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Numero do processo: 11020.910112/2012-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/01/2010
COFINS. REPETIÇÃO/COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
Não se reconhece o direito à compensação quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova sobre a liquidez e certeza dos créditos que alega possuir na sistemática da não-cumulatividade.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3402-004.061
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
ANTÔNIO CARLOS ATULIM - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Renato Vieira de Avila (suplente), Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/01/2010 COFINS. REPETIÇÃO/COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à compensação quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova sobre a liquidez e certeza dos créditos que alega possuir na sistemática da não-cumulatividade. Recurso voluntário negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/01/2010 COFINS. REPETIÇÃO/COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à compensação quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova sobre a liquidez e certeza dos créditos que alega possuir na sistemática da nãocumulatividade. Recurso voluntário negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ANTÔNIO CARLOS ATULIM Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Renato Vieira de Avila (suplente), Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Versam os autos sobre pedido de reconhecimento de direito creditício de COFINS, informado como oriundo de recolhimento efetuado a maior, cumulado com declaração de compensação (PER/DCOMP). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 91 01 12 /2 01 2- 09 Fl. 124DF CARF MF Processo nº 11020.910112/201209 Acórdão n.º 3402004.061 S3C4T2 Fl. 3 2 No Despacho Decisório, a autoridade local da RFB indeferiu o pleito da interessada, uma vez que o DARF informado como origem do crédito estava integralmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, "não restando crédito disponível para restituição". Inconformada com a decisão proferida, a empresa apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega, após ter "efetuado revisão completa retroativa de suas últimas bases de cálculo de COFINS", possuir créditos oriundos de suas seguintes contas, discorrendo acerca da legislação que em tese respaldaria os mesmos: A DRJ/RPO, nos termos do Acórdão 14046.825, julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Inconformado, o contribuinte interpôs o presente recurso voluntário, no qual, em suma, restringese a afirmar que o "processo já dispõe dos documentos comprobatórios dos créditos apurados", e nada mais! É o relatório. Voto Conselheiro Antônio Carlos Atulim Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.034, de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 11020.910095/201200, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, (Acórdão 3402004.034): "Alega o contribuinte, de forma genérica, ter créditos para fins de apuração da COFINS a pagar no sistema nãocumulativo. Tais créditos seriam oriundos de valores constantes nas contas especificadas no relatório. Feita essa apuração, a posteriori, sem qualquer liquidez e certeza já saiu a se compensar com débitos de tributos administrados pela RFB. Ou seja, não há prova específica a respaldar os alegados créditos. Acostou cópia do livro razão onde constam tais contas contábeis, sem qualquer documento fiscal e referência a seu processo produtivo em que se pudesse constatar de quais insumos se tratam e, mais, se efetivamente são utilizados na produção das mercadorias que produz. Demais disso, em tese, em análise superficial, valores referente à manutenção e reparos, fretes com vendas (nas quais não se sabe quem arcou com os valores), despesas diversas (que não se sabe do que se tratam), e mão de obra de terceiros (que em tese podem ser feitas por pessoas física, o que afastaria qualquer direito a crédito) não dão direito a crédito. Fl. 125DF CARF MF Processo nº 11020.910112/201209 Acórdão n.º 3402004.061 S3C4T2 Fl. 4 3 Assim, sendo firme a jurisprudência desse Colegiado no sentido de que recai sobre o contribuinte o onus probandi dos créditos que alega ter, mormente em relação a valores que já se compensou, que pressupõe sua certeza e liquidez, constatase que ele não provou por todos os meios e de forma específica (não há um documento fiscal nos autos) os créditos declarados. CONCLUSÃO Portanto, ante a falta de prova dos declarados créditos, ônus seu de produzir, deve ser negado seu pleito. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário." Ressaltese que, neste processo, as contas especificadas como origem dos créditos (indicadas no relatório) são as mesmas que as tratadas no caso do paradigma, e que o contribuinte, nestes autos, também "não provou por todos os meios e de forma específica (não há um documento fiscal nos autos) os créditos declarados". Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Antônio Carlos Atulim Fl. 126DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13602.000524/2007-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jul 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/06/2002 a 31/12/2003
PIS. BASE DE CÁLCULO. OPERADORAS DE PLANO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE. ART. 3º, § 1º, LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE.
As receitas que não se caracterizam como próprias da atividade da entidade, tal como estabelecido pelo estatuto ou contrato social, não compõem o seu faturamento, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, em repercussão geral, ao declarar a inconstitucionalidade da ampliação do conceito de receita bruta promovida pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. Deve-se, assim, ser acolhido o resultado da diligência constante no Relatório de Diligência Fiscal, de 08/04/2016.
PIS. BASE DE CÁLCULO. PLANO DE SAÚDE. COOPERATIVA MÉDICA. DEDUÇÕES. INDENIZAÇÕES EFETIVAMENTE PAGAS. INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL.
As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da Contribuição para o PIS, as despesas e custos operacionais relacionados com os atendimentos médicos realizados em seus próprios beneficiários, por meio de estabelecimento próprio ou pela rede conveniada/credenciada de profissionais e empresas da área de saúde, bem como aos atendimentos médicos efetuados em beneficiários pertencentes à outra operadora de plano de assistência à saúde, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade, em conformidade com o preceptivo do art. 3º, § 9º-A da Lei nº 9.718/98, introduzido, em caráter interpretativo, pela Lei nº 12.873/2013. Deve-se, assim, ser acolhido o resultado da diligência constante no Relatório de Diligência Fiscal, de 08/04/2016.
Numero da decisão: 3401-003.807
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordaram os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário apresentado, dando provimento para o fim de acolher, única e exclusivamente, o resultado da diligência, em seus precisos termos.
Rosaldo Trevisan - Presidente.
Leonardo Ogassawara De Araújo Branco - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Augusto Fiel Jorge DOliveira, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Robson José Bayerl, André Henrique Lemos e Cleber Magalhães.
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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BASE DE CÁLCULO. OPERADORAS DE PLANO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE. ART. 3º, § 1º, LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. As receitas que não se caracterizam como próprias da atividade da entidade, tal como estabelecido pelo estatuto ou contrato social, não compõem o seu faturamento, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, em repercussão geral, ao declarar a inconstitucionalidade da ampliação do conceito de receita bruta promovida pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. Devese, assim, ser acolhido o resultado da diligência constante no Relatório de Diligência Fiscal, de 08/04/2016. PIS. BASE DE CÁLCULO. PLANO DE SAÚDE. COOPERATIVA MÉDICA. DEDUÇÕES. INDENIZAÇÕES EFETIVAMENTE PAGAS. INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL. As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da Contribuição para o PIS, as despesas e custos operacionais relacionados com os atendimentos médicos realizados em seus próprios beneficiários, por meio de estabelecimento próprio ou pela rede conveniada/credenciada de profissionais e empresas da área de saúde, bem como aos atendimentos médicos efetuados em beneficiários pertencentes à outra operadora de plano de assistência à saúde, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade, em conformidade com o preceptivo do art. 3º, § 9ºA da Lei nº 9.718/98, introduzido, em caráter interpretativo, pela Lei nº 12.873/2013. Devese, assim, ser acolhido o resultado da diligência constante no Relatório de Diligência Fiscal, de 08/04/2016. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 2. 00 05 24 /2 00 7- 48 Fl. 377DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordaram os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário apresentado, dando provimento para o fim de acolher, única e exclusivamente, o resultado da diligência, em seus precisos termos. ROSALDO TREVISAN Presidente. LEONARDO OGASSAWARA DE ARAÚJO BRANCO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Robson José Bayerl, André Henrique Lemos e Cleber Magalhães. Relatório 1. Tratase de Auto de Infração, situado às fls. 04 a 12, lavrado com a finalidade de formalizar a exigência de Contribuição para Programa de Integração Social (PIS) no valor histórico de R$ 106.523,92, já acrescidos de juros de mora e das multas de ofício, apurados nos períodos de 01/06/2002 a 31/12/2003. 2. De acordo o termo de verificação fiscal, situado às fls. 11 a 19, a autoridade fiscal lavrou o auto em virtude de a contribuinte, ao realizar o cálculo do valor devido a título de PIS, ter deixado de incluir, no período de 01/06/2002 a 31/12/2003, os valores das receitas incidentes sobre as receitas brutas auferidas em suas atividades constituídas preponderantemente de atos não cooperativos sendo as receitas decorrentes especialmente das vendas e mensalidades de planos de saúde. A autoridade fiscal procedeu às exclusões previstas no §2° e também às deduções estabelecidas no §9°, I e II. Esclareceu, ainda, que a contribuinte impetrou, em 23/08/2002, o Mandado de Segurança nº 2002.38.00.0307353, que tramita na 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Belo Horizonte contestando as alterações promovidas na legislação do PIS promovidas pelas MP 18586 e reedições e Lei 9.718/98, e requerendo o direito de continuar a recolher o PIS sobre a folha de salário, tendo obtido, em 02/09/2002, decisão liminar suspendendo a exigibilidade do crédito tributário em relação aos atos cooperativos próprios decorrentes das finalidades essenciais da cooperativa, o que motivou a autoridade fiscal a realizar o lançamento sem multa de ofício, conforme trecho abaixo recortado, situado à fl. 19: Fl. 378DF CARF MF Processo nº 13602.000524/200748 Acórdão n.º 3401003.807 S3C4T1 Fl. 378 3 3. Intimado do auto de infração pessoalmente em 17/12/2007, a contribuinte, irresignada, em 16/01/2008, apresentou impugnação, situada às fls. 174 a 197. 4. Em 22/02/2010, a 1ª Turma da Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (MG) proferiu o Acórdão DRJ nº 0225.644, situado às fls. 276 a 291, sob a relatoria do AuditorFiscal José Roberto Vieira Araújo, em que se decidiu, por unanimidade de votos, conforme trecho dispositivo do voto do relator: “a) rejeitar a nulidade requerida; b) indeferir o pedido de perícia, por desnecessária à solução da lide; c) reconhecer a homologação tácita parcial e exonerar o contribuinte dos valores lançados de PIS correspondentes aos fatos geradores compreendidos de junho/2002 a novembro/2002; d) declarar definitiva, na esfera administrativa, a exigência do PIS dos fatos geradores de dezembro/2002 a dezembro/2003, no que se refere à matéria que está sendo discutida judicialmente (relativa à tributação sobre o faturamento da cooperativa)”. 5. Registrouse, ainda, o seguinte resultado de julgamento, verbis: “(...) não conhecer da impugnação, em virtude de a contribuição estar sendo discutida judicialmente, declarando definitiva, na esfera administrativa, a exigência fiscal nos termos do relatório e do voto que passam a integrar o presente julgado”, lavrandose, ao final, a ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2002 a 31/12/2003 HOMOLOGAÇÃO TÁCITA O prazo de homologação será de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito. IMPUGNAÇÃO NÃO CONHECIDA A propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto, importa a renúncia as instâncias administrativas ou desistência de eventual recurso interposto, tornandose definitiva a exigência discutida. PIS DAS COOPERATIVAS As cooperativas estão sujeitas ao recolhimento da Contribuição para o PIS, em relação à receita bruta total auferida mensalmente, seja ela decorrente da prática de atos cooperativos ou não. PIS DAS OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE A base de cálculo da Contribuição para o PIS das operadoras de plano de saúde é a receita bruta, assim entendida a totalidade das receitas auferidas Fl. 379DF CARF MF 4 pela pessoa jurídica, deduzidas as exclusões previstas na legislação de regência (Lei n°9.718/1998 e art. 25 da Medida Provisória n°2.158/2001) ATIVIDADE VINCULADA A atividade administrativa, sendo plenamente vinculada, não comporta apreciação discricionária no tocante aos atos que integram a legislação tributária. Impugnação Não Conhecida. 6. A contribuinte, intimada em 22/03/2010, via aviso postal, em conformidade com o aviso de recebimento situado à fl. 294, interpôs, em 13/04/2010, recurso voluntário de fls. 295 a 317 na qual alegou, em síntese: (i) a não incidência das contribuições em comento sobre os valores que seriam oriundos de atos cooperativos, isentos de acordo com o disposto no inciso I do art. 6º da Lei Complementar 70/91; (ii) que não pratica atividade mercantil, por não possuir receita bruta, sendo que o montante arrecadado em nome dos sócios é imediatamente para eles transferido, de modo a representar mero ingresso de recursos na sociedade; (iii) ter excluído da base de cálculo das contribuições os valores referentes às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pagos, deduzidos das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades, de acordo com o inciso III do art. 2º da Medida Provisória nº 2.158/01 e, neste sentido, seriam valores repassados a terceiros, tais como repasses a hospitais, clinicas, e laboratórios atos que teriam sido anteriormente tributados pela contribuinte ora recorrente de forma que este procedimento se encontra em conformidade com a orientação da Agência Nacional de Saúde no sentido de que os eventos indenizáveis são todos os custos assistenciais decorrentes da cobertura oferecida pelo plano de saúde da operadora aos seus beneficiários, como consultas médicas, exames laboratoriais, hospitalização, etc.; (iv) que os ingressos classificados como corresponsabilidades cedidas e as variações das provisões técnicas, bem como os valores referentes a "eventos ao atendimento de usuários próprios e de outras operadoras" registrados nas contas "2.2.1.1.0.9.01.0.0.0", "4.4.1.3.8.9.01.1.0.0.07" e "4.1.2.1", não se enquadram no conceito de faturamento, em razão da inconstitucionalidade do § 1 do art. 3º da Lei n° 9.718/98 declarada pelo Supremo Tribunal Federal. 7. Em 27/02/2014, foi proferida a Resolução CARF nº 3801000.651, de relatoria do Conselheiro Flávio de Castro Pontes, tendo decidido a extinta 1ª Turma Especial desta Seção, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para as seguintes providências, transcritas do voto do relator: “Em que pese o bom direito da interessada, do exame dos elementos comprobatórios, constatase que, no caso vertente, os documentos apresentados são insuficientes para se apurar a correta composição da base de cálculo da contribuição PIS. Deste modo, diante dos fatos, e com fundamento no artigo 29 do Decreto nº 70.235/72, voto pela conversão do julgamento em diligência para que sejam tomadas as seguintes providências por parte da unidade local: a) faça os ajustes no lançamento fiscal e apure a correta composição da base de cálculo da contribuição PIS, com base na escrituração fiscal e contábil, segundo o conceito de faturamento adotado pelo Supremo Fl. 380DF CARF MF Processo nº 13602.000524/200748 Acórdão n.º 3401003.807 S3C4T1 Fl. 379 5 Tribunal Federal (STF), qual seja, a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza, bem como, em relação as deduções permitidas, adote a interpretação dada pelo § 9ºA do art. 3º da Lei nº 9.718/98 incluído pelo art. 19 da Lei nº 12.873, de 25/10/2013; b) cientifique a interessada quanto ao teor dos cálculos para, desejando, manifestarse no prazo de dez dias. Após a conclusão da diligência, retornar o processo a este CARF para julgamento” (seleção e grifos nossos). 8. Em 08/04/2016, foi elaborado Relatório de Diligência Fiscal, situado às fls.341 a 354, pelo Serviço de Fiscalização da Delegacia da Receita Federal em Belo Horizonte, apurando crédito tributário declarado, devido e não pago no valor de R$ 29.348,32. 9. Em 29/04/2016, a contribuinte apresentou manifestação sobre a diligência, situada às fls. 363 a 365, na qual, em que pese não discordar do resultado da diligência, informa que o crédito tributário apurado na diligência se encontra depositado judicialmente no Mandado de Segurança nº 2002.38.00.0307353, e realiza a juntada das respectivas guias de depósito às fls. 367 a 374. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco 10. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 11. Em primeiro lugar, cabe a análise do Mandado de Segurança nº 2002.38.00.0307353, que tramita na 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Belo Horizonte, cujo pedido constante na petição inicial abaixo se transcreve: Fl. 381DF CARF MF 6 12. O processo se encontra ativo, não havendo notícia, até o momento da leitura pública deste voto, de decisão transitada em julgado, conforme se denota do seguinte extrato processual obtido no site do Tribunal Regional Federal da 1ª Região: 13. Observamos, no entanto, a inexistência de concomitância com o presente processo administrativo, em estreita conformidade com o seguinte trecho da decisão recorrida: “Registrese, que em 23/08/2002 o contribuinte impetrou Mandado de Segurança, processo n° 2002.38.00.0307353/MG, contestando as alterações promovidas na legislação do PIS promovidas pelas MP 18586 e reedições e Lei 9.718/98, e requerendo o direito de continuar a recolher o PIS sobre a folha de salário, fls. 127 a 157. Em 13/06/2003, foi proferida a sentença concedendo a segurança para que o impetrante possa recolher as contribuições para o PIS à alíquota de 1%, conforme o disposto no art. 2°, § 10 da Lei n° 9.715/98 e art. 13 da MP 215835/2001 c/c o art. 15 da Lei 9.532/95, fls. 158 a 161. Devese observar ainda que o contribuinte ajuizou o processo n° 2006.38.00.0388210, discutindo os Processos Tributários Administrativos Fl. 382DF CARF MF Processo nº 13602.000524/200748 Acórdão n.º 3401003.807 S3C4T1 Fl. 380 7 n° 10680.016809/2002/75 (PIS) e 10680.016807/200286 (Cofins), que não se relacionam diretamente com a matéria autuada. Em relação à situação da concomitância dos processos administrativo e judicial, registrese que o Ato Declaratório (Normativo) da Coordenação do Sistema de Tributação n° 03, de 14 de fevereiro de 1996, publicado no D.O.0 de 15 de fevereiro de 1996, estabelece: a) a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda, de ação judicial por qualquer modalidade processual antes ou posteriormente a autuação, com o mesmo objeto importa a renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto. b) consequentemente, quando diferentes os objetos do processo judicial e do processo administrativo, este terá prosseguimento normal no que relaciona a matéria diferenciada (p.ex. aspectos formais do lançamento, base de cálculo, etc.) c) no caso da letra "a", a autoridade dirigente do órgão onde se encontra o processo não conhecerá de eventual petição do contribuinte, proferindo decisão formal da definitividade da exigência discutida ou da decisão recorrida, ressalvada a eventual aplicação do disposto no art. 149 do CTN. d) na hipótese da alínea anterior, não se verificando a ressalva ali contida, procederseá a inscrição em dívida ativa, deixando de faze1o, para aguardar o pronunciamento judicial, somente quando demonstrada a ocorrência do disposto no inciso II (depósito do montante integral) ou IV (concessão de medida liminar em mandado de segurança) do art. 151 do CTN. e) é irrelevante, na espécie, que o processo tenha sido extinto, no Judiciário, sem julgamento do mérito (art. 267 do CPC). A situação do contribuinte se enquadra no item "b" do Ato Declaratório citado no que se refere à decadência, à discussão do conceito de faturamento, à questão da desconsideração como cooperativa e como operadora de planos de saúde, à alegação de que houve confisco e sobre a nulidade arguida. Esses itens seriam passíveis de discussão na esfera administrativa, pois não são objetos de ação judicial. O contribuinte obteve a proteção judicial para obstaculizar a exigibilidade (fls. 158/161), em 13/06/2003, antes do início do procedimento fiscal que se deu em 26/07/2007, fls. 04. Assim, o autuado estava albergado por decisão judicial antes do início da ação fiscal, tendo o autuante adotado os procedimentos corretos e lavrado o auto de infração, com a exigibilidade suspensa, sem a multa de oficio, não Fl. 383DF CARF MF 8 cabendo qualquer reclamação quanto à multa ou quanto à suspensão da exigibilidade. 14. Entre as questões versadas pelo presente caso e que não se encontram em discussão no processo judicial em referência, foram devolvidas ao conhecimento deste Conselho, por meio da interposição do recurso voluntário em análise, as questões atinentes: (i) à discussão sobre o conceito de faturamento; e (ii) ao debate em torno da desconsideração do sujeito passivo como cooperativa e como operadora de planos de saúde. Estes são os pontos que serão objeto de análise deste voto. 15. Assim, entendemos que o presente processo deve se ater, ainda mais especificamente, à discussão concernente à possibilidade de se oferecer à tributação da contribuição ao PIS os ingressos classificados como corresponsabilidades cedidas e as variações das provisões técnicas, bem como os valores referentes a "eventos ao atendimento de usuários próprios e de outras operadoras" registrados nas contas "2.2.1.1.0.9.01.0.0.0", "4.4.1.3.8.9.01.1.0.0.07" e "4.1.2.1", não se enquadram no conceito de faturamento, em razão da inconstitucionalidade do § 1 do art. 3º da Lei n° 9.718/98, não se reconhecendo, portanto, a concomitância que atrairia, de maneira imperativa, a aplicação da Súmula CARF nº 01. 16. Em que pese a alegação da contribuinte recorrente no sentido de que os fatos por ela praticados se tratem de atos cooperativos, uma vez que sua receita é reconhecida em nome dos médicos cooperados, estes sim individualmente responsáveis pelas obrigações tributárias, da análise dos documentos trazidos a conhecimento nos presentes autos se depreende que a recorrente representa uma operadora de plano de saúde: o consumidor contrata um plano que lhe confere direito de atendimento por parte dos médicos cooperados em contrapartida de um pagamento mensal. Tais valores transitam pela contabilidade da cooperativa e o resultado líquido havido deve obedecer às destinações legais, entre elas a distribuição aos cooperados. 17. Assim, são atos cooperativos stricto sensu a prestação de serviços que a cooperativa, que age sem o objetivo de lucro, realiza aos médicos cooperados. Especificamente para o caso de cooperativas médicas, há, por outro lado, pagamento a laboratórios, clínicas médicas, e a profissionais da área médica não cooperados. Neste sentido, a previsão dos arts. 85 e 86 da Lei nº 5.764/1971, cujos resultados devem ser levados à conta do "Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social" e, como se sabe, contabilizados em separado, conforme tratamento dispensado pelo Parecer Normativo CST nº 38/1980, que denominou os atos tratados pelos dispositivos em referência como "atos cooperativos legalmente permitidos", uma vez que serviriam aos propósitos e objetivos sociais. A decorrência da aplicação deste entendimento, como se percebe, é considerar "(...) atos não cooperativos aqueles que importam em operação com terceiros não associados ". Tal questão foi expressamente tratada pelo Parecer Normativo CST nº 155/1973, nos seguintes termos: "O que exorbita desse campo tributável, como se infere dos artigos supratranscritos, em todos os quais se verificam descaracterizações das atividades normais das cooperativas: ou porque adquiriram produtos de não associados (art. 85), ou porque forneçam bens ou serviços, que deveriam destinarse aos associados, a pessoas que não se revestem dessa condição (art. 86), ou porque participam de outras sociedades não cooperativas (art 88) (...). Essas operações, vêse, são excepcionais e condicionadas pela lei à verificação de certos pressupostos, presentes os quais, a cooperativa terá faculdade de praticálas. Além de a cooperativa ter Fl. 384DF CARF MF Processo nº 13602.000524/200748 Acórdão n.