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Numero do processo: 11686.000072/2008-77
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Aug 13 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 PIS/PASEP. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. ALCANCE. Conforme decidiu o STJ no julgamento do Resp nº 1.221.170/PR, na sistemática dos recursos repetitivos, não há previsão legal para a apropriação de créditos de PIS, no regime da não-cumulatividade, sobre as despesas de cunho administrativo e comercial, sobretudo quando não demonstradas qualquer vínculo de sua relevância com o processo produtivo da empresa. Contudo, demonstrado que o bem ou serviço adquirido foi utilizado no processo produtivo e se comprovou a sua essencialidade e relevância faz se necessário o reconhecimento do direito ao crédito. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. SITUAÇÕES FÁTICAS DIFERENTES. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO CARACTERIZADA. NÃO CONHECIMENTO. A divergência jurisprudencial que autoriza a interposição de recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF caracteriza-se quando, em situações semelhantes, são adotadas soluções divergentes por colegiados diferentes, em face do mesmo arcabouço normativo.
Numero da decisão: 9303-009.199
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial apenas quanto ao conceito de insumo e, no mérito, na parte conhecida, em negar-lhe provimento. (documento assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício. (documento assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal – Relator. Participaram da Sessão de Julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL

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REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. ALCANCE. Conforme decidiu o STJ no julgamento do Resp nº 1.221.170/PR, na sistemática dos recursos repetitivos, não há previsão legal para a apropriação de créditos de PIS, no regime da não-cumulatividade, sobre as despesas de cunho administrativo e comercial, sobretudo quando não demonstradas qualquer vínculo de sua relevância com o processo produtivo da empresa. Contudo, demonstrado que o bem ou serviço adquirido foi utilizado no processo produtivo e se comprovou a sua essencialidade e relevância faz se necessário o reconhecimento do direito ao crédito. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. SITUAÇÕES FÁTICAS DIFERENTES. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO CARACTERIZADA. NÃO CONHECIMENTO. A divergência jurisprudencial que autoriza a interposição de recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF caracteriza-se quando, em situações semelhantes, são adotadas soluções divergentes por colegiados diferentes, em face do mesmo arcabouço normativo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial apenas quanto ao conceito de insumo e, no mérito, na parte conhecida, em negar-lhe provimento. (documento assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício. (documento assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 68 6. 00 00 72 /2 00 8- 77 Fl. 292DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 9303-009.199 - CSRF/3ª Turma Processo nº 11686.000072/2008-77 Andrada Márcio Canuto Natal – Relator. Participaram da Sessão de Julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Trata-se de recurso especial de divergência, apresentado pela Fazenda Nacional, em face do acórdão nº 3803-005294, de 29/01/2014, o qual possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 VARIAÇÃO MONETÁRIA E CAMBIAL ATIVA CONTRIBUIÇÃO PELA SISTEMÁTICA NÃO CUMULATIVA TRIBUTAÇÃO. MOMENTO DA LIQUIDAÇÃO. As variações cambiais ativas e monetárias de direitos e obrigações em moeda estrangeira compõem a base de cálculo da contribuição não cumulativa serão consideradas para efeito de tributação do PIS/Pasep no momento da efetiva liquidação das operações correspondentes. INSUMOS. CONCEITO. APLICADOS DIRETA OU INDIRETAMENTE NA PRODUÇÃO OU PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Para fins de creditamento da Contribuição Social não cumulativa, insumos são todos aqueles bens e serviços que possam ser direta ou indiretamente empregados no processo produtivo, ou que o viabilizem, e na prestação de serviços, sem os quais não se realizem ou se incorra na perda substancial de qualidade dos produtos ou dos serviços prestados, sem necessariamente sofrerem alteração em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. RESSARCIMENTO EM ESPÉCIE. FINAL DO TRIMESTRE. CRÉDITO. VINCULADO Á RECEITA DE EXPORTAÇÃO. Somente o crédito vinculado à exportação de mercadorias para o exterior que até o final de cada trimestre do ano civil não for utilizado na dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno, poderá ser utilizado na compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, ou no pedido de ressarcimento em dinheiro. A insurgência trazida no recurso especial são referentes a duas matérias: 1) Momento da tributação, pelo PIS, em relação às variações cambiais ativas; e 2) Conceito de insumos. O recurso especial fazendário foi admitido pelo presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF. Fl. 293DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 9303-009.199 - CSRF/3ª Turma Processo nº 11686.000072/2008-77 Devidamente cientificado, o contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal - Relator O recurso especial da Fazenda Nacional é tempestivo, restando verificar o atendimento dos demais requisitos ao seu conhecimento. A Fazenda Nacional apresentou o acórdão paradigma nº 9303-002017 para comprovar a divergência de interpretação da norma tributária em relação ao momento da tributação, pelo PIS, das receitas financeiras decorrentes de variações cambiais. Acontece que os acórdãos, recorrido e paradigma, foram convergentes ao interpretar a mesma matéria. Aplicaram a mesma conclusão, só que para situações jurídicas distintas. Transcrevo abaixo novamente a ementa do acórdão recorrido, em relação a esta matéria: VARIAÇÃO MONETÁRIA E CAMBIAL ATIVA CONTRIBUIÇÃO PELA SISTEMÁTICA NÃO CUMULATIVA TRIBUTAÇÃO. MOMENTO DA LIQUIDAÇÃO. As variações cambiais ativas e monetárias de direitos e obrigações em moeda estrangeira compõem a base de cálculo da contribuição não cumulativa serão consideradas para efeito de tributação do PIS/Pasep no momento da efetiva liquidação das operações correspondentes. Agora transcrevo a ementa do acórdão paradigma, em relação a esta matéria: PIS. BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÕES CAMBIAIS. As variações cambiais integram a base de cálculo da Contribuição para o PIS. A partir de janeiro de 2000 devem ser submetidas à tributação pelo regime de caixa desde que o mesmo critério seja seguido para efeito de apuração das bases de cálculo do IRPJ, da CSLL e da COFINS. O acórdão recorrido decidiu que a tributação das variações cambiais ativas podem ser apuradas pelo regime de caixa, ou seja, no momento de sua liquidação. Utilizou como razão de decidir o disposto no art. 30 da MP nº 2.158/2001: Art. 30. A partir de 1o de janeiro de 2000, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão consideradas, para efeito de determinação da base de cálculo do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, bem assim da determinação do lucro da exploração, quando da liquidação da correspondente operação. Fl. 294DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 9303-009.199 - CSRF/3ª Turma Processo nº 11686.000072/2008-77 § 1o À opção da pessoa jurídica, as variações monetárias poderão ser consideradas na determinação da base de cálculo de todos os tributos e contribuições referidos no caput deste artigo, segundo o regime de competência. (...) Por sua vez, o acórdão paradigma negou provimento ao recurso voluntário do contribuinte, utilizando a mesma conclusão, porém ressaltou que naquele caso o próprio contribuinte havia feito opção pelo regime de competência. Veja trecho do voto vencedor: (...) Assim, em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 2000, objeto do presente lançamento a lei facultava ao contribuinte o direito de optar pelo regime de apropriação das receitas cambiais. Conforme demonstrado, neste período a regra geral passou a ser a adoção do regime de caixa para efeito de tributação da variação cambial, podendo ser adotado o regime de competência a critério do contribuinte. Cabe ao sujeito passivo, portanto, analisar a conveniência da adoção de um ou outro regime, levando em conta os efeitos fiscais decorrentes de sua opção. (...) Se o autuado tinha o direito garantido por lei de apurar o IR, a CSLL, o PIS e a Cofins incidentes sobre as variações cambiais quando da efetiva liquidação, ou seja, pelo regime de caixa e optou pelo regime de competência, não cabe agora vir contestar a sistemática por ele mesmo escolhida, pretendendo modificar a base de cálculo utilizada no auto de infração, levantada com base nos demonstrativos e registros contábeis da empresa. (...) Diante do exposto, não conheço do recurso especial da Fazenda Nacional em relação a essa matéria. Conceito de Insumos Em relação ao conceito de insumos, a divergência de interpretação da norma tributária está bem demonstrada, cabendo o conhecimento do recurso especial. As matérias postas em discussão pelo recurso especial, decorrem da aplicação do que se entende do conceito de insumos para fins de apuração da não cumulatividade da Cofins, nos termos das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003. Antes de adentrar ao mérito das matérias, importante antes estabelecer o conceito de insumos a ser aplicado no presente voto. Importante esclarecer, que parte desse colegiado, nas sessões de julgamento precedentes, inclusive eu, não compartilhava do entendimento de que a legislação da não cumulatividade do PIS e da Cofins dava margem para compreender o conceito de insumos no sentido de sua relevância e essencialidade às atividades da empresa como um todo. No nosso entender a legislação do PIS/Cofins traz uma espécie de numerus clausus em relação aos bens e serviços considerados como insumos para fins de creditamento, ou seja, fora daqueles itens expressamente admitidos pela lei, não há possibilidade de aceitá-los dentro do conceito de insumo. Embora não aplicável a legislação restritiva do IPI, o insumo era restrito ao item aplicado e consumido diretamente no processo produtivo, não se admitindo bens ou serviços que, Fl. 295DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 9303-009.199 - CSRF/3ª Turma Processo nº 11686.000072/2008-77 embora relevantes, fossem aplicados nas etapas pré-industriais ou pós-industriais, a exemplo dos conhecidos insumos de insumos, como é o caso do adubo utilizado na plantação da cana-de- açúcar, quando o produto final colocado à venda é o açúcar ou o álcool. Porém, o STJ, no julgamento do Recurso Especial nº 1.221.170/PR, submetido à sistemática dos recursos repetitivos de que tratam os arts. 1036 e seguintes do NCPC, trouxe um novo delineamento ao trazer a interpretação do conceito de insumos que entende deve ser dada pela leitura do inciso II dos art. 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003. Sobre o assunto, a Fazenda Nacional editou a Nota SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFN-MF, na qual traz que o STJ em referido julgamento teria assentado as seguintes teses: “(a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não-cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte". Portanto, por força do efeito vinculante da citada decisão do STJ, esse conselheiro passará a adotar o entendimento muito bem explanado na citada nota da PGFN. Para que o conceito doravante adotado seja bem esclarecido, transcrevo abaixo excertos da Nota SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFN-MF, os quais considero esclarecedores dos critérios a serem adotados. (...) 15. Deve-se, pois, levar em conta as particularidades de cada processo produtivo, na medida em que determinado bem pode fazer parte de vários processos produtivos, porém, com diferentes níveis de importância, sendo certo que o raciocínio hipotético levado a efeito por meio do “teste de subtração” serviria como um dos mecanismos aptos a revelar a imprescindibilidade e a importância para o processo produtivo. 16. Nesse diapasão, poder-se-ia caracterizar como insumo aquele item – bem ou serviço utilizado direta ou indiretamente - cuja subtração implique a impossibilidade da realização da atividade empresarial ou, pelo menos, cause perda de qualidade substancial que torne o serviço ou produto inútil. 17. Observa-se que o ponto fulcral da decisão do STJ é a definição de insumos como sendo aqueles bens ou serviços que, uma vez retirados do processo produtivo, comprometem a consecução da atividade-fim da empresa, estejam eles empregados direta ou indiretamente em tal processo. É o raciocínio que decorre do mencionado “teste de subtração” a que se refere o voto do Ministro Mauro Campbell Marques. 18. (...) Destarte, entendeu o STJ que o conceito de insumos, para fins da não- cumulatividade aplicável às referidas contribuições, não corresponde exatamente aos conceitos de “custos e despesas operacionais” utilizados na legislação do Imposto de Renda. Fl. 296DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 9303-009.199 - CSRF/3ª Turma Processo nº 11686.000072/2008-77 (...) 36. Com a edição das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, o legislador infraconstitucional elencou vários elementos que como regra integram cadeias produtivas, considerando-os, de forma expressa, como ensejadores de créditos de PIS e COFINS, dentro da sistemática da não-cumulatividade. Há, pois, itens dentro do processo produtivo cuja indispensabilidade material os faz essenciais ou relevantes, de forma que a atividade-fim da empresa não é possível de ser mantida sem a presença deles, existindo outros cuja essencialidade decorre por imposição legal, não se podendo conceber a realização da atividade produtiva em descumprimento do comando legal. São itens que, se hipoteticamente subtraídos, não obstante não impeçam a consecução dos objetivos da empresa, são exigidos pela lei, devendo, assim, ser considerados insumos. (...) 38. Não devem ser consideradas insumos as despesas com as quais a empresa precisa arcar para o exercício das suas atividades que não estejam intrinsicamente relacionadas ao exercício de sua atividade-fim e que seriam mero custo operacional. Isso porque há bens e serviços que possuem papel importante para as atividades da empresa, inclusive para obtenção de vantagem concorrencial, mas cujo nexo de causalidade não está atrelado à sua atividade precípua, ou seja, ao processo produtivo relacionado ao produto ou serviço. 39. Vale dizer que embora a decisão do STJ não tenha discutido especificamente sobre as atividades realizadas pela empresa que ensejariam a existência de insumos para fins de creditamento, na medida em que a tese firmada refere-se apenas à atividade econômica do contribuinte, é certo, a partir dos fundamentos constantes no Acórdão, que somente haveria insumos nas atividades de produção de bens destinados à venda ou de prestação de serviços. Desse modo, é inegável que inexistem insumos em atividades administrativas, jurídicas, contábeis, comerciais, ainda que realizadas pelo contribuinte, se tais atividades não configurarem a sua atividade-fim. (...) 43. O raciocínio proposto pelo “teste da subtração” a revelar a essencialidade ou relevância do item é como uma aferição de uma “conditio sine qua non” para a produção ou prestação do serviço. Busca-se uma eliminação hipotética, suprimindo-se mentalmente o item do contexto do processo produtivo atrelado à atividade empresarial desenvolvida. Ainda que se observem despesas importantes para a empresa, inclusive para o seu êxito no mercado, elas não são necessariamente essenciais ou relevantes, quando analisadas em cotejo com a atividade principal desenvolvida pelo contribuinte, sob um viés objetivo. (...) 50. Outro aspecto que pode ser destacado na decisão do STJ é que, ao entender que insumo é um conceito jurídico indeterminado, permitiu-se uma conceituação diferenciada, de modo que é possível que seja adotada definição diferente a depender da situação, o que não configuraria confusão, diferentemente do que alegava o contribuinte no Recurso Especial. 51. O STJ entendeu que deve ser analisado, casuisticamente, se o que se pretende seja considerado insumo é essencial ou relevante para o processo Fl. 297DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 9303-009.199 - CSRF/3ª Turma Processo nº 11686.000072/2008-77 produtivo ou à atividade principal desenvolvida pela empresa. Vale ressaltar que o STJ não adentrou em tal análise casuística já que seria incompatível com a via especial. 52. Determinou-se, pois, o retorno dos autos, para que observadas as balizas estabelecidas no julgado, fosse apreciada a possibilidade de dedução dos créditos relativos aos custos e despesas pleiteados pelo contribuinte à luz do objeto social daquela empresa, ressaltando-se as limitações do exame na via mandamental, considerando as restrições atinentes aos aspectos probatórios. (...) Analisando o caso concreto apreciado pelo STJ no RESP 1.221.170/PR, observa- se que estava em discussão os seguintes itens que a recorrente, uma empresa do ramo de alimentos, mais especificamente, avicultura, pleiteava: " 'Custos Gerais de Fabricação' (água, combustíveis, gastos com veículos, materiais de exames laboratoriais, materiais de proteção EPI, materiais de limpeza, ferramentas, seguros, viagens e conduções) e 'Despesas Gerais Comerciais' (combustíveis, comissão de vendas a representantes, gastos com veículos, viagens e conduções, fretes, prestação de serviços - PJ, promoções e propagandas, seguros, telefone, comissões)". Ressalte-se que referido acórdão reconheceu a possibilidade de ser possível o creditamento somente em relação aos seguintes itens: água, combustíveis e lubrificantes, materiais de exames laboratoriais, materiais de proteção EPI e materiais de limpeza. De plano percebe-se que o acórdão, apesar de aparentemente ter reconhecido um conceito de insumos bastante amplo ao adotar termos não muito objetivos, como essencialidade ou relevância, afastou a possibilidade de creditamento de todas as despesas gerais comerciais, aí incluídas despesas de frete e outras que se poderiam acreditar relevantes ou essenciais. Anote ainda que, mesmo para os itens teoricamente aceitos, devolveu-se para que o Tribunal recorrido avaliasse a sua essencialidade ou relevância, à luz da atividade produtiva exercida pelo recorrente. Assim, uma conclusão inequívoca que penso poder ser aplicada é que não é cabível o entendimento muito aventado pelos contribuintes e por alguns doutrinadores, de que todos os custos e despesas operacionais seriam possíveis de creditamento. De forma, que doravante, à luz do que foi decidido pelo STJ no RESP 1.221.170/PR, adotarei o critério da relevância e da essencialidade sempre indagando a aplicação do insumo ao processo de produção de bens ou de prestação de serviços. Por exemplo, por mais relevantes que possam ser na atividade econômica do contribuinte, as despesas de cunho nitidamente administrativo e/ou comercial não perfazem o conceito de insumos definidos pelo STJ. Da mesma forma, demais despesas relevantes consumidas antes de iniciado ou após encerrado o ciclo de produção ou da prestação de serviços. A legislação do PIS e da Cofins, no regime não-cumulativo, prevê os seguintes tipos de créditos que podem ser aqui aplicados: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I - bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos Fl. 298DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 9303-009.199 - CSRF/3ª Turma Processo nº 11686.000072/2008-77 referidos: (...) II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (...) Com o conceito de insumos acima delineado, passemos a analisar o caso concreto em discussão. O recurso especial pede a reversão de todos os créditos concedidos, a título de insumos, no acórdão recorrido. Portanto o recurso é pertinente aos seguintes insumos: 1) combustíveis utilizados nas caldeiras; 2) análise da água consumida; 3) análises de laboratório; 4) bandeja, pedra de afiar, cotovelo e parafuso; 5) material elétrico e hidráulico; 6) aluguel de cilindros e similares. De início, cabe afastar um dos principais argumentos da recorrente que defende a aplicação restrita das IN SRF nº 247/2002 e 404/2004. Como vimos mais acima, o STJ afastou definitivamente os conceitos exageradamente restritivos que constavam das referidas instruções normativas. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal, a empresa atua no setor frigorífico, procedendo a industrialização de carnes, na modalidade abate de bovinos, transformando-os em cortes específicos e meias carcaças, embalando-as para comercialização, tando no mercado interno quanto no externo. O acórdão recorrido, após esclarecer que estaria adotando um conceito de insumos intermediário, ou seja, nem tão restrito quanto previsto na legislação do IPI e nem tão elástico quanto na legislação do IRPJ, deu provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte permitindo créditos de alguns itens por entendê-los que são essenciais e pertinentes ao processo produtivo. Transcrevo suas conclusões em relação aos itens concedidos e que foram objetos do recurso fazendário: (...) Logo, segundo as provas que contém nos autos, devem ser objeto de crédito os insumos a seguir, pela evidência de sua utilização no processo produtivo: a) os combustíveis que possam, comprovadamente, ter sido usados nas caldeiras, devendo ser desconsideraodos os documentos fiscais que denotem outros usos; b) os insumos a seguir, descaracterizados como tal por não sofrerem alteração em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, mas que considero pertinentes e essenciais ao processo produtivo: (i) análise da água consumida; (ii) análises de laboratório; (iii) bandeja, pedra de afiar, cotovelo e parafuso; (iv) material elétrico e hidráulico, desde que utilizados no processo Fl. 299DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 9303-009.199 - CSRF/3ª Turma Processo nº 11686.000072/2008-77 produtivo; (v) outros gastos (aluguel de cilindros e similares). (...) Ora, conforme já afirmei anteriormente, o recurso fazendário não contesta especificamente a conclusão de que são utilizados no processo produtivo. Os argumentos são exclusivos no sentido de que para serem insumos, devem ser consumidos em contato direto com o produto em fabricação. Como vimos esta restrição foi afastada definitivamente pelo julgamento do STJ, já referenciado anteriormente. Diante do exposto, conheço parcialmente do recurso especial fazendário, somente na parte relativa ao conceito de insumos, e nego-lhe provimento. (documento assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 300DF CARF MF

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Numero do processo: 13897.000777/2002-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 15 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Sep 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 1997 MULTA. CONFISCO. CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária que determina a aplicação de multa diante de descumprimento de obrigação tributária. Súmula CARF n° 2. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Ano-calendário: 1997 ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO. MULTA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Súmula CARF n° 49.
Numero da decisão: 1201-003.103
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente (documento assinado digitalmente) Neudson Cavalcante Albuquerque - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Efigênio de Freitas Júnior, Alexandre Evaristo Pinto, Bárbara Santos Guedes (Suplente convocado) e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
Nome do relator: NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE

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CONFISCO. CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária que determina a aplicação de multa diante de descumprimento de obrigação tributária. Súmula CARF n° 2. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Ano-calendário: 1997 ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO. MULTA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Súmula CARF n° 49. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente (documento assinado digitalmente) Neudson Cavalcante Albuquerque - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 7. 00 07 77 /2 00 2- 49 Fl. 133DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 1201-003.103 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13897.000777/2002-49 Bossa, Efigênio de Freitas Júnior, Alexandre Evaristo Pinto, Bárbara Santos Guedes (Suplente convocado) e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente). Relatório ESPAÇO PROPAGANDA LTDA, pessoa jurídica já qualificada nestes autos, inconformada com a decisão proferida no Acórdão nº 3.004 (fls. 33), pela DRJ Campinas, interpôs recurso voluntário (fls. 45) dirigido a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, objetivando a reforma daquela decisão. O processo trata de lançamento tributário para exigir multa por atraso na entrega da DIPJ/1998, no valor de R$ 399.544,57, correspondente ao percentual de 20% do tributo devido (fls. 29). O contribuinte impugnou o lançamento tributário (fls. 2). A decisão de primeira instância, ora recorrida, considerou procedente a exigência tributária. O recurso voluntário (fls. 45) apresentado em seguida repisa os argumentos já oferecidos na impugnação, a seguir sintetizados: i) a multa aplicada é indevida em razão da ocorrência de denúncia espontânea; ii) a multa aplicada tem caráter confiscatório, o que fere os artigos 145 e 150 da Constituição Federal. É o relatório. Voto Conselheiro Neudson Cavalcante Albuquerque, Relator. O contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância em 01/09/2003 (fls. 39) e seu recurso voluntário foi apresentado em 23/09/2003 (fls. 45). Assim, o recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. O recorrente opõe-se à decisão de primeira instância com os argumentos a seguir apresentados e apreciados. 1 Denúncia espontânea O recorrente afirma que apresentou a DIPJ em tela antes de qualquer procedimento fiscal, o que caracterizaria a denúncia espontânea prevista no artigo 138 do CTN, afastando assim a possibilidade de exigência da multa ora combatida, nos seguintes termos (fls. 46): Fl. 134DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 1201-003.103 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13897.000777/2002-49 A Recorrente demonstrou, em suas razões de Impugnação, que a multa exigida é totalmente indevida, tendo em vista que a Declaração de Rendimentos foi apresentada antes do início de qualquer procedimento de fiscalização, configurando, portanto, a DENÚNCIA ESPONTÂNEA, nos termos do artigo 138, do Código Tributário Nacional. A questão relativa à possibilidade de ocorrência de denúncia espontânea quando uma obrigação acessória é cumprida além do prazo regulamentar já foi bastante discutida no âmbito deste CARF, o que possibilitou a sedimentação do entendimento de que o referido instituto não alcança a infração de atraso na entrega de declaração, nos termos da Súmula CARF nº 49, verbis: Súmula CARF n° 49 A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Portanto, a presente reclamação do contribuinte deve ser afastada. 2 Caráter confiscatório O recorrente entende que a multa aplicada teria efeito confiscatório, o que deve ser afastado em homenagem aos artigos 145 e 150 da Constituição Federal, nos seguintes termos (fls. 49): O princípio da capacidade contributiva e da vedação do confisco são hoje princípios constitucionais expressos em matéria tributária (art. 145, par. 1o, e art. 150, IV da CF/88). Embora dirigidos literalmente aos impostos (princípio da capacidade contributiva) e aos tributos (vedação de utilizá-los com efeito de confisco), tais postulados se espraiam por todo o sistema tributário, atingindo por inteiro o crédito tributário na sua acepção mais lata, como conceituado pelo art. 133 e parágrafos do Código Tributário Nacional, Em síntese: eles atingem tanto as penas fiscais quanto os tributos.. A imposição da sanção ora combatida foi realizada conforme o que dispõe o artigo 88 da Lei nº 8.981/1995, combinado com o artigo 27 da Lei nº 9.532/1997. Para acatar o argumento do contribuinte seria necessário reconhecer a inconstitucionalidade dos referidos dispositivos legais. Contudo, isso está além da competência deste órgão de julgamento, nos termos da Súmula CARF nº 2, verbis: Súmula CARF n° 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ademais, O Regimento Interno do CARF proíbe o fundamento de inconstitucionalidade para deixar de aplicar a lei, conforme o artigo 62 da Anexo II da Portaria MF nº 343/2015, verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Com isso, a presente reclamação deve ser afastada. Fl. 135DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 1201-003.103 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13897.000777/2002-49 3 Conclusão Diante das razões acima expostas, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Neudson Cavalcante Albuquerque Fl. 136DF CARF MF

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7900489 #
Numero do processo: 10880.949210/2008-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Sep 13 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-002.178
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência para que os autos retornem à unidade de origem, a fim de que a fiscalização avalie os documentos juntados nos autos e verifique se existem créditos de PIS e Cofins recolhidos sobre o regime não cumulativo, inclusive nos obrigatórios (Art. 62 do RICARF) moldes estabelecidos no julgamento do REsp 1.221.170 STJ, em sede de recurso repetitivo, que determinou a relação de relevância e essencialidade dos dispêndios sobre os insumos com as atividades da empresa, podendo solicitar mais documentos ao contribuinte, se necessário. Vencido o conselheiro Hélcio Lafetá Reis, que não conhecia do Recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente).
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA

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Vencido o conselheiro Hélcio Lafetá Reis, que não conhecia do Recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 49 21 0/ 20 08 -5 9 Fl. 175DF CARF MF Fl. 2 da Resolução n.º 3201-002.178 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.949210/2008-59 Relatório O interessado transmitiu Per/Dcomp visando a compensar o(s) débito(s) nele declarado(s) com crédito oriundo de pagamento a maior de contribuição não-cumulativa. A Delegacia da Receita Federal de jurisdição do contribuinte emitiu despacho decisório eletrônico no qual não homologa integralmente a compensação pleiteada, sob o argumento de que o pagamento foi utilizado na quitação de débito da empresa, não restando saldo creditório suficiente. Irresignado com o indeferimento do seu pedido, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade alegando, em síntese, que: - O valor do crédito compensado existe, é legítimo e válido, uma vez que deriva de apuração constante no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON). -. Ademais, informa que, por lapso, deixou de apresentar a devida retificação da DCTF respectiva. -. Diante do quanto alegado, no intuito de regularizar o crédito defendido, comprometese a retificar a DCTF em questão requerendo, para tanto, o prazo de 45 dias úteis. O colegiado a quo julgou improcedente o pedido, nos termos do Acórdão nº 16- 035.286. Em recurso voluntário o contribuinte reforçou as argumentações da manifestação de inconformidade e também apontou que seus créditos possuem origem no recolhimento do Pis e da Cofins no regime não cumulativo. Relatado o caso. Voto. Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido na Resolução nº 3201- 002.164, de 23 de julho de 2019, proferido no julgamento do processo 10880.949196/2008-93, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução nº 3201-002.164): “Conforme o Direito Tributário, a legislação, os fatos, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos Fl. 176DF CARF MF Fl. 3 da Resolução n.º 3201-002.178 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.949210/2008-59 trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme Portaria de condução e Regimento Interno, apresenta-se esta Resolução. A primeira análise do crédito foi apresentada no Despacho Decisório Eletrônico de fls. 2, que não reconheceu os créditos, em razão da insuficiência de crédito para a homologação integral da compensação. Em manifestação de inconformidade de fls. 11 o contribuinte, de forma mais genérica, alega que seus créditos possuem origem no recolhimento do Pis e Cofins no regime não cumulativo: Após a decisão de primeira instância, que entendeu não estar comprovada a origem, certeza e liquidez dos créditos no processo, o contribuinte explica com mais detalhes a origem de seus créditos sobre o regime não cumulativo, conforme trechos selecionados a seguir: Fl. 177DF CARF MF Fl. 4 da Resolução n.º 3201-002.178 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.949210/2008-59 ... ... ... Fl. 178DF CARF MF Fl. 5 da Resolução n.º 3201-002.178 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.949210/2008-59 Foram anexados diversos documentos em sede de recurso voluntário que não foram apreciados pela autoridade de origem e que necessitam de tal apreciação, sob a pena de restar configurado o cerceamento de defesa, garantia valiosa no processo administrativo tributário. É igualmente importante registrar que não houve preclusão, uma vez que o contribuinte não alterou e não inovou em suas alegações ao longo do processo, simplesmente abordou com mais detalhes a origem de seu crédito. A verdade material dos autos foi construída ao longo de seu desenrolar, como acontece costumeiramente nos casos que possuem origem em despacho decisório eletrônico. Entre outros dispositivos legais, o Art. 16.º, §6.º e o Art. 29.º do Decreto 70.235/72, Art. 2.º caput, inciso XII e Art. 38.º e 64.º da Lei 9.784/99 e Art. 112.º, 113.º, 142.º e 149.º do CTN permitem a busca da verdade material no processo administrativo fiscal. Em face do exposto, com fundamento na regra administrativa fiscal da busca da verdade material, vota-se para que os autos sejam convertido em diligência para que: - os autos retornem à unidade de origem a fim de que a fiscalização avalie os documentos juntados nos autos e verifique se existem créditos de PIS e Cofins recolhidos sobre o regime não cumulativo, inclusive nos obrigatórios (Art. 62 do RICARF) moldes estabelecidos no julgamento do REsp 1.221.170 STJ, em sede de recurso repetitivo, que determinou a relação de relevância e essencialidade dos dispêndios sobre os insumos com as atividades da empresa, podendo solicitar mais documentos ao contribuinte, se necessário. Após, abram vistas para que a recorrente se pronuncie. Concluída a diligência, retornem os autos ao CARF para julgamento.” Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, para que - os autos retornem à unidade de origem a fim de que a fiscalização avalie os documentos juntados nos autos e verifique se existem créditos de PIS e Cofins Fl. 179DF CARF MF Fl. 6 da Resolução n.º 3201-002.178 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.949210/2008-59 recolhidos sobre o regime não cumulativo, inclusive nos obrigatórios (Art. 62 do RICARF) moldes estabelecidos no julgamento do REsp 1.221.170 STJ, em sede de recurso repetitivo, que determinou a relação de relevância e essencialidade dos dispêndios sobre os insumos com as atividades da empresa, podendo solicitar mais documentos ao contribuinte, se necessário. Após, abram vistas para que a recorrente se pronuncie. Concluída a diligência, retornem os autos ao CARF para julgamento (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 180DF CARF MF

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Numero do processo: 35476.001355/2007-99
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Aug 05 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/1989 a 31/12/1994 EMBARGOS INOMINADOS. LAPSO MANIFESTO. ACOLHIMENTO. DECISÃO EXTRA PETITA. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RECONHECIMENTO JUDICIAL DE COMPENSAÇÃO. CABIVEL RESTITUIÇÃO NOS PROCEDIMENTOS DEFINIDOS PELA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA. EXISTÊNCIA DE DÉBITOS E IMPEDIMENTO À COMPENSAÇÃO / RESTITUIÇÃO. Possibilidade de homologação de restituição em substituição à compensação reconhecida judicialmente, mesmo existindo débitos cuja exigibilidade esteja suspensa, ou débitos em situação regular relativa aos créditos constituídos por meio de auto de infração ou notificação de lançamento, aos parcelados e aos créditos declarados, que não estejam com sua exigibilidade suspensa, considerando todos os estabelecimentos e obras de construção civil do contribuinte interessado.
Numero da decisão: 2202-005.294
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados com efeitos infringentes para alterar a decisão embargada no sentido de dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer que o direito creditório do contribuinte pode ser restituído e/ou compensado, observadas as normas de regência expedidas pela administração tributária, conforme explanado na conclusão do voto do relator. (documento assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente (documento assinado digitalmente) Ricardo Chiavegatto de Lima - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Thiago Duca Amoni (Suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RICARDO CHIAVEGATTO DE LIMA

