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Numero do processo: 10510.004873/2007-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2005
OMISSÃO DE RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. LANÇAMENTO.
COMPENSAÇÃO.
Podem ser compensados com o imposto sobre a renda de pessoa física e a multa lançados de ofício os montantes comprovadamente recolhidos pelo contribuinte, desde que disponíveis.
Na hipótese, todo o valor retido na fonte e todos os recolhimentos
comprovados foram aproveitados na compensação com o crédito lançado.
Numero da decisão: 2101-001.931
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso.
Nome do relator: CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. LANÇAMENTO. COMPENSAÇÃO. Podem ser compensados com o imposto sobre a renda de pessoa física e a multa lançados de ofício os montantes comprovadamente recolhidos pelo contribuinte, desde que disponíveis. Na hipótese, todo o valor retido na fonte e todos os recolhimentos comprovados foram aproveitados na compensação com o crédito lançado.
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LANÇAMENTO. COMPENSAÇÃO. Podem ser compensados com o imposto sobre a renda de pessoa física e a multa lançados de ofício os montantes comprovadamente recolhidos pelo contribuinte, desde que disponíveis. Na hipótese, todo o valor retido na fonte e todos os recolhimentos comprovados foram aproveitados na compensação com o crédito lançado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ___________________________________________________ JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS – Presidente Substituto. (assinado digitalmente) __________________________________________ CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Raimundo Tosta Santos (Presidente Substituto), Gonçalo Bonet Allage, José Evande Carvalho Araujo, Alexandre Naoki Nishioka, Gilvanci Antonio de Oliveira Sousa e Celia Maria de Souza Murphy (Relatora). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 0. 00 48 73 /2 00 7- 70 Fl. 89DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 2 Relatório Trata o presente processo de Notificação de Lançamento contra o contribuinte em epígrafe, por omissão de rendimentos tributáveis recebidos de pessoa jurídica. Segundo relato da Fiscalização, confrontando o valor dos rendimentos tributáveis recebidos de pessoa jurídica declarados pelo contribuinte em sua declaração de ajuste anual com o valor dos rendimentos informados pelas fontes pagadoras em Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf), para o titular, constatouse omissão de rendimentos sujeitos à tabela progressiva, no valor de R$ 17.087,50, recebido das fontes pagadoras Assessoria Técnica e Fiscal Ltda. S/C e Fundação Petrobras de Seguridade Social – Petros. Em 23.10.2007, o contribuinte apresentou impugnação parcial, na qual reconhece a omissão do valor de R$ 6.400,00, recebido da Assessoria Técnica e Fiscal Ltda., e esclarece já ter solicitado à unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil a elaboração de um DARF no valor de R$ 821,04 para quitar a parte incontroversa. Informa que o imposto apurado na declaração de ajuste original já foi quitado e, por esse motivo, pede que, sobre esse valor, seja dispensado da multa de lançamento de ofício. A 3.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Salvador (BA), por meio do Acórdão n.º 1520.318, de 14 de agosto de 2009, declarou a impugnação procedente a manteve em parte o crédito tributário lançado, mediante a ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004 PAGAMENTO ANTERIOR AO LANÇAMENTO. O imposto pago antes de iniciado qualquer procedimento fiscal não está sujeito à multa de oficio. Impugnação Procedente Crédito Tributário Mantido em Parte Inconformado, o contribuinte interpôs recurso voluntário, no qual sustenta estar sendo penalizado com um débito de imposto já quitado, relativo ao exercício 2005. Esclarece já ter efetuado também o recolhimento do imposto correspondente ao rendimento omitido no valor de R$ 6.400,00 com os acréscimos legais, em 25.10.2007 e, ao final, pede seja declarada a improcedência da ação fiscal. É o Relatório. Voto Conselheira Celia Maria de Souza Murphy Fl. 90DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10510.004873/200770 Acórdão n.º 2101001.931 S2C1T1 Fl. 77 3 O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais previstos no Decreto n° 70.235, de 1972. Dele conheço. Na declaração de ajuste original do exercício 2005 (fls. 28 a 31), o contribuinte declarou ter auferido rendimentos tributáveis da Fundação Petrobras de Seguridade Social – Petros no montante de R$ 50.205,95. Em 19.2.2006, apresentou declaração retificadora, reduzindo esses rendimentos para R$ 39.518,45 (fls. 33 a 36). Em procedimento de fiscalização, foi apurada omissão de rendimentos tributáveis recebidos da Fundação Petrobras de Seguridade Social – Petros, no valor da diferença entre o rendimento originalmente informado e aquele lançado em sua declaração retificadora. Também foi objeto de lançamento a omissão de rendimentos tributáveis auferidos de Assessoria Técnica e Fiscal Ltda., de R$ 6.400,00. O contribuinte apresentou impugnação, parcial, na qual não contestou o lançamento sobre a omissão de rendimentos auferidos de Assessoria Técnica e Fiscal Ltda. Todavia, pede sejam considerados os pagamentos já feitos, apurados na declaração de ajuste original. Informa, ainda, estar procedendo ao recolhimento de um DARF no valor de R$ 821,04, a fim de quitar a parte incontroversa. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA) acolheu integralmente os pedidos do então impugnante. Tendo em vista que não foi questionado o lançamento, ficou este mantido integralmente naquela instância administrativa, e o Relator do voto condutor da decisão a quo procedeu à imputação dos pagamentos efetuados pelo contribuinte, cujo recolhimento foi confirmado pela unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Sendo assim, as seis parcelas de imposto recolhido, de R$ 198,89 cada uma, totalizando R$ 1.193,38, foram compensadas com o imposto lançado. Também o montante do DARF recolhido em 26.10.2007 (fls. 25) foi utilizado para amortizar o imposto lançado sobre a omissão de rendimentos (vide demonstrativo às fls. 47verso). O valor recolhido, contudo, não foi suficiente para quitar o imposto suplementar lançado sobre a omissão de rendimentos tributáveis recebida de Assessoria Técnica e Fiscal Ltda., assim como a respectiva multa de ofício. Em sede de recurso voluntário, o contribuinte manifesta sua inconformidade quanto aos cálculos efetuados, e diz não compreender porque ainda deve recolher uma diferença de imposto e correspondente multa de ofício, já que, a seu ver, está tudo quitado. Primeiramente, observase que, na declaração de ajuste original do exercício 2005, o recorrente havia compensado imposto sobre a renda na fonte a maior. No Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte fornecidos pela Fundação Petrobras de Seguridade Social – Petros, anexados às fls. 64, constatase que o total do imposto retido foi de R$ 4.551,55 (R$ 623,80 + R$ 3.927,75). Todavia, em sua declaração de ajuste original, do exercício 2005, o contribuinte compensou o valor de R$ 4.951,35 (fls. 8), valor este maior do que aquele que havia sido retido. A Fiscalização corrigiu o equívoco e aproveitou, na compensação, somente o valor efetivamente retido pela fonte pagadora (vide fls. 3). Por esse motivo, o valor total pago nas seis quotas de R$ 198,89 (total de R$ 1.193,34) foi insuficiente para quitar todo o imposto a pagar apurado pela Fiscalização em Fl. 91DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 4 decorrência do rendimento recebido da Fundação Petrobras de Seguridade Social – Petros (R$ 1.593,39). Observase que o imposto devido apurado na declaração de ajuste original, de R$ 6.144,73 (fls. 7) é igual àquele apurado pela Fiscalização (fls. 18). A diferença está no valor do imposto a pagar que, na declaração de ajuste, foi de R$ 1.193,38, calculado a menor, pelo contribuinte, em virtude do cômputo do imposto na fonte a maior. Em segundo lugar, temse que o imposto calculado sobre o rendimento omitido no valor de R$ 6.400,00, recebido de Assessoria Técnica e Fiscal Ltda., pela Fiscalização foi de R$ 1.760,00, com multa de 75% sobre esse montante (vide fls. 18). No entanto, o valor recolhido pelo recorrente em 26.10.2007 amortizou somente R$ 473,80 de imposto; as demais parcelas pagas, que somadas ao principal totalizam R$ 821,04, correspondem a multa de ofício proporcional e juros de mora até a data do pagamento (fls. 25 e 47verso). Diante dessas colocações, fica evidenciado que nem todo o valor objeto do lançamento constante deste processo foi efetivamente recolhido, apesar de todos os pagamentos feitos pelo contribuinte terem sido aproveitados, conforme se observa no demonstrativo elaborado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, às fls. 47 verso. Resta ainda um saldo a pagar, conforme calculado. Posto que todos os pagamentos efetuados pelo recorrente foram utilizados para amortizar o imposto sobre a renda de pessoa física e a multa de que trata o presente processo, não merece reforma a decisão a quo. Conclusão Ante todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) _________________________________ Celia Maria de Souza Murphy Relatora Fl. 92DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10805.720867/2013-04
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 13 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO.
Na Declaração de Ajuste Anual poderão ser deduzidas as despesas médicas, de hospitalização, e com plano de saúde referentes a tratamento do contribuinte, de seus dependentes e de seus alimentandos realizadas em virtude de cumprimento de decisão judicial ou de acordo homologado judicialmente, desde que preenchidos os requisitos previstos na legislação de regência.
Numero da decisão: 2002-000.998
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Mônica Renata Mello Fereira Stoll - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: MONICA RENATA MELLO FERREIRA STOLL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. Na Declaração de Ajuste Anual poderão ser deduzidas as despesas médicas, de hospitalização, e com plano de saúde referentes a tratamento do contribuinte, de seus dependentes e de seus alimentandos realizadas em virtude de cumprimento de decisão judicial ou de acordo homologado judicialmente, desde que preenchidos os requisitos previstos na legislação de regência.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
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DEDUÇÃO. Na Declaração de Ajuste Anual poderão ser deduzidas as despesas médicas, de hospitalização, e com plano de saúde referentes a tratamento do contribuinte, de seus dependentes e de seus alimentandos realizadas em virtude de cumprimento de decisão judicial ou de acordo homologado judicialmente, desde que preenchidos os requisitos previstos na legislação de regência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 72 08 67 /2 01 3- 04 Fl. 63DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Notificação de Lançamento (efls. 18/23) lavrada em nome do sujeito passivo acima identificado, decorrente de procedimento de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual do exercício 2009, onde se apurou a Dedução Indevida de Despesas Médicas de R$ 12.115,65. O contribuinte apresentou Impugnação (efls. 02/05), cujas alegações foram resumidas no relatório do acórdão recorrido (efls. 30): quanto ao pagamento à Sul América, aduz que o plano é individual e que, portanto, inexistem outros beneficiários; com relação à Aviccena, diz que apresentou comprovante ao Fisco, que seus pais figuram como beneficiários, que é o único responsável, que não foi observada a proporcionalidade de que trata o art. 83 do Decreto 3.000, de 1999, e que a DMED somente foi instituída pela com a IN RFB nº 985/2009; por fim, requer o acolhimento da impugnação, ou, alternativamente, a proporcionalidade atinente ao plano Aviccena. A Impugnação foi julgada improcedente pela 6ª Turma da DRJ/BSB em decisão assim ementada (efls. 29/33): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. NÃO COMPROVAÇÃO. Mantémse a glosa efetuada quando a dedutibilidade dos valores informados na Declaração de Ajuste Anual não resta comprovada por documentação hábil e idônea. Cientificado do acórdão de primeira instância em 19/08/2015 (efls. 37), o interessado ingressou com Recurso Voluntário em 14/09/2015 (efls. 39/46) com os argumentos a seguir sintetizados. Alega que foram glosadas despesas médicas no importe de R$ 7.136,43 com a Sul América Companhia de Seguro, mas que estas foram devidamente comprovadas por meio do demonstrativo de fls. 14. Entende que a exigência do comprovante com valores discriminados por titular e dependentes é inócua, uma vez que é viúvo e que o plano é individual. Defende que as despesas são comprovadas mediante apresentação de recibo passado pelo credor contendo nome, número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), valor, nome do credor e do devedor, tempo e lugar do pagamento. Se os documentos apresentados preenchem os requisitos previstos na legislação, estes são hábeis à confirmação dos gastos. Apresenta jurisprudência sobre o tema e menciona o disposto no art. 8º da Lei 9.250/95. Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10805.720867/201304 Acórdão n.º 2002000.998 S2C0T2 Fl. 64 3 Voto Conselheira Mônica Renata Mello Fereira Stoll O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Extraise na Notificação de Lançamento que a autoridade fiscal glosou as despesas médicas declaradas para Sul América Companhia de Seguro R$ 7.136,43 e Aviccena Assistência Médica R$ 4.979,22 por não ter o contribuinte, devidamente intimado, apresentado os comprovantes com valores discriminados por beneficiários dos planos de saúde (efls. 20/21). A decisão de piso manteve a infração apurada no lançamento, corroborando as razões expostas pela fiscalização conforme trecho a seguir reproduzido (efls. 32): No que tange ao pagamento declarado à Sul América Companhia de Seguro, R$ 7.136,43, o requerente afirmou tratar se de plano individual e juntou aos autos o demonstrativo de fl. 14. Porém, esse documento não é suficiente para comprovar a dedutibilidade do gasto, pois não discrimina os valores pagos por beneficiário (titular e dependentes) e tampouco evidencia que o interessado é o único beneficiário. Registrese que o notificado, após cientificado do lançamento, poderia ter solicitado demonstrativo mais específico à empresa ou juntado ao processo o contrato firmado, porém nada consta nos autos nesse sentido, de forma que não há como se acolher os argumentos apresentados na peça de defesa. Quanto ao pagamento à Aviccena Assistência Médica, o requerente apresentou como prova o Informe para Imposto de Renda de fl. 13. Porém, além desse documento estar parcialmente ilegível, é possível verificar que também não discrimina os valores pagos por beneficiário (titular e dependentes). Em consequência, a glosa efetuada deve ser mantida. Neste ponto, cabe lembrar que o próprio contribuinte afirmou, na impugnação, que seus pais figuram como beneficiários. Portanto, mesmo sendo o responsável pelo pagamento, não faz jus ao gasto relativo a plano de saúde de não dependentes. Verificase inicialmente que o interessado não apresentou em seu Recurso Voluntário nenhum argumento ou elemento de prova a fim de contestar a glosa da despesa com a Aviccena Assistência Médica, não havendo reparos a serem feitos nesse ponto. Para contrapor as razões trazidas pelo Colegiado a quo o recorrente juntou aos autos, além do demonstrativo da Sul América indicando o total de R$ 7.136,43 pago no ano calendário 2008 a título de seguro saúde (efls. 56), o qual já havia sido anexado à Fl. 65DF CARF MF 4 Impugnação (efls. 14), uma declaração da seguradora confirmando ser ele o único beneficiário do plano no referido período (efls. 55). Assim, suprida a pendência apontada na decisão de piso, não merece prevalecer a glosa dessa despesa. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, darlhe provimento para restabelecer a despesa médica de R$ 7.136,43 com a Sul América. (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll Fl. 66DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.000093/2008-07
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2005
PROCESSO ADMINISTRATIVO E PROCESSO JUDICIAL.
CONCOMITÂNCIA.
A propositura, pelo contribuinte, de ação judicial contra a Fazenda Nacional, antes ou posteriormente ao lançamento, com o mesmo objeto, importa renúncia às instâncias administrativas. Súmula CARF n.° 1.
Numero da decisão: 2101-001.908
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não
conhecer do recurso.
Matéria: IRPF- auto de infração eletronico (exceto multa DIRPF)
Nome do relator: CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY
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CONCOMITÂNCIA. A propositura, pelo contribuinte, de ação judicial contra a Fazenda Nacional, antes ou posteriormente ao lançamento, com o mesmo objeto, importa renúncia às instâncias administrativas. Súmula CARF n.° 1. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) ________________________________________________ LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. (assinado digitalmente) ________________________________________________ CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Gonçalo Bonet Allage, José Raimundo Tosta Santos, Alexandre Naoki Nishioka, e Celia Maria de Souza Murphy (Relatora). Ausente, justificadamente, o conselheiro Gilvanci Antonio de Oliveira Sousa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 00 00 93 /2 00 8- 07 Fl. 345DF CARF MF Impresso em 29/12/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 24/10/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 2 Relatório Trata o presente processo de Notificação de Lançamento contra o contribuinte em epígrafe, por omissão de rendimentos do trabalho e compensação indevida de imposto sobre a renda na fonte. A Fiscalização constatou ter havido omissão de rendimentos do trabalho, sujeitos à tabela progressiva, no valor de R$ 135.693,34 recebidos da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil, bem assim a compensação indevida do imposto sobre a renda retido na fonte, no valor de R$ 2.077,07 pela mesma fonte pagadora. A Fiscalização justifica o lançamento informando que o contribuinte declarou o rendimento como isento, por se considerar anistiado político; no entanto, não apresentou portaria deferindo o regime de substituição previsto na Lei n° 10.559, de 2002. Em 8.1.2008, o contribuinte impugnou o lançamento, argumentando ser anistiado político, com base na Lei n.° 6.683, de 1979 e na Emenda Constitucional n.° 26 sendo, por esse motivo, isento do imposto sobre a renda, nos termos da Lei n.° 10.559, de 2002, regulamentada pelo Decreto n.° 4.897, de 2003, e pela Exposição de Motivos 197 de 8.12.2003. Esclareceu ter impetrado Mandado de Segurança, ao qual foi dado provimento, em Acórdão publicado no Diário de Justiça de 1.6.2007, Seção 2, página 158. Assegurou ter cumprido todas as exigências feitas pela Receita Federal, mas, mesmo assim, seu direito à restituição do imposto sobre a renda não foi reconhecido. A 3.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Brasília (DF) julgou o lançamento procedente em parte, por meio do Acórdão n.º 03 28.135, de 26 de novembro de 2008, que contou com a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. COMPENSAÇÃO DE IMPOSTO RETIDO NA FONTE. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo sujeito passivo. CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. A propositura pelo contribuinte de ação judicial contra a Fazenda Nacional antes ou posteriormente ao lançamento ou à decisão administrativa, com o mesmo objeto, importa renúncia as instâncias administrativas ou desistência de eventual recurso interposto. Lançamento Procedente em Parte Ficou mantida a glosa da compensação de imposto de renda retido na fonte e, no tocante à omissão de rendimentos, a DRJ não conheceu da impugnação. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, no qual repisa os argumentos de impugnação e anexa documentos, dentre quais se incluem cópia da página 158, Seção 2, do Diário da Justiça de 1.6.2007, no qual consta decisão proferida em sede de apelação no Mandado de Segurança n.° 2006.34.00.0208448/DF, que dá provimento ao pleito Fl. 346DF CARF MF Impresso em 29/12/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 24/10/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10166.000093/200807 Acórdão n.º 2101001.908 S2C1T1 Fl. 347 3 do impetrante, Celso Viana de Assis; cópia do Boletim Especial da Justiça Militar n.° 12; cópia de anotações em sua Ficha Funcional do Banco do Brasil S/A; além de decisões do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema da isenção do imposto sobre a renda aos anistiados políticos. Em 6.7.2009, o Serviço de Controle de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais juntou os documentos às fls. 295 a 329, que dizem respeito a Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional no Mandado de Segurança n.° 2006.34.00.0208448/DF e decisão exarada pelo Superior Tribunal de Justiça naqueles autos. Às fls. 332, o contribuinte anexa cópia da página 112 da Seção 1 do Diário Oficial da União de 5.6.2009, na qual consta Portaria do Ministro de Estado da Justiça n.° 1.876, que reconhece a condição de anistiado político de Celso Viana de Assis, nos termos da Lei n.° 10.559, de 2002, além de decisão da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, às fls. 333 a 337. É o Relatório. Voto Conselheira Celia Maria de Souza Murphy A decisão recorrida considerou não impugnada a matéria da compensação do imposto sobre a renda retido na fonte e, no tocante â omissão de rendimentos, reconheceu a concomitância das instâncias judicial e administrativa, não conhecendo do recurso neste ponto. A Relatora do voto condutor da decisão a quo assim fundamentou seu entendimento, verbis: “Com efeito, a coisa julgada a ser proferida no âmbito do Poder Judiciário, jamais poderia ser alterada no processo administrativo, pois tal procedimento feriria a Constituição Federal do Brasil, que adota o modelo de jurisdição una, onde são soberanas as decisões judiciais. Dessa forma, considerase que o contribuinte, ao recorrer à esfera judicial, manifestou sua recusa à instância administrativa, já que a matéria discutida nesta jurisdição é objeto de discussão no Poder Judiciário, o qual tem prevalência sobre a administrativa. Logo, no caso concreto, a autoridade administrativa julgadora está impedida de apreciar o mérito da infração de omissão de rendimentos tratada nos presentes autos.” O lançamento foi julgado procedente em parte, para manter a glosa da compensação de imposto de renda retido na fonte e, no tocante à omissão de rendimentos, o órgão julgador a quo não conheceu da impugnação. Do exame do voto condutor daquela decisão, contudo, observei que não houve qualquer aspecto do lançamento que tenha sido considerado improcedente. Diversamente, o lançamento foi mantido, em sua íntegra, na primeira instância administrativa. Compete ressaltar, todavia, que a incongruência observada não acarretou qualquer prejuízo à Fl. 347DF CARF MF Impresso em 29/12/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 24/10/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 4 defesa, haja vista que, conforme se verá adiante, a matéria discutida neste processo foi integralmente apreciada no âmbito do Poder Judiciário Em sua peça recursal, o recorrente alega receber rendimentos de uma única fonte pagadora e sustenta que, por ser anistiado político, é isento do imposto sobre a renda. Sendo assim, a seu ver, não existe imposto, e, conseqüentemente, impossível qualquer glosa. Pede que se analise a devolução do imposto já recolhido, haja vista que, no mínimo, a partir de 2002, entende estar dispensado de recolher o imposto sobre a renda, fazendo jus à devolução das quantias que lhe foram indevidamente descontadas em seus contracheques desde então. Do exame das peças dos autos do Mandado de Segurança n.° 2006.34.00.0208448/DF, anexadas aos presentes autos, depreendese que o tema que se discute na via judicial engloba a omissão de rendimentos do trabalho, sujeitos à tabela progressiva, recebidos da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil, que é o mesmo que se encontra em debate no presente processo administrativo, conforme se observa do lançamento perpetrado pela Fiscalização, às fls. 131 a 135. A decisão proferida pelo Tribunal Regional Federal da 1.ª Região, em sede de apelação, no Mandado de Segurança nº 2006.34.00.0208448/DF (fls. 46 a 53) espanca qualquer dúvida de que o litígio instaurado no Poder Judiciário versa sobre a incidência ou não do imposto de renda sobre proventos decorrentes de aposentadoria excepcional recebida pelos anistiados políticos. No que tange à glosa da compensação do imposto sobre a renda retido pela fonte pagadora dos rendimentos, ressaltase que, caso o Judiciário entenda que os rendimentos são isentos, decidida estará a discussão quanto à compensação indevida, porque inexiste imposto a ser cobrado. Nesse sentido, compete salientar que, se, na ação judicial, não é expresso o questionamento específico sobre a retenção do imposto na fonte e sua compensação na declaração de ajuste anual do anocalendário, é inegável que este assunto está intrinsecamente relacionado à discussão travada quanto à isenção dos rendimentos do contribuinte. Isto significa dizer que, uma vez decidida a controvérsia a respeito da isenção dos rendimentos de aposentadoria excepcional recebida pelos anistiados políticos, no âmbito do Poder Judiciário, solucionado estará o litígio no tocante à compensação do imposto retido na declaração de ajuste anual correspondente, porque esta questão decorre daquela. Sendo assim, o que se tem é uma discussão única, a caracterizar a concomitância entre a matéria apreciada pelo Judiciário e a matéria em litígio neste processo administrativo. Ocorre que, com o propósito de evitar decisões conflitantes, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais firmou o entendimento no sentido de não ser possível haver a concomitância de apreciação do mesmo tema nas esferas administrativa e judicial, haja vista que, não obstante o que ficar estabelecido no processo administrativo, a decisão do Poder Judiciário há de prevalecer. Por esse motivo, tendo em vista que as decisões judiciais são soberanas, ficou consolidado o entendimento que a propositura, pelo contribuinte, de qualquer medida judicial versando sobre tema discutido também na esfera administrativa importa em renúncia à apreciação administrativa de seu pleito, com conseqüente desistência do recurso interposto.Vejamos o teor da Súmula CARF n.° 1: “Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do Fl. 348DF CARF MF Impresso em 29/12/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 24/10/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10166.000093/200807 Acórdão n.º 2101001.908 S2C1T1 Fl. 348 5 lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.” Nesse ponto, portanto, a decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF) está em perfeita consonância com o posicionamento deste CARF. Diante da constatação de que a matéria em discussão neste processo administrativo foi submetida ao crivo do Poder Judiciário, não se deve conhecer do recurso interposto. Ressaltase, por fim, que a decisão exarada pelo Tribunal Regional Federal da 1.ª Região, nos autos do Mandado de Segurança impetrado pelo recorrente, garantiu ser indevida a incidência do imposto de renda sobre proventos decorrentes de aposentadoria excepcional, recebida pelos anistiados políticos, dado o caráter indenizatório da verba, seja o pagamento efetuado sob a forma de prestação única ou sob a modalidade de prestação mensal continuada. Esse entendimento foi confirmado pela Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, que negou provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, nos termos do voto da Relatora, Ministra Eliana Calmon (fls. 325 e 326). Sendo assim, tendo havido decisão definitiva da controvérsia, no âmbito judicial, é de se retornar os autos à repartição de origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil para o fim de dar cumprimento ao quanto decidido. Conclusão Ante todo o exposto, voto por não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) _________________________________ Celia Maria de Souza Murphy Relatora Fl. 349DF CARF MF Impresso em 29/12/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 24/10/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10166.905070/2015-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2010
COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
O instituto da denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN não pode ser aplicado aos casos de compensação tributária, que depende de posterior homologação, pois não equivalente a um pagamento. Em consequência, mantém-se a multa moratória imposta pela fiscalização
Numero da decisão: 3302-006.660
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado).
