Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,938)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,601)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,675)
- Primeira Turma Ordinária (15,289)
- Segunda Turma Ordinária d (15,189)
- Primeira Turma Ordinária (15,159)
- Primeira Turma Ordinária (15,050)
- Segunda Turma Ordinária d (13,812)
- Primeira Turma Ordinária (12,687)
- Primeira Turma Ordinária (11,759)
- Segunda Turma Ordinária d (11,722)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,527)
- Terceira Câmara (63,247)
- Segunda Câmara (51,030)
- Primeira Câmara (16,295)
- 3ª SEÇÃO (15,675)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,635)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (115,411)
- Segunda Seção de Julgamen (108,296)
- Primeira Seção de Julgame (71,067)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,641)
- Câmara Superior de Recurs (37,042)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,038)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,836)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,823)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,293)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,187)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,945)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,839)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,269)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,849)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,014)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 13896.907934/2016-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.941
Decisão:
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Relatório
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201903
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13896.907934/2016-54
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5993264
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-001.941
nome_arquivo_s : Decisao_13896907934201654.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 13896907934201654_5993264.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório
dt_sessao_tdt : Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
id : 7706155
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:42:40 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051660363759616
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1618; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13896.907934/201654 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201001.941 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 26 de março de 2019 Assunto SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente CATHO ONLINE LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Trata o processo de Recurso Voluntário contra decisão que julgou improcedente a manifestação de inconformidade em face da não homologação da compensação apresentada pela contribuinte. Segundo o despacho decisório, as compensações não foram homologadas em razão de não ter sido apurada a existência de direito creditório. Tais conclusões, ao que consta, encontram amparo no Termo de Verificação Fiscal carreado aos autos. No aludido TVF, emitido em decorrência da necessidade de análise das DCTF retificadoras apresentadas e, também, dos esclarecimentos que posteriormente foram prestados pela contribuinte, consta que “as receitas auferidas pela CATHO, decorrentes de sua atividade RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 96 .9 07 93 4/ 20 16 -5 4 Fl. 446DF CARF MF Processo nº 13896.907934/201654 Resolução nº 3201001.941 S3C2T1 Fl. 3 2 fim, não se enquadram na exceção prevista no inciso XXV do artigo 10 da Lei nº 10.833/2003, estando sujeitas, portanto, ao regime NÃO CUMULATIVO de apuração do PIS e do COFINS.” Consta, portanto, que as DCTF retificadoras não deveriam ser homologadas e que, por não existirem, os créditos não deveriam ser reconhecidos. Na manifestação de inconformidade apresentada, a contribuinte, após resumo dos fatos, esclarece que houve mudança no controle acionário da empresa e que, em razão disso, foi submetida a uma profunda revisão de políticas e procedimentos. Em decorrência, diz que teria identificado que suas atividades vinham sendo indevidamente qualificadas para fins de PIS e de Cofins, sendo necessário, portanto, a retificação das DCTF. A seguir, discorre sobre a sua atividade. Afirma que os serviços prestados não abrangem promessa de emprego ou obrigação presente ou futura de recolocação ou obtenção de emprego para seus clientes. Aduz, ainda, que o seu site na internet “é somente uma ferramenta online que permite ao assinante consultar vagas, enviar currículos e acessar demais conteúdos aí disponibilizados” sem “qualquer garantia de colocação profissional” nem “qualquer cobrança relacionada a essas atividades.” Em suma, conforme afirma, “simplesmente disponibiliza conteúdo na Internet aos Assinantes e não desenvolve qualquer atividade de intermediação.” Salienta que se qualifica como empresa de Internet, com atividade de portal ou empresa provedora de conteúdo e de informações, e que sua atividade vem descrita na Norma 004/95, aprovada pela Portaria nº 148, de 1995, item 3, letras ‘e’ e ‘f’ do Ministério das Comunicações. Objetivando o acesso às informações especializadas que são disponibilizadas, afirma que desenvolveu ferramenta própria (software), “cujo uso é liberado/cedido para seus clientes, os Assinantes.” Insiste que não promove a intermediação de contratação de mão de obra. Aduz que “sua tarefa se esgota em permitir o acesso à informação que integra seus bancos de dados: currículos e vagas.” Chama a atenção para o contido no inc. XXV do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003 e diz que conforme Solução de Consulta nº 309, de 2011, “a RFB confirmou, expressamente, que, para o contribuinte aplicar o regime cumulativo dessas contribuições sociais, basta exercer apenas uma das atividades mencionadas no inciso XXV citado anteriormente.” Na seqüência, diz que se deve destacar “que a simples não homologação das declarações retificadoras não é fato que, por si só, é capaz de fundamentar a não homologação das compensações realizadas.” Diz ser incabível a revisão de ofício da homologação pois ela não teria ocorrido por erro “mas sim pelo correto enquadramento legal da situação ora analisada”. Se houve erro, aduz, ele teria ocorrido com a revisão. Reclama, ainda, que não existe base legal para a revisão de ofício. Insiste na necessidade de cancelamento do despacho decisório. Ao final, requer a reforma do despacho decisório e a homologação das compensações. Subsidiariamente requer o cancelamento do despacho decisório em face da Fl. 447DF CARF MF Processo nº 13896.907934/201654 Resolução nº 3201001.941 S3C2T1 Fl. 4 3 impossibilidade de revisão de ofício no caso de erro de direito. Protesta pelo direito de provar o alegado por todos os meios de prova e informa que “não está questionando judicialmente a matéria discutida nestes autos.” A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte e não reconheceu o direito creditório. Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário no qual repisa mesmos argumentos pleiteados em manifestação de inconformidade para o deferimento integral dos valores que constam do pedido de restituição. Suscita em seu pedido: i. Seja declarada a nulidade do v. acórdão recorrido, com o retorno dos autos à origem, para que (a) nova decisão seja proferida, com adstrição aos limites objetivos da lide fixados no Termo de Verificação Fiscal e na manifestação de inconformidade; ou (b) subsidiariamente, para que seja devolvido à recorrente o prazo para manifestação, garantindo lhe o exercício do direito de defesa em relação aos pontos novos suscitados pelo v. acórdão, tudo sob pena de contrariedade e negativa de vigência aos arts. 16, 17 e 18, parágrafo 3o, do Decreto n. 70.235, à luz do art. 5o, inciso LIV e LV, da Constituição de 1988; ii. Na eventualidade da superação da preliminar acima, seja reformado o v. acórdão, com o integral cancelamento das exigências fiscais, em razão da declaração: a. da nulidade do r. despacho decisório, por ter configurado revisão de ofício de lançamento, por erro de direito, com violação aos arts. 145 e 149 do CTN; b. da nulidade do r. despacho decisório, por carência de motivação, por ter se baseado em termo de verificação fiscal que não analisou o direito creditório discutido nestes autos, com violação ao art. 9o do Decreto n. 70,235; c. da improcedência do r. despacho decisório, tendo em vista a legitimidade da inclusão das receitas da recorrente no regime cumulativo de apuração da contribuição ao PIS e da COFINS, com a consequente homologação da declaração de compensação, sob pena de contrariedade e negativa de vigência aos arts. 10, inciso XXV e 15, inciso V, da Lei n. 10.833; d. eventualmente, caso se entenda que a requerente se encontra submetida ao regime não cumulativo das contribuições, seja reconhecida a inexistência de crédito tributário passível de cobrança, sob pena de bis in idem. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº Fl. 448DF CARF MF Processo nº 13896.907934/201654 Resolução nº 3201001.941 S3C2T1 Fl. 5 4 3201001.853, de 26 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 13896.720975/201638, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução nº 3201001.8539): "O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Antes de adentrar ao exame do Recurso apresentado, cumpre esclarecer que o presente processo tramita na condição de paradigma, nos termos do art. 47 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015: Art. 47. Os processos serão sorteados eletronicamente às Turmas e destas, também eletronicamente, para os conselheiros, organizados em lotes, formados, preferencialmente, por processos conexos, decorrentes ou reflexos, de mesma matéria ou concentração temática, observando se a competência e a tramitação prevista no art. 46. § 1º Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o Presidente de Turma para o qual os processos forem sorteados poderá sortear 1 (um) processo para definilo como paradigma, ficando os demais na carga da Turma. § 2º Quando o processo a que se refere o § 1º for sorteado e incluído em pauta, deverá haver indicação deste paradigma e, em nome do Presidente da Turma, dos demais processos aos quais será aplicado o mesmo resultado de julgamento. Nesse aspecto, é preciso esclarecer que cabe a este Conselheiro o relatório e voto apenas deste processo, ou seja, o entendimento a seguir externado terá por base exclusivamente a análise dos documentos, decisões e recurso anexados neste processo. Feito tal esclarecimento, passase ao exame das razões de Recurso. A pretensão da contribuinte de requalificar a natureza jurídica de seus serviço, de intermediação para atividades de internet, enquadrando as receitas auferidas no regime cumulativo foi indeferido no despacho decisório proferido com base nas conclusões do TVF que consta do dossiê nº 10010.014822/021604, formalizado para análise das DCTFs retificadoras transmitidas para espelharem o procedimento de requalificação. De fato, concluiu o procedimento fiscal que os serviços prestados pelo contribuinte não poderiam ser qualificados como serviços de internet (art. 10, XXV e art. 15, V, da Lei nº 10.833/03), mas sim de intermediação, mantendoos no regime de apuração não cumulativo. Fl. 449DF CARF MF Processo nº 13896.907934/201654 Resolução nº 3201001.941 S3C2T1 Fl. 6 5 A principal matéria em litígio envolve a rejeição pela autoridade fiscal em sede de despacho decisório da requalificação das atividades da recorrente e a mudança para o regime cumulativo de apuração da Contribuição para o PIS e para a Cofins. Os argumentos da fiscalização são no sentido de que o regime a que se submete as receitas das atividades desenvolvidas pela Catho para apuração e recolhimento continuava a ser o da não cumulatividade, pois não se tratam de serviços de informática (desenvolvimento de software ou de páginas eletrônicas) nos termos do art. 10, XXV, da Lei nº 10.833/03 uma vez que a atividade seria a prestação de serviços de intermediação ao profissional que busca se posicionar no mercado de trabalho. Nada obstante, o TVF assevera que para que a receita auferida subsumase à sistemática da apuração cumulativa devese comprovar que esta (receita) advenha da prestação de alguns dos serviços listados no referido dispositivo da Lei 10.833/03. Pois bem, compulsando os autos, em especial os termos e demais peças que constam do dossiê nº 10010.014822/021604 verificase que em momento algum a contribuinte fora intimada a comprovar a natureza de suas receitas. Ao contrário, a intimação limitouse a solicitar esclarecimentos e informações que resultaram na requalificação das receitas, como se vê: De ressaltar, contudo, que o fundamento para o indeferimento do pleito creditório é a natureza da receitas das atividades prestadas pela Catho conforme descritos nos autos, que não se qualificam como sujeitas à apuração cumulativa. O acórdão da DRJ trilha o mesmo fundamento de indeferimento e não homologação das compensações exarados no despacho decisório. Evidenciouse naquela decisão que o sítio da internet da Catho é uma mera ferramenta para quer o assinante consulte vagas de trabalho, envie currículos e acesse outros conteúdos. Poderseia concordar com os argumentos daqueles julgadores conquanto não trouxessem argumento subsidiário no qual reconhecem a possibilidade da contribuinte fazer prova de que determinadas atividades auferem receitas cuja apuração se dá no regime cumulativo. Vejase o excerto do voto condutor do acórdão recorrido: É possível concluir, portanto, que algumas de suas receitas podem estar sujeitas à apuração cumulativa das contribuições, ensejando, assim, a real possibilidade de enquadramento da empresa na modalidade de apuração mista das contribuições Fl. 450DF CARF MF Processo nº 13896.907934/201654 Resolução nº 3201001.941 S3C2T1 Fl. 7 6 (circunstância que, sendo eficazmente comprovada, pode evidenciar um possível erro no preenchimento da DCTF original). A forma como a existência de tal erro – que deve ser corrigido via DCTF retificadora – pode vir a ser acatado administrativamente irá depender da apresentação de provas (conforme estabelece o §1º do art. 147 do CTN), baseadas na escrituração contábil/fiscal do período analisado, ou seja, da apresentação de provas capazes de demonstrar, sem possibilidade de dúvida, quais receitas foram efetivamente auferidas nos períodos sob análise e a que tipo de serviço/atividade elas se vinculam. Ressaltese que, para fazer jus à apuração cumulativa, devese comprovar que as receitas advêm efetivamente da prestação de serviços, no caso, de informática (tal como listado no inc. XXV do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, já transcrito). Evidentemente, as receitas assim enquadradas, devem ser passíveis de segregação, com vistas à correta tributação. Sem que tais comprovações existam nos autos, inviável será o deferimento do pleito. Resta claro que no mérito a decisão recorrida reconheceu a possibilidade do contribuinte fazer prova a seu favor, providência esta até então não determinada pela autoridade fiscal e se insere nas situações que o art. 16 do Decreto nº 70.235/72 PAF prevê regra de exceção para a apresentação extemporânea de conjunto probatório após a impugnação (manifestação de inconformidade): Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...]Art. 16. A impugnação mencionará: [...]III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. [...]§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Fl. 451DF CARF MF Processo nº 13896.907934/201654 Resolução nº 3201001.941 S3C2T1 Fl. 8 7 Assim, entendo que os autos devam retornar à unidade preparadora para apreciação do Laudo Técnico apresentado pela Recorrente. Ante o exposto, voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a autoridade preparadora analise o Laudo Técnico colacionado aos autos pela Recorrente e identifique as atividades cujas receitas inseremse no regime de apuração cumulativa nos termos do inciso XXV do art. 10 e inciso V do art. 15, ambos da Lei nº 10.833/03. Se entender necessário, deverá intimar a Recorrente para, ainda no curso da diligência, apresentar outros documentos e/ou esclarecimentos a respeito do litígio. Ao término do procedimento, deve elaborar Relatório Fiscal sobre os fatos apurados na diligência, sendolhe oportunizado manifestarse sobre a existência de outras informações e/ou observações que julgar pertinentes ao esclarecimento dos fatos. Encerrada a instrução processual, a Recorrente deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, findo o qual, sem ou com apresentação de manifestação, devem os autos serem devolvidos a este Colegiado para continuidade do julgamento. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, a fim de que a autoridade preparadora analise o Laudo Técnico colacionado aos autos pela Recorrente e identifique as atividades cujas receitas inseremse no regime de apuração cumulativa nos termos do inciso XXV do art. 10 e inciso V do art. 15, ambos da Lei nº 10.833/03. Se entender necessário, deverá intimar a Recorrente para, ainda no curso da diligência, apresentar outros documentos e/ou esclarecimentos a respeito do litígio. Ao término do procedimento, deve elaborar Relatório Fiscal sobre os fatos apurados na diligência, sendolhe oportunizado manifestarse sobre a existência de outras informações e/ou observações que julgar pertinentes ao esclarecimento dos fatos. Encerrada a instrução processual, a Recorrente deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, findo o qual, sem ou com apresentação de manifestação, devem os autos serem devolvidos a este Colegiado para continuidade do julgamento. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 452DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.722067/2012-47
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 22 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. SÚMULA CARF Nº 119.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-007.706
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para aplicação da Súmula CARF nº 119.
Assinado digitalmente
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício.
Assinado digitalmente
Pedro Paulo Pereira Barbosa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201903
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. SÚMULA CARF Nº 119. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 22 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 15504.722067/2012-47
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5992084
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 22 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 9202-007.706
nome_arquivo_s : Decisao_15504722067201247.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA
nome_arquivo_pdf_s : 15504722067201247_5992084.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para aplicação da Súmula CARF nº 119. Assinado digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
dt_sessao_tdt : Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
id : 7703911
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:42:24 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051660381585408
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1727; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 2 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 15504.722067/201247 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202007.706 – 2ª Turma Sessão de 27 de março de 2019 Matéria Multa Retroatividade Benigna Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado UNISERV UNIÃO SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. SÚMULA CARF Nº 119. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para aplicação da Súmula CARF nº 119. Assinado digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em exercício. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 20 67 /2 01 2- 47 Fl. 1021DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Cuidase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional em face do Acórdão nº 2302003.514, proferido na Sessão de 02 de dezembro de 2014, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 ASSISTÊNCIA À SAÚDE. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA DISPOSIÇÃO DO BENEFÍCIO À TOTALIDADE DOS EMPREGADOS E DIRIGENTES. Somente goza de isenção previdenciária o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. Art. 28, §9o, q, da Lei n o 8.212/91. MULTA DE OFÍCIO. ART. 35A DA LEI Nº 8.212/91. As multas previstas anteriormente no artigo 35 da Lei n° 8.212/91 ostentavam natureza mista, punindo a mora e a necessidade de atuação de ofício do aparato estatal (multa de ofício), de sorte que aqueles percentuais devem ser comparados com as disposições hoje contidas no artigo 35A da Lei n° 8.212/91, para fins de apuração da multa mais benéfica (art. 106, II, c do CTN). Para fatos geradores ocorridos antes da alteração legislativa, aplicamse as multas então estipuladas no artigo 35 da Lei n° 8.212/91, observado o limite máximo de 75%. A decisão foi assim registrada: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para que seja aplicada a multa de mora considerando às disposições contidas no artigo 35, II da Lei n.º 8.212/91, na redação dada pela Lei n.º 9.876/99, para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória n. 449 de 2008. Vencido na votação o Conselheiro Wilson Antonio de Souza Correa, por entender que a multa aplicada deve ser limitada ao percentual de 20% em decorrência das disposições introduzidas pela MP 449/2008 (art. 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação da MP n.º 449/2008 c/c art. 61, da Lei n.º 9.430/96). Embora o recurso pretendesse rediscutir outras matérias, em exame preliminar de admissibilidade, o Presidente da Terceira Câmara, da Segunda Seção do CARF Fl. 1022DF CARF MF Processo nº 15504.722067/201247 Acórdão n.º 9202007.706 CSRFT2 Fl. 3 3 deu seguimento ao apelo apenas em relação à matéria “b” – Multa norma aplicada ao cálculo. Em suas razões recursais relativamente à matéria em apreço a Fazenda Nacional aduz, em síntese, que, com o advento da Madida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, instituiuse uma nova sistemática de constituição dos créditos tributários, o que torna essêncial a análise de pelo menos dois dispositivos: os artigos 32A e 35A, da Lei nº 8.212, de 1991; que a infraão antes penalizada por meio do art. 32 passou a ser enquadrada no art. 32A, com a multa reduzida; contudo a MP nº 449/2008 também inseriu no ordenamento o artigo 35A, que remete à aplicação do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996; que o art. 44, I da Lei nº 9.430, de 1996 abarca duas condutas: o descumprimento da obrigação principal e também o descumprimento da obrigação acessória; que a única forma de harmonizar a aplicação dos artigos citados é considerar que o lançamento da multa isolada prevista no artigo 32A da Lei nº 8.212/91 ocorrrerá quando huver tãosomente o descumprimento da obrigação acessória, ou seja, quando a contribuição social previdenciária for devidamente recolhida; por outro lado, toda vez que houver o lançamento da obrigação principal, além do descumprimento da obrigação acessória, a multa lançada seráúnica, qual seja, a prevista no artigo 35A da Lei nº 8.212/91; que nessa linha de racioncínio, a autoridade fiscal deve aplicar a multa mais benéfica ao contribuinte considerando os seguintes parâmetros: se as duas multas anteriores (art. 35, II e 32, IV, da norma revogada), observandose os limites vigorantes àquela época estabelecidos no § 4º do art. 32, ou o art. 35A da Lei nº 8.212/91, introduzidos pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Cientificada do Acórdão Recorrido, do Recurso Especial da Procuradoria e do Despacho que lhe deu seguimento em 12/09/2016 (efls. 1.013), a contribuinte não apresentou Contrarrazões. É o relatório. Voto O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Dele conheço. Quanto ao mérito, a matéria em discussão diz respeito à definição da(s) penalidade(s) aplicável(eis) no caso de lançamento de ofício quando se apure infrações relacionadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, após as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, em razão da aplicação do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN, a seguir reproduzido: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: [...] II tratandose de ato não definitivamente julgado: [...] Fl. 1023DF CARF MF 4 c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Antes das alterações introduzidas pela Medida Provisória nº 449, de 2008, a Lei nº 8.212, de 1991 previa, para os casos de lançamento de ofício de contribuições sociais de que trata os incisos “a”, “b” e “c”, do parágrafo único, do art. 11, a incidência de uma penalidade para o caso de falta de declaração em GFIP de verba tributável (art. 32, § 5º) e outra penalidade pelo recolhimento insuficiente (art. 35, II). Eis a redação dos referidos dispositivos, antes da MP n° 449, de 2008: Art. 32. A empresa é também obrigada a: § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. [...] Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: [...] II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; Incidiam, portanto, duas penalidades para duas infrações materialmente distintas: a falta de declaração de verba tributável e o recolhimento insuficiente do tributo. A partir da vigência da Medida Provisória nº 449, de 2008, essas duas penalidades foram substituídas por uma só: a multa prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Vejamos: Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. O art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, por sua vez, prescreve: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: Fl. 1024DF CARF MF Processo nº 15504.722067/201247 Acórdão n.º 9202007.706 CSRFT2 Fl. 4 5 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal; a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I prestar esclarecimentos; II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. § 3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. § 4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. § 5o Aplicase também, no caso de que seja comprovadamente constatado dolo ou máfé do contribuinte, a multa de que trata o inciso I do caput sobre: I a parcela do imposto a restituir informado pelo contribuinte pessoa física, na Declaração de Ajuste Anual, que deixar de ser restituída por infração à legislação tributária; e II – (VETADO). Para aferir qual a penalidade mais benigna, se a prevista anteriormente à Medida Provisória nº 449, de 2008 ou a posterior à mudança legal, devemos sopesar, Fl. 1025DF CARF MF 6 consideradas as naturezas materiais das infrações previstas, isto é, a relação entre as condutas e as infrações previstas, aquela menos onerosa para o infrator, conforme entendimento consolidado nesta Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016): AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duascondutas. Como, para as duas condutas: a falta de declaração e o pagamento insuficiente, para as quais a legislação anterior previa a incidência de duas penalidades, cumulativamente, a nova legislação prevê apenas a incidência de uma única penalidade, na aplicação da retroatividade benigna, devese comparar a soma das multas previstas (arts. 35, II, e 32, § 5o, da Lei n° 8.212, de 1991) à multa prevista na nova legislação (art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991). Mais especificamente, como a nova legislação prevê multa de 75%, na ausência de evidente intuito de fraude, haverá retroatividade benigna se a penalidade aplicável, segundo a legislação vigente à época do lançamento, ultrapassar esse percentual. No caso de incidência das multa previstas nos §§ 4º e 5º, do art. 32 e do art. 35, ambos da Lei nº 8.212, de 1991, na redação anterior à MP nº 449, de 2008, se a soma das duas penalidades for superior a 75%. No caso de aplicação, por qualquer razão, de apenas uma das penalidades, a comparação deve ser feita com o valor desta. Esse é o entendimento compatível com a posição da Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, segundo entendimento também consolidada deste Colegiado, conforme voto proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, Fl. 1026DF CARF MF Processo nº 15504.722067/201247 Acórdão n.º 9202007.706 CSRFT2 Fl. 5 7 obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, Fl. 1027DF CARF MF 8 “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: Fl. 1028DF CARF MF Processo nº 15504.722067/201247 Acórdão n.º 9202007.706 CSRFT2 Fl. 6 9 ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. A citada Portaria 14, de 2009, que, vale ressaltar, está em perfeita consonância com a jurisprudência do CARF, é clara quanto aos procedimentos a serem observados para aplicação, em cada caso, da retroatividade benigna. Vejamos: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e Fl. 1029DF CARF MF 10 os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser Fl. 1030DF CARF MF Processo nº 15504.722067/201247 Acórdão n.º 9202007.706 CSRFT2 Fl. 7 11 comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Assim, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009, que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Finalmente, o CARF aprovou recentemente a Súmula nº 119, consolidando o entendimento aqui esposado. Confirase: Súmula CARF nº 119: No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Diante do exposto, conheço do recurso e doulhe provimento para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa – Relator Fl. 1031DF CARF MF 12 Fl. 1032DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19395.900272/2015-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/06/2012
JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS. NECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE PROVAS OU INDÍCIOS DE PROVA
A juntada posterior de documentos pode ser admitida quando o contribuinte apresenta aos autos mínima documentação com força probatória, não cabendo o pedido genérico de realização de diligência.
Numero da decisão: 3201-005.074
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator
(assinado digiltamente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente)
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 30/06/2012 JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS. NECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE PROVAS OU INDÍCIOS DE PROVA A juntada posterior de documentos pode ser admitida quando o contribuinte apresenta aos autos mínima documentação com força probatória, não cabendo o pedido genérico de realização de diligência.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 19395.900272/2015-38
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5984731
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-005.074
nome_arquivo_s : Decisao_19395900272201538.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 19395900272201538_5984731.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator (assinado digiltamente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente)
dt_sessao_tdt : Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
id : 7687693
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:41:28 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051660391022592
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1311; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19395.900272/201538 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3201005.074 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de fevereiro de 2019 Matéria COFINS Recorrente FRATELLI COSULICH COMERCIO E SERVICOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/06/2012 JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS. NECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE PROVAS OU INDÍCIOS DE PROVA A juntada posterior de documentos pode ser admitida quando o contribuinte apresenta aos autos mínima documentação com força probatória, não cabendo o pedido genérico de realização de diligência. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Charles Mayer de Castro Souza – Presidente e Relator (assinado digiltamente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 39 5. 90 02 72 /2 01 5- 38 Fl. 118DF CARF MF Processo nº 19395.900272/201538 Acórdão n.º 3201005.074 S3C2T1 Fl. 0 2 Relatório O interessado transmitiu Per/Dcomp visando a compensar o(s) débito(s) ele declarado(s) com crédito oriundo de pagamento a maior de Cofins nãocumulativa. A Delegacia da Receita Federal de jurisdição do contribuinte emitiu despacho decisório eletrônico no qual não homologa a compensação pleiteada, sob o argumento de que o pagamento foi utilizado na quitação integral de débito da empresa, não restando saldo creditório disponível. Irresignado com o indeferimento do seu pedido, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade alegando, em síntese, que constatou a ocorrência de erro material no preenchimento da DCTF, com a imputação do Darf em valor maior que o devido. Para comprovação do alegado, apresenta DCTF retificadora que corrige o erro cometido. Esse erro não causou danos aos cofres públicos e não invalida o crédito tributário, que está revestido de liquidez e certeza, conforme preceituam o art. 66 da Lei nº 9.069/95 e o inciso II do art. 165 do CTN. Cita decisão do antigo Conselho de Contribuintes sobre a aceitação a qualquer tempo das retificações de erros materiais em declarações. Por fim, requer o regular processamento do procedimento compensatório. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão nº 02074.283. Irresignado com r. julgado, o Contribuinte apresenta Recurso Voluntário querendo reforma: a) com base na DCTF demonstrou seu direito ao crédito; b) que retificou em tempo hábil a DCTF; c) em Recurso Voluntário colaciona NFe´s demonstrando seu direito; É o relatório. Fl. 119DF CARF MF Processo nº 19395.900272/201538 Acórdão n.º 3201005.074 S3C2T1 Fl. 0 3 Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201005.067, de 27 de fevereiro de 2019, proferido no julgamento do processo 19395.900263/201547, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3201005.067): "O Recurso Voluntário preenche todos os requisitos e merece ser conhecido. Inicialmente é fato incontroverso que o Contribuinte apresentou a DCTF retificadora, contundo, ao analisar a manifestação de inconformidade à DRJ enfrentou o tema: A DCTF (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais) caracterizase como instrumento de confissão de dívida, para os devidos efeitos tributários, conforme consta no seu próprio recibo de entrega e a teor do que dispõe o DecretoLei nº 2.124, de 1984, em seu art. 5º, §1º. O Dacon (Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais), por sua vez, era o instrumento hábil para a consolidação e a apuração da contribuição para o fato gerador de 31/07/2011. O art. 165, II, do CTN, garante o direito à restituição do tributo no caso de erro no cálculo do montante do débito. Mas o art. 170 do CTN é expresso ao afirmar que a lei poderá autorizar a compensação, nas condições e sob as garantias nela estipuladas, exigindo ainda que os créditos sejam líquidos e certos: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Desse modo, o art. 170 do CTN não deixa dúvidas de que, para haver compensação de dívidas fiscais, tornase indispensável a sua autorização por lei específica, bem como que os créditos sejam líquidos e certos. Fl. 120DF CARF MF Processo nº 19395.900272/201538 Acórdão n.º 3201005.074 S3C2T1 Fl. 0 4 Contudo, na Manifestação de Inconformidade em nenhum momento apresentou documento capaz de demonstrar tal direito, porém, em Recurso Voluntário colacionou diversas Notas Fiscais para demonstrar o erro que incorreu. Na minha ótica, a verdade material é protagonista no Processo Administrativo Fiscal podendo ser apreciada por este CARF, mesmo que não colacionada na instauração do devido processo legal administrativo. Porém, ao meu entender, os documentos carreados no Recurso Voluntário não tem o condão de demonstrar o direito ao Crédito do Contribuinte, não existindo conferir certeza e liquidez nos termos do art. 170 do CTN. Concluo, o voto é no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 121DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.923883/2015-16
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011
COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DECLARAÇÕES COM EFEITO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA.
