noticia SISCOMEX n ° 0105, item "2", de 27/07/1994: "27/07/1994 0105 INFORMAÇÃO DE DADOS DE EMBARQUE NO SISCOMEX 2) POR OPORTUNO, ESCLARECEMOS QUE 0 TERMO IMEDIATAMENTE", CONTIDO NO ART 37 DA IN 28/94, DEVE SER INTERPRETADO COMO "EM ATE 24 HORAS DA DATA DO EFETIVO EMBARQUE DA MERCADORIA, O TRANSPORTADOR REGISTRARA OS DADOS PERTINENTES NO SISCOMEX, COM BASE NOS DOCUMENTOS POR ELE EMITIDOS". SALIENTAMOS O DISPOSTO NO ART. 44 DA REFERIDA IN, OU SEJA, A PREVISÃO LEGAL PARA AUTUAÇÃO DO TRANSPORTADOR NO CASO DE DESCUMPRIMENTO DO PREVISTO NO ARTIGO ACIMA REFERENCIADO." Por sua vez o artigo 44 da IN/SRF 28/94, citado na noticia acima, claramente tipifica a conduta de omissão de registro dos dados de embarque no SISCOMEX pelo transportador como embaraço: "Art. 44. O descumprimento, pelo transportador, do disposto nos arts. 37, 41 e § 3 0 do art. 42 desta Instrução Normativa constitui embaraço à atividade de fiscalização aduaneira, sujeitando o infrator ao pagamento da multa prevista no art. 107 do Decretolei n ° 37/66 com a redação do art. 5 do Decretolei n ° 751, de 10 de agosto de 1969, sem prejuízo de sanções de caráter administrativo cabíveis." (Grifos acrescidos) Fl. 173DF CARF MF 4 Entretanto, o prazo foi dilatado com o advento da noticia SISCOMEX n ° 002, de 07/01/2005. "07/01/2005 0002 ASSUNTO: PRAZO PARA INFORMAÇÃO DOS DADOS DE EMBARQUE NA EXPORTAÇÃO. 0 PRAZO PARA 0 TRANSPORTADOR REGISTRAR OS DADOS DE EMBARQUE DA MERCADORIA NO SISCOMEX DEFINIDO NO ART. 37 DA IN 28/94, SERÁ DE 7 DIAS DA DATA DO EFETIVO EMBARQUE DA MERCADORIA, QUANDO A VIA FOR MARÍTIMA. TORNASE SEM EFEITO 0 ITEM 2 DA NOTÍCIA SISCOMEX EXPORTAÇÃO 105/94. " (Grifos acrescidos) (...) CONCLUSÃO 17.Em face do exposto, concluise que; a) cabe à situação em curso a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN. Portanto, aplicase a multa por falta de registro, no Siscomex, dos dados pertinentes ao embarque de mercadorias, fora do prazo estipulado, somente se o registro foi efetuado depois de dois dias, no caso de transporte aéreo, ou depois de sete dias, no caso de transporte marítimo; b) a multa a ser aplicada ao caso em questão, para as infrações cometidas a partir de 31 de dezembro de 2003, é a que se refere à alínea "e" do inciso IV do art. 107 do Decretolei n° 37, de 1966, com a redação dada pela Lei n° 10.833, de 2003. c) deve ser aplicada ao transportador uma única multa de R$ 5.000,00, uma vez que ocorre o descumprimento da obrigação acessória de informar os dados de embarque, no Siscomex, não sendo determinante a quantidade de dados não informados. Diante dos fatos expostos, fica clara a infração cometida pela MAERSK BRASIL BRASMAR LTDA, por descumprimento do prazo na informação dos dados de embarque no Siscomex em relação a 83 embarques em 11 navios, ensejando a multa de R$ 5.000,00 por navio/viagem num total de R$ 55.000,00." (efls. 5/8 grifei) Inconformada, a empresa apresentou Impugnação Administrativa, julgada integralmente improcedente pelo Acórdão 16077.784, da 21ª Turma da DRJ/SPO, ementado nos seguintes termos: " ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 27/01/2005 A empresa de transporte internacional deixou de prestar informação sobre carga transportada. O autuado foi impelido a agir em virtude de um ato da fiscalização: o bloqueio do sistema. A lei designou como responsável solidário o representante no País do transportador estrangeiro. O exame da proporcionalidade entre o fato infracional e o valor da multa não é passível de exame neste foro, porquanto a autoridade administrativa não pode usurpar a competência do legislador para alterar o valor da multa definido na lei. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" (efl. 69) Cientificada desta decisão em 13/06/2017 (efls. 119), a empresa apresentou Recurso Voluntário em 03/07/2017 (efls. 121) reiterando suas razões de defesa, alegando em síntese: (i) preliminarmente: (i.1) a ilegitimidade passiva da Recorrente por ter atuado na condição de agente marítimo, com a realização de atos na condição de mandatário, em nome do mandante; e (i.2) a nulidade do Auto de Infração por existência de vícios formais, em razão da necessidade de observância do art. 9º do Decreto n.º 70.235/72, que exige que seja lavrado um auto de infração para cada infração, ou um único auto aplicando a multa de R$ Fl. 174DF CARF MF Processo nº 11128.005671/200993 Acórdão n.º 3402005.821 S3C4T2 Fl. 173 5 5.000,00. Ademais feriu o art. 10 do mesmo decreto por ter aplicado a penalidade ao agente marítimo como se transportador fosse e a ausência de descrição clara da conduta punida. Neste ponto sustenta, ainda, a omissão da decisão recorrida na análise desses argumentos; (ii) no mérito: (ii.1) ausência de tipicidade, sustentando a não caracterização da infração imposta vez que quem emitiu o documento foi o mandante.; (ii.2) a necessidade de redução da multa com base na Solução de Consulta Interna SCI nº 08/2008, que indica que a multa aplicada na autuação deverá ser cobrada uma única vez por veículo transportador. Isso porque a autuação considera a aplicação por DDE e não por navio; e (ii.3) a necessidade de aplicação do instituto da denúncia espontânea, com fulcro no art. 138, do CTN e na nova redação do art. 102, §2º, do Decretolei n.º 37/1966 dada pela Lei n.º 12.350/2010, vez que o registro no SISCOMEX dos dados de embarque ocorreu antes da lavratura de auto de infração. Em seguida, os autos foram direcionados a este Conselho. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne O Recurso Voluntário é tempestivo e dele tomo conhecimento, adentrando em suas razões. I PRELIMINARES I.1 DA LEGITIMIDADE PASSIVA DA RECORRENTE Primeiramente, importante consignar o descabimento das alegações da Recorrente quanto à sua ilegitimidade passiva. Como se depreende do relato fiscal acima transcrito (efls. 5/8) e das planilhas elaboradas pela fiscalização para a exigência da multa (efls. 18/20), a empresa Recorrente foi identificada como verdadeiro transportador das mercadorias, não como agente marítimo. Em sua impugnação, afirma a ora Recorrente que teria agido como agente marítimo, não lhe sendo cabível a imputação da penalidade. Contudo, considerando o contrato social da Recorrente, por ela acostado aos autos (efls. 46/63), observase que seu objeto social não se restringe ao agenciamento marítimo, podendo igualmente agir como transportador/armador. É o que se depreende da Cláusula Segunda (efls. 53/55): Fl. 175DF CARF MF 6 E, especificamente quanto às operações autuadas, a Recorrente não trouxe aos autos eventuais contratos ou procurações de agenciamento firmados, que demonstrariam a sua atuação como agente marítimo. Assim, a defesa da Recorrente não é suficiente para afastar a premissa adotada pela fiscalização, no sentido de que ela foi a responsável pelos transportes cujas informações foram prestadas à destempo no SISCOMEX. De toda forma, ainda que se entenda que a Recorrente teria atuado como agente marítimo, o que aqui se admite apenas para enfrentamento do argumento por ela Fl. 176DF CARF MF Processo nº 11128.005671/200993 Acórdão n.º 3402005.821 S3C4T2 Fl. 174 7 veiculado, não cabe se falar em ilegitimidade passiva. Essa hipótese de responsabilização encontraria respaldo no Decretolei n.º 37/1966 (art. 37, §1º1) por ser o agente marítimo o responsável pela inserção das informações no SISCOMEX CARGA, disposição normativa fundada do e no Regulamento Aduaneiro/2002, vigente à época dos fatos (art. 30, §2º2). Com efeito, a irregularidade na prestação de informações é cometida pelo agente marítimo, responsável por inserir os dados da operação, navio e mercadorias no SISCOMEX em nome do transportador estrangeiro, ainda que sob sua orientação. Nesse sentido é a jurisprudência deste Conselho: "Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 16/05/2008 AGENTE MARÍTIMO. INFRAÇÃO POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE CARGA TRANSPORTADA. ILEGITIMIDADE PASSIVA. INOCORRÊNCIA. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na informação sobre carga transportada responde pela multa sancionadora da referida infração. (…)." (Processo 11128.007671/200847 Data da Sessão 25/05/2017 Relatora Maria do Socorro Ferreira Aguiar Nº Acórdão 3302004.311 grifei) "Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 06/02/2011 INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. AGENTE MARÍTIMO. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na prestação de informação de embarque responde pela multa sancionadora correspondente. Precedentes da Turma. Ilegitimidade passiva afastada. (...) Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido." (Processo 11684.720091/201139 Data da Sessão 27/11/2013 Relator Solon Sehn Nº Acórdão 3802002.315) "Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 03/11/2004, 04/11/2004, 08/11/2004, 12/11/2004, 15/11/2004, 18/11/2004, 23/11/2004, 26/11/2004 MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE. MATERIALIZAÇÃO DA INFRAÇÃO. IMPOSIÇÃO DA MULTA. OBRIGATORIEDADE. O descumprimento do prazo de 7 (sete) dias, fixado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) para o registro, no Siscomex, dos dados do embarque marítimo, subsumese à hipótese da infração por atraso na informação sobre carga transportada, sancionada com a respectiva multa regulamentar. INFRAÇÃO POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE CARGA TRANSPORTADA. 1 "Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003)" (grifei) 2 "Art. 30. O transportador prestará à Secretaria da Receita Federal as informações sobre as cargas transportadas, bem assim sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1o Ao prestar as informações, o transportador, se for o caso, comunicará a existência, no veículo, de mercadorias ou de pequenos volumes de fácil extravio. § 2o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, também deve prestar as informações sobre as operações que execute e sobre as respectivas cargas. § 3o Poderá ser exigido que as informações referidas neste artigo sejam emitidas, transmitidas e recepcionadas eletronicamente." Fl. 177DF CARF MF 8 PENALIDADE APLICADA CONTRA O AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OCORRÊNCIA. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na informação sobre carga transportada tem legitimidade para integrar o polo passivo da ação de cobrança da multa sancionadora da respectiva infração. Recurso Voluntário Negado." (Processo 11050.001776/200914 Relator Jose Fernandes do Nascimento Nº Acórdão 3802001.565 grifei) Nesse sentido, não há que se falar no caso em ilegitimidade passiva. I.2 DOS ARGUMENTOS EM TORNO DA NULIDADE DA AUTUAÇÃO Sustenta a Recorrente que o Auto de Infração teria sido lavrado em desconformidade com os artigos 9º e 10º do Decreto n.º 70.235/72, argumentos esses que não teriam sido enfrentados pela r. decisão recorrida. Entretanto, observase que o Auto de Infração foi devidamente motivado, sendo possível identificar, de forma expressa, quais foram as razões de fato e de direito para a lavratura da exigência fiscal, como exigido pelo art. 10 do Decreto n.º 70.235/72. Esse fato é depreendido da leitura dos fundamentos da autuação, transcritos no relatório deste voto (efls. 5/8). Ademais, a autuação foi lavrada de forma única por envolver a mesma penalidade regulamentar (art. 107, inciso IV, alínea "e" do Decretolei nº 37/1966), estando em plena consonância com o art. 9º do mesmo Decreto. Ao contrário do que aduz a Recorrente, o referido dispositivo não exige que cada multa aplicada seja objeto de um Auto de Infração distinto. E essas alegações, genericamente formuladas pela Recorrente em sua Impugnação, foram enfrentadas na r. decisão recorrida. Após tratar dos princípios do contraditório, da ampla defesa e da motivação dos atos administrativos, indicou a r. decisão: "O fato que ensejou a lavratura do Auto de Infração é certo e definido no seu corpo: Portanto, resta claro que o interessado tem acesso a todas as informações detalhadas sobre as infrações a ele imputadas, permitindolhe o exercício do contraditório e ampla defesa. A impugnante tem clara ciência do teor da ação fiscal e dos atos normativos invocados no corpo do Auto de Infração que apontam para a prática de irregularidades nas operações de comércio exterior. Basta constatar os argumentos trazidos na impugnação para afastar a motivação apresentada pela fiscalização. Portanto, sabia do que se defender e assim o fez." (efl. 80) Nesse sentido, merecem ser afastados os argumentos de nulidade da autuação e da r. decisão recorrida. II DO MÉRITO DA MANUTENÇÃO DA MULTA APLICADA Como se depreende da expressão do art. 107, IV, "e", do Decretolei n.º 37/1966, essa penalidade é aplicada quando as informações relativas ao veículo ou cargas neles transportadas, ou quanto às operações realizadas, deixarem de serem prestadas à Secretaria da Receita Federal na forma e prazo por ela prevista: "Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) Fl. 178DF CARF MF Processo nº 11128.005671/200993 Acórdão n.º 3402005.821 S3C4T2 Fl. 175 9 IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e" (grifei) Como indicado no relato fiscal, o prazo estabelecido pela Receita Federal no artigo 44 da IN/SRF 28/94 e na noticia SISCOMEX n ° 002, de 07/01/2005 é de 7 (sete) dias da data do embarque. Na planilha elaborada pela fiscalização com fulcro nas informações obtidas no SISCOMEX (efl. 18/20), foram relacionadas as datas das informações do embarque e os efetivos dias dos embarques, demonstrando a prestação de informação fora do prazo. Em sua defesa, a Recorrente não refuta esse fato. Desta forma, comprovado que a empresa transportadora prestou as informações a destempo, após mais de sete dias do embarque, deve ser efetivamente aplicada a penalidade. Nesse sentido, inclusive, já se manifestou esta turma, em sua composição anterior, no Acórdão n.º 3402004.149, de 24/05/2017, de relatoria do Conselheiro Waldir Navarro Bezerra. E aqui é importante evidenciar que a forma de cálculo estabelecida pela Solução de Consulta Interna SCI nº 08/2008, na qual se respaldou a fiscalização (efl. 7/8), foi devidamente observada, sendo a multa aplicada uma única vez por veículo transportador. Como evidenciado pela própria fiscalização, as 83 (oitenta e três) informações em atraso ocorreram em relação à 11 (onze) navios cujos transportes foram realizados pela Recorrente. A identificação dos veículos transportadores foi feita pela própria fiscalização, podendo ser facilmente visualizada pela planilha referenciada anteriormente (efls. 18/20): Fl. 179DF CARF MF 10 E a multa aplicada foi calculada em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por veículo, totalizando os R$ 55.000,00 (cinquenta e cinco mil reais) autuado. Com isso, ao contrário do que aduz a Recorrente, a fiscalização não cobrou a multa por DDE em atraso, mas por veículo, exatamente como indicado na referida Solução de Consulta (efl. 12): Por fim, sustenta a Recorrente a necessidade de aplicação do instituto da denúncia espontânea, com fulcro no art. 138, do CTN e na nova redação do art. 102, §2º, do Decretolei n.º 37/1966 dada pela Lei n.º 12.350/2010, vez que o registro no SISCOMEX dos Fl. 180DF CARF MF Processo nº 11128.005671/200993 Acórdão n.º 3402005.821 S3C4T2 Fl. 176 11 dados de embarque ocorreu antes da lavratura de auto de infração. Essa matéria, contudo, foi sedimentada pela Súmula CARF nº 126, segundo a qual: "A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37, de 1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010." Assim, não assiste razão a Recorrente no mérito, devendo ser mantida integralmente a autuação. III DISPOSITIVO Diante do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora Fl. 181DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.009394/2002-30
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 14 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.503
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Mineiro Fernandes Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, substituída pelo conselheiro Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: RODRIGO MINEIRO FERNANDES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Dec 14 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10480.009394/2002-30
anomes_publicacao_s : 201812
conteudo_id_s : 5937779
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Dec 14 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3402-001.503
nome_arquivo_s : Decisao_10480009394200230.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : RODRIGO MINEIRO FERNANDES
nome_arquivo_pdf_s : 10480009394200230_5937779.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Mineiro Fernandes Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, substituída pelo conselheiro Renato Vieira de Ávila.