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2010 COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. O instituto da denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN não pode ser aplicado aos casos de compensação tributária, que depende de posterior homologação, pois não equivalente a um pagamento. Em consequência, mantém-se a multa moratória imposta pela fiscalização
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DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. O instituto da denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN não pode ser aplicado aos casos de compensação tributária, que depende de posterior homologação, pois não equivalente a um pagamento. Em consequência, mantémse a multa moratória imposta pela fiscalização Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado). (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 90 50 70 /2 01 5- 10 Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10166.905070/201510 Acórdão n.º 3302006.660 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratam os autos de análise da Declaração de Compensação (Dcomp), por intermédio da qual o contribuinte compensou débito(s) próprios, com suposto crédito de pagamento indevido ou a maior. Como resultado da análise foi proferido o Despacho Decisório, que reconheceu integralmente o direito creditório, porém homologou parcialmente a compensação declarada, vez que o crédito indicado revelouse insuficiente para quitar o(s) débito(s) confessado(s), tendo em vista que o contribuinte não considerou a multa de mora incidente em decorrência do atraso na quitação deste(s). Cientificado da decisão o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade, onde argumentou, em síntese, o que segue: Não foi observada a denúncia espontânea estabelecida no art. 138 do Código Tributário Nacional (CTN). Com a transmissão da Dcomp, antecipouse a qualquer procedimento fiscal, declarando e quitando débito não questionado pela Receita Federal, com acréscimo de juros moratórios. Transmitiu a DCTF retificadora onde declara o débito e o pagamento feito via Dcomp; Apresenta sentenças judiciais favoráveis aos Correios em casos análogos. Indica também jurisprudência dos tribunais onde não foi parte. Lista acórdãos das DRJs à época da transmissão da Dcomp, onde é aplicada a Nota Técnica (NT) Cosit nº 01, de 18/01/2012, vez que os Correios se enquadram na situação nela tratada. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pelo colegiado a quo, nos termos do Acórdão nº 11057.706. Irresignado com a decisão da primeira instância administrativa, o recorrente interpôs recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) Em que pese a controvérsia acerca da possibilidade ou não de restar configurada a denúncia espontânea quando a extinção do crédito tributário se dá por compensação, a Receita Federal do Brasil, através da Nota Técnica nº 1 COSIT de 18/01/2012, com fundamento no Ato Declaratório PGFN nº 4 de 2011 e Ato Declaratório PGFN nº 8 de 2011, reconheceu que a declaração de compensação, se atendidos os demais requisitos, poderia caracterizála. E isto porque a compensação ou quaisquer outras formas de adimplemento de obrigação são formas de pagamento que acarretam a extinção da obrigação. Sendo forma de pagamento, a compensação atende às exigências do artigo 138 do CTN; b) A denúncia espontânea exclui a responsabilidade pela infração tributária cometida pelo contribuinte, pressupondo a comunicação pertinente a fato desconhecido por parte do Fisco antes de qualquer iniciativa da Administração Tributária, devendo ser acompanhado do pagamento do tributo e dos juros de mora, se for o caso. A intenção do Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10166.905070/201510 Acórdão n.º 3302006.660 S3C3T2 Fl. 4 3 legislador ao editar a norma não fora outra senão estimular o contribuinte a regularizar a sua situação, recebendo em seu benefício o afastamento da responsabilidade pela infração à legislação tributária. Dessa forma, se o contribuinte antecipase a qualquer procedimento fiscalizatório da administração, efetuando o pagamento dos tributos em atraso e dos juros de mora, não lhe pode ser imposta multa de mora, seja ela punitiva ou moratória. Como os Correios anteciparamse à qualquer procedimento administrativo, fazem jus ao benefício da denúncia espontânea com os consectários do artigo 138, do CTN. Termina o recurso requerendo a vigência e a validade da Nota Técnica Cosit nº 01 ao período em que foi entregue a Dcomp, para fins de reconhecer a configuração da denúncia espontânea de forma que os valores indicados na Dcomp sejam considerados quitados. É o breve relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Deroulede, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Acórdão nº 3302006.586, de 27 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 10166.726132/201600, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão nº 3302006.586): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise do mérito. O cerne da questão está em definir se a compensação se equipara ao pagamento para fins de fruição do benefício da denúncia espontânea. Essa questão foi tratada de forma didática e precisa no Acórdão nº 1402003.600, da lavra do conselheiro Marco Rogério Borges, de forma que peço vênia para utilizar a ratio decidendi daquele acórdão para fundamentar esse, in verbis: Como de costume, o voto da ilustre Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio está muito bem fundamentado. Contudo, este colegiado, após ampla discussão, divergiu do seu entendimento, no tocante à equiparação de compensação à pagamento para fins de constatação de denúncia espontânea, e por consequência da não aplicação do alegado artigo 100 do CTN. Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10166.905070/201510 Acórdão n.º 3302006.660 S3C3T2 Fl. 5 4 O art. 138 do CTN é taxativo na sua disposição que a denúncia espontânea deve ser acompanhada do pagamento do tributo. Não há condições de considerar a compensação como forma de pagamento por se tratar de uma extinção do crédito tributário, pois há outras modalidades de extinção elencados no art. 156 do CTN. Igualmente, não há, até o momento, nenhuma norma no âmbito do Ministério da Fazenda e nem precedente que vincule este Conselho para tal entendimento de se aceitar tal situação. Inclusive, há decisão do E. STJ do tema em sentido contrário ao pleiteado pela recorrente: "AgInt no REsp 1568857/PR AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL 2015/02977680 Relator: Ministro OG FERNANDES Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 16/05/2017 Data da Publicação: DJe 19/05/2017 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. DEFICIÊNCIA NA ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE AO ART. 535 DO CPC/73. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CARACTERIZADA. 1. É deficiente a fundamentação do recurso especial em que a alegação de ofensa ao art. 535 do CPC/73 se faz de forma genérica, sem a demonstração exata dos pontos pelos quais o acórdão incorreu em omissão, contradição ou obscuridade. Aplicase, na hipótese, o óbice da Súmula 284 do STF. 2. A compensação tributária não se equipara a pagamento de tributo para fins de aplicabilidade do instituto da denúncia espontânea regido pelo art. 138 do CTN. Precedentes: EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1.375.380/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe30/11/2016; AgRg no REsp 1.461.757/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17/9/2015; AgRg no AREsp 174.514/CE, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, Dje 10/9/2012. 3. Agravo interno a que se nega provimento. (grifamos) ACÓRDÃO Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10166.905070/201510 Acórdão n.º 3302006.660 S3C3T2 Fl. 6 5 Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente), Francisco Falcão e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. REsp 1657437/RS RECURSO ESPECIAL 2017/00461010 Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 04/04/2017 Data da Publicação: DJe 25/04/2017 EMENTA: TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CONFIGURADA. 1. Hipótese em que o Tribunal local consignou: "o instituto da denúncia espontânea é perfeitamente aplicável aos casos em que o pagamento do tributo é realizado através da compensação" (fl. 665, eSTJ). 2. A Segunda Turma do STJ no julgamento do REsp 1.461.757/RS, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, firmou o entendimento de que "a extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN". 3. Recurso Especial provido.(grifamos) Ou seja, tal decisão segue a linha que difere a situação de pagamento e compensação para fins de reconhecimento da denúncia espontânea. Neste sentido, deve haver a aplicação de multa de mora no caso concreto, o que acarretaria um crédito menor do que o débito declarado/confessado em PER/Dcomp. Seria um caso de imputação proporcional, que está perfeitamente legal, como já emanado no voto vencido do nobre relator. No que tange à eventual aplicação do artigo 100 do CTN ao caso, o caso in concretu apresentado não se configura como denúncia espontânea nos termos do artigo 138 do Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10166.905070/201510 Acórdão n.º 3302006.660 S3C3T2 Fl. 7 6 mesmo CTN, as evocadas Notas Técnicas (NTs), de caráter meramente interpretativo, como bem analisados na decisão a quo, não são aplicáveis. Quando da emissão da NT Cosit nº 01, de 18/01/2012, a qual a recorrente se baseia para ter adotado a postura pleiteada no presente processo, a mesma foi criada com objetivo de orientação internamente a Receita Federal do Brasil, e identificado a sua impropriedade, foi cancelara por meio da NT Cosit nº 19, de 12/06/2012, corrigindoa. Ao transmitir sua Per/Dcomp em 30/05/2012, entre a data de expedição de ambas NTs. não criou uma vinculação nos termos do artigo 100 do CTN, pois as NTs não são atos normativos, e, por consequência, nem houve a prática reiterada pela autoridade administrativa pois não foram direcionadas aos contribuintes, muito menos nem pessoalmente à recorrente. Como salienta a decisão a quo, as NTs não são publicadas no DOU, seja no site da Receita Federal, não tendo alcance para o público externo (no caso, contribuintes). Assim, não podem ser evocadas para a postura adotada pela recorrente. Com base no que fora exposto, entendo que não ocorreu a denúncia espontânea em relação aos débitos julho de 2008 e agosto de 2008, por não terem sido pagos e sim compensados." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede Fl. 111DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.000970/2005-85
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 28/02/1999 a 31/05/2000
RECURSO VOLUNTÁRIO. PRAZO. INTEMPESTIVIDADE. RECURSO NÃO CONHECIDO.
O prazo legal para interposição de Recurso Voluntário é de 30 dias. O Recurso apresentado após o prazo não pode ser conhecido, nos termos dos artigos 33 e 42, I, do Decreto 70.235/72.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 3201-005.286
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, em razão da intempestividade na sua apresentação.
(assinatura digital)
Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício).
(assinatura digital)
Marcelo Giovani Vieira- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisário, Laércio Cruz Uliana Júnior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
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PRAZO. INTEMPESTIVIDADE. RECURSO NÃO CONHECIDO. O prazo legal para interposição de Recurso Voluntário é de 30 dias. O Recurso apresentado após o prazo não pode ser conhecido, nos termos dos artigos 33 e 42, I, do Decreto 70.235/72. Recurso Voluntário Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, em razão da intempestividade na sua apresentação. (assinatura digital) Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisário, Laércio Cruz Uliana Júnior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 09 70 /2 00 5- 85 Fl. 213DF CARF MF 2 Relatório Reproduzo o relatório da primeira instância administrativa: Trata o presente processo de Manifestação de Inconformidade protocolada em 05/06/2006 pelo contribuinte acima identificado (fls. 72 a 78) contra o Despacho Decisório de fls. 62 a 65, proferido pela Dcinf/SPO/Diort, que indeferiu o Pedido de Restituição de COFINS. Conforme se verifica no referido Despacho Dccisório, o contribuinte protocolou Pedido de Restituição, cm 08/06/2005, decorrente dc alegados pagamentos a maior de valores mensais devidos a titulo dc Contribuição o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) para os periodos de apuração compreendidos entre Fevereiro de 1999 a Maio de 2000, conforme planilha apresentada pelo contribuinte supra, arquivada à fl. 30. À fl. 65 o Despacho Dccisório é concluido nos seguintes termos: NÃO RECONHECER qualquer direito creditório oriundo dos pagamentos a maior alegados de fls. 31/39 ou de valores compensados referentes a valores devidos a título de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) para os períodos de apuração de Fevereiro de 1999 a Abril de 2000, visto que para os pagamentos de fls. 37/38, nos termos de art. 168. inciso 1 do Código Tributario Nacional, encontrase extinto o direito a pleitear o suposto indébilo, não es/ando caracterizada. também, a liquidez e certeza do direito creditório alegado no caso do recolhimento de jls. 39, bem como no caso dos supostos valores compensados que alegadamente se configurariam em indéitos. INDEFERIR o Pedido de restituição efetuado à fl. 01, abrangendo os pagamentos/valores supra. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Dccisório em 05/05/2006 (AR de fls. 71), por meio do Comunicado Deinf/SPO/Diort n° 274/2006 (fls. 66), o contribuinte apresentou, em 05/06/2006, a Manifestação de lnconformidade de fls. 72 a 78, acompanhada dos documentos de fls. 79 a 1155. Insurgese a manifestante contra o Despacho Dccisório pelas razões expostas a seguir. A impugnante ressalta que o julgamento de inconstitucionalidade de detenninada exação tributário pelo Pleno do Supremo Tribunal, mesmo com sede em controle difuso de inconstitucionalidade, pode produzir efeito erga omnes, atingindo aqueles que não foram parte do litígio concretamente posto em discussão. O artigo 101 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federa pra expressamente a possibilidade de a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato nonnativo, pronunciada por Fl. 214DF CARF MF Processo nº 16327.000970/200585 Acórdão n.º 3201005.286 S3C2T1 Fl. 3 3 maioria qualificada, aplicar«se aos novos feito submetidos às Turmas ou ao Pleno, conforme, inclusive entendeu o Ministro Sepúlveda Pertence, no julgamento do Recurso Extraordinário n°262.604SP jjuIgado em 19/02/2002. Ainda que assim nao fosse, e patente a possibilidade jurídica do pedido formulado à vista da necessidade de o contribuinte assegurar, tnediante apresentação do pedido administrativo de restituição, o seu direito a restituição dos valores indevidamente recolhidos. Da inexistência de decadência A Primeira Seção do Superior Tribunal de .I ustiea, por ocasião do julgamento do ERESP n°435.835/SC, confirmou o entendimento de que, a partir do 09/06/2005, em razão da entrada em vigor do artigo 3° da Lci Complementar n° 118/2005, o prazo para o contribuinte restituir o montante do tributo recolhido a maior será de 5 (cinco) anos, contados a partir do fato gerador. De acordo com esse precedente, apenas para as demandas ajuizadas até 09/06/2005 será aplicado o entendimento consolidado na jurisprudência daquele Tribunal quanto ao prazo para pleitear a restituição de tributos sujeitos a lançamento por homologação. Tratase do consagrado entendimento dos “cinco mais cinco” que, em realidade implica na possibilidade de restituição de tributos recolhidos indevidamente nos 10 (dez) anos anteriores à propositura da açao. Por todo o exposto, requer a essa autoridade administrativa que sejam reconhecidas as razões da presente manifestação de inconformidade, reformandose a decisão recorrida para que seja reconhecido o direito do credito fiscal, devidamente corrigido monetariamente, a partir da data do pagamento indevido, acrescido de juros moratórios calculados à taxa SELIC, conseqüentemente, deferido o presente pedido de compensação com quaisquer outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, de acordo com a IN/SRF n°460/04. A10ª Turma da DRJ/São Paulo I, por meio do Acórdão 1616.057, de 14/01/2008, decidiu pela improcedência da Manifestação de Incoformidade. Transcrevo a ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Periodo de apuração: 28/02/1999 a 31/05/2000 CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE. Fl. 215DF CARF MF 4 EFEITOS. A decisão exarada pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle difuso de constitucionalidade somente produz efeito entre as partes que compõem o litígio. RESTITUIÇÃO. DECADÊNCIA. O direito de o contribuinte pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente, ou em valor maior do que o devido, extinguese após O transcurso do prazo dc 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do credito tributário. Solicitação lndeferida No Recurso Voluntário, a recorrente reforça os argumentos da Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Relator O Acórdão recorrido (fls. 135 e seguintes) foi cientificado ao contribuinte em 23/01/2008 (fl. 143), uma quartafeira. O prazo para interposição de Recurso Voluntário, de 30 dias (art. 33 do Decreto 70.235/72), esgotouse em 22/02/2008, uma sextafeira (art. 5º do Decreto 70.235/72). O Recurso Voluntário somente foi apresentado em 25/02/2008, segunda feira, conforme atesta o protocolo, fl. 145. Não houve questionamento de tempestividade, e não consta a existência de feriado nacional, estadual ou municipal, ou ausência de funcionamento normal das repartições da Receita Federal, para as datas acima referidas. Tratase, portanto, de recurso intempestivo, que não pode ser conhecido (art. 42, I do Decreto 70.235/72), nos termos rígidos das regras processuais de preclusão temporal a que este órgão administrativo não pode se furtar. Desse modo, voto por não tomar conhecimento do Recurso Voluntário, em vista de sua intempestividade. (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira Relator Fl. 216DF CARF MF Processo nº 16327.000970/200585 Acórdão n.º 3201005.286 S3C2T1 Fl. 4 5 Fl. 217DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.000682/00-78
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1997
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS.
A regra geral prevista na legislação determina que o imposto de renda deve incidir sobre o rendimento bruto percebido pelo contribuinte, assim compreendido todo produto do capital, trabalho ou da combinação de ambos, salvo exceções legais taxativas.
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE.
A DIRF é documento apresentado pela fonte pagadora que tem presunção relativa da antecipação do imposto devido. Assim, cabe ao contribuinte demonstrar que houve qualquer tipo de erro na DIRF.
Numero da decisão: 2002-000.894
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil e Thiago Duca Amoni. Ausente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1997 IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A regra geral prevista na legislação determina que o imposto de renda deve incidir sobre o rendimento bruto percebido pelo contribuinte, assim compreendido todo produto do capital, trabalho ou da combinação de ambos, salvo exceções legais taxativas. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. A DIRF é documento apresentado pela fonte pagadora que tem presunção relativa da antecipação do imposto devido. Assim, cabe ao contribuinte demonstrar que houve qualquer tipo de erro na DIRF.
