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Numero do processo: 11610.006870/2003-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 09 00:00:00 UTC 2013
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano-calendário: 2000, 2001, 2002
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP/ PER/DCOMP COMPENSAÇÃO
DE SALDO NEGATIVO DE IRPJ
Não se homologa DCOMP e PER/DCOMP que declaram como crédito
saldos negativos de IRPJ que já haviam sido utilizados em sua totalidade em compensações sem processo, declaradas em DCTF.
DECADÊNCIA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO NÃO OCORRÊNCIA
Não há decadência do processo administrativo fiscal que segue os trâmites previstos no Decreto nº 70.235/72, sendo encerrado somente após decisão final da Autoridade Fiscal.
Numero da decisão: 1401-000.999
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: Maurício Pereira Faro
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DECADÊNCIA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO NÃO OCORRÊNCIA Não há decadência do processo administrativo fiscal que segue os trâmites previstos no Decreto nº 70.235/72, sendo encerrado somente após decisão final da Autoridade Fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva – Presidente. (assinado digitalmente) Maurício Pereira Faro Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Alexandre Antonio Alkmin Teixeira, Mauricio Pereira Faro e Sérgio Luiz Bezerra Presta. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 0. 00 68 70 /2 00 3- 81 Fl. 392DF CARF MF Documento de 9 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP09.0218.10372.G2QL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11610.006870/200381 Acórdão n.º 1401000.999 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto pelo Contribuinte, por bem resumir a questao, adoto o relatorio da decisao a quo: CNEC ENGENHARIA S/A manifesta inconformidade com Despacho Decisório, proferido pela Divisão de Orientação e Análise Tributária/EQPIR, da Delegacia de Administração Tributária em São Paulo – DERAT (fls. 272 a 291) que reconheceu parcialmente o direito creditório da contribuinte e homologou também parcialmente as DCOMP apresentadas, todas relativas ao saldo credor de IRPJ dos anoscalendário de 2000, 2001 e 2002. Ao analisar o crédito, o auditor fiscal verificou que a empresa embora tenha apresentado DCOMP em 13/05/2003 (fls. 01), declarando compensação de um débito próprio com crédito de seu saldo negativo de IRPJ apurado na DIPJ de 2003, anobase 2002, o valor declarado como o do saldo negativo (R$ 199.908,72), diverge do encontrado à linha 18 da ficha 12 A da DIPJ/2003 (fls. 230), onde consta o valor de R$ 532.787,13. Outras DCOMP transmitidas apresentaram valor idêntico ao encontrado na DIPJ/2003. Considerando essas informações o auditor fiscal analisou o valor do saldo negativo alegado como sendo de R$ 532.787,13, relativo ao anocalendário de 2003. Esse saldo negativo foi formado por compensações sem processo de estimativas com saldos negativos de períodos anteriores e, por esse motivo, o auditor fiscal analisou os alegados saldos negativos de IRPJ apurados nos anoscalendário de 1999 a 2002, uma vez que tais compensações eram permitidas à época. AnoCalendário de 1999 Relativamente ao anocalendário de 1999, a própria empresa havia declarado na DIPJ/2000, não haver qualquer saldo negativo, conforme os valores constantes à ficha 13 A, linha 18 (fls. 18). Ano Calendário de 2000 Nesse anocalendário, a empresa alega possuir saldo negativo passível de compensação no valor R$ 756.885,31 (fls. 28) formado por IRRF retido, inclusive por órgãos públicos e de pagamentos de antecipações de IRPJ, por estimativa. Do IRF retido, a empresa utilizou R$ 335.193,43 para abater o valor das estimativas mensais recolhidas e outros R$ 94.009,45 foram declarados à linha 13 da ficha 12 A (fls.28), totalizando R$ 429.202,88. Confrontando esse valor com o constante na pesquisa SIEF/DIRF (R$ 421.317,93), o auditor fiscal efetuou um pequeno ajuste no valor declarado à linha 13, pois a Fl. 393DF CARF MF Documento de 9 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP09.0218.10372.G2QL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11610.006870/200381 Acórdão n.º 1401000.999 S1C4T1 Fl. 4 3 contribuinte utilizou valor de IRRF superior ao constante na DIRF onde ele aparece como beneficiária. Quanto ao IRF retido por órgãos públicos, embora a contribuinte tenha declarado o valor de R$ 93.368,70, deduzido nas estimativas mensais e R$ 43.122,07 declarados à linha 14 da ficha 12 A (fls. 28), totalizando R$ 136.490,77, somente foi confirmado no sistema SIEF/DIRF, o valor de R$ 86.558,35, e o auditor fiscal corrigiu o valor reconhecido. O auditor fiscal apurou, entretanto que a contribuinte ofereceu rendimentos em montante compatível à retenção de IRRF, conforme tabela de fls. 275. Quanto às estimativas de IRPJ, essas foram vinculadas em DCTF a um pagamento e á compensações (fls. 57 e 58), sendo que o pagamento foi confirmado no sistema Sinal 08. Quanto às compensações, em três delas o crédito alegado tem origem em saldos negativos de IRPJ, mas em duas delas (janeiro e março) estão indicados dois processos administrativos de restituição enquanto que na outra o compensação teria se dado sem processo, com saldo negativo de período anterior ou seja do AC 1999 (fls. 60 a 62). As compensações dos processos administrativos foram consideradas confirmadas, mas não a compensação sem processo, pois não havia saldo negativo de IRPJ, relativo ao anocalendário de 1999. Desse modo, para o anocalendário de 2000, o saldo negativo de IRPJ, passível de ser utilizado, foi apurado pelo auditor fiscal como sendo de R$ 661.296,51. Entretanto, o auditor fiscal apurou que a contribuinte efetuou em DCTF, setenta compensações utilizando esse saldo negativo de 2000 (fls.69 a 138) e com ajuda do sistema de cálculo NeoSapo foi possível verificar que esse saldo negativo quita apenas parte dos débitos ( fls.139 a 152), sendo consideradas convalidadas apenas compensações que possuem indicação de saldo zero (fls. 140 a 142), estando convalidadas entre elas as compensações de fevereiro e março de 2001, e apenas parcialmente convalidado o débito da 1ª semana de agosto de 2001, não restando mais qualquer saldo negativo relativo ao anocalendário de 2000 passível de ser utilizado (fls. 139). AnoCalendário de 2001 Nesse anocalendário, a empresa alega possuir saldo negativo passível de compensação no valor R$ 1.064.800,05 (fls. 161) formado por IRRF retido, inclusive por órgãos públicos e de pagamentos de antecipações de IRPJ, por estimativa. Do IRF retido, a empresa utilizou R$ 660.302,60 para abater o valor das estimativas mensais recolhidas e outros R$ 147.793,31 foram declarados à linha 13 da ficha 12 A da DIPJ/2002 (fls.161), totalizando R$ 808.095,91. Confrontando esse valor Fl. 394DF CARF MF Documento de 9 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP09.0218.10372.G2QL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11610.006870/200381 Acórdão n.º 1401000.999 S1C4T1 Fl. 5 4 com o constante na pesquisa SIEF/DIRF (R$ 787.385,05), o auditor fiscal efetuou um pequeno ajuste no valor declarado à linha 13 pois a contribuinte utilizou valor de IRRF superior ao constante na DIRF onde ele aparece como beneficiária. Quanto ao IRF retido por órgãos públicos, embora a contribuinte declarou o valor de R$ 188.190,57 deduzido nas estimativas mensais e R$ 14.378,92 declarados à linha 14 da ficha 12 A (fls. 161), totalizando R$ 202.569,49, foi confirmado no sistema SIEF/DIRF, o valor de R$ 203.157,42. O auditor fiscal apurou, entretanto, que a contribuinte ofereceu rendimentos em montante compatível à retenção de IRRF, conforme tabela de fls. 285. De acordo com o declarado à ficha 11 da DIPJ /2002 ( fls. 157 a 160), somente há estimativa a pagar em 2001 nos meses de fevereiro e março. Corretamente transcritos a DCTF, esses débitos foram vinculados à compensações sem processo utilizando o saldo negativo do anocalendário anterior, 2000 (fls. 166 e 197), compensações essas que foram convalidadas conforme já visto. Desse modo, o auditor fiscal reconheceu o valor de R$ 1.024.089,20 como saldo negativo passível de ser utilizado. Entretanto, o auditor fiscal apurou que a contribuinte efetuou em DCTF, dezessete compensações utilizando esse saldo negativo de 2001 (fls.200 a 216) e com ajuda do sistema de cálculo NeoSapo foi possível verificar que esse saldo negativo é suficiente para dezesseis dessas compensações (fls.217 a 221), sendo a décima sétima, de vencimento mais tardio, convalidada apenas parcialmente (débito relativo a 1ª semana de setembro de 2002), estando convalidadas as compensações de janeiro a abril e junho de 2002, não restando mais qualquer saldo negativo relativo ao anocalendário de 2000 passível de ser utilizado (fls. 218). AnoCalendário de 2002 Nesse anocalendário, a empresa alega possuir saldo negativo passível de compensação no valor R$ 532.787,13 (fls. 230) formado por IRRF retido , inclusive por órgãos públicos e de pagamentos de antecipações de IRPJ, por estimativa. Do IRF retido, a empresa utilizou R$ 961.810,57, para abater o valor das estimativas mensais recolhidas e outros R$ 174.207,18 foram declarados à linha 13 da ficha 12 A da DIPJ/2002 (fls.230), totalizando R$ 1.136.017,75. Confrontando esse valor com o constante na pesquisa SIEF/DIRF (R$ 1.127.520,53), o auditor fiscal efetuou um pequeno ajuste no valor declarado à linha 13 pois a contribuinte utilizou valor de IRRF superior ao constante na DIRF onde ele aparece como beneficiária. Quanto ao IRF retido por órgãos públicos, embora a contribuinte declarou valor de R$ 223.967,63 deduzido nas Fl. 395DF CARF MF Documento de 9 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP09.0218.10372.G2QL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11610.006870/200381 Acórdão n.º 1401000.999 S1C4T1 Fl. 6 5 estimativas mensais e R$ 22.714,67, declarados à linha 14 da ficha 12 A (fls. 230), totalizando R$ 246.682,30, foi confirmado no sistema SIEF/DIRF, o valor de R$ 207.357,29 e o auditor efetuou ajuste da diferença na linha 14 da ficha 12A. O auditor fiscal apurou, entretanto, que a contribuinte ofereceu rendimentos em montante compatível à retenção de IRRF, conforme tabela de fls. 289. Quanto às estimativas de IRPJ, essas foram vinculadas em DCTF a um pagamento e as compensações (fls. 263 e 264), sendo que o pagamento foi confirmado no sistema Sinal 08 e os outros débitos foram vinculados à compensações sem processo utilizando como crédito o saldo negativo de IRPJ do ano calendário anterior, 2001 que, como já visto, foram convalidadas as compensações dos meses de janeiro a abril e junho de 2002. Assim, o auditor fiscal reconheceu o valor de R$ 484.964,90 como saldo negativo passível de ser utilizado, que não foi utilizado posteriormente para efetuar compensações sem processo, restando, portanto, passível de ser utilizado. Desse modo, o auditor fiscal não reconheceu qualquer crédito passível de ser compensado em DCOMP relativo aos anos calendário de 2000 e 2001, não homologando nenhuma compensação vinculada aos saldos negativos desses anos calendário, homologando apenas as DCOMP vinculadas ao saldo negativo de 2002, até o limite do valor reconhecido, corrigido pela taxa Selic. Cientificada do Despacho Decisório em 17/11/2008, conforme extrato dos Correios – Histórico do Objeto de fls. 304, a contribuinte apresentou, em 17/12/2008, Manifestação de Inconformidade de fls.306 a 329, apresentando suas razoes, em síntese, a seguir. Alega que assiste razão a manifestante em apresentar defesa contra o Despacho Decisório, protestando contra o que consta à fls. 22 desse ato, onde não caberia manifestação de inconformidade contra a convalidação /não convalidação das compensações feitas sem processo, citando os atos legais que regem a compensação. Alega que a decisão administrativa não tem como prosperar, pois o processo administrativo em questão que data de 13/05/2003, além de ter sido atingido pela decadência, não tem como objeto o reconhecimento ou não de créditos líquidos e certos da manifestante e sim a compensação desses créditos, que são imutáveis no seu entender, com débitos líquidos e certos. Alega achar incrível que a autoridade administrativa se imiscua em créditos da manifestante, que entende ser líquidos e certos, datados de 1999, 2000, 2001 e 2002, créditos que pensa estarem protegidos pela decadência, para recalcular esses créditos e apenas em 18/11/2009 (sic) intimar a contribuinte a respeito do Fl. 396DF CARF MF Documento de 9 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP09.0218.10372.G2QL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11610.006870/200381 Acórdão n.º 1401000.999 S1C4T1 Fl. 7 6 não reconhecimento de créditos dos anoscalendário de 2000 e 2001 e da não homologação das PER/DCOMP de nºs 12.745.72900.101204.1.3.029047 e 08088.11696.121104.1.3.022604. Alega que de forma contraditória a autoridade reconhece o crédito da manifestante, relativo ao anocalendário de 2002, em montante inferior ao que entende ser seu direito, homologa as compensações declaradas e as cinco PER/DCOMP, mas encaminha estas mesmo cinco PER/DCOMP e as PER/DCOMP anteriores para “...registro dos débitos incluídos(?!)” sic. Preliminarmente alega decadência do processo administrativo nos termos do art. 173 do Código Tributário Nacional, em conjunto com o §4º do art. 150 do mesmo diploma legal. Alega que o processo foi protocolado em 13/05/2003 e a autoridade teria o prazo de cinco anos para analisálo e notificar a decisão a manifestante em obediência ao art. 145 do CTN, tendo que notificar a contribuinte até 13/05/2008, para “... prevenir que a DECADÊNCIA atingisse os presentes autos, resultando em sua HOMOLOGAÇÃO TÁCITA!!!” (sublinhado e grifado no original). Alega que consultas da autoridade fiscal aos sistemas da compensação não impedem a decadência e proclama em termos veementes que o presente processo administrativo, em todos os seus atos e termos foi homologado tacitamente pois sobre ele incidiu a decadência , citando novamente os artigos 173 e §4 do 150, do CTN, Alega que entende que a proclamada decadência atingiria não apenas o processo administrativo, tornando definitivo o crédito apurado pela Manifestante e a sua própria pretensão compensatória, como também incidiria sobre as Declarações de Compensação, uma vez que, de acordo com o §5º do art. 74, o prazo de cinco anos para homologação já teria transcorrido. Alega que as DCOMP protocolizadas antes de 30 de dezembro de 2003 já teriam sido “... atingidas pela DECADENCIA, restando tão somente àquelas transmitidas em 2004”, que, por terem como crédito de 2000, 2001 e 2002, também teriam sido fulminadas pela decadência. No mérito, alega que “... antes mesmo da DECADÊNCIA ter fulminado o crédito recalculado no bojo deste processo administrativo, antes mesmo da denominada HOMOLOGAÇÃO TÁCITA, houve literalmente em relação aos anoscalendários (sic) de 2000,2001 e 2002, HOMOLOGAÇÃO EXPRESSA da autoridade administrativa quanto aos resultados fiscais determinados pela Manifestante.” (grifado e escrito incorretamente no original)”. Alega que essa “homologação expressa” teria se dado, pois a Receita não havia se manifestado a respeito das DCTF e DIPJ no prazo de cinco anos contados a partir da entrega de cada Fl. 397DF CARF MF Documento de 9 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP09.0218.10372.G2QL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11610.006870/200381 Acórdão n.º 1401000.999 S1C4T1 Fl. 8 7 DIPJ e DCTF, argumentando em letras maiúsculas em negrito e pontos de exclamações que as DIPJ relativas aos exercícios de 2001, 2002 e 2003 já teriam sido expressamente homologadas pela Receita Federal do Brasil, informando ainda que o mérito ora abordado, que também implicaria na extinção do suposto crédito tributário não se refere a homologação tácita do crédito ou das DIPJ, em virtude da decadência, mas sim ao que denomina homologação expressa dos créditos pela RFB. Alega que essa “homologação expressa” pode ser comprovada na decisão impugnada onde consta que as DIPJ foram liberadas das malhas nos respectivos processamentos, entendendo que essa liberação e o reconhecimento oficial que os valores apurados nas DIPJ estavam corretos. Alega que, em consequência, a RFB não poderia mais negar a manifestante o direito “... a tais créditos e sequer recalculálos.” (em negrito sublinhado e escrito incorretamente no original). Novamente alega que a RFB somente poderia revisar os lançamentos dentro do prazo legal de cinco anos, tendo ocorrido no seu entender, como letras maiúsculas e em negrito, a extinção do direito da Fazenda Publica, apresentando alguns parágrafos no mesmo teor. Em seguida apresenta longa peroração a respeito da responsabilidade das fontes pagadoras em reter e recolher o IRRF e quaisquer incorreções devem se imputadas à responsabilidade dessas fontes pagadoras, citando ainda acórdão do Conselho de Contribuintes, textos legais e normativos, para tentar embasar sua tese que a autoridade fiscal não poderia atribuir “...a responsabilidade pelo recolhimento deste Imposto de Renda Retido na Fonte a Manifestante, nem reduzir o crédito apurado pela Manifestante, que decorre do reconhecimento dessas retenções como imposto pago por antecipação. “, não havendo, em seu raciocínio como o Despacho Decisório se sustentar. Alega que ainda que se ultrapassassem todas suas alegações ainda assim teria direito a demonstrar documentalmente, com a participação da autoridade administrativa, a veracidade de suas DIPJ de 2001, 2002 e 2003. Por fim, requer que seja reconhecida em sede de preliminar que a houve homologação tácita relativa a existência do crédito a favor da contribuinte, uma vez que já se passaram mais de cinco anos da apresentação do presente processo e que seja reconhecida a decadência das DCOMP apresentadas antes a 30/ 12/ 2003. (xviii) Requer ainda que em virtude do que denomina homologação expressa das DIPJ de 2001, 2003 e 2003, seja reconhecido o direito ao crédito pleiteado no presente processo administrativo e que seja reconhecido não poder haver revisão de lançamento por já haver decaído o direito para tanto e que a Fl. 398DF CARF MF Documento de 9 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP09.0218.10372.G2QL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11610.006870/200381 Acórdão n.º 1401000.999 S1C4T1 Fl. 9 8 responsabilidade por diferenças de valores de IRRF declarados pela empresa e recolhidos pela fonte retentora seja dessa ultima. Em 03/02/2009, a contribuinte apresentou reclamação (fls. 336 a 337) contra a cartacobrança recebida, reclamando a suspensão de exigibilidade dos débitos elencados nessa carta, por estarem em discussão no presente processo. Em face de tais argumentos, entendeu a o órgão julgador a quo por unanimidade de de votos, indeferir a solicitação, nos seguintes termos: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2000, 2001, 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP/PER/DCOMP COMPENSAÇÃO DE SALDO NEGATIVO DE IRPJ Não se homologa DCOMP e PER/DCOMP que declaram como crédito saldos negativos de IRPJ que já haviam sido utilizados em sua totalidade em compensações sem processo, declaradas em DCTF. DECADÊNCIA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO NÃO OCORRÊNCIA Não há decadência do processo administrativo fiscal que segue os trâmites previstos no Decreto nº 70.235/72, sendo encerrado somente após decisão final da Autoridade Fiscal. Solicitação indeferida. Em face do referido acórdão de Primeira Instância, a CNEC ENGENHARIA S/A interpôs Recurso Voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Maurício Pereira Faro Tratase de processo administrativo originado pela apresentação, no dia 13 de maio de 2003, de Declaração de Compensação na qual a Recorrente pretende compensar débitos de Imposto de Renda com créditos próprios desse mesmo Imposto decorrentes de saldo negativo do Imposto de Renda relativo aos anoscalendários de 1999, 2000, 2001 e 2002. Com relaçao a decadência do direito da Receita Federal examinar o crédito relativo ao anocalendário 1999, 2000, 2001 e 2002, sustenta a recorrente que que os valores declarados nas DIPJ deveriam ser aceitos sem discussão porque já haviam sido homologados. Todavia, embora o Fisco Federal não possa mais exigir eventuais diferenças ou débitos, relativos a esses anoscalendário, por haver decorrido o prazo legal para tanto, a Autoridade Fiscal pode verificar a origem, o valor e certeza do crédito pleiteado pela contribuinte e, verificada a inexistência de créditos compensáveis ou ainda a constatação de débitos onde deveria haver crédito, ainda que não possa fazer qualquer correção, nem enviar o Fl. 399DF CARF MF Documento de 9 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP09.0218.10372.G2QL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11610.006870/200381 Acórdão n.º 1401000.999 S1C4T1 Fl. 10 9 processo para a Delegacia de Fiscalização para lançamento desses valores devidos, o Fisco Federal tem o poder e o direito de negar a restituição e de não homologar as compensações. O que a contribuinte, eventualmente declarou incorretamente e, por conseqüência, recolheu IRPJ a menor, na DIPJ apresentada há mais de cinco anos da data da análise do crédito, não poderia mais ser exigido mas, o crédito pleiteado decorrente de apuração incorreta, deve ser negado pois não há "criação de créditos" por decurso do prazo homologatório. No que tange ao IRRF, nenhum comprovante de rendimento foi apresentado que comprovasse a retenção de IRRF, nos valores que a contribuinte alega.Os únicos documentos e pesquisas sobre esses valores foram providos pelos próprios sistemas da RFB. não lhe assiste razão em investir contra as empresas retentoras de IRRF pois é sua obrigação manter a documentação dessas retenções para fazer prova do que alega enquanto não finalizarem os processos administrativos relativos. Desse modo, é de se manter as glosas efetuadas pelo Auditor Fiscal se a reclamante não logra apresentar qualquer comprovação dos valores que declarou. Outro ponto relevante do presente caso, é que a contribuinte abstevese de aboradar as de compensações sem processo que promoveu com os saldos credores de IRPJ dos anoscalendário 2000 e 2001 que utilizaram a totalidade dos saldos aqui discutidos. Com relação as DCOMP e PER/DCOMP apresentadas e que não foram homologadas, conforme bem reconhecido pela DRJ, as mesmas foram homologadas até o limite do crédito reconhecido. Ante todo o exposto, afasto a decadência e nego provimento ao recurso voluntário. Maurício Pereira Faro Relator Fl. 400DF CARF MF Documento de 9 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP09.0218.10372.G2QL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por MAURICIO PEREIRA FARO em 05/12/2013 14:13:00. Documento autenticado digitalmente por MAURICIO PEREIRA FARO em 05/12/2013. Documento assinado digitalmente por: JORGE CELSO FREIRE DA SILVA em 11/12/2013 e MAURICIO PEREIRA FARO em 05/12/2013. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 09/02/2018. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP09.0218.10372.G2QL Código hash do documento, recebido pelo sistema e-Processo, obtido através do algoritmo sha1: 3331875AA04A5058E40F5A50FA1C0DB3BE45FC25 Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Outros". 3) Selecione a opção "eAssinaRFB - Validação e Assinatura de Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 11610.006870/2003-81. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
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Numero do processo: 35554.005635/2006-15
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Nov 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2004
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.709
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes – Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 55 4. 00 56 35 /2 00 6- 15 Fl. 207DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci. Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pela Fazenda Nacional face ao acórdão 2403001.669, proferido pela 3ª Turma Ordinária / 4ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento. Tratase de Auto de Infração – AI – DEBCAD 37.014.3191, cuja notificação ocorreu em 21/09/2006 (fl. 01), no valor de R$ 46.974,60 (quarenta e seis mil, novecentos e setenta e quatro reais e sessenta centavos), por ter a empresa, segundo a fiscalização, omitido fatos geradores de contribuições previdenciárias, deixando de informar os valores distribuídos à funcionários ou terceiros a título de prêmios, mediante a utilização do sistema TOP PREMIUM com valores impressos e prédeterminadas pela empresa. Inconformada com o lançamento, a empresa contestou o presente Auto de Infração por meio do instrumento de fls. 27/28. A DRJ em Suzano/SP, às fls. 37/039, julgou totalmente procedente o lançamento. O Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, às fls. 51/057, requerendo a reforma do Acórdão. A 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 149/156, DEU PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Ordinário, para determinar o recálculo da multa, de acordo com o determinado no art. 32A, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009, prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. A ementa do acórdão recorrido assim dispôs: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2004 RECÁLCULO DA MULTA COM OBSERVÂNCIA DO ART. 32A DA LEI N. 8.212/91. APLICAÇÃO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. Constitui infração, punível na forma da Lei, a apresentação de Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP), não correspondentes a todos os fatos geradores das Contribuições Previdenciárias. Aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN, para aplicar a multa do art. 32A da Lei n. 8.212/91. Recurso Voluntário Provido em Parte Fl. 208DF CARF MF Processo nº 35554.005635/200615 Acórdão n.º 9202005.709 CSRFT2 Fl. 10 3 Às fls. 194/198, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, alegando divergência jurisprudencial em relação à seguinte matéria: retroatividade benigna. Consignou, inicialmente, que a hipótese em análise no acórdão paradigma é idêntica a que hora se reporta. Isso porque, o que se encontrava em julgamento era exatamente o auto de infração, por descumprimento de obrigação acessória, qual seja, apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, em que também se exigia as contribuições apuradas em decorrência da mesma ação fiscal. Contudo, o colegiado a quo entendeu que, por se tratar de infração relacionada à apresentação da GFIP, o dispositivo legal que deve retroagir para regulamentar a multa aplicada é o art. 32A da Lei nº 8.212/91, independentemente de ter havido ou não lançamento de ofício. Entretanto, o acórdão paradigma considera que, havendo lançamento de contribuições previdenciárias, o dispositivo legal aplicado passa a ser o art. 35A da Lei 8.212/91, que remete ao art. 44, I da Lei 9.430/96, e não o art. 32A da Lei 8.212/91 sob pena de bis in idem, conforme entendeu a Câmara a quo, haja vista que este preceito normativo somente se aplica às situações em que somente tenha havido descumprimento de obrigação acessória relacionada à GFIP. Às fls. 199/200, a 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento realizou o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, DANDO SEGUIMENTO ao recurso em relação à divergência arguida, uma vez vislumbrada a similitude das situações fáticas nos acórdãos recorrido e paradigmas, configurando a divergência jurisprudencial apontada. O acórdão paradigma versa sobre o auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, em que também se lavrou NFLD em decorrência da mesma ação fiscal. Verificouse que no acórdão paradigma consignouse que o dispositivo legal aplicado passou a ser o art. 35A da Lei 8.212/91, que remete ao art. 44, I da Lei 9.430/96, e não o art. 32A da Lei 8.212/91, conforme entendeu a Câmara a quo. Às fl. 172/178, o Contribuinte apresentou contrarrazões ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Vieram os autos conclusos para julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. Tratase de Auto de Infração – Obrigação Acessória AI – DEBCAD 37.014.3191, cuja notificação ocorreu em 21/09/2006 (fl. 01), no valor de R$ 46.974,60 (quarenta e seis mil, novecentos e setenta e quatro reais e sessenta centavos), por ter a empresa, segundo a fiscalização, omitido fatos geradores de contribuições previdenciárias, deixando de informar os valores distribuídos à funcionários ou terceiros a título de prêmios, mediante a utilização do sistema TOP PREMIUM com valores impressos e prédeterminadas pela empresa. O Acórdão recorrido deu parcial provimento ao Recurso Ordinário. Fl. 209DF CARF MF 4 O Recurso Especial, apresentado pela Fazenda Nacional trouxe para análise a seguinte divergência: Retroatividade benigna. Importante nos casos de julgamento da obrigação acessória vinculada AI 68, conhecer o destino do processo de obrigação principal. Os autos principais se encontram baixados, autos 35.554.0056331/200626, deste modo tida a definitividade do credito, mantém a obrigação acessória. Passo, portanto, a análise do pedido da Fazenda Nacional. Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, Fl. 210DF CARF MF Processo nº 35554.005635/200615 Acórdão n.º 9202005.709 CSRFT2 Fl. 11 5 mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito Fl. 211DF CARF MF 6 NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” Fl. 212DF CARF MF Processo nº 35554.005635/200615 Acórdão n.º 9202005.709 CSRFT2 Fl. 12 7 O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: Fl. 213DF CARF MF 8 · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo Fl. 214DF CARF MF Processo nº 35554.005635/200615 Acórdão n.º 9202005.709 CSRFT2 Fl. 13 9 ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, Fl. 215DF CARF MF 10 os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 216DF CARF MF
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Numero do processo: 10860.902967/2012-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 09 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1301-000.462
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Milene de Araújo Macedo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Ângelo Abrantes Nunes, Bianca Felícia Rothschild, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Roberto Silva Junior.
Nome do relator: MILENE DE ARAUJO MACEDO
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RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Ângelo Abrantes Nunes, Bianca Felícia Rothschild, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Roberto Silva Junior. RELATÓRIO Por bem relatar o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião da conversão do julgamento em diligência, conforme Resolução proferida por esta Turma na sessão de 06/04/2016 (fls. 156 a 159), complementandoo ao final: "Tratase o presente processo de PER/DCOMP n° 27317.92374.200112.1.3.04 9660 com crédito proveniente de pagamento indevido ou a maior, relativo ao DARF no RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 60 .9 02 96 7/ 20 12 -0 1 Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10860.902967/201201 Resolução nº 1301000.462 S1C3T1 Fl. 196 2 valor de R$ 600.045,40 recolhido em data de 29/10/2010 CSLL período de apuração set/2010. Foi feita análise do crédito pleiteado e o Despacho Decisório eletrônico homologou parcialmente a compensação declarada, por entender que o pagamento indicado como indevido ou a maior não oferecia saldo disponível para promover a compensação integral, vez que ele foi utilizado na quitação de débitos do contribuinte. O ora Contribuinte inconformado com referido despacho e regulamente cientificado do Despacho Decisório apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando que teria transmitido a DCTF retificadora que confirmava o seu crédito e que o crédito informado no PER/DCOMP seria suficiente para a compensação do débito declarado. O V. Acórdão julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade por entender que o crédito informado deve existir já na data da transmissão da Declaração, e considerando que a DCTF retificadora teria sido entregue somente após a transmissão do PER/DCOMP e que não foram aduzidos aos autos quaisquer elementos comprobatórios do crédito pleiteado, concluiu que não haveria qualquer reparo a ser feito no Despacho Decisório. DO RECURSO VOLUNTÁRIO O Contribuinte em seu recurso de fls. 32/36, alega que a DCTF é modo de constituição do crédito tributário, dispensandose outra providência por parte do fisco. Alega que no caso em tela, diante da identificação do erro na apuração dos impostos devidos bem como na falta de retificação da DCTF, requereu através de PER/DCOMP as compensações necessárias, declarandose o crédito tributário constituído na PER/DCOMP n° 27317.92374.200112.1.3.049660 de R$ R$ 600.045,40 recolhido em 29/10/2010. Alega que o não reconhecimento do indébito ocorreu pelo simples fato de o Contribuinte ter apresentado apenas a Retificadora da DCTF. Entendeu o Contribuinte que naquela oportunidade a base de dados da Receita Federal do Brasil sobre todas as operações financeiras fiscais e contábeis seriam suficientes para a homologação requerida. Alega também que o indeferimento anterior, por aquela Egrégia Delegacia, não tiraria do Recorrente o direito constitucional do indébito, o qual agora requer através de todos os documentos acostados ao presente recurso. Requereu a juntada de demonstrativo do valor do tributo efetivamente devido e também os documentos hábeis cabíveis para suportar esse demonstrativo Livros de Saída com resumo por CFOP ao final de cada mês, Razão das contas do período envolvido, DIPJ do exercício base de 2010 e o DARF de recolhimento do valor a maior que o devido. Por fim, requer a homologação da PER/DCOMP apresentada nos seus exatos termos e valores, bem como seja procedido a compensação do débito informado na DCTF. Esse o Relatório." Em busca da verdade material, os membros desta Turma, por meio da Resolução nº 1301000.326, de 06/04/2016, converteram o julgamento em diligência para que a unidade de origem apreciasse os documentos anexados aos autos no recurso voluntário e, à luz da citada Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10860.902967/201201 Resolução nº 1301000.462 S1C3T1 Fl. 197 3 nova documentação anexada aos autos, confirmasse se o indicado recolhimento efetuado foi, efetivamente, a maior e avaliasse a existência do crédito. No relatório de diligência anexado às fls. 186 e 187, a autoridade fiscal reconheceu a existência de pagamento a maior de CSLL no valor de R$ 98.906,67, referente ao DARF pago em 29/10/10. É o relatório. VOTO Conselheira Milene de Araújo Macedo, Relatora O recurso é tempestivo e dele conheço. O contribuinte protocolizou, em 20/01/2012, PER/DCOMP para compensar débito de COFINS do mês 12/2011, no valor de R$ 112.536,08, com crédito de CSLL do mês 09/2010, no valor de R$ 98.906,73 relativo ao DARF pago em 29/10/2010, no valor de R$ 600.045,40. O despacho decisório deferiu parcialmente o valor de R$ 0,06, sob o fundamento de que o restante do crédito pleiteado havia sido utilizado para pagamento de outros débitos do contribuinte. Cientificado do Despacho Decisório o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade alegando ter transmitido DCTF retificadora para comprovar o crédito pleiteado e que o valor informado no PER/DCOMP seria suficiente para a compensação do débito declarado. A DRJ/JFA julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade por entender que o crédito informado deveria existir já na data da transmissão da DCOMP, porém a DCTF retificadora teria sido entregue somente após a transmissão do PER/DCOMP e que não foram aduzidos aos autos quaisquer elementos comprobatórios do direito creditório. No Recurso Voluntário apresentado a recorrente requereu a homologação do PER/DCOMP e anexou o demonstrativo do valor do tributo efetivamente devido e também os documentos hábeis cabíveis para suportar esse demonstrativo Livros de Saída com resumo por CFOP ao final de cada mês, Razão das contas do período envolvido, DIPJ do exercício base de 2010 e o DARF de recolhimento do valor a maior que o devido. Na sessão realizada em 06/04/2016, esta Turma converteu o julgamento do processo em diligência, por meio da Resolução nº 1301000.326, nos seguintes termos: "Após a apresentação do Recurso Voluntário novos documentos foram apresentados, com os quais busca a Recorrente confirmar as alegações recursais, demonstrando os equívocos perpetrados memória de cálculo da CSLL devida, Livros de saída, Razão de contas, DIPJ e DARF gerador do suposto recolhimento indevido. Pois bem. Apesar do minucioso exame do caso já realizado pelas autoridades fiscais, que reconheceram o que se podia reconhecer, no tocante a créditos da Recorrente para serem compensados, há que se buscar sempre a verdade material. O contribuinte recorrente, em seu recurso fls e45, faz quadro resumo de débitos e de recolhimentos a maior e aponta, para o presente caso, excesso no recolhimento da PER/DCOMP n. 27317.92374.200112.1.3.049660, processo Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10860.902967/201201 Resolução nº 1301000.462 S1C3T1 Fl. 198 4 administrativo n. 10860.902967/201201 (devido R$ 501.138,67 e recolhido R$ 600.045,40). E, em função dos documentos apresentados, mesmo após o oferecimento do Recurso Voluntário, pode haver elementos suplementares, que devem ser considerados em análise do crédito pleiteado a qual deve ser final e definitiva. Bem por isso, e em busca da verdade material, é que voto por converter o julgamento em diligência para, à luz da documentação juntada, ser feita análise última do crédito da contribuinte. Pedese à autoridade fiscal que examine, à luz da citada nova documentação, se o indicado recolhimento efetuado foi, efetivamente, a maior e reavalie a existência do crédito. Caso necessário, deve ser intimado o contribuinte para apresentar outros documentos que possam comprovar a existência do crédito por força do suposto recolhimento a maior." No relatório de diligência anexado às fls. 186 e 187, a autoridade fiscal concluiu pela existência de pagamento a maior de CSLL do mês de 09/2010, passível de restituição, no valor de R$ 98.906,67. Assim consta do referido relatório: "O indeferimento inicial do crédito ocorreu com base no processamento de informações disponíveis nas declarações originais transmitidas pelo interessado. Declarações retificadoras foram apresentadas posteriormente, gerando novos dados a serem apreciados na fase recursal. Em DCTF, foi confessado débito de CSLL, código de receita 2372, período de apuração 3º trimestre de 2010, ao valor de R$ 501.138,67 (fl. 161). A Ficha 18A – Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, Linha 34, da DIPJ, apresentou o mesmo montante de CSLL devida para o 3º trimestre de 2010 (fl. 171). O registro do DARF, origem do crédito indicado no Per/dcomp nº 27317.92374.200112.1.3.049660, possui valor total de R$ 600.045,40, tendo R$ 501.138,67 alocado ao débito confessado em DCTF e R$ 98.906,67 reservado ao presente processo (fls. 184 e 185). Este último valor coincide com o crédito original solicitado. Portanto, de acordo com as declarações retificadoras apresentadas pelo sujeito passivo, houve recolhimento a maior, o que consubstancia crédito passível de restituição ou compensação ao valor original de R$ 98.906,67 (noventa e oito mil, novecentos e seis reais, sessenta e sete centavos)." Importante observar que a Resolução havia determinado à autoridade fiscal que examinasse, "à luz da citada nova documentação, se o indicado recolhimento efetuado foi, efetivamente, a maior e reavalie a existência do crédito". Todavia, no relatório da diligência realizada, a autoridade fiscal não faz qualquer referência à análise dos documentos anexados ao recurso voluntário, quais sejam: (i) demonstrativo do valor do tributo efetivamente devido, (ii) Livros de Saída com resumo por CFOP ao final de cada mês, (iii) Razão das contas do período envolvido, (iv) DIPJ do exercício base de 2010. Ao contrário, conclui a fiscalização que, de acordo com as declarações retificadoras apresentadas pelo sujeito passivo, houve recolhimento a maior, o que consubstancia crédito passível de restituição ou compensação ao valor original de R$ 98.906,67 (noventa e oito mil, novecentos e seis reais, sessenta e sete centavos). Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10860.902967/201201 Resolução nº 1301000.462 S1C3T1 Fl. 199 5 Dessa forma, proponho, a conversão do julgamento, novamente, em nova diligência, para que, após a análise dos documentos acostados aos autos às fls. 45 a 149, bem assim, a outros que entenda necessário, a autoridade fiscal elabore relatório fiscal conclusivo sobre da existência ou não de valor recolhido a maior e informe o valor disponível para compensação. Conclusão Em conclusão, por todo o exposto, voto por converter o julgamento em diligência . (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo Fl. 199DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.721261/2009-74
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA DE ARRECADAR AS CONTRIBUIÇÕES MEDIANTE DESCONTO DA REMUNERAÇÃO. CFL 59. DECADÊNCIA SUJEITA AO REGIME DO ART. 173, I, DO CTN.