dt_sessao_tdt : Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
id : 7543695
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:33:21 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051145111339008
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1683; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 202 1 201 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10480.009394/200230 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3402001.503 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 27 de novembro de 2018 Assunto AUTO DE INFRAÇÃO ELETRÔNICO Recorrente LEON HEIMER S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Mineiro Fernandes Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, substituída pelo conselheiro Renato Vieira de Ávila. Relatório Trata presente processo de auto de infração eletrônico (fls. 8 a 17), decorrente do processamento da DCTF do anocalendário de 1998, pela alegada falta de recolhimento da COFINS. O sujeito passivo apresentou sua Impugnação (fls. 2 a 6), alegando que os débitos exigidos teriam sido quitados por intermédio de compensação com créditos do IPI, cujos montantes teriam sido deferidos a diversos estabelecimentos da empresa, nos autos de processos administrativos conforme relacionados abaixo: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 80 .0 09 39 4/ 20 02 -3 0 Fl. 202DF CARF MF Processo nº 10480.009394/200230 Resolução nº 3402001.503 S3C4T2 Fl. 203 2 A unidade de origem, proferiu o Despacho DRF/RECIFE REVISÃO DE LANÇAMENTO (fls. 56 a 57), com a revisão de ofício do lançamento originalmente efetuado através do Auto de Infração n° 0004617, cancelando débitos da COFINS dos períodos de apuração de 02/1998, 09/1998 e 10/1998, nos valores respectivos de R$ 32.300,78, R$ 63.695,88 e R$ 66.508,22, e mantendo a cobrança dos débitos desta contribuição dos períodos de apuração de 01/1998 e 02/1998, nos valores respectivos de R$ 53.430,96 e R$ 15.827,40. Transcrevo excerto do referido Despacho com a justificativa para a manutenção dos valores restantes: “Quanto aos débitos da COFINS dos períodos de apuração de 01/1998 e 02/1998, nos valores respectivos de R$ 53.430,96 e R$ 15.827,40, verificamos que os mesmos foram objeto de pedido de compensação com crédito de ressarcimento de IPI do estabelecimento filial do contribuinte, CNPJ n° 10.805.893/000449, pertencente à jurisdição é a Delegacia da Receita Federal em Osasco SP, cuja análise foi efetuada pela Agência da Receita Federal em Franco da Rocha/SP nos autos do processo administrativo n° 13898.000098/9750, abaixo resumida: • Inicialmente, em 10/10/1997, o contribuinte pediu a compensação do crédito de ressarcimento de IPI com débitos de terceiros, em nome da empresa LUCAS DIESEL DO BRASIL LTDA, CNPJ n° 49.871.155/000192 (cópia às fls. 43/44). • Em seguida, em 08/01/98 e 23/01/98, pediu desistência da compensação com débitos de terceiros para utilizar o crédito na compensação de débitos próprios (cópia dos requerimentos às fls. 45/47) • Em 10/02/98 e 11/03/98 apresentou requerimentos e formulários de compensação, onde solicita a compensação de diversos débitos, entre eles os débitos da COFINS aos períodos de apuração de 01/1998 e 02/1998, nos valores respectivos de R$ 53.430,96 e R$ 15.827,40 (cópias às fls. 48/52). • Em 15/04/1998, o contribuinte foi intimado a apresentar documentação referente ao pedido de ressarcimento de IPI, sendo alertado que o não atendimento a esta intimação implicaria no arquivamento do processo por falta de interesse (cópia às fls. 53) • Em 21/12/98, o processo foi arquivado por falta de interesse do interessado (cópia às fls. 54), o que resultou na manutenção da cobrança de seus os débitos.” Fl. 203DF CARF MF Processo nº 10480.009394/200230 Resolução nº 3402001.503 S3C4T2 Fl. 204 3 Regulamente cientificado do Despacho com a revisão de ofício, o contribuinte apresentou Petição de fls. 64/65, alegando a impossibilidade de cobrança dos valores pela interposição de impugnação, e que não foi cientificada de intimação do processo administrativo 13898.000098/9750, que embasou as compensações referidas na impugnação. A 15ª Turma da DRJ Ribeirão Preto, por meio do Acórdão 1444.577, sessão de 3 de setembro de 2013, julgou parcialmente procedente a Impugnação, com a exoneração da multa de ofício lançada, mantendo o lançamento do principal. O referido acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1998 FALTA DE RECOLHIMENTO. DCTF. Não apresentados meios de prova suficientes a efetividade das compensações alegadas, mantémse a exigência fiscal correspondente. MULTA DE OFÍCIO VINCULADA. Em face do princípio da retroatividade benigna, consagrado no Código Tributário Nacional, é cabível a exoneração da multa de lançamento de ofício, para débitos já declarados em DCTF. Impugnação Procedente em Parte Devidamente cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte apresentou seu Recurso Voluntário (fls.127 a 199) em 31/08/2015, com as seguintes alegações, em síntese: (i) da obrigatoriedade de Recurso de Ofício ao CARF, conforme art. 34 do Decreto 70.235; (ii) da inexistência de intimação formal da recorrente quanto ao acórdão da DRJ; (iii) do mérito, da existência de pedidos de compensação quanto aos débitos exigidos; (iv) da nulidade do procedimento fiscal decorrente de vícios de formalidade no auto de infração; (v) da necessidade de vinculação dos atos; (vi) da multa moratória e juros moratórios; (vii) da natureza confiscatória da multa de 20%; (viii) da limitação inconstitucional ao exercício da atividade econômica; (ix) do contraditório, ampla defesa, devido processo legal e publicidade sob pena de nulidade dos atos; (x) da suspensão da exigibilidade. Fl. 204DF CARF MF Processo nº 10480.009394/200230 Resolução nº 3402001.503 S3C4T2 Fl. 205 4 O processo foi encaminhado a este Conselho para julgamento e posteriormente distribuído a este Relator. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, Relator. Ao examinar os argumentos trazidos pela Recorrente, em cotejo com as alegações da Autoridade Fiscal, entendo necessária a conversão do julgamento em diligência com vistas a aclarar a situação que passo a descrever. Preliminarmente, a Recorrente alega a obrigatoriedade de Recurso de Ofício ao CARF, conforme art. 34 do Decreto 70.235, tendo em vista a decisão proferida pela DRJ que desonerou parcialmente o contribuinte. Entretanto, a Recorrente não se atentou para o limite de alçada para o Recurso de Ofício, que impõe o valor mínimo de R$2.500.000,00 para o recurso ao CARF. Como a desoneração foi inferior a tal valor, não procede a alegação da Recorrente de obrigatoriedade do Recurso de Ofício ao CARF. A Recorrente alega também a inexistência de intimação formal quanto ao acórdão da DRJ. Não procede tal alegação, visto que a Recorrente foi cientificada em 07/05/2015, conforme comprova o TERMO DE CIÊNCIA POR ABERTURA DE MENSAGEM à fl.118. Também não procede a alegação de nulidade do procedimento fiscal decorrente de vícios de formalidade no auto de infração, e a necessidade de vinculação dos atos administrativos. A nulidade disposta nos arts. 59 c/c 60 do Decreto n.º 70.235/72 decorre da ocorrência de uma das seguintes hipóteses: (i) quando se tratar de ato/decisão lavrado ou proferido por pessoa incompetente; (ii) quando resultar em inequívoco cerceamento de defesa à parte. Nenhum desses vícios foi verificado no lançamento efetuado, que foi realizado por autoridade competente, e assegurado o pleno exercício do direito de defesa à parte. Também se constata que o ato administrativo de lançamento e os procedimentos fiscais preparatórios foram plenamente vinculados e não foram identificados vícios na condução dos trabalhos. Os atos praticados pela autoridade fiscal permitiram o exercício do contraditório e ampla defesa, cujo resultado deuse com a apresentação da Impugnação, da Petição, e do Recurso Voluntário, que fazem parte do presente processo, com alegações da parte contra os atos administrativos. No mérito, a Recorrente alega a existência de pedidos de compensação quanto aos débitos exigidos, vinculados ao processo administrativo 13898.000098/9750. Entretanto, o referido processo administrativo foi arquivado por falta de interesse da parte. A unidade de origem informa que teria intimado a empresa a comparecer à ARF/Franco da Rocha para apresentar documentação referente ao pedido de ressarcimento de Fl. 205DF CARF MF Processo nº 10480.009394/200230 Resolução nº 3402001.503 S3C4T2 Fl. 206 5 IPI, sendo alertada que o não atendimento a esta intimação implicaria no arquivamento do processo por falta de interesse. Entretanto, não consta no presente processo a comprovação da ciência da intimação, da solicitação de comparecimento emitida pela Agência da Receita Federal de Franco da Rocha. Diante disso, converto o julgamento do recurso voluntário em diligência à repartição de origem para que a autoridade preparadora anexe o inteiro teor do processo 13898.000098/9750, incluindo a comprovação da ciência da intimação à empresa determinando seu comparecimento à ARF/Franco da Rocha para apresentar documentação referente ao pedido de ressarcimento de IPI. Concluída a diligência, os autos deverão retornar a este Colegiado para que se dê prosseguimento ao julgamento. É como voto. É a resolução. (assinado com certificado digital) Rodrigo Mineiro Fernandes Fl. 206DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.911533/2016-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2012
DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte.
ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972.
Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização de parte do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil.
MULTA E JUROS DE MORA.
Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
JUROS DE MORA. SELIC. MULTAS EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 108.
Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3402-005.791
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2012 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização de parte do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS DE MORA. SELIC. MULTAS EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 108. Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 11020.911533/2016-72
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5944223
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3402-005.791
nome_arquivo_s : Decisao_11020911533201672.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : WALDIR NAVARRO BEZERRA
nome_arquivo_pdf_s : 11020911533201672_5944223.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
id : 7559587
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:01 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051147162353664
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1836; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.911533/201672 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402005.791 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de outubro de 2018 Matéria DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COFINS Recorrente KEKO ACESSORIOS S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2012 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização de parte do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicandose o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS DE MORA. SELIC. MULTAS EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 108. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 91 15 33 /2 01 6- 72 Fl. 185DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 2 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Recorrente, rejeitando as preliminares da defesa e não homologando as compensações apresentadas por não reconhecer o direito creditório postulado. O Despacho Decisório considerou que o crédito informado no PER/DCOMP foi parcialmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, restando saldo disponível inferior ao crédito pretendido, insuficiente para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Em manifestação de inconformidade alegou preliminarmente a Contribuinte que é legítima detentora de créditos apresentados para compensação originados de pagamentos realizados de maneira indevida ou a maior e o despacho decisório, que não reconheceu o direito creditório e deixou de homologar a compensação deve ser declarado nulo em razão de: i)Ausência de fundamentação, resultando em desvio de finalidade na busca pela verdade material, uma vez que não foi diligenciado para aferição do crédito pleiteado e não intimou a Contribuinte a prestar informações; Fl. 186DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 3 ii) É dever da Autoridade fiscal, por aplicação do artigo 7º do Decreto nº 70.235/72, instruir o procedimento fiscal, como a solicitação de informações ao Contribuinte, apreensão de documentos fiscais, diligências até a sede da Empresa, entre outros expedientes; iii) Não foi respeitado o contraditório, o devido processo legal e a ampla defesa. No mérito, alegou a Contribuinte que: iv) Deve ser possibilitada posterior juntada de documentos que comprovem as alegações trazidas em manifestação de inconformidade, em respeito ao princípio administrativo da verdade material, possibilitando a comprovação do direito creditório; v) É ilegal e inconstitucional a multa aplicada sobre o montante do tributo devido, devendo ser aplicados os princípios constitucionais do não confisco, razoabilidade e proporcionalidade; vi) O percentual de multa aplicado para o caso de descumprimento de obrigação principal, mesmo que expressamente previsto na legislação pertinente, deveria sempre guardar proporção com o valor da prestação tributária exigida, bem como adequarse e/ou assemelharse aos novos critérios de aplicação de multas estabelecidos para as relações contratuais que envolvem questões de direito privado. O Acórdão nº 02073.181 manteve o despacho decisório. Regularmente cientificada desta decisão, a Recorrente interpôs tempestivamente o Recurso Voluntário ora em apreço, onde repisa os argumentos expostos em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.753, de 24 de outubro de 2018, proferido no julgamento do processo 11020.900612/201658, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402005.753): "Pressupostos legais de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, devendo ser conhecido. Fl. 187DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 4 Preliminar A Recorrente alega preliminarmente que o despacho decisório é nulo por não ser fundamentado e ferir os princípios constitucionais da ampla defesa, contraditório e devido processo legal, resultando em desvio de finalidade. Sem razão. Está correta a decisão recorrida ao concluir pela aplicação do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Com a detida análise dos autos é possível constatar que tanto o PERD/COMP, quanto a Manifestação de Inconformidade e o Recurso Voluntário, não estão instruídos com documentos passíveis de corroborar com as alegações da defesa. Ao invés de comprovar a certeza e liquidez ou, ainda, proceder à retificação da DCTF, demonstrando a suficiência do direito creditório para contrapor ao despacho decisório que não homologou a compensação, a Recorrente cingiuse em alegar a ausência das razões da não homologação, invocando os Princípios Constitucionais do Contraditório, Ampla Defesa e Devido Processo Legal, atribuindo o ônus da prova à Autoridade Fazendária. Ao contrário do que alega a Recorrente, aplicase o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil, que atribui o ônus da prova ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito. Neste sentido, a 4ª Câmara da 1ª Turma Ordinária da 3ª Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais proferiu o Acórdão nº 3401003.907, acatando por unanimidade o voto do Conselheiro Relator Augusto Fiel Jorge D'Oliveira ao negar provimento ao Recurso Voluntário interposto no Processo Administrativo Fiscal nº 13832.000095/9970, conforme Ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1991 a 30/06/1992 ÔNUS DA PROVA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ARTIGO 170 DO CTN. Em processos que decorrem do indeferimento de pedido de restituição/compensação, o ônus da prova recai sobre o contribuinte, que deverá apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito (artigo 170, do CTN). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 188DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 5 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário interposto. Transcrevese abaixo parte do fundamento que embasou o respeitável voto do julgado acima citado: Em se tratando de pedido de restituição combinado com pedido de compensação, é ônus do contribuinte provar que possui o direito de crédito e no montante por ele alegado, o que implica a guarda da documentação necessária para tanto não pelo prazo de 5 (cinco) anos da realização dos pagamentos, como pretende ver reconhecido o Recorrente, mas até o encerramento da discussão administrativa ou judicial em que pretende ver aquele direito de crédito reconhecido. Nesse sentido, vejam os dispositivos legais a seguir: CTN: "Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram". (grifos nossos) Lei nº 10.406, de 2002 (Código Civil): "Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados" . (grifos nossos) Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99): "Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 4º). (...) Art.923.A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em Fl. 189DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 6 preceitos legais. (DecretoLei nº1.598, de 1977, art. 9º, §1º)". (grifos nossos) Neste caso, não se aplicam as hipóteses de nulidade previstas pelo artigo 59 do Decreto nº 70.235/1972, uma vez que tanto o despacho decisório, quanto o acórdão recorrido estão motivados pela ausência de crédito suficiente para compensação com os débitos declarados. E não há que se falar em preterição do direito de defesa da Contribuinte. Portanto, afasto as preliminares invocadas no recurso em análise. Mérito Princípio da Verdade Material A Recorrente invoca o Princípio da Verdade Material para alegar que deveria o Agente Fiscal apurar os fatos independentemente de suposições ou indícios, possibilitando à manifestante a posterior juntada de documentos para comprovar o direito creditório. Com efeito, a busca pela verdade material deve prevalecer, possibilitando ao Contribuinte apresentar todos os meios de provas necessários para comprovação de seu direito. No entanto, é da Contribuinte o ônus da prova passível de contrapor a constatação de utilização dos créditos declarados para compensação, o que não ocorreu no presente caso, pois a Recorrente não apresentou qualquer documento passível de comprovar o direito alegado, tampouco procedeu à Retificação da DCTF no prazo concedido para manifestação de inconformidade. O Artigo 37 da Lei nº 9.430/1996 prevê que "Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios". Reiterase a aplicação do artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil, que atribui o ônus da prova ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, bem como a incidência do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Neste sentido, citase o Acórdão nº 3302005.292, proferido pela 3ª Câmara da 2ª Turma Ordinária da 3ª Seção deste Tribuna Administrativo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 Fl. 190DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 7 DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA. INDEFERIMENTO. O direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep será indeferido se o contribuinte não apresentar os documentos necessários a análise e confirmação do valor do crédito pleiteado/compensado. Para esse fim, o postulante deve apresentar à fiscalização, quando solicitado, os arquivos digitais e os documentos fiscais e contábeis necessários à comprovação dos créditos apropriados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de crédito decorrente do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, seja sob a forma de dedução, compensação ou ressarcimento, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros moratórios. COMPENSAÇÃO DECLARADA. ANÁLISE ANTES DE COMPLETADO O PRAZO DE CINCO ANOS. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há homologação tácita da compensação declarada quando o contribuinte é cientificado do despacho decisório não homologatório da compensação antes de completado o prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da correspondente declaração de compensação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA.. IMPRESCINDIBILIDADE DA NOVA PROVA. INDEFERIMENTO. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. PEDIDO DE PERÍCIA E DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E Fl. 191DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 8 ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. 1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica. 2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia. DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO. Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omitese de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Cofins pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, inequivocamente, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). DESPACHO DECISÓRIO PROFERIDO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDAE. Não é passível de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 9 Recurso Voluntário Negado. Da alegação de Inaplicabilidade da multa em face do Princípio Constitucional do Não Confisco e dos Princípios Administrativos da Razoabilidade e da Proporcionalidade. A Recorrente questiona a multa aplicada, alegando tratarse de penalidade confiscatória, ilegal e inconstitucional. Alega que: O valor lançado a título de multa, flagrantemente ilegal como a seguir demonstrarseá, é manifestamente excessivo, ferindo, desta maneira o princípio constitucional do não confisco e dos princípios administrativos da razoabilidade e da proporcionalidade. Neste contexto, é princípio básico que a pena, no caso a multa aplicada em face de infrações, não pode ultrapassar os estritos limites da lei – ou ainda, do direito como um todo valendo para o caso específico do direito tributário, a definição legal do tributo como insuscetível de servir como instrumento de penalização do contribuinte. (...) De outra banda, importa consignar que as obrigações acessórias, entre elas a multa, podem ter duas naturezas, sendo uma tributária e, neste caso, converterse em principal, e a outra de natureza punitiva, que, ipso jure, convertese também em principal. No primeiro caso, o que era princípio na legislação esparsa, convertese em mandamento constitucional e legal impeditivo da bitributação com a mesma base de cálculo, vedando o bis in idem a partir do mesmo fato gerador, expresso no art. 150, I da CF/88, antes focado. Ora ainda que tolerado durante a vigência da Constituição anterior e ainda que contrário ao princípio da tributação, o Código Tributário Nacional, como antes dito, mandava converter a obrigação acessória, qualquer que fosse sua natureza, administrativa ou punitiva, em obrigação principal. Contudo, a tolerância tinha origem na idéia de que a obrigação principal art. 113, 3º, do CTN surge com a ocorrência do fato gerador, e tinha por objeto não apenas o pagamento do tributo, mas também a penalidade pecuniária. (...) Assim, a multa em questão é totalmente inexigível, uma vez que fere explicitamente os princípios legais e constitucionais Fl. 193DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 10 acima referidos, devendo ser reformado o acórdão recorrido também neste ponto. Ocorre que o artigo 61 da Lei nº 9.430/1996 é taxativo ao estabelecer a fixação de juros de mora e multa: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. A multa aplicada atende ao limite de 20% (vinte por cento) estabelecido pelo § 2º acima transcrito. Portanto, não há que se alegar caráter confiscatório, tampouco ausência de razoabilidade e proporcionalidade. Por outro lado, incide a Súmula CARF nº 2, uma vez que este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Taxa Selic A Recorrente questiona a aplicação da Taxa Selic na correção do crédito tributário, argumentando pela ilegalidade do cálculo de juros moratórios sobre débitos tributários. Não assiste razão à Recorrente, considerando a incidência da Súmula CARF 108, que assim dispõe: Súmula CARF nº 108 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 11 Portanto, deve ser mantida a decisão recorrida. Dispositivo Ante o exposto, conheço o Recurso Voluntário, rejeito as preliminares suscitadas e, no mérito, NEGO PROVIMENTO para manter na íntegra o acórdão recorrido. " Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 195DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.720587/2012-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Dec 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 15/07/2004
COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. INCIDÊNCIA
A extinção do crédito tributário por compensação, efetuada após o vencimento do débito, configura a mora do contribuinte, sendo cabível a aplicação de multa moratória.
COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CONFIGURAÇÃO
A extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Como a compensação ainda depende de homologação, ela não se equipara ao pagamento para fins de aplicação do instituto da denúncia espontânea, por serem formas distintas de extinção do crédito tributário. Portanto, não se considera ocorrida a denúncia espontânea, quando o contribuinte compensa o débito mediante apresentação de DCOMP.
Numero da decisão: 3402-005.699
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Cynthia Elena de Campos, que lhe deram provimento integral. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Mineiro Fernandes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, substituída pelo conselheiro Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: RODRIGO MINEIRO FERNANDES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 15/07/2004 COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. INCIDÊNCIA A extinção do crédito tributário por compensação, efetuada após o vencimento do débito, configura a mora do contribuinte, sendo cabível a aplicação de multa moratória. COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CONFIGURAÇÃO A extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Como a compensação ainda depende de homologação, ela não se equipara ao pagamento para fins de aplicação do instituto da denúncia espontânea, por serem formas distintas de extinção do crédito tributário. Portanto, não se considera ocorrida a denúncia espontânea, quando o contribuinte compensa o débito mediante apresentação de DCOMP.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Dec 03 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10680.720587/2012-61
anomes_publicacao_s : 201812
conteudo_id_s : 5930608
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Dec 03 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3402-005.699
nome_arquivo_s : Decisao_10680720587201261.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : RODRIGO MINEIRO FERNANDES
nome_arquivo_pdf_s : 10680720587201261_5930608.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Cynthia Elena de Campos, que lhe deram provimento integral. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Mineiro Fernandes - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, substituída pelo conselheiro Renato Vieira de Ávila.
dt_sessao_tdt : Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
id : 7531480
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:32:36 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051147312300032
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1760; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 322 1 321 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.720587/201261 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402005.699 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 23 de outubro de 2018 Matéria PER/DCOMP Recorrente COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS CEMIG Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 15/07/2004 COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. INCIDÊNCIA A extinção do crédito tributário por compensação, efetuada após o vencimento do débito, configura a mora do contribuinte, sendo cabível a aplicação de multa moratória. COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CONFIGURAÇÃO A extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Como a compensação ainda depende de homologação, ela não se equipara ao pagamento para fins de aplicação do instituto da denúncia espontânea, por serem formas distintas de extinção do crédito tributário. Portanto, não se considera ocorrida a denúncia espontânea, quando o contribuinte compensa o débito mediante apresentação de DCOMP. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Cynthia Elena de Campos, que lhe deram provimento integral. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 05 87 /2 01 2- 61 Fl. 322DF CARF MF Processo nº 10680.720587/201261 Acórdão n.º 3402005.699 S3C4T2 Fl. 323 2 Rodrigo Mineiro Fernandes Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, substituída pelo conselheiro Renato Vieira de Ávila. Relatório Trata presente processo de análise de PER/DCOMP da Recorrente, originado de pagamento de COFINS alegadamente efetuado a maior. A PER/DComp 20447.60434.181007.1.3.042808 foi transmitida em 18/10/2007, e a compensação declarada não foi homologada pela Delegacia da Receita Federal em Belo Horizonte/MG, sob o argumento de que o pagamento havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação (Despacho Decisório eletrônico de 07/10/2009 à fl. 31). Depois da ciência do despacho decisório, o contribuinte retificou sua DCTF e apresentou sua manifestação de inconformidade, iniciando o litígio por meio do Processo nº 10680.935163/200901, alegando tratarse de um erro de fato na apuração da contribuição do período de apuração de junho de 2004 e que, por engano, deixou de retificar a DCTF do 2º trimestre de 2004 em tempo hábil, comprovando os argumentos com a retificação feita tempestivamente na DACON. Seus argumentos foram acatados pela 1ª Turma da DRJ/BHE que, por meio do Acórdão nº 0233.402, sessão de 11/07/2011, decidiu pela procedência da manifestação de inconformidade, reconhecendo o direito creditório no valor original de R$ 2.067.205,34 e determinando que a DRF operacionalizasse a compensação declarada até o limite do crédito reconhecido. Por meio do Termo de Ciência e Notificação de fl. 63, a DRF/BHE cientificou o contribuinte do Acórdão nº 0233.402, no qual informa que o saldo credor reconhecido pela DRJ no referido acórdão era insuficiente para fazer face à totalidade dos débitos declarados na DCOMP, gerando assim, saldo a pagar. Em 07/12/2011, o contribuinte apresentou sua inconformidade através de documento denominado “Recurso Voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais” (fls. 74 a 95), alegando, em síntese: (i) necessidade de revisão do ato administrativo realizado no PAF nº 10680.933167/200947, por cerceamento do direito de defesa; (ii) impossibilidade de incidência de multa pela inocorrência de mora; e (iii) exclusão da multa de mora pela denúncia espontânea. Com a apresentação da manifestação de inconformidade do contribuinte (documento denominado “Recurso Voluntário”), foi formalizado o presente processo para fins de julgamento, tendo em vista o encerramento do litígio do processo 10680.935.163/200901, cuja decisão final administrativa reconheceu o direito creditório ali analisado. Fl. 323DF CARF MF Processo nº 10680.720587/201261 Acórdão n.º 3402005.699 S3C4T2 Fl. 324 3 Em 22/08/2012, a Terceira Seção de Julgamento do CARF proferiu o Acórdão nº 3302001.772 (fls. 127 a 132), onde decidiu por não conhecer do Recurso Voluntário, com a orientação de que a petição fosse apreciada e decidida inicialmente pela autoridade da RFB de 1ª Instância. Regulamente cientificada do Acórdão 3302001.772, o contribuinte apresentou nova Manifestação de Inconformidade, em 05/06/2013, com os mesmos argumentos já apresentados no documento denominado “Recurso Voluntário”, em discordância à incidência de multa e juros de mora sobre os valores dos débitos informados na Dcomp, por não estar configurada a mora, e pela configuração da denúncia espontânea. Por meio do acórdão nº 0246.466, de 29 de julho de 2013 (fls. 269 a 274), a 1ª Turma da DRJ em Belo Horizonte, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, no que diz respeito à insuficiência do crédito para a compensação na DCOMP transmitida, em decorrência da incidência de multa de mora sobre os valores dos débitos informados na DCOMP transmitida anteriormente. O referido acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 15/07/2004 COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. TRIBUTOS DA MESMA ESPÉCIE. O aproveitamento do pagamento a maior de um débito para extinção de outros débitos, ainda que do mesmo tributo, só se faz por compensação, incidindo, portanto, os acréscimos legais devidos na compensação após o vencimento do débito. COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. Não se considera ocorrida a denúncia espontânea, quando o contribuinte compensa o débito mediante apresentação de DCOMP. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Regularmente cientificado, o contribuinte apresentou seu Recurso Voluntário (fls.281 a 290), alegando a inexistência da mora e a configuração da denúncia espontânea pela compensação declarada. O processo foi encaminhado a este Conselho para julgamento e posteriormente distribuído a este Relator. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, Relator. Fl. 324DF CARF MF Processo nº 10680.720587/201261 Acórdão n.º 3402005.699 S3C4T2 Fl. 325 4 O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. O julgador a quo julgou improcedente a manifestação de inconformidade, e confirmou a insuficiência de crédito para as compensações pleiteadas, em decorrência da incidência de multa de mora sobre os valores dos débitos informados em DCOMP transmitida posteriormente ao vencimento do débito; considerou, ainda, que a improcedência de denúncia espontânea, pela inexistência de pagamento, e sim, de compensação de débito mediante apresentação de DCOMP. Conforme relatado, a DRJ/BHE, por meio do Acórdão nº 0233.402, reconheceu o direito creditório no valor original de R$ 2.067.205,34, a título de COFINS recolhida em 15/07/2004. A DRF/BHE esclareceu que o valor reconhecido pela DRJ seria de R$2.247.607,98, que seria a diferença do DARF no valor de R$50.095.874,79 subtraído do débito informado em DCTF no valor de R$47.848.266,81. Tal valor foi utilizado para compensar os seguintes débitos: PER/DCOMP Crédito original utilizado Débito compensado 24101.82862.1711104.1.3.048080 180.402,64 188.971,77 33086.90672.310807.1.3.043904 1.186.818,45 193.101,02 900.935,09 20447.60434.181007.1.3.042808 880.386,89 1.301.299,80* TOTAL 2.247.607,80 2.805.797,18 * Extrato do processo 10680.937861/200933 à fl.69 As PER/DCOMPs 24101.82862.1711104.1.3.048080 e 20447.60434.181007.1.3.042808 foram apresentadas antes das datas de vencimento dos créditos tributários. A divergência entre os valores apurados pela Autoridade Fiscal e pela Recorrente referese à PER/DCOMP33086.90672.310807.1.3.043904, transmitida em 31/08/2007 (fls.250): enquanto a fiscalização utilizou o valor de R$1.186.818,45 para compensar os débitos informados, o contribuinte utilizou o valor de R$1.036.971,02. A Fl. 325DF CARF MF Processo nº 10680.720587/201261 Acórdão n.º 3402005.699 S3C4T2 Fl. 326 5 diferença seria o valor da multa de mora imputada à extinção do crédito tributário fora do prazo de vencimento. Transcrevo a ficha da PER/DCOMP 33086.90672.310807.1.3.043904, com a informação dos débitos a serem compensados, e as suas datas de vencimento originais (fls.254): Para verificar a mora, devemos identificar a data de vencimento do crédito tributário e a data que o mesmo foi pretensamente extinto. Enquanto a compensação não for declarada, o débito que se pretende compensar encontrase em aberto e, se a compensação se fizer depois do vencimento fixado em lei, a extinção do débito compensado terá sido com atraso. Sendo assim, para caracterizar a mora, há de se perquirir tão somente a data de vencimento do débito de COFINS compensado e a data da apresentação do PER/Dcomp. No presente caso, constatase que os débitos de COFINS informados na PER/DCOMP 33086.90672.310807.1.3.043904 já se encontravam vencidos (datas de vencimento 15/12/2004 e 15/01/2005) na data de transmissão da PER/DCOMP (31/08/2007). A extinção dos débitos compensados se fez, portanto, com atraso, sendo cabível a multa de mora. Dessa forma, o crédito original de R$2.247.607,98 não foi suficiente para compensar o débito informado na PER/DCOMP 20447.60434.181007.1.3.042808 de R$1.522.789,36, resultando num saldo a pagar de R$221.489,50, a ser acrescido de multa e juros. A Recorrente alega a caracterização da denúncia espontânea, visto que a compensação, assim como o pagamento, extingue o crédito tributário, sendo aplicável o instituto em ambos os casos. Nesse entendimento, estaria regular o procedimento adotado em relação ao PER/DCOMP 33086.90672.310807.1.3.043904, devendo ser excluída a multa moratória aplicada e homologada a compensação pleiteada. Fl. 326DF CARF MF Processo nº 10680.720587/201261 Acórdão n.º 3402005.699 S3C4T2 Fl. 327 6 Quanto à alegação de que teria ocorrido a denúncia espontânea, adoto como minhas razões de decidir os fundamentos do voto da lavra do i. Conselheiro Rodrigo Pôssas, no acórdão 9303006.011, de 29/11/2017, no sentido de não aplicar a denúncia espontânea para compensação, cujo inteiro teor abaixo transcrevo: A matéria a ser decidida neste julgamento, como já dito, é somente se compensação (via Declaração de Compensação) equivale ou não a pagamento, para fins de cabimento ou não da cobrança da multa moratória nos casos de transmissão da DCOMP a destempo, mas antes do início do procedimento fiscal. Para o pagamento, o tema não é mais passível de discussão no CARF (a teor do § 2º do art. 62 do seu Regimento Interno), haja vista que o Superior Tribunal de Justiça já decidiu a questão posta, no RE nº 1.149.022/SP (isto se o pagamento for realizado antes ou concomitantemente à confissão da dívida, conforme Súmula nº 360, também do STJ), em Acórdão submetido à sistemática dos recursos repetitivos, nos termos do artigo 543C da Lei nº 5.869, de 11/01/73, antigo Código de Processo Civil. Já para a compensação, não existe decisão judicial ou súmula que vincule este Colegiado. Como bem colocou a PGFN, pagamento e compensação são formas distintas de extinção do crédito tributário, conforme estabelece o Código Tributário Nacional (art. 156, I e II, já transcritos), recepcionado como lei complementar, a única capaz de estabelecer normas gerais sobre crédito tributário, como reza a nossa Constituição Federal (grifei): Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: (...) b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Vejamos o que o CTN estabelece sobre compensação: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Notese que, a lei ordinária – e até mesmo normas administrativas – , podem disciplinar o instituto da compensação. Sob a égide do art. 66 da Lei nº 8.383/91, a compensação só poderia ser efetuada “entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie”. Já, em sua redação original, o art. 74 da Lei nº 9.430/96 passou a permitir a compensação entre tributos de espécies diferentes, mediante requerimento à Secretaria da Receita Federal, sob a forma de Pedido de Compensação, inicialmente sem prazo para ser analisado. Com a mudança da redação do referido artigo 74, pela Lei nº 10.637/2002, a compensação passou a ser feita mediante Declaração de Compensação (in Fl. 327DF CARF MF Processo nº 10680.720587/201261 Acórdão n.º 3402005.699 S3C4T2 Fl. 328 7 casu, elaborada em meio eletrônico, via Sistema PER/DCOMP). Vejamos o que diz a Lei nº 9.430/96 (grifei): Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Alega o contribuinte, em suas Contrarrazões, que o pagamento, no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação – como a própria denominação desta forma de constituição diz – também está sujeito à condição de sua ulterior homologação. Mas o CTN diz algo mais a respeito (grifei): Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. Assim, na compensação, é o valor confessado em DCOMP está sob condição resolutória de ulterior homologação, enquanto no pagamento, na realidade, é o que não foi quitado. Isto está claro na lei. O § 1º do art. 150 do CTN fala “sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento”, enquanto o § 2º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 fala em “sua ulterior homologação” Em termos simples: “pagou está pago”; se compensou, há cinco anos para a Administração decidir em que dimensão o crédito está extinto, até o limite compensado. Não se pode equiparar, então, homologação do lançamento com homologação da Declaração de Compensação. Fl. 328DF CARF MF Processo nº 10680.720587/201261 Acórdão n.º 3402005.699 S3C4T2 Fl. 329 8 Alguém poderia invocar o parágrafo único do art. 156 do CTN para dizer que é lei ordinária que determina estes efeitos. Vejamos o que prescreve o aludido dispositivo: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I o pagamento; II a compensação; (...) Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149. Pode haver irregularidade sobre o que foi efetivamente recolhido aos cofres públicos ?? Por óbvio que não, e se a lei assim dispusesse, seria frontalmente contrária ao prescrito no § 3º do art. 150 do CTN, que determina que o pagamento sempre será “abatido” do valor devido (o que poderia haver é a constatação de que o pagamento foi indevido ou a maior, o que gera, “independentemente de prévio protesto”, o direito à restituição desta parcela, conforme art. 165, também do CTN). Já no que tange à compensação, o caput do art. 170 claramente abre esta possibilidade, pois condiciona a compensação a que os créditos sejam líquidos e certos (o pagamento, naturalmente, é sempre líquido e certo). São formas de extinção distintas, com consequências distintas. Não há dúvida. Assim, não se pode aplicar a mesma jurisprudência de uma para a outra – ainda que o STJ já tenha feito isto, mas em decisão não vinculante (Resp nº 1.136.372/RS, citado pelo contribuinte). Por fim, invoca o contribuinte ainda, em suas Contrarrazões, outro dispositivo legal, dizendo que “restou demonstrado que a extinção do crédito tributário deuse antes de qualquer ato fiscalizatório, motivo pelo qual não há óbice para o reconhecimento da denúncia espontânea e, ainda que assim não fosse, deve ser aplicado o disposto no § 2º, do artigo 63 da Lei nº 9.430/96, pois o pagamento fora realizado dentro do prazo de 30 dias previsto na referida legislação”. Observese que ele mesmo fala em pagamento. Ainda, vejamos o que diz a norma em questão: Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. (...) § 2º A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição. Não houve decisão judicial contrária à pretensão do contribuinte anteriormente à transmissão das DCOMP. Ele desistiu da ação, então não há que se falar nestes 30 dias, pois este prazo está a proteger a autora de uma incerteza que foge ao seu controle, e não de algo que ela mesmo optou por fazer. Fl. 329DF CARF MF Processo nº 10680.720587/201261 Acórdão n.