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A regra geral prevista na legislação determina que o imposto de renda deve incidir sobre o rendimento bruto percebido pelo contribuinte, assim compreendido todo produto do capital, trabalho ou da combinação de ambos, salvo exceções legais taxativas. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. A DIRF é documento apresentado pela fonte pagadora que tem presunção relativa da antecipação do imposto devido. Assim, cabe ao contribuinte demonstrar que houve qualquer tipo de erro na DIRF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil e Thiago Duca Amoni. Ausente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 00 06 82 /0 0- 78 Fl. 79DF CARF MF 2 Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 08 a 13), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu autuação pela omissão de rendimentos recebidos de pessoa física ou jurídica, decorrentes de trabalho com vínculo empregatício e compensação indevida de imposto de renda retido na fonte. Tal omissão gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$7.832,48 acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, às efls. 02 a 10 dos autos, que conforme decisão da DRJ: O contribuinte apresentou em 24/04/2000 a impugnação de fls. 01/06, acompanhada dos documentos de fls. 13/18, alegando, em síntese, que: 1 apresentou o documento de fl. 13, com o intuito de esclarecer a dúvida que gerou o presente lançamento, uma vez que o imposto complementar de R$ 3.313,30, foi retido pela Cooperativa de Profissionais da Saúde — Cooperpas, 2 agiu em conformidade com a lei tributária e foi autuado por aquilo que não teve culpa ou não deu motivo, pois tem cumprido com sua obrigação e declarado todas as informações, nos termos do artigo 34 da Lei n° 9.065/95; 3 entende que o valor retido deveria ser quitado pela fonte pagadora, pois aquele que reteve o imposto e não o transferiu aos cofres públicos, é que deveria ser autuado pelo fisco, no termos do art. 128. do Código Tributário Nacional e por tratar se de uma apropriação indébita; 4 requer o arquivamento do presente auto de infração, sem o seu pagamento, pois não há razão para sua existência; 5 requer ainda provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos e a juntada de novos documentos caso sejam necessários. A impugnação foi apreciada na 5ª Turma da DRJ/SPOII que, por unanimidade, em 19/05/2005, no acórdão 12.397, às efls. 49 a 52, julgou a impugnação improcedente. Recurso voluntário Ainda inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, às efls. 59 a 77 no qual alega, em síntese, que: Fl. 80DF CARF MF Processo nº 13839.000682/0078 Acórdão n.º 2002000.894 S2C0T2 Fl. 80 3 · quanto a omissão de rendimentos a fonte pagadora, Prefeitura do município de São Paulo, informou valores em DIRF, mas não emitiu o informe de rendimentos ao contribuinte. · não pode ser autuado pela desorganização da fonte pagadora; · também houve erro da Cooperativa de Profissionais da Saúde na emissão do informe de rendimentos e também em DIRF; · o recorrente, em sua DAA, informou o valor retido pela cooperativa em campo errado (imposto complementar e não na aba imposto de renda retido na fonte). É o relatório. Voto Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que o contribuinte foi intimado do teor do acórdão da DRJ em 15/06/2005, efls. 55, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 14/07/2005, efls. 59, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Conforme os autos, o lançamento tributário originouse na inclusão de rendimentos omitidos da fonte pagadora Prefeitura Municipal de São Paulo, no importe de R$ 4.621,37, além de dedução indevida de imposto complementar no valor de R$ 3.313,30. A DRJ manteve a autuação pelos seguintes fundamentos: Da análise dos autos, constatase pela DIRF informada pela fonte pagadora fl. 26, que os rendimentos tributáveis no montante de R$ 4.621,37 são provenientes da Prefeitura Municipal de São Paulo, CNPJ n° 46.392.130/000380, e que não foram informados na declaração de ajuste anual apresentada pelo contribuinte. Dessa forma, como o rendimento não constou da declaração apresentada e foi informada em DIRF pela fonte pagadora (fl. 26), resta caracteriza a omissão de rendimentos, razão pela qual não há reparo a ser feito no lançamento. (...) Como se vê, é a retenção do imposto de renda realizada pela fonte pagadora que cria o direito de o contribuinte compensálo com os valores apurados anualmente. 0 contribuinte sofre a incidência do imposto no momento em que recebe o rendimento e é a partir deste instante que nasce o direito de compensálo. Fl. 81DF CARF MF 4 Da análise da documentação trazida aos autos, especialmente a cópia da declaração de ajuste anual do contribuinte (fl. 18) e o informe de rendimentos de 13, concluise que o valor pleiteado deveria ser comprovado pelo recolhimento efetuado e não o foi, posto que a cópia do documento apresentada consta apenas o valor da retenção do imposto e sem o rendimento tributável correspondente, motivo pelo qual a pretensão do impugnante não encontra guarida. Ademais, o relatório da fiscalização (fls.39140) em resposta ao despacho da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas — SP (FL. 28), confirma que em relação ao valor de R$ 3.313,30 compensado pelo contribuinte como imposto complementar, foi informado pela fonte pagadora como imposto retido na fonte (código 0588) e a sua glosa ocorreu devido à ausência de rendimentos tributáveis de pessoa jurídica, consoante informe de rendimentos de fls. 13. A Constituição de 1988, que tem por fundamento basilar o federalismo, criou três entes políticos (União, Estados e Distrito Federal e Municípios) com ampla autonomia, dentre elas a financeira. Desta forma, instituiu competências tributárias aos três entes, rigidamente postas, sobretudo quanto a criação de impostos. Conforme artigo 153 do texto constitucional, compete a União, dentre outros, a instituição do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I importação de produtos estrangeiros; II exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III renda e proventos de qualquer natureza; IV produtos industrializados; V operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI propriedade territorial rural; VII grandes fortunas, nos termos de lei complementar. (...) Segundo define o parágrafo 2º, do supracitado artigo, o imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade. O princípio da generalidade permitirá a efetivação dos princípios da universalidade, pessoalidade e capacidade contributiva, na medida em que atua no critério pessoal do conseqüente da regra matriz de incidência tributária, determinando que todas as pessoas físicas – a integralidade desse universo que esteja no território nacional, que auferir renda e proventos de Fl. 82DF CARF MF Processo nº 13839.000682/0078 Acórdão n.º 2002000.894 S2C0T2 Fl. 81 5 qualquer natureza terá obrigação de efetuar o pagamento do imposto, salvo exceções prevista na própria lei. Já o princípio da universalidade atuará sobre o aspecto material do antecedente da regra matriz de incidência tributária, afinal determina que a incidência do imposto alcançará todas as rendas e proventos, de qualquer espécie, independente da denominação ou fonte. Por fim, o princípio da progressividade também será aplicado sobre o critério quantitativo do conseqüente da rega matriz, nesse caso para a fixação da alíquota do imposto. Tal princípio implicará na incidência gradativa, em percentual maior e, pretensamente de modo progressivo, à medida que se dá o correspondente aumento da base de cálculo do imposto ou acréscimo patrimonial, ou seja, quanto maior o acréscimo patrimonial maior será a alíquota do imposto devido pelo contribuinte. O Imposto de Renda Fonte, nada mais é do que o imposto de renda, cujo recolhimento se da por substituição tributária, de responsabilidade de outro sujeito passivo que não o contribuinte sendo que não há qualquer alteração dos aspectos que compõe a regra matriz de incidência tributária desse imposto. No caso, apesar do sujeito passivo ser representado por pessoa estranha à relação tributária, o que ocorre no IR Fonte é a mera antecipação de pagamento do tributo, cuja responsabilidade pelo recolhimento foi delegada a terceiro em razão da conveniência da Administração Tributária. Para reforçar o entendimento temos o artigo 128 do CTN: Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. Considerando que dever instrumental é mecanismo utilizado para viabilizar a atividade da Administração Pública no interesse da arrecadação ou fiscalização dos tributos, o IR Fonte é um exemplo desse mecanismo, utilizado pelo sujeito passivo para promover uma maior efetividade da arrecadação do imposto. Ainda, o lançamento fiscal é atividade plenamente vinculada à autoridade administrativa que, naquela situação, entenda pela ocorrência do fato gerador da obrigação, tem o dever de ofício de constituiu o crédito tributário, nos termos do artigo 142 do CTN, sob pena de prevaricação. Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria Fl. 83DF CARF MF 6 tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Desta forma, cabe ao contribuinte apresentar documentos e provas de fato impeditivo, modificativo e extintivo do direito da Fazenda de proceder o lançamento, o que não ocorreu nos presentes autos. Assim, correta a decisão de piso. Por fim, às efls. 69 e seguintes há uma exceção de préexecutividade colacionada aos autos de autoria do contribuinte, mas que não há qualquer menção em sede de Recurso Voluntário. Como o processo administrativo fiscal não chegou ao seu trâmite final, impossível que a Fazenda ingresse com execução fiscal em face do contribuinte com base na presente autuação, vez que não há certidão de dívida ativa constituída, titulo que referenda e da azo ao ajuizamento da execução fiscal. Diante do exposto, conheço do presente Recurso Voluntário para, no mérito negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Fl. 84DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13609.000463/2005-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2001
NULIDADE POR ERRO NA ELEIÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. CONTA BANCÁRIA CONJUNTA. NÃO OCORRÊNCIA.
Comprovado que o contribuinte é titular da conta bancária, em conjunto com outrem, e foi devidamente intimado durante a Fiscalização para apresentar informações e documentos hábeis e idôneos, é correta sua sujeição passiva sobre 50% dos depósitos e créditos de origem não comprovada.
Não houve ofensa ao art. 59 do Decreto 70.235/1972.
EQUIPARAÇÃO DE PESSOA FÍSICA À PESSOA JURÍDICA PARA FINS DE TRIBUTAÇÃO. INOVAÇÃO RECURSAL. PRECLUSÃO.
Não há como ser apreciada a preliminar de que a pessoa física deve ser equiparada à pessoa jurídica diante das comprovadas atividades empresariais, uma vez que a matéria não foi aventada em sede de impugnação, além de não apresentar nenhuma prova a corroborar suas alegações de defesa e tampouco se trata de matéria de ordem pública, cognoscível de ofício. Assim, a teor do que dispõe o arts. 15 e 16, inciso III, ambos do Decreto nº 70.235/1972, ocorreu preclusão quanto a matéria em questão.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. COMPROVAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 26.
O artigo 42, da Lei nº 9.430/96, estabeleceu a hipótese da caracterização de omissão de receita com base em movimentação financeira não comprovada. A presunção legal trazida ao mundo jurídico pelo dispositivo em comento torna legítima a exigência das informações bancárias e transfere o ônus da prova ao sujeito passivo, cabendo a este prestar os devidos esclarecimentos quanto aos valores movimentados. A presunção estabelecida no art. 42 da lei nº 9.430/96 dispensa o fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada alegações não comprovadas, nos termos da SÚMULA CARF Nº 26. Argumentações com ausência de prova enseja o indeferimento da pretensão, haja vista a impossibilidade de se apurar a veracidade das alegações. É mister destacar que alegações genéricas e desacompanhadas de provas não têm o condão de afastar os lançamentos, pois compete ao sujeito passivo o ônus da prova no tocante a fatos impeditivos, modificativos e extintivos da pretensão do fisco, como regra geral disposta no art. 373, II, do Código de Processo Civil.
JUROS. TAXA SELIC. LEGITIMIDADE.
Súmula CARF n° 04: A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Numero da decisão: 2401-006.212
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier (Presidente), Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite, Rayd Santana Ferreira e Marialva de Castro Calabrich Schlucking.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2001 NULIDADE POR ERRO NA ELEIÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. CONTA BANCÁRIA CONJUNTA. NÃO OCORRÊNCIA. Comprovado que o contribuinte é titular da conta bancária, em conjunto com outrem, e foi devidamente intimado durante a Fiscalização para apresentar informações e documentos hábeis e idôneos, é correta sua sujeição passiva sobre 50% dos depósitos e créditos de origem não comprovada. Não houve ofensa ao art. 59 do Decreto 70.235/1972. EQUIPARAÇÃO DE PESSOA FÍSICA À PESSOA JURÍDICA PARA FINS DE TRIBUTAÇÃO. INOVAÇÃO RECURSAL. PRECLUSÃO. Não há como ser apreciada a preliminar de que a pessoa física deve ser equiparada à pessoa jurídica diante das comprovadas atividades empresariais, uma vez que a matéria não foi aventada em sede de impugnação, além de não apresentar nenhuma prova a corroborar suas alegações de defesa e tampouco se trata de matéria de ordem pública, cognoscível de ofício. Assim, a teor do que dispõe o arts. 15 e 16, inciso III, ambos do Decreto nº 70.235/1972, ocorreu preclusão quanto a matéria em questão. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. COMPROVAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 26. O artigo 42, da Lei nº 9.430/96, estabeleceu a hipótese da caracterização de omissão de receita com base em movimentação financeira não comprovada. A presunção legal trazida ao mundo jurídico pelo dispositivo em comento torna legítima a exigência das informações bancárias e transfere o ônus da prova ao sujeito passivo, cabendo a este prestar os devidos esclarecimentos quanto aos valores movimentados. A presunção estabelecida no art. 42 da lei nº 9.430/96 dispensa o fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada alegações não comprovadas, nos termos da SÚMULA CARF Nº 26. Argumentações com ausência de prova enseja o indeferimento da pretensão, haja vista a impossibilidade de se apurar a veracidade das alegações. É mister destacar que alegações genéricas e desacompanhadas de provas não têm o condão de afastar os lançamentos, pois compete ao sujeito passivo o ônus da prova no tocante a fatos impeditivos, modificativos e extintivos da pretensão do fisco, como regra geral disposta no art. 373, II, do Código de Processo Civil. JUROS. TAXA SELIC. LEGITIMIDADE. Súmula CARF n° 04: A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
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CONTA BANCÁRIA CONJUNTA. NÃO OCORRÊNCIA. Comprovado que o contribuinte é titular da conta bancária, em conjunto com outrem, e foi devidamente intimado durante a Fiscalização para apresentar informações e documentos hábeis e idôneos, é correta sua sujeição passiva sobre 50% dos depósitos e créditos de origem não comprovada. Não houve ofensa ao art. 59 do Decreto 70.235/1972. EQUIPARAÇÃO DE PESSOA FÍSICA À PESSOA JURÍDICA PARA FINS DE TRIBUTAÇÃO. INOVAÇÃO RECURSAL. PRECLUSÃO. Não há como ser apreciada a preliminar de que a pessoa física deve ser equiparada à pessoa jurídica diante das comprovadas atividades empresariais, uma vez que a matéria não foi aventada em sede de impugnação, além de não apresentar nenhuma prova a corroborar suas alegações de defesa e tampouco se trata de matéria de ordem pública, cognoscível de ofício. Assim, a teor do que dispõe o arts. 15 e 16, inciso III, ambos do Decreto nº 70.235/1972, ocorreu preclusão quanto a matéria em questão. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. COMPROVAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 26. O artigo 42, da Lei nº 9.430/96, estabeleceu a hipótese da caracterização de omissão de receita com base em movimentação financeira não comprovada. A presunção legal trazida ao mundo jurídico pelo dispositivo em comento torna legítima a exigência das informações bancárias e transfere o ônus da prova ao sujeito passivo, cabendo a este prestar os devidos esclarecimentos quanto aos valores movimentados. A presunção estabelecida no art. 42 da lei nº 9.430/96 dispensa o fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada alegações não AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 9. 00 04 63 /2 00 5- 97 Fl. 379DF CARF MF 2 comprovadas, nos termos da SÚMULA CARF Nº 26. Argumentações com ausência de prova enseja o indeferimento da pretensão, haja vista a impossibilidade de se apurar a veracidade das alegações. É mister destacar que alegações genéricas e desacompanhadas de provas não têm o condão de afastar os lançamentos, pois compete ao sujeito passivo o ônus da prova no tocante a fatos impeditivos, modificativos e extintivos da pretensão do fisco, como regra geral disposta no art. 373, II, do Código de Processo Civil. JUROS. TAXA SELIC. LEGITIMIDADE. Súmula CARF n° 04: A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier – Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier (Presidente), Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite, Rayd Santana Ferreira e Marialva de Castro Calabrich Schlucking. Relatório Tratase de auto de infração de fls. 303/309, lavrado para a exigência de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (“IRPF”), acrescido de juros de mora e multa proporcional de 75%, referente ao anocalendário de 2001, com fundamento em omissão de rendimentos, caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, conforme identificado no Termo de Verificação Fiscal de fls. 287/302. Devidamente cientificado do lançamento o Contribuinte apresentou impugnação tempestiva em 14/06/2005 (fls. 315/324), alegando, em síntese: preliminar de Fl. 380DF CARF MF Processo nº 13609.000463/200597 Acórdão n.º 2401006.212 S2C4T1 Fl. 3 3 nulidade do Auto de Infração por erro na sujeição passiva e por erro na apuração do IRPF, que deveria ser mensal ao invés de anual; no mérito, combate a omissão de rendimentos. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília lavrou Decisão Administrativa contextualizada no Acórdão nº 0222.367 da 5ª Turma da DRJ/BHE, às fls. 340/357, rejeitando a preliminar e julgando improcedente a impugnação, para manter a íntegra da autuação fiscal. Recordese: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2001 NULIDADE. Inexistindo incompetência ou preterição do direito de defesa, não há como alegar a nulidade do lançamento. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. PROVA E ATIVIDADE VINCULADA. Sendo o ônus da prova, por presunção legal, do contribuinte, cabe a ele a comprovação da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários. A atividade administrativa, sendo plenamente vinculada, não comporta apreciação discricionária no tocante aos atos que integram a legislação tributária. Lançamento Procedente Inconformado com a decisão exarada pelo órgão julgador a quo, o Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 09/07/2009 (às fls. 362/376), argumentando o que segue: a) preliminarmente, que seja declarada a indevida eleição do sujeito passivo porque o § 6° do artigo 42 da Lei 9.430/06 não estava em vigor; b) preliminarmente, reconhecer que a exigência do imposto e encargos apurados no auto de infração não são aplicáveis ao contribuinte, pessoa física, dada às características de pessoa jurídica largamente demonstradas, tornando insubsistente o Auto de Infração; c) se ultrapassada essas preliminares, o que se admite para argumentação, que sejam decotados da cobrança os juros de mora sobre a multa de ofício; Fl. 381DF CARF MF 4 d) seja considerado o valor de R$ 330.000,00, constante da declaração do anocalendário de 2001 do Sr. Ivan França Costa, para comprovação de depósitos; e) sejam considerados os depósitos efetuados pelo contribuinte comprovados através dos boletos, planilhas, declarações de rendimentos e demais documentos acostados como regulamente comprovados, restando a tributação do rendimento demonstrado pelo contribuinte, excluindoos da tributação da pessoa física; f) restará à tributação tão somente aqueles que, eventualmente, não tenham sido comprovados. Se estes forem inferiores a R$80.000,00 no ano, que sejam considerados não tributáveis face ao inciso II, do artigo 42, da Lei 9.430/96, com a redação dada pela Lei 9.481/97. É o relatório. Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa – Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O Recorrente foi cientificado da r. decisão em debate no dia 09/06/2009, conforme AR de fl. 361, e o presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, no dia 09/07/2009 (fls. 362/376), razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. DAS PRELIMINARES a) Nulidade – Eleição indevida do sujeito passivo O Recorrente alega às fls. 363/365 que teria havido erro em sua sujeição passiva, na medida em que a imputação de 50% dos depósitos bancários efetuados na conta corrente n° 12978, cuja titularidade alega ser do Sr. Ivan França Costa, não estava prevista em lei. À época, o §6° do art. 42 da Lei 9.730/1996, que prevê tal questão, ainda não existia e, desse modo, não poderia ser aplicada ao caso concreto. E prossegue: Com referência ao recorrente, a introdução do §6° do art. 42 da Lei 9.730/1996 trouxe um fato absolutamente novo no AC 2001, ao estender ao 2° usuário da conta corrente, os gravames atribuídos ao primeiro usuário, verdadeiro titular da conta corrente. Fl. 382DF CARF MF Processo nº 13609.000463/200597 Acórdão n.º 2401006.212 S2C4T1 Fl. 4 5 Com efeito, afirma que o legislador não teria conferido caráter interpretativo ao art. 58 da Lei n° 10.637, que introduziu o aludido §6° no art. 42 da Lei 9.730/1996, não sendo possível ao Fisco ampliar os efeitos para fatos anteriores e imputar esta responsabilidade ao Recorrente. Assim, alega que a Fiscalização “deveria perquirir quem era o verdadeiro titular da conta corrente e efetuar o lançamento unicamente contra esta pessoa que, digase de passagem, é o Sr. Ivan França Costa.”