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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/1989 a 31/12/1994 EMBARGOS INOMINADOS. LAPSO MANIFESTO. ACOLHIMENTO. DECISÃO EXTRA PETITA. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RECONHECIMENTO JUDICIAL DE COMPENSAÇÃO. CABIVEL RESTITUIÇÃO NOS PROCEDIMENTOS DEFINIDOS PELA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA. EXISTÊNCIA DE DÉBITOS E IMPEDIMENTO À COMPENSAÇÃO / RESTITUIÇÃO. Possibilidade de homologação de restituição em substituição à compensação reconhecida judicialmente, mesmo existindo débitos cuja exigibilidade esteja suspensa, ou débitos em situação regular relativa aos créditos constituídos por meio de auto de infração ou notificação de lançamento, aos parcelados e aos créditos declarados, que não estejam com sua exigibilidade suspensa, considerando todos os estabelecimentos e obras de construção civil do contribuinte interessado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados com efeitos infringentes para alterar a decisão embargada no sentido de dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer que o direito creditório do contribuinte pode ser restituído e/ou compensado, observadas as normas de regência expedidas pela administração tributária, conforme explanado na conclusão do voto do relator. (documento assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente (documento assinado digitalmente) Ricardo Chiavegatto de Lima - Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 47 6. 00 13 55 /2 00 7- 99 Fl. 659DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2202-005.294 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 35476.001355/2007-99 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Thiago Duca Amoni (Suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. Relatório Tratam-se de Embargos de Declaração interpostos nos autos do processo nº 35476.001355/2007-99, em face do acórdão nº 2202-005.047, julgado por esta 2ª Turma Ordinária, da 2ª Câmara, da 2ª Seção de Julgamento do CARF, em sessão realizada em 13 de março de 2019, no qual os membros daquele colegiado entenderam, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso interposto. Em razão de vislumbrar vícios contidos no Acórdão, a Minasa TVP Alimentos e Proteínas Ltda. interpôs embargos de Declaração, cf e-fls 631/640 dos autos, com fundamento no art. 65 do Anexo II do RICARF. Em Despacho de Admissibilidade, (e-fls. 654/657) foi assim relatado pela Presidência desta 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2º Seção de Julgamento: Em sessão plenária de 13/03/2019 foi prolatado o Acórdão nº 2202-005.047 (efls. 612 a 621), pela 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/1989 a 31/12/1994 AÇÃO JUDICIAL. DECISÃO SOMENTE PARA COMPENSAÇÃO. SOLICITAÇÃO DE RESTITUIÇÃO. AFRONTA À COISA JULGADA. IMPOSSIBILIDADE. Para utilização de créditos oriundos de decisão judicial deve-se obedecer integralmente a parte dispositiva da decisão, inclusive quando à forma de utilização do indébito. A autoridade fiscal, quando executa aquilo que foi decidido em seara judicial, deve circunscrever-se a observar o que foi decidido, não podendo conceder uma interpretação extensiva sob pena de descumprimento de ordem judicial e afronta à coisa julgada. A decisão foi registrada nos seguintes termos: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Cientificada da decisão em 26/03/2019 - terça-feira (AR -efl. 627), o contribuinte apresentou, tempestivamente, em 01/04/2019 - segunda-feira (Termo de Solicitação de juntada efl. 629), os Embargos de Declaração de efls. 631 a 640, com fundamento no art. 65 do Anexo II do RICARF, alegando a existência dos seguintes vícios no julgado: a) nulidade do acórdão - julgamento extra petita;e b) omissão/contradição em relação à aplicação do entendimento do STJ - Súmula 461 e REsp n.º 1.114.404-MG submetido ao regime do art. 543-C do CPC – aplicação pela autoridade administrativa. É o breve relatório. O Presidente da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2º Seção de Julgamento admitiu os embargos de declaração, de acordo com a seguinte fundamentação: Admissibilidade dos Embargos de Declaração O Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, no seu artigo 65, prevê a possibilidade dos embargos declaratórios sempre que o acórdão Fl. 660DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2202-005.294 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 35476.001355/2007-99 contenha omissão, obscuridade ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, a saber: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciar-se a turma. Por outro lado o artigo 66 do RICARF estabelece: Art. 66. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. Feitas essas considerações, passa-se à necessária apreciação. a) Nulidade do Acórdão - Julgamento Extra Petita A embargante afirma que: (...) o recurso voluntário foi interposto em face de acórdão que não obstante tenha reconhecido o direito da Embargante à restituição do indébito, indeferiu o pleito, EXCLUSIVAMENTE em razão de suposta existência de débitos previdenciários que não estariam com a exigibilidade suspensa e impediriam a restituição. Deste modo, o objeto do recurso voluntário foi somente afastar tal questão, sendo demonstrado em síntese que: · A ora Embargante não possui nenhum débito/pendência cuja exigibilidade não esteja suspensa; · Ainda que a Embargante possuísse algum débito pendente para com a RFB/PGFN, todos estão com suas exigibilidades suspensas; · Ainda que a Embargante possuísse algum débito pendente para com a RFB/PGFN, todos estão com suas exigibilidades suspensas; (sic. O texto apresentado nos Embargos realmente repete o mesmo descritivo da questão antetior) Sendo assim, caberia a esta Colenda Turma Julgadora analisar e julgar a matéria objeto do recurso voluntário, tendo inclusive expressamente reconhecido que tal matéria seria a existência ou não de débitos que estariam com a exigibilidade suspensa, confira-se: “Embora o fulcro da interposição do presente Recurso seja a não concordância com a denegação da restituição pela Decisão de Primeira Instância, exarada pela possível existência de débitos tributários, enquanto a Recursante defende não possui nenhum débito ou pendência cuja exigibilidade não esteja suspensa, necessário se faz o retorno à questão primária envolvida na análise da Manifestação de Inconformidade pela DRJ.” Nesse sentido, pleiteia o reconhecimento da "nulidade do acórdão recorrido à luz do disposto no art. 59, II, do Decreto nº 70.235/72, uma vez que a ausência de apreciação das alegações trazidas pelo sujeito passivo caracteriza a preterição do direito de defesa, tanto pelo não exame da matéria recorrida, quanto pelo exame de matéria superada, que não objeto do recurso a ser julgado". Compulsando os autos, entendo que assiste razão à Embargante, visto que o acórdão embargado, apesar de reconhecer que a matéria recorrida restringia-se à inexistência de débitos tributários cuja exigibilidade não estivesse suspensa, adentrou no exame de matéria já decidida pelo Acórdão da DRJ - direito de restituição administrativa em face de crédito reconhecido em ação judicial, que lhe autorizou a compensação -, questão essa não suscitada no Recurso Voluntário, como se depreende da leitura da referida peça recursal. De fato, o acórdão de primeira instância já havia interpretado as decisões judiciais que amparam o pleito do contribuinte, inclusive à luz de precedentes, e chegado ao Fl. 661DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2202-005.294 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 35476.001355/2007-99 entendimento de que seria possível sim, a restituição, cingindo-se o empecilho então levantado à presença de débitos em aberto. Tenho que ainda que o Colegiado de segunda instância não precise estar, necessariamente, vinculado à interpretação da DRJ quanto ao alcance das decisões judiciais, o fato é que órgão julgador da própria RFB já reconhecera a possibilidade de restituição, em tese, com base na decisão judicial. Negar provimento ao recurso com lastro em interpretação diversa, trata-se, na prática, de inovação argumentativa, traduzindo-se na espécie, inclusive, em julgamento extra petita, que na dicção da doutrina especializada, consiste na decisão proferida fora dos pedidos do autor, ensejando a devolução do processo à Turma julgadora para que o julgado seja refeito, apenas nesta parte. Anote-se que houve verdadeira reforma da decisão de primeiro grau em desfavor da recorrente, pois essa, repita-se, havia reconhecido que havia amparo para o pedido de restituição formulado, enquanto o acórdão embargado sequer tal direito admite. Houvesse sido interposto recurso de ofício, poderia se chegar a conclusão diversa, mas não sendo esse o caso, devem ser admitidos os embargos. b) Omissão/contradição em relação à aplicação do entendimento do STJ - Súmula 461 e REsp n.º 1.114.404-MG submetido ao regime do art. 543-C do CPC – aplicação pela autoridade administrativa. Com relação ao segundo vício suscitado pela ora embargante, verifica-se que não lhe assiste razão, uma vez que o entendimento da turma julgadora foi no sentido de que a opção pelo modo de recebimento do indébito pleiteado judicialmente deve ser determinado em sede judicial: Com o trânsito em julgado da decisão que determinou a repetição do indébito, é facultado ao contribuinte manifestar a opção de receber o respectivo crédito por meio de precatório regular ou requisição de pequeno valor, ou mediante compensação em âmbito administrativo. Todavia, ao fazer a opção pelo pagamento do crédito via compensação administrativa, o contribuinte sujeitar-se-á ao procedimento disciplinado pela RFB. Ademais, com o reconhecimento do excesso no julgamento quanto à impossibilidade de petição administrativa de restituição em face de indébito tributário reconhecido judicialmente mediante compensação, a análise da omissão/contradição apontada resta prejudicada. Conclusão Pelo exposto, com fundamento no art. 66, do Anexo II do RICARF, ACOLHO PARCIALMENTE os Embargos de Declaração interpostos pelo contribuinte como Embargos Inominados, apenas no que tange ao julgamento extra petita referente à possibilidade de restituição administrativa. Encaminhe-se ao Conselheiro Relator Ricardo Chiavegatto de Lima, para inclusão em pauta de julgamento, com proposta de correção do erro de fato quanto ao julgamento extra petita, em relação à possibilidade de restituição administrativa. Assim, os Embargos de Declaração foram parcialmente acolhidos como Embargos Inominados, com proposta de correção do erro de fato quanto ao julgamento extra petita, em relação à possibilidade de restituição administrativa. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Chiavegatto de Lima, Relator. Fl. 662DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2202-005.294 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 35476.001355/2007-99 Os embargos inominados preenchem os requisitos de admissibilidade, portanto, devem ser conhecidos. Compulsando novamente os autos sob apreciação, notadamente o Recurso Voluntário de e-fls. 537/547, desta feita sob a luz dos embargos interpostos pela interessada de e- fls. 641/640, e cuja motivação desta nova apreciação advém do acolhimento parcial dos citados embargos pelo Despacho de Admissibilidade de Embargos do contribuinte, proferido pela Presidência desta Segunda Turma Ordinária, de e-fls. 654/657, de cuja admissibilidade parcial comungo, constata-se que realmente o Acórdão Embargado resultou em decisão extra petita. Da admissibilidade parcial infere-se que deve ser apreciada a possibilidade de restituição com a existência de débitos em nome da contribuinte. Retomem-se então excertos da referida Decisão da DRJ, referenciada no Despacho de Admissibilidade que ressaltou: “órgão julgador da própria RFB já reconhecera a possibilidade de restituição, em tese, com base na decisão judicial”. Os excertos da Decisão da DRJ que merecem destaque, indicando a possibilidade da restituição, embora denegando-a pela existência de débitos em cobrança, são: (...) Ora, no caso posto em julgamento, não vejo como possa prosperar o entendimento da autoridade administrativa de primeira instância. O Poder Judiciário reconheceu taxativamente o direito de crédito do contribuinte, de forma que lhe atribuiu um direito de índole patrimonial. Este direito foi reconhecido como direito subjetivo, deferindo-se a compensação. Contudo, seja pelo fato de ser um direito subjetivo, seja pela expressa previsão contida no artigo 66, § 2o da Lei nº 8.383/91, há nítida possibilidade em se optar pela restituição. Nesse sentido, creio equivocado o entendimento segundo o qual a autoridade administrativa não pode mudar o comando determinado na sentença. Isto porque, na verdade, não se está mudando nada, apenas aplicando-se uma expressa disposição de lei, que permite a faculdade do sujeito passivo, considerando-se a interpretação dada pelo próprio Poder Judiciário quando ao direito reconhecido ao contribuinte. É dizer: se (i) o Poder Judiciário reconhece o indébito tributário e autoriza a compensação, como um direito subjetivo, e (ii) a lei permite a faculdade do contribuinte em optar pela restituição; logo: é cabível a opção pela restituição. É um mero silogismo lógico! Ante o exposto, no plano teórico, de rigor reconhecer-se razão ao contribuinte. Contudo, na prática, o pedido do contribuinte deve ser indeferido. Com efeito, em consulta aos sistemas informatizados da RFB verifica-se a existência de documento de constituição de crédito tributário previdenciário em nome do sujeito passivo, (...) (...) Portanto, como o pedido foi elaborado quando da vigência da Instrução Normativa SRP nº 03, de 14/07/2005 (protocolo em 04/05/2007), a situação do contribuinte está em desacordo aos requisitos previstos no artigo 198 do normativo, (...) (...) Assim, havendo processo de débito em cobrança pela Procuradoria, de rigor reconhecer- se que o mesmo não está com sua exigibilidade suspensa, razão pela qual não se pode deferir a restituição ao contribuinte. (...) Os corretos argumentos e pedidos da interessada a serem apreciados nestes Embargos são extraídos de seu Recurso, em síntese, e colacionados a seguir, ipsis litteris: (...) Ao analisar o pedido formulado pela ora Recorrente, a SEORT indeferiu o pleito sob a alegação, em suma, que a decisão judicial preferida na ação ordinária n.° 0605651- Fl. 663DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 2202-005.294 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 35476.001355/2007-99 70.1994.4.03.6105, somente autorizou a compensação das contribuições previdenciárias, não sendo possível administrativamente, a alteração da forma de cumprimento de uma sentença, de compensação para restituição, por falta de previsão legal. (...) Contudo, aquela Turma Julgadora indeferiu o pedido da Recorrente, julgando improcedente a manifestação de inconformidade sob a alegação de que, em razão da previsão constante no inciso III, artigo 198, da Instrução Normativa SRP n.° 03, de 14/07/2005, a existência de crédito tributário previdenciário em nome da Recorrente nos sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil/Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, os quais não estariam com a exigibilidade suspensa, o que impossibilitaria o deferimento da restituição. (...) Todavia, tal decisão não pode prosperar, pois diferentemente do que apresentou o v. acórdão recorrido, não obstante a existência de débitos/pendência, todos os valores estão com a exigibilidade suspensa, em especial o crédito tributário decorrente do Processo Administrativo n.° 12971.005755/2009-49. (...) Nesta toada, diante do que preceitua o artigo 198, inciso III, da Instrução Normativa SRP n° 03, de 14.07/2005, que serviu de fundamento pelo v. acórdão recorrido para indeferimento do pedido de restituição, estando o crédito tributário com exigibilidade suspensa, justificativa não há para manter o entendimento do v. acórdão recorrido. (...) Com efeito, mesmo diante da existência de crédito tributário que não esteja com a exigibilidade suspensa, deve ser reconhecido o direito à restituição da Recorrente, sendo que o efetivo ressarcimento do montante reconhecido deverá observar a norma prevista no art. 6 o do Decreto 2.138/1997, verbis: Art. 6° A compensação poderá ser efetuada de ofício, nos termos do art. 7° do Decreto- Lei n° 2.287, de 23 de julho de 1986, sempre que a Secretaria da Receita Federal verificar que o titular do direito à restituição ou ao ressarcimento tem débito vencido relativo a qualquer tributo ou contribuição sob sua administração. § 1° A compensação de ofício será precedida de notificação ao sujeito passivo para que se manifeste sobre o procedimento, no prazo de quinze dias, sendo o seu silêncio considerado como aquiescência. § 2° Havendo concordância do sujeito passivo, expressa ou tácita, a Unidade da Secretaria da Receita Federal efetuará a compensação, com observância do procedimento estabelecido no art. 5°. § 3° No caso de discordância do sujeito passivo, a Unidade da Secretaria da Receita Federal reterá o valor da restituição ou do ressarcimento até que o débito seja liquidado. Ou seja, o crédito do Contribuinte deve ser analisado e reconhecido, se for o caso e, em caso de débito tributário pendente perante à Receita Federal do Brasil, esta deverá notificar o Contribuinte, nos termos da norma acima transcrita, para que se manifeste sobre possível compensação de ofício. Desta feita, diante da norma acima, é evidente que o direito ao crédito não pode ser indeferido em razão da existência de débito pendente em nome da Recorrente. Isto porque, caso existam débitos pendentes, sem qualquer causa suspensiva da exigibilidade, caberia à Autoridade Administrativa notificar a Recorrente para se manifestar sobre a compensação de ofício. (...) Deste modo, sem qualquer razão o acórdão recorrido, visto que a existência de débito perante a Secretaria da Receita Federal, sejam eles com exigibilidade suspensa ou não, Fl. 664DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 2202-005.294 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 35476.001355/2007-99 não pode ser óbice ao reconhecimento do direito à restituição, sob pena de violação ao direito adquirido. Portanto, diante do exposto, imperativo a reforma do v. acórdão recorrido, para que seja definido o presente pedido de restituição, uma vez que demonstrada a inexistência que (sic) qualquer crédito tributário que não esteja com a exigibilidade suspensa. III - DO PEDIDO Diante do exposto, requer a ora Recorrente seja o presente Recurso Voluntário recebido, conhecido e provido, reformando o v. acórdão recorrido para que seja deferida a restituição aqui pleiteada. Já reconhecido o direito à restituição pelo julgador de Primeira Instância, aprecie- se agora o conteúdo do artigo 7º do DL 2.287/86, referenciado pelo artigo 6 o do Decreto 2.138/1997, indicado também pelo próprio Recursante, ambos atualmente ainda vigentes (grifos inexistentes no original). Art. 7 o A Receita Federal do Brasil, antes de proceder à restituição ou ao ressarcimento de tributos, deverá verificar se o contribuinte é devedor à Fazenda Nacional. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1o Existindo débito em nome do contribuinte, o valor da restituição ou ressarcimento será compensado, total ou parcialmente, com o valor do débito. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 2o Existindo, nos termos da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966, débito em nome do contribuinte, em relação às contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, ou às contribuições instituídas a título de substituição e em relação à Dívida Ativa do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, o valor da restituição ou ressarcimento será compensado, total ou parcialmente, com o valor do débito. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 3o Ato conjunto dos Ministérios da Fazenda e da Previdência Social estabelecerá as normas e procedimentos necessários à aplicação do disposto neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) A Decisão da DRJ destaca o ato interno que referencia a existência de débitos em nome de contribuintes e seu reflexo na restituição, conforme colacionado a seguir: Portanto, como o pedido foi elaborado quando da vigência da Instrução Normativa SRP nº 03, de 14/07/2005 (protocolo em 04/05/2007), a situação do contribuinte está em desacordo aos requisitos previstos no artigo 198 do normativo, que assim rezava: Art. 197. Restituição é o procedimento administrativo mediante o qual o sujeito passivo é ressarcido pela SRP, de valores recolhidos indevidamente à Previdência Social ou a outras entidades ou fundos, observado o disposto no art. 202. Art. 198. Para efeito do disposto no art. 197, o sujeito passivo, considerados todos os seus estabelecimentos e obras de construção civil porventura existentes, deverá: I - requerer a restituição dos valores recolhidos indevidamente para a Previdência Social ou para outras entidades ou fundos, se for o caso; II - estar em dia com as contribuições sociais declaradas em GFIP; III - estar em situação regular em relação as contribuições sociais objeto de LDC, de LDCG, de DCG, de NFLD e em relação a débito decorrente de AI, cuja exigibilidade não esteja suspensa;(grifos da DRJ) IV - estar em dia com as parcelas relativas ao acordo de parcelamento de contribuições sociais objeto dos lançamentos de que trata o inciso III. Parágrafo único. Somente serão restituídos valores que não tenham sido alcançados pela prescrição, conforme disposto nos arts. 218 e 219. Fl. 665DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 2202-005.294 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 35476.001355/2007-99 Não só à época, mas também na atual determinação instrucional institucional pode ser verificada a mesma condição, cf. Instrução Normativa RFB nº 1717, de 17 de julho de 2017 (grifos não presentes no original): Art. 84. O sujeito passivo que apurar crédito relativo às contribuições previdenciárias previstas nas alíneas “a” a “d” do inciso I do parágrafo único do art. 1º, passível de restituição ou de reembolso, inclusive o crédito relativo à Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), poderá utilizá-lo na compensação de contribuições previdenciárias correspondentes a períodos subsequentes, observado o disposto no art. 87-A. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1810, de 13 de junho de 2018) § 1º É vedada a compensação do crédito de que trata o caput, objeto de discussão judicial, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. § 2º Para efetuar a compensação, o sujeito passivo deverá estar em situação regular relativa aos créditos constituídos por meio de auto de infração ou notificação de lançamento, aos parcelados e aos débitos declarados, considerando todos os seus estabelecimentos e obras de construção civil, ressalvados os débitos cuja exigibilidade esteja suspensa. (...) Diante de tais constatações, evidencia-se que na correta apreciação do quinhão admitido dos embargos, deve ser reconhecida razão parcial à embargante, uma vez que a situação dos débitos eventualmente existentes deve ser apreciada à luz das normas de regência de restituição e compensação expedidas pela administração tributária, antes da efetivação da restituição/compensação. Quanto ao fato da contribuinte possuir débitos com exigibilidade suspensa, os mesmos não impedem restituição, por força do artigo 198 da Instrução Normativa SRP nº 03, de 14/07/2005, vigente à época do protocolo de seu pedido (disposição também atualmente vigente conforme Instrução Normativa RFB nº 1717, de 17 de julho de 2017). A DRJ já indicou corretamente o reconhecimento do direito creditório e a possibilidade de ser procedida à restituição no lugar da compensação, conforme pretendido pela interessada. Mas tal acórdão combatido não teve razão em negar a restituição pela existência dos débitos indicados naquela Decisão, uma vez que a interessada demonstrou em seu recurso que tais débitos apontados pela DRJ realmente estavam com a exigibilidade suspensa. Destaque-se que, compulsando os autos, verifica-se que não foram juntados documentos que indiquem a situação fiscal atualizada do contribuinte. Por outro lado, para possibilitar a restituição ou a compensação, o contribuinte deve estar em situação regular relativa aos créditos constituídos por meio de auto de infração ou notificação de lançamento, aos parcelados e aos débitos declarados, considerando todos os seus estabelecimentos e obras de construção civil, que não estejam com sua exigibilidade suspensa (atualmente vigente Instrução Normativa RFB nº 1717, de 17 de julho de 2017, que agora sucede a Instrução Normativa SRP nº 03, de 14/07/2005, vigente à época do protocolo do pedido). Na existência de débitos sem exigibilidade suspensa, para possibilitar a restituição, devem ser seguidos os procedimentos estabelecidos no artigo 7º e §§ do Decreto Lei 2287/86, referenciado no caput do artigo 6º do Decreto 2.138/1997, procedimentos com os quais o contribuinte concorda expressamente em seu Recurso. Conclusão Conclui-se então que deve ser revisto o Acórdão embargado por prolação de decisão extra petita e que deve ser reformado o Acórdão de Manifestação de Inconformidade no Fl. 666DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 2202-005.294 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 35476.001355/2007-99 tocante ao fato de que os débitos tributários indicados pelo mesmo como impeditivos estavam com exigibilidade suspensa e não impossibilitavam a homologação de seu pedido de restituição. Conclui-se também que, no momento de implementação da restituição, devem ser respeitados os procedimentos definidos pela Administração Pública (§ 3 o do artigo 7º do DL 2287/86), ou seja, os procedimentos estabelecidos pelo artigo 198 da Instrução Normativa SRP nº 03, de 14/07/2005 (substituída pela atual Instrução Normativa RFB nº 1717, de 17 de julho de 2017, artigo 84), e na sistemática definida artigo 7º e seus §§ do Decreto Lei 2287/86, referenciado no caput do artigo 6 o do Decreto 2.138/1997. Dispositivo Ante o exposto, voto por acolher os embargos inominados com efeitos infringentes, para alterar a decisão embargada no sentido de dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer que o direito creditório do contribuinte pode ser restituído e/ou compensado, observadas as normas de regência expedidas pela administração tributária, conforme explanado na conclusão deste voto. (documento assinado digitalmente) Ricardo Chiavegatto de Lima Fl. 667DF CARF MF

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Numero do processo: 16045.000135/2005-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 28 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Ano-calendário: 2000, 2001, 2002 IRPF. GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÕES. Nos casos em que o próprio profissional médico emissor de recibos acusa que não houve prestação dos serviços médicos, a apresentação dos recibos, por si só, não autoriza a dedução de despesas, podendo tais documentos serem considerados inidôneos. Neste caso, cabe ao sujeito passivo a comprovação, com documentação idônea, da efetividade da despesa médica utilizada como dedução na declaração de ajuste anual. A falta da comprovação permite o lançamento de ofício do imposto que deixou de ser pago. O mesmo se aplica quando a inidoneidade de recibos emitidos por profissional médico é declarada através de procedimento administrativo próprio (súmula administrativa de documentação tributariamente ineficaz).
Numero da decisão: 2102-001.423
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - outros assuntos (ex.: glosas diversas)
Nome do relator: CARLOS ANDRÉ RODRIGUES PEREIRA LIMA

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Recorrente  JOSÉ EDSON TORINO  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Ano­calendário: 2000, 2001, 2002  IRPF. GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÕES.  Nos casos em que o próprio profissional médico emissor de recibos acusa que  não houve prestação dos serviços médicos, a apresentação dos recibos, por si  só,  não  autoriza  a  dedução  de  despesas,  podendo  tais  documentos  serem  considerados inidôneos. Neste caso, cabe ao sujeito passivo a comprovação,  com documentação idônea, da efetividade da despesa médica utilizada como  dedução  na  declaração  de  ajuste  anual.  A  falta  da  comprovação  permite  o  lançamento de ofício do imposto que deixou de ser pago.  O  mesmo  se  aplica  quando  a  inidoneidade  de  recibos  emitidos  por  profissional  médico  é  declarada  através  de  procedimento  administrativo  próprio (súmula administrativa de documentação tributariamente ineficaz).      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  NEGAR  provimento ao recurso.     Assinado digitalmente  GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS ­ Presidente.      Fl. 1DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO Processo nº 16045.000135/2005­10  Acórdão n.º 2102­001.423  S2‐C1T2  Fl. 90          2 Assinado digitalmente  CARLOS ANDRÉ RODRIGUES PEREIRA LIMA ­ Relator.    EDITADO EM: 18/09/2011  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Giovanni  Christian  Nunes Campos, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Núbia Matos Moura, Rubens Maurício  Carvalho, Atilio Pitarelli e Carlos André Rodrigues Pereira Lima.    Relatório  Cuida­se de recurso voluntário de fl. 87, interposto contra decisão da DRJ em  Belém/PA,  de  fls.  75  a  81,  que  julgou  procedente  o  lançamento  do  IRPF  de  fls.  49  a  58,  relativo  aos  anos­calendário  2000,  2001  e  2002,  lavrado  em  26/09/2005,  com  ciência  do  RECORRENTE em 19/10/2005 (fl. 60).  O crédito tributário objeto do presente processo administrativo foi apurado no  valor de R$ 84.229,96, já inclusos juros de mora (até o mês da lavratura) e multa de ofício, ora  aplicada no percentual de 75%, ora no percentual de 150%. De acordo com a descrição dos  fatos e enquadramento legal de fls. 51 a 53, o presente lançamento teve origem na omissão de  rendimentos,  bem  como  na  glosa  de  deduções  relativas  a  despesas  médicas,  como  adiante  transcrito:  “001  ­  RENDIMENTOS  RECEBIDOS  DE  PESSOAS  JURÍDICAS  OMISSÃO  DE  RENDIMENTOS  DO  TRABALHO  SEM  VÍNCULO  EMPREGATÍCIO  RECEBIDOS  DE  PESSOAS  JURÍDICAS  Omissão de rendimentos recebidos, no ano­calendário de 2000,  da Prefeitura Municipal de Queluz,  sem vínculo  empregatício  ­  código  0588,  tendo  em  vista  a  informação  prestada  pela  fonte  pagadora na Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte ­  Dirf.  ­ Rendimento informado na DIRPF/2001 ................R$ 28.934,46  ­ Rendimento informado pela fonte pagadora .........R$ 65.280,00  ­ Diferença tributável apurada ................................R$ 36.345,54    Fato Gerador  Valor Tributável ou Imposto  Multa (%)  31/12/2000  R$ 36.354,54  75,00  Enquadramento legal  Fl. 2DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO Processo nº 16045.000135/2005­10  Acórdão n.º 2102­001.423  S2‐C1T2  Fl. 91          3 Arts. 1º , 2° e 3°, e §§, da Lei n° 7.713/88;  Arts. 1° ao 3º , da Lei n° 8.134/90;  Art. 45 do RIR/99;  Art. 1° da Lei n° 9.887/99.    002  ­  DEDUÇÃO  DA  BASE  DE  CÁLCULO  PLEITEADA  INDEVIDAMENTE (AJUSTE ANUAL)  DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS MÉDICAS  Glosa  de  deduções  com  despesas  médicas,  pleiteadas  indevidamente, em conformidade com os fatos abaixo descritos.  O contribuinte acima identificado deduziu da base de cálculo do  imposto  de  renda  pessoa  física,  a  título  de  despesa  médica,  dispêndios  efetuados  com  a Dra.  Célia Gonçalves  de Oliveira,  pleiteados  nas  Declarações  de  Ajuste  Anual  dos  exercícios  de  2001 a  2003,  nos  valores de R$  20.000,00, R$  20.000,00  e R$  30.000,00, respectivamente.  Regularmente  intimado  a  apresentar  os  recibos  médicos  e  a  comprovar a efetiva prestação dos serviços e o seu pagamento, o  contribuinte  entregou  à  Fiscalização  os  recibos  médicos  que  estavam em seu poder e acrescentou que não possuía qualquer  outro  documento  que  comprovasse  os  serviços  prestados  e  que  os pagamentos foram efetuados em dinheiro.  Ressalte­se  que  o  contribuinte  deduziu  da  base  de  cálculo  do  imposto de renda no ano­calendário de 2000, a título de despesa  médica com a Dra. Célia Gonçalves de Oliveira, a importância  de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) e entregou recibos no montante  de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), todos sem identificação  da pessoa que efetuou o pagamento.  ­  Profissional  Liberal:  Célia  Gonçalves  de  Oliveira,  dentista,  CPF 019.610.168­93.  Em  diligência  fiscal  realizada  no  consultório  da  Dra.  Célia  Gonçalves de Oliveira, a profissional declarou, sob as penas da  lei  que  não  prestou  serviços  profissionais  de  odontologia  ao  contribuinte  nos  anos­calendário  e  nos  valores  informados  por  ele nas Declarações de Ajuste Anual.  Acrescente­se  ainda,  que  por  meio  do  Ato  Declaratório  Executivo n° 13, de 09 de setembro de 2005 (DOU 13.09.2005),  cópia  anexa,  o  Delegado  da  Receita  Federal  do  Brasil  em  Taubaté  declarou  ineficazes  todos  os  recibos  de  tratamento  odontológico emitidos em nome de Célia Gonçalves de Oliveira,  CPF  019.610.168­93,  para  todos  os  efeitos  tributários  e  para  dedução da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física  Fl. 3DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO Processo nº 16045.000135/2005­10  Acórdão n.º 2102­001.423  S2‐C1T2  Fl. 92          4 a  quaisquer  usuários  dos mesmos,  no  período  de  01.01.2000 a  31.12.2002, tendo em vista o contido no Processo Administrativo  n° 16045.000122/2005­32, arquivado na Seção de Fiscalização  da DRFB/Taubaté.  Isto  posto,  foram  glosadas  as  deduções  de  despesas  médicas  pleiteadas  nas Declarações  de Ajuste Anual  e  as  diferenças  de  imposto de renda apuradas foram acrescidas de juros de mora e  da multa  de  ofício  agravada  de  150 %  (cento  e  cinqüenta  por  cento), tendo em vista que o contribuinte deduziu do imposto de  renda despesa médica sem que os serviços profissionais tivessem  sido prestados, caracterizando o evidente intuito de fraude.    Fato Gerador  Valor Tributável ou Imposto  Multa (%)  31/12/2000  31/12/2001  31/12/2002  R$ 20.000,00  R$ 20.000,00  R$ 30.000,00  150,00  150,00  150,00    Enquadramento legal:  Art. 11, § 3º do Decreto­Lei nº 5.844/43;  Arts. 8°, inciso II, alínea ‘a’ e §§ 2° e 3°, da Lei n° 9.250/95;  Arts. 73 e 80 do RIR/99;  Art. 841, incisos II e III do RIR/99;  Multa:  Art.  44,  inciso  II  da  Lei  n°  9.430/96;  Regulamento  do  Imposto de Renda  ­ RIR  (Decreto n° 3.000/99), art. 957,  inciso  II.”  Os recibos apresentados pelo RECORRENTE durante a ação fiscal encontra,­ se acostados às fls. 16 a 40, juntamente com a resposta ao Termos de Intimação Fiscal (fl. 15),  justificando a totalidade dos pagamentos em espécie.  A declaração  da profissional Dra. Célia Gonçalves  de Oliveira,  de que  não  prestou  serviços  profissionais  de  odontologia  ao  RECORRENTE  nos  anos­calendário  e  nos  valores informados por ele nas Declarações de Ajuste Anual, encontra­se acostada às fls. 41 e  42.  Já  a  cópia  da  publicação  do Ato Declaratório  Executivo  n°  13  do Delegado  da Receita  Federal do Brasil em Taubaté, de 09 de setembro de 2005, encontra­se à fl. 43  Em  razão  da  glosa  efetuada  pela  fiscalização  e  da  omissão  de  rendimentos  praticada pelo RECORRENTE, foi apurado imposto de renda no valor de R$ 29.247,50, que se  sujeita à multa de ofício e aos juros de mora, conforme demonstrativos de fls. 54 a 57.  Também encontram­se acostados aos autos os seguintes documentos:  ­Declaração de ajuste anual referente ao ano­calendário 2000 (fls. 03 e 04);  Fl. 4DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO Processo nº 16045.000135/2005­10  Acórdão n.º 2102­001.423  S2‐C1T2  Fl. 93          5 ­Declaração de ajuste anual referente ao ano­calendário 2001 (fls. 05 a 07);  ­Declaração de ajuste anual referente ao ano­calendário 2002 (fls. 08 e 10);  ­DIRF referente ao ano­calendário 2000 apresentada pelo Governo do Estado  de São Paulo (fl. 44);  ­DIRF  referente  ao  ano­calendário  2000  apresentada  pela  Prefeitura  Municipal de Queluz (fl. 45);    DA IMPUGNAÇÃO    Em  16/11/2005,  o  RECORRENTE  apresentou,  tempestivamente,  a  impugnação de fls. 61 e 62, trazendo as alegações a seguir transcritas:  “(...)  1  ­  O  desencontro  de  informações  referente  aos  valores  recebidos  de  Pessoa  Jurídica,  código  0588,  da  Prefeitura  Municipal  de  Queluz,  Item  1  do  Auto  de  Infração,  deveu­se  a  informação  incorreta  prestada  pela  fonte  pagadora  na  Declaração  de  Renda  Retido  na  Fonte  ­  DIRF,  visto  que  a  mesma  deveria  sofrer  retificação  quanto  ao  valor  pago  ao  contribuinte,  conforme  (anexo  1),  onde  fica  esclarecido  que  o  contribuinte  devolveu  aos  cofres  públicos  a  importância  de R$  36.345,34 (trinta e seis mil, trezentos e quarenta e cinco reais e  trinta  e  quatro  centavos),  ficando  assim  o  valor  correto  a  ser  declarado  na  DIRPF  de  R$  28.934,46  (vinte  e  oito  mil,  novecentos  e  trinta  e  quatro  reais  e  quarenta  e  seis  centavos),  que consta na declaração do contribuinte (anexo 2) Número de  controle SRF: 40.59.11.10.02.  2 ­ Em relação ao Item 2 do Auto de Infração, que diz respeito a  deduções  indevidas  de  despesa  médicas,  venho  declarar  que  a  profissional  confirmou  a  prestação  de  serviços  ao  contribuinte  (anexo 3).  Pelos  esclarecimentos  prestados  acima,  requer  o  arquivamento  do  Auto  de  Infração  em  referência,  visto  que,  não  posso  ser  penalizado por enganos cometidos por terceiros.  1  ­ A Prefeitura Municipal de Queluz informou erroneamente o  valor  pago  no  Ano  Base  de  2000,  pois  não  levou  em  consideração a restituição dos valores pagos indevidos conforme  anexo  1,  que  comprova  que  não  houve  ma  fé  por  parte  do  contribuinte.  2  ­  Conforme  os  recibos  referente  a  despesas  médicas  já  anexados  no  processo,  estou  anexando  declaração  da  profissional confirmando a veracidade dos mesmos, declaração  Fl. 5DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO Processo nº 16045.000135/2005­10  Acórdão n.º 2102­001.423  S2‐C1T2  Fl. 94          6 esta  datada  de  10  de  novembro  de  2005,  posterior  ao  recebimento do Auto de Infração.  (...)”  Na  declaração  fornecida  pela  Prefeitura  Municipal  de  Queluz  (fl.  63)  é  atestado que o RECORRENTE  restituiu o valor de R$ 36.345,34, por  remuneração  recebida  indevidamente, conforme cópia de DAM’s acostados à fl. 64, pagos em 30/11/2000.  Já a nova declaração da profissional Dra. Célia Gonçalves de Oliveira (fl. 70)  possui o seguinte teor:  “DECLARAÇÃO  Declaro,  para  os  devidos  fins,  que  os  recibos  referentes  a  tratamento  odontológico  emitidos  em  nome  de  José  Edison  Torino, CPF n° 156.455.178­49, declarados nas Declarações de  Ajuste  Anual  dos  exercícios  de  2001a  2003,  nos  valores  de R$  20.000,00, R$ 20.000,00 e R$ 30.000,00, respectivamente, foram  pagos  em  espécie,  e  correspondem  ao  valor  dos  serviços  por  mim prestados no contribuinte e seus dependentes.  Por ser verdade, firmo a presente.”    DA DECISÃO DA DRJ    A DRJ, às fls. 75 e 81 dos autos, julgou procedente em parte o lançamento do  imposto, através de acórdão com a seguinte ementa:  “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA  ­ IRPF  Ano­calendário: 2000, 2001, 2002  DESPESAS MÉDICAS.  Admite­se  a  dedução  dos  valores  correspondentes  aos  pagamentos efetuados pelo contribuinte a empresas domiciliadas  no  país,  destinados  a  cobertura  de  despesas  médicas,  odontológicas  e  de  hospitalização  a  entidades  que  assegurem  direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma  natureza, devidamente comprovados através de recibos firmados  e pessoalmente reconhecidos pelos profissionais prestadores dos  serviços.  Lançamento Procedente em Parte”  A DRJ  reformou  o  lançamento  somente  em  relação  à  suposta  omissão  de  rendimentos, pois entendeu que a  fonte pagadora  (Prefeitura Municipal de Queluz)  informou  valores equivocados à Receita Federal. Assim, julgou improcedente o lançamento de omissão  Fl. 6DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO Processo nº 16045.000135/2005­10  Acórdão n.º 2102­001.423  S2‐C1T2  Fl. 95          7 de rendimentos, no valor de R$ 36.354,54, tendo em vista a restituição do referido valor pelo  RECORRENTE à fonte pagadora.  Contudo, a autoridade  julgadora manteve o  lançamento  relativo à glosa das  despesas médicas, e afirmou o seguinte:  “(...)  Assim sendo, deveria o contribuinte ter o zelo de demonstrar de  forma  cabal  a  necessidade  de  realização  desses  serviços,  juntando  requisição  médica  e  laudo  que  justificasse  a  necessidade de realização dos dispêndios como prova de que os  mesmos  foram  efetuados  em  favor  do  sujeito  passivo.  Diga­se  ainda  que,  conforme  documentos  de  fls.  41/42,  foi  informado  pela Dra. Célia Gonçalves de Oliveira, CPF n° 019.610.168­93  que  não  foram  prestados  serviços  hospitalares  ao  Impugnante  nos  anos­calendário  de  2000/2002.  Além  disso,  o  Ato  Declaratório Executivo n° 13, de 09/09/2005, da DRF/Taubaté ­  SP,  tornou  ineficazes  todos  os  recibos  de  tratamento  odontológico  emitidos  em  nome  da  retro  mencionada  profissional. Não há,  portanto,  como acatar o  pleito  do  sujeito  passivo.  É  de  suma  importância  observar  que  as  presunções  ‘juris  tantum’, muito embora admitam prova em contrário, dispensam  do  ônus  da  prova  aquele  a  favor  de  quem  se  estabeleceram,  cabendo ao sujeito passivo,  no  caso, a produção de provas  em  contrário, no sentido de ilidi­las.  (...)  Não  comprovada  as  alegações  do  sujeito  passivo,  tem  a  autoridade  fiscal  o  poder/dever  de  efetuar  o  lançamento  do  imposto correspondente. Nem poderia ser de outro modo, ante a  vinculação legal decorrente do Princípio da Legalidade que rege  a  Administração  Pública,  cabendo  ao  agente  tão­somente  a  inquestionável observância da legislação.  (...)  Mantém­se, portanto as glosas. (...)”    DO RECURSO VOLUNTÁRIO    O RECORRENTE, intimado da decisão em 06/05/2009, conforme AR de fl.  82v., apresentou recurso voluntário de fl. 87, em 05/06/2009, onde ratificou os termos de sua  impugnação e requereu a improcedência do lançamento.  Este  recurso  voluntário  compôs  lote,  sorteado  para  este  relator,  em  Sessão  Pública.  É o relatório.  Fl. 7DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO Processo nº 16045.000135/2005­10  Acórdão n.º 2102­001.423  S2‐C1T2  Fl. 96          8     Voto             Conselheiro Carlos André Rodrigues Pereira Lima  O  recurso  voluntário  é  tempestivo  e  atende  aos  demais  requisitos  legais,  razões por que dele conheço.  Após a reforma do lançamento efetuada pela DRJ, o presente caso resume­se  à  aceitação  dos  documentos  apresentados  pelo  RECORRENTE  como  prova  dos  serviços  médicos  prestados  pela  Dra.  Célia Gonçalves  de Oliveira  nos  anos­calendário  2000,  2001  e  2002 nos respectivos valores de R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 e R$ 30.000,00.  Sobre  as  deduções  da  base  de  cálculo  na  declaração  de  ajuste  anual,  o  Decreto  nº  3.000/99,  em  seu  art.  73,  estabelece  que  todas  as  deduções  estão  sujeitas  à  comprovação de sua realização, nos seguintes termos:  "Art.  73.  Todas  as  deduções  estão  sujeitas  a  comprovação  ou  justificação, a juízo da autoridade lançadora.  §  1°  Se  forem  pleiteadas  deduções  exageradas  em  relação  aos  rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis,  poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte.  §  2°  As  deduções  glosadas  por  falta  de  comprovação  ou  justificação não poderão ser restabelecidas depois que o ato se  tomar irrecorrível na esfera administrativa.  §  3º  Na  hipótese  de  rendimentos  recebidos  em  moeda  estrangeira, as deduções cabíveis serão convertidas para Reais,  mediante a utilização do valor do dólar dos Estados Unidos da  América fixado para venda pelo Banco Central do Brasil para o  último  dia  útil  da  primeira  quinzena  do  mês  anterior  ao  do  pagamento do rendimento."  Em seu art. 80, o RIR/1999 determina, ainda, o seguinte:  "Art.  80. Na declaração de  rendimentos poderão  ser deduzidos  os  pagamentos  efetuados,  no  ano­calendário,  a  médicos,  dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas  ocupacionais  e  hospitais,  bem  como  as  despesas  com  exames  laboratoriais,  serviços  radiológicos,  aparelhos  ortopédicos  e  próteses ortopédicas e dentárias.   § 1°­ O disposto neste artigo:  (...)  Fl. 8DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO Processo nº 16045.000135/2005­10  Acórdão n.º 2102­001.423  S2‐C1T2  Fl. 97          9 II  ­  restringe­se  aos  pagamentos  efetuados  pelo  contribuinte,  relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes;  III  ­  limita­se a pagamentos  especificados  e  comprovados,  com  indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro  de Pessoas Físicas  ­ CPF  ou  no Cadastro Nacional  da Pessoa  Jurídica  ­  CNPJ  de  quem  os  recebeu,  podendo,  na  falta  de  documentação,  ser  feita  indicação  do  cheque  nominativo  pelo  qual foi efetuado o pagamento."  No  caso  dos  autos,  os  recibos  foram  rejeitados  pela  fiscalização  tendo  em  vista  que  o RECORRENTE  deixou  de  apresentar  comprovação  da  efetividade  dos  serviços,  bem como a efetiva realização dos pagamentos correspondentes através de cópias de cheques  ou extratos bancários que atestassem a despesa realizada.  Feitos os esclarecimentos acima, passo a analisar as razões recursais.  De  acordo  com  a  descrição  dos  fatos  de  fls.  51  a  53,  todos  os  valores  glosados  foram efetuados com a profissional odontológica Dra. Célia Gonçalves de Oliveira,  CPF 019.610.168­93. Conforme esclarecido pela autoridade  lançadora,  a própria profissional  declarou,  sob  as  penas  da  lei,  que  não  prestou  serviços  profissionais  de  odontologia  ao  RECORRENTE  nos  anos­calendário  e  nos  valores  informados  por  ele  nas  Declarações  de  Ajuste Anual. O Termo de Declaração prestado pela profissional foi acostado às fls. 41 e 42.  Ademais, o Delegado da Receita Federal do Brasil em Taubaté expediu Ato  Declaratório Executivo nº 13, de 09/09/2005 (fl. 43), que possui o seguinte teor:  “DELEGACIA  DA  RECEITA  FEDERAL  DO  BRASIL  EM  TAUBATÉ  ATO  DECLARATÓRIO  EXECUTIVO  N°  13,  DE  9  DE  SETEMBRO DE 2005  Declara  a  ineficácia  dos  recibos  de  tratamento  odontológico,  emitidos  em  nome  de  Célia  Gonçalves  de  Oliveira,  CPF nº 019 610168­93.  O  DELEGADO  DA  RECEITA  FEDERAL  DO  BRASIL  EM  TAUBATÉ/SP.  no  uso  das  atribuições  que  lhe  são  conferidas  pelo artigo 250, do Regimento Interno da Secretaria da Receita  Federal, aprovado pela Portaria MF n° 30. de 25 de fevereiro de  2005, publicado no DOU de 04 de março de 2005, declara  Ineficazes. todos os recibos de tratamento odontológico, emitidos  em nome de Calha Gonçalves de Oliveira, CPF n° 019 610 168­ 93,  com  endereço  à  Rua  Gil  Pedro  de  Castro,  n°  240,  Vila  Canevari,  Cruzeiro/SP,  CEP.  12710­240,  para  todos  os  efeitos  tributários  e  para  dedução  da  base  de  cálculo  do  Imposto  de  Renda Pessoa Física a quaisquer usuários dos mesmos, tendo em  vista  o  contido  no  Processo  Administrativo  nº  16045  000122/2005­32,  no  período  de  1°  de  janeiro  de  2000 a  31  de  dezembro de 2002.”  Fl. 9DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO Processo nº 16045.000135/2005­10  Acórdão n.º 2102­001.423  S2‐C1T2  Fl. 98          10 Em  razão  do  Ato  Declaratório  Executivo  nº  13,  em  que  foi  atestada  a  idoneidade  dos  recibos  emitidos  pela Dra.  Célia Gonçalves  de Oliveira,  aliada  à  declaração  prestada pela própria profissional, de que não prestou os serviços ao RECORRENTE, entendo  que  a  simples  apresentação  de  recibos  tornou­se  meio  insuficiente  de  comprovação  dos  dispêndios e da efetividade dos serviços prestados.  Assim, os recibos de fls. 16 a 40 são considerados inidôneos, de modo que as  despesas  médicas  declaradas  deveriam  ser  comprovadas  através  de  documentação  comprobatória da efetiva utilização dos  serviços profissionais  (como orçamentos, pedidos de  exame,  prescrição  de  receitas  etc.),  ou  pela  prova  efetiva  do  pagamento  dos  serviços  (como  cópias de cheques, extratos bancários etc.).  Contudo,  o  RECORRENTE  não  apresentou  qualquer  outra  documentação  além dos recibos considerados inidôneos.  Os valores declarados pelo RECORRENTE são expressivos de modo que, se  o pagamento foi efetuado em espécie (como alega), poderia ser facilmente comprovado através  da apresentação do extrato bancário do RECORRENTE, onde restaria demonstrado saques em  valores e datas próximas às da suposta despesa.  O  fato  que  motivou  o  presente  lançamento  foi,  justamente,  a  primeira  declaração da  referida profissional médica,  assim como o Ato Declaratório Executivo nº 13,  que atestou a idoneidade dos recibos emitidos pela profissional.  Após  pesquisa no  sítio da Receita Federal  na  internet,  constatei  que  a Dra.  Célia Gonçalves de Oliveira encontra­se com o CPF regular, contudo existem quatro processos  administrativos  em  desfavor  da  referida  profissional  (consulta  realizada  através  do  sistema  “COMPROT”).  A partir do ano­calendário 2000 (período da ocorrência dos fatos da presente  ação),  existem  três  inscrições  na  dívida  ativa  de  IRPF  (nºs.  10860.600350/2004­36,  10860.600351/2004­81  e  10860.600673/2007­72)  e  uma  súmula  administrativa  de  documentação  tributariamente  ineficaz  (16045.000122/2005­32),  contra  Célia  Gonçalves  de  Oliveira (CPF nº 019.610.168­93).  Ademais, conforme atestam os documentos de fls. 72 e 74, os originais dos  recibos  médicos  acostados  aos  autos,  emitidos  pela  profissional  Dra.  Célia  Gonçalves  de  Oliveira, foram desentranhados e enviados para a DRF em Taubaté a fim de atender a Ofício  da Delegacia da Polícia Federal em Cruzeiro. Os recibos foram substituídos por cópia, sendo os  originais  enviados  para  a  Procuradoria  da  República  em  Guaratinguetá,  em  razão  do  procedimento Criminal nº 20054.61.18.000473­5.  Assim,  no  caso  em  tela,  recibos,  por  si  só,  não  autorizam  a  dedução  de  despesas,  tendo  em  vista  que  foram  instaurados  diversos  procedimentos  fiscais  contra  o  profissional  que  os  emitiu,  sendo  dever  da  autoridade  fiscal  considerar  inidôneos  os  documentos.   Sendo  assim,  entendo que  a  dedução  de  despesas médicas,  neste  caso,  está  condicionada à comprovação efetiva e irrefutável da veracidade dos serviços médicos.  Fl. 10DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO Processo nº 16045.000135/2005­10  Acórdão n.º 2102­001.423  S2‐C1T2  Fl. 99          11 Neste sentido, são esclarecedores os entendimentos manifestados pelo antigo  Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, verbis:  “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF  Exercício: 2002  DEDUÇÕES  ­  DESPESAS  MÉDICAS  ­  REQUISITOS  PARA  DEDUÇÃO  ­  COMPROVAÇÃO  DA  EFETIVIDADE  DA  PRESTAÇÃO  DOS  SERVIÇOS  ­  As  despesas  médicas,  assim  como  todas  as  demais  deduções,  dizem  respeito  à  base  de  cálculo  do  imposto  que,  à  luz  do  disposto  no  art.  97,  IV,  do  Código Tributário Nacional, está  sob reserva de  lei em sentido  formal. Assim, a intenção do legislador foi permitir a dedução de  despesas  com  a  manutenção  da  saúde  humana,  podendo  a  autoridade  fiscal  perquirir  se  os  serviços  efetivamente  foram  prestados  ao  declarante  ou  a  seus  dependentes,  rejeitando  de  pronto  aqueles  que  não  identificam  o  pagador,  os  serviços  prestados  ou  os  respectivos  prestadores,  ou  quando  esses  não  sejam habilitados. A simples apresentação de recibos, por si só,  não  autoriza  a  dedução,  mormente  quando,  intimado,  o  contribuinte  não  faz  prova  efetiva  de  que  os  serviços  foram  prestados.  Recurso  negado.  (recurso  voluntário  nº  156847;  4ª Câmara do  Primeiro  Conselho  de  Contribuintes;  julgamento  em  06/08/2008)”   “DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS ­ COMPROVAÇÃO ­ A  validade da dedução de despesas médicas, quando  impugnadas  pelo Fisco, depende da comprovação do efetivo pagamento e/ou  da  prestação  dos  serviços.  MULTA  DE  OFÍCIO  ­  APLICABILIDADE ­ Nos casos de lançamento de ofício, em que  não  houver  a  qualificação  da  multa,  cabe  a  sua  aplicação  no  percentual de 75% conforme previsto na legislação de regência.  MULTA QUALIFICADA ­ EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE ­  SÚMULA  DE  DOCUMENTAÇÃO  TRIBUTARIAMENTE  INEFICAZ  ­  A  utilização  de  documentos  inidôneos  para  a  comprovação de despesas, principalmente quando existe Súmula  Administrativa  de  Documentação  Tributariamente  Ineficaz  em  relação  ao  emitente  dos  comprovantes,  caracteriza  o  evidente  intuito  de  fraude  e  determina  a  aplicação  da  multa  de  ofício  qualificada. Recurso negado.  (recurso voluntário nº 151342; 4ª  Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes; julgamento em  18/10/2007)”  Ademais, de acordo com a Súmula CARF nº 40: A apresentação de  recibo  emitido  por  profissional  para  o  qual  haja  Súmula  Administrativa  de  Documentação  Tributariamente Ineficaz, desacompanhado de elementos de prova da efetividade dos serviços  e  do  correspondente  pagamento,  impede  a  dedução a  título  de despesas médicas  e  enseja  a  qualificação da multa de ofício.  Fl. 11DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO Processo nº 16045.000135/2005­10  Acórdão n.º 2102­001.423  S2‐C1T2  Fl. 100          12 Desta  forma,  por  não  haver  prova  inequívoca  do  pagamento  das  despesas  médica  glosadas,  como  extratos  bancários  demonstrando  a  realização  de  saques  em  datas  e  valores coincidentes ou próximos às datas de pagamento, considerando a súmula de documento  ineficaz para fins tributários perante a Receita Federal do Brasil, não deve ser acatado o pedido  de  dedução  (a  título  de  despesas médicas)  nos  valores  de R$  20.000,00 R$  20.000,00  e R$  30.000,00, em relação aos anos­calendário 2000, 2001 e 2002, respectivamente.  Em  razão  do  exposto,  voto  por  NEGAR  PROVIMENTO  ao  recurso  voluntário, devendo ser mantida a decisão da DRJ.  Assinado digitalmente  Carlos André Rodrigues Pereira Lima ­ Relator                              Fl. 12DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2011 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO

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Numero do processo: 10907.001934/2009-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 06 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Aug 21 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007 NULIDADE. NÃO CONCORDÂNCIA COM OS CRITÉRIOS DE ESCOLHA DO CONTRIBUINTE FISCALIZADO. PLEITO DE NULIDADE POR SER EFEITO REFLEXO NO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. A seleção do contribuinte é uma faculdade da Administração Tributária e consiste numa etapa anterior ao início do procedimento fiscal, sendo externada no Mandado de Procedimento Fiscal, que é mero instrumento de controle administrativo e de planejamento das atividades da Administração Tributária, assim, não procede a alegação de nulidade do auto de infração com base em alegação de ilegalidade dos critérios naquela adotados, que mesmo se existente, o que não é o caso dos autos, não viciaria o lançamento, que é ato vinculado da autoridade administrativa, por imposição da Lei, sujeito a nulidade somente se praticados por agente incompetente ou com cerceamento de direito de defesa. A identificação clara e precisa dos motivos que ensejaram a autuação, bem como a inexistência de demonstração de prejuízo ou de preterição ao direito de defesa afasta qualquer nulidade. DECADÊNCIA. GANHO DE CAPITAL. TRIBUTAÇÃO DEFINITIVA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRAZO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO. O Imposto de Renda Pessoa Física incidente sobre ganhos de capital na alienação de bens e direitos constitui tributação definitiva, não se sujeitando ao ajuste anual, considerando-se ocorrido o fato gerador no mês do efetivo recebimento. Eventuais pagamentos vinculados a rendimentos a serem computados no ajuste anual (v. g., carnê-leão e IRRF) não são antecipações do pagamento do ganho de capital e, portanto, não atraem a aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4.º, do CTN. Somente se subsumem neste dispositivo os pagamentos respeitantes ao próprio ganho de capital. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário, quando ausente o recolhimento sobre o ganho de capital, extingue-se após cinco anos, contados do primeiro dia útil do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, consoante determinado pelo art. 173, I, do CTN. Tendo o lançamento sido efetivado no quinquídio legal não ocorre a decadência. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF) Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007 FATO IMPONÍVEL. VERDADE MATERIAL. INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS. MEIOS DE PROVA. É dever da Administração Tributária identificar o fato imponível efetivamente ocorrido, sendo a utilização de interposição de pessoas demonstrada pelo encadeamento de fatos e evidências apresentados no trabalho fiscal, com a exposição das provas apuradas, não sendo exigido a desconsideração da personalidade jurídica, por via judicial, para se efetivar o lançamento, sendo certo que no ato de simular o que se pretende é justamente eliminar as provas concretas sobre o ato ou negócio jurídico que se quer dissimular, dificultando o trabalho da fiscalização, tentando ocultar e omitir a realidade fenomênica. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. TRIBUTAÇÃO. A variação patrimonial deve ser justificada com a produção de provas inequívocas da existência de rendimentos tributáveis, não tributáveis ou tributáveis exclusivamente na fonte sujeita à tributação. O ônus da prova é o meio adequado a ilidir a presunção do acréscimo patrimonial a descoberto. PROVA. CONTRATO DE MÚTUO. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. O contrato de mútuo não revestido das formalidades legais não é suficiente para comprovar a como origem de recursos aptos a justificar a variação patrimonial, sendo necessária a comprovação do fluxo financeiro entre mutuante e mutuário. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. NÃO COMPROVAÇÃO DA DESTINAÇÃO. SÚMULA CARF N.º 67 DO CARF. Na apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, a partir do fluxo de caixa do contribuinte, os saques ou transferências bancárias não devem ser considerados como origens e aplicações de recursos quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação e consumo. FLUXO DE CAIXA APURADO PARA LEVANTAMENTO DE ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. SALDO DE FINAL DE PERÍODO. IMPOSSIBILIDADE DE TRANSPORTE PARA O EXERCÍCIO SUBSEQUENTE. A fim de considerar o competente transporte entre exercícios dos saldos apurados em fluxo de caixa, os alegados valores devem constar na declaração de bens e direitos, com a documentação comprobatória. A ausência de preenchimento desse requisito faz prevalecer a presunção de que os recursos foram consumidos no ano-calendário inexistindo saldo a transportar. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL. NECESSIDADE DE PROVA HÁBIL E IDÔNEA PARA COMPROVAR AS ORIGENS DE VALORES OBJETO DE ALGUM BENEFÍCIO FISCAL. Cabe ao contribuinte o ônus de provar as origens dos recursos que gozem de algum benefício fiscal e que tenham sido invocados para justificar o acréscimo patrimonial a descoberto. Por se tratar de benefício fiscal, para serem acatados como origem de recurso no fluxo patrimonial, os rendimentos declarados como isentos devem ter tanto o recebimento como o preenchimento dos requisitos legais comprovados por documentação hábil e idônea. FLUXO DE CAIXA APURADO EM ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. RENDIMENTO DECLARADO COMO TRIBUTADO. RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS FÍSICAS DO TRABALHO NÃO ASSALARIADO. COMPROVAÇÃO PRESCINDÍVEL DA ORIGEM. Rendimento declarado como tributado na DIRPF pelo contribuinte, que não goza de qualquer benefício fiscal, deve ser considerado como ingresso no fluxo de caixa na parte que apropria os recursos/origens. Os rendimentos recebidos de pessoas físicas oferecidos à tributação no ajuste anual devem ser considerados como origem de recursos no fluxo de variação patrimonial, independentemente da comprovação de sua origem. GANHO DE CAPITAL. CUSTO DE AQUISIÇÃO. REFORMAS EM BEM IMÓVEL. PROVA. É obrigação do contribuinte apresentar prova hábil e idônea para comprovar reformas em bem imóvel, a fim de acrescer ao custo de aquisição, não o fazendo não se admite a alteração. GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE VEÍCULOS E DE IMÓVEIS. VALOR E DATA DE ALIENAÇÃO. ALTERAÇÃO. PROVA. É obrigação do contribuinte apresentar prova hábil e idônea para infirmar o valor e/ou data da alienação adotados pela fiscalização, com base em documentos obtidos junto ao DETRAN, construtoras e imobiliárias. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA DE 150%. MANUTENÇÃO Aplicável a multa de ofício qualificada, quando demonstrada a intenção deliberada de sonegar imposto, com utilização de fraude e conluio, caracterizada pela aquisição de diversos imóveis em nome de terceiros, o retorno ao alimentante dos valores depositados na conta dos alimentandos, da declaração e escrituração de alienação de apartamento por valor inferior ao efetivamente pago, da inserção de informações sobre mútuos e pensão judicial inexistentes na declaração de ajuste anual, elaborada com intuito de dificultar a apuração de variação patrimonial, em desacordo com a legislação, por meio da divisão dos bens comuns entre as declarações dos cônjuges, que omitiam o CPF do cônjuge na DIRPF. MULTA ISOLADA. TRIBUTO REPORTADO NO CARNÊ-LEÃO E NÃO RECOLHIDO. INEXISTÊNCIA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO SOBRE RENDIMENTO DECLARADO. AUSÊNCIA DE CONCOMITÂNCIA DE MULTA ISOLADA COM MULTA DE OFÍCIO. Multa isolada é aplicável quando o contribuinte declara rendimentos sujeitos ao carnê-leão e apura o imposto diretamente na Declaração de Ajuste Anual sem efetuar o recolhimento antecipado. Não há concomitância de multas, pois o tributo devido pelos rendimentos reportados na Declaração de Ajuste Anual não é objeto do lançamento.
Numero da decisão: 2202-005.337
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para excluir dos demonstrativos da apuração do valor de acréscimo patrimonial a descoberto a linha "dispêndios consumidos via cheques e DOC/TEDs", bem como para acrescer no referido demonstrativo na linha de recursos/origens, anos-calendário de 2004, 2005 e 2006, os valores dos rendimentos recebidos de pessoas físicas oferecidos à tributação no ajuste anual, até o limite em que efetuado o correspondente pagamento do carnê-leão, vencido o conselheiro Ronnie Soares Anderson, que deu provimento parcial em menor extensão. (documento assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente (documento assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcelo de Sousa Sateles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correia, Gabriel Tinoco Palatnic (suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson (Presidente).
Nome do relator: LEONAM ROCHA DE MEDEIROS

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A identificação clara e precisa dos motivos que ensejaram a autuação, bem como a inexistência de demonstração de prejuízo ou de preterição ao direito de defesa afasta qualquer nulidade. DECADÊNCIA. GANHO DE CAPITAL. TRIBUTAÇÃO DEFINITIVA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRAZO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO. O Imposto de Renda Pessoa Física incidente sobre ganhos de capital na alienação de bens e direitos constitui tributação definitiva, não se sujeitando ao ajuste anual, considerando-se ocorrido o fato gerador no mês do efetivo recebimento. Eventuais pagamentos vinculados a rendimentos a serem computados no ajuste anual (v. g., carnê-leão e IRRF) não são antecipações do pagamento do ganho de capital e, portanto, não atraem a aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4.º, do CTN. Somente se subsumem neste dispositivo os pagamentos respeitantes ao próprio ganho de capital. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário, quando ausente o recolhimento sobre o ganho de capital, extingue-se após cinco anos, contados do primeiro dia útil do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, consoante determinado pelo art. 173, I, do CTN. Tendo o lançamento sido efetivado no quinquídio legal não ocorre a decadência. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF) Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007 FATO IMPONÍVEL. VERDADE MATERIAL. INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS. MEIOS DE PROVA. É dever da Administração Tributária identificar o fato imponível efetivamente ocorrido, sendo a utilização de interposição de pessoas demonstrada pelo encadeamento de fatos e evidências apresentados no trabalho fiscal, com a exposição das provas apuradas, não sendo exigido a desconsideração da personalidade jurídica, por via judicial, para se efetivar o lançamento, sendo certo que no ato de simular o que se pretende é justamente eliminar as provas concretas sobre o ato ou negócio jurídico que se quer dissimular, dificultando o trabalho da fiscalização, tentando ocultar e omitir a realidade fenomênica. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. TRIBUTAÇÃO. A variação patrimonial deve ser justificada com a produção de provas inequívocas da existência de rendimentos tributáveis, não tributáveis ou tributáveis exclusivamente na fonte sujeita à tributação. O ônus da prova é o meio adequado a ilidir a presunção do acréscimo patrimonial a descoberto. PROVA. CONTRATO DE MÚTUO. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. O contrato de mútuo não revestido das formalidades legais não é suficiente para comprovar a como origem de recursos aptos a justificar a variação patrimonial, sendo necessária a comprovação do fluxo financeiro entre mutuante e mutuário. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. NÃO COMPROVAÇÃO DA DESTINAÇÃO. SÚMULA CARF N.º 67 DO CARF. Na apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, a partir do fluxo de caixa do contribuinte, os saques ou transferências bancárias não devem ser considerados como origens e aplicações de recursos quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação e consumo. FLUXO DE CAIXA APURADO PARA LEVANTAMENTO DE ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. SALDO DE FINAL DE PERÍODO. IMPOSSIBILIDADE DE TRANSPORTE PARA O EXERCÍCIO SUBSEQUENTE. A fim de considerar o competente transporte entre exercícios dos saldos apurados em fluxo de caixa, os alegados valores devem constar na declaração de bens e direitos, com a documentação comprobatória. A ausência de preenchimento desse requisito faz prevalecer a presunção de que os recursos foram consumidos no ano-calendário inexistindo saldo a transportar. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL. NECESSIDADE DE PROVA HÁBIL E IDÔNEA PARA COMPROVAR AS ORIGENS DE VALORES OBJETO DE ALGUM BENEFÍCIO FISCAL. Cabe ao contribuinte o ônus de provar as origens dos recursos que gozem de algum benefício fiscal e que tenham sido invocados para justificar o acréscimo patrimonial a descoberto. Por se tratar de benefício fiscal, para serem acatados como origem de recurso no fluxo patrimonial, os rendimentos declarados como isentos devem ter tanto o recebimento como o preenchimento dos requisitos legais comprovados por documentação hábil e idônea. FLUXO DE CAIXA APURADO EM ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. RENDIMENTO DECLARADO COMO TRIBUTADO. RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS FÍSICAS DO TRABALHO NÃO ASSALARIADO. COMPROVAÇÃO PRESCINDÍVEL DA ORIGEM. Rendimento declarado como tributado na DIRPF pelo contribuinte, que não goza de qualquer benefício fiscal, deve ser considerado como ingresso no fluxo de caixa na parte que apropria os recursos/origens. Os rendimentos recebidos de pessoas físicas oferecidos à tributação no ajuste anual devem ser considerados como origem de recursos no fluxo de variação patrimonial, independentemente da comprovação de sua origem. GANHO DE CAPITAL. CUSTO DE AQUISIÇÃO. REFORMAS EM BEM IMÓVEL. PROVA. É obrigação do contribuinte apresentar prova hábil e idônea para comprovar reformas em bem imóvel, a fim de acrescer ao custo de aquisição, não o fazendo não se admite a alteração. GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE VEÍCULOS E DE IMÓVEIS. VALOR E DATA DE ALIENAÇÃO. ALTERAÇÃO. PROVA. É obrigação do contribuinte apresentar prova hábil e idônea para infirmar o valor e/ou data da alienação adotados pela fiscalização, com base em documentos obtidos junto ao DETRAN, construtoras e imobiliárias. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA DE 150%. MANUTENÇÃO Aplicável a multa de ofício qualificada, quando demonstrada a intenção deliberada de sonegar imposto, com utilização de fraude e conluio, caracterizada pela aquisição de diversos imóveis em nome de terceiros, o retorno ao alimentante dos valores depositados na conta dos alimentandos, da declaração e escrituração de alienação de apartamento por valor inferior ao efetivamente pago, da inserção de informações sobre mútuos e pensão judicial inexistentes na declaração de ajuste anual, elaborada com intuito de dificultar a apuração de variação patrimonial, em desacordo com a legislação, por meio da divisão dos bens comuns entre as declarações dos cônjuges, que omitiam o CPF do cônjuge na DIRPF. MULTA ISOLADA. TRIBUTO REPORTADO NO CARNÊ-LEÃO E NÃO RECOLHIDO. INEXISTÊNCIA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO SOBRE RENDIMENTO DECLARADO. AUSÊNCIA DE CONCOMITÂNCIA DE MULTA ISOLADA COM MULTA DE OFÍCIO. Multa isolada é aplicável quando o contribuinte declara rendimentos sujeitos ao carnê-leão e apura o imposto diretamente na Declaração de Ajuste Anual sem efetuar o recolhimento antecipado. Não há concomitância de multas, pois o tributo devido pelos rendimentos reportados na Declaração de Ajuste Anual não é objeto do lançamento.