A multa por descumprimento da obrigação acessória de arrecadar as contribuições mediante desconto da remuneração dos empregados, conforme dever estabelecido no art. 30, inciso I, alínea 'a', da Lei n° 8.212/91, submete-se a lançamento de ofício, sendo-lhe aplicável o regime decadencial do art. 173, I do CTN.
MULTA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.
Não demonstrada a inadequação da norma aplicada aos fatos subjacentes, deve ser mantida a multa por descumprimento de obrigação acessória tal como lançada.
Numero da decisão: 2402-006.042
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Maurício Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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CFL 59. DECADÊNCIA SUJEITA AO REGIME DO ART. 173, I, DO CTN. A multa por descumprimento da obrigação acessória de arrecadar as contribuições mediante desconto da remuneração dos empregados, conforme dever estabelecido no art. 30, inciso I, alínea 'a', da Lei n° 8.212/91, submete se a lançamento de ofício, sendolhe aplicável o regime decadencial do art. 173, I do CTN. MULTA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Não demonstrada a inadequação da norma aplicada aos fatos subjacentes, deve ser mantida a multa por descumprimento de obrigação acessória tal como lançada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 12 61 /2 00 9- 74 Fl. 1487DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Maurício Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Fl. 1488DF CARF MF Processo nº 10166.721261/200974 Acórdão n.º 2402006.042 S2C4T2 Fl. 108 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília (DF) DRJ/BSB, que julgou procedente auto de infração de obrigação acessória nº 37.225.4250 (fls. 2/20), visto que ter o autuado deixado de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos segurados empregados, e dos contribuintes individuais a seu serviço, conforme previsto no art. 30, inciso I, alínea “a”, da Lei nº 8.212/91, e alterações posteriores, e na Lei nº 10.666/03, art. 4°, combinado com o art. 216, inciso I alínea “a”, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99. Segundo o Relatório Fiscal da Infração de fls. 09/20, o autuado deixou de arrecadar as contribuições dos segurados, mediante desconto das respectivas remunerações, as quais foram consideradas como base de cálculo de contribuições previdenciárias referentes a: • Divergências encontradas entre valores calculados pela auditoria fiscal (com base nas remunerações da folha de pagamento) e valores declarados em GFIP; • Valores pagos aos segurados empregados apurados por meio da contabilidade; • Valores pagos aos segurados contribuintes individuais apurados por meio da contabilidade; • Valores pagos aos segurados empregados, a título de Bolsa de Estudos, conforme Convenção Coletiva de Trabalho. Em decorrência da infração cometida, foi aplicada a penalidade prevista no art. 283, inciso I, alínea “g”, do RPS, no valor mínimo de R$ 1.329,18, atualizado pela Portaria MPS/MF – nº 48/09. Por seu turno o contribuinte apresentou impugnação (fls. 1422/1450), alegando, conforme sintetizado pela instância de origem, que: o presente crédito deve ser extinto, em razão da decadência/prescrição, conforme determinação da Súmula Vinculante n. 08 do Supremo Tribunal Federal; a autoridade fiscal não demonstrou que a suposta bolsa de estudos não se estendia a todos os empregados; não ficou demonstrado pela autoridade fiscal que os empregados que receberam a bolsa de estudos eram todos professores, ou que estavam sujeitos à Convenção Coletiva específica; caso houvesse qualquer tipo de erro no preenchimento das GFIPs, não há que se falar em aplicação de outra penalidade por diversos supostos erros de preenchimento, sob pena de bis in idem; Fl. 1489DF CARF MF 4 a multa aplicada no presente auto foi fixada em premissa errônea e excessiva, não respeitando o previsto no art. 32A da Lei n. 8.212/91. No julgamento de primeiro grau foi mantida a exigência (1452/1457), o que deu ensejo à interposição de recurso voluntário em 12/8/2010 (fls. 1461/1479), no qual foram reiterados os argumentos da impugnação. É o relatório. Fl. 1490DF CARF MF Processo nº 10166.721261/200974 Acórdão n.º 2402006.042 S2C4T2 Fl. 109 5 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Quanto à alegação de decadência ("prescrição"), merece ser observado não prosperar no caso a alegação de observância à Súmula Vinculante STF nº 8, visto que a multa em comento é apurada, necessariamente, mediante procedimento de ofício, em nada se confundindo com tributo sujeito a lançamento por homologação. Dessa feita, submetese ao prazo de cinco anos contados nos termos do art. 173, inciso I do CTN. Nesse compasso, verificado que o contribuinte foi cientificado dos termos do lançamento em 28/5/2009, não há falar em decadência do direito do Fisco de constituir o crédito tributário, pois os fatos que embasaram a multa aplicada referemse a períodos compreendidos entre janeiro e dezembro de 2004. Já os argumentos relativos ao levantamento bolsas de estudo dizem respeito aos autos de infração atinentes à obrigação principal, sendo que foi julgada nesta sessão e mantida pelo Colegiado a constante do processo nº 10166.721252/200983, estando as demais autuações atinentes a obrigações de natureza principal consolidadas na esfera administrativa, vide respectivos processos de nº 10166.721254/200972, nº 10166.721255/200917, e nº 10166.721256/200961. Não cabe, assim, o seu enfrentamento nesta oportunidade, devendo ser registrado, aliás, que as postulações de nulidade aduzidas pelo recorrente versam, na realidade, sobre questões de mérito, e como tal serão tratadas. Melhor sorte não favorece as alegações que tocam à multa por erro de preenchimento das GFIP's, pois se trata no presente de penalidade diversa, como relatado, lavrada face ao recorrente ter deixado de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos segurados empregados, e dos contribuintes individuais a seu serviço. Aliás, não se compreende a linha de raciocínio do recorrente quando afirma que tendo sido penalizado por preencher erroneamente as GFIPs, não poderia ser penalizado com a autuação ora examinada. Inexiste incompatibilidade entre tais obrigações de fazer, como o próprio significado das ações envolvidas revela mesmo em uma leitura superficial. Preencher erroneamente GFIP é conduta inequivocamente distinta de deixar de descontar das remunerações as contribuições; além disso, estão amparados tais deveres em regramentos distintos na legislação de regência, sendo descabido, por qualquer ótica, cogitar de bis in idem no caso. Por fim, no que diz respeito à multa aplicada, observese que o contribuinte requer seja aplicada ao particular o art. 32A da Lei nº 8.212/91, porém a multa ali prevista diz respeito ao descumprimento de obrigação acessória diversa, ou seja, deixar de apresentar ou Fl. 1491DF CARF MF 6 apresentar com incorreções/omissões a GFIP ("declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32"). Enquanto no caso concreto, como visto, tratase de autuação referente a não terem sido arrecadadas as contribuições, descontandoas da remuneração de empregados e trabalhadores, obrigação prevista no art. 30, inciso I, alínea 'a' da precitada lei. Também por essa via, portanto, não há como acatar a inconformidade vertida. Ante o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 1492DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10972.720009/2014-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jan 31 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.530
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, resolvem devolver os autos à DRF de origem para verificar os débitos objeto do pedido de parcelamento e posterior devolução dos autos ao CARF para julgamento da parte dos débitos que não tenham sido parcelados.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente Substituta.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogerio Aparecido Gil, Edgar Braganca Bazhuni (Suplente Convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente-Substituta). Ausente justificadamente o conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, resolvem devolver os autos à DRF de origem para verificar os débitos objeto do pedido de parcelamento e posterior devolução dos autos ao CARF para julgamento da parte dos débitos que não tenham sido parcelados. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente Substituta. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogerio Aparecido Gil, Edgar Braganca Bazhuni (Suplente Convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Ester Marques Lins de Sousa (PresidenteSubstituta). Ausente justificadamente o conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado. Relatório Versa o presente processo sobre o(s) Auto(s) de Infração de fls. 20995 21033, relativo (s) ao Imposto de Renda Pessoa JurídicaIRPJ, Contribuição Social Sobre o RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 72 .7 20 00 9/ 20 14 -1 9 Fl. 21551DF CARF MF Processo nº 10972.720009/201419 Resolução nº 1302000.530 S1C3T2 Fl. 21.552 2 Lucro LíquidoCSLL, Contribuição para Financiamento da Seguridade SocialCOFINS e Contribuição para o Programa de Integração SocialPIS, ano (s)calendário 2010, com crédito total apurado no valor de R$ 26.735.895,32, incluindo o principal, a multa de ofício sobre o valor principal, os juros de mora e a multa de oficio exigida isoladamente, atualizados até 01/2015. Também integra os Autos de Infração o TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL de folhas 21.03521.061. De acordo com os fatos narrados pela autoridade lançadora, o sujeito passivo incorreu na(s) seguinte(s) infração(ões): · Omissão de receitas da atividade, com reflexos no IRPJ, CSLL, PIS e COFINS; · Omissão de receitas, caracterizada pela existência de saldo credor de caixa, com reflexos no IRPJ, CSLL, PIS e COFINS; · Falta de recolhimento de IRPJ e CSLL sobre a base de cálculo estimada, com exigências de multas isoladas. Sobre a exigência principal foi aplicada a multa de ofício de 150 %. Para justificar a exação a autoridade lançadora assevera: [...]V.I IRPJ – OMISSÃO DE RECEITAS POR PRESUNÇÃO LEGAL SALDO CREDOR DE CAIXA [...]A ocorrência de saldo credor de caixa nos valores indicados no Anexo I do presente Termo foi objeto de lançamento de ofício como omissão de receitas. O lançamento foi efetuado por data de ocorrência, excluindose das ocorrências seguintes os valores lançados nas anteriores dentro do mesmo anocalendário, consoante Anexo II ao presente Termo. Como fartamente descrito no Tópico IV, a conta caixa foi objeto de: 1. Cinquenta e cinco lançamentos de estorno a débito de caixa não comprovados; 2. Suprimento de caixa não comprovado no valor de R$56.400,00, em 03/10/2010; 3. Inúmeros erros nas datas dos lançamentos a crédito, quando esta conta foi utilizada como conta de passagem; 4. Lançamentos a crédito não efetuados, quando esta conta foi utilizada como conta de passagem; 5. Lançamento inconsistente a crédito de caixa em 30/11/2010 no valor de R$ R$7.100.226,18. Nos documentos comprobatórios apresentados para comprovar os inúmeros lançamentos de estorno na conta caixa (débito de caixa e crédito de Fl. 21552DF CARF MF Processo nº 10972.720009/201419 Resolução nº 1302000.530 S1C3T2 Fl. 21.553 3 fornecedores) acostados nas fls. 17.295 a 17.592, verificase que o contribuinte quitava suas duplicatas via pagamentos eletrônicos (TED, DOC ou Débito Direto AutorizadoDDA), cujos montantes eram registrados nos extratos bancários, em relação aos quais o banco fornecia a listagem das duplicatas quitadas. [...] de posse desses elementos, o mesmo tinha o efetivo controle dos valores debitados em suas contas bancárias e de sua destinação, de forma que a inserção de estornos de baixa de duplicatas a débito da conta caixa, para os quais não restou comprovado o erro tampouco fora apresentada a documentação comprobatória (cinquenta e cinco lançamentos, sendo que alguns com valores superiores a um milhão), caracteriza ACRÉSCIMO FICTÍCIO do saldo da conta caixa. [...] O estorno é utilizado quando ocorre a duplicidade de um mesmo lançamento contábil seja por erro de lançamento da conta debitada seja da conta creditada. [...] A falta de identificação do erro e de apresentação de documentos que comprovem e justifiquem os estornos, nos permitem concluir que, de fato, não ocorreu nenhum erro. Tudo isso nos leva a crer que não existe mero erro nos inúmeros lançamentos de estorno inconsistentes, mas que foram intencionalmente efetuados com vistas a adulterar o saldo da conta caixa, acrescendoo ficticiamente, de forma a suportar o lançamento inconsistente no valor de R$7.100.226,18 em 30/11/2010 (crédito da conta 1.1.1.01.001 CAIXA e a débito da conta 2.1.5.02.001 CLIENTES CONTA TRANSITÓRIA), deixando esse valor de transitar pelo resultado, caracterizando omissão de receitas objeto da infração V.II. A conclusão da análise conjunta de todos os lançamentos inconsistentes e/ou incorretos efetuados pelo contribuinte, é que o mesmo manipula sua contabilidade pela inserção propositada de lançamentos inconsistentes, com o intuito de acobertar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, de várias formas, seja excluindo receitas que não transitaram pelo resultado, seja acobertando a ocorrência de saldo credor na conta caixa. Entendemos que a conduta do Contribuinte descrita acima e objeto de análise no Tópico IV e em todos os Termos citados, escriturando inúmeros lançamentos inconsistentes, adulterando o saldo da conta caixa, que por sua vez acobertou a ocorrência de saldo credor nessa mesma conta, propiciando o uso do saldo fictício para efetuar outro lançamento inconsistente no valor de R$7.100.226,18 relativo a receitas de vendas que não foi tributada, caracteriza, em tese, crime contra a ordem tributária e inserese na descrição prevista no inciso II do art. 1º e inciso I do art. 2º da Lei nº 8.137/90 abaixo transcrito: [...] Fl. 21553DF CARF MF Processo nº 10972.720009/201419 Resolução nº 1302000.530 S1C3T2 Fl. 21.554 4 Salvo melhor juízo, também estão presentes nos fatos descritos as circunstâncias constantes dos arts. 71 e 72 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, abaixo transcrito Dessa forma, aplicamos a multa de ofício de 150% prevista no inciso I combinada com o § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430/96. Para essa infração foram lançadas como reflexos a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido –CSLL, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS e Contribuição para o PIS/Pasep nos termos do art. 24 da Lei nº 9.249/1995: [...] O arquivo magnético em excell contendo as planilhas utilizadas na recomposição da conta Caixa foi compactado e anexado como arquivo não paginável (fl. 20.991), [...] V.II IRPJ OMISSÃO DE RECEITAS DE VENDA E SERVIÇOS OMISSÃO DE RECEITAS [...] PRIMEIRA OCORRÊNCIA Segundo tudo que foi exposto no Tópico IV.III, restou caracterizada a ocorrência de omissão de receitas de vendas no valor de R$7.100.226,18 em 30/11/2010, que, em decorrência do lançamento inconsistente efetuado pelo contribuinte (crédito da conta 1.1.1.01.001 CAIXA e a débito da conta 2.1.5.02.001 CLIENTES CONTA TRANSITÓRIA), deixou de transitar pelo resultado. Como consequência dos lançamentos de estorno inconsistentes registrados na conta caixa (débito de caixa e crédito de fornecedores), relatados na infração V.I, o saldo da conta caixa foi adulterado (ficticiamente acrescido) de modo a suportar o lançamento inconsistente de redução de Receitas Diferidas sem transitar pelo resultado, tratado nessa infração. [...] Não foram apresentados documentos ou esclarecimentos que justificassem o lançamento, e ainda, o saldo da conta 1.1.1.01.001 CAIXA não suportava o lançamento pois era credor, conforme já descrevemos no Tópico IV.III. Tudo isso nos leva a crer que não existe mero erro nos lançamentos inconsistentes perpetrados pelo contribuinte quando analisados em conjunto, mas que foram intencionalmente efetuados com vistas a deixar de oferecer à tributação o valor omitido de R$7.100.226,18, que não transitou pelo resultado. Entendemos que a conduta do Contribuinte descrita nesta infração, na infração anterior e no Tópico IV, escriturando inúmeros lançamentos inconsistentes, adulterando o saldo da conta caixa, que por sua vez acobertou a ocorrência de saldo credor nessa mesma conta, propiciando a Fl. 21554DF CARF MF Processo nº 10972.720009/201419 Resolução nº 1302000.530 S1C3T2 Fl. 21.555 5 utilização desse saldo adulterado para efetuar esse lançamento inconsistente, de modo a excluir da tributação receitas no montante de R$7.100.226,18, caracteriza, em tese, crime contra a ordem tributária e inserese na descrição prevista no inciso II do art. 1º e inciso I do art. 2º da Lei nº 8.137/90 já transcrito anteriormente. Salvo melhor juízo, também estão presentes nos fatos descritos as circunstâncias constantes dos arts. 71 e 72 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, já transcritos anteriormente. [...] SEGUNDA OCORRÊNCIA Segundo tudo que foi exposto no Tópico IV.IV, restou caracterizada a ocorrência de omissão de receitas decorrente de vendas efetuadas no valor de R$2.818.572,47 em 31/12/2010, que, em decorrência do lançamento inconsistente efetuado pelo contribuinte (crédito da conta 1.1.5.01.009 CLIENTES CONTA TRASITORIA e a débito da conta 2.1.5.02.001 CLIENTES CONTA TRANSITÓRIA), deixou de transitar pelo resultado. [...] Não foram apresentados documentos ou esclarecimentos que justificassem o lançamento, e ainda, o saldo da conta 1.1.5.01.009 CLIENTES CONTA TRASITORIA não suportava o lançamento ficando credor, conforme já descrevemos no Tópico IV.IV. Tudo isso nos leva a crer que o lançamento foi intencionalmente efetuado com vistas a deixar de oferecer à tributação o valor omitido de R$2.818.572,47, que não transitou pelo resultado. Entendemos que a conduta do contribuinte descrita nesta infração, na infração anterior e no Tópico IV, escriturando inúmeros lançamentos inconsistentes, de modo a excluir da tributação receitas de sua atividade no montante de R$2.818.572,47, caracteriza, em tese, crime contra a ordem tributária e inserese na descrição prevista no inciso II do art. 1º e inciso I do art. 2º da Lei nº 8.137/90, já transcrito anteriormente. Salvo melhor juízo, também estão presentes nos fatos descritos as circunstâncias constantes dos arts. 71 e 72 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, já transcritos anteriormente. [...] Para as duas ocorrências desta infração, aplicamos a multa de ofício de 150%, prevista no inciso I e § 1o do art. 44 da Lei 9.430/96, com a redação dada pela Lei nº 11.488/2007, já transcritos anteriormente. Para as duas ocorrências desta infração foram lançadas como reflexos a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social –COFINS e Contribuição para o Fl. 21555DF CARF MF Processo nº 10972.720009/201419 Resolução nº 1302000.530 S1C3T2 Fl. 21.556 6 PIS/Pasep nos termos do art. 24 da Lei nº 9.249/1995 já transcrito anteriormente. V.III MULTA OU JUROS ISOLADOS FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE BASE DE CÁLCULO ESTIMADA [...] Recompusemos a base e verificamos falta de recolhimento de IRPJ conforme Anexo III ao presente Termo. Sobre as divergências apuradas incide multa isolada de 50% nos termos do inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pela Lei nº 11.488/2007. Acostamos nas folhas 20.953 a 20.954 o extrato das Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF com os valores confessados das antecipações de IRPJ, e nas folhas 20.955 os pagamentos das antecipações de IRPJ. Acostamos nas fls. 20.956 a 20.989 o LALUR/2010. V.IV MULTA OU JUROS ISOLADOS FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL SOBRE BASE DE CÁLCULO ESTIMADA [...] Recompusemos a base e verificamos falta de recolhimento de CSLL conforme Anexo III ao presente Termo. Sobre as divergências apuradas incide multa isolada de 50% nos termos do inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pela Lei nº 11.488/2007. Acostamos nas folhas 20.950 a 20.951 o extrato das DCTF com os valores confessados das antecipações de CSLL, e nas folhas 20.952 os pagamentos das antecipações de CSLL. [...] O sujeito passivo tomou ciência do lançamento em 22/01/2015 (fls. 21089) e apresentou sua impugnação em 20/02/2015 (fls. 2109621139), na qual alegou em síntese que: Da metodologia de reconhecimento da receita 1. Até 2010, utilizava contas transitórias de passivo para receber seus lançamentos diários (débito clientes contra transitória), em contrapartida lançamentos na conta de resultado (crédito receita); 2. Posteriormente, os lançamentos da conta transitória eram reclassificados para a conta do ativo (crédito clientes, débito caixa); 3. Desse modo, a reclassificação da conta transitória não gera qualquer efeito na conta resultado, não havendo de ser falar em omissão de receita; Fl. 21556DF CARF MF Processo nº 10972.720009/201419 Resolução nº 1302000.530 S1C3T2 Fl. 21.557 7 4. Da mesma forma, eventuais ajustes nestas contas transitórias não afetam o resultado, já afetado por ocasião do lançamento original; Da metodologia de apuração do saldo credor de caixa 5. O efeito patrimonial do caixa credor só pode gerar a presunção de receita caso alguma operação com efeito no resultado tenha ocorrido; 6. O limite à presunção de omissão é a demonstração de que a integralidade das receitas foi escriturada e oferecida à tributação: 7. A comprovação da ocorrência de equívocos contábeis deve deslocar a análise da presunção para as contas de resultado (custo e receita); 8. Demonstrou e explicou a escrituração contábil por ela realizada, através de mais de 20.000 páginas de documentos, reconhecendo a existência de equívocos diversos, todos eles com efeitos temporais e sem reflexo no resultado; 9. As explicações e documentos já estão nos autos; 10. Se a fiscalização houvesse realizado a auditoria de estoque, verificaria que a movimentação de entrada e saída mercadoria guarda coerência com as compras e as receitas; 11. Ocorreram deficiências na segregação de receitas da conta caixa, sendo contabilizadas despesas em momento precedente ao lançamento, nessa mesma conta, das respectivas receitas; 12. Assim, os recursos financeiros que foram utilizados para pagamento de despesas em valores maiores que o saldo de caixa inicialmente presente já se encontravam fisicamente presentes no caixa, apenas no âmbito contábil é que ditos recursos ainda se encontravam lançados na conta transitória utilizada para segregação da origem da receita; 13. Os estornos de débitos na conta caixa não foram efetuados com vistas a adulterar o saldo da conta, mas para corrigir erros cometidos. A própria fiscalização reconhece a realização de lançamentos para corrigir esses erros; 14. A fiscalização deixou de analisar efeito de tais lançamentos no resultado, bem como se os efeitos eram apenas temporais, ou seja, se foram corrigidos por lançamentos de estorno posteriores; Do saldo credor de caixa escriturado 15. Conforme relato anterior, suas vendas são reconhecidas inicialmente numa contra transitória de natureza patrimonial em contrapartida conta resultado, sendo os valores registrados na conta transitória posteriormente reclassificados na conta do ativo. Essa reclassificação pode demorar alguns dias. Em razão desse lapso temporal a impugnante pode registrar erroneamente saldos credores de caixa; Fl. 21557DF CARF MF Processo nº 10972.720009/201419 Resolução nº 1302000.530 S1C3T2 Fl. 21.558 8 16. A proximidade entre o total dos lançamentos a débito e a crédito na conta caixa da Impugnante durante todo o anocalendário de 2010 demonstra que as diferenças da conta caixa são temporais. Ver quando à folha 21109; 17. O pressuposto da existência de saldo credor de caixa são lançamentos a crédito em valor superior aos lançamentos a débito. Se o delta de todos os lançamentos realizados ao longo do ano é de natureza devedora, por uma questão de lógica, fica mais do que comprovado que as diferenças no caixa eram meramente temporais; 18. Ao realizar a recomposição da conta caixa, a autoridade fiscal incorreu em diversos equívocos, tais como o lançamento crédito de valores que já haviam sido lançados em momento posterior; 19. As dúvidas existentes em relação às inconsistências apontadas pela fiscalização devem ser sanadas por meio de diligências; Do suprimento de caixa mediante cheques; 20. O lançamento á débito no valor de R$ 56.000,00 não representa um suprimento de caixa, mas apenas a utilização contábil da conta caixa como transição entre a conta bancos e o destinatário final dos recursos. No caso em questão o lançamento se refere a um adiantamento para renovação de aluguel, estando contabilizada por meio de um débito contra caixa (1.1.1.01.001) tendo como contrapartida um lançamento a crédito de bancos (1.1.1.02.001), conforme documentos de folhas 2129121295 (doc. 05); Dos estornos a débito Conta Caixa e crédito Fornecedores 21. Os estornos decorrem de equívocos do sistema operacional da impugnante, sem influência no resultado do exercício; 22. Costumava agrupar faturas a pagar com o intuito de realizar a quitação conjunta. Para realizar esse agrupamento o correto seriam lançamentos a débito e a crédito da conta de fornecedores, cujo saldo se manteria inalterado. Todavia, o sistema gerencial da Impugnante fazia o lançamento a título de estorno em contrapartida a crédito da conta caixa, como se fosse um cancelamento da compra junto ao fornecedor. Quando o pagamento do título era realizado, o saldo de caixa era novamente reduzido. 23. Tal fato contribuiu para o aparente saldo credor de caixa (ainda que temporário, como visto). 24. Em razão disso a Impugnante realizava periodicamente lançamentos manuais de conciliação a débito de caixa para corrigir os equívocos e adequar o saldo da conta aos valores efetivamente devidos aos fornecedores; Dos lançamentos a crédito não identificados; Fl. 21558DF CARF MF Processo nº 10972.720009/201419 Resolução nº 1302000.530 S1C3T2 Fl. 21.559 9 25. Não há previsão legal para a presunção indireta de omissão de receita, caracterizada pelo saldo credor de caixa, baseada na recomposição da conta caixa de pagamentos de obrigações não identificados; 26. A presunção legal está baseada na situação oposta, quando o contribuinte mantém, em seu passivo, obrigações já liquidadas; 27. Eventuais ajustes nos lançamentos de trânsito pela conta caixa, justamente em razão do descasamento caixa/bancos, eram realizados da seguinte maneira: D Caixa e C Fornecedor. Ou seja, criavam nova obrigação inexistente, que vinha a ser baixada posteriormente, em real movimentação de recursos em caixa/bancos. 28. Tal fato faz com que a presunção de omissão de receitas tome como base justamente a duplicação de obrigações. Não há comprovação da baixa pelo fato de que não havia a referida obrigação. Do contrário, os lançamentos teriam que ter reflexos no estoque e no resultado, uma vez que o reconhecimento da obrigação deve, necessariamente, ter como contrapartida um lançamento a débito do estoque, que afetará diretamente o resultado por ocasião da venda; 29. O efeito no caixa decorreu da duplicação de certas obrigações (débito caixa e crédito fornecedor), provadas por ajustes no casamento das contas caixa e banco, razão pela qual a "segunda baixa" da obrigação não gerou efeitos reais no caixa, eis que inexistente; 30. O fato estaria comprovado pelos documentos de folhas 2129621304 (doc. 06); Da omissão de receita no valor de R$ 7.100.226,18 31. A situação retratada pela fiscalização não corresponde a nenhuma hipótese legal de omissão de receita, de modo que deveria ser demonstrado o auferimento de receita a margem da contabilidade. O que não ocorreu; 32. A omissão de receita foi presumida a partir de erros e inconsistência de lançamentos contábeis não justificados. A jurisprudência administrativa invalida lançamentos fundados em presunções simples; Da omissão de receita no valor de R$ 2.818.572,47 33. Como já exposto, até 2010 utilizava contas transitórias de passivo (conta n° 21502001) para receber esses lançamentos diários e posteriormente reclassificálos em contas definitivas. O lançamento em conta de passivo decorre do entendimento seguido pela Impugnante até 2010 de que tais valores teriam a natureza de um adiantamento de clientes na medida em que na maioria das vezes o pagamento é realizado antes da entrega do produto; Fl. 21559DF CARF MF Processo nº 10972.720009/201419 Resolução nº 1302000.530 S1C3T2 Fl. 21.560 10 34. No final de 2010, reviu seus procedimentos e reclassificou a conta transitória para o ativo da entidade (conta n° 11501009). Com natureza de contas a receber. Para tanto, zerou o saldo da conta transitória de passivo transferindo o mesmo para o ativo da entidade, como comprovam os balancetes contábeis do período às folhas 2130521400 (doc. 07); 35. O lançamento de oficio não pode ter como fundamento eventual a escolha da técnica contábil menos adequada, sendo necessário demonstrar a existência de efeitos na apuração do lucro real; Da dedução do PIS/COFINS na apuração do Lucro Real 36. Caso se conclua pela manutenção dos lançamentos, é necessário ao menos deduzir os valores lançados a título de PIS e COFINS dos montantes adicionados ao lucro real e à base de cálculo da CSLL; 37. O PIS e a COFINS devidos são despesas necessárias à atividade econômica da Impugnante, cuja dedutibilidade é expressamente assegurada pelo regime de competência nos termos do art. 41 da Lei 8.981/1995; Da multa qualificada 38. Não estão presentes pressupostos necessários para a aplicação da multa qualificada; 39. A existência de saldo credor de caixa não é prova definitiva da ocorrência de omissão de receitas, mas uma presunção legal que autoriza o lançamento de ofício, transferindo ao contribuinte o ônus de provar que não omitiu receitas. 40. Em sendo assim, a ocorrência de presunção legal de omissão de receitas de forma alguma poderia autorizar a imputação da multa qualificada, que exige a prova inequívoca da conduta dolosa do contribuinte; 41. Não é o fato de o controle da contabilidade ser possível que autoriza a conclusão da ocorrência de dolo, mormente quando o contribuinte atua no varejo com milhares de lançamentos contábeis diários; 42. Os lançamentos contábeis supostamente equivocados de origem não justificada, ainda que reiterados e em valores vultosos, não autorizam, por si só, a conclusão de que o contribuinte incorreu em fraude ou sonegação; 43. É preciso que o Fisco demonstre de forma inequívoca a existência de tributo suprimido pelo contribuinte a intenção de fraude, o que não ocorreu no presente caso; 44. No caso das omissões de receita no valor de R$ 7.100.226,18, o Fisco está presumindo a máfé do contribuinte através de lançamentos contábeis Fl. 21560DF CARF MF Processo nº 10972.720009/201419 Resolução nº 1302000.530 S1C3T2 Fl. 21.561 11 tidos por equivocados que não restaram justificados por documentação idônea; 45. Aceitandose a validade do uso de presunções, não se pode admitir simultaneamente a aplicação da multa qualificada, pois a realização da conduta ilícita e o dolo no seu cometimento não podem ser presumidos. A fiscalização não comprova nenhuma operação de venda o qualquer outra que tenha sido realizada sem a devida documentação e gerado a receita omitida; 46. No caso do lançamento contábil decorrente da transferência do saldo da conta contábil nº conta 2.1.5.02.001 "Clientes Conta Transitória" (passivo), para a conta contábil de ativo n° 1.1.5.01.009, também denominada "Clientes Conta Transitória", a situação é ainda mais absurda, pois o Fisco inferiu a sonegação em razão de um lançamento contábil de mera reclassificação do saldo de uma conta contábil; 47. A aplicação da multa qualificada depende da prova direta e inequívoca da conduta ilícita e do dolo no seu cometimento, não bastando para tanto a presunção de omissão de receitas, conforme entendimento consolidado nas Súmulas 14 e 25 do CARF; Da multa isolada 48. A multa isolada, consoante a melhor interpretação da legislação atinente à matéria, expressa em reiteradas decisões do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, somente pode ser aplicada antes da apuração definitiva do IRPJ e da CSLL (Ac. 10321.272); 49. Ainda que se entenda possível a exigência de multa isolada pela insuficiência do recolhimento das estimativas mensais após o encerramento do anocalendário, fato é que essa exigência nunca poderia ser cumulada com a multa de ofício de 75% sobre o tributo exigido; 50. Há uma verdadeira consunção entre o descumprimento do dever de antecipar o tributo se o Fisco apura CSLL a pagar ao final do anocalendário. Nesse sentido, vale conferir o entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais (Ac. 0105.875); Ao apreciar a impugnação, acordaram os membros da 1ª Turma de Julgamento da DRJBelém, por unanimidade de votos, julgar procedente em parte a impugnação, nos termos do voto vencedor. Deste modo, foi interposto Recurso de Ofício por parte da Fazenda Nacional para questionamento a respeito do indeferimento da exigibilidade de parte dos créditos tributários debatidos. A decisão afastou a infração correspondente à omissão de receita de vendas no valor de R$ 2.818.572,47, em 31/12/2010 e, portanto, quanto a isso o contribuinte não se manifestou em seu Recurso Voluntário. Segue a ementa do julgado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 Fl. 21561DF CARF MF Processo nº 10972.720009/201419 Resolução nº 1302000.530 S1C3T2 Fl. 21.562 12 OMISSÃO DE RECEITA. SALDO CREDOR DE CAIXA. PRESUNÇÃO JURIS TANTUM. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. FATO INDICIÁRIO. FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO. A presunção legal juris tantum inverte o ônus da prova. Nos termos do art. 334, IV, do Código de Processo Civil de 1973, repetido pelo art. 374, IV, do Novo Código de Processo Civil, a autoridade lançadora fica dispensada de provar que o saldo credor de caixa (fato indiciário) corresponde, efetivamente, ao auferimento de receitas omitidas (fato jurídico tributário), sempre que o contribuinte deixa de comprovar outra fonte externa para o recurso ou erro em sua contabilidade que justifique a anomalia contábil. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. A realização de diligência/perícia não se presta à produção de provas que o sujeito passivo tinha o dever de trazer à colação junto com a peça impugnatória. OMISSÃO DE RECEITA. PROCEDÊNCIA. Resta comprovada a ação de omissão de receita quando o sujeito passivo, injustificadamente, desvia do resultado, mediante crédito na conta caixa, a receita de vendas para entrega futura registrada em conta clientes transitória. OMISSÃO DE RECEITA. IMPROCEDÊNCIA. A mera transferência do saldo da conta clientes do passivo para o ativo, mantendo sua natureza, não caracteriza uma omissão de receita. TRIBUTOS. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. INDEDUTIBILIDADE. Os tributos, cuja exigibilidade esteja suspensa, não são dedutíveis, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL. MULTA QUALIFICADA. Correta a aplicação da multa qualificada quando o sujeito passivo dolosamente manipula as contas patrimoniais com o objetivo de desviar do resultado sua receita de venda futura registrada em conta transitória. MULTA QUALIFICADA. Correta aplicação da multa qualificada sobre a receita omitida, apurada mediante saldo credor de caixa, quando reste comprovado que o sujeito passivo manipulava intencionalmente essa conta, mediante lançamento inconsistentes, com o fito de ocultar sua receita omitida. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO. A multa isolada sobre a insuficiência ou falta de pagamento de estimativas de ser aplicada mesmo após a apuração definitiva do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica. MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. POSSIBILIDADE. A multa isolada, devida pela insuficiência de recolhimento da estimativa mensal do imposto, e a multa de ofício regulamentar, devida pela insuficiência de recolhimento do imposto apurado na data do fato gerador, têm hipóteses de incidência distintas. Portanto, cabível o lançamento concomitante destas penalidades, mormente quando ato normativo expedido pela administração tributária autoriza o procedimento. Fl. 21562DF CARF MF Processo nº 10972.720009/201419 Resolução nº 1302000.530 S1C3T2 Fl. 21.563 13 CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTO REFLEXO. Aplicase às contribuições sociais reflexas, no que couber, o que foi decidido para o IRPJ, dada a íntima relação de causa e efeito que os une. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Conforme o extrato processual (fls. 21525 a 21531), denotase a interposição tempestiva de recurso voluntário em relação à transcrita acima, na qual a recorrente manifesta sua inconformidade com relação aos temas que, de forma sintética, se passa a transcrever: · Nulidade do auto de infração por vício na fundamentação do procedimento que culminou saldo credor de caixa escriturado, por entender que não havia sido observado o procedimento correto; · O afastamento da presunção de omissão de receitas por aduzirem que os saldos credores de caixas seriam diferenças meramente temporais e que não acarretaram recolhimento a menor de imposto; · Impossibilidade de adoção de presunção legal quando o auto de infração promove ajustes na contabilidade; · Erro na apuração do crédito tributário diante da necessidade de dedução do PIS/COFINS lançados de ofício na apuração do lucro real; · Ilegalidade da multa qualificada por ausência de descrição de conduta dolosa do contribuinte e a consequente impossibilidade de se presumir a conduta dolosa do contribuinte; · Ilegalidade na cobrança de multa isolada pelo não recolhimento de estimativas mensais e a inaplicabilidade da mesma após o encerramento do período de apuração; · Não cabimento da multa isolada concomitantemente com a multa de ofício em razão do princípio da consunção e da jurisprudência remansosa do CARF; Em 12 de maio de 2017 o contribuinte atravessou petição informando a desistência parcial do seu recurso voluntário (vide fls.21.537/21.540), notadamente ao que se refere à multa isolada e à multa de ofício, na parte que não se refere à qualificação. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa – Relator. Fl. 21563DF CARF MF Processo nº 10972.720009/201419 Resolução nº 1302000.530 S1C3T2 Fl. 21.564 14 O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos para sua admissibilidade, portanto dele conheço. Compulsando os autos, restou evidenciado que às fls. 21537/21540 foi juntado pedido de desistência parcial do recurso voluntário, protocolizado em 12 de maio de 2017 abrangendo parte dos débitos questionados em recurso voluntário. Proponho, assim, com fundamento no art. 78, § 4, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, a devolução dos autos à origem, para confirmação da desistência e de seu alcance, retornando os autos a este Conselho para julgamento do recurso de ofício apresentado pela autoridade julgadora de 1ª instância, bem como se subsistir litígio vinculado ao recurso voluntário a ser apreciado. É como voto. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Fl. 21564DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10410.721331/2012-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Dec 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 31/03/2008, 30/11/2008, 31/12/2008
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO.
