Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,956)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,617)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,676)
- Primeira Turma Ordinária (15,290)
- Segunda Turma Ordinária d (15,236)
- Primeira Turma Ordinária (15,176)
- Primeira Turma Ordinária (15,074)
- Segunda Turma Ordinária d (13,812)
- Primeira Turma Ordinária (12,696)
- Primeira Turma Ordinária (11,772)
- Segunda Turma Ordinária d (11,736)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,592)
- Terceira Câmara (63,342)
- Segunda Câmara (51,084)
- Primeira Câmara (16,374)
- 3ª SEÇÃO (15,676)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,653)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (115,596)
- Segunda Seção de Julgamen (108,503)
- Primeira Seção de Julgame (71,208)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,658)
- Câmara Superior de Recurs (37,061)
- Terceiro Conselho de Cont (25,921)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,038)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,839)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,821)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,298)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,195)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,339)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,945)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,845)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,057)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,270)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,850)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,014)
- 2025 (12,261)
Numero do processo: 11634.000206/2009-46
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
Ementa:
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ARTIGO 62, §2º, DO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
Não havendo antecipação do pagamento, o prazo de decadência tem como termo "a quo" o primeiro dia do exercício seguinte (artigo 173, I, do CTN), e não do fato gerador (artigo 150, §4º, do CTN).
NULIDADE. LANÇAMENTO. BASE DE CÁLCULO.
Eventual equívoco na apuração da base de cálculo não nulifica o lançamento, posto que se trata de matéria de mérito sujeita à apreciação em julgamento administrativo.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3302-003.100
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para excluir da base de cálculo da CIDE o Imposto de Renda retido pela empresa, vencidos os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Araújo e Ricardo Paulo Rosa que negavam provimento ao Recurso.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator.
EDITADO EM: 22/03/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente da turma), Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201603
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 Ementa: DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ARTIGO 62, §2º, DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Não havendo antecipação do pagamento, o prazo de decadência tem como termo "a quo" o primeiro dia do exercício seguinte (artigo 173, I, do CTN), e não do fato gerador (artigo 150, §4º, do CTN). NULIDADE. LANÇAMENTO. BASE DE CÁLCULO. Eventual equívoco na apuração da base de cálculo não nulifica o lançamento, posto que se trata de matéria de mérito sujeita à apreciação em julgamento administrativo. Recurso Voluntário Provido em Parte
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 11634.000206/2009-46
anomes_publicacao_s : 201603
conteudo_id_s : 5577034
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3302-003.100
nome_arquivo_s : Decisao_11634000206200946.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : WALKER ARAUJO
nome_arquivo_pdf_s : 11634000206200946_5577034.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para excluir da base de cálculo da CIDE o Imposto de Renda retido pela empresa, vencidos os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Araújo e Ricardo Paulo Rosa que negavam provimento ao Recurso. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa - Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo - Relator. EDITADO EM: 22/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente da turma), Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 15 00:00:00 UTC 2016
id : 6321182
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:46:23 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122696925184
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2011; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11634.000206/200946 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302003.100 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 15 de março de 2016 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO CIDE Recorrente VIVO S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 Ementa: CIDEREMESSAS. REMESSA PARA RESIDENTE OU DOMICILIADO NO EXTERIOR. INCIDÊNCIA. O pagamento, o creditamento, a entrega, o emprego ou a remessa de royalties, a qualquer título, a residentes ou domiciliados no exterior corresponde à hipótese de incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico criada pela Lei 10.168/2000, com as alterações da Lei 10.332/2001. CIDE. BASE DE CÁLCULO. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. Nos termos do art. 2º da Lei nº. 10.168/2000, a base de cálculo da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico CIDE corresponde exclusivamente à quantia efetivamente remetida ao exterior a título de remuneração, o que não inclui os valores recolhidos a título de Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 Ementa: DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ARTIGO 62, §2º, DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Não havendo antecipação do pagamento, o prazo de decadência tem como termo "a quo" o primeiro dia do exercício seguinte (artigo 173, I, do CTN), e não do fato gerador (artigo 150, §4º, do CTN). NULIDADE. LANÇAMENTO. BASE DE CÁLCULO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 4. 00 02 06 /2 00 9- 46 Fl. 3520DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO 2 Eventual equívoco na apuração da base de cálculo não nulifica o lançamento, posto que se trata de matéria de mérito sujeita à apreciação em julgamento administrativo. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para excluir da base de cálculo da CIDE o Imposto de Renda retido pela empresa, vencidos os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Araújo e Ricardo Paulo Rosa que negavam provimento ao Recurso. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator. EDITADO EM: 22/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente da turma), Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto e transcreve o relatório do acórdão de piso nº 0623.734: "Em decorrência de ação fiscal desenvolvida junto à empresa qualificada, foi lavrado o auto de infração de fls. 3089/3096, que exige o recolhimento de R$ 8.235.812,43 de Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico Remessas ao Exterior (CIDERemessas, e R$ 6.176.859,27 de multa de ofício, além dos encargos legais, consoante descrição dos fatos e enquadramento legal de fls. 3092 e 3095, demonstrativo de apuração de fls. 3089/3090, demonstrativo de multa e juros de mora de fls. 3091/3092 e Termo de Verificação Fiscal de fls. 3062/3088. A autuação, cientificada em 13/05/2009, ocorreu devido à falta/insuficiência de recolhimento da CIDE Remessas, relativa aos períodos de apuração 01/2004 a 12/2004. De acordo com o "Termo de Verificação Fiscal TVF", parte integrante do auto de infração, fls. 3062/3088, a contribuinte (que, em 2006, incorporou as empresas listadas na ´tabela 1´de fl. 3063), foi intimada a apresentar uma relação dos valores mensais pagos, creditados, entregues ou remetidos a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior, sujeitos à incidência da CIDE Remessas, Fl. 3521DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 11634.000206/200946 Acórdão n.º 3302003.100 S3C3T2 Fl. 3 3 nos termos da Lei nº 10.168, de 2000, da Lei nº 10.332, de 2001, e do Decreto nº 4.195, de 2002. Consta do TVF, também, que, atendendo a nova solicitação fiscal, a contribuinte entregou os documentos de fls. 141/160, relacionando parte das remessas feitas ao exterior. Posteriormente, a contribuinte apresentou os documentos de fls. 161/181, relacionando novamente parte das remessas feitas ao exterior, além de remessas que já haviam sido tributadas pela CIDE Remessas por meio de outro Auto de Infração. Segundo o TVF, em face da não disponibilização, pela contribuinte, de todas as informações relativas às remessas efetuadas, a empresa foi reintimada, tendo atendido em parte, a solicitação. Consoante esclarecido no TVF, em relação aos fatos geradores de 2003 foi constituído, por lançamento fiscal, crédito tributário, no montante de R$ 8.76.238.93, nos termos do processo administrativo nº 11634.001065/200806 ( em relação ao IRRF, também houve constituição de crédito tributário, consoante processo administrativo nº 11634.00066/200842). Posteriormente, em decorrência de novas intimações e reintimações, o contribuinte apresentou novos documento, inclusive relativos a ações judiciais e depósitos judiciais (fls. 3029/3064). Às fls. 3066/3067, na ´tabela 2´, a relação dos contratos analisados e a sua localização no processo. Ás fls. 805 a 3018, foram juntados contratos e comprovantes de remessas internacionais, apresentados pelo contribuinte. No subitem 3.1 do TVF consta que uma parte da exigência, relacionada a contratos firmados pela incorporada Telerj Celular S/A, foi constituído no âmbito de outro processo administrativo (a ´tabela 3´discrimina os contratos respectivos). No subitem 3.2, por sua vez, estão relacionados os contratos (na tabela 5) que serviram de base para o presente lançamento. No subitem seguinte (3.2) e respectivos subitens, estão relacionados os contratos firmados pela incorporado Telesp Celular S/A que serviram de base para o presente e para outros lançamentos. O mesmo ocorre em relação ao subitem 3.3, que se reporta à incorporada Celular CRT S/A, ao subitem 3.4, que se refere às incorporadas Telesergipe Celular S/A e Telebahia Celular S/A, ao subitem 3.5, que se reporta às incorporadas Norte Brasil Telecom S/A, Tele Centro Oeste Cel. Part. S/A, Teleacre Celular S/A, Telegóias Celular S/A, Telemat Celular S/A, Telems Celular S/A e Teleron Celular S/A, e ao subitem 3.6, que se refere à incorporada Telest Celular S/A. O subitem 3.7 cuida da consolidação do crédito tributário, discriminando as parcelas constituídas em outro procedimento (tabela 15), com suspensão de exigibilidade, e as parcelas constantes do presente auto de infração. À fl.3088, o autor do feito informa que, em face da continuidade do procedimento, a fiscalização estaria sendo encerrada parcialmente. Em 26/05/2009, a interessada solicitou cópia integral dos autos, tendo sido atendida em 03/06/2009 (fls.3098). Em 12/06/2009, a contribuinte, por intermédio de procurador habilitado (procurações e cópias de documentos pessoais dos mandatários às fls. 3139/3146), interpôs a impugnação de fls. 3111/3137, instruída com os documentos de fls. Fl. 3522DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO 4 3148/3199 e 3202/3220 (cópia do auto de infração e de seus anexos, e cópia de contratos), cujo teor é sintetizado a seguir. Primeiramente, após discorrer sucintamente sobre os fatos havidos no processo, defende a nulidade do lançamento, por vício substancial insanável, já que, segundo alega, a autuação referese a período já fiscalizado e exigido em outro processo administrativo fiscal, no caso, o processo nº 11634.000513/200846, em fase de julgamento perante esta DRJ em Curitiba. Diz que não restou demonstrada nenhuma causa para a revisão do lançamento (nos termos do art. 149 do CTN) e que, segundo o art. 906 do RIR/99, o segundo exame, em relação ao mesmo exercício, só seria possível mediante ordem escrita de autoridade da Receita Federal. Transcreve a posição do Conselho de Contribuintes e insiste na nulidade do feito. Discorre, ainda, sobre possíveis inconsistências na apuração da base de cálculo da contribuição. Sobre o assunto afirma que no "Demonstrativo dos valores mensais da CIDE a recolher, a fiscalização não logrou êxito em demonstrar os critérios utilizados para apuração das bases. Ocorre que ao invés de considerar o valor líquido das remessas (entendase após a retenção na fonte de IR e demais custos), houve verdadeira majoração da base imponível, sob a rubrica "VR. AJUST. BC; REAIS CIDE RE", de onde se depreende o acréscimo de 17% em média, até 33% em alguns casos. Requer a nulidade do lançamento. A seguir, diz que ocorreu a decadência do direito da Fazenda de exigir débitos de CIDE Remessas anteriores a 13/05/2004. Argumenta que se trata de lançamento por homologação e que a decadência do direito de lançar eventuais diferenças operase em cinco anos contados do fato gerador (art.150, §4º do CTN), estando, a teor do art. 156 do CTN, extinto o crédito tributário. Afirma que os débitos relativos aos períodos de apuração de 01/2004 a 05/2004 teriam sido alcançados pela decadência. Transcreve, a respeito, jurisprudência administrativa. No item seguinte, disserta sobre o aspecto material e sobre a base de cálculo da CIDE Remessas. Transcreve os dispositivos da Lei nº 10.618, de 2000, na redação da Lei nº 10.332, de 2001, e diz restar evidente que a legislação, ao tratar da base de cálculo, "em momento algum se referiu de forma genérica à remessa de quaisquer valores ao exterior, mas deixa patente a necessidade de tais remessas se relacionarem intimamente à transferência de tecnologia ou uso contínuo de marcas (royalties)." Nos subitens seguintes analisa os contratos firmados, e afirma que em nenhum deles a remessa teria sido vinculada à transferência de tecnologia ou ao pagamento de royalties. Salienta, inclusive, que alguns contratos se referem à licença de uso de software, hipótese que estaria expressamente afastada, pela legislação, da incidência da CIDE Remessas (chama a atenção para o disposto no §1º A do art. 2º da Lei nº 10.168, de 200, e afirma que tal dispositivo teria esclarecido o âmbito de validade material da norma instituidora da CIDE Remessas). Ao final, pede a nulidade do auto de infração. Sucessivamente, requer a improcedência do lançamento. Posteriormente, em 10/08/2009, a impugnante apresentou os esclarecimentos adicionais de fls. 3222/3238, onde discorre sobre vários contratos e as remessas internacionais correspondentes e insiste na afirmação de não incidência da CIDE Remessas. Às fls. 3242/3245, juntouse cópia do Termo de Verificação Fiscal relativo ao processo administrativo nº 11634.000513/200846. Fl. 3523DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 11634.000206/200946 Acórdão n.º 3302003.100 S3C3T2 Fl. 4 5 É o relatório" A Delegacia Regional de Julgamento julgou improcedente a impugnação, mantendose o crédito tributário exigido com base nos seguintes fundamentos: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 NULIDADES. PRESSUPOSTOS. Ensejam a nulidade apenas os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTAGEM DO PRAZO. REGRA. Nos termos do art. 150, §4º do Código Tributário Nacional, existindo pagamento suscetível de ser homologado, o prazo decadencial deve ser contado a partir da ocorrência do fato gerador, contudo, em não havendo pagamento, a contagem deve ocorrer segundo a regra do art. 173, I, do CTN. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO DO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 CIDE REMESSAS. BASE DE CÁLCULO. A CIDE Remessas incide sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, por fontes pagadoras domiciliadas no Brasil, a residentes ou domiciliados no exterior, inclusive, quando aplicável, sobre o pertinente valor retido a título de imposto de renda (IRRF), relativamente a contratos que tenham por objeto o fornecimento de tecnologia, a prestação de assistência técnica, a cessão e licença de uso de marcas e a cessão e licença de exploração de patentes. Inconformada com a decisão de piso, a Recorrente intimada em 25.09.2009, interpôs recurso voluntário em 22.10.2009 (fls.3.2603.311), reproduzindo as alegações apresentadas em sede de impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Walker Araujo Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Fl. 3524DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO 6 Em síntese apartada, pretende a Recorrente a reforma da decisão de primeira instância com base nos seguintes fundamentos: (i) o lançamento é nulo, posto que (i.1) a autuação referese a período já fiscalizado e exigido em outro processo administrativo fiscal, no caso, o processo nº 11634.000513/200846; e (i.2) a fiscalização não logrou êxito em demonstrar os critérios utilizados para apuração da base de cálculo; (ii) ocorreu a decadência do direito do Fisco de exigir o crédito tributário; (iii) é indispensável a transferência de tecnologia para autorizar a incidência da CIDERoyalties, o que não é o caso dos autos; (iv) não incide CIDERoyalties sobre licença de uso de softwares, nos termos do artigo 2º, da Lei nº 10.168/00; e (v) não há autorização legal para incluir na base de cálculo da CIDEroyalties, valores recolhidos à título de IRRF. Em resumo, são esses os pontos que devem ser analisados. I Preliminar de nulidades I.1 Revisão de lançamento e duplicidade de cobrança Preliminarmente, alega a Recorrente que o lançamento é nulo por ter ocorrido revisão do lançamento. Segundo a Recorrente, nos autos do PAF nº 11634.000513/200846 o fisco já procedera a análise exaustiva acerca da CIDE, levantando as supostas infrações cometidas pela contribuinte, não tendo ali indicado as infrações capituladas nos presentes autos. Argumenta, ainda, que não há pressupostos materiais para revisitação da autoridade fazendária de fatos apurados e já suportados pela incidência do tributo objurgado, pois os fatos autuados já foram convalidados pelo Fisco, que não aventou nenhuma irregularidade quando do primeiro auto de infração. Por fim, discorre sobre as hipóteses de revisão de ofício prevista no artigo 149, do Código Tributário Nacional e sobre a necessidade de ordem escrita da autoridade competente para realização de segundo exame relativo a um mesmo exercício, nos termos do artigo 906, do RIR/99. Sem razão à Recorrente. Ao contrário do que explicitou a Recorrente, o procedimento adotado pela fiscalização para exigência dos débitos aqui discutidos não foram originários de revisão de lançamento, tampouco se confundem com os débitos tratados nos autos do PAF nº 11634.000513/200846. Com efeito, o M.P.F. nº 09.1.02.0020060060286 utilizado pela fiscalização para apuração dos lançamentos realizados pela Recorrente, foi encerrado parcialmente para primeiro constituir os débitos exigidos no processo nº 11634.000513/2008 46 (débitos estes que não se confundem com os aqui tratados, posto que originários de outros contratos); e posteriormente finalizado para constituição dos débitos objeto do presente processo. É o que se extrai do Termo de Verificação Fiscal de fls. 3.245: "4. ENCERRAMENTO PARCIAL DA FISCALIZAÇÃO Procedese, nesta data, ao encerramento parcial da presente fiscalização, em relação à operação CIDE, no contribuinte acima identificado, ressaltando a continuidade do procedimento fiscal em relação ao demais itens objeto da presente Fl. 3525DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 11634.000206/200946 Acórdão n.º 3302003.100 S3C3T2 Fl. 5 7 auditoria, bem como o direito da Fazenda Nacional executar procedimentos tributários relativos a esta mesma exação, sendo que da presente ação fiscal resultou a apuração e constituição do crédito tributário relativo a CIDE, acrescido de multa e juros, no montante de R$ 3.979.636,2, nos termos do processo administrativo fiscal nº 11634.000513/200846." Portanto, não há que falar em atendimento aos preceitos legais previstos no artigo 149, do Código de Tributário Nacional e no artigo 906, do RIR/99, na medida em que o procedimento adotado pela fiscalização não foi originário de revisão de lançamento. I.2 Inconsistência na apuração da base de cálculo da CIDERoyalties Neste ponto, a Recorrente requer seja decretada a nulidade do lançamento com base nos seguintes fundamentos: (i) que no Demonstrativo dos valores mensais da CIDE a recolher, a fiscalização não logrou êxito em demonstrar os critérios utilizados para apuração das bases, posto que ao invés de considerar o valor líquido das remessas (entendase após a retenção na fonte de IR e demais custos), houve verdadeira majoração da base imponível, sob a rubrica VR. AJUST. BC. REAIS. CIDERE, de onde depreende o acréscimo de 17% em média, até 33% em alguns casos; (ii) não há previsão legal para incluir na base de cálculo da CIDE os valores recolhidos a título de IRRF. Primeiramente, as irregularidades apontadas pela Recorrente relativas à ausência de critérios para apuração das bases de cálculos da CIDE não merecem respaldo, uma vez que a fiscalização apontou corretamente os métodos quantitativos utilizados para exigência dos critérios tributários (vide planilhas apresentadas no TVF). Tal fato foi devidamente confirmado pela Recorrente em sede de impugnação, quando afirmou que "ao invés de considerar o valor líquido das remessas (entendase após a retenção na fonte de IR e demais custos), houve verdadeira majoração da base imponível, sob a rubrica VR. AJUST. BC. REAIS. CIDERE´, de onde depreende o acréscimo de 17% em média, até 33% em alguns casos." Ora, se realmente tivesse ocorrido alguma omissão por parte da fiscalização quanto a forma de apuração dos créditos tributários, a Recorrente não teria apresentado qualquer insurgência em relação a base de cálculo da CIDE, tampouco identificado sua composição. Já em relação ao ponto envolvendo a inclusão do IRRF na base de cálculo da CIDE, a qual será tratada em tópico posterior, não macula nulidade a autuação, devendo, se o caso, ser excluída da exigência. A discussão sobre a base de cálculo é matéria de mérito, não cabendo, assim, requerimento de anulação do auto de infração, a teor do que prescrevem os artigos 59 e 60, do Decreto nº 70.235/1972: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 3526DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO 8 § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) *** Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Nos termos dos referidos dispositivos, a notificação e demais termos do processo administrativo fiscal somente serão declarados nulos quando ocorrer uma das seguintes hipóteses: a) quando se tratar de ato/decisão lavrado ou proferido por pessoa incompetente; e b) resultar em inequívoco cerceamento de defesa à parte. Nenhum desses vícios é verificado no presente processo, que foi conduzido por autoridade competente e com total observância ao direito de defesa do fiscalizado. Portanto, verificase que o lançamento não esta eivado de nulidades. II Mérito II.1 Prazo Decadencial Consta do Auto de Infração que (i) o tributo é sujeito ao lançamento por homologação; (ii) os fatos geradores autuados se deram entre 01/01/2004 a 31/12/2004; (iii) não houve pagamento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico CIDE; e (iv) o contribuinte foi cientificado da autuação em 13.05.2009. Considerando tais fatos, entendo que não deve ser reconhecida a decadência do direito do Fisco de exigir os créditos tributários em discussão, posto que, não havendo antecipação do pagamento, o prazo de decadência tem como termo "a quo" o primeiro dia do exercício seguinte (artigo 173, I, do CTN), e não do fato gerador (artigo 150, §4º, do CTN), como pretende a Recorrente. O Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do Recurso Especial repetitivo 973.733/SC, firmou o seguinte entendimento em relação a matéria em debate: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, Fl. 3527DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 11634.000206/200946 Acórdão n.