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NÃO CONCORDÂNCIA COM OS CRITÉRIOS DE ESCOLHA DO CONTRIBUINTE FISCALIZADO. PLEITO DE NULIDADE POR SER EFEITO REFLEXO NO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. A seleção do contribuinte é uma faculdade da Administração Tributária e consiste numa etapa anterior ao início do procedimento fiscal, sendo externada no Mandado de Procedimento Fiscal, que é mero instrumento de controle administrativo e de planejamento das atividades da Administração Tributária, assim, não procede a alegação de nulidade do auto de infração com base em alegação de ilegalidade dos critérios naquela adotados, que mesmo se existente, o que não é o caso dos autos, não viciaria o lançamento, que é ato vinculado da autoridade administrativa, por imposição da Lei, sujeito a nulidade somente se praticados por agente incompetente ou com cerceamento de direito de defesa. A identificação clara e precisa dos motivos que ensejaram a autuação, bem como a inexistência de demonstração de prejuízo ou de preterição ao direito de defesa afasta qualquer nulidade. DECADÊNCIA. GANHO DE CAPITAL. TRIBUTAÇÃO DEFINITIVA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRAZO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO. O Imposto de Renda Pessoa Física incidente sobre ganhos de capital na alienação de bens e direitos constitui tributação definitiva, não se sujeitando ao ajuste anual, considerando-se ocorrido o fato gerador no mês do efetivo recebimento. Eventuais pagamentos vinculados a rendimentos a serem computados no ajuste anual (v. g., carnê-leão e IRRF) não são antecipações do pagamento do ganho de capital e, portanto, não atraem a aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4.º, do CTN. Somente se subsumem neste dispositivo os pagamentos respeitantes ao próprio ganho de capital. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário, quando ausente o recolhimento sobre o ganho de capital, extingue-se após cinco anos, contados do primeiro dia útil do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, consoante determinado pelo art. 173, I, do CTN. Tendo o lançamento sido efetivado no quinquídio legal não ocorre a decadência. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 7. 00 19 34 /2 00 9- 55 Fl. 3560DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007 FATO IMPONÍVEL. VERDADE MATERIAL. INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS. MEIOS DE PROVA. É dever da Administração Tributária identificar o fato imponível efetivamente ocorrido, sendo a utilização de interposição de pessoas demonstrada pelo encadeamento de fatos e evidências apresentados no trabalho fiscal, com a exposição das provas apuradas, não sendo exigido a desconsideração da personalidade jurídica, por via judicial, para se efetivar o lançamento, sendo certo que no ato de simular o que se pretende é justamente eliminar as provas concretas sobre o ato ou negócio jurídico que se quer dissimular, dificultando o trabalho da fiscalização, tentando ocultar e omitir a realidade fenomênica. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. TRIBUTAÇÃO. A variação patrimonial deve ser justificada com a produção de provas inequívocas da existência de rendimentos tributáveis, não tributáveis ou tributáveis exclusivamente na fonte sujeita à tributação. O ônus da prova é o meio adequado a ilidir a presunção do acréscimo patrimonial a descoberto. PROVA. CONTRATO DE MÚTUO. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. O contrato de mútuo não revestido das formalidades legais não é suficiente para comprovar a como origem de recursos aptos a justificar a variação patrimonial, sendo necessária a comprovação do fluxo financeiro entre mutuante e mutuário. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. NÃO COMPROVAÇÃO DA DESTINAÇÃO. SÚMULA CARF N.º 67 DO CARF. Na apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, a partir do fluxo de caixa do contribuinte, os saques ou transferências bancárias não devem ser considerados como origens e aplicações de recursos quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação e consumo. FLUXO DE CAIXA APURADO PARA LEVANTAMENTO DE ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. SALDO DE FINAL DE PERÍODO. IMPOSSIBILIDADE DE TRANSPORTE PARA O EXERCÍCIO SUBSEQUENTE. A fim de considerar o competente transporte entre exercícios dos saldos apurados em fluxo de caixa, os alegados valores devem constar na declaração de bens e direitos, com a documentação comprobatória. A ausência de preenchimento desse requisito faz prevalecer a presunção de que os recursos foram consumidos no ano-calendário inexistindo saldo a transportar. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL. NECESSIDADE DE PROVA HÁBIL E IDÔNEA PARA COMPROVAR AS ORIGENS DE VALORES OBJETO DE ALGUM BENEFÍCIO FISCAL. Cabe ao contribuinte o ônus de provar as origens dos recursos que gozem de algum benefício fiscal e que tenham sido invocados para justificar o acréscimo patrimonial a descoberto. Fl. 3561DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Por se tratar de benefício fiscal, para serem acatados como origem de recurso no fluxo patrimonial, os rendimentos declarados como isentos devem ter tanto o recebimento como o preenchimento dos requisitos legais comprovados por documentação hábil e idônea. FLUXO DE CAIXA APURADO EM ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. RENDIMENTO DECLARADO COMO TRIBUTADO. RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS FÍSICAS DO TRABALHO NÃO ASSALARIADO. COMPROVAÇÃO PRESCINDÍVEL DA ORIGEM. Rendimento declarado como tributado na DIRPF pelo contribuinte, que não goza de qualquer benefício fiscal, deve ser considerado como ingresso no fluxo de caixa na parte que apropria os recursos/origens. Os rendimentos recebidos de pessoas físicas oferecidos à tributação no ajuste anual devem ser considerados como origem de recursos no fluxo de variação patrimonial, independentemente da comprovação de sua origem. GANHO DE CAPITAL. CUSTO DE AQUISIÇÃO. REFORMAS EM BEM IMÓVEL. PROVA. É obrigação do contribuinte apresentar prova hábil e idônea para comprovar reformas em bem imóvel, a fim de acrescer ao custo de aquisição, não o fazendo não se admite a alteração. GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE VEÍCULOS E DE IMÓVEIS. VALOR E DATA DE ALIENAÇÃO. ALTERAÇÃO. PROVA. É obrigação do contribuinte apresentar prova hábil e idônea para infirmar o valor e/ou data da alienação adotados pela fiscalização, com base em documentos obtidos junto ao DETRAN, construtoras e imobiliárias. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA DE 150%. MANUTENÇÃO Aplicável a multa de ofício qualificada, quando demonstrada a intenção deliberada de sonegar imposto, com utilização de fraude e conluio, caracterizada pela aquisição de diversos imóveis em nome de terceiros, o retorno ao alimentante dos valores depositados na conta dos alimentandos, da declaração e escrituração de alienação de apartamento por valor inferior ao efetivamente pago, da inserção de informações sobre mútuos e pensão judicial inexistentes na declaração de ajuste anual, elaborada com intuito de dificultar a apuração de variação patrimonial, em desacordo com a legislação, por meio da divisão dos bens comuns entre as declarações dos cônjuges, que omitiam o CPF do cônjuge na DIRPF. MULTA ISOLADA. TRIBUTO REPORTADO NO CARNÊ-LEÃO E NÃO RECOLHIDO. INEXISTÊNCIA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO SOBRE RENDIMENTO DECLARADO. AUSÊNCIA DE CONCOMITÂNCIA DE MULTA ISOLADA COM MULTA DE OFÍCIO. Multa isolada é aplicável quando o contribuinte declara rendimentos sujeitos ao carnê-leão e apura o imposto diretamente na Declaração de Ajuste Anual sem efetuar o recolhimento antecipado. Não há concomitância de multas, pois o Fl. 3562DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 tributo devido pelos rendimentos reportados na Declaração de Ajuste Anual não é objeto do lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para excluir dos demonstrativos da apuração do valor de acréscimo patrimonial a descoberto a linha "dispêndios consumidos via cheques e DOC/TEDs", bem como para acrescer no referido demonstrativo na linha de recursos/origens, anos-calendário de 2004, 2005 e 2006, os valores dos rendimentos recebidos de pessoas físicas oferecidos à tributação no ajuste anual, até o limite em que efetuado o correspondente pagamento do carnê-leão, vencido o conselheiro Ronnie Soares Anderson, que deu provimento parcial em menor extensão. (documento assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente (documento assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcelo de Sousa Sateles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correia, Gabriel Tinoco Palatnic (suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson (Presidente). Relatório Cuida-se, o caso versando, de Recurso Voluntário (e-fls. 1.049/1.093), com efeito suspensivo e devolutivo ― autorizado nos termos do art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal ―, interposto pela recorrente, devidamente qualificado nos fólios processuais, relativo ao seu inconformismo com a decisão de primeira instância (e-fls. 1.009/1.043), proferida em sessão de 01/06/2010, consubstanciada no Acórdão n.º 06-26.839, da 4.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR (DRJ/CTA), que, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte à impugnação (e-fls. 699/741), cancelando R$ 19.228,56 de imposto suplementar com multa de ofício qualificada e juros de mora, relativos ao exercício de 2005, mantendo o crédito tributário lançado nos demais termos, cujo acórdão restou assim ementado: Assunto: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007, 2008 SELEÇÃO DE CONTRIBUINTE. CONTESTAÇÃO DOS CRITÉRIOS. REFLEXO NO LANÇAMENTO. NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. A seleção de contribuintes é uma faculdade do Fisco e consiste numa etapa anterior ao início do procedimento fiscal, assim, não procede a alegação de nulidade do auto de infração com base em alegação de ilegalidade dos critérios naquela adotados, que mesmo se existente, o que não é o caso dos autos, não viciaria o lançamento, que é ato vinculado da autoridade administrativa, sujeito a nulidade somente se praticados por agente incompetente ou com cerceamento de direito de defesa. Fl. 3563DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. LIMITES. Compete a autoridade administrativa de julgamento a análise da conformidade da atividade de lançamento com as normas vigentes, confrontando as assertivas e provas expostas pela autoridade autuante com as consignadas na impugnação e, assim, formar sua convicção e razões de decidir; portanto, em âmbito administrativo, não é efetuada a análise do processo de seleção de contribuintes a serem fiscalizados. JURISPRUDÊNCIA. EFEITOS. As decisões administrativas e as judiciais, não proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade das normas legais, não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. IR. FATO GERADOR. VERDADE MATERIAL. SIMULAÇÃO. MEIOS DE PROVA. É dever do Fisco identificar o fato gerador efetivamente ocorrido, sendo o encadeamento de indícios, demonstrando o propósito e o benefício fiscal almejado, aceito como meio de prova de simulação, uma vez que no ato de simular o que se pretende é justamente eliminar as provas concretas sobre o ato ou negócio jurídico que se quer dissimular, ocultando os documentos do acordo de simular e garantindo a presença do material probatório do negócio simulado, que se quer visível, existente e válido perante terceiros. CARNÊ-LEÃO. IMPOSTO. FALTA DE RECOLHIMENTO. MULTA EXIGIDA ISOLADAMENTE. CONCOMITÂNCIA COM A MULTA DE OFÍCIO. É cabível o lançamento da multa isolada sobre carnê-leão declarado, mas não recolhido, concomitante com a multa de ofício sobre o imposto apurado de ofício, porquanto são multas aplicáveis sobre bases de cálculo distintas e tratam de infrações diferentes. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO DE LEGISLAÇÃO POSTERIOR. RETROATIVIDADE BENIGNA. A alteração no percentual da multa por falta de recolhimento do carnê-leão, efetuada por legislação posterior aos fatos geradores apurados no lançamento, deve ser aplicada em razão da retroatividade benigna. DECADÊNCIA. GANHOS DE CAPITAL NA VENDA DE BENS E DIREITOS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRAZO. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Nos termos do art. 16, III, do Decreto n.º 70.235, de 1972, cumpre à contribuinte instruir a peça impugnatória com todos os documentos em que se fundamentar e que comprovem as alegações de defesa. GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE VEÍCULOS E DE IMÓVEIS. VALOR E DATA DE ALIENAÇÃO. ALTERAÇÃO. PROVA. É obrigação da contribuinte apresentar prova hábil e idônea para infirmar o valor e/ou data da alienação adotados pela fiscalização, com base em documentos obtidos junto ao DETRAN, construtoras e imobiliárias. FLUXO PATRIMONIAL. ORIGEM. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS RECEBIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. VALOR DECLARADO. COMPROVAÇÃO PRESCINDÍVEL DA ORIGEM. Os rendimentos recebidos de pessoas físicas oferecidos à tributação no ajuste anual devem ser considerados como origem de recursos no fluxo de variação patrimonial, independentemente da comprovação de sua origem. FLUXO PATRIMONIAL. ORIGEM. RENDIMENTO ISENTO. RECEBIMENTO. REQUISITOS PARA ISENÇÃO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. Por se tratar de benefício fiscal, para serem acatados como origem de recurso no fluxo patrimonial, os rendimentos declarados como isentos devem ter tanto o recebimento como o preenchimento dos requisitos legais comprovados por documentação hábil e idônea. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. CABIMENTO. Fl. 3564DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Aplicável a multa de ofício qualificada, quando demonstrada a intenção deliberada de sonegar imposto, com utilização de fraude e conluio, caracterizada pela aquisição de diversos imóveis em nome de terceiros, o retorno ao alimentante dos valores depositados na conta dos alimentandos, da declaração e escrituração de alienação de apartamento por valor inferior ao efetivamente pago, da inserção de informações sobre mútuos e pensão judicial inexistentes na declaração de ajuste anual, elaborada com intuito de dificultar a apuração de variação patrimonial, em desacordo com a legislação, por meio da divisão dos bens comuns entre as declarações dos cônjuges, que omitiam o CPF do cônjuge na DIRPF. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Do lançamento fiscal A essência e as circunstâncias do lançamento, no Procedimento Fiscal n.º 09.1.01.00-2008-01343-1 (0910100/01343/08), para fatos geradores ocorridos entre os anos- calendário 2004 a 2007, com auto de infração lavrado em 12/11/2009 (e-fls. 536/569), notificado o contribuinte em 04/12/2009 (e-fls. 695 e 981), com Termo de Verificação de Infração juntado aos autos (e-fls. 570/583), foram bem delineadas e sumariadas no relatório do acórdão objeto da irresignação (e-fls. 1.009/1.043), pelo que passo a adotá-lo: Trata o presente processo de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF, fls. 521 a 678 [e-fls. 536 a 693], referente aos anos-calendário de 2004 a 2007, que apurou R$ 168.731,81 de imposto, com R$ 242.813,04 de multa de ofício, R$ 81.611,98 de juros de mora calculados até 30/10/2009 e R$ 9.684,12 de multa isolada. As infrações apuradas estão descritas às fls. 523 a 532 [e-fls. 538 a 547] do Auto de Infração e nos demais documentos que o integra: o Termo de Verificação de fls. 555 a 568 [e-fls. 570 a 583], o Demonstrativo de Variação Patrimonial de fls. 569 a 576 [e- fls. 584 a 591] e os demonstrativos de fls. 577 a 678 [e-fls. 592 a 693]. Em resumo, foram apuradas as seguintes infrações, totalizadas por ano- calendário, por questão de visualização, uma vez que a apuração da variação patrimonial a descoberto foi apurada mensalmente e que é mensal a tributação do ganho de capital e do ganho líquido no mercado de renda variável: infração multa 2004 2005 2006 2007 acréscimo patrimonial a descoberto 150% R$ 291.858,04 R$ 324.111,09 R$ 22.780,81 R$ 1.767,90 ganho de capital na alienação de bens e direitos 75% R$ 54.359,43 R$ 6.000,00 R$ 1.000,00 ganho de capital na alienação de bens e direitos 150% R$ 9.839,54 R$ 9.029,56 ganhos líquidos no mercado de renda variável 75% R$ 36.630,76 dedução indevida de despesas médicas 75% R$ 1.536,87 R$ 2.926,87 omissão de resgate de previdência privada 75% R$ 8.605,96 TOTAL ANUAL R$ 346.217,47 R$ 356.741,85 R$ 35.157,22 R$ 62.413,65 multa por falta de recolhimento do carnê-leão 50% R$ 2.142,52 R$ 842,40 R$ 6.699,20 A omissão de rendimentos de previdência privada refere-se ao resgate de R$ 8.605,96 efetuado junto ao Bradesco Vida e Previdência, em 31/07/2005. O valor lançado da variação patrimonial a descoberto e do ganho de capital na venda de imóveis e veículos até o mês de fevereiro de 2007 corresponde a 50% do montante apurado (fls. 569 a 575, 590, 592 e 593) [e-fls. 584 a 590, 605, 607 e 608], porque a fiscalizada, à época, era casada com comunhão parcial de bens. O fato gerador do ganho líquido no mercado de renda variável foi de R$ 36.630,76, em 31/05/2005, conforme demonstrativo de fl. 676 [e-fl. 691]. A glosa de despesa médica, no ano de 2006, decorreu de somente ter sido apresentada uma nota no valor de R$ 45,00, dos R$ 95,00 declarados como pagos à Cruz Vermelha, e de a totalidade dos pagamentos realizados à UNIMED já ter sido Fl. 3565DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 considerada como dedução na DIRPF do cônjuge. No ano de 2007, foram alterados os valores dos pagamentos à Unimed e à Clinipan, para R$ 40,05 e R$ 780,19, respectivamente, e glosado o recibo emitido pela empresa Leme Serviços de Radiologia, por indicar paciente diverso da contribuinte e de seus dependentes. A multa isolada por falta de recolhimento do carnê-leão foi apurada “conforme informação prestada pelo contribuinte em DIRPF", fl. 529 [e-fl. 544]. No Termo de Verificação consta que, na apuração da variação patrimonial, foram considerados como sendo do casal a conta bancária da empresa RS Investimentos e as aquisições de imóveis em nome dessa. A justificativa para essa conduta encontra-se detalhada às fls. 555 a 561 [e-fls. 570 a 576]. Sob a alegação de falta de comprovação, uma vez que só foram apresentados recibos emitidos pela autuada com a descrição “serviços prestados”, a autoridade autuante desconsiderou, na variação patrimonial, os rendimentos declarados pelo casal como recebidos de pessoas físicas, mas ressalvou que “na apuração do imposto devido está feita a correta compensação do imposto pago por estes rendimentos declarados”, fl. 561 [e-fl. 576]. (...) A omissão de ganhos de capital foi apurada considerando-se o valor pelo qual o bem dado como parte do pagamento entrou na negociação e, quando era dado mais de um bem na mesma negociação, foi feito o rateio do valor total pelo qual eles entraram na negociação dividido pelo custo de aquisição atualizado de cada um, fls. 590 a 593 [e- fls. 605 a 608]. Foi também identificado que, na escritura de venda do apartamento n.º 501 do Edifício Feltre e respectiva vaga de garagem – fls. 61 a 64 do Anexo V [e-fls. 3.250 a 3.255], não constou duas parcelas de R$ 35.000,00 previstas no contrato de fl. 359 [e-fl. 361] e efetivamente recebidas. Foi aplicada a multa de ofício qualificada no acréscimo patrimonial a descoberto e no ganho de capital apurado na venda do apartamento n.º 501 e respectiva vaga de garagem do Edifício Feltre. A autoridade autuante ressaltou a frequência e o montante da variação patrimonial a descoberto e conclui que houve intenção dolosa de sonegar tributo na constituição da empresa RS Investimentos em nome de interpostas pessoas, na divisão dos bens comuns na DIRPF dos cônjuges, que não mencionava o CPF do cônjuge, e na celebração de escritura por valor inferior ao real de venda do apartamento 501 e garagem do Edifício Feltre. Da Impugnação ao lançamento O contencioso administrativo teve início com a impugnação efetivada pela recorrente, em 18/12/2009 (e-fls. 699/741 e 981), a qual delimitou os contornos da lide. Em suma, controverteu-se na forma apresentada nas razões de inconformismo, conforme bem relatado na decisão vergastada (e-fls. 1.009/1.043), pelo que peço vênia para replicar: Cientificada do lançamento por via postal em 04/12/2009, conforme “AR” de fl. 680 [e-fl. 695], a contribuinte apresentou, por intermédio de procuradores – fl. 727 [e-fl. 743], a impugnação de fls. 683 a 725 [e-fls. 699 a 741], acompanhada dos documentos de fls. 726 a 952 [e-fls. 742 a 968] que foi encaminhada pelo CAC da DRF Curitiba/PR para a ARF em Paranaguá/PR, em 18/12/2009 – fl. 953 [e-fl. 969]. Da nulidade Em preliminar suscita nulidade do lançamento, alegando que houve vício no processo de seleção da contribuinte, o qual não teria respeitado os princípios da impessoalidade e da imparcialidade, previstos no art. 1.º, caput, da Portaria RFB n.º 11.371, de 2007. Afirma que o processo em litígio decorreu da abertura de Processo Administrativo Disciplinar pelo Escritório da Corregedoria da 9.ª Região – ESCOR 9, em nome de seu ex-cônjuge, que é Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil [Rogério Schmitt], o qual foi cientificado às vésperas da expedição do MPF. Insurge-se também contra o próprio processo disciplinar porque teria sido iniciado com base em denúncia anônima, afirmando que, como ele seria nulo por Fl. 3566DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 desrespeitar o princípio da segurança jurídica, nulos também seriam todos os atos processuais seguintes, dentre os quais o lançamento em litígio. Da variação patrimonial a descoberto Sustenta que Beneval Simião da Silva [cunhado] e Maria de Lurdes Scheuer [irmã] seriam os sócios de fato e de direito da empresa RS Investimentos, concluindo não haver fundamentação para desconsideração da personalidade jurídica e para a consideração das despesas e receitas daquela empresa, no fluxo patrimonial do casal Rogério e Leoni Schmitt. Invoca o princípio da entidade, o art. 50 do Código Civil e jurisprudência administrativa para corroborar sua alegação de que a autoridade administrativa seria incompetente para desconstituir a entidade jurídica da RS Investimentos. Considera baseada somente em retórica, sem qualquer carga probatória, a conclusão de que Rogério e Leoni Schmitt utilizavam interpostas pessoas em suas operações patrimoniais. Afirma que o fato das DIRPF das pessoas citadas como “laranjas” no lançamento terem sido enviadas do mesmo endereço IP de envio de sua própria DIRPF e de seu ex-cônjuge poderia advir da elaboração de declaração por terceiros, inclusive contadores. Considera natural e afirma ter sido para garantir a mais ampla defesa, a opção de constituição dos mesmos advogados, exercida pelo casal fiscalizado e pelos sócios da empresa RS Investimentos. Aduz que foram tecidas ilações infundadas para sustentar acusações injuriosas, sem nenhuma materialidade acerca da inexistência de propósito negocial nos atos praticados entre o casal autuado e Beneval Simião e Maria de Lourdes, concluindo que houve opção pela desqualificação da integridade moral das partes, ao invés de produção de conjunto probatório. Alega que, se tivesse sido efetuada auditoria patrimonial das pessoas indicadas como laranjas, ficaria demonstrado que as transações estariam devidamente lastreadas. Considera que sequer foi efetuada diligência para aferir se as pessoas indicadas como laranjas possuíam ou não capacidade para gerir um patrimônio. Conclui que, de forma leviana e arbitrária, foram ignorados os mútuos realizados entre familiares, declarados pelas partes em DIRPF e que considera comprovados por meio de troca de cheques. Afirma ser condição única para a admissão de mútuos a sua declaração em DIRPF e ressalva terem sido cumpridas as formalidades exigidas pela jurisprudência, não obstante o mútuo entre familiares serem corriqueiramente firmados a margem de formalidade, citando jurisprudência administrativa que julga corroborar essas alegações. Discorda da consideração como dispêndio dos seguintes imóveis adquiridos por Terezinha da Silva Schmitt, genitora de seu ex-cônjuge: - conjuntos comerciais n.º 1.007, 1008 e vagas de garagem 442 e 445 do Edifício Curitiba Park & Business; - vagas de garagem n.º 141 a 146 do Edifício Curitiba Park & Business. Alega estarem incorretas as considerações efetuadas pela fiscalização acerca da capacidade econômica da Sra. Terezinha, afirmando que ela e seu cônjuge, João Félix de Souza, possuíam direito creditório referente a empréstimos realizados para a fiscalizada nos anos-calendário de 2002 e 2003, no montante de R$ 69.000,00, que teria sido quitado por meio da transferência de um imóvel de R$ 150.000,00. A diferença corresponderia a doação de R$ 81.000,00, efetuada para que Terezinha pudesse residir em Curitiba, em razão da idade avançada. Como ela não teve interesse de usufruir o imóvel, efetuou permuta por conjuntos comerciais. Assim, o apartamento não seria mais do casal fiscalizado quando foi utilizado no pagamento dos imóveis comerciais. Já as vagas de garagens n.º 141 a 146 teriam sido adquiridas com recursos próprios da Sra. Teresinha e do seu cônjuge, obtidos em razão do recebimento de R$ 66.571,00, referente à quitação de mútuo realizado com o cônjuge da impugnante, restando uma dívida de R$ 17.429,00 para ser paga no ano seguinte. Salienta que as transferências patrimoniais da Sra. Therezinha para a RS Investimentos decorreram da necessidade de gerência do patrimônio e não pode ser ignorada, ante a existência de ato jurídico lícito, perfeito e acabado. Fl. 3567DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Conclui que os dispêndios relativos aos imóveis adquiridos pela genitora do impugnante deveriam ser retirados do seu fluxo patrimonial. Argumenta que as notas promissórias anexadas comprovariam os mútuos realizados entre o ex-cônjuge da fiscalizada e Beneval Simião da Silva, cujos valores eram destinados à aquisição de imóveis pela RS Investimentos. Elabora planilha à fl. 698 [e-fl. 714] para comprovar os mútuos efetuados ao Sr. Beneval Simião, por meio de cheques e automóvel do casal. Salienta que tais cheques foram indevidamente utilizados, na argumentação do lançamento, como comprobatórios da utilização de laranja, embora demonstrassem apenas a capitalização de recursos na RS Investimentos, efetuados por meio de mútuo. Atribui sua participação como procuradora da empresa ao fato de os sócios daquela residirem em outro município, ressalvando que as procurações são válidas e não contêm vícios. Conclui que, no fluxo financeiro, devem ser incluídos os dispêndios com o mútuo e retiradas as aquisições imobiliárias da RS Investimentos. Da mesma forma, considera legítimo e idôneo o empréstimo de R$ 165.000,00 por ela efetuado a Maria de Lurdes Scheuer, sócia da RS Investimentos, no ano- calendário de 2005, que foi utilizado pela empresa para aquisição de imóveis. Ressalta a impossibilidade de confundir suas transações imobiliárias e de seu ex- cônjuge com as de responsabilidade de terceiros, sob pena de arbitrariedade e de atropelo de instrumentos jurídicos válidos e perfeitos. Afirma que, embora na escritura conste que a casa n.º 04 do Condomínio Jardim Virgínia IX foi adquirida em 2004, sua aquisição foi efetuada de forma parcelada, cuja quitação se deu no ano-calendário anterior, conforme entende comprovar o documento de fls. 783 a 804 [e-fls. 799 a 820]. Contesta também a desconsideração da venda desse imóvel para Maria de Lurdes no ano calendário de 2005, com recebimento em março de 2006, conforme consignado nas declarações de ajuste e “suportado por provas documentais”. Salienta que como a “transferência de propriedade imobiliária ocorre com a devida escritura, Maria de Lurdes decidiu por utilizar esse imóvel na capitalização da RS Investimentos”, que a utilizou na aquisição do apartamento 701 do Edifício São Lourenço. Discrimina a forma de aquisição das vagas de garagem de n.º 242 a 253 do Edifício Curitiba Park & Business, no montante de R$ 71.550,00 até junho de 2004, afirmando que cedeu seus direitos para Leonilda Scheuer e Aciso Scheuer, em julho de 2004, com o objetivo de pagar dívida de R$ 50.000,00 contraída em anos-anteriores, sendo a diferença de R$ 21.550,00 devolvida em espécie. Esses direitos teriam sido cedidos à filha daqueles, Maria de Lurdes [irmã], que os capitalizou na RS Investimentos. Alega também que as datas de pagamento das parcelas estariam erradas no fluxo patrimonial, tendo como base o contrato e as notas promissórias de fls. 806 a 836 [e-fls. 822 a 852]. Esclarece que os imóveis ingressaram no patrimônio da impugnante e de seu cônjuge em razão de dação de pagamento de mútuos assumidos pelos sócios da empresa RS Investimentos, os quais, em razão dos resultados obtidos pela empresa não terem sido satisfatórios, decidiram reverter as propriedades imobiliárias da pessoa jurídica para os mutuantes. Relaciona os cheques que teriam sido utilizados nos empréstimos efetuados a Beneval Simião, incluindo o Scenic e R$ 8.884,37 em espécie para totalizar os R$ 448.692,37 referentes a 20 vagas de garagem, ao flat 103 do Upper Residence e aos Lofts 1.003, 1.004 e 1.104. Acosta aos autos cópias das notas promissórias correspondentes aos mútuos realizados – fls. 774 a 781 [e-fls. 790 a 797], mas ressalta que, em razão das transações de mútuo haverem sido realizadas “no bolo de relações familiares”, elas não necessitariam de maiores formalidades. Aduz que o apartamento n.º 701 do Edifício Rio São Lourenço foi adquirido de Beneval Simião da Silva, por meio da dação de pagamento de imóveis no valor de R$ 161.000,00 e parcelamento do saldo remanescente. Pleiteia que seja aproveitado, no ano seguinte, o saldo positivo apurado em dezembro, afirmando que a vedação legal não seria aplicável no presente caso, uma vez que o levantamento dos dispêndios foi efetuado com alto grau de detalhamento, incluindo despesas com revistas, jornais, alimentação cotidiana, estacionamento e Fl. 3568DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 recarga de celular pré-pago. Assim, os saldos apurados seriam bem próximos da realidade e, por isso, não teria sustentação a argumentação de que o saldo não poderia ser levado para o ano seguinte por ser uma disponibilidade fictícia. Ressalta que a desconsideração desses saldos fere o princípio constitucional da capacidade contributiva da contribuinte. Pretende que sejam efetuados ajustes no fluxo patrimonial envolvendo veículos, alegando que foram consideradas as datas de aquisição e venda informadas pela autoridade de trânsito, que podem não representar a data efetiva da transferência do bem e prejudicam a impugnante, por não conter, por exemplo, a informação de que um bem pode ter sido dado como parte de pagamento de outro. Aduz que o Peugeot 307 AMC 8050 foi envolvido na negociação do AUDI A3 1.8T AFR 0223, mas constou no fluxo de caixa como vendido após o mês daquela aquisição. O mesmo teria acontecido com o Peugeot Rallye ASO 0261 x Audi A3 AFR 0223 e com o Honda FIT x Astra ASL 1712, conforme entende comprovar as informações prestadas no processo pela CM Veículos, quando intimada. Mesmo tipo de equívoco teria ocorrido na desconsideração acerca da dação em pagamento do Golf 2.0 2001, que teria entrado pelo valor de R$ 42.487,74 na reforma do apartamento Barão de Guaraúna, no mês de janeiro de 2004. Solicita a exclusão dos dispêndios de valores consignados em cheques, DOC e TED, independentemente da constatação do seu destino, levantando a possibilidade de alocação de despesas em duplicidade porque alguns deles poderiam corresponder a aquisição de imóvel ou de veículos. Caso mantidos os dispêndios efetuados por DOC e TED, pleiteia a inclusão como origem dos valores creditados dessa mesma forma, referindo-se especificamente ao TED de R$ 190.000,00 em agosto de 2005. Insurge-se contra a não inclusão, como origem, dos valores declarados como recebidos de pessoas físicas e os referentes à alienação de bens de pequeno valor. Afirma que seu ex-cônjuge ministrou o “Curso de Mercado de Capitais – Ações e Opções” a diversas pessoas físicas, conforme recibos de fls. 842 a 935 [e-fls. 858 a 951]. Alega que a desconsideração dos recibos apresentados não teve qualquer fundamentação e que valores foram oferecidos à tributação com o devido recolhimento do imposto, os quais inclusive foram considerados dispêndios na variação patrimonial. Em relação à venda dos bens de pequeno valor, considera que os recibos de R$ 15.000,00 e de R$ 20.000,00, além do relatório de mudança, comprovariam os valores declarados pelo casal. Afirma que não foram considerados como origem os valores recebidos em decorrência da exploração das unidades 1.505, 1.703, 1.711 e 1.809 do Evolution Smart Residence e das 20 garagens do Edifício Curitiba Park and Business, apresentando os documentos de fls. 936 a 950 [e-fls. 952 a 966]. Pleiteia a exclusão dos dispêndios denominados “Dispêndios nos Extratos Bancários”, em razão da ocorrência de “grave erro” decorrente do lançamento de despesas em duplicidade, porque dentre aquelas certamente deveriam estar despesas inseridas nas linhas “Pagamentos de Darf”, “Despesas com Instrução”, “Despesas médicas”, “Contribuição à Previdência Privada” e “Pagamentos a grupos de Consórcio”. Da multa qualificada Insurge-se contra a cobrança da multa qualificada, afirmando ser indispensável apresentação de prova direta de que a contribuinte agiu com flagrante intuito de fraudar o fisco, citando jurisprudência administrativa. Sustenta que a autoridade autuante teria se limitado a “asseverar, em exíguas linhas, que o agir do contribuinte fere o erário e que teria se apropriado de subterfúgios para ocultar seus negócios do fisco”. Conclui que a qualificação da multa estaria “calcada no simples fato de existir omissão de rendimentos detectados pelo fluxo de evolução patrimonial e pelo argumento de que a sociedade empresarial RS INVESTIMENTOS seria utilizada para dissimular o conhecimento do acréscimo patrimonial”. Argumenta que o fluxo da variação patrimonial só teria o condão de indicar a existência de omissão de rendimentos, não podendo a multa de ofício qualificada ser aplicada somente em razão de presunção de intenção dolosa da contribuinte, ainda mais Fl. 3569DF CARF MF Fl. 11 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 quando a própria omissão decorre de presunção e que, depois de efetuados os ajustes alegados na impugnação, desapareceriam os indícios de expressivo acréscimo patrimonial e de sua incidência em meses seguidos. Cita a súmula n.º 14 do Conselho de Contribuintes que veda a qualificação da multa de ofício ante a simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos. Salienta que a constituição de sociedade empresarial destinada a gerir patrimônio imobiliário é perfeitamente lícita e compatível com o ordenamento, não havendo qualquer ilícito na adoção dessa prática como forma de promover economia tributária, uma vez que a receita daquela empresa é devidamente oferecida à tributação. Dessa forma, alega que, mesmo se considerado que a propriedade da empresa RS Investimentos fosse de Rogério e Leoni Schmitt, não seria o caso de aplicação da multa qualificada, uma vez que caracterizaria planejamento tributário conduzido sob o rigor da lei. Conclui que “a conduta do Impugnante – mera falta de apresentação de declarações e bens e pagamento insuficiente de tributo – não confere azo à aplicação da multa qualificada”. Do ganho de capital nas operações imobiliárias Afirma ter sido cientificada do lançamento em 17/11/2009 e suscita a ocorrência de decadência em relação aos ganhos de capital apurados em decorrência de alienações efetuadas antes de 01/11/2004, em razão da aplicação do § 4.º do art. 150 do Código Tributário Nacional e do art. 117 do RIR/1999, uma vez que o fato gerador correspondente se consumaria no último dia do mês em que se deu a operação. Aduz que a fiscalização não considerou as reformas efetuadas, principalmente em janeiro de 2004, no apartamento n.º 604 do Edifício Barão de Guaraúna, no valor de R$ 70.000,00, suportada pela dação em pagamento do automóvel VW Golf 2.0 2001 e devidamente declarada em DIRPF. Solicita a apresentação posterior de provas com fulcro nos princípios da informalidade e da verdade material. Alega que também não houve ganho de capital na transferência do apartamento n.º 501 do Edifício Feltre e respectiva vaga de garagem, uma vez que não foi observado o valor de venda consignado na escritura, R$ 159.127,37. Sustenta que não foi concretizada a proposta na qual se baseou a fiscalização, tendo sido o negócio celebrado seis meses mais tarde, com abatimento oriundo da inexistência de intermediação imobiliária. Da multa isolada Protesta contra a cobrança da multa isolada junto com a multa de ofício, sustentando que o ordenamento jurídico tributário vigente veda a cominação de duas penas para a mesma infração. Salienta que, como as alterações na legislação de regência dessa penalidade foram efetuadas pela Lei n.º 11.488, de 2007, e os fatos geradores objeto do lançamento ocorreram nos anos-calendário de 2004 e de 2005, a aplicação retroativa da lei seria inconstitucional, por cominar em penalidade mais grave. Solicita o afastamento da multa isolada. Finaliza solicitando a revisão do lançamento para adequá-lo à realidade fática e jurídica aplicável ao caso. Em 22/03/2010 – fl. 956 [e-fl. 972], foi solicitada diligência para que: - o órgão de origem se manifestasse acerca da tempestividade da impugnação; - a empresa Casteval Construção e Incorporação Ltda. fosse intimada a informar as datas e valores dos pagamentos referentes à aquisição da casa n.º 04 do Condomínio Jardim Virgínia IX, matrícula n.º 76570, cuja escritura foi lavrada em 03/05/2004; À fl. 962 [e-fl. 979], a empresa Casteval Construção e Incorporação Ltda relaciona os pagamentos recebidos, os quais teriam sido efetuados no período de 21/01/2002 a 28/02/2003. A DRF em Curitiba/PR, à fl. 964 [e-fl. 981], atesta a tempestividade da impugnação apresentada. Do Acórdão de Impugnação A tese de defesa foi acolhida em parte pela DRJ (e-fls. 1.009/1.043), primeira instância do contencioso tributário, acatando-se apenas cancelar R$ 19.228,56 de imposto Fl. 3570DF CARF MF Fl. 12 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 suplementar com multa de ofício qualificada e juros de mora, decotado da variação patrimonial a descoberto, mantendo o crédito tributário lançado nos demais termos. No mais, na decisão a quo foram refutadas as outras insurgências do contribuinte. Ao final, consignou-se que julgava, por unanimidade de votos: - não acatar a preliminar de nulidade; - não acatar a preliminar de decadência na apuração de ganho de capital na alienação de bens e direitos; - considerar parcialmente procedente o lançamento; - cancelar R$ 19.228,56 de imposto suplementar com multa de ofício qualificada e juros de mora, relativos ao exercício de 2005; - manter a cobrança de R$ 9.684,12 de multa isolada; - manter a cobrança de R$ 149.503,25 de imposto suplementar, de R$ 213.970,24 de multa de ofício, além dos respectivos juros moratórios. Do Recurso Voluntário No recurso voluntário, interposto em 23/07/2010 (e-fls. 1.049/1.093), o sujeito passivo reitera os termos da impugnação e postula a revisão do lançamento veiculado pelo auto de infração, com o objetivo de adequá-lo à realidade fática e jurídica aplicável ao caso. Na peça recursal aborda os seguintes capítulos para devolução da matéria ao CARF: I) Preliminar de nulidade: vício no processo de seleção do contribuinte – mitigação ao princípio da impessoalidade; II) Do acréscimo patrimonial: i) Da RS Investimentos Ltda, impossibilidade de desconsideração da personalidade jurídica por autoridade administrativa; ii) Dos negócios realizados por terceiros; iii) Da inaplicabilidade do art. 116, parágrafo único, do CTN, impossibilidade de inovação no curso do processo administrativo fiscal; iv) Dos reflexos de evolução patrimonial pela exclusão dos valores relativos a terceiros e à RS Investimentos Ltda: (a) Aquisições imobiliárias e transferências patrimoniais envolvendo Terezinha da Silva Schmitt; (b) Empréstimos realizados a Beneval Simião da Silva – capitalização RS Investimentos; (c) Empréstimos realizados a Leoni Terezinha Schmitt a Maria de Lurdes – capitalização RS Investimentos; (d) Operações de transferências imobiliárias relativas à Casa 04 do Condomínio Jardim Virginia IX; (e) Vagas de Garagem ns.º 242, 243, 246, 247, 248, 249, 250, 251, 252 e 253 do Edifício Curitiba Park & Business; f) Imóveis que ingressaram no patrimônio da recorrente e do seu ex-cônjuge, oriundos da RS Investimentos; (g) Do apartamento 701 do Edifício Rio São Lourenço; III) Transporte do saldo positivo para o ano seguinte; IV) Dos ajustes necessários no fluxo de evolução patrimonial: i) Operações envolvendo veículos; ii) Dos dispêndios consumidos via DOC/TED; iii) Dos rendimentos de pessoas físicas e bens de pequeno valor; iv) Dos valores lançados em duplicidade; V) Da insubsistência da multa qualificada, inocorrência de dolo, condição de procedibilidade para aplicação: i) Da omissão de rendimentos caracterizada pelo fluxo de evolução patrimonial; ii) Da sociedade empresarial RS Investimentos; VI) Do ganho de capital na alienação de bens imóveis e veículos: i) Da decadência do direito de constituir o crédito; ii) Apartamento n.º 604 do Edifício Barão de Guaraúna, com duas vagas de garagem; iii) Apartamento n.º 501 do Edifício Feltre e Vaga de Garagem; iv) Ganho de capital na alienação de veículos; VII) Da multa isolada pela falta de recolhimento de carnê-leão. Fl. 3571DF CARF MF Fl. 13 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Nesse contexto, os autos foram encaminhados para este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), sendo, posteriormente, distribuído por sorteio público para este relator. Consta nos autos Termo de Apensação deste feito ao Processo n.º 10907.002254/2009-59 (e-fl. 3.559), representação fiscal para fins penais. É o que importa relatar. Passo a devida fundamentação analisando, primeiramente, o juízo de admissibilidade e, se superado este, o juízo de mérito para, posteriormente, finalizar com o dispositivo. Voto Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros, Relator. Admissibilidade O Recurso Voluntário atende a todos os pressupostos de admissibilidade intrínsecos, relativos ao direito de recorrer, e extrínsecos, relativos ao exercício deste direito, sendo caso de conhecê-lo. Especialmente, quanto aos pressupostos extrínsecos, observo que o recurso se apresenta tempestivo (notificação em 24/06/2010, e-fl. 1.048, protocolo recursal em 23/07/2010, e-fl. 1.049, e despacho de encaminhamento, e-fl. 1.094), tendo respeitado o trintídio legal, na forma exigida no art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 1972, que dispõe sobre o Processo Administrativo Fiscal, bem como resta adequada a representação processual, inclusive contando com advogado regularmente habilitado, de toda sorte, anoto que, conforme a Súmula CARF n.º 110, no processo administrativo fiscal, é incabível a intimação dirigida ao endereço de advogado do sujeito passivo, sendo a intimação destinada ao contribuinte. Por conseguinte, conheço do recurso voluntário. Apreciação de preliminar antecedente a análise do mérito - Preliminar de nulidade Observo que a recorrente alega e requer seja reconhecida a nulidade do lançamento. Em resumo, sustenta direcionamento na seleção da fiscalizada, tendo havido vício no processo de seleção da contribuinte, mitigando-se o princípio da impessoalidade. Diz que o princípio da segurança jurídica objetiva a preservação do interesse público, da impessoalidade, da imparcialidade, da razoabilidade e da justiça fiscal, impondo-se o dever de limitação ao poder fiscalizatório do Estado Administração com o fito de evitar que o sistema seja manipulado em prol de interesses parciais e escusos, vinculados a punição pessoal e direcionado, manejado como uma arma voltada a prejudicar determinado cidadão. Eis a síntese de direito para não se conformar com o procedimento fiscalizatório pelo qual passou. Do ponto de vista fático, alega que o ex-cônjuge da recorrente é Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil e que, às vésperas da expedição do MPF, para a realização da auditoria patrimonial, foi cientificado da instauração de Processo Administrativo Disciplinar, o qual estava em trâmite perante o Escritório da Fl. 3572DF CARF MF Fl. 14 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Corregedoria da 9.ª Região - ESCOR 9. A relação com o citado processo disciplinar é íntima, sendo o local da Corregedoria o endereço para entrega das respostas do procedimento fiscal ora em análise, contendo o processo disciplinar grave vício de iniciativa, fruto de denúncia anônima. Pois bem. A despeito das considerações de fato e de direito da recorrente, não lhe assiste razão. Não observo qualquer direcionamento ou violação da impessoalidade, tendo o procedimento sido regido pelas normas procedimentais adequadas. Não entendo que tenha sido violado o art. 1.º, caput, da Portaria RFB n.º 11.371, de 2007, tendo sido respeitado os princípios do interesse público, da impessoalidade, da imparcialidade, da finalidade, da razoabilidade e da justiça fiscal. Inexiste qualquer ato violador do direito no procedimento fiscal instaurado. O só fato do ex-cônjuge da recorrente, Auditor Fiscal da Secretaria da Receita Federal do Brasil, responder a processo administrativo disciplinar não significa que tenha sido violado qualquer norma do processo fiscalizatório ou que tenha havido a prática de ato escuso ou violação pessoal. A seleção de pessoas, para procedimento fiscalizatório, não é, em toda e qualquer situação, totalmente aleatório (como, por exemplo, mediante “sorteio”), havendo, por vezes, análise e observação de elementos específicos que recomendem averiguar, dentro do devido processo legal, a conformidade de atos e fatos de determinados contribuintes aos parâmetros da legislação fiscal, objetivando atender o interesse público, e isto não caracteriza perseguição ou pessoalidade, mas sim planejamento das atividades fiscalizatórias, especialmente porque qualquer contribuinte pode ser instado as verificações fiscais, não se caracterizando perseguição ou meio escuso para atender finalidade. Aliás, nenhuma finalidade tida por imprópria foi comprovada pela recorrente. Esta sequer demonstrou, por exemplo, eventual nulidade, nestes autos, de modo específico ou uma nulidade em processo outro (o alegado processo administrativo disciplinar, por exemplo), o qual pudesse eivar o presente caderno processual por vício de nulidade absoluta, quiçá por hipotética aplicação da teoria “fruits of the poisonous tree” (teoria dos frutos da árvore envenenada), na qual fosse possível aduzir eventual vício de ilicitude por violação de regra de direito material específica. Nada disto é elucidado, sendo não acolhido os meros argumentos desprovidos de demonstração probatória. No caso concreto observo o respeito ao devido processo legal no procedimento fiscal, conduzido por autoridade competente e atendido os atos normativos internos e a legislação da regência, inexistindo, em verdade, o apontamento, pela recorrente, de qualquer elemento concreto para infirmar os atos procedimentais praticados. Não restou demonstrado qualquer efetivo prejuízo para a defesa ou nulidade nos autos. Aliás, as intimações fiscais e respostas eram dirigidas a DRF e não a Corregedoria. Não consta dos autos que a recorrente tenha tido qualquer prejuízo para se falar em nulidade ou mesmo em cerceamento ou preterição do direito de defesa. Procedimentalmente o procedimento é hígido e regular. Consta nos autos que a autoridade lançadora indicou expressamente as infrações imputadas ao sujeito passivo e observou todos os demais requisitos constantes do art. 10 do Decreto n.º 70.235, de 1972, reputadas ausentes às causas previstas no art. 59 do mesmo diploma legal, ainda mais quando, efetivamente, mensurou motivadamente os fatos que indicou para imputação, estando determinada a matéria tributável. Fl. 3573DF CARF MF Fl. 15 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Os relatórios fiscais, em conjunto com os documentos acostados, atenderam plenamente aos requisitos estabelecidos pelo art. 142, do CTN, bem como pela legislação federal atinente ao processo administrativo fiscal (Decreto n.º 70.235/1972), pois descreve os fatos que deram ensejo à constituição do presente crédito tributário, caracterizando-os como fatos geradores e fornecendo todo o embasamento legal e normativo para o lançamento. Ou, em outras palavras, o auto de infração está revestido de todos os requisitos legais, uma vez que o fato gerador foi minuciosamente explicitado no relatório fiscal, a base legal do lançamento foi demonstrada e todos os demais dados necessários à correta compreensão da exigência fiscal e de sua mensuração constam dos diversos discriminativos que integram a autuação. Aliás, a legislação aplicada foi, sim, a contemporânea aos fatos geradores. Aliás, a autuação e o acórdão de impugnação convergem para aspecto comum interpretativo quanto as provas analisadas, estando os autos bem instruídos e substanciados para a dá lastro a subsunção jurídica efetivada. Os fundamentos estão postos, foram compreendidos e a recorrente exerceu claramente seu direito de defesa rebatendo-os, a tempo e modo, em extenso arrazoado para o bom e respeitado debate. Por conseguinte, não se pode falar em nulidade quando a autoridade lançadora indicou expressamente a infração imputada ao sujeito passivo e propôs a aplicação da penalidade cabível, efetivando o lançamento com base na legislação tributária e previdenciária aplicáveis. A atividade da autoridade administrativa é privativa, competindo-lhe constituir o crédito tributário com a aplicação da penalidade prevista na lei. A recorrente é legitimada para os termos da autuação que lhe foi imposta. Ademais, a fiscalização foi municiada por Mandado de Procedimento Fiscal. Noutro prisma, é cediço no âmbito da jurisprudência do CARF que o Mandado de Procedimento Fiscal é mero instrumento de controle administrativo e de planejamento das atividades da Administração Tributária, de modo que estes instrumentos não podem obstar o exercício da atividade de lançamento conferida ao Auditor Fiscal, que decorrem exclusivamente da Lei, não gerando nulidades eventuais irregularidades em tais instrumentos, especialmente quando não resultam em preterição do direito de defesa. Eventuais problemas no mandado de procedimento fiscal, ainda que se pudesse cogitar de terem ocorrido, não acarreta nulidade do lançamento, ainda mais se não há provas de efetivo prejuízo para a defesa. Portanto, não padece de nulidade a Notificação de Lançamento, lavrada por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pôde exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Não se viola o art. 37 da Constituição Federal, tampouco ocorre cerceamento ou preterição do direito de defesa, nem há inobservância ao princípio do contraditório, da ampla defesa, da legalidade, da razoabilidade, da Informação, da oportunidade, da competência, da publicidade, da eficiência, da segurança jurídica, da preservação do interesse público, da impessoalidade, da imparcialidade, da razoabilidade e da justiça fiscal. A autuação dos autos é válida e regular em seu procedimento, podendo-se discutir o mérito. Nos autos se vê que a defesa exerceu o contraditório e se defendeu plenamente das acusações fiscais, inclusive, em primeira instância, obteve parcial vitória em parte o Fl. 3574DF CARF MF Fl. 16 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 lançamento. Nas peças recursais foram apresentadas amplas razões e não houve qualquer limitação ao direito de defesa, decerto que não se pode falar em nulidade. Em suma, compreende-se que o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), atual Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal (TDPF), no qual se elege o contribuinte a ser fiscalizado, é, precipuamente, um instrumento de controle interno da Administração Tributária, e não constitui elemento essencial de validade do correspondente auto de infração. De mais a mais, a autoridade fiscal do caso concreto é competente para proceder a autuação, tendo indicado as normas legais que entendeu aplicáveis ao caso concreto. Por fim, concordo com as ponderações da decisão de piso quando expõe que: A seleção de contribuintes é uma faculdade e dever do Fisco e consiste em uma etapa anterior ao início do procedimento fiscal, assim, não proceder a alegação de nulidade do auto de infração com base em alegação de ilegalidade dos critérios naquela adotados, que mesmo se existente, o que não é o caso dos autos, não viciaria o lançamento, que é ato vinculado da autoridade administrativa, sujeito a nulidade somente se praticados por agente incompetente ou com cerceamento de direito de defesa. Sem razão a recorrente neste capítulo, rejeito a preliminar. Mérito Quanto ao juízo de mérito, passo a apreciá-lo. Trata-se de lançamento de ofício, cuja lide remanescente em algumas matérias, decorrente de procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias que competiam a recorrente, após entrega das suas declarações de ajuste anual, anos-calendário 2004 a 2007, constatando-se irregularidades que ensejaram o lançamento apurando-se mensalmente a variação patrimonial a descoberto e a tributação do ganho de capital não informada. Por último, aplicou-se multa isolada de falta de recolhimento de carnê-leão. Há multa qualificada em parcela do lançamento. Inicialmente, conheço da temática envolvendo a decadência, por ser uma prejudicial de mérito. - Decadência do ganho de capital no ano-calendário de 2004 A defesa ao tratar do tema “ganho de capital na alienação de bens imóveis e veículos” advoga que se operou a decadência dos fatos geradores em relação aos ganhos de capital apurados em decorrência de alienações efetuadas antes de 01/11/2004, no ano-calendário de 2004, pois a notificação do lançamento relativo ao auto de infração em epígrafe (e-fls. 536/569) ocorreu em 04/12/2009 (e-fls. 695 e 981). Sustenta aplicar-se o § 4.º do art. 150 do Código Tributário Nacional e o art. 117 e parágrafos do RIR/1999, uma vez que o fato gerador correspondente se consumaria no último dia do mês em que se deu a operação. Pois bem. Não assiste razão a recorrente por força de exceção. Explico. A decisão de piso alega inexistir pagamentos a título de ganho de capital, o que, por si só, é causa suficiente para afastar a aplicação do § 4.