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Numero do processo: 15540.720045/2015-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. VALOR DE ALIENAÇÃO. CUSTO DE AQUISIÇÃO.
Para fins de apuração de ganho de capital sobre a alienação de participação societária em parcelas, nos termos da legislação do imposto de renda, considera-se o preço efetivo de cada parcela o valor recebido em função das cláusulas contratuais.
Na alienação de participação societária em parcelas, considera-se ocorrido o fato gerador da obrigação tributária e existentes os seus efeitos, quando as circunstância materiais do recebimento de cada parcela estão implementadas.
Considera-se custo de aquisição de participação societária, nos termos da legislação, o valor efetivamente avaliado de acordo com o período de aquisição de cada participação.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco Ricardo Gouveia Coutinho - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Numero da decisão: 2401-005.060
Decisão:
Nome do relator: FRANCISCO RICARDO GOUVEIA COUTINHO
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VALOR DE ALIENAÇÃO. CUSTO DE AQUISIÇÃO. Para fins de apuração de ganho de capital sobre a alienação de participação societária em parcelas, nos termos da legislação do imposto de renda, considerase o preço efetivo de cada parcela o valor recebido em função das cláusulas contratuais. Na alienação de participação societária em parcelas, considerase ocorrido o fato gerador da obrigação tributária e existentes os seus efeitos, quando as circunstância materiais do recebimento de cada parcela estão implementadas. Considerase custo de aquisição de participação societária, nos termos da legislação, o valor efetivamente avaliado de acordo com o período de aquisição de cada participação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 54 0. 72 00 45 /2 01 5- 59 Fl. 2402DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.403 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 2403DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.404 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão 1153.396 (fls. 2334/2369) da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife (DRJ/REC), que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Data do fato gerador: 31/01/2011 DESPESAS DE INTERMEDIAÇÃO NECESSÁRIAS AO SUCESSO DO NEGÓCIO. DEDUÇÃO VÁLIDA DO VALOR DE ALIENAÇÃO. Neste processo tratase de negociação extremamente complexa para desenvolvimento e conclusão de alienação societária vultosa e de extrema complexidade. Também se enquadram nas hipóteses admitidas pela IN SRF 84/2001, para fins de composição do custo das ações alienadas, tanto as comissões de intermediação pagas pela assessoria jurídica voltada à definição de cláusulas em diversos contratos que seriam imprescindíveis, bem como as comissões de intermediação pagas à assessoria econômicofinanceira pelo serviço de busca e identificação de comprador idôneo para as participações societárias ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. GANHO DE CAPITAL. MAJORAÇÃO INDEVIDA DO CUSTO DE AÇÕES ALIENADAS. O objeto do lançamento é a alienação ocorrida em janeiro/2011, referente tão somente a 25% das ações da IPP. Foi reconhecido pelo interessado o erro cometido contabilmente na integralização de capital social ocorrida em dezembro/2010, o que levou a uma majoração indevida do custo das ações considerado no cálculo do imposto incidente no ganho de capital pela alienação das referidas ações da IPP. Tal infração implicou em insuficiência do imposto de renda recolhido pelo ora impugnante sobre o ganho de capital. INFRAÇÃO TRIBUTÁRIA SEM EVIDÊNCIA DE INTUITO FRAUDULENTO. SALDO REMANESCENTE DE IMPOSTO DEVIDO. MULTA DE OFÍCIO DE 75%. Quanto à infração de majoração do custo das ações alienadas, não foi demonstrado evidente intuito de fraude. As características da operação negocial em foco confirmam a extrema complexidade alegada, e a possibilidade efetiva de erros de avaliação contábil das participações em inúmeros empreendimentos e SPE. No caso, aplicase o previsto no CTN, art. 112, II e IV, para se afastar a multa de 150%, devendo ser aplicada a multa de ofício de 75%. Fl. 2404DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.405 4 Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte O procedimento administrativo teve início em 14/05/2014 (fls. 48), no qual foi o sujeito passivo foi intimado a prestar informações e apresentar documentos referentes aos anos calendários 2010, 2011 e 2012. O termo de intimação e início de fiscalização (fls. 44/46) detalha os elementos a serem apresentados a auditoria fiscal. Em resposta, o recorrente juntou aos autos parte da documentação, bem como solicitou prazo maior para a apresentação do restante. No curso da fiscalização, outros termos foram lavrados e juntados mais documentos (documentos de fls. 44/1435). Em decorrência da ação fiscal, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Niterói (RJ) lavrou o Auto de Infração (fls. 3/4, 15/18 e 1936/1938), no qual consta o lançamento de imposto de renda pessoa física no montante de R$ 903.978,50 (novecentos e três mil, novecentos e oitenta e sete reais e cinquenta centavos), correspondente a omissão/apuração de ganhos de capital na alienação de ações/quotas não negociadas em bolsa de valores. Por bem descrever os fatos, transcrevo partes do relatório da decisão de piso: [...] No decorrer da investigação fiscal houve diversas intimações e respectivas respostas. Após examinar os esclarecimentos e documentos apresentados, a autoridade fiscal concluiu pela constatação das seguintes infrações à legislação tributária: · Glosa de custo de aquisição – Aumento fictício do custo das ações; · Glosa de despesa de corretagem/comissão – não comprovação da dedutibilidade/redução do valor de alienação. Descrição dos fatos pela fiscalização: · Sobre a glosa do custo de aquisição – aumento fictício do custo das ações Através da Quinta Alteração do Contrato Social, de 16/12/2010, da empresa Incorporadora Pinheiro Pereira Ltda (IPP), verificouse que o contribuinte focado neste processo, ora impugnante, aumentou suas quotas de capital social, de R$ 650.000,00 para R$ 6.500.000,00, supostamente mediante aporte em moeda corrente. Constatado que o interessado não informou esse aporte em sua declaração de bens na DAA do AC correspondente, ele foi intimado a esclarecer e comprovar, mediante documentação hábil a efetivação desse aumento de quotas do capital social na referida empresa. [...] Foi, então, apurada irregularidade na integralização do capital social da pessoa jurídica IPP, logo depois incorporada pela Fl. 2405DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.406 5 JFE. Na referida 5ª Alteração do Contrato Social, de 16/12/2010, e conforme Ata da Assembleia Geral de Transformação da IPP Ltda em Sociedade Anônima de Capital Fechado, de 14/12/2010, foi registrado que os sócios aumentaram o capital social em R$ 9.000,000,00 (nove milhões), passando de R$ 1.000.00,00 para R$ 10.000.000,00, o que teria supostamente ocorrido mediante aporte em moeda corrente. Depois da resposta do investigado, acima transcrita, foi realizada diligência, em razão da qual a JFE foi intimada a esclarecer a situação acerca da contabilização do referido aumento de capital social, em desacordo com o registrado na 5ª Alteração do Contrato Social da empresa referida. [...] Após examinar a contabilidade dessa operação, constante da cópia do Livro Razão anexado, a fiscalização constatou que também não havia saldo suficiente de lucros acumulados para a elevação do capital social em R$ 9.000.000,00 (nove milhões), conforme constou demonstrado às fls.8, no Termo de Constatação Fiscal anexo ao Auto de Infração: [...] Vale dizer, como não havia saldo suficiente nas reservas acumuladas de lucro, uma grande parte do aumento de capital social se fez com recursos inexistentes. Os lançamentos contábeis de aumento de capital criariam um saldo de prejuízos acumulados irreal, em 31/12/2010, no valor de R$ 5.141.508,86. A fim de corrigir tais discrepâncias, a PJ interessada foi intimada a proceder às correções necessárias. Em resposta, a empresa reconheceu o erro e, contabilmente, estornou os valores lançados indevidamente, conforme assentado pela autoridade fiscal às fls.8. Lembrase que, ao celebrarem a 5ª Alteração do Contrato Social, os três sócios da IPP fizeram registrar aumento do referido capital social para R$ 10.000.000,00, com aumento fictício de R$ 5.141.508,86 para o custo das ações, em razão do que foi produzida representação fiscal para fins penais noticiada no auto de infração. Com base nos documentos examinados (acostados aos presentes autos), verificouse que em 26/01/2011, isto é, no mês seguinte à referida 5ª Alteração no Contrato Social, os referidos sócios da IPP alienaram 25% das ações da empresa, ficando a operação de alienação de 75% das ações (restantes) para uma segunda etapa. A conclusão da fiscalização foi assim resumida: utilizando os recursos disponíveis nas reservas de lucros, os sócios pessoas físicas poderiam apenas aumentar suas quotas de Capital Social de R$ 1.000.000,00 para R$ 4.858.491,14 (incremento de R$ 3.858.491,14). Sendo assim, o custo total de aquisição de ações Fl. 2406DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.407 6 a ser considerado, na alienação à JFE em janeiro/2011, é de R$ 4.858.491,14, observandose a seguinte composição: Na alienação de 25% das ações da IPP, em 26/01/2011, apurou se Ganho de Capital utilizando como custo o valor de R$ 2.500.000,00 (1/4 de R$ 10.000.000,00), e não o valor correto do custo, que seria R$ 1.214.622,79 (1/4 de R$ 4.858.491,14). Sendo a operação realizada em 26/01/2011, considerouse a data do fato gerador em 31/01/2011, e o vencimento do imposto de renda incidente no ganho de capital se daria em 28/02/2011 (fim do mês seguinte). A fiscalização constatou que essa indevida majoração do custo levou a uma insuficiência do valor recolhido pelo ora impugnante, quanto ao seu quinhão, relativamente ao IRPF sobre o ganho com a alienação da sua participação social (65%), no valor de R$ 125.324,28. A autoridade fiscal considerou, ainda, que havia um nexo de causalidade entre a conduta dos sócios, de aumentar ficticiamente o capital social da empresa (na parte excedente aos lucros acumulados realmente existentes), e a alienação de ações já no mês seguinte, o que teria causado subtração indevida de imposto de renda sobre ganho de capital, levando à aplicação de multa de ofício agravada para 150% em razão do dolo apontado nesta infração. · Redução do Valor de Alienação das ações/Glosa da despesa de corretagem/comissão – não comprovação da dedutibilidade. O investigado, ora impugnante, foi intimado a comprovar documentalmente o valor de alienação e o valor do custo total de aquisição das ações negociadas com a JFE (ações da IPP S/A vendidas à João Fortes Engenharia S/A), informados no Demonstrativo de Apuração de Ganho de Capital anexado à sua DIRPF do ano calendário 2011 (DAGC). Além dos Anexos 9 e 10 (DAGC, DARF's, documentos de representação, etc.), foram apresentados também: [...] Foram juntadas as notas fiscais de serviços, recibo da CYPRESS, comprovação parcial do efetivo pagamento e o primeiro aditamento ao contrato de prestação de serviços firmado entre a IPP e a ÁRIA. Depois de analisar os documentos apresentados, a fiscalização concluiu que: · os dispêndios pagos à empresa TAUIL E CHEQUER ADVOGADOS não seriam dedutíveis porque serviços de advocacia não se enquadram como serviços de Fl. 2407DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.408 7 corretagem e, portanto, não poderiam ser deduzidos do valor de alienação; · os dispêndios pagos à CYPRESS ASSOCIATES DO BRASIL CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDA SÃO DEDUTÍVEIS; esses serviços se referem a intermediação do negócio que é a essência da corretagem e, portanto, podem ser deduzidos do valor de alienação; · os dispêndios pagos à ARIA CAPITAL CORPORATE CONSULTORIA EMPRESARIAL E PARTICIPAÇÕES LTDA não seriam dedutíveis porque se referem a serviços de consultoria técnica e econômicofinanceira, os quais não se enquadram como serviços de corretagem e, portanto, não podem ser deduzidos do valor de alienação. Assim, para fins de cálculo do ganho de capital, somente foram acatados como despesas de corretagem dedutíveis do valor de alienação os seguintes valores que totalizam R$ 1.422.355,09: [...] Registrouse, ainda, que no Anexo 9 apresentado pelo interessado expõese memória de cálculo (feita a mão) quanto aos valores informados no seu Demonstrativo de Apuração do Ganho de Capital, assim: [...] O interessado alegou que não havia insuficiência de recolhimento de IRPF decorrente dessa operação por se tratar de venda do total das ações (100%) realizada com pagamento parcelado sujeito a condição suspensiva, e nesse sentido seria incorreto utilizar apenas 25% do capital social para definir o valor do ganho sobre o recebido em dinheiro, que o correto seria utilizar 100% do capital social, conforme esclareceria a Pergunta 563 do Perguntas e Respostas do IRPF 2010. [...] Mas, ao contrário disso, considerando os teores dos Instrumentos que regularam as operações de alienação das ações da IPP, a fiscalização identificou duas etapas que seriam distintas: Fl. 2408DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.409 8 Portanto, segundo a fiscalização, o objeto do auto de infração lavrado se concentra na operação de alienação de 25% das ações da IPP, realizada em 26/01/2011. [...] Assim, considerando os efeitos de ambas as infrações apontadas, a fiscalização apurou um insuficiente recolhimento de IRPF decorrente do ganho de capital na alienação das ações de Cláudio Acyr, conforme demonstrado no quadro acima. No curso da investigação o interessado, ora impugnante, alegou ainda que a fiscalização não haveria considerado todos os pagamentos efetuados pelo contribuinte via DARF, a título de IRPF incidente nessa operação de alienação, que estaria faltando considerar uma diferença de R$ 86.181,68 recolhida em 30/07/2012. Sobre isso a fiscalização assim se pronunciou. O período de apuração correto da operação focada é 31/01/2011, assim o vencimento do IRPF seria em 28/02/2011. Foram identificados/considerados os seguintes recolhimentos pelo contribuinte, ora impugnante: De forma que o DARF (fls.2003), de 30/07/2012, com valor principal de R$ 86.181,68 (já excetuados multa e juros), refere se ao IRPF sobre Ganho de Capital não recolhido anteriormente em função do erro de preenchimento do DARF relacionado acima c/o vencimento apontado para 31/03/2011, quando deveria ser 28/02/2011. Vale dizer, concluiuse que o valor principal total pago foi de R$ 1.253.605,09 justamente porque o recolhimento feito em julho/2012 seria apenas um complemento relativo a acréscimos legais devidos pelo pagamento de R$ 853.605,09 realizado em 31/03/2011, isto é, após o vencimento (ocorrido em 28/02/2011). Pelos fatos descritos foi efetuado o lançamento de ofício em nome da pessoa física CLÁUDIO ACYR PINHEIRO PEREIRA, CPF nº 900.705.42791, com a inclusão das duas infrações acima apontadas, sendo para a infração de dedução indevida do valor de alienação aplicada a multa de ofício de 75%, e para a infração de majoração fictícia do custo de aquisição das ações aplicada a multa de ofício majorada para 150%. Os enquadramentos legais estão descritos às fls.14. Em seguida o Demonstrativo do Crédito tributário lançado: Fl. 2409DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.410 9 Cientificado do Auto de Infração, o sujeito passivo protocolou tempestivamente, através de procurador credenciado, a impugnação cujo inteiro teor se encontra às fls.1.943/1.970. Por oportuno, transcrevo, como detalhou o julgador em seu voto, os argumentos de defesa do impugnante: Por sua vez, o autuado, ora impugnante, aponta inicialmente que haveria um equívoco em considerarse que o ganho de capital na operação de alienação objeto deste processo seria de apenas 25% das ações da IPP, mas teria sido de 100% delas. Quanto a este ponto argumenta ainda que no curso da investigação, em resposta às intimações realizadas, houve oportunidade de esclarecer o erro que inicialmente cometeu ao informar à fiscalização, com base em dados obtidos da empresa à época, que a integralização de capital ocorrida em dezembro/2010 teria sido por meio de aporte de capital, reconhecendose ainda durante a fiscalização que fora mediante transferência da conta contábil de lucros acumulados para integralização de capital da IPP. Tanto assim, que a interessada (JFE), em atenção ao verificado pela autoridade fiscal, e seguindo sua determinação, procedeu a estorno do valor que fora indevidamente integralizado em dez/2010. Mas alega o ora impugnante que, a despeito disso, embora tenha se baseado nas informações que lhe foram fornecidas pela contabilidade da IPP à época da alienação (janeiro/2011, antes de tais correções), se for também considerado o recolhimento complementar realizado em 30/07/2012 (R$ 86.181,68 de valor principal), além dos realizados em fevereiro e março de 2011 (respectivamente, R$ 400.000,00 em 28/02/2011, e R$ 853.605,09 em 31/03/2011 que foram considerados pela fiscalização), não houve insuficiência de recolhimento de IRPF, mas ao contrário teria recolhido imposto a maior do que o devido, especialmente se for reconhecido que também não existiu a segunda infração apontada (de redução do valor de alienação por suposta utilização indevida de despesas com assessorias econômica e jurídica como intermediários na alienação), conforme procurou demonstrar. Mas, acrescenta que, para fins de apuração do imposto sobre ganho de capital, mesmo quando se considerem apenas os números relativos a custo e a valor de alienação conforme pretendido pela fiscalização, isto é, considerandose o custo das ações alienadas pelo ora impugnante (65% das ações da IPP) equivalente a R$ 3.158.019,24 [com base na reconhecida reserva de lucros acumulados na época (dez/2010)], e o valor de R$ 1.422.355,09 de despesas de corretagem com a CYPRESS reconhecidas como redução válida do valor de alienação das ações do ora impugnante, e considerando a alienação de 100% das ações, como entende que ocorreu, a base de cálculo do imposto devido seria de R$ 8.419.625,67 (13.000.000,00 4.580.374,33), que submetida à alíquota de 15%, resultaria em IRPF no valor de R$ 1.262.943,85; no entanto, recolheu aos cofres da União R$ Fl. 2410DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.411 10 1.339.786,77 (conforme DARF anexos, com recolhimentos em fevereiro/2011, março/2011 e julho de 2012). Dessa forma, segundo os números e glosas da própria fiscalização, ainda haveria direito de restituição de R$ 76.842,92 e, portanto, nenhum prejuízo houve ao fisco. Insiste que não houve intuito de fraude, mas apenas ERRO, confusão ocasionada por negociação problemática e extremamente complexa. Diz que no caso seria incabível tratar o contribuinte como se fosse fraudador ou de máfé, quando o erro contábil apontado, referente ao valor das reservas de lucro acumuladas, foi reconhecido e corrigido na contabilidade, conforme determinado pela fiscalização, e também não deixou o interessado, ora impugnante, de recolher o crédito tributário devido. DEVE O FISCO OBSERVAR A VERDADE REAL. Argumenta que não é correta a conclusão da fiscalização, de que teria agido com dolo, baseada apenas no fato da mencionada integralização do capital social ter ocorrido em dezembro/2010, e a alienação das ações da IPP em janeiro/2011, um mês depois. Que isso, por