Débitos informados em declarações de compensação sob a vigência MP nº 135, de 2003, com efeito de confissão de dívida. No caso, não sendo homologada a compensação, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo. Precedentes. Acórdão nº 9101-002.489.
Numero da decisão: 9101-004.055
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial nos termos do despacho e, no mérito, na parte conhecida, em dar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Viviane Vidal Wagner, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Rafael Vidal de Araújo. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Viviane Vidal Wagner. Entretanto, findo o prazo regimental, a conselheira não apresentou a declaração de voto, que deve ser tida como não formulada, nos termos do § 7º do art. 63 do Anexo II da Portaria MF nº 343/2015 (RICARF).
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Viviane Vidal Wagner, Demetrius Nichele Macei, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado), Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano e Rafael Vidal de Araújo.
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201903
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2011 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DECLARAÇÕES COM EFEITO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA. Débitos informados em declarações de compensação sob a vigência MP nº 135, de 2003, com efeito de confissão de dívida. No caso, não sendo homologada a compensação, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo. Precedentes. Acórdão nº 9101-002.489.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 02 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10880.923883/2015-16
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5980511
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 02 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 9101-004.055
nome_arquivo_s : Decisao_10880923883201516.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : ANDRE MENDES DE MOURA
nome_arquivo_pdf_s : 10880923883201516_5980511.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial nos termos do despacho e, no mérito, na parte conhecida, em dar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Viviane Vidal Wagner, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Rafael Vidal de Araújo. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Viviane Vidal Wagner. Entretanto, findo o prazo regimental, a conselheira não apresentou a declaração de voto, que deve ser tida como não formulada, nos termos do § 7º do art. 63 do Anexo II da Portaria MF nº 343/2015 (RICARF). (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) André Mendes de Moura - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Viviane Vidal Wagner, Demetrius Nichele Macei, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado), Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano e Rafael Vidal de Araújo.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
id : 7675226
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:40:57 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051660405702656
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1821; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 725 1 724 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10880.923883/201516 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9101004.055 – 1ª Turma Sessão de 12 de março de 2019 Matéria COMPENSAÇÃO ESTIMATIVAS MENSAIS EXTINTAS EM PER/DCOMP Recorrente TIM CELULAR S.A. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DECLARAÇÕES COM EFEITO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA. Débitos informados em declarações de compensação sob a vigência MP nº 135, de 2003, com efeito de confissão de dívida. No caso, não sendo homologada a compensação, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo. Precedentes. Acórdão nº 9101 002.489. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial nos termos do despacho e, no mérito, na parte conhecida, em darlhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Viviane Vidal Wagner, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Rafael Vidal de Araújo. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Viviane Vidal Wagner. Entretanto, findo o prazo regimental, a conselheira não apresentou a declaração de voto, que deve ser tida como não formulada, nos termos do § 7º do art. 63 do Anexo II da Portaria MF nº 343/2015 (RICARF). (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Presidente em Exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 92 38 83 /2 01 5- 16 Fl. 725DF CARF MF Processo nº 10880.923883/201516 Acórdão n.º 9101004.055 CSRFT1 Fl. 726 2 (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Viviane Vidal Wagner, Demetrius Nichele Macei, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado), Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano e Rafael Vidal de Araújo. Relatório Tratase de recurso especial (efls. 508/545) interposto pela TIM CELULAR S.A. ("Contribuinte") em face do Acórdão nº 1301002.625 (efls. 414/420), da sessão de 20 de setembro de 2017, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento, que negou provimento ao recurso voluntário. Assim foi ementada a decisão recorrida: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2011 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. Nos termos do art. 170 do CTN, somente são compensáveis os créditos líquidos e certos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Os presentes autos versam sobre reconhecimento de direito creditório, no qual se encontram apreciados PER/DCOMPs, pleiteando compensação de débitos próprios com saldo negativo de IRPJ, relativo ao anocalendário de 2011. A decisão recorrida transcreve com precisão os valores apurados pela Contribuinte na composição do Saldo Negativo de IRPJ: (i) retenções sofridas a título de IRRF, no valor histórico de R$43.689.676,64; (ii) IRPJ apurado por estimativa mensal, quitado por meio de DARFs, no valor histórico de R$ 147.635.069,29; e (iii) IRPJ apurado por estimativa mensal, quitado por meio de compensação com crédito de Saldo Negativo de IRPJ apurado em períodos anteriores (anos calendários 2008 e 2009), por meio dos PER/DCOMPs nºs 09323.08036.310311.1.3.026510 e 26332.11926.300911.1.3.021905, no valor histórico de R$ 25.993.125,08. Despacho eletrônico (efl. 288) não homologou as compensações, sob justificativa de que o valor do saldo negativo disponível seria zero. Fl. 726DF CARF MF Processo nº 10880.923883/201516 Acórdão n.º 9101004.055 CSRFT1 Fl. 727 3 Foi apresentada manifestação de inconformidade pela Contribuinte, que foi julgada improcedente pela 3ª Turma da DRJ/Recife (efls. 301/312), não se reconhecendo na integralidade o direito creditório. Foi interposto recurso voluntário, que teve provimento negado no Acórdão nº 1301002.625, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento. Foram opostos embargos de declaração, que foram rejeitados em despacho de efls. 464/466. Foi interposto recurso especial pela Contribuinte, pretendendo devolver as matérias (1) Comprovação das retenções sofridas da parcelas de IRRF e (2) Quitação do IRPJ apurado por estimativa mensal através de compensações não homologadas administrativamente. Despacho de exame de admissibilidade (efls. 702/710) deu seguimento parcial ao recurso, para a matéria 2. Cientificada, a Contribuinte não apresentou Agravo. Sobre a matéria admitida, aduziu o recurso que os PER/DCOMP extinguem os débitos, ainda que sob condição resolutória, e, nesse sentido, entram na composição do saldo negativo. Discorre que os débitos confessados em PER/DCOMP estão sendo discutidos via ação judicial. Assim, na hipótese de a ação judicial encerrar com desfecho favorável, ou seja, restar homologada a compensação, automaticamente seria reconhecida a quitação do débito de estimativa que entraria na composição do saldo negativo. Por outro lado, se a ação judicial encerrar com desfecho desfavorável à Contribuinte, o débito de estimativa seria quitado por meio da DARF, compondo a apuração do saldo negativo da mesma maneira que a hipótese anterior. Requer pela admissibilidade e provimento do recurso para reforma a decisão recorrida. A PGFN apresentou contrarrazões (efls. 717/722), pugnando pela manutenção da decisão recorrida. Aduz que a mera confissão de dívida em DCOMP por si só não implica na quitação da estimativa vez que, diante da não homologação da compensação, permanece a exigência, fazendo com que o débito não possa integrar a apuração do saldo negativo. Sustenta que o PER/DCOMP tem caráter condicional, e os débitos nele informados não gozam de certeza e liquidez, nos termos do art. 170 do CTN. É o relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura, Relator. Sobre a admissibilidade, adoto as razões do despacho de exame de admissibilidade de efls. efls. 702/710, que conheceu parcialmente do recurso especial para a matéria "Quitação do IRPJ apurado por estimativa mensal através de compensações não homologadas administrativamente", com fulcro no art. 50, § 1º da Lei nº 9.784, de 19991, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. 1 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: Fl. 727DF CARF MF Processo nº 10880.923883/201516 Acórdão n.º 9101004.055 CSRFT1 Fl. 728 4 A matéria devolvida consiste em dizer se débitos de estimativas mensais, cuja extinção (art. 156, inciso II do CTN) deuse por meio de compensação encaminhada por PER/DCOMP ainda pendente de homologação, podem compor a apuração do resultado da pessoa jurídica ao final do anocalendário, concretizando o saldo negativo, crédito pleiteado pela Contribuinte nos presentes autos (relativo ao anocalendário de 2011) para extinguir débitos tributários próprios em declarações de compensação. As compensações em discussão são posteriores à MP nº 135, de 2003, cujos débitos tem atributo de confissão de dívida. O assunto já foi debatido no presente Colegiado em outras oportunidades. A MP nº 135, de 2003, trouxe várias inovações para a matéria de compensação tributária, dentre as quais, além de aplicar o rito previsto no PAF para apreciação de litígios administrativos de reconhecimento do direito creditório e impor à Administração o prazo de cinco anos para homologação, a atribuição de confissão de dívida para os débitos objeto de compensação em PER/DCOMP: Art. 74 (...) § 6º A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) Observese que a redação, além de trazer o atributo de confissão de dívida, o que, em tese, por si só já seria suficiente para dizer que se trata de débito confessado e pronto para execução fiscal, ainda ratificou que se trata de instrumento hábil e suficiente para exigência dos débitos objeto de confissão. É a mesma redação conferida pelo DecretoLei nº 2.124, de 1984, que atribuiu a confissão de dívida aos débitos informados em DCTF: Art. 5º O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. Sendo objeto de confissão de dívida, portanto, tratase de débito apto para ser cobrado em sede de execução fiscal. Contudo, poderseia dizer que remanesceria uma dúvida, em razão da estimativa ser uma antecipação, e não o imposto com fato gerador aperfeiçoado ao final do anocalendário. (...) V decidam recursos administrativos; (...) § 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 728DF CARF MF Processo nº 10880.923883/201516 Acórdão n.º 9101004.055 CSRFT1 Fl. 729 5 Sobre o assunto, manifestouse o Parecer PGFN/CAT/Nº 88/2014: 17. A leitura do trecho acima deixa claro que a RFB tem consciência da inviabilidade de cobrança das estimativas, pelo menos até a ocorrência do fato jurídico que enseja a incidência do IRPJ e CSLL na modalidade anual. 18. Ocorre que, após o ajuste, a estimativa é substituída pelo tributo, portanto, a estimativa extinta por meio de compensação foi incorporada ao ajuste, como explicado pela própria Receita Federal do Brasil na Nota Cosit n.º 31/2013: “21. Ocorre que não se está tratando de estimativa não paga no anocalendário, mas de estimativa extinta por meio da compensação, cujo efeito legal é o mesmo do pagamento, conforme se depreende da leitura do art. 156, Incisos I e II, do CTN e do art. 6º da Lei nº 8.212, de 29 de agosto de 1991. 21.1. Por sua vez, a Lei n.º 9.430, de 1996, não previa – e não foi atualizada nesse ponto – a hipótese de que o valor devido fosse antecipado por forma diversa do pagamento, in casu, a compensação, cujas regras próprias possibilitam a contestação dessa antecipação por meio da nãohomologação, que ocorre, via de regra, apenas depois de 31 de dezembro, ou seja, depois de a Declaração de Informações Econômico Fiscais (DIPJ) ser entregue e o imposto pago ou o saldo negativo apurado. 21.2. Ora, enquanto não homologada a compensação, extinto está o débito declarado a título de estimativa e, portanto, corretamente deduzido do total do imposto devido no ano e demonstrado no DIPJ. Essa extinção, entretanto, não é definitiva, mas se submete a condição resolutória de a RFB homologála ou não no prazo de cinco anos. 21.3 Assim, ao compor o imposto de renda apurado e devido ao final do anocalendário, e ser declarado extinto por meio de estimativa, temse que esse valor informado na DIPJ como compensado já não é mais estimativa, mas imposto sobre a renda, crédito tributário definitivamente constituído por apuração e confissão do sujeito passivo. Tal caráter de confissão tanto se encontra assentado na informação do valor estimado e compensado prestada na DCTF, como na DComp. 19. O entendimento que podemos extrair do excerto acima é de que tratamos de tributo em si, não mais de estimativas, cuja existência se encerra com o ajuste anual, consoante exposto nos Pareceres PGFN/CAT nº 1.658/2011 e 193/2013, razão pela qual podemos ter uma conclusão diferente daqueles constantes nos pareceres mencionados, contudo, sem modificarlhes em nenhum ponto, apenas por considerar que no caso estamos tratando de tributo propriamente dito. 20. A conclusão que podemos formular, a partir do questionamento da Receita Federal do Brasil, é pela legitimidade de cobrança de valores que sejam objeto de pedido Fl. 729DF CARF MF Processo nº 10880.923883/201516 Acórdão n.º 9101004.055 CSRFT1 Fl. 730 6 de compensação não homologada oriundos de estimativa, uma vez que já se completou o fato jurídico tributário que enseja a incidência do imposto de renda, ocorrendo à substituição da estimativa pelo imposto de renda. (Grifos originais) Verificase que, ao final do anocalendário, o valor a título de estimativa mensal, após o aperfeiçoamento do fato gerador do imposto de renda, convertese em tributo, estando, assim, apto para ser objeto de cobrança judicial. Transcrevo conclusões do mencionado parecer: 22. Em síntese, os questionamentos levantados na consulta oriunda da Secretaria da Receita Federal do Brasil devem ser respondidos nos seguintes termos: a) Entendese pela possibilidade de cobrança dos valores decorrentes de compensação não homologada, cuja origem foi para extinção de débitos relativos a estimativa, desde que já tenha se realizado o fato que enseja a incidência do imposto de renda e a estimativa extinta na compensação tenha sido computada no ajuste; b) Propõese que sejam ajustados os sistemas e procedimentos para que fique claro que a cobrança não se trata de estimativa, mas de tributo, cujo fato gerador ocorreu ao tempo adequado e em relação ao qual foram contabilizados valores da compensação não homologada, a fim de garantir maior segurança no processo de cobrança. Ora, diante do previsto no art. 74, § 6º da Lei nº 9.430, de 1996, e de manifestação expressa da Administração Pública no sentido de que o valor de estimativa mensal, após encerramento do anocalendário, convertese em imposto apto a ser objeto de cobrança fiscal, resta encerrada qualquer discussão a respeito da exigibilidade no que se refere ao processo de conhecimento. Tratase de crédito líquido e certo, nos termos art. 170 do CTN. E devidamente extinto por meio de compensação, conforme art. 156, inciso II do mesmo código. A confissão vem justamente superar a etapa de constituição do crédito (sob enfoque do Fisco, valor a recolher, e débito para o Contribuinte) tributário. Se a declaração diz que a pessoa jurídica quer extinguir débito "A" por meio do crédito "B", por meio de compensação, e se a legislação tributária predica que a declaração para se efetuar a compensação confere ao débito atributo de dívida confessada, independente de a compensação ser ou não homologada, o débito "A" já está aperfeiçoado e pronto para cobrança. Caso contrário, esvaziase o instituto de confissão de dívida. Transcrevo decisão proferida no Acórdão nº 9101002.489, que apresenta considerações complementares que considero relevantes, em especial a relativa à cobrança em duplicidade caso não se considere o efeito de confissão de dívida ao débito extinto em PER/DCOMP. A matéria posta à apreciação desta Câmara Superior referese ao cabimento, ou não, da glosa de estimativas cobradas em Declaração de Compensação na apuração do imposto a pagar Fl. 730DF CARF MF Processo nº 10880.923883/201516 Acórdão n.º 9101004.055 CSRFT1 Fl. 731 7 ou do saldo negativo apurado em Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). Tratase de matéria atualmente pacificada tanto no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), quanto da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN), como segue: Solução de Consulta Interna (SCI) Cosit n° 18, de 13 de outubro de 2006: Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp, e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ. PARECER PGFN/CAT/Nº 88/2014: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. Opção por tributação pelo lucro real anual. Apuração mensal dos tributos por estimativa. Lei no 9.430, de 27.12.1996. Não pagamento das antecipações mensais. Inclusão destas em Declaração de Compensação (DCOMP) não homologada pelo Fisco. Conversão das estimativas em tributo após ajuste anual. Possibilidade de cobrança. Assim, não procedem eventuais insurgências da recorrente contra o teor do contido na Solução de Consulta Interna (SCI) Cosit nº 18, de 2006. Da mesma forma, é este o entendimento desta CSRF, conforme se observa a seguir: Acórdão CSRF nº 9101002.093, de 21 de janeiro de 2015: IRPJ SALDO NEGATIVO ESTIMATIVA APURADA PARCELAMENTO COMPENSAÇÃO CABIMENTO. Descabe a glosa na composição do saldo negativo de IRPJ de estimativa mensal quitada por compensação, posteriormente não homologada e cujo valor foi incluído em parcelamento especial. Do referido aresto, transcrevo o trecho a seguir (destaque do original): A situação é análoga à das estimativas quitadas por compensação declarada após a vigência da MP 135/2003 (com caráter de confissão de dívida) e não homologadas. Para esses casos, exatamente em razão de as estimativas quitadas por compensações não homologadas estarem confessadas, a Secretaria da Receita Federal expediu orientação no sentido de não caber a glosa na apuração do saldo negativo apurado na DIPJ. Esclarece a Solução de Consulta Interna nº 18/2006: “(...) Fl. 731DF CARF MF Processo nº 10880.923883/201516 Acórdão n.º 9101004.055 CSRFT1 Fl. 732 8 Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ.” A incerteza sobre essa orientação, gerada pelos pronunciamentos da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio dos Pareceres PGFN/CAT nº 1658/2011 e 193/2013, no sentido de impossibilidade de inscrição na dívida ativa dos débitos correspondentes às estimativas não pagas, foi superada com o Parecer PGFN/CAT/nº 88/2014, no sentido de, verbis: “(...) legitimidade de cobrança de valores que sejam objeto de pedido de compensação não homologada oriundos de estimativa, uma vez que já se completou o fato jurídico tributário que enseja a incidência do imposto de renda, ocorrendo a substituição da estimativa pelo imposto de renda.” Portanto, é induvidoso que, em se tratando de estimativas objeto de compensação não homologada, mas que se encontram confessadas, quer por Declarações de Compensação efetuadas a partir da vigência da Medida Provisória nº 135/2003 (31/10/2003), quer por parcelamento, os respectivos valores devem ser computados no saldo negativo do anocalendário, porque serão cobrados através do instrumento de confissão de dívida. Também relevante o posicionamento expresso no voto condutor decido à unanimidade pela 1ª T. da 2ª Cª. da 1ª Seção do CARF no Acórdão nº 1201001.054, de 30 de julho de 2014, abaixo transcrito (fls.169170): Ora, temos aqui uma situação gravosa sendo imposta a ora Recorrente. Isso porque, temos, de um lado, processos administrativos relacionados a não homologação/homologação parcial das compensações efetuadas para fins de liquidação dos débitos de estimativa que passaram e compor o saldo negativo do ano de 2004 e, de outro, o presente processo, por meio do qual a Fiscalização e a DRJ entendem que a estimativas em discussão não devem compor o saldo negativo utilizado pelo Recorrente, reduzindo o crédito utilizado, fazendo remanescer um débito em aberto. Assim, caso entendêssemos no presente processo que tais estimativas, extintas por compensações (em discussão administrativa) devem ser desconsideradas para fins de composição do saldo negativo do respectivo período e, nos demais processos, a Recorrente venha a ter uma decisão desfavorável, teríamos uma cobrança em duplicidade dos respectivos valores. Isso porque, a Recorrente seria chamada a pagar as estimativas indevidamente compensadas, com os devidos acréscimos legais ao mesmo tempo em que seria obrigada também, a pagar os débito liquidados através do aproveitamento do saldo negativo do período. Fl. 732DF CARF MF Processo nº 10880.923883/201516 Acórdão n.º 9101004.055 CSRFT1 Fl. 733 9 A não homologação das compensações vinculadas às estimativas de IRPJ e CSLL tem determinado, em efeito cascata, o não reconhecimento dos saldos negativos apurados ao final do exercício, o que vem causando um verdadeiro imbróglio processual. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer nos termos do despacho de exame de admissibilidade e dar provimento ao recurso especial da Contribuinte na parte devolvida, relativa à matéria "Quitação do IRPJ apurado por estimativa mensal através de compensações não homologadas administrativamente". (assinatura digital) André Mendes de Moura Fl. 733DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.905735/2008-54
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL. EQUÍVOCO RECONHECIDO.
Identificado o lapso manifesto no voto embargado, consistente na indicação equivocada da data de interposição do recurso voluntário apresentado, tal vício deve ser sanado.
Numero da decisão: 3402-006.344
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos Inominados para sanar a inexatidão material, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Marcos Antonio Borges (Suplente convocado), Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. Ausente o Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, substituído pelo Conselheiro Marcos Antonio Borges.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201903
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL. EQUÍVOCO RECONHECIDO. Identificado o lapso manifesto no voto embargado, consistente na indicação equivocada da data de interposição do recurso voluntário apresentado, tal vício deve ser sanado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10980.905735/2008-54
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5988113
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3402-006.344
nome_arquivo_s : Decisao_10980905735200854.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : DIEGO DINIZ RIBEIRO
nome_arquivo_pdf_s : 10980905735200854_5988113.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos Inominados para sanar a inexatidão material, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Marcos Antonio Borges (Suplente convocado), Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. Ausente o Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, substituído pelo Conselheiro Marcos Antonio Borges.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
id : 7697006
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:42:05 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051660438208512
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1507; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 443 1 442 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.905735/200854 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3402006.344 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de março de 2019 Matéria COFINS Embargante FAZENDA NACIONAL Interessado GARAGEM MODERNA LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL. EQUÍVOCO RECONHECIDO. Identificado o lapso manifesto no voto embargado, consistente na indicação equivocada da data de interposição do recurso voluntário apresentado, tal vício deve ser sanado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos Inominados para sanar a inexatidão material, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Marcos Antonio Borges (Suplente convocado), Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. Ausente o Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, substituído pelo Conselheiro Marcos Antonio Borges. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 90 57 35 /2 00 8- 54 Fl. 443DF CARF MF 2 1. Por bem retratar os fatos aqui analisados emprego como meu o Relatório desenvolvido por este Tribunal administrativo quando da resolução n. 3402000437 (fls. 153/155), da lavra do Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, o qual adoto nos termos abaixo: Tratase de processo de restituição/compensação em que o contribuinte teve seu pedido de indébito negado por despacho decisório eletrônico, sob o fundamento de que o crédito financeiro alegado como pagamento indevido foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Na manifestação de inconformidade, o recorrente alega que a origem de seus créditos tem amparo na Lei 10.485/2002, por se tratar de produtos monofásicos que teriam sido incluídos indevidamente nas bases de cálculo do PIS e da Cofins. A DRJ em Curitiba julgou improcedente a manifestação de inconformidade sob o fundamento de que as alegações trazidas pela interessada constituem fatos que não foram apreciados pela autoridade originalmente competente, posto que resultam de retificação de DCTF feita somente após a ciência do despacho decisório, além de não ter sido trazida aos autos a comprovação da existência do direito creditório alegado de forma genérica na manifestação de inconformidade. Irresignado com a decisão da primeira instância administrativa, o recorrente interpõe recurso voluntário ao CARF, repisando os argumentos apresentados anteriormente na manifestação de inconformidade, ressaltando que os fundamentos jurídicos que sustentam seu pleito derivam de sua atividade societária, comerciante de autopeças, cuja Lei nº 10.485/2002 reduziu a zero a alíquota a ser aplicada na receita bruta auferida na venda destes produtos. O Recurso Voluntário foi analisado e foi proposta uma resolução para fins de identificar o objeto da sociedade, o valor da receita auferida com a comercialização de produtos relacionados nos anexos I e II da Lei nº 10.485/2002, o valor da base de cálculo tributável e o valor dos recolhimentos efetuados pelo recorrente. O processo retornou da origem acompanhado por várias planilhas, além do contrato social. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Curitiba não produziu o termo final de diligência analisando os dados constantes nos documentos acostados aos autos pelo recorrente. (...). 2. Diante deste quadro, o processo foi novamente baixado em diligência por intermédio da resolução acima mencionada, determinado que a unidade preparadora formulasse relatório fiscal com base nos documentos fiscais apresentados pelo contribuinte e, nesse sentido, indicasse a existência ou não de crédito a ser compensado. Fl. 444DF CARF MF Processo nº 10980.905735/200854 Acórdão n.º 3402006.344 S3C4T2 Fl. 444 3 3. Referida diligência foi cumprida, gerando o relatório fiscal de fls. 365/371, a respeito do qual o contribuinte apresentou manifestação. 4. Uma vez pautado para julgamento, o recurso voluntário interposto não foi admitido ao fundamento de intempestividade, nos termos da ementa abaixo transcrita (acórdão n. 3402005.355 fls. 419/422): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 Ementa: RECURSO VOLUNTÁRIO INTERPOSTO FORA DO PRAZO LEGAL. INTEMPESTIVIDADE RECONHECIDA. É de 30 (trinta) dias o prazo para interposição de Recurso Voluntário pelo contribuinte, conforme prevê o art. 33, caput, do Decretolei n. 70.235/72. O não cumprimento do aludido prazo impede o conhecimento do recuso interposto em razão da sua intempestividade. 5. Diante deste quadro, a unidade preparadora interpôs os embargos de declaração de fls. 424, ao fundamento de erro material no voto, o qual foi admitido pelo r. despacho de fls. 426/428. 6. Não obstante, antes de qualquer intimação, o contribuinte também apresentou os embargos de declaração de fls. 432/43364, o qual encontrase pendente de despacho de admissibilidade, o que me motivou a promover o despacho de fls. 440, rejeitado pelo d. Presidente desta Turma julgadora pelo r. despacho de fls. 441/442. 7. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro 8. Os embargos interpostos são tempestivos e preenchem os demais pressupostos de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. 9. Como bem destacado no aludido recurso, de fato há um lapso manifesto no acórdão n. 3402005.355, quando este, em seu item 8, afirma que o contribuinte teria interposto o recurso voluntário em 24 de abril de 2011, enquanto que, em verdade, tal recurso foi interposto em 24 de maio do citado ano. Assim, promovo a integração do citado voto para que o aludido parágrafo seja assim lido: (...). 8. Pois bem. No presente caso o Recorrente foi cientificado via postal da decisão guerreada, sendo o correspondente aviso de recebimento recebido em 20 (vinte) de abril de 2011 (quarta feira) (fl. 35). Logo, levando em consideração as disposições Fl. 445DF CARF MF 4 legais acima mencionadas, o termo inicial para a contagem do prazo recursal ocorreu em 21 (vinte e um) de abril de 2011 (quintafeira), vencendo, por sua vez, no dia 20 (vinte) de maio de 2011 (sextafeira). Acontece que o recurso em apreço só foi interposto em 24 (vinte e quatro) de maio de 2011 (fl. 36), ou seja, quando já transcorrido o prazo legal. (...). 10. Dessa forma, resta integrado o voto aqui embargado. Dispositivo 11. Diante do exposto, voto por conhecer e acolher os embargos de declaração interpostos, para corrigir o lapso manifesto nos termos do que fora acima exposto. 12. É como voto. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Fl. 446DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.720968/2017-78
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 31 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2012
IMPOSTO RETIDO NA FONTE DE RENDIMENTOS PAGOS A DIRETOR DA FONTE PAGADORA. COMPENSAÇÃO INDEVIDA COM O IMPOSTO APURADO NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL.
A compensação do imposto retido na fonte somente pode ser utilizada na declaração de rendimentos de diretor da pessoa jurídica condicionada à comprovação do efetivo recolhimento do tributo retido. Na falta da comprovação justifica-se a glosa da dedução na DAA.
Numero da decisão: 2001-001.126
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente
(assinado digitalmente)
Jose Alfredo Duarte Filho - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e Jose Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201901
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2012 IMPOSTO RETIDO NA FONTE DE RENDIMENTOS PAGOS A DIRETOR DA FONTE PAGADORA. COMPENSAÇÃO INDEVIDA COM O IMPOSTO APURADO NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. A compensação do imposto retido na fonte somente pode ser utilizada na declaração de rendimentos de diretor da pessoa jurídica condicionada à comprovação do efetivo recolhimento do tributo retido. Na falta da comprovação justifica-se a glosa da dedução na DAA.
