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Numero do processo: 10410.725132/2013-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2013
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. CRÉDITO INEXISTENTE. IMPOSSIBILIDADE.
A compensação de contribuição previdenciária requer a comprovação de recolhimento indevido, sob pena de não homologação por parte da Secretaria da Receita Federal do Brasil.
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. COMPROVAÇÃO DA FALSIDADE. CRÉDITO SABIDAMENTE INEXISTENTE.
Cabível a imposição de multa isolada de 150% - prevista no art. 89, § 10, da Lei nº 8.212, de 1991 - quando comprovada a falsidade da compensação efetuada pelo sujeito passivo, pelo oferecimento voluntário e consciente de crédito sabidamente inexistente para tal fim, visto que indubitavelmente não reconhecido pela decisão judicial transitada em julgado.
Numero da decisão: 2401-004.744
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, e, no mérito, por voto de qualidade, negar-lhe provimento. Vencido o relator e os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento parcial ao recurso para excluir a multa isolada. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Marcio de Larceda Martins, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2013 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. CRÉDITO INEXISTENTE. IMPOSSIBILIDADE. A compensação de contribuição previdenciária requer a comprovação de recolhimento indevido, sob pena de não homologação por parte da Secretaria da Receita Federal do Brasil. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. COMPROVAÇÃO DA FALSIDADE. CRÉDITO SABIDAMENTE INEXISTENTE. Cabível a imposição de multa isolada de 150% - prevista no art. 89, § 10, da Lei nº 8.212, de 1991 - quando comprovada a falsidade da compensação efetuada pelo sujeito passivo, pelo oferecimento voluntário e consciente de crédito sabidamente inexistente para tal fim, visto que indubitavelmente não reconhecido pela decisão judicial transitada em julgado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2013 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. CRÉDITO INEXISTENTE. IMPOSSIBILIDADE. A compensação de contribuição previdenciária requer a comprovação de recolhimento indevido, sob pena de não homologação por parte da Secretaria da Receita Federal do Brasil. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. COMPROVAÇÃO DA FALSIDADE. CRÉDITO SABIDAMENTE INEXISTENTE. Cabível a imposição de multa isolada de 150% prevista no art. 89, § 10, da Lei nº 8.212, de 1991 quando comprovada a falsidade da compensação efetuada pelo sujeito passivo, pelo oferecimento voluntário e consciente de crédito sabidamente inexistente para tal fim, visto que indubitavelmente não reconhecido pela decisão judicial transitada em julgado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 41 0. 72 51 32 /2 01 3- 01 Fl. 769DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, e, no mérito, por voto de qualidade, negarlhe provimento. Vencido o relator e os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento parcial ao recurso para excluir a multa isolada. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Marcio de Larceda Martins, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 770DF CARF MF Processo nº 10410.725132/201301 Acórdão n.º 2401004.744 S2C4T1 Fl. 770 3 Relatório USINAS REUNIDAS SERESTA S.A., contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 17a Turma da DRJ em Ribeirão Preto/SP, Acórdão nº 1449.278/2014, às efls. 539/551, que julgou procedente os lançamentos fiscais lavrados em 05/12/2013, referente a glosa de compensação efetuadas indevidamente pelo contribuinte com às contribuições sociais devidas ao INSS e a multa isolada aplicada por compensação indevida com falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, em relação ao período de apuração de 01/07/2009 a 30/09/2013, conforme Relatório Fiscal, às efls. 51/69, consubstanciados nos seguintes Autos de Infração: 1) DEBCAD 51.018.3794 Relativo à glosa de compensação indevida, declaradas em GFIP pela Matriz e Filial, nas competências de 01/2009 a 11/2011, como se verifica do anexo DD –Discriminativo do Débito (fls. 09 a 21); Tal crédito, consolidado em 02/12/2013, importa em R$ 16.119.902,68 (dezesseis milhões, cento e dezenove mil e novecentos e dois reais e sessenta e oito centavos); já incluídos aí os juros e a multa de mora incidentes sobre o débito originário. 2) DEBCAD 51.050.2601 Relativo à multa isolada de 150 % dos valores – declarados em GFIP nas competências de 07/2009 a 09/2013 (não contínuo) – compensados irregularmente, como se verifica do anexo DD (fls. 37 a 42); Aplicada tal multa, em 02/12/2013, no valor de R$ 16.729.295,55 (dezesseis milhões, setecentos e vinte e nove mil e duzentos e noventa e cinco reais e cinqüenta e cinco centavos), em conformidade com o § 10 do art. 89 da Lei nº 8.212/1991. De conformidade com o Relatório Fiscal, os fatos geradores das contribuições previdenciárias ora lançadas encontramse discriminados nos termos abaixo elencados: a) as compensações foram realizadas com as contribuições previdenciárias: dos segurados empregados e contribuintes individuais incidentes sobre suas remunerações, da empresa incidentes sobre referidas remunerações e da empresa (agroindústria) incidente sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção, em substituição às contribuições de que tratam os incisos I e II do art. 22 da Lei nº 8.212/1991. b) a glosa se verificou em razão do contribuinte ter compensado valores superiores à ação judicial. c) a multa isolada foi aplicada ante a constatação da ocorrência de redução do valor das contribuições previdenciárias devidas sem suporte técnicojurídico. d) a compensação realizada tem origem em sentença judicial, transitada em julgado, proferida na Ação Judicial nº 93.00041037, ajuizada na Justiça Federal 1ª Vara de Alagoas, em 03/09/1993. Fl. 771DF CARF MF 4 e) todos os valores compensados e informados nas GFIP pelo contribuinte constam da Planilha A (competências de 01/2003 a 12/2004 e 11/2008 a 11/2011). o que totalizou o valor de R$ 12.052.125,83 (fl. 70), nessa planilha encontramse, também, as datas de envio das GFIP. f) na Planilha B, anexa ao Relatório Fiscal, está demonstrado o cálculo de acordo com o estabelecido pela legislação, utilizando os índices de correção monetária conforme Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal – CJF para repetição de indébito tributário, com a aplicação da Taxa SELIC acumulada a partir de 01/1996, ... quando, então, efetuouse a atualização do indébito desde agosto de 1994 até a competência em que está sendo efetuada a compensação, tendo sido a primeira compensação feita pelo contribuinte em 01/2003, apurado o saldo da última competência não utilizado para a compensação e efetuada a atualização da mesma forma até a competência seguinte em que é feita a compensação e assim por diante, deduzidas as compensações efetivadas pelo contribuinte nas competências de 01/2003 a 12/2004 e a partir de 11/2008 a 11/2011. O resultado obtido demonstra que o crédito do contribuinte se esgotou quando da compensação feita na competência 13/2008, tendo sido compensado já em excesso o valor de R$ 10.137,95 naquela competência. De 12/2008 a 11/2011 todos os valores compensados o foram indevidamente; g) na Planilha C estão discriminados todos os valores compensados indevidamente; h) na Planilha D está demonstrada a base de cálculo da multa isolada de 150 % lançada pelo AIOP nº 51.050.2601, assim como as competências em que foram lançadas os valores da multa isolada, correspondentes ao mês em que ocorreu a falsa declaração; Após regular processamento, interposta impugnação, contra exigência fiscal consubstanciada na peça vestibular do feito, a autoridade julgadora de primeira instância achou por bem julgar procedente o lançamento, mantendo a totalidade do crédito tributário. Regularmente intimada e inconformada com a Decisão recorrida, a autuada apresentou Recurso Voluntário, às efls. 660/691, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, pugna preliminarmente pela nulidade do auto referente a aplicação da multa isolada, por entender ter havido cerceamento ao direito de defesa, uma vez que a autoridade utilizouse de fundamentação genérica, não indicando quaisquer elementos fáticos aptos a demonstrar a efetiva infração apurada. Destaca, inicialmente, não haver discussão concomitante de matérias na ação judicial e no presente processo administrativo, devendo ser conhecido o presente recurso. Afirma ser improcedente o lançamento, pois as contribuições lançadas foram quitadas por compensação com créditos da empresa, reconhecidos judicialmente (processo nº 000410377.1993.4.05.8000/93.0004103 7), transitada em julgado. Alega que a fiscalização não apenas violou a decisão judicial transitada em julgado, como descumpriu a legislação aplicável à matéria, colacionando jurisprudência deste Tribunal a respeito. Contrapõese ao lançamento fiscal, sustentando que o crédito utilizado nas compensações mensais foi reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, e o valor Fl. 772DF CARF MF Processo nº 10410.725132/201301 Acórdão n.º 2401004.744 S2C4T1 Fl. 771 5 utilizado era suficiente para quitar as compensações, diferentemente do que entendeu o fiscal e a autoridade julgadora de primeira instância. Alega ser insubsistente o entendimento da fiscalização de que a sentença não teria abarcado as contribuições recolhidas indevidamente nos anos de 1989, 1990 e 1991, assim não havendo crédito suficiente para compensar às competências 01/2009 a 11/2011, sendo totalmente errôneo tal raciocínio. Argumenta que na sentença foi reconhecido o direito à devolução das contribuições compulsoriamente recolhidas, nos valores apurados pelo perito, no entanto, o acórdão dos Embargos reformou parte da sentença e a substituiu reconhecendo o direito de reaver os valores indébito limitados aos últimos cinco anos da propositura da ação, prazo prescricional qüinqüenal, ou seja, de 1988 a 1991. Salienta, ainda, a impossibilidade de rediscutir no processo administrativo o que já foi decidido na via judicial, e sim, necessariamente observar a decisão transitada em julgado. Apresenta cálculos comprobatórios do crédito existente e certificado por perícia judicial, sendo esse valor suficiente para quitar as contribuições objeto de compensação, devendo por essa razão ser julgado improcedente o lançamento. Quanto o Auto de Infração relativo a multa isolada no percentual de 150%, repisa os argumentos da impugnação, afirmando que o relatório fiscal revelase absolutamente genérico, uma vez que não apresenta a descrição clara dos fatos que ensejaram a cobrança de multa isolada, assim como não apresenta os documentos comprobatórios, o que resulta no cerceamento do direito de defesa da Autuada. Afirma ter a jurisprudência do CARF já pacificado seu entendimento de que a ausência de elementos fáticos e probatórios, na aplicação da multa isolada, gera a nulidade do lançamento. Esclarece que a fiscalização aplicou multa isolada qualificada sobre compensações que sequer foram objeto de glosa e não existe nos autos qualquer declaração falsa apresentada pelo contribuinte, ao contrário, uma vez que as compensações realizadas foram declaradas em GFIP. Alega não houver ação ou omissão dolosa que evidencie o intuito de sonegação, fraude ou conluio, de modo a ensejar a aplicação da multa isolada. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para preliminarmente decretar a nulidade do Auto de Infração quanto a multa isolada, tornandoo sem efeito e, no mérito, a absoluta improcedência dos lançamento. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 773DF CARF MF 6 Voto Vencido Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINAR CONCOMITÂNCIA Ao verificar os presentes autos não verifico a ocorrência de concomitância de instancias ou a sobreposição de esferas decisórias, qual seja judicial e administrativa, pois apesar de haver ação judicial impetrada pela autuada, naquela pleiteiase a declaração de inexistência da relação jurídico tributária e reconhecimento do direito a restituição e nesta esfera administrativa, ou seja, no Processo Administrativo Tributário pleiteiase a verificação da regularidade do lançamento fiscal, decorrente da glosa de parte da compensação considerada indevida pelo fisco. Assim sendo, ainda, que parte do que decidido na seara judicial seja exposto como causa de pedir essa não se confunde com o pedido na seara administrativa, deixando de ocorrer, assim, a sobreposição de esferas. DA COMPENSAÇÃO O Fiscal aduz que as compensações foram realizadas com as contribuições previdenciárias: dos segurados empregados e contribuintes individuais incidentes sobre suas remunerações, da empresa incidentes sobre referidas remunerações e da empresa (agroindústria) incidente sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção, em substituição às contribuições de que tratam os incisos I e II do art. 22 da Lei nº 8.212/1991. A glosa se verificou em razão do contribuinte ter compensado valores superiores à ação judicial. Por outro ponto, o contribuinte afirma ser improcedente o lançamento, pois as contribuições lançadas foram quitadas por compensação com créditos da empresa, reconhecidos judicialmente (processo nº 000410377.1993.4.05.8000/93.0004103 7), transitada em julgado. Alega que a fiscalização não apenas violou a decisão judicial transitada em julgado, como descumpriu a legislação aplicável à matéria, colacionando jurisprudência deste Tribunal a respeito. Contrapõese ao lançamento fiscal, sustentando que o crédito utilizado nas compensações mensais foi reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, e o valor utilizado era suficiente para quitar as compensações, diferentemente do que entendeu o fiscal e a autoridade julgadora de primeira instância. Alega ser insubsistente o entendimento da fiscalização de que a sentença não teria abarcado as contribuições recolhidas indevidamente nos anos de 1989, 1990 e 1991, assim não havendo crédito suficiente para compensar às competências 01/2009 a 11/2011, sendo totalmente errôneo tal raciocínio. Fl. 774DF CARF MF Processo nº 10410.725132/201301 Acórdão n.º 2401004.744 S2C4T1 Fl. 772 7 Argumenta que na sentença foi reconhecido o direito à devolução das contribuições compulsoriamente recolhidas, nos valores apurados pelo perito, no entanto, o acórdão dos Embargos reformou parte da sentença e a substituiu reconhecendo o direito de reaver os valores indébito limitados aos últimos cinco anos da propositura da ação, prazo prescricional qüinqüenal, ou seja, de 1988 a 1991. Salienta, ainda, a impossibilidade de rediscutir no processo administrativo o que já foi decidido na via judicial, e sim, necessariamente observar a decisão transitada em julgado. Apresenta cálculos comprobatórios do crédito existente e certificado por perícia judicial, sendo esse valor suficiente para quitar as contribuições objeto de compensação, devendo por essa razão ser julgado improcedente o lançamento. Conforme depreende das peças processuais que fazem parte dos autos, a fiscalização efetuou o lançamento das contribuições previdenciárias que deixaram de ser recolhidas, em razão das compensações indevidas, lavrando os competentes Autos de Infração, divididos em dois Processos Administrativos n° 10410.725132/201301 e nº 10410.725131/201358, ou seja, possuem a mesma matéria e fatos, divergindo apenas quanto ao período. Observase que o PAF n° 10410.725131/201358 já fora julgado pela 2° Turma Ordinária da 2° Câmara da 2° Sessão deste Tribunal, entendendo a maioria do Colegiado pela procedência do lançamento. Deixo claro não está obrigado a observar tal decisão, porém no caso em tela, corroboro do entendimento exarado pela turma encimada. Dessa forma, não merece guarida a pretensão da contribuinte, consoante restou muito bem explicitado no voto vencedor do Acórdão n° 2202003.219, o qual me filio, da lavra da Conselheira Redatora Júnia Roberta Gouveia Sampaio, exarado pela Turma já descrita nos autos do processo n° 10410.725131/201358, de onde peça vênia para transcrever excerto e adotar como razões de decidir, in verbis: "Trata o presente processo de Auto de Infração de Obrigação Principal AIOP nº 37.117.897, lavrado em razão da glosa parcial das compensações realizadas pela empresa no período de 01 a 12/2004 e 01/2008 a 13/2008. De acordo com o relatório fiscal: "A glosa das compensações efetuadas pelo contribuinte, informadas nas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por tempo de Serviço e Informação da Previdência Social GFIP, devese ao fato de o alegado crédito compensado corresponder a indébito em função de decisão em processo judicial transitada em julgado, cujo valor é inferior ao compensado pelo contribuinte (...) A sentença é exaustiva, esgota a indicação dos valores a serem devolvidos ao contribuinte, cuja quantia foi expressamente consignada na mesma. E ainda, determina que deve ser anulado o débito correspondente ao período de 1988 a 1991, relativo à Notificações Fiscais de Lançamento de Débitos relacionados ao Fl. 775DF CARF MF 8 mesmo período. Não estão consignados no título executivo os valores relativos aos anos 1989, 1990 e 1991 como passíveis de devolução ao contribuinte, então autor, mas sim como tendo correspondentes contribuições que vieram a ser julgadas indevidas tido lançadas por Notificações Fiscais de Lançamento de Débito, determina que devem ser anulados os correspondentes lançamentos" A Recorrente, por sua vez, alega que "a simples análise das decisões judiciais proferidas na ação judicial, demonstra que a fiscalização fez interpretação restritiva do título executivo judicial, deixando, portanto, de cumprir a norma individual e concreta inserta no r. decisum, o qual, repitase, determinou expressamente a "devolução das contribuições compulsoriamente recolhidas, nos valores paurados pelo Sr. Perito Oficial às fls. 374 (sentença), dos últimos 05 anos anteriores à ação (Acórdão na AC 79.907AL) Para determinar o alcance da coisa julgada é fundamental analisarmos os pedidos formulados pela Recorrente em sua petição inicial, a parte dispositiva da sentença, bem como o Acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal na AC nº 79.907AL. Conforme relatado na sentença (fls. 43) a autora, ora Recorrente, ajuizou a ação para questionar as contribuições previdenciárias de seus trabalhadores rurais, formulando, em sua petição inicial os seguintes pedidos "a) declaração de inexistência de relação jurídica tributária entre a autora e o réu, em respeito a inexigibilidade do pagamento das contribuições sociais à Previdência Social Urbana dos seus trabalhadores rurais relacionados no item 12 da petição inicial; b) declaração da ilegalidade da exigência dos pagamentos realizados à mesma previdência, relativos aos trabalhadores rurais arrolados no mesmo item 12 da mesma petição, no período 1971/1988, cujos recolhimentos foram relacionados em anexo; c) declaração do direito à devolução, devidamente atualizado pelos reais índices de inflação, das contribuições compulsoriamente pagas, porém indevidas, durante os períodos anteriormente indicados; d) anulação do referido débito e dos respectivos lançamentos e inscrições, alusivos ao período 1988/1991 e correspondentes às Notificações Fiscais de Lançamento de Débito relacionadas e discriminadas em anexo" (grifamos) Em sua parte dispositiva (fls. 48) a sentença julgou a ação procedente e se manifestou sobre os diversos pedidos, nestes termos: "16. Com base nessas razões de convencimento, julgo a ação procedente e passo a decidir os pedidos, como se segue: Fl. 776DF CARF MF Processo nº 10410.725132/201301 Acórdão n.º 2401004.744 S2C4T1 Fl. 773 9 a) declarar a inexistência de relação jurídica tributária entre a autora e o réu, em virtude da inexigibilidade do pagamento de contribuições à Previdência Social Urbana, alusiva aos trabalhadores rurais relacionados no item 12 da inicial (fls. 07 e seg); b) declarar a ilegalidade da exigência dos pagamentos realizados à mesma Previdência, relativo aos trabalhadores rurais arrodaldos no mesmo item 12 da mesma petição; c) declarar o direito à devolução das contribuições compulsoriamente recolhidas, nos valores apurados pelo Sr. Perito Oficial às fls. 374; 1971: 1972: 1973: R$ 41.276,80 1974: R$ 274.352,13 1975:R$ 278.898,46 1976: R$245.665,27 1977: R$ 342.899,32 1978: R$ 354.678,37 1979: R$ 490.333,80 1980:R$ 831.567,92 1981:R$ 378.032,16 1982: R$ 463.488,09 1983: R$ 563.385,81 1984: R$ 507.306,81 1985: R$ 64.087,94 1986: R$ 361.251,51 1987:R$ 552.373,07 1988: R$ 445.125,88 d) anular o débito correspondente ao mesmo período de 1988/1991, relativo às Notificações Fiscais de Lançamento de Débitos relacionados ao mesmo período; e) condenar o Réu à restituição das custas adiantadas pela autora e à indenização da verba advocatícia, que fixo em 10% do valor da condenação, a ser apurada pela autora por simples cálculo aritmético, na forma da Lei nº 8.898/94, em vigor. Fl. 777DF CARF MF 10 Diante da decisão acima transcrita, o INSS interpôs Recurso de Apelação no qual alegou a incidência do prazo prescricional de 5 anos e, no mérito, improcedência do pedido. Ao decidir sobre a Apelação o TRF 5ª Região decidiu, por unanimidade de votos, reconhecer a incidência do prazo prescricional de 05 anos e, no mérito, por maioria, dar provimento a Apelação. Tendo em vista que, quanto ao mérito, a decisão foi tomada por maioria de votos, a Apelante interpôs o Embargos Infringentes aos quais foi dado provimento. A procuradoria, contudo, opôs Embargos Declaratórios em face da referida decisão, uma vez que a parte relativa a prescrição não poderia ser objeto dos Embargos Infringentes, já que, nesse ponto, a decisão teria sido unânime. Os embargos declaratórios foram parcialmente providos (fls. 649) para "anular o v. acórdão, na parte em que este conheceu da prescrição qüinqüenal" Na decisão relativa ao cumprimento de sentença (fls. 57 a 61) fica claro a delimitação da lide no sentido de reconhecer a devolução dos valores indevidamente recolhidos (observado o prazo qüinqüenal) e a nulidade das notificações de lançamento de débito constituídos no período de 1988/1991, nestes termos: "Com efeito, no juízo de primeira instância, os pedidos foram julgados procedentes. Em sede de julgamento do recurso de apelação, a Segunda Turma do TRF da 5ª Região acolheu, à unanimidade, a preliminar de prescrição qüinqüenal, e, por maioria, deu provimento no mérito à apelação. A autora manejou recurso de embargos infringentes, ao qual foi dado provimento, sendo que o INSS interpôs embargos de declaração contra a referida decisão, ao argumento de que o no julgamento quanto à prescrição não houve voto divergente. Os embargos declaratórios foram acolhidos. Interposto recurso especial pela autora contra o decisum, este não obteve provimento (cf. f. 683/684). No mais, apesar de o recurso especial interposto pelo INSS não ter sido, ao final, conhecido, permaneceu incólume a decisão quanto à aplicabilidade da prescrição qüinqüenal, visto que o recurso especial por ela interposto não trazia discussão nesse sentido. Fixado esse limite objetivo do julgado, analiso o pedido acerca da admissibilidade de a autora proceder a compensação do indébito. (...) Por todo o exposto, defiro EM PARTE o requerimento da autora, para lhe assegurar o direito à compensação do indébito (respeitado o lustro prescricional), não podendo a parte ré apresentar óbice quanto à admissibilidade de a autora cumprir o julgado através da compensação, sob pena de cominação de multa diária no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais). No entanto, fica assegurado aos agentes fiscais (em conformidade com as disposições e regras de transição previstas na Lei nº 11.457/2007, que instituiu a Receita Federal do Brasil) proceder à devida fiscalização das operações do procedimento de compensação realizado pela autora. Exatamente por isso a Fl. 778DF CARF MF Processo nº 10410.725132/201301 Acórdão n.º 2401004.744 S2C4T1 Fl. 774 11 cominação de multa diária só resta cabível na hipótese de resistência do Fisco em aceitar o procedimento de compensação em si, sendo afastada nos óbices decorrentes da atividade de fiscalização. De outro lado, em face da nulidade declarada no julgado das notificações de lançamento de débito, lavrados para a cobrança de contribuições previdenciárias sobre a folha urbana, constituídos no período de 1988/1991, deve o réu proceder a baixa no sistema de dívida ativa tributária, no prazo de 15 (quinze) dias, também sob pena de cominação de multa diária, que fixo igualmente em R$ 1.000,00 (um mil reais). (grifamos) Da leitura das decisões trazidas aos autos e acima transcritas é possível concluir o seguinte alcance da coisa julgada: a) Reconhecimento da ilegalidade da cobrança da contribuição previdenciária relativa aos trabalhadores rurais; b) Reconhecimento do direito a compensação do montante indevidamente recolhido respeitado o prazo qüinqüenal c) Reconhecimento da nulidade das Notificações de Lançamento de débito relativas ao período de 1988/1991. Assim, ao contrário do afirmado pela Recorrente, entendo que não houve reconhecimento de recolhimento indevido no período de 1988 /1991. A sentença é clara ao dispor que a autora fez pedidos distintos. O pedido constante da letra "b" referese a declaração da ilegalidade dos pagamentos realizados no período de 1971/1988 (cujos recolhimentos foram juntado aos autos da ação). Na letra "c" a autora requerer a devolução das contribuições pagas "durante os períodos anteriormente indicados". E, por fim, na letra "d" pede a anulação dos lançamentos e inscrições "alusivos ao período 1988/1991 e correspondentes às Notificações Fiscais de Lançamento de Débito relacionadas e discriminadas em anexo. Dessa forma, não poderia o juiz sentenciante reconhecer créditos de valores indevidamente recolhidos no período de 1988/1991, uma vez que, nesse período, não houve recolhimento por parte da então Autora. Tanto é assim que, em relação a esse período, o seu pedido não é de restituição, mas de cancelamento das Notificações Fiscais de Lançamento de Débito. Se tivesse ocorrido o pagamento indevido, por certo não teria a autoridade fiscal procedido a lavratura das referidas notificações. A parte dispositiva da sentença, por sua vez, não deixa dúvida quanto a sua delimitação. Em relação aos valores indevidamente recolhidos acolhe integralmente o pedido da autora no sentido de autorizar a restituição do período de 1973 a 1988, nesse ponto, parcialmente reformada pelo Tribunal Regional Federal que delimitou o crédito a prescrição qüinqüenal. Já em relação ao período relativo a 1988 a 1991, determina a anulação do débito correspondente ao referido período. Fl. 779DF CARF MF 12 Em face de todo exposto, nego provimento ao Recurso Voluntário." Em face dos substanciosos fundamentos acima transcritos, impõese manter a glosa de compensação na forma aplicada nos presentes autos, por estrita observância das determinações legais vigentes. DA MULTA ISOLADA Em relação à compensação indevida, foi aplicada, também, a multa isolada prevista no § 10 do art. 89 da Lei nº 8.212, de 1991, in verbis: Art. 89. (...) § 10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. Como se vê, a multa isolada de 150 % deve se aplicada sobre o total do débito indevidamente compensado. Esse é o procedimento a ser adotado para as declarações entregues a partir de 04/12/2008, independentemente da competência a que se referir, considerando que o fato gerador da infração ocorreu na data da entrega da GFIP, isto é, a partir do advento da Medida Provisória MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. Nesta seara, e nos termos do artigo 89 da Lei nº 8.212/91 (na redação dada pela Lei nº 11.941/2009), as contribuições sociais previdenciárias somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Assim, no caso de compensação indevida, o sujeito passivo deverá recolher o valor indevidamente compensado, acrescido de juros e multa de mora devidos. E, comprovada falsidade da declaração apresentada, estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual de 150 %, que terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado, conforme previsão contida nos §§ 9° e 10 do citado art. 89 da Lei n° 8.212, 1991. No caso sob exame, a Fiscalização motiva o lançamento da multa isolada na falsidade nas declarações das GFIPs apresentadas pelo sujeito passivo, já que não houve nenhuma comprovação de pagamento ou recolhimento indevido das contribuições previdenciárias. Por sua vez o contribuinte repisa os argumentos da impugnação, afirmando que o relatório fiscal revelase absolutamente genérico, uma vez que não apresenta a descrição clara dos fatos que ensejaram a cobrança de multa isolada, assim como não apresenta os documentos comprobatórios, o que resulta no cerceamento do direito de defesa da Autuada. Afirma ter a jurisprudência do CARF já pacificado seu entendimento de que a ausência de elementos fáticos e probatórios, na aplicação da multa isolada, gera a nulidade do lançamento. Fl. 780DF CARF MF Processo nº 10410.725132/201301 Acórdão n.º 2401004.744 S2C4T1 Fl. 775 13 Esclarece que a fiscalização aplicou multa isolada qualificada sobre compensações que sequer foram objeto de glosa e não existe nos autos qualquer declaração falsa apresentada pelo contribuinte, ao contrário, uma vez que as compensações realizadas foram declaradas em GFIP. Mais uma vez, o que nunca é demais, trago à baila o artigo 89, § 10, da Lei 8.212/1991, que enseja a aplicação das sanções na hipótese de compensação indevida, in verbis: Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (...) § 9º. Os valores compensados indevidamente serão exigidos com os acréscimos moratórios de que trata o art. 35 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a,b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) (...) Art.61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, Fl. 781DF CARF MF 14 não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. (...) Deduzse da previsão do art. 89, §§ 9 e 10, da Lei 8.212/91 a existência de duas sanções tributárias nas hipóteses de compensação indevida de contribuições previdenciárias: a multa de mora de 20% (multa de mora), tratandose de compensação efetuada indevidamente, e a multa isolada de 150%, nos casos de comprovada falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. Na hipótese dos autos, inobstante o esforço do fiscal autuante, não podemos afirmar com a segurança que o caso exige ter a contribuinte agido com dolo objetivando suprimir tributos, uma vez que o auditor aplicou a multa isolada por compensação indevida com falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. Porém não vislumbro em nenhum momento a indicação da real falsidade apontada. A multa isolada somente poderá ser levada a efeito quando àquela estiver convencida do cometimento do crime (dolo, fraude ou sonegação), devendo, ainda, relatar todos os fatos de forma pormenorizada, possibilitando ao contribuinte a devida análise da conduta que lhe está sendo atribuída e, bem assim, ao procurador de que o delito efetivamente praticado. Em outras palavras, não basta a indicação da conduta dolosa, fraudulenta, a partir de meras presunções e/ou subjetividades, impondo a devida comprovação por parte da autoridade fiscal da intenção prédeterminada do contribuinte, demonstrada de modo concreto, sem deixar margem a qualquer dúvida, visando impedir/retardar o recolhimento do tributo devido. In casu, o direito da contribuinte existiu, ele não foi inventado ou forjado, o crédito era real e decorrente de uma sentença judicial, vale salientar, transitada em julgado, apenas tendo ocorrido "erro" de interpretação (mais benéfica) desta decisão. Vale dizer, a multa isolada resulta de situações em que há uma compensação indevida, fruto de uma conduta manifestamente fraudulenta contra o fisco, de um ato volitivo de dolo, devendo haver prova da presença do elemento subjetivo. A simples conduta do sujeito passivo de compensar um crédito que entende ser de direito não pode ser tida presumidamente como de máfé, pois a máfé não se presume, deve ser comprovada, nos exatos termos fixados no § 10 do art. 89 da Lei 8.212/91. Não se tratando de comprovada máfé, mas de simples compensação indevida, aplicase a penalidade contido no § 9º do art. 89 da mesma Lei de Custeio, sanção esta decorrente da regra geral prevista no art. 136 do CTN, (salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do Fl. 782DF CARF MF Processo nº 10410.725132/201301 Acórdão n.º 2401004.744 S2C4T1 Fl. 776 15 agente ou do responsável). Ou seja, o sujeito passivo sofrerá uma sanção, que é a multa de 20%, por sua compensação indevida, independente da existência de dolo. Há de ponderar que o crédito do contribuinte efetivamente existiu, em decorrência de decisão judicial. A compensação em GFIP, com a identificação do crédito, ainda que superior (que entendia ser de direito), não reflete conduta fraudulenta, a exemplo do contribuinte que, de máfé, compensa créditos que nunca existiram, lesando efetivamente o fisco. Logo, não está materializada, nos autos, os elementos suficientes para imputar a Recorrente a prática da conduta tipificada no art. 89, § 10, da Lei 8.212/1991, que enseja a aplicação da multa isolada de 150%. Sendo assim, como o Fisco não demonstrou a falsidade na declaração, a multa isolada, preconizada no § 10º daquele mesmo preceptivo legal, deverá ser excluída do presente lançamento fiscal. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração, sub examine, em parcial consonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, e DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, no sentido de excluir a aplicação da multa isolada, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 783DF CARF MF 16 Voto Vencedor Conselheiro Cleberson Alex Friess Redator Designado Peço vênia ao I. Relator para discordar quanto à exclusão da multa isolada aplicada pela fiscalização. A meu ver, a atitude da recorrente se coaduna perfeitamente com a aplicação de multa isolada, escorreitamente lançada pela autoridade lançadora. Tal conclusão advém dos próprios fundamentos utilizados pelo I. Relator para manter a glosa da compensação, com base nas razões de decidir constantes do voto proferido pela Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio no Processo nº 10410.725131/201358. Para melhor clareza desse ponto, tomo a liberdade de reproduzir novamente excertos do voto vencedor do Acórdão n° 2202003.219: (...) Da leitura das decisões trazidas aos autos e acima transcritas é possível concluir o seguinte alcance da coisa julgada: a) Reconhecimento da ilegalidade da cobrança da contribuição previdenciária relativa aos trabalhadores rurais; b) Reconhecimento do direito a compensação do montante indevidamente recolhido respeitado o prazo qüinqüenal c) Reconhecimento da nulidade das Notificações de Lançamento de débito relativas ao período de 1988/1991. Assim, ao contrário do afirmado pela Recorrente, entendo que não houve reconhecimento de recolhimento indevido no período de 1988 /1991. A sentença é clara ao dispor que a autora fez pedidos distintos. O pedido constante da letra "b" referese a declaração da ilegalidade dos pagamentos realizados no período de 1971/1988 (cujos recolhimentos foram juntado aos autos da ação). Na letra "c" a autora requerer a devolução das contribuições pagas "durante os períodos anteriormente indicados". E, por fim, na letra "d" pede a anulação dos lançamentos e inscrições "alusivos ao período 1988/1991 e correspondentes às Notificações Fiscais de Lançamento de Débito relacionadas e discriminadas em anexo. Dessa forma, não poderia o juiz sentenciante reconhecer créditos de valores indevidamente recolhidos no período de 1988/1991, uma vez que, nesse período, não houve recolhimento por parte da então Autora. Tanto é assim que, em relação a esse período, o seu pedido não é de restituição, mas de cancelamento Fl. 784DF CARF MF Processo nº 10410.725132/201301 Acórdão n.º 2401004.744 S2C4T1 Fl. 777 17 das Notificações Fiscais de Lançamento de Débito. Se tivesse ocorrido o pagamento indevido, por certo não teria a autoridade fiscal procedido a lavratura das referidas notificações. A parte dispositiva da sentença, por sua vez, não deixa dúvida quanto a sua delimitação. Em relação aos valores indevidamente recolhidos acolhe integralmente o pedido da autora no sentido de autorizar a restituição do período de 1973 a 1988, nesse ponto, parcialmente reformada pelo Tribunal Regional Federal que delimitou o crédito a prescrição qüinqüenal. Já em relação ao período relativo a 1988 a 1991, determina a anulação do débito correspondente ao referido período. (...) Como se observa das palavras da Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio, que encontram respaldo nas cópias das peças processuais acostadas neste processo administrativo às fls. 82/340, a recorrente, na condição de autora da ação judicial nº 93.00041037, requereu a anulação dos lançamentos de ofício e inscrições em dívida ativa para o período de 1988/1991, e não a restituição/compensação de valores recolhidos indevidamente à Previdência Social Urbana. A toda a evidência, se tivesse havido algum pagamento indevido no período de referência, a empresa teria pleiteado judicialmente a devolução das contribuições compulsoriamente recolhidas. Por sua vez, a sentença transitada em julgado, relativamente ao período de 1988/1991, determinou a anulação do crédito tributário de ofício, mantendo, desse modo, a congruência com o pedido inicial. Quanto aos valores indevidamente recolhidos, em que foi autorizada a restituição/compensação, dizem respeito ao anos de 1973 a 1988, cujos recolhimentos foram discriminados pela empresa na petição. Logo, é incontestável que a decisão judicial transitada em julgado deixou de autorizar a restituição de qualquer importância recolhida indevidamente nos anos de 1989 a 1991. É notório que a reforma parcial da sentença para reconhecer o direito de reaver os valores de indébito nos últimos cinco anos da propositura da ação não tem o condão de legitimar a restituição de valores relativos aos anos de 1989, 1990 e 1991 que sequer foram recolhidos pela empresa. Quanto ao período de 1989 a 1991, não houve reconhecimento judicial de direito creditório da recorrente e, portanto, jamais existiu, não se tratando de erro de interpretação da decisão emanada pelo Poder Judiciário. O procedimento não revela meros equívocos ou incorreções, mas é indicador de uma conduta intencional com o fim de não recolher o valor da contribuição previdenciária confessada em GFIP nas competências do fato gerador (01/2009 a 11/2011). Mesmo diante da realidade contrária à restituição/compensação, pela inexistência do direito creditório do período de 1989/1991, o sujeito passivo optou em praticar uma conduta consciente e voluntária oferecendo crédito sabidamente inexistente para tal fim. Fl. 785DF CARF MF 18 Destarte, a multa isolada deve ser mantida, pois evidenciada e comprovada a conduta dolosa do sujeito passivo quanto à falsidade nas compensações em GFIP, tal como exige o § 10 do art. 89 da Lei nº 8.212, de 1991. À vista disso, conheço do recurso voluntário e, no mérito, voto por negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 786DF CARF MF
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Numero do processo: 10140.902311/2011-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004.