º 3401003.807 S3C4T1 Fl. 381 9 que atender a essas condições, estabelece o retrotranscrito art. 111 que os resultados por elas produzidos são tributáveis". 18. A hipótese em que a cooperativa interage com terceiros é refletida no art. 183 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999), que prevê que os resultados positivos das operações e atividades estranhas à sua finalidade deverão ser oferecidos à tributação, e chega à minúcia de, no inciso II, apontar, como exemplo de "atividade estranha" o "(...) de fornecimento de bens ou serviços a não associados, para atender aos objetivos sociais". 19. Observase, não obstante, que a discussão concerne à tributação das operadoras de planos de saúde especificamente quanto à constituição de crédito tributário decorrente da dedução efetuada pela contribuinte da base de cálculo das contribuições a titulo de “Eventos Líquidos Indenizáveis”. Tal questão deverá ser apreciada a partir da edição da Medida Provisória nº 2.15835/2001, regulamentada pelo art. 26 da Instrução Normativa nº 247/2002 e ao art. 17 da Instrução Normativa nº 635/2006. Sob o pálio de tais dispositivos, entendeu o julgador de primeira instância administrativa: "A Lei 12.873, de 24 de outubro de 2013, deu nova interpretação ao disposto no inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, permitindo às operadoras de planos de saúde a deduzirem a totalidade das despesas e custos relacionados com os atendimentos médicos realizados em seus próprios beneficiários, por meio de estabelecimento próprio ou pela rede conveniada/credenciada de profissionais, bem como naqueles realizados em beneficiários de outros planos de saúde por meio de transferência de responsabilidade" (seleção e grifos nossos). 20. Transcrevemse, portanto, os dispositivos pertinentes, já com as alterações promovidas pela Lei nº 12.873/2013: Lei nº 9.718/1998 Art. 3º (...). § 9o Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir: I coresponsabilidades cedidas; II a parcela das contraprestações pecuniárias destinada à constituição de provisões técnicas; III o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. § 9oA. Para efeito de interpretação, o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III do § 9o entendese o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida. 21. Assim, restou pacificada qualquer divergência quanto à interpretação do inciso III do §9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, reconhecendose, desta feita de maneira Fl. 385DF CARF MF 10 expressa, a autorização para que as operadoras de planos de saúde reconheçam a dedução da totalidade dos custos assistenciais decorrentes não somente dos serviços médicos prestados aos beneficiários de outras operadoras, mas também aos utilizados pelos seus próprios beneficiários. Assim, as operadoras de planos de saúde, a despeito de estarem organizadas como cooperativas, estão autorizadas a deduzir a totalidade dos custos assistenciais efetivamente pagos decorrentes da utilização da cobertura assistencial à saúde, por elas oferecidas aos seus próprios beneficiários, bem como aos beneficiários de outras operadoras, via transferência de responsabilidade. 22. Acrescese a esta argumentação, o quanto decidido no Acórdão CARF nº 3403002.049, de relatoria do Conselheiro Ivan Alegretti, proferido em sessão de 13/05/2013 pela 3ª Turma desta Câmara, reconheceu o direito à dedução dos valores dos pagamentos que a operadora realiza para assegurar a cobertura prevista no plano de saúde, por meio dos quais se concretiza a assistência aos usuários, da base de cálculo de PIS/Cofins, "(...) independente de se referir a contratantes/associados da própria operadora ou de outra operadora de saúde", em conformidade com o inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/08/2003 a 31/08/2007 PIS/COFINS. COOPERATIVAS DE SERVIÇOS MÉDICOS. DEDUÇÕES DAS OPERADORAS DE PLANO DE SAÚDE. APLICAÇÃO. ART. 3º, § 9º, III, DA LEI 9.718/98. INDENIZAÇÕES CORRESPONDENTES AOS EVENTOS OCORRIDOS. CONCEITO. ALCANCE. Configuram indenizações de eventos ocorridos, para o efeito da dedução da base de cálculo prevista no art. 3º, § 9º, III, da Lei nº 9.718/98, os pagamentos realizados pelas cooperativas para terceiros (tais como médicos, clínicas, hospitais e laboratórios credenciados), para suportar os atendimentos (tais como consultas médicas, exames laboratoriais, hospitalização, cirurgias, terapias etc), a que deram causa os usuários dos planos de saúde independente de se tratar de usuários da própria operadora ou de outras operadoras, desde que tenham sido efetivamente pagos, reduzidos dos valores reembolsados pelas outras operadoras. PIS/COFINS. OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. CONTRATOS OPERACIONAIS OU DE MERA INTERMEDIAÇÃO. SISTEMÁTICA DE REPASSE NÃO DEMONSTRADA. Não foi demonstrado o vínculo jurídico que obrigaria o repasse dos valores pagos pelos usuários, por parte da operadora, aos prestadores dos serviços. PIS/COFINS. OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. COPARTICIPAÇÃO PAGA PELO USUÁRIO. O ingresso de valores na operadora, pagos pelos usuários a título de co participação, corresponde a uma receita variável, devendo ser tratado da mesma maneira que as receitas fixas mensais correspondentes à manutenção da cobertura do plano de saúde. Fl. 386DF CARF MF Processo nº 13602.000524/200748 Acórdão n.º 3401003.807 S3C4T1 Fl. 382 11 23. Transcrevese, ainda, por pertinente, trecho da fundamentação do voto do conselheiro relator que integra o acórdão acima descrito: "Para a Fiscalização, as indenizações de eventos ocorridos apenas poderiam ser interpretadas como os pagamentos realizados pela operadora em favor de outra operadora. Para o contribuinte, as indenizações de eventos ocorridos referemse aos pagamentos que a operadora realiza aos médicos e prestadores de serviço em cumprimento à cobertura do amparo médico contratado pelos seus usuários e pelos usuários de outras operadoras de planos de saúde. Entendo que assiste razão ao contribuinte, primeiro porque fica claro que o legislador transportou para as operadoras de planos de saúde o mesmo método e racionalidade da apuração da receita que é aplicada às seguradoras. Não há como ignorar a identidade entre a sistemática de apuração prevista em relação às sociedades seguradoras, prevista no § 6º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, e a sistemática introduzida em relação às operadoras de planos de saúde no § 9º do mesmo dispositivo de Lei. No caso das empresas de seguros privados, a Lei assegura a dedução do 'valor referente às indenizações correspondentes aos sinistros ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de cosseguro e resseguro, salvados e outros ressarcimentos' (§ 6º, II)". 24. Adiciona, ainda, a este vetor argumentativo, no sentido de que os custos assistenciais das operadoras de planos de saúde devem ser deduzidos das suas receitas na apuração das referidas contribuições sociais, o reconhecimento, por parte do Superior Tribunal de Justiça, das exclusões em comento, em conformidade com o Recurso Especial nº 1.471.576/RS, de relatoria da Ministra Assusete Magalhães, que entendeu o § 9ºA do art. 3º da Lei nº 9.718/98, inserido pela Lei nº 12.873/2013, superveniente ao lançamento de ofício em apreço, dispositivo expressamente interpretativo, aplicando, à espécie, a determinação do inciso I do art. 106 do Código Tributário Nacional, que determina a sua aplicabilidade a ato ou fato pretérito: TRIBUTÁRIO. PIS/PASEP. OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. INDENIZAÇÕES CORRESPONDENTES AOS EVENTOS OCORRIDOS. CUSTOS ASSISTENCIAIS DECORRENTES DA UTILIZAÇÃO DA COBERTURA POR BENEFICIÁRIO DA PRÓPRIA OPERADORA E POR BENEFICIÁRIO DE OUTRAS OPERADORAS A TÍTULO DE TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADE. DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. POSSIBILIDADE. ART. 3º, § 9º, III, DA LEI Nº 9.718/98. INTERPRETAÇÃO EXPRESSAMENTE ADOTADA PELA LEI Nº 12.873/13 QUE INCLUIU O § 9ºA AO REFERIDO DISPOSITIVO. ART. 106 DO CTN. Fl. 387DF CARF MF 12 1. A discussão travada nos autos não diz respeito à incidência tributária sobre receita decorrente de ato cooperativo; antes, diz respeito às deduções da base de cálculo do PIS/PASEP autorizadas legalmente para as operadoras de planos de saúde. No caso, discutese alcance da expressão "valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago" prevista no inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98. 2. Somente é passível de dedução o valor que efetivamente integra a base de cálculo do tributo devido. Assim, ainda que se reconheça que os valores auferidos dos usuários (pacientes tomadores de serviço) pela cooperativa e repassados aos profissionais cooperativados (médicos) integram a base de cálculo do PIS/PASEP, nada impede que a legislação autorize deduções da referida base de cálculo, como efetivamente o fez. 3. O inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 permite a dedução da base de cálculo do PIS/PASEP "do valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago", não havendo limitação expressa no sentido de que sejam considerados apenas os eventos realizados com associados de outras operadoras; antes, o que se exige é o abatimento dos valores recebidos pela operadora a título de transferência de responsabilidades, que se referem aos gastos com associados de outras operadoras recuperados pela empresa, conforme se depreende da redação da parte final do dispositivo, no sentido de que o valor do benefício seja "deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades". 4. A interpretação a que se refere o art. 111 do CTN, é a literal, que não implica, necessariamente, diminuição do seu alcance, mas sim sua exata compreensão pela literalidade da norma. 5. Não cabe ao intérprete restringir o alcance do inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 somente aos eventos ocorridos com beneficiários de outras operadoras de planos de saúde quando a lei não fez tal distinção, mas apenas determinou o abatimento dos valores recuperados pela operadora a título de transferência de responsabilidade do montante a ser deduzido da base de cálculo do PIS/PASEP. 6. O valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, inclui os custos assistenciais decorrentes da utilização da cobertura tanto pelos beneficiários da própria operadora quanto pelos beneficiários de outras operadoras atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida, abatidas as importâncias recebidas a esse título. Tanto é assim que a Lei nº 12.873/13, ao incluir o § 9ºA no art. 3º da Lei nº 9.718/98, adotou expressamente a interpretação aqui declinada. 7. Por se tratar de dispositivo expressamente interpretativo, o § 9ºA do art. 3º da Lei nº 9.718/98, inserido pela Lei nº 12.873/13, chama à aplicação o art. 106 do CTN. 8. Recurso especial conhecido e não provido. Fl. 388DF CARF MF Processo nº 13602.000524/200748 Acórdão n.º 3401003.807 S3C4T1 Fl. 383 13 25. Em outro passo, cabe salientar que aquelas receitas não entendidas como próprias da atividade da entidade não compõem o faturamento, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, em repercussão geral, ao declarar a inconstitucionalidade da ampliação do conceito de receita bruta promovida pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718, em repercussão geral conforme se extrai do quanto decidido na Questão de Ordem no Recurso Extraordinário nº 585.235, de relatoria do Ministro. Cezar Peluso. 26. Ao se compulsar o conteúdo da Instrução Normativa DIOPE nº 36/2009, da Diretoria de Normas e Habilitação das Operadoras da Agência Nacional de Saúde (ANS), depreendese que as receitas combalidas pela defesa da contribuinte não se encontram entre as suas "atividades típicas", devendo ser excluídas da base de cálculo das contribuições em debate. 27. Neste sentido, à luz do entendimento do Supremo Tribunal Federal, entendeu a Resolução CARF nº 3801000.651, que o lançamento deveria ser ajustado à luz do conceito de faturamento adotado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), qual seja, a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza, bem como, em relação as deduções permitidas, adote a interpretação dada pelo § 9ºA do art. 3º da Lei nº 9.718/98 incluído pelo art. 19 da Lei nº 12.873, de 25/10/2013. 28. Em cumprimento à determinação em apreço, na diligência fiscal efetuada, foram consideradas como receitas tributáveis, de acordo com a escrituração contábil e fiscal da contribuinte, e de acordo, ainda, com o conceito de faturamento definido pelo Supremo Tribunal Federal: (i) ingressos relacionados a operações de plano de saúde (usuários próprios e de outras operadoras); (ii) odontologia; (iii) comissão; (iv) outros ingressos. 29. Na condição de deduções a serem mantidas, pois previstas expressamente nos itens I e II do § 9º da Lei nº 9.718/1998, aquelas relativas às “corresponsabilidades cedidas”; bem como as “variações das provisões técnicas”. 30. Constatou o relatório de diligência que a autuação não levou em conta as deduções referentes a "Eventos no atendimento de usuários próprios e de outras operadoras", registradas nas contas "2.2.1.1.0.9.01.0.0.0", "4.4.1.3.8.9.01.1.0.0.07" e "4.1.2.1", consideradas não previstas originalmente pelo inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, mas contempladas pela Resolução CARF em referência. 31. A diligência realizou, por fim, a apuração das bases de cálculo dos períodos de apuração de junho a dezembro de 2002, e de janeiro a dezembro de 2003, de forma a subtrair, dos ingressos: (i) indenizações de eventos; (ii) coresponsabilidades cedidas; e (iii) variação de provisões técnicas. 32. A partir da reapuração das bases de cálculo, passou a ajustar o lançamento de PIS e chegou, ao final, a um crédito devido pela contribuinte no valor de R$ 29.348,32. 33. Recordase, por fim, que, segundo se depreende da manifestação da contribuinte sobre a diligência efetuada, em que pese inexistir oposição quanto aos ajustes realizados no lançamento, bem como quanto à apuração dos valores devidos, esclarece que tal crédito supostamente devido pela contribuinte se encontra depositado judicialmente no Mandado de Segurança nº 2002.38.00.0307353. Fl. 389DF CARF MF 14 Assim, voto por conhecer e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para o fim de acolher, única e exclusivamente, o resultado da diligência, em conformidade com o Relatório de Diligência Fiscal, de 08/04/2016, situado às fls.341 a 354, em seus iguais e precisos termos. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Fl. 390DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13227.900810/2012-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jun 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do Fato Gerador: 18/01/2008
PIS/COFINS. NÃO CUMULATIVIDADE. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada de provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional, para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.297
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Recorrente AUTO POSTO IRMÃOS BATISTA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do Fato Gerador: 18/01/2008 PIS/COFINS. NÃO CUMULATIVIDADE. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada de provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional, para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 22 7. 90 08 10 /2 01 2- 05 Fl. 50DF CARF MF Processo nº 13227.900810/201205 Acórdão n.º 3301003.297 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte contra decisão consubstanciada no Acórdão nº 06048.603, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) – DRJ/CTA – que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo Contribuinte. Por meio do Despacho Decisório, emitido pela DRF JiParaná, o pedido de restituição foi indeferido, uma vez que o crédito informado, correspondente ao pagamento de Data do Fato Gerador: 18/01/2008, já estava integralmente utilizado para quitação de débito do contribuinte. Cientificada da decisão administrativa, a interessada apresentou manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, que: é empresa dedicada ao comércio varejista de combustíveis e lubrificantes e a prestação de serviços afins. Assim, por adquirir combustíveis para revenda com incidência monofásica de PIS e Cofins e promover a saída desses combustíveis à alíquota zero, equivocadamente, deixou de constituir os demais créditos das contribuições (demais insumos e produtos/serviços, excluídas as aquisições de combustíveis) que lhe são autorizados conforme determinação do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003. Diz que refez a apuração do PIS e da Cofins do período, em face da não apropriação de créditos autorizados em lei, e apurou novos valores de débitos, todos demonstrados em Dacon retificador, de forma que os valores recolhidos e declarados na DCTF à época revelaramse indevidos e/ou maiores que os devido. Por fim, solicita a reforma da decisão, para que seja reconhecido o direito creditório pleiteado e para que seja determinada a suspensão da exigência do crédito tributário, até que seja proferido despacho decisório definitivo. Tendo em vista a negativa do Acórdão da 3ª Turma da DRJ/CTA, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo Contribuinte, este ingressou com Recurso Voluntário visando reformar a referida decisão. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.268, de 30 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 13227.900788/201295, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.268): Fl. 51DF CARF MF Processo nº 13227.900810/201205 Acórdão n.º 3301003.297 S3C3T1 Fl. 4 3 O Recurso Voluntário, de 13 de novembro de 2014, interposto pelo Contribuinte, em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 0648.583, de 27 de agosto de 2014, é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. O ora analisado Recurso Voluntário visa reformar decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do Fato Gerador: 14/07/2006 PIS/PASEP. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CREDITÓRIO INFORMADO NO PER/DCOMP. Inexistindo comprovação do direito creditório informado no PER/DCOMP, é de se manter o indeferimento do pedido. PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS PASSÍVEIS DE UTILIZAÇÃO. COMPROVAÇÃO. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar a existência de créditos passíveis de aproveitamento no sistema da não cumulatividade. O presente processo diz respeito ao Despacho Decisório nº de rastreamento 031047802 (fl. 5), de 4 de setembro de 2012, que indeferiu o pedido do Contribuinte de restituição de pagamento de PIS/COFINS (PER nº 41619.73872.130508.1.2.04 3004) no valor de R$ 390,64 por alegada inexistência do referido crédito. Nas razões do Recurso Voluntário o Contribuinte aduz que o Acórdão ora recorrido e o Despacho Decisório não verificaram a origem dos créditos. Cito trecho do recurso em análise para elucidar o caso (fls. 35 e 36): Vale reprisar: a Recorrente refez sua apuração de Pis e Cofins no período em debate em face da não apropriação de créditos autorizados em lei e apurou novos valores de débitos destas contribuições, todo demonstrados em DACON Retificador, de forma que os valores recolhidos e declarados na DCTF à época revelaramse indevidos e/ou maiores que os efetivamente devidos conforme demonstramos acima. Desta forma, o valor indevido (diferença entre o valor recolhido e o declarado na DCTF e o novo valor demonstrado em DACON) corresponde ao valor objeto de pedido de restituição ora debatido. O crédito utilizado por compensação na Dcomp não homologada pelo Acórdão em debate pode ser confirmado na Dacon retificadora do período em epígrafe, cujo recibo de entrega já integra os autos deste processo, na qual está demonstrada toda a apuração de créditos que resultou em saldo credor a favor da Recorrente. No entanto, de imediato verificase que a análise do pedido da Recorrente foi realizada parcialmente pela Receita Federal, já Fl. 52DF CARF MF Processo nº 13227.900810/201205 Acórdão n.º 3301003.297 S3C3T1 Fl. 5 4 que aparentemente a Dacon retificadora apresentada não foi analisada. Apenas o Pedido de restituição foi analisado. Sendo assim, ao efetuar o cruzamento de informações entre DACON Retificadora x DCTF x Pedido de Restituição se verificará claramente que o valor ora requerido é exatamente o valor que foi recolhido indevidamente (conforme demonstrado na DACON) e que deve, portanto, ser restituído à Recorrente. De fato a Recorrente não retificou as DCTFs em relação a tais valores mas não o fez por julgar o Dacon o documento demonstrativo suficiente para este fim. Também não o fez por considerar que a DCTF é o documento no qual deve permanecer o pagamento do Darf efetivamente realizado, para que, quando comparado ao valor da contribuição apurada e demonstrada em DACON, a diferença corresponda ao crédito pleiteado. E, de fato, se houvesse ocorrido o cruzamento do Dacon com a DCTF facilmente se verificaria e se confirmaria o crédito da Recorrente. Assim, o crédito existe, foi efetivamente demonstrado e como tal deve ser reconhecido à Recorrente. O fato de ter incorrido em erro por não retificar a DCTF não pode ser motivo de glosa e não reconhecimento de um crédito que está devidamente demonstrado em Dacon, já que neste demonstrativo podese verificar o valor devido no período a título da contribuição em debate, e cujo valor a favor da Recorrente pode ser facilmente confirmado pela análise conjunta dos dados – Dacon x DCTF, do qual se confirmará que o valor pleiteado é apenas a diferença recolhida a maior e, que a Recorrente manteve na DCTF, justamente para que se confirme o pagamento a maior consta da base de dados da Receita Federal. O acórdão ora analisado indeferiu o pedido do Contribuinte por entender que o crédito pleiteado não existia, conforme se verifica no seguinte trecho do voto (fl. 26): Como já dito, o indeferimento do pedido deveuse porque o crédito indicado não existia, ou seja, na data da ciência do despacho decisório, o DARF informado como origem do crédito, estava totalmente utilizado para a quitação de débito da contribuinte que foi validamente declarado em DCTF. Na sequência dos fatos, a interessada diz que procedeu à retificação do Dacon (zerando o valor da contribuição devida ao PIS e à Cofins) e requer, por isso, o deferimento do seu pleito. Nesse contexto, devese observar que, ainda que tivessem sido retificados os valores declarados em DCTF, que, como é sabido, é o instrumento de confissão de dívida e de constituição definitiva do crédito tributário (art. 5.º do Decretolei nº 2.124/84 e Instruções Normativas da RFB que dispõem sobre a DCTF), somente seria possível a admissão da retificação mediante a comprovação do erro em que se funde, justamente, porque visa a reduzir ou excluir tributo, como estabelecido pelo Fl. 53DF CARF MF Processo nº 13227.900810/201205 Acórdão n.º 3301003.297 S3C3T1 Fl. 6 5 art. 147, § 1º da Lei nº 5.172, de 25/10/1966. O Dacon, por sua vez, tem o objetivo de refletir os controles feitos pelo sujeito passivo de todas as suas operações capazes de influenciar a apuração das contribuições devidas a título de PIS e Cofins, bem como dos respectivos créditos a serem descontados, deduzidos, compensados ou ressarcidos; mas, apresentado isoladamente, não tem o peso necessário para retificar informações declaradas tempestivamente em DCTF. (grifouse) Cabe salientar que para o ressarcimento e ou compensação tributária exigese do contribuinte a demonstração da liquidez e certeza do crédito pleiteado como dispõe o art. 170 do Código Tributário Nacional: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. (grifou se). Neste sentido foi a conclusão do voto do ora recorrido acórdão que assim expôs (fl. 27): Nesse contexto, cabe enfatizar que a comprovação da existência de crédito junto à Fazenda Nacional é atribuição dos interessados, cabendo à autoridade administrativa, por sua vez, examinar a liquidez e certeza de que teriam sido repassadas aos cofres públicos importâncias superiores àquelas devidas, de acordo com a legislação pertinente, e autorizando, após confirmação de sua regularidade, a restituição ou compensação do crédito conforme vontade expressa da contribuinte. (grifou se). Percebese no presente processo que o Contribuinte não apresenta provas cabais, por intermédio da escrituração fiscal e contábil e/ou documentos fiscais, para que se possa verificar a base de cálculo da contribuição e o alegado valor recolhido a maior. Neste sentido, constase que o Contribuinte trouxe, por meio do Recurso Voluntário, os mesmos argumentos trazidos já na fase da Manifestação de inconformidade, com a inclusão de alguns novos argumentos, mas sem apresentar provas que demonstrem o seu direito creditício junto à Fazenda Nacional. Sendo assim, tendo em vista os autos do processo e a legislação aplicável, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte, mantendo o entendimento do Acórdão ora analisado. Nos termos do entendimento exarado no paradigma, no presente processo o Contribuinte, da mesma forma que no caso do paradigma, não apresenta provas cabais, por intermédio da escrituração fiscal e contábil e/ou documentos fiscais, para que se possa verificar a base de cálculo da contribuição e o alegado valor recolhido a maior, que demonstrem o seu direito creditício junto à Fazenda Nacional. Fl. 54DF CARF MF Processo nº 13227.900810/201205 Acórdão n.º 3301003.297 S3C3T1 Fl. 7 6 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 55DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.903362/2011-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004.
