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Numero do processo: 16327.001714/2004-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 16 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1401-000.480
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente
(assinado digitalmente)
Abel Nunes de Oliveira Neto Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto (Relator), Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia De Carli Germano e Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin.
Nome do relator: ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves – Presidente (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto (Relator), Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia De Carli Germano e Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin. Trata o presente processo de Lançamento de auto de infração contra o contribuinte relativos à omissão de receitas por diferenças de estoques, ajustes de preços de transferência e glosa de despesas, além dos reflexos multa agravada. Seguem os trechos do relatório da Decisão de Piso sobre a autuação a a impugnação apresentada: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .0 01 71 4/ 20 04 -2 4 Fl. 18376DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.055 2 Fl. 18377DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.056 3 Fl. 18378DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.057 4 Fl. 18379DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.058 5 Fl. 18380DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.059 6 Fl. 18381DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.060 7 Fl. 18382DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.061 8 Fl. 18383DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.062 9 Após a decisão da DRJ que manteve parcialmente a autuação o contribuinte apresentou os seguintes argumentos em seu recurso: OMISSÃO DE RECEITAS Nulidade do Auto de Infração – Apuração da Omissão de receitas – Alega que a fiscalização não fez verificações na escrituração contábil da empresa nem em seu livro de inventário o que descumpriria a norma do art. 41, da Lei nº 9.430/96. Somente utilizou planilhas do excel. Esclarecimentos diferença de estoques – Alega que impugnou tudo. Diferenças de estoque mantidas após diligência – alega a ilegalidade da manutenção de diferenças na parte em que com base em novos documentos apresentados conseguese infirmar o lançamento mas mostrar outros que decorreram daqueles mesmos fatos. Omissão na apresentação de documentos – Alega que não houve omissão e que não os apresentou antes porque a autoridade fiscal não solicitou a sua escrituação contábil. Fl. 18384DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.063 10 Torpeza que gerou benefício – Alega que não se beneficiou da torpeza, mas sim a própria autoridade julgadora ao validar novos lançamentos sem as formalidades legais e inobediência da legalidade estrita. Abandono da fórmula legal de cálculo da omissão – Alega que foram indevidamente considerados entradas e saídas omitidas quando, com a correta utilização da fórmula apenas poderia decorrer uma das hipóteses. Notese o grande erro evidenciado pelo procedimento acima descrito: ao invés de se descobrir vendas não tributadas, a auditoria fiscal tributa vendas já tributadas. E, apenas para que não restem dúvidas a respeito da impossibilidade de glosa de vendas, a Recorrente propõe um raciocínio complementar: e se uma venda glosada (por ocasião da aplicação da presunção de omissão de recitas) não tivesse sido tributada na época própria? Nesse caso, tendo a venda sido regularmente declarada, cumpriria ao Fisco fiscalizála, e, se fosse o caso, exigir o tributo correspondente. Se o procedimento está errado, então ele deve ser retificado para todos os itens de estoque, de modo que se observe a fórmula legal, e, ao mesmo tempo, tomandose o cuidado para que a "glosa" de vendas não gere omissão de receitas, pois isso não faz qualquer sentido. Em seguida, cumpre verificar qual das seguintes situações se configura: (i) a diferença de estoque relacionase a um fato originalmente abrangido pelo Auto de Infração, e.g. o Auto de Infração apontava omissão de 10 entradas e a Diligência aponta a omissão de 5 entradas; ou (ii) a diferença de estoque relacionase a um fato novo, não abrangido pelo Auto de Infração, e.g. o Auto de Infração apontava omissão de 10 entradas e a Diligência aponta a omissão de 5 saídas. Se a situação (ii) se mostrar concretizada, então o lançamento deverá ser cancelado quanto ao item de estoque em questão, em razão da já citada vedação à revisão de lançamento. Outros Vícios no Lançamento: (i) Item de Estoque QPA164G — Item 1 do Relatório da Diligência: Alega que houve inovação no lançamento. Aponta erros nos cálculos. (ii) Item de Estoque NTZX1605 — Item 8 do Relatório da Diligência alega também inovação no lançamento e no cálculo. (iii) Item de Estoque A0784949 (NT4XE) — Itens 12 e 16 do Relatório da Diligência Na diligência foi verificada a inexistência e omissão nas saídas e que seriam de entradas. Alega ilegalidade da inovação (iv) Item de Estoque A0783934 (TN1X)— Item 13 do Relatório da Diligência: Idem acima (v) Item de Estoque NTRX26CB — Item 14 do Relatório da Diligência: Alega que ao contrário do que a DRJ informa, a empresa comprovou as entradas e saídas do item. Fl. 18385DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.064 11 (vi) Itens de Estoque A0790209, QMY717A e NTFN33HB — Itens 17, 20 e 21 do Relatório da Diligência: Alega não poder haver tributação tendo em vista que as diferenças apuradas foram de glosa de vendas. (vii) Item de Estoque A079756 (TN1C) — Itens 7 e 18 do Relatório da Diligência Novamente alega inovação do lançamento. (viii) Item de Estoque A0800890 (Filial) — Item 35A do Relatório da Diligência: Alega que não existe a diferença de estoque apontada. (ix) Item de Estoque A0732224— Item 22 do Relatório da Diligência Alega que este item é o mesmo do item 20 do relatório de diligência pois a referência QMY717A é apenas um nome atribuído ao código de mercadoria A0732224. (x) Item de Estoque NTCEO8DK— Item 26 do Relatório da Diligência Não haveria diferença porquanto o valor apurado do estoque final é o mesmo do apurado pela fiscalização. (xi) Item de Estoque NT2X70A— Item 28 do Relatório da Diligência Revisão ilegal. Omissão de compras não pode gerar omissão de receitas. (xii) Item de Estoque NTEX22CA— Item 34 do Relatório da Diligência: Inexiste omissão, pois com a aplicação da fórmula resulta estoque final zero. (xiii) Item de Estoque NT9X4OBB— Item 36 do Relatório da Diligência Alega que houve glosa de vendas e que esta não pode gerar cálculo de omissão de receitas. (xiv) Itens de Estoque NTEU4559, A0838161, NTEUllAA, NT6X50AB — Itens 11, 19, 27 e 29 do Relatório da Diligência Revisão ilegal da autuação e omissão de compras não gera omissão de receitas. 2.2.3. Diferenças de Estoque que não foram objeto da Diligência Protesta pelo cancelamento integral dos outros itens em razão de: Autoridade não examinou a escrituração legal da recorrente. Do procedimento incorreto que gerou uma autuação que foi cancelada em 85% pela DRJ. 2.2.4. Omissão de Entradas Alega, com base em precedentes deste CARF que a omissão de compras não gera lançamento pis seu efeito é neutralizado pelo não registro do respectivo custo no CMV para apuração do lucro tributável. Aplicabilidade do PIC Alega que efetuou opção pelo método CPL, inclusive informando na DIPJ. Alega que a autoridade fiscal desconsiderou o método e aplicou o PRL 20. Fl. 18386DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.065 12 Alega que apresentou a comprovação pelo método PIC na impugnação e que a DRJ informou não se aplicar aos anos de 1999 e 2000. Alega que deve prevalecer o melhor método. E que a administração tem o dever de apurar por outros métodos, conforme Lei nº 9.430/96, art. 18, § 4º. Alega que ao escolher um método a autoridade fiscal utilizou discricionariedade que a lei não lhe atribui. Alega que este mesmo dispositivo permite que a indicação de um método na DIPJ não vincula o contribuinte. Alega que o método originalmente apontado pelo contribuinte poderia ser alterado a qualquer tempo. Alega que somente após a edição da MP nº 478/2009 é que foi inserida a obrigação de que a opção não possa ser alterada pela empresa. Apuração do PIC Alega que apresentou na impugnação os preços parâmetro calculados com o método PIC e que deveriam ser cancelados os ajustes relativos a estes itens. Exclusão do valores relativos ao frete, seguro e tributos no cálculo do PRL. A DRJ alega que está correta a apuração com base no preço CIF. O contribuinte em sua impugnação alega que o cálculo deveria ser feito com base no valor FOB. Alega apresentar precedentes do CARF neste sentido. Alega que a neutralidade da norma somente se atinge se o frete, seguro e tributos sobre as importações não gerem qualquer adição ao lucro. Apresente extensa argumentação a justificar seu entendimento. Toda ela baseada no acórdão nº 10809763. Comparabilidade. Alega que a inclusão do frete e seguro para permitir a equivalência de grandezas comparáveis. Alega que a adoção da comparabilidade gera efeitos absurdos e que não é possível a adoção de soluções excepcionais. O primeiro passo prova do raciocínio que ora se propõe depende de se enfrentar a seguinte questão: qual a conseqüência da inclusão do frete, do seguro e dos tributos incidentes na importação no cálculo dos preços de transferência, na sistemática CPL (é bom lembrar que o referido § 6° estendese a qualquer método)? O preço parâmetro, apurado pelo método CPL, deveria, nesse caso, ser comparado com o custo do importador, incluídos o frete, o seguro e os tributos incidentes na importação. Como o método CPL apura o preço parâmetro a partir do custo do exportador, acrescido de uma margem de 20%, dirseá que o custo do exportador, acrescido da margem de 20% deve ser equivalente ao preço pago pelo importador, acrescido do frete, do seguro e dos tributos incidentes na importação. Ora, como o custo do exportador não inclui o frete, o seguro e os tributos incidentes na importação, significa dizer que na margem máxima de 20%, exigida do exportador, já deveriam estar incluídos o frete, o seguro e os tributos incidentes na importação. Fl. 18387DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.066 13 Ou seja: a legislação brasileira exigiria que a margem bruta do exportador (lembrese que a margem de lucro, no CPL é bruta), limitada ao máximo de 20%, incluiria, além de todas as despesas do exportador, no exterior (não incluídas no custo) e seu lucro líquido, também o frete, o seguro e os tributos incidentes na importação. Ao fim de outras explicações protesta pela reforma da decisão combatida. 2.4. Glosa de Despesas Alega que o “services agreement” não é um simples contrato de serviços, mas sim compreende outro elemento: um direito. Este direito seria o de demandar a contratada a qualquer momento e corresponde à obrigação da contratada de ficar à disposição da contratanete sempre que chamada. Entende que este contrato seria do tipo aleatório posto que o seu objeto, ao contrário do contrato comutativo, não obriga a que as prestações sejam equivalentes. Seriam contratos de risco. Exemplifica com os contratos de planos de saúde. 2.4.2. Falta de emissão das notas fiscais relativas ao "Services Agreement" Alega que, conforme já mencionado durante a fiscalização, as notas foram emitidas pela Nortel Canadá contra a Nortel CALA e que esta sssumiu a dívida pela recorrente, passando a ser credora da mesma. Alega que a nota fiscal não é necessária à comprovação de despesas. E que o contrato seria prova da relação jurídica. 2.4.3. Possibilidade da celebração de contrato "a preço fechado". Efetividade a despesa. O contrato firmado englobaria inúmeras atividades. Que a efetividade, normalidade e usualidade das despesas são comprovados pelo contrato. Não existe ilegalidade na contratação a preço fechado. 2.4.4. Vinculação dos técnicos estrangeiros com os serviços prestados Alega que caso não seja suficiente a documentação já apresentada, a empresa apresenta novas informações e documentos que objetivam comprovar a presença de técnicos estrangeiros para a realização dos serviços elencados no “services agreement”. 2.5. Subsidiariamente, da exclusão da base de cálculo do IRPJ e CSLL os valores de PIS, COFINS e IPI exigidos Protesta que caso se entenda de manter a autuação, que os valores de PIS, COFINS, e IPI lançados, sejam excluídos das bases de cálculo do IRPJ. Apresenta acórdão neste sentido. 2.6. Ainda subsidiariamente, descabimento do agravamento da multa Entende que nenhuma intimação deixou de ser atendida e que assim descabe o agravamento da multa. 2.7. Finalmente, impossibilidade de cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício (artigos 161 do CTN e 61, § 3°, da Lei n°9.430/96) Sustenta a impossibilidade de cobrança de juros sobre a multa de ofício. Fl. 18388DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.067 14 Voto Durante a análise das razões de recurso e contrastando com os argumentos apresentados pela fiscalização, verificamos que um dos temas que é fundamental à solução do litígio decorre da constatação do fato de a fiscalização que solicitado, durante o curso do procedimento dos livros de registro de inventários e movimentação dos estoques da empresa. Neste ponto que se prende à verificação dos valores de omissão das receitas por saídas sem emissão de nota fiscal, que também provoca reflexos nos autos de infração de IPI, a recorrente suscita a nulidade do procedimento pelo fato de a fiscalização ter solicitado do contribuinte apenas o preenchimento de planilhas de suas movimentações de entrada e saída de materiais sem ter feito o confronto destas planilhas com os valores constantes no registro de inventário. Desta forma a não verificação de seus registros contábeis e de inventário implicaria contrariedade ao art. 41, da Lei nº 9.430/96. Por seu turno, a fiscalização, na apresentação de informações solicitadas pela DRJ quanto aos documentos apresentados pela defesa, trouxe os seguintes elementos: Acontece que compulsando as quase 20 mil páginas no presente processo não localizamos, pelos números do eprocesso as citadas folhas contendo as intimações referidas pela fiscalização. Realizamos então busca pelos números manuais grafados no processo antes de sua digitalização. Nesta busca constatamos que a numeração manual original chega até o número de fls. 2000, quando é acostada a folha de encerramento do volume 10 e retorna já no número 2.158. Ou seja, faltam ao processo as folhas numeradas manualmente de números 2001 a 2158, nas quais devem estar as intimações citadas pela fiscalização nas quais foi solicitada a apresentação dos livros de registro de inventário e de movimentação dos materiais. Além disso, em relação à análise dos outros pontos da autuação, fazemse necessários alguns esclarecimentos sobre os procedimentos adotados pela fiscalização e a análise dos documentos acostados ao processo como, por exemplo, a fórmula de cálculo das diferenças de estoques apuradas durante a fiscalização, quais os critérios adotados durante o recálculo destas diferenças após diligência determinada pela DRJ e os documentos de comprovantes de serviços apresentados pela empresa em relação ao services agreement. Tendo em vista que este ponto da discussão é o mais detalhado do processo e onde surgem diversas alegações de falhas, tanto por parte da acusação, quanto por parte da defesa, além de que o processo não pode conter páginas faltantes, VOTO no sentido de Fl. 18389DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.068 15 converter o julgamento em diligência a fim de se determinar o retorno do presente processo à delegacia de origem para: a) que seja diligenciado no sentido de se localizarem as fls. 2001 a 2158 da numeração manual do processo que não foram encontradas no processo e onde devem constar as intimações de número 01 a 09 do procedimento fiscal, para que as mesmas sejam digitalizadas e acostadas ao presente, de preferência na correta ordem cronológica como determinam as normas processuais; b) Seja informado o critério e forma de cálculo utilizada para a apuração das diferenças de estoques apuradas durante o procedimento de fiscalização; c) Seja informado quais os critérios foram utilizados na revisão das mesmas diferenças de estoque, levandose em consideração a redução significativa da autuação neste ponto d) Por fim, seja esclarecido se os documentos apresentados pela empresa quando da intimação de comprovação das despesas de services agreement foram também contabilizados como despesas da empresas, ou se os seus valores encontravamse incluídos no montante das despesas incorridas a título de services agreement Concluídas as diligências cientifiquese o contribuinte abrindolhe prazo para manifestação por 30 (trinta) dias e posterior retorno a este CARF para prosseguimento. Abel Nunes de Oliveira Neto Relator Fl. 18390DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10952.000217/2009-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004
ALIENAÇÃO. IMÓVEL RURAL. GANHO DE CAPITAL. APURAÇÃO. DIAT. INAPLICABILIDADE.
Na apuração do ganho de capital decorrente da alienação de imóvel rural, caso o alienante não tenha apresentado o Diat relativamente ao ano de alienação, considera-se como custo e como valor de alienação o valor constante nos respectivos documentos de aquisição e de alienação.
Numero da decisão: 2201-003.817
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
EDITADO EM: 31/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski - Relatora. EDITADO EM: 31/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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IMÓVEL RURAL. GANHO DE CAPITAL. APURAÇÃO. DIAT. INAPLICABILIDADE. Na apuração do ganho de capital decorrente da alienação de imóvel rural, caso o alienante não tenha apresentado o Diat relativamente ao ano de alienação, considerase como custo e como valor de alienação o valor constante nos respectivos documentos de aquisição e de alienação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. EDITADO EM: 31/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 2. 00 02 17 /2 00 9- 61 Fl. 134DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 118/120) apresentado em face do Acórdão nº 1532.030, da 5º Turma da DRJ/SDR (fls. 105/114), que negou provimento à impugnação apresentada pelo sujeito passivo (fls. 87/92) ao auto de infração (fls. 2/8) pelo qual se exige dele crédito tributário consolidado de R$ 84.276,49, relativo a Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF incidente sobre ganho de capital obtido na alienação de imóvel rural. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 9/16), através de dados extraídos da Escritura Pública de Compra e Venda lavrada no Tabelionato de Notas e Protestos da Comarca de ItapeviBA sob o número de Ordem 3.088, Livro 065, fls. 38/40, terseia apurado a alienação, pelo contribuinte, de três imóveis contíguos que, a partir dessa escritura, passariam a ser identificados como Fazenda Barracão. De acordo com esse registro, a alienação foi realizada pelo valor de R$ 240.232,80. Em sua declaração de imposto de renda (DAA2005), o contribuinte teria informado o lucro apurado na alienação desse bem, R$ 226.232,80, como rendimento isento, por considerálo de pequeno valor ou único imóvel. Por outro lado, na declaração de bens e direitos da mesma DAA, teria informado o bem pelo valor de R$ 150.000,00. A fiscalização informa que os imóveis alienados foram identificados pelo contribuinte como Fazenda Esperança e Fazenda Boa Sorte. A primeira seria composta por duas áreas, uma titulada de 20 ha e outra não titulada de 86,07 ha, e teriam sido adquiridas pelo valor de R$ 1.500,00. A autoridade fiscal não teria tido acesso aos documentos de aquisição da segunda (Fazenda Boa Sorte), mas teria utilizado os dados consignados na escritura de alienação. O somatório da área das duas fazendas seria de 130,07 ha e a área alienada seria de 103,35 ha, de forma que teria remanescido em propriedade do contribuinte fiscalizado a área de 26,70 ha da primeira fazenda. O autuante transcreve artigos da Lei nº 6.015, de 1973, para justificar sua interpretação de que a cada imóvel corresponde uma matrícula no registro geral de imóveis. No caso tratado neste processo, pelas escrituras de aquisição e alienação, haveria três áreas de terra compondo dois imóveis distintos, registrados em matrículas autônomas. Pela pluralidade de imóveis, não haveria que se falar em alienação do único imóvel. Essa conclusão seria também reforçada pela existência de área remanescente, situação que se enquadraria no caso enfrentado pela pergunta nº 612, do Manual Perguntas e Respostas do Anocalendário 2008. A data de aquisição seria 14/08/2003 e a de alienação 08/07/2004. Para a apuração do custo de aquisição e de alienação, a autoridade fiscal adotou os valores constantes das respectivas escrituras de compra e venda, o que foi justificado Fl. 135DF CARF MF Processo nº 10952.000217/200961 Acórdão n.º 2201003.817 S2C2T1 Fl. 135 3 no fato de o contribuinte ter apresentado a DIAT do ano de aquisição (fls. 58/61), mas não a do ano de alienação (fls. 62/65), que foi entregue pela empresa que adquiriu os imóveis. Para a Fazenda Esperança, o custo de aquisição de R$ 1.500,00 foi distribuído entre a área total, segregandose a parcela que permaneceu em propriedade do contribuinte. Para a Fazenda Boa Sorte foi adotado o valor total do custo de aquisição de R$ 2.500,00. Para o valor de alienação, foi estabelecida a proporção entre os imóveis que compuseram a venda, de acordo com a área de cada um. Com isso, foi apurado um ganho de capital total de R$ 236.610,49, ao qual foi aplicada a alíquota de 15% para apuração do valor devido, mais multa de 75% e juros de mora. A impugnação ao lançamento (fls. 87/92) foi julgada improcedente pelo Acórdão nº 1532.030, da 5ª Turma da DRJ/SDR (fls. 105/114). Ciente dessa decisão em 14/09/2015 (fls. 116/117), o sujeito passivo apresentou tempestivamente seu recurso voluntário em 13/10 do mesmo ano (fls. 118/120). Em suas razões de recorrer, alega, em síntese, que: A autuação não deveria existir porque a situação se enquadra na isenção de imóvel de valor inferior a R$ 440.000,00; Não houve outra alienação nos cinco anos anteriores à alienação que deu origem ao lançamento; O recorrente é pessoa humilde que trabalha com agricultura familiar; Houve a unificação das duas áreas rurais em uma só matrícula denominada Fazenda Barracão; O auto é insubsistente porque menciona no item 4.2 a Fazenda Boa Vista, que não tem qualquer pertinência com o negócio realizado; O recorrente, pessoa "da roça", que sobrevive da cria de animais bovinos e da agricultura de subsistência, procedeu à alienação de apenas duas partes de suas pequenas áreas rurais, que são equivalentes a sítios rurais; Os fatos narrados estariam abarcados pelo espírito das normas isentivas; A decisão de piso não especificou qual o uso ou finalidade conferidos ao imóvel que justificaria afastar o direito à isenção; O imóvel alienado consistia em um condomínio de fato, pois se tratava de áreas contíguas que o recorrente tratou de unificar na matrícula; Fl. 136DF CARF MF 4 O ITR demonstra a limitação da propriedade, o que a enquadra na natureza de agricultura familiar, que seria isenta do tributo aqui cobrado; A área que remanesceu com o contribuinte é inferior aos 30 ha previstos na Lei nº 9.393, de 1996, art. 2º. Com base nesses argumentos, entende ter demonstrado a existência de preliminar que tornaria insubsistente o lançamento e, no mérito, a sua total improcedência, razões pelas quais ele deve ser cancelado. É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora O recurso voluntário apresentado preenche os requisitos de admissibilidade e dele conheço. Preliminar nulidade Entre os argumentos de defesa, identifico uma preliminar de nulidade ao se afirmar que o auto é insubsistente por mencionar no item 4.2 a Fazenda Boa Vista, que não tem qualquer pertinência com o negócio realizado. O regime das nulidades no âmbito do processo administrativo fiscal federal está disciplinado pelos artigos que são a seguir transcrito, retirados do Decreto nº 70.235, de 1972: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10952.000217/200961 Acórdão n.º 2201003.817 S2C2T1 Fl. 136 5 Art. 61. A nulidade será declarada pela autoridade competente para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade. Daí se extrai que será nulo o ato praticado por autoridade incompetente ou aquele proferido com preterição do direito de defesa. Neste caso, não se tratando de questão atinente à competência da autoridade fiscal, caberia ao recorrente demonstrar o prejuízo causado ao seu amplo direito de defesa. Não me parece que tenha logrado êxito neste sentido, sendo o vício apontado mais adequadamente classificado como uma incorreção que não teve aptidão para causar qualquer prejuízo ao fiscalizado. Nego provimento quanto à preliminar de nulidade. Mérito Segundo afirma o recorrente, a autuação não deveria existir porque a situação se enquadra na isenção de imóvel de valor inferior a R$ 440.000,00 e não houve outra alienação nos cinco anos anteriores à operação que deu origem ao lançamento. Com esses argumentos, busca que a situação descrita seja enquadrada no seguinte dispositivo do Regulamento do Imposto de Renda RIR1999 (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999): Art. 122. Está isento do imposto o ganho de capital auferido na alienação: (...) II do único imóvel que o titular possua, cujo valor de alienação seja de até quatrocentos e quarenta mil reais, desde que não tenha sido realizada qualquer outra alienação nos últimos cinco anos. (...) § 4º O limite a que se refere o inciso II será considerado em relação: I à parte de cada condômino, no caso de bens em condomínio; II ao imóvel havido em comunhão, no caso de sociedade conjugal. É intuitivo afirmar que, ao alienar o único imóvel que possua, seu titular resta sem a propriedade de qualquer imóvel. Ou seja, a alienação do único imóvel deve conduzir à situação em que o patrimônio de seu titular passe a não contar com qualquer imóvel. Por outro lado, compulsandose a Lei nº 6.015, de 1973, que dispõe sobre os registros públicos, podese destacar os seguintes dispositivos: Art. 176 O Livro nº 2 Registro Geral será destinado, à matrícula dos imóveis e ao registro ou averbação dos atos relacionados no art. 167 e não atribuídos ao Livro nº 3. Fl. 138DF CARF MF 6 § 1º A escrituração do Livro nº 2 obedecerá às seguintes normas: I cada imóvel terá matrícula própria, que será aberta por ocasião do primeiro registro a ser feito na vigência desta Lei; (...) § 3o Nos casos de desmembramento, parcelamento ou remembramento de imóveis rurais, a identificação prevista na alínea a do item 3 do inciso II do § 1o será obtida a partir de memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, georeferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não exceda a quatro módulos fiscais. (...) Art. 227 Todo imóvel objeto de título a ser registrado deve estar matriculado no Livro nº 2 Registro Geral obedecido o disposto no art. 176. Art. 228 A matrícula será efetuada por ocasião do primeiro registro a ser lançado na vigência desta Lei, mediante os elementos constantes do título apresentado e do registro anterior nele mencionado. (...) Art. 233 A matrícula será cancelada: I por decisão judicial; II quando em virtude de alienação parciais, o imóvel for inteiramente transferido a outros proprietários; III pela fusão, nos termos do artigo seguinte. Art. 234 Quando dois ou mais imóveis contíguos pertencentes ao mesmo proprietário, constarem de matrículas autônomas, pode ele requerer a fusão destas em uma só, de novo número, encerrandose as primitivas. Pela literalidade dos dispositivos transcritos, é possível afirmar que cada matrícula identifica um imóvel (art. 176, § 1º, I). Logo, se há mais de uma matrícula, há mais de um imóvel. Isso não impede que um imóvel seja desmembrado e dê origem a mais de uma matrícula, quando passaria a existir mais de um imóvel. No sentido inverso, os imóveis podem ser remembrados ou fusionados dando origem a um único imóvel, ao qual corresponderá uma única matrícula. Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10952.000217/200961 Acórdão n.º 2201003.817 S2C2T1 Fl. 137 7 As seguintes perguntas extraídas do manual de perguntas e respostas publicado anualmente pela Secretaria da Receita Federal do Brasil na rede mundial de computadores orientamse pela racionalidade estabelecida nesses artigos: UNIFICAÇÃO DE TERRENOS CONTÍGUOS 638 — Contribuinte possuía dois terrenos contíguos, promoveu a unificação e sobre eles construiu uma residência, passando a ser proprietário desse único imóvel. Po de usufruir da exclusão do ganho de capital na alienação do único imóvel? Sim. O art. 23 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, faz referência à alienação do único imóvel que o titular possua (no mês da alienação). Conforme o disposto no art. 111, inciso I, do Código Tributário Nacional (CTN), e caso não tenha ocorrido alienação a qualquer título nos últimos 5 anos de outro imóvel, e considerando que a unificação de imóveis não caracteriza alienação, é cabível a exclusão do ganho de capital no caso de alienação, como um único imóvel e em um único instrumento, de imóvel resultante de unificação anterior de outros que o titular possuía, devidamente averbada em cartório de registro de imóveis (art. 234 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 Lei dos Registros Públicos). Este entendimento também é válido para a terra nua de imóveis rurais. ALIENAÇÃO DE PARTE DO IMÓVEL 639 — Contribuinte, proprietário de um único imóvel, que não alienou nenhum imóvel nos últimos 5 anos, aliena uma parte desse imóvel, permanecendo na propriedade da área remanescente. Tal contribuinte tem direito nessa operação à isenção de alienação de único imóvel? Não. Nesse caso, o contribuinte não alienou todo o imóvel, mas parte, permanecendo, na data, como proprietário de imóvel. Não faz jus, portanto, à isenção. (http://idg.receita.fazenda.gov.br/interface/cidadao/irpf/2017/per guntao/pirpf2017perguntaserespostasversao11 03032017.pdf) Na hipótese em questão, o contribuinte adquiriu três áreas de terras que estavam registradas em duas matrículas diversas. Possuía, portanto, mais de um imóvel. Ainda que tenha havido a unificação das duas áreas rurais em uma só matrícula denominada Fazenda Barracão, fato é que essa unificação não compreendeu a totalidade dos imóveis existentes. Tanto é assim que, após a alienação realizada, restou em propriedade do alienante parte do imóvel original e isso só seria possível pela realização de desmembramento. Por outro lado, o recorrente alega que se tratava de "condomínio de fato", caracterização que, por si mesma, não afetaria as conclusões aqui evidenciadas. Em que pese isso, não parece que seja esse o caso, já que o condomínio se caracteriza pela existências de "domínios" concorrentes sobre o mesmo bem, ou seja, mais de uma pessoa com propriedade Fl. 140DF CARF MF 8 sobre um mesmo bem, e a situação refletida nesse processo é de mais de um bem na propriedade de um único indivíduo. Em sendo assim, não é possível afirmar que o contribuinte alienou o único imóvel que possuía, de forma que é inaplicável a ele a isenção regulamentada pelo art. 122, II, do RIR/1999. O fato de o recorrente ser pessoa humilde e de que suas propriedades sejam classificadas como pequenos sítios são argumentos que podem inspirar simpatia no julgador, mas não lhe conferem amparo para dar ao texto legal, em especial ao de natureza isentiva, uma aplicação que fuja dos limites impostos pela investigação sintática. É isso o que determina o art. 111, II, do Código Tributário Nacional, comando que impede o intérprete e aplicador do direito de invocar critérios como "o espírito da norma" para dar ao texto legal um sentido mais amplo do que aquele que decorre de sua literalidade. Também não aproveitam ao contribuinte alegações que invoquem a aplicação da imunidade e isenção regulados pelos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.393, de 1996, uma vez que o âmbito de aplicação destes benefícios está restrito ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR. Assim, as exceções à tributação estabelecidas nesses dispositivos dizem respeito apenas a esse tributo, não gerando qualquer reflexo sobre o imposto de renda. Com efeito, nesta lei, o imposto de renda sofre influência apenas do que determina o seguinte artigo: Valores para Apuração de Ganho de Capital Art. 19. A partir do dia 1º de janeiro de 1997, para fins de apuração de ganho de capital, nos termos da legislação do imposto de renda, considerase custo de aquisição e valor da venda do imóvel rural o VTN declarado, na forma do art. 8º, observado o disposto no art. 14, respectivamente, nos anos da ocorrência de sua aquisição e de sua alienação. Parágrafo único. Na apuração de ganho de capital correspondente a imóvel rural adquirido anteriormente à data a que se refere este artigo, será considerado custo de aquisição o valor constante da escritura pública, observado o disposto no art. 17 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Esta regra foi assim regulamentada pela Instrução Normativa SRF nº 84, de 2001: Imóvel rural Art. 9o Na apuração do ganho de capital de imóvel rural é considerado custo de aquisição o valor relativo à terra nua. § 1o Considerase valor da terra nua (VTN) o valor do imóvel rural, nele incluído o da respectiva mata nativa, não computados os custos das benfeitorias (construções, instalações e melhoramentos), das culturas permanentes e temporárias, das árvores e florestas plantadas e das pastagens cultivadas ou melhoradas. Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10952.000217/200961 Acórdão n.º 2201003.817 S2C2T1 Fl. 138 9 § 2o Os custos a que se refere o § 1o, quando não tiverem sido deduzidos como despesa de custeio, na apuração do resultado da atividade rural, podem ser computados para efeito de apuração de ganho de capital. Art. 10. Tratandose de imóvel rural adquirido a partir de 1997, considerase custo de aquisição o valor da terra nua declarado pelo alienante, no Documento de Informação e Apuração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (Diat) do ano da aquisição, observado o disposto nos arts. 8o e 14 da Lei No 9.393, de 1996. § 1o No caso de o contribuinte adquirir: I e vender o imóvel rural antes da entrega do Diat, o ganho de capital é igual à diferença entre o valor de alienação e o custo de aquisição; II o imóvel rural antes da entrega do Diat e alienálo, no mesmo ano, após sua entrega, não ocorre ganho de capital, por se tratar de VTN de aquisição e de alienação de mesmo valor. § 2o Caso não tenha sido apresentado o Diat relativamente ao ano de aquisição ou de alienação, ou a ambos, considerase como custo e como valor de alienação o valor constante nos respectivos documentos de aquisição e de alienação. § 3o O disposto no § 2o aplicase também no caso de contribuinte sujeito à apresentação apenas do Documento de Informação e Atualização Cadastral (Diac). O caso concreto tratado neste processo se enquadra na descrição do § 2º acima transcrito, já que o contribuinte alienou o bem antes da entrega da DIAT do ano de alienação, situação em que a apuração do ganho de capital deve ser feita com base nos documentos de aquisição e de alienação. É de se registrar que esses documentos foram elaborados a partir de informações levadas a registro pelas partes do negócio e merecem fé pública. A despeito disso, não houve qualquer esforço do contribuinte em demonstrar que os valores ali declarados não correspondem à realidade do negócio entabulado. Questiona também o sujeito passivo o fato de a decisão de piso não ter especificado qual o uso ou finalidade conferidos ao imóvel justificariam afastar o direito à isenção. Com esse argumento, parece contestar o seguinte trecho da decisão recorrida: Além disso, o uso ou a finalidade conferidos ao imóvel pelo impugnante, antes da alienação, não afastam a incidência da norma que tributa o ganho de capital decorrente, não estando tal circunstância elencada entre as hipóteses de não incidência ou exclusão estabelecidas na lei tributária federal (Lei nº 7.713, de 1988, art. 22, parágrafo único, Decreto nº 3.000, de 26/03/1999, arts. 120 a 122). Fl. 142DF CARF MF 10 Não identifico qualquer impropriedade nesse excerto, já que ele apenas evidencia que invocar a natureza da atividade desenvolvida na propriedade não traz benefício ao contribuinte, já que a isenção pleiteada não tem qualquer relação com esse critério. Por tudo o exposto, nego provimento ao recurso voluntário apresentado. Conclusão Com base no exposto, voto por conhecer do recurso voluntário apresentado para, rejeitando a preliminar de nulidade, no mérito, negarlhe provimento. Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora Fl. 143DF CARF MF
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Numero do processo: 10166.725063/2012-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2008
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Não há que se falar em cerceamento de defesa em se tratando de auto de infração composto por documentos que descrevem, de forma clara e precisa, os fatos geradores e as bases de cálculo do lançamento, discriminando-os por estabelecimento e por competência, bem assim quando são indicados os fundamentos jurídicos que tenham dado suporte à autuação.