si só, não prova o dolo suposto, nem qualquer intuito de fraude. Lembra que a referida alienação de 100% das ações da IPP representavam um negócio extremamente complexo, que a IPP era cotista de muitos empreendimentos e SPE, havendo reais dificuldades contábeis, sujeita a eventuais equívocos, que no caso foram corrigidos depois de reconhecidos; que por isso mesmo houve necessidade, conforme documentos acostados (Instrumento de Aquisição de Participação Societária e Outras Avenças doc 5.1, e Termo de Transação referente à quitação do negócio) de realizar a operação em duas etapas. Assim, a autoridade fiscal pôde verificar que o aumento de capital a ser considerado resultou de efetiva existência de reserva de lucros, porém, com isso, discordando quanto ao valor utilizado do custo das ações alienadas pelo ora impugnante, na apuração do ganho de capital, que se baseara num aumento de capital além das reservas efetivamente existentes, concluiu que teria havido uma distorção dolosa com diminuição da base de cálculo do imposto sobre o ganho de capital havido. Mas, segundo ressalta o impugnante, restaria claro que o contribuinte não o fez dolosamente, e o fato de não haver causado dano ao erário evidenciaria ainda mais isso. Chama a atenção que o erro contábil cometido na IPP, e a ele repassado no momento do cálculo do ganho de capital, aconteceu em face da complexidade da operação, lembrando que a IPP era cotista de inúmeras Sociedades de Propósito Específico (SPE) e que é justificável que na apuração da Equivalência Patrimonial de todas elas poderiam ocorrer, e ocorreram, erros que se refletiram na contabilidade da IPP (ver doc 4.3 pg. 6 e 7). Pede, pois, que seja retificado o lançamento, e apenas para argumentar, ainda que houvesse algum saldo de imposto decorrente desse erro, não caberia a aplicação de multa de 150%. Fl. 2411DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.412 11 Quanto à segunda infração apontada, de suposta utilização indevida de reduções do valor de alienação, a título de despesas com comissões e corretagens, houve equívoco da autoridade lançadora, que o ora impugnante efetivamente pagou todas as comissões especificadas documentalmente às três empresas citadas (CYPRESS, ÁRIA e TAUIL), sendo que todas 3 (três) foram de fato e de direito intermediárias do negócio jurídico, auxiliando, calculando, avaliando, e intermediando a operação com o comprador. Não há dúvida que todas três foram efetivamente pagas, conforme notas fiscais apresentadas, e sobre isso não se questionou. A discordância, pela fiscalização, se dá porque a ÁRIA é empresa de assessoria econômicofinanceira e a TAUIL é de assessoria jurídica. No entanto, em face do nível de complexidade da operação de alienação objeto dessa análise, não é crível que se possa imaginar que meramente um "CORRETOR" possa efetuar todo o trabalho de intermediação requerida. Aponta que o erro da fiscalização neste ponto está em que, para fins de dedução do valor de alienação, não apenas é válida a despesa com corretagem (com a CYPRESS), mas também as comissões pagas pelos demais serviços de intermediação do negócio realizado. As três empresas trabalharam em conjunto, enquanto intermediárias, para viabilizar a realização do negócio de tal complexidade. Houve contratação, não de um intermediário, mas de três intermediários necessários para que a transação pudesse ocorrer, isto é, houve comissões pagas a três agentes que trabalharam em conjunto, o que não é proibido por lei. Aponta que, com base no Código Civil, arts. 710 e 721, pelo contrato de Agência, uma pessoa assume em caráter eventual, e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios; e aplicamse ao contrato de Agência, no que couber, as regras concernentes ao mandato e à comissão, e as constantes em lei especial. Portanto, pagamento de comissão também se aplica a contratos de Mandato. Em princípio, qualquer empresa pode exercer intermediação como uma receita nãooperacional. Escritórios de Advocacia exercem suas atividades através de mandato (não necessariamente judicial). Nesse mesmo sentido a IN 84/2001, art.17, II, não determina que "apenas a corretagem" seria admitida validamente na composição do valor da alienação (para redução). A IN é mais ampla, atribuindo a possibilidade de consideração também de outras comissões, ao contrário do considerado na autuação. A IN não restringiu ao contrato X ou Y, mas sim ao pagamento de comissão ou corretagem (não apenas de corretagem). Ora, pagamento de comissão também se Fl. 2412DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.413 12 aplica ao contrato de Agência, e pelo art.721 do CC, também ao Mandato. Por tais razões, além da corretagem paga à CYPRESS (acatadas), também as comissões pagas a outros intermediários do negócio, ÁRIA CAPITAL CORPORATE CONSULTORIA EMPRESARIAL E PARTICIPAÇÕES LTDA e TAUIL E CHEQUER ADVOGADOS, podiam sim ser utilizadas como deduções válidas do valor de alienação das ações. Intimado da decisão do colegiado de primeira instância em 06/07/2016 (fls. 2396), por meio de procurador constituído nos autos, o recorrente apresentou recurso voluntário no dia 22/07/2016 (fls. 2374/2394). Em resumo, apresento os argumentos de fato e de direito apresentados no seu recurso: a) inicia fazendo um resumo da autuação fiscal, em que a auditoria entendeu que algumas despesas utilizadas na intermediação do negócio eram indevidas, bem como a utilização irregular de 100% do custo de aquisição, que originou a qualificação da multa de ofício em 150%. b) Com base em sua impugnação, o auto de infração foi julgado improcedente na parte referente às deduções das despesas de corretagens e redução da multa de ofício (percentual de qualificação) de 150% para 75%. c) Aduz que o objeto de julgamento do presente recurso é comprovar que não houve nenhuma majoração indevida do custo das ações. Diz que houve o pagamento correto do tributo, pois a transação era irretratável e as ações remanescentes ficaram em usufruto da compradora até análise final e pagamento da parte variável, que poderia ser de zero a 100% do preço total ajustado de R$ 80.000.000,00. d) Declara que, ao contrário do que entendeu a DRJ, houve venda de 100% de forma irretratável, sendo parte fixa e parte variável, sem transferência imediata. Resume informando que a controvérsia se resume no seguinte: a) que o negócio jurídico era a venda da totalidade da empresa, ou seja, 100% das ações, DE FORMA IRRETRATÁVEL, SENDO PAGO R$ 20.000.000,00 COMO VALOR MÍNIMO, COM TRANSFERÊNCIA IMEDIATA DE 25% E USOFRUTO(sic) DAS AÇÕES, E O RESTANTE A SER APURADO PODENDO CHEGAR A R$ 80.000.000,00 NO TOTAL. b) Que o Agente Fiscal e a Delegacia de Julgamento entendem ERRADAMENTE que foi uma venda de parte da empresa com recebimento de parte do valor (25%) e, por isso, entende que o CUSTO DE AQUISIÇÃO deveria ser apenas o equivalente a 25%. c) Que o Contribuinte utilizou 100% do custo de aquisição, naquele momento pagando todos os impostos Fl. 2413DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.414 13 e o Agente Fiscal e a Delegacia de Julgamento entendem que era indevido, pois como somente houve "venda" de 25% das ações, apenas 25% do custo de aquisição poderia ser usado. e) Por ser um negócio complexo, informa que necessitou da intermediação de profissionais, conforme reconhecido pela Delegacia de Julgamento. f) Cita a cláusula quinta, que trata do preço de aquisição das ações, para reforçar seus argumentos de que referida cláusula tornava IRRETRATÁVEL o negócio, ou seja, o negócio total seria de R$ 20.000.000,00 no mínimo. Diz que com base neste valor certo e determinado é que o ganho de capital foi calculado e, ainda, que a única que ficou indeterminada seria o ganho extra, ganho este que ficou zero no final. Também afirma que caso existisse futuramente pagamento de parcela variável, o ganho de capital seria total, e não haveria custo de aquisição a ser deduzido. g) Continua reafirmando que o pagamento se tratava de pagamento total de 100% da Empresa (pois irretratável), por isso calculou o ganho de capital se utilizando de todo o custo de aquisição e que, em nenhum instante, o Agente fiscal e a Delegacia de Julgamento não analisou o contrato e verificou que se tratava de uma venda imediata de 100% da empresa. h) Assenta o princípio da verdade real/material. Cita ementa de Solução de Consulta da 7ª RF, Perguntas e Respostas "pergunta 546" e doutrina. h) Ao final, com base nos argumentos expostos, requer que seja concedido provimento ao recurso, para que seja julgado improcedente o lançamento fiscal. É o relatório. Fl. 2414DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.415 14 Voto Conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Mérito Da omissão/apuração incorreta de ganhos de capital na alienação de participação societária Do auto de infração (fls. 2/3), decorrente de glosa de custo de aquisição, por aumento fictício do custo das ações, e de glosa de despesas de corretagens, por não comprovação da dedutibilidade, restou, nos termos da conclusão do r. acórdão recorrido, o seguinte: "... confirmase tão somente o Saldo do IRPF remanescente no valor de R$ 125.324,28, decorrente da majoração indevida do custo das ações alienadas, a ser acrescido de multa de ofício de 75% e de juros de mora, nos termos da legislação regente." Em sede de recurso, insiste o sujeito passivo basicamente nos seguintes argumentos: 1) que o valor de R$ 13.000.000,00 (65% de R$ 20.000.000,00), correspondente a 100% do preço de alienação de suas ações na Incorporadora Pinheiro Pereira Ltda, e não apenas 25%, como entendeu a auditoria fiscal e a autoridade julgadora; e 2) que não houve majoração indevida do custo das ações. Em relação ao custo de aquisição, a vista dos documentos e termos anexados aos autos, constatouse que foi apurada irregularidade na integralização do capital social da Incorporadora Pinheiro Pereira Ltda (IPP), que, em seguida, foi incorporada pela João Fortes Engenharia S/A (JFE). O recorrente, Sr. Claudio Acyr, detinha participação societária de 65% das ações da IPP. Os sócios aumentaram o capital social em R$ 9.000,000,00 (nove milhões), passando de R$ 1.000.00,00 para R$ 10.000.000,00. Depois de levantamentos junto a empresa JFE, foi apurado que não havia suporte para aumento do capital em R$ 9.000.000,00, e sim em R$ 3.858.491,14, conforme demonstrativo abaixo: Fl. 2415DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.416 15 Neste sentido, o custo efetivo das ações apurado foi de R$ 4.858.491,14 (R$ 1.000.000,00 + R$ 3.858.491,14), sendo de R$ 3.158.019,24, o valor da participação do recorrente (65% das ações) na empresa IPP, incorporada pela JFE. Partindose desses elementos, a fiscalização concluiu que a majoração indevida do custo ocasionou uma insuficiência do valor recolhido, pelo ora recorrente, relativamente ao IRPF sobre o ganho com a alienação da sua participação social (65%), no valor de R$ 125.324,28. Abaixo, demonstrativo do custo de aquisição e cálculo do imposto. Custo de Aquisição Valor (R$) 1) Declarado 1.625.000,00 2) Apurado* 789.504,81 *(R$ 3.158.019,24 * 25% Parcela de Alienação) 3) Diferença (12)** 835.495,19 ** Majoração do Custo 4) Imposto*** 125.324,27 *** (R$ 125.324,19 * 25%) Ressaltase que o próprio sujeito passivo, por meio do Demonstrativo de Apuração de Ganho de Capital Declaração de Ajuste Anual, exercício 2012 (fls. 43), reconheceu o custo de aquisição de R$ 1.625.000,00, esse valor corresponde a 25% de sua participação no capital social da IPP, avaliado pelo Capital Social de R$ 10.000.000,00 Veja que o art. 138 do Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99), é claro no sentido de atribuir ao custo de aquisição, para efeitos de apuração do ganho de capital, o valor avaliado nos termos dos artigos 125 a 137. Seção IV Custo de Aquisição Subseção I Bens ou Direitos Adquiridos até 31 de dezembro de 1991 Art. 125. Considerase custo de aquisição dos bens ou direitos, adquiridos até 31 de dezembro de 1991, o valor de mercado, Fl. 2416DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.417 16 nessa data, de cada bem ou direito individualmente avaliado, constante da declaração de bens relativa ao exercício de 1992 (Lei nº 8.383, de 1991, art. 96 e §§ 5º e 9º). [...] Bens ou Direitos Adquiridos no Período de 1º de janeiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995 Art. 128. O custo dos bens ou direitos adquiridos, a partir de 1º de janeiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995, será o valor de aquisição (Lei nº 8.383, de 1991, art. 96, § 4º, e Lei nº 8.981, de 1995, art. 22, inciso I). [...] Bens Adquiridos após 31 de dezembro de 1995 Art. 131. Não será atribuída qualquer atualização monetária ao custo dos bens e direitos adquiridos após 31 de dezembro de 1995 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 17, inciso II). [...] Apuração do Ganho de Capital Art. 138. O ganho de capital será determinado pela diferença positiva, entre o valor de alienação e o custo de aquisição, apurado nos termos dos arts. 123 a 137 (Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 2º, Lei nº 8.383, de 1991, art. 2º, § 7º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 17). Parágrafo único. [...](grifouse) No tocante ao preço de alienação da participação societária do Sr. Cláudio Acyr, necessário sejam analisados os instrumentos que formalizaram a venda das ações da IPP à João Fortes Engenharia S/A (JFE). A seguir, transcrevemse cláusulas e condições dos seguintes instrumentos: 1) Instrumento de Aquisição de Participação Societária e Outras Avenças (Datado de 26/01/2011) (fls. 836/843) Fl. 2417DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.418 17 Fl. 2418DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.419 18 2) Instrumento de Transação e Outras Avenças (Datado de 28/03/2012) (fls. 1192) 3) Instrumento de Transação (Datado de 11/10/2012) (fls. 1200) Da análise dos instrumentos acima, percebese que a alienação da participação societária do Sr. Cláudio Acyr ocorreu em 02 (duas) parcelas distintas. A primeira, Fl. 2419DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.420 19 uma parcela fixa de 25% das ações ordinárias, no valor de R$ 13.000.000,00 (65% de 20.000.000,00), e a outra, uma parcela variável de 75%, representada pela emissão de ações emitidas pela empresa compradora (fls. 842). O instrumento de transação, datado de 11/10/2012, confirma que referidas parcelas foram pagas, tendo sido a fixa paga na forma do Instrumento de Aquisição de Participação Societária e Outras Avenças, datado de 26/01/2011, e a variável paga na forma do contrato de Transação, datado de 28/03/2012 (fls. 1200). Em relação a parcela recebida em 26/01/2011, podese concluir que as circunstâncias materiais do fato gerador da obrigação tributária já estavam implementadas, ou seja, houve o pagamento do preço, no valor de R$ 13.000.000,00 e transferência de 25% das ações ordinárias, situação de fato, de acordo com o art. 116 do Código Tributário Nacional: Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Desta forma, cabe registrar que o credito tributário apurado nesse processo referese, tão somente, ao ganho de capital apurado sobre a parcela fixa de R$ 13.000.000,00, conforme Auto de Infração e termo de Constatação Fiscal (fls. 3/14). No tocante ao pagamento da parcela variável de 75%, conforme estabelecido nas cláusulas dos instrumentos acima, observase que no patrimônio do Sr. Cláudio Acyr ocorre a saída das ações da IPP e ingresso de novas ações da JFE, tais ações constituem bens integrantes do seu patrimônio. O valor da participação societária adquirida corresponde ao que for definido pela avaliação aprovada em assembléia. Ainda, em relação ao preço de alienação, parcelas fixa e variável, impende esclarecer, com fundamento no §4º do art. 117 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), que está sujeito ao ganho de capital as operações que imporem alienação, a qualquer título, in verbis: GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS OU DIREITOS Seção I Fl. 2420DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.421 20 Incidência Art. 117. Está sujeita ao pagamento do imposto de que trata este Título a pessoa física que auferir ganhos de capital na alienação de bens ou direitos de qualquer natureza (Lei nº 7.713, de 1988, arts. 2º e 3º, § 2º, e Lei nº 8.981, de 1995, art. 21). [...] § 4º Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins (Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 3º). [...] Valor de Alienação Art. 123. Considerase valor de alienação (Lei nº 7.713, de 1988, art. 19 e parágrafo único): I o preço efetivo da operação, nos termos do § 4º do art. 117; II [...](grifouse) Pelo exposto acima, entendo que não assiste razão ao recorrente em seus argumentos, pelo que confirmase os cálculos, constante do r. acórdão recorrido (fls. 2.367), relativo ao imposto sobre a renda, devido em 28/02/2011, conforme abaixo: Confirmação do Cálculo do imposto devido em 28/02/2011 realizado no AI Observese que no conjunto dos pagamentos efetuados, o total de Valor Principal de IRPF sobre o GC efetivamente recolhido pelo contribuinte representou R$ 1.253.605,09 [saldo de IRPF calculado com base no GC declarado pelo ora impugnante, que é inferior ao GC Ajustado pela fiscalização, em face da indevida majoração do custo de alienação das ações apurado, e demonstrado mais acima. Recordase que o Ganho de Capital (GC) a ser tributado corresponde à diferença entre o Valor Líquido de Alienação Ajustado (VLA) e o Valor do Custo Ajustado das ações alienadas por Cláudio Acyr (VCA). Assim, conforme demonstrado mais acima, o (VLA) representa o valor de R$ 9.982.367,26, e o Valor do Custo Ajustado (VCA) é R$ 789.504,81. É sobre essa base (GC = VLA VCA) que deve ser aplicada a alíquota de 15% para determinar o valor do Imposto (IRPF) sobre o GC efetivamente devido em 28/02/2011: : GC=VLA VCA = 9.982.367,26 789.504,81 = R$ 9.192.862,45 Fl. 2421DF CARF MF Processo nº 15540.720045/201559 Acórdão n.º 2401005.060 S2C4T1 Fl. 2.422 21 Alíquota aplicável: 15% IRPF devido em 28/02/2011 = R$ 1.378.929,37 Por outro lado, feitas as imputações cabíveis aos recolhimentos realizados pelo ora impugnante, constatouse quanto à obrigação principal ora analisada, que o interessado recolheu aos cofres da União o valor principal de R$ 1.253.605,09 (= 15% de 8.357.605,09). Dessa forma, podese concluir que o Saldo de IRPF devido remanescente (vencido em 28/02/2011) a ser ainda exigido é no valor principal de: Saldo IRPF devido remanescente=IRPF devido IRPF recolhido Saldo IRPF devido remanescente = 1.378.929,37 1.253.605,09 Saldo IRPF devido remanescente = R$ 125.324,28 Conclusão Voto no sentido de CONHECER o Recurso Voluntário, para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, mantendo o crédito tributário de imposto sobre a renda, apurado pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife sobre o ganho de capital na alienação de participação, fato gerador 26/01/2011, no valor de R$ 125.324,28. É como voto. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Fl. 2422DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13982.000529/2010-49
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jan 26 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1001-000.134
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
José Roberto Adelino da Silva - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: JOSE ROBERTO ADELINO DA SILVA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Souza - Presidente (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva.