. E complementa que apenas serviu como um soldado ao seu general, sendo mero subordinado do Sr. Ivan França Costa, gozando de extrema confiança deste, de forma que a conta era mantida em conjunto entre eles, e o Recorrente representava / ajudava nos negócios do Sr. Ivan França Costa. O Sr. Ivan exercia a função de “factor”, dando apoio financeiro às pessoas físicas e jurídicas de seu relacionamento, emprestando valores para reembolso futuro e com acréscimo de juros. Isto, segundo o Recorrente, sem atender às formalidades de declaração de contribuinte individual equiparado à pessoa jurídica, e sem registro no CNPJ. E conclui o Recorrente à fl. 365: Nesta ordem de idéias, provada que a titularidade da conta pertencia de fato somente ao Sr. Ivan França Costa e que na época a legislação não permitia a tributação de responsabilidade mediante mera divisão da tributação entre os titulares de conta conjunta, revelase errada a eleição do sujeito passivo, devendo assim ser declarado No entanto, não merecem guarida os argumentos do Recorrente. Em verdade, consta às fls. 287/302 que o Recorrente é titular da conta corrente nº 129878 e realizou movimentações financeiras. Em sendo assim, certo é a aplicação da presunção de renda e rendimentos ao caso concreto. Ademais, quanto à divisão dos valores para os titulares de conta conjunta, prevista no §6° no art. 42 da Lei 9.730/1996, o Recorrente aduz que tal determinação foi introduzida no ordenamento jurídico pátrio tão somente com a edição da Lei nº 10.637, de 2002, posteriormente à ocorrência dos fatos geradores. Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (...) § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante Fl. 383DF CARF MF 6 divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. O referido artigo dispôs o limite de 50% (cinquenta por cento), definindo a responsabilização do contribuinte nos casos de manter contas bancárias conjuntas. Ocorre que a norma jurídica do § 6º possui nítido caráter interpretativo, nos termos do inciso I do art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), com viés de esclarecimento a respeito da tributação da presunção da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, quando a conta bancária possui mais de um titular cadastrado na instituição financeira: Art. 106 A lei aplicasea ato ou fato pretérito: I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; À vista disso, o acréscimo do § 6º no art. 42 não atrai o efeito prospectivo da norma tributária, na medida em que não chegou a acarretar inovação no ordenamento jurídico, muito menos suprimiu direitos dos contribuintes. Dessa forma, a fiscalização tributou de forma razoável e proporcional 50% dos depósitos como rendimentos tributáveis omitidos individualmente, restando assim incólume o lançamento perfectibilizado contra o Recorrente. Ademais, também não há de se falar em nulidade do auto de infração porque não ocorreu no caso em apreço nenhuma das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1996, que autorize tal declaração. Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. Portanto, foi acertada a imputação do Recorrente como sujeito passivo da obrigação tributária ora em vergasta, sendo plenamente cabível a aplicação do § 6º no art. 42 da Lei 9.430/1996 diante de seu cunho interpretativo. Assim, tendo em vista que não ocorreu qualquer violação ao art. 59 do Decreto 70.235/1972, rejeito a presente preliminar de nulidade. Fl. 384DF CARF MF Processo nº 13609.000463/200597 Acórdão n.º 2401006.212 S2C4T1 Fl. 5 7 b) EQUIPARAÇÃO DE PESSOA FÍSICA À PESSOA JURÍDICA – TRIBUTAÇÃO PELO IRPJ Mais à frente, às fls. 366/369, o Recorrente argumenta em preliminar que o Sr. Ivan França Costa demonstrou de forma clara sua condição de “empresa individual”, nos termos do art. 150, inciso II, do RIR/1999, devendo ser conhecido de ofício como atividade empresarial e sendo autorizada a equiparação da pessoa física a pessoa jurídica, colacionando acórdãos do Conselho de Contribuintes neste sentido e afirmando ser de observância obrigatória este preceito, decorrente de lei. Alega ainda que o nível de atividades bancárias com depósitos, cheques devolvidos, cheques reapresentados, são inerentes das atividades de uma factoring, passível de tributação pelo IRPJ. Nessa linha, defende que o Fisco deveria direcionar a tributação para descaraterização da pessoa física, enquadrando o contribuinte como pessoa jurídica e então tributála com base no lucro real se entender presentes os elementos aptos à exigência ou, caso não estejam, realizar o arbitramento do lucro, já que a receita poderia ser conhecida por meio dos boletos colacionados aos autos. Com efeito, pleiteia o Recorrente o reconhecimento de que a exigência do imposto e encargos apurados no auto de infração não são aplicáveis ao contribuinte, pessoa física, dada às características de pessoa jurídica largamente demonstradas, tornando insubsistente o Auto de Infração. Todavia, não deve ser conhecida esta discussão porque o Recorrente deixou de aventála em sua Impugnação e, por conseguinte, a matéria não foi analisada na decisão recorrida. Em adição, tal matéria: a) não versa sobre fato ou direito superveniente; b) não visa combater fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos; e c) tampouco é matéria de ordem pública, cognoscível a qualquer tempo. Diante destas razões, entendo que precluiu o direito de o Recorrente a alegar, nos termos do arts. 15 e 16, inciso III, ambos do Decreto nº 70.235/1972. 3. DO MÉRITO a) OMISSÃO DE RENDIMENTOS Inicialmente, à fl. 369, o Recorrente requereu sejam aceitas as provas apresentadas no Processo Administrativo n° 13609000464/200531, do Sr. Ivan França Costa, em nome da economia processual e tendo em vista que as razões preliminares e de mérito são idênticas (salvo o que se refere à atividade rural). Além disso, alegou às fls. 372/375 que prestou os devidos esclarecimentos à Fiscalização, juntamente com o Sr. Ivan França Costa, e informou que este “costumeiramente, pessoalmente, de forma informal, emprestava recursos próprios a terceiros, pessoas físicas ou jurídicas, mediante remuneração do seu capital, garantido por cheques dos mutuários”. Assim, arguiu que tal atividade era executada com a simples troca de um cheque do contribuinte, por outro prédatado, do mutuário, ou de seus clientes, acrescido de juros, para vencimento em dia D+ (dias do empréstimo), e, dada a garantia do cheque e a informalidade do negócio, não se cogitava da elaboração de contrato. Fl. 385DF CARF MF 8 Em complemento, afirmou que tal atividade estaria clara a partir dos “boletos que serviam para seu controle, demonstrando seu rendimento e a correspondência com os depósitos efetuados no decorrer do AC 2001, conforme planilhas anexadas (Anexo I – fls. 74 a 85) que relaciona a atividade do contribuinte com a de factoring. A fiscalização, no entanto, quedouse inerte e constituiu o crédito tributário sem efetuar qualquer verificação complementar”. E, desta forma, defendeu que devem ser considerados os depósitos efetuados pelo contribuinte comprovados através dos boletos, planilhas, declarações de rendimentos e demais documentos acostados como regulamente comprovados, restando a tributação do rendimento demonstrado pelo contribuinte, excluindoos da tributação da pessoa física. Contudo, não merece respaldo este entendimento do Recorrente. A Fiscalização apurou que a conta n° 12978, na agência n° 3175 da Cooperativa de Crédito Rural de Sete Lagoas Ltda., é mantida em conjunto com o Sr. Ivan França Costa e o Recorrente., razão pela qual imputou ao Recorrente a responsabilidade sobre 50% dos valores questionados nesta conta bancária, ora em exigência por meio do presente Processo Administrativo Fiscal (“PAF”) de n° 13609.000463/200597, enquanto os demais créditos estão sendo exigidos do Sr. Ivan França Costa no PAF de n° 13609000464/200531. Assim, temse a ocorrência de uma mesma fiscalização que analisou documentos em comum, apresentados pelo Recorrente e a grande maioria pelo Sr. Ivan, ensejando exigências distintas e dois PAFs que não estão em apenso. Diante disto, serão consideradas todas as provas colacionadas no presente feito e as conclusões presentes no Termo de Verificação Fiscal de fls. 287/302, no qual está constatada a exclusão da base de cálculo dos depósitos abaixo de R$ 1.000,00 e dos cheques devolvidos debitados na conta. Aqui, destacase que já foi observada a norma prevista no art. 42, inciso II, da Lei n° 9.430/1996 cuja aplicação foi requerida pelo Recorrente, não restando outros valores individuais iguais ou inferiores a R$ 1.000,00. A tributação da omissão de rendimentos provenientes de depósitos bancários de origem não comprovada tem como supedâneo o art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Com efeito, tratase de uma presunção legal de omissão de rendimentos que ocorrerá sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. Presunção esta relativa, que pode ser infirmada por prova em contrário apresentada pelo contribuinte, o qual possui a incumbência de elidir a imputação, mediante a comprovação da origem dos recursos, já que a própria lei define os depósitos bancários de origem não comprovada como omissão de receita ou de rendimentos. Outra questão relevante sobre o tema é que a comprovação da origem dos recursos deve ser individualizada, ou seja, há que existir correspondência de datas e valores constantes da movimentação bancária, a fim de que se tenha certeza inequívoca da procedência Fl. 386DF CARF MF Processo nº 13609.000463/200597 Acórdão n.º 2401006.212 S2C4T1 Fl. 6 9 dos créditos movimentados, consoante o §3º do art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Assim, não é preciso a coincidência absoluta entre os dados, mas os valores auferidos devem corresponder aos depósitos efetuados nas contas, para fins de provas robustas da origem do recurso. Inclusive, este E. Conselho já sumulou o assunto no sentido de que o Fisco não precisa comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada, prevalecendo a presunção legal do art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Súmula CARF nº 26 A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Nesta linha, tendo em vista a presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, cabe ao contribuinte demonstrar, por meio de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos questionados – o que não ocorreu no caso em apreço. A listagem dos depósitos bancários cuja origem é questionada estão listados mês a mês às fls. 291/301 e foram resumidas no quadro presente à fl. 301. Ao longo da Fiscalização, foram juntados os seguintes documentos: Declaração de ajuste anual simplificada do anocalendário de 2001 (fls. 7/8), extratos da conta bancária (fls. 15/167), “boletos” e planilhas demonstrativas da conta n° 1297/8 (sem identificar o beneficiário) de fls. 234/271. A despeito desta documentação apresentada, temse que não é possível correlacionála de forma clara e objetiva com os depósitos cujas origens estão sendo questionadas no presente caso e tampouco o Recorrente ousou fazêlo em sua defesa, articulando os referidos valores com suas respectivas origens e saídas. Em verdade, o Recorrente se pautou em combater a invalidade da imputação da presunção legal de omissão de rendimentos, mas não fez provas do contrário. Ora, certo é que as alegações apresentadas pelo Recorrente devem vir acompanhadas das provas documentais correspondentes, especialmente para combater uma presunção legal (relativa) como a do presente feito, não sendo suficiente juntar documentos aleatórios, sem a devida correlação com os fatos geradores tributários. Argumentações com ausência de prova enseja o indeferimento da pretensão, haja vista a impossibilidade de se apurar a veracidade das alegações. É mister destacar que alegações genéricas e desacompanhadas de provas não têm o condão de afastar os lançamentos, pois compete ao sujeito passivo o ônus da prova no tocante a fatos impeditivos, modificativos e extintivos da pretensão do fisco, como regra geral disposta no art. 373, II, do Código de Processo Civil. Portanto, resta demonstrada a ocorrência do fato gerador in casu, qual seja, a aquisição de disponibilidade de renda pelo Recorrente representada pelos recursos que ingressaram em seu patrimônio, por meio de depósitos ou créditos bancários cuja origem não foi esclarecida, consoante o art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Outra alegação do Recorrente é para ser considerado o valor de R$ 330.000,00 constante na Declaração de Imposto de Renda do Sr. Ivan França Costa, para fins de exclusão do IRPF do anocalendário de 2001 e comprovação de depósitos. No entanto, Fl. 387DF CARF MF 10 novamente, a arguição do Recorrente é desacompanhada de elementos probatórios da origem deste rendimento do Sr. Ivan, não podendo correlacionalo com os valores autuados. Destarte, mantenho a presunção legal prevista no art. 42 da Lei nº 9.430/1996, para fins de comprovação da omissão de rendimentos. b) APLICAÇÃO DA TAXA SELIC O Recorrente afirma às fls. 370/371 que não há previsão legal para a aplicação da taxa Selic sobre a multa de ofício, mas tão somente sobre os tributos e as contribuições administradas pela RFB. Neste sentido, requereu fosse decotado da cobrança os juros de mora sobre a multa de ofício. No entanto, também não merece guarida a argumentação da Recorrente, uma vez que esta discussão já foi resolvida e está inclusive sumulada neste Conselho. A utilização da Taxa SELIC para atualizações e correções dos débitos apurados está prevista no art. 34, da Lei n° 8.212/91, sendo que sua incidência sobre débitos tributários foi pacificada, conforme Súmula CARF n° 04, vejase: Súmula CARF nº 4. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). Por essas razões, afasto a pretensão recursal a respeito da impossibilidade de aplicação da Taxa SELIC para o cálculo do IRPF do anocalendário de 2001. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 388DF CARF MF Processo nº 13609.000463/200597 Acórdão n.º 2401006.212 S2C4T1 Fl. 7 11 Fl. 389DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10735.903535/2009-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3302-001.090
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do relator, vencido o Conselheiro Walker Araújo que negava provimento ao recurso voluntário
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho
Presidente Substituto e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
RELATÓRIO
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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RELATÓRIO Trata o presente processo de apreciação de compensação declarada no PER/DCOMP, de crédito de contribuições que teria sido recolhido a maior, com débito(s) da própria interessada. A unidade de jurisdição não reconheceu o direito creditório pleiteado, conforme Despacho Decisório que instrui os autos. Cientificada do despacho e da cobrança do débito declarado no PER/DComp, a interessada apresentou a manifestação de inconformidade, na qual alega que: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 07 35 .9 03 53 5/ 20 09 -4 0 Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10735.903535/200940 Resolução nº 3302001.090 S3C3T2 Fl. 3 2 Na base de cálculo do valor originalmente apurado estavam incluídos os valores relativos às comissões das vendas diretas realizadas pela Volkswagen do Brasil; Nas vendas diretas feitas pela Volkswagen do Brasil diretamente ao comprador, o Concessionário, no caso a TRÊS RIOS AUTOMÓVEIS S.A., recebe uma comissão por ser intermediário na operação de venda; Tratase de uma "prestação de serviços", na qual é exigida a emissão de Nota Fiscal de Serviços. Tal receita é contabilizada como "receita operacional por venda de serviços". Nesta condição, como a comissão é inferior a 9% (nove por cento), para efeito de PIS e COFINS, a tributação se dá pela alíquota zero; A fundamentação legal é a Lei n° 10.485 de 03.07.2002 (D.O.U.: 04.07.2002); Constatada a diferença na determinação da base de cálculo, foi apresentada DACON retificadora. Cabe ressaltar que não foi possível fazer a retificação da DCTF, porque o programa acusava erro quando era informado um valor diferente de débito para um pagamento a maior. Face ao exposto, a Impugnante apresenta seu pedido para que essa Delegacia de Julgamento reconheça seu direito ao crédito e declare homologada a compensação declarada. A 17ª Turma da DRJ Rio de Janeiro (RJ) julgou a manifestação de inconformidade improcedente, conforme acórdão acostado aos autos, cuja ementa é parcialmente transcrita a seguir: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ALEGAÇÃO SEM PROVAS. Cabe ao contribuinte no momento da apresentação da manifestação de inconformidade trazer ao julgado todos os dados e documentos que entende comprovadores dos fatos que alega. Manifestação de Inconformidade Improcedente Irresignado com a decisão da primeira instância administrativa, o recorrente interpôs recurso voluntário ao CARF, no qual reproduz os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade e solicita a possibilidade de juntada de novos documentos no prazo de 60 dias. Termina petição recursal requerendo o provimento do recurso voluntário para fins de que seja reconhecido o direito creditório e integralmente homologada a compensação declarada. Posteriormente, dentro do prazo requerido, apresentou os documentos: que solicita sejam analisados. Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10735.903535/200940 Resolução nº 3302001.090 S3C3T2 Fl. 4 3 É o breve relatório. VOTO Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3302001.089, de 24 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 10735.903534/200903, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3302001.089): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise do mérito. A instância a quo, utilizou como razão de decidir a falta de provas do direito creditório, de acordo com trecho do voto condutor do acórdão recorrido, verbis: No caso em tela, o contribuinte deveria apresentar ao Fisco os comprovantes fiscais e contábeis – documentos de arrecadação e livros fiscais e contábeis – relativos ao crédito pleiteado, sob pena de seu suposto direito não poder ser exercido por falta de requisito fático, que é a liquidez e certeza deste. Em vez de comprovar como apurou o novo valor devido do(a) Cofins em ago/05, o interessado limitouse a afirmar que efetuou pagamento indevido, sem demonstrar contabilmente como teria sido apurado este novo valor, o que deveria ter feito. O recorrente, em sede de recurso voluntário, também não apresentou um único documento que comprovasse seu direito creditório, apenas solicitou o prazo de 60 dias para apresentar os documentos. Dentro dos 60 dias solicitados no recurso voluntário, o recorrente apresentou petição requisitando a análise dos seguintes documentos: termo de abertura e encerramento do livro 00007, folhas 32/134 do balancete analítico do período 09/2005e o comprovante de recolhimento no valor de R$ 9.278,00. A questão que surge está ligada ao direito de apresentação de documentos a qualquer momento processual em nome da verdade material. Entendo que depende do tipo de processo que está em análise. Nos casos de procedimentos referentes a despacho eletrônico de pedido de restituição, onde o sujeito passivo não é intimado pela unidade preparadora para prestar informações jurídicas acerca do crédito requisitado, o primeiro momento que ele tem para se pronunciar sobre questões de direito é na manifestação de inconformidade. Porém, nem Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10735.903535/200940 Resolução nº 3302001.090 S3C3T2 Fl. 5 4 todo patrono é operador do direito ou está familiarizado com a instrução probatória, podendo deixar de providenciar documentos relevantes, pelo simples fato de desconhecer sua importância. Por esse motivo, se o sujeito passivo não se manteve inerte, buscando sempre participar da instrução probatória, não vejo motivos para negar a apreciação de documentos acostados aos autos no momento da interposição do recurso voluntário. Acontece que nem na manifestação de inconformidade, nem no recurso voluntário, o recorrente apresentou documentos que comprovassem as questões de direito por ele alagadas que embasariam seu indébito tributário. Posteriormente, conforme já mencionado, foram acostados aos autos documentos que embasariam seu pedido de restituição. Ocorre que os documentos acostados, caso autênticos, podem sugerir que o sujeito passivo efetuou recolhimentos indevidos. Não posso deixar de admitir que os fatos produzidos extemporaneamente geraram grande dúvida, o que impossibilita meu julgamento nesta assentada. Consoante noção cediça, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias, é a literalidade do art. 29 do Decreto nº 70.235/72. Assim, entendo que as alegações e as provas produzidas pelo recorrente nesta fase recursal devem ser analisadas com mais profundidade pela Unidade Preparadora nos termos do Parecer Cosit n° 02/2015. Pelo exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que o órgão de origem avalie a autenticidade dos documentos acostados após a interposição do recurso voluntário, analise a existência do indébito tributário e, caso exista, se foi utilizado em outro pedido de restituição ou de compensação. Após sanadas essas dúvidas, que seja elaborado relatório fiscal, facultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre os resultados obtidos, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. Posteriormente aos procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual." Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência para que órgão de origem avalie a autenticidade dos documentos acostados após a interposição do recurso voluntário, analise a existência do Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10735.903535/200940 Resolução nº 3302001.090 S3C3T2 Fl. 6 5 indébito tributário e, caso exista, se foi utilizado em outro pedido de restituição ou de compensação. Após sanadas essas dúvidas, que seja elaborado relatório fiscal, facultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre os resultados obtidos, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. Posteriormente aos procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 117DF CARF MF
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Numero do processo: 19679.010125/2005-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
DENÚNCIA ESPONTA^NEA. COMPENSAÇA~O.
A regular compensação realizada pelo contribuinte é meio hábil para a caracterização de denúncia espontânea, nos termos do art. 138 do CTN, cuja eficácia normativa não se restringe ao adimplemento em dinheiro do débito tributário.
Numero da decisão: 1301-003.791
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencido os Conselheiros Nelso Kichel (Relator), Roberto Silva Junior e Giovana Pereira de Paiva Leite que votaram por lhe negar provimento. Designado o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto para redigir o voto vencedor. O Conselheiro Roberto Silva Junior manifestou interesse em apresentar declaração de voto.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto- Presidente.
(assinado digitalmente)
Nelso Kichel- Relator.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente).