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE FRETES PAGOS A TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. BASE DE CÁLCULO.
A base de cálculo das contribuições sociais incidente sobre fretes pagos a transportadores autônomos (contribuintes individuais) corresponde a 20% (vinte por cento) do valor do recebido a esse título.
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DA EMPRESA.
As contribuições da empresa relativas a serviços prestados por transportares autônomos corresponde a 20% (vinte por cento) do frete ou carreto, na forma estabelecida em regulamento.
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHADOR. RECOLHIMENTO. RESPONSABILIDADE
A responsabilidade pelo recolhimento da contribuição devida pelos transportadores autônomos é da empresa contratante dos serviços prestados por essa espécie de contribuintes individuais.
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES A TERCEIROS.
O recolhimento das contribuições devidas por transportadores autônomos ao SEST e ao SENAT incumbe à empresa contratante dos serviços.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DE TERCEIROS. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. SUB-ROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE.
A empresa adquirente de produtos rurais fica sub-rogada nas obrigações da pessoa física produtora rural pelo recolhimento da contribuição incidente sobre a receita bruta da comercialização de sua produção, nos termos e nas condições estabelecidos na legislação previdenciária.
ISENÇÃO. DESCONSTITUIÇÃO DO LANÇAMENTO. ÔNUS DA PROVA.
Tendo a Fazenda Pública demonstrado a ocorrência do fato gerador de exação tributária, a arguição quanto ao enquadramento do contribuinte em regra isentiva deve vir acompanhada elementos de prova aptos a comprovar o alegado.
Numero da decisão: 2402-005.999
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2008 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em cerceamento de defesa em se tratando de auto de infração composto por documentos que descrevem, de forma clara e precisa, os fatos geradores e as bases de cálculo do lançamento, discriminando-os por estabelecimento e por competência, bem assim quando são indicados os fundamentos jurídicos que tenham dado suporte à autuação. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE FRETES PAGOS A TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo das contribuições sociais incidente sobre fretes pagos a transportadores autônomos (contribuintes individuais) corresponde a 20% (vinte por cento) do valor do recebido a esse título. TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DA EMPRESA. As contribuições da empresa relativas a serviços prestados por transportares autônomos corresponde a 20% (vinte por cento) do frete ou carreto, na forma estabelecida em regulamento. TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHADOR. RECOLHIMENTO. RESPONSABILIDADE A responsabilidade pelo recolhimento da contribuição devida pelos transportadores autônomos é da empresa contratante dos serviços prestados por essa espécie de contribuintes individuais. TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES A TERCEIROS. O recolhimento das contribuições devidas por transportadores autônomos ao SEST e ao SENAT incumbe à empresa contratante dos serviços. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DE TERCEIROS. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. SUB-ROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. A empresa adquirente de produtos rurais fica sub-rogada nas obrigações da pessoa física produtora rural pelo recolhimento da contribuição incidente sobre a receita bruta da comercialização de sua produção, nos termos e nas condições estabelecidos na legislação previdenciária. ISENÇÃO. DESCONSTITUIÇÃO DO LANÇAMENTO. ÔNUS DA PROVA. Tendo a Fazenda Pública demonstrado a ocorrência do fato gerador de exação tributária, a arguição quanto ao enquadramento do contribuinte em regra isentiva deve vir acompanhada elementos de prova aptos a comprovar o alegado.
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INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em cerceamento de defesa em se tratando de auto de infração composto por documentos que descrevem, de forma clara e precisa, os fatos geradores e as bases de cálculo do lançamento, discriminandoos por estabelecimento e por competência, bem assim quando são indicados os fundamentos jurídicos que tenham dado suporte à autuação. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE FRETES PAGOS A TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo das contribuições sociais incidente sobre fretes pagos a transportadores autônomos (contribuintes individuais) corresponde a 20% (vinte por cento) do valor do recebido a esse título. TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DA EMPRESA. As contribuições da empresa relativas a serviços prestados por transportares autônomos corresponde a 20% (vinte por cento) do frete ou carreto, na forma estabelecida em regulamento. TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHADOR. RECOLHIMENTO. RESPONSABILIDADE A responsabilidade pelo recolhimento da contribuição devida pelos transportadores autônomos é da empresa contratante dos serviços prestados por essa espécie de contribuintes individuais. TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES A TERCEIROS. O recolhimento das contribuições devidas por transportadores autônomos ao SEST e ao SENAT incumbe à empresa contratante dos serviços. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 50 63 /2 01 2- 85 Fl. 720DF CARF MF 2 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DE TERCEIROS. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. SUBROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. A empresa adquirente de produtos rurais fica subrogada nas obrigações da pessoa física produtora rural pelo recolhimento da contribuição incidente sobre a receita bruta da comercialização de sua produção, nos termos e nas condições estabelecidos na legislação previdenciária. ISENÇÃO. DESCONSTITUIÇÃO DO LANÇAMENTO. ÔNUS DA PROVA. Tendo a Fazenda Pública demonstrado a ocorrência do fato gerador de exação tributária, a arguição quanto ao enquadramento do contribuinte em regra isentiva deve vir acompanhada elementos de prova aptos a comprovar o alegado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Fl. 721DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília – DRJ/BSB (677/691) em face de autos de infração de obrigação Principal – AIOP a seguir enumerados: DEBCAD 37.379.2387, no valor de R$ 1.037.506,44 (um milhão trinta e sete mil quinhentos e seis reais e quarenta e quatro centavos), relativo às contribuições previdenciárias devidas pela empresa à Seguridade Social e para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT, DEBCAD 37.379.2395 , no valor de R$ 49.349,23 (quarenta e nove mil trezentos e quarenta e nove reais e vinte e três centavos), relativa à contribuição do segurado contribuinte individual de 11% sobre base de cálculo dos pagamentos de fretes; DEBCAD 37.379.24079, no valor de R$ 79.107,91 (setenta e nove mil cento e sete reais e noventa e um centavos) relativa à contribuição destinadas a Outras Entidades (SEST, SENAT e SENAR). As bases de cálculo dos AIOP referemse aos estabelecimentos da empresa que fizeram aquisição de produção rural com movimentação de trabalhadores no período fiscalizado. Quais sejam: Matriz: 72.600.190/000199, Filiais: 000431, 00512, 000601, 000784, 000946, 001160, 001403, 001675, 001918, 002051, 002132 e 002566. Por bem retratar o contexto em que se lavrou os Autos de Infração e as razões trazidas na impugnação (fls. 651/661), reproduzse os trechos correspondentes do Acórdão nº 0355.088, da 5ª Turma da DRJ/BSB: DOS AUTOS DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL Da incidência de contribuições previdenciárias sobre fretes pagos a pessoa física e Prólabore Indireto (contribuintes individuais). De acordo com o Relatório Fiscal de fls. 53/73, o crédito tributário objeto do presente lançamento fiscal se refere às contribuições previdenciárias incidentes sobre a aquisição de produção rural do produtor pessoa física e pagamento a contribuinte individual inclusive fretes pagos a transportador autônomo não declaradas em GFIP. a) Fretes pagos a autônomos A fiscalização constatou que o contribuinte não inclui em folha de pagamento nem em GFIP todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, tanto nos casos dos valores decorrentes de aquisição de produção rural, quanto em relação à categoria dos contribuintes individuais, conforme relação anexa, sem no entanto, identificar os descontos efetuados dos segurados. Registra ainda que além das contribuições devidas pela empresa, os referidos transportadores autônomos estão sujeitos ao pagamento da contribuição do segurado Fl. 722DF CARF MF 4 de 11% incidente sobre a referida base de cálculo dos fretes e contribuições devidas a outras entidades e fundos – no caso o SEST e SENAT. b) Prólabore Indireto Verificouse na contabilidade que o sócio Aroldo Silva Amorim Filho foi remunerado pela empresa de forma disfarçada, por meio de pagamento de despesas pessoais, tais como restaurantes em fins de semana, despesas diversas como de viagens, supermercado, combustível, etc, conforme relação contida no item 18 do Relatório Fiscal. Intimado, por meio de Termo de Intimação, a justificar a origem e natureza dos pagamentos efetuados o contribuinte não justificou de forma precisa as referidas despesas, especialmente as relacionadas aos sócios. Ademais não consta na folha de pagamento a rubrica prólabore em nenhum dos meses fiscalizados, embora o sócio Aroldo Silva Amorim Filho atue como gerente ou administrador. A justificativa verbal da contadora é a de que as despesas de restaurantes e de viagens deste são decorrentes de sua atividade de gerente. Mas de acordo com documentos fiscais e cartão de crédito apresentados (Anexo V), há clara evidência de que tais despesas estão mais vinculadas aos gastos pessoais, por se tratar de restaurantes de alto nível de Brasília, em finais de semana e próximos de sua residência, o que faz presumir que o não pagamento de prólabore regularmente e diretamente ao sócio atende o objetivo de reduzir o pagamento de tributos sobre os rendimentos tributáveis, tanto pela empresa como pelo próprio sócio, utilizandose de pagamentos indiretos por meio de suas despesas pessoais. Quanto aos pagamentos de fretes a transportadores autônomos e prólabore indireto pago ao sócio Aroldo Silva Amorim Filho, foram levados a tributação todos os valores pagos as pessoas e lançamentos contábeis identificados no Anexo III. Afirma que a integração à base de cálculo de contribuições previdenciárias dos valores pagos a sócios, ainda que por meio de utilidades, constitui remuneração a contribuinte individual, de acordo com o inciso III do art. 28, da Lei nº 8.212/91. Da incidência de contribuições previdenciárias sobre a aquisição de produção rural de pessoa física, no período de 06/2008 a 12/2008. Verificouse ainda que a empresa Asa Alimentos Ltda infringiu a legislação previdenciária ao não recolher as contribuições incidentes sobre a aquisição de produção rural de origem animal, proveniente de produtor pessoa física, sob a alegação de que tais produtos não integram a base de cálculo de contribuições previdenciárias, conforme informações prestadas em atendimento ao termo de Intimação nº 08, por meio de carta resposta de 24/05/2012, Anexo III, em desacordo, portanto, com a Lei nº 11.718, de 20/06/2008, tendo em vista a revogação do §4º do art. 25, da Lei nº 8.212/91. Informa o contribuinte: “Que a diferença de bases de cálculos é devido às compras de produto animal destinado á reprodução ou criação pecuária e granjeira, que conforme legislação vigente na época não integra a base de cálculo da contribuição à produção rural que são deles:20251 Matrizes Suínas, 40062 Pinto de 1 dia, 40063 Suíno vivo (leitão) e 40064 Ovos Férteis. Da incidência de contribuições previdenciárias sobre a aquisição de produção rural de pessoa física, no período de 06/2007 a 05/2008. Para o período de 06/2007 a 05/2008, o citado §4º do art. 25, da Lei nº 8.212/91, concedia isenção na aquisição de produção rural, de origem animal, desde que a empresa apresentasse as seguintes destinações ou finalidades: Reprodução ou Fl. 723DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 4 5 criação pecuária ou granjeira; ou utilização de animais como cobaias para fins de pesquisas cientificas. Instado, por meio do Termo de Intimação nº 09, de 06/06/2012, a identificar a correta destinação da produção rural de origem animal, da qual afirmava tratarse de produção isenta, o contribuinte não atendeu a solicitação nos exatos termos acima. E da análise dos documentos apresentados, tais como cartas respostas, Notas Fiscais, Livros de Entrada de Mercadorias e outros demonstrativos, não se verificou que a aquisição de produção rural de origem animal tenha a destinação ou finalidade enquadrada na isenção contida no §4º do art. 25, da Lei nº 8.212/91. Registra que ficou constatado que o contribuinte não inclui em folha de pagamento nem em GFIP todos os fatos geradores de contribuição previdenciárias, por esta razão foi solicitado por meio de termo de intimação que o contribuinte identificasse de forma individualizada todos os pagamentos efetuados à prestadores de serviço pessoa física, tendo sido considerado a base de cálculo, em relação a aquisição de produção rural, todos os valores constantes, mensalmente, das planilhas do Anexo IV , apresentado com a segregação temporal dos fatos geradores, em face da alteração do art. 25, § 4º da Lei nº 8.212/91, em dois demonstrativos: Demonstrativo Pr Produção Rural Adquirida De Pessoa Física, no período de 06/2007 a 05/2008 e Demonstrativo Pr –Produção Rural Adquirida De Pessoa Física, no período de 06/2008 a 12/2008. Destaca ainda a fiscalização que além das contribuições previdenciárias a que se refere o art. 25 da Lei nº 8.212/91, é devido pelo sujeito passivo a contribuição de 0,2% a outras entidades e fundos Terceiros SENAR, de acordo com o art. 6º da Lei nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997, com redação da Lei nº 10.256, de 09 de julho de 2001. DA MULTA APLICADA Esclarece o autuante que, em razão das alterações trazidas pela Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, e, tendo em vista o disposto no art. 106 do Código Tributário Nacional – CTN, a multa calculada na ação fiscal geradora destes autos foi a resultante do confronto entre a multa de ofício de 75% com as multas capituladas nos Códigos de Fundamentação Legal 68 (apresentar a empresa a GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias), somada à multa de mora de 24%, prevista no art. 35 da Lei 8.212/91, sobre as contribuições devidas e não recolhidas, resultando como mais benéfica ao sujeito passivo, a multa de oficio de 75% sobre o valor devido, prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96, conforme tabela de fls. 66/67. DA REPRESENTAÇÃO FISCAL Dispõe que a situação acima descrita de redução de contribuição social mediante a não inclusão de segurados ou remunerações em folha de pagamento e/ou GFIP, em época própria, configuram, em tese, crime de sonegação de contribuição previdenciária, previsto no art. 337A do Código Penal, com redação dada pela Lei nº 9983, de 14/07/2000, e, portanto, será objeto de Representação Fiscal Para Fins Penais, com comunicação à autoridade competente para providências cabíveis. DA IMPUGNAÇÃO Fl. 724DF CARF MF 6 Tempestivamente, a autuada apresentou a impugnação de fls. 650/ 661, para todos os autos de infração lavrados nesta ação fiscal, inclusive os decorrentes de descumprimento de obrigação acessórias, juntando a documentação de fls. 662/666, que comprovam a capacidade postulatória dos advogados que a assinam, com as seguintes alegações, em apertada síntese: DAS PRELIMINARES Do Cerceamento de Defesa Aduz em preliminares que após análise dos autos (Discriminativo do Débito DD e anexos) verificou que alguns lançamentos não foram realizados de maneira clara e precisa quanto à base de cálculo dos lançamentos, prejudicando assim o contraditório por parte do contribuinte. Afirma que o lançamento fiscal deve discriminar os fatos geradores das contribuições previdenciárias de forma clara e precisa, bem como suas bases de cálculo, sob pena de cerceamento de defesa. E que no caso do presente auto pode constatar que os lançamentos foram realizados sem a demonstração do montante que compõe as bases de cálculo pertinentes. DO MÉRITO Incidência de Contribuição Previdenciária sobre Fretes pagos à Pessoa Física (Autônomos). Relata que o Anexo III do Auto de Infração embora relacione os autônomos não visualizados na folha de pagamento nas competências 06/2007 a 12/2008, constatase que os valores ali informados não encontram correspondência com os valores apurados, pelo autuante, no Discriminativo do Débito – DD, assim requer a desconsideração da exigência fiscal. Incidência de Contribuição Previdenciária Aquisição de Produção Rural de Pessoa Física. Informa que conforme se depreende do esclarecimento prestado pela recorrente, a diferença das bases de cálculo sobre a aquisição de produção rural de pessoa física está relacionada com a isenção concedida pelo art. 25, §4º da Lei nº 8.212/91, revogado pelo art. 12 da Lei nº 11.718, de 23 de junho de 2008. Afirma que a empresa explora a atividade de pecuária, com engorda e abate de aves e suínos, iniciando o seu processo econômico com a reprodução do animal juvenil e sua engorda até o abate, que é realizado em estabelecimento de terceiros (integrado). Informa ainda que as aquisições de produtos animais são destinadas à reprodução e/ou criação pecuária ou granjeira, portanto, não integram a base de cálculo da contribuição previdenciária. E que além disso não existe na legislação previdenciária qualquer disposição, no sentido de que o contribuinte tenha a obrigação de comprovar o disposto no texto legal, ou seja comprovar a destinação da aquisição do produto animal. Na sequência, aduz que tendo em vista que a publicação da Lei nº 11.718/08, ocorreu em 23/06/2008, em respeito ao princípio da anterioridade nonagenal (art. 195, §6º, CF/88) entende pela incidência da contribuição nas condições acima apenas a partir de 21/09/2008, sendo responsabilidade da Receita Federal do Brasil especificar a competência do fato gerador e a apuração da sua base de cálculo, de forma clara e precisa para fins do efetivo recolhimento previdenciário, de parcela relativa a período posterior, de 21/09/2008 a 31/12/2008, o que não foi realizado. Fl. 725DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 5 7 Das Obrigações Acessórias A impugnante insurgese contra os autos de infração nos códigos de Fundamentação Legal CFL 30, 34 e 35, afirmando que no decorrer da defesa e da ação fiscal pode demonstrar o cumprimento das obrigações a ela inerentes, inclusive forneceu todas as informações solicitadas. Entretanto, a autoridade fiscal entendeu que a falta de apresentação de documentação se deu por não ter a recorrente instruído a relação de documentos, sem a informação do desconto do segurado contribuinte individual – Transportador Autônomo, o que obrigou a fiscalização a aferir em 11% os descontos do segurado transportador pessoa física. Entende a recorrente que apresentou as informações cadastrais, financeiras e contábeis como requerido pela lei, e que não é obrigada pelos artigos 32 e 225 a efetuar os cálculos que pretende a autoridade fiscal, sendo, portanto, improcedente a autuação. Ante o exposto e considerando serem indevidos os lançamentos relativos a obrigação principal restam prejudicadas as obrigações acessórias, não havendo que se falar em penalidade. Requer então a total improcedência dos créditos previdenciários ora lançados. A DRJ/BSB considerou a impugnação improcedente, conforme se extrai da ementa da decisão fustigada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2008 AIOP DEBCAD nº 37.379.2387 (Empresa) 37.379.2395 (Segurado) 37.379.2409 (Terceiros) CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DE TERCEIROS. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. SUBROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. A empresa adquirente de produtos rurais fica subrogada nas obrigações da pessoa física produtora rural pelo recolhimento da contribuição incidente sobre a receita bruta da comercialização de sua produção, nos termos e nas condições estabelecidas pela legislação previdenciária Decisão do STF com efeito inter partes, sem repercussão geral, não alcança os contribuintes que não são parte no processo. A autoridade administrativa, por força de sua vinculação ao texto da norma legal, e ao entendimento que a ele dá o Poder Executivo, devese limitar a aplicála, não tendo competência para declarar norma inconstitucional. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO DOS SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. Fl. 726DF CARF MF 8 São devidas pela empresa e equiparados as contribuições sociais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados e contribuintes individuais que lhes prestem serviços. CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS. A empresa é obrigada a arrecadar, mediante desconto das remunerações, e recolher à Seguridade Social, as contribuições dos segurados a seu serviço, conforme previsto nas Leis nº 8.212/91 e nº 10.666/93. CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS A TERCEIROS. RECOLHIMENTO. A empresa é obrigada a recolher as contribuições destinadas aos Terceiros, no mesmo prazo que a Lei 8.212/91 prescreve para as contribuições previdenciárias a seu cargo, bem como para as que, por imposição legal, devem ser arrecadadas dos segurados a seu serviço. ARGUIÇÃO DE NULIDADE. INOCORRÊNCIA CERCEAMENTO DE DEFESA. Não há cerceamento de defesa se estão devidamente discriminados, na Autuação e seus anexos, os fatos geradores, as contribuições apuradas, bem assim a indicação de onde os valores foram extraídos e os dispositivos legais que amparam o lançamento, informações essas que possibilitam ao impugnante identificar, com precisão, os valores apurados e permitem o exercício do pleno direito de defesa e do contraditório. IMPUGNAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. As alegações apresentadas na impugnação devem vir acompanhadas das provas documentais correspondentes, sob risco de impedir sua apreciação pelo julgador administrativo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada a contribuinte apresentou recurso voluntário no qual repisa as mesmas razões trazidas na peça impugnatória. Por fim, reitera pedidos apresentados na impugnação. É o relatório. Fl. 727DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 6 9 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho – Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Questões Introdutórias Embora a contribuinte tenha apresentado contestação em relação ao descumprimento de obrigações acessórias no recurso objeto do presente processo (que trata exclusivamente de autuações decorrentes do anadimplemento de obrigações principais), os argumentos a esse respeito somente serão analisados no acórdão pertinente a essas obrigações acessórias, compreendido no Processo nº 10166.725182/201238. Preambularmente, cabe avaliar as seguintes asserções trazidas no apelo recursal: O auto de infração é um ato administrativo sempre regrado e vinculado (nunca discricionário ou arbitrário). Para merecer validade administrativa e eficácia jurídica deve preencher certos requisitos, tais como: 1º) Fundamentação fática, concreta e real, ocorrida e verificada, seja com a sua exteriorização, seja de sua materialização. Não cabe, portanto, o lançamento por mera diferença entre contas contábeis ou informes fiscais; 2º) Embasamento em motivos reais, idôneos e existentes, o que afasta qualquer obrigação tributária sem provas documentais e/ou periciais. Sobre o assunto, mesmo que a apelante não esclareça a finalidade de tais afirmações e não traga elementos que possam demonstrar quais os requisitos de validade lançamento teriam sido descumpridos, impende esclarecer que os documentos que integram os autos de infração: a) demonstram de forma clara e precisa os fundamentos jurídicos que levaram às autuações; e b) descrevem adequadamente a situação fática em que ocorreram as condutas infracionais. De mais a mais, os lançamentos encontramse devidamente motivados e estribados em elementos de prova aptos a lhes dar suporte. De todo modo, todas essas questões serão apreciadas no decorrer do presente voto, não cabendo aqui maiores digressões a seu respeito. Fl. 728DF CARF MF 10 Preliminar Cerceamento de Defesa Ao argumento de que o auto de infração deve discriminar os fatos geradores das contribuições previdenciárias de forma clara e precisa, bem como suas bases de cálculo, alega a recorrente que seu direito de defesa teria sido cerceado em vista de alguns lançamentos não terem observado tais requisitos (clareza e precisão). Aduz que o Discriminativo do Débito – DD não teria demonstrado adequadamente a composição do crédito tributário, impossibilitando seu entendimento e prejudicando o exercício do contraditório. Para o exame dessas alegações é preciso analisar outros documentos que integram os Autos de Infração, além do Discriminativo do Débito – DD. O Relatório Fiscal (fls. 53/69) esclarece que o “crédito tributário objeto do presente lançamento fiscal referese às Contribuições previdências incidentes sobre: Aquisição de Produção Rural do Produtor Pessoa Física, e Pagamentos a contribuinte individual, inclusive fretes pagos a transportador autônomo, não declaradas em GFIP”. Em seguida, apresenta quadro em que detalha a sistemática de cálculo das contribuições apuradas em cada Auto de Infração, indicando, inclusive a base de cálculo sobre a qual incidiram as contribuições. Vejamos: DEBCAD DESCRIÇÃO 37.379.2387 a) Contribuições da empresa, de 2% incidentes sobre aquisição de produção rural, proveniente de produtor pessoa física; b) Contribuição da empresa, de 0,1% para Financiamento Risco Ambientais (RAT), incidente sobre aquisição produção rural; c) Contribuições da empresa de 20% incidentes sobre a base de cálculo referente a fretes pagos a transportadores autônomos; d) Contribuições da empresa de 20% sobre pagamento de despesas dos sócios, pró labore Indireto. 