º do art. 150 do Código Tributário Nacional, de mais a mais, malgrado este relator identifique na famigerada declaração de rendimentos declaração de Fl. 3575DF CARF MF Fl. 17 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 pagamentos efetuados por carnê-leão para trabalho não assalariado (e-fl. 04), observo que na ficha de “ganho de capital” (e-fl. 07) da declaração retificadora do exercício de 2005, ano- calendário 2004 (e-fls. 03 a 07), transmitida em 12/04/2005 (e-fl. 03), não se observa qualquer declaração de pagamento a título de ganho de capital, por conseguinte, para esta hipótese de incidência (ganho de capital), que se trata de rubrica própria indivisa que não se confunde com aqueloutra e nem se cuida de parcela que se enquadre naquela, tendo hipótese de incidência própria, dispondo o § 2.º do art. 117 do RIR/1999 (aplicável na época) que os ganhos serão apurados no mês em que forem auferidos e tributados em separado, não integrando a base de cálculo do imposto na declaração de rendimentos, aplica-se o art. 173, I, do CTN, pois inexiste pagamento e, por conseguinte, não há o que homologar. Deste modo, inexiste lustro decadencial. Isto porque, é válido arrematar que o IRPF incidente sobre ganhos de capital na alienação de bens e direitos constitui tributação definitiva/exclusiva, não se sujeitando ao ajuste anual, considerando-se ocorrido o fato gerador no mês do recebimento. Entretanto, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário, quando ausente o recolhimento sobre o ganho de capital, extingue-se após cinco anos, contados do primeiro dia útil do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, consoante o art. 173, I, acima apontado. Tendo o lançamento sido efetivado no quinquídio legal não ocorre a decadência. Ademais, não integrando o ganho de capital o ajuste anual eventuais pagamentos vinculados a rendimentos a serem computados no ajuste anual (como, por exemplo, carnê-leão e IRRF) não são antecipações do pagamento do ganho de capital e, portanto, não atraem a aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4.º, do CTN. Somente se subsumem ao art. 150, § 4º, pagamentos respeitantes ao pagamento do próprio ganho de capital e no caso concreto não ocorreu. Sem razão a recorrente neste capítulo, rejeito a prejudicial de decadência. Passo, então, a análise do mérito propriamente dito. - Considerações introdutórias Conforme consta no termo de verificação fiscal (e-fls. 570/583) foi analisada a variação do patrimônio na constância da sociedade conjugal, e da contribuinte isoladamente após o fim da união. O fluxo de caixa foi único na constância da sociedade conjugal, haja vista que os cônjuges somente efetuaram aquisição de bens e direitos comuns. Para o acréscimo patrimonial a descoberto foi aplicada multa qualificada de 150%. Constatou-se omissão de rendimentos considerando que foi observado que a conta bancária da empresa RS Investimentos e as aquisições de imóveis em nome dessa pessoa jurídica eram, em verdade, do casal, conforme esclarecimentos das condutas detalhadas nos autos (e-fls. 570 a 576). Por isso, entendeu-se pela intenção dolosa de sonegar tributo na constituição da empresa RS Investimentos em nome de interpostas pessoas, na divisão dos bens comuns na DIRPF dos cônjuges, que não mencionava o CPF do cônjuge, e na celebração de escritura por valor inferior ao real de venda do apartamento 501 e garagem do Edifício Feltre (e-fls. 3.250 a 3.255) não constando duas parcelas de R$ 35.000,00 previstas no contrato (e-fl. 361) e efetivamente recebidas. Na elaboração da variação patrimonial a fiscalização desconsiderou os rendimentos declarados pelo casal como recebidos de pessoas físicas, pois os recibos emitidos pela autuada continham apenas a descrição “serviços prestados”, sem detalhamento, porém na Fl. 3576DF CARF MF Fl. 18 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 apuração do imposto devido foi realizada a compensação do imposto pago por estes rendimentos declarados (e-fl. 576). Por último, a fiscalização consignou que os supostos mútuos que dariam suporte financeiro aos ditos sócios “laranjas” não restaram comprovados, ademais, noutro giro, a DRJ afirma que a tabela apresentada pela recorrente em relação aos cheques compensados para justificar tais mútuos, que seriam os elementos de comprovação, exibe inconsistências e as compensações só comprovam o débito na conta, mas não o destinatário dos recursos. - Do Acréscimo Patrimonial a Descoberto A defesa ao tratar do tema aborda vários tópicos que passo a apreciar. - Da RS Investimentos Ltda, impossibilidade de desconsideração da personalidade jurídica por autoridade administrativa Entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. Ora, restou evidenciado nos autos que o extinto casal (a recorrente e seu ex-marido) eram os titulares de fato da pessoa jurídica RS Investimentos realizando aquisições e negociações de imóveis em nome da sociedade, além de movimentação bancária por meio da conta corrente da mendaz empresa. Para tanto, utilizavam procurações com os mais amplos e ilimitados poderes (e-fls. 3.312 a 3.317), as quais estavam arquivadas, inclusive, na instituição financeira na qual mantinha-se a conta corrente da RS Investimentos (e-fls. 2.253 a 2.255). Por se cuidar de matéria fática com riqueza de detalhes, peço vênia para transcrever o termo de verificação fiscal (e-fls. 570/576), substanciado em provas que verifiquei plenamente elucidativas: Em 26/08/04 foi constituída a empresa RS Investimentos LTDA, CNPJ (...). Os supostos sócios seriam BENEVAL SIMIAO DA SILVA, CPF (...), e MARIA DE LURDES SCHEUER, CPF (...). Sendo que Beneval seria o administrador e teria participação de R$ 32.000,00 no capital social e Maria de Lurdes teria participação de R$ 8.000,00 no capital social. Já de imediato surgem duas perguntas: - Como que duas pessoas simples, que sequer conta bancária possuíam à época da abertura da empresa, resolvem abrir uma empresa cujo objeto social é típico de pessoas com maior capacidade econômica? - Se estas duas pessoas residem em Foz do Iguaçu, por que resolvem domiciliar esta empresa em Curitiba? A resposta a esta e a todas as outras perguntas a serem feitas a respeito desta empresa convergem para ROGERIO SCHMITT, CPF (...). Talvez mera coincidência, mas até mesmo as iniciais de Rogério Schmitt coincidem com o nome da empresa RS Investimentos. Maria de Lourdes, uma das sócias da empresa, era cunhada de Rogério (irmã de sua esposa Leoni Terezinha Schmitt). Beneval era o companheiro de Maria de Lourdes. O endereço da empresa, Rua (...), Curitiba, PR, é o domicílio fiscal atual do irmão de Rogério, MARCO ANTONIO DE COSTA, CPF (...). Apesar dos supostos sócios residirem em Foz do Iguaçu e não possuírem contas bancárias, foi aberta uma conta bancária para a empresa. A de número 14946-2, na agência 3390-1 do Banco do Brasil em Curitiba, mesma agência na qual Rogério possuía conta corrente. Mas e as Declarações de Imposto de Renda Pessoa Física - DIRPF de Beneval e Maria de Lourdes confirmam a falta de capacidade econômica para a abertura de tal empresa? Fl. 3577DF CARF MF Fl. 19 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Antes de se responder a esta pergunta, interessante observar a tabela a seguir: Rogério Beneval Simião Maria de Lourdes Tipo de Formulário IRPF 2005 Ano-calendário 2004 Data de Transmissão 11/04/2005 21:28:07 12/04/2005 10:34:53 13/04/2005 17:41:47 Endereço IP 200.103.144.37 200.103.144.37 200.103.240.18 Endereço IP Local 169.254.79.207 169.254.79.207 169.254.79.207 Tipo Formulário IRPF 2006 Ano-calendário 2005 Data de Transmissão 16/03/2006 15:11:36 16/03/2006 15:43:42 16/03/2006 14:51:03 Endereço IP 201.25.167.227 201.25.167.227 201.25.167.227 Endereço IP Local 169.254.104.228 169.254.104.228 169.254.104.228 Tipo Formulário IRPF 2007 Ano-calendário 2006 Data de Transmissão 16/04/2007 14:14:57 14/04/2007 16:32:07 14/04/2007 16:27:07 Endereço IP 201.11.10.71 201.15.205.232 201.15.205.232 Endereço IP Local 169.254.79.207 169.254.79.207 169.254.79.207 O que podemos concluir? Que as DIRPF’s de Beneval e Maria de Lourdes do período de existência da empresa (26/08/04 a 22/06/06) foram confeccionadas por Rogério, haja vista a coincidência de endereço IP local (IP do computador). As duas divergências no endereço IP (IP do modem) provavelmente foram causadas por um reboot no modem da banda larga (que faz o provedor atribuir um novo IP ao modem) no intervalo de tempo entre uma transmissão e outra. Assim sendo, concluímos que as DIRPF’s de Beneval e Maria de Lourdes não podem ser utilizadas como parâmetro para a determinação de sua capacidade econômica, uma vez que foram confeccionadas por quem tinha interesse em dar veracidade à história. Até agora há indícios fortes de que a RS Investimentos seja uma empresa em nome de “laranjas”. Mas haveria uma prova cabal? Sim. Logo após a criação da RS Investimentos, Beneval, na condição de administrador da RS Investimentos, concedeu procurações (Anexo V, fls. 119 a 122) [Anexo V, e-fls. 3.312 a 3.317] com amplos poderes para Rogério e sua esposa Leoni. Tais poderes, além de permitirem a representação da empresa perante qualquer entidade e permitirem a celebração de qualquer negócio jurídico, permitiam até que os procuradores vendessem, cedessem e transferissem as cotas sociais de Beneval. Tal procuração foi apresentada perante o Banco do Brasil (Anexo III, fls. 21 a 23) [Anexo III, e-fls. 2.253 a 2.255], permitindo que Rogério pudesse movimentar a conta em nome da empresa. Que pessoa concederia o rol mais amplo de poderes possível de uma empresa recém-criada, a não ser que esta pessoa se tratasse de um “laranja”? Concluímos que a propriedade da RS Investimentos é do casal Rogério e Leoni. Mas ainda resta a dúvida: seria a RS Investimentos uma empresa de fato ou somente um artifício para dificultar a apuração de uma variação patrimonial muito superior à renda declarada? Para se responder a tal pergunta, foi aberto um procedimento fiscal sobre a RS Investimentos, de acordo com o MPF 09.1.01.00-2008-01348-2. Os documentos referentes a tal ação fiscal constam do Anexo VI (termos e respostas) e do Anexo III (documentação bancária). Inicialmente intimou-se Beneval, que logo constituiu os mesmos advogados que Rogério e Leoni. Após diversas prorrogações de prazo, foi apresentada somente cópia dos livros contábeis de 2006, sendo informado que não se possuía os livros de 2004 e 2005. Intimou-se novamente a empresa a apresentar os livros, frisando-se que deveriam ser os livros originais. A intimação não foi atendida. Na verdade, além das cópias dos livros contábeis de 2006, tudo que foi apresentado consistia em pedidos de prorrogação de prazo e comunicações de impossibilidade de atendimento. Até 16/01/09 as correspondências estavam sendo enviadas para o domicílio fiscal de Beneval. Quando houve retomo de correspondência por mudança de endereço, passou-se a enviá-las para os advogados constituídos, os mesmos de Rogério e Leoni. Fl. 3578DF CARF MF Fl. 20 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 De qualquer forma, todas as intimações passaram pelas mãos dos advogados de Rogério e Leoni, pois todas as respostas foram por eles apresentadas. Em relação às cópias dos livros de 2006, como não foram apresentados os originais, há que ser cauteloso no valor probatório. O que pode se concluir destas cópias é que até os livros contábeis eram assinados por Rogério, e que o faturamento da empresa era oriundo de aluguéis de imóveis que foram comprados em nome da mesma. Convenientemente nenhum livro foi apresentado referente aos anos de 2004 e 2005, quando justamente quase todos os imóveis foram comprados. Disto que foi exposto, conclui-se que a RS Investimentos nunca foi uma empresa de fato. Mas qual será o grau de vinculação dela com as finanças de Rogério e Leoni? Seria a RS Investimentos uma entidade à parte ou havia uma completa confusão patrimonial? Para se responder a tal pergunta, colocaremos uma sequência de fatos não exaustiva, em ordem não-cronológica, ocorridos entre a abertura e o encerramento da RS Investimentos: - Tabela contendo alguns lançamentos exemplificativos encontrados na conta da RS Investimentos: Data Histórico Documento Valor D/C Destinatário/Remetente 13/03/06 Cheque Compensado 000000000850018 3.200,00 D Leoni Terezinha Schmitt 11/04/06 Transferência on-line 554444000005749 700,00 D Rogério Schmitt 26/04/06 Transferência on-line 444400000005749 550,00 D Rogério Schmitt 13/05/05 Transferência on-line 523390000005749 1.000,00 C Rogério Schmitt 16/05/05 Transferência on-line 523390000005749 1.000,00 C Rogério Schmitt 17/05/05 Desbloqueio de depósito 000000000000000 8.000,00 C Rogério Schmitt 30/05/05 Transferência on-line 523390000005149 1.000,00 C Rogério Schmitt 08/07/05 Depósito compensado 000000000936585 2.500,00 C Leoni Terezinha Schmitt 08/11/05 Transferência on-line 523390000005749 1.000,00 C Rogério Schmitt 09/11/05 Transferência on-line 523390000005749 500,00 C Rogério Schmitt 03/03/06 Depósito compensado 000000000152849 2.400,00 C Leoni Terezinha Schmitt - A compra das vagas de garagem n.º 291, 292, 293 e 294 do Edifício Curitiba Park & Business em nome da RS Investimentos foi paga com o cheque n.º 850211 da conta 5749-5, agência 3390-1, do Banco do Brasil, de titularidade de Rogério. - Na compra da unidade n.º 327 do Hotel Holliday Inn – Santa Felicidade em nome da RS Investimentos, dos R$ 148.000,00, R$ 50.000,00 foram pagos através do cheque n.º 850218 da conta 5749-5, agência 3390-1, do Banco do Brasil, de titularidade de Rogério, e R$ 70.000,00 foram pagos através da dação em pagamento do veículo AUDI/A3 1.8T ATU-1512, em nome de Rogério. - Na compra do apartamento n.º 701 do Edifício Rio São Lourenço em nome da RS Investimentos, todo o valor foi pago pelo casal, da seguinte forma: dação em pagamento da residência n.º 04 do condomínio Jardim Virgínia IX Condominium, em Curitiba, de propriedade do casal; dação em pagamento do veículo RENAULT/SCENIC RXE 2.0 ALB-3886, em nome de Leoni; cheques n.º 850227, 850250, 850251 e 850252 da conta 5749-5, agência 3390-1, do Banco do Brasil, de titularidade de Rogério; e cheques n.º 850266 e 850268 da conta 5749-5, agência 4444-X, do Banco do Brasil, de titularidade de Rogério. - Pagamento através da conta da RS Investimentos de Darf em nome de Rogério, no valor de R$ 704,64, e de Darf em nome de Leoni, no valor de R$ 320,35, ambos em 29/04/05. Tabela contendo alguns pagamentos de despesas com instrução exemplificativos encontrados na conta da RS Investimentos: Data Aluno Instituição Forma de Pagamento Valor 02/03/05 Daniel Schmitt Colégio Nossa Sra. de Sion Pagamento Título na conta da RS Investimentos LTDA no BB 456,00 02/03/05 Patrícia Schmitt Colégio Nossa Sra. de Sion Pagamento Título na conta da RS Investimentos LTDA no BB 465,00 04/04/05 Daniel Schmitt Colégio Nossa Sra. de Sion Pagamento Título na conta da RS Investimentos LTDA no BB 456,00 02/05/05 Daniel Schmitt Colégio Nossa Sra. de Sion Pagamento Título na conta da RS Investimentos LTDA no BB 456,00 02/05/05 Patrícia Schmitt Colégio Nossa Sra. de Sion Pagamento Título na conta da RS Investimentos LTDA no BB 465,00 05/05/05 Daniel Schmitt e Colégio Pagamento Título na conta da 60,00 Fl. 3579DF CARF MF Fl. 21 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Patrícia Schmitt Nossa Sra. de Sion RS Investimentos LTDA no BB Disto se conclui que a RS Investimentos nunca foi uma entidade autônoma. A sua conta corrente era manipulada como mais uma conta corrente do casal Rogério e Leoni. O nome da empresa também era utilizado pelo casal na compra de imóveis com a mesma despreocupação com que um casal decide em nome de qual cônjuge irá ficar um imóvel (já que nas comunhões parcial e total os bens adquiridos são comuns de qualquer forma), como pôde ser observado pela expressiva quantidade de recursos e bens oferecidos pelo casal no pagamento de imóveis comprados em nome da RS Investimentos. Agora surge a pergunta: e que destino tiveram os bens comprados em nome da RS Investimentos? Quase todos foram transferidos para o nome de Rogério e Leoni. O apartamento n.º 904 do Edifício Aspen Residence ainda está em nome da RS Investimentos, em virtude de alienação fiduciária em favor do Consórcio Nacional Embracon LTDA. A unidade n.º 327 do Hotel Holliday Inn - Santa Felicidade está em nome de Beneval, o que evidentemente não corresponde a verdade material, já que após o encerramento da RS Investimentos, os aluguéis correspondentes a este imóvel passaram a ser pagos na conta corrente de Leoni e na sequência na conta corrente de Rogério. O apartamento n.º 103 do Edifício Upper Residence foi passado para o nome de Beneval, e em 21/02/08 vendido. Mas Beneval também não era proprietário de fato, uma vez que após o encerramento da RS Investimentos, os aluguéis correspondentes a este imóvel passaram a ser pagos na conta corrente de Rogério. Do que foi exposto até agora, pôde-se concluir que Rogério constituiu a RS Investimentos em nome de dois “laranjas” (sua cunhada e respectivo companheiro), adquiriu diversos bens em nome dela, procedeu ao seu encerramento e transferiu estes bens para seu nome. Mas por quê? A resposta se inicia no capital social da RS Investimentos: R$ 40 mil. Como que uma empresa com capital social de R$ 40 mil consegue adquirir em pouco tempo imóveis de valor superior a R$ 1,5 milhão? Através da compra e venda de veículos não foi, uma vez que nunca teve um veículo em seu nome (Anexo V, fl. 134) [e-fls. 3.326]. Também não o foi através de importações e exportações, já que nunca realizou alguma. Prestação de serviços não pode ter sido, haja vista a ausência de retenção na fonte para este tipo de pagamento. E nem compra e venda de mercadorias, haja vista a ausência de dados do ICMS para esta empresa. Interessante notar que quase a totalidade dos imóveis foi adquirida em 2004 e 2005, justamente os anos em que a RS Investimentos alegou não possuir contabilidade. É evidente a conclusão de que se pretendia ocultar a origem dos recursos utilizados na compra destes imóveis. A RS Investimentos foi na realidade um instrumento de lavagem de dinheiro. E que vantagem a constituição da RS Investimentos proporcionou para Rogério, se a intenção era a lavagem de dinheiro? Rogério, ocupante do cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, bem sabia que a probabilidade de sua evolução patrimonial ser acompanhada seria maior do que a de uma das milhares de pequenas empresas da jurisdição da DRF/Curitiba. Uma empresa que compre bens no valor de R$ 1,5 milhão em dois anos, partindo de um capital social de R$ 40 mil, no máximo indicaria uma omissão de rendimentos de R$ 730 mil ao ano. Este valor é muito pouco significativo frente aos indícios de omissões de receitas da casa de dezenas de milhões com os quais a DRF/Curitiba está acostumada a lidar. Já um acréscimo patrimonial a descoberto acima de R$ 1 milhão no patrimônio de um Auditor-Fiscal é algo a ser apurado com extrema atenção, pois não é só a questão tributária que está em jogo. Nesta linha é interessante notar que em quase todos os documentos de abertura de contas em bancos e corretoras, celebrações de contratos etc., Rogério se qualificava como “capitalista". A ocupação principal de uma pessoa é de onde provém a maior parte dos seus rendimentos. Mesmo depois da compra de todos estes imóveis, o valor dos aluguéis não Fl. 3580DF CARF MF Fl. 22 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 superou o seu salário de Auditor-Fiscal. Por que então ele se apresentava como capitalista? Não seria para não despertar a atenção das pessoas envolvidas nos negócios, que eventualmente perceberiam que um servidor público estaria comprando bens que poderiam exceder uma renda somente oriunda do salário? E a transferência do patrimônio da RS Investimentos para Rogério e Leoni, como que se operou? Inicialmente é importante colocar que o casal confeccionou suas DIRPF’s em desacordo com o que determina a legislação. Uma vez que Rogério é Auditor-Fiscal, tal comportamento não pode ser admitido como um equívoco, já que é um conhecimento dos mais básicos que qualquer Auditor possui. Os bens comuns de um casal devem constar na declaração de somente um dos cônjuges. Mas Rogério e Leoni declararam parte dos bens comuns na declaração de um e parte na declaração de outro. Por quê? Porque isto dificulta uma apuração automática de uma variação patrimonial a descoberto, ainda mais quando combinado com uma omissão deliberada do CPF do cônjuge no campo previsto para isto na DIRPF, ato realizado tanto por Rogério quanto por Leoni em todos os anos objeto desta fiscalização. Outra forma de tentar amenizar a variação patrimonial foi através da declaração de valores significativos de rendimentos recebidos de pessoas físicas, tanto por Rogério quanto por Leoni. Quando intimados a comprovar tais rendimentos, somente Leoni tentou. Ainda assim tal tentativa consistiu em cópias de recibos supostamente por ela emitidos atestando o recebimento de quantias por “serviços prestados”. Obviamente que uma cópia de um recibo emitido pelo próprio contribuinte não é prova hábil. Quando se solicita comprovação evidentemente é necessária a apresentação de documentos de terceiros, pois um documento emitido pelo próprio contribuinte sempre será coerente com o que o próprio contribuinte declarou. Tais rendimentos de pessoas físicas não foram aceitos para fins de origem na variação patrimonial a descoberto. Mas na apuração do imposto devido está feita a correta compensação do imposto pago por estes rendimentos declarados. A última técnica de transferência do patrimônio da RS Investimentos para Rogério e Leoni consistia em declarar diversos empréstimos contraídos e concedidos. Tanto Rogério quanto Leoni, intimados a apresentar a documentação comprobatória referente a tais empréstimos, nada apresentaram. Esta rede de empréstimos fictícios acabava por permitir um controle da variação patrimonial apurada na DIRPF. Do que foi exposto, conclui-se que a RS Investimentos nunca foi uma empresa de fato, com objeto social e patrimônio próprio. Que ela simplesmente foi um artifício utilizado por Rogério para tomar mais difícil a percepção pela Administração Pública de uma evolução patrimonial superior aos seus rendimentos declarados como servidor público. Desta forma, na apuração da variação patrimonial de Rogério e Leoni foram considerados como aquisição pelo casal as aquisições de imóveis em nome da RS Investimentos, acompanhando a verdade fática. A conta bancária da RS Investimentos, tendo sido utilizada pelo casal como mais uma de suas contas correntes, também teve este tratamento na apuração. A defesa sustenta no recurso que só há indícios e divagações. Porém, a afirmativa da recorrente é que é vaga, pois não espelha a realidade das provas colmatadas no caderno processual e o detalhamento acima transcrito. A defesa se insurge contra o que denomina de desconsideração da personalidade jurídica efetivada sem poderes judiciais. Invoca o art. 50 do Código Civil, que alega exigir mandamento judicial. Invoca, outrossim, o princípio da entidade para dizer que é proibido confundir bens da pessoa jurídica com bens de pessoa física, regra básica de contabilidade. No entanto, a recorrente e seu ex-marido não eram sócios de direito, nem administradores de direito, de modo que não se trata de caso de desconsideração da personalidade jurídica. Eles eram proprietários e administradores de fato, sendo a empresa efetivamente deles, independentemente da vestimenta contratual societária. O uso, usufruto e disponibilidades da empresa estavam ao Fl. 3581DF CARF MF Fl. 23 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 dispor do casal, que, também, a financiavam, conforme mútuos realizados entre eles e o sócios “laranjas”, que será tratado logo mais neste voto. Há no caso concreto nítido abuso de forma na vestimenta da pessoa jurídica em razão de evidente simulação nos seus atos constitutivos para dissimular o patrimônio do ex-casal, aplicando-se o art. 149, VII, do CTN. Afinal, restou demonstrado que a motivação destes atos ardis foi velar o acréscimo patrimonial do ex-casal, fazendo-se uso de parentes residentes em outro município e de poucos recursos, consubstanciando-se estes como interpostas pessoas, oportunizando com dupla roupagem (pessoa jurídica e interpostas pessoas como sócios/administradores) dificultar ao máximo a compreensão e visualização dos eventos que se operavam na vida patrimonial do ex-casal, especialmente quando estavam a adquirir bens e negociá-los e veja-se que ao encerramento das atividades da famigerada empresa patrimonial retorna-se os bens ao casal. Deveras, restou demonstrado no caderno processual, por meio do lançamento, a clara e a elucidativa confusão patrimonial entre os bens do ex-casal e a referida pessoa jurídica, até mesmo mensalidades escolares dos filhos foram pagas com a conta da RS Investimentos, além da gestão ter sido operada, a todo tempo, por procuração, por eles. Aliás, o princípio da entidade foi gravemente violado, a despeito de invocado pela defesa. O casal conduzia todas as operações da pessoa jurídica, a qual não apresentava exteriorização concreta de forma, além do mero contrato social, sequer havia contabilidade, conforme resposta aos termos de intimação fiscal. Os elementos contábeis de suas operações, a despeito da variação patrimonial, não foram escriturados na pessoa jurídica, sendo um efetivo veículo arquitetado pelo ex-casal, contando com os conhecimento do ex-marido (Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil). A empresa era um instrumento desprovido de conteúdo empresarial, inexistindo viés econômico legítimo, a empresa não atendia a fim social algum, mas tão-somente aos fins do ex-casal. Veja-se que a procuração era a mais extensa e ilimitada possível permitindo que fosse efetuada a venda, a cessão ou a transferência, inclusive, das quotas sociais, bem como permitia a movimentação da conta bancária da empresa et cetera. A simulação do caso concreto buscou titularizar os interpostos fictícios interponentes (irmã e cunhado da recorrente) como os detentores da capacidade contributiva, quando restou desvendado que aqueles não possuíam capacidade econômica, sendo esta do ex- casal, a quem competia a titularidade de fato, tentou-se lastrear os laranjas com capital, através do intercâmbio de empréstimos, todavia estes era advindos de mútuos concedidos pelo ex-casal. Houve evidente fraude à lei, dissimulou-se as próprias operações no intuito de encobrir acréscimo patrimonial, daí o termo de verificação ter, inclusive, feito referência a expressão “laranjas” para se referir as interpostas pessoas utilizadas para encobrir a variação patrimonial do ex-casal, pessoas aquelas que eram parentes do ex-casal, moravam em outro município e não detinha os sinais de riqueza da recorrente e do ex-marido. Foram utilizados, até mesmo, mais de um parente como se verá na integra deste voto. Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. Doravante, continuo enfrentando um-a-um os pontos da defesa, embora muito do quanto já delineado aplica-se aos vindouros tópicos, não sendo exaustivamente repetidos por economia processual. Fl. 3582DF CARF MF Fl. 24 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 - Dos negócios realizados por terceiros Entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. Ora, a recorrente pretende negar a condição de interpostas pessoas, qualificadas de “laranjas”, pela fiscalização, sob fundamento de que a autuação possui ilações e que foram desconsiderados os mútuos entre familiares, aduzindo, ainda, que o fato das declarações de imposto de renda serem do mesmo computador e possuírem o mesmo advogado seria tudo muito natural. A questão é que os elementos de provas do caderno processual não deixam margem para tratar a constituição do lançamento como desprovido de meios probatórios de considerável relevo, pelo contrário os argumentos de defesa é que estão sustentados em retórica bem apresentada, porém sem contrapor com as provas dos autos ou, quando confrontada, sempre faltando serem substanciadas em outros elementos que lhes deem sustentáculo, por exemplo, dizer que há mútuos sem comprovar que efetivamente disponibilizou os recursos para o tomador da verba nada demonstra, ademais notas promissórias entregues e cheques compensados sem demonstrar o efetivo destinatário, findam sendo atos unilaterais. Não se rebate, a título de exemplificação, os amplos poderes e a inexistência de quaisquer limitações nas procurações, apenas se diz que por morarem longe eram necessárias, não se justifica o porquê dos tidos por “laranjas” abrirem uma empresa em Curitiba se morava em Foz do Iguaçu, não se justifica o motivo do pagamento de mensalidades escolares dos estudos dos filhos do ex-casal serem pagas com as contas bancárias da empresa, não se esclarece com melhor detalhamento a transmissão das declarações no mesmo IP, generaliza-se dizendo que pode ser que seja por haver um mesmo contador, sem dizer então qual seria. Não se explica o uso dos bens, os recebimentos de aluguéis em conta pessoal do ex-cônjuge e a destinação após a liquidação da sociedade. Não se delineia o fato das iniciais do ex-marido coincidirem com as iniciais da empresa. Se analisados os mútuos vê-se que a pessoa jurídica, inclusive, se capitaliza com recursos do ex-casal, o patrimônio se confunde. Decerto, que os mútuos entre familiares podem existir e não há norma que vede, mas não é só essa a questão posta para a análise. Destaque-se que a simulação objetiva revestir de formalidade o ato que se objetiva dissimular. A problemática em querela deve-se a um conjunto de atos e fatos que envolvem a recorrente, seu ex-marido, seus parentes próximos e inúmeros elementos de prova que exteriorizam uma evidente confusão patrimonial que aponta para a conclusão da presença das interpostas pessoas por demonstrar ser a realidade fática. A realidade que se descortina é a dos eventos que efetivamente aconteceram, apesar do ex-casal ter tentado constituir os fatos jurídicos com outra vestimenta para se esquivar da tributação. Aliás, a interposição da RS Investimento e a evidenciada confusão patrimonial pode ser novamente reportada com a transcrição parcial do seguinte ponto do termo de verificação fiscal (e-fls. 573/574): - Tabela contendo alguns lançamentos exemplificativos encontrados na conta da RS Investimentos: Data Histórico Documento Valor D/C Destinatário/Remetente 13/03/06 Cheque Compensado 000000000850018 3.200,00 D Leoni Terezinha Schmitt 11/04/06 Transferência on-line 554444000005749 700,00 D Rogério Schmitt 26/04/06 Transferência on-line 444400000005749 550,00 D Rogério Schmitt 13/05/05 Transferência on-line 523390000005749 1.000,00 C Rogério Schmitt 16/05/05 Transferência on-line 523390000005749 1.000,00 C Rogério Schmitt 17/05/05 Desbloqueio de depósito 000000000000000 8.000,00 C Rogério Schmitt 30/05/05 Transferência on-line 523390000005149 1.000,00 C Rogério Schmitt 08/07/05 Depósito compensado 000000000936585 2.500,00 C Leoni Terezinha Schmitt Fl. 3583DF CARF MF Fl. 25 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 08/11/05 Transferência on-line 523390000005749 1.000,00 C Rogério Schmitt 09/11/05 Transferência on-line 523390000005749 500,00 C Rogério Schmitt 03/03/06 Depósito compensado 000000000152849 2.400,00 C Leoni Terezinha Schmitt - A compra das vagas de garagem n.º 291, 292, 293 e 294 do Edifício Curitiba Park & Business em nome da RS Investimentos foi paga com o cheque n.º 850211 da conta 5749-5, agência 3390-1, do Banco do Brasil, de titularidade de Rogério. - Na compra da unidade n.º 327 do Hotel Holliday Inn – Santa Felicidade em nome da RS Investimentos, dos R$ 148.000,00, R$ 50.000,00 foram pagos através do cheque n.º 850218 da conta 5749-5, agência 3390-1, do Banco do Brasil, de titularidade de Rogério, e R$ 70.000,00 foram pagos através da dação em pagamento do veículo AUDI/A3 1.8T ATU-1512, em nome de Rogério. - Na compra do apartamento n.º 701 do Edifício Rio São Lourenço em nome da RS Investimentos, todo o valor foi pago pelo casal, da seguinte forma: dação em pagamento da residência n.º 04 do condomínio Jardim Vergínia IX Condominium, em Curitiba, de propriedade do casal; dação em pagamento do veículo RENAULT/SCENIC RXE 2.0 ALB-3886, em nome de Leoni; cheques n.º 850227, 850250, 850251 e 850252 da conta 5749-5, agência 3390-1, do Banco do Brasil, de titularidade de Rogério; e cheques n.º 850266 e 850268 da conta 5749-5, agência 4444-X, do Banco do Brasil, de titularidade de Rogério. - Pagamento através da conta da RS Investimentos de Darf em nome de Rogério, no valor de R$ 704,64, e de Darf em nome de Leoni, no valor de R$ 320,35, ambos em 29/04/05. Tabela contendo alguns pagamentos de despesas com instrução exemplificativos encontrados na conta da RS Investimentos: Data Aluno Instituição Forma de Pagamento Valor 02/03/05 Daniel Schmitt Colégio Nossa Sra. de Sion Pagamento Título na conta da RS Investimentos LTDA no BB 456,00 02/03/05 Patrícia Schmitt Colégio Nossa Sra. de Sion Pagamento Título na conta da RS Investimentos LTDA no BB 465,00 04/04/05 Daniel Schmitt Colégio Nossa Sra. de Sion Pagamento Título na conta da RS Investimentos LTDA no BB 456,00 02/05/05 Daniel Schmitt Colégio Nossa Sra. de Sion Pagamento Título na conta da RS Investimentos LTDA no BB 456,00 02/05/05 Patrícia Schmitt Colégio Nossa Sra. de Sion Pagamento Título na conta da RS Investimentos LTDA no BB 465,00 05/05/05 Daniel Schmitt e Patrícia Schmitt Colégio Nossa Sra. de Sion Pagamento Título na conta da RS Investimentos LTDA no BB 60,00 Disto se conclui que a RS Investimentos nunca foi uma entidade autônoma. A sua conta corrente era manipulada como mais uma conta corrente do casal Rogério e Leoni. O nome da empresa também era utilizado pelo casal na compra de imóveis com a mesma despreocupação com que um casal decide em nome de qual cônjuge irá ficar um imóvel (já que nas comunhões parcial e total os bens adquiridos são comuns de qualquer forma), como pôde ser observado pela expressiva quantidade de recursos e bens oferecidos pelo casal no pagamento de imóveis comprados em nome da RS Investimentos. Tais problematizações não são explicadas pela recorrente. Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. - Da inaplicabilidade do art. 116, parágrafo único, do CTN, impossibilidade de inovação no curso do processo administrativo fiscal Entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. Ora, a defesa insurge-se neste ponto alegando que o lançamento não falou em simulação, de modo que não pode ser aplicado o parágrafo único do art. 116 do CTN e, desta feita, o auto de infração só se sustentaria por força da inovação da decisão de piso que teria inovado qualificando como simulação. Ocorre que a todo tempo o termo de verificação explicita tratar-se de confusão Fl. 3584DF CARF MF Fl. 26 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 patrimonial, por meio de utilização de interpostas pessoas, aduzindo serem “laranjas”, além de haver sempre a utilização da expressão “artifício utilizado” para reportar os atos praticados (os atos simulados). Desta forma, resta evidente que o lançamento tem por base, de igual modo, a discussão acerca do ato simulado que foi praticado para omitir rendimentos e esconder a variação patrimonial que se dissimulou. Ademais, a recorrente se defendeu plenamente, não havendo qualquer violação. Inexiste mudança de critério jurídico. O lançamento está posto e compreendido, não se exige, para caso de interpostas pessoas, com os fatos reportados nos autos, fazer uso do art. 50 do Código Civil, pela via judicial, para efetivar o lançamento – ato vinculado, privativo e obrigatório que é –, como pretende fazer crer a recorrente. Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. - Dos reflexos de evolução patrimonial pela exclusão dos valores relativos a terceiros e à RS Investimentos Ltda (a) Aquisições imobiliárias e transferências patrimoniais envolvendo Terezinha da Silva Schmitt (sogra) Entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. Ora, o fluxo patrimonial apontado pela fiscalização consignando os dispêndios de valores relativos às aquisições realizadas pela genitora do ex-cônjuge da recorrente para aquisição (a) dos conjuntos comerciais ns.º 1.007 e 1.008 e das vagas de garagem ns.º 442 e 445 do Edifício Curitiba Park & Business e (b) das vagas de garagem ns.º 141, 142, 143, 144, 145 e 146 do mesmo empreendimento é de clareza solar, especialmente somada a prova dos autos e a todos os elementos envolvidos na lide e o quanto já delineado. A fiscalização anota que: Dois dos imóveis inicialmente foram comprados em nome da mãe de Rogério, Terezinha da Silva Schmitt, mas logo que a RS Investimentos foi criada, foi feita cessão de direitos para a RS Investimentos (Anexo IV, fls. 38 e 50) [e-fls. 2.425 e 2.437]. Posteriormente tais imóveis foram transferidos para Rogério, através de outra cessão de direitos (Anexo IV, fls. 39 e 51) [e-fls. 2.426 e 2.438]. Em função do trânsito da titularidade dos imóveis, da falta de capacidade econômica de Terezinha, e do fato de um deles ter sido pago com um imóvel de propriedade do casal, fica evidente que estes imóveis foram sempre de fato de propriedade do casal, tendo passado somente pela titularidade de Terezinha por a RS Investimentos não existir à época da compra. Observe-se que Terezinha da Silva Schmitt é a sogra da recorrente e mãe do seu ex-cônjuge. Para afastar a conclusão fiscal a defesa advoga que Terezinha e o esposo, João Félix de Souza, eram titulares de empréstimo concedido ao filho (ex-marido da recorrente, Auditor Fiscal) nos anos-calendários de 2002 e 2003, no montante de R$ 69.000,00, pelo que teria lastro para receber em dação em pagamento, no ano-calendário de 2004, a transferência de um imóvel do ex-casal no importe de R$ 150.000,00 (cobertura n.º 604 do 6.º andar do Edifício Barão de Guaraúna, na rua Barão de Guaraúna 234, em Curitiba). A diferença corresponderia a uma doação (R$ 81.000,00). A transferência do imóvel, com parcela doada, seria justificada para trazer a sogra/mãe para morar em Curitiba/PR, porém inexistindo o interesse no usufruto do imóvel efetuou-se permuta por conjuntos comerciais. Enquanto isso, as vagas de garagens ns.º Fl. 3585DF CARF MF Fl. 27 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 141 a 146, que teriam sido compradas por Terezinha, com recursos próprios (R$ 66.571,00), teria por lastro outro mútuo, este realizado com a recorrente, que ainda remanesceria credora em R$ 17.429,00. Outro ponto de interesse para a análise é que, segundo a recorrente, as transferências patrimoniais da sua sogra para a RS Investimento seriam baseadas na necessidade de gerenciar o patrimônio pessoal por pessoa jurídica especializada. Interessante que para os mútuos não foram apresentados documentos, nem se atesta a efetiva capacidade contributiva da sogra da recorrente, que, posteriormente, por relato constante no processo veio a ser apresentada como dependente do ex-marido na DIRPF dele. Interessante, também, que na cessão de direitos e obrigações dos contratos para gestão patrimonial não há nenhuma obrigação regulada (e-fl. 2.437). As supramencionadas vagas foram adquiridas em 29/06/2004 e em 20/10/2004 passaram para a RS Investimentos, retornando para o ex-cônjuge da recorrente em março de 2006 (e-fls. 2.430 a 2.438). Aliás, a compra das ditas vagas teria ocorrido com pagamentos parcelados (R$ 66.571,00 e R$ 17.429,00), mas o recibo da Investpark (vendedora) é datado de 30/06/2004, assinado no dia seguinte da celebração do contrato e atesta o recebimento integral no valor de R$ 84.000,00 (e-fl. 2.439). Importante destacar que a ausência de instrumentos contratuais dos mútuos e o vulto das operações chamam a atenção e nos autos temos muitos elementos da dissimulação, todos concatenados para o propósito de dissimular o patrimônio do ex-casal. Não houve apresentação, por exemplo, de ITCMD na propagada doação. Acrescente-se que o ex-cônjuge da recorrente possuía procuração de amplos poderes passada por seu padrasto (e-fls. 3.299/3.301), assim podendo tomar qualquer medida e resolver a necessidade da outorga uxória. Veja-se, também, que a aquisição do imóvel comercial em nome da sogra (mãe do ex-cônjuge) foi efetuada em 29/06/2004, enquanto em 20/10/2004 transferia-se para a RS Investimentos. Em seguida, retorna para o ex-marido em março de 2006 (e-fls. 2.418 a 2.426). Realmente, é interessante perceber que, com a dissolução da empresa RS Investimentos, os imóveis ora ficam com a recorrente, ora com seu ex-marido, considerando que o patrimônio na constância da união era comum. A seguir planilha transcrita na decisão recorrida, a qual utilizo, com a devida licença: Lofts 1505, 1703, 1711 e 1809 no Smart Residence No valor de R$ 165.000,000, Leoni diz que recebeu como parte de pagamento de dívida de sócia da RS Investimentos. A escritura foi feita em 2007 diretamente no nome de Leoni. 20 vagas de garagens n.º 141 a 146, 242, 243, 243, 246 a 253, 291 a 294 no Park & Business Leoni comprou em 02/01/2004, passou para RS Investimentos em 20/10/2004 e Rogério (ex-marido) recebeu em 16/03/2006. Conjunto Comercial 1007 e 1008 vagas 442 e 445 no Park & Business A mãe (sogra) comprou em 29/06/2004, com imóvel que era do casal, passou para a RS Investimento em 20/10/2004 e para Rogério (ex-marido) em 06/03/2006. Flat no Upper Residence Adquirido em 19/09/2005 pela RS Investimentos e passado para Beneval Simião (sócio de Maria de Lourdes na RS Investimentos e companheiro dela. Maria de Lourdes é irmã da recorrente) em 30/05/2007, aluguéis pagos a Rogério (ex-marido) desde maio 2006, diz que deu a Beneval Simião (cunhado) como pagamento do apartamento do Edifício São Lourenço, mas recebe os aluguéis. Lofts 1004, 1004, 1104, 1202 e 1204 no New Concept 1003, 1004 e 1104 adquiridos em 22/07/2005 pela RS Investimentos por R$ 231.000; em 29/05/2006 desistiu do 1004 e do 1104; o 1003 foi para Rogério (ex-marido) em 05/07/2006; em 29/05/2006 Rogério renegociou o 1004 e o 1104 e comprou mais o 1202 e o 1204. Fl. 3586DF CARF MF Fl. 28 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Apartamento no Holiday inn Adquirido pela RS Investimentos em 18/02/2005 por R$ 78.000,00, em 23/07/2007 teria passado a Beneval (cunhado) como parte do pagamento do apartamento no Edifício São Lourenço, mas continua recebendo os aluguéis. Apartamento 701 no edifício Rio São Lourenço Adquirido pela RS Investimentos em 08/08/2005 por RS 460.000,00 pagos da seguinte forma: 2 parcelas de R$ 60.000 em 2005; uma parcela de R$ 38.000 em 2006; uma de R$ 72.000 com o apartamento Place Neuve e uma de R$ 170.000 da Casa no Condomínio Virgínia IX. Em janeiro de 2007 foi cedido para Leoni e em outubro para Rogério (ex- marido), quando houve a escritura. Por fim, interessante replicar o que consta na decisão vergastada: Importante frisar que, embora a contribuinte argumente que as transferências patrimoniais da Sra. Terezinha para a RS Investimentos decorreram da necessidade de gerência do patrimônio, tal ato, se real, teria se transformado em uma catástrofe econômica para a sua sogra, uma vez que, após o encerramento da RS Investimentos, em 2006, ela não recebeu os imóveis de volta, passando a constar inclusive como dependente do ex-cônjuge da contribuinte, sem qualquer rendimento, conforme verificado na declaração de ajuste por ele apresentada. Como registrou a decisão hostilizada, os diversos elementos probatórios e indícios vastos levam a conclusão de que a recorrente utilizou a sogra para encobrir as próprias movimentações patrimoniais, atuando a Sra. Terezinha da Silva Schmitt (mãe do ex-marido) como “laranja” do ex-casal, beneficiando-se ambos na constância da união. Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. (b) Empréstimos realizados a Beneval Simião da Silva (cunhado) – capitalização RS Investimentos Entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. Isto porque, resta evidenciado que os referidos mútuos não estão comprovados e os elementos dos autos não apontam para sua veracidade. A defesa quer fazer crer que as notas promissórias podem atestar os mútuos, inclusive por reflexo delas nas DIRPF’s de ambas as partes e planilha de correlação anexada. Também, quer fazer crer que cheques indicados em planilha manual justificam os empréstimos, no entanto os cheques, como afirma a decisão de piso, “não passam de cheques debitados na conta bancária do ex-cônjuge da litigante, que totalizam R$ 110.000,00 em 2004, R$ 252.000,00 em 2005 e R$ 86.692,37 em 2006”, sendo assim os montantes não correspondem aos empréstimos consignados na declaração de ajuste e nem guardam relação com a planilha constante dos autos para apontar tais operações (e-fl. 714 e 1.069). Outro detalhe é que, em 2005, consta na planilha que o veículo Scenic ALB 3886 foi dado como parte do empréstimo, mas se declarou que o mesmo veículo foi dado como parte da aquisição de um Honda FIT (e-fl. 10). Vê-se, outrossim, na dita planilha (e-fl. 714 e 1.069), cheque sendo repetido para anos de compensação diferentes e não se apresenta qualquer conciliação bancária, aliás, repita- se, os ditos cheques quando muito provam a compensação, mas não a destinação efetiva. Na impugnação não tem qualquer justificativa para a existência de outros cheques e pagamentos pessoais na conta da empresa RS Investimentos. A título ilustrativo, veja-se a situação do cheque n.º 850250 constante na tabela de cheques da planilha da recorrente (e-fl. 714 e 1.069) que comprovariam que o cunhado efetivamente teria recebido empréstimo: Fl. 3587DF CARF MF Fl. 29 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Decerto, que os mútuos entre familiares podem existir e não há norma que vede, mas não é só essa a questão posta e destaque-se que a simulação objetiva revestir de formalidade o ato que se objetiva dissimular. A problemática em querela deve-se a um conjunto de atos e fatos que envolvem a recorrente, seu ex-marido, seus parentes próximos (cunhado, irmã, sogra) e inúmeros elementos de prova que exteriorizam uma evidente confusão patrimonial que aponta para a conclusão da presença das interpostas pessoas por demonstrar ser a realidade fática. O argumento recursal não se sustenta, uma vez que a tese de que se financiou, por meio de mútuos, os sócios da RS Investimento, com valores elevados, mas não comprovados os empréstimos de forma efetiva, destrói a tese antecedente da capacidade econômico-financeira dos apostos sócios documentais da RS Investimentos. Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. (c) Empréstimos realizados a Leoni Terezinha Schmitt (recorrente) para Maria de Lurdes (irmã) – capitalização RS Investimentos Entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. Ora, aqui temos o mesmo modus operandi já fartamente delineado. Alega-se que foi efetivado o empréstimo, porém não é comprovado o básico, a efetiva disponibilização do recurso para quem estaria tomando o empréstimo. O que se observa, com inconsistências, quando muito, são registros (ora em DIRPF’s, ora com promissórias, ora apontando-se cheques que foram debitados, mas sem restar demonstrado o beneficiário efetivo). O só fato de registrar os tais mútuos nas DIRPF’s não torna o fato incontroverso. Além do mais, é interessante que considerável renda do ex-casal era, da forma como ocorriam os tais mútuos, repassada para terceiros na forma de empréstimos, o que é bem improvável de fazer crer diante da concepção comum, especialmente, quando, por exemplo, há provas de que a RS Investimentos chegou, inclusive, a pagar mensalidades escolares do estudo dos filhos do ex-casal. O seguinte trecho da decisão de piso é bem elucidativo e adoto-o como acréscimo as razões de decidir: Da mesma forma, não trouxe prova do empréstimo de R$ 165.000,00 efetuado a sua irmã, Maria de Lurdes Scheuer, sócia da RS Investimentos, no ano-calendário de 2005, e nem da integralização desse dinheiro na empresa, cujo capital social permaneceu em R$ 40.000,00 desde a sua constituição 05/08/2004 até o encerramento em 27/07/2006. Em 27/03/2007, portanto, quase um ano após o encerramento, foi feito um adendo ao distrato incluindo alguns imóveis, fls. 03 a 07 do Anexo V. É importante relembrar que, quando intimada pela fiscalização, aquela empresa afirmou não possuir a contabilidade dos anos-calendário de 2004 e 2005 e não consta dos autos qualquer documentação atestando que tenha efetuado algumas das operações discriminadas como sendo o objeto da sociedade “comércio varejista de automóveis, camionetas e Fl. 3588DF CARF MF Fl. 30 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 utilitários novos e usados, administração de consórcios, Investimentos e imóveis por conta de terceiros, escritórios administrativo, importação e exportação”. Assim como, também, adoto o seguinte arrazoado da lógica conclusiva dos autos: Curioso a contribuinte ter registrado em sua declaração de bens que a dívida de R$ 50.000,00 com a Sra. Leonilda Scheuer e com Acizo Pedro Scheuer foi paga com 10 vagas de garagem “transferidas a Maria de Lurdes Scheuer” (fls. 04 e 05), com quem não tinha qualquer dívida em 31/12/2004, e depois, em 2005, ter efetuado empréstimo àquela no valor de R$ 165.000,00, que teria sido quitado, em 2006, por meio de 4 lofts, fls. 09 e 16. Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. (d) Operações de transferências imobiliárias relativas à Casa 04 do Condomínio Jardim Virgínia IX Entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. Ora, diversamente do que sustenta a defesa a capitalização do imóvel na RS Investimento por parte de Maria de Lurdes (irmã) e, em seguida, a utilização dele, pela empresa, em dação em pagamento na aquisição do apartamento 701 do Edifício Rio São Lourenço, apresenta-se, em realidade, como mais um ato de interposição de pessoas, não se cuidando de meras operações realizadas por terceiros, pois o imóvel, em verdade, era do ex-casal. Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. (e) Vagas de Garagem ns.º 242, 243, 246, 247, 248, 249, 250, 251, 252 e 253 do Edifício Curitiba Park & Business A recorrente neste tópico apenas esclarece que a decisão de piso acatou suas razões, não mais havendo, portanto, lide neste ponto. f) Imóveis que ingressaram no patrimônio da recorrente e do seu ex-cônjuge, oriundos da RS Investimentos Entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. Ora, resta evidenciado em tudo até aqui esposado a utilização de interpostas pessoas para ocultar a variação patrimonial do ex-casal, sendo que, neste tópico, pretende-se objetivar alegar que na dissolução da RS Investimentos o patrimônio acabou por vir para o ex-casal por suposta dação em pagamento dos “proprietários” (em verdade, “laranjas”) em quitação dos mútuos; àqueles não comprovados. O seguinte trecho de passagem da decisão de piso pode ser utilizado para complementar as presentes razões e adoto-o como acréscimo as minhas razões de decidir: - embora intimada a apresentar os originais dos Livros Caixa e Razão dos anos- calendário de 2004 a 2006 e os comprovantes de transferências de imóveis e de doações recebidas, Anexo VI, a RS Investimentos, além de sucessivos pedidos de dilatação de prazo, só apresentou cópia dos livros contábeis de 2006, que inclusive foram assinados pelo ex-cônjuge da fiscalizada, afirmando não possuir os dos anos-calendário de 2004 e 2005, justamente o período onde quase todos os imóveis foram adquiridos; Fl. 3589DF CARF MF Fl. 31 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 - foram localizados diversos débitos e créditos do casal fiscalizado na conta bancária da pessoa jurídica; - várias compras de imóveis em nome da pessoa jurídica foram efetuadas com cheques da conta pessoal da autuada e de seu esposo à época e, também, por meio da dação em pagamento de veículos e imóveis do casal; - apuração de diversos pagamentos, na conta da pessoa jurídica, de despesas do casal, como DARF e despesa de instrução dos filhos; - quase todos os bens comprados em nome da pessoa jurídica foram transferidos para o casal fiscalizado; - o aluguel da unidade n.º 327 do Hotel Holliday Inn – Santa Felicidade, após o encerramento da RS Investimentos, foi conta bancária da litigante e de seu ex-cônjuge, apesar de o imóvel estar em nome do sócio Beneval; - o mesmo aconteceu com o aluguel do apartamento n.º 103 do Edifício Upper Residence, que foi vendido em 21/02/2008; - ainda permanece em nome de Beneval o apartamento n.º 904 do Edifício Aspen Residence, provavelmente por causa da alienação fiduciária em favor do Consórcio Nacional Embracon; - a RS Investimentos conseguiu adquirir em pouco tempo imóveis de valor superior a R$ 1.500.000,00, apesar de ter capital inicial de R$ 40.000,00, de nunca ter tido um automóvel em seu nome (fl. 135 do Anexo V), de nunca ter realizado operação de importação e/ou exportação e de nunca ter sido informada como beneficiária de IRRF sobre prestação de serviços e de nem possuir informação de ICMS em seu nome; - o ex-cônjuge da fiscalizada, em quase todos os contratos celebrados, inclusive os de abertura de conta bancária, se identificou como capitalista e não como servidor público, de onde provinha a maior parte de seus rendimentos declarados; - apesar de o ex-esposo ser auditor fiscal, o casal confeccionou as suas DIRPF referente ao período que ainda eram casados, em desacordo com a legislação, dividindo os bens comuns entre os cônjuges, ao invés de fazê-los constar integralmente na declaração de bens de um, e também, sem indicar o CPF do cônjuge. Com isso, a autoridade autuante concluiu que a RS Investimentos foi criada para mascarar a variação patrimonial do casal, uma vez que a omissão de receita de uma empresa na ordem de R$ 730.000,00, em cada ano, estaria menos sujeita à fiscalização do que a variação patrimonial a descoberto acima de 1 milhão de reais no patrimônio do casal, ainda mais por ser o ex-cônjuge auditor-fiscal da Receita Federal do Brasil. Para rebater essas afirmações, a impugnante somente se baseia nas declarações de ajuste e em alguns demonstrativos de fluxo de dinheiro para pretender comprovar os mútuos declarados. Em momento algum é esclarecida a transferência de capacidade contributiva dos sócios para a RS Investimento, que sequer possuía contabilidade referente aos anos-calendário de 2004 e 2005, ocasião em que foi adquirida a maior parte dos imóveis, fl. 08 do Anexo VI e fls. 641 a 643. É importante salientar que era fácil para a interessada elaborar declarações de ajuste informando empréstimos de valores próximos aos escriturados na aquisição de imóveis em nome de terceiros, porque a entrega da DIRPF só é efetuada em abril dos anos seguintes aos que teriam ocorrido os fatos nelas declarados. Por outro lado, as empresas que vendiam os imóveis não têm qualquer obrigação ou interesse em averiguar o real adquirente. Para elas interessa principalmente o recebimento dos valores contratados. Fl. 3590DF CARF MF Fl. 32 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Portanto, não se pode considerar como verdade incontestável as informações prestadas em DIRPF e nem em contratos e escrituras imobiliárias. A existência de simulação faz com que as partes subscrevam um contrato onde o interessado faz figurar uma outra pessoa em seu lugar, mas ficando ele, na realidade, na situação de verdadeiro contratante. A interposta pessoa não intervém no contrato, não é uma parte, finge que o faz, mas é apenas uma mera máscara. No caso em litígio, embora diversos contratos de aquisição e escrituras tenham sido efetuados em nome da RS Investimentos ou de seus sócios – Anexos IV e V, na verdade a própria autuada e/ou seu esposo à época é que o assinaram, valendo-se da procuração com amplos poderes que possuíam, inclusive com a cláusula “exercer todos os atos estabelecidos no contrato social”, fls. 120 a 123 do Anexo V. O caso em comento sequer pode ser qualificado como constituição de sociedade empresarial destinada a gerir patrimônio imobiliário, como alegado na impugnação, uma vez que os imóveis eram adquiridos diretamente em nome da empresa, num montante superior a um milhão de reais, conforme planilha de fls. 641 a 643. Embora a maioria das aquisições tenha ocorrido nos anos-calendário de 2004 e 2005, a empresa declarou estar inativa em 2004 e ter auferido receita de somente R$ 228.900,00 em 2005, fls. 968, 969. Neste diapasão, certificar que ao final os imóveis são partilhados entre o ex-casal para quitar, via dação em pagamento, os supostos mútuos, não se mostra crível. Tem-se demasiada complacência amistosa e mesmo inexistente sobre questões contratuais essenciais. Tirante de arrepsia, é corolário lógico do escrutínio realizado o cariz dos ex-cônjuges quanto ao aspecto mendaz da RS Investimentos. Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. (g) Do apartamento 701 do Edifício Rio São Lourenço Entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe e, para tanto, adoto as razões de decidir da DRJ, vez que a peça recursal não traz maiores inovações em relação à impugnação. Reproduzo a seguir os fundamentos que acolho: A contribuinte alega que o apartamento n.º 701 do Edifício Rio São Lourenço foi adquirido de Beneval Simião da Silva, por meio da dação de pagamento de imóveis no valor de R$ 161.000,00 e do pagamento a prazo do saldo remanescente, apresentando uma nota promissória, emitida em 10/05/2007, de R$ 299.000,00 e com vencimento em 15/01/2009 - fl. 838. Estranhável o longo prazo de vencimento, 22 meses, sem condições de reajustamento, e também a permanência do mesmo valor de compra do imóvel, efetuada cerca de dois anos antes, em 08/08/2005 - fls. 331 a 340 do Anexo IV. Como a impugnação foi apresentada quase um ano após o vencimento da dívida, deveria ter sido comprovado o efetivo pagamento dos valores consignados na nota promissória. Igualmente incomum que a escritura tenha sido passada já em 30/10/2007 para o ex-cônjuge da fiscalizada, atestando a quitação do montante de R$ 460.000,00 e sem mencionar qualquer dívida. Adicionalmente, no contrato de compra e venda consta que a casa do Jardim Virgínia foi dada como parte do pagamento, fl. 332 do Anexo IV. Como a transferência desse imóvel para a sogra da contribuinte já foi contestada no presente voto, ele ainda pertencia à impugnante na ocasião em que foi dado como parte de pagamento do apartamento do Edifício São Lourenço. Na impugnação é suscitada a inexistência de variação patrimonial a descoberto nos sócios da RS Investimentos, mas as declarações de tais pessoas sequer foram apresentadas para que se pudesse verificar tal afirmação, além de não haver sido justificado e comprovado como esses recursos migraram para a RS Investimentos. Fl. 3591DF CARF MF Fl. 33 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 A intenção do casal omitir dados de seus bens é corroborada pelo formal de partilha, de janeiro de 2007 - fls. 301 a 312, onde os únicos bens descritos como possuídos pelo casal eram o terreno do condomínio Palladium, no valor de R$ 300.000,00, e um terreno em Alpestre/RS, de R$ 3.000,00. Essa informação não condiz sequer com a informação consignada na DIRPF/2007 do ex-cônjuge da interessada, onde consta a existência de bens no montante de cerca de R$ 700.000,00, dentre os quais não estão os imóveis citados, que ficaram para fiscalizada - fl. 305. Na declaração de bens da impugnante, referente ao ano-calendário de 2006, são relacionados imóveis no valor de R$ 165.000,00, que também ficaram fora do formal de partilha. A impugnação também suscita que o envio das DIRPF pelo mesmo computador seria decorrente da contratação de escritório de contabilidade, sem, contudo, comprovar tal afirmação. Importante ressaltar que na simulação o ônus da prova encontra particularidades evidentes, uma vez que é indiscutível a dificuldade de produção de provas, especialmente porque o Fisco não participa da relação jurídica orquestrada pelos simulantes, onde toda formalização é no sentido inverso: o de provar a efetividade do negócio simulado. Assim, a prova tem que se basear numa série de indícios que adequadamente encadeados podem garantir uma decisão segura. No ato de simular o que se pretende é justamente eliminar as provas concretas sobre o ato ou negócio jurídico que se quer dissimular, ocultando os documentos do acordo de simular e garantindo a presença do material probatório do negócio simulado, que se quer visível, existente e válido perante terceiros. Essa precariedade das provas do ato simulado já é, por si só, importante indício para a constituição dos efeitos probatórios da simulação. Assim, não se pode querer que a caracterização de uma simulação esteja vinculada à existência de documentos, porque eles ou não existem ou foram escondidos, sendo, portanto possível a comprovação por meio de indícios que traduzam o propósito desejado com o ato de simular. Fontes indiciárias podem gerar encadeamentos argumentativos que constituem a prova do ato simulado. Para os terceiros não coniventes com o ato simulado, dentre eles o Fisco, a prova da simulação é normalmente indireta, indiciária, colhida nas circunstâncias do ambiente no qual o ato ou negócio foi produzido. Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. - Dos ajustes necessários no fluxo de evolução patrimonial Consoante Termo de Verificação de Infração (e-fls. 570/583) e Demonstrativo de Variação Patrimonial – Fluxo Financeiro Mensal (e-fls. 584/591, com anexos e-fls. 592/693), constata-se excesso de aplicações sobre origens, não respaldado por rendimentos comprovados. O valor lançado até 13/02/2007 corresponde à 50% dos gastos superiores à renda disponível do ex-casal, sendo que os outros 50% são lançados no ex-cônjuge. Foram considerados como origens os seguintes valores referentes a: - salário líquido de auditor fiscal, recebido pelo cônjuge, creditado em conta corrente, e- fl. 592; - operações de vendas de ações/opções efetuadas pelo casal e registradas nos extratos bancários, e-fls. 593 e 594; - resgates de fundos de investimentos creditados em conta corrente do casal, e-fls. 595 a 601; - créditos bancários diversos do casal e da RS Investimentos, agrupados sob o título de “Origens Presentes nos Extratos Bancários” tais como: juros, dividendos, resgates de previdência privada e títulos de capitalização, e-fls. 602 a 604, 609 e 610; - venda de veículos, pelo valor registrado no CRV – Certificado de Registro de Veículos ou pelo qual ele entrou na negociação de compra do imóvel, e-fls. 605 e 606; Fl. 3592DF CARF MF Fl. 34 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 - venda de imóvel ou pelo qual ele entrou na negociação de aquisição de outro, inclusive duas parcelas de R$ 35.000,00 que não constavam da escritura do apartamento 501 do Edifício Feltre, e-fl. 361, e o de um terreno adquirido em nome de Joel Feliz de Souza em 1996, que passou procuração com plenos poderes para o casal um pouco antes – e- fls. 3.299 e 3.300, e que foi dado pela contribuinte como parte de pagamento de vagas de garagem – e-fls. 2.407 a 2.414, e-fls. 607 e 608; - rendimentos de aluguel creditados em conta corrente do casal e da RS Investimentos, obtidos com informação fornecidas pelos contribuintes e pelas fontes pagadoras, e-fls. 611 a 613; - contemplação por grupo de consórcio da autuada e da RS Investimentos, e-fls. 616 e 618; - saldos bancários no início do mês nas contas do casal e da empresa, e-fls. 619 e 620; - saldo disponível do mês anterior. Foram considerados como dispêndio os valores referentes a: - pagamento de consórcio, e-fls. 614 a 618, conforme informação das administradoras; - débitos bancários das operações na Bolsa de Valores, e-fls. 621 a 623; - aplicações em fundos e poupança, e-fls. 624 a 627; - dispêndios identificados em extratos bancários do casal e da RS Investimentos, tais como: água, telefone, energia elétrica, tarifas bancárias, cartão de crédito, tributos, e-fls. 628 a 655 e e-fls. 678 a 683; - compra de veículos registrados no CRV e nas notas fiscais apresentadas pelo Detran/PR, e-fls. 605 e 606; - compra de imóveis efetuadas em nome do casal e da RS Investimentos, com base principalmente nos contratos particulares celebrados (Anexo IV), tendo sido identificado como “em espécie” quando não foi possível identificar os débitos nos respectivos extratos bancários, e-fls. 656 a 658; para a compra do apartamento n.º 501 do Edifício Feltre foi considerada a data da quitação existente na escritura (14/03/2005 – crédito da Marmoraria Maragatos –e-fls. 3.274 a 3.296; também foi considerado dispêndio a compra de dois imóveis em nome da sogra da fiscalizada, porque houve cessão de direitos para a RS Investimentos e-fls. 3.227 e 3.239 e para o ex-cônjuge, e- fls. 2.426 e 2.438, tendo inclusive um deles sido pago com imóvel do casal; - pagamento de Darf, e-fls. 659 e 660; - pagamento de despesa com instrução (e-fls. 661 a 667), de despesas médicas (e-fls. 668 a 675) e de contribuição para previdência privada (e-fls. 676 e 677); - dispêndios por meio de cheques, DOC e TED, de valor acima da linha de corte estabelecida pela autoridade autuante, e-fls. 684 a 686, que representam transferência de recursos para terceiros não esclarecidas nem pelo casal e nem pela RS Investimentos, que responderam serem incapazes de identificá-los, apesar de nas intimações haver sido informado o destinatário ou apresentada cópia do cheque, e-fls. 392 a 417 e e-fls. 3.544 a 3.547. - saldos bancários no final do mês nas contas do casal e da RS investimentos, e-fls. 619 e 620. A defesa ao tratar do tema aborda vários tópicos que passo a apreciar. - Transporte do saldo para o ano seguinte Entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. Ora, se restou apurado acréscimo de patrimonial a descoberto nos anos-calendário de 2004 e 2005 (e-fls. 585 e 587) não há o que ser transportado para 2005 e 2006. Não se fala em saldo a transportar. Por sua vez, se dezembro de 2006 não apresentou valor de acréscimo patrimonial a descoberto (e-fl. 589), o que daria ensejo a possibilidade de se falar em eventual crédito, essa Fl. 3593DF CARF MF Fl. 35 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 pretensão desfalece na verificação de que em janeiro de 2007 (e-fl. 590) não há ocorrência de acréscimo patrimonial a descoberto, pelo que não se tem o que compensar. De mais a mais, após apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, por levantamento indireto, eventual saldo, quando não for devidamente comprovado pelo sujeito passivo, realmente, não pode ser transportado, concluindo-se por seu integral consumo no ano- calendário, uma vez que, no levantamento, deixa-se de considerar, no cálculo mensal, as despesas cotidianas do contribuinte, tais como, alimentação, vestuário, transporte e tantas outras que não são informadas na declaração de rendimentos. Aliás, quando muito, o procedimento beneficia os próprios contribuintes em processo de variação patrimonial a descoberto, que objetivavam manter omissos os rendimentos auferidos, pois o levantamento pode resultar em saldo de recursos a maior que o real, minorando, isto sim, o acréscimo a descoberto. Isto porque, como dito, várias despesas pessoais não são levantadas por não ser possível na aferição indireta. Logo, em regra, o transporte de saldo só é possível dentro do mesmo ano- calendário e, para o transporte se efetivar entre anos-calendário, deveria a recorrente fazer uma específica e efetiva prova, com suporte em documentação hábil e idônea, porém não o fez e desde que suportada na DIRPF. Isto é, para deferir o pleito, dever-se-ia provar haver lastro na própria DIRPF, que não admite retificação sem espontaneidade e sem comprovação de erro de fato. Na DIRPF deveria se comprovar, por exemplo, efetivo saldo credor, especialmente em espécie, em dezembro de cada ano, o que não é o caso, havendo ausência de disponibilidade financeira a justificar o transporte do saldo. De toda sorte, para o caso concreto, as origens consideraram plenamente as disponibilidades registradas, inclusive, em janeiro de cada ano, todas as disponibilidades registradas foram consideradas. No mais, é importante consignar que, a partir da vigência da Lei n.º 7.713, de 1988, o imposto de renda das pessoas físicas passou a ser devido mensalmente, aplicando-se, inclusive, a incidência mensal, quando apurado acréscimo patrimonial a descoberto. No cálculo do acréscimo patrimonial, as “sobras” detectadas em determinado mês, na ação fiscal, devem ser consideradas “recurso” no mês subsequente, até o mês de dezembro do mesmo ano-calendário. No ano-calendário subsequente, somente as sobras constantes na declaração de rendimentos, relativa ao ano anterior, podem ser utilizadas. Por fim, filio-me aos termos das razões de decidir da DRJ (e-fls. 1.031/1.032): Ressalte-se que, caso a apuração, em função do detalhamento alegado pela contribuinte, representasse com exatidão a realidade ocorrida, eventuais “sobras de caixa” comporiam os saldos bancários e teriam sido consideradas no demonstrativo de variação patrimonial, onde o saldo bancário no início do mês (01/01/2007) representou origem de recursos, fl. 575 [e-fl. 590]. Adicionalmente, por incapacidade operacional, nunca o fluxo financeiro mensal consegue identificar a totalidade dos gastos efetuados pela contribuinte, continuando válida a premissa de que saldos apurados no final do ano são apenas teóricos e considerados consumidos no período, caso não exista prova de sua existência no início do período seguinte. Replico e adoto, igualmente, as considerações postas pela fiscalização (e-fl. 579): Quanto as origens de um mês superam os dispêndios deste mês, o saldo é transportado para o mês seguinte, sendo considerado como origem neste novo mês. Fl. 3594DF CARF MF Fl. 36 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Como na elaboração do demonstrativo de variação patrimonial, deixam de ser consideradas, no cálculo mensal, as despesas cotidianas do contribuinte, tais como alimentação, vestuário, transporte e tantas outras que não são informadas na declaração de rendimentos, em procedimento que beneficia o contribuinte, resultando sempre em um saldo de recursos maior que o real, este transporte de saldo só é realizado dentro de um mesmo exercício, pois se trata de uma sobra em verdade fictícia. Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. - Operação envolvendo veículos Entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. Ora, a defesa não traz prova do que vem a afirmar em tal tópico, limita-se a sustentar que não se levou em consideração a efetiva tradição envolvendo os bens móveis que são os veículos, malgrado não comprove a eventual data da tradição. Sem muitas digressões, adoto as razões de decidir da DRJ (e-fl. 1.032) por espelharem minha posição, sem haver modificações substanciais entre impugnação e recurso voluntário para abordagem da matéria: Em relação às aquisições e vendas de veículos, embora conteste a utilização das informações fornecidas pela autoridade de trânsito não traz qualquer documento que comprove transações em que um bem foi dado como parte de pagamento de outro, limitando-se a alegar que elas teriam sido apresentadas pela CM Veículos, ao ser intimada. Questiona o descompasso entre data de venda e aquisição de veículos, mas sequer comprova que houve dação em pagamento. A falta de provas é mais evidente quando suscita que o automóvel Golf 2.0 2001 teria sido dado como parte do pagamento da reforma de apartamento, porque tal reforma sequer está comprovada nos autos e, também, por não ser usual o pagamento de serviço de reforma por meio da entrega de automóvel. Saliente-se que tal reforma, por falta de comprovação, sequer foi considerada como dispêndio pela autoridade lançadora. Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. - Dos dispêndios consumidos via cheques e DOC/TEDs A defesa pondera, neste tópico, que houve o registro de todas as remessas de cheques e DOC/TEDs, independentemente da constatação do destino, como dispêndios no fluxo de evolução patrimonial (Demonstrativo de Variação Patrimonial – Fluxo Financeiro Mensal). O Termo de Verificação de Infração (e-fls. 570/583) corrobora a afirmativa, sendo considerado como dispêndios consumidos, via cheques e DOC e TED, todos os valores acima da linha de corte estabelecida pela autoridade autuante (e-fls. 684 a 686), que representam transferência de recursos para terceiros não esclarecidas nem pelo casal e nem pela RS Investimentos, que responderam serem incapazes de identificá-los, apesar das intimações informar o destinatário ou apresentar cópia do cheque (e-fls. 392 a 417 e e-fls. 3.544 a 3.547). A fiscalização, ainda, consigna que: “Ao se observar a lista dos destinatários e a cópia dos cheques presentes nas intimações, percebe-se que são dispêndios variados, todos com o ponto em comum que é: transferência de recursos do casal para terceiros, ou seja dispêndios.” Fl. 3595DF CARF MF Fl. 37 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Dito isto, a recorrente observa que não foi levada em conta a destinação desses recursos, mas tão somente o fato de ser uma saída aleatória de valores das contas correntes, o que não obsta que alguma aquisição de imóvel ou de veículos tenha sido realizada por meio desses dispêndios, o que acarretaria alocação de despesas em duplicidade. Pois bem. A Súmula CARF n.º 67 enuncia que: “Em apuração de acréscimo patrimonial a descoberto a partir de fluxo de caixa que confronta origens e aplicações de recursos, os saques ou transferências bancárias, registrados em extratos bancários, quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação ou consumo, não podem lastrear lançamento fiscal.” (Súmula revisada conforme Ata da Sessão Extraordinária de 03/09/2018, DOU de 11/09/2018). (Vinculante, conforme Portaria ME n.º 129, de 01/04/2019, DOU de 02/04/2019). Nesta toada, com razão a recorrente para os dispêndios que a fiscalização presumiu como consumidos pela autuada, via cheques e DOC e TEDs. Isto porque, caberia à fiscalização aprofundar seu poder investigatório, a fim de demonstrar que os cheques e DOC/TEDs representam efetivamente gastos suportados pela contribuinte, a contribuir negativamente com seu saldo apontando em piora no resultado dos “Gastos Superiores à Renda Disponível”. Estes cheques e DOC e TEDs, quando muito, constituem indícios que podem representar despesas, no entanto, não necessariamente, constituem-se desta forma. A prova de que são despesas (aplicações/consumos) compete a quem alega, no caso a fiscalização, não se podendo presumir, por si só, a condição de dispêndio pela só circunstância de que intimada a recorrente não se manifestou. Os precedentes que geraram a súmula prelecionam, em síntese, que: “Toda a relação de débitos em contas bancárias do contribuinte em que não se vinculou a que título tais despesas foram efetuadas não pode ser considerada como aplicação no fluxo de caixa que apurou o acréscimo patrimonial a descoberto. Neste caso, caberia a fiscalização circularizar os beneficiários dos cheques emitidos, buscando comprovar que tais dispêndios favoreceram o recorrente, quer por consumo, quer por aumento patrimonial.” (Acórdão n.º 106-17.146 – Acórdão Precedente da Súmula CARF n.º 67). “Os cheques emitidos, quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação ou consumo, não podem lastrear lançamento fiscal. Mero indício de que os valores constantes dos cheques foram consumidos não conduz à alocação dos mesmos a título de aplicação, no fluxo de caixa. Cabe à fiscalização aprofundar seu poder investigatório a fim de demonstrar que os cheques emitidos representam efetivamente gastos suportados pelo contribuinte.” (Acórdão n.º CSRF/01-04.663 – Acórdão Precedente da Súmula CARF n.º 67) Desta forma, entendo que, por presunção, não se pode manter a linha “dispêndios consumidos via cheques e DOC/TEDs” no “Demonstrativo de Variação Patrimonial – Fluxo Financeiro Mensal”, como fez crer a Administração Tributária. Por conseguinte, deve ser excluída a referida linha e recalculado o valor do acréscimo patrimonial a descoberto objeto do lançamento, apurando-se novo resultado para o “total dispêndios/aplicações” e refeitas as consequentes operações do demonstrativo. Em acréscimo, cito o seguinte recente precedente da Câmara Superior de Recursos Fiscais, verbis: Fl. 3596DF CARF MF Fl. 38 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Acórdão n.º 9202-007.443, de 12/12/2018 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005 RECURSO DA CONTRIBUINTE IRPF. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. FLUXO DE CAIXA. SAQUES, TRANSFERÊNCIAS E CHEQUES COMPENSADOS SEM COMPROVAÇÃO DA DESTINAÇÃO OU EFETIVIDADE DA DESPESA. IMPROCEDÊNCIA NA INCLUSÃO DOS VALORES NO LANÇAMENTO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF N.º 67 Em apuração de acréscimo patrimonial a descoberto a partir de fluxo de caixa que confronta origens e aplicações de recursos, os saques ou transferências bancárias, quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação ou consumo, não podem lastrear lançamento fiscal. Sendo assim, com razão a recorrente neste capítulo, decotando-se da apuração do valor de acréscimo patrimonial a descoberto objeto do lançamento a linha “dispêndios consumidos via cheques e DOC/TEDs” constante no “Demonstrativo de Variação Patrimonial – Fluxo Financeiro Mensal”, apurando-se novo resultado para o “total dispêndios/aplicações” e efetivando-se as consequentes operações do demonstrativo. - Dos rendimentos de alienações de pequeno valor Entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. Para os rendimentos sustentados como recebidos nas alienações de bens de pequeno valor, filio-me as razões de decidir da decisão hostilizada, uma vez que, tidos como isentos, não restaram comprovadas as efetivas operações, sendo objeto de meros recibos, cabendo o ônus probatório a contribuinte, a qual tem interesse em prevalecer os fatos que sustenta como fundamento à sua pretensão: A verificação da natureza dos rendimentos estaria restrita aos valores objeto de algum benefício fiscal, como os rendimentos isentos oriundos da alienação de bens de pequeno valor, e teria por objetivo saber se foram cumpridas todas as exigências legais para a isenção pleiteada. Assim, mantém-se a desconsideração, como origem de recursos, dos valores declarados como referentes à alienação de bens de pequeno valor, por falta de comprovação. Saliente-se que na declaração de ajuste deve ser informado somente o lucro na venda dos bens de pequeno valor. Os montantes declarados pela contribuinte no ajuste anual foram de R$ 18.570,00 em 2004 (fl. 03) e de R$ 19.800,00 (fl. 08) em 2005 e pelo o seu ex-cônjuge, R$ 15.000,00 em 2004 e R$ 20.000,00 em 2005, correspondem exatamente aos recibos de venda de animais, móveis e utensílios de fls. 912 a 935, portanto, o valor declarado foi o integral da suposta venda e não apenas o lucro. Ademais, os documentos apresentados são simples recibos assinados pela contribuinte e seu ex-esposo, os quais, desacompanhados de provas adicionais, como a identificação dos respectivos recebimentos nos extratos bancários e o custo dos bens vendidos, não se mostram aptos a comprovar a isenção pleiteada. Desta forma, não comprovado que foram efetivamente recebidos os rendimentos e, ademais, se tratando de rendimentos não oferecidos a tributação, vez que, se existentes – o que não restou provado –, seriam isentos de tributação, entendo que não pode ser considerado para o Demonstrativos de Variação Patrimonial – Fluxo Financeiro Mensal da apuração de acréscimo patrimonial a descoberto, caso contrário, estar-se-ia prestigiando a possibilidade da contribuinte reduzir a omissão de rendimentos apurada no “lançamento de acréscimo patrimonial a descoberto” e o faria sem lastro probatório. Fl. 3597DF CARF MF Fl. 39 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Penso, portanto, que cabe ao contribuinte o ônus de provar as origens dos recursos que gozem de algum benefício fiscal e que tenham sido invocados para justificar renda que importará em reduzir a apuração da omissão de rendimentos por acréscimo patrimonial a descoberto. Deste modo, para serem acatados como origem de recurso no fluxo patrimonial, os rendimentos declarados como isentos devem ter tanto o recebimento como o preenchimento dos requisitos legais comprovados por documentação hábil e idônea Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. - Dos rendimentos recebidos de pessoas físicas A defesa pondera, neste tópico, que não se conforma com a ausência no fluxo patrimonial, na linha destinada para os ingressos de recursos/origens, dos valores recebidos a título de rendimentos oriundos de Pessoa Física, os quais foram declarados como tributáveis nas DIRPF’s da recorrente. Diz que é um ingresso que deve constar no fluxo elaborado para apurar a omissão de rendimentos por Acréscimo Patrimonial a Descoberto (APD). Sustenta, inclusive, que a decisão de piso, numa primeira iniciativa, deu a entender que acatava a irresignação, porém, em verdade, no prosseguimento do julgamento, negou o pleito, sob argumento de que a “aceitação implica a retirada das deduções da base de cálculo concedidas pelo lançamento para compensar os rendimentos declarados como recebidos de pessoa física”. Prosseguindo, a recorrente advoga que a “argumentação revela-se totalmente equivocada. Muito embora os valores recebidos sobre a rubrica ‘rendimentos de pessoa física’ constem no lançamento fiscal, eles foram apostos tão somente para, em cotejo com a base de cálculo considerada nas respectivas DIRPF, justificar as deduções legais que constaram nas declarações de ajuste da Recorrente, não perfazendo, conforme quis fazer acreditar o julgador de primeira instância, na dedução propriamente dita.” Nesta toada, importa transcrever o que efetivamente consignou a decisão de piso, litteris: A contribuinte tem razão ao solicitar que sejam considerados como origem os valores declarados como recebidos de pessoas físicas. É importante destacar que a consideração de tais valores não implica aceitação da justificativa dada para o seu recebimento. No entanto, não é objetivo do lançamento verificar a origem de rendimentos declarados como tributáveis, uma vez que o CTN, em seu art. 118, determina que a definição do fato gerador independe da natureza do seu objeto. Adicionalmente, o lançamento cobrou multa por atraso no pagamento do carnê-leão dos rendimentos declarados como recebidos de pessoas físicas, e-fls. 544 a 546. Assim, devem ser incluídos os recursos relativos aos rendimentos tributados, no ajuste anual da contribuinte e de seu ex-esposo, como recebidos de pessoas físicas referentes aos anos-calendário de 2004 a 2006, e-fls. 04, 09 e 16. No entanto, essa aceitação implica a retirada das deduções da base de cálculo concedidas pelo lançamento para compensar os rendimentos declarados como recebidos de pessoas físicas: R$ 44.900,00 em 2004 – e-fl. 549, R$ 25.200,00 em 2005 – e-fl. 553 e R$ 4.800,00 em 2006 – e-fl. 559. No ano-calendário de 2007, os rendimentos declarados como recebidos de pessoas física, R$ 64.000,00, refere-se ao valor da pensão dos filhos, e-fls. 19 e 20. No Fl. 3598DF CARF MF Fl. 40 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 entanto, no lançamento foi apurado que grande parte desse valor retornou ao alimentante, e-fls. 688 a 690, tendo permanecido com os alimentados somente R$ 4.000,00 em junho, R$ 6.000,00 em julho, R$ 100,00 em agosto e R$ 8.000,00 em dezembro. Como esses valores já foram considerados como origem na variação patrimonial da litigante, e-fl. 591, não há qualquer ajuste a ser feito em relação aos rendimentos recebidos de pessoas físicas. (grifei) Pois bem. Analisadas as ponderações da defesa e razões de decidir da DRJ e verificados os demonstrativos de apuração do auto de infração (e-fls. 549, 553 e 559) e os Demonstrativos de Variação Patrimonial – Fluxo Financeiro Mensal (e-fls. 584/591), bem como observando as DIRPF’s, entendo que assiste parcial razão a recorrente, para os anos-calendário de 2004, de 2005 e de 2006 e até o limite em que os valores tidos como recebidos a título de rendimentos oriundos de Pessoa Física sofreram integral incidência constando como rendimentos tributáveis e assim declarados nas DIRPF’s. Para 2007, a decisão de piso esclarece que já houve o devido ajuste, o que se verifica no Demonstrativos de Variação Patrimonial – Fluxo Financeiro Mensal, no qual consta na linha de recursos/origens (e-fl. 591) o ingresso da “pensão alimentícia”, sendo, portanto, tratado como um rendimento computado nas origens. Veja-se a linha adicionada: Além disto, recordando o tópico anteriormente decidido (Dos rendimentos de alienações de pequeno valor), o valor adicionado estava no âmbito de uma pensão alimentícia, conforme aponta a fiscalização. Portanto, não vejo como fazer ajuste em 2007, pois, até o ponto em que foi considerado, em que houve devolução efetiva dos valores pagos, conforme comprovado, reingressando no caixa da contribuinte, já se tratou como um recurso/origem. Para os anos-calendário de 2004, de 2005 e de 2006, considerando que a contribuinte os declarou como rendimentos tributáveis nas DIRPF’s, penso que a contribuinte tem razão em pleitear que seja acrescida como uma origem/recurso, independentemente do aprofundamento se o rendimento efetivamente existiu, ou não. Veja-se que, tomando como exemplo 2004, no Demonstrativos de Variação Patrimonial – Fluxo Financeiro Mensal não consta nenhuma linha (nas destinadas aos recursos/origens) na qual conste como ingresso de caixa da recorrente os valores declarados Fl. 3599DF CARF MF Fl. 41 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 como tributáveis nas DIRPF’s referente aos rendimentos alegados como recebidos de Pessoa Física, confira-se (e-fl. 584): Observa-se que no demonstrativo acima não foi inclusa nenhuma linha nos recursos/origens para anotar os valores declarados como recebidos de pessoa física, conforme declarado em DIRPF, para rendimentos tributáveis. A fiscalização não incluiu porque diz que não restou comprovado, apesar de declarado como rendimento tributável. Acontece que, se o rendimento declarado como tributável não for considerado na linha de recursos/origens, ao final do cálculo apurado do fluxo patrimonial, pode-se inferir que o valor do “Acréscimo Patrimonial a Descoberto Objeto de Lançamento” (última linha da tabela do demonstrativo exemplificativo acima) estará aumentado exatamente no montante não considerado, pois se houvesse sido computado como ingresso haveria menor acréscimo patrimonial a descoberto. É exatamente o caso do demonstrativo acima. Vale dizer, como não foi adicionada a linha de recursos/origens referente ao rendimento tributável declarado na DIRPF, então se conclui que os valores apontados para “Acréscimo Patrimonial a Descoberto Objeto de Lançamento” está inchado no equivalente ao recurso/origem não anotado. Ora, o acréscimo patrimonial a descoberto é uma omissão de rendimentos, se se partir do pressuposto que o rendimento declarado como tributável não existia e que, por isso, não foi considerado, estar-se-á punindo a contribuinte duplamente, pois ela findará pagando como “acréscimo patrimonial a descoberto” (omissão de rendimentos) o valor equivalente ao rendimento declarado como tributável não considerado no cálculo e, como já declarou este, terá que manter o pagamento, então pagará em duplicidade (pagará ele por já ter declarado como tributável e, também, o pagará com a roupagem de acréscimo patrimonial a descoberto). De toda sorte, como a recorrente só pagou uma parte dos valores que declarou, só considerarei até o limite em que efetuado o correspondente pagamento do carnê-leão. Fl. 3600DF CARF MF Fl. 42 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Observe-se que, curiosamente, a decisão de piso, a despeito de dizer que a “contribuinte tem razão ao solicitar que sejam considerados como origem os valores declarados como recebidos de pessoas físicas”, finda por não prover a impugnação, sob alegação de que a “aceitação implica a retirada das deduções da base de cálculo concedidas pelo lançamento para compensar os rendimentos declarados como recebidos de pessoas físicas”. Entretanto, é um equívoco da decisão de piso a argumentação dada. Neste aspecto, a defesa está correta quando apresenta como razão de sua irresignação recursal a afirmativa a seguir: “Muito embora os valores recebidos sobre a rubrica ‘rendimentos de pessoa física’ constem no lançamento fiscal, eles foram apostos tão somente para, em cotejo com a base de cálculo considerada nas respectivas DIRPF, justificar as deduções legais que constaram nas declarações de ajuste da Recorrente, não perfazendo, conforme quis fazer acreditar o julgador de primeira instância, na dedução propriamente dita.” Neste diapasão, é importante reformar a decisão a quo para dar provimento parcial ao recurso voluntário. Sendo assim, com parcial razão a recorrente neste capítulo, devendo-se acrescer nos Demonstrativos de Variação Patrimonial – Fluxo Financeiro Mensal (e-fls. 584/591) como recursos/origens, nos anos-calendário de 2004, de 2005 e de 2006, os valores tidos como recebidos de Pessoa Física, desde que tenham sido objeto de incidência constando como rendimentos tributáveis e declarados nas DIRPF’s, até o limite em que efetuado o correspondente pagamento do carnê-leão. - Dos valores lançados em duplicidade Entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. Ora, a defesa não traz prova do que vem a afirmar em tal tópico, limita-se a sustentar que na linha de “Dispêndios nos Extratos Bancários” pode estar englobado algumas despesas inseridas nas linhas relativas a “Pagamentos de DARF", “Despesas com Instrução”, “Despesas médicas”, “Contribuição à Previdência Privada” e “Pagamentos a grupos de consórcio”, porém, diante de todos os demonstrativos, não apresenta um só conjunto de amostragem para basear tal suposição. Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. - Do ganho de capital na alienação de bens imóveis e veículos A defesa ao tratar do tema “ganho de capital na alienação de bens imóveis e veículos” aborda alguns tópicos, a saber, (i) decadência, (ii) Apartamento n.º 604 do Edifício Barão de Guaraúna, com duas vagas de garagem, (iii) Apartamento n.º 501 do Edifício Feltre e Vaga de Garagem e (iv) Ganho de capital na alienação de veículos. A temática da decadência, por ser prejudicial de mérito, foi a primeira a ser analisada neste voto, não tendo sido acolhido por inexistir pagamentos de ganho de capital, de modo a não aplicar o § 4.º do art. 150 do CTN. Passo, então, a análise de cada tópico apontado no recurso para o dito capítulo. Fl. 3601DF CARF MF Fl. 43 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 - Apartamento n.º 604 do Edifício Barão de Guaraúna, com duas vagas de garagem Entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. Ora, impossível incluir no custo de aquisição do imóvel em epigrafe valores de reforma, declarados na ordem de R$ 70.000,00 na DIRPF, sem que haja qualquer comprovação de gastos. Aliás, o suposto valor da reforma é muito aproximado ao ganho de capital apurado e quase duplicou o valor do imóvel, que era de R$ 80.000,00, ainda mais por se tratar de apartamento, onde tal incremento sequer pode ser justificado pelo aumento de área construída. Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. - Apartamento n.º 501 do Edifício Feltre e Vaga de Garagem Entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. Para tanto, valho-me das razões de decidir da DRJ por com elas concordar: Em relação ao valor da alienação do apartamento n.º 501 do Edifício Feltre e respectiva vaga de garagem, o lançamento considerou as parcelas consignadas no demonstrativo de fl. 593 e a contribuinte pretende que seja adotado os R$ 159.127,37 especificados à fl. 721. O valor da impugnante tem como base a escritura efetuada em 22/05/2006 – fls. 62 a 65 do Anexo V. Note-se que na escritura consta o valor de R$ 164.622,10, tendo a contribuinte se equivocado ao elaborar o quadro de fl. 721, onde esqueceu de mencionar o pagamento constante de letra “n” da escritura, R$ 5.494,73 em 25/07/2007. O montante considerado pelo lançamento teve como base a proposta efetuada em 10/03/2006 – fl. 359, no montante de R$ 234.622,10, cujo valor das parcelas coincidem com as definidas na escritura, mais duas parcelas de R$ 35.000,00: a primeira referente ao sinal de negócio e a outra que as partes acertaram que seria paga na data da escritura definitiva, inclusive especificando a data e o tabelionato, 17/03/2006 e 13.º, respectivamente. Constata-se somente um descompasso de dois meses em relação a algumas datas de parcelas apostas na proposta e na escritura, a qual foi lavrada no estabelecimento previsto. Embora a contribuinte suscite que o negócio consignado na proposta adotada pela fiscalização não teria se consumado e que as partes teriam celebrado negócios seis meses depois, com preço inferior, em razão da ausência de intermediação de imobiliária, o valor de venda considerado no lançamento encontra-se corroborado pelos depósitos relacionados à fl. 593, dos quais consta, inclusive, as duas parcelas adicionais de R$ 35.000,00, depositadas em 10/03/2006 e 24/05/2006, sendo a primeira coincidente com a data da proposta e a segunda efetuada dois dias após a escritura, fl. 359 e fl. 62 do Anexo V. Portanto, tendo em vista a robustez do conjunto probatório trazido pela autoridade autuante, mantém-se o valor considerado pelo lançamento nas operações de venda de imóveis. Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. - Ganho de capital na alienação de veículos A defesa alega que não houve ganho de capital em negociações com veículos. Noutro prisma, no lançamento, a fiscalização efetivou o demonstrativo a seguir (e-fl. 605): Fl. 3602DF CARF MF Fl. 44 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Pois bem. Considerando tudo quanto apresentado pela defesa e analisando os termos postos pela fiscalização, entendo que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. De igual modo, convirjo com o teor decisório da decisão recorrida, inexistindo mudanças significativas entre o recurso voluntário e a impugnação, litteris: No que tange ao ganho de capital na venda de veículos, a litigante afirma que a apuração baseada apenas nos registros disponibilizados pela autoridade de trânsito não seria hábil para comprovar o preço da alienação praticado nas operações em que os veículos eram dados como parte de pagamento: Peugeot 307 AMC 8050, Peugeot Rallye ASO 0261, Astra ASL 1712, nas quais seria passada procuração para que o lojista efetuasse a venda posterior, inclusive consignando o valor dessa no Certificado de Transferência, em detrimento do valor pelo qual o bem foi dado como pagamento. Apesar de a contribuinte contestar os dados utilizados no lançamento, não apresenta qualquer prova de que o valor consignado no Certificado de Transferência não corresponderia ao valor pelo qual os citados automóveis entraram em outro negócio. No Termo de Verificação, fls. 562 e 563, a autoridade autuante afirma que “quando o imóvel ou veículo alienado foi dado como parre de pagamento na compra de outro imóvel, considerou-se o valor pelo qual o imóvel ou veículo entrou no negócio”, fazendo constar essa observação no demonstrativo de fl. 590. Dessa forma, não pode querer a contribuinte que o Fisco aceite suas alegações desacompanhadas de valor e de documentos probatórios, cuja apresentação junto com a impugnação é de sua inteira responsabilidade e obrigação, conforme determinação do art. 16, III, do Decreto n.º 70.235, de 1972: (...) Assim, incabível se proceder a qualquer retificação na apuração de ganho de capital na alienação de veículos, porque se constata que a impugnante não envidou nenhum esforço no sentido da comprovação de que o valor efetivo da operação foi diferente do adotado no lançamento. Sendo assim, sem razão a recorrente neste capítulo. - Da insubsistência da multa qualificada (150%), inocorrência de dolo, condição de procedibilidade para aplicação Para objetivar afastar a multa qualificada de 150% a defesa faz ampla argumentação legal, doutrinária e jurisprudencial, abre três tópicos estruturantes de suas ideias, a saber, (i) da omissão de rendimentos caracterizada pelo fluxo de evolução patrimonial, (ii) da sociedade empresarial RS Investimentos e (iii) da conclusão. Pois bem. Analiso neste capítulo todos os seus tópicos e afirmo, desde logo, que não assiste razão a recorrente no capítulo em epígrafe. Ora, conforme já exaustivamente apontado neste voto, o ex-casal, em conjunto, valendo-se de parentes próximos adotou práticas Fl. 3603DF CARF MF Fl. 45 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 não recomendáveis ao homem médio com meios ardis para tentar ocultar a realidade patrimonial, restou induvidoso a utilização de interpostas pessoas, tidas como “laranjas”, havendo prática de atos simulados para dissimular a realidade dos eventos que ocorriam, constituindo o fato jurídico com linguagem que não refletia a verdade material, pretendendo-se escamotear o fato imponível cujo efetivo obrigado era o ex-casal, adotando-se, pois, prática fraudulenta. Aliás, não restam dúvidas, inclusive, quanto a prática de atos isolados por cada um, além dos atos praticados em conjunto. Mútuos fictícios, por exemplo, foram adotados pelos dois, cada um isoladamente. AS DIRPF’s sem apresentação de cônjuge foram transmitidas uma por cada qual, objetivando sempre dificultar a percepção do real pelas autoridades fiscais. Sendo assim, para mim, a qualificação esta bastante elucidada. De mais a mais, em complemento, tenho por bem transcrever o quanto exposto no termo de verificação, inclusive por explicitar com elucidação a qualificadora, tanto do acréscimo patrimonial, com também do ganho de capital, veja-se: O percentual de multa aplicado neste auto de infração está previsto no § 1.º do artigo 44 da Lei n.º 9.430/96: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I - de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) § 1.º O percentual de multa de que trata o inciso l do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.” Nos reportando aos arts. 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502/64: “Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I - da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II - das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” Em relação ao acréscimo patrimonial a descoberto e ao valor de ganho de capital apurado na venda do apartamento n.º 501 do Edifício Feltre e vaga de garagem n.º 05, está se procedendo à qualificação da multa e confecção de representação fiscal para fins penais. Os gastos superiores à renda disponível são muito expressivos e, embora as maiores somas sejam relativas aos anos calendário 2004 e 2005, podemos observar que foram apuradas variações patrimoniais a descoberto em todos os exercícios e, por vezes, em meses seguidos. A apuração de variação patrimonial a descoberto não se trata de uma mera presunção legal de omissão de rendimentos, e sim uma apuração numérica, fática e criteriosa das operações financeiras. Também fica evidente o dolo na constituição da RS Investimentos em nome de “laranjas”, para tentar encobrir esta grande variação patrimonial a descoberto apurada. O descumprimento da determinação legal de se declarar todos os bens comuns do casal na declaração de um só dos cônjuges, em conjunto com a omissão deliberada do CPF do cônjuge no campo específico da declaração, também tiveram como objetivo dificultar uma apuração desta variação 'patrimonial por parte dos sistemas informatizados do Fisco. Em relação à venda do apartamento n.º 501 do Edifício Feltre e vaga de garagem n.º 05, evidente o dolo ao celebrar uma escritura por valor menor do que o correto, Fl. 3604DF CARF MF Fl. 46 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 tentando evitar a incidência do imposto de renda sobre ganho de capital na alienação de bens e direitos. Entendo evidenciado a intenção dolosa de sonegar tributo, seja no acréscimo patrimonial, como delineado em linhas pretéritas, seja no ganho de capital apurado na venda do apartamento n.º 501 e respectiva vaga de garagem do Edifício Feltre, haja vista a celebração de escritura por valor inferior ao real de venda (e-fls. 3.250 a 3.255), vez que não constou duas parcelas de R$ 35.000,00 previstas no contrato (e-fl. 361) e efetivamente recebidas. Com respeito a posições em contrário, não assiste razão a recorrente neste capítulo, uma vez que restou demonstrado o intuito de sonegação, o escopo fraudulento e o conluio do ex-casal nas atitudes em conjunto, enquadráveis nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 1964, como apontado pela fiscalização. Ora, a sonegação (art. 71) também ocorre com a omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, ainda que parcialmente, o conhecimento da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstância material, ou o conhecimento das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Enquanto isso, também caracteriza fraude (art. 72) a omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, ainda que parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. E, no caso dos atos, também houveram atos comissivos, além do conluio para a prática da sonegação e fraude. De toda sorte, aliás, o STJ já pacificou que: “Não se exige, para a configuração do delito de sonegação fiscal, que o agente pratique um ato comissivo a fim de reduzir o montante dos tributos exigíveis. A omissão no dever de informar o fato gerador à Receita Federal caracteriza a infração...” (AgRg no REsp 1.252.463/SP, Quinta Turma, Rel. Ministro Jorge Mussi, DJe 21/10/2015). Além disto, a prova da tipificação do dolo nestas hipóteses nunca é direta, posto que não é possível a leitura da mente do contribuinte, no momento do fato, para criptografar o seu pensamento no momento da ocorrência. Porém, é possível, como se vê nos elementos aqui deduzidos, substanciar a constituição da efetiva realidade, por meio da linguagem constitutiva do direito, a demonstrar pelos elementos de exteriorização relatados as circunstâncias em que ocorreu o fato concretizado, inclusive pelo processo como se desencadeou a fiscalização e como foi respondida, de modo que este julgador se convence da qualificação. No mais, a despeito das considerações da defesa, a decisão vergastada é de clareza solar, pelo que, doravante, entendo suficiente transcrever trecho específico das razões de decidir da DRJ, haja vista minha concordância aqueles fundamentos bem postos naquele decisum, logo, com base no § 1.º do art. 50, da Lei n.º 9.784, de 1999, e no § 3.º do artigo 57 do Anexo II da Portaria MF n.º 343, de 2015, que instituiu o Regimento Interno do CARF (RICARF), peço vênia para expor, verbo ad verbum: Em relação à penalidade tributária, tem-se que a fraude se caracteriza em razão de uma ação ou omissão, de uma simulação ou ocultação, e pressupõe sempre a intenção de causar dano à Fazenda Pública, num propósito deliberado de se subtrair no todo ou em parte a uma obrigação tributária. Nesses casos, deve sempre estar caracterizada a presença do dolo, um comportamento intencional, específico, de causar dano à Fazenda Pública, onde, com a utilização de subterfúgios, escamoteiam a Fl. 3605DF CARF MF Fl. 47 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 ocorrência do fato gerador ou retardam o seu conhecimento por parte da autoridade fazendária. Ou seja, o dolo é elemento específico da sonegação, da fraude e do conluio, que os diferenciam da mera falta de pagamento do tributo ou da simples omissão de rendimentos na declaração de ajuste, seja ela pelos mais variados motivos que se aleguem. No caso em comento, a multa de 150% foi aplicada em relação à omissão de rendimentos por acréscimo patrimonial a descoberto e ã apuração de ganho de capital na venda de imóvel declarada por valor inferior. Em relação à variação patrimonial a descoberto, legítima a cobrança de multa qualificada sobre o imposto devido, ante a constatação, já defendida no presente voto, de que a contribuinte e seu ex-esposo adquiriam imóveis em nome de terceiros, quando, na realidade, eram os verdadeiros donos dos bens. Nem se pode cogitar que tal operação fosse somente planejamento tributário, uma vez que a RS Investimentos não foi sequer registrada em nome do casal fiscalizado, e sim em nome de terceiros, com intuito de encobrir os reais titulares do direito sobre os imóveis. Essas aquisições, somadas a diversas inconsistências na sistemática adotada na declaração de bens do casal, tais como: divisão dos bens comuns nas declarações de ambos, omissão do CPF do cônjuge na DIRPF, declaração de rendimentos isentos e mútuos não comprovados, demonstram a intenção de causar dano à Fazenda Pública em vários anos-calendário, uma vez que visavam impedir que o fisco apurasse acréscimo patrimonial não justificado pelos rendimentos declarados. Ressalte-se também que a variação patrimonial provavelmente é maior do que a apurada, tendo em vista os valores pelos quais os imóveis, com aquisição recente, foram consignados nas DIRPF apresentadas. Como exemplo pode-se citar a casa no “Palladio Condominum”, situada à Rua Margarida Dallarmi, n.º 315, que está declarada em DIRPF por R$ 300.000,00, apesar de já ter sido avaliada por R$ 385.700,00 no cálculo do ITBI efetuado em 17/01/2001, conforme Registro de Imóveis de fl. 149 do Anexo IV, e de ter sido colocada à venda por R$ 1.500.000,00 em 06/06/2007 e por R$ 1.780.000,00 em 22/08/2008 - fls. 144 a 149 do Anexo IV. Ressalte-se que o valor do cálculo do ITBI é usualmente menor que o valor efetivo do imóvel. Também foi apurada a presença de fraude e conluio no valor da alienação consignado na escritura do apartamento n.º 501 do Edifício Feltre e respectiva vaga de garagem, R$ 164.622,10 - fl. 62 do Anexo V, que é inferior ao montante de R$ 234.622,10, consignado na proposta efetuada em 10/03/2006 - fl. 359, cujo recebimento integral foi comprovado pela autoridade autuante, que identificou os respectivos depósitos à fl. 593, dos quais consta, inclusive, as duas parcelas adicionais de R$ 35.000,00, depositadas em 10/03/2006 e 24/05/2006, que não foram mencionadas na escritura. A escrituração da venda por valor inferior ao realizado implicou sonegação de tributo decorrente do ganho de capital apurado na alienação. Identificam-se, assim, nos procedimentos da contribuinte, as figuras da sonegação, conforme art. 71 da Lei n.º 4.502, de 1964, consistente em “ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária... da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais”, da fraude, segundo o art. 72 da Lei n.º 4.502, de 1964, caracterizada pela “ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou deferir o seu pagamento” e do conluio descrito, no art. 73 do mesmo dispositivo legal, como sendo “o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos no art. 71 e 72.” Sendo assim, não vejo reparos na decisão hostilizada neste capítulo. Fl. 3606DF CARF MF Fl. 48 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 - Multa isolada da falta de recolhimento do carnê-leão. Alegação da cumulação com a multa do lançamento de ofício regulamentar no ajuste anual A defesa ao tratar do tema em epígrafe advoga ser impossível a cumulação da multa de ofício e da multa isolada para os ano-calendários 2004 e 2005, período anterior a Lei 11.488, de 2007. O lançamento também contém multa isolada no ano-calendário 2007, porém, para essa competência, a contribuinte não se manifesta, de modo que a lide é para o período da irresignação (2004 e 2005). A decisão de piso entendeu que não houve cumulação e, no mais, concordou com a retroatividade benigna aplicada no lançamento na qual se efetivou a multa isolada em 50% (ao invés de 75%). Pois bem. Sem razão a recorrente. A princípio, tratando-se de período anterior a Lei n.º 11.488, de 2007, seria vedado a cumulação da multa, isolada e de ofício/regulamentar, caso as duas tivessem sido aplicadas sobre o mesmo rendimento. A questão é que, no caso concreto, os rendimentos do trabalho não assalariado recebidos de pessoas físicas e reportados nas declarações de ajuste anual da recorrente não foram objeto de lançamento de ofício, então, de logo, inexiste a possibilidade de ter sido aplicada duas multas sobre a mesma base. Eles foram declarados espontaneamente pela contribuinte, embora o carnê-leão não tenha sido corretamente recolhido, vez que o recolhimento foi parcial. Aliás, o lançamento apenas da multa isolada pelo não recolhimento foi parcial, unicamente sobre a parte que se deixou de recolher. Em suma, o rendimento declarado (sujeito ao carnê-leão, ainda que parcialmente inadimplido) não foi objeto do auto de infração, não havendo, portanto, que se falar em concomitância. Sendo assim, sem razão a recorrente. Conclusão quanto ao Recurso Voluntário De livre convicção, relatado, analisado e por mais o que dos autos constam, em resumo, reformando a decisão objurgada, conheço do recurso, rejeito a preliminar e, no mérito, rejeitando a prejudicial de decadência, dou provimento parcial ao recurso para (i) decotar da apuração do valor de acréscimo patrimonial a descoberto objeto do lançamento a linha “dispêndios consumidos via cheques e DOC/TEDs” constante no “Demonstrativo de Variação Patrimonial – Fluxo Financeiro Mensal”, apurando-se novo resultado para o “total dispêndios/aplicações”, bem como para (ii) acrescer no referido demonstrativo na linha de recursos/origens, anos-calendário de 2004, 2005 e 2006, os valores dos rendimentos declarados como recebidos de pessoas físicas e oferecidos à tributação no ajuste anual (DIRPF’s), até o limite em que efetuado o correspondente pagamento do carnê-leão, apurando-se novo resultado para o “total recursos/origens” e efetivando-se as consequentes operações no demonstrativo. Alfim, finalizo em sintético dispositivo. Fl. 3607DF CARF MF Fl. 49 do Acórdão n.º 2202-005.337 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10907.001934/2009-55 Dispositivo Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso para excluir dos demonstrativos da apuração do valor de acréscimo patrimonial a descoberto a linha "dispêndios consumidos via cheques e DOC/TEDs", bem como para acrescer no referido demonstrativo na linha de recursos/origens, anos-calendário de 2004, 2005 e 2006, os valores dos rendimentos recebidos de pessoas físicas oferecidos à tributação no ajuste anual, até o limite em que efetuado o correspondente pagamento do carnê-leão. É como Voto. (documento assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros Fl. 3608DF CARF MF

