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Numero do processo: 16682.722216/2017-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Nov 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jan 08 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA (IRPJ)
Ano-calendário: 2012
CONTRATO DE CONCESSÃO. INDENIZAÇÃO. REVERSÃO DE BENS. MP Nº 579/2012 (Lei nº 12.783/2013). INCIDÊNCIA. GANHO DE CAPITAL.
Os resultados positivos apurados, decorrentes de indenização por reversão de bens, recebida em razão de prorrogação por aditamento de contrato de concessão, nos termos da MP nº 579/2012, convertida na Lei nº 12.783/2013, constituem ganho de capital e devem compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica.Tal reversão de bens mediante indenização não se confunde com a desapropriação, procedimento formal e típico, não se aplicando à espécie a hipótese de diferimento prevista no art. 31, § 4º, do Decreto-Lei nº 1.598, de 1977.
MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFÍCIO, POSSIBILIDADE.
A multa isolada pune o contribuinte que não observa a obrigação legal de antecipar o tributo sobre a base estimada ou levantar o balanço de suspensão, ou seja, conduta diversa daquela punível com a multa de ofício proporcional, a qual é devida pela ofensa ao direito subjetivo de crédito da Fazenda Nacional.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO (CSLL)
null
A exigência decorrente deve seguir a orientação decisória adotada para o tributo principal tendo em vista ser fundada nos mesmos fatos. Improvido o recurso voluntário em relação ao IRPJ, igual tratamento deve ser dado à CSLL
Numero da decisão: 1402-004.214
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado,i) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário para manter os lançamentos de IRPJ e de CSLL referentes à infração "exclusões não autorizadas"; ii) por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário em relação aos lançamentos de multa isolada de IRPJ e de CSLL, vencidos os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paula Santos de Abreu, que davam provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Evandro Correa Dias, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Murillo Lo Visco, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paula Santos de Abreu e Paulo Mateus Ciccone (Presidente).
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA (IRPJ) Ano-calendário: 2012 CONTRATO DE CONCESSÃO. INDENIZAÇÃO. REVERSÃO DE BENS. MP Nº 579/2012 (Lei nº 12.783/2013). INCIDÊNCIA. GANHO DE CAPITAL. Os resultados positivos apurados, decorrentes de indenização por reversão de bens, recebida em razão de prorrogação por aditamento de contrato de concessão, nos termos da MP nº 579/2012, convertida na Lei nº 12.783/2013, constituem ganho de capital e devem compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica.Tal reversão de bens mediante indenização não se confunde com a desapropriação, procedimento formal e típico, não se aplicando à espécie a hipótese de diferimento prevista no art. 31, § 4º, do Decreto-Lei nº 1.598, de 1977. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFÍCIO, POSSIBILIDADE. 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Acordam os membros do colegiado,i) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário para manter os lançamentos de IRPJ e de CSLL referentes à AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 22 16 /2 01 7- 94 Fl. 1036DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 infração "exclusões não autorizadas"; ii) por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário em relação aos lançamentos de multa isolada de IRPJ e de CSLL, vencidos os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paula Santos de Abreu, que davam provimento. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Evandro Correa Dias, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Murillo Lo Visco, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paula Santos de Abreu e Paulo Mateus Ciccone (Presidente). Fl. 1037DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 Relatório Trata-se de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte acima qualificada em face de decisão exarada pela 5ª Turma da DRJ/REC em sessão de 12 de junho de 2018 (fls. 893/912)1, que julgou improcedente a impugnação apresentada perante aquele Colegiado de 1º Piso, mantendo os lançamentos de IRPJ/CSLL e Multa Isolada perpetrados pelo Fisco, cuja infração foi assim descrita no AI de IRPJ (fls. 682/687), sendo que o de CSLL tem a mesma conformação (fls. 689/695): DA ACUSAÇÃO FISCAL Segundo descrição do TVF (fls. 647/677) com seus anexos (fls. 679/680), a infração estaria assim delimitada: “Por meio do item 3 do Termo de Intimação Fiscal No 03, datado de 11/01/2017, intimou-se Furnas a apresentar a documentação comprobatória das exclusões constantes na planilha intitulada “DOC_1_APURACAO_IRPJ_CSLL_2012”, apresentada em resposta ao Termo de Intimação Fiscal - TIF no 02 em 21/10/2016, correspondentes ao montante de R$ 1.259.459.405,05, informado na linha 87 da Ficha 9A (Outras Exclusões) da DIPJ 2013/2012. Em sua resposta Furnas informou que neste valor estavam inclusos R$ 908.298.292,12, referentes a “Ganho na Baixa RBNI Contrato 062 (Lei 12.783)”, prestando os seguintes esclarecimentos para justificar a exclusão: “Respostas ao Item 1: (...) Em 11 de setembro de 2011, o Governo Federal emitiu a Medida Provisória no 579, convertida na Lei 12.783, de 11 de janeiro de 1 A numeração referida das fls., quando não houver indicação contrária, é sempre a digital Fl. 1038DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 2013, na qual determinou que as concessões de geração hidrelétrica alcançadas pelo art. 19 da Lei no 9.074, de 7 de julho de 1995, poderão ser prorrogadas, a critério do Poder Concedente, uma única vez, pelo prazo de até 30 anos. Por meio da aludida Lei, as concessões de energia elétrica, tratadas nos artigos 17, § 5º, 19 e 22 da Lei no 9.074, de 7 de julho de 1995, cujos prazos de vencimento ocorreriam a partir de 2015, foram prorrogadas por mais 30 anos, conforme condições estabelecidas na referida Lei e nos referidos aditivos aos Contratos de Concessão. A prorrogação considerou a antecipação do vencimento dessas concessões e assinatura de Termos Aditivos aos respectivos Contratos de Concessão com o Poder Concedente estabelecendo novas condições e pressupôs a aceitação expressa dos critérios de remuneração, alocação da energia e padrões de qualidade, constantes da Lei, estando ainda prevista a indenização dos ativos ainda não amortizados ou depreciados com base no valor novo de reposição (VNR). Desta forma, Furnas aceitou as condições de renovação antecipada das concessões previstas na legislação citada acima, assinando em dezembro de 2012, os contratos de prorrogação das concessões afetadas, passando todos os bens vinculados ao respectivo contrato para a União, sob a administração da Empresa. (...) Respostas ao Item 3: (...) Em 1º de novembro de 2012, o Ministério das Minas e Energia (MME) e o Ministério da Fazenda emitiram a Portaria Interministerial no 580, que fixaram os valores das indenizações dos ativos de geração e transmissão afetados pela Lei no 12.783/2013. A Aneel, através da Resolução Normativa no 596 de 19 de dezembro de 2013, estabeleceu regras para o cálculo das indenizações dos bens reversíveis ainda não depreciados ou amortizados, no âmbito da Lei no 12.783/2013. Furnas foi indenizada pelo governo no valor de R$ 2.878.027.799,89. A documentação que suporta esse registro foi a Portaria nº 580 do MME (DOC_2_A_6_1_PORT_580_MME_MF_INDENIZACAO_RBNI), que eu seu Anexo II, definiu o valor a ser indenizado a Furnas relativo aos ativos de transmissão RBNI, no montante de R$ 2.878.027.799,89. Para se chegar ao saldo líquido da operação, deve-se considerar o custo líquido patrimonial dos ativos de transmissão (montante de perdas RBNI) no montante de R$ 1.969.729.517,77 (ver informação descrita no item 1 desta TIF). Fl. 1039DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 Abaixo, o resultado da operação entre os ativos de transmissão existentes na época e a indenização correspondente: Ativo de Transmissão – RBNI R$ 1.969.729.517,77 Indenização RBNI (R$ 2.878.027.799,89) Efeito na DRE (R$ 908.298.292,12) A indenização dos ativos não amortizados ou depreciados paga as empresas que optaram por renovar as suas concessões, impostas pelo poder público, no âmbito da Lei nº 12.783/2013 constitui mera recomposição patrimonial por desapropriação (reversão), ou seja, não constitui renda tampouco acréscimo ao patrimônio. A documentação que suporta o valor indenizado pelo Governo, é o DOC_2_A_6_2_EXCLUSOES_L87_F09A_INDENIZACAO_RBNI.” (grifei). Entretanto, este não é o entendimento encampado pela Fiscalização da RFB, como veremos adiante. É importante ressaltar que a Coordenação Geral de Tributação – COSIT da RFB, após se debruçar sobre esta matéria, manifestou, por meio da Nota Técnica nº 3, de 5 de fevereiro de 2013, abrangentes e imprescindíveis considerações, que, dada a relevância para o caso em tela, são reproduzidas a seguir: Nota Técnica no 3 – Cosit: “Foi encaminhada a esta Coordenação-Geral de Tributação (Cosit), da Subsecretaria de Tributação e Contencioso (Sutri), da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), para análise, a Nota nº 78/2013/COAPI/SUPOF/STN/MF-DF, da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), no bojo da qual foi elaborado um breve histórico sobre as indenizações relativas a bens reversíveis não amortizados ou não depreciados ao tempo da reformulação das concessões de geração e de distribuição de energia elétrica promovida pela Medida Provisória nº 579, de 11 de setembro de 2012, convertida na Lei nº 12.783, de 11 de janeiro de 2013. 2. Informa-se na referida Nota que ocorreram reuniões no Ministério da Fazenda, envolvendo representantes da Secretaria do Tesouro Nacional, da Secretaria de Acompanhamento Econômico, da Secretaria da Receita Federal, do Ministério de Minas e Energia (MME), da Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com o objetivo de alinhar os entendimentos acerca das questões envolvendo essas indenizações. Todavia, informa-se, ainda, que não houve o almejado consenso acerca da matéria. 3. Por fim, a STN assevera considerar oportuno que o Ministério da Fazenda se posicione publicamente e adequado que seja editado um dispositivo legal que elucide a questão, evitando-se, assim, futuros Fl. 1040DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 questionamentos judiciais. Ademais, afirma não se opor à edição de ato legal, recomendando que, dada sua competência institucional, a RFB elabore uma proposta para definir o tratamento tributário das indenizações em referência. 4. Neste contexto, cuida esta Nota Técnica de analisar as repercussões tributárias decorrentes do pagamento, pelo poder concedente, das indenizações relativas a bens reversíveis das concessionárias do setor elétrico não amortizados ou não depreciados instituídas pela Medida Provisória nº 579, de 11 de setembro de 2012, convertida na Lei nº 12.783, de 11 de janeiro de 2013. 5. Nos termos do item 6 da Exposição de Motivos da Medida Provisória nº 579, de 2012, EM Interministerial nº 37 MME/MF/AGU, por meio da citada norma instituiu-se “a faculdade de a União prorrogar as concessões vincendas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica pelo prazo máximo de até 30 (trinta) anos e as concessões de geração de energia termelétrica pelo prazo máximo de até 20 (vinte) anos, por uma única vez, desde que as atuais concessionárias aceitem as novas condições específicas relativas à observância do princípio da modicidade tarifária e à garantia da continuidade do suprimento de energia elétrica ao país”. 6. O Decreto nº 7.805, de 14 de setembro de 2012, que regulamentou a Medida Provisória em comento, antecipou o termo final das concessões que menciona, condicionando a prorrogação de tais concessões à aceitação, por parte das concessionárias, de novas regras a serem fixadas contratualmente. 7. Neste contexto, duas situações ocorreram: a) parte das concessionárias aceitou as novas regras e celebrou com o Poder Concedente contrato de prorrogação das concessões; b) parte das concessionárias não aceitou as novas regras, havendo a rescisão do contrato de concessão anteriormente fixado. 8. A antecipação do termo final dos contratos de concessão inicialmente celebrados, seguida de prorrogação ou rescisão contratual, fez restar para muitas concessionárias, ao tempo da antecipação, investimentos em bens reversíveis ainda não amortizados ou não depreciados. 9. Em razão disso, o § 2º do art. 8º e o § 2º do art. 15 da mencionada Medida Provisória nº 579, de 2012 (atuais § 2º do art. 8º e § 2º do art. 15 da Lei nº 12.783, de 2013), permitiram ao Poder Concedente pagar às concessionárias indenização correspondente a tais investimentos. 10. Posteriormente, a Portaria Interministerial nº 580/MME/MF, de 1º de novembro de 2012, fixou os valores das indenizações a serem pagas a diversas concessionárias de geração e de transmissão de energia elétrica, sendo tal Portaria embasada nos seguintes Fl. 1041DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 documentos: (i) Nota Técnica nº 396/2012-SRE da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 31 de outubro de 2012; (ii) Nota Técnica nº 388/2012-SRE da Aneel, de 25 de outubro de 2012; (iii) Cálculo do Valor Novo de Reposição - VNR de Empreendimentos de Geração de Energia Elétrica, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), de 22 de outubro de 2012; (iv) Nota Técnica nº 062/2012-ASSEC/GM-MME, do Ministério de Minas e Energia (MME); (v) Nota Técnica nº 063/2012-ASSEC/GM-MME, do MME; (vi) Nota nº 872/2012/COAPI/SUPOF/STN/MF-DF, da Secretaria do Tesouro Nacional (STN). 11. Após este relato, pode-se analisar a natureza jurídica das indenizações em referência e as repercussões tributárias decorrentes de seu pagamento. Da reversão de bens aplicados à prestação delegada de serviços públicos 12. Conforme salienta festejada doutrina jurídica administrativista, “a reversão é a passagem ao poder concedente dos bens do concessionário aplicados ao serviço, uma vez extinta a concessão” . 13. Os bens reversíveis, via de regra, são aqueles intrinsecamente relacionados com a prestação do serviço público, sendo a reversão de tais bens necessária para garantir a continuidade do serviço público e desejável porque, em regra, não ostentam qualquer utilidade para a concessionária alheia à prestação do serviço ao qual vinculados, especialmente no caso daqueles bens agregados ao solo, como usinas hidrelétricas, linhas de transmissão, etc. Da indenização pelos investimentos das concessionárias em bens reversíveis não amortizados ou não depreciados ao termo da concessão no âmbito do regime Geral de Concessões, Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 14. Conforme deixa entrever a Lei Geral de Concessões de Serviços públicos, Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, ao termo final da concessão, seja pela expiração normal do prazo contratual ou por qualquer outra forma de extinção antecipada do contrato (encampação, rescisão, entre outros), o poder concedente avalia se a execução do contrato permitiu ao concessionário alcançar todo o retorno patrimonial avençado, que, em regra, preconiza para o concessionário o auferimento de valores suficientes para amortizar os investimentos efetuados, cobrir os custos e despesas incorridos, e sobejar determinado lucro. 15. Limitando a exposição à matéria perquirida nesta Nota Técnica, verifica-se que o art. 36 da Lei nº 8.987, de 1995, consigna regra específica para a avaliação, ao final da concessão, acerca da amortização dos investimentos efetuados pelas concessionárias, segundo a qual “a reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido Fl. 1042DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido”. 16. Portanto, constata-se que já a norma que regula o regime geral de concessões de serviços públicos prevê a obrigatoriedade de indenização, pelo poder concedente, dos investimentos realizados pelas concessionárias em bens reversíveis não amortizados ou não depreciados ao termo final da concessão. (...) 34. Portanto, considerando-se que o valor das indenizações em lume a ser pago às concessionárias resulta da diferença entre o Valor Novo de Reposição do bem reversível e sua depreciação ou amortização acumulada, e considerando as supra expendidas características do cálculo de ambos os polos desta subtração, conclui-se que as indenizações previstas na Medida Provisória nº 579, de 2012, convertida na Lei nº 12.783, de 2013, não guardam relação, vinculação ou correspondência com as expectativas das concessionárias de auferimento de receitas ou de lucros com a realização de investimentos em bens reversíveis e, tampouco, com os valores que, autorizados ou fixados pelo órgão regulador, seriam auferidos pelas concessionárias como remuneração dos investimentos efetuados. 35. Esta conclusão parcial permite afastar das indenizações em estudo diversas naturezas jurídicas que poderiam ser aventadas em caso de análise perfunctória. 36. Com efeito, dada a desvinculação entre o valor das indenizações a ser pago às concessionárias e a recuperação dos investimentos por elas efetuados, pode-se concluir que as mencionadas indenizações não configuram mero ressarcimento do mencionado investimento. 37. Descarta-se ainda a possibilidade de a indenização ser considerada para reparar dano patrimonial, pois este seria devido em razão de uma lesão concreta que afeta um interesse relativo ao patrimônio da vítima, consistente na perda ou deterioração, total ou parcial, dos bens materiais que lhe pertencem, sendo suscetível de avaliação pecuniária e de indenização pelo responsável. No caso em questão, não há lesão ao patrimônio da concessionária. Portanto não se trata aqui de uma reparação de dano a bem patrimonial, mas decorrente de indenização pela alteração contratual. 38. Ademais, a constatação de que a apuração do montante das indenizações em comento desconsidera completamente as receitas ou os lucros que os bens revertidos potencialmente gerariam permite concluir que tais indenizações não constituem adiantamento de receitas, e, tampouco, compensação de lucros cessantes. 39. Aliás, em favor desta conclusão, milita o fato de, conforme as regras do regime geral de concessões, haver indenização pela reversão de bens não amortizados ou não depreciados mesmo no caso Fl. 1043DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 de extinção da concessão pela regular fluência do prazo contratual. Nesta hipótese, mesmo a concessionária já tendo auferido todas as receitas e lucros esperados com a realização do investimento, haveria indenização, o que corrobora a tese de que esta não decorre da cessação da produção de receitas ou de lucros consectária da extinção do contrato. 40. Assim, as aludidas indenizações devem ser vistas como consequência da alteração de cláusulas contratuais firmadas ou da rescisão do contrato avençado, sendo erigido como parâmetro quantitativo a parcela dos investimentos feitos pelas concessionárias em bens reversíveis ainda não amortizados ou não depreciados à época do evento. 41. Evidencia esse entendimento o fato de que nesse tipo de concessão, na essência, os bens não são da concessionária, mesmo que esta os tenha construído, mas pertencem, isso sim, ao Estado. 42. Contudo, no modelo contábil no Brasil até a aprovação da Interpretação ICPC 01, as empresas concessionárias apenas reconheciam essa infraestrutura pública construída por elas como seu ativo imobilizado. No modelo contábil atual, a concessionária é apenas uma prestadora de serviços que recebe como remuneração o direito de explorar economicamente tal infraestrutura, recebendo o necessário para construir e manter o investimento. Tal alteração contábil demonstra que o bem construído nunca pertenceu à concessionária e reforça a tese de que a indenização é mero reflexo da alteração contratual. 43. Considerando-se todo o exposto nesta Nota, chega-se à conclusão que, em relação à natureza dessas indenizações, independentemente de sua denominação legal ou contratual, elas constituem receita da concessionária de energia elétrica, eis que são recebidas em razão da execução do contrato de concessão e ademais não representam acréscimo ao passivo da empresa. 44. Apresentadas todas estas considerações, pode-se analisar, separadamente, por tributos, as repercussões tributárias do pagamento das indenizações. Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) 45. Em relação às repercussões tributárias relativas ao pagamento das indenizações a que se referem o § 2º do art. 8º e os §§ 1º e 2º da Lei nº 12.783, de 11 de janeiro de 2013, na tributação do IRPJ e CSLL, constata-se o que segue. 46. Sendo a indenização receita decorrente de alteração contratual, não há como escapar ao fato de que estas indenizações devem ser computadas tanto na apuração do lucro real, quanto na determinação da base de cálculo da CSLL, ressaltando que não caberia a retenção na fonte do imposto sobre a renda e da CSLL. Fl. 1044DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 47. Por outro lado, deve-se destacar que caso não haja a reversão dos bens não amortizados ou não depreciados à União (baixa do bem), resta naturalmente à empresa concessionária o direito de poder depreciar o bem nos termos da legislação tributária. (...) Portanto, de acordo com o entendimento da RFB, expressado por meio da referida Nota Técnica, as indenizações recebidas pelas concessionárias de energia elétrica de bem reversível, não amortizado ou não depreciado, em razão de prorrogação por aditamento de contrato de concessão, constituem receita não operacional, e, portanto, devem compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. VII. DA CONSULTA FORMULADA POR FURNAS: Além do mais, esta matéria já fora anteriormente objeto de consulta formulada pela própria contribuinte, no âmbito do processo administrativo no 16682.720079/2013-20, de 25 de janeiro de 2013, que culminou com a publicação da Solução de Consulta no 49, de 30 de abril de 2013, pela DISIT da SRRF 7ª RF, cuja ementa da decisão, em relação aos tributos exigidos no presente procedimento fiscal, transcreve-se a seguir: • SOLUÇÃO DE CONSULTA N° 49, de 30/04/2013, da SRRF/7 ª RF/Disit: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ RESCISÃO DO CONTRATO DE CONCESSÃO. INDENIZAÇÕES. BENS REVERSÍVEIS. INCIDÊNCIA. O valor recebido a título de indenização de bem reversível não totalmente depreciado ou amortizado, ao final do contrato de concessão, corresponde à receita não operacional, e deverá ser confrontado com o valor contábil do bem, assim entendido aquele que estiver registrado na escrituração, deduzido, se for o caso, da depreciação ou amortização acumulada, obtendo-se, assim, o resultado não operacional a ser computado na determinação do lucro real - base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA EFEITOS DA CONSULTA. A consulta, se eficaz, formulada antes do prazo legal para recolhimento de tributo impede a aplicação de multa de mora e de juros de mora, relativamente à matéria consultada, a partir da data de sua protocolização até o trigésimo dia seguinte ao da ciência, pelo consulente, da Solução de Consulta. Essa proteção, no entanto, não alcança o prazo para recolhimento de tributos retidos na fonte (...) Fl. 1045DF CARF MF Fl. 11 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 Furnas, apesar de cientificada desta decisão por via postal em 31/07/2013, permaneceu inerte, deixando de efetuar as alterações necessárias em sua escrita fiscal e o recolhimento dos tributos devidos. Corroborando o entendimento aqui expressado, a Receita Federal, ao se manifestar em pelo menos duas outras ocasiões, proclamou taxativamente que os resultados positivos apurados, decorrentes de indenização por reversão de bens, recebida em razão de prorrogação por aditamento de contrato de concessão, constituem ganho de capital e devem compor a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, conforme ementas a seguir: SOLUÇÃO DE CONSULTA N° 53, de 25/07/2013, da SRRF/4 ª RF/Disit: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ CONTRATO DE CONCESSÃO. INDENIZAÇÕES. BENS REVERSÍVEIS. INCIDÊNCIA. GANHO DE CAPITAL. DIFERIMENTO. Os resultados positivos apurados, decorrentes de indenização por reversão de bens, recebida em razão de prorrogação por aditamento de contrato de concessão, constituem ganho de capital e devem compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica. A reversão de bens mediante indenização não se confunde com a desapropriação, procedimento formal e típico, não se aplicando à espécie a hipótese de diferimento prevista no art. 31, § 4º, do Decreto-Lei nº 1.598, de 1977. (...) SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA N° 22, de 19/09/2013, da Cosit: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL Os valores recebidos a título de indenização decorrem da alteração de cláusulas contratuais firmadas ou da rescisão do contrato avençado, sendo erigido como parâmetro quantitativo a parcela dos investimentos feitos pelas concessionárias em bens reversíveis ainda não amortizados ou não depreciados à época do evento. Sendo a indenização receita decorrente de alteração contratual, deve ser computada tanto na apuração do lucro real, quanto na determinação da base de cálculo da CSLL. Caso não haja a reversão dos bens não amortizados ou não depreciados à União (baixa do bem), resta naturalmente à empresa concessionária o direito de poder depreciar o bem nos termos da legislação tributária. VIII. DO LANÇAMENTO FISCAL: Diante da análise dos documentos e esclarecimentos apresentados pela contribuinte, em conjunto com as Declarações de Débitos e Créditos Tributários Fl. 1046DF CARF MF Fl. 12 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 Federais – DCTF, Declarações de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ e os Documentos de Arrecadação de Receitas Federais – DARF, constantes dos sistemas da RFB e referentes ao período abrangido pelo procedimento fiscal, apuraram-se valores que ensejaram o lançamento de crédito tributário, haja vista a não observância apropriada da legislação tributária então em vigor. Da Exclusão Indevida das Indenizações Recebidas por Furnas na Reversão de Bens do Ativo Não Circulante na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL: Tendo em vista as alegações de Furnas, em resposta ao TIF nº 03, cabe analisar se a reversão de bens, na forma delineada pela Lei nº 12.783/2013, caracterizar- se-ia como mera recomposição patrimonial por desapropriação, não constituindo renda tampouco acréscimo ao patrimônio, como entende a contribuinte. A desapropriação é procedimento formal que se distingue em três espécies: ordinária, urbana sancionatória, e para reforma agrária, todas previstas na Constituição Federal, nos arts. 5º, inciso XXIV, 182, § 4º, inciso III, e 184, respectivamente. Com caráter regulamentar da norma constitucional, destaca-se o Decreto-lei nº 3.365, de 21/6/1941, considerado a lei geral das desapropriações. Contudo, seja qual for a modalidade, a desapropriação sempre deverá ser calcada em necessidade ou utilidade pública, ou interesse social. A desapropriação ordinária, de que trata o art. 5º, inciso XXIV, da Constituição Federal, única das modalidades descritas que prevê indenização prévia em dinheiro, é procedimento administrativo e frequentemente judicial, de caráter formal, que se inicia pela fase declaratória, na qual é informada a utilidade pública ou interesse social do bem individualizado, sendo tal declaração objeto de decreto do poder executivo ou de lei. Nessa fase do procedimento fixa-se o estado em que se encontra o bem a ser desapropriado, confere-se ao poder público o direito de ter acesso ao objeto para fazer as averiguações que julgar necessárias e se estabelece marco temporal para que se proceda a fase executória, na qual, quer seja administrativa ou judicial, irá efetivar-se a integração do bem ao patrimônio do desapropriador. A reversão, ao final do contrato de concessão, por outro lado, consiste na transferência de bens utilizados na prestação de serviços públicos pela concessionária, regendo-se pelo art. 175 da Constituição Federal e pela Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. Prevista desde o primeiro ato da concessão (edital), faz parte das cláusulas essenciais do contrato de concessão (art. 23 da Lei nº 8.987/1995), assim como as respectivas indenizações e as prorrogações do contrato. Resta evidente que, muito embora a reversão e a desapropriação visem, igualmente, a atender os interesses públicos e sociais e sujeitem-se ao pagamento de indenização, seus conceitos, assim como seus ritos, não se confundem. A desapropriação, constituindo-se em procedimento formal e típico, não comporta extensões analógicas, sendo impossível, portanto, sua equiparação à reversão de bens de titularidade de concessionárias de serviço público. Fl. 1047DF CARF MF Fl. 13 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 Sendo assim, afasta-se de antemão a incidência do art. 422 do Decreto nº 3.000, de 29/03/1999, não se aplicando à espécie a regra de diferimento da tributação presente no art. 31, § 4º, do Decreto-Lei nº 1.598/1977. Conforme amplamente demonstrado na Nota Técnica nº 3 da Cosit, reproduzida no tópico VI deste Termo de Verificação Fiscal, dada a desvinculação entre o valor das indenizações pagas às concessionárias do setor elétrico, relativas a bens reversíveis não amortizados ou não depreciados, instituídas pela Medida Provisória nº 579/2012, convertida na Lei nº 12.783/2013, e a recuperação dos investimentos por elas efetuadas, as mencionadas indenizações não configuram mero ressarcimento do mencionado investimento. Na verdade, as indenizações são receitas da concessionária de energia elétrica que decorrem de alteração contratual e, portanto, não há como escapar ao fato de que estas indenizações devem ser computadas tanto na apuração do lucro real, quanto na determinação da base de cálculo da CSLL. Para tanto, aplica-se a sistemática preconizada no art. 418 e parágrafos do Regulamento do Imposto sobre a Renda, aprovado pelo Decreto n° 3.0 00, de 26 de março de 1999 (RIR/1999), anteriormente reproduzida no tópico V deste TVF. Desta forma, diante de tudo o que foi exposto no presente Termo de Verificação Fiscal, e tendo em vista as deduções indevidas na apuração do IRPJ e da CSLL no período 01/2012 a 12/2012, procedeu-se a glosa da exclusão indevida de R$ 908.298.282,12, referente ao ganho de capital apurado por Furnas, decorrente de indenização por reversão de bens, recebida em razão da prorrogação por aditamento ao Contrato de Concessão para transmissão de energia elétrica no 062/2001 – ANEEL (primeiro termo aditivo), datado de 04/12/2012, processada no item intitulado “Ganho Baixa RBNI Contrato 062/2001 (Lei 12.783)”, conforme se constata nos Demonstrativos de Apuração de IRPJ e CSLL do ano- calendário de 2012 (DOC_7_1_APURACAO_IRPJ_CSLL_2012) e LALUR no 024, período de 01/2012 a 12/2012 (DOC_3_1_LALUR_2012), apresentados pela contribuinte em resposta ao TIPF. Uma vez recalculados os montantes a pagar destes tributos, lançaram-se os respectivos créditos tributários” (destaques todos do original). DA IMPUGNAÇÃO Inconformada, a contribuinte acostou impugnação (fls. 716/748) aduzindo, de acordo com a síntese elaborada pela decisão a quo, aqui adotada: “a) inicialmente, alega que o valor da exclusão do Lucro Real (R$ 908.298.282,12) refere-se ao montante recebido a título de indenização por dano emergente, em virtude da indenização dos ativos não amortizados e não depreciados, tendo em vista a renovação antecipada dos contratos de concessão de transmissão de energia elétrica tratadas na MP nº 579/2012, convertida na Lei 12.783/2013; b) assinala que os diplomas legais possibilitaram a antecipação da prorrogação das concessões de transmissão então existentes, cujos vencimentos estavam previstos para ocorrer entre 2015 e 2017. Assim, explica em sua impugnação: "Para tanto, foram impostas diversas condições e assegurados determinados Fl. 1048DF CARF MF Fl. 14 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 benefícios. Assim, ficou estabelecido que o Poder Concedente fixaria "tarifas e receitas iniciais" aplicáveis a partir da prorrogação, ficando estabelecido que os investimentos não amortizados e os equipamentos não depreciados, no presente caso os relativos à Rede Básica - Novos Investimento - RBNI, seriam, recompostos através de indenização arcada pelo Poder Concedente, sendo inclusive autorizada a utilização da Reserva Geral de Reversão - RGR para o pagamento da indenização em tela."; c) a empresa impugnante aponta aspectos típicos da concessão. Aduz que o concessionário desembolsa antecipadamente recursos financeiros para a prestação satisfatória do serviço. Em contrapartida às obrigações impostas, existe uma pluralidade de direitos reconhecidos ao concessionário, precipuamente no tocante ao retorno do investimento previamente realizado. Ainda, ressalta que o valor da tarifa cobrada aos usuários decorre de uma estimativa de custos totais necessários à prestação do serviço adequado durante o período de vigência do contrato, havendo uma projeção quanto ao montante dos investimentos, custos e lucros do concessionário. Então, a tarifa é fixada de modo a assegurar a amortização dos investimentos realizados, devendo ser apta a recompor os desembolsos realizados pelo concessionário em despesas de longo prazo. Dessa forma, é assegurada a depreciação dos bens necessários à exploração da concessão. Dessa forma, conclui: "Certo é que o bem depreciável envolveu desembolso pelo prestador do serviço público, sendo o custo do bem recuperado através da sua exploração durante a sua vida útil. Dessa sorte, antecipada a prorrogação de concessão e extirpada da tarifa a remuneração pelo ativo, por óbvio haverá resíduo a ser indenizado, vez que este não estará totalmente depreciado/amortizado." d) destaca que nas concessões de transmissão de energia elétrica, especificamente as transmissoras, tem jus à Receita Anual Permitida (RAP), regime tarifário da receita máxima permitida, devida a partir da entrada em operação comercial das instalações, cobrada diretamente dos usuários por meio da tarifa de uso e conexão das redes de transmissão (TUST). Até o advento da Lei nº 12.783/2013, a RAP das transmissoras incluía tanto a depreciação/amortização dos investimentos realizados, quanto à parcela específica destinada a custear a operação e manutenção do sistema. Após a prorrogação antecipada dos contratos, no que toca aos ativos considerados integralmente depreciados/amortizados, a remuneração das transmissoras passou a contemplar apenas a parcela destinada a remunerar a prestação da operação e manutenção dos ativos da União que se encontram sob sua tutela no denominado "regime especial de uso". A esse respeito se pronuncia a defesa: e) reafirma em vários pontos constituir-se indenização (fora do campo de incidência) a exclusão de receita realizada no cálculo do Lucro Real, glosada pela Fiscalização, como às fls. 730 e 731 da impugnação: Fl. 1049DF CARF MF Fl. 15 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 "a indenização é absolutamente vinculada aos valores que foram retirados do campo patrimonial das concessionárias em razão de obrigações inerentes à concessão e não foram recompostos em decorrência do vencimento antecipado dos ajustes e reversão dos bens à União, que resultou em alteração da composição da tarifa." ou às fls. 732 e 733: "No novo regime, as transmissoras passaram a ser remuneradas somente pela operação e manutenção (O&M) dos ativos da União, não sendo considerados os valores remanescentes de amortização/depreciação destes ativos revertidos. ... Resta claro, desta forma, que a indenização visa à reparação de um dano emergente, pois tem a finalidade de repor o patrimônio da transmissora pelos investimentos realizados que não serão mas recompostos através da RAP do modelo anterior." ou às fls. 738 a 741 (em interpretação analógica do instituto da desapropriação, baseado em doutrina) "Uma vez que esta reversão é modalidade de desapropriação, certo é que a indenização por dano emergente percebida pelo concessionário de serviço público, mesmo que existente diferença entre o valor desta justa indenização e o valor residual contabilmente escriturado, está fora do campo de incidência do IRPJ e da CSLL" f) solicita o afastamento da multa isolada, que não pode ser exigida de forma concomitante com a multa de ofício ou a qualificada, conforme jurisprudência administrativa e judicial”. DA DECISÃO RECORRIDA Apreciando a lide (fls. 893/912), a 5ª Turma da DRJ/REC assentou que a Fiscalização considerou como indevida “a exclusão do Lucro Real no valor de R$ 908.298.282,12, no ano-calendário 2012. realizada pela Requerente. Aduz que o valor se refere a ganhos de capital decorrente de indenização por reversão de bens, recebida em razão da prorrogação do contrato de concessão para transmissão de energia elétrica, com base no entendimento em solução de consulta exarada pela Receita Federal do Brasil (RFB)”. A seguir traz aos autos a legislação que envolve a matéria, reproduz Soluções de Consulta e a Nota Técnica nº 3, todas da RFB e prossegue afirmando que, “não bastassem as soluções de consulta acima reproduzidas, que tratam do tema em lide neste processo, a RFB já se pronunciou a respeito desse caso específico da empresa ora impugnante, por meio da Solução de Consulta Nº 49 de 30/04/2013, da Divisão de Tributação da SRRF/7a.RF, constante do processo administrativo Nº 16682.720079/2013-20, em resposta à consulta formulada pelo próprio contribuinte, abaixo parcialmente transcrita”. (...) Diz mais o voto condutor: “dessa maneira, não prospera a tese da defesa no sentido de considerar a reversão dos bens como modalidade de desapropriação, com a particularidade de que a indenização é antecipada pelo mecanismo das tarifas ou dos preços, só sendo devido ao final o Fl. 1050DF CARF MF Fl. 16 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 saldo, em caso de existência de bens não totalmente amortizados. A SC 49/2013 - Disit 7a.RF esclarece que a reversão e a desapropriação, muito embora visem, igualmente, a atender os interesses públicos e sociais e sujeitem-se ao pagamento de indenização, são institutos distintos, com regras próprias e não se confundem. A citada SC enfrentou essa questão”. (...). “Neste ponto, cumpre esclarecer que ao efetuar consulta ao Fisco, para elucidar dúvidas quanto a determinado dispositivo da legislação tributária relacionado a sua atividade, o contribuinte consulente fica vinculado a sua resposta. E como se vê, a resposta da SRRF 7a. RF conclui pela adição da ora discutida indenização à base de cálculo do IRPJ/CSLL, como receita não operacional”, e que, “a partir da entrada em vigor da Instrução Normativa RFB Nº 1.396, de 16/9/2013 (DOU 17/9/2013), as soluções de consulta e as soluções de divergência, atos administrativos expedidos pela Coordenação Geral de Tributação da RFB (Cosit), passaram a vincular, a partir da data de sua publicação, além do consulente, os contribuintes que se enquadram na mesma situação. Vejamos os termos estatuídos pela citada IN, com a redação da IN RFB Nº 1.434, de 30/12/2013”. Para concluir: “a Solução de Divergência da Cosit Nº 22, de 19/9/2013, foi publicada na vigência da IN 1.396, de 2013, vinculando assim os contribuintes enquadrados na hipótese por ela tratada. E essa SD Cosit não deixa dúvida a respeito da tributação da indenização aqui discutida, como se vê pela conclusão abaixo”.: A seguir, aprecia e mantém os lançamentos de multa isolada, finalizando por negar provimento integral à impugnação. A decisão recorrida está assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2012 INDENIZAÇÕES. NATUREZA CONTRATUAL. RECEITA NÃO OPERACIONAL. TRIBUTAÇÃO. O pagamento, pelo poder concedente, de indenizações relativas a bens reversíveis da concessionária do setor elétrico não amortizados ou não depreciados, instituídas pela MP 579/2012, convertida na Lei 12.783/2013, decorrem de alteração de natureza contratual e constituem receita não operacional da concessionária de energia elétrica. Sendo assim, devem ser computadas tanto na apuração do lucro real, quanto na determinação da base de cálculo da CSLL. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA. Uma vez efetuada a opção pela forma de tributação com base no lucro real anual, a pessoa jurídica fica sujeita a antecipações mensais do imposto/contribuição, calculadas com base em estimativa. O não recolhimento ou o recolhimento a menor do tributo sujeita a pessoa jurídica à multa de ofício isolada prevista na Lei nº 9.430, de 1996. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFÍCIO INCIDENTE SOBRE O TRIBUTO APURADO COM BASE NO LUCRO REAL ANUAL. COMPATIBILIDADE. Tratando-se de infrações distintas, é perfeitamente possível a exigência concomitante da multa de ofício isolada sobre estimativa obrigatória, não recolhida ou recolhida a menor, com a multa de ofício incidente Fl. 1051DF CARF MF Fl. 17 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 sobre o tributo apurado, ao final do ano-calendário, com base no lucro real anual. CSLL. REFLEXO Aplica-se a CSLL o decidido no IRPJ, vez que compartilha os mesmos elementos de prova e mesma matéria tributável. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido DO RECURSO VOLUNTÁRIO Cientificada da decisão a quo em 20/06/2018 (fls. 921), a contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 924/955) no qual, depois de rebater as ponderações e conclusões do acórdão recorrido perfilou seu entendimento sobre a matéria basicamente repisando as argumentações apostas quando da impugnação, concluindo (RV – fls. 955): A PGFN veio aos autos e apresentou contrarrazões (fls. 986/1027) tecendo comentários sobre as infrações presentes nos lançamentos e sobre a matéria tributável, alinhando sua posição com a da Fiscalização e a do acórdão de 1º Grau. É o relatório do essencial, em apertada síntese. Fl. 1052DF CARF MF Fl. 18 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone – Relator O Recurso Voluntário é tempestivo (ciência do acórdão recorrido em 20/06/2018 – fls. 921 – protocolização do RV em 19/07/2018 – fls. 922/923), a representação da recorrente está corretamente formalizada (fls. 957/980) e os demais pressupostos para sua admissibilidade foram atendidos, pelo que o recebo e dele conheço. Os autos de infração contemplam dois lançamentos de IRPJ e de CSLL, a saber: 1. “exclusões não autorizadas na apuração do Lucro Real”; e, 2. “multa isolada por falta ou insuficiência de recolhimentos de estimativas mensais”. Passo à análise da primeira infração. DAS EXCLUSÕES NÃO AUTORIZADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL Como visto no TVF (fls. 647/677), trata-se de lançamento nascido por ter entendido a Fiscalização que a contribuinte excluiu indevidamente da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, valores recebidos da União em face de indenização de bens não amortizados ou não depreciados que eram utilizados na exploração das suas atividades. Referido pagamento ocorreu com base na Medida Provisória nº 579, de 2012, convertida na Lei nº 12.783, de 2013, a qual regulamentou as renovações de concessões no setor de energia elétrica. Impugnado o lançamento, a DRJ/REC, por sua 5ª Turma, os manteve na íntegra. Com o RV interposto, os autos subiram à apreciação deste Colegiado de 2ª Instância. O ponto central da discussão é verificar a legalidade da exclusão do montante de R$ 908.298.292,12 das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, valor esse que corresponde à rubrica contábil nominada pela recorrente como “Ganho na Baixa RBNI Contrato 062 (Lei 12.783)”. Principio pela leitura da legislação antes referida (Medida Provisória nº 579, de 2012), dentre as quais vale a pena citar as definições e exigências previstas nos art. 6º e 11 da referida MP: Art. 6º A partir de 12 de setembro de 2012, as concessões de transmissão de energia elétrica alcançadas pelo § 5º do art. 17 da Fl. 1053DF CARF MF Fl. 19 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 Lei nº 9.074, de 1995, poderão ser prorrogadas, a critério do poder concedente, uma única vez, pelo prazo de até 30 (trinta) anos, de forma a assegurar a continuidade, a eficiência da prestação do serviço e a modicidade tarifária. Parágrafo único. A prorrogação de que trata este artigo dependerá da aceitação expressa das seguintes condições pelas concessionárias: I - receita fixada conforme critérios estabelecidos pela Aneel; e II - submissão aos padrões de qualidade do serviço fixados pela Aneel. Art. 11. As prorrogações referidas nesta Lei deverão ser requeridas pelo concessionário, com antecedência mínima de 60 (sessenta) meses da data final do respectivo contrato ou ato de outorga, ressalvado o disposto no art. 5º. § 1º Nos casos em que o prazo remanescente da concessão for inferior a 60 (sessenta) meses da publicação da Medida Provisória nº 579, de 2012, o pedido de prorrogação deverá ser apresentado em até 30 (trinta) dias da data do início de sua vigência. § 2º A partir da decisão do poder concedente pela prorrogação, o concessionário deverá assinar o contrato de concessão ou o termo aditivo no prazo de até 30 (trinta) dias contados da convocação. § 3º O descumprimento do prazo de que trata o § 2o implicará a impossibilidade da prorrogação da concessão, a qualquer tempo. § 4º O contrato de concessão ou o termo aditivo conterão cláusula de renúncia a eventuais direitos preexistentes que contrariem o disposto nesta Lei. (negritado) Segundo a recorrente, teria aceitado as condições previstas na MP Nº 579/2012, convertida na Lei 12.783/2013, e que prevê a prorrogação por até trinta anos para renovação das concessões no âmbito do setor de transmissão de energia elétrica, cujos prazos de vencimento ocorreriam a partir de 2015. Ainda de acordo com a interessada, citada prorrogação considerou a antecipação do vencimento dessas concessões, estando prevista a indenização de ativos ainda não amortizados ou depreciados com base no valor novo de reposição. Alega, ainda, que a norma regulatória do regime geral de concessões de serviços públicos prevê a obrigatoriedade de indenização, pelo poder concedente, dos investimentos realizados pelas concessionárias em bens reversíveis não amortizados ou não depreciados ao termo final da concessão, pelo que essa indenização seria mera recomposição patrimonial por desapropriação, não constituindo renda, tampouco acréscimo ao patrimônio e, menos ainda, receita tributável. As respostas dadas pela recorrente às intimações feitas pelo Fisco bem resumem seu posicionamento e o da Autoridade Fiscal autuante (TVF – fls. 657/658): Fl. 1054DF CARF MF Fl. 20 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 Fl. 1055DF CARF MF Fl. 21 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 Em suma, pelo raciocínio da recorrente os R$ 908 milhões teriam caráter indenizatório, por isso ao largo da tributação de IRPJ e de CSLL. Para o Fisco, porém, adotando o posicionamento expresso pela Nota Técnica nº 3 – COSIT, independentemente da nomenclatura legal ou contratual, essas indenizações “constituem receita da concessionária de energia elétrica, eis que são recebidas em razão da execução do contrato de concessão e ademais não representam acréscimo ao passivo da empresa” (TVF – fls. 667). Pois bem, primordial e preliminarmente, necessário se faz definir qual a origem desta receita de R$ 908 milhões e compreender as justificativas fornecidas pela contribuinte para sua exclusão na apuração do IRPJ e da CSLL, consignada no seu LALUR (fls. 657/658), isto porque, como sabido, valores pagos pelo Poder Público, em casos de desapropriação, possuem regras próprias de tributação. Todavia, além disso, imperativo se verifique o tratamento tributário das indenizações pagas nos termos da Medida Provisória nº 579, de 2012, convertida na Lei nº 12.783, de 2013, à luz do regramento jurídico das reversões de bens de concessionárias. Ou seja, cabe separar as duas regras jurídicas, indenizações e reversões. No caso das empresas voltadas à área de energia elétrica, o art. 31 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 (em plena vigência e que dispôs sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previstos no art. 175, da CF) exige seja mantido pela concessionária o devido inventário e o registro dos bens vinculados à concessão, zelando pela integridade dos mesmos de modo a permitir o real cumprimento dos seus objetivos, traçando, de forma rígida, comportamentos a serem adotados por ambos os contratantes, notadamente para que o serviço público concedido seja prestado de modo a alcançar os interesses da coletividade, sempre lembrando que, extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário conforme previsto no edital e estabelecido no contrato. Reversão, então, pode ser singelamente definida como a entrega pelo concessionário ao Poder Concedente dos bens vinculados à concessão por ocasião do fim do contrato, de modo a permitir sua continuidade dos serviços prestados à população pelo próprio ente estatal ou outra concessionária/permissionária. Essa devolução constitui um corolário do contrato em que o concessionário se coloca transitoriamente em lugar do Poder Público concedente para a prestação de um serviço que incumbe a este. Isso leva a que somente os bens efetivamente atrelados ao contrato de concessão são passíveis de reversão. Do contrário, se quisesse o Poder Concedente apropriar- se de todos os bens da concessionária, indiscriminadamente, configurar-se-ia um autêntico processo de desapropriação, não só dos bens da empresa mas também do seu capital. Com essa reserva, é justo inferir que ao termo final do contrato de concessão o Poder Concedente pode recolher (de volta) o acervo vinculado ao contrato em condições regulares, capazes de assegurar a continuidade do serviço, e o Concessionário recobrar inteiramente o que fora investido durante o contrato na manutenção dos bens reversíveis. Em suma, conforme ensinamento de Afrânio de Carvalho sobre a natureza jurídica dos bens reversíveis: Fl. 1056DF CARF MF Fl. 22 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 “...o direito positivo brasileiro atribui ao concessionário a propriedade dos bens da concessão. Torna-se, porém, necessário levar a indagação adiante para saber qual a natureza dessa propriedade. Será a propriedade comum? Para responder cumpre ponderar que os bens sôbre os quais recai a propriedade do concessionário estão sujeitos a reversão ao Estado no fim do prazo da concessão. A reversão dos bens ao Estado depende, por conseguinte do advento de um termo que extingue a propriedade do concessionário. Esta se coloca assim no âmbito dos artigos 123, 124 e 647 do Código Civil como propriedade resolúvel. Dêsses artigos o último parece ter sido redigido de propósito para apanhar o caso vertente, pois, deixando de falar em transferência original de bens, convém, à concessão, que não é comumente translativa. A resposta já havia sido dada com acêrto por Carlos de Carvalho no artigo 381 da Nova Consolidação das Leis Civis: "O domínio ou propriedade resolúvel pode resultar de concessão do poder público". A natureza resolúvel da propriedade do concessionário resulta, portanto, da cláusula de reversão de bens inerente ao contrato de concessão de serviço público. Essa cláusula importa na aposição de um têrmo resolutivo a todo negócio de transmissão de bens ao concessionário, quer o alienante seja o próprio concedente, quer seja outrem, como geralmente acontece. Ao passo que, na primeira alternativa, se configura um caso típico, na segunda, que é a mais freqüente na concessão, delineia-se um caso atípico de propriedade resolúvel. Com efeito, neste dá-se a peculiariadade de ser o têrmo resolutivo apôsto, não pelo alienante em seu benefício, mas pelo concedente para aderir a tôdas as futuras transmissões de bens em que o concessionário fôr o adquirente” (CARVALHO, Afrânio de. Propriedade dos bens da concessão. Revista de Direito administrativo. Rio de Janeiro, v. 44, p. 16-18, abr./jun. 1956 – apud contrarrazões da PGFN – fls. 992/993). Definição que se contrapõe frontalmente à de indenização, cuja característica principal é a “expropriação” do bem que é impingida ao indenizado pelo Poder Público sem que ele tenha possibilidade de reagir a tal medida, cabendo-lhe, somente, a recomposição patrimonial (nem sempre justa, embora a Constituição faça expressa referência a este requisito). Nesse caminhar, como os bens do concessionário lhe pertencem provisoriamente, ou, mais tecnicamente, em forma de “propriedade resolúvel”, incabível querer jungir nos mesmos conceitos reversão e indenização, porque, enquanto aquela advém de uma cláusula inerente aos contratos de concessão que estabelece a obrigação de o concessionário entregar os bens afetados ao serviço público para o poder concedente ao término da concessão, esta última, via expropriação (ou desapropriação), desassocia-se de qualquer contrato firmado entre a Administração Pública e um particular e não se vincula a termo algum, como ocorre com a reversão. Assim, embora a consequência final seja a de transferir para o Estado a propriedade de um bem, os institutos não podem jamais ser confundidos. Na reversão, tem-se um bem que já era do Estado e é transferido ao particular por força de lei e de contratos vinculantes que permitem a exploração de serviços que deveria o Fl. 1057DF CARF MF Fl. 23 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 Poder Público efetuar e que é concedido em caráter precário ao concessionário para que o faça e que, ao final da avença deve voltar ao concedente; no segundo caso – indenização – o bem expropriado nunca pertenceu ao Estado, que dele se apossa ostensivamente. É reconhecido que em todas as circunstâncias, ao final da concessão, o concessionário terá direito à indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido. (art. 36, da Lei nº 8.987/1995). Este desencaixe do Estado a favor da concessionária é, claramente, uma indenização que visa – aí sim – recompor o patrimônio da concessionária pelos gastos que teve para a manutenção da capacidade operacional e que não conseguiu recuperar pelo fim da concessão, sempre alertando que tal montante será sempre líquido de depreciações e amortizações, como, aliás, não poderia deixar de ser, já que tais rubricas reduziram ao longo do tempo as bases imponíveis dos tributos sujeitos ao lucro. Em forma sinótica: 1. Investimentos realizados pela concessionária ao longo do período de concessão – valor histórico; 2. (-) Depreciações/amortizações realizadas; 3. (=) Valor a ser indenizado De outro canto, o valor a que a concessionária fará jus na forma tratada pela MP nº 579/2012, tem como parâmetro de cálculo: 1 o valor novo de reposição (VNR) subtraído do saldo depreciado/amortizado dos bens (VNR – depreciação = indenização); 2. as amortizações e depreciações de bens reversíveis associadas à vida útil de tais bens, não tendo correlação com recuperação do investimento ou remuneração do capital aplicado nas concessões; e, 3. a indenização não está atrelada a ressarcimento ou recuperação do capital empregado pelo concessionário, sendo que a remuneração deste capital é feita por meio das tarifas cobradas dos consumidores. Em síntese, o regime jurídico das indenizações previstas na Medida Provisória nº 579, de 2012, tem ponto central o valor de reposição dos investimentos e não a remuneração do capital investido. Resumindo, enquanto a indenização prevista no artigo 36, da Lei nº 8.987/1995, matriz legislativa das concessões e permissões estatais de que trata o artigo 175, da Constituição Federal define que a concessionária apenas tem direito de receber, como decorrência da reversão, o valor correspondente ao custo histórico dos bens reversíveis afetados à execução do contrato de concessão, a MP nº 579/2012 cuida de outra faceta, dispondo a metodologia de, primeiro, a) calcular o valor atualizado dos bens reversíveis – representado pelo valor novo de reposição (VNR); depois, b) deduzir do VNR a parcela já amortizada ou Fl. 1058DF CARF MF Fl. 24 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 depreciada, não cuidando, em momento algum, de c) recomposição do patrimônio investido, que, por óbvio, d) deveria ser apurado e limitado ao custo histórico dos bens reversíveis. Em outro dizer, parâmetros diferentes, sobre bases diferentes, com conceitos diferentes e resultados diferentes. No primeiro caso, valor histórico das aplicações (-) depreciações e amortizações ainda não realizadas: (=) recomposição do patrimônio efetivamente investido. No segundo, valor novo de reposição (-) saldos de depreciação e amortização: (=) valor que não tem qualquer correlação com a recomposição do valor histórico do patrimônio investido. Em um exemplo bem singelo: No primeiro caso (Lei nº 8.987/1995): 1. Investimentos realizados pela concessionária ao longo do período de concessão: 100 2. Depreciações/amortizações realizadas (60) 3. Valor da indenização prevista pelo art. 36, da Lei nº 8.987/1995 40 No segundo caso (MP nº 579/2012): 1. “Valor Novo de Reposição” (VNR) - bens reversíveis “atualizados” 150 2. Depreciações/amortizações vinculadas ao VNR (90) 3. Valor da indenização prevista pela MP nº 579/2012 60 Ora, a diferença é flagrante: de um lado, no primeiro exemplo, a indenização que devolve ao concessionário o que ele REALMENTE investiu patrimonialmente e não poderia mais se ressarcir pelo fim da concessão e reversão ao Poder Estatal concedente dos bens concedidos, no caso, 40; de outro lado, embora tenha investido somente 100 e tendo que receber para recompor seu patrimônio o montante de 40, efetivamente recebe 60, fruto da metodologia adotada que tomou o nominado VNR como base inicial. Com isso, é mais que evidente, recuperaria seu patrimônio desfalcado em 40 e ainda teria um “plus” de 20, ou seja, claramente uma receita. Posição bem apontada pela PGFN em suas contrarrazões (fls. 1007/1008): “Percebe-se, portanto, que o concessionário apenas tem direito de receber, como decorrência da reversão, o valor correspondente ao custo histórico dos bens reversíveis afetados à execução do contrato de concessão. Seguindo essa lógica, se o concessionário tiver submetido os bens reversíveis aos mecanismos da depreciação ou da amortização, durante o prazo da concessão, os valores depreciados/amortizados devem ser expurgados do valor da indenização. Com efeito, se não forem deduzidas do custo histórico dos bens Fl. 1059DF CARF MF Fl. 25 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 reversíveis os valores relativos à depreciação/amortização já computados e usufruídos pelo concessionário, a consequência será um duplo benefício ao concessionário e, por conseguinte, um duplo ônus para o Poder Público e para a sociedade. No tocante ao Poder Público, tem-se que a depreciação ou a amortização significam diminuição da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, pois a legislação dos referidos tributos permite a dedução dessas despesas para fins fiscais. Por seu turno, as cotas de depreciação ou amortização também podem servir de parâmetro para a fixação do valor das tarifas cobradas dos consumidores. Em outras palavras, o concessionário obtém a recomposição patrimonial pelo capital investido por meio das tarifas cobradas dos consumidores. O resultado dessas duas políticas de ressarcimento ao concessionário – uma fiscal e outra tarifária – é que o concessionário deduz da base de cálculo do IRPJ e da CSLL cotas de depreciação e amortização, ao mesmo tempo em que os consumidores pagam tarifas que servem para restituir o capital investido. Isso explica o porquê de haver indenização somente nos casos de bens reversíveis não depreciados ou amortizados, e, igualmente, porque é mandatório que o montante já depreciado ou amortizado seja deduzido do custo histórico dos bens reversíveis, no momento de fixar a indenização. Não obstante, imaginemos que seja atribuído ao bem reversível, ao final da concessão, um valor maior do que o custo histórico. Nessa situação, o concessionário pode nutrir expectativa de se beneficiar de eventual valorização do bem reversível, de modo a pleitear uma indenização que supere o custo histórico do bem? Essa sistemática se mostra completamente contraditória com o regime de concessões e o regime jurídico dos bens reversíveis. Conforme salientado anteriormente, os concessionários possuem a propriedade resolúvel dos bens reversíveis, ou seja, a propriedade de tais bens está vinculado ao termo do contrato de concessão. Disso resulta uma séria de consequências jurídicas, dentre elas o fato de que o seu direito de propriedade é limitado e intrinsecamente associado à exploração do serviço público. Tanto é assim que o concessionário não possui o direito de dispor do bem reversível, já que se pressupõe que este é indispensável à continuidade do serviço público e, por isso, deverá ser entregue ao Poder concedente ao final do contrato de concessão. Portanto, não há justificativa para que o concessionário seja “indenizado” por eventual avaliação dos bens reversíveis acima do custo histórico, visto que isso significaria pagar ao concessionário mais do que o valor que investiu”. (destacado no original) A respeito, pela sua proficiência, reproduzo excerto do voto condutor da decisão recorrida, em tudo aplicável (Ac. DRJ - fls. 902 – com destaque acrescido): “7.4. Quando se indeniza dano efetivamente verificado no patrimônio material (dano emergente), o pagamento em dinheiro simplesmente reconstitui a perda patrimonial ocorrida em virtude da lesão. Portanto, não acarreta qualquer Fl. 1060DF CARF MF Fl. 26 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 aumento no patrimônio e, consequentemente, não há que se falar em incidência do IRPJ. 7.5. Todavia, ocorre acréscimo patrimonial quando a indenização ultrapassar o valor do dano material verificado, ou quando se destinar a compensar o ganho que deixou de ser auferido (lucro cessante). A indenização que acarreta acréscimo patrimonial configura fato gerador do imposto de renda e, como tal, ficará sujeita a tributação, a não ser que esteja excluída por isenção legal”. Antes de prosseguir, impende uma observação. Poderia ser alegado que a segunda metodologia seria mais justa por permitir recompor valores atualizados (de reposição) e não valores históricos, sempre sujeitos à corrosão inflacionária. Esta linha de pensamento tem lógica bem sustentável, mais ainda depois da convergência dos padrões contábeis brasileiros aos internacionais. Porém, como já dito rapidamente antes, esta “recomposição” atualizada do capital investido pela concessionária já ocorre por ocasião da fixação das tarifas de energia elétrica quando, “dentro” do que é pago pelos consumidores, está embutida variável que leva em conta tais aplicações de capital. Desse modo, com essa recomposição mais a pretendida pela recorrente, o benefício seria duplo, a uma pela fixação na tarifa, a duas pela utilização do valor de reposição para os cálculos indenizatórios. Assim, vejo que o valor de R$ 908.298.292,12 se amolda exatamente nestes termos, ou seja, “receita tributável”, posto que não comporta, em seu bojo, os requisitos insertos na Lei nº 8.987/1995 para ser tida como “indenização” e, por isso, ficar ao largo da tributação de IRPJ e de CSLL. A própria recorrente, por vias outras, assume se estar diante de receitas, ao responder a intimação fiscal (TVF – fls. 658): Que se confirma com a leitura das Demonstrações Financeiras da contribuinte referentes ao ano-calendário de 2012: fls. 213: Fl. 1061DF CARF MF Fl. 27 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 No detalhe: De outro giro, milita em desfavor da recorrente o tratamento que deu a esta receita e o que deu às perdas pela reversão dos bens à União (mesma situação fática) em face da prorrogação contratual da concessão prevista na MP nº 579/2012, isto é, enquanto EXCLUIU do LALUR a receita de R$ 908 milhões, NÃO EXCLUIU as perdas de R$ 4.199.097.371,16. Ou seja, para a recorrente a receita (ganho) seria não tributável, por isso a excluiu do LALUR (cf. DIPJ - Ficha 09A – Linha 87). Em contrapartida, o custo (perda) seria dedutível, por isso não foi excluído na mesma Ficha. Veja-se (fls. 413): Tal procedimento, per si, bem demonstra o tratamento desigual dado pela recorrente aos fatos presentes nos autos, posto que, atreladamente ao valor da indenização discutida no presente processo administrativo os ativos avaliados pelo RBNI avaliados contabilmente em R$ 1.969.729.517,77 para fins da perda de R$ 4,1 bilhões, são os mesmos Fl. 1062DF CARF MF Fl. 28 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 apontados pela contribuinte para a apuração da receita não operacional de R$ 908 milhões (indenização bens reversíveis). De qualquer modo, abstraindo o fato de a perda não ter sido incluída entre as adições do LALUR, fato é que, no que interessa, INEXISTE previsão legal a ensejar a exclusão das bases imponíveis de IRPJ e de CSLL da receita aqui tratada, o que só poderia ocorrer caso houvesse legislação tributária autorizativa para tal procedimento em face da estrita reserva legal que cerca o Direito Público e especialmente o Direito Tributário-Fiscal. Não tendo a MP nº 579/2012 nem a sua conversão na Lei nº 12.783/2013 trazido qualquer mensagem neste sentido, incabível a tentativa de excluir o ganho da tributação, valendo destacar que a recorrente, embora tenha feito uma peça recursal bastante sólida em termos de argumentação, neste aspecto específico limitou-se às ponderações trazidas, não apontando “qual” dispositivo legal permitiria a exclusão pretendida. Finalmente, não pode ser olvidado, a recorrente já havia instado a Administração Tributária a se pronunciar, via consulta, a respeito do procedimento envolvendo a situação aqui elencada (SC nº 49 de 30/04/2013, da Divisão de Tributação da SRRF/7ª.RF, constante do processo administrativo nº 16682.720079/2013-20), obtendo em resposta a seguinte mensagem: Ante todo o exposto, carece de fundamento legal a exclusão das receitas não operacionais, no montante de R$ 908 milhões, de modo que, correto o procedimento da autoridade fiscal de recompor a base de cálculo do IRPJ e da CSLL e efetuar os lançamentos de ofício aqui apreciados. Assim, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário em relação à primeira infração – “exclusões não autorizadas na apuração do Lucro Real”. Fl. 1063DF CARF MF Fl. 29 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 Analiso a seguir as segunda infração. DA MULTA ISOLADA POR INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTOS DE ESTIMATIVAS MENSAIS A respeito de uma possível concomitância dos lançamentos de multas isoladas com a multa de ofício presente nos autos de infração, de minha parte sempre perfilei com os que entendem estar-se diante de imposições diferentes, com fatos geradores diferentes, tipificações legais diferentes e motivações fáticas diferentes, ou seja, da leitura artigo 44, da Lei nº 9.430/1996, com suas alterações, infere-se que, uma vez constatada falta ou insuficiência de pagamento de estimativa, será exigida a multa isolada. Se, além disso, tiver ocorrido falta de recolhimento do imposto devido com base no lucro real anual, o lançamento abrangerá também o valor do imposto, acompanhado de multa de ofício e juros, pois a determinação legal de imposição de tal penalidade, quando aplicada isoladamente, prescinde da apuração de lucro ou prejuízo no final do período anual, inexistindo, portanto, a cumulação de penalidades para uma mesma conduta, como argúem os contribuintes. Em síntese, não tendo as referidas multas a mesma hipótese de incidência, nada há a barrar a imposição concomitante da multa isolada com a multa de ofício devida pela apuração e recolhimento a menor do imposto e contribuição devidos na apuração anual. Posição plenamente avalizada a partir da nova redação do dispositivo em comento, estabelecida pela MP nº MP 351, de 22/01/2007; convertida na Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, onde fica clara a distinção: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (...) II - de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (...) b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano-calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (destaquei) Registre-se, essa nova redação não impõe nova penalidade ou faz qualquer ampliação da base de cálculo da multa; simplesmente torna mais clara a intenção do legislador. Por pertinentes, faço minhas as palavras do ilustre Conselheiro GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, deste CARF, que, de forma precisa, analisou o tema no Acórdão nº 103-23.370, Sessão de 24/01/2008: “Nada obstante, as regras sancionatórias são em múltiplos aspectos totalmente diferentes das normas de imposição tributária, a começar pela Fl. 1064DF CARF MF Fl. 30 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 circunstância essencial de que o antecedente das primeiras é composto por uma conduta antijurídica, ao passo que das segundas se trata de conduta lícita. Dessarte, em múltiplas facetas o regime das sanções pelo descumprimento de obrigações tributárias mais se aproxima do penal que do tributário. Pois bem, a Doutrina do Direito Penal afirma que, dentre as funções da pena, há a PREVENÇÃO GERAL e a PREVENÇÃO ESPECIAL. A primeira é dirigida à sociedade como um todo. Diante da prescrição da norma punitiva, inibe-se o comportamento da coletividade de cometer o ato infracional. Já a segunda é dirigida especificamente ao infrator para que ele não mais cometa o delito. É, por isso, que a revogação de penas implica a sua retroatividade, ao contrário do que ocorre com tributos. Uma vez que uma conduta não mais é tipificada como delitiva, não faz mais sentido aplicar pena se ela deixa de cumprir as funções preventivas. Essa discussão se torna mais complexa no caso de descumprimento de deveres provisórios ou excepcionais. Hector Villegas, (em Direito Penal Tributário. São Paulo, Resenha Tributária, EDUC, 1994), por exemplo, nos noticia o intenso debate da Doutrina Argentina acerca da aplicação da retroatividade benigna às leis temporárias e excepcionais. No direito brasileiro, porém, essa discussão passa ao largo há muitas décadas, em razão de expressa disposição em nosso Código Penal, no caso, o art. 3º: Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. O legislador penal impediu expressamente a retroatividade benigna nesses casos, pois, do contrário, estariam comprometidas as funções de prevenção. Explico e exemplifico. Como é previsível, no caso das extraordinárias, e certo, em relação às temporárias, a cessação de sua vigência, a exclusão da punição implicaria a perda de eficácia de suas determinações, uma vez que todos teriam a garantia prévia de, em breve, deixarem de ser punidos. É o caso de uma lei que impõe a punição pelo descumprimento de tabelamento temporário de preços. Se após o período de tabelamento, aqueles que o descumpriram não fossem punidos e eles tivessem a garantia prévia disso, por que então cumprir a lei no período em que estava vigente? Ora, essa situação já regrada pela nossa codificação penal é absolutamente análoga à questão ora sob exame, pois, apesar de a regra que estabelece o dever de antecipar não ser temporária, cada dever Fl. 1065DF CARF MF Fl. 31 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 individualmente considerado é provisório e diverso do dever de recolhimento definitivo que se caracterizará no ano seguinte”. Aduza-se ainda, mesmo abstraindo questões conceituais envolvendo aspectos do direito penal, que a Lei nº 9.430/96, ao instituir a multa isolada sobre irregularidades no recolhimento do tributo devido a título de estimativas, não estabeleceu qualquer limitação quanto à imputação dessa penalidade juntamente com a multa exigida em conjunto com o tributo, de modo que, sob esta ótica, a Fiscalização simplesmente aplicou norma abstrata plenamente vigente no mundo jurídico a caso concreto que se estampou. Pela absoluta pertinência, vale reproduzir excerto do voto condutor exarado pela I. Conselheira e Presidente da CSRF, Adriana Gomes Rêgo no Acórdão nº 9101- 003.353 - Sessão de 17 de janeiro de 2018 acerca da matéria: “Em verdade, a lei determina que as pessoas jurídicas sujeitas à apuração do lucro real apurem seus resultados trimestralmente. Como alternativa, facultou o legislador, a possibilidade de a pessoa jurídica, obrigada ao lucro real, apurar seus resultados anualmente, desde que antecipe pagamentos mensais a título de estimativa, que devem ser calculados com base na receita bruta mensal, ou com base em balanço/balancete de suspensão e/ou redução. (...) Vê-se, então, que a pessoa jurídica, obrigada a apurar seus resultados de acordo com as regras do lucro real trimestral, tem a opção de fazê-lo com a periodicidade anual, desde que, efetue pagamentos mensais a título de estimativa. Essa é a regra do sistema. No presente caso, a pessoa jurídica fez a opção por apurar o lucro real anualmente, sujeitando-se, assim, e de forma obrigatória, aos recolhimentos mensais a título de estimativas. (...) A vinculação entre os recolhimentos antecipados e a apuração do ajuste anual é inconteste, até porque a antecipação só é devida porque o sujeito passivo opta por postergar para o final do ano- calendário a apuração dos tributos incidentes sobre o lucro. Contudo, a sistemática de apuração anual demanda uma punição diferenciada em face de infrações das quais resultam falta de recolhimento de tributo pois, na apuração anual, o fluxo de arrecadação da União está prejudicado desde o momento em que a estimativa é devida, e se a exigência do tributo com encargos ficar limitada ao devido por ocasião do ajuste anual, além de não se conseguir reparar todo o prejuízo experimentado à União, há um desestímulo à opção pela apuração trimestral do lucro tributável, hipótese na qual o sujeito passivo responderia pela infração com encargos desde o trimestre de sua ocorrência. Assim, a exigência de multa isolada pela falta ou insuficiência de recolhimentos estimados visa punir a conduta do contribuinte que Fl. 1066DF CARF MF Fl. 32 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 abandona a regra geral de tributação, que é o lucro real trimestral, sem cumprir o requisito para o ingresso na sistemática das estimativas mensais antecipatórias dever instrumental, e pode ser exigida, sim, mesmo que encerrado o ano-calendário, porque pune- se a conduta de não recolhimento de uma obrigação tributária”. Entendimento que perfila com jurisprudência dominante no CARF, inclusive na Câmara Superior: MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. LANÇAMENTO APÓS O ENCERRAMENTO DO ANO. A alteração legislativa promovida pela Medida Provisória nº 351, de 2007, no art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, quando adotou a redação em que afirma "serão aplicadas as seguintes multas", deixa clara a necessidade de aplicação da multa de ofício isolada, em razão do recolhimento a menor de estimativa mensal, cumulativamente com a multa de ofício proporcional, em razão do pagamento a menor do tributo anual, independentemente de a exigência ter sido realizada após o final do ano em que tornou- se devida a estimativa. (Acórdão nº 9101- 002.777 - Sessão de 6 de abril de 2017). ESTIMATIVAS MENSAIS. FALTA DE PAGAMENTO A obrigação de antecipar os recolhimentos é imposta ao sujeito passivo que opta pela apuração anual do lucro, e subsiste enquanto esta opção não for, por outros motivos, afastada. A apuração dos tributos incidentes sobre o lucro tributável ao final do ano- calendário e seu eventual recolhimento a partir do vencimento fixado para os tributos devidos no ajuste anual não anulam o descumprimento daquela obrigação Nos casos de falta de recolhimento, falta de declaração em DCTF e não comprovação de compensação de estimativas mensais de IRPJ e de CSLL, incide a multa isolada. (Acórdão nº 9101-002.433 - Sessão de 20 de setembro de 2016). Por fim, saliente-se ser inaplicável no caso a Súmula nº 105 do CARF, posto que ali se cuida de lançamentos referentes a períodos anteriores a 2007 e aqui o período abrangido é 2012. Pelos motivos elencados, entendo deva ser mantido o lançamento perpetrado. DA TRIBUTAÇÃO REFLEXA Sobre os lançamentos reflexos, a medida está definida no artigo 9º, § 1º, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (PAF): Art. 9 o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 1 o Os autos de infração e as notificações de lançamento de que trata o caput deste artigo, formalizados em relação ao mesmo sujeito passivo, podem ser Fl. 1067DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art25 Fl. 33 do Acórdão n.º 1402-004.214 - 1ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.722216/2017-94 objeto de um único processo, quando a comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Certo, pois, que os autos devem ser lavrados de forma concomitante – artigo 9º, § 1º, do PAF e artigo 142 do CTN - e que o julgamento do principal, no caso o IRPJ, refletirá nos demais, observadas as peculiaridades de cada tributo. Sendo, pois, os lançamentos reflexos mera decorrência do principal e havendo sido este julgado procedente, igual sorte devem colher as demais exigências presentes nos autos. CONCLUSÃO Assim, por tudo o que consta dos autos, encaminho meu voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, mantendo os lançamentos e a decisão recorrida. É como voto. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 1068DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11196.htm#art113
score : 1.0
Numero do processo: 10880.736168/2017-07
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jan 06 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA (IRPJ)
Ano-calendário: 2012
PERT. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL E BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE CSLL. DATA DE INDICAÇÃO. REFORMATIO IN PEJUS
O Programa Especial de Regularização Tributária (PERT), Lei nº 13.496, de 2017, é uma faculdade, cabe ao contribuinte aderir ou não às suas regras. A IN RFB nº 1711, de 2017, ao regulamentar o PERT estabeleceu no § 3º do art. 13 que os montantes de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL deveriam ser informados no prazo de consolidação, o qual ocorreu no período de 10 a 28 de dezembro de 2018, conforme IN RFB nº 1.855, de 2018. Somente após a indicação desses montantes tais créditos não mais poderiam ser utilizados sob qualquer forma ou a qualquer tempo. A não compensação de prejuízo fiscal e base negativa no lançamento de ofício, antes da indicação de tais créditos, além de contrariar o que foi pactuado, configuraria reformartio in pejus.
ESTIMATIVAS NÃO RECOLHIDAS. MULTA ISOLADA. POSSIBILIDADE.
Nos casos de falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e CSLL posteriores à Lei nº 11.488/2007, quando não justificados em balanço de suspensão ou redução, é cabível a cobrança da multa isolada mesmo após o encerramento do período-base de incidência.
MULTA ISOLADA. CONSUNÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
Na consunção um dos crimes apresenta-se tão somente como meio necessário ao cometimento do crime fim, ocasião em que o fato previsto em norma mais abrangente é absorvido por outra menos abrangente. Na espécie, não há falar-se em consunção, haja vista a multa isolada não ser absorvida pela multa de ofício, tampouco pelo tributo devido ao final do período, porquanto tem suporte fático e legal distintos.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
Súmula CARF nº 108: Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. (Vinculante, conforme Portaria ME nº 129 de 01/04/2019, DOU de 02/04/2019).
IRPJ. REFLEXO NA CSLL
O decidido quanto ao IRPJ aplica-se à CSLL em relação à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE (IRRF)
Ano-calendário: 2012
IR-FONTE. ART. 61 DA LEI Nº 8.981, DE 1995. OPERAÇÃO E CAUSA LÍCITAS. PAGAMENTO DE PROPINA. CAUSA ILÍCITA.
Caso o beneficiário do pagamento não seja identificado é devido o lançamento; caso o seja, necessário verificar se a operação e a causa do pagamento foram comprovadas. Operação é o negócio jurídico (prestação de serviço, venda, entre outros) que enseja o pagamento. Causa é o motivo, a razão, o fundamento do pagamento. Com efeito, não comprovada a efetividade do negócio jurídico ou a causa do pagamento o lançamento também é devido. Note-se que há uma relação entre a operação ensejadora do pagamento e a causa desse pagamento, porquanto não comprovada a primeira o pagamento também poderá ser considerado sem causa.
A operação e a causa devem ser lícitas. Pagamento de propina além de não encontrar acolhimento em nosso ordenamento jurídico vai de encontro aos requisitos de validade do negócio jurídico que exigem, dentre outros, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei. Logo, não figura como causa lícita a justificar eventual pagamento e elidir o IR-Fonte.
IR-FONTE. ART. 61 DA LEI Nº 8.981, DE 1995. CONCOMITÂNCIA COM IRPJ. OMISSÃO DE RECEITA. COMPATIBILIDADE.
Concomitância do IR-Fonte e IRPJ. Infrações distintas. No IRPJ, a sociedade pratica o fato gerador, tais como, contabilização de custos/despesas indedutíveis, omissão de receita etc.. No IR-Fonte, essa mesma sociedade atua como fonte pagadora, ou seja, como responsável pelo recolhimento do imposto devido pelo beneficiário do pagamento. Tanto que a base de cálculo deve ser reajustada considerando a alíquota de 35%, vez que o pagamento efetuado é considerado líquido. Portanto, é possível uma convivência harmônica entre ambas as infrações.
IR-FONTE. ART. 61 DA LEI Nº 8.981, DE 1995. CONCOMITÂNCIA COM MULTA QUALIFICADA. COMPATIBILIDADE.
Compatibilidade do IR-Fonte com a multa qualificada. A alíquota máxima do imposto de renda pessoa física vigente à época da publicação da Lei nº 9.8981, de 1995, prevista em seu art. art. 8º, era 35%. O fato desta alíquota ter sido revogada posteriormente pela Lei nº 9. 250, de 1995, e permanecido no mesmo patamar para o art. 61 da mesma lei é opção legislativa.
Por mais onerosa que seja a alíquota de 35%, a análise deve ser feita à luz do Código Tributário Nacional no sentido de que tributo não constitui sanção de ato ilícito, ou seja, tributo não é penalidade, sanção. Assim, uma vez comprovado que houve simulação, fraude ou conluio, no pagamento de algumas das hipóteses prevista no art. 61 da Lei 8.981, de 1995, a multa qualificada deve ser aplicada. O que atrai a incidência dessa espécie de multa é a conduta praticada pelo sujeito passivo ao efetuar o referido pagamento. Deixar de aplica-la ao argumento de dupla penalidade significa considerar tributo como sanção, ou, de outro modo, negar vigência ao texto legal por considera-lo inconstitucional.
IR-FONTE. ART. 61 DA LEI Nº 8.981, DE 1995. DEDUÇÃO DO VALOR RETIDO E RECOLHIDO.
O IR-Fonte retido e recolhido, e não compensado, pela fonte pagadora referente às notas fiscais cujo pagamento foi considerado sem causa ou a operação não foi comprovada deve ser deduzido do IR-Fonte lançado de ofício. O fato de o pagamento efetuado estar sujeito ao IR exclusivamente na fonte significa que esse pagamento não está sujeito à antecipação para fins de ajuste anual, ou seja, o IR-Fonte decorrente desse pagamento não poderá ser deduzido na declaração de ajuste do beneficiário, o que não configura óbice à dedução do valor retido e recolhido por ocasião do pagamento pela fonte pagadora.
MULTA ISOLADA. IR-FONTE. ART. 9º DA LEI Nº 10.426, DE 2002.
A multa prevista no art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, com redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, no caso de falta de retenção ou recolhimento de imposto, visa manter a higidez do recolhimento de IR-Fonte no período estabelecido pela legislação. Em havendo descumprimento da legislação de regência, correta a sua aplicação, mesmo após o enceramento do período. Na espécie, permitir a compensação/subtração dos valores recolhidos posteriormente seria esvaziar a própria multa, porquanto seu objetivo é exatamente impedir que o sujeito passivo deixe de efetuar a retenção/recolhimento quando obrigado a fazê-lo ou o faço fora do prazo.
MULTA QUALIFICADA
Uma vez que os fatos apurados pela fiscalização, e assumidos pela própria recorrente, revelam que à época do fato gerador a conduta praticada atrai a incidência da multa qualificada, incabível a exoneração desta.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano-calendário: 2012
PRODUÇÃO DE PROVAS. DILIGÊNCIA.
Nos termos do arts. 18 e 28 do Decreto nº 70.235, de 1972, com redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993, aplicável também ao julgamento em segunda instância, a autoridade julgadora determinará, de ofício ou a requerimento da defesa, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, e indeferirá, de forma fundamentada, as que considerar prescindíveis.
Numero da decisão: 1201-003.307
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado em conhecer do recurso voluntário e, no mérito: a) por unanimidade, manter a tributação de IRPJ/CSLL, bem como a multa isolada relativa às planilhas 3 e 4 por IR-Fonte não recolhido; b) por voto de qualidade, manter integralmente a tributação do IR-Fonte, a tributação da multa isolada sobre estimativas e a qualificação da multa sobre o IR-Fonte; vencidos os conselheiros Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, Alexandre Evaristo Pinto e Barbara Melo Carneiro, que afastavam a tributação da multa isolada sobre estimativas; a qualificação da multa sobre o IR-Fonte e a tributação de IR-Fonte sobre os pagamentos constantes das planilhas 5 a 8, beneficiários identificados; vencida a conselheira Barbara Melo Carneiro que afastava o IR-Fonte em maior extensão; c) por maioria; dar parcial provimento para deduzir do IR-Fonte lançado de ofício o IR-fonte retido e recolhido, e não compensado, pela fonte pagadora referente às notas fiscais cujo pagamento foi considerado sem causa ou a operação não foi comprovada. Vencido o conselheiro Allan Marcel Warwar Teixeira, que negava o direito à compensação citada. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o conselheiro Alexandre Evaristo Pinto.