37.379.2395 e) Contribuições do segurado contribuinte individual de 11% sobre base de cálculo dos pagamentos de fretes; 37.379.2409 f) Contribuições da empresa, de 0,2% destinadas aos terceiros ( SENAR) incidentes sobre aquisição de produção rural; g) Contribuições de 2,5% destinadas aos terceiros (SEST e SENAT) incidentes sobre a base de cálculo dos valores pagos ou devidos a fretes de transportadores autônomos Na sequência do relato fiscal, apresentase outro quadro em que consta a descrição do fatos geradores omitidos em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP com a indicação das fontes de informação que deram suporte ao lançamento: Categoria segurados Fatos Geradores de contribuições previdenciárias Identificação C on tr ib ui nt e In di vi d ua l a) Fretes pagos ou devidos ao transportador autônomo, pessoa física; b) Pagamento PróLabore Indireto ao Sócio Aroldo Silva Amorim Filho, CPF 183.825.68149 Escrituração contábil meio digital, e planilha em meio digital elaborada pelo contribuinte Sub rogação Aquisição de produção rural proveniente de Pessoa Física (art. 30, III, cc art. 25, §3°, da Lei 8.212/91 Livro entradas mercadorias e escrituração contábil em meio digital fornecida pelo contribuinte Fl. 729DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 7 11 Há ainda no Relatório Fiscal um extenso relato sobre os procedimentos adotados para a apuração das bases de cálculos das contribuições, onde é apontado que os fatos geradores e as respectivas bases de cálculos de das contribuições foram identificados na escrituração contábil e fiscal do sujeito passivo, além de demonstrativos elaborados pela própria contribuinte. Esclarece ainda o Relatório que foram consideradas para a composição das bases de cálculo: a) com relação à aquisição de produção rural, todos os valores constantes mensalmente das planilhas do ANEXO IV (fls. 216/230), com a segregação temporal dos fatos geradores em face da alteração do art 25, § 4º, da Lei 8.212/1991, em dois demonstrativos daquele anexo: Demonstrativo PR Produção Rural adquirida de pessoa física, período de 06/2007 a 05/2008 (fls. 216/224); e Demonstrativo PF – Produção Rural adquirida de Pessoa Física, período de 06/2008 a 12/2008 (225/230). b) quanto aos pagamentos de fretes a transportadores autônomos (208/215) e pro labore indireto (fl. 207) pago ao sócio Aroldo Filho, os valores encontramse relacionados no Anexo III (fls. 207/215), sendo que: a planilha de fl. 207 detalha o pro labore indireto pago ao sócio; e a planilha de fls. 208/215 relaciona os fretes a transportadores autônomos, vinculandoos a cada prestador de serviços. Para concluir o tópico do Relatório Fiscal que descreve os procedimentos para apuração das bases de cálculos das contribuições, a autoridade autuante informa que “os lançamento fiscais que agregam os valores, por mês de competência, encontramse contidos no Discriminativo de Débito (DD), integrante do presente auto de infração, e são identificados pelos códigos de levantamentos, de acordo com a natureza das contribuições previdenciárias:” Código Desc. Levantamento FA Frete Transp. Autônomo Contribuição empresa RT Frete Transp. Autônomo Contribuição segurado/ret 11% PF Produção Rural período 06/2007 a 05/2008 PR Produção Rural período 06/2008 a 12/2008 PI PróLabore Indireto Todos esses apontamentos deixam patente que os autos de infração e os documentos que os compõem descrevem, de forma absolutamente clara e precisa, os fatos geradores e as bases de cálculo do lançamento. Somente quem não se tenha dado ao trabalho de examinar, mesmo que superficialmente, as peças processuais pode chegar a conclusão diversa. É preciso que a recorrente tenha a compreensão de que o Discriminativo do Débito – DD não é o único documento que integra um auto de infração. Desse modo, para que se possa preparar impugnação ou recurso minimamente consistentes, seu representante deve examinar as peças processuais em seu conjunto, o que inclui o Relatório Fiscal e os demais anexos que integram os autos, e não simplesmente apresentar alegação genérica sem qualquer respaldo na verdade dos autos. Vejase que o sujeito passivo apegase a um único documento no intuito de demonstrar a existência de vício em todo o feito fiscal sob o quimérico argumento de que “a Sociedade restou impossibilitada de entender alguns valores dos Autos de Infração”, o que impõe rejeitar a presente preliminar. Fl. 730DF CARF MF 12 Mérito Incidência de Contribuição Previdenciária sobre Fretes pagos à Pessoa Física (Autônomos) Sobre esse ponto, infere a recorrente que a exigência fiscal deve ser desconsiderada, pois os valores informados no Anexo III (que relaciona as remunerações pagas em virtude de serviços prestados por autônomos não inseridos em folha de pagamento nas competências 06/2007 a 12/2008) não encontram correspondência com aqueles especificados no Discriminativo do Débito – DD. Para que se tenha uma melhor compreensão sobre a forma de calcular as contribuições incidentes sobre os valores pagos a contribuintes individuais incidentes sobre serviços de frete ou carreto, cumpre visitar a legislação afeta as esses tributos. De acordo com o inciso III do art. 22 da Lei nº 8.212/1991, a empresa contribuirá para a Previdência Social com 20% (vinte por cento) sobre o total das remunerações pagas a contribuintes individuais a seu serviço. Confirase: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: [...] III vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços; O art. 21 da mesma lei estabelece que a contribuição previdenciária do próprio contribuinte individual será de 20% sobre o seu saláriodecontribuição, sendo que o § 26 do art. 216 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999 define que a alíquota da contribuição dos contribuintes individuais é de 11% (onze por cento) e será descontada pelas empresas tomadoras de serviços dessa espécie de segurado e repassadas à Previdência Social: Lei nº 8.212/ 1991. Art. 21. A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo será de vinte por cento sobre o respectivo saláriodecontribuição. Regulamento da Previdência Social – RPS Art.216. A arrecadação e o recolhimento das contribuições e de outras importâncias devidas à seguridade social, observado o que a respeito dispuserem o Instituto Nacional do Seguro Social e a Secretaria da Receita Federal, obedecem às seguintes normas gerais: [...] § 26. A alíquota de contribuição a ser descontada pela empresa da remuneração paga, devida ou creditada ao contribuinte individual a seu serviço, observado o limite máximo do salário decontribuição, é de onze por cento no caso das empresas em geral e de vinte por cento quando se tratar de entidade beneficente de assistência social isenta das contribuições sociais patronais.(Incluído pelo Decreto nº 4.729, de 2003) Fl. 731DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 8 13 Com relação às contribuições para o Serviço Social do Transporte SEST, e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte – SENAT, a combinação do inciso II do art. 7º da Lei nº 8.706/1993 com as alíneas “b” dos incisos I e II do art. 1º do Decreto nº 1.007/1993 é que dá o contorno dessas exações, prescrevendo que o somatório de suas alíquotas totaliza 2,5% sobre o salário de contribuição previdenciária dos transportadores rodoviários autônomos, definido pelo inciso II do art. 2º do referido Decreto como sendo a parcela do frete, carreto ou transporte correspondente à remuneração paga ou creditada a transportador autônomo, nos termos definidos em regulamento. Ainda sobre essas contribuições, a alínea do § 3º do art. 2º do Decreto nº 1.007/1993 atribui às empresas tomadoras de serviços de transporte de trabalhador autônomos a responsabilidade por seu recolhimento. Abaixo, a transcrição das disposições normativas referenciadas: Lei nº 8.706/1993. Art. 7º As rendas para manutenção do Sest e do Senat, a partir de 1º de janeiro de 1994, serão compostas: [...] II pela contribuição mensal compulsória dos transportadores autônomos equivalente a 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), e 1,0% (um inteiro por cento), respectivamente, do salário de contribuição previdenciária; [...] § 2º As contribuições a que se referem os incisos I e II deste artigo ficam sujeitas às mesmas condições, prazos, sanções e privilégios, inclusive no que se refere à cobrança judicial, aplicáveis às contribuições para a Seguridade Social arrecadadas pelo INSS. Decreto nº 1.007/1993 Art. 1° As contribuições compulsórias previstas nos incisos I e II do art. 7° da Lei n° 8.706, de 14 de setembro de 1993, são devidas a partir de 1° de janeiro de 1994 às entidades e nos percentuais abaixo indicados: [...] II pela contribuição mensal compulsória dos transportadores autônomos equivalente a 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), e 1,0% (um inteiro por cento), respectivamente, do salário de contribuição previdenciária; [...] b) 1,5% calculado sobre o salário de contribuição previdenciária dos transportadores rodoviários autônomos; [...] II ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat): Fl. 732DF CARF MF 14 [...] b) 1,0 % calculado sobre o salário de contribuição previdenciária dos transportadores rodoviários autônomos. [...] Art. 2° Para os fins do disposto no artigo anterior, considerase: [...] II salário de contribuição do transportador autônomo: a parcela do frete, carreto ou transporte correspondente à remuneração paga ou creditada a transportador autônomo, nos termos definidos no § 4° do art. 25 do Decreto n° 612, de 21 de julho de 1992. [...] §3° As contribuições devidas pelos transportadores autônomos serão recolhidas diretamente: a) pelas pessoas jurídicas tomadoras dos seus serviços; [...] Sobre a base de cálculo das contribuições de condutores autônomos, o § 4º do art. 201 do Regulamento da Previdência Social assinala que essa corresponde a 20% (vinte por cento) do valor relativo dos rendimentos resultantes desse tipo de serviço: Art.201. [...] [...] §4º A remuneração paga ou creditada a condutor autônomo de veículo rodoviário, ou ao auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, em automóvel cedido em regime de colaboração, nos termos da Lei nº 6.094, de 30 de agosto de 1974, pelo frete, carreto ou transporte de passageiros, realizado por conta própria, corresponde a vinte por cento do rendimento bruto. Vale lembrar ainda que o art. 4º da Lei nº 10.666/2003 obriga as empresas a arrecadar as contribuições devidas pelos contribuintes individuais que lhe prestem serviços, aí incluídos, por óbvio, os transportadores autônomos. Além do mais, ao estabelecer que as contribuições ao SEST e ao SENAT gozam dos mesmos privilégios aplicáveis às contribuições previdenciárias, o § 2º do art. 7º da Lei nº 8.706/1993 estende essa obrigação (de recolher as contribuições previdenciárias dos condutores autônomos) às contribuições devidas ao SEST e ao SENAT. Retornando ao inconformismo trazido no recurso, e no intuito de facilitar a compreensão da recorrente acerca desse assunto, convém reproduzir o item 15 do Relatório Fiscal que, com base na legislação de regência, evidencia a base de cálculo da contribuição em relação a fretes e carretos: a) Fretes pago a Autônomos 15. De acordo com o art. 201, § 4°, do RPS, aprovado pelo decreto 3.048/99, o salário de contribuição do condutor autônomo de veículo rodoviário (inclusive taxista), operador de máquina, bem como do cooperado filiado a cooperativa de transportadores autônomos, corresponde a Fl. 733DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 9 15 20% (vinte por cento), sobre os totais pagos e esses prestadores de serviços, a titulo de fretes, carreto, transporte, não admitindo deduções de qualquer valor relativo as dispêndios com o veículo. Portanto, a base de cálculo das referidas contribuições será considerada o valor correspondente a 20% de todos os pagamentos de fretes, por mês de competência, constantes do ANEXO III. (Grifei) No mesmo intuito, reproduzse mais uma vez o quadro trazido no Relatório Fiscal (agora somente na parte relativa aos transportadores autônomos) que descreve como se deve calcular contribuição da empresa, do transportador autônomo (contribuinte individual) e a contribuição destinada a outras entidades ou fundos, denominados terceiros (SEST e SENAT): DEBCAD DESCRIÇÃO 37.379.2387 c) Contribuições da empresa de 20% incidentes sobre a base de cálculo referente a fretes pagos a transportadores autônomos; 37.379.2395 e) Contribuições do segurado contribuinte individual de 11% sobre base de cálculo dos pagamentos de fretes; 37.379.2409 g) Contribuições de 2,5% destinadas aos terceiros (SEST e SENAT) incidentes sobre a base de cálculo dos valores pagos ou devidos a fretes de transportadores autônomos Vejase que não é preciso empreender grandes esforços para concluir que a base de cálculo das contribuições de transportadores autônomos é determinada pela multiplicação dos valores pagos a título de frete por 20% (base de cálculo da contribuição = Valor do frete x 20%). Para o cálculo contribuição propriamente dita, multiplicase a base de cálculo pela alíquota da contribuição, conforme segue: a) contribuição devida pela empresa (alíquota de 20%) Þ ívalor do frete x 20%ý x í20%ý; b) contribuição devida pelo transportador (alíquota de 11%) Þ ívalor do frete x 20%ý x í11%ý; c) contribuição devida pela empresa a terceiros SEST e SENAT (alíquota de 2,5%) Þ ívalor do frete x 20%ý x í2,5%ý. Base de Cálculo Base de Cálculo Base de Cálculo Alíquota Alíquota Alíquota Fl. 734DF CARF MF 16 De modo a exemplificar a sistemática de cálculo empreendida para todas as situações abordadas nas autuações, vejamos os valores apurados para a competência 06/2007 a título de frete, em relação ao estabelecimento de CNPJ nº 72.600.190/000431 (Anexo III – fl. 208): Considerandose que o valor apurado na competência 06/2007 foi de R$ 69.240,08, temos que o cálculo das contribuições será efetuado da seguinte forma: a) contribuição devida pela empresa (alíquota de 20%): Þ í R$ 69.240,08 x 20%ý x í20%ý = 2.769,60; b) contribuição devida pelo transportador (alíquota de 11%): Þ í R$ 69.240,08 x 20%ý x í11%ý = 1.523,28; c) contribuição devida pela empresa a terceiros SEST e SENAT (alíquota de 2,5%) Þ Þ í R$ 69.240,08 x 20%ý x í2,5%ý = 346,20. Desse modo, para sabermos se o argumento da recorrente (de que valores informados no Anexo III ao Auto de Infração não encontram correspondência com aqueles especificados no Discriminativo do Débito – DD) tem ou não fundamento, vejamos o que consta de referido discriminativo (coluna “TOTAL LÍQUIDO”) para cada um dos autos de infração, também em relação à competência 06/2007: Base de Cálculo Base de Cálculo Base de Cálculo Alíquota Alíquota Alíquota Valor da contribuição Valor da contribuição Valor da contribuição Fl. 735DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 10 17 a) Debcad 37.379.2387 Contribuições da empresa de 20% incidentes sobre a base de cálculo referente a fretes pagos a transportadores autônomos: b) Debcad 37.379.2395 Contribuições do segurado contribuinte individual de 11% sobre base de cálculo dos pagamentos de fretes: c) Debcad 37.379.2409 Contribuições da empresa de 2,5% destinadas aos terceiros (SEST e SENAT) incidentes sobre a base de cálculo dos valores pagos ou devidos a fretes de transportadores autônomos: Apercebase que os valores os valores informados no Discriminativo do Débito – DD para a competência 06/2007 equivale exatamente ao das contribuições calculadas na forma da legislação aplicável, o mesmo ocorrendo em relação às demais competências e Fl. 736DF CARF MF 18 estabelecimento. Carece, portanto, de razão as assertivas insertas na peça recursal quanto a esse ponto, o que impõe negarlhe de provimento, neste ponto. Incidência de Contribuição Previdenciária Aquisição de Produção Rural de Pessoa Física A respeito dessa matéria, o principal argumento da recorrente é no sentido de que a diferença das bases de cálculo sobre a aquisição de produção rural de pessoa física está relacionada com a isenção concedida pelo art. 25, § 4º da Lei nº 8.212/91, revogado pelo art. 12 da Lei nº 11.718, de 23 de junho de 2008. Segundo informa, explora a atividade de pecuária, com engorda e abate de aves e suínos, iniciando o seu processo econômico com a reprodução do animal juvenil e sua engorda até o abate, que é realizado em estabelecimento de terceiros. Os produtos animais que adquire, infere, destinamse à reprodução e ou criação de pecuária ou granjeira, portanto, não integram a base de cálculo da contribuição previdenciária. Finaliza expressando entendimento no sentido de que tendo em vista que a publicação da Lei nº 11.718/08 ocorreu em 23/06/2008, em respeito ao princípio da anterioridade nonagesimal (art. 195, § 6º, CF/88) a incidência da contribuição somente seria válida a partir de 21/09/2008. De fato, à época dos fatos geradores objeto dos lançamentos, vigorou, até o advento da Lei nº 11.718/2008 o § 4º do art. 25 da Lei nº 8.212/1991, que isentava da contribuição do empregador rural pessoa física, incidente sobre a receita bruta da comercialização de produtos rurais, a produção animal destinada a reprodução ou criação pecuária ou granjeira. Por certo, como a lei que revogou do benefício fiscal foi publicada em 23/06/2008, à luz do § 6º do art. 195 da Constituição, que estabelece que as contribuições destinadas à Seguridade Social somente poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, a comercialização dos produtos rurais compreendidos no § 4º do art. 25 da Lei 8.212/1991 somente será submetida a tributação pela contribuição previdenciária substitutiva a partir de 22/09/2008. Ocorre que embora afirme que os produtos animais adquiridos de empregadores pessoas físicas destinamse à reprodução e ou criação de pecuária ou granjeira, a recorrente não trouxe qualquer indício de prova nesse sentido. A esse respeito, vejamos o que consta do relato fiscal: IX. Da Incidência de Contribuições sobre aquisição de produção rural de pessoa física período 06/2007 a 05/2008: 27. Nos meses fiscalizados de 06/2007 a 05/2008, o art 25, § 4o, da Lei 8.212/91, concede isenção na aquisição de produção rural, de origem animal, desde que a mesma apresente as seguintes destinações ou finalidade: a) Reprodução ou criação pecuária ou granjeira; b) Ou Utilização de animais como cobaias para fins de pesq uisas cientificas. 28 Dessa forma, por meio do termo de Intimação 09, de 06/06/2012, solicitou se o fiscalizado a correta identificação e destinação da produção rural de origem animal, no qual afirmava tratarse de produção que não integrava a base de cálculo: 1) Identificar a correta finalidade ou destinação da aquisição da produção rural de origem animal discriminados na planilha do ANEXO I. Essa Fl. 737DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 11 19 identificação deve ser individualizada para cada lançamento, no qual a empresa deverá assinalar a destinação ou finalidade da compra, com um dos enquadramentos a seguir: I) Reprodução/Criação ou Granjeira, no âmbito da própria empresa, inclusive em regime de parcerias devidamente comprovadas; ou II) Aquisição destinada à comercialização ou consumo 29. Decorrido o prazo assinalado acima, o sujeito passivo não atendeu a solicitação nos exatos termos acima. 30. Desse modo, a aquisição da produção rural, de origem animal, no período de 06/2007 a 12/2008, ANEXO IV Demonstrativo PF, será levada à tributação nos termos no art. 25, § 3o, da Lei 8.212/91, in verbis: Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: (Redação dada pela Lei n° 10.256, de 2001) (...) § 3º Integram a produção, para os efeitos deste artigo, os produtos de origem animal ou vegetal, em estado natural ou submetidos a processos de beneficiamento ou industrialização rudimentar, assim compreendidos, entre outros, os processos de lavagem, limpeza, descaroçamento, pilagem, descascamento, lenhamento, pasteurização, resfriamento, secagem, fermentação, embalagem, cristalização, fundição, carvoejamento, cozimento, destilação, moagem, torrefação, bem como os subprodutos e os resíduos obtidos através desses processos. (Parágrafo acrescentado pela Lei n 0 8.540, de 22.12.92) 30. Observase que a contribuição incide, também, quando a aquisição da produção rural for destinada para fins diversos daqueles que asseguram a isenção. Assim, diante de o fato que o contribuinte não comprovou mediante suporte documental que tais destinações estavam em consonância com as atividades isentas mencionadas no dispositivo legal, a aquisição de produção rural constante do ANEXO IV Demonstrativo PF, constitui base de incidência das contribuições. 31. A isenção ou não incidência decorre sempre de Lei, na qual se indica expressamente os produtos ou atividades, objeto da isenção, gozando do beneficio tributário, portanto, somente quando o contribuinte demonstrar de forma inequívoca que os produtos e/ou atividades econômicas estão incluídos nos rol das isenções, o que não foi comprovado pela empresa fiscalizada. Diante do que fora evidenciado no Relatório de Fiscalização, o sujeito passivo justificou a falta de apresentação de documentos que pudessem comprovar seu mencionado direito a isenção, tanto na impugnação quanto no recurso voluntário, com a inusitada assertiva de que, “da análise da Legislação Previdenciária, não há qualquer disposição no sentido de que o contribuinte tenha a obrigação o disposto no texto legal, ou seja, a destinação da aquisição do produto animal”. Extraise do art. 373 do novo Código de Processo Civil que: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Fl. 738DF CARF MF 20 II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. No caso concreto, a Fazenda Pública logrou comprovar que a recorrente adquiriu produtos rurais de empregadores pessoas físicas, o que lhe gera o direito de exigir desta as contribuições sociais decorrentes desse tipo de operação. Por outro lado, mesmo após as inúmeras oportunidades que lhe foram ofertadas, a recorrente não apresentou qualquer traço de prova que pudesse desconstituir ou modificar o lançamento. Ademais, sobre esse ponto, não se pode deixar de fazer referência ao inciso III e ao § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, norma que regula o processo administrativo fiscal em âmbito federal, e impõe ao recorrente a apresentação de provas aptas a comprovar as alegações recursais, ainda na fase impugnatória. In verbis: Art. 16. A impugnação mencionará: [..] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Sem razão a recorrente também com relação à matéria ora analisada. Conclusão Ante o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 739DF CARF MF
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Numero do processo: 10183.908046/2011-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-000.940
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1933; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10183.908046/201192 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201000.940 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 29 de junho de 2017 Assunto COMPENSAÇÃO Recorrente RODOBENS MÁQUINAS AGRÍCOLAS S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo contribuinte supra identificado em face do acórdão da DRJ Florianópolis/SC que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se requerer a reforma do despacho decisório exarado pela repartição de origem. De acordo com o despacho decisório, o crédito informado na Declaração de Compensação já se encontrava integralmente alocado a outro débito do sujeito passivo, decorrendo daí a não homologação da compensação declarada. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o reconhecimento do direito à restituição da contribuição recolhida sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento, em face da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento submetido à sistemática da repercussão geral, cujo teor deve ser reproduzido pelos Conselheiros do CARF, por força do disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 83 .9 08 04 6/ 20 11 -9 2 Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10183.908046/201192 Resolução nº 3201000.940 S3C2T1 Fl. 3 2 A decisão da DRJ Florianópolis/SC, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na falta de comprovação da liquidez e certeza do crédito, dada a ausência de retificação tempestiva da DCTF. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando a existência do crédito tributário postulado e requerendo a integral homologação da compensação declarada, tendose em conta o princípio da verdade material que exige o aprofundamento da investigação dos fatos por parte da Fiscalização, em face do conjunto probatório por ele produzido. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3201000.905, de 29/06/2017, proferido no julgamento do processo 10530.904837/201156, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201000.905): A questão em apreço se resolveria pela aplicação do decidido pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral, conforme ementa a seguir transcrita: "RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98." (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 27 112008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL0234310 PP02009 RTJ VOL0020802 PP00871 ) Temse, então, que o § 1° do art. 3° da Lei 9.718/98 foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Como sabido, a aplicação do decidido pela Corte Suprema em sede de repercussão geral é de aplicação obrigatória por parte deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, conforme se depreende da redação do art. do RICARF: "Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10183.908046/201192 Resolução nº 3201000.940 S3C2T1 Fl. 4 3 (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal o u do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016)" A jurisprudência deste colegiado administrativo é pacífica em relação ao tema. Vejamos: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/09/2001 a 30/09/2001 COFINS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62 DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B). Assim, deve ser aplicado o disposto no art. 62 do Regimento Interno do Carf, o que implica a obrigatoriedade do reconhecimento da inconstitucionalidade do referido dispositivo legal." (Processo 11516.002621/200719; Acórdão 3401003.239; Conselheiro LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO, Sessão de 26/09/2016) Ocorre que, no caso em debate tanto o despacho decisório, quanto a decisão proferida em sede de manifestação de inconformidade informam não estar comprovada a certeza e a liquidez do direito creditório. A decisão, portanto, foi no sentido de que inexiste crédito apto a lastrear o pedido da recorrente. No entanto, entendo como razoável as alegações produzidas pela recorrente aliado aos documentos apresentados nos autos, o que atesta que procurou se desincumbir do seu ônus probatório em atestar a existência dos créditos alegados. A recorrente além das DCTF's apresentou planilha de cálculo, balancete e comprovante de arrecadação referente ao período em apreço e, por fim, juntamente com o seu recurso anexa o LivroRazão. Neste contexto, a teor do que preconiza o art. 373 do diploma processual civil, teve a manifesta intenção de provar o seu direito creditório, sendo que tal procedimento, também está pautado pela boafé. Saliento o fato de assistir razão à recorrente quando alega que a falta de retificação de declaração não tem o condão de tornar devido o que é indevido, sob pena de ofensa aos princípios da legalidade e da verdade material. Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10183.908046/201192 Resolução nº 3201000.940 S3C2T1 Fl. 5 4 Neste sentido já decidiu o CARF: "Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2002 CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os processos referemse a períodos diferentes, o que ocasiona fatos jurídicos tributários diferentes, com a consequente diferenciação no que concerne à produção probatória, impossibilitando a conexão. FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Ainda que o sujeito passivo não tenha retificado a DCTF, mas demonstre, por meio de prova cabal, a existência de crédito, a referida formalidade não se faz necessária. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2002 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585235 QORG." (Processo 10280.905801/2011 89; Acórdão 3302003.619; Conselheira SARAH MARIA LINHARES DE ARAÚJO PAES DE SOUZA; Sessão de 21/02/2017) (nosso destaque) Recentemente, em questão similar, em processo relatado pela Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário (10830.917695/201111 Resolução 3201000.848), esta Turma por unanimidade de votos, decidiu em converter o julgamento em diligência, conforme a seguir transcrito: "Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora." Do voto da relatora destaco: "Na hipótese dos autos, observase que não houve inércia do contribuinte na apresentação de documentos. O que se verifica é que os documentos inicialmente apresentados em sede de Manifestação de Inconformidade se mostraram insuficientes para que a Autoridade Julgadora determinasse a revisão do crédito tributário. E, imediatamente após tal manifestação, em sede de Recurso Voluntário, foram apresentados novos documentos. Ademais, não se pode olvidar que se está diante de um despacho decisório eletrônico, ou seja, a primeira oportunidade concedida ao contribuinte para a apresentação de documentos comprobatórios do seu direito foi, exatamente, no momento da apresentação da sua Manifestação de Inconformidade. E, foi apenas em sede de acórdão, que tais documentos foram tidos por insuficientes. Sabese quem em autuações fiscais realizadas de maneira ordinária, é, em regra, concedido ao contribuinte diversas oportunidades de apresentação de documentos e esclarecimentos, por meio dos Termos de Intimação emitidos durante o procedimento. Assim, limitar, na autuação eletrônica, a oportunidade de apresentação de documentos à manifestação de inconformidade, aplicando a preclusão relativamente ao Recurso Voluntário, não me parece razoável ou isonômico, além de atentatório aos princípios da ampla defesa e do devido processo legal." Ademais, em casos análogos envolvendo a recorrente, este conselho administrativo nos processos 10530.902899/201123 e Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10183.908046/201192 Resolução nº 3201000.940 S3C2T1 Fl. 6 5 10530.902898/201189 decidiu por converter o julgamento em diligência através das Resoluções 3801000.816 e 3801000.815. Assim, entendo que há dúvida razoável no presente processo acerca da liquidez, certeza e exigibilidade do direito creditório, o que justifica a conversão do feito em diligência, não sendo prudente julgar o recurso em prejuízo da recorrente, sem que as questões aventadas sejam dirimidas. Diante do exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência à repartição de origem, para que possa ser apurado e informado, de modo pormenorizado, o valor do débito e do crédito existentes na data de transmissão dos PER/DCOMPs dos processos, bem como a existência do crédito postulado a partir de toda a documentação apresentada pelo contribuinte e outras diligências que possam ser realizadas a critério da autoridade competente, com a elaboração do devido relatório. Deve, ainda, a autoridade administrativa informar se há o direito creditório alegado pela recorrente e se o mesmo é suficiente para a extinção do débito existente tomando por base toda a documentação apresentada pelo contribuinte. Isto posto, deve ser oportunizada à recorrente o conhecimento dos procedimentos efetuados pela repartição fiscal, com abertura de vistas pelo prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, para que se manifeste nos autos e apresente documentos adicionais, caso entenda necessário, para, na sequência, retornarem os autos a este colegiado para prosseguimento do julgamento. Importante frisar que os documentos juntados pelo contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, também foram juntados em cópias nestes autos (planilha, balancete e/ou razão). Dessa forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, decido por converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora certifique a efetiva existência do crédito postulado, a partir dos documentos apresentados pelo contribuinte e por meio de outras diligências que se mostrarem necessárias, apurando os valores do débito e do crédito existentes na data de transmissão do PER/DCOMP, consignandoos em relatório pormenorizado. Após a realização da diligência, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 107DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10845.003447/00-16
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Aug 30 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Exercício: 1996
NULIDADE.
