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Numero do processo: 10670.001649/2010-99
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Nov 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.798
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 0. 00 16 49 /2 01 0- 99 Fl. 471DF CARF MF Processo nº 10670.001649/201099 Acórdão n.º 9202005.798 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 15979.000274/200701. Tratase de auto de infração, referente às contribuições devidas ao INSS, destinadas à Seguridade Social. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 472DF CARF MF Processo nº 10670.001649/201099 Acórdão n.º 9202005.798 CSRFT2 Fl. 0 3 Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202005.782, de 26/09/2017, proferido no julgamento do processo 15979.000274/200701, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202005.782): Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Do mérito Aplicação da multa retroatividade benigna Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade Fl. 473DF CARF MF Processo nº 10670.001649/201099 Acórdão n.º 9202005.798 CSRFT2 Fl. 0 4 benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262 (Sessão de23dejunhode2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. Fl. 474DF CARF MF Processo nº 10670.001649/201099 Acórdão n.º 9202005.798 CSRFT2 Fl. 0 5 A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdãonº9202004.499 (Sessão de 29desetembrode2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: Fl. 475DF CARF MF Processo nº 10670.001649/201099 Acórdão n.º 9202005.798 CSRFT2 Fl. 0 6 I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao Fl. 476DF CARF MF Processo nº 10670.001649/201099 Acórdão n.º 9202005.798 CSRFT2 Fl. 0 7 raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na Fl. 477DF CARF MF Processo nº 10670.001649/201099 Acórdão n.º 9202005.798 CSRFT2 Fl. 0 8 NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). Fl. 478DF CARF MF Processo nº 10670.001649/201099 Acórdão n.º 9202005.798 CSRFT2 Fl. 0 9 § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de Fl. 479DF CARF MF Processo nº 10670.001649/201099 Acórdão n.º 9202005.798 CSRFT2 Fl. 0 10 ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Por fim, destacase que, independente do lançamento fiscal analisado referirse a Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) e Acessória (AIOA), este último consubstanciado na omissão de fatos geradores em GFIP, lançados em conjunto, ou seja formalizados em um mesmo processo, ou em processos separados, a aplicação da legislação não sofrerá qualquer alteração, posto que a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009 contempla todas as possibilidades, já que a tese ali adotada tem por base a natureza das multas. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. Face o exposto, voto por conhecer do Recurso Especial e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 480DF CARF MF Processo nº 10670.001649/201099 Acórdão n.º 9202005.798 CSRFT2 Fl. 0 11 Fl. 481DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001038/2007-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 08 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001, 2002
Ementa: NULIDADE. IRREGULARIDADES FORMAIS, As
irregularidades, incorreções ou omissões que não digam respeito à autoridade incompetente ou a despachos e decisões proferidos com preterição do direito de defesa não importarão em nulidade e nem serão sanadas quando não resultarem em prejuízo ao sujeito passivo ou quando não influírem na solução do litígio.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA, INOCORRÊNCIA,
Considera-se suficiente ao exercício do direito de defesa o relatório produzido pela Equipe Especial de Fiscalização, que, após o exame dos elementos disponibilizados à Receita Federal, reproduz as operações financeiras em que o contribuinte figura como ordenante.
IRPJ-IRRF E CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. PRAZO DECADENCIAL,
DOLO FRAUDE OU SIMULAÇÃO.
A existência de dolo, fraude ou simulação na conduta do contribuinte impõe que o termo inicial do prazo decadencial de 5(cinco) anos para constituição de créditos referentes ao IRPJ, submetido a lançamento por homologação, seja deslocado da ocorrência do fato gerador para o primeiro dia do exercício
seguinte àquele em que o lançamento já poderia ter sido efetuado.
PRESUNÇÃO SIMPLES - PROVA INDICIARIA — ILEGITIMIDADE
PASSIVA, A prova indiciaria é meio idôneo admitido em Direito, quando a sua formação está apoiada em ma concatenação lógica de fatos, que se constituem em indícios precisos, "econômicos" e convergentes.
ORIGEM DA PROVA. EVIDÊNCIA CIRCUNSTANCIAL.
INCOMPATIBILIDADE COM PROVA "PLANTADA- O argumento de
que a prova teria sido "plantada— não se compatibiliza com a situação em que a prova foi colhida de maneira circunstancial sem qualquer controle por parte de alguém, mormente onde as autoridades envolvidas tomaram todas as cautelas de segurança necessárias.
OMISSÃO DE RECEITAS - FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE PAGAMENTOS. RECURSOS ESTRANHOS À CONTABILIDADE REMESSA DE NUMERÁRIO PARA O EXTERIOR.
A falta de escrituração de pagamentos sob a forma remessa de numerário para o exterior', comprovadamente de autoria da empresa autuada, autoriza a presunção legal de que tenham sido efetuados com recursos mantidos à margem da escrituração contábil, caracterizando omissão de receitas. A constatação da ocorrência de remessa de numerário para o exterior que não consta da escrituração caracteriza omissão de receita.
IMPOSTO DE RENDA NA FONTE SOBRE PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS / PAGAMENTOS SEM CAUSA.
Ficam sujeitos à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, a aliquota de trinta e cinco por cento, além de quaisquer pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, também os pagamentos efetuados ou recursos entregues a terceiros ou sócios, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa.
MULTA DE OFÍCIO — QUALIFICAÇÃO — EVIDENTE INTUITO DE
FRAUDE — presente o evidente intuito de fraude a que se manter a
qualificação da multa de oficio aplicada TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Estende-se aos lançamentos decorrentes, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da íntima relação
de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 1401-000.258
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiada, negar provimento ao recurso, nos seguintes termos: a) pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar nulidade por MO de sujeição passiva, vencidos os Conselheiros Alexandre Antonio Alkmin Teixeira, Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias; b) por maioria de votos, afastar a decadência, vencidos os conselheiros Alexandre Antônio Alkmin Teixeira e Karem Jureidini Dias, que acolhiam parcialmente a decadência pelo art. 150, §4° do CTN; e e) no mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Alexandre Antonio "min Teixeira, Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias, no tocante ao IRRF e à qualificação da multa, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. O Conselheiro Alexandre Antonio "min Teixeira apresentará declaração de voto
Matéria: IRPJ - AF - lucro arbitrado
Nome do relator: Antonio Bezerra Neto
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2001, 2002 Ementa: NULIDADE. IRREGULARIDADES FORMAIS, As irregularidades, incorreções ou omissões que não digam respeito à autoridade incompetente ou a despachos e decisões proferidos com preterição do direito de defesa não importarão em nulidade e nem serão sanadas quando não resultarem em prejuízo ao sujeito passivo ou quando não influírem na solução do litígio. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA, INOCORRÊNCIA, Considera-se suficiente ao exercício do direito de defesa o relatório produzido pela Equipe Especial de Fiscalização, que, após o exame dos elementos disponibilizados à Receita Federal, reproduz as operações financeiras em que o contribuinte figura como ordenante. IRPJ-IRRF E CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. PRAZO DECADENCIAL, DOLO FRAUDE OU SIMULAÇÃO. A existência de dolo, fraude ou simulação na conduta do contribuinte impõe que o termo inicial do prazo decadencial de 5(cinco) anos para constituição de créditos referentes ao IRPJ, submetido a lançamento por homologação, seja deslocado da ocorrência do fato gerador para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento já poderia ter sido efetuado. PRESUNÇÃO SIMPLES - PROVA INDICIARIA — ILEGITIMIDADE PASSIVA, A prova indiciaria é meio idôneo admitido em Direito, quando a sua formação está apoiada em ma concatenação lógica de fatos, que se constituem em indícios precisos, "econômicos" e convergentes. ORIGEM DA PROVA. EVIDÊNCIA CIRCUNSTANCIAL. INCOMPATIBILIDADE COM PROVA "PLANTADA - O argumento de que a prova teria sido "plantada — não se compatibiliza com a situação em que 1a prova foi colhida de maneira circunstancial sem qualquer controle por parte SI -C4T F / 2 Processo n0 19515 001038/2007-11 Acórdão n." 1401-00.258 de alguém, mormente onde as autoridades envolvidas tomaram todas as cautelas de segurança necessárias. OMISSÃO DE RECEITAS - FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE PAGAMENTOS. RECURSOS ESTRANHOS À CONTABILIDADE REMESSA DE NUMERÁRIO PARA O EXTERIOR. A falta de escrituração de pagamentos sob a forma remessa de numerário para o exterior', comprovadamente de autoria da empresa autuada, autoriza a presunção legal de que tenham sido efetuados com recursos mantidos à margem da escrituração contábil, caracterizando omissão de receitas. A constatação da ocorrência de remessa de numerário para o exterior que não consta da escrituração caracteriza omissão de receita. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE SOBRE PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS / PAGAMENTOS SEM CAUSA. Ficam sujeitos à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, a aliquota de trinta e cinco por cento, além de quaisquer pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, também os pagamentos efetuados ou recursos entregues a terceiros ou sócios, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa. MULTA DE OFÍCIO — QUALIFICAÇÃO — EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE — presente o evidente intuito de fraude a que se manter a qualificação da multa de oficio aplicada TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Estende-se aos lançamentos decorrentes, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiada, negar provimento ao recurso, nos seguintes termos: a) pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar nulidade por MO de sujeição passiva, vencidos os Conselheiros Alexandre Antonio Alkmin Teixeira, Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias; b) por maioria de votos, afastar a decadência, vencidos os conselheiros Alexandre Antônio Alkmin Teixeira e Karem Jureidini Dias, que acolhiam parcialmente a decadência pelo art. 150, §4° do CTN; e e) no mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Alexandre Antonio "min Teixeira, Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias, no tocante ao IRRF e à qualificação da multa, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. O Conselheiro Alexandre Antonio "min Teixeira apresentará declaração de voto. Viviane Vidal WaRrfer - Presidente Antonio B na Neto - Relatar 3 Processo o" 19515 001038/2007-11 S1-C4T1 Acórdão i. 1401-00.258 Fl. 3 EDITADO EM: o 3 SET 2010 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Viviane Vidal Wagner, Antonio Bezerra Neto, Alexandre Antonio Allcmim Teixeira, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias. Relatório Trata-se de recurso voluntário contra o Acórdão n° 16-15,519, da 3' Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento São Paulo I-SP, Por economia processual, adoto e transcrevo o relatório constante na decisão de primeira instância: "Contra a empresa em epígrafe foram lavrados, em 26/04/2007, os autos de infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPI) e reflexos de Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), de fis, 141 a 166, em razão de omissão de receitas, por ter sido apurada falta de contabilização de recursos movimentados no exterior, de acordo com o Termo de Verificação de fls.. 132 a 140. Foi ainda efetuado o lançamento de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), incidente sobre pagamentos sem causa ou de operação não comprovada (fis 168 a 174). Foram apontados como infringidos os seguintes dispositivos legais: - LM: artigos 530, inciso I, 532 e 537 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR, Decreto n° 3.000/1999) e artigo 40 da Lei n° 9.430/1996; - PIS: artigos lo e 3o da Lei Complementar n° 7/1970, artigo 24, 2o, da Lei n° 9.249/1995, artigos 2o, inciso I, 8o, inciso L e 90 da Lei 9.715/1998, artigos 2o e 3o da Lei n° 9.718/1998 e artigos 2o, inciso I, alínea "a", e parágrafo único, 3o, 10, 22, 51 e 91 do Decreto n° 4.524/2002; COFINS: artigo 1 o da Lei Complementar n° 70/1991, artigo .24, §' 2', da Lei n° 9.249/199.5, artigos 2o, 3o e 8o da Lei n° 9.718/1998, com as alterações da Medida Provisória n° 1.807/1999 e suas reedições e da Medida Provisória n° 1.858/1999 e suas reedições, e artigos 2o, inciso II e parágrafo ÚlTiCO, 30, 10, 22, 51 e 91 do Decreto n°4.524/2002; - CSLL: artigo 2o, capta e parágrafos, da Lei n° 7.689/1988, artigos 19 e 24 da Lei n° 9249/1995, artigo 29 da Lei n° Processo tf 19515 001038/2007-11 S1-C411 Acórd5o n 1401-00.258 Fl 4 9.430/1996 e artigo 6o da Medida Provisória n° 1 8.58/1999 e reedições; - IRRF: artigo 674, § 1, do RIR/1999 e artigo 61 da Lei n° 8, 981/1995 . Da ação fiscal em referência resultou a apuração do crédito tributário a seguir discriminado, já incluída a multa de ofício qualificada, bem como os . juros de mora calculados até 30/03/2007: IRPJ ....... .R$ 5,583.156,55 PIS . ....R$ 386011,60 COFINS ...R$ 1.781.592,79 CSLL R$ 639 189,6.5 IRRF . ,,,, R$ 31.657.694,61 Foi formalizada Representação Fiscal para Fins Penais (Processo n° 19515.002842/2006-28), anexa ao presente. No Termo de Verificação de fls. 132 a 140, integrante dos autos de infração, foram consignados os seguintes fatos: "1 — Este procedimento de fiscalização tomou por base o trabalho elaborado pela Equipe Especial de Fiscalização instituída pela Portaria SRF — Secretaria da Receita Federal — ri° 463, de 30/04/2004, que, apoiando-se em decisão do Juízo da 2" Vara Criminal Federal de Curitiba/PR, a pedido da Polícia Federal do mesmo Estado, autorizou a quebra de sigilo bancário de contas mantidas no exterior por Instituições Financeiras- que atuavam como prepostos bancários-financeiros de pessoas físicas e Jurídicas representadas por cidadãos brasileiros. Dentre essas pessoas jurídicas encontra-se o contribuinte sob fiscalização, como ordenante de recursos financeiros movimentados no exterior O Termo de Verificação segue apresentando um breve histórico das investigações realizadas a partir da CPMI do BANESTADO, onde consta que a decisão judicial já referida autorizou o Ministério Público Federal a utilizar .. documentos e mídias digitais relativos às contas mantidas no MTB-CBC-HUDSON BANK e OUTROS, recebidos da CPMI do BANESTA.DO , que, por sua vez, os recebeu da Promotoria Distrital de Nova York, tendo sido também i autorizada a utilização do material pela Força Tarefa Policial CC5, bem como o compartilhamento de todos os dados com a Receita Federal, o BACEN e a COAF, para instruir as ' atividades especificas desses órgãos. Esclarece o mesmo Termo que a mencionada Equipe Especial de Fiscalização encaminhou a Representação Fiscal EEF n° 03404/05, instruída com o Laudo de Exame Econômico- Financeiro n" 1033/04 OU 11.5 a 127), elaborado pelo INC — Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal (que 4 5 Processo n" 19515 001038/2007-11 S1-C4T1 Acórdão n 1401-00.258 Fl. 5 elaborou um laudo para cada conta/subconta onde foram localizadas transações).. Noticia ainda o que segue, segundo os elementos constantes da referida representação "b) O Contribuinte efetuou remessas ao exterior, como ordenante de pagamentos no exterior, por meio de contas tituladas por terceiros domiciliados no exterior, -sei)i efetuar registro em seu nome no Sistema Financeiro Nacional através do Banco Central, burlando a fiscalização, utilizando subteo(tigios .fraudulentos (doleiros) nas contas CC5, conforme exposto na sentença de quebra de sigilo bancário judicial e compartilhamento do material com a Receita Federal, exarada no Processo n° 2004,7000008267-0, c) Foram enviadas cópias (confere com a cópia .fornecida pelo Departamento de Polícia Federal, Diretoria de Combate ao Crime Organizado, Divisão de Repressão aos Crimes Financeiros, Força Tarefa CC5 — Curitiba-PR) da relação das ordens de pagamento da Conta MIDLER CORP SÁ. — conta 530.76.5..055 — banco Chase New York em que o Contribuinte fez constar como ordenante (Order Customer LUGANO RESOURCES LTD — Rua Pequetita 145 ej 34 — Brazil); e enviou 16 registros no valor total de US$6508,608,52. d) a relação das ordens de pagamento das contas em que o Contribuinte constou como ordenante ('confere com a cópia fbrnecida pelo Departamento de Polícia Federal, Força Tarefa CC.5); e e) 16 cópias das ordens de pagamento de conta em que o Contribuinte (LUGANO RESOURCES DO BRASIL S/C LTDA) constou como ordenante, num total de 16 registros." O autuante observa que o contribuinte LUGANO RESOURCES DO BRASIL S/C LTDA.. (CNPJ n° 02,980,677/0001-69) é o único portador dessa identificação no cadastro de Pessoa Jurídica do sistema da Receita Federal, ou seja, sem homonímia, com endereço na Rua Pequetita, n° 14.5, 3o andar, conj. 34, bairro Vila Olímpia, CEP 04522-060 — São Paulo/SP, Dessa forma, o autuante conclui que a empresa fiscalizada está plena e suficientemente caracterizada como remetente de recursos ao exterior, não declarados, sem a utilização do Sistema Financeiro Nacional através do Banco Central, e como ordenante de ordens de pagamento, por meio de contas (objeto de investigações por parte tanto da Polícia Federal como do Ministério Público), manadas ou administradas por uma instituição bancária ou financeira americana, condenada nos Estados Unidos através de ação movida pela Procuradoria Distrital de Manhattan por receber e transferir ilegalmente bilhões de dólares em transações de off-shores mantidas por casas de câmbio sul-americanas.. A Fiscalização informa, ainda, que o contribuinte foi intimado a apresentar os livros contábeis, comprovar a escrituração dos recursos financeiros movimentados no exterior através de conta Processo n° 19515 001038/2007-11 S1-C4T1 Acórdão n," 1401-00i58 Fl 6 mantida no banco JP MORGAN CHASE BANK pela empresa BEACON HILL SER VICE CORPORATION, discriminados no anexo ao Termo de Início da Ação Fiscal (fls. 08 a 13), em que o contribuinte fiscalizado é identificado como ordenante. Caso as operações não estivessem escrituradas, o contribuinte deveria identificar, por meio de documentação hábil e idônea, o(s) beneficiário(s) e a(s) natureza(S) das operações ou a(s) respectiva(s) causa(s). Caso a titularidade dos recursos mantidos não pertencesse ao contribuinte, tendo este operado em nome de terceiros, deveria identificar o real proprietário/beneficiário dos recursos, , juntando documentação hábil e idônea que comprovasse esse fato, Em resposta, a empresa esclareceu que está inativa desde o ano- calendário de 2000 e que desconhece as transações relacionadas no Termo de Início da Ação Fiscal, as quais não teriam sido realizadas pela sociedade fiscalizada. A fiscalizada, re-intimada a apresentar os livros contábeis relativos aos anos-calendário de 2001 e 2002 e intimada a apresentar Demonstrativo do Lucro Real do mesmo período e declaração de rendimentos com base no lucro real, reiterou que se encontra inativa desde 2000 e apresentou cópia de Livro Caixa sem escrituração. Constam do Termo de Verificação, em suas letras "D" e "E" (fls.. 137 e 138), os demonstrativos de apuração da base de cálculo do IRRF, relativo a pagamento sem causa, e do lucro arbitrado. Por fim, o autuante assinala que foi aplicada a multa qualificada de 150%, 'pois o Contribuinte agiu com dolo, evidente intuito de fraude e simulação, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei 4,502/64, e art. 957, inciso H, do RIR/99, complementados com toda a documentação criminal recebida do exterior, laudos da Polícia Federal e os demais elementos mencionados no presente Termo". Às .fls. 186 a 228, consta a impugnação, apresentada em 28/05/2007, por intermédio de procuradores (fls. 229 a 233 e 288 a 292), Alega a autuada que a empresa LUGA1VO RESOURCES LTD , indicada como ordenante dos pagamentos da conta MIDLER CORP S.A (Order Customer) é pessoa jurídica distinta da impugnante. Reafirma que desconhece as transações que ensejaram a lawatura dos presentes autos de infração e que não tem qualquer relação com elas. Pleiteia a declaração de nulidade dos lançamentos, por violação ao princípio da tipicidade cerrada, uma vez que o sujeito passivo neles indicado não corresponderia à pessoa que realizou o fato descrito no aspecto material da norma tributária. Argumenta que o Fisco estaria exigindo da impugnante a produção de prova negativa, pois, se não há comprovação de que a impugnante seria a titularlbeneficiária/ordenante das 6 7 Processo n" 19515.001038/2007-11 S1-C4T1 Acórdão o" 1401-00,258 Fl. 7 supostas movimentações financeiras, não há como exigir dela a prova de que não tem relação com tais recursos.. Assevera que não poderiam ser exigidos os créditos tributários relativos ao IRRI, ao IRRF, ao PIS, à COF1NS e à CSLL, correspondentes aos fatos jurídicos tributários ocorridas entre outubro de 2001 e abril de 2002, em razão do decurso do prazo previsto no artigo 150, § 4o, do Código Tributário Nacional. Aduz a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei n° 8.212/1991, que dispõe sobre o prazo decadencial aplicável às contribuições sociais. Adicionalmente, alude à aplicação do referido dispositivo somente às contribuições sociais administradas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Entende que o fato de a empresa encontrar-se inativa e não ter efetuado pagamentos nos períodos autuados não seria suficiente para alterar a natureza do lançamento por homologação. Reputa configurada a violação aos princípios da ampla defesa e do contraditório, pois não teriam sido juntados aos autos elementos necessários ao conhecimento das imputações feitas à empresa, citados no Termo de Verificação Fiscal, quais sejam, o Memorando da EFF/Portaria SRF n° 463/04 e a mídia eletrônica. Além disso, nenhuma das respostas/exames .formulados nos Laudos de Exame Econômico-Financeiro nos 1258/04 e 1033/04 (fls. 108/127) mencionaria a impugnante como possível tituladordenante dos recursos em questão.. Afirma que os lançamentos foram efetuados com base em presunções, uma vez que o extrato de fls. 10/13, além de indicar. pessoa diversa da impugnante, ,foi produzido pela própria Receita Federal e pelo fato de os laudos de Exame Econômico Financeiros não mencionarem o nome da impugnante Observa que as presunções não poderiam fiazdamentar as autuações .fiscais, em respeito aos princípios norteadores da tributação, sobretudo o princípio da tipicidade cerrada e o princípio da verdade material. Alega que o mero depósito bancário não constituiria fato gerador do IRPJ e da CSLL, por não significa'', necessariamente, que a sociedade tenha auferido lucro/renda, nem tampouco do PIS e da COFINS, que teriam como fatos imponíveis as receitas auferidas pelos contribuintes_ Cita entendimentos doutrinários e decisões judiciais que corroborariam a sua tese (fls. 214/216). Aponta violação aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, que teria sido ocasionada pelo reajustamento da base de cálculo do IRRF, previsto no artigo 61, ç 3o, da Lei n° 8.981/1995. Entende que o IRRF não seria exigível em hipótese da qual resulte a '-eduçã o do lucro líquido da pessoa jurídica, tal como a omissão de receita caracterizada pela falta de escrituração de pagamentos efetuadas. 10 Processo n" 9515001038/2007-11 S1-C4I1 Acórdão n ° 1401-00,258 Fl 10 de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período-base a que corresponder a omissão. Justifica-se o arbitramento do lucro, por não haver comprovação de que o sujeito passivo possui escrituração regular DECORRÊNCIA A decisão relativa ao lançamento principal se aplica, no que couber; às exigências de PIS, COFINS e CSLL, devido à estreita relação de causa e efeito existente entre eles, ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF Período de apuração . 02/10/2001 a 12/12/2002 PAGAMENTO SEM CAUSA Uma vez não identificada a causa ou a natureza da operação, sobre o valor das remessas de recursos realizadas no exterior incide o imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%. Não cabe cogitar da adoção da tese de não incidência do IRRF, quando caracterizada a redução indevida do lucro líquido, por se tratar de arbitramento do lucro O rendimento pago é considerado líquido, procedendo-se ao reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual deve recair o imposto," Irresignada com a decisão de primeira instância, a interessada interpôs recurso voluntário a este Conselho, repisando os tópicos trazidos anteriormente na impugnação e aduzindo em complemento: - Propugna pela ilegitimidade passiva, nos seguintes termos: "Verifica-se, assim, que diversanzente da indevida suposição firmada pela fiscalização e referendada pela Turma Julgadora na decisão ora recorrida, a empresa LUGA.NO RESOURCES LTD, (arder customed está estabelecida nas Ilhas Pirgens Britânicas e não na Rua Paquetita, n" 145, 3" andar, conjunto 34, São Pardo/SP Frise-se que nesse endereço está localizada a LUGANO RESOURCES DO BRASIL S/C LTDA, que tem por sécia a LUGANO RESOURCES LTD., conforme cláusula primeira e quarta do seu "Instrumento particular de constituição de empresa" "Cláusula 1° — LUGANO RESOURCES DO BRASIL S/C LTDA, é uma sociedade civil por quotasde responsabilidade limitada, C0111 sede à Rua Pequetita, n. 145, 3° Andar, conjunto 34, São Paulo-SP, podendo abrir outras dependências no país ou no exterior por simples deliberação de seus sécios-gerentes, sem que para isso haja necessidade de qualquer modificação do contrato social: Voto Processo n" 19515.001038/2007-11 Acórdão n 1401 -00258 SI-C4-1-1 F1 11 Cláusula 2"- Consultoria, planejamento e serviços procuratórios por conta de terceiros na área de investimentos em mercados financeiros internacionais. Cláusula 4" - O Capital social é de 1..000,00 (mil reais) dividido em 100 (cem) quotas integralizadas, neste ato, em moeda corrente nacional, com valor nominal de R$ 10,00 (dez reais) cada uma, estando assim distribuído entre os sócios: MARCELO FALLEIROS MARIANO DA CRUZ, 99 (noventa e nove) quotas, no valor total de R$ 990,00 9 (novecentos e noventa reais); LUGA.NO RESOURCES LTD 0] (uma) quota, no valor total de R$ 10,00 (dez reais) (..)" - A recorrente alega que houve erro de enquadramento legal inquinando de nulidade o auto de infração, urna vez que o art, 530, I pressupõe a prova da obrigatoriedade da tributação pelo lucro real. Como não houve essa prova, não caberia a referida capitulação legal, constituindo-se assim em verdadeiro "erro de direito uma vez que haveria desconformidade entre a motivação invocada pela ,fiscalização para arbitrar o lucro e a norma geral e abstrata prevista no art.. .530, I". - Por outro lado, aduz ainda que "(...) durante o curso do procedimento fiscalizatório, a recorrente apresentou cópias dos livros caixa dos anos-base de 2001 e 2002 (fls 45/73) que demontraram, claramente, a inexistência de movimentação na empresa Ora, o fato de a recorrente apresentar livros sem movimentação ( o que é plenamente justificável, dada a sua inatividade) não significa, obviamente, dize,- que a sua escrituração está em desacordo com as leis comerciais e fiscais", É o relatório, 11 Processo n" 19515.001038/2007-11 81-C411 Acórdão n 1401-00,258 F I 12 Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento.. A infração fbi descrita como omissão de receitas caracterizada pela remessa de recursos ao exterior não contabilizados, declarados ou informados à SRF, com enquadramento legal no art, 40 da Lei tf 9.430/96. Houve o lançamento do IRP I e contribuições sociais decorrentes. Também houve o lançamento de IRRF que se refere a pagamentos a beneficiários não identificados (pagamentos sem causa). Decadência Do IRRI/IRRF Em relação à decadência do IRRWIRRF, ou seja, se cabível o prazo estabelecido no art. 150, § 4°, ou o art. 173, I, ambos do CTN, entendo o que o referido prazo é de cinco anos, independentemente de haver ou não pagamento, estando subordinado ao disposto no artigo 150, § 4°, a não ser quando constatado dolo, fraude ou simulação, situação em n que se aplicaria o art. 173, I do CTN, como é o caso dos autos conforme se demonstrará adiante. Nesse caso, o exercício seguinte em que o lançamento poderia ter sido efetuado é o ano calendário de 2002 e, conseqüentemente, em sendo o 1' (primeiro) dia do exercício seguinte o dia 01/01/2003, o termo do prazo para constituição do crédito tributário, na hipótese, seria o dia 31/12/2007. No entanto, a autuada teve ciência do lançamento tempestivamente, em 26/04/2007. Portanto, afastado está a decadência do IRPI e do IRRF. Dos demais tributos (CSLL, PIS E COF rNs Ressalte-se que a conclusão supra não prejudica, nesse particular, os lançamentos decorrentes relativamente às contribuições sociais (CSLL, PIS e COFINS), cujo disciplinamento envolvendo a decadência não mais possui regrarnento próprio (artigo 45, da Lei if 8.212, de 1991), após a declaração de ineonstitucionalidade dos artigos 44 e 45 do referido diploma legal. A matéria foi contemplada com a Súmula Vinculante n° 8: "São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5" do Decreto-lei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8,212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário", Dessa forma, a regra do art. 173, 1 do CTN no caso de fraude, dolo ou conluio também se aplica às contribuições sociais (tributos sujeitos à homologação), não diferindo o resultado mesmo considerando as apurações mensais para os casos da COFINS e PIS, pois o fato gerador mais antigo 31/10/2001, provoca o início da contagem para o exercício seguinte, 01/01/2003, levando o termo final da decadência para 31/12/2007. Portanto, afastado está também a decadência dessas contribuições. Nulidade Processo n" 195 /5.001038/2007-II S1-C4TI Acórdão n_" 1401-00.258 fl. 13 Apenas para um melhor esclarecimento sobre o assunto, transcreve-se o dispositivo que rege a matéria no processo administrativo fiscal. Prescreve o art. 59 do Decreto 702.35172 com a nova redação dada pela Lei 8748/93: Art. .59 - São nulos: I- os atos e termos lavrados por pessoa incompetente,' II- os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa; Por conseguinte, considera-se nulo o ato, se praticado por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa, não tendo se caracterizado quaisquer das situações, pois não se põe em dúvida a competência do autor, nem há que se falar em preterição do direito de defesa, vez que os fatos apurados foram descritos com o respectivo enquadramento legal, e levados ao conhecimento, da autuada, levando a mesma a defender-se plenamente através da peça impugnatória acostada aos autos, como efetivamente o fez. Outrossim, foram observados dois requisitos fundamentais à validade do ato administrativo. Os requisitos apontados estão previstos em lei, são os incisos III e IV do art. 10 do Decreto 70.235/72 e têm a seguinte redação: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: III - a descrição do fato; IV - a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; A recorrente propugna pela anulação do auto por violação aos princípios da ampla defesa e do contraditório, por não terem sido juntados aos autos elementos referidos no Termo de Verificação Fiscal, quais sejam, o Memorando da EFF/Portaria SRF n o 463/04 e a mídia eletrônica (anexos ao laudo pericial). Em primeiro lugar, deve-se observar que os documentos dos autos que consta a recorrente como ordenante não constitui apenas indício da realização de movimentação financeira, mas sim prova direta, pois reproduz os dados disponibilizados