É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-003.830
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado.
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DIREITO DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA CONCENTRADA. Recorrente COMERCIAL FAYAD LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1ºA DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 14 0. 90 23 11 /2 01 1- 25 Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10140.902311/201125 Acórdão n.º 3302003.830 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Restituição e Ressarcimento – PER, formulado através do programa PER/Dcomp, pelo qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de PIS/PASEP incidência não cumulativa – mercado interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado, devido a vedação legal de aproveitamento de créditos incidente nas operações de aquisição de produtos sujeitos a tributação monofásica/concentrada. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06052.261. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, não ampara o creditamento das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, em decorrência de vedação legal expressa para o aproveitamento do crédito nas vendas submetidas à incidência monofásica. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reiterando as alegações deduzidas em manifestação de inconformidade, calcadas nas seguintes premissas: 1. Que a recorrente se sujeita à incidência nãocumulativa; 2. Que havia uma vedação ao creditamento conforme o disposto no artigo 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003; 3. Que foi atribuída alíquota zero aos produtos da recorrente, portanto, não se trata de monofasia, o que ocorreria se houvesse apenas uma incidência na cadeia; 4. Que a nãocumulatividade foi aperfeiçoada com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e que esta é uma norma multitemática, ou seja, não restrita ao REPORTO; 5. Que o artigo 16 da Lei 11.116/2005 robusteceu o caráter abrangente do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004; 6. Ambas as leis não ressalvaram quais os casos permaneceriam na regra antiga e que o direito ao creditamento é coerente à técnica da nãocumulatividade das contribuições (método subtrativo indireto); 7. O artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 veio justamente para os casos em que havia vedação ao creditamento; 8. Que pretendeuse mitigar a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 com a edição das MP nº 413/2008 e 451/2008, criando vedações ao creditamento, as quais não foram mantidas na conversão de ambas medidas provisórias; 9 Que a nãocumulatividade das contribuições não guarda relação com o arrecadado anteriormente ou posteriormente na cadeia produtiva. É o relatório. Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10140.902311/201125 Acórdão n.º 3302003.830 S3C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.750, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.720142/201145, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.750): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. O pedido de ressarcimento foi efetuado com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 combinado com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, abaixo transcritos: Lei nº 11.116/2005: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. O fundamento da recorrente recai essencialmente na possibilidade de se tomar créditos da nãocumulatividade de Cofins em razão do disposto no artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e de se pedir o ressarcimento com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005. A Lei nº 10.485/2002 estabeleceu a concentração de tributação no fabricante e importadores de determinados veículos e autopeças, dispondo no §2º que os comerciantes atacadistas e varejistas ficassem sujeitos à alíquota zero sobre suas receitas de revendas: Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10140.902311/201125 Acórdão n.º 3302003.830 S3C3T2 Fl. 5 4 § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I o caput deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II o caput do art. 1o desta Lei, exceto quando auferida pelas pessoas jurídicas a que se refere o art. 17, § 5o, da Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) Com base, nesta receita sujeita à alíquota zero, é que a recorrente entende possível a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, isto é, a tomada de créditos sobre a revenda de máquinas e veículos constantes das posições da TIPI constantes do artigo 1º da Lei nº 10.485/2002 e de autopeças constantes dos Anexos I e II da referida lei. Ocorre que, não obstante estar sujeita ao regime nãocumulativo das contribuições, as alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente a tomada de créditos sobre bens adquiridos para revenda pelas pessoas jurídicas que comercializam os produtos referidos nos artigos 1º e 3º da Lei nº 10.485/2002, como transcrevese a seguir: Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) § 1o Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) [...] III no art. 1o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) IV no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) [...] Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10140.902311/201125 Acórdão n.º 3302003.830 S3C3T2 Fl. 6 5 I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) Por sua vez, o artigo 17 dispôs genericamente que as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Ora, este artigo não traz nenhuma hipótese de creditamento, mas apenas esclarece que nas situações ali previstas, os créditos vinculados àquelas vendas são mantidos. E tais créditos são, justamente, as hipóteses que a legislação faculta ao contribuintes a sua tomada, como por exemplo, os artigos 3º das leis acima citadas, o artigo 15 da Lei nº 10.865/2004 e outros quaisquer artigos que veiculem hipóteses de creditamento. O item 191 da exposição de motivos da MP nº 206/2004, cuja conversão resultou na Lei nº 11.033/2004, confirma este entendimento na medida que dispôs que a redação do artigo 16, convertido no artigo 17 acima referido, visava "esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS." Não por outro motivo, que o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 dispôs sobre a possibilidade de ressarcimento e compensação do saldo credor vinculado às vendas mencionadas no artigo 17, vinculandoos à forma de apuração do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, reconhecendo, por óbvio, que ali estavam listadas as hipóteses de creditamento e não que o artigo 17 inovara toda a legislação, revogando o artigo 3º e redefinindo as hipóteses de creditamento, o que seria a consequência inevitável da tese da recorrente. Ressaltase, porém, que o artigo 17 não proibiu a tomada de créditos vinculados às receitas sujeitas à alíquota zero decorrentes das revendas dos bens de que tratam este processo em relação às demais hipóteses previstas no artigo 3º, proibição esta que foi, conforme mencionado pela recorrente, objeto de duas tentativas propostas pelo Executivo Federal nas MPs nº 413/2008 e 451/2008. Ocorre que, como também já mencionado na peça recursal, tais dispositivos não foram contemplados na conversão das duas MPs, mantendose a possibilidade de creditamento em relação às demais hipóteses do artigo 3º, entendimento confirmado na Solução de Consulta nº 218/2014. Assim, referidas MP´s pretenderam impedir o creditamento das demais hipóteses legais previstas nos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, mas foram irrelevantes em relação à vedação específica contida na alínea "b" do inciso I do artigo 3º, que se destina justamente à vedação do creditamento relativo aos bens adquiridos para revenda de que tratam os §§1º e 1ºA do artigo 2º das referidas leis. 1 19. As disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10140.902311/201125 Acórdão n.º 3302003.830 S3C3T2 Fl. 7 6 Neste diapasão, citase o Acórdão nº 340301.566: Ementa: COFINS – REGIME MONOFÁSICO – IMPOSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS O artigo 17 da Lei 11.033/2004, que garante a manutenção do crédito às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, só se aplica aos setores ou produtos sujeitos regime nãocumulativo, não se aplicando aos produtos sujeitos ao regime monofásico. Portanto, diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, na aquisição de bens para revenda adquiridos por comerciantes atacadistas e varejistas de produtos sujeitos à tributação concentrada referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis, se aplica tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 102DF CARF MF
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Numero do processo: 11128.728705/2013-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 18/09/2008
MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE.
A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea e do inciso IV do artigo 107 do Decreto-lei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 18/09/2008
MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE.
1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração.
2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração.
AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE.
O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 18/09/2008
INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.035
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 18/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE. A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea e do inciso IV do artigo 107 do Decreto-lei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 18/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração. 2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração. AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE. O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 18/09/2008 INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1732; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11128.728705/201306 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302004.035 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 30 de março de 2017 Matéria MULTA REGULAMENTAR Recorrente CEVA FREIGHT MANAGEMENT DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 18/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE. A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 18/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração. 2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração. AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 72 87 05 /2 01 3- 06 Fl. 126DF CARF MF Processo nº 11128.728705/201306 Acórdão n.º 3302004.035 S3C3T2 Fl. 3 2 O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 18/09/2008 INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Tratase de processo referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Nos termos do relatado no acórdão recorrido, de acordo com a descrição dos fatos constante no Auto de Infração, a autuada concluiu a destempo a desconsolidação das cargas relativas ao conhecimento eletrônico (CE) genérico ali identificado (MasterHouse Bill of LadingMHBL), em razão de ter informado com atraso o CE agregado (House Bill of LadingHBL) especificado. Para demonstrar a irregularidade apurada, a autoridade lançadora também apresentou dados referentes à embarcação, viagem, escala, data da atracação, manifesto eletrônico relativos à carga cujo atraso na informação deu ensejo ao lançamento. Na sequência a fiscalização discorreu sobre o Siscomex Carga e sua norma regente, a IN RFB nº 800/2007, destacando a abrangência do termo transportador nela utilizado, e os prazos estabelecidos para prestar as informações exigidas (arts. 22 e 50 da referida IN, e art. 64 do ADE Corep nº 3/2008). Fl. 127DF CARF MF Processo nº 11128.728705/201306 Acórdão n.º 3302004.035 S3C3T2 Fl. 4 3 Em seguida, falou da responsabilidade legal do transportador e da penalidade aplicável em caso de descumprimento da obrigação em foco (arts. 37 e 107, IV, “e”, do DecretoLei nº 37/1966), enfatizando a natureza objetiva dessa responsabilidade, que independe da intenção do agente ou responsável, bem como da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato (art. 94 do DL 37/1966). A autoridade lançadora prosseguiu seu relato explanando acerca da motivação da obrigação imposta, destacando sua importância na definição prévia de procedimentos a serem aplicados, objetivando proporcionar maior segurança e racionalidade ao controle aduaneiro de cargas. Foi descrita a nova sistemática de controle implementada a partir de 2002, quando a fiscalização aduaneira passou a ter foco mais abrangente, de forma a alcançar não apenas os importadores e exportadores, mas todos os intervenientes envolvidos nas operações de comércio exterior. Dando seguimento, a fiscalização comentou sobre a interpretação da norma que prescreve a multa imposta. Foi considerado que, com base no art. 112 do CTN, deve ser considerada a conclusão veiculada na Solução de Consulta Interna Cosit nº 8/2008, relativamente à quantidade de multas a serem aplicadas. No tópico seguinte, intitulado “DA APLICAÇÃO DA PENALIDADE IMPOSTA”, foi feita detalhada abordagem a respeito da denúncia espontânea e chegada à conclusão que, apesar de sua aplicabilidade ter sido estendida às penalidades de natureza administrativa (Lei nº 12.350/2010), não foram atendidos os requisitos próprios desse instituto. Para reforçar seu entendimento, a autoridade lançadora recorreu à doutrina e também à jurisprudência administrativa e judicial. Na sequência a fiscalização falou sobre a materialidade da infração, que considerou devidamente caracterizada, e sobre os intervenientes aduaneiros designados pela legislação, tendo em vista o disposto no art. 76, § 2º, da Lei nº 10.833/2003 e nos arts. 3º a 5º da IN RFB nº 800/2007. Concluiu que, com base na documentação juntada aos autos, era a autuada, na condição de consignatária do citado CE genérico, a responsável por prestar as informações relativas aos correspondentes CEs agregados incluídos com atraso. A penalidade foi formalizada no Auto de Infração em debate. Cientificado da exação, o sujeito passivo, apresentou impugnação alegando, em síntese: a) Ilegitimidade passiva. O prazo estabelecido pela IN RFB n° 800/2007 não se aplica à impugnante, que na condição de agente de carga, não se confunde com a atividade do transportador, que é o sujeito das obrigações instituídas pela referida Norma. A classificação da impugnante como tal distorce conceito de direito privado, o que é expressamente vedado pelo art. 110 do CTN. b) Denúncia espontânea. Conforme se depreende dos autos, ainda que a destempo, as informações foram prestadas pela própria impugnante, antes do início de fiscalização. Assim não é cabível a multa exigida, pois se aplica ao caso o instituto da denúncia espontânea, consoante dispõe o art. 102, § 2º, do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 12.350/2010. Fl. 128DF CARF MF Processo nº 11128.728705/201306 Acórdão n.º 3302004.035 S3C3T2 Fl. 5 4 c) Inaplicabilidade de multa no período de contingência do Siscomex Carga. As operações objeto da autuação ocorreram no chamado “período de contingência”, em que o cumprimento dos prazos da IN RFB nº 800/2007 não era exigido, já que o Siscarga não estava integralmente disponível para utilização pelos agentes e desconsolidadores. Dessa forma, evidenciado que a impugnante não poderia agir de outra forma, a aplicação de multa no presente caso afronta, além do princípio da inexigibilidade de conduta diversa, o da razoabilidade, que impõe à Administração Pública o dever de agir com bom senso, prudência e moderação, levando em conta a relação de proporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade a ser alcançada, bem como as circunstâncias que envolvem a prática do ato. Ao final a impugnante pedia o cancelamento do lançamento. Sobreveio a decisão de primeira instância, em que, por unanimidade de votos, os integrantes do Colegiado de primeiro grau rejeitaram a preliminar de ilegitimidade passiva e, no mérito, julgaram a impugnação improcedente e mantiveram integralmente a exigência fiscal, nos termos do Acórdão 0833.475. Após ciência ao acórdão de primeira instância, a autuada protocolou recurso voluntário em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória. Em aditamento, alegou que o acórdão recorrido não dera aos fatos em análise a correta interpretação, aplicando equivocadamente a legislação vigente; e que os argumentos expostos na impugnação foram refutados por simples negativa, sem que se levantassem razões jurídicas hábeis a infirmálos. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.022, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 11128.730402/201345, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.022): O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. O litígio cingese aos seguintes pontos: a) ilegitimidade passiva da recorrente; b) impossibilidade de aplicação da multa durante o período de contingência do Siscomex Carga; e c) excludente de responsabilidade por denúncia espontânea da infração. Previamente a análise controvérsia, cabe destacar que a aplicação da penalidade em apreço foi motivada pela prática da infração tipificada, genericamente, na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo art. 77 da Lei 10.833/2003, a seguir transcrito: Fl. 129DF CARF MF Processo nº 11128.728705/201306 Acórdão n.º 3302004.035 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaa porta, ou ao agente de carga; (...) E em relação à prestação de “informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute” no Siscomex Carga, para conferir efetividade a referida norma penal em branco, foi editada a Instrução Normativa RFB 800/2007, que estabeleceu a forma e o prazo para a prestação das referidas informações. De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal que integra o presente Auto de Infração (fls. 01/05), a conduta que motivou a imputação da multa em apreço foi a prestação da informação a destempo, no Siscomex Carga, dos dados relativos ao conhecimento eletrônico (HBL) CE 150805190343826, vinculado à operação de desconsolidação do Conhecimento Eletrônico SubMaster (MHBL) CE 150805184751721, conforme explicitado no trecho que segue transcrito: O Agente de Carga CEVA FREIGHT MANAGEMENT DO BRASIL LTDA, CNPJ 03.229.138/000406, concluiu a desconsolidação relativa ao Conhecimento Eletrônico Sub Master (MHBL) CE 150805184751721 a destempo às 09h52min do dia 09/10/2008, segundo o prazo previamente estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, para o seu conhecimento eletrônico agregado (HBL) CE 150805190343826. A carga objeto da desconsolidação em comento foi trazida ao Porto de Santos acondicionada nos Containers NYKU7940080, NYKU7104578 e NYKU7149079, pelo Navio M/V CAPE CHARLES, em sua viagem 101W, no dia 07/10/2008, com atracação registrada às 18h26min. Os documentos eletrônicos de transporte que ampararam a chegada da embarcação para a carga são Escala 08000222050, Manifesto Eletrônico 1508501842589, Conhecimento Eletrônico Master MBL 150805183878000, Conhecimento Eletrônico SubMaster MHBL 150805184751721 e Conhecimento Eletrônico Agregado HBL 150805190343826. Especificamente, no que tange à prestação de informação sobre a conclusão da operação de desconsolidação, os prazos permanentes e temporários foram estabelecidos, respectivamente, no art. 22, “d”, III, e art. 50, parágrafo único, da Instrução Normativa RFB 800/2007, que seguem transcritos. Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: Fl. 130DF CARF MF Processo nº 11128.728705/201306 Acórdão n.º 3302004.035 S3C3T2 Fl. 7 6 [...] III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. [...] Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pela IN RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. (grifos não originais) No caso, como as informações sobre a operação de desconsolidação ocorreu antes de 1º de abril de 2009, a recorrente estava obrigada a cumprir o prazo estabelecido no norma temporária, inscrita no inciso II do parágrafo único do art. 50 destacado. Os extratos colacionados aos autos, contendo o registro da conclusão referida operação de desconsolidação, comprovam que a informação fora prestada pela recorrente fora do prazo estabelecido no citado preceito normativo, ou seja, as informações foram prestadas somente às 09h52min do dia 9/10/2008 (data/hora da inclusão no Siscomex Carga do conhecimento eletrônico agregado HBL 150805190343826), portanto, após a atracação da embarcação no Porto de Santos, ocorrida no dia 07/10/2008, às 18h26min. Logo, fica claramente evidenciado que a recorrente praticou a conduta infracionária em apreço. Além disso, não resta qualquer dúvida que a conduta praticada pela recorrente subsumese perfeitamente à hipótese da infração descrita nos referidos preceitos legal e normativo. Aliás, em relação à materialidade da mencionada infração inexiste controvérsia nos autos. Apresentadas essas breves considerações, passase a analisar as razões de defesa suscitadas pela recorrente. Da ilegitimidade passiva A recorrente alegou que, na condição de agente de carga, no período compreendido entre a data da vigência da Instrução Normativa RFB 800/2007 até 1º de abril de 2009, ela não estava obrigada a respeitar o prazo estabelecido no art. 22 da citada IN, nem o prazo estabelecido no inciso II do parágrafo único do art. 50 do citado ato, sob o argumento de que este último preceito normativo aplicavase apenas ao transportador. A alegação da recorrente não procede, porque, embora o disposto no parágrafo único do art. 50 da referida IN tenha se referido apenas ao Fl. 131DF CARF MF Processo nº 11128.728705/201306 Acórdão n.º 3302004.035 S3C3T2 Fl. 8 7 transportador, não se pode olvidar que, para fins de cumprimento de obrigação acessória perante o Siscomex Carga, o termo transportador compreende o agente de carga e demais pessoas jurídicas que presta serviços de transporte e emite conhecimento de carga, discriminadas no inciso IV do § 1º do art. 2º da Instrução Normativa RFB 800/2007, a seguir transcrito: Art. 2º Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: [...] V transportador, a pessoa jurídica que presta serviços de transporte e emite conhecimento de carga; [...] § 1º Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: [...] IV o transportador classificase em: a) empresa de navegação operadora, quando se tratar do armador da embarcação; b) empresa de navegação parceira, quando o transportador não for o operador da embarcação; c) consolidador, tratandose de transportador não enquadrado nas alíneas "a" e "b", responsável pela consolidação da carga na origem; (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.473, de 2 de junho de 2014) d) desconsolidador, no caso de transportador não enquadrado nas alíneas “a” e “b”, responsável pela desconsolidação da carga no destino; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; [...] Além disso, há expressa menção na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, que o agente de carga responde pela referida penalidade, se prestar informação sobre a carga fora do prazo estabelecido. No caso em tela, é fato incontroverso que, em relação às operações de desconsolidação que executou, a recorrente atuou como representante do transportador estrangeiro, no País. Logo, dada essa condição, era dela a responsabilidade de proceder o registro tempestivo, no Siscomex Carga, dos dados sobre as operações que executou em nome da empresa de navegação representada. Dessa forma, tratandose de infração à legislação aduaneira e tendo em vista que a recorrente concorreu para a prática da questionada infração, induvidosamente, ela deve responder pela correspondente Fl. 132DF CARF MF Processo nº 11128.728705/201306 Acórdão n.º 3302004.035 S3C3T2 Fl. 9 8 penalidade aplicada, conforme dispõe o inciso I do art. 95 do Decretolei nº 37, de 1966, a seguir transcrito: Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...]. Assim, na condição de agente e, portanto, mandatário do transportador estrangeiro, a recorrente estava obrigada a prestar, tempestivamente, as informações no Siscomex Carga sobre a carga transportada pelo seu representado. Em decorrência dessa atribuição e por ter cumprido a destempo a dita obrigação, a autuada foi quem cometeu a infração capitulada na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei n° 10.833, de 2003, por conseguinte, deve responder pela infração em apreço. Por fim, cabe ainda ressaltar que, os termos do caput do art. 94 do Decreto lei 37/1966, no âmbito da legislação aduaneira, constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que “importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste Decretolei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completá los”. Com base nessas consideração, resta demonstrado que a recorrente deve ser mantida polo passivo da autuação, porque há expressa previsão legal que nesse sentido. Da inaplicabilidade da multa na fase de contingência do Siscomex Carga. Em relação a esse ponto, a recorrente alegou que não havia que se falar em aplicação ou descumprimento dos prazos estabelecidos pela “IN RFB 800/2007, vez que ao operador não restava qualquer alternativa para a imputação das informações no sistema”. Segundo a recorrente, a exigência do cumprimento de uma obrigação sem que lhe fosse oferecidos os meios indispensáveis para tanto feriria o princípio da razoabilidade e o instituto da inexigibilidade de conduta diversa. Este Relator está de pleno acordo com a recorrente de que imputar infração ao usuário do Sistema por descumprimento de obrigação que ele não cumpriu ou não poderia cumprir por falhas operacionais ou ausência de meios necessários, revelase, nitidamente, irrazoável e desproporcional, conforme alegado. Porém, como se trata de alegação que envolve situação de natureza fática, a recorrente tinha o dever de comprovála, o que não ocorreu no caso em tela. E na distribuição do ônus prova, prevista o art. 373, II, da Lei 13.105/2015, que instituiu o vigente Código de Processo Civil (CPC), que corresponde ao art. 333, II, do CPC anterior, por ser fato relevante para isentar a recorrente da exigência, não era suficiente a simples alegação de que não havia meios para prestar informações sobre a carga. Dada a alegada impossibilidade, cabia a recorrente o dever prová la, o que não ocorreu. Neste sentido, prevendo a possibilidade de falhas de funcionamento, na fase inicial de implantação do sistema, foram fixados os procedimentos a serem adotados pelos usuários, nos termos dos arts. 1º, 2º e 4º, III da IN RFB 835/2008, a seguir transcritos: Fl. 133DF CARF MF Processo nº 11128.728705/201306 Acórdão n.º 3302004.035 S3C3T2 Fl. 10 9 Art. 1º Na impossibilidade de acesso ao Siscomex Carga, por mais de duas horas consecutivas, em virtude de problemas de ordem técnica do sistema, ou na ocorrência de fatores operacionais que prejudiquem o fluxo de comércio exterior, as operações relativas ao controle de embarcações e cargas em portos alfandegados, conforme estabelecido na Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007, observarão os procedimentos previstos nesta Instrução Normativa. Art. 2º Compete ao chefe da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), no âmbito de sua jurisdição, reconhecer a impossibilidade de acesso ao sistema, por razões de ordem técnica, e autorizar a adoção dos procedimentos de contingência. Parágrafo único. A data e a hora da restauração do acesso ao sistema deverá ser registrada nos documentos de autorização, para fins de auditoria e controle. Art. 4º Na hipótese do art. 2º, restaurado o acesso ao sistema: [...] III relativamente à informação dos manifestos, conhecimento eletrônico (CE) e itens, o transportador deverá informar todos os manifestos, CE e itens no sistema, relacionálos e solicitar à RFB a baixa dos bloqueios decorrentes da informação após o prazo estabelecido. [...] (grifos não originais) Assim, como a recorrente não trouxe aos autos nenhum elemento de prova, em que demonstrado a impossibilidade de acesso ao Sistema, conforme procedimentos disciplinados nos referidos preceitos normativos, a alegação suscitada não tem qualquer relevância. A recorrente alegou ainda que era descabida a exigência de prova da indisponibilidade do Sistema, porque a própria edição da IN RFB 835/2008 já constituía prova de que o Sistema não funcionava adequadamente. Essa alegação também não procede, porque não é verdade que a referida IN reconheceu a impossibilidade de funcionamento do Sistema, mas, na possibilidade dessa situação vir a ocorrer e, caso ocorresse, o usuário deveria adotar os procedimentos nela estabelecidos com vistas a resguardálo da imposição de qualquer sanção. Da denúncia espontânea da infração. A recorrente alegou a denúncia espontânea da infração cometida, para excluir a multa que lhe fora aplicada, sob o argumento de que as informações foram prestadas antes de qualquer ato da fiscalização, portanto, em conformidade com o previsto no art. 102, § 2º, do Decretolei 37/1966, com redação dada pela Lei 12.350/2010, a seguir reproduzido: Art. 102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá Fl. 134DF CARF MF Processo nº 11128.728705/201306 Acórdão n.º 3302004.035 S3C3T2 Fl. 11 10 a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) [...] § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) A alegação da recorrente não procede, porque a denúncia da infração, no caso em tela, não restou configurada, haja vista que, embora realizada antes do “início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração” (CTN, art. 138, parágrafo único), no caso em tela, as informações foram prestadas após a “entrada do veículo procedente do exterior”, o que afasta a aplicação da referida excludente de responsabilidade, segundo preceitua o art. 683, § 3º, do Decreto 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro de 2009 RA/2009), que tem o mesmo teor do art. 612, § 3º, do Decreto 4.543/2002, Regulamento Aduaneiro (RA/2002) anterior, vigente à época dos fatos, in verbis: Art. 612. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso [...] § 3º Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador. (grifos não originais) Porém, ainda que tal restrição não se aplicasse à infração em apreço, o que se admite apenas para argumentar, melhor sorte não teria a recorrente, porque a infração em apreço, inequivocamente, não é passível de denúncia espontânea, pela razões aduzidas no voto da lavra deste Conselheiro que serviu de fundamento da decisão consignada no Acórdão nº 3102002.187, de 26 março de 2014, cujos excertos relevantes, que aqui adotase como fundamento de decidir, seguem transcritos: Da denúncia espontânea da infração. Alegou a recorrente que, no caso em tela, era incabível a aplicação de qualquer penalidade, porque às informações sobre a carga transportada fora feita a tempo e antes de qualquer intimação ou de qualquer outra notificação porventura expedida pela fiscalização aduaneira, o que configurava denúncia espontânea da infração, nos termos do art. 138 do CTN e do art. 102 do Decretolei nº 37, de 1966. Não procede a alegação da recorrente, pois, no caso em comento, não se aplica o instituto da denúncia espontânea da infração previsto no art. 138 do CTN e tampouco o específico da infração a legislação aduaneira estabelecido no art. 102 do Decretolei n° 37, de 1966, com as novas redações dadas pelo Decretolei nº 2.472, de 01 de setembro de 1988 e pela Lei nº 12.350, de 20 dezembro de 2010, a seguir reproduzido: Art. 102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a Fl. 135DF CARF MF Processo nº 11128.728705/201306 Acórdão n.º 3302004.035 S3C3T2 Fl. 12 11 imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) (grifos não originais) O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que Fl. 136DF CARF MF Processo nº 11128.728705/201306 Acórdão n.º 3302004.035 S3C3T2 Fl. 13 12 têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citado a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 11128.728705/201306 Acórdão n.º 3302004.035 S3C3T2 Fl. 14 13 [...].1 (destaques do original) No mesmo sentido, o entendimento manifestado pela 3ª Turma da CSRF, por meio do Acórdão nº 9303003.552, cujo enunciado da ementa segue reproduzido: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 07/06/2006 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decretolei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira. Recurso Especial do Contribuinte Negado. 2 No âmbito dos Tribunais Regionais Federais (TRF), o entendimento tem sido o mesmo. A título de exemplo, citase trechos do enunciado da ementa e do voto condutor do do TRF da 4ª Região, proferido no julgamento da Apelação Cível nº 500599981.2012.404.7208/SC, que seguem parcialmente transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIAESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966.2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas.3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...] Voto. 1 BRASIL. CARF, 3ª Seção, 1ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, Ac. 3102002.187, de 26/03/2014, rel. José Fernandes do Nascimento. 2 BRASIL. CARF, CSRF, 3ª Turma, Ac. 9303003.552, de26/04/2016, rel. Rodrigo da Costa Pôssas. Fl. 138DF CARF MF Processo nº 11128.728705/201306 Acórdão n.º 3302004.035 S3C3T2 Fl. 15 14 [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...]3. Também com base no mesmo entendimento, a questão tem sido decidida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme confirma, a título de exemplo, o recente acórdão proferido no julgamento do REsp 1613696/SC, cujo enunciado da ementa segue transcrito: O art. 107 do Decretolei 37, de 1966, por sua vez, estabelece a penalidade de multa, no caso de descumprimento da obrigação acima mencionada. Oportuno anotar, ainda, que a declaração do embarque das mercadorias é obrigação acessória e sua apresentação intempestiva caracteriza infração formal, cuja penalidade não é passível de ser afastada pela denúncia espontânea.”. 4 Com base nessas considerações, afastase a alegada excludente de responsabilidade por denúncia espontânea, suscitada pela recorrente. Da conclusão. Por todo o exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, para manter na íntegra o acórdão recorrido." Ressaltese que, da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo: a) a conduta que motivou a imputação da multa em apreço foi a prestação da informação a destempo, no Siscomex Carga, dos dados relativos a conhecimento eletrônico (HBL), vinculado à operação de desconsolidação do Conhecimento Eletrônico SubMaster (MHBL), Conhecimentos Eletrônicos cujos números constam da descrição dos fatos do Auto de Infração deste; b) as informações sobre a operação de desconsolidação ocorreram antes de 1º de abril de 2009, o que sujeita a recorrente a cumprir o prazo estabelecido na norma temporária, inscrita no inciso II do parágrafo único do art. 50 da Instrução Normativa RFB 800/2007; 3 BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 500599981.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013. 4 BRASIL. STJ. REsp 1613696/SC. Rel. Min. Herman Benjamim. Decisão Monocrática de 2/9/2016. Fl. 139DF CARF MF Processo nº 11128.728705/201306 Acórdão n.º 3302004.035 S3C3T2 Fl. 16 15 c) os extratos colacionados aos autos, contendo o registro da conclusão da referida operação de desconsolidação, comprovam que a informação fora prestada pela recorrente fora do prazo estabelecido no citado preceito normativo, ou seja, após a atracação da embarcação no Porto de Santos, ficando claramente evidenciado que a recorrente praticou a conduta infracionária em apreço. Desta forma, os fundamentos adotados para manter exigência da penalidade no caso do paradigma, também justificam sua manutenção nos presentes autos. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Ricardo Paulo Rosa Fl. 140DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10730.012799/2009-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
COMPENSAÇÃO DE IRRF. RENDIMENTOS CORRESPONDENTES DECLARADOS.