(documento assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente). - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Efigênio de Freitas Júnior - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Efigênio de Freitas Junior, Alexandre Evaristo Pinto, Bárbara Melo Carneiro e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
Nome do relator: EFIGENIO DE FREITAS JUNIOR
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ementa_s : ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA (IRPJ) Ano-calendário: 2012 PERT. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL E BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE CSLL. DATA DE INDICAÇÃO. REFORMATIO IN PEJUS O Programa Especial de Regularização Tributária (PERT), Lei nº 13.496, de 2017, é uma faculdade, cabe ao contribuinte aderir ou não às suas regras. A IN RFB nº 1711, de 2017, ao regulamentar o PERT estabeleceu no § 3º do art. 13 que os montantes de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL deveriam ser informados no prazo de consolidação, o qual ocorreu no período de 10 a 28 de dezembro de 2018, conforme IN RFB nº 1.855, de 2018. Somente após a indicação desses montantes tais créditos não mais poderiam ser utilizados sob qualquer forma ou a qualquer tempo. A não compensação de prejuízo fiscal e base negativa no lançamento de ofício, antes da indicação de tais créditos, além de contrariar o que foi pactuado, configuraria reformartio in pejus. ESTIMATIVAS NÃO RECOLHIDAS. MULTA ISOLADA. POSSIBILIDADE. Nos casos de falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e CSLL posteriores à Lei nº 11.488/2007, quando não justificados em balanço de suspensão ou redução, é cabível a cobrança da multa isolada mesmo após o encerramento do período-base de incidência. MULTA ISOLADA. CONSUNÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Na consunção um dos crimes apresenta-se tão somente como meio necessário ao cometimento do crime fim, ocasião em que o fato previsto em norma mais abrangente é absorvido por outra menos abrangente. Na espécie, não há falar-se em consunção, haja vista a multa isolada não ser absorvida pela multa de ofício, tampouco pelo tributo devido ao final do período, porquanto tem suporte fático e legal distintos. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Súmula CARF nº 108: Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. (Vinculante, conforme Portaria ME nº 129 de 01/04/2019, DOU de 02/04/2019). IRPJ. REFLEXO NA CSLL O decidido quanto ao IRPJ aplica-se à CSLL em relação à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE (IRRF) Ano-calendário: 2012 IR-FONTE. ART. 61 DA LEI Nº 8.981, DE 1995. OPERAÇÃO E CAUSA LÍCITAS. PAGAMENTO DE PROPINA. CAUSA ILÍCITA. Caso o beneficiário do pagamento não seja identificado é devido o lançamento; caso o seja, necessário verificar se a operação e a causa do pagamento foram comprovadas. Operação é o negócio jurídico (prestação de serviço, venda, entre outros) que enseja o pagamento. Causa é o motivo, a razão, o fundamento do pagamento. Com efeito, não comprovada a efetividade do negócio jurídico ou a causa do pagamento o lançamento também é devido. Note-se que há uma relação entre a operação ensejadora do pagamento e a causa desse pagamento, porquanto não comprovada a primeira o pagamento também poderá ser considerado sem causa. A operação e a causa devem ser lícitas. Pagamento de propina além de não encontrar acolhimento em nosso ordenamento jurídico vai de encontro aos requisitos de validade do negócio jurídico que exigem, dentre outros, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei. Logo, não figura como causa lícita a justificar eventual pagamento e elidir o IR-Fonte. IR-FONTE. ART. 61 DA LEI Nº 8.981, DE 1995. CONCOMITÂNCIA COM IRPJ. OMISSÃO DE RECEITA. COMPATIBILIDADE. Concomitância do IR-Fonte e IRPJ. Infrações distintas. No IRPJ, a sociedade pratica o fato gerador, tais como, contabilização de custos/despesas indedutíveis, omissão de receita etc.. No IR-Fonte, essa mesma sociedade atua como fonte pagadora, ou seja, como responsável pelo recolhimento do imposto devido pelo beneficiário do pagamento. Tanto que a base de cálculo deve ser reajustada considerando a alíquota de 35%, vez que o pagamento efetuado é considerado líquido. Portanto, é possível uma convivência harmônica entre ambas as infrações. IR-FONTE. ART. 61 DA LEI Nº 8.981, DE 1995. CONCOMITÂNCIA COM MULTA QUALIFICADA. COMPATIBILIDADE. Compatibilidade do IR-Fonte com a multa qualificada. A alíquota máxima do imposto de renda pessoa física vigente à época da publicação da Lei nº 9.8981, de 1995, prevista em seu art. art. 8º, era 35%. O fato desta alíquota ter sido revogada posteriormente pela Lei nº 9. 250, de 1995, e permanecido no mesmo patamar para o art. 61 da mesma lei é opção legislativa. Por mais onerosa que seja a alíquota de 35%, a análise deve ser feita à luz do Código Tributário Nacional no sentido de que tributo não constitui sanção de ato ilícito, ou seja, tributo não é penalidade, sanção. Assim, uma vez comprovado que houve simulação, fraude ou conluio, no pagamento de algumas das hipóteses prevista no art. 61 da Lei 8.981, de 1995, a multa qualificada deve ser aplicada. O que atrai a incidência dessa espécie de multa é a conduta praticada pelo sujeito passivo ao efetuar o referido pagamento. Deixar de aplica-la ao argumento de dupla penalidade significa considerar tributo como sanção, ou, de outro modo, negar vigência ao texto legal por considera-lo inconstitucional. IR-FONTE. ART. 61 DA LEI Nº 8.981, DE 1995. DEDUÇÃO DO VALOR RETIDO E RECOLHIDO. O IR-Fonte retido e recolhido, e não compensado, pela fonte pagadora referente às notas fiscais cujo pagamento foi considerado sem causa ou a operação não foi comprovada deve ser deduzido do IR-Fonte lançado de ofício. O fato de o pagamento efetuado estar sujeito ao IR exclusivamente na fonte significa que esse pagamento não está sujeito à antecipação para fins de ajuste anual, ou seja, o IR-Fonte decorrente desse pagamento não poderá ser deduzido na declaração de ajuste do beneficiário, o que não configura óbice à dedução do valor retido e recolhido por ocasião do pagamento pela fonte pagadora. MULTA ISOLADA. IR-FONTE. ART. 9º DA LEI Nº 10.426, DE 2002. A multa prevista no art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, com redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, no caso de falta de retenção ou recolhimento de imposto, visa manter a higidez do recolhimento de IR-Fonte no período estabelecido pela legislação. Em havendo descumprimento da legislação de regência, correta a sua aplicação, mesmo após o enceramento do período. Na espécie, permitir a compensação/subtração dos valores recolhidos posteriormente seria esvaziar a própria multa, porquanto seu objetivo é exatamente impedir que o sujeito passivo deixe de efetuar a retenção/recolhimento quando obrigado a fazê-lo ou o faço fora do prazo. MULTA QUALIFICADA Uma vez que os fatos apurados pela fiscalização, e assumidos pela própria recorrente, revelam que à época do fato gerador a conduta praticada atrai a incidência da multa qualificada, incabível a exoneração desta. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2012 PRODUÇÃO DE PROVAS. DILIGÊNCIA. Nos termos do arts. 18 e 28 do Decreto nº 70.235, de 1972, com redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993, aplicável também ao julgamento em segunda instância, a autoridade julgadora determinará, de ofício ou a requerimento da defesa, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, e indeferirá, de forma fundamentada, as que considerar prescindíveis.
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COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL E BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE CSLL. DATA DE INDICAÇÃO. REFORMATIO IN PEJUS O Programa Especial de Regularização Tributária (PERT), Lei nº 13.496, de 2017, é uma faculdade, cabe ao contribuinte aderir ou não às suas regras. A IN RFB nº 1711, de 2017, ao regulamentar o PERT estabeleceu no § 3º do art. 13 que os montantes de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL deveriam ser informados no prazo de consolidação, o qual ocorreu no período de 10 a 28 de dezembro de 2018, conforme IN RFB nº 1.855, de 2018. Somente após a indicação desses montantes tais créditos não mais poderiam ser utilizados sob qualquer forma ou a qualquer tempo. A não compensação de prejuízo fiscal e base negativa no lançamento de ofício, antes da indicação de tais créditos, além de contrariar o que foi pactuado, configuraria reformartio in pejus. ESTIMATIVAS NÃO RECOLHIDAS. MULTA ISOLADA. POSSIBILIDADE. Nos casos de falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e CSLL posteriores à Lei nº 11.488/2007, quando não justificados em balanço de suspensão ou redução, é cabível a cobrança da multa isolada mesmo após o encerramento do período-base de incidência. MULTA ISOLADA. CONSUNÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Na consunção um dos crimes apresenta-se tão somente como meio necessário ao cometimento do crime fim, ocasião em que o fato previsto em norma mais abrangente é absorvido por outra menos abrangente. Na espécie, não há falar- se em consunção, haja vista a multa isolada não ser absorvida pela multa de ofício, tampouco pelo tributo devido ao final do período, porquanto tem suporte fático e legal distintos. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Súmula CARF nº 108: Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 73 61 68 /2 01 7- 07 Fl. 12639DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 correspondente à multa de ofício. (Vinculante, conforme Portaria ME nº 129 de 01/04/2019, DOU de 02/04/2019). IRPJ. REFLEXO NA CSLL O decidido quanto ao IRPJ aplica-se à CSLL em relação à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE (IRRF) Ano-calendário: 2012 IR-FONTE. ART. 61 DA LEI Nº 8.981, DE 1995. OPERAÇÃO E CAUSA LÍCITAS. PAGAMENTO DE PROPINA. CAUSA ILÍCITA. Caso o beneficiário do pagamento não seja identificado é devido o lançamento; caso o seja, necessário verificar se a operação e a causa do pagamento foram comprovadas. Operação é o negócio jurídico (prestação de serviço, venda, entre outros) que enseja o pagamento. Causa é o motivo, a razão, o fundamento do pagamento. Com efeito, não comprovada a efetividade do negócio jurídico ou a causa do pagamento o lançamento também é devido. Note-se que há uma relação entre a operação ensejadora do pagamento e a causa desse pagamento, porquanto não comprovada a primeira o pagamento também poderá ser considerado sem causa. A operação e a causa devem ser lícitas. Pagamento de propina além de não encontrar acolhimento em nosso ordenamento jurídico vai de encontro aos requisitos de validade do negócio jurídico que exigem, dentre outros, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei. Logo, não figura como causa lícita a justificar eventual pagamento e elidir o IR-Fonte. IR-FONTE. ART. 61 DA LEI Nº 8.981, DE 1995. CONCOMITÂNCIA COM IRPJ. OMISSÃO DE RECEITA. COMPATIBILIDADE. Concomitância do IR-Fonte e IRPJ. Infrações distintas. No IRPJ, a sociedade pratica o fato gerador, tais como, contabilização de custos/despesas indedutíveis, omissão de receita etc.. No IR-Fonte, essa mesma sociedade atua como fonte pagadora, ou seja, como responsável pelo recolhimento do imposto devido pelo beneficiário do pagamento. Tanto que a base de cálculo deve ser reajustada considerando a alíquota de 35%, vez que o pagamento efetuado é considerado líquido. Portanto, é possível uma convivência harmônica entre ambas as infrações. IR-FONTE. ART. 61 DA LEI Nº 8.981, DE 1995. CONCOMITÂNCIA COM MULTA QUALIFICADA. COMPATIBILIDADE. Compatibilidade do IR-Fonte com a multa qualificada. A alíquota máxima do imposto de renda pessoa física vigente à época da publicação da Lei nº 9.8981, de 1995, prevista em seu art. art. 8º, era 35%. O fato desta alíquota ter sido revogada posteriormente pela Lei nº 9. 250, de 1995, e permanecido no mesmo patamar para o art. 61 da mesma lei é opção legislativa. Por mais onerosa que seja a alíquota de 35%, a análise deve ser feita à luz do Código Tributário Nacional no sentido de que tributo não constitui sanção de ato ilícito, ou seja, tributo não é penalidade, sanção. Assim, uma vez Fl. 12640DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 comprovado que houve simulação, fraude ou conluio, no pagamento de algumas das hipóteses prevista no art. 61 da Lei 8.981, de 1995, a multa qualificada deve ser aplicada. O que atrai a incidência dessa espécie de multa é a conduta praticada pelo sujeito passivo ao efetuar o referido pagamento. Deixar de aplica-la ao argumento de dupla penalidade significa considerar tributo como sanção, ou, de outro modo, negar vigência ao texto legal por considera-lo inconstitucional. IR-FONTE. ART. 61 DA LEI Nº 8.981, DE 1995. DEDUÇÃO DO VALOR RETIDO E RECOLHIDO. O IR-Fonte retido e recolhido, e não compensado, pela fonte pagadora referente às notas fiscais cujo pagamento foi considerado sem causa ou a operação não foi comprovada deve ser deduzido do IR-Fonte lançado de ofício. O fato de o pagamento efetuado estar sujeito ao IR exclusivamente na fonte significa que esse pagamento não está sujeito à antecipação para fins de ajuste anual, ou seja, o IR-Fonte decorrente desse pagamento não poderá ser deduzido na declaração de ajuste do beneficiário, o que não configura óbice à dedução do valor retido e recolhido por ocasião do pagamento pela fonte pagadora. MULTA ISOLADA. IR-FONTE. ART. 9º DA LEI Nº 10.426, DE 2002. A multa prevista no art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, com redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, no caso de falta de retenção ou recolhimento de imposto, visa manter a higidez do recolhimento de IR-Fonte no período estabelecido pela legislação. Em havendo descumprimento da legislação de regência, correta a sua aplicação, mesmo após o enceramento do período. Na espécie, permitir a compensação/subtração dos valores recolhidos posteriormente seria “esvaziar” a própria multa, porquanto seu objetivo é exatamente impedir que o sujeito passivo deixe de efetuar a retenção/recolhimento quando obrigado a fazê-lo ou o faço fora do prazo. MULTA QUALIFICADA Uma vez que os fatos apurados pela fiscalização, e assumidos pela própria recorrente, revelam que à época do fato gerador a conduta praticada atrai a incidência da multa qualificada, incabível a exoneração desta. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2012 PRODUÇÃO DE PROVAS. DILIGÊNCIA. Nos termos do arts. 18 e 28 do Decreto nº 70.235, de 1972, com redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993, aplicável também ao julgamento em segunda instância, a autoridade julgadora determinará, de ofício ou a requerimento da defesa, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, e indeferirá, de forma fundamentada, as que considerar prescindíveis. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 12641DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 Acordam os membros do colegiado em conhecer do recurso voluntário e, no mérito: a) por unanimidade, manter a tributação de IRPJ/CSLL, bem como a multa isolada relativa às planilhas 3 e 4 por IR-Fonte não recolhido; b) por voto de qualidade, manter integralmente a tributação do IR-Fonte, a tributação da multa isolada sobre estimativas e a qualificação da multa sobre o IR-Fonte; vencidos os conselheiros Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, Alexandre Evaristo Pinto e Barbara Melo Carneiro, que afastavam a tributação da multa isolada sobre estimativas; a qualificação da multa sobre o IR-Fonte e a tributação de IR-Fonte sobre os pagamentos constantes das planilhas 5 a 8, beneficiários identificados; vencida a conselheira Barbara Melo Carneiro que afastava o IR-Fonte em maior extensão; c) por maioria; dar parcial provimento para deduzir do IR-Fonte lançado de ofício o IR-fonte retido e recolhido, e não compensado, pela fonte pagadora referente às notas fiscais cujo pagamento foi considerado sem causa ou a operação não foi comprovada. Vencido o conselheiro Allan Marcel Warwar Teixeira, que negava o direito à compensação citada. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o conselheiro Alexandre Evaristo Pinto. (documento assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente). - Presidente (documento assinado digitalmente) Efigênio de Freitas Júnior - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Efigênio de Freitas Junior, Alexandre Evaristo Pinto, Bárbara Melo Carneiro e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente). Relatório JBS S/A, já qualificado nos autos, interpôs recurso voluntário em face do Acórdão 02-81.218, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ em Brasília/DF, em 23 de agosto de 2018. 2. Trata-se de lançamentos de ofício de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), Imposto de Renda na Fonte (IR-Fonte), Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e Programa de Integração Social (PIS) referentes ao ano-calendário 2012, no montante consolidado de R$ 204.115.527,82, incluídos principal, juros de mora, multas isoladas e multas de ofício de 150%. 3. Foram apuradas as seguintes infrações: i) IRPJ e CSLL: omissão de receita caracterizada pela não contabilização de pagamentos de despesas operacionais; despesas não necessárias; falta de pagamento do tributo sobre base de cálculo estimada em função da receita bruta e Fl. 12642DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 acréscimos e/ou balanços de suspensão ou redução; ii) IR-Fonte: pagamentos sem causa ou operações não comprovadas, contabilizadas ou não e multa em decorrência de falta de retenção do IR-Fonte. iii) COFINS e PIS, reflexos de IRPJ e CSLL: os valores decorrentes dessa infração não foram impugnados, mas sim incluídos em PER/DCOMP e transferidos para o processo nº 16151-720.039/2018-91 (e-fls. 8206; 8226). 4. Cientificada do lançamento, apresentou impugnação com as seguintes alegações, em síntese: i) não contestou mérito da acusação em relação aos lançamentos de IRPJ e CSLL, os quais foram incluídos em parcelamentos especiais (PERT), somente a compensação de prejuízos e base de cálculos utilizados no âmbito do PERT, bem como a compensação de tributo pago no exterior; ii) bis in idem em relação à multa isolada e a multa de ofício; iii) IR-Fonte em relação aos pagamentos a beneficiários não identificados, respectivas operações e sua causa; iv) dedução do IR-fonte recolhido decorrente das notas fiscais consideradas inidôneas, ilegitimidade para figurar no polo passivo do IR-Fonte; v) multa isolada por não recolhimento do IR-Fonte e a multa qualificada e vi) decadência. 5. A Turma julgadora de primeira instância, por unanimidade, julgou improcedente a impugnação, conforme ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Ano-calendário: 2012 OMISSÃO DE RECEITAS. PAGAMENTOS NÃO ESCRITURADOS. Torna-se incontroverso o lançamento quando o contribuinte expressamente declara que não contesta o seu mérito. COMPENSAÇÃO DE IMPOSTO NO EXTERIOR. A legislação tributária não autorizou que imposto pago no exterior em um ano pudesse ser transferido para ser aqui compensado em outro anocalendário. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Tratando-se da mesma situação fática e do mesmo conjunto probatório, a decisão prolatada com relação ao lançamento do IRPJ é aplicável, mutatis mutandis, ao lançamento da CSLL. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF Ano-calendário: 2012 CAUSA DE PAGAMENTO. BENEFICIÁRIO. NÃO IDENTIFICADOS Deve ser mantido o lançamento do IRRF com base no art. 61, § 1º, da Lei 8.981/95, quando não identificada a causa ou o real beneficiário de pagamentos. MULTA QUALIFICADA. DEVIDA Não tendo ocorrido a denúncia espontânea, é dever da Fiscalização aplicar a multa qualificada, uma vez plenamente demonstrada e não constestada a conduta dolosa da impugnante. 6. Cientificada da decisão de primeira instância, a recorrente interpôs recurso voluntário em que alega, em síntese: Fl. 12643DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 Preliminares i) a autoridade julgadora deixou de examinar: i) argumento subsidiário referente à decadência dos meses de JAN a NOV/2012, nos termos do art. 150, §4º do CTN, dado que a ciência do auto de infração ocorreu somente em DEZ/2017; ii) bem como a compensação com créditos de pagamentos efetuados no exterior nos anos- calendário 2011 e 2012; ii) diligência para confirmação de pagamentos havidos sem recibos ou comprovantes das respectivas operações, bem como para confirmação do IR- Fonte pago referente às notas fiscais consideradas inidôneas. Mérito Reitera os argumentos de primeira instância os quais serão analisados em detalhe no voto. 7. É o relatório. Voto Conselheiro Efigênio de Freitas Júnior, Relator. 8. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. 9. Cinge-se a controvérsia a analisar, em preliminar, matérias que não teriam sido examinadas pela decisão de piso e pedidos de diligência e, no mérito, as infrações apuradas e as demais questões correlatas apresentadas. 10. Passo ao exame das preliminares. Preliminares Nulidade 11. Alega a recorrente nulidade do feito em razão de a autoridade julgadora não ter examinado a matéria referente à decadência e à compensação com créditos de pagamentos efetuados no exterior nos anos-calendário 2011 e 2012. 12. Em relação à compensação com créditos de pagamentos efetuados no exterior, a decisão de piso se manifestou sobre a matéria. O fato de o entendimento esposado no acórdão recorrido ser diverso do pretendido pela recorrente não enseja nulidade. Ademais, trata-se de questão de mérito que será analisada mais adiante. Decadência Fl. 12644DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 13. No tocante à decadência, sustenta que a ciência do auto de infração ocorreu em 20.12.2017, portanto, ao amparo do art. 150, §4º do CTN, estaria decaído o direito de o Fisco efetuar o lançamento nos meses de jan. a nov. de 2012. 14. No âmbito do processo administrativo tributário prevalece o entendimento de que não há nulidade sem prejuízo (pas de nullité sans grief). Nessa linha, conforme salienta Leandro Paulsen, a nulidade não decorre especificamente do descumprimento de requisito formal, mas sim do efeito comprometedor do direito de defesa assegurado ao contribuinte pelo art. 5º, LV, da Constituição Federal. Afinal, continua o autor, as formalidades não são um fim em si mesmas, mas instrumentos que asseguram o exercício da ampla defesa. Nesse contexto, a "declaração de nulidade, portanto, é excepcional, só tendo lugar quando o processo não tenha tido aptidão para atingir os seus fins sem ofensa aos direitos do contribuinte". 1 15. Nos termos dos arts. 1º e 2º, §3º da Lei nº 9.4302 de 1996, o imposto de renda das pessoas jurídicas é determinado, regra geral, com base no lucro real por período de apuração trimestral. O legislador, entretanto, facultou à pessoa jurídica optar pela apuração anual, mediante o pagamento mensal sobre base de cálculo estimada. Nessa hipótese – apuração anual – o fato gerador ocorre em 31.12. de cada ano. Por outro lado, nos casos em que ficar caraterizada a ocorrência de dolo fraude ou simulação aplica-se a regra do art. 173 3 , I e não do art. 150 4 , §4º, ambos do CTN. 16. Tendo em vista que a decisão de piso não se manifestou diretamente sobre a decadência, necessário verificar se esse fato comprometeu direitos da recorrente, porquanto, conforme dito, as formalidades não guardam um fim em si mesmas. 17. A recorrente é optante pelo lucro real anual - tanto que lhe foi aplicada a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas -, com efeito, o fato gerador do IRPJ/CSLL ocorreu em 31.12.2012. 18. Aplicando-se a regra do prazo decadencial prevista no art. 150, §4º do CTN tem- se como termo final para o Fisco efetuar o lançamento 31.12.2017. Por outro lado, nos termos do art. 173, I, tem-se como termo inicial 01.01.2014, ou seja, a partir do primeiro dia do exercício 1 PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário Completo. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 475 2 Lei nº 9.430, de 1996. Art. 1º A partir do ano-calendário de 1997, o imposto de renda das pessoas jurídicas será determinado com base no lucro real, presumido, ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário, observada a legislação vigente, com as alterações desta Lei. [...] Art. 2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pela pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. [...] § 3º A pessoa jurídica que optar pela pagamento do imposto na forma deste artigo deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano, exceto nas hipóteses de que tratam os §§ 1º e 2º do artigo anterior. 3 CTN. Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; 4 CTN. art. 150 [..] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Fl. 12645DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, e final 31.12.2018. Tendo em vista que a ciência do auto de infração ocorreu em 20.12.2017, não há falar-se em decadência independente da regra aplicada. 19. De acordo com a Súmula CARF – vinculante – nº 72, nos casos de ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial rege-se pelo art. 173, inciso I, do CTN: Súmula CARF nº 72 Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial rege-se pelo art. 173, inciso I, do CTN. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). 20. A súmula vinculante5, de acordo com o art. 18-A da Lei nº 10.5226, de 2002, deve ser observada por todos os órgãos da administração tributária federal. A Portaria MF nº 227 com a referida súmula foi publicada em 08.06.2018 e a decisão da DRJ proferida em 23.08.2018, portanto, aquele órgão julgador estava obrigado a seguir a orientação vinculante. O que significa dizer que a decisão não poderia ser diferente do exposto na respectiva súmula. 21. Ademais, ainda que não existisse a súmula vinculante, o que atrai a incidência do art. 173, I do CTN para fins de contagem de prazo decadencial é a caracterização da ocorrência de dolo, fraude ou simulação. E quanto a este ponto a decisão de piso corroborou a conduta dolosa da recorrente para manter a multa qualificada: Assim, não tendo ocorrido a denúncia espontânea, é dever da Fiscalização aplicar a multa qualificada, uma vez plenamente demonstrada e não contestada a conduta dolosa da impugnante. Cabe lembrar que a conduta dolosa da impugnante sequer poderia ser objeto de anistia, por força do disposto no art. 180, I, do CTN, razão pela qual é totalmente descabido o pleito da impugnante. 22. Como se vê, o voto condutor do acórdão recorrido entendeu haver conduta dolosa, razão pela qual manteve a multa qualificada, o que, nos termos da referida súmula vinculante nº 72, atrai a incidência do art. 173, I e não do art. 150, §4º, ambos do CTN. 5 Portaria MF Nº 343, de 09 de junho de 2015 – Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) Art. 45. Perderá o mandato o conselheiro que: [...] VI - deixar de observar enunciado de súmula ou de resolução do Pleno da CSRF, bem como o disposto no art. 62; Art. 75. Por proposta do Presidente do CARF, do Procurador-Geral da Fazenda Nacional, do Secretário da Receita Federal do Brasil ou de Presidente de Confederação representativa de categoria econômica ou profissional habilitada à indicação de conselheiros, o Ministro de Estado da Fazenda poderá atribuir à súmula do CARF efeito vinculante em relação à administração tributária federal. 6 Lei nº 10.522, de 2002. Art. 18-A. Comitê formado por integrantes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério da Economia e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional editará enunciados de súmula da administração tributária federal, observado o disposto em ato do Ministro de Estado da Economia, que deverão ser observados nos atos administrativos, normativos e decisórios praticados pelos referidos órgãos. (Incluído pelo Medida Provisória nº 881, de 2019) Fl. 12646DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 23. Oportuno observar ainda que a despeito de a recorrente ter alegado decadência, confessou 7 a dívida dos débitos de COFINS e PIS ao efetuar a compensação. Esses tributos cujos fatos geradores são mensais, caso não houvesse a conduta dolosa, poder-se-ia falar em decadência para alguns períodos. Embora este fato isolado não tenha aptidão para alterar o mérito da análise, demonstra que a recorrente estava ciente de que a matéria lançada não estava abarcada pela decadência, tanto que optou pela confissão de dívida. 24. Ante o exposto, a despeito de o acórdão recorrido não ter se manifestado sobre a matéria decadencial de forma direta, o fez de forma indireta ao tratar da matéria que atrai a incidência do art. 173, I do CTN. Nesses termos, entendo não ter havido prejuízo capaz de provocar a nulidade do feito, razão pela qual rejeito a preliminar de nulidade. Pedido de diligência 25. A recorrente aduz que o auto de infração envolve pagamentos sem os respectivos recibos ou quaisquer comprovantes das operações, fato amplamente exposto no TVF e no recurso voluntário. Aduz ainda que além do nome dos beneficiários apurados pela fiscalização nas respectivas planilhas (e-fls. 272) “a partir das delações e depoimentos das pessoas físicas, há provas dos beneficiários/comprovação da operação/causa dos fatos imponíveis”. 26. Nessa linha, postula realização de diligência consubstanciada em prova testemunhal ou diligência fiscal com intimação dos beneficiários que especifica, para que, à luz da verdade material, colha-se o fundamento do lançamento fiscal, quais sejam, os pagamentos. (e-fls. 267 e ss.). 27. Nas palavras da recorrente a essência da diligência seria, mediante a busca da verdade material, comprovar pagamentos perante os respectivos beneficiários; o que seria suficiente para elidir a imputação fiscal. Tal solicitação confronta-se com a valoração das provas existentes nos autos e a interpretação dos fatos pelo julgador. A meu ver, o feito está bem instruído e não carece de maiores provas, conforme veremos na análise do mérito. 28. A propósito, nos termos dos arts. 18 e 28 do Decreto nº 70.2358, de 1972, com redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993, aplicável também ao julgamento em segunda instância, a autoridade julgadora determinará, de ofício ou a requerimento da defesa, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, e indeferirá, de forma fundamentada, as que considerar prescindíveis. 7 Lei nº 9.430 de 1996. Art. 74 [...] § 6º A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. 8 Cf. Decreto nº 70.235, de 1972. Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993). [...] Art. 28. Na decisão em que for julgada questão preliminar será também julgado o mérito, salvo quando incompatíveis, e dela constará o indeferimento fundamentado do pedido de diligência ou perícia, se for o caso. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993). Fl. 12647DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 29. É o caso. O feito está bem instruído com os elementos necessários para o julgamento. 30. Nesses termos, por entender prescindível, indefiro o pedido de diligência. 31. Rejeitada a preliminar e indeferido o pedido de diligência passo ao exame do mérito. Mérito Compensação de prejuízos e base de cálculos utilizados no âmbito do PERT 32. A recorrente não contestou o mérito do lançamento de IRPJ e CSLL, alega, entretanto, impossibilidade de a fiscalização compensar prejuízo fiscal e base negativa no lançamento, dado que tais montantes foram utilizados anteriormente no âmbito do PERT - Programa Especial de Regularização Tributária, Lei nº 13.496, de 2017, - e à época do lançamento não estavam disponíveis. 33. Para fundamentar o pleito invoca o § 6º do artigo 13 da IN RFB nº 1711, de 2017, no sentido de que o crédito utilizado não pode ser compensado sob “qualquer forma” ou “a qualquer tempo” na compensação com a base de cálculo do IRPJ/CSLL. 34. O pleito não merece prosperar. 35. A referida IN RFB nº 1711, de 20179, ao regulamentar o PERT estabeleceu no § 3º do art. 13 que os montantes de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL deveriam ser informados no prazo de consolidação. Veja-se: IN RFB nº 1711, de 2017 Art. 4º A adesão ao Pert será formalizada mediante requerimento protocolado exclusivamente no sítio da RFB na Internet, no endereço http://rfb.gov.br, até o dia 14 de novembro de 2017, e abrangerá os débitos indicados pelo sujeito passivo na condição de contribuinte ou responsável. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1754, de 31 de outubro de 2017) § 1º Devem ser formalizados requerimentos de adesão distintos para: I - débitos relativos às contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, às contribuições instituídas a título de substituição e às contribuições devidas a terceiros, assim considerados outras entidades e fundos; e II - os débitos relativos aos demais tributos administrados pela RFB. [...] § 3º Depois da formalização do requerimento de adesão, a RFB divulgará, por meio de ato normativo e em seu sítio na Internet, o prazo para que o sujeito passivo apresente as informações necessárias à consolidação do parcelamento ou do pagamento à vista com utilização de créditos. 9 Lei nº 13.496, de 2017. Art. 15. A Secretaria da Receita Federal do Brasil e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, no âmbito de suas competências, editarão os atos necessários à execução dos procedimentos previstos no prazo de trinta dias, contado da data de publicação desta Lei. Fl. 12648DF CARF MF Fl. 11 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 [...] Art. 13. Na hipótese de opção pelo pagamento à vista ou pelo parcelamento com utilização de créditos de que tratam o inciso I do caput e o inciso II do § 2º do art. 3º, o sujeito passivo deverá, no prazo de que trata o § 3º do art. 4º, informar os montantes de prejuízo fiscal decorrentes da atividade geral ou da atividade rural e de base de cálculo negativa da CSLL, existentes até 31 de dezembro de 2015 e declarados até 29 de julho de 2016, que estejam disponíveis para utilização; e os demais créditos próprios, relativos a tributos, que serão utilizados para liquidação dos débitos. [...] § 6º Os créditos de que trata este artigo não podem ser utilizados, sob qualquer forma ou a qualquer tempo: I - na compensação com a base de cálculo do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da CSLL, salvo no caso de rescisão do parcelamento ou da não efetivação do integral pagamento à vista; ou II - em qualquer outra forma de compensação. PROGRAMA ESPECIAL DE REGULARIZAÇÃO TRIBUTÁRIA (Pert) - PERGUNTAS E RESPOSTAS CONSOLIDAÇÃO 10 37. Em que momento vou informar a utilização de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa da CSLL? Somente na consolidação que o sujeito passivo deverá indicar os débitos a serem parcelados e os montantes de prejuízo, BCN ou outros créditos. 36. Portanto, somente após a indicação dos montantes de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL tais créditos não mais poderiam ser utilizados sob qualquer forma ou a qualquer tempo. O prazo para a referida indicação ocorreu no período de 10 a 28 de dezembro de 2018, conforme IN RFB nº 1.855, de 2018: IN RFB nº 1.855, de 2018 Art. 2º A prestação das informações de que trata o art. 1º refere-se aos parcelamentos e pagamentos à vista relativos aos demais débitos administrados pela RFB, conforme os termos do inciso II do § 1º do art. 4º da Instrução Normativa RFB nº 1.711, de 2017. Art. 3º O sujeito passivo que optou pelo pagamento à vista ou pelo parcelamento dos demais débitos de que trata o caput do art. 2º deverá indicar, exclusivamente no sítio da RFB na Internet, no endereço http://rfb.gov.br, nos dias úteis do período de 10 a 28 de dezembro de 2018, das 7 horas às 21 horas, horário de Brasília: I - os débitos que deseja incluir no Pert; II - o número de prestações pretendidas, se for o caso; III - os montantes dos créditos decorrentes de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), se for o caso; e [...] Art. 4º Os créditos decorrentes de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL a serem indicados deverão corresponder aos saldos disponíveis para utilização após deduzidos os valores já utilizados em: 10 http://receita.economia.gov.br/orientacao/tributaria/pagamentos-e-parcelamentos/parcelamentos- especiais/programa-especial-de-regularizacao-tributaria/perguntas-e-respostas-atualizado.pdf Fl. 12649DF CARF MF Fl. 12 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 I - compensação com base de cálculo do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da CSLL em períodos anteriores à data da prestação das informações de que trata esta Instrução Normativa; ou II - outras modalidades de pagamento ou de parcelamento. § 1º O sujeito passivo deverá efetuar a baixa, na escrituração fiscal, dos créditos decorrentes de prejuízo fiscal ou de base de cálculo negativa da CSLL utilizados na forma prevista nesta Instrução Normativa. 37. Como se vê, ao contrário do alegado, os créditos decorrentes de prejuízo fiscal e base negativa à época da consolidação não mais estavam disponíveis para utilização, porquanto utilizados no lançamento de ofício efetuado em 20.12.2017. 38. Por fim, não se pode olvidar que o PERT é uma faculdade, cabe ao contribuinte aderir ou não às suas regras. Nesse sentido, acatar o pleito da recorrente, além de contrariar o que foi pactuado, configuraria ainda reformartio in pejus, como bem observado na decisão de piso. Provavelmente, caso a fiscalização não tivesse efetuado a compensação, o que significaria uma cobrança maior de tributo com multa de ofício qualificada, a controvérsia nestes autos seria exatamente o contrário, ou seja, o porquê de a fiscalização não ter efetuado a compensação. 39. Ante o exposto nego provimento em relação à matéria. Compensação com tributos pagos no exterior 40. Em resumo, a recorrente postula a compensação de tributos pagos nos exterior nos anos-calendário de 2011 e 2012 com o IRPJ e CSLL ora exigidos. 41. Nos autos do processo nº 16561.720.168/2017-76, também distribuído a este relator, referente a auto de infração de IRPJ e CSLL, relativo ao ano-calendário 2012, foi analisada especificamente a compensação com impostos pagos no exterior nos anos-calendário 2009 a 2012. Nesses autos, cuja ciência ocorreu em 16.12.2017, o contribuinte foi intimado 11 vezes, e mesmo depois de transcorrido quase cinco anos ainda apresentava pendências em relação à documentação comprobatória. Peço especial atenção aos colegas em relação ao trecho abaixo colhido do Termo de Verificação, que versa sobre compensação de imposto pago no exterior: ATIVIDADES EXERCIDAS NO EXTERIOR LUCROS, RENDIMENTOS E GANHOS DE CAPITAL 2. Os tributos abrangidos pelo referido mandado são o Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e o período fiscalizado é de 01 de janeiro de 2012 a 31 dezembro de 2012; [...] 14. Direito aplicável – Lucros não Disponibilizados: 14.1 Compensação do Imposto pago no Exterior; Fl. 12650DF CARF MF Fl. 13 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 Em resposta ao item 1.11 do TI 01, protocolada em 02/08/2017, a intimada apresentou uma grande quantidade de cópias de guias de pagamentos no exterior, referentes a período de competência que compreende os anos de 2009 a 2012. A partir destas guias, a intimada elaborou uma lista “seca” englobando todos os pagamentos referentes aos diferentes períodos de competência e chegou ao total suposto de crédito para fins de compensação na apuração do imposto tributável no Brasil no montante de R$ 316.201.230,31. [...] Como a fiscalizada apresentou diversas guias de recolhimento cuja competência remete a anos-calendário passados (2009 a 2011), fizemos a intimação (TI 08), no sentido que a fiscalizada informasse onde mantinha o controle dos saldos de tributos sobre lucros, rendimentos e ganhos de capital pagos no exterior a compensar com o que fosse devido no Brasil e que apresentasse estes saldos, vez que não mantinha esse controle na Parte B do LALUR, conforme prescrito no §15 do artigo 14 da Instrução Normativa citada acima. Transcrevo abaixo, a resposta da fiscalizada à esta intimação: 1) Esclarece que a companhia mantêm o controle em planilhas eletrônicas, que estão suportadas pelos documentos físicos consularizados; Tais valores não foram escriturados na parte "B" dos LALUR, conforme esclarecido no "item 1.10" em resposta anterior ao Termo de Ciência de Início de Fiscalização e de Intimação, enviado em 03/05/2017; Apresenta Anexo 08.1, controle dos saldos relativos aos tributos sobre o lucro, rendimentos e ganhos de capital pagos, no exterior a compensar, conforme apresentado no "item 1.11" em resposta anterior ao Termo de Ciência de Início de Fiscalização e de Intimação, enviado em 03/05/2017. Assim, o que a fiscalizada classifica como “controle dos saldos” nada mais é do que a “lista seca” a qual mencionamos no início deste tópico, sendo que a própria fiscalizada afirmou acima tê-la apresentado no item 1.11, em resposta ao TI 01. Tal lista resume-se no somatório de todos os recolhimentos ali contidos, independentemente da natureza ou competência (do ano-calendário) de cada um destes recolhimentos. Sem um efetivo controle de saldos fica impossível do fisco checar a origem, a quantidade utilizada para fins de compensação e o estoque de créditos para futuras compensações. Portanto, os recolhimentos informados não foram usados para fins de compensação. 42. Como se vê, a compensação pleiteada nestes autos já foi objeto de análise exauriente pela fiscalização e pela autoridade julgadora de primeira instância naqueles autos (16561.720.168/2017-76) e foi negada. A meu ver, esse pleito deve ser analisado naqueles autos e não neste. Ademais, considerado o quadro fático, não se pode afirmar que o crédito pleiteado goza, neste feito, da liquidez e certeza prevista no art. 170 11 do CTN, condição sine qua non para a compensação. 43. Ante o exposto nego provimento em relação à matéria. 44. Ante o exposto, considero sem reparos as glosas de despesas apuradas e nego provimento aos recursos voluntários em relação à matéria. 11 CTN. Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) Fl. 12651DF CARF MF Fl. 14 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 Multa isolada IRPJ, CSLL. Princípio da consunção. 45. Sustenta a recorrente a ocorrência de bis in idem a exigência da multa de ofício de 150% e a multa isolada de 50%, previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996 e alterações. Sustenta ainda aplicação do princípio da consunção. 46. Nos termos dos arts. 1º e 2º, §3º da Lei nº 9.430 de 1996, o imposto de renda das pessoas jurídicas é determinado, regra geral, com base no lucro real por período de apuração trimestral. O legislador, entretanto, facultou à pessoa jurídica optar pela apuração anual, mediante o pagamento mensal sobre base de cálculo estimada. Nessa hipótese – apuração anual – o fato gerador ocorre em 31.12. de cada ano. Art. 1º A partir do ano-calendário de 1997, o imposto de renda das pessoas jurídicas será determinado com base no lucro real, presumido, ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário, observada a legislação vigente, com as alterações desta Lei. [...] Art. 2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pela pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. [...] § 3º A pessoa jurídica que optar pela pagamento do imposto na forma deste artigo deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano, exceto nas hipóteses de que tratam os §§ 1º e 2º do artigo anterior. 