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Numero do processo: 18470.725174/2012-50
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Feb 01 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1402-000.782
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone (Presidente)
(assinado digitalmente)
Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Rogério Borges, Caio César Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone, (Presidente).
Nome do relator: LUCAS BEVILACQUA CABIANCA VIEIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone (Presidente) (assinado digitalmente) Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Rogério Borges, Caio César Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone, (Presidente).
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score : 1.0
Numero do processo: 19985.722150/2016-35
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2012
DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE.
Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
PENSÃO ALIMENTÍCIA. NECESSIDADE DO ALIMENTANDO.
Não foi demonstrado no lançamento que não havia necessidade do pagamento da pensão para sustento do alimentando. Assim, caracteriza-se em pensão paga pelo dever de sustento do pai, conforme, portanto, normas do direito de família.
DESPESAS COM INSTRUÇÃO.
Somente são dedutíveis as despesas de instrução em estabelecimentos de ensino relativamente à educação pré-escolar, de 1º, 2º e 3º graus.
DEDUÇÃO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA.
Só são dedutíveis as contribuições de previdência que seguem os requisitos estabelecidos pela legislação. Seguro de vida não é dedutível.
Numero da decisão: 2001-000.911
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário aceitando as despesas médicas e pensão alimentícia e mantendo as glosas de despesas com instrução e previdência privada, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente e Relator
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: JORGE HENRIQUE BACKES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2012 DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas. PENSÃO ALIMENTÍCIA. NECESSIDADE DO ALIMENTANDO. Não foi demonstrado no lançamento que não havia necessidade do pagamento da pensão para sustento do alimentando. Assim, caracteriza-se em pensão paga pelo dever de sustento do pai, conforme, portanto, normas do direito de família. DESPESAS COM INSTRUÇÃO. Somente são dedutíveis as despesas de instrução em estabelecimentos de ensino relativamente à educação pré-escolar, de 1º, 2º e 3º graus. DEDUÇÃO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. Só são dedutíveis as contribuições de previdência que seguem os requisitos estabelecidos pela legislação. Seguro de vida não é dedutível.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário aceitando as despesas médicas e pensão alimentícia e mantendo as glosas de despesas com instrução e previdência privada, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes - Presidente e Relator Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal.
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RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas. PENSÃO ALIMENTÍCIA. NECESSIDADE DO ALIMENTANDO. Não foi demonstrado no lançamento que não havia necessidade do pagamento da pensão para sustento do alimentando. Assim, caracterizase em pensão paga pelo dever de sustento do pai, conforme, portanto, normas do direito de família. DESPESAS COM INSTRUÇÃO. Somente são dedutíveis as despesas de instrução em “estabelecimentos de ensino relativamente à educação préescolar, de 1º, 2º e 3º graus. DEDUÇÃO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. Só são dedutíveis as contribuições de previdência que seguem os requisitos estabelecidos pela legislação. Seguro de vida não é dedutível. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário aceitando as despesas médicas e pensão alimentícia e mantendo as glosas de despesas com instrução e previdência privada, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira que lhe negou provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 98 5. 72 21 50 /2 01 6- 35 Fl. 147DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente e Relator Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa à Imposto de Renda Pessoa Física, glosa de Despesas Médicas, despesas com instrução, pensão alimentícia e previdência privada. O Recurso Voluntário foi apresentado pelo relator para a Turma, assim como os documentos do lançamento, da impugnação e do acórdão de impugnação, e demais documentos que embasaram o voto do relator. Não se destacaram algumas dessas partes, pois tanto esse acórdão como o inteiro processo ficam disponíveis a todos os julgadores durante a sessão. A ementa do acórdão de impugnação foi a seguinte: Anocalendário: 2012 DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. As deduções devem ser comprovadas com documentação hábil e idônea. O voto do acórdão da DRJ, assim dispôs: O impugnante apresenta comprovantes de contribuições para planos de saúde que não discriminam os participantes (fls 28/29). Somente são dedutíveis as despesas médicas do próprio contribuinte e dos seus dependentes. Os comprovantes devem permitir a identificação do paciente ou do participante em plano de saúde. Apresenta extratos de despesas médicas de “plano familiar” (fls. 18/26), sem identificação, porém, da entidade que o emitiu, além de incluir beneficiários que não foram declarados pelo contribuinte como dependentes. Não há também prova de que tenha arcado com o ônus destas despesas, pois não se confirmam em DMED. Apresenta comprovantes de pagamento para a ABC Bonn in Company Ltda. para o curso “Gestão Sustentável de Cidades” (fls. 59/63), mas somente são dedutíveis as despesas de instrução em “estabelecimentos de ensino relativamente à educação pré escolar, de 1º, 2º e 3º graus, cursos de especialização ou profissionalizantes”, conforme art. 81 do Decreto nº 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda). Consta no site da ABC Fl. 148DF CARF MF Processo nº 19985.722150/201635 Acórdão n.º 2001000.911 S2C0T1 Fl. 3 3 Bonn in Company Ltda. na Internet que a sua a atividade principal é serviços combinados de escritório e apoio administrativo. Os comprovantes de despesas de instrução pagas ao ICEET não somam o valor declarado mas apenas R$ 908,50 (fls. 53/56). O contribuinte pretende deduzir como contribuição para previdência privada valores pagos à CAPEMISA, mas se trata de pecúlio (seguro de vida), indedutível no imposto de renda. Apresenta contracheques mensais com o desconto para a CAPEMISA, mas a própria fonte pagadora informa no comprovante anual de rendimentos valor nulo de contribuição para a previdência privada. Quanto à pensão alimentícia, os documentos que apresenta permitem concluir que se destinava à sua filha Giulia Louise Toledo Braga, nascida em 1992, até que esta atingisse a maioridade civil. Seria necessário assim que o impugnante comprovasse que a obrigação fora formalmente estendida após a maioridade. Para tanto não bastaria que continuasse a pagar a pensão ou que esta continuasse a ser descontada em folha. A pensão paga nestas condições não é dedutível do imposto de renda, pois não mais decorre do ato jurídico original que a instituiu, considerando que as condições da sua vigência não mais prevaleciam. O contribuinte somente poderia continuar a deduzila no imposto de renda se houvesse um novo ato jurídico (sentença, acordo homologado ou escritura pública) determinando a sua obrigação de pagar pensão aos seus filhos mesmo depois destes haverem atingido a maior idade. No caso específico, verificase que o próprio contribuinte ingressara com ação de exoneração de alimentos quando a filha atingira a maioridade civil. Admite assim que não mais estava obrigado a pagar a pensão em 2012. As mesmas razões que o motivara a ingressar com o processo judicial militam contra a dedução que pretende obter na sua declaração do imposto de renda. Se não estava obrigado a pagar a pensão, não poderia deduzila em sua declaração. Como consta no relatório da sentença judicial em agravo de instrumento (fls. 36), ambas as partes concordaram com o cancelamento da pensão. Citando: Ocorre que a alimentanda alcançou a maioridade e tem condições financeiras de suprir suas necessidades, razão da manifestação de ambas as partes, nos autos de ação de alimentos, onde acordaram pela exoneração da obrigação alimentar, com o pedido de expedição de ofício ao empregador a fim de cessar os descontos relativos à pensão alimentícia. O fato de o cancelamento do desconto em folha somente ter sido formalizado em 2014 não significa que o contribuinte estivesse obrigado, nos termos acordados, a pagála depois da maioridade da alimentando Fl. 149DF CARF MF 4 O recurso voluntário pede o cancelamento de todos os itens do lançamento. Voto Conselheiro Jorge Henrique Backes, Relator Verificada a tempestividade do recurso voluntário, dele conheço e passo à sua análise. Tratase de glosa de Despesas Médicas, despesas com instrução, pensão alimentícia e previdência privada. Em relação à glosa de despesas com instrução e previdência privada, o contribuinte não trouxe argumentos novos. Concordamos com o voto da DRJ sobre as matérias, que repetimos a seguir: Apresenta comprovantes de pagamento para a ABC Bonn in Company Ltda. para o curso “Gestão Sustentável de Cidades” (fls. 59/63), mas somente são dedutíveis as despesas de instrução em “estabelecimentos de ensino relativamente à educação pré escolar, de 1º, 2º e 3º graus, cursos de especialização ou profissionalizantes”, conforme art. 81 do Decreto nº 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda). Consta no site da ABC Bonn in Company Ltda. na Internet que a sua a atividade principal é serviços combinados de escritório e apoio administrativo. Os comprovantes de despesas de instrução pagas ao ICEET não somam o valor declarado mas apenas R$ 908,50 (fls. 53/56). O contribuinte pretende deduzir como contribuição para previdência privada valores pagos à CAPEMISA, mas se trata de pecúlio (seguro de vida), indedutível no imposto de renda. Apresenta contracheques mensais com o desconto para a CAPEMISA, mas a própria fonte pagadora informa no comprovante anual de rendimentos valor nulo de contribuição para a previdência privada. Não há previsão para modificar a aplicação da multa, pois decorre de disposição legal. Tratase de discussão sobre despesas médicas, plano de saúde, Unimed, pago pelo contribuinte, para mãe e esposa. Para o plano de saúde suportado pela contribuinte, para pessoa dependente, ou que poderia ser dependente na declaração, entendemos da mesma forma que a própria Receita Federal entendia até o ano de 2007: não há vedação legal para pagamento dessas despesas, conforme se verifica na leitura do art. 80 do Regulamento do Imposto de Renda, Decreto n 3000, de 1999: Art.80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e Fl. 150DF CARF MF Processo nº 19985.722150/201635 Acórdão n.º 2001000.911 S2C0T1 Fl. 4 5 próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). §1ºO disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §2º): Iaplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; IIrestringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; IIIlimitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas FísicasCPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa JurídicaCNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; IVnão se aplica às despesas ressarcidas por entidade de qualquer espécie ou cobertas por contrato de seguro; Vno caso de despesas com aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, exigese a comprovação com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário. §2ºNa hipótese de pagamentos realizados no exterior, a conversão em moeda nacional será feita mediante utilização do valor do dólar dos Estados Unidos da América, fixado para venda pelo Banco Central do Brasil para o último dia útil da primeira quinzena do mês anterior ao do pagamento. §3ºConsideramse despesas médicas os pagamentos relativos à instrução de deficiente físico ou mental, desde que a deficiência seja atestada em laudo médico e o pagamento efetuado a entidades destinadas a deficientes físicos ou mentais. §4ºAs despesas de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico só poderão ser deduzidas se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica. §5ºAs despesas médicas dos alimentandos, quando realizadas pelo alimentante em virtude de cumprimento de decisão judicial ou de acordo homologado judicialmente, poderão ser deduzidas pelo alimentante na determinação da base de cálculo da declaração de rendimentos (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §3º). E se as despesas médicas se enquadram nas condições acima, podem ser deduzidas. No caso das despesas do plano de saúde, glosa de R$ 5.514,91, não houve investigação, nem indicação de que não se trata de dependentes do contribuinte. Na dúvida, Fl. 151DF CARF MF 6 entendemos pelo exame da prova, e por se tratar de valores compatíveis, entendemos tratarse de dedução de valores do próprio contribuinte e de dependentes, valores dedutíveis, portanto. No caso da pensão alimentícia, tratase de valores que continuaram a ser pagos a partir da maioridade da filha, por mais 3 anos, até 2015. A discussão está em saber se a pensão de filhos maiores de 24 anos, ao ser interpretada no Direito Tributário, considerase estabelecida em face das norma do direito de família. Aqui surge a separação da obrigação de estabelecer pensão para sustentar quem dela necessita, e a liberalidade de estabelecer pensão nos demais casos. A interpretação de que para deduzir deve haver a necessidade do alimentando não foi explicitada ao contribuinte, nem na notificação de lançamento nem no acórdão de impugnação. Os elementos do processo indicam o contrário, pois se trata dos anos seguintes a maioridade da filha. Não foi demonstrada no lançamento que não havia necessidade de tal pagamento. Assim, entendemos que se caracteriza em pensão paga pelo dever de sustento do pai, conforme, portanto, normas do direito de família e amparada por decisão judicial. Conclusão Em razão do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, aceitando dedução de despesas médicas e pensão alimentícia e mantendo a glosa de despesas com instrução e previdência privada. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Relator Fl. 152DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.910631/2012-38
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Feb 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
IRPJ. SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. DIVERGÊNCIA. INEXISTÊNCIA
Não se conhece de divergência de matéria já superada nos autos e que não lhe causou empecilho algum, ou seja, quando o foco do recurso for a possibilidade de se utilizar outros documentos que não apenas o Informe de Rendimentos e Retenção como meio de prova, e isto já tiver sido acatado pelo acórdão recorrido.
Numero da decisão: 9101-003.879
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Rafael Vidal de Araújo (relator) e Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado), que conheceram do recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Demetrius Nichele Macei.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator.
(assinado digitalmente)
Demetrius Nichele Macei Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, Luis Fabiano Alves Penteado, Viviane Vidal Wagner, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado para substituir o conselheiro Luis Flávio Neto), Caio César Nader Quintella (suplente convocado), Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. DIVERGÊNCIA. INEXISTÊNCIA Não se conhece de divergência de matéria já superada nos autos e que não lhe causou empecilho algum, ou seja, quando o foco do recurso for a possibilidade de se utilizar outros documentos que não apenas o Informe de Rendimentos e Retenção como meio de prova, e isto já tiver sido acatado pelo acórdão recorrido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Rafael Vidal de Araújo (relator) e Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado), que conheceram do recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Demetrius Nichele Macei. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei – Redator designado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 91 06 31 /2 01 2- 38 Fl. 285DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 286 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, Luis Fabiano Alves Penteado, Viviane Vidal Wagner, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado para substituir o conselheiro Luis Flávio Neto), Caio César Nader Quintella (suplente convocado), Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Fl. 286DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 287 3 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte acima identificada, fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em que se alega divergência de interpretação da legislação tributária quanto ao que foi decidido sobre as formas possíveis para comprovação de retenções na fonte. A recorrente insurgese contra o Acórdão nº 1402002.700, de 27/07/2017, por meio do qual a 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, deu provimento parcial a recurso voluntário da contribuinte para admitir uma parcela adicional do direito creditório a título de saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2008 (que em grande parte já tinha sido reconhecido nas decisões anteriores), mantendo contudo a glosa de uma parte residual do saldo negativo reivindicado. O acórdão recorrido contém a ementa e a parte dispositiva descritas abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 IRPJ. SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. Somente se reconhece o direito creditório pleiteado relativo a saldo negativo de IRPJ composto por valores retidos na fonte, quando suportado por provas consistentes, a receita pertinente tenha sido oferecida à tributação e haja os necessários informes de rendimentos emitidos pelas fontes pagadoras, não bastando meras alegações ou documentos produzidos pelo próprio contribuinte. À vista do que consta dos autos, reconhecese parcialmente o direito creditório requerido, homologandose as compensações até o limite do montante confirmado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito ao crédito adicional no montante de RS 6.159,95; homologandose a compensação pleiteada até esse limite, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. No recurso especial, a contribuinte afirma que o acórdão recorrido deu à legislação tributária interpretação divergente da que foi dada em outros processos, quanto ao que foi decidido sobre as formas possíveis para comprovação de retenções na fonte. Para o processamento do recurso, ela desenvolve os seguintes argumentos: Fl. 287DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 288 4 DIREITO CREDITÓRIO DE IRPJSALDO NEGATIVO, PERÍODOBASE 2008. tratase de direito creditório de IRPJ oriundo de "Saldo Negativo" no valor original que remanesce negado de R$ 11.167,61 (R$ 17.327,56 menos RS 6.159,95), decorrente de retenções na fonte que sobejaram no períodobase de 2008 (Exercício 2009); o direito creditório de IRPJ reconhecido corresponde a R$ 192.445.764,32 (= DD + Acórdão DRJ + Acórdão CARF), nesse montante incluído o indébito tributário no montante originário de R$ 532.573,48 (reconhecido pela DRJ) e de R$ 6.159,95 (reconhecido pelo CARF), ambos inclusos no montante acima; ao fim e ao cabo, restou censurado no CARF, direito creditório legítimo de IRPJ, no valor originário de R$ 11.167,61 (R$ 17.327,56 menos R$ 6.159,95); previamente, essencial abrir um parêntese, para destacar excerto do Voto condutor, que de modo emblemático dá provimento parcial ao Recurso Voluntário, conforme redigido pelo Conselheiro Relator, Paulo Mateus Ciccone, donde se constata que provas da envergadura de sua escrituração contábil, entre outras, aqui foram aceitas para reconhecer esse direito creditório em particular porque "acompanhavam" o Informe de Rendimentos e de Retenção do IRRF: [...]; diferentemente, quanto as fontes pagadoras CNPJ 04.423.567/000121, CNPJ 08.583.456/000133 e CNPJ 20.730.099/000194, vêse que o acórdão recorrido, diante de conjunto probatório semelhante apresentado pela Recorrente, destacou a ausência do "Informe de Rendimentos e de Retenção do IRRF" dessas fontes pagadoras, atribuindo um peso probante meramente acessório aos demais meios de prova juntados aos autos, a rigor, preterindoos, conforme assevera à fls. 210 e 211 dos autos, o Voto do Conselheiro Relator, Paulo Mateus Ciccone: [...]; noutras palavras, o acórdão recorrido decide em última análise, que o Recurso Voluntário não trouxe o Informe de Rendimentos e de Retenção de IRRF das outras fontes pagadoras que menciona acima (também indicadas em nota de rodapé), de modo que, apesar de outros meios de prova trazidos, na sua visão, tais provas têm cunho probante meramente subsidiário, inclusive a escrituração contábil regular, julgando pois, inegável a existência de norma cogente (artigos 942/943, do RIR/1999, com seus respectivos fundamentos legais expressos no final de cada um deles) a vincular os julgadores, explicitese, vinculálos a exigir o "Informe de Rendimentos e de Retenção", digase, circunstância essa que "sepultou" a comprovação das retenções de IRRF através desses outros meios de prova, para negar reconhecimento ao direito creditório de IRPJ, causando não homologação da compensação na espécie, como ocorrida no caso concreto; diante da não homologação residual da compensação oriunda de Saldo Negativo de IRPJ do períodobase 2008, e com ela irresignada, a Recorrente ora interpõe Recurso Especial de Divergência, visando à uniformização de entendimento do acórdão recorrido do CARF e desta CSRF, ante os fundamentos que sustentam o Acórdão n. 1402 002.700 da 4ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, Primeira Seção de Julgamento do CARF, divergentes que são com o decidido no paradigma: Acórdão 9101002.876 da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais; Fl. 288DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 289 5 A IDENTIDADE DOS CONTEXTOS FÁTICOS E A DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. o Acórdão Recorrido negou provimento em parte ao Recurso Voluntário, ao assentar que (fl. 211 dos autos), como divergência: "Neste contexto, ainda que outras provas, inclusive a escrituração regular do requerente possam ter cunho probante subsidiário, é inegável a existência de norma cogente (artigos 942/943, do RIR/1999, com seus respectivos fundamentos legais expressos no final de cada um deles) que vincula os julgadores e que dela não podem se afastar sob pena de prevaricar e invadir seara que não lhes compete, negando vigência a dispositivo plenamente válido"; todavia, e diferentemente, o Acórdão Paradigma 9101002.876 da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, assentou que, como divergência: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 [...] RETENÇÃO NA FONTE. COMPROVAÇÃO. INFORME DE RENDIMENTOS E DIRF. DESNECESSIDADE Ausência do documento específico elencado na norma infralegal, qual seja o informe de rendimentos e a DIRF instituídos pela SRFB em obediência ao artigo 943 do RIR/99, não pode ilidir o direito do Contribuinte, desde que outros meios possam provar a retenção e recolhimento." vejase, no Acórdão Paradigma 9101002.876 da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, os membros do colegiado acordaram à unanimidade, em conhecer do recurso da Fazenda Nacional quanto à exigibilidade do informe de rendimentos como comprovante de retenção do IR para fins de compensação mas, no mérito, negarlhe provimento, aqui destacandose que, tanto no Acórdão Recorrido quanto no Acórdão Paradigma, os direitos creditórios têm idêntica natureza envolvendo direito creditório de IRPJ (Saldo Negativo ou "Credor"), passível de restituição/compensação, oriundo de antecipação/ retenção de IRRF, d.m.v., circunstâncias que exteriorizam de modo transparente a identidade dos contextos fáticos em destaque; no que divergem, o acórdão recorrido exige de modo cogente seja comprovada a retenção do IRRF através de comprovante específico de que trata o art. 943 do RIR/99, emitido pelas fontes pagadoras, conhecido como Informe de Rendimentos e de Retenção (Comprovante de Retenção), e de outra forma, o acórdão paradigma julga que a ausência desse documento específico instituído pela SRFB, elencado na mesma norma infralegal que fundamenta o acórdão recorrido (art. 943 do RIR/99), não afasta o direito da Recorrente de comprovar por outros meios de prova a retenção do IR que dá sustentação à formação do direito creditório de IRPJ (Saldo Negativo ou "Credor"); pois bem, verificase no Relatório do Acórdão Paradigma 9101002.876 da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, o seguinte fragmento que não deixa dúvida quanto à identidade de seus contextos fáticos, conforme segue: [...]; Fl. 289DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 290 6 passando à análise do mérito, o Acórdão Paradigma 9101002.876 da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, decide que: [...]; nesse contexto de identidades fáticas, o Acórdão Recorrido, diverge do Acórdão Paradigma 9101002.876 da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, quando sua decisão assenta, quanto às retenções das fontes pagadoras de CNPJ 04.423.567/000121, CNPJ 08.583.456/000133 e CNPJ 20.730.099/000194, que caberia à Recorrente ter instruído seu recurso com as provas imperativas definidas pela legislação reproduzida, reportandose à expressa determinação dos artigos 942 e 943 do RIR/99, mas, sobretudo diante do §2° do art. 943 do RIR/99, que exige comprovante de retenção específico emitido por fontes pagadoras, conforme disciplinado pela SRFB, julgando, que ainda que apresentadas outras provas, a exemplo da própria escrituração regular, que tal comprovação assume cunho probante subsidiário, em suma, por inegável no seu juízo, a existência de norma cogente (art. 942 e 943 do RIR/99) vinculando os julgadores à exigência do Informe de Rendimentos e de Retenção, sem que lhe faculte negar vigência a ditos dispositivos, plenamente válidos; diferentemente, o Acórdão Paradigma 9101002.876 da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF decide que não há como negar ao contribuinte o direito à utilização do IRRF na composição do saldo a restituir/compensar, a pretexto de que o comprovante/prova da retenção do IRRF não espelha exatamente o formulário produzido pela SRFB (Informe de Rendimentos de Retenção), sob pena de (i) inviabilizar o direito do contribuinte por conta de eventual conduta omissa da própria fonte pagadora em declarar a retenção; (ii) imputar ao contribuinte ônus dúplice devido ao pagamento dos rendimentos líquido da retenção, bem como devido ao impedimento de utilizar essa antecipação de imposto na composição do seu saldo negativo passível de restituição/compensação; observese que a interpretação do art. 943, §2° do Decreto n. 3.000/99, manifestada no Acórdão Recorrido, a pretexto de ser norma cogente que vincula os Julgadores quanto à exigência do Informe de Rendimentos e de Retenção como comprovante de retenção do IR para fins de compensação, veicula interpretação diametralmente oposta àquela do Acórdão Paradigma, que diante da mesma norma infralegal, julga que o §2º da norma em questão (art. 943 do RIR/99) possui fundamento legal no artigo 55 da Lei 7.450/85 cujo espírito não impõe restrição que vincule exigir tal documento específico criado pela SRFB, pois a Lei fala em comprovante de retenção e não comprovante de recolhimento, inferindo que se a fonte pagadora entrega a quem de direito o valor líquido do imposto, não há como negar ao contribuinte o direito à utilização do valor retido na composição do saldo a restituir/ compensar, pelo só fato de o comprovante não ser exatamente aquele relativo ao formulário produzido pela SRFB, julgando assim que o Recurso Especial da Fazenda Nacional não prospera quanto à essa matéria; evidente, assim, que para a mesma norma infralegal, conforme veiculada pelo §2° do art. 943 do Decreto n. 3.000/99, o Acórdão Recorrido assume interpretação divergente daquela traduzida pelo Acórdão Paradigma, eis que, para o Recorrido, em diversas palavras, inclusive a escrituração regular do contribuinte, entre outros meios de prova, assumem feição de conjunto probatório subsidiário, acaso não acompanhados do específico comprovante de retenção conhecido como "Informe de Rendimentos e de Retenção"(instituído pela SRFB para ser emitido e fornecido pelas fontes pagadoras), pois, na sua interpretação, como se disse, tratase de uma exigência cogente da norma infralegal, que vincula os Fl. 290DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 291 7 julgadores "(...) e que dela não podem se afastar sob pena de prevaricar e invadir seara que não lhes compete, negando vigência a dispositivo plenamente válido" (fl. 211 dos autos); AS RAZÕES PARA A REFORMA DO ACÓRDÃO RECORRIDO 1402 002.700. a Recorrente esgrimiu perante a Turma a quo em sede de Recurso Voluntário, que a formalidade dirigida ao contribuinte quanto a apresentar especificamente o "Comprovante de Retenção" emitido em seu nome pela fonte pagadora, para estar autorizado a compensar na declaração da pessoa jurídica, o imposto retido na fonte sobre seus rendimentos ou ganhos tributados, d.m.v., não pode embasar interpretação que pretenda preterir ou excluir pesquisa de todos os meios de prova admitidos em direito, e que possibilitem documentar de outra forma, direito creditório legítimo da Recorrente, já que tal limitação conduziria ao enriquecimento sem causa da Administração Fazendária, o que não se harmoniza, para dizer o mínimo, com os Princípios da Legalidade, da Moralidade Administrativa e da Verdade Material; primeiramente, importa frisar que os mais de 190 milhões de Reais com homologação de compensação no presente contencioso, constam pacificados, incontroversos como direito creditório legítimo da Recorrente, passível de restituição compensação, restrita aqui a presente irresignação aos "valores residuais em litígio", tal como minimizados pelo juízo a quo (fl. 211 dos autos), todavia, direito creditório igualmente legítimo para compensar seus débitos próprios, de modo que tais argumentos do acórdão recorrido, d.m.v., inclusive bradados com ênfase pelo Conselheiro Relator em sessão de julgamento no CARF, s.m.j., não aplicam adequadamente a Lei ao caso concreto, a pretexto de que a esmagadora maioria do pleito já teve seu pedido deferido, eis que, como se evidencia, no Acórdão Paradigma, a Recorrente não pode arcar com ônus dúplice da retenção de IRRF, seja (i) diante do recebimento de rendimentos líquidos dessa retenção do IRRF, antecipado à fonte pagadora, no caso concreto, como se comprova através de sua DIPJ 2009; seja (ii) pelo impedimento de utilizar o crédito do imposto (antecipação/retenção) na composição do saldo a restituir ou compensar, na hipótese de eventual omissão da fonte pagadora em declarar os rendimentos e/ou retenções do imposto na respectiva DIRF; assim, ao revés do quanto motivado pelo acórdão recorrido, no sentido de que a autoridade fazendária buscou, sim, no banco de dados da RFB todas as informações disponíveis da fonte pagadora que pudessem aproveitar ao caso concreto, tal como sugere ser de fácil constatação tais procedimentos, certificados a partir da "esmagadora maioria do pleito deferido" em favor da Recorrente, contraditese, pois, apesar da vultosa cifra do pleito já pacificada, incontroversa desde a decisão de primeiro grau administrativo, enfatizada como sendo de mais de 190 milhões de Reais, tal motivação não têm o condão de afastar os valores residuais também pretendidos compensar pela Recorrente, lídimos, já que a Recorrente trouxe aos autos outros meios de prova que atestam suas retenções, provas essas que não podem ser rebaixadas à condição de conjunto probatório meramente acessório, por falta de um "pré requisito" específico ("Informe de Rendimentos e de Retenção" da fonte pagadora), uma vez que os outros meios de prova juntados aos autos devem ser reconhecidas com autonomia, evitando que a Recorrente fique à mercê ou se torne refém da comunicação, informação e declaração de retenções, por iniciativa exclusiva da fonte pagadora; também não socorre o acórdão recorrido, motivação que aparenta buscar desacreditar a autoria do pleito, sugerindo que a Recorrente pretende inverter ônus de prova Fl. 291DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 292 8 que lhe incumbe em tal posição dos autos, vejase, quando transparece nos autos que a Recorrente buscou, sim, esforçadamente, produzir outros meios de prova capazes de demonstrar o direito creditório por si defendido, por mais "imaterial" e residual que aparente ser o seu montante, digno de motivar o exercício de petição Recursal em defesa desse direito creditório remanescente controvertido, máxime quando exsurge com clareza, a preterição de seu conjunto probatório juntado aos autos, todavia, julgado em segunda instância como provas de caráter subsidiário, habilitadas a apenas auxiliar o convencimento do juízo, mas especificamente quando acompanhada do cogente "Informe de Rendimentos e de Retenção" emitido pela fonte pagadora, através de formulário regulamentado pela SRFB; ademais, a Recorrente também defendeu perante o CARF, que mesmo diante de uma suposta e eventual insuficiência probatória, que hipoteticamente mostre indícios de retenções de imposto pretendido reaver como restituição/compensação informada como indébito tributário, não desmerece o esforço da Recorrente em coligir e apresentar documentos probatórios desde a Manifestação de Inconformidade, sempre identificando nos mesmos as fontes pagadoras, bem como os valores que estas lhe retiveram para efeito tributário, a rigor, justificandose a conversão de julgamento em diligência, para que a unidade de origem efetue diligência fiscal, no mínimo, para averiguar se a documentação apresentada, entre outros, representativa de sua escrituração regular corresponde às retenções de imposto de renda aqui em debate, militando em prol do contribuinte, a juntada de documentos anexos aos autos, confirmando o recebimento líquido (com retenções) de receitas tributadas na sua DIPJ 2009; importante ressaltar que a presunção a ser sopesada, no caso concreto, é a de veracidade das informações prestadas em declarações de rendimentos, ressalvada apenas em face de prova concludente em contrário, como reconhece a jurisprudência pátria dos órgãos julgadores fazendários, no âmbito federal, tal como se observa das seguintes ementas, verbis: [...]; a jurisprudência emanada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, através da sua Primeira Seção, confirma a necessidade de algumas providências básicas, comparativamente aos dados da RFB passíveis de consulta em suas bases, a partir de DIPJ's, DIRF's, etc. nos termos da ementa que se reproduz: "(...) PROVAS EXISTENTES NOS SISTEMAS DA RFB. Conforme dispõe o art. 29 do Decreto n. 7.574/2011 que regulamenta o processo de determinação e exigência de créditos tributários da União, devem ser considerados em favor da contribuinte, os valores das retenções de tributos existentes nos sistemas da Receita Federal do Brasil." (Proc, 15540.000539/200894, Rec. 892.758 Voluntário, Ac. 180301.020, CARF, 3a T Especial, Ia S, j. de 04/10/2011)" contudo, a 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, Primeira Seção do CARF, conforme o Acórdão Recorrido 1402002.700, somente analisou o conjunto probatório trazido aos autos pelo Recurso Voluntário, lastreado inclusive em escrituração contábil da Recorrente (entre outros), restrita à retenção de IRRF da fonte pagadora 01.838.723/000127 porque dito conjunto probatório, destacase, veio acompanhado do específico Informe de Rendimentos e de Retenção emitido pela respectiva fonte pagadora, sendo que outros documentos probatórios, julgados como de cunho subsidiário, relativamente às fontes pagadoras de CNPJ 04.423.567/000121, 08.583.456/000133 e 20.730,099/000194, não foram considerados suficientes pelo Acórdão Recorrido, eis que, desacompanhados dessa prova imperativa (v.g. Fl. 292DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 293 9 Informe de Rendimentos e de Retenção) definida pela legislação tributária que reproduz no seu Voto, juízo feito em alusão ao art 943, §2°, do RIR/99; contudo, a administração fazendária, no exercício de sua função julgadora, prescindiu do desvelo esperado à análise da prova trazida aos autos, conforme a seguir se controverte; relativamente à retenção sob o código 1708 (Fonte Pagadora 04.423.567/000121), no valor de R$ 7.957,69, juntouse correspondência da Recorrente à Fonte Pagadora, discriminando os rendimentos brutos, rendimentos líquidos, todas as deduções individuadas dos tributos incidentes, documentos particulares com status de legítimo meio de prova documental, o qual sequer constou controvertido no acórdão combatido; ora, Preclaros Decisores, no documento particular coligido aos autos e constante da sua fl. 19, a Recorrente não só nomeia a fonte pagadora, como individua o rendimento bruto a ser tributado por antecipação, no valor de RS 135.225,19, comunicando à fonte pagadora que deste montante devem ser deduzidos RS 2.028,38 equivalente a 1,5% de IRRF, R$ 6,287,97 relativo a 4,65% de PIS/COFINS/CSLL, indicando que o rendimentos líquido a ser creditado é de R$ 126,908,84, bem como rendimento bruto no valor de R$ 395.287,61, comunicando à fonte pagadora que deste montante devem ser deduzidos R$ 5.929,31, equivalente a 1,5% de IRRF, R$ 18.380,88 relativo a 4,65% de PIS/COFINS/CSLL, indicando que o rendimento líquido a ser creditado é de R$ 370.977,42, neste cenário, não se podendo afastar sumariamente o indébito tributário de 7.957,69, evidenciado com documento particular à luz da sua DIPJ/2009 (item 0049 da Ficha 54; doc. 06 do Recurso Voluntário, fls. 168 e 169), adicionalmente evidenciado através do Razão Contábil da Recorrente (doc. 07 do Recurso Voluntário, fl. 171), com as movimentações à débito de rubricas contábeis do IR a recuperar/IR JCP PRGA, nos valores de R$ 2.028,39 e de R$ 5.929,31 (=7.957,70); da mesma forma, no que se refere à fonte pagadora CNPJ 08.583.456/0001 33, conforme correspondência às fls. 15 a 17 dos autos, constam discriminados o rendimento bruto de R$ 157.315,15, sujeito à retenção de IRRF, conforme noticiado no valor de R$ 2.359,73, bem como informado o pagamento líquido do referido rendimento (R$ 147.640,27), incluso no item 0082 da Ficha 54 da DIPJ/2009 (doc. 08 do Recurso Voluntário, Fls. 173, 174 e 175 dos autos), código de retenção/receita 1708, circunstância que avilta o direito alegado e comprovado através de todos os meios de prova admitidos em Direito, especialmente em desrespeito ao então vigente art. 368 do Código de Processo Civil (Lei n. 5.869/1973, revogada; atual art. 408, caput, da Lei n. 13.105/2015) aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, segundo o qual "As declarações constantes do documento particular, escrito e assinado, ou somente assinado, presumemse verdadeiras em relação ao signatário ", diante do que, não há como a Recorrente se resignar, com a falta de circularização/confirmação externa perante terceiros (fonte pagadora), ou mesmo procedimentos de diligência fiscal junto à Recorrente, capaz de aferir a verdade material do fato concreto. Neste cenário, apenas se vê renovada a justificativa de que documentos particulares não ostentam os requisitos dos "Informes de Rendimentos e de Retenção"; por fim, a pretexto da ausência de comprovações da Recorrente, relativamente ao CNPJ 20.730.099/000194, a Recorrente juntou seu Razão Contábil como doc. 09 do Recurso Voluntário (fls. 177 e 178), com as movimentações à débito e à crédito das rubricas contábeis do IR a recuperar/IR JCP SDIA, no valor de R$ 850,36, incluso no item Fl. 293DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 294 10 00119 da Ficha 54 da DIPJ 2009, também anexado como doc. 10 do Recurso Voluntário (fl. 180 dos autos); com efeito, neste cenário, o Código Tributário Nacional CTN disciplina a restituição de valores indevidos pagos a título de tributo, no seu art. 165, firmando o direito à repetição: [...]; o instrumento alternativo à restituição do indébito, conforme previsto pelo art. 170 do CTN, qual seja, de compensação de dívidas tributárias em face de crédito de mesma natureza contrário à Fazenda Pública, no caso concreto, foi regularmente manejado pela Recorrente; a compensação de dívidas tributárias com direito de crédito resultante de recolhimento indevido de tributo logra efeitos de restituição, nos termos em que disciplinada por lei cuja validade encontre fundamento no art. 170 do CTN: [...]; a compensação de tributos federais encontra disciplina no art. 74 da Lei n. 9.430/96, ao que ora importa, nos termos em que abaixo se reproduz: [...]; por todo exposto, justificase a reforma do acórdão recorrido, para que seja reconhecido como líquido e certo o direito creditório de IRPJ do períodobase na sua integralidade, com base nas razões do presente recurso, sobretudo à vista das comprovações juntadas aos autos, o que exige a extinção imediata dos débitos compensados, através da homologação da compensação declarada à autoridade fazendária; OS PEDIDOS. do exposto, e contando mais com os sempre doutos suprimentos dos ilustres Conselheiros, a Recorrente requer a reforma total do Acórdão Recorrido 1402002.700, a efeitos de prevalecer o decidido no Acórdão Paradigma 9101002.876, para que seja reconhecida a existência do direito creditório de IRPJ, e, por consequência, homologada a compensação efetuada através do PER/DCOMP n. 10308.03985.190110.1.3.029689, mediante a extinção integral do crédito tributário compensado com indébito tributário aqui defendido, tudo para que se torne legítimo o direito creditório residual de IRPJ apurado no presente processo 10637.910631/201238, passível de restituição e suficiente à homologação das compensações informadas na PER/DCOMP acima indicada; senão, subsidiariamente, a Recorrente requer a reforma total do Acórdão Recorrido 1402002,700, julgandose procedente o pedido para que seja convertido o julgamento do presente recurso especial em diligência, para requerer que a unidade de origem designe agente para (i) verificar a documentação juntada aos autos visando comprovar as retenções de IRRF como antecipação de IRPJ, comparativamente à escrituração contábil e fiscal da interessada; (ii) realizar circularização/confirmação externa perante as fontes pagadoras para obter e certificar quaisquer elementos adicionais que entender necessários, quanto a retenção de imposto de renda declarado/não declarado em suas DIRF, relativamente à Recorrente; e, (iii) elaborar relatório conclusivo cientificado à Recorrente, com prazo para o regular contraditório e posterior retorno para julgamento no órgão de jurisdição competente. Fl. 294DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 295 11 Quando do exame de admissibilidade do recurso especial da contribuinte, o Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do despacho exarado em 07/03/2018, deu seguimento ao recurso especial, fundamentando sua decisão na seguinte análise sobre a divergência suscitada: Destacase, de início, que o Recurso Especial tem por escopo uniformizar o entendimento da legislação tributária entre as câmaras e turmas que compõem o CARF, não se prestando como instância recursal no reexame de material probatório. Deve, pois, o alegado dissenso jurisprudencial se dar em relação a questões de direito, tratando, todos, da mesma situação fática (Acórdão CSRF nº 9101001.548, de 2013) e da mesma legislação aplicável (Acórdão CSRF nº 910100.213, de 2009). Assim, a divergência jurisprudencial não se estabelece em matéria de prova, e sim na interpretação das normas (Acórdão CSRF nº 9101002.328, de 2016), visto que, na apreciação da prova, o julgador tem o direito de formar livremente a sua convicção, conforme dispõe o art. 29 do Decreto nº 70.235, de 1972. Acrescentese, também, que, se os acórdãos confrontados examinaram normas jurídicas distintas, ainda que os fatos sejam semelhantes, não há falarse em divergência de julgados, uma vez que a discrepância a ser configurada diz respeito à interpretação da mesma norma jurídica (Acórdão CSRF nº 9101002.412, de 2016). Da contraposição dos fundamentos expressos nas ementas e nos votos condutores dos acórdãos, evidenciase que a Recorrente logrou êxito em comprovar a ocorrência do alegado dissenso jurisprudencial, como a seguir demonstrado (destaques do original transcrito): “Art. 943 do RIR/99 e a exigibilidade do ‘Informe de Rendimentos e de Retenção’ comparativamente à comprovação, por outros meios, da antecipação/retenção do IRRF/IRPJ do períodobase, para fins de compensação” [...] Com relação a essa matéria, ocorre o alegado dissenso jurisprudencial, pois, em situações fáticas semelhantes, sob a mesma incidência tributária e à luz das mesmas normas jurídicas, chegouse a conclusões distintas. Enquanto a decisão recorrida entendeu que a retenção na fonte do Imposto de Renda para fins de composição do chamado “saldo negativo” exige [...] que os valores pleiteados encontremse informados em comprovante específico emitido pela fonte pagadora, o acórdão paradigma apontado (Acórdão nº 9101002.876, de 2017) decidiu, de modo diametralmente oposto, que o comprovante de retenção não é o único meio de prova para fins de dedução da retenção pelo beneficiário do rendimento. Por tais razões, neste juízo de cognição sumária, concluise pela caracterização da divergência de interpretação suscitada. Em 14/03/2018, o processo foi encaminhado à PGFN, para ciência do despacho que admitiu o recurso especial da contribuinte, e em 28/03/2018 o referido órgão apresentou tempestivamente as contrarrazões ao recurso, com os seguintes argumentos: DA IMPROCEDÊNCIA DAS ALEGAÇÕES DO RECORRENTE. Fl. 295DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 296 12 a exigência de apresentação do comprovante de retenção emitido em nome da empresa pela fonte pagadora (informe de rendimentos) para fins de comprovação da retenção de IRRF decorre do próprio Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n º 1.041/94, em seus arts. 210 e 979, §2º vejamos: [...]; da análise dos textos normativos acima explicitados temse clara a condição imposta pelo RIR/99 para que o contribuinte possa compensar o valor retido a título de IRRF na declaração de pessoa jurídica, qual seja: a posse de comprovante da retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora; na hipótese de apresentação deste, o valor informado vincula o pedido. Tal entendimento encontrase também expresso no art. 55 da Lei 7.450/85, nestes termos: “Art 55 O imposto de renda retido na fonte sobre quaisquer rendimentos somente poderá ser compensado na declaração de pessoa física ou jurídica, se o contribuinte possuir comprovante de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos.” desta forma, a não apresentação deste documento específico ou apresentação com valor menor que o pedido inviabiliza a compensação pretendida pelo contribuinte. Notese que o texto é claro ao exigir comprovante de retenção emitido pela fonte pagadora; meras notas fiscais da própria emissão do interessado não são documentos suficientes para o reconhecimento do imposto supostamente retido, até porque estes documentos não foram considerados pelo Decreto nº 1.041/94 como documentos hábeis a comprovar a retenção do IRRF; o contribuinte deve fazer prova de seu direito consoante determinado pela legislação, sendo descabido estender o conceito de prova expressamente previsto no art. 979, §2º do RIR/99, para admitir a utilização de outros documentos como comprovantes de retenção do IRRF; notese que pela leitura do art. 210 acima transcrito, temos a instituição da obrigação de conservação, pela pessoa jurídica interessada, de todos os “livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial”. Ou seja, neste contexto, caberia ao contribuinte comprovar, na forma exigida pelo art. 979, §2º do RIR/99, o seu direito. Em não fazendo, o que é o caso dos autos, não há que admitir sua pretensão, por falta de amparo legal; ressaltese que não se trata de matéria que admite qualquer meio de prova, mas sim de matéria cuja comprovação contém forma específica e legalmente estabelecida, não podendo o Julgador se furtar à observância de tal preceito, aceitando prova distinta; não logrando êxito o contribuinte em comprovar a retenção na forma estabelecida pelo RIR/99, não poderá valerse da compensação, por falta de atendimento dos requisitos legais, estando correta a glosa efetuada pela fiscalização; DO PEDIDO. Fl. 296DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 297 13 em face do exposto, requer a Fazenda Nacional que seja NEGADO provimento ao recurso. É o relatório. Fl. 297DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 298 14 Voto Vencido Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. O presente processo tem por objeto declarações de compensação para quitação de diversos débitos com direito creditório a título de saldo negativo de IRPJ referente ao anocalendário de 2008. A contribuinte reivindicou um saldo negativo de IRPJ no valor original de R$ 192.456.931,93. Do total pleiteado, a DEINF São Paulo reconheceu um direito creditório de R$ 191.907.030,89, e homologou as compensações até o limite do crédito reconhecido. Ao julgar a manifestação de inconformidade da contribuinte, a decisão de primeira instância administrativa reconheceu uma parcela adicional do crédito pleiteado, no valor de R$ 532.573,48. E a decisão de segunda instância administrativa (acórdão ora recorrido), por sua vez, reconheceu outra parcela adicional do crédito pleiteado, no valor de R$ 6.159,95. Até a presente fase, portanto, já foram reconhecidos R$ 192.445.764,32 do saldo negativo reivindicado, remanescendo litígio apenas sobre uma parte residual do direito creditório, no valor de R$ 11.167,61. A negativa dessa parte residual do direito creditório foi motivada principalmente pela não apresentação dos informes de rendimentos emitidos pelas fontes pagadoras, conforme evidencia o seguinte trecho do voto que orientou o acórdão recorrido: [...] A matéria é de cunho essencialmente probatório, impondo verificar se o recorrente conseguiu afastar as ressalvas que a decisão recorrida fez em relação aos itens tidos como incomprovados (fls. 77). Antes da análise individual de cada item não reconhecido é preciso pontuar que a retenção na fonte do Imposto de Renda para fins de composição do chamado “saldo negativo” exige sua sustentação em documentação probante regular e que os valores pleiteados encontremse informados em comprovante específico emitido pela fonte pagadora, conforme expressa determinação do RIR/1999: [...] Neste contexto, ainda que outras provas, inclusive a escrituração regular do requerente possam ter cunho probante subsidiário, é inegável a existência de norma cogente (artigos 942/943, do RIR/1999, com seus respectivos fundamentos legais expressos no final de cada um deles) que vincula os julgadores e que dela não podem se afastar sob pena de Fl. 298DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 299 15 prevaricar e invadir seara que não lhes compete, negando vigência a dispositivo plenamente válido. [...] Compulsando os autos vejo que, relativamente aos três tópicos finais, ou seja, fontes pagadoras representadas pelos CNPJ nº 04.423.567/0001 21, retenção sob o código 1708; CNPJ nº 08.583.456/000133, retenção sob o código 1708 e CNPJ nº 20.730.099/000194, retenção sob o código 5706, atesto que o cenário não se modificou em relação ao que se estampava quando da prolação da decisão recorrida, ou seja, o recorrente limitouse a aduzir o que já havia argumentado quando da manifestação de inconformidade, sem acrescer as provas imperativas definidas pela legislação já antes reproduzida, trazendo documentos de sua própria autoria, insuficientes para a comprovação exigida. Neste aspecto, portanto, irretocável a decisão recorrida que deve ser mantida. Todavia, no que tange ao primeiro item, vejo que razão cabe ao recorrente. Segundo o DD, o montante de R$ 6.159,95 restaria não comprovado em razão da apresentação de documentos emitidos pelo próprio contribuinte. Quando da apreciação em 1ª Instância, a Turma Julgadora a quo aduziu (fls. 108): quanto à fonte pagadora CNPJ nº 01.838.723/000127, retenção sob o código de receita 5706, a contribuinte apresenta o documentos de fl. 20 o qual, apesar de pouco legível informa tratarse de retenção relativa ao anocalendário de 2007; De fato, o documento emitido pela Perdigão (CNPJ acima), além de pouco legível, faz referência ao anocalendário de 2007, o que dá substrato à decisão contestada. Vejase (fls. 156): [...] Entretanto, em seu RV (fls. 132) e nos documentos comprobatórios que acostou à peça recursal (fls. 163/164 – informação de terceiros – CBLC Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia, administradora dos investimentos do interessado), corroborado pelas cópias da sua escrituração (fls. 158/161) e pela Ficha 54 das DIPJ/2009 – anocalendário/2008 (fls. 166), o recorrente não só comprova com documentação hábil a retenção havida como o oferecimento à tributação dos valores das receitas. Além disso, demonstra que, embora o informe de rendimentos da fonte pagadora tenha feito referência ao anocalendário de 2007, toda a operação foi por ela registrada em 2008. Confirase: [...] Fl. 299DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 300 16 Assim, ainda que a parcela tida como não comprovada seja de R$ 6.159,95, o fato é que o montante total requerido foi de R$ 9.018,203 e este – que no fundo é o que importa – restou comprovado, como acima exaustivamente retratado. Pelo exposto, encaminho meu voto para DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório de R$ 6.159,95 – valor original, homologando as compensações até o limite do referido direito creditório ora reconhecido. Em sede de recurso especial, a contribuinte suscita divergência jurisprudencial, defendendo que a ausência do documento específico instituído pela Receita Federal (informe de rendimentos emitido pela fonte pagadora) não afasta o seu direito de comprovar por outros meios a retenção do IR que dá sustentação à formação do saldo negativo de IRPJ. Conheço do recurso, adotando as razões do despacho de exame do Presidente de Câmara, pois este preenche os requisitos de admissibilidade. Portanto, voto no sentido de CONHECER do recurso especial da contribuinte. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 300DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 301 17 Voto Vencedor Conselheiro Demetrius Nichele Macei, Redator designado. Peço vênia para discordar do posicionamento exarado pelo i. Conselheiro Relator, por entender que o recurso especial do contribuinte não deve ser conhecido. No que pese o recurso atender ao critério da tempestividade, o motivo para não o conhecer reside no fato de o recurso discutir matéria que lhe fora favorável no acórdão recorrido, ou seja, que já restou superada por aquele acórdão. Percebase que o acórdão paradigma apresentado pelo recorrente, na realidade, converge com o acórdão recorrido. Em seu recurso especial o contribuinte traz o acórdão paradigma nº 910 002.876 no sentido de que outros documentos, que não apenas o Informe de Rendimentos e de Retenção, podem ser aceitos como prova de retenção na fonte, caso se demonstrem hábeis e idôneos. Ora, partindo do mesmo raciocínio o acórdão recorrido chegou a reconhecer o direito creditório de R$ 6.159,95. Vejase: Entretanto, em seu RV (fls. 132) e nos documentos comprobatórios que acostou à peça recursal (fls. 163/164 – informação de terceiros – CBLC Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia, administradora dos investimentos do interessado), corroborado pelas cópias da sua escrituração (fls. 158/161) e pela Ficha 54 das DIPJ/2009 – anocalendário/2008 (fls. 166), o recorrente não só comprova com documentação hábil a retenção havida como o oferecimento à tributação dos valores das receitas. Além disso, demonstra que, embora o informe de rendimentos da fonte pagadora tenha feito referência ao anocalendário de 2007, toda a operação foi por ela registrada em 2008. Já o restante, R$ 11.167,61 (R$ 17.327,56 – R$ 6.159,95), não foi reconhecido porque, mesmo apresentando outros documentos, que não o Informe de Rendimentos e Retenção, estes não foram suficientes para comprovar o alegado pelo contribuinte. Isso, inclusive, consta expressamente no voto condutor do acórdão recorrido; confirase: Compulsando os autos vejo que, relativamente aos três tópicos finais, ou seja, fontes pagadoras representadas pelos CNPJ nº 04.423.567/000121, retenção sob o código 1708; CNPJ nº 08.583.456/000133, retenção sob o código 1708 e CNPJ nº 20.730.099/000194, retenção sob o código 5706, atesto que o cenário não se modificou em relação ao que se estampava quando da prolação da decisão recorrida, ou seja,o recorrente limitouse a aduzir o que já havia argumentado quando da manifestação de inconformidade, sem acrescer as provas imperativas definidas pela legislação já antes reproduzida, trazendo documentos de sua própria autoria, insuficientes para a comprovação exigida. Neste aspecto, portanto, irretocável a decisão recorrida que deve ser mantida. Fl. 301DF CARF MF Processo nº 16327.910631/201238 Acórdão n.º 9101003.879 CSRFT1 Fl. 302 18 (Grifos nossos) Desta forma, o contribuinte acaba por confundir, em seu recurso, duas situações distintas: uma de caráter formal e outra de caráter substancial. No acórdão recorrido, houve o acolhimento de outros meios de prova que não apenas o Informe de Rendimentos e Retenção, restando, portanto, tal caráter formal ultrapassado. Contudo, na sequência, ao analisar o conteúdo, a substância, dos novos documentos aceitos como prova, entendeuse que não eram suficientes para comprovar o direito creditório pleiteado, motivo pelo qual só foram reconhecidos os R$ 6.159,95. Entendo, portanto, que o recurso especial não deve ser conhecido, pois tratou de matéria já superada que não lhe causou empecilho algum. O foco do recurso foi a possibilidade de se utilizar outros documentos que não apenas o Informe de Rendimentos e Retenção como meio de prova, e isto já fora acatado pelo acórdão recorrido. Ante o exposto, não conheço do recurso especial do contribuinte. É o voto. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Fl. 302DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10945.900953/2012-13
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Feb 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
RESSARCIMENTO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INEXISTÊNCIA.
O prazo de cinco anos para o pronunciamento da autoridade administrativa diz respeito apenas à compensação declarada pelo contribuinte, não se aplicando aos casos de restituição ou ressarcimento o reconhecimento tácito do direito dos créditos pleiteados.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA.
A homologação tácita apenas se opera no pedido de compensação.
COMPENSAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO CERTO.
De acordo com art. 170 do Código Tributário Nacional, somente pode ser autorizada a compensação de créditos líquidos e certos do sujeito passivo.
Numero da decisão: 3002-000.600
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões a conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
(assinado digitalmente).
Larissa Nunes Girard - Presidente.
(assinado digitalmente).
Alan Tavora Nem - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem (Relator).
Nome do relator: ALAN TAVORA NEM
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HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INEXISTÊNCIA. O prazo de cinco anos para o pronunciamento da autoridade administrativa diz respeito apenas à compensação declarada pelo contribuinte, não se aplicando aos casos de restituição ou ressarcimento o reconhecimento tácito do direito dos créditos pleiteados. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. A homologação tácita apenas se opera no pedido de compensação. COMPENSAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO CERTO. De acordo com art. 170 do Código Tributário Nacional, somente pode ser autorizada a compensação de créditos líquidos e certos do sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões a conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. (assinado digitalmente). Larissa Nunes Girard Presidente. (assinado digitalmente). Alan Tavora Nem Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 5. 90 09 53 /2 01 2- 13 Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10945.900953/201213 Acórdão n.º 3002000.600 S3C0T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem (Relator). Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório da decisão da DRJ, às fls. 55/66 dos autos: "Trata o presente processo sobre Manifestação de Inconformidade apresentada em face do Despacho Decisório proferido pela DRF Foz do Iguaçu, o qual indeferiu o crédito pleiteado no PER nº 40571.08855.180707.1.1.117216 e não homologou as compensações declaradas nas Dcomp nº 42341.16207.280907.1.3.117048 e nº 42784.65895.180707.1.3.110007. O pedido de ressarcimento, transmitido em 18/07/2007, e as declarações de compensação foram analisados pela DRF Foz do Iguaçu e emitido o Despacho Decisório em 04/09/2012, rastreamento nº 031035455 (fl. 6), assinado pelo titular da unidade de jurisdição da contribuinte. No despacho decisório recorrido consta, no campo 3 a fundamentação, decisão e o enquadramento legal do indeferimento do PER/Dcomp aqui tratado: Inconformada com a decisão, da qual teve ciência em 14/09/2012, a interessada apresentou, em 16/10/2012, manifestação de inconformidade (fls. 8/12), por meio da qual faz um breve relato dos fatos e traz a preliminar de decadência. Aduz que o pedido de compensação referese a créditos relativos ao período de 01/01/2007 a 31/03/2007, e considerando que teve ciência da decisão proferida em 17/09/2012, todos os lançamentos e créditos em data anterior ao da intimação foram atingidos pelo prazo decadencial de cinco anos. Assim, todos os Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10945.900953/201213 Acórdão n.º 3002000.600 S3C0T2 Fl. 4 3 valores relativos a créditos anteriores a 17/09/2012, tem sua homologação tácita, pelo decurso de prazo. Em relação ao mérito, no tópico III – “Da inexistência de Regulamentação da norma legal inserida no ordenamento pela Lei nº 8.218/1991”, aduz que a Secretaria da Receita Federal não regulamentou a apresentação de arquivos digitais conforme estabelecido no § 3º do art. 11 da citada Lei. Em não havendo a regulamentação da obrigação na forma estabelecida na legislação, não pode a SRF indeferir o pedido de compensação de crédito por não existência ou disponibilização dos arquivos digitais. No tópico IV – “Da existência de previsão legal de penalidade para não observância da Lei – Impossibilidade de estender ou ampliar a penalidade sem lei que regulamente”, alega que o artigo 12 da Lei nº 8.218/1991 traz em seu texto a penalização pela não observância do previsto no art. 11 da mesma Lei. Aduz que o indeferimento da compensação pleiteada pela não apresentação dos arquivos digitais é uma penalidade imposta ao contribuinte, e tal penalidade somente poderia ser aplicada se prevista em Lei. Desta forma a instrução normativa inova e amplia a previsão legal, ao criar penalidade não prevista em Lei. Argumenta que não pode uma obrigação acessória suplantar o direito líquido e certo da recorrente reconhecido em lei ressaltando que disponibilizou à Receita Federal do Brasil todos os elementos e informações necessárias, como a apresentação de documentos e livros. Dessa forma, com a possibilidade de comprovação da regularidade da operação por diferentes meios o arquivo digital requerido nada mais acrescentaria ao processo. Solicita que a manifestação de inconformidade seja recebida de forma a modificar o despacho decisório, reconhecendose e homologando o crédito compensaso conforme a legislação em vigor". Resumindo, o contribuinte em 18/07/2007 protocolou pedido de compensação (40571.08855.180707.1.1.117216) (fls. 02/05) em razão de suposto crédito de COFINS acumulados em operação realizada no mercado interno. O contribuinte teve negado sua homologação em razão de "analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, não foi possível confirmar a existência do crédito indicado, pois o contribuinte, mesmo intimado, não apresentou Arquivos Digitais previstos na Instrução Normativa SRF nº 86, de 22/10/2001, em estrita conformidade com o ADE Cofis 15/01, compreendendo as operações efetuadas no período de apuração acima indicado." (fls. 06 Despacho Decisório). O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade (fls. 08/12) requerendo em preliminar decadência concluindo que "considerando que o pedido de compensação referese a créditos relativos ao período de 01/01/2007 a 31/03/2007, e que a Recorrente foi intimada da decisão em 17/09/2012, todos os lançamentos e créditos em data anterior ao da intimação foram atingidos pelo prazo decadencial de cinco anos, que dispõe o fisco para rever os lançamentos, inclusive nas compensações" e no mérito afirma que "a Lei Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10945.900953/201213 Acórdão n.º 3002000.600 S3C0T2 Fl. 5 4 Ordinária 8.218/1991, trouxe em seu artigo 11 a seguinte previsão .."."que a Secretaria da Receita Federal, deveria expedir os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deveriam ser apresentados", continua afirmando que "o artigo 12 da Lei 8.218/1991 traz em seu texto a penalização pela não observância do previsto no artigo 11 da Lei" concluindo que "o indeferimento da compensação pleiteada através do pedido de compensação é uma penalidade imposta ao Contribuinte pela não apresentação dos arquivos digitais, e tal penalidade somente poderia ser aplicada se prevista em Lei" e, por fim, concluí que "não pode uma obrigação acessória suplantar o direito líquido e certo da Recorrente" uma vez que a não cumulatividade do PIS e da COFINS da "direito em manter o crédito pelas operações anteriores às saídas, são reconhecidos por Lei". A DRJ/CTA proferiu o Acórdão nº 0649.723 (fls. 55/66) por meio do qual decidiu pela procedência em parte da manifestação de inconformidade apresentada pelo Contribuinte considerando a compensação declarada na DComp nº 42784.65895.180707.1.3.110007 tacitamente homologada, e mantendo o indeferimento do direito creditório pleiteado no PER nº 40571.08855.180707.1.1.117216 e a não homologação da compensação declarada na Dcomp nº 42341.16207.280907.1.3.117048. O acórdão foi assim ementado: "DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. Transcorrido o prazo de cinco anos contados da data de transmissão da Declaração de Compensação, sem que o Fisco tenha se pronunciado, operase a homologação tácita da compensação declarada, restando extinto o crédito tributário nela informado. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INEXISTÊNCIA O prazo de cinco anos para o pronunciamento da autoridade administrativa diz respeito apenas à compensação declarada pelo contribuinte, não se aplicando aos casos de restituição ou ressarcimento o reconhecimento tácito do direito dos créditos pleiteados. APRESENTAÇÃO DE ARQUIVOS DIGITAIS. A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, a fim de que seja verificada a exatidão das informações prestadas." Cientificado da decisão, o contribuinte, ingressou com Recurso Voluntário (fls. 71/76) requerendo a reforma do Acórdão recorrido, tendo em vista: a) decadência homologação tácita, b) da inexistência de Regulamentação da norma legal inserida no ordenamento pela Lei 8.218/1991, c) da existência de previsão legal de penalidade para não observância da Lei — impossibilidade de estender ou ampliar a penalidade sem lei que regulamente e por fim, d) da regularidade das operações e do crédito pleiteado via compensação. Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10945.900953/201213 Acórdão n.º 3002000.600 S3C0T2 Fl. 6 5 É o relatório Voto Conselheiro Alan Tavora Nem Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo, preenche os requisitos formais de admissibilidade, inclusive quanto à competência das Turmas Extraordinárias e, portanto, dele tomo conhecimento. Preliminar Decadência Inicialmente, o Contribuinte alega decadência, nos termos do art. 150 do CTN, tendo em vista que "o pedido de compensação referese a créditos relativos ao período de 01/01/2007 a 31/03/2007, e que a Recorrente foi intimada da decisão em 04/09/2012, todos os lançamentos e créditos em data anterior ao qüinqüênio anterior ao da intimação foram atingidos pelo prazo decadencial de cinco anos" e, ao seu turno, o r. Despacho Decisório só foi aperfeiçoado em 04/09/2012 com a sua ciência, denotando lapso temporal superior a 5 (cinco) anos. Como é pacífico na jurisprudência deste E. CARF, ou seja, o prazo de caducidade contra a Fazenda Nacional, referente aos PER/DCOMPs apresentados pelos contribuintes é especificamente regido pelo art. 74, §5º, da Lei nº 9.430/96. Ilustrado, no Acórdão nº 9303003.456, proferido pela C. 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, de relatoria do I. Conselheiro Valcir Gassen, publicado em 23/02/2016. É o que se infere a seguir: "COFINS. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRAZO DE CINCO ANOS PARA APRECIAR. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. Será considerada tacitamente homologada a compensação objeto de declaração de compensação, que não seja objeto de despacho decisório proferido e cientificado o sujeito passivo, no prazo de cinco anos, contados da data de seu protocolo nos termos dos parágrafos 4º e 5º do artigo 74 da Lei nº 9.430/96, com a redação dada, respectivamente, pelo artigo 49 da Lei nº 10.637/02 e artigo 17 da Lei nº 10.833/03. Recurso Especial do Procurador Negado." Tendo em vista que a DCOMP nº 42341.16207.280907.1.3.117048 foi transmitida em 28/09/2007 e tendo o r. Despacho Decisório inaugural deste feito produzido seus efeitos em 04/09/2012, sendo assim, não verificase o extrapolamento do período quinquenal. Importante esclarecer que a homologação tácita, a qual se refere o contribuinte na em sua defesa, impoese, somente, aos pedidos de compensação, não se podendo estender esse conceito à Restituição por ausência de previsão legal. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10945.900953/201213 Acórdão n.º 3002000.600 S3C0T2 Fl. 7 6 Dessa forma, rejeito a preliminar apresentada pelo contribuinte. Mérito Ventiladas as considerações preliminares, passo à analise do tema em si. a) da inexistência de Regulamentação da norma legal inserida no ordenamento pela Lei 8.218/1991. Alega o contribuinte que a Secretaria da Receita Federal não regulamentou a apresentação de arquivos digitais conforme estabelecido no § 3º do art. 11 da Lei nº 8.218/91. Sendo assim, "não tendo regulamentado a obrigação na forma estabelecida na legislação, não pode a Secretaria da Receita Federal, indeferir pedido de compensação de crédito, crédito legítimo por força dos documentos apresentados e disponibilizados ao fisco, por não existência ou disponibilização de arquivos digitais, cuja caráter de obrigação acessória fica evidenciada pela não regulamentação da Lei". A Instrução Normativa SRF nº 86, de 22 de Outubro de 2001 que dispõe sobre o tema, a seguir reproduzido: "Dispõe sobre informações, formas e prazos para apresentação dos arquivos digitais e sistemas utilizados por pessoas jurídicas. O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF nº 259, de 24 de agosto de 2001 , e tendo em vista o disposto no art. 11 da Lei n º 8.218, de 29 de agosto de 1991 , alterado pela Lei n º 8.383, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art. 72 da Medida Provisória n º 2.15835, de 24 de agosto de 2001 , resolve: (grifado). ... Art. 3 º Incumbe ao CoordenadorGeral de Fiscalização, mediante Ato Declaratório Executivo (ADE), estabelecer a forma de apresentação, documentação de acompanhamento e especificações técnicas dos arquivos digitais e sistemas de que trata o art. 2º ." Sendo assim, foram sim especificadas as regras para apresentação dos arquivos por meio do Ato Declaratório Executivo (ADE) Cofis nº 15, de 2001, a seguir reproduzido: "Ato Declaratório Executivo COFIS nº 15, de 23 de Outubro de 2001 DOU de 26.10.2001 (Alterado pelo Ato Declaratório Cofis nº 55, de 11 de dezembro de 2009, e pelo Ato Declaratório Executivo Cofis nº 25, de 7 de junho de 2010). Art. 1 º As pessoas jurídicas de que trata o art. 1 º da Instrução Normativa SRF n º 86, de 2001 , quando intimadas por Auditor Fiscal da Receita Federal (AFRF), deverão apresentar, a partir de 1 º de janeiro de 2002, os arquivos digitais e sistemas contendo informações relativas aos seus negócios e atividades Fl. 88DF CARF MF Processo nº 10945.900953/201213 Acórdão n.º 3002000.600 S3C0T2 Fl. 8 7 econômicas ou financeiras, observadas as orientações contidas no Anexo único . § 1 º As informações de que trata o caput deverão ser apresentadas em arquivos padronizados, no que se refere a: I – registros contábeis; II – fornecedores e clientes; III documentos fiscais; IV comércio exterior; V controle de estoque e registro de inventário; VI relação insumo/produto; VII controle patrimonial; VIII folha de pagamento. § 2 º As informações que não se enquadrarem no parágrafo anterior deverão ser apresentadas pelas pessoas jurídicas, atendido o disposto nos itens "Especificações Técnicas dos Sistemas e Arquivos" e "Documentação de Acompanhamento" do Anexo único . Art. 2 º A critério da autoridade requisitante, os arquivos digitais de que trata § 1 º do artigo anterior poderão ser apresentados em forma diferente da estabelecida neste Ato, inclusive em decorrência de exigência de outros órgãos públicos. Anexo Único Especificações Técnicas dos Sistemas e Arquivos" Sendo assim, ao contrário do que argumenta o contribuinte, ao meu ver, restou comprovado que a Receita Federal do Brasil, editou os atos necessários ao cumprimento do disposto no art. 11 § 3º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991. b) da existência de previsão legal de penalidade para não observância da Lei — impossibilidade de estender ou ampliar a penalidade sem lei que regulamente. Já em relação à alegação de que "o indeferimento da compensação pleiteada através do pedido de compensação é uma penalidade imposta ao Contribuinte pela não apresentação dos arquivos digitais, e tal penalidade somente poderia ser aplicada se prevista em Lei", não tem razão o contribuinte, senão vejamos: Instrução Normativa RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008 DOU de 31.12.2008 Art. 65 . A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10945.900953/201213 Acórdão n.º 3002000.600 S3C0T2 Fl. 9 8 escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas. § 1º Na hipótese de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins de que tratam os arts. 27 a 29 e 42, o pedido de ressarcimento e a declaração de compensação somente serão recepcionados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) após prévia apresentação de arquivo digital de todos os estabelecimentos da pessoa jurídica, com os documentos fiscais de entradas e saídas relativos ao período de apuração do crédito, conforme previsto na Instrução Normativa SRF Nº 86, de 22 de outubro de 2001, e especificado nos itens "4.3 Documentos Fiscais" e "4.10 Arquivos complementares PIS/COFINS", do Anexo Único do Ato Declaratório Executivo COFIS Nº 15, de 23 de outubro de 2001. (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 981, de 18 de dezembro de 2009) (Vide art. 3º da IN RFB nº 981/2009) § 2º O arquivo digital de que trata o § 1º deverá ser transmitido por estabelecimento, mediante o Sistema Validador e Autenticador de Arquivos Digitais (SVA), disponível para download no sítio da RFB na Internet, no endereço <http://www.receita.fazenda.gov.br>, e com utilização de certificado digital válido. (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 981, de 18 de dezembro de 2009) (Vide art. 3º da IN RFB nº 981/2009) § 3º Na apreciação de pedidos de ressarcimento e de declarações de compensação de créditos de PIS/Pasep e da Cofins apresentados até 31 de janeiro de 2010, a autoridade da RFB de que trata o caput poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação do arquivo digital de que trata o § 1º, transmitido na forma do § 2º. (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 981, de 18 de dezembro de 2009) (Vide art. 3º da IN RFB nº 981/2009) § 4º Será indeferido o pedido de ressarcimento ou não homologada a compensação, quando o sujeito passivo não observar o disposto nos §§ 1º e 3º. (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 981, de 18 de dezembro de 2009) (Vide art. 3º da IN RFB nº 981/2009)." Portanto, como demonstrado a Instrução Normativa RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008, que disciplina o ressarcimento e a compensação da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, dispõe que a autoridade da RFB poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação do arquivo digital. c) da regularidade das operações e do crédito pleiteado via compensação. Por fim, afirma o contribuinte que "não pode uma obrigação acessória suplantar o direito líquido e certo da Recorrente". Importante esclarecer que, o ônus da prova quanto à existência do crédito no caso de pedido de compensação é do contribuinte. Dispõe o art. 373 do Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, que o ônus da prova Fl. 90DF CARF MF Processo nº 10945.900953/201213 Acórdão n.º 3002000.600 S3C0T2 Fl. 10 9 incumbe ao autor (no caso em tela ao contribuinte que iniciou o processo de compensação), quanto ao fato constitutivo do seu direito (correspondente à comprovação do direito ao crédito tributário que pretende ter reconhecido para fins de homologação da compensação). É o que se infere da transcrição a seguir: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Portanto, como é condição indispensável para a homologação da compensação pretendida, que o crédito do sujeito passivo contra a Fazenda Pública seja líquido e certo, é evidente a indispensabilidade da demonstração da liquidez e certeza do suposto crédito restituendo (origem e quantificação) que, como demonstrado e expressamente dispõe o art. 373, I da lei adjetiva (aplicável subsidiariamente ao PAF), incumbe ao autor do PER, assim como as respectivas retificações dos auto lançamentos e dos respectivos registros fiscais (DCTF, Dacon etc), razões pelas quais, entendo que não merece reparo a decisão recorrida, cuja fundamentação se baseia na inexistência do suposto crédito exatamente pela ausência da demonstração ou comprovação do direito creditório alegado. Pelo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente). Alan Tavora Nem Fl. 91DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10675.901464/2008-11
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jan 10 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2003
PERDCOMP. INOVAÇÃO. COMPENSAÇÃO.