º 3302003.100 S3C3T2 Fl. 6 9 DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito.” (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Por conta disso, devese aplicar ao presente caso o §2º, do artigo 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o qual prescreve a necessidade de reprodução, pelos Conselheiros, das decisões definitivas de mérito proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça, na sistemática dos recursos repetitivos, a saber: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Desta forma, o prazo decadencial deve ser verificado de acordo com a regra do artigo 173, I, do CTN. No caso dos autos, considerando que o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado seria 01/01/2005, o Fisco teria até o dia 31.12.2009 para constituir o crédito pelo lançamento. Neste contexto, não operouse a decadência do direito do Fisco de efetuar o lançamento fiscal. II.2 A incidência da CIDERoyalties Conforme consta do relatório, a exigência fiscal tem por objeto valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos a residentes ou domiciliados no exterior, por conta de pagamento de royalties, que configurariam a hipótese de incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico CIDE – estabelecida no parágrafo 2º do art. 2º da Lei nº 10.168, de 2000. A recorrente contesta a autuação, apresentando como principal argumento de sua defesa o entendimento de que os contratos objeto de fiscalização não dizem respeito a remessa vinculada à transferência de tecnologia ou pagamento de royalties. Salienta, ainda, que Fl. 3528DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO 10 alguns contratos se referem à licença de uso de software, hipótese que estaria expressamente afastada, pela legislação, da incidência da CIDE Remessas. A despeito dos diversos argumentos tecidos pelas partes, entendo que a questão deve ser dirimida pela exegese da norma que estabelece a incidência da CIDE, previstos nos artigos 2° e 3° da Lei n°10.168/2000, com as alterações promovidas pela Lei n° 10.332/2001, e do Decreto n°4.195, de 2002. Como cediço, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico CIDE, foi instituída pelo artigo 2º, da Lei nº 10.168, de 2000, e exigida em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2001, sendo devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior. De acordo com o § 1º, do artigo 2º da referida norma, consideramse contratos de transferência de tecnologia os relativos à exploração de patentes ou de uso de marcas e os de fornecimento de tecnologia e prestação de assistência técnica. A partir de 1º de janeiro de 2002, com as alterações instituídas pela Lei nº 10.332/2001, a contribuição (CIDE) passou a ser devida também pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto os demais serviços técnicos (sem transferência de tecnologia) e os de assistência administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem como pelas pessoas jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. Deste modo, considerando as alterações promovidas pela Lei nº 10.332/2001, temos que a contribuição incide sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remuneração decorrente das obrigações acima indicadas, mediante a aplicação da alíquota de 10% (dez por cento). Veja a redação atual do art. 2º da Lei nº 10.168, de 2000: Art. 2º Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior, fica instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior. § 1º Consideramse, para fins desta Lei, contratos de transferência de tecnologia os relativos à exploração de patentes ou de uso de marcas e os de fornecimento de tecnologia e prestação de assistência técnica. § 1ºA. A contribuição de que trata este artigo não incide sobre a remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador, salvo quando envolverem a transferência da correspondente tecnologia. (Incluído pela Lei nº 11.452, de 2007) § 2º A partir de 1o de janeiro de 2002, a contribuição de que trata o caput deste artigo passa a ser devida também pelas pessoas Fl. 3529DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 11634.000206/200946 Acórdão n.º 3302003.100 S3C3T2 Fl. 7 11 jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem assim pelas pessoas jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. (Redação da pela Lei nº 10.332, de 19.12.2001) § 3º A contribuição incidirá sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remuneração decorrente das obrigações indicadas no caput e no § 2º deste artigo. (Redação da pela Lei nº 10.332, de 19.12.2001) § 4º A alíquota da contribuição será de 10% (dez por cento). (Redação da pela Lei nº 10.332, de 19.12.2001) § 5º O pagamento da contribuição será efetuado até o último dia útil da quinzena subseqüente ao mês de ocorrência do fato gerador. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.332, de 19.12.2001) § 6º Não se aplica a Contribuição de que trata o caput quando o contratante for órgão ou entidade da administração direta, autárquica e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e o contratado for instituição de ensino ou pesquisa situada no exterior, para o oferecimento de curso ou atividade de treinamento ou qualificação profissional a servidores civis ou militares do respectivo ente estatal, órgão ou entidade. (Incluído pela Lei nº 12.402, de 2011) Por sua vez, o Decreto n.º 4.195, de 11 de abril de 2002, ao regulamentar a Lei n.º 10.168, de 2000, e, em especifico, o artigo 2º já transcrito, assim delimitou o seu objeto: Art. 10. A contribuição de que trata o art. 2º da Lei nº 10.168, de 2000, incidirá sobre as importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de royalties ou remuneração, previstos nos respectivos contratos, que tenham por objeto: I fornecimento de tecnologia; II prestação de assistência técnica: a) serviços de assistência técnica; b) serviços técnicos especializados; III serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes; IV cessão e licença de uso de marcas; e V cessão e licença de exploração de patentes. Referida preceito normativo, objetivou afirmar que, após as alterações promovidas pela Lei nº 10.332/2001, também sujeitamse a CIDE todas as remunerações pagas em decorrência de serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a serem Fl. 3530DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO 12 prestados por residentes ou domiciliados no exterior (artigo 2º, §2º da Lei nº 10.168/2000), inclusive aqueles onde não ocorre a transferência de tecnologia. Como as operações realizadas pela Recorrente, se referem a serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes, bem como remessa decorrentes de licenciamento de uso de softwares (vide detalhamento dos contratos abaixo), ainda que não ocorra a transferência de tecnologia, a exigência deve ser mantida. 1) Fls. 259274 : CIBERNET plc X TELERJ CEKUKAR S/A Contrato Sistema de Acerto Financeiro Acordo de Participante. Objeto: Acordo de Serviço de "roaming" significa um acordo entre Participante e outro provedor de serviços de telecomunicações referente à prestação de serviços de telecomunicações a clientes de cada um deles na área de serviço do outro e o respectivo pagamento. 2) Fls.276284 CIBERNET plc X TELERJ CEKUKAR S/A Contrato de Licenciamento do Registro CIBER. Objeto: Registro de bilhetagem para Centrais de Roaming de Interportadoras Celulares ou Registro CIBER, significa o conjunto de protocolos proprietários para intercâmbio de informações de bilhetagem entre as empresas de telecomunicações sem fio, provedoras de serviços de bilhetagem, câmaras de compensação, bancos de compensação e a CIBERNET Corporation, desenvolvidos, mantidos e atualizados pela CIBERNET Corporation. 3) Fls. 291302 AMDOCS (BRAZIL) LIMITADA (AMDOCS BRAZIL) X TELESP CELULAR Contrato de Prestação de Serviços Objeto: Execução dos Serviços de Desenvolvimento do Sistema para o Projeto de Baixa de Valores Inadimplentes (acima de 90 dias) para as Operadoras de Longa Distância, através da baixa destes valores nso Billings e no CAR VIVO (contas a Receber) e envio de arquivos com as chamadas para Operadoras de Longa Distância (LD´S). 4) Fls.309 VIVO S/A X ATOS ORIGIN SERVIÇOS SERVIÇOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DO BRASIL LTDA Contrato de Suporte de SOFTWARE nº DF 6300037D. 5) Fls.311328 BLOOMBER L.P Contrato Boomberg. Objeto: Os serviços prestados por meio deste contrato (serviços) consistem em uma licença não exclusivo e intransferível para uso de software, dados e equipamentos da THE BOOMBERG. 6) Fls. 329342 CELULAR CRT S/A X BUCKHORN COMMUNICATION S/A Objeto: licença de uso de software. 7) Fls.361368 TELERJ CELULAR x BUCKHORN COMMUNICATION S/A Contrato de Prestação de Serviços Fl. 3531DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 11634.000206/200946 Acórdão n.º 3302003.100 S3C3T2 Fl. 8 13 Técnicos e Manutenção de Plataforma Computacional e Software. 8) Fls.371382 CELULAR CRT S/A X BEARINGPOINT BUSINESS CONSULTING ESPANA Objeto: Prestação de Serviços de Consultoria, suporte e evolução do modelo do sistema MARE (modelo de Análise de Rentabilidade). 9) Fls.383394 TELERJ CELULAR X BEARINGPOINT BUSINESS CONSULTING ESPANA Objeto: Prestação de Serviços de Consultoria, suporte e evolução do modelo do sistema MARE (modelo de Análise de Rentabilidade). 10) FLs. 424431 TELESP CELULAR S/A X INTELLSYNC CORPORATION Contrato de Fornecimento e Prestação de Serviços Objeto: Fornecimento de programas e/ou licenças de uso de software e prestação de serviços. 11) Fls. 438 TELERJ CELULAR S/A X MICROSOFT DO BRASIL LTDA Contrato de Prestação de Serviços Objeto: 450 horas de suporte através dos serviços do "microsoft Premier Support" em regime de atendimento 24 horas por dia, 7 dias por semana. Somase a isso, que os contratos de câmbio juntados aos autos (fls. 811812; 826827; 841842; 852853; 867868; 884885; 896897), descrevem a remessa de numerário à título de "Serviços Técnicos Profissionais", evidenciando, ainda mais, a licitude da cobrança da CIDE. Portanto, considerando que à época do fatos gerados ocorridos no exercício de 2004 a CIDE estava sob a vigência da Lei 10.168/2000, com a alterações feitas pela Lei nº 10.332/2001, temos que a contribuição é devida pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem como pelas pessoas jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. Outro ponto que merece ser analisado, diz respeito ao alcance da nova redação dada pelo artigo 20, da Lei 11.452, de 2007 ao artigo 2º da Lei 10.168, de 2000, que assim preceitua: “Art. 20. O art. 2º da Lei nº 10.168, de 29 de dezembro de 2000, alterado pela Lei no 10.332, de 19 de dezembro de 2001, passa a vigorar acrescido do seguinte § 1oA: (...) § 1ºA. A contribuição de que trata este artigo não incide sobre a remuneração pela licença de uso ou de direitos de Fl. 3532DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO 14 comercialização ou distribuição de programa de computador, salvo quando envolverem a transferência da correspondente tecnologia. Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos em relação ao disposto no art. 20 a partir de 1o de janeiro de 2006. Como se vê, a partir da produção de efeitos desta norma, estabelecida para a data de 01/01/2006, exigese para a incidência da CIDE que a remuneração pela licença de uso de programa de computador seja acompanhada de transferência de tecnologia. Todavia, antes da inclusão do citado §1ºA não havia qualquer restrição ou vinculação do pagamento dos royalties a contratos de tecnologia, definindo a incidência da contribuição sobre o pagamento de royalties a qualquer título. Portanto, diante da inovação na legislação pátria trazida pelo §1ºA do artigo 2º da Lei nº 10.168/2000, o dispositivo em comento não pode ser considerado como de caráter interpretativo, impedindo sua aplicação a fatos pretéritos, anteriores a data definida pela Lei nº 11.452/2007 para a produção de seus efeitos. Por fim, impende destacar que o alargamento do campo de incidência da CIDE instituído pela Lei nº 10.332/2001, ocorreu conjuntamente com a redução de alíquota do Imposto de Renda incidente na Fonte (IRRF), de 25% para 15%, incidentes sobre “as importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas ao exterior a título de remuneração de serviços técnicos e de assistência técnica”, por meio do artigo 3º da Medida Provisória nº 2.15970, de 24 de agosto de 2001. Art. 3º Fica reduzida para quinze por cento a alíquota do imposto de renda incidente na fonte sobre as importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas ao exterior a título de remuneração de serviços técnicos e de assistência técnica, e a título de royalties, de qualquer natureza, a partir do início da cobrança da contribuição instituída pela Lei no 10.168, de 29 de dezembro de 2000. De se ver, que a redução da alíquota do IRRF aplicável sobre tais importâncias de 25% (regra geral para prestação de serviços por pessoa física ou jurídica residentes no exterior) para 15%, corresponde a diferença à alíquota da CIDE (de 10%). Neste ponto, esclarece que a Recorrente passou a recolher o IRRF incidentes sobre as importâncias remetidas ao exterior a título de remuneração de serviços técnicos e de assistência técnica, utilizando o benefício da alíquota reduzida de 15%, instituída pela Medida Provisória nº 2.15970, de 24 de agosto de 2001. É o que se verifica na planilha juntada às fls. 3.044. Entretanto, para a hipótese de incidência da CIDE, a Recorrente alega que suas operações não devem suportar a cobrança da referida contribuição. Com efeito, é patente a identidade entre as hipóteses de incidência da CIDE e o IRRF. A contribuição, objeto de discussão, incide “sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remuneração decorrentes das obrigações” originadas “de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes” (art. 2º da Lei nº 10.168, de 2000, e o § 2º do mesmo artigo), já o IRRF incide “sobre as importâncias pagas, Fl. 3533DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 11634.000206/200946 Acórdão n.º 3302003.100 S3C3T2 Fl. 9 15 creditadas, entregues, empregadas ou remetidas ao exterior a título de remuneração de serviços técnicos e de assistência técnica” (art. 3º da MP nº 2.15970, de 2001). Em suma, resta comprovado que a Recorrente adotou critérios distintos para idêntica hipótese de incidência entre a CIDE e o IRRF. Assim, considerando os esclarecimentos anteriormente apresentados, entendo devida a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico discutida nestes autos, por total imposição da Lei 10.168/2000, com a alterações feitas pela Lei nº 10.332/2010. II.3 A base de cálculo da CIDERoyalties Neste ponto a decisão de primeira instância deve ser reformada. Isto porque, depreendese que o artigo 2º, §3º, da Lei nº 10.168/2000, com a redação dada pela Lei nº 10.332/2001, determina que a CIDE terá como base de cálculo os valores, pagos, creditados, entregues, empregados, ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados nos exterior como remuneração das obrigações, a saber: Art. 2º. Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior, fica instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior. (...) §3º A contribuição incidirá sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês , a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remuneração decorrente das obrigações indicadas no caput e no §2º deste artigo. No presente caso, verificase no Termo de Verificação Fiscal que a fiscalização utilizou na composição da base de cálculo da CIDE, os valores relativos ao IRRF incidente nas operações realizadas pela Recorrente, o qual, por total inexistência de previsão legal, não se insere no conceito de "valores pagos, creditados, entregues, empregados, ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados nos exterior como remuneração das obrigações". Com efeito, o IRRF suportado pela Recorrente na remessa de valores ao exterior não se coaduna com o conceito de valores pagos a residente ou domiciliado no exterior, considerando que o tributo recolhido é destinado ao Erário e não é transferido ao exterior. A própria Secretaria da Receita Federal já se posicionou no sentido de ser indevido o reajustamento da base de cálculo deste tributo, conforme se verifica da decisão proferida no Processo de Consulta nº 357/2007: ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico Cide INCIDÊNCIA Fl. 3534DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO 16 A empresa que pagar, creditar, entregar, empregar, ou remeter importâncias ao exterior a título de royalties, está sujeita ao pagamento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico Cide, instituída pela Lei nº 10.168, de 2000. BASE DE CÁLCULO A contribuição deve ser apurada com base no valor bruto a ser pago, creditado, entregue, empregado ou remetido ao exterior. Neste caso, pelo fato de esta contribuição ser devida pela empresa que pagar, creditar, entregar, empregar, ou remeter importâncias ao exterior a título de royalties, não ocorre o reajustamento da base de cálculo (grifado) Portanto, não subsiste a autuação neste ponto, posto que indevida a inclusão do IRRF na base de cálculo da CIDE. Pelo exposto, dou parcial provimento ao recurso voluntário, apenas para excluir da base de cálculo da CIDE os valores suportados pela Recorrente a título de IRRF. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator Fl. 3535DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RI CARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por WALKER ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 10675.001899/96-88
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2003
IRPF ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO CRITÉRIOS DE APURAÇÃO.
A variação patrimonial do contribuinte pode ser levantada através de fluxo financeiro onde se discriminem, mês a mês, as origens e as aplicações de recursos. Tributam-se na declaração de ajuste anual os acréscimos patrimoniais a descoberto apontados na apuração mensal, conforme interpretação sistemática dos enunciados das Leis nos 7.713/88 e 8.134/90. Tal sistemática não é incompatível com o exercício da atividade rural pelo contribuinte.
Recurso especial provido.
Numero da decisão: 9202-003.687
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator e Presidente em exercício
EDITADO EM: 04/02/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201601
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2003 IRPF ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO CRITÉRIOS DE APURAÇÃO. A variação patrimonial do contribuinte pode ser levantada através de fluxo financeiro onde se discriminem, mês a mês, as origens e as aplicações de recursos. Tributam-se na declaração de ajuste anual os acréscimos patrimoniais a descoberto apontados na apuração mensal, conforme interpretação sistemática dos enunciados das Leis nos 7.713/88 e 8.134/90. Tal sistemática não é incompatível com o exercício da atividade rural pelo contribuinte. Recurso especial provido.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10675.001899/96-88
anomes_publicacao_s : 201602
conteudo_id_s : 5566960
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-003.687
nome_arquivo_s : Decisao_106750018999688.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
nome_arquivo_pdf_s : 106750018999688_5566960.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator e Presidente em exercício EDITADO EM: 04/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
id : 6274135
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:44:44 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122725236736
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1606; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 371 1 370 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10675.001899/9688 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202003.687 – 2ª Turma Sessão de 27 de janeiro de 2016 Matéria IRPF Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado JOSÁ ADALBERTO GUIMARÃES CARDOSO ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 IRPF ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO CRITÉRIOS DE APURAÇÃO. A variação patrimonial do contribuinte pode ser levantada através de fluxo financeiro onde se discriminem, mês a mês, as origens e as aplicações de recursos. Tributamse na declaração de ajuste anual os acréscimos patrimoniais a descoberto apontados na apuração mensal, conforme interpretação sistemática dos enunciados das Leis nos 7.713/88 e 8.134/90. Tal sistemática não é incompatível com o exercício da atividade rural pelo contribuinte. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator e Presidente em exercício EDITADO EM: 04/02/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 00 18 99 /9 6- 88 Fl. 372DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/02/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10675.001899/9688 Acórdão n.º 9202003.687 CSRFT2 Fl. 372 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório O Acórdão nº 10247.065, julgado pela 2a. Câmara do então 1o. Conselho de Contribuintes na sessão plenária de 12 de setembro de 2005 (efls. 245 a 269), deu provimento parcial ao Recurso Voluntário para excluir da exigência o acréscimo patrimonial a descoberto constatado, na forma da seguinte Ementa: ATIVIDADE RURAL. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. APURAÇÃO ANUAL. O cálculo de apuração de acréscimo patrimonial a descoberto, em relação a rendimentos exclusivamente da atividade rural, há de ser feito anualmente, nos termos da legislação de regência (Lei n° 8.023, de 1990). Ciente do recurso, a Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN) opôs embargos (efls. 271 a 274), que foram rejeitados pelo Despacho nº 1020.061/ 2007 (efls. 275 a 277). Em seguida, a PFN interpôs Recurso Especial (efls. 281 a 289), alegando que a decisão fora contrária à lei, sendo dado seguimento ao pleito por meio do despacho de admissibilidade nº 329, de 17 de abril de 2008 (efls. 290 a 292). Ciente do resultado, o contribuinte apresentou os embargos de declaração à decisão (efls. 298 e 299), que foram admitidos pelo despacho de 18 de junho de 2010 (efls. 308 e 309). Os autos foram postos novamente em pauta na sessão de julgamento de 13 de março de 2013 para apreciar os embargos, resultando no Acórdão nº 2101002.115 (efls. 310/311), que acrescentou a parte relacionada à omissão de rendimentos da atividade rural, não produzindo a decisão, todavia, efeitos infringentes, tendo a nova Ementa a seguinte redação: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário:2002 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RERRATIFICAÇÃO DO ACÓRDÃO. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a Câmara. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DA ATIVIDADE RURAL. RECEITA NÃO OFERECIDA À TRIBUTAÇÃO. Devese manter Fl. 373DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/02/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10675.001899/9688 Acórdão n.º 9202003.687 CSRFT2 Fl. 373 3 o lançamento, tal como efetuado pela fiscalização, quando o sujeito passivo não logrou êxito em infirmar as falhas apontadas na apuração do resultado da atividade rural. Embargos Acolhidos. Cientificado do teor da decisão em 01/07/2013 (efl. 318), o contribuinte ingressou com Recurso Especial de efls. 321 a 349, que teve seu seguimento negado, na forma de despacho de efls. 356 a 358. Quanto ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, o contribuinte houvera ofertado contrarrazões de efls. 303 a 305. Sobem, assim, os autos a esta Câmara Superior, para fins de apreciação do Recurso Especial de iniciativa da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Relator Pelo que consta no processo, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Alega a Fazenda Nacional contrariedade do Acórdão recorrido em relação ao disposto nos arts. 2o., 3o, §1o. e 8o., todos da Lei no. 7.713, de 22 de dezembro de 1988, no art. 6o. da Lei no. 8.021, de 12 de abril de 1990 e nos arts. 1o, 2o. e 4o., inciso I da Lei no. 8.134, de 27 de dezembro de 1990, que fizeram com que tanto a apuração dos rendimentos como a ocorrência do fato gerador do IRPF continuassem a ser mensais, permitindo assim uma apuração mensal do acréscimo patrimonial a descoberto na forma realizada pela autoridade lançadora e sustentada pela autoridade julgadora de 1a. instância. Entendo assistir razão à recorrente. A jurisprudência desta Turma aponta no sentido da apuração de acréscimo patrimonial a descoberto (APD) pode ser feita mensalmente, uma vez que sob tal periodicidade são apuradas as bases de cálculo da antecipação do IRPF devido ao final do período, tanto na forma de retenção do imposto na fonte, como na forma de recolhimento do carnêleão ou do mensalão, tudo isso consoante o disposto no art. 2o., da Lei no. 7.713, de 1988. Contrariamente ao alegado pelo autuado em sede de contrarrazões, entendo que a supressão do advérbio “mensalmente” no âmbito do art. 2o. da Lei no. 8.134, de 1990, em comparação com o disposto na Lei n° 7.713, de 1988, não teve o condão de alterar tal sistemática. O que a Lei nº 8.134, de 1990 fez foi estabelecer a característica de antecipação tanto para a retenção na fonte ou como para os pagamentos espontâneos e obrigatórios efetuados a partir das bases de cálculo assim mensalmente apuradas, sendo que o imposto definitivo passou a ser apurado quando da apresentação da Declaração de Ajuste Anual, a teor dos artigos 9º e 11 daquele diploma e, posteriormente, dos arts. 12 e 13 da Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Fl. 374DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/02/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10675.001899/9688 Acórdão n.º 9202003.687 CSRFT2 Fl. 374 4 Logo, é no encerramento de cada anocalendário que o fato gerador do imposto de renda estará concluído, ou seja, em 31 de dezembro de cada ano, sendo que os arts. 4o. e 5o. da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990, aplicáveis no caso de exercício de atividade rural pelo contribuinte, estão a se referir, no entendimento deste Relator, a esta apuração anual do imposto devido (e não a apuração mensal de bases de cálculo), não restando assim incompatível o exercício da atividade rural com a sistemática de apuração de bases de cálculo mensais para a infração de acréscimo patrimonial a descoberto, contrariamente ao que quer fazer crer o voto vencedor do recorrido. Assim, voto por dar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional, restabelecendose assim o teor da decisão de 1a. instância. É como voto. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 375DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/02/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10932.000016/2005-78
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Sep 21 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2001 a 31/07/2004
PIS. SEGURO DE CARGAS.INSUMO.
Nos termos da Lei 10.637/2002, o seguro obrigatório de cargas contratado por empresa transportadora é considerado insumo para fins de apuração de crédito do PIS.
Recurso Especial do Procurador Negado
Numero da decisão: 9303-003.308
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Joel Miyazaki. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas. A Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo participou do julgamento em substituição à Conselheira Nanci Gama, ausente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Henrique Pinheiro Torres - Relator
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Relator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). A Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo participou do julgamento em substituição à Conselheira Nanci Gama, ausente.