ao Fisco, decorrentes de laudos periciais elaborados pela Policia Federal, em razão do compartilhamento de provas obtidas pela CPMI do Banestado, autorizado judicialmente. Os referidos documentos embora não se constituam no próprio fato probando se refere imediatamente a ele, reproduzindo-o ou representando-o O Termo de Verificação Fiscal esclarece que os trabalhos da Equipe Especial de Fiscalização, instituída pela mencionada Portaria, limitaram-se ao exame dos documentos e da mídia digital recebidos da CPMI do Banestado, e passado pelo crivo dos referidos laudos periciais, com vistas a identificar os contribuintes nacionais que participaram das transações. Assim, considero suficiente para o exercício do direito de defesa a juntada aos autos do Anexo à Representação Fiscal que identifica a recorrente como ordenante, dados esses colhidos diretamente das planilhas anexas aos referidos laudos, que não podem ser 1313 Processo n° 19515.001038/2007-11 SI-C411 Acórd5o n 1401-00.258 Fl 16 Para chegar a essa ilação a fiscalização partiu de vários indícios precisos, "econômicos" e convergentes propiciando a perfeita formação de convicção deste julgador. É de se ver. Os indícios assim corno as presunções são também considerados como provas no Direito tanto se vistos de forma objetiva, constituindo-se no conjunto de meios ou elementos destinados a demonstrar a existência ou inexistência dos fatos alegados, quanto subjetivamente falando, meio pelo qual o julgado normalmente se utiliza para formar convicção a respeito da existência ou não de um determinado fato ou situação. Os indícios para ter força probante precisam possuir 2(duas) características importantes: Precisão ou economia (conduzem a poucas hipóteses ou apontam para poucas causas) e convergência (quando se encaixa com outro indício, conduzindo a uma mesma conclusão) Alguns tributaristas colocam o atributo da gravidade (boa intensidade do indicio) nesse mesmo contexto. Nesse ponto peço vênia para discordar, apoiando-me no semiótica Urnberto Eco, penso que o atributo de convergência é que dá o verdadeiro tom da intensidade da conclusão, isso quer dizer que indícios com baixas intensidades, aparentemente sem importância, quando convergentes produzem também uma forte conclusão. Vejamos como Umberto Eco, um dos grandes semióticas da atualidade analisa essa questão em seu clássico "Interpretação e Superinterpretação", págs. 57/58: "(..) certos elemento evidentes mas aparentemente sem importância, podem ser indício de uma outra coisa que não é evidente — e, baseado nisso, elaboram uma nova hipótese a ser testada. Mas o indício é considerado o signo de outra coisa somente em três condições: quando não pode ser explicado de maneira mais econômica; quando aponta para uma única causa (ou uma quantidade limitada de causas possíveis) e não passa um número indeterminado de causas diferentes.; e quando se encaixa com outro indício, Como iremos lidar muito amiúde neste voto com a prova indiciáia é interessante que os atributos acima referidos fiquem bem claros. Vamos usar de empréstimo os exemplos trazidos pelo próprio Semiótica Umberto Eco ainda naquela obra clássica. Vejamos como ele explica o critério de economia, que de certa forma está associado também ao de precisão: "Se na cena do crime encontro uma cópia do jornal matutino de maior circulação, devo antes de tudo perguntar (critério de economia) se não poderia ter pertencido à vítima; se não, a pista indicaria um milhão de suspeitos potenciais.." No trecho a seguir, Umberto Eco demonstra o requisito de convergência e o estabelecimento de condições objetivas em que a hipótese poderia ser refutada: "(...) Se, por outro lado, na cena do crime encontro uma jóia de .forma estranha, considerada exemplar único deste tipo, e que todos sabem pertencer a um certo indivíduo, a pista fica interessante; e, se depois descubro que esse indivichio não pode mostrar-me sua jóia, as duas pistas se encaixam Mas notem que [67 17 Processo n° 19515 001038/2007-11 S1-C4T1 Acórdão n ° 1401-00.258 Fl. 17 a esta altura, minha hipótese ainda não está provada. Parece apenas razoável, e é razoável porque me permite estabelecer algumas das condições em que poderia ser refiaada: se, por exemplo, o suspeito desse provas indiscutíveis de que havia dado a .jóia à vítima há muito tempo, então a presença da jóia na cena do crime deixaria de ser uma pista importante," Indícios — Caso concreto Especificamente, no caso em comento, não pairam dúvidas que a forma de identificação da contribuinte autuada como remetente dos recursos foi a conjugação do nome unívoco e do endereço consignados nos registros, procedimento esse que ensejou deparar-se com urna única possibilidade de identificação positiva, qual seja a contribuinte epigrafada, não havendo possibilidade nem sequer de cogitar de outra possibilidade. A recorrente acusa a falta de provas. Já foi dito alhures, mas não custa repetir que a comprovação material de urna determinada situação fática pode ser feita, em regra ou por uma prova única, direta, concludente por si só, ou por um conjunto de elementos/indícios que, se isoladamente nada atestam, agrupados têm o condão de estabelecer a inequivocidade daquela matéria de fato. A comprovação fálica do ilícito raramente é passível de ser produzida por urna prova única, isolada, a qual, aliás, só seria possível, praticamente, a partir de uma confissão expressa do infrator, coisa que, corno facilmente se infere, dificilmente se terá, por mais evidentes que sejam os fatos O primeiro indício encontrado pela fiscalização foi o fato de estar expressamente indicada no campo "ORDER CUSTOMER" da mídia a designação "LUGANO RESOURCES LTD.", que é praticamente a razão social da recorrente "LUGANO RESOURCES DO BRASIL S/C LTDA", onde "S/C LTDA" "S,C LTDA", "LTDA" ou "LTD", por óbvio significam a mesma coisa:"Sociedade de Cotas de participação Limitada", o que reforça o grau de univocidade desse nome. É claro que esse indício por si apesar de ser grave, preciso e convergente, por só ainda não é suficiente para dar o grau de univocidade que seria necessário para identificar corretamente o acusado. Acontece que de forma convergente com o indício apontado acima encontra- se na mídia exatamente o endereço da empresa recorrente: "Rua Pequetita 145 qj 34 — Brazil", O autuante observa que o contribuinte LUGANO RESOURCES DO BRASIL S/C LTDA. (CNN n° 02,980.677/0001-69) é o único portador dessa identificação no cadastro de Pessoa Jurídica do sistema da Receita Federal, ou seja, sem homonímia, com endereço na Rua Pequetita, ri° 145, 3o andar, conj. 34, bairro Vila Olímpia, CEP 04522-060 — São Paulo/SP. Por fim, o terceiro e último indício, se tomado de forma isolada não forte, mas em conjunto com os outros 3(três) indícios torna a prova em seu conjunto digna de peso. É que a recorrente apenas em fase recursal, mudando muito o rumo de sua defesa, ao invés de continuar afirmando que desconhecia tais movimentações, que não teria ///, 18 Processo n" 19515 0010.38/2007-11 Si-C411 Acórdão ° 1401-00,258 Fl 18 qualquer relação com elas, resolve apontar categoricamente quem de fato fez as remessas, a Lugano Resources Ltd., sócia minoritária da recorrente (Lugano Resources S/C Ltda) Vejamos o seu discurso, por suas próprias palavras: "Verificase, assim, que diversamente da indevida suposição .firmada pela fiscalização e referendada pela Turma Julgadora na decisão ora recorrida, a empresa LUGANO RESOURCES LTD, (arder customer) está estabelecida nas Ilhas Virgens. Britânicas e não na Rua Paquetita, n" 145, 3" andai conjunto 34, São Paulo/SP, Frise-se que nesse endereço está localizada a LUGANO RESOURCES DO BRASIL S/C LIDA, que tem por sócia a LUGÁNO RESOURCES LTD, conforme cláusula primeira e quarta do seu "Instrumento particular de constituição de empresa" "Cláusula 1" — LUGÁNO RESOURCES DO BRASIL S/C LIDA, é uma sociedade civil por quotas de responsabilidade limitada, com sede à Rua Pequetita, n. 145, 3" Andar; conjunto 34, São Paulo-SP, podendo abrir outras dependências no país ou no exterior por simples deliberação de seus sócios-gerentes, sem que para isso haja necessidade de qualquer modificação do contrato social, Cláusula 2"- Consultoria, planejamento e serviços procuratórios por conta de terceiros na área de investimentos em mercados financeiros internacionais. Cláusula 4"- O Capital social é de 1,000,00 (Mil reais) dividido em 100 (cem) quotas integralizadas, neste ato, em moeda corrente nacional, com valor nominal de R$ 10,00 (dez reais) cada uma, estando assim distribuído entre os sócios: MARCELO FALLEIROS MÁRIANO DÁ CRUZ, 99 (noventa e nove) quotas, no valor total de R$ 990,00 9 (novecentos e noventa reais); LUGÁNO RESOURCES LTD 01(uma) quota, no valor total de R$ 10,00 (dez reais) (-)" Cabe ressaltar aqui, novamente, por relevante, que se não disse de forma literal que a remetente era sua sócia minoritária, não há dúvidas que o fez de forma pragmática, ao trazer à baila a existência de uma empresa que coincide de forma mais exata com o nome da empresa encontrada como ordenante, De relevante ressaltar neste ponto não é a justificativa da recorrente de que não seria ela o verdadeiro sujeito passivo, mas sim sua sócia minoritária, mesmo porque ela não traz qualquer prova dessa alegação. E alegar e não provar é o mesmo que não alegar, Apenas aponta o seu próprio sócio (Lugano Resources Ltd), muito bem protegido em Tortoal, nas Ilhas Virgens, por possuir exatamente a mesma denominação indicada nos documentos representativos das remessas ilegais. Processo n° 19515 001038/2007-11 Si-C41-1 Acórdão n ° 1401-00258 Fl. 19 Ora, agindo assim, apenas atrai para si também de forma pragmática a certeza que faltava de que a recorrente é de fato a remetente, no Brasil, dos recursos ilegais não escriturados e conhecia, sim, das transações e quiçá se aproveitou dessa celeuma terminológica toda, criada por ela própria, na figura de "grande coincidência"! "pequena divergência" de nomes para se resguardar de uma possível investigação, como de fato aconteceu, sem contudo perder o elo de ligação com os recursos remetidos para posterior resgate/utilização dos recurso. É principio basilar do Direito que ninguém pode se aproveitar em seu beneficio de sua própria torpeza. Outrossim, conforme está muito bem consignado no Termo de Verificação de fls. 132 a 140, o escopo da operação envolve apenas pessoas jurídicas sediadas no Brasil, o que exclui a hipótese referida: "I — Este procedimento de . fiscalização tomou por base o trabalho elaborado pela Equipe Especial de Fiscalização instituída pela Portaria SRF — Secretaria da Receita Federal — n° 463, de 30/04/2004, que, apoiando-se em decisão do Juízo da 2" Vara Criminal Federal de Curitiba/PR, a pedido da Polícia Federal do mesmo Estado, autorizou a quebra de sigilo bancário de contas mantidas no exterior por Instituições Financeiras que atuavam como prepostos bancários-financeiros de pessoas .físicas e jurídicas representadas por cidadãos brasileiros, Dentre essas pessoas jurídicas encontra-se o contribuinte sob .fiscalização, como ordenante de recursos .financeiros movimentados no exterior." Por último, é de admirar a recorrente apenas em fase recursal tenha trazido à baila essa explicação, quando deveria tê-lo feito de boa-fé na fase inquisitória da investigação, já que tinha posse dessa mesma informação naquela fase. Neste ponto, ressalto novamente o ensinamento de Umberto Eco demonstrando o requisito de convergência e o estabelecimento de condições objetivas em que a hipótese poderia ser refutada: "(„) Se, por outro lado, na cena do crime encontro uma jóia de forma estranha, considerada exemplar único deste tipo, e que todos sabem pertencer a um certo indivíduo, a pista fica interessante; e, se depois descubro que esse indivíduo não pode mostrar-me sua jóia, as duas pistas se encaixam.(.,)" De fato, a "jóia" aqui não foi escondida, mas apontada: a Lugano Resources Ltd., sua sócia minoritária, como ordenante. Como se vê, é muita coincidência que todos esses indícios apontem sempre, mesmo que não de forma totalmente direta, para um único norte: remetente a empresa LUGANO RESOURCES DO BRASIL S/C LTDA, no Brasil. Na verdade, a prova indiciária apareceu nos auspícios de uma cuidadosa investigação em que cada elemento verificado conduzia a outro, como num desenrolar de um novelo, onde a própria recorrente em seu recurso dá o tom final da prova, que se revela contra ela própria. 19 Processo n° 19515.001038/2007-11 S 1-C411 Acórdão a° 1401-00.258 H. 20 Nessa esteira, não cabe aqui nem colocar por prescindível o contra- argumento a suposições normalmente levantadas nesse tipo de processo, qual seja, a de que os dados da recorrente poderiam ter sido"plantados" para desviar a investigação. Não depois do aparecimento dessa última informação. De qualquer sorte, apenas para argumentar é de se dizer a esse respeito que o argumento de que a prova possa ter sido possivelmente "plantada" não prospera diante da natureza da origem dessa prova. Todo o processo de acusação originou-se do aparecimento de urna prova circunstancial. de aparecimento inesperado, onde foram tomadas todas as cautelas necessárias para tal prova não pudesse ser manipulada no interesse de outrem. Portanto, o argumento de que a prova teria sido "plantada" - não se compatibiliza com a situação em que a prova foi colhida de maneira circunstancial sem qualquer controle por parte de alguém, mormente onde as autoridades envolvidas tornaram todas as cautelas de segurança necessárias. Outrossim, a questão aventada pela recorrente de que o endereço dela constaria apenas em um único registro não me sensibiliza. Para mim, esse único registro já representa um forte elo de ligação em relação aos demais registros que mantêm constante o nome do ordenante das remessas de divisas.Ademais, a recorrente apenas ataca de forma isolada esse indício, não abalando o "conjunto da obra". Portanto, em uma cuidadosa investigação em que cada elemento verificado conduzia a outro, como num desenrolar de um novelo, a fiscalização acabou por chegar a conclusão de que a recorrente é a verdadeira ordenante da remessa de divisas, que por sua vez foi a base da omissão de receita. Por todo o exposto, nego provimento a este item. Arbitramento Considera incabível o arbitramento do lucro, bem assim que o arbitramento só deve ser imputado em hipótese extrema, já que a Fiscalização poderia ter apropriado o efeito da suposta infração às bases de cálculo tributáveis. Ora, não há que se falar excesso de rigor, quando a tributação com base no lucro arbitrado foi efetuada com respaldo em hipótese, na figura do artigo 530, incisos I, III e VI, uma vez que a recorrente, apesar de intimada, não apresentou os livros contábeis e as demonstrações financeiras, no caso de opção pelo lucro real, ou o livro caixa, no caso de opção pelo lucro presumido: "Art. 530 O imposto, devido trimestralmente, no decon-er do ano-calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei n" 8..981, de 1995, art. 47, e Lei n" 9,430, de 1996, art. 1"): I - o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal, III - o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária . j()) os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro caixa, na hipótese do parágrafo único do art 527; ?20 Processo o° 19515 001038/2007-11 Acórdão n 1401-00,258 SI-C4T1 Fl 21 VI - o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, Livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário. A recorrente alega que houve erro de enquadramento legal inquinando de nulidade o auto de infração, urna vez que o art. 5.30, I pressupõe a prova da obrigatoriedade da tributação pelo lucro real. Como não houve essa prova, não caberia a referida capitulação legal, constituindo-se assim em verdadeiro "erro de direito uma vez que haveria desconformidade entre a motivação invocada pela fiscalização para arbitrar o lucro e a norma geral e abstrata prevista no art. 530, I Esquece-se a recorrente, que a opção pelo lucro real anual, somente se valida com o pagamento da estimativa relativa ao mês de janeiro e a opção pelo lucro presumido com o pagamento do imposto relativo ao primeiro trimestre do ano-calendário (art. 26 da Lei n° 9430/96). Inexistindo pagamento, o lançamento de oficio há de ser feito no pressuposto de que a recorrente está no lucro real trimestral. Aduziu a esse respeito a recorrente que "(..) durante o curso do procedimento .fiscalizatório, a recorrente apresentou cópias dos livros caixa dos ano.s-base de 2001 e 2002 (fls. 4.5/73) que denzontraranz, claramente, a inexistência de movimentação na empresa Ora, o .fato de a recorrente apresentar livros sem movimentação ( o que é plenamente justificável, dada a sua atividade) não significa, obviamente, dizer que a sua escrituração está em desacordo com as leis comerciais e .fiscais". Veja que o argumento da recorrente seria válido em outro contexto, mas não no contexto em que está sendo autuada por remessas de divisas da ordem de R$17,826.955,43, que gerou presunção legal de omissão de receitas Esse fato, por si só, cancela automaticamente a implicação lógica existente em seu argumento de que seu livro caixa foi entregue sem movimentos, pois estaria inativa. Assim, a infração em comento caso não provada a sua invalidade desfaz o estado de inatividade e requer a existência de movimentações financeiras no livro caixa, caso se opte pelo lucro presumido, que não foi o caso, ou de livros contábeis (diário, razão) no caso de lucro real, Como nenhuma dessas condições foram satisfeitas, claro está a necessidade de se tributar pelo lucro arbitrado (trimestral). Outrossim, apenas para argumentar, é pacífico neste Conselho a tese do formalismo moderado em que a mera ocorrência erro de enquadramento legal, quando a descrição dos fatos indica verdadeiramente o fundamento legal da autuação e o contribuinte exerceu seu pleno direito de defesa, não é suficiente para inquinar de nulidade o auto de infração. PAGAMENTO SEM CAUSA OU A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO - IRF (35%) Entende que o IRRF não seria exigível em hipótese da qual resulte a redução do lucro líquido da pessoa jurídica, tal como a omissão de receita caracterizada pela falta de escrituração de pagamentos efetuados. Processo n 19515 001038/2007-11 S1-C411 Acórdão n 1401-00.258 F I 22 A princípio cabe salientar que o pressuposto material para caracterização da infração tipificada no art. 61 da Lei n° 8.981, de 1995, é a constatação de que tenha ocorrido, como de fato está provado nos autos, pagamento ou entrega de recursos a terceiros ou sócios, quando não for comprovada a operação ou a sua causa. Lei no 8.981, de 1995: "Art 61. Fica sujeito à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à aliquota de 35%, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais 1" § 1" A incidência prevista no capta aplica-se, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular; contabilizados ou não, quando não .for comprovada a operação ou a sua causa, bem como à hipótese de que trata o § 2 0, do art. 74 da Lei n" 8.383, de 1991. § 2° Considera-se vencido o imposto de renda na fonte no dia do pagamento da referida importância. § 3" O rendimento de que trata este artigo será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto." Nem se alega que seja caso de bitributação, muito menos de caráter penal, eis que a tributação na fonte tratada aqui, não se confunde em nada com receita omitida. Ao contrário, se trata de tributação autônoma erigida pelo legislador, mediante o disposto no art. 61 e §§ da Lei n° 8.981, de 1995, sujeitando ao Imposto de Renda na Fonte, a alíquota de 35% (trinta e cinco por cento), a partir de janeiro de 1995, a hipótese de pagamentos efetuados ou recursos entregues a terceiros ou a sócios, contabilizados ou não, sem comprovação da operação ou da sua causa. Trata-se, pois, de tributação pela fonte pagadora na qualidade de responsável tributário, nos termos do artigo 128 do CTN. Em relação ao argumento de incompatibilidade da tributação pelo IRPI e pelo IRRF, nas hipóteses que caracterizem redução indevida do lucro líquido, cabe salientar de que isso não aconteceu, pois não houve apuração de Lucro Real pelo contribuinte. Em relação à suposta violação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, em face do reajustamento da base de cálculo do IRRF, trata-se de discussão que descamba no âmbito da constitucionalidade de norma válida e vigente, o que escapa da competência deste colegiado. Portanto, mantenho a tributação do IRF. .MULTA QUALIFICADA —150% Assoma claro nos autos que a empresa, de forma intencional, buscou ocultar receitas com o fim de eximir-se do devido recolhimento dos tributos, o que caracteriza ação dolosa visando a impedir ou retardar o conhecimento da obrigação tributária por parte da Fazenda Pública, nos termos do art. 71 da Lei n° 4.502, de 1964, adiante reproduzido: 22 Acórdão n ° 1401-00,258 F1 23 Processo n° 19515 001038/2007-11 S1-C4T1 "Art 71, Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: - da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II - das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente." O dolo e o evidente intuito de fraude é insito em situações tais em que ficar provada, corno de fato aconteceu, que houve remessa de divisas a domiciliado no exterior, à margem da contabilidade e das autoridades do banco central, sem que o remetente esclareça a que titulo e com que finalidade foi efetuada a remessa de divisas. Diante desse contexto, deve ser mantida a multa qualificada de 150%. Juros de Mora Quanto à legalidade dos juros de mora segundo as taxas SELIC, estão eles previstos em disposição legal em vigor, não cabendo a este órgão do Poder Executivo deixar de aplicá-los, encontrando óbice, inclusive nas Súmula CARF N° 4, in verbis: A partir de I" de abril de 1995, os juros lnoratdrias incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SEL1C para títulos .federais. (DOU, Seção 1, dos dias 26, 27 e 28/06/2006, vigorando a partir de 28/07/2006). Lançamentos Reflexos Por estarem sustentados na mesma matéria fática, os mesmos fundamentos devem nortear a manutenção das exigências lançadas por via reflexa. Por todo o exposto, afasto a decadência, REJEITO a preliminar de nulidade e, no mérito, NEGO provimento ao recurso, A TONIO liZERRA NETO 23 Processo n" 1955001038/2007-11 S1-C4T 1 Acórdão n " 1401-00,258 F I 24 Deelaraçâo de Voto Conselheiro Alexandre Antonio Alkmim Teixeira A infração foi descrita como omissão de receitas caracterizada pela remessa de recursos ao exterior não contabilizados, declarados ou informados à SRF, com enquadramento legal no art, 40 da Lei n° 9.430/96. Houve o lançamento do IRPJ e contribuições sociais decorrentes. Também houve o lançamento de IRRF que se refere a pagamentos a beneficiários não identificados (pagamentos sem causa). De todos esses argumentos inc atenho a um deles: falta de provas de que as remessas ao exterior tenham sido realizadas pela recorrente. A empresa nega, desde o início da ação fiscal, que tenha efetuado as remessas e, inclusive, afirma que constam como ordenante dos pagamentos a empresa LUGANO RESOURCES LTD que seria pessoa jurídica distinta da Recorrente, LUGANO RESOURCES DO BRASIL S/C LTDA. A argumentação da Autoridade Fiscal atem-se à presunção de que a ordenante LUGANO RESOURCES LTD trata-se da Recorrente, constando as seguintes justificativas na fi. 135: c) Foram enviadas cópias (, ) da relação das ordens de pagamento da Conta MIDLER CORP S.A — conta 530.765.055 — banco Chase New York em que o Contribuinte fez constar como ordenante (Order Customer LUGANO RESOURCES LTD — Rua Pequetita 145 cj 34 — Brazil); e enviou 16 registras no valor total de R$ 6.50860852; ) e) 16 cópias das ordens de pagamento de conta em que o Contribuinte (LUGANO RESOURCES DO BRASIL S/C LTDA) constou como ordenante, num total de 16 registros. Ressalta-se, imediatamente, em relação ao item c acima, que em apenas 1 registro consta o endereço: "Rua Pequetita 145 cj 34 Brazil", portanto, nos outros 15 registros constam apenas o nome do ordenante LUGANO RESOURCES LTD. Em relação ao item e, é importante ressaltar que o nome constante nas 16 ordens de pagamento não era "LUGANO RESOURCES DO BRASIL S/C LIDA", mas sim "LUGAN O RESOURCE S LTD". A fiscalização nos autos, não demonstrou como chegou à conclusão de que a contribuinte autuada é a que realizou as operações de remessas ao exterior. Ao contrário, existem provas nos autos de que a Lugano Resources Ltda, é pessoa jurídica diversa da Lugano Resources do Brasil S/C Ltda, posto que a primeira, sediada nas Ilhas Virgens britânicas, é sócia da segunda. Assim, existem indícios de que a Contribuinte tenha sido a remetendo dos valores, mas também existem fortes indícios de que quem realizou a remessa não tenha sido a Contribuintes, mas sim a empresa não-residente. 24 Processo n° 19515 001038/2007-11 S1-C4T1 Acórdão n ° 1401-00258 El. 25 Ou seja, há indícios de que a contribuinte possa ser a empresa responsável por essas remessas, pelos fatos mencionados acima; entretanto, a evidência que se infere a partir de um indício deve ser aceita com a devida cautela, pois, o indício é apenas o ponto inicial para o prosseguimento e aprofundamento das investigações. É de se reconhecer que, o simples fato de constar, parcialmente, o nome do contribuinte, seu endereço, sem qualquer outra informação relativa a este nas ordens de transferências, não é suficiente para a atribuição da responsabilidade tributária, Isso ocorre pois vigora no Direito Tributário o princípio da interpretação benigna, estabelecido no art. 112 do Código Tributário Nacional: Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: - à capitulação legal do fato; ii - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III- à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Ou seja, quando houver dúvidas sobre a autoria da infração tributária aplica- se, à semelhança do Direito Penal, o princípio do in dúbio pra roo. Este, inclusive, é o entendimento do prof Luciano Amaro: Na verdade, embora o art 112 do Código Tributário nacional pretenda dispor sobre "interpretação da lei tributária", ele prevê, nos seus incisos I a III, diversas situações nas quais não se cuida da identificação do sentido e do alcance da lei, mas sim da valorização dos fatos.. Nessas situações, a dúvida (que se deve resolver a favor do acusado, segundo determina o dispositivo) não é de interpretação da lei, mas de "interpretação" do fato (ou nieMor, de qualificação do fato). Discutir se o ,fato "x" se enquadra ou não na lei, ou se ele se enquadra na lei "A" ou na lei "8", ou se a autoria do fato é ou não do indivíduo "Z", diz respeito ao exame do fato e das circunstâncias em que ele teria ocorrido, e não ao exame da lei. A questão atém-se à subsunção, mas a dívida que se põe não é sobre a lei, e sim sobre o .fato, ) De qualquer modo, o princípio in dubio pra reo, que informa o preceito codificado, tem unia aplicação ampla; qualquer que seja a dúvida, sobre a interpretação da lei punitiva ou sobre a valorização dos fatos concretos efetivamente ocorridos, a solução há de ser a mais favorável ao acusado! 25 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro 14 ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2008. 26 Processo ri 19515.001038/2007-11 S1-C4T/ Acárfflo n 1401-00.258 F I 26 (Sem destaques no original) Portanto, se o trabalho da Autoridade Fiscal se resumisse simplesmente na verificação do endereço constante nas ordens de transferências e, sem mais apurações, efetuasse o lançamento tributário, não há dúvidas de que o auto de infração seria improcedente pela interpretação benigna do art. 112 do Código Tributário Nacional. Não basta, para definição do sujeito passivo, a simples prova indiciária, sobre a qual transcrevo ementa relativa ao acórdão n° 107-08326, da sessão de 09,112005, que teve corno relator o Conselheiro Luiz Martins Valeu): PAF' - PROVA INDICIÁRIA - A prova indiciaria é meio idôneo para referendar uma autuação, quando a sua formação está apoiada num encadeamento lógico de fatos e indícios convergentes que levam ao convencimento do julgador, Também transcrevo, o acórdão n" 203-09180, sessão de 11.09.2003, que teve como relatora a Conselheira Luciana Pato Peçanha Marfins: PIS, PRESUNÇÃO. PROVA INDICIÁRIA. A 'Presunção" consiste nas conseqüências que a lei tira de um fato conhecido para provar um fato oculto. A prova indiciaria, admitida pelo Direito, apóia-se em um conjunto de indícios veementes, graves, precisos e convergentes, capazes de demonstrar a ocorrência da infração e . fundamentar o convencimento do julgador Não consta nos autos documento que faça a prova de que as remessas foram efetuadas pela autuada. Ainda que não fosse prova direta, mas, se a investigação tivesse colhido fortes indícios convergentes, que examinados em conjunto pudessem levar à constatação de que as remessas foram realizadas pela autuada, permitiria que o julgador tivesse mais elementos de convicção para que pudesse concluir de forma segura pela titularidade das remessas ao exterior. A obrigação principal de acordo com o parágrafo primeiro do art. 113 do CTN surge com a ocorrência do fato gerador, e segundo o art. 114 do mesmo Código, o fato gerador da obrigação tributária é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. O art. 121 do CTN dispõe que o sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Pelo art. 142 do mesmo Código, compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente e entre outros requisitos, identificar o sujeito passivo. Assim, se a fiscalização considerou ter sido a autuada a titular das remessas ao exterior, deveria ter trazido aos autos, a prova de que as remessas foram efetuadas efetivamente por esse sujeito passivo, e a partir daí, verificar com os demais elementos, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, Não é o que consta nos autos. Os elementos trazidos pela Autoridade Fiscal não provam que as operações indicadas tenham sido praticadas pela recorrente, PI °cesso n" 19515 001038/2007-1 1 Sl-C411 Acórdão o" 1401-00.258 Fl 27 Concluo que, apesar dos indícios existentes, não há prova nos autos que indique ser a Recorrente, o sujeito passivo que tenha efetuado as operações de remessas ao exterior. Deixo de apreciar os demais argumentos da recorrente por não serem necessários para a solução da lide. Aplica-se às exigências decorrentes, o mesmo tratamento dispensado ao lançamento da exigência principal, em razão de sua íntima relação de causa e efeito.. Por outro lado, tenho entendimento de que havendo pagamento a beneficiário não identificado localizado no exterior, não pode haver a exigência de imposto de renda retido na fonte posto que, em regra, o Brasil não tributa o rendimento de não-residente auferido no exterior, De fato, a legislação brasileira não adota corno fato gerador da tributação da renda o local do pagamento, mas sim o local de aferição do rendimento. Dessa feita, em tendo havido o pagamento a partir do Brasil, não se imputa como correlação lógica e imediata seja devido o imposto de renda internamente. Assim, entendo, superada a questão meritória acima tratada, que não há incidência do IRRF na hipótese dos autos, À vista do exposto, oriento meu voto para dar provimento ao recurso voluntário. kre. .-rdre Antônio Alkmim Teixeira 27 -maristeia de Sousa Ro -Lrinue(j'IPSecretária da Câmara Processo n 19515.001038/2007-11 SI-C4I1 Acórd5o n° 1401 -00i58 Fl. 28 TERMO DE INTIMAÇÃO Intime-se um dos Procuradores da Fazenda Nacional, credenciado junto a este Conselho, da decisão consubstanciada no acórdão supra, nos temos do art. 81, § 3 0 , do anexo II, do Regimento Interno do CAIU, aprovado pela Portaria Ministerial n" 256, de 22 de junho de 2009. Brasília, 0 3 SEI 2010 Ciência Data: Nome: Procurador(a) da Fazenda Nacional Encaminhamento da PFN: [ ] apenas com ciência; [ ] com Recurso Especial; [ ] com Embargos de Declaração. 28 4° Câmara Fis i a Seção CARF TERMO DE JUNTADA l a Seção/4a Câmara Declaro que juntei aos autos original do Acórdão n° 1401-00-258, (fis ), e certifico que a cópia arquivada neste Conselho confere com o mesmo Encaminhem-se os presentes autos à Procuradoria da Fazenda Nacional, para ciência do acórdão. Em / / Chefe da Secretaria MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CARF QUARTA CÂMARA - 1 a SEÇÃO Processo n° : 19515001038/2007-11 Interessado(a) LUGANO RESOURCES DO BRASIL S/A LTDA.