47. Feita a opção pelo lucro real anual, a pessoa jurídica somente poderá deixar de efetuar o pagamento mensal se demonstrar, mediante balanço ou balancete de suspensão, levantados com observância das leis comerciais e fiscais, que o valor acumulado já pago excede o imposto devido no período ou no caso de apuração de prejuízo fiscal. Art. 35. A pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto devido em cada mês, desde que demonstre, através de balanços ou balancetes mensais, que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto, inclusive adicional, calculado com base no lucro real do período em curso. § 1º Os balanços ou balancetes de que trata este artigo: a) deverão ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no livro Diário; b) somente produzirão efeitos para determinação da parcela do Imposto de Renda e da contribuição social sobre o lucro devidos no decorrer do ano-calendário. § 2º Estão dispensadas do pagamento de que tratam os arts. 28 e 29 as pessoas jurídicas que, através de balanço ou balancetes mensais, demonstrem a existência de prejuízos fiscais apurados a partir do mês de janeiro do ano-calendário. Fl. 12652DF CARF MF Fl. 15 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 48. Com vistas a garantir o cumprimento do mandamento legal, em especial o recolhimento da estimativa, o legislador, nos termos do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, com alterações promovidas pela Lei nº 11.488, de 2007, estabeleceu sanções específicas de acordo com a conduta praticada. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I - de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II - de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8 o da Lei n o 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2 o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano-calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1 o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n o 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. 49. A multa de 75% é devida nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de tributo, falta de declaração e declaração inexata, por exemplo, glosa de despesa, omissão de receita, e somente poderá ser exigida após o encerramento do ano-calendário, no caso de apuração anual (art. 44, I e §1º). Lembrando-se de que a multa será duplicada nos casos de sonegação, fraude ou conluio (arts. 71, 72 e 73 da Lei n o 4.502, de 1964). 50. A multa de 50%, por sua vez, é devida nas hipóteses em que o legislador houve por bem especificar, in casu, falta de recolhimento da estimativa mensal, inclusive no caso de apuração de prejuízo fiscal ou base negativa de CSLL, e deverá ser exigida, isoladamente, tão logo encerrado o mês a que se refere a estimativa; daí o fato de poder ser exigida após o encerramento do ano-calendário (art. 44, II). 51. Caso o contribuinte, por exemplo, mesmo sabendo tenha prejuízo fiscal durante determinado mês, opte por não levantar balancete/balanço de suspensão, deverá recolher o tributo estimado; caso contrário está sujeito à multa isolada. Daí o lucro real anual ser uma opção e não imposição legal. Entretanto, ao fazer tal opção as regras devem ser obedecidas. 52. Como se vê, as multas têm suporte fático e legal diversos e são aplicadas em momentos distintos. O que significa dizer que é possível a convivência harmônica de ambas as multas, a de ofício (qualificada ou não) e a isolada; com efeito, não há falar-se em bis in idem. 53. O entendimento firmado na Súmula CARF nº 105 no sentido de que “a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício”, Fl. 12653DF CARF MF Fl. 16 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 restou superado com a edição da Lei nº 11.488, de 2007 que atribuiu nova redação ao art. 44 da Lei 9.430, de 1996. 54. De igual forma não há falar-se em aplicação do princípio da consunção à espécie. A propósito, veja-se o conceito de consunção: Pelo princípio da consunção, ou absorção, a norma definidora de um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro crime. Em termos bem esquemáticos, há consunção quando o fato previsto em determinada norma é compreendido em outra, mais abrangente, aplicando-se somente esta. Na relação consuntiva, os fatos não se apresentam em relação de gênero e espécie, mas de minus e plus, de continente e conteúdo, de todo e parte, de inteiro e fração. Por isso, o crime consumado absorve o crime tentado, o crime de perigo é absorvido pelo crime de dano. A norma consuntiva constitui fase mais avançada na realização da ofensa a um bem jurídico, aplicando-se o princípio major absorbet minorem. [...] A norma consuntiva exclui a aplicação da norma consunta, por abranger o delito definido por esta. Há consunção, quando o crime-meio é realizado como uma fase ou etapa do crime-fim, onde vai esgotar seu potencial ofensivo, sendo, por isso, a punição somente da conduta criminosa final do agente 12 . 55. Verifica-se, pois, que na consunção um dos crimes apresenta-se tão somente como meio necessário ao cometimento do crime fim, ocasião em que o fato previsto em norma mais abrangente é absorvido por outra menos abrangente. Na espécie, não há falar-se em consunção, haja vista a multa isolada não ser absorvida pela multa de ofício, tampouco pelo tributo devido ao final do período, porquanto tem suporte fático e legal distinto. 56. Nesse sentido tem-se posicionamento este CARF, veja-se: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008 MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. LEI. NOVA REDAÇÃO. FATOS GERADORES A PARTIR DE 2007. Tratam os incisos I e II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996 de suportes fáticos distintos e autônomos com diferenças claras na temporalidade da apuração, que tem por consequência a aplicação das penalidades sobre bases de cálculo diferentes. A multa de ofício aplica-se sobre o resultado apurado anualmente, cujo fato gerador aperfeiçoa-se ao final do anocalendário, e a multa isolada sobre insuficiência de recolhimento de estimativa apurada conforme balancetes elaborados mês a mês ou ainda sobre base presumida de receita bruta mensal. O disposto na Súmula nº 105 do CARF aplica-se aos fatos geradores pretéritos ao ano de 2007, vez que sedimentada com precedentes da antiga redação do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, que foi alterada pela MP nº 351, de 22/01/2007, convertida na Lei nº 11.489, de 15/07/2007. (Acórdão CARF 9101- 002.947, de 08 de junho de 2017). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano-calendário: 2007 ESTIMATIVAS NÃO RECOLHIDAS. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM A MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. 12 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Volume 1- Parte Geral. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 211/213. Fl. 12654DF CARF MF Fl. 17 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 Nos casos de falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ posteriores à Lei nº 11.488/2007, quando não justificados em balanço de suspensão ou redução, é cabível a cobrança da multa isolada, que pode e deve ser exigida, de forma cumulativa, com a multa de ofício aplicável aos casos de falta de pagamento do mesmo tributo, apurado de forma incorreta, ao final do período-base de incidência. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA CONCOMITANTE. CONSUNÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Repele-se o argumento que pretende escorar-se na tese da consunção para afastar a aplicação simultânea das multas comentadas. Não há como se reduzir o campo de aplicação da multa isolada com lastro no suposto concurso de normas sobre o mesmo fato, seja porque os fatos ora descritos não são os mesmos, seja porque quaisquer dos fatos relacionados no inciso I do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488/2007, não absorvem o fato relacionado no inciso II do mesmo artigo. Não há, pois, dúvida alguma sobre a possibilidade de aplicação concomitante da multa de ofício e da multa isolada. (Acórdão CARF 9101-003.915, de 04 de dezembro de 2018) 57. Ante o exposto nego provimento em relação à matéria. IR-Fonte 58. Em relação ao IR-Fonte a recorrente destaca haver distinção entre os pagamentos efetuados por meio de pessoas jurídicas e os demais valores cujos fundamentos são delações premiadas envolvendo pessoas físicas (Lúcio Funaro, Delcídio do Amaral, Ivanildo, Silval Barbosa – planilhas 05 a 08, e-fls. 272-281). Assinala que nesse último caso, o qual abarca a maior parte dos pagamentos, “o único documento a comprovar o FATO IMPONÍVEL é uma planilha da Impugante [sic] que “AFIRMA” a realização do pagamento (planilhas de fls. 272 e ss).” É dizer, “não há recibos das “propinas” entregues a LÚCIO FUNARO, DELCÍDIO DO AMARAL, IVANILDO e SILVA [sic]”. 59. Nesse sentido, continua a recorrente, não pode haver a tributação de IR-Fonte sobre pagamento de propina, pois o ilícito não pode dar ensejo à tributação, conforme dicção do art. 3º do CTN. Na espécie, a expressão “sem causa” não se aplica, porquanto a causa está identificada: propina. Ademais, o tipo legal não especifica que a causa deve ser “legal”, mas sim que deve ser conhecida. Sustenta ainda que o IR-Fonte, com o reajuste da base de cálculo e alíquota de 35%, tem nítido caráter punitivo. 60. Por fim, em relação ao IR-Fonte, subsidiariamente, defende a dedução do IR- Fonte pago em relação às notas fiscais consideradas inidôneas; ilegitimidade passiva em razão do conhecimento dos destinatários dos montantes; necessidade de análise dos autos de infração lavrados em face dos beneficiários dos pagamentos objeto deste feito; impossibilidade de exigência concomitante de IR-Fonte com o IRPJ/CSLL lançados com base na alegação de redução indevida do lucro líquido; inexigibilidade de multa isolada por falta de retenção de IR- fonte (planilhas 3 e 4, e-fls. 270-271) após o encerramento do ano calendário. 61. O trecho abaixo transcrito, extraído do Termo de Verificação Fiscal, demonstra o Fl. 12655DF CARF MF Fl. 18 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 procedimento adotado pela autoridade fiscal para apurar os valores objeto de tributação. Veja-se: 7.3.1. PAGAMENTO POR MEIO DE RECURSOS NÃO CONTABILIZADOS - PLANILHA LÚCIO FUNARO; 301. Conforme já anteriormente relatado, no material que integrou a delação de dirigentes da JBS com o Ministério Público Federal (MPF), foi apresentada uma planilha contendo um fluxo de caixa entre a fiscalizada e o operador Lúcio Bolonha Funaro (ver tópico 4.5). Os pagamentos efetuados pela JBS eram destinados, segundo os colaboradores, a diversos agentes públicos que facilitavam o acesso da empresa a empréstimos junto a instituições financeiras estatais. [...] 304. A planilha n° 2 citada na resposta do contribuinte, reproduz parcela do fluxo de caixa demonstrado pelos delatores e vai abaixo reproduzida: [...] 318. [...]Existindo os pagamentos e não sendo comprovada a sua origem, a legislação tributária determina que nesta situação há a presunção de receita omitida. O Decreto 3.000/99 (RIR/99) dispõe, no inciso II, do artigo 281 [...] 321. Portanto, os valores repassados ao operador Lúcio Funaro, inseridos na planilha colada acima, estão sendo considerados receitas omitidas pela JBS por presunção legal, com base no inciso II do citado artigo. Excetua-se dessa condição os 8 repasses que favoreceram a empresa Global Trend a partir da conta bancária da Valdarco, toda a situação que envolve a offshore encontra-se em análise, dependendo de prova documental a ser apresentada pela fiscalizada sobre a sua constituição, propriedade e beneficiários, além da origem dos recursos que abasteceram tal conta. [...] 322. Legalizado os recursos por meio de sua tributação, cabe a incidência do imposto de renda pelo pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado, conforme determina o artigo 674 do mesmo RIR/99 e artigo 61, da Lei n° 8.981/95. [...] 323. Já mencionamos que a operação e sua causa a que se refere a legislação são, ambas, pertinentes ao fato motivador do pagamento, do qual se exige comprovação. Nos casos em que tais comprovantes não são apresentados, e havendo o pagamento da obrigação, quer por caixa, quer por banco ou outra forma, também haverá a incidência do imposto de renda na fonte de que trata o artigo 61 da Lei n° 8.981/95. 324. Da leitura do art. 674 do RIR/99, acima transcrito, depreende-se que a norma tributária determina à pessoa jurídica quando faz o pagamento atender a regras bem claras e simples. Deve identificar a quem paga, comprovar como paga, e por fim elucidar a causa do pagamento. Tais condicionantes devem ser atendidas, pois caso o pagamento reste não identificado por estes caracteres básicos, determina a lei que deverá ocorrer a tributação no responsável tributário que fez o pagamento. [...] 7.3.2. PAGAMENTO POR MEIO DE RECURSOS NÃO CONTABILIZADOS - PLANILHA DELCÍDIO DO AMARAL; 331 - No material entregue pelos delatores ao Ministério Público Federal, foi anexado um fluxo de pagamentos para o ex-senador Deicídio do Amaral. Tais pagamentos decorreram de vantagens obtidas pelo grupo J&F na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, presidida pelo ex-senador, e na sua gestão junto ao executivo para excluir uma área do porto de Santos, de interesse do grupo J&F, de licitação pública, conforme afirmado pelos delatores. [...] 332. Por meio do Termo de Intimação nº 5, os valores repassados ao ex-senador Deicídio do Amaral foram objeto de pedido de esclarecimento à JBS, nos seguintes termos: [...] Fl. 12656DF CARF MF Fl. 19 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 334. Novamente, os repasses efetuados em favor do ex-senador foi objeto de questionamento da fiscalização por meio do Termo de Intimação nº 6. A planilha elaborada pelos delatores foi anexada ao referido TIF 6 e denominada como DOC 1. Foram então requisitados esclarecimentos assim respondido pela JBS: [...] 337. Existindo os pagamentos e não sendo comprovada a sua origem, a legislação tributária determina que nesta situação há a presunção de receita omitida. O Decreto 3.000/99 (RIR/99) dispõe, no inciso II, do artigo 281 [...]. 339. A legislação interpreta estas ocorrências como presunção de receitas auferidas que não transitaram pela contabilidade, ou seja, receitas geradas pela atividade operacional da empresa que não foram submetidas à tributação. Nada mais correto do que este entendimento, pois dificilmente uma organização empresária aufere receitas fora da sua atividade produtiva. A presunção exposta no artigo 281 do RIR/99 permite ao contribuinte refutá-la, apresentando provas contrária ao seu entendimento, o que não ocorreu no presente caso. 340. Portanto, os valores repassados a agente público por meio de pessoas físicas e jurídicas, estão sendo considerados receitas omitidas pela JBS por presunção legal, com base no inciso II do citado artigo. 341. Legalizado os recursos por meio de sua tributação, cabe a incidência do imposto de renda pelo pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado, conforme determina o artigo 674 do mesmo RIR/99 e artigo 61, da Lei n° 8.981/95. 7.3.3. PAGAMENTO POR MEIO DE RECURSOS NÃO CONTABILIZADOS - PLANILHA IVANILDO; 349. No Anexo 21 da delação, Valdir Aparecido Boni, Wesley e Joesley Batista discorrem sobre as suas relações com os governadores do estado do Mato Grosso do Sul. A legislação estadual permitia a concessão de benefícios fiscais para empresas que fizessem investimentos no Estado. Se valendo desta permissão, iniciou-se uma relação espúria entre os governos estaduais e os dirigentes da JBS, onde os primeiros concediam os benefícios ao segundo em troca de propinas. A partir de 2011, com a posse de André Puccinelli, o intermediário das vantagens passou a ser o Sr. Ivanildo da Cunha Mirada, empresário, tido como operador do governador André Puccinelli. [...] 353. Por meio do Termo de Intimação nº 5, os valores repassados ao operador Ivanildo, em proveito de André Puccinelli, foram objeto de pedido de esclarecimento à JBS, nos seguintes termos: [...] 355. Novamente, os repasses efetuados em favor lvanildo Miranda foi objeto de questionamento da fiscalização por meio do Termo de Intimação n° 6. As planilhas elaboradas pelos delatores foram anexadas ao referido TIF 6 e denominadas como DOC. 2, DOC. 3 e DOC. 4. Foram então requisitados esclarecimentos assim respondido pela JBS: [...] 356. Portanto, os recursos foram gerados na JBS, conforme reconhecido pela fiscalizada e pelos delatores, quando afirmam que "a JBS pagou propina de não menos que 150 milhões de reais. É de se registrar que uma parcela desses repasses foi acobertada por notas fiscais inidôneas registradas na contabilidade da JBS. Tais notas fiscais estavam registradas como despesas operacionais na contabilidade da JBS, a título de propaganda e publicidade, faculdades/cursos de línguas, feiras e eventos e pesquisas de mercado. Todas reduzindo o lucro contábil da fiscalizada. 357. Para os demais pagamentos constantes da planilha apresentada pelos delatores, informa a JBS que não possui os comprovantes, haja vista que foram efetuados por doleiros. Embora admita que os valores tiveram origem n4 JBS, relata que tais dispêndios não foram contabilizados. Fl. 12657DF CARF MF Fl. 20 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 358. Não há como refutar a veracidade das alegações apresentadas pelos dirigentes da JBS ao Ministério Público Federal. Quando informam que houve uma intensa entrega de recursos ao operador lvanildo Miranda em contrapartida a vantagens obtidas junto ao governo do Estado do Mato Grosso do Sul, não só demostram uma contabilização paralela, registrada através da planilha apresentada na delação, como a vinculam às operações aparentemente lícitas feitas por meio de suas empresas. É o caso das notas fiscais inidôneas usadas para disfarçar o pagamento de propina. Estas sim, registradas na contabilidade oficial da fiscalizada. 362. Fato irrefutável é que a origem dos recursos vem da JBS. Tendo origem na empresa, a falta dos registros de saídas nos leva a conclusão de que tais valores estavam margem de sua contabilidade. Existindo os pagamentos e não sendo comprovada a sua origem, a legislação tributária determina que nesta situação há a presunção de receita omitida. [...] 366. Legalizados os recursos por meio de sua tributação, cabe a incidência do imposto de renda pelo pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado, conforme determina o artigo 674 do mesmo RIR/99 e artigo 61, da Lei n°8.981/95. O rendimento será considerado líquido, cabendo o seu reajustamento para apuração do rendimento bruto, sobre o qual recairá o imposto [...]. [...] 7.4. PAGAMENTO POR MEIO DE CONTRATO FICTÍCIO; 374. Através do Termo de Intimação Fiscal n°5, foi requisitado que a JBS informasse a forma como foram repassados recursos para o ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa. Os recursos entregues ao ex-governador foram citados na delação dos dirigentes da JBS e eram uma contrapartida extensão do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso - PRODEIC, para as plantas industriais da empresa instalado no Estado, que gerou recolhimento à menor de ICMS159. Segundo os delatores, foram pagos R$ 10.000.000,00 por ano, entre 2012 e 2014. 375. Os referidos pagamentos constaram de uma planilha contendo todas as citações de repasses de recursos em espécie feitas pelos colaboradores. A parcela do ex-governador constou do item 9 da referida planilha. Em resposta ao questionamento da fiscalização a JBS informou o que se segue: [...] 376. Conforme resposta do contribuinte, uma parcela dos repasses feitos foi por meio de um contrato celebrado com a empresa Agropecuária Carolmila Ltda., no valor de R$ 7.500.000,00. 364. A JBS apresentou os lançamentos contábeis que envolveram tal transação. 377. Portanto, o contrato não tem valor jurídico. Serviu tão somente para acobertar a retirada de recursos da empresa para repassá-los a terceiros. 378. Com estas características, a legislação tributária determina que seja cobrado o Imposto de Renda na Fonte sobre pagamentos sem causa, conforme disposto no artigo 674 do mesmo RIR/99 e artigo 61, da Lei n° 8.981/95. 379. O IRRF cobrado sobre os repasses sem causa ou sem operação estão sujeitos à multa prevista no artigo 44, da Lei n° 9.430/96, reproduzido no artigo 957 do Decreto 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda). Tais artigos determinam que, caso se configure evidente intuito de fraude, a penalidade será agravada. Portanto, caracterizada a fraude e a sonegação aplica-se a multa de 150% sobre a obrigação tributária constituída. 380. O intuito de disfarçar tal operação é evidente no presente caso. Dissimular o repasse de recursos por meio de contrato sem substância para lhe dar aparência de legalidade demonstra a intenção do fiscalizado. (Grifo nosso) Fl. 12658DF CARF MF Fl. 21 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 62. Como se vê, os valores apurados pela fiscalização foram objeto de delação premiada, posteriormente foram confirmados em sede de intimação fiscal. 63. Observa-se ainda no trecho acima que os valores tributados pelo IR-Fonte foram, inicialmente, tributados na pessoa jurídica a título de omissão de receita, com exceção do pagamento efetuado a Silval Barbosa, o qual já estava contabilizado. Mesmo nesse último caso, por ser tratar de contrato fictício houve a desconsideração do contrato (pagamento sem causa /operação não comprovada) (e-fls. 256, 262) e a tributação do IR-Fonte. 64. Tem-se, portanto, a seguinte situação: a recorrente confirma os pagamentos em sede delação premiada, durante a ação fiscal e em sede de recurso alega que não há prova do pagamento. Trata-se de posicionamento totalmente contraditório (venire contra factum proprium). A contradição se revela mais nítida ainda no trecho a seguir, em que a recorrente opta por não contestar o mérito do lançamento de IRPJ e CSLL: No tocante ao lançamento de IRPJ/CSLL, a Recorrente, em linhas gerais, não contestou o mérito da acusação, cingindo a discussão sobre: (i) a impossibilidade da d. Fiscalização utilizar/compensar prejuízo fiscal e base negativa, dado que tais montantes foram utilizados anteriormente pela Recorrente no âmbito do PERT; (ii) e a necessidade de reapuração/compensação, uma vez que há créditos referentes a “guias pagas no exterior”, isto é, a título de imposto de renda pagos por controladas no exterior. Além da discussão acerca das multas. 65. Ora, se os pagamentos apurados pelo Fisco, frutos de delação premiada, foram tributados inicialmente como omissão de receita para fins de IRPJ e CSLL e a recorrente não os contestou, a toda evidência concordou com tais pagamentos. Portanto, não merece acolhimento o argumento de ausência de prova do pagamento. Mas não só por isso, mas principalmente porque os elementos probatórios constantes dos autos não deixam margem de dúvidas de que os pagamentos realmente ocorreram. 66. Em relação á tributação do IR-Fonte, o art. 61 da Lei 8.981, de 1995 estabelece: Art. 61. Fica sujeito à incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais. § 1º A incidência prevista no caput aplica-se, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa, bem como à hipótese de que trata o § 2º, do art. 74 da Lei nº 8.383, de 1991. § 2º Considera-se vencido o Imposto de Renda na fonte no dia do pagamento da referida importância. § 3º O rendimento de que trata este artigo será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto. (Grifo nosso) 67. Extrai-se do diploma legal três hipóteses distintas sujeitas à incidência do IR- Fl. 12659DF CARF MF Fl. 22 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 Fonte, todas cumulativas com o pagamento: i) beneficiário não identificado; ii) quando não comprovada a operação e iii) quando não comprovada a causa. 68. Caso o beneficiário do pagamento não seja identificado é devido o lançamento; caso o seja, necessário verificar se a operação e a causa do pagamento foram comprovadas. Operação é o negócio jurídico (prestação de serviço, venda, entre outros) que ensejou o pagamento. Causa é o motivo, a razão, o fundamento do pagamento. Com efeito, não comprovada a efetividade do negócio jurídico ou a causa do pagamento o lançamento também é devido. Note-se que há uma relação entre a operação ensejadora do pagamento e a causa desse pagamento, porquanto não comprovada a primeira o pagamento também poderá ser considerado sem causa. 69. Nesse sentido, para comprovar tanto a operação quanto a causa não basta uma roupagem jurídica, registro contábil, tampouco a apresentação da nota fiscal, é indispensável que o contribuinte comprove de forma inequívoca, com documentos hábeis e idôneos, a efetividade da operação e a causa do pagamento. E mais, a operação e a causa devem ser lícitas, é dizer, não há falar-se que atividade ilícita, tal qual “propina”, possa figurar como causa de pagamento e, com efeito, elidir o IR-Fonte. 70. A argumentação da recorrente no sentido de que “a causa remota da tributação não exige ato lícito” e que na espécie há causa – “embora de caráter ilícito (pagamento de propina)” – vai de encontro aos requisitos de validade do negócio jurídico que exigem, dentre outros, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei 13 . Pagamento de propina é conduta que não tem acolhimento em nosso ordenamento jurídico. E não há argumentar-se em tributação de ato ilícito, porquanto, como veremos mais adiante, o que se tributa na fonte é o pagamento efetuado pela fonte pagadora recebido por terceiro, e não o ato ilícito praticado. 71. Em relação à concomitância do IR-Fonte e IRPJ/CSLL, têm-se infrações distintas. No IRPJ, a sociedade pratica o fato gerador, tais como, contabilização de custos/despesas indedutíveis, omissão de receita etc.. Ela é contribuinte e responde por fato gerador próprio. No IR-Fonte, essa mesma sociedade atua como fonte pagadora, ou seja, como responsável pelo recolhimento do imposto devido pelo beneficiário do pagamento 14 . Tanto que a base de calculo deve ser reajustada considerando a alíquota de 35%, vez que o pagamento efetuado é considerado líquido. Portanto, é possível uma convivência harmônica entre ambas as infrações. 72. Isso posto, não há falar-se em ilegitimidade passiva da recorrente em razão do conhecimento dos destinatários dos pagamentos efetuados porquanto, a despeito da identificação dos beneficiários, tais pagamentos revelaram-se sem causa lícita ou decorrentes de operação não comprovada. 13 Lei nº 10.406, de 2002. Código Civil. Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. 14 CTN. Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Fl. 12660DF CARF MF Fl. 23 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 73. Em relação a eventuais autos de infração em face dos contribuintes destinatários desses pagamentos, o que poderia configurar bis in idem, cumpre esclarecer que, conforme exposto acima, este feito refere-se tão somente às infrações apuradas pela recorrente. É dizer, a discussão nestes autos versa sobre a tributação na fonte pagadora em relação a pagamento a beneficiário não identificado, operação ou causa não comprovada. Em relação à eventual tributação nas pessoas físicas (bis in idem) e compensação com o valor aqui tributado é matéria que deve ser discutida naqueles autos e não nestes, por ocasião da liquidação. 74. Quanto ao suposto antagonismo do IR-Fonte com a multa qualificada e o seu caráter punitivo, o argumento ganha força em face da onerosidade da alíquota de 35%, a qual se agrava com o reajustamento da base de cálculo. Concordo que se trata de uma tributação onerosa. No entanto, esta era a alíquota máxima do imposto de renda pessoa física vigente à época da publicação da Lei nº 9.8981, de 1995, prevista em seu art. art. 8º. O fato desta última alíquota ter sido revogada posteriormente pela Lei nº 9. 250, de 1995 e aquela permanecido no mesmo patamar é opção legislativa. 75. Por mais onerosa que seja a alíquota, a análise deve ser feita à luz do Código Tributário Nacional no sentido de que tributo 15 não constitui sanção de ato ilícito, ou seja, tributo não é penalidade, sanção. Assim, uma vez comprovado que houve simulação, fraude ou conluio, no pagamento de algumas das hipóteses prevista no art. 61 da Lei 8.981, de 1995, a multa qualificada deve ser aplicada. O que atrai a incidência dessa espécie de multa é a conduta praticada pelo sujeito passivo ao efetuar o referido pagamento. Deixar de aplicá-la à hipótese vertente, ao argumento de dupla penalidade, significa considerar tributo como sanção, ou, de outro modo, negar vigência ao texto legal por considerá-lo inconstitucional, o que é vedado a este CARF. 76. Partindo da premissa de que tributo não é sanção, o IR-Fonte retido e recolhido pela fonte pagadora, e que não tenha sido objeto de compensação, referente às notas fiscais cujo pagamento foi considerado sem causa ou a operação não foi comprovada deve ser deduzido do IR-Fonte lançado de ofício. Na verdade, esse valor deveria ter sido deduzido por ocasião do lançamento. O fato de o pagamento efetuado estar sujeito ao IR exclusivamente na fonte 16 significa que esse pagamento não está sujeito à antecipação para fins de ajuste anual, ou seja, o IR-Fonte decorrente desse pagamento não poderá ser deduzido na declaração de ajuste do beneficiário, o que não configura óbice à dedução do valor retido e recolhido por ocasião do pagamento pela fonte pagadora. 15 CTN. Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 16 IN. RFB nº 1500, de 1994. Art. 12. Consideram-se rendimentos tributados exclusivamente na fonte os não sujeitos a antecipação para fins de ajuste anual, cuja retenção e recolhimento tenham sido efetuados pela fonte pagadora. [...] Art. 20. Consideram-se rendimentos sujeitos à tributação definitiva os não sujeitos a antecipação para fins de ajuste anual, cujo recolhimento tenha sido efetuado pelo próprio sujeito passivo. Fl. 12661DF CARF MF Fl. 24 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 77. A recorrente questiona ainda multa isolada por falta de retenção de IR-Fonte após o encerramento do ano calendário, e, caso seja mantida, requer a subtração dos valores retidos na fonte nas NFs. 78. A hipótese descrita no art. 9o da Lei nº 10.426, de 2002, com redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, estabelece sujeitar-se à multa de que trata o inciso I do caput do art. 44 da Lei n o 9.430, de 1996, duplicada na forma de seu § 1 o , quando for o caso, a fonte pagadora obrigada a reter imposto ou contribuição no caso de falta de retenção ou recolhimento, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Referida multa é calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida ou recolhida, ou que for recolhida após o prazo fixado. 79. Tal qual a multa isolada de IRPJ/CSLL, essa multa visa manter a higidez do recolhimento de IR-Fonte no período estabelecido pela legislação. Em havendo descumprimento da legislação de regência, correta a sua aplicação, mesmo após o enceramento do período. Na espécie, permitir a compensação/subtração dos valores recolhidos posteriormente seria “esvaziar” a própria multa, porquanto seu objetivo é exatamente impedir que o sujeito passivo deixe de efetuar a retenção/recolhimento quando obrigado a fazê-lo ou o faço fora do prazo. Aqui, vale a essência do racional aplicado no tópico acima sobre a multa isolada de IRPJ e CSLL. 80. Ante o exposto nego provimento em relação à matéria. Multa qualificada 81. Alega a recorrente que o presente lançamento só foi possível em razão da boa-fé dos colaboradores junto ao MPF (na delação premiada), bem como da Companhia em aderir ao acordo de leniência. “Assim, apenar a recorrente com a multa de 150% significa prejudicar aquele que, de boa-fé, na intenção de corrigir sua conduta errada no passado, vem perante as Autoridades para delatar ocorrências”. 82. Como a própria recorrente assume, a “conduta errada” praticada no passado e trazida aos autos pela fiscalização revela que houve fraude, sonegação e conluio das partes envolvidas, fatos sobejamente provados nos autos e que dispensam maiores digressões. 83. Como visto acima, nos termos do art. 44, §1º da Lei nº 9.430, de 1996, e alterações, deve ser aplicada a multa qualificada nas hipóteses em que apurada sonegação, fraude ou conluio. Não obstante a recorrente reconheça conduta errada praticada no passado, bem como boa-fé em aderir ao acordo de leniência, tal reconhecimento tem o condão de suplantar o ordenamento jurídico tributário, principalmente o art. 144 do CTN cujo teor determina que o “lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.” 84. Isso posto, uma vez que os fatos apurados pela fiscalização, e assumidos pela Fl. 12662DF CARF MF Fl. 25 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 própria recorrente, revelam que à época do fato gerador a conduta praticada atrai a incidência da multa qualificada, incabível a exoneração desta. 85. Nestes termos nego provimento à matéria. Incidência de juros de mora sobre a multa de ofício 86. Sustenta o recorrente, nos termos da legislação de regência, a improdência dos juros de mora pela taxa Selic. 87. Em relação a esta matéria este CARF consolidou sua jurisprudência no sentido contrário ao da pretensão da recorrente, conforme súmula vinculante nº 108. Veja-se: Súmula CARF nº 108 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. (Vinculante, conforme Portaria ME nº 129 de 01/04/2019, DOU de 02/04/2019). (Grifo nosso). Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Tributação reflexa. 88. No tocante à aplicação das regras do IRPJ à CSLL, o art. 57 da Lei nº 8.981, de 1995, estabelece aplicar-se à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o IRPJ, veja-se: Art. 57. Aplicam-se à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei nº 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto no art. 38, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995) (Grifo nosso). 89. Nesse sentido, o decidido quanto ao IRPJ aplica-se à CSLL em relação à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova. Conclusão 90. Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário e, no mérito, dar-lhe parcial provimento, tão somente para deduzir do IR-Fonte lançado de ofício o IR-fonte retido e recolhido, e não compensado, pela fonte pagadora referente às notas fiscais cujo pagamento foi considerado sem causa ou a operação não foi comprovada. É como voto. (documento assinado digitalmente) Efigênio de Freitas Júnior Fl. 12663DF CARF MF Fl. 26 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 Declaração de Voto Conselheiro Alexandre Evaristo Pinto Com a devida vênia ao voto do ilustre conselheiro relator, abro divergência para apresentar as razões pelas quais entendo que deve ser dado parcial provimento ao Recurso Voluntário. Em primeiro lugar, cabe mencionar que a corrupção deve ser duramente combatida, uma vez que ela proporciona efeitos nefastos na sociedade, sobretudo em uma sociedade tão desigual quanto a brasileira. No âmbito do ordenamento jurídico brasileiro, há diversos mecanismos de combate à corrupção, sendo alguns preventivos e outros reativos. Com relação aos mecanismos reativos, há que se citar que diversas são as condutas de corrupção que são tipificadas como crime, dentre as quais podemos destacar o peculato (art. 312 do Código Penal), o emprego irregular de verbas ou rendas públicas (art. 315 do Código Penal), a concussão (art. 316 do Código Penal), o excesso de exação (art. 316, §1º, do Código Penal), a corrupção passiva (art. 317 do Código Penal), a prevaricação (art. 319 do Código Penal), a advocacia administrativa (art. 321 do Código Penal), a corrupção ativa (art. 333 do Código Penal), o impedimento, perturbação ou fraude de concorrência (art. 335 do Código Penal), dentre outras. Cumpre citar também as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional, que estão previstas na Lei n. 8.429/92, a dita Lei de Improbidade Administrativa, bem como as normas que tratam da responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências, previstas na Lei n. 12.846/13, a chamada Lei Anticorrupção. Dessa forma, há uma série de disposições normativas que tem por objetivo punir quem pratique atos que possam ser enquadrados como corrupção. Ocorre que tais punições se encontram sobretudo no âmbito do Direito Penal e Direito Administrativo, sendo que o Direito Tributário expressamente não pode ser utilizado para fins de punir uma conduta ilícita ou não desejável. Nessa linha, o artigo 3º do Código Tributário Nacional, ao determinar o conceito de tributo, prevê expressamente que o tributo não constitui "sanção de ato ilícito", conforme observado abaixo: Fl. 12664DF CARF MF Fl. 27 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Tal menção se faz importante na medida em há que se levar em conta que embora as condutas descritas ao longo do processo sejam reprováveis, deve-se ter em mente que o Direito Tributário não é o meio para que tais condutas sejam punidas. No tocante à aplicação do artigo 61 da Lei n. 8.981/95 ao presente caso, é fundamental ter em conta que os beneficiários estão identificados, que é o cerne para incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, conforme abaixo: Art. 61. Fica sujeito à incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais. § 1º A incidência prevista no caput aplica-se, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa, bem como à hipótese de que trata o § 2º, do art. 74 da Lei nº 8.383, de 1991. § 2º Considera-se vencido o Imposto de Renda na fonte no dia do pagamento da referida importância. § 3º O rendimento de que trata este artigo será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto. Ainda que o parágrafo primeiro do referido dispositivo legal disponha sobre a incidência de tal imposto de renda na fonte quando não for comprovada a operação ou a sua causa, entendo que houve causa, ainda que ela seja ilícita. Como decorrência, manifesto aqui a minha divergência no sentido de não incidência do imposto de renda exclusivo na fonte no presente caso. Ainda que tenha sido vencido com relação à questão da incidência do IRRF sobre pagamento a beneficiário não identificado ou pagamento sem causa, ressalto aqui meu posicionamento de qual tributação deve ser aplicada de forma sistemática com a tributação dos beneficiários, que costumeiramente têm sido autuados a título de IRPF pelas autoridades fiscais. Nesse sentido, verifica-se que no presente caso que está sendo cobrado o Imposto de Renda na Fonte sobre os valores pagos a beneficiários identificados, na medida em que se trata de pagamento sem causa. Tal entendimento já foi consubstanciado em diversos outros Acórdãos do CARF (a título de exemplo, nos Acórdãos n. 9101-003.341, 1302-002.087, 1301-003.019, 1301-002.618). Assim, o CARF vem aplicando o tratamento tributário previsto no artigo 61 da Lei n. 8.981/95 sobre os pagamentos feitos pelas construtoras às prestadoras de serviço, tal qual a pessoa jurídica da qual o Recorrente é titular. Fl. 12665DF CARF MF Fl. 28 do Acórdão n.º 1201-003.307 - 1ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.736168/2017-07 Como resultado da aplicação do referido dispositivo, os julgados decidiram que a tributação da renda deve ser feita exclusivamente no âmbito da pessoa jurídica, que é a fonte pagadora, ou seja, a decisão optou por aplicar uma tributação mais alta, tanto em termos de alíquota nominal mais alta quanto em termos de impossibilidade de nenhuma dedução dos rendimentos. Vale destacar que na seara da pessoa física, o artigo 47 da Lei n. 7.713/88 dispõe que os rendimentos ou ganhos de capital pagos a beneficiários não identificados são tributados exclusivamente na fonte, "in verbis": Art. 47. Fica sujeito à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta por cento, todo rendimento real ou ganho de capital pago a beneficiário não identificado. Como decorrência lógica do referido dispositivo legal, fica claro que sabendo-se que houve a tributação do rendimento segundo o artigo 61 da Lei n. 8.981/95 (tributação exclusivamente na fonte), não há que se falar em nova tributação de tal rendimento na pessoa física. A eventual nova tributação de uma renda, que tinha sido sujeita a uma tributação exclusiva na fonte, configura um "bis in idem", uma vez que se está tributando novamente uma renda sujeita à tributação exclusiva na fonte. Não há como interpretar tal tributação de uma maneira não sistemática, caso contrário estar-se-ia transformando uma tributação exclusiva na fonte em tributação retida na fonte por antecipação. A interpretação da tributação da renda de forma segregada implica o descumprimento claro do texto legal do artigo 61 da Lei n. 8.981/95 e do artigo 47 da Lei n. 7.713/88. Destaque-se, ainda, que se fosse analisada uma potencial antinomia entre o artigo 61 da Lei n. 8.981/95 e os artigos 2º e 3º da Lei n. 7.713/88, merece ser citado o artigo 2º, §1º, da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (Decreto-lei n. 4.657/42), pelo qual se estabelece que "a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior". Logo, considerando que o artigo 61 da Lei n. 8.981/95 é posterior aos artigos 2º e 3º da Lei n. 7.713/88, no caso de antinomia, deve valer a tributação exclusiva na fonte prevista no artigo 61 da Lei n. 8.981/95. Recorrendo-se, mais uma vez, à Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, verifica-se que o artigo 2º, §2º, da referida lei prevê que lei nova que estabeleça disposições especiais não revoga nem modifica a lei anterior, ou seja, a regra do artigo 61 da Lei n. 8.981/95 (que estabelece a tributação exclusiva na fonte) deve ser aplicável ao caso concreto por ser mais específica que a regra dos artigos 2º e 3º da Lei n. 7.713/88. Com base no exposto, voto por dar parcial provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Alexandre Evaristo Pinto Fl. 12666DF CARF MF
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Numero do processo: 14120.000067/2009-39
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 04 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jan 06 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/06/2004 a 31/12/2006
NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
A identificação clara e precisa dos motivos que ensejaram a autuação afasta a alegação de nulidade. Não há que se falar em nulidade quando a autoridade lançadora indicou expressamente a infração imputada ao sujeito passivo e propôs a aplicação da penalidade cabível, efetivando o lançamento com base na legislação tributária aplicável. A atividade da autoridade administrativa é privativa, competindo-lhe constituir o crédito tributário com a aplicação da penalidade prevista na lei. Inexistindo demonstração de preterição do direito de defesa, especialmente quando o contribuinte exerce a prerrogativa de se contrapor a acusação fiscal ou aos termos da decisão de primeira instância que lhe foi desfavorável, não se configura qualquer nulidade.
DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA.
Tendo o lançamento sido efetivado no quinquídio legal não ocorre a decadência.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/06/2004 a 31/12/2006
TERCEIROS. CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO SENAR. LANÇAMENTO.
Incidem contribuições devidas à Seguridade Social, destinados ao SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), sobre os valores da comercialização de produção rural referentes às operações de aquisição de bovinos para abate de produtores rurais pessoas físicas.
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. LEGALIDADE. ALEGAÇÃO DE MULTA DE MORA CONFISCATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO CARF.
A multa de mora é definida objetivamente pela lei e decorre do lançamento de ofício quando formalizada a exigência de crédito tributário pela Administração Tributária.
Este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é incompetente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária que determina a aplicação de penalidade pecuniária, sob o fundamento do seu efeito confiscatório (Súmula CARF n.º 2).
MULTA. LANÇAMENTO ANTERIOR A MEDIDA PROVISÓRIA 449. LEI 11.941. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL. RETROATIVIDADE BENIGNA.
A mudança no regime jurídico das multas no procedimento de ofício de lançamento das contribuições previdenciárias por meio da MP 449 enseja a aplicação da alínea c, do inciso II, do artigo 106 do CTN.
Súmula CARF n.º 119. No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n.º 449, de 2008, convertida na Lei n.º 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n.º 9.430, de 1996.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGALIDADE. SÚMULA CARF N.º 4.
É cabível, por expressa disposição legal, a partir de 01/04/1995, a exigência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Inexiste ilegalidade na aplicação da taxa SELIC devidamente demonstrada no auto de infração, porquanto o Código Tributário Nacional outorga à lei a faculdade de estipular os juros de mora incidentes sobre os créditos não integralmente pagos no vencimento e autoriza a utilização de percentual diverso de 1%, desde que previsto em lei.
Numero da decisão: 2202-005.803
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que se observe o cálculo da multa mais benéfica, nos termos da Súmula CARF nº 119.
(documento assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Leonam Rocha de Medeiros - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcelo de Sousa Sateles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Mario Hermes Soares Campos, Leonam Rocha de Medeiros, Juliano Fernandes Ayres e Ronnie Soares Anderson (Presidente).
Nome do relator: LEONAM ROCHA DE MEDEIROS
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ementa_s : ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/2004 a 31/12/2006 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. A identificação clara e precisa dos motivos que ensejaram a autuação afasta a alegação de nulidade. Não há que se falar em nulidade quando a autoridade lançadora indicou expressamente a infração imputada ao sujeito passivo e propôs a aplicação da penalidade cabível, efetivando o lançamento com base na legislação tributária aplicável. A atividade da autoridade administrativa é privativa, competindo-lhe constituir o crédito tributário com a aplicação da penalidade prevista na lei. Inexistindo demonstração de preterição do direito de defesa, especialmente quando o contribuinte exerce a prerrogativa de se contrapor a acusação fiscal ou aos termos da decisão de primeira instância que lhe foi desfavorável, não se configura qualquer nulidade. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. Tendo o lançamento sido efetivado no quinquídio legal não ocorre a decadência. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2004 a 31/12/2006 TERCEIROS. CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO SENAR. LANÇAMENTO. Incidem contribuições devidas à Seguridade Social, destinados ao SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), sobre os valores da comercialização de produção rural referentes às operações de aquisição de bovinos para abate de produtores rurais pessoas físicas. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. LEGALIDADE. ALEGAÇÃO DE MULTA DE MORA CONFISCATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO CARF. A multa de mora é definida objetivamente pela lei e decorre do lançamento de ofício quando formalizada a exigência de crédito tributário pela Administração Tributária. Este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é incompetente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária que determina a aplicação de penalidade pecuniária, sob o fundamento do seu efeito confiscatório (Súmula CARF n.º 2). MULTA. LANÇAMENTO ANTERIOR A MEDIDA PROVISÓRIA 449. LEI 11.941. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL. RETROATIVIDADE BENIGNA. A mudança no regime jurídico das multas no procedimento de ofício de lançamento das contribuições previdenciárias por meio da MP 449 enseja a aplicação da alínea c, do inciso II, do artigo 106 do CTN. Súmula CARF n.º 119. No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n.º 449, de 2008, convertida na Lei n.º 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n.º 9.430, de 1996. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGALIDADE. SÚMULA CARF N.º 4. É cabível, por expressa disposição legal, a partir de 01/04/1995, a exigência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. Inexiste ilegalidade na aplicação da taxa SELIC devidamente demonstrada no auto de infração, porquanto o Código Tributário Nacional outorga à lei a faculdade de estipular os juros de mora incidentes sobre os créditos não integralmente pagos no vencimento e autoriza a utilização de percentual diverso de 1%, desde que previsto em lei.
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INOCORRÊNCIA. A identificação clara e precisa dos motivos que ensejaram a autuação afasta a alegação de nulidade. Não há que se falar em nulidade quando a autoridade lançadora indicou expressamente a infração imputada ao sujeito passivo e propôs a aplicação da penalidade cabível, efetivando o lançamento com base na legislação tributária aplicável. A atividade da autoridade administrativa é privativa, competindo-lhe constituir o crédito tributário com a aplicação da penalidade prevista na lei. Inexistindo demonstração de preterição do direito de defesa, especialmente quando o contribuinte exerce a prerrogativa de se contrapor a acusação fiscal ou aos termos da decisão de primeira instância que lhe foi desfavorável, não se configura qualquer nulidade. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. Tendo o lançamento sido efetivado no quinquídio legal não ocorre a decadência. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2004 a 31/12/2006 TERCEIROS. CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO SENAR. LANÇAMENTO. Incidem contribuições devidas à Seguridade Social, destinados ao SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), sobre os valores da comercialização de produção rural referentes às operações de aquisição de bovinos para abate de produtores rurais pessoas físicas. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. LEGALIDADE. ALEGAÇÃO DE MULTA DE MORA CONFISCATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO CARF. A multa de mora é definida objetivamente pela lei e decorre do lançamento de ofício quando formalizada a exigência de crédito tributário pela Administração Tributária. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 12 0. 00 00 67 /2 00 9- 39 Fl. 342DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2202-005.803 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 14120.000067/2009-39 Este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é incompetente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária que determina a aplicação de penalidade pecuniária, sob o fundamento do seu efeito confiscatório (Súmula CARF n.º 2). MULTA. LANÇAMENTO ANTERIOR A MEDIDA PROVISÓRIA 449. LEI 11.941. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL. RETROATIVIDADE BENIGNA. A mudança no regime jurídico das multas no procedimento de ofício de lançamento das contribuições previdenciárias por meio da MP 449 enseja a aplicação da alínea “c”, do inciso II, do artigo 106 do CTN. Súmula CARF n.º 119. No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n.º 449, de 2008, convertida na Lei n.º 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n.º 9.430, de 1996. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGALIDADE. SÚMULA CARF N.º 4. É cabível, por expressa disposição legal, a partir de 01/04/1995, a exigência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. Inexiste ilegalidade na aplicação da taxa SELIC devidamente demonstrada no auto de infração, porquanto o Código Tributário Nacional outorga à lei a faculdade de estipular os juros de mora incidentes sobre os créditos não integralmente pagos no vencimento e autoriza a utilização de percentual diverso de 1%, desde que previsto em lei. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que se observe o cálculo da multa mais benéfica, nos termos da Súmula CARF nº 119. (documento assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente (documento assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcelo de Sousa Sateles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Mario Hermes Soares Campos, Leonam Rocha de Medeiros, Juliano Fernandes Ayres e Ronnie Soares Anderson (Presidente). Fl. 343DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2202-005.803 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 14120.000067/2009-39 Relatório Cuida-se, o caso versando, de Recurso Voluntário (e-fls. 321/331), com efeito suspensivo e devolutivo ― autorizado nos termos do art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal ―, interposto pelo recorrente, devidamente qualificado nos fólios processuais, relativo ao seu inconformismo com a decisão de primeira instância (e-fls. 295/315), proferida em sessão de 24/02/2010, consubstanciada no Acórdão n.º 04-19.688, da 3.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande/MS (DRJ/CGE), que, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte à impugnação (e-fls. 252/272), mantendo-se o crédito tributário de contribuições devidas à seguridade social correspondente à rubrica Terceiros, destinada ao SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), cujo acórdão restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2004 a 31/12/2006 APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE Não cabe a esta instância julgadora apreciar argumentos de inconstitucionalidade e ilegalidade de norma, por ser matéria reservada privativamente ao Poder Judiciário. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS É vedada a extensão administrativa dos efeitos de decisões judiciais contrárias à orientação estabelecida para a administração direta e autárquica em atos de caráter normativo ordinário. VALIDADE DO LANÇAMENTO FISCAL. A fiscalização lavrará notificação fiscal débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. VALIDADE. LANÇAMENTO POR ARBITRAMENTO A omissão do sujeito passivo em apresentar seus documentos contábeis autoriza o arbitramento das contribuições previdenciárias incidentes sobre a aquisição de produto rural, com base na quantidade de bovinos abatidos pelo sujeito passivo, informada por órgão oficial. RENÚNCIA AO PROCESSO ADMINISTRATIVO POR INTERPOSIÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA A propositura pelo sujeito passivo de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento, que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual trate o processo administrativo importa renúncia ao contencioso. AFERIÇÃO DA MULTA MAIS BENÉFICA A nova multa é mais benéfica para os contribuintes, o que dá ensejo ao efeito retroativo, nos termos do art. 106 do CTN, cuja aplicabilidade deve ser aferido matematicamente. Deve se comparar a conduta do sujeito passivo segundo a sistemática anterior e a atual e aplicar a multa mais benigna. Se da comparação, resultar mais benéfico a aplicação da sistemática antiga, o Auto de Infração deve ser na forma anterior, ou seja com Código de Fundamento Legal, CFL 68. Se da comparação, resultar mais benéfico a aplicação da sistemática nova, dever ser lançado Auto de Infração de Obrigação Principal, também na forma atual, somente com a imposição da multa de ofício prevista no art. 44, I, da Lei n.º 9.430/96, pois o Auto de Infração de Obrigação Acessória com Código de Fundamento Legal, CFL 78 somente é aplicável quando há recolhimento. COMUNICAÇÃO PROCESSUAL A comunicação processual será feita na forma pessoal, ou por via postal ou telegráfica, com prova de recebimento no domicílio tributário do sujeito passivo. MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI N.º 11.941/2009 – APLICAÇÃO DA MULTA MAIS BENÉFICA Fl. 344DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2202-005.803 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 14120.000067/2009-39 A análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. DILAÇÃO PROBATÓRIA Em regra, a prova documental deve ser apresentada juntamente com a impugnação, sob pena de preclusão, com exceção, apenas das hipóteses do § 4.º, do art. 16 do Decreto n.º 70.235/1972. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Do lançamento fiscal O lançamento, em sua essência e circunstância, no Procedimento Fiscal n.º 0140100.2008.00571, DEBCAD 37.222.169-6, para fatos geradores com competências de 06/2004 a 12/2004, 01/2005 a 12/2005 e 01/2006 a 12/2006, com o procedimento iniciado em 23/01/2009 (e-fl. 246), com auto de infração juntamente com as peças integrativas lavrado em 16/04/2009 (e-fls. 2/35 e 247/249), com Relatório Fiscal juntado aos autos (e-fls. 36/39; 285/288), com crédito tributário na data do auto de infração calculado com juros e com multa no valor de R$ 685.990,24 (sendo R$ 390.826,91 de principal), tendo o contribuinte sido notificado em 30/04/2009 (e-fls. 2 e 248), foi bem delineado e sumariado no relatório do acórdão objeto da irresignação (e-fls. 295/315), pelo que passo a adotá-lo: Trata-se de processo de crédito com exigência de contribuições sociais previdenciárias referentes à rubrica Terceiros (SENAR), constituído através de Auto de Infração de Obrigação Principal DEBCAD n.º 37.222.169-6 (fls. 01/34) [e-fls. 2/35] lançado na data de 30/04/2009 em face do sujeito passivo acima identificado, no valor de R$ 685.990,24, consolidado em 16/04/2009, por intermédio da Auditoria Fiscal realizada por LEONILDO LIBÉRIO ALVES DA SILVA. De acordo com o Relatório Fiscal (fls. 35/38) [e-fls. 36/39], e complementos integrantes, o crédito teve por fato gerador as contribuições sociais incidentes sobre os valores da comercialização de produção rural referentes às operações de aquisição de bovinos para abate de produtores rurais pessoas físicas. A base de cálculo foi apurada a partir do exame Notas Fiscais, Notas Fiscais de Produtor e nos Livros de Registros de Entradas. A Auditoria Fiscal informou que as contribuições lançadas e as suas bases de cálculo não foram declaradas na GFIP, entretanto há liminar judicial concedida no Mandado de Segurança 2000.60.00.005770-7. Deixou-se de elaborar e encaminhar Representação Fiscal para Fins Penais. O presente Auto de Infração foi lavrado para prevenir a decadência. Houve aperfeiçoamento do presente lançamento mediante a cientificação do sujeito passivo, realizada pessoalmente em 30/04/2009 (fl. 1) [e-fl. 2]. INCIDENTES COM REPERCUSSÃO PROCESSUAL Houve a substituição do Relatório Fiscal por incorreções consoante Termo de Cientificação (fl. 287) [e-fl. 289], do sujeito passivo em 03/07/2009. As contribuições lançadas e as suas bases de cálculo não foram declaradas na GFIP, fato este que configura, em tese, a prática de crime de Sonegação de Contribuição Previdenciária. Desta forma, será encaminhada Representação Fiscal para Fins Penais à autoridade competente para as providências cabíveis. Consta dos autos que o contribuinte desenvolve atividades de abate de bovinos, indústria e comércio de carnes e derivados, bem como a substituição do relatório fiscal, especialmente, para excluir a informação de que não seria encaminhada representação fiscal para fins penais e que haveria liminar em favor do contribuinte, vez que, posteriormente, a fiscalização constatou que a liminar foi cassada em reexame necessário. Fl. 345DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2202-005.803 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 14120.000067/2009-39 Da Impugnação ao lançamento A impugnação, que instaurou o contencioso administrativo fiscal, dando início e delimitando os contornos da lide, foi apresentada pelo recorrente em 01/06/2009 (e-fls. 252/272). Em suma, controverteu-se na forma apresentada nas razões de inconformismo, conforme bem relatado na decisão vergastada (e-fls. 295/315), pelo que peço vênia para reproduzir: O sujeito passivo apresentou a impugnação, recepcionada em 01/06/2009 (fls. 250/270) [e-fls. 252/272], com a juntada de documentos comprobatórios e alegação cujos pontos relevantes para apreciação do litígio são os seguintes: 1) Nulidade em virtude de fundamentação genérica Os dispositivos de lei invocados como fundamentos legais são incompletos e não permitem saber de forma clara qual a legislação que instituiu o fato gerador, a co- responsabilidade, o critério quantitativo, o percentual de juros e o valor da multa. 2) Nulidade do arbitramento As divergências nos Livros 13 e 14 quanto ao registro de notas fiscais de entrada de mercadoria, configura mero erro material, passível de correção, visto que os demais elementos estão perfeitamente lançados. Não foi intencional (consciente), até porque, como bem destacou a Auditoria Fiscal, a empresa está amparada por liminar judicial concedida nos autos n.º 2000.60.00.005770-7, o que demonstra que as divergências supostamente existentes constituem mero erro material. 3.1) Impossibilidade de tributar pessoa jurídica com base no art. 25-A e da inaplicabilidade do art. 30, inciso IV O recorrente é Pessoa Jurídica, não é sujeito passivo da contribuição prevista no art. 25-A, que se refere apenas e tão somente ao empregador rural pessoa física, o que caracteriza a ilegalidade da exação com sua consequente nulidade. Ademais, não é aplicável no presente caso o art. 30, inciso IV, porque a responsabilidade prevista no art. 12, inciso V, alínea “a”, corresponde a rubrica “Contribuinte Individual” e não ao SENAR. 3.2) Inconstitucionalidade do art. 30, inciso IV A obrigação subsidiária contida no inciso IV do art. 30 da Lei 8.212/91 é manifestamente inconstitucional porque foi instituída por Lei Ordinária ao invés de Lei Complementar conforme exigida no art. 146 da Constituição Federal de 1988. 3.3) Inconstitucionalidade em atribuir responsabilidade por meio de Decreto A responsabilidade tributária contida no parágrafo 7.º do Decreto n.º 3.048/99 é inconstitucional porque somente poderia ser instituída mediante Lei Complementar, nos termos do art. 146 da Constituição Federal de 1988. 3.4) Nulidade da multa de mora A empresa recorrente está amparada em liminar concedida em processo judicial, o que faculta ao Fisco efetuar o lançamento do tributo para afastar a ocorrência da decadência, mas afasta a aplicação da multa de mora, nos termos do art. 63 da Lei n.º 9.430/96, evidenciado em diversas decisões administrativas. 3.5) Nulidade da fundamentação com relação a multa de mora A legislação utilizada para exação da multa de mora foi revogada pela MP n.º 449, de 03 de dezembro de 2008, que prescreveu a aplicação nos termos do art. 61 da Lei n.º 9.430, de 1996, penalidade menos severa conforme ditames do CTN, Art. 106. PEDIDO 1) Nulidade do lançamento 2) Improcedência do Lançamento do crédito tributário 3) Refazimento da fundamentação legal com concessão de novo prazo para defesa 4) Solicita que as intimações sejam enviadas para o endereço do escritório profissional. 5) Produção de prova por todos os meios em direito admitidos Fl. 346DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 2202-005.803 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 14120.000067/2009-39 Do Acórdão de Impugnação A tese de defesa não foi acolhida pela DRJ (e-fls. 295/315), primeira instância do contencioso tributário. Na decisão a quo foram refutadas cada uma das insurgências do contribuinte por meio de razões baseadas nos seguintes tópicos: a) Apreciação de inconstitucionalidade e ilegalidade; b) Decisões administrativas e judiciais; c) Nulidade em virtude de fundamentação genérica – validade do lançamento fiscal; d) Nulidade do arbitramento; e) Impossibilidade de tributar pessoa jurídica com base no art. 25-A e da inaplicabilidade do art. 30, inciso IV; f) Inconstitucionalidade do art. 30, inciso IV; g) Inconstitucionalidade em atribuir responsabilidade por meio de Decreto; h) Nulidade da multa de mora – Efeitos da ação judicial no processo administrativo; i) Multa de mora e de ofício; j) Obrigatoriedade de aferição da multa mais benéfica; k) procedimento de aferição; l) capitulação legal da nova sistemática de apuração da infração; m) comunicação processual; n) aplicação da multa mais benéfica; o) dilação probatória. Do Recurso Voluntário e encaminhamento ao CARF No recurso voluntário, interposto em 30/04/2010 (e-fls. 321/331), o sujeito passivo reitera termos da impugnação e postula a reforma da decisão de primeira instância, a fim de acolher as preliminares; superadas as preliminares, seja o lançamento declarado insubsistente, no todo ou em parte; ou, seja afastada a multa qualificada (se ainda restar matéria tributável). Na peça recursal aborda os seguintes capítulos: a) Decadência; b) Juros com efeito de confisco; e c) Cálculos apresentados no AI de forma errônea. Nesse contexto, os autos foram encaminhados para este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), sendo, posteriormente, distribuído por sorteio público para este relator. É o que importa relatar. Passo a fundamentação analisando o juízo de admissibilidade e, se superado este, o juízo de mérito para finalizar com o dispositivo. Voto Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros, Relator. Admissibilidade O Recurso Voluntário, ainda que no caso concreto denominado de “impugnação”, atende a todos os pressupostos de admissibilidade intrínsecos, relativos ao direito de recorrer, e extrínsecos, relativos ao exercício deste direito, sendo caso de conhecê-lo. Especialmente, quanto aos pressupostos extrínsecos, observo que o recurso se apresenta tempestivo (notificação em 06/04/2010, e-fl. 320, protocolo recursal em 30/04/2010, e-fl. 321), tendo respeitado o trintídio legal, na forma exigida no art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 1972, que dispõe sobre o Processo Administrativo Fiscal. Por conseguinte, conheço do recurso voluntário (e-fls. 321/331). Fl. 347DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 2202-005.803 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 14120.000067/2009-39 Apreciação de preliminar antecedente a análise do mérito - Preliminar de nulidade Observo que a defesa alega que o auto de infração, assim como a decisão de primeira instância, seria nulo por inexistência de justa causa para a lavratura da autuação por inocorrência de ilicitude. Diz que os “dispositivos oferecidos não possibilitam o entendimento esposado na exação, tampouco abre espaço ou possibilidade para o apenamento pretendido, tem-se como ilegítima a autuação, devendo por isso, ser declarada nula”. Pois bem. Não há que se falar em nulidade ou mesmo em cerceamento ou preterição do direito de defesa quando a autoridade lançadora indicou expressamente as infrações imputadas ao sujeito passivo e observou todos os demais requisitos constantes do art. 10 do Decreto n.º 70.235, de 1972, reputadas ausentes às causas previstas no art. 59 do mesmo diploma legal, ainda mais quando, efetivamente, mensurou motivadamente os fatos que indicou para imputação, estando determinada a matéria tributável, tendo identificado o “fato imponível”. Veja-se, outrossim, que os relatórios fiscais, em conjunto com os documentos acostados, atenderam plenamente aos requisitos estabelecidos pelo art. 142, do CTN, bem como pela legislação federal atinente ao processo administrativo fiscal (Decreto n.º 70.235/1972), pois descreve os fatos que deram ensejo à constituição do presente crédito tributário, caracterizando-os como fatos geradores e fornecendo todo o embasamento legal e normativo para o lançamento. Em outras palavras, o lançamento está revestido de todos os requisitos legais, uma vez que o fato gerador foi minuciosamente explicitado no lançamento fiscal, a base legal do lançamento foi demonstrada e todos os demais dados necessários à correta compreensão da exigência fiscal e de sua mensuração constam dos discriminativos e outros elementos que integram a autuação. Além disto, houve a devida apuração do quantum exigido, indicando-se os respectivos critérios que sinalizam os parâmetros para evolução do crédito constituído. A fundamentação legal está posta e compreendida pelo autuado, tanto que exerceu seu direito de defesa bem debatendo o mérito do lançamento. A autuação e o acórdão de impugnação convergem para aspecto comum quanto à interpretação dada para as provas e a subsunção do caso concreto à norma tributante, estando os autos bem instruídos e substanciados para dá lastro a subsunção jurídica efetivada. Os fundamentos estão postos, foram compreendidos e o recorrente exerceu claramente seu direito de defesa rebatendo-os, a tempo e modo. Discordar dos fundamentos, das razões do lançamento, bem como das razões de decidir da DRJ, não torna os respectivos atos nulos, mas sim passíveis de enfrentamento das razões recursais no mérito, o que será delineado neste acórdão no momento próprio da apreciação do mérito. Fl. 348DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 2202-005.803 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 14120.000067/2009-39 Em suma, não observo preterição ao direito de defesa, nos termos do art. 59, II, do Decreto n.º 70.235, de 1972. Não constato qualquer vício, inexiste nulidade, inexiste qualquer error in procedendo. Sendo assim, rejeito a preliminar de nulidade. Mérito Quanto ao juízo de mérito, passo a apreciá-lo. Inicialmente, conheço da temática envolvendo a decadência, por ser uma prejudicial de mérito. - Decadência A defesa advoga que se operou a decadência, pois os “títulos cobrados no auto de infração são de 2004 a 2006”, de modo que decaiu o direito de efetivar o lançamento. Pois bem. A controvérsia dos autos remonta em sua gênese ao lançamento de ofício decorrente da constatação, pela fiscalização, a partir da análise da escrita fiscal do contribuinte, de que a fiscalizada deixou de recolher as contribuições para a Seguridade Social referentes à rubrica Terceiros (SENAR), incidentes sobre os valores da comercialização de produção rural referentes às operações de aquisição de bovinos para abate de produtores rurais pessoas físicas, nas competências 06/2004 a 12/2004, 13/2004, 01/2005 a 12/2005 e 01/2006 a 12/2006, tendo o contribuinte sido notificado em 30/04/2009 (e-fls. 2 e 248). Desta forma, não há que se falar em decadência, pois, ainda que se tenha a plena consciência de que o tributo possui fato gerador instantâneo, bem como mesmo compreendendo como aplicável o § 4.º do art. 150 do CTN 1 , tem-se, de modo muito nítido, que não ocorreu o lustro decadencial, haja vista que a competência mais antiga é 06/2004 e a notificação do lançamento se efetivou em 30/04/2009 (e-fls. 2 e 248). Sendo assim, rejeito a prejudicial de decadência. - Juros com efeito de confisco A defesa advoga que os juros aplicados tem efeito de confisco. Posteriormente, diz que a multa é absolutamente inaceitável, pois “ao aplicar tal infração tem apenas a intenção de prejudicar o contribuinte e não a fim de fazê-lo cumprir sua obrigação.” Pois bem. Observo que o recorrente no capítulo em tela quer discutir juros e, também, a multa de ofício. Primeiro, no que pertine aos juros de mora, não vejo reparos a serem tecidos na decisão hostilizada para a referida irresignação, sendo tema objeto de enunciado da Súmula CARF n.º 4, nestes termos: “A partir de 1.º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no 1 Art. 150, § 4.º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, (...). Fl. 349DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 2202-005.803 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 14120.000067/2009-39 período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais.” No caso específico de débitos para com a Fazenda Nacional, a adoção da taxa de referência SELIC, como medida de percentual de juros de mora, foi estabelecida pela Lei n.º 9.065, de 20/06/1995, nestes termos: Art. 13. A partir de 1.º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea c do parágrafo único do art. 14 da Lei n.º 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6.º da Lei n.º 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei n.º 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea a.2, da Lei n.º 8.981, de 1995, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. Trata-se de temática já superada e, atualmente, sumulada. Aliás, o cálculo dos juros de mora, equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC, está, hodiernamente, previsto, de forma literal, no art. 61, § 3.º, da Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Noutro giro, no que se refere à multa, ela é definida objetivamente pela lei e decorre do lançamento de ofício, quando formalizada a exigência de crédito tributário pela Administração Tributária. Trata-se de aplicação da lei, restando legítimo a fixação conforme preceito normativo. No mais, o julgador administrativo está impedido de reduzi-la, com fulcro em tese constitucional de confisco, pois é vedado ao Colegiado declarar a inconstitucionalidade de norma legal. Súmula CARF n.º 2: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Por sua vez, como houve mudança legislativa, deve-se aplicar a multa mais benéfica, seja a da legislação atual ou a da legislação pretérita, importando que se observe o disposto no art. 106, inciso II, alínea “c”, do CTN 2 . Veja-se que as competências da autuação estão compreendidas no interregno da vigência do art. 35, I, II, III, da Lei n.º 8.212, com redação dada pela Lei n.º 9.876, de 1999, por conseguinte é de momento anterior a Medida Provisória n.º 449, de 3 de dezembro de 2008, convertida na Lei n.º 11.941, de 27 de maio de 2009, que deu nova redação para o preceito legal sancionador em referência da Lei n.º 8.212. Neste diapasão, deve-se considerar a retroatividade benigna, se for o caso, aplicando a multa mais favorável ao sujeito passivo, por ocasião do pagamento ou do parcelamento, conforme a situação, haja vista que os percentuais da multa do art. 35 da Lei n.º 8.212, com redação dada pela Lei n.º 9.876, de 1999, variam em função do prazo do pagamento do crédito tributário/previdenciário, de modo que a comparação com a disciplina da nova lei somente poderá ser aferida por ocasião do pagamento ou parcelamento, devendo o valor da multa ser revisto, se for o caso, consoante o art. 2.º da Portaria Conjunta PGFN/RFB n.º 14/2009. 2 Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Fl. 350DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 2202-005.803 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 14120.000067/2009-39 A penalidade mais benéfica, no caso concreto, é passível de aplicação ex officio, consoante disposto na Portaria Conjunta PGFN/RFB n.º 14, de 04 de dezembro de 2009, combinado com o art. 476-A da Instrução Normativa RFB n.º 971, de 2009, incluído pela Instrução Normativa RFB n.º 1.027, de 2010. Observe-se, inclusive, que, para o cálculo das multas por descumprimento das obrigações de natureza previdenciária (principais ou acessórias), deve-se adotar posicionamento no sentido da aplicação de uma multa única, quando houver descumprimento de obrigações principais e acessórias, por considerar ser a sistemática mais benéfica ao contribuinte, com lastro na proibição do bis in idem, pelo que deve se observar os processos conexos em relação a mesma ação fiscal. Veja-se que nessa sessão de julgamento estão sendo apreciados, em conjunto, os Processos ns.º 14120.000063/2009-51, 14120.000069/2009-28 e 14120.000066/2009-94, todos decorrentes da mesma fiscalização. Tome-se, por diretriz, inclusive, o disposto na Súmula CARF n.º 119, nestes termos: “No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n.º 449, de 2008, convertida na Lei n.º 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n.º 9.430, de 1996.” (Vinculante, conforme Portaria ME n.º 129, de 01/04/2019, DOU de 02/04/2019). Sendo assim, com parcial razão o contribuinte neste capítulo, devendo-se observar o cálculo da multa mais benéfica, se cabível, a ser realizado no momento do pagamento ou parcelamento. - Cálculos apresentados no AI de forma errônea A defesa, ainda, alega que os “cálculos apresentados no auto de infração foram feito de forma errônea não respeitando a própria Lei 8.212/91, pois, nos cálculos devem conter apenas o salário base, devendo ser excluído diversos benefícios, tais divergências entre a GFIP e a folha de pagamento foi em decorrência de tal fato.” Pois bem. Não assiste razão ao recorrente. Inicialmente, veja-se, inclusive, que a tese de impugnação é diferente do recurso voluntário interposto. Deveras, o presente processo é de contribuições devidas à seguridade social correspondente à rubrica Terceiros, destinada ao SENAR, e, neste sentido, a peça impugnatória caminhou rebatendo o tema de forma específica, em alguns capítulos próprios, tendo a decisão de piso, no entanto, aduzido que (e-fls. 302/309): Nulidade do arbitramento Em matéria tributária, arbitramento é a forma de constituição de crédito, que pode empregar diferentes procedimentos, dentre eles o método de aferição indireta, que é permitida quando o sujeito passivo for omisso em relação às informações que deveria prestar ou quando as informações por ele prestadas não merecerem fé, nos termos do art. 148 do Código Tributário Nacional: (...). Embora alegue mero erro material, é fato admitido pelo próprio sujeito passivo que deixou de apresentar à auditoria fiscal alguns de seus livros contábeis (Livros Fl. 351DF CARF MF http://idg.carf.fazenda.gov.br/noticias/2019/arquivos-e-imagens/portaria-me-129-sumulas_efeito-vinculante.pdf http://idg.carf.fazenda.gov.br/noticias/2019/arquivos-e-imagens/portaria-me-129-sumulas_efeito-vinculante.pdf Fl. 11 do Acórdão n.º 2202-005.803 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 14120.000067/2009-39 Diário e Razão dos exercícios de 2004, 2005 e 2006 e as Notas Fiscais de Entrada do período de 01/02/2005 a 28/02/2005; apresentou parcialmente as Notas Fiscais de Entrada dos períodos de 01/04/2005 a 31/07/2005 – Auto de Infração lavrado no processo n.º 14120.000068/2009-83, não contestado no mérito), — e que também há diferenças entre os valores dos documentos e lançado nos respectivos livros, conforme informado pela Auditoria Fiscal, “os dados referentes aos emitentes destas notas fiscais escrituradas nos Livros de Registro de Entradas ns.º 13 e 14 são divergentes dos dados que constam no documento fiscal” (fl. 284). Essa conduta omissão/erro autoriza a fiscalização a usar meios indiretos/subsidiários de prova do fato gerador e de cálculo das contribuições de acordo com o art. 33, §§ 2.º e 3.º, da Lei 8.212/91, em sua redação original: (...). À luz deste artigo e do art. 148 do CTN, extrai-se que a competência para realizar o arbitramento é da autoridade lançadora, que, à época, era o Auditor Fiscal da Previdência Social (art. 8.º da Lei 10.593/2002). Conclui-se que, atendidos os pressupostos legais do arbitramento – omissão do sujeito passivo e razoabilidade do critério – fica afastada a tese de invalidade do lançamento e o ônus da prova quanto à inexistência do fato gerador passa a ser do sujeito passivo. Impossibilidade de tributar pessoa jurídica com base no art. 25-A e da inaplicabilidade do art. 30, inciso IV Este tópico originou-se da verificação no relatório FLD — Fundamentos Legais do Debito (fl. 31-32), de referência legal da rubrica “402 — Terceiros — SENAR” que segundo argumento da defesa não lhe é pertinente. Cabe esclarecer que a fundamentação legal contempla todas as hipóteses de incidência que terão a incidência de contribuições sociais para a rubrica referida, mas não significa que houve a ocorrência no lançamento em exame, ou seja, há o fundamento legal de todos os possíveis fatos geradores, o que não vicia o lançamento, pois segundo a boa técnica consagrada no processo civil, a defesa deve se contrapor aos fatos que lhe foram imputados, pois a simples relação de outros dispositivos legais não traz nenhum prejuízo para a intelecção da exação fiscal. Inconstitucionalidade do art. 30, inciso IV Apesar da omissão da defesa quanto à matéria objeto de ação judicial, cujo ônus foi estabelecido no DECRETO N.º 70.235, DE 6 DE MARÇO DE 1972, que regula o processo administrativo fiscal: “Art. 16. A impugnação mencionará: V – se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei n.º 11.196, de 2005)” Da pesquisa no sítio do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região pode-se o argumento da defesa “a obrigação subsidiária contida no inciso IV do art. 30 da Lei 8.212/91 é manifestamente inconstitucional porque foi instituída por Lei Ordinária ao invés de Lei Complementar conforme exigida no art. 146 da Constituição Federal de 1988” com o teor da decisão exarado no Processo n.º 2000.60.00.005770-7, PAUTA: 09/06/2008 JULGADO: 09/06/2008 NUM. PAUTA: 00071, nos seguintes termos: “CONSTITUCIONALIDADE. 1. A Lei n. 8.212/91, art. 25, com a redação dada pela Lei n. 10.256, de 09/07/91, institui a contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial sobre a receita bruta da comercialização da produção. Por outro lado, a Lei n. 8.870, de 15/04/94, art. 25, com redação dada pela Lei n. 10.256, de 09/07/01, estabelece a contribuição do empregador, pessoa jurídica, que se dedique à produção rural, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção. Em síntese, tanto o segurado especial, quanto o produtor rural pessoa física e o produtor rural pessoa jurídica, sujeitam-se à contribuição sobre o resultado da comercialização de sua produção. Essa contribuição deve ser arrecadada e recolhida pelo adquirente, consumidor, consignatário ou cooperativa, em conformidade com o art. 30, III e IV, da Lei n. 8.212/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528, de 10/12/97. 2. Essa contribuição goza de fundamento constitucional, pois o art. 195, I, a, da Constituição da República, com a redação dada pela Emenda Constitucional n. 20, de 25/12/98, prevê que ‘a receita ou o faturamento’ sujeitam-se à incidência da exação. Não há como negar que ambos os conceitos (receita, faturamento), por sua generalidade, abrangem a noção mais restrita de ‘resultado da produção’ constante do § 8.º do mesmo dispositivo, segundo o qual esta se sujeitaria ao financiamento dos benefícios devidos ao segurado especial. Por essa razão, não é necessária a edição de lei complementar (CR, art. 195, § 4.º, bastando a ordinária (CR, art. 150, I). Por outro lado, tratando-se de Fl. 352DF CARF MF Fl. 12 do Acórdão n.º 2202-005.803 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 14120.000067/2009-39 contribuição, não incide o impedimento à bitributação concernente exclusivamente aos impostos (CR, art. 154, I). Como a Constituição da República estabelece o financiamento equitativo por toda a sociedade da Seguridade Social, tanto as entidades rurais como as urbanas podem ser eleitas como sujeitos passivos da exação (CR, art. 195, caput, combinado com o inciso V do parágrafo único do art. 194). Precedente do TRF da 3.ª Região. 4. Reexame necessário e apelação providos.” Dada a conexão da matéria ora impugnada com a referida ação judicial, deve-se reconhecer que inevitável será o reflexo da sua decisão ao presente processo. A Lei n.º 6.830, de 22/09/80, que trata da cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública assim dispõe: “Art. 38. A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo único. A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.” (...) A interposição de ação judicial pelo contribuinte, responsável ou substituto tributário nem sempre suspende a exigibilidade do crédito tributário. Essa suspensão somente ocorre nas hipóteses previstas nos incisos II, IV e V do art. 151 do Código Tributário Nacional – CTN, a seguir reproduzidas: (...). Nos casos em que o crédito tributário objeto da ação judicial não se encontra com a exigibilidade suspensa nos termos do art. 151 do CTN, a autoridade administrativa poderá proceder ao lançamento fiscal, tendo o processo tramitação normal, inclusive quanto aos atos executórios. Havendo a suspensão dessa exigibilidade, a doutrina e a jurisprudência têm reconhecido que a autoridade administrativa não está impedida de fiscalizar e lançar o crédito tributário, pois essa suspensão refere-se ao crédito e não à possibilidade de a autoridade fiscal efetuar o lançamento, estando suspensos tão-somente os atos executórios da cobrança. O lançamento tributário constitui atividade obrigatória e vinculada, sob pena de responsabilidade civil, criminal e administrativa, e busca garantir o direito do Fisco, em face da decadência. Deverá ser lavrada notificação fiscal das contribuições que estão sendo discutidas em juízo em processo apartado das demais contribuições devidas pela empresa, estando ou não suspensa a exigibilidade do crédito tributário, exceto quando houver liminar, antecipação de tutela ou decisão com comando expresso impedindo a fiscalização de constituir o crédito previdenciário, caso em que deverá ser encaminhada Informação Fiscal à Procuradoria com vistas à revogação da decisão judicial. Portanto, como o presente crédito não se encontra com a sua exigibilidade suspensa, pois ainda não houve o trânsito em julgado do Mandado de Segurança, que tem por conteúdo, objeto e causa de pedir idênticos a esta rubrica deste processo, não se deve conhecer desta parcela da impugnação pela renúncia do contencioso administrativo. Inconstitucionalidade em atribuir responsabilidade por meio de Decreto O comando normativo combatido tem o seguinte dispositivo expresso no DECRETO N.º 3.048, DE 6 DE MAIO DE 1999: “Art. 200. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam o inciso I do art. 201 e o art. 202, e a do segurado especial, incidente sobre a receita bruta da comercialização da produção rural, é de: (Redação dada pelo Decreto n.º 4.032, de 2001) § 7.º A contribuição de que trata este artigo será recolhida: I - pela empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa, que ficam sub-rogadas no cumprimento das obrigações do produtor rural pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do caput do art. 9.º e do segurado especial, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com estes ou com intermediário pessoa física, exceto nos casos do inciso III”. Conforme já salientado em tópico anterior, não compete à autoridade administrativa apreciar a arguição e declarar ou reconhecer a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, pois essa competência foi atribuída, em caráter privativo, ao Poder Judiciário, pela Constitucional Federal, art. 102. Fl. 353DF CARF MF Fl. 13 do Acórdão n.º 2202-005.803 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 14120.000067/2009-39 A mais abalizada doutrina escreve que toda atividade da Administração Pública passa-se na esfera infralegal e que as normas jurídicas, quando emanadas do órgão legiferante competente, gozam de presunção de constitucionalidade, bastando sua mera existência para inferir a sua validade. Vale dizer que, inovado o sistema jurídico com uma norma emanada do órgão competente, ela passa a pertencer ao sistema, cabendo à autoridade administrativa tão-somente velar pelo seu fiel cumprimento até que seja expungida do mundo jurídico por uma outra superveniente, ou por declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de controle concentrado de constitucionalidade, ou em controle difuso, neste caso, após a publicação de resolução do Senado Federal. Como, no caso concreto, essas hipóteses não ocorreram, as normas inquinadas de inconstitucionais pelo impugnante continuam válidas, não sendo lícito à autoridade administrativa abster-se de cumpri-las e nem declarar sua inconstitucionalidade, sob pena de violar o princípio da legalidade, na primeira hipótese, e de invadir seara alheia, na segunda. (...) A realização do lançamento nos casos em que o contribuinte esteja protegido por medida judicial, não implica violação de direito individual e sim, resguardo do crédito tributário em relação à decadência. Caso não se efetue o lançamento no curso do prazo decadencial e a ação judicial não seja decidida em definitivo nesse prazo, a Fazenda Nacional não mais poderá exercer o seu direito. A suspensão da exigibilidade prevista no CTN refere-se ao crédito tributário regularmente constituído e não à possibilidade de a autoridade administrativa efetuar o lançamento. Assim, o que se impede é a cobrança do crédito tributário quando esse se encontra com exigibilidade suspensa. Portanto, a Fazenda Pública não está impedida de proceder ao ato administrativo de lançamento. Ressalte-se que o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário mediante lançamento é, reconhecidamente, um direito potestativo e não pode ser obstado por qualquer procedimento de iniciativa do sujeito passivo. Atualmente, existe expressa previsão legal que autoriza o lançamento mesmo com a ocorrência de causa suspensiva de exigibilidade do crédito tributário, no intuito de evitar a caducidade do direito de constituí-lo. Tal disposição consta do artigo 63 da Lei n.º 9.430 de 1996, com a redação dada pela MP n.º 2.158-35 de 2001: (...). No presente processo, constatou-se que a liminar em Mandado de Segurança concedida no Processo n.º 2000.60.00.005770-7 foi cassada em reexame necessário conforme pesquisa no sítio do Tribunal Regional Federal 3° Região já colacionada em tópico anterior. Foram oferecidos embargos de declaração que teve a seguinte apreciação pelo Tribunal competente: “2000.60.00.005770-7 248773 AMS-MS ANOTAÇÕES.- DUPLO GRAU APRES. EM MESA JULGADO: 26/01/2009 EMENTA PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REDISCUSSÃO. DESCABIMENTO. PREQUESTIONAMENTO. MANIFESTAÇÃO DO ÓRGÃO JURISDICIONAL SOBRE A MATÉRIA CONTROVERTIDA.” A partir das informações extraídas das decisões, pode-se tomar como termo de referência a “data da decisão judicial que considerou devido o tributo ou contribuição”, 08/06/2008, visto que o embargo de declaração julgado improcedente em 26/01/2009 não teve efeito suspensivo. Assim, não há nenhuma repercussão no lançamento da multa de mora, visto que, no vencimento do prazo, 30 dias após à publicação da primeira decisão, é anterior à data do lançamento, ocorrida em 30/04/2009. Todavia, no recurso voluntário, o recorrente não volta aos específicos debates. Limita-se a dizer que a base de cálculo do lançamento sobre a folha dos segurados empregados conteria excesso. Este seria identificado a partir de benefícios pagos que não seriam base de cálculo para contribuições sociais. A questão é que o tema dos segurados empregados não é Fl. 354DF CARF MF Fl. 14 do Acórdão n.º 2202-005.803 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 14120.000067/2009-39 objeto destes autos, competindo à temática ao Processo n.º 14120.000063/2009-51, também julgado nessa sessão. Sendo assim, sem razão o recorrente neste capítulo. Conclusão quanto ao Recurso Voluntário De livre convicção, relatado, analisado e por mais o que dos autos constam, em resumo, conheço do recurso, rejeito e preliminar de nulidade e a prejudicial de decadência e, no mérito, dou-lhe provimento parcial para que se observe o cálculo da multa mais benéfica, se cabível, a ser realizado no momento do pagamento ou parcelamento, consoante disciplinado na Portaria Conjunta PGFN/RFB n.º 14/2009 combinado com o art. 476-A da Instrução Normativa RFB n.º 971, de 2009, incluído pela Instrução Normativa RFB n.º 1.027, de 2010, em síntese, seguindo a Súmula CARF n.º 119. Alfim, finalizo em sintético dispositivo. Dispositivo Ante o exposto, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso para que se observe o cálculo da multa mais benéfica, nos termos da Súmula CARF n.º 119. É como Voto. (documento assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros Fl. 355DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.962712/2008-75
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Dec 06 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3003-000.047
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para cumprir as providências delineadas no voto do relator.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Antônio Borges Presidente
(documento assinado digitalmente)
Müller Nonato Cavalcanti Silva Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcos Antônio Borges (presidente da turma), Vinícius Guimarães, Márcio Robson Costa e Müller Nonato Cavalcanti Silva.