Nome do relator: HENRIQUE PINHEIRO TORRES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201503
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2001 a 31/07/2004 PIS. SEGURO DE CARGAS.INSUMO. Nos termos da Lei 10.637/2002, o seguro obrigatório de cargas contratado por empresa transportadora é considerado insumo para fins de apuração de crédito do PIS. Recurso Especial do Procurador Negado
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Sep 21 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10932.000016/2005-78
anomes_publicacao_s : 201509
conteudo_id_s : 5524749
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Sep 21 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 9303-003.308
nome_arquivo_s : Decisao_10932000016200578.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : HENRIQUE PINHEIRO TORRES
nome_arquivo_pdf_s : 10932000016200578_5524749.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Joel Miyazaki. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas. A Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo participou do julgamento em substituição à Conselheira Nanci Gama, ausente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres - Relator (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Relator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). A Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo participou do julgamento em substituição à Conselheira Nanci Gama, ausente.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 25 00:00:00 UTC 2015
id : 6131170
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:43:11 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122727333888
conteudo_txt : Metadados => date: 2015-09-10T14:49:17Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2015-09-10T14:49:17Z; Last-Modified: 2015-09-10T14:49:17Z; dcterms:modified: 2015-09-10T14:49:17Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:b79a509d-4af0-4147-a45b-a02da7c80e2c; Last-Save-Date: 2015-09-10T14:49:17Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2015-09-10T14:49:17Z; meta:save-date: 2015-09-10T14:49:17Z; pdf:encrypted: true; modified: 2015-09-10T14:49:17Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2015-09-10T14:49:17Z; created: 2015-09-10T14:49:17Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; Creation-Date: 2015-09-10T14:49:17Z; pdf:charsPerPage: 1891; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2015-09-10T14:49:17Z | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 602 1 601 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10932.000016/200578 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303003.308 – 3ª Turma Sessão de 25 de março de 2015 Matéria PIS nãocumulativa Creditamento sobre Despesas Relativas à Contratação de Seguro de Cargas. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado Transzero Transportadora de Veículos Ltda. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2001 a 31/07/2004 PIS. SEGURO DE CARGAS.INSUMO. Nos termos da Lei 10.637/2002, o seguro obrigatório de cargas contratado por empresa transportadora é considerado insumo para fins de apuração de crédito do PIS. Recurso Especial do Procurador Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Joel Miyazaki. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas. A Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo participou do julgamento em substituição à Conselheira Nanci Gama, ausente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres Relator (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Relator designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 2. 00 00 16 /2 00 5- 78 Fl. 1013DF CARF MF Impresso em 21/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/09/2 015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, A ssinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10932.000016/200578 Acórdão n.º 9303003.308 CSRFT3 Fl. 603 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). A Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo participou do julgamento em substituição à Conselheira Nanci Gama, ausente. Relatório Os fatos foram assim descritos no relatório do acórdão recorrido: Tratase de recurso voluntário interposto contra Acórdão da DRJ/CPS que julgou procedente o lançamento levado a feito contra a interessada, que consubstancia exigência do PIS para o período de apuração abril de 2001 a julho de 2004. A interessada se insurge contra a manutenção do aludido lançamento, argumentando, em apertada síntese (i) ser possível a exclusão da base de cálculo do PIS as receitas transferidas a terceiros, in casu, terceiros subcontratados para transportes de cargas; (ii) ser possível a exclusão da base de cálculo do PIS as despesas efetuadas com pedágios; e, (iii) ser possível os descontos de créditos oriundos do PIS nãocumulatividade, referentes à contratação de seguros que promove para o atendimento de sua atividade fim (transporte de veículos e cargas). Julgando o feito, a Câmara recorrida deu provimento parcial ao recurso voluntário, em acórdão assim ementado. PIS. REGIME CUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO. SUBCONTRATAÇÃO. VALORES REPASSADOS. IMPOSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO. No regime cumulativo do PIS/Faturamento, em que não é vedada a incidência bis in idem, o faturamento corresponde à soma dos valores recebidos pela venda de mercadorias e prestação de serviços, sem dedução das importâncias repassadas a terceiros em virtude de subcontratação, descabendo cogitar da aplicação do inciso III do § 2º do art. 3º da Lei n° 9.718, de 1998, porque esse dispositivo não teve eficácia já que revogado antes da regulamentação prevista. DESPESAS COM PEDÁGIOS. EXCLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE. IRRETROATIVIDADE BENIGNA. As despesas com pedágios efetuadas antes da vigência da MP n° 2.024/00, instituidora do valepedágio, não podem ser excluídas da base de cálculo para o PIS. REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. DESCONTOS COM SEGUROS. Fl. 1014DF CARF MF Impresso em 21/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/09/2 015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, A ssinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10932.000016/200578 Acórdão n.º 9303003.308 CSRFT3 Fl. 604 3 Na apuração do PIS nãocumulativo podem ser descontados créditos calculados sobre as despesas decorrentes da contratação de seguros, essenciais para a atividade fim desenvolvida pela recorrente, pois estes se caracterizam sim como ‘insumos’ previstos na legislação do IRPJ. Recurso provido em parte. Inconformada com essa decisão, a Fazenda Nacional apresentou recurso especial, onde pugnou pelo restabelecimento da decisão de primeira instância e, por conseguinte, com base na contrariadade da decisão impugnada ao disposto no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, requer o reconhecimento da impossibilidade de creditamento sobre os valores relativos à contratação de seguro sobre cargas pelo sujeito passivo. O especial fazendário foi admitido pelo presidente da câmara recorrida. Regularmente cientificada, a contribuinte apresentou contrarrazões, em 07/08/2009, onde, em preliminar, requer o não conhecimento do recurso especial interposto pela Fazenda, alegando a ausência de votovencido quanto à matéria recorrida e no mérito, defende a manutenção do procedimento adotado pelo acórdão recorrido, quanto ao aproveitamento de créditos de PIS em relação aos custos/despesas oriundos de contratos de seguro. Posteriormente, a informação de fls. 931/933 avisa que o contribuinte, utilizandose da prerrogativa concedida pelo art. 1º da Lei n°. 11.941/2009, e em atendimento às condições estabelecidas pelo art. 13 da Portaria Conjunta PGFN/RFB n°. 06/2009, manifestouse pela desistência parcial do recurso voluntário interposto contra a decisão proferida pela DRJ em CAMPINAS/SP. Em seu requerimento, o contribuinte informa que sua desistência não abrange os valores resultantes da glosa dos créditos relativos às despesas/custos referentes a seguros, sendo que o Recurso Especial da Fazenda Nacional combate exatamente o reconhecimento dos créditos da PIS nãocumulativo sobre as despesas decorrentes de contratação de seguros, admitidos nos termos do Acórdão recorrido. Destarte, o litígio continua apenas em relação às despesas/custos com seguros, agora em sede de Especial. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, Relator. O especial fazendário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele conheço. A teor do relatado, a matéria controvertida diz respeito à possibilidade do contribuinte apurar créditos de PIS relativos à despesas advindas da contratação de seguros de carga. Quanto à preliminar argüida nas contrarrazões apresentadas pelo sujeito passivo, entendo que não assiste razão ao argumento de suposta ausência de votovencido Fl. 1015DF CARF MF Impresso em 21/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/09/2 015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, A ssinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10932.000016/200578 Acórdão n.º 9303003.308 CSRFT3 Fl. 605 4 quanto à matéria recorrida. Tratase de recurso especial interposto contra "decisão não unânime de Câmara, quando for contrária à lei ou à evidencia de prova", nos termos do disposto no inciso I do art. 7º do RICSRF vigente à época. Neste ponto, transcrevo em seguida o acórdão da decisão recorrida (grifei): " ACORDAM os Membros da TERCEIRA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, em dar provimento parcial ao recurso, nos seguintes termos: I) por maioria de votos, negouse provimento, para não reconhecer as exclusões feitas sobre receitas de terceiros. Vencido o Conselheiro Dalton César Cordeiro dc Miranda (Relator). Designado o Conselheiro Emanuel Carlos Dantas dc Assis para redigir o voto vencedor; II) por unanimidade de votos, negouse provimento, para não reconhecer as exclusões com despesas com pedágio; e III) por maioria de votos, deuse provimento, para reconhecer o direito ao creditamento do PIS não cumulativo, referente às despesas com contratação de seguros de cargas. Vencidos os Conselheiros Odassi Guerzoni Filho e José Adão Vitorino de Morais. " Pelo acima transcrito, fica evidente que a decisão expressamente aponta que a matéria aqui recorrida (creditamento sobre despesas com contratação de seguros) foi provida por maioria de votos, chegando a nominar os conselheiros vencidos. Portanto, ao contrário do que argumenta o contribuinte, foram atendidos os requisitos presentes no inciso I do art. 7º do RICSRF, independente de que o teor dos votos (vencido e vencedor) possa demonstrar divergência apenas quanto à fundamentação legal para reconhecer o creditamento. Cabe, ainda, destacar que a única matéria onde ocorreu unanimidade foi aquela relativa ao não reconhecimento das exclusões com despesas com pedágio. Neste ponto, transcrevo em parte o Art. 63 do RICARF, com as alterações introduzidas pela Port. MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010–DOU de 22.12.2010 (grifei): Art. 63. As decisões dos colegiados, em forma de acórdão ou resolução, serão assinadas pelo presidente, pelo relator, pelo redator designado ou por conselheiro que fizer declaração de voto, devendo constar, ainda, o nome dos conselheiros presentes e dos ausentes, especificandose, se houver, os conselheiros vencidos e a matéria em que o foram, e os impedidos. ... § 1° Vencido o relator, na preliminar ou no mérito, o presidente designará para redigir o voto da matéria vencedora e a ementa correspondente um dos conselheiros que o adotar, o qual deverá ser formalizado no prazo de 30 (trinta) dias, contado da movimentação dos autos ao redator designado. ... § 9º Na hipótese em que a maioria dos conselheiros acolher apenas a conclusão do voto do relator, caberá ao relator reproduzir, no voto e na ementa do acórdão, os fundamentos adotados pela maioria dos conselheiros. ... Conforme o que determina o Art. 63 do RICARF e vide o texto do acórdão da decisão recorrida, acima transcritos, verificase que a discordância dos conselheiros vencidos não ocorreu apenas quanto à fundamentação dos votos ao abordar a matéria relativa ao reconhecimento do direito aos créditos relativos às despesas com contratos de seguros. Fl. 1016DF CARF MF Impresso em 21/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/09/2 015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, A ssinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10932.000016/200578 Acórdão n.º 9303003.308 CSRFT3 Fl. 606 5 De acordo com o caput do Art. 63 do RICARF, existindo divergência, será consignado no acórdão quais conselheiros foram vencidos e em relação à quais matérias, exatamente como está especificado na decisão recorrida. No caso, se não houvesse voto vencido quanto à matéria, conforme afirma o recorrente, ou seja, todos tivessem concordado em reconhecer o creditamento em questão, divergindo apenas quanto aos fundamentos do resultado, a decisão deveria consignar que os conselheiros acolheram o voto vencedor apenas pelas conclusões, o que não ocorreu. Quanto ao mérito, com razão a Fazenda Nacional. Em que pese a existência de disposição legal que obrigue a contratação de seguro sobre cargas pela empresa transportadora, tal fato não é suficiente para que os referidos seguros possam se enquadrar no conceito de insumos "aplicados ou consumidos na prestação do serviço". Na verdade, como já ressaltado no acórdão da DRJ, tratamse de "contratos que tem por objeto a preservação da integridade de seu patrimônio e da carga", o que, por si só, não dá suporte ao enquadramento como insumos, nos termos do inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637/2002: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: ... II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) ... O contrato de seguro possui natureza bilateral, onerosa e fundamentalmente aleatória, tem o risco como seu elemento essencial, a ponto de ser possível afirmar que faltaria objeto ao mesmo caso a coisa ou interesse não estivesse sujeito a qualquer tipo de perigo, incerto mas previsível. Ainda, no contrato de seguro não existe qualquer relação de equivalência entre a prestação que o segurador eventualmente fornecerá e a que recebe no momento da contratação. Assim, independentemente da empresa transportadora, como é o caso em análise, arcar com a integralidade dos custos referentes ao prêmios pactuados, o recebimento de eventuais indenizações ficará obrigatoriamente subordinado ao advento dos riscos cobertos pelos contratos de segurn o de cargas. Como se vê, tais características impossibilitam uma equiparação das despesas com a contratação dos seguros como se fossem aquisições de bens e serviços, dentro do conceito de insumo, conforme tanto defende o recorrente. Portanto, não pode ser aplicada a hipótese de creditamento prevista no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002. Nem todo custo, despesa ou encargo que concorra para a obtenção do faturamento mensal, base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep ou da Cofins, poderá ser considerado crédito a deduzir, pois a admissibilidade de aproveitamento de créditos há de estar apoiada, indubitavelmente, nos custos, despesas e encargos expressamente classificados nos incisos do art. 3º da Lei nº 10.637/2002. Fl. 1017DF CARF MF Impresso em 21/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/09/2 015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, A ssinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10932.000016/200578 Acórdão n.º 9303003.308 CSRFT3 Fl. 607 6 Examinandose os referidos dispositivos legais, concluise que as despesas com as contratações de seguros de cargas não podem ser caracterizadas como gastos com insumos aplicados ou consumidos na prestação de serviços de transporte, razão pela qual não há como se admitir a apuração de créditos sobre esses dispêndios. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento ao recurso especial da fazenda Nacional para restabelecer a decisão de primeira instância, no tocante à matéria aqui recorrida. (assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres Voto Vencedor Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas Discordo do nobre relator no caso em tela. O seguro contratado por transportadora de cargas se enquadra perfeitamente no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637/2002. Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004). Uma das atividades mais difíceis para quem lida com as normas da Cofins é a determinação exata do que seja considerado insumo, quais os limites normativos. Ocorre que seguro obrigatório de cargas é um típico insumo utilizado na prestação de serviços. Esse é exatamente o fato típico descrito na norma e enquadrado no fato ora praticado. Fl. 1018DF CARF MF Impresso em 21/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/09/2 015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, A ssinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10932.000016/200578 Acórdão n.º 9303003.308 CSRFT3 Fl. 608 7 Assim não há como deixar de aplicar o referido artigo 3ª Lei 10.637/2002 e considerar o seguro de cargas como um serviço utilizado como insumo na prestação de serviços. Ademais o seguro é contratado para esse fim específico e se exaure com o final da prestação do serviço, argumento usado apenas para reforçar a condição de insumo do seguro obrigatório de cargas. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 1019DF CARF MF Impresso em 21/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/09/2 015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, A ssinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 13819.000875/2001-28
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL
Exercício: 1996
DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. REGRA DO ART. 173, I, DO CTN.
O art. 62-A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 2009, obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 - SC, decidido na sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, o que faz com a ordem do art. 150, §4º, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nas demais situações.
No presente caso, não houve pagamento antecipado, sendo obrigatória a utilização da regra de decadência do art. 173, inciso I, do CTN, que fixa o marco inicial no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
Como o fato gerador da CSLL se completa no último instante do dia 31 de dezembro de um ano-calendário, o lançamento de ofício somente pode ocorrer no instante seguinte, ou seja, no início do primeiro dia do ano-calendário seguinte, e o termo inicial da contagem do prazo decadencial é o primeiro dia do segundo ano-calendário a partir da ocorrência do fato gerador.
No caso, como o lançamento se refere ao ano-calendário de 1995, diante da ausência de antecipação de pagamento, o prazo decadencial se iniciou em 01/01/1997 e terminou em 31/12/2001. Como a ciência do lançamento se deu em 26/04/2001, o crédito tributário não havia sido fulminado pela decadência.
Numero da decisão: 9900-000.275
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por MAIORIA de votos, em dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Vencidos José Ricardo da Silva (relator), Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Valmir Sandri, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Manoel Coelho Arruda Junior. Redator designado para formalização do voto vencedor Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
Nome do relator: Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator ad hoc
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201112
camara_s : Pleno
ementa_s : CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL Exercício: 1996 DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. REGRA DO ART. 173, I, DO CTN. O art. 62-A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 2009, obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 - SC, decidido na sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, o que faz com a ordem do art. 150, §4º, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nas demais situações. No presente caso, não houve pagamento antecipado, sendo obrigatória a utilização da regra de decadência do art. 173, inciso I, do CTN, que fixa o marco inicial no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Como o fato gerador da CSLL se completa no último instante do dia 31 de dezembro de um ano-calendário, o lançamento de ofício somente pode ocorrer no instante seguinte, ou seja, no início do primeiro dia do ano-calendário seguinte, e o termo inicial da contagem do prazo decadencial é o primeiro dia do segundo ano-calendário a partir da ocorrência do fato gerador. No caso, como o lançamento se refere ao ano-calendário de 1995, diante da ausência de antecipação de pagamento, o prazo decadencial se iniciou em 01/01/1997 e terminou em 31/12/2001. Como a ciência do lançamento se deu em 26/04/2001, o crédito tributário não havia sido fulminado pela decadência.
turma_s : PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
numero_processo_s : 13819.000875/2001-28
conteudo_id_s : 5529968
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jul 30 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9900-000.275
nome_arquivo_s : Decisao_13819000875200128.pdf
nome_relator_s : Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator ad hoc
nome_arquivo_pdf_s : 13819000875200128_5529968.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por MAIORIA de votos, em dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Vencidos José Ricardo da Silva (relator), Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Valmir Sandri, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Manoel Coelho Arruda Junior. Redator designado para formalização do voto vencedor Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2011
id : 6146358
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:43:21 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122779762688
conteudo_txt : Metadados => date: 2015-09-28T14:53:17Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2015-09-28T14:53:17Z; Last-Modified: 2015-09-28T14:53:17Z; dcterms:modified: 2015-09-28T14:53:17Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2015-09-28T14:53:17Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2015-09-28T14:53:17Z; meta:save-date: 2015-09-28T14:53:17Z; pdf:encrypted: true; modified: 2015-09-28T14:53:17Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2015-09-28T14:53:17Z; created: 2015-09-28T14:53:17Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; Creation-Date: 2015-09-28T14:53:17Z; pdf:charsPerPage: 2422; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2015-09-28T14:53:17Z | Conteúdo => CSRF-PL Fl. 464 1 463 CSRF-PL MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13819.000875/2001-28 Recurso nº Extraordinário Acórdão nº 9900-000.275 – Pleno Sessão de 07 de dezembro de 2011 Matéria CSLL Recorrente FAZENDA NACIONAL Recorrida RASSINI NHK AUTOPEÇAS S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL Exercício: 1996 DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. REGRA DO ART. 173, I, DO CTN. O art. 62-A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 2009, obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 - SC, decidido na sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, o que faz com a ordem do art. 150, §4 o , do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nas demais situações. No presente caso, não houve pagamento antecipado, sendo obrigatória a utilização da regra de decadência do art. 173, inciso I, do CTN, que fixa o marco inicial no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Como o fato gerador da CSLL se completa no último instante do dia 31 de dezembro de um ano-calendário, o lançamento de ofício somente pode ocorrer no instante seguinte, ou seja, no início do primeiro dia do ano- calendário seguinte, e o termo inicial da contagem do prazo decadencial é o primeiro dia do segundo ano-calendário a partir da ocorrência do fato gerador. No caso, como o lançamento se refere ao ano-calendário de 1995, diante da ausência de antecipação de pagamento, o prazo decadencial se iniciou em 01/01/1997 e terminou em 31/12/2001. Como a ciência do lançamento se deu em 26/04/2001, o crédito tributário não havia sido fulminado pela decadência. Fl. 444DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13819.000875/2001-28 Acórdão n.º 9900-000.275 CSRF-PL Fl. 465 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por MAIORIA de votos, em dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Vencidos José Ricardo da Silva (relator), Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Valmir Sandri, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Manoel Coelho Arruda Junior. Redator designado para formalização do voto vencedor Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente na data da formalização (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator ad hoc EDITADO EM: 28/09/2015 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros OTACILIO DANTAS CARTAXO (Presidente), SUSY GOMES HOFFMANN, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, NANCI GAMA, MARCELO OLIVEIRA, KAREM JUREIDINI DIAS, JULIO CESAR ALVES RAMOS, JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, JOSE RICARDO DA SILVA, ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, RYCARDO HENRIQUE MAGALHÃES DE OLIVEIRA, VALMAR FONSECA DE MENEZES, JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ELIAS SAMPAIO FREIRE, VALMIR SANDRI, HENRIQUE PINHEIRO TORRES, RODRIGO CARDOZO MIRANDA, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, RODRIGO DA COSTA POSSAS, FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JUNIOR, MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS. Relatório Trata-se de Recurso Extraordinário interposto pela Fazenda Nacional, contra decisão proferida pela Primeira Turma da Câmara Superior de Recurso Fiscais, consubstanciada no Acórdão nº 01-05.974, de 12 de agosto de 2008, que negou provimento ao seu Recurso Especial, por entender que, como o lançamento foi realizado em 26/04/2001, para fato gerador ocorrido em dezembro de 1995, não deveria prosperar a exigência fiscal constituída após cinco anos, nos termos do art. 150, §4º, do CTN, conforme se extrai de sua ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL Exercício: 1996 TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. TRIBUTO SUJEITO A Fl. 445DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13819.000875/2001-28 Acórdão n.º 9900-000.275 CSRF-PL Fl. 466 3 LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. SEGURIDADE SOCIAL. PRAZO PARA CONSTITUIÇÃO DE SEUS CRÉDITOS. DECADÊNCIA. Em se tratando de tributo sujeito ao regime do lançamento por homologação, o poder-dever do Fisco de efetuar o lançamento de oficio deve obedecer ao prazo decadencial estipulado pelo artigo 150, do CTN, segundo o qual o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador do tributo. Recurso especial negado. Observe-se que, embora não esteja previsto no atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, os recursos extraordinários interpostos contra acórdãos proferidos até 30 de junho de 2009 serão, por força do art. 4 o do mesmo Regimento, processados de acordo com o rito previsto no RICSRF. Assim, cientificada da referida decisão em 20 de março de 2009, e com ela não se conformando, a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou Recurso Extraordinário, com os seguintes argumentos: a) o acórdão recorrido diverge da jurisprudência mantida pela Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos fiscais – Acórdão CSRF/02-01.308 -, sobre o prazo decadencial para a constituição de créditos tributários sujeitos a lançamento por homologação, quando não houver recolhimento antecipado do imposto, devendo, portanto, ser reformado; b) no acórdão-paradigma, ficou consignado que, não havendo o Contribuinte recolhido valor algum a título de tributo, não é possível a ocorrência da homologação tácita, uma vez que não há pagamento antecipado a ser homologado, aplicando-se a regra geral para a contagem do prazo decadencial do lançamento de ofício, descrita no art. 173, I, do CTN; c) o lançamento da CSLL foi decorrente da compensação integral de base de cálculo negativa de períodos anteriores, não respeitando, portanto, a contribuinte o limite de 30% estabelecido pela Lei 8.981/95; d) procedendo desta forma, a contribuinte reduziu a zero o valor da CSLL a pagar; e) não havendo o pagamento do tributo devido, não há que se falar em lançamento por homologação, mas em lançamento de ofício, o que atrai a incidência do art. 173, I, do CTN, para a contagem do prazo decadencial; f) na mesma sistemática é o entendimento do STJ; g) ocorrido o fato gerador da CSLL em 31/12/1995, o lançamento poderia ter sido efetuado a partir de 01/01/1996; h) o dies a quo do prazo decadencial para lançamento, previsto no art. 173, I, será o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido Fl. 446DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13819.000875/2001-28 Acórdão n.º 9900-000.275 CSRF-PL Fl. 467 4 efetuado, o que corresponde, no presente caso, ao primeiro dia do ano de 1997, findando-se este em 31/12/2001; i) como a notificação do sujeito passivo acerca do auto de infração deu-se em 26/04/2001, não há que se cogitar de decadência. A fim de se situar a presente controvérsia, confira-o teor do acórdão paradigma CSRF02.01-308: COFINS — AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO — PRAZO DECADENCIAL. ART. 173, I, CTN. AMPLIAÇÃO DO PRAZO DECADENCIAL POR MEIO DE LEI ORDINÁRIA. IMPOSSIBILIDADE_ Não havendo o Contribuinte recolhido valor algum a título de COFINS, não é possível a ocorrência da homologação tácita, uma vez que não há pagamento antecipado a ser homologado aplicando-se a regra geral para contagem do prazo decadencial do lançamento de oficio, descrita no art. 173, I, do Código Tributário Nacional, que é de cinco (05) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte ao que o tributo poderia ser lançado. A decadência consubstancia-se em garantia fundamental dos contribuintes, razão pela qual se veda ao legislador ordinário fixar prazo superior àquele insculpido no art. 173 do CTN. Recurso negado." Admitido o presente Recurso Extraordinário, a Interessada apresentou contrarrazões, com os seguintes argumentos: a) o acórdão apresentado pela Fazenda Nacional como paradigma teve decisão a ela desfavorável, não tendo em nada contrária a decisão proferida no acórdão que se pretende reforma; b) assim, não serve como paradigma de divergência para fundamentar a interposição do Recurso Extraordinário, impossibilitando sua acolhida, a luz do §1º, do art. 43 do RICARF; c) o argumento trazido como sustentação do Recurso Extraordinário é novo e estranho ao argumento anterior, pois até a interposição do Recurso Especial, a Autoridade Administrativa sustentou no recurso a não ocorrência da decadência com base nos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, ou seja, o período do débito não estava decaído por conta da contagem do prazo decadencial de 10 anos; d) contudo, no Recurso Extraordinário, o argumento utilizado passou a ser o prazo decadencial do art. 173, I, do CTN, o que não há menor cabimento em fase de Recurso Extraordinário, já que tal argumento ou fato novo não tendo sido alegado anteriormente, restou precluso; e) no mérito, sustenta que o acórdão recorrido não merece reforma, pois é sabido que o prazo qüinqüenal da decadência aplicável a Contribuição Social, é o previsto no §4º, do art. 150, do CTN; Fl. 447DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13819.000875/2001-28 Acórdão n.