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10530.720968/2017-78
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5970037
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2001-001.126
nome_arquivo_s : Decisao_10530720968201778.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
nome_arquivo_pdf_s : 10530720968201778_5970037.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes - Presidente (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e Jose Ricardo Moreira.
dt_sessao_tdt : Thu Jan 31 00:00:00 UTC 2019
id : 7646734
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:39:25 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051660442402816
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1372; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T1 Fl. 101 1 100 S2C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10530.720968/201778 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001001.126 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 31 de janeiro de 2019 Matéria IRPF IMPOSTO RETIDO NA FONTE Recorrente JOSUE DA SILVA MELLO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2012 IMPOSTO RETIDO NA FONTE DE RENDIMENTOS PAGOS A DIRETOR DA FONTE PAGADORA. COMPENSAÇÃO INDEVIDA COM O IMPOSTO APURADO NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. A compensação do imposto retido na fonte somente pode ser utilizada na declaração de rendimentos de diretor da pessoa jurídica condicionada à comprovação do efetivo recolhimento do tributo retido. Na falta da comprovação justificase a glosa da dedução na DAA. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e Jose Ricardo Moreira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 09 68 /2 01 7- 78 Fl. 101DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou a impugnação com resultado desfavorável ao contribuinte, em razão da lavratura de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, referente à compensação de IRRF de diretor da fonte pagadora. O Lançamento da Fazenda Nacional exige do contribuinte a importância de R$ 26.321,07, a título de imposto de renda pessoa física suplementar, acrescida da multa de mora e juros moratórios, referente ao anocalendário de 2012. A fundamentação da autuação, conforme consta da decisão de primeira instância, aponta como elemento definidor da lavratura do lançamento o fato de que o Contribuinte efetuou compensação indevida de imposto de renda retido na fonte. A constituição do acórdão recorrido segue na linha do procedimento adotado na feitura do lançamento, notadamente na utilização de valores indevidos na compensação do IRRF por não recolhimento do imposto pela fonte, empresa de que o Recorrente é diretor, como segue: Tratase de impugnação a notificação de lançamento relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente ao ano calendário 2012, para exigência de IRPF no valor de R$ 26.321,07, acrescido de multa de mora e juros de mora (fls. 5561). Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal constantes da notificação de lançamento, o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada compensação indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) no valor de R$ 26.321,07, referente a rendimentos recebidos da fonte pagadora “Fundação Dois de Julho", CNPJ 15.106.495/000105). O contribuinte atendeu parcialmente à intimação, faltando comprovar o vínculo entre o declarante e a fonte pagadora, impossibilitando formar convicção acerca da efetiva retenção do tributo informado na DIRPF. Nos contracheques e recibo de férias apresentados pelo contribuinte referentes à fonte pagadora Fundação Dois de Julho, consta que o mesmo ocupava o cargo de diretor geral da faculdade (fls. 1112). Dessa forma, o contribuinte é responsável solidário pelos créditos decorrentes do não recolhimento do IRRF, conforme o art. 723 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99): (...) Em consulta aos sistemas da RFB, não se verificou recolhimento de IRRF(código 0561) compatível com o declarado pela contribuinte e constante em DIRF, tendo em vista que a empresa tinha outros empregados no referido ano e efetuava também retenção dos mesmos. Dessa forma, voto pela improcedência da impugnação, mantendo integralmente o crédito tributário exigido na notificação de lançamento. Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10530.720968/201778 Acórdão n.º 2001001.126 S2C0T1 Fl. 102 3 Assim, conclui o acórdão vergastado pela improcedência da impugnação para manter a infração apurada no valor de R$ 26.321,07, com os acréscimos legais. Por sua vez, com a decisão do Acórdão da DRJ, o Recorrente apresenta recurso voluntário com as considerações e argumentações que entende justificável ao seu procedimento, nos termos que segue: Tratase, a presente notificação de cobrança de imposto suplementar relativa ao exercício 2013 anocalendário 2012 no valor de R$ 26.321,07 referente a rendimentos recebidos da fonte pagadora “Fundação Dois de Julho”, CNPJ 15.106.495/000105. O contribuinte atendeu à intimação apresentando informe de rendimentos, contracheques e termo de rescisão de contrato de trabalho. Em análise pela 3ª Turma da DRJ/SDR, a impugnação foi julgada improcedente pelo fato de nos contracheques e recibos apresentados pelo contribuinte, constar que o mesmo ocupava o cargo de diretor geral da faculdade e que, dessa forma o contribuinte é responsável solidário pelos créditos decorrentes do não recolhimento do IRRF, conforme o Art. 723 do Decreto nº 3.000 de 26 de março de 1999 (RIR99). Ocorre que o cargo que o contribuinte ocupava de Diretor Geral da Faculdade, limitase apenas a direção geral na área acadêmica coordenando a área de ensino, pesquisa e extensão. Conforme determina o Estatuto Social da Fundação Dois de Julho, em seu Artigo 31, o responsável pela administração e gerência dos negócios da Fundação é o Secretário Executivo, conforme reprodução abaixo. CAPÍTULO IX Das disposições Gerais e Transitórias. Art. 31º O Secretário Executivo da Fundação é o intermediário entre o Conselho de Curadores e os demais funcionários e organizações da Fundação, tendo funções na administração e gerência dos negócios da Fundação, representandoa, mediante mandato específico, nos campos financeiros, comercial, patrimonial, legal, trabalhista, previdenciária, educacional e em todos aqueles em que se faça necessária a sua gestão. Ratifico a existência de responsabilidade do contribuinte na gerência dos negócios da fundação, segue anexo cópia autenticada dos 5 (cinco) cheques de nºs 10871, 10872, 10873, 10874, 10875 comprovando que o contribuinte não respondia pela parte financeira da Fundação. Esses cheques foram emitidos a favor do contribuinte como pagamento de parcelas dos salários e assinados pela Diretoria Executiva. Ante o exposto e comprovado, vem a impugnante requerer nova análise e cancelamento da referida notificação de lançamento. Fl. 103DF CARF MF 4 É o relatório. Voto Conselheiro Jose Alfredo Duarte Filho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A lide se refere à glosa de imposto retido na fonte não arrecadado por pessoa jurídica da qual o Recorrente é diretor, de R$ 26.321,07, que originou o crédito tributário no mesmo valor, pelo Lançamento lavrado em razão do reprocessamento de ajuste da DAA apresentada. A exigência em destaque decorre da previsão contida no art. 723 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR), que assim dispõe: Art. 723. São solidariamente responsáveis com o sujeito passivo os acionistas controladores, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, pelos créditos decorrentes do não recolhimento do imposto descontado na fonte (DecretoLei nº 1.736, de 20 de dezembro de 1979, art. 8º). Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas referidas neste artigo restringese ao período da respectiva administração, gestão ou representação (DecretoLei no 1.736, de 1979, art. 8o, parágrafo único). Configurase aqui a situação de que o Contribuinte pessoa física também exerce a posição de diretor da pessoa jurídica pagadora dos rendimentos que originaram o imposto de renda retido na fonte, não recolhido aos Cofres do Tesouro Nacional. Neste caso não é suficiente tão somente a informação de rendimentos fornecido pela fonte pagadora, de modo geral aceito como documento hábil para a dedução, porque o beneficiário dos rendimentos figura também como diretor da instituição pagadora, sendo o Recorrente considerado pela legislação tributária solidariamente responsável pelos atos da pessoa jurídica, direta ou indiretamente, independente da existência ou não de dolo ou culpa. É certo que, em princípio, a comprovação do imposto de renda retido na fonte pode ser efetuada pela apresentação do respectivo comprovante de rendimentos, mas tal possibilidade não pode ser aplicada indistintamente, em particular quando confirmado que o valor retido não foi recolhido e quem pleiteia o benefício da dedução é diretor da pessoa jurídica que reteve na fonte o imposto. O dispositivo da lei responsabiliza solidariamente o dirigente indistintamente, sem considerações particulares de ser ele responsável direto ou indireto pelo setor encarregado das obrigações tributárias da empresa. Pelo que consta dos autos a comprovação documental apresentada pela Recorrente não supre suficientemente o requerido para o provimento de sua demanda. Assim que, forçoso se torna reconhecer a procedência do Lançamento pelas razões apontadas na ação fiscal e no voto da DRJ que manteve a íntegra do crédito tributário lançado. Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10530.720968/201778 Acórdão n.º 2001001.126 S2C0T1 Fl. 103 5 Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e no mérito NEGAR PROVIMENTO, para manter o crédito tributário no valor de R$ 26.321,07, com os acréscimos legais. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Fl. 105DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.000055/2009-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE
Ano-calendário: 2004
Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/2002, sobre as importâncias pagas, creditadas, entregmes, empregadas ou remetidas ao exterior a título de direitos autorais (licença de uso) de programas de computador (softwares), por configmrar royalties, incidirá a contribuição de intervenção sobre o domínio econômico (CIDE), à alíquota de 10%.
CIDE. REMESSA AO EXTERIOR. PREVISÃO LEGAL.
Segmndo a legislação vigente no período autuado, é fato gerador da CIDE o pagamento, crédito, entrega, emprego ou remessa de royalties, realizados, a título de remuneração, por pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes, a residentes ou domiciliados no exterior.
Numero da decisão: 3302-006.537
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Raphael Madeira Abad que lhe dava provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinado digitalmente)
Jorge Lima Abud - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede..
Nome do relator: JORGE LIMA ABUD
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE Ano-calendário: 2004 Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/2002, sobre as importâncias pagas, creditadas, entregmes, empregadas ou remetidas ao exterior a título de direitos autorais (licença de uso) de programas de computador (softwares), por configmrar royalties, incidirá a contribuição de intervenção sobre o domínio econômico (CIDE), à alíquota de 10%. CIDE. REMESSA AO EXTERIOR. PREVISÃO LEGAL. Segmndo a legislação vigente no período autuado, é fato gerador da CIDE o pagamento, crédito, entrega, emprego ou remessa de royalties, realizados, a título de remuneração, por pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes, a residentes ou domiciliados no exterior.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 16561.000055/2009-41
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5974103
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3302-006.537
nome_arquivo_s : Decisao_16561000055200941.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : JORGE LIMA ABUD
nome_arquivo_pdf_s : 16561000055200941_5974103.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Raphael Madeira Abad que lhe dava provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente (assinado digitalmente) Jorge Lima Abud - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede..
dt_sessao_tdt : Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
id : 7658168
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:40:05 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051660454985728
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 34; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1700; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16561.000055/200941 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302006.537 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de fevereiro de 2019 Matéria CIDE. REMESSA AO EXTERIOR. LICENÇA DE USO DE SOFTWARES. Recorrente SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Anocalendário: 2004 Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/2002, sobre as importâncias pagas, creditadas, entregmes, empregadas ou remetidas ao exterior a título de direitos autorais (licença de uso) de programas de computador (softwares), por configmrar royalties, incidirá a contribuição de intervenção sobre o domínio econômico (CIDE), à alíquota de 10%. CIDE. REMESSA AO EXTERIOR. PREVISÃO LEGAL. Segmndo a legislação vigente no período autuado, é fato gerador da CIDE o pagamento, crédito, entrega, emprego ou remessa de royalties, realizados, a título de remuneração, por pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes, a residentes ou domiciliados no exterior. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Raphael Madeira Abad que lhe dava provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 00 00 55 /2 00 9- 41 Fl. 1289DF CARF MF 2 Jorge Lima Abud Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede.. Relatório Aproveitase o Relatório do Acórdão de Manifestação de Inconformidade: Em ação fiscal levada a efeito sobre o contribuinte acima identificado foram lavrados Autos de Infração referentes ao IRRF e à CIDE, em razão do não recolhimento desses tributos incidentes sobre remessa de valores para o exterior, a titulo de pagamentos, efetuados de julho a dezembro de 2004 para as empresas New Digital Systems Limited (NDS), localizada no Reino Unido, e Brasil Distribution, sediada nos Estados Unidos. Os tributos lançados montaram a R$ 6.680.822,61 e R$ 7.330.626,12, respectivamente, aí incluídos juros de mora e multa de ofício de 75%. Cientificado, em 25/06/2009, nos próprios autos de infração, o contribuinte apresentou em 23/07/2009, a impugnação de fls. 796/829. Após desenvolver as razões de defesa assim concluiu: existiriam equívocos insanáveis nos cálculos efetuados pela d.fiscalização, os quais comprometeriam a própria credibilidade do trabalho efetuado; todos os supostos débitos de IRRF lançados pela d. fiscalização teriam sido pagos; os pagamentos efetuados à NDS decorreriam da exploração de direito autoral e que não seriam tributáveis pela CIDE, e mesmo que não fossem decorrentes da exploração de direitos autorais, ainda assim não se enquadrariam em nenhuma das hipóteses de incidência previstas pelo art. 10 do Decreto n° 4.195/2002; e os efetuados à Brasil Distribution também não seriam tributáveis pela CIDE, quer porque não se enquadrariam em nenhuma das hipóteses de incidência da contribuição, quer porque já seriam tributadas pela CONDECINE e não poderia haver bis in idem. Requereu por fim que se caso parte da autuação seja julgada procedente que seja afastada a incidência dos juros SELIC sobre a multa de ofício de 75%, pois esta não comporia o crédito tributário sujeito a juros. Os autos foram baixados em diligência em 16/10/2009, por esta turma de julgamento para esclarecimentos dos possíveis equívocos apontados pelo impugnante. Para melhor compreensão do feito passase a transcrição do despacho de fls. 890/895. Trata o presente processo de lançamento relativo ao imposto de renda devido sobre a remessa de recursos financeiros ao Fl. 1290DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 3 3 exterior a título de transferência de tecnologia (‘royalties'), licença de uso (‘software'), licença de exploração de direitos de transmissão de programas televisivos, prestação de serviços técnicos e de assistência técnica, bem como à autuação referente à Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico CIDE incidente sobre os valores remetidos ao exterior em face do serviço de assistência técnica (serviços de uplink), da transferência de tecnologia (‘royalties') e da licença de exploração de direitos de transmissão de programas televisivos. 1.1. Os montantes constituídos insertos nos presentes autos são os seguintes: (...) Nos termos expostos no Termo de Constatação Fiscal (fls. 738/756), o lançamento em foco decorreu dos seguintes fatos apurados no curso do procedimento fiscal: A fiscalização intimou o contribuinte em foco a apresentar um demonstrativo de remessas de pagamentos realizados com o exterior, com a indicação do motivo do pagamento e em que conta contábil foi registrado. Ademais, deveria ser indicado se teriam sido realizados os recolhimentos relativos ao IRRF e à CIDE. Em 02/02/2009, o sujeito passivo entregou as informações requeridas, sendo possível apurarse que diversos valores foram remetidos ao exterior a título de prestação de serviços técnicos e de assistência técnica, tais como: engenharia (engine fee), segurança (security fee), serviços de uplink e suporte de manutenção (support and maintenance), além de royalties relativas à remuneração pelo uso ou exploração de direitos de propriedade industrial. As remunerações mensais de serviços técnicos, assistência técnica e royalties foram definidos no “Sumário Executivo do Contrato de Implantação de Sistemas de Licenciamento” firmado entre as empresas Globo Comunicações e Participações Ltda. (GloboPar) e News Corporation Group / Inglaterra, sendo o serviço operado pela Sky Brasil Serviços Ltda. e implantado pela New Digital Systems Limited NDS / Inglaterra. Neste mesmo contrato foi estabelecida a implementação e transferência de conhecimento tecnológico do sistema DirecttoHome (DTH), que permite a transmissão de filmes e eventos para os assinantes via satélite. Do “Contrato de Implantação de Sistemas e de Licenciamento CISL”, constou que a NDS é proprietária, ou possuiu todos os direitos e participações e/ou licenças para o uso e/ou exploração de informações, direitos e tecnologia necessárias em relação à operação do “Sistema Condicional de Acesso” e do “Sistema de Transmissão”. Em decorrência do sistema DTH caracterizar transferência de plataforma tecnológica do exterior para o Brasil, ainda pouco Fl. 1291DF CARF MF 4 disponível no mercado internacional à época da contratação (11/07/1996), as partes decidiram incluir remunerações a título de royalties, serviços técnicos e de assistência técnica.Ressalta a fiscalização que todas estas remunerações foram especificadas no CISL firmado com a empresa vinculada no exterior NDS. Em 02/02/2004, foi anexada declaração do representante da empresa, cujo teor aponta que o CISL consiste na licença de um sistema de acesso e de transmissão que envolve aquisição de programas de computador sem o fornecimento do códigofonte e manutenção e assistência técnica sem a vinda de técnicos ao Brasil. Ademais, na mesma declaração indicase que a Sky Brasil estaria dispensada de averbação do CISL no INPI, sendo, portanto, descaracterizada a transferência de tecnologia. 2.4. A fiscalização, ao analisar o Sumário Executivo do CISL (fls. 198/281) e o Protocolo de Execução do CISL (fls. 336/351), constatou tratarse de transferência de tecnologia do sistema DTH, mas conhecido por transmissão de filmes e eventos por assinatura, via satélite, diretamente às residências dos assinantes, senão, vejamos. 2.4.1. A Licenciante (NDS) firmou com a Licenciada (Sky Brasil Serviços Ltda) um contrato com o objetivo de regular e disciplinar o desenvolvimento e instalação de projeto especialmente desenvolvido para atender às necessidade de transmissão do sistema DTH Digital de televisão por assinatura (CISL). Nos referidos contratos, restou claro que o objetivo era permitir que a Licenciada efetuasse o pagamento de royalties e remuneração pelo uso de software, bem como pela prestação de assistência técnica oferecido pelo Licenciante para atender as necessidades de transmissão do sistema DTH Digital de televisão por assinatura. Logo, não haveria dúvidas, conforme se pode extrair dos referidos contratos de implantação e instalação, que se trata de transferência de tecnologia do sistema DTH para o país e que, em contrapartida, conforme previsão expressa em contrato, deverá ser paga certa remuneração pela transferência desta tecnologia. Frisase que a própria manifestação datada pela Sky Brasil Serviços Ltda.de 02/03/2009 indica a correção do raciocínio expendido no parágrafo anterior (itens 15/16 fls. 289). O contribuinte apresentou o demonstrativo de todos os pagamentos remetidos ao exterior (fls. 180/192), bem como os demonstrativos de pagamentos ao exterior relativos a royalties, licença de uso e de assistência técnica, e recolhimentos de tributos (fls. 296/297). Com base nestes documentos, bem como pela análise dos contratos de câmbio dos valores remetidos ao exterior, a fiscalização elaborou os seguintes demonstrativos para a apuração do IRRF (fls.745/746): (...) A fiscalização ressalta que os valores insertos nos demonstrativos supra referemse aos pagamentos efetuados ao exterior a título de royalties, licença de uso (“software”), Fl. 1292DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 4 5 prestação de serviços técnicos e de assistência técnica, exceto em relação ao período de apuração de 02/08/2004, no qual foi considerado o pagamento de R$ 10.258.417,93 (dez milhões, duzentos e cinqüenta e oito mil, quatrocentos e dezessete reais e noventa e três centavos) ao beneficiário “Brasil Distribution, LLC”, localizado nos Estados Unidos da América, a título de licença de exploração de direitos de transmissão de programas televisivos (contrato de câmbio às fls. 626). No tocante à CIDE, a fiscalização verificou que o demonstrativo elaborado pelo contribuinte considerou apenas os pagamentos referentes à assistência técnica dos serviços de uplink. Destarte, a fiscalização reapurou as remessas para o exterior sujeitas à CIDE, tendo em vista que todas as contraprestações para o exterior dos serviços de assistência técnica, serviços técnicos e de assistência administrativa, bem como as remessas ao exterior pelo uso de licença do direito de transmissão de programa audiovisual, elaborandose o seguinte quadro demonstrativo: (...) No tocante à CIDE sobre os serviços de assistência técnica, serviços técnicos e de assistência administrativa, a fiscalização aduz que, de acordo com as Leis n°. 10.168/2000 e 10.332/2001, devidamente regulamentadas pelo Decreto n° 4.195/2002, que revogou o Decreto n°. 3.949/2001, é irrelevante a necessária transferência de tecnologia para a incidência do tributo em foco. Já em relação à CIDE exigida em face dos pagamentos relativos à licença do direito de propriedade de transmissão de programa audiovisual, decorrente do contrato celebrado entre a Sky Brasil Serviços Ltda. e a empresa Brasil Distribution Inc, sediada nos Estados Unidos da América, a fiscalização concluiu que há regular incidência desta contribuição, vez que tais pagamentos caracterizamse como verdadeiros royalties, nos termos estabelecidos no art. 22 da Lei n°. 4.506/64. Ressalta a fiscalização que, embora o Decreto n°. 4.195/2002 não tenha contemplado expressamente a incidência de CIDE sobre o pagamento de royalties pelo direito de propriedade intelectual, mas tãosomente os royalties pagos pelo direito de exploração de marcas e patentes, tal situação não pode afastar a tributação sobre tais verbas, notadamente pelo princípio da legalidade tributária (CF, art. 150, I e §6°; CTN, art. 97, III e IV). Assim, se o Decreto n(’.4.915/2002 extrair do campo de incidência tributária da CIDE o pagamento de remessa de royalties à empresa estrangeira, estaria concedendo verdadeira isenção, instituto só permitido em lei. 2.7. Em decorrência de todo o acima exposto, foram lavrados, em 25/06/2009, os seguintes autos de infração: Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF, com fundamento nos arts. 18 e 28 da Lei n°. 9.249/95; art. 12 da Lei n°. 9.718/98; art. 2° da Lei n°. 10.168/2000, com a redação dada pela Lei n°. 10.332/2001; Fl. 1293DF CARF MF 6 Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico CIDE, com fundamento nos arts. 22, aliena “d” e 23, inciso I, ambos da Lei n°. 4.506/64; arts. 5°, II, 7°, VI, e 29, VIII, todos da Lei n°. 9.619/98; arts. 1° e 2° da Lei n°.10.168/2000, com a redação atribuída pela Lei n°. 10.332/2001; art. 10 do Decreto n°. 4.195/2002. 3. Cientificado dos autos de infração em 25/06/2009 (fls. 729 verso e 733 verso),o contribuinte apresentou, em 23/07/2009, a impugnação de fls. 796/829, aduzindo, em síntese, que: A fiscalização teria cometido os seguintes erros na quantificação do crédito tributário: Em relação ao IRRF devido em face do dia de 29/07/2004, a Impugnante teria pago à NDS o valor líquido de R$ 1.284.008,18 (um milhão, duzentos e oitenta e quatro mil, oito Reais e dezoito centavos), conforme se verificaria da Invoice n°. 107734 (fls. 442) e do respectivo contrato de câmbio (fls. 443 e 444).Esse valor seria resultado da soma de sete valores menores devidos pela Defendente à NDS, os quais teriam sido agrupados para que fosse efetuada uma única remessa para o exterior, com o respectivo IRRF de R$ 229.129,75 (duzentos e vinte e nove mil, cento e vinte e nove Reais e setenta e cinco centavos). Ressalta se que este IRRF teria sido devidamente recolhido. No entanto, na tabela de fls. 745, a fiscalização indica que a Impugnante não teria recolhido o IRRF equivalente a R$ 175.969,61 (cento e setenta e cinco mil, novecentos e sessenta e nove Reais e sessenta e um centavos), decorrente da remessa efetuada para a NDS no valor líquido de R$ 997.161,14 (novecentos e noventa e sete mil, cento e sessenta e um reais e quatorze centavos). Porém, conforme se poderia verificar dos quadros apostos às fls. 799 da impugnação, o valor de R$ 997.161,14 (novecentos e noventa e sete mil, cento e sessenta e um reais e quatorze centavos) já se encontraria abrangido na remessa de R$ 1.284.008,18 (um milhão, duzentos e oitenta e quatro mil, oito Reais e dezoito centavos) mencionada no parágrafo anterior. Logo, seria evidente a duplicidade que, inclusive, também teria afetado o cálculo da CIDE. 3.1.2. O mesmo equívoco teria sido cometido para os pagamentos efetuados em 17/11/2004. Com efeito, em tal data, a Impugnante teria pago à NDS o valor líquido de R$ 683.039,07 (seiscentos e oitenta e três mil, trinta e nove Reais e sete centavos), conforme se verificaria da Invoice n°. 10 7 741 e do respectivo contrato de câmbio, acostados às fls. 471/474. Esse valor seria resultado da soma de três valores menores devidos pela Defendente à NDS, os quais teriam sido agrupados para que fosse efetuada uma única remessa para o exterior, com o respectivo IRRF de R$ 121.780,54 (cento e vinte e um mil, setecentos e oitenta Reais e cinqüenta e quatro centavos). Frisa se que este IRRF teria sido recolhido oportunamente. 3.1.2.1. Contudo, na tabela de fls. 745, a fiscalização indica que a Impugnante não teria recolhido o IRRF equivalente a R$ 36.668,38 (trinta e seis mil, seiscentos e sessenta e oito Reais e Fl. 1294DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 5 7 trinta e oito centavos), decorrente da remessa efetuada para a NDS no valor líquido de R$ 207.787,50 (duzentos e sete mil, setecentos e oitenta e sete Reais e cinqüenta centavos). Porém, conforme se poderia verificar dos quadros apostos às fls. 801 da impugnação, o valor de R$ 207.787,50 (duzentos e sete mil, setecentos e oitenta e sete Reais e cinqüenta centavos) já se encontraria abrangido na remessa de R$ 683.039,07 (seiscentos e oitenta e três mil, trinta e nove Reais e sete centavos) mencionada no parágrafo anterior. Assim, seria evidente a duplicidade que, inclusive, também teria afetado o cálculo da CIDE. 3.2. Ademais, todos os valores insertos na autuação a título de IRRF teriam sido oportunamente extintos pelo pagamento, nos seguintes termos: R$ 175.969,61: conforme demonstrado nos itens 3.1.1 e 3.1.1.1 supra, esta exação decorrería de duplicidade cometida pela fiscalização; R$ 1.810.308,05: este valor teria sido recolhido aos cofres públicos sob o código 9427 e se referiria a uma remessa efetuada para a Brasil Distribution em 02/08/2004, no valor líquido de R$ 10.258.417,73; R$ 261.053,94: o referido valor teria sido recolhido aos cofres públicos sob o código 0473 e se referiria a uma remessa efetuada à NDS em 24/08/2004 no valor líquido de R$ 1.479.305,67. O DARF que comprovaria este pagamento encontrarseia acostado às fls. 449, tendo sido recolhido inclusive em valor superior ao devido. Ademais, a invoice e o contrato de câmbio que subsidiam a remessa estão juntados às fls. 446 a 448, e a página da DCTF que contém esta informação está nas fls. 673; R$ 5.197.76: este valor teria sido recolhido aos cofres públicos sob o código 0473 e se referiria a uma remessa efetuada para a NDS em 26/08/2004, no valor líquido de R$ 29.454,00. O DARF que comprovaria este pagamento encontrarseia acostado às fls. 453, tendo sido recolhido inclusive em valor superior ao devido, a saber, R$ 5.219,29. Ademais, a invoice e o contrato de câmbio que subsidiam a remessa estão juntados às fls. 450 a 452, e a página da DCTF que contém esta informação está nas fls. 673; R$ 497.702,91: o referido valor teria sido recolhido aos cofres públicos sob o código 0422 e se referiria a uma remessa efetuada para a NDS em 20/10/2004, no valor líquido de R$ 2.820.316,51 (contrato de câmbio e DARF do pagamento do imposto encontrariamse acostados à defesa doc. 3);R$ 36.668,38: conforme demonstrado nos itens 3.1.2 e 3.1.2.1 supra, esta exação decorreria de duplicidade cometida pela fiscalização; R$ 1.841,97: o referido decorreria de uma remessa efetuada para a NDS em 10/12/2004, no valor líquido de R$ 24.993,00. No entanto, o IRRF devido pela Impugnante (R$ 4.410,53) teria sido recolhido, por engano, em montante muito superior, a saber, R$ 11.271,29, sob o código 0473 (contrato de câmbio e DARF do pagamento do imposto encontrariamse acostados à defesa doc. 5); R$ 6.354,09: este valor se refere a uma remessa efetuada para a NDS em 14/12/2004, no valor líquido de R$ 234.545,77, Fl. 1295DF CARF MF 8 conforme se verificaria da invoice n°. 107743 e do contrato de câmbio já apresentados à fiscalização (fls.403, 404 e 406). O IRRF devido em razão deste pagamento, que remontou a R$ 41.390,43, teria sido parcialmente recolhido (R$ 35.036,34 fls. 405) e parcialmente compensado com o pagamento a maior do IRRF devido em 10/12/2004 (R$ 6.860,74). Frisase que, apesar de não ter sido apresentada a competente DCOMP, esta incorreção deve ser relevada pelo Fisco, com a conseqüente consideração desta compensação, vez que tal procedimento não causou nenhum prejuízo à Receita Federal. 3.3. A exigência da CIDE em face dos pagamentos efetuados à NDS não mereceria prosperar, pois os valores pagos à esta última decorreriam de direitos autorais, não se subsumindo no conceito de royalties insculpido na alínea “d” do art. 22 da Lei n°. 