Não há que se falar em nulidade quando a decisão de primeira instância não modifica o fundamento legal originalmente indicado nos lançamentos.
DECADÊNCIA.
O início do prazo decadencial é determinado pelo inciso I do art. 173 do CTN, quando o pagamento antecipado não é comprovado.
INEXATIDÕES MATERIAIS.
As meras alegações da Recorrente desprovidas de comprovação efetiva de sua materialidade mediante a análise de todos os documentos que embasaram a escrituração não são suficientes para elidir a motivação fiscal do procedimento, tendo em vista que as provas já constantes nos autos constituem um conjunto probatório robusto de que o lançamento de ofício
não contém incorreções.
CSLL, IRRF, PIS e COFINS.
Tratando-se de lançamentos decorrentes, a relação de causalidade que informa os procedimentos leva a que os resultados do julgamento dos feitos reflexos acompanhem aqueles que foram dados ao lançamento principal.
Numero da decisão: 1801-000.323
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: Carmen Ferreira Saraiva
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Não há que se falar em nulidade quando a decisão de primeira instância não modifica o fundamento legal originalmente indicado nos lançamentos. DECADÊNCIA. O início do prazo decadencial é determinado pelo inciso I do art. 173 do CTN, quando o pagamento antecipado não é comprovado. INEXATIDÕES MATERIAIS. As meras alegações da Recorrente desprovidas de comprovação efetiva de sua materialidade mediante a análise de todos os documentos que embasaram a escrituração não são suficientes para elidir a motivação fiscal do procedimento, tendo em vista que as provas já constantes nos autos constituem um conjunto probatório robusto de que o lançamento de ofício não contém incorreções. CSLL, IRRF, PIS e COFINS. Tratando-se de lançamentos decorrentes, a relação de causalidade que informa os procedimentos leva a que os resultados do julgamento dos feitos reflexos acompanhem aqueles que foram dados ao lançamento principal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Fl. 1DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA 2 Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Substituta. EDITADO EM: Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (Presidente Substituta), Maria de Lourdes Ramirez, Guilherme Pollastri Gomes da Silva (suplente convocado), José Sérgio Gomes (suplente convocado), André Almeida Blanco (suplente convocado) e Marcos Vinicius Barros Ottoni (suplente convocado). Ausentes justificadamente a Conselheira Ana de Barros Fernandes (Presidente) e o Conselheiro Rogério Garcia Peres. Relatório I - Contra a contribuinte acima identificada foi lavrado o Auto de Infração às fls. 06/09, com a exigência do crédito tributário no valor de R$13.862,05, a título de Imposto Sobre a Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, juros de mora e multa de ofício proporcional, referente ao quarto trimestre do ano-calendário de 1995 apurado pelo regime de tributação com base no lucro presumido. A infração se fundamenta na omissão de receitas em decorrência saldo credor de caixa, conforme Demonstrativo do Fluxo de Caixa, fl. 33 e Termo de Verificação e Constatação Fiscal, fls. 26/27, onde está descrita a metodologia utilizada de levantamento do fluxo de caixa pelo saldo final mensal: soma dos valores do saldo inicial e do total das entradas, bem como diminuição do total das saídas de recursos. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: §3º do art. 532, art. 739 e art. 892, todos do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto de n.º 1.041, de 11 de janeiro de 1994. Em decorrência de serem os mesmos elementos de provas indispensáveis à comprovação dos fatos ilícitos tributários foram constituídos os seguintes créditos tributários pelos lançamentos formalizados neste processo: II – O Auto de Infração às fls. 10/13 a exigência do crédito tributário no valor de R$5.544,79 a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, juros de mora e multa de ofício proporcional. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: §§ do art. 2º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, 57 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, art. 1º da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, art. 43 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992 e art. 3º da Lei nº 9.064, de 20 de junho de 1995. III – O Auto de Infração às fls. 14/17 a exigência do crédito tributário no valor de R$19.219,67 a título de Imposto sobre a Renda Retido na Fonte – IRRF, juros de mora e multa de ofício proporcional. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 739 do RIR, de 1994, art. 44 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992 e art. 3º da Lei nº 9.064, de 20 de junho de 1995 e art. 62 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. IV - O Auto de Infração às fls. 18/21 com a exigência do crédito tributário no valor de R$415,85 a título de Contribuição para o Programa de Integração Social - PIS, juros de mora e multa de ofício proporcional. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: alínea “b” do art. 3º da Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, parágrafo único do art. 1º da Lei Complementar nº 17, de 12 de dezembro de 1973, e itens I e II da alínea “b” da Seção 1 do Capítulo 1 do Título 5 do Regulamento do PIS/Pasep, aprovado pela Portaria MF nº 142, de 15 de julho de 1982, art. 43 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992 e art. 3º da Lei nº 9.064, de 20 de junho de 1995, inciso I do art. 2º, art. 3º, inciso I do art. 8º e art. 9º da Medida Provisória nº 1.212, de 25 de novembro de 1998, Lei nº 9.715, de 25 de Fl. 2DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10845.003447/00-16 Acórdão n.º 1801-00.323 S1-TE01 Fl. 425 3 novembro de 1998 e inciso I do art. 2º, art. 3º, inciso I do art. 8º e art. 9º da Medida Provisória nº 1.249, de 14 de dezembro de 1995. V – O Auto de Infração às fls. 22/25 com a exigência do crédito tributário no valor de R$1.108,95 a título de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins, juros de mora e multa de ofício proporcional. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 1º, art. 2] e art. 3º da Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, art. 43 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992 e art. 3º da Lei nº 9.064, de 20 de junho de 1995. Cientificada em 28/12/2000, fls. 06, 10, 14, 18 e 22, a Recorrente apresentou a impugnação em 03/01/2001, fls. 58/83, aduzindo que a exigência é improcedente. Informa que inexiste saldo credor de caixa, uma vez que o saldo correto da conta duplicatas em janeiro de 1995 é no valor de R$185.770,70, o que gerou erros nos meses subseqüentes com um estorno na conta de “duplicatas a pagar” no valor de R$15.306,73. Acrescenta que a Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, fere o Código Tributário Nacional (CTN) e a Constituição da República Federativa do Brasil (CR). Defende que devem ser aplicadas as disposições da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, nos termos do art. 106 do CTN. Discorda da incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Selic. Indica a legislação que rege a matéria e princípios que alega foram violados e ainda entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Intimada do Termo de Diligência – Relatório Conclusivo, fls. 357/362, em 13/07/2009, a Recorrente em 23/07/2009, fls. 365/372, diz apresentar os extratos bancários indicando o fluxo de caixa, cujos valores se encontram devidamente registrados na escrituração contábil e supostamente por ela comprovados. Não concorda, portanto, com as conclusões constantes no referido relatório. Está registrado como resultado do Acórdão da 4ª TURMA/DRJ/SPOI/SP nº 16-23.462, de 12/11/2209, fls. 375/386: “Impugnação Improcedente”. Consta que ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1995 SALDO CREDOR DE CAIXA - Não sendo apresentados os documentos solicitados pela diligência, para provar, como alega a Impugnante, que o saldo apurado pela fiscalização estava errado, prevalece o apurado durante os trabalhos de auditoria fiscal. INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO - A autoridade administrativa é incompetente para apreciar argüição de inconstitucionalidade de lei. TAXA SELIC. - Efetuada a cobrança de juros de mora em perfeita consonância com a legislação vigente, não há base para retificar ou elidir os acréscimos legais lançados. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA 4 AUTOS REFLEXOS - IRRF, PIS, COFINS e CSLL - O decidido, no mérito do IRPJ, repercute na tributação reflexa. Notificada em 01/12/2009, fl. 391, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 17/12/2009, fls. 392/414, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Suscita que a decisão de primeira instância é nula e que houve manutenção parcial da exigência com a “alteração da fundamentação legal da exigência de multa de lançamento ex-officio para multa de mora, o que não lhe era dado fazer”. Expõe que os créditos tributários foram alcançados pela decadência, haja vista que são tributos regidos pelo lançamento por homologação. Reitera os argumentos apresentados na peça impugnatória. Conclui Diante do exposto, a RECORRENTE pede aos I. Conselheiros encarregados do exame e julgamento deste processo que examinem detidamente toda a argumentação acima exposta, quando então, constatada a improcedência da autuação, dar- lhe-ão provimento, para desobrigá-la do recolhimento de quaisquer quantias. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva - Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência. Assim, dele tomo conhecimento. A Recorrente alega que os atos administrativos são nulos. Os Autos de Infração foram lavrados por servidor competente que regularmente intimou a Recorrente para cumpri-los ou impugná-los no prazo legal. As formas instrumentais adequadas foram respeitadas, os documentos foram reunidos nos autos do processo, que estão instruídos com as provas produzidas por meios lícitos. Foi oferecida à interessada a oportunidade de apresentar, no prazo legal, a peça de defesa acompanhada de todos os meios de prova a ela inerentes. Ademais, o enfrentamento das questões na peça de defesa denota perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento e a indicação dos enquadramentos legais não propiciam a nulidade do ato em litígio. Este ato contém os elementos essenciais que lhe conferem existência, validade e eficácia no mundo jurídico. Com referência ao dever de lançar, esclareça-se que a autoridade administrativa possuindo competência privativa efetuou o lançamento, cuja atividade é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional (art 142 do Código Tributário Nacional - CTN). No presente caso o servidor competente verificou a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinou a matéria tributável, calculou o montante do tributo devido, identificou o sujeito passivo, aplicou a Fl. 4DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10845.003447/00-16 Acórdão n.º 1801-00.323 S1-TE01 Fl. 426 5 penalidade cabível e determinou a exigência com a regular intimação para que a Recorrente pudesse cumpri-la ou impugná-la no prazo legal (art. 10 e art. 14 do Decreto 70.235, de 1972). Ademais, foram-lhe asseguradas as garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa (inciso LIV e inciso LV do art. 5º da CR). No Acórdão da 4ª TURMA/DRJ/SPOI/SP nº 16-23.462, de 12/11/2209, fls. 375/386, cuja decisão se resume em “Impugnação Improcedente”, verifica-se que não consta qualquer modificação no fundamento legal originalmente indicado nos lançamentos em relação à aplicação da multa de ofício. Logo, não cabem reparos aos atos fiscais. Vale ressaltar que a decadência é uma objeção, ou seja, é matéria de ordem pública que pode ser conhecida a requerimento da parte ou de ofício, a qualquer tempo e em qualquer instância de julgamento (art. 269 do Código de Processo Civil – CPC). Sobre a matéria, o Código Tributário Nacional assim determina: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. [...] Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Em relação contribuições para o custeio da seguridade social, o Supremo Tribunal Federal assim se pronunciou mediante o enunciado da Súmula Vinculante nº 8, a saber: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Sobre a questão, vale ressaltar a jurisprudência administrativa, nos seguintes termos (fonte: www.carf.fazenda.gov.br em 04/03/2010): Nº Recurso 260667 -Número do Processo 36624.000641/2006-78 -Turma 5ª Câmara Contribuinte JPMORGAN CHASE BANK Tipo do Recurso Recurso Voluntário - Negado Provimento Por Unanimidade- Data da Sessão 04/05/2009 Fl. 5DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA 6 Relator(a) Marco André Ramos Vieira Nº Acórdão 2301-00283 -Tributo / Matéria Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal Decisão Ementa Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/10/1998 a 31/01/2004 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. TERMO A QUO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO ANTECIPADO SOBRE AS RUBRICAS LANÇADAS. ART. 173, INCISO I, DO CTN. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento sumulado, Súmula Vinculante de n º 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212 de 1991. Não tendo havido pagamento antecipado sobre as rubricas lançadas pela fiscalização, há que se observar o disposto no art. 173, inciso I do CTN. Encontram-se atingidos pela fluência do prazo decadencial parte dos fatos geradores apurados pela fiscalização. [...] Recurso Voluntário Negado Ainda em relação à matéria, cabe mencionar a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ proferida em recurso especial representativo da controvérsia (fonte: www.stj.gov.br em 20/06/2010): Processo AgRg no REsp 1120220 / PRAGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL2009/0016310-0 Relator(a) Ministro HAMILTON CARVALHIDO (1112) Órgão Julgador T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento 18/05/2010 Data da Publicação/Fonte DJe 02/06/2010 Ementa AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. 1. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, quando inocorre o pagamento antecipado pelo contribuinte, o prazo decadencial para o lançamento de ofício substitutivo é determinado pelo artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. 2. Orientação reafirmada pela Primeira Seção desta Corte, no julgamento do REsp nº 973.733/SC, Relator Ministro Luiz Fux, sob o rito dos recursos repetitivos (Código de Processo Civil, artigo 543-C). 3. Agravo regimental improvido. Acórdão Fl. 6DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10845.003447/00-16 Acórdão n.º 1801-00.323 S1-TE01 Fl. 427 7 Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Luiz Fux, Teori Albino Zavascki e Benedito Gonçalves (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator. Cabe esclarecer que os presentes Autos de Infração tratam de tributação com base no lucro presumido trimestral. É fato notório que os tributos constantes nos Autos de Infração estão sujeitos ao lançamento por homologação. O prazo decadencial referente ao quarto trimestre do ano-calendário de 1995 tem início em 01/01/1996 e a Recorrente foi cientificada dos Autos de Infração em 28/12/2000, fls. 06, 10, 14, 18 e 22. Deste modo, como não transcorreu o prazo de decadência de cinco anos, não tem fundamento o reconhecimento da decadência. A Recorrente defende que devem ser aplicadas retroativamente as disposições da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, nos termos do art. 106 do CTN. O CTN ordena: Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. [...] Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Assim, a Lei nº 8.981, de 1995 e a Lei nº 8.541, de 1992, aplicam-se aos lançamentos, cujos fatos geradores ocorreram em 30/11/1995. Não se impõe, por isso, as disposições de retroatividade constantes no art. 106 do CTN. Não devem ser aplicadas retroativamente as disposições da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Assim sendo, os lançamentos de ofício não contêm incorreções. A Recorrente discorda do procedimento fiscal, ao argumento de que o saldo correto da conta duplicatas em janeiro de 1995 é no valor de R$185.770,70 e por esta razão o valor tributário está incorreto. Por seu turno, o RIR, de 1999, fixa: Art. 281.Caracteriza-se como omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção, a ocorrência das seguintes Fl. 7DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA 8 hipóteses (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 12, § 2º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 40): I - a indicação na escrituração de saldo credor de caixa; II - a falta de escrituração de pagamentos efetuados; III - a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja comprovada. [...] Art. 528. Verificada omissão de receita, o montante omitido será computado para determinação da base de cálculo do imposto devido e do adicional, se for o caso, no período de apuração correspondente, observado o disposto no art. 519 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24). Parágrafo único.No caso de pessoa jurídica com atividades diversificadas tributadas com base no lucro presumido, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta será adicionada àquela que corresponder o percentual mais elevado (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24, §1º). [...] Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 9º, §1º). A legislação autoriza a tributação de omissão de receitas com base em saldo credor de caixa, sem restrição de a presunção legal ser aplicado ao maior saldo credor do período. É a possibilidade de reconstituição fluxo de caixa, analisando os valores dos saldos iniciais, das entradas e das saídas de recursos. A presunção relativa consiste em admitir a existência de omissão no registro de receitas com base na determinação do saldo credor de caixa, cabendo à Recorrente o ônus de provar serem insubsistentes os valores apurados, e por seu turno ao Erário fazer prova da ocorrência do saldo credor. O Parecer Normativo CST nº 242, de 1971, definiu que a simples prova da capacidade financeira do supridor não basta para comprovação dos suprimentos efetuados à pessoa jurídica. É necessário para tal a apresentação de documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores com as importâncias supridas, bem como tem que haver prova da origem dos recursos. No Demonstrativo, fl. 33 e no Termo de Verificação e Constatação Fiscal, fls. 26/27, estão descritas as metodologias utilizadas de levantamento do fluxo de caixa pelo saldo final mensal da seguinte forma: soma dos valores do saldo inicial e do total das entradas, bem como diminuição do total das saídas de recursos. As quantias foram extraídas das informações da Recorrente “quantos aos saldos”. Atinente às quantias do mês de janeiro de 1995, no referido Demonstrativo, fl. 33, está registrado na conta de duplicatas a pagar o valor de R$110.299,55 e o respectivo estorno no valor de R$15.306,73, quantias estas confirmadas na peça recursal. Por outro lado, a Recorrente não demonstrou de forma inequívoca que o saldo inicial no valor de R$162.505,49 estaria correto. Assim, houve a constatação da omissão de receitas caracterizada pelo saldo credor de caixa nos meses de maio, de junho, de julho, de agosto, de setembro, de novembro e de dezembro do ano-calendário de 1995, e que o maior saldo de R$24.002,11 ocorreu em novembro. A Recorrente comprova mediante extratos do Banco Bradesco S/A o saldo negativo Fl. 8DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10845.003447/00-16 Acórdão n.º 1801-00.323 S1-TE01 Fl. 428 9 no valor de apenas R$4.761,92, após saldo contábil conciliado, remanescendo o valor tributável de R$19.240,19. As provas do ilícito tributário constantes nos autos foram exaustivamente analisadas pelas autoridades fiscais. Em conformidade com o Termo de Diligência – Relatório Conclusivo, fls. 357/362: Regularmente intimado, conforme cópias de termos às fls. 111 (datado em 25/10/2005) fls.112 (datado em 22/12/2005) fls. 113 (datada em 17/01/2006). fls. 330 (datada de 17/04/2009), fls. 331 a 333, (datada de 19/05)2009), fls. 335/336 (datada de 25/0612009) respectivamente, o fiscalizado não cumpriu as exigências neles contidas, deixando de apresentar os elementos necessários para o cumprimento da diligência determinada pela DRJ/SP. Ressaltamos que, por diversas vezes, o contribuinte compareceu ao setor de fiscalização sem apresentar-nos qualquer esclarecimento ou documento, oportunidades em que reiteramos, verbalmente, as exigências outrora formalizadas: Finalmente,; em 26/0612009, fls. 338/339, tomou ciência de nosso termo de reintimação, tendo solicitado, dentro do prazo final ali concedido, "dilação do referido prazo para a apresentação requerida, por mais 30 (trinta) dias, em face da dificuldade de sua localização", conforme cópia anexa. Ora, o inicio da ação fiscal, abrangendo o referido exercício de 1996, ano calendário de 1995, ocorreu em 10/08/2000 (ciência do autuado), com o respectivo encerramento parcial em 28/12/2000 (ciência do autuado) conforme fls. 26/27, respectivamente. No tempo decorrido, entre o inicio da ação fiscal e de nossa reintimação em 26/0612009, apresentou, e tão- somente agora, os livros diários, desacompanhados, todavia, de qualquer documento correspondente a sua escrituração, em nada alterando, portanto, a nossa conclusão, decorrente do exame fiscal efetuado, em que está representado pelo Auto de Infração lavrado às de (fls.10 a 25) Partindo do pressuposto legal de que a defesa deve comprovar todas as suas alegações na oportunidade própria (art. 15 do Decreto nº 70.235, de 1996), a Recorrente não juntou novas provas aos autos mediante documentos hábeis e idôneos que demonstrem sua afirmativa de que o valor tributável contém incorreção. Ademais, foi realizada diligência em que a Recorrente, tendo oportunidade, novamente não apresentou evidências que sustem sua tese. As suas meras alegações desprovidas de comprovação efetiva de sua materialidade mediante a análise de todos os documentos que embasaram a escrituração não são suficientes para elidir a motivação fiscal do procedimento, tendo em vista que as provas já constantes nos autos constituem um conjunto probatório robusto de que o lançamento de ofício não contém incorreções. A Recorrente discorda da incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Selic. Pelo fato deste argumento, o Código Tributário Nacional determina: Fl. 9DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA 10 Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. A Lei nº 9.430, de 1996, prevê: Art.5º [...] §3º As quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do segundo mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. [...] Art.61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. [...] §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Aplicando a legislação de regência ao presente caso, verifica-se que como a Recorrente não procedeu ao pagamento do crédito tributário até a data do vencimento, deve fazê-lo acrescido de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic. Ainda em relação à matéria, vale transcrever os enunciados de súmulas do CARF n s 4 e 5, as quais são de adoção obrigatória (art. 72 do Anexo II da Portaria n 256, de 22 de junho de 2009, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF) que prevêem: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. [...] São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Cabe ressaltar o crédito tributário da União constituído não pago até a data do vencimento é acrescido de juros de mora equivalentes a Selic para títulos federais. Por conseguinte, não cabem reparos aos lançamentos estão corretos. Fl. 10DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10845.003447/00-16 Acórdão n.º 1801-00.323 S1-TE01 Fl. 429 11 No que se refere à interpretação da legislação e aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais indicados na peça recursal, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso (art. 100 do Código Tributário Nacional). Em relação aos princípios constitucionais que a Recorrente aduz que supostamente foram violados, cabe transcrever o enunciado da Súmula CARF n 2, que é de adoção obrigatória (art. 72 do Anexo II da Portaria n 256, de 22 de junho de 2009, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF), e que assim determina: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Logo, este argumento não pode prosperar. Atinente à CSLL, ao IRRF, ao PIS e à Cofins, tratando-se de lançamentos decorrentes, a relação de causalidade que informa os procedimentos leva a que os resultados do julgamento dos feitos reflexos acompanhem aqueles que foram dados ao lançamento principal de IRPJ. Em face de o exposto voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Conselheira Carmen Ferreira Saraiva - Relatora Fl. 11DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 23/09/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
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Numero do processo: 10980.932718/2009-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/08/2004 a 31/08/2004
INTEMPESTIVIDADE.
É intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de
tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo.
Numero da decisão: 3302-004.583
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Prado que declarava a nulidade da decisão recorrida. Designado o Conselheiro Walker Araújo para redigir o voto vencedor.