º 9900-000.275 CSRF-PL Fl. 468 5 f) o objeto da autuação em tela se deu fora do prazo máximo previsto para a Fazenda Pública constituir e cobrar o crédito tributário Fiscal, nos termos determinados pelo CTN; g) a compensação é forma de extinção do crédito tributário, conforme exegese do art. 156, II, do CTN; h) feita no âmbito do lançamento por homologação, tem seus efeitos equiparados aos de “pagamento”, por isso é de se afastar qualquer outra aplicação/orientação do STJ,e continuar a se aplicar o art. 150, §1º e 4º do CTN; i) corroborando com seu entendimento, cita julgados do STJ, quais sejam: RESP 82.083, ERESP 78.301, ERESP 115.069 e RESP 248.203; j) em relação a decadência no caso de tributo sujeito a homologação, a grande maioria dos membros do CARF mantêm a aplicação do art. 150, §4º do CTN, conforme se extrai dos acórdãos 103-22.511, CSRF/02- 01.810, CSRF/01-05.112 e CSRF/03-03.723; k) que a decisão proferida no presente processo administrativo é a melhor interpretação dada a lei e que deve ser acolhida integralmente, para manter o acórdão proferido, anulando, definitivamente, a cobrança indevidamente constituída. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, designado para redação do voto vencedor e posteriormente, responsável pela formalização do acórdão. Inicialmente é de se ressaltar que o Conselheiro José Ricardo da Silva, relator do processo, deixou de fazer parte dos colegiados que integram o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais sem a apresentação de seu voto, para formalização do presente acórdão. Assim, eu, como conselheiro designado - na ata de sessão de julgamento - para redação do voto vencedor, formalizo o presente acórdão. Cumpre referir, que somente em setembro de 2015 o processo foi movimentado para minha carga, para formalização do acórdão. Ainda a título de introdução, esclareça-se que, pelo fato de o então conselheiro relator ter restado vencido, a ausência de seu voto não prejudica a clareza e completude do presente acórdão, no qual estão registrados os fatos discutidos pelo colegiado e a decisão, bem como as razões de decidir, da maioria do colegiado. Fl. 448DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13819.000875/2001-28 Acórdão n.º 9900-000.275 CSRF-PL Fl. 469 6 Resumidamente, pelo que é possível recordar das discussões verbais mantidas na sessão pública de julgamento, após o colegiado por unanimidade ter conhecido do recurso, por reconhecer a existência de divergência jurisprudencial independentemente do resultado do acórdão paradigma indicado pela recorrente, o então conselheiro relator, vencido, teria argumentado que deveria ser negado provimento ao Recurso da Fazenda Nacional, para manter o reconhecimento da decadência do direito de lançamento, por dois motivos a seguir referidos. (a) Pelo fato de a base de cálculo do tributo ter resultado em valor igual a zero, por conta da declaração de compensação de direitos creditórios, não haveria crédito tributário a ser recolhido e, portanto, a falta de recolhimento antecipado do tributo não seria suficiente para atrair a regra decadencial do art. 173, I do Código Tributário Nacional (CTN), devendo ser utilizada no caso a regra do art. 150, § 4º do mesmo CTN. (b) Mesmo que fosse utilizada a regra do art. 173, I, do CTN, como o fato gerador do tributo teria ocorrido em 31/12/1995, o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o tributo poderia ter sido lançado seria 01/01/1996 e, assim, o prazo decadencial se extinguiria em 31/12/2000, antes da ciência do lançamento, que ocorreu em 26 de abril de 2001. Respeitosamente discordo do entendimento do então Conselheiro Relator, tanto quanto à equivalência entre a compensação de bases negativas de CSLL e o pagmento, como quanto à determinação do termo inicial do prazo decadencial, para aplicação do Recurso Repetitivo RESP n° 973.733 – SC ao caso em questão. O mérito da discussão diz respeito à decadência dos tributos lançados por homologação, questão tormentosa que por tempos dividiu a jurisprudência administrativa e judicial e que, atualmente, está pacificada pelo Superior Tribunal de Justiça - STJ. A Vinculação do CARF ao STJ quanto à decadência É notório que as inúmeras teses que versam sobre o assunto surgiram do fato do nosso Código Tributário Nacional - CTN possuir duas regras de decadência, uma para o direito de constituir o crédito tributário (art. 173), e outra para o direito de não homologar o pagamento antecipado de certos tributos previstos em lei (art. 150, §4 o ). Apesar de serem situações distintas, o efeito atingido é o mesmo, pois, uma vez homologado tacitamente o pagamento, o crédito tributário estará definitivamente extinto, não se permitindo novo lançamento, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Na verdade, a celeuma não está no prazo da decadência, que é de cinco anos nas duas situações, mas na data de início de sua contagem. Enquanto o art. 173 fixa essa data no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou no dia em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, o art. 150, §4 o , determina o marco inicial na ocorrência do fato gerador. Pacificando essa discussão, o Superior Tribunal de Justiça – STJ, órgão máximo de interpretação das leis federais, firmou o entendimento de que a regra do art. 150, §4 o , do CTN, só deve ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. Fl. 449DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13819.000875/2001-28 Acórdão n.º 9900-000.275 CSRF-PL Fl. 470 7 173, nos demais casos. Veja-se a ementa do Recurso Especial nº 973.733 - SC (2007/0176994- 0), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontra-se regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando-se inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Fl. 450DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13819.000875/2001-28 Acórdão n.º 9900-000.275 CSRF-PL Fl. 471 8 (...) 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) Observe-se que o acórdão do REsp nº 973.733/SC foi submetido ao regime do art. 543-C do Código de Processo Civil, reservado aos recursos repetitivos, o que significa que essa interpretação deverá ser aplicada pelas instâncias inferiores do Poder Judiciário. Posteriormente, a Portaria MF n o 586, de 21 de dezembro de 2010, introduziu o art. 62-A no Regimento Interno do CARF - RICARF, com a seguinte redação: Art. 62-A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. ... Desta forma, este CARF forçosamente deve abraçar a interpretação do Recurso Especial nº 973.733 – SC. Entretanto, para que a aplicação da interpretação dada pelo STJ ao prazo de decadência para o lançamento de tributos possa ser realizada com segurança, faz-se necessário perquirir os fundamentos de sua decisão, e – para isso – cabem aqui dois esclarecimentos. Esclarecimentos quanto ao Item “1” da Ementa do REsp Logo de início, faz-se necessário esclarecer o sentido e alcance do disposto no item “1” da ementa antes reproduzida “1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito” Para corretamente entender a complexa afirmação do item “1” é necessário apresentá-la na forma de implicação lógica: SE não houver previsão legal de pagamento antecipado da exação OU SE houver previsão legal de pagamento antecipado E não existir pagamento E não for constatado dolo, fraude ou simulação E não existir declaração prévia do débito ENTÃO o prazo decadencial é contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado Esclareça-se que, em se tratando de implicações lógicas, se o antecedente ocorrer no mundo fenomênico, necessariamente o conseqüente deverá ocorrer. Vale dizer: Fl. 451DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13819.000875/2001-28 Acórdão n.º 9900-000.275 CSRF-PL Fl. 472 9 - (A) a inexistência de previsão legal de pagamento antecipado ou; - (B) ainda, (i) a previsão legal de pagamento antecipado juntamente com (ii) a inexistência do pagamento, (iii) com a não constatação de dolo fraude ou simulação e (iv) com a inexistência de declaração prévia do débito; - são condições suficientes para que (C) o prazo decadencial seja contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Em hipótese alguma poderá acontecer de, ocorrendo o antecedente (A ou B - acima), não ser aplicável o conseqüente (C - acima). Entretanto, caso o antecedente não ocorra, o conseqüente pode ou não ocorrer. Essa é uma regra básica de lógica dedutiva e facilmente verificável ao caso, pois: existindo previsão legal de pagamento antecipado com a inexistência de pagamento, porém com constatação de dolo, fraude ou simulação e com inexistência de declaração prévia do débito, sabemos que o prazo decadencial também é contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Pior, ainda, é o equívoco em concluir – apressadamente – que se o antecedente não ocorrer, o conseqüente seria necessariamente a contagem do prazo decadencial a partir do fato gerador. Ora, no item “1” não há qualquer menção à contagem do prazo decadencial a partir do fato gerador, podendo o conseqüente lógico ser qualquer outro. Inclusive, já vimos, no parágrafo acima, que em situações diversas daquela descrita como condição antecedente, o conseqüente lógico pode ser o mesmo. Com esses esclarecimentos, podemos enfrentar agora a situação em que (a) há previsão legal de pagamento antecipado, (b) não há pagamento, (c) não há constatação de dolo, fraude ou simulação, porém, (d) existe declaração prévia do débito a ser lançado. Nesse caso, de acordo com o item “1” da ementa do RESP n° 973.733 – SC, não é necessário que se conte o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. Isso, por uma questão muito simples: a declaração a que se refere o item sob comento é aquela que tem a natureza de confissão de dívida e, com o débito confessado, é despiciendo qualquer lançamento, posto que ele pode ser imediatamente executado e, com essa declaração, inicia-se o prazo prescricional de cobrança. Totalmente equivocado é tentar concluir que, não sendo necessário que o prazo decadencial se conte a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado, aplicar-se-ia como termo inicial da contagem do prazo decadencial o fato gerador. Maior confusão ainda é a de, frente à situação em que há declaração apenas parcial do débito, sem qualquer recolhimento, não aplicar como termo inicial da contagem do prazo decadencial o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. Nessa situação, temos totalmente atendido o antecedente lógico (a) há previsão legal de pagamento antecipado, (b) não há pagamento, (c) não há constatação de dolo, fraude ou simulação e (d) não existe declaração prévia do débito a ser lançado. Assim, ocorrendo a condição antecedente lógica, é necessária a aplicação do conseqüente, com a contagem do prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. Fl. 452DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13819.000875/2001-28 Acórdão n.º 9900-000.275 CSRF-PL Fl. 473 10 Esclarecimentos quanto ao Item “3” da Ementa do REsp Neste momento, há que se fazer mais um esclarecimento quanto ao alcance do decidido no Recurso Especial nº 973.733 – SC, especificamente quanto ao item “3” de sua ementa. Nesse item, é expressamente afirmado que “o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado’ corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível”, o que, se aplicado literalmente ao IRPF, levaria à conclusão de se tratar do dia 1 o de janeiro do ano subsequente ao do lançamento, o que, na prática, adiaria o início de contagem do prazo decadencial em apenas um dia. Entretanto, há que se observar que o REsp n° 973.733 – SC trata de Contribuições Previdenciárias, tributo cujo fato gerador é instantâneo (consubstanciado no pagamento de salários a empregados – saliente-se que há referência no relatório do REsp a servidores sobre cujas remunerações estão sendo exigidas as contribuições previdenciárias) e com periodicidade mensal de apuração. Assim, nessa situação, aplicando-se a regra decadencial do art. 173, I, do CTN, caberia – como regra geral – a conclusão de que o termo inicial seria o primeiro dia do exercício subsequente ao da ocorrência do fato gerador, conclusão essa que é constante do parágrafo 3 da ementa do REsp, acima transcrita. Desta forma, para o tributo discutido no REsp em comento – contribuições previdenciárias de períodos compreendidos entre janeiro de 1991 e dezembro de 1994, à exceção de fatos geradores ocorridos nos meses de dezembro, o primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível pode corresponder ao primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Portanto, apenas para o mês de dezembro de 1994 é que restaria alguma dúvida quanto à decadência ter ocorrido em 1999 ou 2000. Porém, nem essa discussão era relevante ao deslinde do litígio objeto do REsp, posto que a notificação fiscal somente ocorreu em 26/06/2001. Ocorre que o que se impõe aqui é a aplicação dos fundamentos do REsp em questão e, assim, devemos adaptar as razões de decidir ao lançamento de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, cujo fato gerador é complexivo, aperfeiçoando-se no último momento do dia 31/12 de cada ano calendário. Pois bem, sendo a CSLL um tributo com fato gerador complexivo e com período de apuração equivalente ao ano-calendário, tem-se que a aplicação das premissas claramente adotadas pelo STJ ao caso em específico levam à conclusão congruente porém levemente diversa da constante do parágrafo 3 antes reproduzido. Com efeito, para que no caso se cumpra o mandamento do art. 173, I, do CTN, deve ser levado em consideração que: (1) o fato gerador do imposto de renda se completa no último instante do dia 31 de dezembro de um ano-calendário (e.g. 31/12/1995); (2) o lançamento de ofício somente pode ocorrer no instante seguinte, ou seja, no início do primeiro dia do ano-calendário seguinte (e.g. 01/01/1996); (3) o termo inicial da contagem do prazo decadencial é o primeiro dia do ano- calendário subseqüente (e.g. 01/01/1997); e (4) o prazo decadencial termina ao final de 5 (cinco) anos (e.g. 31/12/2001). Fl. 453DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13819.000875/2001-28 Acórdão n.º 9900-000.275 CSRF-PL Fl. 474 11 Esclareça-se que a aplicação literal da conclusão constante do item “3” da ementa do REsp (que se refere a tributo com fato gerador instantâneo) ao caso (que trata de tributo com fato gerador complexivo) equivale a não aplicar os fundamentos da decisão do STJ sob o pretexto de vinculação à própria decisão. Vale registrar que o próprio STJ, dando aplicabilidade ao recurso repetitivo, tem entendido dessa forma, conforme decisão abaixo referida: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTOS NÃO EFETUADOS E NÃO DECLARADOS. ART. 173, I, DO CTN. DECADÊNCIA. ERRO MATERIAL. OCORRÊNCIA. ACOLHIMENTO. EFEITOS MODIFICATIVOS. EXCEPCIONALIDADE. 1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional objetivando afastar a decadência de créditos tributários referentes a fatos geradores ocorridos em dezembro de 1993. 2. Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1º a 31.12.1993, ou seja, a exação só poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I, do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1º.1.1995, expirando-se em 1º.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, tem-se por não consumada a decadência, in casu. 3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos, para dar parcial provimento ao recurso especial. (Edcl no Edcl no AgRg no Resp 674.497/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/02/2010, Dje 26/02/2010) Da natureza da Compensação de Bases de Cálculo Negativas de CSLL No entendimento do então Conselheiro Relator, foi considerado que a declaração de compensação de Bases de cálculo negativas acumuladas de CSLL de períodos de apuração anteriores com o resultado do período equivaleria ao recolhimento antecipado a que o REsp se refere. E, dessa forma, concluiu-se que, pela existência de algo que equivaleria a pagamento antecipado, o prazo decadencial deveria ser contado a partir do fato gerador (e não do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o tributo poderia ter sido lançado). Ocorre que, há – salvo melhor juízo – um equívoco nessa linha de raciocínio: a compensação de bases de cálculo negativas de CSLL, de períodos anteriores, não pode equivaler a antecipação de pagamento, posto que essa compensação ainda está no âmbito da apuração da base de cálculo do tributo do período. Ora, antes de apurada a base de cálculo do período, não há como saber se existe débito a ser recolhido e, portanto, ainda não ocorreu qualquer recolhimento. Nesse sentido, basta fazer referência ao art. 58 da Lei n° 8.981, de 1995, que determina que, para apuração da base de cálculo de CSLL, possam ser compensados valores referentes a bases de cálculo negativas, acumuladas de períodos posteiores: Fl. 454DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13819.000875/2001-28 Acórdão n.º 9900-000.275 CSRF-PL Fl. 475 12 Art. 58. Para efeito de determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido por compensação da base de cálculo negativa, apurada em períodos-base anteriores em, no máximo, trinta por cento. Nesses termos, temos que: (a) a base de cálculo do tributo é o lucro líquido do período (receitas deduzidas das despesas), ajustado pelas adições, exclusões ou compensações. A compensação de bases de cálculo negativas de CSLL, acumuladas de períodos posteriores, nada mais é do que um favor fiscal em que – sob condições e limites – pode-se reduzir a base de cálculo do período, por conta de bases de cálculo negativas de períodos anteriores. Se, com a compensação de bases de cálculo negativas de períodos anteriores, não há base de cálculo positiva para o período e, consequentemente, não há tributo devido declarado, não resta necessariamente comprovado qualquer recolhimento de tributo no período. Saliente-se que pode haver bases negativas acumuladas do tributo sem que tenha havido qualquer recolhimento de tributo, no período e também em períodos anteriores. Para fins de clareza, é importante diferenciar o instituto da compensação de bases de cálculo negativas com o da compensação de saldo negativo de CSLL. Enquanto o primeiro diz respeito ao levantamento da base de cálculo do tributo, o segundo está no âmbito da extinção do débito devido. Vejamos: - se durante um determinado período de apuração, foi recolhida por estimativa mensal valor superior àquele devido ao final do período, resta configurado o saldo negativo do tributo - esse saldo negativo equivale a um indébito e pode ser restituído ou utilizado para compensar o tributo devido em períodos posteriores; e - se, no período posterior, o tributo devido for compensado com saldo negativo de CSLL, ele estará extinto tal qual tivesse sido recolhido (pois essa compensação implica a ocorrência de um recolhimento a maior em período anterior); - então a compensação de saldo negativo de CSLL de períodos anteriores para quitação do tributo devido equivale ao pagamento desse tributo. No presente caso, não restou comprovado qualquer pagamento de tributo, nem compensação de eventual saldo negativo. Tão somente, houve a compensação de bases de cálculo negativas de CSLL de períodos anteriores e, com isso, ocorreu a apuração de base de cálculo nula do tributo para o período, com a conseqüente declaração de que nenhum pagamento seria devido. Nesse caso, aplicando-se o disposto no REsp, o prazo decadencial deve ser aquele previsto no art. 173, I do Código Tributário Nacional. Conclusão Como o lançamento se refere fato gerador ocorrido em 31 de dezembro do ano-calendário de 1995, diante da ausência de antecipação de pagamento, o prazo decadencial se iniciou em 01/01/1997 e terminou em 31/12/2001. Como a ciência do lançamento se deu em 26/04/2001 (fl. 56), o crédito tributário não havia sido fulminado pela decadência. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer do recurso para, no mérito, dar provimento ao recurso especial do Procurador da Fazenda Nacional para afastar a Fl. 455DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13819.000875/2001-28 Acórdão n.º 9900-000.275 CSRF-PL Fl. 476 13 decadência do lançamento, devendo o processo retornar para análise das demais questões do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 456DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Relatório Voto
score : 1.0
Numero do processo: 10530.723471/2011-16
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010
IRPF - GANHO DE CAPITAL - VENDA DE IMÓVEL A PRAZO. COMPROVANTE DE PAGAMENTO DE PARTE DO IMPOSTO. APLICAÇÃO DO ART. 150, §4º DO CTN.
Nas vendas a prazo o fato gerador do Imposto de Renda se realiza com o efetivo pagamento da parcela acordada pelas partes, devendo este ser o momento para contagem do prazo decadencial. Havendo comprovação nos autos da ocorrência do pagamento do imposto, ainda que parcial, deve-se aplicar o art. 150, §4º do CTN, tomando-se como termo inicial para o prazo decadencial a data da ocorrência dos fatos geradores.
Recurso especial provido.
Numero da decisão: 9202-003.771
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, com retorno dos autos ao colegiado a quo, para apreciação das demais questões do Recurso Voluntário. Vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martinez Lopez, que negavam provimento ao recurso. As Conselheiras Maria Helena Cotta Cardozo e Maria Teresa Martinez Lopez apresentarão declaração de voto.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis Da Costa Bacchieri Relatora
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Declaração de voto
(Assinado digitalmente)
Maria Teresa Martinez Lopez - Declaração de voto
EDITADO EM: 02/03/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201602
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010 IRPF - GANHO DE CAPITAL - VENDA DE IMÓVEL A PRAZO. COMPROVANTE DE PAGAMENTO DE PARTE DO IMPOSTO. APLICAÇÃO DO ART. 150, §4º DO CTN. Nas vendas a prazo o fato gerador do Imposto de Renda se realiza com o efetivo pagamento da parcela acordada pelas partes, devendo este ser o momento para contagem do prazo decadencial. Havendo comprovação nos autos da ocorrência do pagamento do imposto, ainda que parcial, deve-se aplicar o art. 150, §4º do CTN, tomando-se como termo inicial para o prazo decadencial a data da ocorrência dos fatos geradores. Recurso especial provido.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 14 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10530.723471/2011-16
anomes_publicacao_s : 201603
conteudo_id_s : 5573981
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 14 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-003.771
nome_arquivo_s : Decisao_10530723471201116.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
nome_arquivo_pdf_s : 10530723471201116_5573981.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, com retorno dos autos ao colegiado a quo, para apreciação das demais questões do Recurso Voluntário. Vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martinez Lopez, que negavam provimento ao recurso. As Conselheiras Maria Helena Cotta Cardozo e Maria Teresa Martinez Lopez apresentarão declaração de voto. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (Assinado digitalmente) Rita Eliza Reis Da Costa Bacchieri Relatora (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Declaração de voto (Assinado digitalmente) Maria Teresa Martinez Lopez - Declaração de voto EDITADO EM: 02/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
id : 6308219
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:45:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122799685632
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 19; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2094; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 2 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10530.723471/201116 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202003.771 – 2ª Turma Sessão de 16 de fevereiro de 2016 Matéria Imposto sobre a Renda da Pessoa Física IRPF Recorrente Fazenda Nacional Interessado Loreci José Comparim ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010 IRPF GANHO DE CAPITAL VENDA DE IMÓVEL A PRAZO. COMPROVANTE DE PAGAMENTO DE PARTE DO IMPOSTO. APLICAÇÃO DO ART. 150, §4º DO CTN. Nas vendas a prazo o fato gerador do Imposto de Renda se realiza com o efetivo pagamento da parcela acordada pelas partes, devendo este ser o momento para contagem do prazo decadencial. Havendo comprovação nos autos da ocorrência do pagamento do imposto, ainda que parcial, devese aplicar o art. 150, §4º do CTN, tomandose como termo inicial para o prazo decadencial a data da ocorrência dos fatos geradores. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, com retorno dos autos ao colegiado a quo, para apreciação das demais questões do Recurso Voluntário. Vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martinez Lopez, que negavam provimento ao recurso. As Conselheiras Maria Helena Cotta Cardozo e Maria Teresa Martinez Lopez apresentarão declaração de voto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 34 71 /2 01 1- 16 Fl. 672DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Rita Eliza Reis Da Costa Bacchieri – Relatora (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Declaração de voto (Assinado digitalmente) Maria Teresa Martinez Lopez Declaração de voto EDITADO EM: 02/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra. Relatório Tratase de processo cujo objeto é o auto de infração lavrado em razão do ganho de capital auferido na alienação de bem imóvel. Exigese o pagamento do Imposto de Renda Pessoa Física relativos aos anos de 2006, 2007, 2008 e 2009, incluído multa de ofício agravada e qualificada no percentual de 225%, mais juros de mora. O fato gerador decorreu da venda imóvel rural cujas partes concordaram em fracionar o pagamento do preço em parcelas que seriam quitadas conforme cronograma de desembolso ajustado no contrato, com início no ato de lavratura do negócio 16 de maio de 2002, e fim programado para junho de 2008. O contribuinte apresentou impugnação alegando em síntese: equivoco na imputação da base de cálculo do tributo lançado e inexistência de elementos que justifiquem a aplicação das penalidades na forma como foram impostas. Fl. 673DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10530.723471/201116 Acórdão n.º 9202003.771 CSRFT2 Fl. 3 3 A Delegacia Regional de Julgamento, por meio do acórdão 1528.389 julgou a impugnação parcialmente procedente, reformando o lançamento apenas no que tange a aplicação das multa qualificada e parte do valor principal, restando mantidas a multa de ofício e a multa agravada. A decisão pode assim ser resumida: Dessa forma, voto por considerar procedente em parte a impugnação, mantendo o imposto lançado, reduzindo a multa de ofício de 225% (duzentos e vinte e cinco por cento) para 112,5% (cento e doze e meio por cento) e juros de mora. Deve ser alocado, ainda, o DARF, às fls. 588, efetivamente recolhido em 30/11/2009, às fls. 590, no valor total de R$ 1.003,34, ao crédito lançado relativo a período de apuração 31/08/2007, mediante imputação proporcional (imposto, multa de mora e juros de mora), excluídose a multa de ofício correspondente à parcela alocada. O contribuinte, em sede de Recurso Voluntário, reiterou suas argumentações. A Primeira Turma Ordinária, por unanimidade dos votos, reconheceu, de ofício, a decadência. O Acórdão, ora recorrido, de nº 2201002.130 possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010 DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. No caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, na hipótese de não haver antecipação do pagamento, utilizase a sistemática prevista no inciso I, do art. 173, do CTN. A constituição do crédito tributário se deu por meio da lavratura do auto de infração e não respeitou o prazo quinquenal legal. Como se trata de matéria de ordem pública a decadência deve ser reconhecida de oficio. IRPF. GANHO DE CAPITAL ALIENAÇÃO DE IMÓVEL A PRAZO. FATO GERADOR. DATA DA OCORRÊNCIA. O fato gerador do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital auferido na venda a prazo de bens imóveis ocorre no dia da alienação. A data do fato gerador deve ser a mesma tanto para efeitos de contagem do prazo decadencial como para apuração do imposto devido. Em seu voto o relator concluiu: "o fato gerador relativo ao ganho de capital ocorreu em 18 de maio de 2002, e o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o imposto poderia ter sido lançado corresponde a 01/01/2003 e o término do prazo decadencial de 5 anos ocorre em 31/12/2007. Deste modo, como a ciência do Auto de Infração ocorreu em Fl. 674DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 19/07/2011 (Edital 34/2011 – fl. 549), o crédito tributário já havia sido atingido pela decadência." Inconformada com a decisão a quo, a Fazenda Pública apresentou Recurso de Divergência, citando como paradigma o acórdão nº 220200306, para o qual o "direito de a Fazenda lançar o imposto decorrente da apuração de ganho de capital devido no ajuste anual decai após cinco anos da data da alienação, se esta for à vista, ou da data do recebimento das parcelas, se for a prazo, desde que não seja constada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação." Constata a divergência em exame de admissibilidade, deuse seguimento ao Recurso do Procurador. Em contrarrazões, citando ementas de decisões que corroboram com a decisão a quo, o contribuinte pleiteia seja negado provimento ao Recurso. É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Relatora Conforme despacho de admissibilidade, o recurso preenche os requisitos legais razão pela qual dele conheço. Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional com base nos artigos 67 e 68 do então vigente Regimento Interno deste órgão, haja vista comprovada divergência jurisprudencial no que tange a data de início do prazo decadencial nos lançamentos do Imposto de Renda Pessoa Física decorrente da omissão de ganho de capital em contrato cujo pagamento se dê de forma parcelada no tempo. Discutese se o termo inicial da decadência seria a data da alienação do imóvel ou as datas de recebimento das respectivas parcelas de valores. Para elucidar a questão, necessariamente devemos fazer uma análise sobre qual é o fato gerador do Imposto Renda, para tanto transcrevemos o art. 43 do Código Tributário Nacional: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. A jurista Mary Elbe de Queiroz em artigo intitulado “Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza – Tributação das Pessoas Físicas" (in Curso de Especialização em Direito Tributário: Estudos Analíticos em Homenagem a Paulo de Barros Carvalho. Editora Forense 2006), muito bem explica o que seria essa 'aquisição da disponibilidade': Fl. 675DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10530.723471/201116 Acórdão n.