É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.003
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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DIREITO DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA CONCENTRADA. Recorrente AUTO R COMERCIAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1ºA DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 33 62 /2 01 1- 12 Fl. 89DF CARF MF Processo nº 13839.903362/201112 Acórdão n.º 3302004.003 S3C3T2 Fl. 3 2 Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Restituição e Ressarcimento – PER, formulado através do programa PER/Dcomp, pelo qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de COFINS incidência não cumulativa – mercado interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado, devido a vedação legal de aproveitamento de créditos incidente nas operações de aquisição de produtos sujeitos a tributação monofásica/concentrada. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06049.530. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, não ampara o creditamento das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, em decorrência de vedação legal expressa para o aproveitamento do crédito nas vendas submetidas à incidência monofásica. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reiterando as alegações deduzidas em manifestação de inconformidade, calcadas nas seguintes premissas: 1. Que a recorrente se sujeita à incidência nãocumulativa; 2. Que havia uma vedação ao creditamento conforme o disposto no artigo 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003; 3. Que foi atribuída alíquota zero aos produtos da recorrente, portanto, não se trata de monofasia, o que ocorreria se houvesse apenas uma incidência na cadeia; 4. Que a nãocumulatividade foi aperfeiçoada com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e que esta é uma norma multitemática, ou seja, não restrita ao REPORTO; 5. Que o artigo 16 da Lei 11.116/2005 robusteceu o caráter abrangente do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004; 6. Ambas as leis não ressalvaram quais os casos permaneceriam na regra antiga e que o direito ao creditamento é coerente à técnica da nãocumulatividade das contribuições (método subtrativo indireto); 7. O artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 veio justamente para os casos em que havia vedação ao creditamento; 8. Que pretendeuse mitigar a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 com a edição das MP nº 413/2008 e 451/2008, criando vedações ao creditamento, as quais não foram mantidas na conversão de ambas medidas provisórias; Fl. 90DF CARF MF Processo nº 13839.903362/201112 Acórdão n.º 3302004.003 S3C3T2 Fl. 4 3 9 Que a nãocumulatividade das contribuições não guarda relação com o arrecadado anteriormente ou posteriormente na cadeia produtiva. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.750, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.720142/201145, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.750): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. O pedido de ressarcimento foi efetuado com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 combinado com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, abaixo transcritos: Lei nº 11.116/2005: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. O fundamento da recorrente recai essencialmente na possibilidade de se tomar créditos da nãocumulatividade de Cofins em razão do disposto no artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e de se pedir o ressarcimento com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005. Fl. 91DF CARF MF Processo nº 13839.903362/201112 Acórdão n.º 3302004.003 S3C3T2 Fl. 5 4 A Lei nº 10.485/2002 estabeleceu a concentração de tributação no fabricante e importadores de determinados veículos e autopeças, dispondo no §2º que os comerciantes atacadistas e varejistas ficassem sujeitos à alíquota zero sobre suas receitas de revendas: § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I o caput deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II o caput do art. 1o desta Lei, exceto quando auferida pelas pessoas jurídicas a que se refere o art. 17, § 5o, da Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) Com base, nesta receita sujeita à alíquota zero, é que a recorrente entende possível a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, isto é, a tomada de créditos sobre a revenda de máquinas e veículos constantes das posições da TIPI constantes do artigo 1º da Lei nº 10.485/2002 e de autopeças constantes dos Anexos I e II da referida lei. Ocorre que, não obstante estar sujeita ao regime nãocumulativo das contribuições, as alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente a tomada de créditos sobre bens adquiridos para revenda pelas pessoas jurídicas que comercializam os produtos referidos nos artigos 1º e 3º da Lei nº 10.485/2002, como transcrevese a seguir: Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) § 1o Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) [...] III no art. 1o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) IV no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) [...] Fl. 92DF CARF MF Processo nº 13839.903362/201112 Acórdão n.º 3302004.003 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) Por sua vez, o artigo 17 dispôs genericamente que as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Ora, este artigo não traz nenhuma hipótese de creditamento, mas apenas esclarece que nas situações ali previstas, os créditos vinculados àquelas vendas são mantidos. E tais créditos são, justamente, as hipóteses que a legislação faculta ao contribuintes a sua tomada, como por exemplo, os artigos 3º das leis acima citadas, o artigo 15 da Lei nº 10.865/2004 e outros quaisquer artigos que veiculem hipóteses de creditamento. O item 191 da exposição de motivos da MP nº 206/2004, cuja conversão resultou na Lei nº 11.033/2004, confirma este entendimento na medida que dispôs que a redação do artigo 16, convertido no artigo 17 acima referido, visava "esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS." Não por outro motivo, que o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 dispôs sobre a possibilidade de ressarcimento e compensação do saldo credor vinculado às vendas mencionadas no artigo 17, vinculandoos à forma de apuração do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, reconhecendo, por óbvio, que ali estavam listadas as hipóteses de creditamento e não que o artigo 17 inovara toda a legislação, revogando o artigo 3º e redefinindo as hipóteses de creditamento, o que seria a consequência inevitável da tese da recorrente. Ressaltase, porém, que o artigo 17 não proibiu a tomada de créditos vinculados às receitas sujeitas à alíquota zero decorrentes das revendas dos bens de que tratam este processo em relação às demais hipóteses previstas no artigo 3º, proibição esta que foi, conforme mencionado pela recorrente, objeto de duas tentativas propostas pelo Executivo Federal nas MPs nº 413/2008 e 451/2008. Ocorre que, como também já mencionado na peça recursal, tais dispositivos não foram contemplados na conversão das duas MPs, mantendose a possibilidade de creditamento em relação às demais hipóteses do artigo 3º, entendimento confirmado na Solução de Consulta nº 218/2014. Assim, referidas MP´s pretenderam impedir o creditamento das demais hipóteses legais previstas nos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, mas 1 19. As disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Fl. 93DF CARF MF Processo nº 13839.903362/201112 Acórdão n.º 3302004.003 S3C3T2 Fl. 7 6 foram irrelevantes em relação à vedação específica contida na alínea "b" do inciso I do artigo 3º, que se destina justamente à vedação do creditamento relativo aos bens adquiridos para revenda de que tratam os §§1º e 1ºA do artigo 2º das referidas leis. Neste diapasão, citase o Acórdão nº 340301.566: Ementa: COFINS – REGIME MONOFÁSICO – IMPOSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS O artigo 17 da Lei 11.033/2004, que garante a manutenção do crédito às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, só se aplica aos setores ou produtos sujeitos regime nãocumulativo, não se aplicando aos produtos sujeitos ao regime monofásico. Portanto, diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, na aquisição de bens para revenda adquiridos por comerciantes atacadistas e varejistas de produtos sujeitos à tributação concentrada referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis, se aplica tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 94DF CARF MF
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Numero do processo: 18050.008872/2008-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 01/01/2005
NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO QUANTO À MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. PRECLUSÃO.
Face à ausência de contestação de parte das infrações apuradas no lançamento, quando de sua impugnação no julgamento de primeiro grau, a matéria quedou preclusa, sendo vedado à parte inovar no pedido ou na causa de pedir em sede recursal.
NULIDADE. ALEGAÇÕES GENÉRICAS.
Não prosperam alegações genéricas de nulidade quando não demonstrado, efetivamente, a existência de prejuízo ao direito de defesa.
DECLARAÇÃO RETIFICADORA ENTREGUE PELO CONTRIBUINTE. AUSÊNCIA DE ESPONTANEIDADE APÓS O INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL.
As declarações retificadoras entregues após o início do procedimento fiscal carecem de espontaneidade por força do disposto no § 1º do art. 7º do Decreto nº 70.235/72.
RECONHECIMENTO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. COMPETÊNCIA DA FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA.
Insere-se no âmbito da competência da autoridade fiscal o reconhecimento da condição de segurado empregado, para fins de incidência de contribuições previdenciárias.
ALUGUEL. DIRETORA TRANSFERIDA. NATUREZA SALARIAL.
De acordo com a alínea 'm' do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, não integram o salário-de-contribuição os valores correspondentes a habitação, desde que fornecidos pela empresa a empregado contratado para trabalhar em localidade distante de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho.
Numero da decisão: 2402-005.817
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo, Presidente
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson, Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo, Presidente (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 01/01/2005 NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO QUANTO À MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. PRECLUSÃO. Face à ausência de contestação de parte das infrações apuradas no lançamento, quando de sua impugnação no julgamento de primeiro grau, a matéria quedou preclusa, sendo vedado à parte inovar no pedido ou na causa de pedir em sede recursal. NULIDADE. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. Não prosperam alegações genéricas de nulidade quando não demonstrado, efetivamente, a existência de prejuízo ao direito de defesa. DECLARAÇÃO RETIFICADORA ENTREGUE PELO CONTRIBUINTE. AUSÊNCIA DE ESPONTANEIDADE APÓS O INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. As declarações retificadoras entregues após o início do procedimento fiscal carecem de espontaneidade por força do disposto no § 1º do art. 7º do Decreto nº 70.235/72. RECONHECIMENTO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. COMPETÊNCIA DA FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA. Inserese no âmbito da competência da autoridade fiscal o reconhecimento da condição de segurado empregado, para fins de incidência de contribuições previdenciárias. ALUGUEL. DIRETORA TRANSFERIDA. NATUREZA SALARIAL. De acordo com a alínea 'm' do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, não integram o saláriodecontribuição os valores correspondentes a habitação, desde que fornecidos pela empresa a empregado contratado para trabalhar em localidade distante de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 05 0. 00 88 72 /2 00 8- 51 Fl. 672DF CARF MF 2 força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo, Presidente (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 673DF CARF MF Processo nº 18050.008872/200851 Acórdão n.º 2402005.817 S2C4T2 Fl. 108 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador (BA) DRJ/SDR, que julgou procedente em parte auto de infração DEBCAD nº 37.199.9332, atinente às competências 01/2004 a 01/2005, e que se refere a contribuições patronais devidas pela empresa incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer titulo aos segurados empregados e contribuintes individuais, mais a contribuição destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. Constam dos autos os seguintes levantamentos, consoante bem relatado na decisão guerreada (fls. 617/618): 2.1. COI — CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. Remunerações pagas aos segurados contribuintes individuais, prestadores de serviços sem vinculo empregaticio, não declaradas em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações a Previdência Social (GFIP). A empresa não arrecadou, mediante desconto, as contribuições dos segurados desses contribuintes individuais. 2.2. DAL — Diferença de Acréscimos Legais. Referente as diferenças decorrentes de recolhimento a menor de atualização monetária, juros ou multa de mora, considerandose como competência para lançamento aquela em que foi efetuado o recolhimento a menor. 2.3. ENE — ENQUADRAMENTO SEG EMPREGADO. Remunerações pagas ao segurado José Carlos de Sá Teles no período de 01/04 a 06/04, conforme Recibos de Pagamento a Autônomo (RPA). A empresa não arrecadou, mediante desconto em recibo, as contribuições desse segurado. A fiscalização efetuou o enquadramento deste segurado como empregado uma vez que foram verificadas as características de uma relação de emprego: pessoalidade — não podia o segurado fazerse substituir por outro colega; não eventualidade — os serviços prestados eram contínuos e correspondiam a uma necessidade permanente da empresa; onerosidade — em contraprestação aos serviços executados pelo segurado, o mesmo era remunerado mensalmente; subordinação — a subordinação fica evidente quando se coloca a obrigação do segurado de comparecer de segunda a sexta sempre no mesmo horário conforme folha de freqüência assinada. 2.4. FRE — FRETE PESSOA FÍSICA. Valores pagos ao condutor rodoviário autônomo pessoa física Nerinei Góes de Santana, CPF 481.879.76500, pelos serviços de transporte de funcionários da Bolland, conforme notas fiscais e lançamentos no Livro Diário e não declarados em GFIP. A empresa não arrecadou, mediante desconto em recibo, as contribuições desse segurado. 2.5. PLI — PRO LABORE INDIRETO. Valor creditado diretamente na conta corrente do segurado contribuinte individual, diretor Enrique Luis Dupertuis, a titulo de aluguel pelo uso do automóvel particular do mesmo por ele próprio, ou seja, o diretor fazia uso de seu carro particular e a empresa lhe pagava mensalmente um valor por esse uso. Tais Fl. 674DF CARF MF 4 valores creditados em sua conta bancária não tinham natureza de ressarcimento de despesas com o transporte, uma vez que não houve comprovação de nenhuma despesa e o valor pago foi exatamente o mesmo durante todo o ano de 2004. 2.6. SAI — SALÁRIO INDIRETO. Valor pago diretamente pela empresa pelo aluguel e condomínio da empregada Carla dos Santos Nascimento. 2.7. DFG — DIFERENÇA FOLHA GFIP. Remunerações pagas aos segurados empregados e diretores em contraprestação aos serviços prestados conforme folhas de pagamento e não declaradas em GFIP. Nestas folhas de pagamento a empresa arrecadou as contribuições dos segurados empregados e diretores, mediante desconto em folha de pagamento. 2.8. DEC — FOLHA DÉCIMO TERCEIRO. Remunerações pagas aos segurados empregados em contraprestação aos serviços prestados conforme folhas de pagamento do décimo terceiro salário e não declaradas em GFIP. Nestas folhas de pagamento a empresa arrecadou as contribuições dos segurados empregados, mediante desconto em folha de pagamento. 2.9. VDA — VALOR DECL DURANTE AÇAO FISCAL. Remunerações pagas aos segurados empregados e diretores, na competência 12/04, em contraprestação aos serviços prestados conforme folhas de pagamento, declaradas em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) durante a ação fiscal. Nestas folhas de pagamento a empresa arrecadou as contribuições dos segurados empregados e diretores, mediante desconto em folha de pagamento. Impugnado o lançamento (fls. 134/150), no julgamento de primeiro grau (fls. 615/627) foi cancelado em sua totalidade o levantamento PLI e parcialmente o levantamento SAI, do qual foi excluído valor de R$ 2.810,41 relativo a compra de móveis. O contribuinte interpôs recurso voluntário em 20/9/2010 (fls. 633 e ss), aduzindo, em síntese, que: deve ser declarada a nulidade do auto de infração, pois este carece de clareza, não traz adequada fundamentação legal e descrição precisa dos fatos, tampouco veicula "correlação fácil com as planilhas de cálculos das contribuições", além de não poder ser compreendido em que relatório estão as exigências formuladas pelo Fisco, implicando tais aspectos em cerceamento de seu direito de defesa; as diferenças, em grande parte, são decorrentes de falha no momento da apresentação de GFIP retificadora, a qual apagou os dados anteriores. Entretanto, é certo que as falhas já foram corrigidas, posteriormente à ação fiscal, com a apresentação das GFIP retificadoras, de modo que são eliminadas as diferenças apuradas sob as rubricas DFG, DEC, COI e VDA, demandando, então, revisão fiscal, o que sanaria, outrossim, as falhas relativas às remunerações dos diretores; sendo o salário de contribuição o valor de remuneração, não há como incluir despesas de moradia, e, assim, a empregada Carla Nascimento, residente no Estado do Rio de Janeiro, que exercia a função de diretora, por questões de necessidade e conveniência da empresa, foi deslocada para trabalhar por um período na filial Camaçari e, por essa razão, passou a residir em Salvador. Para tanto, celebrou, em 21 de dezembro de 2003, contrato de locação pelo prazo de trinta meses, no qual a empresa figurou como fiadora, o qual foi rescindido em dezembro de 2004, quando a Sra. Carla desligouse da empresa com o fim de Fl. 675DF CARF MF Processo nº 18050.008872/200851 Acórdão n.º 2402005.817 S2C4T2 Fl. 109 5 voltar a habitar no Rio de Janeiro, local onde residia originariamente. Dessa forma, o pagamento pela empresa das despesas de aluguel e condomínio identificados pela auditora não podem ser enquadrados como salário indireto, vez que se subsumem à hipótese legal; a fiscalização não tem competência para reconhecer como relação de emprego o vínculo entre o recorrente e José Carlos de Sá Teles, não se prestando para tanto o art. 229, § 2º do Decreto nº 3.048/99, por não ser lei ordinária; a multa de ofício é inconstitucional dado que confiscatória e que a Selic não pode ser utilizada como taxa de juros moratórios. É o relatório. Fl. 676DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, porém dele conheço apenas parcialmente. Isso porque o simples cotejo entre a impugnação e o recurso voluntário revela que determinados aspectos da autuação não foram contestados quando da impugnação, mas na inconformidade ora enfrentada foram levantados, a saber a multa de ofício aplicada e a utilização da taxa Selic. Mister notar que o contribuinte não pode modificar o pedido ou invocar outra causa petendi (causa de pedir) nesta fase do contencioso, sob pena de violação do princípio da congruência e ofensa aos arts. 16 e 17 do Decreto nº 70.235/72, bem como aos arts. 141, 223, 329 e 492 do Código de Processo Civil, mormente quando não há razão para só agora aduzir os questionamentos referidos. Cumpre, destarte, não conhecer dessas razões recursais, as quais restam preclusas, por força de expressa disposição legal. No que tange à aventada ausência de clareza do auto de infração, o recorrente faz alegações genéricas, sem apontar, em específico, onde estariam as supostas incongruências que permeiam o lançamento. Afirma, nessa senda, que haveriam inconsistências nos relatórios que acompanham o auto, e diz que as exigências constantes do Relatório de Lançamentos não guardam qualquer correspondência com as elencadas nos demais relatórios, no entanto não traz um exemplo sequer a corroborar tais assertivas. Merece observar, por oportuno, que, ao contrário do alegado, a fundamentação legal está devidamente e minuciosamente consignada às fls. 40/42, e estão devidamente associadas, ao contrário do alude a peça recursal, às infrações constatadas nos presentes autos. Já a descrição dos fatos se apresenta adequadamente circunstanciada no Relatório às fls. 45/50. Prossegue, ainda, o recorrente, nessa ordem de idéias, a contestar genericamente o auto de infração, sem trazer qualquer argumento de substância que pudesse suportar a pretensa nulidade postulada. Se querse levantar ser equivocado ou mal constituído o lançamento de ofício, há que se apontar, concretamente, as falhas que assim o demonstram, não simplesmente afirmar que todas as peças que acompanham o auto tem problemas e causam prejuízo à defesa, sem nada comprovar, sob pena de rejeição desse tipo de arguição. Não se vislumbra na espécie, aliás, qualquer das hipóteses ensejadoras da decretação de nulidade do lançamento consignadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72, Fl. 677DF CARF MF Processo nº 18050.008872/200851 Acórdão n.º 2402005.817 S2C4T2 Fl. 110 7 havendo sido todos os atos do procedimento lavrados por autoridade competente, sem qualquer prejuízo aferível ao direito de defesa do contribuinte, o qual recorre de seus termos evidenciando pleno conhecimento das exigências que lhe são imputadas. Inexiste, portanto, vestígio sequer de procedência nas alegações contidas na peça recursal, ao defenderem ter havido cerceamento de defesa a ocasionar a nulidade da autuação. Quanto às GFIPs apresentadas após o início da ação fiscal, cabe lembrar que o art. 138 do CTN assim dispõe: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Por seu turno, rezam os §§ 1º e 2º do art. 7º do Decreto nº 70.235/72: Art. 7º O procedimento fiscal tem início com:(Vide Decreto nº 3.724, de 2001) I o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; (...) § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. § 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos. Destarte, o fato de que as pretensas "correções" efetuadas pelo contribuinte via entrega de GFIPs retificadoras, transmitidas após o início da ação fiscal, não geraram efeitos no auto de infração, não decorre de elucubração da decisão contestada, como o contribuinte parece insinuar. Tratase de mera aplicação de preceitos muito conhecidos e consagrados do CTN e da legislação que rege o processo administrativo tributário federal, valendo destacar que os pagamentos associados às GFIPs retificadoras foram devidamente aproveitados na autuação, consoante atestam o Relatório de Documentos Apresentados (RDA), fls. 30/33 e o Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados (RADA), fls. 34/36. Acrescentese que, como bem observado na decisão recorrida, o lançamento tomou por base as folhas de pagamento, recibos de pagamento de contribuintes individuais e a contabilidade. Por conseguinte, os fatos geradores objeto do lançamento foram devidamente apurados em documentos elaborados pelo contribuinte, não sendo provenientes de erro no Fl. 678DF CARF MF 8 preenchimento da GFIP, sendo lançada no auto de infração a diferença entre o valor apurado e o declarado naquele documento. Nesse contexto, resta sem respaldo o arrazoado vertido no sentido de que eventuais erros relativos às remunerações pagas aos diretores teriam sido corrigidos pelas retificadoras, haja vista que a legislação a elas não atribuiu, no caso analisado, os efeitos pretendidos pelo recorrente. Aliás, ao contrário do que esse refere, desnecessário a instância vergastada ter se pronunciado expressamente sobre a remuneração paga aos diretores, dado que a única alegação a embasar sua inconformidade nesse ponto é a de que as retificadoras teriam corrigido as falhas admitidas, o que não pode prosperar, tendo em vista a já abordada ineficácia dessas retificadoras, devidamente abordada também no julgamento a quo. Quanto aos valores pagos a título de aluguel à empregada Carla dos Santos Nascimento (contrato às fls. 182/184), necessário colacionar a regra estabelecida na alínea 'm' do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) m) os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; Ainda que o contribuinte defenda que os alugueres pagos com vistas à locação de imóvel residencial em benefício de diretora da empresa que foi transferida do Rio de Janeiro (RJ) para Camaçari (BA) se enquadram no preceito encimado, não há como lhe dar razão. Vejase que, como regra, valores pagos a título de moradia para funcionários constitui remuneração/salário indireto, pois traduzemse em montantes que o trabalhador teria de despender, utilizandose dos rendimentos auferidos do vínculo laboral. E, no caso em comento, a diretora transferida para Camaçari não foi contratada para trabalhar em local distante de sua residência, como requer o enunciado legal isentivo, mas sim passou a morar, no curso do vínculo laboral, em outra localidade, a qual se trata de cidade de porte médio em relação à qual não há notícia de que possua carência de imóveis para aluguel. Fl. 679DF CARF MF Processo nº 18050.008872/200851 Acórdão n.º 2402005.817 S2C4T2 Fl. 111 9 À evidência, se assim ocorresse, poderia se chegar à conclusão de que o pagamento desses aluguéis seria indispensável ao trabalho da diretora, consubstanciandose a moradia em verdadeira utilidade para o trabalho, sem natureza salarial. Não é, contudo, o que se conclui da situação analisada, pois não resta demonstrada a precitada carência de imóveis, tampouco que os demais trabalhadores da empresa naquele município gozem de similar benesse, concluindose, daí, pela improcedência do pleito formulado. Nesse rumo, aliás, vem caminhando a jurisprudência do CARF, valendo citar, ilustrativamente, os Acórdãos nos 240101.869 (j. 8/6/2011), 2301003.996 (j.15/4/2014) e 2403000.689 (j. 25/8/2011). No tocante ao levantamento ENE, temse que o único argumento ventilado no recurso é o de que a fiscalização fazendária seria incompetente para desconstituir uma relação de trabalho válida e considerála como relação de emprego, o que seria função privativa da Justiça do Trabalho. Sem razão, entretanto. Gizam os arts. 12 e 33 da Lei nº 8.212/91: Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; (...) Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. Por seu turno, o art. 2º da Lei nº 11.457/07 reforça a esfera de competência da Receita Federal do Brasil quanto à fiscalização das contribuições em comento: Art.2o Além das competências atribuídas pela legislação vigente à Secretaria da Receita Federal, cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art.11 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e das contribuições instituídas a título de substituição. Registrese que, quando da sanção presidencial à Lei nº 11.457/07, o Presidente da República vetou o § 4º do artigo 6º desse diploma, o qual excluía das atribuições da autoridade fiscal “a desconsideração da pessoa, ato ou negócio jurídico que implique reconhecimento de relação de trabalho, com ou sem vínculo empregatício”, estabelecendo que a atuação fiscal, nesses casos, deveria ser precedida de decisão judicial. Segundo as razões de Fl. 680DF CARF MF 10 veto “condicionar a ocorrência do fato gerador à existência de decisão judicial não atende ao princípio constitucional da separação (sic) dos Poderes”. De fato, o que se violaria seria a atuação do poder fiscalizatório justamente na hipótese mais grave das relações de trabalho, ou seja, quando se constata a evasão fiscal decorrente da falta de formalização (ou desvirtuação) do contrato de trabalho e consequente inadimplemento das contribuições ao sistema. Então, para analisar as condições de incidência das contribuições previdenciárias, têm as autoridades fazendárias o poderdever de verificar a relação jurídica existente entre o prestador de serviços e o tomador, checando a ocorrência de não eventualidade e subordinação. Tal feito tem supedâneo normativo expresso no art. 142 do CTN e, adicionalmente, no § 2º do art. 229 do Decreto nº 3.048/99 (RPS), o qual regra que "Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado". Nesse sentido, temse sucessivas decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ), tais como as prolatadas nos RESP nºs 236.279, 515.521, 575.086 e 894.571/SP. Não é demasiado lembrar, ainda, que em caso de constatação de fraudes nas relações trabalhistas, o art. 9º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) regra que são nulos de pleno direito os atos praticados para viabilizálos, havendo, por outra via, amparo normativo no inciso VII do art. 149 do CTN para a imputação do gravame tributário nessas situações. Inexiste, em decorrência, qualquer mácula na ação fiscal tanto no tocante à competência para o reconhecimento da existência de relações jurídicas aptas a atrair a incidência das contribuições previdenciárias, ainda que de cunho empregatício. Ante o exposto, voto no sentido de conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 681DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11831.004260/2003-49
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1995
Ementa:
RECURSO ESPECIAL. SÚMULA CARF 91. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. 10 ANOS. SÚMULA CARF 91.
Nos termos de decisão Plenária do STF e da Súmula CARF 91, o prazo para compensação é de 10 anos quanto às declarações de compensação apresentadas antes de 9 de junho de 2005.
Numero da decisão: 9101-002.881
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento com retorno dos autos ao colegiado de origem.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Cristiane Silva Costa - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício).
Nome do relator: CRISTIANE SILVA COSTA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1995 Ementa: RECURSO ESPECIAL. SÚMULA CARF 91. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. 10 ANOS. SÚMULA CARF 91. Nos termos de decisão Plenária do STF e da Súmula CARF 91, o prazo para compensação é de 10 anos quanto às declarações de compensação apresentadas antes de 9 de junho de 2005.