Incabível compensar débitos informados em declaração de compensação com valores referentes a créditos diversos daquele indicado no documento de compensação, os quais simplesmente não integram o seu conteúdo.
Numero da decisão: 1001-001.026
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(Assinado Digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2003 PERDCOMP. INOVAÇÃO. COMPENSAÇÃO. Incabível compensar débitos informados em declaração de compensação com valores referentes a créditos diversos daquele indicado no documento de compensação, os quais simplesmente não integram o seu conteúdo.
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INOVAÇÃO. COMPENSAÇÃO. Incabível compensar débitos informados em declaração de compensação com valores referentes a créditos diversos daquele indicado no documento de compensação, os quais simplesmente não integram o seu conteúdo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues. Relatório Tratase de Declaração de Compensação 12273.79738.130704.1.3.04294, transmitida 13/07/2004, (e fls. 02/08), através da qual o contribuinte pretende compensar débitos de sua responsabilidade com crédito proveniente de pagamento indicado como AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 90 14 64 /2 00 8- 11 Fl. 46DF CARF MF 2 indevido efetuado por meio de DARF, data de arrecadação 15/05/2003, no valor de R$ 656,90, período de apuração 31/02/2003. O pedido foi indeferido, conforme Despacho Decisório 770235259, de 16/06/2008 (efl. 07), que analisou as informações e reconheceu que o pagamento foi integralmente utilizado para quitação de débito de estimativa mensal 01/2003 do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim dispôs em relatório o Acórdão Recorrido (efls. 34/38): Inconformada com a não homologação da declaração de compensação, a requerente apresentou, em 11/07/2008, a manifestação de fl. 11, na qual alega erro na identificação do crédito compensado, informado como pagamento indevido ou a maior, quando o correto seria saldo negativo de CSLL. Assim requer seja desconsiderada a presente cobrança. A manifestação foi analisada pela Delegacia de Julgamento (Acórdão 09 33.170 1ª Turma da DRJ/JFA, efls. 34/36), que dispôs em voto que o que a manifestante sustenta é que cometeu um equívoco ao preencher o PER/DCOMP, pois indicou como crédito um DARF que não correspondia ao crédito que pleiteava e requer indevido direito de retificar a PERDCOMP via processo administrativo fiscal regulado pelo Decreto 70.235/72. Cientificada em 04/02/2011 (efl. 39), a Interessada interpôs recurso voluntário, protocolado em 28/02/2011 (efl. 40), em que repete os argumentos da manifestação de inconformidade. Voto Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Relator O recurso ao CARF é tempestivo, e portanto dele conheço. O contribuinte pretendeu, através de PERDCOMP, compensar débitos de sua responsabilidade com crédito proveniente de pagamento indicado como indevido referente a DARF, data de arrecadação 15/05/2003, no valor de R$ 656,90, período de apuração 31/02/2003. Com relação à possibilidade de que eventual pagamento indevido ou a maior que o devido a título de estimativa possa embasar pedido de restituição ou compensação, prudente considerar o disposto na Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Porém concordo com o entendimento da decisão de primeira instância que na essência entendeu ser incabível compensar os débitos informados em declaração de compensação com valores referentes a créditos diversos daquele indicado no documento de compensação, os quais simplesmente não integraram originalmente seu conteúdo. No caso presente o que se pretendeu foi modificar, após a apreciação do direito à compensação (despacho decisório) a natureza do crédito. Tratase de outro pedido, e a retificação nesta condição é vedada pela legislação. Se há algum outro recolhimento indevido, cabe destacar que depois de proferida a decisão administrativa não se admite a retificação da Fl. 47DF CARF MF Processo nº 10675.901464/200811 Acórdão n.º 1001001.026 S1C0T1 Fl. 47 3 declaração de compensação, conforme disposto no art. 77 da IN RFB n° 900, de 30/12/2008, in verbis: Art. 77. O pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso e a Declaração de Compensação somente poderão ser retificados pelo sujeito passivo caso se encontrem pendentes de decisão administrativa à data do envio do documento retificador e, observado o disposto nos arts. 78 e 79 no que se refere à Declaração de Compensação. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 48DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11050.000661/2002-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2002 a 30/09/2002
RESSARCIMENTO DE SALDO CREDOR DE IPI ACUMULADO NO TRIMESTRE. PROCEDÊNCIA.
É passível de ressarcimento o saldo credor de IPI apurado no trimestre com base em notas fiscais devidamente registradas, decorrente de aquisição de produtos empregados no processo produtivo.
GLOSA DE CRÉDITO DE IPI ACUMULADO NO TRIMESTRE. AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO SOBRE A MATÉRIA. PRECLUSÃO. ARTIGO 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972.
Na hipótese em que não há manifestação de inconformidade quanto aos valores apontados pela Fiscalização como não passíveis de crédito, opera-se a preclusão, tornando-se definitiva a matéria, por força do artigo 17 do Decreto nº 70.235/1972.
Numero da decisão: 3401-005.683
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer o crédito referente aos CFOP 1.12/2.12, no valor de R$ 891,85.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto da Silva Esteves (suplente convocado), Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Mara Cristina Sifuentes.
Nome do relator: CASSIO SCHAPPO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/07/2002 a 30/09/2002 RESSARCIMENTO DE SALDO CREDOR DE IPI ACUMULADO NO TRIMESTRE. PROCEDÊNCIA. É passível de ressarcimento o saldo credor de IPI apurado no trimestre com base em notas fiscais devidamente registradas, decorrente de aquisição de produtos empregados no processo produtivo. GLOSA DE CRÉDITO DE IPI ACUMULADO NO TRIMESTRE. AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO SOBRE A MATÉRIA. PRECLUSÃO. ARTIGO 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Na hipótese em que não há manifestação de inconformidade quanto aos valores apontados pela Fiscalização como não passíveis de crédito, opera-se a preclusão, tornando-se definitiva a matéria, por força do artigo 17 do Decreto nº 70.235/1972.
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PROCEDÊNCIA. É passível de ressarcimento o saldo credor de IPI apurado no trimestre com base em notas fiscais devidamente registradas, decorrente de aquisição de produtos empregados no processo produtivo. GLOSA DE CRÉDITO DE IPI ACUMULADO NO TRIMESTRE. AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO SOBRE A MATÉRIA. PRECLUSÃO. ARTIGO 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Na hipótese em que não há manifestação de inconformidade quanto aos valores apontados pela Fiscalização como não passíveis de crédito, operase a preclusão, tornandose definitiva a matéria, por força do artigo 17 do Decreto nº 70.235/1972. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer o crédito referente aos CFOP 1.12/2.12, no valor de R$ 891,85. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto da Silva Esteves (suplente convocado), Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 0. 00 06 61 /2 00 2- 36 Fl. 272DF CARF MF Processo nº 11050.000661/200236 Acórdão n.º 3401005.683 S3C4T1 Fl. 3 2 André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Mara Cristina Sifuentes. Relatório Tratam os autos de Pedido de Ressarcimento de IPI referente a saldo credor acumulado no 3º Trimestre de 2001, no valor de R$ 351.271,46 com base no art. 11 da Lei nº 9.779/1999 e IN SRF nº 33/99, em formulário papel, compensandoo com débito de IRPJ no valor de R$ 257.236,10 e CSLL no valor de R$ 94.035,36 do período de apuração 04/2002. A DRF Rio Grande, em cumprimento ao MPF nº 10.1.05.002005001752, realizou procedimento de verificação da legitimidade dos créditos de IPI pleiteados, com análise física dos livros e documentos fiscais, elaborando demonstrativo denominado >>>ANÁLISE DAS NOTAS FISCAIS DE ENTRADA APRESENTADAS<<< (efls.34 a 42); em ato contínuo emitiu Relatório de Verificação Fiscal – Ressarcimento do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, do Período de Apuração 3º Trimestre/2001 (efls.45 a 47), onde conclui ser legítimo o ressarcimento do saldo credor de IPI no valor de R$ 324.871,65. As efls.46 disponibilizou tabela da apuração do saldo dos créditos oriundos de aquisição de insumos, decorrente do encontro dos valores de créditos e débitos de IPI do período (3º Trimestre/2001): e ressalta que “tendo em vista que a Lei n° 9.779/99, em seu artigo 11, determina que apenas os créditos oriundos das aquisições de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem aplicados na industrialização (CFOP's 1.11, 2.11 e 3.11) poderão ser ressarcidos, utilizouse o seguinte critério, por ser mais benéfico ao contribuinte: nos decêndios em que havia débitos de IPI, primeiramente procurouse esgotar estes com o saldo dos demais créditos (que não os originários dos insumos utilizados na industrialização), e, restando ainda IPI a pagar, então foram utilizados os créditos oriundos dos insumos”. Importante esclarecer que consta do relatório de análise das notas fiscais de entrada, observações do fisco apontando o motivo das glosas de crédito de IPI, senão vejamos: Julho de 2001: Fl. 273DF CARF MF Processo nº 11050.000661/200236 Acórdão n.º 3401005.683 S3C4T1 Fl. 4 3 Agosto de 2001: Setembro de 2001: Com base nas informações fiscais extraídas dos relatórios apresentados, elaboramos planilha onde se tem presente exatamente os valores que não foram reconhecidos no pedido de ressarcimento de crédito acumulado de IPI no 3º Trimestre de 2001, no total de R$ 26.399,81 composto pelos seguintes itens: R$ 17.088,86 referente Notas Fiscais de aquisição de insumos registras e não apresentadas ao fisco; R$ 8.419,10 referente Nota Fiscal de entrada registrada em duplicidade; e R$ 891,55 referente crédito relativo a aquisições de produtos CFOP 1.12/2.12. Saídas CFOP 1.11/2.11 Crédito CFOP 1.12/2.12 Débito Crédito Valor R$ Nº NF Data Emissão Valor R$ Nº NF Data Emissão Valor R$ Valor R$ Valor R$ Valor R$ Ressarcível (1) (2) (3) (4)=(1‐2‐3) (5) (6) (7)=(6‐5) (8)=(4‐7) 1º Dec.‐Jul/2001 29.832,87 37.564 22‐06‐2001 1.838,59 ‐ 27.994,28 164,21 2.073,47 1.909,26 26.085,02 2º Dec.‐Jul/2001 55.505,09 378.327 16‐07‐2001 3.735,09 ‐ 51.770,00 634,26 5.713,06 5.078,80 46.691,20 3º Dec.‐Jul/2001 35.498,77 ‐ ‐ 35.498,77 350,96 26.428,33 26.077,37 9.421,40 1º Dec.‐ago/2001 43.905,08 605.981 31‐07‐2001 2.127,69 ‐ 41.777,39 951,78 3.114,56 2.162,78 39.614,61 2º Dec.‐ago/2001 44.792,12 25.843 02‐08‐2001 6.093,53 ‐ 38.698,59 2.665,42 1.773,57 891,85 38.698,59 3º Dec.‐ago/2001 70.440,80 386.589 29‐08‐2001 3.293,96 25.979 14‐08‐2001 8.419,10 58.727,74 820,00 4.398,53 3.578,53 55.149,21 1º Dec.‐Set/2001 19.113,45 ‐ ‐ 19.113,45 ‐ 1.682,78 1.682,78 17.430,67 2º Dec.‐Set/2001 55.165,41 ‐ ‐ 55.165,41 289,32 3.582,21 3.292,89 51.872,52 3º Dec.‐Set/2001 44.224,38 ‐ ‐ 44.224,38 ‐ 4.315,95 4.315,95 39.908,43 398.477,97 17.088,86 8.419,10 372.970,01 5.875,95 53.082,46 48.098,36 324.871,65 351.271,46 26.399,81 Apuração 3º Trim/2001 Crédito Pleiteado (1+5‐6) = Valor glosado (2+3+R$ 891,85) Período Entradas NF não Apresentada NF Duplicidade Discordando do Despacho emitido pela unidade de origem a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade (efls.99), requerendo a reforma do referido despacho, para que seja integralmente reconhecido o crédito pleiteado, visto estar comprovado tratarse de aquisições de insumos totalmente aplicados no processo produtivo; que o crédito não homologado referente “compra para comercialização”, por constar das Notas Fiscais de entrada o CFOP 1.12 ou 2.12, deve ser revertido porque todos os créditos levados a compensação pela Requerente referemse a aquisições de insumos efetivamente utilizados em seu processo fabril. Fl. 274DF CARF MF Processo nº 11050.000661/200236 Acórdão n.º 3401005.683 S3C4T1 Fl. 5 4 A 3ª Turma da DRJ/REC julgou improcedente a manifestação de inconformidade, não reconhecendo o Direito Creditório, com fundamentos sintetizados na ementa assim elaborada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI Período de apuração: 01/07/2001 a 30/09/2001 INSUMOS APLICADOS EM PRODUTOS IMUNES E NÃO TRIBUTADOS (NT). CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento do saldo credor do IPI, apurado em cada trimestrecalendário, como ressarcimento e/ou compensação, somente alcança os créditos decorrentes da aquisição de insumos empregados em produtos tributados, ainda que imunes pela destinação ao exterior, isentos ou tributados à alíquota zero, não contemplando os demais produtos imunes e não tributados (NT). Do Recurso Voluntário O sujeito passivo ingressou tempestivamente com recurso voluntário contra a decisão de primeiro grau (efls.180), repetindo as razões de sua Manifestação de Inconformidade e reforçando o fato de que todas as Notas Fiscais de entrada referemse a insumos empregados no processo de fabricação de produtos imunes. Contesta veementemente a decisão de piso, pois o Decreto nº 4.544/2002 reconheceu o direito ao creditamento de IPI relativo a produtos imunes, o que só pode estar em linha com o art. 11 da Lei nº 9.779/99. Dandose prosseguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Cássio Schappo O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. No presente processo a Recorrente pleiteia o ressarcimento de crédito acumulado de IPI, referente ao 3º Trimestre de 2001, no valor de R$ 351.271,46 compensando o com débito de IRPJ e CSLL do Período de Apuração 04/2002. O fisco reconheceu parcialmente o crédito pleiteado, no total de R$ 324.871,65 e compensou até esse limite os débitos arrolados, dando quitação ao débito de IRPJ R$ 257.236,10 e parte do débito de CSLL de R$ 67.635,55 permanecendo um saldo a pagar de CSLL no valor de R$ 26.399,81. Conforme relatado, o valor do crédito não reconhecido de R$ 26.399,81 reportase a três questões distintas: (i) o valor glosado de R$ 17.088,86 é referente a Notas Fiscais de aquisição de insumos registras nos livros fiscais que não foram apresentadas ao fisco; (ii) o valor glosado de R$ 8.419,10 é referente Nota Fiscal de entrada registrada em duplicidade em seus livros fiscais; (iii) e o valor glosado de R$ 891,55 é referente a crédito Fl. 275DF CARF MF Processo nº 11050.000661/200236 Acórdão n.º 3401005.683 S3C4T1 Fl. 6 5 relativo a aquisições de produtos classificados no CFOP 1.12/2.12 como sendo produtos para comercialização. Portanto, somente com relação ao item (iii) é que houve manifestação de inconformidade pela Requerente. Apenas sobre o valor dessa glosa foi apresentado defesa, com argumentos de que, embora tendo adquirido de empresas revendedoras equiparadas à indústria, todos esses produtos foram aplicados na industrialização como insumos, estando em perfeita sintonia com o estabelecido no art. 11 da Lei nº 9.779/99. “Verbis”: Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei n° 9.430, de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal SRF, do Ministério da Fazenda. O Fisco em sua análise interpretou esse dispositivo, art. 11 da Lei nº 9.779/99, como sendo o momento da entrada dos produtos no estabelecimento, quando da realização do registro das Notas Fiscais de aquisição com seus códigos destacados, que definem a destinação do produto, que determina se o crédito do imposto correspondente será passível de ressarcimento. Isso ficou evidente quando afirma que somente os créditos relacionados aos CFOP’s 1.11, 2,11 e 3,11 é que poderão ser ressarcidos. Salvo melhor juízo, entendo que o crédito passível de ressarcimento referente a aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, está vinculado a aplicação dos mesmos ao processo industrial da Recorrente. Embora se tratando de produtos que inicialmente foram registrados no CFOP 1.12 ou 2.12, mas que sua aplicação se deu como insumo no processo de industrialização, não há como deixar de se reconhecer o direito ao crédito conforme pleiteado pela Recorrente. A aplicação do insumo à industrialização é que determina se o crédito de IPI a ele relacionado poderá ser ressarcido para fins de compensação com outros tributos administrados pela SRFB e não somente pela indicação do CFOP no momento do registro de entrada do documento fiscal correspondente. É evidente que o CFOP 1.11, 2.11 ou 3.11 deixam explicitado que a finalidade desses produtos é o processo industrial, mas isso não quer dizer que produtos adquiridos com o CFOP 2.12 ou 2.12 não possam ter como finalidade o processo produtivo. A Recorrente desde o início vem afirmando que os produtos adquiridos com documento fiscal registrado no CFOP 1.12 ou 2.12 foram aplicados no processo industrial da empresa. O Fisco não desclassifica o crédito e reconhece para fins de compensação em conta gráfica, apenas afasta a possibilidade de requerer ressarcimento para fins de compensação. Nessa parte, com relação ao crédito no valor de R$ 891,85 assiste razão à Recorrente, por isso lhe dou provimento. Quanto aos demais itens relacionados a glosa do crédito pleiteado, não foi formalizado litígio, a interessada não opôs inconformidade, permaneceu silente na implantação do contencioso administrativo. Fl. 276DF CARF MF Processo nº 11050.000661/200236 Acórdão n.º 3401005.683 S3C4T1 Fl. 7 6 Pois bem, assim como no processo civil, vige no processo administrativo fiscal o princípio da eventualidade, que estabelece a necessidade de arguição de toda a matéria de defesa já no recurso inaugural, in casu, a Manifestação de Inconformidade. A inserção desse postulado se faz no art. 17 do Decreto nº 70.235/72: Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997). Nesse sentido, a preclusão consumativa configura a perda de uma faculdade (oportunidade) processual que, por consequência, não pode mais ser aproveitada em momento posterior àquele destinado ao seu exercício. Quanto à decisão de piso, vêse que a mesma fundase em premissa totalmente fora do contesto da lide. Versa sobre glosa de crédito relacionada a saída de produto classificada da TIPI como Não Tributado (NT). Não é essa a razão que fundamentou a manifestação fiscal sobre a glosa de crédito acumulado de IPI, passível de ressarcimento. Totalmente despiciendo comentála. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Fl. 277DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720188/2015-85
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Feb 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 24/01/2011
PRELIMINAR DE NULIDADE. PLURALIDADE DE SUJEITOS PASSIVOS.
Configurada a extinção formal da pessoa jurídica, devem ser chamados para responder pelo crédito tributário lançado, por força de vínculo de responsabilidade legalmente atribuído na ação fiscal, as pessoas físicas que eram detentoras de participação societária na holding extinta ou que atuaram como administradores da sociedade.
PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
Há de se rejeitar a preliminar de nulidade quando comprovado que a autoridade fiscal cumpriu todos os requisitos pertinentes à formalização do lançamento e à atribuição do vínculo de responsabilidade, tendo o sujeito passivo sido cientificado dos fatos e das provas documentais que motivaram a autuação e, no exercício pleno de sua defesa, manifestado contestação de forma ampla e irrestrita, que foi recebida e apreciada pela autoridade julgadora.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Data do fato gerador: 24/01/2011
IMPOSTO DE RENDA. GANHO DE CAPITAL. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE GANHO. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES
A tributação pelo Imposto de Renda sobre o ganho de Capital pressupõe a existência de ganho do contribuinte na alienação de um bem ou direito.
Não há ganho de capital quando não existiu alienação de qualquer bem ou direito em virtude de óbvia falta de preenchimento dos aspectos material e quantitativo da hipótese de incidência do tributo.
UTILIZAÇÃO DOS PAGAMENTOS DE GANHO DE CAPITAL PELOS FUNDOS DOS ACIONISTAS NA REDUÇÃO DO LANÇAMENTO DO GANHO NA PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE
Caracterizando-se a existência de uma única operação quando houve a venda por valor superior ao registrado anteriormente, o pagamento realizado pelos sócios em seus fundos devem ser aproveitados para fins de redução do lançamento do imposto devido pela mesma operação sob pena de enriquecimento ilícito do Estado.
GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE AÇÕES EM ESPÉCIE. TRIBUTAÇÃO.
Constatado que o negócio implementado (alienação de ações em espécie) , havia sido iniciado e conduzido pela pessoa jurídica, extinta às vésperas da conclusão da venda das ações, e não pelos Fundos de Investimento em Participações (FIP), fato que evidencia o cerne do planejamento tributário efetivado, se justifica o lançamento na pessoa jurídica por meio da responsabilização tributária dos demais sujeitos passivos implicados na ação fiscal.
ARBITRAMENTO DO LUCRO. PERÍODO DE APURAÇÃO. PESSOA JURÍDICA EXTINTA.
O imposto será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; o período de apuração a ser considerado no lançamento é aquele compreendido entre o início do exercício e a data da extinção de fato da pessoa jurídica.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 24/01/2011
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. INAPLICABILIDADE.
Constatado que na conduta dos autuados não existe a condição prevista nos art.71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964, incabível a duplicação do percentual da multa de que trata o inciso I do art.44 da Lei nº 9.430/96 (com a nova redação do artigo dada pela Medida Provisória nº 351, de 22/01/2007, convertida na Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007).
RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA. LEGITIMIDADE.
As pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador são solidariamente responsáveis pelo crédito tributário apurado.
São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, os diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurídica de direito privado.
VEDAÇÃO AO CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. MULTA. SÚMULA. CARF.
Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. LEGITIMIDADE. SÚMULA CARF Nº 108.
Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquuidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Data do fato gerador: 24/01/2011
LANÇAMENTO REFLEXO. MESMOS EVENTOS. DECORRÊNCIA.
A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fatos geradores de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido em relação ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ aplica-se à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL.
Numero da decisão: 1401-003.037
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos: i) afastar as arguições de nulidade, de decadência, de vedação ao confisco e de juros sobre a multa de ofício; ii) negar provimento ao recurso de ofício, reconhecendo a compensação da integralidade dos valores pagos a título de ganho de capital pelos fundos de investimento; iii) afastar a aplicação da multa qualificada. Acordam, ainda, por voto de qualidade: i) negar provimento ao recurso voluntário quanto ao mérito da autuação; ii) manter a responsabilidade solidária de todos os apontados no Auto de Infração, vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. Por maioria de votos, dar provimento ao recurso no que diz respeito ao ganho de capital decorrente da incorporação de ações, devendo essa parcela da autuação ser cancelada, vencidos os Conselheiros Cláudio de Andrade Camerano, Sérgio Abelson e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Cláudio de Andrade Camerano.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalvez - Presidente.
(assinado digitalmente)
Letícia Domingues Costa Braga - Relator.
(assinado digitalmente)
Cláudio de Andrade Camerano - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Sérgio Abelson (Suplente convocado).