Conhece-se do recurso voluntário apenas quanto a matérias impugnadas. Recurso não conhecido quanto a matéria não trazida na impugnação, porquanto não compõem a lide e quedou-se preclusa.
DILIGÊNCIA. REQUISITOS LEGAIS.
A solicitação de perícia e diligência deve atender aos os requisitos do art. 16, IV do Decreto 70.235/72. Considera-se não formulado o pedido de perícia ou diligência em desacordo com as exigências legais.
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. LEI 10.256/2001.
É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. (STF, Tese de Repercussão Geral 669.)
Numero da decisão: 2301-005.154
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, considerar não formulado o pedido de diligência, desconhecer o recurso quanto à matéria estranha à lide e, na matéria conhecida, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
João Bellini Júnior - Presidente.
(assinado digitalmente)
João Maurício Vital - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Wesley Rocha, Thiago Duca Amoni e João Bellini Júnior .
Nome do relator: JOAO MAURICIO VITAL
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Data do fato gerador: 31/03/2008, 30/11/2008, 31/12/2008 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. Conhece-se do recurso voluntário apenas quanto a matérias impugnadas. Recurso não conhecido quanto a matéria não trazida na impugnação, porquanto não compõem a lide e quedou-se preclusa. DILIGÊNCIA. REQUISITOS LEGAIS. A solicitação de perícia e diligência deve atender aos os requisitos do art. 16, IV do Decreto 70.235/72. Considera-se não formulado o pedido de perícia ou diligência em desacordo com as exigências legais. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. LEI 10.256/2001. É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. (STF, Tese de Repercussão Geral 669.)
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PRECLUSÃO. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. Conhecese do recurso voluntário apenas quanto a matérias impugnadas. Recurso não conhecido quanto a matéria não trazida na impugnação, porquanto não compõem a lide e quedouse preclusa. DILIGÊNCIA. REQUISITOS LEGAIS. A solicitação de perícia e diligência deve atender aos os requisitos do art. 16, IV do Decreto 70.235/72. Considerase não formulado o pedido de perícia ou diligência em desacordo com as exigências legais. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. LEI 10.256/2001. É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. (STF, Tese de Repercussão Geral 669.) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, considerar não formulado o pedido de diligência, desconhecer o recurso quanto à matéria estranha à lide e, na matéria conhecida, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 41 0. 72 13 31 /2 01 2- 51 Fl. 2475DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) João Maurício Vital Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Wesley Rocha, Thiago Duca Amoni e João Bellini Júnior . Relatório Tratase de lançamento de ofício, Debcad nº 37.320.1486, para a exigência das contribuições do empregador produtor rural pessoa física previstas no art. 25 da Lei nº 8.212, 24 de julho de 1991, e devidas, nos termos do inc. IV do art. 30 da mesma lei, por sub rogação, sobre produtos adquiridos daqueles produtores. No caso destes autos, consta do Relatório Fiscal (efl. 2363 e seguintes) que o sujeito passivo não recolheu e nem declarou em Gfip os débitos de contribuição previdenciária incidentes sobre aquisições, de pessoas físicas, de canadeaçúcar nos períodos de 3/2008, 11/2008 e 12/2008. Os valores devidos foram apurados com base em notas fiscais de entrada e nos registros contábeis fornecidos à Autoridade Fiscal pelo contribuinte. Na impugnação, a Recorrente sustentou que a exação seria inconstitucional, que a contribuição ao Senar seria indevida e que não incidiria taxa Selic sobre a multa de ofício. Solicitou, ainda, que o julgamento dos autos ocorresse em conjunto com os demais processos decorrentes da mesma fiscalização. A DRJ/Recife, unanimemente, deu por improcedente a impugnação pelos seguintes motivos: a) não consta, dos autos, nenhum lançamento relativo a contribuições ao Senar, razão pela qual não apreciou a impugnação nesse ponto; b) na inexistência de decisão judicial hábil a afastar a constitucionalidade da aplicação da norma tributária ao caso, prevalece o disposto no parágrafo único do art. 142 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN); c) a impugnante não tem interesse de agir no que se refere à incidência de juros, à taxa Selic, sobre a multa de ofício porque não consta dos autos essa incidência, e d) inexiste mandamento legal que determine o julgamento simultâneo de distintos processos administrativos fiscais. É o relatório essencial. Voto Conselheiro João Maurício Vital Relator. O recurso (efls. 2463 a 2471) é tempestivo. A Recorrente apelou em relação à inconstitucionalidade da contribuição lançada, mas inovou no recurso voluntário ao adicionar a questão da inclusão do ICMS na base Fl. 2476DF CARF MF Processo nº 10410.721331/201251 Acórdão n.º 2301005.154 S2C3T1 Fl. 2.476 3 de cálculo das contribuições do art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991, porquanto essa matéria não havia sido impugnada. Nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. É a impugnação, ao instaurar a fase litigiosa, que delimita a lide. Não questionada a matéria na fase própria, precluso estará o direito de fazêlo em outro momento processual. Nesse sentido, há vários precedentes no Carf (por exemplo, os acórdãos 3302004.356, 3402 004.318, 2402005.903, 2402005.808), dentre os quais invoco o Acórdão nº 9101002.719, da Câmara Superior de Recursos Fiscais do Carf, cuja ementa é: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1990, 1991, 1992 PRECLUSÃO. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Não se conhece de matéria recursal não trazida com a impugnação. Portanto, não conheço da matéria relativa à inclusão do ICMS na base de cálculo da exação por ser estranha à lide. Conheço, outrossim, do apelo somente quanto à inconstitucionalidade da contribuição lançada. Preliminar Do pedido de diligência Solicitou, a Recorrente, a realização de diligência no caso de o colegiado entender pela necessidade de provas adicionais para dar provimento ao recurso. Quanto a isso, como bem asseverou a Recorrente, somente teria fundamento se o julgador entendesse serem necessárias novas provas, o que não é, absolutamente, o caso. Além disso, a solicitação não observou o disposto no inc. IV do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, e, portanto, considero não formulado o pedido, nos termos do § 1º do art. 16 daquele regulamento. Mérito Inconstitucionalidade da contribuição prevista no art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991 Neste ponto, a Recorrente invocou o RE nº 363.852/MG para alegar a inconstitucionalidade dos incs. I e II do art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991. Sustenta, ainda, que o STF teria reiterado a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 8.450, de 22 de dezembro de 1992, que, no RE nº 596.177/RS, sob o rito da repercussão geral, deu nova redação aos incs. I e II do art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991. Argumenta, ainda, que a lei superveniente acerca da matéria, Lei nº 10.256, de 9 de julho de 2001, também tem sido declarada inconstitucional por decisões monocráticas dos Ministros do STF e ilustra citando o RE nº 591.392 e o RE nº 613.433. Pretende, a Recorrente, que os efeitos da inconstitucionalidade declarada, pelo pleno do STF, nos autos do RE nº 363.852/MG se estenda a outros dispositivos legais. Por pertinente, convém se reproduzir parte daquela decisão, de 3/2/2010: Fl. 2477DF CARF MF 4 O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, conheceu e deu provimento ao recurso extraordinário para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrrogação (sic) sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial, invertidos os ônus da sucumbência. O Egrégio Supremo afastou, por inconstitucionalidade, o art. 1º da Lei nº 8.540, de 1992, em razão da ausência de lei complementar. Admitiu, entretanto, o STF, que a inconstitucionalidade persistiria até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, viesse a instituir a contribuição. A matéria apreciada pelo STF pode ser assim sintetizada: a Lei nº 8.540, de 1992, instituiu a contribuição previdenciária sobre a receita, enquanto que o art. 195, inc. I, da Constituição Federal apenas previa, como bases imponíveis daquela exação, a folha de salários, o faturamento e o lucro. Porém, com o advento da Emenda Constitucional nº 20, de 1998, o novo panorama constitucional passou a permitir a tributação sobre a receita e, nesse novo contexto, foi editada a Lei nº 10.256, de 2001, que deu nova redação ao art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991. Por fim, o STF firmou tese de repercussão geral com o seguinte teor: É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. Nos termos do § 2º do art. 62 do Ricarf, a tese é de observância obrigatória nos julgamentos do Carf. Portanto, não há como atribuir razão à Recorrente nesta matéria. Conclusões Voto, pois, por: considerar não formulado o pedido de diligência, desconhecer do recurso quanto à matéria estranha à lide e, na matéria conhecida, negarlhe provimento. Conselheiro João Maurício Vital Relator Fl. 2478DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.723561/2014-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jan 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2010 a 30/04/2010
IPI. REGIME ESPECIAL. CRÉDITO PRESUMIDO. FRETES. TERMO DE ADESÃO. OBRIGATORIEDADE.
A exigência do Termo de Adesão instituído pela RFB, por meio da IN RFB 91/2001, está em conformidade com o disposto na MP 2158-35 de 2001, art. 56, sendo sua apresentação condição para a usufruto do Regime Especial e, por conseguinte, condição para a regular obtenção do correspondente crédito presumido.
IPI. RESTITUIÇÃO. ÔNUS FINANCEIRO. COMPROVAÇÃO. PREÇO TABELADO. INICIATIVA PRIVADA. IMPOSSIBILIDADE.
A teor das disposições do art. 166 do Código Tributário Nacional (CTN), a restituição de IPI pago a maior somente pode ser reconhecida àquele que efetivamente suportar o ônus ou, se for o caso, estar autorizado por aquele que o suportou.
Para fins de restituição, a comprovação de assunção do ônus financeiro de tributo pago a maior, nos termos do art. 166 do CTN, por meio de tabelamento de preços, somente pode ser admitido quando for gerido por ente público, demonstrado que referido tributo é componente para a formação do preço tabelado
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2010 a 30/04/2010
MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. LEI 9.430/96, ART. 44. LEI 4.502/64, ART 80. APLICABILIDADE.
O disposto na Lei nº 4.502, de 1964, artigo 80, regulamentado pelo Decreto 7.212, de 2010 (RIPI), artigo 569, diz respeito a falta de lançamento do IPI (falta de destaque na nota fiscal) por parte do contribuinte, ou, se lançado, não tenha sido recolhido.
Conquanto do disposto na Lei nº 9.430/96, artigo 44, aplica-se genericamente à Lançamento de Ofício, especificamente às exigências de IPI quando o respectivo fato gerador não for alcançados pelo indigitado artigo 80. É o caso de crédito do imposto, em face da não cumulatividade, que, em sendo glosado pela fiscalização, ensejará a aplicação do disposto na Lei 9430/96, art. 44, posto que, na espécie, não se verifica viável a aplicação da lei específica do IPI, Lei nº 4.502/64, por inexistir previsão, tampouco possibilidade, desse lançamento ser executado pelo contribuinte, via destaque na nota fiscal.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. CONSTITUCIONALIDADE.
Sobre o crédito tributário não pago no vencimento, inclusive penalidade pecuniária, incidirá juros de mora, aplicando-se à espécie a Súmula CARF nº 4:
Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
No âmbito de Processo Administrativo Fiscal, em sede recursal, não se julgam argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade da legislação. Trata-se de entendimento há tempo consagrado no âmbito dos tribunais administrativos, já sumulada nesse conselho:
Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso de Ofício Provido.
Recurso Voluntário Parcialmente Provido.
Numero da decisão: 3301-004.134
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso de ofício para restabelecer a multa de 112,5% por discordância com o acórdão recorrido sobre a fundamentação legal. Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para reduzir a multa novamente para 75%, pois os fatos que ensejaram a majoração da multa, ou seja, a falta de atendimento às intimações não restaram comprovados. Vencido o Conselheiro José Henrique Mauri (relator). Redatora designada para o voto vencedor: Conselheira Semíramis de Oliveira Duro.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Relator
(assinado digitalmente)
Semíramis de Oliveira Duro - Redatora do voto vencedor
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri (Relator), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Renato Vieira de Avila (Suplente), Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2010 a 30/04/2010 IPI. REGIME ESPECIAL. CRÉDITO PRESUMIDO. FRETES. TERMO DE ADESÃO. OBRIGATORIEDADE. A exigência do Termo de Adesão instituído pela RFB, por meio da IN RFB 91/2001, está em conformidade com o disposto na MP 2158-35 de 2001, art. 56, sendo sua apresentação condição para a usufruto do Regime Especial e, por conseguinte, condição para a regular obtenção do correspondente crédito presumido. IPI. RESTITUIÇÃO. ÔNUS FINANCEIRO. COMPROVAÇÃO. PREÇO TABELADO. INICIATIVA PRIVADA. IMPOSSIBILIDADE. A teor das disposições do art. 166 do Código Tributário Nacional (CTN), a restituição de IPI pago a maior somente pode ser reconhecida àquele que efetivamente suportar o ônus ou, se for o caso, estar autorizado por aquele que o suportou. Para fins de restituição, a comprovação de assunção do ônus financeiro de tributo pago a maior, nos termos do art. 166 do CTN, por meio de tabelamento de preços, somente pode ser admitido quando for gerido por ente público, demonstrado que referido tributo é componente para a formação do preço tabelado Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2010 a 30/04/2010 MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. LEI 9.430/96, ART. 44. LEI 4.502/64, ART 80. APLICABILIDADE. O disposto na Lei nº 4.502, de 1964, artigo 80, regulamentado pelo Decreto 7.212, de 2010 (RIPI), artigo 569, diz respeito a falta de lançamento do IPI (falta de destaque na nota fiscal) por parte do contribuinte, ou, se lançado, não tenha sido recolhido. Conquanto do disposto na Lei nº 9.430/96, artigo 44, aplica-se genericamente à Lançamento de Ofício, especificamente às exigências de IPI quando o respectivo fato gerador não for alcançados pelo indigitado artigo 80. É o caso de crédito do imposto, em face da não cumulatividade, que, em sendo glosado pela fiscalização, ensejará a aplicação do disposto na Lei 9430/96, art. 44, posto que, na espécie, não se verifica viável a aplicação da lei específica do IPI, Lei nº 4.502/64, por inexistir previsão, tampouco possibilidade, desse lançamento ser executado pelo contribuinte, via destaque na nota fiscal. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. CONSTITUCIONALIDADE. Sobre o crédito tributário não pago no vencimento, inclusive penalidade pecuniária, incidirá juros de mora, aplicando-se à espécie a Súmula CARF nº 4: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. No âmbito de Processo Administrativo Fiscal, em sede recursal, não se julgam argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade da legislação. Trata-se de entendimento há tempo consagrado no âmbito dos tribunais administrativos, já sumulada nesse conselho: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso de Ofício Provido. Recurso Voluntário Parcialmente Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso de ofício para restabelecer a multa de 112,5% por discordância com o acórdão recorrido sobre a fundamentação legal. Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para reduzir a multa novamente para 75%, pois os fatos que ensejaram a majoração da multa, ou seja, a falta de atendimento às intimações não restaram comprovados. Vencido o Conselheiro José Henrique Mauri (relator). Redatora designada para o voto vencedor: Conselheira Semíramis de Oliveira Duro. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente (assinado digitalmente) José Henrique Mauri - Relator (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro - Redatora do voto vencedor Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri (Relator), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Renato Vieira de Avila (Suplente), Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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REGIME ESPECIAL. CRÉDITO PRESUMIDO. FRETES. TERMO DE ADESÃO. OBRIGATORIEDADE. A exigência do Termo de Adesão instituído pela RFB, por meio da IN RFB 91/2001, está em conformidade com o disposto na MP 215835 de 2001, art. 56, sendo sua apresentação condição para a usufruto do Regime Especial e, por conseguinte, condição para a regular obtenção do correspondente crédito presumido. IPI. RESTITUIÇÃO. ÔNUS FINANCEIRO. COMPROVAÇÃO. PREÇO TABELADO. INICIATIVA PRIVADA. IMPOSSIBILIDADE. A teor das disposições do art. 166 do Código Tributário Nacional (CTN), a restituição de IPI pago a maior somente pode ser reconhecida àquele que efetivamente suportar o ônus ou, se for o caso, estar autorizado por aquele que o suportou. Para fins de restituição, a comprovação de assunção do ônus financeiro de tributo pago a maior, nos termos do art. 166 do CTN, por meio de tabelamento de preços, somente pode ser admitido quando for gerido por ente público, demonstrado que referido tributo é componente para a formação do preço tabelado ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2010 a 30/04/2010 MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. LEI 9.430/96, ART. 44. LEI 4.502/64, ART 80. APLICABILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 35 61 /2 01 4- 51 Fl. 2965DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.966 2 O disposto na Lei nº 4.502, de 1964, artigo 80, regulamentado pelo Decreto 7.212, de 2010 (RIPI), artigo 569, diz respeito a falta de lançamento do IPI (falta de destaque na nota fiscal) por parte do contribuinte, ou, se lançado, não tenha sido recolhido. Conquanto do disposto na Lei nº 9.430/96, artigo 44, aplicase genericamente à Lançamento de Ofício, especificamente às exigências de IPI quando o respectivo fato gerador não for alcançados pelo indigitado artigo 80. É o caso de crédito do imposto, em face da não cumulatividade, que, em sendo glosado pela fiscalização, ensejará a aplicação do disposto na Lei 9430/96, art. 44, posto que, na espécie, não se verifica viável a aplicação da lei específica do IPI, Lei nº 4.502/64, por inexistir previsão, tampouco possibilidade, desse lançamento ser executado pelo contribuinte, via destaque na nota fiscal. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. CONSTITUCIONALIDADE. Sobre o crédito tributário não pago no vencimento, inclusive penalidade pecuniária, incidirá juros de mora, aplicandose à espécie a Súmula CARF nº 4: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. No âmbito de Processo Administrativo Fiscal, em sede recursal, não se julgam argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade da legislação. Trata se de entendimento há tempo consagrado no âmbito dos tribunais administrativos, já sumulada nesse conselho: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso de Ofício Provido. Recurso Voluntário Parcialmente Provido. Fl. 2966DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.967 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso de ofício para restabelecer a multa de 112,5% por discordância com o acórdão recorrido sobre a fundamentação legal. Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para reduzir a multa novamente para 75%, pois os fatos que ensejaram a majoração da multa, ou seja, a falta de atendimento às intimações não restaram comprovados. Vencido o Conselheiro José Henrique Mauri (relator). Redatora designada para o voto vencedor: Conselheira Semíramis de Oliveira Duro. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Relator (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Redatora do voto vencedor Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri (Relator), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Renato Vieira de Avila (Suplente), Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Fl. 2967DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.968 4 Relatório Tratase de Auto de Infração de fls. 784/790, e anexos, lavrado para formalizar exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), acrescido de juros de mora e multa de ofício. Conforme a descrição dos fatos, a fiscalização identificou duas infrações à legislação do imposto a saber: (i) o estabelecimento industrial deixou de recolher imposto em decorrência da escrituração e utilização de crédito indevido de IPI, itens "1" e "2" do Relatório Fiscal, fato gerador janeiro a abril de 2010, com agravamento da multa de ofício para 112,5%. (ii) falta de lançamento de imposto nas saídas do estabelecimento de produtos tributados, por terse utilizado incorretamente do instituto da isenção do imposto, item "3" do Relatório Fiscal, fatos geradores 31/03, 30/04, 31/07 e 31/10, todos do ano de 2011. A fiscalização, conforme detalhado no Relatório Fiscal das fls. 768/782, apurou os seguintes fatos, ensejadores da autuação: (...) 1 DOS CRÉDITOS DE IPI – ANOCALENDÁRIO 2010 (janeiro a abril) (...) 1.1. Do saldo Credor de Período Anterior Os valores informados como “saldo credor de período anterior” são indevidos. Verificase na ficha 20 da DIPJ do anocalendário de 2009 (ficha anexa) que em dezembro desse ano, a empresa apurou saldo devedor de IPI. Portanto, se há valor de IPI a pagar em dezembro de 2009 não há saldo credor de período anterior que possa ser utilizado pela empresa em janeiro de 2010. Anexamos também cópia dos extratos da DCTF que demonstra o valor de IPI a pagar em dezembro de 2009. Na ficha 20 da DIPJ do AC 2010 e extrato de débito da DCTF (anexos) verificase que em janeiro desse ano a empresa também apurou saldo devedor. Portanto, o saldo credor de período anterior informado em fevereiro de 2010 não existe. Como foi dito, a empresa pagou IPI em janeiro de 2010. Assim, como não há saldo credor de IPI de períodos anteriores, os valores informados nessa rubrica não foram aceitos e, portanto, glosados. 1.2. Do crédito decorrente de diferença de alíquota – veículo TIIDA (...) Fl. 2968DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.969 5 O contribuinte foi intimado a apresentar a Memória de Cálculo onde constam detalhes de todas as notas que compõem o total de R$ 5.055.469,00 que a empresa alega ter direito a creditarse referente às saídas do veículo Tiida com alíquota maior que a devida no período de janeiro a março de 2010. Também foi intimada (Termo nº 04) a comprovar que assumiu o encargo financeiro do IPI relativo a estas operações. Não atendeu a estas intimações. Esta fiscalização entende que apesar da Nissan afirmar que utilizou uma alíquota maior que a devida, o ônus financeiro da operação foi do adquirente da mercadoria. Assim, a Nissan só teria direito ao crédito referente à diferença de alíquota se houvesse comprovadamente assumido o encargo financeiro do IPI ou se estivesse expressamente autorizada por quem o haja assumido. Não é cabível que a Nissan cobre um valor de IPI a maior dos adquirentes de seus veículos e depois os retenha e não os repasse à Fazenda Pública. A empresa não tem direito de se apropriar de tais créditos. O art. 6º da IN RFB nº 900, de 30/12/2008, veda a restituição de tributo ou contribuição administrados pela SRF, cujo encargo financeiro tenha sido suportado por terceiro, salvo se estiver por este expressamente autorizado, preceito esse que decorre do disposto no art. 166 do CTN (Lei 5.172/66). (...) Em vista do exposto acima, glosamos o crédito de R$ 5.055.469,00 utilizado pela empresa em abril/2010. 1.3. Do Crédito Presumido previsto na MP 215835 de 2001 (...) Tratase do crédito presumido de 3% do valor do imposto destacado na nota fiscal, mas vinculado aos serviços de transporte. A opção ao regime darse á mediante a apresentação, à autoridade competente, do “Termo de Adesão”, cujo modelo acompanha a IN. Até o presente momento a empresa não apresentou o Termo de Adesão exigido pelo art. 2º da IN SRF 91/2001. Por este motivo, não há como se falar no direito da empresa. Como ela não comprovou que faz jus ao Regime Especial de apuração instituído nos termos do art. 56 da MP 2.15835/2001, também não foram analisadas as planilhas encaminhadas por email pela empresa (as planilhas foram juntadas ao processo). Enfatizamos que a empresa foi intimada a apresentar o referido Termo através da Intimação 03 e reintimada através da Intimação 04. Assim, vencidos os prazos para manifestação da empresa e não tendo esta atendido, nos prazos estipulados, às solicitações desta fiscalização foram glosados os créditos que não ficaram comprovados. Ou seja, foram aceitos apenas os créditos básicos de IPI destacados nas notas fiscais de entrada. Demonstramos no quadro a seguir os valores de crédito básico, os valores utilizados pela empresa e a diferença glosada por falta de comprovação. (...) 2 DA DIFERENÇA DE IPI A PAGAR NO ANOCALENDÁRIO 2010 (janeiro a abril) Fl. 2969DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.970 6 Tendo em vista os valores de créditos de IPI apropriados pela empresa que não foram comprovados à fiscalização e suas respectivas glosas, procedemos ao lançamento de oficio das diferenças apuradas, mediante a lavratura de Auto de Infração conforme valores discriminados abaixo: (...) DO AGRAVAMENTO DA MULTA Conforme relatado acima, em 15/09/2014 a empresa tomou ciência do Termo de Intimação nº 03. Visto que a empresa não tinha apresentado resposta, em 03/10/2014 foi encaminhado email para o contato da empresa que vinha prestando atendimento a esta fiscalização. Também foi tentado o contato através de telefone para os números fornecidos mas as ligações não foram atendidas. Em 07/11/2014 tentouse mais um contato com outra funcionária da empresa ao qual não obtivemos resposta. Em 11/11/2014 a empresa tomou ciência do Termo de Intimação nº 04. Prazo de resposta expirado em 17/11/2014. Depois de mais de setenta dias sem contato, em 19/11/2014 às 19:02 a empresa encaminhou email com alguns arquivos anexos. Consideramos que o contribuinte deixou de atender a Intimação 03, e quanto às reintimações do Termo nº 04 atendeu em parte, de forma indevida (deveria juntar os documentos através do Dossiê de Procedimento) e fora de prazo. Assim, fica sujeito à multa agravada conforme determinado no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996: (...) 3 DA DIFERENÇA DE IPI A PAGAR NO ANOCALENDÁRIO 2011 Verificamos que a empresa vendeu alguns veículos, em cujas saídas não houve o destaque de IPI. Consta dos dados adicionais destas notas fiscais que se tratam dos casos de Isenção para portadores de deficiência previstos na Lei 8.989, de 24 de fevereiro de 1995. (...) A Instrução Normativa RFB nº 988, de 22 de dezembro de 2009, prevê que nestes casos, a nota fiscal deve ser emitida em nome do beneficiário: (...) As notas fiscais de saída trazem o número do processo de Isenção a que se referem. Em consulta efetuada aos sistemas da Receita Federal, em anexo, observamos que os processos trazem como beneficiários pessoas diversas daquelas para as quais foram emitidas as notas fiscais. Considerando que não foram cumpridas as exigências legais para as saídas com isenção nos casos abaixo, isto é, as Notas Fiscais de Venda não foram emitidas em nome dos respectivos beneficiários das Isenções, procedemos ao lançamento de ofício do IPI (imposto sobre produtos industrializados), mediante lavratura de Auto de Infração: Fl. 2970DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.971 7 (...) Foi aplicada a alíquota de 11% conforme estabelecida no Decreto nº 6.006, de 28 de dezembro de 2006, anexo Seção XVII, Nota Complementar (NC) da TIPI NC 872. Os veículos se enquadram no EX001 (de cilindrada superior a 1.500 cm3, mas não superior a 2.000 cm3). Verificase nas notas fiscais de saída que os veículos possuem 1798 cilindros e combustível álcool/gasolina. (...) Para este caso foi aplicada a multa de 75% conforme determinado no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996: (...) O enquadramento legal das infrações consta às fls. 785 e 786 e o das multas de ofício e dos juros de mora no demonstrativo da fl. 790. Inconformada parcialmente com a exigência, a interessada apresentou as razões de defesa à primeira instância, às fls. 800 a 833, assim resumidas pelo julgador a quo: Diz que “Em que pese a concordância parcial com o lançamento, conforme esclarecido acima, em relação às demais infrações apuradas pela d. Fiscalização, o auto de infração não merece prosperar. Isso porque, a Impugnante faz jus aos créditos de IPI decorrentes da aplicação equivocada de alíquota a maior do IPI nas vendas do veiculo TIIDA e ao crédito presumido de IPI previsto na MP nº 2.15835/2001. Além disso, a impugnante também não concorda com o agravamento da multa de ofício aplicada no percentual de 112,5% para os fatos geradores apurados para o anocalendário de 2010.” Em relação aos créditos decorrentes da aplicação de alíquota a maior do IPI nas vendas do veículo TIIDA, relata que no período de janeiro a março de 2010 efetuou vendas dos referidos veículos (classificados na TIPI sob a NCM 8703.23.10 Ex l) à concessionárias e à pessoas físicas tributadas pelo IPI mediante a aplicação da alíquota de 13%, no entanto, por um lapso, não foi observada a alíquota correta para o recolhimento do IPI nessas operações, a qual, nos termos do Decreto n° 6.890/2009 deveria corresponder, no dito período, ao percentual de 7,5% (sete e meio por cento), e que, assim, a diferença de alíquota do IPI nessas operações de saída gerou um crédito do imposto no valor de RS 5.055.469,00 (cinco milhões e cinqüenta e cinco mil c quatrocentos e sessenta e nove reais), para cuja recuperação escriturou em seu Livro de Registro e Apuração do IPI no mês de abril de 2010. Giza que: 39. Todavia, no presente caso, o valor do IPI cujo ônus financeiro foi repassado ao adquirente da mercadoria referese apenas ao percentual de 7,5% do IPI, qual seja, o valor da alíquota correta que deveria ter sido aplicada nas vendas do veículo TIIDA no período em questão. Até porque, essa foi a alíquota do IPI considerada na composição do custo de produção do veículo, utilizada para elaborar as tabelas de preço praticadas pela Impugnante. Fl. 2971DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.972 8 40. No momento em que a Impugnante emite uma nota fiscal de saída do veículo TIIDA utilizando o preço tabelado – que levou em consideração a alíquota de IPI de 7,5% em sua formação – mas, utiliza por um equívoco, uma alíquota de IPI de 13%, na prática, não há o repasse ao adquirente do veículo desse excedente de alíquota (13% 7,5% = 5.5%) utilizado indevidamente e a maior. O que se verifica nesse caso é que o equívoco cometido pela Impugnante teve como conseqüência única e exclusiva a diminuição de sua margem de lucro inicialmente prevista nessa venda. Em relação ao credito presumido do IPI de 3% do valor do imposto destacado nota fiscal, vinculado aos serviços de transporte, previsto no artigo 56, da MP n° 2.15835/2001, diz que a fiscalização deixou de reconhecer o direito ao seu aproveitamento exclusivamente em razão da não apresentação do Termo de Adesão previsto no artigo 2º, da Instrução Normativa SRF n° 91/2001, não tendo sequer analisado os documentos apresentados pela impugnante que demonstram o direito material do crédito, embora tenha anexado os referidos documentos ao presente processo administrativo. Aduz que: 63. A esse respeito, a Impugnante esclarece que atendeu a todos os requisitos materiais para aproveitamento do crédito presumido de 1P1 em questão. 64. Tal fato pode ser constatado, inicialmente, pela análise do memorando de entendimentos celebrado entre Renault do Brasil S.A., Catlog Logística de Transportes S.A. e a Impugnante (doc. 16), que abrangeu entendimentos entre as partes sobre os serviços de transporte que passaram a ser prestados também à Impugnante, nos termos do contrato de prestação de serviços logísticos firmado inicialmente apenas entre a Renault do Brasil S.A. e a Catlog Logística de Transportes S.A. (doc. 17). 65. Além disso, para que não reste qualquer dúvida sobre o tema, a Impugnante apresenta, a titulo exemplificativo, alguns documentos de Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas (doc. 18), acompanhado das respectivas notas fiscais dos veículos transportados (doc. 19) no período em questão. 66. A simples leitura de tais documentos deixa claro que os serviços de transporte prestados à Impugnante (i) eram executados ou contratados por estabelecimento industrial, (ii) eram cobrados juntamente com o preço dos produtos, nas operações de saída do estabelecimento industrial e (iii) compreendiam a totalidade do trajeto no país 67. O atendimento aos requisitos em questão fica ainda mais claro na medida em que o regime especial de apuração do IPI ainda é atualmente aproveitado pela Impugnante, como se verifica pelo Termo de Adesão apresentado para o anocalendário de 2014 (doc. 20). Alega, ainda, que: 73. Assim, a não apresentação do Termo de Adesão para o anocalendário de 2010, utilizado como fundamento pela d. fiscalização para a glosa dos créditos presumidos de IPI, sequer consta como condição prevista no artigo 56, da MP n° 2.158 35/2001 para o aproveitamento do crédito presumido de IPI. 74. Na prática, o documento em questão está previsto apenas na Instrução Normativa SRF nº 91/2001, norma infralegal. e referese tão somente a uma obrigação acessória de cunho formal, que não tem o condão de alterar o fato de que a Impugnante efetivamente atende todas as condições materiais previstas no artigo 56, da MP nº 2.158 35/2001. 75. Na pior das hipóteses, poderia ter sido aplicada à Impugnante uma penalidade pelo descumprimento da obrigação acessória de apresentação do referido Fl. 2972DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.973 9 Termo de Adesão, mas jamais a revogação do seu direito subjetivo adquirido em função do correto cumprimento das condições previstas na legislação pertinente. Defende a inaplicabilidade da multa de ofício agravada no percentual de 112,5%. Inicialmente, esclarece que: 86. No que se refere ao Termo de Intimação nº 03, a Impugnante esclarece que a solicitação da d. Fiscalização consistia na apresentação de documentos até então não localizados pela Impugnante, o que inviabilizou a sua disponibilização naquele momento. Vale observar, inclusive, que a não apresentação dos referidos documentos só trouxe prejuízos à própria Impugnante, uma vez que acarretou na glosa dos créditos de IPI que deveriam ser suportados por tais documentos, 88. Em relação ao Termo de Intimação nº 04, a Impugnante reconhece que, de fato, por um lapso, a sua resposta ocorreu apenas 2 (dois) dias após o prazo de 5 (cinco) dias que havia sido determinado pela d. Fiscalização Esse atraso ocorreu justamente porque a Impugnante estava tentando localizar os documentos que haviam sido solicitados e que, por fim, acabaram sendo apresentados. 89. Alem disso, os únicos documentos referentes ao Termo de Intimação nº 04 que deixaram de ser apresentados referemse aos mesmos documentos já solicitados por meio do Termo de Intimação nº 03 e que, conforme já esclarecido, só não foram apresentados em razão de a Impugnante não ter conseguido localizálos em tempo hábil. 90 No que se refere a alegação da d. Fiscalização de que a forma de atendimento ao Termo de Intimação nº 04 teria sido indevida, a Impugnante esclarece que o próprio Termo de Intimação em questão previa a possibilidade da apresentação de documentos por email³, razão pela qual tal fundamento não merece prosperar Destaca que o agravamento da multa representa uma penalidade excessivamente onerosa para o contribuinte, somente cabível em situações excepcionais, em que o fiscalizado permanece em completo silêncio, deixando de atender a sucessivas intimações e ignorando sumariamente a fiscalização, inviabilizando o ato de lançamento, o que não ocorreu no caso concreto. Salienta que: 104. Para a majoração da multa de oficio, é necessário que o contribuinte tenha se negado a colaborar com a fiscalização, com a tentativa de obstaculizar o seu prosseguimento, devendo estar plenamente caracterizada essa recusa. 105. É evidente que essa não é a situação em análise no presente caso, em que a Impugnante, conforme demonstrado acima, apresentou diversos documentos e esclarecimentos à d. Fiscalização, que serviram, inclusive, de base para o lançamento realizado. Por último alega da impossibilidade de exigência de juros de mora sobre a multa de oficio porque não há previsão legal para a incidência de juros sobre a referida multa, pois resta evidente que o “débito decorrente de tributos e contribuições”' a que se refere à lei è composto apenas pelo valor do principal, isto é, do tributo vencido e não pago. Encerra requerendo: (i) seja reconhecida a extinção dos créditos tributários objeto de pagamento, com o beneficio da redução de 50% da multa de oficio, já que a quitação em questão ocorreu no prazo de 30 dias contados a partir da ciência do auto de infração, nos termos do Fl. 2973DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.974 10 artigo 44. parágrafo 3°, da Lei nº 9.430/96 e do artigo 6°, inciso I da Lei n° 8.218/91, ressaltandose que a concordância e o pagamento realizado pela Impugnante abrangem apenas a multa de oficio no percentual de 75% (que reduzida perfaz o percentual de 37,5%), uma vez que o agravamento da referida multa está sendo objeto de questionamento na presente defesa; (ii) no mérito, seja reconhecida a total improcedência do lançamento por não haver que se falar em creditamento indevido de IPI uma vez. que: (a) restou inequivocamente demonstrado que a Impugnante assumiu o ônus financeiro decorrente da aplicação equivocada de alíquota a maior do IPI nas vendas do veículo TIIDA, não tendo havido essa transferência aos seus adquirentes, em conformidade com o artigo 166, do Código Tributário Nacional e com a jurisprudência do STJ e do CARF sobre a matéria; e (b) a Impugnante atende a todos os requisitos materiais para fazer jus ao crédito presumido de IPI previsto na MP nº 2.15835/2001: (iii) subsidiariamente, caso se admita, apenas para fins de argumentação, a possibilidade de manutenção do lançamento ora impugnado, seja reconhecida a impossibilidade de aplicação da multa de oficio agravada no percentual de 112,5%, sendo necessária a sua redução para o percentual de 75%, conforme jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF; e (iv) ainda sucessivamente, seja reconhecida a impossibilidade de exigência de juros de mora sobre a multa de oficio aplicada. Ao analisar a Impugnação, a 3ª Turma da DRJ/POA exarou o Acórdão 10 55.383, de 26 de junho de 2015, que, por unanimidade de votos, julgoua procedente em parte, afastando a majoração da multa, retornandoa a seu patamar regular de 75%, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2010 a 30/04/2010, 01/03/2011 a 31/10/2011 CRÉDITO DECORRENTE DE DIFERENÇA DE ALÍQUOTA. Deve estar plenamente demonstrado nos autos que a alíquota foi utilizada incorretamente e comprovado de que o contribuinte assumiu o ônus financeiro, ou seja, de que o mesmo não foi repassado aos adquirentes. REGIME ESPECIAL. CRÉDITO PRESUMIDO. FRETES. A adesão ao regime especial dáse por opção do estabelecimento industrial a ser exercida, anualmente, mediante apresentação, à Delegacia da Receita Federal (DRF) ou à Inspetoria da Receita Federal de Classe A (IRFA) de sua jurisdição, do Termo de Adesão. A ausência do mesmo implica em descumprimento de condição para fruição do benefício. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2010 a 30/04/2010 MAJORAÇÃO DA MULTA. ENQUADRAMENTO LEGAL. As multas e sua respectiva majoração, nos casos de lançamento de ofício do IPI tem sua fundamentação própria cuja não observância impõe sua exoneração. Fl. 2974DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.975 11 Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Irresignado o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, fls. 1203/1245, que, além de reprisar os argumentos apresentados em sede de Impugnação, acrescentou o seguinte, em síntese: · O Colegiado de Primeiro Grau incorreu em Inovação do lançamento ao fundamentar a manutenção da glosa dos créditos de IPI nas vendas do veículo TIIDA nos argumentos de que a Recorrente não teria comprovado (i) por meio de memória de cálculo, com detalhes das notas fiscais, a composição dos valores do crédito, no montante de R$ 5.055.469,00 e (ii) que assumiu o encargo financeiro do tributo pago a maior, violando assim ao artigo 146 do CTN. · Em relação ao item (i) acima, não obstante a inovação, a Recorrente informa que promoveu a composição detalhada dos valores em questão, com a respectiva relação das notas fiscais que comprovam o valor do referido crédito. · Em relação ao item (ii), sustenta que os diversos documentos apresentados pela Recorrente ao longo de sua impugnação, demonstram que ela efetivamente suportou o ônus financeiro em questão. · Em relação ao crédito presumido de IPI previsto na MP nº 2.15835/2001, cuja glosa foi mantida sob o argumento de ausência do Termo de Adesão para o ano calendário de 2010, sustenta que o eventual descumprimento de uma obrigação acessória não altera o fato de que foram cumpridos todos os requisitos materiais previstos na legislação para o aproveitamento do referido crédito. · Alega que, embora correta a premissa do Acórdão recorrido quanto ao erro no enquadramento legal da multa de ofício e de sua majoração, a decisão incorreu em erro por cancelar apenas o agravamento da multa, quando o correto seria cancelar a multa em sua totalidade, isso porque, se a própria decisão de primeira instância concluiu que a multa de ofício majorada não tem base legal ela deveria ter sido cancelada por falta de subsunção. · Por fim, sustenta que, em sendo procedente o lançamento, não poderia haver incidência dos juros moratórios sobre a multa de ofício aplicada, conforme já decidido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais do Carf. Consta ainda interposição de Recurso de Ofício em face do valor exonerado situarse acima do valor de alçada. Na forma regimental, foime distribuído o presente feito para relatar e pautar. É o relatório, em sua essência. Fl. 2975DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.976 12 Voto Vencido Conselheiro José Henrique Mauri Relator Os Recursos de Ofício e Voluntário são tempestivos e preenchem os demais requisitos para admissibilidade. Deles tomo conhecimento. Conforme relatado, tratase de Auto de Infração de fls. 784 a 786, e anexos, lavrado para formalizar a exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados, acrescido de juros de mora e multa de ofício, esta última majorada para 112,5 %. São matérias submetidas ao crivo do colegiado de segunda instância: 1. Em sede de Recurso de Ofício: 1.1 Redução da multa de ofício de 112,5% para o percentual de 75%. 2. Em sede de Recurso Voluntário: 2.1 Dos créditos decorrentes da aplicação de alíquotas a maior do IPI nas vendas do veículo TIIDA. 2.2 Do Crédito Presumido de IPI da MP nº 2.15835/2001. 2.3 Da Multa de Ofício Agravada. 2.4 Da Impossibilidade de Exigência de Juros de Mora sobre a Multa de Ofício. Quanto as demais infrações apuradas pela fiscalização, foram reconhecidas e liquidadas pela autuada. Portanto, inexiste controvérsia nessa parte da autuação. 1 Do Recurso de Ofício. 1.1 REDUÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO DE 112,5% PARA O PERCENTUAL DE 75%. Conforme relatado, para as infrações relativas aos créditos glosados, fatos geradores ocorridos entre 1/1/2010 e 30/4/2010, a fiscalização aplicou multa de ofício de 75%, nos termos do art. 44, Inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996, sendo agravada pela metade, para 112,5%, nos termos do Inciso I, § 2º, do mesmo dispositivo legal. O agravamento da multa deuse em face de que o contribuinte, segundo o Auditor Fiscal, "deixou de atender ao Termo de Intimação nº 03, e quanto Fl. 2976DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.977 13 às reintimações do Termo nº 04 atendeu em parte, de forma indevida (deveria juntar os documentos através do Dossiê de Procedimento) e fora de prazo". O julgador de primeira instância, ao apreciar a impugnação do lançamento, entendeu que "o dispositivo que serviu de lastro à imposição da multa majorada (art. 44, inciso I, § 2º, da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488/07) diz respeito aos demais impostos e contribuições administrados pela RFB, sendo que o lançamento de ofício pela falta de lançamento ou recolhimento do IPI tem seu regramento próprio na Lei nº 4.502, de 1964, com a redação dada pelo art. 13 da Lei nº 11.488/07". Assim, decidiu o julgador a quo em reduzir a multa de ofício de 112,5% para o percentual de 75%, e, por conseqüência, foi interposto o regular Recurso de Ofício. Vislumbrase, desde já, que a decisão recorrida, nesse pormenor, não deve prosperar. Conforme visto, o agravamento da multa de ofício deuse quanto as infrações relativas aos créditos glosados, fatos geradores de 2010, nos termos do art. 44, Inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Faz relevante trazer à luz o fato de que a autuação também contemplou, originariamente, infrações que caracterizam o não lançamento do imposto na nota fiscal, Fatos Geradores ocorridos entre 1/3/2011 e 31/10/2011, onde a fiscalização aplicou multa de ofício de 75%, nos termos do art. 80, Caput, Lei nº 4.502, de 1964, sem agravamento. Referida infração não foi trazida à lide, em sede de Recurso Voluntário, isso porque reconhecida e liquidada pela Recorrnete, ainda na fase de impugnação. Portanto, vêse que o Auditor Fiscal aplicou os dois dispositivos legais que cuidam de multa de ofício: (i) Lei nº 9.430/96, artigo 44, Inciso I, para as infrações referentes à glosa de créditos, agravandoa com base no Inciso I, § 2º; e (ii) Lei nº 4.502/1964, artigo 80, às infrações que caracterizam o não lançamento do imposto na nota fiscal. Vejamos o teor da norma, no que nos interessa: Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964 Art. 80. A falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto sobre produtos industrializados na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto lançado sujeitará o contribuinte à multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido. § 1o No mesmo percentual de multa incorrem: [...] V os que indevidamente destacarem o imposto na nota fiscal, ou o lançarem a maior. Fl. 2977DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.978 14 [...] § 6º O percentual de multa a que se refere o caput deste artigo, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis, será: I aumentado de metade, ocorrendo apenas uma circunstância agravante, exceto a reincidência específica; II duplicado, ocorrendo reincidência específica ou mais de uma circunstância agravante e nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 desta Lei. § 7o Os percentuais de multa a que se referem o caput e o § 6o deste artigo serão aumentados de metade nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para prestar esclarecimentos. [...] Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996 “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; [...] § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I prestar esclarecimentos; II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. ................................................. ” (NR) Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010, que Regulamenta a cobrança, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Seção II Das Multas Fl. 2978DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.979 15 Lançamento de Ofício Art. 569. A falta de destaque do valor, total ou parcial, do imposto na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto destacado sujeitará o contribuinte à multa de ofício de setenta e cinco por cento do valor do imposto que deixou de ser destacado ou recolhido (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, e Lei no 11.488, de 2007, art. 13). § 1o No mesmo percentual de multa incorrem (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 1º, e Lei nº 11.488, de 2007, art. 13): [...] IV os que destacarem indevidamente o imposto na nota fiscal, ou o destacarem com excesso sobre o valor resultante do seu cálculo (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 1º, inciso V). Depreendese, do contexto normativo transcrito, que o disposto na Lei nº 4.502, de 1964, artigo 80, regulamentado pelo Decreto 7.212, de 2010 (RIPI), artigo 569, diz respeito a falta de lançamento do IPI (falta de destaque na nota fiscal) por parte do contribuinte, ou, se lançado, não tenha sido recolhido. Conquanto do disposto na Lei nº 9.430/96, artigo 44, aplicase genericamente à Lançamento de Ofício, especificamente às exigências de IPI quando o respectivo fato gerador não for alcançados pelo indigitado artigo 80. É o caso de crédito do imposto, em face da não cumulatividade, que, em sendo glosado pela fiscalização, ensejará a aplicação do disposto na Lei 9430/96, art. 44, posto que, na espécie, não se verifica viável a aplicação da lei específica do IPI, Lei nº 4.502/64, por inexistir previsão, tampouco possibilidade, desse lançamento ser executado pelo contribuinte, via destaque na nota fiscal. Essa foi a razão pela qual a fiscalização, diligentemente, aplicou de forma segregada, às infrações relativas à glosa de créditos, o disposto na Lei nº 9.430/96, artigo 44 e, àquelas que caracterizam o não lançamento do imposto na nota fiscal, o disposto na Lei nº 4.502/1964, artigo 80. Ademais, a prevalecer o entendimento do colegiado a quo, no sentido de existir erro na determinação no enquadramento legal, relativamente ao o agravamento da multa, terseia que cancelar integralmente a multa, na forma requerida pelo contribuinte em seu Recurso Voluntário, a ser oportunamente apreciado. Isso porque o agravamento da multa não existe por si só, é conseqüência da existência da própria multa. Não é crível atribuir enquadramentos distintos entre a multa e o correspondente agravamento. Assim, no caso concreto vislumbro inexistir erro na autuação, conquanto consubstanciada em adequado respaldo legal, conforme suso explicitado. Fl. 2979DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.980 16 Com essas considerações, voto por Dar Provimento ao Recurso de Ofício para restabelecer o agravamento da multa aplicada, nos termos do artigo 44, inciso I e § 2º, da Lei nº 9.430/96. 2 Do Recurso Voluntário São matérias a serem apreciadas em sede de Recurso Voluntário: 2.1 Dos créditos decorrentes da aplicação de alíquotas a maior do IPI nas vendas do veículo TIIDA. Do Encargo Financeiro do IPI Pago a Maior. Da Composição dos Valores do Crédito: Inovação. 2.2 Do Crédito Presumido de IPI da MP nº 2.15835/2001. 2.3 Da Multa de Ofício Agravada. Do Enquadramento Legal Incorreto: Necessidade de Cancelamento Integral da Multa de Ofício. Do Agravamento: Inexistência de Embaraço e do Correto atendimento à Fiscalização. 2.4 Da Impossibilidade de Exigência de Juros de Mora sobre a Multa de Ofício. 2.1 DOS CRÉDITOS DECORRENTES DA APLICAÇÃO DE ALÍQUOTAS A MAIOR DO IPI NAS VENDAS DO VEÍCULO TIIDA. Tratamse de créditos glosados pela fiscalização, decorrentes de pagamento a maior por erro na aplicação de alíquota do IPI incidente nas vendas dos veículos modelo TIIDA. Alega a recorrente que aplicou a alíquota de 13%, entretanto teria direito a redução da alíquota para 7,5%. A exigência fiscal está fundada no fato da recorrente, ainda que intimada, não ter demonstrado por meio de memória de cálculo, com detalhes das notas fiscais, a composição dos valores do crédito, no montante de R$ 5.055.469,00, referente ao PA abril de 2010 (item 1.2 do Relatório Fiscal, fls. 772/774) e, também, não ter comprovado que suportou o encargo financeiro relativo às operações. 2.1.1 Do Encargo Financeiro do IPI Pago a Maior. A fiscalização alicerça a autuação, nesse pormenor, no fato de que, intimada, a empresa não comprovou ter assumido o ônus financeiro do IPI pago a maior, nos termos da Lei 5.172/66 (CTN), art. 166 e IN RFB 900/2008: IN RFB 900/2008: Fl. 2980DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.981 17 Art. 6 º A restituição de quantia recolhida a título de tributo administrado pela RFB que comporte, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente poderá ser efetuada a quem prove haver assumido referido encargo, ou, no caso de têlo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebêla. Lei 5.172/66 – CTN: Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de têlo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebêla. Sustenta a recorrente que os diversos documentos ao longo de sua impugnação, demonstram que ela efetivamente suportou o ônus financeiro em questão. Quando do procedimento fiscal a recorrente foi intimada por meio do Termo de intimação nº 04 a comprovar que assumiu o encargo financeiro do IPI relativo a estas operações à época dos fatos. nos seguintes termos: “3.Com relação à informação prestada sobre as diferenças de alíquota do veículo TIIDA nos meses de Jan a Março/2010 que geraram uma diferença de crédito a favor da empresa em Abril/2010 de R$ 5.055.469,00 além das solicitações do Termo de Intimação nº 03, fica a empresa INTIMADA a comprovar que assumiu o encargo financeiro do IPI relativo a estas operações à época dos fatos. Informar se houve a devolução ao adquirente do IPI cobrado a maior e se foram feitas notas de correção para as notas fiscais. Comprovar com documentos hábeis e idôneos.” Do Relatório Fiscal extraímos: O contribuinte foi intimado a apresentar a Memória de Cálculo onde constam detalhes de todas as notas que compõem o total de R$ 5.055.469,00 que a empresa alega ter direito a creditarse referente às saídas do veículo Tiida com alíquota maior que a devida no período de janeiro a março de 2010. Também foi intimada (Termo nº 04) a comprovar que assumiu o encargo financeiro do IPI relativo a estas operações. Não atendeu a estas intimações. Vêse que, a recorrente não se desincumbiu de demonstrar à fiscalização que ficou com o ônus do tributo que teria retido a maior de seus clientes, nos termos da legislação de regência. Considerando a ausência de provas substanciais, assim se posicionou o julgador a quo: A impugnação remete a contratos da interessada com as concessionárias, tabelas de preços e apenas uma nota fiscal de venda do veículo TIIDA, de cujo exame não resta patente que houve o lançamento a maior ou que suportou o referido ônus. Fl. 2981DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.982 18 À mingua de elementos efetivamente probatórios, que, digase, já poderiam ter sido já produzidos no curso da ação fiscal, a sustentar os créditos pretendidos, é de ser mantida a glosa. A teor das disposições do CTN, art. 166, a restituição de IPI pago a maior somente pode ser reconhecida àquele que efetivamente suportar o ônus ou, se for o caso, estar autorizado por aquele que o suportou. No caso concreto temos que a recorrente promoveu a venda de veículos a seus clientes fazendo incidir sobre os mesmos a alíquota de 13%, ex vi das respectivas Notas Fiscais de vendas. assim, é fato que a diferença do imposto pago a maior, de 13 para 7,5%, foi suportada pelos adquirentes das mercadorias. Restaria então à Recorrente a comprovação de que referida diferença paga a maior fora devolvida à quem de direito ou, alternativamente, obter a devida autorização daqueles, o que não se observa nos autos. Essa é a regra ditada pela norma positivada vigente. Não obstante, em sede recursal, a Recorrente alega inserirse numa lógica de formação de preços da indústria automobilística que utiliza um tabelamento de preços dos veículos que comercializa, considerando para essa formação os seus custos de produção e, inclusive, os impostos incidentes. Aduz que: Apresenta alguns contratos celebrados com as concessionárias revendedoras que prevê que a Recorrente procederá a fixação do preço de venda dos veículos à Rede por meio de "Tabela de Preços de Vendas de Veículos". De fato, a Recorrente utiliza tabela de preços para seus veículos, a serem observadas por seus revendedores, em todo o território nacional. Fato que poderia, excepcionalmente, caracterizar a assunção do ônus dos tributos, ainda que indiretamente. Todavia, não vislumbro tal possibilidade no caso concreto em apreço. Do contexto da peça recursal depreendese que a Recorrente parte da premissa de que a formação de preços constantes de seu tabelamento tenha considerado a alíquota de IPI reduzida de 7,5%. Porém, não se identificam nos autos elementos que confirmem tal premissa. Tampouco cuidou a Recorrente de demonstrá la. Fl. 2982DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.983 19 Sustenta a recorrente que, independentemente da alíquota vigente, o preço tabelado é aplicado conforme a tabela vigente no momento da venda. Procura demonstrar que, diante do tabelamento dos preços, a utilização de diferentes alíquotas de IPI, dentro de um mesmo preço final, não importa em alteração do encargo financeiro assumido pelo adquirente da mercadoria, mas apenas na redução da margem de lucro da Recorrente. Entendo em sentido diametralmente oposto. Do tabelamento de preço podese emergir um aumento da margem de lucro da empresa, na mesma proporção em que se reduz o tributo, a depender da política utilizada pela própria empresa na composição dos preços de seus produtos. Ademais, referida tabela é de autoria da própria Recorrente, desvinculada de quaisquer controles governamentais, podendo ser, como de fato foi, alterada a qualquer momento, no tempo ou espaço, a bel prazer da Recorrente. Situação diametralmente oposta àquela tratada pelo STJ, AgRg 1020121/SP 2008/00349104, trazida aos autos pela Recorrente. Naquela Ação Judicial tratouse de preço controlado pelo Governo Federal, situação em que, de fato, nas mercadorias sujeitas a tabelamento, incluemse nos custos os tributos pagos, préeliminando a transferência desse ônus ao preço cobrado do consumidor final. Portanto, aquela decisão não guarda qualquer relação com o presente processo, por obvio. Assim, para fins de restituição, a comprovação de assunção do ônus financeiro de tributo pago a maior, nos termos do art. 166 do Código Tributário Nacional, por meio de tabelamento de preços somente pode ser admitido quando for gerido por ente público, demonstrado que o tributo é componente para a formação do preço tabelado. Ainda, no desejo de validar a tese por ela defendida, a Recorrente anexou aos autos laudo elaborado pela empresa de consultoria KPMG, fls. 1266/1312. Da leitura do referido Laudo, focado no esboço proposto, vêse que as conclusões do mesmo não contradiz ou, ao menos, não afeta a autuação. Isso porque concluiuse essencialmente que (i) efetivamente ocorreram emissões de Notas Fiscais no período autuado com aplicação de alíquota de 13% para o IPI, conquanto a empresa faria juz à redução para 7,5%, (ii) as operações foram regularmente registradas na escrita fiscal, (iii) a diferença de IPI paga a maior, com base na escrita fiscal, coincide com o valor autuado. Essas conclusões convergem com os fatos apurados nos autos, não fazem parte de questionamentos por parte da fiscalização. A lide se resume quanto ao direito de ser restituído em face da não comprovação da assunção do ônus do imposto pago a maior, bem assim quanto à comprovação fática dos créditos alegados. Em que pese o esforço argumentativo, consubstanciado pelo referido Laudo, inclusive quanto à demonstração do preço médio praticado à época, não vislumbro no caso concreto que o tabelamento de preço praticado tenha força probante do não repasse do ônus do imposto aos adquirentes dos veículos modelo TIIDA. Fl. 2983DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.984 20 Por concluso, entendo que inexiste nos autos comprovação da assunção do encargo financeiro do IPI pago a maior, nos termos disposto no artigo 166 do CTN. 2.1.2 Da Composição dos Valores do Crédito. Inovação Alega a recorrente que o Colegiado de Primeiro Grau incorreu em Inovação do lançamento ao fundamentar a manutenção da glosa dos créditos de IPI nas vendas do veículo TIIDA nos argumentos de que a Recorrente não teria comprovado, por meio de memória de cálculo, com detalhes das notas fiscais, a composição dos valores do crédito, no montante de R$ 5.055.469,00. Aduz que, não obstante a alegada inovação, promoveu a composição detalhada dos valores em questão, com a respectiva relação das notas fiscais que comprovam o valor do referido crédito. Não assiste razão a recorrente, tanto quanto a alegada inovação alegada quanto ao mérito. Vejamos. Conforme consta do Relatório Fiscal, fl. 774, a recorrente foi intimada a apresentar memória de cálculo: O contribuinte foi intimado a apresentar a Memória de Cálculo onde constam detalhes de todas as notas que compõem o total de R$ 5.055.469,00 que a empresa alega ter direito a creditarse referente às saídas do veículo Tiida com alíquota maior que a devida no período de janeiro a março de 2010. Também foi intimada (Termo nº 04) a comprovar que assumiu o encargo financeiro do IPI relativo a estas operações. Não atendeu a estas intimações Eis o teor do Termo de Intimação nº 03, nesse pormenor: “3.Com relação à informação prestada sobre as diferenças de alíquota do veículo TIIDA nos meses de Jan a Março/2010 que geraram uma diferença de crédito a favor da empresa em Abril/2010 de R$ 5.055.469,00 apresentar arquivo magnético (excel) com Memória de Cálculo onde constem detalhes de todas as notas que compõem o total conforme modelo abaixo:” De singular leitura do teor da intimação suso transcrita vislumbrase que, desde a origem do procedimento fiscal, a denominada "memória de cálculo" foi alvo de desejo da fiscalização, embora não fornecida, à época, pela recorrente. Portanto, não assiste razão a recorrente quanto a pretensa inovação trazida pelo Acórdão recorrido. Portanto, a memória de cálculo aqui tratada nasceu por demanda da fiscalização, ainda no início da ação fiscal. À época elemento subsidiário à fiscalização. Por certo que a confirmação de efetiva existência dos créditos utilizados pela recorrente é condição para o seu reconhecimento, pela fiscalização. Fl. 2984DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.985 21 Essa foi, por óbvio, a razão da intimação fiscal para que a recorrente, à época do procedimento fiscal, apresentasse a memória de cálculo, não atendida pela recorrente. Nessa oportunidade, em sede de Recurso Voluntário, a recorrente apresenta Notas Fiscais de fls 1313/2951(DOC. 04), no intuito de demonstrar, parcialmente, os créditos aproveitados, requerendo subsidiariamente a realização de diligência em relação a tais documentos: Referidos documentos, segundo aduz a recorrente, comprovariam parcialmente o crédito pretendido, posto que não logrou êxito na localização da totalidade das Notas Fiscais que teriam acobertadas os créditos por ela utilizados. Ora, não parece crível que a recorrente, empresa notoriamente de grande porte, não mantenha controle de documentos fiscais inerentes às suas operações, mormente trataremse de documentos que respaldam controle de crédito não cumulativo de IPI. Outrossim, não vejo motivação adequada para submeter os referidos documentos, ora apresentados, à análise fiscal, pois, além de intempestivos, são irrelevantes para a solução da contenda, nesse momento. Isso porque, ainda que confirmados os créditos apresentados, não vejo como confirmar o direito ao aproveitamento dos mesmos sem que se supere a outra demanda da fiscalização, cerne da glosa: a comprovação por parte da recorrente de que assumiu o ônus financeiro do pagamento a maior, matéria tratada em tópico precedente que, segundo entendo, não restou comprovado. Ante o exposto, entendo inexistir inovação no Acórdão recorrido, bem assim desnecessária a apreciação dos novos documentos apresentados em sede de Recurso Voluntário. Fl. 2985DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.986 22 2.2 DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI DA MP Nº 2.15835/2001. Tratase de Regime Especial para apuração de crédito presumido IPI de 3% do valor do imposto destacado na nota fiscal, vinculado aos serviços de transporte, nos termos do art. 56 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001. A exigência fiscal deuse pela glosa de crédito presumido no montante de R$ 769.752,26, referente aos PA de janeiro a abril de 2010. (item 1.3 do Relatório Fiscal, fls. 775/778), fundamentandose na falta de comprovação, por parte da empresa, do direito ao Regime Especial, em face da não apresentação do Termo de Adesão exigido pelo IN SRF 91/2001, art. 2º. Assim dispõe o referido art. 56: Art. 56. Fica instituído regime especial de apuração do IPI, relativamente à parcela do frete cobrado pela prestação do serviço de transporte dos produtos classificados nos códigos 8433.53.00, 8433.59.1, 8701.10.00, 8701.30.00, 8701.90.00, 8702.10.00 Ex 01, 8702.90.90 Ex 01, 8703, 8704.2, 8704.3 e 87.06.00.20, da TIPI, nos termos e condições a serem estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O regime especial: I consistirá de crédito presumido do IPI em montante equivalente a três por cento do valor do imposto destacado na nota fiscal; II será concedido mediante opção e sob condição de que os serviços de transporte, cumulativamente: a) sejam executados ou contratados exclusivamente por estabelecimento industrial; b) sejam cobrados juntamente com o preço dos produtos referidos no caput deste artigo, nas operações de saída do estabelecimento industrial; c) compreendam a totalidade do trajeto, no País, desde o estabelecimento industrial até o local de entrega do produto ao adquirente. A Instrução Normativa SRF nº 91, de 21 de Novembro de 2001, com base no art. 56 da MP 2.15835/01 dispõe: Art. 1º O regime especial de apuração do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, instituído nos termos do art. 56 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, consiste no direito de o estabelecimento industrial, fabricante dos produtos classificados nos Códigos 8433.53.00, 8433.59.1, 8701.10.00, 8701.30.00, 8701.90.00, 8702.10.00 Ex01, 8702.90.90 Ex01, 8703, 8704.2, 8704.3 e 8706.00.20 da Tabela de Incidência do IPI – TIPI, aprovada pelo Decreto nº 3.777, de 23 de março de 2001, creditarse de três por cento do valor do imposto devido em cada operação. [...] Fl. 2986DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.987 23 Art. 2º A adesão ao regime especial darseá por opção do estabelecimento industrial e será exercida mediante apresentação, à Delegacia da Receita Federal (DRF) ou à Inspetoria da Receita Federal de Classe A (IRFA) de sua jurisdição, do Termo de Adesão, conforme modelo constante do Anexo Único a esta Instrução Normativa. § 1º A opção será renovada anualmente e aplicase a todas as operações de saída, relativas aos produtos relacionados no art. 1º, realizadas durante o anocalendário subsequente ao do exercício da opção; § 2º As operações referidas no §1º serão, obrigatoriamente, conduzidas com cláusula C & F; § 3º O descumprimento das condições do regime especial obriga o contribuinte à restituição do benefício usufruído durante o ano calendário, caracterizandose como falta de recolhimento do imposto sobre produtos industrializados; A empresa autuada foi intimada através do Termo de Intimação nº 03 a apresentar o referido Termo de Adesão: 4. Com relação ao Regime Especial disposto na MP 215835 de 2001, art. 56, e IN SRF 91/2001, apresentar cópia do Termo de Adesão válido para o ano calendário de 2010, apresentado à Receita Federal nos termos do art. 2º da IN. Sustenta a recorrente que a não localização do Termo de Adesão não tem o condão de afastar o aproveitamento dos referidos créditos, tendo em vista que o eventual descumprimento de uma obrigação acessória não altera o fato de que foram cumpridos todos os requisitos materiais previstos na legislação. Não assiste razão a recorrente. diversamente do que alega, não foram cumpridos todos os requisitos legais. Eis que a MP 215835 de 2001, art. 56, instituidora do Regime Especial, estabeleceu que o benefício será concedido "mediante opção" e "nos termos e condições" a serem estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. Art. 56. Fica instituído regime especial de apuração do IPI, relativamente à parcela do frete cobrado pela prestação do serviço de transporte dos produtos classificados [...], nos termos e condições a serem estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O regime especial: [...]; II será concedido mediante opção e sob condição de que os serviços de transporte, cumulativamente: Assim, a exigência do Termo de Adesão instituído pela RFB, por meio da IN RFB 91/2001, está em conformidade com o disposto na MP 215835 de 2001, art. 56, sendo sua apresentação condição para a usufruto do Regime Especial e, por conseguinte, condição para a regular obtenção do correspondente crédito presumido. Fl. 2987DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.988 24 Com essas considerações, não vislumbro reparo a ser feito no Acórdão recorrido, nesse pormenor. 2.3 DA MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. A Multa de Ofício aplicada pela fiscalização foi, originariamente, majorada para 112,5%, nos termos do art. 44, inciso I e § 2º, da Lei nº 9.430/96 com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488/07. Nesse pormenor, a Recorrente apresenta dois argumentos, a saber: · Do Enquadramento Legal Incorreto: Necessidade de Cancelamento Integral da Multa de Ofício. · Do Agravamento: Inexistência de Embaraço e do Correto atendimento à Fiscalização. 2.3.1 Do Enquadramento Legal Incorreto: Necessidade de Cancelamento Integral da Multa de Ofício. A decisão de primeira instância, ora recorrida, deliberou por afastar a majoração da multa de ofício por entender que "o dispositivo que serviu de lastro à imposição da multa majorada (art. 44, inciso I, § 2º, da Lei nº 9.430/96 com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488/07) diz respeito aos demais impostos e contribuições administrados pela RFB, sendo que o lançamento de ofício pela falta de lançamento ou recolhimento do IPI tem seu regramento próprio na Lei nº 4.502, de 1964, com a redação dada pelo art. 13 da Lei nº 11.488/07. Sustenta a recorrente que o equivocado enquadramento legal da multa de ofício aplicada, na forma decidida no Acórdão recorrido, atinge não apenas a sua majoração para o percentual de 112,5%, mas também a sua aplicação no próprio percentual regular de 75%, de modo que tal multa deve ser cancelada em sua integralidade. A presente matéria já foi objeto de apreciação em tópico precedente (1.1 Redução da multa de ofício de 112,5% para o percentual de 75%) em face de interposição de Recurso de Ofício. De fato, se fosse considerada válida a decisão do colegiado a quo, assistiria razão a Recorrente. Nessa tenda, manifesteime em tópico precedente (Recurso de Ofício), que ora reproduzo: Ademais, a prevalecer o entendimento do colegiado a quo, no sentido de existir erro na determinação no enquadramento legal, relativamente ao o agravamento da multa, terseia que cancelar integralmente a multa, na forma requerida pelo contribuinte em seu Recurso Voluntário, a ser oportunamente apreciado. Isso porque o agravamento da multa é Fl. 2988DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.989 25 conseqüência da existência da própria multa, não existe por si só. Não é crível atribuir enquadramentos distintos entre a multa e o correspondente agravamento. Entretanto, conforme já me manifestei anteriormente, sou pelo Provimento do Recurso de Ofício, no sentido de restabeler o agravamento da multa de ofício, ao menos no que tange à motivação aposta na interposição do recurso necessário (quanto aos questionamentos no Recurso Voluntário, será apreciado a seguir). Dessa forma resta prejudicada a presente questão. 2.3.2 Do Agravamento: Inexistência de Embaraço e do Correto atendimento à Fiscalização. Assim se manifestou a fiscalização em seu Relatório fiscal, fl. 779: DO AGRAVAMENTO DA MULTA Conforme relatado acima, em 15/09/2014 a empresa tomou ciência do Termo de Intimação nº 03. Visto que a empresa não tinha apresentado resposta, em 03/10/2014 foi encaminhado email para o contato da empresa que vinha prestando atendimento a esta fiscalização. Também foi tentado o contato através de telefone para os números fornecidos mas as ligações não foram atendidas. Em 07/11/2014 tentouse mais um contato com outra funcionária da empresa ao qual não obtivemos resposta. Em 11/11/2014 a empresa tomou ciência do Termo de Intimação nº 04. Prazo de resposta expirado em 17/11/2014. Depois de mais de setenta dias sem contato, em 19/11/2014 às 19:02 a empresa encaminhou email com alguns arquivos anexos. Consideramos que o contribuinte deixou de atender a Intimação 03, e quanto às reintimações do Termo nº 04 atendeu em parte, de forma indevida (deveria juntar os documentos através do Dossiê de Procedimento) e fora de prazo. Assim, fica sujeito à multa agravada conforme determinado no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I prestar esclarecimentos; [...] [Destaquei] Fl. 2989DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.990 26 Alega a Recorrente que apresentou extensa documentação que lhe foi solicitada e mostrouse solícita durante todo o procedimento de fiscalização, de modo que sua postura não ofereceu qualquer embaraço à fiscalização ou prejuízo ao lançamento realizado, que, inclusive, foi construído justamente com base nos documentos por ela apresentados. Alega ainda que o não atendimento ao Termo de Intimação nº 03, e ao Termo nº 04, no item de igual teor ao Termo precedente, deuse em razão de a Recorrente não ter conseguido localizálos em tempo hábil. Não assiste razão a Recorrente. É cristalino a omissão no atendimento à intimações da fiscalização. o Termo de Intimação nº 03 é exemplificativo, eis excertos que bem ilustram os fatos: Vêse que o prazo inicialmente concedido foi de cinco dias, contudo houve manifestação por parte da Recorrente, somente depois de passados mais de sessenta dias. Isso por si só já justifica a subsunção ao disposto no art. 44, I, § 2º, ensejando a majoração da multa pela metade. Pelo exposto, voto por Negar Provimento ao Recurso Voluntário no que tange ao cancelamento da multa de ofício, bem assim à exclusão de seu agravamento, mantendoa em seu patamar originariamente majorado para 112,5%. 2.4 DA IMPOSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. Alega a Recorrente que não há previsão legal para a incidência de juros sobre a Multa de Ofício. Em suas argumentações sustenta que o § 3º, do artigo 61, da Lei nº 9.430/96 diz respeito somente ao valor do principal, relativo à obrigação tributária não paga no vencimento. Já pacificado no Âmbito desse Conselho pelo cabimento de juros sobre a multa de ofício, nos termos do disposto no art. 113, c/c art. 161, ambos do Código Tributário Nacional (CTN). Isso porque, desse norma extraise que sobre o Fl. 2990DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.991 27 crédito tributário não pago no vencimento, inclusive a penalidade pecuniária, incidirá juros de mora. Assim dispõe o art. 113 do CTN: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. [...] Assim, no caso concreto, a obrigação tributária abrange o IPI e a multa de ofício. Sobre a incidência dos juros, assim dispõe o art. 161 do CTN: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. [...] Outrossim, é lícita a incidência de juros sobre a obrigação tributária, constituindose em tributo ou penalidade pecuniária, aplicandose à espécie a Súmula CARF nº 4: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Nesse mesmo sentido posicionouse o STJ no AgRg no REsp n° 1335688/PR (DJ de 10/12/2012): PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De Fl. 2991DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.992 28 igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. Acrescentese que no âmbito de Processo Adminsitrativo Fiscal, em sede recursal, não se julgam argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade da legislação. Tratase, na verdade, de entendimento há tempo consagrado no âmbito dos tribunais administrativos, já sumulada nesse conselho: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ademais, o Regimento Interno do Carf, art. 62, veda ao conselheiro afastar a aplicação de Lei ou Decreto, conforme tenta impingir o recorrente. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Com o exposto, sou pelo cabimento da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Dispositivo Com os fundamentos expostos voto por (i) Dar Provimento ao Recurso de Ofício para afastar o vício apontado pelo colegiado de primeira instância, restabelecendo o agravamento da multa aplicada, nos termos do artigo 44, inciso I e § 2º, da Lei nº 9.430/96. e (ii) Negar Provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. José Henrique Mauri Relator Fl. 2992DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.993 29 Voto Vencedor Conselheira Semíramis de Oliveira Duro Com o absoluto respeito ao brilhante voto do Relator, Conselheiro José Henrique Mauri, ouso divergir apenas quanto ao tópico” Do Agravamento: Inexistência de Embaraço e do Correto atendimento à Fiscalização”. Contra o contribuinte foi atribuída a acusação de que deixou de atender a Intimação 03, e quanto às reintimações do Termo nº 04 atendeu em parte, de forma indevida (deveria juntar os documentos através do Dossiê de Procedimento) e fora de prazo. Logo, a capitulação legal aplicada foi disposta no art. 44 da Lei nº 9.430/1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; § 2° Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I prestar esclarecimentos; Entretanto, entendo não ser devido o agravamento, uma vez que o contribuinte alimentou de informações o trabalho fiscal, por meio de documentos e de sua escrita fiscal, os quais permitiram a lavratura do Auto de Infração. Nesse sentido: Acórdão n° 3401002.084 MULTA AGRAVADA. ARQUIVOS DIGITAIS NÃO ENTREGUES. AÇÃO FISCAL CONCLUÍDA COM BASE EM INFORMAÇÕES DO CONTRIBUINTE. PREJUÍZO À FISCALIZAÇÃO NÃO DEMONSTRADO. INAPLICABILIDADE. A falta de atendimento a intimação para entrega de arquivos digitais não autoriza o agravamento da multa de ofício, quando a ação fiscal não restou impedida, a fiscalização demonstrou os prejuízos causados e o lançamento foi efetuado com base em informações fornecidas pelo contribuinte, o que exclui a majoração da penalidade, cujos percentuais retornam a 75%, nas infrações sem dolo, ou a 150%, nas dolosas. Fl. 2993DF CARF MF Processo nº 10980.723561/201451 Acórdão n.º 3301004.134 S3C3T1 Fl. 2.994 30 Assim, para a imputação da penalidade agravada é necessário que o contribuinte ao não responder às intimações da autoridade fiscal no prazo por esta assinalado o faça de forma intencional e que acarrete prejuízo ao procedimento fiscal, obstaculizando a lavratura do auto de infração, o que não ocorreu no presente caso. Por essa razão, deve ser afastado o agravamento, por ausência dos seus pressupostos de aplicação. Por todo o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reduzir a multa de ofício para 75%. (ASSINADO DIGITALMENTE) Semíramis de Oliveira Duro Fl. 2994DF CARF MF
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Numero do processo: 10640.003811/2010-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2006
SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE DADOS PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. ACESSO E UTILIZAÇÃO PELA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA. CARÁTER CONFISCATÓRIO DA MULTA DE OFÍCIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
Este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é incompetente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária, que: (i) autorize o acesso a dados da movimentação bancária do contribuinte obtidos junto a instituição financeira sem prévia autorização do Poder Judiciário; e (ii) fixe a multa de ofício no patamar de 75% do imposto devido.