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SÚMULA CARF 91. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. 10 ANOS. SÚMULA CARF 91. Nos termos de decisão Plenária do STF e da Súmula CARF 91, o prazo para compensação é de 10 anos quanto às declarações de compensação apresentadas antes de 9 de junho de 2005. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento com retorno dos autos ao colegiado de origem. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Relatora AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 83 1. 00 42 60 /2 00 3- 49 Fl. 492DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de processo originado pela apresentação de declaração de compensação em 04/06/2003 (fls. 02), na qual identificado crédito de saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 1995 e diversos débitos a compensar, com vencimento entre 02/10/2002 e 26/12/2002 (Código 0561). A Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária em São Paulo decidiu por negar o direito à compensação (fls. 47/49), conforme trecho de decisão a seguir reproduzida: EMENTA: Declaração de Compensação de IRRF com saldo negativo de IRPJ apurado no anocalendário de 1995 A compensação pressupõe a existência de crédito em favor do contribuinte consubstanciado na repetição do indébito. O prazo para que o contribuinte possa pleItear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido extinguese após o transcurso do prazo de cinco anos, contados da extinção do crédito tributário. Compensações não homologadas. (...) Ao contribuinte cabe a comprovação da liquidez e certeza do crédito. Tratandose de saldo negativo oriundo de retenção na fonte, indispensável a apresentação dos comprovantes de retenção na fonte. No entanto, não foi anexado nenhum desses documentos ao processo que permitam comprovar a retenção, o valor efetivamente retido e, principalmente, que o rendimento correspondente foi oferecido à tributação. (...) Além disso, existe um prazo para que o contribuinte possa usufruir um eventual crédito, seja pleiteando sua restituição ou utilizandoo para compensação. O inciso I do art. 168 Lei nº 5.172 (...) estabelece que o direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário. (...) Ora, considerando que a declaração de compensação visando o aproveitamento do saldo negativo de IRPJ apurado no ano calendário de 1995 foi protocolada em 04.06.2003, não há meios de ela prosperar devido à ocorrência da decadência. Fl. 493DF CARF MF Processo nº 11831.004260/200349 Acórdão n.º 9101002.881 CSRFT1 Fl. 493 3 Diante da apresentação de manifestação de inconformidade (fls. 53/64), a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo confirmou o indeferimento da compensação, nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário, sendo que esta ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o §1º do art. 150 da referida Lei. IRRF. COMPENSAÇÃO. DIRPJ. REGRAS. O imposto retido na fonte sobre quaisquer rendimentos ou ganhos de capital somente poderá ser compensado na declaração de pessoa jurídica, quando for o caso, se o contribuinte possuir comprovante da retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora, devendo os rendimentos ou receitas respectivos terem sido comprovadamente oferecidos à tributação. Compensação não homologada. O contribuinte apresentou recurso voluntário (fls. 239/260), no qual alega: (i) o prazo para repetição de indébito seria de 10 anos, não se aplicando a Lei Complementar nº 118/2005; e que (ii) estariam comprovados os créditos de IRPJ, decorrentes da apuração de saldo negativo do anocalendário de 1995. A 3ª Turma Ordinária da 1ª Câmara deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais negou provimento ao recurso voluntário (fls. 399/404), verbis: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 1995 LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO DIREITO DE PLEITEAR A RESTITUIÇÃO EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO O direito do sujeito passivo pleitear a restituição de tributo pago indevidamente ou em valor maior que o devido, sujeito a lançamento por homologação, extinguese com o decurso do prazo de cinco anos contados da data do pagamento antecipado, nos termos dos arts. 150, §1º§1º e 4º, 156, I, 165, I e 168, I, todos do CTN. Como reconheceu a decadência, a Turma a quo não analisou a existência e comprovação do crédito, como explicitado pelo voto da relatora, acolhido à unanimidade pela Turma: Quanto à discussão sobre a comprovação dos créditos do imposto de renda, o que inclui inclusive o pedido de conversão do julgamento em diligência, deixou de apreciar esses Fl. 494DF CARF MF 4 argumentos por não serem necessários à solução da lide. (fls. 404) O contribuinte foi intimado em 17/05/2010, interpondo recurso recurso especial em 31/05/2010, no qual sustenta divergência quanto ao prazo para restituição de indébito (fls. 417/441), indicando como paradigmas os seguintes acórdãos: a) 10246.503 (Processo Administrativo nº 10768.021268/0011), no qual se decidiu que "o prazo quinquenal (art. 168, I,do CTN) para restituição do tributo, somente começa a fluir a partir da extinção do crédito tributário. Como não houve homologação expressa, crédito tributário somente se tornou 'definitivamente extinto' (sic §4º do art. 150 do CTN), após cinco anos da ocorrência do fato gerador" b) 20310.435 (Processo Administrativo nº 13826.000502/9955), do qual se destaca: “Até a entrada em vigor da Lei Complementar nº 118/2005 o prazo para pleitear compensação é norteado pela combinação do parágrafo quarto do artigo 150 com o inciso primeiro do artigo 168 do CTN perfazendo dez anos". O recurso especial foi admitido pelo Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção (Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão), conforme despacho às fls. 476/478, destacandose trecho a seguir. No caso concreto, a DCOMP foi apresentada em 4/6/03, sendo o direito creditório oriundo de saldo negativo de IRPJ relativo ao anocalendário 1995. Em que pese a unidade de origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e a Quarta Turma da DRJ – São Paulo I (SP) terem também indeferido o pedido de compensação por outras razões (não apresentação dos comprovantes de retenção na fonte e não comprovação do oferecimento à tributação dos respectivos rendimentos), a Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção de Julgamento do CARF negou provimento ao recurso voluntário apenas com base no não acolhimento da tese dos “cinco mais cinco anos”. (...) A decisão recorrida firmou o entendimento de ser de cinco anos, contado da apuração do saldo negativo de IRPJ, o prazo para pleitear a restituição de tributos. Ao revés, os acórdãos paradigmas fixaram a conhecida tese dos “cinco mais cinco anos”, aplicável a lançamentos por homologação, considerando se que os contextos fáticos trataram de pedidos anteriores à entrada em vigor da Lei Complementar nº 118/05. Acrescentese que o Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em sessão de 9/12/13, editou o Enunciado nº 91 da súmula de jurisprudência dominante no CARF: “Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador.” (...) De acordo. Com fundamento nas razões antes expostas, nos termos dos art.18, III, c/c art.68, §1º, do Anexo II do Regimento Fl. 495DF CARF MF Processo nº 11831.004260/200349 Acórdão n.º 9101002.881 CSRFT1 Fl. 494 5 Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ADMITO o recurso especial interposto. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões ao recurso em 19/08/2014, requerendo a manutenção do acórdão recorrido por seus fundamentos. Ademais, sustenta que a Secretaria da Receita Federal do Brasil indeferiu a compensação pela falta de apresentação de documentos comprobatórios do crédito e, assim, pede a devolução dos autos à Turma a quo para análise do crédito do contribuinte. É o relatório. Voto Conselheira Cristiane Silva Costa, Relatora O recurso especial é tempestivo e foi demonstrada a divergência na interpretação da lei tributária, conforme razões da Presidente de Câmara para seu conhecimento, que adoto. Passo à análise do mérito. O recurso especial trata da interpretação do artigo 168, I, do Código Tributário Nacional, que prevê Art. 168. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; A interpretação do dispositivo relacionase, ainda ao artigo 3º e 4º, da Lei Complementar nº 118/2005, que prescrevem: Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei. Art. 4o Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3o, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. O citado artigo 4º tinha por finalidade atribuir eficácia retroativa à inovação veiculada pelo artigo 3º. Com efeito, o artigo 106, do Código Tributário Nacional é nos seguintes termos: Fl. 496DF CARF MF 6 Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; O Supremo Tribunal Federal decidiu em sessão do Pleno, aplicando a sistemática do artigo 5453B, do Código de Processo Civil, que: DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Fl. 497DF CARF MF Processo nº 11831.004260/200349 Acórdão n.º 9101002.881 CSRFT1 Fl. 495 7 Recurso extraordinário desprovido. (Tribunal Pleno, Recurso Extraordinário nº 566.621, DJe 10/10/2011, Rel. Ministra Ellen Gracie) Os Conselheiros deste Conselho Administrativos de Recursos Fiscais devem reproduzir as decisões do Supremo Tribunal Federal, tomadas com fundamento no artigo 543 B, do antigo CPC/1973, na forma do artigo 62, §2º, do atual RICARF (Portaria MF nº 343/2015), verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Sobreleva considerar, ainda, que a inconstitucionalidade da segunda parte do artigo 4º, da Lei Complementar nº 118/06 pode ser proclamada por este Colegiado em observância ao próprio RICARF (Portaria MF nº 343/2015), termos do artigo 62, §1º, I e II, alínea b: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; O citado dispositivo regimental encontra fundamento no artigo 26A, do Decreto nº 70.235/1972: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) Fl. 498DF CARF MF 8 § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Pois bem. Diante disso, entendo necessário adotar o entendimento do STF no julgamento acima, que reconheceu: (i) que a LC 118/2005 não é interpretativa, tendo alterado o prazo para restituição de indébito de 10 anos (contados do fato gerador), para 5 anos (do pagamento indevido). (ii) a segunda parte do artigo 4º, da Lei Complementar nº 118/05, é inconstitucional; (iii) o novo prazo para restituição de indébito (5 anos) só seria aplicável às ações ajuizadas a partir de 9/06/2005. Cumpre destacar, ainda, que o CARF aprovou Enunciado de Súmula em sentido similar, dispondo que: Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. No caso destes autos, a Turma a quo negou provimento ao recurso voluntário do contribuinte para reconhecer a decadência do direito à restituição e compensação quanto ao saldo negativo de 1995, tendo sido apresentada declaração de compensação em 2003. Destaco trecho do voto da relatora, acompanhado pelo Colegiado a quo: Na situação dos autos, em 04.06.2003, data da apresentação da Declaração de Compensação, o prazo de cinco anos para pleitear a restituição do saldo negativo do imposto de renda do anocalendário de 1995 já havia sido ultrapassado. O acórdão recorrido não se coaduna com o entendimento do Pleno do Supremo Tribunal Federal, conforme acórdão acima colacionado, como tampouco com a Súmula 91 do CARF. Diante disso, voto por dar provimento ao recurso especial do contribuinte. Por tais razões, conheço e dou provimento ao recurso especial do contribuinte, determinando o retorno dos autos à Turma a quo para análise do crédito. (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Fl. 499DF CARF MF Processo nº 11831.004260/200349 Acórdão n.º 9101002.881 CSRFT1 Fl. 496 9 Fl. 500DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.722193/2008-99
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA.
Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória.
Precedentes do STF e do STJ.
IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE.
Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de acordo com o regime de competência.
Numero da decisão: 9202-005.442
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Ana Paula Fernandes. Ausente, momentaneamente, a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Recorrente LUCY LOPES MOREIRA Interessado PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Precedentes do STF e do STJ. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de acordo com o regime de competência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Ana Paula Fernandes. Ausente, momentaneamente, a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 21 93 /2 00 8- 99 Fl. 285DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Trata o presente processo de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescido de juros de mora e multa de ofício, tendo em vista classificação indevida de rendimentos na declaração de imposto de renda de pessoa física DIRPF, conforme auto de infração de efls. 03 a 11, cientificado em 11/12/2008 (efl. 37). A contribuinte teria classificado indevidamente como rendimentos isentos e não tributáveis os rendimentos auferidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, a título de "Valores Indenizatórios de URV", a partir de informações a ele fornecidas pela fonte pagadora. O auto de infração importou na constituição do imposto no valor de R$ 130.321,21, que, acrescido de multa de ofício de 75% e juros moratórios calculados até 28/11/2008, montou a R$ 267.250,08. Os referidos rendimentos decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para a Unidade Real de Valor URV em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. O agente fiscal entendeu que estas verbas têm natureza eminentemente salarial e que a competência legislativa dos estados não permite que estes emitam normas sobre isenção de imposto de renda, sendo irrelevante que a lei estadual denominasse essas verbas como isentas. O auto de infração foi objeto de impugnação pela contribuinte, em 07/01/2009, às efls. 38 a 64 dos autos. Em 19/01/2009 e a contribuinte juntou, ainda, aditamento à referida impugnação, às efls. 84 a 89. Ao analisar a impugnação e o auto de infração, a 3ª Turma da DRJ/SDR constatou que os rendimentos objeto da autuação se referiam a diferenças apuradas em 1994 e que foram recebidos acumuladamente em 36 parcelas nos anos de 2004 a 2006, conforme disposto no art. 2º da Lei Complementar nº 20 do Estado da Bahia. Por se tratarem de rendimentos recebidos acumuladamente, o crédito tributário lançado foi apurado com base nas tabelas e alíquotas vigentes nos anos dos recebimentos, conforme disposto no art. 56 do Decreto nº 3.000 de 26/03/1999 RIR/99. Ocorre que em 13/05/2009, foi publicado o Despacho do Ministro da Fazenda que aprovou o Parecer PGFN/CRJ/Nº 287 de 12/02/2009 que concluiu pela dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e pela desistência dos já Fl. 286DF CARF MF Processo nº 10580.722193/200899 Acórdão n.º 9202005.442 CSRFT2 Fl. 286 3 interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, com relação às ações judiciais que visem obter a declaração de que, no cálculo do imposto de renda incidente sobre e rendimentos pagos acumuladamente, devem ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, devendo o cálculo ser mensal e não global. Em vista disso, a 3ª Turma emitiu o despacho de nº 335, em 03/08/2009, às e fls. 95 e 96, visando ao retorno do processo à DRF de origem para que houvesse ajustamento do lançamento fiscal ao disposto no Parecer PGFN/CRJ/Nº 287/2009. Tal diligência, levou a apuração de novo demonstrativo do imposto de renda apurado, à efl. 106, com ciência à contribuinte do feito, que reiterou sua inconformidade às efls. 108 a 110. Posteriormente, a impugnação foi apreciada na 3ª Turma da DRJ em Salvador, em 19/04/2011, que, inicialmente, esclareceu ter a diligência fiscal ficado prejudicada com a edição do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2.331/2010, de 26/10/2010, ao concluir pela suspensão das medidas propostas pelo Parecer PGFN/CRJ/Nº 287/2009 até que a questão fosse apreciada pelo Supremo Tribunal Federal e, por unanimidade, julgou a impugnação procedente em parte, mantendo o crédito tributário lançado, conforme acórdão n° 1526.844, às efls. 115 a 120. Recurso voluntário Inconformada, a contribuinte, em 11/05/2011, apresentou recurso voluntário, às efls. 124 a 147, no qual sustentou, em resumo: · erro na apuração da base de cálculo do tributo lançado, com tributação indevida de valores auferidos a título de abono PASEP e abono permanência e necessidade de limitação da autuação à tributação sobre os valores apurados à título de diferença de pagamento da URV; · a ilegitimidade ativa da União para exigir o imposto de renda retido na fonte cujo produto pertence ao estado da Bahia, de acordo com o art, 157, inc, I, da CRFB; · a natureza indenizatória dos valores recebidos, referentes a diferenças de URV, que foi informada pela própria fonte dos pagamentos. A própria magistratura federal através da Resolução n° 245/2002, reconheceu caráter indenizatório de abono variável concedido por lei ao Poder Judiciário, nos quais se incluiriam as diferenças de URV, o que já foi até mesmo reconhecido em decisões judiciais e administrativas; · o afastamento da multa de ofício e juros moratórios, pois não partiu da contribuinte a incorreta classificação das verbas de URV recebidas, mas da fonte pagadora, o estado da Bahia, sendo ela induzida a erro pela fonte; · a nulidade do lançamento por incorreção na apuração dos impostos devidos, seja pela alíquota aplicada, seja pela falta de consideração do total dos valores recebidos no período de competência e das despesas e deduções correspondentes. Fl. 287DF CARF MF 4 Resolução CARF A 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais julgou o recurso voluntário em 14/08/2013, resultando na resolução n° 2201000.166, às efls. 158 a 161, acordando por sobrestar o julgamento do recurso conforme Portaria CARF nº 1 de 03/01/2012, até decisão definitiva do STF em matéria de repercussão geral sobre a forma de cálculo do imposto objeto do destes autos. Acórdão de recurso voluntário Em 08/10/2014, após a revogação dos dispositivos regimentais que permitiam o sobrestamento do processo terem sido revogados, no mesmo colegiado, houve novo julgamento do processo que resultou no acórdão nº 2201002.556, com a ementa abaixo transcrita: IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. RESPONSABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 12. “Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção”. IRRF. COMPETÊNCIA. A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos aos descontos de Imposto de Renda. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda. IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. TABELA MENSAL. APLICAÇÃO DO ART. 62A DO RICARF. O imposto de renda incidente sobre os rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente deve ser calculado com base nas tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, conforme dispõe o Recurso Especial nº 1.118.429/SP, julgado na forma do art. 543C do CPC. Aplicação do art. 62A do RICARF (Portaria MF nº 256/2009). IRPF. MULTA. EXCLUSÃO. SÚMULA CARF Nº 73. Fl. 288DF CARF MF Processo nº 10580.722193/200899 Acórdão n.º 9202005.442 CSRFT2 Fl. 287 5 “Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício”. IRPF. JUROS DE MORA SOBRE VERBAS TRIBUTADAS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. No julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que apenas os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do inciso V do art. 6º da Lei n° 7.713/1988. O acórdão foi assim lavrado: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar. No mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para que sejam aplicadas aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas progressivas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido pagos à Contribuinte e excluir da exigência a multa de ofício. Vencidos os Conselheiros GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ e MARIA HELENA COTTA CARDOZO, que deram provimento parcial apenas para excluir a multa de ofício. RE da Fazenda Intimada do acórdão em 29/10/2014, a Fazenda apresentou recurso especial de divergência, em 19/11/2014, às efls. 174 a 183, entendimento posto no REsp nº 1.118.429/SP do STJ, uma vez que este trata de rendimentos recebidos acumuladamente em virtude de decisão judicial e no presente litígio os valores de natureza trabalhista recebidos decorrem da legislação estadual. A Procuradora apresenta como paradigma o acórdão nº 2802003.137 da 2ª Turma Especial da Segunda Seção de Julgamento do CARF, prolatado em 10/09/2014. A Presidente da 2ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento, em 16/07/2015, no despacho de efls. 185 a 190, com fundamento nos artigos 67 e 68, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 256 de 22/06/2009, deu seguimento ao recurso especial da Fazenda, relativamente à discussão sobre a aplicação, aos rendimentos recebidos acumuladamente, das tabelas progressivas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido pagos à contribuinte (entendimento do Recurso Especial nº 1.118.429/SP). Contrarrazões da contribuinte Intimada (Intimação nº 1.524/2015, efl. 195) do acórdão do recurso voluntário nº 2201002.556 e do recurso especial da Fazenda, em 26/08/2015 (efl. 258), a contribuinte apresentou contrarrazões em 09/09/2015, conforme consta às efls. 252 a 256. Na sua argumentação a contribuinte reafirma a interpretação do acórdão recorrido tendo por base decisões definitivas do STJ e do STF e por isso requer a contribuinte que o RE da Fazenda não seja provido. Fl. 289DF CARF MF 6 RE do contribuinte Ainda em 27/03/2015, à vista do acórdão de recurso voluntário, o contribuinte apresentou Recurso Especial de Divergência (RE), às efls. 207 a 229, questionando: a) ilegitimidade da União para figurar no pólo ativo da relação jurídicotributária, e falta de inteeresse jurídico/econômico da RFB, por força do art. 62A, do Anexo II do Ricarf, porém sem indicação de acórdão paradigma. b) natureza indenizatória dos pagamentos havidos em razão das diferenças dentre a URV e a moeda convertida, do STJ, tomando como paradigma os acórdãos nº 2102 01.565 e nº 2102002.947; c) não incidência de imposto de renda sobre os juros moratórios, tendo por paradigma os acórdãos nº 2802 001.129 e nº 280201.150; e d) isenção do imposto de renda por ser a recorrente portadora de moléstia grave, porém sem indicação de paradigma. Requer por fim a reforma do acórdão recorrido pela improcedência do lançamento. Admissibilidade do RE do Contribuinte A Presidente da 2ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento, em 25/05/2016, no despacho de efls. 260 a 268, deu seguimento parcial ao recurso especial apenas para matéria do item b), para que se rediscuta a questão da não incidência do imposto de renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória. Não conheceu do recurso relativamente as matérias dos itens a) e d), por falta de apresentação de paradigmas de divergência para ambas e ainda por falta de prequestionamento de d), o que faria com que o despacho fosse definitivo relativamente a elas. Relativamente à não incidência de imposto de renda sobre os juros moratórios, do item c), entendeu que, apesar de efetuar a apresentação de acórdãos como paradigmas, a contribuinte não logrou evidenciar que as verbas destes e do recorrido seriam da mesma espécie; ressalvando que haveria direito à interposição de agravo nesse caso. Por isso, com fundamento nos artigos 67 e 68, do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, foi dado seguimento parcial ao Recurso Especial, interposto pelo Contribuinte, para que fossem reapreciadas apenas as matérias tratadas no item b) – “URV” – parcelas de natureza indenizatória. A contribuinte foi intimada do despacho de admissibilidade de seu recurso especial por meio da de intimação nº 857/2016 (efls. 270), em 22/06/2016 (efl. 271) e não interpôs qualquer agravo no prazo regimental. Fl. 290DF CARF MF Processo nº 10580.722193/200899 Acórdão n.º 9202005.442 CSRFT2 Fl. 288 7 Contrarrazões da Fazenda Cientificada do recurso especial do contribuinte em 31/08/2016 (efl. 273), a Procuradoria da Fazenda, em 14/09/2016, às efls. 274 a 283, apresentou contrarrazões, afirmando a necessidade de interpretação restritiva das normas concessivas de isenção tributária, não se podendo elastecer o alcance de qualquer norma dessa natureza, por isso a Resolução STF nº 245/2002 fica restrita ao abono variável aplicado aos membros da Magistratura da União. Nem o STF, nem o Ministério da Fazenda se manifestaram a respeito das naturezas jurídica e tributária dos rendimentos recebidos com base na Lei estadual que criou a isenção pretendida pela contribuinte. Pelo exposto, a Procuradora da Fazenda afirma a improcedência do RE do contribuinte na matéria admitida e requer sua denegação, para manutenção do acórdão a quo. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Pelo que consta no processo, os recursos atendem aos requisitos de admissibilidade, ao menos em parte, e, portanto, deles conheço, bem como das contrarrazões trazidas aos autos. RE do contribuinte Inicialmente, é de se analisar o RE do contribuinte, na matéria do item b): a não incidência do imposto de renda sobre diferenças de URV, por terem estas natureza indenizatória reconhecida em lei estadual. Questão dessa natureza já foi trazida, em 03/03/2015, à 2ª Turma desta Câmara Superior, no acórdão 9202003.585. Naquela ocasião, acompanhei o voto do relator Alexandre Naoki Nishioka e por isso peço vênia para adotar aqui os mesmos argumentos como razão de decidir, assim transcrevendoos: (...) Conforme dispõe o art. 2º da referida Lei, tais valores são relativos a “diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor – URV”. Da leitura do artigo, denotase que o pagamento de tais valores deveuse à necessidade de manutenção do valor real do salário, de forma a corrigir erros anteriores no cálculo da conversão da moeda nacional. A lei estadual acima citada não buscou, por meio do pagamento das diferenças, a recomposição de um prejuízo, ou dano material, sofrido pelo contribuinte, mas a compensação em razão da ausência de oportuna correção no valor nominal do salário, verificada quando da alteração da moeda. Portanto, tais valores integram a remuneração percebida pelo contribuinte, constituindo parte integrante de seus vencimentos. Estáse diante, pois, de acréscimo patrimonial tributável pelo Imposto de Renda, nos termos do art. 43 do Código Tributário Fl. 291DF CARF MF 8 Nacional, entendimento que fora inclusive salientado pelo acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA). Buscando reforçar o argumento, requereu o contribuinte a aplicação da Resolução n.º 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pelo contribuinte, ao contrário do que decidiu o acórdão recorrido. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2º e parágrafos da Lei n.º 10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1º trouxe a forma de cálculo deste abono: “I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei nº 10.474, de 2002 (Resolução STF nº 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)”. A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre o abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.º 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que Fl. 292DF CARF MF Processo nº 10580.722193/200899 Acórdão n.º 9202005.442 CSRFT2 Fl. 289 9 suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. Assim, com base na argumentação exposta, por serem as diferenças de URV verbas remuneratórias, sobre elas pode incidir imposto de renda da pessoa física e apesar de conhecer do RE do contribuinte na matéria admitida, voto por não lhe dar provimento ao seu RE nessa matéria. Com relação à segunda matéria admitida, do item c): não incidência de imposto de renda sobre os juros moratórios/compensatórios, no meu entender, também a razão não assiste ao contribuinte recorrente. Tal tema foi recentemente enfrentado nessa 2ª Turma, em 10/03/2016, em acórdão de nº 9202003.872, com voto da lavra do e. relator Dr. Heitor de Souza Lima Junior, por mim acompanhado, e por isso adoto os argumentos lá utilizados, os quais peço vênia para abaixo reproduzir: ...creio que o melhor esclarecimento da amplitude da decisão vinculante em questão (REsp 1.227.133/RS) pode ser obtido em outro feito daquele Egrégio Tribunal, , a saber, no REsp 1.089.720/RS, cujo relator foi o Ministro Mauro Campbell Marques e cuja cristalina ementa decisória, datada de 10/10/12 e publicada em 16/10/12 (ambas, assim, posteriores às decisões colacionadas pela recorrente) estabelece: (Grifos do original) REsp 1.089.720/RS PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF. REGRA GERAL DE INCIDÊNCIA SOBRE JUROS DE MORA. PRESERVAÇÃO DA TESE JULGADA NO RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA RESP. N. 1.227.133/RS NO SENTIDO DA ISENÇÃO DO IR SOBRE OS JUROS DE MORA PAGOS NO CONTEXTO DE PERDA DO EMPREGO. ADOÇÃO DE FORMA CUMULATIVA DA TESE DO ACCESSORIUM SEQUITUR SUUM PRINCIPALE PARA ISENTAR DO IR OS JUROS DE MORA INCIDENTES SOBRE VERBA ISENTA OU FORA DO CAMPO DE INCIDÊNCIA DO IR (grifei), 1. Não merece conhecimento o recurso especial que aponta violação ao art. 535, do CPC, sem, na própria peça, individualizar o erro, a obscuridade, a contradição ou a omissão ocorridas no acórdão proferido pela Corte de Origem, bem como sua relevância para a solução da controvérsia apresentada nos Fl. 293DF CARF MF 10 autos. Incidência da Súmula n. 284/STF: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia". 2. Regra geral: incide o IRPF sobre os juros de mora, a teor do art. 16, caput e parágrafo único, da Lei n. 4.506/64, inclusive quando reconhecidos em reclamatórias trabalhistas, apesar de sua natureza indenizatória reconhecida pelo mesmo dispositivo legal (matéria ainda não pacificada em recurso representativo da controvérsia). 3. Primeira exceção: são isentos de IRPF os juros de mora quando pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, em reclamatórias trabalhistas ou não. Isto é, quando o trabalhador perde o emprego, os juros de mora incidentes sobre as verbas remuneratórias ou indenizatórias que lhe são pagas são isentos de imposto de renda. A isenção é circunstancial para proteger o trabalhador em uma situação sócioeconômica desfavorável (perda do emprego), daí a incidência do art. 6°, V, da Lei n. 7.713/88. Nesse sentido, quando reconhecidos em reclamatória trabalhista, não basta haver a ação trabalhista, é preciso que a reclamatória se refira também às verbas decorrentes da perda do emprego, sejam indenizatórias, sejam remuneratórias (matéria já pacificada no recurso representativo da controvérsia REsp no 1.227.133RS, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Rel. p/ acórdão Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 28.9.2011). 4. Segunda exceção: são isentos do imposto de renda os juros de mora incidentes sobre verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR, mesmo quando pagos fora do contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (circunstância em que não há perda do emprego), consoante a regra do "accessorium sequitur suum principale". (grifei) (...) 7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido." Assim, com base no posicionamento constante do julgado acima, que adoto integralmente, uma vez entender que foi esse o julgado a sedimentar e esclarecer a correta forma de aplicação do julgado vinculante aqui discutido (REsp 1.227.133/RS), é de se perquirir, em cada caso concreto: a) se os juros de mora foram auferidos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho e b) se se está diante de verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR. Somente no caso de resposta afirmativa a um dos dois questionamentos acima deve não incidir o IR sobre os juros de mora recebidos acumuladamente, de forma a que se obedeça o julgado vinculante, restando incidente a tributação sobre os juros de mora nas demais situações. Fl. 294DF CARF MF Processo nº 10580.722193/200899 Acórdão n.º 9202005.442 CSRFT2 Fl. 290 11 No caso do presente processo, os pagamentos de diferenças não decorreram de ações trabalhistas no contexto de despedida ou rescisão, pois houve pagamento direto pela fonte e decorrência da citada Lei Ordinária do Estado da Bahia nº 8.730/2003. Já quanto à natureza indenizatória dos juros, pelo posicionamento adotado frente ao RE do contribuinte, anteriormente analisado, não se está a tratar de verba principal isenta; logo, os juros que seguem ao principal pago também não o seriam. Pela análise acima, é de se conhecer desse recurso para negarlhe provimento. RE da Fazenda No tocante a matéria recorrida pela Procuradoria, em 09/11/2014, quando da interposição do seu recurso especial de divergência, ainda não havia transitado em julgado o Recurso Extraordinário 614.406/RS do STF sobre a matéria, com repercussão geral reconhecida, que se deu em 11/12/2015. Esse julgado teve a seguinte ementa: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de de (SIC) ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. Assim, no RE 614.406/RS decidiuse negar provimento ao recurso extraordinário interposto pela União contra acórdão exarado pela Corte Especial do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, pelo qual entendeuse correta a “Incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência após somado este com o valor já pago, pena afronta aos princípios da isonomia e capacidade contributiva insculpidos na CF/88 e do critério da proporcionalidade que infirma a apuração do montante devido”. Friso que, embora alguns Ministros teçam considerações sobre a inconstitucionalidade do art. 12 da lei 7.713, de 1988 (como é o caso do Min. Marco Aurélio, do Min. Dias Toffoli e da Min. Cármen Lúcia), a discussão que se estabelece no plenário do STF é qual o regime de tributação a ser aplicado ao caso: (a) regime de caixa, posição da Min. Ellen Grace, que dava provimento ao recurso interposto pela União, julgando constitucional o art. 12 da Lei 7.713, de 1988 e (b) regime de competência, posição dos demais ministros, que, em decorrência, negaram provimento ao recurso da União. Desse modo, o limite objetivo da coisa julgada é dado pelo desprovimento da apelação da União contra o acórdão do TRF4, que houvera reconhecido incidentalmente a inconstitucionalidade do art. 12 da Lei 7.713, de 1988 para que o IRPF fosse tributado pelo regime de competência (e não pelo regime de caixa). Assim, presentemente, à luz do art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 343 de 09/06/2015, e tendo em vista que o RE 614.406/RS, com repercussão geral pela sistemática do art. 543B do CPC, deverá ser afastada nos julgamentos do CARF aplicação do art. 12 da Lei nº 7.713/1988, sem fazer qualquer menção a que os rendimentos acumulados provenham ou não de ação judicial; aqui parece claro que aplicação de tal entendimento, utilização do regime de competência para apuração do imposto de renda sobre os rendimentos recebidos acumuladamente independe desse particular. Fl. 295DF CARF MF 12 Pertinente ainda a leitura da própria ementa do acórdão do REsp nº 1.118.429/SP invocado pela Procuradora da Fazenda em sua divergência: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PESSOA FÍSICA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. INSS. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS. PAGAMENTO DE FORMA ACUMULADA. BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO. VALOR MENSAL DO BENEFÍCIO. TABELA PROGRESSIVA VIGENTE. 1. Na espécie sub judice, tratase de pagamento de benefícios previdenciários acumulados, que, realizado de uma só vez, ensejou a incidência do imposto de renda à alíquota máxima prevista na Tabela Progressiva do tributo. 2. É certo que, se recebido o benefício devido, mês a mês, os valores não sofreriam a incidência da alíquota máxima do tributo, mas sim da alíquota menor, ou mesmo, estariam situados na faixa de isenção, conforme previsto na legislação do Imposto de Renda. 3. O cálculo do Imposto sobre a Renda na fonte, na hipótese de pagamento acumulado de benefícios previdenciários atrasados, deve ter como parâmetro o valor de cada parcela mensal a que faria jus o beneficiário e não o montante integral que lhe foi creditado. 4. A jurisprudência do E. STJ alinhouse no sentido de que o disposto no art. 12 da Lei nº 7.713/88 referese tãosomente ao momento da incidência do tributo em questão, não fixando a forma de cálculo, que deverá considerar o valor mensal dos rendimentos auferidos. (REsp 783724/RS, Rel. Min. Castro Meira, j. j. 15/08/2006, DJ 25/08/2006, p. 328) 5. Não é razoável, portanto, que o segurado, além de aguardar longos anos pela concessão do benefício previdenciário, ainda venha a ser prejudicado, com a aplicação da alíquota mais gravosa do tributo quando do pagamento acumulado dos respectivos valores, em clara ofensa aos princípios da capacidade contributiva e da isonomia tributária. 6. Não há como se aferir de imediato o valor exato de cada benefício mensal a que faz jus o beneficiário, de forma a reconhecer a isenção legal em todos os meses do período indicado. Assim, o cálculo do IR deverá considerar a parcela mensal do benefício, em correlação aos parâmetros fixados na Tabela Progressiva vigente à época, inclusive no que concerne à alíquota menor (15%) ou faixa de isenção. 7. Reconhecida a ilegitimidade passiva ad causam do INSS, e em se tratando de ausência de condição da ação, questão de ordem pública, deve ser o feito extinto sem resolução do mérito, em relação à referida autarquia, com fundamento no art. 267, VI do CPC, mantendose os honorários advocatícios como fixados na r. sentença, observado o disposto nos arts. 11 e 12, da Lei nº 1.060/50. 8. De ofício, extinção do processo, sem julgamento do mérito, em relação ao INSS, com fulcro no art. 267, VI do CPC. Apelação e remessa oficial parcialmente providas. Fl. 296DF CARF MF Processo nº 10580.722193/200899 Acórdão n.º 9202005.442 CSRFT2 Fl. 291 13 Não há qualquer condicionante à origem dos rendimentos recebidos acumuladamente, seja por ação judicial, seja por definição legislativa, e o mesmo se observa no voto do relator e nas ementas que ele cita em seu voto, que me furtarei de aqui reproduzir. A origem do rendimento cujo recebimento foi de forma acumulada é meramente incidental na discussão. Por essas razões, voto por conhecer do RE da Fazenda, mas não lhe dou provimento. Conclusão Pelas razões expostas, voto por CONHECER DOS RECURSOS especiais de divergência interpostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional e pelo contribuinte, nas matérias em que foram admitidos, mas NEGO PROVIMENTO A AMBOS, mantendo o acórdão recorrido na sua integralidade. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 297DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11618.004243/2001-74
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2001 a 30/09/2001
Ementa:
PERD/COMP RETIFICADORA. ADMISSIBILIDADE APENAS PARA INEXATIDÕES MATERIAIS. IMPOSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO QUANTUM COMPENSADO.
Segundo dispunha os artigos art. 7° e 8° da IN SRF n.° 414, de 2004, a apresentação de PERD/COMP retificadora só era admissível na hipótese de inexatidões materiais, ficando expressamente fora deste conceito a hipótese de alteração do montante a ser compensado.
Recurso voluntário negado. Direito creditório não reconhecido.
Numero da decisão: 3402-004.066
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Outros eventos ocorridos: Julgado no dia 27/04/2017, no período da tarde.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/07/2001 a 30/09/2001 Ementa: PERD/COMP RETIFICADORA. ADMISSIBILIDADE APENAS PARA INEXATIDÕES MATERIAIS. IMPOSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO QUANTUM COMPENSADO. Segundo dispunha os artigos art. 7° e 8° da IN SRF n.° 414, de 2004, a apresentação de PERD/COMP retificadora só era admissível na hipótese de inexatidões materiais, ficando expressamente fora deste conceito a hipótese de alteração do montante a ser compensado. Recurso voluntário negado. Direito creditório não reconhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Outros eventos ocorridos: Julgado no dia 27/04/2017, no período da tarde. Antonio Carlos Atulim - Presidente. Diego Diniz Ribeiro- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
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ADMISSIBILIDADE APENAS PARA INEXATIDÕES MATERIAIS. IMPOSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO QUANTUM COMPENSADO. Segundo dispunha os artigos art. 7° e 8° da IN SRF n.° 414, de 2004, a apresentação de PERD/COMP retificadora só era admissível na hipótese de inexatidões materiais, ficando expressamente fora deste conceito a hipótese de alteração do montante a ser compensado. Recurso voluntário negado. Direito creditório não reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Outros eventos ocorridos: Julgado no dia 27/04/2017, no período da tarde. Antonio Carlos Atulim Presidente. Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 8. 00 42 43 /2 00 1- 74 Fl. 307DF CARF MF 2 Relatório 1. Por bem retratar os fatos aqui debatidos, utilizo como meu parte do relatório desenvolvido pela DRJ de Recife, o que faço nos seguintes termos: Tratase de pedido de ressarcimento de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, no valor de RS 91.691,63, referente ao 3° trimestre de 2001, com fundamento na Portaria MF n.° 38/97, que dispõe sobre o crédito presumido a que alude a Lei n.° 9.363/96. Anexadas, encontramse Declarações de Compensação (PER/DCOMP), destinadas a compensar, com débitos que mencionam, o crédito a ser ressarcido. 2. No Termo de Informação Fiscal, acostado às fls. 182/187, a autoridade diligenciadora propôs o deferimento parcial do crédito pleiteado, no valor de R$ 82.105,69, depois de tecer comentários sobre os dispositivos aplicáveis à matéria e o caminho percorrido para estimar o valor proposto. No que interessa ao deslinde do litígio, dispôs que o contribuinte não subtraiu do custo aquisições de matériaprima a pessoas físicas ou produzidas por estabelecimento filial, a FAZENDA MANDACARU, que se dera, portanto, sem incidência do PIS e da Cofins, bem como que os valores apresentados no demonstrativo “AQUISIÇÕES SEM DIREITO AO CREDITO DE IPI” foram subtraídos do custo de aquisição mensal. 3. No Parecer DRF/JPA/SAORT n.° 479/2006, aprovado pela autoridade a quo (fls. 226/236), aquela unidade administrativa, dentre outras informações, expôs os motivos que a levaram a propor o deferimento de pedido de cancelamento de uma das DCOMPs apresentadas, do indeferimento de DCOMPS retificadoras, da homologação em parte e integral de outras duas DCOMPS e da nãohomologação de uma última, ante o exaurimento do crédito a ser compensado. Antes, porém, consignou que deixou de discorrer acerca da legislação específica atinente ao crédito presumido de IPI, tendo em vista que toda a análise do referido crédito já havia sido realizada na Informação Fiscal. Portanto, passou a tratar exclusivamente das compensações realizadas, à luz do crédito apurado no referido documento, no montante de R$ 82.105,69. (...). 2. Uma vez intimado, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade de fls. 240/250, oportunidade em que alegou, em suma, que: · que o indeferimento quanto à retificação da DCOMP n. 15357.237773210504.1.7.010480 para promover a exclusão de multa de mora do débito compensado seria indevido, uma vez que o valores em questão deveriam ser excluídos em razão do instituto da denúncia espontânea. 3. Uma vez processada, a Manifestação foi julgada improcedente pela DRJ Recife (Acórdão n. 1122.944 fls. 268/275), o que se deu nos seguintes termos: Fl. 308DF CARF MF Processo nº 11618.004243/200174 Acórdão n.º 3402004.066 S3C4T2 Fl. 303 3 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2001 a 30/09/2001 PEDIDOS DE PERÍCIA. DESNECESSIDADE, INDEFERIMENTO. Desnecessários os pedidos de perícia quando os autos já trouxerem todos os elementos necessários à convicção do julgador. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE E/OU ILEGALIDADE. Argüições de inconstitucionalidade e/ou ilegalidade refogem à competência da instância administrativa, salvo se já houver decisão do Supremo Tribunal Federal declarando a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, hipótese em que compete à autoridade julgadora afastar a sua aplicação. CRÉD1TO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. 1NSUMOS ADQUIRIDOS DE COOPERATIVAS E DE PESSOAS FÍSICAS. TRANSFERÊNCIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS MATRIZ E FILIAL. MATÉRIAS NÃO IMPUGNADAS. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente questionada pela impugnante, nos termos do artigo 17 do Decreto n° 70.235/72, com a redação dada pelo art 67 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997. PEDIDO DE RETIFICAÇÃO DE PER/DCOMP. HIPÓTESES. A retificação de Declaração de Compensação gerada a partir do Programa PER/DCOMP ou elaborada mediante utilização dos formulários somente será admitida na hipótese de inexatidões materiais verificadas no preenchimento de referido documento e, ainda, da nãoocorrência da hipótese prevista no ' art. 89 da Instrução Normativa SRF n.° 414, de 2004. Solicitação Indeferida. 4. Devidamente intimada, a Recorrente interpôs o Recurso Voluntário de fls. 278/293, oportunidade em que repisou as alegações apresentadas em sede de Impugnação e, ainda, acresceu que: · deveria ser reconhecido o cerceamento de defesa em relação ao crédito glosado e oriundo de pessoas físicas ou, quando muito, tal crédito deveria ser reconhecido por este Tribunal Administrativo. 5. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro Fl. 309DF CARF MF 4 6. O Recurso Voluntário interposto preenche os pressupostos formais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. I. Do fundamento adotado para o não reconhecimento do crédito em comento 7. Conforme se observa dos autos, um dos motivos para que não houvesse a homologação de parte dos créditos vindicados pelo contribuinte pautouse no seguinte fundamento: (...). 12. Deveras, o contribuinte apresentou seis PER/DCOMPS: três originais e três retificadoras. Quanto à PER/DCOMP de n.° 01402.90100.300l04.1.3.019104, que visou retificar a de n.° 0lS49.00241.151203.1.3.010869, foi deferido o pedido. Apenas para deixar registrado, esta última foi, posteriormente, objeto de pedido de cancelamento. 13. A PER/DCOMP de nf' 0133213302.l6l203.l.3.0l1527 foi retificada pela de n.° 15357.23777_2l054.1.7.010480, tendo o contribuinte promovido, nesta última, a alteração do CNPJ para o do estabelecimento matriz, bem como reduzido valores de débitos compensados, excluindo montantes devidos a titulo de multa de mora. Ao indeferir a PER/DCOMP retificadora, a autoridade a quo nada mais fez que observar a legislação aplicável, visto que, consoante dispõem os arts. 6° a 8° da IN SRF n.° 414, de 2004, o contribuinte estava impossibilitado de proceder à alteração nos moldes em que pretendida. Atentese para o que estabelece a respeito o referido ato normativo: (...). Art. 7°. A retificação de Declaração de Compensação gerada a partir do Programa PER/DCOMP 1.3 (ou versão anterior) ou elaborada mediante utilização dos formulários a que se refere o art. 3o somente será admitida na hipótese de inexatidões materiais verificadas no preenchimento de referido documento e, ainda, da nãoocorrência da hipótese prevista no art. 8o. Art. 8°. A retificação de Declaração de Compensação gerada a partir do Programa PER/DCOMIP 1.3 (ou versão anterior) ou elaborada mediante utilização dos formulários a que se refere o art. 3° não será admitida quanto tiver por objeto a inclusão de novo débito ou o aumento do valor do débito compensado mediante a apresentação de referida Declaração de Compensação à SRF. Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput, o sujeito passivo que desejar compensar o novo débito ou a diferença de débito deverá apresentar a SRF nova Declaração de Compensação ”(g.n.). 14. Assim sendo, na hipótese em que não comprovada inexatidão material na PER/DCOMP original, como in casu se verificou, não há como deferir a retificadora. O significado do termo Fl. 310DF CARF MF Processo nº 11618.004243/200174 Acórdão n.º 3402004.066 S3C4T2 Fl. 304 5 “inexatidão material” não pode ser outro que não aquele de fácil constatação, não requerendo complexidade de raciocínio, como seria o caso em que declarado, para o débito a ser compensado, período diverso do verdadeiro, ou, como na situação, em parte, presente, em que houve a mera substituição do CNPJ da filial pelo da matriz. O termo “inexatidão material” não pode chegar tão longe que abarque a redução de débitos a serem compensados, tudo que o espírito da norma visa afastar. (..) (grifos constantes no original, sublinha nossa). 8. Conforme se observa do trecho acima descrito, a não homologação de parte da compensação perpetrada decorre do fato do contribuinte ter promovido a retificação da sua PER/DCOMP para alterar o valor do débito objeto da compensação. Para justificar tal alteração, o contribuinte alega que a redução do montante da dívida compensada decorreria do afastamento de multa de mora do importe originalmente declarado, uma vez que, segundo o contribuinte, o débito em questão teria sido objeto de denúncia espontânea, o que, por conseguinte, afastaria a incidência da citada sanção. 9. Penso, todavia, que não assiste razão ao contribuinte. Ainda que se admita que o lançamento por homologação está sujeito à denúncia espontânea, a legislação vigente à época previa que, na hipótese de alteração do montante do débito a ser compensado, deveria o contribuinte valerse de uma nova compensação, não bastando, pois, a promoção de uma PER/DCOMP retificadora. 10. Aliás, nesse sentido, o art. 7° da IN SRF n.° 414, de 2004, era claro ao prescrever que o uso da PER/DCOMP retificadora só era possível para suprir inexatidões materiais para, no artigo subsequente (art. 8° e parágrafo único), precisar que a alteração do valor a ser compensado não se enquadrava no conceito de inexatidão material, o que demandaria, por seu turno, a apresentação de uma nova PER/DCOMP. 11. Nesse sentido, mantenho a decisão a quo tal como lançada.. Dispositivo 12. Ex positis, nego provimento ao Recurso Voluntário do contribuinte. 13. É como voto. Diego Diniz Ribeiro Relator. Fl. 311DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.724196/2013-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 11 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
VARIAÇÕES CAMBIAIS. VARIAÇÕES MONETÁRIAS. REGIMES DIFERENTES.
Devem ser reconhecidas pelo regime de competência as variações monetárias, tanto ativas, quanto passivas, relacionadas a direitos de crédito ou obrigações pactuadas pelo contribuinte decorrentes de índices ou coeficientes estabelecidos legal ou contratualmente.
Contudo, variações cambiais provenientes de contratações em moeda estrangeira devem ser reconhecidas pelo regime de Caixa (art. 30 da Medida Provisória nº 2.158-35/2011).
ESTOQUES. VALORIZAÇÃO. LEI 11.638/2007. RTT.
As alterações introduzidas pelas Lei nº 11.638/2007 e Lei nº 11.941, de 2009, que modifiquem o critério de reconhecimento de receitas, custos e despesas computadas na escrituração do contribuinte e na apuração do lucro líquido do período, não terão efeitos sobre as bases imponíveis do IRPJ e da CSLL das pessoas jurídicas sujeitas ao RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31/12/2007.
Neste contexto, a mensuração dos valores dos estoques a valor de mercado, com o abandono do princípio contábil do custo histórico não pode afetar a apuração de tributos que utilizem o lucro contábil como ponto de partida, impondo-se a utilização do RTT, de modo a manter a neutralidade tributária.