º 9202003.771 CSRFT2 Fl. 4 5 Já “disponibilidade” é palavra derivada do latim disponere, dispor, isto é, bens de que se pode dispor livremente, livres de qualquer desembaraço. Caracterizase como a liberdade necessária à normalidade dos negócios, revelada por uma situação que possibilita ao titular poder dar destinação livre e imediata à renda ou provento percebido, não alcançado a disponibilidade apenas potencial. A disponibilidade poderá ser visualizada sob os aspectos econômicos, jurídico e financeiro. Entendese por “disponibilidade econômica” a percepção efetiva da renda ou provento. A aquisição se dá pelo fato material, independentemente da legalidade, ou não, do modo de obtenção. Portanto, a disponibilidade poderia ocorrer de forma não acolhida pela ordem jurídica. Já a “disponibilidade jurídica” diz respeito à aquisição de um título jurídico que confira direito de percepção de um valor definido, ingresso de forma legal, no patrimônio. É a aquisição por meio de uma das formas legítimas e legais, de acordo com o direito. Pressupõe a disponibilidade econômica, enquanto a “disponibilidade financeira” é o ingresso físico do valor cuja disponibilidade econômica ou jurídica foi previamente adquirida. Nesse caso, existe a posse efetiva dos valores. A legislação do Imposto sobre a Renda consagra e impõe, com relação às pessoas físicas, além da “disponibilidade econômica ou jurídica”, a exigência da real “disponibilidade financeira”, o chamado “regime de caixa”. Nesse caso, precisa haver o efetivo recebimento do numerário ou pagamento das despesas (o ingresso ou o desembolso de numerário), para que os respectivos valores sejam computados para efeito da incidência do imposto. Percebese portanto que a regra matriz de incidência do imposto possui como critério material o efetivo recebimento do ganho pela pessoa física, não sendo possível tributar a mera expectativa de uma da disponibilidade econômica de valores decorrentes de negócios jurídicos, até porque em alguns casos esse recebimento simplesmente pode não ocorrer (hipótese de inadimplência do devedor). Ao argumento acima acrescentamos o fato de que ter disponibilidade sobre algum bem é característica daquele que é proprietário da coisa, conforme preconiza o art. 1.228 do Código Civil, e ao tratarmos do ganho de capital, para delimitar o momento da aquisição dessa propriedade de proventos devemos observar a regra do art. 2º da Lei nº 7.713/88: Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Ora, o artigo deixa claro que no imposto de renda essa propriedade surge com o recebimento dos valores com a percepção do ganho. Assim, nos contatos a prazo o fato gerador do imposto de renda do ganho de capital (sujeito a tributação definitiva) somente se efetiva com o pagamento da respectiva parcela, momento em que são efetuados os cálculos para se chegar ao efetivo ganho e são essas Fl. 676DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 datas que norteiam a contagem do prazo decadencial para eventual realização de lançamento de ofício pelo Fisco. Muito se questiona se a norma do art. 31 da Instrução Normativa nº 81/2001 teria alterado o fato gerador do imposto em questão: Art. 31. Nas alienações a prazo, o ganho de capital é apurado como se a venda fosse efetuada à vista e o imposto é pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida, até o último dia útil do mês subseqüente ao do recebimento. Parágrafo único. O imposto devido, relativo a cada parcela recebida, é apurado aplicandose: I o percentual resultante da relação entre o ganho de capital total e valor total da alienação sobre o valor da parcela recebida; II a alíquota de quinze por cento sobre o valor apurado na forma do inciso I. A meu ver tal discussão não procede. Sabese que norma infralegal não tem o condão de alterar as regras e bases traçadas pelo CTN e por lei específica, ou seja, não pode uma norma regulamentar alterar os pilares da regra matriz de incidência do tributo, sob pena de ferir o Principio da Legalidade. Na verdade, considerando a mutabilidade das normas tributárias no Brasil, podemos interpretar o art. 31 da citada Instrução Normativa nº 84/01 como dispositivo que confere segurança jurídica aos contribuintes, pois ainda que as normas do imposto venham sofrer mudanças ao longo dos anos a fixação de um marco para apuração de eventual ganho de capital afasta qualquer elemento surpresa nos contratos com longo prazo de pagamento. Assim, se o imposto em questão possui como fato gerador a aquisição, econômica ou jurídica, de renda ou provento, e se nos casos de venda a prazo essa disponibilidade somente ocorre com o efetivo recebimento das parcelas de valores, deve se tomar essas datas de pagamento como marco para contagem do prazo decadencial. Ao analisar os documentos juntados ao processo é possível constatar pagamento de imposto à titulo de "ganho de capital" apenas em relação ao mês de agosto/2007, DARF juntada às fls. 588. Assim, a esse fato gerador devese aplicar a norma prevista no art. 150, §4º do CTN, o que gera como termo final do prazo decadencial o mês de julho de 2012. Com relação aos demais fatos geradores (demais parcelas recebidas pelo contribuinte), não há nos autos qualquer comprovação de pagamento, integral ou parcial, do imposto relativo ao ganho de capital, razão pela qual deve ser aplicado o art. 173 do CTN, extinguindose o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário após 5 (cinco) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Considerando que a ciência do lançamento se deu em 19.07.2011 e considerando as datas acordadas para o pagamento das parcelas decorrentes do negócio jurídico, devese afastar a decadência em relação a todos os fatos geradores. Fl. 677DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10530.723471/201116 Acórdão n.º 9202003.771 CSRFT2 Fl. 5 7 Diante do exposto, dou provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional para afastar a decadência e, consequentemente, determino o retorno dos autos à instância a quo para a análise dos demais argumentos presentes no Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte. (Assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 678DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 Declaração de Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo No que tange à contagem do prazo decadencial aplicável à infração relacionada ao ganho de capital, o art. 31 da Instrução Normativa SRF nº 84, de 2001, em um primeiro momento, levoume a entender que, embora o pagamento do valor da alienação pudesse se dar em parcelas, o dies a quo para a contagem do prazo decadencial ocorreria na data do contrato de compra e venda. Entretanto, uma análise mais apurada da questão permite concluir que tal posicionamento não se coaduna com a melhor interpretação da legislação que rege a matéria, conforme será demonstrado. Primeiramente, registrase que o art. 114 do CTN dispõe que o fato gerador da obrigação tributária é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Nesse passo, analisandose detidamente o art. 21 da Lei nº 7.713, de 1988, verifica se que dito dispositivo é cristalino ao dispor que nas alienações a prazo o ganho de capital será tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês. Confirase: Art. 21. Nas alienações a prazo, o ganho de capital será tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver. § 1º O imposto de que trata este artigo deverá ser pago até o último dia útil do mês subseqüente ao da percepção dos ganhos. Não é por acaso que a lei determinou que o pagamento do imposto ocorre até o último dia útil do mês subseqüente ao da percepção dos ganhos. Tal fato, por si só, demonstra a determinação legal para o deslocamento do fato gerador do ganho de capital. Em outra passagem, a Lei nº 7.713, de 1988, na segunda parte do art. 2º, dispõe que o imposto de renda das pessoas físicas será devido "..... à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos". E, em seu parágrafo primeiro, determina que o pagamento do imposto será "... até o último dia útil do mês subseqüente ao da percepção dos ganhos". Notese que o "ganho" descrito pela norma representa, essencialmente, o acréscimo patrimonial, ou seja, o recebimento das parcelas avençadas. Com efeito, o art. 31, da Instrução Normativa SRF nº 84, de 2001, ao dispor que “nas alienações a prazo, o ganho de capital é apurado como se a venda fosse efetuada à vista”, referese simplesmente à sistemática de apuração do ganho de capital e de cálculo do imposto. Fl. 679DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10530.723471/201116 Acórdão n.º 9202003.771 CSRFT2 Fl. 6 9 Em face de tal contexto, a contagem do prazo decadencial a partir da data da alienação configuraria contradição normativa, qual seja, para fins de determinação do termo inicial contarseia a partir da assinatura do contrato (regime de competência), e para fins de pagamento do imposto, contarseia a partir do recebimento das parcelas, ou seja, regime de caixa. Não parece razoável a utilização de dois critérios totalmente antagônicos para determinação da contagem do prazo decadencial, razão pela qual o fato gerador do ganho de capital, nos caso de venda parcelada, ocorrerá na data de pagamento de cada parcela recebida. E assim, a partir de cada uma delas, devese contar o prazo decadencial. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Conselheira Fl. 680DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 10 Declaração de Voto Conselheira Maria Teresa Martinez López Ouso divergir da ilustre Conselheira, ao manifestar entendimento de que " nas vendas a prazo o fato gerador do Imposto de Renda se realiza com o efetivo pagamento da parcela acordada pelas partes, devendo este ser o momento para contagem do prazo decadencial". Assim, a contagem do prazo decadencial, na hipótese de ganho de capital em virtude da alienação de bem imóvel nos contratos de promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento, segundo a ilustre Relatora, para efeito da contagem do prazo decadencial, deve observar o regime de caixa, ou seja, ser considerado cada parcela recebida. Explico a minha divergência: A questão que se coloca para análise deste Colegiado diz respeito à definição do marco inicial da contagem do prazo decadencial, nas hipóteses de ganho de capital em virtude da alienação de bem imóvel nos contratos de promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento. Retornando ao passado, vejo que a matéria já foi examinada, por alguns Conselheiros do antigo Conselho de Contribuintes. Nos acórdãos de nos 10249.406 e 102 49.427, ambos da 2ª Câmara do 1ª Conselho de Contribuintes e de relatoria do conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, afirmouse que a análise da questão controvertida deveria debruçar se sobre conceitos como o de disponibilidade econômica e jurídica e a aplicabilidade das subsequentes regras concernentes ao regime de caixa e ao regime de competência. Em tempo, informo que a matéria abaixo é fruto de estudo pelo ex Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, ao qual peço vênia para citar parte do seu trabalho, a ser futuramente publicado pelo Núcleo de Estudos Tributários da FGV. 1 Para tanto, inicialmente, vejase o disposto no art. 21 da Lei 8.981/95, a seguir reproduzido: Art. 21. O ganho de capital percebido por pessoa física em decorrência da alienação de bens e direitos de qualquer natureza sujeitase à incidência do imposto de renda, à alíquota de 15% (quinze por cento). (...) §2º. Os ganhos a que se refere este artigo serão apurados e tributados em separado e não integrarão a base de cálculo do imposto de renda na declaração de ajuste anual, e o imposto pago não poderá ser deduzido do devido na declaração.” À luz do dispositivo legal, cumpre auferir qual o critério temporal da regra matriz de incidência tributária1 em comento. É dizer, há que se precisar o exato instante em que se considera nascida a relação jurídicotributária entre os sujeitos ativo e passivo, consubstanciada em uma relação obrigacional entre ambos para que, assim, se possa aferir qual o dies a quo do prazo decadencial. 1 Alexandre Naoki Nishioka, Conselheiro da 1ª. Turma Ordinária da 1ª. Câmara da 2ª. Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda. Professor de Direito Tributário dos cursos de graduação e pósgraduação da Faculdade de Direito da Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP. Doutorando em Direito Econômico e Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – USP. Redator Chefe da Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais. Advogado. Fl. 681DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10530.723471/201116 Acórdão n.º 9202003.771 CSRFT2 Fl. 7 11 Imprescindível perquirir quais os conceitos de “alienação” e de “ganho de capital”, referidos pela norma jurídica trazida à colação, em especial para que se possa aferir se a transferência do imóvel em virtude de contrato de promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento, na forma do artigo 463 do Código Civil, se amolda ao conceito de “alienação”. Penso que sim. A transmissão verificada por meio de contrato de promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento amoldase ao âmbito semântico do termo do vocábulo “alienação”, tal como previsto na regra de incidência do imposto de renda. Com efeito, como assevera DE PLÁCIDO E SILVA, 2 alienar “é o verbo que significa a ação de passar para outrem o domínio de coisa ou o gozo de direito que é nosso.” Nesse sentido, perseguindose a natureza jurídica da celebração de promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento, verificase que, nos termos em que dispõe o art. 1225, VII, do Código Civil pátrio, referido contrato preliminar constitui autêntico direito de aquisição, de maneira que, uma vez firmado, fica vedado ao promitente vendedor gravar o imóvel ou alienálo a terceiros. Por outro giro, sendo certo que o direito real de aquisição atribui ao promissário comprador o direito de impor a assinatura do contrato definitivo ao vendedor assim que adimplidas as parcelas acordadas, possuindo, assim, o correspondente direito de seqüela, oponível a quaisquer partes, impõese admitir que a celebração de promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento constitui autêntica compra e venda a prazo, não havendo qualquer possibilidade de alienação do imóvel a terceiros que não o próprio promissário comprador. Não há que se restringir, portanto, a interpretação do conceito de alienação de imóvel apenas ao momento da outorga da escritura definitiva, ainda que, para efeitos cíveis, a aquisição do imóvel requeira registro do título translativo no Registro de Imóveis (art. 1245 do Código Civil). Isto porque, reiterese, ao se celebrar o referido contrato preliminar sem estipulação de qualquer cláusula de arrependimento, permutase a disponibilidade do bem imóvel pela disponibilidade do preço acordado, permitindose ao alienante a própria cessão de tal valor a terceiros. Esse posicionamento, aliás, já restou consolidado por meio de Solução de Consulta emitida pela SRRF da 10ª Região Fiscal, 3 in verbis: “IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF – ALIENAÇÃO DE IMÓVEIS. IMÓVEL FINANCIADO. Para a legislação tributária ocorre a alienação e aquisição de imóveis em qualquer operação que importe a transmissão ou promessa de transmissão de imóveis, a qualquer título, ou a cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, ainda que efetuadas por meio de instrumento particular não inscrito em registro público. No caso de imóvel financiado, considerase consumada a sua alienação, para efeitos tributários, na data da assinatura do documento particular de cessão de direitos sobre ele.”3 2 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 18ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2001. p. 55 3 Processo de Consulta n.º 209/03. Órgão: SRRF/10ª Região Fiscal. Publicação no D.O.U. em 13.02.2004. Fl. 682DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 12 Também o Primeiro Conselho de Contribuintes, ora Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, já se manifestou neste sentido, conforme se constata dos acórdãos infra ementados: GANHO DE CAPITAL ALIENAÇÃO A QUALQUER TÍTULO PARA FINS FISCAIS Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, procuração em causa própria, promessa de compra e venda de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. 4 ALIENAÇÃO DE BENS OU DIREITOS APURAÇÃO DE GANHO DE CAPITAL O ganho de capital na alienação de bens ou direitos deve ser reconhecido e apurado por ocasião da celebração do negócio ou do contrato de cessão ou promessa de cessão, ainda que através de instrumento particular, mormente quando o referido instrumento é celebrado em caráter irrevogável e irretratável e o recolhimento do tributo deverá ocorrer no prazo ali fixado. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose da validade jurídica dos atos efetivamente praticados. Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. 5 Não basta, no entanto, para a incidência do tributo, que haja a alienação do bem, fazendose mister, igualmente, que a parte alienante tenha auferido um ganho de capital. Como se sabe, ganho de capital é conceito compreendido no âmbito da expressão “renda e proventos de qualquer natureza”, deles não podendo traspassar. Nesse sentido, verificase que também a definição do que seja ganho de capital demanda uma aferição do que se entende por renda lato senso, o que se afere a partir do que dispõe o art. 43 do CTN, in verbis: “Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.” 4 1º Conselho de Contribuintes, 4ª Câmara, Recurso Voluntário n.º 120.481, relator Conselheiro Nelson Mallmann, sessão de julgamento de 01/12/2004. 5 1º Conselho de Contribuintes, 4ª Câmara, Recurso Voluntário n.º 133.926, relator Conselheiro Nelson Mallmann, sessão de julgamento de 13/05/2004 Fl. 683DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10530.723471/201116 Acórdão n.º 9202003.771 CSRFT2 Fl. 8 13 Pois bem. Interessanos perquirir quais os conceitos de “disponibilidade jurídica” e “disponibilidade econômica” da renda e dos proventos de qualquer natureza, aludidos pela dicção do artigo colacionado. Primeiramente importa definir o que seria “disponibilidade” para, em momento subseqüente, acrescer os vocábulos “jurídica” e “econômica” para efeito de definir cada espécie aludida pelo CTN. Para tanto, será de grande valia a utilização da conceituação já existente no ordenamento jurídico brasileiro, mais precisamente no Código Civil hodierno. Como se sabe, o Código Tributário Nacional define que “os princípios gerais de direito privado utilizamse para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos” (art. 109 do CTN). Ingressando na seara do direito privado, percebese que o verbo “dispor” encontrase atrelado, sempre, à noção de propriedade, sendo, em verdade, um atributo próprio a este instituto jurídico. Neste aspecto, portanto, apenas pode dispor de algo aquele que possui a sua propriedade. Elucidativo, pois, o disposto no art. 1.228 do Código Civil de 2002, in verbis: Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavêla do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Diferentemente, no caso da simples posse, não há uma faculdade de dispor da “coisa”, mas, apenas, de exercer o seu uso ou gozo. Neste sentido é a lição do Prof. ARNOLDO WALD 6 que ora se traz à colação: A posse costuma ser definida como a exteriorização da propriedade. O Código Civil brasileiro, no seu art. 1.196, fornecenos o conceito de possuidor, esclarecendo ser aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Constitui, pois, a posse uma situação de fato, na qual alguém mantém determinada coisa sob sua guarda e para seu uso ou gozo, tendo ou não a intenção de considerála como de sua propriedade. Vêse, portanto, que a disponibilidade é atributo típico da noção de propriedade. Nos termos postos por CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, a faculdade de dispor “é a mais viva expressão dominial, pela maior largueza que espelha” 7 Nesse passo, percebese que a noção do vocábulo para o direito civil se amolda, à perfeição, para delimitação do conceito na seara tributária. Por isso é que entendo valiosa a explanação do jurista CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, em trecho que interessa ser citado, verbis: O ‘ius abutendi’, no sentido de ‘disponendi’, envolve a disposição material que raia pela destruição (De Page) como a jurídica, isto é, o poder de alienar a qualquer título – doação, venda, troca; quer dizer ainda destruíla, mas somente quando não implique procedimento antisocial. Em suma: dispor da coisa vai dar no fato de atingir a sua substância, uma vez que no 6 WALD, Arnoldo. Direito Civil – Direito das Coisas. vol. 4. 12ª edição. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 32. 7 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil, v. IV – Direitos Reais. 19ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 94 Fl. 684DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 14 direito a esta reside a essência mesma do domínio. Mas envolve, ainda, o poder de gravála de ônus ou submetêla ao serviço alheio. Pois bem. Com base no conceito de “disponibilidade”, resta perquirir à indagação do que seja “disponibilidade econômica” e “jurídica”. O Código Tributário Nacional adotou, expressamente, a teoria do acréscimo patrimonial para tributar a renda. Neste passo, o termo “renda e proventos de qualquer natureza” encontrase profundamente ligado à idéia central de patrimônio. Assim é que, para definirse o que seja acréscimo ao patrimônio, devese, em etapa preliminar, verificar o que é, realmente, patrimônio. Justamente abordando este ponto fulcral da discussão, BRANDÃO MACHADO esclarece que: Quando se faz alguma referência ao que é patrimonial, para logo se tem a noção de que se cogita do econômico, porque a patrimonialidade está intimamente vinculada ao valor econômico. Entretanto, não é possível dissociar da noção de patrimônio a noção fundamental de direito, porque, como se disse, o conceito de patrimônio engloba um complexo não de objetos, materiais ou não, mas de direitos reais (sobre coisas) e pessoais (contra pessoas), portanto, sempre direitos. Então, podese concluir, sem discussão, que o acréscimo de que fala o Código Tributário é um acréscimo de direitos (reais ou pessoais). É claro que a conclusão não pode ser senão a de que, sendo o patrimônio composto apenas de direitos, qualquer acréscimo será sempre necessariamente de direitos. Se o contribuinte auferir rendas e proventos sobre os quais exerça direitos de propriedade, tais direitos serão reais; se o rendimento for exigível no futuro, os direitos serão de crédito ou pessoais. Em abono ao exposto, cumpre trazer à baila o disposto no Código Civil pátrio, a respeito da conceituação do que seja “patrimônio”: “Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.” Tratase, portanto, o acréscimo patrimonial de um incremento de direitos sob a titularidade do contribuinte, ou seja, direitos que podem ser dispostos pelo seu titular. Veja se, portanto, que mesmo na posse, ainda que se trate de uma situação de fato, existe um direito que a protege, ou seja, é instituto com contornos jurídicos próprios que conferem ao titular certas prerrogativas, como, por exemplo, o direito de promover ação possessória contra aquele que, de maneira ilegítima, esbulhe ou turbe o direito do possuidor (art. 920 do Código Civil). Com base nos conceitos de “disponibilidade” e “patrimônio”, podese afirmar que se considera como disponível, para fins do imposto de renda, o direito que tiver ingressado no patrimônio do contribuinte. Com efeito, sendo certo que o patrimônio é um conjunto de direitos, a aquisição de quaisquer destes, ainda que não se trate da moeda em si, mas desde que possam ser dispostas pelo contribuinte, amoldamse ao âmbito de incidência do imposto de renda. Resta consignado, que a “disponibilidade econômica”, pressupõe propriedade da riqueza, que só existe em conjunto com a jurídica. Isto é, esta última precede, Fl. 685DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10530.723471/201116 Acórdão n.º 9202003.771 CSRFT2 Fl. 9 15 necessariamente, da outra, não havendo como se aventar a hipótese de uma disponibilidade que não seja jurídica. Vale ressaltar, neste ponto, que a mera posse da pecúnia, ou seja, o ingresso de capital, não pode ser tributada pelo imposto de renda a não ser que tal valor ingresse no patrimônio do contribuinte, vertendose, pois, em direito deste. Caso contrário, o que se terá é mera posse, ou mesmo detenção, institutos nos quais o ordenamento não confere o poder de livremente dispor do bem. Notese, pois, que a posse, no ordenamento pátrio, apenas poderá culminar na propriedade e, conseqüentemente, conferir o atributo necessário da disponibilidade no caso de usucapião do bem, como forma originária de aquisição. O que há, portanto, são diferentes graus de disponibilidade do ponto de vista econômico e não jurídico, ou seja, sob o ponto de vista econômico se pode identificar uma disponibilidade mais plena quando o dinheiro da renda já adquirida esteja em poder do seu titular, situação em que a maior plenitude econômica decorre da confrontação sobre o título de crédito que antecedeu o seu recebimento em dinheiro.” Não há dúvidas, que a disponibilidade haverá de ser, sempre, jurídica, tendo em vista que, o patrimônio é dotado de direitos e não de bens. Cumpre, agora, fazer um paralelo desta questão com os regimes de caixa e de competência. No que toca ao primeiro regime, as mutações patrimoniais são consideradas, para fins de incidência do imposto de renda, apenas no momento em que ingressam, no patrimônio do contribuinte, os valores em moeda. Ao reverso, na hipótese do regime de competência, são consideradas as receitas quando efetivamente ingressam no patrimônio do contribuinte, ainda que tal direito não tenha se convertido em pecúnia ou, de qualquer modo, em títulos com liquidez semelhante (designados por BULHÕES PEDREIRA como quasemoeda). Feita a distinção acima, é cabível afirmar que, em rigorosa classificação, ambas as formas de tributação têm como hipótese de incidência a disponibilidade jurídica de um direito, ainda que no caso do regime de caixa haja a coincidência de ambas as hipóteses elencadas pelo CTN. O que há, portanto, no regime de caixa é uma disponibilidade financeira, que permite ao titular da riqueza dispor do recurso financeiro, e não apenas do direito a ele. Nesse passo, sendo certo que o art. 43 do CTN se aplica, indistintamente, às pessoas físicas ou jurídicas, uma vez que define a hipótese de incidência possível do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, temse que a lei ordinária poderá, em estrito regime de política fiscal, determinar a inclusão na base de cálculo tanto dos rendimentos adquiridos apenas juridicamente, quanto daqueles em que haja, igualmente, uma disponibilidade econômica concomitante. Assim é que a tributação das pessoas físicas, muito embora observe, via de regra, o regime de caixa, não necessariamente deve ser submetida a este. No caso de não haver qualquer imposição pela legislação ordinária à observância do aludido regime, podese admitir a tributação de direitos já ingressados no patrimônio do contribuinte, ainda que não convertidos em moeda. Portanto, com base neste entendimento, penso que é exatamente isto o que ocorre na tributação da renda auferida pela pessoa física na alienação de bem imóvel a prazo (contrato de promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento), em que a legislação considera como critério temporal da regra de incidência não o recebimento efetivo Fl. 686DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 16 da moeda, mas a própria alienação, da qual decorra ganho de capital em virtude do preço pactuado pelas partes. É dizer, a legislação de regência não estipula, expressamente, que a incidência do imposto de renda se verifica, apenas, no momento em que os valores, em moeda, ingressam no patrimônio do alienante. Muito ao contrário. O que a legislação estabelece é que, sendo possível constatar a ocorrência de ganho de capital no momento da alienação, é devido o imposto de renda à alíquota de 15% sobre o referido acréscimo patrimonial. Neste momento da alienação já é possível determinar a base de cálculo do imposto, apurandose a valorização do imóvel, maisvalia esta que será objeto de tributação pelo imposto de renda. Neste sentido, vale conferir o disposto no art. 31 da IN nº. 84/01: “Art. 31. Nas alienações a prazo, o ganho de capital é apurado como se a venda fosse efetuada à vista e o imposto é pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida, até o último dia útil do mês subseqüente ao do recebimento. Parágrafo único. O imposto devido, relativo a cada parcela recebida, é apurado aplicandose: I o percentual resultante da relação entre o ganho de capital total e valor total da alienação sobre o valor da parcela recebida; II a alíquota de quinze por cento sobre o valor apurado na forma do inciso I.” Nada mais nítido. Referido dispositivo determina, expressamente, que ocorre a incidência do tributo já no momento da alienação, ainda que a venda seja a prazo. Com base no preço pactuado no contrato, que deverá ser levado em conta na apuração do ganho de capital, é feita a relação entre o ganho de capital total e o valor total da alienação sobre o valor da parcela recebida. Assim, considerase ocorrido o fato gerador no momento da alienação, diferindose tãosomente o pagamento do tributo devido, com base no que dispõe o artigo 117, §2º, do RIR/99 8 bem como com fulcro no art. 21 da Lei 7.713/88. 9 Diferir o pagamento do tributo, como se infere da própria etimologia do termo14, não se confunde com a alteração do critério temporal do tributo. No primeiro caso, nesse passo, há a ocorrência do fato gerador, dilatandose o prazo de seu pagamento, enquanto que no segundo alterase o próprio instante do nascimento da obrigação jurídicotributária. Ao julgar a matéria, a Câmara Superior de Recursos Fiscais proferiu o acórdão n.º 920202.014, no qual, interpretando o contido no art. 20 da Lei nº 8.981/95 e no art. 31 da IN nº 084/2001, norma regulamentar da Receita Federal do Brasil, conclui que esta última “difere, de forma correta, ocorrência do fato gerador (apuração) com o pagamento do tributo. 8 Art. 117. Está sujeita ao pagamento do imposto de que trata este Título a pessoa física que auferir ganhos de capital na alienação de bens ou direitos de qualquer natureza (Lei nº 7.713, de 1988, arts. 2º e 3º, § 2º, e Lei nº 8.981, de 1995, art. 21). (...) § 2º. Os ganhos serão apurados no mês em que forem auferidos e tributados em separado, não integrando a base de cálculo do imposto na declaração de rendimentos, e o valor do imposto pago não poderá ser deduzido do devido na declaração (Lei nº 8.134, de 1990, art. 18, § 2º, e Lei nº 8.981, de 1995, art. 21, § 2º). 9 Art. 21. Nas alienações a prazo, o ganho de capital será tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver. Fl. 687DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10530.723471/201116 Acórdão n.