º 3402005.699 S3C4T2 Fl. 330 9 No mesmo sentido decidiu a primeira turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no Acórdão 9101002.969, de 05 de julho de 2017, da lavra do i. Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão: DENÚNCIA ESPONTÂNEA. COMPENSAÇÃO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. A extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN. (Jurisprudência das Primeira e Segunda Turmas do Superior Tribunal de Justiça STJ). A antiga 1ª Turma ordinária da 1ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento também enfrentou o tema, aplicando o entendimento do STJ (AgRg no AREsp 174.514, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Turma, data de julgamento 04/09/2012) no sentido de que seria possível ao contribuinte sanar o inadimplemento de crédito tributário, ainda que a destempo, sem que haja aplicação da sanção legal, desde que mediante PAGAMENTO, não compensação (Acórdão nº 3101001.631, de 27 de março de 2014, Relator Conselheiro Luiz Roberto Domingo): COMPENSAÇÃO A DESTEMPO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA DEVIDA. A extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário do sujeito passivo. É como voto. (assinado com certificado digital) Rodrigo Mineiro Fernandes Fl. 330DF CARF MF Processo nº 10680.720587/201261 Acórdão n.º 3402005.699 S3C4T2 Fl. 331 10 Declaração de Voto Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. Em sessão, busquei evidenciar que a matéria controversa no presente processo já foi decidida de forma contrária ao entendimento externado pelo I. Conselheiro Relator. Com efeito, manifestações anteriores desta turma (no acórdão n. 3402.003.486, de 29/11/2016) e neste Conselho entendem pelo cabimento do instituto da denúncia espontânea por meio de compensação. Por bem elucidar a questão, adoto aqui as razões veiculadas pelo Conselheiro Luís Flávio Neto na Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, no Acórdão nº 9101003.689, em sessão de 07/08/2018, com fulcro no art. 50, §1º da Lei n. 9.784/99: "O presente caso exige que se compreenda a hipótese de incidência do art. 138 do CTN, especialmente quanto à exigência de extinção do crédito tributário por meio de “pagamento” ou de “compensação”. O art. 138 do CTN possui a seguinte redação: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. O núcleo da presente discussão consiste em saber se o termo “pagamento”, adotado pelo art. 138 do CTN (acima sublinhado), tem o sentido restritíssimo de “quitação em dinheiro” ou se contempla acepção mais ampla de adimplemento, abarcando, no caso, a compensação tributária. De início, é necessário observar que o legislador nem sempre utiliza o vocábulo “pagamento” no sentido de quitação em dinheiro, valendose deste em sua acepção mais ampla de adimplemento. É o que se verifica em variados exemplos colhidos tanto de leis ordinárias como de leis complementares, conforme se passa a analisar antes de adentrar ao mérito em si do art. 138 do CTN. Primeiramente, notese a redação do art. 150 do CTN: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. Notese que o CTN utilizou a dicção “antecipar o pagamento” no sentido de antecipar o adimplemento sem prévio exame da autoridade administrativa. Não há dúvidas que o contribuinte, mediante declaração e compensação regularmente levadas a termo, irá consumar o típico “lançamento por homologação” tutelado pelo art. 150 do CTN. Nesse sentido, merecem destaque os seguintes julgados, proferidos pela Primeira e Segunda Turma do STJ, que consideram indiferente o adimplemento darse Fl. 331DF CARF MF Processo nº 10680.720587/201261 Acórdão n.º 3402005.699 S3C4T2 Fl. 332 11 mediante pagamento em dinheiro ou compensação tributária para a incidência do art. 150 do CTN: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. ART. 74 DA LEI 9.430/96. MODIFICAÇOẼS LEGISLATIVAS: LEI 10.637/02 E LEI 10.833/03. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. NOV/1998. INDEFERIMENTO ADMINISTRATIVO DA COMPENSAÇÃO. MAI/05. TRANSCURSO DE PRAZO SUPERIOR AO QUINQUÊNIO LEGAL. ART. 150, §4o, DO CTN. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. PAGAMENTO ANTECIPADO. 1. No caso concreto, o crédito tributário foi constituído na data do protocolo do pedido de compensação (10/11/1998), por força do §4o do art. 74 da Lei n. 9.430/96. Logo, como até maio de 2005, a Administração não havia se manifestado sobre o referido pleito, ocorreu a homologação tácita prevista no §4o do art. 150 do CTN. 2. Recurso especial provido. (STJ, REsp 1320994/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 14/10/2014, DJe 22/10/2014) TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ICMS. LANÇAMENTO SUPLEMENTAR. CREDITAMENTO INDEVIDO. PAGAMENTO PARCIAL. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. FATO GERADOR. ART. 150, § 4o, DO CTN. 1. O prazo decadencial para o lançamento suplementar de tributo sujeito a homologação recolhido a menor em face de creditamento indevido é de cinco anos contados do fato gerador, conforme a regra prevista no art. 150, § 4o, do CTN. Precedentes: AgRg nos EREsp 1.199.262/MG, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 07/11/2011; AgRg no REsp 1.238.000/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, SEGUNDA TURMA, DJe 29/06/2012. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1318020/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/08/2013, DJe 27/08/2013) Prosseguindo a análise ora empreendida, verificase que o mesmo se verifica, por exemplo, em relação ao art. 9o, § 2º, da Lei n. 9.532/97. Esse enunciado prescritivo estabelece, em seu caput, que, “à opção da pessoa jurídica, o saldo do lucro inflacionário acumulado, existente no último dia útil dos meses de novembro e dezembro de 1997, poderá ser considerado realizado integralmente e tributado à alíquota de dez por cento”. Para que essa opção fosse exercida, o legislador requereu a sua manifestação mediante o adimplemento do tributo correspondente, em quota única. Não há sinais de que o legislador procurou se referir a quitação em dinheiro, mas sim às hipóteses que legitimamente conduzam ao adimplemento da obrigação, como é o caso da compensação. Esse foi precisamente o entendimento adotado por esta 1ª Turma da CSRF, em julgamento recente sobre o tema: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2003, 2004 SALDO ACUMULADO DE LUCRO INFLACIONÁRIO. REALIZAÇÃO INTEGRAL EM COTA ÚNICA. COMPENSAÇÃO. À opção da pessoa jurídica, o saldo do lucro inflacionário acumulado, existente no último dia útil dos meses de novembro e dezembro de 1997, poderia ser considerado realizado integralmente e tributado à alíquota de dez por cento (Lei n. 9.532/1997, art. 9º). Exercício da opção mediante o adimplemento do valor correspondente. A regular compensação, assim como a regular quitação em dinheiro, era meio hábil para o exercício da opção. DECADÊNCIA. SÚMULA CARF n. 10 O prazo decadencial para constituição do crédito tributário relativo ao lucro inflacionário diferido é contado do Fl. 332DF CARF MF Processo nº 10680.720587/201261 Acórdão n.º 3402005.699 S3C4T2 Fl. 333 12 período de apuração de sua efetiva realização. (CSRF, 9101002.352, 14/06/2016) Adentrando no mérito do presente recurso, verificase que, tal como se dá com os outros dispositivos citados, incluindo o art. 150 do CTN, embora o art. 138 do CTN, textualmente adote o termo “pagamento”, não procura restringir o instituto da denúncia espontânea às hipóteses de quitação em dinheiro, requerendo o adimplemento em sentido amplo, o que inclui a compensação tributária. A Nota Técnica n. 1 COSIT, de 18.01.2012, posteriormente cancelada pela Nota Técnica no 1 COSIT, de 12.06.2012, chegou a reconhecer de ofício, com o propósito de colocar fim aos litígios sobre a matéria, o sentido amplo de “pagamento”, para abranger hipóteses de adimplemento como a “compensação”, in verbis: “18. Com relação à aplicabilidade da denúncia espontânea na compensação de tributos, não se pode perder de vista que pagamento e compensação se equivalem; ambos apresentam a mesma natureza jurídica, seus efeitos são exatamente os mesmos: a extinção do crédito tributário. Como consequência, a compensação também é instrumento apto a configurar a denúncia espontânea. 18.1 Tanto é assim que o art. 28 da Lei no 11.941, de 27 de maio de 2009, ao dar nova redação ao art. 6° da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991, conferi à compensação o mesmo tratamento dado ao pagamento para efeito de redução das multas de lançamento de ofício. 18.2 Essa equiparação do pagamento e compensação na denúncia espontânea resulta da aplicação da analogia, prevista como método de integração da legislação pelo art. 108, I, do CTN. 18.3 Dessa forma, respondendo às indagações formuladas nas letras h e i do item 3 desta Nota Técnica: a) se o contribuinte não declara o débito na DCTF, porém efetua a compensação desse débito na Dcomp, sendo os atos de confessar e compensar concomitantes, aplicasse o mesmo raciocínio previsto no item 10, ou seja, neste caso resta configurada a denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN” O entendimento esposado pela Nota Técnica n. 1 COSIT, de 18.01.2012 não merece reparo. Vale observar que a compensação efetuada pelo contribuinte possui efeito de pagamento, sob condição resolutória. Significa dizer que, se porventura a compensação não vier a ser homologada, perderá a eficácia a denúncia espontânea, com a exigência do débito tributário com a multa. Não obstante tratarse de matéria controversa, seja neste Conselho ou no e. STJ, é importante observar as decisões deste Tribunal que se alinham ao entendimento que acolho no presente voto. A Primeira e a Segunda Turma do STJ apresentam precedentes em que aplicam a norma do art. 138 do CTN de forma que o termo “pagamento” assuma a acepção de “adimplemento”. Conforme a interpretação levada a termo nos julgados a seguir, há denúncia espontânea mediante o adimplemento integral do débito tributário antes da ação fiscal, independentemente deste se dar mediante pagamento em dinheiro ou compensação: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. PRESENÇA DE OMISSÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS COM EFEITOS INFRINGENTES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. RECONHECIMENTO. TRIBUTO PAGO SEM PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO ANTERIOR E ANTES DA ENTREGA DA DCTF REFERENTE AO IMPOSTO DEVIDO. 1. A decisão embargada afastou o instituto da denúncia espontânea, contudo se omitiu para o fato de que a hipótese dos autos, tratada pelas instâncias ordinárias, referese a tributo sujeito a lançamento por homologação, tendo os Fl. 333DF CARF MF Processo nº 10680.720587/201261 Acórdão n.º 3402005.699 S3C4T2 Fl. 334 13 ora embargantes recolhido o imposto no prazo, antes de qualquer procedimento fiscalizatório administrativo. 2. Verificase estar caracterizada a denúncia espontânea, pois não houve constituição do crédito tributário, seja mediante declaração do contribuinte, seja mediante procedimento fiscalizatório do Fisco, anteriormente ao seu respectivo pagamento, o que, in casu, se deu com a compensacã̧o de tributos. Ademais, a compensação efetuada possui efeito de pagamento sob condicã̧o resolutória, ou seja, a denúncia espontânea será válida e eficaz, salvo se o Fisco, em procedimento homologatório, verificar algum erro na operação de compensação. Nesse sentido, o seguinte precedente: AgRg no REsp 1.136.372/RS, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA, DJe 18/5/2010. 3. Ademais, inexistindo prévia declaração tributária e havendo o pagamento do tributo antes de qualquer procedimento administrativo, cabível a exclusão das multas moratórias e punitivas. 4. Embargos de declaração acolhidos com efeitos modificativos. (STJ, EDcl no AgRg no REsp 1375380/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/08/2015, DJe 11/09/2015) AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. COMPENSAÇÃO. CARACTERIZAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 557 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. INOCORRÊNCIA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA OU PUNITIVA. POSSIBILIDADE. IMPROVIMENTO. 1. Fundada a decisão na jurispruden̂cia dominante do Tribunal, não há falar em óbice para que o relator julgue o recurso especial com fundamento no artigo 557 do Código de Processo Civil. 2. Caracterizada a denúncia espontânea, quando efetuado o pagamento do tributo em guias DARF e com a compensacã̧o de vários créditos, mediante declaracã̧o à Receita Federal, antes da entrega das DCTFs e de qualquer procedimento fiscal, as multas moratórias ou punitivas devem ser excluídas. 3. Agravo regimental improvido. (STJ, AgRg no REsp 1136372/RS, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/05/2010, DJe 18/05/2010) O mesmo entendimento tem sido adotado por este Tribunal administrativo, como se observa desta recente decisão da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3a Seção: CRÉDITO TRIBUTÁRIO NÃO DECLARADO. DCOMP. COMPENSAÇÃO HOMOLOGADA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA CARACTERIZADA. EXCLUSÃO DA MULTA DE MORA. STJ. RECURSO REPETITIVO. REPRODUÇÃO NO CARF . Extinto, por meio de Declaração de Compensação homologada, Crédito tributário antes não declarado à administracã̧o tributária, resta caracterizada a denúncia espontânea prevista no art. 138 do Código Tributário Nacional, com exclusão da multa de mora segundo interpretacã̧o do Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos, de aplicação obrigatória no âmbito do CARF. (Acórdão 3401002.706, Sessão de 21/08/2014) Nesse cenário, a norma do art. 138 do CTN não se aplica apenas às hipóteses de pagamento em dinheiro: a norma de denúncia espontânea incide igualmente em face de outras hipóteses em que haja equivalente adimplemento, como é o caso da regular compensação tributária. Não se trata de interpretação ampliativa ou restritiva, mas de reconhecimento do âmbito de incidência prescrito pelo Fl. 334DF CARF MF Processo nº 10680.720587/201261 Acórdão n.º 3402005.699 S3C4T2 Fl. 335 14 legislador. Não há que se falar, por conseguinte, de ofensa ao art. 111 do CTN." (grifei) Com fulcro nessas razões, voto no sentido de dar integral provimento ao Recurso Voluntário. É como declaro meu voto. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne Fl. 335DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13602.000207/98-33
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.470
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, para sobrestá-lo até o trânsito em julgado do RE 566.622 nesta 4ª Câmara da 3ª Seção.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Mineiro Fernandes Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, substituída pelo conselheiro Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: RODRIGO MINEIRO FERNANDES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13602.000207/98-33
anomes_publicacao_s : 201811
conteudo_id_s : 5928633
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3402-001.470
nome_arquivo_s : Decisao_136020002079833.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : RODRIGO MINEIRO FERNANDES
nome_arquivo_pdf_s : 136020002079833_5928633.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, para sobrestá-lo até o trânsito em julgado do RE 566.622 nesta 4ª Câmara da 3ª Seção. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Mineiro Fernandes Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, substituída pelo conselheiro Renato Vieira de Ávila.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
id : 7518418
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:31:49 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051147534598144