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Souza Presidente (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 2. 00 05 29 /2 01 0- 49 Fl. 44DF CARF MF 2 Trata o presente processo de notificação de lançamento relativa à multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF referente ao 4° trimestre de 2004, no valor de R$500,00. Constam do auto de infração/notificação, que a DCTF relativa ao 4º trimestre de 2004 foi apresentada em 15/06/2009, ao passo que o prazo máximo para entrega, sem o acréscimo de multa, era, em 18/02/2005. Não se conformando com o lançamento acima descrito, a interessada apresentou a impugnação, na qual alega, em síntese, que: foi intimada a apresentar, em 11/06/2009, no prazo de cinco dias, DCTF e DIPJ referentes a períodos em que fora optante pelo Simples Federal e Nacional, mas dos quais fora excluída em razão de processo fiscal;como só ficou obrigada a apresentar as declarações fiscais em 2009 e o prazo foi cumprido a risca, a multa deve ser cancelada. A DRJ publicou o seguinte acórdão: O fato de a contribuinte ter sido intimada de decisão que a excluiu do SIMPLES FEDERAL e SIMPLES NACIONAL, bem como a apresentar, para o respectivo período, as declarações fiscais exigidas das demais pessoas jurídicas tributadas pelos outros regimes de tributação, não significa que essa obrigação acessória apenas teria surgido a partir do momento em que recebida a notificação. A contribuinte, caso satisfeitos os requisitos para opção do SIMPLES FEDERAL e SIMPLES NACIONAL, não precisaria entregar DIPJ e DCTF.. Mas se à época não preenchia os requisitos, deveria ter observado as regras aplicáveis às demais pessoas jurídicas, optando pelo regime tributário adequado, inclusive, cumprindo os regulares prazos prescritos na legislação para entrega das obrigações acessórias. Assim, a intimação não fez surgir a obrigação, mas apenas alertou a contribuinte que ela precisava apresentar as declarações que deixaram de ser entregues em época própria. E, caso ela não tivesse observado o prazo de cinco dias estabelecido nas intimações para apresentar as DIPJ e DCTF, além da multa aplicada, poderia ainda ficar sujeita a outras sanções e regime específicos de fiscalização. Caso assim não se entendesse, estarseia estimulando contribuintes a optarem indevidamente pelo regime diferenciado, pois se fossem descobertos, saberiam que teriam uma oportunidade de regularizar sua situação fiscal, antes da aplicação da multa, o que seria um contrassenso, dado que a mesma chance não é conferida àquele contribuinte que se submete às regras ordinárias de tributação (presumido ou real), ou mesmo aquele que opta regularmente pelo regime diferenciado, mas incorre em atraso na entrega de suas declarações. Ademais, não há previsão legal para atender à pretensão da Impugnante. Diante do exposto, voto no sentido de considerar a impugnação IMPROCEDENTE e, por consequência, manter o crédito tributário exigido. Fl. 45DF CARF MF Processo nº 13982.000529/201049 Acórdão n.º 1001000.134 S1C0T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Jose Roberto Adelino da Silva Relator Inconformada, a recorrente apresentou o Recurso Voluntário, tempestivo, que apresenta os pressupostos de admissibilidade e, portanto, dele eu conheço. A recorrente alega, em sua defesa, que foi excluída do Simples Nacional, retroativamente, ou seja, à época da entrega da DCTF não estava obrigada a entregála. A alegação não procede, tendo em vista que a exclusão do Simples Nacional tem efeitos retroativos, conforme a legislação em vigor, que reproduzo a seguir: LC 123/2006, no § 6º do art. 3º e art. 32, Art. 3º. (...) § 6º Na hipótese de a microempresa ou empresa de pequeno porte incorrerem alguma das situações previstas nos incisos do § 4º, será excluída do 3 tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, bem como do regime de que trata o art. 12, com efeitos a partir do mês seguinte ao que incorrida a situação impeditiva. Art. 32. As microempresas ou as empresas de pequeno porte excluídas do Simples Nacional sujeitarseão, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Assim, no presente caso, uma vez excluído do Simples a recorrente passou a sujeitarse (efeito ex tunc) às regras aplicáveis às demais pessoas jurídicas, inclusive no que diz respeito às obrigações acessórias, observados os prazos legais originais. Portanto, considero irretocável a decisão da DRJ. É como voto. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Fl. 46DF CARF MF 4 Fl. 47DF CARF MF
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Numero do processo: 10552.000174/2007-64
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1996 a 30/04/2006
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-006.065
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada).
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1996 a 30/04/2006 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada).
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AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento parcial, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 55 2. 00 01 74 /2 00 7- 64 Fl. 513DF CARF MF Processo nº 10552.000174/200764 Acórdão n.º 9202006.065 CSRFT2 Fl. 514 2 (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada). Relatório Tratase de auto de infração, referente às contribuições devidas ao INSS, destinadas à Seguridade Social. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, aplicandose o art. 35A, da Lei nº 8.212/1991, em detrimento do art. 35, caput da referida Lei (na atual redação conferida pela Lei nº 11.941/2009), devendose verificar, assim, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a multa anterior (art. 35, II, da norma revogada) ou a do art. 35A da Lei nº 8.212/91 (não havendo que se falar em comparação com a nova redação dada ao art. 35 dada pela Lei 11.941/2009). Cientificado, o sujeito passivo apresentou contrarrazões onde pugna pela manutenção da decisão recorrida, que , em seu entendimento, reflete a melhor interpretação jurídica quanto à aplicação do art. 106, II, "c" ao caso sob análise. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Quanto ao conhecimento Pelo que consta no processo quanto a sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade. Assim, conheço do recurso da Fazenda Nacional. Quanto ao mérito O presente tema, objeto do presente julgamento repetitivo de recursos, tem entendimento já pacificado no âmbito desta Turma da CSRF, o qual é brilhantemente delineado pela Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira no âmbito do Acórdão 920205.782, de 26 de setembro de 2017, e, assim, adotase excerto do teor do voto condutor daquele Acórdão, a seguir transcrito, como razões de decidir, verbis: Fl. 514DF CARF MF Processo nº 10552.000174/200764 Acórdão n.º 9202006.065 CSRFT2 Fl. 515 3 (...) Aplicação da multa retroatividade benigna Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, Fl. 515DF CARF MF Processo nº 10552.000174/200764 Acórdão n.º 9202006.065 CSRFT2 Fl. 516 4 basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): "Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como Fl. 516DF CARF MF Processo nº 10552.000174/200764 Acórdão n.º 9202006.065 CSRFT2 Fl. 517 5 no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: Fl. 517DF CARF MF Processo nº 10552.000174/200764 Acórdão n.º 9202006.065 CSRFT2 Fl. 518 6 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° Fl. 518DF CARF MF Processo nº 10552.000174/200764 Acórdão n.º 9202006.065 CSRFT2 Fl. 519 7 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor da multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente."(grifos não presentes no original) Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: (...) Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Por fim, destacase que, independente do lançamento fiscal analisado referirse a Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) e Acessória (AIOA), este último consubstanciado na omissão de fatos geradores em GFIP, lançados em conjunto, ou seja formalizados em um mesmo processo, ou em processos separados, a aplicação da legislação não sofrerá qualquer alteração, posto que a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009 contempla todas as possibilidades, já que a tese ali adotada tem por base a natureza das multas. (grifos não presentes no original). (...)" Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. Fl. 519DF CARF MF Processo nº 10552.000174/200764 Acórdão n.º 9202006.065 CSRFT2 Fl. 520 8 É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 520DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15922.000394/2008-37
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/1999
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 65.
Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige (Súmula CARF nº 65).
Numero da decisão: 2202-004.261
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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RESPONSABILIDADE PESSOAL DO DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 65. Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige (Súmula CARF nº 65). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 92 2. 00 03 94 /2 00 8- 37 Fl. 918DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 19515.001700/200813. "Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão de Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve a cobrança do crédito tributário. O Auto de Infração foi lavrado por descumprimento de obrigação acessória verificada durante ação fiscal realizada em órgão público. A autuação ocorreu em nome do sujeito passivo, na condição de dirigente de órgão público, por força do disposto no art. 41 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, vigente à época dos fatos geradores. O recorrente tomou ciência do lançamento e apresentou defesa, entretanto, a primeira instância de julgamento manteve a autuação. Inconformado com a decisão, o sujeito passivo apresentou recurso voluntário ao CARF, onde alega a improcedência da autuação. É o relatório." Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 2202004.158, de 03/10/2017, proferido no julgamento do processo 19515.001700/200813, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 2202004.158): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. O lançamento em questão foi efetuado contra o dirigente do órgão público com base no art. 41 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, que, à época dos fatos geradores, estabelecia: Art. 41. O dirigente de órgão ou entidade da administração federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, responde pessoalmente pela multa aplicada por infração de dispositivos desta Lei e do seu regulamento, sendo obrigatório o respectivo desconto em folha de pagamento, mediante requisição dos órgãos competentes e a partir do primeiro pagamento que se seguir à requisição. Fl. 919DF CARF MF Processo nº 15922.000394/200837 Acórdão n.º 2202004.261 S2C2T2 Fl. 3 3 Contudo, o dispositivo transcrito foi revogado pela Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, não mais se aplicando, contra dirigente de órgão público, a penalidade por descumprimento de obrigação acessória. Sobre a matéria, a Súmula CARF nº 65 dispõe o seguinte: Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige. Em função disso, aplicase ao caso, a retroatividade benigna de que trata a alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN): Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: [...] II tratandose de ato não definitivamente julgado: [...] c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifei) Portanto, o lançamento em questão deve ser cancelado. Conclusão Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Relator" Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Fl. 920DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15983.001316/2010-50
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2001 a 30/09/2006
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.928
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/09/2001 a 30/09/2006 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 3. 00 13 16 /2 01 0- 50 Fl. 162DF CARF MF Processo nº 15983.001316/201050 Acórdão n.º 9202005.928 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 15979.000274/200701. Tratase de auto de infração, referente às contribuições devidas ao INSS, destinadas à Seguridade Social. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 163DF CARF MF Processo nº 15983.001316/201050 Acórdão n.º 9202005.928 CSRFT2 Fl. 0 3 Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202005.782, de 26/09/2017, proferido no julgamento do processo 15979.000274/200701, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202005.782): Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Do mérito Aplicação da multa retroatividade benigna Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade Fl. 164DF CARF MF Processo nº 15983.001316/201050 Acórdão n.º 9202005.928 CSRFT2 Fl. 0 4 benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262 (Sessão de23dejunhode2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 15983.001316/201050 Acórdão n.º 9202005.928 CSRFT2 Fl. 0 5 A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdãonº9202004.499 (Sessão de 29desetembrode2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: Fl. 166DF CARF MF Processo nº 15983.001316/201050 Acórdão n.º 9202005.928 CSRFT2 Fl. 0 6 I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao Fl. 167DF CARF MF Processo nº 15983.001316/201050 Acórdão n.º 9202005.928 CSRFT2 Fl. 0 7 raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na Fl. 168DF CARF MF Processo nº 15983.001316/201050 Acórdão n.º 9202005.928 CSRFT2 Fl. 0 8 NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). Fl. 169DF CARF MF Processo nº 15983.001316/201050 Acórdão n.º 9202005.928 CSRFT2 Fl. 0 9 § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de Fl. 170DF CARF MF Processo nº 15983.001316/201050 Acórdão n.º 9202005.928 CSRFT2 Fl. 0 10 ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Por fim, destacase que, independente do lançamento fiscal analisado referirse a Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) e Acessória (AIOA), este último consubstanciado na omissão de fatos geradores em GFIP, lançados em conjunto, ou seja formalizados em um mesmo processo, ou em processos separados, a aplicação da legislação não sofrerá qualquer alteração, posto que a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009 contempla todas as possibilidades, já que a tese ali adotada tem por base a natureza das multas. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. Face o exposto, voto por conhecer do Recurso Especial e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 171DF CARF MF Processo nº 15983.001316/201050 Acórdão n.º 9202005.928 CSRFT2 Fl. 0 11 Fl. 172DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.904101/2012-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/09/2008 a 30/09/2008
PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. TRÂNSITO EM JULGADO. CARF. REGIMENTO INTERNO.