score : 1.0
Numero do processo: 13982.001210/2007-35
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 05/11/2007
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PERÍODO ALCANÇADO PELA DECADÊNCIA QUINQUENAL. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO ANTECIPADO. ART. 173, I DO CTN.
Na hipótese de aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.990
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PERÍODO ALCANÇADO PELA DECADÊNCIA QUINQUENAL. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO ANTECIPADO. ART. 173, I DO CTN. Na hipótese de aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 2. 00 12 10 /2 00 7- 35 Fl. 259DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de auto de infração, DEBCAD: 37.001.7269, lavrado contra o contribuinte identificado acima, por infringir o disposto no inciso IV e parágrafos 3º e 9°, do art. 32, da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei n° 9.528, de 10 de dezembro de 1997, combinado com o inciso IV e parágrafos 3° e 4° do caput do art. 225, do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06 de maio de 1999, por ter a empresa deixado de informar à Previdência Social, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia e Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), os dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias e outras informações de interesse do mesmo. De acordo com o Relatório Fiscal do Auto de Infração, de fls. 15/17, a autuada não apresentou as GFIP relativas às competências 06/1999 a 11/1999, 01/2000, 02/2000, 09/2000 a 12/2000, 01/2001, 08/2001 a 12/2001, 01/2002, 02/2002, 06/2002 a 12/2002, 01/2003 a 12/2003, 01/2004 a 12/2004, 01/2005 a 13/2005 e 13/2006. A penalidade aplicável encontrase prevista no art. 32, inc. IV e parágrafos 40 e 7°, da Lei n° 8.212/91, combinado com o inciso I e parágrafos 1º e 2° do art. 284, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, com valores atualizados nos termos da Portaria do Ministério da Previdência Social (MPS) n° 142, de 11/04/2007, de acordo com as regras de reajuste estabelecidas no art. 102 da Lei n° 8.212/91. O valor da multa foi calculado conforme descrito no Relatório Fiscal da Multa Aplicada, de fls. 17/18, resultando em R$ 308.433,17 (trezentos e oito mil, quatrocentos e trinta e três reais e dezessete centavos). A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC julgado o lançamento procedente, mantendo o crédito tributário. Fl. 260DF CARF MF Processo nº 13982.001210/200735 Acórdão n.º 9202005.990 CSRFT2 Fl. 3 3 Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. Em sessão plenária de 24/08/2011, foi dado provimento parcial ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2803000.963 (fls. 179/190), com o seguinte resultado: “Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado, para reconhecer a decadência referente às competências até a competência 12/2001, inclusive, nos termos do art. 173, inciso I do CTN, e determinar que seja efetuado o cálculo da multa de acordo com o art. 32A, inciso II da lei 8.212/91, na redação dada pela lei 11.941/09, e comparado aos valores que constam do presente auto, aplicando a multa mais benéfica ao recorrente”. O acórdão encontrase assim ementado: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/06/1999 a 31/12/2006 DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicadas as regras do Código Tributário Nacional. Encontrase atingido pela regra decadencial parte da autuação fiscal nos termos do art. 173, inciso I do CTN. LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INFRAÇÃO. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DE GFIP. Deixar de apresentar mensalmente GFIP com informações dos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias constitui infração à legislação previdenciária. RETROATIVIDADE BENIGNA. GFIP. LEI Nº 11.941/09. REDUÇÃO DA MULTA. A multa referente à declaração em GFIP foi alterada pela lei n° 11.941/09 o que, em tese, beneficia o infrator. Foi acrescentado o art. 32A a Lei n ° 8.212/91. Conforme previsto no art. 106 do CTN, devese aplicar a norma mais benigna ao contribuinte. CONVENÇÕES PARTICULARES. As convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Recurso Voluntário Provido em Parte. O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 16/09/2011 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 21/09/2011, o presente Recurso Especial (fls. 192/200). Em seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido em relação aos seguintes aspectos: a) decadência; e b) retroatividade benigna Obrigação Acessória. Fl. 261DF CARF MF 4 Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2300 299/2013, da 3ª Câmara, de 23/04/2013 (fls. 246/250). O recorrente traz como alegações, em relação ao item “a” decadência, que o termo inicial para contagem do prazo decadencial corresponde ao primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, segundo o artigo 173, I do CTN; e que esse entendimento foi solidificado no STJ quando do julgamento do REsp 973.733/SC, julgado em 12/08/2009, relatado pelo Min. Luiz Fux e submetido ao rito reservado aos recursos repetitivos (CPC, art.543C). Assim, para os fatos apurados em dezembro de 2001, o lançamento somente poderia ser efetuado em 01/01/2002, fazendo com que o início do prazo decadencial fosse para o dia 1° de janeiro de 2003; contandose cinco anos, temse que a decadência ocorreria em 31/12/2007. Como a ciência do auto se deu em 09/11/2007, concluise que o lançamento não aconteceu a destempo para esse período. Em relação ao item “b” retroatividade benigna obrigação acessória, o recorrente requer seja dado total provimento ao presente recurso, para reformar o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 32A, da Lei ny 8.212/91, em detrimento do art. 35A, do mesmo diploma legal, para que seja esposada a tese de que a autoridade preparadora deve verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A da MP nº 449/2008. Cientificado do Acórdão nº 2803000.963, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 26/08/2014, o contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 262DF CARF MF Processo nº 13982.001210/200735 Acórdão n.º 9202005.990 CSRFT2 Fl. 4 5 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora. Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial, fls. 246. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. Do mérito As questão objeto do recurso referemse, resumidamente, a regra para aferição da decadência quinquenal, bem como, a retroatividade benigna quanto à natureza das multas aplicadas nos autos de infração de contribuições previdenciárias após a MP 449/2008, convertida na lei nº 11.941/2009. Da decadência Quanto ao acatamento da preliminar referente ao prazo de decadência para o fisco constituir os créditos objeto desta NFLD/AIOP, antes mesmo de apreciar a correta aplicação da regra decadencial no acórdão recorrido, passemos a considerações acerca do tema. No Acórdão de Recurso Voluntário, fls. 312, o Colegiado, por unanimidade de votos, acordaram em dar provimento parcial no que diz respeito a decadência, pautados na regra do art.. 173, I do CTN, excluindo as contribuições até a competência 12/1998, inclusive. Ou seja a única matéria submetida a nova apreciação é em relação a decadência do art, 173, I do CTN para competência dezembro. Nesse sentido, pela aplicação do REsp 973.733/SC, destacando a inexistência de recolhimento antecipado, conforme podemos identificar no relatório de documentos apresentados, apreciou o acórdão recorrido a decadência porém quando da análise interpretou pela exclusão até a competência 12/1998. Contudo, não entendo ter sido a interpretação adotado no acórdão a mais acertada. A decadência a luz do art. 173, I do CTN será computada para competência dezembro do primeiro dia do exercício seguinte ao do vencimento da obrigação, no caso janeiro. Esse é o entendimento majoritário adotado pelo CARF, tanto que foi publicada súmula esclarecendo a questão. Súmula CARF nº 101 : Na hipótese de aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Assim, no lançamento em questão a lavratura do AI deuse em 05/11/2007, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 09/11/2007. Os fatos geradores sob reapreciação envolvem a competência 12/2001. Dessa forma, considerando que a competência 12/2001, somente terá seu prazo decadencial iniciado em 01/1/2003, DOU PROVIMENTO Fl. 263DF CARF MF 6 para que seja restabelecido o lançamento para essa competência, tendo em vista que a decadência apenas alcançaria os fatos geradores até 11/2001. Aplicação da multa retroatividade benigna Primeiramente, convém lembrar que o recurso especial ora sob análise é de autoria da Fazenda Nacional, tendo o sujeito passivo apresentado alegações em sede de constrarrazões. pore´m intempestivas, razão pela qual me abstenho de apreciálas. Quanto ao questionamento sobre a multa aplicada, a qual deseja o recorrente ver reformado o acórdão recorrido, restabelecendo a multa lançada, entendo que razão assiste ao recorrente. Vejamos o decisum que determinou o recálculo da multa: Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, para retificar a multa, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Andrea Brose Adolfo e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; b)em dar provimento parcial ao recurso para, até 11/2008, nas competências que a fiscalização aplicou a penalidade de 75% (setenta e cinco pro cento), prevista no art. 44, da Lei nº 9.430/96, por concluir se tratar da multa mais benéfica quando comparada aplicação conjunta da multa de mora e da multa por infrações relacionadas à GFIP deve ser mantida a penalidade equivalente à soma de: *) multa de mora limitada a 20%; e *) multa mais benéfica quando comparada a multa do art. 32 com a multa do art. 32A da Lei nº 8.212/1991, nos termos do voto do Relator (...). Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: Fl. 264DF CARF MF Processo nº 13982.001210/200735 Acórdão n.º 9202005.990 CSRFT2 Fl. 5 7 AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela Fl. 265DF CARF MF 8 decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, Fl. 266DF CARF MF Processo nº 13982.001210/200735 Acórdão n.º 9202005.990 CSRFT2 Fl. 6 9 “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: Fl. 267DF CARF MF 10 ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Fl. 268DF CARF MF Processo nº 13982.001210/200735 Acórdão n.º 9202005.990 CSRFT2 Fl. 7 11 Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº Fl. 269DF CARF MF 12 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, bem como seja restabelecida a multa aplicada pela não entrega da GFIP na competência 12/2001, face a aplicação da decadência qüinqüenal a luz do art. 173, I do CTN. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 270DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.720238/2013-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 23 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1401-000.475
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência. Vencidos os Conselheiros Abel Nunes de Oliveira Neto e Luiz Augusto de Souza Gonçalves, que negavam provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente).
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente).
Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia de Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN
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RESOLVEM os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência. Vencidos os Conselheiros Abel Nunes de Oliveira Neto e Luiz Augusto de Souza Gonçalves, que negavam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente). Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente). Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia de Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. RELATÓRIO Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte em face do Acórdão n. 1669.031 8ª Turma da DRJ/SPO, que, por unanimidade de votos, manteve o despacho decisório no qual foi reconhecido PARCIALMENTE o direito creditório da Recorrente contra a Fazenda Nacional relativo ao Saldo Negativo de IRPJ apurado na DIPJ 2011, anocalendário de 2010, às fls. 47 por Itaú Unibanco Holding S/A, CNPJ n° 60.872.504/000123, no valor original de R$ 447.021.335,94, sobre o qual deverão incidir juros equivalentes à taxa SELIC, conforme legislação em vigor; e homologou PARCIALMENTE as compensações informadas RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .7 20 23 8/ 20 13 -3 5 Fl. 1557DF CARF MF Processo nº 16327.720238/201335 Resolução nº 1401000.475 S1C4T1 Fl. 1.558 2 nos PER/DCOMP relacionados no item 3 deste Despacho Decisório, vinculadas ao crédito aqui analisado, nos termos do disposto no art. 74 da Lei n° 9.430/96, conforme relatórios de fls. 616/618, restando não homologado o crédito demonstrado no quadro abaixo: Apreciada a manifestação de inconformidade, mantevese a não homologação do valor de R$ 44.568.583,93 pois entendeuse que a Recorrente não logrou demonstrar o valor do lucro disponibilizado no exterior (nem da disponibilização do lucro lá auferido) no ano calendário de 2010 e, tampouco que o limite de imposto pago no exterior compensável no Brasil (na hipótese de comprovação de pagamento do imposto e do auferimento do correspondente lucro no exterior) apurado pela autoridade fiscal estivesse incorreto. Manteve também a multa isolada aplicada e os juros sobre a multa de ofício. Inconformada, interpôs recurso voluntário no qual afirma estar suficientemente comprovado seu direito a utilização do imposto pago no exterior, pois segundo ela restaria devidamente comprovado seu recolhimento pelos formulários do Chile n. 29 (mensal) e 22(anual) e os formulários do Uruguai n. 2176 (mensal) e 2149 (anual), documentos devidamente consularizados e com tradução juramentada anexada em 2a. Instância, com o objetivo de facilitarlhes a compreensão, por outro lado, aduz também que os lucros auferidos pelas filiais no exterior que originaram o imposto utilizado também foram devidamente oferecidos a tributação e traz uma série de quadros e tabelas explicativas. Era o der essencial a ser relatado. Passo a decidir VOTO Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. O Recurso apresenta os requisitos essenciais para sua admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Do Imposto de Renda pago no Exterior e do limite compensável no Brasil. Conforme relatado, o argumento para manutenção do despacho decisório que deixou de homologar em parte a compensação pleiteada pela recorrente, foi no sentido de que ela não teria logrado êxito em demonstrar que o valor do lucro disponibilizado no exterior (nem da disponibilização do lucro lá auferido) no anocalendário de 2010 e, tampouco que o limite de imposto pago no exterior compensável no Brasil (na hipótese de comprovação de pagamento do imposto e do auferimento do correspondente lucro no exterior) apurado pela autoridade fiscal (R$ 24.986.866,72) estivesse incorreto. Para tanto, baseouse na necessidade de que para as provas documentais relativas ao pagamento do imposto no exterior redigidas em idioma estrangeiro, terem validade no Brasil e em repartições da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Fl. 1558DF CARF MF Processo nº 16327.720238/201335 Resolução nº 1401000.475 S1C4T1 Fl. 1.559 3 Municípios ou em qualquer instância, juízo ou tribunal, era necessário que elas restassem vertidas em vernáculo e registrada a tradução, o que não havia sido verificado até aquele momento. Afim de elidir tal fundamentação e obter a homologação da totalidade do crédito pleiteado, a recorrente em sede de voluntário efetuou a juntada dos documentos devidamente consularizados, acompanhados de tradução juramentada, para fins de atendimento ao art. 26, parágrafo 2o. da Lei 9.249/1995, trazendo para cada um dos documentos os seguintes esclarecimentos: Considerando o conteúdo dos citados formulários a Recorrente elaborou o quadro abaixo, onde descreve o montante do imposto pago no exterior. Contudo, cumpre lembrar que não foi somente a falta de atendimento ao disposto no art. 26, parágrafo 2o. da Lei 9.249/1995 que resultou na manutenção da não homologação da totalidade do crédito pleiteado, ao passo que além da comprovação do pagamento realizado no exterior, era necessária também a demonstração de que o limite de imposto pago no exterior compensável no Brasil na forma apurada pela autoridade fiscal estivesse incorreto. Fl. 1559DF CARF MF Processo nº 16327.720238/201335 Resolução nº 1401000.475 S1C4T1 Fl. 1.560 4 Nesse viés, a Recorrente esclarece em sede de voluntário que a composição dos valores dos lucros disponibilizados foi declarada de forma incorreta na DIPJ original analisada pela autoridade fiscal por ocasião da emissão do despacho decisório e que referido equivoco teria se dado pela não observância de que algumas unidades externas da Recorrente haviam apurado prejuízo fiscal ao final do exercício, que, por sua vez, deveriam ter sido compensados antes da inclusão no resultado da DIPJ. e que, diante da constatação de tal equívoco, procedeu a correção das informações na DIPJ retificadora. Desta forma, de acordo com o raciocínio da recorrente, como consequência da retificação por ela procedida após despacho decisório, os valores calculados pela RFB deveriam ser reajustados para que a ela restasse reconhecido o direito creditório de R$ 22.066.232,84, ao passo que em 2010, após a realização de ajustes contábeis promovidos por auditoria das demonstrações financeiras das quais foram promovidas as correções quanto aos valores declarados equivocadamente a título de lucros auferidos nas unidades externas o valor passível de compensação a ser escriturado no LALUR era de R$ 43.332.254,36. Portanto, diante da informação da recorrente que promoveu a retificação da DIPJ 2010, bem como da juntada de novos documentos que representa fortes indícios do direito pleiteado, voto no sentido de baixar os autos em diligência para verificar se após a juntada dos documentos traduzidos é possível fazer a vinculação em relação a prova dos pagamentos, e se com a retificação da DIPJ é possível aferir se os limites ao aproveitamento foi cumprido. Informe a autoridade fiscal se é possível vincular a comprovação da receita oferecida e o imposto pago. Por fim determinar o cálculo do imposto a partir dos documentos traduzidos que foram oferecidos no recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin. Fl. 1560DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13153.000316/95-80
Turma: Segunda Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Mon Aug 20 00:00:00 UTC 2001
Ementa: ITR - Recurso Especial Nulidade declarada de ofício. Notificação
de lançamento que não preenche os requisitos legais contidos no
artigo 11 do Decreto n° 70.235/72. A falta de indicação, na
notificação de lançamento, do cargo ou função e o número de
matrícula do AFTN acarreta a nulidade do lançamento, por vício
formal.
Numero da decisão: CSRF/03-03.230
Decisão: ACORDAM os Membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, declarar a nulidade do lançamento por vício formal, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado Vencidos os Conselheiros João Holanda Costa (Relator) e Henrique Prado Megda. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Márcia Regina Machado Melaré.