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1475; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 239 1 238 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13602.000207/9833 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3402001.470 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 24 de outubro de 2018 Assunto Imunidade Recorrente FUNDAÇÃO OURO BRANCO Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, para sobrestálo até o trânsito em julgado do RE 566.622 nesta 4ª Câmara da 3ª Seção. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Mineiro Fernandes Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, substituída pelo conselheiro Renato Vieira de Ávila. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Restituição de COFINS (fls.3), apresentado pela Recorrente em 02/10/1998, com a seguinte fundamentação: “RECOLHIMENTO INDEVIDO DO COFINS, NO PERIODO DE ABRIL/1992 A MARÇO/1998, TENDO EM VISTA A FUNDAÇÃO RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 36 02 .0 00 20 7/ 98 -3 3 Fl. 239DF CARF MF Processo nº 13602.000207/9833 Resolução nº 3402001.470 S3C4T2 Fl. 240 2 OURO BRANCO, SER UMA ENTIDADE DE DIREITO PRIVADO " SEM FINS LUCRATIVOS, CONFORME SEU ESTATUTO SOCIAL (EM ANEXO), ENQUADRADA NO CONCEITO DE ENTIDADE BENEFICÍENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, ABRANGIDA POR IMUNIDADE TRIBUTARIA SUPORTADA PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ART.195 PARAGRAFO 79) E PELO CÓDIGO TRIBUTARIO NACIONAL (ARTIGOS 09 e 14)” Por meio do Despacho Decisório nº 175 DRF/BHE em 02/02/2015 (fls. 101 a 108), a Autoridade Fiscal indeferiu o pleito da interessada, com a seguinte fundamentação: a) A Cofins, na condição de contribuição social, difere do imposto, não se enquadrando, portanto, na hipótese de imunidade constitucional reservada às entidades lá descritas. b) A entidade beneficente de assistência social somente estará isenta da Cofins se, cumulativamente, atender os requisitos para outorga de isenção e fizer prova à Receita Federal do Brasil do reconhecimento formal de isenção, expedido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). c) Em análise preliminar, o suposto direito creditório proveniente dos recolhimentos efetuados no período de abril/1992 a setembro/1993, já se encontravam extintos por ocasião do pedido, feito em outubro/1998, por ter decorrido mais de 5 (cinco) anos do último recolhimento referido, cujo prazo encerrouse em setembro/1998. Inconformada, a ora Recorrente apresentou sua Manifestação de Inconformidade, com as seguintes alegações: i. Inexistência de prescrição sobre o período de abril/1992 a setembro/1993, com a aplicação do entendimento consolidado pelo STJ de 5+5, para pedidos realizados à época; ii. A sua natureza fundacional e de assistência social e beneficência, por se tratar de Fundação de Direito Privado, sem finalidade lucrativa, atendendo aos requisitos do artigo 14 do CTN; iii. Que a regra constitucional da imunidade e sua aplicação ao seu caso exigia somente os requisitos constantes do art. 14 do CTN. Por meio do acórdão nº 0834.763, de 17 de dezembro de 2015 (fls. 174 a 188), a 3ª Turma da DRJ em Fortaleza, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo o indeferimento do pedido de restituição. O referido acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 1998 RESTITUIÇÃO. DECADÊNCIA. IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IRRF. Fl. 240DF CARF MF Processo nº 13602.000207/9833 Resolução nº 3402001.470 S3C4T2 Fl. 241 3 O direito de pleitear restituição de tributo ou contribuição pago a maior ou indevidamente extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos contados da data da extinção do crédito tributário. Observância do art. 3º da Lei Complementar n º 118/2005. ALCANCE DE DECISÃO JUDICIAL. Decisão de Poder Judiciário proferida incidentalmente somente aproveita às partes integrantes do processo JUDICIAL. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1998 IMUNIDADE. ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. A imunidade prevista no art. 195, §7º, da Constituição Federal contempla apenas as instituições beneficentes de assistência social, que preencham os requisitos estabelecidos no art. 14 do CTN c/c art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991, entre eles o de possuírem o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Regularmente cientificado, o contribuinte apresentou seu Recurso Voluntário (fls.194 a 236), com as seguintes alegações, em síntese: a Preliminarmente, nulidade da decisão recorrida por omissão em um dos pontos apresentados na manifestação de inconformidade, requerendo o retorno dos autos à DRJ para que seja proferida nova decisão com a apreciação do mérito da discussão; b Inexistência de prescrição sobre o período de abril de 1992 a setembro de 1993; c No mérito, o reconhecimento da imunidade/isenção em relação à Cofins, por ser a Recorrente entidade beneficente de assistência social. O processo foi encaminhado a este Conselho para julgamento e posteriormente distribuído a este Relator. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. Fl. 241DF CARF MF Processo nº 13602.000207/9833 Resolução nº 3402001.470 S3C4T2 Fl. 242 4 A Recorrente alega seu pleno direito constitucional à imunidade das contribuições, pela sua natureza fundacional e de assistência social e beneficência, por atender aos requisitos do artigo 14 do CTN. Alega que a regra constitucional da imunidade e sua aplicação ao seu caso exigia somente os requisitos constantes do art. 14 do CTN, e não aqueles do artigo 55, da Lei n.º 8.212/91. Tal questão foi objeto de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, restando assim decido em sede de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida: IMUNIDADE – DISCIPLINA – LEI COMPLEMENTAR. Ante a Constituição Federal, que a todos indistintamente submete, a regência de imunidade fazse mediante lei complementar. (STF; RE 566.622, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/02/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe186 DIVULG 2208 2017 PUBLIC 23082017). Entretanto, apesar da publicação do acórdão, a decisão ainda não transitou em julgado, conforme consulta efetuada no sítio do STF nesta data. Nesse sentido, o julgamento do presente processo deve ser sobrestado, conforme já decidiu a presente turma julgadora (Resolução 3402001.102) em observância art. 1.035, §5° do CPC, e em atendimento à ordem expressamente estabelecida pelo Supremo Tribunal Federal, decorrente de decisão do Ministro Marco Aurélio Mello exarada no sobredito RE n. 566.622 e que assim determinou: A Fundação Armando Álvares Penteado, admitida no processo como interessada, requer a comunicação, mediante ofício, ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF acerca da suspensão dos processos que versem a mesma matéria do extraordinário. (...). Relata a ausência de implementação da medida no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, vinculado ao Ministério da Fazenda, responsável pelo exame dos recursos contra atos formalizados no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB. Afirma que a recusa do Órgão decorre da falta de previsão regimental a respaldar a suspensão dos processos. Ressalta a iminência de julgamento, no CARF, de processo administrativo relevante para a entidade. Noticia a expedição de ofício, pela Secretaria Judiciária, a todos os tribunais do território nacional, não tendo havido comunicação aos órgãos administrativos. (...) Em se tratando de processo sob repercussão geral, surgem conseqüências danosas. Uma vez admitida, dáse o fenômeno do sobrestamento de processos que, nos diversos Tribunais do País, versem a mesma matéria, sendo que hoje há previsão no sentido do implemento da providência requerida § 5º do artigo 1.035 do Código de Processo Civil. (...) A entrega da prestação jurisdicional deve ocorrer conciliandose celeridade e conteúdo. Daí a necessidade de atentarse para o estágio atual dos trabalhos do Plenário. Dificilmente conseguese julgar, fora processos Fl. 242DF CARF MF Processo nº 13602.000207/9833 Resolução nº 3402001.470 S3C4T2 Fl. 243 5 constantes em listas, mais de uma demanda, o que projeta no tempo, em demasia, o desfecho de inúmeros conflitos de interesse. No caso, temse quatro votos proferidos no sentido da inconstitucionalidade do artigo 55 da Lei nº 8.212/1991. Enquanto isso, o Poder Público continua aplicandoo, gerando dificuldades de toda ordem para entidades beneficentes. (...) Implemento a medida acauteladora, suspendendo, nos termos do artigo 1.035, § 5º, do Código de Processo Civil, o curso de processos que veiculem o tema, obstaculizando o acionamento, pela Administração Pública, do artigo 55 da Lei nº 8.212/1991. (grifos nossos). Destacase, também, a existência do Ofício nº 594/R endereçado ao Presidente deste Conselho com cópia da decisão do Ministro Marco Aurélio Mello que determinou a suspensão de todos os processos administrativos que tratam da matéria: Fl. 243DF CARF MF Processo nº 13602.000207/9833 Resolução nº 3402001.470 S3C4T2 Fl. 244 6 Diante do exposto, o presente julgamento deve ser sobrestado perante a 4ª Câmara desta 3a Seção deste julgamento. Transitado em julgado o leading case no STF (RE 566.622), o presente caso deverá retornar para este relator para fins de julgamento. É a resolução. (assinado com certificado digital) Rodrigo Mineiro Fernandes Fl. 244DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13056.000168/99-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.473
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Mineiro Fernandes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, substituída pelo conselheiro Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: RODRIGO MINEIRO FERNANDES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13056.000168/99-52
anomes_publicacao_s : 201811
conteudo_id_s : 5928626
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3402-001.473
nome_arquivo_s : Decisao_130560001689952.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : RODRIGO MINEIRO FERNANDES
nome_arquivo_pdf_s : 130560001689952_5928626.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Mineiro Fernandes - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, substituída pelo conselheiro Renato Vieira de Ávila.
dt_sessao_tdt : Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
id : 7518411
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:31:49 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051147578638336
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1775; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 804 1 803 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13056.000168/9952 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3402001.473 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 25 de outubro de 2018 Assunto PIS SEMESTRALIDADE Recorrente CALÇADOS BIBI LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Mineiro Fernandes Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, substituída pelo conselheiro Renato Vieira de Ávila. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Restituição (fls. 02 a 16) protocolado em 11/05/1999, relativo a pagamento maior que o devido a título da contribuição para o PIS, referente a competências compreendidas no período de janeiro/1990 a setembro/1995, decorrente da diferença entre os pagamentos realizados com base nos decretos Leis nº 2.445 e 2.449/1988 e o que seria efetivamente devido, com base na Lei Complementar nº 07/1970. A unidade de origem indeferiu o pedido de restituição, conforme Despacho Decisório/Parecer Saort/DRF/NHO nº 316/2004 (fls. 314 a 322), com os seguintes RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 30 56 .0 00 16 8/ 99 -5 2 Fl. 804DF CARF MF Processo nº 13056.000168/9952 Resolução nº 3402001.473 S3C4T2 Fl. 805 2 fundamentos: (i) inexistência de previsão legal para a hipótese de apuração do PIS, utilizando se como base de cálculo o faturamento do sexto mês anterior àquele em que a exação era devida; (ii) falta de liquidez e certeza dos créditos alegados, pela não apresentação dos elementos que demonstrariam o valor a ser restituído e cujo cálculo divergiu da apuração administrativa; e (iii) decadência para os pagamentos efetuados anteriormente a 11/05/1994. O contribuinte apresentou sua Manifestação de Inconformidade, alegando a não ocorrência de prescrição do seu direito a restituição (tese dos 5 + 5), seu direito à apuração do PIS pelo cálculo da semestralidade e, quanto a falta de comprovação, apresenta cópias dos DARF'S dos pagamentos realizados. Por meio do acórdão nº 5.224, de 17 de fevereiro de 2005 (fls. 401 a 408), a 2ª Turma da DRJ Porto Alegre, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo o indeferimento do pedido de restituição. O referido acórdão recebeu a seguinte ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/1990 a 30/09/1995 Ementa: DECADÊNCIA 0 direito de pleitear a restituição ou a compensação de valores pagos a maior/indevidamente, extinguese em 5 anos, contados a partir da data de efetivação do suposto indébito, posição corroborada pelos PGFN/CAT 678/99 e PGFN/CAT 1538/99. PIS LEI COMPLEMENTAR N° 07, DE 1970 BASE DE CALCULO SEMESTRALIDADE — A base de cálculo da Contribuição para o Programa de Integração Social PIS/PASEP é o faturamento mensal. No cômputo dos valores devidos a titulo de PIS com base na Lei Complementar 07/1970 devese levar em conta, obrigatoriamente, as alterações dos prazos de recolhimentos estabelecidas pela legislação (Leis n's 7.691/1988, 7.799/1989, 8.019/1990, 8.218/1991, 8.383/1991, 8.850/1994, 9.069/1995 e 8.981/1995). FALTA DE LIQUIDEZ E CERTEZA – Somente poderia ser operacionalizada a quantificação da restituição mediante a comprovação, por parte da contribuinte, da liquidez e certeza dos seus créditos em relação à Fazenda Pública, em consonância com a legislação (art. 165 do CTN ). Solicitação Indeferida Inconformada, a ora recorrente interpôs Recurso Voluntário (fls. 413 a 443), repisando os argumentos trazidos em sua manifestação de inconformidade, o qual foi provido parcialmente pela Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, que reconheceu a prescrição parcial e, quanto à parte não prescrita, reconheceu a semestralidade e garantiu o direito da empresa de utilizar os créditos oriundos da referida semestralidade para compensação (fls. 479 a 483). O Acórdão 0216.519, de 12/09/2005, recebeu a seguinte ementa: PIS. RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. BASE DE CÁLCULO. SEMESTRALIDADE. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. O termo inicial do prazo prescricional de cinco anos para a compensação do PIS recolhido a maior, por julgamento da inconstitucionalidade dos Decretos Leis n.s 2.445/88 e 2.449/88, flui a partir do nascimento do direito à compensação/restituição, no presente caso, a partir da data de publicação da Resolução n2 49/95, do Senado Federal. Até a entrada em vigor da MP n. 1.212/95, a base de cálculo da Contribuição ao PIS, na forma da Lei Fl. 805DF CARF MF Processo nº 13056.000168/9952 Resolução nº 3402001.473 S3C4T2 Fl. 806 3 Complementar n. 7/70, era o faturamento verificado no sexto mês anterior ao da incidência. Indébito que deverá ser corrigido monetariamente na forma da Norma de Execução Conjunta SRF/Cosit/Cosar 08, de 27/06/97. Recurso provido em parte. Destacase que a turma julgadora determinou a correção do indébito pelos índices de atualização monetária a que se refere a Norma de Execução Conjunta SRF/Cosit/Cosar n.08, de 27/06/97, e resguardou ao Fisco seu direitodever de proceder à verificação dos valores postulados pela recorrente, utilizando, para tanto, dos parâmetros fixados na referida decisão. A União interpôs Recurso Especial em face da decisão proferida pela Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes. Contudo, o Acórdão nº CSRF/02 02.914 negou provimento ao Recurso Especial (fls. 536 a 545). Em 09/12/2014 o Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais proferiu o Acórdão nº 9900000.950 que negou provimento ao Recurso Extraordinário interposto pela Fazenda Nacional. O referido Acórdão afastou a prescrição alegada em relação ao Pedido de Restituição protocolado em 11/05/1999, e manteve a decisão proferida em face ao Recurso Voluntário interposto pelo interessado, em relação ao mérito do pedido (fls. 606 a 612). Transcrevo a ementa do julgado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1990 a 30/09/1995 PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. TESE DOS “CINCO MAIS CINCO”. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, entendeu, quanto ao prazo para pedido de restituição de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), que o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a chamada tese dos “cinco mais cinco” (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009). Recurso Extraordinário Negado Em cumprimento da decisão do Pleno da CSRF (Acórdão 9900000.950), que manteve a decisão da Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes (Acórdão 0216.519), que reconheceu a prescrição parcial e, quanto à parte não prescrita, reconheceu a semestralidade e garantiu o direito da empresa de utilizar os créditos oriundos da referida semestralidade para compensação, a DRF Novo Hamburgo passou à verificação da legitimidade do crédito de PIS, oriundo de pagamentos efetuados a maior, referentes às Fl. 806DF CARF MF Processo nº 13056.000168/9952 Resolução nº 3402001.473 S3C4T2 Fl. 807 4 competências de janeiro/1990 a setembro/1995, utilizandose como base de cálculo da exação, o faturamento de 6º mês anterior à ocorrência do fato gerador, sem correção monetária. A DRF/NHO efetuou a apuração e reconheceu parcialmente o direito creditório (Parecer 21/2015 às fls. 674 a 677, e Despacho Decisório à fl. 678). Em seus cálculos, a autoridade fiscal adotou como base de cálculo da exação o faturamento do 6º mês anterior a ocorrência do fato gerador, sem correção monetária, ou seja, a chamada tese da semestralidade, em conformidade com o decidido pelo CARF. Afastadas as alterações dos Decretoslei 2.445/1988 e 2.449/1988, foi considerada a previsão das Leis Complementares 07/1970 e 17/1973, aplicandose a alíquota de 0,75%. Foram consideradas as competências de 07/91 a 09/95, correspondentes aos faturamentos obtidos de 01/91 a 03/95, excluindo os valores do indébito para as competências 01/90 a 06/91 (faturamentos de 07/89 a 12/90) pela falta de apresentação da documentação comprobatória. Devidamente cientificada em 29/07/2015 (fl. 724), a interessada apresentou em 27/08/2015 sua nova Manifestação de Inconformidade (fls. 726 a 757), alegando, em síntese, a ocorrência de homologação tácita no lançamento e a impossibilidade de se discutir os elementos constitutivos do tributo, além de considerar como comprovação os DARF’s de recolhimento. Questiona a correção dos valores e requer a aplicação dos expurgos inflacionários, bem como da Tabela Única da Justiça Federal, aprovada pela Resolução nº 561 do Conselho Nacional de Justiça. Por meio do acórdão 1055.920, de 30/11/2005 (fls. 766 a 777), a 2ª Turma da DRJ Porto Alegre, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo o Despacho Decisório que reconheceu parcialmente o direito creditório. O referido acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1990 a 31/10/1995 DECISÃO DO CARF. PIS. SEMESTRALIDADE. LIQUIDEZ E CERTEZA. A certeza e liquidez do crédito é condição para a restituição/compensação. Cabe à autoridade administrativa analisar os elementos contidos no processo, observar as determinações legais e decorrentes da decisão do Carf que concedeu o crédito e demonstrar corretamente os valores passíveis de restituição. A base de cálculo do PIS, até a edição da MP nº 1.212/95, corresponde ao faturamento do sexto mês anterior ao da ocorrência do fato gerador, sem correção monetária, cabendo, em caso de apuração de indébito, proceder ao recálculo do período abrangido como um todo. DECISÃO ADMINISTRATIVA. INDÉBITO. ATUALIZAÇÃO. O indébito tributário reconhecido deve ser atualizado, na ausência de orientação judicial ou de decisão administrativa superior, com base nos índices constantes da tabela anexa à Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR nº 8, de 27/06/1997. A partir de 1991, os valores passíveis de restituição serão corrigidos pelo INPC (IBGE), expressos em UFIR a partir de 1992 e convertidos para Real utilizandose a UFIR vigente em 01/01/1996, no valor de 0,8287. A partir de janeiro/1996, serão acrescidos juros equivalentes à taxa SELIC, acumulada mensalmente até o mês anterior da restituição, mais o percentual de 1% relativamente ao mês em que a restituição for efetivada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Fl. 807DF CARF MF Processo nº 13056.000168/9952 Resolução nº 3402001.473 S3C4T2 Fl. 808 5 Direito Creditório Não Reconhecido Regularmente cientificado, o contribuinte apresentou seu Recurso Voluntário (fls.783 a 800), com as seguintes alegações, em síntese: (i) liquidez e certeza dos créditos no processo de Restituição; (ii) aplicação dos expurgos inflacionários; e (iii) divergências nas diferenças apuradas pela Receita Federal. O processo foi encaminhado a este Conselho para julgamento e posteriormente distribuído a este Relator. É o relatório. Voto A questão devolvida a este colegiado cingese sobre a correta base de cálculo do pedido de restituição de PIS apurado pela tese da semestralidade, e a correção do direito creditório. A autoridade fiscal, desde o primeiro despacho decisório, alega a falta de liquidez e certeza dos créditos alegados para as competências 01/90 a 06/91 (faturamentos de 07/89 a 12/90) pela falta de apresentação da documentação comprobatória que demonstrariam a base de cálculo da contribuição, indispensável para a apuração do valor a ser restituído. A Recorrente alega a liquidez e certeza dos créditos no processo de Restituição, entendendo como suficiente a existência incontestável dos DARF’s de recolhimento dos períodos, além da existência de divergências nos valores apurados pela Receita Federal. Requer, também a aplicação dos expurgos inflacionários. Quanto aos índices de correção a serem aplicados na restituição requerida, a CSRF já pacificou o entendimento no sentido de aplicação dos índices constantes na Tabela Única da Justiça Federal. Os motivos de sua aplicação encontramse bem delineados no voto condutor do Acórdão 9303004.202, de 07 de julho de 2016, de relatoria da i. Conselheira Érika Costa Camargos Autran, razão pela qual passo a adotálo como razão de decidir: “Em virtude das decisões prolatadas no AgRg no RESP 935594/SP (DJ 23.04.2008); EDcl no REsp 773.265/SP (DJ 21.05.2008); EDcl nos EREsp 912.359/MG (DJ 27.22.2008); EREsp 912.359/MG (DJ 03.12.2007), foi pacificado o entendimento de que na repetição de indébito tributário, a correção monetária será calculada segundo os índices indicados para os Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução n.