º 9202003.771 CSRFT2 Fl. 10 17 Notese que o ganho de capital total é apurado no momento da alienação, de acordo com a legislação vigente à época, sendo que o pagamento do imposto é feito proporcionalmente à medida que os valores são recebidos pela pessoa física alienante. Não há, no momento do recebimento de cada uma das parcelas, nova apuração do tributo, à luz da lei vigente ao tempo do efetivo pagamento do preço, o que seria necessário se a lei considerasse como momento da ocorrência do fato gerador a data do recebimento de cada uma das parcelas, como se o lucro fosse aferido sob o regime de caixa. De fato, se considerássemos a ocorrência de vários fatos geradores em decorrência de uma única venda e compra a prazo, terseia de admitir a aplicação de cada uma das leis vigentes ao tempo de cada fato gerador, o que exigiria diferentes formas de apuração do imposto para parcelas decorrentes de um mesmo contrato, o que tornaria ainda mais complexo o nosso sistema, principalmente em se tratando de alienação de imóveis a prazo, cuja legislação prevê critérios de redução de base de cálculo que levam em conta os meses decorridos entre a data de aquisição e a data de alienação. Tal forma de tributação atende assim à praticabilidade tributária15, posto que fosse o próprio fato gerador postergado certamente o montante do ganho de capital poderia ser influenciado por diversos fatores, inclusive pelos índices de inflação e, como se viu, pela superveniência de novas leis. A respeito do momento da ocorrência do fato gerador do “imposto sobre ganhos de capital”, na terminologia de HENRY TILBERY, com base no critério de tributação conhecido como realization basis, esclarece este mesmo jurista que “será o da alienação do bem por um preço, que ultrapassa a reposição do capital, realizando neste momento a mais valia.” 10 Mais adiante, HENRY TILBERY, justificando a opção pelo método do “momento do ganho realizado”, cita o autor americano HENRY C. SIMONS, para explicitar que “poderia talvez haver críticas contra a prática da ‘base do ganho realizado’, porém, quem exigisse que fosse abandonada, demonstraria pouca compreensão a considerações práticas. Conforme opinião do autor [Henry C. Simons], o critério de realização infelizmente tem de ser aceito como necessidade prática.” Em virtude do que se expôs, o legislador ordinário estabeleceu que, nas alienações a prazo, o ganho de capital deverá ser apurado como se venda à vista fosse e tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês. Apenas o pagamento é que é diferido, consoante determinam o art. 21 da Lei n.º 7.713, de 22 de dezembro de 1988, e o art. 31 da IN SRF n.º 84, de 11 de outubro de 2001. Assim, a análise cuidadosa da legislação federal a respeito do tema leva à conclusão inevitável de que o momento da ocorrência do fato gerador é o da alienação do bem ou direito, da qual decorra, para o contribuinte, um ganho de capital. Assim, muito embora haja divergências a respeito, devo concluir que o regime de caixa não é necessariamente aplicável para efeitos de determinação do momento da ocorrência do fato gerador do imposto de renda devido pelas pessoas físicas, tratandose de mero instrumento de política fiscal que pode ser livremente abandonado pelo legislador. 10 TILBERY, Henry. A Tributação dos Ganhos de Capital. São Paulo: IBDT e Resenha Tributária, 1977. p. 24. Fl. 688DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 18 Neste caso específico, portanto, optou o legislador em considerar ocorrida a disponibilidade, para fins de incidência do imposto, no momento da alienação, sendo certo que já neste momento existe, para o alienante, o ingresso de direitos que vêm a incorporar de maneira definitiva seu patrimônio e sobre os quais pode livremente dispor. Isto significa dizer que, para efeitos de apuração do ganho de capital, a legislação considera ocorrido o fato gerador na data da alienação, diferindo o pagamento do tributo até a data do recebimento de cada parcela mensal. Se assim é para apurar o ganho tributável, o mesmo raciocínio deverá ser aplicado na contagem do prazo decadencial de que trata o §4º. do art. 150 do Código Tributário Nacional, ou seja, devese considerar como marco inicial do prazo decadencial nas alienações a prazo a data da celebração do contrato de promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento, tal como conceituada pela legislação do imposto de renda. Não se pode admitir que, numa mesma situação, existam datas distintas de ocorrência do fato gerador, uma para efeitos de decadência e outra para efeitos de apuração do tributo devido. CONCLUSÕES: Aplicase aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, como é o caso do imposto de renda devido em virtude do ganho de capital auferido na alienação de bens imóveis, o prazo decadencial de 5 anos aludido pelo art. 150, §4º., do CTN, à exceção dos casos de “dolo, fraude ou simulação” (art. 150, §4º., c/c art. 149, VII, do CTN). Partindose desta premissa e movendo à análise da regra de incidência formada pelo art. 21 da Lei 8.981/95, verificase que o conceito de alienação alberga a promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento (art. 463 do CC). Outrossim, no que concerne à definição do momento em que se considera auferido o ganho de capital, devese recorrer ao conceito de “renda e proventos de qualquer natureza”, referido pelo art. 43 do CTN, mais especificamente no que toca à definição de disponibilidade jurídica e econômica. Nesta esteira, “disponibilidade” é a faculdade de dispor de bens, noção esta atrelada ao direito civil, mormente no que atine aos conceitos de patrimônio (art. 91 do Código Civil) e de propriedade (art. 1228 do Código Civil). Nesse passo, para efeitos de incidência do imposto de renda, seja no que toca aos rendimentos de pessoa física, seja naqueles relativos às pessoas jurídicas, fazse mister constatarse a disponibilidade jurídica, apenas havendo que se demonstrar o ingresso de pecúnia nos casos em que o legislador expressamente a ela se referir. Com supedâneo em tais premissas, concluo, no caso do art. 21 da Lei 8.981/95, a legislação considera ocorrido o fato gerador (aspecto temporal) no momento da alienação, apenas postergando o recolhimento do tributo (art. 117, §2º do RIR – Decreto 3.000/1999, c/c art. 21 da Lei 7.713/89), inclusive determinando o cálculo do tributo de acordo com o ganho auferido no momento da alienação (art. 31 da IN n.º 84/2001). Conjugandose, pois, este entendimento com a regra insculpida no art. 150, §4º, do CTN, podese asseverar que o dies a quo do prazo decadencial, no caso de venda a prazo de imóvel (promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento) é a própria data da alienação deste último, contandose os 5 anos referidos pelo dispositivo legal a partir de então, à exceção, como se disse, dos casos de dolo, fraude ou simulação. Fl. 689DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10530.723471/201116 Acórdão n.º 9202003.771 CSRFT2 Fl. 11 19 Diante do acima exposto, VOTO por NEGAR provimento ao recurso interposto pela Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Maria Teresa Martinéz Lopez Fl. 690DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/03/2 016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmen te em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10580.724205/2010-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 03 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Feb 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Exercício: 2006
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa do contribuinte. Descabe a alegação de nulidade quando não existirem no processo atos insanáveis, ainda mais quando comprovado que a autoridade lançadora observou, durante os trabalhos de auditoria, os procedimentos previstos na legislação tributária.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITA.
Evidencia omissão de receita a existência de valores creditados em conta de depósito mantida em instituição financeira, em relação aos quais a contribuinte, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. CABIMENTO.
O agravamento da multa lançada de oficio no percentual de 112,50% se aplica quando comprovado que o sujeito passivo não atendeu às intimações fiscais para a apresentação de informações relacionadas com as suas atividades.
Numero da decisão: 1201-001.348
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto Presidente
(documento assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Roberto Caparroz de Almeida, Gilberto Baptista, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa.
Nome do relator: ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201602
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Exercício: 2006 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa do contribuinte. Descabe a alegação de nulidade quando não existirem no processo atos insanáveis, ainda mais quando comprovado que a autoridade lançadora observou, durante os trabalhos de auditoria, os procedimentos previstos na legislação tributária. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITA. Evidencia omissão de receita a existência de valores creditados em conta de depósito mantida em instituição financeira, em relação aos quais a contribuinte, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. CABIMENTO. O agravamento da multa lançada de oficio no percentual de 112,50% se aplica quando comprovado que o sujeito passivo não atendeu às intimações fiscais para a apresentação de informações relacionadas com as suas atividades.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Feb 19 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10580.724205/2010-34
anomes_publicacao_s : 201602
conteudo_id_s : 5568160
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Feb 22 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 1201-001.348
nome_arquivo_s : Decisao_10580724205201034.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
nome_arquivo_pdf_s : 10580724205201034_5568160.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Presidente (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Roberto Caparroz de Almeida, Gilberto Baptista, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 03 00:00:00 UTC 2016
id : 6283490
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:45:14 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122823802880
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2096; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.724205/201034 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1201001.348 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 4 de fevereiro de 2016 Matéria Auto de Infração Recorrente MULTITECH INFORMATICA, AUDIO E VIDEO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Exercício: 2006 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa do contribuinte. Descabe a alegação de nulidade quando não existirem no processo atos insanáveis, ainda mais quando comprovado que a autoridade lançadora observou, durante os trabalhos de auditoria, os procedimentos previstos na legislação tributária. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITA. Evidencia omissão de receita a existência de valores creditados em conta de depósito mantida em instituição financeira, em relação aos quais a contribuinte, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. CABIMENTO. O agravamento da multa lançada de oficio no percentual de 112,50% se aplica quando comprovado que o sujeito passivo não atendeu às intimações fiscais para a apresentação de informações relacionadas com as suas atividades. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 42 05 /2 01 0- 34 Fl. 376DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10580.724205/201034 Acórdão n.º 1201001.348 S1C2T1 Fl. 3 2 (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto – Presidente (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Roberto Caparroz de Almeida, Gilberto Baptista, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa. Relatório Tratase de Auto de Infração de IRPJ, CSLL, PIS, COFINS e Contribuição Previdenciária, relativos ao anocalendário de 2006 e lavrados contra a Contribuinte com agravamento da multa para 112,5%, por força de duas infrações, diferença de base de cálculo e insuficiência de recolhimentos. Como os fatos e a matéria jurídica foram bem relatados pela decisão de primeira instância, peço vênia para reproduzir os seus principais trechos: Explica a Autoridade Tributária que a ação fiscal decorreu da divergência entre a receita de venda de mercadorias informada na Declaração Simplificada de Pessoa Jurídica 2007, ano calendário 2006, e a receita total do período declarada à Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia nas Declarações de Apuração Mensal do ICMS (DMA). Enquanto que, para o Fisco Federal, comunicou a receita de R$ 428.435,00, para o Fisco Estadual, o montante reconhecido totalizou R$ 1.373.469,00. Expedido o Mandado de Procedimento Fiscal, a ação fiscal foi iniciada em 24/09/2009, com entrega do “Termo de Início do Procedimento Fiscal no qual foram solicitados os Livros Caixa, Apuração de ISS e ICMS, Declarações de Apuração Mensal – DMA, o Contrato Social e suas alterações e a informação se havia medidas judiciais relativamente ao tributo e período fiscalizado”. Em 30/09/2009, a fiscalizada informou que não havia conseguido localizar a documentação requisitada, o que a levou a pedir prorrogação do prazo para atendimento da intimação, no que foi prontamente atendida. Em 20/10/2009, alegando o ocorrência de “série de fatores que envolvem o funcionamento da empresa”, os quais não foram Fl. 377DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10580.724205/201034 Acórdão n.º 1201001.348 S1C2T1 Fl. 4 3 esclarecidos, requereu novo prazo de 60 dias para cumprimento da requisição fiscal. Lavrado o Termo de Constatação Fiscal nº 001 em que se registraram os fatos até aqui narrados, concedeuse o prazo de 20 dias para a entrega dos documentos listados no Termo de Início do Procedimento Fiscal. Na oportunidade, o Agente Fiscal requereu, também, a apresentação dos extratos bancários atinentes ao ano calendário 2006. Em 19/11/2009, a contribuinte solicitou mais 60 dias para o cumprimento das exigências fiscais e “alegou que em virtude da proteção constitucional que recai sobre os sigilos fiscal e bancário, a empresa não estava obrigada a apresentar os extratos solicitados”. Foram, então, encaminhadas Requisições de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF) ao Banco do Brasil e ao Bradesco para que fossem entregues os extratos bancários. Em 23/12/2009, depois de três meses do início da ação fiscal e sem que a contribuinte tivesse entregado quaisquer dos documentos solicitados, foi lavrado o Termo de Constatação Fiscal nº 002, com o objetivo de advertila sobre a ocorrência da hipótese de embaraço à Fiscalização e sobre a possibilidade de apuração das receitas com base nos depósitos bancários, caso persistisse a omissão no atendimento das requisições fiscais. Recebidos, pelo Fisco, os extratos bancários encaminhados pelas instituições financeiras, foi elaborada planilha na qual “constaram todas as operações a crédito com histórico que sugerissem ingresso de receita, tais como: cartão Visa Electron, venda cartão de crédito, Redecard cartão de crédito, recebimento de fornecedor, transferências entre agências, etc.”, planilha esta entregue à contribuinte, acompanhada de intimação para que comprovasse a origem dos valores indicados por meio de documentação hábil e idônea. A fiscalizada foi avisada de que a falta de comprovação autorizaria a presunção legal de omissão de receita dos valores depositados e não comprovados. Transcorridos 50 dias sem que a contribuinte tivesse comprovado ou justificado os depósitos, foi elaborada a planilha intitulada “Créditos Bancários com Origem não Comprovada” (fls. 177/224), que, juntamente com a PSJI 2007 – Simples (fls. 90/107), serviu de base para a elaboração da planilha “Diferença Apurada da Base de Cálculo do Simples – 2006” (fl. 77), a qual embasou as autuações em apreço. Acrescenta a Autoridade Fiscal que a multa de ofício foi agravada em 50% “em face do embaraço à fiscalização caracterizado pela negativa contumaz de apresentar a documentação solicitada pela autoridade fiscal conforme registrado no Termo de Constatação Fiscal n° 002". Das Impugnações Fl. 378DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10580.724205/201034 Acórdão n.º 1201001.348 S1C2T1 Fl. 5 4 Cientificada das autuações, a interessada as impugnou por meio das peças de fls. 253/320. São cinco impugnações, uma para cada tributo exigido: contribuição previdenciária (fls. 253/265), CSLL (267/278), Cofins (fls. 280/292), IRPJ (fls. 294/306) e PIS (fls. 308/320). São comuns às cinco impugnações interpostas as argumentações acerca “da ilegalidade da quebra de sigilo bancário em procedimento administrativo fiscal” e “das multas”. Além disso, para cada um dos tributos exigidos, com exceção da CSLL, a impugnante sustentou a impossibilidade da apuração deles mediante extratos bancários. Para melhor apresentar as razões de defesa aos demais julgadores da Turma, iniciarei com a exposição das alegações atinentes ao sigilo fiscal e às multas para, em seguida, apresentar as arguições específicas para cada tributo. Da ilegalidade da quebra de sigilo bancário em procedimento administrativo fiscal. A contribuinte iniciou as impugnações argumentando que os prazos concedidos pela Fiscalização para a apresentação dos documentos solicitados foram exíguos e impossíveis de cumprir. Além disso, a seu ver, não estaria obrigada à apresentação dos extratos bancários em vista do sigilo bancário, direito constitucionalmente assegurado. Contesta, por conseguinte, as autuações, resultantes do arbitramento de supostas receitas com base nos extratos bancários, que teriam sido “obtidos mediante a ilegal quebra do sigilo bancário”. Sobre este tema, sigilo bancário, argumenta que os incisos X e XII do artigo 5º da Constituição Federal protegem o direito à vida privada, ao sigilo de dados e à intimidade, os quais estariam intrinsecamente relacionados ao sigilo bancário, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF). Por ser garantia e direito individual garantido constitucionalmente, a obrigação de se constituir o crédito tributário prevista no artigo 142 do Código Tributário Nacional não pode a ele se sobrepor. Sustenta que o direito à inviolabilidade do sigilo bancário não é absoluto. Todavia, ele apenas pode ser afastado por autoridade judiciária, o que torna inconstitucionais a Lei Complementar nº 105, de 2001, e o Decreto nº 4.489, de 2002, que concederam à autoridade administrativa, em procedimento fiscal, o poder de quebrar o sigilo bancário do contribuinte. Transcreve ementa de acórdão proferido pelo STF, por meio do qual se afastou a aplicação do artigo 8º da Lei nº 8.021, de 1990, abaixo reproduzido: Fl. 379DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10580.724205/201034 Acórdão n.º 1201001.348 S1C2T1 Fl. 6 5 Art. 8° Iniciado o procedimento fiscal, a autoridade fiscal poderá solicitar informações sobre operações realizadas pelo contribuinte em instituições financeiras, inclusive extratos de contas bancárias, não se aplicando, nesta hipótese, o disposto no art. 38 da Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Parágrafo único. As informações, que obedecerão às normas regulamentares expedidas pelo Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, deverão ser prestadas no prazo máximo de dez dias úteis contados da data da solicitação, aplicandose, no caso de descumprimento desse prazo, a penalidade prevista no § 1° do art. 7°. Traz à colação, também, acórdãos proferidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região em que não se aceitou o acesso do Fisco às informações bancárias dos contribuintes sem a prévia intervenção do Poder Judiciário. Ademais, argúi que a Lei Complementar nº 105, de 2001, autorizaria “a quebra do sigilo bancário quando necessária a apuração de algum fato ilícito, tais como tráfico de drogas, tortura, etc.”. Por entender que são ilegais as provas apresentadas pelo Fisco, requer a anulação das autuações. Das multas Sobre esta questão, sustenta que a expressão crédito tributário abrange tanto os tributos como as penalidades pecuniárias, conforme se depreende dos artigos 113 e 121 do Código Tributário Nacional. Desta forma, a insubsistência do crédito tributário conduziria “a descaracterização das multas que o compõem”. Além disso, aduz que as multas exigidas são confiscatórias e ofendem o princípio da razoabilidade, o que impõe a sua invalidade por vício de inconstitucionalidade. Das argumentações específicas para cada tributo Contribuição Previdenciária (INSS) Acerca das contribuições previdenciárias, aduz que a base de cálculo do tributo é a folha de pagamento, a qual pressupõe a existência de funcionários, não o faturamento da empresa. Alegando que, no auto de infração, não consta a sua fundamentação legal nem a demonstração das bases de cálculo, considera indevido o lançamento fiscal. COFINS Argumenta que a base de cálculo foi apurada com base em um suposto faturamento da empresa obtido dos extratos bancários, quando o fato gerador do mencionado tributo é a receita, Fl. 380DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10580.724205/201034 Acórdão n.º 1201001.348 S1C2T1 Fl. 7 6 “ingresso pecuniário que venha a acrescer o patrimônio de quem recebe”. Por entender que o lançamento não indicou o fato gerador, a fundamentação legal nem demonstrou as bases de cálculo, conclui pela sua improcedência. IRPJ Expõe que o imposto sobre a renda tem por fato gerador “auferir renda ou proventos de qualquer natureza”. A renda estaria relacionada ao produto do capital do trabalho ou a combinação de ambos. Já os proventos seriam acréscimos patrimoniais que não se enquadram no conceito de renda. Sustentando que o acréscimo patrimonial não pode ser mensurado via extratos bancários, considera inútil a utilização destes documentos na apuração do IRPJ. PIS No que concerne ao PIS, expôs as mesmas argumentações concernentes à COFINS. Ante o exposto, requer que as impugnações tempestivamente interpostas sejam acolhidas para que sejam julgados improcedentes os lançamentos fiscais questionados. Requer ainda que seja suspensa a exigibilidade do crédito tributário até “o trânsito em julgado do processo administrativo fiscal”. Cabe ainda relatar que, não obstante conste no endereço eletrônico dos Correios na internet, que os autos de infração foram entregues ao destinatário em 12/05/2010 (fl. 247), o Aviso de Recebimento (AR) juntado a fl. 323 indica que a correspondência foi recebida em 12/05/2009, mesma data indicada no carimbo aposto pelos Correios. Diante das informações conflitantes e visando não causar qualquer prejuízo à contribuinte, decidiu o órgão preparador considerar tempestivas as impugnações protocolizadas em 15/06/2010. Em sessão de 07 de julho de 2014, a 13a Turma da Delegacia de Julgamento de Ribeirão Preto, por unanimidade de votos, julgou improcedentes as impugnações apresentadas. Por seu turno, a interessada interpôs Recurso Voluntário, no qual repetiu, basicamente, os argumentos das impugnações, com ênfase na nulidade dos lançamentos, na impossibilidade de quebra do sigilo bancário e na falta de razoabilidade das multas aplicadas. Os autos foram encaminhados a este Conselho para apreciação e julgamento. É o relatório. Fl. 381DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10580.724205/201034 Acórdão n.º 1201001.348 S1C2T1 Fl. 8 7 Voto Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos legais, razão pela qual dele conheço. Como primeiro argumento, entende a Recorrente que os Autos de Infração são nulos pois não foram a eles anexados a documentação relativa à definição da base de cálculo dos tributos autuados, de forma que restariam maculados os princípios do contraditório e da ampla defesa. Tal alegação não pode prosperar. Ressaltese que para as empresas optantes do SIMPLES, como no caso da Recorrente, o IRPJ, a CSLL, o PIS, a COFINS e a Contribuição Previdenciária são apurados com base na receita bruta auferida a cada mês, de sorte que descabem, no caso dos autos, os argumentos de que a contribuição previdenciária deveria ser apurada com base na folha de pagamentos e que o IRPJ e a CSLL deveriam ser calculados em função do acréscimo patrimonial da pessoa jurídica. Resta evidente que, embora devidamente intimada e com a concessão de prazos e prorrogações bastante razoáveis, a empresa simplesmente não apresentou à fiscalização qualquer documento, o que ensejou, como alternativa, a requisição dos extratos bancários para as instituições financeiras nas quais a Recorrente figurava como correntista. Podese também perceber que a autoridade fiscal expurgou, nos lançamentos, os valores contidos nos extratos que não guardavam correlação com receitas e, a partir daí, elaborou planilha, de fls. 116 a 163, que contém: “todas as operações a crédito com histórico que sugerisse ingresso de receita, tais como: Cartão Visa Electron, venda cartão de crédito, Redecard cartão de crédito, recebimento de fornecedor, transferências entre agências, etc.”. A planilha foi encaminhada ao contribuinte para que este justificasse a origem dos depósitos relacionados, com a advertência expressa de que: “a falta da comprovação exigida autorizaria a presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos dos valores creditados e não comprovados”. Entendo que, ao assim proceder, agiu a autoridade lançadora com a devida diligência e o cuidado que devem nortear as hipóteses de omissão de receitas, no sentido de perquirir e dar oportunidade para que o Contribuinte apresente documentos. A base legal do auto de infração é o artigo 42 da Lei n. 9.430/96, que confere presunção de omissão de receita aos depósitos cuja origem não seja comprovada pelo titular, nos seguintes termos: Fl. 382DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10580.724205/201034 Acórdão n.º 1201001.348 S1C2T1 Fl. 9 8 Art.42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). A presunção contida no artigo 42 tem o condão de inverter o ônus da prova, normalmente a cargo do Fisco, nas hipóteses em que o Contribuinte omite os valores depositados em conta de sua titularidade. Nesses casos, a lei determina que compete ao interessado fazer prova da origem de tais recursos, até então desconhecidos. A prova exigida deve ser hábil e idônea, ou seja, suficiente e conclusiva em relação aos fatos que originaram os respectivos depósitos ou transferências. A não comprovação pelo interessado ou a apresentação de documentos frágeis ou insuficientes materializa, no campo jurídico, a presunção, e torna de rigor o lançamento do montante detectado. Por óbvio que cabe à autoridade fiscal intimar, averiguar e determinar a apresentação dos documentos que considera necessários para a comprovação dos depósitos. Não há, portanto, qualquer vício ou defeito que possam atingir os autos lavrados, até porque a autoridade fiscal, ao constituir os créditos tributários, excluiu do montante de depósitos não justificados os valores que foram informados à Receita Federal na Declaração 2007 do SIMPLES. Evidente, pois, que não foram tributados os depósitos bancários, mas sim a renda que eles representam, sendo certo que os depósitos são apenas o sinal exterior de valores Fl. 383DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10580.724205/201034 Acórdão n.º 1201001.348 S1C2T1 Fl. 10 9 que deveriam ter sido oferecidos à tributação ou, como alternativa, deveriam, ao menos, ter a sua origem comprovada. Apesar disso, a Recorrente apresenta páginas e páginas de argumentos jurídicos, evoca princípios constitucionais da maior relevância, inclusive as sagradas garantias do contraditório e da ampla defesa, mas, curiosamente, delas não faz uso para trazer um documento sequer aos autos. Entendo que o tempo e o esforço dedicados ao processo seriam mais bem empregados se buscassem apresentar ao julgador documentos, planilhas, lançamentos contábeis ou comprovantes de pagamentos, enfim, qualquer informação capaz de subsidiar suas alegações. Todavia, nada disso foi feito. Novamente me deparo com a inusitada situação em que se acredita que as palavras, ainda que bem concatenadas, tenham, por si só, o poder de se transmutar em provas concretas. Descabe, assim, qualquer argumento relativo à nulidade dos autos ou procedimentos adotados pela fiscalização. Quanto à alegação de impossibilidade de quebra do sigilo bancário, também não assiste razão à empresa. O acesso original das autoridades administrativas às informações bancárias dos contribuintes tem fundamento na Constituição Federal, mais precisamente no artigo 145, § 1º: § 1º Sempre que possível os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. No mesmo sentido, o artigo 197 do Código Tributário Nacional já previa o acesso às informações bancárias: Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: (...) II – os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras; Posteriormente, sobreveio a Lei Complementar n. 105/2001, que regulamentou o acesso às informações bancárias: Art. 1o As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. Fl. 384DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10580.724205/201034 Acórdão n.º 1201001.348 S1C2T1 Fl. 11 10 (...) § 3o Não constitui violação do dever de sigilo: (...) VI – a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o e 9o desta Lei Complementar. (...) Art. 5o O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos limites de valor, os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão à administração tributária da União, as operações financeiras efetuadas pelos usuários de seus serviços. (...) Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente Com a edição da Lei Complementar n. 105 foram publicados, ainda, a Lei n. 10.174/2001, e o Decreto n. 3.724, do mesmo ano, que trouxeram detalhes sobre os procedimentos para a obtenção das informações. Conquanto se possa argumentar que a questão é objeto de debates no Supremo Tribunal Federal, não existe, ainda, manifestação peremptória daquela Corte, contra ou a favor dos procedimentos definidos em lei. Assim, ante a atual vigência e presunção de validade das normas citadas, não compete a este Conselho apreciar matéria relacionada à constitucionalidade de leis nem tampouco negarlhes eficácia, na esteira do que determina a Súmula n. 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Por fim, no que tange às multas, manifestase a Recorrente apenas no sentido de ofensa ao princípio da razoabilidade e ao fato de que, com a insubsistência do créditos consignados nos autos de infração restariam descaracterizadas as multas que os integram. Não há, no Recurso, qualquer argumento contra o agravamento das penalidades, em razão do não atendimento às solicitações efetuadas pela fiscalização. A despeito disso, ao analisar a questão, entendo correta a atitude da autoridade fiscal, posto que a interessada simplesmente não apresentou qualquer documento solicitado, sendo certo que houve tempo razoável, inclusive com prorrogações, para que assim procedesse. Fl. 385DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10580.724205/201034 Acórdão n.º 1201001.348 S1C2T1 Fl. 12 11 Consta dos autos intimação específica alertando a empresa para a caracterização do embaraço, de sorte que houve tempo e oportunidade para que a interessada atendesse, ainda que parcialmente, as determinações fiscais. Como nada fez, limitandose a questionar a suposta exiguidade do prazo concedido (que foi superior a três meses) e a inconstitucionalidade da requisição de extratos bancários, entendo que não há alternativa senão a majoração do gravame, pois é dever do contribuinte prestar informações acerca de sua atividade econômica às autoridades, sempre que regularmente intimado, como ocorreu no caso em análise. Ante o exposto CONHEÇO do Recurso e, no mérito, voto por NEGARLHE provimento. É como voto. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator Fl. 386DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO
score : 1.0
Numero do processo: 19647.007819/2008-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006, 2007
MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA.