(Súmula Carf nº 2)
ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO FISCAL. MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA. COMPROVAÇÃO DAS OPERAÇÕES OU CAUSAS DOS CHEQUES NOMINADOS E/OU COMPENSADOS EMITIDOS PELA EMPRESA. COLOCAÇÃO À DISPOSIÇÃO DE DOCUMENTOS FISCAIS.
O ato de provar não equivale a mera colocação à disposição da fiscalização de uma massa de documentos, sem a mínima correlação de um a um com a movimentação bancária listada pela autoridade tributária. Cabe à pessoa jurídica o trabalho de demonstrar a conexão, com datas e valores, entre os cheques especificados pela fiscalização e os respectivos documentos fiscais e comprovantes de pagamentos que invoca como hábeis à comprovação do cumprimento das obrigações tributárias.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL. PEDIDO DE PRORROGAÇÃO DE PRAZO. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE FISCAL.
O avaliação da concessão da prorrogação de prazo inicial do termo de intimação comporta juízo de razoabilidade e necessidade pelo responsável pelo procedimento fiscal, em virtude da situação concreta vivenciada. A negativa do agente lançador não leva, por si só, à severa consequência da invalidade do auto de infração, quando evidenciado nos autos que foi facultado mais de uma oportunidade ao sujeito passivo, inclusive em diligência determinada pela autoridade julgadora, para apresentação de documentos e comprovação do seu direito no curso do contencioso administrativo.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. ACÓRDÃO RECORRIDO. FALTA DE CLAREZA NA PARTE MANTIDA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPROCEDÊNCIA.
É descabido cogitar o cerceamento do direito de defesa do impugnante quando o acórdão de primeira instância discrimina a relação de cheques, por data e valor, que acatou e não acatou como justificado o pagamento e identificado o seu beneficiário, indicando de forma clara que a parcela mantida do crédito tributário refere-se às hipóteses de falta de correlação entre cheque nominal/compensado e os respectivos documentos apresentados, ou para as quais simplesmente deixou-se de esclarecer as destinações dos valores dos cheques emitidos.
PROVA PERICIAL. PRESCINDIBILIDADE.
Indefere-se o pedido de perícia quando o julgador administrativo, após avaliar o caso concreto, considerá-la prescindível para o deslinde das questões controvertidas. Por sua vez, o exame pericial não é via que se destine a produzir provas de responsabilidade das partes, suprindo o encargo que lhes compete.
MULTA DE OFÍCIO. PERCENTUAL BÁSICO. AUSÊNCIA DE DOLO.
Nos lançamentos de ofício aplica-se a multa no seu percentual básico de setenta e cinco por cento sobre a totalidade do imposto devido, na ausência de circunstâncias que imponham a qualificação ou agravamento da penalidade.
RECURSO DE OFÍCIO. CONHECIMENTO. SÚMULA CARF Nº 103.
Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
(Súmula Carf nº 103).
Numero da decisão: 2401-005.092
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso de ofício. Por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente).
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2006 SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE DADOS PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. ACESSO E UTILIZAÇÃO PELA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA. CARÁTER CONFISCATÓRIO DA MULTA DE OFÍCIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é incompetente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária, que: (i) autorize o acesso a dados da movimentação bancária do contribuinte obtidos junto a instituição financeira sem prévia autorização do Poder Judiciário; e (ii) fixe a multa de ofício no patamar de 75% do imposto devido. (Súmula Carf nº 2) ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO FISCAL. MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA. COMPROVAÇÃO DAS OPERAÇÕES OU CAUSAS DOS CHEQUES NOMINADOS E/OU COMPENSADOS EMITIDOS PELA EMPRESA. COLOCAÇÃO À DISPOSIÇÃO DE DOCUMENTOS FISCAIS. O ato de provar não equivale a mera colocação à disposição da fiscalização de uma massa de documentos, sem a mínima correlação de um a um com a movimentação bancária listada pela autoridade tributária. Cabe à pessoa jurídica o trabalho de demonstrar a conexão, com datas e valores, entre os cheques especificados pela fiscalização e os respectivos documentos fiscais e comprovantes de pagamentos que invoca como hábeis à comprovação do cumprimento das obrigações tributárias. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL. PEDIDO DE PRORROGAÇÃO DE PRAZO. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE FISCAL. O avaliação da concessão da prorrogação de prazo inicial do termo de intimação comporta juízo de razoabilidade e necessidade pelo responsável pelo procedimento fiscal, em virtude da situação concreta vivenciada. A negativa do agente lançador não leva, por si só, à severa consequência da invalidade do auto de infração, quando evidenciado nos autos que foi facultado mais de uma oportunidade ao sujeito passivo, inclusive em diligência determinada pela autoridade julgadora, para apresentação de documentos e comprovação do seu direito no curso do contencioso administrativo. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. ACÓRDÃO RECORRIDO. FALTA DE CLAREZA NA PARTE MANTIDA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPROCEDÊNCIA. É descabido cogitar o cerceamento do direito de defesa do impugnante quando o acórdão de primeira instância discrimina a relação de cheques, por data e valor, que acatou e não acatou como justificado o pagamento e identificado o seu beneficiário, indicando de forma clara que a parcela mantida do crédito tributário refere-se às hipóteses de falta de correlação entre cheque nominal/compensado e os respectivos documentos apresentados, ou para as quais simplesmente deixou-se de esclarecer as destinações dos valores dos cheques emitidos. PROVA PERICIAL. PRESCINDIBILIDADE. Indefere-se o pedido de perícia quando o julgador administrativo, após avaliar o caso concreto, considerá-la prescindível para o deslinde das questões controvertidas. Por sua vez, o exame pericial não é via que se destine a produzir provas de responsabilidade das partes, suprindo o encargo que lhes compete. MULTA DE OFÍCIO. PERCENTUAL BÁSICO. AUSÊNCIA DE DOLO. Nos lançamentos de ofício aplica-se a multa no seu percentual básico de setenta e cinco por cento sobre a totalidade do imposto devido, na ausência de circunstâncias que imponham a qualificação ou agravamento da penalidade. RECURSO DE OFÍCIO. CONHECIMENTO. SÚMULA CARF Nº 103. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. (Súmula Carf nº 103).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso de ofício. Por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente).
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PAGAMENTOS SEM CAUSA Recorrentes FAZENDA NACIONAL CARVOARIA ARANTES E PEREIRA LTDA. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2006 SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE DADOS PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. ACESSO E UTILIZAÇÃO PELA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA. CARÁTER CONFISCATÓRIO DA MULTA DE OFÍCIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é incompetente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária, que: (i) autorize o acesso a dados da movimentação bancária do contribuinte obtidos junto a instituição financeira sem prévia autorização do Poder Judiciário; e (ii) fixe a multa de ofício no patamar de 75% do imposto devido. (Súmula Carf nº 2) ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO FISCAL. MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA. COMPROVAÇÃO DAS OPERAÇÕES OU CAUSAS DOS CHEQUES NOMINADOS E/OU COMPENSADOS EMITIDOS PELA EMPRESA. COLOCAÇÃO À DISPOSIÇÃO DE DOCUMENTOS FISCAIS. O ato de provar não equivale a mera colocação à disposição da fiscalização de uma massa de documentos, sem a mínima correlação de um a um com a movimentação bancária listada pela autoridade tributária. Cabe à pessoa jurídica o trabalho de demonstrar a conexão, com datas e valores, entre os cheques especificados pela fiscalização e os respectivos documentos fiscais e comprovantes de pagamentos que invoca como hábeis à comprovação do cumprimento das obrigações tributárias. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL. PEDIDO DE PRORROGAÇÃO DE PRAZO. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE FISCAL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 00 38 11 /2 01 0- 61 Fl. 12114DF CARF MF Processo nº 10640.003811/201061 Acórdão n.º 2401005.092 S2C4T1 Fl. 12.115 2 O avaliação da concessão da prorrogação de prazo inicial do termo de intimação comporta juízo de razoabilidade e necessidade pelo responsável pelo procedimento fiscal, em virtude da situação concreta vivenciada. A negativa do agente lançador não leva, por si só, à severa consequência da invalidade do auto de infração, quando evidenciado nos autos que foi facultado mais de uma oportunidade ao sujeito passivo, inclusive em diligência determinada pela autoridade julgadora, para apresentação de documentos e comprovação do seu direito no curso do contencioso administrativo. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. ACÓRDÃO RECORRIDO. FALTA DE CLAREZA NA PARTE MANTIDA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPROCEDÊNCIA. É descabido cogitar o cerceamento do direito de defesa do impugnante quando o acórdão de primeira instância discrimina a relação de cheques, por data e valor, que acatou e não acatou como justificado o pagamento e identificado o seu beneficiário, indicando de forma clara que a parcela mantida do crédito tributário referese às hipóteses de falta de correlação entre cheque nominal/compensado e os respectivos documentos apresentados, ou para as quais simplesmente deixouse de esclarecer as destinações dos valores dos cheques emitidos. PROVA PERICIAL. PRESCINDIBILIDADE. Indeferese o pedido de perícia quando o julgador administrativo, após avaliar o caso concreto, considerála prescindível para o deslinde das questões controvertidas. Por sua vez, o exame pericial não é via que se destine a produzir provas de responsabilidade das partes, suprindo o encargo que lhes compete. MULTA DE OFÍCIO. PERCENTUAL BÁSICO. AUSÊNCIA DE DOLO. Nos lançamentos de ofício aplicase a multa no seu percentual básico de setenta e cinco por cento sobre a totalidade do imposto devido, na ausência de circunstâncias que imponham a qualificação ou agravamento da penalidade. RECURSO DE OFÍCIO. CONHECIMENTO. SÚMULA CARF Nº 103. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. (Súmula Carf nº 103). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 12115DF CARF MF Processo nº 10640.003811/201061 Acórdão n.º 2401005.092 S2C4T1 Fl. 12.116 3 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso de ofício. Por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário, rejeitar as preliminares e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente). Fl. 12116DF CARF MF Processo nº 10640.003811/201061 Acórdão n.º 2401005.092 S2C4T1 Fl. 12.117 4 Relatório Cuidase de recurso de ofício interposto pela Presidente da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (DRJ/JFA) e de recurso voluntário manejado pelo sujeito passivo, em face da decisão administrativa consubstanciada no Acórdão nº 0948.573, cujo dispositivo do julgado considerou procedente em parte a impugnação, mantendo parcialmente o crédito tributário lançado. Transcrevo a ementa desse Acórdão (fls. 11.982/11.992): ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006 CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. Não cabe ao julgador administrativo apreciar a matéria do ponto de vista constitucional. IRRF. PAGAMENTOS SEM CAUSA OU DE OPERAÇÃO NÃO COMPROVADA. Comprovada a causa do pagamento e identificado seu destinatário seu valor deve ser excluído da autuação. Impugnação Procedente em Parte 2. Extraise do Relatório Fiscal, acostado às fls. 3.538/3.543, que se exige o Imposto sobre a Renda incidente exclusivamente na fonte, à alíquota de 35% (trinta e cinco por cento), relativo a fatos geradores do anocalendário 2006, com juros de mora e multa de ofício proporcional, em decorrência de pagamentos efetuados pela pessoa jurídica a beneficiário não identificado e/ou quando não comprovada a sua causa. 2.1 Esclarece o agente fazendário que a empresa foi selecionada para fiscalização em virtude de identificação de movimentação financeira incompatível com as suas declarações fiscais, relativamente ao anocalendário 2006. Tendo em conta a elevada movimentação bancária e o volume de dados a serem analisados, além das intimações à empresa para apresentação de informações e/ou documentos, procedeuse também a requisição dos dados bancários às instituições financeiras Banco Bradesco S/A e Banco do Brasil S/A. 2.2 O Auto de Infração encontrase juntado às fls. 3.499/3.537, enquanto a relação de cheques nominais e/ou compensados, por data e valor, está acostada às fls. 3.544/3.550. 3. A ciência da autuação se deu em 28/12/2010, conforme fls. 3.677, tendo o sujeito passivo apresentado impugnação no prazo legal, em 27/01/2011 (fls. 3.685/3.699). Para fins de comprovação das suas alegações, juntou aos autos, em cópias, os documentos de fls. 3.781/9.883, entre outros, notas fiscais, recibos, boletos bancários, contratos, folhas de pagamento e cheques. Fl. 12117DF CARF MF Processo nº 10640.003811/201061 Acórdão n.º 2401005.092 S2C4T1 Fl. 12.118 5 4. Previamente a decisão de primeira instância, o julgamento foi convertido em diligência, para a elaboração de planilha pela empresa com o propósito de relacionar os cheques com os documentos fiscais e respectivos comprovantes de pagamentos anexados aos autos (fls. 9.885/9.886). 4.1 A diligência foi atendida pela empresa (fls. 9.893/9.896), com a juntada de documentos adicionais às fls. 9.897/11.968. 5. Com o retorno dos autos, o colegiado de primeira instância decidiu pela improcedência parcial do auto de infração, no que tange a valores que a empresa autuada, mediante documentos hábeis e idôneos trazidos na impugnação, justificou o pagamento e identificou o seu beneficiário. 5.1 Em razão do valor exonerado ultrapassar o limite de alçada de que trata o art. 1º da Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008, a autoridade competente de primeira instância interpôs o recurso de ofício. 6. A autuada foi cientificada da decisão de piso por via postal em 13/02/2014, conforme fls. 11.993/12.001 e 12.110, e protocolou recurso voluntário no dia 14/03/2014, com as seguintes razões de fato e de direito (fls. 12.003/12.031): (i) é nulo o lançamento fiscal, uma vez que houve requisição de informações sobre a sua movimentação financeira diretamente pela Administração Tributária às instituições bancárias nas quais mantinha aberta conta corrente, violando, assim, o sigilo bancário da recorrente, protegido pela Constituição da República de 1988; (ii) também é nulo o auto de infração pela desídia da autoridade fiscal na condução dos trabalhos investigativos, na medida em que não examinou, em nenhum momento, os documentos colocados à sua disposição por mais de três meses, os quais demonstram de forma clara e inequívoca a origem dos valores tributados como provenientes de "beneficiários não identificados", tampouco concedeu, na sequência, prorrogação de prazo para a apresentação de documentos comprobatórios, dada a complexidade da elaboração de planilhas e relatórios que atendessem à intimação. A conduta negligente do agente fiscal violou o direito de ampla defesa da recorrente. Primeiro, pela falta de análise dos documentos disponibilizados a ele. Em momento posterior, pelo indeferimento do pedido de prorrogação do prazo de vinte dias para que a recorrente realizasse o trabalho de análise do qual o fiscal se esquivou. Os fatos narrados conduzem à conclusão de que a atitude da autoridade fiscal mostrase inequivocamente contrária ao princípio da moralidade administrativa; Fl. 12118DF CARF MF Processo nº 10640.003811/201061 Acórdão n.º 2401005.092 S2C4T1 Fl. 12.119 6 (iii) a realização de perícia contábil nos documentos apresentados é imprescindível à defesa da recorrente, cujo indeferimento enseja a anulação da decisão de primeira instância; (iv) a decisão de piso acatou apenas uma parte dos comprovantes relacionados na impugnação, porém deixou de identificar quais deles foram rejeitados, tampouco o motivo de sua rejeição, situação que mais uma vez ofende o direito de ampla defesa da recorrente; e (v) na hipótese de superação das questões preliminares, a multa de ofício deverá ser cancelada ou reduzida, em razão do caráter confiscatório dos percentuais aplicados. É o relatório. Fl. 12119DF CARF MF Processo nº 10640.003811/201061 Acórdão n.º 2401005.092 S2C4T1 Fl. 12.120 7 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Recurso de Ofício 7. Formalizado na própria decisão, o recurso de ofício foi interposto pela autoridade de primeira instância em harmonia com as normas aplicáveis à matéria, dada que a decisão recorrida exonerou o sujeito passivo do pagamento de crédito tributário em valor superior ao limite estabelecido pela Portaria MF nº 3, de 2008. 8. Recentemente, no entanto, a Portaria MF nº 63, de 9 de fevereiro de 2017, publicada no Diário Oficial da União de 10/02/2017, estabeleceu novo limite para interposição de recurso de ofício pelas Turmas de Julgamento das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento. 8.1 Segundo o novel ato administrativo, o recurso de ofício deverá ocorrer sempre que a decisão de primeira instância exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). 9. Sobre a aplicação do limite de alçada no tempo, por tratarse de norma processual, consolidouse o entendimento no âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) da sua aplicação imediata aos processos em curso, em detrimento ao regramento vigente à época da interposição do recurso de ofício. Tal posição consta do enunciado da Súmula nº 103: Súmula CARF nº 103 : Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. 10. Compulsando os autos, verifico a seguinte configuração para o tributo lançado mais a multa de ofício proporcional, no percentual de 75% (setenta e cinco por cento): Crédito Tributário Valor Original (R$) (fls. 3.499) Valor Mantido (R$) (fls. 11.993/11.997) Valor Desonerado (R$) (fls. 11.998/12.000) Imposto 1.485.704,99 723.739,89 761.965,10 Multa Proporcional 1.114.278,36 571.473,94 542.804,42 Total 2.599.983,35 1.295.213,83 1.304.769,52 Fl. 12120DF CARF MF Processo nº 10640.003811/201061 Acórdão n.º 2401005.092 S2C4T1 Fl. 12.121 8 11. Desse modo, o valor desonerado pela decisão de piso, para fins de avaliação do juízo de admissibilidade do recurso de ofício, é inferior ao montante mínimo de R$ 2.500.000,00. 12. Logo, não conheço do recurso de ofício, por falta de previsão legal, tendo em conta o limite de alçada estabelecido na Portaria MF nº 63, de 2017. Recurso Voluntário a) Sigilo Bancário 13. Em sua peça recursal, a empresa autuada sustenta que a omissão de recolhimento do Imposto sobre a Renda na fonte, que fundamenta a lavratura do auto de infração, foi identificada pela autoridade fiscal a partir da análise de seus extratos bancários obtidos de maneira ilícita, repudiada pela Carta Política de 1988 e pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 13.1 A Corte Suprema já decidiu pela inconstitucionalidade da quebra do sigilo bancário sem autorização judicial, haja vista a ausência de conformação constitucional do ato de requisição de movimentação financeira com fundamento no art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001. 14. Pois bem. A Lei Complementar nº 105, de 2001, que dispõe sobre o sigilo das operações de instituições financeiras, autoriza a autoridade fiscal a requisitar informações ou dados acerca da movimentação financeira do contribuinte nas instituições financeiras, desde que instaurado previamente o procedimento de fiscalização e o exame dos documentos seja indispensável à instrução, preservado o caráter sigiloso da informação: Art. 1º As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (...) § 3º Não constitui violação do dever de sigilo: (..) VI – a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o e 9 desta Lei Complementar. (...) Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Fl. 12121DF CARF MF Processo nº 10640.003811/201061 Acórdão n.º 2401005.092 S2C4T1 Fl. 12.122 9 Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. (...) 15. Por sua vez, o Decreto nº 3.724, de 10 de janeiro de 2001, regulamentou o art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 2001, relativamente à requisição, acesso e uso, pela Receita Federal do Brasil, de informações referentes a operações e serviços das instituições financeiras, com preservação rigorosa do sigilo dos dados obtidos. 16. Uma vez respeitadas no procedimento fiscal as formalidades exigidas pela Lei Complementar nº 105, de 2001, na forma regulamentada pelo Decreto nº 3.724, de 2001, o que, ressalto, não é aspecto contestado pela recorrente, a requisição de dados bancários pelo Fisco, sem prévia intervenção judicial, está autorizada pela lei, observada a justificação pela autoridade administrativa da indispensabilidade do respectivo exame. 17. O afastamento da presunção de constitucionalidade de lei, aprovada pelo Poder Legislativo, demanda apreciação e decisão por parte do Poder Judiciário. 17.1 Escapa à competência dos órgãos julgadores administrativos a declaração de inconstitucionalidade de lei tributária, por violação ao sigilo bancário previsto na Constituição da República de 1988, em decorrência do repasse de dados e/ou informações à Administração Tributária pelas instituições financeiras, sem prévia autorização judicial. Argumentos desse jaez são inoponíveis na esfera administrativa. 18. Nesse sentido, não só o "caput" do art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, como também o enunciado da Súmula nº 2, deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, assim redigida: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 19. É verdade que o afastamento ou a não aplicação de lei no âmbito administrativo, sob fundamento de inconstitucionalidade, é medida possível na hipótese de que já tenha havido a sua declaração por decisão definitiva plenária do STF e obrigatória quando houver decisão definitiva em sede de julgamento realizado na sistemática da repercussão geral (art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015, e suas modificações). 20. Ocorre que, pouco tempo atrás, a matéria foi objeto de apreciação pelo STF, na sessão do dia 24/02/2016, por meio do Recurso Extraordinário (RE) nº 603.314/SP, de relatoria do Ministro Edson Fachin, julgado sob a sistemática da repercussão geral. 20.1 A Corte Suprema concluiu, em síntese, que a Secretaria da Receita Federal do Brasil, na sua atividade fiscalizatória, pode acessar dados bancários fornecidos diretamente pelas instituições financeiras sem necessidade de prévia ordem judicial, com base no art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 2001, não havendo, nessas hipóteses previstas em lei, ofensa ao direito ao sigilo bancário protegido pela Constituição da República de 1988. 20.2 Para melhor visualização do decidido pelo STF, reproduzo na sequência parte da ementa do RE nº 603.314/SP: Fl. 12122DF CARF MF Processo nº 10640.003811/201061 Acórdão n.º 2401005.092 S2C4T1 Fl. 12.123 10 (...) 4. Verificase que o Poder Legislativo não desbordou dos parâmetros constitucionais, ao exercer sua relativa liberdade de conformação da ordem jurídica, na medida em que estabeleceu requisitos objetivos para a requisição de informação pela Administração Tributária às instituições financeiras, assim como manteve o sigilo dos dados a respeito das transações financeiras do contribuinte, observandose um translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. 5. A alteração na ordem jurídica promovida pela Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, uma vez que aquela se encerra na atribuição de competência administrativa à Secretaria da Receita Federal, o que evidencia o caráter instrumental da norma em questão. Aplicase, portanto, o artigo 144, §1º, do Código Tributário Nacional. 6. Fixação de tese em relação ao item “a” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. 7. Fixação de tese em relação ao item “b” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”. 8. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (DESTAQUES DO ORIGINAL) 21. Portanto, não há razão para decretar a nulidade do auto de infração, em decorrência do ato de requisição de informações bancárias pela autoridade fiscal. b) Cerceamento do direito de defesa 22. Reclama a recorrente que, em pelo menos quatro ocasiões, houve violação ao seu direito de ampla defesa no curso do procedimento fiscal e contencioso administrativo, impondo a anulação do feito: (i) a autoridade fiscal deixou de efetuar análise dos documentos que foram disponibilizados pelo contribuinte, para fins atendimento do Termo de Intimação Fiscal nº 001; (ii) o agente fazendário, posteriormente, indeferiu o pedido de prorrogação do prazo para cumprir o Termo de Intimação Fiscal nº 002; Fl. 12123DF CARF MF Processo nº 10640.003811/201061 Acórdão n.º 2401005.092 S2C4T1 Fl. 12.124 11 (iii) na parte mantida do crédito tributário, a decisão de piso não identificou quais comprovantes foram rejeitados, tampouco o motivo da sua rejeição, inviabilizando a apresentação dos esclarecimentos necessários por parte da recorrente; e (iv) o acórdão recorrido indeferiu a produção de prova pericial, requerida formalmente em sua impugnação, o que impediu a demonstração da improcedência integral do lançamento de ofício. 23. Pois bem. O procedimento de auditoria fiscal levado a cabo no sujeito passivo foi autorizado pelo Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) nº 06104002009004795, cujo marco inaugural foi a expedição do Termo de Início de Ação Fiscal, datado de 05/04/2010, recebido pelo contribuinte no dia 20/04/2010, em que a fiscalização solicitou a apresentação de informações e documentos (fls. 3.552/3.554). 24. Em etapa subsequente, a autoridade fiscal emitiu o Termo de Intimação Fiscal (TIF) nº 001, de 08/09/2010, com solicitação de esclarecimentos específicos com respeito a lançamentos bancários (fls. 3.640/3.647). 25. Noticiase nos autos, no entanto, que a recorrente disponibilizou à autoridade tributária já em meados do mês de julho/2010, na Agência da Receita Federal do Brasil no Município de Ponte Nova, estado de Minas Gerais, duas caixas com inúmeros documentos fiscais, os quais, por motivo de contingenciamento de recursos públicos para descolamento do agente fazendário, lotado na cidade de Juiz de Fora, acabaram privados de um exame mais aprofundado pelo fiscal responsável pelas intimações (fls. 3.639). 25.1 Em 25/10/2010, toda a documentação foi devolvida à empresa (fls. 3.649) e, ato contínuo, foi expedido o TIF nº 002, de mesma data, em que houve a requisição de outros documentos e/ou esclarecimentos também relativos à movimentação bancária (fls. 3.650/3.656). 26. A primeira questão que deve ser esclarecida é a diferença entre os Termos de Intimação Fiscal nº 001 e 002, no tocante à natureza das informações e dos esclarecimentos solicitados. 26.1 O TIF nº 001, de 08/09/2010, demandou a comprovação da origem, mediante documentação hábil e idônea, dos recursos/créditos depositados nas contas bancárias da recorrente, conforme relação em anexo (fls. 3.640/3.647). Por sua vez, o TIF nº 002, de 25/10/2010, notificou a empresa a relevar as operações ou as causas que deram origem aos recursos entregues a terceiros e a seus sócios, correspondentes aos cheques nominais e/ou compensados nas suas contas correntes mantidas no Banco Bradesco S/A e Banco do Brasil S/A, também segundo planilha anexada (fls. 3.650/3.656). 27. Como se percebe, não há relação imprescindível entre as duas intimações, inclusive quanto à documentação comprobatória a ser apresentada à autoridade fiscal. Com efeito, enquanto o Termo de Intimação nº 001 ocupouse dos ingressos nas contas correntes da empresa (lançamentos a crédito, mediante depósitos, transferências ou recebimento de fornecedores), o Termo de Intimação nº 002 teve como foco as saídas das contas correntes (lançamentos a débito, por meio de cheques pagos e/ou compensados). Fl. 12124DF CARF MF Processo nº 10640.003811/201061 Acórdão n.º 2401005.092 S2C4T1 Fl. 12.125 12 28. Independente do grau de profundidade da análise daqueles documentos deixados à disposição pela autuada na Agência da Receita Federal de Ponte Nova, considerando o menor ou maior trabalho de conferência do material fornecido pela recorrente, não teve o potencial de influenciar a lavratura do auto de infração, o qual decorreu exclusivamente da falta de apresentação de documentos e esclarecimentos quanto aos lançamentos bancários específicos a que se referia o TIF nº 002, ocasião em que já restituídas à empresa as caixas com documentos fiscais, concedendolhe a autoridade tributária, a partir de então, um prazo de vinte dias para cumprimento da nova intimação. 29. Não se olvide que o núcleo do procedimento fiscal sempre esteve nos dados da movimentação bancária da recorrente, com base nos extratos bancários que o auditorfiscal tinha acesso, considerando a avaliação prévia de incompatibilidade com as declarações fiscais do anocalendário 2006. 30. Tanto é assim que ambos os Termos de Intimação Fiscal nº 001 e 002 solicitaram da empresa fiscalizada a comprovação, por meio de documentos hábeis e idôneos, da origem ou destinação dos recursos vinculados a lançamentos específicos das suas contas correntes. 31. Aparentemente, confunde a recorrente o ato de provar com a mera colocação à disposição da fiscalização de uma massa de documentos, sem a mínima preocupação em correlacionálos um a um com a movimentação bancária listada pela autoridade tributária, transferindo convenientemente ao agente fazendário a tarefa de investigar e localizar na vasta quantidade de papéis entregues na Agência da Receita Federal as respostas para as quais havia intimado a empresa sob fiscalização a fazêlo. 31.1 Nessa linha de entendimento, transcrevo abaixo as palavras de Fabiana Del Padre Tomé: 1 Provar algo não significa simplesmente juntar um documento aos autos. É preciso estabelecer relação de implicação entre esse documento e o fato que se pretende provar, fazendoo com o 'animus' de convencimento. 32. Compulsando os autos, verifico que a mesma situação emblemática repetiuse na fase do contencioso administrativo. 32.1 A autuada na impugnação juntou ao processo administrativo centenas de cópias de documentos com a finalidade de comprovar a improcedência do lançamento fiscal (fls. 3.781/9.883). 32.2 Porém, em prol da aproximação da verdade material, houve a necessidade da conversão do julgamento em diligência pela instância inaugural, intimando à empresa a fazer a devida vinculação entre os documentos juntados e os cheques enumerados pelo agente lançador, sob pena de inviabilizar a formação da sua convicção sobre os fatos que alegava para desconstituir o lançamento de ofício. 1 TOMÉ, Fabiana Del Padre. A prova no direito tributário. 3 ed. São Paulo : Editora Noeses, 2011, p. 369. Fl. 12125DF CARF MF Processo nº 10640.003811/201061 Acórdão n.º 2401005.092 S2C4T1 Fl. 12.126 13 32.3 Cumprida a diligência pela empresa, o acréscimo de novos dados e informações com melhor organização ao processo administrativo permitiu ao julgador avaliar as circunstâncias concretas invocadas pelo sujeito passivo como fundamento à sua pretensão, reduzindo significativamente o montante original do crédito tributário lançado. 33. Não discordo da recorrente quando afirma que a elaboração de planilhas com demonstração da conexão, com datas e valores, entre os cheques especificados pela fiscalização e os respectivos documentos fiscais e comprovantes de pagamento configurou uma atividade trabalhosa. Muito provavelmente, o fato de estar com as suas atividades paralisadas quando do procedimento fiscal, conforme alegou, contribuiu para aumentar o esforço da empreitada. 33.1 Todavia, até que ocorra a extinção do direito da Fazenda Nacional, a pessoa jurídica é obrigada a prestar todas as informações e os esclarecimentos no interesse da atividade fiscalizatória e manter arquivado os documentos comprobatórios das operações que realizou no anocalendário. 33.2 E, com base na previsão do art. 61 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, há amparo para a exigência fiscal, na hipótese dos autos, uma vez que o Fisco especificou e individualizou as saídas de numerário das contas correntes, demandando à empresa a comprovação do respectivo beneficiário e da causa do pagamento. 34. Com relação ao Termo de Intimação Fiscal nº 002, de 25/10/2010, com ciência na mesma data, foi dado um prazo de vinte dias para atendimento. A solicitação de ampliação de prazo, feita em 15/11/2010, justificada pela empresa pois encontravase com as atividades paralisadas e os funcionários responsáveis pelos pagamentos e transações financeiras não mais nela trabalhavam, não foi acatada pela autoridade fiscal (fls. 3.657). 34.1 A avaliação sobre a prorrogação do prazo inicialmente concedido comporta um juízo de razoabilidade e necessidade pelo responsável pelo procedimento fiscal, em virtude da situação concreta vivenciada. A princípio, segundo meu critério, o pedido do fiscalizado era plausível. 34.2 Porém, não considero que a negativa do fiscal possa levar à severa consequência da invalidade do auto de infração. É certo que algum transtorno ao sujeito passivo houve, mas não lhe impossibilitou, tenho igualmente convicção, trazer ao processo administrativo todos os elementos de prova aptos a comprovar o seu direito, permitindo o exercício da defesa na sua concepção formal e material, afastando, por consequência, a alegação de nulidade pelo cerceamento do direito de defesa. 34.3 A título de cronologia dos fatos, a ciência do Termo de Intimação Fiscal nº 002 deuse em 25/10/2010, a impugnação foi apresentada em 27/01/2011 e o termo inicial da diligência, que possibilitou a complementação dos argumentos de defesa, foi informado à empresa em 09/09/2013, tendo a impugnante protocolado resposta em 24/10/2013 (fls. 9.893/9.896). 34.4 Por esse motivo, insisto, não tem cabimento acatar o arrazoado de cerceamento de defesa, dado que lhe foi facultada mais de uma oportunidade para demonstrar seu direito e não o fez, de forma individualizada e comprovada, quanto ao crédito tributário lançado remanescente em litígio. Fl. 12126DF CARF MF Processo nº 10640.003811/201061 Acórdão n.º 2401005.092 S2C4T1 Fl. 12.127 14 35. De mais a mais, também não visualizo que tenha havido desídia por parte do fiscal responsável pela autuação, tampouco que a sua conduta ofendeu o princípio da moralidade administrativa. 35.1 A deslealdade e a má fé do agente fiscal em todo o procedimento, de acordo com o discurso inflamado da parte recorrente, são expressões fortes adotadas no corpo do recurso voluntário, as quais devem ser empregadas com cautela e irrefutavelmente demonstradas. A minha percepção do trabalho fiscal, segundo transparece da instrução dos autos, é no sentido que tais mazelas não restaram caracterizadas pela parte interessada. 36. Especificamente quanto à decisão de piso, explicitou com clareza os motivos pelos quais aceitou como justificado o pagamento e identificado o beneficiário de diversos cheques emitidos pela recorrente, nas contas mantidas no Banco Bradesco S/A e Banco do Brasil S/A, relacionados pela autoridade fiscal (fls. 11.987/11.991). 36.1 Em contrapartida, em todos as hipóteses em que não houve a adequada correlação entre o cheque nominal/compensado e as respectivas causas para o seu pagamento, ou para as quais simplesmente a impugnante deixou de esclarecer as destinações dos valores dos cheques emitidos, o lançamento fiscal foi escorreitamente mantido. 36.2 Tendo em vista que a análise dos cheques pela autoridade julgadora "a quo" foi executada de forma individual, por data e valor, a recorrente poderia reproduzir, na fase recursal, seus argumentos de inconformismo para aqueles casos em que mantido, parcial ou integralmente, o lançamento fiscal, acompanhado da indicação das respectivas fls. dos autos onde se localizam os documentos comprobatórios dos beneficiários dos pagamentos e causas dos desembolsos. 37. Chegase, então, à derradeira questão preliminar. Analiso o pedido de perícia feito pela autuada na impugnação e reiterado no recurso voluntário, justificado por ela como instrumento imprescindível para comprovar os equívocos do levantamento fiscal. 38. O exame pericial é um meio de prova, necessário apenas quando a elucidação de fato ou o exame de matéria demanda o auxílio de um especialista em determinado ramo específico do conhecimento. É dizer que a realização da perícia não constitui direito subjetivo do interessado. 39. Como destinatário final da perícia, compete ao julgador avaliar a prescindibilidade e viabilidade da produção da prova técnica para a elucidação dos fatos e/ou como instrumento de convicção para a solução da lide. 40. Nessa compreensão do instituto, não merece reparo o acórdão recorrido que indeferiu o pedido do sujeito passivo (art. 18 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972). A realização de perícia pelo motivos expostos pela recorrente constituise em providência dispensável para o deslinde deste processo administrativo. 40.1 De fato, para convencer o julgador a respeito da improcedência do crédito tributário seria necessário tão somente a identificação dos beneficiários e a comprovação das causas dos pagamentos relacionados aos cheques emitidos, respeitada a coerência com as operações da sociedade empresarial, e tomandose por referência os documentos que compõem o acervo patrimonial, financeiro, contábil, fiscal e trabalhista da recorrente. Fl. 12127DF CARF MF Processo nº 10640.003811/201061 Acórdão n.º 2401005.092 S2C4T1 Fl. 12.128 15 40.2 A obrigação de demonstrar que o lançamento não corresponde à realidade está a cargo da recorrente, a qual tem o ônus de introduzir nos autos os elementos hábeis e idôneos de prova, por meio da correlação, com datas e valores, entre os cheques especificados pela fiscalização e os respectivos documentos fiscais e comprovantes dos pagamentos realizados a terceiros. 40.3 Uma vez trazidas as provas, e não apenas um conjunto de documentos despidos de conexão, o julgador administrativo estaria seguramente habilitado a examinálas, sem necessidade de auxílio de outro profissional. Tanto é assim, que o julgador de primeira instância não se negou a analisar a documentação, reduzindo, ao final, o montante lançado pela fiscalização. 40.4 Se alguma assistência especializada é providência necessária para a organização do material probatório da empresa, a toda a evidência tratase de um encargo próprio que incumbe à parte interessada, e não se confunde com o exame pericial. 41. Como sabido, a perícia não é via que se destine a produzir provas de responsabilidade das partes, suprindo o encargo que lhes compete. 42. Em síntese conclusiva, portanto, afastamse as alegações da recorrente de cerceamento do direito de defesa, em todas as situações antes abordadas. c) Multa de Ofício 43. Não contém o recurso voluntário qualquer novo elemento de prova, sob o aspecto do mérito do lançamento, a respeito da improcedência do Imposto sobre a Renda exigido, requerendo apenas a revisão da penalidade, uma vez que incompatível com o ordenamento jurídico. Aduz o absurdo da aplicação do percentual de 75% sobre o imposto de renda, pois dotado de evidente efeito confiscatório. 44. Pois bem. Sobre o imposto calculado pela fiscalização, foi aplicada multa de ofício proporcional no importe de 75%, com esteio no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (...) Fl. 12128DF CARF MF Processo nº 10640.003811/201061 Acórdão n.º 2401005.092 S2C4T1 Fl. 12.129 16 45. A penalidade aplicada, no percentual básico de 75%, é uma sanção pecuniária com origem no descumprimento de obrigação principal consistente na falta de pagamento do imposto. O percentual independe do dolo na conduta do sujeito passivo, incidindo proporcionalmente ao montante do imposto não pago que foi identificado quando do lançamento de ofício. 46. Caso ficasse comprovado que o sujeito passivo agiu com dolo, mediante condutas desprovidas de boa fé, a autoridade lançadora aplicaria o percentual duplicado para a multa, correspondendo a 150% (cento e cinquenta por cento), nos termos do § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, antes reproduzido. 47. Quanto à avaliação de eventual excesso do legislador ordinário ao fixar o percentual da multa punitiva, de uma forma exorbitante e desproporcional, é tarefa exclusiva do Poder Judiciário, porquanto implica verificação da compatibilidade da norma jurídica com os preceitos constitucionais. Aplicase, no caso, o enunciado da Súmula nº 2 deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, mais uma vez reproduzido: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária 48. Não é a hipótese de aplicação do art. 112 da Lei nº 5.172, de 22 de outubro de 1966, que veicula o Código Tributário Nacional (CTN), porquanto não estão presentes quaisquer das circunstâncias que o dispositivo sugere para o interpretação mais favorável ao acusado. 49. Na verdade, o percentual de 75% corresponde ao valor mínimo da penalidade, no caso de lançamentos de ofício, aplicado mesmo quando há apenas culpa do infrator. A possibilidade de exclusão da multa, como medida excepcional, exige a indubitável ausência de culpa do sujeito passivo na conduta de deixar de recolher o tributo lançado, o que não evidencio nos autos. Conclusão Ante o exposto, (i) NÃO CONHEÇO do recurso de ofício; e (ii) CONHEÇO do recurso voluntário, REJEITO as preliminares e, no mérito, NEGOLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 12129DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19740.000056/2008-94
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2003, 2004
ENTIDADE ABERTA DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR SEM FINS LUCRATIVOS. SUJEITO PASSIVO.