Nome do relator: NELSO KICHEL
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MULTA MORATÓRIA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA Recorrente PARTICIPAÇÕES MORRO VERMELHO S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. COMPENSAÇÃO. A regular compensação realizada pelo contribuinte é meio hábil para a caracterização de denúncia espontânea, nos termos do art. 138 do CTN, cuja eficácia normativa não se restringe ao adimplemento em dinheiro do débito tributário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencido os Conselheiros Nelso Kichel (Relator), Roberto Silva Junior e Giovana Pereira de Paiva Leite que votaram por lhe negar provimento. Designado o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto para redigir o voto vencedor. O Conselheiro Roberto Silva Junior manifestou interesse em apresentar declaração de voto. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 67 9. 01 01 25 /2 00 5- 16 Fl. 421DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 422 2 (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Relatório Tratase do Recurso Voluntário (efls. 298/310) em face do Acórdão da DRJ/Belo Horizonte (efls. 287/291) que julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, denegando o direito creditório pleiteado. Quanto aos fatos, consta dos autos: que, 13/09/2005, a contribuinte protocolizou Pedido de Restituição do indébito tributário, no montante de R$ 4.125.073,62 (valor corrigido pela contribuinte até a data do pedido, planilhas efls. 28/29), utilizando formulário papel (efl. 03); que o direito creditório reclamado tem como origem os pagamentos indevidos de multas de mora, quanto às seguintes compensações transmitidas pela Internet, utilizando o programa gerador PER/DCOMP: a) PER/DCOMP nº 19595.30414.230404.1.3.060705 transmitido em 23/04/2004 (efls. 17/22): Débito confessado: IRRF Juros sobre remuneração de capital próprio (art. 9º, Lei nº 9.249/95), código de receita 57061, P.A 1ª sem./jan/2004, data de vencimento 07/01/2004, assim discriminado: principal ...................................................R$ 15.972.733,30 multa.........................................................R$ 3.194.546,56 juros ..........................................................R$ 552.656,57 Total ............................................................R$ 19.719.936,53 Fl. 422DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 423 3 Crédito utilizado: IRRF Juros sobre o Capital Próprio, código de receita 5706, PERÍODO DE APURAÇÃO/EXERCÍCIO/ANOCALENDÁRIO: 2003, valor utilizado R$ 19.719.936,53. b) PER/DCOMP nº 17890.25566.230404.1.3.022030 transmitido em 23/04/2004 (efls. 23/27): Débito confessado: IRRF Juros sobre remuneração de capital próprio (art. 9º, Lei ns 9.249/95). código de receita 57061, P.A 1ª sem./jan/2004, data de vencimento 07/01/2004, assim discriminado: principal ...................................................R$ 1.379.923,68 multa.........................................................R$ 275.984,74 juros ..........................................................R$ 47.745,3 6 Total ............................................................R$ 1.703.653,78 Crédito utilizado: Saldo Negativo de IRPJ, PERÍODO DE APURAÇÃO/EXERCÍCIO/ANOCALENDÁRIO: 2002, valor utilizado original R$ 1.186.801,66 Obs: que os débitos do IRRF (objeto desses PER/DCOMP), valor do principal, foram confessados na DCTF 1º Trimestre 2004 original (débitos da 1ª semana/janeiro 1º trimestre/2004), transmitida em 14/05/2004 (efls. 15/16). A DERAT/São Paulo denegou o pedido de restituição do crédito pleiteado, argumentando pela impossibilidade de restituição da multa de mora, pois o débito fora confessado e compensado sob condição resolutória após o prazo de vencimento, sendo cabível a exigência da multa de mora, carecendo, assim, o pretenso alegado crédito de certeza e liquidez, conforme Despacho Decisório (efls. 32/34): (...) Fl. 423DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 424 4 Assunto: Pedido de Restituição Ementa: Compensação. Pressuposto de certeza e liquidez no encontro de contas. Restituição por pagamento a maior por compensação. Impossibilidade. Base legal: Art.170 caput da lei nº 5.172/1966. Pedido de Restituição indeferido 4. O art.170 caput da lei nº 5.172, de 25/10/1966 (CTN) estabeleceu como pressuposto da compensação tributária a certeza e liquidez do débito: (...) 5. Adicionalmente, os débitos das DCOMPs questionadas constituem confissão de dívida, nos termos do art.74, § 6º, da lei nº 9.430/1996, incluído pela medida provisória nº 135/2003. Logo, proponho o indeferimento do Pedido de Restituição, tendo em vista a certeza e liquidez dos débitos compensados, nos termos do art.170 caput do CTN. (...) DECISÃO E ORDEM DE INTIMAÇÃO 8. Estando de acordo com as verificações e com a conclusão apresentadas, no uso da competência delegada pelo art. 2º, inc. II da Portaria DERAT/SP nº 309, publicada no D.O.U. de 19/05/2011, INDEFIRO O PEDIDO DE RESTITUIÇÃO constante neste processo. (...) Irresignada a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (efls. 38/45) , argumentando, in verbis: (...) 1. DOS FATOS (...) O Pedido de Restituição fundamentavase na existência de crédito do contribuinte, (...), decorrente de compensação indevida, nos termos dos PERD/DCOMP N° 19595.30414.230404.1.3.060705 e 17890.25566.230404.1.3.02 2030 anexos (Doc.4), de débito de multa moratória, que não deveria ter sido objeto de compensação, tendo em vista o disposto no artigo 138 do CTN. O despacho decisório ora combatido sustenta que a multa moratória de 20% incidente sobre os débitos compensados de IRRF Juros sobre remuneração de capital próprio, sob código receita 5706, da competência "1ª semana de jan/2004" no valor de R$ 17.352.656,98 (R$ 15.972.733,30+ R$ 1.379.923,68) é Fl. 424DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 425 5 legitima, exclusivamente pelo fato de que uma vez declarados em DCOMP(s), os respectivos débitos constituem "confissão de divida". (...) 2. DO DIREITO 2.1. DA LEGITIMIDADE DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE MULTA DE MORA EM VISTA DA COMPENSAÇÃO DO TRIBUTO DEVIDO ACOMPANHADO DOS JUROS DE MORA. APLICABILIDADE DO ART. 138 CTN E DO PARECER PGFN/CRJ/N°2113/2011. No presente caso, a questão restringese a exclusão da multa de mora pelo instituto da denúncia espontânea, tendo em vista o disposto no art. 138 do CTN. O interesse do legislador ao elidir a responsabilidade do contribuinte quando este espontaneamente denuncia seu débito à Administração é justamente privilegiar seu comportamento em detrimento daquele que furtase, omitese, do adimplemento de suas obrigações fiscais. Assim, o contribuinte que se auto denuncia e liquida seu débito, por equidade, não pode ser tratado de modo igual ao devedor contumaz que se arrisca e aposta no transcorrer do tempo e na ineficiência da administração, com o propósito de escapar de suas obrigações. De modo que, o privilégio concedido ao contribuinte que se auto denunciando liquida sua obrigação tributária até então inadimplida, não lhe impondo pena pecuniária em razão do atraso, encontra fundamento no principio da igualdade, não permitindo tratar seu comportamento igual ao do devedor que permanece inerte. No caso sob análise, destacase que o contribuinte, ora Recorrente, se auto denunciou, à medida que relacionou seu débito, ainda que indevidamente, em pedido de compensação, e também recibo de entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF (Doc.5). Posteriormente, verificando que sua conduta era merecedora da exoneração de multa moratória, em razão da exclusão de sua punibilidade, por força de sua denúncia espontânea, apresenta pedido de restituição, a fim de ter ressarcido o valor pago indevidamente a esse titulo. Esse também é o entendimento da Quarta Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais explicitado no Acórdão N CSRF/0400.652, (...). Diante da incontroversa distinção da natureza da multa a que se refere o art. 138 do CTN, inclusive pacificada pelo Parecer emitido pela própria Procuradoria da Fazenda Nacional o PGFN/CRJ/N° 2113/2011: (...). Fl. 425DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 426 6 O escopo do citado Parecer da PGFN é, senão dispensar os procuradores da Fazenda de apresentarem recursos ou mesmo autorizálos a desistir dos recursos já interpostos„ em relação às decisões judiciais que reconhecem a exclusão da multa moratória quando da configuração da denúncia espontânea, albergadas pelo entendimento de que inexiste diferença entre multa moratória e multa punitiva, nos termos art. 138 do Código Tributário Nacional. 3. DO PEDIDO (...) (i) A reforma da decisão ora recorrida, declarandose PROCEDENTE na sua integralidade o PEDIDO DE RESTIUIÇÃO (...). Na sessão de 19/09/2017, a 3ª Turma da DRJ/Belo Horizonte julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, denegando o crédito pleiteado, pois não restara configurada a denúncia espontânea, conforme Acórdão (efls. 287/291), cuja ementa, parte dispositiva e fundamentação, no que pertinente, transcrevo, in verbis: (...) ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2004 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. Não se considera ocorrida denúncia espontânea quando o sujeito passivo compensa o débito confessado, mediante apresentação de DCOMP. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido (...) Acordam os membros da 3ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, nos termos do voto da relatora, parte integrante deste Acórdão, em JULGAR IMPROCEDENTE a manifestação de inconformidade e manter o indeferimento promovido pela DRF. (...) Voto (...) Análise do Direito Creditório 09. O crédito pleiteado pelo contribuinte neste processo tem origem na “multa de mora” constante de DCOMP`s Fl. 426DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 427 7 protocolizadas pelo contribuinte em abril/2004, e constantes da DCTF apresentada em 14/05/2004. A DRF indeferiu o pleito do contribuinte, considerando que os débitos declarados pelo contribuinte na DCOMP não estão sujeitos à restituição. 10. O manifestante discorda da DRF, argumentando, em síntese, que a denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN exclui a aplicação da multa de mora. Invoca a aplicação do PGFN/CRJ/N° 2113/2011. Denúncia Espontânea (...) 11.1 Notese que, nos termos da delimitação da matéria pela PGFN, a denúncia espontânea é aplicada na hipótese de declaração do débito, acompanhada, concomitantemente, do pagamento da obrigação. 12. No caso vertente, a extinção do débito ocorreu através de COMPENSAÇÃO, formalizada através de DCOMP, em abril/2004. A declaração dos débitos em DCTF ocorreu aos 14/05/2004. (...) 13. Notese que o instituto da Denúncia Espontânea está previsto, exclusivamente, para as hipóteses de PAGAMENTO da obrigação, acompanhado, concomitantemente, da declaração do débito correspondente. Tal previsão é inaplicável aos casos de COMPENSAÇÃO de débitos, conforme explicitado na Nota Técnica COSIT 19, de 2012. 14. Diante de tudo acima descrito, constatase que, a multa de mora inserida nas DCOMP’s apresentadas, destinadas à extinção de débitos do contribuinte é devida e não representa indébito. (...) Inconformada com esse decisum, do qual tomou ciência em 23/02/2018 sextafeira via postal AR (efl. 295), a contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 27/03/2018 terçafeira (efls. 297), cujas razões constam das efls. 298/310 e apresento, em síntese: que discorda da decisão recorrida; que, data maxima venia, a compensação tributária, hipótese de extinção do crédito tributário, está contida na acepção do termo "pagamento" do art. 138 do CTN; que não há dúvida de que é indevida a cobrança de multa moratória quando resta configurada a hipótese de denúncia espontânea; Fl. 427DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 428 8 que a controvérsia resumese acerca da possibilidade de aplicação do instituto da denúncia espontânea nos casos de compensação tributária de débitos com créditos via DCOMP, ao invés de pagamento; que , de acordo com a decisão recorrida, a multa de mora não representa indébito, pois a extinção do crédito tributário, ainda que acompanhada de declaração de débito correspondente, não ocorreu por pagamento, mas por compensação; que, entretanto, esse entendimento não merece prosperar, uma vez que a compensação é hipótese de extinção do crédito tributário e está inserida na acepção do termo "pagamento" do art. 138 do CTN e cita, ainda, precedentes do CARF (Acórdão nº 1302 002.372, julgado de 19/09/2017, Acórdão nº 1301002.642, de 21/09/2017, Acórdão nº 1201 001.834, de 27/07/2017 e Acórdão nº 3301003.218, de 22/02/2017); que a recorrente ainda invoca precedente do TRF/3ª Região, no sentido de que, em ocorrendo a declaração e o recolhimento ou compensação antes do procedimento fiscalizatório, há que se aplicar o art. 138 do CTN, conforme ementa: que é indevida a aplicação da multa de mora em denúncia espontânea, entendimento pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em decisão sob o rito dos recursos repetitivos (e portanto vinculante): Fl. 428DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 429 9 que resta patente que a decisão a quo deve ser reformada, pois em dissonância com a jurisprudência citada, no sentido de que a modalidade de extinção do crédito tributário é indiferente para fins de caracterização do instituto da denúncia espontânea; que a compensação é uma das formar de extinção do crédito tributário (CTN, art. 156); que a decisão recorrida, ao não acolher esse entendimento jurisprudencial, implicou em violação dos princípios da eficiência administrativa e da segurança jurídica (Lei 9.784/99 e art. 37 da CF). É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Nelso Kichel Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade. Por isso, conheço do recurso. Quanto aos fatos, consta dos autos: que, 13/09/2005, a contribuinte protocolizou Pedido de Restituição do indébito tributário, no montante de R$ 4.125.073,62 (já corrigido até a data do pedido, planilhas efls. 28/29), utilizando formulário papel (efl. 03); Fl. 429DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 430 10 que o direito creditório reclamado tem como origem os pagamentos indevidos de multas de mora, quanto às seguintes compensações transmitidas pela Internet em 23/ a) PER/DCOMP nº 19595.30414.230404.1.3.060705 transmitido em 23/04/2004 (efls. 17/22): Débito confessado: IRRF Juros sobre remuneração de capital próprio (art. 9º Lei ns 9.249/95). código de receita 57061, P.A 1º sem./jan/2004, data de vencimento 07/01/2004, assim discriminado: principal ...................................................R$ 15.972.733,30 multa.........................................................R$ 3.194.546,56 juros ..........................................................R$ 552.656,57 Total ............................................................R$ 19.719.936,53 Crédito utilizado: IRRF Juros sobre o Capital Próprio, código de receita 5706, PERÍODO DE APURAÇÃO/EXERCÍCIO/ANOCALENDÁRIO: 2003, valor utilizado R$ 19.719.936,53. b) PER/DCOMP nº 17890.25566.230404.1.3.022030 transmitido em 23/04/2004 (efls. 23/27): Débito confessado: IRRF Juros sobre remuneração de capital próprio (art. 9º, Lei ns 9.249/95). código de receita 57061, P.A 1ª sem./jan/2004, data de vencimento 07/01/2004, assim discriminado: principal ...................................................R$ 1.379.923,68 multa.........................................................R$ 275.984,74 juros ..........................................................R$ 47.745,3 6 Total ............................................................R$ 1.703.653,78 Crédito utilizado: Saldo Negativo de IRPJ, PERÍODO DE APURAÇÃO/EXERCÍCIO/ANOCALENDÁRIO: 2002, valor utilizado original R$ 1.186.801,66 Obs: Os débitos do IRRF (objeto desses PER/DCOMP), valor do principal, foram confessados na DCTF (original) do 1º Trimestre 2004 (débitos da 1ª semana/janeiro/2004), transmitida em 14/05/2004 (efls. 15/16). Fl. 430DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 431 11 Como demonstrado no relatório, a decisão a quo rejeitou o pedido de restituição do crédito pleiteado multas de mora, por inocorrência das condições para configuração da denúncia espontânea (CTN, art. 138) (origem: débitos vencidos do IRRF com respectivas multas de mora, anocalendário 2004, objeto de compensação tributária com créditos de IRRF AC 2003 e saldo negativo do IRPJ AC 2002), Identificados os pontos controvertidos, passo a analisar o mérito. Data venia, diversamente do entendimento da recorrente, entendo que não ocorrera a denúncia espontânea. Veja. No caso, os débitos do IRRF Juros sobre remuneração de capital próprio (art. 9º, Lei nº 9.249/95), código de receita 57061, P.A 1º sem./jan/2004, data de vencimento 07/01/2004, deixaram de ser pagos nessa data. Quanto aos débitos de imposto desse período de apuração a contribuinte tinha prazo para confessálos tempestivamente na DCTF até 14/05/2004 (efls. 15/16). Antes disso, em 23/04/2004 a contribuinte transmitiu pela Internet a Declaração de Compensação DCOMP, confessando esses débitos vencidos e adicionando multa moratórios e juros, extinguindoos, sob condição resolutória, com utilização de créditos já citados. Como visto, não houve pagamento em DARF dos citados débitos, mas mero encontro de contas, compensação tributária, sob condição resolutória, ainda sujeita a revisão de ofício pela autoridade fiscal. Ora, no caso é inaplicável o art. 138 do CTN, pois para configuração da denúncia espontânea é condição sine qua non a existência do pagamento em sentido estrito. Entendo que o art. 138 do CTN, quando menciona pagamento, referese ao seu sentido estrito. Ou seja, pagamento não deve e não pode ser entendido em sentido lato, amplo, mas sim em sentido restrito, pois nem todo adimplemento de obrigação tributária dáse via pagamento. Há diversas formas de adimplemento da obrigação tributária além do pagamento, cabe citar, como exemplos, compensação tributária, transação, remissão, prescrição, decadência etc. Adimplemento da obrigação tributária (extinção do crédito tributário) é gênero. Pagamento é uma espécie de adimplemento. Compensação tributária, também, é espécie de adimplemento. Logo, o pagamento e a compensação são figuras distintas, que visam a extinção do crédito tributário (adimplemento da obrigação tributária), conforme art.156 do CTN. Fl. 431DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 432 12 Então, o liame contribuinteEstado é finalizado com a observância de uma das causas extintivas regularmente previstas no Código Tributário Nacional. Nesse ponto, uma das modalidades de extinção do crédito tributário referese à compensação cujo conceito pressupõe duas relações jurídicas diferentes, em que o credor de uma dela é devedor da outra e viceversa (encontro de contas). Além disso, observa como requisito essencial a reciprocidade das obrigações, liquidez e certeza das dívidas, exigibilidade das prestações e fungibilidade das coisas devidas. Já o conceito de pagamento pressupõe uma única relação jurídica em que o devedor visa saldar a dívida junto ao credor (adimplemento da obrigação), mediante entrega de uma quantia de dinheiro em numerário, cheque ou transferência bancária. Para efeito de denúncia espontânea, afastamento da responsabilidade por infração tributária, o art. 138 do CTN, no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação, exige que o débito não esteja previamente declarado (confessado em DCTF) e que haja o pagamento em sentido estrito. Quanto à necessidade de satisfação desses dois fundamentos ou requisitos para configuração da denúncia espontânea, cabe trazer à colação precedente jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça Decisão STJ REsp: 1149022 SP 2009/01341424, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento: 09/06/2010, S1 PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 24/06/2010, in verbis: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). Fl. 432DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 433 13 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (STJ REsp: 1149022 SP 2009/01341424, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento: 09/06/2010, S1 PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 24/06/2010) No caso, a recorrente não cumpriu um dos fundamentos para a configuração da denúncia espontânea, ou seja, não efetuou a entrega de quantia de dinheiro em numerário ou transferência bancária em valor equivalente aos débitos vencidos; não houve pagamento em sentido estrito, mas compensação tributária confissão em DCOMP de débitos vencidos (encontro de contas) sob condição resolutória, procedimento sujeito a ulterior verificação pela autoridade fiscal (homologação ou rejeição da compensação). Portanto, a compensação tributária de débitos vencidos confessados em DCOMP (encontro de contas) não tem o condão de afastar a responsabilidade por infração tributária, pois não configura denúncia espontânea nos termos do art. 138 do CTN para elidir a Fl. 433DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 434 14 exigência de penalidade por adimplemento intempestivo da obrigação tributaria, justamente, pela inexistência de pagamento em sentido estrito. Por tudo que foi exposto, conheço do recurso voluntário e no mérito nego provimento. (assinado digitalmente) Nelso Kichel Voto Vencedor Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto Redator Designado. Peço vênia ao I. Relator, Conselheiro Nelso Kichel, e ao I. Conselheiro Roberto Silva Júnior, cujas eruditas considerações foram expostas nesse acórdão, para expor e fundamentar minha divergência. O cerne da divergência instaurada no Colegiado diz respeito à possibilidade de utilização da compensação para adimplemento do crédito tributário, imputandolhe também os efeitos da denúncia espontânea, conforme art. 138 do CTN. Sobre esse tema, tive a oportunidade de me manifestar extensivamente no Acórdão nº 1301003.691, o qual reproduzo abaixo. O art. 138 do Código Tributário Nacional determina: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Analiticamente, verificase que o parágrafo único estabelece uma condição de impossibilidade absoluta para a denúncia espontânea: o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados à infração. Essa premissa se encontra fora de discussão, no presente caso, por não haver qualquer questionamento sobre isso. Desse modo, passando ao caput, verificase que o dispositivo exige: i) a denúncia espontânea da infração acompanhada, se for o caso, do ii) pagamento do tributo devido e dos juros de mora. Há, claramente, uma dupla exigência, devendo o contribuinte realizar ato próprio para constituir juridicamente diria Paulo de Barros Carvalho, em linguagem Fl. 434DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 435 15 competente , perante a fiscalização, o crédito tributário no montante correto, acompanhado do seu pagamento integral. Não basta, portanto, que haja apenas o pagamento, ou apenas denúncia da infração através da retificação da DCTF, é preciso que ambos estejam presentes antes que se inicie qualquer procedimento fiscalizatório da infração, para que se verifiquem os efeitos do art. 138 do CTN. O REsp nº 1.149.022/SP, julgado sob a sistemática de Recurso Repetitivo, analisou a hipótese em que o contribuinte, verificando a declaração e pagamento parcial do débito tributário, retifica sua DCTF e, noticiando a diferença a maior, paga concomitantemente o tributo devido. O presente caso, entretanto, traz a situação inversa: o contribuinte declarou e pagou parcialmente o tributo, e constatou que pagara a menor, recolhendo a diferença, e apenas posteriormente retificando a sua declaração. Aduz o Ministro Luís Fux que: a denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. É que se o contribuinte não efetuasse a retificação, o fisco não poderia executálo sem antes proceder à constituição do crédito tributário atinente à parte não declarada, razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN No seu entender, o cerne do benefício é dispensar a fiscalização de verificar a infração e proceder o lançamento de ofício para posterior cobrança do montante recolhido a menor. Podemos afirmar, entretanto, que não há como se aplicar de forma direta o precedente mencionado à questão da concomitância da retificação e do pagamento integral, visto se tratarem de situações fáticas distintas, impedindo a adequação do precedente, cuja compreensão deve sempre se dar sob uma perspectiva analógicoproblemática, e não lógico subsuntiva. A DRJ, ao analisar o caso, prosseguiu pela seguinte linha de raciocínio: Existe uma dissintonia entre o momento do pagamento sobre o qual a contribuinte alega possuir