A opção pela forma de tributação com base no lucro real anual sujeita a pessoa jurídica a antecipações mensais da contribuição, determinadas sobre base de cálculo estimada. O não-recolhimento, ou o recolhimento a menor, dá ensejo à aplicação da multa isolada prevista na alínea "b" do inciso H do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. É cabível a aplicação da multa exigida em face do não-recolhimento das estimativas mensais.
Numero da decisão: 1201-001.288
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
MARCELO CUBA NETTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator.
EDITADO EM: 27/02/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), Roberto Caparroz de Almeida, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa (suplente convocada).
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201601
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2006, 2007 MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA. A opção pela forma de tributação com base no lucro real anual sujeita a pessoa jurídica a antecipações mensais da contribuição, determinadas sobre base de cálculo estimada. O não-recolhimento, ou o recolhimento a menor, dá ensejo à aplicação da multa isolada prevista na alínea "b" do inciso H do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. É cabível a aplicação da multa exigida em face do não-recolhimento das estimativas mensais.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 08 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 19647.007819/2008-96
anomes_publicacao_s : 201603
conteudo_id_s : 5572578
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 08 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 1201-001.288
nome_arquivo_s : Decisao_19647007819200896.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
nome_arquivo_pdf_s : 19647007819200896_5572578.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MARCELO CUBA NETTO - Presidente. (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator. EDITADO EM: 27/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), Roberto Caparroz de Almeida, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa (suplente convocada).
dt_sessao_tdt : Thu Jan 21 00:00:00 UTC 2016
id : 6302714
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:45:47 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122846871552
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2154; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19647.007819/200896 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1201001.288 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 21 de janeiro de 2016 Matéria IRPJ Recorrente LABORATORIO FARMACEUTICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO GOV. MIGUEL ARRAES S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2006, 2007 CONTRIBUIÇÃO DEMONSTRADA NO LALUR. CONTRIBUIÇÃO DECLARADA EM DIPJ. DIFERENÇA. DCTF RETIFICADORA. AUSÊNCIA DE ESPONTANEIDADE. A diferença entre a CSLL devida de acordo com o que fora escriturado no LALUR e o que fora de fato pago em consonância com a DIPJ, a partir do ajuste anual, lastreia o lançamento fiscal. DCTF retificadora após início do procedimento fiscal não é dotada de espontaneidade e, desta forma, é ineficaz e inválida (Art. 138, parágrafo único, CTN). ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006, 2007 MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA. A opção pela forma de tributação com base no lucro real anual sujeita a pessoa jurídica a antecipações mensais da contribuição, determinadas sobre base de cálculo estimada. O nãorecolhimento, ou o recolhimento a menor, dá ensejo à aplicação da multa isolada prevista na alínea "b" do inciso H do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. É cabível a aplicação da multa exigida em face do nãorecolhimento das estimativas mensais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 00 78 19 /2 00 8- 96 Fl. 542DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 27/ 02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 2 (assinado digitalmente) MARCELO CUBA NETTO Presidente. (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Relator. EDITADO EM: 27/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), Roberto Caparroz de Almeida, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa (suplente convocada). Relatório Tratase de auto de infração referente à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL (fls. 04 a 07), lavrado para formalização e exigência de crédito tributário no montante de R$ 835.795,14 (valores principais, multas e juros). De acordo com o Termo de Verificação (fls. 13 a 26), o lançamento decorreu de divergências entre a contribuição escriturada nos livros fiscais e a declarada em DCTF, e de recolhimentos a menor de estimativas mensais. Em virtude do contribuinte não ter efetuado todos os recolhimentos devidos da CSLLEstimativa com base na receita bruta e acréscimos, ao longo dos períodos fiscalizados, ficou ele sujeito à imposição da multa isolada diante da falta de recolhimento da contribuição, conforme determinado pelo art. 44 da Lei n° 9.430/96. Consoante o Termo de Verificação Fiscal, o levantamento da CSLL devida foi feito a partir dos demonstrativos, apresentados pelo contribuinte, das fls. 64 a 70, que compõem seus documentos contábeis e fiscais, transcritos no Lalur (fls. 84 a 110). Verificou se, basicamente, a ausência de declaração em DCTF da contribuição demonstrada nesse livro (conforme Demonstração Gerencial do Cálculo da Contribuição Social Real, à fl. 87), no montante exato de R$ 430.127,37. Fl. 543DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 27/ 02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.007819/200896 Acórdão n.º 1201001.288 S1C2T1 Fl. 3 3 Impugnação O recorrente apresentou impugnação, contrapondo, em síntese, que: inexistiria valor em aberto a título de CSLL anual; o valor apurado na DIPJ teria sido pago por meio do DARF de fls. 221, inclusive em valor maior (não teria sido considerada a contribuição recolhida na fonte por órgãos públicos), e à conta disso, a aplicação da multa de 75% teria sido indevida; os valores devidos a título de estimativa de CSLL teriam sido declarados e quitados, através da apresentação da DIPJ e do pagamento da CSLL referente ao ajuste anual, antes do início da ação fiscal, de maneira que a aplicação da multa isolada teria sido indevida, considerando a multa isolada não poderia ser exigida em conjunto com a multa de ofício proporcional; e, ao final, requereu a realização de perícia. Ainda alegou o ora recorrente que o LALUR teria sido preenchido de forma incorreta e que, de fato, não teria sido informada a CSLL total em DCTF, mas que tais falhas teriam sido corrigidas por meio de retificação, que, contudo, não fora aceita pela fiscalização. Decisão da DRJ/REC Fora, então, proferido o Acórdão nº 1129.160 3a Turma da DRJ/REC, nos seguintes termos. Diferenças nas Antecipações Mensais de CSLL Entendeuse que assiste razão em parte as alegações trazidas em impugnação. Constatase do Demonstrativo Gerencial da fl. 87, a contribuição devida, antes das compensações, corresponde exatamente a apurada na DIPJ, antes das deduções (linha 42 da Ficha 17, à fl. 209). A diferença entre elas se deu em razão de ter sido deduzido no demonstrativo do LALUR, a título de outras compensações, o montante de R$ 1.436.810,57, enquanto na DIPJ, ter sido deduzido o montante R$ 1.749.026,77. Fl. 544DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 27/ 02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 4 A dedução no LALUR — que se considerou na autuação — corresponde ao somatório das estimativas mensais, calculadas com base na Receita Bruta escriturada, no montante de R$ 1.350.485,03, adicionado à CSLL retida para órgãos, autarquias e fundações federais (linha 49 da ficha 17 da DIPJ, à fl. 209), no montante de R$ 86.325,54 (R$1.350.485,03+ R$ 86.325,54 = R$1.436.810,57). No entanto, firmouse no Acórdão que os pagamentos a título de estimativa mensal — devidamente declarados em DCTF’s, apresentadas antes do início da ação fiscal — que efetivamente devem ser considerados no cálculo da CSLL anual, haja vista trataremse de meras antecipações, perfizeram o montante de R$ 1.662.701,23, exatamente o que se informou na DIPJ (linha 53 da Ficha 17), à fl. 209. De maneira que se decidiu por exonerar a diferença entre o que se pagou, à título de estimativa, e o que a fiscalização apurou com base na Receita Bruta (ou seja, R$1.662.701,23 R$1.350.485,03 = R$ 312.216,20). No entanto, fora desconsiderada a existência do pagamento espontâneo a título de CSLL anual, consubstanciado no DARF da fl. 221, uma vez não declarado em DCTF. Exonerouse, entretanto, a multa de ofício. Da Multa Isolada – Das Estimativas Mensais a Menor Na impugnação, contrapuseramse, essencialmente, dois argumentos referentes à aplicação da multa isolada: primeiro, ela seria indevida porquanto as estimativas teriam sido devidamente declaradas e quitadas por meio da apresentação da DIPJ e pagamento da CSLL apurada ao final do ano; segundo, ela não poderia subsistir conjuntamente com a aplicação da multa de 75%, prevista no inciso I do art. 44 da Lei no 9.430, 1996. O acórdão refutou de pronto as alegações. Definiuse que o fato de ter sido apresentada DIPJ, bem assim de ter sido pago CSLL ao final do ano, não configuraria pressuposto para a não aplicação de multa isolada — de acordo com a alínea "b" do inciso 11 do art. 44 da Lei d 9.430, de 1996, com redação dada pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007, mesmo que tivesse sido apurada base negativa ao final do ano, sendo perfeitamente cabível a aplicação da multa isolada. O argumento que se apresentou, de consequente, reputou se inválido. Fl. 545DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 27/ 02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.007819/200896 Acórdão n.º 1201001.288 S1C2T1 Fl. 4 5 Aditouse que apesar de o montante pago a título de estimativa, ao longo do anocalendário de 2006, ter sido maior do que o apurado com base na receita bruta escriturada, no mês de outubro — no ano calendário de 2007, verificaramse recolhimentos a menor nos meses de março e abril — recolheuse estimativa a menor, o que ensejou a aplicação da multa isolada para esses meses. No entanto, duas ressalvas foram feitas: primeira, a estimativa do mês de outubro de 2006, calculada com base na escrituração do contribuinte foi de R$142.689,49, diferentemente do que se consignou no quadro da fl. 73; segunda, no mês de março de 2007, o valor recolhido a título de estimativa foi de R$ 55.727,63, consoante Sinal 04, de maneira que o cotejo efetuado no quadro da fl. 73 deveria ter sido feito com esse valor, e não com a estimativa declarada em DCTF. Para esse meses, portanto, definiuse necessária a alteração do lançamento da multa. Procedência Parcial Por fim, a DRJ considerou procedente em parte a impugnação, para exonerar o crédito no montante de R$ 315.333,30 (valor principal e multa isolada), mantendo o montante de R$ 139.196,95 (valor principal e multa isolada), e afastando a aplicação da multa proporcional de 75%. Recurso voluntário Inicialmente o recorrente alegou que o montante do crédito tributário mantido pela decisão da DRJ/REC, referese à cota única da CSLL (período de apuração de 2006 e com vencimento em 30/03/07), no montante de R$ 117.911,17, cujo pagamento fora integralmente realizado através do DARF no valor de R$ 205.287,17 (duzentos e cinco mil duzentos e oitenta e sete reais e dezessete centavos) em 30 de março de 2007, bem como, por meio de compensação realizada através do PER/DCOMP nº 14556.86881.210807.1.3.048420 , transmitido em 21 de agosto de 2007. Deste modo, amparado pelo princípio da verdade material, pleiteia a verificação da existência e validade dos créditos utilizados pelo contribuinte para a liquidação Fl. 546DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 27/ 02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 6 do débito sob exigência, exprimidos por meio da DARF e PER/DCOMP mencionados acima, considerando possível a apuração da verdade concreta pelos documentos apresentados, ainda que estes não sejam os desejáveis em consonância estrita com a lei tributária. Define, então, que apenas a multa isolada, no valor de R$ 14.900,05 (quatorze mil e novecentos reais cinco centavos) seria realmente devida, motivo pelo qual requer de pronto a emissão de DARF para que seja realizado o seu pagamento. Face as considerações acima, requer o recorrente que seja julgado integralmente procedente o presente Recurso Voluntário no sentido de extinguir o crédito tributário mantido pela decisão recorrida, considerando, ao final, devido tão somente a exigência da multa isolada, no valor de R$ 14.900,05 (quatorze mil e novecentos reais e cinco centavos). É o relatório. Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator O recurso interposto é tempestivo e encontrase revestido das formalidades legais cabíveis merecendo ser apreciado. Em um primeiro momento cumpre o esclarecimento da acertada decisão de exoneração do valor de R$ 312.216,20, diante da devida declaração, por meio de DIPJ e DCTF, referentes as corretas estimativas mensais dedutíveis da base de cálculo da CSLL no ajuste anual. Em relação ao valor restante, de R$ 117.911,17, correta também a análise da Fiscalização, ao definir que corresponde a diferença entre a CSLL devida de acordo com o que fora escriturado no LALUR (R$ 430.127,37) e o que fora de fato pago em consonância com DIPJ, a partir do ajuste anual, com a referida exoneração (R$312.216,20). Fl. 547DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 27/ 02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.007819/200896 Acórdão n.º 1201001.288 S1C2T1 Fl. 5 7 O recorrente, que percebera tal diferença, intentou pela retificação da DCTF, inclusive incluindo valor a maior do que o exigido na DARF, conforme anteriormente explanado. No entanto, a retificação da DCTF fora posterior ao início do procedimento fiscal, o que enseja a ineficiência de tal ato. Ora, o próprio recorrente, em fls. 14, atesta a retificação após o início da fiscalização: “o Contribuinte apresentou, posteriormente à intimação do Termo de Início de Fiscalização, cópias de DCTFs e PER/DCOMPs retificadores, os quais, destarte, não foram avaliados pelo Fiscal, sob o pálio de que, afastada a espontaneidade do contribuinte, estes documentos não poderiam mais ser apresentados”. A constatação, no entanto, fora feita baseada no que o próprio Termo de Verificação Fiscal já havia determinado: “Vale ainda salientar que as DCTF e os PER/DCOMP entregues durante o transcurso deste procedimento fiscal para sanar os erros detectados pela fiscalização não foram consideradas nos demonstrativos elaborados para definir as parcelas devidas (tributos, juros e multas de ofício) diante das infrações apuradas. Essa desconsideração dos documentos baseiase no fato de que a espontaneidade do contribuinte esteve afastada durante todo o período do procedimento, desde o início do procedimento fiscal”. Desta forma, não procede a argumentação da recorrente embasada pelo princípio da verdade material, uma vez que a verdade dos fatos aponta para uma irregularidade perante a lei. Já havia processo de fiscalização instaurado quando da retificação acima mencionada, razão pela qual merece ser transcrito o disposto no parágrafo único do art. 138 CTN: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Fl. 548DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 27/ 02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 8 Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Desta forma, não configura denúncia espontânea a transmissão de DCTF retificadora após a ciência do início dos procedimentos de fiscalização, sob o óbice do art. 138, parágrafo único do CTN. De modo que a alegação de pagamento e consequente extinção do crédito tributário em tela não merece prosperar, mantendose o valor de R$ 117.911,17 que lastreia o lançamento fiscal. Anotese que, eventuais divergências entre os valores escriturados nos livros fiscais (LALUR) e os constantes em DCTFs não poderiam ser supridos pela apresentação da DIPJ (que contemplou os valores corretos do exercício), vez que tal documento não constitui confissão de dívida, a exemplo da DCTF. Atinente à questão dos valores relativos a multa isolada aplicada aos montantes principais mensais da CSLL – estimativa, o recorrente confessa a sujeição passiva da obrigação tributária e se prontifica a esclarecer que os valores são de fato devidos. Porém incorre em equívoco ao estipular o pagamento do valor de R$ 14.900,05, quando, na realidade, o valor devido corresponde ao valor a menor recolhido dos meses de outubro de 2006, R$ 18.884,93 (exonerados R$ 896,77) e de abril de 2007, R$ 2.440,85, totalizando o valor de RS 21.285,78. Assim, não merece qualquer reparo a aplicação da multa isolada neste caso. Conclusão Fl. 549DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 27/ 02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.007819/200896 Acórdão n.º 1201001.288 S1C2T1 Fl. 6 9 Diante de todo o exposto, CONHEÇO do RECURSO VOLUNTÁRIO para, no MÉRITO, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator Fl. 550DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 27/ 02/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO
score : 1.0
Numero do processo: 10845.000611/2004-10
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 07 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1999, 2000, 2001, 2002
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO POR OMISSÃO.
Não configurada a alegada omissão no acórdão embargado, devem ser rejeitados os embargos.
Numero da decisão: 9101-002.144
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER E REJEITAR os embargos.
(documento assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Rafael Vidal De Araujo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRE MENDES DE MOURA, LÍVIA DE CARLI GERMANO (Suplente Convocada), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice-Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201512
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1999, 2000, 2001, 2002 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO POR OMISSÃO. Não configurada a alegada omissão no acórdão embargado, devem ser rejeitados os embargos.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10845.000611/2004-10
anomes_publicacao_s : 201601
conteudo_id_s : 5559943
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9101-002.144
nome_arquivo_s : Decisao_10845000611200410.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
nome_arquivo_pdf_s : 10845000611200410_5559943.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER E REJEITAR os embargos. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal De Araujo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRE MENDES DE MOURA, LÍVIA DE CARLI GERMANO (Suplente Convocada), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice-Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).