Confirmada a retenção do valor declarado a título de imposto de renda retido na fonte e verificado que os rendimentos correspondentes foram declarados, deve ser afastada a glosa.
Numero da decisão: 2201-003.704
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora.
EDITADO EM: 27/06/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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RENDIMENTOS CORRESPONDENTES DECLARADOS. Confirmada a retenção do valor declarado a título de imposto de renda retido na fonte e verificado que os rendimentos correspondentes foram declarados, deve ser afastada a glosa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora. EDITADO EM: 27/06/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 01 27 99 /2 00 9- 32 Fl. 129DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou procedente em parte a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome trechos do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Este processo trata da impugnação em face da Notificação de Lançamento – Imposto de Renda Pessoa Física lavrada em nome do(a) Contribuinte (fls. 6/10), resultante da revisão da Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física – DIRPF – do exercício de 2009 (ano 2008)(fls. 43/49). A notificação tratou da compensação indevida de IRRF, no valor de R$ 17.728,55, referente a Metropolitan Transports SA, pela falta de apresentação de documentos comprobatórios conforme intimação (planilha de verbas, guia de levantamento, Darf do IRRF e recibos de honorários advocatícios/perícia)(fl. 7). Como resultado, foi apurado o imposto de renda no valor de R$ 10.810,86 (código de receita 0211), acrescido de multa de mora e juros de mora, em detrimento do saldo de imposto a restituir no valor de R$ 6.917,69. Sua ciência ocorreu pessoalmente em 30/11/09 (fls. 38/39, 52/53), e a impugnação foi apresentada em 04/12/09 (fls. 2/4), acompanhada dos documentos às fls. 5/37. Alega que, conforme Termo de Conciliação homologado judicialmente referente à reclamação trabalhista em face de Metropolitan Transports SA, fica evidente a obrigação da fonte pagadora em recolher o imposto devido correspondente aos pagamentos mensais de janeiro a julho, devidos ao Contribuinte e sujeitos ao IRRF no valor mensal de R$ 2.532,65. Aduz que tem direito a reduzir o IRRF do imposto apurado na declaração de rendimentos, conforme art. 620, §3o, do RIR/99. Assim, teria direito à compensação do IRRF no valor de R$ 17.728,55, correspondente aos 7 meses de 2008. Alega que a infração apurada decorreu da não informação em DIRF da fonte pagadora dos pagamentos mensais retidos. Anexa memória de cálculo (fl. 33), diversos documentos referentes à ação trabalhista (fls. 19/27) e carta à fonte pagadora (fls. 34/35). A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ) julgou procedente em parte a impugnação, conforme a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2009 COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IRRF. RENDIMENTOS CORRESPONDENTES PARCIALMENTE DECLARADOS. Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10730.012799/200932 Acórdão n.º 2201003.704 S2C2T1 Fl. 3 3 Confirmada a retenção do valor declarado a título de imposto de renda retido na fonte, mas verificado que os rendimentos correspondentes foram declarados parcialmente, é de se restabelecer também parcialmente o IRRF glosado, obedecida a mesma proporção. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Exonerado Posteriormente, foi interposto recurso voluntário, no qual o contribuinte reiterou os argumentos aduzidos em sede de impugnação e sustentou, em síntese, que: a) o recorrente cumpriu, antecipadamente, a determinação contida no Termo de Intimação Fiscal 2009/588431255355253, de 10/08/2009, postado em 06/08/2009 e recebido em 28/08/2009; b) a fonte pagadora comprovou o pagamento do Imposto de Renda Retido na Fonte, conforme documento de fls. 56; c) tem direito à restituição total do valor apresentado em sua Declaração de Imposto de Renda, no valor histórico de R$ 6.917,69, considerando a apresentação do recibo de pagamento de honorários advocatícios no valor de R$ 22.845,62. É o relatório. Voto Conselheira ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Conheço do recurso, pois se encontra tempestivo e com condições de admissibilidade. Acerca da compensação efetuada pelo contribuinte, conforme narrada, a Delegacia de Origem assim dispôs: De fato, verificamos que o Termo de Conciliação à fl. 19 consignou a obrigação do pagamento ao Contribuinte pela Metropolitan Transports do valor líquido de R$ 156.655,92, em 12 parcelas mensais, sucessivas e iguais, no valor de R$ 13.054,66, a partir de 17/08/07, via cheques nominais. à Metropolitan cabia também o recolhimento mensal do IRRF no valor de R$ 2.532,65, correspondente a cada parcela. Nesse sentido, a DIRF da fonte pagadora, entregue posteriormente à notificação (fl. 56), informa a retenção do IRRF, preceituada no §2º do art. 87 acima, no valor total de R$ 17.728,55 (= R$ 2.532,65 x 7 meses (janeiro a julho)), como informado em sua declaração de rendimentos (fl. 44). Fl. 131DF CARF MF 4 Quanto aos rendimentos tributáveis correspondentes, citados no inc. IV do mesmo dispositivo, o referido termo informa que o valor bruto de R$ 187.047,86 (= R$ 156.655,92 total líquido + (R$ 2.532,65 IRRF x 12 meses)) foi composto de rendimentos tributáveis de R$ 138.837,88 (verbas salariais) e de rendimentos isentos de R$ 48.209,98 (férias + 1/3, FGTS + multa, multa art. 477 da CLT, aviso prévio, seguro desemprego)(fls. 19/20), em conformidade com os cálculos homologados. Desta forma, o valor dos rendimentos tributáveis corresponderia em 2008 a R$ 80.988,76 (= R$ 138.837,88 rendimentos tributáveis / 12 parcelas x 7 meses). Ocorre que o Contribuinte declarou rendimentos tributáveis no valor de R$ 58.143,12 (fl. 44) que, conforme a memória de cálculo à fl. 33, resultou da exclusão de honorários advocatícios no valor de R$ 22.845,62. Ocorre que o Contribuinte não juntou à sua defesa o comprovante dessa despesa, como o fez em sua impugnação referente ao exercício de 2008 (processo no 10730.013658/200937). Destaquese que o mesmo fora intimado pela Fiscalização à apresentação dos recibos dos honorários advocatícios (fls. 57/59), que não os apresentou, como consta consignado na autuação (fl. 7). Tendo o Contribuinte declarado parcialmente o rendimento no percentual de 71,79% (= R$ 58.143,12 / R$ 80.988,76), somente o IRRF no valor correspondente a esse mesmo percentual poderá ser compensado, o que resulta no valor de R$ 12.727,61 (= R$ 17.728,55 x 71,79%). Desta maneira, deve ser mantida a compensação indevida do IRRF no valor correspondente à diferença de R$ 5.000,94 (=R$ 17.728,55 R$ 12.727,61). Consoante se extrai do trecho acima, restou parcialmente mantida a compensação indevida, em razão da ausência de comprovação do pagamento dos honorários advocatícios. Em seu recurso voluntário, fls. 79 e seguintes, o contribuinte efetuou a juntada dos cheques nominais ao senhor Joelson Gonçalves, e respectivos extratos que demonstram a compensação dos cheques relativos ao período de janeiro a julho de 2008, no valor de R$ 3.263,66 (total de R$ 22.845,62). Compulsandose as fls. 22 doa autos, verificase que o Senhor Joelson Gonçalves foi o patrono da causa que ensejou o pagamento dos honorários. Portanto, diante das mencionadas provas, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário e, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10730.012799/200932 Acórdão n.º 2201003.704 S2C2T1 Fl. 4 5 Fl. 133DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.903531/2010-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Exercício: 1999
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO.
Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA.
O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações.
Numero da decisão: 1301-002.357
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
[assinado digitalmente]
Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Exercício: 1999 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Exercício: 1999 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 35 31 /2 01 0- 93 Fl. 181DF CARF MF Processo nº 16327.903531/201093 Acórdão n.º 1301002.357 S1C3T1 Fl. 3 2 BANCO VOLKSWAGEN S.A., já devidamente qualificada nestes autos, recorre a este Conselho contra a decisão prolatada pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP, que indeferiu os pedidos veiculados através de manifestação de inconformidade apresentada contra a decisão da DEINF/SP. Trata a lide de Pedido de Restituição (PER/DCOMP), no qual o alegado direito creditório é decorrente de pagamento indevido ou a maior da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Posteriormente, o contribuinte usou esse alegado direito creditório para a compensação com débito de sua titularidade, mediante a Declaração Eletrônica de Compensação (PER/DCOMP), transmitida em 2008. Consta dos autos intimação, informando ao contribuinte que o DARF por ele especificado não teria sido localizado nos sistemas da RFB e instandoo à regularização. Não consta do processo qualquer resposta ou providência do contribuinte. A unidade administrativa que primeiro analisou os pedidos formulados pela empresa (DEINF/SP) negou homologação à compensação. O motivo foi a não localização do DARF nos sistemas da RFB, mesmo após a intimação acima referida. Em sua manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório, a interessada, inicialmente, junta comprovante de arrecadação obtido no sítio eletrônico da Receita Federal. Na sequência, esclarece: Esse recolhimento foi indevidamente efetuado pelo Recorrente, uma vez que ele dispunha de decisão judicial definitiva, proferida nos autos do Mandado de Segurança n° 89.00112058, que o exonerava do recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, no período de 1988 a 09/1997 (data do trânsito em julgado da decisão judicial). Nem se alegue que o pagamento foi efetuado após o trânsito em julgado da decisão judicial exoneratória e com os benefícios previstos na Lei n° 9779/99, tendo em vista que, além desses fatos não servirem de fundamento para a negativa do pedido de restituição, o recolhimento se deu porque a própria Secretaria da Receita Federal, mesmo em face da decisão judicial favorável ao Recorrente, insistia na cobrança de tais valores, ao argumento de que os efeitos da decisão judicial alcançavam apenas a CSLL relativa ao exercício de 1989. Apenas com a decisão do 1º Conselho de Contribuintes (acórdão n° 101 93.610), proferida em 19/09/01, com acórdão formalizado em 11/12/01, que reconheceu expressamente o direito de um dos litisconsortes do ora Recorrente, no Mandado de Segurança n° 89.00112058, de não recolher a CSLL, no período de 1990 a 1997, ou seja, desde a propositura da medida judicial até o trânsito em julgado da decisão favorável, o que se deu em 02/09/97, é que o Recorrente obteve a comprovação de que também estava desobrigado do recolhimento da CSLL nesse período e que, portanto, tinha direito de reaver os montantes indevidamente recolhidos: "Ementa: IRPJ Normas Gerais. Lançamento Tributário. Sentença Judicial. Trânsito em Julgado. Efeitos. A sentença judicial reconhecendo a inconstitucionalidade dos artigos 1º, 2º, 3º e 8º, da Lei n° 7689, de 1988, e, de consequência, desobrigando a pessoa jurídica do recolhimento da CSLL, irradia seus efeitos jurídicos até o período no qual tenha ocorrido seu trânsito em julgado. Fl. 182DF CARF MF Processo nº 16327.903531/201093 Acórdão n.º 1301002.357 S1C3T1 Fl. 4 3 Recurso conhecido e provido. Trecho do Voto do Conselheiro Sebastião Rodrigues Cabral — Relator: Nesta linha de raciocínio, e considerando que no presente caso: i) A sentença judicial que acolheu a pretensão da Recorrente, no sentido de desobrigála do recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido instituída pela Lei n° 7689, de 1988, transitou em julgado em 02 de setembro de 1997, tal qual atestado na Certidão fornecida pela 10ª Vara Federal, anexa aos autos às fls.; ii) O Mandado de Segurança interposto pela Recorrente, em 1989, objetivou a dispensa do recolhimento da referida Contribuição sob alegação de inconstitucionalidade da lei que a instituiu (n° 7689, de 1988), o que foi integralmente reconhecido pela referida sentença transitada em julgado; iii) O auto de infração guerreado no presente processo pretende exigir da Recorrente a Contribuição Social relativa aos períodosbase de 1990 a 1994, portanto, anteriores ao trânsito em julgado da sentença judicial; só nos resta concluir que referidos períodos estão albergados pela 'coisa julgada', sendo defeso ao Fisco exigir a Contribuição em causa relativamente àqueles períodosbase." Assim, deve ser prontamente revisto o despachodecisório, ora recorrido, ante a comprovação do recolhimento indevido, a ensejar o direito à restituição, nos termos do artigo 165, I, do Código Tributário Nacional. A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP analisou a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte e indeferiu a solicitação. Ciente da decisão de primeira instância e com ela inconformada, a interessada apresentou recurso voluntário, mediante o qual oferece, em apertada síntese, os seguintes argumentos: Acerca do prazo para pleitear o indébito, a recorrente se reporta ao Pedido Eletrônico de Restituição, ao Pedido de Restituição protocolado na Deinf e sustenta que estaria plenamente respeitado, no caso, o prazo prescricional de cinco anos, previsto no art. 168, I, do CTN. A recorrente afirma ter anexado aos autos cópia do Mandado de Segurança nº 89.00112058, em que foi proferida a decisão transitada em julgado que a exonerava do recolhimento da CSLL de 1988 até 09/1997 (data do trânsito em julgado). Da mesma forma, anexa documentos que comprovam ser a recorrente a sucessora de Autolatina Financiadora S/A, que foi parte no processo judicial. A interessada reitera, ainda, os argumentos trazidos na Manifestação de Inconformidade, acerca da decisão proferida pelo 1º Conselho de Contribuintes em 2001. Conclui com o pedido de provimento de seu recurso e homologação da compensação declarada. É o Relatório. Voto Fl. 183DF CARF MF Processo nº 16327.903531/201093 Acórdão n.º 1301002.357 S1C3T1 Fl. 5 4 Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 1301002.287, de 12/04/2017, proferido no julgamento do processo 16327.900370/201248, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 1301002.287): O recurso voluntário e tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Gira a lide em torno de pedido de restituição, posteriormente cumulado com declaração de compensação. No atual estágio da discussão administrativa, o alegado direito creditório não foi reconhecido por dois fundamentos autônomos, ou seja, cada um deles é suficiente, por si só, para o não reconhecimento do direito creditório. O primeiro fundamento adotado pelo julgador de primeira instância, de caráter preliminar, foi o transcurso do prazo para pleitear o indébito. Alega a recorrente que deveria ter sido considerado o período transcorrido entre a data do recolhimento, em 1999, e a data do protocolo do pedido de restituição, em 2004. Com isso, restaria atendido o prazo de cinco anos de que trata o art. 168, I, do CTN. Examinando a decisão recorrida, constatase que, efetivamente, houve um equívoco do julgador ao não considerar o pedido de restituição originalmente formulado em 2004. Isso fica evidenciado na afirmação de que “... observase que somente em 2008 veio pleitear compensação do referido crédito, ou seja, cerca de sete anos após ‘obter a comprovação’, e nove após a extinção do débito, pelo pagamento”. Ora, a declaração de compensação é datada de 2008, mas reportase ao anterior pedido de restituição, e é esse pedido que deve ser considerado, para fins da contagem do prazo para a repetição de indébito. No entanto, como se verá a seguir, a correção desse equívoco não trará modificação na conclusão. Esse prazo, se de cinco ou dez anos, bem assim a determinação dos termos inicial e final para a contagem, já foram objeto de acirrados debates, tanto no âmbito administrativo quanto no judicial. A inovação legislativa (arts. 3º e 4º da Lei Complementar nº 118/2005) tentou pacificar a questão, mas somente aumentou as divergências, tanto doutrinárias quanto jurisprudenciais. Finalmente, a questão foi pacificada pelo Poder Judiciário. De especial interesse, o Recurso Especial nº 1.002.932, de 25/11/2009, prolatado pelo STJ no regime do art. 543C do CPC então vigente, e o Recurso Extraordinário nº 566.321, de 04/08/2011, proferido pelo STF no regime do art. 543B do mesmo diploma legal. A reiterada aplicação administrativa dessas decisões conduziu à aprovação, em 09/12/2013, pelo Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, da súmula CARF nº 91, a seguir reproduzida. Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Fl. 184DF CARF MF Processo nº 16327.903531/201093 Acórdão n.º 1301002.357 S1C3T1 Fl. 6 5 As súmulas CARF são de observância obrigatória pelos membros deste órgão administrativo, a teor do art. 72 do Anexo II do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 e alterações supervenientes. No caso concreto, o pedido de restituição foi protocolado em 2004, antes da data limite prevista na súmula, aplicandose, portanto, o prazo prescricional de dez anos. O termo inicial da contagem é, também nos termos da súmula, a data do fato gerador. O fato gerador foi fixado pela própria interessada no pedido de restituição. Desta forma, para fatos geradores completados anteriormente a 12/02/1994 o prazo prescricional já se encontrava encerrado no momento do pedido de restituição. Observese que a data do recolhimento não é considerada para este fim, muito menos a circunstância alegada pela interessada acerca do julgamento administrativo de um auto de infração no qual o sujeito passivo seria um dos litisconsortes na ação judicial. Não se vislumbra qual a relação entre aquele julgamento administrativo e o prazo para a formulação do pedido de restituição aqui discutido. A constatação que se impõe é de que o decurso do prazo prescricional impede que seja atendido o pleito da interessada, independentemente de quaisquer considerações de mérito, negandose provimento ao recurso voluntário. O segundo fundamento adotado pelo julgador de primeira instância para o indeferimento do pleito foi a falta de comprovação do direito. O seguinte excerto do voto condutor do acórdão recorrido é elucidativo: Observese que a empresa não trouxe a petição inicial e nenhuma peça do processo judicial que afirma amparala, de forma a se poder verificar a correção de sua alegação central de mérito, o que, como demonstrado acima, seria ônus da empresa. E, em consulta ao sítio do TRF da 3ª Região, utilizandose do número de processo judicial fornecido pela Interessada, na opção “Consulta Processual – Visualizar Processo” a empresa não aparece como parte, mas sim as seguintes empresas: Consórcio Nacional Ford Ltda., Autolatina S/A, Autolatina Financiadora S/A Crédito Financiamento e Investimentos e Ford Brasil S/A. Junto com o recurso voluntário, a interessada faz acostar aos autos peças do processo judicial, e documentos que, segundo ela, comprovariam ser a recorrente sucessora da Autolatina Financiadora S/A, que foi parte no processo judicial. Compulsando os autos, especialmente as peças processuais do Mandado de Segurança nº 89.112058, constato que a impetrante foi Consórcio Nacional Ford Ltda., e que posteriormente foram admitidos como litisconsortes: (i) Autolatina S/A; (ii) Autolatina Financiadora S/A – Crédito, Financiamento e Investimentos; e (iii) Ford Brasil S/A. Prosseguindo na análise, encontro Ata da AGE de 31/05/1996 de Banco Autolatina S.A., na qual se registra a cisão parcial dessa pessoa jurídica, com a versão de parcela de seu patrimônio para o Banco Ford S/A e a mudança do nome da parcela remanescente da cisão do Banco Autolatina S/A para Banco Volkswagen S/A (a interessada). Na sequência, encontro também o Protocolo da cisão e versão do patrimônio. No entanto, não encontro prova de que Banco Autolatina S/A fosse parte da ação judicial. No documento datado de 17/02/2004, dirigido à DEINF/SP, a interessada se identifica como “BANCO VOLKSWAGEN S/A., atual denominação de BANCO AUTOLATINA S.A., anteriormente denominado AUTOLATINA Fl. 185DF CARF MF Processo nº 16327.903531/201093 Acórdão n.º 1301002.357 S1C3T1 Fl. 7 6 FINANCIADORA S.A., ...”. Mas tratase de mera afirmação, da qual não encontro prova documental nos autos. Apesar de saber que esse ponto foi um dos fundamentos adotado pelo julgador de primeira instância para negar seu pedido, a interessada apresentou apenas o documento da cisão parcial de Banco Autolatina S/A e posterior mudança de nome da parcela remanescente para Banco Volkswagen S/A, não se preocupando em rastrear e comprovar os eventos societários desde a litisconsorte na ação judicial (Autolatina Financiadora S/A – Crédito, Financiamento e Investimentos) até a atual pessoa jurídica, nem os direitos que teriam sido transmitidos em cada um desses eventos. Em se tratando de pedido de restituição, é ônus de quem alega o direito creditório comprovar o que alega, especialmente, no caso sob análise, que a pessoa jurídica que efetuou o recolhimento seria a sucessora em todos os direitos e obrigações da pessoa jurídica que foi parte na ação judicial. Ao não se encontrar nos autos essa comprovação, também por esse motivo o recurso voluntário há que ser negado. Os dois fundamentos autônomos anteriormente discutidos já seriam (e são) suficientes para que o recurso voluntário seja desprovido. Penso, entretanto, que uma consideração adicional há de ser feita. É que o pagamento em questão foi feito em 1999, ao amparo do art. 17 da Lei nº 9.779/1999. Confirase seu teor (grifos não constam do original): Art.17.Fica concedido ao contribuinte ou responsável exonerado do pagamento de tributo ou contribuição por decisão judicial proferida, em qualquer grau de jurisdição, com fundamento em inconstitucionalidade de lei, que houver sido declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta de constitucionalidade ou inconstitucionalidade, o prazo até o último dia útil do mês de janeiro de 1999 para o pagamento, isento de multa e juros de mora, da exação alcançada pela decisão declaratória, cujo fato gerador tenha ocorrido posteriormente à data de publicação do pertinente acórdão do Supremo Tribunal Federal.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) §1oO disposto neste artigo estendese:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 2158 35, de 2001) Iaos casos em que a declaração de constitucionalidade tenha sido proferida pelo Supremo Tribunal Federal, em recurso extraordinário;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIa contribuinte ou responsável favorecido por decisão judicial definitiva em matéria tributária, proferida sob qualquer fundamento, em qualquer grau de jurisdição;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIIaos processos judiciais ajuizados até 31 de dezembro de 1998, exceto os relativos à execução da Dívida Ativa da União.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Fl. 186DF CARF MF Processo nº 16327.903531/201093 Acórdão n.º 1301002.357 S1C3T1 Fl. 8 7 §2oO pagamento na forma do caput deste artigo aplicase à exação relativa a fato gerador:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Iocorrido a partir da data da publicação do primeiro Acórdão do Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal, na hipótese do inciso I do § 1o;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIocorrido a partir da data da publicação da decisão judicial, na hipótese do inciso II do § 1o;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIIalcançado pelo pedido, na hipótese do inciso III do § 1o.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) §3oO pagamento referido neste artigo:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Iimporta em confissão irretratável da dívida;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIconstitui confissão extrajudicial, nos termos dos arts. 348, 353 e 354 do Código de Processo Civil;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) [...] Insisto: os pagamentos nesses termos são confissão irretratável da dívida e confissão extrajudicial. Ou seja, ainda que pudessem ser superados os dois fundamentos anteriormente expostos, o pedido de restituição encontraria obstáculo inarredável na disposição expressa da lei acima transcrita. Supondose, como hipótese argumentativa, que a interessada fosse, como afirma, sucessora da litisconsorte na ação judicial, o fato é que espontaneamente decidiu abrir mão do direito conquistado na ação judicial (possivelmente por vêlo ameaçado por reiteradas manifestações do STF no sentido da inconstitucionalidade da CSLL apenas para o primeiro ano de sua vigência) e parcelar o valor da contribuição para os anos subsequentes. A recorrente afirma que somente fez os pagamentos porque a Receita Federal insistia na cobrança, mesmo em face da decisão judicial que havia obtido. Ora, esse era o entendimento administrativo à época, atualmente ainda mais reforçado, tanto pelo sucesso obtido em ações rescisórias diversas propostas perante o Poder Judiciário, quanto por Pareceres da douta PGFN. Se a interessada tivesse plena convicção de seu direito, seu procedimento teria sido o de aguardar o lançamento e discutilo administrativa e judicialmente, nunca o de se antecipar, confessando a dívida de forma irretratável e recolhendo o tributo. A recorrente reclama, ainda, que esse aspecto não teria sido fundamento para a negativa do pedido de restituição, pelo que não poderia, agora, ser abordado. Observese que a DEINF/SP originalmente negou o pedido porque o pagamento (DARF) não foi identificado nos sistemas da RFB. Apesar de intimada, a interessada não se preocupou em trazer aos autos os esclarecimentos que Fl. 187DF CARF MF Processo nº 16327.903531/201093 Acórdão n.º 1301002.357 S1C3T1 Fl. 9 8 permitissem essa correta identificação. Essa questão foi plenamente superada em primeira instância. Somente então foi possível avançar e questionar outros aspectos, a saber, o prazo para pleitear o indébito e a comprovação do direito alegado. Quanto a este último aspecto, o julgador a quo se deteve na falta das peças do processo judicial e na falta de comprovação de que a interessada no processo administrativo fosse também uma das partes do processo judicial. Penso que as considerações aqui tecidas sobre esse ponto nada mais são do que um aprofundamento acerca da análise de mérito do pedido. Seriam, talvez, dispensáveis, como dito anteriormente, mas em nada prejudicam, antes reforçam a conclusão. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha Fl. 188DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13603.722675/2013-99
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jul 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010
SETOR AUTOMOTIVO. SUSPENSÃO. ESTABELECIMENTO EQUIPARADO A INDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE.
As hipóteses de saídas dos componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças dos produtos autopropulsados com suspensão do imposto, de que trata o art. 5º da Lei nº 9.286/1999, não alcançam os estabelecimentos equiparados a industriais.
Numero da decisão: 3401-003.824
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordaram os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (relator). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Robson José Bayerl.
Rosaldo Trevisan - Presidente.
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Augusto Fiel Jorge DOliveira, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Robson Jose Bayerl, André Henrique Lemos, e Cleber Magalhães.