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Numero do processo: 12670.000268/2009-84
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Sep 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF) Exercício: 2006 DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. É lícita a exigência de outros elementos de prova além dos recibos das despesas médicas quando a autoridade fiscal não ficar convencida da efetividade da prestação dos serviços ou da materialidade dos respectivos pagamentos.
Numero da decisão: 2002-001.393
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Thiago Duca Amoni, que lhe dava provimento integral, e Virgílio Cansino Gil, que lhe dava provimento parcial. (documento assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente (documento assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Ferreira Stoll - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: MONICA RENATA MELLO FERREIRA STOLL

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COMPROVAÇÃO. É lícita a exigência de outros elementos de prova além dos recibos das despesas médicas quando a autoridade fiscal não ficar convencida da efetividade da prestação dos serviços ou da materialidade dos respectivos pagamentos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Thiago Duca Amoni, que lhe dava provimento integral, e Virgílio Cansino Gil, que lhe dava provimento parcial. (documento assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente (documento assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Ferreira Stoll - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Relatório Trata-se de Notificação de Lançamento (e-fls. 21/25) lavrada em nome do sujeito passivo acima identificado, decorrente de procedimento de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual do exercício 2006, onde se apurou Dedução Indevida de Despesas Médicas e Omissão de Rendimentos do Trabalho Com Vínculo e/ou Sem Vínculo Empregatício. O contribuinte apresentou Impugnação (e-fls. 02/05), cujas alegações foram resumidas no relatório do acórdão recorrido (e-fls. 80/85): AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 67 0. 00 02 68 /2 00 9- 84 Fl. 110DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2002-001.393 - 2ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 12670.000268/2009-84 Na impugnação apresentada às fls. 01 e seguintes se requer, em síntese, sem prejuízo da leitura integral da impugnação, o cancelamento do débito fiscal reclamado. Afirma que a documentação juntada seria suficiente para comprovar o direito as deduções declaradas, pelas razões que expõe. Informa pagamento, em dinheiro. A Impugnação foi julgada improcedente pela 10ª Turma da DRJ/SP2 em decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2006 Ementa: DESPESAS MÉDICAS. GLOSA. O direito a dedução é condicionado a comprovação dos requisitos exigidos na legislação. OMISSÃO DE RENDIMENTO. Verificada a omissão de rendimento compete a fiscalização efetuar o lançamento nos termos do art.142 do CTN. Cientificado do acórdão de primeira instância em 17/06/2011 (e-fls. 89), o interessado ingressou com Recurso Voluntário em 15/07/2011 (e-fls. 90/93) com os argumentos a seguir sintetizados. - Expõe que as profissionais Renata Boturão Lellis Vieira e Roberta Boturão Lellis Vieira declararam o tratamento realizado em receituário próprio, onde consta seu endereço. - Questiona a decisão recorrida quanto ao entendimento de que os documentos juntados não fazem a prova do efetivo pagamento das despesas e que, mesmo cumpridas as formalidades exigidas pela lei, os comprovantes têm força probante relativa. - Insurge-se contra a não aceitação do pagamento de despesas em moeda corrente. Voto Conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll - Relatora O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. O litígio a ser analisado recai somente sobre a Dedução Indevida de Despesas Médicas apurada no lançamento. A Omissão de Rendimentos não foi impugnada pelo sujeito passivo. Extrai-se dos autos que a autoridade fiscal procedeu à glosa dos valores declarados para João Carlos Graça Junior (R$ 10.000,00), Daniel Augusto Machado Filho (R$ 5.000,00), Roberta Boturão Lellis Vieira (R$ 10.000,00), Claudete Romão Silva (R$ 6.960,00) e Renata Boturão Lellis Vieira (R$ 10.000,00) por não ter o contribuinte, regularmente intimado, demonstrado o seu desembolso através de cheques, boletos, extratos bancários, comprovantes de saque, dentre outros documentos, assim como a efetiva prestação dos serviços (e-fls. 22, 27, 78). A decisão de primeira instância manteve a glosa efetuada pela ausência de comprovação do efetivo pagamento das despesas (e-fls. 82/83). Fl. 111DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2002-001.393 - 2ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 12670.000268/2009-84 Com efeito, verifica-se que o interessado não juntou à Impugnação ou ao Recurso Voluntário nenhum documento bancário a fim de demonstrar a correspondência entre suas movimentações financeiras e os recibos por ele acostados, permanecendo a pendência apontada pelo auditor. Cabe esclarecer que a dedução de despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual está sujeita à comprovação por documentação hábil e idônea a juízo da autoridade lançadora, nos termos do art. 73 do Regulamento do Imposto de Renda -RIR/99, aprovado pelo Decreto 3.000/99, vigente à época. Dessa forma, ainda que o contribuinte tenha apresentado recibos emitidos pelo profissional, é lícito a autoridade fiscal exigir, a seu critério, outros elementos de prova caso não fique convencida da efetividade da prestação dos serviços ou da materialidade dos respectivos pagamentos. Havendo questionamento acerca das despesas declaradas, cabe ao sujeito passivo o ônus de comprová-las de maneira inequívoca, sem deixar margem a dúvidas. Ressalte-se que tal exigência não está relacionada à constatação de inidoneidade dos recibos examinados, mas tão somente à formação de convicção da autoridade lançadora. As decisões a seguir, proferidas pela Câmara Superior de Recursos Fiscais - CSRF e pela 1ª Turma da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF, corroboram esse entendimento: IRPF. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. Todas as deduções declaradas estão sujeitas à comprovação ou justificação, mormente quando há dúvida razoável quanto à sua efetividade. Em tais situações, a apresentação tão-somente de recibos e/ou declarações de lavra dos profissionais é insuficiente para suprir a não comprovação dos correspondentes pagamentos. (Acórdão nº9202-005.323, de 30/3/2017) DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar motivadamente elementos de prova da efetividade dos serviços médicos prestados ou dos correspondentes pagamentos. Em havendo tal solicitação, é de se exigir do contribuinte prova da referida efetividade. (Acórdão nº9202-005.461, de 24/5/2017) IRPF. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS E DO CORRESPONDENTE PAGAMENTO. A Lei nº 9.250/95 exige não só a efetiva prestação de serviços como também seu dispêndio como condição para a dedução da despesa médica, isto é, necessário que o contribuinte tenha usufruído de serviços médicos onerosos e os tenha suportado. Tal fato é que subtrai renda do sujeito passivo que, em face do permissivo legal, tem o direito de abater o valor correspondente da base de cálculo do imposto sobre a renda devido no ano calendário em que suportou tal custo. Havendo solicitação pela autoridade fiscal da comprovação da prestação dos serviços e do efetivo pagamento, cabe ao contribuinte a comprovação da dedução realizada, ou seja, nos termos da Lei nº 9.250/95, a efetiva prestação de serviços e o correspondente pagamento. (Acórdão nº2401-004.122, de 16/2/2016) É possível que o recorrente tenha feito seus pagamentos em espécie, tal como alega, não havendo nada de ilegal neste procedimento. A legislação não impõe que se faça pagamentos de uma forma em detrimento de outra. Não obstante, para comprová-los caberia a ele trazer aos autos documentos bancários que atestassem a coincidência de datas e valores entre Fl. 112DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2002-001.393 - 2ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 12670.000268/2009-84 os saques efetuados em suas contas e as despesas supostamente realizadas, o que não ocorreu no presente caso. Importa salientar que, sendo a inclusão de despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual um benefício concedido pela legislação, incumbe ao interessado provar que faz jus ao direito pleiteado. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, negar- lhe provimento. (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Ferreira Stoll Fl. 113DF CARF MF