Nome do relator: MULLER NONATO CAVALCANTI SILVA
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conteudo_txt : Metadados => date: 2019-12-03T05:22:23Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2019-12-03T05:22:10Z; Last-Modified: 2019-12-03T05:22:23Z; dcterms:modified: 2019-12-03T05:22:23Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:51a73aa1-5225-4a23-b4e8-32ba99e1cce8; Last-Save-Date: 2019-12-03T05:22:23Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-12-03T05:22:23Z; meta:save-date: 2019-12-03T05:22:23Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-12-03T05:22:23Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2019-12-03T05:22:10Z; created: 2019-12-03T05:22:10Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; Creation-Date: 2019-12-03T05:22:10Z; pdf:charsPerPage: 1761; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-12-03T05:22:10Z | Conteúdo => 00 SS33--TTEE0033 MMIINNIISSTTÉÉRRIIOO DDAA EECCOONNOOMMIIAA CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo ddee RReeccuurrssooss FFiissccaaiiss PPrroocceessssoo nnºº 10880.962712/2008-75 RReeccuurrssoo Voluntário RReessoolluuççããoo nnºº 3003-000.047 – 3ª Seção de Julgamento / 3ª Turma Extraordinária SSeessssããoo ddee 16 de outubro de 2019 AAssssuunnttoo PER/DCOMP RReeccoorrrreennttee IMDEPA ROLAMENTOS IMPORTACAO E COMERCIO LTDA IInntteerreessssaaddoo FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para cumprir as providências delineadas no voto do relator. (documento assinado digitalmente) Marcos Antônio Borges – Presidente (documento assinado digitalmente) Müller Nonato Cavalcanti Silva – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcos Antônio Borges (presidente da turma), Vinícius Guimarães, Márcio Robson Costa e Müller Nonato Cavalcanti Silva. Relatório Trata-se de Recurso Voluntário interposto contra acórdão de manifestação de inconformidade prolatado pela 6ªª Turma da Delegacia de Julgamento de São Paulo. A matéria de fundo diz respeito a pedido de compensação de suposto crédito de COFINS, período de apuração janeiro/2004, em razão de pagamento indevido. Transcrevo o relatório elaborado pela instância a quo: Trata-se de Declaração de Compensação (Dcomp) com aproveitamento de suposto pagamento a maior. A Delegacia da Receita Federal de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico de não homologação da compensação (fl. 3 – a numeração de referência é RE SO LU Çà O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 62 71 2/ 20 08 -7 5 Fl. 142DF CARF MF Fl. 2 da Resolução n.º 3003-000.047 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10880.962712/2008-75 sempre a da versão digital do processo), tendo em vista que o pagamento apontado como origem do direito creditório estaria integralmente utilizado na quitação de débito da contribuinte, qual seja R$ 218.784,64, referente à Cofins, código de receita 2172, do período de apuração janeiro/2004. Cientificada do despacho decisório em 05/01/2009 (fl. 4), a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade em 28/01/2009 (fls. 11/13), na qual alega que, tendo apurado a COFINS do mês Janeiro de 2004 no valor de R$ 213.704,22 para pagamento em 13/02/2004, efetuou o pagamento no valor de R$ 218.784,64 em 13/02/2004, ficando com um crédito no valor de R$ 5.080,42, crédito este objeto do Pedido de Compensação em referência, não confirmado pela Receita Federal, porém existente, proveniente do recolhimento a maior. O crédito não confirmado pela Receita Federal se deu ao fato de a Manifestante ter preenchido e apresentado a DCTF do 1º trimestre de 2004 com informações incorretas referente à apuração da COFINS de Janeiro/2004, tendo informado como débito apurado e crédito vinculado o valor de R$ 218.784,64, quando na verdade o valor apurado da COFINS do período de Janeiro de 2004 foi de R$ 213.704,22. A manifestante solicita ainda a retificação de ofício da DCTF, uma vez que o despacho decisório impossibilitaria a ela promover tal retificação. O acórdão recorrido julgou improcedente a manifestação de inconformidade sob o fundamento de não haver certeza e liquidez do crédito em razão de falta de provas do crédito. Inconformada, a Recorrente apresentou este Apelo reiterando, em suma, as matérias apostas na manifestação de inconformidade. Traz em sede recursal documentos de e-fls. 78 à 140, que supostamente garantem direito creditório pleiteado. São os fatos. Voto Conselheiro Müller Nonato Cavalcanti Silva, Relator. O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos formais de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. 1 Da Prova em Recurso Voluntário É certo que este Colegiado assentou o entendimento, à esteira da jurisprudência deste Conselho, que na excepcionalidade de processo originário de PER/DCOMP cujo despacho decisório tenha sido proferido eletronicamente, far-se-á um cotejo analítico da matéria alegada em manifestação de inconformidade e, em grau de exceção, aceitar a produção de provas na fase recursal, desde que mantenham correlação lógica com o mérito em julgamento. Fl. 143DF CARF MF Fl. 3 da Resolução n.º 3003-000.047 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10880.962712/2008-75 A Recorrente apresentou em fase recursal documentos de e-fls. 78 à 140, dentre os quais destaco folhas do Livro Razão Analítico às fls. 101/102 do período de apuração em análise. Pelo império da Verdade Material, urge o recebimento das provas no sentido da jurisprudência desta Corte, em decisão proferida pela 1ª Turma da CSRF, esboçado nos autos do PAF 10835.901327/200988, em voto da relatoria do eminente Conselheiro André Mendes de Moura: entendo que a interpretação mais adequada não impede a apresentação das provas em sede de recurso voluntário, desde que sejam documentos probatórios que estejam no contexto da discussão da matéria em litígio, ou seja, podem ser apresentadas desde que não disponham sobre nenhuma inovação. - Grifos no original. Com relação aos documentos acostados aos autos, fazem referência ao período de apuração que a Recorrente alega existir direito credor entendo que são capazes de demonstrar razoável verossimilhança nas alegações da Recorrente. Sendo pelo exposto, entendo que pelo respeito às instâncias e no objetivo de não suprimi-las, o melhor caminho a ser adotado perfilha pela aplicação do art. 16, §4º, Decreto 70.235/1972 com a determinação de que sejam os autos convertidos em diligência para que a instância de piso possa avalia-los e proferir acórdão com os elementos probatórios que ora encontram-se nos autos. Nestes termos, voto pela conversão do julgamento em diligência para que os autos retornem à unidade de origem no sentido de que sejam tomadas as seguintes providências: a) Que sejam apreciados os documentos de e-fls. 78 à 140 para: b) Verificação nos lançamentos do Razão Analítico o provisionamento da COFINS no período de apuração 01/2004; c) Que seja contrastado o valor recolhido em relação ao crédito pleiteado para verificação do valor devido a título de COFINS no PA 01/2004; d) Que seja apurada a consistência dos registros contábeis juntados aos autos face à documentação que lhes dêem lastro, sem prejuízo de intimação do contribuinte para que traga elementos probatórios para a verificação. e) Elaboração de relatório da análise dos documentos juntados em Recurso Voluntário que descreva se há direito creditório; f) Que seja dada ciência ao contribuinte, pelo prazo de 30 dias, sobre o resultado da diligência; g) O retorno dos autos a este Conselho para julgamento do Recurso Voluntário. (documento assinado digitalmente) Müller Nonato Cavalcanti Silva Fl. 144DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.010124/2008-40
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jan 13 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Período de apuração: 01/07/2005 a 31/12/2007
CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL E PROCESSO ADMINISTRATIVO COM O MESMO OBJETO EM DISCUSSÃO. PREVALÊNCIA DA ESFERA JUDICIAL SOBRE A ESFERA ADMINISTRATIVA EM RESPEITO AO PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DAS DECISÕES JUDICIAIS. DESISTÊNCIA DA DISCUSSÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA.
A existência de ação judicial com o mesmo objeto da discussão na esfera administrativa pressupõe sua concomitância, tendo como consequência a desistência da discussão na esfera administrativa, por respeito ao Princípio da Supremacia das Decisões Judiciais, estabelecendo a prevalência da esfera judicial sobre a esfera administrativa.
Diante desta concomitância aplica-se ao caso a Súmula CARF nº 1, a qual estabelece que importa renúncia ás instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 3301-007.104
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário em razão da concomitância.
(documento assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Ari Vendramini - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Ari Vendramini (Relator)
Nome do relator: ARI VENDRAMINI
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ementa_s : ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2005 a 31/12/2007 CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL E PROCESSO ADMINISTRATIVO COM O MESMO OBJETO EM DISCUSSÃO. PREVALÊNCIA DA ESFERA JUDICIAL SOBRE A ESFERA ADMINISTRATIVA EM RESPEITO AO PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DAS DECISÕES JUDICIAIS. DESISTÊNCIA DA DISCUSSÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. A existência de ação judicial com o mesmo objeto da discussão na esfera administrativa pressupõe sua concomitância, tendo como consequência a desistência da discussão na esfera administrativa, por respeito ao Princípio da Supremacia das Decisões Judiciais, estabelecendo a prevalência da esfera judicial sobre a esfera administrativa. Diante desta concomitância aplica-se ao caso a Súmula CARF nº 1, a qual estabelece que importa renúncia ás instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso Voluntário Não Conhecido Crédito Tributário Mantido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário em razão da concomitância. (documento assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente (documento assinado digitalmente) Ari Vendramini - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Ari Vendramini (Relator)
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AÇÃO JUDICIAL E PROCESSO ADMINISTRATIVO COM O MESMO OBJETO EM DISCUSSÃO. PREVALÊNCIA DA ESFERA JUDICIAL SOBRE A ESFERA ADMINISTRATIVA EM RESPEITO AO PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DAS DECISÕES JUDICIAIS. DESISTÊNCIA DA DISCUSSÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. A existência de ação judicial com o mesmo objeto da discussão na esfera administrativa pressupõe sua concomitância, tendo como consequência a desistência da discussão na esfera administrativa, por respeito ao Princípio da Supremacia das Decisões Judiciais, estabelecendo a prevalência da esfera judicial sobre a esfera administrativa. Diante desta concomitância aplica-se ao caso a Súmula CARF nº 1, a qual estabelece que importa renúncia ás instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso Voluntário Não Conhecido Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário em razão da concomitância. (documento assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente (documento assinado digitalmente) Ari Vendramini - Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 01 01 24 /2 00 8- 40 Fl. 130DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3301-007.104 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10830.010124/2008-40 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Ari Vendramini (Relator) Relatório 1. A autoridade autuante assim descreve os fatos : Valor apurado conforme o Termo de Verificação Fiscal e o seu anexo "Demonstrativo de Saldo a Pagar de COFINS e de PIS", que foi elaborado a partir de informações prestadas pelo contribuinte em atendimento à intimação 10830/SECAT/DRF/CPS181312008, emitida em 08 de agosto de 2008. Tal intimação foi emitida em decorrência da análise do PAJ 10830.000701/2007-12, que trata do Mandado de Segurança 2006.61.05.013952-9, impetrado pelo contribuinte com o objetivo de excluir os valores referentes ao ICMS da Base de Cálculo da COFINS. Como relatado no despacho do PAJ 10830.000701/2007-12, atualmente o contribuinte não possui decisão judicial que o permita efetuar a referida exclusão. Além disso, ao invés de ter declarado como valores suspensos nas DCTFs os valores relativos à COFINS sobre a redução do ICMS em sua Base de Cálculo, o contribuinte declarou somente os valores que não estão sendo contestados judicialmente. Diante do exposto, a lavratura do presente Auto de Infração tem como objetivos a prevenção da decadência do lançamento dos valores que estão sendo contestados judicialmente e a sua cobrança, devido ao fato de não haver a presença de nenhum elemento de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, conforme interpretação do art. 151 do CTN (Lei 5172/66). 7. Por economia processual e por bem descrever os fatos, adotamos o relatório do Acórdão da DRJ/CAMPINAS n 05-27.890 - 3' Turma da DRJ/CPS. Trata-se de Auto de Infração da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social, fls. 02/06, que constituiu o crédito tributário total de R$ 128.492,40, somados o principal, multa de ofício e juros de mora calculados até 30/09/2008. No Termo de Verificação Fiscal de fls. 08/09, a autoridade autuante contextualiza da seguinte forma o lançamento: Através do Mandado de Segurança n° 2006.61.05.013952-9, com pedido de liminar, o contribuinte objetivava o reconhecimento da exclusão do ICMS da Base de Cálculo da Cofins. Em 05/02/2007, foi indeferida a liminar. Em decisão de Agravo de Instrumento, o TRF3, em 19/03/2007, concedeu o reconhecimento da exclusão do ICMS da Base de Cálculo da Cofins e, também, do PIS. Fl. 131DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3301-007.104 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10830.010124/2008-40 Contudo, a decisão judicial da ia Instância, em 27/08/2007, julgou improcedente o pleito do contribuinte (autor da demanda). A apelação do contribuinte foi recebida em seu efeito devolutivo. Em consulta ao site do TRF3, constata-se que os Autos encontram- se conclusos ao relator. Na execução da presente ação fiscal, constatamos que embora o contribuinte não tenha decisão judicial permitindo a exclusão do ICMS da Base de Cálculo do PIS e da COFINS, os valores de abril de 2007 a julho de 2008 foram pagos com a referida exclusão do ICMS das Bases de Cálculo, conforme a resposta do contribuinte entregue em 22 de agosto de 2008. Os valores foram apurados com base nas informações prestadas pelo contribuinte. Para a determinação do montante devido, foram desconsideradas as exclusões do ICMS nas Bases de Cálculo do PIS e da COFINS. Cientificado do lançamento em 28/10/2008, o sujeito passivo apresentou impugnação em 24/11/2008, fls. 15/33, alegando, em síntese: a) o reconhecimento judicial de seu direito de excluir o ICMS da base de cálculo da COFINS está pendente de decisão final; b) o lançamento pode ser modificado pelo sujeito passivo por meio da impugnação, pelo que deve lhe ser dada a oportunidade para exercer seu direito de defesa. A exigibilidade do crédito está suspensa nos termos do art. 151, III, do Código Tributário Nacional; c) a inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS &flagrantemente inconstitucional, haja vista que o mesmo não se enquadra no conceito de faturamento que tem sua definição traçada inclusive pelo E. Supremo Tribunal Federal. E.Supremo Tribunal Federal julgou que, faturamento, de que trata o artigo 195, inciso 1, da Constituição, como sendo sempre a receita de venda, ou de mercadorias, ou de serviços, não se inserindo no conceito de faturamento o 1CMS, que corresponde a uma parcela devida aos Estados e Distrito Federal, que tem a natureza de 'receita' que transita pelo patrimônio do contribuinte sem, contudo, pertencer-lhe. Ademais, a Lei Complementar n° 70/91 excluiu da base de cálculo da COFINS o 1PI que tem as mesmas características e natureza jurídica que o 1CMS tais como: ambos são tributos indiretos que não integram o patrimônio das empresas contribuintes, e também são não cumulativos. 9. Decidindo a matéria impugnada, a DRJ/CAMPINAS exarou o Acórdão aqui combatido, que assim restou ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Fl. 132DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3301-007.104 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10830.010124/2008-40 Período de apuração: 01/04/2007 a 31/07/2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL. A proposição de ação judicial, antes ou após o início da ação fiscal, importa na renuncia de discutir a matéria objeto da ação judicial na esfera administrativa, uma vez que as decisões judiciais se sobrepõem às administrativas, sendo analisados apenas os aspectos do lançamento não abrangidos pela ação mandamental. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido 9. Irresignada , a impugnante apresentou recurso voluntário nos seguintes termos : - A Recorrente impetrou Mandado de Segurança (nº 2006.61.05.013952-9) pleiteando o reconhecimento seu direito líquido e certo de excluir o ICMS da base de cálculo da COFINS, a partir da impetração; o qual está pendente de decisão final. - defende o conceito de faturamento, a inconstitucionalidade do artigo 3º da Lei n 9.718/98 e seu direito de suspensão do crédito tributário. É o relatório Voto Conselheiro Ari Vendramini, Relator. 16. Verifica-se, no caso presente em exame, que a causa de pedir da ação judicial impetrada pela recorrente se confunde com com as razões do lançamento, pois em ambos os instrumentos está a se discutir a incidência do tributo questionado, tendo, inclusive, a autoridade lançadora tomado a precaução de alertar da suspensão da exigibilidade do crédito constituído, pela existência de ação judicial em andamento onde se discute o mérito da autuação. 17. Portanto, clara está a coincidência dos objetos dos pedidos, tanto na esfera administrativa, como na esfera judicial. 18. Desta forma, deve-se obediência ao Princípio Constitucional da Supremacia das Decisões Judiciais e da Prevalência da Esfera Judicial sobre a Administrativa, ambos insculpidos no Inciso XXXV do Artigo 5ª da Constituição Federal : Art.5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: ………………………………. XXXV- a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Fl. 133DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3301-007.104 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10830.010124/2008-40 19. Para tanto, este CARF emitiu a Súmula nº 1 Súmula CARF nº 1 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Vinculante, conforme Portaria nº 227, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). Conclusão 20. Assim, diante da coincidência de objetos entre as razões de autuação e a causa de pedir da ação judicial impetrada, caracterizada está a concomitância entre elas e a consequente renúncia á esfera administrativa. 21. Portanto, em razão da matéria em julgamento por este CARF encontrar-se contida na matéria submetida á análise do Poder Judiciário, é de se aplicar ao caso concreto em exame a Súmula CARF nº 1. 22. Quanto aos efeitos da concomitância, deixa-se de conhecer as alegações relativas á matéria objeto das ações judiciais, cabendo á Unidade Administrativa de origem (DRF/BELO HORIZONTE/MG) a verificação do atual andamento da ação judicial e os efeitos da sua decisão sobre a matéria em questão, para seu cumprimento. É o meu voto (documento assinado digitalmente) Ari Vendramini Fl. 134DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19647.012273/2007-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 03 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jan 06 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/05/1999 a 31/10/2004
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DECADENCIAL QUINQUENAL SÚMULA VINCULANTE DO SUPREMO TRIBUTAL FEDERAL.
O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46, da Lei nº 8.212/91, e determinou que o prazo decadencial para lançamento das contribuições previdenciárias deve ser contado nos termos do art. 173, I ou 150, §4º, ambos do CTN.
PARCELAMENTO. COMPROVAÇÃO. EXCLUSÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PARCELADAS.
Sendo comprovado nos autos que foram lançadas contribuições que já haviam sido parceladas pelo contribuinte, elas devem ser excluídas do lançamento.
AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DA ORIGEM DOS VALORES LANÇADOS. CERCEAMENTO DE DEFESA. EXCLUSÃO DOS LANÇAMENTOS.
Constitui cerceamento de defesa a cobrança de contribuições sem indicação clara da origem dos valores lançados.
RETENÇÃO. COMPROVAÇÃO. CRÉDITOS A SEREM COMPENSADOS.
Sendo comprovado pelo contribuinte que prestou serviços sujeitos à retenção e que esta efetivamente se deu, os valores retidos devem ser considerados como créditos do contribuinte a serem deduzidos do valor devido.
VALE TRANSPORTE PAGO EM PECÚNIA. NÃO INCIDÊNCIA.
O Supremo Tribunal Federal decidiu, nos autos do Recurso Extraordinário n° 478.410/SP, que não constitui base de cálculo de contribuição previdenciária o valor pago em pecúnia ao empregado a título de vale-transporte.
Numero da decisão: 2201-005.735
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, também por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para considerar os créditos de retenção na competência 07/2003, de R$ 21.625,45; na competência 12/2003, de R$ 3.183,21; na competência 01/2004, de R$ 21.625,45; e na competência 03/2004, de R$ 14.054,59, bem assim para exonerar o crédito tributário lançado relacionado ao auxílio transporte pago em dinheiro.
(documento assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Débora Fófano Dos Santos, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Francisco Nogueira Guarita, Douglas Kakazu Kushiyama, Sara Maria de Almeida Carneiro Silva (Suplente convocada), Sávio Salomão de Almeida Nóbrega, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Ausente o conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra, substituído pela conselheira Sara Maria de Almeida Carneiro Silva.
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
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PRAZO DECADENCIAL QUINQUENAL SÚMULA VINCULANTE DO SUPREMO TRIBUTAL FEDERAL. O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46, da Lei nº 8.212/91, e determinou que o prazo decadencial para lançamento das contribuições previdenciárias deve ser contado nos termos do art. 173, I ou 150, §4º, ambos do CTN. PARCELAMENTO. COMPROVAÇÃO. EXCLUSÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PARCELADAS. Sendo comprovado nos autos que foram lançadas contribuições que já haviam sido parceladas pelo contribuinte, elas devem ser excluídas do lançamento. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DA ORIGEM DOS VALORES LANÇADOS. CERCEAMENTO DE DEFESA. EXCLUSÃO DOS LANÇAMENTOS. Constitui cerceamento de defesa a cobrança de contribuições sem indicação clara da origem dos valores lançados. RETENÇÃO. COMPROVAÇÃO. CRÉDITOS A SEREM COMPENSADOS. Sendo comprovado pelo contribuinte que prestou serviços sujeitos à retenção e que esta efetivamente se deu, os valores retidos devem ser considerados como créditos do contribuinte a serem deduzidos do valor devido. VALE TRANSPORTE PAGO EM PECÚNIA. NÃO INCIDÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal decidiu, nos autos do Recurso Extraordinário n° 478.410/SP, que não constitui base de cálculo de contribuição previdenciária o valor pago em pecúnia ao empregado a título de vale-transporte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, também por unanimidade de votos, em dar provimento AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 01 22 73 /2 00 7- 12 Fl. 2401DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 parcial ao recurso voluntário para considerar os créditos de retenção na competência 07/2003, de R$ 21.625,45; na competência 12/2003, de R$ 3.183,21; na competência 01/2004, de R$ 21.625,45; e na competência 03/2004, de R$ 14.054,59, bem assim para exonerar o crédito tributário lançado relacionado ao auxílio transporte pago em dinheiro. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente (documento assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Débora Fófano Dos Santos, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Francisco Nogueira Guarita, Douglas Kakazu Kushiyama, Sara Maria de Almeida Carneiro Silva (Suplente convocada), Sávio Salomão de Almeida Nóbrega, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Ausente o conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra, substituído pela conselheira Sara Maria de Almeida Carneiro Silva. Relatório Cuida-se de Recurso de Ofício e de Recurso Voluntário de fls. 1057/1096 (PDF 976/1015), interposto contra decisão da DRJ em Recife/PE de fls. 1024/1036 (PDF-943/955), a qual julgou parcialmente procedente o lançamento de Contribuições devidas à Seguridade Social relativas à parte patronal, ao adicional para o SAT/RAT, à parte segurado e às contribuições para terceiros (DEBCAD nº 35.647.477-1), incidentes sobre as remunerações pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais lançadas nas GFIPs, conforme Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD de fls. 3/118, consolidada em 17/12/2004, relativo a fatos geradores ocorridos no período de 05/1999 a 10/2004, com ciência do contribuinte em 18/04/2005, conforme assinatura na NFLD (fl. 3) O crédito tributário objeto do presente processo administrativo foi apurado no valor de R$ 4.397.980,76, já acrescido de juros de mora (até a lavratura) e multa de mora. De acordo com o Relatório Fiscal acostado às fls. 123, a fiscalização tomou como base para o lançamento as Contribuições Patronais incidentes sobre as Folhas de Pagamentos dos segurados empregados, recibos de férias, rescisões contratuais, folhas de pagamento dos segurados autônomos, bem como as contribuições incidentes sobre os segurados empregadores a título de pró-labore, todas regularmente declaradas em GFIP. Consta também no relatório fiscal que o contribuinte apresentou toda sua escrita contábil, mas, segundo a autoridade fiscal, estes dados não foram analisados em decorrência de seu grande volume. Por esta razão, informou que a presente NFLD é de caráter parcial, pois faltaria analisar a referida documentação. Fl. 2402DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 Impugnação O RECORRENTE apresentou sua Impugnação de fls. 237/241 em 05/05/2005. Ante a clareza e precisão didática do resumo da Impugnação elaborada pela DRJ em Recife/PE, adota-se, ipsis litteris, tal trecho para compor parte do presente relatório: 5. O contribuinte tomou ciência da presente NFLD, na pessoa do seu presidente, em 18/0412005, conforme assinatura aposta a f. 01 dos autos. Em 05/05/2005, apresentou defesa (fls. 233/237), argumentando, em síntese, que: I - efetuou dois parcelamentos envolvendo contribuições levantadas nesta NFLD, mas que não teriam sido considerados pela fiscalização, por essa razão impugna os lançamentos constantes nas seguintes competências: a) 02/2003 a 06/2003 e 11/2003, porque incluídos no parcelamento e 60.199.386- 1/2003; b) 12/2003, 01/2004 a 03/2004, porque incluídos no parcelamento n° 60.272.061- 3/2004; II - não aceita as bases de cálculo apuradas nas competências 02/2003 a 06/2003, 11/2003 a 12/2003 e 01/2004 a 03/2004, porque divergem da real base de cálculo do salário de contribuição, conforme Resumo de Folha de Pagamento. Nessas competências, o Fiscal lança nova base de cálculo, sem aduzir em seu relatório porque desprezou as bases estabelecidas no Resumo de Folha de Pagamento a ele apresentado pelo contribuinte. Assim, não pode o contribuinte se defender dos valores arbitrados pelo fisco, havendo claro cerceamento de defesa, impugnando os valores lançados, relacionando os mesmos na sua peça de defesa; III - houve, também, cerceamento de defesa no tocante as contribuições incidentes sobre a remuneração dos segurados contribuintes individuais. Assim, contesta os valores que discrimina na peça de defesa, nas competências 01/2000 a 09/2000, 12/2000, 01/2001, 01/2002 a 06/2002. Nestas competências, o fiscal, apenas informou no campo "observações" do Relatório de Lançamentos que se tratava de "Diversos no mês, conforme planilha anexa", contudo, não juntou nenhuma planilha; IV - o fisco não considerou os créditos oriundos de retenções sofridas pelo defendente, quando da prestação de serviços, no valor de R$ 1.133,00 por competência, no período de 01/2004 a 02/2004, 05/2004 a 1012004 e no valor de R$ 22.758,45, por competência, no período de 03/2004 e 04/2004, conforme planilha colacionada à defesa; V - Por fim, solicita a impugnação total ou parcial da NFLD. 6. Colacionou aos autos: planilhas contestatórias (fls. 238/243); GFIP e Resumos do Sistema Apropriação de Folha de Pagamento (fls. 244/438); Resumo de Folha de Pagamento (fls. 440/469); cópia do parcelamento firmado com INSS e GPS (fls. 470/527); CNPJ (f. 528), cópia do Estatuto Consolidado (fls. 530/545). Da Decisão da auditoria baixando o processo em diligência De acordo com o despacho de fl. 2350 (PDF 2269), ao receber a defesa do contribuinte, o auditor fiscal da previdência encaminhou os autos à autoridade lançadora a fim de que esta esclarecesse os pontos tratados na impugnação, notadamente os parcelamentos realizados, a não utilização dos valores constantes em folha de pagamento e a não consideração Fl. 2403DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 de créditos oriundos da retenção de 11% sobre a prestação de serviços com cessão de mão de obra. Neste ponto, acredito ser importante destacar que o despacho citado acima encontra-se nas páginas finais do arquivo devido a algum equívoco ocorrido provavelmente durante a digitalização dos autos. Isto porque nota-se que o Volume nº 3 do processo foi integralmente tirado de ordem, conforme observa-se do termo de encerramento do volume nº 2 à fl. 404 (PDF 404) e do termo de abertura de volume nº 4 à fl. 487 (PDF. 406). Deste modo, o volume nº 3 (fls. 401/600 da numeração física) foi acostado às fls. 2196/2398 (PDF 2115/2317) desde processo (os autos vão até a fl. 1122, PDF 1041; às fls. 1123/2194, PDF 1042/2113, referem-se a anexos acostados aos autos. O volume 3 foi, então, juntado após os referidos anexos. De todo modo, o parecer da auditora fiscal da previdência social de fl. 669 (PDF 588), informa que (i) os parcelamentos apontados pelo RECORRENTE não foram considerados pelo fiscal notificante; (ii) diversas divergências entre os valores apontados em GFIP e os valores indicados pelo RECORRENTE (planilha comparativa à fl. 670 – PDF 589); (iii) que as faturas e recibos apresentados pelo RECORRENTE (fls. 2301/2322 – PDF 2220/2241) não constam a razão social do prestador, e nas GPSs recolhidas constam código de pagamento nº 2402, que se refere a Órgão de Poder Público e não a retenção (código nº 2640); (iv) o fiscal autuante (já aposentado) não havia apresentado a planilha referente às contribuições dos contribuintes individuais, mas que entrou em contato por telefone e a planilha não anexada iria ser juntada aos autos. Em resposta, foi proferido novo despacho (fls.672 – PDF 591) para que o auditor fiscal da previdência social fundamente a situação atual dos parcelamentos, elaborando planilha na qual constem os valores parcelados e o montante ainda não adimplido. Nesta oportunidade, a autoridade fiscalizadora apresentou a manifestação de fls. 685 (PDF 604), alegando o seguinte: 1 — Os valores parcelados através dos parcelamentos 60.272.061-3 (competências 1212003, 13/2003, 01/2004, 02/2004 e 03/2004) e 60.199.386-1 (02/2003, 03/2003 e 04/2003) não foram considerados pelo fiscal notificante; 2 — Os valores parcelados em algumas rubricas confundem-se com o lançamento desta NFLD, conforme planilha e Lista de competências de Doc. Originais do SISTEMA DE COBRANÇA/DATAPREV/INSS, mas havendo uma diferença restante a ser mantido nesta NFLD, verificado pelo fiscal diligenciador. A fiscalização elaborou a planilha de fl. 674 (PDF 593) apontando os valores levantados, valores parcelados e a diferença a ser cobrada. Da Defesa apresentada pelo Contribuinte Em resposta à diligência, o contribuinte apresentou razões de fls. 696/697 (PDF- 615/616) e respectivo aditamento de fls.716/743 (PDF 635/662), acompanhada dos documentos de fls. 744/923 (PDF 663/842), e, posteriormente, apresentou nova petição de fls. 925/933 (PDF 844/852), acompanhada dos documentos de fls. 934/1012 (PDF 853/931), alegando, em síntese, Fl. 2404DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 o que consta destrinchado, com clareza e precisão didática, no resumo elaborado pela DRJ em Recife/PE (as numerações de folhas citadas no trecho abaixo referem-se à numeração física do processo): 12. O contribuinte foi cientificado do resultado da diligência em 29/05/2007 (f. 798) sendo-lhe concedido o prazo de 15 dias para sua manifestação. Em 13/06/2007, ingressou com petição (fls. 805/806), requerendo a prorrogação do prazo para 30 dias, nos temos do Decreto 70.235/72, argumentando, ainda, que: a) elaborou planilha comprovando que o valor devido pelo defendente é de R$ 340.349.22, que pagou R$ 251.535,52, restando, pois, um débito de R$ 88.813,70; b) os valores das diferenças ' não contestadas na planilha anexa serão objeto de pagamento e posterior comprovação através de Guias devidamente quitadas com a multa e acréscimos legais; Anexou a planilha de fls. 824. 13. Em 27 de junho, atravessou petição aos autos (fls. 825/852), aditando a defesa anteriormente apresentada argumentando, em síntese: I — Inicialmente, ratifica o pedido de prorrogação do prazo, formulado anteriormente com base na Lei 11.457/07 e no Decreto 70.235/72; II — Destaca que, conforme explicitado pelo próprio fiscal, apesar do contribuinte ter disponibilizado toda a documentação contábil, a fiscalização deixou de apreciar os referidos documentos, por essa razão cometeu diversos equivocos quando do levantamento. Assim sendo, passa a tecer considerações, competência por competência, apontando os valores que entende ser devidos. III — Requer, ao final, que seja deferida a realização de diligência e/ou perícia, indicando como assistente o senhor Alexandre Ventura Lopes, sem apresentar os quesitos que deseja ver respondidos. No mérito, pede para julgar parcialmente improcedente a presente notificação, determinando o cancelamento dos valores indevidamente cobrados, protestando, ainda, por todos os meios de prova em direito admitidos. 14. Juntou aos autos os seguintes documentos: procuração para o subscritor da peça de defesa (f. 853); Estatuto (fls. 8541870); planilha contendo os valores não contestados (f. 873); planilha com o demonstrativo dos valores informados em GFIP (f. 874); planilha com o demonstrativo do parcelamento (f. 875); documentos relacionados aos parcelamentos (fls. 876/885); planilha com o demonstrativo de apuração: base de cálculos, créditos e débitos (f. 886); consultas ao CCORGFIP (fls. 887/895); GPS da competência 04/2002 e 05/2004 (fls. 896/900); planilha contendo o demonstrativo de retenções efetuadas por clientes do IPAD (f. 901); RDA e nota de fatura/recibo (fls. 903/930); planilha com a apuração detalhada do valor devido ao INSS (f. 931); Resumo de Folha (fls. 933/1029). 15. Em 27 de setembro de 2007, atravessou nova petição (fls. 1031/1039), trazendo outros argumentos, apresentando planilha de f. 1040, relativa às retenções que teria • sofrido, anexando notas de fatura/recibo e GPS (fls. 1042/1116) e mais 06 anexos, contendo as Folhas de Pagamento dos meses de 05/99; 06/99; 07199; 10199; 11199; 08/2000; 09/2000 e 12/2000. 