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 SETOR AUTOMOTIVO. SUSPENSÃO. ESTABELECIMENTO EQUIPARADO A INDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE. As hipóteses de saídas dos componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças dos produtos autopropulsados com suspensão do imposto, de que trata o art. 5º da Lei nº 9.286/1999, não alcançam os estabelecimentos equiparados a industriais.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordaram os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (relator). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Robson José Bayerl. Rosaldo Trevisan - Presidente. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator. ROBSON JOSÉ BAYERL - Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Augusto Fiel Jorge DOliveira, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Robson Jose Bayerl, André Henrique Lemos, e Cleber Magalhães.
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SUSPENSÃO. ESTABELECIMENTO EQUIPARADO A INDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE. As hipóteses de saídas dos componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças dos produtos autopropulsados com suspensão do imposto, de que trata o art. 5º da Lei nº 9.286/1999, não alcançam os estabelecimentos equiparados a industriais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordaram os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (relator). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Robson José Bayerl. ROSALDO TREVISAN Presidente. LEONARDO OGASSAWARA DE ARAÚJO BRANCO Relator. ROBSON JOSÉ BAYERL Redator designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 72 26 75 /2 01 3- 99 Fl. 2597DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Robson Jose Bayerl, André Henrique Lemos, e Cleber Magalhães. Relatório 1. Tratase de Auto de Infração, situado às fls. 3 a 5, para formalizar a exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados sobre estabelecimento filial da contribuinte, acrescido de juros de mora e multa de ofício, perfazendo o crédito tributário o montante de R$ 10.771.665,31. 2. Segundo se depreende do Termo de Verificação Fiscal, situado às fls. 17 a 30, a contribuinte, o estabelecimento deu saída a componentes para montagem de veículos automóveis com utilização indevida do instituto da suspensão de que trata o art. 5º da Lei nº 9.286, de 1999, por não ser, em relação aos referidos produtos estabelecimento industrial, vez que não realiza nenhuma operação de industrialização, e, sim, equiparado a industrial por receber para revenda ditos componentes industrializados por outro estabelecimento da mesma empresa, não estando assim tais saídas amparadas pela suspensão em tela. 3. A contribuinte apresentou, em 20/03/2014, impugnação, situada às fls. 2411 a 2431, na qual requereu que fosse cancelado o lançamento de ofício e reconhecida a nulidade da multa aplicada. 4. Em sessão de 27/02/2014, foi proferido o Acórdão DRJ nº 10 49.052, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Porto Alegre (RS), sob a relatoria do AuditorFiscal Evandro Francisco Silva Araújo, que decidiu, por votação unânime, julgar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido, nos termos da ementa abaixo transcrita: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Data do fato gerador: 01/01/2010 a 31/12/2010 SETOR AUTOMOTIVO. SUSPENSÃO. ESTABELECIMENTO EQUIPARADO A INDUSTRIAL. As hipóteses de saídas dos componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças dos produtos autopropulsados com suspensão do imposto não alcançam os estabelecimentos equiparados a industrial, excetuandose disposição expressa em lei. MULTA DE OFÍCIO. PREVISÃO LEGAL. A multa de ofício no percentual de 75% do imposto que deixou de ser lançado está prevista em lei, não cabendo à autoridade administrativa afastar sua aplicação. Fl. 2598DF CARF MF Processo nº 13603.722675/201399 Acórdão n.º 3401003.824 S3C4T1 Fl. 2.582 3 5. A contribuinte interpôs Recurso Voluntário, no qual alegou, em síntese, que: (i) se enquadra na regra autorizadora da suspensão do tributo (art. 5º da Lei nº 9.286/1999); (ii) como suas filiais e demais estabelecimentos são equiparados ao estabelecimento produtor por força de regra geral do IPI (art. 4º, inciso II, da Lei nº 4.502/1964), não é possível limitar aplicação da regra da suspensão do IPI apenas para o estabelecimento produtor; (iii) independentemente de haver suspensão ou pagamento do tributo, o resultado da operação é contabilmente neutro, pois o recolhimento resultaria em crédito a ser abatido pela montadora; (iv) o estabelecimento autuado realiza processo de montagem de mercadorias, o que caracteriza processo industrial apto a permitir a suspensão do IPI; (v) como houve recolhimento integral do tributo, ainda que pela montadora, não há que se falar em lançamento de tributo devido apto a ensejar a multa de 75%. 6. Em sessão de 26/02/206, foi proferida a Resolução CARF nº 3401 000.897 por esta 1ª turma em diversa composição, determinando a conversão em diligência para verificar se a contribuinte realiza atividade industrial o que, caso confirmado, deixaria de subsistir o fundamento do lançamento. 7. Em conformidade com o Termo de Diligência, lavrado em 16/12/2015, foi constatado que “(...) é feita no mesmo a instalação de amortecedores de borracha e espuma antiruído nos levantadores de vidro, conforme instruções de montagem apresentadas pelo contribuinte e juntadas no processo”. 8. Em 20/01/2016, a contribuinte protocolou sua Manifestação sobre a Diligência, em que requereu o integral acolhimento de seu recurso para declarar a insubsistência do lançamento diante do "(...) expresso reconhecimento em termo de diligência fiscal de que o estabelecimento autuado pratica efetiva atividade industrial" consistente na montagem de amortecedores de borracha e colocação de espuma antiruído. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco 9. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 10. A questão se resume à possibilidade ou não da suspensão de IPI na saída de componentes para montagem de veículos automotores, por entender autoridade fiscal que a contribuinte não se enquadraria no conceito de estabelecimento industrial, vez que, ao seu ver, não realizava a industrialização dos produtos, mas a mera revenda. 11. Recortase, da Resolução proferida por esta turma em 12/08/2015, o seguinte trecho: Fl. 2599DF CARF MF 4 "Um dos argumentos trazidos pela Recorrente tanto na impugnação quanto em seu recurso voluntário consiste na alegação de que o estabelecimento em Betim realiza atividade industrial, uma vez que instala amortecedor de borracha e espumas antiruído no levantador de vidro. O acórdão da DRJ, contudo, entendeu que os documentos colacionados pela Recorrente à impugnação não eram suficientes à comprovação de que o referido estabelecimento executa a montagem das peças, não se enquadrando como estabelecimento industrial. (...) De fato, tal análise é necessária para o deslinde da presente lide, haja vista que, constatado que o estabelecimento de Betim realiza atividade industrial, deixa de subsistir o fundamento para o lançamento em tela. Destarte, proponho a conversão do presente feito em diligência, para que a autoridade fiscal realize a verificação in loco no estabelecimento da Recorrente localizado em Betim/MG, de forma a constatar se neste local há a instalação de amortecedores de borracha e espumas antiruído nos levantadores de vidro ou outra atividade que possa ser considerada como industrialização, relativa aos produtos objeto do presente auto de infração. Deve ser detalhada a atividade realizada no estabelecimento, por meio de relatório circunstanciado" (seleção e grifos nossos). 12. Isto porque, da leitura do processo, denotase que a contribuinte é uma empresa que fabrica levantadores de vidros utilizados na montagem de veículos automotores que, para atender de maneira eficaz às suas clientes (montadoras de veículos) localizadas no município de Betim, constituiu uma filial próxima a seus clientes nesta cidade. Assim, fabrica seus produtos na "BROSE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS" e efetua saída para a "BROSE BETIM". Colocase em relevo o argumento da autuada que na filial de Betim ocorre a finalização da montagem das peças fornecidas antes de dar saída dos produtos à montadora (cliente). 13. O termo de diligência realizado é expresso ao reconhecer que a contribuinte, de fato, pratica atividade industrial: 14. Não assiste razão à contribuinte ao vindicar que a suspensão do IPI na saída das mercadorias se estenderia aos estabelecimentos equiparados aos industriais, em conformidade com o remansoso posicionamento deste Conselho, como ocorreu no Acórdão CARF nº 3402003.430, proferido em 29/09/2016, de relatoria da Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, em que se firmou o seguinte entendimento: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2001 Fl. 2600DF CARF MF Processo nº 13603.722675/201399 Acórdão n.º 3401003.824 S3C4T1 Fl. 2.583 5 IPI. ESTABELECIMENTO EQUIPARADO A INDUSTRIAL. SUSPENSÃO. LEI Nº 9.826/99. O direito à suspensão do IPI previsto no artigo 5º da Lei nº 9.826/99 não alcança os estabelecimentos equiparados a industriais, por ausência de previsão legal. Recurso Voluntário Negado 15. No mesmo sentido, o Acórdão CARF nº 340301.680, proferido em 27/06/2012, de relatoria do Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, de cujo voto recortamos o seguinte trecho: "Enfim, a questão que pede resposta é: quando se refere a 'estabelecimento industrial', o legislador automaticamente referese também ao 'estabelecimento equiparado a industrial'? Ou, por outro giro, estabelecimentos industriais e equiparados a industriais têm o regime jurídico de IPI? Uma análise sistemática da legislação do IPI mostrame que não. O art. 24 do RIPI/10 (de dicção idêntica a dos regulamentos anteriores) define três espécies de contribuintes de IPI: o importador (inciso I), o industrial (inciso II) e o equiparado a industrial (inciso III). A partir desta definição, cada um desses três tipos de contribuinte passa a receber disciplina legal que não necessariamente é coincidente. É perceptível a iniciativa do legislador de referirse não apenas ao industrial, mas também ao equiparado a industrial, sempre que pretende dispensar a ambos uma mesma regra atinente ao imposto. Isso de atesta ao longo de todo o regulamento, como na definição de responsáveis tributários (art. 26, caput), fatos geradores (art. 35, II), momento de ocorrência do fato gerador (art. 36, II), não incidência (art. 38, II, ‘b’ e III), suspensão (43, II e III), isenção (art. 54, XIV, XV e XXIII), crédito presumido (art. 134), lançamento (art. 182, I, ‘b’) e base de cálculo (art. 190, II). Enfim, o estabelecimento equiparado a industrial é o contribuinte do IPI que recebe do legislador uma disciplina jurídica própria " (seleção e grifos nossos). 16. No entanto, levandose em conta o teor da diligência acima referida, ao se enquadrar a sua atividade no conceito de industrialização, como definida pelos artigos 3º e 4º, inciso III, do Decreto nº 7.212/2010, a contribuinte faz jus à suspensão do IPI na saída de suas mercadorias. 17. Em vista o resultado da diligência, e, ainda, de acordo com as alegações e documentos que instruem os presentes autos administrativos sobre o processo produtivo da empresa, parecenos inegável que a contribuinte realiza operações de Fl. 2601DF CARF MF 6 industrialização nos termos da legislação pertinente, em especial, o art. 4º do Decreto nº 2.637/1998 (Regulamento do IPI), em vigor à época dos fatos: Decreto nº 2.637/1998 (Regulamento do IPI) Art. 4º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como: I a que, exercida sobre matériaprima ou produto intermediário, importe na obtenção de espécie nova (transformação); II a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento); III a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (montagem); IV a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); V a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização (renovação ou recondicionamento). Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a localização e condições das instalações ou equipamentos empregados. 18. Depois de iniciado o julgamento do presente caso, em virtude dos debates realizados pelo colegiado, e já lido o voto deste Relator, aventouse a dificuldade de se aceitar resultado de diligência realizada quase 5 anos depois dos fatos geradores em apreço. Observese, por um lado, que a cautela é procedente, contudo não teve a autoridade fiscal, detentora do ônus probandi, o cuidado de diligenciar ao estabelecimento do sujeito passivo, no curso do procedimento fiscal, para comprovar a sua efetiva atividade econômica. Não obstante, diante do pedido de vista realizado pelo Conselheiro Robson José Bayerl durante a sessão ordinária correspondente da reunião de abril de 2017, a contribuinte, diligentemente, esmerou se em afastar a dúvida levantada, trazendo à cognição desta turma notas fiscais emitidas por meio da petição protocolada em 20/06/2017, situada às fls. 2578 a 2579, tratandose do caso de se aplicar as exceções ao § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972 previstas em suas alíneas 'b' e 'c', e realizada nos termos do § 5º, cujo trecho abaixo se transcreve: "(...) ao seu ver, a diligência realizada prestou apenas para demonstrar que atualmente é realizado processo de industrialização na planta da Recorrente, o que não teria o condão de demonstrar que o mesmo processo existia na época em que foi lavrado o auto de infração. 3. Como apontado em protesto pela defesa da Recorrente durante a sessão de julgamento, o que o d. Sr. Conselheiro requer é a produção de uma prova Fl. 2602DF CARF MF Processo nº 13603.722675/201399 Acórdão n.º 3401003.824 S3C4T1 Fl. 2.584 7 impossível; o registro de uma atividade industrial passada, que só poderia ter sido constatada caso a d. autoridade fiscal tivesse realizado diligência no local à época dos fatos, como sempre solicitou a Recorrente. 4. Apesar de não ser possível realizar uma diligência presencial retroativa, os registros ficais da Recorrente demonstram a existência de remessa de insumos para industrialização na filial de Betim em momento muito anterior à lavratura do auto de infração, que só se materializou em 11/09/2013. 5. A título exemplificativo, a Recorrente traz aos autos cópia de algumas de suas notas fiscais emitidas em abril de 2013 (Doc 01 – Nota Fiscais), que comprovam a remessa de espuma antirruído e amortecedores do estabelecimento de São José dos Pinhais para a filial de Betim, para instalação nos levantadores de vidro que seriam entregues a FIAT" (seleção e grifos nossos). 19. Recortase, abaixo, uma das notas fiscais, emitida em 02/04/2013, juntadas pela contribuinte e situadas às fls. 2580 a 2586: 20. Recortase, ainda, parte de outra nota fiscal, emitida em 03/04/2013, que comprova a saída de espuma antiruído: Fl. 2603DF CARF MF 8 21. Desta forma, como restou demonstrado que o estabelecimento autuado efetivamente realiza processo de industrialização, também nos termos dos artigos 3º e 4º, inciso III, do Decreto nº 7.212/2010 (Regulamento do IPI), a suspensão se verifica não em razão da equiparação, mas em razão de se tratar, de fato, de estabelecimento que desenvolve atividade tipicamente industrial, não havendo de se estabelecer presunção em sentido contrário, como de fato fez a autoridade fiscal. 22. Assim, com base na diligência realizada, voto por conhecer e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Voto Vencedor Conselheiro Robson José Bayerl, Redator designado, A partir da exposição do voto prolatado pelo i. Conselheiro Relator, verifico que a divergência reside exclusivamente na prova que o recorrente, em 2010, realizava operações industriais a respaldar a almejada suspensão do IPI, nos termos do art. 5º da Lei nº 9.286/1999, estando concordes quanto ao alcance da prefalada suspensão, que não se estende aos estabelecimentos simplesmente equiparados a industrial, como defendeu o recorrente em seu recurso. Nesse diapasão, diferentemente do nobre Relator, não vejo como impositiva, por parte da fiscalização, à época dos fatos, a realização da visita ao estabelecimento autuado, porquanto, naquela oportunidade, o próprio sujeito passivo afirmou expressamente que não realizara qualquer operação industrial no anocalendário 2010, conforme declaração às efls. 2.353/2.354, verbis: “BROSE DO BRASIL LTDA., FILIAL DE BETIM/MG pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 02.258.243/000400, com sede na Estrada Contorno da Fiat, nº 1300, CEP 32.530490, Bairro Paulo Camilo, em BetimMG, em cumprimento ao Termo de Início de Procedimento Fiscal nº 06.1.10.002013003134, recebido em 21 de junho de 2013, vem informar que não realizou operações caracterizadas como industrialização no ano de 2010, conforme demonstra abaixo: Todas as autopeças vendidas pela unidade Brose Betim são fabricadas pela Brose Matriz, estabelecida em São José dos Pinhais/PR. Conforme pedido de compra emitido pelos clientes localizados no Estado de Minas Gerais, as peças são transferidas da Matriz (PR) para Betim, acompanhadas de Nota Fiscal de CFOP 6.151. Fl. 2604DF CARF MF Processo nº 13603.722675/201399 Acórdão n.º 3401003.824 S3C4T1 Fl. 2.585 9 Quando as peças são solicitadas pelos clientes, a unidade Betim faz a separação das autopeças, que são alocadas em caixas de papelão com capacidade para até 100 unidades, ou em racks metálicos com capacidade para até 08 unidades, de acordo com a necessidade produtiva do cliente. (...) Desse modo, para fins de cumprimento ao Termo de Início de Procedimento Fiscal, informamos que: 1. A Brose Betim não realizou operação caracterizada como industrialização no ano de 2010 visto que toda a produção de autopeças é realizada pela Matriz (PR), que transfere os proutos para Betim amparada por Nota Fiscal com CFOP 6.151. Quando solicitado pelo cliente, a unidade Betim realoca os produtos em embalagens de papelão ou Racks metálicos e emite nota fiscal de venda,que pode ter débito ou suspensão do IPI, dependendo da destinação dada a peça. 2. (...)” (destacado) Como se observa dos termos de referida correspondência, não há a menor dúvida que não houve a debatida operação industrial. A uma, porque a operação de embalagem realizada se destina ao transporte, não se caracterizando como espécie de industrialização, a teor do art. 6º do RIPI/02; a duas, porque o CFOP 6.151 corresponde a “transferência de produção do estabelecimento”, utilizado nas transferência de produtos acabados de um estabelecimento para outro, da mesma pessoa jurídica. Logo, se não havia qualquer dúvida sobre a inexistência de operação industrial no estabelecimento, não havia razão para realização de qualquer verificação in loco, mesmo porque, o período examinado era 2010 e a fiscalização ocorreu em 2013, de maneira que o único exame possível era o documental, com base no cotejo entre os produtos que deram entrada no estabelecimento e os que dele deram saída. Relativamente à diligência realizada, ao contrário do Relator, não vislumbro conclusividade suficiente para afirmar que o recorrente, no ano de 2010, a partir das averiguações realizadas, tenha executado qualquer operação de industrialização, ao passo que o relatório fiscal consignou tãosomente o seguinte: “Em visita ao estabelecimento, realizada em 12/08/2015, constatamos que é feita no mesmo a instalação de amortecedores de borracha e espuma antirruído nos levantadores de vidro, conforme instruções de montagem apresentadas pelo contribuinte e juntadas ao processo.” (destacado) O registro apenas informa que na data da diligência, em 2015, o estabelecimento realizava operação caracterizada como industrial, nada mais. Fl. 2605DF CARF MF 10 Outrossim, diversamente do que afirma o recorrente, em sua petição de 16/06/2017, não se está a exigir uma prova impossível, bastando que fossem juntadas ao processo as notas fiscais de entrada de matériaprima, material intermediário e embalagem, no estabelecimento autuado (Betim/MG), e as respectivas notas fiscais de saída de produto acabado, ambas emitidas em 2010, para desdizer e refutar a afirmação do próprio recorrente, firmada em 2013, que naquele ano não realizou qualquer operação industrial, como exposto alhures. Não custa lembrar que o causador de toda essa celeuma é o próprio contribuinte, a partir de sua informação inicial de ausência de operação industrial no estabelecimento, informação esta que posteriormente, no curso do processo contencioso, não foi provada incondizente com a realidade. Na mesma trilha, de nenhuma utilidade é a coleção de documentos fiscais relativos ao ano 2013, pois o que se está a investigar e a realização de operação industrial no ano 2010, de maneira que é despiciente provar a existência de industrialização antes ou depois desse período ou mesmo a existência de maquinário capaz de realizar ditas operações, se não há demonstração alguma no período autuado (2010). Com estas considerações, voto por negar provimento ao recurso interposto. Robson José Bayerl Fl. 2606DF CARF MF
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Numero do processo: 10380.722355/2010-60
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. PRELIMINAR DE NULIDADE. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. DESCABIMENTO.
O sujeito ativo da conduta ilícita tipificada no artigo 18, caput, e no inciso II, do seu § 2°, da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, é o sujeito passivo das obrigações tributárias cujos respectivos débitos estão declarados nas DCOMP em que se deram as compensações indevidas. Descabe a atribuição de responsabilidade pela multa à. pessoa jurídica sucedida, detentora original do direito creditório utilizado nas DCOMP inquinadas de falsidade.
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DA COMPENSAÇÃO. ÂMBITO PROCESSUAL DE DISCUSSÃO.
Havendo processo administrativo instaurado para discutir a procedência das compensações efetuadas por meio das DCOMP cuja falsidade ensejou a aplicação de multa à declarante, descabe (re)discutir se houve ou não homologação tácita das compensações declaradas, no âmbito do processo administrativo que cuida da aplicação da multa.
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. DOLO EVENTUAL.
Constatada a participação, conluio na simulação e na fraude que ensejou o crédito que se pretendia compensar, correta a lavratura de Auto de Infração exigindo multa isolada qualificada no percentual de 150%, nos termos do artigo 18 da Lei 10.833/2003, sobre as DCOMPs não homologadas.
RETROATIVIDADE BENIGNA.
A Lei 10.833/2003 não foi alterada, não havendo que se falar em retroatividade benigna.
Numero da decisão: 1402-002.476
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Ausentes momentaneamente o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone e justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002 COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. PRELIMINAR DE NULIDADE. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. DESCABIMENTO. O sujeito ativo da conduta ilícita tipificada no artigo 18, caput, e no inciso II, do seu § 2°, da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, é o sujeito passivo das obrigações tributárias cujos respectivos débitos estão declarados nas DCOMP em que se deram as compensações indevidas. Descabe a atribuição de responsabilidade pela multa à. pessoa jurídica sucedida, detentora original do direito creditório utilizado nas DCOMP inquinadas de falsidade. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DA COMPENSAÇÃO. ÂMBITO PROCESSUAL DE DISCUSSÃO. Havendo processo administrativo instaurado para discutir a procedência das compensações efetuadas por meio das DCOMP cuja falsidade ensejou a aplicação de multa à declarante, descabe (re)discutir se houve ou não homologação tácita das compensações declaradas, no âmbito do processo administrativo que cuida da aplicação da multa. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. DOLO EVENTUAL. Constatada a participação, conluio na simulação e na fraude que ensejou o crédito que se pretendia compensar, correta a lavratura de Auto de Infração exigindo multa isolada qualificada no percentual de 150%, nos termos do artigo 18 da Lei 10.833/2003, sobre as DCOMPs não homologadas. RETROATIVIDADE BENIGNA. A Lei 10.833/2003 não foi alterada, não havendo que se falar em retroatividade benigna.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. PRELIMINAR DE NULIDADE. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. DESCABIMENTO. O sujeito ativo da conduta ilícita tipificada no artigo 18, caput, e no inciso II, do seu § 2°, da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, é o sujeito passivo das obrigações tributárias cujos respectivos débitos estão declarados nas DCOMP em que se deram as compensações indevidas. Descabe a atribuição de responsabilidade pela multa à. pessoa jurídica sucedida, detentora original do direito creditório utilizado nas DCOMP inquinadas de falsidade. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DA COMPENSAÇÃO. ÂMBITO PROCESSUAL DE DISCUSSÃO. Havendo processo administrativo instaurado para discutir a procedência das compensações efetuadas por meio das DCOMP cuja falsidade ensejou a aplicação de multa à declarante, descabe (re)discutir se houve ou não homologação tácita das compensações declaradas, no âmbito do processo administrativo que cuida da aplicação da multa. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. DOLO EVENTUAL. Constatada a participação, conluio na simulação e na fraude que ensejou o crédito que se pretendia compensar, correta a lavratura de Auto de Infração exigindo multa isolada qualificada no percentual de 150%, nos termos do artigo 18 da Lei 10.833/2003, sobre as DCOMPs não homologadas. RETROATIVIDADE BENIGNA. A Lei 10.833/2003 não foi alterada, não havendo que se falar em retroatividade benigna. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 23 55 /2 01 0- 60 Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 316 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Ausentes momentaneamente o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone e justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 316DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 317 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário face v. acórdão, que manteve a aplicação de multa isolada qualificada no percentual de 150% sobre R$ 476.258,51, com base nos pedidos de compensação não homologados no processo 10380.901739/200661 e o apenso 10380.720382/200883. O autuado apresentou, em 14/07/2005, Declarações de Compensação (DCOMP) recepcionadas com os n's 07721.67870.140705.1.7.029053 e 12834.43940.140705.1.7.024957, cujos débitos confessados corresponderam a R$ 43.557,10 e R$ 432.701,41 respectivamente. Em tais compensações, o sujeito passivo informou estar utilizando suposto crédito de pagamento indevido ou a maior, posteriormente retificado para, a priori, saldo negativo do IRPJ, anocalendário 2000. As Declarações de Compensação ora referidas foram analisadas nos autos do processo administrativo n° 10380.720382/200883. Em decisão administrativa proferida em 23/06/2010, as fls. 752/764 do processo 10380.901739/200661, tais compensações NÃO FORAM HOMOLOGADAS, em razão da caracterização de fraude e conluio (Lei n° 4.502/64, arts. 72 e 73), correspondendo falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. Na Decisão de não homologação, consta que o suposto crédito apontado pelo sujeito passivo inexiste, fictício, conforme as conclusões reveladas nos atos investigatórios ou de diligência realizados por autoridade competente deste orgão,materializados através do Relatório de Análise Tributária de fls.195/265, daquele processo final 200661, aprovado pela Delegada da Receita Federal do Brasil em Fortaleza/CE. Diante dos fatos, e em cumprimento ao disposto no art. 18, § 2 ° , da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, com redação dada pela Lei n° 11.051/04, alterada pela Lei no 11.488/07 e Medida Provisória n° 472, de 15 de dezembro de 2009, onde se manteve a mesma previsão da multa aplicável, constituise, pelo presente Auto de Infração, a multa isolada regulamentar nos valores abaixo demonstrados, que corresponde a aplicação do percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento) sobre a totalidade dos débitos indevidamente compensados que totalizaram R$ 476.258,51. Naquele processo de final 200661, restou comprovado no Relatório de Análise Tributária da SAPAC de fls. 195/265, de 11/05/2010, um esquema de fraude, simulação e conluio entre empresas, com origem remota em negócios fictos de compra e venda de imóveis, geradores de créditos inexistentes de tributos federais e subsequente celebração de contratos simulados entre as empresas dos grupos empresariais CEC Internacional S/A e Grupo Marquise, com o fim de auferimento de vantagens fiscais ilícitas em prejuízo da fazenda nacional. Segundo consta do Relatório de Análise Tributária da SAPAC, o Grupo Marquise, por meio de uma série de atos, incorporava empresas do Grupo Empresarial CEC Fl. 317DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 318 4 Internacional S/A, com prejuízos fiscais, utilizando tais créditos para compensar tributos devidos. Contudo, "tais créditos" eram ilegítimos, visto que decorrentes de dolo, simulação e conluio entre as empresas do Grupo Marquise e as empresas do Grupo CEC, as primeiras lucrativas e as segundas em estado de insolvência (fls. 245/251). Restou comprovado também, que os atos praticados por cada uma das empresas citadas não podem ser vistos de forma isolada e autônoma, como ocorre na maioria dos negócios imobiliários, financeiros e empresariais em geral, mas contêmse (cada um deles) num conjunto global de atos que buscava, em verdade, um objetivo pré ordenadamente planejado entre as partes (fl. 204/205 do processo final 200661). Ao Grupo CEC, estão ligadas as empresas: Sul Diesel S/A; Iracema Florestamento e Reflorestamento Ltda e Maximar Fomento Mercantil Ltda EPP; Xingu Empreendimentos Imobiliários Ltda; Xingu Administração e Participação S/A; à RCA International Commodities S/A estão ligadas as empresas BEX Internacional S/A; Canavieira Florestamento e Reflorestamento S/A e Panagra do Brasil S/A; Agropecuária e Reflorestadora Parente S/A e quanto ao Grupo capitaneado pela Construtora Marquise S/A a Capitalize Fomento, Comercial Ltda, Construtora Marquise S/A e Ecofor Ambiental S/A. Nas fls. 252/256 do processo 200661, o Anexo do Relatório de Análise Tributária, apresenta quadros (abaixo colacionados) onde a auditoria cruzada das operações intragrupos para rastreamento da origem dos créditos, que geram imposto a recuperar em face das transações realizadas entre contribuintes dos dois grupos empresariais. Vejamos o fluxograma e em seguida as notas explicativas com o panorama global do planejamento tributário ocorrido entre os grupos CEC e MARQUISE. Fl. 318DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 319 5 As fls. 258/260 do processo que tratou das compensações, apresentam as explicações do fluxograma com enfoque global do planejamento tributário entre os grupos empresarias. I) PRINCIPAIS CARACTERES DOS ATOS DE GERAÇÃO FICTÍCIA DE TRIBUTOS 1 Instrumentação por Contratos de Promessa de Compra e Venda de Imóveis formalizados apenas "no papel". 2 — Ausência do substrato material especifico de uma efetiva compra e venda imobiliária (animo de pagar o preço objetivando a transcrição no Cartório de Registro de Imóveis). 3 — Inserção de clausula previsora de multa desarrazoada com o objetivo de entabular a incidência de IRFONTE e conseqüente conversão em crédito transferível de IRRF/Saldo Negativo de IRPJ com destinação posterior préconcebida. 4 — Presença de clausula estipulatória, temporalmente delimitada, de ENCARGOS FINANCEIROS especialmente superavaliados até o mês de Julho/2004, com o objetivo de gerar Créditos de PIS/COFINS NãoCumulativos para posterior transferência. 