º 561 do Conselho da Justiça Federal. Cumpre destacar que a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional através do Parecer PGFN/CRJ n.º 2.601/2008 foi dispensada de interpor recursos nas ações que requeiram a inclusão dos índices expurgados de planos econômicos para atualização dos créditos tributários, conforme ementa e conclusão abaixo transcritas (grifos meus): "PARECER PGFN/CRJ/Nº 2601/2008 Tributário. Correção Monetária. Inclusão de índices expurgados de planos econômicos para atualização dos créditos tributários. Jurisprudência pacificada no Superior Tribunal de Justiça. Fl. 808DF CARF MF Processo nº 13056.000168/9952 Resolução nº 3402001.473 S3C4T2 Fl. 809 6 Aplicação da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997. ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recursos e a desistir dos já interpostos. O escopo do presente Parecer é analisar a possibilidade de se promover, com base no inciso II do artigo 19 da Lei nº 10.522, de 19/07/2002, e no Decreto n.º 2.346, de 10.10.1997, a dispensa de interposição de recursos ou requerimento de desistência dos já interpostos, com relação às decisões judiciais que entendem pela inclusão dos índices expurgados de planos econômicos no cálculo da correção monetária de valores recolhidos indevidamente a serem compensados ou restituídos. 2. Tal Parecer, em face da alteração trazida pela Lei nº 11.033, de 2004, à Lei nº 10.522/2002, terá também o condão de dispensar a apresentação de contestação pelos Procuradores da Fazenda Nacional sobre a matéria. 3. Este estudo é feito em razão da existência de decisões reiteradas no Superior Tribunal de Justiça – STJ, no sentido de que é devida a aplicação dos índices de inflação expurgados pelos planos econômicos governamentais, como fator de atualização monetária de débitos judiciais. II 4. O entendimento reiteradamente invocado pela Fazenda Nacional em sua defesa sempre foi no sentido de ser descabida a aplicação dos índices expurgados para fins de correção monetária de valores recolhidos indevidamente a serem compensados ou restituídos, somente sendo possível, para este fim, a aplicação dos índices legalmente estatuídos. 5. Ocorre que o Poder Judiciário entendeu diversamente, tendo sido pacificado no âmbito do STJ o entendimento no sentido de que devem ser incluídos, para cálculo da correção monetária de débitos judiciais, os percentuais dos expurgos inflacionários verificados na implantação dos planos governamentais, sendo esta incidência decorrente de lei (Lei 6.899/81), pelo que se faz desnecessária a expressa menção no pedido formulado em juízo, a teor do que dispõe o art. 293 do CPC. 6. No que atine ao critério a ser utilizado para cálculo da correção monetária, firmouse orientação no sentido de que os índices a serem aplicados na compensação ou repetição do indébito tributário são os constantes na Tabela Única da Justiça Federal, aprovada pela Resolução n. 561 do Conselho da Justiça Federal, de 2.7.2007, a saber: (...)" Por fim, em vista a aprovação do parecer acima, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, através do Ato Declaratório n.º 10/2008 determina que é cabível a aplicação dos expurgos inflacionários constantes na Tabela Única da Justiça Federal aprovada pela Resolução n.º 561, de 02/07/2007, do Conselho da Justiça Federal, senão vejamos: “ATO DECLARATÓRIO Nº 10, DE 1º DE DEZEMBRO DE 2008 O PROCURADORGERAL DA FAZENDA NACIONAL, no uso da competência legal que lhe foi conferida, nos termos do inciso II do art. 19, da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do art. 5º do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, tendo em vista a aprovação do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2601/2008, desta Procuradoria –Geral da Fazenda Nacional, pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 8/12/2008, DECLARA que fica autorizada a dispensa de apresentação de contestação de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro Fl. 809DF CARF MF Processo nº 13056.000168/9952 Resolução nº 3402001.473 S3C4T2 Fl. 810 7 fundamento relevante: “nas ações judiciais que visem a obter declaração de que é devida, como fator de atualização monetária de débitos judiciais, a aplicação dos índices de inflação expurgados pelo planos econômicos governamentais constantes na Tabela Única da Justiça Federal, aprovada pela Resolução nº 561 do Conselho da Justiça Federal, de 02 de julho de 2007.” Portanto, cotejando os atos normativos acima transcritos, é possível afirmar que os índices a serem aplicados na compensação ou repetição do indébito tributário são os constantes na Tabela Única da Justiça Federal.” (g.n.) Reproduzindo a parte final do voto acima transcrito, afirmase que os índices a serem aplicados na repetição do indébito tributário são os constantes na Tabela Única da Justiça Federal. Quanto às alegações de certeza dos créditos, entendo como imprescindível esclarecer o ponto levantado pela Recorrente no item 3.4 de seu Recurso Voluntário, abaixo transcrito: “3.4. DAS DIVERGÊNCIAS NAS DIFERENÇAS APURADAS PELA RECEITA FEDERAL Ao efetuar a apuração dos valores, a Receita Federal, além das exclusões injustificadas acima arguidas, também chegou a valores divergentes por si, por não aplicar corretamente os valores nas tabelas. Notase que a Receita Federal “reconheceu o valor de R$ 350.854,57 (trezentos e cinquenta mil, oitocentos e cinquenta e quatro reais e cinquenta e sete centavos) supostamente atualizados até 11/05/1999, entretanto, em contrapartida mesmo que não se entenda pela extensão e inclusão de TODOS os períodos conforme requerido (janeiro de 1990 a setembro de 1995),– o fisco apurou valor inferior para o períodos que reconheceu o direito creditório (julho de 1991 a setembro de 1995). Além de todas as divergências apontadas, a Perícia ainda ressaltou (tabela 3, últimas 3 linhas em vermelho) que, a correção das diferenças calculadas entre os valores pagos (informação as fls 665) e os valores devidos nos demonstrativos da Receita Federal (as fls 661) NÃO SÃO CONSCIDENTES. Assim, a perícia destaca que o valor correto não seria R$ 350.854,57 (trezentos e cinquenta mil, oitocentos e cinquenta e quatro reais e cinquenta e sete centavos) para o período de setembro de 1991 a setembro de 1995, mas de R$ 512.580,44 (quinhentos e doze mil, quinhentos e oitenta reais e quarenta e quatro centavos) atualizados pelos índices da tabela da Justiça Federal até 11/05/1999.” Portanto, para a definição do montante a ser ressarcido tornase necessário esclarecer tal fato, devendo a unidade de origem manifestarse expressamente acerca da diferença apontada, apontando suas razões caso entenda como inexistentes tais diferenças, ou retificar seu demonstrativo. Diante disso, converto o julgamento do recurso voluntário em diligência à unidade de origem (DRF Novo Hamburgo) para a adoção das seguintes providências por parte da autoridade preparadora: a. Manifestarse acerca da alegada divergência dos valores apurados; Fl. 810DF CARF MF Processo nº 13056.000168/9952 Resolução nº 3402001.473 S3C4T2 Fl. 811 8 b. Retificar o demonstrativo do direito creditório, caso entenda necessário; c. Proceder à correção dos valores com a aplicação dos expurgos inflacionários, conforme Tabela Única da Justiça Federal, aprovada pela Resolução nº 561 do Conselho Nacional de Justiça. Encerrada a instrução processual a Interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, conforme art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. Concluída a diligência, os autos deverão retornar a este Colegiado para que se dê prosseguimento ao julgamento. É a resolução. (assinado com certificado digital) Rodrigo Mineiro Fernandes Fl. 811DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10074.720245/2016-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/06/2011 a 01/07/2012
OMISSÃO DO JULGAMENTO. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE.
É nulo, por preterição do direito de defesa, o Acórdão referente ao julgamento de primeira instância que deixa de se manifestar sobre as Impugnações apresentadas pelas partes.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Aguardando Nova Decisão.
Numero da decisão: 3402-006.039
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento aos Recursos Voluntários das empresas B2W e ST Importações para anular a decisão recorrida, prejudicada a análise do Recurso Voluntário da Destro Brasil.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201812
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2011 a 01/07/2012 OMISSÃO DO JULGAMENTO. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. É nulo, por preterição do direito de defesa, o Acórdão referente ao julgamento de primeira instância que deixa de se manifestar sobre as Impugnações apresentadas pelas partes. Recurso Voluntário Provido em Parte. Aguardando Nova Decisão.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10074.720245/2016-12
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5945972
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3402-006.039
nome_arquivo_s : Decisao_10074720245201612.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
nome_arquivo_pdf_s : 10074720245201612_5945972.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento aos Recursos Voluntários das empresas B2W e ST Importações para anular a decisão recorrida, prejudicada a análise do Recurso Voluntário da Destro Brasil. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
dt_sessao_tdt : Thu Dec 13 00:00:00 UTC 2018
id : 7561888
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:34 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051147636310016
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1444; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 18.753 1 18.752 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10074.720245/201612 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402006.039 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 13 de dezembro de 2018 Matéria NULIDADE DECISÃO PRIMEIRA INSTÂNCIA Recorrente B2W COMPANHIA DIGITAL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/2011 a 01/07/2012 OMISSÃO DO JULGAMENTO. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. É nulo, por preterição do direito de defesa, o Acórdão referente ao julgamento de primeira instância que deixa de se manifestar sobre as Impugnações apresentadas pelas partes. Recurso Voluntário Provido em Parte. Aguardando Nova Decisão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento aos Recursos Voluntários das empresas B2W e ST Importações para anular a decisão recorrida, prejudicada a análise do Recurso Voluntário da Destro Brasil. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 4. 72 02 45 /2 01 6- 12 Fl. 18753DF CARF MF 2 Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado para a exigência de multa decorrente da conversão da pena de perdimento de mercadorias não localizadas, importadas mediante ocultação do sujeito passivo, nos termos dos arts. 673, 675, inciso IV, 689 e §1° do Decreto n° 6.759/09 e arts. 73, §§ 1° e 2° e 77 da Lei n° 10.833/03. Segundo a fiscalização, foram realizadas importações por encomenda pela empresa ST IMPORTAÇÕES LTDA, CNPJ: 02.867.220/000142 (ST Importações, importadora ostenciva) sem a identificação, nas Declarações de Importação, do correto encomendante. Nas DIs, foram identificadas as empresas COMERCIAL DESTRO LTDA. CNPJ: 76.062.488/000739, e DESTRO BRASIL DISTRIBUIÇÃO LTDA. – CNPJ: 13.495.487/000172 (DESTRO BRASIL), tão somente para acobertar a relação comercial existente entre a importadora ostenciva e as empresas B2W COMPANHIA DIGITAL (B2W) e as LOJAS AMERICANAS S.A. (Lojas Americanas), que seriam as reais encomendantes das mercadorias. No entender da fiscalização, as empresas Lojas Americanas e B2W eram as reais adquirentes das mercadorias importadas por meio de importação por encomenda pela ST Importação, sendo que teria partido delas o planejamento de interpor uma terceira empresa (DESTRO BRASIL) como aparente encomendante das mercadorias com a finalidade exclusiva de ocultar sua participação nas operações de importação. Com isso, estaria caracterizado o ilícito de ocultação do sujeito passivo responsável pela operação, punível com a pena de perdimento das mercadorias, no qual respondem solidariamente os sujeitos passivos ocultos e o importador ostensivo (art. 23, V e §§ 1º e 2º do DecretoLei nº 1.455/1976, combinados com os artigos 675, II, e 689, XXII e § 6º do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto nº 6.759/09). A autuação abrange as mercadorias destinadas à empresa B2W (admitida como real encomendante oculto) constantes de Declarações de Importação (DI) registradas pela ST Importações no período de junho de 2011 a julho de 2012, nas quais a Destro Brasil foi declarada como encomendante da importação. No presente Auto de Infração, respondem solidariamente as empresas B2W, Destro Brasil e ST Importações. Tratase da primeira etapa da fiscalização, que atingiu as Declarações de Importação registradas no período de junho de 2011 a julho de 2012. A interposição verificada com a empresa Destro Brasil é objeto dos processos n.º 10074.720.245/201612 (presente processo de pena de perdimento), 10074.720021/201692 (ST Importações, multa de cessão de nome) e 10074.720647/201617 (Destro Brasil, multa de cessão de nome), postos em julgamento nessa sessão. O relatório fiscal do Auto de Infração encontrase acostado às efls. 94/174, sendo que as 6 (seis) razões que respaldam a ação fiscal foram assim sintetizadas pela fiscalização: "1) A importadora direta (ST Importações) é controlada pelas Lojas Americanas e pela B2W, únicas sócias daquela empresa, e 100% dos administradores da ST Fl. 18754DF CARF MF Processo nº 10074.720245/201612 Acórdão n.º 3402006.039 S3C4T2 Fl. 18.754 3 Importações são comuns ao quadro de dirigentes de Lojas Americanas e B2W ou de empresas controladas por elas. 2) Considerando os anos de 2010 e 2011, 99,9% do total de vendas da ST Importações (R$739.904.247,82) foi destinado à empresa Comercial Destro, e todas as aquisições se deram a título de importação por encomenda desta. 3) Os únicos fornecedores de mercadorias importadas às empresas Lojas Americanas e B2W, no período de junho de 2011 a julho de 2012, foram Comercial Destro e Destro Brasil. Tanto Lojas Americanas quanto B2W encontramse com suas habilitações para operar no comércio exterior SUSPENSAS. 4) Absolutamente todas as mercadorias enviadas por ST Importações à Comercial Destro e à Destro Brasil foram repassadas às Lojas Americanas ou à B2W. 5) Em pesquisa por amostragem em Declarações de Importação registradas por ST Importações e em NFe de Entrada e de Saída emitidas por ST Importações, Comercial Destro e Destro Brasil, foram observadas algumas características típicas de operações comerciais onde ocorre a interposição de terceiros. Vejamos: 5.1 Dos prazos: O intervalo de tempo médio a separar a data do desembaraço da Declaração de Importação da data de emissão da NFe de Entrada das respectivas mercadorias nacionalizadas na ST Importações é de 10 (dez) dias. O intervalo de tempo médio a separar a data de emissão da NFe de Entrada das mercadorias nacionalizadas na ST Importações da data de emissão da NFe de Saída das mesmas para Comercial Destro e Destro Brasil é inferior a 5 (cinco) dias. As observações acima indicam uma destinação prévia da mercadoria já antes mesmo de sua entrada na ST Importações Ltda. 5.2 Da composição qualitativa e quantitativa das NFe emitidas: Em regra, há a emissão de somente uma NFe de Entrada pela ST Importações para toda a mercadoria desembaraçada por uma única Declaração de Importação. Já as NFe de Saída emitidas pela ST Importações para Comercial Destro e Destro Brasil não espelham as respectivas NFe de Entrada. Para a mercadoria nacionalizada por uma única Declaração de Importação, são emitidas várias NFe de Saídas. Considerase estranha a ação, pois todas as NFe de Saída apresentam o mesmo participante (Comercial Destro ou Destro Brasil) e são emitidas, via de regra, no mesmo dia. As NFe de Saída emitidas pela Comercial Destro, quer seja para B2W, quer seja para LOJAS AMERICANAS, são idênticas qualitativa e quantitativamente às NFe de Saída emitidas pela ST Importações para as mesmas mercadorias. As múltiplas NFe de Saída emitidas pela Comercial Destro e pela Destro Brasil destinamse, via de regra, a filiais distintas de um mesmo participante, quer seja para filiais da B2W ou para filiais da LOJAS AMERICANAS. Observase uma perfeita segregação de destino da mercadoria nacionalizada. As observações acima indicam a destinação prévia das mercadorias aos reais adquirentes antes mesmos do registro das Declarações de Importação; pois toda a mercadoria nacionalizada por uma Declaração de Importação é destinada a um único real adquirente. Indicam também o comando dos reais adquirentes quanto ao destino final das mercadorias, pois as mesmas já saem da empresa ST Importações fracionadas conforme a destinação a cada uma das filiais dos reais adquirentes. Tais observações indicam a participação consciente da empresa ST Importações no presente esquema de interposição; bem como o papel de mera interposta pessoa desempenhado pela Comercial Destro e pela Destro Brasil, pois essas só fazem repassar as mercadorias provenientes de ST Importações. 