16. Eis o que havia para ser relatado. Fl. 2405DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 Da Decisão da DRJ Quando da apreciação do caso, a DRJ em Recife/PE julgou parcialmente procedente o lançamento, conforme ementa abaixo (1024/1036 – PDF 943/955) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/1999 a 31/10/2004 NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO. NFLD. DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal decidiu pela inconstitucionalidade do prazo decadencial de 10 (dez) anos estabelecido na legislação previdenciária. Aplicar-se-á, assim, o prazo geral de 5 (cinco) anos determinado pelo CTN, que alcança parte das competências do lançamento. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ADICIONAL DE A LOCOMOÇÃO. INCIDENCIA. A verba para transporte que é excluída do conceito de salário-de contribuição é aquela fornecida por meio do vale-transporte ou a que se destina a custear tal despesa em relação a empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada. PARCELAMENTO. COMPROVAÇAO. EXCLUSAO DAS CONTRIBUIÇÕES PARCELADAS. Sendo comprovado nos autos que foram lançadas contribuições que já haviam sido parceladas pelo contribuinte, devem as mesmas serem excluídas do lançamento. A ORIGEM DOS VALORES LANÇADOS. AUSÊNCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA. EXCLUSÃO DOS LANÇAMENTOS. Constitui cerceamento de defesa a cobrança de contribuições sem indicação clara da origem dos valores lançados, devendo os mesmos serem excluídos do lançamento. RETENÇÃO. COMPROVAÇÃO. CRÉDITOS A SEREM COMPENSADOS. Sendo comprovado pelo contribuinte que prestou serviços sujeitos à retenção e que esta efetivamente se deu, os valores retidos devem ser considerados como créditos do contribuinte a serem deduzidos do valor devido. Lançamento Procedente em Parte Inicialmente, a autoridade julgadora afirmou que conheceu das defesas apresentadas em 05/05/2005 e em 27/06/2007 (esta após a diligência); no entanto, não conheceu da petição atravessada em 27/09/2007, bem como dos documentos juntados aos autos naquela ocasião, “em virtude de sua intempestividade e preclusão do direito de apresentar novas provas”. Em caráter preliminar, a DRJ entendeu pela decadência de parte do lançamento tributário, qual seja, das competências compreendidas no período de 05/1999 a 03/2000, em razão do transcurso de mais de 5 (cinco) anos entre a ocorrência do fato gerador, contado nos termos do art. 150, §4º, do CTN, e a ciência do contribuinte do lançamento (18/04/2005). Fl. 2406DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 No mérito, a autoridade julgadora determinou que os valores lançados em NFLD, mas que haviam sido incluídos em parcelamento anteriormente à lavratura da NFLD fossem excluídos deste lançamento. Deste modo, elaborou-se a planilha 01, anexa ao voto, indicando os valores a serem excluídos (fls. 1035/1036 – PDF 954/955). Além disso, a DRJ reconheceu o direito da RECORRENTE se creditar dos valores retidos pelos tomadores de serviços as competências 04/2000 a 07/2000, 12/2003 a 05/2004, indicados na planilha pela legenda ‘b’ (fl. 794 – PDF 713), pois se referem a serviços sujeitos à retenção e foram comprovadas através das Faturas/Recibos apresentadas (fls. 799/823 – PDF 718/742). Estes valores encontram-se discriminados na planilha 02, anexa ao acórdão da DRJ (fl. 1036 – PDF 955). Contudo, em relação às retenções indicadas com a legenda ‘a’ na mesma planilha, indicou que os mesmos “não afetam o lançamento em análise, pois as que foram provadas pela defendente já foram objeto de apropriação no presente lançamento, conforme se verifica do RDA — Relatório de Documentos Apresentados (fls. 70/81) [PDF 72/83] e no RADA — Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados (fls. 82/102) [PDF 84/104]”. Ademais, não considerou os seguintes créditos pois, apesar de apontados pela defesa na mesma planilha e sob a mesma legenda ‘a’, “não restaram provadas de que as alegadas retenções teriam sido suportadas”: Competência 07/2003: R$ 21.625,45; Competência 08/2003: R$ 21.625,45; Competência 09/2003: R$ 21.625,45; Por fim, a autoridade julgadora determinou a exclusão de todos os valores lançados sob a rubrica 14, que correspondem aos créditos lançados a título das contribuições de contribuintes individuais, por cerceamento do direito de defesa, na medida em que não foi juntado aos autos a planilha que discrimina a composição destes valores. No total, o acórdão da DRJ excluiu o montante de R$ 3.464.566,05 do lançamento, razão pela qual foi apresentado recurso de ofício. Do Recurso Voluntário A RECORRENTE, devidamente intimada da decisão da DRJ em 01/09/2009, conforme AR de fls. 1052 (PDF-971), apresentou o recurso voluntário de fls. 1057/1096 (PDF 976/1015) em 01/10/2009. Em suas razões, praticamente reiterou os argumentos da Impugnação e peças aditivas aplicáveis a parte mantida do lançamento. Seus argumentos serão tratados ao longo do voto. Este recurso voluntário compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório. Fl. 2407DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 Voto Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Relator. DO RECURSO DE OFÍCIO Em virtude da exoneração parcial do crédito tributário, reduzido em R$ 3.464.566,05, foi interposto recurso de ofício. Preliminarmente devo apontar que o recurso de ofício preenche condições de admissibilidade, posto que, atinge o valor de alçada, hoje fixado em R$ 2.500.000,00 pela Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017. Desta forma, analisar-se-á os fundamentos do acórdão que culminaram em exoneração do crédito, quais sejam: (i) a decadência de parte do lançamento tributário, qual seja, das competências compreendidas no período de 05/1999 a 03/2000, em razão do transcurso de mais de 5 (cinco) anos entre a ocorrência do fato gerador, contado nos termos do art. 150, §4º, do CTN, e a ciência do contribuinte do lançamento; (ii) A exclusão de todos os valores lançados sob a rubrica 14, que corresponde aos créditos lançados a título das contribuições de contribuintes individuais, por cerceamento do direito de defesa, na medida em que não foi juntado aos autos a planilha que discrimina a composição destes valores; (iii) O direito da RECORRENTE se creditar dos valores retidos pelos tomadores de serviços, na medida em que em sua impugnação a empresa comprovou que se tratavam de serviços sujeitos à retenção, e foi comprovado através de faturas e recibos que a RECORRENTE suportou as referidas retenções; (iv) A exclusão dos valores lançados em NFLD, mas que haviam sido incluídos em parcelamento anteriormente ao lançamento. Decadência No acórdão da DRJ foi reconhecida a decadência das competências anteriores à março/2000, em razão do transcurso de mais de 5 (cinco), contados nos termos do art. 150, § 4º, do CTN, entre a data da ocorrência do fato gerador e a ciência do RECORRENTE do auto de infração, na data de 18/04/2005. Fl. 2408DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 Pois bem, a teor da Súmula Vinculante nº 08 do STF, abaixo transcrita, o prazo decadencial aplicável às contribuições previdenciárias é quinquenal e não decenal: Súmula Vinculante 8: “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decreto-lei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário". No que tange aos efeitos da súmula vinculante, cumpre lembrar o texto do artigo 103-A, caput, da Constituição Federal que foi inserido pela Emenda Constitucional nº 45/2004. in verbis: “Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei". Dessa forma, é possível concluir que, a vinculação à súmula alcança a administração pública e, por consequência, os julgadores no âmbito do contencioso administrativo fiscal. Para o bom emprego do instituto da decadência previsto no CTN é preciso verificar o dies a quo do prazo decadencial de 5 (cinco) anos aplicável ao caso: se é o estabelecido pelo art. 150, §4º ou pelo art. 173, I, ambos do CTN. Em 12 de agosto de 2009, o Superior Tribunal de Justiça – STJ julgou o Recurso Especial nº 973.733-SC (2007/0176994-0), com acórdão submetido ao regime do art. 543-C do antigo CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos), da relatoria do Ministro Luiz Fux, assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontra-se regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento Fl. 2409DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando-se inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuida-se de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deu-se em 26.03.2001. 6. Destarte, revelam-se caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Portanto, sempre que o contribuinte efetue o pagamento antecipado, o prazo decadencial se encerra depois de transcorridos 5 (cinco) anos do fato gerador, conforme regra do art. 150, § 4º, CTN. Na ausência de pagamento antecipado ou nas hipóteses de dolo, fraude ou simulação, o lustro decadencial para constituir o crédito tributário é contado do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, I, CTN. Por ter sido sob a sistemática do art. 543-C do antigo CPC, a decisão acima deve ser observada por este CARF, nos termos do art. 61, §2º, do Regimento Interno do CARF (aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015): § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 - Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Especificamente no tocante às Contribuições Previdenciárias, aplicável ao presente caso o disposto na Súmula CARF nº 99, adiante transcrita: Súmula CARF nº 99 Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Fl. 2410DF CARF MF Fl. 11 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 No presente caso, conforme indica o RDA de fls. 72/83, houve recolhimento de contribuições previdenciárias em todos os períodos fiscalizados, fato que atrai a aplicação da contagem do prazo decadencial com base no art. 150, § 4º do CTN. Assim, considerando que o RECORRENTE apenas tomou ciência do auto de infração em 18/04/2005, e aplicando a contagem de prazo decadência com base no art. 150, §4º, encontram-se fulminados pela decadência os débitos até a competência 03/2000. Com razão a decisão da DRJ. Nulidade do lançamento das contribuições sobre as remunerações pagas aos contribuintes individuais A DRJ reconheceu a nulidade do lançamento das contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações pagas aos contribuintes individuais, consubstanciado na rubrica 14, em razão da autoridade fiscalizadora ter deixado de juntar aos autos a planilha discriminando a base de cálculo deste lançamento, a despeito da existência de conversão em diligência para determinar a juntada deste documento. No processo administrativo federal são nulos os atos lavrados por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa, nos termos do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972. Por sua vez, o art. 10, também Decreto nº 70.235/1972, elenca os requisitos obrigatórios mínimos do auto de infração, in vebis: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I - a qualificação do autuado; II - o local, a data e a hora da lavratura; III - a descrição do fato; IV - a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V - a determinação da exigência e a intimação para cumpri-la ou impugná-la no prazo de trinta dias; VI - a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 59. São nulos: I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II - os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. Fl. 2411DF CARF MF Fl. 12 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 Desta forma, para ser considerado nulo, o lançamento deve ter sido realizado por pessoa incompetente ou violar a ampla defesa do contribuinte. Ademais, a violação à ampla defesa deve sempre ser comprovada, ou ao menos demonstrados fortes indícios do prejuízo sofrido pelo contribuinte. No presente caso, entendo que acertada a decisão da DRJ. A ausência de juntada da planilha identificando individualizadamente a base de cálculo das contribuições previdenciárias impede o RECORRENTE de compreender a materialidade do lançamento, e, por conseguinte, exercer seu direito de defesa. Logo, deve ser mantida a exclusão dos valores lançados na rubrica 14. Do parcelamento Conforme pontuado no relatório fiscal, as diligências determinadas pela delegacia previdenciária comprovaram que o contribuinte incluiu diversos valores em parcelamentos anteriormente a sua ciência da lavratura do auto de infração. Entendo que não merece reforma a decisão da DRJ. Isto porque, com a inclusão dos débitos em parcelamento, houve confissão de dívida por parte do contribuinte e constituição definitiva do crédito tributário em favor da fazenda pública. Deste modo, a ausência de pagamento dos débitos implicará em inscrição imediata em dívida ativa para posterior execução. Ademais, não há que se falar em lançamento para prevenir decadência, pois, apesar do parcelamento ser uma modalidade de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, o art. 63 da Lei nº 9.430/1996, apenas prevê as hipóteses de lançamento para prevenir decadência nos casos de medida liminar ou decisão judicial, a ver: Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001) Lei nº 5.172/1996 Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Neste sentido, segue jurisprudência firme do CARF: PARCELAMENTO. INCLUSÃO DE DÉBITOS ANTERIOR AO LANÇAMENTO. A formalização válida de parcelamento de débitos em momento anterior à ciência do Fl. 2412DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm#art151iv http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm#art151v http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2158-35.htm#art70 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2158-35.htm#art70 Fl. 13 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 auto de infração implica a sua exclusão do lançamento. (CARF, acórdão nº 3201- 005.368, sessão de 21/5/2019) Logo, entendo os valores incluídos em parcelamento não poderiam ter sido lançados. Do crédito decorrente das retenções: Para apreciação desse tema, a DRJ se baseou na planilha elaborada pelo contribuinte (fl. 794 – PDF 713): Inicialmente, em razão da decadência, efetuou a análise tão-somente das competências de 04/2000 em diante. Assim, conforme apontado pelo próprio contribuinte na tabela, dividiu a análise dos valores em legenda “a” e legenda “b” (fl. 1033 – PDF 952): a) Retenções sofridas pela defendente e que foram recolhidas pelo tomador, conforme Guias de Recolhimentos. Estas foram indicadas na planilha com a legenda ‘a’; b) Retenções sofridas pela defendente que constam em Faturas/Recibos apresentadas na defesa, indicadas na planilha com a legenda ‘b’, nas competências 0412000 a 07/2000, 1212003 a 05/2004. Em análise ao RDA (fls. 72/83) e ao RADA (fls. 84/104), a autoridade julgadora de primeira instância explicou que quase todos os valores com a legenda “a” na Planilha de fl. Fl. 2413DF CARF MF Fl. 14 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 794 (PDF 713) já foram devidamente alocados quando do lançamento. Portanto – corretamente – não poderia fazer novamente o aproveitamento desses valores. Ademais, em consulta aos documentos acostado aos autos pelo contribuinte, sobretudo os recibos constantes nas fls. 799/823 (PDF 718/742), a DRJ verificou que os mesmos atestam as retenções das contribuições sofridas pelo RECORRENTE indicadas com a legenda “b” na Planilha de fl. 794 (PDF 713), a ver (fls.823 - PDF 742 ): Sendo assim, em relação à Planilha de fl. 794 (PDF 713), foram acatados todos os créditos com a legenda “b” e a maioria dos valores com a legenda “a” já haviam sido aproveitados quando do lançamento, conforme RDA e RADA. Os únicos valores indicados pelo RECORRENTE em sua planilha que não foram acatados (e nem foram aproveitados quando do lançamento) foram os seguintes, identificados com a legenda “a”: Competência 07/2003: R$ 21.625,45; Competência 08/2003: R$ 21.625,45 (dos R$ 43.250,90 indicados pelo contribuinte na planilha, R$ 21.625,45 já havia sido aproveitado quando do lançamento, conforme RDA e RADA – fl. 81); Competência 09/2003: R$ 21.625,45 (dos R$ 43.250,90 indicados pelo contribuinte na planilha, R$ 21.625,45 já havia sido aproveitado quando do lançamento, conforme RDA e RADA – fl. 81); Referidos valores não foram acatados pois o contribuinte não apresentou documentos relativos às respectivas retenções, assim como fez para os demais valores com legenda “b” na sua planilha de Planilha de fl. 794 (PDF 713). Fl. 2414DF CARF MF Fl. 15 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 Ante o exposto, reputo como correta a decisão da DRJ, pois reconheceu o direito do recorrente de utilizar o crédito indicado para os quais apresentou documentação comprobatória da retenção, e também informou sobre a impossibilidade de aproveitar novamente valores já deduzidos quando do lançamento. Na parte desse voto relativa ao recurso voluntário, será abordada novamente essa questão, haja vista que o contribuinte retificou a planilha de fl. 794 (PDF 713) mediante a nova planilha acostada às fls. 934 (PDF 853). Ademais, acostou documentos a fim de comprovar as retenções alegadas. Conclusão do RO Em razão do exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício, nos termos das razões acima expostas. DO RECURSO VOLUNTÁRIO O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais, razões por que dele conheço. Nulidade do auto de infração por cerceamento do direito de defesa Aduz o RECORRENTE que o julgamento da DRJ é nulo, posto que não apreciou as argumentações e provas apresentadas na manifestação de 27/09/2007. Como mencionado ao julgar o recurso de ofício, no processo administrativo federal são nulos os atos lavrados por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa, nos termos do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972. Ocorre que, inexiste cerceamento do direito de defesa quando a não apreciação de provas e argumentos decorre da aplicação dos prazos estabelecidos pelo Decreto nº 70.235/1972. Isto porque, o instituto da preclusão temporal, que veda a prática de atos processuais fora dos prazos estabelecidos. Admitir os argumentos da RECORRENTE, significaria aceitar que a parte apresentasse novos argumentos jurídicos quando e como quiser, de acordo com a sua exclusiva conveniência, impedido o deslinde do processo administrativo. Deste modo, inexiste qualquer cerceamento do direito de defesa. A despeito do exposto, entendo que em respeito ao princípio da verdade material, é possível a juntada de provas documentais (e não razões jurídicas) mesmo após transcorrido o Fl. 2415DF CARF MF Fl. 16 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 prazo previsto no art. 16, §4º do Decreto nº 70.235/1972. Razão pela qual conheço das provas apresentadas junto à manifestação de 27/9/2007 (fls. 936/1009 - PDF 855/928). MÉRITO Do crédito decorrente das retenções: Neste tema, conforme já exposto, a DRJ dividiu a análise dos valores em dois: legenda “a” e legenda “b”, com base na planilha elaborada pelo contribuinte (fl. 794 – PDF 713). Em análise aos documentos acostado aos autos, em especial ao RADA e ao RDA, verifica-se que a fiscalização deixou de considerar os seguintes créditos apontados pelo RECORRENTE sob a justificativa de que o contribuinte não comprovou ter suportado as retenções: Competência 07/2003: R$ 21.625,45; Competência 08/2003: R$ 21.625,45 (dos R$ 43.250,90 indicados pelo contribuinte na planilha, R$ 21.625,45 já havia sido aproveitado quando do lançamento, conforme RDA e RADA – fl. 81); Competência 09/2003: R$ 21.625,45 (dos R$ 43.250,90 indicados pelo contribuinte na planilha, R$ 21.625,45 já havia sido aproveitado quando do lançamento, conforme RDA e RADA – fl. 81); Referidos valores não foram acatados pois o contribuinte não teria apresentado documentos relativos às respectivas retenções, assim como fez para os demais valores com legenda “b” na sua planilha de Planilha de fl. 794 (PDF 713). Ocorre que os documentos valores acima foram acostados junto à manifestação de 27/09/2007 (fls. 936/1009 - PDF 855/928), antes do julgamento de primeira instância, porém não conhecida pela DRJ sob o fundamento de que houve preclusão do direito do RECORRENTE de apresentar provas. Como mencionado anteriormente, entendo que é facultado ao RECORRENTE apresentar provas de suas alegações até o final do processo. Neste sentido, a preclusão atinge outras questões como a alegação de novos argumentos jurídicos ou de inovação de defesa. Contudo, s.m.j., a apresentação de documentos a fim de dar suporte às alegações de defesa tempestivamente trazidas aos autos não é ato atingido pela preclusão. Assim, conheço dos documentos acostados, pois referem-se à mesma matéria de defesa tratada nas razões apresentadas de forma tempestiva. Também é importante ressaltar que o contribuinte retificou a Planilha de fl. 794 (PDF 713) mediante a nova planilha acostada às fls. 934 (PDF 853), conforme abaixo: Fl. 2416DF CARF MF Fl. 17 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 antiga planilha (fl. 794 -PDF 713) nova planilha (fl. 934 – PDF 853) Destaca-se na nova planilha, em amarelo, os valores e itens que foram retificados. Nota-se que os valores relativos a ago/03 e set/03, antes indicados como R$ 43.250,90, foram retificados pelo próprio contribuinte, antes do julgamento da DRJ, para R$ 21.625,45. Tal retificação acabou por ser condizente com o decidido pela DRJ. Portanto, ao tomar como base essa nova planilha retificada pelo contribuinte, os valores que precisam ser comprovados são os seguintes: Competência 07/2003: R$ 21.625,45; Competência 12/2003: R$ 3.183,21 (= R$ 4.807,37 – R$ 1.624,16); Competência 01/2004: R$ 21.625,45; Competência 03/2004: R$ 14.054,59 (= R$ 57.305,49 – R$ 43.250,90). Em conjunto com a nova planilha, o contribuinte acostou aos autos os documentos de fls. 935/1012 (PDF 854/931). Ao fazer uma triagem desses documentos com aqueles já analisados pela DRJ (fls. 799/823 – PDF 718/742), é possível considerar, em síntese, o seguinte: Foi apresentado o novo documento de fl. 944 (PDF 863), indicando retenção no valor de R$ 21.625,45 (documento datado de jun/2003 e o contribuinte afirma que a retenção ocorreu quando do pagamento realizado em jul/2003, conforme fl. 943 – PDF 862); Fl. 2417DF CARF MF Fl. 18 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 Foi apresentado o novo documento de fl. 946 (PDF 865), indicando retenção no valor de R$ 21.625,45 (documento datado de nov/2003 e o contribuinte afirma que a retenção ocorreu quando do pagamento realizado em dez/2003, conforme fl. 945 – PDF 864); Foram apresentados 2 novos documentos indicando as retenções de R$ 1.005,49 e de R$ 2.177,72 no mês de dez/2003 (total de R$ 3.183,21) às fls. 947 e 949, respectivamente (PDF 866 e 868); O documento de fl. 956 (PDF 875), indicando a retenção do valor de R$ 21.625,45, é o mesmo daquele apresentado à fl. 813 (PDF 732) e que a DRJ acatou como sendo relativo à dez/2003, com base na planilha antiga do contribuinte, contudo este alega que tal documento se refere a retenção ocorrida quando do pagamento realizado em jan/2004 (fl. 952 – PDF 871); Foi apresentado o novo documento de fl. 963 (PDF 882), indicando retenção no valor de R$ 14.054,59 em mar/2004. Ou seja, o documento aceito pela DRJ para reconhecer o crédito a ser aproveitado no valor de R$ 21.625,45 em dez/2003 (fl. 813 ou 956 – PDF 732 ou 875), refere-se, na verdade, ao crédito existente a ser aproveitado no mês de jan/2004, conforme tabela retificada (a autoridade julgadora foi induzida pela tabela primitiva do contribuinte). Na realidade, o documento que se refere à competência de dez/03 é aquele “novo” (não analisado pela DRJ) acostado à fl. 946 (PDF 865). Sendo assim, em consulta aos documentos acostados e não analisados pela DRJ, verifica-se que o RECORRENTE juntou uma série de Recibos/Faturas comprovando seu direito ao crédito das retenções. Assim, aplicando o mesmo critério jurídico utilizado no julgamento do recurso de ofício, entendo que resta comprovado que o contribuinte sofreu as retenções indicadas na planilha de fls. 934 (PDF 853) com a legenda “b”, possuindo direito ao crédito dos valores indicados. Deste modo, além daqueles valores já acatados pela DRJ, deve a autoridade preparadora considerar os seguintes valores indicados como retidos na documentação de fls. 935/1012 (PDF 854/931), deduzindo, por competência, o montante indicado da presente NFLD: Competência 07/2003: R$ 21.625,45 [fl. 944 – PDF 863]; Competência 12/2003: R$ 3.183,21 (= R$ 4.807,37 – R$ 1.624,16 já acatado pela DRJ) [fls. 947 e 949 – PDF 866 e 868]; Competência 01/2004: R$ 21.625,45 [fl. 956 – PDF 875]; Obs: o valor de R$ 21.625,45 acatado pela DRJ para a competência de dez/2003 está respaldado pelo documento de fl. 946 (PDF 865) e não pelo o de fl. 956 – PDF 875; Fl. 2418DF CARF MF Fl. 19 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 Competência 03/2004: R$ 14.054,59 (= R$ 57.305,49 – R$ 43.250,90 já acatado pela DRJ) [fl. 963 – PDF 882]. Em síntese, da análise dos recursos voluntário e de ofício, verifico que todos os valores de retenções indicados pelo contribuinte com a legenda “b” na planilha de fls. 934 (PDF 853) foram comprovados; ademais, conforme expôs a DRJ, todos os valores indicados com a legenda “a” já foram aproveitados quando do lançamento, conforme apontam o RDA e o RADA. Dos demais argumentos apresentados Observa-se que o RECORRENTE, em seu recurso voluntário, faz um cotejo, mês- a-mês, indicando as razões pela qual entende que o lançamento foi incorreto. Em apertada síntese, é possível inferir que o contribuinte apresenta duas razões: (i) que a inclusão do auxílio- locomoção no salário-de-contribuição é indevida; e que (ii) houveram diversas GFIP’s apresentadas com valores errados, posteriormente retificadas, e que em diversas competências existia saldo credor suficiente para amortizar o saldo devedor das demais competências. Do vale-transporte Com relação a inclusão do auxílio-locomoção no salário-de-contribuição, entendo que merecem prosperar as razões do RECORRENTE. A Lei n° 8.212/91, em seu art. 28, inciso I, estabelece como salário de contribuição, para fins de incidência das contribuições, a totalidade dos rendimentos destinados a retribuir o trabalho, incluindo nesse conceito os ganhos habituais sob a forma de utilidades. Há algumas parcelas que, por expressa disposição legal, estão excluídas da base de incidência das contribuições previdenciárias, em razão de sua natureza indenizatória ou assistencial. É o caso do vale-transporte pago em conformidade com a legislação de regência. É o que dispõe o art. 28, § 9º da Lei n ° 8.212/1991: Art. 28 [...] § 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: f) a parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação própria; Diante deste dispositivo, entende-se que a parcela paga em desacordo com a legislação de regência deverá se sujeitar à incidência das contribuições previdenciárias. Assim sendo, o pagamento de vale transporte em pecúnia encontra-se em manifesto desacordo com o regramento trazido pelo Decreto n ° 95.247/1987, especificamente, em relação ao artigo 5º, que assim estabelece: Art. 5° É vedado ao empregador substituir o Vale-Transporte por antecipação em dinheiro ou qualquer outra forma de pagamento, ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo. Fl. 2419DF CARF MF Fl. 20 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 Parágrafo único. No caso de falta ou insuficiência de estoque de Vale-Transporte, necessário ao atendimento da demanda e ao funcionamento do sistema, o beneficiário será ressarcido pelo empregador, na folha de pagamento imediata, da parcela correspondente, quando tiver efetuado, por conta própria, a despesa para seu deslocamento. Todavia, em março de 2010, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 478.410/SP, considerou, por maioria, que a restrição imposta pelo Decreto nº 95.247/87 contraria frontalmente a Constituição Republicana, sendo inquestionável a sua natureza indenizatória, ainda que a referida verba seja paga em dinheiro, a ver: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. VALETRANSPORTE. MOEDA. CURSO LEGAL E CURSO FORÇADO. CARÁTER NÃO SALARIAL DO BENEFÍCIO. ARTIGO 150, I, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. CONSTITUIÇÃO COMO TOTALIDADE NORMATIVA. 1. Pago o benefício de que se cuida neste recurso extraordinário em vale-transporte ou em moeda, isso não afeta o caráter não salarial do benefício. 2. A admitirmos não possa esse benefício ser pago em dinheiro sem que seu caráter seja afetado, estaríamos a relativizar o curso legal da moeda nacional. 3. A funcionalidade do conceito de moeda revela-se em sua utilização no plano das relações jurídicas. O instrumento monetário válido é padrão de valor, enquanto instrumento de pagamento sendo dotado de poder liberatório: sua entrega ao credor libera o devedor. Poder liberatório é qualidade, da moeda enquanto instrumento de pagamento, que se manifesta exclusivamente no plano jurídico: somente ela permite essa liberação indiscriminada, a todo sujeito de direito, no que tange a débitos de caráter patrimonial. 4. A aptidão da moeda para o cumprimento dessas funções decorre da circunstância de ser ela tocada pelos atributos do curso legal e do curso forçado. 5. A exclusividade de circulação da moeda está relacionada ao curso legal, que respeita ao instrumento monetário enquanto em circulação; não decorre do curso forçado, dado que este atinge o instrumento monetário enquanto valor e a sua instituição [do curso forçado] importa apenas em que não possa ser exigida do poder emissor sua conversão em outro valor. 6. A cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago, em dinheiro, a título de vale-transporte, pelo recorrente aos seus empregados afronta a Constituição, sim, em sua totalidade normativa. Recurso Extraordinário a que se dá provimento. (RE nº 478.410/SP, Relator: Ministro Eros Grau) Considerando que no presente caso a DRJ entendeu que a auxílio-transporte pago pelo RECORRENTE deveria ser incluído no salário-de-contribuição unicamente por não ter sido pago na forma de vale-transporte, mas sim em dinheiro, e que não existem questionamentos sobre a natureza de fato deste pagamento, adoto no presente caso o entendimento do STF acima transcrito. Ademais, esta matéria encontra-se sumulada pelo CARF, razão pela qual cito a Súmula nº 89 abaixo: Súmula CARF nº 89 A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de vale- transporte, mesmo que em pecúnia. Portanto, devem ser excluídas da base de cálculo do lançamento os valores relativos ao auxílio-locomoção (vale transporte) pagos pelo contribuinte. Fl. 2420DF CARF MF Fl. 21 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 Dos supostos créditos por erro na identificação da base-de-cálculo Como pontuado, o RECORRENTE defende a existência de supostos créditos, em razão de erros nos valores indicados em GFIP. Assim, alguns meses foram recolhidos a maior, gerando direito a crédito, e outros recolhido a menor, que deveriam ser compensados com estes créditos. Ocorre que, conforme bem pontuado pela DRJ, estes créditos não são líquidos e certos, razão pela qual não é possível compensá-los. Isto porque, o art. 170 do CTN, ao instituir a figura da compensação na esfera tributária, elenca como requisito a liquidez e certeza do crédito: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. No que tange à responsabilidade pelo ônus probatório, trata-se de matéria pacífica no CARF. Nos casos de solicitação de restituição, compensação e ressarcimento de crédito contra a Fazenda Nacional, a demonstração da certeza e liquidez é ônus que pertence ao requerente. Define o Código de Processo Civil em seu artigo 373 que, quanto ao fato constitutivo de seu direito, o ônus da prova incumbe ao autor. E, ainda sobre as provas, dispõe da seguinte maneira o Decreto nº 7.574/2011, que regulamenta o processo de determinação e de exigência de créditos tributários da União: Art. 28. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e sem prejuízo do disposto no art. 29 (Lei nº 9.784, de 1999, art. 36). (grifado) Portanto, deveria a recorrente ter trazido documentação do fato alegado, é ônus que lhe pertence. Ocorre que, o ônus probatório não é realizado pela simples juntada de mais de 2 mil documentos, sem qualquer cotejo ou análise. Isto porque, a falta de contextualização das folhas de pagamento apresentadas impedem a autoridade julgadora de comprovar a efetiva existência do crédito alegado. Sobre o tema, merece destaque o entendimento do CARF: PIS. NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CARÊNCIA PROBATÓRIA. Tratando-se dos créditos do regime da não-cumulatividade do PIS e da Cofins, deve a contribuinte contextualizar minimamente a utilização dos produtos adquiridos na obtenção de suas receitas para que seja possível a identificação dos valores e natureza dos dispêndios. (CARF, acórdão 3401-005.038, sessão de 22/5/2018) Neste precedente acima, a colenda corte entendeu que o simples fato do contribuinte ter apresentado uma série de notas fiscais não era suficiente para comprovar o seu direito ao crédito. Paralelamente, entendo que o simples fato dele ter juntado as folhas de pagamento, não é suficiente para que este julgador consiga afirmar, com a liquidez e certeza necessária, que existia um saldo-credor, especialmente considerando as alegações que o saldo- credor tem como origem as retificações das GFIPs apresentadas. Fl. 2421DF CARF MF Fl. 22 do Acórdão n.º 2201-005.735 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19647.012273/2007-12 Assim, o RECORRENTE deveria ter seu crédito reconhecido mediante procedimento próprio, apresentada a delegacia da receita federal de sua região. CONCLUSÃO Em razão do exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso de Ofício. Quanto ao Recurso Voluntário, voto por lhe DAR PARCIAL PROVIMENTO, nos termos das razões acima expostas, para: (i) Acatar os seguintes créditos relativos às retenções sofridas em complementação àqueles já reconhecidos pela DRJ conforme tabela de fl. 1036 (PDF 955): Competência 07/2003: R$ 21.625,45; Competência 12/2003: R$ 3.183,21 (além dos R$ 23.249,61 acatados pela DRJ) Competência 01/2004: R$ 21.625,45 (além dos R$ 6.473,45 acatados pela DRJ); Competência 03/2004: R$ 14.054,59 (além dos R$ 43.250,90 acatados pela DRJ). (ii) Excluir da base de cálculo do lançamento os valores relativos ao auxílio- locomoção (vale transporte) pago em dinheiro pelo contribuinte. (documento assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Fl. 2422DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.007689/2007-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 06 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jan 06 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF)
Ano-calendário: 2003
RESPONSABILIDADE DA FONTE PAGADORA. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
A Fonte Pagadora é obrigada a fazer a retenção do Imposto de Renda, diretamente na fonte. Mas se assim não fizer, cabe ao Contribuinte declarar corretamente em sua DAA e fazer o recolhimento do imposto referente aos valores recebidos.
IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543¬-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando¬-se as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência).
Recurso Voluntário provido em parte.
Crédito Tributário mantido em parte.
Numero da decisão: 2301-006.635
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso e determinar o recálculo do imposto de renda com base no regime de competência, nos termos do estabelecido no RE 614406.
(documento assinado digitalmente)
João Mauricio Vital - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Juliana Marteli Fais Feriato - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Savio Nastureles, Wesley Rocha, Cleber Ferreira Nunes Leite, Marcelo Freitas de Souza Costa, Sheila Aires Cartaxo Gomes, Juliana Marteli Fais Feriato, Fernanda Melo Leal e João Mauricio Vital (Presidente).