Nome do relator: LENISA RODRIGUES PRADO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/08/2004 a 31/08/2004 INTEMPESTIVIDADE. É intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Prado que declarava a nulidade da decisão recorrida. Designado o Conselheiro Walker Araújo para redigir o voto vencedor. (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente (assinatura digital) Lenisa Prado - Relatora (assinatura digital) Walker Araújo - Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 09 80 .9 32 71 8/ 20 09 -7 1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária julho de 2017 Processo Administrativo Fiscal Processo Administrativo Fiscal VS SUPRIMENTOS PARA COMUNICAÇÃO VISUAL LTDA. VS SUPRIMENTOS PARA COMUNICAÇÃO VISUAL LTDA. FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL AA Fl. 115DF CARF MF 2 de Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Nunes e Lenisa Prado. Relatório A questão tem início em Declaração de Compensação1 em que se objetivava quitar débitos tributários utilizando-se de créditos de COFINS. A justificativa apresentada pela autoridade fiscal para não homologar a compensação foi que: "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Em decorrência da não homologação, as autoridades competentes formalizaram a cobrança dos valores indicados na DCOMP, acrescidos ainda de multa e juros. Cientificada sobre o teor do despacho decisório, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, oportunidade n qual alega que a decretação de inexistência do crédito se deu porque não foram apresentadas as retificadoras das DCTFs, DIPJs e DACONs, que se prestariam a notificar as autoridades sobre o recolhimento à maior realizado. Na manifestação de inconformidade a contribuinte informa que ao solicitar a Certidão Negativa de Débitos foi surpreendida com a informação sobre a existência de um novo processo administrativo fiscal2, onde foi lavrada a exigência do exato valor que constava no despacho decisório, e que teria como documento de origem a mesma DCOMP motivadora do processo cuja cobrança acreditava que tivesse sido baixada. A contribuinte esclareceu, ainda, que apresentou manifestação de inconformidade naqueles autos, requerendo que os processos fossem unificados, posto que tratam sobre os mesmos fatos, e que fossem apreciadas as razões que fundamentam a existência de seu direito ao crédito, que é, essencialmente, a inconstitucionalidade da inclusão do valor do ICMS na base de cálculo da COFINS. Noticia, também, que procedeu à retificação dos DCTF, DACON e DIPJ relativamente ao período de apuração em debate, indicando o valor do ICMS que deveria ser destacado da base de cálculo da COFINS, o que geraria o saldo credor a seu favor a ser utilizado na compensação declarada. A instância de origem julgou improcedente a manifestação de inconformidade acima descrita, em acórdão que resultou na seguinte ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal 1 DCOMP n. 40489.52614.201107.1.3.04-1793, que indica a existência de crédito de R$ 12.634,31, que seria advindo de pagamento indevido ou a maior de COFINS, e cujo DARF tem as seguintes características: (a) COFINS (código 5856); (b) período de apuração: agosto/2004; (c) valor total do DARF: R$ 32.625,49, (d) data de arrecadação: 15/09/2004. 2 Autuado sob o número 10980.935632/2009-08. Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10980.932718/2009-71 Acórdão n.º 3302-004.583 S3-C3T2 Fl. 116 3 Período de apuração: 01/08/2004 a 31/08/2004 PRAZO PARA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. TERMO DE INÍCIO. A manifestação de inconformidade deve ser apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da ciência do procedimento a ser contestado. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA. ARGÜIÇÃO DE TEMPESTIVIDADE. EFEITOS. A manifestação de inconformidade intempestiva somente instaura a fase litigiosa se a preliminar de tempestividade for suscitada e acatada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Outros Valores Controlados Irresignada a contribuinte interpôs recurso voluntário, o que motivou a subida dos autos a este Conselho. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Lenisa Rodrigues Prado A contribuinte foi intimada sobre o acórdão proferido no julgamento da manifestação de inconformidade em 09/10/2014 (Aviso de Recebimento postal acostado à folha 88 dos autos eletrônicos) e interpôs, tempestivamente, o recurso voluntário sob julgamento em 27/10/2014 (Termo de Análise de Solicitação de Juntada de fl. 89). Presentes os requisitos extrínsecos do apelo, é de rigor a sua apreciação. 1. SOBRE OS FATOS. A contribuinte ora recorrente esclarece que após ter conhecido os termos do despacho decisório que não homologou a compensação declarada, realizou as retificações das DCTFs, DIPJs e DACONs, fazendo demonstrar a existência do saldo credor e, por esse motivo, o suposto débito constante do despacho decisório foi automaticamente baixado dos sistemas de cobrança da Receita Federal do Brasil. Por esse motivo, a contribuinte considerou ser desnecessária a interposição de qualquer medida defensiva, já que "se não havia cobrança, inexistiam razões para a insurgência através de manifestação de inconformidade". Todavia, ao solicitar a Certidão Negativa de Débitos, deparou-se com novo processo administrativo fiscal3, em que é exigido exatamente o mesmo valor indicado na compensação declarada, e que tal cobrança tem origem no mesmo PER/DCOMP que originou o processo de cobrança que reputava-se baixada. Esclarece, ainda, que: 3 Autuado sob o número 10980.935632/2009-08. Fl. 117DF CARF MF 4 "neste mesmo processo, havia informação eletrônica que o mesmo se encontrava 'AGUARDANDO PAGAMENTO/MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE', muito embora, nesse novo processo, não tivesse sido prolatado qualquer despacho a ensejar a defesa cabível, nem mesmo a Recorrente foi intimada de qualquer decisão referente ao processo em comento". Confirma que apresentou a manifestação de inconformidade 14 (quatorze) dias após tomar conhecimento sobre a existência do Processo Administrativo n. 10980.935632/2009-08 e, confiante que a espontânea e tempestiva apresentação do documento lhe concederia o efeito suspensivo previsto no artigo 151, III, art. 74, §§ 2º, 9º e 11 da Lei n. 9.430/96, e art. 66, § 5º da IN 900/2008 da SRF, requereu novamente a CND. A resposta ao pedido de expedição da certidão trouxe a informação que a exigência lavrada nos autos do indigitado processo fiscal evoluiu do andamento de "aguardando pagamento e/ou manifestação de inconformidade" para "saldo devedor constituído". Diante da cobrança em duplicidade, a contribuinte esclarece que confrontou a autoridade fiscal em Curitiba/PR sobre o equívoco, mas não obteve nenhuma resposta sobre os motivos que justificariam a existência de dois processos que versam sobre o mesmo fato. Por esse motivo impetrou o Mandado de Segurança n. 5005529- 63.2010.404.7000, este distribuído para a 5ª Vara Federal de Curitiba/PR, em que requer a devolução e preservação do seu direito ao contraditório e ampla defesa, bem como a fruição de todos os trâmites legais aplicáveis ao processo administrativo fiscal. A liminar requerida no writ foi concedida nos seguintes termos: "Ante o exposto, defiro a liminar para declarar a suspensão da exigibilidade dos débitos tributários da impetrante objeto das PER/DCOMP constantes dos documentos INF2 e INF3 (evento 8) até a decisão final administrativa a ser proferida, seja na revisão de ofício, seja em ulterior recurso voluntário eventualmente interposto pela impetrante". Sobreveio documento denominado "Informação Fiscal4", que mantém o despacho decisório eletrônico anteriormente proferido. A recorrente afirma que este documento não é previsto no ordenamento vigente (Decreto n. 70.235/1972 e IN 900/2008) mas, diante das peculiaridades do caso em concreto, é considerado uma espécie de decisão administrativa que julga improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, o que ensejou a primeira interposição do recurso voluntário5. A contribuinte se insurge contra o acórdão ora recorrido pois teratológico e paradoxal, já que: "(a) desconsidera, por completo, a existência de uma Decisão Judicial sobre a questão proferida, à época, em sede liminar, nos autos 5005529-63.2010.404.7000, a qual posteriormente foi confirmada por sentença e por remessa de ofício ao TRF4, tendo transitado em julgado em 08/11/2011, ou seja, anteriormente à decisão ora recorrida; (b) desconsidera, também, o conteúdo do Recurso Voluntário anteriormente interposto, uma vez que o mesmo não foi 4 Folhas 22 a 28 dos autos eletrônicos. 5 Folhas 30 a 46 dos autos eletrônicos. Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10980.932718/2009-71 Acórdão n.º 3302-004.583 S3-C3T2 Fl. 117 5 devidamente encaminhado ao CARF, o que era um dever da Autoridade responsável pelo recebimento e processamento do referido recurso". 2. SOBRE O DIREITO AO CRÉDITO. INCONSTITUCIONALIDADE DA INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES. A recorrente apresenta, ainda, suas razões quanto ao direito a compensação, já que o saldo credor decorre da inconstitucionalidade da inserção do ICMS na base de cálculo das contribuições. Informa que os precedentes que resultaram na edição do verbete n. 94 da Súmula/STJ não desenvolveram qualquer debate mais elaborado sobre tema, sendo todos arrimados em julgados do extinto Tribunal Federal de Recursos, colegiado que majoritariamente reconhecia a inclusão da parcela relativa ao ICM na base de cálculo da COFINS, estendendo-se, por analogia, a inclusão deste tributo ao Finsocial. Argumenta que o inciso I do art. 195 da Constituição Federal - antes da edição da Emenda Constitucional n. 20/1998 - autorizava a instituição de uma contribuição social sobre o "faturamento". Para o recorrente, a definição de faturamento corresponde ao "somatório dos produtos de venda ou de atividades concluídas num dado período e deve representar o total das receitas decorrentes da atividade econômica geral da empresa". Noticia que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário n. 240.7856, declarou a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS ( e, por extensão de raciocínio, também do PIS). E, com base nesse recente precedente, a recorrente requer a confirmação de seu direito creditório. De modo a confirmar a liquidez do crédito que alega possuir, a recorrente esclarece que indicou como parcela creditória aquela que estritamente corresponde a inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS. Para tanto "atualizou dito valor pela SELIC, o que fez com que o mesmo perfizesse, na data da compensação" o valor indicado na DCOMP. E conclui que "é líquido e certo o montante do crédito apurado, sendo legítimo o direito da Recorrente proceder à sua compensação, conforme ocorrido, no presente processo". 3. SOBRE A DECISÃO JUDICIAL E O ACÓRDÃO RECORRIDO Está acostada aos autos a decisão7 proferida em liminar no Mandado de Segurança n. 5005529-63.2010.404.700/PR (fls. 53/56) de onde se extrai: "2. Da leitura das alegações da inicial e das informações verifico que houve um descompasso no procedimento das partes quanto às compensações lançadas no sistema da Receita Federal. A impetrante após ter recebido os despachos decisórios prolatados nos processos administrativos procedeu à sua retificação e ao verificar no sistema fiscal a mudança de status 6 Julgamento finalizado em 08/10/2014. 7 Decisão proferida em 10/06/2010. Fl. 119DF CARF MF 6 dos despachos entendeu que não haviam mais pendências, ou seja, que as retificações tinham sido acolhidas. Somente tomando conhecimento das pendências com o pedido de Certidão Negativa de Débito. A autoridade impetrada, por sua vez, esclareceu nas informações que: 'em 7 de Outubro de 2009, foram emitidos doze despachos decisórios eletrônicos, tendo por objeto declarações de compensações formalizadas pela impetrante, igualmente em meio eletrônico. Todavia, devido a problemas com os Correios, que não nos encaminharam os arquivos eletrônicos com as imagens dos correspondentes avisos de recebimento, este órgão, entendendo que as intimações anteriormente enviadas, por falta do comprovante de recebimento, não teriam se aperfeiçoado, decidiu repetir a ciência dos aludidos despachos, por via de edital, afixado nas dependências deste órgão em 27 de fevereiro próximo passado. Nesse momento, ao repetir a ciência dos aludidos despachos, considerando que a intimação anterior não se havia aperfeiçoado, a Receita Federal retirou temporariamente os débitos do relatório - fato que a impetrante reputou às retificações das DCTF, levando-a a crer que as compensações pretendidas teriam sido aceitas- até que se pudessem considerar as intimações efetivamente realizadas. Quinze dias depois de afixado o edital, conforme estabelecido no art. 23, § 2º, IV do Decreto n. 70.235/1972, este órgão deu, enfim, por intimados os contribuintes ali relacionados, voltando os aludidos débitos a figurar nos sistemas da Receita Federal. Trinta dias depois disso, em não havendo apresentação de recurso, os aludidos débitos retornaram à condição de exigíveis. Assim, quando a impetrante aqui compareceu, em 22 de Abril próximo passado, já se havia escoado o prazo a que se aludiu acima, de sorte que seus recursos foram considerados, todos, intempestivos. Nessa perspectiva, não fazendo jus ao rito específico previsto no art. 74, §§ 2º, 9º a 11 da Lei n. 9.430/1996, tais 'recursos' não inauguram o contencioso fiscal e, por falta de previsão legal, não suspendem a exigibilidade do crédito tributário" Da leitura dos esclarecimentos prestados pela autoridade fiscal resta claro que o contribuinte foi erroneamente induzido a acreditar que as retificações por ele apresentadas foram acolhidas, já que foram retiradas dos sistemas as informações sobre pendências fiscais. Por outro lado, a autoridade fiscal não confirmou a ciência da contribuinte sobre os despachos decisórios enviados pelos Correios, já que os Avisos de Recebimento não foram devolvidos a remetente, o que ensejou a realização da intimação na modalidade editalícia, resultando na abertura de um novo prazo para manifestação e no lançamento em duplicidade dos débitos tributários. E o imbróglio que permeia os fatos do processo sob julgamento foi considerado justificável pelo Ministério Público Federal, no parecer ofertado ao mandado de segurança já mencionado: "Assim, restou demonstrado que a impetrante tinha interesse em interpor o aludido recurso e que o fato dele ter sido interposto intempestivamente deveu-se a um erro escusável, uma vez que é compreensível a sua interpretação da retirada do sistema das pendências fiscais como acolhimento das suas retificações. Desta forma, verifica-se que a impetrante agiu de boa fé, sem Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10980.932718/2009-71 Acórdão n.º 3302-004.583 S3-C3T2 Fl. 118 7 evidência alguma de desídia, má-fé ou intenção de fraude, de modo que tem direito ao efeito suspensivo nas suas manifestações de inconformidade". A sentença (que transitou em julgado em seus próprios termos) determina que as manifestações de inconformidade sejam analisadas pela autoridade fiscal, já que a própria "Administração retirou do sistema as pendências fiscais, permitindo à impetrante a conclusão de encontrar-se regular sua situação perante o Fisco"8. No entanto o acórdão recorrido não cumpre o que determinou a decisão judicial de forma satisfatória. O Colegiado limitou-se a conjecturar sobre a (in)tempestividade da manifestação do contribuinte. Abordou, desnecessariamente, a questão sobre a duplicidade de cobrança, o que não foi objeto da manifestação de inconformidade. A decisão tomada pela instância de origem é omissa em relação a relevantes argumentos defendidos pela contribuinte, já que não abordou (i) a alegada inconstitucionalidade da inclusão do valor do ICMS na composição da base de cálculo da COFINS; foi omissa sobre (ii) a existência das declarações retificadoras de DCTF, DACON e DIPJ, e quedou-se silente sobre (iii) a planilha acostada a petição, em que se demonstra que o valor tido por saldo credor da compensação pretendida é, estritamente, o valor do ICMS questionado. Assim, diante das omissões constatadas, voto por decretar a nulidade do acórdão recorrido, para que novo julgamento seja realizado, de modo a garantir o direito a ampla defesa e contraditório constitucionalmente deferidos aos contribuintes. Lenisa Rodrigues Prado - Relatora 8 Sentença proferida em 1º/04/2011 e disponível no sítio eletrônico do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Registre-se que a sentença, que deu parcial provimento ao mérito do mandado de segurança, mantendo a decisão proferida em sede de liminar, foi objeto de apelação interposta pela União Federal, que restou improvida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Esse processo já está arquivado. Voto Vencedor Em que pese as razões arroladas pela ilustre Relatora, peço licença para divergir dos fundamentos e do resultado dado ao presente o processo administrativo. Com efeito, a decisão de piso deixou de apreciar os argumentos apresentados pela Recorrente em sede de manifestação de inconformidade por considerar: Fl. 121DF CARF MF 8 i) intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo, nos termos do artigo 15, do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 19729 c/c §2º, do artigo 56, da Lei nº. 7574/201110; e ii) que a decisão proferido no Mandado de Segurança n. 5005529- 63.2010.404.7000, em trâmite perante a 5ª Vara Federal de Curitiba/PR, não superou a questão concernente a intempestividade da manifestação de inconformidade ofertada pela Recorrente, limitou-se somente a determinar a suspensão da exigibilidade dos débitos tributários objeto das PER/DCOMP´s até a decisão final administrativa a ser proferida, seja na revisão de ofício, seja em ulterior recurso voluntário eventualmente interposto pela impetrante. Neste contexto, entendo inexistir omissão no julgamento de primeira instância e desrespeito aos princípios do contraditório e ampla da defesa, posto que diante da apresentação de defesa fora do prazo previsto nas normas anteriormente citada, não houve instauração de fase litigiosa, afastando, assim, o dever/obrigação da autoridade julgadora analisar os argumentos suscitados pelo contribuinte. Não bastasse isso, e ao contrário do que restou defendido neste processo, a decisão proferido no Mandado de Segurança n. 5005529-63.2010.404.7000, em trâmite perante a 5ª Vara Federal de Curitiba/PR, não superou a questão concernente a intempestividade da manifestação de inconformidade, limitou-se somente a determinar a suspensão da exigibilidade dos débitos tributários objeto das PER/DCOMP´s até a decisão final administrativa a ser proferida. Portanto, entendo não ser o caso de nulidade do julgamento de primeira instância, considerando que o julgadores aplicaram ao presente caso as determinações contidas no Decreto 70.235/72 e na Lei nº 7.574/2011. 9 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. 10 Art. 56. A impugnação, formalizada por escrito, instruída com os documentos em que se fundamentar e apresentada em unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo, bem como, remetida por via postal, no prazo de trinta dias, contados da data da ciência da intimação da exigência, instaura a fase litigiosa do procedimento (Decreto no 70.235, de 1972, arts. 14 e 15). (...) § 2o Eventual petição, apresentada fora do prazo, não caracteriza impugnação, não instaura a fase litigiosa do procedimento, não suspende a exigibilidade do crédito tributário nem comporta julgamento de primeira instância, salvo se caracterizada ou suscitada a tempestividade, como preliminar. Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10980.932718/2009-71 Acórdão n.º 3302-004.583 S3-C3T2 Fl. 119 9 Diante do exposto, considerando que não houve instauração da fase litigiosa do procedimento administrativo, por intempestividade da manifestação de inconformidade, voto por não conhecer do recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo - Redator Designado Fl. 123DF CARF MF
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Numero do processo: 15983.720335/2011-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2008
PRELIMINAR. PROVA PERICIAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO.
O indeferimento do pedido de realização de perícia, provas documentais e testemunhais não caracterizam cerceamento do direito de defesa quando demonstrada a desnecessidade de produção de novas provas para formar a convicção do aplicador.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SIMPLES NACIONAL. EMPRESA DE SERVIÇOS CONTÁBEIS. REMUNERAÇÃO A SEGURADOS EMPREGADOS E A CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA.
Empresa optante do Simples Nacional, que presta serviços contábeis, está obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados e a contribuintes individuais, na forma e no prazo estabelecidos na lei vigente à época dos fatos geradores.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PAGAMENTO POR SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
O dispositivo que tratava da contribuição previdenciária sobre valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho foi julgado inconstitucional pelo Plenário do supremo Tribunal Federal, com repercussão geral reconhecida.
PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Tratando-se de ato não definitivamente julgado, deve-se atribuir efeitos retroativos à legislação tributária que comine penalidade menos severa.
Numero da decisão: 2201-003.716
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora.
EDITADO EM: 20/07/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora. EDITADO EM: 20/07/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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SERVICOS EMPRESARIAIS LTDA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2008 PRELIMINAR. PROVA PERICIAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO. O indeferimento do pedido de realização de perícia, provas documentais e testemunhais não caracterizam cerceamento do direito de defesa quando demonstrada a desnecessidade de produção de novas provas para formar a convicção do aplicador. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SIMPLES NACIONAL. EMPRESA DE SERVIÇOS CONTÁBEIS. REMUNERAÇÃO A SEGURADOS EMPREGADOS E A CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA. Empresa optante do Simples Nacional, que presta serviços contábeis, está obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados e a contribuintes individuais, na forma e no prazo estabelecidos na lei vigente à época dos fatos geradores. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PAGAMENTO POR SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O dispositivo que tratava da contribuição previdenciária sobre valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho foi julgado inconstitucional pelo Plenário do supremo Tribunal Federal, com repercussão geral reconhecida. PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tratandose de ato não definitivamente julgado, devese atribuir efeitos retroativos à legislação tributária que comine penalidade menos severa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 3. 72 03 35 /2 01 1- 60 Fl. 555DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora. EDITADO EM: 20/07/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome trechos do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Consoante Relatório Fiscal de fls. 27 a 38, o presente processo contempla créditos relativos às contribuições previdenciárias/sociais e ao descumprimento de obrigação acessória, apurados no período de 07/2007 a 12/2008. Acrescenta esse relatório que: i) serviram de base para o lançamento as remunerações pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais e valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho (UNIMED); ii) foram lavrados os seguintes Autos de Infração: • nº 37.331.9029 Em face das contribuições empresarial (20 % incidente sobre as remunerações dos empregados e contribuintes individuais e 15 % sobre o valor dos serviços da cooperativa UNIMED) e das destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência da incapacidade laborativa decorrente dos Fl. 556DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 3 3 riscos ambientais do trabalho SAT/ RAT (1 % incidente sobre as remunerações dos empregados); Valor, consolidado em 26/09/2011, importa em R$ 195.987,15 (cento e noventa e cinco mil, novecentos e oitenta e sete reais e quinze centavos); já incluídos aí os juros e as multas de mora e de ofício incidentes sobre o débito originário. • nº 37.331.9002 Pelo descumprimento de obrigação acessória, prevista no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212, de 24/07/1991, nas competências de 09/2008 a 11/2008; Aplicada a multa no valor de R$ 9.146,58 (nove mil, cento e quarenta e eis reais e cinquenta e oito centavos), em conformidade com o § 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991. • nº 37.331.9010 Pelo descumprimento de obrigação acessória prevista no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212, de 24/07/1991, nas competências de 09/2008 a 11/2008; Aplicada a multa no valor de R$ 457,32 (quatrocentos e cinquenta e sete reais e trinta e dois centavos), em conformidade com o § 6º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991, por inexistir agravante. iii) a situação verificada constitui, em tese, crime de Sonegação de Contribuição Previdenciária, de acordo com o art. 337A, inciso I, do Código Penal, na redação dada pela Lei nº 9.983/2000, razão pela qual será emitida Representação Fiscal para Fins Penais. iv) em razão do advento da Medida Provisória – MP nº 449, de 04/12/2008, que alterou o valor da multa, efetuouse a comparação desta com a vigente à época da ocorrência dos fatos tributários, o que culminou na aplicação da multa vigente à época em face das competências de 09/2008 a 11/2008, e, inclusive, no que se refere ao descumprimento da obrigação acessória, e aplicouse a multa de ofício (MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009) para as competências de 07/2007 a 08/2008, em cumprimento do art. 106, inciso II, alínea “c”, do CTN (princípio da retroatividade mais benigna). Consta, ainda, do relatório fiscal que: 6.2. (...), conforme Primeira Alteração Contratual, ... em 31/05/2007 (Anexo IV), o objeto social passou a ser a exploração do ramo de atividade de prestação de serviços de reparação e manutenção de equipamentos de informática. A Segunda alteração Contratual, de 30/05/2007 (sic), ... tem como objeto social prestação de serviços de reparação e manutenção de serviços de informática e serviços na gestão empresarial, escrituração e digitação. Na Terceira alteração Contratual, de Fl. 557DF CARF MF 4 11/02/2009, ... o objeto social volta a ser a prestação de serviços complementares na gestão empresarial, escrituração e digitação e preparação de documentos e serviços de apoio administrativo. De acordo com Notas Fiscais de Serviços 139 a 157 (Anexo VII), (...), a empresa só prestou serviço à empresa Adição Contábil e Auditores Independentes S/S Ltda., ... Conforme GFIP ... de 07/2007 a 13/2008 a Adição Contábil operou com apenas três funcionários (Anexo VIII), ... Enquanto que a J. A. Serviços Empresariais Ltda. – ME, empresa optante do Simples Nacional que não precisava recolher a parte patronal (Anexo I), funcionava com os empregados que vieram a ser da Adição Contábil, o que se verifica na GFIP 05/2009 da J. A. Serviços Empresariais Ltda. (Anexo IX), em que os funcionários foram transferidos para sua única cliente a Adição Contábil, conforme GFIP 06/2009, ... A partir de 06/2009, a empresa J. A. Serviços Empresariais Ltda. – ME encontrase praticamente sem funcionários (Anexo XI), ou seja, prestou serviços com empregados do ramo de Contabilidade, em período que os escritórios de contabilidade recolhiam também a quota patronal sobre a folha de pagamento de salários. Embora o seu objeto social permitisse, a J. A. Serviços Empresariais Ltda. não empregou nenhum profissional na área da informática, ... 8. Cumpre esclarecer, que intimada a J. A. Serviços Empresariais Ltda. – ME, ... a apresentar o Contrato ... celebrado entre a J. A. e a Adição Contábil, a mesma esclareceu através de declaração, ..., que o contrato foi verbal e tinha por objeto a manutenção de equipamentos de informática sem fornecimentos de peças, preparação de documentos para remessa aos clientes, preparação e organização dos documentos para arquivamento, arquivamento em pastas suspensas, digitação, preenchimento de formulário e apoio administrativo. Para fins de reunir elementos de prova foi expedido o Mandado de Procedimento Fiscal de Diligência ..., na empresa Adição Contábil & Auditores Independentes SS Ltda. Intimada ... a mesma apresentou os Livros Caixa, anos calendários de 2007 e 2008... Intimada a empresa a apresentar os recibos de serviços executados por Rodrigo Braga e os documentos relativos às aquisições de peças, ..., a empresa não apresentou os recibos ... e alegou que os recibos de aquisições de peças de informática foram extraviados, ... Assim sendo, a empresa não comprovou através de contabilidade, registrada á época dos fatos, nem documentalmente a inequívoca convicção da efetiva prestação de serviços de manutenção de equipamentos de informática, pela J. A. Serviços Empresariais Ltda. ME, para a Adição Contábil & Auditores Independentes SS Ltda. Ou seja, só atuou no ramo de contabilidade. (...) 11. Diante do exposto ... a empresa J. A. Serviços Empresariais Ltda. ME, apesar de optante do Simples Nacional, tem que recolher a parte patronal, uma vez que prestou serviços de atividades de contabilidade, ... 12. Esclarecemos que em todo o período fiscalizado o valor integral da remuneração dos segurados empregados e contribuintes individuais (Levantamentos FP, CI e CT) foi Fl. 558DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 4 5 considerado como não declarado, pois, ... a autuada informou indevidamente ... que se tratava de empresa optante do Simples... A informação indevida implica alteração dos valores das contribuições devidas, tendo em vista que as empresas optantes pelo Simples devem proceder tão somente ao recolhimento da contribuição descontada dos segurados, pois tem as contribuições patronais substituídas. (...) 14. A origem das contribuições devidas é proveniente de importâncias constantes das Folhas de Pagamentos e . (...) 20. As guias de recolhimentos apresentadas à fiscalização ... foram consideradas após consulta. Notificado destes Autos no dia 30092011 (fls. 4), o sujeito passivo impugnouos em 31102011, na forma do expediente juntado às fls. 404 a 416, por meio do qual alega, em síntese, que: não poderia ter sido autuada com fundamento nos parágrafos 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 24/07/1991(...). É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas (SP) julgou improcedente a impugnação, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2008 INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DA LEI VIGENTE. REVOGAÇÃO. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. SIMPLES NACIONAL. EMPRESA DE SERVIÇOS CONTÁBEIS. REMUNERAÇÃO A SEGURADOS EMPREGADO E CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. PAGAMENTO POR SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RECOLHIMENTO. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA. Empresa optante do Simples Nacional, que presta serviços contábeis, está obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregado e contribuinte individual, e incidentes sobre o valor dos serviços prestados por cooperativa, na forma e no prazo estabelecidos em lei. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. NÃO RECOLHIMENTO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. Fl. 559DF CARF MF 6 Sobre as contribuições previdenciárias não recolhidas incidem juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC e multa de mora e/ou de ofício. MULTA. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. A lei nova aplicase a fato pretérito quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. INCORREÇÕES. AUTO DE INFRAÇÃO. A GFIP entregue, na rede bancária, com informações incorretas ou omissas está sujeita ao auto de infração. PERÍCIA. PRESCINDÍVEL. AUTORIDADE JULGADORA. INDEFERIMENTO. A autoridade julgadora de primeira instância indeferirá a perícia que considerar prescindível. DOCUMENTOS. APRESENTAÇÃO. Os documentos devem ser apresentados na impugnação, sob pena de preclusão. SUSTENTAÇÃO ORAL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO. INDEFERIMENTO. No existe, no âmbito administrativo de primeira instância, a previsão de defesa oral. Pedido nesse sentido é indeferido. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Posteriormente, foi interposto recurso voluntário, no qual o contribuinte reiterou os argumentos aduzidos em sede de impugnação e dispôs os seguintes argumentos: a) houve cerceamento do direito de defesa, tendo em vista o indeferimento do pedido de produção de prova testemunhal e pericial; b) no que se referem aos DEBCADs 37.331.9002 e 37.331.901 0, a decisão não foi acertada quanto à aplicação da multa de 100% e não de 75%; c) houve retroatividade na lei no tempo com a aplicação da sanção com base no parágrafo IV do artigo 32 da Lei 8.212/91, pois o mencionado inciso foi acrescido pela Lei 11.941/2009 e os fatos ocorreram nos anos de 2007/2008; d) foi aplicada sanção com base nos parágrafos 5º e 6º do artigo 32 e artigo 34 da Lei 8.212/91 que foram revogados pela medida provisória n.º 449/2008 convertida na Lei 11.941/2009; e) a decisão de primeira instância conformou, equivocadamente, sem nenhuma prova, que a recorrente exerceu atividade de contabilidade e não àquela constante do contrato social e a Fl. 560DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 5 7 efetivamente exercida, confirmando o auto de infração que considera as remunerações dos segurados contribuintes individuais, empregados e faturas da UNIMED não declarados na GFIP, aplicando multa; f) a auditora fiscal foi contraditórias nas informações do relatório, pois autuou a recorrente por não ter declarado as remunerações dos empregados e contribuintes individuais, porém, ao mesmo tempo, afirma que os erros contidos na GFIP não interferem no fato gerador da contribuição previdenciária; g) afirma que as GFIPs foram entregues corretamente e tempestivamente com todas as informações necessárias; h) a recorrente ingressou com recurso administrativo, sob o n.º 10845.002097/200791, obtendo êxito, conforme acórdão de n.º 0532.364, 1ª Turma da DRJ/CPS, em que foi reconhecido o direito de optar pelo SIMPLES; i) no período fiscalizado, a recorrente tinha como objeto social manutenção de equipamentos de informática sem fornecimento de peças. Preparação de documentos para remessa aos clientes; preparação e organização dos documentos para arquivamento; arquivamento dos documentos em pastas suspensas; digitação, preenchimento de formulários e apoio administrativo; j) os sócios, à época, não eram contadores, mas apenas empresários; k) inaplicabilidade da multa de ofício, considerando que, por estar enquadrada no simples, entregou GFIP de acordo com o estabelecido em Lei e recolheu as contribuições retidas; l) não houve dolo ou máfé da recorrente; m) pleiteia provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidas, especialmente testemunhal, pericial, documental e juntada de novos documentos. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, pois se encontra tempestivo e com condições de admissibilidade. 