Nome do relator: LETICIA DOMINGUES COSTA BRAGA
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conteudo_txt : Metadados => date: 2019-01-31T14:38:09Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; Last-Modified: 2019-01-31T14:38:09Z; dcterms:modified: 2019-01-31T14:38:09Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; Last-Save-Date: 2019-01-31T14:38:09Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-01-31T14:38:09Z; meta:save-date: 2019-01-31T14:38:09Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-01-31T14:38:09Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 89; pdf:charsPerPage: 2024; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 5.281 1 5.280 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16561.720188/201585 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1401003.037 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 20 de novembro de 2018 Matéria GANHO DE CAPITAL Recorrentes ANNA MARIA CAPELLA MANTEGAZZA (POR RESPONSABILIDADE) E OUTROS RESPONSÁVEIS TRIBUTÁRIOS FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/01/2011 PRELIMINAR DE NULIDADE. PLURALIDADE DE SUJEITOS PASSIVOS. Configurada a extinção formal da pessoa jurídica, devem ser chamados para responder pelo crédito tributário lançado, por força de vínculo de responsabilidade legalmente atribuído na ação fiscal, as pessoas físicas que eram detentoras de participação societária na holding extinta ou que atuaram como administradores da sociedade. PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Há de se rejeitar a preliminar de nulidade quando comprovado que a autoridade fiscal cumpriu todos os requisitos pertinentes à formalização do lançamento e à atribuição do vínculo de responsabilidade, tendo o sujeito passivo sido cientificado dos fatos e das provas documentais que motivaram a autuação e, no exercício pleno de sua defesa, manifestado contestação de forma ampla e irrestrita, que foi recebida e apreciada pela autoridade julgadora. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 24/01/2011 IMPOSTO DE RENDA. GANHO DE CAPITAL. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE GANHO. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES A tributação pelo Imposto de Renda sobre o ganho de Capital pressupõe a existência de ganho do contribuinte na alienação de um bem ou direito. Não há ganho de capital quando não existiu alienação de qualquer bem ou direito em virtude de óbvia falta de preenchimento dos aspectos material e quantitativo da hipótese de incidência do tributo. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 01 88 /2 01 5- 85 Fl. 5281DF CARF MF 2 UTILIZAÇÃO DOS PAGAMENTOS DE GANHO DE CAPITAL PELOS FUNDOS DOS ACIONISTAS NA REDUÇÃO DO LANÇAMENTO DO GANHO NA PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE Caracterizandose a existência de uma única operação quando houve a venda por valor superior ao registrado anteriormente, o pagamento realizado pelos sócios em seus fundos devem ser aproveitados para fins de redução do lançamento do imposto devido pela mesma operação sob pena de enriquecimento ilícito do Estado. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE AÇÕES EM ESPÉCIE. TRIBUTAÇÃO. Constatado que o negócio implementado (alienação de ações em espécie) , havia sido iniciado e conduzido pela pessoa jurídica, extinta às vésperas da conclusão da venda das ações, e não pelos Fundos de Investimento em Participações (FIP), fato que evidencia o cerne do planejamento tributário efetivado, se justifica o lançamento na pessoa jurídica por meio da responsabilização tributária dos demais sujeitos passivos implicados na ação fiscal. ARBITRAMENTO DO LUCRO. PERÍODO DE APURAÇÃO. PESSOA JURÍDICA EXTINTA. O imposto será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; o período de apuração a ser considerado no lançamento é aquele compreendido entre o início do exercício e a data da extinção de fato da pessoa jurídica. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 24/01/2011 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. INAPLICABILIDADE. Constatado que na conduta dos autuados não existe a condição prevista nos art.71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964, incabível a duplicação do percentual da multa de que trata o inciso I do art.44 da Lei nº 9.430/96 (com a nova redação do artigo dada pela Medida Provisória nº 351, de 22/01/2007, convertida na Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007). RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA. LEGITIMIDADE. As pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador são solidariamente responsáveis pelo crédito tributário apurado. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, os diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurídica de direito privado. VEDAÇÃO AO CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. MULTA. SÚMULA. CARF. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. LEGITIMIDADE. SÚMULA CARF Nº 108. Fl. 5282DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.282 3 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquuidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 24/01/2011 LANÇAMENTO REFLEXO. MESMOS EVENTOS. DECORRÊNCIA. A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fatos geradores de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido em relação ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ aplicase à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos: i) afastar as arguições de nulidade, de decadência, de vedação ao confisco e de juros sobre a multa de ofício; ii) negar provimento ao recurso de ofício, reconhecendo a compensação da integralidade dos valores pagos a título de ganho de capital pelos fundos de investimento; iii) afastar a aplicação da multa qualificada. Acordam, ainda, por voto de qualidade: i) negar provimento ao recurso voluntário quanto ao mérito da autuação; ii) manter a responsabilidade solidária de todos os apontados no Auto de Infração, vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. Por maioria de votos, dar provimento ao recurso no que diz respeito ao ganho de capital decorrente da incorporação de ações, devendo essa parcela da autuação ser cancelada, vencidos os Conselheiros Cláudio de Andrade Camerano, Sérgio Abelson e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Cláudio de Andrade Camerano. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalvez Presidente. (assinado digitalmente) Letícia Domingues Costa Braga Relator. (assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Sérgio Abelson (Suplente convocado). Relatório Fl. 5283DF CARF MF 4 Cuidam os autos de processo administrativo lavrado para a cobrança de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), relativos ao suposto fato gerador de 24/01/2011, cumulado com juros de mora e multa de ofício qualificada, no valor de R$ 2.365.261.067,92, conforme abaixo descrito: IRPJ CSLL PRINCIPAL 583.200.084,23 209.952.750,32 MULTA 281.160.760,61 101.218.220,93 JUROS 874.800.126,35 314.929.125,48 TOTAL 1.739.160.971,19 626.100.096,73 Sirvome do relato do acórdão recorrido para complementar o relatório. Saliento que as informações ali contidas foram retiradas do TVF, conforme abaixo: 1 INTRODUÇÃO A autoridade fiscal discorreu sobre os procedimentos formais que nortearam a presente ação fiscal, tendo como objeto as verificações fiscais relativas à alienação das ações da MANTECORP INDÚSTRIA QUÍMICA FARMACÊUTICA S.A, CNPJ nº 33.060.740/000172 (Mantecorp IQ) à HYPERMARCAS S.A, CNPJ nº 02.932.074/000191. A holding MANTECORP PARTICIPAÇÕES S.A, (denominação social anterior Mantefarma Participações S.A.), constituída em 2002, controladora da MANTECORP INDÚSTRIA QUÍMICA FARMACÊUTICA S.A (Mantecorp IQ), a qual tinha os membros da Família Mantegazza (pais e filhos) como acionistas, foi extinta conforme Assembleia Geral Extraordinária realizada em 06/12/2010. Logo em seguida, as ações da Mantecorp IQ foram transferidas para as pessoas físicas daquela família e, subsequentemente, para Fundos de Investimentos em Ações FIP. Ato contínuo, as ações foram alienadas à Hypermarcas S.A, sendo parte em dinheiro e parte por meio de incorporação de ações. Conforme exposto no TVF, a extinção da holding, embora realizada com aparência de legalidade, foi feita com o único propósito de fugir da tributação do IRPJ e CSLL que incidiria sobre o ganho de capital que seria por ela obtido. De acordo com o referido termo, esse procedimento caracterizou infração à lei, atraindo para os sócios os efeitos da responsabilidade pelo pagamento daqueles tributos que deixaram de recair sobre a holding. 2 – A REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA COMO UM CONJUNTO DE ATOS PREPARATÓRIOS PARA FUGIR DA TRIBUTAÇÃO DO IRPJ E CSLL. A fiscalização, por meio de apresentação de diagramas, identificou a estrutura organizacional do Grupo Mantecorp representada originalmente pela interposição de holdings entre pessoas físicas e jurídicas e as empresas operacionais, Mantecorp Indústria Química Farmacêutica S.A., Mantecorp Logística, Distribuição e Comércio S.A e Brainfarma Indústria Quimica e Farmacêutica S.A, finalizando com a transferência das ações da Mantecorp Indústria Química Farmacêutica S.A. para os fundos de investimentos em participações FIP. Fl. 5284DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.283 5 3 O CONTRATO DE VENDA E COMPRA DE AÇÕES, INCORPORAÇÃO DE AÇÕES E OUTRAS AVENÇAS ENTRE HYPERMARCAS E OS FUNDOS DE INVESTIMENTOS. Em 18 de dezembro de 2010, foi assinado o Contrato de Venda e Compra de Ações, Incorporação de Ações e Outras Avenças, por meio do qual os fundos de investimento transfeririam à Hypermarcas, na Data de Fechamento, a totalidade das ações da Mantecorp IQ. É importante frisar que a aquisição das Ações Alienadas e a Incorporação de Ações previstas no contrato deveriam acontecer até 31 de janeiro de 2011, conforme cláusula IV, sendo que a data em que fossem implementadas essas operações seria a Data do Fechamento. E isto ocorreu em 24 de janeiro de 2011, após a realização da Assembleia Geral Extraordinária pela Hypermarcas S.A., por meio da qual foram ratificadas aquelas operações. Os valores envolvidos na operação foram consolidados nos quadros abaixo: 4 – A FALTA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. A holding Mantecorp Participações S.A. foi extinta tendo como única justificativa, conforme AGE realizada em 06/12/2010, a ausência de interesse dos acionistas na manutenção da mesma. Intimados, os acionistas afirmaram que a interposição de inúmeras holdings não se justificava e que, portanto, a estrutura societária seria simplificada, de tal modo que as empresas operacionais ficassem sob controle direto de Fundos de Investimentos em AçõesFIP, e estes, por sua vez, seriam detidos individualmente por cada membro familiar. E finaliza: tal Fl. 5285DF CARF MF 6 estrutura permitia uma melhor governança corporativa, e o controle político e econômico do grupo permaneceria centralizado. Como pode ser observado, tratase de uma justificativa totalmente diferente daquilo que verdadeiramente ocorreu. Vejamos: Extinguiuse a holding que controlava a empresa operacional e suas controladas, fazendo as ações da operacional ficarem sob controle direto dos acionistas pessoas físicas, Dez dias depois, os acionistas pessoas físicas transferiram suas ações para os Fundos de Investimentos em Ações, Dois dias depois, os Fundos de Investimentos, agora sob controle direto e individual daquelas pessoas físicas, alienam suas ações da Mantecorp iQ à Hypermarcas S.A., sendo parte em dinheiro e parte por meio de incorporação de ações e, Na mesma data, em 18/12/2010, as ações da Hypermarcas, recebidas por meio da incorporação de ações foram alienadas ao Credit Suisse por quatro dos cinco fundos mencionados. Um dos pilares da Governança Corporativa é a preservação e otimização do valor da organização, facilitando acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade. Nada disso aconteceu, pelo contrário. De tudo o que foi citado e realizado pelos acionistas pessoas físicas, integrantes da Família Mantegazza, só uma coisa foi verdadeira: a simplificação da estrutura societária. No entanto, a simplificação mencionada visava o único objetivo de pagar muito menos tributos do que realmente seriam devidos. Embora formalmente válida, a extinção da holding Mantecorp Participações S.A. não se mostrou um negócio jurídico oponível ao Fisco, não repercutindo, portanto, na esfera tributária. Na verdade, a extinção da holding, em 06/12/2010, se mostrou totalmente fora do contexto, com o único objetivo de transferir a tributação do ganho de capital para os Fundos de Investimentos, razão pela qual a extinção, naquela data, foi desconsiderada tributariamente pela Fiscalização. 4.1 – Justificativas Complementares fornecidas pela Responsável Tributária. Em complemento à resposta ao Termo de Intimação recebido pela responsável tributária e demais solidários, em 14/10/2015, a Sra. Anna protocolou, em 01/12/2015, informações adicionais àquelas fornecidas anteriormente. Percebese que a estrutura preferida pela família sempre foi a manutenção de holdings interpostas entre as pessoas físicas e as empresas operacionais. Mais adiante, afirma que em 2006, devido à saúde debilitada do Sr. Gian, iniciou um processo de reestruturação societária, culminando, em 06/12/2010, com a estrutura já demonstrada. Repentinamente, e tendo como motivo o agravamento da doença do patriarca, Sr. Gian, concluise que a interposição de inúmeras holdings não mais se justificava. Ressalte se que a Família Mantegazza chegou a essa conclusão somente alguns dias antes de alienar a Mantecorp IQ. Fl. 5286DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.284 7 Tantos e tantos anos com uma determinada estrutura societária e, de repente, tão logo se decide pela alienação da empresa operacional, suas ações são transferidas para o controle direto das pessoas físicas e, em sequência, para fundos de investimentos. Não há como admitir que o propósito não foi única e exclusivamente tributário. Frisese que não se discute aqui a veracidade da doença do Sr. Gian, mas sim colocála como único motivador da reorganização societária levada a cabo pela Família Mantegazza. Considerando que o lapso temporal entre a extinção da holding e a integralização nos FIPs foi de apenas 10 dias e, as abordagens e propostas ocorreram durante vários meses (conforme informação prestada pela responsável tributária), é de se concluir por essa citação que, enquanto não se concretizasse o negócio, a estrutura continuaria da mesma maneira, ou seja, com a interposição de holdings. Vale lembrar, também, que as ações da Mantecorp IQ ficaram sob controle direto das pessoas físicas integrantes da Família Mantegazza por apenas 10 dias e depois foram transferidas para os Fundos. Não se pode admitir que quando foi iniciada a negociação dessa envergadura (R$2,5 bilhões), as ações da Mantecorp IQ já constavam da carteira dos Fundos de Investimentos. A fiscalização fez referência ao item VI da subcláusula 5.1 do Contrato de Venda e Compra de Ações, Incorporação de Ações e Outras Avenças, tendo constatado que o negócio já estava em andamento pelo menos em 30 de setembro de 2010. Soa estranho o fato do contrato ter sido assinado em data posterior (18/12/2010) e indicar uma providência que deveria ser tomada a partir de uma data passada, ou seja, em 30/09/2010. É de se concluir que durante a negociação, a Mantecorp IQ ainda estava sob o controle direto da holding Mantecorp Participações S.A. A sua extinção, em 06/12/2010, se deu única e exclusivamente por motivação tributária, isto é, fugir da tributação do IRPJ e CSLL. 5 – O GANHO DE CAPITAL E SUA TRIBUTAÇÃO. A apuração do ganho de capital foi assim demonstrada: Fl. 5287DF CARF MF 8 6 – SOBRE A CONSTITUIÇÃO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTOS EM PARTICIPAÇÕES. Após fazer o destaque de legislação específica, ressaltou a autoridade fiscal que a principal característica de um Fundo de Investimento em AçõesFIP é a participação do processo decisório da companhia investida, influindo na definição da sua política estratégica e gestão. Os integrantes da Família Mantegazza passaram ao largo de tal característica, haja vista que, dois dias depois da aquisição das ações da Mantecorp IQ pelos Fundos, eles as alienaram para a Hypermarcas S.A, sendo parte em dinheiro e parte por meio de incorporação de ações, recebendo por este ato societário, ações daquela como pagamento. Os cinco Fundos tinham prazo de duração determinado, sendo que deveriam ter sido liquidados em 24 de fevereiro de 2060. No entanto, quatro deles foram cancelados em 22/09/2011, conforme consulta ao site da Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Apenas o Fundo de Investimento em Participações Votorantim Agem CNPJ: 10.941.817/000118 se mantém ativo, porém, a exemplo dos demais, ele também alienou as ações da Mantecorp IQ para a Hypermarcas dois dias depois da aquisição daquelas. Tudo isto indica claramente que não havia nenhuma intenção de colocar as ações da Mantecorp IQ nos Fundos, como forma de uma estrutura que permitisse uma melhor Fl. 5288DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.285 9 governança corporativa e um controle político e econômico centralizado, pois tão logo foram alienadas. Em síntese, os Fundos foram parte integrante do planejamento abusivo para fugir da tributação do IRPJ e da CSLL que seria devido pela Mantecorp Participações S.A. Inquiridos sobre se houve recolhimento do imposto de renda sobre os rendimentos obtidos pelos Fundos e do que se tratava tais rendimentos, os membros da Família Mantegazza responderam positivamente por meio dos seus respectivos procuradores, que os recolhimentos do IRFON foram efetuados por Fundos de Investimentos em Cotas de Fundos de Investimentos – FIC, os quais detinham as cotas dos Fundos de Investimentos em Participações – FIP. É importante mencionar que o IRFON recolhido pela gestora dos fundos, à alíquota de 15%, referiuse ao chamado “comecotas”. Portanto, tratase de responsável e fato gerador diferentes. Por essa razão vale lembrar o artigo 68 da IN RFB 1.300/12: é vedada a compensação de débitos do sujeito passivo, relativos a tributo administrado pela RFB, com créditos de terceiros. 7 A CARACTERIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ABUSIVO. Por meio de um planejamento tributário abusivo, as ações da Mantecorp IQ, que estavam sob controle direto da holding Mantecorp Participações S.A, passaram para as pessoas físicas e, ato contínuo, foram transferidas para os Fundos de Investimentos em Participações FIP e assim, não foram pagos os tributos sobre o ganho de capital na alienação das ações da Mantecorp IQ para a Hypermarcas. Ocorreu à luz do artigo 167 do Código Civil, uma operação simulada (alienação das ações da Mantecorp IQ pelos Fundos de Investimentos) e uma dissimulada (alienação das ações da Mantecorp IQ pela Mantecorp Participações S.A.). O procedimento dos acionistas pessoas físicas, integrantes da Família Mantegazza, enquadrase no disposto no § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que remete, dentre outros, ao art. 72 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. Também houve enquadramento no Inciso I do artigo 2º, da Lei 8.137/90. 8 – CONCLUSÃO. Os proprietários do Grupo Mantecorp, ao perpetrarem uma reorganização societária, tiveram como único objetivo fugir da tributação na pessoa jurídica MANTECORP PARTICIPAÇÕES S.A. pela alienação das ações da sua controlada MANTECORP INDÚSTRIA QUÍMICA FARMACÊUTICA S.A. à Hypermarcas S.A. Basicamente, num curto lapso temporal de 12 dias, extinguiuse a controladora (holding) da empresa operacional, passouse o controle para as pessoas físicas, transferiuse as ações para fundos de investimentos e assinouse o contrato de alienação, redundando em uma carga tributária bem menor do que realmente deveria ser. Fl. 5289DF CARF MF 10 Na verdade, a real alienante foi a holding controladora MANTECORP PARTICIPAÇÕES S.A, a qual deveria ter contabilizado e declarado o ganho de capital e os consequentes tributos IRPJ e CSLL, resultantes da alienação da Mantecorp IQ à Hypermarcas S.A. Tendo em vista que a MANTECORP PARTICIPAÇÕES S.A. foi extinta, as pessoas à época investidas do cargo de diretor respondem por infração à lei com fundamento no disposto no artigo 135, inciso III do Código Tributário Nacional. São eles: E, por terem interesse comum na situação que constitua o fato gerador, com fundamento no artigo 124, I, do mesmo Código, todos os acionistas. São eles: Os lançamentos do IRPJ e da CSLL foram efetuados em face dos acionistas pessoas físicas, uma vez que foram os responsáveis diretos pela falta de recolhimento desses tributos que deveriam ter incidido sobre o ganho de capital na alienação das ações da Mantecorp IQ. Considerando que a operação de alienação das ações da Mantecorp IQ, por venda e por incorporação, se concretizou em 24/01/2011, sem que houvesse escrituração contábil e fiscal e apresentação da Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ, pela Mantecorp Participações S.A, devido à sua extinção formal, em 06/12/2010, o lançamento do IRPJ e da CSLL será feito com base na sistemática de apuração do lucro arbitrado (artigo 530 do RIR/99), onde o ganho de capital é considerado uma adição à base de cálculo (art. 536 do RIR/99). A apuração do ganho de capital seguiu a determinação do artigo 4º, § 2º, da Instrução Normativa SRF nº 93, de 23/12/1997, a qual foi revogada pelo artigo 188 da IN RFB nº 1.515, de 24.11.2014. O mandamento continua o mesmo, porém, agora retratado no artigo 5º, § 9º dessa nova IN. Igual definição se encontra no art. 426 do RIR/99. Conforme demonstrado anteriormente, o ganho de capital apurado por esta Fiscalização foi de R$ 2.332.808.336,93, resultando nos seguintes autos de infração: Fl. 5290DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.286 11 Em face do disposto na Portaria RFB nº 2.439, de 21 de dezembro de 2010, com as alterações da Portaria RFB nº 3.182, de 29/07/2011, foi formalizada a representação fiscal para fins penais, processo nº 16561.720.189/201520. DOCUMENTAÇÃO DE CIÊNCIA DO LANÇAMENTO FLS. 1860/1892. A ciência do lançamento e da responsabilização solidária foi dada por meio do termo competente (fls. 1860/1882), por via postal, conforme se segue: DEMAIS DOCUMENTOS FLS. 02/1813. Os demais documentos que embasaram o trabalho fiscal constam das fls. 02/1813. IMPUGNAÇÃO GIAN ENRICO MANTEGAZZA E ANNA MARIA CAPELLA MANTEGAZZA FLS. 1905/2281. Gian Enrico Mantegazza e Anna Maria Capella Mantegazza, por meio de seus representantes legais, apresentaram a impugnação em 22/01/2016, cujo conteúdo, foi explicitado nos seguintes itens: 1. DOS FATOS. 1.1. DA AUTUAÇÃO FISCAL. Foi apresentado um resumo dos elementos que caracterizaram o lançamento e a responsabilização solidária, tendo os impugnantes destacado que, a despeito dos argumentos elencados, não se pode ignorar que o presente auto foi lavrado às pressas, com aplicação de multa qualificada, sem qualquer fundamento para tanto. Em análise ao trabalho do r. agente fiscal, resta evidente que o presente lançamento deve ser considerado, de plano, nulo em decorrência de inúmeras falhas, que incidiram desde a origem do procedimento de fiscalização até a própria quantificação do crédito ora exigido. 1.2. DO HISTÓRICO DA REORGANIZAÇÃO DO GRUPO MANTECORP. Fl. 5291DF CARF MF 12 O Grupo Mantecorp tem como origem a formação de uma joint venture com a empresa norteamericana ScheringPlough, em 1989, por meio da constituição da Indústria Química e Farmacêutica ScheringPlough Ltda. (“I.Q.F. ScheringPlough Ltda”). Após longo período, a parceria se desfez diante da intenção da multinacional ScheringPlough de atuar de modo independente no Brasil e do Sr. Mantegazza de criar uma empresa farmacêutica independente. Deste modo, a Mantecorp Participações S.A. passou a ser a holding das sociedades operacionais do Grupo, detida pelos Impugnantes e por terceiros investidores estrangeiros, por meio da empresa Tendai Investments Limited (“Tendai”). Em 2006, o Impugnante, Sr. Gian Enrico, iniciou um processo patológico e tinha conhecimento de que a evolução do mesmo poderia eventualmente restringilo de suas atividades habituais. Assim, realizouse a primeira reestruturação societária relevante das empresas do Grupo, por meio da qual os Impugnantes realizaram, em março de 2007, o aporte de parte do capital na empresa Ad Maiora Participações S.A. (“Ad Maiora”) mediante integralização sua participação direta na Mantecorp Participações S.A, com a posterior doação das ações da Ad Maiora aos herdeiros, em março e maio de 2007. Destacase, ainda, que as ações da Ad Maiora objeto da doação foram gravadas com usufruto vitalício em benefício dos Impugnantes genitores. Após isso, e com o intuito de concentrar a totalidade da participação acionária nas mãos da família, os Impugnantes adquiriram, em dezembro de 2009 as ações detidas pela Tendai por meio da sociedade Binimar Participações S.A. (“Binimar”), passando a deter 36% da Mantecorp Participações S.A. Em razão do agravamento da doença do Impugnante patriarca e da aquisição da participação societária da Tendai, tornouse necessária a criação de uma nova estrutura, de modo que atendesse fundamentalmente aos interesses familiares quanto à forma de sucessão almejada. Nesse contexto, restou definido que (i) o controle político e econômico do Grupo continuaria centralizado nos Impugnantes evitandose, assim, a diluição do patrimônio por meio de qualquer tipo de negociação capaz, inclusive, de gerar liquidez imediata para os filhos que pudesse vir a ser considerada excessiva pelos pais e (ii) seria mantida e aperfeiçoada a divisão de bens entre os herdeiros, iniciada com a constituição da Ad Maiora, de forma mais coerente possível com as iniciativas anteriores em termos sucessórios. Dessa forma, os Impugnantes resolveram adotar uma estrutura mais racional e eficiente para o Grupo Mantecorp, que se concretizou por meio dos seguintes passos: A) Transformação do tipo societário da Mantecorp IQ de sociedade limitada para sociedade por ações (“S/A”) e aumento de capital da Mantecorp IQ por meio da conferência de ações de emissão da Logística e cotas emitidas pela Brainfarma; B) Incorporação da Ad Maiora, Binimar e Italfarma pela Mantecorp Participações; C) Dissolução da Mantecorp Participações S.A com a devolução de capital às pessoas físicas; e Fl. 5292DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.287 13 D) Transferência das participações detidas pelas pessoas físicas na Mantecorp IQ aos Fundos de Investimento em Participações (“FIPs”), que passaram a ser detidos por Fundos de Investimento de Cotas de Fundos de Investimento (“FICs”). Outro fator relevante é que em diversas oportunidades, incluindo o período em que o processo de reorganização societária do Grupo Mantecorp esteve em curso, a Família recebeu abordagens e propostas de compra da Mantecorp IQ, mas nenhuma se concretizou antes da transferência das ações para os FIPs. Na constituição dos Fundos de Investimento, as pessoas físicas cederam e transferiram a totalidade das ações que detinham na IQ por meio de contratos de compra e venda. Nesse contexto é importante frisar que, por se tratar de negociação de títulos mobiliários de companhia fechada, o valor de mercado utilizado como referência para a constituição dos Fundos partiu da operação de compra e venda ocorrida um ano antes (2009), entre partes não relacionadas, qual seja, a compra pela Binimar das ações da Mantecorp Participações detidas pela Tendai. Essa era a única referência de mercado que possuíam à época, pois na data da constituição dos Fundos não se tinha certeza que as ações da IQ seriam alienadas. Diante do cenário de uma possível venda, os Impugnantes optaram, por conservadorismo, em constituir os Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento (“FICs”) sob a forma de condomínio aberto; procedendo dessa forma, eventual ganho na alienação das ações da Mantecorp IQ inevitavelmente se sujeitaria ao imposto sobre a renda na fonte pelo sistema de “comecotas” (art. 3º da Lei nº 10.892/04, e art. 1º, § 2º, I, da Lei nº 11.033/04). Nesses termos, os investimentos detidos pelos Impugnantes foram objetos de negociação, em 18 de dezembro de 2010, sendo que o fechamento do negócio apenas se concretizou após a realização de Assembleia Geral Extraordinária, em 24 de janeiro de 2011. Os Fundos detidos pelos herdeiros fizeram a venda direta de parte de suas ações na IQ para a Hypermarcas em espécie; e as ações remanescentes foram transacionadas via incorporação de ações pela Hypermarcas, com posterior alienação ao Banco Credit Suisse. Os valores resultantes da referida operação ainda se encontram, em grande parte, detidos pelos Fundos dos herdeiros, cujo usufruto das cotas pertence aos Impugnantes genitores. Já o FIP detido pelos Impugnantes genitores não realizou a venda das ações transacionadas junto à Hypermarcas recebidas do Credit Suisse, mantendoas em carteira até hoje, ante a intenção dos Impugnantes de continuar atuando na economia real. Ademais, o ganho decorrente da valorização das cotas ensejou à incidência do IRRF à alíquota de 15% nos meses de maio e novembro de 2011, tendo em vista o sistema de “comecotas”, fato comprovado durante a fiscalização e reconhecido no Termo de Verificação Fiscal, resultando no recolhimento de aproximadamente R$284 milhões. Verificase, portanto, que a reorganização ocorrida teve como objetivo solucionar questões sucessórias, societárias e de governança, que se desdobra em ao menos duas frentes distintas: administração e gestão profissional do patrimônio, característica inerente aos fundos de investimento, e rígido controle do fluxo financeiro gerado pelo “sistema” estruturado. 2. DO DIREITO. Fl. 5293DF CARF MF 14 2.1 DAS NULIDADES DO AUTO DE INFRAÇÃO. Inicialmente, antes de passar ao mérito da questão, fazse necessário demonstrar a esses i. julgadores que os lançamentos combatidos devem ser considerados, de plano, nulos em decorrência (i) de possuir vícios de motivação, evidenciados pela má condução do procedimento de fiscalização; (ii) violação do dever legal de comunicação dos atos administrativos; (iii) de ter sido utilizado o Relatório Fiscal do Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal de Fiscalização (TDPFF) nº 08.1.85.002011002980 como prova emprestada sem o oferecimento do contraditório devido; (iv) de tal Relatório Fiscal possuir falhas em sua elaboração que viciam o lançamento tributário. 2.2.1 DA NULIDADE MATERIAL POR VÍCIO DE MOTIVAÇÃO. A conduta do agente fiscal leva à conclusão, ventilada verbalmente durante o procedimento de fiscalização pelo próprio agente, de que sua intenção foi a de buscar compensação do “prejuízo ao fisco” gerado pela dedutibilidade da amortização fiscal do ágio contabilizado pela Hypermarcas, que teria o potencial de reduzir a sua base tributável em 34%, posteriormente à incorporação da empresa adquirida. Ora, quer nos parecer que, na opinião da fiscalização, para que ocorra a dedutibilidade do ágio de um lado é necessário que haja um ganho tributável LINEARMENTE PROPORCIONAL de outro. Afinal, se desprovido de robusta análise e elementos comprobatórios que fundamentem efetivamente e demonstrem inequivocamente a simulação perpetrada pelos Impugnantes, o presente auto de infração resta maculado de nulidade insanável, pois deveria ser instruído com todos os elementos que demonstrassem claramente as motivações fiscais, cabendolhe integralmente o ônus probatório, o que, de fato, não ocorreu. Assim sendo, concluise que padece de absoluta invalidade o auto ora impugnado, visto que o levantamento fiscal está consubstanciado em meras presunções que não se encontram sob a guarida da legalidade, sendo absolutamente insuficientes para sua sustentação. 2.2.2 DA VIOLAÇÃO DO DEVER DE COMUNICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. A ação fiscal tem como fulcro principal coletar informações e documentos capazes de instruir o processo administrativo, fazendose necessário que o contribuinte seja formalmente instado, por meio de Termos de Ciência e Intimação. Uma vez que tais ações não são realizadas, como poderia o Fisco lavrar qualquer Auto de Infração? Com base apenas em conversas? Diante das comunicações informais, a fiscalização acabou por induzir determinadas respostas visando apenas confirmar uma posição préconcebida dos fatos. Desta forma, não foi assegurado o contraditório aos Impugnantes para que pudessem se manifestar de forma clara e esclarecedora sobre os fatos indagados. O fiscal, de posse de prova emprestada do procedimento realizado relativamente à Hypermarcas, sobre a qual os Impugnantes não tinham ciência no momento em que foram questionados informalmente, já tinha seu convencimento firmado ao inquirilos. Consequentemente, os mesmos não tiveram condições de responder ao d. fiscal de maneira completa e eficaz para esclarecer perfeitamente os fatos questionados. Fl. 5294DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.288 15 Tratase, portanto, de flagrante afronta à ampla defesa, causando danos aos Impugnantes, pois tiveram cerceado seu direito de defesa assegurado pela Constituição Federal. 2.2.3 DA PROVA EMPRESTADA. O d. fiscal baseou a presente autuação em documentos originários do Mandado de Procedimento Fiscal nº 08.1.85.002011002980, no qual não figuram os Impugnantes como partes, juntandoos ao presente feito como prova emprestada. A prova emprestada adveio de procedimento administrativo que não contou com a participação dos Impugnantes, os quais não tiveram oportunidade de prestar seus esclarecimentos quanto aos fatos imputados. Ao utilizarse de tais provas, os Impugnantes restaram prejudicados quanto ao entendimento dos meios de produção de tais documentos utilizados, bem como não estão a par do contexto em que tais provas estavam inseridas, ou para quais finalidades foram utilizadas. Patente infração ao contraditório e ampla defesa! 2.3. DA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA POR INFRAÇÃO DA SRA. ANNA MARIA. Conforme se verifica do presente Auto de Infração, a imputação de responsabilidade pessoal à Sra. Anna Maria pela d. fiscalização, fora embasada nos ditames do artigo 135, III do Código Tributário Nacional. De fato, a matriarca da família, ocupante de cargo de diretoria, possuía, à época, poderes de administração e de tomada de decisões relativos à sociedade. Contudo, não houve qualquer espécie de infração legal e/ou prática de poderes em excesso, aptas a justificar tal responsabilização. Isso porque, tal como será exaustivamente abordado nos tópicos referentes ao mérito deste lançamento tributário, a reestruturação societária em questão não configura simulação ou conduta dolosa, uma vez que todos os atos praticados foram realizados nos conformes da legislação brasileira, possuindo propósitos diversos da mera produção de vantagens fiscais. Em adendo, para que a responsabilidade pudesse ser imputada sob o aspecto da prática de atos com excesso de poderes, imprescindível seria que a d. fiscalização enumerasse referidos atos, com a devida comprovação de sua prática, bem como individualizando a conduta de cada administrador, o que de fato não ocorreu. Ademais disso, enfatizese o fato de que a Sra. Anna, especificamente, sempre demonstrou boafé em todas as suas ações enquanto compunha a diretoria da sociedade, razão pela qual resta ainda mais infundada tal imputação. Citam jurisprudência do Carf, entendimentos doutrinários e jurisprudência judicial acerca do assunto em pauta, enfatizando a essencialidade de comprovação dos atos de infração por parte da d. fiscalização. Fl. 5295DF CARF MF 16 Finalmente, apenas ad argumentandum, ainda que fosse configurado o cenário de simulação o que, ressaltese, não corresponde à verdade dos fatos está claro que o d. fiscal não conseguiu enumerar ou tampouco comprovar as infrações ou condutas eivadas de excesso de poder praticadas especificamente pela Sra. Anna Maria, tal como prescreve o entendimento jurisprudencial e doutrinário. Desta feita, uma vez não configurados os preceitos do art. 135, III do Código Tributário Nacional, deve ser reconhecida de pronto a ilegitimidade passiva da Impugnante Anna Mantegazza no que se refere à sua responsabilização pessoal pela execução de pretendo ato ilícito. 