4.506/64. Neste sentido, o art. 2° da Lei n°. 9.609/98 estabelece que o titular de programa de computador, tal como o autor de qualquer obra intelectual, detém direitos morais e patrimoniais sobre a sua obra, podendo utilizála, reavêla e dela fruir ou dispor, inclusive economicamente. No entanto, justamente porque o criador do programa de computador é proprietário de sua obra, a remuneração que ele percebe por permitir que um terceiro a utilize decorre da transferência de um dos elementos do direito de propriedade, e não da transferência do direito de propriedade em si, pois, nesse caso, ocorreria sua alienação. Frisase:a exploração de direitos autorais não decorre da cessão do direito em si, mas sim de um dos elementos que o compõe. Neste sentido, seria justamente porque os direitos autorais teriam natureza de verdadeiro direito de propriedade que o art. 22, alínea “d”, da Lei n°.4.506/64 exclui do conceito de royalties os rendimentos pagos diretamente ao autor da obra pelo uso / exploração do seu bem intelectual. Assim, enquanto os royalties constituem remuneração pelo uso da totalidade de um direito, o qual normalmente se restringe ao de usar e/ou comercializar, os rendimentos pagos ao autor de uma obra constituem retribuição pela transferência de um dos elementos do direito de propriedade, o qual não se confunde com o direito de propriedade em si. Esta particularidade seria extremamente importante para a incidência da CIDE em .foco, pois o art. 2°, §2°, da Lei n°. 10.168/2002 indicaria como fato gerador da contribuição o pagamento, crédito, entrega, emprego ou remessa de royalties a beneficiário localizado no exterior, não se estabelecendo nenhuma hipótese de incidência sobre os pagamentos relativos à exploração de direito autoral. Ressaltase que a nãoincidência da CIDE sobre os pagamentos decorrentes da exploração de direitos autorais seria confirmada também pelo Decreto n°. 4.195/2002 que, ao listar, em seu art. 10, as hipóteses de incidência da contribuição, não menciona os pagamentos ao exterior pela exploração de direitos autorais. O contrato celebrado entre a Impugnante a NDS tem por objeto o desenvolvimento e a implantação de um sistema tecnológico que possibilita a transmissão contratada pela Impugnante de Fl. 1296DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 6 9 terceiros (sistema DTH) de forma restrita aos assinantes. Este sistema materializase em um software, que está embutido nos chamados “smart cards”, e que foi criado pela própria NDS que, na condição de proprietária, detém todos os direitos morais e patrimoniais decorrentes da criação, do uso e do licenciamento do sistema. Salienta o Impugnante que o próprio Conselho de Contribuintes seria pacífico ao entender que os pagamentos decorrentes de direitos autorais não seriam tributáveis pela CIDE (Acórdãos n°. 30134.753 e 30238.763). Ademais, ainda em relação aos pagamentos efetuados à NDS, a Impugnante também não aceita a asserção da fiscalização de que alguns dispêndios referirseiam a serviços técnicos e/ou assistência técnica. Isso porque o objeto do CISL é justamente a concessão de uma licença de uso, por parte da NDS, de software por ela desenvolvido para emprego em plataformas de transmissão do sistema DTH. Logo, toda e qualquer atividade realizada pela DHS a favor da Impugnante estaria contida no trabalho de desenvolvimento desses softwares, de forma que a remuneração decorreria única e exclusivamente da exploração do direito autoral que detém sobre estes programas. Frisa se que a própria planilha acostada pela fiscalização evidenciaria a natureza dos pagamentos realizados à NDS: “i engine”: é o software que viabilizaria a interatividade do assinante com a programação, permitindo que ele utilize os serviços interativos da Sky; “royalties”: corresponderia aos pagamentos efetuados pela Impugnante à NDS pelo uso do software de autoria e propriedade dessa última empregados no decodificador, que permite o acesso condicionado ao sinal de satélite encripitado; “security fee”: corresponderia aos pagamentos efetuados pela Defendente à NDS pela utilização de software que detecta e impede que o sistema tecnológico principal seja violado por terceiros (tal como um antivírus) “support maintenance”: corresponderia aos pagamentos efetuados pela Impugnante à NDS para manter o perfeito funcionamento destes softwares. 3.3.7. Por fim, ainda em relação aos pagamentos efetuados à NDS, o contribuinte aduz que, mesmo que esta empresa não fosse a criadora e proprietária dos softwares licenciados à Impugnante, ainda assim seria descabida a cobrança da CIDE em tela, pois restaria ausente qualquer uma das hipóteses de incidência expressamente previstas no art. 10 do Decreto n°. 4.195/2002, a saberfornecimento de tecnologia; contraprestação por serviços técnicos e de assistência técnica e administrativa; pagamentos de royalties pelo uso e exploração de marcas e patentes. Contudo, nenhuma destas hipóteses restaria materizalizada, conforme explicitado a seguir. Fl. 1297DF CARF MF 10 Para restar caracterizado o fornecimento de tecnologia, seria necessário que a NDS teria franqueado à Defendente os respectivos códigosfonte do sistema, conforme se deflui da norma insculpida no art. 11 da Lei n°. 9.609/98. Contudo, o próprio contrato já previa que tal informação não seria repassada à Sky Brasil Serviços Ltda. (item 11 do Sumário Executivo do CISL). Relembrase, neste ponto, que tanto é necessária a existência de transferência de tecnologia para configurar a hipótese de incidência da CIDE sobre contratos que envolvem licenciamento de software que a Lei n°. 11.452/2007 alterou o art. 2° da Lei n°.10.168/2000 para o seguinte teor: “não incide (CIDE) sobre a remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programas de computador, salvo quando envolverem a transferência da correspondente tecnologia”. Os fundamentos relativos à inexistência de serviços de assistência técnica já foram transcritos no item 3.3.6 supra. Os pagamentos efetuados pela Defendente à NDS também não poderiam ser caracterizados como decorrentes da licença de uso e/ou exploração de marcas e patentes, pois tal situação refoge ao contrato celebrado entre ambas. 3.4. Já em relação às remessas endereçadas à empresa Brasil Distribution, não assistiria melhor sorte à autuação. Inicialmente, se nos ativermos à literalidade do Termo de Constatação Fiscal, não seria possível a cobrança da CIDE em tela, pois a própria fiscalização afirma que os pagamentos decorreriam do “direito de exploração de obra audiovisual ou cinematográfica cuja propriedade intelectual pertence à licenciante”. Logo, como estaríamos perante direito autoral, seria descabida a respectiva CIDE, conforme já demonstrado acima. Ressaltase que, sob a égide do art. 149 da Constituição Federal de 1988, a CIDE e a CONDECINE são espécies distintas de um mesmo gênero de tributo, a saber, contribuição de intervenção no domínio econômico, apresentando, cada uma delas, finalidade específica, atrelada ao setor econômico que se pretende afetar. Assim, enquanto a CIDE tem a finalidade de promover o desenvolvimento tecnológico interno, a CONDECINE, como o próprio nome já prevê, procura fomentar a indústria cinematográfica nacional. Logo, os pagamentos efetuados pela Impugnante à Brasil Distribution estariam sujeitos apenas à CONDECINE instituída, cuja hipótese de incidência seria a seguinte: veiculação, produção, licenciamento e a distribuição de obras cinematográficas e videofonográficas com fins de mercado, bem como o pagamento, crédito, emprego , a remessa ou a entrega, aos produtores, distribuidores ou intermediários no exterior, de importâncias relativas a rendimento decorrente da exploração de obras cinematográficas e videofonográficas (art. 32 e parágrafo único da MP nt’.2.2281).Apontase, em adição, que a incidência da CONDECINE impede a incidência conjunta da CIDE, vez que caracterizaria verdadeiro bis in eadem, conforme estaria Fl. 1298DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 7 11 reconhecendo o Conselho de Contribuintes (Acórdãos n°.30134.753 e 30238.763).(sic) Ademais, os valores pagos pela Sky Brasil Serviços Ltda. à Brasil Distribution seriam classificados pela legislação brasileira como aluguéis (art.21, inciso IV, da Lei n°. 4.506/64), e não como royalties (art. 22 da Lei n°.4.506/94). Logo, como os pagamentos em foco não se enquadrariam no conceito de royalties dado pela legislação, tais rendimentos estariam fora do alcance do campo de incidência da CIDE. Por fim, ainda que se entenda que os pagamentos direcionados pela Defendente à Brasil Distribution sejam verdadeiros royalties, ainda assim não seria cabida a cobrança da CIDE em comento, pois não há previsão de incidência sobre a mera exploração de obras audiovisuais. No tocante aos acréscimos legais, o contribuinte propugna pelo descabimento da incidência de juros moratórios, equivalentes à taxa Selic, sobre a multa lançada de ofício, pois a mesma não integra a obrigação tributária principal e, por via de conseqüência, o crédito tributário, conforme já teria reconhecido o Tribunal Administrativo (Acórdãos n°. '10196.601 e 20216.397). O pedido é pelo reconhecimento tanto da extinção, mediante pagamento e compensação, dos IRRF insertos na autuação, já devidamente expurgados das duplicidades cometidas pela fiscalização, quanto do descabimento da incidência de CIDE sobre os pagamentos efetuados à NDS e à Brasil Distribution. Em caráter subsidiário, o contribuinte requer a exclusão dos juros moratórios sobre a multa de ofício. 4. O contribuinte alega que seriam improcedentes todos os IRRF constituídos na presente autuação, conforme exposto no item 3.2 supra. Os elementos de prova acostados aos autos pela defesa, apesar de não serem plenamente para a comprovação de tal asserção, são suficientes para suscitar fundadas dúvidas sobre a integral procedência da autuação, senão, vejamos. Período de Apuração de 24/08/2004 4.1. O contribuinte alega que o IRRF exigido pela fiscalização (R$ 261.053,94),referente à remessa de R$ 1.479.305,67, já teria sido extinto pelo pagamento (DARF de R$ 263.052,80), com alocação integral em DCTF. Ao cotejar os dados insertos na autuação com as informações apostas no DARF mencionado no parágrafo anterior e respectiva DCTF, verificase dissonância entre o código de recolhimento indicado pela fiscalização (0422 Royalties e Pagamentos de Assistência Técnica) e o adotado pelo sujeito passivo (0473 Renda e Proventos de Qualquer Natureza). A discrepância mencionada no parágrafo anterior entre os códigos de recolhimento impede que se reconheça, de plano, que o DARF sob análise se refere efetivamente ao débito de IRRF Fl. 1299DF CARF MF 12 apurado para o período de apuração de 24/08/2004, notadamente em face da escrituração contábil do contribuinte não se encontrar acostada aos autos. No entanto, em decorrência de ambos códigos de recolhimento referiremse a valores remetidos ao exterior, e em função da planilha adotada pela fiscalização para a confecção da autuação indicar que houve apenas uma remessa de R$ 1.479.305,67 nesta data (fls. 188), entendese plenamente possível que o DARF de R$ 263.052,80 realmente se refira ao débito de IRRF inserto nos autos para o período de apuração de 24/08/2004. Destarte, entendese necessário que a fiscalização explicite se o DARF de R$ 263.052,80 realmente se refere ao débito de IRRF inserto nos autos para o período de apuração de 24/08/2004. Período de Apuração de 26/08/2004 4.2. O contribuinte alega que o IRRF exigido pela fiscalização (R$ 5.197,76),referente à remessa de R$ 29.454,00, já teria sido extinto pelo pagamento (DARF de R$ 5.219,29), com alocação integral em DCTF. 4.2.1. Ao confrontar os dados insertos na autuação com as informações apostas no DARF mencionado no parágrafo anterior e respectiva DCTF, verificase diversidade entre o código de recolhimento indicado pela fiscalização (0422 Royalties e Pagamentos de Assistência Técnica) e o adotado pelo sujeito passivo (0473 Renda e Proventos de Qualquer Natureza). 4.2.2. A dissonância mencionada no parágrafo anterior entre os códigos de recolhimento impede que se reconheça, de plano, que o DARF sob análise se refere efetivamente ao débito de IRRF apurado para o período de apuração de 26/08/2004, na esteira do raciocínio expendido no item 4.1.2 retro. Contudo, em decorrência de ambos códigos de recolhimento referiremse a valores remetidos ao exterior, e em função da planilha adotada pela fiscalização para a confecção da autuação indicar que houve apenas uma remessa de R$ 29.454,00 no dia de 26/08/2004 (fls. 188), entendese plenamente possível que o DARF de R$ 5.219,29 realmente se refira ao débito de IRRF inserto nos autos para o período de apuração de 26/08/2004. Destarte, entendese necessário que a fiscalização explicite se o DARF de R$ 5.219,29 realmente se refere ao débito de IRRF inserto nos autos para o período de apuração de 26/08/2004. Período de Apuração de 02/08/2004 4.3. O Impugnante aduz que o IRRF exigido pela fiscalização (R$ 1.810.309,05),referente à remessa de R$ 10.258.418,93, já teria sido extinto pelo pagamento (DARF de R$ 1.810.309,07), com alocação integral em DCTF. Ao cotejar os dados insertos na autuação com as informações apostas no DARF mencionado no parágrafo anterior e respectiva DCTF, verificase dissonância entre o código de recolhimento indicado pela fiscalização (0422 Royalties e Pagamentos de Assistência Técnica) e o adotado pelo sujeito passivo (9427 Remuneração de Direitos). A discrepância mencionada no parágrafo anterior entre os códigos de recolhimento impede que se reconheça, de plano, que Fl. 1300DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 8 13 o DARF sob análise se refere efetivamente ao débito de IRRF apurado para o período de apuração de 02/08/2004, notadamente em face da escrituração contábil do contribuinte não se encontrar acostada aos autos. No entanto, é importante ressaltar que o código de recolhimento adotado pelo contribuinte parece ser, inclusive, o mais adequado para a remessa de valores referentes à licença de exploração de direitos de transmissão de programas televisivos (fatos geradores relativos ao código de recolhimento 9427: Importâncias pagas, creditadas, entregues, remetidas ou empregadas em pagamento pela aquisição ou remuneração, a qualquer título, de qualquer forma de direito, inclusive à transmissão, por meio de rádio, televisão ou qualquer outro meio, de quaisquer filmes ou eventos, mesmo os de competições desportivas das quais faça parte representação brasileira) Ademais, em função da planilha adotada pela fiscalização para a confecção da autuação indicar que houve duas remessas que totalizaram R$ 10.258.417,93 nesta data (fls. 188), entendese plenamente possível que o DARF de R$ 1.810.309,07 realmente se refira ao débito de IRRF inserto nos autos para o período de apuração de 02/08/2004. Destarte, entendese necessário que a fiscalização explicite se o DARF de R$ 1.810.309,07 realmente se refere ao débito de IRRF inserto nos autos para o período de apuração de 02/08/2004. Período de Apuração de 10/12/2004 4.4. O contribuinte alega que o IRRF exigido pela fiscalização (R$ 1.841,97),referente à remessa de R$ 24.993,00, já teria sido extinto pelo pagamento a maior de um DARF no valor de R$ 11.271,29, que se encontraria disponível para alocação (fls. 877). 4.4.1. Ao confrontar os dados insertos na autuação com as informações apostas no DARF mencionado no parágrafo anterior, verificase diversidade entre o código de recolhimento indicado pela fiscalização (0422 Royalties e Pagamentos de Assistência Técnica) e o adotado pelo sujeito passivo (0473 Renda e Proventos de Qualquer Natureza). 4.4.2. A dissonância mencionada no parágrafo anterior entre os códigos de recolhimento impede que se reconheça, de plano, que o DARF sob análise se refere efetivamente ao débito de IRRF apurado para o período de apuração de 10/12/2004, na esteira do raciocínio expendido no item 4.1.2 retro. Contudo, em decorrência de ambos códigos de recolhimento referiremse a valores remetidos ao exterior, e em função da planilha adotada pela fiscalização para a confecção da autuação indicar que houve apenas uma remessa à NDS de R$ 24.993,00 no dia de 10/12/2004 (fls. 192), entendese possível que o DARF de R$ 11.271,29 realmente se refira, em parte, ao débito de IRRF inserto nos autos para o período de apuração de 10/12/2004. 4.4.3. Destarte, entendese necessário que a fiscalização explicite se o DARF de R$ 11.271,29 realmente é suficiente para Fl. 1301DF CARF MF 14 extinguir integralmente o débito de IRRF inserto nos autos para o período de apuração de 10/12/2004. Período de Apuração de 20/10/2004 4.5. O contribuinte alega que o IRRF exigido pela fiscalização (R$ 497.702,91),referente à remessa de R$ 2.820.316,51, já teria sido extinto pelo pagamento de um DARF no mesmo valor, que se encontraria disponível para alocação (fls.876). Neste caso, não há dúvida de que foi escorreito o procedimento adotado pela fiscalização na confecção da lavratura, pois a falta de alocação deste DARF em DCTF impede a sua apropriação no curso da ação fiscal. Contudo, no julgamento administrativo de primeira instância, é certo que, havendo comprovação do pagamento espontâneo de tributo nãoalocado em DCTF e objeto da autuação, deve ser afastada a multa de ofício e determinada a alocação deste pagamento ao respectivo crédito lançado. Destarte, em face da ausência de alocação do DARF em foco pelo contribuinte, entendese necessário que a fiscalização explicite se este pagamento (R$ 497.702,91) deve ser alocado ao débito de IRRF inserto nos autos para o período de apuração de 20/10/2004, com a exclusão da multa de ofício, vez que o pagamento seria anterior ao início do procedimento fiscal (pagamento espontâneo). Período de Apuração de 29/07/2004 4.6. O contribuinte aduz que os valores que originaram a remessa para o exterior de R$ 1.284.008,18 (um milhão, duzentos e oitenta e quatro mil, oito Reais e dezoito centavos) foram os seguintes: (...) 4.6.1. No entanto, a fiscalização, além de apurar o IRRF mencionado no quadro supra, também teria cobrado IRRF sobre a remessa líquida de R$ 997.161,14 (novecentos e noventa e sete mil, cento e sessenta e um Reais e quatorze centavos), cujo valor nada mais seria do que a soma dos seis valores menores indicados na tabela supra sob os números de controle (1) a (6), que já teriam integrado o valor líquido de R$ 1.284.008,18 (um milhão, duzentos e oitenta e quatro mil, oito Reais e dezoito centavos). Ressalta o contribuinte, ainda, que esta duplicidade também teria implicado em majoração da CIDE devida para o mês de julho de 2004. 4.6.3. Ao compulsar os elementos de prova acostados aos autos, não se verifica qualquer evidência da procedência da alegação em comento. Contudo, em decorrência de ser inevitável o retorno dos autos em diligência fiscal pelos motivos expostos nos itens 4.1 a 4.5.2 supra, entendese que é pertinente que a fiscalização esclareça se houve a aventada duplicidade na apuração do IRRF do período de apuração de 29/07/2004, com os reflexos na CIDE apurada no mês de julho de 2004. Fl. 1302DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 9 15 Período de Apuração de 17/11/2004 4.7. O Impugnante alega que os valores que originaram a remessa para o exterior de R$ 683.039,07 (seiscentos e oitenta e três mil, trinta e nove Reais e sete centavos) foram os seguintes: (...) No entanto, a fiscalização, além de apurar o IRRF mencionado no quadro supra, também teria cobrado IRRF sobre a remessa líquida de R$ 207.787,50 (duzentos e sete mil, setecentos e oitenta e sete Reais e cinqüenta centavos), valor já indicado na tabela supra sob o número de controle (1). Ressalta o contribuinte, ainda, que esta duplicidade também teria implicado em majoração da CIDE devida para o mês de novembro de 2004. Ao compulsar os elementos de prova acostados aos autos, não se verifica qualquer evidência da procedência da alegação em comento. Contudo, em decorrência de ser inevitável o retorno dos autos em diligência fiscal pelos motivos expostos nos itens 4.1 a 4.5.2 supra, entendese que é pertinente que a fiscalização esclareça se houve a aventada duplicidade na apuração do IRRF do período de apuração de 17/11/2004, com os reflexos na CIDE apurada no mês de novembro de 2004. 5. Assim, sugiro o encaminhamento dos autos à DEAINSÃO PAULO, a fim de seja empreendida a competente diligência fiscal, possibilitando a implementação das seguintes providências: 5.1. Indicar se houve duplicidade na apuração do IRRF do período de apuração de 29/07/2004, conforme relembrado nos itens 4.6 a 4.6.3 supra. Em caso positivo, solicitase a reapuração da base de cálculo da CIDE do mês de julho de 2004; 5.2. Apontar se o DARF acostado aos autos às fls. 861 (valor recolhido de R$ 1.810.309,07), devidamente alocado em DCTF pelo contribuinte a débito de IRRF (código de recolhimento 9427 fls.873), referese efetivamente ao débito de IRRF apurado para o período de apuração de 02/08/2004 (R$ 1.810.309,05),observandose as considerações tecidas nos tópicos 4.3 a 4.3.5 retro; 5.3. Explicitar se o DARF anexado aos autos às fls. 449 (valor recolhido de R$ 263.052,80), devidamente alocado em DCTF pelo sujeito passivo a débito de IRRF (código de recolhimento 0473 fls.874), referese efetivamente ao débito de IRRF apurado para o período de apuração de 24/08/2004 (R$ 261.053,94),atentandose para o teor dos itens 4.1 a 4.1.3 supra; 5.4. Indicar se o DARF anexado aos autos às fls. 453 (valor recolhido de R$ 5.219,29), devidamente alocado em DCTF pelo sujeito passivo a débito de IRRF (código de recolhimento 0473 fls.875), referese efetivamente ao débito de IRRF apurado para o período de apuração de 26/08/2004 (R$ Fl. 1303DF CARF MF 16 5.197,76),observandose as considerações tecidas nos itens 4.2 a 4.2.3 supra; 5.5. Apontar se o DARF anexado aos autos às fls. 864 (valor recolhido de R$ 497.702,92), que não se encontra alocado (fls. 876), referese efetivamente ao débito de IRRF apurado para o período de apuração de 20/10/2004 no mesmo valor de R$ 497.702,92, atentando se para o exposto nos itens 4.5 a 4.5.2 retro; 5.6. Indicar se houve duplicidade na apuração do IRRF do período de apuração de 17/11/2004, conforme relembrado nos itens 4.7 a 4.7.3 supra. Em caso positivo, solicitase a reapuração da base de cálculo da CIDE do mês de novembro de 2004; 5.7. Apontar se o DARF anexado aos autos às fls. 869 (valor recolhido de R$ 11.271,29), que não se encontra alocado (fls. 877), foi efetivamente recolhido para extinguir o débito de IRRF apurado para o período de apuração de 10/12/2004 (R$ 1.841,97), atentandose para o exposto nos itens 4.4 a 4.4.3 supra. Em 17/05/2011, a fiscalização apresentou o seguinte relatório de diligência. 1 IMPOSTO DE RENDA RETIDO FONTE IRRF Item 5.1. Informar se houve duplicidade na apuração do IRRF do período de apuração de 29/07/2004, conforme relembrado nos itens 4.6 a 4.6.3 supra. Em caso positivo, solicitase a reapuração da base de cálculo da CIDE do mês de julho de 2004. Resposta: SIM, houve duplicidade. A cobrança do IRRF sobre o valor da remessa de R$ 997.161,14, ocorrido em 29/07/2004, é indevido. Assim, de acordo com os esclarecimentos prestados durante a diligência fiscal (fls. 913) os valores remetidos foram: (...) Quanto ao reflexo no cálculo da CIDE, foi corrigido no Item 3 Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, demonstrativo n° 2. Item 5.2. Apontar se o DARF acostado aos autos às fls. 861 (valor recolhido de R$ 1.810.309,07 , devidamente alocado em DCTF pelo contribuinte a débito de IRRF (código de recolhimento 9417 fls.873), referese efetivamente ao débito de IRRF apurado para o período de apuração de 02/08/2004 (R$ 1.810.309,05), observandose as considerações tecidas nos tópicos 4.3 a 4.3.5 retro. Resposta: SIM. O Darf de código 9427 no valor de R$ 1.810.309,05 corresponde ao pagamento do débito do IRRF declarado em DCTF em 02/08/2004. O Senhor julgador de primeira instância está correto quando afirma que o código da receita 9427 para pagamento no exterior a título de remuneração de direitos é o mais adequado. Assim, o débito do IRRF de 02/08/2004, foi extinto pelo pagamento. Item 5.3. Explicitar se o DARF anexado aos autos às fls. 449 (valor recolhido de R$ 263.052,80), devidamente alocado em DCTF pelo sujeito passivo a débito de IRRF (código de recolhimento 0473fls 874), referese efetivamente ao débito de Fl. 1304DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 10 17 IRRF apurado para o período de apuração de 24/08/2004 (R$ 261.053,94),atentandose para o teor dos itens 4.1 a 4.1.3 supra. Resposta: SIM. O Darf de código 0473 no valor de R$ 261.053,94 corresponde ao pagamento do débito do IRRF declarado em DCTF em 24/08/2004. Acrescentase que o valor correto do IRRF devido é de R$ 263.052,80 e não aquele apurado de ofício de R$ 261.053,94. A diferença de valor ocorreu em função da variação da taxa de câmbio ocorrida entre a data de contratação câmbio e liquidação pronta. Assim, o débito do IRRF de 24/08/2004, foi extinto pelo pagamento. Item 5.4. Indicar se o Darf anexado aos autos às fls. 453 (valor recolhido de R$5.219,29), devidamente alocado em DCTF pelo sujeito passivo a débito de IRRF (código de recolhimento 0473 fls.875), referese efetivamente ao débito de IRRF apurado para o período de apuração de 26/08/2004 (R$5.197,76),observando se as considerações tecidas nos itens 4.2 a 4.2.3 supra. Resposta: SIM. O Darf de código 0473 no valor de R$ 5.219,29 corresponde ao pagamento do débito do IRRF declarado em DCTF em 26/08/2004. Acrescentase que o valor correto do IRRF apurado para o PA 26/08/2004 é R$ 5.219,29 e não o valor apurado de ofício de R$ 5.197,76. A fiscalização não tinha considerado na Base de Cálculo a variação da taxa de câmbio ocorrido entre a data de contratação câmbio e liquidação pronta. Assim, o débito do IRRF de 26/08/2004, foi extinto pelo pagamento. Item 5.5. Apontar se o DARF anexado aos autos às fls. 864 (valor recolhido de R$ 497.702,92), que não se encontra alocado (fls. 876), referese efetivamente ao débito de IRRF apurado para o período de apuração de20/10/2004 no mesmo valor de R$ 497.702,92, atentando se para o exposto nos itens 4.5 a 4.5.2 retro. Resposta: SIM. O Darf de código 0422 no valor de R$ 497.702,92 referese efetivamente ao débito de IRRF apurado para o período de apuração de 20/10/2004. No entanto, o débito do IRRF não foi declarado na DCTF, conforme acostada às fls.687 no processo. Item 5.6. Indicar se houve duplicidade na apuração do IRRF do período de apuração de 17/11/2004, conforme relembrando nos itens 4.7 a 4.7.3 supra. Em caso positivo, solicitase a reapuração da base de cálculo da CIDE do mês de novembro de 2004. Resposta: SIM, houve duplicidade. A cobrança do IRRF sobre o valor da remessa de R$ 207.787,50, ocorrido em 17/11/2004 é indevido. Assim, de acordo com os esclarecimentos prestados durante a diligência fiscal (fls. 913) os valores remetidos foram: (...) Fl. 1305DF CARF MF 18 Quanto ao reflexo no cálculo da CIDE, foi corrigido no Item 3 Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, demonstrativo n° 2. Item 5.7. Apontar se o DARF anexado aos autos às fls. 869 (valor recolhido de R$ 11.271,29), que não se encontra alocado (fls. 877), foi efetivamente recolhido para extinguir o débito de IRRF apurado para o período de apuração de 10/12/2004 (R$ 1.841,97), atentandose para o exposto nos itens 4.4. a 4.4.3 supra. Resposta: NÃO. O Darf no valor de R$ 11.271,29, foi recolhido sob o código 0473, no dia 07/12/2004. Portanto, não corresponde ao pagamento do débito do P.A. 10/12/2004 do IRRF no valor de R$ 4.410,53. Devemos observar que a data de ocorrência do fato gerador do IRRF é 10/12/2004 Além disso, tenho a acrescentar que o contribuinte não declarou na DCTF o valor da receita tributária do P.A. 10/12/2004, sob o código 0473, no valor de R$ 4.410,53. E mais, que o valor de R$ 2.568,56, calculado de ofício (no auto de infração) e que consta do demonstrativo às fls. 745 do processo, é relativo ao valor declarado na DCTF do código de receita 0422 e não 0473, portanto, valor deve ser retificado. Assim, o valor correto do IRRF do P.A 10/12/2004 é R$ 4.410,53 que deverá ser cobrada integralmente. 2 DEMONSTRATIVO DO VALOR DEVIDO DO IRRF APÓS A DILIGÊNCIA Após as análises dos documentos e informações prestadas pelo contribuinte em 27/01/2010, elaboramos um novo demonstrativo (com as devidas correções) do valor devido do Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF relativa às remessas efetuadas ao exterior. De acordo com o demonstrativo abaixo, o valor originário devido do IRRF para o período de 01/07/2004 a 31/12/2004, passou de R$ 2.795.097.72 (autuação lavrada em 25/06/2009) para R$ 10.764.62 após as correções efetuadas na diligência fiscal. (...) 3 CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Em atendimento à Delegacia de Julgamento da Receita Federal do Brasil DRJ SPO realizamos diligência fiscal no contribuinte para análise e correção da apuração do valor da base de cálculo e o cálculo do valor da CIDE devida. No final do trabalho, foi elaborado novo demonstrativo de cálculo, contendo os valores da base de cálculo e do valor da CIDE devida com as devidas correções. (...) De acordo com o demonstrativo n° 2 acima, o valor devido da CIDE sofreu uma redução no valor de R$ 3.094.846,06 (autuação lavrada em 25/06/2009) para R$ 2.563.382.58 (dois Fl. 1306DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 11 19 milhões, quinhentos e sessenta e três mil, trezentos e oitenta e dois reais e cinqüenta e oito centavos) após as correções efetuadas na diligência fiscal. Por fim, segue em anexo (fls. 1024), o Demonstrativo n° 3 contendo as remessas de recursos enviadas ao exterior e que serviram de cálculo para o Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF e para a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico CIDE Remessa. Cientificado em 17/05/2011, o contribuinte apresentou, em 01/06/2011, a impugnação de fls. 1076/1078, com as seguintes alegações: IRRF R$ 497.702,91 Remessa Líquida de R$ 2.820.316,51 em 20/10/2004 Consoante item v do relatório teria restado confirmado que o DARF no valor de R$ 497.702,91 se referiria ao IRRF devido na remessa do dia 20/10/2004 e a fiscalização excluiu este valor da parte conclusiva do relatório ao afirmar que o débito referente ao IRRF teria sido reduzido para R$ 10.764,62, no entanto tal valor ainda continuaria indicado como devido nos Demonstrativos n°s 1 e 3. Tendo em vista que tal valor teria sido reconhecidamente pago, requerse que esse valor seja também excluído dos Demonstrativos que acompanham o Relatório de Diligência Fiscal. IRRF R$ 4.410,53 Remessa Líquida de R$ 24.993,00 em 10/12/2004 O valor inicial lançado para este período seria de R$ 1.841,97, a fiscalização não só não teria reconhecido a demonstração de seu pagamento como teria aumentado o valor exigido para R$ 4.410,53. A fiscalização teria dado como justificativa para recusar o Darf de R$ 11.271,29 apresentado (Doc. 05) por ter ele sido recolhido em 07/12/2004, e o fato gerador teria ocorrido em 10/12/2004, concluindo que o referido DARF não corresponderia ao pagamento do débito cujo período de apuração seria 10/12/2004. Esclarece o impugnante que o próprio contrato de câmbio (Doc. 05)atestaria o recolhimento do IRRF no valor de R$ 4.410,53, em 07/12/2044, e a conseqüente remessa do valor liquido de R$ 24.993,00. A possível divergência entre datas decorreria do fato de que a data da contratação do câmbio ser diferente da data de sua liquidação, pois na prática o câmbio não é liquidado no mesmo dia em que contratado. IRRF R$ 6.354,09 Remessa Líquida de R$ 234.545,77 em 14/12/2004 Na petição protocolada em 27/01/2010 a Requerente informou o pagamento desse valor no Programa de Parcelamento instituído Fl. 1307DF CARF MF 20 pela Lei n° 11.841/09 (REFISIV). Naquela oportunidade, foi reapresentada a petição protocolada em 22/12/2009 por meio da qual a Requerente desistiu da parte da sua defesa relacionada a esse débito em razão do seu pagamento no Refis IV.