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Numero do processo: 13154.000313/2005-79
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Aug 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003 DESPESA DE FRETE NA VENDA. CRÉDITO ANTES DE FEVEREIRO DE 2004. IMPOSSIBILIDADE. O direito de descontar créditos da contribuição PIS calculados em relação ao frete na operação de venda foi previsto no inciso IX do art. 3º da Lei 10.883/2003, combinado com o art. 15 do mesmo diploma legal e produziu efeitos a partir de 1º de fevereiro de 2004, nos termos do art. 93 da referida Lei.
Numero da decisão: 9303-009.306
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama. (documento assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (documento assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE

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CRÉDITO ANTES DE FEVEREIRO DE 2004. IMPOSSIBILIDADE. O direito de descontar créditos da contribuição PIS calculados em relação ao frete na operação de venda foi previsto no inciso IX do art. 3º da Lei 10.883/2003, combinado com o art. 15 do mesmo diploma legal e produziu efeitos a partir de 1º de fevereiro de 2004, nos termos do art. 93 da referida Lei. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama. (documento assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (documento assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 15 4. 00 03 13 /2 00 5- 79 Fl. 833DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 9303-009.306 - CSRF/3ª Turma Processo nº 13154.000313/2005-79 Trata-se de recurso especial do contribuinte (fls. 767/782), admitido pelo despacho de fls. 791/798 exclusivamente quanto ao direito à tomada de crédito da contribuição social não-cumulativa sobre as despesas de fretes nas operações de venda, e assim mantido em reexame de admissibilidade (fls. 788/789), contra o Acórdão nº 3302-002.215 (fls. 636/645), julgado em 23/07/2013, assim ementado quanto ao mérito devolvido: ... DESPESA DE FRETE NA VENDA. CRÉDITO ANTES DE 02/2004. IMPOSSIBILIDADE. Por absoluta falta de previsão legal, não existe direito de crédito nas despesas de fretes nas operações de vendas realizadas antes de fevereiro de 2004. Pugna o contribuinte em seu especial, na matéria admitida (frete sobre vendas de produtos acabados), que o inciso IX do art. 3º da Lei 10.833/2003 "não trouxe inovação a legislação, pois este dispositivo apenas possui caráter explicativo quanto a interpretação da não cumulatividade, e ao contrário do entendimento manifestado pela fiscalização, não há expressa proibição do crédito sob tal rubrica e, mais do que isso, o direito de crédito está previsto na regra geral do crédito estabelecida em Lei, pois de fato se trata de bem e serviço, utilizado como insumo na produção de bens destinados a venda". Arrimado nessa premissa, pede o provimento do especial garantindo a manutenção do direito ao crédito de PIS dos valores de fretes sobre as vendas no período em análise. Em contrarrazões (fls. 800/807), pugna a Fazenda Nacional que seja negado provimento ao recurso especial do contribuinte, "mantendo-se o acórdão proferido pela e. Turma a quo por seus próprios e jurídicos fundamentos". É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire - Relator Conheço do recurso especial do contribuinte nos termos em que admitido. Não resta dúvida de que o serviço de frete não é insumo empregado na fabricação de mercadorias destinadas à alimentação humana ou animal. A Lei nº 10.637/2002, ao disciplinar a contribuição para o PIS não cumulativo, relaciona em seu artigo 3º todas as hipóteses geradoras de créditos, dentre as quais não constam serviços de fretes nas operações de vendas. As despesas com frete nas citadas operações, quando o ônus for suportado pela própria empresa vendedora, somente foram admitidas na base de cálculo dos créditos básicos pelo artigo 3º, inciso IX, da Lei nº 10.833, de 29/12/2003, cujos efeitos foram estendidos através do artigo 15 c/c artigo 93 às pessoas jurídicas enquadradas no regime de incidência não cumulativa do PIS/Pasep a partir de 01/02/2004. Fl. 834DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 9303-009.306 - CSRF/3ª Turma Processo nº 13154.000313/2005-79 Logo não havia previsão legal de apuração de crédito sobre este tipo de despesa, fato que somente aconteceu com a edição da Lei nº 10.833/03, com efeitos a partir de 01/02/2004. Esta lei, nesta matéria em particular, não é uma lei interpretativa como articula a empresa, mas sim uma norma completamente nova. Ademais, cumpre destacar que as hipóteses de desconto de créditos na apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins devidas são exaustivamente estabelecidas pela Lei, não cabendo alteração por interpretação extensiva. Em consequência, deve ser mantido o recorrido. DISPOSITIVO Forte no exposto, nego provimento ao recurso do contribuinte. É como voto. (documento assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Declaração de Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama Depreendendo-se da análise dos autos do processo, peço vênia ao ilustre conselheiro relator para expressar meu entendimento acerca do termo inicial a ser considerado para a constituição do crédito das contribuições sobre as despesas de fretes nas operações de vendas. Em relação ao termo inicial, importante recordar que o conceito de insumos considera o critério da essencialidade à produção ou atividade do sujeito passivo. Nessa linha, o STJ apreciou, em sede de repetitivo, o REsp 1.221.170 – trazendo o mesmo entendimento já aplicável pelas suas turmas e pelo Conselho Administrativo Fl. 835DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 9303-009.306 - CSRF/3ª Turma Processo nº 13154.000313/2005-79 de Recursos Fiscais, privilegiando, assim, a segurança jurídica que tanto merece a Fazenda Nacional e o sujeito passivo. Sendo assim, em relação aos critérios a serem observados para fins de conceito de insumo, a PGFN publicou a Nota SEI PGFN/MF 63/18: "Recurso Especial nº 1.221.170/PR Recurso representativo de controvérsia. Ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN SRF nº 247/2002 e 404/2004. Aferição do conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Tese definida em sentido desfavorável à Fazenda Nacional. Autorização para dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016. Nota Explicativa do art. 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2014." A Nota clarifica a definição do conceito de insumos na “visão” da Fazenda Nacional (Grifos meus): “41. Consoante se observa dos esclarecimentos do Ministro Mauro Campbell Marques, aludindo ao “teste de subtração” para compreensão do conceito de insumos, que se trata da “própria objetivação segura da tese aplicável a revelar a imprescindibilidade e a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte”. Conquanto tal método não esteja na tese firmada, é um dos instrumentos úteis para sua aplicação in concreto. 42. Insumos seriam, portanto, os bens ou serviços que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços e que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração resulte na impossibilidade ou inutilidade da mesma prestação do serviço ou da produção, ou seja, itens cuja subtração ou obste a atividade da empresa ou acarrete substancial perda da qualidade do produto ou do serviço daí resultantes. 43. O raciocínio proposto pelo “teste da subtração” a revelar a essencialidade ou relevância do item é como uma aferição de uma “conditio sine qua non” para a produção ou prestação do serviço. Fl. 836DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 9303-009.306 - CSRF/3ª Turma Processo nº 13154.000313/2005-79 Busca-se uma eliminação hipotética, suprimindo-se mentalmente o item do contexto do processo produtivo atrelado à atividade empresarial desenvolvida. Ainda que se observem despesas importantes para a empresa, inclusive para o seu êxito no mercado, elas não são necessariamente essenciais ou relevantes, quando analisadas em cotejo com a atividade principal desenvolvida pelo contribuinte, sob um viés objetivo." Com tal Nota, restou claro, assim, que insumos seriam todos os bens e serviços que possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração resulte na impossibilidade ou inutilidade da mesma prestação do serviço ou da produção, ou seja, itens cuja subtração ou obste a atividade da empresa ou acarrete substancial perda da qualidade do produto ou do serviço daí resultantes. Sendo assim, retornando ao caso em questão, entendo que para a finalização da atividade do sujeito passivo, vê-se ser essencial o frete na operação de venda de produtos – o que, por conseguinte, tal despesa seria passível de constituição de crédito de PIS e Cofins, por estar enquadrado no conceito de “insumos”, nos termos do art. 3º, inciso II, da Lei 10.637/02 e Lei 10.833/03. O que fez o legislador, considerando o disposto no art. 3º, inciso IX, da Lei 10.833/03 foi clarificar que a despesa de frete nas operações de venda daria o direito ao crédito das contribuições. Tal clarificação foi necessária, pois a IN (SRF) 247/02 trouxe um entendimento mais restritivo do conceito de insumos. E, continuando, tendo em vista que o STJ ao enfrentar o conceito de insumos afastou o entendimento restritivo da IN (SRF) 247/02, resta mais claro que a despesa de frete nas operações de venda se enquadram no conceito de insumos do art. 3º, inciso II, da Lei 10.637/02 e da Lei 10.833/03. Sendo assim, entendemos que o direito de descontar créditos das contribuições passou a produzir efeitos com a instituição da sistemática não cumulativa das contribuições, e não com o surgimento do dispositivo – art. 3º, inciso IX, da Lei 10.833/03. Fl. 837DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 9303-009.306 - CSRF/3ª Turma Processo nº 13154.000313/2005-79 É o meu voto. (documento assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 838DF CARF MF

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Numero do processo: 10830.720583/2008-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Aug 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI) Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 LEI 10.485/2002. LEI 9.826/1999. SAÍDAS COM SUSPENSÃO DO IPI DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO PARA O EQUIPARADO A INDUSTRIAL. OPÇÃO DO CONTRIBUINTE PELA VIA JUDICIAL. De acordo com a Súmula CARF nº 01, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
Numero da decisão: 3401-006.720
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer da peça recursal apresentada, em função de concomitância de objeto com discussão judicial. Declarou impedimento a Conselheira Fernanda Vieira Kotzias. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente. (assinado digitalmente) Lázaro Antônio Souza Soares - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Lázaro Antônio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: LAZARO ANTONIO SOUZA SOARES

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ementa_s : ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI) Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 LEI 10.485/2002. LEI 9.826/1999. SAÍDAS COM SUSPENSÃO DO IPI DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO PARA O EQUIPARADO A INDUSTRIAL. OPÇÃO DO CONTRIBUINTE PELA VIA JUDICIAL. De acordo com a Súmula CARF nº 01, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.

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conteudo_txt : Metadados => date: 2019-08-02T21:32:01Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2019-08-02T21:32:01Z; Last-Modified: 2019-08-02T21:32:01Z; dcterms:modified: 2019-08-02T21:32:01Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-08-02T21:32:01Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-08-02T21:32:01Z; meta:save-date: 2019-08-02T21:32:01Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-08-02T21:32:01Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2019-08-02T21:32:01Z; created: 2019-08-02T21:32:01Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; Creation-Date: 2019-08-02T21:32:01Z; pdf:charsPerPage: 1766; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-08-02T21:32:01Z | Conteúdo => S3-C 4T1 Ministério da Economia CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10830.720583/2008-35 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401-006.720 – 3ª Seção de Julgamento / 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de julho de 2019 Recorrente ROBERT BOSCH LIMITADA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI) Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 LEI 10.485/2002. LEI 9.826/1999. SAÍDAS COM SUSPENSÃO DO IPI DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO PARA O EQUIPARADO A INDUSTRIAL. OPÇÃO DO CONTRIBUINTE PELA VIA JUDICIAL. De acordo com a Súmula CARF nº 01, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer da peça recursal apresentada, em função de concomitância de objeto com discussão judicial. Declarou impedimento a Conselheira Fernanda Vieira Kotzias. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente. (assinado digitalmente) Lázaro Antônio Souza Soares - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Lázaro Antônio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 05 83 /2 00 8- 35 Fl. 335DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3401-006.720 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10830.720583/2008-35 Relatório Trata o presente processo do Pedido de Ressarcimento (PER) eletrônico nº 33220.09438.130705.1.1.01-3301 (fls. 03/116), cumulado com Declaração de Compensação (DCOMP) eletrônica nº 26690.76463.270705.1.3.01-3950 (fls. 117/120), por meio da qual o contribuinte solicita compensação de débito de IRPJ no valor de R$314.978,92, acrescido de multa no valor de R$22.574,77 (totalizando R$337.553,69) com crédito oriundo de ressarcimento de IPI apurado no 2º trimestre de 2005. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Campinas (DRF-CPS) indeferiu o Pedido de Ressarcimento, conforme Despacho Decisório emitido em 11/11/2008, à fl. 148, com base na constatação da inexistência do crédito pleiteado, tendo em vista a lavratura de Auto de Infração de IPI que abrange o período de apuração, nos termos da Informação Fiscal à fls. 146/147. O referido Auto de Infração é objeto do processo administrativo nº 10830.010870/2008-33, tendo sido juntada aos autos cópia da autuação às fls. 129/145. Regularmente cientificada, a empresa apresentou a Manifestação de Inconformidade de fls. 150/165, alegando a improcedência da autuação objeto do processo administrativo nº 10830.010870/2008-33 e, consequentemente, da reconstituição da escrita fiscal, com a inclusão desses débitos de IPI, o que implicou alterações nos seus saldos credores, com reflexos no presente Pedido de Ressarcimento. A DRJ - Ribeirão Preto (DRJ/RPO), em sessão de 28/08/2013, proferiu o Acórdão nº 14-44.213, às fls. 197/200, através do qual, por unanimidade de votos, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, com a seguinte ementa: PEDIDO DE RESSARCIMENTO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUE ESGOTOU O SALDO CREDOR DO IPI. Comprovada a procedência do lançamento de ofício que reduziu o saldo credor do IPI, não se homologa as compensações declaradas pela inexistência de crédito. A ciência deste Acórdão pelo contribuinte se deu em 10/12/2013, conforme “TERMO DE CIÊNCIA POR DECURSO DE PRAZO” à fl. 203. Irresignado com a decisão da DRJ-RPO, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 20/12/2013, às fls. 205/212, in verbis: III. DAS RAZÕES DE RECURSO a. Da necessidade de sobrestamento do presente processo administrativo Conforme já exposto nos fatos narrados acima, o presente processo administrativo é decorrência direta da reconstituição da escrita fiscal determinada no auto de infração que originou o processo administrativo n° 10830.010870/2008-33. Dessa forma, faz-se necessário traçar um breve histórico deste processo administrativo: (...) A despeito da contundência das alegações de defesa, as decisões de primeira e de segunda instância foram desfavoráveis e, então, a Recorrente interpôs Recurso Especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais. Fl. 336DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3401-006.720 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10830.720583/2008-35 Não obstante, antes mesmo da decisão final na esfera administrativa, a Recorrente decidiu levar a discussão na esfera judicial, tendo desistido formalmente de seu recurso especial (Doc. 02). Em seguida, a Recorrente propôs a Ação Anulatória n° 0012058-14.2012.4.03.6105, visando ao reconhecimento de seu direito de beneficiar-se da suspensão do IPI sobre as saídas de produtos importados. A sentença foi desfavorável à Recorrente e, assim, atualmente aguarda-se julgamento da Apelação interposta pela Recorrente perante o Tribunal Regional Federal da Terceira Região (Doc. 03). Paralelamente, a Recorrente apresentou Medida Cautelar Antecipatória de Garantia n° 0010998-06.2012.4.03.6105 com a apresentação de fiança bancária, de forma que os débitos lançados no auto de infração mencionado acima estão atualmente com sua exigibilidade suspensa (Doc. 04). A União Federal ajuizou Execução Fiscal n.° 0012524-08.2012.4.03.6105, que está sobrestada (Doc. 05), considerando a garantia antecipada na Medida Cautelar acima e que a discussão de mérito está sendo travada nos autos da ação anulatória acima. Nesse contexto, ainda que as dd. autoridades julgadoras tenham se equivocado ao afirmar que o auto de infração de IPI estaria pendente de julgamento de Recurso Especial, é fato que tal lançamento fiscal ainda está sendo discutido, agora na esfera judicial, nos autos da Ação Anulatória n° 0012058-14.2012.4.03.6105. Dessa forma, é inegável que, no presente momento, o desfecho do presente processo administrativo está indissociavelmente relacionado ao resultado a ser obtido pela Recorrente na referida Ação Anulatória. (...) Assim, resta clara a necessidade do imediato sobrestamento deste processo, tal como determina o artigo 265, IV, a, do Código de Processo Civil: (...) IV. DO PEDIDO Em vista de todo o exposto, a Recorrente requer seja determinado o sobrestamento do presente recurso voluntário até o julgamento definitivo da Ação Anulatória n.° 0012058-14.2012.4.03.6105. É o relatório. Voto Conselheiro Lázaro Antônio Souza Soares, Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo. O Pedido de Ressarcimento (PER) e a Declaração de Compensação a ele vinculada (DCOMP) foram formalizados em processo físico (depois digitalizado para o e- processo) e encaminhados para tratamento manual, ou seja, para análise através de um procedimento fiscalizatório. Fl. 337DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3401-006.720 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10830.720583/2008-35 A Autoridade Tributária, ao realizar o referido procedimento, identificou, in verbis, a “Falta de lançamento de imposto por ter o estabelecimento, em operações que o caracterizava como equiparado a industrial, promovido a saída de produtos tributados sem o devido destaque do IPI nas notas fiscais”. O contribuinte, durante a ação fiscal, alegou “que não destacou o IPI nas referidas notas fiscais de saída em razão da suspensão prevista no artigo 4º da Lei 10.485/2002, a qual alterou o artigo 5° da Lei 9.826/1999; e o artigo 113, inciso III do Regulamento de IPI – Decreto 4.544/2002”. O Auditor-Fiscal rebateu esse argumento no Auto de Infração, afirmando que, ao analisar a legislação citada pelo contribuinte, verificou que ela trata da suspensão do IPI para estabelecimentos industriais, e as saídas em questão, promovidas pelo contribuinte, não são operações típicas de estabelecimento industrial, e sim operações que equiparam o estabelecimento a industrial, conforme dispõe o art. 9º, inciso I, do RIPI/2002. Ademais, a IN SRF nº 296/03, em seu artigo 23, inciso II, exclui os estabelecimentos equiparados a industrial desse regime de suspensão do imposto. Com base nesse fundamento, reconstituiu a escrita fiscal, contabilizando a débito na apuração do IPI os valores que o sujeito passivo entendia estarem suspensos. Assim procedendo, os saldos credores de IPI originalmente existentes foram absorvidos por estes débitos, nada restando a ser ressarcido, e consequentemente foi emitido Despacho Decisório não homologando a referida DCOMP. Os débitos apurados pela Fiscalização, no entanto, não apenas absorveram os créditos, como geraram saldos devedores de IPI, os quais foram objeto de lançamento através de Auto de Infração, que passou a tramitar no processo administrativo nº 10830.010870/2008-33, o qual aguardava julgamento de Recurso Especial interposto pelo contribuinte na Câmara Superior de Recursos Fiscais. Ocorre, entretanto, que o contribuinte, em 21/08/2012, juntou àqueles autos, à fl. 533, requerimento de desistência do Recurso Especial, tendo em vista sua opção por discutir os respectivos débitos tributários na esfera judicial. E neste Recurso Voluntário reafirma esta desistência, pugnando pelo sobrestamento deste processo até o julgamento definitivo do Auto de Infração na instância judicial, uma vez que seu desfecho estaria indissociavelmente relacionado ao resultado a ser obtido na Ação Anulatória. Como se verifica, os fundamentos da autuação são os mesmos que embasaram a negativa ao pedido de ressarcimento, ambos derivados da mesma ação fiscal. A propositura de ação judicial para discutir estes fundamentos implica a renúncia à instância administrativa, conforme a Súmula CARF nº 01: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). Fl. 338DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3401-006.720 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10830.720583/2008-35 Observe-se a concomitância da ação judicial também alcança o presente processo administrativo, pois versa sobre os mesmos fundamentos. Se julgada procedente, vindo a derrubar tais fundamentos, seus resultados não alcançam apenas o processo referente ao Auto de Infração, mas também este presente processo, referente ao pedido de ressarcimento. Nesse contexto, entendo que não seja o caso de sobrestamento, mas sim de concomitância entre as instâncias. Assim, pelos fundamentos acima expostos, voto por não conhecer do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lázaro Antônio Souza Soares - Relator Fl. 339DF CARF MF

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Numero do processo: 18088.000335/2007-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 07 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2002 DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. IRPF - IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS - Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no ano-calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, bem como aqueles feitos a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e de seus dependentes. IRPF. COMPROVAÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS - A comprovação de despesas médicas e outras ligadas à saúde, com vistas à apuração da base de cálculo do Imposto de Renda, é feita mediante documentação em que esteja especificada a prestação do serviço, o nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas além da qualificação profissional do beneficiário dos pagamentos e elementos que, analisados em conjunto, sejam suficientes à convicção do julgador. MULTA QUALIFICADA E de manutenir-se a multa qualificada quanto há de se aplicada a Súmula 40 do CARF, a saber: A apresentação de recibo emitido por profissional para o qual haja Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz, desacompanhado de elementos de prova da efetividade dos serviços e do correspondente pagamento, impede a dedução a título de despesas médicas e enseja a qualificação da multa de ofício. Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2102-001.787
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso.
Nome do relator: Acácia Sayuri Wakasugi

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