2.4. DOS VÍCIOS DO FATO GERADOR. Segundo os impugnantes, para a incidência da norma jurídica é necessário que todos os elementos formadores do fato gerador estejam presentes na realidade dos fatos. Deste modo é preciso que a integralidade dos elementos da regra matriz de incidência tributária sejam perfeitamente identificáveis. De acordo com a doutrina clássica, o fato gerador possui cinco critérios formadores do fato gerador, quais sejam: a) critério material; b) critério espacial; c) critério temporal; d) critério quantitativo; e e) critério subjetivo. Nesse tópico, resta demonstrar a mácula ocorrida quando da lavratura do presente auto de infração, no que se refere aos elementos formadores dos critérios temporal e quantitativo. Fazendo referência às disposições do art. 530 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR), afirmam os impugnantes que o d. fiscal não respeitou a trimestralidade do imposto, e considerou como ocorrido o ganho no mês de janeiro e a empresa tivesse sido imediatamente extinta. Ainda que não se cogite a aplicação anual do imposto, o mínimo que deveria ser considerado seriam três meses de apuração do imposto. Ora, se a fiscalização entende que as alienações teriam sido efetuadas pela Mantecorp Participações, e a sua extinção teria sido uma simulação, seria contraditório efetuar o cálculo do suposto imposto devido, partindo da premissa que ela seria extinta logo após tais eventos. O critério quantitativo é formado basicamente por dois elementos: base de cálculo e alíquota, tendo o equívoco do critério temporal reflexos significativos na base de cálculo do imposto de renda. Isso porque, ao considerar apenas um mês e não três, conforme a capitulação legal acima referida, o d. fiscal procedeu o cálculo do adicional do imposto de renda, reduzindo apenas R$ 20.000,00 de sua base de cálculo, quando, em verdade, deveria ser reduzida em R$ 60.000,00, pois referente a vinte mil reais para cada mês do trimestre que deveria ser apurado (art. 3º da Lei 9.249/98). Combinando ambos dispositivos trazidos acima, em hipoteticamente considerando como correta a aplicação do lucro arbitrado, resta clara a necessidade de considerar o adicional aplicável somente à parcela que exceder R$ 60.000,00. Especificamente em relação à parcela do contrato correspondente à incorporação de ações, o cálculo deveria somente considerar como ganho realizado o preço relativo às ações vendidas no momento seguinte para o Credit Suisse, ocorrido somente nos Fl. 5296DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.289 17 fundos dos filhos. Em outras palavras, não deveria ser considerado na operação o valor relativo às ações recebidas em decorrência da incorporação de ações pelos fundos dos filhos, uma vez que tais ações permanecem por estes detidas até hoje. A divergência entre o valor do ganho apurado pela d. fiscalização pode ser demonstrada no quadro abaixo: Resta assim caracterizado que a pressa da autoridade para prevenir a decadência teve por consequência a lavratura de auto de infração permeado de vícios graves e insanáveis, os quais impedem o perfeito casamento dos elementos componentes do fator gerador, não permitindo a observação da materialização da incidência tributária, tornando, por conseguinte, o auto de infração inadmissível. 2.5 DA LICITUDE DA REESTRUTURAÇÃO IMPLEMENTADA. Destaquese a afirmação do AuditorFiscal, de que “as pessoas físicas (acionistas da Mantecorp Participações S.A. e os Fundos de Investimento) foram utilizados como canais de trânsito das ações da Mantecorp IQ, na tentativa de mascarar a verdadeira alienante dessas ações, a Mantecorp Participações”. Quase que exclusivamente com base na afirmação citada, a d. fiscalização afirma que ocorreu “à luz do artigo n. 167 do Código Civil, uma operação simulada (alienação das ações da Mantecorp IQ pelos Fundos de Investimentos) e uma dissimulada (alienação das ações da Mantecorp IQ pela Mantecorp Participações S.A.). Passaremos a discorrer acerca dos motivos pelos quais a reestruturação implementada é lícita do ponto de vista formal, e plenamente válida do ponto de vista tributário, sendo absolutamente equivocada a afirmação que houve qualquer tipo de simulação. Em primeiro lugar, destacaremos a importância da afirmação efetuada pelo próprio fiscal, no sentido de que a operação é “formalmente válida” e os reflexos dessa validade no plano tributário. Demonstraremos ao longo desta Impugnação que todos os requisitos e procedimentos exigidos pela legislação societária visando a implementação da reestruturação foram devidamente observados. Ademais, todas as consequências legais de tais atos foram efetivamente suportadas pelos Impugnantes e na maioria, produzem efeitos até os dias de hoje. Em seguida, comprovada a absoluta validade da operação, será comprovado que a operação ocorreu por uma série de motivos, tanto do ponto de vista societário, de governança corporativa e sucessório, de modo a rechaçar a afirmação efetuada pela Fl. 5297DF CARF MF 18 fiscalização de que a operação teve como motivação exclusiva o não recolhimento de tributos, e que seria, por isso, uma operação simulada. Muito pelo contrário, conforme iremos esclarecer, houve recolhimento significativo de tributos, aspecto absolutamente desconsiderado pela d. fiscalização, pois inconveniente à linha de raciocínio adotada. Na sequência, iremos demonstrar que jamais se poderia afirmar que a reestruturação teve como escopo o não pagamento de imposto, uma vez que houve a tributação dos ganhos apurados em decorrência das alienações e incorporação de ações, ocorrida por meio do sistema de “comecotas” no ambiente de fundos de investimento. Finalmente, passaremos a demonstrar que a atuação do fiscal, desconsiderando a reestruturação implementada, afronta o princípio da livreiniciativa, obrigando, ao arrepio da legislação, que o contribuinte adote obrigatoriamente o caminho tributário mais gravoso. 2.6 DA AUSÊNCIA DE SIMULAÇÃO. Para a fiscalização, teria ocorrido uma operação simulada (alienação das ações da Mantecorp IQ pelos Fundos de Investimentos) e uma dissimulada (alienação das ações da Mantecorp IQ pela Mantecorp Participações S.A.), fundamentando a desconsideração com base no inciso I do artigo 167 do Código Civil. Todavia, não foi indicado qual o fundamento legal constante na legislação tributária que permitiria a desconsideração de atos simulados, o que já seria motivo de afastamento, por si só, do lançamento efetuado pelo AuditorFiscal. Os impugnantes discorreram acerca do instituto da simulação, para afirmar que, no caso em tela, não merece acolhida a alegação fiscal de simulação, na medida em que todas as operações foram efetivamente praticadas regularmente pelas partes, sujeitandoas aos efeitos jurídicos que lhes são próprios. Assim, resta demonstrado que no caso específico da operação de extinção praticada, não houve ocultação de fatos jurídicos, abuso de forma, simulação ou qualquer outra espécie de conduta fraudulenta. Insistese: todos os atos praticados foram regularmente materializados por meio de elaboração de documentos societários, laudos de avaliação, assembleias gerais de deliberação, registros na Junta Comercial, publicação de balanços, entrega de declarações ao fisco, etc. Logo, considerando que, em razão de sua regular dissolução, a Mantecorp Participações passou a inexistir, a d. fiscalização deveria, quando muito, ter lavrado o combatido Auto de Infração em face das pessoas físicas, ora Impugnantes, que seriam os contribuintes de fato. É dizer que devido à extinção da holding, o efeito da alienação das ações teria ocorrido no nível das pessoas físicas. Isto porque, em termos práticos, temse que as ações da Mantecorp IQ foram, à época da dissolução da companhia, regularmente entregues às pessoas físicas e posteriormente alienadas no ambiente de Fundos. Nestes termos, o efeito fiscal deste cenário restaria idêntico ao observado no presente caso, qual seja, a tributação do ganho de capital percebido pelas pessoas físicas à alíquota de 15%, conforme preceitua o artigo 27 da Instrução Normativa nº 84/2001.12 Foram, então, destacados os seguintes pontos: Fl. 5298DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.290 19 2.6.1 DO PAPEL DA HOLDING NAS JOINT VENTURES E A CRIAÇÃO DA MANTECORP PARTICIPAÇÕES. 2.6.2 DA DESNECESSIDADE DA MANUTENÇÃO DA MANTECORP PARTICIPAÇÕES E DA NECESSIDADE DE REESTRUTURAÇÃO DO GRUPO. 2.6.3 DOS BENEFÍCIOS NO INGRESSO EM AMBIENTE DE FUNDOS DE INVESTIMENTO – DIFERENÇAS ENTRE A GOVERNANÇA EM HOLDING. 2.6.4 DO LAPSO DE TEMPO ENTRE O INÍCIO DA REESTRUTURAÇÃO DO GRUPO E A ALIENAÇÃO DE AÇÕES DA MANTECORP IQ PARA A HYPERMARCAS. 2.6.5 DA INCERTEZA QUANTO À ALIENAÇÃO DA MANTECORP IQ E DA ESTRUTURA ATUALMENTE EXISTENTE. 2.7 DO RECOLHIMENTO DE TRIBUTO NA REESTRUTURAÇÃO. É verdadeira a afirmação que a reestruturação implementada foi motivada por questões extra tributária, uma vez que houve efetiva tributação sobre a integralidade do ganho apurado nas operações de alienação de ações e incorporações dentro do ambiente de fundos. É que os Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento foram constituídos deliberadamente sob a modalidade de fundos abertos, conforme se depreende do Regulamento do Fundo dos pais vigente à época. Com efeito, fundos com tais características estão sujeitos a um mecanismo denominado comecotas, nos termos do inciso I, do parágrafo 2º da lei 11.033/2004. Em decorrência de tal dispositivo, os Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimentos detidos pelos Impugnantes recolheram imposto de renda sobre o ganho de capital decorrente da alienação de ações, e da incorporação de ações, por meio da referida sistemática, nos períodos de maio e novembro, num total de R$ 284.816.630,99. Assim, evidente que tal estruturação foi praticada justamente porque se decidiu por adotar um novo modelo societário de governança para o patrimônio familiar, e não para evitar o pagamento de tributo. Fosse esta a intenção, os fundos poderiam ter sido criados sob a modalidade de condomínio fechado, no qual não há a tributação pelo comecotas, e a incidência do imposto poderia ser diferida para o momento da amortização/resgate das cotas. Vale destacar que consta do contrato formalizado, no item (vii) dos seus “Considerandos”, que os fundos de investimento e o Banco de Investimento Credit Suisse firmaram Contrato de Compra e Venda de Ações e Outras Avenças, no qual foi pactuada a monetização de 43.478.261 ações de emissão da Hypermarcas, recebidas em decorrência da incorporação de ações. Portanto, as ações remanescentes dos fundos detidos pelos filhos foram objetos da referida negociação, permanecendo o fundo dos pais com a totalidade das ações da Hypermarcas recebidas decorrente da incorporação de ações até hoje (34.535.686 ações). Conforme passarseá a demonstrar, (i) o valor pactuado referente à incorporação de ações não foi integralmente realizado, uma vez que uma parcela considerável Fl. 5299DF CARF MF 20 não foi alienada e (ii) ainda que se considere que o ganho decorrente do recebimento das ações da Hypermarcas em decorrência da incorporação das ações, negociadas na bolsa de valores, tais ações jamais atingiram a valorização estipulada contratualmente. Após serem detalhados os cálculos, foi demonstrado que a somatória dos valores recolhidos pelos cinco fundos de investimento foi significativamente superior ao imposto calculado sobre os ganhos efetivamente realizados: Ainda que se avente o descabido entendimento de que as ações recebidas em decorrência da incorporação de ações deveriam ser valorizadas, para fins de apuração de ganho, independente de terem sido alienadas, tal valorização somente poderia ser aferida na data em que as ações passaram a ser efetivamente de propriedade dos fundos. O valor de referência das ações na data do fechamento da operação (24/01/2011) foi listado em bolsa de valores neste dia para a Hypermarcas, qual seja, R$ 20,95 (vinte reais e noventa e cinco centavos) por ação, para melhor elucidação aqui pretendida. Por conseguinte, o ganho de capital supostamente seria o seguinte: Demonstrouse de forma indubitável que (i) o imposto devido decorrente do ganho de capital verificado na venda da Mantecorp IQ para a Hypermarcas foi integralmente Fl. 5300DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.291 21 recolhido e, por esse motivo, não merece prosperar o presente auto de infração, e (ii) a base de cálculo utilizada pela d. fiscalização foi incorreta, pois foi apurada considerando como referência o valor estipulado contratualmente na assinatura do contrato e não no fechamento da operação. Vale destacar que em decorrência de se ter optado pela reestruturação com o ingresso em um ambiente de fundos abertos, evitouse inclusive outra discussão, já comentada, que poderia justificar a redução do valor oferecido à tributação, relacionado à obrigatoriedade de tributação da operação de incorporação de ações. Há grande discussão doutrinária (e jurisprudencial) envolvendo a existência de efetiva realização de renda em operações deste tipo, cujo cerne, em apertada síntese, envolve a possibilidade de equiparação dos efeitos tributários da incorporação de ações à operação de aumento de capital. A realização da renda, nesse caso, somente viria a se materializar com a posterior alienação das ações e se apurado ganho efetivo, decorrente de venda por preço maior do custo das ações que forem incorporadas. Nesse ponto, vale ressaltar que o Fundo de Investimento em Participação dos Impugnantes detém as ações recebidas da Hypermarcas até hoje. Aliás, merece destaque também o fato de a fiscalização não ter feito qualquer questionamento aos Impugnantes acerca do valor atribuído à participação societária da IQ quando da transferência aos fundos de investimento. Tal aspecto é inclusive regulamentado por regra interna da Receita Federal, qual seja, o Ato Declaratório n. 7, de 2007 A despeito da ilegalidade do referido ADI, pois desprovido de base legal na época, hoje regulamentado pela Lei nº 13.043/2014, chama a atenção a opção do Auditor Fiscal pela fiscalização e autuação da operação como uma operação simulada, desprovida de propósito negocial, quando o mesmo teria orientação expressa da Receita Federal do Brasil para fiscalizar a operação sob outra perspectiva. Tais constatações evidenciam que a fiscalização adotou o caminho absurdamente mais gravoso para o contribuinte. Coincidentemente, tal entendimento, sob a enviesada perspectiva do Auditor Fiscal também fundamentaria o impedimento à compensação do tributo pago anteriormente. 2.8 DA LIVRE INICIATIVA: DIREITO DE AUTOORGANIZAÇÃO PELO CONTRIBUINTE. Defluise do entendimento da fiscalização que os Impugnantes, ao adotarem o modelo de holdings, deveriam perpetrar e assumir todos e quaisquer custos decorrentes de tal estrutura, limitandose àquela específica estrutura para todo o sempre. Tal situação é totalmente desarrazoada e afronta gravemente as garantias constitucionais asseguradas aos contribuintes quanto à liberdade de planejar suas ações visando optar pela forma que lhes seja mais eficiente possível. Não há que se falar em obrigatoriedade de opção pela regra que imponha maior custo, pois se assim o fosse o próprio legislador já o teria feito. Fl. 5301DF CARF MF 22 Ademais, caso tivesse sido exercida outra opção que não a adotada, restariam aos Impugnantes, entre outras duas soluções, a simples alienação da própria holding Mantecorp Participações, controladora das empresas operacionais. Ainda assim, os efeitos tributários seriam os mesmos daqueles ocorridos dentro da estrutura de Fundos, apenas havendo alteração quanto às formas de recebimento dos montantes negociados. Contudo, caso fosse tal opção adotada, haveria imediata disponibilização de liquidez financeira aos herdeiros acionistas, fato este incongruente com as intenções dos Impugnantes genitores, tal como já anteriormente exposto. Por fim, insta salientar que as consequências tributárias do procedimento de liquidação da holding são os mesmos conferidos à opção de devolução de participação no capital social a valor contábil ou de mercado, disciplinadas pelo artigo 22 da Lei nº 9.249/95. A escolha pelo critério de avaliação dos bens a serem devolvidos é atribuída à pessoa jurídica que estiver devolvendo o capital, cabendo ao acionista reconhecer o capital devolvido pelo mesmo critério utilizado pela investida. Notase pela interpretação sistemática do dispositivo legal que a pessoa física que receber bens, avaliados a valor contábil pela pessoa jurídica investida, deve registrar o capital devolvido pelo valor contábil equivalente ao de sua participação societária, ou seja, aquele constante de sua DIRPF. 2.9 DA POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO PAGO. Os impugnantes rebatem, sob os diversos aspectos analisados, o fato de a fiscalização não ter considerado no lançamento o imposto retido na fonte pelos Fundos de Investimento. Concluem que, caso a desconsideração da extinção da Mantecorp Participações para fins tributários prospere, é de rigor a compensação do eventual imposto de renda recolhido indevidamente pelos fundos de investimento decorrente das operações de incorporações de ações e de alienação de ações objeto do presente Auto de Infração com o imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido calculado pela d. fiscalização. 2.10 DO EFEITO CONFISCATÓRIO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO LANÇADO. Tratase de cobrança excessiva, desproporcional e distante da razoabilidade. Tomar o tributo como medida de tal sofrimento patrimonial aos Impugnantes não foi a intenção do legislador constitucional, o qual, em verdade, almejou frear a gana arrecadatória do ente tributante para que esta fosse justa e razoável. Assim, diante dos conceitos trazidos, é cristalino que, ao cobrar dos Impugnantes valor superior ao próprio ganho decorrente da venda da Mantecorp IQ, o fisco se distancia sobremaneira dos objetivos traçados pela Constituição Federal e de todo o conjunto de normas, regras e princípios basilares do Direito Tributário brasileiro, sendo que não merece prosperar referida cobrança totalmente desproporcional e não razoável. 2.11 IMPOSSIBILIDADE DE APLICAR A MULTA QUALIFICADA (150%). Fl. 5302DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.292 23 A multa qualificada somente poderá ser aplicada mediante a identificação de uma ação deliberada e específica por parte do sujeito passivo com o propósito de esconder ou retardar o conhecimento por parte do Fisco da ocorrência do fato gerador ou, ainda, de excluir ou modificar suas características. Em que pesem os argumentos trazidos pela fiscalização, a mera alegação de que “toda preparação abusiva que foi levada a cabo no intuito único de driblar a incidência de IRPJ e da CSLL sobre o ganho de capital que seria obtido pela holding Mantecorp Participações S.A.”, não é digna de ser acatada, eis que não houve qualquer ação dolosa por parte dos Impugnantes com o objetivo de impedir a ocorrência do fato gerador, muito pelo contrário. O fato gerador do ganho percebido ocorreu dentro do ambiente de Fundos e o imposto devido pelos reais beneficiários, quais sejam os Impugnantes, foram efetivamente recolhidos, por meio da sistemática do comecotas, conforme já explicado na presente defesa. Tal situação não desvirtua o fato de que os beneficiários pessoas físicas suportaram efetivamente a carga tributária decorrente das operações de alienação, tampouco denota qualquer intenção dolosa capaz de resultar em fraude. Depreendese de jurisprudência destacada que a aplicação da multa qualificada está condicionada a três elementos fundamentais: (i) prova inequívoca produzida pelo Fisco da ocorrência de (ii) evidente intuito de sonegação ou de fraude, caracterizado como (ii) dolo específico, resultante da intenção criminosa e da vontade de obter resultado da ação ou omissão delituosa, na forma prevista na Lei nº 4.502/64. Ocorre que não houve no caso em discussão qualquer intenção dolosa por parte dos Impugnantes. Assim sendo, pela farta explanação aqui apresentada, pela documentação oportunamente juntada em sede de fiscalização e na presente Impugnação e pelo majoritário entendimento dos tribunais administrativos, resta claro o não cabimento da aplicação de multa qualificada de 150%, nos moldes do artigo 44, I, §1º, da Lei 9.430/1996, sobre os valores supostamente devidos. 2.12 DA IMPOSSIBILIDADE DE COBRANÇA DE JUROS SOBRE MULTA. Tendo em vista a inexistência de qualquer previsão legal a permitir a aplicação de juros SELIC sobre a multa, os Impugnantes entendem por bem desde já rechaçar esse procedimento, para a hipótese extrema de ser mantido o lançamento. Tanto é que o já citado artigo 44 da Lei nº 9.430/96, responsável pela instituição das multas aplicáveis em caso de lançamento de ofício, não faz qualquer menção à incidência de juros de mora, calculados à taxa SELIC, sobre esses valores. Vale ainda transcrever na íntegra o conteúdo do item 3 da impugnação, que sintetiza os argumentos dos impugnantes expostos nos itens precedentes: 3 CONCLUSÕES Em suma, ante o exposto, concluise que: Há nulidade no presente auto de infração por vício de motivação, uma vez que o levantamento fiscal está consubstanciado em mera presunção por parte da d. fiscalização, Fl. 5303DF CARF MF 24 insuficiente para a sua manutenção, sem que houvesse profunda análise de seus documentos e da matéria em debate, ferindo por tanto o princípio da legalidade; Há mácula aos princípios do contraditório e ampla defesa, bem como aos princípio do devido processo legal, uma vez que a d. fiscal se utilizou de meios informais, tais como as ligações telefônicas, para confirmar suas alegações préconcebidas e distante da verdade. Com isso, não houve formalização de tais comunicações, tampouco garantia aos Impugnantes de responder aos questionamentos de maneira completa e eficaz, capaz de elucidar tais dúvidas; Não foi garantido aos Impugnantes, ademais, o direito ao contraditório e à ampla defesa quanto à prova emprestada originária do Mandado de Procedimento Fiscal n.º 08.1.85.002011002980, do qual estes não figuravam como partes. Isso pois, o d. fiscal não se utilizou dos requisitos necessários à utilização de prova emprestada, quais sejam, (i) submissão da prova às partes interessadas, com a respectiva garantia ao direito de contraprova, e (ii) ser o documento formal exigido para se provar o fato; Não se verifica a responsabilidade tributária por parte da Sra. Anna Maria, conforme art. 135, III do CTN, uma vez que a impugnante, ainda que compondo a diretoria da sociedade, jamais praticou quaisquer atos eivados de "excesso de poderes" ou "infração de lei, contrato social ou estatutos", requisitos essenciais à configuração da responsabilidade, nos termos do dispositivo mencionado. Outrossim, a d. fiscalização falhou em demonstrar, de maneira individualizada, quaisquer condutas da impugnante que suportasse referida alegação de responsabilidade; Há inegáveis vícios quanto ao fato gerador da obrigação tributária. Isso porque, primeiramente, quanto ao critério temporal, não foi respeitada, no momento do arbitramento do lucro, a trimestralidade da apuração do imposto de renda, concentrandose o ganho em apenas um mês do ano calendário. Adicionalmente quanto ao critério quantitativo, verificamse reflexos na base de cálculo do imposto, pois em razão da imputação da totalidade de ganho em apenas um mês, houve majoração do valor do adicional do imposto, já que se reduziu apenas R$20.000,00 (vinte mil reais) de sua base de cálculo, essa deveria ser reduzida em R$60.000,00 (sessenta mil reais), correspondente à três meses; Todas as operações foram baseadas em uma reestruturação que envloveu estratégias societárias e sucessórias, praticadas regularmente pelas partes e sujeita aos efeitos jurídicos que lhe são próprios, tais com obediência aos requisitos da legislação societária. A dissolução da sociedade, por sua vez, foi efetivamente deliberada em assembléia geral, bem como devidamente documentada em atos societários. Assim, no mérito da questão, estão ausentes as condutas de ocultação de fatos jurídicos, abusos de forma, simulação ou qualquer outra espécie de conduta fraudulenta nos procedimentos de reestruturação societária efetuados; A holding Matecorp Participação visava a organização e o controle das demais empresas, tendo sido sua criação embasada em um cenário de join venture entre o grupo Schering Plough e a Família Mantegazza, objetivando o controle e padronização de regras de governança corporativa deveras mais rígidas; Conforme demonstrado, a estrutura de holding mostrouse desinteressante a partir da aquisição em 2009 da participação da Tendai Investments Ltd. por parte da Binimar Participações S/A., detida pelos Srs. Gian Enrico e Anna Mantegazza, situação na qual a família passou a deter o controle de 100% das ações da Matecorp Participações. Iniciaramse, portanto, análises sobre a possibilidade de antecipação de um cenário sucessório, em razão da Fl. 5304DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.293 25 grave doença que acometeu o patriarca da família, objetivandose a não disponibilização de liquidez imediata aos herdeiros; O ingresso em ambiente de Fundos de Investimento, portanto, concede ao cotista uma garantia maior de que a administração da companhia, ocorre em um ambiente de transparência e gestão de riscos. Por fim, tal como almejado pelo patriarca, referido modelo oferece instrumentos para controle de liquidez, através de regras de amortização de cotas; No caso em tela, foi criado um Fundo de Investimento em Cotas (FIC) e um Fundo de Investimentos em participações (FIP) para cada acionista do grupo (pais e herdeiro), sendo que aos filhos foi atribuída apenas a nua propriedade das cotas dos respectivos Fundo de Investimento em Cotas, permanecendo o usufruto com os pais, justamente para que fosse mantido o controle político e econômico do grupo, premissa básica de todo o planejamento sucessório, que está mantida até os dias atuais. Ao contrário do que a d. fiscalização apontou relativamente ao curto lapso temporal entre a reestruturação e a alienação, vale ressaltar novamente, que a reestruturação somente passou a ser uma possibilidade a partir da aquisição da integralidade das participações societárias da Matecorp IQ, a qual ocorreu em dezembro de 2009, isto é, pouco tempo antes da deliberação da extinção da holding em assembleia. Não é cabível, portanto, a assertiva do Fisco. A afirmação da d. fiscalização de que não havia intenção de permanência da Mantecop IQ nos fundos, em razão de sua posterior alienação à Hypermarcas, não merece prosperar. Isso porque o Contrato de Venda e Compra de Ações Incorporação e Outras Avenças celebrado possuía natureza de negócio condicional, ou seja, previa que a transferência das ações da sociedade somente ocorreria em data futura e incerta, se e quando implementada as condições. A simples assinatura do contrato não tornou definitivo o negócio, que somente se concretizou em 24/01/2011, com o fechamento da opção. Anteriormente a esta data, não havia garantia de que o negócio ocorresse, em caso negativo, as ações permaneceriam no ambiente de fundos, tal como pretendido. A despeito de os Fundos de Investimento em Participação pertencentes aos filhos terem sido efetivamente encerrados, os Fundos de Investimentos em Cotas de Fundo de Investimento correspondentes permanecem ativos até hoje, com a devida reserva de usufruto aos Srs. Gian Enrico e Anna Maria, sem disponibilidade da liquidez aos herdeiros, confirmando a motivação extrafiscal da reestruturação. Tanto é verdade que a reestruturação foi motivada por questões extra tributárias, que houve a efetiva tributação da integralidade do ganho apurado nas operações dentro do ambiente de Fundos. Isso porque, os FICs constituídos com fundos abertos estão sujeitos a um mecanismo denominado comecotas, por meio do qual foi recolhido imposto de renda sobre o ganho de capital nos meses de maio e novembro. Caso fossem constituídos sob a forma fechada, sem tributação pelo comecotas, poderseia alegar a motivação tributária da operação, o que não foi o caso. Ademias, observase pelos cálculos apresentados que não há o que se falar em imposto devido, uma vez que o recolhimento no ambiente de fundos alcança o valor integral apontado como devido pelo ganho de capital. Na remota hipótese do crédito tributário lançado ser mantida, importante ressaltar que a base de cálculo apontada pelo d. fiscal ainda Fl. 5305DF CARF MF 26 estaria incorreta, pois considera na base de cálculo parcela de ganho não efetivamente realizado. Fl. 5306DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.294 27 Por sua vez, os pedidos finais foram assim apresentados: Fl. 5307DF CARF MF 28 Fl. 5308DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.295 29 IMPUGNAÇÃO – MICHELE MANTEGAZZA FLS. 2285/2736. Michele Mantegazza, por meio de seus representantes legais, apresentou a impugnação em 20/01/2016, cujo conteúdo pode ser resumido conforme se segue: I FATOS. I.1 Breve Resumo da Autuação. A impugnante faz uma síntese da autuação, tendo destacado que, com a extinção da Mantecorp Participações, suposta contribuinte no entender do Sr. Agente Fiscal, restou atribuída, sem maiores explicações, a responsabilidade pelo recolhimento dos tributos aos antigos acionistas desta Companhia. No caso da Impugnante, a Fiscalização asseverou que a solidariedade encontraria respaldo no artigo 124,1, do Código Tributário Nacional (CTN). II DIREITO II.l Síntese da Reorganização Societária do Grupo Mantecorp e da Operação de Alienação das Ações da Mantecorp IQ. A impugnante trata da reorganização societária do Grupo Mantecorp, enfatizando que a Fiscalização deixou de analisar a integralidade da reorganização societária, bem como os contextos econômicos, sucessórios e gerenciais envolvidos à época das operações. De fato, toda a reestruturação, que inclusive demonstra o efetivo propósito negocial, se iniciou muito antes da abordagem fiscal. Assim sendo, o Sr. Agente Fiscal não buscou apreciar e compreender o cenário em que se desenvolveram as operações em questão, limitandose a selecionar apenas as alterações societárias finais a fim de respaldar seus equivocados argumentos, tendo iniciado a descrição dos fatos, de forma detalhada, somente a partir da data em que a Mantecorp Participações (antiga controladora da Mantecorp IQ) era detida exclusivamente pela Família Mantegazza. Desde o ano 2006, o pai da Família Mantegazza, Sr. Gian Enrico, desenvolvia problemas de saúde. No dia 28/05/2007, os pais iniciaram a implementação gradativa do seu planejamento sucessório ao incluir os seus filhos, dentre eles a Impugnante, no quadro societário da Mantecorp Participações. Insta ressaltar, no entanto, que a doação das Ações da Ad Maiora foi realizada com cláusula de usufruto vitalício, por meio da qual os pais (doadores) reservaram para si o pleno e incondicionado exercício absoluto de direito de voto e percepção integral de frutos e dividendos, gravame este que se estendeu a todas as ações, incluindo as que viessem a ser subscritas e integralizadas. Fl. 5309DF CARF MF 30 No ano de 2008 a Família Mantegazza deu continuidade à implementação gradativa do seu planejamento sucessório ao constituir cinco Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento ("FIC"), organizados sob a forma aberta, onde quatro destes fundos tinham como único quotista um dos filhos e o quinto tinha como quotistas os pais. Com a aquisição das ações da Mantecorp Participações, anteriormente detidas pelo investidor estrangeiro, a Família Mantegazza concluiu um dos propósitos negociais e específicos das operações realizadas: deter o controle integral da administração e da gestão da Mantecorp IQ, excluindo a interferência de terceiros em negociações futuras. Em 29/11/2010, a Família Mantegazza optou por extinguir as holdings interpostas entre as pessoas físicas e a Mantecorp Participações. Desta feita, a Mantecorp Participações incorporou as suas investidoras Ad Maiora e Binimar Participações. Ainda, é importante notar que, nesse momento, as pessoas físicas já detinham a participação direta na referida holding, cujas ações poderiam ter sido alienadas diretamente por elas, com a incidência do percentual de 15% sobre o ganho auferido. Em 06/12/2010, em continuidade à reorganização societária vislumbrada, a Assembleia Geral da Mantecorp Participações optou pela sua dissolução, liquidação e extinção, de modo que o controle da Mantecorp IQ passou a ser exercido de forma direta pelas pessoas físicas da Família Mantegazza. Conforme será demonstrado ao longo da presente impugnação de forma pormenorizada, a liquidação da Mantecorp Participações acarretou na entrega das ações da Mantecorp IQ a valor contábil aos seus acionistas, pessoas físicas, dentre eles, o Impugnante. Tratase de efetiva redução/devolução de capital. Mencionese, ainda, que as ações da Mantecorp IQ recebidas pelos filhos a título de devolução de capital foram, novamente, gravadas com o usufruto vitalício em favor dos pais e a cláusula de inalienabilidade. Ainda, os processos de dissolução, liquidação e extinção de sociedades anônimas, com a transferência do patrimônio remanescente da pessoa jurídica aos acionistas, estão preconizados nos artigos 206 e seguintes, da Lei n° 6.404/76. Sob o prisma tributário, a operação de devolução de capital aos acionistas encontra respaldo no artigo 22, da Lei n° 9.249/1995. Com efeito, este direito jamais pode ser tolhido pela Fiscalização, que não detém qualquer ingerência sobre as atividades dos particulares. Sendo o sujeito passivo ilegítimo, em razão da regularidade na extinção da Mantecorp Participações e da transferência das ações da Mantecorp IQ às pessoas físicas na devolução do capital, não há que se falar em tributação de ganho de capital à alíquota de 34%, como pretendido pela Fiscalização. Além disso, mencionese que nesse momento também existia a possibilidade da venda das participações societárias da empresa operacional (Mantecorp IQ) diretamente pelas pessoas físicas, tributandose o ganho de capital a alíquota de 15%, mesma alíquota aplicável à tributação dos fundos. Em continuidade à reestruturação pretendida, visando à segregação e à gestão patrimonial da Família Mantegazza, em 16/12/2010, as pessoas físicas alienaram as ações que detinham da Mantecorp IQ a cinco Fundos de Investimento em Participação ("FIP"), cada um Fl. 5310DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.296 31 destes FIP era detido por um dos cinco FIC constituídos em 2008 com a finalidade de viabilizarem o planejamento sucessório da Família Mantegazza, isto é, a segregação e a proteção do patrimônio da Família. Vale reiterar que os FIC foram constituídos sob a forma de condomínio aberto, sujeitos ao sistema de tributação "comequotas" em que há tributação do ganho de capital, em decorrência da valorização das quotas. Ocorre que, como os FIC, por sua natureza, não poderiam deter ações de uma companhia de capital fechado, mas apenas quotas de outros fundos, foi necessário buscar um tipo de fundo de investimento específico que admitiria a integralização das suas quotas com estas ações, motivo pelo qual foram constituídos os FIP anteriormente à alienação. Sendo assim, a constituição dos citados fundos de investimentos teve como objetivo controlar a disponibilização dos recursos decorrentes da alienação da Mantecorp IQ aos filhos da Família Mantegazza. Por fim, mencionese que a manutenção da Mantecorp Participações para que a venda da participação societária fosse por ela realizada não se mostrava interessante à Família Mantegazza. Isto porque, os recursos obtidos com a alienação da empresa operacional ficariam retidos em uma holding e a intenção era investir tais recursos em ativos do mercado financeiro e não em novas participações societárias, objeto principal das holdings. No dia 18/12/2010, foi assinado o Contrato de Venda e Compra de Ações, Incorporação de Ações e Outras Avenças (Doc. 11), por meio do qual os FIP alienaram à Hypermarcas a totalidade das ações da Mantecorp IQ. Posteriormente, para atendimento das normas societárias, em 24/01/2011, foi formalizada a Ata de Assembleia Geral deliberando e ratificando a aludida alienação e incorporação de ações. Nessa operação, o pagamento em dinheiro foi realizado por meio de TEDs para as contas bancárias indicadas pelos FIP; enquanto na incorporação de ações, as ações da Hypermarcas foram emitidas e atribuídas aos cinco FIP, na proporção de suas respectivas participações no capital social da Mantecorp IQ. No caso concreto, houve recolhimento do IR/Fonte à alíquota de 15% no meses de maio e novembro de 2011, em razão da valorização das quotas dos FIP pelo ganho de capital auferido com a venda da Mantecorp IQ e da transformação dos FIC de abertos para fechados, respectivamente. O valor total aproximado recolhido foi de R$ 284 milhões. Com relação aos FIC dos pais, pontuese que o fechamento ocorreu em março de 2012, momento em que houve novo recolhimento de IR/Fonte. Estes recolhimentos foram indevidamente desconsiderados pela Fiscalização sob a alegação de que "tratamse de responsável e fato gerador diferentes" (fl. 21, do TVF). Ademais, vale mencionar que em 18/12/2010 as ações da Hypermarcas recebidas pelos FIP detidos pelos filhos foram alienadas ao Credit Suisse Brasil S.A. Estes quatro FIP foram cancelados em 22/09/2011, pois não mais atenderiam às normas da Comissão de Valores Mobiliários CVM. No entanto, os FIC cujos quotistas eram os filhos (nu proprietários das quotas), continuam ativos até hoje, concentrando uma grande parte do dinheiro recebido pela alienação das ações da Mantecorp IQ e, portanto, realizando a gestão profissional desse patrimônio, tal como pretendido inicialmente. Fl. 5311DF CARF MF 32 Já a participação acionária de 5% na Hypermarcas recebida por meio do FIP dos pais na incorporação das ações da Mantecorp IQ não foi alienada até o presente momento. Deste modo, tanto o FIC, quanto o FIP dos pais permanecem ativos até hoje. Verificase que, com a constituição dos FIP e dos FIC, os pais (administradores das pessoas jurídicas) alcançaram o seu propósito de não disponibilizar diretamente aos filhos o acesso aos recursos obtidos com a alienação da Mantecorp IQ e, também, permitir uma gestão profissional desses valores. Tendo em vista que a Sra. Anna e o Sr. Gian são os usufrutuários das quotas dos FIC dos filhos, incluindo as da Impugnante, e, portanto, têm a percepção integral de frutos destes fundos, são eles quem detém o direito de eventuais amortizações ou resgates. A seguir, passase a expor de forma minuciosa as razões que reforçam a necessidade de afastamento da responsabilidade solidária atribuída ao