crédito e a datas em que o tributo foi declarado, todas elas posteriores ao pagamento. Diante dessa situação, não se poderia afirmar que o pagamento, quando efetivado, seria relativo a tributo devido, uma vez que sequer havia sido confirmado definitivamente o valor do tributo. Invocou, pois, o argumento da concomitância, com fundamento no Recurso Especial supramencionado e no Ato Declaratório PGFN 8/11, que reitera o trecho já citado anteriormente. Pois bem, parecenos equivocado o entendimento perfilhado pela instância a quo, o qual impacta necessariamente na inteligência do art. 138 do CTN. Em primeiro lugar, é Fl. 435DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 436 16 preciso consignar o CTN estabelece uma distinção entre a obrigação tributária e o crédito tributário, ao dispor, em seus arts. 113, §1º e 139, verbis: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. O vínculo entre o Estado e o Contribuinte, relativo ao pagamento do tributo, nasce da ocorrência do fato gerador, e não do lançamento. O lançamento tem efeitos constitutivos em relação ao crédito tributário, mas declaratórios em relação à obrigação decorrente do fato gerador, estabelecendo marco de exigibilidade do tributo devido, à partir de sua quantificação. Desse modo, não nos parece adequado concluir que o pagamento efetuado após a realização do fato gerador, mas antes da constituição do crédito tributário (seja pelo contribuinte, seja pela fiscalização), não seja considerado como pagamento devido. É devido, justamente pela existência de obrigação tributária cujo objeto é o seu pagamento, posto que inexigível enquanto pendente de acertamento definitivo. A denúncia a que se refere o art. 138 do CTN é o ato de retificar a declaração de tributos, constituindo o crédito tributário no valor correto. O escopo do dispositivo é premiar aquele que denuncia a infração, poupando esforços da burocracia fiscal, e paga o tributo com juros, evitando custosos procedimentos de cobrança exigese, pois, que uma vez retificado crédito, se verifique a sua extinção pelo pagamento. Nos casos em que há a retificação, mas não há o pagamento, na esteira de diversos precedentes da 1ª Seção do STJ, realmente não há que se verificar a ocorrência de denúncia espontânea, pela necessidade do Fisco de perseguir a satisfação do crédito tributário. No presente caso, entretanto, em que o pagamento foi feito anteriormente à retificação, o mesmo é feito em relação à obrigação tributária existente por decorrência do fato gerador e fica na pendência de sua conferência com o crédito tributário constituído. Após a retificação da DCTF, pode a autoridade fiscal constatar se o pagamento efetuado corresponde ao crédito constituído, apurando à partir daí a correção ou não do pagamento antecipado, bem como eventual crédito sobressalente, passível de compensação ou restituição, como no presente caso. No momento da retificação, portanto, podese dizer que eram existentes, de forma concomitante, os dois elementos necessários para a configuração da denúncia espontânea, haja vista que nesta data não havia nenhum procedimento fiscalizatório em curso. Situação absolutamente distinta seria se, entre a data do pagamento e a retificação, tivesse o Fisco iniciado qualquer medida de apuração da infração, hipótese em que nos parece que não caberia mais o benefício da denúncia espontânea. Fl. 436DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 437 17 Configurada a ocorrência da denúncia espontânea no presente caso, cabe aplicar o REsp 1.149.022/SP no tocante à abrangência do benefício às multas moratórias, como dispõe em sua ementa: Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. Nesse ponto, há similitude entre o caso decidendo e o precedente invocado, justificando a sua observância. Cabe agora enfrentar a questão da eficácia da compensação tributária, para fins de aplicação do art. 138 do CTN. O tema da possibilidade de compensar o tributo objeto de retificação das declarações do contribuinte é tormentoso no âmbito do CARF, não faltando manifestações em ambos os sentidos. No âmbito da infralegal, a Receita Federal do Brasil exarou, em 2012. a Nota Técnica Cosit nº 1/2012, reconhecendo que a declaração de compensação, se atendidos os demais requisitos, poderia configurar denúncia espontânea. Tal entendimento pautavase no fato de a compensação ou quaisquer outras formas de adimplemento de obrigação serem formas de pagamento que acarretam a extinção da obrigação tributária. Aduziu a RFB, na ocasião: 18. Com relação à aplicabilidade da denúncia espontânea na compensação de tributos, não se pode perder de vista que pagamento e compensação se equivalem; ambos apresentam a mesma natureza jurídica, seus efeitos são exatamente os mesmos: a extinção do crédito tributário. Como conseqüência, a compensação também é instrumento apto a configurar a denúncia espontânea. 18.1 Tanto é assim que o art. 28 da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, ao dar nova redação ao art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, conferiu à compensação o mesmo tratamento dado ao pagamento para efeito de redução das multas de lançamento de ofício. 18.2 Essa equiparação do pagamento e compensação na denúncia espontânea resulta da aplicação da analogia, prevista como método de integração da legislação pelo art. 108, I, do CTN. 18.3 Dessa forma, respondendo às indagações formuladas nas letras h e i do item 3 desta Nota Técnica: a) se o contribuinte não declara o débito na DCTF, porém efetua a compensação desse débito na Dcomp, sendo os atos de confessar e compensar concomitantes, aplicase o mesmo raciocínio previsto no item 10, ou seja, neste caso resta configurada a denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN; b) se o contribuinte declara o débito na DCTF, e efetua a compensação posteriormente por meio da Dcomp, a situação é semelhante à dos tributos declarados, mas pagos a destempo (subitem 9.1), requerendo, em conseqüência, o mesmo tratamento ali previsto ou seja, a incidência da multa de mora. Fl. 437DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 438 18 Esse entendimento foi reformado pela Nota Técnica Cosit nº 19/2012, cujo conteúdo, além de cancelar a nota anterior, determinando que não se considera ocorrida denúncia espontânea quando o sujeito passivo compensa o débito confessado, mediante apresentação de DCOMP. Tratase de um dispositivo que, desde a sua gênese, se relaciona à reparação de um mal, feita pelo próprio agente infrator. Aliomar Baleeiro já apontava, há muito, que essa disposição equiparase ao art. 13 do Código Penal Brasileiro, que estabelecia o arrependimento voluntário e eficaz do agente delitivo, imputandolhe sanção apenas pelos atos já praticados1. Mutatis mutandis, o art. 138 vem justamente estabelecer uma sanção premial para o contribuinte que, ciente de infração por ele realizada e que permanece desconhecida pela fiscalização tributária, espontaneamente comparece para satisfazer o interesse do Erário. Uma investigação histórica acerca de seu escopo é essencial para a correta compreensão do dispositivo, mormente em razão do mesmo ter sido elucidado de forma expressa nos trabalhos da comissão de elaboração do Código Tributário Nacional, sob a batuta de Rubens Gomes de Sousa, constituindo a exposição de motivos dessa lei2: Por último, o art. 174 abre exceção ao princípio da objetividade, admitindo a exclusão da responsabilidade penal nos casos de denúncia espontânea da infração e sua concomitante REPARAÇÃO. A regra, que vem do art. 289 do Anteprojeto, já é consagrada pelo direito vigente (Consolidação das Leis do Impôsto de Consumo, Decreto nº 26.149 de 1949, art. 200), rejeitada em consequência a sugestão supressiva 1.048, prejudicadas as de ns. 23, 200, 221, 379, 419 e 799 por não ter sido aproveitado o restante do citado art. 289, e ainda as de ns. 46, 49, 231 e 234 por falta de objeto, visto que objetivam exatamente o que no art. 174 se dispõe. 49. (A) Idem. (B) Acrescentar dispositivo novo com a seguinte redação: "Nenhuma penalidade será aplicada ao contribuinte que, em qualquer tempo, antes de instaurado o processo fiscal, apresentarse espontâneamente à Repartição fiscal competente para REGULARIZAR a sua situação para com o fisco". (C) Omissa; (D) Prejudicada3. Como se vê, o dispositivo sempre teve em vistas a reparação do dano causado pela infração, é dizer ,o atendimento ao interesse do Erário, que se encontra satisfeito através de qualquer dos meios de extinção do crédito tributário, com o suficiente adimplemento da exação. Visa, pois, a regularização do contribuinte que espontaneamente comparece à repartição para quitar o tributo devido esse é o real conteúdo normativo do art. 138 do CTN. Os principais argumentos suscitados em sentido contrário dizem respeito: i) ao fato da compensação e o pagamento serem arrolados no art. 156 do CTN como formas de extinção do crédito tributário; e ii) à circunstância do pagamento extinguir o crédito a partir do momento em que realizado, enquanto a compensação está sujeita a posterior homologação, sob condição resolutória, podendo ser confirmada ou não a quitação do tributo, a depender da homologação da compensação. Além disso, fazse referência também a recente decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, no AgInt no REsp 1.568.857, em julgamento realizado em 16/05/2017. 1 BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro, 11ªed. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p.764. 2 MINISTÉRIO DA FAZENDA. Trabalhos da Comissão Especial do Código Tributário Nacional. Rio de Janeiro, 1954, p.245. 3 Idem, ibidem, p. 417. Fl. 438DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 439 19 Em relação ao primeiro argumento, de que o CTN foi taxativo na distinção entre pagamento e compensação, como formas de extinção do crédito tributário, tratase de um ponto que, data vênia, é apenas parcialmente correto. Na verdade, a despeito da cientificidade empregada na elaboração do CTN, a referida distinção semântica entre os termos "pagamento" e "compensação" é utilizada (ainda sem muito rigor) apenas em uma parte específica da legislação, no Capítulo IV do Título III, correspondente ao intervalo entre os arts. 156 e 174. No restante do CTN, a expressão "pagamento" é utilizada de forma indiscriminada, como sinônimo de adimplemento. Estender a distinção do trecho apontado acima para o restante do Código implicaria em situações absolutamente canhestras e sem qualquer sentido técnico. Vejamos alguns exemplos: Art. 36. Ressalvado o disposto no artigo seguinte, o imposto não incide sobre a transmissão dos bens ou direitos referidos no artigo anterior: I quando efetuada para sua incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica em pagamento de capital nela subscrito; O referido artigo trata da não incidência do ITBI nos casos em que o imóvel é incorporado ao capital social de uma empresa, em subscrição de ações. O dispositivo fala em pagamento, mas a operação de alienação não é propriamente isto, mas sim uma permuta, na qual se aliena o bem imóvel, recebendo em troca o valor dele em ações/quotas no patrimônio da empresa. art. 82 (...) § 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo. Este dispositivo se refere ao lançamento de contribuição de melhoria, determinando que no ato administrativo deverá ser informado o prazo para pagamento. Se considerada a distinção entre pagamento e os demais métodos de extinção do crédito tributário, estarseia concluindo que a única forma de se quitar dívida da referida contribuição seria através do pagamento em sentido estrito. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: II tratandose de ato não definitivamente julgado: b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; Novamente, o termo pagamento é utilizado no sentido de inadimplemento do tributo, abarcando todas as formas de extinção. Art. 108. (...) Fl. 439DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 440 20 § 2º O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Novamente o dispositivo estabelece que a obrigatoriedade do adimplemento da obrigação tributária não pode ser afastado através de um juízo de equidade. A invocação da distinção mencionada anteriormente geraria o resultado absurdo de que a equidade não poderia dispensar o pagamento do tributo, mas poderia obstar a compensação de ofício, nos casos cabíveis legalmente, o que não faz sentido. Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. Esse dispositivo talvez seja o mais representativo da erronia da interpretação dada pela DRJ ao art. 138 do CTN. Caso levada às últimas consequências, teríamos que convir que qualquer meio de adimplemento da obrigação, que não seja o pagamento, não teria efeitos extintivos, já que o objeto da prestação seria um dar específico (pagamento). O dispositivo claramente utiliza a expressão "pagamento" no sentido de adimplemento este sim, a obrigação do contribuinte, após a realização do fato gerador. Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade: I o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais; Novamente, a expressão é utilizada como sinônimo de "adimplemento". Caso contrário, adotando de forma extrema a distinção entre "pagamento" e "compensação", poderíamos argumentar contrario sensu que as convenções particulares relativas à responsabilidade pela compensação do tributo, ou pela dação de bens em pagamento, poderiam ser opostas à Fazenda Pública, o que é, novamente, um absurdo técnico. No art. 125, nova situação esdrúxula: teríamos que aceitar, à luz da referida distinção, que no caso de um dos coobrigados compensar ou realizar dação de bem, para extinguir o tributo que deve solidariamente, essa prestação não aproveita aos demais, que continuariam devedores da integralidade do crédito tributário. Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, Fl. 440DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 441 21 tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. Mais uma vez: aplicada a distinção em questão, seríamos obrigados a reconhecer que nos casos de lançamento por homologação, o contribuinte não poderia compensar o tributo por ele constituído, pois a lei exigiria a antecipação de pagamento essa leitura, obviamente, contrasta com diversos outros dispositivos legais e se constitui em rotundo absurdo, haja vista ser absolutamente cediça a transmissão de DCOMPs para a extinção de créditos tributários constituídos pelo próprio contribuinte. E mais, mesmo entre os arts. 157 a 164 do CTN verificamos hipóteses em que a expressão "pagamento" é utilizada no sentido de "adimplemento": Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento. Contrario sensu o prazo de vencimento não se aplicaria nos casos em que o contribuinte opte por adimplir a obrigação através de compensação? Mesmo no artigo 164, que versa sobre a ação de consignação em pagamento, o seu §2º chama essa medida, hipótese de extinção prevista no art. 156, VIII do CTN, de pagamento: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: VIII a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos: § 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis. Na senda percorrida pela DRJ, chegaríamos a uma situação esdrúxula: o sujeito procedeu à denúncia espontânea de infração, e ao tentar recolher o valor aos cofres públicos encontrou resistência do órgão arrecadador. Para superar a mora accipiendi, utilizase da ação de consignação em pagamento (que, na literalidade do art. 156, é meio distinto do pagamento), e deposita o valor em juízo. Julgada procedente a ação, a RFB poderia lhe cobrar a multa moratória, pois a extinção se deu através de ação de consignação, e não através de pagamento. Por fim, uma última menção que nos parece definitiva: Fl. 441DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 442 22 Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: O dispositivo menciona expressamente "modalidade do seu pagamento", reconhecendo que o "pagamento" aí é utilizado como gênero de modalidades de extinção do crédito tributário, e não como o pagamento em moeda corrente. Ou alguém diria que o sujeito não tem direito à restituição do valor de bem imóvel dado para a extinção do tributo devido? A menção dos dispositivos é longa, mas não exaustiva, e tem a função de demonstrar que a expressão "pagamento" não é utilizada em um sentido estrito no CTN. Pelo contrário, ela é reiteradamente utilizada no sentido de "adimplemento", sentido este que é compatível com diversas formas distintas de extinção do crédito tributário, e igualmente adequado a uma leitura originalista, genética, do art. 138 do CTN, que se refere expressamente à reparação do dano, e não ao pagamento do tributo independente da forma de extinção, se por pagamento ou por compensação, o Erário será atendido. Desse modo, considerada a distinção entre pagamento e os demais meios de adimplemento do crédito tributo, o CTN seria conduzido a regras absolutamente desprovidas de lógica. Como já dissera, há muito, Carlos Maximiliano, em sua clássica obra sobre Hermenêutica Jurídica, "Deve o Direito ser interpretado inteligentemente: não de modo que a ordem legal envolva um absurdo, prescreva inconveniências , vá ter a conclusões inconsistentes ou impossíveis." 4 Passando ao segundo argumento, de que pagamento extinguiria o crédito instantaneamente, enquanto a compensação está sujeita a posterior homologação, sob condição resolutória, podendo ser confirmada ou não a quitação do tributo, temos que o mesmo também não procede. De pronto, a premissa assumida, de que o pagamento extingue o crédito tributário instantaneamente, se revela equivocada. Basta rememorar que no caso de pagamento por cheque, o crédito só é considerado extinto com o resgate deste pelo sacado, nos termos do art. 162, §2º do CTN, e no caso de pagamento através de estampilha, o próprio CTN frisa, no art. 162, §3º, que a inutilização dele só terá efeito extintivo após a homologação expressa ou tácita da autoridade administrativa. E mesmo em relação ao pagamento em moeda, dentro da sistemática do art. 150 do CTN, por cerca de 50 anos se considerou que o mesmo não possuía eficácia extintiva, ficando sempre condicionado à homologação do ente fiscalizador, situação esta que foi modificada apenas com o art. 3º da Lei Complementar nº 118/2005, que no exercício de uma "interpretação autêntica", cuja retroação foi rechaçada pelo Recurso Extraordinário nº 566.621, cuja ementa é expressa: Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados 4 Hermenêutica e Aplicação do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 1990, p. 166. Fl. 442DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 443 23 do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova.(RE 566.621, Relator(a): Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em 04/08/2011, Repercussão Geral). É dizer, o precedente vinculante do Supremo Tribunal Federal reconheceu expressamente que antes da LC nº 118/2005, o pagamento feito na sistemática do lançamento por homologação não tinha natureza extintiva, ficando condicionado à homologação posterior. A premissa assumida contraria diametralmente o conteúdo normativo do CTN pré LC 118/2005, para estabelecer uma distinção que, originalmente, nunca existiu naquela legislação. Nessa linha, mais um absurdo: teríamos que concordar que o prazo para o pedido de restituição do tributo seria de 5 anos contados do adimplemento, no caso de pagamento em moeda corrente, mas 10 anos nos casos em que o adimplemento se deu de outro modo, retomando a "tese do cinco mais cinco" para os casos em que a extinção não tenha se dado através de pagamento em sentido estrito. Voltando os olhos à compensação, o art. 170 determina: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. A exigência de homologação do pedido de compensação para a extinção do crédito não advém do CTN, mas de determinação expressa da legislação federal, mormente os arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430/96, e essa exigência nada mais é do que uma garantia do Erário, para evitar que o contribuinte utilize créditos inexistentes para quitar tributos devidos. Mas a forma que essa garantia é realizada não é estabelecida de forma alguma pelo CTN pelo contrário, cabe ao ente tributante regulamentála. E tampouco a exigência de garantias é um privilégio da compensação: o art. 162, §1º determina que a legislação tributária pode determinar as garantias exigidas para o pagamento por cheque ou vale postal. Ora, seria plenamente possível que o ente tributante criasse uma lei exigindo que os pagamentos por cheque ou vale postal ficassem sujeitos à homologação da autoridade, submetendose a regime similar ao da compensação, sem que qualquer pessoa contestasse a sua natureza de "pagamento". No sentido oposto, também seria plenamente possível (e tem se tornado uma realidade, com os fast tracks de aproveitamento de créditos) que o legislador estabelecesse um sistema de validação prévio do crédito ou do contribuinte (como nos programas de discriminações positivas) que dispensasse a homologação posterior da compensação efetuada sem que qualquer pessoa ousasse defender que agora deveria se chamar "pagamento". Esse argumento se baseia no art. 74, §2º da Lei nº 9.430/96, que diz: Fl. 443DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 444 24 Art. 74. (...) § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Caso não existisse o referido dispositivo, em lei ordinária federal, o alcance do art. 138 do CTN, que tem natureza de lei complementar e alcance de norma geral, seria ampliado por conta disso? Certamente que não. O raciocínio inverso deixa claro que o estabelecimento de condições e garantias à compensação não afeta o conteúdo das regras estabelecidas pelo CTN, especialmente aquela relativa à denúncia espontânea. Como se vê, o critério da sujeição a homologação é absolutamente frágil, não encontrando respaldo no CTN e decorrente de uma compreensão equivocada das garantias que são atribuídas ao crédito tributário. Quanto aos precedentes do Superior Tribunal de Justiça mencionados, temos que, de fato, há um entendimento preponderante em favor da tese encampada pela decisão a quo, no sentido de que a compensação não poderia gerar os efeitos da denúncia espontânea. Como explica Thais de Laurentiis, a ratio decidendi dos acórdãos baseiase exclusivamente no fato de a extinção do crédito tributário por meio de compensação estar sujeita à condição resolutória de sua homologação, conforme determina o art. 74, §2º da Lei nº 9.430/965, adotando a tese já suficientemente rechaçada anteriormente. Aduz essa Conselheira, no seu voto vencedor no Acórdão nº 3402003.486, que em razão do próprio conceito de compensação tributária, qual seja, sistemática que acarreta num encontro de contas, tendo como resultado a extinção de duas obrigações contrapostas: relação jurídica tributária, em que o contribuinte tem débito perante o Fisco; e relação jurídica de restituição de indébito ou ressarcimento, na qual o contribuinte tem direito a crédito a ser pago pelo Fisco, até o limite que se equivalerem (artigo 170, CTN e artigo 74 da Lei n. 9.430/96). Há, portanto, concomitante pagamento de tributo e restituição do indébito ou ressarcimento do tributo. Ou seja, na compensação tributária há sim pagamento, com o único diferencial de que tal pagamento ocorre simultaneamente com a restituição ou ressarcimento de tributos, de modo que tal encontro de contas se anulam mutuamente. Vejamos, por exemplo, o precedente firmado no REsp 1.122.131/SC, de relatoria do Min. Napoleão Nunes, no qual se reconhece que a compensação é espécie de pagamento: TRIBUTÁRIO. INTERPRETAÇÃO DE NORMA LEGAL. ART. 9º. DA MP 303/06, CUJA ABRANGÊNCIA NÃO PODE RESTRINGIRSE AO PAGAMENTO PURO E SIMPLES, EM ESPÉCIE E À VISTA, DO TRIBUTO DEVIDO. INCLUSÃO DA HIPÓTESE DE COMPENSAÇÃO, COMO ESPÉCIE DO GÊNERO PAGAMENTO, INCLUSIVE PORQUE O VALOR DEVIDO JÁ SE ACHA EM PODER DO PRÓPRIO CREDOR. PLETORA DE PRECEDENTES DO STJ QUE COMPARTILHAM DESSA ABORDAGEM INTELECTIVA. 5 LAURENTIIS, Thais de. Compensação Tributária e Denúncia Espontânea: Uma análise crítica da jurisprudência do STJ. In Estudos de direito processual e tributário e em homenagem ao Ministro Teori Zavascki. Belo Horizonte: D'Placido, 2018, p.1161. Fl. 444DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 445 25 NECESSIDADE DA ATUAÇÃO JUDICIAL MODERADORA, PARA DISTENCIONAR AS RELAÇÕES ENTRE O PODER TRIBUTANTE E OS SEUS CONTRIBUINTES. RECURSO ESPECIAL A QUE SE DÁ PROVIMENTO. 1. Tratase de extinção do crédito tributário mediante compensação de ofício; circunstância que o Recorrente afirma comportar a incidência do art. 9º., caput da MP 303/06, o qual prevê hipóteses de desconto nos débitos tributários. 