Nome do relator: Joao Holanda Costa
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ITR Recorrente : FAZENDA NACIONAL Recorrida • 2 CÂMARA do 2° CONSELHO DE CONTRIBUINTES Sujeito Passivo LAURO SIRENA Sessão de 20 DE AGOSTO DE 2001 Acórdão n° CSRF/03-03 230 ITR - Recurso Especial Nulidade declarada de ofício. Notificação de lançamento que não preenche os requisitos legais contidos no artigo 11 do Decreto n° 70.235/72. A falta de indicação, na notificação de lançamento, do cargo ou função e o número de matrícula do AFTN acarreta a nulidade do lançamento, por vício formal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto pela FAZENDA NACIONAL ACORDAM os Membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, declarar a nulidade do lançamento por vício formal, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado Vencidos os Conselheiros João Holanda Costa (Relator) e Henrique Prado Megda. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Márcia Regina Machado Melaré ie_.--"---ON PE” — ' 1" ODRIGUES, - PRESIDEN ./ MÁRCIA REGINA MACHADO MELARÉ RELATORA DESIGNADA '- FORMALIZADO EM. 29 OUT 2001 Processo n° : 13153.000316/95-80 Acórdão n° : CSRF/03-03 230 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros : CARLOS ALBERTO GONÇALVES NUNES, MOACYR ELOY DE MEDEIROS, PAULO ROBERTO CUCO ANTUNES e N1LTON LUIZ BARTOLI. 2 Processo n° : 13153.000316/95-80 Acórdão n° : CSRF/03-03.230 Recurso n° : RP1202-0.279 Recorrente : FAZENDA NACIONAL RELATÓRIO A Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, deu provimento ao recurso voluntário de Lauro Sirena, em processo fiscal relativo à cobrança do ITR incidente sobre o imóvel rural denominado Lote São Benedito, localizado no Município de Juara —MT, com área de 2.420 hectares. O contribuinte requereu redução do valor do imposto e fundamentou o pedido com a juntada do Laudo de Avaliação do imóvel elaborado por Engenheiro Agrônomo e de uma Certidão da Secretaria Municipal de JUARA —MT. Na sua decisão, a autoridade de primeira instância julgara procedente apenas em parte a ação fiscal, reduzindo o VrN tributado, sob o fundamento de que: - a área de reserva legal, para ser objeto de isenção deve ser averbada à margem da matrícula do imóvel; - a área de 120 ha alegada como de preservação permanente, num trecho é caracterizada no laudo técnico de fls. 06/08 como sem opção para o cultivo e, em outro trecho, como área montanhosa com presença de rocha e com limitação de uso, o que não se enquadra entre os requisitos do art 20 do código Florestal, necessários para considerar essa área como de preservação permanente; - a Certidão da prefeitra Municipal de Juara —MT, avaliando o imóvel em 40,00 UFIR faz prova bastante do VTN do imóvel, atendendo ao disposto na NE COSAR/COSIT N° 07/96. A decisão da Câmara teve por base o seguinte, nas palavras do relator: "De imediato, verifica-se que o imóvel da Recorrente tem a sua carga fiscal gravada em decorrência de seu baixo nível de utilização de sua área aproveitável (45,6%), provocada pela não aceitação da área de 1.210,00 ha como sendo de reserva legal, em virtude dessa área não ter sido averbada como tal à margem da inscrição da matrícula 3 Irks- Processo n° 13153.000316/95-80 Acórdão n° : CSRF/03-03.230 do imóvel no registro de imóveis competente, conforme exige o parágrafo único do art. 44 do Código Florestal, na sua nova redação. A recorrente alega que, desde 25.07.84, já havia providenciado essa averbação, de acordo com as cópias das matrículas anexadas às fls. 61/62, nos seguintes termos: "O proprietário do imóvel acima assinou um Termo de Responsabilidade de Preservação de Floresta com o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso INDEA-MT, em 25.07.84, comprometendo-se a desmatar 50% do imóvel, ficando gravada, como de utilização limitada, não podendo nela ser feito qualquer tipo de exploração, a não ser mediante autorização do IndeallE3DF ..." Todavia, neste particular, concordo com a manifestação da douta Procuradoria da Fazenda Nacional quando disse: "...não há que se confundir qual destinação, que permite exploração agropecuária controlada, com a reserva legal, onde não se permite o corte raso". No que diz respeito à área de 120 ha, alegada como de preservação permanente, composta de área possuindo declividade superior a 45% e de área destinada à faixa de proteção ao longo dos córregos e nascentes, mesmo concordando com a decisão recorrida que no Laudo Técnico essas áreas não estão devidamente caracterizadas, concluí pela procedência dessa alegação, considerando que estão em consonância com a descrição do imóvel e fundamentada por Laudo subscrito por engenheiro agrônomo, a quem a própria administração tributária reconhece como capaz para atestar situações dessa natureza (NE SRF/COSAR/COSIT/N° 0q1/95, Anexo IX)" Inconformada com esta decisão, a Fazenda Nacional vem apresentar recurso especial para a Câmara Superior de Recursos Fiscais, apoiando-se no voto vencido constante do Acórdão, do qual transcreve o seguinte trecho para pedir a reforma do Acórdão e que seja exigido o crédito tributário correspondente à área que o interessado pretende seja considerada como de reserva legal: "O art. 11 da Lei n° 8.847/94 explicita quais as áreas sujeitas à isenção do imposto. Assim, à luz de qual diploma legal, não carece acolhida as alegações do interessado acerca do direito à isenção sobre 50% da área do imóvel, suposta área legal. E mais, os artigos 19, parágrafo 2° e 44, parágrafo único da Lei 4.771/65, alterada pela Lei n° 7.803/89, ditam que a área de reserva legal, para ser objeto de isenção, deve ser averbada à margem de 4 Processo n° :13153.000316/95-80 Acórdão n° : CSRF/03-03.230 inscrição da matricula do imóvel, sendo expressamente vedada a alteração de sua destinação. A análise do registro n° 1 da matrícula n° 12.092, só nos permite perceber que o mesmo refere-se a um termo de responsabilidade de preservação de florestas ou outra vegetação existente, pelo qual fica gravada como de destinação limitada a 50% da área do imóvel. Ora, não há que se confundir qual destinação, que permite exploração agropecuária, com a de reserva legal, onde não se permite o corte raso." É o relatório. 5 Processo n° 13153.000316/95-80 Acórdão n° CSRF/03-03.230 VOTO VENCIDO CONSELHEIRO RELATOR — JOÃO HOLANDA COSTA Rejeito, inicialmente, a preliminar de nulidade do processo a partir da Notificação de Lançamento como arguido na Câmara, ocasião em que reformo a posição que assumi em sessão de abril de 2.001 o que justifico pelas seguintes razões: Inicialmente, relembro que os casos de nulidade são aqueles exaustivamente fixados pelo art. 59 do Decreto n° 70.235/72, a saber os atos praticados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa. Já o art. 60 do mesmo Decreto dispõe que outras irregularidades, incorreções e omissões não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este houver dado causa ou quando influírem na solução do litígio. No presente caso, não se vislumbra, de modo algum a prática do cerceamento de defesa tanto mais que o contribuinte defendeu-se, demonstrando entender as exigências legais e apresentou os documentos que a seu ver eram suficientes para a defesa. Ademais, ele não teve dúvida a respeito de qual a autoridade fiscal que dera origem ao lançamento e junto a esta mesma autoridade apresentou sua defesa nos devidos termo.. Ademais, o contribuinte não invocou esta preliminar, não se sentiu prejudicado na sua liberdade de defesa, não arguiu em momento algum haja sido cerceado esse seu direito. Assim, não havendo trazido qualquer prejuízo para o contribuinte, sequer houve necessidade de sanar a falha contida em a notificação. Resta acentuar ainda, quando ao comando da Instrução Normativa SRF- 92/97, que não se aplica ao caso sob exame pois tal ato normativo foi baixado 6 , Processo n° : 13153.000316/95-80 Acórdão n° : CSRF/03-03.230 especificamente para lançamentos suplementares, decorrentes de revisão, efetuados por meio de autos de infração, não sendo aqui o caso. Por fim, não se pode esquecer a consideração da economia processual, uma vez que declarada a nulidade por vicio processual, viria certamente a autoridade administrativa a, dentro do prazo de cinco anos, proceder a novo lançamento, como previsto no art. 173 inciso li, do CTN. Desta forma, rejeito a preliminar de nulidade arguida na Câmara. Quanto ao mérito, adoto a posição defendida pela douta Procuradoria da Fazenda Nacional e manifestada no Voto Vencido do ilustre conselheiro Luiz Roberto Domingo de que transcrevo o seguinte trecho: "De imediato, verifica-se que o imóvel da Recorrente tem a carga fiscal gravada em decorrência de seu baixo nível de utilização de sua área aproveitável (45,6%), provocada pela não aceitação da área de 1,200,00ha como sendo de reserva legal, em virtude dessa área não ter sido averbada como tal à margem da inscrição da matricula do imóvel no registro de imóveis competente, comn forme exige o parágrafo único do art. 44 do Código Florestal, na sua nova redação. A recorrente alega que desde 25.7.84 já havia providenciado essa averbação, de acordo com as cópias das matriculas anexadas às fls. 61/62. Todavia, neste particular, concordo com a mnanifestação da douta Procuradoria da Fazenda Nacional quando disse: "... não há que se confundir qual destinação, quepermite exploração agroeconônica, com a de reserva legal, onde não se permite o corte raso,"(fls. 71)" Concordo com as demais alegações do ilustre Procurador da Fazenda Nacional no seu recurso de divergência. .._ 7 Processo n° :13153.000316/95-80 Acórdão n° : CSRF/03-03.230 Voto para dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Sala de Sessões, 20 de agosto de 2.001. JO 7 O OLANDA COSTA 8 Processo n° : 13153.000316/95-80 Acórdão n° : CSRF/03-03.230 VOTO VENCEDOR Conselheira MÁRCIA REGINA MACHADO MELARÉ, Relatora Designada: Preliminarmente, verifico que na notificação de lançamento de fls., emitida por sistema eletrônico, não consta a indicação do cargo ou função, nome ou número de matricula do agente fiscal do tesouro nacional autuante. Desta forma, considerando o disposto no artigo 6°., inciso I e 11 da Instrução Normativa SRF n. 094, de 24 de dezembro de 1997, que determina seja declarada a nulidade do lançamento que houver sido constituído em desacordo com o disposto no artigo 5°. da mesma Instrução Normativa; considerando que o artigo 5° da Instrução Normativa da SRF n. 94/97, em seu inciso VI, determina que no lançamento deve constar, obrigatoriamente, o nome, o cargo, o número de matrícula e a assinatura do AFTN autuante; considerando que o parágrafo único do artigo 11 do Decreto n° 70.235/72 somente dispensa a assinatura do AFTN autuante quando o lançamento se der por processo eletrônico, exigindo, portanto, a indicação do cargo ou função e o número de sua matrícula; considerando, ainda, que o 1o. Conselho de Contribuintes, através de decisões publicadas, já houve por bem decretar a nulidade do lançamento que não observe as regras do Decreto 70.235/72, conforme ementa transcrita: "NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO - NULIDADE DE LANÇAMENTO - É nulo o lançamento cuja notificação não contém todos os pressupostos legais contidos no artigo 11 do Decreto 70235/1972 ( Aplicação do disposto no artigo 6°. da IN SRF 54/1997). " ( Acórdão n°. 108.06.420, de 21.02.2001) E tendo em vista que a notificação de lançamento do ITR apresentada nos autos não preenche os requisitos legais, especialmente por faltar na 9 Processo n° :13153.000316195-80 Acórdão n° CSRF/03-03 230 mesma a indicação do cargo ou função e o número de matrícula do AFTN autuante, Voto no sentido de ser declarada, de oficio, a NULIDADE DO LANÇAMENTO DE FLS., relativo ao ITR impugnado, com base nos dispositivos constantes da legislação tributária já referidos. Sala das Sessões- DF, em 20 de agosto de 2001 MÁRCIA REGINA MACHADO MELARÉ io Page 1 _0000200.PDF Page 1 _0000300.PDF Page 1 _0000400.PDF Page 1 _0000500.PDF Page 1 _0000600.PDF Page 1 _0000700.PDF Page 1 _0000800.PDF Page 1 _0000900.PDF Page 1 _0001000.PDF Page 1
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Numero do processo: 10074.000682/2006-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 21/11/2001, 10/01/2002, 18/10/2002, 22/01/2003, 14/03/2003
MULTA. TRATAMENTO ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES. FALTA DE GUIA DE IMPORTAÇÃO. DOCUMENTO DE EFEITO EQUIVALENTE. LICENÇA DE IMPORTAÇÃO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO PARA EMISSÃO. NÃO APLICAÇÃO.
A multa por infração administrativa ao controle das importações, decorrente de falta de Guia de Importação ou documento equivalente (no caso, a Licença de Importação), não se aplica nos casos em que o tratamento administrativo de licenciamento previsto para a mercadoria não implique a efetiva emissão de uma Licença de Importação. Não se pode aplicar multa por falta de documento que sequer deve ser emitido.
ERRO CLASSIFICAÇÃO MERCADORIA E MULTA PELA FALTA DE LICENÇA DE IMPORTAÇÃO. DESNECESSÁRIA A COMPROVAÇÃO DE DANO AO ERÁRIO E DOLO ESPECÍFICO.
É desnecessário comprovar a efetiva ocorrência de dano ao erário e dolo específico para a aplicação da multa aplicada. As infrações (classificar incorretamente a mercadoria e importar sem a licença de importação) são dotadas de natureza objetiva, sendo que para serem aplicadas basta a confirmação da irregularidade na importação, independentemente da intenção do agente (art. 94, §2º do Decreto-lei n.º 37/66). Além disso, basta que a conduta implique em prejuízo ao controle administrativo-aduaneiro, seja por criar obstáculos seja por de fato impedir que este controle seja realizado na prática.
MULTA REGULAMENTAR. NATUREZA CONFISCATÓRIA, DESPROPORCIONAL E AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE. SÚMULA CARF N.º 2
Em conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3402-004.693
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos por dar parcial provimento ao Recurso Voluntário. O Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto votou pelas conclusões.
(assinado com certificado digital)
Jorge Lock Olmiro Freire - Presidente.
(assinado com certificado digital)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Lock Olmiro Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
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CLASSIFICAÇÃO FISCAL. AUSÊNCIA LI. Recorrente CHREEMTEX IMPORTACAO E EXPORTACAO S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 21/11/2001, 10/01/2002, 18/10/2002, 22/01/2003, 14/03/2003 MULTA. TRATAMENTO ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES. FALTA DE GUIA DE IMPORTAÇÃO. DOCUMENTO DE EFEITO EQUIVALENTE. LICENÇA DE IMPORTAÇÃO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO PARA EMISSÃO. NÃO APLICAÇÃO. A multa por infração administrativa ao controle das importações, decorrente de falta de Guia de Importação ou documento equivalente (no caso, a Licença de Importação), não se aplica nos casos em que o tratamento administrativo de licenciamento previsto para a mercadoria não implique a efetiva emissão de uma Licença de Importação. Não se pode aplicar multa por falta de documento que sequer deve ser emitido. ERRO CLASSIFICAÇÃO MERCADORIA E MULTA PELA FALTA DE LICENÇA DE IMPORTAÇÃO. DESNECESSÁRIA A COMPROVAÇÃO DE DANO AO ERÁRIO E DOLO ESPECÍFICO. É desnecessário comprovar a efetiva ocorrência de dano ao erário e dolo específico para a aplicação da multa aplicada. As infrações (classificar incorretamente a mercadoria e importar sem a licença de importação) são dotadas de natureza objetiva, sendo que para serem aplicadas basta a confirmação da irregularidade na importação, independentemente da intenção do agente (art. 94, §2º do Decretolei n.º 37/66). Além disso, basta que a conduta implique em prejuízo ao controle administrativoaduaneiro, seja por criar obstáculos seja por de fato impedir que este controle seja realizado na prática. MULTA REGULAMENTAR. NATUREZA CONFISCATÓRIA, DESPROPORCIONAL E AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE. SÚMULA CARF N.º 2 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 4. 00 06 82 /2 00 6- 44 Fl. 368DF CARF MF 2 Em conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos por dar parcial provimento ao Recurso Voluntário. O Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto votou pelas conclusões. (assinado com certificado digital) Jorge Lock Olmiro Freire Presidente. (assinado com certificado digital) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Lock Olmiro Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Por apontar os principais acontecimentos deste processo, adoto o relatório do Acórdão 0727.451 da 2 Turma da DRJ/FNS, abaixo reproduzido com destaque para as questões consideradas de maior relevância para a compreensão do caso: "Versa o presente processo sobre o Auto de Infração lavrado (fls. 01/21) para a exigência da multa do controle administrativo (R$ 27.184,09) e da multa proporcional ao valor aduaneiro (R$ 3.500,00), em virtude da reclassificação tarifária de mercadorias importadas, conforme abaixo: DI Adição NCM declarada Laudo Reclassificação 03/02132346 Adição 001 5210.31.00 10010/03 5211.43.00 03/02132346 Adição 002 5210.31.00 10011/03 5211.42.90 03/02132346 Adição 003 5407.52.10 10012/03 5407.69.00 03/02132346 Adição 007 5407.61.00 10016/03 5512.19.00 Relata a auditoria fiscal que também foram detectadas outras Declarações de Importação (DI) n°: 01/11358919, Adição 007; 02/0023404/2, Adição 001; Fl. 369DF CARF MF Processo nº 10074.000682/200644 Acórdão n.º 3402004.693 S3C4T2 Fl. 369 3 02/09327361, Adição 003; e 03/00595330, Adição 007, que,.além de repetiram as classificações adotadas acima, também repetiam as informações de fornecedor/exportador, valor unitário e referencias comerciais, com igual denominação, marca e especificação, caracterizando inequívoca identidade entre os produtos, conforme exegese do art. 68, da Lei n° 10.833/03. Não houve apresentação de documentação por parte do contribuinte que afastasse a perfeita identidade das mercadorias em relação àquelas objeto de análise laboratorial. Regularmente cientificada por via pessoal (fl. 01) a interessada apresentou impugnação tempestiva, às fls. 250/256, na qual, em síntese: Alega que o art. 68, da Lei n° 10.833/03 é inaplicável ao caso sob exame. Explica que, nas importações de tecidos são regularmente retiradas amostras para exame pelo LABOR, como fora feito com a DI 03/0213234, nada indicando que, para as demais DI tal procedimento não tenha sido também efetuado. Todavia, não há noticia de nenhuma diligencia realizada para se obter no Laboratório de Análises qualquer informação sobre a retirada de amostras e exames realizados, com relação aos produtos declarados nas demais DI n°: 01/11358919, 02/0023404/2, 02/09327361 e 03/00595330. Aduz que deve ser anulado o lançamento no tocante àquelas DI, por não se aplicar a disposição legal invocada, pela sua omissão em efetuar a diligência e porque o auto de infração não fornece os elementos necessários A formalização da ampla defesa pela impugnante, uma vez que as adições indicadas pela autuante não mantêm correlação com as que lhes serviram de paradigma. Discorda da afirmação fiscal de que o importador "restringiuse a informar meramente o titulo descritivo respectivo do enunciado da classificação disposta no conteúdo da TEC/SH", pois as DI contém todos os elementos indispensáveis a sua perfeita identificação. Com relação aos Laudos 10010/13 e 10011/03 do ABANA, afirma que houve um erro quanto ao peso da mercadoria analisada, motivo pelo qual tornase necessário um novo exame laboratorial. Informa que não houve diferença de imposto a pagar em decorrência da reclassificação tarifária, que não houve intuito doloso ou máfé por parte da impugnante, sendo inaplicável a autuação, por força do Ato Declaratório (Normativo) n° 12, de 21 de janeiro de 1997 e julgados administrativos nos casos que enumera. Finaliza arguindo que o produto importado é exatamente o que se encontra descrito na Declaração de Importação, com todos os elementos necessários a sua perfeita identificação, estando correto o código TEC informado. Requer seja determinado o reexame da amostra coletada da mercadoria, indicando o CETIQTSENAI para responder aos quesitos formulados e nomeando assistente para acompanhar a diligência. Requer, por fim, seja julgado improcedente o lançamento." (efls. 310/311 grifei) A defesa apresentada foi julgada integralmente improcedente pelo referido acórdão, ementado nos seguintes termos: "ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 21/11/2001, 10/01/2002, 18/10/2002, 22/01/2003, 14/03/2003 LAUDO PERICIAL. Os laudos ou pareceres do Laboratório Nacional de Análises, do Instituto Nacional de Tecnologia e de outros órgãos federais congêneres serão adotados nos aspectos técnicos de sua competência, salvo se comprovada, pela impugnante, a improcedência desses laudos ou pareceres. MULTA DO CONTROLE ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES. Fl. 370DF CARF MF 4 cabível a penalidade administrativa quando o produto não estiver corretamente descrito, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado. MULTA DE 1% DO VALOR ADUANEIRO. Cabível a multa prevista no inciso I do artigo 84 da Medida Provisória 2.158 35/2001 se o importador não logrou classificar corretamente a mercadoria na Nomenclatura Comum do Mercosul PRODUÇÃO DE PROVA. COMPLEMENTAÇÃO. Dispensável a complementar produção de provas, quando os documentos integrantes dos autos revelamse suficientes para formação de convicção e conseqüente deslinde do feito. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" (efl. 309) Intimada desta decisão em 13/06/2012 (efl. 326), foi apresentado Recurso Voluntário em 05/07/2012 (efls. 327/330), reiterando parte de suas alegações de impugnação, sustentando a necessidade de reforma da r. decisão recorrida em razão, em síntese: (i) do erro na classificação fiscal não ter implicado em redução ou supressão de tributos ou dos encargos devidos na importação do produto, vez que as alíquotas de II e IPI não foram modificadas; (ii) das multas aplicadas não serem razoáveis, adequadas ou proporcionais, considerando especialmente que sua finalidade é inibir as condutas que impliquem em sonegação; (iii) ocorrência de bis in idem, por cobrança de duas penalidades em decorrência do mesmo fato. Em seguida, os autos foram direcionados a este Conselho. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne Tomo conhecimento do Recurso, por tempestivo, adentrando em suas razões. I CONTEXTO DA AUTUAÇÃO E QUESTÃO DE OFÍCIO IDENTIFICADA NA AUTUAÇÃO Para melhor compreensão da autuação e em razão da identificação de questão de ofício passível de cancelar parte da autuação fiscal, faço essas considerações introdutórias antes de adentrar nas razões do Recurso Voluntário. A autuação fiscal foi lavrada em decorrência da constatação de erro de classificação fiscal cometido pela Recorrente em importações realizadas por meio da Declaração de Importação (DI) n.º 03/02132346 (adições 001, 002, 003 e 007). Com fulcro em laudo técnico, a fiscalização confirmou que a descrição das mercadorias trazidas na DI estavam equivocadas. Para facilitar a visualização, vejamos a descrição das mercadorias indicadas na DI e como elas passaram a ser descritas pela fiscalização com fulcro nos laudos técnicos: Fl. 371DF CARF MF Processo nº 10074.000682/200644 Acórdão n.º 3402004.693 S3C4T2 Fl. 370 5 DI/Adição Descrição detalhada da mercadoria NCM adotada Fundamento Fiscalização NCM Fiscalização 03/02132346/ 001 "TECIDO DE ALGODÃO CONTENDO MENOS DE 85% EM PESO DE ALGODÃO, COMBINADOS PRINCIPAL OU UNICAMENTE COM FIBRAS S1NTETICAS OU ARTIFICIAL, COM PESO NÃO SUPERIOR A 200 G/M, TINTOS, EM PONTO DE TAFETA, COMPOSTO DE 70% ALGODÃO, 27% POLIESTER E 3% ELASTANO LARG. 52 PESO 250 G/M." (efl. 102 grifei) 5210.31.00: Tecidos de algodão contendo menos de 85%, em peso, de algodão, combinados, principal ou unicamente, com fibras sintéticas ou artificiais, com peso não superior a 200g/m2 Tintos: Em ponto de tafetá "Foi apurado no exame laboratorial que o peso era superior a 200 g por metro quadrado além do fato de que o ponto não seria o tafetá e sim o sarjado" (efl. 3) 5211.43.00: Tecidos de algodão contendo menos de 85%, em peso, de algodão, combinados, principal ou unicamente, com fibras sintéticas ou artificiais, com peso superior a 200g/m2 De fios de diversas cores: Outros tecidos em ponto sarjado, incluído o diagonal, cuja relação de textura não seja superior a 4 03/02132346/ 002 "TECIDO DE ALGODÃO CONTENDO MENOS DE 85% EM PESO DE ALGODÃO, COMBINADOS PRINCIPAL OU UNICAMENTE COM FIBRAS SINTÉTICAS OU ARTIFICIAIS COM PESO NÃO SUPERIOR A 200 G/M, TINTOS, EM PONTO DE TAFETA, COMPOSTO DE 80% ALGODÃO, 17% POLIESTER E 3% ELASTANO LARG. 50 PESO 220 G/M." (efl 102) 5210.31.00: Tecidos de algodão contendo menos de 85%, em peso, de algodão, combinados, principal ou unicamente, com fibras sintéticas ou artificiais, com peso não superior a 200g/m2 Tintos: Em ponto de tafetá "Conclusão DO LAUDO: tratase de tecido plano constituído por 74% de algodão, 23,5% de poliéster e 2,5% de elastano, com peso superior a 200g/m, fios de diversas cores, "denim" com ponto sarjado com relação de textura de 3 fios." (efl. 4) 5211.42.90: Tecidos de algodão contendo menos de 85%, em peso, de algodão, combinados, principal ou unicamente, com fibras sintéticas ou artificiais, com peso superior a 200g/m2 De fios de diversas cores: Tecidos denominados “denim” Outros 03/02132346/ 003 "TECIDOS DE FIOS DE FILAMENTOS SINTÉTICOS, INCLUÍDOS OS TECIDOS OBTIDOS A PARTIR DOS PRODUTOS DA POSIÇÃO 5404 Outros tecidos, contendo pelo menos 85%, em peso, de filamentos de poliéster textualizados. Tintos compostos de 100% poliéster" (efl. 103 grifei) 5407.52.10 Filamentos sintéticos ou artificiais Tecidos de fios de filamentos sintéticos, incluídos os tecidos obtidos a partir dos produtos da posição 5404 Outros tecidos, contendo pelo menos 85%, em peso, de filamentos de poliéster texturizados: Tintos Sem fios de borracha "Conclusão do laudo: tratase de tecido plano constituído por fios multifilamentosas 100% poliéster (sintético) sendo 50,8% de fios texturizados e 49,2% de não texturizados, tinto." (efl. 4 grifei) 5407.69.00 Filamentos sintéticos ou artificiais Tecidos de fios de filamentos sintéticos, incluídos os tecidos obtidos a partir dos produtos da posição 5404 Outros tecidos, contendo pelo menos 85%, em peso, de filamentos de poliéster: Outros 03/02132346/ 007 "TECIDOS DE FIOS DE FILAMENTOS SINTÉTICOS, INCLUÍDOS OS TECIDOS OBTIDOS A PARTIR DOS PRODUTOS DA POSIÇÃO 5404 Outros tecidos, contendo pelo menos 85%, em peso, de fiamentos de poliéster Contendo pelo menos 85%, em peso, de filamentos de poliéster não texturizados COMPOSTOS DE 100% POL1ESTER" (efl. 106) 5407.61.00 Filamentos sintéticos ou artificiais Tecidos de fios de filamentos sintéticos, incluídos os tecidos obtidos a partir dos produtos da posição 5404 Outros tecidos, contendo pelo menos 85%, em peso, de filamentos de poliéster: Contendo pelo menos 85%, em peso, de filamentos de poliéster não texturizados "Conclusão: tratase de tecido plano constituído por 100% de fibras descontinuas de poliéster (sintético), tinto." (efl. 5) 5512.19.00 Fibras sintéticas ou artificiais, descontínuas Tecidos de fibras sintéticas descontínuas, contendo pelo menos 85%, em peso, destas fibras Contendo pelo menos 85%, em peso, de fibras descontínuas de poliéster: Outros Por identificarem a mesma mercadoria, do mesmo fabricante e as mesmas NCMs, essas conclusões foram estendidas para as DIs 01/11358919, 02/00234042, 02/09327361 e 03/00595330. Vislumbrase que, considerando as descrições das mercadorias indicadas nas Declarações de Importação, o enquadramento da NCM adotado pela Recorrente estaria correto. Contudo, após a elaboração do laudo técnico, confirmouse que aquelas mercadorias possuiriam descrições diferentes que implicavam em sua reclassificação fiscal. Fl. 372DF CARF MF 6 Diante deste contexto fático, a fiscalização procedeu com a lavratura do Auto de Infração para a exigência de duas multas: (i) multa de 1% do valor da mercadoria por erro de classificação fiscal; e (ii) multa de 30% do valor aduaneiro das mercadorias em razão da ausência de Licença de Importação para as mercadorias após sua reclassificação fiscal. O erro na classificação fiscal cometido pelo Recorrente implicou na exigência da multa de 1% do valor aduaneiro das mercadorias, em conformidade com o art. 84, I, da Medida Provisória n.