5.3 Do perfil das importações: Fl. 18755DF CARF MF 4 ST Importações opera quase que exclusivamente para o esquema ora em análise. No período de junho de 2011 a julho de 2012, ST Importações registrou 2.087 Declarações de Importação. Dessas DIs, apenas 8 não foram destinadas à Comercial Destro ou Destro Brasil e, posteriormente, a B2W e Lojas Americanas. Em estudo amostral das importações efetuadas por ST Importações, verificouse que, nos anos de 2012 a 2015, esta empresa mantevese operando quase que exclusivamente no mesmo esquema, ou seja, mercadorias destinadas a Destro Brasil e, posteriormente, a B2W e LOJAS AMERICANAS. Ademais, a grande variedade de produtos nacionalizados (diversas NCM declaradas) demonstra ser improvável que as adquirentes das mercadorias (Comercial Destro e Destro Brasil) atuasse no mercado internacional num modelo de coleta de produtos e preços para posterior oferta dessas mercadorias à possíveis clientes no mercado interno. Tal diversidade de produtos comercializados coadunase com empresas que atuam no mercado num modelo de aquisição de produtos específicos previamente encomendados por clientes prédeterminados. 5.4 Dos lacres: Informação a corroborar a prévia destinação da mercadoria importada, antes mesmo da saída da mesma de ST Importações, é obtida da observação dos dados de transporte da mercadoria em território nacional constantes das NFe emitidas. Em várias NFe da amostra, verificouse que o número do lacre aposto à mercadorias constantes da NFe de Saída das mercadorias da ST Importações era o mesmo número do lacre aposto às mercadorias constantes das NFe de Saída de Comercial Destro ou Destro Brasil com destino às empresas B2W e LOJAS AMERICANAS . Além de não haver alteração da embalagem utilizada no transporte da mercadoria pela manutenção dos lacres apostos em todas as etapas de transporte sequer ocorreu alteração do veículo de transporte utilizado – pois idênticas eram as placas dos veículos em cada uma das etapas do transporte. Logo, resta claro haver o envio direto da mercadoria de ST Importações às diversas filiais de LOJAS AMERICANAS e B2W; observandose a segregação da carga em NFe distintas já a partir de ST Importações, em função da filial que seria a destinatária final da mercadoria. 5.5 – Das Marcas: Análise da propriedade das marcas dos produtos importados pela ST Importações também denota que essas operações comerciais transcorriam sob determinação das empresas Lojas Americanas e B2W. Em consulta ao site do Instituto Nacional da Propriedade Industrial INPI ficou demonstrado que muitos produtos importados pela ST Importações possuem marcas cuja propriedade recai sobre Lojas Americanas ou B2W. Portanto, as empresas Comercial Destro e Destro Brasil não seriam as reais adquirentes dessas mercadorias, já que não poderiam comercializálas livremente em território nacional sem o consentimento dos detentores do direito, havendo aí notória predestinação desses produtos aos pontos de venda das empresas Lojas Americanas e B2W, os reais adquirentes. 6) Por fim, este esquema de importação através de empresas interpostas mostrase bastante lucrativo para Lojas Americanas e B2W, pois permite a elas fugir do IPI de saída das mercadorias e da observância ao valor tributável mínimo na apuração da base de cálculo deste imposto. Se Lojas Americanas ou B2W realizassem importações diretas, estariam sujeitas ao destaque do IPI quando da revenda das mercadorias importadas, pois ambas estariam equiparadas a estabelecimento industrial. Caso elas importassem por encomenda direta à ST Importações (equiparada a estabelecimento industrial), esta estaria sujeita, em suas saídas de mercadorias para Lojas Americanas e B2W, ao valor tributável mínimo, nos termos do inciso I, do artigo 195 do RIPI, em razão da interdependência entre as empresas (artigo 612 do RIPI). Fl. 18756DF CARF MF Processo nº 10074.720245/201612 Acórdão n.º 3402006.039 S3C4T2 Fl. 18.755 5 Essa simulação de compra de mercadorias através de empresas interpostas, visa gerar, de forma ilícita, imensa economia de impostos para o grupo econômico (Lojas Americanas, B2W e ST Importações) através da ocultação da verdadeira relação entre a importadora direta e a empresa varejista." (efls. 100/103 grifei) O esquema foi assim sintetizado pela fiscalização (efl. 117) Inconformadas, as empresas apresentaram Impugnações Administrativas, julgadas improcedentes pelo Acórdão 1677.823 da 22ª Turma da DRJ/SPO, ementado nos seguintes termos: "ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/07/2012 DESCUMPRIMENTO DAS NORMAS RELATIVAS À IMPORTAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIROS. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MULTA SUBSTITUTIVA. Restando comprovada a interposição fraudulenta, incontroverso o entendimento da fiscalização de ocorrência da infração prevista pelo artigo 23, do Decretolei 1.455/1976, considerada dano ao Erário, punida com a pena de perdimento das mercadorias ou com a multa equivalente ao respectivo valor aduaneiro, caso elas não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" (efl. 18.047) Intimada desta decisão em 23/06/2017 (efl. 18.095), a empresa B2W apresentou Recurso Voluntário em 24/07/2017 (efls. 18.100/18.140). A DESTRO BRASIL foi intimada desta decisão em 28/06/2017 (efl. 18.097), apresentando Recurso Voluntário em 28/07/2017 (efls. 18.200/18.287). Por sua vez, a empresa ST Importações foi intimada da decisão em 05/07/2017 (efl. 18.098/18.347), apresentando Recurso Voluntário em 03/08/2017 (efls. 18.298/). As alegações de defesa trazidas pelas empresas podem ser assim sintetizadas: (i) alegações preliminares: Fl. 18757DF CARF MF 6 (i.1) quanto à nulidade da decisão da DRJ: (i.1.1) sustentam as empresas B2W e ST Importações que a decisão é nula por não ter adentrado nos argumentos de defesa por elas aventados em sede de Impugnação, não tendo, sequer, feito menção à apresentação das defesas no relatório. (i.1.2) sustenta a empresa DESTRO BRASIL que a decisão é nula por ter deixado de converter o processo em diligência. (i.2) quanto à nulidade da autuação: (i.2.1) ausência de Procedimento Especial de Controle Aduaneiro (PECA) e utilização indevida de conclusão alcançada quanto a fatos ocorridos até abril de 2012 (prova emprestada sem correspondência com as DIs objeto da autuação). Não basta o art.638 do Decreto nº 6.759/09 preveja a revisão aduaneira, é necessário a indicação de qual inciso do art.149 do CTN enquadrase o presente caso para a autorização da revisão de ofício. A empresa Destro sustenta ainda a nulidade vez que o procedimento de fiscalização foi encerrado na mesma data da ciência da empresa; (i.2.2) incerteza sobre os fatos autuados, face a ausência de correspondência entre o Auto de Infração e o Termo de Constatação anexo ao Auto de Infração, por se referir à MPF e processo distinto. (i.2.3) equívocos na base de cálculo, com a consideração de valores aduaneiros das mercadorias em montante superior àqueles registrados nas Declarações de Importação sem justificativa. (i.2.4) a ausência de motivação, sendo que a autuação teria se baseado unicamente em presunções, sem obediência ao princípio da verdade material, desconsiderando elementos fáticos constatados, sem produzir provas necessárias a respaldar a conclusão fiscal e com a indevida desconsideração do negócio jurídico, sendo inaplicável o art. 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional (CTN); (i.2.5) a impossibilidade de inclusão da DESTRO BRASIL e da ST Importações como devedoras solidárias com base no art. 124, I, do Código Tributário Nacional. (i.2.6) a não demonstração, pela fiscalização, da tentativa de localização das mercadorias, se baseando apenas na informação prestada pela empresa B2W; (i.2.7) a redação anterior do art. 689 do Regulamento Aduaneiro/2009, vigente à época dos fatos (art. 59 da Lei n º 10.637/02), não previa a aplicação da pena de perdimento para as mercadorias revendidas, apenas as não localizadas ou consumidas. Somente com a redação do Decreto nº 8.010/2013 que passou a ser possível a aplicação da pena de perdimento, em vigor a partir de 17/05/2013, não se aplicando a fatos geradores anteriores a sua vigência; (ii) no mérito, a ausência da interposição fraudulenta no presente caso, enfrentando as razões trazidas pela fiscalização, sustentando que: Fl. 18758DF CARF MF Processo nº 10074.720245/201612 Acórdão n.º 3402006.039 S3C4T2 Fl. 18.756 7 (ii.1) a participação dos mesmos sócios nas empresas ST Importações e B2W não descaracteriza sua natureza de empresas autônomas (princípio da autonomia no Direito Privado), sendo que a B2W não interfere nas operações da ST Importações, a qual atua no mercado de forma independente. As empresas dos grupos econômicos são entidades empresariais distintas, sendo que a Destro Brasil não se confunde com a empresa Comercial Destro. As empresas possuem autonomia estrutural e independência sendo que as mercadorias importadas pela ST Importações são repassadas à Destro Brasil, as quais direcionam as mercadorias aos seus centros de distribuição, onde são armazenadas e revendidas; (ii.2) a capacidade operacional, econômica e financeira da DESTRO BRASIL e da ST Importações, bem como o propósito negocial na sua contratação para a revenda das mercadorias à B2W e Lojas Americanas. O caso em análise não possui os mesmos elementos de prova de outros casos de interposição fraudulenta, vez que não foi demonstrado que quem arcou com a importação foram as empresas apontadas como encomendantes de fato (adiantamento de despesas), não houve tentativa reiterada e frustrada das empresas de habilitar no RADAR, sendo que o CARF já afastou a pena de perdimento quando evidenciada a margem de lucro da operação e a autonomia das partes; (ii.3) inexiste a identidade no lacre apontada pela fiscalização, pois houve a efetiva alteração dos mesmos na ocasião do transporte entre a empresa DESTRO para as empresas compradoras; (ii.4) a existência de margem real de lucro antes dos impostos, razoável pelo volume vendido nas operações; (ii.5) a ausência de provas, por parte do Fisco, da quebra da cadeia do IPI, sendo que muitos produtos sequer ensejavam o recolhimento do IPI não podendo haver a mencionada quebra da cadeia do imposto. A B2W não teria interesse na quebra da cadeia do IPI, pois a legislação não imputa a obrigação tributária ao estabelecimento varejista. A Fiscalização não comprovou o dano efetivo ao erário com o suposto recolhimento a menor do IPI; (ii.6) a necessidade de excluir a ST Importações do polo passivo vez que a ela é aplicável penalidade específica da multa de cessão de nome, não sendo cabível a cumulação da multa substitutiva da pena de perdimento e da multa por cessão de nome. (iii) subsidiariamente, a cobrança da multa com base em mudança de interpretação dos fatos reiteradamente homologados (art. 100 e 146, CTN) é desproporcional ferindo preceitos constitucionais. Houve a preclusão lógica por ausência de motivação do ato, pois a autoridade fiscal permitiu o desembaraço aduaneiro e depois anulouo sem motivação adequada; e (iv) exclusão dos juros de mora sobre a multa, pois esta incide somente sobre tributo. A procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões aos recursos (efls. 18.430/18.479). Em abril/2018, a Fazenda Nacional solicitou o julgamento conjunto dos Fl. 18759DF CARF MF 8 processos (efls. 18.491/18.492), sendo os processos que estavam no âmbito deste CARF a mim distribuídos para julgamento conjunto, na forma do despacho da efls. 18.495/18.497. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne. Conheço dos Recursos Voluntários apresentados pelas empresas, por tempestivos, adentrando em suas razões. Atentando para o argumento preliminar suscitado pelas empresas B2W e ST Importações de nulidade da decisão de primeira instância, entendo que a ele cabe provimento, na forma a seguir exposta. Pela leitura da r. decisão recorrida, possível vislumbrar que, em qualquer momento, foram feitas menções às Impugnações tempestivamente apresentadas pelas empresas B2W (efls. 16.165/16.187) e ST Importações (efls.16.799/16.833), ou dos documentos por elas acostados aos autos juntamente com as defesas (respectivamente, às efls. 16.260/16.795 e efls. 16.851/17.715). Quaisquer de seus argumentos são mencionados (dentre os quais, quanto à impossibilidade das empresas constarem do polo passivo da autuação), pautando a r. decisão recorrida na análise das considerações trazidas pela empresa Destro Brasil. A tempestividade das defesas apresentadas em primeira instância administrativa pelas empresas B2W e ST Importações foi atestada no despacho das efls. 17.996, com o seguinte teor: "Trata o presente processo de auto de infração lavrado pela IRF Rio de JaneiroRJ em face dos contribuintes abaixo identificados, conforme auto de infração de fls.02/07: 1) Sujeito passivo: B2W COMPANHIA DIGITAL para o qual foi dada ciência eletrônica do auto de infração em 13/10/2016, conforme fls.16144/16147. Em 13/11/2016 apresentou impugnação tempestiva, conforme documentos de fls.16165/16795. 2) Sujeito passivo solidário: DESTRO BRASIL DISTRIBUIÇÃO LTDA para o qual foi dada ciência eletrônica do auto de infração em 13/10/2016, conforme documentos de fls.16148/16151. Em 14/11/2016 apresentou impugnação tempestiva, conforme documentos de fls.17721/17960 e 17962/17994. 3) Sujeito passivo solidário: ST IMPORTAÇÕES LTDA para o qual foi dada ciência eletrônica do auto de infração em 25/10/2016, conforme documentos de fls.16160/16163. Em 24/11/2016 apresentou impugnação tempestiva, conforme documentos de fls.16798/17715. Foi anexado o extrato do processo às fls.17964/17965. Isto posto, proponho a remessa dos autos à DRJ/FNS/SECOJSC para prosseguimento." (efl. 17.996 grifei) Para melhor visualização, vejamos os trechos mais relevantes da r.decisão, com destaque para as referências feitas, exclusivamente, à Impugnação apresentada pela Destro Brasil (efls. 17.722/17.960) e a petição de regularização processual apresentado por esta empresa (efls. 17.970/17.972): "Relatório Fl. 18760DF CARF MF Processo nº 10074.720245/201612 Acórdão n.º 3402006.039 S3C4T2 Fl. 18.757 9 Trata o presente processo de aplicação de multa equivalente ao valor aduaneiro de mercadorias não localizadas e importadas mediante ocultação do sujeito passivo, nos termos do art. 23, caput, V, §§ 1º e 3º, do DecretoLei nº 1.455/76, com a redação dada pelo art. 59 da Lei nº 10.637/02 e pela Lei nº 12.350/10 no valor total de R$ 12.010.275,24. (...) O presente Auto de Infração abrange as mercadorias destinadas à empresa B2W (real encomendante oculto) constantes de Declarações de Importação (DI) registradas no período de junho de 2011 a julho de 2012, nas quais a Destro Brasil é declarada como encomendante da importação. Por este Auto de Infração respondem solidariamente B2W, Destro Brasil e ST Importações. A contribuinte teve ciência por meio de sua Caixa Postal, considerada seu Domicílio Tributário Eletrônico (DTE) perante a RFB, ciência esta realizada por seu procurador 416.607.49972 JOSE CARLOS DA SILVA, na data de 25/10/2016 11:27:55, data em que se considera feita a intimação nos termos do art. 23, § 2º, inciso III, alínea 'b' do Decreto nº 70.235/72. A autuada apresentou as impugnações em 13/12/2016 (fls.17.722/17.835) e em 23/01/2017 (fls.18.000/18.002), alegando, em síntese, que a multa não é cabível em razão de: O presente Auto de Infração é nulo, em razão de a competência para a lavratura do ato ser da RFB de Jundiaí e não da IRF Rio de Janeiro, pois o domicílio fiscal da contribuinte está localizado em Jundiaí; A impugnante não pode ser considerada devedora solidária pelo art.124, I, CTN, pois não houve a comprovação do interesse comum com a encomendante das mercadorias importadas; Não há justificativa (motivação) para a exigência da multa o que acabou por cercear seu direito de defesa (capitulação legal contraditória) tornando, portanto, o ato nulo; O presente ato é nulo por desconsiderar elementos fáticos constatados e de capitular fato jurídico diverso; O ato está eivado de nulidade, uma vez que não houve a extinção do processo administrativo (art.73, Lei nº 10.833/03) e nem a instauração de novo PAF para a aplicação da multa; A redação anterior do Decreto que trata da pena de perdimento, vigente à época dos fatos (art.59 da Lei n º 10.637/02), não previa a referida penalidade para as mercadorias revendidas (apenas as não localizadas ou consumidas). A pena de perdimento do Decreto nº 8.010/03 passou a vigorar apenas a partir de 17/05/2013 não se aplicando a fatos geradores de 2011 e 2012; Não basta o art. 638 do Decreto nº 6.759/09 preveja a revisão aduaneira, é necessário a indicação de qual inciso do art.149 do CTN enquadrase o presente caso para a autorização da revisão de ofício, o que torna nulo o presente ato; Houve a preclusão lógica por ausência de motivação do