Numero da decisão: 1402-002.453
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Demetrius Nichele Macei - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
Nome do relator: DEMETRIUS NICHELE MACEI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008 VARIAÇÕES CAMBIAIS. VARIAÇÕES MONETÁRIAS. REGIMES DIFERENTES. Devem ser reconhecidas pelo regime de competência as variações monetárias, tanto ativas, quanto passivas, relacionadas a direitos de crédito ou obrigações pactuadas pelo contribuinte decorrentes de índices ou coeficientes estabelecidos legal ou contratualmente. Contudo, variações cambiais provenientes de contratações em moeda estrangeira devem ser reconhecidas pelo regime de Caixa (art. 30 da Medida Provisória nº 2.158-35/2011). ESTOQUES. VALORIZAÇÃO. LEI 11.638/2007. RTT. As alterações introduzidas pelas Lei nº 11.638/2007 e Lei nº 11.941, de 2009, que modifiquem o critério de reconhecimento de receitas, custos e despesas computadas na escrituração do contribuinte e na apuração do lucro líquido do período, não terão efeitos sobre as bases imponíveis do IRPJ e da CSLL das pessoas jurídicas sujeitas ao RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31/12/2007. Neste contexto, a mensuração dos valores dos estoques a valor de mercado, com o abandono do princípio contábil do custo histórico não pode afetar a apuração de tributos que utilizem o lucro contábil como ponto de partida, impondo-se a utilização do RTT, de modo a manter a neutralidade tributária.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 24; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1989; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 3.336 1 3.335 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10183.724196/201315 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1402002.453 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 11 de abril de 2017 Matéria IRPJ VARIAÇÃO MONETÁRIA Recorrente SINAGRO PRODUTOS AGROPECUÁRIOS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 VARIAÇÕES CAMBIAIS. VARIAÇÕES MONETÁRIAS. REGIMES DIFERENTES. Devem ser reconhecidas pelo regime de competência as variações monetárias, tanto ativas, quanto passivas, relacionadas a direitos de crédito ou obrigações pactuadas pelo contribuinte decorrentes de índices ou coeficientes estabelecidos legal ou contratualmente. Contudo, variações cambiais provenientes de contratações em moeda estrangeira devem ser reconhecidas pelo regime de Caixa (art. 30 da Medida Provisória nº 2.15835/2011). ESTOQUES. VALORIZAÇÃO. LEI 11.638/2007. RTT. As alterações introduzidas pelas Lei nº 11.638/2007 e Lei nº 11.941, de 2009, que modifiquem o critério de reconhecimento de receitas, custos e despesas computadas na escrituração do contribuinte e na apuração do lucro líquido do período, não terão efeitos sobre as bases imponíveis do IRPJ e da CSLL das pessoas jurídicas sujeitas ao RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31/12/2007. Neste contexto, a mensuração dos valores dos estoques a valor de mercado, com o abandono do princípio contábil do custo histórico não pode afetar a apuração de tributos que utilizem o lucro contábil como ponto de partida, impondose a utilização do RTT, de modo a manter a neutralidade tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 72 41 96 /2 01 3- 15 Fl. 3336DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. Fl. 3337DF CARF MF Processo nº 10183.724196/201315 Acórdão n.º 1402002.453 S1C4T2 Fl. 3.337 3 Relatório Adoto em sua integralidade o relatório do Acórdão de Impugnação nº 14 52.192 , da 13ª Turma da DRJ de Ribeiro Preto (SP), transcrito abaixo: Tratase de procedimento fiscal realizado pelo SEFIS/DRF/Cuiabá MT, amparado pelo Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização (MPFF) n° 01.3.01.002012 00228, concluído com a lavratura de Autos de Infração no total de R$ 15.552.550,55, abrangendo os anoscalendário de 2008 e 2009, contemplando os tributos e valores a seguir descritos, incluindose o principal, multa de ofício de 75,00% e juros de mora calculados até 09/2013, assim divididos: TRIBUTOS VALORES LANÇADOS i) IRPJ 11.413.403,46 ii) CSLL 4.139.147,09 DO DESENVOLVIMENTO DA AÇÃO FISCAL A ação iniciouse com o Termo de Início do Procedimento Fiscal datado de 26/10/20122 (fls. 60/61), ciência da contribuinte por via postal "AR" em 01/11/2012 (fls. 59) na mesma data, no qual o Fisco comunicou o início do procedimento e requisitou: Em 14/11/2012 a fiscalizada apresentou sua resposta e informações requisitadas pela Autoridade Fiscal (fls. 62/67), inclusive Instrumento de Procuração (fl. 68) e documentos de fls. 69/133, transcorrendo, a partir daí, todo o procedimento fiscalizatório com Fl. 3338DF CARF MF 4 novas intimações fiscais e atendimento por parte da contribuinte, sendo finalizado em 24/09/2013, com a lavratura dos autos de infração agora apreciados, cuja ciência da autuada deuse em 30/09/2013, por via postal "AR" 09/10/2013 (fl. 609). O Fisco juntou cópias das DIPJ da contribuinte e outros documentos (fls. 134/604). DA ACUSAÇÃO FISCAL Em Termo de Constatação lavrado no “corpo” dos autos de infração (fls.2/58), a Autoridade Tributária relatou o resumo de todo o procedimento havido, inclusive as respostas e manifestações feitas pela fiscalizada, passando ao libelo acusatório, na forma seguinte (os destaques constam do original): 0001 EXCLUSÕES/COMPENSAÇÃO NÃO AUTORIZADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL – EXCLUSÕES INDEVIDAS .DOC 001 = TERMO DE INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL O contribuinte tomou ciência da ação fiscal em seu desfavor em 01/11/2012, para apresentar/tomar: a) = Contrato Social em suas alterações; b) = Livro de Apuração do Lucro Real devidamente escriturados; c) = Ciência de que houve compensação de Prejuízo Fiscal e Base Negativa da CSLL, indevidamente nos anos calendários de 2008 e 2009; d) = Ciência de que o SPED/CONTÁBIL entregue, será utilizada para operacionalização da ação fiscal. DOC 002 = ATENDIMENTO DO TERMO DE INÍCIO DO PROC. FISCAL Em atendimento ao Termo de Início do Procedimento Fiscal (DOC 001) o contribuinte encaminha: a) = Contratos Sociais e suas alterações(DOC 003); b) = Livro de Apuração do Lucro Real dos anos calendários de 2005 a 2009(DOC 004 à 007); c) = Planilhas demonstração a apuração do IRPJ e CSLL e a declaração dos mesmos em DCTF. INFRAÇÃO EXCLUSÕES INDEVIDAS Esta infração é pelo fato do contribuinte efetuar ajustes nas Demonstrações do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL dos anos calendários de 2008 à 2009 referente as Variações Monetárias Ativas e Passivas, sem ter transações em moeda estrangeiras, conforme relatório a seguir. Então, primeiramente vamos transcrever os atos legais que conceitua as Variações Monetárias, sua classificação contábil para determinar o Lucro Operacional, bem como, aquelas variações que são avaliadas quando da liquidação da correspondente operação, conforme a seguir. VARIAÇÕES ATIVAS Art. 375/RIR/99 "Na determinação do Lucro Operacional deverão ser incluídas, de acordo com o regime de competência, as contrapartidas das variações monetárias, em função da taxa Fl. 3339DF CARF MF Processo nº 10183.724196/201315 Acórdão n.º 1402002.453 S1C4T2 Fl. 3.338 5 de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis, por disposição legal ou contratual, dos direitos de crédito do contribuinte, assim como os ganhos cambias e monetários, realizados no pagamento de obrigações (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 18, Lei n° 9.249, de 1995, art. 8o). Parágrafo único. As variações monetárias de que trata este artigo serão consideradas, para efeito da legislação do imposto, como receitas ou despesas financeiras, conforme o caso (Lei n° 9.718, de 1998, art. 9°)". VARIAÇÕES PASSIVAS Art. 377/RIR/99 " Na determinação do lucro operacional poderão ser deduzidas as contrapartidas de variações monetárias de obrigações e perdas cambiais e monetárias na realização de créditos, observado o disposto no parágrafo unido do art. 375 ( DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 18, parágrafo único, Lei n° 9.249, de 1995, art. 8º)". De acordo com os atos legais acima transcritos, ficam claro que o reconhecimento das variações monetárias Ativas e Passivas serão efetuadas pelo regime de competência na escrituração contábil e serão classificadas como Receita e Despesas Financeiras respectivamente. VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS e PASSIVAS Art. 378/RIR/99 "Compreendemse nas disposições dos arts. 375 e 377 as variações monetárias apuradas mediante: I compra ou venda de moeda ou valores expressos em moeda estrangeira, desde que efetuada de acordo com a legislação sobre câmbio; II conversão do crédito ou da obrigação para moeda nacional, ou novação dessa obrigação, ou sua extinção, total ou parcial, em virtude de capitalização, dação em pagamento, compensação, ou qualquer outro modo, desde que observadas as condições fixadas pelo Banco Central do Brasil III – atualização dos créditos ou obrigações em moeda estrangeira, registrada em qualquer data e determinada no encerramento do período de apuração em função da taxa vigente". Conforme descrito acima, fica evidenciado que as Variações Cambiais Ativas e Passivas, estão relacionadas a direitos e obrigações em moeda estrangeiras, ou seja, cliente do exterior e fornecedor do exterior. NOVOS DISCIPLINAMENTOS LEGAIS 1 VARIAÇÕES MONETÁRIAS DOS DIREITOS DE CRÉDITO E DAS OBRIGAÇÕES DO CONTRIBUINTE, EM FUNÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO REGIME TRIBUTÁRIO "Medida Provisória n° 1.991 16/2000, art. 30, não convertida em lei até 31/05/2008, vigorando atualmente a Medida Provisória n° 2.15835/2001 A partir de 1o de Janeiro de 2000, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão consideradas, para efeito de determinação da base de cálculo do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, bem assim da determinação do lucro da exploração, quando da liquidação da correspondente operação". Fl. 3340DF CARF MF 6 De acordo com o ato legal acima, fica caracterizado que a regra de reconhecimento das variações monetárias dos direitos e obrigações em função da taxa de câmbio para fins tributários, passa a ser o "REGIME DE CAIXA". 1.1 OPÇÃO PELO REGIME DE COMPETÊNCIA "À opção da pessoa jurídica as variações monetárias poderão ser consideradas na determinação da base de cálculo de todos os tributos e contribuições referidos no caput deste artigo, segundo o regime de competência. A opção aplicarseá a todo o anocalendário." Automaticamente essa opção passa a ser efetuada no momento em que o contribuinte elabora a Demonstração do Lucro Real e da Demonstração da Base de Cálculo da Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido na parte "A" do Livro de Apuração do Lucro Real, e confirmado com sua transcrição para a DIPJ e sua entrega junta A Secretaria da Receita Federal do Brasil. PROCEDIMENTO ADOTADO PELO CONTRIBUINTE Então, a partir de agora passamos a descrever os procedimentos utilizados pelo contribuinte que proporcionaram a redução da carga tributária incorretamente, conforme a seguir. O contribuinte informou que não efetuou transação com exterior nos anos calendários de 2005 à 2009 (DOC 008 à 012)conforme constam na FICHA DE N° 01 DADOS INICIAIS DAS DIPJ's entregue espontaneamente. Essa informação está confirmada pelas Demonstrações do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL constantes nas respectivas DIPJ's(DOC 008 à 010) dos anos calendários de 2005 à 2007, pela fato do contribuinte não ter efetuado nenhum ajuste no que diz respeitos a Variações Monetárias em função da taxa de câmbio, nas respectivas demonstrações. O contribuinte apresentou lucro tributável, para o IRPJ e para a CSLL, em todos os anos calendários, com exceção do 3º Trimestre do ano calendário de 2007 que apresentou prejuízo fiscal de R$ 91.565,31, conforme pode ser identificado nas DIPJ's originais entregues (DOC 008 a 010), informações estas, que alimentaram o sistema SAPLI = Sistema de Acompanhamento de Prejuízo Fiscal e de Base Negativa da CSLL(DOC 019 e 020). Com referência os anos calendários de 2008 e 2009, o contribuinte apresentou DIPJ's retificadora (DOC 011 e 012) onde identifica que a Demonstração do Lucro Real e a Demonstração da Base de Cálculo da CSLL, foram efetuados ajustes (adicionando e excluindo) do resultado do respectivos anos calendários, despesas e receitas de Variações Monetárias e também compensando prejuízo fiscal e base negativa de períodos anteriores. A compensação de prejuízo fiscal e de base negativa de períodos anteriores da CSLL foram detectada pelo sistema SAPLI como "COMPENSAÇÃO INDEVIDA"(DOC 021), pelo fato das DIPJ's originais (DOC 008 à 010) dos anos calendários de 2005 a 2007 entregues espontaneamente pelo contribuinte, terem apresentados base de cálculo do IRPJ e da CSLL positivo, e não prejuízos. Os prejuízos fiscais e bases negativas de exercícios anteriores compensados pelo contribuinte, constam apenas no Livro de Apuração do Lucro Real (DOC 004 à 006) entregue em atendimento do Termo de Início do Procedimento Fiscal. AÇÃO FISCAL EM DESFAVOR DO CONTRIBUINTE. Fl. 3341DF CARF MF Processo nº 10183.724196/201315 Acórdão n.º 1402002.453 S1C4T2 Fl. 3.339 7 Em decorrência da informação "COMPENSAÇÃO INDEVIDA" o contribuinte tomou ciência da ação fiscal em seus desfavor (DOC 001) para apresentar o Livro de Apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL dos anoscalendário de 2005 a 2009. Em atendimento ao Termo de Início do Procedimento Fiscal o contribuinte apresentou o Livro LALUR (DOC 004 006), onde, as Demonstrações do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL dos anos calendários de 2005 à 2007 constante nos mesmos, apresentam prejuízos fiscais e bases negativas da CSLL, nos períodos de apuração: a) = no 3° e 4º Trimestre de 2005; b) = no 2° , 3º e 4º Trimestre de 2006; d) = no 2°, 3º e 4º Trimestre de 2007. Os prejuízos acima descriminados não constam no sistema "SAPLI" pelo fato do contribuinte não apresentar as DIPJ's retificadoras dos anos calendários de 2005 à 2007, sendo estes os prejuízos utilizados pelo contribuinte para compensar resultado positivo nas DIPJ's de 2008 e 2009 referente o IPRJ e a CSLL, cuja origem foi em decorrência do mesmos efetuar ajustes no resultado do exercício das variações cambiais, mesmo não tendo transação efetuada com o exterior. INSPECIONANDO A CONTABILIDADE DO CONTRIBUINTE O contribuinte informou em suas DIPJ's(DOC 008 à 012) que não efetuou transação com exterior, em consequência disso, não tinha o que ajustar nas Demonstrações do Lucro Real e da Base de Cálculo da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido nenhum valor referente a Variação Cambial em decorrência da taxa de câmbio, conforme os atos legais transcritos anteriormente. O contribuinte informou que não efetuou nenhuma transação com o exterior, então, inspecionamos sua contabilidade para verificar a origem das variações cambiais que deram origens aos ajustes efetuados nas Demonstrações do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL dos anos calendários de 2005 a 2009. Foram identificadas as contas conforme razão contábil abaixo: a) = 3313010015 VARIAÇÃO CAMBIAL POSITIVA NÃO REALIZADA (DOC 017 e 018);e b) = 3313020021 VARIAÇÃO CAMBIAL NEGATIVA NÃO REALIZADA (DOC 015 e 016). Conforme as contas, verificase que tratase de atualizações de direitos e obrigações em moeda corrente do País, ou seja, representam transações com clientes e fornecedores no mercado brasileiro e não clientes e fornecedores do exterior. De acordo com os Atos Legais acima transcritos, e levando em consideração que o contribuinte não efetuou transação com exterior, conforme sua própria informações nas DIPJ's originais (DOC 008 à 010) e retificadoras (DOC 011 e 012) entregues, concluise que os ajustes efetuados nas Demonstrações do Lucro Real e nas Demonstrações da Base de Cálculo da CSLL nos anos calendários de 2005 à 2009 (DOC 004 à 007), foram efetuados incorretamente, e com isso, a Demonstração do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL dos Fl. 3342DF CARF MF 8 anos calendários de 2008 e 2009. serão recompostos com a desconsideração desses ajustes, e com referência os anos calendários de 2005 à 2007, serão considerados aqueles constantes nas DIPJ's originais entregues(DOC 008 à 010). INTIMAÇÃO AO CONTRIBUINTE Em decorrência das evidências constatadas e relatadas nos itens anteriores, o contribuinte tomou ciência do Termo de Intimação Fiscal (DOC 022) para comprovar esclarecer, através da apresentação de documentação hábil e idônea, os ajustes efetuados nas Demonstrações do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL nos anos calendários de 2005 à 2009, referente as variações cambiais. DILAÇÃO DE PRAZO O contribuinte solicita dilação de prazo para atender o Termo de Intimação Fiscal, dilação concedida (DOC 023). ATENDIMENTO DO TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL Em atendimento (DOC 024) o contribuinte informa que as contas que deram origens aos ajustes são direitos e obrigações e que utiliza contas específicas para controlar as variações monetárias realizadas e não realizadas em cada ano calendário. O importante é deixar evidenciado que os direitos a receber e as obrigações, são em decorrências de transações realizadas com clientes e fornecedores no mercado interno e não externo, com isso, os ajustes efetuados pelo contribuinte em suas Demonstrações do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL, referente os anos calendários de 2005 à 2009( 004 à 007), foram efetuados incorretamente. VALOR DA INFRAÇÃO "EXCLUSÃO INDEVIDA" O valor da infração "EXCLUSÃO INDEVIDA" de acordo com o relatório acima, foi pelo fato da fiscalização: a) Não considerar as Demonstrações do Lucro Real e a Base de Cálculo da CSLL constante no Livro de Apuração do Lucro Real (DOC 004 à 006) apresentado pelo contribuinte em atendimento ao Termo de Início do Procedimento Fiscal (DOC 022), referente os anos calendários de 2005 à 2007; b) Considerar as Demonstrações do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL constante nas DIPJ's (DOC 008 à 009) originais entregues espontaneamente pelo contribuinte referente os anos calendários de 2005 à 2007, consta prejuízos apenas no 3º Trimestre/2007, não existente ajustes referentes VM. c) Com referência os anos calendários de 2008 e 2009 a fiscalização não considerou: c.1) As demonstrações do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL apresentado no livro LALUR (DOC 006 e 007) em atendimento ao Termo de Intimação Fiscal, sendo as mesmas recompostas com a exclusão dos ajustes efetuados referente as Variações Monetárias nos montantes abaixo: Fl. 3343DF CARF MF Processo nº 10183.724196/201315 Acórdão n.º 1402002.453 S1C4T2 Fl. 3.340 9 Em decorrência disso, a Demonstração do Lucro Real e a Demonstração da Base de Cálculo da CSLL, foram recompostos com os valores acima, e, a diferença do IRPJ e da CSLL caso haja, será exigido de ofício através da lavratura de auto de infração. Enquadramento Legal Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2008 e 31/12/2009: art. 3o da Lei n° 9.249/95. Arts. 247 e 250 do RIR/99 0002 SALDO INSUFICIENTE COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE PREJUÍZO OPERACIONAL COM RESULTADO DA ATIVIDADE GERAL O valor da infração "COMPENSAÇÃO INDEVIDA" de acordo com o relatório acima, foi pelo fato da fiscalização: a)= Não considerar as Demonstrações do Lucro Real e a Base de Cálculo da CSLL constante no Livro de Apuração do Lucro Real (DOC 004 à 006) apresentado pelo contribuinte em atendimento ao Termo de Início do Procedimento Fiscal (DOC 022), referente os anos calendários de 2005 à 2007; b)= Considerar as Demonstrações do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL constante nas DIPJ's (DOC 008 à 009) originais entregue espontaneamente pelo contribuinte referente os anos calendários de 2005 à 2007, consta prejuízos apenas no 3o Trimestre/2007; c)= Com referência os anos calendários de 2008 e 2009 a fiscalização não considerou: c.1) = As demonstrações do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL apresentado no livro LALUR (DOC 004 à 005) em atendimento ao Termo de Intimação Fiscal, e consequentemente os prejuízos fiscais e base negativas neles escriturados que foram utilizados pelo contribuinte para compensar com lucro de 2008 e 2009. Em consequência disso, o valor já detectado pelo Sistema "SAPLI" (DOC 021) como "INCONSISTÊNCIAS COMPENSAÇÃO PREJUÍZO E CSLL" como motivo de exceder saldo disponível, deram origem a este auto de infração Fl. 3344DF CARF MF 10 Enquadramento Legal Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2008 e 31/12/2009: art. 3o da Lei n° 9.249/95. Arts. 247 e 250, inciso III, 251, 509 e 510 do RIR/99 0003 REGIME TRIBUTÁRIO DE TRANSIÇÃO – RTT POSTERGAÇÃO DO PAGAMENTO DO IMPOSTO Critério para Avaliação de Estoques. Vamos transcrever os atos legais, que determina os procedimentos que o contribuinte deve utilizar no encerramento do período de apuração, para evitar que haja subavaliação ou supervaliação do estoque final, e com isso, proporcionar antecipação ou postergação de pagamento de imposto. ATOS LEGAIS TRANSCRITOS CUSTO DE AQUISIÇÃO. "Art. 289/RIR/99. O custo das mercadorias revendidas e das matériasprimas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração ( DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 14). § 1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 13). § 2º Os gastos com desembaraço aduaneiro integram o custo de aquisição § 3° Não se incluem no custo os impostos recuperáveis através de créditos na escrita fiscal". “Art. 292/RIR/99 Ao final de cada período de apuração do imposto, a pessoa jurídica deverá promover o levantamento e avaliação dos seus estoques". "Art. 293/RIR/99. As mercadorias, as matériasprimas e os bens em almoxarifado serão avaliados pelo custo de aquisição (Lei n° 154, de 1947, art. 2°, §§ 3° e 4°, e Lei n° 6.404, de 1976, art. 183, inciso II)". "DIFERENÇAS DE ESTOQUES GLOSA DE CUSTOS E POSTERGAÇÃO DO IMPOSTO As diferenças de estoques inicial e final influenciam o resultado tributável do período, devendo ser glosado o custo apropriado a maior e exigido o imposto daí decorrente, salvo se já pago em período subsequente, hipótese que autoriza o lançamento da multa e dos juros moratórios incidentes sobre a parcela recolhida com atraso. 2° CC./23 Câmara / ACÓRDÃO 20215.451 em 17.02.2004. Publicado no DOU em: 28.10.2004." VEDAÇÕES "Art. 298. Não serão permitidas (Lei n° 154, de 1947, art. 2°, § 5°, DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 14, § 5°, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso I): I reduções globais de valores inventariados, nem formação de reservas ou provisões para fazer face a sua desvalorização; Fl. 3345DF CARF MF Processo nº 10183.724196/201315 Acórdão n.º 1402002.453 S1C4T2 Fl. 3.341 11 II deduções de valor por depreciações estimadas ou mediante provisões para oscilação de preços; III manutenção de estoques "básicos" ou 'anormais" a preços constantes ou nominais; IV despesa com provisão mediante ajuste ao valor de mercado, se este for menor, do custo de aquisição ou produção dos bens existentes na data do balanço". AJUSTE ESTOQUE INICIAL DE 2008 EFETUADO PELO CONTRIBUINTE Inspecionando a conta de "CMV" mais precisamente o Estoque Inicial na escrituração contábil do contribuinte entregue via SPED, foi detectado que houve lançamento de ajuste (aumento) no estoque inicial em 02/01/2008 e creditando a conta de "Lucro Acumulado" com o histórico "AJUSTE REF ESTOQUE"(DOC 013). O procedimento adotado pelo contribuinte proporcionou superavaliação do CMV no ano calendário de 2008 e consequentemente redução indevida do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, acarretando postergação de pagamento de IRPJ e CSLL do ano calendário de 2008, conforme demonstração razão contábil do CMV (DOC 014). Em decorrência desse fato, o contribuinte foi intimado(DOC 025) para esclarecer esse procedimento adotado através da apresentação de documentação hábil e idônea, caso não esclareça, a Demonstração do Lucro Real e da Base da Contribuição Social Sobre o Lucro será recomposta, e a diferença de IRPJ e CSLL caso haja, será exigido de ofício através da lavratura de auto de infração. RESPOSTA DO CONTRIBUINTE O contribuinte apresentou "RAZÃO CONTÁBIL DA CONTA RESERVA DE LUCROS e do ESTOQUE INICIAL (DOC 026)" que demonstra que o ajuste foi efetuado em decorrência da Lei n° 11.638/2007, creditando a conta de Reserva de Lucro no Patrimônio Líquido (DOC 013). Como o ajuste efetuado no estoque inicial fez parte da apuração do CMV (DOC 014) do ano calendário de 2008, conforme destacado em "NEGRITO" pela fiscalização, a contrapartida do mesmo, ou seja, Reserva de Lucro (DOC 026) teria que ser realizado ajuste no FCONT pelo contribuinte para manter a neutralidade tributária, fato que o contribuinte não efetuou. Abaixo, demonstraremos os procedimentos contábeis e fiscais que deveriam ser aplicados pelos contribuintes em atendimento a Legislação Comercial e Fiscais a partir de 01/01/2008, para que houvesse neutralidade tributária em virtude da avaliação do estoque inicial ao preço de mercados e consequentemente aumento do CMV na contabilidade societária. LEI N° 11.638/2007 "Ari. 182. § 3° Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo (§ 5° do art. 177, inciso I do Fl. 3346DF CARF MF 12 caput do art. 183 e § 3° do art. 226 desta Lei) e do passivo, em decorrência da sua avaliação a preço de mercado". REGIME TRIBUTÁRIO DE TRANSIÇÃO = RTT Foi instituído pela MP n° 449, de 7 de Dezembro de 2007, convertida na Lei n° 11.941, de 27 de maio de 2009, com a finalidade de neutralizar os reflexos dos novos métodos e critérios contábeis introduzidos pela Lei n° 11.638/2007. Para as pessoas jurídicas sujeitas ao RTT, ainda que por opção, as alterações introduzidas na legislação societária a partir de 1º de janeiro de 2008, que modifiquem o critério de reconhecimento de receitas, custos e despesas computadas na apuração do lucro líquido do exercício, não terão efeitos para fins de apuração do lucro real, devendo ser considerados, para fins fiscais, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de Dezembro de 2007. O RTT foi instituído com o objetivo de preservar o princípio da neutralidade fiscal das mudanças inseridas no padrão contábil brasileiros, ou seja, não aumentando e nem diminuindo a carga tributário no período de apuração. A IN n° 949/2009 da RFB, fixou os procedimentos a serem adotados pelas pessoas jurídicas na busca da neutralidade tributária, a saber: "I utilizar os métodos e critérios da legislação societária para apurar, em sua escrituração contábil, o resultado do período antes do Imposto Sobre a Renda, já deduzido das participações de terceiros nos lucros; II utilizar os métodos e critérios contábeis aplicáveis à legislação tributária vigentes em 31 de dezembro de 2007, para apurar o resultado do período, para fins fiscais; III determinar a diferença entre os valores apurados nos incisos I e II; e IV ajustar, exclusivamente no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), o resultado do período, apurado nos termos do inciso I, pela diferença apurada no inciso III”. Em decorrência dessa necessidade, foi instituído o Controle Fiscal Contábil de Transição Fcont (Artigos 7° e 9º da IN RFB n° 949/2009. O Fcont é uma escrituração das contas patrimoniais e de resultado, em partidas dobradas, que considera os métodos e critérios contábeis aplicados pela legislação tributária vigente em 31 de dezembro de 2007. Os lançamentos do Fcont segue o padrão estabelecido pelo ADE Cofis n° 31/11, quais sejam: Lançamento tipo "X" utilizados para informar os lançamentos da escrituração comercial que devem ser desconsiderados do resultado tributável, embora estejam em conformidade com as práticas contábeis vigentes.Com base nessa informação o Fcont estorna o lançamento. Lançamento tipo "F" utilizados para informar os lançamentos contábeis não efetuados na escrituração comercial, mas que devem ser considerados na determinação do resultado tributável em conformidade com a legislação vigente em 31 de dezembro de 2007. O Lucro Real é apurado a partir do resultado do período apurado segundo os critérios da legislação tributária, resultado esse que ainda está sujeito aos ajustes por adição, exclusão e Fl. 3347DF CARF MF Processo nº 10183.724196/201315 Acórdão n.