Em 13.03.2017 transitou em julgado o Recurso Especial nº 1144469/PR, proferido pelo STJ sob a sistemática do art. 543-C do CPC/73, que firmou a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendo-se à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", a qual deve ser reproduzida nos julgamentos do CARF a teor do seu Regimento Interno.
Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido em sentido contrário no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de aplicação obrigatória desse precedente ao caso concreto.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-004.734
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a preliminar de sobrestamento do processo até a decisão final no Recurso Extraordinário 574.706 RG/PR, conforme proposição do Conselheiro Diego Ribeiro, vencido juntamente com os Conselheiros Thais De Laurentiis, Maysa Pittondo e Carlos Daniel; e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Diego Ribeiro.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a preliminar de sobrestamento do processo até a decisão final no Recurso Extraordinário 574.706 RG/PR, conforme proposição do Conselheiro Diego Ribeiro, vencido juntamente com os Conselheiros Thais De Laurentiis, Maysa Pittondo e Carlos Daniel; e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Diego Ribeiro. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/09/2008 a 30/09/2008 PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. TRÂNSITO EM JULGADO. CARF. REGIMENTO INTERNO. Em 13.03.2017 transitou em julgado o Recurso Especial nº 1144469/PR, proferido pelo STJ sob a sistemática do art. 543C do CPC/73, que firmou a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", a qual deve ser reproduzida nos julgamentos do CARF a teor do seu Regimento Interno. Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido em sentido contrário no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de aplicação obrigatória desse precedente ao caso concreto. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a preliminar de sobrestamento do processo até a decisão final no Recurso Extraordinário 574.706 RG/PR, conforme proposição do Conselheiro Diego Ribeiro, vencido juntamente com os Conselheiros Thais De Laurentiis, Maysa Pittondo e Carlos Daniel; e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Diego Ribeiro. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 41 01 /2 01 2- 14 Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10935.904101/201214 Acórdão n.º 3402004.734 S3C4T2 Fl. 3 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Versa o processo sobre pedido de restituição fundado em suposto pagamento indevido ou a maior face suposta inclusão indevida do ICMS na base de cálculo das contribuições. No que tange esta matéria, o pedido restou indeferido conforme Despacho Decisório que instrui os autos. Regularmente cientificada desta decisão, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. A DRJ, através do Acórdão nº 06041.460, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada. O julgador de primeira instância não acolheu as razões de defesa da impugnante, tendo em vista que não há, na legislação de regência, previsão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, já que esse valor, ainda que assim não entenda a interessada, é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário, nos termos dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/98. A contribuinte foi cientificada dessa decisão, tendo apresentado recurso voluntário tempestivo, onde alega que o valor do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo da Cofins e do PIS, por não estar abrangido nos conceito de "faturamento", tratandose de mero "ingresso" na escrituração contábil das empresas. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.699, de 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10935.902211/201233, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, (Acórdão 3402004.699): "Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10935.904101/201214 Acórdão n.º 3402004.734 S3C4T2 Fl. 4 3 Em relação à inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições sociais, como esclarecido pelo Ilustre Conselheiro Antonio Carlos Atulim, no Acórdão 3402003.317, de 28 de setembro de 2016, que negou provimento ao recurso voluntário em votação unânime do Colegiado, "O recolhimento efetuado pelo contribuinte, incluindo o ICMS na base de cálculo da contribuição, está calcado em entendimento sedimentado desde tempos imemoriais na seara tributária. Tal entendimento tem respaldo legal no art. 12 do DecretoLei nº 1.598/771 e na Instrução Normativa nº 51, de 03/11/1978". Dessa forma, "o valor do ICMS integra o preço da mercadoria, sendo tal valor deduzido contabilmente como despesa operacional". A Lei nº 9.718/98 define a incidência das contribuições sociais sobre o faturamento, correspondente à receita bruta da pessoa jurídica, prevendo a exclusão das suas bases de cálculo somente do IPI e do ICMS, este apenas quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário. Também as Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, que instituíram a não cumulatividade na apuração dessas contribuições, definem que a base dessas contribuições é a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade exercida e a classificação contábil adotada, sendo que, quanto ao ICMS, apenas preveem que as receitas decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes de créditos de ICMS originados de operações de exportação não integram a base de cálculo das contribuições. Ademais, em 13/03/2017 transitou em julgado o Recurso Especial nº 1144469/PR2, sob a sistemática do art. 543C do 1 Art. 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. §1º A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. 2 O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, com base nos seus registros processuais eletrônicos, acessados no dia e hora abaixo referidos CERTIFICA que, sobre o(a) RECURSO ESPECIAL nº 1144469/PR, do(a) qual é Relator o Excelentíssimo Senhor Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO e no qual figuram, como RECORRENTE, FAZENDA NACIONAL, (...) em 10 de Agosto de 2016, PROCLAMAÇÃO FINAL DE JULGAMENTO: "PROSSEGUINDO NO JULGAMENTO, A SEÇÃO, POR UNANIMIDADE, DEU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL E, POR MAIORIA, VENCIDOS OS SRS. MINISTROS RELATOR E REGINA HELENA COSTA, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA EMPRESA RECORRENTE, NOS TERMOS DO VOTO DO SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, QUE LAVRARÁ O ACÓRDÃO."; em 10 de Agosto de 2016, CONHECIDO O RECURSO DE FAZENDA NACIONAL E PROVIDO,POR UNANIMIDADE, PELA PRIMEIRA SEÇÃO RELATOR PARA ACÓRDÃO: MAURO CAMPBELL MARQUES; em 01 de Dezembro de 2016, ATO ORDINATÓRIO PRATICADO ACÓRDÃO ENCAMINHADO(A) À PUBLICAÇÃO PREVISTA PARA 02/12/2016; em 01 de Dezembro de 2016, DISPONIBILIZADO NO DJ ELETRÔNICO EMENTA / ACORDÃO; em 02 de Dezembro de 2016, PUBLICADO EMENTA / ACORDÃO EM 02/12/2016; (...)TRANSITADO EM JULGADO EM 10/03/2017; em 13 de Março de 2017, BAIXA DEFINITIVA PARA TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO; em 07 de Abril de 2017, ENTREGA DE ARQUIVO DIGITAL DOS AUTOS AO DR. WAGNER MUNDIM RIBEIRO OAB/DF 14.760. Certifica, por fim, que o assunto tratado no mencionado processo é: Base de Cálculo. Certidão gerada via internet com validade de 30 dias corridos. Esta certidão pode ser validada no site do STJ com os seguintes dados: Número da Certidão: 2015397 Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10935.904101/201214 Acórdão n.º 3402004.734 S3C4T2 Fl. 5 4 CPC/73, que firmou, para efeito de recurso repetitivo a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", conforme ementa abaixo: RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, § 2º, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS: repercussão geral no RE n. 582.461 / SP, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.05.2011. 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 976.836 RS, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.8.2010. 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.113.159 AM, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11.11.2009. 2.4. Do IPI sobre o ICMS: REsp. n. 675.663 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.08.2010; REsp. Nº 610.908 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 20.9.2005, AgRg no REsp.Nº 462.262 SC, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20.11.2007. 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015. 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto Código de Segurança: 6250.8B72.58DF.245E Data de geração: 17 de Outubro de 2017, às 08:48:06 Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10935.904101/201214 Acórdão n.º 3402004.734 S3C4T2 Fl. 6 5 sobre imposto, salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e § 1º, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMSST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, consoante o art. 279 do RIR/99. 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da não cumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax"). 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10935.904101/201214 Acórdão n.º 3402004.734 S3C4T2 Fl. 7 6 n. 258/TFR: "Incluise na base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP (Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015) que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por dever de coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. 11. Ante o exposto, DIVIRJO do relator para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do PARTICULAR e reconhecer a legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃO APLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.15835, de 2001. Precedentes: AgRg nos EREsp. n. 529.034/RS, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, julgado em 07.06.2006; AgRg no Ag 596.818/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/02/2005; EDcl no AREsp 797544 / SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14.12.2015, AgRg no Ag 544.104/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 28.8.2006; AgRg nos EDcl no Ag 706.635/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 28.8.2006; AgRg no Ag 727.679/SC, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 8.6.2006; AgRg no Ag 544.118/TO, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 2.5.2005; REsp 438.797/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 3.5.2004; e REsp 445.452/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 10.3.2003. 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10935.904101/201214 Acórdão n.º 3402004.734 S3C4T2 Fl. 8 7 das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". 14. Ante o exposto, ACOMPANHO o relator para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL. (STJ REsp: 1144469 PR 2009/01124142, Redator: MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de Julgamento: 10/08/2016, S1 PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 02/12/2016) Como se sabe, nos termos do art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, na redação dada pela Portaria MF nº 152/2016, "As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF". Assim, aqui deve ser obrigatoriamente adotado o entendimento acima do STJ, proferido no Recurso Especial nº 1144469/PR, transitado em julgado em 13/03/2017 sob a sistemática do art. 543C do CPC/73, rejeitandose a argumentação da recorrente em sentido contrário. Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido de forma favorável à tese da ora recorrente no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de sua reprodução no presente julgamento. Nesse mesmo sentido foi decidido recentemente pelo CARF nos julgados abaixo: Processo nº 19515.000094/200720 Acórdão nº 3201003.084– 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 29 de agosto de 2017 Relator: Marcelo Giovani Vieira (...) VOTO (...) Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10935.904101/201214 Acórdão n.º 3402004.734 S3C4T2 Fl. 9 8 Pelo contrário, o STJ, no Resp 114469/PR decidiu, no regime de recursos repetitivos, com trânsito em julgado em 13/03/2017, que o ICMS integra as bases de cálculo do Pis e da Cofins. O STF decidiu de forma diferente, no RE 574.706, em repercussão geral, porém o processo ainda não é definitivo, não sendo vinculante para os colegiados do Carf, nos termos do §2º do art. 625 do Ricarf. Com efeito, é possível que o STF module os efeitos da decisão. Pelo exposto, voto pelo desprovimento do recurso voluntário quanto aos ajustes na base de cálculo. (...) Processo nº 10980.900996/201183 Acórdão nº 3302004.500 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de julho de 2017 Relatora: Lenisa Prado Redator designado: Walker Araújo (...) VOTO VENCEDOR (...) O RICARF prevê o requisito da decisão definitiva para a obrigatoriedade da aplicação do precedente, no caso em análise, o REsp 1.144.469/PR transitou em julgado em 10.03.2017 e o RE 574.706RG/PR ainda espera a modulação de seus efeitos, não havendo, portanto, trânsito em julgado. Logo, devese observar a decisão, já transitada em julgado, do Superior Tribunal de Justiça. (...) Assim, pelo exposto acima, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o litígio resumese ao direito creditório decorrente de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o Colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 65DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.910778/2008-80
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Dec 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/04/2002
DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS.
A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-005.732
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 30/04/2002 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
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COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO ALEGADO. Recorrente FLEURY S.A. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/04/2002 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 07 78 /2 00 8- 80 Fl. 304DF CARF MF Processo nº 10880.910778/200880 Acórdão n.º 9303005.732 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 3802002.023, de 24/09/2013, proferido pela 2ª Turma Especial da Terceira Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/04/2002 PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. A simples retificação, desacompanhada de qualquer prova, não autoriza a homologação da compensação. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Irresignada, a Recorrente se insurgiu contra o entendimento esposado no acórdão recorrido quanto à impossibilidade de apresentação de DCTF retificadora, após o Despacho Decisório e no prazo da Manifestação de Inconformidade, para a comprovação do direito creditório alegado. Alega divergência com relação ao que decidido nos Acórdãos nº 1302001.423 (possibilidade de homologação da PER/DCOMP em face da apresentação de DCTF retificadora após o Despacho Decisório) e 3401002.744 e 3401002.128 (necessidade de conversão do julgamento em diligência caso não seja reconhecido o direito à homologação com base na DCTF retificada). Por meio do exame de admissibilidade do recurso, propôsse o seu não seguimento, o que, embora acatado pelo Presidente do CARF em despacho de reexame, foi revertido por medida liminar em mandado de segurança, determinando o seguimento do recurso especial. Intimada, a PFN apresentou contrarrazões ao recurso. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Fl. 305DF CARF MF Processo nº 10880.910778/200880 Acórdão n.º 9303005.732 CSRFT3 Fl. 4 3 O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.708, de 19/09/2017, proferido no julgamento do processo 10880.910755/200875, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.708): "Em face do provimento judicial que determinou a este Colegiado Administrativo o seguimento do recurso especial, ultrapassamos a análise de sua admissibilidade e passamos ao mérito do litígio. Neste, como já registramos noutros processos envolvendo matéria idêntica, esta Corte Administrativa vem entendendo que a retificação posterior ao Despacho Decisório não impediria o deferimento do pedido quando acompanhada de provas documentais comprovando o erro cometido no preenchimento da declaração original, conforme preconiza o § 1º do art. 147 do CTN: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Nesse contexto, ainda que não se tenha concordado com o argumento de que a falta de DCTF retificadora não seria óbice ao deferimento do pedido (coisa com a qual também concordamos), não se poderia, pura e simplesmente, dar provimento ao recurso especial, mas retornar os autos à unidade de origem, a fim de que, ultrapassada a questão, enfrentasse o mérito do litígio, mediante a análise da documentação fiscal ou contábil por meio da qual se pudesse comprovar o crédito a ser restituído. Para nós, portanto, correta a Câmara baixa, ao afirmar que a DCTF retificadora apresentada após a ciência do Despacho Decisório não seria suficiente para a demonstração do crédito, sendo indispensável, nos termos do § 1º do art. 147 do CTN, supra, a comprovação do erro em que se fundou a retificação, o que, no caso ora em exame, não se verificou, daí porque absolutamente impertinente converter o julgamento em diligência, como pretende a Recorrente1. Ante o exposto, conheço do recurso especial em face do provimento judicial e, no mérito, negolhe provimento." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a contribuinte também "limitouse a retificar a DCTF, sem apresentar qualquer prova da liquidez e da certeza do direito de crédito". 1 Segundo o relator do acórdão recorrido: "No presente caso, o contribuinte limitouse a retificar a Dctf, sem apresentar qualquer prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Portanto, nada justifica a reforma da decisão recorrida, porque cabe ao interessado o ônus da prova nos pedidos de compensação e de restituição". Fl. 306DF CARF MF Processo nº 10880.910778/200880 Acórdão n.º 9303005.732 CSRFT3 Fl. 5 4 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial foi conhecido em face do provimento judicial e, no mérito, o colegiado negoulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 307DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.723098/2014-87
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Nov 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. AÇÃO TRABALHISTA. VERBAS ISENTAS.
Nos casos de rendimentos recebidos acumuladamente decorrentes de ação trabalhista, não se sujeitam à tributação do imposto de renda no ajuste anual as verbas isentas, tais como FGTS, aviso prévio e férias indenizadas proporcionais.
Numero da decisão: 2201-003.969
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo que negava provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora.