A inclusão das "entidades de previdência privada abertas e fechadas" como contribuintes da CSLL está expressa não só na Lei 8.212/1991, mas também na própria Constituição. Não havendo norma de isenção no período de apuração, incluem-se no campo de incidência da CSLL as entidades abertas de previdência complementar sem fins lucrativos.
RECURSO ESPECIAL DA PGFN. INTEMPESTIVIDADE. INTIMAÇÃO FICTA E PESSOAL DO PROCURADOR. DECRETO 70.235/1972, ART. 7º, §7º, §8º E §9º.
O recurso especial interposto depois de mais de um ano da primeira intimação da parte não é conhecido.
Numero da decisão: 9101-002.971
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa (relatora), Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araujo. Acordam ainda, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, os conselheiros Daniele Souto Rodrigues Amadio e Marcos Aurélio Pereira Valadão não votaram quanto ao conhecimento do Recurso Especial do Contribuinte, por se tratar de questão já votada pelos conselheiros José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado) e Carlos Alberto Freitas Barreto em sessão anterior. Julgamento iniciado na reunião de 05/2017 e concluído em 05/07/2017 no período da tarde.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Cristiane Silva Costa - Relatora
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, José Eduardo Dornelas Souza, Carlos Alberto Freitas Barreto, Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício).
Nome do relator: CRISTIANE SILVA COSTA
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SUJEITO PASSIVO. A inclusão das "entidades de previdência privada abertas e fechadas" como contribuintes da CSLL está expressa não só na Lei 8.212/1991, mas também na própria Constituição. Não havendo norma de isenção no período de apuração, incluemse no campo de incidência da CSLL as entidades abertas de previdência complementar sem fins lucrativos. RECURSO ESPECIAL DA PGFN. INTEMPESTIVIDADE. INTIMAÇÃO FICTA E PESSOAL DO PROCURADOR. DECRETO 70.235/1972, ART. 7º, §7º, §8º E §9º. O recurso especial interposto depois de mais de um ano da primeira intimação da parte não é conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa (relatora), Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araujo. Acordam ainda, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, os conselheiros Daniele Souto Rodrigues Amadio e Marcos Aurélio Pereira Valadão não votaram quanto ao conhecimento do Recurso Especial do Contribuinte, por se tratar de questão já votada pelos conselheiros José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado) e Carlos Alberto Freitas Barreto em sessão anterior. Julgamento iniciado na reunião de 05/2017 e concluído em 05/07/2017 no período da tarde. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 74 0. 00 00 56 /2 00 8- 94 Fl. 1390DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Relatora (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, José Eduardo Dornelas Souza, Carlos Alberto Freitas Barreto, Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de processo originado por Auto de Infração de CSLL, quanto aos 4 trimestres dos anos de 2003 e 2004, calculado quanto ao "superávit resultante das receitas e despesas (...) ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação da CSLL" (trecho do TVF). O auditor fiscal imputou multa de 75%. (Auto de Infração às fls. 130/138, TVF às fls. 116/128, volume 1) Após a apresentação de Impugnação Administrativa pela CAPEMI (fls. 124/164), a Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro manteve o lançamento, conforme acórdão (fls. 490/504 volume 2), do qual se extrai trecho de ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 2003,2004 PEDIDO DE PERÍCIA. Apesar de ser facultado o direito de solicitar a realizacão de diligência e/ou perícia, cabe a interessada demonstrar a sua necessidade e atender os requisitos previstos na legislação ENTIDADE ABERTA DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR SEM FINS LUCRATIVOS. SUJEITO PASSIVO. Não havendo norma de isenção no período de apuração, incluemse no campo de incidência da CSLL as entidades abertas de previdência complementar sem fins lucrativos. ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da CSLL apurada pelas Entidades de Previdência Privada é o resultado positivo (superávit), ajustado na forma da legislação de regência. A 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais deu parcial provimento ao recurso voluntário (fls. 523 volume 2), para exclusão de multa e juros: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2003, 2004 Fl. 1391DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.340 3 ENTIDADE ABERTA DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR SEM FINS LUCRATIVOS. SUJEITO PASSIVO. Não havendo norma de isenção no período de apuração, incluemse no campo de incidência da CSLL as entidades abertas de previdência complementar sem fins lucrativos. ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. INCIDÊNCIA. EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da CSLL apurada pelas Entidades de Previdência Privada é o resultado positivo (superávit), ajustado na forma da legislação de regência. A base de cálculo da CSLL, nos termos da Lei nº 7.689/88, é o resultado do exercício. Assim, a obrigatória harmonia entre a norma constitucional e a indigitada lei impõe que se vislumbre o resultado do exercício como gênero, cujas espécies são o lucro e o superávit. Precedentes do STF (AGRG no RE 612686/SC e Súmula 730). NORMAS COMPLEMENTARES. EXCLUSÃO DE MULTA E JUROS. Constatada que a norma complementar previa, de forma equivocada, regra que beneficiava o contribuinte, impõe a exoneração das penalidades e juros de mora constituídos de ofício, a teor do que dispõe o art. 100, parágrafo único do CTN. O Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto opôs embargos de declaração em face do acórdão, sustentando que "No momento da formalização do acórdão detectei que incorri em erro de fato quanto à exclusão da base de cálculo da CSLL dos valores aplicados nas atividades de assistência social. Isso porque, embora realmente a autoridade autuante tenha partido do superávit indicado na escrituração da Recorrente, adicionouse à base de cálculo da CSLL os dispêndios com assistência social". Estes embargos foram acolhidos pela Turma para retificar o acórdão anterior: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2003, 2004 ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. DESPESAS COM ASSISTÊNCIA SOCIAL. DEDUTIBILIDADE. EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da CSLL apurada pelas Entidades de Previdência Privada é o resultado positivo (superávit), ajustado na forma da legislação de regência. A base de cálculo da CSLL, nos termos da Lei nº 7.689/88, é o resultado do exercício. Assim, a obrigatória harmonia entre a norma constitucional e a indigitada lei impõe que se vislumbre o resultado do exercício como gênero, cujas espécies são o lucro e o superávit. Precedentes do STF (AGRG no RE 612686/SC e Súmula 730). Constatado o caráter assistencial da entidade, e tomandose como base de cálculo da CSLL o resultado contábil apurado pelo contribuinte, mostrase improcedente a adição à base de cálculo de despesas com assistência social,sob pena de tributar se as receitas específicas para cobertura dos serviços assistenciais. Os autos foram remetidos à Procuradoria em 14/01/2014 (fls. 765 volume 2) para intimação do acórdão (fls. 763 volume 2). Consta, ainda, no termo de intimação a Fl. 1392DF CARF MF 4 devolução do processo "apenas com ciência" (fls. 763 volume 2), devidamente assinado pela Procuradora da Fazenda Nacional em 12/02/2014. A contribuinte foi intimada em 21/05/2014 (fls. 880), interpondo recurso especial em 27/05/2014, indicando como paradigmas o acórdão nº 1202000.904, no qual consta que "Tendo em vista que as sociedades sem fins lucrativos auferem superávits e não lucro, não podem se sujeitar à incidência da CSLL" e o acórdão nº 1302001.175, do qual se extrai: "A CSLL tem como fato gerador a existência de lucro no período correspondente, fenômeno que não ocorre no presente feito, uma vez que a recorrente (aufere) superávit." Em 28/10/2014, a contribuinte requereu a tramitação prioritária do processo, nos termos do artigo 46, II, do RICARF (Portaria MF nº 256/2009). A Procuradoria foi novamente intimada em 20/03/2015 (fls. 905), apresentando recurso especial em 23/04/2015. Neste recurso alega divergência na interpretação da lei tributária a respeito da exoneração de multa e juros de mora, apontando como paradigma o acórdão nº 180301.167 (processo nº 19740.000094200847), no qual se decidiu "O crédito tributário constituído mediante auto de infração é devido com multa de ofício e juros de mora, nos termos do art. 61, § 3º, e art. 44, inciso I, ambos da Lei nº 9.430, de 1996". O recurso especial da Procuradoria foi admitido, conforme decisão do Presidente da 4ª Câmara deste Conselho (André Mendes de Moura), do qual se destaca (fls. 919): Examinando o acórdão paradigma verificase que o mesmo traz o entendimento de que o crédito tributário constituído mediante auto de infração é devido com multa de ofício e juros de mora, nos termos do art. 61, § 3º, e art. 44, inciso I, ambos da Lei nº 9.430, de 1996. O acórdão recorrido, por seu turno, vem considerar que constatada que a norma complementar previa, de forma equivocada, regra que beneficiava o contribuinte, impõe a exoneração das penalidades e juros de mora constituídos de ofício, a teor do que dispõe o art. 100, parágrafo único do CTN. Portanto, as conclusões sobre a matéria ora recorrida nos acórdãos examinados revelamse discordantes, restando plenamente configurada a divergência jurisprudencial apontada pela PGFN. (...) Com fundamento nas razões acima expendidas, dou seguimento ao presente recurso especial. O recurso especial da contribuinte também foi admitido, conforme despacho parcialmente transcrito a seguir (fls. 924): Examinando os acórdãos paradigmas verificase que os mesmos trazem o entendimento de que tendo em vista que as sociedades sem fins lucrativos auferem superávits e não lucro, não podem se sujeitar à incidência da CSLL. O acórdão recorrido, por seu turno, vem esclarecer que não havendo norma de isenção no período de apuração, incluemse no campo de incidência da CSLL as entidades abertas de previdência complementar sem fins lucrativos, a despeito do fato de que foram excluídos das bases de cálculo de CSLL os valores a elas adicionados a título de “Despesas com donativos e contribuições para entidades de classe". Fl. 1393DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.341 5 Portanto, as conclusões sobre a matéria ora recorrida nos acórdãos examinados revelamse discordantes, restando plenamente configurada a divergência jurisprudencial demonstrada pelo Sujeito Passivo. (...) Com fundamento nas razões acima expendidas, dou seguimento ao presente recurso especial. A Procuradoria foi intimada quanto ao recurso especial da contribuinte, em 20/11/2015, apresentando contrarrazões em 02/12/2015, pleiteando seja negado provimento ao recurso especial da contribuinte. A contribuinte apresentou contrarrazões ao recurso especial em (fls. 943/963), requerendo preliminarmente não seja conhecido o recurso por preclusão e intempestividade e, no mérito, sustenta a improcedência do recurso da Procuradoria. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Cristiane Silva Costa Relatora Conheço do recurso especial da contribuinte, eis que tempestivo e devidamente demonstrada a divergência na interpretação da lei tributária. Passo à análise do mérito. Antes de adentrar o mérito, entendo pertinente tratar de alguns detalhes relacionados à Recorrente. Consta nos autos Estatuto Social da Capemi, datado de 1979 (fls. 11/29), no qual são descritas como finalidades da entidade (artigo 2º do Estatuto): Art. 2º A CAPEMI tem por finalidade: a) beneficência e previdência entre participantes de seus planos de benefício; b) filantropia no amparo à infância e à velhice desvalida; c) incentivo à cultura e à educação. O mesmo Estatuto Social prevê em seu artigo 3º a intenção de manutenção de entidade como beneficente, sem fins lucrativos, verbis: Art. 3º No que depender de suas decisões, a administração da CAPEMI procurará manter sua condição de entidade beneficente, sem fins lucrativos, de utilidade pública e finalidade filantrópica. O citado Estatuto (de 1979) aparentemente vigia ao tempo dos fatos em discussão no presente processo (fatos geradores em 2003 e 2004). Ressalto que, à ocasião da apresentação de recurso voluntário, a CAPEMI acostou aos autos cópias de atas que deliberaram a destinação do superávit. No ano de 2003, o superávit teve a seguinte destinação "2) O resultado do exercício, positivo, satisfeitas todas as exigências legais e regularmentares no que se refere aos benefícios e à reserva de contingência de benefícios, será utilizado para incremento do patrimônio da Capemi."(fls. 553 Fl. 1394DF CARF MF 6 volume 2). O resultado de 2004 teve destinação no mesmo sentido: "2) O resultado do exercício, positivo, satisfeitas todas as exigências legais e regularmentares no que se refere aos benefícios e à reserva de contingência de benefícios, será utilizado para incremento do patrimônio da Capemi."(fls. 558 volume 2). Sobreleva considerar, ainda, que o Auto de Infração que originou o presente processo, trata do "superávit resultante das receitas e despesas (...) ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação da CSLL", sendo identificado no Termo de Verificação Fiscal que "A instituição fiscalizada é uma entidade aberta de previdência complementar, sem fins lucrativos". Assim, é incontroverso nos autos que a Recorrente não tinha finalidade lucrativa ao tempo dos fatos em discussão. Pois bem. A Previdência Privada foi tratada pela Constituição Federal, definindose que seu regramento seria determinado por lei complementar: Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. Nesse sentido, a Lei Complementar nº 109/2001 dispõe sobre o Regime de Previdência Complementar, tratando de distinguir entre entidades abertas e fechadas, conforme artigo 4º: Art. 4º As entidades de previdência complementar são classificadas em fechadas e abertas, conforme definido nesta Lei Complementar. Esta Lei Complementar definiu, ainda, que as entidades fechadas, por ela definidas, serão organizadas como fundações ou sociedades civis, sem fins lucrativos: Art. 31. As entidades fechadas são aquelas acessíveis, na forma regulamentada pelo órgão regulador e fiscalizador, exclusivamente: I aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas e aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, entes denominados patrocinadores; e II aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial, denominadas instituidores. § 1o As entidades fechadas organizarseão sob a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos. § 2o As entidades fechadas constituídas por instituidores referidos no inciso II do caput deste artigo deverão, cumulativamente: I terceirizar a gestão dos recursos garantidores das reservas técnicas e provisões mediante a contratação de instituição especializada autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil ou outro órgão competente; II ofertar exclusivamente planos de benefícios na modalidade contribuição definida, na forma do parágrafo único do art. 7o desta Lei Complementar. Fl. 1395DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.342 7 § 3º Os responsáveis pela gestão dos recursos de que trata o inciso I do parágrafo anterior deverão manter segregados e totalmente isolados o seu patrimônio dos patrimônios do instituidor e da entidade fechada. § 4º Na regulamentação de que trata o caput, o órgão regulador e fiscalizador estabelecerá o tempo mínimo de existência do instituidor e o seu número mínimo de associados. Ademais, previu que entidades abertas seriam constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas: Art. 36. As entidades abertas são constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas e têm por objetivo instituir e operar planos de benefícios de caráter previdenciário concedidos em forma de renda continuada ou pagamento único, acessíveis a quaisquer pessoas físicas. Parágrafo único. As sociedades seguradoras autorizadas a operar exclusivamente no ramo vida poderão ser autorizadas a operar os planos de benefícios a que se refere o caput, a elas se aplicando as disposições desta Lei Complementar. A mesma lei complementar definiu que as entidades abertas sem fins lucrativos, autorizadas a funcionar em conformidade com a Lei nº 6.435/1977, deveriam se adaptar à nova Lei Complementar no prazo de 2 anos: Art. 77. As entidades abertas sem fins lucrativos e as sociedades seguradoras autorizadas a funcionar em conformidade com a Lei no 6.435, de 15 de julho de 1977, terão o prazo de dois anos para se adaptar ao disposto nesta Lei Complementar. § 1o No caso das entidades abertas sem fins lucrativos já autorizadas a funcionar, é permitida a manutenção de sua organização jurídica como sociedade civil, sendolhes vedado participar, direta ou indiretamente, de pessoas jurídicas, exceto quando tiverem participação acionária: I minoritária, em sociedades anônimas de capital aberto, na forma regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional, para aplicação de recursos de reservas técnicas, fundos e provisões; II em sociedade seguradora e/ou de capitalização. § 2o É vedado à sociedade seguradora e/ou de capitalização referida no inciso II do parágrafo anterior participar majoritariamente de pessoas jurídicas, ressalvadas as empresas de suporte ao seu funcionamento e as sociedades anônimas de capital aberto, nas condições previstas no inciso I do parágrafo anterior. § 3o A entidade aberta sem fins lucrativos e a sociedade seguradora e/ou de capitalização por ela controlada devem adaptarse às condições estabelecidas nos §§ 1o e 2o, no mesmo prazo previsto no caput deste artigo. § 4o As reservas técnicas de planos já operados por entidades abertas de previdência privada sem fins lucrativos, anteriormente à data de publicação da Lei no 6.435, de 15 de julho de 1977, poderão permanecer garantidas por ativos de propriedade da entidade, existentes à época, dentro de programa Fl. 1396DF CARF MF 8 gradual de ajuste às normas estabelecidas pelo órgão regulador sobre a matéria, a ser submetido pela entidade ao órgão fiscalizador no prazo máximo de doze meses a contar da data de publicação desta Lei Complementar. § 5o O prazo máximo para o término para o programa gradual de ajuste a que se refere o parágrafo anterior não poderá superar cento e vinte meses, contados da data de aprovação do respectivo programa pelo órgão fiscalizador. § 6o As entidades abertas sem fins lucrativos que, na data de publicação desta Lei Complementar, já vinham mantendo programas de assistência filantrópica, prévia e expressamente autorizados, poderão, para efeito de cobrança, adicionar às contribuições de seus planos de benefícios valor destinado àqueles programas, observadas as normas estabelecidas pelo órgão regulador. § 7o A aplicabilidade do disposto no parágrafo anterior fica sujeita, sob pena de cancelamento da autorização previamente concedida, à prestação anual de contas dos programas filantrópicos e à aprovação pelo órgão competente. § 8o O descumprimento de qualquer das obrigações contidas neste artigo sujeita os administradores das entidades abertas sem fins lucrativos e das sociedades seguradora e/ou de capitalização por elas controladas ao Regime Disciplinar previsto nesta Lei Complementar, sem prejuízo da responsabilidade civil por danos ou prejuízos causados, por ação ou omissão, à entidade. O prazo para tal adaptação esgotouse em 28/05/2003, mas apenas anos depois houve a alteração da forma jurídica da Recorrente, como trataremos no processo nº 19740.720010/201018, que também será julgado nesta sessão de julgamento. Ademais, a alteração da estrutura da Recorrente (anos depois) foi legitimada pela SUSEP. De toda forma, o regramento anterior de entidades de previdência privada, abertas ou fechadas, estava definido pela Lei nº 6.435/1977, da qual se destaca: Art. 4° Para os efeitos da presente Lei, as entidades de previdência privada são classificadas: I de acordo com a relação entre a entidade e os participantes dos planos de benefícios, em: a) fechadas, quando acessíveis exclusivamente aos empregados de uma só empresa ou de um grupo de empresas, as quais, para os efeitos desta Lei, serão denominadas patrocinadoras; (Vide Decretolei nº 2.064, de 1983) (Vide Decretolei nº 2.065, de 1983) b) abertas, as demais. II de acordo com seus objetivos, em: a) entidades de fins lucrativos; b) entidades sem fins lucrativos. (Vide Decretolei nº 2.064, de 1983) (Vide Decretolei nº 2.065, de 1983) § 1° As entidades fechadas não poderão ter fins lucrativos. Art. 5° As entidades de previdência privada serão organizadas como: I sociedades anônimas, quando tiverem fins lucrativos; Fl. 1397DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.343 9 II sociedades civis ou fundações, quando sem fins lucrativos. A Lei nº 6.435/1977, portanto, autorizava 3 (três) configurações de entidade de previdência privada: (a) fechada sem fins lucrativos (pois o §1º vedava que estas tivessem finalidade lucrativa); (b) aberta com fins lucrativos; e (c) aberta sem fins lucrativos. Por força das Leis 6.435/1977 e da própria LC 109/2001, as entidades fechadas de previdência privada, portanto, encerram exercícios com superávit ou déficit, mas não podem auferir lucro. Quanto às entidades abertas de previdência privada, desde a Lei Complementar nº 109/2001, foi autorizado que fossem lucrativas, adotando a forma de sociedade anônima. Ocorre que a contribuinte foi criada anteriormente à Lei Complementar nº 109/2001, permanecendo com a estrutura de entidade aberta de previdência social (e com outros objetivos filantrópicos) e sem finalidade lucrativa desde 1979 ao menos, assim permanecendo no período dos fatos em discussão nestes autos (2003 e 2004). Não obstante fosse entidade sem fins lucrativos, como consta do próprio Termo de Verificação Fiscal, foi lavrado autuação fiscal para exigência de CSLL, por entender a autoridade autuante como também a Turma Ordinária a quo que a existência de superávit pode acarretar a cobrança desta contribuição. O julgamento do recurso especial, portanto, depende da definição do que seja lucro tributável, na forma da competência delineada pelo artigo 195, da Constituição Federal, que dispõe: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Pois bem. A Lei nº 7.689/1988 estabeleceu a incidência da CSLL, dispondo seu artigos 1º que esta incidirá sobre o lucro das pessoas jurídicas: Art. 1º Fica instituída contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas, destinada ao financiamento da seguridade social. O artigo 2º, da mesma Lei, define a base de cálculo da contribuição, isto é, o "valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda": Art. 2º A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda. Fl. 1398DF CARF MF 10 § 1º Para efeito do disposto neste artigo: a) será considerado o resultado do períodobase encerrado em 31 de dezembro de cada ano; b) no caso de incorporação, fusão, cisão ou encerramento de atividades, a base de cálculo é o resultado apurado no respectivo balanço; c ) o resultado do períodobase, apurado com observância da legislação comercial, será ajustado pela: (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 1 adição do resultado negativo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 2 adição do valor de reserva de reavaliação, baixada durante o períodobase, cuja contrapartida não tenha sido computada no resultado do períodobase; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 3 adição do valor das provisões não dedutíveis da determinação do lucro real, exceto a provisão para o Imposto de Renda; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 4 exclusão do resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 5 exclusão dos lucros e dividendos derivados de participações societárias em pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil que tenham sido computados como receita; (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) 6 exclusão do valor, corrigido monetariamente, das provisões adicionadas na forma do item 3, que tenham sido baixadas no curso de períodobase. (Incluído pela Lei nº 8.034, de 1990) § 2º No caso de pessoa jurídica desobrigada de escrituração contábil, a base de cálculo da contribuição corresponderá a dez por cento da receita bruta auferida no período de 1º janeiro a 31 de dezembro de cada ano, ressalvado o disposto na alínea b do parágrafo anterior. O próprio artigo 2º, §1º, alínea "c" supra colacionada explicita que o "resultado do períodobase" será "apurado com observância da legislação comercial". Ora, a Lei n 6.404/1976 (Lei das S.As.), em conformidade com a determinação do artigo 2º da Lei nº 7.689/1988, trata do valor do resultado do exercício, como se observa de seu artigo 187, em redação vigente ao tempo dos fatos destes autos (2003 e 2004): Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; Fl. 1399DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.344 11 IV o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais; V o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados; § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. § 2º O aumento do valor de elementos do ativo em virtude de novas avaliações, registrados como reserva de reavaliação (artigo 182, § 3º), somente depois de realizado poderá ser computado como lucro para efeito de distribuição de dividendos ou participações. A Lei nº 6.404/1976 menciona, ainda, que "pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo (...)" e, nesse sentido, trata do lucro em diversas oportunidades. De fato, a análise da Lei nº 6.404/1976 demonstra a enormidade de dispositivos a respeito do lucro e sua destinação. A título de exemplo, vale menção ao artigo 152, §1º e 202, que tratam da distribuição de lucros na forma de dividendos aos acionistas: Art. 152. A assembléiageral fixará o montante global ou individual da remuneração dos administradores, inclusive benefícios de qualquer natureza e verbas de representação, tendo em conta suas responsabilidades, o tempo dedicado às suas funções, sua competência e reputação profissional e o valor dos seus serviços no mercado. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) § 1º O estatuto da companhia que fixar o dividendo obrigatório em 25% (vinte e cinco por cento) ou mais do lucro líquido, pode atribuir aos administradores participação no lucro da companhia, desde que o seu total não ultrapasse a remuneração anual dos administradores nem 0,1 (um décimo) dos lucros (artigo 190), prevalecendo o limite que for menor. § 2º Os administradores somente farão jus à participação nos lucros do exercício social em relação ao qual for atribuído aos acionistas o dividendo obrigatório, de que trata o artigo 202. Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a importância determinada de acordo com as seguintes normas: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013) Fl. 1400DF CARF MF 12 I metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acrescido dos seguintes valores: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) a) importância destinada à constituição da reserva legal (art. 193); e (Incluída pela Lei nº 10.303, de 2001) b) importância destinada à formação da reserva para contingências (art. 195) e reversão da mesma reserva formada em exercícios anteriores; (Incluída pela Lei nº 10.303, de 2001) II o pagamento do dividendo determinado nos termos do inciso I poderá ser limitado ao montante do lucro líquido do exercício que tiver sido realizado, desde que a diferença seja registrada como reserva de lucros a realizar (art. 197); (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) III os lucros registrados na reserva de lucros a realizar, quando realizados e se não tiverem sido absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes, deverão ser acrescidos ao primeiro dividendo declarado após a realização. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) Sobreleva considerar, ainda, o que prevê o artigo 202, §4º a §6º, que explicita a vinculação entre o conceito de lucro e a distribuição deste ao acionista. Tanto assim que, nas hipóteses tratadas pelos citados parágrafos o valor dos lucros é distribuído como dividendos assim que a situação financeira da empresa permite (54º) ou tão logo se verifique que não tenha sido destinado às finalidades previstas nos artigos 193 a 197 (§6º): Art. 202. (...) § 4º O dividendo previsto neste artigo não será obrigatório no exercício social em que os órgãos da administração informarem à assembléiageral ordinária ser ele incompatível com a situação financeira da companhia. O conselho fiscal, se em funcionamento, deverá dar parecer sobre essa informação e, na companhia aberta, seus administradores encaminharão à Comissão de Valores Mobiliários, dentro de 5 (cinco) dias da realização da assembléiageral, exposição justificativa da informação transmitida à assembléia. § 5º Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos termos do § 4º serão registrados como reserva especial e, se não absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes, deverão ser pagos como dividendo assim que o permitir a situação financeira da companhia. § 6o Os lucros não destinados nos termos dos arts. 193 a 197 deverão ser distribuídos como dividendos. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) Todos estes dispositivos revelam que a finalidade lucrativa típica de S.A. e requisito para exigência de CSLL está relacionada à distribuição destes lucros aos acionistas. O conceito de lucro, portanto, estava firmado no ordenamento jurídico quando empregado na legislação tributária, sendo vedada sua alteração, nos termos dos artigos 110, do Código Tributário Nacional, verbis: Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Fl. 1401DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.345 13 Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Não é por acaso que a Constituição e Lei nº 7.689/88 empregaram os termos "lucro" e "resultado do exercício", ambos tratados pela Lei nº 6.404/1976, que como acima referido rege as companhias lucrativas. Pondero que a Receita Federal do Brasil editou Ato Declaratório Normativo CST nº 17, de 30/11/1990, no qual consta: "O Coordenador do Sistema de Tributação (...), tendo em vista as normas de incidência da contribuição social instituída pela Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, Declara, em caráter normativa, às Superintendências Regionais da Receita Federal e demais interessados que a contribuição social não será devida pelas pessoas jurídicas que desenvolvem atividades sem fins lucrativos, tais como as fundações, associações e sindicatos" Além disso, a Instrução Normativa SRF nº 588/05, previa em seu artigo 17, em redação vigente ao tempo dos fatos discutidos nestes autos: Art. 17. As entidades de previdência complementar sem fins lucrativos estão isentas do imposto sobre a renda devido pela pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido. Em 03/01/2013, este artigo foi alterado pela Instrução Normativa RFB nº 1.315, alterandose o caput e inserindose o parágrafo único, ambos a seguir reproduzidos: Art. 17. As entidades fechadas de previdência complementar estão isentas do imposto sobre a renda devido pela pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido. Parágrafo único. O disposto no caput aplicase às entidades abertas sem fins lucrativos em relação ao imposto sobre a renda da pessoa jurídica. A alteração no dispositivo da Instrução Normativa, portanto, apenas restringiu a "isenção" quanto à CSLL das entidades abertas de previdência privada, fazendoo quase 10 (dez) anos depois dos fatos em discussão no presente processo administrativo (2003 e 2004). Até 2013, a IN SRF tratava da isenção das entidades de previdência privada (sem definir qual espécie) ao IRPJ e CSLL. A omissão na qualificação da espécie de entidade (lembrando que a Lei original autorizava que estas entidades fossem abertas sem fins lucrativos) não permite se interprete restritivamente a citada hipótese de não incidência, equivocadamente identificada como "isenção" pela citada IN SRF. O acórdão recorrido menciona alguns dispositivos constitucionais e legais que merecem ser analisados no presente voto. Primeiramente, mencionase o teor do artigo 1º, da Emenda Constitucional de Revisão nº 1/1994, que inseriu o artigo 72 no ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias): Fl. 1402DF CARF MF 14 Art. 1.º Ficam incluídos os arts. 71, 72 e 73 no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, com a seguinte redação: Art. 71. Fica instituído, nos exercícios financeiros de 1994 e 1995, o Fundo Social de Emergência, com o objetivo de saneamento financeiro da Fazenda Pública Federal e de estabilização econômica, cujos recursos serão aplicados no custeio das ações dos sistemas de saúde e educação, benefícios previdenciários e auxílios assistenciais de prestação continuada, inclusive liquidação de passivo previdenciário, e outros programas de relevante interesse econômico e social. Parágrafo único. Ao Fundo criado por este artigo não se aplica, no exercício financeiro de 1994, o disposto na parte final do inciso II do § 9.º do art. 165 da Constituição. Art. 72. Integram o Fundo Social de Emergência: (...) III a parcela do produto da arrecadação resultante da elevação da alíquota da contribuição social sobre o lucro dos contribuintes a que se refere o § 1.º do art. 22 da Lei n.º 8.212, de 24 de julho de 1991, a qual, nos exercícios financeiros de 1994 e 1995, passa a ser de trinta por cento, mantidas as demais normas da Lei n.º 7.689, de 15 de dezembro de 1988; O artigo 22, §1º, da Lei nº 8.212/1991, foi mencionado pela Emenda Constitucional de Revisão 1/1994 e também pelo acórdão recorrido. O citado artigo 22 e seu parágrafo 1º tem a seguinte dicção: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. II para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 1998). a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. III vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados Fl. 1403DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.346 15 contribuintes individuais que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). § 1o No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas, além das contribuições referidas neste artigo e no art. 23, é devida a contribuição adicional de dois vírgula cinco por cento sobre a base de cálculo definida nos incisos I e III deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (Vide Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). (redação vigente em 2003 e 2004) Portanto, por força do artigo 22, §1º, acima reproduzido, as entidades de previdência privada fechada como a Recorrente estão submetidas à exigência de contribuição adicional, à alíquota de 2,5%, calculada sobre a folha de salários (incisos I e II) e remunerações pagas aos contribuintes individuais (inciso III). As hipóteses tratadas pelo artigo 22, §1º, assim, estão relacionadas à competência outorgada pelo artigo 195, I, a, da Constituição Federal. Diante disso, o artigo 22, §1º não altera de forma alguma a hipótese de incidência da CSLL, fundada no artigo 195, I, alínea c, da Constituição Federal e na Lei nº 7.689/1988. Acrescento que o artigo 23, da Lei nº 8.212/1991 embora não expressamente mencionado pela ECR nº 1/94 é referido pelo artigo 22, §1º. O artigo 23, da Lei nº 8.212/1991, trata de contribuições sobre faturamento e o lucro, destinadas à Seguridade Social, à alíquota de 15% no caso de entidades mencionadas pelo artigo 22, §1º, acima reproduzido: Art. 23. As contribuições a cargo da empresa provenientes do faturamento e do lucro, destinadas à Seguridade Social, além do disposto no art. 22, são calculadas mediante a aplicação das seguintes alíquotas: I 2% (dois por cento) sobre sua receita bruta, estabelecida segundo o disposto no § 1º do art. 1º do Decretolei nº 1.940, de 25 de maio de 1982, com a redação dada pelo art. 22, do Decretolei nº 2.397, de 21 de dezembro de 1987, e alterações posteriores; 9 II 10% (dez por cento) sobre o lucro líquido do períodobase, antes da provisão para o Imposto de Renda, ajustado na forma do art. 2º da Lei nº 8.034, de 12 de abril de 1990. 