2. O art. 9º. da MP 303/2006 criou, alternativamente ao benefício do parcelamento excepcional previsto nos arts. 1o. e 8o., a possibilidade de pagamento à vista ou parcelado no âmbito de cada órgão, com a redução de 30% do valor dos juros de mora e 80% da multa de mora e de ofício; o conceito da expressão pagamento, em matéria tributária, deve abranger, também, a hipótese de compensação de tributos, porquanto tal expressão (compensação) deve ser entendida como uma modalidade, dentre outras, de pagamento da obrigação fiscal. 3. É usual tratarse a compensação como uma espécie do gênero pagamento, colhendose da jurisprudência do STJ uma pletora de precedentes que compartilham dessa abordagem intelectiva da espécie jurídica em debate: AgRg no REsp. 1.556.446/RS, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe 13.11.2015; REsp. 1.189.926/RJ, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 1.10.2013; REsp. 1.245.347/RJ, Rel. Min. CASTRO MEIRA, Rel. p/acórdão Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 11.10.2013; AgRg no Ag. 1.423.063/DF, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, DJe 29.6.2012; AgRg no Ag. 569.075/RS, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, Rel. p/acórdão Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ 18.4.2005. 4. Considerandose a compensação uma modalidade que pressupõe credores e devedores recíprocos, ela, ontologicamente, não se distingue de um pagamento no qual, imediatamente depois de pagar determinados valores (e extinguir um débito), o sujeito os recebe de volta (e assim tem extinto um crédito). Por essa razão, mesmo a interpretação positivista e normativista do art. 9o. da MP 303/06, deve conduzir o intérprete a albergar, no sentido da expressão pagamento, a extinção da obrigação pela via compensatória, especialmente na modalidade ex officio, como se deu neste caso. 5. Ainda que não se considerasse que a compensação configura, na hipótese específica destes autos, uma modalidade de pagamento da dívida tributária, ganha relevo o fato de a compensação ter sido realizada de ofício, pois demonstra que o Fisco suprimiu até mesmo a possibilidade de o contribuinte, depois de receber o valor que lhe era devido, resolver aderir à forma favorecida de pagamento, prevista no art. 9o. da MP 303/06. 6. A interpretação das normas tributárias não deve conduzir ao ilogismo jurídico de afirmar a preponderância irrefreável do Fl. 445DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 446 26 interesse do fiscal na arrecadação de tributos, por legítima que seja essa pretensão, porquanto os dispositivos que integram a Legislação Tributária têm por escopo harmonizar as relações entre o poder tributante e os seus contribuintes, tradicional e historicamente tensas, sendo essencial, para o propósito pacificador, a atuação judicial de feitio moderador. 7. Recurso Especial da empresa BUSSCAR ÔNIBUS S/A provido. (REsp 1122131/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/05/2016, DJe 02/06/2016) E por fim, no âmbito do CARF, podese apontar pronunciamentos recentes favoráveis, no âmbito das Câmaras Superiores, ao pedido do contribuinte, a exemplo do Acórdão CSRF nº 9101003.559, julgado em Abril de 2018, cujo voto vencedor foi redigido pelo Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, cujo fundamento é expresso neste trecho: Nesse rumo, o instituto da denúncia espontânea é perfeitamente aplicável aos casos em que o pagamento do tributo é realizado através da compensação. Isso porque a compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, ainda que sob condição resolutória de sua ulterior homologação, conforme previsto no art. 74 da Lei n.º 9.430/96, ou seja, informada a compensação, o crédito tributário se extingue, desde logo, exceto se o Fisco não o homologar. Ademais, o próprio CTN prevê, no art. 156, II, que a compensação extingue o crédito tributário, não havendo razão para não equiparála a pagamento. No mesmo sentido, digno de nota é o Acórdão CSRF nº 9101003.688, de relatoria do Conselheiro Luís Flávio Neto, e julgado em Agosto de 2018, no qual aduziu: De início, é necessário observar que o legislador nem sempre utiliza o vocábulo “pagamento” no sentido de quitação em dinheiro, valendose deste em sua acepção mais ampla de adimplemento. É o que se verifica em variados exemplos colhidos tanto de leis ordinárias como de leis complementares, conforme se passa a analisar antes de adentrar ao mérito em si do art. 138 do CTN. (...) Nesse cenário, a norma do art. 138 do CTN não se aplica apenas às hipóteses de pagamento em dinheiro: a norma de denúncia espontânea incide igualmente em face de outras hipóteses em que haja equivalente adimplemento, como é o caso da regular compensação tributária. Não se trata de interpretacã̧o ampliativa ou restritiva, mas de reconhecimento do âmbito de incidência prescrito pelo legislador. Não há que se falar, por conseguinte, em ofensa ao art. 111 do CTN. Por fim, há que se pontuar que o REsp: 1149022 SP, julgado sob a sistemática de recurso repetitivo, não deve ser aplicado ao presente caso, pois trata da extensão dos efeitos da denúncia espontânea sobre a multa de mora, e não sobre o tema ora discutido. Fl. 446DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 447 27 Desse modo, verificamos que há essa orientação prevalente no âmbito da CSRF, na linha por nós aduzida. Conclusão Ante o exposto, votamos por dar Provimento ao Recurso Voluntário, determinando o retorno dos autos à DRF para analisar o crédito pleiteado. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Declaração de Voto Conselheiro Roberto Silva Junior. A questão controversa envolve a compatibilidade da compensação, forma de extinção do crédito tributário, com a denúncia espontânea, cujo efeito é a exclusão da responsabilidade pela prática do ilícito tributário. A denúncia espontânea está prevista no art. 138 do Código Tributário Nacional CTN, assim redigido: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. O principal argumento dos que defendem a tese de que a compensação é apta a produzir os efeitos da denúncia espontânea está na crença de que a expressão "pagamento", utilizada no caput do art. 138, tem o sentido amplo de adimplemento da obrigação e, assim, comportaria, além do pagamento em sentido estrito, outras formas de extinção do crédito tributário. Essa interpretação abre caminho para que a compensação seja aceita como forma de pagamento para fins de denúncia espontânea e, consequentemente, para a produção dos efeitos inerentes a esse instituto, que é a exclusão da multa. Sem embargo do respeito que merecem os que pensam dessa forma, creio que o sentido da expressão "pagamento" constante do caput do art. 138 cingese à forma de extinção do crédito tributário que consiste na entrega do objeto original da prestação, ou seja, na entrega de dinheiro. A propósito, vale ressaltar que o dispositivo condiciona os efeitos da denúncia espontânea ao pagamento ou ao depósito da importância arbitrada pela autoridade Fl. 447DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 448 28 administrativa quando o montante do tributo dependa de apuração, indicando que, em qualquer caso, se faz necessária a entrega pelo infrator do montante em dinheiro que deixou de ingressar nos cofres públicos em decorrência da infração. O CTN estabelecia, na redação original do art. 156, onze formas de extinção do crédito tributário, das quais apenas uma (o pagamento em sentido estrito, art. 156, inciso I do CTN) é compatível com a denúncia espontânea, já que a denúncia espontânea "é instituto que tem como pressuposto básico e essencial o total desconhecimento do Fisco quanto à existência do tributo denunciado" (AgRg no REsp 747.383/SC). Exceto o pagamento, nenhuma das outras modalidades de extinção permitia ao sujeito passivo extinguir o crédito sem que o Fisco tivesse prévio conhecimento da infração. Só existe uma hipótese em que a denúncia é feita desacompanhada do pagamento integral do tributo e dos juros: é quando o montante do crédito depende de apuração. Mas, nesse caso, o contribuinte solicita à autoridade administrativa o arbitramento do valor, para que se faça incontinenti o depósito da quantia arbitrada. Por essas razões, já se vê que a compensação prevista no art. 170 do CTN é incompatível com a denúncia espontânea. É importante ter em mente que na década de sessenta do século passado, quando a Lei nº 5.172/1966 foi editada, não existia compensação de tributo nos moldes do art. 74 da Lei nº 9.430/1996, com redação dada pela Lei nº 10.637/2002. A possibilidade de fazer a compensação de forma unilateral, em declaração específica concebida para esse fim (dcomp), é recente. Não fazia parte do contexto em que foi plasmado o CTN. Portanto, o art. 138 quando fala em pagamento, se refere a pagamento em sentido estrito, porque essa era a única forma que se compatibilizava com a denúncia espontânea. Era impossível procederse à compensação de um débito de tributo, mantendo oculta a infração praticada. A compensação está prevista no art. 170 do CTN, nos seguintes termos: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Sobre esse instituto e sua especial aplicação no âmbito tributário, o professor Bernardo Ribeiro de Moraes escreveu em 1984: Portanto, o crédito tributário pode extinguirse por compensação, desde que a lei do poder tributante assim o admita. Diante da expressão utilizada em lei ("a lei estipula as condições"), estamos diante de ato administrativo de competência vinculada, onde os requisitos e condições da lei devem ser obedecidos. Fl. 448DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 449 29 As legislações modernas consagram três sistemas de compensação, a saber: a) compensação legal, em que a compensação produz efeitos apenas por força de lei; b) compensação judicial, em que a compensação não se realiza de pleno direito, mas apenas via judicial; c) compensação por declaração, que diverge das outras duas. O ordenamento tributário adotou, conforme vemos, o sistema da compensação legal, embora exigindo um ato declaratório por parte da autoridade administrativa. A compensação deve ser autorizada em lei especial, e somente será possível quando autorizada e nas condições que estipular. Assim, em princípio, nenhuma pessoa pode liberarse da obrigação tributária invocando a compensação com determinado crédito pecuniário que tenha contra o sujeito ativo tributário. Não teria mesmo sentido o contribuinte deixar de pagar o ICMS ou IR, em razão de o Estadomembro ou a União lhe dever a mesma importância em decorrência de vendas de mercadorias que o contribuinte tenha feito para o Estado ou a União. Todavia, não raras vezes, a lei tributária do poder tributante admite a compensação. Haverá, então, um encontro de contas entre o sujeito passivo e o sujeito ativo tributário, com a extinção do crédito tributário, parcial ou totalmente. O contribuinte, no caso, possui contra a Fazenda Pública um crédito derivado de outra relação jurídica, com a qual solve o seu débito tributário. Essa compensação não se opera automaticamente, sendo necessária, para tal, a participação da autoridade administrativa. O crédito do contribuinte deve ser reconhecido pela administração. O contribuinte, por sua própria decisão, não pode realizar a compensação. Para que esse modo de extinção do crédito tributário se opere mister se faz o atendimento de certos requisitos específicos, quais sejam: a) existência de reciprocidade das obrigações... (...) b) existência de dívidas pecuniárias líquidas e certas... (...) c) exigibilidade. As dívidas deve ser exigíveis. O Código Tributário Nacional admite que entrem na compensação dívidas da Fazenda Pública (crédito do sujeito passivo) ainda não vencidas (dívida vincendas), prevendo a forma de apuração do seu montante (CTN, art. 170, parágrafo único). Em regra, não se pode compensar obrigação perfeita com obrigação imperfeita. Na compensação, os créditos, tanto do sujeito ativo como do sujeito passivo, devem ser líquidos, certos quanto à existência e determinados quanto ao sujeito. O sujeito passivo, notificado para pagar um imposto, não pode opor, como exceção, a compensação com um suposto crédito contra a Fazenda Pública originado de pagamentos indevidos. Sem que o direito de ação já exista para ambas as partes não poderá haver compensação. Todavia, o Código admite a compensação do crédito tributário (já vencido) com crédito do sujeito passivo a vencer, no interesse, portanto, da Fazenda Pública. A recíproca não é admitida. Uma vez reunidos os requisitos acima, indispensáveis para a compensação, esta poderá ser adotada como meio de extinção do crédito tributário, até onde os créditos se compensarem. O efeito da compensação é a extinção de ambas as dívidas até o montante corresponde ao valor da menor. Fl. 449DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 450 30 Admite o Código Tributário Nacional que a lei do poder tributante estipule "condições" e "garantias" a serem observadas na compensação do crédito tributário, que deverão ser obedecidas. Devemos destacar, na existência da compensação, a necessidade de um ato administrativo reconhecendo o crédito líquido e certo do contribuinte. No direito privado, o fato se dá diferentemente. Basta a existência de uma sentença que declare o credor para processarse a compensação. No direito tributário, em virtude da natureza ex lege da obrigação tributária, a sentença não será suficiente. Há necessidade, ainda, que um ato administrativo, em execução dessa sentença, reconheça e determine a dívida a ser compensada. O reconhecimento do crédito do sujeito passivo há de ser feito por ato administrativo. A função da administração é apenas declaratória. Assim, a extinção do crédito tributário, por compensação, não se opera ipso jure, mas, já vimos, diante de um pronunciamento da autoridade administrativa, que autoriza a compensação. (Compêndio de Direito Tributário. 2. ed., revista, aumentada e atualizada. Rio de Janeiro: Forense, 1994, pp. 453 a 455) Como se percebe da explanação do professor Bernardo Ribeiro de Moraes, o arcabouço da compensação, tal como se pensava à época da promulgação do CTN (1966), estava muito distante da sistemática adotada pela Lei nº 9.430. De acordo com o art. 170 do CTN, os créditos em favor do contribuinte podem resultar de diferentes situações, entre as quais se incluem a venda ou fornecimento de mercadorias, a prestação de serviços, indenizações etc. Hoje, por influência da Lei nº 9.430, quando se fala em compensação se pensa imediatamente em indébito tributário; mas o art. 170 do CTN abre um leque amplo que comporta créditos de toda a natureza. O dispositivo fala apenas em créditos líquido e certos, vencidos ou vincendos do sujeito passivo contra a Fazenda. Em 1966, o legislador foi buscar no direito das obrigações o instituto da compensação, inserindoo no Direito Tributário, com as características assinaladas pelo professor Bernardo Ribeiro de Moraes. Tais características, entretanto, se distanciam muito da sistemática de compensação unilateral que se faz hoje com fulcro no art. 74 da Lei nº 9.430 (redação da Lei nº 10.637/2002). O sistema atual, aliás, é fruto de um contexto histórico específico. Resulta do reconhecimento pela Receita Federal de sua incapacidade de resolver, em tempo razoável, a avalanche de pedidos de restituição e compensação de valores pagos indevidamente a título de tributos e contribuições, especialmente de PIS e de Finsocial. Em suma, a compensação, como de resto as demais formas de extinção do crédito tributário, a exceção do pagamento em sentido estrito, é incompatível com a denúncia espontânea. Como bem demonstrou o Acórdão nº 1301003.691, em diversos dispositivos do CTN, a expressão pagamento é empregada no sentido amplo, designando adimplemento; em outras, porém, o sentido é restrito, referindose à entrega de dinheiro. Daí se conclui que o contexto evidencia em que sentido a expressão pagamento foi empregada. No caso do art. 138 do CTN, pelas razões expostas, podese afirmar que a expressão pagamento deve ser tomada no sentido estrito, afastando, por conseguinte, as demais modalidades de extinção de crédito tributário, inclusive a compensação. Fl. 450DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 451 31 Talvez se alegue, em face da evolução da legislação tributária, em especial do advento da Lei nº 10.637/2002 e da compensação unilateral mediante dcomp, que a denúncia espontânea, embora não o fosse inicialmente, passou a ser compatível com a compensação. Creio, porém, que a compensação não é e nunca foi compatível com a denúncia espontânea. Há quem afirme que o objetivo essencial da denúncia espontânea é permitir ao contribuinte a regularização de seus débitos; outros falam em premiar aquele que denuncia a infração e paga o tributo, poupando o Fisco dos procedimentos de cobrança. Embora admita que a denúncia espontânea esteja, sim, preordenada a alcançar tal finalidade, não creio que ela seja a única, nem que seja a precípua. A denúncia espontânea tem por pressuposto fático a prática de uma infração e a existência de um dano dela decorrente. Nesse contexto, se pode afirmar que a denúncia espontânea persegue não apenas um objetivo, mas dois: a) a reparação do dano, com o ingresso dos valores que tenham deixado de ser recolhidos aos cofres públicos em razão do ilícito; e b) a regularização da situação do contribuinte. Considerar apenas o escopo de regularização do infrator é ter uma visão parcial e, consequentemente, deturpada da denúncia espontânea. Foi exatamente essa perspectiva unilateral que levou alguns a defenderem a tese de que o parcelamento da dívida produzia os efeitos da denúncia espontânea, afastando a multa de mora. Referida pretensão, como se sabe, foi rechaçada pelo E. Superior Tribunal de Justiça STJ no REsp nº 1.102.577 DF, submetido ao regime do art. 543C do antigo Código de Processo Civil. Notese, a propósito, que o E. STJ já havia se posicionado, acerca dessa matéria, no REsp nº 284.189 SP, em cuja ementa se lê: O instituto da denúncia espontânea da infração constituise num favor legal, uma forma de estímulo ao contribuinte, para que regularize sua situação perante o fisco, procedendo, quando for o caso, ao pagamento do tributo, antes do procedimento administrativo ou medida de fiscalização relacionados com a infração. Nos casos em que há parcelamento do débito tributário, não deve ser aplicado o benefício da denúncia espontânea da infração, visto que o cumprimento da obrigação foi desmembrado, e só será quitada quando satisfeito integralmente o crédito. O parcelamento, pois, não é pagamento, e a este não substitui, mesmo porque não há a presunção de que, pagas algumas parcelas, as demais igualmente serão adimplidas, nos termos do artigo art. 158, I, do mencionado Codex. Esse parece o entendimento mais consentâneo com a sistemática do Código Tributário Nacional, que determina, para afastar a responsabilidade do contribuinte, que haja o pagamento do devido, apto a reparar a delonga do contribuinte. Nesse sentido o enunciado da Súmula n. 208 do extinto Tribunal Federal de Recursos: "a simples confissão de dívida, acompanhada do seu pedido de parcelamento, não configura denúncia espontânea". (g.n.) A decisão daquela Corte deixa claro que, para fins de denúncia espontânea, o pagamento que se exige é imediato e integral, ou seja, não pode ser posterior à denúncia, nem ser fracionado em parcelas. Fl. 451DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 452 32 Examinando a viabilidade da compensação na denúncia espontânea, o E. STJ, em jurisprudência majoritária, acolheu o entendimento de que a compensação (na forma do art. 74 da Lei nº 9.430) não se coaduna com a denúncia espontânea. Confirase: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. VÍCIO EXISTENTE. OMISSÃO PROVENIENTE DE JULGAMENTO ANTERIOR DE RECURSO ESPECIAL REPETITIVO SOBRE O TEMA. DECIDIDO. TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO A DESTEMPO. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. 1. Tratandose de recurso de fundamentação vinculada, o conhecimento dos aclaratórios pressupõe que a parte demonstre haver, pelo menos, um dos vícios previstos no art. 1022 do CPC de 2015. In casu, conforme narrado pela embargante, o acórdão foi omisso, uma vez que não analisou o entendimento exarado no REsp 1.149.022/SP, julgado pelo rito dos repetitivos. 2. Com efeito, no referido decisum, o STJ entendeu que a denúncia espontânea não está caracterizada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ). 3. Ademais, a Segunda Turma do STJ no julgamento do REsp 1.461.757/RS, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques firmou o entendimento de que "a extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN". (g.n.) 4. Embargos de Declaração acolhidos com efeitos infringentes. (EDcl nos EDcl no AgRg no Recurso Especial nº 1.375.380 SP, Relator Min. Herman Benjamin) TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. 1. Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas até então pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça . 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidouse no sentido de que é incabível a aplicação do benefício da denúncia espontânea, previsto no art. 138 do CTN, aos casos de compensação tributária, justamente porque, nessa hipótese, a extinção do débito estará submetida à ulterior condição resolutória da sua homologação pelo Fisco, a qual, caso não ocorra, implicará o não pagamento do crédito tributário, havendo, por consequência, a incidência dos encargos moratórios. Precedentes. (g.n.) Fl. 452DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 453 33 3. Agravo interno desprovido (AgInt no REsp 1308902 / PR Agravo Interno no Recurso Especial 2012/00192530 Rel Ministro Gurgel de Faria (1160) Órgão Julgador T1 Primeira Turma. Data do Julgamento 10/04/2018 Data da Publicação/Fonte DJe 17/05/2018). TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CONFIGURADA. 1. Hipótese em que o Tribunal local consignou: "o instituto da denúncia espontânea é perfeitamente aplicável aos casos em que o pagamento do tributo é realizado através da compensação" (fl. 665, eSTJ). 2. A Segunda Turma do STJ no julgamento do REsp 1.461.757/RS, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, firmou o entendimento de que "a extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN". 3. Recurso Especial provido (REsp 1657437 / RS Recurso Especial 2017/00461010 Rel Ministro Herman Benjamin, Órgão Julgador T2 Segunda Turma. Data do Julgamento 04/04/2017 Data da Publicação/Fonte DJe 25/04/2017). O E. STJ já havia firmado o entendimento de que, na denúncia espontânea, o pagamento deveria ser imediato e integral. Ao apreciar a compatibilidade da compensação com a denúncia espontânea, aquele tribunal apontou um outro requisito necessário ao pagamento: ele deve ser incondicional. Portanto, na denúncia espontânea, o pagamento há de ser imediato, integral e incondicional. Por fim, deve ser dado destaque ao fato de que a jurisprudência majoritária do E. STJ é no sentido de ser incabível a aplicação do benefício da denúncia espontânea, previsto no art. 138 do CTN, aos casos de compensação tributária, porquanto nessa hipótese a extinção do débito está submetida à ulterior condição resolutória da homologação pelo Fisco. Em suma, a denúncia espontânea visa não apenas dar oportunidade ao contribuinte de regularizar sua situação perante o Fisco. Busca também a plena reparação do prejuízo sofrido pelo erário, o que só ocorre com o pagamento imediato, integral e incondicional do crédito tributário. Sendo assim, a compensação se mostra incompatível com a denúncia espontânea. Por essas razões, acompanhando o ilustre Conselheiro relator, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fl. 453DF CARF MF Processo nº 19679.010125/200516 Acórdão n.º 1301003.791 S1C3T1 Fl. 454 34 Roberto Silva Junior Fl. 454DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10950.904134/2011-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008
PIS/COFINS. CRÉDITOS. RECEITAS DE VENDAS NÃO TRIBUTADAS. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. EQUIPARAÇÃO. ISENÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência do PIS/Pasep e da Cofins não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações, cabendo também o ressarcimento ou a compensação do saldo credor acumulado no trimestre nessas condições. No entanto, no caso das sociedades cooperativas, as exclusões da base de cálculo dessas contribuições previstas art. 15 da Medida Provisória nº 2.158-35 não representam a isenção sobre as vendas correspondentes, mas somente a redução no montante a recolher da contribuição. É incabível o ressarcimento de saldo credor das contribuições com fundamento no art. 17 da Lei nº 11.033/2004 c/c o art. 16 da Lei nº 11.116/2005 na hipótese de receita de venda no mercado interno tributada.