(grifos do original). Pelo fato de que o IRRF no montante de R$ 6.354,09 teria sido pago no âmbito do REFIS IV, requer a sua exclusão do presente processo. A 2a Turma da DRJ São Paulo I, em 21 de julho de 2.011, através do Acórdão de Impugnação n° 1632.762, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte a impugnação, nos termos do voto da relatora. Deste ato foi interposto RECURSO DE OFÍCIO ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Em face da existência no processo dos autos de infração referentes à CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE, fls.771/779 e IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE IRRF, fls.761/770 e estando ambos submetidos a regras de competências distintas, conforme art. 3°, II e ‘art. 4°, VIII, ambos do RICARF, que estabelecem que o IRRF e a CIDE devem ser julgados pela Segunda e Terceira Seções do CARF. Resolução n° 3302000.743, de 19 de abril de 2018, baixou os autos em diligência para propor o retorno à unidade de origem para a adoção do seguinte procedimento: a) Desentranhar o auto de infração de IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE IRRF, fls.761/770, e anexos pertinentes, para a formalização de novo processo; b) Trasladar cópias dos seguintes atos processuais; b.1 ) dos termos acostados pela fiscalização, fls.09/11; b.2) da Impugnação apresentada, acompanhada de cópias dos documentos que a instruem; b.3) da Resolução DRJ e Informação Fiscal; b.4) da Manifestação de Inconformidade; b.5) do Acórdão DRJ; b.6) do Recurso Voluntário. c) Encaminhar o novo processo formalizado a partir do Auto de Infração referente ao IRRF, fls.761/770, à Segunda Seção do CARF, que detém a competência para julgamento da matéria; d) Cientificar o contribuinte da adoção das providências ora especificadas; Fl. 1308DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 12 21 e) Devolver o presente processo (16561.000055/200941) à Terceira Seção do CARF para julgamento da matéria afeta à sua competência (CIDE). Despacho de efolhas 1.221 informa que foram atendidas as solicitações do Carf em sua Resolução 3302000.743), resultando na abertura do Processo 19679.721733/201874. Foi informado ainda que em 18/09/2018 foram transferidos deste processo, para o processo n° 19679.721733/201874, os créditos tributários discriminados abaixo (e folhas 1.220): É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Lima Abud – Relator. Da admissibilidade. Por conter matéria desta E. Turma da 3a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pelo contribuinte. A empresa SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA foi cientificada do Acórdão de Manifestação de Inconformidade em 10/11/2011, folhas 1.119, e ingressou com Recurso Voluntário em 09/12/2011, folhas 1.120. O recurso é tempestivo. Da controvérsia. ü Da nulidade dos autos de infração; ü Da Não Incidência da CIDE nos Pagamentos de Direito Autoral efetuados à NDS; Fl. 1309DF CARF MF 22 ü Da Não Incidência da CIDE nas Remessas efetuadas à Brasil Distribution; ü Da Não Incidência de Juros de Mora sobre a Multa Lançada de Ofício. Passase à análise. Da nulidade dos autos de infração. É alegado nos itens 17 e 21 do Recurso Voluntário: Como resultado da diligência fiscal, foi constatado que, realmente, existiram diversas inconsistências nos autos de infração originalmente lavrados. Tal fato pode ser facilmente observado do “RelatórioDiligência Fiscal”, conforme trechos abaixo transcritos: “De acordo com o demonstrativo abaixo, o valor devido do IRRF para o período de 01/07/2004 a 31/12/2004, passou de R$ 2.795.097,72 (autuação lavrada em 25/06/2009) para R$ 10.764,62 após as correções efetuadas na diligência fiscal. (...) De acordo com o demonstrativo n° 2 acima, o valor devido da CIDE sofreu uma redução no valor de R$ 3.094.846,06 (autuação lavrada em 25/06/2009) para R$ 2.563.382,58 (dois milhões, quinhentos e sessenta e três mil, trezentos e dois reais e cinqüenta e oito centavos) após as correções efetuadas na diligência fiscal”. Da leitura acima, notase que a própria fiscalização admitiu ter cometido erros quando da apuração do valor que serviría de base de cálculo das infrações, caso contrário não teria motivos para efetuar quaisquer correções nas autuações durante a diligência fiscal. E importante ressaltar nesse ponto que todos os documentos necessários à correta apuração de eventual infração cometida pela Recorrente foram por ela disponibilizados durante o procedimento de fiscalização iniciado em 22/12/2008. No entanto, ainda assim, a d. fiscalização cometeu erros que afetaram consideravelmente o valor do crédito tributário exigido da Recorrente, que restou majorado indevidamente em cerca de 56%. Muito embora parte desses equívocos tenha sido admitida quando da elaboração do “RelatórioDiligência Fiscal”, é certo que a credibilidade dos autos de infração foi também prejudicada. Isso porque, diante de tais equívocos na apuração do suposto crédito tributário, não se pode afirmar com certeza que a d. fiscalização examinou com cuidado a documentação apresentada pela Recorrente durante todo o procedimento de fiscalização, tampouco que os cálculos efetuados traduzem a realidade dos pagamentos ocorridos de julho a dezembro de 2OO4.Também não há qualquer garantia de que a diligência em questão teria sido suficiente para “curar” os problemas do lançamento original. Fl. 1310DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 13 23 Sem razão o Recorrente. O crédito tributário é um Direito indisponível tendo em vista que ele pertence a toda a sociedade, assim sendo somente os titulares do Poder Político (que representam a sociedade, pois foram eleitos para isso) tem legitimidade para dispensálo. Funcionários do Estado, como os Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, não dispõem da necessária legitimidade para dispensar qualquer crédito tributário, pelo contrário, estão expressamente obrigados a exigilo, conforme se depreende dos arts. 141 e parágrafo único do art. 142 do CTN, in verbis: Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. (grifos acrescidos) Uma questão a se analisar é se mesmo diante da indisponibilidade desse crédito tributário a lei engessa a administração, ou seja, exige que fiscalização seja infalível na exigência de um crédito existente no momento do lançamento. Alguns doutrinadores entendem que sim, devido aos termos do art. 146 do Código Tributário Nacional que dispõe, in verbis: Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. Pedindo a devida vênia, entendo que se os textos dos art. 146 do CTN quisesse tornar engessados e imutáveis os critérios jurídicos adotados nos lançamentos e as provas apresentadas pela fiscalização eles diriam mais ou menos o seguinte: art. 146. Não cabe modificação de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento. De se lembrar, ainda, que a exegese deve ser procedida de forma a não conduzir ao absurdo. Pelo uso da boa lógica, se depreende que é admissível a modificação do Fl. 1311DF CARF MF 24 crédito tributário porque o termo constante no art. 146 do CTN “modificação introduzida em conseqüência de decisão administrativa ou judicial” leva a concluir irrefragavelmente pela existência da preclusão administrativa. Antes da preclusão administrativa, ou do trânsito em julgado, não há de fato modificação por decisão administrativa ou judicial, pois na relação jurídica qualquer modificação para ser efetiva requer a definitividade da decisão administrativa ou judicial. Também, é absurdo interpretar que justamente a decisão proferida sobre um caso concreto não produza efeitos sobre ele. Lembrar que para concluir um julgamento não é necessário modificar o critério jurídico adotado pela autoridade fiscal basta dizer que ele é improcedente. Provavelmente os que defendem a tese do engessamento do critério jurídico adotado pela autoridade fiscal no ato do lançamento, bem como as provas juntadas na formação inicial do processo, tenham em mente os arts. 128 e 264 do CPC que dispõem, in verbis: Art. 128. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendolhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte. Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei. Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do processo. (grifos acrescidos) De se lembrar, entretanto, que quando está em jogo Direito indisponível (interesse público) a mesma lei cria um certo desequilíbrio a favor do Estado, conforme se depreende do art. 188 do mesmo CPC, in verbis: Art. 188. Computarseá em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público. Ainda, conforme comentários do art. 2o do CPC, constante no Código de Processo Civil de Theotonio Negrão 30a edição, pág. 93: “O processo civil regese pelo princípio dispositivo (‘judex secundum allegata partium judicare debet’), somente sendo admissível excepcionar sua aplicação quando razões de ordem pública e igualitária o exijam, como, por exemplo, quando se esteja diante de causa que tenha por objeto Direito indisponível (ações de estado) ou quando o julgador, em face das provas produzidas, se encontre em estado de perplexidade ou, ainda, quando haja significativa desproporção econômica ou sócio cultural entre as partes. Não assim quando, como na espécie, gravitando a demanda em torno de interesses exclusivamente patrimoniais e gozando as partes de situação financeira privilegiada, ressai nítido o propósito de uma delas de ver suprida deficiência probatória em que incorreu” (RSTJ 78/268). (grifos acrescidos) Fl. 1312DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 14 25 Na relação processual entre o Estado, enquanto defensor do Direito da Sociedade e Cidadão, enquanto defensor de si próprio, ou seja, dos Direitos e Garantias Individuais as normas concretas oscilam, ora pendendo para um lado ora para outro, pois somente assim se estabelece o verdadeiro equilíbrio. Se as normas fossem sempre uniformes para todos os direitos materiais e movimentos processuais, ora favoreceria, ora prejudicaria desequilibradamente as partes. No estudo das diversas normas observase que em muitos casos a lei estabelece ao Estado prerrogativas que o Cidadão não tem e em outros dá ao Cidadão direitos que veda ao Estado. Assim, quando se trata do crédito tributário a exigência fiscal não pode ser olhada através das lentes dos arts. 128 e 264 do CPC, próprias para relações entre particulares, ou seja, o art. 146 do CTN não pode ser colocado no mesmo frasco dos mencionados artigos, mesmo porque o art. 145, I do CTN, ampliando as hipóteses do art. 149 do mesmo diploma legal, expressamente abre a possibilidade de a autoridade julgadora determinar a alteração do lançamento ao dispor, in verbis: Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I impugnação do sujeito passivo; II recurso de ofício; III iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no art. 149. O artigo 149 do Código Tributário Nacional assim determina: Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; Fl. 1313DF CARF MF 26 VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. O inciso IV menciona quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória. O importador errou ao proceder a classificação fiscal dos produtos em análise, conforme foi demonstrado. Concluise, assim, que diante da indisponibilidade do crédito tributário o contribuinte não estará sujeito apenas à análise do lançamento da forma que lhe seja benéfica, mas também que possa lhe ser prejudicial, pois a autoridade lançadora, na busca da verdade material poderá apurar a exatidão das informações prestadas, podendo ter a impugnação do crédito tributário importância fundamental no processo. Da Não Incidência da CIDE nos Pagamentos de Direito Autoral efetuados à NDS e nas Remessas efetuadas à Brasil Distribution. O contribuinte foi intimado a apresentar demonstrativo de remessas de pagamentos realizado com o exterior, motivo do pagamento, conta contábil, bem como, pagamentos de tributos do I.R.R.Fonte e CIDE. Em 02/02/2009, entregou à fiscalização informações, demonstrativo e cópia de documentos (invoices, contrato de liquidação de câmbio e Darfs de recolhimento do IRRF) relativa às remessas de pagamentos ao exterior, conforme consta às fls. 296/297 e fls. 410 a fls.622., Da análise do demonstrativo de remessas para o exterior foi constatado diversos pagamentos a título de Prestação de Serviços Técnicos e de Assistência Técnica, como: engenharia (engine fee), segurança (security fee), serviços de uplink e suporte de manutenção (support and maintenance) e Royalties relativas à remuneração pelo uso ou exploração de direitos de propriedade industrial. Na linha 36 da Ficha 04A Custo dos Bens e Serviços Vendidos PJ em Geral, foi declarado despesas com Royalties e Assistência Técnica no valor de r$ 65.374.496,02. As remunerações mensais de Serviços Técnicos, Assistência Técnica e Royalties foram definidos no "Sumário Executivo do Contrato de Implantação de Sistema e de Licenciamento" firmado entre as empresas Globo Comunicações e Participações Ltda (GloboPar) e News Corporation Group, Inglaterra, sendo o serviço operado pela SKY Brasil Serviços Ltda e implantado pela News Digital Systems Limited NDS, Inglaterra, cuja cópia do contrato foi entrege à fiscalização em 02/02/2009. Firmado em 11/07/1996, o "Sumário Executivo do Contrato de Implantação de Sistema e de Licenciamento" (fls. 198 a fls. 281) estabeleceu a implementação e Fl. 1314DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 15 27 transferência de conhecimento tecnológico do sistema DTH DirectToHome, transmissão de filmes e eventos para os assinantes via satélite. O sistema de transmissão DTH Direct to Home transmite filmes e eventos via satélite, que uma vez adquiridos, são comprimidos e digitalizados (números binários "0 e 1") e transmitidos para um satélite, localizado no espaço há 36.000 kms da terra, que recebe o sinal e retransmite para a residência de um cliente que possui um aparelho denominado "RECEPTOR/DECODIFICADOR" que recebe o sinal, interpreta e converte para o aparelho de televisão. Do Contrato de Implantação de Sistema e de Licenciamento, constou que a empresa News Digital Systems Limited NDS, é proprietária, ou possui todos os direitos e participações e/ou licenças para o uso e/ou exploração de informações, direitos e tecnologia (as "Informações Exclusivas") necessárias em relação à operação do Sistema Condicional de Acesso e do Sistema de Transmissão: O sistema DTH por caracterizar transferência de plataforma tecnológica do exterior para o Brasil, ainda pouco disponível no mercado internacional, à época do contrato datado de 11/07/1996, incluiu remunerações a título de royalties, Serviços Técnicos e de Assistência Técnica. Todas as remunerações, tais como , preço, cálculo, forma de pagamento, foram\ especificadas no Contrato de Implantação de Sistema e Licenciamento firmado com a empresa vinculada no exterior NEWS DIGITAL SYSTEMS LIMITED NDS. Ainda, em 02/02/2004, foi anexada DECLARAÇÃO do representante da empresa, que em seu teor consta: a) Validação do Contrato "CISL" Contrato de Implantação de Sistemas e Licenciamento, realizada entre as empresas Netsat (atual SKY Brasil) e News Digital Systems Limited NDS, empresa vinculada à SKY BRASIL; b) que o CISL consiste na licenca de um sistema de acesso e de transmissão que envolve aquisição de programas de computador SEM o fornecimento do códigofonte e manutenção e assistência técnica SEM a vinda de técnicos ao Brasil: c) em ambos, declara o contribuinte que está dispensada de averbação no INPI, sendo portanto, descaracterizada a transferência de tecnologia. TECNOLOGIA DE TRANSMISSÃO SISTEMA DTH Da figura abaixo, observamos que, no sistema de transmissão de sinais por satélite, temos dois elementos fundamentais para que esses sinais cheguem até a casa do assinante, que são: a) Sistema de Transmissão; b) Sistema Condicional de Acesso. Fl. 1315DF CARF MF 28 Ø Sistema de Transmissão (Broadcast System): corresponde ao sistema projetado e implantado por News Digital Systems Ltd NDS de acordo com os termos do Contrato que, dentre outras coisas: a) codifica, comprime, multiplexa, encripta, e modula digitalmente, vídeo, áudio, e sinais de dados para a entrega aos assinantes do serviço de DTH no território; b) inclui gerenciamento, monitoração e redundancy features para o Sistema de Transmissão; c) é compatível com e faz interface com o Sistema Condicional de Acesso, IRDs, e SMS e outros sistemas e equipamentos pela SKY na prestação do serviço de DTH; d) inclui os "Deliverables" do Sistema de Transmissão, isto é, o Hardware, os Softwares mais importantes, Documentação e Informações de Proprietário, etc. Sistema Condicional de Acesso: Corresponde aos equipamentos à disposição do assinante que realizará interagem com o Sistema de Transmissão (broadcast System) para que os sinais do pacote de filmes e canais escolhidos cheguem à sua televisão em casa. Basicamente, compõe de: a) Receptor e Decodificador; b) Cartão Inteligente; c) Controle Remoto; d) Antena Parabólica. DA CONSTATAÇÃO FISCAL Da análise do "Sumário Executivo do Contrato de Implantação de Sistema e de Licenciamento" constante às fls. 198 a fls. 281 e do "Protocolo de Execução do Contrato de Instalação de Sistemas e de Licenciamento" às fls. 336 a fls. 351, constatei tratarse de transferência de tecnologia do sistema DTH DirectToHome, mais conhecido por transmissão de filmes e eventos por assinatura, via satélite, diretamente às residências dos assinantes. A LICENCIANTE "News Digital Systems Ltda NDS" organizada de acordo com as leis inglesas, firmou acordo com a LICENCIADA "SKY Brasil Serviços Ltda" Fl. 1316DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 16 29 (antiga NetSat Serviços Ltda) com o objetivo de regular e disciplinar o desenvolvimento e instalação de projeto especialmente desenvolvido para atender as necessidades de transmissão do sistema DTH Digital de televisão por assinatura (Contrato de Sistemas de Licenciamento). Nos referidos contratos ficou claro que o objetivo era de permitir que a LICENCIADA efetuasse o pagamento de "rovalties" (ver Matriz de Preco de Rovalties expressos em Libra Esterlina às fls. 250) e remuneração do uso de "Softwares" bem como pela prestação de assistência técnica (ver fls.246 a fls.249 e item 6 Consultoria e Assistência Técnica, às fls.341) oferecida pelo LICENCIANTE para atender as necessidades de transmissão do sistema DTH Digital de televisão por assinatura, conforme consta às fls. 337 do processo. Esse fato levou à constatação, por parte da fiscalização, que os referidos contratos de implantação e de Instalação se tratam de transferência de tecnologia do sistema DTH para o Brasil e que em contrapartida, conforme previsão expressa em contrato, deverá ser paga certa remuneração pela transferência dessa tecnologia. Inclusive a própria fiscalizada, em termo de resposta datada de 02/03/2009, no item 15/16, às fls.289, responde que: "Cópia de todos os contratos de licença de uso de marcas e de exploração de patentes, licença de uso de software, prestação de serviços com fornecimento de tecnologia e de serviços técnicos de assistência técnica. De acordo com esse Contrato, a NDS (licenciante) compromete se, mediante o fornecimento da tecnologia especializada à SKY (licenciada), a tornála operacional, concedendo o direito de utilizar as informações e tecnologias. Em contrapartida, a SKY efetuou remessa de valores para pagamento de rovalties para a NDS decorrentes do uso da tecnologia DTH. Os rovalties corresponde à remuneração pelo uso ou exploração de direitos de propriedade industrial pertencentes a terceiros, tais como patentes de invenção, processos e fórmulas de fabricação, uso de marcas de indústria ou comércio e outros direitos de natureza intangível. Incluise, também, dentre as obrigações assumidas pela NDS, a prestação de serviços de consultoria e assistência técnica relativas à instalação e manutenção da tecnologia fsupport and maintenance), com o intuito de atender às necessidades de transmissão do sistema, garantindolhe pleno funcionamento." Os valores dos royalties, remunerações da licença de uso e de assistência técnica foram definidos no "Sumário Executivo do Contrato de Implantação de Sistema e de Licenciamento", conforme consta nos Anexos H Plano de Preço e Pagamento e Anexo I Plano de Segurança, ás fls. 238 a fls. 250 do processo. O contribuinte apresentou às fls. 180 a fls. 192 demonstrativo de todos os pagamentos remetidos ao exterior e os demonstrativos de pagamentos ao exterior relativa a Fl. 1317DF CARF MF 30 royalties, licença de uso e de assistência técnica e recolhimentos de tributos, conforme consta às fls. 296/297. Demonstrativo elaborado pelo contribuinte com os pagamentos efetuados no exterior, a título de royalties, licença de uso, serviços técnicos e de assistência técnica estão no Anexo n° 1 Remessas de Recursos ao Exterior, no presente termo. A contribuição à CIDE decorre da Lei n° 10.168, de 29.12.2000, que criou o "Programa de Estímulo à Interação UniversidadeEmpresa para o Apoio à Inovação", cujo objetivo principal é estimular o desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante programas de pesquisa científica e tecnológica cooperativa entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo. Para atender a este Programa e com base nos pressupostos constitucionais previstos no tópico anterior, foi instituída Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico CIDE/Remessas ao Exterior, devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior. Assim, a contribuição chamada CIDE Remessas ao Exterior incide desde 1° de janeiro de 2001, sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remuneração decorrente de licença de uso ou aquisição de conhecimentos tecnológicos e transferência de tecnologia. Já a partir de 1° de janeiro de 2002, passou a CIDE Remessas ao Exterior também a ser devida pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem assim pelas pessoas jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior, incidindo sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a título de remuneração decorrente das obrigações. As referidas alterações inseridas no art. 2° da Lei n° 10.168, de 2000, pela redação do art. 6° da Lei n° 10.332, de 19/12/2001, apresentam os seguintes termos: Lei n° 10.332, de 19 de dezembro de 2001 DOU20/12/2001 Art. 6° O art. 2o da Lei N° 10.168, de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 2° §2° A partir de 1° de janeiro de 2002, a contribuição de que trata o caput deste artigo passa a ser devida também pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem assim pelas pessoas jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. §3° A contribuição incidir sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remuneração decorrente das obrigações indicadas no caput e no § 2° deste artigo. Fl. 1318DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 17 31 §4° A alíquota da contribuição será de 10% (dezpor cento). §5° O pagamento da contribuição será efetuado até o último dia útil da quinzena subseqüente ao mês de ocorrência do fato gerador. Assim, o §2° do artigo 2° da Lei n° 10.168, de 2000, com redação alterada dada pelo artigo 6° da Lei 10.332, de 2001, define que as bases de cálculo da CIDE são as "importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas a residentes ou domiciliados no exterior". Atentese que o Decreto n° 4.195, de 2002, ao regulamentar a matéria, relaciona hipóteses de incidência da referida contribuição: Art.10. A contribuição de que trata o art. 2° da Lei no 10.168, de 2000, incidirá sobre as importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de royalties ou remuneração, previstos nos respectivos contratos, que tenham por objeto: I. fornecimento de tecnologia; II. prestação de assistência técnica: III. serviços de assistência técnica; IV. serviços técnicos especializados; V. serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes; VI. cessão e licença de uso de marcas; e VII. cessão e licença de exploração de patentes. No período fiscalizado, a previsão legal quanto à incidência da contribuição na situação em análise em virtude de serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes, a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, e ainda pelas pessoas jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. A legislação brasileira define "royalties" como pagamentos efetuados pela exploração de direitos de propriedade intelectual, nos termos a seguir: Lei n° 4.506, de 30 de novembro de 1964. Art. 22. Serão classificados como "royalties" os rendimentos de qualquer espécie decorrentes do uso, fruição, exploração de direitos, tais como: (...) d) exploração de direitos autorais, salvo quando percebidos peto autor ou criador do bem ou obras. Fl. 1319DF CARF MF 32 Art. 23. Serão classificados como aluguéis ou "royalties" todas as espécies de rendimentos percebidos pela ocupação, uso, fruição ou exploração dos bens e direitos referidos nos artigos 21 e 22, tais como: I As importâncias recebidas periodicamente ou não, fixas ou variáveis, e as percentagens, participações ou interesses; É mister as enfatizar que a incidência da CIDE sobre as importâncias relativas a pagamentos ao exterior por contratos de prestação de serviços independe de ocorrer ou não a transferência de tecnologia, segundo a legislação vigente no período fiscalizado. Conforme o Termo de Constatação Fiscal, em 02/08/2004, a empresa SKY Brasil Serviços Ltda remeteu à "BRASIL DISTRIBUTION, LLC", USA, a importância de R$ 10.258.417.93 (dez milhões,duzentos e cinqüenta e oito mil e quatrocentos e dezessete reais e noventa e três centavos) a título de rendimentos de espécie decorrente do uso, fruição e exploração de direitos de transmissão de programas televisivos (direitos de propriedade intelectual), conforme cópia do contrato de liquidação de câmbio às fls.626 e cópia do contrato de licença às fls. 637 a fls. 656. Diante de todo o exposto, adequada a conclusão da fiscalização que a contribuição de que trata o art. 2o da Lei n° 10.168/2000, CideRemessas, com redação dada pela Lei n° 10.332/2001, incide sobre as importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de royalties ou remuneração pela licença do direito de distribuição ou o valor total apurado e lançado de ofício da CIDERemessas no período de 07/2004 a 12/2004. É alegado no item 46 do Recurso Voluntário: 46. A não incidência da CIDE sobre os pagamentos decorrentes da exploração de direitos autorais é confirmada também pelo Decreto n° 4.195/2002, que, ao listar, em seu art. 10, as hipóteses de incidência da contribuição, não menciona os pagamentos ao exterior pela exploração de direitos autorais. Ou seja, a legislação de regência da CIDE, em nenhum momento, qualifica o pagamento de direitos autorais como fato gerador da contribuição: (...) E assim conclui nos itens 55 e 56: E nem se diga, tal como alegado pela d. fiscalização à fls. 748 e como quer fazer crer o v. acórdão recorrido, que a Recorrente efetuou pagamentos à NDS a título de serviços técnicos e/ou assistência técnica. Isso porque, como já bem demonstrado, o objeto do Contrato de Implantação de Sistema e de Licenciamento em análise é justamente a concessão de uma licença de uso, por parte da NDS, de softwares por ela desenvolvidos para emprego em plataformas de transmissão do sistema DTH. Toda e qualquer atividade realizada pela NDS a favor da Recorrente está contida no trabalho de desenvolvimento desses softwares, de forma que a sua remuneração decorre única e exclusivamente da exploração do direito autoral que detém sobre esses programas. Fl. 1320DF CARF MF Processo nº 16561.000055/200941 Acórdão n.º 3302006.537 S3C3T2 Fl. 18 33 Ocorre que no presente caso se constata o pagamento de royalties ou remuneração, previstos nos respectivos contratos, que tem por objeto os serviços técnicos e de assistência, condição necessária e suficiente para a incidência da CIDE. É alegado nos itens 69 e 72 do Recurso Voluntário: (b) Inexistência de Prestação de Serviços Técnicos e de Assistência Técnica ou Administrativa De acordo com o r. acórdão recorrido, a incidência da CIDE sobre as remessas ao exterior por contratos de prestação de serviços independe de ocorrer transferência de tecnologia. Ocorre que, conforme já mencionado anteriormente, toda e qualquer atividade realizada pela NDS a favor da Recorrente está contida no trabalho de desenvolvimento e licenciamento de softwares, de forma que a sua remuneração decorre única e exclusivamente da exploração do direito autoral que detém sobre esses programas (e não da prestação de serviços). Essa assertiva se corrobora pelas próprias invoices que fundamentam as remessas, nas quais consta a indicação de que o pagamento é efetuado em razão do licenciamento de software ( “software license ”). Aliás, qualquer atividade técnica eventualmente desenvolvida pela NDS o é em seu próprio favor, no sentido de gerar a tecnologia a ser licenciada, e não em favor da Recorrente, que recebe apenas o produto final, de propriedade da NDS. Tanto é assim que no item 6 do Sumário Executivo do Contrato de Implantação de sistema e de Licenciamento, consta que “qualquer melhoria que venha a ocorrer e que seja providenciada pela NDS, deve ser feita através de um Pedido de Mudança, e, NDS terá o direito e título sobre qualquer Melhoria ocorrida. Se não há a prestação de serviço técnico nem de assistência técnica ou administrativa, não há a incidência da CIDE. A afirmação não se sustenta. Como já visto, DECLARAÇÃO do representante da própria empresa SKY, que em seu teor consta: a) Validação do Contrato "CISL" Contrato de Implantação de Sistemas e Licenciamento, realizada entre as empresas Netsat (atual SKY Brasil) e News Digital Systems Limited NDS, empresa vinculada à SKY BRASIL; b) que o CISL consiste na licenca de um sistema de acesso e de transmissão que envolve aquisição de programas de computador SEM o fornecimento do códigofonte e manutenção e assistência técnica SEM a vinda de técnicos ao Brasil: Fl. 1321DF CARF MF 34 c) em ambos, declara o contribuinte que está dispensada de averbação no INPI, sendo portanto, descaracterizada a transferência de tecnologia. Da Não Incidência de Juros de Mora sobre a Multa Lançada de Ofício. A matéria já se encontra pacificada no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais através de Súmula. Súmula CARF n° 108: Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Diante de tudo que foi exposto, conheço do RECURSO VOLUNTÁRIO e voto no sentido de REJEITAR a Preliminar e NEGAR PROVIMENTO ao Recurso do Contribuinte. É como voto. Jorge Lima Abud Relator. Fl. 1322DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10675.905180/2012-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/07/2007
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. DCTF RETIFICADA ANTERIORMENTE AO DESPACHO DECISÓRIO.