Impugnante e o cancelamento integral dos autos de infração em questão. II.2 — Da Incoerência da Fiscalização ao Tratar da Extinção da Mantecorp Participação — Insanável Contradição nos Fundamentos da Autuação. Partindose das próprias premissas iniciais da Fiscalização, de que a holding não teria sido extinta à época da dissolução (06/12/2010) e permaneceria ativa até a lavratura dos autos de infração, deveria esta ter sido qualificada como devedora principal dos lançamentos, deixando de existir o fundamento que ensejou a lavratura em face das pessoas físicas. Como é possível que o Fiscal (i) tenha afastado a extinção da Mantecorp Participações para fins de apuração dos tributos supostamente devidos, considerando a existência desta sociedade e a incidência de IRPJ e CSLL à alíquota total de 34% sobre o ganho de capital; e, por outro lado, (ii) tenha reconhecido válida a extinção para fins de seleção de sujeitos passivos, sem relacionar a holding como devedora? A nulidade dos autos mostrase patente considerandose os dois cenários: (i) caso se considere que a Mantecorp Participações foi extinta em 06/12/2010, como de fato ocorreu e restou reconhecido pela Fiscalização à fl. 24 do TVF ao imputar a responsabilidade tributária aos acionistas, a apuração dos tributos devidos não poderia têla levado em consideração como sendo a pessoa que pratica o suposto fato gerador do IRPJ e da CSLL em 24/01/2011; e (ii) caso se considere que a Mantecorp Participações não foi extinta em 06/12/2010, os autos de infração deveriam ter sido lavrados, portanto, em face da pessoa jurídica, afastandose, assim, o fundamento utilizado pelo próprio Sr. Agente Fiscal para a lavratura contra a ora Impugnante. II.3 — Nulidade do Lançamento — Vício de Fundamentação do Lançamento no que Tange à Solidariedade. Pela leitura do TVF, notase que o Sr. Agente Fiscal não esclareceu quais os motivos que o teriam levado a entender que a Impugnante teria interesse comum, caracterizador da aplicação do artigo 124, I, do CTN, na operação em questão. Os atos administrativos são cercados de formalidades essenciais à sua validade, entre elas a motivação. Tal fato decorre do disposto no artigo 2º, § único, inciso VII, da Lei n° 9.784/99. Ademais, o artigo 50, inciso II, do mesmo dispositivo legal, determina que os atos administrativos devem ser obrigatoriamente motivados quando venham a impor deveres, encargos ou sanções. Fl. 5312DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.297 33 II.4 Inaplicabilidade do Artigo 124, Inciso I, do CTN, aos Acionistas em Casos de Extinção de Sociedades. O artigo 124 (fundamento legal da responsabilidade no presente caso) nada dispõe acerca da responsabilização dos acionistas nos casos de extinção da pessoa jurídica, pela impossibilidade de cobrança dos tributos em face desta última. Com efeito, o ordenamento jurídico possui normativos específicos que versam sobre os sujeitos responsáveis nos casos de pessoas jurídicas transformadas, extintas ou cindidas. Vejase, neste sentido, o artigo 5º, do DecretoLei n° 1.598/77. Diante disso, concluise que: (i) há, no ordenamento jurídico, norma específica a respeito da responsabilização de terceiros em casos de extinção da pessoa jurídica; (ii) a Impugnante não se enquadra em nenhuma das hipóteses designadas na aludida norma; e (iii) a Fiscalização se utilizou de dispositivo legal inadequado a fim de atribuir a solidariedade à Impugnante após a extinção da Mantecorp Participações, o que justifica, novamente, a absoluta falta de fundamentação e de concatenação de ideias em que incorreu. Ressaltese, ainda, que pela completa análise do Capítulo V do CTN, que aborda todas as hipóteses de responsabilidade tributária, não se identifica qualquer dispositivo capaz de incluir a Impugnante no polo passivo dos autos de infração ora combatidos De fato, considerandose a vigência de dispositivos específicos a respeito do tema em comento na legislação tributária (responsabilidade de terceiros após a extinção de sociedades), mostrase ainda mais patente o equívoco cometido pela Fiscalização, no presente caso, ao atribuir a responsabilidade à Impugnante pela obrigação tributária após a dissolução da Mantecorp Participações, que, claramente, não é hipótese abarcada pelo artigo 124, inciso I, do CTN. Diante do exposto, é hialina a necessidade de cancelamento da solidariedade atribuída ao Impugnante, em razão de sua fundamentação equivocada. II.5 — Impossibilidade de Atribuição da Sujeição Passiva Solidária ao Impugnante Diferenciação entre os institutos da "Solidariedade" e da "Responsabilidade Tributária". O artigo 124 do CTN aborda a solidariedade em função do interesse comum, a qual ocorre quando há uma pluralidade de sujeitos concorrendo na hipótese de incidência, sendo todos qualificados como contribuintes (por possuírem relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador). Enquanto na hipótese de responsabilidade tributária existe a possibilidade de se atribuir a terceiro o cumprimento da obrigação tributária, por outro lado, no campo da solidariedade por interesse comum (situação pretendida pelo Sr. Agente Fiscal), os tributos somente podem ser cobrados daqueles que praticarem o fato gerador, ou seja, dos contribuintes propriamente ditos, nos casos de pluralidade no campo da sujeição passiva. Ademais, analisandose as disposições do direito privado, o instituto da solidariedade está previsto no artigo 264, do Código Civil, que dispõe que "há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda". A legislação civil, portanto, determina que a Fl. 5313DF CARF MF 34 solidariedade se caracteriza a partir de uma pluralidade de devedores relacionados a uma mesma obrigação. Neste mesmo sentido devem ser entendidas as disposições da legislação tributária. Somente por esta razão, de plano, descartase plenamente a possibilidade de a Impugnante ser responsabilizada solidariamente pelos autos de infração ora combatidos: a própria natureza dos tributos (IRPJ e CSLL) consignados nas autuações é intrínseca a pessoas jurídicas, evidenciandose a impossibilidade de a Impugnante, pelo simples fato de ser pessoa física, figurar no polo passivo da obrigação tributária na figura de contribuinte. De fato, no âmbito da tributação sobre a renda, somente pessoas jurídicas possuem a legitimidade passiva para incorrer no fato gerador do IRPJ e da CSLL, de modo que não há como sustentar o interesse comum entre pessoa jurídica e pessoa física, em razão da natureza distinta destes tributos direcionados especificamente a cada contribuinte. Inexiste no caso concreto, portanto, a pluralidade de contribuintes e, por consectário lógico, a possibilidade de se aventar a aplicação do artigo 124, inciso I, do CTN! II.6 Ad Argumentandum — Falta de Comprovação do "Interesse Comum" e de Solidariedade pela Mera Detenção de Participação Societária na Mantecorp Participações. No entender do Sr. Agente Fiscal, o simples fato de a Impugnante ser acionista da empresa extinta, antes mesmo da realização do suposto fato gerador, seria suficiente para caracterizar o interesse comum na situação que constitui o fato gerador tributário. Contudo, não há qualquer elemento fático, devidamente comprovado no TVF, que demonstre o alegado interesse comum da Impugnante. Independentemente da corrente de entendimento que se adote com relação a este instituto, o fato é que o aludido interesse comum, essência do artigo 124, inciso I, do CTN, devia ter sido, ao menos, comprovado e fundamentado pelo Sr. Agente Fiscal. A comprovação do interesse comum mostrase indispensável na medida em que o mero e eventual interesse fático de uma determinada parte não é suficiente para caracterizar o interesse comum previsto no artigo 124, I, do CTN para fins de adoção do instituto da solidariedade. Sendo assim, notase que o interesse comum não pode ser tido como qualquer interesse de fato e imputado discricionária e indistintamente aos acionistas da pessoa jurídica, de modo que devia ter sido, ao menos, abordado e comprovado pela Fiscalização. Diante de todos os argumentos anteriormente expostos, mostrase forçoso o cancelamento da solidariedade atribuída ao Impugnante por esta Turma Julgadora. II.7 Não Utilização do Artigo 135, do CTN, para Responsabilizar o Impugnante Da Existência do Usufruto. Cumpre esclarecer, ainda com relação à responsabilidade tributária, que a Fiscalização não citou o artigo 135, inciso III, do CTN, para fundamentar a solidariedade atribuída à Impugnante. Este fato, por si só, demonstra que a Fiscalização reconhece a absoluta ausência de atos praticados com excesso de poderes, infração à lei ou a estatuto social por parte da Impugnante, o que já torna imperioso o cancelamento da solidariedade em questão. Fl. 5314DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.298 35 II.8 Do Propósito Negocial Da Legalidade Formal e Material na Extinção da Mantecorp Participações. Nesse tópico, foram reiterados todos os fatores que motivaram a realização das operações ora analisadas, sejam eles de ordem econômica, societária ou familiar. Conforme já explanado, a estrutura com holdings interpostas entre as pessoas físicas e a operacional era utilizada antes de 2009. Considerandose a saída do investidor estrangeiro (Tendai Investments), após a aquisição da totalidade das ações da Mantecorp Participações pela Família Mantegazza, se mostrou necessária a simplificação da estrutura e a eliminação das holdings em questão. O Sr. Agente Fiscal olvidouse de analisar, com mais cautela, a estrutura societária existente na própria data de 29/11/2010, por ele utilizada como legítima para auferimento do ganho de capital, anteriormente à extinção da holding, operação esta que teria representado um planejamento tributário abusivo. Notase que a Família Mantegazza possuía a opção de alienar diretamente a Mantecorp Participações ao investidor interessado na aquisição da Mantecorp IQ, sendo que este era o único investimento controlado pela holding, e, com isso, as pessoas físicas recolheriam somente 15% de imposto de renda sobre o ganho de capital oriundo da venda. O procedimento adotado pela Fiscalização mostrase completamente desarrazoado e desproporcional, na medida em que busca aplicar uma alíquota de 34% sobre o ganho de capital auferido, quando, exatamente com base na mesma estrutura utilizada para aplicação desta tributação, seria possível se aplicar uma alíquota de 15% sobre o ganho de capital. Ainda, considerandose a tributação pelos fundos, a alíquota de 15% ("come quotas") como será adiante abordado e possibilidade de a venda ter sido realizada diretamente pelas pessoas físicas, com a tributação do ganho pelo mesmo percentual (15%), perguntase novamente: qual seria o planejamento abusivo praticado no caso em questão? Quando muito, o que se alega apenas a título argumentativo, teria ocorrido tão somente um breve diferimento da tributação do ganho de capital para o momento em que houve a tributação pelo "comequotas". A extinção da Mantecorp Participações, conforme esclarecido, representou uma etapa essencial à implementação do planejamento sucessório da Família Mantegazza, o qual começou a ser pensado em 2006, com o agravamento da doença do Sr. Gian e cujo início da implementação ocorreu nos anos seguintes (2007/2008) com a doação das ações da Ad Maiora aos filhos e com a constituição dos mencionados FIC, necessários para controlar a gestão e disponibilização dos recursos decorrentes da alienação da Mantecorp IQ aos filhos e para a melhor condução e gerenciamento dos negócios da Família Mantegazza, demonstrando se tal extinção total consonância com o propósito negocial em questão. Diferentemente do que alegou o Sr. Agente Fiscal no sentido de que a "Mantecorp Participações SA ter sido extinta, tendo como única justificativa (...) a ausência de interesse dos acionistas na manutenção da mesma', na realidade, a extinção da holding se deu justamente para a redução de custos administrativos e operacionais e, especialmente, para gerir de forma profissional e centralizada os recursos da venda da Mantecorp IQ. Fl. 5315DF CARF MF 36 Os recursos oriundos da venda das ações da Mantecorp IQ permanecem indisponíveis aos filhos até hoje, o que demonstra a implementação e consecução do planejamento sucessório engendrado desde o início das operações analisadas. Conforme se passará a demonstrar, a dissolução, a liquidação e a extinção desta sociedade foram realizadas nos estritos termos das legislações societária e tributária vigentes à época dos fatos No caso concreto, a Assembleia Geral da Mantecorp Participações deliberou, em 06/12/2010, em estrita atenção à legislação societária vigente à época dos fatos, sobre a dissolução desta pessoa jurídica e, com isso, se deu início à almejada extinção da Companhia. Nesta mesma data e ato societário, ocorreu a liquidação, tendo sido nomeado como liquidante o Sr. Luca Mantegazza, nos termos do art. 208 da Lei n° 6.404/1976, conforme consta da Ata de AssembleiaGeral. Encerrada a liquidação, houve a extinção da sociedade em 06/12/2010, nos termos do art. 219 da Lei 6.404/1976. A extinção da Mantecorp Participações observou estritamente o procedimento previsto na Lei das Sociedades Anônimas, tendo as ações da Mantecorp IQ sido entregues aos acionistas, dentre eles a Impugnante, na fase de liquidação, em um legítimo procedimento de partilha de ativos remanescentes, devolvidos aos sócios em substituição ao capital anteriormente investido (devolução de capital). Este procedimento de devolução de ativos aos acionistas ocorre na fase de liquidação e precede, portanto, à extinção da sociedade. Como se vê, a legislação societária expressamente dá respaldo ao procedimento realizado pela Família Mantegazza ao optar pela dissolução, liquidação e extinção da Mantecorp Participações, sendo defeso ao Fisco tolher um direito previsto em lei. Se nas normas societárias, mais especificamente na Lei n° 6.404/1976, encontrase embasamento para a dissolução da sociedade e devolução de ativos aos acionistas, na legislação tributária não é diferente. Efetivamente, a operação de devolução de bens e direitos aos acionistas tratase de procedimento expressamente previsto no art. 22 da Lei n° 9.249/1995. Aplicandose o entendimento jurisprudencial pacífico ao caso concreto, tem se, de forma clara e evidente, que a Família Mantegazza fez escolhas previstas nas legislações societária e tributária ao extinguir a Mantecorp Participações com a devolução do patrimônio às pessoas físicas acionistas a valor contábil, os quais, após se tornarem proprietários das ações da Mantecorp IQ recebidas, poderiam inclusive negociar e concretizar a venda para terceiros, com o devido recolhimento do IRPF, a alíquota de 15%, sobre o ganho de capital auferido. Diante do exposto, considerandose que: (i) a dissolução da Mantecorp Participações foi imprescindível ao propósito negocial almejado pelo Grupo da Família Mantegazza; (ii) as pessoas físicas poderiam ter alienado as participações societárias diretamente, tributandose o ganho auferido à alíquota de 15% (mesma alíquota aplicável à tributação dos fundos), não se admitindo a quantificação do tributo pela aplicação da alíquota de 34% (25% para o IRPJ e 9% para a CSLL), simplesmente para se majorar a carga fiscal; e Fl. 5316DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.299 37 (iii) que a Mantecorp Participações já se encontrava formal e materialmente extinta no momento do auferimento do ganho de capital pela alienação das ações da Mantecorp IQ à Hypermarcas (fato gerador considerado pela Fiscalização), sendo impossível a prática por ela de qualquer ato jurídico tributável; não poderá essa Turma Julgadora manter os autos de infração em questão e, consequentemente, o Termo de Responsabilidade Solidária lavrado em face da ora Impugnante, independentemente do acolhimento dos demais argumentos expostos a seguir. II.9 Da Impossibilidade de Ingerência do Fisco na Atividade do Contribuinte Da Opção Legal do Impugnante. A liberdade de autoorganização sempre foi tida como resultado das garantias asseguradas por diversos princípios constitucionais. O mais importante deles, o princípio da legalidade, é basilar em nosso ordenamento jurídico, estando previsto de forma genérica no artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal, e, dada sua cabal importância, adotado específica e expressamente para fins tributários no artigo 150, inciso I, do mesmo diploma. Conjugado aos princípios da livre iniciativa e o da garantia à propriedade privada, dispostos no artigo 170 da Constituição Federal, temse que o planejamento tributário é legítimo quando se vale de meios não vedados expressamente em lei para produzir o efeito da economia fiscal. É evidente que os autos de infração ora combatidos consistem em interferência do Fisco (decorrente de seu mero inconformismo com relação às normas expressas no ordenamento jurídico) na atividade do Grupo, o que não pode ser admitido, conforme se passa a demonstrar. O próprio CARF admite que se o contribuinte encontrar na legislação mais do que um caminho, sendo um deles, inclusive, menos oneroso, mas perfeitamente legítimo, poderá escolhêlo posto que representa uma opção (legal) que lhe for mais conveniente. Ressaltese, ainda, que a opção legal deve, necessariamente, estar no campo da legalidade, devendo existir uma norma de apoio para que o contribuinte faça a opção mais econômica. Assim sendo, como já mencionado anteriormente, em dois momentos societários distintos seria possível a venda de participações societárias diretamente pelas pessoas físicas, com a incidência da alíquota de 15% sobre o ganho auferido: venda da participação societária na Mantecorp Part. e a venda da participação societária na Mantecorp IQ. Notórias, portanto, as opções legais disponíveis ao Grupo que afastam, de plano, qualquer argumento referente à existência de planejamento abusivo. Passandose a análise do caso concreto, mencionese, uma vez mais, que foi feita uma devolução de capital a valor contábil, o que é expressamente permitido pelos já transcritos artigos 206, I, "c", e seguintes da Lei n° 6.404/1976 e 22 da Lei n° 9.249/95. Diante de todo o exposto, constatase que o procedimento adotado pela Família Mantegazza é completamente legítimo, à luz da legislação de regência e dos princípios constitucionais, que asseguram o direito a livre iniciativa do contribuinte II.10 Legalidade da Constituição dos FIP, dos FIC e da Venda das Ações da Mantecorp IQ Tributação "ComeQuotas" a 15%. Fl. 5317DF CARF MF 38 Com relação aos fundos de investimento, diferentemente do que alegou Autoridade Fiscal no sentido de que "repentinamente” “somente alguns dias antes de alienar a Mantecorp IQ” que se definiu a extinção da holding familiar e a constituição de fundos de investimento, o planejamento sucessório da família Mantegazza já estava sendo implementado no ano de 2008 com a constituição dos FIC, muito tempo antes de a Hypermarcas adquirir a Mantecorp IQ. Decidida a estrutura específica que receberia o patrimônio da Família Mantegazza no planejamento sucessório que seria implementado, constituíramse no ano de 2008 cinco FIC, sendo que quatro destes fundos tinham como único quotista cada um dos filhos e o quinto tinha como quotistas os pais. Tendo em vista que, como dito anteriormente, os FIC da Família Mantegazza foram constituídos em 2008 sob a forma de condomínio aberto, com investimentos em renda fixa de longo prazo, constatase que eles estavam sujeitos à antecipação do recolhimento do IR pela sistemática do "comequotas". Assim, quando os supracitados FIC receberam as respectivas quotas dos FIP e estes últimos sofreram uma variação positiva no seu patrimônio em razão da alienação das ações da Mantecorp IQ para a Hypermarcas, houve o oferecimento à tributação do ganho de capital auferido com a mencionada alienação, o qual foi devidamente recolhido no último dia de maio pelo administrador do FIC MM pertencente à Impugnante, conforme se constata das telas extraídas do sítio eletrônico da CVM e do próprio sistema do administrador. De fato, se a Família tivesse o intuito de reorganizar o seu patrimônio com o único propósito de se economizar tributos, outras estruturas seriam muito mais vantajosas, conforme especificado. Além disso, vale reiterar que em setembro de 2011 a Impugnante optou por fechar o FIC MM (após a antecipação do recolhimento do IR sobre o ganho de capital na alienação da Mantecorp IQ), o que ocorreu após autorização da CVM, em 07/11/2011, momento em que a Impugnante também ofereceu à tributação os novos rendimentos auferidos com o mencionado fundo. Além disso, constatase que o FIC MM continua plenamente ativo e com os recursos referentes a maior parte do valor recebido pela venda da Mantecorp IQ, os quais permanecem sendo investidos em diferentes fundos de investimento sob a gestão especializada da Votorantim Asset Management DTVM Ltda. Não bastasse o exposto acima, constatase também que tampouco se sustentam as ilações da Autoridade Fiscal no sentido de que os FIP que adquiriram as ações da Mantecorp IQ e as venderam para a Hypermarcas teriam sido constituídos como "parte integrante do planejamento abusivo para fugir da tributação do IRPJ da CSLL" (fl. 20 do TVF). Em primeiro lugar, estes FIP cumpriram plenamente a sua principal característica, prevista no caput e no § 2° do art. 2º da Instrução CVM 391/2003 que trata especificamente dos FIP. Em segundo lugar, a constituição dos FIP não só está de acordo com a legislação vigente, como também possuía efetivo propósito negocial. De fato, como mencionado anteriormente, o planejamento sucessório implementado pelos pais da Família Mantegazza consistia, essencialmente, em (a) alienar o seu negócio a terceiros e (b) repassar Fl. 5318DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.300 39 para a propriedade de seus filhos uma parte do produto desta venda, (c) sem que os pais perdessem o controle sobre tais recursos e (d) garantindo uma boa gestão deste patrimônio, razão pela qual se optou pela utilização de fundos de investimentos. Em outras palavras, utilizouse a estrutura que era autorizada a receber ações de companhias fechadas, com o aval do rígido órgão regulador e fiscalizador (CVM) e com um efetivo propósito (planejamento sucessório). Não faria qualquer sentido realizar a alienação das ações da Mantecorp IQ por intermédio da holding, na medida em que, como a própria sequência dos fatos comprova, a intenção era investir os recursos obtidos em ativos do mercado financeiro e não em novas participações societárias, objeto principal da holding. Em terceiro lugar, pertencendo as ações da Mantecorp IQ aos FIP e não havendo qualquer óbice na legislação com relação a isso, muito pelo contrário, este tipo de fundo foi desenhado exatamente para este tipo de investimento, concluise que a alienação das referidas ações à Hypermarcas foi lícita e legítima. Em quarto lugar, constatase que o Sr. Auditor Fiscal sequer buscou averiguar de forma efetiva o tema que pretendia fiscalizar, eis que em inúmeras oportunidades denomina os FIP de FIA, que são fundos de natureza completamente diferentes. Em quinto e último lugar, asseverou a Fiscalização que "não havia nenhuma intenção de colocar as ações da Mantecorp IQ nos Fundos, como forma de uma estrutura que permitisse uma melhor governança corporativa e um controle político e econômico centralizado, pois tão logo foram alienadas" (fl. 20 do TVF). Novamente uma assertiva do Sr. Agente Fiscal deixa transparecer o seu desconhecimento sobre o tema. Isso porque, quando uma companhia fechada se torna investida de um FIP, como no presente caso, ela, obrigatoriamente, deve se alinhar a práticas de governança corporativa a que não estava sujeita até então, nos termos do que determina o § 4° do art. 2º da Instrução CVM n° 391/2003, a qual foi, inclusive, citado no TVF. II.11 Apuração Equivocada do Lucro Arbitrado Iliquidez e Incerteza do Crédito Tributário — Nulidade dos Autos de Infração. Anteriormente ao arbitramento do lucro, é necessário que a Fiscalização adote todas as providências cabíveis na tentativa de apurar o lucro com base nas outras modalidades, i.e., real ou presumido. Isto significa que, conforme já afirmado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, a Fiscalização deve se esforçar ao máximo para aproveitar aquilo que foi escriturado. Uma vez considerada existente a Mantecorp Participações no momento da venda das ações da Mantecorp IQ, deveria a Fiscalização ter solicitado o levantamento da totalidade das informações contábeis pertinentes a tal pessoa jurídica, reapurandose suas escritas contábeis e fiscais pelas vias ordinárias se possível (lucro real ou presumido). Mesmo que fosse válida a adoção da sistemática do lucro arbitrado no presente caso, inferese que a apuração do lucro arbitrado deve ser trimestral, o que, no presente caso, seria o 1º trimestre de 2011, segundo o entendimento da própria Fiscalização. Fl. 5319DF CARF MF 40 De fato, o erro na determinação da data do fato gerador traz reflexos também no montante de tributo devido. Isto porque, os juros foram majorados em razão de sua incidência nestes dois meses (fevereiro e março), e, ainda, o cálculo da parcela não sujeita ao adicional reflete, equivocadamente, apenas o montante de R$ 20.000,00, quando deveria refletir R$ 60.000,00, relativamente a todo o trimestre. Diante do exposto, notase que (i) o lucro arbitrado foi aplicado equivocadamente ao presente caso; (ii) ainda que estivesse correta a sua aplicação, a apuração está errada por não ter observado todo o trimestre; (iii) o aspecto temporal do fato gerador está equivocado; e (iii) com isso, os juros foram majorados e o valor da parcela não sujeita ao adicional foi reduzida. Em razão de todos esses equívocos na apuração dos tributos supostamente devidos, os autos de infração são nulos e não merecem prosperar. II.12 — Ad Argumentandum Desconhecimento e Inobservância da Legislação Concernente aos Fundos de Investimento. Além de todas as imprecisões abordadas, devese mencionar que o Sr. Agente Fiscal, erroneamente, desvinculou o IR/Fonte recolhido pelos FIC, por meio da sistemática denominada "comequotas" à alíquota de 15%, do ganho de capital auferido pela alienação das ações Mantecorp IQ. No entanto, conforme amplamente demonstrado, o valor tributado pelos FIC em maio de 2011 decorreu justamente da valorização das quotas dos FIP em razão da alienação das ações da Mantecorp IQ à Hypermarcas. Tratouse, portanto, exatamente do mesmo fato gerador em análise ganho de capital pela venda das participações societárias da Mantecorp IQ. Reiterase, com isso, que mesmo na hipótese de manutenção das autuações por esta Turma Julgadora, o que se alega a título meramente argumentativo, há clara necessidade de compensação dos valores recolhidos a título de IR/Fonte pelos FIC. Além disso, o entendimento do Fisco a respeito da integralização de quotas de fundos por meio da entrega de títulos ou valores mobiliários está expresso no Ato Declaratório Interpretativo ("ADI") n° 07/07. Nesse passo, quando muito, nas autuações ora combatidas, a Fiscalização poderia ter questionado para fins de lançamento o fato gerador de eventual ganho de capital das pessoas físicas caso tivesse ocorrido a integralização das quotas dos FIP, a valor de mercado, sendo a base de cálculo a diferença entre esse valor e seu custo de aquisição. Destarte, como conclusão da totalidade de equívocos cometidos na análise dos fatos e pelo parco conhecimento técnico da matéria, a Fiscalização acabou por eleger fato gerador diverso daquele que seria eventualmente devido segundo o entendimento da própria Receita Federal, em clara demonstração de que os autos de infração em apreço padecem de nulidade. II.13 Ad Argumentandum — Necessidade de Compensação do Imposto Pago pelos FIC Carga Fiscal Suportada Pelas Pessoas Físicas Quotistas. Caso seja considerado correto o entendimento adotado pela Fiscalização, o que, mais uma vez, alegase apenas ad argumentandum, devese considerar, então, para fins de apuração do crédito tributário devido, também o valor recolhido pelo FIC MM a título de Imposto de Renda Retido na Fonte no montante de R$ 55.682.543,69, tributado na sistemática do comequotas em maio de 2011, referente à variação positiva das suas quotas decorrente, Fl. 5320DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.301 41 insistase, do mesmo ganho de capital já mencionado, calculado sob a alíquota de 15%. Cita entendimento do Carf sobre o assunto. II.14 Inexistência de Fraude e Simulação Impossibilidade de Aplicação da Multa Agravada. Considerandose que a inclusão da Impugnante no polo passivo da relação jurídicotributária se deu com base no art. 124, I, sem a citação do artigo 135 do CTN, é de se concluir que houve o reconhecimento, ainda que indireto, por parte da Fiscalização, de que esta não realizou atos fraudulentos e dolosos, e, por consequência, não incorreu na prática de qualquer conduta ensejadora da aplicação da multa agravada. No presente caso, nenhuma destas condutas foi praticada pela Impugnante e nem pelo Grupo Mantecorp, tendo em vista que: (i) prestaram informações e forneceram documentos à Fiscalização, sem retardar, impedir, atrapalhar, nem confundir o trabalho fiscal; (ii) todos os atos societários foram devidamente registrados e arquivados na Junta Comercial, dandose a publicidade necessária, conforme demonstram os documentos colacionados aos autos. Em conclusão: quem age de má fé, quem dissimula, quem simula, perpetra fraude, oculta fatos geradores de tributos, quem quer sonegar tributo certamente não é aquele que (i) leva a registro todos os atos societários relacionados à operação; (ii) apresenta todas as informações ao Fisco Federal, por meio das declarações e obrigações acessórias; (iii) presta todos os esclarecimentos requeridos pela Fiscalização; e (iv) oferece ao Sr. Agente Fiscal todos os documentos necessários à investigação. Ademais, tampouco restou configurada a prática de qualquer ato simulado ou dissimulado, conforme alegou a Fiscalização. Conforme se demonstrou de forma exaustiva, todas as operações em análise (aquisição das ações da Mantecorp Participações de titularidade da Tendai Investments; eliminação de holdings, dissolução, liquidação e extinção da Mantecorp Participações com a devolução do patrimônio aos acionistas; venda das ações da Mantecorp IQ para os fundos de investimento e posterior alienação à Hypermarcas) foram realizadas como forma de concretizar a reorganização patrimonial e societária almejada. Todas elas foram operacionalizadas às claras, em observância das normas de regência e providas de propósito negocial. Somente haverá que se falar em simulação quando houver o intuito de prejudicar terceiros, ou ainda, violar dispositivo de lei. Todas as operações foram feitas em estrita conformidade com os requisitos legalmente exigidos (contábeis, societários ou fiscais), levadas ao conhecimento de todos os órgãos competentes, como a respectivas juntas comerciais, a Receita Federal do Brasil, CVM, etc, bem como foram providas de total substância e materialidade. Ademais, ressaltese, a simulação não se presume e não se prova por meio de indícios. Ela deve ser efetivamente comprovada, sob pena de, com isso, infringirse todo o fim pretendido pelo legislador ao dispor sobre a interpretação e a integração da legislação tributária, constante nos artigos 107 a 112 do Código Tributário Nacional. Fl. 5321DF CARF MF 42 Outrossim, insta ponderar que, reconhecendose a ausência de simulação e dissimulação nos atos praticados, além do cancelamento da multa agravada, não há como subsistir as autuações. Isto porque, afastandose estes institutos que viciam e anulam o negócio jurídico, as operações realizadas pelo Grupo Mantecorp permaneceriam incólumes e, por consectário lógico, a tributação questionada inexistiria. II.15 Impossibilidade de Exigência da Multa em caso de Dúvida. A exigência de valores a título de penalidades não se coaduna com a dúvida, conforme se afere do artigo 112 do Código Tributário Nacional, segundo o qual "A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: (...)" (g.n.). Deste modo, caso reste inequívoca a presença da dúvida quanto à correção das autuações originárias da presente lide, requerse que esta E. Turma Julgadora reconheça, ao menos, que não será possível manter a multa de ofício exigida da Impugnante. 11.16 Ad Argumentandum Vedação ao Confisco. Por mais grave que seja o ilícito praticado não se justifica a imposição de penalidade que reduza o patrimônio do sujeito passivo de forma desproporcional à infração. Desta feita, notória a ausência de proporcionalidade e razoabilidade da multa de ofício aplicada no percentual de 150% do débito objeto do presente processo administrativo, sendo flagrante o seu caráter confiscatório e a impossibilidade de sua manutenção por esta D. DRJ. Foram citados entendimentos doutrinários e jurisprudência acerca do assunto em pauta, tendo sido ressaltado que deverá ser aplicado por essa E. Turma Julgadora, por economia processual, haja vista que o teor do artigo 62, § 2°, do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 343/2015, que reconhece a necessidade da uniformização das decisões proferidas na forma do artigo 543B, do Código de Processo Civil, e determina a aplicação e obediência do entendimento exarado pelos Tribunais Superiores sob essa sistemática. Assim sendo, também pelo caráter confiscatório da multa imposta à Impugnante, que não praticou qualquer ato ilícito, deve ser cancelada a multa de ofício aplicada, ou ao menos reduzida para 75% do valor do tributo devido. II.17 Ad Argumentandum Decadência do Direito do Fisco de Lançar o Crédito Tributário Erro na Determinação da Data da Alienação das Ações da Hypermarcas (Aspecto Temporal do Fato Gerador). Quando a Impugnante foi intimada dos autos de infração que buscavam colocála no polo passivo do presente litígio, isto é, em 23/12/2015, já havia transcorrido o prazo para a constituição do crédito tributário que deu origem a este processo, nos termos do art. 150, § 4°, do Código Tributário Nacional, o qual deve ser aplicado em vista da inexistência de fraude, simulação ou conluio, conforme já demonstrado. Deveras, segundo o entendimento equivocado da Fiscalização o fato gerador do IRPJ e da CSLL exigidos nestes autos "ocorreu em 24 de janeiro de 2011, após a realização da Assembleia Geral Extraordinária pela Hypermarcas S.A., por meio do qual foram ratificadas aquelas operações" (fl.lO). Fl. 5322DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.302 43 Entretanto, a operação que deu ensejo ao ganho de capital que ora se discute, se concretizou efetivamente em 18/12/2010, momento no qual foi celebrado o Contrato de Compra e Venda de Ações da Mantecorp IQ. Sendo assim, caso não sejam acatados os argumentos expostos nos tópicos anteriores, suficientes para o cancelamento integral das autuações ora combatidas, o que se alega a título argumentativo e subsidiariamente, resta evidente que em 23/12/2015 o direito da Fazenda de constituir o crédito tributário já havia decaído, tendo em vista que já havia passado mais de cinco anos desde a ocorrência do fato gerador (18/12/2010), motivo pelo qual não poderá essa Turma Julgadora manter os lançamentos em questão. II.18 Ilegalidade da Cobrança dos Juros sobre a Multa. Considerando que (i) multa não é tributo e (ii) só há previsão legal para que os juros calculados à taxa Selic incidam sobre tributo (e não sobre multa), a cobrança de juros sobre a multa, utilizada no cálculo da Receita Federal do Brasil para atualização dos créditos tributários objeto do presente processo, desrespeita o princípio constitucional da legalidade, expressamente previsto nos já citados artigos 5º, II, e 37 da Constituição Federal, o que não pode ser admitido por essa E. Turma Julgadora. Ante o exposto, a Impugnante aguarda que essa E. Turma Julgadora determine o cancelamento dos juros de mora, calculados com base na taxa Selic, sobre a multa de ofício lançada nos autos de infração originários do presente processo administrativo III Do pedido Pelo exposto, a Impugnante requer a esta E. Turma Julgadora o recebimento, o conhecimento e o provimento da presente impugnação, a fim de que seja excluída a sua responsabilidade solidária, conforme os tópicos abordados, que deixam evidente a falta de solidariedade. Caso assim não se entenda, requerse que seja dado integral provimento à presente peça impugnatória, seja em razão das nulidades evidenciadas, seja em razão do mérito e, consequentemente, cancelados os autos de infração que deram origem a este processo e o respectivo Termo de Responsabilidade Solidária. Por fim, ainda que mantidas as autuações ora impugnadas, pedese, subsidiariamente, que esta Delegacia de Julgamento ao menos reconheça a necessidade de (i) se exonerar a multa agravada, face à não imputação à ora Impugnante de qualquer prática dolosa ou fraudulenta, e (ii) compensar o IR/Fonte retido pelo FIC. IMPUGNAÇÃO – PAOLA MANTEGAZZA POMELLI FLS. 2739/2863. Paola Mantegazza Pomelli, por meio de seus representantes legais, apresentou a impugnação em 22/01/2016, cujo conteúdo está em conformidade com as teses de defesa anteriormente apresentadas e foi explicitado nos seguintes itens: 1. INTRODUÇÃO. Fl. 5323DF CARF MF 44 2. A VERSÃO DOS FATOS NA ÓTICA DA AUTORIDADE LANÇADORA. 3. O FILME COMPLETO DA REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA DO GRUPO MANTECORP. A) RACIONALIZAÇÃO DO GRUPO SOCIETÁRIO POR MEIO DA ALOCAÇÃO E/OU ABSORÇÃO DE EMPRESAS E AO FINAL DISTRATO DA MANTECORP PARTICIPAÇÕES S/A. B) CONSTITUIÇÃO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTOS EM PARTICIPAÇÕES PELOS MEMBROS DO CLà MANTEGAZZA. 