EDITADO EM: 31/10/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2011 IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. AÇÃO TRABALHISTA. VERBAS ISENTAS. Nos casos de rendimentos recebidos acumuladamente decorrentes de ação trabalhista, não se sujeitam à tributação do imposto de renda no ajuste anual as verbas isentas, tais como FGTS, aviso prévio e férias indenizadas proporcionais.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo que negava provimento. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora. EDITADO EM: 31/10/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. AÇÃO TRABALHISTA. VERBAS ISENTAS. Nos casos de rendimentos recebidos acumuladamente decorrentes de ação trabalhista, não se sujeitam à tributação do imposto de renda no ajuste anual as verbas isentas, tais como FGTS, aviso prévio e férias indenizadas proporcionais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo que negava provimento. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora. EDITADO EM: 31/10/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 30 98 /2 01 4- 87 Fl. 175DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou procedente em parte a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome trechos do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: A Notificação de Lançamento relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, do anocalendário 2011 ajustou o saldo do imposto a restituir, conforme demonstrativo abaixo: Após a revisão de sua Declaração de Ajuste Anual, foram apurados os seguintes valores: 1 Imposto a Restituir Apurado na Declaração após a Revisão ... 3.229,29 2 Imposto Já Restituído (*) 0,00 3 Saldo do Imposto a Restituir Ajustado (12) 3.229,29 (*) É o valor do imposto já restituído para o contribuinte relativamente ao exercício 2012, anocalendário de 2011. Conforme a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, o procedimento fiscal resultou na apuração das seguintes infrações: Dedução Indevida de Previdência Oficial Relativa a Rendimentos Recebidos Acumuladamente Tributação Exclusiva Da análise das informações e documentos apresentados pelo contribuinte, e/ou das informações constantes dos sistemas da Secretaria da Receita Federai do Brasil, constataramse deduções indevidamente declaradas à título de Contribuição a Previdência Oficial, pelo titular e/ou dependentes, no valor de R$ 99,24 referentes às fontes pagadoras abaixo relacionadas. O valor glosado referese a Previdência Oficial deduzida de rendimentos declarados como sujeitos à tributação exclusiva na fonte, conforme opção manifestada pelo contribuinte. (...). Compensação Indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte sobre Rendimentos Recebidos Acumuladamente Tributação Exclusiva Da análise das informações e documentos apresentados pelo contribuinte, e/ou das informações constantes dos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, constatouse a compensação indevida do Imposto de Renda Retido na Fonte sobre rendimentos declarados como recebidos acumuladamente, pelo titular e/ou dependentes, no valor de R$ 205.981,06, referente às fontes pagadoras abaixo relacionadas. (...). Fl. 176DF CARF MF Processo nº 15504.723098/201487 Acórdão n.º 2201003.969 S2C2T1 Fl. 3 3 COMPLEMENTAÇÃO DA DESCRIÇÃO DOS FATOS Conforme guia de Depósito judicial trabalhista datada de 15/09/2009 e correspondência do Banco Bradesco S/A (cópia de fl. 448 do processo 01315200520202005) informando que o valor liquido do reclamante de R$ 741.085,55 foi depositado no dia 14/09/2009, o valor do rendimento decorrente de decisão judicial e respectivo IR Fonte declarados competem ao ano calendário 2009. . Portanto, deveriam constar da declaração do exercício 2010/ano calendário 2009. Valor do IRRF declarado corresponde a rendimento recebido no ano calendário 2009, conforme e guia de depósito judicial trabalhista datada de 15/09/2009 e correspondência do Banco Bradesco S/A (cópia de fl. 448 do processo 01315200520202005). (...). A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo (SP) julgou procedente em parte a impugnação, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 Ementa RENDIMENTOS. AÇÃO TRABALHISTA. INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. O imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica do rendimento por parte do beneficiário. Impugnação Procedente Outros Valores Controlados Posteriormente, foi interposto recurso voluntário, no qual o contribuinte sustentou, em síntese, os argumentos abaixo colacionados: É o relatório. Fl. 177DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Conheço do recurso, pois se encontra tempestivo e com condições de admissibilidade. Conforme narrado, o lançamento em análise trata da dedução indevida de Previdência Oficial e compensação indevida de imposto de renda retido na fonte relativas a rendimentos recebidos acumuladamente. Em seu recurso, insurgese o contribuinte apenas quanto à compensação indevida do imposto de renda retido na fonte sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, com o fundamento de que deve ser considerada a base de cálculo do IR no valor de R$ 522.952,68, conforme demonstrativo de verbas tributáveis, sendo o valor de R$ 422.952,68 o correto, após o desconto de R$ 100.000,00 dos honorários advocatícios. Acerca da matéria, foi dado provimento parcial à impugnação do contribuinte com as seguintes considerações: Diante da documentação juntada na impugnação e das alegações do contribuinte, constatase que o recebimento dos rendimentos recebidos acumuladamente ocorreu no dia 26/01/2011, conforme documentos trazidos na impugnação e descritos a seguir: Considerando a cópia do Resgate de Depósito Judicial – Comprovante de emissão de TED, fls. 25, datado de 21/06/2011 (número do Alvará 829/2011) comprovando um depósito na conta corrente de Sival Fagundes Sobrinho (contribuinte) no montante líquido de R$ 619.174,93; Considerando a cópia do Resgate de Depósito Judicial – Comprovante de emissão de TED, fls. 26, datado de 21/06/2011 (número do Alvará 829/2011) comprovando um depósito na conta corrente de Adejair Pereira (Advogado) no montante líquido de R$ 212.847,70; Considerando a cópia do contrato de Honorários, fls. 29, onde consta que as partes de comum acordo estabeleceram que os honorários advocatícios foram fixados em R$ 100.000,00 (cem mil reais) e do respectivo recibo, fls. 30; Portanto o contribuinte terá direito a compensação do imposto de renda retido na fonte, entretanto o rendimento informado por ele no montante de R$ 417.500,16, foi declarado erroneamente. O correto seria de R$ 519.174,93 (quinhentos e dezenove mil, cento e setenta e quatro reais e noventa e três centavos) ou seja o valor líquido recebido pelo contribuinte de R$ 619.174,93 (já descontado o valor de honorários pagos diretamente ao advogado) menos o honorário advocatício no valor de R$ 100.000,00 pago pelo contribuinte, conforme o contrato e recibo já citado acima, Fl. 178DF CARF MF Processo nº 15504.723098/201487 Acórdão n.º 2201003.969 S2C2T1 Fl. 4 5 consequentemente será alterado o valor dos rendimentos no novo cálculo do imposto. Compulsandose os autos, observase que, às fls. 27 e 28, constam os demonstrativos das verbas recebidas com a discriminação das verbas tributáveis e verbas e contribuições isentas, consoante abaixo colacionado: Quanto ao tema aviso prévio indenizado, bem com a verba a título de FGTS+40% devem ser excluídos do montante tributável lançado, por força do previsto na Lei n.º 7.713/88, art. 6º, inciso V, a seguir transcrito: Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: V a indenização e o aviso prévio pagos por despedida ou rescisão de contrato de trabalho, até o limite garantido por lei, bem como o montante recebido pelos empregados e diretores, ou respectivos beneficiários, referente aos depósitos, juros e Fl. 179DF CARF MF 6 correção monetária creditados em contas vinculadas, nos termos da legislação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço; Tal dispositivo legal foi reproduzido no Decreto n.ª 3000, de 26 de março de 1999, RIR/99, no seu art. 39, inciso XX. No que se referem às verbas indenizatórias, cabe destacar que à luz do artigo 43 do CTN, o imposto de renda incidirá sobre os acréscimos patrimoniais decorrentes do produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos. As indenizações destacadas na planilha, por sua vez, não representam um acréscimo patrimonial, pelo contrário, destinamse a reparar um dano e restabelecer uma situação anterior. Não sem razão, o Poder Judiciário firmou jurisprudência a respeito da matéria, retratada nas súmulas 125 e 136 do Superior Tribunal de Justiça, para o caso em tela aplicase a súmula 125: "Súmula nº 125/STJ O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não está sujeito à incidência do Imposto de Renda." Diante desse contexto, notase que, de fato, o valor tributável é de R$ 522.952,68 R$ 100.000,00 de honorários, considerando as verbas de natureza isenta, conforme planilhas de fls. 27 e 28 dos autos. Assim, voto por conhecer do recurso voluntário e, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 180DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.732552/2011-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
PROVA PERICIAL. DESNECESSIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA.
Não caracteriza cerceamento de direito de defesa, o indeferimento de pedido de perícia, nos termos do art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, quando não há nos autos elementos que demandem o conhecimento técnico especializado de profissional com habilidade e experiência que esclareçam certas dúvidas.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. PARCELA DE JUROS.
Os juros pagos, por pessoa jurídica à pessoa física, em decorrência de alienação a prazo de participação societária, não compõem o preço de alienação, para efeitos de apuração do ganho de capital, estando sujeitos à tributação na forma do art. 620 do Regulamento do Imposto de Renda.
GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA A PRAZO. APURAÇÃO INCORRETA. CUSTO DE AQUISIÇÃO.
Para efeitos de apuração do ganho de capital na alienação a prazo de participação societária, considera-se custo de aquisição, nos termos da legislação, o valor avaliado de acordo com o período de aquisição de cada participação.
Por força de decisão judicial, que reconheceu a isenção do imposto de renda sobre o ganho de capital na alienação de ações adquiridas até 31/12/1983, o custo de aquisição das adquiridas a partir de 01/01/1984 é apurado proporcional a participação dessas no total da ações.
O ganho de capital nas alienações a prazo de participação societária deverá ser apurado como venda à vista, sendo o imposto pago na medida em que as parcelas forem recebidas. O percentual de ganho aplicado sobre cada parcela recebida é determinado pela relação entre o ganho de capital e o preço efetivo da alienação.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e rejeitar as preliminares. No mérito, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento parcial para afastar a omissão de rendimentos de juros recebidos da pessoa jurídica.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco Ricardo Gouveia Coutinho - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Numero da decisão: 2401-005.057
Decisão:
Nome do relator: FRANCISCO RICARDO GOUVEIA COUTINHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007 PROVA PERICIAL. DESNECESSIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. Não caracteriza cerceamento de direito de defesa, o indeferimento de pedido de perícia, nos termos do art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, quando não há nos autos elementos que demandem o conhecimento técnico especializado de profissional com habilidade e experiência que esclareçam certas dúvidas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. PARCELA DE JUROS. Os juros pagos, por pessoa jurídica à pessoa física, em decorrência de alienação a prazo de participação societária, não compõem o preço de alienação, para efeitos de apuração do ganho de capital, estando sujeitos à tributação na forma do art. 620 do Regulamento do Imposto de Renda. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA A PRAZO. APURAÇÃO INCORRETA. CUSTO DE AQUISIÇÃO. Para efeitos de apuração do ganho de capital na alienação a prazo de participação societária, considera-se custo de aquisição, nos termos da legislação, o valor avaliado de acordo com o período de aquisição de cada participação. Por força de decisão judicial, que reconheceu a isenção do imposto de renda sobre o ganho de capital na alienação de ações adquiridas até 31/12/1983, o custo de aquisição das adquiridas a partir de 01/01/1984 é apurado proporcional a participação dessas no total da ações. O ganho de capital nas alienações a prazo de participação societária deverá ser apurado como venda à vista, sendo o imposto pago na medida em que as parcelas forem recebidas. O percentual de ganho aplicado sobre cada parcela recebida é determinado pela relação entre o ganho de capital e o preço efetivo da alienação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e rejeitar as preliminares. No mérito, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento parcial para afastar a omissão de rendimentos de juros recebidos da pessoa jurídica. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
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DESNECESSIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. Não caracteriza cerceamento de direito de defesa, o indeferimento de pedido de perícia, nos termos do art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, quando não há nos autos elementos que demandem o conhecimento técnico especializado de profissional com habilidade e experiência que esclareçam certas dúvidas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. PARCELA DE JUROS. Os juros pagos, por pessoa jurídica à pessoa física, em decorrência de alienação a prazo de participação societária, não compõem o preço de alienação, para efeitos de apuração do ganho de capital, estando sujeitos à tributação na forma do art. 620 do Regulamento do Imposto de Renda. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA A PRAZO. APURAÇÃO INCORRETA. CUSTO DE AQUISIÇÃO. Para efeitos de apuração do ganho de capital na alienação a prazo de participação societária, considerase custo de aquisição, nos termos da legislação, o valor avaliado de acordo com o período de aquisição de cada participação. Por força de decisão judicial, que reconheceu a isenção do imposto de renda sobre o ganho de capital na alienação de ações adquiridas até 31/12/1983, o custo de aquisição das adquiridas a partir de 01/01/1984 é apurado proporcional a participação dessas no total da ações. O ganho de capital nas alienações a prazo de participação societária deverá ser apurado como venda à vista, sendo o imposto pago na medida em que as parcelas forem recebidas. O percentual de ganho aplicado sobre cada parcela AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 73 25 52 /2 01 1- 15 Fl. 167DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 164 2 recebida é determinado pela relação entre o ganho de capital e o preço efetivo da alienação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e rejeitar as preliminares. No mérito, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento parcial para afastar a omissão de rendimentos de juros recebidos da pessoa jurídica. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 168DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 165 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão 1052.635 (fls. 139/144) da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre (DRJ/POA), que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ALIENAÇÕES DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. JUROS DE PARCELAMENTO. Na apuração do ganho de capital decorrente da alienações de ações devem ser considerados eventuais ajustes e a correção monetária incidente sobre o preço das ações pagas posterior a data de alienação. Os juros decorrentes do pagamento parcelado não integram o valor de alienação e, quando recebidos pelo contribuinte, devem ser tributados conforme artigos 106 e 620 do Regulamento do Imposto de Renda. GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. CUSTO DE AQUISIÇÃO. Não há o que se contestar quando a fiscalização toma como custo de aquisição os valores declarados pelo contribuinte na Declaração de Ajuste Anual do IRPF. As deduções e diferimentos adotados pelo contribuinte, na determinação do ganho de capital, devem ser demonstrados, comprovados e justificados através da legislação aplicada ao caso. DIVERGÊNCIAS NA APURAÇÃO DO GANHO DE CAPITAL. Cabe ao contribuinte demonstrar que a origem nas divergências não são aquelas apontadas pela fiscalização no Auto de Infração. PERÍCIA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO. Deve ser indeferida a solicitação de perícia acerca de matéria que não demande conhecimento técnico especializado e que não exija conhecimentos incomuns ao ofício do auditor fiscal e do julgador administrativo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O procedimento fiscal teve início em 26/07/2011 (fls. 3/5), no qual foi o sujeito passivo intimado a prestar informações e apresentar documentos relativos à alienação de participação societária na empresa Expresso Mercúrio S.A. Atendendo ao termo de intimação, juntou cópia do Contrato de compra e venda de ações da empresa citada, bem como demonstrativos de apuração do custo de aquisição, quantidade de ações e valores relativos ao imposto de renda incidente sobre o ganho de capital (fls. 6/28). O sujeito passivo foi novamente intimado a apresentar informações e documentos, nos termos das intimações fiscais de fls 83/89. Acostou aos autos os documentos e esclarecimentos constantes da fls. 90/97. Fl. 169DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 166 4 Em decorrência da ação fiscal, o Serviço de Fiscalização da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Porto Alegre lavrou o Auto de Infração (fls. 111/118), no qual consta o lançamento de ofício do crédito tributário no montante de R$ 244.875,29 (duzentos e quarenta e quatro mil, oitocentos e setenta e cinco reais e vinte e nove centavos), correspondente a omissão de rendimentos de juros recebidos de pessoa jurídica, fato gerador 09/07/2007, e a apuração incorreta de ganhos de capital na alienação de ações/quotas não negociadas em bolsa de valores, fato gerador 09/01/2007. O relatório fiscal (fls. 119/126) detalha, de forma pormenorizada, o procedimento administrativo, do qual foi reproduzido, abaixo, parte. [...] 