O Despacho Decisório deve considerar os dados existentes em DCTF retificadora, quando esta foi transmitida anteriormente à intimação do contribuinte.
COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Comprovado pelo Contribuinte o erro no preenchimento de sua DCTF, acompanhado dos documentos probatórios, deve-se acatar a alteração dos dados anteriormente informados.
Numero da decisão: 3201-004.742
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201901
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 31/07/2007 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. DCTF RETIFICADA ANTERIORMENTE AO DESPACHO DECISÓRIO. O Despacho Decisório deve considerar os dados existentes em DCTF retificadora, quando esta foi transmitida anteriormente à intimação do contribuinte. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Comprovado pelo Contribuinte o erro no preenchimento de sua DCTF, acompanhado dos documentos probatórios, deve-se acatar a alteração dos dados anteriormente informados.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10675.905180/2012-81
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5978282
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-004.742
nome_arquivo_s : Decisao_10675905180201281.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 10675905180201281_5978282.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
id : 7670451
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:40:35 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051660469665792
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1486; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10675.905180/201281 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201004.742 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 30 de janeiro de 2019 Matéria DCOMP. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. Recorrente ALGAR TELECOM S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/07/2007 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. DCTF RETIFICADA ANTERIORMENTE AO DESPACHO DECISÓRIO. O Despacho Decisório deve considerar os dados existentes em DCTF retificadora, quando esta foi transmitida anteriormente à intimação do contribuinte. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Comprovado pelo Contribuinte o erro no preenchimento de sua DCTF, acompanhado dos documentos probatórios, devese acatar a alteração dos dados anteriormente informados. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 90 51 80 /2 01 2- 81 Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10675.905180/201281 Acórdão n.º 3201004.742 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte em face do Acórdão nº 09053.143, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (MG). O presente processo cuida de DCOMP amparada em crédito proveniente de pagamento indevido ou a maior de Cofins. O pleito foi indeferido por intermédio de Despacho Decisório eletrônico, do qual consta a informação de que os pagamentos indicados no PER/DCOMP foram localizados, mas que haviam sido integralmente utilizados para quitação de débitos declarados do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na DCOMP. Regularmente cientificado do indeferimento de seu pleito o contribuinte protocolou Manifestação de Inconformidade. Alegou haver transmitido DCTF retificadora na qual há a confirmação de seu crédito e que o quantum informado e pleiteado no PER/DCOMP é suficiente para a homologação da compensação declarada. Requereu a juntada do presente processo a outro processo administrativo alegando haver conexão entre eles. A DRJ julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, nos termos do Acórdão 09053.143. Em síntese, o colegiado entendeu que o contribuinte não comprovara, mediante documentos hábeis e idôneos, o direito creditório utilizado na DCOMP. Inconformado, o Contribuinte apresentou sucinto Recurso Voluntário a este CARF, reiterando a existência do crédito tributário postulado e anexando documentação complementar com vista à comprovação do seu direito creditório. Em primeiro exame, esta Turma Julgadora converteu o feito em diligência para que a Autoridade Preparadora efetuasse a análise do Pedido de Compensação com base nos dados informados em DCTF retificadora, podendo intimar o contribuinte para apresentar demais documentos ou informações que entenda necessário. A referida diligência foi devidamente cumprida sendo que a autoridade fiscal reconheceu o direito creditório alegado pelo contribuinte, em montante suficiente para homologar a compensação dos débitos informados na DCOMP. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201004.732, de Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10675.905180/201281 Acórdão n.º 3201004.742 S3C2T1 Fl. 4 3 30/01/2019, proferido no julgamento do processo 10675.905169/201211, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201004.732): "(...) Como relatado, discutese no presente feito a legitimidade de crédito postulado pela Recorrente por meio de PER/DCOMP, correspondente à apuração de COFINS não cumulativa. De acordo com o PER/DCOMP apresentado, o crédito postulado teve origem no pagamento indevido ou a maior de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS. Consoante Despacho Decisório Eletrônico proferido, o crédito indicado seria inexistente, posto que o recolhimento do DARF em questão teria sido integralmente utilizado para a quitação de débito de COFINS declarado pelo próprio contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, a Recorrente aduz que o crédito utilizado é legítimo, informando que: Foram anexadas à Impugnação cópias das declarações mencionadas. A Delegacia da Receita Federal indeferiu a Manifestação apresentada ao argumento de que a "compensação é realizada mediante entrega da DCOMP. Assim, o crédito informado deve existir na data da transmissão dessa Declaração" Com efeito, não resta dúvidas de que a retificação da DCTF da Recorrente ocorreu após a transmissão do PER/DCOMP, muito embora esta tenha ocorrido anteriormente à emissão do Despacho Decisório Eletrônico. Não obstante, embora não afaste a possibilidade de revisão do lançamento, a partir dos documentos apresentados pela Recorrente em sede de Manifestação de Inconformidade, entendeu a Turma Julgadora de origem que os documentos apresentados não seriam suficientes para a análise do crédito postulado: Entretanto, a contribuinte limitouse a apresentar a DCTF retificadora e a informar que o crédito decorre da retificação da DCTF. Nada mais foi trazido, como, por exemplo, escrituração contábil, documentos fiscais ou quaisquer outros documentos hábeis e idôneos que demonstrassem a liquidez e certeza do direito creditório pretendido. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10675.905180/201281 Acórdão n.º 3201004.742 S3C2T1 Fl. 5 4 No presente caso, somente a apresentação de documentos integrantes da escrituração contábil e fiscal da empresa poderiam comprovar o montante do tributo devido no período, e que, desta forma, o pagamento indevido ou a maior efetuado em DARF daria ao interessado crédito passível de ser compensado. São os livros fiscais e contábeis mantidos pelo contribuinte, os elementos capazes de fornecer à Fazenda Nacional conteúdo substancial válido juridicamente para a busca da verdade material dos fatos. Em sede de Recurso Voluntário, a Recorrente reafirma os argumentos de defesa e, diante dos fundamentos do acórdão recorrido, acrescenta aos autos cópia do seu balancete contábil. Na hipótese dos autos, não houve inércia do contribuinte na apresentação de documentos, além do fato de que a retificação da sua DCTF ocorreu antes da emissão do despacho decisório. O que se verifica é que os documentos inicialmente apresentados em sede de Manifestação de Inconformidade se mostraram insuficientes para que a Autoridade Julgadora determinasse a revisão do crédito tributário. E, imediatamente após tal manifestação, em sede de Recurso Voluntário, foram apresentados novos documentos. Ademais, não se pode olvidar que se está diante de um despacho decisório eletrônico, ou seja, a primeira oportunidade concedida ao contribuinte para a apresentação de documentos comprobatórios do seu direito foi, exatamente, no momento da apresentação da sua Manifestação de Inconformidade. E, foi apenas em sede de acórdão, que tais documentos foram tidos por insuficientes. Sabese quem em autuações fiscais realizadas de maneira ordinária, é, em regra, concedido ao contribuinte diversas oportunidades de apresentação de documentos e esclarecimentos, por meio dos Termos de Intimação emitidos durante o procedimento. Assim, limitar, na autuação eletrônica, a oportunidade de apresentação de documentos à manifestação de inconformidade, aplicando a preclusão relativamente ao Recurso Voluntário, não me parece razoável ou isonômico, além de atentatório aos princípios da ampla defesa e do devido processo legal. Por tais razões é que se resolveu pela conversão do feito em diligência justamente para que a Autoridade Preparadora efetuasse a análise do Pedido de Compensação com base nos dados informados em DCTF retificadora, transmitida anteriormente ao despacho decisório, podendo intimar o contribuinte para apresentar demais documentos ou informações que entenda necessário. E, a verificação fiscal, confirmou o direito postulado pelo Contribuinte, nos seguintes termos: Trata o presente processo de Declaração de Compensação com utilização de pagamento indevido ou a maior de COFINS. A compensação foi não homologada, a Manifestação de Inconformidade foi considerada improcedente e a empresa apresentou Recurso Voluntário. Em 27/02/2018, através da Resolução nº 3201001.164 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, fls. 128/132, o processo foi devolvido a esta DRF para analisar a Declaração de Compensação com base nos dados informados em DCTF retificadora transmitida anteriormente ao Despacho Decisório. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10675.905180/201281 Acórdão n.º 3201004.742 S3C2T1 Fl. 6 5 A COFINS (5856) do período de apuração 11/2007 não teve seu valor alterado no Sistema SIEF FISCEL conforme declarado na DCTF retificadora apresentada em 04/02/2011, documentos de fls. 134/141. Com os elementos trazidos no processo, bem como os cálculos efetuados às fls. 142/145, verificase o resultado de um crédito no valor de R$ 33.651,25 suficiente para extinguir os débitos do processo 10675.905384/201211. Logo, diante do reconhecimento, pela Autoridade de origem, acerca da suficiência do crédito solicitado pela Recorrente para a extinção dos débitos declarados, devese reconhecer a procedência do presente Recurso Voluntário. Pelo exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário." Importante observar que, tal como ocorreu no caso do paradigma, o presente processo foi baixado em diligência (Resolução 3201001.174) e a autoridade fiscal, também nestes autos, reconheceu o direito creditório postulado pela Recorrente, em montante suficiente para a extinção dos débitos informados na DCOMP. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado DEU PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 167DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11030.000179/2007-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/1998 a 31/05/2002
COMPENSAÇÃO TRIBUTOS DE ESPÉCIES DISTINTAS. DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO QUE AUTORIZA COMPENSAÇÃO COM TRIBUTO DE MESMA ESPÉCIE. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE QUE AUTORIZA COMPENSAÇÃO COM ESPÉCIES DISTINTAS. APLICAÇÃO DO Resp nº 1.137.738/SP E DA SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA COSIT/RFB nº 23/2011. POSSIBILIDADE
Conforme entendimento jurisprudencial, consubstanciado no Resp nº 1.137.738/SP, havendo decisão judicial transitada em julgado que autoriza compensação com tributos da mesma espécie e havendo legislação superveniente que autorize a compensação com tributos de espécies distintas, há que prevalecer o direito á compensação entre tributos de distintas espécies, para que não haja prejuízo ao direito adquirido do requerente, possuidor de decisão judicial a seu favor. Corrobora tal entendimento a Solução de Divergência COSIT/RFB n º 23/2011.
Numero da decisão: 3301-005.829
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário.
assinado digitalmente
Winderley Morais Pereira - Presidente.
assinado digitalmente
Ari Vendramini - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Windereley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Ari Vendramini (Relator)
Nome do relator: ARI VENDRAMINI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/07/1998 a 31/05/2002 COMPENSAÇÃO TRIBUTOS DE ESPÉCIES DISTINTAS. DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO QUE AUTORIZA COMPENSAÇÃO COM TRIBUTO DE MESMA ESPÉCIE. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE QUE AUTORIZA COMPENSAÇÃO COM ESPÉCIES DISTINTAS. APLICAÇÃO DO Resp nº 1.137.738/SP E DA SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA COSIT/RFB nº 23/2011. POSSIBILIDADE Conforme entendimento jurisprudencial, consubstanciado no Resp nº 1.137.738/SP, havendo decisão judicial transitada em julgado que autoriza compensação com tributos da mesma espécie e havendo legislação superveniente que autorize a compensação com tributos de espécies distintas, há que prevalecer o direito á compensação entre tributos de distintas espécies, para que não haja prejuízo ao direito adquirido do requerente, possuidor de decisão judicial a seu favor. Corrobora tal entendimento a Solução de Divergência COSIT/RFB n º 23/2011.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 02 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 11030.000179/2007-49
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5980546
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 02 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3301-005.829
nome_arquivo_s : Decisao_11030000179200749.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : ARI VENDRAMINI
nome_arquivo_pdf_s : 11030000179200749_5980546.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. assinado digitalmente Winderley Morais Pereira - Presidente. assinado digitalmente Ari Vendramini - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Windereley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Ari Vendramini (Relator)
dt_sessao_tdt : Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
id : 7675261
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:40:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051660472811520
conteudo_txt : Metadados => date: 2019-03-17T22:57:46Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2019-03-17T22:57:46Z; Last-Modified: 2019-03-17T22:57:46Z; dcterms:modified: 2019-03-17T22:57:46Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:94be268a-eff3-4ebb-a362-f9cef5f31829; Last-Save-Date: 2019-03-17T22:57:46Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-03-17T22:57:46Z; meta:save-date: 2019-03-17T22:57:46Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-03-17T22:57:46Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2019-03-17T22:57:46Z; created: 2019-03-17T22:57:46Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 25; Creation-Date: 2019-03-17T22:57:46Z; pdf:charsPerPage: 1682; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-03-17T22:57:46Z | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 278 1 277 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11030.000179/200749 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301005.829 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de fevereiro de 2019 Matéria Normas Gerais de Direito Tributário Recorrente COOPERATIVA TRÍTICOLA SARANDI LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/1998 a 31/05/2002 COMPENSAÇÃO TRIBUTOS DE ESPÉCIES DISTINTAS. DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO QUE AUTORIZA COMPENSAÇÃO COM TRIBUTO DE MESMA ESPÉCIE. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE QUE AUTORIZA COMPENSAÇÃO COM ESPÉCIES DISTINTAS. APLICAÇÃO DO Resp nº 1.137.738/SP E DA SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA COSIT/RFB nº 23/2011. POSSIBILIDADE Conforme entendimento jurisprudencial, consubstanciado no Resp nº 1.137.738/SP, havendo decisão judicial transitada em julgado que autoriza compensação com tributos da mesma espécie e havendo legislação superveniente que autorize a compensação com tributos de espécies distintas, há que prevalecer o direito á compensação entre tributos de distintas espécies, para que não haja prejuízo ao direito adquirido do requerente, possuidor de decisão judicial a seu favor. Corrobora tal entendimento a Solução de Divergência COSIT/RFB n º 23/2011. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Presidente. assinado digitalmente Ari Vendramini Relator. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 03 0. 00 01 79 /2 00 7- 49 Fl. 278DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Windereley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Ari Vendramini (Relator) Relatório 1. Os presentes autos foram, originalmente, constituídos para efetivar cobrança de valores de COFINS a pagar declarados em DCTF, que restaram, após análise do setor competente na DRF/PASSO FUNDO/RS, exigíveis. 2. Entretanto, a empresa submetida á cobrança, hoje recorrente, justificou que havia compensado os débitos que estavam sendo exigidos, referentes a COFINS, por ter obtido ordem judicial que lhe autorizava a tal procedimento. 3. A DRF/PASSO FUNDO/RS não aceitou tais compensações, pois que a medida judicial somente permitia a compensação de débitos do PIS e não da COFINS. 4. Tal negativa deu início a uma série de reações por parte da recorrente, que estão muito bem descritas no relatório do Acórdão de piso, da DRJ/SANTA MARIA/RS. 5. Adotamos os dizeres do relatório constante do Acórdão da 2ª Turma da DRJ/SANTA MARIA, por bem descrever a lide : O presente processo foi formalizado para efetivar a cobrança de débitos de COFINS declarados em DCTFs, esses pretensamente compensados com créditos de PIS oriundos da Ação Ordinária nº 98.12018042. Nesta a contribuinte pretendia a restituição de valores recolhidos indevidamente a título de PISFolha de pagamentos e PISFaturamento, tendo em vista a inconstitucionalidade e inexigibilidade com base nos Decretoslei nºs 2.445 e 2.449, de 1988, além de outra legislação correlata. Constam do processo cópia parcial de medida judicial, extratos de movimentação de processo judicial e cópias de DCTFs. Efetuada a revisão interna pela DRF de origem, a mesma manifestouse através do despacho de fls. 89/92, onde concluiu pela impossibilidade de aceitação das compensações informadas em DCTFs, eis que a medida judicial somente permitia a compensação com débitos do próprio PIS. Destaca, ainda, a possibilidade de imediata exigência dos débitos pretensamente compensados e a impossibilidade de apresentação de manifestação de inconformidade no caso em tela, não ocorrendo, também, a suspensão da exigência dos débitos, por não se constituir em hipótese prevista no art. 151 do CTN. Propôs a cobrança dos débitos de COFINS conforme discriminou em tabela. Foi emitida a Intimação de fl. 93, da qual a contribuinte tomou ciência em 02/03/2007 (AR de fl. 92verso). Não conformada com o decidido pela autoridade administrativa, apresentou a contribuinte, através de procuradora, em 28/03/2007 o expediente de fls. 94/116 (chamado de manifestação de inconformidade), onde expõe a sua contrariedade, argumentando, em síntese: DOS FATOS é sociedade cooperativa cujo objeto social é a venda, em comum, de sua produção rural, animal, mineral ou vegetal, nos mercados locais, nacionais e Fl. 279DF CARF MF Processo nº 11030.000179/200749 Acórdão n.º 3301005.829 S3C3T1 Fl. 279 3 internacionais, conforme seu estatuto social; é autora do processo judicial nº 98.12018042 onde discutiu a constitucionalidade e a exigibilidade do PIS de 1% sobre a folha de pagamento, bem como a exigência da contribuição através da MP nº 1.212, de 1995, e reedições, o qual teve decisão favorável já transitada em julgado, condenando a União Federal a restituição dos valores indevidamente recolhidos a título de PIS; observado o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, a cooperativa passou a realizar mensalmente a compensação dos valores referentes à exação discutida judicialmente com créditos tributários vincendos; apresentou durante todo o período em que realizou procedimentos de compensação, trimestralmente, DCTFs informando o procedimento realizado, conforme previsto na IN nº 73, de 1996, da qual cita o art. 7º, inciso XI e §§ 1º e 2º; equivocadamente, a autoridade administrativa entendeu que não há como convalidar as compensações realizadas, tendo em vista que a decisão judicial autorizou somente a compensação com o PIS e que ocorreu a confissão de dívida. Valeuse do entendimento de que, as diferenças apuradas em DCTFs, decorrentes de compensação, não são passíveis de lançamento de ofício, tendo proferido despacho decisório propondo que os valores de COFINS fossem imediatamente exigidos, totalizando R$ 183.818,54; tendo em vista que o entendimento adotado pela Fiscalização não deve prevalecer, eis que a cooperativa não cometeu nenhuma infração, tendo procedido conforme a legislação tributária e jurisprudência da Corte Suprema, merece ser anulada a cobrança em tela, pelas razões de direito a seguir apresentadas. DO DIREITO PRELIMINARMENTE DO CABIMENTO DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE a autoridade administrativa considerou que as compensações informadas pela empresa não são válidas, porque foram feitas com débitos de COFINS e, ainda, pelo fato de haver informação em DCTFs, não procedeu ao lançamento de ofício, determinando a imediata cobrança das diferenças, sem prazo para defesa; a autoridade fiscal desconsidera que à época em que ocorreu a compensação objeto do presente processo, o referido procedimento se encontrava regulado pelo art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, que transcreve; a cooperativa cumpriu os dispositivos da legislação vigente, procedendo a entrega das DCTFs no prazo determinado, motivo pelo qual as diferenças constatadas naquelas declarações deveriam ter seguido o procedimento determinado no art. 90 da MP nº 2.15835, de 2001, ou seja, se deveria proceder ao lançamento e conceder à autuada prazo para impugnação; o entendimento adotado pela autoridade fiscal parte do pressuposto de que o lançamento de ofício somente pode ser oportunizado em casos de imposição de multa (art. 18 da MP nº 135, publicada em 2001). Em assim agindo a Autoridade Fiscal, além de indevidamente atribuir efeito retroativo a mencionada previsão, atribui a sua aplicação também ao montante principal do débito, o que não condiz com a norma em questão, demonstrando clara arbitrariedade; é de ser conhecida a manifestação de inconformidade apresentada, bem como ser analisado o seu mérito, com o intuito de, ao final, lhe dar total provimento. Fl. 280DF CARF MF 4 DA DECADÊNCIA DO DIREITO AO LANÇAMENTO se não bastasse a arbitrariedade praticada pela autoridade administrativa, viola ela preceitos tributários vigentes, no sentido de que inclui na cobrança, valores sobre os quais se encontra decaído o seu direito de exigência fiscal, visto o decurso de prazo superior ao prescrito na norma tributária competente; é importante salientar que se está tratando de tributos cujo lançamento está sujeito à homologação posterior por parte do Fisco, ou seja, o contribuinte procede à apuração e o pagamento, mas a extinção da relação obrigacional fica sob condição resolutória da homologação pelo Fisco, num prazo de cinco anos. Registra o art. 150 e § 4º do CTN; conforme o CTN, o Fisco tem a incumbência de efetuar o lançamento num prazo de cinco anos contado do fato jurídico tributário, sendo seu dever administrativo nos termos do art. 142 daquele Código, o qual, não sendo efetuado, opera a decadência; uma vez não havendo manifestação da Receita Federal no prazo de decadência, operase a homologação tácita, ou seja, a aceitação dos valores recolhidos no qüinqüênio que antecede, não cabendo à mesma discutir ou cobrar valores não recolhidos, por ter decaído o seu direito de constituílo de forma diferente da apresentada pelo contribuinte; o prazo decadencial flui, sem suspensões ou interrupções, entre a ocorrência do fato gerador (nascimento da obrigação tributária) até a constituição do crédito tributário, sendo que o curso da prescrição se inicia com o lançamento definitivo; na presente situação, os valores cobrados a título de COFINS relativos aos períodos de 07/1998 a 07/1999, 07/2001 a 11/2001 e 01/2002 a 05/2002 deveriam ter sido lançados e cobrados pela Fazenda Pública no prazo de cinco anos desde a ocorrência do fato gerador, independentemente de qualquer procedimento paralelo. Contudo isso não ocorreu, motivo pelo qual encontrase manifestamente decaído o direito do Fisco na constituição desses valores; em não tendo o Fisco constituído a dívida, tornandoa líquida e certa, dentro do prazo que lhe autoriza a lei, não lhe é dado o direito de exigilo, uma vez que não existe para o mundo jurídico qualquer crédito a ser quitado; registra entendimento já consolidado pelo Conselho de Contribuintes; conforme previsão contida no art. 150, § 4º, do CTN, o Fisco tem prazo e incumbência de efetuar o lançamento em cinco anos contados do fato jurídico tributário, sendo seu dever administrativo, previsto no art. 142 do CTN, o qual, não sendo efetuado, opera a decadência; registra entendimentos do STJ e conclui que resta claro que os períodos em cobrança foram homologados tacitamente e acobertados pela decadência, motivo pelo qual não são exigíveis pela Administração Pública. DO DIREITO AO CRÉDITO traça arrazoado a propósito do PIS e seu fundamento inicial para as sociedades sem fins lucrativos, referindo à legislação e relacionandoa com as sociedades cooperativas, referindo à inconstitucionalidade declarada pelo STF em relação aos Decretoslei nºs 2.445 e 2.449, de 1988. Fala sobre a existência de ilegalidade e transgressão ao princípio da estrita legalidade (art. 97, inciso I, do CTN); nesse sentido já houve pronunciamento judicial por parte do STJ no processo em referência, o qual reconheceu como indevidos os valores objeto da repetição de indébito almejada pela Ação Ordinária, bem como autorizou a compensação desses valores; a autoridade fiscal ao se referir a que a Cooperativa somente foi autorizada a realizar compensação com o próprio PIS, não considerou que no momento da compensação vigorava a Lei nº 9.430, de 1996, que permitia a Fl. 281DF CARF MF Processo nº 11030.000179/200749 Acórdão n.