º 2.158/2001, que expressa: "Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; ou (...) § 1o O valor da multa prevista neste artigo será de R$ 500,00 (quinhentos reais), quando do seu cálculo resultar valor inferior. § 2o A aplicação da multa prevista neste artigo não prejudica a exigência dos impostos, da multa por declaração inexata prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e de outras penalidades administrativas, bem assim dos acréscimos legais cabíveis." (grifei) Por sua vez, como indicado pela fiscalização, "uma vez apresentado erro de classificação tarifária as mercadorias despachadas ficaram a mercê de licenciamento emitido pelo SECEX, relativamente à classificação tarifária correta. Entendido, portanto, que foram importadas sem o Licenciamento Automático exigido para o controle das Importações." (efl. 10). Com isso, uma vez que as mercadorias foram importadas sem licenciamento, foi aplicada a multa do art. 169, I, 'b' do Decretolei n.º 37/66, reproduzido à época no art. 633, I, 'a' do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto n.º 4.543/2002, que expressa: Decretolei n.º 37/66 "Art.169 Constituem infrações administrativas ao controle das importações: (Redação dada pela Lei nº 6.562, de 1978) I importar mercadorias do exterior: (Redação dada pela Lei nº 6.562, de 1978) (...) b) sem Guia de Importação ou documento equivalente, que não implique a falta de depósito ou a falta de pagamento de quaisquer ônus financeiros ou cambiais: (Incluída pela Lei nº 6.562, de 1978) Pena: multa de 30% (trinta por cento) do valor da mercadoria." Regulamento Aduaneiro/2002 Art. 633. Aplicamse, na ocorrência das hipóteses abaixo tipificadas, por constituírem infrações administrativas ao controle das importações, as seguintes multas (Decretolei no 37, de 1966, art. 169 e § 6o, com a redação dada pela Lei no 6.562, de 18 de setembro de 1978, art. 2o): (...) II de trinta por cento sobre o valor aduaneiro: a) pela importação de mercadoria sem licença de importação ou documento de efeito equivalente, inclusive no caso de remessa postal internacional e de bens conduzidos por viajante, desembaraçados no regime comum de importação Fl. 373DF CARF MF Processo nº 10074.000682/200644 Acórdão n.º 3402004.693 S3C4T2 Fl. 371 7 (Decretolei no 37, de 1966, art. 169, inciso I, alínea "b" e § 6o, com a redação dada pela Lei no 6.562, de 18 de setembro de 1978, art. 2o);" (grifei) O que ocorreu na hipótese foi a identificação pela fiscalização, em procedimento de revisão aduaneira, de erro de classificação fiscal das mercadorias importadas pela Recorrente que implicou, por consequência, na importação de mercadoria sem licença de importação. Em conformidade com o RIPI (arts. 16 e 17 dos Decretos n.º4.544/2002 e n.º 7.212/2010) a classificação fiscal das mercadorias é adotada de acordo com um dos códigos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Para a correta interpretação desses códigos, o Regulamento exige a observância das "Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (NESH), do Conselho de Cooperação Aduaneira na versão lusobrasileira, efetuada pelo Grupo Binacional Brasil/Portugal (...) bem assim das Notas de Seção, Capítulo, posições e de subposições da Nomenclatura do Sistema Harmonizado" (art. 17, RIPI) A classificação fiscal das mercadorias é, portanto, uma atividade jurídica de avaliar a subsunção do fato à norma pautada, portanto, em dados técnicos concernentes à mercadoria. Assim, para avaliar o enquadramento do produto no código correto da NCM, necessário se atentar para suas particularidades técnicas e seu correspondente enquadramento dentro da Convenção do Sistema Harmonizado (com suas Regras Gerais Interpretativas, Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição). Esse caminho interpretativo, que deve ser observado pelos auditores fiscais quando da revisão da NCM adotada pelos contribuintes, foi muito bem elucidado em julgado deste E. CARF de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan, que consignou em sua ementa: "Assunto: Classificação de Mercadorias Data do fato gerador: 30/10/2000 CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. FUNDAMENTO. SISTEMA HARMONIZADO (SH). NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM). Qualquer discussão sobre classificação de mercadorias deve ser feita à luz da Convenção do SH (com suas Regras Gerais Interpretativas, Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição), se referente aos primeiros seis dígitos, e com base no acordado no âmbito do MERCOSUL em relação à NCM (Regras Gerais Complementares e Notas Complementares), no que se refere ao sétimo e ao oitavo dígitos. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. ATIVIDADE JURÍDICA. ATIVIDADE TÉCNICA. DIFERENÇAS. A classificação de mercadorias é atividade jurídica, a partir de informações técnicas. O perito, técnico em determinada área (mecânica, elétrica etc.) informa, se necessário, quais são as características e a composição da mercadoria, especificandoa, e o especialista em classificação (conhecedor das regras do SH e outras normas complementares), então, classifica a mercadoria, seguindo tais disposições normativas. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. LAUDO TÉCNICO. RECONHECIDA INSTITUIÇÃO. ACOLHIDA. Solicitado pela recorrente laudo técnico complementar, por reconhecida instituição, buscando possibilitar a precisa identificação da função de um dos elementos que compõem a mercadoria que é objeto de contencioso sobre classificação, e aprovada a solicitação pelo colegiado julgador, legítima a acolhida dos resultados do laudo Fl. 374DF CARF MF 8 correspondente para a correta classificação da mercadoria. (...)" (Processo n.º 11128.006876/200309. Data da Sessão 26/09/2016. Relator Rosaldo Trevisan Acórdão n.º 3401003.229. Unânime grifei). Atentandose para o presente caso, vislumbrase que a Recorrente em nenhum momento enfrenta em seu Recurso Voluntário quaisquer das circunstâncias fáticas ou técnicas da autuação que ensejaram na reclassificação fiscal das mercadorias. Com efeito, a Recorrente não traz qualquer elemento fático ou técnico que poderia invalidar o trabalho fiscal realizado, que não merece qualquer reparo. Da mesma forma, não traz qualquer documento ou alegação fática quanto ao licenciamento ou ao tratamento administrativo das mercadorias. Contudo, neste ponto, possível vislumbrar um vício material passível de ser conhecido de oficio à luz do art. 65 da Lei n.º 9.784/991, diante da confirmação que parte das mercadorias reclassificadas (especificamente aquelas identificadas com as NCMs 5211.43.00, 5211.42.90 e 5512.19.00) não estão sujeitas à emissão de Licença de Importação (LI), como indicado pela fiscalização, não podendo, por conseguinte, ensejar a aplicação da multa por falta de licença do art. 633, II, 'a' do RA/2002. Para melhor elucidar essa questão, me valho novamente das palavras do Conselheiro Rosaldo Trevisan proferida, desta vez, no Acórdão 3401003.229, de 26/09/2016. Em seu voto, o Conselheiro traça uma clara distinção entre o processo de licenciamento da importação e a necessidade do documento Licença de Importação (LI), elucidando que somente quando esta última for necessária que se pode aplicar a penalidade imposta na presente autuação: "Mas temos que esclarecer aqui que não se pode confundir licenciamento de importação com Licença de Importação (LI). Licenciamento é o procedimento por meio do qual se obtém a LI, que é o documento que equivale, a partir de 28/09/1992, à Guia de Importação (GI), conforme esclarece o Decreto n.º 660/1992, em seus artigos 4º, § 1º ("a formulação de exigências, licenças ou autorizações diretamente incidentes sobre operações de comércio exterior deverá ser feita por intermédio do SISCOMEX"); e 6º, § 1º (para todos os fins e efeitos legais, os registros informatizados das operações de exportação ou de importação no SISCOMEX, equivalem à Guia de Exportação, à Declaração de Exportação, ao Documento Especial de Exportação, à Guia de Importação e à Declaração de Importação". E o registro informatizado no SISCOMEX não é o "licenciamento" (processo), mas a "licença" (documento) de importação. O Regulamento Aduaneiro de 2002 (Decreto n.º 4.543/2002) esclareceu a questão. Vejase que o texto da multa aplicada, na lei de regência (artigo 169, I, "b" do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 6.562/1978) estabelece que a infração é pela importação de mercadoria "sem Guia de Importação ou documento equivalente", e o Regulamento Aduaneiro de 2002 a detalhou (artigo 633, II "a") como "importação de mercadoria sem licença de importação ou documento de efeito equivalente". À época dos fatos narrados na autuação [30/10/2000], havia duas modalidades de licenciamento: automático e não automático, conforme o art. 7o da Portaria SECEX no 21/1996. No caso de licenciamento não automático, o número da LI obtida (válida, em regra, a por 60 dias) figuraria na respectiva declaração de importação, vinculado à mercadoria. No caso de licenciamento automático, contudo, sequer se pode falar 1 "Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada. Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção." Fl. 375DF CARF MF Processo nº 10074.000682/200644 Acórdão n.º 3402004.693 S3C4T2 Fl. 372 9 em LI, que não recebe numeração e não consta na declaração de importação, havendo, em verdade, um licenciamento com dispensa de licença. Isso ficou mais claro quando a SECEX, em 01/12/2003, resolveu estabelecer que seriam três as categorias de licenciamento: automático, não automático e dispensado, no artigo 6º da Portaria SECEX no 17/2003. A nova modalidade denominada de "licenciamento dispensado" equivale à anteriormente existente sob a denominação "licenciamento automático". E as novas modalidades de "licenciamento automático" e "licenciamento não automático" correspondem a desmembramentos da anteriormente compreendida como "licenciamento não automático". Tais observações se prestam a esclarecer que a multa por infração administrativa ao controle das importações, decorrente de falta de Guia de Importação ou documento equivalente (no caso, a Licença de Importação), não se aplica nos casos em que o tratamento administrativo de licenciamento previsto para a mercadoria não implique a efetiva emissão de uma Licença de Importação. Buscando confirmar se havia tratamento administrativo específico para o código NCM 3824.90.89, na data do registro da DI (30/10/2000), efetuei consulta ao sistema "Tratamento Administrativo Consultas Web", na função "Consulta Histórico", no sítio "Web" do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, informando como data inicial "01/10/2000" e como data final "01/01/2001". Ao efetuar a consulta por subitem (3824.90.89) e por posição (3824), obtive a resposta de que não havia tratamento administrativo específico. Ao consultar por capítulo (38), encontrei dois tratamentos administrativos específicos, nenhum deles para a mercadoria em análise. Assim, sendo automático o licenciamento, à época do registro da DI, para o código NCM 3824.90.89, indicado como correto pela fiscalização, e aqui mantido, não há que se falar em falta de Licença de Importação, e, muito menos, em falta de Licença de Importação. Deve, assim, ser afastada a multa por infração administrativa ao controle das importações, decorrente de falta de Guia de Importação ou documento equivalente (no caso, a Licença de Importação)." (grifei) Atentandose para a presente autuação fiscal, vislumbrase que a fiscalização não identificou quais atos normativos do SECEX ou do DECEX indicariam a necessidade de emissão de Licença de Importação (LI) para as mercadorias que passaram a ser classificadas nas NCMs 5211.43.00, 5211.42.90, 5407.69.00 e 5512.19.00. Com efeito, a fiscalização apenas traz uma afirmação genérica no sentido de que estas mercadorias estariam sujeitas a licenciamento automáticos ou não automáticos. Nos termos da autuação: "Do Licenciamento Automático/NãoAutomático As mercadorias despachadas necessitavam de licenciamento outorgado pelo SECEX da forma automática/ não automática nos termos das normas do órgão que controla administrativamente as importações. As licenças são a manifestação positiva para as importações e se fazem para o controle das importações eletronicamente via SISCOMEX, pelo órgão pertencente ao Ministério da Indústria e Comércio, que efetua a análise e controle das mercadorias a serem internadas no pais. Tais controles se fazem, entre outros,principalmente considerando as informações prestados pelo importador nos despachos aduaneiros via SISCOMEX. Para tanto, especificamente no caso em tela, leva em consideração a posição tarifária ou a classificação fiscal NCM/SH informada no despacho. Toda a análise visando ao controle administrativo das importações, portanto, se pauta em declarações oferecidas na posição tarifária. Fl. 376DF CARF MF 10 Claro, resta que estando equivocada a informação quanto A classificação fiscal a licença concedida automática ou não automática será desprovida de efetividade." (efl. 9 grifei) Ora, como visto, não se pode confundir o processo de licenciamento com a Licença de Importação sendo que à luz da Portaria SECEX n.º 21/1996, vigente à época das importações, o processo de licenciamento não automático exige a emissão prévia de uma Licença de Importação (LI), não necessária, em regra, para o processo de licenciamento automático (salvo se previstas condições ou procedimentos especiais nesse procedimento). Diante disso, mostrouse necessário confirmar se as mercadorias objeto da reclassificação estariam sujeitas à emissão de Licença de Importação (LI), avaliando o seu tratamento administrativo ditado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. E, como indicado no item 2 do Comunicado DECEX 37/1997, somente são indicados na tabela de "Tratamento Administrativo" do SISCOMEX aqueles "produtos sujeitos a condições ou procedimentos especiais no licenciamento automático, bem como os produtos sujeitos a licenciamento nãoautomático.". Abaixo constam as telas da consulta ao sistema "Tratamento Administrativo Consultas Web", na função "Consulta Histórico", no site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior2. A consulta foi realizada com a data inicial "01/11/2001" e como data final "30/03/2003", analisando por subitem, sendo identificadas as NCMs sem tratamento administrativo específico na época (NCMs 5211.43.00, 5211.42.90 e 5512.19.00): ü NCM 5211.43.00 ü NCM 5211.42.90 ü NCM 5512.19.00 2 Disponível em https://siscomex.desenvolvimento.gov.br/tratamento/private/pages/consulta_historico.jsf. Acesso em 25/08/2017. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10074.000682/200644 Acórdão n.º 3402004.693 S3C4T2 Fl. 373 11 Especificamente para a NCM 5407.69.00, consta a existência de tratamento específico desde 17/07/2002, com exigência de anuência do DECEX com fulcro no Comunicado DECEX 23/1998. Exigese, portanto, a emissão de licença de importação para esta NCM, devendo ser mantida a penalidade imposta: Assim, verificase de ofício a existência de condições suscetíveis à afastar a penalidade imposta quanto à necessidade de licença de importação para as mercadorias reclassificadas nas NCMs 5211.43.00, 5211.42.90 e 5512.19.00, por não se tratarem de mercadorias que exigem a emissão de Licença de Importação (LI). Por essa razão, cancelo em parte as exigências constantes do item 1 do Auto de Infração "001 IMPORTAÇÃO DESAMPARADA DE GUIA DE IMPORTAÇÃO OU DOCUMENTO EQUIVALENTE", mantendo apenas a exigência referente à NCM 5407.69.00 (reclassificação da mercadoria classificada no NCM 5407.52.10, objeto da Declaração de Importação 03/02132346). Fl. 378DF CARF MF 12 II DAS RAZÕES DO RECURSO VOLUNTÁRIO Passando a adentrar nas inconformidade suscitadas pela Recorrente em sua peça recursal, observase que deve ser mantida a parte remanescente da autuação. As infrações objeto da autuação mantidas nesta oportunidade (classificação incorreta da mercadoria e ausência de licença de importação especificamente para a NCM 5407.69.00) são dotadas de natureza objetiva, sendo que para serem aplicadas basta a confirmação da irregularidade na importação, independentemente da intenção do agente, em conformidade com o art. 94, §2º do Decretolei n.º 37/66: "Art.94 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos. § 1º O regulamento e demais atos administrativos não poderão estabelecer ou disciplinar obrigação, nem definir infração ou cominar penalidade que estejam autorizadas ou previstas em lei. § 2º Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato." (grifei) Com efeito, como visto, os dispositivos legais que prevêem as penalidades aplicadas no presente caso exigem apenas o verificação objetiva da classificação incorreta das mercadorias (art. 84, I, da Medida Provisória n.º 2.158/2001) e a importação de mercadoria sem licença de importação (art. 633, I, 'a' do Regulamento Aduaneiro/2002), independente de culpa ou dolo do importador. Da mesma forma, desnecessária a comprovação na hipótese de dano ao Erário para a aplicação das penalidades. Me valendo das palavras do Conselheiro Diego Diniz Ribeiro em seu voto proferido no Acórdão n.º 3402003.146 de 20/07/2017, o principal escopo das normas acima reproduzidas "não é punir a evasão tributária, mas sim aquela conduta que redunda em prejuízos ao controle administrativoaduaneiro, seja por criar obstáculos seja por de fato impedir que este controle seja realizado na prática, controle este que, aliás, não está necessariamente associado ao pagamento de tributo". No caso, ao classificar incorretamente as mercadorias a Recorrente acabou por prejudicar seu controle aduaneiro, implicando inclusive na realização de importação sem a licença de importação para a mercadoria reclassificada para a NCM 5407.69.00. Por fim, insta frisar que as penalidades foram aplicadas em conformidade com a legislação aplicável, não cabendo se falar nesta seara administrativa em sua desproporcionalidade ou irrazoabilidade. Estando os dispositivos legais que respaldam a autuação em plena vigência, descabe a este colegiado manifestarse acerca de sua constitucionalidade à luz dos argumentos da confiscatoriedade, proporcionalidade ou razoabilidade trazidos pela Recorrente. Esta matéria se encontra sumulada por este CARF, na Súmula CARF n.º 2 que expressa que "o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". Cumpre mencionar que, ao contrário do que pretende o aduzir a Recorrente, a conclusão alcançada no processo julgado anteriormente por este Conselho no Acórdão n.º 302 36.617, igualmente de interesse da Recorrente, não pode ser aplicada de forma automática ao Fl. 379DF CARF MF Processo nº 10074.000682/200644 Acórdão n.º 3402004.693 S3C4T2 Fl. 374 13 presente caso. Com efeito, ainda que naquele processo a Recorrente igualmente tenha se equivocado na classificação de mercadorias, observase primeiramente que todos os fatos geradores autuados eram anteriores à edição da Medida Provisória n.º 2.15835/2001 que fundamenta a presente autuação. Naquela oportunidade, foi aplicada apenas multa de 30% (trinta por cento) do valor da mercadoria por ausência de LI (art. 526, II, do Regulamento Aduaneiro então vigente, aprovado pelo Decreto n.º 91.030/1985). Contudo, naquele acórdão, foram consideradas similaridades técnicas dos produtos para afastar a necessidade de LI, alegação inexistente nesse processo, no qual, como já dito, não foram trazidas quaisquer considerações de ordem fática ou técnica suscetível a afastar a exigência remanescente deste item da autuação (referente à NCM 5407.69.00). Ademais, não constam dos autos as condições para afastar integralmente a penalidade imposta por ausência de licenciamento identificada no Ato Declaratório Normativo COSIT n.º 12/1997, vez que, como visto no início do tópico anterior, os produtos que foram objeto de reclassificação não foram corretamente descritos pela Recorrente na Declaração de Importação, exigência depreendida deste ato3. III DISPOSITIVO Diante do exposto, voto por dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para, de ofício, à luz do art. 65 da Lei n.º 9.784/99, reconhecer a ausência de substrato fático para impor a penalidade do item 1 do Auto de Infração "001 IMPORTAÇÃO DESAMPARADA DE GUIA DE IMPORTAÇÃO OU DOCUMENTO EQUIVALENTE" para as mercadorias reclassificadas nas NCMs 5211.43.00, 5211.42.90 e 5512.19.00, mantendo a exigência deste item apenas para a NCM 5407.69.00 (reclassificação da mercadoria classificada no NCM 5407.52.10, objeto da Declaração de Importação 03/02132346). 3 "O COORDENADORGERAL DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO, (...) declara, em caráter normativo, às Superintendências Regionais da Receita Federal, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento e aos demais interessados, que não constitui infração administrativa ao controle das importações, nos termos do inciso II do art. 526 do Regulamento Aduaneiro, a declaração de importação de mercadoria objeto de licenciamento no Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX, cuja classificação tarifária errônea ou indicação indevida de destaque "ex" exija novo licenciamento, automático ou não, desde que o produto esteja corretamente descrito, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, e que não se constate, em qualquer dos casos, intuito doloso ou má fé por parte do declarante" (grifei) Fl. 380DF CARF MF 14 É como voto. Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora Fl. 381DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.906051/2010-25
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA.
A compensação só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN.
A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção, pela compensação, dos débitos para com a Fazenda Pública.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-005.703
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA. A compensação só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção, pela compensação, dos débitos para com a Fazenda Pública. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
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COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO ALEGADO. Recorrente ENGEFIELDS EMPREENDIMENTOS E SERVICOS LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA. A compensação só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção, pela compensação, dos débitos para com a Fazenda Pública. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 90 60 51 /2 01 0- 25 Fl. 136DF CARF MF Processo nº 10480.906051/201025 Acórdão n.º 9303005.703 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 3802001.363, de 23/10/2012, proferido pela 2ª Turma Especial da Terceira Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso a que se nega provimento. Irresignada, a Recorrente se insurgiu contra o entendimento esposado no acórdão recorrido de que a apresentação de informações da DIPJ poderiam ser confirmadas em consulta aos sistemas informatizados da Receita Federal e que seriam suficientes para comprovar o direito creditório. Alega divergência com relação ao que decidido no Acórdão nº 110100.517. O recurso foi admitido por intermédio de despacho de admissibilidade do Presidente da Segunda Câmara da Terceira Seção do CARF. Intimada, a PFN apresentou contrarrazões ao recurso. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.684, de 19/09/2017, proferido no julgamento do processo 10480.906054/201069, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10480.906051/201025 Acórdão n.º 9303005.703 CSRFT3 Fl. 4 3 Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.684): "Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial interposto pela contribuinte deve ser conhecido. Conforme assentado no exame de sua admissibilidade, o acórdão recorrido entendeu que a Recorrente não juntou ao processo, que versa sobre a restituição da Cofins cumulada com a compensação de débito próprio, a documentação contábil ou fiscal capaz de confirmar o direito vindicado, mas apenas as DACON original e retificadora e a ficha 25 da DIPJ, informações que a Câmara baixa considerou insuficientes para a sua comprovação (afirmouse que deveriam ter sido apresentados os Livros Razão e Diário, nos quais estariam os lançamentos que alicerçavam as correções propostas e, portanto, embasariam o pedido). Já no acórdão paradigma, em situação semelhante (tratouse de pedido de restituição de IRPJ, para o qual retificada a DIPJ, mas não retificada a DCTF correspondente), outra Turma da Primeira Seção entendeu que a autoridade administrativa não podia ter limitado sua análise às informações prestadas na DCTF, se presentes evidências, nos bancos de dados da Receita Federal, de que outro seria o valor do tributo devido no período apontado na PER/DCOMP, considerandose, especialmente, a apresentação de DIPJ retificadora, na qual constaria não apenas o valor do tributo devido, como também a demonstração da apuração das bases de cálculo mensais, trimestrais ou anuais da pessoa jurídica, conforme a sistemática de tributação adotada. Como se vê, a divergência é manifesta. E, a nosso juízo, deve ser solucionada em desfavor da tese encartada no recurso especial. Em casos semelhantes, esta Corte Administrativa vem entendendo que a retificação posterior ao Despacho Decisório não impediria o deferimento do pedido quando acompanhada de provas documentais comprovando a erro cometido no preenchimento da declaração original, tal como preconiza o § 1º do art. 147 do CTN: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Todavia, no caso em exame, em vez de acostar aos autos, na manifestação de inconformidade ou no recurso voluntário, os livros fiscais e contábeis que comprovassem o direito à restituição, a Recorrente permaneceu insistindo na mesma tese: a de que bastaria à sua comprovação a retificação da DIPJ e as informações já registradas nos sistemas da RFB. Percebase que aqui não se está afastando a possibilidade de a Recorrente, inaugurado o Contencioso Administrativo, vir a apresentálos, mas apenas ressaltando a sua insistência em não apresentálos, quando não era dela, a Recorrente, a competência para decidir o pedido, mas era dela, sim, a de comprovar o seu direito. Se os tivesse apresentado e estes não fossem considerados na decisão recorrida, a solução aqui poderia ser outra, a depender, evidentemente, do motivo levantado para a desconsideração dos livros e documentos na solução do litígio. Não é caso, porém. Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10480.906051/201025 Acórdão n.º 9303005.703 CSRFT3 Fl. 5 4 Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, negolhe provimento." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a Contribuinte também não juntou aos autos, "na manifestação de inconformidade ou no recurso voluntário, os livros fiscais e contábeis que comprovassem o direito à restituição". Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial foi conhecido e, no mérito, o colegiado negoulhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 139DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13899.002449/2003-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: RECURSO DE OFÍCIO NÃO CONHECIMENTO – CRÉDITO
EXONERADO ABAIXO DO LIMITE DE ALÇADA – PORTARIA MF Nº
03/2008. Tendo em vista que o crédito exonerado pela decisão de Primeira Instância está abaixo do limite de alçada do recurso de ofício previsto pela Portaria nº 03, do Sr. Ministro da Fazenda, de 03 de janeiro de 2008 (D.O.U. de 07/01/2008), não deve ser conhecido o presente recurso de ofício.
GLOSA DE DESPESAS – Somente são dedutíveis custos e despesas que,
além de comprovados por documentação hábil e idônea, preencham os
requisitos da necessidade, normalidade e usualidade. A contabilidade e os documentos fiscais fazem prova a favor do contribuinte.
Numero da decisão: 1401-000.587
Decisão: ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso de Ofício, conhecer em parte Recurso Voluntário e, na parte conhecida, rejeitar as preliminares de nulidade, no mérito, dar parcial provimento para afastar parte das glosas de despesas, nos termos do voto da relatora.
Nome do relator: karem Jureidini Dias
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ementa_s : RECURSO DE OFÍCIO NÃO CONHECIMENTO – CRÉDITO EXONERADO ABAIXO DO LIMITE DE ALÇADA – PORTARIA MF Nº 03/2008. Tendo em vista que o crédito exonerado pela decisão de Primeira Instância está abaixo do limite de alçada do recurso de ofício previsto pela Portaria nº 03, do Sr. Ministro da Fazenda, de 03 de janeiro de 2008 (D.O.U. de 07/01/2008), não deve ser conhecido o presente recurso de ofício. GLOSA DE DESPESAS – Somente são dedutíveis custos e despesas que, além de comprovados por documentação hábil e idônea, preencham os requisitos da necessidade, normalidade e usualidade. A contabilidade e os documentos fiscais fazem prova a favor do contribuinte.