5 — Agregação daqueles encargos financeiros, conforme nova clausula especialmente alocada para tal, de multa imotivada a Fl. 319DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 320 6 ser reconhecida no especifico mês de Julho/2004, com o mesmo objetivo de gerar Créditos de PIS/COFINS NãoCumulativo. 6 — Operações sempre concebidas e entabuladas como sendo a Prazo, onde o adquirente nada paga (por absoluta inexistência de recursos para tal), e o alienante nada cobra (por ter a operação de compra e venda função outra que não a ordinária aquisição de imóvel). 7 — Operações concebidas sempre em meio a pessoas ligadas. 8 — Operações realizadas em circulo, com vendas sucessivas, reclamando a utilização igualmente simulada do artifício das cessões fictícias de crédito, ante o registro meramente contábil da "venda anterior' ainda não recebida. 9 — Utilização de operações com imóveis , superavaliados, dado o alto valor atribuído aos bens, considerado como método IDEAL a garantir ao Grupo Empresarial transmitente a maior cifra possível de Créditos Fiscais Fictícios, proporcionando maiores vantagens ao Grupo Empresarial recepcionador. II) DETALHES OBSERVADOS NOS ATOS INTERMEDIÁRIOS PRATICADOS COMO CONDIÇÃO NECESSÁRIA À IMPLEMENTAÇÃO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO QUE OBJETIVOU A TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS A PARTIR DOS ATOS DE GERAÇÃO FICTÍCIA DE TRIBUTOS 1 — Manipulação contábil das empresas adquirentes e alienantes dos bens imóveis geradores dos créditos fiscais fictícios. 2 — Receitas e despesas com origens apenas nas operações intragrupo ou intergrupos empresariais, adequando valores e resultados contábeis/fiscais, sendo sempre aquelas inferiores a estas. 3 — Preparação das empresas para as operações de CISÕES SELETIVAS, com criação de PJs para cumprirem vida efêmera e papéis préordenados. 4 — Segregação dos créditos de tributos fictícios vertidos para as Pessoas Jurídicas então surgidas das Cisões Seletivas. 5 — Negociação simulada das ações/quotas das pessoas jurídicas criadas a partir das Cisões Seletivas com os integrantes do Grupo Empresarial interessado na captação dos créditos fictos. 6 — Incorporações intermediárias das pessoas jurídicas surgidas das Cisões Parciais Seletivas por outras pessoas jurídicas ligadas ao Grupo Empresarial solvente e lucrativo, interessado na captação dos créditos fiscais fictos. III) DETALHES OBSERVADOS NOS ATOS DE RECEPÇÃO FINAL DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FICTÍCIOS PRATICADOS NO SEIO DAS EMPRESAS DO GRUPO EMPRESARIAL. SOLVENTE E LUCRATIVO INTERESSADO NA CAPTAÇÃO ESPECÍFICA DE CRÉDITOS COM O FIM DE EXTINGUIR SEUS DÉBITOS PRÓPRIOS SEM QUALQUER DESEMBOLSO REAL. Fl. 320DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 321 7 1 — Chamamento das situações postas pelas Cisões seletivas para o patrimônio das pessoas jurídicas componentes do Grupo Empresarial lucrativo e solvente. 2 — Captação final dos créditos precedida de transações comerciais/financeiras simuladas, tendentes a ofuscar e obscurecer a visão imediata da recepção direta e pré ordenada dos créditos fiscais fictícios. 3 — Incorporações intermediárias dissimuladoras da recepção direta e imediata dos créditos pelo Grupo Empresarial interessado na captação final. 4 — Incorporações finais (préordenadas) das diversas pessoas jurídicas de vida efêmera recheadas todas de créditos fiscais fictícios. 5 — Usufruto do almejado "recheio fiscal" via PER/DCOMPs pelo Grupo Empresarial economicamente lucrativo, em flagrante prejuízo do Fisco. A autoridade fiscal elaborou longo despacho, descrevendo as transações realizadas entres as empresas adiante citadas. Consta do relatório, que o Grupo Marquise, por meio de uma série de atos, incorporava empresas do Grupo Empresarial CEC Internacional S/A, com prejuízos fiscais, utilizando tais créditos para compensar tributos devidos. Contudo, os créditos eram ilegítimos, visto que decorrentes de dolo, simulação e conluio entre as empresas do Grupo Marquise e as empresas do Grupo CEC, as primeiras lucrativas e as segundas em estado de insolvência (fl. 250/251). Como destacado pela autoridade fiscal, os atos praticados por cada uma das empresas citadas não podem ser vistos de forma isolada e autônoma em si mesmo, como ocorre na maioria dos negócios imobiliários, financeiros e empresariais em geral, mas contêmse (cada um deles) num conjunto global de atos que buscava, em verdade, um objetivo pré ordenadamente planejado entre as partes (fl. 204/205). Segundo a autoridade fiscal, conforme descreve às fls. 269; 270 e 271, temse os seguintes quadros, que geram imposto a recuperar em face das transações realizadas entre contribuintes dos dois grupos empresariais: Fl. 321DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 322 8 Fl. 322DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 323 9 Por fim, o trabalho fiscal objetivou oferecer sólida fundamentação probatória e a motivação legal para o indeferimento liminar de qualquer pedido de restituição/compensação que envolva os créditos tributários de Imposto de Renda Retido na Fonte (convertido ou não em Saldo Negativo de IRPJ) e das Contribuições para o PIS Não Cumulativo e COFINS Não Cumulativo, cujas origens — imediata ou remota — decorra das transações celebradas entre as empresas do Grupo CEC e do Grupo Marquise. Foram analisados no documento os fundamentos primáiros da origem dos créditos utilizados finalisticamente pelas empresas do Grupo Marquise em PER/DCOMPs diversas entregues ora pela Construtora Marquise S/A, ora pela ECOFOR Ambiental S/A, ora pela Capitalize Fomento Comercial Ltda. Também forma procedidas as demonstrações dos vícios insanáveis dos negócios jurídicos presentes e considerados em todas as etapas do planejamento tributário evasivo que, ao fim, almejou como objetivo real e querido pelas partes, a geração ficta de créditos para aproveitamento dos mesmos em PER/DCOMPs. Conclusivamente, pretendese que as elementares "simulação", "fraude" e "conluio", qualificadoras da conduta das partes nos casos concretos examinados, sejam não só inseridas na análise, como também e principalmente, pautem a razão de decidir por parte dos Fl. 323DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 324 10 julgadores, no sentido do indeferimento liminar daqueles pedidos restitutórios/compensatorios, fundamentados na origem que apontamos. Assim, tendo em vista que o ponto inicial que criou os créditos que se pretende restituir e compensar é o mesmo dos processos abaixo indicados, tendo em vista a relação de causa e efeito, todos devem ser julgados conjuntamente. 10380.009193/200694 RCA INTERNATIONAL COMMODITIES S/A 10380.901897/200611 RCA INTERNATIONAL COMMODITIES S/A 10380.901733/200693 PANAGRA DO BRASIL S/A 10380.901737/200671 PANAGRA DO BRASIL S/A 10380.901739/200661 PANAGRA DO BRASIL S/A 10380.901735/200682 PANAGRA DO BRASIL S/A 10380.720384/200872 CAPITALIZE FOMENTO COMERCIAL LTDA. 10380.720385/200817 CAPITALIZE FOMENTO COMERCIAL LTDA. 10380.720499/200867 CAPITALIZE FOMENTO COMERCIAL LTDA. 10380.722709/201076 CAPITALIZE FOMENTO COMERCIAL LTDA. 10380.722703/201007 CAPITALIZE FOMENTO COMERCIAL LTDA. 10380.722244/201053 CONSTRUTORA MARQUISE.S/A 10380.722365/201003 CONSTRUTORA MARQUISE.S/A 10380.722355/201060 CONSTRUTORA MARQUISE.S/A 10380.722361/201017 CONSTRUTORA MARQUISE S/A 10380.721600/201011 CONSTRUTORA MARQUISE S/A No presente caso, insta alertar ainda que, em 29/12/2003 ocorreu uma cisão parcial da emprese PANAGRA DO BRASILS.A.. e posteriormente um incorporação de uma parte da empresa cindida pela CONSTRUTORA MARQUISE S/A. A parte que foi cindida e incorporada pela Construtora, é relativa a parcela do patrimônio liquido estimada por Laudo de Avaliação de 31/12/2003 (fls. 737/738) em R$ 1.080.807,00 representada por direitos creditórios e obrigações a pagar. (fls. 733 Instrumento de Protocolo de Cisão, com registro do documentos na Junta Comercial do Estado do Ceará em 23/01/2004). Consta também, que nesta operação de cisão parcial com versão de parcela do patrimônio da CINDIDA, para a sociedade receptora, será reduzida a participação dos acionistas Jose Carlos Valente Pontes, CPF, n° 022926533/20 e José Erivaldo Arraes, CPF no 048941383/87, que substituirão parcela de sua participação societária na CINDIDA, por ações de capital da RECEPTORA, recebendo cada acionista, da CINDIDA, 4.156.950 Fl. 324DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 325 11 (quatro milhões, cento e cinquenta e seis mil, novecentas e cinqüenta) ações, sem valor nominal,[...] No presente caso, o fato que gerou os créditos ora discutidos, foi a venda de um terreno da (Brasil Exportação de Castanhas, CNPJ 05.719.141/000182, nome empresarial atual BEX Internacional S/A) BEX, para a PANAGRA DO BRASIL S.A. Importante ressaltar, que em ambos grupos CEC e Marquise, temos como acionistas o Sr. Jose Carlos Valente Pontes, CPF, n° 022926533/20 e o Sr. José Erivaldo Arraes, CPF no 048941383/87. A BRASIL EXPORTAÇÃO DE CASTANHAS S/A, CNPJ 05.719.141/000182, era, pelo menos até o anocalendário 2000, coligada da pessoa jurídica CANAVIEIRA FLORESTAMENTO E REFLORESTAMENTO LTDA., CNPJ 07.791813/0000125, conforme atestam os registros contábeis efetuados nos Livros Razão desta última empresa, relativos aos anos de 1999 e 2000, respectivamente as fls. 458 e 190 dos autos, onde se lêem os lançamentos de "Empréstimos e Adiantamentos a Cias. Coligadas, Brasil Exportação de Castanhas S/A". E ambas empresas, a BEX e a PANAGRA, a pessoa física Paulo Sérgio Carneiro Porto, CPF 090.379.18387, era DiretorPresidente de BRASIL EXPORTAÇÃO DE CASTANHAS S/A na data atribuída ao Contrato de Promessa de Compra e Venda do terreno situado em Caucaia/CE (30/12/1998), como se verifica pela leitura do instrumento contratual de cópia as fls. 147/149. Nessa mesma data, a referida pessoa física era também dirigente de CANAVIEIRA FLORESTAMENTO E REFLORESTAMENTO LTDA./PANAGRA BRASIL S.A., a se considerar a informação aposta por esta empresa na Ficha 43 de sua Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica — DIPJ do anocalendário 1998, de cópia as fls. 512. Pois bem, após o alerta acima, passo a relatar os fatos e alegações constantes nos autos. Tratase de Recurso Voluntário face v. acórdão de fls. 868/905, que manteve o decidido no Despacho Decisório de 23/06/2010 (fl. 764), que por sua vez, adotou a Informação Fiscal de fls. 752/763, de 21/06/2010, fundamentada no Relatório Fiscal de fls. 195/265, de 11/05/2010, onde relatou "um esquema anormal de gestão de empresas", que "engendraram planejamento tributário visivelmente de natureza evasiva [...] voluntariamente praticada entre os agentes, tais como os elementos do dolo e da simulação, além do necessário conluio entre as partes". A matéria dos autos versa sobre os Pedidos de Restituição — PER de números 25014.96649.270903.1.2.044158 no valor de R$ 296.7742,60 (fls. 02/04) e 16192.74107.270903.1.2.044610, no valor de R$ 311.889,60 (fls. 72/74), formalizados em 27/09/2003 por CANAVIEIRA FLORESTAMENTO E REFLORESTAMENTO LTDA., CNPJ 07.793.813/000125 (antigo nome empresarial de PANAGRA DO BRASIL S/A), relativos a pagamento indevido ou a maior de IRRF, depois retificados para Pedidos de Restituição de saldo negativo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica — IRPJ do anocalendário 2000. (ambas retificações dos pedidos de restituição foram apresentados em 20/09/2006 e alteraram os valores a serem restituídos fls. 08/11 e 78/81) Fl. 325DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 326 12 O presente processo, foi originalmente formalizado para análise manual do PER de n° 25014.96649.270903.1.2.044158 (conforme despachos de fls. 01 e 05). Em seguida, os autos do processo de numero 10380.901740/200695, que cuidam do pedido de retificação do tipo de crédito cuja restituição fora pleiteada por meio do mencionado PER, relativo ao pagamento indevido ou a maior de IRRF, para saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2000, foram anexados aos presentes autos (conforme termo de fls. 70). Já o PER de n° 16192.74107.270903.1.2.044610 foi originalmente autuado no processo de n° 10380.901740/200695, também para o fim de sua análise manual (segundo despachos de fls. 71 e 75). A semelhança do que ocorrera no caso no primeiro PER, os autos do processo que trata do pedido de retificação do tipo de crédito cuja restituição fora pleiteada por meio do PER de n° 16192.74107.270903.1.2.044610 relativo ao pagamento indevido ou a maior de IRRF, para saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2000 (processo de n° 10380.009185/2006 48), foram anexados aos autos do processo de n° 10380.901740/200695 (conforme termo de fls. 91). Em seguida, os autos do processo de n° 10380.901740/200695 foram juntados, por anexação, aos presentes autos, que passaram a cuidar de toda a matéria atinente à restituição do saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2000, apurado por CANAVIEIRA FLORESTAMENTO E REFLORESTAMENTO LTDA., CNPJ 07.793.813/000125. A Recorrente, apresentou pedido de compensações dos créditos que pretendia a restituição acima apontados, em 13/08/2004 Comp 31220.95119.150904.1.3.027700 e em 15/09/2004 Comp 13073.34363.130804.1.3.027284. Em 14/07/2005, CONSTRUTORA MARQUISE S/A, CNPJ 07.950.702/000185, sucessora de CANAVIEIRA FLORESTAMENTO E REFLORESTAMENTO LTDA/PANAGRA DO BRASIL S/A, formalizou as Declarações de Compensação — DCOMP retificadoras de números 07721.67870.140705.1.7.029053, no valor de R$ 43.557,10 (fls. 01/04 dos autos apensados) e 12384.43940.140705.1.7.014957, no valor de R$ 432.701,41 (fls. 05/11 dos autos apensados final 83), para o fim de compensar valores devidos de PIS e de Cofins, relativos aos períodos de apuração julho/2004 e agosto/2004, com o saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2000, havido por sucessão da empresa mencionada. As DCOMP transmitidas pela sucessora foram baixadas para análise manual no âmbito do processo de n° 10380.720382/200883, cujos autos foram juntados, por apensação, aos do presente processo, conforme termo de fls. 162. Em seguida, veio aos autos, a Informação Fiscal (fls.752/765), que se fundamentou no Relatório de Análise Tributária da SAPAC de fls. 195/244, que concluiu o seguinte (fl. 762/763): 23. Como se viu, o Contrato de Compra e Venda de Imóveis, constituindose como os documentos remotos originadores de todas as demais operações que envolveram os Grupos Empresariais (CEC e Marquise), leva à conclusão de que nenhuma operação imobiliária de Fl. 326DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 327 13 fato ocorreu, dado o elenco de provas indicidrias graves, precisas e concordantes entre si, apresentados nos incisos acima referidos, as quais foram apontadas pelo Relatório de Análise Tributária. Diante dessas constatações, não pode o Fisco têlos (os contratos) como produtores dos efeitos pretendidos pelas partes. Em conseqüência, há que se não homologar todas as compensações vinculadas ao crédito descabido. No caso vertente, inexiste pagamento indevido, muito menos saldo negativo do IRPJ, no anocalendário 2000, o que fulmina o pretenso da empresa. 24. Destarte, é de se concluir que: a) inexiste o crédito alegado pela interessada, uma vez que, como restou fartamente demonstrado nos autos, ele decorreria de um ato simulado (venda fictícia de imóvel), engendrado com o concurso de terceiros, por meio de conluio, objetivando burlar a Fazenda Nacional, para extinguir débitos tributários legítimos, com a utilização de pretensos créditos, cuja titularidade teria sido adquirida pela Construtora Marquise S/A, em processo de sucessão societária; b) inexiste motivação jurídica para a imposição da multa contratual que teria dado causa à incidência do IRFF, que veio a constituir o pretenso direito de crédito adquirido pela Construtora Marquise S/A, CNPJ n° 07.950.702/000185, uma vez que a pretensa adquirente do imóvel (Panagra do Brasil S/A, CNPJ n° 07.793.813/000125), nem ao menos cumpriu a obrigação de pagar à pretensa alienante (Brasil Exportação de Castanhas, CNPJ 05.719.141/000182, nome empresarial atual BEX Internacional S/A) o valor correspondente à entrada do respectivo valor da operação; assim, é óbvio que, se se tratasse de uma transação normal, não cabia a esta transferir a posse e a propriedade do imóvel para terceiros, sem qualquer contrapartida da parte adquirente, o que torna injustificável o acatamento pacifico do reconhecimento da divida relativa à aludida multa; c) inexiste hipótese fática para a incidência do IRRF na situação tratada nos autos, em razão de a multa de que se cuida ainda que fosse legitima não corresponder à rescisão de contrato, única situação eleita pelo legislador como hipótese de incidência do tributo no caso de pagamento ou crédito de multas contratuais, nos termos do art. 70 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 25. Por todo o exposto e considerando o Relatório de Análise Tributária, fls. 195/265, aprovado pela Delegada da Receita Federal do Brasil em Fortaleza/CE, com cópia em anexo para conhecimento da empresa em prestigio ao Principio do Contraditório e da Ampla Defesa, proponho: a) O NÃO RECONHECIMENTO do direito creditório almejado pela empresa, anocalendário 2000, relativamente ao Saldo Negativo do IRPJ e, por conseguinte, o INDEFERIMENTO dos PER n° 25014.96649.270903.1.2.044158, fls. 02/04, e 16192.74107.270903.1.2.044610, fls. 72/74; b) a NÃO HOMOLOGAÇÃO das compensações objeto dos PER/DCOMP n° 07721.67870.140705.1.7.029053 e 12834.43940.140705.1.7.02.4957, ambos baixados para tratamento manual por intermédio do processo n° 10380.720382/200883, juntado por apensação ao presente processo, e todas as demais compensações, caso existentes, vinculadas ao direito creditório, ora descabido; Fl. 327DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 328 14 As fls. 761 da Informação Fiscal, sintetiza as operações de compra e venda do imóvel/terreno entre as empresas do mesmo grupo, onde na primeira compra, gerou crédito indevido de IRRF e na segunda de PIS/COFINS. Devido a tais fatos, os pedidos de restituição e de compensação foram negados, conforme r. Despacho Decisório de fls.764, abaixo colacionado. Com base nos fundamentos consubstanciados na Informação Fiscal, fls. 752/763, que aprovo, e no uso da competência de que trata o art. 203, inciso X, do Regimento .Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria do Ministro da Fazenda n.° 125, de 04 de março de 2009, decido: à) NÃO RECONHECER o direito creditório almejado pela empresa, anocalendário 2000, relativamente ao Saldo Negativo do IRPJ e, por conseguinte, INDEFERIR os PER/DCOMP n° 25014.96649.270903.1.2.044158, fls. 02/04, e 16192.74107.270903.1.2.044610, fls. 72/74; b) NÃO HOMOLOGAR as compensações objeto dos PER/DCOMP n° 07721.67870.140705.1.7.029053 e 12834.43940140705.1.7.02.4957, ambos baixados para tratamento manual por intermédio do processo n° 10380.720382/200883, juntado por apensação ao presente processo, e todas as demais compensações, caso existentes, vinculadas ao direito creditório não reconhecido; c) Intimar o sujeito passivo para, no prazo de 30 (trinta) dias,, contado da ciência da presente decisão da não homologação e do não reconhecimento do direito creditório almejado, pagar os débitos indevidamente compensados, assegurandolhe o direito à manifestação de inconformidade contra a denegatória do pleito perante a Delegacia Regional de Julgamento da Receita Federal em Fortaleza DRJFOR, como lhe faculta o art. 66 da IN RFB no 900/2008. A Recorrente ofereceu manifestação de inconformidade de fls. 771/785, sem juntar documentos novos, referente ao não reconhecimento do direito creditório. Os autos forma encaminhados para Delegacia da Receita Federal de Fortaleza, que se manifestou as fls. 789/790 e informou que para os pedidos de compensação do processo anexo 10380.720382/200883, feitos com estes créditos dos pedidos de restituição destes autos em epígrafe, foi lavrado Auto de Infração exigindo multa isolada, formalizado no processo administrativo 10380.722355/201060. Em seguida, a DRJ proferiu v. acórdão de fls.868/905, mantendo o Despacho Decisório, registrando a ementa abaixo colacionada e concluindo da seguinte forma. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2000 Fl. 328DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 329 15 PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. OBTENÇÃO DE CÓPIAS DOS AUTOS. DEMORA. Não havendo o contribuinte logrado provar que foi a Repartição Fiscal competente que deu causa â. demora no seu acesso às cópias que solicitou dos autos do processo, não há como acatar a preliminar de preterição do direito à ampla defesa, ao contraditório e ao devido processo legal. A possibilidade de obter cópias de peças dos autos é uma faculdade que possui o contribuinte para o exercício do seu direito de defesa; todavia, para exercêla, por evidentes razões operacionais, deve requerer as cópias junto ao Órgão Preparador do processo em tempo hábil, notadamente em função do elevado número de folhas de que se compõem os autos. A declaração de nulidade de atos praticados no âmbito do processo administrativo fiscal federal demanda que reste provado prejuízo ao exercício do direito de defesa do sujeito passivo. Demonstrado nos autos que o contribuinte compreendeu as razões de fato e de direito em que se fundou o Despacho Decisório objeto dos autos, tanto é que manejou argumentos de defesa pertinentes, não há que se cogitar de nulidade processual. DIREITO CREDIT6RIO. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. DISTRIBUIÇÃO DO ONUS DA PROVA. No processo administrativo de restituição e compensação de créditos tributários, incumbe ao contribuinte provar o fato constitutivo do seu direito (a certeza e liquidez do direito creditório) e, ao Fisco, para indeferir o pleito, provar fatos que evidenciem a inexistência do direito afirmado pelo contribuinte ou que constituam impedimento, modificação ou extinção desse direito. PROVA INDIRETA. INDÍCIOS. PRESUNÇÃO SIMPLES. VALIDADE. VERDADE MATERIAL. A Administração Pública tem o poderdever de investigar livremente a verdade material diante do caso concreto, analisando todos os elementos necessários à formação de sua convicção acerca da existência e conteúdo do fato jurídico. Esse poderdever é ainda mais presente na seara tributária, em que é usual a prática de atos simulatórios por parte do contribuinte, visando diminuir ou anular o encargo fiscal. A liberdade de investigação do Fisco pressupõe o direito de considerar fatos conhecidos não expressamente previstos em lei como indiciários de outros fatos, cujos eventos são desconhecidos de forma direta. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2000 DIREITO CREDITÓRIO. ORIGEM REMOTA. NEGÓCIO JURÍDICO SIMULADO. INDEFERIMENTO. Provado nos autos, por indícios fartos, graves, precisos e convergentes, que o negócio jurídico que constituiria a causa remota do direito creditório pleiteado pelo contribuinte não teve lugar no mundo fático, cumpre indeferir o direito creditório e não homologar as compensações declaradas. Fl. 329DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 330 16 DIREITO CREDITÓRIO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. SIMULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO. PARCELAMENTO, PELA FONTE PAGADORA, DO IRRF QUE COMPÔS 0 SALDO NEGATIVO. IRRELEVÂNCIA, PARA FINS DE PROVAR A MATERIALIDADE DO DIREITO CREDITÓRIO. O fato de a fonte pagadora haver formalizado parcelamento do IRRF pretensamente retido em negócio jurídico simulado não confere materialidade ao direito creditório pleiteado sob a forma de saldo negativo de IRPJ pela pretensa beneficiária da retenção. SUCESSÃO EMPRESARIAL. SIMULAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONTEÚDO MATERIAL NO DIREITO CREDITÓRIO TRANSFERIDO. INEFICÁCIA DOS ATOS FORMALMENTE PRATICADOS. É irrelevante, para fins de apuração da eficácia dos atos de sucessão empresarial, que estes tenham sido praticados com observância da legislação pertinente, quando resta demonstrado nos autos que o direito pretensamente transposto entre as empresas é destituído de conteúdo material. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2000 COMPENSAÇÃO. DECLARAÇÃO RETIFICADORA. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. 0 prazo para homologação tácita de compensação de tributos e contribuições federais, na hipótese de transmissão de Declaração de Compensação retificadora, contase da data da apresentação desta, e não da data em que o contribuinte transmitiu a Declaração de Compensação retificada. Por fim, concluiu da seguinte forma: Fl. 330DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 331 17 Em seguida, foi interposto Recurso Voluntário pela Construtora Marquise S/A, descrevendo os fatos ocorridos, requerendo basicamente a reforma do v. acórdão recorrido, reiterando as alegações da manifestação de inconformidade e basicamente alegando erro na identificação do sujeito passivo, que não pode ser responsabilizada por atos ilícitos praticados por suas sucedidas e terceiros, eis que agiu de boafé e não pode ser responsabilizada pelo multa após a incorporação da empresa PANAGRA. É o relatório. Fl. 331DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 332 18 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e foi interposto por seu representante com poderes para tanto, motivo pelo qual deve ser admitido. Da alegação de nulidade, por erro de sujeição do sujeito passivo. Tal alegação não deve ser provida. Vejamos. 1 Ficou constatado nos autos, que a Recorrente incorporou a parte cindida da empresa Panagra do Brasil Ltda., que transportou o saldo negativo de IRPJ, objeto do da compensação do processo 10380.901739/200661. 2 Quem fez o pedido de compensação, foi a empresa incorporadora Capitaliza Recorrente. 3 Restou comprovado que a Recorrente, pertencia ao grupo empresarial Marquise, que juntamente com o grupo CEC, criaram um sistema de geração de créditos indevidos, que foram utilizados nos pedidos de compensação do processo com final 200661, que fundamentou a lavratura deste Auto de Infração. 4 A Recorrente e o grupo empresarial o qual pertencia, participaram e trabalharam em conjunto com as empresas do Grupo CEC, para criar um sistema de produção de créditos e compensálos, por meio de simulação de contratos/promessas de compra e venda de terrenos. 5 O objetivo final, era reduzir ou deixar de pagar imposto. Tais constatações da auditoria da fiscalização, estão muito bem descritas na Informação Fiscal, que se fundamentou no Relatório de Análise Tributária da SAPAC de 11/05/2010, e nas provas juntadas nestes autos e nos outros ligados aos grupos CEC e Marquise, mais a frente colacionados. Sendo assim, como quem praticou o ato de pedir as compensações dos créditos indevidos que não foram homologados devido a constatação da simulação e do conluio em sua criação foi a Recorrente incorporadora, entendo que a sujeição passiva do Auto de Infração está correta, coesa e precisa. Em relação as alegações de que a sucessão da empresa PANAGRA, não poderiam prejudicar a Recorrente, também entendo que não devem ser providas. Fl. 332DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 333 19 No presente caso, insta alertar que, em 29/12/2003 ocorreu uma cisão parcial da empresa PANAGRA DO BRASILS.A. e posteriormente uma incorporação de uma parte da empresa cindida pela CONSTRUTORA MARQUISE S/A. A parte que foi cindida e incorporada pela Construtora, é relativa a parcela do patrimônio liquido estimada por Laudo de Avaliação de 31/12/2003 (fls. 737/738) em R$ 1.080.807,00 representada por direitos creditórios e obrigações a pagar. (fls. 733 do processo final 200661 Instrumento de Protocolo de Cisão, com registro do documentos na Junta Comercial do Estado do Ceará em 23/01/2004). Nesta operação de cisão parcial, consta que da versão de parcela do patrimônio da CINDIDA, para a sociedade receptora (Construtora), será reduzida a participação dos acionistas Jose Carlos Valente Pontes, CPF, n° 022926533/20 e José Erivaldo Arraes, CPF no 048941383/87, que substituirão parcela de sua participação societária na CINDIDA, por ações de capital da RECEPTORA, recebendo cada acionista, da CINDIDA, 4.156.950 (quatro milhões, cento e cinquenta e seis mil, novecentas e cinqüenta) ações, sem valor nominal,[...] Ou seja, quando da cisão e incorporação da PANAGRA pela Construtora Marquise, foi constatado que os Srs. Jose Carlos Valente Pontes, CPF, n° 022926533/20 e José Erivaldo Arraes, CPF n° 048941383/87, eram acionistas das duas. (fls. 733 do protocolo de cisão) Sendo assim, entendo que no momento da cisão parcial da PANAGRA e incorporação pela Construtora Marquise, tinham os mesmos principais acionistas, não tendo como acolher agora a alegação da Recorrente de que não tinha conhecimento das ilegalidades do crédito e que não poderia ser responsabilizada pelos atos praticados pela BEX e PANAGRA. Assim, tendo em vista a constatação de fraude, simulação e conluio nas operações que criaram os crédios nos autos do processo de final 200661, em relação a este Auto de Infração de multa isolada aplicada pela não homologação da compensação, entendo que deve ser mantido em seus termos. O Auto de Infração foi lavrado exigindo multa isolada qualificada no percentual de 150% sobre R$ 476.258,51, que foi o total dos débitos indevidamente compensados, informados nas compensações que não foram homologadas no processo 10380.720382/200883, apenso ao principal de final 200661, com base no parágrafo segundo, do artigo 18 da Lei 10833/03. O dispositivo e a legislação que fundamentaram a multa, acima apontados, não foram alterados até o momento, não se aplicando o pedido de retroatividade benigna da Recorrente que trata de multa disposta no artigo 74 da Lei 9.430/99. Em relação a impossibilidade de aplicação da multa de ofício em casos de sucessão, entendo que tal pedido também não pode ser acatado, eis que existe a Sumula 47 do CARF/MF, cujo colaciono seu verbete abaixo. Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que Fl. 333DF CARF MF Processo nº 10380.722355/201060 Acórdão n.º 1402002.476 S1C4T2 Fl. 334 20 as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. Acrescentando ao entendimento sumulado acima, entendo que a multa qualificada no percentual de 150% deve ser mantida, eis foi constatado e comprovado o dolo, a simulação e o conluio entre os grupos empresariais. Pelo exposto e por tudo que consta processado nos autos, conheço do Recurso Voluntário e nego provimento, mantendo integralmente o Auto de Infração. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Fl. 334DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.722450/2014-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. ABONOS EVENTUAIS. NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO.
As importâncias foram pagas sem habitualidade - o que revela a sua eventualidade - e estavam desvinculadas do salário, não constituindo, por isso, base de cálculo das contribuições devidas à seguridade social.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. DIFERENÇA DISSÍDIO E DE HORAS. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO.
A conclusão a que se chegou no tocante ao abono não se aplica a tais verbas, uma vez que, além de as justificativas da contribuinte terem sido genéricas, a legislação trabalhista e previdenciária é expressa sobre a natureza não remuneratória daquela verba, o que não ocorre com estas.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. AJUDA DE CUSTO. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE MUDANÇA DE LOCAL DE TRABALHO.
1. Em tese de repercussão geral fixada pelo Supremo Tribunal Federal, Recurso Extraordinário 565160/SC, afirmou-se que a contribuição social a cargo do empregador incide sobre ganhos habituais do empregado, quer anteriores ou posteriores à Emenda Constitucional 20/1998.
2. O art. 28, § 9º, alínea "g", exclui do salário-de-contribuição "a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT", não sendo esse o caso das verbas pagas pelo sujeito passivo.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PRÊMIO APOSENTADORIA. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. BENEFICIÁRIOS QUE CONTINUARAM TRABALHANDO.
1. A fiscalização apurou e a recorrente nem mesmo contestou que os beneficiários dos pagamentos continuaram trabalhando na empresa.