4.MANDADO DE SEGURANÇA O Sr. Adir e outros impetraram o MS nº 2007.71.0058517 pretendendo que fosse declarado o direito à isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física sobre eventuais ganhos de capital apurados na venda de ações da Expresso Mercúrio, adquiridas até 31/12/1983. [...] O STJ negou provimento ao recurso especial, em decisão monocrática. O Agravo regimental interposto pela autora foi admitido, fazendo com que houvesse julgamento pela turma. a 2ª Turma do STJ deu provimento ao recurso da autora, em 14/09/2010. Os embargos de declaração foram rejeitados. O acórdão transitou em julgado em 08/02/2011. Os alvarás para levantamento dos depósitos judiciais já foram expedidos pelo juízo de primeiro grau, em 31/08/2011. 5. DOS PROCEDIMENTOS FISCAIS [...] 5.2 Do contrato de Compra de Ações A seguir apresentamos um resumo do referido contrato: a) Objeto do contrato: Venda de 100% das ações pelos acionistas da empresa Expresso Mercúrio S.A. à empresa TNT Brasil Participações Two Ltda., CNPJ nº 08.278.666/000118; b) Preço de Venda; Conforme estabelecida na cláusula 2.1 a compradora pagou aos vendedores a quantia de R$ 434.686.495,00 (quatrocentos e trinta e quatro milhões, seiscentos e oitenta e seis mil, quatrocentos e noventa e cinco reais) sendo o preço de aquisição alocado pro rata, de acordo com as participações acionárias dos vendedores, correspondendo ao Sr. Adir o valor de R$ 25.859.995,00 (fls. 106) c) [...] Fl. 170DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 167 5 d) Forma de pagamento: O fiscalizado recebeu em três parcelas, sendo: I Primeira parcela, recebida em 09/01/2007 constituída do preço de venda (R$ 25.859.995,00) menos a parcela retida para transição (R$ 800.000,00), item 2.4.1 do contrato, e menos a parcela retida para contrato de fiança (R$ 1.805.556,00), item 7.7 do contrato, (demonstrativo fls. 106) II Segunda parcela, recebida em 07/05/2007 constituída do valor de ajuste, no valor de R$ 804.634,62 item 2.3 do contrato, (demonstrativo fls. 107); III Terceira Parcela, recebida em 09/07/2007 relativo ao pagamento da parcela retida para transição (R$ 800.000,00) mais encargos de correção monetária entre 31/10/2006 e 09/01/2007 (R$ 9.610,08) e mais acréscimos de juros entre 09/01/2007 e 09/07/2007 (R$ 48.388,00), totalizando R$ 857.998,08, (demonstrativo de fls. 108 e 109); [...] 6. DAS INFRAÇÕES APURADAS 6.1 Ganho de Capital [...] Uma vez que a isenção de Imposto de Renda incidente sobre o ganho de capital apurado na venda de ações adquiridas antes de 31/12/1983 e das ações bonificadas posteriormente a esta data, mas delas decorrentes, encontramse sub judice (Processo nº 2007.71.00.0058517), existindo depósito judicial do tributo questionado, esta fiscalização procedeu a verificação da correta apuração e recolhimento do tributo devido apenas pela venda de ações adquiridas posteriormente a 31/12/1983. O valor do custo da ações corresponde ao valor informado pelo contribuinte a esta fiscalização, em resposta ao Termo de Início de Procedimento Fiscal, no quadro nº 01 Resumo da Movimentação e Tributação das Ações Vendidas (fls. 8 e 9). Este valor do custo corresponde ao informado na Declaração de Ajuste Anual, anocalendário 2007, do contribuinte. Importante ressaltar que no referido quadro 01, o contribuinte separa as ações possuídas até 31/12/1983 mais as bonificações a elas atribuídas e as ações adquiridas a partir de 01/01/1984; apura o valor do ganho de capital e recolhe o IR sobre o ganho na alienação das ações adquiridas a partir de 1984 e deposita judicialmente o IR sobre o ganho das ações possuídas até 1983. [...] Entre o demonstrativo elaborado pela fiscalização (fls. 104) e o quadro nº 01 do contribuinte (fls. 8 e 9) identificase as Fl. 171DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 168 6 divergências que justificam as diferenças no resultado final do imposto, como sendo: a) o fiscalizado deixou de incluir no valor da alienação, que é determinante para apurar o percentual do ganho que incidirá sobre cada parcela recebida, os valores de ajuste (item 2.3 do contrato) e a correção monetária, anterior a data da alienação, sobre a parcela retida ( item 2.4.1 do contrato), e b) atribuiu integralmente às ações adquiridas a partir de 1984, sobre as quais houve o recolhimento do IR, o diferimento sobre a parcela não recebida decorrente da retenção para fiança bancária. Intimado (fls.83) a justificar por que tal diferimento foi integralmente atribuído à alienação das ações adquiridas a partir de 1984 e suas bonificações, o contribuinte respondeu (item 2 da fls. 89)" que a parcela retida foi integralmente atribuída às ações tributáveis, na medida em que o diferimento do imposto se dá sobre o valor não recebido da transação, ou seja, em face do regime de caixa; não é certo o recebimento de tais valores, de modo que, na hipótese do efetivo recebimento serão devidamente tributados". [...] 6.2 Omissão de rendimentos de juros recebidos de pessoa jurídica: [...] Nos demonstrativos de fls. 108 e 109 consta que o Sr. Adir recebeu, em 09/07/2007, a importância de R$ 857.998,08 a título de devolução da parcela retida com encargos financeiros e juros. [...] Intimado (fls.82) a informar como foram tributados os valores dos acréscimos financeiros recebidos, co contribuinte respondeu (fls. 90) "que os valores dos acréscimos financeiros recebidos de TNT Brasil Participações Two Ltda. foram tributados na forma do art. 730, III do regulamento do Imposto de Renda (IRRF), conforme se comprova pela guia de recolhimento de Imposto de Renda Retido na Fonte, cujo valor corresponde a soma total do IRRF recolhido pela fonte pagadora referente a todos que receberam os referidos acréscimos". [...] Assim, após verificar que os juros recebidos juntamente com a liberação da parcela retida não foram oferecidos à tributação na declaração de ajuste anual, esta fiscalização tratou o valor de R$ 48.388,00 como rendimento tributável na Declaração de Ajuste Anual, com fundamento no art. 639 do RIR/99 e art. 19, § 3º da Instrução Normativa SRF nº 84/2001, e somou os Fl. 172DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 169 7 respectivos valores à base de cálculo apurada na declaração de rendimentos. O Recorrente tomou ciência, por Aviso de Recebimento AR, do Auto de Infração em 22/12/2011 (fls. 127) e impugnou a exigência fiscal em 23/01/2012 (fls. 129/135). Discorda na impugnação da autuação por entender que as divergências apuradas pela Fiscalização têm origem, basicamente, no critério adotado para apuração do custo das ações alienadas e, consequentemente, para elaboração do cálculo do ganho de capital. Informa que a fiscalização ao estabelecer o percentual de 37,38% para as ações adquiridas a partir de 1984, acabou por, indiscriminada e equivocadamente, aplicar esses mesmos percentuais para ratear o custo em relação aos dois grupos de ações. Pugnou pela realização de perícia contábil para esclarecer a controvérsia instaurada. Prossegue, na sua impugnação, discordando também em relação a omissão de rendimentos, entendendo que se aplica o art. 730, III, do RIR/99, na medida de que o valor objeto da tributação foi retido pela compradora até a verificação de uma condição. Ao final, requer o cancelamento do Auto de Infração na parte impugnada, e o recálculo do imposto de renda sobre o ganho de capital a título de correção monetária. Intimado da decisão do colegiado de primeira instância em 24/11/2014 (fls. 148), por meio de procurador constituído nos autos, o recorrente apresentou recurso voluntário no dia 22/12/2014 (fls. 150/159). Em resumo, apresento os argumentos de fato e de direito do seu recurso: a) informa que, pela leitura do relatório fiscal, o Auto de Infração foi lavrado, resumidamente, por duas razões: 1º Apuração incorreta de imposto de renda sobre o ganho de capital, na venda de ações da empresa Expresso Mercúrio S. A.; 2º Omissão de rendimentos de juros recebidos de Pessoas Jurídicas, pela venda de ações. b) Como fez na impugnação, pugna pela realização de prova pericial. Aduz que o colegiado de primeira instância, ao decidir pela improcedência do pedido, restringiu seu direito de defesa, nos termos do art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972. Apresenta os seguintes quesitos: 1) apure a perícia, de acordo com o custo de aquisição apresentado pelo Recorrente em suas planilhas e com base nas informações existentes na data da assinatura do contrato de compra e venda (09.01.2007), o ganho de capital e o respectivo imposto de renda incidente; 2) dia a perícia se apuração do custa das ações alienadas através da simples utilização percentual de quantidade de ações adquiridas até 31.12.1983 e às posteriores, permite apurar corretamente o ganho de capital existente. c) Quanto a alegada incorreção da apuração do ganho de capital, aponta o recorrente que, como o fez na impugnação, a fiscalização acabou por, indiscriminada e equivocadamente, aplicar os percentuais, informados pelo recorrente, de 62,62% para as ações Fl. 173DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 170 8 adquiridas até 31.12.1983 e de 37,38% para às posteriores. Entende que o custo considerado pela Fiscalização de R$ 1.835.664,77, para as ações adquiridas até 31.12.1983, distorce o resultado tributável, quando o correto seria o custo de R$ 1.904.956,00. Afirma que a parcela recebida apenas em maio de 2007 (cláusula 2.3.1) era desconhecida à época de apuração do ganho de capital e que não era possível apurar o ganho sobre um valor incerto. Por fim, declara que, em relação a correção monetária, anterior à data de alienação, sobre a parcela retida (item 2.4.1 do contrato), houve equívoco na apuração da ora Recorrente, de modo que se mostra necessário que esta Fiscalização promova o recálculo do imposto de renda sobre o ganho de capital apurado sobre esse rendimento recebido em julho de 2007. d) Quanto a omissão de rendimentos, informa que incorre em equívoco o r. acórdão recorrido. Continua entendo que é aplicável o art. 730, III, do RIR/99. Afirma o Recorrente que deixou o valor, parcela retida da transição, em poder da Compradora até o adimplemento da condição: não solicitar demissão ou ser demitido por justa causa. Aduz que o valor recebido teria a natureza de empréstimo concedido pelo Recorrente para a Compradora. e) Ao final, requer o conhecimento do presente Recurso Voluntário, para reformar o r. Acórdão proferido pela 4ª Turma da DRJ/POA, sendo, em preliminar, seja declarado nulo o julgado, a fim de que se permita a realização de prova pericial, e que na hipótese de não acolhimento das preliminares arguidas seja provido o recurso para cancelar o lançamento e extinção do crédito tributário. É o relatório. Fl. 174DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 171 9 Voto Conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Antes de adentrar nas questões preliminares e de mérito, cabe ressaltar que, por força de decisão do Superior Tribunal de Justiça (Processo originário nº 2007.71.00.0058517 Mandado de Segurança), que reconheceu a isenção do imposto de renda incidente sobre a alienação de ações adquiridas antes de 31/12/1983, o procedimento administrativo da fiscalização restringiuse a apuração do ganho de capital de participações societárias de ações adquiridas a partir de 01/01/1984, nos termos exposto no relatório fiscal. Preliminar Da necessidade de prova pericial e nulidade do acórdão recorrido por cerceamento defesa Insurgese o Recorrente contra a decisão de primeira instância que decidiu pela improcedência do pedido de realização de prova pericial (fls 147), nos seguintes termos: .. as provas documentais apresentadas no Processo Administrativo Fiscal – PAF permitiram o lançamento e suficientes para justificálo. As questões de divergência foram apontadas pela fiscalização e podem ser justificadas pelo impugnante sem a produção de novas provas, logo, indeferese o pedido para a realização de diligência e perícia, nos termos do art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972. A prova pericial, no âmbito do Processo Administrativo Fiscal, mostrase necessário quando há nos autos elementos que demandem o conhecimento técnico especializado de profissional com habilidade e experiência que esclareçam certas dúvidas, que fogem ao alcance da compreensão do julgador. Desta forma, a prova pericial é imprescindível para a formação de sua convicção e a segurança no julgamento do feito. Neste sentido, é o teor do art. 18 do Decreto nº 70.235/1972: “A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis”. Também, são essas as disposições do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2001, que regula, entre outras matérias, o processo de determinação e de exigência de crédito tributário, in verbis: Seção IV Das Diligências e das Perícias Art. 35. A realização de diligências e de perícias será determinada pela autoridade julgadora de primeira instância, de Fl. 175DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 172 10 ofício ou a pedido do impugnante, quando entendêlas necessárias para a apreciação da matéria litigada (Decreto no 70.235, de 1972, art. 18, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 9 de dezembro de 1993, art. 1o). Parágrafo único. O sujeito passivo deverá ser cientificado do resultado da realização de diligências e perícias, sempre que novos fatos ou documentos sejam trazidos ao processo, hipótese na qual deverá ser concedido prazo de trinta dias para manifestação (Lei no 9.784, de 1999, art. 28). Na mesma linha é o Código de Processo Civil, Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015: "Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico". Fundamentando seu pedido de perícia, o recorrente apresenta os seguintes quesitos: 1) apure a perícia, de acordo com o custo de aquisição apresentado pelo Recorrente em suas planilhas e com base nas informações existentes na data da assinatura do contrato de compra e venda (09.01.2007), o ganho de capital e o respectivo imposto de renda incidente; e 2) diga a perícia se apuração do custo das ações alienadas através da simples utilização percentual de quantidade de ações adquiridas até 31.12.1983 e às posteriores, permite apurar corretamente o ganho de capital existente". Como se observa das indagações do recorrente, o pedido de perícia tem na sua essência relação com matéria de prova, comprovação do custo de aquisição. Veja que, em resumo, o sujeito passivo solicita que a perícia apure, de acordo com o custo de aquisição por ele apresentado em suas planilhas, o ganho de capital, e se, o ganho apurado com base nos percentuais de distribuição das ações está correto. Neste sentido, considero desnecessária a realização de perícia para esclarecer questões que não dependem de conhecimento técnico especializado, mas, sim, de comprovação do custo de aquisição. No caso, o custo de aquisição comprovado foi o informado pelo recorrente na sua DIRPF/2008 (fls. 73). Quanto a nulidade da decisão de primeira instância por cerceamento do direito de defesa, entendo que o indeferimento do pedido de perícia, nos termos do art. 18 do Decreto nº 70. 235, de 1972, quando devidamente motivado, que está presente no acórdão recorrido, não caracteriza cerceamento do direito de defesa, pois ao julgador compete avaliar a necessidade da prova pericial. Diante do exposto, voto no sentido de rejeitar as preliminares de nulidade do acórdão recorrido, pelo fato de que não houve cerceamento do direito de defesa, e de necessidade da prova pericial. Mérito Fl. 176DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 173 11 a) Da omissão de rendimentos de juros recebidos de pessoa jurídica O r. acórdão recorrido, reconheceuse que os valores recebidos a título de juros no montante R$ 48.388,00 estão sujeitos ao ajuste anual conforme previsão dos artigos 106 e 620 do Regulamento do Imposto de Renda. Por sua vez, o recorrente argumenta que, assim como defendeu na impugnação, ao caso deve se aplicar o inciso III do art. 730 do RIR/99. Nesse ponto, o que se discute é a natureza dos rendimentos recebidos pelo recorrente à título de juros sobre a parcela retida de R$ 800.000,00. Esclareço que sobre o valor retido, além dos juros, no total de R$ 48.388,00, estava prevista também a correção monetária, no valor de R$ 9.610,08, conforme cláusula 2 do Contrato de Compra de Ações (fls. 40), que abaixo transcrevo: Cláusula 2. PREÇO DE AQUISIÇÃO, AJUSTE E PAGAMENTO 2.1 Preço de Aquisição [...] 2.2 Pagamento da Primeira Parcela do Preço de Aquisição e o Valor do Ajuste O Preço de Aquisição menos a Parcela Retida para Transição, conforme definida na Cláusula 2.4.1 abaixo ("Primeira Parcela do Preço de Aquisição"), deve ser paga no Brasil, ... 2.4 Retenção do Preço de Aquisição. 