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Tendo em vista que o crédito exonerado pela decisão de Primeira Instância está abaixo do limite de alçada do recurso de ofício previsto pela Portaria nº 03, do Sr. Ministro da Fazenda, de 03 de janeiro de 2008 (D.O.U. de 07/01/2008), não deve ser conhecido o presente recurso de ofício. GLOSA DE DESPESAS – Somente são dedutíveis custos e despesas que, além de comprovados por documentação hábil e idônea, preencham os requisitos da necessidade, normalidade e usualidade. A contabilidade e os documentos fiscais fazem prova a favor do contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso de Ofício, conhecer em parte Recurso Voluntário e, na parte conhecida, rejeitar as preliminares de nulidade, no mérito, dar parcial provimento para afastar parte das glosas de despesas, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner – Presidente. (assinado digitalmente) Karem Jureidini Dias – Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Viviane Vidal Wagner, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Matos e Karem Jureidini Dias. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13899.002449/200348 Acórdão n.º 140100.587 S1C4T1 Fl. 2 2 Relatório Os autos retornaram de diligência solicitada pela Segunda Câmara da Primeira Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Resolução nº 120200.003, de fls. 3.191/3195). Por economia processual, utilizome do relatório do acórdão que determinou a diligência, para esclarecer do que trata a questão. Tratase de Autos de Infração relativos ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, lavrados em 04/02/2004 e cientificados ao contribuinte em 05/02/2004 (fls. 61 e 65). O auto de infração contém os seguintes lançamentos: a) IRPJ: 001 – Custos ou Despesas não comprovadas – Glosa de Custos – Fato Gerador em 31/12/1999. 002 Custos ou Despesas não comprovadas – Glosa de Despesas – Fato Gerador em 31/12/1999. b) CSLL: 001 – Falta de Recolhimento de CSLL. Os lançamentos estão fulcrados nos artigos 149, inciso I; 251 e § único, 299 e 300, todos do RIR/99. Segundo consta do Termo de Constatação Fiscal (fls. 71/72), o contribuinte não apresentou documentação capaz de comprovar despesas relativas às contas de telefone, ônibus, metro e táxi, lanches e refeições, representação de sócio, passagem, hospedagem e serviços prestados por pessoa jurídica, tampouco os custos referentes a serviços prestados por pessoa física sem vínculo empregatício, razão pela qual tais despesas e custos foram glosados pela fiscalização. Em 08/03/2004, a contribuinte apresentou impugnação (fls. 75/106), requerendo a nulidade e a improcedência do lançamento em razão dos seguintes motivos: (i) Ocorrência de cerceamento do direito de defesa, uma vez que o contribuinte foi privado de seu Livro Razão, já que este foi retirado da sede da empresa pelo agente fiscal em 2003, impossibilitando a composição dos saldos contábeis registrados em 1999. (ii) Houve a adesão de parcela do montante autuado ao Parcelamento Especial (PAES) instituído pela Lei 10.684/03, bem como o reconhecimento dos débitos de IRPJ e CSLL referentes ao ingresso em tal parcelamento por meio de “Declaração PAES”, razão pela qual o auto de infração deve ser cancelado, conforme documento anexo à impugnação. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13899.002449/200348 Acórdão n.º 140100.587 S1C4T1 Fl. 3 3 (iii) Em razão da adesão ao PAES e da retificação das DCTF`s com a denúncia espontânea dos débitos, deve também ser cancelada a multa de ofício de 75%. Neste ponto, afirma a Impugnante que o Auto de Infração só foi lavrado após seu ingresso no PAES em 31/07/2003, e retificação de suas DCTF`s. (iv) As despesas e custos glosados pela fiscalização são decorrentes do exercício das atividades da empresa. Desta forma, a contribuinte anexa demonstrativos e documentos a fim de comprovar a origem dos custos e despesas, tais como demonstrativo com despesas com prestadores de serviços pessoas jurídicas; notas fiscais emitidas pela empresa às prestadoras de serviços; contratos de prestação de serviços celebrados pela contribuinte; demonstrativo com descrição dos custos dos prestadores de serviços pessoas jurídicas, demonstrativo que contém descrição das despesas com passagens aéreas, hospedagem, condução, telefonema e refeições. (v) Argumenta ter a multa de ofício caráter confiscatório, já que desapropria o contribuinte de parcela de seu patrimônio de forma desproporcional à infração. (vi) Alega não ser aplicável os juros pela taxa SELIC, uma vez que possui natureza jurídica de remuneração de capital e não de juros moratórios. Em face da impugnação, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento do Brasil em Campinas considerou o lançamento parcialmente procedente (fls. 3.044/3.095), nos termos da seguinte ementa: EMENTA: DEVIDO PROCESSO LEGAL. DIREITO DE DEFESA. APREENSÃO DE LIVROS. Se consta dos autos que pessoa legitimada a tanto pela pessoa jurídica dá notícia de que houvera recebido em retorno todo material usado pela fiscalização no curso do procedimento; se não há nos autos termo de retenção de livro e/ou documento que seja; então, não é possível, ao sabor de simples alegação, dar fé à insurgência do contribuinte que se manifesta em sentido oposto. CUSTO E DESPESA. DEDUTIBILIDA DE. Antes de mais, é preciso que a justificativa do custo/despesa venha amparada em instrumento, isto é, em meio e forma adrede concebida para fazer testemunho de evento passado com força de prova para o Direito. Depois, é preciso que o instrumento trazido tenha densidade tal a evidenciar a origem e o destino do pagamento, a factualidade do objeto que serve de razão para aquele pagamento, bem como a necessidade, usualidade e normalidade do referido gasto. PROCESSO ADMINISTRATIVO DE CONTENCIOSO TRIBUTÁRIO. É a atividade onde se examina a conformidade dos atos praticados pelos agentes do fisco frente à legislação de regência em vigor (isto é, com força vinculante), sem perscrutar da legalidade ou constitucionalidade dos fundamentos daqueles atos (validade da norma jurídica). Fl. 3DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13899.002449/200348 Acórdão n.º 140100.587 S1C4T1 Fl. 4 4 DILAÇÃO PROBATÓRIA. MOMENTO. SUSTENTAÇÃO ORAL. Prova documental deve ser colacionada por ocasião da impugnação. A sustentação oral é procedimento não previsto para ter lugar na primeira instância de julgamento do processo administrativofiscal. Isto é possível, no entanto, em juízo na órbita do Conselho de Contribuintes ou na da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Lançamento Procedente em Parte. Neste passo, da base de cálculo autuada, no montante de R$ 5.749.046,06 (glosa de custo/despesa), a Delegacia da Receita Federal de Julgamento entendeu ser procedente a base de cálculo no valor de R$ 4.158.292,81, uma vez que o contribuinte logrou demonstrar que parte das despesas/custos são próprios. Ademais, em razão de exclusão de crédito tributário superior a R$ 500.000,00 necessária à época a remessa de ofício ao Conselho de Contribuintes. Ainda, em face do referido acórdão, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário, alegando os motivos já expostos na impugnação e, ainda, adicionando o que segue: (i) nulidade da decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, pois os julgadores realizaram julgamento “extra petita”, configurando, assim, cerceamento ao direito à ampla defesa e ao contraditório; (ii) nulidade da decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em razão da não apreciação das razões de impugnação, como por exemplo a invalidade da cobrança da taxa SELIC a título de juros e o caráter confiscatório da multa de 75%; (iii) quanto ao mérito, a Recorrente contesta na mesma ordem dos itens apontados pela decisão de 1ª Instância: a. Glosa de Despesa nomeada pela fiscalização “Representação de Sócio” no importe de R$ 1.834.304,56: argumenta que a fiscalização, embora tenha reconhecido expressamente que parte do referido valor foi incluído no PAES, o mesmo não foi excluído da base de cálculo do lançamento objeto do presente processo, o que acarretaria a cobrança em duplicidade. b. Glosa de Despesa nomeada pela fiscalização “Serviços Prestados por Pessoa Jurídica” no importe de R$ 1.758.866,11. Argumenta a Recorrente que embora parcela das glosas tenha sido exonerada, houve a comprovação, por meio da relação das notas fiscais de prestação de serviços e dos contratos de prestação de serviços, que todo o montante se refere a despesas decorrentes da atividade operacional da empresa. Requer, ainda, que o julgamento seja convertido em diligência para real apuração da verdade material referente a tais despesas. c. Glosa de Custo nomeada pela fiscalização “serviços prestados por pessoa jurídica” no importe de R$ 421.105,55. Assim como no tópico anterior, a Recorrente alega que juntou documentação que Fl. 4DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13899.002449/200348 Acórdão n.º 140100.587 S1C4T1 Fl. 5 5 comprova a indevida glosa de despesas, requerendo, ainda, a baixa dos autos em diligência para apuração da verdade material. d. Glosa de Despesa nomeada pela fiscalização “Passagem” no importe de R$ 346.358,36, “Hospedagem” no importe de R$ 880.293,69 e “Telefone”, Ônibus, Metrô, Táxi” e “Lanches e Refeições” no importe de R$ 88.010,95, R$ 268.365,46 e R$ 143.706,59, respectivamente. Argumenta a Recorrente que juntou aos autos documentação que demonstra a vinculação das pessoas físicas que incorreram nas despesas glosadas e as empresas contratadas pela Recorrente para prestar serviços em seus clientes, qual seja, documentos emitidos pela Receita Federal em que consta o nome, CNPJ e endereço das empresas contratadas, bem como o nome do sócio de tal empresa. A Recorrente exemplifica, ainda, situação em que se pode identificar o nome do sócio nos documentos emitidos pela Receita Federal, o qual incorreu despesas em nome da empresa contratada pela Recorrente para prestação de serviços ao cliente. Desta forma, requer a Recorrente que os autos baixem em diligência a fim de que o agente fiscal analise os documentos juntados na impugnação. Em 12/11/2008 os autos foram distribuídos a esta Relatora para julgamento do Recurso Voluntário e do Recurso de Ofício. Em sessão de 12/05/2009, a Segunda Câmara da Primeira Seção do CARF entendeu por converter o julgamento em diligência, nos termos do voto desta relatora, que fez as seguintes considerações: (i) em primeiro lugar, afastou a preliminar de cerceamento de defesa, uma vez que o contribuinte não apresentou qualquer documento que comprovasse que o Livro Razão tenha sido apreendido e não devolvido. (ii) asseverou que somente são dedutíveis custos e despesas que, além de comprovados por documentação hábil e idônea, preencham os requisitos da necessidade, normalidade e usualidade. (iii) quanto à glosa de despesa nomeada pela fiscalização “Representação de Sócio” no importe de R$ 1.834.304,56, ressalvou não fazer parte da lide, pois a referida glosa foi objeto de adesão ao PAES. (iv) quanto à glosa de despesa nomeada pela fiscalização “Serviços Prestados por Pessoa Jurídica” no importe de R$ 1.758.866,11 e de R$ 421.105,55, entendeu a turma ser necessária a conversão do julgamento em diligência, conforme especificado ao final. (v) Quanto à Glosa de Despesa nomeada pela fiscalização “Passagem” no importe de R$ 346.358,36, “Hospedagem” no importe de R$ 880.293,69 e “Telefone”, Ônibus, Metrô, Táxi” e “Lanches e Refeições” no importe de R$ 88.010,95, R$ 268.365,46 e R$ 143.706,59, também se entendeu necessária a baixa dos autos em diligência. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13899.002449/200348 Acórdão n.º 140100.587 S1C4T1 Fl. 6 6 Desta forma, a diligência foi determinada para que, analisando os documentos acostados, fosse verificado: i) Quanto à glosa de despesa e a glosa de “serviços prestados por pessoa jurídica”, que se proceda ao cotejo dos montantes individualizadamente lançados com o levantamento efetuado pela Recorrente à luz do Livro Razão (inclusive documentos 4, 4B e 4C dos anexos), segregando por glosa os documentos existentes (Notas Fiscais/Contrato/Pagamento/IRRF), o período de competência e a descrição do serviço constante da nota e do contrato; ii) Quanto às glosas com “passagens”, “hospedagens”, “telefone”, “ônibus, metrô e taxi” e “lanches e refeições”, que se proceda ao cotejo dos montantes individualizadamente lançados com as respectivas notas fiscais/boletos, identificando se a pessoa que procedeu à despesa era funcionária de empresa por ela contratada (conforme documentos anexados pela Recorrente), esclarecendo, neste último caso, se constam dos autos cobranças das empresas contratadas acerca do reembolso das despesas incorridas por seus funcionários, por conta e ordem da Recorrente. Atendendo à determinação da Resolução, a Delegacia da Receita Federal em São Paulo elaborou Termo de Encerramento de Diligência Fiscal (fls. 3.205/3.208), em que conclui: (i) O valor originário do crédito tributário foi reduzido pela Primeira Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento do município de Campinas São Paulo, que deu provimento parcial ás alegações contidas na impugnação interposta pela empresa. Também, conforme consta às fls. 3055 / 3056, concluiu ter havido um erro de soma na apuração do total das despesas glosadas, sem ter identificado em que conta contábil esse lapso ocorrera. Esse procedimento resultou numa apuração de uma base de cálculo originária a maior, em R$ 346.358,65. Diante desse fato, essa importância foi deduzida da base de cálculo total, conforme especificado as fls. 3.081 (...). (ii) O sujeito passivo, por livre e espontânea vontade, reconheceu como devido os valores remanescentes do crédito tributário, referentes à glosa de custos, num total de R$ 456.969,05, conforme documento anexo, demonstrando, com essa manifestação de vontade, sua desistência parcial do total do crédito tributário. (iii) Em relação ao crédito tributário remanescente é cediço que todo e qualquer custo e/ou despesa, para que possam ser objeto de dedução, precisam ser comprovados por documentos hábeis e idôneos, além de preencherem os requisitos da necessidade, normalidade e usualidade. Esses requisitos não foram comprovados pelo contribuinte, sobretudo, porque a quase totalidade das despesas acima especificadas referemse a "vouchers", preenchidos por ele mesmo, quando deveriam se referir a documentos emitido pela empresa contratada e, por isso, não demonstra, de forma inequívoca, serem necessárias às suas atividades, posto que não comprova a efetiva realização dos serviços pactuados, motivo pelo qual esses gastos incorridos, configuram desembolsos de natureza indedutível e, em razão disso, Fl. 6DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13899.002449/200348 Acórdão n.º 140100.587 S1C4T1 Fl. 7 7 constituem fatos geradores dos tributos objetos do auto de infração constante do presente processo. (iv) Por todo o exposto e tendo em vista que a vasta documentação anexada aos autos não se traduz em elementos probantes irrefutáveis, capazes de elidir o crédito tributário, legitimamente constituído, mas sobretudo porque a constituição do crédito foi decorrência da fiel observância da legislação tributária vigente à época da ocorrência do fato gerador, mantenho o crédito remanescente, nos exatos termos e valores, conforme especificado no item 12 acima mencionado. O contribuinte foi devidamente intimado, conforme AR de fls. 3.209. É o relatório. Fl. 7DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13899.002449/200348 Acórdão n.º 140100.587 S1C4T1 Fl. 8 8 Voto Conselheira Karem Jureidini Dias, Relatora Do Recurso de Ofício Inicialmente, esclareço que do acórdão recorrido, houve a remessa de ofício, em razão de exclusão do montante de R$ 918.659,98 (principal e multa fls. 3.081), superior, à época, ao limite para conhecimento do recurso de ofício, previsto pela Portaria n° 333, de 11 de dezembro de 1997. No entanto, o limite de alçada para a remessa de ofício é atualmente R$ 1.000.00,00, considerando apenas o principal e multa, conforme dispõe a Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Parágrafo único. O valor da exoneração de que trata o caput deverá ser verificado por processo. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3º Fica revogada a Portaria MF nº 375, de 7 de dezembro de 2001. Neste passo, considerando que a exoneração não atingiu o valor mínimo necessário para a remessa de ofício, voto por NÃO CONHECER DO RECURSO DE OFÍCIO. Do Recurso Voluntário Em primeiro lugar, reitero que restou afastada a preliminar de que houve o cerceamento de defesa, em razão de que o Agente Fiscal não teria devolvido o Livro Razão. Ora, o contribuinte não apresentou qualquer documento que comprovasse que o Livro Razão tenha sido apreendido. Ou seja, se consta dos autos que pessoa legitimada a tanto pela pessoa jurídica dá notícia de que houvera recebido todo o material usado pela fiscalização no curso do procedimento fiscal, bem como se não há nos autos termo de retenção de livro e/ou documento, não é possível acatar a alegação de cerceamento de defesa. Também rejeito as preliminares de nulidade de decisão da Delegacia de Julgamento argüidas pelo contribuinte, sob o fundamento de que aquela seria extra petita e não teria apreciado as razões de ilegalidade e inconstitucionalidade para a cobrança da taxa SELIC e do caráter confiscatório da multa. Isto porque, não há que se falar em julgamento extra petita, porquanto se limitou a decisão ao crédito tributário impugnado, inclusive exonerando parte deste. Da mesma forma, escorreita a decisão que deixa de apreciar alegações de ilegalidade e inconstitucionalidade, em face de observância da competência a que está adstrito o poder jurisdicional atípico. Fl. 8DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13899.002449/200348 Acórdão n.º 140100.587 S1C4T1 Fl. 9 9 Ultrapassadas as preliminares argüidas pela Recorrente, passo a analisar as glosas de custos e despesas relativos a cada item, tomando por base a planilha elaborada pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento. a) Quanto à glosa de despesa nomeada pela fiscalização “Representação de Sócio” no importe de R$ 1.834.304,56 Conforme já relatado e já decidido no acórdão que determinou a diligência, este item não faz parte da lide. Isto porque, a Delegacia de Julgamento entendeu ser toda a glosa pertinente, mantendo o lançamento. Entretanto, argumentou o contribuinte que a fiscalização, embora tenha reconhecido expressamente que parte do referido valor foi incluído no PAES, o mesmo não foi excluído da base de cálculo do lançamento objeto do presente processo, o que acarretaria a cobrança em duplicidade. A Declaração PAES data de 27/11/2003 e as Declarações retificadoras foram entregues em 31/07/2003 (fls. 144), momento em que já havia sido iniciado o procedimento fiscalizatório, que teve início com o MPF (01/02) e o Termo de Início de Fiscalização (fls. 09), cientificados ao contribuinte em 09/04/2003. Portanto, verificase que não há espontaneidade nas declarações efetuadas pelo contribuinte, sendo necessário o lançamento de ofício por meio de Auto de Infração quanto a esse ponto. Neste ponto, (i) considerando que esta glosa foi objeto de adesão ao PAES, como a própria Recorrente afirma; (ii) considerando que a adesão ao PAES implica confissão de dívida; (iii) considerando que a confissão não foi espontânea, já que efetuada no curso da fiscalização, concluo que esta parte do lançamento é legítima. Tendo em vista o exposto, cumpre apenas a verificação, pela unidade competente da Receita Federal do Brasil (não sendo a competência deste Conselho), da inclusão do montante lançado no respectivo parcelamento especial, a fim de que não sejam exigidos valores em duplicidade, tendo em vista o declarado no parcelamento e o constituído via lançamento de ofício. b)Quanto à glosa de despesa nomeada pela fiscalização “Serviços Prestados por Pessoa Jurídica” no importe de R$ 1.758.866,11. Quanto à referida glosa, a Delegacia de Julgamento exonerou parte do valor glosado, remanescendo montante de R$ 494.980,40. A exoneração parcial do lançamento foi feita com base nos contratos de prestação de serviço (fls. 322/443) e nas notas fiscais acostadas às fls. 444/931. No Quadro 02, coluna 05 (fls. 3082/3091), a Delegacia de Julgamento aponta, por nota fiscal, para os motivos que a levaram a manutenção parcial da glosa. A manutenção da glosa foi justificada nas seguintes razões: a) “Serv. Comp. Dez/98” serviço prestado referente à competência de Dezembro de 1998 ou de meses anteriores ao anocalendário de 1999, objeto do lançamento; b) “Não há contrato” inexistência de contrato e nota fiscal com informação generalizada no campo de Fl. 9DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13899.002449/200348 Acórdão n.º 140100.587 S1C4T1 Fl. 10 10 “discriminação”; c) “Serviço anterior contrato” serviço prestado anteriormente à assinatura do contrato; d) “Descr. Incompatível” descrição da nota fiscal incompatível com o serviço discriminado no contrato de prestação de serviço de assessoria empresarial. Como dito, tais informações estão resumidas no Quadro 02 (fls. 3082/3091). Ainda quanto a este tópico, no Quadro 03, coluna 06 (fls. 3092/3093), a Delegacia de Julgamento justifica a manutenção da glosa com os mesmos motivos já citados, além dos seguintes: e) “Não é serviço” – indica que a nota fiscal não é nota fiscal de prestação de serviço (fls. 965 e 1000); f) “Mesma à fl. 943” – indica que a nota fiscal presente na fl. 540 é a mesma da fl. 943. Relativamente a estes não há de fato qualquer insurgência no Recurso Voluntário. Passo então à análise dos itens “a” a “d” que mencionei como fundamento adotado pela decisão recorrida para manutenção da glosa. Argumenta o contribuinte que houve a comprovação, por meio da relação das notas fiscais de prestação de serviços e dos contratos de prestação de serviços, que todo o montante se refere às despesas decorrentes da atividade operacional da empresa. Ainda, o Recorrente traz, em sede de Recurso Voluntário, levantamento (doc. 4 e 4B do volume 1), elaborado à luz do Livro Razão, em que argumenta que as despesas são decorrentes de prestação de serviços de assessoria empresarial por intermédio da contratação de terceiros. Elaborou, também, relação de todas as notas fiscais de prestação de serviços, contendo o nome da empresa emitente, o número e a data da referida NF, seu valor, inclusive o montante do imposto de renda retido na fonte (documento 4C do volume 1). A diligência foi determinada para que se procedesse ao cotejo dos montantes individualizadamente lançados com o levantamento efetuado pela Recorrente à luz do Livro Razão (inclusive documentos 4, 4B e 4C dos anexos), segregando por glosa os documentos existentes (Notas Fiscais/Contrato/Pagamento/IRRF), o período de competência e a descrição do serviço constante da nota e do contrato. No entanto, a fiscalização não efetuou a contento o determinado pela Câmara de julgamento à época, limitandose a afirmar que “a quase totalidade das despesas acima identificadas referemse a ‘vouchers’, preenchidos por ele mesmo, quando deveriam se referir a documentos emitidos pela empresa contratada e, por isso, não demonstra, de forma inequívoca, serem necessárias às suas atividades, posto que não comprova a efetiva realização dos serviços pactuados, motivo pelo qual esses gastos incorridos, configuram desembolsos de natureza indedutível e, em razão disso, constituem fatos geradores dos tributos objetos do auto de infração constante do presente processo”. Com relação a tais despesas, o contribuinte afirma que a partir dos contratos de prestação de serviços de consultoria, assim como verifico também para serviço de advocacia, representação e treinamento, comprovase a efetiva ligação da empresa contratada com a pessoa física que efetivamente prestou os serviços que, muitas vezes, gerou despesas de locomoção glosadas. O Recorrente, como exemplo, aponta em seu Recurso Voluntário o documento 4D (fls. 13 e 15 do volume 1), contrato que envolve a empresa PAGOTO ASSESSORIA E SERVIÇOS S/C LTDA. para prestar serviços a um dos seus clientes (a Construtora Líder SP). Justifica que os serviços foram prestados pelo sócio da empresa contratada, o qual, no exemplo em pauta, é o Sr. Alberto Pagoto. Prossegue no sentido de que Fl. 10DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13899.002449/200348 Acórdão n.º 140100.587 S1C4T1 Fl. 11 11 na prestação desses serviços incorreu ele em despesas com transportes, alimentação, viagens, etc., motivo pelo qual a Recorrente abriu em nome dele, um controle de despesas individuais, em que constam as despesas incorridas por Alberto Pagoto na prestação dos serviços à Recorrente na empresa indicada. Também a título exemplificativo, o Recorrente menciona o motivo pelo qual contrata terceiros que executam trabalhos em seus clientes. A diligência determinada visava justamente cotejar as situações, como aquela acima descrita, o que não foi devidamente atendido, conforme se verifica da resposta da diligência. Resta, assim, julgar no estado em que se encontra o processo. Nesse passo, embora a DRJ tenha desconsiderado parte das provas em razão da inexistência de contrato firmado com a pessoa jurídica, entendo que devem ser consideradas as despesas em que se comprova a efetiva ligação da empresa contratada com a pessoa física que efetivamente prestou os serviços ou em que se verifica a necessidade e a própria prestação do serviço, como argüido pelo contribuinte. De se consignar que pauto meu entendimento no fato de que, de um lado, o lançamento é efetuado de forma genérica, por tipo de despesa; e, de outro lado, a diligência requisitada não por esta Relatora, mas pela Câmara, não colacionou resultado de análise individualizada das despesas e respectiva documentação, pelo que partese da presunção de validade da documentação apresentada pelo contribuinte, analisandose conceitualmente as despesas e respectivos fundamentos de glosa. Ou seja, entendo que as glosas mantidas com a justificativa de que b) “Não há contrato” inexistência de contrato e nota fiscal com informação generalizada no campo de “discriminação”, devem ser consideradas como despesas efetivas, haja visto a comprovação, seja da ligação da empresa contratada com a pessoa física que efetivamente prestou os serviços ligação e gerou as despesas glosadas, seja em razão do motivo, usualidade da prestação do serviço. Quanto aos demais fundamentos para a manutenção da glosa, esposados pela DRJ, entendo que os mesmos não foram contestados devidamente pelo contribuinte, inexistindo contraprova suficiente, devendo, portanto, serem mantidas. São as seguintes as glosas a serem mantidas: em razão de a) “Serv. Comp. Dez/98” serviço prestado referente à competência de Dezembro de 1998 ou de meses anteriores ao anocalendário de 1999, objeto do lançamento; c) “Serviço anterior contrato” serviço prestado anteriormente à assinatura do contrato; d) “Descr. Incompatível” descrição da nota fiscal incompatível com o serviço discriminado no contrato de prestação de serviço de assessoria empresarial”, além daquelas mencionadas como “Nota Fiscal em Duplicidade” e “Não é Serviço”. Desta forma, entendo que devem ser canceladas as glosas de despesas relativas aos valores justificados como “Não há contrato”. É o caso dos seguintes itens: Quadro 02 (fls. 3.082/3.091): 12, 16, 35, 44, 50, 65, 86, 92, 100, 103, 104, 118, 122, 130, 142, 149, 160, 166, 173, 186, 188, 200, 212, 221, 239, 252, 256, 257, 258, 281, 282, 283, 297, 298, 328, 330, 333, 339, 350, 357, 364, 366, 377, 381, 382, 395, 414, 417, 421, 439, 448, 456, 459, 460, 463, 477, 478. Quadro 03 (fls. 3.092/3.093): 3, 4, 5, 6, 9, 10, 11, 17, 18, 27, 28, 29, 34, 39, 40, 41, 42, 45, 49, 53, 54, 56, 57, 58, 65 e 68. Fl. 11DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13899.002449/200348 Acórdão n.º 140100.587 S1C4T1 Fl. 12 12 c) Glosa de Custo nomeada pela fiscalização “serviços prestados por pessoa jurídica” no importe de R$ 421.105,55 A Delegacia de Julgamento exonerou parcialmente o valor lançado, mantendo a glosa no valor de R$ 103.575,61, tendo em vista a existência de cópia autenticada de contrato de prestação de serviço (fls. 1009/1016), e das notas fiscais (fls. 1025/1106). O valor mantido pela Delegacia de Julgamento está discriminado no Quadro 04 (fls. 3094/3095) e se refere a notas fiscais em que a) “Serv. Anterior ao aditamento” – pretende indicar o serviço de representação de telemarketing prestado pela pessoa jurídica Castro & Blair ME anterior ao aditamento do contrato, em abril de 1999, já que não há nos autos testemunha da data de celebração do referido contrato; b) “Não há contrato” – inexistência de contrato e nota fiscal com informação generalizada no campo de “discriminação. Tais razões estão discriminadas no Quadro 4 (fls. 3094/3095) Quanto a este tópico, a Recorrente, em petição de fls. 3.203 informa a desistência do recurso, exatamente quanto ao valor mantido pela DRJ, qual seja, R$ 103.575,61, razão pela qual deixo de me manifestar sobre a referida glosa, determinando que o IRPJ e a CSLL relativo ao valor em comento sejam devidamente segregados do presente processo, para a inclusão no parcelamento. d) Glosa de Despesa nomeada pela fiscalização “Passagem” no importe de R$ 346.358,36, “Hospedagem” no importe de R$ 880.293,69 e “Telefone”, “Ônibus, Metrô, Táxi” e “Lanches e Refeições” no importe de R$ 88.010,95, R$ 268.365,46 e R$ 143.706,59, respectivamente. Quanto à despesa com passagens, foram juntadas notas fiscais às fls. 1112/1150, no qual constam nomes de diversas pessoas físicas. Contudo, entendeu a Delegacia de Julgamento que não é possível estabelecer a relação entre a pessoa física e a pessoa jurídica prestadora de serviço para a ora Recorrente. A Recorrente argumenta que estabeleceu tal relação juntando documento emitido pela RFB, no qual consta o nome, CNPJ e endereço da empresa, bem como o nome do sócio (fls. 40 e seguintes do volume 1), o que demonstra a vinculação do efetivo prestador do serviço (Pessoa Física) e a empresa emitente da Nota Fiscal. Aponta, ainda, que os documentos anexos (volumes 2 a 49 – 10.036 páginas) não foram analisados pela fiscalização e que nesses estão compostos, a partir do Livro Razão, os saldos das contas cujas despesas foram glosadas. No mesmo sentido a Delegacia de Julgamento decidiu quanto às despesas de hospedagem (notas fiscais de fls. 1187/2475), aduzindo para o fato de que, ainda que se possa identificar que algumas pessoas físicas são sócios de empresas prestadoras de serviço à Recorrente, não é possível vislumbrar se tais despesas concorreram em proveito da realização de alguma despesa da Recorrente, não estando justificada a despesa adicional com a prestação de um determinado serviço. Quanto aos outros valores, correspondentes às despesas “Ônibus, Metrô, Táxi” e “Lanches e Refeições”, apesar de colacionadas as notas de débito (fls. 2577/2880 e 2884/2926) e o respectivo nome da pessoa física vinculada e disponibilizada pela pessoa Fl. 12DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13899.002449/200348 Acórdão n.º 140100.587 S1C4T1 Fl. 13 13 jurídica prestadora do serviço, a Delegacia de Julgamento entendeu que não restou comprovada a efetividade das despesas, já que não havia nos autos a subscrição manuscrita e/ou chancela mecânica por parte dos emitentes – pessoas jurídicas contratadas pela ora Recorrente. Quanto a este tópico, o Recorrente, novamente, faz referência aos volumes 2 a 49 que, segundo afirma, não foram analisados pelo agente fiscal, no qual constam “(i) a relação de todos os controles de despesas individuais (‘vouchers’), bem como a indicação de que tais despesas foram incorridas por terceiros, na prestação de serviços em clientes da Recorrente; (ii) cópia autenticada dos referidos ‘vouchers’ onde foram destacadas, em amarelo, as despesas glosadas e contabilizadas no razão analítico; bem como (iii) cópia autenticada do referido Razão, no qual foi indicado a) em rosa, o valor das despesas controladas nos referidos ‘vouchers’ e indevidamente glosadas, b) em amarelo: o valor de outras despesas também indevidamente glosadas, com a respectiva comprovação documental da sua efetividade e necessidade; e c) canetal azul: ou o documento que suporta a despesa contabilizada e indevidamente glosada (no caso, extrato bancário, ou cartão de crédito, p. ex.), ou, ainda, o número da página da defesa inaugural onde consta o documento que suporta a despesa contabilizada no Razão”. Exemplifica, ainda, da seguinte forma: Exemplificando: as fls. 40 do volume 1 consta a ficha da Constante Consultoria S/C Ltda., a qual prestou serviços à Recorrente consoante nota fiscal de fls. 452 da defesa inaugural, tendo o seu sócio Wladimir Constante (vide fls. 40 do volume 1) incorrido nas despesas deduzidas pala Recorrente e glosadas pelo agente fiscal. Verificase, portanto, do documento de fls. 40, a vinculação do efetivo prestador de serviço (PF), no caso o Sr. Wladimir, com a empresa emitente da NF de prestação de serviços, no caso em tela, a Constante Consultoria S/C Ltda. 0 mesmo raciocínio foi utilizado para os documentos de fls. 41 até 63, estando, portanto, demonstrada a vinculação aludida pelo d. julgador, como fundamento para desconsideração dos documentos que instruíram a exordial”. Assim como esclarecido no tópico anterior, a diligência limitouse a afirmar que “a quase totalidade das despesas acima identificadas referemse a “vouchers”, preenchidos por ele mesmo, não se referindo aos documentos emitidos pela empresa contratada ou à totalidade dos documentos. Ora, também quanto a estas despesas, entendo que a inexistência de chancela mecânica no caso de “ônibus, metrô, taxi” e “lanches/refeições”, bem como a inexistência de prova cabal que pretende a fiscalização e Delegacia de Julgamento sobre a necessidade de viagem para a prestação de serviço, pareceme insuficiente para justificação e manutenção da glosa. A meu ver, devem ser consideradas as despesas em que se comprove a efetiva ligação da empresa contratada com a pessoa física que prestou os serviços ou quando comprovada a efetividade da despesa por terceiros e a justificativa da sua necessidade. Tratase, in casu, de valores de pequena monta e cuja necessidade e usualidade é verificável no exercício das atividades da empresa. Ademais, pela juntada do demonstrativo com despesas com prestadores de serviços pessoas jurídicas; notas fiscais emitidas pela empresa às prestadoras de serviços; demonstrativo que contém descrição das despesas com passagens aéreas, hospedagem, condução, telefonema e refeições, bem como vinculação entre a pessoa física e a jurídica Fl. 13DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13899.002449/200348 Acórdão n.º 140100.587 S1C4T1 Fl. 14 14 contratada, entendo que a contabilidade e os documentos juntados fazem prova a favor do contribuinte. Quanto às despesas com “Telefone”, decidiu a Delegacia de Julgamento com base no Quadro 05 (fls. 3074/3075), no qual apenas são exoneradas as despesas em que consta como “cliente”, a própria Recorrente. Neste aspecto, sem reparos a Decisão recorrida, pelo que, pelos mesmos fundamentos, voto por manter a glosa para todos aqueles em que no campo cliente consta pessoa física ou jurídica que não seja a recorrente, tal como demonstrado no Quadro 05 (fls. 3074/3075). Pelo exposto, voto no sentido de NÃO CONHECER do Recurso de Ofício e CONHECER EM PARTE do Recurso Voluntário e, na parte conhecida, rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, para afastar parte das glosas de despesas, nos seguintes termos: (i) No que tange à glosa de despesa nomeada “representação de sócio”, negar provimento ao Recurso, tendo em vista a necessidade de lançamento para imputação da multa de ofício, ressalvando que a verificação da inclusão no parcelamento, para efeito de eliminação de duplicidade deve ser efetuada pela unidade da RFB para tanto competente, não sendo este o foro adequado, nos termos do voto. (ii) Quanto à glosa de despesa nomeada pela fiscalização “serviços prestados por pessoa jurídica”, cancelar as glosas remanescentes justificadas como “não há contrato”, nos termos do voto, mantendo o quanto decidido pela r. Decisão recorrida para as demais glosas. (iii) Não se conhece do Recurso quanto à glosa de custo remanescente, esta no valor de R$ 103.575,61, nomeada “serviços prestados por pessoa jurídica”, porquanto posteriormente incluída pelo contribuinte no parcelamento e objeto de desistência recursal. (iv) Cancelar as glosas de despesas nomeadas pela fiscalização como “passagens”, “hospedagens”, “ônibus, metrô, taxi” e “lanches e refeições”, mantendo nesta parte, apenas a glosa de despesas com telefone, conforme Quadro 05, constante da decisão da Delegacia de Julgamento. (assinado digitalmente) Karem Jureidini Dias – Relatora. Fl. 14DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13899.002449/200348 Acórdão n.º 140100.587 S1C4T1 Fl. 15 15 Fl. 15DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS
score : 1.0
Numero do processo: 10950.004508/2010-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006
GANHO DE CAPITAL. CESSÃO DE DIREITOS. PRECATÓRIO JUDICIAL.