Nome do relator: JULIANA MARTELI FAIS FERIATO
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SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA A Fonte Pagadora é obrigada a fazer a retenção do Imposto de Renda, diretamente na fonte. Mas se assim não fizer, cabe ao Contribuinte declarar corretamente em sua DAA e fazer o recolhimento do imposto referente aos valores recebidos. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543¬-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando¬-se as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência). Recurso Voluntário provido em parte. Crédito Tributário mantido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso e determinar o recálculo do imposto de renda com base no regime de competência, nos termos do estabelecido no RE 614406. (documento assinado digitalmente) João Mauricio Vital - Presidente (documento assinado digitalmente) Juliana Marteli Fais Feriato - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Savio Nastureles, Wesley Rocha, Cleber Ferreira Nunes Leite, Marcelo Freitas de Souza Costa, Sheila Aires Cartaxo Gomes, Juliana Marteli Fais Feriato, Fernanda Melo Leal e João Mauricio Vital (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 76 89 /2 00 7- 91 Fl. 330DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2301-006.635 - 2ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10935.007689/2007-91 Relatório Trata-se de Recurso voluntário juntado nas fls. 315/327 contra a decisão da DRJ, proferida pela 7ª Turma da DRJ/CTA, em 05 de junho de 2009, Acórdão 06-22.537 (fls. 305/308), cuja Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Ano-calendário: 2003 RECLAMATÓRIA TRABALHISTA. IRPF. São tributáveis os valores recebidos em decorrência de reclamatória trabalhista, devendo ser considerados na Declaração de Ajuste Anual as reduções de maneira proporcional à natureza das verbas recebidas. Lançamento Procedente Conforme consta da Notificação de Lançamento juntada nas fls. 3/11, trata-se de lançamento de ofício de IRPF suplementar no valor de R$20.067,48, que se originou na revisão da Declaração de Ajuste Anual do Contribuinte, em que restou constatada omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica decorrentes de trabalho com vínculo empregatício recebido em ação trabalhista, acrescido de R$15.050,61 de Multa de Ofício e R$9.610,31 de Juros de Mora. Nas fls. 13/25, o Contribuinte apresenta impugnação, na qual requer: Trata-se de lançamento tendente a formalizar crédito tributário que seria originado de uma suposta omissão de receitas por parte do Impugnante, que recebeu valores no ano calendário de 2003 decorrentes de êxito obtido em ação trabalhista por ele movida em face do Banco do Estado do Parana S/A — Banestado. A notificação de lançamento expedida pela autoridade fiscal não se apoia em elementos fáticos capazes de sustentar a exigência dos valores consignados naquele documento, não havendo qualquer fundamento para se exigir eventuais valores em face do Impugnante. A instituição financeira que figurou como reclamada na aludida demanda trabalhista abrangeu também o ônus daquela em assumir o encargo decorrente dos tributos incidentes sobre o valor das verbas devidas ao Impugnante, conforme sentença juntada; O recolhimento se comprova pela guia devidamente autenticada, juntada à fl. 1104 da ação reclamatória trabalhista de n° 3846/199. 6 A DAA do Contribuinte se encontra nas fls. 29/41. A sentença trabalhista se encontra juntada nas fls. 43/83; Acórdão nas fls. 85/139; Cálculo nas fls. 141/143 e 227; extrato dos valores recebidos relacionados aos meses que fazem Fl. 331DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2301-006.635 - 2ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10935.007689/2007-91 referência nas fls. 145/191; conta geral na fl. 193; na fl. 195 a guia de retirada, no qual informa que o Contribuinte recebeu em 25/10/2002 a quantia de R$650.704,18. Destaca-se o resumo dos cálculos: O demonstrativo de IRPF se encontra juntado na fl. 201. Fl. 332DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2301-006.635 - 2ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10935.007689/2007-91 Na fl. 203 há informação juntada através do Ofício de n. 2.469.275/2007 emitida pelo Juiz do Trabalho Dr. Paulo Cordeiro Mendonça, direcionada ao Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, na qual determina que: Informo a V.S.ª que o valor total recebido pelo reclamante, NESTOR CONSONI, em 2003 foi de R$ 660.366,49, e que o Imposto sobre este valor foi recolhido sob responsabilidade do Banco, não sendo, portanto, rendimento do autor. Na fl. 205 consta da DARF recolhida pela Fonte Pagadora em 29/03/2003 no valor de R$157.390,54 referente ao IRPF dos rendimentos tributáveis recebidos. Na fl. 207 consta a seguinte informação: Na fl. 269 consta do Recibo emitido pela Adriana Doliwa Dias, referente à honorários advocatícios pagos na importância de R$10.000,00, na data de 02/04/2003. Na fl. 271 consta do Recibo emitido pela mesma advogada, referente à honorários advocatícios pagos na importância de R$10.000,00, na data de 02/05/2003. Na fl. 273 consta do Recibo emitido pela mesma advogada, referente à honorários advocatícios pagos na importância de R$10.000,00, na data de 02/06/2003. Na DRJ de fls. 305/308, verifica-se o entendimento: O próprio contribuinte trouxe ao seu Ajuste Anual os rendimentos da RT em tela (com omissão de R$117.424,77, declarando apenas R$497.767,72 de rendimento tributável) e compensou o respectivo IRRF (R$143.044,71). Tal conduta obviamente contraria a tese de que o Notificado sequer seria o sujeito passivo do rendimento em pauta. Em resumo, não houve o alegado erro na identificação do sujeito passivo como alega o defendente porque foi o próprio impugnante que trouxe ao ajuste anual os valores decorrentes da RT em tela. Além disso, deve-se observar que o lançamento não desrespeitou a decisão judicial, ao revés, a fiscalização buscou apenas acertar os valores Fl. 333DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2301-006.635 - 2ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10935.007689/2007-91 recebidos e declarados proporcionalmente à natureza das parcelas definidas na própria sentença. Nas fls. 315/327 o Contribuinte apresenta Recurso Voluntário, no qual requer: A instituição financeira que figurou como reclamada na aludida demanda trabalhista abrangeu também o ônus daquela em assumir o encargo decorrente dos tributos incidentes sobre o valor das verbas devidas ao Impugnante, conforme sentença juntada; Que por ocasião das informações solicitadas pela autoridade fiscal, o d. Juízo da 14ª Vara do Trabalho de Cascavel esclareceu que "o valor total recebido pelo reclamante, NESTOR CONSONI, em 2003 foi R$ 680.366,49, e que o imposto sobre este valor foi recolhido sob a responsabilidade do Banco, não sendo, portanto, rendimento do autor". Por fim, é importante salientar ainda que o credito tributário exigido no presente PAF foi indevidamente constituído, eis que não restou observado que, no cálculo do IRPF incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente, devem ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, devendo o cálculo ser mensal e não global. É o relatório. Voto Conselheira Juliana Marteli Fais Feriato, Relatora. ADMISSIBILIDADE Verifica-se nas fls. 313 que o contribuinte foi intimado em 22/06/2009, sendo que apresentou o Recurso Voluntário em 21/07/2009 (fl. 315), ou seja, dentro do prazo de 30 dias, o que torna seu Recurso tempestivo e admissível. Conheço do Recurso, passo à análise de seu mérito. MÉRITO Trata-se de Recurso Voluntário interposto em face do Acórdão da DRJ que decidiu pela improcedência da Impugnação. O lançamento se deu, pois, o Contribuinte omitiu, em sua DAA, o valor que a Fonte Pagadora pagou de IRPF incidente sobre o rendimento recebido acumuladamente na ação trabalhista que manejou contra o Banco Banestado S/A. Com a demanda, o Contribuinte recebeu em 2003 a quantia total de R$ 837.757,03 de rendimentos acumulados, sendo que R$ 680.366,49 de rendimento líquido e R$157.390,54 de IRPF. Na DAA do período (AC 2003), o Contribuinte declarou R$ 680.366,49 Fl. 334DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 2301-006.635 - 2ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10935.007689/2007-91 de rendimento recebido de pessoa jurídica, omitindo o valor de R$157.390,54 referente ao IRPF pago. Responsabilidade da Fonte Pagadora O Contribuinte pretende com o Recurso Voluntário a exoneração de sua obrigação, diante da responsabilidade da Fonte Pagadora pelo recolhimento do imposto, nos termos do art. 45 e 121 do CTN, em substituição tributária, sendo que a cobrança deveria ter sido efetuada contra a Fonte Pagadora, que não efetuou a retenção do IRPF e não contra o Contribuinte. Não assiste razão o contribuinte. De fato, cabe à Fonte Pagadora a retenção do Imposto de Renda, efetuado diretamente na fonte. Mas assim não fez. Portanto, caberia ao Contribuinte declarar corretamente em sua DAA e fazer o recolhimento do imposto referente aos valores recebidos, nos termos da legislação: Art. 787. As pessoas físicas deverão apresentar anualmente declaração de rendimentos, na qual se determinará o saldo do imposto a pagar ou o valor a ser restituído, relativamente aos rendimentos percebidos no ano-calendário (Lei nº 9.250, de 1995, art. 7º). Súmula CARF nº 12: Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção. Pois bem, o Imposto de Renda e sua Declaração são obrigações personalíssimas do Contribuinte, sendo que as informações prestadas quando do preenchimento de sua declaração anual de ajuste são de sua responsabilidade. A responsabilidade pela exatidão/inexatidão do conteúdo consignado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda é do próprio beneficiário dos rendimentos, que não pode desconhecê-los e deixar de oferecê-los à tributação. Se a fonte pagadora não efetuou os descontos, nos termos da Súmula 12 deste Conselho, legítima a constituição do crédito em face do beneficiário, ou seja, em face do Contribuinte. Portanto, correto o lançamento contra o Contribuinte. Tributação com base na tabela progressiva da época O Contribuinte requer a aplicação da tributação com base na tabela progressiva referente ao período a que se refere o rendimento. Verifica-se, pelos cálculos produzidos na Reclamatória Trabalhista (fls. 141/143 e 227), que o período abrangido vai de 10/1994 a 08/1999, devendo ser considerada as tabelas de IRPF exigidas para este período e não as do período do lançamento, sendo, portanto, violado o princípio da progressividade; Fl. 335DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 2301-006.635 - 2ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10935.007689/2007-91 Portanto, trata o presente processo de omissão de rendimentos recebidos acumuladamente, por força de ação judicial trabalhista. O tema já foi objeto de apreciação tanto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) quanto pelo Superior Tribunal de Justiça (STF), em processos com decisão definitiva de mérito na sistemática dos arts. 543-B e 543-C da Lei 5.869, de 1973 (presentemente, arts. 1.036 a 1.041 da Lei 13.105, de 2015). Assim, tais decisões devem ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito deste Conselho Administrativo, por força do disposto no art. 62, § 3º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 2015 (Ricarf). No julgamento do RE 614.406/RS (com repercussão geral reconhecida) cuja tese restou reafirmada no julgamento do ARE 817.409, cujos trânsito em julgado deram-se respectivamente em 11/12/2014 e 05/06/2015, decidiu-se que o imposto sobre a renda das pessoas físicas (IRPF) sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de forma a utilizar as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência, ou seja, calculados de acordo com o regime de competência. O RE 614.406/RS recebeu a seguinte ementa: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de de (SIC) ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. Portanto, entendeu-se correta a “incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor - regime de competência - após somado este com o valor já pago, pena afronta aos princípios da isonomia e capacidade contributiva insculpidos na CF/88 e do critério da proporcionalidade que infirma a apuração do montante devido”. A tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente pelo regime de competência resta cristalina pela simples leitura da ementa do ARE 817.409: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. TRIBUTÁRIO.IMPOSTODERENDA PESSOA FÍSICA.MODO DE CÁLCULO. RENDIMENTOS PAGOS EM ATRASO E ACUMULADAMENTE. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA PELO STF. TEMA Nº 368. JULGAMENTO DE MÉRITO NO RE 614.406. ALEGADA INDIFERENÇA NA APLICAÇÃO DO REGIME DE CAIXA OU DE COMPETÊNCIA AO CASO. INCURSÃO NO ACERVO FÁTICO- PROBATÓRIO DOS AUTOS. SÚMULA Nº 279 DO STF. INCIDÊNCIA. 1. Os valores recebidos em atraso e acumuladamente por pessoas físicas devem se submeter à incidência do imposto de renda segundo o regime de competência, consoante decidido pelo Plenário do STF no julgamento do RE 614.406, Rel. Min. Rosa Weber, Redator do acórdão o Min. Marco Aurélio, DJe de 27/11/2014, leading case de repercussão geral, Tema nº 368. (...) No mesmo sentido decidiu a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) no julgamento do Acórdão CSRF 9202-003.695, julgado em 27/01/2016, o qual recebeu a seguinte ementa: Fl. 336DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 2301-006.635 - 2ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10935.007689/2007-91 IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência). O STJ também enfrentou a matéria no julgamento de dois recursos especiais sujeitos à sistemática do art. 543-C do CPC, (e, portanto, vinculativos ao CARF em face do disposto no art. 62, § 2º, do Ricarf). Nesses, também restou assentado que o imposto sobre a renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte. Transcrevo trechos do Resp. 1.470.720, a fim de aclarar os critérios pelos quais deve ser calculado o imposto sobre a renda: Esta Corte ao julgar recurso representativo da controvérsia decidiu que: "O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente" (REsp. n. 1.118.429/SP, Primeira Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24.03.2010). Ou seja, entendeu que o art. 12, da Lei n. 7.713/88 não deve ser interpretado de forma a permitir a tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente pelo regime de caixa (tributação considerando as alíquotas, os parâmetros e no mês em que efetivamente pagos os rendimentos de uma só vez), mas sim pelo regime de competência (tributação considerando as alíquotas, os parâmetros e no mês em que deveriam ter sido pagos dos rendimentos mês a mês). Em razão dessa jurisprudência já consolidada, surgiu em inúmeros processos a discussão a respeito do modo com que se daria o cálculo dessa diferença de imposto de renda a ser paga pelo contribuinte ou a ele repetida pelo fisco, nos casos em que o Imposto de Renda incide sobre verbas trabalhistas pagas em atraso de forma acumulada, ou verbas de outra natureza também pagas em atraso de forma acumulada. Esse modo não poderia descurar da forma com que calculado o imposto nas declarações de ajuste, respeitando-se a lógica do imposto e de sua repetição. Dito de outra forma, para respeitar a sistemática de apuração do Imposto de Renda e ao mesmo tempo o regime de competência, havia a necessidade de se estabelecer uma forma retroativa de cálculo do tributo que deveria ter sido pago ao tempo em que deveria ter sido recebido o rendimento (regime de competência) e apurar a diferença em relação ao que retido posteriormente na fonte (regime de caixa), o que carece da aplicação de um critério único de correção monetária, a fim de se equalizar as bases de cálculo do Imposto de Renda através do tempo (a base de cálculo do imposto que deveria ter sido pago sob o regime de caixa deve ser equalizada à base de cálculo do imposto pago sob o regime de competência) e definir a diferença do tributo a pagar ou restituir. Assim, o que se discute é o índice a ser fixado para a correção da base de cálculo do tributo e não do tributo devido ou do indébito a ser restituído. No caso das verbas trabalhistas, sabe-se que a Justiça do Trabalho utiliza para atualização dos débitos (base de cálculo do Imposto de Renda) a chamada Tabela FACDT (Fator de Atualização e Conversão dos Débitos Trabalhistas), que tem por objetivo assegurar, "com base no índice oficial da inflação do mês anterior, o valor monetário dos créditos do trabalhador até o primeiro dia do mês seguinte" (Agravo de Petição n. 718903, TRT4, Sexta Turma, Rel. Juiz João Ghisleni Filho, julgado em Fl. 337DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 2301-006.635 - 2ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10935.007689/2007-91 19.11.1998). Sendo assim, sua natureza é de fator de correção monetária, não se tratando de juros de mora, que tem por objetivo punir o devedor pela mora, acrescendo ao débito uma indenização a título de lucros cessantes. Do mesmo modo, no caso de verbas previdenciárias, a Justiça Federal faz uso do IGP- DI e, mutatis mutandis, em outros casos faz-se uso de índices diversos judicialmente fixados e transitados em julgado. A jurisprudência então caminhou para a seguinte forma de cálculo: resgata-se o valor original da base de cálculo (após, portanto, as deduções legais) declarada pelo sujeito passivo em sua Declaração de Ajuste Anual relativa ao ano-calendário a que o rendimento corresponde (A) e adiciona-se o valor do rendimento recebido acumuladamente relativo ao mesmo ano (excluídos atualização monetária e juros) (B). Assim, chega-se ao valor da base de cálculo que seria declarada se o rendimento tivesse sido percebido na época própria (C = A + B). Sobre esta base de cálculo aplica-se a tabela progressiva vigente no ano a que o rendimento corresponde. Com a aplicação da alíquota da tabela progressiva sobre a base de cálculo (C), chega-se a um resultado de imposto devido à época. Desse resultado se subtrai o imposto efetivamente pago calculado com os valores da época. Essa diferença corresponde ao cálculo da diferença de imposto correspondente (D). Este cálculo deverá ser feito para cada ano-calendário referente aos rendimentos percebidos acumuladamente (Dl, D2, etc). Esta diferença de imposto de renda (D), apurada em cada ano (D1, D2, etc), será atualizada pelo índice que melhor reflita a correção monetária para o débito em questão (no caso de débitos trabalhistas, utiliza-se o Fator de Atualização e Conversão dos Débitos Trabalhistas - FACDT, como visto) a partir de 30 de abril do ano subseqüente ao ano-calendário respectivo. Cada uma das diferenças anuais (Dl, D2) será atualizada pelo índice referido até 30 de abril do ano subseqüente àquele em que ocorreu o recebimento dos valores acumulados e somadas entre si, constituindo o somatório de diferenças de imposto de renda (E =" Dl + D2 + etc.). O montante total das diferenças (E) será compensado com o total do imposto que foi indevidamente retido na fonte sob o regime de caixa por força do recebimento de rendimentos acumulados, perfazendo o saldo de imposto de renda (F), a pagar (se E > imposto indevidamente retido na fonte sob o regime de caixa) ou a restituir (se E < imposto indevidamente retido na fonte sob o regime de caixa). Sobre (F), incidirá a taxa SELIC a partir de 1º de maio do ano subsequente ao do recebimento dos rendimentos acumulados porque, ou constitui (F) uma diferença de imposto não pago pelo contribuinte (situação em que incidem o art. 13, da Lei n. 9.065/95 e o art. 61, §3º, da Lei n. 9.430/96), ou constitui um valor de indébito a ser repetido pelo Fisco ao contribuinte (situação em que incide o art. 39, §4º, da Lei n. 9.250/95). (...) De observar que a taxa SELIC não incide em nenhum momento anterior porque antes de 1º de maio do ano subsequente ao do recebimento dos rendimentos acumulados o que ocorre é apenas uma equalização da base de cálculo do imposto de renda e não a mora, seja do contribuinte, seja do Fisco. Assim, em atenção ao disposto no art. 62, § 2º do Anexo II do Ricarf, devem ser aplicadas as disposições do (a) RE 614.406/RS (STF), explicitadas no ARE 817.409 (STF), (b) Resp. 1.118.429-SP (STJ) e (c) Resp. 1.470.720 (STJ). Diante disso, verifica-se pelo provimento ao pedido do Contribuinte, ou seja, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de forma a utilizar as Fl. 338DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 2301-006.635 - 2ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10935.007689/2007-91 tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência), para a constatação se há ou não imposto suplementar a recolher. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, dar parcial provimento, para que o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente seja recalculado utilizando-se as tabelas e alíquotas do imposto vigentes no mês em que a parcela foi reconhecida como devida, na decisão judicial, segundo os critérios estabelecidos pelo Resp. 1.470.720, e o RE 614406. É como voto. (documento assinado digitalmente) Juliana Marteli Fais Feriato Fl. 339DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13910.000612/2010-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Dec 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Exercício: 2010
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DO DEMONSTRATIVO.
DACON. OBRIGATORIEDADE.
É cabível a exigência da multa pelo atraso na entrega do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais - DACON na forma em que foi consignada no lançamento de ofício.
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DACON. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
Sendo objetiva a responsabilidade por infração à legislação tributária, correta é a aplicação da multa prevista legalmente no caso de transmissão intempestiva, não merecendo prosperar as alegações de motivos subjetivos que implicaram a transmissão dessa declaração fora do prazo.
Numero da decisão: 3302-007.686
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. O julgamento deste processo seguiu a sistemática dos recursos repetitivos, aplicando-se o decidido no julgamento do processo 13986.000086/2010-56, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(documento assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Larissa Nunes Girard (suplente convocada), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Denise Madalena Green. Ausente o Conselheiro Gerson José Morgado de Castro, conforme ata.
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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DACON. OBRIGATORIEDADE. É cabível a exigência da multa pelo atraso na entrega do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais - DACON na forma em que foi consignada no lançamento de ofício. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DACON. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. Sendo objetiva a responsabilidade por infração à legislação tributária, correta é a aplicação da multa prevista legalmente no caso de transmissão intempestiva, não merecendo prosperar as alegações de motivos subjetivos que implicaram a transmissão dessa declaração fora do prazo. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. O julgamento deste processo seguiu a sistemática dos recursos repetitivos, aplicando-se o decidido no julgamento do processo 13986.000086/2010-56, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (documento assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Larissa Nunes Girard (suplente convocada), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Denise Madalena Green. Ausente o Conselheiro Gerson José Morgado de Castro, conforme ata. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 91 0. 00 06 12 /2 01 0- 61 Fl. 47DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3302-007.686 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13910.000612/2010-61 Relatório Cuida-se de julgamento submetido a sistemática dos recursos repetitivos, prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, Anexo II, do Regulamento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2019, com redação dada pela Portaria MF nº 153, de 17 de abril de 2018. Dessa forma, adoto excertos do relatório do Acórdão nº 3302-007.678, paradigma desta decisão. Trata-se de recurso voluntário interposto contra decisão que julgou improcedente a impugnação apresentada pela Recorrente, mantendo-se, assim, o lançamento fiscal que cobra unicamente a multa por atraso na entrega do DACON, nos termos da ementa abaixo: Ementa: DACON. MULTA POR ATRASO. A apresentação do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais - Dacon após o prazo previsto pela legislação tributária, sujeita o contribuinte à incidência da multa por atraso correspondente. Em sede recursal, a Recorrente alega erro no sistema de recepção eletrônica da administração tributária e que não há como fazer provas das tentativas de entrega da declaração porque o sistema não fornece mensagem de anormalidade, bem assim a aplicação do instituto da denúncia espontânea. Fl. 48DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3302-007.686 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13910.000612/2010-61 Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. Da admissibilidade O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele conheço. Das razões recursais Como já destacado, o presente julgamento segue a sistemática dos recursos repetitivos, nos termos do art. 47, §§ 1º e 2º, Anexo II, do RICARF, e, desta forma, reproduzo o voto consignado no Acórdão nº 3302-007.678, da lavra do Conselheiro Walker Araujo, paradigma desta decisão: A Recorrente, por sua vez, transmitiu seu Dacon fora do prazo previsto, fato este incontroverso, sem comprovar documentalmente a existência de falha no sistema da Receita Federal que a de protocolar/apresentar o referido demonstrativo. Fl. 49DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3302-007.686 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13910.000612/2010-61 outro lado, caso a Recorrente constatasse irregularidades no sistema, deveria ter procurado uma agência da Receita Federal e transmitir manualmente o Dacon e, em caso de negativo do exercício de seu direito, exigir documento do órgão sobre a recusa. Nada nesse sentido foi realizado. cenário, correto o lançamento fiscal. fim, não se aplica ao presente caso os ditames do artigo 138, do CTN, posto que sua incidência somente se aplica na hipótese de pagamento do tributo não recolhido, situação totalmente distinta deste processo, onde a exigência é oriunda de descumprimento de obrigação acessória e não existe na legislação norma que afasta a multa pelo referido instituto. , este Conselho já aprovou a Súmula 49 nos seguintes termos: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Conclusão Importa registrar que nos autos em exame as situações fáticas e jurídicas encontram correspondência com a verificadas na decisão paradigma, de tal sorte que, as razões de decidir nela consignadas, são aqui adotadas. Dessa forma, em razão da sistemática prevista nos §§1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, reproduzo o decidido no acórdão paradigma, no sentido de negar provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho – Relator Fl. 50DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10494.000698/2008-78
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Dec 05 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3301-001.295
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que que a Unidade de Origem informe o endereço da empresa Seair Internacional Comércio Exterior Ltda. que constava dos cadastros da RFB na data da lavratura do Termo de Intimação de decisão da DRJ.
(documento assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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TECNOLOGIA E SERVIÇOS - EPP Interessado FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que que a Unidade de Origem informe o endereço da empresa Seair Internacional – Comércio Exterior Ltda. que constava dos cadastros da RFB na data da lavratura do Termo de Intimação de decisão da DRJ. (documento assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira – Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto com as devidas adições, o relatório da primeira instância. Trata o presente processo dos autos de infração de fls. 01 a 25 por meio dos quais são feitas as seguintes exigências: fls- 02 a 15 1 - R$ 71.135,34 (setenta e um mil, cento e trinta e cinco reais e trinta e quatro centavos) a título de Imposto de Importação. 2 - RS 106.703,01 (cento e seis mil, setecentos e três reais e um centavo) a título de Multa de Ofício de 150% (art 44, E da Lei n° 9.430/96). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 94 .0 00 69 8/ 20 08 -7 8 Fl. 2028DF CARF MF Fl. 2 da Resolução n.º 3301-001.295 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10494.000698/2008-78 3 - RS 409.805,12 (quatrocentos e nove mil, oitocentos e cinco reais e doze centavos) de Multa do Controle Administrativo (art. 631, L do Decreto n° 4.543/2002 -art. 88, parágrafo único da MP n° 2.158-35/2001). fls. 16 a 25 4 - R$ 72.107,21 (setenta e dois mil, cento e sete reais e vinte e um centavos) de Imposto sobre Produtos Industrializados. 5 -R$ 108.160,82(cento e oito mili cento e sessenta reais e oitenta e dois centavos) á título de Multa de ofício de 150% (art. 80, II, da Lei n° 4.502/64, com redação do art. 45 da Lei n° 9.430/96). Os juros de mora lançados foram calculados até 29/11/2008. Registra-se, de .plano, que por enquanto manifestaremos os principais tópicos do relatório fiscal,, visando-demonstrar resumidamente os elementos trazidos pela fiscalização que baseou a autuação em.tela. Posteriormente, os lançamentos efetuados pela fiscalização, com os respectivos elementos de prova e as razões da defesa apresentada pelo contribuinte e responsável solidário, serão tratados de forma detalhada. 2. Vários documentos foram encontrados nas dependências da Securitech POA durante a execução do MBA n° 70024553,Icomo / cópias de faturas comerciais de fornecedores estrangeiros com preços muito maiores do que aqueles declarados pelos importadores das mercadorias negociadas pela Securitech. POA, assim como demonstrativos de pagamentos efetuados ou a serem efetuados ao exterior, referentes às importações dessas mercadorias. 3. Os demonstrativos de pagamentos efetuados ou a serem efetuados ao exterior, referentes a importações realizadas, com valores muito maiores do que os realizados pelo sistema regular de câmbio, evidenciam que a diferença entre o valor negociado (efetivo) e o valor pago por meio do fechamento.de contratos de câmbio (valor declarado) foi remetido ao exterior ilegalmente. 4. A existência de faturas comerciais verdadeiras de fornecedores estrangeiros, controles de pagamentos ao exterior para estes mesmos fornecedores, direta ou indiretamente, em conjunto com outros documentos encontrados, comprovam também que o real importador, importador de fato, real adquirente das mercadorias estrangeiras era a Securitech POA, que utilizava importadores de fachada para se ocultar nas operações de importação. 5. A Securitech POA utilizou esquemas fraudulentos de importação, simulando operações normais de importação, em conluio com importadores de fachada pseudo exportadores e com os próprios exportadores/fabricantes dos produtos/m^ Para isso, seus importadores de fachada apresentavam faturas, no mínimo, ideologicamente falsas em seus despachos de importação, pois as mesmas não traduziam a real negociação efetivada entre o real importador (Securitech POA) e os seus fornecedores estrangeiros, ocultando o real adquirente e declarando preços subfaturados. 6. O crédito tributário lançado relativo as infrações originadas pela ¦ prática de subfaturamento dos preços de importação foi contra a empresa Securitech POA, tendo a empresa Seaair Internacional Comércio Exterior Ltda como responsável tributário. Prosseguindo, a fiscalização descreve a negociação referente à compra, a venda e ao pagamento de mercadorias estrangeiras efetuada peia Securitec Relata que as compras eram realizadas, essencialmente, por André Donadio e por Ângela Santander Garbarino, funcionária da sociedade Securitech POA. Descreve, também, os métodos utilizados pela Securitech para subfaturar as importações e os procedimentos adotados para efetuar os pagamentos no exterior. Fl. 2029DF CARF MF Fl. 3 da Resolução n.º 3301-001.295 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10494.000698/2008-78 Por fim, demonstra o método usado para determinar a verdadeira base de cálculo dos tributos incidentes nas importações realizadas pela; Securitech POA. Cientificada em 15/12/2008 ,(As. 03),/ a empresa Securitech POA apresentou, em 13/01/2009, a impugnação de As. 1.121 a 1.241, arguindo, em síntese: 1- Requer, em preliminar, a nulidade do lançamento: • Por entender que o mesmo é intempestivo e qu^ houve cerceamento do direito de defesa. Aduz que deve ser aberto um processo de valoração, intimando o importador a prestar informação sobre a valoração da mercadoria. Também, que somente no caso de recusa do atendimento às exigências ou de respostas insuficientes é que a autoridade fiscal poderá decidir pela impossibilidade da aplicação do método do valor de transação. • Pela presença de documentos redigidos em língua estrangeira sem a devi<ia tradução para o vernáculo. • Por erro de identificação do sujeito, passivo. Defende que é terceiro de boa fé, não é o importador, nem tão pouco praticou qualquer transgressão ou violação :aos princípios que norteiam a importação por conta própria ou por ordem de terceiros. 2 — No mérito, requer a improcedência dos autos de infração em razão: • Da empresa Trading Granzotto (sic) - Referida empresa, da qual a ' impugnante é cliente, encontra-se devidamente legalizada perante todos os órgãos é repartições públicas, portanto autorizada está a emitir notas fiscais das vendas das mercadorias importadas. Logo, as aquisições feitas pela Securitech POA são absolutamente regulares. Assim, as acusações representam uma mera suposição, sem qualquer credibilidade. • Do pretenso subfaturamento - A acusação de prática de subfaturamento dos preços declarados, objetivando sonegar IPI, simplesmente não pode ser considerada autêntica, uma vez que a impugnante não importou qualquer mercadoria ou produto estrangeiro. Ainda, se tal; fato ocorreu, a irregularidade não pode ser imputada à impugnante, mas sim a quem importou as mercadorias. Da legalidade, legitimidade e independência das revendas - O fisco presumiu que as vendas de produtos da Securitech, efetuadas as demais empresas denominadas de "pontos de vendas" ou "revendas" seriam irregulares, No entanto, as indigitadas revendas são empresas absolutamente independentes, não passando de simples clientes da impugnante. Das aquisições no mercado interno de produtos importados - O fisco estava prejulgando as operações realizadas, inadmitindo que a Securitech pudesse ter adquirido mercadoria importada no mercado interno, como foi feito e comprovado, pelas faturas emitidas pelas trading ou estabelecimentos nacionais importadores, devidamente legalizados e autorizados para tanto. Das presunções, indícios e suposições - Todas as afirmativas,'^ fisco, analisadas até o momento, não passam de singelas presunções; conjecturas e suposições absolutamente equivocadas^^ Da pretensa ocultação do verdadeiro importador - O fisco jamais^ comprovou, ou demonstrou a existência de quaisquer adiantamentos, pagamentos ou remessa, mesmo porque eles nunca existiram. Como conseqüência, nunca houve a alegada interposição de terceiros. A Securitech, por conseguinte, adquiriu as mercadorias importadas já nacionalizadas, o que descaracteriza a pretensão dos fisco de afirmar que a impugnante é a real importadora das mercadorias apreendidas. Fl. 2030DF CARF MF Fl. 4 da Resolução n.º 3301-001.295 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10494.000698/2008-78 Dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade - A jurisprudência na âmbito do Poder Judiciário é unânime no sentido de que o fisco deve obedecer òs preceitos da proporcionalidade e da razoabilidade, cujos postulados são primordiais nos casos de apreensão de mercadorias, justamente para mitigar procedimentos injustificados quando fundado em presunções e indícios não comprovados. - Da boa fé da impugnante em suas transações negociais e comerciais - O trabalho realizado pelo fisco, fica claro que a empresa, seus sócios ou funcionários, não atuavam;, ou sequer participavam de qualquer operação fraudulenta. A documentação fiscal e contábil apresentada à fiscalização comprova que a empresa Securitech POA adquiria no mercado os produtos da marca 'Taradox", ou quaisquer outros, para revendê-los aos seus clientes e revendedores. Da rejeição do fisco aos documentos fiscais e aos registros contábeis da empresa - As mercadorias foram integralmente respaldadas através de planilhas, que conciliavam os documentos fiscais com as mercadorias adquiridas dos diversos fornecedores da impugnante, remanescendo em aberto, somente, produtos obsoletos ou sem qualquer utilização, situação que, por si só, demonstrou a mais absoluta ausência de dolo, fraude ou simulação que pudessem ter causado algum tipo de prejuízo ao Erário Nacional. Também, que embora todas as mercadorias tivessem sido conciliadas com notas fiscais de fornecedores, comprovando efetivamente as suas compras, o fisco simplesmente desconsiderou a sua condição de mera adquirente, preferindo acusá-la da prática de irregularidades totalmente absurdas; Da impossibilidade de presunção na imputação de subfaturamento - Há que se questionar onde estaria comprovado^ no relatório fiscal, a prova e a demonstração cabal e inequívoca de que a impugnante teria promovido o alegado subfaturamento. O relatório limita-se tão somente a presumir a ocorrência do subfaturamento a partir de meras tabelas de preços e cotações de compras, que não são, nem de longe, os meios de prova juridicamente aceitos e válidos para a efetiva comprovação do subfaturamento. Da inexistência de acréscimo patrimonial da sociedade ou dos seus sócios. Demonstração da incoerência do alegado subfaturamento - O patrimônio líquido da impugnante, no período compreendido entre 2003 e 2006, regrediu. Por sua vez, o patrimônio pessoal dos sócios teve uma pífia evolução. Da valoração aduaneira. Critérios equivocados - O fisco desconsiderou os valores declarados nas DIs e supôs que os preços 'Verdadeiros" destas importações havidas entre 2003 a 2006 seriam aqueles - contidos nas cotações realizadas em datas bastante posteriores a tais importações. • Da impossibilidade do arbitramento do valor por simples cotação de preços - Que a apuração do valor aduaneiro não seguiu os trâmites previstos na legislação e que não houve possibilidade de reexame do procedimento de valoração anteriormente à lavratura do auto de infração, com apresentação de dados novos, não solicitados, pelo descumprimento por parte dos autuantes do art. 32 daINSRFn°16/98. • Do efetivo exame comparativo com outras importações similares -Que o relatório fiscal não apresenta nenhuma, uma sequer, operação de importação realizada por outra empresa com preços superiores aqueles praticados pelas trading, verdadeiras e únicas adquirentes das mercadorias. Da impossibilidade de imposição concomitante das multas do controle administrativo (D) com as multas agravadas do II e IPI -Tem-se que a sobreposição da multa ap controle administrativo do II é absolutamente indevida, porquanto já há a imposição de multas de ofício da forma mais agravada, isto é, à razão de 150%. Por fim, não sendo declarada a nulidade dos autos de infração requer a improcedência dos mesmos. Fl. 2031DF CARF MF Fl. 5 da Resolução n.º 3301-001.295 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10494.000698/2008-78 A empresa Seaair Internacional Comércio Exterior Ltda, qualificada no presente auto de infração como responsável solidária, foi cientificada em 15/12/2008, As. 27, apresentando impugnação em 14/01/2009, fls. 1.555, arguindo que impugna todos os fatos alegados no auto de infração, seguindo a linha de defesa da empresa autuada, a Securitech POA. Também, resguarda. o direito de impugnar a qualquer manifestação desse órgão, com relação ao mérito da sujeição passiva a que foi submetida. Encaminhado o presente processo, nos termos do regimento interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), que trata da manifestação de inconformidade A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento negou provimento à impugnação. Assunto: Imposto sobre à Importação – II Período de apuração: 16/12/2003 a 09/02/2004 SUBFATURAMENTO. EXIGÊNCIA BAS DIFERENÇAS DE TRIBUTOS DEVIDOS. NA IMPORTAÇÃO. Constatada a ocorrência de subfaturamento nas importações, impõe-se o lançamento das diferenças de tributos que deixaram de ser recolhidos em razão da declaração a maior do valor aduaneiro das mercadorias. FRAUDE DOCUMENTAL PENALIDADES. AGRAVAMENTO DA MULTA DO LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Comprovado o subfaturamento nas importações e, uma vez caracterizada a fraude fiscal, é aplicável a multa de que trata ò art. 44, ii, da Lei n° 9.430, de 1996, sobre os tributos não recolhidos. Assunto: Normas Gerais de direito tributário Período de apuração: 16/12/2003 a 09/02/2009 NULIDADE.' CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. FASE INQUISITÓRIA. Os procedimentos da autoridade fiscalizadora têm natureza inquisitória, não se sujeitando necessariamente ao contraditório os atos lavrados nesta fase. Somente depois de lavrado o auto de infração e instalado o litígio administrativo é que se pode falar em obediência aos ditames do princípio do contraditório e da ampla defesa. DOCUMENTO EM IDIOMA . ESTRANGEIRO. VALIDADE. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO À DEFESA, Em se tratando de documento redigido em língua estrangeira cuja tradução não é indispensável para sua compreensão, a interpretação, teleológica da legislação processual conduz para a conclusão que não é razoável negar-lhes eficácia de prova. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 16/12/2003 a 09/02/2009 IMPUGNAÇÃO GENÉRICA. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. A impugnação deve- mencionar os motivos de fato e de direito em que fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Nos termos do art. 17- do Fl. 2032DF CARF MF Fl. 6 da Resolução n.º 3301-001.295 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10494.000698/2008-78 Decreto. n° 70.235/72, considera-se não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestadas tornando-se definitivo o lançamento. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 16/12/2003 a 09/02/2009 SUBFATURAMENTO NA IMPORTAÇÃO. Nos casos de subfaturamento, aplica-se a multa do controle administrativo, equivalente a 100% do valor da diferença entre o preço declarado e o efetivamente praticado na importação, nos termos do art. 169, II e §6° do Decreto-leí n2 37 de 18 de novembro de 1966 (art. 631,1 do Decreto n° 4.543/2002 - art 88, parágrafo único da mp nº 2.158- 35/2001). Impugnação improcedente Crédito Tributário Mantido A ciência da decisão foi feita ao devedor principal Securitech Tecnologia em Segurança Ltda. em 19/03/2010 (fl. 1595 a 1596) e do devedor solidário Seair Internacional - Comércio Exterior Ltda. em 16/03/2010 (fls. 1593 a 1594). Foi apresentado recurso voluntário pela Securitech em 19/04/2010 (fls.1630 a 1744) e pela Seair em 16/04/2010 (fls. 1746 a 1807). Em 19/04/2010 a empresa Seair apresentou petição, alegando que a intimação realizada em 19/04/2010 foi encaminhada ao antigo endereço da empresa na Av. Brigadeiro Faria Lima nº 1903, Conjunto 13, São Paulo –SP. Prossegue a Seair afirmando que o seu atual endereço a Rua Rego Freitas, nº 185, loja 02, São Paulo – SP já constava dos cadastros da Receita Federal na data da ciência da decisão da DRJ, para comprovar a sua alegação junta ficha de cadastro do CNPJ, com data de 19/04/2019, onde consta como endereço a Rua Rego Freitas, 1805, Loja 02, São Paulo – SP. Com estas informações pede que o recurso voluntário apresentado em 16/04/2010 seja considerado tempestivo e tenha o seu regular julgamento por este Conselho. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. A teor do relato existe uma questão preliminar a ser solucionada, no que diz respeito a tempestividade do recurso voluntário apresentado pela Seair Internacional. Fl. 2033DF CARF MF Fl. 7 da Resolução n.º 3301-001.295 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10494.000698/2008-78 Segundo as alegações da Seair, a intimação da decisão da DRJ foi encaminhada ao antigo endereço da Recorrente e, portanto não pode ser considerado como termo inicial para contagem do prazo legal para interposição do recurso voluntário. A ficha do CNPJ apesentado pela Seair em 19/04/2010 consta endereço diferente daquele constante do Termo de Intimação de ciência da decisão da DRJ. Entretanto, a ficha de CNPJ apresentada pela Recorrente consta a data de 19/04/2010. Para confirmar o equivoco no endereço da intimação da decisão de primeira instância é necessário confirmar que o endereço da empresa na Rua Rego Freitas, 1805, Loja 02, São Paulo – SP constava dos cadastros da RFB na data da emissão do Termo de Intimação da decisão da DRJ (fls. 1587) Diante do exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem informe o endereço da empresa Seair Internacional - Comércio Exterior Ltda. que constava dos cadastros da RFB na data da lavratura do Termo de Intimação de decisão da DRJ (fl. 1587). (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 2034DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.943358/2009-02
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 05 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Dec 13 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Data do fato gerador: 28/04/2005
COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO DE ESTIMATIVA. POSSIBILIDADE.
É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa.
RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA.
Tendo sido interrompida pela unidade de origem a análise do direito creditório por premissa afastada em sede de recurso voluntário, deve-se retornar o processo àquela unidade para que seja ali examinado o mérito em sua íntegra.
Numero da decisão: 1001-001.555
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para aplicação da Súmula CARF nº 84, afastando a premissa de impossibilidade de utilização de crédito de indébito de estimativa em compensações e determinando o retorno do processo à DRF de origem para que seja ali examinado o mérito em sua íntegra.
(documento assinado digitalmente)
Sérgio Abelson Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson (Presidente), José Roberto Adelino da Silva, Andréa Machado Millan e André Severo Chaves.
Nome do relator: SERGIO ABELSON
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POSSIBILIDADE. É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA. Tendo sido interrompida pela unidade de origem a análise do direito creditório por premissa afastada em sede de recurso voluntário, deve-se retornar o processo àquela unidade para que seja ali examinado o mérito em sua íntegra. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para aplicação da Súmula CARF nº 84, afastando a premissa de impossibilidade de utilização de crédito de indébito de estimativa em compensações e determinando o retorno do processo à DRF de origem para que seja ali examinado o mérito em sua íntegra. (documento assinado digitalmente) Sérgio Abelson – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson (Presidente), José Roberto Adelino da Silva, Andréa Machado Millan e André Severo Chaves. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 94 33 58 /2 00 9- 02 Fl. 452DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 1001-001.555 - 1ª Sejul/1ª Turma Extraordinária Processo nº 15374.943358/2009-02 Relatório Trata-se de recurso voluntário contra o acórdão de primeira instância (folhas 89/91) que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada contra o despacho decisório à folha 09, que não homologou a compensação constante da DCOMP 01427.51011.090606.1.3.04-9102, de crédito correspondente a pagamento indevido ou a maior no montante de R$ 4.486,50, tendo em vista que os valores do DARF informado como origem do crédito, de período de apuração 31/03/2005, data de arrecadação 28/04/2005, código de receita 2484 (CSLL - DEMAIS PJ QUE APURAM O IRPJ COM BASE EM LUCRO REAL - ESTIMATIVA MENSAL) e valor total de R$ 4.486,50, informado como origem do crédito, conforme art. 10 da IN SRF nº 600/2005, não podem ser utilizados em compensações que não tenham como crédito o saldo negativo do referido tributo ao final do período de apuração. Em sua manifestação de inconformidade (folhas 11/14), a contribuinte alega, em síntese do necessário, erro de fato no preenchimento do valor correspondente ao débito de estimativa de CSLL de março de 2005 na DCTF original, a qual foi retificada, informando que tal débito está corretamente apurado na DIPJ relativa ao período. Anexa cópias das declarações para comprovação. No acórdão a quo, a não-homologação foi mantida por concordância com as razões do despacho decisório. Ciência do acórdão DRJ em 14/09/2011 (folha 450). Recurso voluntário apresentado em 04/10/2011 (folha 95). A recorrente, às folhas 95/101, em síntese do necessário, reitera suas alegações anteriores e reapresenta cópias das mencionadas declarações. É o relatório. Fl. 453DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 1001-001.555 - 1ª Sejul/1ª Turma Extraordinária Processo nº 15374.943358/2009-02 Voto Conselheiro Sérgio Abelson, Relator. O recurso voluntário é tempestivo, portanto dele conheço. O Despacho Decisório emitido pela DRF de origem e o acórdão recorrido apresentam entendimento ultrapassado quando afirmam que foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP por tratar-se de pagamento a titulo de estimativa mensal de pessoa Jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. Isto porque, tendo em vista a publicação da Solução de Consulta Interna nº 19 – Cosit, de 5/12/2011, que homogeneizou o entendimento da RFB a respeito da possibilidade de restituição ou compensação de pagamentos indevidos de estimativas, conforme ementa transcrita a seguir, é cabível a análise da existência do direito creditório pleiteado pela contribuinte na DCOMP em análise. ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicando-se, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Caracteriza-se como indébito de estimativa inclusive o pagamento a maior ou indevido efetuado a este título após o encerramento do período de apuração, seja pela quitação do débito de estimativa de dezembro dentro do prazo de vencimento, seja pelo pagamento em atraso da estimativa devida referente a qualquer mês do período, realizado em ano posterior ao do período da estimativa apurada, mesmo na hipótese de a restituição ter sido solicitada ou a compensação declarada na vigência das IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005. A nova interpretação dada pelo art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, aplica-se inclusive aos PER/DCOMP retificadores apresentados a partir de 1º de janeiro de 2009, relativos a PER/DCOMP originais transmitidos durante o período de vigência da IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005, desde que estes se encontrem pendentes de decisão administrativa. Dispositivos Legais: Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, arts. 2º e 74; IN SRF nº 460, de 18 de outubro de 2004; IN SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005; IN RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008. Isto posto, verifica-se que, pela Solução de Consulta supra, restou decidido pela aplicação do disposto no art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que passou a permitir a compensação de pagamentos indevidos de estimativas, aos processos pendentes de decisão administrativa. Tal entendimento é consolidado na Súmula CARF nº 84: É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de Fl. 454DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 1001-001.555 - 1ª Sejul/1ª Turma Extraordinária Processo nº 15374.943358/2009-02 estimativa. (Súmula revisada conforme Ata da Sessão Extraordinária de 03/09/2018, DOU de 11/09/2018). Assim, para que não haja supressão de instância no julgamento, deve o processo retornar à DRF que proferiu o Despacho Decisório em questão para que, afastada a premissa de impossibilidade de utilização de crédito de indébito de estimativa em compensações, seja o mérito analisado na íntegra naquela unidade de origem. Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento em parte ao recurso, para aplicação da Súmula CARF nº 84, afastando a premissa de impossibilidade de utilização de crédito de indébito de estimativa em compensações e determinando o retorno do processo à DRF de origem para que seja ali examinado o mérito em sua íntegra. É como voto. (documento assinado digitalmente) Sérgio Abelson Fl. 455DF CARF MF http://portal.imprensanacional.gov.br/web/guest/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/40320339/do1-2018-09-11-ata-de-julgamento-40320301 http://portal.imprensanacional.gov.br/web/guest/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/40320339/do1-2018-09-11-ata-de-julgamento-40320301
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