º 1402002.453 S1C4T2 Fl. 3.342 13 compensação nos termos da legislação do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido. Lançamento tipo "N" são os utilizados na ECD (Contabilidade Societária). Como se percebe nos atos legais acima transcritos o contribuinte deveria: a)= lançar o aumento do estoque inicial no montante de R$ 5.197.344,27 em contrapartida na conta intitulada "AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL" no Patrimônio Líquido, e ali permanecer enquanto não realizado; b)= Com a baixa dos estoques, o CMV foi contabilizado por um valor superior ao de custo de aquisição, devido encontrarse avaliado pelo valor de mercado, com isso, proporcionou redução do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL; c)= O contribuinte deveria realizar o valor escriturado no Patrimônio Líquido (DOC 013) efetuando o Ajuste no Fcont, neutralizando o efeito do aumento do custo na formação do resultado do exercício, proporcionando a neutralidade tributária em detrimento da Contabilidade Societária ter sido avaliada pelo valor de mercado. Tendo em vista o sujeito passivo não ter efetuado o ajuste decorrente do regime tributário instituído pelo capítulo III da Lei n° 11.941/09, ocasionando postergação do pagamento do imposto de renda e também da csll, em virtude do aumento do custo das mercadorias vendidas em decorrência de avaliação do estoque inicial ao valor de mercado (DOC 013) e não ter oferecido a tributação a sua contrapartida lançada do patrimônio líquido (DOC013), o Lucro Real e a Base de Cálculo da CSLL, foram recompostos, e caso haja diferença de IRPJ e CSLL os mesmos serão constituídos de ofício através da lavratura de auto de infração. Enquadramento Legal Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2008 e 31/12/2008: art. 3° da Lei n° 9.249/95. Arts. 15, 16 e 17 da Lei n° 11.941/09; art. 6°, § 5°, a do DecretoLei n° 1.598/77 DOS AUTOS DE INFRAÇÃO Os autos de infração foram lavrados em 24/09/2013, formalizado e protocolizado o processo administrativo pertinente e estão juntados às fls. 2/58. A ciência da contribuinte fezse em 30/09/2013, por via postal "AR" (fl.609). DA IMPUGNAÇÃO DA AUTUADA Cientificada dos lançamentos, a autuada, por procuradora constituída (instrumento às fls. 665/668) ofertou, em 29/10/2013, sua peça impugnatória (fls. 628/664), juntando documentos de fls. 671/3056, na qual, depois de fazer um breve resumo dos fatos, pontuou a impugnação nos seguintes tópicos: Quanto à Infração n° 001 Fl. 3348DF CARF MF 14 Ao descrever os fatos, assevera que para obtenção dos valores tributáveis de 2008 e 2009, respectivamente de R$ 10.343.267,91 e R$ 100.813,44, a Fiscalização teria optado por (os destaques constam no original): 1) Não considerar as demonstrações do Lucro Real e Base de Calculo da CSLL constante do LALUR (DOC 004 a 006) apresentado pelo contribuinte em atendimento à intimação fiscal, anos calendários 2005 a 2007. 2) Considerar as Demonstrações do Lucro Real e da Base de Calculo da CSLL constante da DIPJ ( DOC 006 e 007 ) originais entregues espontaneamente pelo contribuinte anos calendários 2005 a 2007, reconhecendo o prejuízo apenas no terceiro trimestre de 2007. 3) Não considerar as Demonstrações do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL apresentado no LALUR ( DOC 006 e 007) em atendimento ao Termo de Intimação Fiscal, sendo que as mesmas foram recompostas com a exclusão dos ajustes efetuados referente as Variações Monetárias. Neste particular, vêse claramente, um peso e duas medidas. O mesmo LALUR que não foi considerado como meio para demonstrar o Lucro Real e Base de Calculo da Contribuição Social nos anos calendários 2005 a 2007, foi considerado para apurar o Lucro Real e Base de Calculo da Contribuição Social no ano calendário 2008. Apenas, o Autuante, dividiu o Livro em dois documentos, um DOC 004 a 006 e outro DOC 006 a 007, ou seja, doc. fls. 85 a 89, LALUR ano calendário 2005 e 2006, doc. fls. 90, Lalur 2007 e doc. fls. 91 a 106, Lalur ano calendário 2008. Na verdade foi apresentado a fiscalização dois Livros LALURs, o de n° 002, referente aos anos calendários 2005 a 2008 e outro de n9.003, ano calendário 2009, a segregação feita se presta apenas para confundir. Quanto à Infração n° 002 Acerca da infração 002 por saldo insuficiente e consequente compensação indevida de prejuízo fiscal, ressalta a Impugnante que: o saldo do SAPLI utilizado para recompor os prejuízos e a base negativa acumulados, conforme esclarece o Autuante, foi o existente em 31/12/2007, abastecido com as declarações originais dos anos calendários 2005 a 2007 apresentadas espontaneamente, ou seja, partiuse de um saldo de prejuízo no valor R$ 63.681,33, desprezando o real prejuízo apurado no LALUR n° 002 apresentado, relativos aos anos calendários 2005 a 2008, o qual teve com lastro as planilhas da apuração do IRPJ e CSLL elaboradas com base no Balancete do Razão (escritas contábil), nestas estão demonstrados que o prejuízo acumulado existente em 31/12/2007 é de R$ 14.629.580,11 e não de R$ 63.681,33 e os tributos apurados foram integralmente declarado em DCTF. Dessa feita, ao demonstramos a improcedência da exigência referente a exclusão indevida cai por terra esta pretensão, ou seja, ela é decorrente. Quanto à Infração n° 003 Argumenta que a: suposta supervalorização de estoque em razão de avaliação ao preço de mercado, no valor de R$ 5.197.344,27, é apenas e tão somente, contabilização de Investimento, em mercadorias, de Sociedade em Conta de Participação, cujas receitas delas decorrentes foram tributadas e recolhidos pelo Lucro Presumido, nos termos da legislação de regência. Passa, sequencialmente, a analisar as infrações, expondo que, no ramo do agronegócio em que atua: Fl. 3349DF CARF MF Processo nº 10183.724196/201315 Acórdão n.º 1402002.453 S1C4T2 Fl. 3.343 15 os agentes que movimentam esse negócio não utilizam moeda corrente, o real praticamente não existe. Todas as transações da grande cadeia são realizadas em grãos, vinculado ao dólar americano, haja vista uma valorização ou desvalorização da moeda estrangeira tem efeito imediato de ganho ou perda. Não reconhecer esses Fatos Contábeis e seus efeitos na escrita contábil e nos resultados comerciais e fiscais é subverter o objetivo da ciência contábil, pois não estará cumprindo a sua função básica. A contabilidade existe para registrar Fatos Contábeis e Fatos Contábeis são os eventos que provocam ou podem vir a provocar efeitos no patrimônio e no resultado, seja ele contábil ou fiscal. o fluxo de insumos e grãos e moeda de referência, assim como as amarras de garantia e baixa de direito e obrigações, são os seguintes: 1 Em uma ponta esta uma multinacional, no nosso caso, a SINGENTA e a ARISTA eOUTRAS, as quais desempenham os seguintes papeis: a) Fornecedoras de insumos agrícolas para revenda aos produtores rurais, pela revendedora, no caso a impugnante. b) Recebe por Endosso, como garantia, o Contrato de Venda Antecipada de grãos firmado, em dólar americano, entre a Comercial Exportadora e a revendedora de insumo, a SINAGRO. 2 No meio está uma Comercial Exportadora, que executa as seguintes atividades: a) Compra da Revendedora de insumos agrícolas, no caso em apreço a impugnante, os grãos que foram recebidos dos produtores rurais em pagamentos aos insumos comprados. b) Pela compra antecipada dos grãos, firma contrato em dólar com a Revendedora de Insumo e Vendedora de grãos, no caso a SINAGRO, com fechamento na entrega dos grãos. 3 No meio também está a Revendedora de Insumos, a Sinagro ProdutosAgropecuários, ora impugnante, que executa as seguintes funções: a) Compra insumo da Multinacional e revende aos produtores rurais mediante contrato em grão e/ou em dólar, com garantia de uma CPR Cédula de Produtor Rural. b) Vende antecipadamente os grãos a uma Comercial Exportadora firmando contrato em dólar americano. c) Transfere o Contrato em dólar americano firmado com a Comercial Exportadora, mediante endosso, à multinacional fornecedora de insumos, como garantia do pagamento dos insumos comprados. d) Realiza a baixa da transação no momento em que o produtor rural liquida o contrato de compra de insumo, pelo valor do dólar do dia do pagamento. Com o pagamento realizado pelo produtor rural, encerra o ciclo e a transação está completa, perfeita e acabada, não havendo pagamento os direitos da revendedora estão garantidos por CPR e as suas obrigações garantida com o Contrato Endossado, ambos vinculado ao dólar americano. 4 Na outra ponta do ciclo fica o Produtor Rural, que desempenha as seguintes tarefas: Fl. 3350DF CARF MF 16 a) Compra os insumos da revendedora para pagamento em saca de grãos e/ou dólar americano, dá como garantia uma Célula de Produtor Rural. b) Produz os grãos e entrega ao revendedor de insumos para pagamento da obrigação, no valor do dólar do dia do pagamento, com a entrega dos grãos encerra a cadeia. Em síntese, pode dizer que o ciclo do agro negócio, embora seja realizado entre nacionais, é 100% dolarizado, ou seja, todos os direitos e obrigações são vinculados e liquidados em dólar americano, pelo valor do dia do pagamento realizado pelo Produtor Rural. Não reconhecer esses efeitos monetários é tornar a escrita contábil imprestável e o resultado econômico e fiscal é uma falácia. A Autoridade Lançadora desprezou todo esse ciclo e preferir simplificar, apegando tão somente na hipótese de que não existe transação em moeda estrangeira entre nacionais e para justificar os insuficientes saldos de prejuízos fiscais e bases negativas nos anos calendários de 2008 e 2009, desconsiderou a escrita contábil, o LALUR e DCTF, apegando apenas na falta retificação das DIPJs dos anos calendários de 2005 a 2007, que resultou na base de controle de prejuízos e um saldo a menor que o impugnante faz jus, tanto em relação ao IRPJ, como em relação a CSLL. Formula questionamentos defendendo ser necessária a consideração da variação cambial mesmo em casos em que as partes não estão domiciliadas no exterior, e que, a legislação do IRPJ e da CSLL determina que os contratos vinculados a moeda estrangeiras devem ser ajustados para apurar o resultado fiscal, não havendo qualquer menção de territoriedade e domicílios das partes contratantes. Ainda, conforme a especificidade das transações do agro negócio, que dolariza toda a transação, não nos resta dúvida de que os direitos e obrigações da impugnante devem ser ajustados pela variação da moeda estrangeira. Dessa forma a impugnante, desde o ano calendário de 2005 ajusta saldos dos direitos e obrigações com base em seus contratos realizados em dólar. Para comprovar as praticas contábeis e fiscais, segue anexos, os Balancetes do Razão, anos calendários 2005 a 2009, embora, em relação aos anos calendários de 2008 e 2009 podem ser obtidos no Sped Contábil. Ainda, para demonstrar os critérios e índices de ajuste, segue anexos, os DEMONSTRATIVOS DAS VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS E PASSIVAS, anos calendários de 2005 a 2009. Nestas estão demonstradas em planilhas e resumos de todos os direitos, cliente por cliente, os ganhos e as perdas, o primeiro contabilizado como variação cambial ativa e o segundo como variação cambial passiva, assim como todas a e obrigações, fornecedores por fornecedores, os ganhos e as perdas, o primeiro contabilizado como variação cambial ativa e o segundo como variação cambial passiva; nos anos calendários de 2005 a 2009, a interessada optou pelo regime de caixa para reconhecimento dos ganhos e perdas com os ajustes monetários na apuração do IRPJ e da CSLL e fez a opção com entrega da DCTF, infelizmente, por negligência, o serviço auxiliar contábil, não tenha retificadas as DIPJs anos calendários de 2005 a 2007. Inclusive, segue em anexos as DIPJs anos calendários 2005 a 2007, devidamente preenchidas comprovando aos saldos de apuração constantes do LALUR n° 002, anos calendários 2005 a 2008, infelizmente por lapso elas não foram transmitidas; se o Auditor Autuante, não concordasse que os ajustes dos valores contabilizados como ganhos ou perdas cambiais, então deveria considerar os ganhos como receita financeira e as perdas como despesas financeiras, procedendo, assim a reconstituição da base de calculo do IRPJ e da CSLL, pelo regime de competência, desprezar esses efeitos como fez o Auditor Autuante, é inaceitável. Veja que as informações prestadas no curso da fiscalização, em especial, os Livros Razões, Balancete Trimestrais e Planilhas de apurações trimestrais do Fl. 3351DF CARF MF Processo nº 10183.724196/201315 Acórdão n.º 1402002.453 S1C4T2 Fl. 3.344 17 IRPJ e CSLL, disponibilizados para as fiscalização e anexos a esta impugnação, no entanto, o Auditor Autuante, preferiu simplificar optando por caminho menos trabalhoso; Aduz ter adotado o "regime de caixa", que "a opção foi feita na DCTF", e que, "caso fosse reconstituído o valor do IRPJ e da CSLL com base no LALUR e escrita contábil, conforme já demonstrado, o resultado seria o seguinte": Especificamente acerca da infração 003, argumenta que: A Autoridade Lançadora considerou uma infração no valor de R$ 5.197.344,27 como sendo avaliação de estoque ao valor de mercado, enquanto na verdade o fato contábil é investimento, em mercadoria, nas Sociedades por Contas de Participações, denominadas DVA Especialidades Comércio Importação e Exportações de Insumos Agrícolas Ltda e DVA Agro do Brasil Comércio Importação e Exportações de Insumos Agrícolas Ltda, cujas receitas decorrentes das vendas das respectivas mercadorias foram devidamente tributadas pelo Lucro Presumido, conforme demonstraremos a seguir: 1 Em dezembro de 2007 foram criadas as Sociedades de Fato em Conta de Participações, entre a SINAGRO produtos Agropecuários e a DVA Especialidades Comércio Importação e Exportações de Insumos Agrícolas Ltda e DVA Agro do Brasil Comércio Importação e Exportações de Insumos Agrícolas, sendo a SINAGRO a sócia ostensiva e as outras sócias ocultas, nos termos da legislação de regência que permite a existência de sociedades em conta de participação formal e informal Fl. 3352DF CARF MF 18 2O investimento da sócia ostensiva, a SINAGRO, foi realizado através da incorporação de estoque de mercadorias existente no dia 02/01/2008, no valor de R$ 5.197.344,27, conforme registros contábeis, constantes do Balancete do Razão, nas seguintes contas e registros: Estoques de Mercadoria conta 1129010026 onde se identificam os seguintes fatos contábeis,foi transferido do estoque da Sinagro Produtos Agropecuários para o Estoque das Sociedades DVA Especialidades Comércio Importação e Exportações de Insumos Agrícolas Ltda e DVA Agro do Brasil Comércio Importação e Exportações de Insumos Agrícolas Ltda, sendo contabilizado como compras de mercadorias pelas sociedades DVAs e a contrapartida contabilizado como aporte de capital, conforme comprova os Balanços Patrimoniais e Balancetes das DVAs, onde comprovam os exatos valores apontados pelo Auditor Autuante. Também nos Balanços Patrimoniais e Balancetes das DVAs estão registradas as vendas, as quais foram tributadas pelo Lucro Presumido, conforme DARF de recolhimento em anexo. Registrase também o lucro do exercício em que plenamente reconhecido peal Impugnante em sua DIPJ. Reportase a juntada do Instrumento Particular de Constituição de Sociedade em Conta de Participação e "Balanços, Balancetes e Razão das sociedades em contas de participações, DVA Especialidades Comércio Importação e Exportações de Insumos Agrícolas Ltda e DVA Agro do Brasil Comércio Importação e Exportações de Insumos Agrícolas Ltda, os quais comprovam inequivocamente os fatos tributáveis e as transações comerciais, assim como, identificamos no Razão, no Balancete do Razão e na DIPJ da SINAGRO, sócia ostensiva, a contabilização e a demonstração na DIPJ das transações das supra citadas sociedade em conta de participações e recolhimentos dos IRPJ e CSLL apurados pelo regime de Lucro presumido", e continua: Os acréscimos de estoques, contabilizados em 02/01/2008, visualizados pela Autoridade Lançadora e interpretado como ajuste ao valor de mercado, nada mais é que investimentos nas sociedades em contas de participações, os quais não tiveram nenhum reflexo no CMV da impugnante e os estoques baixadas por vendas pelas sociedades em contas de participações no ano calendário de 2008 foram tributados pelo Lucro Presumido, conforme comprovantes de recolhimento do IRPJ e CSLL, em nome das mesmas. as sociedades em contas de participações, DVA Especialidades Comércio Importação e Exportações de Insumos Agrícolas Ltda e DVA Agro do Brasil Comércio Importação e Exportações de Insumos Agrícolas Ltda, por consentimentos mútuos, foram encerradas em 17/04/2009, conforme comprova distrato e Ata lavrada na mesma data, mediante a devolução de capital, nos termos nela prevista. pelos fatos demonstrados e comprovados, deve ser excluído da base da exigência fiscal, o valor de R$ 5.197.344,27 imputado como postergação de pagamento do IRPJ pela Autoridade Lançadora, por não ter qualquer efeito sobre o CMV, muito menos supervalorização de estoque e, ainda por ter sido pago todos os tributos incidentes na vendas do supra citados estoque, inclusive o IRPJ e CSLL, este apurado pelo regime de Lucro Presumido. Apresenta em relação à exigência de CSLL razões de defesa de semelhante teor e finaliza formulando pedido de: a) improcedência dos lançamentos do IRPJ e CSLL, anos calendários 2008 e 2009. b) Ajustes dos saldos de Prejuízos Fiscais no Sistema SAPLI, anos calendários 2005 a 2009, conforme demonstrado no LALURn° 001 e 002 Fl. 3353DF CARF MF Processo nº 10183.724196/201315 Acórdão n.º 1402002.453 S1C4T2 Fl. 3.345 19 c) Ajustes dos saldos da Base Negativa no Sistema SAPLI, anos calendários 2005 a 2009, conforme demonstrado no LALURn° 001 e 002. (fls. 663/664). Encerra a impugnação relacionando os documentos que a acompanham (fls. 663/664). Passo, agora, a complementar o presente relatório. Da análise das alegações da recorrente, a DRJ em Ribeirão Preto SP julgou improcedente a Impugnação, mantendo o crédito tributário. Vejase abaixo a ementa desta decisão: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008, 2009 NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais e não havendo prova de violação das disposições contidas no artigo. 142 do CTN e artigos 10 e 59 do Decreto n° 70.235, de 1972, não há que se falar em nulidade do lançamento em questão. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009 VARIAÇÕES CAMBIAIS. VARIAÇÕES MONETÁRIAS. DIFERENÇAS. A expressão variação monetária engloba a atualização do valor monetário de direitos e obrigações decorrente de variação cambial, no caso de operações em moeda estrangeira, ou de índices ou coeficientes aplicáveis, por disposição legal ou contratual, no caso de operações em moeda nacional. VARIAÇÕES CAMBIAIS. VARIAÇÕES MONETÁRIAS. TRIBUTAÇÃO. A teor dos artigos 375 e 377, do RIR/1999, as variações monetárias, ativas ou passivas, em função de índices ou coeficientes aplicáveis, por disposição legal ou contratual, sobre direitos de crédito ou obrigações pactuadas pelo contribuinte devem ser reconhecidas pelo regime de competência. Já as variações cambiais, decorrentes de contratações em moeda estrangeira, por força do art. 30 da Medida Provisória n° 2.15835, de 24/08/2011, podem ser reconhecidas no momento de suas liquidações, ou seja, pelo regime de Caixa. ESTOQUES. VALORIZAÇÃO. LEI 11.638/2007. RTT. As alterações introduzidas pela Lei n° 11.638/2007 e artigos 37 e 38, da Lei n° 11.941, de 2009, que modifiquem o critério de reconhecimento de receitas, custos e despesas computadas na escrituração do contribuinte e na apuração do lucro líquido do período, não terão efeitos sobre as bases imponíveis do IRPJ e da CSLL das pessoas jurídicas sujeitas ao RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31/12/2007. Neste contexto, a mensuração dos valores dos estoques a valor de mercado, procedida pela autuada, com o abandono do princípio contábil do custo Fl. 3354DF CARF MF 20 histórico, ainda que apoiada nas normas das Leis n° 11.638/2007 e 11.941/2009, não pode afetar a apuração de tributos que utilizem o lucro contábil como ponto de partida, impondose a utilização do RTT, de modo a manter a neutralidade tributária. APLICAÇÕES EM SOCIEDADES EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO. REGISTROS. Os valores entregues ou aplicados na SCP pelos sócios pessoas jurídicas deverão ser por eles classificados em conta do ativo investimentos. Já na SCP tais valores deverão compor seu Patrimônio Líquido, o que não se viu nos autos. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL. Na medida em que as exigências reflexas têm por base os mesmos fatos que ensejaram o lançamento do imposto de renda, a decisão de mérito prolatada naquele constitui prejulgado na decisão dos autos de infração decorrentes. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com a decisão acima transcrita, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário dirigido a este Conselho, sem inovar em seus argumentos ou pedidos. A Fazenda Nacional apresentou contrarazões. Não há Recurso de Ofício. É o relatório. Fl. 3355DF CARF MF Processo nº 10183.724196/201315 Acórdão n.º 1402002.453 S1C4T2 Fl. 3.346 21 Voto Conselheiro Demetrius Nichele Macei Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual, dele conheço. Em síntese, a questão de mérito pode ser dividida em dois grandes temas: a) o primeiro é determinar se os direitos e obrigações da Recorrente são ou não em moeda estrangeira e se seus ganhos ou perdas monetárias são decorrentes de índices de preço (receita ou despesa financeira) ou se são decorrentes de variação do preço da moeda (variação monetária ativa ou passiva), pois no primeiro caso os ganhos ou perdas integrarão o resultado da empresa pelo regime de competência e, no segundo, pelo regime de caixa e ajustes no LALUR, que foi o caminho tomado pela Recorrente. b) em segundo lugar, verificar se a mensuração dos valores dos estoques a valor de mercado, com o abandono do princípio contábil do custo histórico, ainda que apoiada nas normas das Leis nº 11.638/2007 e 11.941/2009, pode ou não afetar a apuração de tributos que utilizem o lucro contábil como ponto de partida, considerando o Regime Tributário de Transição. (RTT). Como não há preliminares, passo ao exame do mérito. 1. Infração 01 e 02 – São indevidos os registros contábeis a título de variações cambiais ativa e passiva Para o contribuinte, analisando o mesmo contrato analisado na decisão recorrida, de fls. 1350 a 1354, “a Autoridade Julgadora de Primeira Instância fez afirmações absolutamente desconectadas e conflitantes em relação às cláusulas pactuadas constantes do Contrato”. Para o contribuinte, o preço em reais fixado no contrato “serve apenas para estabelecer a paridade inicial entre as moedas e que o vendedor que recebeu antecipadamente pagará o valor de US$ 14,50 dólares por saca independente de qualquer variação do preços no mercado”. Pergunta, e depois responde: “qual é o valor que o vendedor vai entregar o produto? A resposta é simples: entregará a saca do produto a US$ 14,50” para concluir que, desta forma, o contrato em questão é “dolarizado”. Para entender o que o contribuinte entende por “dolarizado”, ele esclarece: “na entrega do produto o preço, como já fora dito, será sempre o valor do dólar do dia da entrega, vezes o valor da saca fixado em dólar, no caso, US$ 14,50”, concluindo: “não se trata, portanto, de mera atualização”. Mais adiante, para confirmar o quanto entendido pela i. Autoridade Julgadora, afirma o contribuinte que “concordamos plenamente com a expressão que ... JAMAIS a vendedora irá receber dólar, será sempre em moeda nacional”. Fl. 3356DF CARF MF 22 Ou seja, o contrato é indexado em dólar, mas a parte sempre receberá, ao final, o valor correspondente em reais, conforme a cotação do dia do pagamento. Tratase, sim, de mera indexação. Passa então o contribuinte a citar outros contratos que, segundo sua ótica, estão firmados em moeda estrangeira. À vista dessa dolarização típica do agronegócio, indaga o contribuinte: “somente os direitos e obrigações contraídas em moeda estrangeira, com devedor e credor domiciliados no exterior estão sujeitos à ajuste cambial ativo e passivo?”. Responde: “entendemos que não. (...) conforme a especificidade das transações do agronegócio, que dolariza toda a transação, não nos resta dúvida de que os direitos e obrigações da Recorrente devem ser ajustados pela variação da moeda estrangeira”. À vista desse entendimento, a Recorrente adotou o regime de caixa para reconhecer seus ganhos e perdas com os ajustes monetários na apuração do IRPJ e da CSLL, afirmando que sua prática está em perfeita consonância com os arts. 375, 377 e 378 do RIR/99. Como bem disposto na decisão recorrida, equivocase a Recorrente em sua interpretação. O art. 375 do RIR/99 é expresso no sentido de que, “na determinação do lucro operacional deverão ser incluídas, de acordo com o regime de competência, as contrapartidas das variações monetárias, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis, por disposição legal ou contratual (...)”. (sublinhei) Esclarece, por fim, o parágrafo único, do citado art. 375: “Parágrafo único. As variações monetárias de que trata este artigo serão consideradas, para efeito da legislação do imposto, como receitas ou despesas financeiras, conforme o caso.” (sublinhei) Não se discute que a Recorrente está sujeita, em razão de seus contratos, a apurar receitas ou despesas financeiras. No entanto, o que se deve atentar, como bem disposto na decisão recorrida, é para a origem dessas receitas ou despesas, pois podem nascer em função da taxa de câmbio ou em função de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual. Essa diferenciação tornouse relevante com a edição da MP 1.991/2000 e a MP 2.15835/2001, que passou a permitir que variações monetárias de direitos de crédito e obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, pudessem ser consideradas apenas quando da liquidação da correspondente operação (regime de caixa). Como já evidenciado acima, este Julgador entende da mesma forma que o i. Relator do acórdão recorrido: os contratos da Recorrente são indexados ao dólar e não firmados em dólar, de tal forma que não se lhe aplica os benefícios fiscais trazidos pela MP 2.15835/01, mas a regra geral, disposta no art. 375, do RIR/99, o que confirma a correção da fiscalização por ocasião da constituição dos respectivos créditos tributários, os quais mantenho, inclusive reflexos na adequação dos saldos de prejuízos fiscais e bases negativas da CSLL no LALUR. 2. Infração 03 – Regime Tributário de Transição – RTT. Postergação do pagamento do imposto Fl. 3357DF CARF MF Processo nº 10183.724196/201315 Acórdão n.º 1402002.453 S1C4T2 Fl. 3.347 23 Para o contribuinte, em apertada síntese, “são duas as variáveis presentes na infração, ou seja, i) a atualização, a valor de mercado, do estoque inicial da autuada, elevando o em R$ 5.197.344,27 e, ii) a presença de sociedade em conta de participação – SCP, às quais teria sido vertido o estoque valorizado”. Prossegue o contribuinte no sentido de entender que não se aplica ao caso em comento as regras do RTT, discordando frontalmente da posição do i. Relator do acórdão recorrido, que defende a necessidade de adoção do RTT para obter a neutralidade fiscal perdida com a valorização dos estoques e seu reflexo imediato no CMV – Custo da Mercadoria Vendida, bem como, por consequência, na apuração do IRPJ e CSLL. De se observar, inicialmente, que as informações lançadas no Livro Razão da Recorrente, cujas páginas foram reproduzidas na decisão da DRJ de Ribeirão Preto, está claro que o estoque terminou no ano de 2007 no importe de R$ 26.789.932,36 e, devidamente ajustado, passou, em 02.01.2008 para R$ 31.987.276,62, ou seja, uma variação de R$ 5.197.344,27, tendo, como contrapartida contábil, conta do Patrimônio Líquido – PL – Lucros ou Prejuízos acumulados, o que também não está correto, uma vez que cria um “lucro artificial”, sem que sobre tais valores tenha ocorrido qualquer incidência tributária. A consequência contábil dessa avaliação do estoque é uma superavaliação do CMV no anocalendário de 2008 e consequente redução indevida do lucro real e da base de cálculo da CSLL, como bem apontou a autoridade fiscalizadora. Essa distorção poderia ter sido corrigida pela adoção do regime do RTT, mas não foi o posicionamento adotado pelo contribuinte, ensejando a autuação. Em sua defesa, aponta a contribuinte que essa reavaliação não afetou o seu CMV, uma vez que tal estoque foi integralizado como capital em SCP’s. Essa afirmação é desmentida pelo Livro Razão do contribuinte, no qual, analisandose a conta do CMV, observase lançamentos a débito, referentes ao ajuste de estoque realizado em janeiro/08, o que significa aumento do valor do CMV e, desta forma, como dito acima, com reflexos no IRPJ e CSLL, atraindo a obrigatoriedade da adoção do RTT para neutralizar esse reflexo tributário, independentemente de, após os ajustes, integralizar, de fato, os estoques nas SCP’s. Aliás, adotando as premissas do v. Acórdão recorrido, a Recorrente, se de fato fez o aporte dos estoques nas SCP’s, deixou de contabilizálos de maneira correta, permitindo concluir, nos moldes da decisão recorrida que, “basta uma simples análise dos balancetes de todas as envolvidas para se confirmar que o valor discutido de R$ 5.197.344,27 não se estampa em nenhuma rubrica, como pretende a impugnante”. Desta forma, mantenho os créditos tributários constituídos a título de IRPJ e CSLL em relação ao valor de R$ 5.197.344,27. Por todo o exposto, nego provimento ao Recurso Voluntário, mantendo íntegros os créditos tributários constituídos a título de CSLL e IRPJ. É o voto. Fl. 3358DF CARF MF 24 (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Fl. 3359DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001201/2009-07
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
VICIO MATERIAL. NULIDADE.