1. Da preliminar de cerceamento do direito de defesa A recorrente alega que houve cerceamento do direito de defesa, tendo em vista o indeferimento do pedido de produção de prova testemunhal e pericial. Fl. 561DF CARF MF 8 Apesar dos argumentos colacionados pela defesa, não se vislumbra a existência de cerceamento do direito de defesa, pois foi devidamente instaurado o contraditório e a ampla defesa, de modo que a fiscalizada teve a possibilidade de se defender e apresentar as provas aptas a demonstrar fatos extintivos ou modificativos do direito da Fazenda Nacional quanto ao tributo em questão. Ao julgador cabe avaliar a necessidade de conversão em diligência para a produção de provas que se fizerem necessárias ao seu convencimento. O art. 18 do Decreto 70.235/72 dispõe que a realização de diligências ou perícias é uma prerrogativa da autoridade julgadora, conforme abaixo transcrito: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. Portanto, o julgador é livre na apreciação e na solicitação de provas, de modo que não assiste razão a recorrente sob esse aspecto, pois as provas constantes dos autos são suficientes para a análise da controvérsia. 2. Do mérito 2.1. Da obrigatoriedade de recolhimento das contribuições previdenciárias de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212/1991 Conforme narrado, os presentes autos são consequência do desenquadramento do Código de Descrição da Atividade Econômica Principal (CNAE) da atividade de preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo não especificado anteriormente (CNAE da atividade econômica principal 82.19999) para a atividade de contabilidade (CNAE 69.20601). Assim a empresa recorrente, apesar de ser optante pelo Simples Nacional, tem a obrigação de recolher a parte patronal, considerando a prestação de serviços de contabilidade, conforme itens 6 a 10 do Relatório Fiscal de fls. 27 e seguintes (fls. 3 e seguintes do arquivo digital denominado Documentos Comprobatórios 25 a 109), no período autuado (07/2007 a 12/2008). Durante a ação fiscal, constatou a fiscalização que a J.A prestou serviços somente à Adição Contábil; não houve comprovação da prestação de serviços de reparação e de manutenção de equipamentos de informática e a J.A. não contratou empregado para essa área; em diligência à tomadora de serviços, não se apurou que a autuada tenha prestado outro serviço, conforme item 8 do relato fiscal abaixo transcrito: 8. Cumpre esclarecer, que intimada a J. A. Serviços Empresariais Ltda. – ME, (...) a apresentar o Contrato (...) celebrado entre a J. A. e a Adição Contábil, a mesma esclareceu através de declaração, (...), que o contrato foi verbal e tinha por objeto a manutenção de equipamentos de informática sem fornecimentos de peças, preparação de documentos para remessa aos clientes, preparação e organização dos documentos para arquivamento, arquivamento em pastas suspensas, digitação, preenchimento de formulário e apoio administrativo. Para fins de reunir elementos de prova foi expedido o Mandado Fl. 562DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 6 9 de Procedimento Fiscal de Diligência (...), na empresa Adição Contábil & Auditores Independentes SS Ltda. ... Intimada a empresa a apresentar os recibos de serviços executados por Rodrigo Braga e os documentos relativos às aquisições de peças, (...), a empresa não apresentou os recibos (...) e alegou que os recibos de aquisições de peças de informática foram extraviados, (...) As contribuições exigidas, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212/1991, incidentes sobre remunerações pagas a segurados e sobre valores pagos a cooperativa por escritório de serviços contábeis não foram contempladas pelo Simples Nacional, conforme dispõe o inciso V, do § 5º, do art. 18 (na redação vigente à época) da Lei Complementar nº 123/2006, como segue: Art. 18. (...) § 5º (...) V as atividades de prestação de serviços previstas nos incisos XIX a XXVIII do § 1º do art. 17 desta Lei Complementar serão tributadas na forma do Anexo V desta Lei Complementar, hipótese em que não estará incluída no Simples Nacional a contribuição prevista no inciso VI do caput do art. 13 desta Lei Complementar, devendo ela ser recolhida segundo a legislação prevista para os demais contribuintes ou responsáveis; (Redação dada pela Lei Complementar nº 127, de 2007) Desse modo, escritório de serviço contábil, ainda que optante do Simples Nacional está obrigado ao recolhimento das contribuições previdenciárias de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212/1991. Como bem destacou a decisão recorrida, o relatório fiscal e seus anexos, correspondentes aos Autos de Infração em questão, foram suficientemente claros e precisos quantos aos fatos tributários que os representam – que constituem nas remunerações pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais e valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho, informados/declarados nas GFIP –, e quanto às contribuições, aos valores e períodos a que se referem. Portanto, a decisão vergastada não merece reparo, nesse ponto. 2.2. Da contribuição previdenciária sobre os valores pagos a cooperativas de trabalho Compulsandose os autos, observase que serviram de base para o lançamento as remunerações pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais e valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho (UNIMED). Acerca do tema, o art. 22, inciso IV, da Lei 8.212/91, com redação conferida pela Lei 9.876/99, assim tratava: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: 6 IV quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são Fl. 563DF CARF MF 10 prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999).(Execução suspensa pela Resolução nº 10, de 2016). Entretanto, tal dispositivo foi julgado inconstitucional, por unanimidade de votos pelo Plenário do supremo Tribunal Federal, nos autos do Recurso Extraordinário n.º 595.838/SP, com repercussão geral reconhecida. Consoante o artigo 62, § 2º, do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF n.º 343/2015, de 09/06/2015, as decisões definitivas de mérito do STF e do STJ, na sistemática dos artigos 543B e 543C do CPC devem ser reproduzidas pelos Conselheiros do CARF, no julgamento dos recursos. Assim, deve ser excluído do lançamento o levantamento relativo às cooperativas, inclusive sua repercussão nas obrigações acessórias. 2.3. Das obrigações acessórias No que concerne às obrigações acessórias, foi lavrado o DEBCAD 37.331.9002 CFL 68 (apresentar a empresa o documento que se refere o art. 32, inciso IV, da Lei n.º 8.212/91, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias) e o DEBCAD 37.331.9010 CFL 69 (apresentar a empresa o documento a que se refere o art. 32, inciso IV, da Lei 8.212/91, com informações inexatas, incompletas ou omissas, em relação aos dados não relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias). Aduz a recorrente que os parágrafos 5º e 6º do artigo 32 e o artigo 34, ambos da Lei 8212/91 forma revogados pela medida provisória 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Acerca da matéria, cumpre esclarecer que os artigos da Lei 8.212/91, com as alterações da Lei 9.528/97, que tratavam das penalidades por descumprimento de obrigações principais e acessórias tinham a seguinte redação: Art. 32. A empresa é também obrigada a: IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). 4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo: § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (Revogado Fl. 564DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 7 11 pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 6º A apresentação do documento com erro de preenchimento nos dados não relacionados aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa de cinco por cento do valor mínimo previsto no art. 92, por campo com informações inexatas, incompletas ou omissas, limitadas aos valores previstos no § 4º. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) Art. 35. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º de abril de 1997, sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) doze por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) quinze por cento, após o 15º dia do recebimento da notificação; c) vinte por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) vinte e cinco por cento, após o 15º dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; O presente caso referese ao descumprimento das duas obrigações: principal e acessória. Fl. 565DF CARF MF 12 O entendimento adotado por esse Conselho é no sentido de que, embora a antiga redação dos artigos 32 e 35 da Lei 8212/91 não contivessem a expressão lançamento de ofício, as penalidades aplicadas tinham natureza de multas de ofício. Fazse, portanto, relevante a aplicação da legislação mais benéfica ao contribuinte, consoante o disposto no art. 106, inciso II, do CTN. Para tanto, porém, é necessário que se estabeleça a exata correlação entre as multas anteriormente previstas e aquelas estabelecidas pela Lei 11.941/2009, a fim de se aplicar a retroatividade benigna. A legislação atual traz os seguintes contornos: Art. 32. A empresa é também obrigada a: IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (Vide Lei nº 13.097, de 2015) Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). (Vide Lei nº 13.097, de 2015) (Vide Lei nº 13.097, de 2015) I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em Fl. 566DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 8 13 legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Observase que, com o advento da Lei n.º 11.941/2009, o lançamento de ofício envolvendo a exigência de contribuições previdenciárias, bem como a verificação de falta de declaração do respectivo fato gerador em GFIP sujeita o contribuinte a uma única multa no percentual de 75% sobre a totalidade ou diferença da contribuição, previsão contida no art. 44, inciso I, da Lei 9.430/96. A interpretação sistemática da legislação tributária não admite a instituição, em um mesmo ordenamento jurídico, de duas penalidades para a mesma conduta, o que autoriza a interpretação no sentido de que as penalidades previstas no art. 32A não são aplicáveis às situações em que se verifica a falta de declaração/declaração inexata, combinada com a falta de recolhimento da contribuição previdenciária, eis que tal conduta está claramente tipificada no art. 44, inciso I, da Lei n.º 9.430/96. Diante desse contexto, as exigências em questão devem pautarse no comando contido no art. 106, inciso II, alínea "c", do Código Tributário Nacional, o órgão responsável pelo cumprimento deverá recalcular o valor da penalidade a fim de verificar qual critério seria mais benéfico ao contribuinte, a saber a soma das multas vigentes à época do fato gerador ou a multa de 75% prevista no inciso I do art. 44, da Lei 9.430/96. Assim, determino o recálculo da multa aplicada, consoante o art. 476A da Instrução Normativa RFB n.º 971, de 13 de novembro de 2009. 2.4. Dos pedidos de produção de provas Quanto aos pedidos finais da recorrente sobre apresentação de novas provas (periciais, testemunhais e documentais), aplico o mesmo entendimento exposto no item 1 desse voto, no qual restou consignado o posicionamento no sentido da discricionariedade do julgador para a apreciação e solicitação de provas. Dessa forma, tendo em vista que os presentes autos estão suficientemente instruídos para seu deslinde, considero prescindível a apresentação de novas provas. Fl. 567DF CARF MF 14 Diante do exposto, voto por conhecer do recurso voluntário para, no mérito, darlhe parcial provimento para: a) determinar o recálculo da multa aplicada, conforme o disposto no art. 476A da Instrução Normativa RFB n.º 971, de 13 de novembro de 2009; b) excluir do lançamento o levantamento relativo às cooperativas, inclusive sua repercussão nas obrigações acessórias. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 568DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.928466/2009-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/06/2005 a 30/06/2005
COFINS. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DUPLO GRAU. NOVO JULGAMENTO PELA DRJ.
A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e crédito nela declarados. A sua apresentação após a não homologação de compensação, por ausência de saldo de créditos na DCTF original, tem como consequência a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo.
Contudo, havendo no decorrer do processo tal verificação por parte autoridade fiscal de origem, que por sua vez gerou o devido direito à nova manifestação de inconformidade pelo sujeito passivo, cumpre devolver os autos para julgamento da Delegacia da Receita Federal competente, evitando a supressão de instância no processo administrativo (artigo 60 do Decreto 70.235/72).
Recurso voluntário parcialmente provido.
Aguardando nova decisão.
Numero da decisão: 3402-004.377
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da relatora. Acompanhou o julgamento o patrono da recorrente, o Dr. Valter Tremarin Júnior, OAB/RS 73.247.
(Assinado com certificado digital)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente.
(Assinado com certificado digital)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
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COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DUPLO GRAU. NOVO JULGAMENTO PELA DRJ. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e crédito nela declarados. A sua apresentação após a não homologação de compensação, por ausência de saldo de créditos na DCTF original, tem como consequência a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Contudo, havendo no decorrer do processo tal verificação por parte autoridade fiscal de origem, que por sua vez gerou o devido direito à nova manifestação de inconformidade pelo sujeito passivo, cumpre devolver os autos para julgamento da Delegacia da Receita Federal competente, evitando a supressão de instância no processo administrativo (artigo 60 do Decreto 70.235/72). Recurso voluntário parcialmente provido. Aguardando nova decisão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da relatora. Acompanhou o julgamento o patrono da recorrente, o Dr. Valter Tremarin Júnior, OAB/RS 73.247. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 92 84 66 /2 00 9- 91 Fl. 693DF CARF MF 2 (Assinado com certificado digital) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente. (Assinado com certificado digital) Thais De Laurentiis Galkowicz Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório O presente Processo Administrativo foi objeto da Resolução n. 3402000.275 depois de sua chegada ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (“CARF”). Dessa forma, o caso já foi bem relatado pelo Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, antes de ser a mim redistribuído pelo fato de a Relator originário não mais integrar nenhum dos Colegiados da 3ª Seção. Desta feita, peço licença para tomar emprestadas as suas palavras sobre o histórico do processo: Tratase de processo de restituição/compensação em que o contribuinte teve seu pedido de indébito negado por despacho decisório eletrônico, sob o fundamento de que o crédito financeiro alegado como pagamento indevido foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Na manifestação de inconformidade, o recorrente alega que houve erro no preenchimento da DCTF e que esse erro já foi resolvido por meio de uma declaração retificadora. Nesta linha, afirma que possui direito à restituição de tributos, gerado por pagamentos indevidos e que as comprovações destes indébitos encontramse espelhadas nas retificações feitas nas DCTF. A DRJ de Porto Alegre julgou improcedente a manifestação de inconformidade sob o fundamento de que a restituição de indébito fiscal está condicionada à comprovação da certeza e liquidez do respectivo indébito. Que a simples entrega de DCTF retificadora sem qualquer explicação a respeito da divergência na apuração do débito, não é elemento suficiente para comprovar o indébito apontado. Assim, a liquidez do direito há de ser comprovada pela demonstração do quantum recolhido indevidamente, através da comprovação das bases de cálculo sobre as quais ocorreram os fatos geradores e o efetivo valor devido. Por fim assevera que...também é assente na doutrina que direito líquido e certo é aquele cujos aspectos de fato possam comprovarse documentalmente. Fl. 694DF CARF MF Processo nº 11080.928466/200991 Acórdão n.º 3402004.377 S3C4T2 Fl. 112 3 Irresignado com a decisão da primeira instância administrativa, o recorrente interpõe recurso voluntário ao CARF, cujo teor, em síntese é o que se segue: A Recorrente identificou em sua contabilidade que parte de suas receitas decorriam de contratos de fornecimento a preço predeterminado, assinados anteriormente a 31 de outubro de 2003, com prazo de duração superior a um ano ( contratos de Compra e Venda de Energia Elétrica), receitas estas que estão submetidas sistemática de cobrança cumulativa do pagamento da COFINS, nos moldes da Lei n° 9.718/98, por força do que dispõe o artigo 10, inciso XI, alínea b, da Lei n° 10.833/2003. Além disso, vinha a Recorrente considerando como fato gerador da COFINS a efetiva emissão do documento fiscal, ocorrida sempre no primeiro dia do mês subsequente ao reconhecimento de suas receitas, reconhecimento este efetuado por competência. Considerando que o fato gerador não é a emissão física do documento representativo da receita, mas sim o seu reconhecimento quando de sua efetiva realização contábil (reconhecimento por competência), a Recorrente corrigiu também este equivoco, antecipando em um mês, para fins de cálculo retificador, as receitas anteriormente consideradas na base de cálculo das contribuições. Dessa forma, a Recorrente, verificando os equívocos por ela cometidos quando da apuração da COFINS, procedeu a retificação de seu cálculo, submetendo as receitas decorrentes de contratos de fornecimento a preço predeterminado, assinados anteriormente a 31 de outubro de 2003, anteriormente consideradas no regime não cumulativo da Cofins, ao regime cumulativo desse tributo, e considerando tais receitas como auferidas no mês anterior a emissão do documento fiscal. Em razão da diferença entre os valores e a alíquota aplicada da COFINS cumulativa (3%) para a alíquota da COFINS nãocumulativa (7,6%), resultou uma diferença a crédito para Recorrente. Essas são as razões jurídicas que embasam o pedido do recorrente. Com essas causas de pedir recursais, requer a procedência de seu pedido para fins de: a) Homologar integralmente a compensação apresentada nos autos; ou b) Determinar a realização de diligência; ou ainda c) Anular a decisão da DRJ Em julgamento datado de 31 de agosto de 2011 (Resolução n. 3402000.275), a 2ª Turma da 4ª Câmara por expressamente entender equivocado o procedimento adotado pela DRF e a solução dada pela DRJ, além de ponderar que os documentos trazidos aos autos Fl. 695DF CARF MF 4 podem sugerir a mutação de regime de apuração da exação e erro na aplicação do regime de competência determinou a conversão do julgamento em diligência, nos seguintes termos: Voto por converter o julgamento em diligência para que o órgão de origem verifique: a) Quais foram os contratos de compra e venda de energia elétrica firmados antes de 31/10/2003 e qual a receita auferida na execução destes contratos; b) Se todos os contratos firmados antes de 31/10/2003 tinham prazo de vigência superior a 1 (um) ano; c) Se o preço foi predeterminado; d) Quando houve a primeira alteração de preço decorrente da aplicação de cláusula contratual de reajuste periódico ou não; e) Quando houve a primeira alteração de preço decorrente da aplicação de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômico/financeiro do contrato, nos termos dos artigos 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; f) Se houve reajuste de preço, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou a variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 12 do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995; e g) Se houve equívoco na apuração da exação quando da apuração da base de cálculo da exação pelo regime de competência. Da conclusão da diligência deve ser dada ciência à contribuinte, abrindolhe o prazo de trinta dias para, querendo, pronunciarse sobre o feito. As respostas pela repartição fiscal de origem foram apresentadas em fls 562 a 573, concluindo que, apesar de não terem sido apresentados alguns documentos requeridos à Recorrente, localizou os pagamentos em questão no sistema da Receita Federal. Suas considerações conclusivas foram que: Com base no entendimento da Solução de Consulta nº 228, de 14/12/2009, acima exposto, verificase que as receitas auferidas no mês de junho de 2005, no total de R$ 4.889.638,25, na execução dos contratos CERCO/2002 211, CERCO/2002 212, CERPA/2002 209 e CERPI/2002 210, de 17/10/2002, e CER CEEE, de 11/11/2002, foram equivocadamente reconhecidas como Receita da Venda no Mercado Interno no regime não cumulativo, na Dacon retificadora do 2º Trimestre de 2005, de nº 0000100200800010811, tendo em vista que nos reajustes nos percentuais de 14%, 12%, 14%, 12% e 31%, respectivamente, dos preços dos Valores de Referência ²VR² mensais inicialmente contratados em relação a cada MWh de energia, foram computas as variações do índice IGPM, descaracterizando o preço predeterminado previsto no artigo 10 da Lei nº 10.833/2003. Fl. 696DF CARF MF Processo nº 11080.928466/200991 Acórdão n.º 3402004.377 S3C4T2 Fl. 113 5 Por sua vez, a Recorrente foi intimada do resultado da diligência, apresentando manifestação de fls 575 a 597, pela qual reforça que a própria autoridade fiscalizadora confirmou suas alegações de defesa e requer, novamente, o provimento de seu recurso voluntário, pois, no seu entendimento: i) a Fiscalização deveria ter comprovado que os reajustes dos preços dos Contratos foram superiores aos custo de produção da Requerente ii) da impossibilidade de retirar dos contratos firmados pela Requerente a característica de serem a preço predeterminado, uma vez que o mero reajuste de preço não seria condição suficiente para descaracterizar o preço predeterminado, conforme dispõe o artigo 3º, §3º da IN 658/2006 (o reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados não descaracteriza o preço predeterminado) iii) Contrato CERCEED, foi celebrado para harmonizar o conceito de valor de referência (VR) com o conceito de valor normativo (VN), estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL, Nota Técnica 23/2003). Assim, os reajustes promovido configuram mera alteração nominal no preço. Não configurariam, dessarte, reajuste do preço contratado, mas sim mera recomposição do valor da moeda. iv) Sobre os Contratos CERCEEED, CERCO/2002 211, CERCO/2002 212, CER PA/2002 209 e CERPI/2002 210, lembra quea Lei n. 10.833/2003 não definiu o que seria “preço predeterminado”. Assim, por força do que determina o artigo 109 do CTN, deve ser observado o artigo 487 do Código Civil e, por conseguinte, convalidado que as partes podem contratar preço em função de índices, desde que estes sejam suscetíveis de determinação. Ou seja, a existência de cláusula que preveja índice determinado de reajuste de preço não retira sua característica de contato de preço (pre)determinado; v) o artigo 109 da Lei n. 11.196/2005, com aplicação retroativa a 1º de novembro de 2003 (cf artigo 106, inciso I do CTN, por tratarse de lei meramente interpretativa), esclareceu que o reajuste de preço não pode ser considerado para fins de descaracterização de preço predeterminado a que se refere o artigo 10, inciso XI, alíneas “b” e “c” da Lei n. 10.833/2003. Ademais, o artigo 109 da Lei 11.196/2005, conjuntamente lido com o artigo 27, parágrafo único 1º, incido II da Lei n. 9.069/1995, levam à conclusão de que o contrato que tenha seu preço reajustado em função do custo de produção ou da variação de índica que reflita a variação ponderado dos custos dos insumos utilizados não perde a característica de contrato a preço predeterminado. O IGMP constitui índice que reflete adequadamente a evolução dos preços das atividades produtivas, portanto enquadrandose nos dispositivos anteriormente citados, exatamente como expôs a Nota Técnica n. 224/2006 SFF/ANEEL e o Ofício n. 1.431/2006SFF/ANEEL vi) subsidiariamente, a Fiscalização deveria ter comprovado que os reajustes pelo IGPM superaram o percentual correspondente ao acréscimo dos custos de produção. Posteriormente, a Recorrente apresentou laudo formulado por auditoria independente a respeito da composição do preço predeterminado dos contratos acostados aos autos, razão pela qual, em 26 de maio de 2017, tendo em vista o conteúdo do artigo 10 do Fl. 697DF CARF MF 6 Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015),1 propus a abertura de vista à Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN), para que se manifeste acerca do documento apresentado pela Recorrente, medida imperativa para submeter a documentação ao contraditório, tornandose então prova capaz de legitimamente influenciar o julgamento do caso. A manifestação da PFN veio ao processo em fls 628 a 638, no seguinte sentido: Concluise, portanto, à vista dos argumentos acima expostos, que, de todo modo, o pleito do contribuinte deve ser rechaçado: a) seja para encampar a conclusão exarada pela DRJ de origem, com base nos fundamentos ali expostos, ou seja, de que o fato de o contribuinte ter, posteriormente à ciência do Despacho Decisório, tratado de retificar formalmente a DCTF não tem o efeito de convalidar retroativamente a compensação instrumentada por DCOMP pois a existência do indébito só se aperfeiçoou depois. A razão pela qual não se pode acatar esta retroação de efeitos está associada ao fato de que como a apresentação da DCOMP serve à extinção imediata do débito do sujeito passivo (nos mesmos termos de um pagamento), só pode ela ser efetuada com base em créditos contra a Fazenda Nacional líquidos e certos (como o comanda o artigo 170 do Código Tributário Nacional). Nesse contexto, créditos relativos a valores confessados e não retificados antes de qualquer procedimento de ofício não têm existência jurídica válida (em termos tanto de liquidez quanto de certeza), em razão dos efeitos legais atribuídos à DCTF; b) seja para, não acatado o posicionamento acima, diante da análise da PER/DCOMP com base na DCTF retificada após proferido despachodecisório que não homologou a compensação (cuja possibilidade se admite apenas para argumentar), determinar o retorno dos autos à unidade de origem para verificar a liquidez, certeza, suficiência e legalidade da compensação pleiteada, de forma a apreciar os argumentos e elementos probatórios coligidos ao feito pelo interessado, dando concretude aos princípios do contraditório e da ampla defesa, sem suprimir instâncias. É o relatório. 1 Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Voto Conselheira Relatora Thais De Laurentiis Galkowicz Fl. 698DF CARF MF Processo nº 11080.928466/200991 Acórdão n.º 3402004.377 S3C4T2 Fl. 114 7 Os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário já foram anteriormente reconhecidos por este Conselho, de modo que passo a apreciação do mérito. Como se depreende do relato acima, o presente processo, oriundo de pedido de restituição, tem como arcabouço jurídico a questão do preço predeterminado dos contratos acostados aos autos pela Recorrente e sua implicação quanto à (não)cumulatividade da Contribuição ao PIS e da COFINS. Nesse tipo de processo discutese a capacidade do índice de correção aplicado aos contratos de longo prazo alterar o preço predeterminado dos mesmos, e foi nesse sentido que caminhou a defesa da Recorrente depois do julgamento a quo, no intuito de demonstrar a legitimidade do crédito pleiteado. Todavia, tal questão de fundo não pode ser objeto de análise neste momento processual. Isto porque o despacho decisório (fls 7) resumiu a não homologação do crédito ao fato de que "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP." Daí que a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte limitouse a, em uma lauda, informar que "comprova a existência do crédito compensado através de retificação da DCTF do período." Por conseguinte, o julgamento da DRJ negou provimento à manifestação de inconformidade por entender que a retificação ou o cancelamento, para fins de comprovação do direito creditório, só poderiam ser adotados pela empresa em uma situação de espontaneidade, nunca após o despacho decisório. Assim, a lide foi demarcada unicamente com relação a este ponto, e não com relação a qualquer outra qualidade do crédito, decorrente de indébito tributário, pleiteado. Pois bem. Com relação aos efeitos da DCTF retificadora, o artigo 18 da Medida Provisória n o 2.18949, de 23 de agosto de 2001,2 dispôs que a DCTF retificadora tem os mesmos efeitos da original. Disciplinando tal regra, a Instrução Normativa n. 903, de 30 de dezembro de 2008, vigente à época dos fatos e cujo regramento foi sistematicamente reproduzido nos atos normativos que lhe sucederam , em seu artigo 11, colocava que: Art. 11. A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. 2 Art. 18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. Parágrafo único. A Secretaria da Receita Federal estabelecerá as hipóteses de admissibilidade e os procedimentos aplicáveis à retificação de declaração. Fl. 699DF CARF MF 8 § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. No presente caso, o procedimento eletrônico de não homologação referiuse à PERD/COMP e à não localização de créditos suficientes. Ocorre que, como determinam as normas acima transcritas, somente não seriam admitidas para alterar o crédito declarado as DCTF retificadoras relativas a tributos cuja cobrança tenha sido enviada à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional ou que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. Ou seja, mesmo após de proferido o despacho decisório, como aqui ocorreu, é possível que a DCTF retificadora tenha seus plenos efeitos de substituir a original. Portanto, o despacho que não homologou a compensação não impedia a DCTF retificadora, que, por sua vez, substituiu completamente a original. Assim, a DCTF retificadora apresentada in casu tem o condão de alterar a situação jurídica anteriormente constatada pelo despacho decisório, o que naturalmente leva à necessidade de o crédito pleiteado pela ora Recorrente ser analisado pela autoridade fiscal de origem com base nessa nova informação, quanto à sua liquidez e certeza. Somente após tal providência é que poderia ser denegada a compensação. É nesse sentido que tem decidido a pacífica jurisprudência do CARF, como se depreende das ementas dos Acórdãos colacionadas abaixo: Ementa: APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS DESPACHO HOMOLOGATÓRIO POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DO CRÉDITO. A declaração retificadora possui a mesma natureza e substitui integralmente a declaração retificada. Descaracterizadas às hipóteses em que a retificadora não produz efeitos. 1. Saldos enviados à PGFN para inscrição em DAU. 2. Valores apurados em procedimentos de auditoria interna já enviados a PGFN. 3. Intimação de início de procedimento fiscal. Recurso Conhecido e parcialmente provido. (Acórdão 3201 001.237) Retorno dos autos a unidade de jurisdição para apuração do crédito.” CPMF. COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e vinculações declarados, sendo consequência de sua Fl. 700DF CARF MF Processo nº 11080.928466/200991 Acórdão n.º 3402004.377 S3C4T2 Fl. 115 9 apresentação, após a não homologação de compensação por ausência de saldo de créditos na DCTF original, a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Recurso Voluntário Provido em Parte (Acórdão 330201.727) Ementa: COMPENSAÇÃO. FORMALISMO MODERADO. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS DESPACHO DECISÓRIO. DIREITO À REPETIÇÃO DO INDÉBITO. A prévia retificação da DCTF não é condição sine qua non para a análise de declarações de compensação de indébitos tributários por pagamentos aplicados em débitos confessados, em face da alegação de erro na declaração. Recurso Voluntário Provido. Aguardando Nova Decisão (Acórdão 380302.683) Ocorre que em razão dos procedimentos adotados especificamente no bojo deste processo administrativo, a providência que deve ser tomada é outra. Explico. Repisando o histórico processual, vemos que o Relator que me precedeu entendeu por bem baixar o processo em diligência, o que culminou na análise pela autoridade fiscal de origem sobre a certeza e liquidez dos créditos em discussão (fls 562 a 573). Ou seja, foi já suprida tal necessidade de averiguação pela DRF in casu. Igualmente foi satisfeito o direito da Contribuinte de apresentar nova Manifestação de inconformidade (fls 575 a 597), com relação às considerações trazidas pela autoridade fiscal. Assim, não houve prejuízo ao contraditório e à ampla defesa até então, de modo que mandar que estes atos fossem refeitos significaria desproposita afronta à eficiência e à celeridade processual. Entretanto, esses novos contornos da lide não foram apreciados pela DRJ, já que foram diretamente enviados a este Conselho após o cumprimento da citada diligência. Essa situação não pode ser convalidada no processo administrativo fiscal, sob pena supressão de instância e ofensa ao duplo grau de jurisdição administrativa. Afinal, a ausência de análise do caso pela DRJ nesse contexto ocasiona cerceamento do direito de defesa no processo administrativo e caso fosse proferido julgamento inaugural da matéria (contrato por preço prédeterminado, sua correção monetária e implicações no regime de apuração da COFINS) por este Conselho, estaríamos atuando como instância única. Tal situação não é permitida pelo sistema jurídico, uma vez que o artigo 5º, inciso LV da Constituição confere aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Cumpre destacar a lição de James Marins3 sobre o tema: Não podem, União, Estado, Distrito Federal ou Municípios, instituir no âmbito de sua competência, a denominada “instância única” para o julgamento das lides tributárias 3 Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). São Paulo: Dialética, 2010 5ª ed. Fl. 701DF CARF MF 10 deduzidas administrativamente, sob pena de irremediável mutilação da regra constitucional e consequente imprestabilidade do sistema administrativo processual que, por falta de tal requisito constitucional de validade, não servirá para aperfeiçoar a pretensão fiscal impugnada, remanescendo carente de exigibilidade. É por essa razão que, uma vez superada a questão da DCTF retificadora, os créditos pleiteados já tendo sido avaliados pela autoridade fiscal certificadora e objeto de nova manifestação de inconformidade pela Contribuinte, os autos devem agora ensejar apreciação pela DRJ, porque a lide foi reformulada no decorrer do processo administrativo, dado ao princípio do formalismo moderado que impera nesta seara. Saliento que não se trata de nulidade do Acórdão a quo, que julgou a lide conforme apresentada naquele momento processual. Dessarte, não é o caso de aplicação do artigo 59 do Decreto 70.235/72, mas sim de dar cumprimento ao artigo 60 do mesmo diploma normativo,4 quando determina que irregularidades verificadas no processo devem ser sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo. Dispositivo Diante do exposto, voto por i) dar provimento parcial ao recurso voluntário tão somente quanto ao direito de se valer da DCTF retificadora para o pleito dos créditos; ii) determinar a remessa dos autos para a DRJ de Porto Alegre, para que nova decisão seja proferida, levando em consideração agora os fundamentos da Fiscalização a respeito do crédito pleiteado no Relatório Fiscal de Diligência (fls 562 a 573) e a subsequente manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte (fls 575 a 597), além dos demais elementos de prova constantes dos presentes autos. Relatora Thais De Laurentiis Galkowicz 4 Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Fl. 702DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.006995/2008-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
CPMF. IMUNIDADE. ENTIDADE BENEFICENTE E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. LEGITIMIDADE DE EXIGÊNCIA DO CEBAS.