O contribuinte que cede a terceiros o direito de crédito previsto em precatório judicial sujeita-se à tributação do Imposto de Renda sobre o ganho de capital. O valor do crédito cedido não pode ser considerado como custo de aquisição, uma vez que não foi ainda incorporado ao patrimônio do contribuinte para fins de imposto de renda e, como conseqüência, não pode ser considerado como consumido.
Numero da decisão: 2201-003.965
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
EDITADO EM: 16/10/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski - Relatora. EDITADO EM: 16/10/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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CESSÃO DE DIREITOS. PRECATÓRIO JUDICIAL. O contribuinte que cede a terceiros o direito de crédito previsto em precatório judicial sujeitase à tributação do Imposto de Renda sobre o ganho de capital. O valor do crédito cedido não pode ser considerado como custo de aquisição, uma vez que não foi ainda incorporado ao patrimônio do contribuinte para fins de imposto de renda e, como conseqüência, não pode ser considerado como consumido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. EDITADO EM: 16/10/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 00 45 08 /2 01 0- 81 Fl. 160DF CARF MF 2 Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 120/137) apresentado em face do Acórdão nº 0642.634, da 7ª Turma da DRJ/CTA (fls. 106/116), que negou provimento à impugnação do sujeito passivo (fls. 86/100) ao auto de infração (fls. 76/83) pelo qual se exige crédito tributário de R$ 18.947,81 relativo a Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF e acréscimos legais, tendo por base de cálculo ganho de capital auferido na alienação de direitos representados por precatórios judiciais. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 66/75), o sujeito passivo teria auferido ganho de capital na alienação de direitos representados por precatório judicial de servidor do Poder Judiciário do Paraná, que foi negociado mediante escritura pública de cessão parcial de direitos creditórios, lavrada em 09/03/2006. Durante o procedimento, a fiscalização teria verificado que a cessionária pagou ao cedente a importância de R$ 56.977,34, informação diferente da prestada pelo sujeito passivo de que recebeu apenas R$ 25.500,00. Com base no valor comprovadamente recebido pelo cedente, foi lavrado auto de infração de IRPF à alíquota de 15%, com a aplicação de multa de ofício de 75%. A impugnação ao lançamento deu origem ao Acórdão recorrido, que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 GANHO DE CAPITAL. CESSÃO DE DIREITOS. PRECATÓRIOS. FORMA DE APURAÇÃO. CUSTO DE AQUISIÇÃO. A cessão de direitos representados por créditos líquidos e certos contra a Fazenda Pública está sujeita à apuração de ganho de capital, sobre o qual incide imposto de renda, com alíquota de quinze por cento. Na apuração desse ganho, o valor da alienação é o montante recebido pelo cedente e o custo de aquisição é igual a zero, conforme disposto no § 4º do artigo 16 da Lei 7.713/88. O contribuinte tomou ciência dessa decisão em 06/08/2013 (fl. 119) e apresentou tempestivamente seu recurso voluntário em 21/08/2013 (fls. 120/137). Em suas razões de recorrer, alega, em síntese, que: 1. Houve decadência do direito de a fazenda pública constituir o crédito tributário, uma vez que a disponibilidade jurídica teria ocorrido com a expedição do precatório, Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10950.004508/201081 Acórdão n.º 2201003.965 S2C2T1 Fl. 161 3 ou seja, em 26/06/2003, de forma que, pela aplicação da regra do art. 150, § 4º, do CTN, o prazo decadencial teria se esgotado em 26/06/2008, muito antes da constituição do crédito tributário, que ocorreu em 30/04/2010; 2. Também restaria configurado a decadência pela aplicação do art. 173 do CTN, uma vez que, neste caso, o prazo se encerraria em 01/01/2009; 3. Não houve ganho de capital, uma vez que a alienação ocorreu por valor inferior aos direitos ali representados; 4. A previsão legal do §4º do art. 16 da Lei nº 7.713, de 1988, tem caráter excepcional, não sendo razoável a atribuição de valor zero ao custo de aquisição; 5. A hipótese em análise não equivale a compra e venda de precatório, hipótese que ensejaria ganho de capital, mas sim cessão de precatório, em que o recorrente é o credor original; 6. O custo de aquisição é o custo de emissão do título; 7. O valor do precatório cedido tinha natureza indenizatória, já que se encontrava composto por juros moratórios e correção monetária; 8. É ilícita a incidência de IR sobre o montante total das diferenças salariais reconhecidas em sentença judicial e representadas pelo precatório sub examen. Em face do exposto, pede sucessivamente: seja declarada a decadência do crédito tributário exigido neste processo; a anulação do crédito tributário pela inexistência de ganho de capital; que o imposto de renda seja apurado apenas em face do valor do principal; que os valores sejam considerados mês a mês, de acordo com o período a que se referirem. Chegando a este Conselho, o processo compôs lote sorteado em sessão pública a esta Conselheira. É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora O recurso voluntário apresentado preenche os requisitos de admissibilidade e dele conheço. Preliminar Decadência O recorrente inicia sua defesa alegando a decadência do direito de lançar do fisco. Para tanto, estabelece como premissa que o fato gerador do imposto de renda, no caso de precatórios judiciais, ocorre com a emissão desse título. Fl. 162DF CARF MF 4 A premissa estabelecida, entretanto, é equivocada. Isso porque o imposto sobre a renda das pessoas físicas adota como critério temporal para a ocorrência do fato gerador o regime de caixa. Na hipótese em questão, o rendimento que deu origem ao precatório seria decorrente do pagamento de rendimentos por pessoa jurídica, estando sujeito às seguintes normas: Lei nº 8.134, de 1990 Art. 2° O Imposto de Renda das pessoas físicas será devido à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuízo do ajuste estabelecido no art. 11. Art. 3° O Imposto de Renda na Fonte, de que tratam os arts. 7° e 12 da Lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988, incidirá sobre os valores efetivamente pagos no mês. Lei nº 7.713, de 1988 Art. 7º Ficam sujeito à incidência do imposto de renda na fonte, calculado de acordo com o disposto no art. 25 desta Lei: I os rendimentos do trabalho assalariado, pagos ou creditados por pessoas físicas ou jurídicas; II os demais rendimentos percebidos por pessoas físicas, que não estejam sujeitos à tributação exclusiva na fonte, pagos ou creditados por pessoas jurídicas. § 1º O imposto a que se refere este artigo será retido por ocasião de cada pagamento ou crédito e, se houver mais de um pagamento ou crédito, pela mesma fonte pagadora, aplicarseá a alíquota correspondente à soma dos rendimentos pagos ou creditados à pessoa física no mês, a qualquer título. O art. 12 da Lei nº7.713, de 1988, por sua vez, tinha a seguinte redação no período em que ocorreram os fatos em análise: Art. 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. Portanto, carece de amparo legal a alegação de que o fato gerador ocorreu na emissão do precatório. Na verdade, não chegou a ocorrer para o contribuinte o fato gerador relativo aos direitos representados pelo precatório judicial, uma vez que abriu mão deles, ao realizar a cessão para terceiros. Neste caso, a operação de cessão de direitos equivale à alienação a qualquer título a que faz referência o art. 21 da Lei nº 8.981, de 1995. Com efeito, "cessão" é o nome jurídico do contrato pelo qual se dá a transferência de "direitos", caracterizando, por isso, uma das várias formas de alienação. Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10950.004508/201081 Acórdão n.º 2201003.965 S2C2T1 Fl. 162 5 Assim considerado, o fato gerador do imposto de renda apenas ocorreu quando o contribuinte recebeu pela cessão de direitos realizada, fato que teve lugar em março de 2006. Neste caso, considerando que a ciência do auto de infração deuse em 23/08/2010, data bastante anterior ao transcurso do prazo de cinco anos, independentemente da regra aplicável para a determinação de seu dies a quo, seja da ocorrência do fato gerador (31/03/2006), seja do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado, não há que se falar em decadência do direito de lançar. Rejeitada, portanto, a alegação de decadência. Mérito Enfrentando o mérito, o recorrente alega, inicialmente, que não houve ganho de capital, uma vez que a alienação ocorreu por valor inferior aos direitos ali representados. Este raciocínio contém uma falha de que se tratou na análise da decadência. Com efeito, esses direitos ainda não compunham o seu patrimônio declarado, já que dependiam da realização financeira. Ou seja, para que esse prejuízo ocorresse, o contribuinte deveria declarar a totalidade de seu crédito como renda tributável e assim incorporar esses valores ao seu patrimônio. Nesse caso, ao cedêlos, estaria consumindo os, o que justificaria que compusessem o custo de aquisição. Dito de outra forma, não pode haver prejuízo em relação a ganhos ainda não existentes e, para efeitos de Imposto sobre a Renda, esse ganho ainda não existiu. O recorrente alega também que a previsão legal do §4º do art. 16 da Lei nº 7.713, de 1988, tem caráter excepcional, não sendo razoável a atribuição de valor zero ao custo de aquisição. Esta alegação resta prejudicada pelo que se afirmou acima, ou seja, o custo de aquisição implica o consumo de um bem/direito já incorporado ao patrimônio do contribuinte, o que não ocorreu. Dessa forma, contraria a lógica que rege o IRPF que o contribuinte adote como custo algo que não chegou a integrar seu patrimônio. Na hipótese em análise, no máximo poderia demonstrar que incorreu em custos com a ação judicial e esses valores poderiam, a meu ver, serem considerados como custo de aquisição do direito cedido. Afirma ainda o sujeito passivo que a hipótese em análise não equivale a compra e venda de precatório, hipótese que ensejaria ganho de capital, mas sim cessão de precatório, em que o recorrente é o credor original. O ganho de capital é apurado na alienação de bens e direitos de qualquer natureza. A alienação é, em regra, o negócio jurídico pelo qual são transferidos bens corpóreos e a cessão é o negócio jurídico pelo qual são transferidos direitos. Portanto, ao mencionar a alienação de direitos, a legislação só pode estar se referindo ao negócio jurídico "cessão". Em qualquer das hipóteses, o critério a ser adotado para apuração do imposto de renda devido é a apuração do ganho de capital. Fl. 164DF CARF MF 6 Insiste o contribuinte que o custo de aquisição é o valor de emissão do título. Conforme já se afirmou alhures, isso seria verdade se esse valor já tivesse sido declarado e tributado pelo imposto de renda, compondo assim o patrimônio do contribuinte na DIRPF, fato que não ocorreu, não por omissão do contribuinte, mas porque o critério do IRPF é o regime de caixa. As demais alegações, de que o valor do precatório cedido tinha natureza indenizatória, já que se encontrava composto por juros moratórios e correção monetária, e de que é ilícita a incidência de IR sobre o montante total das diferenças salariais reconhecidas em sentença judicial e representadas pelo precatório sub examen também não merecem acolhida. Isso porque ao ceder os direitos representados pelo precatório, o contribuinte abriu mão deles, transferindoos para terceiros. Com efeito, ao ceder seu crédito, o contribuinte deixou de ocupar o pólo ativo da relação obrigacional, que passou a ser ocupado pelo cessionário. Com isso, a este foram transmitidos todos os direitos, inclusive os acessórios. Neste caso, o cedente deixou de ser credor de juros ou correção monetária, bem como de verbas salariais, passando a ser credor do preço pelo qual transferiu seus direitos. Se não é mais credor dessas verbas, não pode invocar sua natureza para fins de tributação. O valor recebido pela cessão efetuada não se confunde com o pagamento do precatório, já que o negócio jurídico que deu origem a ela também não se confunde com os fatos que deram origem ao crédito cedido. Por fim, registrese que o entendimento aqui esposado está em sintonia com a jurisprudência desse colegiado, conforme evidencia a seguinte ementa, do Acórdão 9202 005.322, relatora a Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2007, 2008 PAF PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. DIVERGÊNCIA. CARACTERIZAÇÃO. Para efeito de caracterização de divergência jurisprudencial quanto à tributação da operação de cessão de direitos de precatório, é irrelevante que recorrido e paradigma tratem de ações judiciais de diferentes naturezas, quando o paradigma veicula entendimento genérico, no sentido da desvinculação da operação de cessão, da ação judicial que lhe deu causa. GANHO DE CAPITAL CESSÃO DE DIREITOS PRECATÓRIO JUDICIAL O contribuinte que cede a terceiros o direito de crédito previsto em precatório judicial sujeitase à tributação do Imposto de Renda sobre o ganho de capital, cujo custo de aquisição é zero. Do voto vencedor, de lavra da Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, destacase: Por outro lado, quanto à operação de cessão de direitos de créditos constantes de precatórios, especificamente quanto ao seu custo, o Poder Judiciário já decidiu exatamente no mesmo sentido do presente voto: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO. CESSÃO DE CRÉDITO REQUISITADO EM PRECATÓRIO. BIS IN IDEM. INOCORRÊNCIA. I A cessão do crédito previsto no Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10950.004508/201081 Acórdão n.º 2201003.965 S2C2T1 Fl. 163 7 precatório judicial está sujeita à tributação pelo imposto de renda não por se tratar de rendimento, e sim por haver ganho de capital pelo cedente, a teor do disposto no art. 3º, §3º, da Lei 7.713/88, submetendose, pois, à tributação do Imposto de Renda. II Como consectário lógico, aplicandose a regra inserta no art. 21 da Lei 8.981, de 20 de Janeiro de 1995, deve incidir a alíquota de 15% (quinze por cento) sobre o valor do ganho auferido, em razão da cessão do crédito espelhado no precatório, mesmo quando realizada com deságio. III Em se tratando de direito creditício em perspectiva, o custo de aquisição será zero, nos termos do art. 16, §4º, da Lei 7.713/88, pois não existe preço ou valor anterior de aquisição. De consequência, a tributação terá como base de cálculo o valor efetivamente percebido através da cessão. IV Impendese destacar, ademais, que a cessão de crédito encerra negócio jurídico autônomo, havendo, assim, dois fatos geradores para fins de imposto de renda, a saber: a) a cessão propriamente dita; e b) o pagamento do precatório judicial, oportunidade na qual será o cessionário do crédito tributado, inclusive, na qualidade de responsável por força da aquisição que realizou (art. 131, I, do CTN), pela Fazenda Pública titular do respectivo crédito tributário. Não há que falar, pois, sob tal prisma, em bis in idem. V Agravo de instrumento da UNIÃO FEDERAL a que se dá provimento." (AG 201302010072678, Desembargador Federal THEOPHILO MIGUEL, TRF2 QUARTA TURMA ESPECIALIZADA, V.U., EDJF2R Data:: 11/11/2013) (grifei) Conclusão Com base no exposto, voto por conhecer do recurso voluntário apresentado para, rejeitada a preliminar, no mérito negarlhe provimento. Dione Jesabel Wasilewski Relatora Fl. 166DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13558.000739/2002-37
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jan 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1993
RESTITUIÇÃO DE MULTA DE MORA. PAGAMENTO DEPOIS DO VENCIMENTO. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 360 DO STJ.
Não obstante a discussão gire em torno do caráter punitivo da multa moratória para fins de aplicação da denúncia espontânea, o caso subsume-se ao disposto na Súmula 360 do STJ e no que decidido no Recurso Repetitivo n. 1.149.022, entendendo-se não estar o pagamento de tributo sujeito a lançamento por homologação realizado depois do vencimento submetido ao instituto que permite a exclusão da penalidade.
DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DE PRAZO DECENAL.
A análise do prazo decandecial aplicável ao pedido de restituição restou prejudicada, no presente caso, pela invalidade do crédito pleiteado, perdendo a sua utilidade, o que impede o conhecimento do recurso da contribuinte.
Numero da decisão: 9101-003.278
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte. Votou pelas conclusões o conselheiro André Mendes de Moura.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Daniele Souto Rodrigues Amadio - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra. Ausente, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Adriana Gomes Rêgo.