10 § 1º No caso das instituições citadas no § 1º do art. 22 desta Lei, a alíquota da contribuição prevista no inciso II é de 15% (quinze por cento). 11 § 2º O disposto neste artigo não se aplica às pessoas de que trata o art. 25. Fl. 1404DF CARF MF 16 A citada contribuição, entretanto, não se confunde com a CSLL, nem tampouco poderia alterar a base de cálculo fixada pela Lei nº 7.689/1991 e decorrente da competência outorgada pelo artigo 195, I, c, da Constituição Federal. Finalmente, o acórdão recorrido menciona o artigo 15, da Lei nº 8.212/1991: Art. 15. Considerase: I empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; Ao conceituar a empresa, o artigo 15 define o sujeito passivo da obrigação tributária, mas não altera a materialidade da incidência, como acima referida. Lembro que a regramatriz de incidência tributária tem os seguinte elementos, nas lições do Professor Paulo de Barros Carvalho: A norma tributária em sentido estrito, reiteramos, é a que define a incidência fiscal. (...) Haverá uma hipótese, suposto ou antecedente, a que se conjunta um mandamento, uma consequência ou estatuição. A forma associativa é a cópula deôntica, o deverser que caracteriza a imputação jurídico normativa. (...) Dentro desse arcabouço, a hipótese trará a previsão de um fato (se alguém industrializar produtos), enquanto a consequência prescreverá a relação jurídica (obrigação tributária) que se vai instaurar, onde e quando ocorrer o fato cogitado no suposto (aquele alguém deverá pagar à Fazenda Federal 10% do valor do produto industrializado). (...) Os modernos cientistas do Direito Tributário têm insistido na circunstância de que, tanto no descritor (hipótese) quando no prescritor (conseqüência) existem referências a critérios, aspectos, elementos, ou dados indicativos. Na hipótese (descritor), haveremos de encontrar um critério material (comportamento de uma pessoa), condicionado no tempo (critério temporal) e no espaço (critério espacial). Já na consequência (prescritor), depararemos com um critério pessoal (sujeito ativo e sujeito passivo) e um critério quantitativo (base de cálculo e alíquota). A conjugação desses dados indicativos nos oferece a possibilidade de exibir, na sua plenitude, o núcleo lógicoestrutural da normapadrão de incidência tributária (...) (Curso de Direito Tributário, 23ª edição, São Paulo, Saraiva, 2011, p. 298 e 299) A materialidade da CSLL é autorizada pela Constituição Federal e confirmada pela Lei nº 7.689/1988 (auferir lucro) Art. 1º Fica instituída contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas, destinada ao financiamento da seguridade social. Esta materialidade não foi alterada pela Lei nº 8.212/1991, reputandose a não incidência desta específica contribuição na hipótese de entidade que por sua natureza não tenha finalidade lucrativa. Pondero, ainda, que é inconteste nos autos que a contribuinte é entidade sem fins lucrativos, constando do próprio Termo de Verificação Fiscal esta informação. Fl. 1405DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.347 17 A interpretação do artigo 15, da Lei nº 8.212/1991, que se conforma à prescrição do artigo 1º, da Lei nº 7.689/1988, é de que as entidades sem fins lucrativos que são sujeito passivo de contribuição à seguridade social são aquelas empregadoras, isto é, que tem estão obrigadas constitucional e legalmente ao pagamento de contribuições cuja materialidade não tem qualquer relação com o lucro. Pretenderse atribuir ao artigo 15, da Lei nº 8.212/1991 interpretação que acarreta a modificação da materialidade da CSLL significaria negar vigência à Lei nº 7.689/1988. Diante de tais razões, entendo que a atividade da contribuinte, por não ter finalidade lucrativa, está fora do campo de incidência da CSLL definido por sua materialidade, constitucionalmente autorizada e devidamente identificada na Lei nº 7.689/1988. Por fim, ressalto que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a existência de repercussão geral sobre o tema não incidência de CSLL quanto às entidades fechadas de previdência privada: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO. ENTIDADE FECHADA DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. INCIDÊNCIA DE IRPJ E DE CSLL. BASE DE CÁLCULO PARA AS EXAÇÕES. RENDA E LUCRO. NATUREZA JURÍDICA NÃOLUCRATIVA DOS FUNDOS DE PENSÃO DETERMINADA POR LEI. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA MP Nº 2.222/2001 REVOGADA PELA LEI Nº 11.053/04. LEI Nº 10.426. INCOMPATIBILIDADE DA RETENÇÃO DO IRPJ NA FONTE. LEI Nº 6.465/77, REVOGADA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 109/01. ALEGAÇÃO DE NÃO OCORRÊNCIA DE FATO GERADOR DECORRENTE DE VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL E INFRACONSTITUCIONAL. NATUREZA JURÍDICA. EFEITOS. SITUAÇÃO QUE NÃO SE SUBSUME A TESE DE IMUNIDADE RECHAÇADA PELO PLENÁRIO NO RE 202.700. CONTRADIÇÃO VERIFICADA. ARTIGO 543A, § 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. REPERCUSSÃO GERAL DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL RECONHECIDA. 1. A CSLL e o IRPJ, respectivamente, e a natureza jurídica não lucrativa das entidades fechadas de previdência complementar, determinada pela lei federal que trata dessas pessoas jurídicas (Lei nº 6.435/77, revogada pela Lei complementar nº 109/01, atualmente em vigor), em tese, afasta a incidência das exações, uma vez que a configuração do fato gerador desses tributos decorre do exercício de atividade empresarial que tenha por objeto ou fim social a obtenção de lucro. 2. Os rendimentos auferidos nas aplicações de fundos de investimento das entidades fechadas, uma vez ausente a finalidade lucrativa dos fundos de pensão para configurar o fato gerador do tributo e as prévias constituições de reserva de contingência e reserva especial e revisão do plano atuarial, ao longo de pelo menos 3 (três) exercícios financeiros para aferir se sobre a realização ou não do superávit, não equivale a lucro, sob o ângulo contábil, afastada a retenção do IRPJ. 3. In casu, arguise no recurso extraordinário a alegada inconstitucionalidade da regra do artigo 1º da MP nº 2.222, de 4 de setembro de 2001, ao estabelecer que a partir de 1º de janeiro Fl. 1406DF CARF MF 18 de 2002, os rendimentos e ganhos auferidos nas aplicações de recursos das provisões, reservas técnicas e fundos de entidades abertas de previdência complementar e de sociedades seguradoras que operam planos de benefícios de caráter previdenciário, ficam sujeitos à incidência do imposto de renda de acordo com as normas de tributação aplicáveis às pessoas físicas e às pessoas jurídicas nãofinanceiras. 4. A natureza da entidade de previdência complementar em regra se contrapõe à incidência dos tributos de IRPJ e de CSLL, que pressupõem a ocorrência do fato gerador lucro ou faturamento pela pessoa jurídica, ante à previsão do artigo 195, I, a e c, da CF/88. 5. A inconstitucionalidade da MP nº 2.222/01, reclama, para apreciação dessa questão, a análise prévia sobre a possibilidade jurídica ou não na realização do fato gerador do IRPJ, que é objeto da referida medida provisória. 6. Repercussão geral reconhecida, nos termos do artigo 543A do Código de Processo Civil. (STF, Recurso Extraordinário nº 612686, Rel. Ministro Luiz Fux, DJe de 14/03/2014). Anteriormente, o Supremo Tribunal Federal havia rejeitado o recurso da contribuinte naquele processo (RE 612.686), em decisão mencionada pelo acórdão recorrido. No entanto, após a publicação do acórdão recorrido, a Corte Suprema reformou o acórdão anterior, para entender presente a repercussão geral. Não obstante, ainda pende de julgamento o mérito deste recurso extraordinário. Em que pese no julgamento supra (RE 612.686) se mencionem as entidades de previdência privada fechada, o racional pode ser aplicado à Recorrente que manteve estrutura de entidade aberta mas sem finalidade lucrativa, como autorizado pela antiga Lei nº 6.435/1977. Esta Turma da CSRF decidiu a respeito das entidades FECHADAS de previdência complementar privada: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Liquido CSLL Exercícios: 1999, 2000, 2001, 2002 Ementa: CSLL INSTITUIÇÕES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA FECHADA INCIDÊNCIA O pressuposto básico para a incidência da Contribuição Social sobre o Lucro é a existência de lucro apurado segundo a legislação comercial. As entidades de previdência privada fechadas obedecem a uma planificação e normas contábeis próprias, impostas pela Secretaria de Previdência Complementar, segundo as quais não são apurados lucros ou prejuízos, mas superávits ou déficits técnicos, que têm destinação especifica prevista na lei de regência. O superávit técnico apurado pelas instituições de previdência privada fechada de acordo com as normas contábeis a elas aplicáveis não se identifica com o lucro liquido do exercício apurado segundo a legislação comercial. 0 fato de as instituições de previdência privada fechada estarem incluídas entre as instituições financeiras arroladas no artigo 22, § 10 da Lei n° 8.212/91, não implica a tributação do superávit técnico por elas apurados. Precedentes da CSRF. Recurso Especial do Procurador improvido. Fl. 1407DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.348 19 Destaco, ainda, precedente desta Turma da CSRF ao julgar o processo nº 19740.720171/200960, envolvendo exatamente a mesma parte do presente processo: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 2005, 2006 CSLL. NÃO INCIDÊNCIA, SOCIEDADE SEM FINS LUCRATIVOS. A CSLL tem como fato gerador a existência de lucro no período correspondente. Tendo em vista que as sociedades sem fins lucrativos auferem superávits e não lucro, não podem se sujeitar à incidência da da CSLL. (Acórdão nº 9101001.978) Por tal razão, voto por dar provimento ao recurso especial da contribuinte, neste ponto reformando o acórdão recorrido. Como restei vencida quanto ao julgamento do mérito do recurso especial da contribuinte, passo à análise da admissibilidade do recurso especial da Procuradoria. A contribuinte alega, em suas contrarrazões, a impossibilidade de conhecimento do recurso especial pela preclusão e intempestividade. Nesse sentido, indica que a Procuradoria foi intimada dos acórdãos recorridos em 12/02/2014, sem a apresentação de recurso especial, ou mesmo de embargos de declaração. De fato, constatase a remessa dos autos à Procuradoria em 14/01/2014 (fls. 765 volume 2), para ciência quanto aos acórdãos proferidos pela Turma a quo. Esta intimação foi confirmada pela ciência pessoal manifestada pela Procuradoria responsável em 12/02/2014 (fls. 763). A intimação dos Procuradores da Fazenda Nacional são efetuadas pessoalmente, na forma do artigo 23, §7º, do Decreto nº 70.235/1972, com alterações veiculadas pela Lei nº 11.457/2007. Caso não efetuada a intimação em 40 dias da formalização do acórdão, os autos serão remetidos à Procuradoria para intimação, que se considera ocorrida depois de 30 dias da entrega dos autos, como prescrevem os §§8º e 9º do mesmo artigo 23, verbis: Art. 23. Farseá a intimação: (...) § 7o Os Procuradores da Fazenda Nacional serão intimados pessoalmente das decisões do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda na sessão das respectivas câmaras subseqüente à formalização do acórdão.(Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) § 8o Se os Procuradores da Fazenda Nacional não tiverem sido intimados pessoalmente em até 40 (quarenta) dias contados da formalização do acórdão do Conselho de Contribuintes ou da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda, os respectivos autos serão remetidos e entregues, mediante protocolo, à Procuradoria da Fazenda Nacional, para fins de intimação.(Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) § 9o Os Procuradores da Fazenda Nacional serão considerados intimados pessoalmente das decisões do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda, com o término do prazo de 30 (trinta) dias contados da data em que os respectivos autos forem Fl. 1408DF CARF MF 20 entregues à Procuradoria na forma do § 8o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) No caso destes autos, com a entrega dos autos à Procuradoria em 14/01/2014, considerase fictamente intimada a Procuradoria em 13/02/2014. No entanto, a intimação antecipase para o dia 12/02/2014, considerando a intimação pessoal da Procuradora, como acima referido. Diante disso, o prazo para eventual recurso especial pela Procuradoria esgotouse no mês de fevereiro de 2014. Não obstante, apenas em 23/04/2015 foi apresentado recurso especial. Nesse contexto, vislumbro a preclusão lógica para a apresentação de recurso especial, diante da ciência inequívoca da Procuradoria às fls. 763 e sua manifestação sobre não ser interposto recurso especial àquela ocasião. Ademais, constatase a intempestividade do recurso apresentado em 23/04/2015, e a decorrente preclusão temporal para sua interposição, considerando a intimação da Procuradoria em 12/02/2014 e a apresentação do recurso apenas em 23/04/2015, isto é, mais de um ano depois. Com o transcurso de prazo muito superior ao prazo recursal, extinguese o direito de interposição de recurso especial, na forma prevista pelo artigo 223, do Código de Processo Civil/2015 (Lei nº 13105/2015), verbis: Art. 223. Decorrido o prazo, extinguese o direito de praticar ou de emendar o ato processual, independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por justa causa. § 1o Considerase justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário. § 2o Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe assinar. Por tais razões, aplicando subsidiariamente o artigo 223, do CPC/2015, não conheço do recurso especial da Procuradoria. Por tais razões, voto por dar provimento ao recurso especial da contribuinte e não conhecer o recurso especial da Procuradoria. (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Voto Vencedor Conselheiro Rafael Vidal de Araujo Redator Designado Em que pesem as razões de decidir da eminente relatora, peço vênia para dela divergir quanto à não incidência da CSLL. O acórdão recorrido deve ser mantido por seus próprios fundamentos. Transcrevo abaixo as partes que considero mais relevantes para a questão suscitada no recurso especial sob exame: 2 DA NÃO INCIDÊNCIA DE CSLL ÀS ENTIDADES NÃO LUCRATIVAS Alega a Recorrente não se enquadrar no conceito de empresa por não partilhar seus resultados aos sócios/associados. Além disso, auferiria superávits, e não lucros. Fl. 1409DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.349 21 Em razão destas duas características, não estaria sujeita à incidência de CSLL em razão da não ocorrência do fato gerador. Em primeiro lugar, cumpre relembrar que o caput do art. 195, I, da Constituição Federal dispõe que: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei[...] Desse modo, por expresso comando constitucional, o conceito de empresa ou entidade a ela equipara, para fins de incidência de contribuições sociais, deve extraído da lei. Pois bem, para fins de incidência de contribuições para o financiamento da seguridade social, os arts. 11 e 15 da Lei nº 8.212, de 1991, assim dispõe: Art. 11. No âmbito federal, o orçamento da Seguridade Social é composto das seguintes receitas: [...] II receitas das contribuições sociais; [...] Parágrafo único. Constituem contribuições sociais: [...] d) as das empresas, incidentes sobre faturamento e lucro; [...] Art. 15. Considerase: I empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; [...] Portanto, não restam dúvidas a respeito de que: (i) a contribuição sobre o lucro é uma contribuição social para a seguridade social; (ii) para fins de incidência das contribuições sociais para financiamento da seguridade social, considerase empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não. Portanto, para fins de incidência da CSLL acatar a tese de que a Recorrente, por não possuir intuito lucrativo, não se enquadraria no conceito de empresa, implicaria afastar a aplicação de dispositivo literal de lei, qual seja, o art. 15, inciso I, da Lei nº 8.212, de 1991. A respeito de não auferir lucro, mas sim, superávits, e como consequência, não haver incidência de CSLL, fazse necessária uma análise mais acurada. Mais uma vez, tratase de aplicação literal de dispositivos legais. Vejase a redação do art. 23 da Lei nº 8.212, de 1991: Art. 23. As contribuições a cargo da empresa provenientes do faturamento e do lucro, destinadas à Seguridade Social, além do disposto no art. 22 são calculadas mediante a aplicação das seguintes alíquotas: Fl. 1410DF CARF MF 22 [...] II 10% (dez por cento) sobre o lucro líquido do períodobase antes da provisão para o Imposto de Renda, ajustado na forma do art. 2° da Lei n° 8.034, de 12 de abril de 1990. 1° No caso das instituições citadas no § 1° do art. 22 desta lei, a alíquota da contribuição prevista no inciso II é de 15% (quinze por cento). 2° O disposto neste artigo não se aplica às pessoas de que trata o art. 25. (grifo nosso) Por sua vez, entre as entidades citadas no §1º do art. 22 do dispositivo legal em comento estão as entidades de previdência complementar abertas e fechadas. Já o art. 2º da Lei nº 7.689, de 1988, que instituiu a CSLL, prevê que “A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda.” (grifo nosso) Ora, se há dispositivos legais que dispõem que as entidades abertas de previdência complementar são contribuintes da CSLL (art. 22, § 1º, c/c , art. 23, ambos da Lei nº 8.212/91), que se considera empresa a entidade que assume os riscos da atividade econômica, ainda que sem fins lucrativos (art. 15, I, da Lei nº 8.212/91), e que a base de cálculo da CSLL é o resultado do exercício (art. 2º da Lei nº 7.689/88), entendo que resta evidente que o resultado das entidades de previdência complementar, abertas ou fechadas, está sujeita à incidência de CSLL. Tal conclusão possui, inclusive, argumentos relevantes de índole constitucional. Em memorial a Recorrente transcreve trecho do Acórdão 10193942/2002 que rechaça os efeitos das Emendas Constitucionais ECR nº 1/94 e EC nº 10/96 a respeito da inclusão das entidades de previdência complementar, abertas ou fechadas, estarem sujeitas à CSLL. A fim de refutar tais conclusões, contrapõese, a cada argumento do acórdão paradigma colacionado pela Recorrente, excertos do voto do Conselheiro Flávio Franco Corrêa no acórdão 10322.858 que, com maestria, muito bem enfrentou a questão: Trecho do voto paradigma colacionado pela Recorrente: Para sustentar a exigência, a autoridade autuante e a decisão recorrida constroem um raciocínio indireto, partindo da Emenda Constitucional de Revisão nº 1/94, passando pela Emenda Constitucional 10/96, para concluir que o legislador, ao exercer o poder constituinte derivado, estabeleceu que todas as pessoas jurídicas mencionadas no § 1º do art. 22 da Lei nº 8.212/1991, aí compreendidas as entidades de previdência abertas e fechadas, deveriam contribuir para a contribuição social sobre o lucro de que trata a Lei nº 7.689/88. Entretanto, tal argumentação não tem consistência, como se verá a seguir. Trecho do voto ora contraposto: Para bem fundamentar este voto, impende destacar, de plano, o exercício da jurisdição constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, tal a importância que lhe conferiu a Carta Magna, ao reservarlhe o pódio de guardião da Constituição (art. 102, caput, CR/88). [...] Em primeiro lugar, estranho, com a devida vênia, a imprecisão conceitual constante do aresto modelo, segundo a qual o poder constituinte derivado é exercido pelo “legislador”. A tal propósito, percebase que a Carta Magna, além de assentar no Título IV a organização dos poderes instituídos – Executivo, Legislativo e Judiciário – cada qual com disciplina constitucional específica, estabeleceu, ademais, que o poder legislativo é exercido pelo Congresso Nacional. E no que toca ao debate Fl. 1411DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.350 23 em torno da divisão de poderes do Estado, ganhou terreno a idéia de que tais poderes conservam características do poder político: a unidade, a indivisibilidade e a indelegabilidade. Trecho do voto paradigma colacionado pela Recorrente: Essas Emendas Constitucionais (ECR nº 01/94, EC nº 10/96 e EC nº 17/97) não ampliaram a base de incidência nem o universo de contribuintes da contribuição social sobre o lucro. Não há, nas referidas Emendas, qualquer disposição nesse sentido. (Até porque, segundo a melhor doutrina, o constituinte derivado não se equipara ao constituinte originário, não lhe competindo alterar as regras matrizes constitucionais dos tributos). Portanto, a base de incidência de CSLL, mesmo após a ECR nº 01/94 e as EC nos 10/96 e 17/97 continua a ser o lucro, e contribuintes são todos os que aufiram lucro. [...] Observese, pois, que o § 1º do art. 22 da Lei 8.212/91, ao qual a ECR 01/94 faz remissão, e que menciona expressamente as entidades de previdência privada fechada, não trata de contribuição incidente sobre lucro, mas sim, de contribuições incidentes sobre o total de remunerações pagas. Nesse caso, evidentemente, estão alcançadas quaisquer entidades que paguem remuneração, ainda que não aufiram lucros, daí a menção expressa às entidades de previdência privada fechada. É fato que o caput do artigo e o § 1º mencionam “além das contribuições referidas no art. 23", mas tais dispositivos tratam apenas de contribuições sobre remunerações pagas e de adicional instituído sobre essas mesmas contribuições quando se tratar de contribuintes bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas. A remissão, em disposições constitucionais transitórias, às empresas relacionadas no § 1º do art. 22 da Lei nº 8.212/91, não tem o condão de alterar o pressuposto da incidência previsto no texto permanente da Constituição (obtenção de lucro). Assim, a única interpretação possível para o inciso III do art. 72 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias é no sentido de que integra o Fundo Social de Emergência a parcela do produto da arrecadação resultante da elevação da alíquota da contribuição social sobre o lucro daquelas pessoas jurídicas que, sendo sujeitas à contribuição, estejam relacionadas no § 1° do art. 22 da Lei n° 8.212/91. Equivocada, pois, a conclusão da decisão recorrida no sentido de que, com o advento da Emenda Constitucional de Revisão nº 1/94 e da Emenda Constitucional nº 10/96, o legislador, ao exercer o poder constituinte derivado, estabeleceu que todas as pessoas jurídicas mencionadas no §1º do art. 22 da Lei nº 8.212/1991, aí compreendidas as entidades de previdência privada fechadas, são contribuintes da CSLL, de que trata a Lei nº 7.689/88, sendo a base de cálculo o valor do resultado do exercício. As referidas Emendas Constitucionais não trouxeram qualquer alteração Fl. 1412DF CARF MF 24 quanto à limitação da competência atribuída no art. 195 para a instituição, pela União, de contribuições sociais.” Trecho do voto ora contraposto: Certo, a função legislativa da União é exercida pelo Congresso Nacional, que é bicameral. Mas, ao lado da função legislativa, a Carta Magna também lhe outorgou o poder de emendar a Constituição. No ponto, pela preciosidade que ostenta, não é em demasia que se traz à colação a reflexão do ilustre José Afonso a respeito da referida competência congressual, verbis: (...) Uma vez contornadas as distinções em tela, convém separar, à evidência, a função legislativa da competência constituinte derivada, ambas concentradas no Congresso Nacional, de acordo com o perfil estatal idealizado pelo poder constituinte originário. De outro modo, e reiterando o que se afirmou, restou indubitável que o poder constituinte originário prescreveu ao mesmo órgão a execução da função legislativa e o poder de reforma constitucional. Ou seja, não é o “legislador” que exerce o poder constituinte derivado, o que se harmoniza com o magistério de Canotilho, ao prelecionar que nada obstaria ao poder constituinte originário legitimar órgão diverso do Congresso Nacional para o exercício do poder de revisão, como na Argentina, por exemplo, cuja Constituição prefiniu, em seu artigo 30, que “a revisão só pode ser efetuada por uma Convenção” convocada para esta finalidade. Em síntese, as emendas constitucionais resultam, indiretamente, de uma atuação do próprio poder constituinte originário. Todavia, no Brasil, o poder constituinte originário impôs limites ao poder de emenda do Congresso Nacional, à luz do disposto no artigo 60 da Carta Política: (...) Por oportuno, anotese que o Supremo Tribunal Federal reportouse à diretriz constitucional retratada no parágrafo anterior: (...) Colecionadas as observações da doutrina e da jurisprudência referidas, incumbeme, no presente, descrever os trechos relevantes das Emendas Constitucionais mencionadas no voto paradigmático da Conselheira Sandra Faroni, com o intuito de rebater os argumentos revelados em sua exegese: (...) Equivocase, pois, o arestomodelo, ao escorarse na opinião de que o poder constituinte derivado não pode alterar as “matrizes constitucionais dos tributos” (sic). Em repúdio à tese em comento, avultase, na oportunidade e a título de exemplo, a Emenda Constitucional nº 20/98, que introduziu modificações ao artigo 195 da Lei Fundamental, [...] (...) Em face do exposto, o Supremo Tribunal Federal, decerto, exercendo a defesa que lhe foi delegada pelo poder constituinte originário, para a preservação da estabilidade do ordenamento normativo do Estado e da segurança das relações jurídicas, teria declarado a inconstitucionalidade da alteração no texto da Carta Magna ou, ao menos, a plausibilidade da alegada contaminação pelo vício grave aduzido, quando convocado ao exame de constitucionalidade da Emenda Constitucional de Revisão nº 1/1994, verbis: Fl. 1413DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.351 25 (...) Pelo que se vê na doutrina e na jurisprudência, o poder constituinte derivado não ultrapassou os limites que lhe foram impostos pelo poder constituinte originário, no tocante à norma insculpida no art. 72, III, dos ADCT, inserida pela Emenda Constitucional de Revisão nº1/1994, com as inovações resultantes da Emenda Constitucional nº 10/1996. Digase, outrossim, da estrada tortuosa pela qual o arestomodelo enveredou, ao interpretar a Constituição conforme a lei, e não a lei conforme a Constituição. Sim, na verdade, o voto vencido, na trilha de seu paradigma, descortinou a exegese que extraíra de uma norma de índole constitucional, em consonância com os parâmetros que vislumbrara na Lei nº 7.689/88. Não posso desperdiçar, em vista dos equívocos patenteados, o apoio oferecido pela brilhante lição do Ministro Celso de Mello, relator da Petição nº 3.270 (Informativo STF 370), verbis: (...) Mestre Canotillho, ao tecer explicações sobre os designados princípios funcionalmente limitativos, destaca o princípio da interpretação em conformidade com a Constituição, o qual, “no domínio específico da jurisdição constitucional, remonta ao velho princípio da jurisprudência americana segundo a qual os juízes devem interpretar as leis "in harmony with the constitution.”. E prossegue o renomado constitucionalista: (...) A prevalência hierárquiconormativa, de que trata Canotillho, obsta a manipulação da Constituição para adequála a um sentido que o intérprete predefiniu para a lei. Nesses termos, é inegável que a interpretação entalhada na ementa do arestomodelo esvaziou, por completo, o conteúdo da norma constitucional, tornandoa letra morta, mediante o simplório argumento de que as entidades fechadas de previdência complementar não auferem lucro. Entretanto, as razões de decidir do aresto que o voto vencido tomou como paradigma não denotam, apenas, a erronia que se visibiliza na sujeição da Constituição à norma de escalão inferior. Não bastasse a interpretação de mão invertida pela qual se guiou, é nítido o desacerto na aplicação da própria norma constitucional, porquanto a remissão ao parágrafo primeiro do artigo 22 da Lei nº 8.212/90, constante do artigo 72, III, dos ADCT, não tem outra função a não ser a de referirse ao rol de pessoas jurídicas sujeitas à elevação da alíquota da contribuição social sobre o lucro ao percentual de 30%. Em face de tamanha clareza, o raciocínio cujo remate descerra a conclusão de que o sobredito dispositivo constitucional trata da tributação – não da CSSL – mas da contribuição previdenciária sobre as remunerações pagas – convenhamos – dimana de uma interpretação tão criativa quanto hostil à Carta Magna. Afora o que deixei registrado nas linhas precedentes, não hesito na asseveração de que o voto vencido e seu arestomodelo valeramse do nomem juris do tributo para a suposição de sua base de incidência. Paulo Barros de Carvalho explica, em comentários ao art. 4º, I, do CTN que o legislador agiu com extrema lucidez, “ao declarar que suas palavras não devem ser levadas ao pé da letra”, afinal os nomes que designam as “prestações pecuniárias que se quadrem na definição do art. 3º do Código hão de ser recebidas pelo intérprete sem aquele tom de seriedade e de certeza que seria de esperar. Porque, no fundo, certamente pressentiu Fl. 1414DF CARF MF 26 que, utilizando uma linguagem natural, penetrada das comunicações cotidianas, muitas vezes iria enganarse, perpetuando equívocos e acarretando confusões. E é justamente o que acontece. As leis não são feitas por cientistas do Direito e sim por políticos, pessoas de formação cultural essencialmente diversificada, representantes que são dos múltiplos setores que compõem a sociedade. O produto de seu trabalho, por conseguinte, não trará a marca do rigor técnico e científico que muitos almejam encontrar. Seria como se tivesse dito: Não levem às últimas conseqüências as palavras que enuncio, porque não sou especialista. Compreendamme em função da unidade sistemática da ordem jurídica.” Pois bem. As palavras de Paulo de Barros de Carvalho, ora recolhidas, cabem com exatidão no caso em estudo. Vejase, a propósito, o art. 2º da Lei nº 7.689/88, que, ao definir a base de cálculo da CSSL, partiu do “resultado do exercício”, ajustandoo, todavia, mediante as adições e as exclusões que estão inscritas no artigo 2º, § 1º, alínea c, da lei em referência, posteriormente modificado pelo art. 2º da Lei nº 8.034/90. Ou seja, referidos ajustes ao resultado do exercício conflitam com o que se cristalizou na concepção de tantos, que se deixaram iludir pelo nomem juris do tributo, assim imaginando que sua incidência recai sobre o lucro líquido. Acrescentese que a doutrina e a jurisprudência administrativa facilitaram o trabalho de interpretação sob a incumbência deste relator, tal a iterativa asserção de que a base de cálculo do tributo objeto do lançamento de ofício em exame tem a singela denominação de “base de cálculo da CSSL”, verbis: (...) A despeito do entendimento que apresento neste voto, defendendo a diferenciação entre “base de cálculo da CSSL” e lucro líquido, retorno à expressão “resultado do exercício”, gravada no corpo do artigo 2º da Lei nº 7.689/99, com o intuito de adequálo às entidades sem fins lucrativos que se conformam, por adequação típica, às pessoas jurídicas do artigo 72, III, dos ADCT, visando à máxima efetividade que a norma constitucional reclama. Socorrome, para fins hermenêuticos, do julgamento do AI 382298AgR (DJ 28.05.2004), ressaltando breve trecho da lavra do Ministro Gilmar Mendes, relativamente ao princípio supracitado: (...) De tudo o que salientei, depreendo que a harmonização entre a Lei nº 7.689/88 e o art. 72, III, dos ADCT exige a compreensão de que “resultado do exercício” é gênero, cujas espécies são o lucro e o superávit. Por conseguinte, pouco importa, para a tributação da CSSL em consonância com o artigo 72, III, dos ADCT, se a entidade de previdência tem finalidade lucrativa ou não. Contudo, a justiça que se exige do órgão julgador requer a segregação das entidades que distribuem benefícios previdenciários decorrentes, exclusivamente, de contribuições da própria mantenedora. Isto porque a jurisprudência da Corte Suprema acolheuas no seleto grupo das instituições de assistência social, albergadas, em conseqüência, pelo manto da imunidade prevista no art. 195, § 7º, da Constituição da República, a teor das informações que emanam das seguintes ementas: (...) Alfim, os autos denunciam, entretanto, que a autuada não está incluída na categoria das instituições de assistência social, uma vez que a relação Fl. 1415DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.352 27 jurídica da qual se deriva o sistema previdenciário aludido não dispensa – ao contrário, impõe a participação dos beneficiários em seu custeio. Desse modo, conforme bem assentado no julgado retrotranscrito, há de se entender que “resultado do exercício” é gênero, cujas espécies são o lucro e o superávit, o que derruba por terra a pretensão da Recorrente de não se ver sujeita à incidência de CSLL. Por fim, tendo em vista os diversos precedentes citados pela Recorrente a seu favor, valhome do mesmo expediente, conforme excertos transcritos a seguir, partindose de seu relatório e concluindose com o voto: Em suas razões, a parte recorrente repisa os mesmos argumentos expendidos em seu apelo excepcional, alegando que: “(...) a discussão sobre a constitucionalidade de tais exigências (IRfonte e CSLL) não pressupõe qualquer exame de provas (de resto,inexistentes nos autos) ou de cláusulas dos estatutos ou dos planos de benefícios das entidades associadas à ABRAPP, pois não é em nenhum desses documentos – mas diretamente na lei – que se encontra a declaração inequívoca do caráter nãolucrativo dos fundos de pensão fechados, ponto aliás reconhecido de forma expressa pelo acórdão do TRF da 4ª Região. A questão é puramente de direito, e das mais relevantes: definir se é compatível com a Constituição exigirse IRfonte e CSLL de entidades a quem o legislador vedou de forma categórica e incondicional a persecução de lucros. O seu deslinde passa unicamente pela aferição dos limites do fato gerador do IRPJ e da CSLL, tal como exteriorizados nos dispositivos constitucionais já referidos, de forma a definirse se alcança os ingressos e os superávits obtidos por entidades legalmente qualificadas (e, insistase, definidas pela Corte a quo) como destituídas de fins lucrativos”. VOTO O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Preliminarmente, o agravo regimental atende aos pressupostos de admissibilidade indispensáveis para o conhecimento da causa por esta Corte. No mérito, contudo, não merece prosperar. Em suma, os fundamentos da decisão agravada restaram assim consignados (fls.): “Cuidase na origem de mandado de segurança coletivo impetrado pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar ABRAPP, ora recorrente, na qualidade de substituta processual de suas associadas, contra a exigência da Contribuição Social Sobre o Lucro – CSLL e do Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF, incidente, na modalidade de tributação exclusiva, sobre aplicações financeiras. Opostos embargos de declaração (fls. 439443) em face do acórdão prolatado em sede de apelação, estes foram rejeitados. (fls. 445447). Nas razões do recurso extraordinário, a parte recorrente sustenta a preliminar de repercussão geral e, no mérito, alega violação dos artigos 150, inciso III, e 195, inciso I, alínea ‘c’, da Constituição Federal. Fl. 1416DF CARF MF 28 Sustenta que não pretende discutir a acerca da imunidade das entidades de previdência fechada, pois é certo que o Supremo Tribunal Federal decidiu no RE n.º 202.700/DF que as entidades fechadas de previdência complementar que cobram contribuições de seus beneficiários não tem, por isso mesmo, natureza assistencial, não se legitimando ao gozo da imunidade dos artigos 150, VI, ‘c’, e 195, § 7º, da Constituição Federal, no entanto, mesmo o contribuinte não imune só ficaria obrigado ao pagamento de tributo cujo fato gerador possa ser efetivamente realizado. Afirma que, no caso, ‘sendo os fundos de pensão fechados proibidos por lei de perseguir lucros, e sendo a competência para a instituição do IRPJ (inclusive do IRRF, que tem natureza antecipatória) e da CSLL ligada à ideia de renda ou lucro, não se pode cogitar da incidência de tais tributos sobre as referidas entidades’(fl. 455). Aduz que pela Lei n.º 6.435/77, em seu artigo 4º, § 1º, recepcionada como Lei Complementar pela Constituição Federal de 1988, as entidades fechadas eram proibidas de perseguir lucros, e que essa orientação foi mantida pelo artigo 31, § 1º, da Lei Complementar n.