Recurso Voluntário negado
Numero da decisão: 3402-006.545
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Cynthia Elena de Campos.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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CRÉDITOS. RECEITAS DE VENDAS NÃO TRIBUTADAS. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. EQUIPARAÇÃO. ISENÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência do PIS/Pasep e da Cofins não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações, cabendo também o ressarcimento ou a compensação do saldo credor acumulado no trimestre nessas condições. No entanto, no caso das sociedades cooperativas, as exclusões da base de cálculo dessas contribuições previstas art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835 não representam a isenção sobre as vendas correspondentes, mas somente a redução no montante a recolher da contribuição. É incabível o ressarcimento de saldo credor das contribuições com fundamento no art. 17 da Lei nº 11.033/2004 c/c o art. 16 da Lei nº 11.116/2005 na hipótese de receita de venda no mercado interno tributada. Recurso Voluntário negado Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 90 41 34 /2 01 1- 87 Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10950.904134/201187 Acórdão n.º 3402006.545 S3C4T2 Fl. 3 2 Participaram do julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Cynthia Elena de Campos. Relatório Tratase de recurso voluntário em face da decisão da Delegacia de Julgamento em Curitiba que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. Versam os autos sobre o Pedido de Ressarcimento de crédito de PIS/COFINS não cumulativa vinculado à receita não tributada no mercado interno. Mediante o Despacho Decisório decidiuse pela homologação parcial da compensação declarada, não restando valor a ser ressarcido, sob os seguintes fatos e fundamentos, constantes no Relatório Fiscal: Ao contrário do crédito vinculado à Receita não Tributada no Mercado Interno, para o qual existe disposição expressa de autorização de ressarcimento (art. 17 da Lei nº 11.033, de 2005 e art. 16 da Lei nº 11.116, de 2006), não existe qualquer previsão legal para a realização de ressarcimento de crédito (de PIS e Cofins) vinculado à Receita Tributada no Mercado Interno. A receita tributável (venda de fécula), mesmo após as deduções legais (no caso, repasses aos cooperados e custos agregados), não pode se enquadrar no conceito de venda efetuada com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou nãoincidência, motivo pelo qual os créditos vinculados a essa receita só estão sujeitas ao desconto corrente ou manutenção para uso futuro em abatimento (art. 3º, § 4º da Lei nº 10.833/2003). As bases de cálculo negativas, geradas quando a soma dos valores de repasse aos cooperados (compra de raiz de mandioca) com os demais custos agregados são superiores aos valores das vendas tributadas (venda de fécula), não podem ser carreadas para os meses seguintes, de forma a reduzir as bases de cálculos futuras. O crédito presumido, calculado sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação do produto fécula de mandioca, está limitado à contribuição do mês e serve somente para dedução do valor devido de cada contribuição, não podendo ser objeto de compensação com outros tributos ou de pedido de ressarcimento. De todos os custos, despesas e encargos informados pela cooperativa em seus Dacons os únicos que estariam vinculados tanto às Receitas Não Tributadas no Mercado Interno quanto às Receitas Tributadas no Mercado Interno seriam os relativos às Despesas de Energia Elétrica. Foi procedido ao recálculo dos créditos da não cumulatividade das contribuições dos períodos fiscalizados, dividindo as despesas de energia elétrica entre os tipos de crédito (vinculado às Receitas Tributadas no Mercado Interno e às Receitas Não Tributadas no Mercado Interno), com base no rateio proporcional, cuja previsão consta dos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, e alocando todos os outros custos, despesas e encargos integralmente para o crédito vinculado às Receitas Tributadas no Mercado Interno. Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10950.904134/201187 Acórdão n.º 3402006.545 S3C4T2 Fl. 4 3 A interessada apresentou sua defesa em face da parte do despacho decisório, alegando, em síntese: a) Na tributação do PIS e da Cofins o ato cooperativo é caso de não incidência e as exclusões das bases de cálculo dessas contribuições (art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835/2001 e art 17 da Lei nº 10.684/2003) decorrem logicamente da não tributação do ato cooperativo. b) O art. 16 da Lei nº 11.116/2005 assegura o direito ao ressarcimento dos créditos acumulados em relação às operações não tributadas (previstas no art. 17 da Lei nº 11.033/2004). O órgão fiscal deve também considerar (para efeito de aproveitamento desses créditos) as exclusões das bases de cálculo das contribuições para o PIS e para a Cofins. A Delegacia de Julgamento não acolheu as razões da manifestante, sob os seguintes argumentos principais: A requerente apura créditos vinculados a receitas tributadas/não tributadas no mercado interno. Assim, seus créditos objetos de pedidos de ressarcimento referemse às aquisições vinculadas a vendas de produtos sujeitos à alíquota zero no mercado interno, já que esses créditos são compensáveis e ressarcíveis. Por sua vez, os créditos vinculados a vendas tributáveis no mercado interno são apenas dedutíveis das contribuições a pagar, devendo ser mantidos na escrituração da contribuinte. A empresa só pode beneficiarse da norma do art. 16 da Lei nº 11.116/2004 se suas vendas forem efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins (art. 17 da Lei nº 11.033/2004). As receitas relativas à atividade de venda de amido/fécula estão sujeitas à tributação normal das contribuições, já as receitas relativas aos insumos agropecuários são tributados à alíquota zero, conforme dispõe o art. 1º da Lei nº 10.925/2004. Assim, somente o saldo credor relativo às aquisições dos produtos agropecuários é que poderia ser ressarcido ou compensado com outros tributos, pois somente essa atividade (revenda de produtos agropecuários) subsomese à hipótese constante do art. 17 da Lei nº 11.033/2004. Assim é que inexiste reparo no entendimento aplicado pela fiscalização quanto à alocação dos créditos informados pela cooperativa nos Dacon. Os dispêndios relativos aos Bens Utilizados como Insumos estão diretamente ligados à Receita Tributada no Mercado Interno, já que se referem às aquisições dos bens/produtos utilizados como insumo no processo produtivo da fécula/amido. Já quanto aos outros dispêndios, é evidente a não vinculação com a revenda de produtos agropecuários para os associados da cooperativa, pois a própria denominação das rubricas (Despesas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoa Jurídica, Despesas de Armazenagem e Fretes na Operação de Venda e Despesas com Encargos de Depreciação) deixa claro que esses custos, despesas e encargos referemse a equipamentos/serviços utilizados na atividade tributada (venda de amido/fécula). A contribuinte não contestou a forma de rateio das despesas de energia elétrica realizada pela fiscalização, sendo forçoso concluir que houve concordância tácita quanto a esse ponto. As sociedades cooperativas passaram a se submeter à incidência da Cofins como as pessoas jurídicas em geral nos termos da Lei nº 9.718/98, ou seja, as sociedades cooperativas passaram, também, a pagar a Cofins com base nas receitas provenientes de Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10950.904134/201187 Acórdão n.º 3402006.545 S3C4T2 Fl. 5 4 operações com associados. Desse modo, como regra geral para a tributação das cooperativas, não é mais relevante a distinção entre receitas decorrentes de atos cooperados e de atos não cooperados, visto que a classificação não afeta a base imponível definida por lei. Refutase, dessa forma, a argumentação da interessada de que o ato cooperativo é caso de não incidência tributária. A efetivação das deduções legais (exclusões) das bases de cálculo das contribuições (PIS e Cofins) não tem o condão de transformar uma receita de venda que era tributada em uma receita não tributada. Lendose o art. 15 da Medida Provisória nº 2.158/35, de 2001, verificase que dentre as possibilidades legais de exclusão da base de cálculo das contribuições (PIS e Cofins) não se encontra prevista a de exclusão de base de cálculo negativa de meses anteriores. O simples fato de não haver restrição na legislação para o procedimento de transferência da base de cálculo negativa para ser descontada em meses subsequentes não autoriza que o mesmo seja realizado, posto que a fixação da base de cálculo de um tributo somente pode ser estabelecida pela Lei. Cientificada dessa decisão, a interessada interpôs o recurso voluntário, sustentando, em síntese: i) O ato cooperativo configura hipótese de não incidência tributária para fins de aproveitamento de créditos nos termos do que prescreve o art. 17 da Lei n° 11.033 de 2004. É assegurado às Sociedades Cooperativas o direito de manutenção dos créditos de PIS e COFINS, igualmente as demais empresas. O órgão fiscal também deve compreender as exclusões da base de cálculo da MP n° 2.15835/2001 e do art. 17 da Lei n° 10.684/2003 como autorizativas do aproveitamento de créditos. A exclusão, diferentemente, do ato cooperativo, deve ser analisada como isenção, mesmo que parcial. ii) São importantes para o julgamento os princípios da proporcionalidade e da moralidade administrativa. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3402006.530, de 24 de abril de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 10950.904119/201139. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3402006.530): "A recorrente apenas repisa os argumentos já aduzidos na manifestação de inconformidade, sem contestar especificamente os fundamentos utilizados pela decisão recorrida para refutálos, o que já seria suficiente para não Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10950.904134/201187 Acórdão n.º 3402006.545 S3C4T2 Fl. 6 5 acolher a defesa da recorrente. Não obstante isso, a fim de se evitar futuras alegações de cerceamento do direito de defesa, passase a analisar a matéria abordada no recurso voluntário. O pedido de ressarcimento da contribuição não cumulativa sob análise está vinculado à receita não tributada no mercado interno e tem fundamento no art. 17 da Lei nº 11.033/2004 e no art. 16 da Lei nº 11.116/2005, que assim dispõem, respectivamente: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestrecalendário anterior ao de publicação desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da promulgação desta Lei. Dessa forma, interessa ao pedido de ressarcimento sob tal fundamento somente os créditos vinculados às receitas do mercado interno de "vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência" da contribuição", devendo ser desconsiderados os créditos vinculados a receitas tributadas que podem apenas ser deduzidos das contribuições a pagar do período, eis que inexiste previsão legal de ressarcimento para estes últimos. No caso específico da recorrente, conforme decidido no despacho decisório e mantido na decisão recorrida, as receitas relativas às vendas de amido/fécula seriam tributadas, razão pela qual os créditos vinculados a elas não poderiam ser objeto do ressarcimento pleiteado. Por outro lado, no caso das receitas de venda no mercado interno de produtos agropecuários sujeitas à alíquota zero (art. 1º da Lei nº 10.925/2004) não houve tal Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10950.904134/201187 Acórdão n.º 3402006.545 S3C4T2 Fl. 7 6 óbice quanto ao ressarcimento/compensação do saldo credor do trimestre dos créditos vinculados a essas receitas. Conforme entendimento constante na Solução de Divergência nº 1 Cosit1, de 21 de janeiro de 2019, as exclusões da base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep tratadas no art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835/20012 e no art. 11 da IN SRF nº 635/2006 1 Solução de Divergência nº 1 Cosit Data 21 de janeiro de 2019 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. POSSIBILIDADE DE DESCONTO DE CRÉDITOS. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO.IMPOSSIBILIDADE. A exclusão da base de cálculo das receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização do produto do associado não inibe a possibilidade do desconto de crédito em relação aos insumos dessas atividades, desde que previsto no art. 23 da IN SRF nº 635, de 2006. Esses créditos não são passíveis de compensação com outros tributos ou de ressarcimento, exceto em caso de previsão legal específica. Dispositivos legais: MP nº 2.15835, de 2001 art. 15; Lei nº 10.637, de 2002, art. 3º; Lei nº 10.684, de 2003 art. 17; Lei nº 11.033, de 2004, art.17; Lei nº 11.116, de 2005, art. 16; e IN SRF nº 635, de 2006, art. 23. (...) 11. Assim, cabe, primeiramente, examinar se as exclusões da base de cálculo aludidas nos incisos II e V do art. 11 da IN SRF nº 635, de 2006, são compatíveis com a apuração de créditos de que tratam os incisos II e III do art. 23 da mesma IN. 12. Como se vê, a própria IN SRF nº 635, de 2006, ao mesmo tempo em que admite a exclusão da base de cálculo das receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produto do associado, bem como dos custos agregados a esse produto quando da sua comercialização, também autoriza o desconto de crédito em relação às aquisições de não associados de bens ou serviços utilizados como insumo e às despesas com armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda. 13. Ao exame da questão mencionada, cumpre ressaltar que, conforme explicitado nos itens 8 e 9, os dispositivos em análise, apesar de elencados em uma Instrução Normativa, são derivados de Lei, possuindo base legal que fundamentam a sua existência. Também cabe ressaltar que não haveria lógica jurídica na reprodução na Instrução Normativa de dispositivos incompatíveis entre si. 14. Impende mencionar ainda que não há qualquer disposição na legislação vedando o creditamento após o ajuste da base de cálculo das contribuições com as exclusões legais permitidas. A vedação ao desconto de créditos somente pode ser feita nas hipóteses expressamente previstas no § 2º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e no § 2º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, ou seja, no caso de pagamento de mão de obra a pessoa física e no caso da aquisição de bens que não sejam sujeitos ao pagamento das contribuições. 15. Importante registrar que o art. 23 da IN SRF nº 635, de 2006, admite o crédito em relação a bens adquiridos como insumos de não associados e não autoriza o crédito em relação à aquisição dos mesmos bens de associados. 16. É que a aquisição de bens de não associados é sujeita ao pagamento das contribuições pelos não associados na ocasião da venda do bem, enquanto a entrega do produto de associado à cooperativa não corresponde sequer a uma aquisição, eis que a propriedade do bem permanece na esfera do associado. Daí se concluir que não é cabível o crédito em relação à entrega do produto à cooperativa por associado. 17. Em suma, a exclusão de base de cálculo das receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização do produto do associado não inibe a possibilidade do desconto de crédito em relação aos insumos dessas atividades, uma vez que a lei não traz nenhuma restrição à aplicação simultânea desses dois institutos, bem como que a própria IN SRF nº 635, de 2006, detalha, sem restrição, os créditos que podem ser descontados e as hipóteses de exclusão de base de cálculo das contribuições. 18. Resolvido o primeiro ponto e admitindose a possibilidade de desconto de créditos em relação a despesas utilizadas como exclusão da base de cálculo, resta definir se esse créditos podem ou não ser objeto de compensação com outros tributos e de ressarcimento. (...) 2 Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; Fl. 135DF CARF MF Processo nº 10950.904134/201187 Acórdão n.º 3402006.545 S3C4T2 Fl. 8 7 não são, em si, um obstáculo ao desconto de créditos em relação aos insumos dessas atividades, o qual poderá ocorrer nas hipóteses previstas na legislação. Da mesma forma a possibilidade de ressarcimento ou compensação de créditos acumulados pela cooperativa está condicionada à previsão na legislação, a qual pode, inclusive, beneficiarse no disposto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004 c/c o art. 16 da Lei nº 11.116/2005, como as demais pessoas jurídicas, em relação aos créditos vinculados às vendas não tributadas. A questão que interessa aos autos é que a recorrente quer que se considere como receitas isentas, ainda que parcialmente, para fins do disposto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004, as receitas relativas às vendas de amido/fécula, em face das exclusões da base de cálculo das contribuições (art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835), de forma a ser autorizado o ressarcimento/compensação em relação aos créditos vinculados a tais receitas. No entanto, as exclusões na base de cálculo das contribuições não acarretam a isenção das receitas dessas vendas. Diante da ausência de previsão legal específica em contrário, tais receitas de vendas são tributadas normalmente, não obstante, em face dessas exclusões, poderá o contribuinte ter um valor a recolher da contribuição menor do que o valor integral, que seria devido sem nenhuma exclusão. O que muda em face das exclusões é o valor a recolher da contribuição. É certo que a isenção somente ocorrerá com a previsão legal para determinado tipo de receita de venda, independentemente de eventuais valores excluídos da base de cálculo das contribuições e do valor a recolher para a contribuição. Nem há que se olvidar que o art. 17 da Lei nº 11.033/2004 referese expressamente às "vendas efetuadas com (...) isenção", razão pela qual pouco importa se o valor a recolher da contribuição no período resultar zero ou menor do que o valor integral. Nesse sentido foi o tratamento dado pela questão na Solução de Consulta n° 383 Cosit, de 30 de agosto de 2017, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 12/09/2017, proferida nos seguintes termos: III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. § 1o Para os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. § 2o Relativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: I a contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas. Fl. 136DF CARF MF Processo nº 10950.904134/201187 Acórdão n.º 3402006.545 S3C4T2 Fl. 9 8 Solução de Consulta Cosit n° 383/2017 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep VENDAS POR COOPERATIVAS COM EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO E RESSARCIMENTO. Os créditos de que trata o art. 3° da Lei n° 10.637, de 2002, vinculados a vendas feitas por cooperativas com a exclusão da base de cálculo de que tratam o art. 15 da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, o art. 1° da Lei n° 10.676, de 2003, e o art. 17 da Lei n° 10.684, de 2003, não podem em regra ser compensados com outros tributos nem ressarcidos. Contudo, podem ser compensados e ressarcidos os mesmos créditos vinculados a vendas feitas por cooperativas com alíquota zero, isenção, suspensão ou não incidência. Dispositivos Legais: Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, art. 15; Lei n° 10.676, de 2003, art. 1°; Lei n° 10.684, de 2003, art. 17; Lei n° 11.033, de 2004, art. 17; e IN RFB n° 635, de 2006, art. 15. (...) 12. Em suma, a cooperativa, ao efetuar a venda de produtos a terceiros, aufere receita que compõe a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. No entanto, essa base de cálculo é ajustada mediante as exclusões previstas em lei. Em razão disso, exsurge a dúvida se tais exclusões permitem a manutenção, o ressarcimento e a compensação dos créditos apurados com fundamento no art. 3° da Lei n° 10.637, de 2002, e do art. 3° da Lei n° 10.833, de 2003, vinculados a tais operações. 13. Para o deslinde da questão, releva entender a natureza jurídica dessas exclusões da base de cálculo. Notese que tais exclusões não correspondem a uma retirada de parte da base de cálculo, que deixa de ser tributada. Na verdade, as referidas exclusões não correspondem a parte das receitas das cooperativas. A título de exemplo, tomemos a exclusão do valor repassado ao associado. Esse valor não corresponde ao valor de venda das mercadorias pela cooperativa; corresponde sim ao valor de aquisição dessas mercadorias (valor que o associado recebe). Não se está, portanto, retirando parte da receita das cooperativas do campo de incidência das contribuições. A receita continua no campo de incidência. O que se retira, na verdade, está na categoria de despesas, como o valor repassado ao associado. 14. Em outras palavras, toda a receita é tributada. O que se tem, na realidade, é uma redução do quantum debeatur do tributo, que não corresponde nem a isenção, nem a suspensão, nem a alíquota zero e nem a não incidência. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10950.904134/201187 Acórdão n.º 3402006.545 S3C4T2 Fl. 10 9 15. Não se admite, portanto, que os créditos vinculados a essas operações das cooperativas possam ser mantidos e, consequentemente, ser compensados ou ressarcidos nos termos do art. 17 da Lei no 11.033, de 2004, e do art. 16 da Lei n° 11.116, de 18 de maio de 2005. 16. Esclareçase, contudo, que nada obsta que a cooperativa, ao vender produtos sujeitos a isenção, suspensão, alíquota zero ou não incidência não possa utilizar os créditos do art. 3° da Lei n° 10.637, de 2002, e do art. 3° da Lei n° 10.833, de 2003, vinculados a essas vendas, para fins de compensação ou ressarcimento. (...) Também a já mencionada Solução de Divergência Cosit nº 1/2019, ratifica esse entendimento: (...) 21. A questão que exsurge é se as exclusões da base de cálculo das cooperativas podem ser comparadas a isenção ou a outra forma de não tributação favorecida pelo art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, de modo a permitir a compensação e o ressarcimento dos créditos vinculados a essas receitas. 22. Tal questão foi pormenorizadamente examinada na Solução de Consulta Cosit nº 387, de 30 de agosto de 2017, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 12/09/2017 (disponível na íntegra no sítio eletrônico da RFB <http://idg.receita.fazenda.gov.br/>), o que vincula, nos termos do art. 9º da Instrução Normativa RFB nº 1.396, de 16 de setembro de 2013, o entendimento da RFB acerca da matéria. (...) 24. Resta, portanto, claro que as exclusões de base de cálculo realizadas pelas cooperativas não correspondem a isenção, suspensão, alíquota zero ou não incidência, de modo que os créditos vinculados à receita de venda de cooperativas não podem, em regra, ser aproveitados para fins de compensação ou de ressarcimento. A exceção a essa regra seriam os créditos vinculados a receitas de exportação, a receitas decorrentes de vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS ou a outras receitas a que a legislação especificamente autorize a compensação e o ressarcimento. (...) Por fim, quanto aos princípios e aos subprincípios mencionados pela recorrente, há que se esclarecer que, desde que legítima, como é o caso, a aplicação e a interpretação da legislação que acaba por acarretar menor valor de créditos a ressarcir à contribuinte do que o Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10950.904134/201187 Acórdão n.º 3402006.545 S3C4T2 Fl. 11 10 pretendido não representa lesão aos princípios da proporcionalidade ou da moralidade administrativa. Assim, pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 139DF CARF MF
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