dt_sessao_tdt : Mon Dec 07 00:00:00 UTC 2015
id : 6258927
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:44:20 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122856308736
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1749; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 505 1 504 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10845.000611/200410 Recurso nº Embargos Acórdão nº 9101002.144 – 1ª Turma Sessão de 07 de dezembro de 2015 Matéria Dedutibilidade de Royalties Embargante RENO COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO POR OMISSÃO. Não configurada a alegada omissão no acórdão embargado, devem ser rejeitados os embargos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER E REJEITAR os embargos. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal De Araujo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRE MENDES DE MOURA, LÍVIA DE CARLI GERMANO (Suplente Convocada), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (VicePresidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 5. 00 06 11 /2 00 4- 10 Fl. 505DF CARF MF Impresso em 25/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/01/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10845.000611/200410 Acórdão n.º 9101002.144 CSRFT1 Fl. 506 2 Relatório Tratase de embargos de declaração, às efls. 484 a 497, interpostos pela contribuinte acima identificada, visando sanar alegado vício de omissão presente no Acórdão nº 9101001.655, proferido por este colegiado na sessão de 14/05/2013, às efls. 466 a 476. Os embargos foram admitidos e encaminhados ao colegiado para o exame de seu mérito, conforme o Despacho do Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais datado de 16/09/2015 (efls. 502/503). No presente processo, em sede de recurso especial, a contribuinte suscitou divergência de interpretação da legislação tributária quanto aos limites para a dedutibilidade de despesas com pagamento de royalties. O acórdão embargado, que não conheceu do recurso especial da contribuinte, possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002 RECURSO ESPECIAL. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE OS ACÓRDÃOS COTEJADOS. Não se conhece de recurso especial, se os acórdãos comparados não tratam da mesma questão fática. Para o processamento de seus embargos de declaração, a contribuinte desenvolve os seguintes argumentos: foram trazidos, em sede de recurso especial, acórdãos paradigmáticos que tratam exatamente da matéria legislativa pertinente ao Termo de Verificação Fiscal e ao acórdão recorrido, com interpretações distintas; por omissão de apreciação dos argumentos suscitados no recurso especial, o r. acórdão ora embargado deixou de reconhecer que os acórdãos paradigmáticos são suficientes para demonstração do dissenso interpretativo, pois ambos se referem a franqueadas do "Sistema McDonald's", e à acusação fiscal de não observância de limite de dedutibilidade de royalties; no Acórdão paradigma nº 10516.140, o julgamento reconhece a aplicação da Lei 8.955/94 em caso idêntico a outras franqueadas do "Sistema McDonald's", fato esse que foi totalmente desconsiderado no acórdão ora embargado, restando comprovada a omissão para a oposição dos presentes embargos de declaração; no entendimento do voto elaborado pelo relator, o acórdão paradigmático (Acórdão nº 10516.140) não se prestaria para mostrar o dissídio interpretativo; Fl. 506DF CARF MF Impresso em 25/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/01/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10845.000611/200410 Acórdão n.º 9101002.144 CSRFT1 Fl. 507 3 contudo, as aludidas premissas que integram a fundamentação do v. acórdão estão equivocadas e não se sustentam. Isso porque, ressaltese, o acórdão paradigmático confirmou a aplicabilidade da Lei n. 8.955/94 à franqueada do Sistema Mc Donald's sem limitação de dedução dos royalties; ainda que se diga que o aludido acórdão paradigmático tenha aplicado o art. 294 do RIR/94, "caput", com matriz legal no art. 74 da Lei n° 3.470/58, não se pode ignorar que sua interpretação foi completamente diferente do acórdão recorrido, pois a mesma base legal teria dado interpretações distintas: para o paradigmático, reconheceuse a soma dos percentuais, ou seja, o coeficiente de 5%, ao passo que o acórdão recorrido impôs limitação de 4%; a limitação de dedutibilidade de despesas no patamar do coeficiente percentual de 4% com royalties, com base no artigo 74 da Lei n° 3.470/58 e da Portaria MF 436/58, está totalmente equivocada, conforme o aludido acórdão paradigmático, sendo, à evidência, totalmente prestável para demonstrar o dissídio de interpretação; em relação ao segundo paradigma (Acórdão nº 10322.841) apresentado no recurso especial, ao contrário do afirmado pelo relator, há similitude fática suficiente para demonstrar o dissídio de jurisprudência; em verdade, o relator buscou similitude fática entre os "pedidos" formulados neste processo e naquele outro do paradigma. Confirase o trecho do v. acórdão ora embargado: Neste caso, a autuada requereu a dedutibilidade no limite de 4% (inciso I) previsto para os produtos alimentares, na mesma linha do decidido pelo Acórdão recorrido [...] com a devida vênia, a similitude entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigmático deve repousar não sobre o pedido formulado pelas partes, mas, sim, sobre a "causa de pedir", isto é, sobre o fundamento jurídico aplicado ao caso; tivesse o relator procedido a uma análise mais acurada, constataria que em ambos os acórdãos o recorrido e o paradigmático existe a mesma "causa de pedir" relativa à interpretação da Lei nº 8.955/94; do cotejo entre os acórdãos recorrido e paradigmático, forçoso convir que em ambos os casos as partes argumentam, como "causa de pedir", que as limitações de dedutibilidade do art. 74 da Lei n. 3.470/58 foram derrogadas. E esse é justamente o dispositivo legal invocado pelo Agente Autuante no Termo de Verificação Fiscal, conforme mencionado no acórdão recorrido e repetido no acórdão ora embargado; não bastasse a similitude da acusação de não observância da suposta limitação de dedução de despesas de royalties motivada no art. 74 da Lei n. 3.470/58 e a similitude da interpretação da Lei nº 8.955/94, constatase que o acórdão paradigmático 103 22.841 também se refere a contribuinte franqueado da marca "MC Donald's"; diante desse quadro, constatase que o v. acórdão ora embargado está eivado de vício de omissão, na medida em que deixou de considerar e apreciar adequadamente Fl. 507DF CARF MF Impresso em 25/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/01/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10845.000611/200410 Acórdão n.º 9101002.144 CSRFT1 Fl. 508 4 a fundamentação do pleito recursal, razão pela qual se faz necessária a oposição dos presentes aclaratórios. É o relatório. Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. Os embargos de declaração são tempestivos e dotados dos demais pressupostos para a sua admissibilidade. Portanto, deles tomo conhecimento O presente processo tem por objeto lançamento para a constituição de crédito tributário a título de IRPJ nos anoscalendário de 1999, 2000, 2001 e 2002. A autuação fiscal está fundamentada na legislação que estabelece limites para a dedutibilidade de despesas com pagamentos de royalties. A Lei nº 3470/1958, em seu art. 74, estabeleceu que poderiam ser deduzidas do lucro bruto a soma das quantias devidas a título de "royalties" pela exploração de marcas de indústria e de comércio e patentes de invenção, por assistência técnica, científica, administrativa ou semelhantes até o limite máximo de 5% (cinco por cento) da receita bruta do produto fabricado ou vendido. A mesma lei determinou que seriam estabelecidos e revistos periodicamente mediante ato do Ministro da Fazenda, os coeficientes percentuais admitidos para as deduções de que trata o referido art. 74, considerados os tipos de produção ou atividades, reunidos em grupos, segundo o grau de essencialidade. No presente caso, a contribuinte tinha aplicado um limite de 5% para a dedução dos royalties, e a exigência fiscal está fundamenta no argumento de que esse limite era de 4% (previsto para royalties de uso de patentes de invenção, processos e fórmulas de fabricação), conforme a Portaria MF nº 436/58, e que não se poderia somar esses 4% com o 1% dos royalties sobre uso de marca ou nome de comércio. De acordo com o acórdão que julgou o recurso voluntário da contribuinte, o somatório dos referidos coeficientes só seria possível quando o uso da marca ou nome não fosse decorrente da utilização da patente, processo ou fórmula de fabricação, o que não acontecia no caso destes autos. O acórdão que julgou o recurso voluntário foi objeto de recurso especial da contribuinte, que alegou divergência de interpretação da legislação tributária quanto aos limites para a dedutibilidade de despesas com pagamento de royalties. O recurso especial não foi conhecido por ausência de similitude fática entre os acórdãos cotejados. Considerouse que não houve comprovação da alegada divergência jurisprudencial, e os presentes embargos de declaração visam reverter essa decisão. Fl. 508DF CARF MF Impresso em 25/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/01/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10845.000611/200410 Acórdão n.º 9101002.144 CSRFT1 Fl. 509 5 Primeiramente, é importante registrar que os embargos de declaração não servem para um reexame geral da admissibilidade e do mérito do recurso anteriormente apresentado (no caso, recurso especial). Conforme art. 65 do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, os embargos de declaração configuram instrumento processual para sanar vícios de obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos. No caso, a contribuinte alega vício de omissão, porque o acórdão embargado teria desconsiderado os seus argumentos sobre a aplicação da Lei nº 8.955/94 nos acórdãos paradigmas. Quanto a esse aspecto, é importante transcrever trechos do voto que orientou o acórdão embargado: [...] Deve a Recorrente, portanto, demonstrar que houve, entre os Acórdãos recorrido e paradigma conclusões distintas para situações fáticas semelhantes. Anexou, como primeiro paradigma, o Acórdão n° 10516.140, da Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, com a seguinte ementa: [...] A partir da análise do conceito de royalties, o paradigma conduz o seu entendimento pela não aplicação do percentual de 1% (inciso II da Portaria) para o correspondente caso em razão da complexidade dos direitos e serviços disponibilizados pela franqueadora e da ausência de regulamentação administrativa com previsão do percentual aplicável, resultando na aplicação do art. 294 do RIR/94, caput, com matriz legal no art. 74 da Lei n° 3.470/58; art. 12 da Lei n° 4.131/62 e art. 6° do Decretolei n° 1.730/79, ou seja o percentual de 5% indicado como limite de dedutibilidade. Por sua vez, naquele Acórdão consta do Termo de Verificação Fiscal (Fls. 10 a 13) que a recorrente não teria observado os limites máximos de dedução com despesas de royalties na base de cálculo do IRPJ, tendo em conta o disposto nos artigos 74 da Lei n°. 3.470/58 e 12 da Lei n°. 4.131/62 combinado com as portarias MF 436/58, 113/59, 314/70 e 60/94, impondose à Recorrente o limite de 4% (inciso I). Nas razões recursais do Recurso Voluntário, pugnou a Recorrente pela aplicação cumulativa dos coeficientes percentuais da Portaria MF 436/58 (inciso I + inciso II). Em momento algum, o referido acórdão desconsiderou totalmente o disposto na Lei n° 8.955/94. Sobre o assunto esclarecenos o voto vencido, da lavra do I. Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior, da r. decisão recorrida (Fls. 365): Ademais, não se pode confundir o tratamento geral conferido pela Lei n°. 8.955/94, com a especificidade da dedutibilidade de despesas com royalties para fins de apuração do lucro real e, por conseguinte, do imposto devido. Ainda que os conceitos da lei superveniente tenham elastecido a conceituação de franquias e até mesmo dos royalties, tenha este a definição que tiver, sua dedutibilidade estará condicionada aos moldes Fl. 509DF CARF MF Impresso em 25/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/01/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10845.000611/200410 Acórdão n.º 9101002.144 CSRFT1 Fl. 510 6 especificamente fixados, salvo, se houver modificação quanto ao coeficiente ou regramento específico no campo da dedutibilidade (o que se verá nas linhas seguintes), o que não ocorre como sugerido pela recorrente. Ao contrário do afirmado pela Recorrente, a matriz legal em que se baseou o paradigma para decidir sobre o percentual de dedução não foi a Lei n° 8.955/94, mas a mesma do Acórdão recorrido, situandose este dentro da regulamentação administrativa dos percentuais de dedutibilidade, eis que o contribuinte pugna pela cumulatividade, enquanto aquele considera ausente a referida regulamentação e aplica exclusivamente o limite de 5%. Como segundo Paradigma, a Recorrente anexou o Acórdão n° 10322841, da Terceira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, com a seguinte ementa: [...] Neste caso, autuada requereu a dedutibilidade no limite de 4% (inciso I) previsto para os produtos alimentares, na mesma linha do decidido pelo Acórdão recorrido, pois, a Fiscalização lançou com base no percentual de 1% (inciso II). Não há que se falar, por conseguinte, em contradição. Vêse que houve manifestação expressa em relação às considerações sobre a Lei nº 8.955/94, pelo que não constato a alegada omissão. Nos seus embargos, a contribuinte alega que o vício de omissão estaria caracterizado "na medida em que (o acórdão embargado) deixou de considerar e apreciar adequadamente a fundamentação do pleito recursal". Ocorre que em sede de embargos de declaração, não cabe verificar se as questões suscitadas foram adequadamente apreciadas, se a decisão sobre a ocorrência da alegada divergência jurisprudencial está ou não correta, etc. O que importa aqui é que os argumentos foram apreciados, que não houve omissão por parte do colegiado. Como já mencionado, os embargos de declaração não servem de instrumento processual para um reexame geral seja da admissibilidade, seja do próprio mérito do recurso anteriormente apresentado. Diante do exposto, voto no sentido de rejeitar os embargos de declaração. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 510DF CARF MF Impresso em 25/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/01/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 16004.000981/2009-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Feb 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 31/12/2003 a 31/12/2007
AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. -
A propositura de ação judicial, antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto, importa a renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto.
Numero da decisão: 3401-002.995
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, rejeitar os Embargos de Declaração.
Júlio César Alves Ramos - Presidente.
Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Júlio César Alves Ramos (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201512
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 31/12/2003 a 31/12/2007 AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. - A propositura de ação judicial, antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto, importa a renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Feb 17 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 16004.000981/2009-31
anomes_publicacao_s : 201602
conteudo_id_s : 5567660
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Feb 17 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3401-002.995
nome_arquivo_s : Decisao_16004000981200931.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 16004000981200931_5567660.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, rejeitar os Embargos de Declaração. Júlio César Alves Ramos - Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Júlio César Alves Ramos (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
id : 6278903
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:45:05 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122870988800
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1701; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16004.000981/200931 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3401002.995 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 08 de dezembro de 2015 Matéria COFINS EMBARGOS Embargante ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE BENEFICENCIA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/12/2003 a 31/12/2007 AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. A propositura de ação judicial, antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto, importa a renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, rejeitar os Embargos de Declaração. Júlio César Alves Ramos Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Júlio César Alves Ramos (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 09 81 /2 00 9- 31 Fl. 4645DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 14/01/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA 2 Trata este de Embargos ingressado pela contribuinte que questiona o Acórdão cuja Ementa reproduzo a seguir: Processo: 16004.000981/200931 Voluntário Acórdão: 3401002.575 4a Câmara / 1a Turma Ordinária Sessão de 24 de abril de 2014 Cofins ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/12/2003 a 31/12/2007 AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. A propositura de ação judicial, antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto, importa a renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto. CONSTITUCIONALIDADE. A instância administrativa é incompetente para se manifestar sobre a constitucionalidade das leis. DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE Nº 8 DO STF. Em razão da Súmula Vinculante nº 8, do STF, o prazo para o lançamento das contribuições sociais deve ser contado segundo os critérios estabelecidos no Código Tributário Nacional. JUROS DE MORA. Nos termos em que sumulado pelo CARF, são devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. FALTA DE RECOLHIMENTO. A falta ou insuficiência de recolhimento da Cofins, apurada em procedimento fiscal, enseja o lançamento de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Júlio César Alves Ramos Presidente. ANGELA SARTORI Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Cesar Alves Ramos, Robson José Bayerl, Fernando Marques Cleto Duarte, Ângela Sartori e Jean Cleuter Simões Mendonça e Eloy Eros da Silva Nogueira. Como já exposto no despacho de admissibilidade, a Embargante afirma que o acórdão recorrido traz contradição e omissão porque o colegiado decidiu que houve renúncia à esfera administrativa por ter a contribuinte ingressado com ação judicial para discutir o mesmo objeto. Explica a embargante que "a medida judicial em comento foi ajuizada por sindicado patronal da qual a embargante é filiada, sem que ela tenha delegado qualquer autorização para tal. Portanto, ao contrário do que afirma o Acórdão, não foi a contribuinte que ajuizou a citada ação judicial". Não tendo sido a medida judicial ingressada pela própria contribuinte, não teria havido renúncia à esfera administrativa. A contribuinte cita jurisprudência e decisões administrativas. E acrescenta o lançamento deve ser anulado pois considerou como base de cálculo da contribuição toda a receita bruta da entidade. contrariando entendimento do STF que ela é o faturamento Fl. 4646DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 14/01/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA Processo nº 16004.000981/200931 Acórdão n.º 3401002.995 S3C4T1 Fl. 3 3 Em face destes elementos, a Embargante requereu fosse conhecido e providos os Embargos, para o fim de sanar a contradição e o erro material apontado neste recurso. Os Embargos foram admitidos e vieram a apreciação neste colegiado. É o relatório. Voto Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira. O recurso foi considerado tempestivo e legítimo. Este processo se refere a auto de infração lavrado por que foi verificado que o contribuinte não efetuou recolhimento da Cofins do período de dezembro de 2003 à dezembro de 2007. A autoridade fiscal informa a falta de declaração em DCTF, DIPJ (2003/2004) e DACON (2005/2007), bem como do recolhimento da Cofins dos períodos em questão (de fato, não consta pagamento de COFINS no sistema de controle da RFB SINAL08 desde janeiro de 2003). O auto de infração foi lavrado sem multa de ofício, tendo em vista a existência de ação judicial por meio da qual se discute a obrigação de recolhimento dessa contribuição social, e que concede suspensão da exigência tributária. Verifico que a própria contribuinte informou ser parte no Mandado de Segurança n° 2004.61.06.0094893, ingressado para suspender os efeitos do art. 14, X da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, que passou a exigir o recolhimento da Cofins pelas entidades beneficentes de assistência social de fins não lucrativos. Segundo o relato no acórdão recorrido, não foi deferida a liminar, nem a segurança. Em 17/04/2006, foi interposto agravo de instrumento objetivando o efeito suspensivo para a apelação, tendo sido deferida antecipação de tutela, para tal fim, em 10/07/2006. Verifico ainda que o Mandado de Segurança n° 2004.61.06.0094893 foi efetivamente impetrado pelo Sindicato das Santas Casas, do qual a contribuinte é filiada, e não pela própria contribuinte. (ver petição às fls. 1933). E justamente a embargante alega que em tal situação não há como aplicar o Ato Declaratório COSIT n. 03, de 1996, e a Súmula CARF n. 001. Sublinho que foi a contribuinte que informou nos autos ser ela beneficiada por esse específico mandamus. (declaração às fls. 1930 e às fls. 2082; sentença às fls. 2144; na impugnação às fls. 2700; no recurso voluntário às fls. 4588). Ocorre que o contribuinte deixa de informar nos Embargos que há outro mandado de segurança que ela mesma impetrou, o MS n.º 2005.61.06.0074760, conduzido pelos mesmos advogados que cuidam da ação judicial ingressada pelo Sindicato das Santas Fl. 4647DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 14/01/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA 4 Casas, e com o mesmo objeto, conforme se pode constatar às fls. 1895 (sentença) e às fls. 2083 (petição inicial). Ora, não há dúvida que a ação judicial foi impetrada pela contribuinte e que trata do mesmo objeto de que cuida este processo administrativo. Sendo assim, entendo que razão não acode a Embargante, e ao caso há renúncia à esfera administrativa nos termos dado pela Súmula CARF n. 01. O Acórdão recorrido reconheceu tal situação. Concluo que ele não merece reparos. Ademais, a ação judicial ingressada pelo sindicato patronal produziu efeitos que beneficiaram a contribuinte. A matéria decidida nessa ação judicial prevaleceria sobre a discutida neste processo administrativo, configurando exatamente o sentido e a inteligência trazidos pela Súmula CARF n. 001. Então, a meu ver, o fato da ação não ter sido ingressada pela contribuinte não afastaria automaticamente a renúncia à esfera administrativa. Por isso proponho a este colegiado não dar provimento ao embargos de declaração. Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Relator Fl. 4648DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 14/01/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001336/2008-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Jan 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 31/08/1989 a 30/06/1993
CRÉDITO DECORRENTE DE AÇÃO JUDICIAL. TRÂNSITO EM JULGADO. PRAZO PARA PLEITEAR A COMPENSAÇÃO.
O prazo para compensação ou restituição de crédito reconhecido judicialmente é de 5 anos contados da data do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-002.687
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201512
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 31/08/1989 a 30/06/1993 CRÉDITO DECORRENTE DE AÇÃO JUDICIAL. TRÂNSITO EM JULGADO. PRAZO PARA PLEITEAR A COMPENSAÇÃO. O prazo para compensação ou restituição de crédito reconhecido judicialmente é de 5 anos contados da data do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jan 07 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 16327.001336/2008-11
anomes_publicacao_s : 201601
conteudo_id_s : 5556915
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jan 07 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3301-002.687
nome_arquivo_s : Decisao_16327001336200811.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
nome_arquivo_pdf_s : 16327001336200811_5556915.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente. Luiz Augusto do Couto Chagas - Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
dt_sessao_tdt : Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
id : 6243479
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:44:02 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122884620288
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1760; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 100 1 99 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.001336/200811 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301002.687 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 08 de dezembro de 2015 Matéria PIS Restituição e Compensação Recorrente BANCO FATOR S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 31/08/1989 a 30/06/1993 CRÉDITO DECORRENTE DE AÇÃO JUDICIAL. TRÂNSITO EM JULGADO. PRAZO PARA PLEITEAR A COMPENSAÇÃO. O prazo para compensação ou restituição de crédito reconhecido judicialmente é de 5 anos contados da data do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. Luiz Augusto do Couto Chagas Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 13 36 /2 00 8- 11 Fl. 100DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 16327.001336/200811 Acórdão n.º 3301002.687 S3C3T1 Fl. 101 2 Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I SP1: Tratase de Despacho Decisório (fls.28), que não homologou Declarações de Compensação eletrônicas (fls.01/20), cujos créditos a compensar tiveram origem em ação judicial, nos seguintes termos: Tratase das seguintes PER/DCOMPs: número 16812.50866.150903.1.3.542959 00772.32509.151003.1.3.544701 20714.66318.141103.1.3.541793 13793.41943.151203.1.3.540103 25473.47144.150104.1.3.542191 Em todas elas o contribuinte informa que o crédito é decorrente de pagamento indevido ou a maior, decorrente de ação judicial nº 9300260049, transitada em julgado em 12/05/1997. O direito de o contribuinte pleitear a restituição extinguiuse em 12/05/2002, ou seja, 5 anos após o trânsito em julgado da ação. Tendo o contribuinte apresentado a DCOMP, apenas, em 15/09/2003, ou seja, após o prazo legal. Exercendo a competência conferida pelo art.250, XXI c/c arts.140 e 173 do regimento interno desta SRF, aprovado pela Portaria MF 30, de 25/02/2005 e com fulcro na Lei nº 9.430/96, art.74, alterado pelo art.49 da Lei nº 10.637/02 e pelos arts.17 e 18 da Lei nº 10.833/2003, bem como o disposto nas IN SRF 21/97 e 460/2004, decido: a) Não reconhecer o direito creditório pleiteado pelo interessado. b) Não homologar as PER/DCOMPs nº: 16812.50866.150903.1.3.542959 00772.32509.151003.1.3.544701 20714.66318.141103.1.3.541793 13793.41943.151203.1.3.540103 25473.47144.150104.1.3.542191 A contribuinte tomou ciência do Despacho Decisório em 11/09/2008 (fls.27/28) e em 10/10/2008 apresentou a manifestação de inconformidade de fls.31/37, acompanhada dos documentos de fls.38/48, alegando em síntese que:. 1. Em 15/09/2003, quando formalizou a compensação por meio de DCOMP, a requerente tinha direito de retroagir em até dez anos a compensação, de modo a recuperar o indébito pago desde 15/09/1993, a teor da jurisprudência do STJ. 1.1. Ao formalizar a compensação em 2003, a requerente não estava sujeita à regra da LC 118/05, e nem submetida à ilegal IN SRF 600/05, de modo que é inaplicável o prazo de cinco anos, seja do pagamento indevido (como preconiza a Fl. 101DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 16327.001336/200811 Acórdão n.º 3301002.687 S3C3T1 Fl. 102 3 LC 118/05), seja do trânsito em julgado da decisão judicial (como estipula a IN 600/05, art.51). 1.2. O despacho decisório impugnado é equivocado, pois aplica, à compensação formalizada em 15/09/2003, a regra – ilegal – do art.51, §2º, IV, da IN SRF 600/05, que impõe à autoridade fazendária a confirmação de que a compensação foi realizada no prazo de cinco anos do trânsito em julgado, como condição para sua homologação. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I SP1 indeferiu a manifestação de inconformidade com a seguinte ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 31/08/1989 a 30/06/1993 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DECORRENTE DE AÇÃO JUDICIAL. TRÂNSITO EM JULGADO. PRAZO PARA PLEITEAR. O prazo para compensação/restituição de crédito reconhecido judicialmente é 5 (cinco) anos contados da data do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 31/08/1989 a 30/06/1993 ALEGAÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. O exame de alegações de ilegalidade e inconstitucionalidade é de exclusiva competência do Poder Judiciário. No seu Recurso Voluntário a contribuinte repete os argumentos da manifestação de inconformidade apresentados a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I SP1. É o relatório. Fl. 102DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 16327.001336/200811 Acórdão n.º 3301002.687 S3C3T1 Fl. 103 4 Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas Relator O recurso voluntário é tempestivo, portanto, dele tomo conhecimento. A recorrente alega em seu recurso voluntário que transmitiu suas PER/Dcomps em 15 de setembro de 2003 e que tinha direito a retroagir 10 anos, segundo pacífica jurisprudência dos Tribunais Superiores, para estabelecer quais os períodos que poderiam ser considerados no pedido de restituição. Como o seu direito creditório advém de uma ação judicial, alega que teria o prazo de dez anos para pleitear a compensação de direito creditório reconhecido em decisão judicial na ação ordinária nº 93.00.260049 (20ª Vara Federal/RJ). O despacho decisório e, posteriormente, o acórdão recorrido decidiram que o prazo para compensação ou restituição de crédito reconhecido judicialmente é de 5 (cinco) anos contados da data do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. Portanto, essa é a controvérsia do presente processo. Acerca da questão, cabe observar que a compensação tributária está prevista nos artigos 170 e 170A do Código Tributário Nacional CTN, nos seguintes termos: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.(Artigo incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Além do disposto no CTN, a compensação tributária em âmbito federal é regulada pela Lei nº 9.430/1996, que, em seu artigo 74, §1º, na redação dada pela Lei nº 10.637/2002, dispõe: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) Fl. 103DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 16327.001336/200811 Acórdão n.º 3301002.687 S3C3T1 Fl. 104 5 § 1oA compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) O direito de compensação está sujeito às regras fixadas para restituição, dentre elas, a norma que regula o prazo para pleitear a restituição prevista no artigo 168 do CTN: Art. 168. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; II na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória. Já o artigo 165 do CTN apresenta a seguinte redação: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. Assim, o sujeito passivo que obtenha uma decisão judicial transitada em julgado reconhecendo o direito à compensação de créditos em seu favor, tem o prazo de 5 anos, contados do trânsito em julgado, para utilizar administrativamente esses créditos, mediante compensação, restituição ou ressarcimento. No caso em tela, as Dcomps apresentadas pelo contribuinte informam que o seu crédito decorre de ação judicial e não da simples declaração de inconstitucionalidade dos Decretos Leis 2445 e 2449/88. A partir do momento em que fundamenta seu indébito em uma ação judicial, o contribuinte está sujeito às regras atinentes a esse tipo de crédito. Portanto, a contagem do prazo teve início em 12/05/1997, data do trânsito em julgado do acórdão proferido nos autos da Ação Judicial nº 95.02.223152, assim, o titular do direito à compensação poderia exercêlo até 12/05/2002. Fl. 104DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 16327.001336/200811 Acórdão n.º 3301002.687 S3C3T1 Fl. 105 6 Entretanto, as DCOMPs em questão foram apresentadas somente após essa data, em 15/09/2003 (fl.01), 15/10/2003 (fls.05), 14/11/2003 (fls.09), 15/12/2003 (fls.13) e 15/01/2004 (fls.17), ou seja, após o prazo de 5 (cinco) anos do trânsito em julgado da decisão judicial que reconheceu o direito à compensação. Portanto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas Relator (ASSINADO DIGITALMENTE) LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Fl. 105DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL
score : 1.0