º 3301005.829 S3C3T1 Fl. 280 5 compensação com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal. DO PROCEDIMENTO DE COMPENSAÇÃO discorre acerca do tema compensação, citando doutrinador e referindo ao art. 170 do CTN, que previu a possibilidade da lei ordinária estipular modalidade de compensação a ser realizada com a anuência da autoridade administrativa, entre créditos cujo reconhecimento de certeza, liquidez e exigibilidade já tenha sido obtido por decisão judicial transitada em julgado; o art. 170 do CTN é norma dirigida à autoridade administrativa e pressupõe a existência de créditos tributários líquidos e certos devidamente constituídos para regular a atividade administrativa do lançamento; refere à Lei nº 9.430, de 1996, regulamentada pela IN SRF nº 21, de 1997, que no art. 74 tratava da compensação de tributos e ao Decreto nº 2.138, de 1997, que em seu art. 1º regulamentou a compensação de tributos federais que não fossem de mesma espécie e destinação constitucional; a Cooperativa, utilizandose daquelas disposições formalizou pedido de restituição/compensação de crédito tributário. Salienta que cumpriu irrestritamente a todos os requisitos exigidos pelo regramento atinente ao procedimento de restituição/compensação expressos na IN SRF nº 21, de 1997. Transcreve os arts. 2º e 12 daquela IN; a cooperativa desistiu da execução judicial do crédito em comento, bem como dos honorários sucumbenciais e custas judiciais; fica evidenciado que a cooperativa renunciou às formas de repetição que lhe foram facultadas pela decisão judicial, quais sejam: a restituição dos valores através de precatório judicial ou repetição através da compensação do crédito com tributos de mesma espécie e destinação constitucional, sem a necessidade da autorização administrativa, sob o amparo do art. 66 da Lei nº 8.383, de 1991; é equivocado o entendimento da autoridade fazendária em constituir como confissão de dívida e imediatamente exigir os valores relativos a compensações de COFINS, eis que, ao optar pela restituição, a empresa, além de renunciar ao deferimento judicial obtido, inclusive cumpriu com todos os requisitos atinentes à apresentação do pedido de restituição perante a RFB; o procedimento de compensação realizado não apresenta razão para ser objeto de indeferimento, porque não há configuração de qualquer prejuízo ao erário, eis que, em tendo efetivado a renúncia da execução judicial referente ao crédito deferido e inclusive administrativamente reconhecido, e em sendo plenamente homologada a restituição/compensação realizada, nada mais há de ser ressarcido pelo Fisco , zerandose, dessa forma, as contas de débito e crédito entre a empresa e a União Federal, motivo pelo qual a empresa se insurge contra a decisão administrativa, pretendendo vêla reformada; refere à Lei nº 10.637, de 2002 (antes MP nº 66, de 2002), citando o art. 49, que dispõe ser possível a compensação com quaisquer tributos indevidamente arrecadados pela RFB com tributos administrados por este mesmo Órgão, motivo pelo qual não cabem mais limites ao exercício deste procedimento. Refere à IN SRF nº 210, de 2002, e cita entendimento do STJ; está superado o entendimento de que se impõem limites à compensação do indébito do PIS, eis que desde a edição da Lei nº 9.430, de 1996, já se vislumbrava a possibilidade de compensação do indébito com quaisquer tributos ou contribuições administrados pela RFB, o que foi confirmado pelas demais normas publicadas a propósito do tema, culminando nas disposições da Lei nº 10.637, de 2002, que, da mesma forma, dispôs sobre a possibilidade dos contribuintes compensarem PIS com outros tributos e contribuições Fl. 282DF CARF MF 6 administrados pela RFB; outro ponto ignorado é o de que o direito à compensação tem índole eminentemente potestativa, ou seja, consubstanciase num direito que pode ser exercido com base num autorizativo legal, independentemente e até mesmo contra a vontade daqueles em cuja esfera jurídica interfere; a natureza jurídica do direito emerge clara e limpidamente do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, e, mais recentemente, do art. 49 da Lei nº 10.637, ao salvaguardar ao contribuinte a compensação, independentemente do posicionamento adotado anteriormente pelos Tribunais Pátrios. DA JURISPRUDÊNCIA aponta variada jurisprudência do Poder Judiciário que entende dar amparo ao seu entendimento. DOCUMENTOS ANEXADOS relaciona os documentos que diz ter anexado à manifestação de inconformidade. DO PEDIDO demonstrada a insubsistência e improcedência do indeferimento de seu pleito, requer seja recebida a sua manifestação de inconformidade e documentos que tempestivamente apresenta, para o fim de acolher as razões expostas, declarando a decadência das cobranças referentes aos períodos de 07/1998 a 07/1999, 07/2001 a 11/2001 e 01/2002 a 05/2002, bem como a insubsistência do despacho decisório, em face da arbitrariedade cometida ao não oportunizar à empresa prazo para defesa contra pretenso débito imputado, e, ainda, em face da total procedência da compensação realizada, essa ao amparo do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, que não restringe o encontro de contas entre contribuições de mesma espécie; pede deferimento. Junto ao documento de inconformidade a contribuinte apresentou os documentos de fls. 117/172. A repartição de origem emitiu o despacho de fls. 174/175 e a Intimação de fl. 176, que foi recebida pela contribuinte em 27/04/2007 (AR de fl. 176verso). Posteriormente o Órgão de origem anexou cópia de parte do Mandado de Segurança nº 2007.71.04.0022674/RS, tendo despachado à fl. 200. O processo foi encaminhado a esta DRJ (fl. 201). 6. Importante, ainda, para o deslinde da questão, reproduzir o trecho inicial do voto do mesmo Acórdão. DA DETERMINAÇÃO JUDICIAL Inicialmente cumpre frisar que a análise que ora será processada relativamente ao expediente apresentado pela contribuinte em 28/03/2007 (que a mesma chama de manifestação de inconformidade), se dará apenas em cumprimento à decisão judicial pronunciada em 24/04/2007 (fl. 181) no Mandado de Segurança nº 2007.71.04.0022674/RS, impetrado em 20/04/2007 junto à 2ª Vara Federal de Passo Fundo (RS). Isto porque, nos termos dos arts. 174 e 175 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF nº 95, de 30/04/2007 (DOU de 02/05/2007), compete às Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento: Art. 174. Às Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ, órgãos com jurisdição nacional, compete, especificamente, julgar, em primeira instância, processos administrativos fiscais: I de determinação e exigência de créditos tributários, inclusive devidos a Fl. 283DF CARF MF Processo nº 11030.000179/200749 Acórdão n.º 3301005.829 S3C3T1 Fl. 281 7 outras entidades e fundos, e de penalidades; II relativos a exigência de direitos antidumping, compensatórios e de salvaguardas comerciais; e III de manifestação de inconformidade do sujeito passivo contra apreciações das autoridades competentes relativos à restituição, compensação, ressarcimento, imunidade, suspensão, isenção e à redução de tributos e contribuições. § 1º O julgamento de impugnação de penalidade aplicada isoladamente em razão de descumprimento de obrigação principal ou acessória será realizado pela DRJ competente para o julgamento de litígios que envolvam o correspondente tributo ou contribuição. § 2º O julgamento de manifestação de inconformidade contra o indeferimento de pedido de restituição ou ressarcimento ou a nãohomologação de compensação será realizado pela DRJ competente para o julgamento de litígios que envolvam o tributo ou contribuição ao qual o crédito se refere. Art. 175. Às turmas das DRJ são inerentes as competências descritas nos incisos I a III do artigo anterior. Como no presente procedimento administrativo a DRF de origem pela rejeição das compensações pretendidas, porquanto em desacordo com a determinação judicial, não caberia a apreciação da manifestação de inconformidade por essa DRJ. 7. A DRJ/SANTA MARIA decidiu por indeferir a manifestação de inconformidade apresentada, assim ementando o Acórdão combatido : ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/1998 a 31/05/2002 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. APRECIAÇÃO. DETERMINAÇÃO JUDICIAL. Uma vez determinado pelo Poder Judiciário, deve ser admitida a apreciação de documento intitulado manifestação de inconformidade, apresentado contrariamente ao entendimento de insubsistência de compensações informadas em DCTFs, com a conseqüente cobrança dos débitos em questão. COMPENSAÇOES REJEITADAS. COBRANÇA DE DÉBITOS. DOCUMENTO DE DISCORDÂNCIA. COMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO. No tocante à compensação, a competência das DRJ limitase ao julgamento da inconformidade contra sua rejeição, não se estendendo a questões atinentes à cobrança de débitos cujas compensações foram repelidas. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/07/1998 a 31/05/2002 COMPENSAÇÃO. MEDIDA JUDICIAL. IMPLEMENTAÇÃO DA DECISÃO. A compensação com a utilização de créditos cujo reconhecimento estava sendo pleiteado em medida judicial somente poderia ser efetivada após a obtenção de decisão judicial definitiva favorável à pretensão do contribuinte. SENTENÇA JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. COMPENSAÇÃO. RESTITUIÇÃO EM SEDE ADMINISTRATIVA. OBEDIÊNCIA AOS TERMOS DO PROVIMENTO JUDICIAL. A Autoridade Administrativa está impedida de dar interpretação ampliativa ou alargar o alcance de decisão proferida pelo Poder Judiciário para assegurar direitos não reconhecidos na tutela jurisdicional. Solicitação Indeferida Fl. 284DF CARF MF 8 8. Inconformada, a requerente apresentou Recurso Voluntário, onde traz as seguintes ponderações : I – Preliminarmente Da Inconstitucionalidade do Arrolamento de BENS O artigo 33 do Decreto nº 70.235/1972, com a redação dada pela Lei nº 10.522/2002 exige que, para apresentação de recurso voluntário, seja feito arrolamento de bens e direitos no valor de 30% da exigência fiscal, entretanto, o STF declarou inconstitucional o citado artigo 33, portanto, a recorrente deixa de apresentar o previsto arrolamento. II Dos fatos - é sociedade cooperativa cujo objeto social é a venda, em comum, de sua produção rural, animal, mineral ou vegetal, nos mercados locais, nacionais e internacionais, conforme seu estatuto social; é autora do processo judicial nº 98.12018042 onde discutiu a constitucionalidade e a exigibilidade do PIS de 1% sobre a folha de pagamento, bem como a exigência da contribuição através da MP nº 1.212, de 1995, e reedições, o qual teve decisão favorável já transitada em julgado, condenando a União Federal a restituição dos valores indevidamente recolhidos a título de PIS; observado o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, a cooperativa passou a realizar mensalmente a compensação dos valores referentes à exação discutida judicialmente com créditos tributários vincendos; apresentou durante todo o período em que realizou procedimentos de compensação, trimestralmente, DCTFs informando o procedimento realizado, conforme previsto na IN nº 73, de 1996, da qual cita o art. 7º, inciso XI e §§ 1º e 2º; equivocadamente, a autoridade administrativa entendeu que não há como convalidar as compensações realizadas, tendo em vista que a decisão judicial autorizou somente a compensação com o PIS e que ocorreu a confissão de dívida. Valeuse do entendimento de que, as diferenças apuradas em DCTFs, decorrentes de compensação, não são passíveis de lançamento de ofício, tendo proferido despacho decisório propondo que os valores de COFINS fossem imediatamente exigidos, totalizando R$ 183.818,54; apresentou Manifestação de Inconformidade impugnando o despacho mencionado, o qual foi indeferido pela DRJ/SANTA MARIA, repisando as alegações anteriores e argumentando que a compensação realizada só poderia ser efetivada se houvesse sentença transitada em julgado favorável ao contribuinte entretanto, em 18/08/2010, a DRF/PASSO FUNDO/RS proferiu parecer reconhecendo a prescrição das competências de 07/1998 até 06/1999 referente ás cobranças da COFINS, com base na Súmula Vinculante nº 8 do STF a autoridade julgadora não reconheceu a prescrição das competências 10/2001 , 11/2001 e 12/2001, pois considerou que a recorrente transmitiu retificadora de DCTF em 15/05/2004, sendo que esta informação não confere com os fatos reais assim, tendo a autoridade administrativa se manifestado a respeito da matéria, bem como decidido pela prescrição parcial dos valores, traçamos os fundamentos que demonstram a improcedência da cobrança dos valores remanescentes. tendo em vista que o entendimento adotado pela Fiscalização não deve prevalecer, eis que a cooperativa não cometeu nenhuma infração, tendo procedido conforme a legislação tributária e jurisprudência da Corte Fl. 285DF CARF MF Processo nº 11030.000179/200749 Acórdão n.º 3301005.829 S3C3T1 Fl. 282 9 Suprema, merece ser anulada a cobrança em tela, pelas razões de direito a seguir apresentadas. III – Do direito Preliminarmente Prescrição as cobranças referentes á COFINS das competências 07/1998 a 06/1999 foram fulminadas pela prescrição e excluídas das cobranças deste processo , por determinação d a DRF/PASSO FUNDO/RS todavia, autoridade julgadora não reconheceu a prescrição das competências 10/2001, 11/2001 e 12/2001, por informação equivocada da mesma autoridade. a DCTF original do 4º trimestre de 2001 foi transmitida em 08/02/2002 sendo que, somente em 01/03/2007 a contribuinte foi notificada da cobrança de tais valores, motivo pelo qual encontrase manifestamente decaído o direito do Fisco na constituição desses valores. assim, o lançamento realizado pela autoridade administrativa é indevido. IV – No mérito Do direito ao crédito traça arrazoado a propósito do PIS e seu fundamento inicial para as sociedades sem fins lucrativos, referindo à legislação e relacionandoa com as sociedades cooperativas, referindo à inconstitucionalidade declarada pelo STF em relação aos Decretoslei nºs 2.445 e 2.449, de 1988. Fala sobre a existência de ilegalidade e transgressão ao princípio da estrita legalidade (art. 97, inciso I, do CTN); nesse sentido já houve pronunciamento judicial por parte do STJ no processo em referência, o qual reconheceu como indevidos os valores objeto da repetição de indébito almejada pela Ação Ordinária, bem como autorizou a compensação desses valores; a autoridade fiscal ao se referir a que a Cooperativa somente foi autorizada a realizar compensação com o próprio PIS, não considerou que no momento da compensação vigorava a Lei nº 9.430, de 1996, que permitia a compensação com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal Do procedimento de compensação discorre acerca do tema compensação, citando doutrinador e referindo ao art. 170 do CTN, que previu a possibilidade da lei ordinária estipular modalidade de compensação a ser realizada com a anuência da autoridade administrativa, entre créditos cujo reconhecimento de certeza, liquidez e exigibilidade já tenha sido obtido por decisão judicial transitada em julgado; o art. 170 do CTN é norma dirigida à autoridade administrativa e pressupõe a existência de créditos tributários líquidos e certos devidamente constituídos para regular a atividade administrativa do lançamento; refere à Lei nº 9.430, de 1996, regulamentada pela IN SRF nº 21, de 1997, que no art. 74 tratava da compensação de tributos e ao Decreto nº 2.138, de 1997, que em seu art. 1º regulamentou a compensação de tributos federais que não fossem de mesma espécie e destinação constitucional; a Cooperativa, utilizandose daquelas disposições formalizou pedido de restituição/compensação de crédito tributário. Salienta que cumpriu irrestritamente a todos os requisitos exigidos pelo regramento atinente ao procedimento de restituição/compensação expressos na IN SRF nº 21, de 1997. Transcreve os arts. 2º e 12 daquela IN; a cooperativa desistiu da execução judicial do crédito em comento, bem Fl. 286DF CARF MF 10 como dos honorários sucumbenciais e custas judiciais; fica evidenciado que a cooperativa renunciou às formas de repetição que lhe foram facultadas pela decisão judicial, quais sejam: a restituição dos valores através de precatório judicial ou repetição através da compensação do crédito com tributos de mesma espécie e destinação constitucional, sem a necessidade da autorização administrativa, sob o amparo do art. 66 da Lei nº 8.383, de 1991; é equivocado o entendimento da autoridade fazendária em constituir como confissão de dívida e imediatamente exigir os valores relativos a compensações de COFINS, eis que, ao optar pela restituição, a empresa, além de renunciar ao deferimento judicial obtido, inclusive cumpriu com todos os requisitos atinentes à apresentação do pedido de restituição perante a RFB; o procedimento de compensação realizado não apresenta razão para ser objeto de indeferimento, porque não há configuração de qualquer prejuízo ao erário, eis que, em tendo efetivado a renúncia da execução judicial referente ao crédito deferido e inclusive administrativamente reconhecido, e em sendo plenamente homologada a restituição/compensação realizada, nada mais há de ser ressarcido pelo Fisco , zerandose, dessa forma, as contas de débito e crédito entre a empresa e a União Federal, motivo pelo qual a empresa se insurge contra a decisão administrativa, pretendendo vêla reformada; refere à Lei nº 10.637, de 2002 (antes MP nº 66, de 2002), citando o art. 49, que dispõe ser possível a compensação com quaisquer tributos indevidamente arrecadados pela RFB com tributos administrados por este mesmo Órgão, motivo pelo qual não cabem mais limites ao exercício deste procedimento. Refere à IN SRF nº 210, de 2002, e cita entendimento do STJ; está superado o entendimento de que se impõem limites à compensação do indébito do PIS, eis que desde a edição da Lei nº 9.430, de 1996, já se vislumbrava a possibilidade de compensação do indébito com quaisquer tributos ou contribuições administrados pela RFB, o que foi confirmado pelas demais normas publicadas a propósito do tema, culminando nas disposições da Lei nº 10.637, de 2002, que, da mesma forma, dispôs sobre a possibilidade dos contribuintes compensarem PIS com outros tributos e contribuições administrados pela RFB; outro ponto ignorado é o de que o direito à compensação tem índole eminentemente potestativa, ou seja, consubstanciase num direito que pode ser exercido com base num autorizativo legal, independentemente e até mesmo contra a vontade daqueles em cuja esfera jurídica interfere; a natureza jurídica do direito emerge clara e limpidamente do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, e, mais recentemente, do art. 49 da Lei nº 10.637, ao salvaguardar ao contribuinte a compensação, independentemente do posicionamento adotado anteriormente pelos Tribunais Pátrios. IV – Da jurisprudência - aponta variada jurisprudência do Poder Judiciário que entende dar amparo ao seu entendimento. V Do pedido requer o recebimento do Recurso Voluntário e documentos, tempestivamente apresentados, independente do arrolamento de bens e direitos e que sejam acolhidas as razões expostas, declarando a insubsistência do despacho decisório face ao direito reconhecido á recorrente ao crédito tributário utilizado na compensação, homologando a compensação tributária realizada nos moldes do artigo 74 da lei nº 9.430/96, bem como também reconhecida a prescrição das competências do 4º trimestre de 2001, visto que não houve transmissão de retificadora de DCTF em 15/05/2004 que ampare a cobrança. Fl. 287DF CARF MF Processo nº 11030.000179/200749 Acórdão n.º 3301005.829 S3C3T1 Fl. 283 11 É o Relatório. Voto Conselheiro Ari Vendramini 8. Preliminarmente verificase, em consulta ao sítio do TRF/4 a decisão prolatada no Mandado de Segurança de nº 2007.71.04.0022674/RS : APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 2007.71.04.0022674/RS RELATOR : Des. Federal ÁLVARO EDUARDO JUNQUEIRA APELANTE : UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) ADVOGADO : ProcuradoriaRegional da Fazenda Nacional APELADO : COOPERATIVA TRITICOLA SARANDI LTDA ADVOGADO : Juliana Sarmento Cardoso REMETENTE : JUÍZO FEDERAL DA 02A VF DE PASSO FUNDO DECISÃO Tratase de remessa oficial e de apelação interposta pela União contra sentença que, em mandado de segurança impetrado por COOPERATIVA TRITÍCOLA SARANDI LTDA., concede a ordem para que a autoridade impetrada, após a glosa da compensação tributária efetuada pela impetrante, a intime para apresentar defesa, nos termos do Decreto nº 70.235/72, bem como que processe eventual recurso administrativo interposto pela impetrante, mantendose suspensa a exigibilidade do crédito tributário decorrente da glosa, e asseguradolhe o direito à certidão de regularidade fiscal enquanto em trâmite o recurso administrativo. A União Federal sustenta, em síntese, que os créditos exigidos e que motivaram a recusa da certidão de regularidade fiscal estão regularmente constituídos pelas DCTF entregues pela empresa impetrante, não sendo hábil a autocompensação efetuada em DCTF a suspender a exigibilidade do crédito ou a autorizar a apresentação de manifestação de inconformidade, com efeito suspensivo. O Ministério Público Federal, no Tribunal, opina pelo desprovimento do recurso da União. É o relatório. Decido. Fl. 288DF CARF MF 12 Está pacificado o entendimento jurisprudencial no sentido de que, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, a entrega de declaração do contribuinte, identificando a ocorrência do fato gerador, a matéria tributável e o tributo devido, tem efeito constitutivo do crédito tributário, habilitando a Fazenda a exigilo judicialmente, se não pago no vencimento, sem qualquer outra providência que não a inscrição em dívida ativa. Aliás, a questão é objeto da Súmula 436/STJ, verbis: “A entrega de declaração pelo contribuinte, reconhecendo o débito fiscal, constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco." Situação diversa, entretanto, ocorre quando o contribuinte, a par de confessar os débitos, informa estar compensandoos, integral ou parcialmente, com créditos seus, na própria DCTF vejase que a compensação constitui modalidade de extinção do crédito tributário, na forma do art. 156, inc. II, do CTN. Nessa hipótese, considerase quitada a obrigação tributária e extinto o crédito respectivo, cumprindo ao Fisco, havendo discordância, instaurar o competente procedimento administrativo tendente à apuração de eventuais irregularidades, com o lançamento dos valores porventura devidos, assegurando ao contribuinte o direito à ampla defesa. Este entendimento foi consolidado na norma do art. 74 e parágrafos da Lei 9.430/96, na redação dada pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003: "Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. § 3o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de Fl. 289DF CARF MF Processo nº 11030.000179/200749 Acórdão n.º 3301005.829 S3C3T1 Fl. 284 13 compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no § 1o: I o saldo a restituir apurado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física; II os débitos relativos a tributos e contribuições devidos no registro da Declaração de Importação. III os débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal que já tenham sido encaminhados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União; IV o débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela Secretaria da Receita Federal SRF; V o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa; e VI o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal SRF, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa. § 4o Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo. § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. § 6o A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. § 7º Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados. § 8º Não efetuado o pagamento no prazo previsto no § 7o, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o disposto no § 9o. § 9º É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. Fl. 290DF CARF MF 14 § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes. § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação." Na mesma perspectiva, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem sustentado que, no caso de rejeição, pelo fisco, de compensação informada em DCTF pelo contribuinte, é indispensável a instauração do regular processo administrativo fiscal, com direito à defesa, para que o suposto crédito tributário seja constituído, tornandose então exigível. Confirase: "TRIBUTÁRIO. CRÉDITO DE PIS E COFINS OBJETO DE COMPENSAÇÃO INFORMADA PELA CONTRIBUINTE EM DCTFs. LANÇAMENTO DE EVENTUAL DÉBITO REMANESCENTE. NÃOOCORRÊNCIA. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITO. POSSIBILIDADE. 1. A Primeira Seção, por ocasião do julgamento dos EREsp 576.661/RS (Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 16.10.2006, p. 277), consolidou o entendimento no sentido de que: a) a apresentação, pelo contribuinte, de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF , é modo de constituição do crédito tributário, dispensada, para esse efeito, qualquer outra providência por parte do Fisco; b) a falta de recolhimento, no devido prazo, do valor correspondente ao crédito tributário assim regularmente constituído acarreta, entre outras conseqüências, a de inibir a expedição de certidão negativa do débito; c) é também decorrência natural da constituição do crédito tributário por declaração do contribuinte (via DCTF) a de permitir a sua compensação com valores de indébito tributário. No precedente citado, restou ementado: "Realizando a compensação, e, com isso, promovendo a extinção do crédito tributário (CTN, art. 156, II), é indispensável que o contribuinte informe o Fisco a respeito. Somente assim poderá a Administração averiguar a regularidade do procedimento, para, então, (a) homologar, ainda que tacitamente, a compensação efetuada, desde cuja realização, uma vez declarada, não se poderá recusar a expedição de Certidão Negativa de Débito; (b) proceder ao lançamento de eventual débito remanescente, a partir de quando ficará interditado o fornecimento da CND." 2. Na hipótese dos autos, conforme consta do acórdão recorrido, Fl. 291DF CARF MF Processo nº 11030.000179/200749 Acórdão n.º 3301005.829 S3C3T1 Fl. 285 15 "(...) a compensação parcial registrada nas DARFs relativas ao pagamento de PIS e COFINS está amparada nos acórdãos transitados em julgado, que reconhecem os créditos em favor da impetrante relativos às duas exações (fls. 3054). Não há qualquer notícia de que a Receita, rejeitando as compensações efetuadas, tenha procedido ao lançamento de eventuais diferenças encontradas. Ademais, que não há qualquer notícia de que o fisco tenha procedido ao lançamento de ofício das diferenças decorrentes do alegado erro na compensação (inclusive as decorrentes da alegada prescrição) ou das parcelas que alega estarem inadimplidas. E, sem lançamento, não há crédito constituído, fazendo jus a impetrante à CND." Como visto, o Tribunal de origem decidiu a causa em conformidade com a orientação jurisprudencial predominante nesta Corte Superior. 3. Agravo regimental desprovido" (AgRg no REsp nº 781.900/PR, Relatora Ministra DENISE ARRUDA, DJ de 15/03/2007, p. 270). "TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DO DÉBITO PELO CONTRIBUINTE. FORMA DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, INDEPENDENTE DE QUALQUER OUTRA PROVIDÊNCIA DO FISCO. COMPENSAÇÃO. MODALIDADE DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO (CTN, ART. 156, II). NECESSIDADE DE INFORMAÇÃO À ADMINISTRAÇÃO SOBRE O PROCEDIMENTO, PARA VIABILIZAR O EXERCÍCIO DO DIREITO DE FISCALIZAÇÃO. 1. Segundo jurisprudência pacífica do STJ, a apresentação, pelo contribuinte, de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF (instituída pela INSRF 129/86, atualmente regulada pela IN8 SRF 395/2004, editada com base no art. 5º do DL 2.124/84 e art. 16 da Lei 9.779/99) ou de Guia de Informação e Apuração do ICMS GIA, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensada, para esse efeito, qualquer outra providência por parte do Fisco. Precedentes da 1ª Seção: AgRg nos ERESP 638.069/SC, DJ de 13.06.2005; AgRg nos ERESP 509.950/PR, DJ de 13.06.2005. 2. A falta de recolhimento, no devido prazo, do valor correspondente ao crédito tributário assim regularmente constituído acarreta, entre outras conseqüências, as de (a) autorizar a sua inscrição em dívida ativa; (b) fixar o termo a quo do prazo de prescrição para a sua cobrança; Fl. 292DF CARF MF 16 (c) inibir a expedição de certidão negativa do débito; (d) afastar a possibilidade de denúncia espontânea. 3. É também conseqüência natural da constituição do crédito tributário por declaração do contribuinte (via DCTF) a de permitir a sua compensação com valores de indébito tributário. A compensação, com efeito, supõe, de um lado, créditos tributários devidamente constituídos e, de outro, obrigações líquidas, certas e exigíveis (CTN, art. 170). Os tributos constantes de DCTF são desde logo passíveis de compensação justamente porque a declaração do contribuinte importou a sua constituição como crédito tributário. 4. Realizando a compensação, e, com isso, promovendo a extinção do crédito tributário (CTN, art. 156, II), é indispensável que o contribuinte informe o Fisco a respeito. Somente assim poderá a Administração averiguar a regularidade do procedimento, para, então, (a) homologar, ainda que tacitamente, a compensação efetuada, desde cuja realização, uma vez declarada, não se poderá recusar a expedição de Certidão Negativa de Débito; (b) proceder ao lançamento de eventual débito remanescente, a partir de quando ficará interditado o fornecimento da CND. 5. Embargos de divergência a que se dá provimento." (EREsp nº 576.661/RS, Relator Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ de 16/10/2006, p. 277). "TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. PIS E FINSOCIAL. CRÉDITO DECLARADO EM DCTF OBJETO DE COMPENSAÇÃO PELO CONTRIBUINTE. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. INOCORRÊNCIA. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITO. POSSIBILIDADE. I A jurisprudência desta colenda Corte afirma que, uma vez reconhecido o crédito tributário, por meio de DCTF, tal ato equivale ao próprio lançamento, tornandose imediatamente exigível o débito não pago, assertiva que, em tese, teria o condão de ensejar a interpretação segundo a qual, nesta hipótese, correto o procedimento da Fazenda Pública em não fornecer certidão positiva de débitos com efeito de negativa. II Todavia, verifico que há peculiaridade a afastar tal entendimento, in casu, consubstanciada no fato de que o crédito declarado em DCTF foi objeto de compensação pelo contribuinte, devidamente informada ao Fisco, conforme atestado pelo acórdão às fls. 125, de maneira que cabe, em conseqüência, à Fazenda verificar a regularidade da conduta, por meio do devido Fl. 293DF CARF MF Processo nº 11030.000179/200749 Acórdão n.º 3301005.829 S3C3T1 Fl. 286 17 procedimento administrativofiscal. Assim, somente em concluindo pela ilegitimidade da compensação, após o referido procedimento, é que será possível a constituição do crédito tributário respectivo. Precedentes: AgRg no REsp nº 327.626/RS, Rel. Min. FRANCIULLI NETTO, DJ de 19/12/05; AgRg no REsp nº 641.448/RS, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJ de 01/02/05 e REsp nº 328.727/PR, Rel. Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, DJ de 30/08/04. III Agravo regimental improvido" (AgRg no REsp 801069/RS, DJ de 26/06/2006, p. 125). Também nosso Tribunal tem adotado esse entendimento: "TRIBUTÁRIO. DECISÃO INDEFERINDO A COMPENSAÇÃO. INTIMAÇÃO FRUSTRADA. NOTIFICAÇÃO POR EDITAL. DECRETO 70.235/72. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. COMPENSAÇÃO INFORMADA NA DCTF. NECESSIDADE DE PRÉVIO LANÇAMENTO ADMINISTRATIVO. CERTIDÃO DE REGULARIDADE FISCAL. (...). 2. Na sistemática dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, a compensação equivale ao pagamento antecipado, visto que o sujeito passivo, ao invés de recolher o valor do tributo em pecúnia, registra na escrita fiscal o crédito oponível ao Fisco e o informa na DCTF. 3. Caso a Fazenda Pública não concorde com a compensação levada a cabo pela contribuinte, deve realizar o lançamento de ofício das diferenças encontradas, o que não ocorreu no caso em testilha. O órgão fazendário entende que o lançamento estaria dispensado, sendo possível a sua execução e cobrança de pronto. A tal entendimento não me filio, pois o contribuinte deve ser formalmente notificada do lançamento tributário, mormente dos motivos pelos quais a compensação não foi homologada, para que possa se valer dos meios de defesa previstos em lei. 4. Uma vez que as pendências do impetrante perante a Procuradoria da Fazenda Nacional referemse a créditos tributários com exigibilidade suspensa, o impetrante faz jus à certidão de regularidade fiscal, na modalidade de certidão positiva com efeito de negativa, Fl. 294DF CARF MF 18 e, se outro impedimento não houver, à inclusão no regime de tributação simplificado (SIMPLES)." (TRF4, Primeira Turma. AMS. 200671080007709/RS. Rel., Joel Ilan Paciornik. DJU. 17.04.2007) Dessarte, se a compensação, efetuada pelo contribuinte e devidamente informada ao Fisco em DCTF, foi por este rejeitada, deve ser instaurado o devido processo administrativofiscal tendente ao lançamento do respectivo crédito tributário, assegurandose ao contribuinte o direito à defesa. A sentença merece, pois, confirmação. Ante o exposto, nego seguimento à apelação e à remessa oficial, com base no artigo 557, "caput", do CPC. Intimemse. Publiquese. Porto Alegre, 28 de outubro de 2010. Desembargador Federal ÁLVARO EDUARDO JUNQUEIRA Relator 9. Quanto á Ação Ordinária de nº 98.1201804, depois Apelação Cível de nº 2000.04.01.0737686/RS, que tramitou no TRF4 ª Região, ajuizada perante a 2ºª Vara Federal de Passo Fundo /RS, a autoridade julgadora da DRJ já nos deu notícias a respeito, informando que teve seu trânsito em julgado em 09/08/2006, conforme extrato de fls. 32 dos autos (fls 35 dos autos digitais) e Certidão de fls 159 dos autos (fls 164 dos autos digitais). 10. A Ação Declaratória de Inconstitucionalidade cumulada com Repetição de Indébito, impetrada pela recorrente contra a União Federal consta das fls. 05 – 45 e 127 169 dos autos digitais, e teve como escopo a repetição de valores pagos, seu ver indevidamente, a título de PISfolha de pagamento e PISfaturamento, tendo em vista a inconstitucionalidade e inexibilidade com base na Resolução nº 174 do BACEN, de 25/02/1971, no parágrafo 5º do artigo 4º da Norma de Serviço CEFPIS2, de 25/05/1971, nos Decretoslei nºs 2.445/88 e 2.449/88 bem como na Medida Provisória nº 1.212/1995 e suas reedições. 11. Conforme relatório expedido pela DRF/PASSO FUNDO/RS, ás fls. 92 dos autos digitais, temos a seguinte situação com relação á citada ação judicial : 2.1 Na decisão de 1ª instância o Juiz Federal julgou parcialmente procedente o pedido do autor no seguinte sentido: 1°) condenou a União a restituir os valores recolhidos com base nos D.L.n°s 2.445/88 e 2.449/88, quando a Fl. 295DF CARF MF Processo nº 11030.000179/200749 Acórdão n.º 3301005.829 S3C3T1 Fl. 287 19 cooperativa deveria ter recolhido somente na modalidade prevista na Resolução n° 174/71; 2°) o valor a ser restituído seria corrigido pelos índices da BTN/IPC/INPC/UFIR, observado os expurgos inflacionários das Súmulas n°s 32 e 37 do TRF da 4° Região; 3°) aplicação da taxa SELIC a partir de 01/01/1996; 4°) repetição do indébito via precatório ou, então, compensação com os futuros débitos da mesma exação, ou seja, com o PIS. 2.2 Em virtude das apelações e da remessa oficial o processo judicial foi encaminhado ao Tribunal Regional Federal da 4° Região. No Tribunal foi negado provimento à apelação da União e à remessa oficial e dado provimento ao recurso da autora no sentido de ser inexigível o PIS com base na Resolução n°174/71 e nos decretoslei n°s 2.445/88 e 2.449/98, ficando, novamente, explicitado no voto do relator que a compensação somente poderia se efetivar com débitos do próprio PIS (fls. 22/28). 2.3 Os embargos de declaração interpostos pela União foram acolhidos para fins de prequestionamento, conforme fls. 29/32. 2.4 Posteriormente, o recurso especial interposto pela União foi admitido (fl. 18). 2.5 No Superior Tribunal de Justiça foi negado seguimento ao recurso da União (fls. 35/42), tendo o acórdão transitado em julgado em 09/08/2006 (fl. 32). 3 Assim sendo, não há como validar as compensações de débitos da COFINS efetuadas pelo contribuinte, tendo em vista que a ação judicial n° 98.12018042 somente autorizou a compensação com débitos do próprio PIS. 4 Cumpre esclarecer, ainda, que as diferenças apuradas em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, não são mais passíveis de lançamento de ofício quando indevidos ou não comprovados. A Medida Provisória n° 135, de 2003, posteriormente convertida na Lei n° 10.833, de 2003, trouxe nova regulamentação à matéria, alterando o art. 90 da MP n° 2.15835, de 2001. 4.1 O art. 18, da MP n° 135, de 2003, estabeleceu que o lançamento de ofício de que trata o art. 90 da MP n° 2.15835, de 2001, limitarseia à imposição de multa isolada sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida e aplicarseia unicamente nas hipóteses de o crédito ou o débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal, de o crédito não possuir natureza tributária ou de ficar caracterizada Fl. 296DF CARF MF 20 a prática das infrações previstas nos art. 71 a 73 da Lei n° 4.502, de 1964. 4.2 Dessa forma, restabeleceuse a sistemática de exigência dos débitos confessados com fundamento no documento que formalizasse o cumprimento de obrigação acessória comunicando a existência de créditos tributários (DCTF, DIRPF, etc), com fulcro no art. 5° do DecretoLei n° 2.124, de 1984, que estabeleceu: “Art.5 °. O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal. '§ 1° O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de créditos tributários, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. § 2 ° Não pago no prazo estabelecido pela legislação, o crédito, corrigido monetariamente e acrescido da multa de 20% (vinte por cento) e dos juros de mora devidos, poderá ser imediatamente inscrito em Dívida Ativa, para efeito de cobrança executiva, observado o disposto no § 2°, do art. 7°, do DecretoLei n° 2.065, de 26 de outubro de 1983".(grifouse). 5 Cabe destacar, por fim, que do resultado do procedimento de revisão interna da DCTF não está prevista a possibilidade de manifestação de inconformidade, tampouco eventual apresentação tem o condão de suspender os débitos, por não se constituir em hipótese prevista no art. 151 do CTN. 12. As razões do recurso voluntário apresentado se resumem em ver aplicada a decisão judicial ao caso concreto, que seja extinta a cobrança efetivada pela unidade de origem (DRF/PASSO FUNDO/RS) e ,ainda, que sejam homologadas as compensações declaradas em DCTF pela recorrente. 13. Como se verifica dos itens anteriores, as ações judiciais envolvidas nestes autos tratam exatamente dessa premissa, uma, a Ação Declaratória interposta versa sobre as exações PISfolha de pagamento e PISfaturamento que a recorrente julgou indevidas, sendo que esta ação já teve seu trânsito em julgado, ou seja, já tem decisão definitiva no mundo jurídico; duas, o Mandado de Segurança impetrado versava sobre a suspensão da exigibilidade dos débitos em cobrança, o tratamento, na esfera administrativa, da compensação efetivada e o encaminhamento a julgamento de seus recursos administrativos apresentados. 14. Portanto, pelo fato de já haver decisão judicial transitada em julgado em 2006, em favor da recorrente, autorizando a compensação com tributos de mesma espécie e, ocorrendo publicação de legislação superveniente, autorizando compensação de tributos de espécies distintas, aplicamse ao caso o teor do Resp nº 1.137.738/SP, julgado na sistemática de recurso repetitivo, que deve ser adotado de forma obrigatória por este colegiado, em cumprimento á determinação contida no § 2º do artigo 62 do Regimento Interno do CARF – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. 15. Reproduzimos o texto do Resp nº 1.137.738/SP : Fl. 297DF CARF MF Processo nº 11030.000179/200749 Acórdão n.º 3301005.829 S3C3T1 Fl. 288 21 “TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. SUCESSIVAS MODIFICAÇÕES LEGISLATIVAS. LEI 8.383/91. LEI 9.430/96. LEI 10.637/02. REGIME JURÍDICO VIGENTE À ÉPOCA DA PROPOSITURA DA DEMANDA. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE. INAPLICABILIDADE EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL. ART. 170A DO CTN. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. HONORÁRIOS. VALOR DA CAUSA OU DA CONDENAÇÃO. MAJORAÇÃO. SÚMULA 07 DO STJ. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. 1. A compensação, posto modalidade extintiva do crédito tributário (artigo 156, do CTN), exsurge quando o sujeito passivo da obrigação tributária é, ao mesmo tempo, credor e devedor do erário público, sendo mister, para sua concretização, autorização por lei específica e créditos líquidos e certos, vencidos e vincendos, do contribuinte para com a Fazenda Pública (artigo 170, do CTN). 2. A Lei 8.383, de 30 de dezembro de 1991, ato normativo que, pela vez primeira, versou o instituto da compensação na seara tributária, autorizoua apenas entre tributos da mesma espécie, sem exigir prévia autorização da Secretaria da Receita Federal (artigo 66). 3. Outrossim, a Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, na Seção intitulada ‘Restituição e Compensação de Tributos e Contribuições’, determina que a utilização dos créditos do contribuinte e a quitação de seus débitos serão efetuadas em procedimentos internos à Secretaria da Receita Federal (artigo 73, caput), para efeito do disposto no artigo 7º, do DecretoLei 2.287/86. 4. A redação original do artigo 74, da Lei 9.430/96, dispõe: ‘Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração’. 5. Consectariamente, a autorização da Secretaria da Receita Federal constituía pressuposto para a compensação pretendida pelo contribuinte, sob a égide da redação primitiva do artigo 74, da Lei 9.430/96, em se tratando de tributos sob a administração do aludido órgão público, compensáveis entre si. 6. A Lei 10.637, de 30 de dezembro de 2002 (regime jurídico atualmente em vigor) sedimentou a desnecessidade de equivalência da espécie dos tributos compensáveis, na esteira da Lei 9.430/96, a qual não mais albergava esta limitação. 7. Em conseqüência, após o advento do referido diploma legal, tratandose de tributos arrecadados e administrados pela Secretaria da Receita Federal, tornouse possível a compensação tributária, independentemente do destino de suas Fl. 298DF CARF MF 22 respectivas arrecadações, mediante a entrega, pelo contribuinte, de declaração na qual constem informações acerca dos créditos utilizados e respectivos débitos compensados, termo a quo a partir do qual se considera extinto o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação, que se deve operar no prazo de 5 (cinco) anos. 8. Deveras, com o advento da Lei Complementar 104, de 10 de janeiro de 2001, que acrescentou o artigo 170A ao Código Tributário Nacional, agregouse mais um requisito à compensação tributária a saber: ‘Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.’ 9. Entrementes, a Primeira Seção desta Corte consolidou o entendimento de que, em se tratando de compensação tributária, deve ser considerado o regime jurídico vigente à época do ajuizamento da demanda, não podendo ser a causa julgada à luz do direito superveniente, tendo em vista o inarredável requisito do prequestionamento, viabilizador do conhecimento do apelo extremo, ressalvandose o direito de o contribuinte proceder à compensação dos créditos pela via administrativa, em conformidade com as normas posteriores, desde que atendidos os requisitos próprios (EREsp 488.992/MG). 10. In casu, a empresa recorrente ajuizou a ação ordinária em 19/12/2005, pleiteando a compensação de valores recolhidos indevidamente a título de PIS E COFINS com parcelas vencidas e vincendas de quaisquer tributos e/ou contribuições federais. 11. À época do ajuizamento da demanda, vigia a Lei 9.430/96, com as alterações levadas a efeito pela Lei 10.637/02, sendo admitida a compensação, sponte propria, entre quaisquer tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, independentemente do destino de suas respectivas arrecadações. 12. Ausência de interesse recursal quanto à não incidência do art. 170A do CTN, porquanto: a) a sentença reconheceu o direito da recorrente à compensação tributária, sem imposição de qualquer restrição; b) cabia à Fazenda Nacional alegar, em sede de apelação, a aplicação do referido dispositivo legal, nos termos do art. 333, do CPC, posto fato restritivo do direito do autor, o que não ocorreu in casu; c) o Tribunal Regional não conheceu do recurso adesivo da recorrente, ao fundamento de que, não tendo a sentença se manifestado a respeito da limitação ao direito à compensação, não haveria sucumbência, nem, por conseguinte, interesse recursal. 13. Os honorários advocatícios, nas ações condenatórias em que for vencida a Fazenda Pública, devem ser fixados à luz do § 4º do CPC que dispõe, verbis: ‘Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação Fl. 299DF CARF MF Processo nº 11030.000179/200749 Acórdão n.º 3301005.829 S3C3T1 Fl. 289 23 eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior.’ 14. Consequentemente, vencida a Fazenda Pública, a fixação dos honorários não está adstrita aos limites percentuais de 10% e 20%, podendo ser adotado como base de cálculo o valor dado à causa ou à condenação, nos termos do art. 20, § 4º, do CPC. (Precedentes da Corte: AgRg no REsp 858.035/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/03/2008, DJe 17/03/2008; REsp 935.311/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/08/2008, DJe 18/09/2008; REsp 764.526/PR, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/04/2008, DJe 07/05/2008; REsp 416154, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ de 25/02/2004; REsp 575.051, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 28/06/2004). 15. A revisão do critério adotado pela Corte de origem, por eqüidade, para a fixação dos honorários, encontra óbice na Súmula 07 do STJ. No mesmo sentido, o entendimento sumulado do Pretório Excelso: ‘Salvo limite legal, a fixação de honorários de advogado, em complemento da condenação, depende das circunstâncias da causa, não dando lugar a recurso extraordinário .’ (Súmula 389/STF). (Precedentes da Corte: EDcl no AgRg no REsp 707.795/RS, Rel. Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em 03/11/2009, DJe 16/11/2009; REsp 1000106/MG, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/10/2009, DJe 11/11/2009; REsp 857.942/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/10/2009, DJe 28/10/2009; AgRg no Ag 1050032/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/04/2009, DJe 20/05/2009) 16. O art. 535 do CPC resta incólume se o Tribunal de origem, embora sucintamente, pronunciase de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. 17. Recurso especial parcialmente conhecido e parcialmente provido, apenas para reconhecer o direito da recorrente à compensação tributária, nos termos da Lei 9.430/96. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.” (destaques no original). 16. Corroborando tal entendimento, a RFB expediu a Solução de Divergência COSIT/RFB nº 23, de 17/08/2011,cuja ementa reproduzimos : Fl. 300DF CARF MF 24 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO COMPENSAÇÃO. DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO APÓS LEI Nº 10.637, de 2002; POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO COM OUTROS TRIBUTOS ADMINISTRADOS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Os créditos relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), reconhecidos por sentença judicial transitada em julgado que tenha permitido apenas a compensação com débitos de tributos da mesma espécie, ou ainda, que tenha permitido apenas a repetição do indébito, podem ser compensados com débitos próprios relativos a quaisquer tributos administrados pela RFB (a) se houver legislação superveniente que assegure igual tratamento aos demais contribuintes ou (b) se a legislação vigente quando do trânsito em julgado não tiver sido fundamento da decisão judicial mais restritiva. Não se incluem entre os débitos compensáveis os tributos apurados na forma do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições (Simples Nacional) instituído pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Simples Nacional. Dispositivos Legais: art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com a redação dada pelo art. 49 da MP nº 66, de 29 de agosto de 2002, convertida na Lei nº 10.637, de 30 de dezembro 2002; inciso XV do § 3º do art. 34 da IN RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008. 17. O mesmo ato normativo trata da hipótese de que, mesmo que a sentença tenha disposto no sentido de compensar tributos da mesma espécie, é admitida, pela Administração Tributária, a compensação entre tributos de espécies distintas, conforme o seguinte trecho do ato citado : 25. Para o deslinde da questão é necessário separar duas situações a serem analisadas: 1ª) há norma superveniente (editada posteriormente ao trânsito em julgado da decisão judicial e antes da efetivação da compensação pela entrega da declaração respectiva) que trata a compensação de forma mais benéfica ao contribuinte do que a sentença judicial; 2ª) não há norma superveniente mais benéfica. 26. Em relação à primeira situação, em que a implementação da compensação se dá após a vigência de norma superveniente, ou seja, em data na qual a norma que fundamentou a decisão e que orienta a sua execução não é mais aplicável, a decisão judicial deve ser executada em conformidade com a legislação superveniente. Tratase de uma integração necessária entre a decisão judicial e a norma superveniente. 27. Para fins de integração entre as normas não se exige que a norma superveniente tenha dado mais abrangência ao direito do contribuinte do que a norma em que se baseou a decisão judicial. Basta que modifique a forma de exercer o direito ou que o reafirme, será necessária a integração. (grifos nossos). Fl. 301DF CARF MF Processo nº 11030.000179/200749 Acórdão n.º 3301005.829 S3C3T1 Fl. 290 25 Conclusão 18. Diante das razões expostas, voto por dar provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito de a recorrente compensar débito de COFINS com o crédito reconhecido judicialmente de PIS. É o meu voto. Assinado digitalmente Conselheiro Ari Vendramini Relator Fl. 302DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10640.000184/2007-19
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2001
DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. POSSIBILIDADE.
Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar elementos de prova da efetividade dos serviços médicos prestados e dos correspondentes pagamentos.
Numero da decisão: 2002-000.814
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e decadência e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que lhe deu provimento.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente.
(assinado digitalmente)
Virgílio Cansino Gil - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: VIRGILIO CANSINO GIL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2001 DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. POSSIBILIDADE. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar elementos de prova da efetividade dos serviços médicos prestados e dos correspondentes pagamentos.
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10640.000184/2007-19
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5973526
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2002-000.814
nome_arquivo_s : Decisao_10640000184200719.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : VIRGILIO CANSINO GIL
nome_arquivo_pdf_s : 10640000184200719_5973526.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e decadência e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
id : 7657105
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:39:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051660481200128
conteudo_txt : Metadados => date: 2019-03-12T17:30:54Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2019-03-12T17:30:54Z; Last-Modified: 2019-03-12T17:30:54Z; dcterms:modified: 2019-03-12T17:30:54Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-03-12T17:30:54Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-03-12T17:30:54Z; meta:save-date: 2019-03-12T17:30:54Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-03-12T17:30:54Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2019-03-12T17:30:54Z; created: 2019-03-12T17:30:54Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; Creation-Date: 2019-03-12T17:30:54Z; pdf:charsPerPage: 1294; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-03-12T17:30:54Z | Conteúdo => S2C0T2 Fl. 2 1 1 S2C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10640.000184/200719 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2002000.814 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 27 de fevereiro de 2019 Matéria IRPF Recorrente LUCIANO BARBOSA BORGES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2001 DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. POSSIBILIDADE. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar elementos de prova da efetividade dos serviços médicos prestados e dos correspondentes pagamentos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e decadência e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 00 01 84 /2 00 7- 19 Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10640.000184/200719 Acórdão n.º 2002000.814 S2C0T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 124/126) contra decisão de primeira instância (fls. 102/116), que julgou procedente em parte a impugnação do sujeito passivo. Em razão da riqueza de detalhes, adoto o relatório da r. DRJ, que assim diz: O contribuinte retro identificado impugna o lançamento formalizado pelo Auto de Infração de fls.04/10, lavrado pela Fiscalização em 20/11/2006, decorrente da revisão efetuada pela autoridade lançadora em sua Declaração de Ajuste Anual IRPF/2002, cópia apensada as fls.30/32, que, conforme Termo de Acerto de Declaração de fls.26, glosou a dedução pleiteada a titulo de "despesas médicas", resultando, em conseqüência, a apuração de imposto de renda suplementar, no valor de R$ 8.460,36, acrescido de multa de oficio (passível de redução), no valor de R$ 6.345,27, e juros de mora calculados até dezembro de 2006, no valor de R$ 6.770,82. Conforme expresso no item "demonstrativo das infrações" do Auto de Infração ora contestado, a autoridade revisora apurou "dedução indevida a titulo de despesas médicas," visto que "o contribuinte foi intimado, via Edital, a comprovar o efetivo pagamento dos valores deduzidos a titulo de despesas médicas e não se manifestou". Em sua peça impugnatória de fls.01/02, com juntada de documentos de fls.11/20, o interessado contesta o lançamento efetuado, quando, em preliminar, afirma que "tem o mesmo domicilio desde meados de 2000, não havendo, portanto, qualquer motivo ou razão plausível para que este órgão administrativo procedesse a intimação por edital", sendo que a intimação por via editalícia não tem fundamento, prejudicando o direito do contribuinte ampla defesa e ao contraditório administrativo e, conseqüentemente, o Auto de Infração "impregnado do vicio de nulidade insanável". Argumenta, ainda, que está trazendo aos autos, "parte dos recibos de despesas médicas que, após exaustiva procura, foi localizada, notadamente no que tange aos recibos de Adriana de Souza Pires, TRT Saúde e Luiz Henrique Costa Sotto Maior, extraviandose os demais". O resumo da decisão revisanda está condensado na seguinte ementa do julgamento: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CIÊNCIA POR EDITAL. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10640.000184/200719 Acórdão n.º 2002000.814 S2C0T2 Fl. 4 3 Da intimação fiscal será dada ciência ao contribuinte por meio de Edital quando caracterizada a impossibilidade da ciência pessoal, por via postal ou por meio eletrônico. DESPESAS MÉDICAS. Havendo a autoridade fiscal efetuado a glosa de despesas médicas devido à falta de comprovação dos gastos financeiros correspondentes por parte do contribuinte, não há justificativa para seu restabelecimento sem a confirmação do efetivo desembolso. Inconformado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, reiterando as alegações da impugnação. É o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheiro Virgílio Cansino Gil Relator Recurso Voluntário aviado a modo e tempo, portanto dele conheço. O contribuinte foi cientificado em 02/07/2009 (fl. 122); Recurso Voluntário protocolado em 03/08/2009 (fl. 124), assinado pelo próprio contribuinte. Responde o contribuinte nestes autos, pela seguinte infração: a) Dedução Indevida de Despesas Médicas. Relata o Sr. AFRF, que: “O CONTRIBUINTE FOI INTIMADO, VIA EDITAL, A COMPROVAR O EFETIVO PAGAMENTO DOS VALORES DEDUZIDOS A TITULO DE DESPESAS MEDICAS E NÃO SE MANIFESTOU”. (fl. 74) A r. decisão entendeu que: “Vale também observar, a titulo argumentativo, que a situação constante da Declaração de Ajuste Anual IRPF/2002 do contribuinte, cópia apensada As fls.30/32, não se revela factível com a situação que, de forma mediana, poderia dela se esperar pois o impugnante pleiteou despesas médicas no montante de R$ 30.764,95, ou seja, aproximadamente 42 % de seus rendimentos tributáveis líquidos: R$ 72.359,95 (97.048,93 — 10.364,48 — 3.240,00 — 1.158,00 — 17.511,93 + 7.585,43), não se constatando, porém, no presente processo, a ocorrência de gastos de internação ou cirurgias de grande porte que poderiam ocasionar dispêndios de tal magnitude. Considero, portanto, que os elementos anexados As fls.11/14 e fls.16 não são documentos hábeis a comprovar os pagamentos questionados pelo Fisco. Assim sendo, apenas o valor de R$ 294,95, constante do documento de fls.15, deverá ser restabelecido como dedução a titulo de "despesas médicas" na declaração de rendimentos IRPF/2002 do contribuinte.”. Irresignado, o recorrente maneja recurso próprio lançando preliminares de nulidade e decadência e, combatendo o mérito. Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10640.000184/200719 Acórdão n.º 2002000.814 S2C0T2 Fl. 5 4 Das preliminares: Preliminar de nulidade em razão de a intimação ser feita por edital. Segundo consta nos Extratos da RF de fls. 44/45, o contribuinte reside na Rua Prefeito Nelson Batista Vieira nº 123, apto 401 na cidade de Bicas/MG. A correspondência foi enviada pela Receita Federal neste mesmo endereço, tendo como resposta “destinatário ausente”. Assim sendo e cumprindo as disposições expressas no art. 23 do Dec. nº 70.235/1972 e as demais legislações pertinentes, quanto as intimações fiscais, mantenho o decidido. Preliminar de decadência: No prazo de intervalo entre a lavratura do auto de infração e a decisão definitiva de Recurso Administrativo de que tenha se valido o contribuinte, não corre nem o prazo da prescrição CTN, art. 151, III; tampouco o da decadência, já superada pelo auto, que importa lançamento do crédito tributário, art. 142 do CTN. AFASTO. Nos casos de lançamento por homologação, com pagamento do tributo (fl.16), cabe a aplicação exclusiva do art. 150, parágrafo quarto, do CTN. Pois bem, cuidase nestes autos, de auto de infração referente ao ano calendário 2001, exercício 2002. O auto de infração foi lavrado em 20/11/2006, com ciência ao contribuinte em 20/12/2006 (fls. 50/52), sendo que de acordo com o art. 150, parágrafo quarto, do CTN, o fisco tinha que cientificar o contribuinte até 31/12/2006, não ocorreu, pois, a decadência. No mérito, melhor sorte não socorre ao recorrente, senão vejamos: Os gastos com despesas médicas equivalem a aproximadamente 42% dos rendimentos tributáveis do contribuinte, sem que tenha ocorrido gastos com internação ou cirurgias de grande porte, neste sentido foge a normalidade. Assim sendo, a autoridade fiscal intimou o contribuinte a fazer prova de pagamento destes gastos; não se trata de prova da prova, senão vejamos: “O ônus da prova cabe à autoridade lançadora provar fato constitutivo do direito de lançar do fisco. Comprovado o direito de lançar do fisco, cabe ao sujeito passivo, alegar fatos impeditivos, modificativos ou extintivos e além de alegalos, comproválos efetivamente nos termos do Código de Processo Civil, que estabelece as regras de distribuição do ônus da prova aplicáveis ao PAF, subsidiariamente.”. Isto posto, e pelo que mais consta dos autos, conheço do Recurso Voluntário, afasto as preliminares de nulidade e decadência, e no mérito negase provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Fl. 134DF CARF MF
score : 1.0