Conforme decisão do STF na ADI 2028, é legítima a exigência do CEBAS para fins de aplicação da imunidade quanto à CPMF.
DECADÊNCIA. SÚMULA STJ Nº 555.
Ausente declaração do débito, o prazo decadencial computa-se nos termos do art. 173 do CTN, conforme Súmula STJ nº 555.
Numero da decisão: 3201-002.869
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Avila.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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ementa_s : Assunto: Classificação de Mercadorias Ano-calendário: 2003, 2004, 2005 CPMF. IMUNIDADE. ENTIDADE BENEFICENTE E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. LEGITIMIDADE DE EXIGÊNCIA DO CEBAS. Conforme decisão do STF na ADI 2028, é legítima a exigência do CEBAS para fins de aplicação da imunidade quanto à CPMF. DECADÊNCIA. SÚMULA STJ Nº 555. Ausente declaração do débito, o prazo decadencial computa-se nos termos do art. 173 do CTN, conforme Súmula STJ nº 555.
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IMUNIDADE. ENTIDADE BENEFICENTE E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. LEGITIMIDADE DE EXIGÊNCIA DO CEBAS. Conforme decisão do STF na ADI 2028, é legítima a exigência do CEBAS para fins de aplicação da imunidade quanto à CPMF. DECADÊNCIA. SÚMULA STJ Nº 555. Ausente declaração do débito, o prazo decadencial computase nos termos do art. 173 do CTN, conforme Súmula STJ nº 555. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Avila. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 69 95 /2 00 8- 12 Fl. 609DF CARF MF 2 Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte em face do acórdão nº 0354.939, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF), que assim relatou o feito: Tratase de auto de infração lavrado contra a pessoa jurídica ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA BANCO DO BRASIL, para exigir Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão Financeira CPMF, referente aos anoscalendário de 2003 a 2005, no valor total de R$ 188.067,69. No referido lançamento, a autoridade fiscal imputou à contribuinte a prática de falta de recolhimento da CPMF, referentes aos fatos geradores relativos aos anoscalendário de 2003 a 2005. Por ser o presente feito originário de processo ainda elaborado em meio físico (papel), adotarei, para fins de localização de documentos citados, a numeração originária, inserida no processo físico digitalizado, situação que não se aplicará ao presente Acórdão, o qual adotará a numeração sequencial do Eprocesso (digital). I. DO PROCEDIMENTO FISCAL Segundo a agente fiscal, a contribuinte é constituída na forma de uma sociedade civil de fins assistenciais e não lucrativos, com características de uma agremiação desportiva, social, cultural e recreativa, reconhecida como de utilidade pública pela lei estadual n° 9.998, de 05 de dezembro de 1975, e se beneficiava da isenção relativa às Contribuições da Seguridade Social, com a alegação de tratarse de uma entidade beneficente de assistência social. Destacou a autoridade fiscal que para a contribuinte usufruir do benefício constitucional estabelecido no artigo 195, § 7°, da Constituição Federal, que trata das Contribuições para a Seguridade Social, exigências devem ser cumpridas, pois a isenção em questão está condicionada a que os beneficiários atendam às exigências estabelecidas em lei. No tocante à CPMF, instituída pela Lei n° 9.311, de 24 de outubro de 1996, o seu artigo 3º, inciso V, estabelece a não incidência da CPMF sobre a movimentação financeira ou transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira das entidades beneficentes de assistência social, nos termos do parágrafo 7º, do artigo 195, da Constituição Federal. Por tratarse de uma isenção condicional, a Secretaria da Receita Federal, por meio da Instrução Normativa SRF n° 44, de 2 de maio de 2001, estabeleceu a obrigatoriedade de apresentação da Declaração de Não Incidência da CPMF à instituição financeira responsável pela retenção dessa contribuição, no sentido de atender o dispositivo contido no inciso V, do artigo 3º, da Lei n° 9.311/96. A exigência acima foi ainda mais acentuada por ocasião da edição da Instrução Normativa SRF n°531, de 30 de março de 2005, pois o seu artigo 1°, parágrafo 2°, dispôs que, para efeito Fl. 610DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 610 3 do disposto no inciso V, do artigo 3°, da Lei nº 9.311/96, a instituição responsável pela retenção da CPMF deveria exigir da entidade interessada cópia autenticada do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social — CEBAS, nos termos do Decreto n° 2.536, de 6 de abril de 1998, válido para o período objeto da não incidência da contribuição, documento que deveria ser arquivado juntamente com a Declaração de Não Incidência da CPMF. Assim, no curso do procedimento fiscal, foi identificado que a contribuinte não teve os valores devidos de CPMF sobre as suas movimentações financeiras retidas pelo Banco do Brasil, uma vez que a Associação Atlética Banco do Brasil se apresentou perante a instituição financeira na condição de entidade beneficente de assistência social, portanto não sujeita às retenções da CPMF. Por essa razão, os extratos bancários da contribuinte foram solicitados e disponibilizados em papel, restando caracterizada a abertura ao Fisco dos dados da movimentação financeira da fiscalizada, nos períodos sob fiscalização. Considerada a elevada quantidade de dados referentes à movimentação financeira da contribuinte, a fiscalização achou por bem intimar a autuada a apresentar os extratos bancários em meio magnético, no sentido de facilitar o trabalho de levantamento das bases de cálculos da CPMF, tendo sido informado pelo Banco do Brasil sobre a impossibilidade da gerência local disponibilizar os dados na forma requerida pela agente fiscal. Por essa motivação, foi emitida Requisição de Movimentação Financeira RMF, visando a obtenção dos dados de movimentação financeira relativa ao período sob exame, tendo o Banco Brasil atendido essa exigência, apresentando tanto em papel como em meio magnético os dados demandados. Com base nos extratos bancários disponibilizados pela Instituição Financeira, a agente fiscal elaborou Demonstrativo do Levantamento das Bases de Cálculo da CPMF para o período compreendido entre 01/01/2003 a 31/12/2005, contendo as seguintes informações: data do fato gerador, instituição bancária, agência, conta, histórico do lançamento, número do documento e valor. A planilha contendo o Demonstrativo em questão foi disponibilizada à autuada através de CDROM, conforme evidenciado no Termo de Intimação Nº 06, lavrado em 04 de março de 2008, doc. de fls. 251 e 252. Destacase que no ato acima mencionado, a contribuinte foi intimada a apresentar o Certificado Beneficente de Assistência Social – CEBAS, considerando a ausência de retenções de CPMF nas contas mantidas no Banco do Brasil. Fl. 611DF CARF MF 4 No tocante aos valores apurados nos Demonstrativos elaborados pela autoridade fiscal, a autuada foi intimada a se manifestar sobre a composição das bases de cálculo da CPMF apuradas no procedimento de ofício, cujo prazo inicial de atendimento foi prorrogado a pedido da contribuinte. Vencido o prazo adicional concedido à contribuinte, verificase nos autos que não houve por parte da fiscalizada qualquer questionamento sobre os valores apurados e detalhados no Demonstrativo elaborado pela agente fiscal, bem como não foi apresentado pela contribuinte o Certificado Beneficente de Assistência Social – CEBAS. Dessa forma, não existindo qualquer questionamento da autuada sobre os valores apurados de CPMF com base nos extratos bancários disponibilizados pelo Banco do Brasil, e considerando, ainda, que os valores de CPMF não foram declarados em quaisquer Declarações de Débitos e Créditos Federais – DCTF apresentadas à Receita Federal do Brasil, foi procedida a lavratura do Auto de Infração ora impugnado. II. DA IMPUGNAÇÃO Cientificada do lançamento a pessoa jurídica autuada apresentou impugnação de fls. 293 a 306, atacando o procedimento fiscal com os argumentos a seguir expostos. 1. Da preliminar de nulidade do Auto de Infração Sobre essa preliminar sustenta a impugnante que o Auto de Infração não contém os requisitos específicos do art. 10 do Decreto n° 70.235/1972, não tendo sido expostos os fatos que originaram a autuação de forma ininteligível, dificultando, inclusive, o rebate dos fundamentos adotados no lançamento. Afirma que o auto de infração lavrado, ao elencar a descrição do fato e a disposição legal infringida, simplesmente remete o autuado a "folhas de continuação anexas", documentos estes que não contém a descrição especifica do fato, e muito menos o dispositivo legal infringido, posto que se limita a citar leis e decisões de tribunais, tratando da temática da regulamentação do art. 195, §7°, da Constituição Republicana. Entende que não existe, no auto de infração, a indicação do dispositivo legal ferido pela autuada, mas tão somente a menção de que, por não ter impugnado os valores apresentados pelo fisco, foi efetuado o lançamento de oficio das contribuições relativas aos anos de 2003, 2004 e 2005. Apresenta para reforçar sua preliminar de nulidade jurisprudência do Conselho de Recursos Fiscais do Estado da Paraíba. Conclui sobre esse ponto requerendo seja anulado o auto de infração lavrado, por descumprimento manifesto dos preceitos legais, notadamente o disposto no art. 10, III e IV, do Decreto nº 70.235/72. 2. Da imunidade da AABB quanto às contribuições sociais Fl. 612DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 611 5 Sobre esse tema a recorrente afirma ser a AABB uma entidade assistencial, reconhecida como de utilidade pública, pela Lei Estadual 9.998/75, que goza de imunidade quanto às contribuições para a seguridade social, consoante prescreve o art. 195, § 7º, da Constituição Federal. Entende a defendente que o dispositivo inserido no § 7º do citado diploma legal é claramente uma norma constitucional de eficácia limitada, eis que determina que a Lei estabeleça as exigências para que uma entidade seja beneficiada com a imunidade das contribuições para seguridade social. Admitindo a eficácia limitada da norma, alega, ainda, a impugnante que o Termo de Verificação afirma que o Supremo Tribunal Federal, no Mandado de Injunção de n° 232RJ, testificou a falta de regulamentação da parte final do dispositivo supra citado, trazendo aos autos a sua Ementa, da lavra do Rel. Min. Moreira Alves, por meio da qual evidenciase que o STF, reconhecendo a mora legislativa, determinou que o Congresso Nacional editasse a norma regulamentadora do artigo 195, § 7º, da Constituição Federal. Nesse ponto, afirma a recorrente que o Termo de Verificação dá como certo o preenchimento da lacuna legislativa pela Edição da Medida Provisória nº 215835/ 2001, por seu art.17, c/c a Emenda Constitucional nº 32/2001, em seu art. 2º, que na verdade trata das contribuições para o PIS/PASEP e Cofins, não sendo no seu entender aplicável ao caso da CPMF. Com relação ao disposto no artigo 55 da Lei nº 8.212/91, o ponto central da discussão apresentada pela impugnante vinculase a respeito do Certificado Beneficente de Assistência Social – CEBAS, introduzido em referido preceito pela Medida Provisória nº 218713/ 2001. Afirma a recorrente que a AABB foi fundada nos anos 40, como uma sociedade civil de fins assistenciais e não lucrativos. Assim, era imune à cobrança das contribuições sociais, nos termos do art. 10 da Lei 3.577/1959, que somente foi revogada em 1977, através do Decreto 1.572, quando a AABB já havia sido reconhecida como de utilidade pública (Lei Estadual 9998/75), sendo que referido decreto ressalvou o direito adquirido (art. 1°) à imunidade concedida pela Lei então revogada. Continua a defendente afirmando que ao tempo da promulgação da Constituição Federal de 1988, a AABB já era imune das contribuições previdenciárias, tendo o CEBAS passado a ser exigido em 1998, através da edição do Decreto 2.536, entendendo, por consequência, que referida norma não tem o condão de prejudicar o direito adquirido, a teor do art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição de 1988. Seguindo mesma linha de defesa, a suplicante afirma que a AABB já era imune à cobrança da contribuição para a seguridade social ao tempo da instituição da CPMF pela Lei nº Fl. 613DF CARF MF 6 9.311/96. Não obstante, ao tempo da edição do art. 195, § 7º, da Carta Magna, a AABB já era beneficiária da imunidade, ante a produção do direito adquirido. 3. Da irretroatividade da Instrução Normativa RFB nº 531/2005 No tocante à exigência da fiscalização em relação ao CEBAS, alega a impugnante que a instrução Normativa n° 531/2005 somente foi editada em 30.03.2005, não podendo ser utilizada com efeito retroativo, ante a aplicação da lei no tempo, disposta no art. 144 do CTN, que no seu caput determina que o “lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.” 4. Da distinção de hipótese de imunidade ou de isenção aplicada ao caso em questão e da limitação do poder de tributar por meio de lei complementar No tocante a esses temas, a recorrente discorre na impugnação seu posicionamento de discordância ao entendimento da Receita Federal de que o preceito contido no artigo 195, § 7º, da Constituição Federal referese a simples isenção, pois assevera a suplicante que tal dispositivo tratase de hipótese de imunidade tributária, implicando em verdadeira limitação ao poder de tributar. Nesse sentido, junta à sua peça manifestações do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, a partir de ementas de votos proferidos no RMS 22.192, da lavra do Relator Ministro Celso de Mello, relativo a julgamento realizado 28.11.95, e no AgRg no MS 11.409/DF, do Ministro Relator Castro Meira, relativo a julgamento realizado em 23.04.2008 A recorrente continua a sua argumentação em relação a esse aspecto apresentando pensamento doutrinário de Tomáz de Aquino Resende, no artigo titulado imunidades tributárias e isenções de impostos, o qual, em síntese, assevera que a hipótese contemplada no art. 195, § 7º, da Constituição Federal referese a imunidade, significando vedação de cobrança mediante edição de leis complementares ou ordinárias. Retomando ao tema, a recorrente afirma que, configurada a hipótese de imunidade, verdadeira limitação ao poder de tributar, qualquer disposição somente pode ser disposta em lei complementar, a teor do artigo 146, II, da Constituição Federal, e não por lei Ordinária, como pretende o fisco. Nesse ponto concluí que, ao tempo da edição do art. 195, §7°, da Constituição Federal, a AABB já era imune à cobrança das contribuições sociais. Por outro lado, a exigência contida no art. 55 da Lei 8.212/91 não se aplica às imunidades tributárias, eis que, de acordo com o texto constitucional, somente por Lei Complementar poderia ser regulamentada a imunidade, já que se constituiu em verdadeira limitação ao poder de tributação. Fl. 614DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 612 7 5. Da aplicação da multa de ofício de 75% A recorrente não concorda com aplicação da multa de ofício de 75% sobre todos os valores entendidos pelo fisco como devidos, por entender que a Lei nº 9.311/96, que instituiu a CPMF, bem como a Lei nº 8.891/85, que dispôs sobre os juros de mora, nada falam desse percentual absurdo de multa que praticamente dobra o valor do suposto crédito. Para tanto, reproduz em sua defesa os artigos 13 da Lei nº 9.311/96, e o artigo 84, inciso II, da Lei nº 8.891/85. 6. Da decadência quanto aos créditos não constituídos no prazo quinquenal Em relação a cobrança pela fiscalização de supostos débitos de CPMF, relativos ao período de 01.01.2003 a 31.12.2005, a suplicante apresenta decisão do Supremo Tribunal Federal, que afastou por completo o prazo de 10 (dez) anos para a apuração dos créditos destinados à seguridade social, declarando a inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, fazendo prevalecer o prazo de 5 (cinco) anos estipulado no Código Tributário Nacional. Para tanto, reproduz Ementa do voto do Ministro Gilmar Mendes, relator do RE QO 556664/RS. Manifesta, ainda, entendimento de que a CPMF é um tributo sujeito ao lançamento por homologação, assim, todo e qualquer pseudo débito não apurado até a constituição definitiva do crédito tributário não poderá ser cobrado, ante a decadência, causa de extinção do crédito tributário a teor do art. 156, V, do CTN. Para substanciar seu entendimento, apresenta doutrina especializada sobre o tema da lavra de Mary Elbe Queiroz, que aponta a CPMF como tributo sujeito ao lançamento por homologação. Nesse tema a impugnante não indica expressamente quais fatos geradores estariam alcançados pela decadência, apenas expressa na parte final de sua peça que o reconhecimento deve ser operado no tocante aos créditos não apurados no prazo de 5 (cinco) anos até a data da constituição definitiva do débito. 7. Do pedido de diligência Na formulação do seus quesitos para justificar pedido de diligência, entende a recorrente, que o Banco do Brasil, por ter a condição de substituto tributário, nos termos do art. 5º da Lei 9.311/96, deveria ter exigido da AABB qualquer documento que não a mera declaração de imunidade a cobrança da CPMF. Nesse sentido, requer a recorrente diligência para que referida instituição financeira esclareça porque nunca exigiu o CEBAS da AABB, e que acoste aos autos do processo administrativo a declaração de imunidade à CPMF apresentada pela AABB. É o Relatório. Fl. 615DF CARF MF 8 Após exame da Impugnação apresentada pelo Contribuinte, a DRJ proferiu acórdão assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2003, 2004,2005 DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO OU CONFISSÃO DE DÉBITOS ESPONTÂNEA. Tratandose de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, não havendo pagamento ou confissão espontânea de débitos, conforme orientação do Parecer PGFN/CAT nº. 1.617, de 2008, aplicase a regra do art. 173, I, do CTN. NULIDADE Não há que se falar de nulidade quando a exigência fiscal sustentase em processo instruído com todas as peças indispensáveis e não se vislumbra nos autos que o sujeito passivo tenha sido tolhido no direito que a lei lhe confere para se defender. MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado no percentual de 75% determinado expressamente no art. 44 da Lei nº 9.430/96. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF Ano calendário: 2003, 2004, 2005. INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM FINS LUCRATIVOS. IMUNIDADE Para o reconhecimento da imunidade tributária das instituições beneficentes de assistência social sem fins lucrativos, na forma do art. 195, § 7º, da Constituição Federal, exigese a apresentação do CEBAS, conforme art. 55, II, da Lei nº 8.212/91. CPMF. FALTA DE RETENÇÃO. RESPONSABILIDADE SUPLETIVA Não tendo a instituição financeira efetuado a retenção da CPMF devida pelo titular da contacorrente, pode o Fisco exigir do contribuinte o tributo não retido e não recolhido, com os devidos acréscimos legais. INCONSTITUCIONALIDADE.ILEGALIDADE. APRECIAÇÃO. VEDAÇÃO. Fl. 616DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 613 9 Não compete à autoridade administrativa manifestarse quanto à inconstitucionalidade ou ilegalidade das leis, por ser essa prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário. DILIGÊNCIA. PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Sendo os documentos acostados aos autos claros, permitindo um adequado julgamento, tornase prescindível a realização de perícia ou diligência para a solução da controvérsia. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando os argumentos de defesa apresentados. Após os autos foram remetidos a este CARF e a mim distribuídos por sorteio. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário O Recurso Voluntário é próprio e tempestivo, portanto, dele tomo conhecimento. PRELIMINAR NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO Em sede de preliminar, a Recorrente aduz a nulidade do Auto de Infração por suposta ausência de indicação da infração incorrida, bem como dos dispositivos legais tidos por infringidos. Todavia, verificase pelo Relatório Fiscal que o lançamento está revestido de todas as exigências legais, bem como, pela defesa e Recurso Apresentados, que o Contribuinte pôde exercer plenamente seu direito à ampla defesa. Desse modo, afasto a preliminar suscitada. PRELIMINAR DECADÊNCIA A Recorrente postula pelo reconhecimento da decadência, nos termos do art. 150, §4º do CTN. O acórdão recorrido, contudo, aplicou o prazo decadencial na forma do art. 173 do CTN, uma vez que não houve qualquer recolhimento da CPMF. Fl. 617DF CARF MF 10 Com efeito, uma vez que a Recorrente declarouse imune quanto à incidência da CPMF, não houve qualquer recolhimento da referida contribuição, tampouco houve qualquer declaração em sede de DCTF. Desse modo, ausente declaração e recolhimento da CPMF notadamente pelo fato de a Recorrente ter informado indevidamente a condição de imune (ausência de comprovação documental), entendo ser aplicável o art. 173 do CTN, nos termos da Súmula STJ nº 555: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário contase exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. (Súmula 555, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2015, DJe 15/12/2015) Afasto, assim, afastada a preliminar de decadência. MÉRITO IMUNIDADE Conforme se verifica do relato dos fatos, tratase de lançamento de crédito tributário de CPMF em face de entidade de assistência social, cuja cobrança se fundamenta essencialmente no fato de a Recorrente não ter apresentado Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social CEBAS para fins de comprovação do direito ao gozo da imunidade tributária prevista no art. 195, § 7º, da CF. Os fundamentos legais utilizados pela Fiscalização são: Arts. 2°, 4°, 5 0 , 60 e 7 0 da Lei n° 9.311/96 e art. 1° da Lei n°9.539/97 c/c art. 1 0 da Emenda Constitucional n ° 21/99. Art. 84 das Disposições Constitucionais Transitórias, acrescentado pelo art.3°da Emenda Constitucional n°37/2002; Art. 3° da Emenda Constitucional n ° 42/03; Art. 55 da Lei 8.212/91; Decreto n° 2.536, de 06 de abril de 1998; IN SRF n ° 44, de 02 de maio de 2001; IN SRF n ° 531, de 30 de março de 2005, art. 1 ° parágrafo 2 ° . Especialmente no que se refere ao art. 55 da Lei nº 8.212/91, utilizado como fundamento do lançamento, cumpre salientar que recentemente o Supremo Tribunal Federal declarou sua parcial inconstitucionalidade em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade: EMENTA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONVERSÃO EM ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. CONHECIMENTO. IMUNIDADE. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. ARTS. 146, II, e 195, § 7º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REGULAMENTAÇÃO. LEI 8.212/91 (ART. 55). DECRETO Fl. 618DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 614 11 2.536/98 (ARTS. 2º, IV, 3º, VI, §§ 1º e 4º e PARÁGRAFO ÚNICO). DECRETO 752/93 (ARTS. 1º, IV, 2º, IV e §§ 1º e 3º, e 7º, § 4º). ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. DISTINÇÃO. MODO DE ATUAÇÃO DAS ENTIDADES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. TRATAMENTO POR LEI COMPLEMENTAR. ASPECTOS MERAMENTE PROCEDIMENTAIS. REGRAMENTO POR LEI ORDINÁRIA. Nos exatos termos do voto proferido pelo eminente e saudoso Ministro Teori Zavascki, ao inaugurar a divergência: 1. “[...] fica evidenciado que (a) entidade beneficente de assistência social (art. 195, § 7º) não é conceito equiparável a entidade de assistência social sem fins lucrativos (art. 150, VI); (b) a Constituição Federal não reúne elementos discursivos para dar concretização segura ao que se possa entender por modo beneficente de prestar assistência social; (c) a definição desta condição modal é indispensável para garantir que a imunidade do art. 195, § 7º, da CF cumpra a finalidade que lhe é designada pelo texto constitucional; e (d) esta tarefa foi outorgada ao legislador infraconstitucional, que tem autoridade para definila, desde que respeitados os demais termos do texto constitucional.”. 2. “Aspectos meramente procedimentais referentes à certificação, fiscalização e controle administrativo continuam passíveis de definição em lei ordinária. A lei complementar é forma somente exigível para a definição do modo beneficente de atuação das entidades de assistência social contempladas pelo art. 195, § 7º, da CF, especialmente no que se refere à instituição de contrapartidas a serem observadas por elas.”. 3. Procedência da ação “nos limites postos no voto do Ministro Relator”. Arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente da conversão da ação direta de inconstitucionalidade, integralmente procedente.(ADI 2028, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 02/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe095 DIVULG 05052017 PUBLIC 08052017) O acórdão, em sua parte dispositiva, está assim redigido: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, por maioria, em conhecer da ação direta como arguição de descumprimento de preceito fundamental, vencidos os Ministros Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Marco Aurélio. No mérito, por unanimidade e nos termos do voto do Ministro Teori Zavascki, o Tribunal julgou procedente o pedido para declarar a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 9.732/1998, na parte em que alterou a redação do art. 55, inciso III, da Lei nº 8.212/1991 e acrescentoulhe os §§ 3º, 4º e 5º, bem como dos arts. 4º, 5º e 7º da Lei nº 9.732/1998. Aditou seu voto o Ministro Marco Aurélio para, vencido na preliminar de conversão da ação direta em arguição de descumprimento de preceito fundamental, assentar a inconstitucionalidade formal do art. 55, inciso III, da Lei nº 8.212/1991, na redação conferida pelo art. 1º da Lei nº 9.732/1998. Fl. 619DF CARF MF 12 Vejase que o STJ declarou a inconstitucionalidade apenas do inciso III e §§ 3º, 4º e 5º do art. 55 da Lei nº 8.212/91, mantendo válidos os demais dispositivos, notadamente o caput do artigo, que se refere à necessidade de observância cumulativa dos requisitos e o inciso II, que exige, exatamente, o CEBAS: Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; II seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; III promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência;(Redação dada pela Lei nº 9.732, de 1998). § 3oPara os fins deste artigo, entendese por assistência social beneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quem dela necessitar.(Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). § 4oO Instituto Nacional do Seguro SocialINSS cancelará a isenção se verificado o descumprimento do disposto neste artigo.(Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). § 5oConsiderasetambémde assistência social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a efetiva prestação de serviços de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos termos do regulamento.(Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). Com efeito, como consta da ementa transcrita acima, “Aspectos meramente procedimentais referentes à certificação, fiscalização e controle administrativo continuam passíveis de definição em lei ordinária", legitimando, assim, a exigência do CEBAS para conprovação do direito à imuidade das entidades assistenciais às contribuições, inclusive a CPMF. Desse modo, sem mais delongas, tendo em vista a reconhecida constitucionalidade da exigência do CEBAS para aplicação da imunidade constitucional entendo que não merece reparo o lançamento fiscal. MÉRITO ENCARGOS MORATÓRIOS No que tange à multa exigida, a Recorrente aduz ser devida apenas a multa de mora prevista no art. 84, II, da Lei nº 8.981/95. Todavia, não assiste razão à Recorrente, uma vez que, por se tratar de lançamento de ofício, a multa foi aplicada corretamente, nos termos do art. 44 da Lei nº 9.430/96. Assim, nesse ponto, não merece acolhida o pleito da Recorrente. Fl. 620DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 615 13 Desse modo tendo em vista a reconhecida constitucionalidade da exigência do CEBAS para aplicação da imunidade constitucional relativamente à CPMF, voto por NEGAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Fl. 621DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.720878/2014-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 31/01/2010 a 31/12/2010
Ementa:
AUTUAÇÃO. CONCEITOS. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO NORMATIVA.