2. Não há como se afirmar, pois, que os empregados da contribuinte teriam recebido uma indenização em decorrência de sua aposentadoria.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. AVISO PRÉVIO INDENIZADO. INEXISTÊNCIA DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES.
1. O pagamento do aviso prévio indenizado não tem caráter remuneratório, vez que o empregado, nessa hipótese, não presta serviço para o empregador e nem está à sua disposição.
2. Não se trata de rendimento pago, devido ou creditado, destinado a retribuir o trabalho que não está sendo prestado.
3. A contribuição não pode incidir sobre o aviso prévio indenizado, devendo a autoridade executora excluir da base de cálculo do lançamento os valores comprovadamente pagos a esse título.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR ABERTA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO FATO GERADOR.
1. Com a edição da Lei Complementar 109/01, a pessoa jurídica poderá oferecer o programa de previdência privada complementar aberto a grupos de empregados ou dirigentes pertencentes à determinada categoria, desde que não o faça como instrumento de incentivo ao trabalho.
2. A fiscalização não determinou, de forma adequada, a realização dos fatos geradores das contribuições em referência, pois não comprovou que os valores foram efetivamente pagos como retribuição pelo trabalho prestado.
3. Não demonstrada a ocorrência, no mundo fenomênico, da ocorrência do fato gerador das contribuições lançadas contra a recorrente, deve o lançamento ser cancelado neste ponto.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLANO DE SAÚDE. COBERTURA NÃO ABRANGENTE DA TOTALIDADE DOS EMPREGADOS E DIRIGENTES DA EMPRESA. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO.
O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médico-hospitalares e outras similares, não integrará o salário-de-contribuição se a cobertura abranger a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO (FAP). CÁLCULO. INCOMPETÊNCIA DO CARF.
1. O CARF não tem competência para decidir sobre questões relativas ao cálculo do FAP.
2. Quanto aos vícios de ilegalidade ou inconstitucionalidade, veja-se que para se acatar a tese da contribuinte seria necessário afastar a aplicação de lei, o que é defeso pelo art. 62 do Regimento Interno deste Conselho - RICARF.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. COMPENSAÇÕES. CRÉDITOS ORIUNDOS DE RETENÇÕES. CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA. CANCELAMENTO DE NOTAS FISCAIS. INEXISTÊNCIA DE RETIFICAÇÃO EM GFIP. GLOSAS MANTIDAS. INEXISTÊNCIA DE SALDO QUE JUSTIFICASSE A COMPENSAÇÃO OU SALDO MENOR DO QUE O DECLARADO. MANUTENÇÃO DAS GLOSAS.
O lançamento decorrente das glosas das compensações deve ser mantido, uma vez que a fiscalização demonstrou e apurou o cancelamento das notas fiscais que foram consideradas como retenção nas competências, bem como a inexistência de saldo que justificasse a compensação, ou, ainda, que o saldo de crédito a compensar era menor do que o saldo declarado.
Numero da decisão: 2402-005.813
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e dar-lhe provimento parcial para excluir as parcelas pagas a título de abonos, aviso prévio indenizado e previdência privada. O Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho votou pelas conclusões no tocante à exclusão do abono.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e dar-lhe provimento parcial para excluir as parcelas pagas a título de abonos, aviso prévio indenizado e previdência privada. O Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho votou pelas conclusões no tocante à exclusão do abono. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo - Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. ABONOS EVENTUAIS. NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO. As importâncias foram pagas sem habitualidade - o que revela a sua eventualidade - e estavam desvinculadas do salário, não constituindo, por isso, base de cálculo das contribuições devidas à seguridade social. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. DIFERENÇA DISSÍDIO E DE HORAS. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. A conclusão a que se chegou no tocante ao abono não se aplica a tais verbas, uma vez que, além de as justificativas da contribuinte terem sido genéricas, a legislação trabalhista e previdenciária é expressa sobre a natureza não remuneratória daquela verba, o que não ocorre com estas. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. AJUDA DE CUSTO. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE MUDANÇA DE LOCAL DE TRABALHO. 1. Em tese de repercussão geral fixada pelo Supremo Tribunal Federal, Recurso Extraordinário 565160/SC, afirmou-se que a contribuição social a cargo do empregador incide sobre ganhos habituais do empregado, quer anteriores ou posteriores à Emenda Constitucional 20/1998. 2. O art. 28, § 9º, alínea "g", exclui do salário-de-contribuição "a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT", não sendo esse o caso das verbas pagas pelo sujeito passivo. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PRÊMIO APOSENTADORIA. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. BENEFICIÁRIOS QUE CONTINUARAM TRABALHANDO. 1. A fiscalização apurou e a recorrente nem mesmo contestou que os beneficiários dos pagamentos continuaram trabalhando na empresa. 2. Não há como se afirmar, pois, que os empregados da contribuinte teriam recebido uma indenização em decorrência de sua aposentadoria. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. AVISO PRÉVIO INDENIZADO. INEXISTÊNCIA DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. 1. O pagamento do aviso prévio indenizado não tem caráter remuneratório, vez que o empregado, nessa hipótese, não presta serviço para o empregador e nem está à sua disposição. 2. Não se trata de rendimento pago, devido ou creditado, destinado a retribuir o trabalho que não está sendo prestado. 3. A contribuição não pode incidir sobre o aviso prévio indenizado, devendo a autoridade executora excluir da base de cálculo do lançamento os valores comprovadamente pagos a esse título. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR ABERTA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO FATO GERADOR. 1. Com a edição da Lei Complementar 109/01, a pessoa jurídica poderá oferecer o programa de previdência privada complementar aberto a grupos de empregados ou dirigentes pertencentes à determinada categoria, desde que não o faça como instrumento de incentivo ao trabalho. 2. A fiscalização não determinou, de forma adequada, a realização dos fatos geradores das contribuições em referência, pois não comprovou que os valores foram efetivamente pagos como retribuição pelo trabalho prestado. 3. Não demonstrada a ocorrência, no mundo fenomênico, da ocorrência do fato gerador das contribuições lançadas contra a recorrente, deve o lançamento ser cancelado neste ponto. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLANO DE SAÚDE. COBERTURA NÃO ABRANGENTE DA TOTALIDADE DOS EMPREGADOS E DIRIGENTES DA EMPRESA. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médico-hospitalares e outras similares, não integrará o salário-de-contribuição se a cobertura abranger a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO (FAP). CÁLCULO. INCOMPETÊNCIA DO CARF. 1. O CARF não tem competência para decidir sobre questões relativas ao cálculo do FAP. 2. Quanto aos vícios de ilegalidade ou inconstitucionalidade, veja-se que para se acatar a tese da contribuinte seria necessário afastar a aplicação de lei, o que é defeso pelo art. 62 do Regimento Interno deste Conselho - RICARF. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. COMPENSAÇÕES. CRÉDITOS ORIUNDOS DE RETENÇÕES. CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA. CANCELAMENTO DE NOTAS FISCAIS. INEXISTÊNCIA DE RETIFICAÇÃO EM GFIP. GLOSAS MANTIDAS. INEXISTÊNCIA DE SALDO QUE JUSTIFICASSE A COMPENSAÇÃO OU SALDO MENOR DO QUE O DECLARADO. MANUTENÇÃO DAS GLOSAS. O lançamento decorrente das glosas das compensações deve ser mantido, uma vez que a fiscalização demonstrou e apurou o cancelamento das notas fiscais que foram consideradas como retenção nas competências, bem como a inexistência de saldo que justificasse a compensação, ou, ainda, que o saldo de crédito a compensar era menor do que o saldo declarado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. ABONOS EVENTUAIS. NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO. As importâncias foram pagas sem habitualidade o que revela a sua eventualidade e estavam desvinculadas do salário, não constituindo, por isso, base de cálculo das contribuições devidas à seguridade social. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. DIFERENÇA DISSÍDIO E DE HORAS. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIODE CONTRIBUIÇÃO. A conclusão a que se chegou no tocante ao abono não se aplica a tais verbas, uma vez que, além de as justificativas da contribuinte terem sido genéricas, a legislação trabalhista e previdenciária é expressa sobre a natureza não remuneratória daquela verba, o que não ocorre com estas. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. AJUDA DE CUSTO. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE MUDANÇA DE LOCAL DE TRABALHO. 1. Em tese de repercussão geral fixada pelo Supremo Tribunal Federal, Recurso Extraordinário 565160/SC, afirmouse que “a contribuição social a cargo do empregador incide sobre ganhos habituais do empregado, quer anteriores ou posteriores à Emenda Constitucional 20/1998”. 2. O art. 28, § 9º, alínea "g", exclui do saláriodecontribuição "a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT", não sendo esse o caso das verbas pagas pelo sujeito passivo. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PRÊMIO APOSENTADORIA. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIODE AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 24 50 /2 01 4- 31 Fl. 5314DF CARF MF 2 CONTRIBUIÇÃO. BENEFICIÁRIOS QUE CONTINUARAM TRABALHANDO. 1. A fiscalização apurou e a recorrente nem mesmo contestou que os beneficiários dos pagamentos continuaram trabalhando na empresa. 2. Não há como se afirmar, pois, que os empregados da contribuinte teriam recebido uma indenização em decorrência de sua aposentadoria. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. AVISO PRÉVIO INDENIZADO. INEXISTÊNCIA DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. 1. O pagamento do aviso prévio indenizado não tem caráter remuneratório, vez que o empregado, nessa hipótese, não presta serviço para o empregador e nem está à sua disposição. 2. Não se trata de rendimento pago, devido ou creditado, destinado a retribuir o trabalho que não está sendo prestado. 3. A contribuição não pode incidir sobre o aviso prévio indenizado, devendo a autoridade executora excluir da base de cálculo do lançamento os valores comprovadamente pagos a esse título. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR ABERTA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO FATO GERADOR. 1. Com a edição da Lei Complementar 109/01, a pessoa jurídica poderá oferecer o programa de previdência privada complementar aberto a grupos de empregados ou dirigentes pertencentes à determinada categoria, desde que não o faça como instrumento de incentivo ao trabalho. 2. A fiscalização não determinou, de forma adequada, a realização dos fatos geradores das contribuições em referência, pois não comprovou que os valores foram efetivamente pagos como retribuição pelo trabalho prestado. 3. Não demonstrada a ocorrência, no mundo fenomênico, da ocorrência do fato gerador das contribuições lançadas contra a recorrente, deve o lançamento ser cancelado neste ponto. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLANO DE SAÚDE. COBERTURA NÃO ABRANGENTE DA TOTALIDADE DOS EMPREGADOS E DIRIGENTES DA EMPRESA. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médico hospitalares e outras similares, não integrará o saláriodecontribuição se a cobertura abranger a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO (FAP). CÁLCULO. INCOMPETÊNCIA DO CARF. 1. O CARF não tem competência para decidir sobre questões relativas ao cálculo do FAP. Fl. 5315DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 3 3 2. Quanto aos vícios de ilegalidade ou inconstitucionalidade, vejase que para se acatar a tese da contribuinte seria necessário afastar a aplicação de lei, o que é defeso pelo art. 62 do Regimento Interno deste Conselho RICARF. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. COMPENSAÇÕES. CRÉDITOS ORIUNDOS DE RETENÇÕES. CESSÃO DE MÃODEOBRA. CANCELAMENTO DE NOTAS FISCAIS. INEXISTÊNCIA DE RETIFICAÇÃO EM GFIP. GLOSAS MANTIDAS. INEXISTÊNCIA DE SALDO QUE JUSTIFICASSE A COMPENSAÇÃO OU SALDO MENOR DO QUE O DECLARADO. MANUTENÇÃO DAS GLOSAS. O lançamento decorrente das glosas das compensações deve ser mantido, uma vez que a fiscalização demonstrou e apurou o cancelamento das notas fiscais que foram consideradas como retenção nas competências, bem como a inexistência de saldo que justificasse a compensação, ou, ainda, que o saldo de crédito a compensar era menor do que o saldo declarado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 5316DF CARF MF 4 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e darlhe provimento parcial para excluir as parcelas pagas a título de abonos, aviso prévio indenizado e previdência privada. O Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho votou pelas conclusões no tocante à exclusão do abono. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 5317DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 4 5 Relatório Inicialmente, adotase parte do relatório da decisão recorrida: Tratase de crédito previdenciário lançado pela fiscalização contra a empresa acima identificada, relativo ao processo administrativo 10580.722450/201431, o qual inclui os seguintes autos de infração. DEBCAD 51.054.5858 – R$ 14.242.450,70, referente às contribuições devidas à Seguridade Social a cargo da empresa, as destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais de trabalho – GILRAT. DEBCAD 51.054.5866 – R$ 2.567.002,64, de exigência de diferenças apuradas no RAT decorrente do Fundo Acidentário de Prevenção – FAP. DEBCAD 51.054.5874 – R$ 66.975,88 – referente a glosa de compensações. DEBCAD 51.054.5882 – R$ 1.614.357,49 de exigência de contribuições dos segurados empregados e contribuintes individuais. DEBCAD 51.054.5890 – R$ 1.926.220,53 – relativo a lançamento de contribuições para Terceiras Entidades. DEBCAD 51.054.5904 – CFL 59, multa por descumprimento de obrigação acessória, no valor de R$ 5.438,61, por ter deixado o contribuinte de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos segurados contribuintes individuais a seu serviço. A fiscalização cita que o contribuinte remunerou contribuinte individual sem que tenha promovido qualquer desconto referente às contribuições destes segurados. Salienta que ocorreu a circunstância agravante prevista no inciso V do art. 290 c/c inciso IV do art. 292 ambos do Decreto nº 3.048, de 1999 (RPS), no caso a reincidência específica. O contribuinte foi autuado em 21.09.2009 através do AI nº 37.196.8933 (CFL = 59), tendo o mesmo sido pago com desconto em 31.10.2009. Por este motivo, a multa foi elevada em três vezes, conforme disposto no inciso IV do art. 292 do Decreto nº 3.048, de 1999 (RPS). DEBCAD 51.054.5912 – CFL 78, no valor de R$ 5.500,00, por ter apresentado a GFIP com incorreções. Por esta conduta cometeu infração ao disposto no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, com multa aplicada nos termos do art. 32A, “caput”, inciso I e §§ 2º e 3º da Lei nº 8.212, de 1991. As incorreções estão detalhadas no relatório fiscal, fl. 197 autos. Fl. 5318DF CARF MF 6 Segundo o relatório fiscal, fls. 161/200, os fatos geradores estão detalhados conforme segue. Compensações Informa que o contribuinte realizou compensações indevidas, sem saldo que justificasse a compensação em janeiro e setembro de 2010. Este foi intimado, através do TIPF, a justificar divergências apuradas entre o valor devido e o recolhido. No documento apresentado pela empresa (anexo 12): “Justificativa de Divergências de Contribuições Declaradas x Recolhidas 2010/2011” o mesmo informou a divergência de 01/2010 como”SEFIP com dados divergentes. Valor de compensação não identificado de 104.462,65” Por este motivo tais valores foram glosados por este Auditor, conforme demonstrado na tabela 04, fl. 180 do relatório fiscal. O contribuinte declarou retenção/compensação em agosto de 2010 e janeiro, junho e agosto de 2011. Posteriormente ocorreram cancelamentos de notas fiscais que haviam sido consideradas como retenção na competência de ocorrência do fato gerador, porém sem que o contribuinte tenha realizado as devidas retificações em GFIP. Por este motivo tais valores foram glosados por este Auditor, conforme demonstrado na tabela 05, fl. 180. Para a competência 10/2011, complementa que o contribuinte equivocouse ao realizar compensação do saldo a compensar da filial “0005”, somado com o saldo a compensar da filial “0007”, declarado em GFIP na matriz. O contribuinte declarou possuir na GFIP da matriz de 10/2011 um saldo a compensar de R$ 767.652,20 e realizou tal compensação, conforme tabela 03 fl. 179. Após análises, foi constatado que o saldo a compensar seria menor do que o declarado, por este motivo, cita que o contribuinte foi intimado, através do TIF 5, a justificar tais divergências. Nos documentos apresentados pela empresa (anexo 29), foram constatados erros, tanto na atualização do saldo a compensar, quanto no valor compensado. Informa que as tabelas 06 e 07, fls. 161/162, demonstram detalhadamente o saldo a compensar que poderia ter sido usado na matriz e que foi considerado pela fiscalização. O saldo correto seria de R$ 732.824,85 e não R$ 767.652,20. Por este motivo, em 10/2011, foi realizada glosa no valor de R$ 34.827,35. Relata que um dos equívocos cometidos pelo contribuinte foi de não observar o disposto no inciso VIII do parágrafo 1º do artigo 83 da Instrução Normativa INRFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012, que diz: “O termo inicial da incidência do cálculo de juros para crédito referente à retenção na cessão de mão de obra ocorrerá no segundo mês subseqüente ao da emissão da nota fiscal”. Que tal dispositivo legal já estava previsto no inciso VIII do parágrafo 1º do artigo 72 da IN RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008, com alterações da IN RFB nº 973, de 27 de novembro de 2009. Em síntese, conforme discriminativo de débito, fls. 63 do auto de infração 51.054.5874, os valores glosados, apurados no Fl. 5319DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 5 7 levantamento “GL – Glosa de Compensação Indevida”, descontandose créditos do contribuinte, foram os seguintes: Rubricas com incidências não consideradas pelo contribuinte. Abonos A autoridade lançadora cita que da análise da folha de pagamento do contribuinte verificou que o mesmo deixou de considerar, como fato gerador de contribuições previdenciárias, todos os pagamentos a título de “ABONO” e “ABONO INDENIZATÓRIO”. Conforme análise dos acordos coletivos, constatou pratica comum das empresas pactuarem o pagamento de abonos para aqueles empregados que prestarem serviços nas paradas. Que o acordo coletivo prevê ainda abonos para aqueles contratados por prazo determinado que, exclusivamente prestarem serviços nas paradas, quando do término ou da rescisão do contrato farão jus a abono definido em quantidade de horas. Relata que o Acordo Coletivo de Trabalho com o Sindicato dos Trab. das Industrias da Construção, Mobiliário de Campinas de 18.03.2010 (Acordo Greve São Paulo contido no anexo 05) estabelece na sua cláusula segunda o seguinte: “As empresas abrangidas pelo presente instrumento coletivo de trabalho pagarão exclusivamente a seus empregados em atividades nas obras de PARADA especificadas na cláusula acima, contratados por prazo determinado/experiência de 30 dias, a título de ABONO, valor equivalente a 286 (duzentos e oitenta e seis) horas normais de trabalho, já incluso o percentual de 30% (trinta por cento) na proporção de 1/30 avos por dia de trabalho.” Informa que a cláusula terceira do mesmo acordo prevê ainda o pagamento de abono extraordinário por cumprimento do prazo da parada. No mesmo diapasão, afirma que o Acordo Coletivo de Trabalho com o Sindicato dos Trabalhadores na Industria de Candeias, Simões Filho, São Sebastião do Passé, São Francisco do Conde e Madre de Deus de 09 de agosto de 2010 – área REDUC Petrobrás (Acordo Sind. Candeias contido no anexo 05) estabelece na sua cláusula segunda o pagamento exclusivamente a seus empregados em atividades nas obras de PARADA e contratado em prazo máximo de 30 dias a título de ABONO, o valor equivalente a 180 (cento e oitenta (horas para quem trabalhar do 1º ao 15º dia de parada e 220 (duzentos e vinte) Fl. 5320DF CARF MF 8 horas para quem trabalhar do 16º ao 30º dia de parada, acrescido de percentual de 30% (trinta por cento). Cita que a cláusula quarta do mesmo acordo prevê o pagamento de um abono extraordinário por cumprimento do prazo de parada. Informa que além destes acordos coletivos de trabalho acima transcrito, tais cláusulas podem ser encontradas ainda nos seguintes acordos: STICC – cláusula segunda; STICC – cláusula terceira; DOWTDI Parada – cláusula primeira, STI Santos – cláusula oitava e SINDTICMAL – cláusula segunda. Conclui que os citados abonos são fatos geradores de contribuição previdenciária. Ajuda de custo Relata que o contribuinte remunerou determinados empregados a este titulo em mais de uma parcela, conforme planilha, (anexo 15 e anexo 13). Relata que este fato se comprova também pelo disposto no acordo coletivo do trabalho do sindicato dos trabalhadores de Campinas (anexo 05), no qual consta: “As empresas pagarão a todos os trabalhadores envolvidos na Parada uma ajuda de custo correspondente a despesas de instalação e desmobilização no valor total de R$ 1.000,00 (hum mil reais) em duas parcelas conforme condições aqui pactuadas.” Cita também a cláusula sexta do STI de Santos (anexo 05): ”Independente do local de moradia , as empresas pagarão aos empregados, em parcela única a título de ajuda de custo o valor de R$ 500,00 (quinhentos)”. Aduz que nos dois casos, não importa se há mudança do local de trabalho, e conclui que tais rubricas integram a base de cálculo de contribuições previdenciárias. Premio Aposentadoria: Informa que os beneficiários dos pagamentos efetuados, através dessa rubrica, continuam laborando na empresa, pelo menos até dezembro de 2011, conforme pesquisa no cadastro de trabalhadores. Que a verba está prevista no acordo coletivo de trabalho do SINDUSCON/BA (anexo 05) na sua cláusula 57ª: “ As empresas aqui representadas concederão aos seus empregados, uma única vez, um prêmio por ocasião da aposentadoria do empregado, equivalente a 01 (um) salário que o mesmo percebia na época da concessão da aposentadoria”, Que todos os valores constantes nas folhas de pagamento na rubrica “Prêmio Aposentadoria” foram considerados como Fl. 5321DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 6 9 integrantes do salário de contribuição, conforme Planilha anexas. Diferença Dissídio e Diferença de Horas Informa que o contribuinte não incluiu também na base de cálculo de contribuições previdenciárias as rubricas “019” “DIFERENCA DISSIDIO” e “346 – DIF.DE HORAS”, porém quando intimada a apresentar a justificativa, informou apenas “são verbas geradas provenientes de benefícios constantes de acordos e convenções coletivos celebrados entre os sindicatos e as empresas”. Que por este motivo tais rubricas foram consideradas como base de cálculo, conforme planilhas em anexo. Aviso Prévio Indenizado Salienta que o contribuinte deixou de considerar na base de cálculo para apuração das contribuições previdenciárias a rubrica “343 – AVISO PREVIO INDENIZ”. Informa que conforme legislação, desde janeiro de 2009 os valores pagos a título de aviso prévio indenizado integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias, sendo que os valores apurados estão indicados em planilha anexa ao relatório fiscal. Cotejo DIRF x GFIP Relata que do batimento resultou na identificação de omissões de trabalhadores remunerados, conforme declarado em DIRF e não declarado em GFIP. Sobre estas remunerações foram calculadas as contribuições do segurado que deveriam ter sido retidos pela empresa, com base no parágrafo 5º do art. 33 da Lei nº 8.212, de 1991. Cita que as remunerações e os descontos do segurados foram considerados para o lançamento do crédito previdenciário, conforme detalhado no relatório do anexo 19. Previdência Complementar Alega que o contribuinte concedeu o benefício de previdência complementar a seus sócios/diretores e parte dos seus empregados. Que o mesmo foi intimado, através do TIPF e TIF1, a apresentar o plano ou regulamento de benefícios. Posteriormente, mediante intimação (TIF 3), apresentou a demonstrativo de beneficiário do referido plano de previdência. Conclui que da análise do referido demonstrativo (anexo 20), verificou que cerca de apenas 160 e 180 empregados/sócios foram beneficiados em 2010 e 2011, respectivamente. Porém, no mesmo período o contribuinte possuía em média 3 mil trabalhadores. Relata que tendo sido intimado a comprovar a dispensa do benefício pelos trabalhadores, com o objetivo de justificar o baixo numero de beneficiados, o contribuinte informou que o benefício é suportado integralmente pela Fl. 5322DF CARF MF 10 empresa e que é concedido apenas àqueles empregados e sócios com salário superior ao teto do salário de contribuição da previdência social, Salienta que tal afirmativa pode ser comprovada pela leitura da “cartilha de benefícios” apresentada pelo contribuinte(anexo 22). Como conseqüência, a fiscalização considerou que todas as despesas, relativas a plano de previdência complementar, pagas pela empresa, integram a base de cálculo do salário de contribuição, pelo fato de estarem disponíveis apenas aos empregados e dirigentes remunerados acima do teto previdenciário. FAP A fiscalização informa que o contribuinte deixou de declarar corretamente a alíquota FAP nas GFIP da matriz e filiais de 03/2010 a 13/2011. Que informou FAP = 1,0, enquanto que o correto seria de 03 a 13/2010 o FAP = 1,4593 e de 01 a 13/2011 o FAP = 1,0549. Tal fato resultou em uma diferença no RAT ajustado de 1,38% (de 03 a 13/2010) e 0,16% (de 01 a 13/2011), que foi aplicada sobre todas as bases de cálculos de contribuição previdenciária no período do lançamento. Cooperativa de Trabalho Informa que no curso da ação fiscal apurou pagamentos a cooperativas de trabalho a partir da análise da contabilidade digital nas contas:“Ass.Med.Odont.Farmácia” 311030005 e 322020005 e “Subcontr.diversos/manutenção” – 311050005 e 311080001. Cita que o contribuinte apresentou, mediante intimação, as notas fiscais e contratos de prestação de serviços referente aos lançamentos nestas contas (anexo 23). Que o mesmo foi intimado através do TIPF a justificar divergências existentes entre as contribuições devidas declaradas e as recolhidas, respondendo à intimação informou que em alguns casos foram pagamentos a cooperativas e com a contribuição recolhida (anexo 24). Que desta forma, foi apurado os fatos geradores com base nas notas fiscais apresentadas e consideradas as contribuições recolhidas, sendo apurado as diferenças devidas, com fundamento no inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991. Plano de Saúde e Assistência A fiscalização relata que o contribuinte concedeu o benefício de plano de saúde e assistência para compra de medicamentos a seus sócios/diretores e parte dos seus empregados. Cita que o mesmo foi intimado, através do TIPF, a apresentar o plano ou regulamento de benefícios, porém apresentou uma cartilha que pouco esclarecia a cerca da forma de concessão de tal benefício. Posteriormente, mediante intimação específica (TIF 7), apresentou a resposta em documento de 24.03.2014 assinado pelo Gerente Administrativo (anexo 11), que esclarece: “a empresa esclarece ter considerado elegível ao plano de saúde os empregados cujo contrato de trabalho tivesse mais de seis meses de duração, excepcionada esta regra em três situações: a funções de gestão/confiança; b. funções cujo desempenho exija Fl. 5323DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 7 11 nível de escolaridade superior; c. mão de obra operacional cujo cliente final dos serviços exija, em contrato, a concessão do benefício desde o início do contrato de trabalho.” Conclui que a empresa não oferece plano de saúde à totalidade dos seus empregados, criando uma carência para aqueles empregados sem escolaridade superior ou função de gestão/confiança, conforme documento e justificativas apresentadas. Afirma que o plano de saúde não é oferecido à totalidade dos empregados: Neste aspecto, apresenta planilha fls. 188/189 demonstrando o total de empregados sem o desconto do plano de saúde, em relação ao numero total de empregados laborando na empresa. Relata que em decorrência desta situação, concluiu que todas as despesas, relativas a plano de saúde, pagas pelo contribuinte, deduzidos os valores descontados dos empregados, integram a base de cálculo do salário de contribuição, pelo fato de estarem disponíveis a apenas a parte dos empregados. Ressalta a impossibilidade de calcular e lançar a diferença da contribuição do segurado devido ao fato da ausência de individualização dos beneficiários dos planos de saúde. Informa que os valores pagos a título de plano de saúde e farmácia foram apurados na contabilidade nas contas de despesas: “311030005 (do grupo Custos de Serviços)” e 322020005 (do grupo “Despesas Operacionais” ASS.MED.ODONT.FARMACIA” (anexo 27). Que para fins de apuração da base de cálculo de contribuições previdenciárias foram considerados os valores lançados a débito nas referidas contas, deduzidos dos valores lançados a crédito das mesmas. Dos autos de Infração por descumprimento de obrigação acessória DEBCAD 51.054.5904 (CFL 59) Cita que o contribuinte remunerou contribuinte individual sem que tenha promovido qualquer desconto referente às contribuições destes segurados. Que esta situação fática foi apurada do cotejo da DIRF com a GFIP, que resultou na identificação de omissões de trabalhadores remunerados. Sobre estas remunerações foram calculadas as contribuições do segurado que deveriam ter sido retidos pela empresa, com base no parágrafo 5º do art. 33 da Lei nº 8.212, de 1991. Por esta conduta, a empresa cometeu infração ao disposto na alínea “a” do inciso I do art. 30 da Lei nº 8.212, de 1991, c/c o art. 216, inciso I, alínea “a” do Decreto, n 3.048, de 1999 (RPS). DEBCAD 51.054.5912 (CFL 78) Fl. 5324DF CARF MF 12 Cita que o contribuinte apresentou GFIP com incorreções nas competências 01/2010, 08/2010, 09/2010, 01/2011, 02/2011, 06/2011, 07/2011, 08/2011, 10/2011, 11/2011 e 12/2011, mais especificamente com relação as informações relativas as compensações e retenções, conforme demonstrativo fl. 197 do relatório fiscal. Em decorrência deste fato, aplicou multa de R$ 5.500,00, por infração ao disposto no 32A, “caput”, inciso I e §§ 2º e 3º da Lei nº 8.212, de 1991. O contribuinte apresentou defesa administrativa, fls. 5053/5101 [...]. A DRJ julgou a impugnação improcedente, conforme decisão assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 Ais nºs 51.054.5858, 51.054.5866, 51.054.5874, 51.054.5882, 51.054.5890, 51.054.5904 e 51.054.5912. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. Compreende o saláriodecontribuição a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma. Somente são permitidas as exclusões expressamente previstas no art. 28, § 9º da Lei 8.212/91, desde que atendidos todos os seus requisitos. FATOR ACIDENTÁRIO PREVIDENCIARIO A Lei nº 10.666 possibilitou a redução ou majoração da contribuição, recolhida pelas empresas, destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. A contribuição poderá variar, conforme os resultados obtidos a partir dos índices de freqüência, gravidade e custo, calculados segundo metodologia aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social. GLOSA DE COMPENSAÇÃO. NOTA FISCAL CANCELADA A compensação de que trata o §1º do art. 31 da Lei 8.212/91 somente poderá ser procedida pela empresa prestadora no caso de efetiva retenção pela empresa contratante do serviço, incidente sobre o valor da nota fiscal de prestação de serviço. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A contribuinte foi intimada da decisão por meio eletrônico em 26/08/2014 (fl. 5222) e interpôs recurso voluntário 02/09/2014 (fls. 5225 e seguintes), no qual deduziu as seguintes teses: Fl. 5325DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 8 13 a) não incidência de contribuições sobre os valores pagos a título de abono indenizatório, diferença dissídio e diferença de horas: os valores foram pagos em função de acordos coletivos de trabalho, de forma eventual e desvinculada do salário, o que descaracterizaria a sua natureza remuneratória; b) não incidência de contribuições sobre os valores pagos a título de ajuda de custo: a incidência depende da natureza jurídica da verba, que, neste caso, visaria a reparar/indenizar o trabalhador por gastos efetuados para a realização do serviço; c) não incidência de contribuições sobre os valores pagos a título de prêmio aposentadoria: o valor pago tem cunho indenizatório e não integra o salário; d) não incidência de contribuições sobre os valores pagos a título de aviso prévio indenizado: os valores não se destinam a retribuir o trabalho e possuem cunho indenizatório; e) não incidência de contribuições sobre os valores pagos a título de previdência privada e plano de saúde: a fixação de um critério para a concessão de previdência privada e um tempo mínimo de atividade para acesso do trabalhador à assistência médica não implica descumprimento da condição estabelecida pela alínea "q" do § 9º do art. 28 da Lei 8.212; f) correto enquadramento no FAP: a recorrente tem baixa taxa de rotatividade e observa as normas de Saúde e Segurança do Trabalho, não havendo qualquer hipótese de majoração da alíquota FAP; g) procedência das compensações: a recorrente fez as compensações mês a mês e os documentos em anexo comprovariam que não houve qualquer supressão de recolhimentos, mas sim uma inapropriada desconsideração pelo auditor fiscal das retenções realizadas pelas empresas tomadoras de serviços. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 5326DF CARF MF 14 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Dos abonos A recorrente afirma que os valores foram pagos em função de acordos coletivos de trabalho, de forma eventual e desvinculada do salário, o que descaracterizaria a sua natureza remuneratória. Pois bem. O § 1º do art. 457 da CLT preleciona que integram o salário não só a importância fixa estipulada, mas também os abonos pagos pelo empregador. Contudo, o art. 144 da mesma Consolidação, reduzindo o alcance daquela regra legal, e já sob a égide da Lei 9.528/97, preceitua que o abono de férias e o abono concedido em virtude do contrato de trabalho, do regulamento da empresa ou de convenção ou acordo coletivo, desde que não excedentes de vinte dias do salário, não integrarão a remuneração para os efeitos da legislação trabalhista. Por sua vez, a legislação especial a respeito do custeio da seguridade social, a Lei 8.212/91, em seu art. 28, § 9º, alínea "e", item 7, expressamente prevê que não integram o saláriodecontribuição as importâncias recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário. Tal dispositivo explicita que as importâncias pagas sem habitualidade o que revela a sua eventualidade , desvinculadas do salário, não constituem base de cálculo das contribuições devidas à seguridade social, mesmo porque, como não são pagas de forma continuada ao trabalhador, não serão futuramente substituídas pelos benefícios previdenciários a lhe serem pagos. No caso concreto, o Anexo 14 do Relatório Fiscal (fls. 2698/2721) relaciona os trabalhadores que receberam os dois tipos de abonos pagos pela empresa (rubricas 171 e 173) nas competências objeto da fiscalização. O próprio Relatório Fiscal, de seu turno, contém uma tabela com os totais de cada rubrica (fl. 183). Vejase: Fl. 5327DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 9 15 Tais abonos foram pagos em cumprimento a diversos acordos coletivos de trabalho firmados pelo sujeito passivo com os sindicatos dos trabalhadores, um deles, inclusive, resultado de "Acordo Greve São Paulo" (v. fls. 183, itens 8.2.1 a 8.3). Podese afirmar, assim, ao menos inicialmente, que tais adimplementos não foram feitos por mera liberalidade, mas sim em função de acordos coletivos, não se vislumbrando, por consequência, indícios de tentativa da contribuinte de mascarar o pagamento de salário sob tal pretexto. Logo, resta apenas sopesar se os pagamentos realmente foram feitos de forma eventual e desvinculada do salário. Um exame atento do anexo 14 revela que a recorrente fez um total de 1574 pagamentos de abonos ao logo do período de apuração1, rubricas 171 e 173. Desses 1574 pagamentos, 1418 abonos foram pagos uma única vez, por trabalhador. Isto é, em mais de 90% dos casos registrados no aludido anexo houve o pagamento de abono único, o que revela, sem qualquer sombra de dúvida, o seu traço eventual e não habitual. No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, é assente que o abono único, estabelecido em convenção ou acordo coletivo, a teor do art. 28, § 9º, alínea "e", item 7, da Lei 8.212/91, não integra a base de cálculo das contribuições. Vejase, nesse sentido, a ementa do seguinte julgamento da Segunda Turma com destaques: PROCESSO CIVIL E PREVIDENCIÁRIO CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA ABONO ÚNICO NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO. [...] 2 Por expressa determinação legal o abono único não integra a base de cálculo do saláriodecontribuição (Lei nº 8212/91, artigo 28 da, § 9º, acrescentado pela Lei 9528/97, letra "e", item 7, acrescentado pela Lei 9711/98). 3. Recurso especial provido. (REsp 434.471/MG, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/12/2004, DJ 14/02/2005, p. 155) Da Primeira Turma, calha destacar o julgado abaixo: TRIBUTÁRIO E TRABALHISTA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA SOBRE O CHAMADO "ABONO" DE FÉRIAS PREVISTO EM ACORDO COLETIVO (ART. 144 DA CLT). INADMISSIBILIDADE. 1 A redação do art. 144, da CLT, possui dicção cristalina ao dispor que "O abono de férias de que trata o artigo anterior, bem como o concedido em virtude de cláusula do contrato de 1 Estimativa sujeita a variações ínfimas. Fl. 5328DF CARF MF 16 trabalho, do regulamento da empresa, de convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente a vinte dias do salário, não integrarão a remuneração do empregado para os efeitos da legislação do trabalho e da previdência social" (redação anterior à Lei nº 9.528/97, que suprimiu a expressão "e da previdência social" da parte final do dispositivo). 2 O acordo coletivo celebrado pela empresa ora recorrida e o sindicato representante da categoria de seus empregados, que previu a possibilidade, em sua cláusula nº 23, de concessão de um "prêmio", por ocasião do primeiro pagamento após o retorno das férias, de um valor máximo correspondente a 80 (oitenta) horas sobre o salário nominal, possuiu vigência apenas no período de 01/09/86 a 31/08/87, durante a eficácia, portanto, da antiga redação do art. 144, da CLT, que admitia a não incidência da contribuição previdenciária desde que o abono não excedesse vinte dias do salário. 3 Há de ser respeitado, na hipótese, o ato jurídico perfeito, o qual se consumou segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou (art. 6º, da LICC, e 5º, XXXVI, da CF/88), sendo perfeitamente aplicável o Princípio da Irretroatividade da Lei. 4 Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. (REsp 201.936/MG, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/04/1999, DJ 01/07/1999, p. 138) Esses e outros precedentes daquele Sodalício levaram a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional a prolatar o Parecer PGFN/CRJ/Nº 2114/2011, que culminou com a edição do Ato Declaratório nº 16/2011, que dispensa a apresentação de contestação, a interposição de recursos e a desistência dos já interpostos em relação às demandas/decisões judiciais sobre o tema em análise. Deste Colegiado, pode ser citado o seguinte julgado, de relatoria do ilustre Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 [...] ABONO. ACORDO COLETIVO. PARCELA ÚNICA. NÃO INCIDÊNCIA. O abono salarial pago sem habitualidade e em parcela única, em decorrência de norma coletiva de trabalho, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias. [...] Recurso Voluntário Provido em Parte. (CARF, acórdão 2402005.334, julgado em 14/06/2016) Quanto aos demais pagamentos, verificase que em apenas 150 ocorrências os valores foram adimplidos duas vezes por empregado; e em apenas 6 ocorrências verificouse que determinado trabalhador o recebera três vezes. Fl. 5329DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 10 17 Considerandose o total de 1574 pagamentos, bem como a própria falta de expressão dos totais pagos a título de abono (v. tabela 08 do Relatório Fiscal, fl. 184), mormente se considerada a folha de pagamento da recorrente, é indubitável que ela (recorrente) não pretendeu substituir ou complementar a remuneração de seus trabalhadores com a citada rubrica. Isto é, as importâncias foram pagas sem habitualidade o que revela a sua eventualidade e estavam desvinculadas do salário, não constituindo, por isso, base de cálculo das contribuições devidas à seguridade social, devendo ser dado provimento ao recurso voluntário nesse aspecto, para excluir dos lançamentos os montantes pagos a título de abono, relacionados no anexo 14 do Relatório Fiscal. 3 Da diferença dissídio e da diferença de horas Neste ponto, a recorrente não tem razão. Como já traçado no Relatório Fiscal (fl. 186), as justificativas da parte foram genéricas: O contribuinte não incluiu também na base de cálculo de contribuições previdenciárias as rubricas “019” “DIFERENCA DISSIDIO” e “346 – DIF. DE HORAS”, porém quando intimada a apresentar a justificativa, informou apenas “são verbas geradas provenientes de benefícios constantes de acordos e convenções coletivos celebrados entre os sindicatos e as empresas”. Percebese, portanto, uma justificativa genérica. Por este motivo tais rubricas foram consideradas como base de cálculo, conforme planilha, individualizada por empregado e por competência da ocorrência do fato gerador, contendo os valores pagos aos empregados para a rubrica abaixo relacionada (anexo 17) e conforme planilha, individualizada por empregado e por competência da ocorrência do fato gerador, contendo as bases consideradas pelo auditor e não consideradas pelo contribuinte (anexo 13) E a conclusão a que se chegou no tocante ao abono não se aplica às verbas tratadas neste tópico, uma vez que a legislação trabalhista e previdenciária é expressa sobre a natureza não remuneratória daquela verba, o que não ocorre com estas. Sendo assim, e tendo a autoridade fiscal demonstrado que tais valores foram destinados a retribuir o trabalho prestado ou colocado à disposição da recorrente, ex vi do inc. I do art. 28 da Lei 8.212/1991, negase provimento ao recurso neste ponto. 4 Da ajuda de custo Neste particular, negase provimento ao recurso voluntário, que sequer negou a afirmação contida no Relatório Fiscal (fl. 184), de que "o contribuinte paga tal rubrica, a determinados empregados em mais de uma parcela, conforme planilha, individualizada por empregado e por competência da ocorrência do fato gerador". Em sendo assim, a par do Anexo 15, que relaciona os pagamentos por empregado da recorrente de forma reiterada, tal fato incontroverso demonstra o traço habitual Fl. 5330DF CARF MF 18 da verba, que, nessa toada, integra o saláriodecontribuição, conforme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça com destaque: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL – VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC – INEXISTÊNCIA – AJUDA DE CUSTO PRESTADA DE FORMA HABITUAL E CONTÍNUA – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – INCIDÊNCIA. 1. Não se ressente dos vícios a que alude o art. 535 do CPC a decisão que contenha argumentos suficientes para justificar a conclusão adotada. 2. A jurisprudência do STJ é no sentido de que a ajudadecusto somente deixará de integrar o saláriocontribuição quando possuir natureza meramente indenizatória e eventual. Ao reverso, quando for paga com habitualidade terá caráter salarial e, portanto, estará sujeita à incidência da contribuição previdenciária. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 970.510/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/12/2008, DJe 13/02/2009) Em tese de repercussão geral fixada pelo Supremo Tribunal Federal, Recurso Extraordinário 565160/SC, afirmouse que “a contribuição social a cargo do empregador incide sobre ganhos habituais do empregado, quer anteriores ou posteriores à Emenda Constitucional 20/1998” 2. Vale frisar, ademais, que o art. 28, § 9º, alínea "g", exclui do saláriode contribuição "a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT", não sendo esse o caso das verbas pagas pelo sujeito passivo. Por outro lado, a recorrente não se dignou de demonstrar quais custos estariam sendo indenizados/ressarcidos com o adimplemento de tais importâncias, o que derrui suas alegações nesse sentido. 5 Do prêmio aposentadoria Igualmente neste tocante, deve ser desprovido o recurso voluntário. A recorrente defende a tese de que o prêmio aposentadoria teria natureza indenizatória, sendo aplicável ao caso, por analogia, a Súmula STJ nº 215, segundo a qual "a indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda". Argumenta, ainda, que o Regulamento Geral da Previdência Social explicita que não integram o saláriodecontribuição as importâncias pagas a título de incentivo à demissão. Tal analogia, contudo, carece de razão pelo simples fato de que a fiscalização apurou e a recorrente nem mesmo contestou que os beneficiários dos pagamentos continuaram trabalhando na empresa. 2 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=339440, acórdão ainda não publicado, acesso em 30 de março de 2017. Fl. 5331DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 11 19 Não há como se afirmar, pois, que os empregados da contribuinte teriam recebido uma indenização em decorrência de sua aposentadoria. É inteiramente aplicável, nesse contexto, a tese de repercussão geral fixada pelo Supremo Tribunal Federal, Recurso Extraordinário 565160/SC, segundo a qual “a contribuição social a cargo do empregador incide sobre ganhos habituais do empregado, quer anteriores ou posteriores à Emenda Constitucional 20/1998” 3. 6 Do aviso prévio indenizado Com relação ao aviso prévio indenizado, a recorrente tem razão. O pagamento dessa verba em favor do empregado tem amparo no § 1º do art. 487 da CLT, segundo o qual "a falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço". Logo, o pagamento do aviso prévio indenizado não tem caráter remuneratório, vez que o empregado, nessa hipótese, não presta serviço para o empregador e nem está à sua disposição. Não se trata de rendimento pago, devido ou creditado, destinado a retribuir o trabalho que não está sendo prestado. Em se tratando de contrato de trabalho por prazo indeterminado, a parte que sem justo motivo pretender rescindilo, deverá comunicar a outra com a antecedência mínima prevista na CLT e na Lei nº 12.506/2011. Não o fazendo o empregador, nasce para o empregado o direito ao salário correspondente, independentemente de qualquer prestação, não se podendo cogitar, pois, de retribuição de trabalho. Há apenas o pagamento de uma indenização, a qual visa a reparar o empregado que não fora alertado em tempo hábil. O inc. I do art. 28 da Lei nº 8.212/1991 preleciona que o salário de contribuição constitui uma remuneração destinada a retribuir o trabalho. Inexistindo o pagamento de remuneração, inexiste o núcleo do fato gerador da contribuição em referência, o que ocorre com o aviso prévio indenizado. A redação original da alínea e do § 9º do art. 28 foi alterada para excluir a menção do aviso prévio indenizado como não constitutivo do saláriodecontribuição. Contudo, essa modificação legislativa em nada alterou o núcleo do fato gerador da contribuição, que exige a remuneração paga, devida ou creditada, destinada a retribuir o trabalho. Expressandose de outra forma, a alteração legislativa não alterou a natureza da citada rubrica. 3 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=339440, acórdão ainda não publicado, acesso em 30 de março de 2017. Fl. 5332DF CARF MF 20 Essa interpretação está em conformidade com a alínea a do inc. I do art. 195 da CF, segundo a qual as contribuições sociais incidem sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados à pessoa física que lhe preste serviço. É sabido que, ao instituir e partilhar competências tributárias, a Constituição prédefiniu o fato gerador e o sujeito passivo dos tributos. Como se vê, de toda forma, não se está declarando inconstitucionalidade, mas apenas declarando a não incidência da contribuição sobre o aviso prévio indenizado, com base no inc. I do art. 28 da Lei nº 8.212/1991, não havendo qualquer ofensa à Súmula CARF nº 2. O REsp nº 1230957/RS está suspenso por Recurso Extraordinário com repercussão geral (Tema 163 265), mas o aviso prévio indenizado, por não ter caráter remuneratório, não é salário de contribuição. As conclusões constantes do citado REsp estão em harmonia com a legislação federal infraconstitucional, de modo que não há razão para alterálas. A título ilustrativo, segue a ementa do recurso: PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DA EMPRESA. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. DISCUSSÃO A RESPEITO DA INCIDÊNCIA OU NÃO SOBRE AS SEGUINTES VERBAS: TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS; SALÁRIO MATERNIDADE; SALÁRIO PATERNIDADE; AVISO PRÉVIO INDENIZADO; IMPORTÂNCIA PAGA NOS QUINZE DIAS QUE ANTECEDEM O AUXÍLIODOENÇA. [...] 2.2 Aviso prévio indenizado. A despeito da atual moldura legislativa (Lei 9.528/97 e Decreto 6.727/2009), as importâncias pagas a título de indenização, que não correspondam a serviços prestados nem a tempo à disposição do empregador, não ensejam a incidência de contribuição previdenciária. A CLT estabelece que, em se tratando de contrato de trabalho por prazo indeterminado, a parte que, sem justo motivo, quiser a sua rescisão, deverá comunicar a outra a sua intenção com a devida antecedência. Não concedido o aviso prévio pelo empregador, nasce para o empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço (art. 487, § 1º, da CLT). Desse modo, o pagamento decorrente da falta de aviso prévio, isto é, o aviso prévio indenizado, visa a reparar o dano causado ao trabalhador que não fora alertado sobre a futura rescisão contratual com a antecedência mínima estipulada na Constituição Federal (atualmente regulamentada pela Lei 12.506/2011). Dessarte, não há como se conferir à referida verba o caráter remuneratório pretendido pela Fazenda Nacional, por não retribuir o trabalho, mas sim reparar um dano. Ressaltese que, "se o aviso prévio é indenizado, no período que lhe corresponderia o empregado não presta Fl. 5333DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 12 21 trabalho algum, nem fica à disposição do empregador. Assim, por ser ela estranha à hipótese de incidência, é irrelevante a circunstância de não haver previsão legal de isenção em relação a tal verba" (REsp 1.221.665/PR, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 23.2.2011). A corroborar a tese sobre a natureza indenizatória do aviso prévio indenizado, destacamse, na doutrina, as lições de Maurício Godinho Delgado e Amauri Mascaro Nascimento. Precedentes: REsp 1.198.964/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 4.10.2010; REsp 1.213.133/SC, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 1º.12.2010; AgRg no REsp 1.205.593/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 4.2.2011; AgRg no REsp 1.218.883/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de 22.2.2011; AgRg no REsp 1.220.119/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de 29.11.2011. [...] Acórdão sujeito ao regime previsto no art. 543C do CPC, c/c a Resolução 8/2008 Presidência/STJ. (REsp 1230957/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/02/2014, DJe 18/03/2014) No âmbito deste Conselho, vale citar o acórdão nº 2803004.204. Em suma, a contribuição não pode incidir sobre o aviso prévio indenizado, devendo a autoridade executora do presente julgado excluir da base de cálculo do lançamento os valores comprovadamente pagos a esse título, bem como eventuais verbas a ele acessórias. 7 Da previdência privada No entender da recorrente, a fixação de um critério para a concessão de previdência privada não implica descumprimento de condição legal. Pois bem. Segundo a Constituição Federal (CF), "a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social" (art. 194 da CF). No tocante à previdência, há o regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, assim como o regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma, sendo, ainda, facultativo (arts. 201 e 202). A par dessas duas modalidades, há também o regime próprio dos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 40). No que interessa ao presente caso, a Lei Maior determina que as contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o Fl. 5334DF CARF MF 22 contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a sua remuneração, nos termos da lei (§ 2º do art. 202 da CF). Tratase, pois, de imunidade tributária, vez que é uma norma de não tributação prevista na Constituição Federal. Ao estabelecer que tal verba está desvinculada da remuneração, a Lei Maior criou norma negativa de competência, impedindo o próprio exercício de atividade legislativa para criar imposição fiscal a ela atinente. A LC 109/01, que dispõe sobre o regime de previdência complementar, singrando o mesmo texto constitucional, igualmente estabeleceu a desvinculação das contribuições do empregador da remuneração, ex vi do seu art. 68. Vejase: Art. 68. As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstos nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência complementar não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes. Ocorre que a Lei 8.212/91 determina que não integram o saláriode contribuição "o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT" (alínea p do § 9º do art. 28). Vejase: Art. 28. [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) De acordo com a Lei 8.212, deverá ser observado, no que couber, o art. 9º da CLT, segundo o qual "serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação". Vejase que a Lei 8.212/1991 determina que o programa de previdência complementar, aberto ou fechado, deve ser disponibilizado à totalidade dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica. Por sua vez, a LC 109/2001 não prevê que os programas de entidades abertas devam ser necessariamente extensíveis a todos, fazendoo apenas no tocante aos programas das entidades fechadas, ex vi do seu art. 164. Surge, assim, uma aparente antinomia, a qual deve ser solucionada pelo aplicador da lei tributária. 4 Art. 16. Os planos de benefícios devem ser, obrigatoriamente, oferecidos a todos os empregados dos patrocinadores ou associados dos instituidores. Fl. 5335DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 13 23 No âmbito deste Colegiado, essa questão foi debatida e decidida em sessão de julgamento realizada no dia 27 de janeiro de 2016, PAF nº 35601.000216/200765, acórdão nº 2402004.872. Assim sendo, passase a transcrever o brilhante voto do ilustre Conselheiro Relator, Dr. Ronaldo de Lima Macedo, que passa a integrar a fundamentação deste voto: No que tange aos valores pagos a título de previdência complementar privada no regime aberto, entendese que eles não estão sujeitos à incidência da contribuição previdenciária, desde que não sejam caracterizados como instrumento de incentivo ao trabalho (prêmio ou gratificação), entendimento delineado no Acórdão no 2402003.661 (processo 10783.723424/201109), seguem as razões fáticas e jurídicas: “[...] Previdência Complementar Privada em Regime Aberto O benefício tem previsão constitucional no artigo 202, com a redação trazida pela Emenda Constitucional n° 20, de 15/12/98; portanto, tratase de imunidade de contribuição previdenciária: Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. ... § 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). ... Em destaque nas transcrições acima, temse que, atendidos os requisitos da lei, as contribuições vertidas pelo empregador não integram a remuneração e, conseqüentemente, sobre as quais não incidem contribuições previdenciárias. De fato, outra não poderia ser a interpretação. Isto porque somente se pode falar em Previdência Complementar quando suas características estão presentes. Aliás, qualquer que seja o benefício oferecido, são justamente as características que evidenciam sua natureza. E não é diferente com a Previdência Complementar Privada. Para que assim seja considerada e daí não incidirem contribuições previdenciárias devem estar presentes as características exigidas pela Lei Complementar n° 109, de 29/05/2001 que regulou o artigo 202 da Constituição Federal e revogou a Lei n° 6.435, de 15/07/1977. Quanto ao artigo 28, §9°, alínea p, parte final, da Lei n° 8.212, de 24/07/91, incluído pela Lei nº 9.528, de 10/12/1997, portanto Fl. 5336DF CARF MF 24 anterior mesmo à EC n° 20/98, não tenho dúvida que se houver incompatibilidade com os artigos 68 e 69, §1° da Lei Complementar n° 109, de 29/05/2001, que passaram a regular o artigo 202, §2° da Constituição Federal, restará derrogado, pois além desta última veicular norma tributária especial é posterior àquela: Art. 28 (...) §9° (...) p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) Art. 68. As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstos nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência complementar não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes. Art. 69. As contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar, destinadas ao custeio dos planos de benefícios de natureza previdenciária, são dedutíveis para fins de incidência de imposto sobre a renda, nos limites e nas condições fixadas em lei. § 1o Sobre as contribuições de que trata o caput não incidem tributação e contribuições de qualquer natureza. (g.n) Apenas como esclarecimento, meu entendimento sobre a expressão: “desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes” já havia sido manifestado no Acórdão n° 20500.176, de 11/12/2007 quando se apreciou a incidência ou não sobre o benefício Plano Educacional. Naquele caso, não havia disposição legal posterior de natureza tributária silente quanto ao requisito, como neste caso; a CLT, regulando relações de trabalho, é que deixava de considerar como salário o benefício, persistindo com isso a parte final do artigo 28, § 9º, alínea “t” da Lei n° 8.212, de 24/07/1991: Quanto às exigências para o gozo da isenção de que o benefício não substitua parcelas salariais e seja extensivo à totalidade dos segurados empregados e dirigentes, parte final do dispositivo, entendo que não houve revogação. Isto porque é razoável que a legislação tributária procurasse evitar práticas elisivas, como a pretensiosa redução da base de cálculo por meio da substituição pelo benefício ou mesmo sua disponibilização vinculada à produtividade do empregado, do que o caracterizaria como uma gratificação. E não se diga que a falta de previsão dessas exigências na lei posterior tenha sido intencional para a revogação de todo o dispositivo legal da Lei n° 8.212/91. Interessa ao Direito do Trabalho a definição de salário e não as regras periféricas voltadas aos efeitos tributários. As exigências da legislação Fl. 5337DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 14 25 tributária na parte final do artigo 28, §9°, alínea “t” da Lei n° 8.212/91, ao contrário da parte inicial, não integram a caracterização de alguma utilidade como salário ou não, apenas estabelecem o necessário para gozo da isenção. Retomando ao exame da LC n° 109/2001, selecionamos as principais disposições para este estudo: Lei Complementar nº 109, de 29 de Maio de 2001 Art. 1o O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, é facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício, nos termos do caput do art. 202 da Constituição Federal, observado o disposto nesta Lei Complementar. Art. 4o As entidades de previdência complementar são classificadas em fechadas e abertas, conforme definido nesta Lei Complementar. Seção II Dos Planos de Benefícios de Entidades Fechadas ... Art. 16. Os planos de benefícios devem ser, obrigatoriamente, oferecidos a todos os empregados dos patrocinadores ou associados dos instituidores. § 1o Para os efeitos desta Lei Complementar, são equiparáveis aos empregados e associados a que se refere o caput os gerentes, diretores, conselheiros ocupantes de cargo eletivo e outros dirigentes de patrocinadores e instituidores. ... Seção III Dos Planos de Benefícios de Entidades Abertas Art. 26. Os planos de benefícios instituídos por entidades abertas poderão ser: I individuais, quando acessíveis a quaisquer pessoas físicas; ou II coletivos, quando tenham por objetivo garantir benefícios previdenciários a pessoas físicas vinculadas, direta ou indiretamente, a uma pessoa jurídica contratante. § 1o O plano coletivo poderá ser contratado por uma ou várias pessoas jurídicas. § 2o O vínculo indireto de que trata o inciso II deste artigo referese aos casos em que uma entidade representativa de pessoas jurídicas contrate plano previdenciário coletivo para grupos de pessoas físicas vinculadas a suas filiadas. Fl. 5338DF CARF MF 26 § 3o Os grupos de pessoas de que trata o parágrafo anterior poderão ser constituídos por uma ou mais categorias específicas de empregados de um mesmo empregador, podendo abranger empresas coligadas, controladas ou subsidiárias, e por membros de associações legalmente constituídas, de caráter profissional ou classista, e seus cônjuges ou companheiros e dependentes econômicos. § 4o Para efeito do disposto no parágrafo anterior, são equiparáveis aos empregados e associados os diretores, conselheiros ocupantes de cargos eletivos e outros dirigentes ou gerentes da pessoa jurídica contratante. ... CAPÍTULO VIII DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 68. As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstos nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência complementar não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes. ... Art. 69. As contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar, destinadas ao custeio dos planos de benefícios de natureza previdenciária, são dedutíveis para fins de incidência de imposto sobre a renda, nos limites e nas condições fixadas em lei. § 1o Sobre as contribuições de que trata o caput não incidem tributação e contribuições de qualquer natureza. § 2o Sobre a portabilidade de recursos de reservas técnicas, fundos e provisões entre planos de benefícios de entidades de previdência complementar, titulados pelo mesmo participante, não incidem tributação e contribuições de qualquer natureza. Apenas para que não fiquem espaços vazios na linha de desenvolvimento deste trabalho, lembrase que os dispositivos legais não são interpretados em fragmentos, mas dentro de um conjunto que lhe dê unidade e sentido. As disposições gerais nos artigos 68 e 69 são apenas partes do estatuto da previdência complementar, veiculado pela LC n° 109/2001. Inicialmente, dispõe a lei que os programas podem ser abertos ou fechados, de acordo com a natureza da entidade de previdência complementar. Após, trata de cada um nas seções que se seguem: na Seção II os programas em regime fechado e na Seção III, regime aberto. Para o primeiro, através de seu artigo 16, é exigido, obrigatoriamente, que o benefício seja oferecido à totalidade dos empregados, tal como no artigo 28, § 9º, “p” da Lei n° 8.212, de 24/07/1991: Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: Fl. 5339DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 15 27 ... p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). Portanto, um suposto programa de previdência complementar em regime fechado não oferecido à totalidade dos empregados não pode ser considerado como tal e as contribuições vertidas devem ser tributadas normalmente, eis que carecem de característica essencial. As entidades fechadas são instituídas para o conjunto de empregados da patrocinadora e não para grupos de categorias específicas de empregados de um mesmo empregador, faculdade somente possível quando a opção é pelo regime aberto, conforme artigo 26, §3° da lei. Vêse que para o regime fechado, considerando a unidade da lei, não há incompatibilidade com a Lei n° 8.212/1991, apenas que nesta as regras de incidência e abrangência estão em um mesmo dispositivo legal. Agora, como já sinalizado acima, para o regime aberto a lei faculta que, direta ou indiretamente através da entidade, a empresa contrate em benefício de grupos específicos de categorias de empregados plano de previdência complementar, artigo 26, §2° e 3° da lei. Então, neste caso não incidem contribuições previdenciárias ainda que o benefício não seja oferecido à totalidade dos empregados. Mas, sem precipitações, a interpretação será mais segura quando considerado o todo da lei. No caso dos programas em regime aberto, embora não seja necessário estendêlo à totalidade dos empregados e dirigentes, os grupos selecionados são de categorias de empregados, sem discriminações dentro de um mesmo grupo. A escolha recai sobre determinada categoria não como incentivo à produtividade ou outras finalidades relacionadas ao trabalho, mas em razão de necessidades específicas. Em síntese, temos que para a não incidência de contribuições previdenciárias: a) até o advento da LC n° 109/2001, em quaisquer casos, a empresa tinha que oferecer o benefício à totalidade dos segurados empregados e dirigentes; b) a partir da LC n° 109/2001, somente no regime fechado, a empresa deverá oferecer o benefício à totalidade dos segurados empregados, diretores, conselheiros ocupantes de cargo eletivo e outros dirigentes de patrocinadores e instituidores. Caso adotado o regime aberto, poderá oferecer o benefício a grupos de empregados ou dirigentes pertencentes a determinada categoria, mas não como instrumento de incentivo ao trabalho, Fl. 5340DF CARF MF 28 eis que flagrantemente o caracterizaria como um prêmio e, portanto, gratificação. No presente caso sob exame, os fatos geradores ocorreram posteriormente à LC n° 109/2001. Tratandose da modalidade de previdência complementar em regime aberto, de acordo com a tese aqui desenvolvida, não haveria necessidade de disponibilização dos planos de previdência complementar à totalidade dos dirigentes e empregados, desde que a restrição ao benefício seja de forma genérica e impessoal, que é o caso; portanto, os valores lançados são insubsistentes. Portanto, entendo que assiste razão ao recorrente. [...]” (Voto no 2402003.661, sessão de 16/07/2013, processo 10783.723424/201109, Relator: Julio César Vieira Gomes) Neste