ato, pois a autoridade fiscal permitiu o desembaraço aduaneiro e depois anulouo sem motivação adequada; Os recursos da impugnante estão comprovados o que impossibilitaria a aplicação do art.23 do Decreto nº 1.455/76; Ocorreu a nulidade do presente Auto de Infração em razão de encerramento do procedimento de fiscalização ter ocorrido na mesma data da ciência da impugnante o que ofende o direito ao contraditório; A impugnante possui capacidade operacional, econômica e financeira razão pela qual não se pode presumir a falta de propósito negocial das suas operações comerciais; A Fiscalização apenas presumiu que a DESTRO não era a real encomendante das mercadorias importadas entendendo haver remessas da ST Importações para a empresa ORSILOG demonstrando a falta de autonomia da impugnante na Fl. 18761DF CARF MF 10 importação. Referido procedimento fere os princípio da motivação, contraditório e eficiência, tornando o Auto de Infração nulo; Com relação à margem de lucro das operações da ST Importações, a Fiscalização apenas presumiu que era baixa (19%), no entanto, a verdadeira margem foi de 7%, como comprovado nos autos; A DESTRO possui capacidade empresarial como comprova a documentação apresentada à Fiscalização, não podendo a conclusões basearemse em simples presunções; Em relação à B2W Companhia Digital, a Fiscalização não comprovou o dano com o recolhimento a menor de IPI, ou seja, não foi apontado qualquer dano efetivo ao erário; O art.116 do CTN não foi regulamentado razão pela qual não dá a prerrogativa da autoridade fiscal desconsiderar atos ilícitos praticados em conformidade com a legislação tributária necessitando de medida judicial para tal intento; A impugnante não se confunde com a empresa Comercial DESTRO Ltda, pois são entidades empresariais distintas apesar de pertencerem ao mesmo grupo econômico DESTRO; A DESTRO BRASIL possui autonomia estrutural e independência sendo que as mercadorias importadas pela ST Importações são repassadas à impugnante, as quais direcionam as mercadorias aos seus centros de distribuição, onde são armazenadas e revendidas; Em relação ao número do lacre das mercadorias da ST Importações, não era o mesmo número do lacre das mercadorias da impugnante, pois as notas fiscais não foram emitidas pela interessada, mas sim por empresa que não é objeto da presente autuação; A B2W e as Lojas Americanas não são importadoras das mercadorias, mas tão somente clientes compradores; A empresa DESTRO BRASIL teve seu balaço patrimonial prejudicado em razão de incêndio ocorrido em 2010 em que amargou elevados prejuízos (setenta milhões de reais). Pelos números contábeis PL de R$ 128.000.000,00, Capital Social de R$ 95.700.440,00 e lucros acumulados de R$ 33.000.000,00 em 2015, não se pode concluir pela incapacidade e idoneidade financeira da interessada; Inexiste o fato de o lacre ser o mesmo, pois houve a efetiva alteração dos mesmos na ocasião do transporte (mesmo número de lacre das mercadorias que saíram da ST Importações para a impugnante e posterior envio às empresas Lojas Americanas e B2W); Em relação às margens de lucro da ST Importação, todas as especificações estão contidas nos contratos celebrados pelas partes contratantes. A margem real antes dos impostos foi de 10%, razoável pelo volume vendido nas operações; Nem todas as mercadorias importadas pela ST Importações adquiridas pela impugnante foram remetidas para as empresas em questão, somente o fato ocorreu nos anoscalendário de 2011/2012. Exemplifica um caso em que mercadorias do anocalendário de 2012 foram revendidas em 2014 ; Não houve dano ao erário público, pois a impugnante comprovou o recolhimento do IPI em todas as etapas da importação. A Fiscalização não comprovou o efetivo dano cabendo à autoridade fiscal o ônus de proválo; Não pode incidir a taxa SELIC sobre a multa de ofício, sendo aplicável somente para os tributos e contribuições; Requer a realização de perícia e diligência; A DESTRO BRASIL DISTRIBUIÇÃO LTDA apresenta impugnação com os mesmos fundamentos da defesa da impugnante (fls.18.000/18.002). Voto DA NULIDADE O presente ato administrativo trata de instauração de PAF para a aplicação de multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria em que a impugnante insurge se contra o presente Auto de Infração alegando que a infração imputada baseouse em meras presunções de interposição fraudulenta. Referido fato, por si só, não se Fl. 18762DF CARF MF Processo nº 10074.720245/201612 Acórdão n.º 3402006.039 S3C4T2 Fl. 18.758 11 enquadra na hipótese de nulidade do ato administrativo do art.59 do PAF, além de a interposição fraudulenta, discutida nos autos, ter sido averiguada minuciosamente, conforme observado no Relatório Fiscal de fls.94/174. (...) A contribuinte defende que a redação anterior do Decreto que trata da pena de perdimento, vigente à época dos fatos (art.59 da Lei n º 10.637/02), não previa a penalidade para as mercadorias revendidas (apenas as não localizadas ou consumidas). A pena de perdimento do Decreto nº 8.010/03 passou a vigorar apenas a partir de 17/05/2013 não se aplicando a fatos geradores de 2011 e 2012. A alegação da interessada não merece prosperar, pois a legislação sobre a pena de perdimento de mercadorias referese à Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, a qual incluiu na legislação brasileira a tipificação da infração “ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros”, punível com a pena de perdimento das mercadorias (parágrafo 1º, do art. 23, do Decreto Lei (DL) nº 1455/76), podendo ser convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não possa ser apreendida (parágrafo 3º do mesmo dispositivo). No presente caso, não ocorreu a preclusão lógica por ausência de motivação do ato, em que a autoridade fiscal permitiu o desembaraço aduaneiro e depois anulou o sem motivação adequada, pois a revisão aduaneira pode ser efetuada para qualquer caso em que haja suspeita de irregularidade nas operações de comércio exterior. Quanto ao domicílio tributário, a IRF Rio de Janeiro é a unidade competente para a realização dos procedimentos de fiscalização, em decorrência dos fatos geradores terem ocorrido em sua jurisdição conforme expressamente previsto no art.127 do CTN. A contribuinte é devedora solidária pelo art.124, I, CTN, pois houve a comprovação do interesse comum com a encomendante das mercadorias importadas, conforme extensamente descrito no Relatório Fiscal, tratandose de sujeito passivo oculto (Artigo 23, inciso V e parágrafos 1º e 2º do DecretoLei nº 1.455/1976, com redação dada pela Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002, combinados com os artigos 675, inciso II, e 689, inciso XXII e parágrafo 6º do Regulamento Aduaneiro de 2009 (Decreto nº 6.759/09). Pelas razões expostas, não há como prosperar as alegações da interessada em relação a possibilidade de nulidade do presente ato administrativo. DO CERCEAMENTO DE DEFESA A impugnante suscita como matéria prejudicial à análise do mérito da autuação, a nulidade do lançamento em razão de ter sido cerceado o seu direito de defesa, ao argumento de que a autoridade fiscal não teria comprovado o nexo causal entre o fato apurado e a infração prevista em lei. (...) Não é, todavia, a situação verificada nesses autos. Depreendese da leitura das razões de impugnação que a autuada revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram atribuídas, tendoas rebatido, de forma meticulosa, uma a uma, e, portanto, não ocorrendo o alegado cerceamento de defesa. (...) DO MÉRITO Encaminhados os autos do presente processo que trata da impugnação apresentada, procede ao julgamento nos termos do regimento interno da RFB. (...) A impugnante defende que a Fiscalização apenas presumiu que a DESTRO não era a real encomendante das mercadorias importadas demonstrando ainda a falta de autonomia da impugnante na importação. Fl. 18763DF CARF MF 12 Foi constatado na ação fiscal a importação de mercadorias pela ST Importações destinada às empresas Comercial Destro e Destro Brasil mas com repasse das mesmas para as empresas Lojas Americanas e B2W. As verdadeiras adquirentes das mercadorias importadas pela ST Importações seriam as Lojas Americanas e B2W com a utilização das empresas Comercial Destro e Destro Brasil como intermediárias ocultadose, portanto, os verdadeiros adquirentes das mercadorias. (...) Apesar de a ST Importações afirmar que há mercadorias do anocalendário de 2012 as quais foram revendidas em 2014 não altera em nada as demais operações em que foi caracterizada a interposição fraudulenta. Dentro do conjunto probatório, o fato de toda a documentação de vendas da ST Importações terem praticamente idêntico conteúdo das emitidas pelas empresas do grupo Destro reforça o entendimento de que os referidos procedimentos e documentos foram preparados para o imediato repasse das mercadorias importadas para os reais adquirentes. As empresas do Grupo Destro apenas eram intermediárias para viabilizar a entrada das mercadorias para a contribuinte. Segundo o levantamento fiscal, a ST Importações no período de junho de 2011 a julho de 2012, registrou 2.087 Declarações de Importação (diversas NCM declaradas). Dessas DIs, onde apenas 8 não foram destinadas à Comercial Destro ou Destro Brasil e, posterior repasse à B2W e Lojas Americanas. O estudo amostral das importações efetuadas por ST Importações verificou que, nos anos de 2012 a 2015, esta empresa mantevese operando quase que exclusivamente no mesmo esquema, ou seja, mercadorias destinadas a Destro Brasil e, posteriormente, a B2W e LOJAS AMERICANAS. Portanto, fato de a impugnante não se confundir com a empresa Comercial DESTRO Ltda e possuir autonomia estrutural, capacidade empresarial e independência, não descaracteriza a situação de que esta foi utilizada para acobertar as operações de comércio exterior ocultandose o verdadeiro adquirente das mercadorias importadas (Americanas e B2W). A hipótese de que a empresa DESTRO BRASIL ter seu balanço patrimonial prejudicado em razão de incêndio ocorrido em 2010, em nada ameniza o fato de ter servido como intermediária do esquema de interposição fraudulenta, pois houve a caracterização e o propósito de repasse das mercadorias para as reais adquirentes das mercadorias importadas pela ST Importações. (...) DA RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA (...) O argumento da impugnante de que a não lavratura do Termo de Sujeição Passiva Solidária dos sóciosgerentes caracteriza cerceamento de defesa e enseja a nulidade do presente Auto de Infração não merece prosperar, pois referido fato não está previsto entre as hipóteses de nulidade do ato administrativo, conforme já discutido. Os motivos, a fundamentação legal bem como a individualização dos sócios enquadrados nas hipóteses previstas em Lei estão devidamente especificados no Relatório Fiscal, o qual faz parte do presente Auto de Infração. (...) DOS EFEITOS DAS JURISPRUDÊNCIAS JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS Em relação às decisões administrativas proferidas pelos Conselhos de Contribuintes e pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, inseridas pela impugnante no contexto de sua defesa, cumpre ressaltar que são improfícuas as jurisprudências administrativas ora apresentadas, tendo em conta a ausência de base legal que atribua aos acórdãos, proferidos pelos órgãos de julgamento, a devida eficácia normativa, não se constituindo em normas complementares do Direito Tributário, nos termos do art. 100, inciso II, do CTN. Portanto, depreendese que não são passíveis de serem estendidos genericamente ao caso concreto, eis que são estritamente aplicáveis ao contencioso administrativo dos processos administrativos relacionados aos referidos acórdãos e tãosomente se vinculam aos fatos e as partes envolvidas naqueles litígios. Fl. 18764DF CARF MF Processo nº 10074.720245/201612 Acórdão n.º 3402006.039 S3C4T2 Fl. 18.759 13 (...) PROVAS A interessada requer a produção de todas as provas admitidas em direito. Cabe ressaltar que as provas admitidas no processo administrativo fiscal são a diligência, perícia e prova documental. TAXA SELIC Por fim, caso infrutíferas as argüições constantes de sua defesa, a impugnante requer que não ocorra a aplicação da aplicação de atualização monetária sobre as multas de ofício com base na Taxa SELIC. (...) CONCLUSÃO Do todo exposto, voto pela improcedência da impugnação mantendose integralmente o crédito tributário constituído por este lançamento." (efls. 18.048/18.079 grifei) Todas as menções feitas no voto concernentes à ST Importações são aquelas constantes do relatório fiscal da autuação e da defesa da Destro, não se referindo especificamente à defesa apresentada pela empresa. Essencial salientar que alguns argumentos das partes podem eventualmente se sobrepor. Contudo, é necessário que a autoridade julgadora evidencie a análise dos argumentos aventados e documentos apresentados por todas as partes envolvidas em suas defesas, sob pena de cerceamento de defesa. Vejase, por exemplo, que as questões apontadas como necessidade de exclusão das partes do polo passivo ou equívocos na apuração da base de cálculo pela defesa da B2W não chegaram a ser analisados pelo v. acórdão recorrido. Da mesma forma, as provas apresentadas pela B2W e pela ST Importações em suas impugnações não foram objeto de análise e cotejo pela r. decisão. Frisese que a r. decisão recorrida trouxe razões para não converter o processo em diligência como requerido pela DESTRO BRASIL. Contudo, documentos e argumentos aventados pelas empresas B2W e ST Importações não foram sequer mencionados, ainda que possam ser suficientes para demonstrar a ausência da interposição fraudulenta na hipótese. Nesse sentido, à luz do art. 59, II, do Decreto n.º 70.235/72, merece ser anulado o r. acórdão recorrido, sob pena de cerceamento do direito de defesa das empresas B2W e ST importações e supressão de instância. Adoto, nesse sentido, as considerações e a exata conclusão alcançada no Acórdão 3402004.875, de relatoria da Conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, de 30/01/2018, que passa a integrar as razões de decidir desse acórdão com fulcro no art. 50, §1º da Lei n.º 9.784/99: "Destaco abaixo a lição de Marcos Vinícius Neder e Maria Teresa López1 sobre o tema: No processo administrativo fiscal, dentre as nulidade mais comuns podemse destacar: os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente; ou com preterição do direito de defesa; a ilegitimidade de partes; omissão do julgador no enfrentamento das questões de defesa e o não atendimento aos requisitos formais do lançamento. Algumas dessas questões arguidas em preliminar são 1 Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado. 3 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 558559. Fl. 18765DF CARF MF 14 suficientes para a nulidade dos atos correspondentes e para a extinção de todo o processo administrativo, como a questão da ilegitimidade das partes; outras permitem o saneamento da irregularidade, como é o caso de cerceamento de defesa gerada pela falta indispensável da análise de uma tese arguida pelo contribuinte, ocasionando apenas a nulidade da decisão de primeira instância e o seu saneamento com a prática de ato novo. Efetivamente, ausência de análise dos citados argumentos e provas das impugnações, nesse contexto, ocasiona cerceamento do direito de defesa no processo administrativo e caso fosse proferido julgamento inaugural da matéria por este Conselho, estarseia atuando como instância única. Tal situação não é permitida pelo sistema jurídico brasileiro, uma vez que o artigo 5º, inciso LV da Constituição confere aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Cumpre destacar a lição de James Marins2 sobre o tema: Não podem, União, Estado, Distrito Federal ou Municípios, instituir no âmbito de sua competência, a denominada “instância única” para o julgamento das lides tributárias deduzidas administrativamente, sob pena de irremediável mutilação da regra constitucional e consequente imprestabilidade do sistema administrativo processual que, por falta de tal requisito constitucional de validade, não servirá para aperfeiçoar a pretensão fiscal impugnada, remanescendo carente de exigibilidade. Nesse sentido o artigo 59, inciso II do Decreto no 70.235/1972 confere efetividade ao texto constitucional ao determinar que: Art. 59. São nulos (...) II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Por fim, destaco que foi no intuito de coibir tal sorte de problema que o Novo Código de Processo Civil, o qual deve ser aplicado subsidiariamente ao Processo Administrativo Fiscal, estabelece os requisitos essenciais da sentença, bem como as situações em que considera não fundamentada qualquer decisão: Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; (grifei) 2 Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). São Paulo: Dialética, 2010 5ª ed. Fl. 18766DF CARF MF Processo nº 10074.720245/201612 Acórdão n.º 3402006.039 S3C4T2 Fl. 18.760 15 Resta a este Colegiado, assim, declarar a nulidade do Acórdão referente ao julgamento a quo que pode ser percebido como supressão de instância administrativa, culminando em preterição do direito de defesa." (grifei) Assim, pela ausência de análise do mérito e dos documentos apresentados nas Impugnações Administrativas apresentadas pelas empresas B2W e ST Importações, deve ser declarada a nulidade da r. decisão recorrida. Prejudicada a análise do Recurso Voluntário da Destro Brasil. DISPOSITIVO Ante o exposto, voto por dar parcial provimento aos Recursos Voluntários da B2W e da ST Importações para declarar a nulidade do Acórdão da 23ª Turma da DRJ/SPO, exarado no presente processo, afetando as peças processuais que lhe sucederam. Prejudicada a análise do Recurso Voluntário da Destro Brasil. Objetivando considerações úteis ao prosseguimento e à solução do processo, com base no artigo 59, §2º do Decreto n.º 70.235/723, destaco que deve a DRJ, em seu novo julgamento, guardar observância ao artigo 489, §1º do Código de Processo Civil/2015, analisando os argumentos e provas de defesa com relação ao mérito. É como voto. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne. 3 "Art. 59 (...) § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo" Fl. 18767DF CARF MF
score : 1.0