Nome do relator: DANIELE SOUTO RODRIGUES AMADIO
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DECADÊNCIA. Recorrente CIA PRODUTORA DE ALIMENTOS E FAZENDA NACIONAL Interessado FAZENDA NACIONAL E CIA PRODUTORA DE ALIMENTOS ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1993 RESTITUIÇÃO DE MULTA DE MORA. PAGAMENTO DEPOIS DO VENCIMENTO. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 360 DO STJ. Não obstante a discussão gire em torno do caráter punitivo da multa moratória para fins de aplicação da denúncia espontânea, o caso subsumese ao disposto na Súmula 360 do STJ e no que decidido no Recurso Repetitivo n. 1.149.022, entendendose não estar o pagamento de tributo sujeito a lançamento por homologação realizado depois do vencimento submetido ao instituto que permite a exclusão da penalidade. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DE PRAZO DECENAL. A análise do prazo decandecial aplicável ao pedido de restituição restou prejudicada, no presente caso, pela invalidade do crédito pleiteado, perdendo a sua utilidade, o que impede o conhecimento do recurso da contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte. Votou pelas conclusões o conselheiro André Mendes de Moura. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 55 8. 00 07 39 /2 00 2- 37 Fl. 509DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 3 2 Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra. Ausente, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Adriana Gomes Rêgo. Relatório Tratase de pedido de restituição (Efls. 8 ss.), cumulado com declaração de compensação (Efls. 1 ss.), apresentado em 14.10.2002 para a recuperação de valores recohidos a título de multa moratória, no período de julho de 1993 a janeiro de 1998, considerados indevidos pela contribuinte porque os pagamentos de diferentes tributos que teria realizado fora dos vencimentos acrescidos da penalidade, uma vez que feitos antes de procedimento de fiscalização, deveriam estar acobertados pelo instituto da denúncia espontânea, considerando que a multa moratória teria caráter punitivo, como esclarece no seguinte trecho (Efls. 9 ss.): “1 Atualmente, o Contribuinte que deixar de pagar tributo devido na data de seu vencimento, estará sujeito ao pagamento do valor principal, acrescidos de juros legais calculados pela taxa Selic e multa moratória de 0,33% ao dia, limitado ao máximo de 20%. 2 Ocorre porém que o Artigo 138 do Código Tributário Nacional, no que se refere a multas, faz uma ressalva quanto a imposição da sanção (multa), em se tratando de pagamento espontâneo. 3 É claro e notório que o Artigo 138 referese às multas punitivas, entretanto a atual legislação prevê a imposição de juros (Selic), de forma a repor a perda pelo pagamento fora do vencimento, logo, em conformidade com o Artigo 138, que exclui a imposição da multa, em se tratando de pagamento espontâneo, nos vemos diante de flagrante ilegalidade praticada pelo Poder Administrativo. 4 Desta forma, se o Contribuinte deixar de cumprir seu dever tributário seja quanto ao dever de pagar o tributo no vencimento ou quanto ao dever de fazer sua declaração quanto ao tributo, uma vez descumprido qualquer ato, acarretará a imposição de uma sanção, qual seja, imposição de multa, entretanto, se o contribuinte infrator se antecipa, denunciandose de forma espontânea, seguido do cumprimento de sua obrigação, terá sua responsabilidade elidida, descaracterizando assim, em conformidade com o artigo 138, a imposição de multa. 5 A Contribuinte aqui Requerente, durante longo período, pagou a multa imposta em virtude de pagamentos de tributos fora de seu vencimento, e quando o fez, já integrou ao pagamento a atualização monetária devida sempre de forma espontânea, ou seja, antes de quaisquer atos administrativos concretos de exigência do cumprimento do tributo, portanto incabível a multa, que aqui caracterizase como pagamento indevido. Fl. 510DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 4 3 (…) 18 "Ex positis", é a presente para REQUERER O DEFERIMENTO DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DOS VALORES COMPRO VADAMENTE RECOLHIDOS INDEVIDAMENTE NO PERÍODO DE JULHO DE 1993 A JANEIRO DE 1998, NO VALOR DE R$1.752.242,79 (UM MILHÃO, SETECENTOS E CINQUENTA E DOIS MIL, DUZENTOS E QUARENTA E DOIS REAIS E SETENTA E NOVE CENTAVOS), NOS TERMOS DO ARTIGO2°. DA INSTRUÇÃO NORMATIVA DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DE N. 210, DE 30/09/2002, POR TER RECOLHIDO O TRIBUTO FORA DA DATA DE VENCIMENTO, DE MANEIRA ESPONTÂNEA, DE FORMA ATUALIZADA E COM IMPOSIÇÃO DE MULTA PUNITIVA, TUDO CONFORME ARGUMENTAÇÃO FÁTICA E JURÍDICA NESTA CONTIDA.” Seguindo o Parecer n. 315/2002 (Efls. 119 ss.), o despacho decisório da Delegacia da Receita Federal de Itabuna/BA (Efls. 123 ss.) (i) aplicou o prazo decadencial de cinco anos, afastando a possibilidade de se compensar créditos anteriores a 14.10.1997 e (ii) afastou a denúncia espontânea dos pagamentos realizados depois dos vencimentos por considerar que a multa moratória não teria o caráter punitivo o qual requisitado pelo instituto. Leiase a seguinte passagem que reflete o critério determinante à decisão: “Com efeito, relativamente aos períodos de apuração não abrangidos pelo prazo decadencial em que o contribuinte solicita a restituição das multas recolhidas sob o argumento de que o art. 138 do CTN permite a exclusão das mesmas por se tratar de pagamento espontâneo, melhor sorte, .como se verá, não assiste ao interessado porquanto a multa a que a citada norma legal se' refere é a de natureza punitiva e não a multa moratória cobrada no caso. 11. Dispõe assim o art. 138 do CTN, in verbis: "Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração". 12. Cabe destacar que a denúncia espontânea deve ser acompanhada do pagamento do tributo devido e seus consectários legais, multa de mora e juros de mora, sendo que o contraditório também repousa na resistência intentada pelo contribuinte infundada — de recolher aos cofres públicos a parcela indenizatória representada pela multa de mora 13. É oportuno salientar que a mora referida no caput do artigo 138 do Código Tributário Nacional (CTN) surge conforme disposto no Código Civil – com o inadimplemento da obrigação no prazo fixado para o seu vencimento. Inexistindo pagamento na data aprazada, perfectibilizase a mora e as imposições legais dela decorrentes. Ora, não encontra amparo jurídico a tese sustentada pelo interessado de que a denúncia espontânea da infração fiscal, com o recolhimento do tributo devido, desobriga o contribuinte do pagamento da multa de mora. Na verdade, está o contribuinte dando interpretação equivocada ao disposto no artigo, não podendo, pois, prosperarem os seus argumentos. 14. Com efeito, a todo contribuinte que denunciar, "moto próprio", uma infração à legislação tributária, é dado ver excluída a sua responsabilidade tributária pela infração praticada, com o que terá afastada a aplicação das sanções acaso cabíveis, nos precisos termos do art. 138 do CTN. Isso, contudo, não autoriza a interpretação de que é indevido o pagamento da multa moratória exigida pela Secretaria da Receita Federal, pois a multa de mora não se constitui em penalidade por infração à legislação tributária, não se confundindo, pois, com a multa de Fl. 511DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 5 4 oficio, esta sim revestida de caráter punitivo. 15. Ex vi do exposto, verificada a decadência do direito relativamente à maioria dos recolhirnentos efetuados, além da improcedência de se considerar indevido todos os pagamentos em função da não exclusão da responsabilidade pela denúncia espontânea no que se refere á multa moratória, opino pelo indeferimento da solicitação de fls. 01/05. Por derradeiro, proponho que seja o contribuinte cientificado da não homologação da compensação e intimado a efetuar, no prazo de trinta dias da ciência da intimação, o pagamento dos valores compensados indevidamente.” Em face do referido despacho decisório, a contributinte apresentou impugnação (Efls. 125 ss.), assim resumida pelo relatório do acórdão recorrido (Efls. 285 ss.), o qual ora se aproveita: “Inconformada, a empresa apresentou manifestação de inconformidade à Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador, Bahia, fls. 124/154, trazendo, em apertada síntese, os seguintes argumentos: que o artigo 168, do Código Tributário Nacional, deixa claro que o direito de pleitear a restituição tratada pelos artigos 165, I, extinguese com o decurso de prazo de cinco anos contados da data da extinção do crédito tributário", conforme ensina o tributarista Ives Gandra da Silva Martins em sua obra Comentário ao Código Tributário Nacional, volume 2, páginas 376 e 377 (transcrição de fl. n°. 136); que o lançamento seria prerrogativa exclusiva da administração, e, verdadeiramente um poderdever, e que, para efetuálo, a Fazenda Pública tem um prazo decadencial de cinco anos; que, na omissão no referido tempo, a lei c s'dera homologado o lançamento. ou sela. a Fazenda Pública decai do direito de fisca ,izar e já nada mais pode reclamar sobre o lançamento ficto ocorrido no momento em que a obrigação se tornava exigível, como também não pode mais gerar um lançamento de ofício para a mesma finalidade de constituição, ressalvadas as situações de dolo, simulação ou fraude; que a prescrição apontada na decisão impugnada relativa ao pedido de restituição interposto ainda não teria ocorrido; que firmouse no Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que nas ações em que versem sobre tributos lançados por homologação (art. 150 do CTN), o prazo para restituição é de 10 (dez) anos, ou seja, 05 (cinco) anos decadenciais para a Fazenda efetuar a homologação do lançamento (§ 4°), mais 05 (cinco) anos contados a partir da homologação expressa ou tácita das informações declaradas pelo contribuinte, prazo prescricional, portanto, do direito do contribuinte para reaver tributo pago a maior e/ou indevido (art. 168, I, do CTN); que, tratandose de pagamento sujeito ao lançamento por homologação, para que o Fisco possa exigir o cumprimento da obrigação tributária, necessário se faz que esta esteja lançada, constituindose assim, o crédito tributário, pois o lançamento é constitutivo do crédito tributário declarado na ocasião do fato gerador; que a partir da constituição do crédito tributário, é que se pode falar em prescrição, sendo este o marco divisório temporal entre a decadência e a precrição; que a Fazenda Pública tem o prazo de 05 (cinco) anos para homologar expressamente o lançamento feito pelo contribuinte, sob pena de, não o fazendo, ser tacitamente homologado no quinto e último ano; que somente a partir deste momento, qual seja, da homologação expressa, ou na sua falta, da tácita — na hipótese em que não houve homologação a do prazo de 05 (cinco) anos devidamente constituído pelo expressa, pelo órgão administrativo — inicia a fl para que a Fazenda Pública cobre o cré lançamento; que seria o que se poderia depreender da leitura do parágrafo 4 0 , do artigo 150, Fl. 512DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 6 5 e inciso I, do artigo 173, ambos do Código Tributário Nacional, conforme jurisprudência do STJ; que, se a Fazenda Pública tem o prazo de 05 (cinco) anos para lançar tributo, mais 05 (cinco) anos para cobrar o seu crédito, da mesma forma, assiste também ao contribuinte o direito de ação pelo prazo de 10 (dez) anos, contados retroativamente da data do despacho que determinou a citação fazendária para ocupar o polo passivo da ação; que, se ao contribuinte é dado o direito de ação para discutir pretensos créditos fazendários, lhe assiste então, o direito de buscálo dentro do prazo de 10 (dez) anos, tempo este concedido à Fazenda Pública de proceder ao lançamento do crédito tributário e cobrálo executivamente, pois, assim, estarseia, pelo menos, respeitando o princípio isonômico consagrado pela Constituição Federal de 1988, propiciando o prazo prescricional de 05 (cinco) anos a ambas as partes (Fazenda e contribuinte), contados da homologação do lançamento, ocorrida após 05 (cinco) anos do fato gerador; que a. jurisprudência do STJ tem se manifestado no sentido de que o prazo prescricional, nos casos de tributo objeto de lançamento por homologação, começa após o transcurso do prazo de cinco anos, contados da ocorrência do fato gerador, acrescido .de mais cinco anos contados daquela data. em que se. cie.; homologação tácita; que, ademais, o artigo 45, inciso I, da Lei n° 8.212/91 autoriza cobrar contribuições atrasadas no período de 10 (dez) anos; que, se é possível cobrar créditos correspondentes aos últimos dez anos, também pode o contribuinte pleitear a restituição ou compensação em igual período, sob pena de inarredável ofensa ao princípio da isonomia, consagrado no artigo 5° da Carta Magna; que :a própria Administração Fazendária pacificou a questão em reiteradas de diversas Câmaras do Conselho cientrihnintes do Ministério da Fazenda entendendo que não havendo lançamento anterior, a prescrição ocorre somente após 10 anos contados da data do pagamento, ou seja, são cinco anos de prazo decadencial para que o Fisco efetue seu lançamento, mais cinco anos para que o contribuinte reclame seu crédito, compensandoo ou dele se restituindo; que, ante a vasta jurisprudência existente e aquelas ali expostas, restaria claro que os pagamentos indevidos, que gerou o crédito pleiteado, não se encontrariam prescritos; que a Nota n° 577 do Ministério da Fazenda, Secretaria da Receita Federal e Coordenação do Sistema de Tributação, de 24 de agosto de 2000, referente a tributos e contribuições federais, decadência e termo inicial, com o fito de impedir a geração de controvérsias sobre o termo inicial para contagem do prazo decadencial a que se refere o artigo 173, do Código Tributário Nacional, concluiu que para as contribuições sociais, inclusive contribuição sobre o lucro líquido e contribuições para o Pis/Pasep, o prazo decadencial será de 10 anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído, em plena consonância com o artigo 45, da Lei n° 8.212, de 24/07/91, já mencionado; que o entendimento de que o seu crédito "encontrase prescrito por considerarse como marco inicial a data do pagamento do tributo indevidamente pago a maior", desconsiderando o que dispõe o § 40 do art. 150 do CTN, seria totalmente equivocado, devendo ser considerado COIMO ponto de partida do. prazo prescricionai a data da homologação do lançamento da Autoridade Fazendária, pois seria cediço que a data do pagamento do tributo é o inicio da contagem do prazo decadencial para que a Fazenda efetue o lançamento; que, diante dos fundamentos narrados, deveria ser afastada a prescrição apontada, reformandose a decisão do parecer impugnado; que, no tocante ao mérito, entendia que ao efetuar o pagamento, mesmo com Fl. 513DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 7 6 atraso, antes de qualquer procedimento da administração tendente a cobrança da obrigação, fazendoo de forma atualizada, enqua(drI rsesia perfeitamente nos preceitos do artigo 138, do CTN, devendo beneficiars da enção da multa, posto que esta é meramente punitive. que a aplicação da taxa Seno sobre o tributo em atraso corrigiria monetariamente as diferenças inflacionárias havidas, agregando a taxa de juros oficial para os tributos federais; que tal atualização se presta para compensar o Fisco pelo custo financeiro em razão do tempo em que o valor do tributo devido ao Fisco permaneceu em poder do Contribuinte, e, desta forma, a multa imposta não teria natureza moratória, como afirmado no Despacho Decisório, mas sim punitiva, posto que a mora já seria coberta pela atualização imposta pela taxa Selic; que,' ao fazer incidir tanto a atualização do valor pela Selic (que agrega juros e correção monetária) como a multa, teriase a reparação em duplicidade; que o STJ já teria pacificado a matéria, determinando que a diferença entre os termos 'multa moratória' e 'Multa punitiva' seria pertinente apenas à doutrina para fins didáticos, não fazendo o Código Tributário, ou a legislação ordinária, qualquer distinção entre os termos, de forma que todas as multas teriam caráter punitivo; que, durante longo período, pagou a multa imposta em virtude de pagamentos de obrigações tributárias fora de seus vencimentos, e quando o fez, integrou ao, pagamento a atualização monetária devida, sendo certo que procedeu assim antes de quaiquer.ato administrativo concreto de exigõricia do pagameniu parte da Administração, . portanto incabível a multa, caracterizando assim o pagamento indevido pleiteado; que, atualmente, o Conselho de Contribuintes já teria firmado posicionamento quanto a questão ali abordada, no sentido de que o CTN não distingue entre multa punitiva e multa moratória, sendo que seriam inexigíveis no caso de denúncia espontânea, por força do artigo 138, do CTN; que a multa de ofício, também chamada de multa isolada, por vezes imposta pela Administração Pública quando o rec»:11nento do tributo fora do vencimento não comporta multa moratória, também j e foi Ocidida pelo Conselho de Contribuintes./ entendimento não merece prosperar, haja vista de pluiiitijn peio `Superio;” Na sequência, anotase a presença de um despacho (Efls. 185 ss.) registrando que “os débitos informados na declaração de compensação foram confessados na DCTF (fls. 183/184).” (grifos nossos) Em 10 de novembro de 2004, em razão de incorporação, a interessada requereu a substituição do polo ativo para a inclusão da NESTLÉ BRASIL LTDA (Efls. 186 ss.) Passo seguinte, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador (Efls. 225 ss.), com o acórdão n. 1510.970, indeferiu a solicitação, pelas razões sintetizadas em sua ementa: “RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. DIREITO. O direito de pleitear a restituição do indébito tributário decai após 5 (cinco) anos da data da extinção do crédito tributário, a qual, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, iniciase no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1° do art. 150, do Código Tributário Nacional. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. ESFERA ADMINISTRATIVA. COMPETÊNCIA. Incabível a argüi..o de violação a principio constitucional na esfera administrativa Fl. 514DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 8 7 visando afastar a aplicação de legislação tributária validamente inserida no ordenamento jurídico pátrio, por transbordar os limites de competência desta esfera, o exame da matéria do ponto de vista constitucional. Com relação à questão da denúncia espontânea, transcrevese o que há na decisão acerca do tema: “No que diz respeito ao mérito da questão — o afastamento da multa de mora pela aplicação do artigo 138, do CTN —, matéria apreciada em relação aos valores recolhidos não alcançados pelo prazo decadencial, compreendendo o período de 15/10/1997 a 28/11/1998, constatase que a referida multa moratória recolhida pela Interessada estava prevista no artigo 59, da Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991 e no artigo 60, da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, como segue: da Lei n° 8.383, de 1991: Das Multas e dos Juros de Mora Art. 59. Os tributos e contribuições administrados pelo Departamento da Receita Federal, que não forem pagos até a data do vencimento, ficarão sujeitos à multa de mora de vinte por cento e a juros de mora de um por cento ao mêscalendário ou fração, calculados sobre o valor do tributo ou contribuição corrigido monetariamente. § I° A multa de mora será reduzida a dez por cento, quando o débito for pago até o último dia útil do mês subseqüente ao do vencimento. § 2° A multa incidirá a partir do primeiro dia após o vencimento do débito; os juros, a partir do primeiro dia do mês subseqüente. – da Lei n° 9.430, de 1996: Acréscimos Moratórios Multas e Juros Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1° de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação especifica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de. trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1 0 A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o sS 3° do art. 5°, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Obs.: os destaques não constam nos originais. 28. Tratase em verdade de obrigação legal, oriunda de norma regularmente inserida no ordenamento jurídico pátrio, que para ter sua aplicação afastada como assim deseja a Interessada, teria que haver a declaração de sua inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, no controle concentrado, ou, pelos juízes e tribunais inferiores, no controle difuso (artigos 97 e 102, da Constituição Federal), o que, não é aqui demonstrado, uma vez que, conforme já aqui visto, ela não é parte nos arrestos aqui trazidos e, por isso, não pode usufruir dos seus efeitos, conseqüentemente, não se pode aqui afastar a aplicação das referidas leis, sob pena de responsabilidade funcional (art. 141, do CTN), uma vez que vige no direito tributário o princípio da legalidade estrita o que impede à Autoridade Administrativa de agir contrariamente aos ditames legais, conforme já explicitado neste voto nos itens 22 a 26, precedentes, aos quais me reporto. 29. Dessa forma, VOTO para indeferir a solicitação objeto da Manifestação de Fl. 515DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 9 8 Inconformidade de fls. n os. 125 a 154, e negar o Pedido de Restituição no valor de R$ 1.757.029,68 (um milhão, setecentos e cinqüenta e sete mil, vinte e nove reais e sessenta e oito centavos), não homologando a Declaração de Compensação que lhe acompanha.” Inconformada com a referida decisão, a contribuinte interpôs recurso voluntário (Efls. 242 ss.), renovando as razões anteriormente postas, com destaque para os pontos da inocorrência de prescrição ou decadência e exclusão da multa moratória nos pagamentos espontâneos efetuados fora do vencimento legal, por força do art. 138 do Código Tributário Nacional, pleito este parcialmente acatado pela turma a quo. Com o acórdão n. 10516.353 (Efls. 285 ss.), decidiuse que se deveria aplicar o prazo quinquenal, mas se reconheceu a possibilidade de se reaver os valores pagos a título de multa moratória, devido ao seu caráter punitivo, acobertado pelo instituto da denúncia espontânea. Leiase a sua ementa: “IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ EXERCÍCIOS: 1994, 1995, 1996, 1997, 1998 e 1999 — PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DECADÊNCIA – O prazo para que o contribuinte possa pleitear a restituição de valores pagos indevidamente ou a maior que o devido extinguese após o transcurso do prazo cinco anos contados da extinção do crédito tributário, e, diante do disposto no artigo 30 da Lei Complementar n° 118, de 2005, para efeito de interpretação do inciso I do artigo 168 do Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso detributo sujeito à lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado previsto no parágrafo primeiro do art. 150 do mesmo diploma. DENÚNCIA ESPONTÂNEA MULTA DE MORA REPETIÇÃO DO INDÉBITO O instituto da denúncia espontânea previsto no art. 138 do Código Tributário Nacional afasta a aplicação da multa de mora na hipótese de recolhimento de tributo em atraso, desde que acompanhado dos juros moratórios e realizado antes de iniciado procedimento fiscal (CSRF/0103.720). Pagamentos realizados nestas condições são passíveis de restituição, observado o prazo prescricionrld cinco (5) anos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do recurso voluntário interposto por COMPANHIA PRODUTORA DE ALIMENTOS (INCORPORADA POR NESTLÉ BRASIL LTDA.) ACORDAM os Membros da QUINTA CÂMARA do PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES por maioria de votos, REJEITAR a preliminar de tempestividade do pedido de restituição conforme decidido pela primeira instância, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido o Conselheiro Eduardo da Rocha Schmidt e, no mérito, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso nos períodos não alcançados pela prescrição. Vencidos os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães (Relator) e Luís Alberto Bacelar Vidal. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Irineu Bianchi.” Na parte que lhe fora desfavorável, a Fazenda Nacional então interpôs recurso especial (Efls. 308 ss.), por contrarieda à lei, sustentando violação ao artigo 61 da Lei n. 9430/96, requerendo a reforma da decisão recorrida para obstar a repetição do indébito relativo aos recolhimentos de multa de mora ocorridos a partir de 14/10/1997, por considerar que “a multa moratória tem caráter punitivo e ressarcimento, de tal modo que a inexistência Fl. 516DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 10 9 de caráter de penalidade da multa moratória — de acordo com o art. 61 da Lei 9.430/96 — obsta o efeito da denúncia espontânea e impede a pretendida restituição”. O recurso foi recepcionado por despacho de admissibilidade (Efls. 314 ss.) e foram oferecidas contrarrazões (Efls. 328 ss.). Por sua vez, a contribuinte interpôs recurso especial (Efls. 352 ss.), pugnando pela aplicação da contagem decenal do prazo decadencial no caso de tributos sujeito a lançamento por homologação, apresentando os acórdãos n. 20213.360 e 10808407 como paradigmas da divergência sustentada. O recurso também foi recepcionado por despacho de admissibilidade (E fls. 398 ss.), com ciência da PGFN sem a apresentação de contrarrazões (Efls. 405). Passase, assim, à apreciação dos recursos. Voto Conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio Relatora CONHECIMENTO O conhecimento do Recurso Especial condicionase ao preenchimento de requisitos enumerados pelo artigo 67 do Regimento Interno deste Conselho, que exigem analiticamente a demonstração, no prazo regulamentar do recurso de 15 dias, de (1) existência de interpretação divergente dada à legislação tributária por diferentes câmaras, turma de câmaras, turma especial ou a própria CSRF; (2) legislação interpretada de forma divergente; (3) prequestionamento da matéria, com indicação precisa das peças processuais; (4) duas decisões divergentes por matéria, sendo considerados apenas os dois primeiros paradigmas no caso de apresentação de um número maior, descartandose os demais; (5) pontos específicos dos paradigmas que divirjam daqueles presentes no acórdão recorrido; além da (6) juntada de cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas, da publicação em que tenha sido divulgado ou de publicação de até 2 ementas, impressas diretamente do sítio do CARF ou do Diário Oficial da União quando retirados da internet, podendo tais ementas, alternativamente, serem reproduzidas no corpo do recurso, desde que na sua integralidade. Observase que a norma ainda determina a imprestabilidade do acórdão utilizado como paradigma que, na data da admissibilidade do recurso especial, contrarie (1) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal (art. 103A da Constituição Federal); (2) Fl. 517DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 11 10 decisão judicial transitada em julgado (arts. 543B e 543C do Código de Processo Civil; e (3) Súmula ou Resolução do Pleno do CARF. Voltandose então ao caso sob exame, analisandose nesta oportunidade somente o recurso interposto pela Fazenda Nacional, pelas razões que se obsevará ao final do voto, consideramse preenchidos tais requisitos, nos termos dos despachos de admissibilidade, razão pela qual se VOTA POR CONHECÊLO. MÉRITO Passandose ao mérito, objetivamente, com relação ao recurso da Fazenda Nacional, observase que se sustentou a violação ao artigo 61 da Lei n. 9430/96, requerendo a reforma da decisão recorrida para obstar a repetição do indébito relativo aos recolhimentos de multa de mora ocorridos a partir de 14/10/1997, por considerar não possuir caráter punitivo, impedindo os efeitos da denúncia espontânea e, portanto, a pretendida restituição. Isso porque, o voto vencedor do acórdão recorrido, quanto a esta matéria, girou em torno da qualificação da multa moratoria como punitiva, posicionandose afirmativamente, como se lê do trecho a seguir: “Voto Vencedor Conselheiro IRINEU BIANCHI. Redator Designado A Câmara, acompanhando o voto do ilustre relator, reconheceu o direito da recorrente de repetir o indébito no prazo de cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário, rejeitando, portanto, a tese dos "cinco mais cinco". Contudo, em relação ao pedido de restituição concernente às multas moratórias, a convicção do ilustre relator é no sentido de que as mesmas sempre são devidas quando decorrentes de pagamento de tributos em atraso, e via de conseqüencia, negou provimento ao recurso. Tenho posicionamento diverso. Explico: É induvidoso que a recorrente efetuou o recolhimentos fora dos respectivos prazos, mas antes de qualquer ação fiscal, o que não lhe é defeso, antes, tratase de permissão legal denominada denúncia espontânea, ex vi do art. 138 do CTN. Peia denúncia espontânea da infração, criada com a fina!idad .:: de. estimular o contribuinte ao cumprimento voluntário de suas obrigações, o mesmo pagará o montante do tributo devido, acrescido de juros de mora, tendo excluída sua responsabilidade por infrações. Da leitura do referido dispositivo legai, inferese o reconhecimento da remissão do contribuinte que, apesar de se encontrar em atraso, denuncia espontaneamente as faltas que tenha incorrido junto ao fisco, isentandoo de sofrer quaisquer penalidades. Ou seja, desde que o contribuinte tenha a iniciativa de cumprir seus deveres tributários, goza de exclusão da resporysatRilidade por infrações, e, por Assim, havendo espontaneidade, não deve haver penalidade, mas apenas juros moratórios e correção monetária. Nesse passo, cumpre frisar que a multa moratória não se reveste de caráter indenizatório. Sua natureza é exclusivamente punitiva e não de ressarcimento, como Fl. 518DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 12 11 faz parecer o seu rótulo. O ressarcimento do Estado, em razão da mora do devedor pelo tribute não recolhido na devida data, é função dos juros de mora. A esse respeito LÚCIA DO VALE FIGUEIREDO assevera: Realmente, não se pode afirmar, data venia dos que pensam em contrário, que a multa moratória não seja sanção. Se não se entendêla como sanção, os juros devidos (esses, sim, constituemse em autêntica compensação pela mora), seriam bis in idem, situação repelida pelo direito (in RDDT, vol. 63, p. 105). À multa fiscal resta somente a função de punição, independentemente de ser denominada punitiva ou moratória. Esse é, inclusive, o entendimento do Ministro Cordeiro Guerra, manifestado no julgamento do Recurso Extraordinário n° 79.635 (STF — pleno — DJ de 16.6.76), confirmado pela sua atual jurisprudência: A denúncia espontânea da infração exclui o pagamento de qualquer penalidade, tenha ela a denominação de multa moratória ou multa punitiva — que são a mesma coisa , sendo devidos, no entanto, juros de mora, que não possuem caráter punitivo, constituindo mera indenização • decorrente • do pagamento fora do prazo, ou seja, da mora, como aliás consta expressamente do citado artigo 138 do CTN (...) (Ac. un. Da 2a Turma do TRF da 4a Região — MAS 96.04.284479/RS — Rel. Juiza Tania Escobar, j. 27.02.97 — DJU 20.04.97). Daí, é licito concluir que, se a denúncia espontânea é realizada pelo contribuinte, antes de qualquer procedimento fiscal, não há que se falar em pagamento de multa moratória. O Conselho de Contribuintes já se manifestou no sentido de que a multa de mora não é devida quando houver denúncia espontânea da infração pelo próprio contribuinte, que paga a sua dívida fiscal sem qu‘l à1 er ingerência do Erário, DENÚNCIA ESPONTÂNEA — MULTA DE MORA — O instituto da denúncia espontânea previsto no art. 138 do Código Tributário Nacional afasta a aplicação da multa de mora na hipótese de recolhimento de tributo em atraso, desde que acompanhado dos juros moratórios e realizado antes de iniciado procedimento fiscal (CSRF/0103.720). A jurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, também é pacífica neste sentido: Tributário. ICM. Denúncia espontânea. lnexigibilidade da multa de mora. O Código Tributário Nacional não distingue entre multa punitiva e multa simplesmente moratória; no respectivo sistema, a multa moratória constitui penalidade resultante de infração legal, sendo inexigível no caso de denúncia espontânea, por força do art. 138. Recurso Especial conhecido e provido (2a Turma do STF — Recurso Especial n° 16.672 — São Paulo — j. 05.02.96). Portanto, não sendo exigível o pagamento da multa de mora nos casos de denúncia espontânea, exsurge legitimo o direito da recorrente em pleitear a restituição dos valores pagos em tais condições, respeitado o prazo prescricional de cinco (5) anos. Em face do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito da recorrente em repetir o indébito relativo aos recolhimentos a título de multa de mora ocorridos a partir de 14 de outubro de 1997.” Ocorre que, não obstante o enfoque que a discussão assumiu nos presentes autos, a questão subsumese ao teor da Súmula 360 do STJ e também ao que decidido no Recurso Especial n. 1.149.022SP, julgado sobre a sistemática repetitiva do artigo 543C, do Código de Processo Civil, segundo os quais não configura denúncia espontânea o pagamento de tributo a destempo quando, sujeito a lançamento por homologação, é declarado pelo contribuinte, nos seguintes termos: Fl. 519DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 13 12 “SÚMULA N. 360 STJ O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo . Rel. Min. Eliana Calmon, em 27/8/2008.” “RECURSO ESPECIAL Nº 1.149.022 SP (2009/01341424) RELATOR MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE BANCO PECÚNIA S/A ADVOGADO SERGIO FARINA FILHO E OUTRO (S) RECORRIDO UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) PROCURADOR PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇAO. DECLARAÇAO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇAO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇAO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSAO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte , após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente . 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento , à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) ( Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC : REsp 886.462/RS , Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS , Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" ( REsp 850.423/SP , Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN . 5. In casu , consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Juridica e Contribuição Social sobre o Lucro, ano base 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, Fl. 520DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 14 13 pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine . 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte . 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Voltandose ao caso concreto, observase nos autos que o contribuinte aduz reiteradamente que recolheu tributos sujeitos a lançamento por homologação posteriormente ao seu vencimento, acrescendo a multa moratória, que depois considerou indevida porque alcançada pelo instituto da denúncia espontânea, pretendendo então a sua restituição. Não foi demonstrada qualquer causa que fizesse incidir a exceção autorizada pelo recurso repetitivo, como na situação de retificação do valor declarado. Por essa razão, entendese invalidado o crédito pleiteado pela contribuinte, uma vez que, conforme a Súmula 360 do STJ e o Recurso Especial n. 1.149.022SP, não resta configurado o pagamento a maior sustentado, haja vista que considerada devida a multa moratória, descoberta pela denúncia espontânea. Assim se julgando o recurso da Fazenda Nacional, resta prejudicado, pois, o julgamento do recurso do contribuinte, uma vez que perde a sua utilidade a ampliação do prazo decadencial, conquanto invalidado o crédito em si, motivo pelo qual não se pode sequer conhecêlo. Assim sendo, votase por DAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional e NÃO CONHECER o Recurso da contribuinte. (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio Fl. 521DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 15 14 Fl. 522DF CARF MF
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