particular, entendese que os valores concernentes ao regime aberto de previdência complementar privada, desde que não sejam um premio ou uma gratificação, devem ser excluídos do presente lançamento fiscal, já que, após a promulgação da Emenda Constitucional 20/1998 e a publicação da Lei Complementar (LC) 109/2001, o Fisco deverá fazer uma análise conglobante5, que consiste na necessidade de analisar a hipótese fática do fato gerador dentro do ordenamento jurídico em geral (conglobando) e não apenas a norma estampada no art. 28, §9°, alínea “p”, da Lei 8.212/1991. Esse entendimento decorre do fato de que os valores pagos a título de previdência complementar privada no regime aberto não estão abarcados pela regra exclusiva da incidência da contribuição previdenciária – prevista no art. 28 da Lei 8.212/1991 –, desde que não sejam caracterizados como instrumento de incentivo ao trabalho, conforme foi delineado no Acórdão no 2402003.661 (sessão de 16/07/2013), proferido por esta Corte Administrativa no processo 10783.723424/201109 (Relator: Julio Cesar Vieira Gomes). Caso não seja feita a análise conglobante, isso poderá ocasionar a nulidade do lançamento fiscal por cerceamento ao direito de defesa da Recorrente ou exclusão dos valores lançados, já que o Fisco não poderá tributar os valores pagos a título de previdência complementar privada no regime aberto com base, exclusivamente, no argumento de que tais valores estão em desacordo com art. 28, §9°, alínea “p”, da Lei 8.212/1991 (ou seja, a verba deverá ser disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes). Trocando em miúdos, a regra isentiva prevista na alínea “p” do §9° do art. 28 da Lei 8.212/1991 não admite interpretação extensiva, a teor do art. 111 do CTN6, mas admite um a interpretação literal com abrangência de todas as leis que tratam da matéria referente ao regime de previdência 5 Conglobante, nome cognominado pelos penalistas Eugênio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangelli (sobre o tema, consulte: Fernando Capez. Curso de Direito Penal, 13 Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2009, vol. 1) 6 Código Tributário Nacional (CTN), Lei 5.172/1966: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Fl. 5341DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 16 29 complementar privada (LC’s 108/2001 e 109/2001, que é facultativo e complementar ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), este sendo o caso dos autos. Assim, identificar o arcabouço jurídico a ser aplicado ao regime de previdência complementar operado por entidade aberta não é apenas uma forma de confirmar a regra isentiva da Lei 8.212/1991, é uma tarefa elementar para que essa regra seja, juridicamente, interpretada de forma literal, e para que não seja subvertida ou não seja aplicada apenas exclusivamente com base em apenas um regra isolada, distanciandose do ordenamento jurídico posto. Isso citado acima é o contexto jurídico da matéria submetida à controvérsia pelas partes (Fisco e Recorrente). (destacouse) Assim também se decidiu no julgamento dos PAFs nºs 10920.722344/2011 14 e 10920.722345/201151, em sessão de julgamento realizada em agosto de 2016. Portanto, o fundamento isolado de a empresa não ter estendido o plano de previdência privada complementar aberta a todos os seus funcionários não é suficiente para ensejar a presente autuação, visto que, com a edição da LC 109/01, a pessoa jurídica poderá oferecer o benefício a grupos de empregados ou dirigentes pertencentes a determinada categoria, desde que não o faça como instrumento de incentivo ao trabalho. O anexo 07 do Relatório Fiscal, fls. 2375/2394, demonstra que o plano em apreço foi contratado junto à entidade aberta, mais precisamente o HSBC VIDA E PREVIDÊNCIA (BRASIL) S.A. A despeito disso, e a despeito do que foi fundamentado acima, a douta autoridade fiscal não se dignou de demonstrar e nem mesmo de afirmar que os valores pagos a esses programas seriam um incentivo à produção ou que estariam relacionados a finalidades outras relativas ao trabalho. A fiscalização não determinou, de forma adequada, a realização dos fatos geradores das contribuições em referência, pois não comprovou que os valores foram efetivamente pagos como retribuição pelo trabalho prestado pelos beneficiários dos planos. Logo, o lançamento deve ser cancelado, pois a autoridade administrativa não verificou a ocorrência do fato gerador, na dicção do art. 142 do CTN. Ademais, cabe acrescentar que os programas de previdência privada são de caráter complementar e organizados de forma autônoma, sendo, outrossim, facultativos, conforme preceituam os arts. 201 e 202 da CF. Expressandose de outra forma, a própria Norma Ápice distingue os regimes geral e privado, mormente porque este é complementar àquele. Diferentemente dos planos de previdência privada, o regime geral: (i) é de filiação obrigatória; (ii) possui valores máximos e mínimos de contribuição, assim como de benefícios; (iii) por determinação constitucional, é financiado por toda a sociedade, mediante recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (iv) tem por fim Fl. 5342DF CARF MF 30 assegurar meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente, o que não ocorre, necessariamente, no regime privado. Em resumo, não demonstrada a ocorrência, no mundo fenomênico, da ocorrência do fato gerador das contribuições lançadas contra a recorrente, deve o lançamento ser cancelado, provendose o recurso neste ponto. 8 Do plano de saúde Ao contrário do que sustenta a recorrente, ao estabelecer a desvinculação dos valores pagos a título de assistência médica do saláriodecontribuição, ao lei não permitiu que a empresa criasse distinções entre os seus trabalhadores e dirigentes. Com efeito, a lei tem uma condicionante muito clara para que haja efetiva desvinculação, qual seja: a cobertura deve abranger a totalidade dos empregados e dirigentes. Vejase: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) Logo, negase provimento ao recurso neste ponto. 9 Do Fator Acidentário de Prevenção FAP A recorrente defende que tem baixa taxa de rotatividade e que observa as normas de Saúde e Segurança do Trabalho, não havendo qualquer hipótese de majoração da alíquota FAP. A DRJ, por sua vez, não acolheu essa fundamentação, ao argumento de que a ela não competiria "dirimir eventuais divergências ou discordância do contribuinte com relação ao FAP" (v. fl. 5207). A fundamentação da decisão recorrida, nesse tocante, coadunase com o entendimento deste Colegiado, pois já se decidiu não ser da competência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF decidir sobre questões vinculadas ao cálculo do FAP. Em recente decisão, de relatoria do ilustre Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, assim se votou por unanimidade (acórdão 2402005.185, sessão de 12 de abril de 2016): O Fator Acidentário de Prevenção é um multiplicador variável num intervalo contínuo de 0,5000 a 2,0000, a ser aplicado à Fl. 5343DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 17 31 respectiva alíquota da contribuição GILRAT, que pode ser reduzida pela metade ou duplicada de acordo com as ocorrências acidentárias em cada empresa. O FAP tem por objetivo criar um ajuste à alíquota para GILRAT, através de um tratamento estatístico da gravidade, frequência e custo dos acidentes relativos às empresas. Assim o FAP incentiva a melhoria das condições de trabalho e da saúde do trabalhador estimulando as empresas a implementarem políticas mais efetivas de saúde e segurança no trabalho para reduzir a acidentalidade. A Resolução MPS/CNPS n.° 1.316/2010 normatiza quais são as fontes de dados para os cálculos dos índices de frequência, de gravidade, de custo e do FAP por empresa e suas respectivas fórmulas. Grosso modo, o MPS efetua o cálculo do FAP levando em conta os acidentes de trabalho ocorridos; a concessão de benefícios acidentários para os empregados da empresa; os dados populacionais empregatícios e a expectativa de vida dos segurados. Anualmente o fator é calculado a partir das informações e cadastros lidos em data específica, com utilização dos dados de dois anos imediatamente anteriores ao ano de processamento. O Ministério da Previdência Social MPS publica anualmente, sempre no mesmo mês, no Diário Oficial da União, os róis dos percentis de frequência, gravidade e custo por Subclasse da Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNAE e divulgará na rede mundial de computadores o FAP de cada empresa, com as respectivas ordens de freqüência, gravidade, custo e demais elementos que possibilitem a esta verificar o respectivo desempenho dentro da sua CNAE Subclasse. Os números apresentados pelo MPS poderão ser contestados perante o Departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional da Secretaria Políticas de Previdência Social, no prazo de trinta dias da sua divulgação oficial. [...] [...] tampouco, o processo administrativo fiscal é o foro próprio para se travar discussão acerca do FAP divulgado pelo MPS. Nos termos do § 2° do art. 202B do RPS das decisões proferidas pelo Departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional acerca de contestação do FAP, caberá recurso, no prazo de trinta dias da intimação da decisão, para a Secretaria de Políticas de Previdência Social, que examinará a matéria em caráter terminativo. Ressaltese que este processo administrativo tem efeito suspensivo. Fl. 5344DF CARF MF 32 Verificase, portanto, que não é da competência do CARF decidir sobre questões vinculadas ao cálculo do FAP. Assim, em razão do sujeito passivo não haver apresentado comprovação de que estaria discutindo o cálculo do FAP na instância apropriada, não há como se considerar a existência de contenda administrativa sobre essa questão. Igualmente se decidiu no julgamento dos Processos nºs 13855.723134/2014 05 e 13855.723136/201496, em sessão de julgamento realizada em 05 de abril de 2017, Relator João Victor Ribeiro Aldinucci. O presente Processo Administrativo Fiscal é relativo ao lançamento das contribuições questionadas, mas a resolução definitiva da alíquota aplicável foi delegada a outro órgão administrativo, de tal forma que o FAP somente seria questionável nesta esfera em caso de erro manifesto, o que não ocorreu. O argumento da recorrente é alusivo tãosomente ao cálculo do citado índice, não devendo, portanto, prosperar. O art. 10 da Lei 10.666/2003, abaixo transcrito, delegou ao regulamento a competência para reduzir ou aumentar a alíquota GILRAT; e qualquer conclusão sobre a incompetência para tanto implicaria afastar o comando da lei, incumbência esta exclusiva do órgão do Judiciário. Art. 10. A alíquota de contribuição de um, dois ou três por cento, destinada ao financiamento do benefício de aposentadoria especial ou daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, poderá ser reduzida, em até cinqüenta por cento, ou aumentada, em até cem por cento, conforme dispuser o regulamento, em razão do desempenho da empresa em relação à respectiva atividade econômica, apurado em conformidade com os resultados obtidos a partir dos índices de freqüência, gravidade e custo, calculados segundo metodologia aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social. Em síntese, o CARF não tem competência para decidir questões atinentes ao cálculo do FAP, negandose provimento ao recurso também neste tópico. 10 Das compensações Segundo se depreende do Relatório Fiscal, fls. 167 e seguintes, os créditos utilizados pela recorrente para compensação com débitos próprios são aqueles a que se refere o art. 31, § 1º, da Lei 8.212/1991: retenção de 11% do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços pela empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra. A recorrente, portanto, prestou serviços naquelas condições no período de apuração em apreço e efetuou as compensações que foram objeto de análise pela Secretaria da Receita Federal do Brasil SRFB. A esse respeito, a contribuinte afirma que fez as compensações mês a mês e que os documentos em anexo comprovariam a inexistência de supressão de recolhimentos, mas sim uma inapropriada desconsideração pelo auditor fiscal das retenções realizadas pelas empresas contratantes. Fl. 5345DF CARF MF Processo nº 10580.722450/201431 Acórdão n.º 2402005.813 S2C4T2 Fl. 18 33 Em primeiro lugar, cabe destacar que o lançamento decorrente das glosas de compensações atingiram apenas as competências 08/2010, 09/2010, 01/2011, 08/2011 e 10/2011. Isso demonstra a impertinência dos argumentos da recorrente quanto às competências 01/2010 e 06/2011, que não foram objeto de lançamento, como bem registrado pela decisão a quo. Em segundo lugar, e diferentemente do que foi alegado pela contribuinte, a fiscalização considerou sim as retenções realizadas pelas empresas tomadores de serviços, como deixa claro o seguinte trecho do relatório fiscal (fl. 167): 7.1 Foram considerados como créditos os valores pagos pelo contribuinte através de Guia da Previdência Social – GPS e os valores de retenção destacados em notas fiscais emitidas, declarados e compensados em GFIP. Desta forma, deve ser analisada cada uma das competências objeto de lançamento, em confronto com as argumentações recursais. Para tanto, transcrevese a tabela ilustrativa abaixo: Competência Glosa (R$) Conclusões 08/2010 74.655,71 (a) houve cancelamento de notas fiscais que foram consideradas como retenção nesta competência; (b) a contribuinte, porém, não retificou a GFIP; (c) conforme RDA RELATÓRIO DE DOCUMENTOS APRESENTADOS (fls. 201/217), que contempla as parcelas que foram deduzidas das contribuições apuradas, a fiscalização já tomou em consideração o recolhimento do montante principal de R$ 74.655,73, total de R$ 85.010,47 (v. fl. 206), não procedendo a alegação da recorrente, subsistindo, sim, a glosa efetuada. 09/2010 3.768,20 (a) não havia saldo que justificasse a compensação; (b) a NF 020718, que, segundo a recorrente, comprovaria a retenção e o seu crédito, é de outra competência (08/2010, e não 09/2010), conforme se observa à fl. 2416; (c) além disso, o valor da retenção da citada nota é diferente do valor glosado pela fiscalização (v. fl. 2416). 01/2011 672,34 (a) houve cancelamento de notas fiscais que foram consideradas como retenção nesta competência; (b) a contribuinte, porém, não retificou a GFIP; (c) ademais, o sujeito passivo não questionou esta glosa. 08/2011 6.656,59 (a) houve cancelamento de notas fiscais que foram consideradas como retenção nesta competência; (b) a contribuinte, entretanto, não procedeu à retificação em GFIP; (c) conforme RDA (fls. 201/217), a fiscalização já tomou em consideração o recolhimento do montante principal de R$ 6.656,59, total de R$ 8.230,88 (v. fl. 206), não procedendo a alegação da recorrente, subsistindo, sim, a glosa efetuada. Fl. 5346DF CARF MF 34 10/2011 34.827,35 (a) o saldo a compensar nesta competência (R$ 732.824,85) era menor do que o declarado (R$ 767.652,20); (b) essa circunstância não foi contestada em sede de recurso. Destarte, concluise que não há reparos a serem feitos na decisão a quo, devendo ser negado provimento ao recurso nesta matéria. 11 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido CONHECER e DAR PARCIAL provimento ao recurso voluntário, a fim de excluir do lançamento as importâncias pagas a título de abonos, aviso prévio indenizado e previdência privada. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 5347DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13603.722647/2010-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jun 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Exercício: 2008, 2009
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OCORRÊNCIA.
Conforme artigo 65 do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, serão cabíveis embargos declaratórios quando se verifique que existe uma contradição entre o voto apresentado para julgamento e os termos da decisão proferida pela Turma julgadora.
Embargos Acolhidos com Efeitos Infringentes.
Numero da decisão: 2202-003.849
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os Embargos de Declaração com efeitos infringentes para, sanando o vício apontado no Acórdão nº 2202-003.212, de 18/02/2016, alterar o dispositivo para "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do relator."
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto.
Nome do relator: Marcio Henrique Sales Parada
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OCORRÊNCIA. Conforme artigo 65 do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, serão cabíveis embargos declaratórios quando se verifique que existe uma contradição entre o voto apresentado para julgamento e os termos da decisão proferida pela Turma julgadora. Embargos Acolhidos com Efeitos Infringentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os Embargos de Declaração com efeitos infringentes para, sanando o vício apontado no Acórdão nº 2202003.212, de 18/02/2016, alterar o dispositivo para "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do relator." (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 72 26 47 /2 01 0- 29 Fl. 308DF CARF MF Processo nº 13603.722647/201029 Acórdão n.º 2202003.849 S2C2T2 Fl. 309 2 Relatório Adoto como relatório aquele elaborado por ocasião do despacho de admissibilidade (fl. 306), assinado pelo Presidente da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara desta Seção de Julgamento: Tratase de embargos de declaração em face do Acórdão nº 2202003.212, da Segunda Turma da Segunda Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF (fls. 297 a 305), julgado na sessão plenária de 18 de fevereiro de 2016, cuja ementa abaixo se transcreve: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 11/10/2010 DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO SOBRE COOPERATIVAS. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO STF. EXCLUSÃO DO CÁLCULO DO AUTO DE INFRAÇÃO. O VALOR A PREVALECER PARA A QUITAÇÃO DO CRÉDITO SERÁ AQUELE CALCULADO SEM A INCLUSÃO DA CONTRIBUIÇÃO DAS COOPERATIVAS. PAGAMENTO. ESPONTÂNEO APROVEITAMENTO. Recurso Voluntário Provido em Parte. A decisão foi assim registrada: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Com fulcro no artigo 65 do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, este Conselheiro, Presidente da Segunda Turma da Segunda Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, opõe Embargos de Declaração em face do referido acórdão, pelas razões abaixo. Observase pela leitura do voto do Relator que existe uma contradição entre o voto apresentado para julgamento e os termos da decisão proferida pela Turma julgadora. Conforme descrito, o resultado do julgamento foi o seguinte: "ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso". No entanto, os termos do voto acostado aos autos não se coadunam com o resultado, configurando verdadeira contradição. No voto, tanto a fundamentação como o resultado apresentado foi no sentido de dar parcial provimento ao recurso, conforme excerto abaixo. Feitos os esclarecimentos acima, podese concluir que o auto de infração em sua origem resultaria apenas na multa em Fl. 309DF CARF MF Processo nº 13603.722647/201029 Acórdão n.º 2202003.849 S2C2T2 Fl. 310 3 decorrência da não declaração dos fatos geradores em razão de parte de seus segurados, conforme item 3, do REFISC. Deve forma, deve a DRF excluir os valores relativos as rubricas cooperativas da atuação e promover o aproveitamento do pagamento efetuado pelo contribuinte, GPS, de fls. 73, desde que seja confirmado o pagamento; bem como que a gps só seja aproveitada se for possível fazer inequívoca vinculação desta, com a intenção de liquidação do crédito, e, ainda, que a gps só seja aproveitada se após a exclusão da rubrica COOPERATIVA o valor pago com redução liquidar o crédito, pois do contrário não há como conceder o benefício do artigo 293, §1º, do Decreto 3.048/99, subsistindo o crédito pelo total, pois na realidade o valor correto da atuação sempre foi o estipulado sem a inclusão das cooperativas, devendo este prevalecer para fins de quitação do lançamento. CONCLUSÃO: Ante o exposto voto por conhecer do recurso para no mérito darlhe provimento parcial, tendo em vista que a contribuição social previdenciária, do artigo 22, IV, da Lei 8.212/91 introduzido pela Lei 9.876,/99 foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal – STF, devendo a DRF promover ao aproveitamento da GPS, de fls. 73, desde que seja confirmado o pagamento; bem como que a gps só seja aproveitada se for possível fazer inequívoca vinculação desta, com a intenção de liquidação do crédito, e, ainda, que a gps só seja aproveitada se após a exclusão da rubrica COOPERATIVA o valor pago com redução liquidar o crédito, pois do contrário não há como conceder o benefício do artigo 293, §1º, do Decreto 3.048/99, subsistindo o crédito pelo total, pois na realidade o valor correto da atuação sempre foi o estipulado sem a inclusão das cooperativas, devendo este prevalecer para fins de quitação do lançamento. (destaquei) Face à contradição existente entre a parte dispositiva do acórdão e o voto apresentado pelo Relator, devem ser acolhidos os Embargos de Declaração para que seja sanado o vício. Ante o exposto, acolho os Embargos de Declaração em relação à contradição entre o voto condutor e o dispositivo do acórdão para que se resolva o equívoco apontado. À Secretaria da 2ª Câmara para que seja sorteado um novo relator, conforme art. 49, § 5º, do RICARF, tendo em vista o término do mandato do Conselheiro Eduardo de Oliveira, Relator do acórdão embargado. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. Fl. 310DF CARF MF Processo nº 13603.722647/201029 Acórdão n.º 2202003.849 S2C2T2 Fl. 311 4 ADMISSIBILIDADE Conforme artigo 65 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição. Os embargos poderão ser interpostos por conselheiro do colegiado, que neste caso foi o próprio Presidente da Turma, já os admitindo. MÉRITO De fato, existe uma contradição entre o Voto do Conselheiro relator e o dispositivo do Acórdão embargado. No voto, o relator deixa claro que a irresignação do contribuinte é parcial, limitando a lide à questão da exigência de contribuição previdenciária sobre a prestação de serviços de cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho, de que trata o artigo 22, IV, da Lei nº 8.212, de 1991, relativamente às Cooperativas UniOdonto, PAX Saúde e Unimed Betim. Destacou ainda que a recorrente também alegou ter direito de reduzir a multa em cinqüenta por cento, ante o pagamento espontâneo da parte que ela (impugnante/recorrente) por ato próprio considerou devido, calculou e promoveu o recolhimento. No recurso foi mencionada também uma preliminar de decadência, sobre a qual, considerando inicialmente ser matéria de ordem pública, concluiu o relator que "por qualquer regra que se aplique artigo 173, I ou artigo 150, § 4º, ambos, da Lei 5.172/66 não há que se falar em ocorrência de decadência". Ressaltou ainda que "se faz observar que em regra no caso de declaração em GFIP, embora o fato gerador seja único, a contribuição se compõe de um conjunto muito maior de rubricas, as quais são declaradas separadamente e assim podem ser individualizadas...". Assim, assentou o relator do Acórdão embargado que: a) a contribuição social previdenciária exigida com base no artigo 22, IV, da Lei 8.212/91 introduzido pela Lei 9.867/99 foi reconhecida inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal – STF (RE 595838, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 23/04/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe196 DIVULG 07102014 PUBLIC 08102014). Outra não pode ser a solução senão a exclusão das contribuições exigidas em razão das cooperativas da presente autuação; b) podese concluir que o auto de infração em sua origem resultaria apenas na multa em decorrência da não declaração dos fatos geradores em razão de parte de seus segurados, conforme item 3, do REFISC; c) deve a DRF excluir os valores relativos as rubricas cooperativas da atuação e promover o aproveitamento do pagamento efetuado pelo contribuinte, GPS, de fls. 73, desde que seja confirmado o pagamento; bem como que a GPS só seja aproveitada se for possível fazer inequívoca vinculação desta, com a intenção de liquidação do crédito, e, ainda, que a GPS só seja aproveitada se após a exclusão da rubrica COOPERATIVA o valor pago com redução liquidar o crédito, pois do contrário não há como conceder o benefício do artigo 293, §1º, do Decreto 3.048/99, subsistindo o crédito pelo total, pois na realidade o valor correto da Fl. 311DF CARF MF Processo nº 13603.722647/201029 Acórdão n.º 2202003.849 S2C2T2 Fl. 312 5 atuação sempre foi o estipulado sem a inclusão das cooperativas, devendo este prevalecer para fins de quitação do lançamento. Está claro, portanto, que não foi negado provimento ao recurso, mas sim deu se provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do relator, que determinou a exclusão da rubrica relativa às Cooperativas e o aproveitamento do valor pago mediante guia, pelo contribuinte, ainda no período da impugnação, porém sob as condições que especificou, para que possa valerse da redução da multa. CONCLUSÃO Em face do exposto, VOTO por admitir os embargos opostos, com efeitos infringentes, apenas para correção do dispositivo do Acórdão nº 2202003.212, que passa a ser: "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do relator." (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Fl. 312DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.001204/2002-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri May 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jun 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1997
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - PRINCÍPIO DA VERDADE
MATERIAL. No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legitimidade da tributação. O importante é saber se o fato gerador ocorreu e se a obrigação teve seu nascimento
DCTF. PAGAMENTO ENCONTRADO. COMPENSAÇÃO COMPROVADA.
Comprovada com documentação hábil e idônea a alegada compensação dos débitos exigidos com direito creditório do sujeito passivo, é de se cancelar o lançamento correspondente.
Numero da decisão: 1401-001.891
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, aplicando-se o resultado de diligência.
(assinado digitalmente)
Antônio Bezerra Neto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Jose Roberto Adelino da Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa
Nome do relator: LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1997 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legitimidade da tributação. O importante é saber se o fato gerador ocorreu e se a obrigação teve seu nascimento DCTF. PAGAMENTO ENCONTRADO. COMPENSAÇÃO COMPROVADA. Comprovada com documentação hábil e idônea a alegada compensação dos débitos exigidos com direito creditório do sujeito passivo, é de se cancelar o lançamento correspondente.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, aplicando-se o resultado de diligência. (assinado digitalmente) Antônio Bezerra Neto - Presidente. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Jose Roberto Adelino da Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa
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No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legitimidade da tributação. O importante é saber se o fato gerador ocorreu e se a obrigação teve seu nascimento DCTF. PAGAMENTO ENCONTRADO. COMPENSAÇÃO COMPROVADA. Comprovada com documentação hábil e idônea a alegada compensação dos débitos exigidos com direito creditório do sujeito passivo, é de se cancelar o lançamento correspondente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, aplicandose o resultado de diligência. (assinado digitalmente) Antônio Bezerra Neto Presidente. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 12 04 /2 00 2- 11 Fl. 351DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Jose Roberto Adelino da Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Fl. 352DF CARF MF Processo nº 10865.001204/200211 Acórdão n.º 1401001.891 S1C4T1 Fl. 352 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte em face do Acórdão 1443.254 5ª Turma da DRJ/RPO que por unanimidade de votos julgou improcedente a impugnação e manteve o lançamento, pois entendeu não comprovada com documentação contábil e idônea a alegada compensação dos débitos exigidos com eventual direito creditório do sujeito passivo. De acordo com os fatos e enquadramento legal, verificase que por procedimento de Auditoria Interna em Declaração de Contribuições e Tributos Federais DCTF, foram constadas irregularidades em diversos pagamentos não encontrados referentes ao período de apuração de 1997, que deram origem as autuações representadas nos processos abaixo a saber: Em todas as autuações exigiuse o valor do débito não pago acrescido dos juros de mora incidentes sobre os débitos, calculados até a data da lavratura do AI, e da multa isolada de 75% sobre o valor não recolhido. Apreciada a impugnação, fl. 02, na qual o interessado alega extinção do crédito exigido, vez que os débitos teriam sido compensados com saldo negativo de períodos anteriores, que poderiam ser identificados na Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica do período 01/01/96 a 31/12/96, o lançamento foi mantido por insuficiência de provas da alegada extinção. Em sede recursal, aduz que objetivava a compensação dos mencionados valores com o saldo negativo oriundo dos recolhimentos de estimativa fiscal do ano calendário 1995, exercício 1996, período em que teve prejuízo fiscal, ocorre que ao invés de formular o pedido de compensação do saldo negativo, por meio de procedimento próprio, a fim de se chegar a composição deste importe, a Recorrente informou diretamente nas DCTFs entregues no ano de 1997, a compensação com os DARFs recolhidos a título de estimativa no ano calendário 1995, no formato de pagamento indevido ou a maior. Para demonstrar a existência de prejuízo fiscal, acumulando saldo negativo de R$ 21.332,07 do IRPJ e R$ 16.495,62 da CSLL, segundo ela suficientes para as compensações reclamadas, apresentou cópia da DIPJ do ano calendário 1995, exercício 1996; cópia dos DARFs de estimativa fiscal recolhidos no ano calendário 1995; cópia do Livro Diário do ano de 1995, com a demonstração do resultado; cópia da DCTF do 2o. trimestre de Fl. 353DF CARF MF 4 1997; cópia do Livro Diário de 1997, com informe do valor a recuperar de 1995; planilhas demonstrativas das compensações realizadas com o saldo negativo do IRPJ e CSLL. Pela Resolução nº 1401000.406, os autos foram baixados em diligência, para que autoridade fiscal promova a aferição da real composição do saldo negativo do ano de 1995, mediante a análise dos efetivos recolhimentos das estimativas e contabilização do prejuízo fiscal, sem prejuízo da constatação de existência de outro formato de utilização do aludido crédito, com base nos documentos anexados aos autos na fase recursal, de maneira a indicar o valor do saldo de prejuízo fiscal constante nos citados documentos, bem como se eram suficientes a compensar os créditos objeto das autuações representadas pelos lançamentos indicados nos processos 10865.001713/200163, 10865.000652/200206, 10865.000661/200299, 10865.001203/200277, 10865.001204/200211, procedentes da mesma origem procedimental, deixando a faculdade para que a autoridade fiscal preste demais esclarecimentos que julgar necessários ao bom deslinde da demanda. Em resposta à diligência, sobreveio a informação fiscal de fls. 340/343, sobre a qual a Recorrente foi instada a se manifestar (fl. 344) e quedouse inerte. Era o der essencial a ser relatado. Passo a decidir Voto Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, por isso, dele tomo conhecimento. Atendendo à solicitação da diligência, a autoridade fiscal conferiu as informações constantes deste processo, informações das DIPJ e DCTF dos anos calendários 1995 e 1996 (fls. 271 a 329), pagamentos em DARF realizados no período e informações complementares prestadas pela contribuinte (fls. 171 a 270). Assim, com base nas DIPJ e DCTF dos anos calendários 1995 e 1996, apurou que, de acordo com informações da DIPJ do ano calendário 1996 (fls. 292 a 326) e informações da contabilidade, os débitos de IRPJ e CSLL apurados com base na receita bruta nos meses de abril/1996 a dezembro/1996, foram compensados com os créditos de saldos negativos dos respectivos tributos do ano anterior (1995). Do resultado da diligência, importante transcrever o seguinte trecho conclusivo: Com base nas informações relatadas, concluímos pelas confirmações dos créditos de saldos negativos de IRPJ e CSLL, apurados no ano de 1995, pelos valores respectivos de R$ 20.190,49 e R$ 15.582,34. Concluímos, também, que estes créditos foram suficientes para as extinções de débitos apurados no ano calendário 1996 e eram suficientes para as extinções dos débitos lançados nos autos de infração tratados nos processos nº 10865.001713/200163, 10865.000652/2002 06, 10865.000661/200299, 10865.001203/200277 e 10865.001204/200211. As fls. 336 a 339 estão localizados os demonstrativos de compensações dos débitos lançados nos autos tratados nos processos nº 10865.001713/200163, Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10865.001204/200211 Acórdão n.º 1401001.891 S1C4T1 Fl. 353 5 10865.000652/200206, 10865.000661/200299, 10865.001203/200277 e 10865.001204/200211 com os créditos de saldos negativos remanescentes, que demonstram estes seriam suficientes para as extinções daqueles débitos. Ante o exposto, conheço do recurso voluntário para darlhe provimento aplicandose o resultado da diligência. É como voto (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora Fl. 355DF CARF MF
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