2.4.1 Parcela Retida para Transição. As Partes reconhecem e concordam que, do Preço de Aquisição devido às PessoasChave especificadas no Anexo 2.4.1A deste instrumento, a quantia total de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de Reais) deverá ser retida pela Compradora (a "Parcela Retida para Transição"), conforme no Anexo 2.4.1.A. A Correção Monetária acumulada da Parcela Retida para Transição para o período de 31 de outubro de 2006 e o dia anterior à Data de Fechamento e os Juros a serem acumulados a partir da Data de Fechamento até a Data de Liberação também deverão ser retidos pela Compradora (para os fins deste Contrato, a Correção Monetária e os Juros acumulados deverão ser incluídos na definição de Parcela Retida para Transição).... (grifouse) Como se observa da cláusula contratual, a parcela retida para transição, bem como o valor da correção monetária e os juros sobre essa parcela, compõem o preço de aquisição, ou seja, fazem parte do preço de alienação da participação societária do Sr. Adir Luiz Fração. Desse modo, entendo que os rendimentos recebidos a título de juros não estão dissociados do negócio jurídico. Pois bem, apesar de a parcela dos juros fazer parte do preço ajustado na transação comercial, o legislador cuidou de estabelecer um regramento próprio para esses rendimentos, nos termos do art. 123, §6º, art 620 e 639 do Regulamento do Imposto de Renda: Fl. 177DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 174 12 Art. 123. Considerase valor de alienação (Lei nº 7.713, de 1988, art. 19 e parágrafo único): [...] § 6º Os juros recebidos não compõem o valor de alienação, devendo ser tributados na forma dos arts. 106 e 620, conforme o caso.(grifei) [...] Art. 620. Os rendimentos de que trata este Capítulo estão sujeitos à incidência do imposto na fonte, mediante aplicação de alíquotas progressivas, de acordo com as seguintes tabelas em Reais: [...] § 1º O imposto de que trata este artigo será calculado sobre os rendimentos efetivamente recebidos em cada mês, observado o disposto no parágrafo único do art. 38 (Lei nº 9.250, de 1995, art. 3º, parágrafo único). § 2º O imposto será retido por ocasião de cada pagamento e se, no mês, houver mais de um pagamento, a qualquer título, pela mesma fonte pagadora, aplicarseá a alíquota correspondente à soma dos rendimentos pagos à pessoa física, ressalvado o disposto no art. 718, § 1º, compensandose o imposto anteriormente retido no próprio mês (Lei nº 7.713, de 1988, art. 7º, § 1º, e Lei nº 8.134, de 1990, art. 3º). § 3º O valor do imposto retido na fonte durante o anocalendário será considerado redução do apurado na declaração de rendimentos, ressalvado o disposto no art. 638 (Lei nº 9.250, de 1995, art. 12, inciso V). [...] Art. 639. Estão sujeitos à incidência do imposto na fonte, calculado na forma do art. 620, quaisquer outros rendimentos pagos por pessoa jurídica a pessoa física, para os quais não haja incidência especifica e não estejam incluídos entre aqueles tributados exclusivamente na fonte (Lei nº 7.713, de 1988, arts. 3º, § 4º, e 7º, inciso II). (grifei) Em resumo, temse que sobre os rendimentos de juros, pagos pela TNT Brasil Participações Two Ltda ao recorrente, não se apura ganho de capital. Esses rendimentos estão sujeitos a incidência de imposto de renda na fonte mediante a utilização da tabela progressiva mensal, e o imposto retido será considerado redução do devido na Declaração de Ajuste Anual da pessoa física. Nesta linha, também são as disposições da Instrução Normativa SRF nº 84, de 11 de outubro de 2001: VALOR DE ALIENAÇÃO Fl. 178DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 175 13 Art. 19. Considerase valor de alienação: I o preço efetivo da operação de venda ou de cessão de direitos; [...] § 3o Os valores recebidos a título de reajuste, no caso de pagamento parcelado, qualquer que seja sua designação, a exemplo de juros e reajuste de parcelas, não compõem o valor de alienação, devendo ser tributados à medida de seu recebimento, na fonte ou mediante o recolhimento mensal obrigatório (Carnê Leão), quando a alienação for para pessoa jurídica ou para pessoa física, respectivamente, e na Declaração de Ajuste Anual.(grifouse) Neste sentido, voto nos sentido de manter o crédito tributário, apurado pela fiscalização, confirmado pelo julgado de primeira instância, pelo enquadramento legal dos valores recebidos a título de juros sobre a parcela retida da transição como rendimentos sujeitos ao ajuste na declaração de imposto de renda, consoante art. 620 do RIR/99. b) Apuração incorreta de ganhos de capital na alienação de participação societária. Do acórdão recorrido, retirase a seguinte conclusão: ... a diferença entre os valores informados pelo contribuinte e aqueles apurados pela fiscalização, não decorrem da apuração do custo de aquisição mas na não inclusão de valores que integram o preço de alienação das ações (ajustes e correção monetária) e por não observar a proporção entre as quantidades de ações adquiridas antes e posterior a 31/12/1983 no recolhimento do IR sobre a parcela retida para fiança bancária, não justificando as diferenças apontadas. Por outro lado, o recorrente, do mesmo modo que defendeu na sua impugnação, insiste em proclamar que as divergências apuradas pela fiscalização têm origem, basicamente, no critério adotado para apuração do custo de aquisição das ações alienadas e, consequentemente, para elaboração do cálculo do ganho de capital. Desta forma, início meu voto fazendo um breve retrospecto dos fatos. De acordo com o relatório fiscal, o recorrente, Sr. Adir Luiz, alienou a prazo, em 03 (três) parcelas, recebidas nos dias 09/01/2007, data do fechamento do negócio, 07/05/2007 e 09/07/2007, 100% de sua participação societária na empresa Expresso Mercúrio S/A para a empresa TNT Brasil Participações Two Ltda. A participação societária correspondia a 3.042.261 (três milhões quarenta e dois mil duzentos e sessenta e uma) Ações Ordinárias adquiridas ao longo de diversos anos, sendo o primeiro lote da década de 70. O custo de aquisição das ações informado na Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2008 (fls. 73), é de R$ 2.931.601,22 (dois milhões novecentos e trinta um mil seiscentos e um reais e vinte e dois centavos). Por decisão do Superior Tribunal de Justiça (Processo originário nº 2007.71.00.0058517 Mandado de Segurança), com fundamento no art. 4º do Decreto Lei nº Fl. 179DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 176 14 1.571, de 1976, os lucros auferidos pelo recorrente na venda de ações adquiridas até 31/12/1983 estão isentos de apuração de ganho de capital. Neste contexto, considerando que o procedimento fiscal abrangeu apenas as ações adquiridas a partir de 01/01/1984 (fls. 122), temse que um critério devia ser estabelecido para se segregar ações adquiridas antes e depois desta data. O adotado pela fiscalização foi o de considerar os percentuais de participações informado pelo sujeito passivo, de acordo com os documentos de fls. 6/28. Podese extrair dos demonstrativos que as ações adquiridas até 31/12/1983 e as bonificações representavam 62,62% (1.904.956 Ações Ordinárias) e as adquiridas a partir de 01/01/1984, 37,38% (1.137.305 Ações Ordinárias). Assim, a fiscalização rateou os valores de alienação, custo de aquisição e ganho a partir de referidos percentuais (fls. 104). A meu ver, esse entendimento adotado pela fiscalização, de ratear o custo de aquisição pelos referidos percentuais, nos parece o mais razoável, ou seja, a participação percentual de cada grupo das ações, adquiridas antes e depois de 31/12/1983. Entendo que este critério está em consonância com o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 16 da Instrução Normativa SRF nº 84, de 11 de outubro de 2001, senão vejamos: PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS Art. 16. [...] § 3o Para efeito de apuração de ganho de capital na alienação de participações societárias, o custo de aquisição das ações ou quotas é apurado pela média ponderada dos custos unitários, por espécie, desses títulos. § 4o O custo médio ponderado de cada ação ou quota: I é igual ao resultado da divisão do valor total de aquisição das ações ou quotas em estoque pela quantidade total de ações ou quotas em estoque, inclusive bonificadas; II multiplicado pela quantidade de ações ou quotas alienadas, constitui o custo de aquisição para efeito da apuração do ganho de capital; III multiplicado pelo número de ações ou quotas remanescente, constitui o valor do estoque desses títulos. § 5o A cada aquisição ou baixa devem ser ajustadas as quantidades em estoque e os custos total e médio ponderado, por espécie, das ações ou quotas.(grifouse) Pois bem. Entende o recorrente que a fiscalização acabou por, indiscriminada e equivocadamente, aplicar esses mesmos percentuais para ratear o custo. Argumenta que para as ações adquiridas até 31/12/1983 o custo de aquisição deveria ser de R$ 1.904.956,00, e não o valor encontrado pela fiscalização de R$ 1.835.664,77. Veja que o art. 138 do Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99), é claro no sentido de atribuir ao custo de aquisição, para efeitos de apuração do ganho de capital, o valor avaliado nos termos dos artigos 125 a 137. Fl. 180DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 177 15 Seção IV Custo de Aquisição Subseção I Bens ou Direitos Adquiridos até 31 de dezembro de 1991 Art. 125. Considerase custo de aquisição dos bens ou direitos, adquiridos até 31 de dezembro de 1991, o valor de mercado, nessa data, de cada bem ou direito individualmente avaliado, constante da declaração de bens relativa ao exercício de 1992 (Lei nº 8.383, de 1991, art. 96 e §§ 5º e 9º). [...] Bens ou Direitos Adquiridos no Período de 1º de janeiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995 Art. 128. O custo dos bens ou direitos adquiridos, a partir de 1º de janeiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995, será o valor de aquisição (Lei nº 8.383, de 1991, art. 96, § 4º, e Lei nº 8.981, de 1995, art. 22, inciso I). [...] Bens Adquiridos após 31 de dezembro de 1995 Art. 131. Não será atribuída qualquer atualização monetária ao custo dos bens e direitos adquiridos após 31 de dezembro de 1995 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 17, inciso II). [...] Seção V Apuração do Ganho de Capital Art. 138. O ganho de capital será determinado pela diferença positiva, entre o valor de alienação e o custo de aquisição, apurado nos termos dos arts. 123 a 137 (Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 2º, Lei nº 8.383, de 1991, art. 2º, § 7º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 17). Parágrafo único. [...](grifouse) Desse modo, entendo que não assiste razão ao recorrente em atribuir outro custo de aquisição diferente do informado na sua Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2008 (fls. 73). O valor do custo de aquisição declarado de R$ 2.931.601,22, a ser rateado entre o grupo das ações, deve corresponder, nos termos dos dispositivos acima, ao custo avaliado de acordo com cada período de aquisição de participação societária. Outra questão levantada pelo recorrente referese ao valor da parcela, recebida em maio de 2007 (cláusula 2.3.1 do contrato). Alega que era um valor desconhecido à época de apuração do ganho de capital, entendendo que não era possível atribuir custo a essa parcela. Referida cláusula, que trata do ajuste do preço de aquisição, está assim estabelecida: Fl. 181DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 178 16 2.3.1 De acordo com as disposições desta Cláusula 2.4, o Preço de Aquisição estará sujeito a aumento (se o Valor de Ajuste for positivo) ou redução (o Valor de Ajuste for negativo) após o Fechamento, no montante igual ao Valor de Ajuste. O "Valor de Ajuste" será a quantia positiva ou negativa em Reais equivalente à soma de: (a) o montante do Patrimônio Líquido estabelecido nas Demonstrações Financeiras do Fechamento ("Patrimônio Líquido do Fechamento") menos o Patrimônio Líquido conforme o Balanço Base PróForma, mais (b) o montante da correção monetária da Primeira Parcela do Preço de Aquisição baseado na Correção Monetária do período entre 31 de outubro de 2006 e o dia anterior à Data do Fechamento, conforme o cálculo próforma demonstrado no Anexo 2.3.1 (b) [...] Constatase que a parcela do valor de ajuste é equivalente a variação do patrimônio líquido do ano 2006 em relação ao ano de 2005, e a correção monetária da primeira parcela do período de 31/10/2006 e o dia anterior à data de fechamento do negócio (fls. 107). Ora, como alegou o sujeito passivo, não havia como se determinar, precisamente, em jan de 2007 o valor de ajuste. Veja que o lançamento de ofício, fato gerador 09/01/2007, relativo as ações adquiridas a partir de 01/01/1994, corresponde ao preço de alienação (item 2.1 do Contrato) menos as parcelas retidas de transição e da fiança bancária (demonstrativo de fls. 109), portanto, não inclui o valor do ajuste (item 2.3.1). De fato, a parcela do ajuste (item 2.3.1) somente foi tributada em maio/2007 (demonstrativo, fls. 109, e DIRPF/2008, fls. 80). O fato gerador do imposto de renda ocorreu apenas em maio/2007, aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica, o art. 43 do Código Tributário Nacional, nesse momento é que o imposto é devido. Por oportuno, transcrevo o entendimento do CARF no Acórdão nº 2201 002657 2ª Seção/2ª Câmara/1ª TO, de que nas alienações sem valor determinado a apuração do imposto ocorre no momento de recebimento das parcelas: IRPF. GANHO DE CAPITAL. PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS. APURAÇÃO MENSAL. ALIENAÇÃO SEM PREÇO DETERMINADO. PAGAMENTO CONDICIONADO A EVENTOS INCERTOS. APURAÇÃO DO IMPOSTO NO MOMENTO DO PAGAMENTO DAS PARCELAS. O Ganho de Capital se dá pela alienação do bem, materializada pelo efetivo recebimento do preço da operação e pela variação patrimonial ocorrida. Entretanto, na impossibilidade de determinação do preço total de alienação de participação societária no momento da realização da operação, face condições contratualmente acordadas do preço a eventos futuros e incertos, o imposto deve ser apurado na medida em que o Fl. 182DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 179 17 preço for determinado e as parcelas forem pagas. (Acórdão nº 2201002.657 22 de janeiro de 2015) A inclusão da parcela de maio/2007 em janeiro/2007 teve reflexo apenas no cálculo do percentual de diferimento do ganho de capital aplicável sobre cada parcela. Repito, sobre o imposto pago relativo a parcela recebida em janeiro não houve a inclusão do preço de ajuste de ajuste (parcela recebida em maio/2007). O entendimento exposto pode ser compreendido pela aplicação do art. 123, 138 e 140 do Regulamento do Imposto de Renda, in verbis: Seção III Valor de Alienação Art. 123. Considerase valor de alienação (Lei nº 7.713, de 1988, art. 19 e parágrafo único): I o preço efetivo da operação, nos termos do § 4º do art. 117; II [...] Seção V Apuração do Ganho de Capital Art. 138. O ganho de capital será determinado pela diferença positiva, entre o valor de alienação e o custo de aquisição, apurado nos termos dos arts. 123 a 137 (Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 2º, Lei nº 8.383, de 1991, art. 2º, § 7º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 17). [...] Art. 140. Nas alienações a prazo, o ganho de capital deverá ser apurado como venda à vista e tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver (Lei nº 7.713, de 1988, art. 21). § 1º Para efeito do disposto no caput, deverá ser calculada a relação percentual do ganho de capital sobre o valor de alienação que será aplicada sobre cada parcela recebida. § 2º O valor pago a título de corretagem poderá ser deduzido do valor da parcela recebida no mês do seu pagamento.(grifouse) Ademais, referente ao pagamento efetuado pelo sujeito passivo em 28/06/2007, parcela de maio/2007 (fls. 80), cabe esclarecer que o valor de R$ 80.538,26, recolhido a maior (fls. 104), foi compensado com o imposto devido na primeira parcela no valor de R$ 64.939,75, bem como foi ajustado, também, o valor recolhido a maior da 3ª parcela (demonstrativo de imputação de pagamento fls. 110). Desse modo, entendo que essa compensação reforça ainda mais o efetivo crédito tributário que está sendo cobrado. Em relação a parcela retida da Garantia Bancária (cláusula 7.7 do contrato), não recebida, impende esclarecer que faz parte do preço de alienação. No mesmo entendimento do preço de ajuste, esse valor foi incluído no preço efetivo da operação para, tão somente, neste Fl. 183DF CARF MF Processo nº 11080.732552/201115 Acórdão n.º 2401005.057 S2C4T1 Fl. 180 18 momento, compor o percentual de ganho aplicável sobre cada parcela, de acordo com o demonstrativo de apuração do ganho de capital (fls. 109). Pelo exposto acima, voto no sentido de manter o crédito tributário, confirmado pelo acórdão recorrido, pela apuração incorreta de ganhos de capital na alienação de participação societária. Conclusão Voto no sentido de CONHECER o Recurso Voluntário, para rejeitar as preliminares e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Fl. 184DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.725924/2010-68
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Dec 06 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2201-000.250