º 109/2001, que a revogou. Sustentam que em decorrência dessa proibição, a sua natureza peculiar afasta o regime das leis mercantis e financeiras, aplicáveis às entidades abertas, com fins lucrativos. Alega que: ‘Por estarem legalmente proibidas de ter lucro, as associadas da Recorrente submetemse a regime contábil particular, em que evidentemente não se cogita de lucros ou prejuízos, mas sim de superávits (não distribuíveis e necessariamente reversíveis à melhoria dos planos de benefícios ou à redução das contribuições da patrocinadora e dos beneficiários) e déficits (que têm de ser imediatamente e solidariamente equacionados por uma e outros, a bem da sobrevivência da entidade). ….......................................................................................... Constatase que as leis de regência sempre caracterizaram as associadas da Recorrente como entidades previdenciárias sem fins lucrativos. Superavits, se houver, serão absorvidos pelos benefícios ou serão reduzidas as contribuições dos participantes, sendo de todo vedada a sua distribuição. Tal proibição ao ver do acórdão profligado, limitarseia à destinação dos ‘lucros’ auferidos, mas não iria ao ponto de desqualificar como ‘lucros’ os superávits obtidos pelos fundos de pensão fechados, que ficariam por isso mesmo obrigados ao pagamento o IRRF e da CSLL. O erro, data venia, está em designar como lucro o aumento patrimonial não disponível econômica ou juridicamente para quem o obtém. De fato, o conceito provado de lucro, adotado pelo constituinte para atribuir competência para instituir o IR e a CSLL (e que precisa ser respeitado pelo legislador e pelo aplicador da lei tributária, à vista do preceito declaratório do artigo 110 do CTN), pressupõe necessariamente a possibilidade de apropriação privada, a depender apenas da decisão da assembléia geral. (…). ….......................................................................................... O v. Acórdão reconhece que os fundos de pensão fechados não podem repartir os seus superávits entre os associados. Fl. 1417DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.353 29 Mesmo assim, insiste em enquadrálos nos conceitos constitucionais de lucro e de renda, para fim de incidência do IRfonte e da CSLL. O desvirtuamento de tais conceitos revelase nítido. Sobre a sinonímia entre os conceitos de renda e de lucro, basta lembrar que a legislação do IRPJ determina a apuração da renda a partir do lucro real, do lucro presumido ou do lucro arbitrado – sempre do lucro, portanto. Se é fato que os acréscimos patrimoniais obtidos pelos fundos de pensão fechados não constituem renda, como acima demonstrado, tampouco se justifica a sua tributação como proventos de qualquer natureza. Isso porque, tanto quanto a renda, os proventos qualificamse por serem disponíveis, e está demonstrado que tal disponibilidade inexiste para as entidades fechadas de previdência complementar, que não podem dar aos seus superávits destinação distinta das fixadas em lei’ (fls. 459). Informa a existência de Ato Declaratório Normativo do Coordenador do Sistema de Tributação – CST nº 17/90 reconhecendo que a Contribuição Social sobre o Lucro –CSLL não será devida pelas sociedades jurídicas que desenvolvam atividades sem fins lucrativos, tais como fundações, associações e sindicatos. Quanto ao imposto de renda e proventos de qualquer natureza da pessoa jurídica –IRPJ, aduz ser inconstitucional a tributação exclusiva na fonte, ‘pois a lei jamais impôs IRPJ, ao fim do exercício, sobre os fundos de pensão fechados’ (fl. 461). Aduz que o que havia era o equivocado entendimento do Fisco de que se sujeitariam à retenção de imposto de renda exclusivo na fonte os rendimentos por eles auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou variável, partindo de errônea interpretação das Leis tributárias, mais especificamente dos artigos 47 da Lei n.º 7.799/89; 20 da Lei n.º 8.383/91; 36 da Lei n.º 8.541/92; 64, 72 e 73 da Lei n.º 8.981/95 e 28 da Lei nº 9.532/97. Sustenta que tais dispositivos não se aplicam às entidades de previdência privada, que não são isentas, mas simplesmente não realizam o fato gerador, em típica hipótese de não incidência, sendo que a exigência do tributo desvirtua o conceito constitucional de renda insculpido no artigo 153, inciso III, da Constituição Federal. Foram apresentadas contrarrazões ao recurso extraordinário (fls. 470 472). O Ministério Público Federal, em parecer da lavra do Subprocurador Geral da República, Dr. Paulo Rocha Campos, opinou pelo desprovimento do recurso extraordinário. É o relatório. DECIDO. Não assiste razão o recorrente. Ab initio, a repercussão geral pressupõe recurso admissível sob o crivo dos demais requisitos constitucionais e processuais de admissibilidade (artigo 323 do RISTF). Consectariamente, se o recurso é inadmissível por outro motivo, não há como se pretender seja reconhecida ‘a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso’(art. 102, III, § 3º, da CF). O acórdão recorrido harmonizase com o Enunciado da Súmula n.º 730 do Supremo Tribunal Federal: “A imunidade tributária conferida a Fl. 1418DF CARF MF 30 instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, vi, "c", da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários”. [...] Ex positis, nego provimento ao agravo regimental . Por oportuno, transcrevemse excertos de interesse da ementa do julgado em questão: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO. ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. PEDIDO DE NÃO INCIDÊNCIA DO IRPJ E CSLL. ALEGAÇÃO DE NÃO OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR LUCRO. IMPOSSIBILIDADE. A EXISTÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO DOS SEUS BENEFICIÁRIOS AFASTA A IMUNIDADE DO ARTIGO 150, VI, “C”. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO DA SÚMULA N.º 730/STF. PRECEDENTE: RE N.º 202.700/DF, PLENO, RELATOR O MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA, DJ 1º.3.02. EXISTÊNCIA OU NÃO DO FATO GERADOR DO IRPJ E CSLL. MATÉRIA FÁTICA. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO DA SÚMULA Nº 279/STF. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmouse no sentido de que a imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, "c", da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários. Incidência do Enunciado da Súmula n.º 730/STF. 2. Para divergir do acórdão recorrido acerca da existência do fato gerador do IRPJ e CSLL seria necessário o reexame de provas e cláusulas contratuais (estatuto social e plano de benefícios), o que encontra óbice nas súmulas 279 e 454 desta Corte. [...] 4. In casu, o acórdão recorrido assentou: “AC. ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. IMUNIDADE. CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. BITRIBUTAÇÃO. PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DA PROGRESSIVIDADE. 1. O patrimônio das entidades fechadas de previdência privada compõese de valores provenientes das contribuições de seus participantes, de dotações da própria entidade e de aporte do patrocinador, enfim, mesmo que não possuam fins lucrativos, é cabível a incidência do imposto de renda e da contribuição sobre o lucro, pois na sua atividade captam e administram os recursos destinados ao pagamento de benefícios de seus associados. Também, não gozam da imunidade prevista no art. 150, VI, "c" da CRFB, já que não se confundem com as entidades de assistência social, destinadas a auxiliar pessoas carentes, independentemente de estarem ou não no mercado de trabalho e da contribuição correspondente. [...] 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (RE 612686 AGR / SC, 1ª Turma STF, Sessão de 05/03/2013). (grifos nossos) Vêse, assim, que independentemente de tratarem de entidades fechadas de previdência complementar, os precedentes do STF, debruçandose sobre causa em que o então recorrente utilizouse praticamente dos mesmos argumentos expendidos no recurso voluntário que ora se analisa, identificam que, ainda que não visem a fins lucrativos os resultados das entidades de previdência complementar estão Fl. 1419DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.354 31 sujeitas à incidência tanto do IRPJ quanto da CSLL, até mesmo porque não se enquadram no conceito de entidades de assistência social. Desse modo, todos os argumentos a respeito do tema tecidos pela Recorrente, em especial o de que superávits não estariam sujeitos à incidência de CSLL, pois não se tratam de lucros, encontramse superados pelo entendimento do Pretório Excelso. Frisese ainda, que o cenário nos Tribunais Regionais Federais, como não poderia deixar de ser, não diferem do aqui exposto. Pelo contrário, a tese de que os superávits não estariam sujeitos à incidência de CSLL também é rechaçada em âmbito regional, como, por exemplo, no julgamento da Apelação em Mandado de Segurança nº 52480 (200251010142211), no âmbito do TRF da 2ª Região: TRIBUTÁRIO. LEI 7.689/88. A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO DAS PESSOAS JURÍDICAS. PREVISÃO LEGAL PARA A COBRANÇA DA CSLL NO QUE SE REFERE ÀS ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. ARTIGOS 22 E 23 DA LEI Nº 8.212/91. Sob o argumento de que é entidade aberta de previdência privada sem fins lucrativos, a apelante alega que não está sujeita à cobrança da Contribuição Social sobre o Lucro, por não auferir lucro, mas tão somente superávit, conceito distinto daquele. O artigo 1º da Lei 7.689/88, que instituiu a contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas, atendendo ao disposto no artigo 195, inciso I, da Constituição, foi declarado constitucional, por unanimidade, pelo STF. De acordo com o art. 4º da referida lei, os contribuintes da exação são as pessoas jurídicas domiciliadas no País e as que lhes são equiparadas pela legislação tributária. A incidência da Contribuição Social sobre o Lucro só não alcançou as entidades beneficentes de assistência social, imunes à exação por força do § 7º do art. 195. Há previsão legal para a cobrança da CSLL no que se refere às entidades de previdência privada, conforme se depreende dos artigos 22 e 23 da Lei nº 8.212/91. Conforme bem asseverado na sentença, para que ocorra a incidência da CSLL, basta que, nos termos do art. 2º da Lei 7.689/88, a pessoa jurídica obtenha resultado positivo no exercício de apuração, irrelevante o fato de possuir ou não ânimo de lucro. Vale ressalvar, ainda, que o conceito de lucro é dado pela legislação tributária. O que o Código Tributário veda, em seu art. 110, é que a lei tributária altere a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias, não sendo essa a hipótese vertente. Ademais, o conceito de lucro estabelecido no direito privado, mais especificamente no direito comercial, não foi alterado pelo art. 2º da Lei nº 7.689, como já decidiu o Superior Tribunal de Justiça. Negado provimento à apelação. (4ª Turma Especializada do TRF2, Relator Desembargador Alberto Nogueira, votação unânime, EDJF2R Data: 16/09/2010 Página: 222) (grifo nosso) Cito como exemplo também o decidido no TRF da 5ª Região na Apelação em Mandado de Segurança nº 86093 (200284000027326): PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ENTIDADE FECHADA DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. INEXISTÊNCIA. 1. O fato de as entidades fechadas de previdência não perseguirem fins lucrativos, conforme disposição contida na legislação de regência (Lei Complementar nº 109/01, Art. 12, parágrafo 1º), não as exime da Fl. 1420DF CARF MF 32 incidência do imposto de renda, nem da contribuição social sobre o lucro líquido. 2. A vedação representa apenas um limite ao destino dado aos acréscimos patrimoniais da entidade (impedindo a partição entre os associados, dado que a única vocação do empreendimento é a manutenção dos benefícios que concede, cf. Art. 20 da referida lei), e não um impedimento ao ganho em si (verdadeira obtenção da disponibilidade econômicofinanceira). 3. Precedente do c. STJ: RESP 628008. Segunda Turma. Rel. Min. Francisco Peçanha Martins. DJ 05.04.2006. 4. Legal a cobrança da CSLL relativa aos fatos geradores anteriores a 1° de janeiro de 2002, assim como a cobrança do IR resultante da geração de lucros pelas entidades de previdência privada fechadas (ainda quando, repete se, não tenham finalidade lucrativa), em razão de estarem compreendidas no campo de incidência dos tributos em comento. 5. A partir de 1º de janeiro de 2002, não se faz a incidência tributária e não há lide neste aspecto , mercê de isenção contida na MP nº 16/2001, em seu Art. 5º, não sendo demasiado registrar que ela excluiu crédito tributário que, dada a incidência anteriormente verificada, efetivamente existia. 6. Remessa Oficial e Apelação da Fazenda Nacional providas e Apelação do particular improvida. (2ª Turma do TRF5, Relator Desembargador Napoleão Maia Filho, DJE Data: 28/10/2009 Página: 415) (grifo nosso) Nesse cenário, vêse que a única hipótese de sucesso da tese aventada pela Recorrente é no âmbito do CARF, pois, no âmbito judicial, a matéria é tratada de maneira uniforme e favorável à Fazenda Nacional, inclusive no Supremo Tribunal Federal. Desse modo, imperioso concluir que o art. 2º da Lei nº 7.689/88 prevê que “A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda.” (grifo nosso) Assim, conforme já salientado, há de se entender que “resultado do exercício” é gênero, cujas espécies são o lucro e o superávit. 3 DAS NORMAS APLICÁVEIS E ATOS INFRALEGAIS SOBRE O TEMA Alega a recorrente que o Ato Declaratório (Normativo) CST nº 17 daria guarida a sua tese de não incidência de CSLL aos superávits apurados por entidades sem fins lucrativos. Discordo de tal entendimento. Ainda que se entenda que esse ato pudesse se aplicar às entidades de previdência complementar, em relação às entidades de previdência aberta e fechada tal entendimento teria perdurado somente até o advento da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, uma que vez que seu artigo 23, combinado com o § 1º do art. 22 do mesmo diploma legal, passou expressamente a prever a incidência de CSLL sobre os resultados apurados por tais entidades, ainda que sem fins lucrativos, conforme já analisado. Assim, considerando o acima exposto, resta claro que, com a edição da Lei nº 8.212/91, combinada com a Lei nº 9.732/98, são imunes apenas as entidades beneficentes de assistência social, não sendo o caso das entidades de previdência complementar, abertas ou fechadas. E a alegação da Recorrente de que o §1º do art. 22 da Lei nº 8.212/91 aplica se somente às contribuições previdenciárias merece ser rechaçada, pois, nos termos já expostos, o art. 23 deste dispositivo legal é que prevê a incidência da CSLL sobre os resultados das entidades de previdência. Ainda a respeito da alegação de que se trataria de não incidência, impende esclarecer que o art. 5º da Lei nº 10.426, de 2002 (conversão da Medida Provisória nº 16), concedeu isenção única e exclusivamente às entidades fechadas de previdência complementar. Tais entidades também não auferem lucro. Portanto, ao isentar da CSLL os superávits das entidades fechadas de previdência complementar, automaticamente Fl. 1421DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.355 33 esvaziouse a tese de que sobre tais valores não poderia incidir a contribuição sobre o lucro, pois a isenção é uma das modalidades de exclusão do crédito tributário, ou seja, considerase ocorrido o fato gerador, o que, repitase, demonstra cabalmente que os superávits estão sujeitos à incidência de CSLL. Cumpre ainda destacar que, tratandose de isenção, a legislação deve ser interpretada literalmente (art. 111, II, do CTN), e como não há dispositivo prevendo que as entidades abertas de previdência, ainda que sem fins lucrativos, usufruam de tal benefício, correta a exigência da contribuição sobre o lucro. Tratar norma de isenção como atecnia legislativa parece querer afirmarse que há leis inúteis. Ora, se o brocardo de que “lei não utiliza palavras inúteis” é considerado válido, dar guarida ao argumento da Recorrente equivaleria a concluir que a lei utilizouse não somente de uma palavra inútil, e sim de um artigo integralmente inútil, o que não me parece razoável. Contudo, a IN SRF nº 588, de 21 de dezembro de 2005 ao dispor que “As entidades de previdência complementar sem fins lucrativos estão isentas do imposto de renda sobre a renda devido pela pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido.”, desbordou da norma legal, que não previa tal elasticidade à isenção, em especial às entidades abertas. Embora não cite explicitamente as entidades de previdência abertas, ao não delimitar sua aplicação, acabou por induzir os contribuintes que, de boafé, seguiram o entendimento desta norma complementar. Tal situação fica ainda mais evidente com a recente alteração em tal dispositivo, passando a prever a correta aplicação da norma legal, conforme se observa abaixo: Art.17. As entidades de previdência complementar sem fins lucrativos estão isentas do imposto sobre a renda devido pela pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido. Art. 17. As entidades fechadas de previdência complementar estão isentas do imposto sobre a renda devido pela pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido. (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.315, de 3 de janeiro de 2013) Parágrafo único. O disposto no caput aplicase às entidades abertas sem fins lucrativos em relação ao imposto sobre a renda da pessoa jurídica. (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.315, de 3 de janeiro de 2013) Embora a presente autuação refirase aos anoscalendário de 2004 e 2005, e a IN 585/2005 tenha sido editada somente em dezembro de 2005, a ciência do lançamento somente se deu em 2008. Nesse cenário, não se pode deixar de levar em consideração que o contribuinte pode ter sido influenciado pela erronia na redação da instrução normativa em tela. Nesse cenário, em homenagem ao princípio da boafé, e com escopo no disposto no art. 100, parágrafo único, do CTN, entendo que se deva exonerar a exigência de multa e juros constituída, mantendose única e exclusivamente o valor da CSLL lançada. [...] A primeira observação a fazer é no sentido de que os comentários sobre a condição de "empresa" não tem o escopo de modificar a materialidade da incidência da CSLL, mas tão somente de esclarecer que a entidade, mesmo sem fins lucrativos, pode perfeitamente ser equiparada à empresa contribuinte da seguridade social, nos termos da Constituição Federal e da Lei. Fl. 1422DF CARF MF 34 Para evidenciar essa equiparação, o acórdão recorrido deu destaque aos arts. 11 e 15 da Lei nº 8.212/1991, mas o texto constitucional também merece um destaque específico: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) c) o lucro; (grifos acrescidos) Outro aspecto importante é que as Emendas Constitucionais 01/1994 e 10/1996, no que toca ao inciso III do art. 72 dos ADCT, expressamente incluíram no Fundo Social de Emergência a alíquota adicional da CSLL que incide sobre os "contribuintes a que se refere o § 1º do Art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991". Portanto, a inclusão das "entidades de previdência privada abertas e fechadas" como contribuintes da CSLL está expressa não só na Lei 8.212/1991, mas também na própria Constituição. A exclusão delas é que depende de toda uma linha de interpretação, conforme fez a eminente relatora. Nesse sentido, destaco novamente o seguinte excerto do voto do Conselheiro Flávio Franco Corrêa no Acórdão 10322.858, que foi utilizado como fundamento pelo acórdão recorrido: Não bastasse a interpretação de mão invertida pela qual se guiou, é nítido o desacerto na aplicação da própria norma constitucional, porquanto a remissão ao parágrafo primeiro do artigo 22 da Lei nº 8.212/90, constante do artigo 72, III, dos ADCT, não tem outra função a não ser a de referirse ao rol de pessoas jurídicas sujeitas à elevação da alíquota da contribuição social sobre o lucro ao percentual de 30%. Em face de tamanha clareza, o raciocínio cujo remate descerra a conclusão de que o sobredito dispositivo constitucional trata da tributação – não da CSSL – mas da contribuição previdenciária sobre as remunerações pagas – convenhamos – dimana de uma interpretação tão criativa quanto hostil à Carta Magna. O acórdão recorrido também acerta quando argumenta que os próprios ajustes legais (adições e exclusões) previstos para a composição da base de cálculo da CSLL evidenciam que a materialidade da contribuição não é o "lucro" na forma restritiva defendida pela relatora. Além disso, a transcrição do "RE 612686 AGR/SC, 1ª Turma STF, Sessão de 05/03/2013" demonstra que o STF, tratando de entidades fechadas de previdência privada, firmou o entendimento de que "mesmo que não possuam fins lucrativos, é cabível a incidência do imposto de renda e da contribuição sobre o lucro, pois na sua atividade captam e administram os recursos destinados ao pagamento de benefícios de seus associados." E essa mesma posição também vem sendo adotada em outras esferas do Poder Judiciário, conforme decisões também transcritas no acórdão recorrido. Fl. 1423DF CARF MF Processo nº 19740.000056/200894 Acórdão n.º 9101002.971 CSRFT1 Fl. 1.356 35 Conforme transcrito no acórdão recorrido, "a autuada não está incluída na categoria das instituições de assistência social, uma vez que a relação jurídica da qual se deriva o sistema previdenciário aludido não dispensa – ao contrário, impõe a participação dos beneficiários em seu custeio" (Súmula STF nº 730). Afastada, portanto, a hipótese de imunidade constitucional. O art. 6º do Decretolei nº 2.065/1983, por sua vez, prevê a isenção do IRPJ para as entidades de previdência privada sem fins lucrativos (fechadas e abertas). E o art. 5º da Lei nº 10.426/2002 prevê a isenção da CSLL, relativamente a fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2002, somente para as "entidades fechadas" de previdência complementar. Desse modo, as entidades abertas de previdência privada, como é o caso da recorrente, devem sofrer a incidência normal da CSLL. Adoto neste voto todos os demais fundamentos contidos no acórdão recorrido, relativamente à matéria sob exame. E diante do exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso especial da contribuinte. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Fl. 1424DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10735.720514/2012-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 2010
DEDUÇÕES DE DESPESAS MÉDICAS. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA.
Considera-se não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente
contestada em sede de impugnação, não podendo o contribuinte inovar em se de recurso.
DEDUÇÕES. CABE AO INTERESSADO PROVAR MATÉRIA DE SEU DIREITO. GLOSA MANTIDA.
São admissíveis as deduções incluídas em Declaração de Ajuste Anual quando comprovadas as exigências legais para a dedutibilidade, com documentação hábil e idônea. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Não tendo o contribuinte apresentado documentação comprobatória de seu direito, deve ser mantida a glosa lançada.
DEDUÇÃO. PAGAMENTO DE PENSÃO JUDICIAL. COMPROVAÇÃO. PROCEDÊNCIA.
Tendo o contribuinte realizado a comprovação dos efetivos pagamentos da pensão alimentícia judicial por meio de documentos idôneos, deve ser afastada parcialmente a glosa referente ao devido legal.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2301-005.183
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer e dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para afastar a glosa no valor de R$27.966,45, relativos à dedução de pensão alimentícia judicial, mantendo-se os valores remanescentes da exigência fiscal.
(assinado digitalmente).
JOÃO BELLINI JUNIOR - Presidente
(assinado digitalmente)
WESLEY ROCHA - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: João Bellini Junior, Alexandre Evaristo Pinto, Thiago Duca Amoni, João Mauricio Vital, Andréa Brose Adolfo e Wesley Rocha.
Nome do relator: WESLEY ROCHA
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MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada em sede de impugnação, não podendo o contribuinte inovar em se de recurso. DEDUÇÕES. CABE AO INTERESSADO PROVAR MATÉRIA DE SEU DIREITO. GLOSA MANTIDA. São admissíveis as deduções incluídas em Declaração de Ajuste Anual quando comprovadas as exigências legais para a dedutibilidade, com documentação hábil e idônea. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Não tendo o contribuinte apresentado documentação comprobatória de seu direito, deve ser mantida a glosa lançada. DEDUÇÃO. PAGAMENTO DE PENSÃO JUDICIAL. COMPROVAÇÃO. PROCEDÊNCIA. Tendo o contribuinte realizado a comprovação dos efetivos pagamentos da pensão alimentícia judicial por meio de documentos idôneos, deve ser afastada parcialmente a glosa referente ao devido legal. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer e dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para afastar a glosa no valor de R$27.966,45, relativos à dedução de pensão alimentícia judicial, mantendose os valores remanescentes da exigência fiscal. (assinado digitalmente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 5. 72 05 14 /2 01 2- 96 Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10735.720514/201296 Acórdão n.º 2301005.183 S2C3T1 Fl. 109 2 JOÃO BELLINI JUNIOR Presidente (assinado digitalmente) WESLEY ROCHA Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: João Bellini Junior, Alexandre Evaristo Pinto, Thiago Duca Amoni, João Mauricio Vital, Andréa Brose Adolfo e Wesley Rocha. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto por JORGE FERNANDO CURY, contra o acórdão de julgamento n.º 0429.330, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (4ª Turma da DRJ/ CGE), no qual os membros daquele colegiado julgaram parcialmente procedente a impugnação apresentada, referente à Notificação de Lançamento do Imposto de Renda Pessoa Física, relativa ao ano calendário 2009, exercício 2010, no valor apurado de R$20.089.08, com os acréscimos legais. Conforme se constatada dos documentos de fiscalização, das descrições dos fatos e enquadramento legal, o lançamento de ofício decorre das seguintes infrações: Glosa da contribuição à previdência privada/FAPI: R$ 3.771,76. Glosa da dedução de dependentes: R$ 1.730,40. Glosa das despesas com instrução: R$ 2.708,94. Glosa das despesas médicas: R$ 6.244,56. Glosa de pensão alimentícia: R$ 30.724,13. Conforme decisão da DRJ, restou comprovada algumas deduções, e outras , segundo entendimento da DRJ, o contribuinte não obteve êxito em afastar a exigência fiscal, conforme se depreende da relação descrita: Da contribuição à previdência privada/FAPI: foi restabelecida de forma integral a dedução realizada; Dedução Relativas a Dependentes: em sede de impugnação, o contribuinte trouxe, por cópia, certidão de nascimento da dependente declarada (filha), razão pela qual deve ser restabelecida a dedução Dedução indevida de despesas com Instrução: o contribuinte apresentou documento de f. 28 que, por subsumirse à previsão legal, foi admitido para restabelecer a dedução, no valor de R$ 2.090,72. Dedução de Pensão Alimentícia Judicial: segundo a DRJ o contribuinte não conseguiu afastar glosa lançada; Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10735.720514/201296 Acórdão n.º 2301005.183 S2C3T1 Fl. 110 3 Dedução com despesas médicas: O contribuinte concordou com a glosa das despesas médicas. Inconformado, o contribuinte recorre a este Conselho (fls. 49/51), para afastar a exigência fiscal em relação à glosa lançada pela infração de dedução indevida da pensão alimentícia, despesas com instrução, bem como tenta reaver matéria não impugnada em primeira instância, a exemplo das despesas médicas, informando que na época da manifestação em sede de impugnação não teria todos os comprovantes e agora o faz por em sede de recurso. Junta documentos que entende ser devido para afastar a glosa (fls. 52/102). É o relatório. Voto Conselheiro Wesley Rocha Relator O recorrente foi intimado em 12.08.2012 da decisão de impugnação, e o recurso voluntário foi apresentado em 03.09.2012. Portanto, o recurso é revestido da exigência formal de tempestividade. Assim, passo a analisar o mérito. DA DELIMITAÇÃO DA LIDE Inicialmente, o recorrente vem a este Conselho apresentar suas irresignações, sendo que algumas delas já foram abordadas, decididas e resolvidas em sede de julgamento de primeira instância, não merecendo reparos em fase recursal. Senão vejamos. Glosa da dedução com previdência privada O recorrente alega contrariedade à fiscalização e junta nesse momento documentos que serviriam para afastar a glosa lançada. Ocorre que a DRJ em sua decisão já restabeleceu a dedução realizada nesse apontamento, por entender que o contribuinte em sua impugnação teria comprovado as referidas deduções. Glosa da dedução de dependentes Igualmente nesse ponto, o Recorrente já obteve decisão favorável em primeira instância, da qual foi afastada a glosa da dedução com dependentes, não havendo motivos para apresentação de recurso. Das glosas médicas. O Recorrente alega que nesse momento possui os documentos necessários para afastar a glosa e restabelecer a dedução realizada. Contudo, em sua impugnação de fl. 03 o recorrente expressamente concordou com a infração. Logo, não há falar em afastamento da glosa quando o Contribuinte renúncia ao seu direito de impugnar as exigências fiscais. Portanto, ocorreu a confissão expressa do contribuinte diante da glosa lançada. Ademais, como bem mencionado pelo próprio Recorrente essa glosa já foi objeto de separação das exigências fiscais, uma vez que, em consequencia do reconhecimento do Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10735.720514/201296 Acórdão n.º 2301005.183 S2C3T1 Fl. 111 4 crédito no processo fiscal, instaurouse outro processo administrativo referente ao crédito fiscal confessado e não impugnado, chancelado pelo n.º 10735.722312201289, cumprindo assim as formalidades do art. 21, §1º, do Decreto Lei n.º 70235/72. Portanto, não é permito a esse Conselho rediscutir matéria não impugnada. Dedução de Pensão Alimentícia Judicial A decisão de primeira instância analisou de forma minuciosa a dedução de pensão alimentícia, concluindo o seguinte: (...) Assim, de modo geral, o contribuinte deve fazer a comprovação mediante a sentença que determine ou homologue o pagamento de pensão, e também com os recibos, depósitos ou comprovantes de rendimentos que consignem o efetivo pagamento dos valores. (...) O contribuinte, embora tenha apresentado comprovante anual de rendimentos contendo o valor declarado como pago a título de pensão alimentícia, (Valor declarado e glosado: R$ 30.724,13 / Valor no comprovante de rendimentos: R$ 27.966,45 / a diferença referese à pensão sobre 13° salário, não dedutível no ajuste anual), não apresentou comprovação da existência da obrigação de pagar a pensão nos moldes que permitiriam a dedução, conforme a legislação acima revista". Na impugnação o Contribuinte apresentou somente o rendimento anual contendo o valor declarado para pagamento das pensões alimentícias (fl. 22). Contudo, em sede de recurso o contribuinte apresentou nas fls. 70/82 todos os contracheques da fonte pagadora dos salários mensais com os descontos devidos das pensões alimentícias, impostas por decisão judicial, no ano calendário de 2009. Assim, constatase que ao somar os valores que foram glosados, depreendese a quantia de: R$ 27.966,45, conforme apurou a DRJ, e não R$30.724,13, conforme deduziu o contribuinte. Isso porque, segundo reconhecido pelo próprio recorrente, esse deduziu também o desconto de décimo terceiro na pensão alimentícia. A pensão alimentícia paga que foi descontada do décimo terceiro constitui rendimento tributável para o beneficiário da pensão, sujeitandose ao carnêleão e, também, ao ajuste na declaração anual. Nesse quesito a pensão alimentícia judicial já constituiu dedução desse rendimento, sujeito à tributação exclusiva na fonte. Assim, a utilização da dedução na Declaração de Ajuste Anual implicaria na duplicação da dedução. Nesse sentido, dispõe o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto sobre a Renda RIR/1999, arts. 638, inciso IV, 641 e 643, assim transcritos: Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10735.720514/201296 Acórdão n.º 2301005.183 S2C3T1 Fl. 112 5 Art. 638. Os rendimentos pagos a título de décimo terceiro salário (CF, art. 7º, inciso VIII) estão sujeitos à incidência do imposto na fonte com base na tabela progressiva (art. 620), observadas as seguintes normas (Lei nº 7.713, de 1988, art. 26, e Lei nº 8.134, de 1990, art. 16): Art. 641. Para determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto na fonte (art.620), serão permitidas as deduções previstas nesta Seção (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, incisos II a VI ). Art. 643. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderão ser deduzidas as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão ou acordo judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso II). § 1º A partir do mês em que se iniciar essa dedução é vedada a dedutibilidade, relativa ao mesmo beneficiário, do valor correspondente a dependente. § 2º O valor da pensão alimentícia não utilizado, como dedução, no próprio mês de seu pagamento, poderá ser deduzido nos meses subseqüentes. § 3º Caberá ao prestador da pensão fornecer o comprovante do pagamento à fonte pagadora, quando esta não for responsável pelo respectivo desconto. O artigo 16 § 4º do Decreto 70.235/72 determina que a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro documento processual, a menos que: i) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; ii) refirase a fato ou a direito superveniente; iii) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Entretanto, em razão do princípio do formalismo moderado que se aplica a processos administrativos, em casos de apresentação de documento extemporâneo mas idôneo, esse Conselho tem admitido o acolhimento de provas em fase recursal, como se verifica pelas ementas abaixo transcritas: "IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AUTUAÇÃO POR DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO IDÔNEA EM FASE RECURSAL. ADMITIDA EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DO FORMALISMO MODERADO. Comprovada idoneamente, por demonstrativos de pagamentos que atendem as exigências legais, ainda que em fase recursal, deve ser admitida os comprovantes apresentados a destempo, com Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10735.720514/201296 Acórdão n.º 2301005.183 S2C3T1 Fl. 113 6 fundamento no princípio do formalismo moderado, não subsistindo o lançamento quanto a este aspecto. "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. O art. 16 do Decreto n. 70.235/72 deve ser interpretado com temperamento em decorrência dos demais princípios que informam o processo administrativo fiscal, especialmente instrumentalidade das formas e formalismo moderado. O controle da legalidade do ato de lançamento e busca da “verdade material” alçada como princípio pela jurisprudência dessa Corte impõem flexibilidade na interpretação de regras relativas à instrução da causa, tanto no tocante à iniciativa quanto ao momento da produção da prova. Recurso voluntário provido para anular decisão de primeira instância."(Ac 1102000.859, 1ª Câmara/2ª Turma Ordinária, 1ª Seção 1ª Seção, Sessão 09/04/2013). Assim, diante dos documentos idôneos juntados pelo recorrente, bem como dos princípios da ampla defesa e contraditório, consoante o formalismo moderado, afasto a glosa lançada a título de pensão alimentícia judicial na quantia de R$27.966,45, mantendo, contudo, a glosa da diferença lançada e o valor remanescente da exigência fiscal, tendo em vista que o contribuinte deduziu também o décimo terceiro da pensão, ato esse não permitido pela legislação em vigor. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto no sentido de conhecer e dar PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, para afastar a glosa no valor de R$ 27.966,45, relativos à dedução de pensão alimentícia judicial, mantendose os valores remanescentes da exigência fiscal. (assinado digitalmente) Wesley Rocha Relator Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10735.720514/201296 Acórdão n.º 2301005.183 S2C3T1 Fl. 114 7 Fl. 114DF CARF MF
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