Quando a descrição do fato não é suficiente para a razoável segurança de sua ocorrência, carente que é de algum elemento material necessário para gerar obrigação tributária, o lançamento se encontra viciado por ser o crédito dele decorrente incerto.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2301-005.020
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para dar-lhe provimento declarando a nulidade do lançamento por vício material, nos termos do voto do relator.
Andrea Brose Adolfo - Presidente Substituta
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: ANDREA BROSE ADOLFO, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, FABIO PIOVESAN BOZZA, JORGE HENRIQUE BACKES, ALEXANDRE EVARISTO PINTO e FERNANDA MELO LEAL.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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NULIDADE. Quando a descrição do fato não é suficiente para a razoável segurança de sua ocorrência, carente que é de algum elemento material necessário para gerar obrigação tributária, o lançamento se encontra viciado por ser o crédito dele decorrente incerto. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para darlhe provimento declarando a nulidade do lançamento por vício material, nos termos do voto do relator. Andrea Brose Adolfo Presidente Substituta Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: ANDREA BROSE ADOLFO, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, FABIO PIOVESAN BOZZA, JORGE HENRIQUE BACKES, ALEXANDRE EVARISTO PINTO e FERNANDA MELO LEAL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 12 01 /2 00 9- 07 Fl. 225DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedente o lançamento fiscal realizado em 08/04/2009 para constituição da contribuição previdenciária patronal. Segue transcrição de trecho da decisão recorrida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 Ementa: CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS A CARGO DA EMPRESA. AJUDA DE CUSTO. GRATIFICAÇÃO SOB A FORMA DE INDENIZAÇÃO. INDENIZAÇÃO E DEVOLUÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA SEMANAL. Incide contribuição previdenciária sobre a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive às gorjetas e os ganhos habituais sob a forma de utilidades. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não há cerceamento de defesa quando o Relatório Fiscal e os Anexos do . Auto de Infração oferecem as condições necessárias para que o. contribuinte conheça o procedimento fiscal e apresente a sua defesa ao lançamento. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao Contribuinte o ônus da prova de suas alegações, ao contestar fatos apurados na Contabilidade, nas Folhas de Pagamento, e Guias da Previdência Social (GPS), de sua própria elaboração. PRODUÇÃO DE PROVAS. INDEFERIMENTO. A apresentação de provas no contencioso administrativo deve ser feita juntamente com a impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento, salvo se fundamentado nas hipóteses expressamente previstas. PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. A autoridade julgadora de primeira instancia determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis. SUJEITO PASSIVO. INTIMAÇÃO. Fl. 226DF CARF MF Processo nº 19515.001201/200907 Acórdão n.º 2301005.020 S2C3T1 Fl. 224 3 Pertence à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Tributária DERAT jurisdicionante do contribuinte a competência para intimação de acórdão emitido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido ... O Relatório Fiscal, de fls. 16 a 21, informa que constituem fatos geradores do presente lançamento rubricas de folha de pagamento pagas sem incidência de contribuição previdenciária, no período de 01/2004 a 12/2004, identificados nos autos pelos Levantamentos códigos AJU, DIR, IND E LEI. ... Os valores pagos a título das rubricas de folha de pagamento a seguir relacionadas, não foram incluídos na base de cálculo mensal para apuração do valor devido da contribuição previdenciária respectiva: Ajuda de Custo Levantamento código AJU; Devolução do IR semanal Levantamento código DIR; Indenização Especial Levantamento código IND; Indenização Lei n° 7.238 levantamento código LEI. Não conformada com a autuação a recorrente interpôs recurso voluntário alegando em síntese que: PRELIMINARES DE DIREITO Apresentamse uma preliminar de direito e um protesto: a) houve cerceamento de defesa na medida em que se constata a ausência de um Discriminativo do Débito escrito em que apresenta os beneficiados pelos pagamentos e os valores mensais de cada um deles, o que configura um constrangimento ao direito constitucional de ampla defesa (CF, art. 5º, LV). b) protesta pela juntada de documentos, provas, perícias e pareceres favoráveis ao procedimento da defendente e também, quando for o caso, pela apresentação das GPS relativas a contribuições recolhidas como devidas pelo contribuinte. DO DIREITO De acordo com o Relatório Fiscal é questionada a incidência de contribuições em relação a quatro rubricas: a) Ajuda de custo; b) Indenização da Lei n° 7.238/84; c) Indenização Especial. e d) Devolução IR semanal. AJUDA DE CUSTO Fl. 227DF CARF MF 4 A ajuda de custo está prevista no artigo 470 da CLT, bem como no artigo 28, 9° da Lei 8.212/91. Não possui qualquer caráter remuneratório, não se refere aos serviços prestados e apresenta a característica fundamental do art. 201, §11, da Constituição Federal: é ganho eventual. É descabida a exigência constante do AIOP, a norma previdenciária é claríssima ao dispensar a contribuição e isso se deve às seguintes razões: i) não acresce o patrimônio; ii) é ocasional; e iii) não enseja o caráter substitutivo da prestação previdenciária. INDENIZAÇÃO DA LEI 7.238/84 Nos termos da Lei n° 6.708/79 o empregado dispensado sem justa causa, no período de trinta dias a que antecede a data da correção salarial, tem o direito da indenização adicional equivalente a um salário mensal, seja ele optante ou não do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço — FGTS. Dessa forma é descabida a exigência fiscal. INDENIZAÇÃO ESPECIAL Da leitura do art. 28, §9º letra e, fica bastante evidente que o legislador não deseja a incidência de contribuições sobre valores indenizatórios. O valor constante do Relatório Fiscal e do AIOP é nitidamente uma gratificação esporádica paga quando do afastamento da empresa por parte do empregado, enquadrado como estímulo ao afastamento ou aposentadoria, logo sem qualquer caráter salarial. Não se constitui em salário porque não há contrapartida por parte do trabalhador e não é remuneração porque é eventualíssimo. DEVOLUÇÃO IR SEMANAL Não tem a referida parcela qualquer natureza salarial, consistindo na devolução do Imposto de Renda indevidamente retido dos empregados não residentes no Brasil que optou pela tributação exclusiva em seu País de residência atual — Itália. Como na época o IR era apurado por semana, houve a retenção na fonte de pagamento no Brasil, que posteriormente foi devolvida aos empregados. É o Relatório. Fl. 228DF CARF MF Processo nº 19515.001201/200907 Acórdão n.º 2301005.020 S2C3T1 Fl. 225 5 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Preliminares Procedimentos formais Quanto a preliminar de nulidade do lançamento quanto a ausência de relação nominal dos segurados empregados beneficiários do pagamento, entendo que no presente caso a motivação apresentada no lançamento é suficiente para o pleno conhecimento por parte da recorrente desses beneficiários, bastando para tanto examinar suas próprias folhas de pagamento referente aos meses de apuração do tributo. Não há prejuízo à defesa quando o lançamento alcança todos os segurados empregados a serviço da empresa. Ainda assim, está consignado no relatório fiscal que o recorrente recebeu em meio magnético uma planilha nominal. Mérito Com exceção da restituição do IRPF dos segurados não residentes, as parcelas objeto do lançamento são previstas na Lei nº 8.212/91 como isentas ou fora do campo de incidência das contribuições previdenciárias: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) II para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo empregatício e do valor da remuneração; ... § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) Fl. 229DF CARF MF 6 ... e) as importâncias: (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97 3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT; ... 5. recebidas a título de incentivo à demissão; ... 9. recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). ... g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). Embora previstas no artigo 28, §9º da Lei nº 8.212/91 como parcelas sobre as quais não há incidência da contribuição previdenciária, a fiscalização, sem apresentar como fundamento quaisquer dos requisitos que deixaram de ser cumpridos pela recorrente, considerou, a contrário senso, como parcelas sujeitas à incidência. A decisão recorrida manteve o lançamento sob fundamento de inversão do ônus da prova em desfavor do contribuinte: Alega a Impugnante que não integra o salário de contribuição a ajuda de custo recebida pelo empregado na forma do art. 470 da Consolidação das Leis do Trabalho, entendendo, assim, ser descabida a exigência a este título nos presentes autos, vez que tal pagamento não acresce o patrimônio do trabalho, é ocasional e não enseja o caráter substitutivo da prestação previdenciária. No entanto, a Impugnante alega, mas não junta aos autos um documento que comprove que os pagamentos por ela efetuados ocorreram na forma da Lei. Por sua vez, a fiscalização afirma que da análise dos arquivos de folhas de pagamento e da contabilidade da empresa para o período de 2004, constatou que TODOS os pagamentos efetuados pela empresa a título, não só de ajuda de custo, como das demais rubricas constantes do Auto de Infração (Indenização da Lei n° 7.238/84; Indenização Especial e Devolução IR semanal) constituem salário de contribuição da previdência social, sendo que os valores devidos estão sendo aqui cobrados. Efetuando pagamentos a título de ajuda de custo em desconformidade com a lei, a Impugnante enfrentou as disposições do art. 28, § 9º letra "g", da Lei 8.212/91, acima transcrito, e a inversão do ônus de comprovar a natureza indenizatória dos valores pagos sob esta rubrica, sem lograr êxito por ter apenas aventado hipóteses. Fl. 230DF CARF MF Processo nº 19515.001201/200907 Acórdão n.º 2301005.020 S2C3T1 Fl. 226 7 Entendo que o lançamento contém vício insanável por atingir o núcleo central do crédito tributário, o fato gerador da obrigação. Vício material Quanto à natureza do vício insanável, no Código Tributário Nacional há regra expressa de decadência quando da reconstituição de lançamento declarado nulo por vício formal. Daí a relevância e finalidade da qualificação dos vícios que sejam identificados nos processos administrativos fiscais: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: ... II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Ou seja, somente reinicia o prazo decadencial quando a anulação do lançamento anterior decorreu da existência de vício formal; do que me leva a crer que não há reinício do prazo quando a anulação se dá por outras causas, pois a regra geral é a ininterrupção, conforme artigo 207 do Código Civil. Portanto, para a finalidade deste trabalho, é mais razoável que se identifique o conceito de vício formal, e assim por exclusão se reconhecer que a regra especial trazida pelo CTN não alcança os demais casos, do que procurar dissecálos, um por um, ou mesmo conceituar o que se entenda por vício material. Código Civil: Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. Ainda que o Código Civil estabeleça efeitos para os vícios formais dos negócios jurídicos, artigo 166, quando se tratam de atos administrativos, como o lançamento tributário por exemplo, é no Direito Administrativo que encontramos as regras especiais de validade dos atos praticados pela Administração Pública: competência, motivo, conteúdo, forma e finalidade. É formal o vício que contamina o ato administrativo em seu elemento “forma”; por toda a doutrina, cito a Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro. 1 Segundo seu magistério, o elemento “forma” comporta duas concepções: uma restrita, que considera forma como a exteriorização do ato administrativo (por exemplo: autodeinfração) e outra ampla, que inclui todas as demais formalidades (por exemplo: precedido de MPF, ciência obrigatória do sujeito passivo, oportunidade de impugnação no prazo legal etc), isto é, esta última confundese com o conceito de procedimento, prática de atos consecutivos visando a consecução de determinado resultado final. 1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella: Direito Administrativo, São Paulo: Editora Atlas, 11ª edição, páginas 187 a 192. Fl. 231DF CARF MF 8 Portanto, qualquer que seja a concepção, “forma” não se confunde com o “conteúdo” material ou objeto. É um requisito de validade através do qual o ato administrativo, praticado porque o motivo que o deflagra ocorreu, é exteriorizado para a realização da finalidade determinada pela lei. E quando se diz “exteriorização” devemos concebêla como a materialização de um ato de vontade através de determinado instrumento. Daí temos que conteúdo e forma não se confundem: um mesmo conteúdo pode ser veiculado através de vários instrumentos, mas somente será válido nas relações jurídicas entre a Administração Pública e os administrados aquele prescrito em lei. Sem se estender muito, nas relações de direito público a forma confere segurança ao administrado contra investidas arbitrárias da Administração. Os efeitos dos atos administrativos impositivos ou de império são quase sempre gravosos para os administrados, daí a exigência legal de formalidades ou ritos. No caso do ato administrativo de lançamento, o autodeinfração com todos os seus relatórios e elementos extrínsecos é o instrumento de constituição do crédito tributário. E a sua lavratura se dá em razão da ocorrência do fato descrito pela regramatriz como gerador de obrigação tributária. Esse fato gerador, pertencente ao mundo fenomênico, constitui, mais do que sua validade, o núcleo de existência do lançamento. Quando a descrição do fato não é suficiente para a certeza de sua ocorrência, carente que é de algum elemento material necessário para gerar obrigação tributária, o lançamento se encontra viciado por ser o crédito dele decorrente duvidoso. É o que a jurisprudência deste Conselho denomina de vício material: “[...]RECURSO EX OFFICIO – NULIDADE DO LANÇAMENTO – VÍCIO FORMAL. A verificação da ocorrência do fato gerador da obrigação, a determinação da matéria tributável, o cálculo do montante do tributo devido e a identificação do sujeito passivo, definidos no artigo 142 do Código Tributário Nacional – CTN, são elementos fundamentais, intrínsecos, do lançamento, sem cuja delimitação precisa não se pode admitir a existência da obrigação tributária em concreto. O levantamento e observância desses elementos básicos antecedem e são preparatórios à sua formalização, a qual se dá no momento seguinte, mediante a lavratura do auto de infração, seguida da notificação ao sujeito passivo, quando, aí sim, deverão estar presentes os seus requisitos formais, extrínsecos, como, por exemplo, a assinatura do autuante, com a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula; a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado, com a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula.[...]” (7ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes – Recurso nº 129.310, Sessão de 09/07/2002) Por sua vez, o vício material do lançamento ocorre quando a autoridade lançadora não demonstra/descreve de forma clara e precisa os fatos/motivos que a levaram a lavrar a notificação fiscal e/ou auto de infração. Diz respeito ao conteúdo do ato administrativo, pressupostos intrínsecos do lançamento. E ainda se procurou ao longo do tempo um critério objetivo para o que venha a ser vício material. Daí, conforme recente acórdão, restará configurado o vício quando há equívocos na construção do lançamento, artigo 142 do CTN: O vício material ocorre quando o auto de infração não preenche aos requisitos constantes do art. 142 do Código Tributário Nacional, havendo equívoco na construção do lançamento quanto à verificação das condições legais para a exigência do Fl. 232DF CARF MF Processo nº 19515.001201/200907 Acórdão n.º 2301005.020 S2C3T1 Fl. 227 9 tributo ou contribuição do crédito tributário, enquanto que o vício formal ocorre quando o lançamento contiver omissão ou inobservância de formalidades essenciais, de normas que regem o procedimento da lavratura do auto, ou seja, da maneira de sua realização... (Acórdão n° 19200.015 IRPF, de 14/10/2008 da Segunda Turma Especial do Primeiro Conselho de Contribuintes) Abstraindose da denominação que se possa atribuir à falta de descrição clara e precisa dos fatos geradores, o que não parece razoável é agrupar sob uma mesma denominação, vício formal, situações completamente distintas: dúvida quanto à própria ocorrência do fato gerador (vício material) junto com equívocos e omissões na qualificação do autuado, do dispositivo legal, da data e horário da lavratura, apenas para citar alguns, que embora possam dificultar a defesa não prejudicam a certeza de que o fato gerador ocorreu (vício formal). Nesse sentido: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL – NULIDADE VÍCIO FORMAL LANÇAMENTO FISCAL COM ALEGADO ERRO DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO – INEXISTÊNCIA – Os vícios formais são aqueles que não interferem no litígio propriamente dito, ou seja, correspondem a elementos cuja ausência não impede a compreensão dos fatos que baseiam as infrações imputadas. Circunscrevemse a exigências legais para garantia da integridade do lançamento como ato de ofício, mas não pertencem ao seu conteúdo material. O suposto erro na identificação do sujeito passivo caracteriza vício substancial, uma nulidade absoluta, não permitindo a contagem do prazo especial para decadência previsto no art. 173, II, do CTN. (Acórdão n° 10808.174 IRPJ, de 23/02/2005 da Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes). Ambos, desde que comprovado o prejuízo à defesa, implicam nulidade do lançamento, mas é justamente essa diferença acima que justifica a possibilidade de lançamento substitutivo apenas quando o vício é formal. O rigor da forma como requisito de validade gera um cem número de lançamentos anulados. Em função desse prejuízo para o interesse público é que se inseriu no Códex Tributário a regra de interrupção da decadência para a realização de lançamento substitutivo do anterior, anulado por simples vício na formalização. De fato, forma não pode ter a mesma relevância da matéria que dela se utiliza como veículo. Ainda que anulado o ato por vício formal, podese assegurar que o fato gerador da obrigação existiu e continua existindo, diferentemente da nulidade por vício material. Caso não houvesse a interrupção da decadência, o Estado estaria impedido de refazer o ato através da forma válida. Não se duvida da forma como instrumento de proteção do particular, mas nem por isso ela se situa no mesmo plano de relevância do conteúdo. Temos aí um conflito: segurança jurídica x interesse público. O primeiro inspira o rigor formal do ato administrativo, um de seus requisitos de validade; o segundo, defende a atividade estatal de obtenção de recursos para financiamento das realizações públicas. No presente caso, o vício está na própria verificação e demonstração da ocorrência do fato gerador da obrigação, o que pertence ao núcleo material da autuação. Fl. 233DF CARF MF 10 Em razão do exposto, voto pelo provimento ao recurso voluntário para declarar a nulidade do lançamento por vício material. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 234DF CARF MF
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