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que o presente processo fique sobrestado nesta Câmara, até que seja proferida decisão nos autos do Processo n.º 10530.725.908/2010-75.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 17/05/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Daniel Melo Mendes Bezerra. Ausente justificadamente o Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que o presente processo fique sobrestado nesta Câmara, até que seja proferida decisão nos autos do Processo n.º 10530.725.908/2010-75. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora. EDITADO EM: 17/05/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Daniel Melo Mendes Bezerra. Ausente justificadamente o Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que o presente processo fique sobrestado nesta Câmara, até que seja proferida decisão nos autos do Processo n.º 10530.725.908/201075. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 17/05/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Daniel Melo Mendes Bezerra. Ausente justificadamente o Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 30 .7 25 92 4/ 20 10 -6 8 Fl. 792DF CARF MF Processo nº 10530.725924/201068 Resolução nº 2201000.250 S2C2T1 Fl. 3 2 Os créditos previdenciários constituídos foram distribuídos em diferentes documentos DEBCAD, incluídos no presente processo, em atendimento às normas da Receita Federal do Brasil, provenientes de créditos previdenciários decorrentes da classificação informada pelo contribuinte como optante pelo SIMPLES até 06/2007 e optante pelo SIMPLES NACIONAL a partir de 07/2007, quando o contribuinte não atendia aos prérequisitos para opção, conforme Representação Fiscal para Exclusão do Simples/Simples Nacional, no Processo Administrativo n.° 10530.725.908/201075, motivadora dos Atos Declaratórios Executivos n.° 6 e 7 de 16/03/2011 com efeitos a partir de 11/02/2005 (da constituição da empresa) e 01/07/2007 (da adesão ao SIMPLES NACIONAL). O contribuinte não fazia jus ao tratamento diferenciado para recolhimento de contribuições previdenciárias a cargo da empresa (cota patronal), devendo todas as contribuições previdenciárias como empresa não optante pelo SIMPLES/SIMPLES NACIONAL. Baseado nas informações disponíveis nas declarações enviadas pela GFIP e GPS encaminhadas pelo contribuinte e/ou disponíveis na base de dados dos sistemas previdenciários da Receita Federal do Brasil, foram constituídos levantamentos que originaram os Autos de Infração de Obrigação Principal (AIOP) listados a seguir. AIOP relativo à contribuição PATRONAL DEBCAD 37.320.0722 lançamento para a Receita Federal do Brasil dos seguintes créditos previdenciários: 20% (vinte por cento) relativo a contribuição patronal calculado sobre as remunerações de segurados empregados e contribuintes individuais; 1% (um por cento) em razão do Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho GILRAT; e DAL Diferença de acréscimos legais. AIOP relativo à contribuição destinada a outras entidades e fundos (terceiros) DEBCAD 37.320.0749 lançamento para a Receita Federal do Brasil dos créditos previdenciários referentes a 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para contribuições previdenciárias arrecadadas pela Receita Federal do Brasil destinada a outras entidades e fundos (terceiros). Durante este procedimento fiscal foram analisadas as informações disponíveis na base de dados GFIPWEB para o contribuinte. Com base nesses dados foram levantadas as remunerações pagas a segurados empregados e segurados contribuintes individuais, as contribuições a cargo destes segurados e as deduções dos benefícios de saláriofamília e saláriomaternidade lançadas, foram, por último, aproveitados os recolhimentos efetuados pelo contribuinte através de GPS. Assim, foram gerados os LEVANTAMENTOS identificados a seguir: DE DESCARACTERIZAÇÃO DA OPÇÃO PELO SIMPLES/ SIMPLES NACIONAL Remuneração de segurados empregados e contribuintes individuais informadas em GFIP, consideradas para apuração das contribuições patronais devidas pelo contribuinte, contribuições estas não consideradas em GFIP por ter o contribuinte informado ser OPTANTE PELO SIMPLES / SIMPLES NACIONAL, até a competência 11/2008, exceto as competências citadas no subitem seguinte, para Fl. 793DF CARF MF Processo nº 10530.725924/201068 Resolução nº 2201000.250 S2C2T1 Fl. 4 3 contemplar as ocorrências em que a multa aplicável mais favorável foi a anterior a vigência da MP 449/2008, posteriormente convertida na Lei 11.491/09. DE1 DESCARACTERIZAÇÃO DA OPÇÃO PELO SIMPLES/ SIMPLES NACIONAL Remuneração de segurados empregados e contribuintes individuais informadas em GFIP, consideradas para apuração das contribuições patronais devidas pelo contribuinte, contribuições estas não consideradas em GFIP por ter o contribuinte informado ser OPTANTE PELO SIMPLES / SIMPLES NACIONAL, considerando as competências 03/2007, 08/2007, 10/2007, 05/2008 e 07/2008, para contemplar as ocorrências em que a multa aplicável mais favorável foi a posterior a vigência da MP 449/2008, posteriormente convertida na Lei 11.491/09. DE2 DESCARACTERIZAÇÃO DA OPÇÃO PELO SIMPLES/ SIMPLES NACIONAL Remuneração de segurados empregados e contribuintes individuais informadas em GFIP, consideradas para apuração das contribuições patronais devidas pelo contribuinte, contribuições estas não consideradas em GFIP por ter o contribuinte informado ser OPTANTE PELO SIMPLES/SIMPLES NACIONAL, considerando as competências 12/2008 e 13/2008, para contemplar as ocorrências posteriores a vigência da MP 449/2008, posteriormente convertida na Lei 11.491/09. DAL DIFERENÇA DE ACRÉSCIMOS LEGAIS Diferenças de acréscimos legais apurados nos pagamentos efetuados pelo contribuinte fora do prazo. Os créditos previdenciários constituídos neste processo, estão discriminados por estabelecimentos, levantamentos e períodos, relacionados no relatório Discriminativo do Débito DD, entregue ao contribuinte. Foi lavrado também Auto de Infração de Obrigação Acessória (AIOA) CFL 68 DEBCAD 37.320.0730. O contribuinte identificou em GFIP opção pelo SIMPLES/SIMPLES NACIONAL conforme coluna SIMPLES no ANEXO "RESUMO Informação opção pelo SIMPLES/deduções informadas", deixando de computar as contribuições patronais devidas, reduzindo significativamente o valor das contribuições previdenciárias devidas, sujeitandose a multa específica do CFL Código de Fundamentação Legal 68. Entretanto, apenas nas competências 01 e 02/2007, 04 a 07/2007, 09/2007, 11/2007 a 04/2008, 06/2008, 08 a 11/2008, esta multa mantevese como mais benéfica em virtude do advindo da MP 449/2008 com a posterior conversão na Lei n.º 11.941/09; O valor da multa de 100% do valor da contribuição previdenciária não declarada, respeitado o limite máximo, por competência, totalizada em R$144.739,15 conforme ANEXO. O sujeito passivo foi cientificado deste lançamento, por via postal, em 10/08/2011, conforme Aviso de Recebimento à fl. 549. Em 05/08/2011, apresenta impugnação (fls. 143/171) alegando, em síntese, o que se relata a seguir. Fl. 794DF CARF MF Processo nº 10530.725924/201068 Resolução nº 2201000.250 S2C2T1 Fl. 5 4 Com efeito, a empresa Ribeiro, em verdade, se constitui em uma entidade administrativa, laboral e patrimonial autônoma, sob o controle de fato da sua sócia, descabendo imputarlhe a hipótese excludente prevista no inciso IV, do artigo 29, da Lei Complementar 123 de 2006. Dessa forma, demonstrada a insubsistência e improcedência do Ato Declaratório de Exclusão DRF/FSA n° 06 e 07 na manifestação administrativa já apresentada, não poderá prosperar a exclusão do Simples/Simples Nacional, pelo fundamento jurídico de interposição de pessoas, (inciso IV, do art 29, da Lei Complementar 123 de 2006), razão pela qual será integralmente acatada a manifestação de inconformidade apresentada, para o fim de ser mantida no regime de tributação. Nessa esteira, na pendência da discussão administrativa do ato de exclusão do SIMPLES/SIMPLES NACIONAL, perante a Delegacia da Receita Federal de Julgamento, não poderia o fisco autuar e exigir o pagamento das contribuições mencionadas no corpo dessa peça defensiva, sob pena de ofensa aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa que se aplicam à esfera administrativa e que, no caso em análise, a legislação ordinária especificamente observado quando esta estrutura um procedimento administrativo, a ser observado previamente à exclusão. O recurso administrativo (Manifestação de inconformidade), todavia, pendente de julgamento, suspende a exigibilidade do crédito tributário e, reflexamente, as obrigações acessórias, nos termos do art. 151, III, do CTN, constituindo justa causa à expedição da CPDEN. Não resta sombra de dúvida de que o ora ato administrativo de lançamento vinculado em apreço está eivado de vicio por falta de validade do ato administrativo de exclusão do regime do Simples/Simples Nacional, devendo o mesmo ser desconstituído através da sanção de nulidade. Nesse passo, o efeito retroativo, está garantido pelo Código Tributário Nacional (CTN), que garante aos contribuintes a aplicação da penalidade mais benéfica, com efeitos para os débitos passados, desde que não tenham sido definitivamente julgados. No caso, portanto, tem a impugnante direito à redução da multa para o percentual de 20% previsto no artigo 61, §2º, da Lei n° 9.430/96, com base no artigo 106, inciso II, letra "c", do CTN. O Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar em Tribunal Pleno o Recurso Extraordinário n° 150.7641 (PernambucoJ 02.04.93Ementário n° 169808), declarou a inconstitucionalidade do art 9º, da Lei n° 7.689, de 15 de dezembro de 1988, de forma integral, fulminando, assim, as contribuições previstas na legislação em vigor incidentes sobre a folha de salários (dentre elas está incluída a Contribuição ao INCRA). Com fundamento em todos argumentos e fundamentos jurídicos aduzidos, concluíse não ser devida a contribuição ao INCRA (alíquota de 0,2%), pelo ora prestadora de ensino, por ser empresa urbana. Fl. 795DF CARF MF Processo nº 10530.725924/201068 Resolução nº 2201000.250 S2C2T1 Fl. 6 5 Por tal elucidação, verificase que para apuração do valor total da multa de mora foi aplicado o percentual de 24%, com base no art. 35, da Lei n° 8.212/91, na sua redação à época do fato gerador. Ocorre que o artigo 35, da Lei 8.212/91, alterado pela Lei 11.941/09, determinou uma nova sistemática de cálculo, as contribuições serão acrescidas de multa de mora calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso, limitado a 20%, nesses termos surge multa no valor total de R$ 8.237,76. Por tal comparativo, tem a impugnante direito à redução da multa para o percentual de 20% previsto no artigo 61, §2º, da Lei n° 9.430/96, com base no artigo 106, inciso II, letra "c", do CTN. Insta salientar que no período do fato gerador, não havia previsão na legislação previdenciária, de multa de oficio de 75% a ser aplicada em descumprimento de contribuições previdenciárias. Nesse toar, explicitase que tendo em vista o regime simplificado de tributação em referência, a empresa impugnante cumpriu com todas as obrigações acessórias, inclusive relativa a apresentação de GFIP (documentos anexados), conforme normas ventiladas na legislação do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES e do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES NACIONAL. Nessa seara, insta registrar que na época do fato gerador da exação em tela, vigorava, do período de 01/2007 a 04/2007 o valor mínimo R$ 1.156,83, conforme Portaria MPS/MF n° 119, 18/04/2006, do período 05/2007 a 04/2008, valor mínimo R$ 1.195,13, Portaria MPS/MF n°142, 11/04/07 e do período 05/2008 a 13/2008 valor mínimo R$ 1.254,89, Portaria MPS/MF n°77, 11/03/2008. Dessa feita, as alterações da Lei 11.941/2009 por serem mais benéficas aos contribuintes, retroagem para alcançarem atos praticados antes de sua vigência, conforme previsto no artigo 106, c do Código Tributário Nacional. Pelo exposto, da simples exegese dos preceitos em questão chegase à inarredável conclusão de que, sobrevindo lei reduzindo a multa no momento da lavratura do auto de infração, impõese a aplicação retroativa da legislação que beneficia o contribuinte, no caso a aplicação do inciso I, Art. 32A da Lei 11.941/09, determinando a multa ao patamar de R$ 5.080,00 (Cinco mil reais e oitenta centavos). Requer que seja deduzido do crédito tributário apurado no ora auto de infração, as parcelas pagas pelo Impugnante no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES e no Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES NACIONAL. Haja vista todo o exposto, não pode prosperar o auto de infração impugnado, razão pela qual espera ver integralmente acatada a Fl. 796DF CARF MF Processo nº 10530.725924/201068 Resolução nº 2201000.250 S2C2T1 Fl. 7 6 presente impugnação, para o fim de ser anulado o lançamento da contribuição previdenciária patronal DEBCAD 37.320.0722, contribuição previdenciária terceiros DEBCAD 37.320.0749 e da multa por descumprimento de obrigação acessória DEBCAD 37.320.0730. Nesse toar, caso não seja acatado a nulidade do auto de infração, requer que seja aplicado as considerações expostas em face da alíquota e das penalidades aplicadas a título de multa de mora, multa de oficio e multa por descumprimento de obrigação acessória, em face das mudanças trazidas pela Lei 11.941/2009. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em SalvadorBA julgou improcedente a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÃO PATRONAL. SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. São devidas as contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e contribuintes individuais que prestam serviços à empresa. SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO. Contribuição destinadas ao custeio dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (RAT). TERCEIROS. Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil a arrecadação e fiscalização das contribuições devidas a terceiros, conforme art. 3º, da Lei n.º 11.457/2007. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 30/11/2008 AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Constitui infração apresentar a GFIP com omissões de fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. MULTA. Na lavratura de Auto de Infração após a edição da MP nº 449/2008, referente a infrações ocorridas até 03/12/2008, em respeito ao art. 106, inciso II, “c”, do CTN, deve ser confrontado o valor da multa, calculado na sistemática antiga, em vigor à época da infração, com o valor da penalidade calculado na forma estabelecida pela MP nº 449/2008, aplicandose a multa menos gravosa. Deve ser retificada a multa calculada no AI com CFL 68, quando o valor total da contribuição previdenciária não declarada for inferior ao valor do limite mensal e tenha sido considerado para o cálculo da multa o valor do limite mensal. Fl. 797DF CARF MF Processo nº 10530.725924/201068 Resolução nº 2201000.250 S2C2T1 Fl. 8 7 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte reiterou, em síntese, os argumentos dispostos em sede de impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, pois se encontra tempestivo e com condições de admissibilidade. Conforme relatado, durante o procedimento de fiscalização, foram constituídos levantamentos a seguir: DE DESCARACTERIZAÇÃO DA OPÇÃO PELO SIMPLES/ SIMPLES NACIONAL Remuneração de segurados empregados e contribuintes individuais informadas em GFIP, consideradas para apuração das contribuições patronais devidas pelo contribuinte, contribuições estas não consideradas em GFIP por ter o contribuinte informado ser OPTANTE PELO SIMPLES / SIMPLES NACIONAL, até a competência 11/2008, exceto as competências citadas no subitem seguinte, para contemplar as ocorrências em que a multa aplicável mais favorável foi a anterior a vigência da MP 449/2008, posteriormente convertida na Lei 11.491/09. DE1 DESCARACTERIZAÇÃO DA OPÇÃO PELO SIMPLES/ SIMPLES NACIONAL Remuneração de segurados empregados e contribuintes individuais informadas em GFIP, consideradas para apuração das contribuições patronais devidas pelo contribuinte, contribuições estas não consideradas em GFIP por ter o contribuinte informado ser OPTANTE PELO SIMPLES / SIMPLES NACIONAL, considerando as competências 03/2007, 08/2007, 10/2007, 05/2008 e 07/2008, para contemplar as ocorrências em que a multa aplicável mais favorável foi a posterior a vigência da MP 449/2008, posteriormente convertida na Lei 11.491/09. DE2 DESCARACTERIZAÇÃO DA OPÇÃO PELO SIMPLES/ SIMPLES NACIONAL Remuneração de segurados empregados e contribuintes individuais informadas em GFIP, consideradas para apuração das contribuições patronais devidas pelo contribuinte, contribuições estas não consideradas em GFIP por ter o contribuinte informado ser OPTANTE PELO SIMPLES/SIMPLES NACIONAL, considerando as competências 12/2008 e 13/2008, para contemplar as ocorrências posteriores a vigência da MP 449/2008, posteriormente convertida na Lei 11.491/09. DAL DIFERENÇA DE ACRÉSCIMOS LEGAIS Diferenças de acréscimos legais apurados nos pagamentos efetuados pelo contribuinte fora do prazo. Fl. 798DF CARF MF Processo nº 10530.725924/201068 Resolução nº 2201000.250 S2C2T1 Fl. 9 8 Os créditos previdenciários constituídos neste processo, estão discriminados por estabelecimentos, levantamentos e períodos, relacionados no relatório Discriminativo do Débito DD, entregue ao contribuinte. Foi lavrado também Auto de Infração de Obrigação Acessória (AIOA) CFL 68 DEBCAD 37.320.0730. Consoante o Relatório Fiscal, fls. 3 a 9, o presente lançamento resulta da exclusão da recorrente do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (SIMPLES). Mostrase incontroversa a pendência de decisão final acerca da exclusão da recorrente do SIMPLES. Em consulta ao processo n.º 10530.725.908/201075, no sistema Comprot Comunicação e Protocolo, observase que ainda não há decisão final acerca da exclusão do Simples, pois o processo encontrase "em andamento". Portanto, considerando que o lançamento em análise depende do desfecho do processo mencionado, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para que o presente processo fique sobrestado, até que seja proferida decisão dessa mesma instância nos autos do Processo n.º 10530.725.908/201075, devendo os autos retornarem ao colegiado, quando da juntada da decisão sobre o Simples. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 799DF CARF MF
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