Deve a fiscalização calcar a autuação nos conceitos disponíveis nos dispositivos normativos vigentes que regem a matéria analisada, sob pena de improcedência.
Numero da decisão: 3401-003.908
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1308; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 18.481 1 18.480 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.720878/201405 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 3401003.908 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de julho de 2017 Matéria AI PIS/COFINS Recorrente JAGUAR E LAND ROVER BRASIL IMPORTAÇÃO E COMÉRCIO DE VEÍCULOS LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 31/01/2010 a 31/12/2010 Ementa: AUTUAÇÃO. CONCEITOS. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO NORMATIVA. Deve a fiscalização calcar a autuação nos conceitos disponíveis nos dispositivos normativos vigentes que regem a matéria analisada, sob pena de improcedência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. ROSALDO TREVISAN – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 08 78 /2 01 4- 05 Fl. 18481DF CARF MF 2 Versa o presente sobre Autos de Infração de fls. 17574 a 17596, e 17597 a 176191, datados de 20/08/2014 (com ciência na mesma data – fls. 15575 e 15597), para exigência de Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, referentes ao ano de 2010, nos valores originais de R$ 13.571.801,58 e R$ 65.147.049,23, respectivamente, acrescidos de juros de mora e de multa de ofício (75 %), por insuficiência de recolhimento, detalhada em Termo de Verificação Fiscal (TVF). No TVF de fls. 15794 a 15818, narra a fiscalização que: (a) a recorrente é subsidiária da Jaguar Land Rover Exports Limited (nova denominação de Jaguar Cars Exports Limited) e da Jaguar Cars Limited, sociedades estrangeiras organizadas e existentes de acordo com as leis do Reino Unido e do País de Gales, e distribuidora, no Brasil, de veículos, autopeças e produtos das marcas Jaguar e Land Rover; (b) a recorrente adquire veículos para transporte de passageiros e cargas (posições NCM 8703 e 8704) importados “por encomenda”, por meio da empresa importadora “COTIA Vitória Serviços e Comércio S.A.” – trading company; (c) intimada a esclarecer a não tributação de Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS nas receitas de vendas dos produtos enquadrados nas posições 8703 e 8704 da NCM, a recorrente informou que as operações ocorrem como previsto na Lei no 11.281/2006 e na IN SRF no 634/2006, que disciplinam as importações por encomenda, que a venda dos veículos feita à recorrente pela trading company fica sujeita à incidência dos tributos, e que a revenda, pela recorrente a terceiros, é tributada normalmente pelo IPI, mas as contribuições são tributadas segundo as regras do regime monofásico, incidindo somente na etapa anterior – venda à recorrente, pela trading company; (d) no contrato de compra e venda por encomenda (entre a recorrente, o exportador e a trading company), há compromisso de exclusividade na revenda, e cláusula de formação de preços; (e) dos termos da proposta de formação de preços, concluise que a trading company não realiza a encomenda no sentido pretendido e formalizado pela recorrente, agindo como verdadeira mandatária do encomendante (fls. 15799/15800), não havendo margem de lucro pela trading company (exemplo às fls. 15801/15802); (f) até a edição da Lei no 11.281/2006, que disciplinou a importação por encomenda, as empresas realizavam importações por conta e ordem (sendo a trading company mera prestadora de serviços, com incidência das contribuições apenas sobre os serviços prestados, e a adquirente contribuinte do IPI e responsável solidária em relação ao imposto de importação e às contribuições) e direta, com revenda (importação pela trading company company com venda de mercadoria nacionalizada, com pagamento de tributos, à recorrente); (g) nas operações de importação por encomenda, a encomendante é contribuinte do IPI, e responsável solidária pelo recolhimento imposto de importação, mas não das contribuições; (h) no caso em análise, houve flagrante redução dos valores devidos a título de contribuições, visto que a trading company vende veículos à recorrente pelo valor da aquisição acrescido de despesas de importação, nacionalização e financeiras, caracterizando um pagamento pela prestação de serviços executados; (i) o § 2o artigo 11 da Lei no 11.281/2006 dispõe que a operação de comércio exterior realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos para importações por encomenda são presumidas por conta e ordem de terceiros; e (j) pelo exposto, a fiscalização considera que as importações deveriam ter sido efetuadas na modalidade “por conta e ordem”, constituindo os créditos referentes às contribuições, utilizando o valor da venda da recorrente às concessionárias, deduzindo os valores de IPI e ICMSSubstituição Tributária. Segue à descrição dos fatos do TVF argumentação geral sobre planejamento tributário (fls. 15807 a 15809) e descrição do valor tributável e da alíquota (fl. 15810), assim como do enquadramento legal (fls. 15810/15811). Ainda no mesmo TVF, a fiscalização imputa infração de falta de recolhimento das contribuições no que se refere a alíquotas diferenciadas para autopeças (fls. 15811 a 15815), sob os seguintes fundamentos: (k) 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 18482DF CARF MF Processo nº 19515.720878/201405 Acórdão n.º 3401003.908 S3C4T1 Fl. 18.482 3 há divergência entre DIPJ e DACON/DCTF (que informam exclusivamente alíquotas diferenciadas de 2,3% e 10,8%); (l) intimada, a recorrente informou haver erros de lançamento nas DIPJ, justificandoos, e que houve, também, erro nos DACON, que trataram a totalidade das operações com alíquotas diferenciadas, quando havia operações com alíquotas normais (1.65% e 7,6%); (m) com base em planilha apresentada pela recorrente, foram apurados valores das contribuições a recolher nos meses de fevereiro, abril e dezembro de 2010, sendo que, nos demais, os valores de créditos superam os apurados; (n) intimada a retificar DACON, a empresa apresentou arquivo segregando os produtos por alíquotas nãocumulativa e monofásica, restando diferença a recolher em abril de 2010; (o) para levantar os valores tributáveis, foram levadas em conta duas situações: (o1) crédito calculado no próprio período de ocorrência da infração, mas descontado em períodos posteriores; e (o2) crédito calculado em período de apuração anterior ao da ocorrência da infração e já descontado em período posterior ao mês da ocorrência da infração; e (p) em ambas as situações, efetuouse o aproveitamento de ofício do crédito, prioritariamente no próprio período de apuração, havendo necessidade de lançamento reflexo, em razão do deslocamento de créditos. Em 18/09/2014 (fl. 17627), foi apresentada a Impugnação de fls. 17629 a 17701, na qual se argumenta, em síntese, que: (a) a recorrente, desde o início de suas atividades no Brasil, por não possuir estrutura interna e experiência no país para operacionalizar as importações, optou por contratar trading company, a fim de que esta realizasse as importações; (b) até 2009, quem comercializava e importava tais veículos, no Brasil, era a “FORD”, por meio da mesma trading company, com estrutura e renome, e que permitia usufruir de benefício fiscal de ICMS, o FUNDAP/ES; (c) a legislação admite duas formas de importação via terceiros: a conta e ordem (necessariamente com recursos do adquirente) e a encomenda (com recursos da trading company e assunção de riscos), esta última instituída somente pela Lei no 11.281/2006, e regulada pela IN SRF no 634/2006; (d) as formas de importação são sujeitas a regimes contábeis e tributários distintos, no que se refere à propriedade dos veículos, e à habilitação para operar no SISCOMEX, e, no presente caso, houve claramente importações por encomenda, sendo que a própria fiscalização reconhece que nunca houve adiantamento por parte da recorrente à trading company; (e) a trading company assumiu todo o risco comercial, cambial e de crédito relativos ao negócio, e não apenas realizou a importação de veículos, mas também agregou a tais bens itens de segurança legalmente exigidos, com acréscimo de valor local, como mencionado no TVF; (f) para os veículos classificados nas posições 8703 e 8704 da NCM, a legislação que rege as contribuições estabelece tributação com alíquotas diferenciadas majoradas (2% e 9,6%), de acordo com a sistemática monofásica, com tributação em uma única fase da cadeia de fabricação e circulação, concentrada no importador ou fabricante; (g) foram cumpridos todos os requisitos para a importação por encomenda, no caso, e a fiscalização não aponta o descumprimento de nenhum de tais requisitos; (h) o artigo 11 da Lei no 11.281/2006 deixa claro que a importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado não configura importação por conta e ordem de terceiros, participando ou não o encomendante das operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior; (i) a própria fiscalização reconhece as operações como “por encomenda” as operações nas quais a trading company assume os riscos da operação, conforme Solução de Consulta no 332/2011, e não estabelece restrições à utilização em casos de tributação monofásica, conforme Solução de Consulta no 99/2011; (j) a circunstância de a pessoa jurídica encomendante e o exportador serem pessoas ligadas não impede nem invalida a realização de importações sob a modalidade de encomenda, e a legislação expressamente o reconhece ao tratar de regras de preços de transferência para importações por encomenda (artigo 14 da Lei no 11.281/2006); (k) ainda que não exista obrigatoriedade na legislação e que haja lucro pela trading company, o raciocínio de que não Fl. 18483DF CARF MF 4 haveria margem de lucro à trading company nas operações em análise, desenvolvido pela fiscalização, é tortuoso, e a planilha, exemplificativa, como reconhece o próprio fisco, não permite extrair conclusões gerais, visto que a trading company embute obviamente seu lucro nas rubricas referentes a custos, havendo lucro mesmo no exemplo citado pelo fiscal, como se demonstra à fl. 17654; (l) a especulação do fisco, mediante interpretação econômica, sobre o que poderia ser feito pela empresa não encontra guarida normativa, e não houve, no caso, planejamento tributário ou dissimulação, mas adoção legítima da sistemática de importação por encomenda; (m) a autuação é, portanto, carente de fundamento e avessa à legalidade estrita, à tipicidade cerrada e à reserva legal; (n) em casos semelhantes, o CARF cancelou a autuação (Acórdãos no 20313.027, e no 3402001.908 e no 3403002.519); e (o) ad argumentandum tantum, a autuação é insanavelmente nula, em decorrência da apuração incorreta da base de cálculo, por desconsideração de créditos das contribuições decorrentes da desconstituição da operação (que deveriam ter sido considerados, para evitar uma incidência monofásica duplicada). Sobre a incidência das contribuições em relação a vendas de autopeças, a recorrente sustenta que (p) as operações envolvendo autopeças por si só não geraram qualquer ausência de recolhimento ou recolhimento a menor das contribuições, decorrendo a exigência exclusivamente da circunstância de o fiscal ter considerado as vendas de veículos como sujeitas à incidência monofásica das contribuições, como se demonstra das planilhas de fls. 18383 e 18385 (anexos H e I da Impugnação). Por fim, sustenta a recorrente que (q) descabe a aplicação da Taxa SELIC sobre a multa de ofício lançada. A decisão de primeira instância, proferida em 14/04/2015 (fls. 18400 a 18425) foi, unanimemente, pela procedência da impugnação, cancelandose totalmente o lançamento, sob os fundamentos de que: (a) parcela substancial dos argumentos da fiscalização, de que a trading company não realizaria as importações no sentido formalizado pela autuada, queda irrelevante para efeito da reclassificação da modalidade de importação (reputandoa por conta e ordem, no lugar de por encomenda), na medida em que é incontroverso que foram as importações levadas a efeito integralmente com recursos da pessoa jurídica importadora – trading company, e não da encomendante predeterminada; (b) as modalidades de importação por conta própria, por conta e ordem e por encomenda são todas lícitas, sendo uma opção do importador atuar mediante uma ou outra, não podendo a fiscalização cercear tal opção, de modo a obrigar a prática de atos de modo a maximizar a tributação; (c) a alegação fiscal de ausência de lucro da trading company é limitada a análise superficial da chamada formação de preços de venda; (d) a fiscalização não comprova a existência de mecanismo abusivo ou artificioso que justificasse a autuação; e (e) no que se refere à suposta insuficiência de recolhimento em relação a autopeças, a despeito da reconhecida divergência entre DACON, DIPJ e escrituração fiscal (com destaque ao fato de que as receitas informadas por intermédio do DACON foram consideradas como se sujeitas fossem às alíquotas majoradas próprias do regime monofásico da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, respectivamente de 2,3% e 10,8%, enquanto existem montantes que deveriam ter sido submetidos às alíquotas do regime não cumulativo, de 1,65% e 7,6%), de se observar que as deduções pela autoridade fiscal acusadas nos respectivos demonstrativos de apuração das contribuições incidentes sobre o faturamento, correspondentes aos valores pagos/declarados a serem subtraídos das contribuições apuradas de forma a se obter as devidas, superam, em vista da exoneração da parcela atinente aos veículos classificados sob as posições 8703 e 8704, as importâncias remanescentes a título de referidas contribuições apuradas, frustrando, por conseguinte, a subsistência de eventual exigência a ser levada a efeito. A Fazenda Nacional, ciente da decisão de piso em 24/07/2015, apresenta Razões ao Recurso de Ofício em 17/09/2015 (fls. 18438 a 18453), traçando análise histórica das modalidades de importação, no Brasil, e defendendo, basicamente, que: (a) no caso, as características das operações realizadas entre as partes do processo (existência de único contrato, ao invés de dois contratos distintos; exclusividade na alienação; composição de preço Fl. 18484DF CARF MF Processo nº 19515.720878/201405 Acórdão n.º 3401003.908 S3C4T1 Fl. 18.483 5 atrelada apenas a custos; negociação entre exportador e “encomendante”/adquirente) permitem identificálas como importação por conta e ordem de terceiro, por se tratarem de prestação de serviços, e não por encomenda, como declarado pela autuada; (b) o fisco não está discutindo a possibilidade de a empresa se valer de determinada espécie de operação prevista em lei, mas apenas questiona é se a forma jurídica adotada efetivamente corresponde à realidade; e (c) no que diz respeito a origem dos recursos, a legislação admite, na importação por conta e ordem, que a trading realize os pagamentos ao fornecedor no exterior, e, ainda assim a importação será por conta da adquirente, que irá reembolsar a mandatária pelos gastos incorridos, exatamente como ocorreu nos autos. A recorrida, tendo ciência das razões apresentadas pela Fazenda Nacional (não consta a data de ciência nos autos), apresenta, em 19/10/2015 (fls. 18456 a 18475), Contrarrazões, no sentido de que o documento indevidamente apresentado pela Fazenda deve ser desconsiderado pelo CARF, por falta de previsão legal. No mais, reitera, em síntese, as razões de defesa expressas em sua impugnação, em oposição ao recurso de ofício. Em 22/07/2016 o processo foi a mim distribuído, por sorteio, visto que o relator original não mais compunha o colegiado. O processo não foi indicado para pauta nos meses novembro e dezembro de 2016, por estarem as sessões suspensas por determinação do CARF. O processo, derradeiramente, não foi indicado para o mês de janeiro de 2017, por ser a pauta mera reprodução da referente ao mês de outubro de 2016, que também teve a sessão suspensa por determinação do CARF. De fevereiro a junho de 2017 o processo foi indicado para pauta, mas não pautado, em função do excesso de número de processos a julgar. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso de ofício foi interposto com respeito aos preceitos normativos que o regem, e, portanto, dele se toma conhecimento. As razões da Fazenda para apoiar o recurso de ofício, quase dois meses após a ciência pessoal do procurador, e as contrarrazões apresentadas pela recorrente (ambas exclusivamente em relação ao item 1 da autuação – referente a veículos) serão ainda tomadas em conta, aqui, a título esclarecedor, no que se refere a razões de direito, que nada inovam em relação ao já constante na autuação. Cabe, logo de início, reiterar que a autuação se desmembra em duas partes, uma referente a veículos e outra relativa a autopeças, ordem pela qual transcorrerá também o presente voto. No que se refere a veículos, a autuação demonstra mácompreensão ou discordância das definições normativamente estabelecidas para importações por encomenda. Fl. 18485DF CARF MF 6 Vejamse as esclarecedoras disposições da Lei no 11.281/2011, a começar pelo artigo 11, em sua redação original: “Art. 11. A importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado não configura importação por conta e ordem de terceiros. § 1o A Secretaria da Receita Federal: I estabelecerá os requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora na forma do caput deste artigo; e II poderá exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do encomendante. § 2o A operação de comércio exterior realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma do § 1o deste artigo presumese por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001.” (grifo nosso) (tais artigos tratam da responsabilidade solidária pelo imposto de importação – art. 77; da responsabilidade por infrações aduaneiras – art. 78; da equiparação a estabelecimento industrial – art. 79; do estabelecimento de requisitos e garantias pela SRF – art. 80; e das normas de incidência das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS sobre a receita bruta do importador – art. 81) Caso a fiscalização desejasse comprovar que a importação se deu na modalidade “por conta e ordem”, bastaria indicar, objetivamente, entre os requisitos e condições fixados pela própria RFB, na IN SRF no 634/2006, qual foi descumprido. Tal Instrução Normativa exige informação em campo próprio da Declaração de Importação, habilitação de ambas as partes envolvidas na importação para operar no SISCOMEX, manutenção de documentos em boa guarda e ordem e apresentação à fiscalização quando demandado, e atendimento de eventuais prestações de garantia. E esclarece ainda a IN, no parágrafo único de seu artigo 1o, que: “Não se considera importação por encomenda a operação realizada com recursos do encomendante, ainda que parcialmente”. Ou seja, pelo exposto na IN, bastaria comprovar que os recursos que financiaram a operação eram do encomendante, e não da trading company, para descaracterizar a operação da modalidade por encomenda, enquadrandoa como “por conta e ordem”. Mas não aponta o fisco, no caso concreto, nenhum descumprimento de requisito. Pelo contrário, endossa que a operação se reveste das características que a lei e a norma infralegal designam para as operações por encomenda. O referido artigo 11 da Lei recebeu um § 3o, em 2007, acrescentado pela Lei no 11.452, de modo a “pacificar a interpretação dada pela administração tributária federal às operações de importação de que trata o art. 11” (conforme parecer do relator, Deputado Neucimar Fraga/PLES, na conversão da MP no 328/2006 na Lei no 11.452, disponível em http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=430948&filename= PPP+1+MPV32806+%3D%3E+MPV+328/2006): Fl. 18486DF CARF MF Processo nº 19515.720878/201405 Acórdão n.º 3401003.908 S3C4T1 Fl. 18.484 7 “§ 3o Considerase promovida na forma do caput deste artigo a importação realizada com recursos próprios da pessoa jurídica importadora, participando ou não o encomendante das operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior.” (grifo nosso) Por certo que tal dispositivo foi inserido pelo parlamentar capixaba em prol das empresas daquela região que atuam com os benefícios do FUNDAP, para aclarar que as importações por encomenda não se descaracterizam pelo simples fato de haver participação do encomendante nas operações comerciais, mitigando autuações frequentes da RFB, à época, com entendimento diverso. Assim, é irrelevante, por si, a ligação entre a exportadora e a encomendante, ou a participação desta ou daquela na fixação de preços. Aliás, o artigo 14 da Lei no 11.281/2011, em sua redação original, afirma que são aplicáveis ao importador e ao encomendante as regras sobre preços de transferência, já prevendo eventual vinculação entre partes, e que esta não descaracterizaria, por si, a modalidade de importação por encomenda. Poderia a RFB ter manifestado oposição a tal parágrafo acrescentado, que figurou como artigo 18 da Lei no 11.452/2007, ou ainda poderia o Ministério da Fazenda ter vetado o dispositivo (como fez, na mesma lei, com os artigos 15, 16 e 17, geograficamente vizinhos). Aliás, poderia a RFB ter, na própria Lei no 11.281/2006, que resultou da conversão da MP no 267/2005, ter inserido dispositivo semelhante ao que incluiu na importação por conta e ordem – artigo 81 da MP no 2.15835/2001: “Art. 81. Aplicamse à pessoa jurídica adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora, as normas de incidência das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS sobre a receita bruta do importador.” (grifo nosso) Ambas as questões são de lege ferenda. Não pode a fiscalização agora, simplesmente discordar do dispositivo ou afirmar que a empresa está a praticar operação distinta com base em conceito de “conta e ordem” e “encomenda” que não encontram guarida na própria legislação. Ademais, a fiscalização sequer é conclusiva em apontar eventual fraude ou simulação, e aplica – recordese – multa não majorada, no percentual de 75%, ao caso. Nas palavras da fiscalização (fl. 15806): Fl. 18487DF CARF MF 8 Afirmar que não há risco no negócio, por serem as empresas vinculadas, descaracterizando a modalidade de importação, afronta os comandos legais que acabamos de analisar, e contemplam a vinculação entre exportador e encomendante dentro da modalidade de importação por encomenda. O autuante retira seus conceitos de importação por conta e ordem e importação por encomenda, atrelandoos a “ausência de risco no negócio”, que derivaria de vinculação entre as empresas exportadora e encomendante, sem indicar qual norma o dispõe. Por isso afirmamos de início que o autuante ou compreende mal, ou diverge dos comandos normativos de ordem legal e infralegal que regem a matéria. A afirmação de ausência de lucro é exemplificativa e especulativa, sem qualquer análise mais aprofundada por parte da fiscalização, que, como destacou o julgador de piso, foi superficial (fl. 18423): O fisco, detectando ausência de propósito negocial e operação dissimulada (conta e ordem travestida de encomenda), ainda assim parece não estar convencido do cometimento de qualquer fraude (até pelo percentual da multa de ofício aplicada – 75%). E conclui apenas que “considera que deveriam” as operações ser efetuadas na modalidade de importação por conta e ordem (fl. 15807): A inconclusividade das afirmações fiscais, mesclada à dissonância em relação aos comandos legais que regem a matéria, apontam exatamente para o caminho que a DRJ unanimemente adotou em sua decisum, de improcedência da autuação, no mérito. O julgador de piso, aliás, pareceu afastar a autuação não somente no mérito, mas também em virtude de nulidades, como se percebe de excerto do voto condutor (fl. 18414): Fl. 18488DF CARF MF Processo nº 19515.720878/201405 Acórdão n.º 3401003.908 S3C4T1 Fl. 18.485 9 De fato, a autuação, ao contrário da defesa, que adota linha uma (de que houve importação por encomenda, com incidência monofásica das contribuições, seguindo expressas disposições legais), a autuação opera linha dúplice (importação por conta e ordem, com incidência monofásica, seguida de nova incidência monofásica, sem qualquer fundamento normativo). Fosse apenas uma questão de recálculo, discordaríamos do julgador de piso, pois entendemos que este tribunal administrativo (assim como aquele) pode determinar à autoridade da RFB encarregada da execução do acórdão que expurgue determinadas parcelas do montante lançado, não sendo o simples erro de cálculo ou o erro na base de cálculo ensejador de nulidade. Sem embargo, no presente caso, haveria verdadeira necessidade de reapuração da base de cálculo (e não um simples recálculo), tomando em conta créditos que deveriam ter sido computados, e ainda deveriam ser objeto de análise em fiscalização diversa, o que implica a improcedência, e não a nulidade da autuação. Assim, apesar de discordarmos da DRJ no que se refere a haver nulidade no presente processo, com ela acordamos no sentido de que a autuação deve ser cancelada, seja pela carência de fundamentação normativa, seja pela equivocada metodologia de cálculo. Pelo exposto, e com as aparas aqui efetuadas, nego provimento ao recurso de ofício em relação a este item. No que se refere a importações de autopeças, o recurso de ofício tem por objetivo analisar o único parágrafo que a DRJ dedica ao tema, em sua decisão (fl. 18424): Percebase que a autuação, em tal item, apesar de nascer de fundamento diverso – divergência entre DACON/DIPJ e escrituração fiscal (valores e falta de discriminação dos produtos por alíquota das contribuições) – culmina na mesma problemática do item anterior, pois a metodologia de cálculo, ao fim e ao cabo, esbarra no que a autuação chama de “ocorrência da infração” (fl. 15815): Fl. 18489DF CARF MF 10 No caso das autopeças, até são descontados créditos, referentes à não cumulatividade. No entanto, seu valor é mitigado em função dos montantes apurados no item 1, referente a veículos. A improcedência em relação ao item 1 (veículos), assim, conspurca o resultado obtido no item 2 (autopeças). E, a exemplo do que dispusemos no item 1, não vemos na metodologia de cálculo equivocada motivo para nulidade, mas sim para improcedência da autuação. Assim, também neste item, com a apara efetuada, nego provimento ao recurso de ofício. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício interposto. Rosaldo Trevisan Fl. 18490DF CARF MF
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