4. DA OPERAÇÃO COM A HYPERMARCAS S/A E O BANCO CREDIT SUISSE. 5. DA TRIBUTAÇÃO EFETIVA DO GANHO DE CAPITAL POR MEIO DOS FICs. 6. DO COMPLETO DESCABIMENTO DAS PREMISSAS ADOTADAS PELA R. AUTORIDADE FISCAL DO QUE DECORRE A INARREDÁVEL ERRONIA DA CONCLUSÃO. 7. DA IMPROCEDÊNCIA DA MULTA QUALIFICADA DE 150%. 8. DA IMPUTAÇÃO DOS RECOLHIMENTOS REALIZADOS PELO FICs EM CASO DE MANUTENÇÃO DO LANÇAMENTO. 9. DA IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA À RECORRENTE PAOLA MANTEGAZZA POMELLI E DA NECESSIDADE DE CANCELAMENTO DO TERMO DE SUJEIÇÃO PASSIVA DESTA IMPUGNANTE. 10. DA IMPOSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA DOS JUROS SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. Por sua vez, os pedidos finais da impugnante constam expressos no item abaixo reproduzido: 4. DO PEDIDO Por todo o exposto, requer o recebimento e conhecimento da presente impugnação, para que seja julgada procedente, cancelandose integralmente os lançamentos de IRPJ e CSLL do referido Auto de Infração, haja vista: (i) a nulidade do Auto de Infração impugnado, ante a existência de vício de motivação na sua lavratura, vícios quanto ao fato gerador, bem como ofensa aos princípios do contraditório e ampla defesa, este último especificamente em relação à prova emprestada do TDPF n. 08.1.85.002011002980; (ii) a ilegitimidade passiva do impugnante, ante a não configuração de interesse comum (art. 124, I do CTN), uma vez que: (a) a mera detenção de participação societária não configura por si só tal situação; e (b) era nuproprietário das ações da Mantecorp Participações não possuindo qualquer direito político e econômico sobre tais ações; Fl. 5324DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.303 45 (iii) a ausência de responsabilidade pessoal do Impugnante (art. 135, III do CTN), pois (a) não houve a prática de atos com "excessos de poderes" ou "infração de lei, contrato social, ou estatutos"; e (b) não logrou êxito a fiscalização em comprovar supostos atos; (iv) que as operações praticadas obedeceram todos os requisitos previsto em legislação e tiveram farta motivação do ponto de vista societário, sucessório e de governança corporativa, inexistindo qualquer ocultação de fatos jurídicos, simulação ou qualquer outra espécie de conduta fraudulenta, notadamente em decorrência do fato que o imposto de renda incidente sobre as operações em análise foi recolhido; Outrossim, na remota hipótese de serem desconsiderados todos os argumentos acima e sendo o crédito tributário imputado ao Impugnante, requerse desde já, a retificação na quantificação do crédito tributário, a fim de que seja: (v) compensada a integralidade do imposto de renda recolhido no ambiente de fundos de investimentos, do qual as pessoas físicas são os efetivos beneficiários;. (vi) cancelada multa agravada de 150%, haja vista a inexistência de qualquer conduta dolosa; (vii) desconsiderada, no cálculo do ganho apurado na operação de alienação de ações à Hypermarcas, a parcela correspondente ao pretenso ganho auferido em decorrência da incorporação de ações da Matecorp IQ não efetivamente realizado; (viii) na remota hipótese de terem sido considerados juros sobre a multa lançada, requer seja tal aplicação afastada, haja vista a inexistência de qualquer previsão legal nesse sentido. IMPUGNAÇÃO – ENRIQUETA MANTEGAZZA CAPELLA FLS. 3252/3701. Enriqueta Mantegazza Capella, por meio de seus representantes legais, apresentou a impugnação em 20/01/2016, cujo conteúdo corresponde, em linhas gerais, ao contraditório apresentado por Michele Mantegazza, que foi resumido anteriormente. Os pedidos finais seguem abaixo reproduzidos: e consequentemente, cancelados os autos de infração que deram origem a este processo e o respectivo Termo Pelo exposto, a Impugnante requer a esta E. Turma Julgadora o recebimento, o conhecimento e o provimento da presente impugnação, a fim de que seja excluída a sua responsabilidade solidária, conforme tópicos abordados, que deixam evidente a falta de solidariedade. Caso assim não se entenda, requerse que seja dado integral provimento à presente peça impugnatória, seja em razão das nulidades evidenciadas, seja em razão do mérito de Responsabilidade Solidária. Por fim, ainda que mantidas as autuações ora impugnadas, pedese, subsidiariamente, que esta Delegacia de Julgamento ao menos reconheça a necessidade de (i) se exonerar a multa agravada, face à não imputação à Impugnante de qualquer prática dolosa ou fraudulenta, e (ii) compensar o IR/Fonte retido pelo FIC. Fl. 5325DF CARF MF 46 Quando do julgamento na DRJ, a decisão restou assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/01/2011 SUJEITO PASSIVO. O sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. PRELIMINAR DE NULIDADE. PLURALIDADE DE SUJEITOS PASSIVOS. Configurada a extinção formal da pessoa jurídica, devem ser chamados para responder pelo crédito tributário lançado, por força de vínculo de responsabilidade legalmente atribuído na ação fiscal, as pessoas físicas que eram detentoras de participação societária na holding extinta ou que atuaram como administradores da sociedade. PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Há de se rejeitar a preliminar de nulidade quando comprovado que a autoridade fiscal cumpriu todos os requisitos pertinentes à formalização do lançamento e à atribuição do vínculo de responsabilidade, tendo o sujeito passivo sido cientificado dos fatos e das provas documentais que motivaram a autuação e, no exercício pleno de sua defesa, manifestado contestação de forma ampla e irrestrita, que foi recebida e apreciada pela autoridade julgadora. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 24/01/2011 FALTA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ABUSIVO. Devem ser avaliados pela autoridade fiscal os efeitos tributários decorrentes de reorganização societária praticada por meio de operações que, isolada ou conjuntamente analisadas, se mostram desprovidas de propósito negocial, fundadas em atos que revelam um planejamento tributário abusivo, não oponível ao fisco, visando essencialmente evitar o pagamento de tributos devidos pela pessoa jurídica que conduziu e estruturou todo o negócio. RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA. As pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador são solidariamente responsáveis pelo crédito tributário apurado. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, os diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurídica de direito privado. Fl. 5326DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.304 47 DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Na hipótese de ocorrência de dolo, fraude ou simulação, inicia se a contagem do prazo de decadência do direito de a Fazenda Nacional formalizar a exigência tributária no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 24/01/2011 GANHO DE CAPITAL. VENDA DE AÇÕES. VALOR CONTÁBIL. O valor do patrimônio líquido pelo qual o investimento estiver registrado na contabilidade do contribuinte compõe, entre outras rubricas, o valor contábil para efeito de determinar o ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação de investimento em coligada ou controlada avaliado pelo valor de patrimônio líquido. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. ALIENAÇÃO. GANHO DE CAPITAL. Na operação de incorporação de ações, a transferência das ações da sociedade incorporada para o patrimônio da incorporadora caracteriza alienação; havendo diferença positiva entre o valor da transmissão e o respectivo custo de aquisição, esta diferença deve ser tributada como ganho de capital. ARBITRAMENTO DO LUCRO. PERÍODO DE APURAÇÃO. PESSOA JURÍDICA EXTINTA. O imposto será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; o período de apuração a ser considerado no lançamento é aquele compreendido entre o início do exercício e a data da extinção de fato da pessoa jurídica. RETENÇÃO NA FONTE DO IMPOSTO. EFEITOS DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ABUSIVO. Para fins de lançamento no contexto de um planejamento tributário abusivo, deve ser considerado o recolhimento definitivo de imposto de renda na fonte efetuado no ambiente de fundos de investimento, em face da valorização de cotas pertencentes às pessoas físicas implicadas como responsáveis tributários, decorrente da mesma operação de venda de ações que resultou no ganho de capital omitido na pessoa jurídica. Fl. 5327DF CARF MF 48 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. A multa de ofício qualificada será aplicada quando o procedimento fiscal evidenciar o planejamento tributário abusivo, perpetrado por meio de atos promovidos sem propósito negocial, com a finalidade única de não recolher os tributos devidos na pessoa jurídica que conduziu e estruturou todo o negócio que resultou no ganho de capital omitido. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Sendo a multa de ofício classificada como débito para com a União decorrente de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, é devida a incidência dos juros de mora calculados a partir do primeiro dia do mês subsequente ao do seu vencimento. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. O decidido para o lançamento de IRPJ estendese ao lançamento da CSLL, na parte que compartilham o mesmo fundamento factual e desde que não haja nenhuma razão de ordem jurídica que lhes recomende tratamento diverso. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Assim, as impugnações foram julgadas parcialmente procedentes para que fossem considerados como dedutíveis o Imposto de Renda pago pelos fundos nos seguintes termos: Tendo por base os parâmetros estabelecidos, o levantamento deve ser efetuado conforme se segue (valores expressos em R$): Por sua vez, o cálculo do IRPJ deve ser assim considerado (valores expressos em R$): Uma vez que as retenções na fonte se restringiram ao imposto de renda, não há alteração no lançamento da CSLL. Cientificados da decisão, e inconformados com o resultado do julgamentos, apresentaram os responsáveis os respectivos recursos: 01) Espólio de Gian Enrico Mantegazza e Anna Maria Mantegazza: Fl. 5328DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.305 49 1.A) Inovação pela decisão da DRJ erro na capitulação do lançamento (art.121 do CTN); 1.B) Das nulidade do auto de infração: vício de motivação, violação do dever de comunicação e utilização de prova emprestada; 1.C) Dos vícios do fato gerador: Que o imposto deveria ter sido apurado trimestralmente, conforme apuração da Mantecorp (empresa extinta em 06/12/2010); 1.D) Da licitude da reestruturação implementada sendo que a sua motivação foi tãosomente para a sucessão nos exatos moldes pretendidos pelo patriarca da família que fez a doação das cotas com cláusula de usufruto. 1.E) Da ausência de simulação e planejamento abusivo; 1.F)Da livre iniciativa: o direito de autoorganização pelo contribuinte; 1.G)Da criação da Mantecorp participações e da desnecessidade de sua manutenção; 1.H) Do propósito negocial; 1.I) Do lapso de tempo entre o início da reestruturação do grupo e a alienação de ações da Mantecorp IQ para a Hypermarcas; 1.J) Da incerteza quanto à alienação da Matecorp IQ e da estrutura atualmente existente; 1.K) Do papel dos fundos de investimento no planejamento sucessório; 1.L) Da inexistência de ganho de capital na operação de incorporação de ações; 1.M) Do incorreto cálculo do hipotético ganho de capital na operação de incorporação de ações efetuado pela fiscalização; 1.N) Compensação do imposto pago não aplicação de multa de ofício qualificada, tendo em vista que o pagamento do imposto ocorreu antes de qualquer procedimento fiscal; 1.O) Impossibilidade de aplicação da multa qualificada; 1.P) Efeito confiscatório do crédito tributário; 1.Q)Inexistência da responsabilidade pessoal da Sra. Anna Maria Mantegazza; 02) Enriquetta Mantegazza 2.A) Ausência de fundamentação e omissão quanto a diversos argumentos trazidos na impugnação;(i) Cláusula de usufruto; (ii) possibilidade da venda ser exercida pelas pessoas físicas dos acionistas após a devolução do capital; (iii) descabimento da multa Fl. 5329DF CARF MF 50 qualificada; (iv) ausência de fundamentação quanto ao suposto interesse comum (art. 124, CTN) e incoerência na fundamentação da responsabilidade tributária análise incoerente e contraditória sobre a aplicação do art. 121 do CTN 2.B)Inadmissíveis inovações ao lançamento tributário. (i) art. 121 do CTN; (ii) menção ao instituto do abuso de direito; (iii) alegação de que o FIC não pode ser cotista do FIP nas normas da CVM; (iv) incoerência sobre a extinção da Mantecorp e as responsabilidade atribuídas à terceiros. 2.C) Nulidade do lançamento vício de fundamentação em relação à solidariedade; 2.D) Inaplicabilidade do art. 124, inciso I do CTN aos acionistas em caso de extinção de sociedades; 2.E) Impossbilidade de atribuição da sujeição passiva solidária à recorrente diferenciação entre o institutos da "solidariedade" e da "responsabilidade tributária" 2.F) Falta de comprovação de "interesse comum" e de solidariedade pela mera detenção de participação societária na Mantecorp Participações. 2.G) Não utilização do art. 135 do CTN para responsabilizar a recorrente da existência de usufruto; 2.H) Do propósito negocial da legalidade formal e material na extinção da Mantecorp Participações 2.I) Da impossibilidade de ingerência do fisco na atividade do Contribuinte Da opção legal da recorrente; 2.J) Legalidade da Constituição dos FIP, dos FIC e da venda das ações da Matecorp IQ tributação "comequotas" a 15%; 2.K) Apuração equivocada do lucro arbitrado iliquidez e incerteza do crédito tributário Nulidade dos autos de infração (arbitramento do lucro) 2.L) Outros argumentos equivocado traçados pela DRJ Não incidência de IRPJ e CSLL na incorporação de ações e erro na apuração do suposto ganho de capital 2.M) Ad argumentadum Desconhecimento e Inobservância da Legislação Concernente aos Fundos de Investimento 2.N) Ad argumentadum Necessidade de Compensação do Imposto Pago pelos FIC Carga Fiscal suportada pelas pessoas físicas quotistas 2.O) Inexistência de Fraude e Simulação Impossibilidade de aplicação da multa agravada 2.P) Impossibilidade de exigência da multa em caso de dúvida aplicação do art. 112 do CTN 2.Q) Vedação ao confisco Fl. 5330DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.306 51 2.R) Decadência do direito do fisco de lançar o crédito tributário erro na determinação da data da alienação das ações da Hypermarcas (aspecto temporal do fato gerador); 2.S) Ilegalidade da cobrança dos juros sobre a multa Interposta contrarazões pela D. Procuradoria requerendo a manutenção da decisão da DRJ. Este é o relatório do essencial. Voto Vencido Conselheiro Letícia Domingues Costa Braga Relatora I Da admissibilidade e tempestividade dos recursos Os autos de infração lavrados identificam como sujeitos passivos da obrigação tributária Anna Maria Capella Mantegazza, Gian Enrico Mantegazza, Luca Mantegazza, Paola Mantegazza, Enriqueta Mantegazza Capella e Michele Mantegazza Nesse ponto, vale salientar de início que, conquanto tenham sido apresentados recursos distintos, o conteúdo, em linhas gerais, demonstra coerência e identidade de argumentação, motivo pelo qual, nos tópicos seguintes, serão analisados os argumentos de defesa em seu conjunto. II Do Recurso de Oficio e do IRRF Quando do julgamento na instância primeva, permitiu aquela douta Delegacia, a compensação do Imposto de Renda pago pelos Fundo com essa autuação. Tendo em vista que as retenções na fonte (comecotas) havidas num primeiro momento refletem os efeitos da valorização das cotas em decorrência da venda das ações da Mantecorp IQ para a Hypermarcas, o valor retido deve ser deduzido do imposto lançado, de forma a quantificar corretamente o efeito tributário do planejamento considerado abusivo. Com relação à parcela desonerada, foi assim exposto o valor: Assim, tendo sido o valor desonerado muito superior ao mínimo para a interposição do recurso de ofício, admito a sua interposição. Quanto à possibilidade de compensar os valores pagos sobre o mesmo fato gerador, qual seja, o IR sobre o ganho de capital, entendo ser possível e legal que se permita Fl. 5331DF CARF MF 52 deduzir do imposto ora apurado de ofício contra "a pessoa jurídica" (somente está em nome das pessoas físicas por ter sido extinta a pessoa jurídica) contra aqueles vinculados ao mesmo fato gerador, qual seja o imposto pago nos fundos "comecotas". Se a administração tributária transferiu o fato gerador para outra pessoa jurídica, que não os fundos, evidente que o imposto de renda recolhido pelos fundos que tem como fato gerador a valorização das cotas, deve ser objeto de compensação do IRPJ, sob pena de enriquecimento ilícito do estado. Assim, nego provimento ao recurso de ofício. Por outro lado, observo que a decisão da DRJ não permitiu a compensação de todos os valores recolhidos em 2011, e somente uma parte dele, sob o argumento que nem toda a valorização ocorreu em virtude da operação em analise, qual seja, a "venda" da Mantecorp para Hipermarcas. Entretanto, entendo que o valor que estão sendo considerado nessa suposta operação de "compra e venda" deve ser deduzido da presente autuação, isso porque um mesmo bem não pode ser considerado valorizado mais de uma vez. O que se busca com o IR sobre o ganho de capital é efetivamente a valorização do patrimônio e, também, a sua disponibilidade. Levandose em conta que um mesmo patrimônio ou valor, não pode ser "valorizado" mais de uma vez, tenho como correto a dedução dos valores demonstrados nos autos as fls. 3.150 e seguintes (DIRFs), sendo eles: Valores recolhidos pelos Fundos (IRRF) 2011/2012 Titulares Mês Valor (R$) mar/12 13.507.772,83 Gean nov/11 26.478.956,25 mai/11 55.682.546,51 Lucas nov/11 2.289.443,35 mai/11 55.721.736,31 Enriqueta nov/11 2.284.808,46 mar/12 4.343.038,20 Anna Maria nov/11 8.528.912,45 mai/11 55.721.913,18 Paola nov/11 2.287.564,86 mai/11 55.682.543,69 Michele nov/11 2.287.394,95 TOTAL 284.816.631,04 Assim, os valores a serem decotados da presente autuação são os efetivamente recolhidos pelos fundos ao longo do ano de 2011/12 e representam um total de R$284.816.631,04, conforme abaixo: Autuação R$ 583.200.084,23 IRRF R$ 284.816.631,04 Saldo de IRPJ R$ 298.383.453,19 III Da nulidade da decisão da DRJ Fl. 5332DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.307 53 Quanto à arguição de nulidade da decisão por modificação no critério jurídico adotado pelos autuantes no exercício do lançamento, em virtude da citação do art. 121, inciso I, do CTN, tal artigo apenas delimita quem são os sujeitos passivos da obrigação tributária e define contribuinte e responsável. Assim, não é nova fundamentação e tãosomente a citação de um artigo que explicita o tipo de sujeito passivo conforme definido na Lei Complementar. Ademais, com relação as omissões alegadas, assim como colocado nas contrarrazões da Procuradoria, os recursos com mais de 200 fls, de cada um dos "responsáveis" impediu a análise aprofundada de todas as questões postas nos autos, mas como será demonstrado abaixo, nenhuma delas a meu ver prejudicou a defesa dos contribuintes pois se confundem com o mérito da própria autuação, são elas: 01) Existência de cls. de usufruto que impedem o exercício dos poderes de gestão e administração pelos Recorrentes; 02) Devolução de capital às pessoas físicas, uma opção legal expressa no ordenamento jurídico; 03) Ausência de fundamentação acerca do interesse comum necessário para a responsabilidade prevista no art. 124, inciso I, do CTN; 04) Incoerência da fiscalização ao tratar da extinção da Mantecorp Participações; 05) Diferenciação entre os institutos da solidariedade e da responsabilidade tributária; 06) Quanto ao lançamento fiscal não utilizar o art. 135 do CTN para responsabilizar e qualificar a multa dos recorrentes; É que a nulidade de uma decisão como o caso da DRJ, só se justifica se ocorrer a preterição do direito de defesa, conforme estatuem os arts. 59 e 60 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. A preterição do direito de defesa não ocorreu, pois a impugnação que apresentou foi apreciada e o recurso voluntário ao CARF foi apresentado e acolhido para julgamento. Pelos motivos acima, nego as nulidades citadas acima. VI No mérito Da razões Extratributárias Importante ressaltar que o planejamento sucessório iniciouse muito antes da data da venda (12/2010). Isso porque ocorreu a doação das ações com cláusula de usufruto em 2007 e criação dos FIC´s em 2008. Contudo, esses FIC´s não poderiam receber participações societárias de empresa, mas apenas quotas de outros fundos, uma vez que a CVM determina que os fundos sejam divididos pelos tipos de ativos ou valores mobiliários que cada um investe. Fl. 5333DF CARF MF 54 A família Mantegazza buscou um tipo específico de fundo de investimento que poderia receber ações de uma sociedade anônima de capital fechado, motivo pelo qual se conclui pela necessidade da utilização dos FIP´s no seu planejamento sucessório que vinha sendo implementado gradativamente. Em outras palavras, utilizouse a estrutura que era autorizada a receber ações de companhias fechadas, como o aval da CVM com um efetivo propósito de planejamento sucessório. Como já defendido em inúmeras decisões deste Conselho, na análise de reorganizações societárias complexas compostas por etapas diversas deve ser afastada a análise isolada de cada uma das etapas como se fossem fotos estáticas sem relação entre sim. Pelo contrário, a análise deve ser conjunta e levar em conta o encadeamento das etapas como se fossem cenas contínuas de um filme. Neste contexto, o título do filme poderia ser "Plano Sucessório da Família Mantegazza", pois, conforme será visto neste tópico, é em torno de tal planejamento sucessório que se desenvolveram as etapas da reorganização societária ora posta em análise. Esse filme está bem detalhado no Recurso de uma das responsáveis nos seguintes termos: Fl. 5334DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.308 55 Fl. 5335DF CARF MF 56 Neste sentido, muito pertinente a doutrina de Márcia Setti Phebo sobre a utilização das FIPs no planejamento sucessório: "Essas novas ferramentas têm auxiliado sobremaneira o planejamento sucessório, por permitirem o direcionamento da gestão dos ativos de forma personalizada, adequandose aos Fl. 5336DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.309 57 riscos escolhidos. Fundos de Investimentos fechados, nos quais os cotistas são todos integrantes de uma mesma família, vêm sendo criados para administrar o patrimônio familiar (aplicações financeiras, ações em Bolsa, participações societárias etc...). O regulamento do fundo pode contemplar tanto regras impostas pelo chefe da família, determinantes dos critérios norteadores do investimento e da destinação do patrimônio, quanto, por exemplo, para postergar a retirada do patrimônio pelos herdeiros propiciando dessa forma, que os recursos principais permanecem aplicados, e não sejam inadvertidamente investidos em empreitadas arriscadas que os consuma de uma só vez." ("Planejamento Sucessório". Ed. Norses: São Paulo, 2014. p. 188189) Assim, me parece que as razões extratributárias restaram devidamente demonstradas no presente caso, não havendo que se falar em artificialidade, fraude ou abuso de direito no presente caso. Concluise, pois que restou demonstrado um propósito extratributário muito claro que foi a estruturação de um projeto sucessório familiar nos investimentos dos patriarcas da família Mantegazza. Do ponto de vista jurídico e prático do caso em tela que trata da utilização de uma FIP para consolidação de investimentos, importante destacar o alcance do planejamento tributário lícito e o poder indutor que a legislação exerce sobre os contribuintes no Brasil. Os conceitos de propósito negocial e substância econômica carecem de regulamentação legal, tornandose subjetivos e abrangentes. pela inexistência de dispositivo legal específico que lhes dêem substrato. O alcance destes conceitos atinge a existência de razões econômicas que vão além da obtenção de vantagem fiscal, única e exclusivamente. Partindo deste conceito, a presença de um propósito negocial deve ser precedente ao fato gerador do tributo. Ocorre, porém, que a indefinição dos conceitos no ordenamento jurídico impede a formação de entendimento uníssono a respeito de seus termos e limites, tornando qualquer discussão acerca das operações societárias de maior complexidade ao menos parcialmente subjetivas. A utilização dos chamados FIPs vêm sendo alvo de pesadas autuações pela Receita Federal que são invariavelmente acompanhadas de acusação de fraude, simulação ou abuso de forma a justificar a desconsideração da figura do FIP para fins tributários o que se traduz no lançamento fiscal de tributos contra outras pessoas jurídicas com aplicação, inclusive, de multa qualificada de 150%. Nesses casos, o racional do fisco baseiase numa visão conceitual do que seja propósito negocial e substância econômica das operações. O que se busca com referidos conceitos é a identificação de abuso, fraude ou simulação, perfazendo caráter arbitrário e artificial que vise apenas o aproveitamento do benefício fiscal. Fl. 5337DF CARF MF 58 A percepção do propósito negocial e substância econômica como definidor deste cenário pode ser favorável, mas diante da referida subjetividade, freqüentemente inaugura uma nova posição acerca de seu alcance, diante de casos concretos distintos, dotados cada qual de especificidade e peculiaridade. Necessário, portanto analisar detalhadamente todos as informações e alegações levantadas pela fiscalização para se perquirir se era necessário determinada operação para que se descubra se o beneficio fiscal foi seu único propósito, bem como, se está ausente ou presente o tal propósito negocial e, da mesma forma, se presentes indícios de fraude ou simulação na operação. É importante ressaltar a frequente utilização pelo Fisco da teoria da ausência de propósito negocial por meio do qual defende que a simples inexistência sob sua ótica de outros motivadores para a operação que não o alcance do benefício fiscal, já é elemento suficiente que invalida os atos do contribuinte ou, ao menos, inviabiliza o benefício fiscal almejado. Conforme já devidamente defendido nesse Conselho, as autoridades fiscais por diversas vezes entram em contradição com diversas regras e estruturas criadas pelo legislador brasileiro quando se oferece um benefício fiscal ou condição tributária mais favorável aos contribuintes como parte integrante de uma política econômica. O exemplo mais claro e que é comumente citado é o da Zona Franca de Manaus, que oferece incentivos fiscais para as empresas que lá se estabelecerem e produzirem, gerando empregos, desenvolvimento econômico e social e, mesmo, arrecadação de tributos para a região. Neste caso, não há qualquer exigência de que as empresas lá estabelecidas tenham propósitos negociais além do gozo do incentivo fiscal em si, para lá se estabelecerem. Isso porque, não é preciso ser um economista ou administrador de grande experiência para saber que nenhuma empresa busca a Zona Franca de Manaus em razão da maior proximidade com o mercado consumidor, melhor infraestrutura, logística mais eficiente e barata ou maior oferta de mão de obra qualificada. O objetivo claro, transparente e indisfarçável das empresas que se estabelecem na Zona Franca de Manaus é o gozo do incentivo fiscal, que seja suficiente para compensar os desafios e dificuldades adicionais que se apresentam às empresas que se estabelecem em região tão remoto dos grandes centros urbanos do Brasil. E isso é garantido às empresas que cumpram todos os requisito da legislação, independentemente da existência de outras razões extratributárias. Este é um exemplo muito pertinente do caráter indutor da legislação tributária no Brasil, no sentido de que quando a legislação cria um determinado benefício, acaba por induzir o contribuinte a agir de determinada forma. Aliás, a dinâmica econômica, social e política é exatamente essa e não há nada de errado nisso. Vejam o caso acima: o legislador tem por objetivo levar desenvolvimento à uma região distante do território brasileiro e para isso oferece incentivos fiscais. As empresas são então induzidas a fazer um estudo de custo e benefícios de se instalarem nessa região e tomam a decisão. O cálculo é muito simples: as dificuldades geradas pelo estabelecimento nessa região são compensadas com o incentivo fiscal. Fl. 5338DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.310 59 Para o Governo no sentido lato, o cálculo também é simples: abrese mão de parcela da arrecadação fiscal em troca da criação de empregos e desenvolvimento social e econômico na região. Não há preocupação em questionar o contribuinte se outros fatores, além do benefício fiscal, o levaram a se estabelecer em tal região. Tratase, portanto, de verdadeira relação de troca entre fisco e contribuinte. O contribuinte propicia desenvolvimento social e o fisco, aqui entendido na figura da administração federal, oferece em troca uma tributação mais favorável. No caso do FIP , o racional é o mesmo. Afinal não há qualquer dúvida de que um mercado de capitais forte é condição indispensável para qualquer economia que tenha aspirações a ser considerada como desenvolvida. No Brasil, o mercado de capitais vem se desenvolvendo ano após ano mas não no ritmo e cadência desejada e necessária para a economia brasileira o que demandou regulação específica que trouxesse maior transparência e segurança aos chamados investidores em portfólios. Os fundos preenchem a necessidade dos investidores de contarem com um instrumento de investimento que possibilite a adoção de ambiente de governança específica que propicie a agilidade e transparência necessária na dinâmica deste mercado. A existência de uma autorregulação para fundos FIP disciplinadas pelo Código ABVCAP/ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas que define padrões operacionais aos administradores, gestores e distribuidores de FIP demonstra o conjunto de ações que visam fomentar, através da maior transparência e conseqüente segurança, a utilização de tais instrumentos de investimento tão importantes para o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro. E neste contexto, a atribuição pelo legislador pátrio de tributação mais favorecida aos fundos configura a acima mencionada relação de troca entre fisco e contribuinte, no qual a oferta de tributação mais favorecida tem como contrapartida o desenvolvimento de um determinado mercado, neste caso o mercado de capitais. A tributação mais favorecida, neste caso, tem forte caráter indutor, no sentido que induz o contribuinte a utilizar a estrutura de um FIP para consolidar seus investimentos em substituição a outros formatos que não contam com tal benefício. Se não fosse a vontade do legislador que os aplicadores gozassem de tal benefício, bastaria não criálo! O que não é possível aceitar é a criação de um benefício fiscal que quando utilizado pelo contribuinte mostrase, pela ação do fisco, verdadeira armadilha fiscal pelo meio do qual criase a possibilidade de cobrança de tributos indevidos adicionados de multas de até 150%. O legislador induziu o contribuinte a escolher o FIP como um instrumento mais atraente de investimento e a utilização deste instrumento somente pode ser questionado Fl. 5339DF CARF MF 60 pelo Fisco se utilizada de forma simulada ou abusiva. Contudo, no presente caso, a utilização per se é que foi questionada pela fiscalização. Ademais, adicionalmente a tudo isso, podemos vislumbrar um outro propósito negocial muito forte e presente na reestruturação societária que era o controle da sucessão familiar. Nesse sentido, conduzo meu voto para dar provimento ao Recurso Voluntário restando prejudicado o recurso de ofício. V Incorporação de ações Com relação à incorporação de ações certo é que suposta "venda" foi feita da seguinte forma, conforme exposto no TVF: "7.171.688 ações representativas de 23,77% do capital social da Mantecorp IQ, alienação por venda no valor de R$ 592.346.000,00 e, 23.003.798 ações representativas de 76,23% do capital social da Mantecorp IQ – alienação por incorporação de ações pela Hypermarcas, no valor de R$ 1.900.000.000,00." O art 43 do CTN é expresso ao estabelecer que o imposto de renda incidirá sobre a disponibilidade econômica ou jurídica de renda. Todavia, definir o aspecto temporal ou material que determina essa disponibilidade é tarefa que desafia o interprete da legislação como um todo. Para grande parte da doutrina brasileira, a disponibilidade econômica deve ser entendida como disponibilidade financeira, ou seja, quando do recebimento efetivo do valor classificado como renda. Em outras palavras, aquele momento em que se pode dispor, de direito e de fato, material e diretamente, da riqueza livre e desembaraçada. Detendose apenas no aspecto temporal de materialização da renda, que é o que importa para a análise do caso concreto, entendese que o conceito de realização da renda confundese com a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica, sendo tida como o momento segundo o qual existirá o aspecto patrimonial. Em alguns casos, até podemos admitir que o Fisco, com receio de que aquela riqueza não seja tributada em momento algum, possa criar algumas artificialidades para bem alcançar o seu objetivo, como é o caso de lucros de controladas no exterior. O mesmo raciocínio se aplica para empresas domiciliadas em paraíso fiscal, em que pese não distribuírem riqueza, ainda assim ficam sujeitas a tributação devida. Contudo, no caso em tela, estamos diante de sociedades nacionais. Portanto, se houve efetivamente alguma manifestação de riqueza ou ocorrência de acréscimo patrimonial em razão das alterações societárias resultado da incorporação, não se vislumbra, por outro lado, a citada disponibilidade econômica ou jurídica, a indicar a ocorrência do fator gerador do imposto de renda. Existe grande controvérsia quanto a natureza jurídica do instituto da Incorporação de Ações. Os pontos comuns em todas as manifestações é o de que a incorporação de ações é uma modalidade de concentração empresarial em que se mantém a personalidade jurídica da companhia cujas ações são incorporadas. Ao buscar subsídio da jurisprudência deste Conselho, verificase que a Câmara Superior de Recursos Fiscais, ao analisar a questão no Acórdão 9202003.579, na sessão de 03 de março de 2015, adotou o Fl. 5340DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.311 61 posicionamento da corrente que entende que a Incorporação de Ações se caracteriza como permuta não havendo, portanto, ganho de capital a ser tributado pelo Imposto de Renda Pessoa Física. O Acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 IRPF OPERAÇÃO DE INCORPORAÇÃO DE AÇÕES INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL. A figura da incorporação de ações, prevista no artigo 252 da Lei nº 6.404/76, difere da incorporação de sociedades e da subscrição de capital em bens. Com a incorporação de ações, ocorre a transmissão da totalidade das ações (e não do patrimônio) e a incorporada passa a ser subsidiária integral da incorporadora, sem ser extinta, ou seja, permanecendo com direitos e obrigações. Neste caso, se dá a substituição no patrimônio do sócio, por idêntico valor, das ações da empresa incorporada pelas ações da empresa incorporadora, sem sua participação, pois quem delibera são as pessoas jurídicas envolvidas na operação. Os sócios pessoas físicas, independentemente de terem ou não aprovado a operação na assembléia de acionistas que a aprovou, devem, apenas, promover tal alteração em suas declarações de ajuste anual Ademais, nos termos do artigo 38, § único, do RIR/99, a tributação do imposto sobre a renda para as pessoas físicas está sujeita ao regime de caixa, sendo que, no caso, o contribuinte não recebeu nenhum numerário em razão da operação autuada. Não se aplicam à incorporação de ações o artigo 3º§ 3º, da Lei nº 7.713/88, nem tampouco o artigo 23 da Lei n 9.249/95. Inexistência de fundamento legal que autorize a exigência de imposto de renda pessoa física por ganho de capital na incorporação de ações em apreço. Recurso especial negado. Assim como precedente supra mencionado, entendo que a incorporação de ações não configura alienação e, por esse motivo, não poderia se sujeitar ao imposto de renda sobre ganho de capital. Tratase, ao meu ver, a uma simples permuta que não deve se sujeitar à incidência de imposto de renda. O que ocorreu no caso em tela foi a troca de títulos por outros títulos. Vejase que o Fisco sequer demonstrou que as novas ações contabilizadas o foram por valor superior ao valor contabilizado (ou valor de custo). Ainda que assim o fosse, reitero que este fato não permite dizer que houve acréscimo patrimonial ou ganho de capital suscetível de tributação, visto que não há qualquer disponibilidade efetiva de renda. Esta somente se verificará quando o contribuinte efetuar a alienação da participação societária, recebendo, em contrapartida, o preço. O ganho de capital, portanto, depende da realização da renda. O conceito de realização de renda é reconhecido como um conceito necessário do ponto de vista jurídico para evitar a descapitalização dos contribuintes e preservar a sua capacidade contributiva. Fl. 5341DF CARF MF 62 Assim devem ser excluídos os valores que foram mantidos nos fundos, quais sejam, as ações consideradas "alienadas por incorporação". VI DA DECADÊNCIA Argumentam ainda os recorrentes, que a operação se efetivou em 18/12/2015 e que estaria decaído o direito do fisco em lançar o tributo devido, pois passado mais de 05 anos da ocorrência do fato gerador. Contudo, maior razão não assistem aos recorrentes tendo em vista que mesmo que concretizada a operação em 18/12/2015, os valores somente seriam devidos e declarados no mês seguinte à efetiva operação. Nesse sentido, mesmo que não haja dolo ou fraude e a multa não seja qualificada, não estava decaído o direito do fisco de lançar o imposto pois apesar de o fato gerador ter ocorrido em dezembro, somente em janeiro seria devido o imposto. Assim, improcedente a alegação de decadência, mesmo não tendo sido considerada a operação como fraude e não se aplicando o art. 173, I do CTN e sim o art. 150 do mesmo codex. Por outro lado, mesmo que se considere que o fato gerador tenha ocorrido em 18 de dezembro de 2010, aplicase o art. 173, I do CTN pois não houve qualquer pagamento de tributo. Assim, mais um motivo para não se operar a decadência. VII Da multa agravada Efetivamente, não há elementos a apontar que operações tenham sido ocultadas, dado que foram regularmente declaradas, com registros oficiais, junto a órgãos reguladores. Neste contexto, não se identifica que tenha sido cometida fraude, na estrita acepção do termo, dado que a transferência das ações da empresa ao fundo, mesmo que considerado abusivo para que a tributação fosse menor ou ainda desprovida de propósito negocial, não envolveu falsificação de documentos, ou ações escusas. Os sócios e diretores podem até ter vislumbrado eventualmente uma oportunidade de redução da tributação que incidiria se a venda tivesse sido efetuada pela Mantecorp a Administração Tributária entende que se tratou de um artifício inaceitável, embora não tenha ocorrido infringência direta à legislação. À vista disso, entendese que descabe a qualificação da multa, neste caso. Fl. 5342DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.312 63 Não restando evidente a infração à Lei nº 4.502, de 1964, deve a multa qualificada ser convertida na multa de ofício do art. 44, I da Lei nº 9.430, de 1996, isto é deve ser reduzida a 75%. VIII Vedação ao confisco Quanto à inconstitucionalidade da multa nos termos da Súmula 2 desse Conselho o CARF não é competente para apreciar essa matéria. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. IX Juros de mora sobre a multa de ofício Quanto à incidência de juros de mora sobre multa de ofício, também esta matéria encontrase sumulada por esse Conselho, descabendo qualquer alegação sobre a sua não incidência conforme exposto abaixo: Súmula CARF nº 108: Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. X RESPONSABILIDADE DAS PESSOAS FÍSICAS INEXISTÊNCIA DE EMBASAMENTO LEGAL Com relação à imputação de responsabilidade de cada um dos solidários, pode se extrair do TVF que elas foram consideradas da seguinte forma: I Gian Enrico Mantegazza, Paola Mantegazza, Enriqueta e Michele art. 124, I do CTN. II Luca Mantegazza e Anna Maria Capela Mantegazza art. 135, inciso III do CTN. Contudo, ouso discordar do enquadramento legal para tal responsabilização. Isso porque, com relação ao art. 124, I tratase especificamente da questão da solidariedade, prevista na seção II, do título II do CTN que trata de obrigação tributária. Nessa seção está definida a solidariedade, conforme definido pelo Código Civil. A solidariedade não é, assim, forma de inclusão de um terceiro no pólo passivo da obrigação tributária, apenas maneira de graduar a responsabilidade daqueles sujeitos que já compõem o pólo passivo. Além disso, a responsabilidade atribuída corretamente pelo art. 135 do mesmo Código já atribuiu a todos os responsáveis a solidariedade necessária, além de pessoalmente responsáveis pela dívida. O ílicito, diferentemente do art. 124 não nasceu com o fato gerador da obrigação tributária e sim, anteriormente ou concomitantemente a essa. Não tenho duvidas que o art. 124, I, não trata desse tipo de responsabilidade. Isso porque o art. 124, ao meu ver e também de vasta doutrina não é a forma de eleição de responsável tributário, no seguinte sentido: Fl. 5343DF CARF MF 64 A solidariedade não é espécie de sujeição passiva por responsabilidade indireta, como querem alguns. O Código Tributário Nacional, corretamente, disciplina a matéria em seção própria, estranha ao Capítulo V, referente à responsabilidade. É que a solidariedade é simples forma de garantia, a mais ampla das fidejussórias. Quando houver mais de um obrigado no polo passivo da obrigação tributária (mais de um contribuinte, ou contribuinte e responsável, ou apenas uma pluralidade de responsáveis), o legislador terá de definir as relações entre os coobrigados. Se são eles solidariamente obrigados, ou subsidiariamente, com benefício de ordem ou não etc. A solidariedade não é, assim, forma de inclusão de um terceiro no polo passivo da obrigação tributária, apenas maneira de graduar a responsabilidade daqueles sujeitos que já compõem o polo passivo. ( IN DIREITO TRIBUTÁRIO BRASILEIRO. Baleeiro, Aliomar., Atualizado por Misabel Abreu MAchado Derzi. 12ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013 pg. 1.119) Ademais, com relação à responsabilidade atribuída à Lucca Mantegazza e Ana Maria Capella Mantegazza, não restou demonstrado qual ato deu origem à responsabilização conforme preceitua o art. 135 do CTN. O simples não pagamento de tributo não tem a capacidade de atrair para os sócios/administradores a responsabilidade pessoal para o pagamento de tributos. Pelo acima exposto, dou provimento ao recurso para excluir a responsabilidade de todos os apontados acima, tornandose inexequível o auto de infração. XI Conclusão Por tudo exposto acima conduzo meu voto: i) para afastar as arguições de nulidade, de decadência, de vedação ao confisco e de juros sobre a multa de ofício; ii) negar provimento ao recurso de ofício, reconhecendo a compensação da integralidade dos valores pagos a título de ganho de capital pelos fundos de investimento; iii) dar provimento ao recurso voluntário quanto ao mérito da autuação; iv) afastar a aplicação da multa qualificada. v) dar provimento ao recurso no que diz respeito ao ganho de capital decorrente da incorporação de ações. vi) excluir a responsabilidade solidária de todos os apontados no Auto de Infração. (assinado digitalmente) Letícia Domingues Costa Braga Relatora Fl. 5344DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.313 65 Voto Vencedor Conselheiro Cláudio de Andrade Camerano Redator Designado De se destacar que o presente voto vencedor referese à (i) tributação do ganho de capital pela alienação de ações (em espécie) e (ii) à manutenção dos responsáveis solidários no polo passivo dos autos de infração. Nestes itens, por voto de qualidade, foi negado provimento ao Recurso Voluntário, vencida a Relatora. Conseqüentemente outras questões não abordadas pela Relatora, em função de seu voto (vencido) serão ora comentadas neste voto vencedor. Assim, de se acatar o que foi decidido pela Relatora e ratificado por esta Turma Ordinária, relativamente às preliminares trazidas nos Recursos Voluntário e demais questões de mérito, com exceção das que agora são objeto deste voto vencedor. Cientificada da decisão do acórdão da DRJ, os responsáveis solidários interpõem recursos voluntário, no quais, em linha gerais, repetem a argumentação apresentada nas Impugnações, ora transcritas na decisão recorrida, então apreciadas por aquela instância. Em assim sendo, de se utilizar a faculdade prevista ao Conselheiro Relator nos termos do parágrafo 3 do art.57 do Regimento Interno do CARF: Art.57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: [...] Parágrafo 1º. A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. [...] 2 A exigência do Parágrafo 1º. pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF n. 329, 2017). Na apreciação das questões objeto deste voto vencedor, o acórdão recorrido mostrouse sólido em suas conclusões e encontrase adequadamente fundamentado. Portanto, adoto como minhas razões de decidir a decisão recorrida, pelos seus próprios fundamentos. Do Recurso Voluntário apresentado por Espólio de Gian Enrico Mantegazza, Anna Maria Capella Mantegazza e demais responsáveis solidários As argumentações trazidas no recurso voluntário, naquilo que se refere às questões objeto deste voto vencedor, são praticamente as mesmas trazidas na impugnação, de forma que já foram devidamente apreciadas pela decisão de primeira instância, cuja conclusão Fl. 5345DF CARF MF 66 esta 1ª Turma Ordinária (por maioria de votos voto de qualidade) acatou integralmente pelos seus próprios fundamentos. Assim, de se reproduzir suas conclusões, as quais são ora adotadas como razão de decidir por parte deste colegiado. Lembrando, que será reproduzido aqui a conclusão dada pela instância de piso no que se refere à alienação das ações em espécie, uma vez que relativamente à alienação de ações por incorporação de ações, foi dado provimento ao recurso. Em seu voto condutor, o ilustre Relator da decisão da DRJ, após descrever a reorganização societária descrita no TVF (item III. Planejamento tributário/Propósito negocial/Efeitos tributários), assim se posicionou: A ABORDAGEM DO PROPÓSITO NEGOCIAL. Nesse momento, é importante ressaltar que a reorganização societária do Grupo Mantecorp, pela ótica da fiscalização, ocorreu de forma regular no que respeita ao seu aspecto formal, motivo pelo qual não foram desconsiderados os atos societários perpetrados, inclusive a extinção da holding Mantecorp Participações S.A, nem a operação que resultou na constituição dos fundos de investimento e posterior alienação das ações da Mantecorp IQ para a Hypermarcas. Os questionamentos da autoridade fiscal se restringiram à discussão do propósito negocial de determinados atos ocorridos para a consecução da venda das ações da Mantecorp IQ e à aferição dos efeitos tributários do que foi considerado um planejamento tributário abusivo. Portanto, a análise a ser perpetrada no presente Voto, deve, num primeiro momento, verificar se houve ou não propósito negocial na parte questionada pela fiscalização e se esse assunto pode ser objeto de avaliação numa ação fiscal. Confirmado o planejamento tributário abusivo, deverá ser avaliado ainda, em toda a sua extensão, se o lançamento foi constituído e os vínculos de responsabilidade atribuídos em conformidade com a lei. De outro lado, confirmada a correção dos procedimentos do contribuinte, deve ser cancelado o lançamento. Em síntese, essas são as premissas que devem nortear a presente análise, a fim de que o foco não seja perdido em questões de pouco ou nenhuma relevância. Assim, deve ser avaliado, primeiramente, se pode a autoridade fiscal inquirir a respeito do propósito negocial em face de um conjunto determinado de atos societários praticados ou se deve prevalecer, de forma indiscutível, o direito de autoorganização da sociedade, embasado no princípio da livre iniciativa, conforme tese defendida pelos impugnantes. Nesse ponto, cabe assinalar que o abuso de direito é uma figura construída para inibir práticas que, embora observem legislação específica, implicam, no seu resultado, em distorção no equilíbrio do relacionamento entre as partes, seja pela utilização de um poder ou de um direito em finalidade diversa daquela para a qual o ordenamento assegura sua existência, seja pela sua distorção funcional, por implicar inibir a eficácia da lei Fl. 5346DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.314 67 incidente sobre a hipótese, sem uma razão suficiente que a justifique. Consiste o abuso de direito, portanto, num limite funcional do direito. A temática do abuso de direito permeia toda experiência jurídica, seja no âmbito do Direito Administrativo (no que tange às figuras do abuso de poder ou desvio de poder e do abuso de autoridade), seja no Direito Privado e no Direito Comercial (em relação às figuras do abuso do poder de controle nas sociedades anônimas ou do abuso do poder econômico). Esta é a síntese do que se entende por abuso de direito: o direito de autoorganização não é absoluto; o direito de liberdade de escolha e de liberdade de contratar previstos constitucionalmente não é ilimitado. Em outras palavras: no abuso de direito não se nega a existência do direito, mas o seu uso e o modo de seu exercício é que sofrem restrições. Segundo diz Marco Aurélio Greco (Planejamento Tributário. Dialética, 2ªed., 2009), "o primeiro limite intrínseco à liberdade, que faz com que ela não seja mais absoluta e ilimitada, decorre do artigo 1°, inciso III, da Constituição Federal de 1988 que, dentre os fundamentos da República, aponta a dignidade da pessoa humana, de forma efetiva e plena, se o comportamento em sociedade estiver parametrado pela ética" . Outro limite intrínseco à liberdade encontrase na idéia da liberdade com solidariedade prevista no inciso I do art. 3° da Constituição Federal, ao prever que um dos objetivos fundamentais da República consiste em "construir uma sociedade livre, justa e solidária", significando que, se temos que compor esses três valores a liberdade individual não é absoluta; há um limite imanente a ela. No art. 5° da Constituição Federal encontrase outro princípio, o que trata do tema da propriedade privada e integra o capítulo "Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos": estabelece o inciso XXIII que a propriedade atenderá à sua função social, significando que as condutas concretas que vierem a ser realizadas em relação à propriedade, não apenas não contrariem, mas estejam verdadeiramente em sintonia com sua função social. O próprio Código Civil de 2002 dispõe em seu art. 421, que "a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato". Assim, o exercício da liberdade que é a base da construção de planejamentos tributários supõe o atendimento a requisitos e a limites contemplados no próprio ordenamento positivo. Vale também destacar o entendimento sobre o assunto expresso no Acórdão nº 9101000.829, da sessão de 22/02/2011, realizada pela 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do qual pode ser destacada a seguinte ementa: Fl. 5347DF CARF MF 68 OPERAÇÃO COM ÁGIO SIMULAÇÃO RELATIVA VERDADEIRA ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO. Se os atos formalmente praticados, analisados pelo seu todo, demonstram não terem as partes outro objetivo que não se livrar de uma tributação específica, e seus substratos estão alheios às finalidades dos institutos utilizados ou não correspondem a uma verdadeira vivência dos riscos envolvidos no negócio escolhido, tais atos não são oponíveis ao fisco, devendo merecer o tratamento tributário que o verdadeiro ato dissimulado produz. No mencionado acórdão consta que o entendimento era de que os efeitos tributários de uma operação eram aqueles expressamente previstos pela legislação à qual se subsume e, consequentemente, o planejamento era analisado sob a perspectiva da legalidade de cada uma das operações realizadas. Prossegue o relator, ressalvando, porém, que esse entendimento sofreu profunda alteração, encontrandose completamente ultrapassado. Influenciado pela doutrina, quer do Direito pátrio, quer do Direito comparado, passouse a questionar o alcance da liberdade de contratar do contribuinte. A interpretação da legislação passou a ser feita segundo a sua finalidade, buscandose a causa do negócio jurídico. Nessa fase, deixou de ser determinante a legalidade de cada uma das operações realizadas e assumiu relevância a veracidade do negócio jurídico praticado, como um todo. A conclusão a que se chega é que a autoridade fiscal pode perquirir sobre o propósito negocial dos atos societários praticados e avaliar os efeitos tributários decorrentes de operações realizadas sem propósito negocial, com o objetivo precípuo de não pagar ou pagar menos tributo. O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO SOB A ÓTICA DA FISCALIZAÇÃO. A falta de propósito negocial foi evidenciada no TVF em relação à operação que resultou na venda das ações da Mantecorp IQ para a Hypermarcas. Foi ressaltado que o motivo para a extinção da holding Mantecorp Participações S.A, conforme AGE realizada em 06/12/2010, era a ausência de interesse dos acionistas na sua manutenção e que os Fundos de Investimento permitiriam uma melhor governança corporativa e o controle político e econômico do grupo de forma centralizada. Ressaltou a fiscalização, porém, que da forma como os fatos se sucederam, somente a simplificação da estrutura societária soou verdadeira, concluindo que, embora formalmente válida, a extinção da holding Mantecorp Participações S.A. não se mostrou um negócio jurídico oponível ao Fisco, não repercutindo, portanto, na esfera tributária. A autoridade fiscal afirmou que a estrutura organizacional tendo por base a figura da holding vigorou por longa data e, somente quando decidida a alienação da empresa operacional, suas Fl. 5348DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.315 69 ações foram transferidas para o controle direto das pessoas físicas e, em sequência, para os fundos de investimento. Também questionou a fiscalização o fato de o contrato ter sido assinado pela Hypermarcas e os fundos de investimento em 18/12/2010, quando constava cláusula com menção à situação prevista em data pretérita, 30/09/2010. Assim, concluiu que durante a negociação, a Mantecorp IQ ainda estava sob o controle direto da holding Mantecorp Participações S.A. Tratando da constituição dos fundos de investimento, afirmou a fiscalização que a principal característica de um fundo de investimento é a participação do processo decisório da companhia investida, influindo na definição da sua política estratégica e gestão. No entanto, dois dias depois da aquisição das ações da Mantecorp IQ pelos Fundos, eles as alienaram para a Hypermarcas S.A, sendo que dos cinco fundos constituídos, quatro foram cancelados e apenas o Fundo de Investimento em Participações Votorantim Agem se manteve ativo, porém, a exemplo dos demais, ele também alienou as ações da Mantecorp IQ para a Hypermarcas dois dias depois da aquisição daquelas. Concluiu a fiscalização que os Fundos foram parte integrante do planejamento abusivo para fugir da tributação do IRPJ e da CSLL que seria devida pela Mantecorp Participações S.A. Para a fiscalização ficou caracterizado o planejamento tributário abusivo, evidenciado pela extinção da holding como medida preparatória para a alienação das ações da Mantecorp IQ sem a incidência dos tributos devidos. O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO SOB A ÓTICA DOS IMPUGNANTES. Alegaram os impugnantes que, com a aquisição da totalidade das ações da Mantecorp IQ pelo grupo familiar, não mais se justificava a manutenção da empresa holding. Com esta nova perspectiva, o modelo de governança por meio de holding passou a ser revisto pelos seus controladores. A proteção e gestão do patrimônio passaram a ser elementos ainda mais importantes nessa nova conjuntura societária. A partir dessa nova realidade, o desafio de aprimorar a sucessão do Grupo Mantecorp passou a ser uma medida premente, agravada em decorrência do desenvolvimento de problema de saúde suportado pelo patriarca da família, o Sr. Gian Enrico Mantegazza. Sustentam que é cada vez maior o consenso entre os especialistas em governança corporativa e sucessão de que o ambiente de fundos de investimento é o modelo que mais atende às necessidades dos grupos empresariais familiares em processo de sucessão, tanto do ponto de vista do direito societário, quanto do ponto de vista do direito de família. Fl. 5349DF CARF MF 70 Ante todas essas vantagens, para a consecução do planejamento sucessório foi adotado como modelo a constituição de fundos de investimentos, tendo sido criado um Fundo de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento (FIC) e um Fundo de Investimento em Participações (FIP) para cada acionista do grupo (pais e herdeiros), sendo que aos filhos foi atribuída apenas a nua propriedade das cotas dos respectivos Fundos de Investimento em Cotas, permanecendo o usufruto com os pais, justamente para que fosse mantido o controle político e econômico do grupo, premissa básica de todo planejamento sucessório, razão de ser da reestruturação societária. Foi reiterado que os FIC foram constituídos ainda em 2008 sob a forma de condomínio aberto, sujeitos ao sistema de tributação "comequotas" em que há tributação do ganho de capital, em decorrência da valorização das quotas. A despeito de os Fundos de Investimento em Participação dos filhos terem sido efetivamente encerrados, os Fundos de Investimento em Cotas de Fundo de Investimento permanecem ativos até hoje, e suas cotas ainda permanecem gravadas com reserva de usufruto para os Srs. Gian Enrico e Anna Maria Mantegazza, sendo que os herdeiros ainda não possuem disponibilidade da liquidez gerada pela alienação das ações. Em resumo, a transferência do patrimônio para os fundos garantiu: (i) que a sucessão já fosse iniciada, enquanto os genitores estivessem em vida, envolvendo empresas sadias e rentáveis; (ii) que a governança corporativa do patrimônio do grupo alcançasse um nível mais elevado, ante as exigências regulatórias desse tipo de ambiente (fundos); (iii) que os herdeiros não teriam acesso a um volume grande de liquidez, decorrentes das distribuições de dividendos ou em caso de alienação das empresas, conforme efetivamente ocorreu. Afirmam os impugnantes que, ao desviar sua atenção para o lapso temporal, não atentou a fiscalização que a reestruturação somente passou a ser uma possibilidade a partir da aquisição da integralidade das participações societárias da Mantecorp IQ, em dezembro de 2009. Ou seja, o motivo mais relevante para a manutenção de estrutura de holding somente deixou de existir pouco tempo antes da deliberação da extinção da referida holding em assembleia. Equivocada a afirmação efetuada pelo auditor fiscal de que não havia intenção de a Mantecorp IQ permanecer no ambiente de fundos. Não se atentou a fiscalização ao fato de que o Contrato de Venda e Compra de Ações, Incorporação e Outras Avenças possuía natureza de negócio condicional. Muito embora tenha sido assinado em 18/12/2010, previa que a transferência das ações da Mantecorp IQ somente ocorreria em data futura e incerta, se e quando implementadas certas condições. A simples assinatura do contrato não tornou definitivo o negócio, que somente veio a se tornar definitivo tempos depois, na data do fechamento (24/01/2011), após terem sido implementadas as condições (suspensivas) estipuladas pelas partes. Fl. 5350DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.316 71 Ademais, cumpre ressaltar que em seu lançamento tributário a fiscalização alegou, erroneamente, que o item (vi) da cláusula 5.1, constante do Contrato de Compra e Venda de Ações celebrado entre os FIP e a Hypermarcas, comprovaria que as negociações entre as partes já estariam em curso desde 30 de setembro de 2010. Referida data indicou que, no momento de início das tratativas, os documentos fornecidos correspondiam às informações do períodobase de 30 de setembro de 2010. Nesse mesmo sentido, é a cláusula 2.3 que trata de informação de endividamento referente ao período de 30 de setembro de 2010, enquanto que os vendedores confirmam não ter havido alterações, até a data de fechamento, que pudessem comprometer a integridade do negócio, firmado ao mês de dezembro, mas cuja efetiva conclusão estava subordinada à observância de todas as condições mencionadas na referida cláusula. A alegação da fiscalização, portanto, carece de tecnicidade, uma vez que a cláusula em comento, usual às transações de compra e venda de ações, apenas se refere à data base da documentação analisada. A ANÁLISE DOS ASPECTOS RELEVANTES E A AVALIAÇÃO DOS EFEITOS TRIBUTÁRIOS DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO EFETIVADO. As sínteses apresentadas nos itens precedentes no tocante à abordagem do planejamento tributário feita pela fiscalização e pelos impugnantes permite avaliar o peso dos argumentos despendidos de parte a parte. Conforme já mencionado, a reorganização societária implementada pelo Grupo Mantecorp ao longo do tempo foi permeada por motivações de ordem societária, sucessória e de caráter pessoal (saúde do patriarca), sendo que, independente de questões subjetivas de difícil valoração, num primeiro momento, evidenciou a simplificação do modelo organizacional e a concentração da participação societária na holding Mantecorp Participações S.A. O fato de a fiscalização ter considerado legais as operações perpetradas no seu aspecto formal não impede que a questão seja analisada pela verificação do propósito negocial de determina etapa implementada, mensurando os efeitos tributários decorrentes, que podem ser diferentes daqueles pretendidos originalmente. Na ação fiscal, não é necessário nem se espera que a fiscalização avalie cada passo da reorganização societária em toda sua extensão e particularidade, mas que, objetivamente, identifique se existe algum fato relevante que mascare a verdadeira intenção do ato praticado, ou seja, se determinada operação era necessária para a consecução do objetivo principal ou se teria sido realizada apenas com vistas ao não pagamento dos tributos devidos. Fl. 5351DF CARF MF 72 Nesse contexto, a extinção da holding Mantecorp Participações S.A, seguida da constituição dos Fundos de Investimento em Participações (FIP) para os quais foram transferidas as ações da Mantercorp IQ pelos acionistas pessoas físicas e posterior venda do controle acionário da Mantecorp IQ para a Hypermarcas, realizada por meio dos fundos de investimento, nas condições em que foram implementadas essas operações, revelaram, segundo a autoridade fiscal, um planejamento tributário abusivo. A começar pela constituição dos FIP, tanto a defesa quanto a autoridade fiscal ressaltaram o conteúdo do art. 2º da Instrução CVM nº 391, de 16/07/2003, que dispõe sobre a constituição, o funcionamento e a administração dos Fundos de Investimento em Participações: CAPÍTULO II DA CONSTITUIÇÃO E DAS CARACTERÍSTICAS Art. 2º O Fundo de Investimento em Participações (fundo), constituído sob a forma de condomínio fechado, é uma comunhão de recursos destinados à aquisição de ações, debêntures, bônus de subscrição, ou outros títulos e valores mobiliários conversíveis ou permutáveis em ações de emissão de companhias, abertas ou fechadas, participando do processo decisório da companhia investida, com efetiva influência na definição de sua política estratégica e na sua gestão, notadamente através da indicação de membros do Conselho de Administração. Da definição descrita, não se vislumbra que os Fundos de Investimento em Participações sejam criados para promover a venda de ações já em fase adiantada de negociação como na situação ocorrida no caso concreto. Mas, pelo encadeamento dos fatos que sucederam a constituição desses fundos, foi este o propósito da transferência das ações da Mantecorp IQ para os fundos de investimento: promover a venda das ações da Mantecorp IQ, anteriormente detidas pela Mantecorp Participações S.A, diretamente para a Hypermarcas. Não se discute todas as vantagens enumeradas pela defesa no tocante à opção pela contratação dos fundos de investimento pelos acionistas do grupo familiar. Porém, o artifício arquitetado de transferência das ações da Mantecorp IQ para os FIP, seguida da venda das ações para a Hypermarcas, em ato contínuo, desnudam o sentido de todo o rol de justificativas de ordem estritamente formais apresentado pelos defendentes e revelam algo que transcende a função normal desses fundos. Pelos fatos já descritos, podese dizer que a reorganização societária em torno da holding Mantecorp Participações S.A. foi concluída em 29/11/2010. Em 06/12/2010, a holding é dissolvida e o controle da Mantecorp IQ passa às mãos das pessoas físicas. Dez dias depois, em 16/12/2010, as ações da Mantecorp IQ são transferidas para os FIP. Dois dias depois, em 18/12/2010, foi assinado o Contrato de Venda e Compra de Ações, Incorporação de Ações e Outras Avenças, entre a Hypermarcas e os fundos para fins de alienação da totalidade das ações da Mantecorp IQ, Fl. 5352DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.317 73 fato consumado na data de fechamento ocorrida em 24/01/2011, dentro do limite de tempo previsto em contrato para o cumprimento dos trâmites legais. Nesse contexto, o prazo transcorrido para conclusão dessas operações (digase curto prazo) não pode ser visto como mero fruto do acaso, mas como uma sequência premeditada, pré estabelecida de atos que tiveram um fim específico, não propriamente inerente ao que se espera da função dos FIP. Pela dimensão do negócio e valores envolvidos, verificase que os FIP participaram exclusivamente do momento da conclusão da venda das ações da Mantecorp IQ. Não houve tempo para que estes fundos tivessem atuado efetivamente das tratativas do negócio, "participando do processo decisório da companhia investida, com efetiva influência na definição de sua política estratégica e na sua gestão", na forma estabelecida no art. 2º da Instrução CVM nº 391, de 2003. Os FIP, na situação descrita, não atenderam à sua função institucional, tendo apenas cumprido sua parte em um script préestabelecido, qual seja, efetuar a alienação das ações no ambiente de fundos, sem que ocorresse a tributação do ganho de capital na pessoa jurídica da holding que, até às vésperas da assinatura do contrato, era a detentora do controle acionário da Mantecorp IQ. Diferentemente e em contraposição à situação anterior, os fundos de investimento passaram a funcionar dentro das expectativas normais e dos objetivos por ele propostos somente após a venda das ações da Mantecorp IQ, com uma nova conformação, agora representada pela aplicação dos recursos recebidos e das ações remanescentes da Hypermarcas havidas por incorporação de ações. À propósito da formação dos fundos de investimento, os defendentes alegaram que a fiscalização tratou de forma superficial o assunto. Conforme já mencionado, a fiscalização não precisa se posicionar sobre todos os aspectos do planejamento tributário. Para o lançamento, basta constatar que a operação que envolveu a venda das ações da Mantecorp IQ para os FIP, seguida da venda dessas ações para a Hypermarcas, não teve propósito negocial, tendo servido substancialmente como forma de impedir o pagamento de tributos na pessoa jurídica da holding precocemente extinta, que conduziu e estruturou todo o negócio. Porém, como os impugnantes aprofundaram a análise sobre o funcionamento dos fundos de investimento, por amor ao debate, não é demais destacar alguns aspectos sobre a discussão proposta pelos defendentes. O primeiro ponto diz respeito à alegação da defesa segundo a qual os Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento (FIC) foram constituídos ainda em 2008 e, por não poderem deter ações de uma companhia de capital fechado, mas Fl. 5353DF CARF MF 74 apenas quotas de outros fundos, foi necessária a constituição dos Fundos de Investimento em Participações (FIP) anteriormente à alienação das ações. De fato, os cinco Fundos de Investimento em Participações (FIP) contratados pelas pessoas físicas acionistas da Mantecorp IQ eram detidos por Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento (FIC) pertencentes a esse mesmo grupo familiar. Entretanto, sob o aspecto da falta de propósito negocial denunciada no lançamento, a existência dos FIC em 2008 não explica o fato de todo o processo de venda das ações da Mantecorp IQ ter sido conduzido pela Mantecorp Participações S.A. e, apenas em 16/12/2010, dois dias antes da assinatura do contrato com a Hypermarcas, os FIP terem surgido para concluir o negócio. Entre vários registros procurando evidenciar a atuação regular dos fundos de investimento, a defesa alegou que um tipo de fundo se destacava pela sua abrangência, o Fundo de Investimento em Cotas de Outros Fundos de Investimento (FIC) Multimercado, no qual se deve manter, no mínimo, 95% do seu patrimônio investido em quotas de outros fundos de classes distintas (em nota de pé de página, foi destacado que "a afirmação em referência está respaldada no disposto no art. 112 da Instrução CVM n° 409/2004"). A citada Instrução CVM nº 409, de 18/08/2004, vigente à época, tratava da constituição, administração, funcionamento e divulgação de informações dos fundos de investimento. O art. 112 dispõe sobre o Fundo de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento, cumprindo destacar o seguinte: CAPÍTULO XIII DO FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO Art. 112. O fundo de investimento em cotas de fundos de investimento deverá manter, no mínimo, 95% (noventa e cinco por cento) de seu patrimônio investido em cotas de fundos de investimento de uma mesma classe, exceto os fundos de investimento em cotas classificados como "Multimercado", que podem investir em cotas de fundos de classes distintas1. [...] §4º Ficam vedadas as aplicações em cotas de: I – Fundos de Investimento em Participações; II – Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento em Participações; [...] Assim, com o intuito de enriquecer a discussão proposta pela defesa, não pode passar despercebido nessa narrativa o fato de que, ao Fundo de Investimento em Cotas de Fundos de Fl. 5354DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.318 75 Investimento, eram vedadas expressamente as aplicações em cotas de Fundos de Investimento em Participações (FIP). Com referência à data de 30 de setembro de 2010, que aparece com frequência no Contrato de Venda e Compra de Ações, Incorporação de Ações e Outras Avenças firmado entre os FIP e a Hypermarca, denotando, segundo a fiscalização, que as tratativas ocorreram em data pretérita entre a holding extinta Mantecorp Participações S.A. e a Hypermarcas, não há como crer que essa data se refira tão somente à posição expressa em documentos que serviram de base para a realização do negócio, como sugeriu a defesa. Nesse sentido, destacamse os seguintes trechos do Contrato de Venda e Compra de Ações, Incorporação de Ações e Outras Avenças firmado entre os Fundos de Investimento em Participações e a Hypermarcas, nos quais a referida data é citada expressamente: [...] Fl. 5355DF CARF MF 76 [...] Desta forma, a data de 30/09/2010 representa o momento em que foram firmadas as bases do próprio contrato, denunciando que o negócio foi conduzido pela Mantecorp Participações S.A, extinta às vésperas da conclusão da venda das ações, e não pelos Fundos de Investimento em Participações (FIP), fato que evidencia o cerne do planejamento tributário abusivo e justifica o lançamento na pessoa jurídica por meio da responsabilização tributária dos demais sujeitos passivos implicados na ação fiscal. Fl. 5356DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.319 77 Outra data anterior, 30/11/2010, que consta expressa em importante cláusula do contrato pertinente à definição do preço para fins de incorporação de ações, fixando a database do laudo de avaliação, também invalida a tese da defesa e confirma a atuação da Mantecorp Participação S.A. na estruturação do contrato: A situação descrita, atestando que a condução e estruturação do contrato foram feitas tendo à frente a Mantecorp Participações S.A, afasta ainda a possibilidade de tributação nas pessoas físicas dos acionistas após a devolução de capital, seja no momento da alienação das ações destes para os FIP ou ainda numa hipotética venda direta para a Hypermarcas, como sugeriram os defendentes a título de argumentação, em alternativa à constituição do crédito tributário na pessoa jurídica. Atestado o cabimento da tributação na pessoa jurídica, também não há motivo para a fiscalização aventar a aplicação das disposições do Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 72, de 25/05/2007, citado pelos impugnantes, em relação à transferência das ações das pessoas físicas para os FIP, que se deu por meio de contrato de compra e venda de ações. Como visto, na apreciação da questão, o acórdão recorrido mostrouse sólido em suas conclusões e encontrase adequadamente fundamentado. Trago apenas alguns comentários, no sentido de ratificar o voto condutor da decisão de piso, aliás, digno de encômios. Alegam os Recorrentes que a decisão recorrida teria incorrido em premissa equivocada, no sentido de que tudo teria se resumido com o objetivo de não pagamento ou redução indevida do tributo devido. Em suas palavras: Fl. 5357DF CARF MF 78 Ora, na decisão recorrida foram abordados os fatos que efetivamente aconteceram, pois quem sempre esteve à frente nas negociações pactuadas foi a Mantecorp Participações S.A (pag.71 da decisão recorrida) Eventuais suposições do que poderia acontecer, conforme as acima transcritas, não cabe mesmo aqui discutir, sob pena de ficarmos debatendo situações outras que não a objeto do litígio posto. Em outra questão, já abordada na decisão de piso, as Recorrentes insistem que a data de 30 de setembro de 2010, então considerada pelos julgadores da DRJ como data representativa do "momento em que foram firmadas as bases do próprio contrato", seria apenas a "database da documentação analisada pelas auditorias", concluindo que "a alegação constante na decisão da DRJ carece de tecnicidade...". No sentido de corroborar suas afirmações, mencionam cláusula do Contrato que foi transcrito na decisão da DRJ: Fl. 5358DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.320 79 Entretanto, as recorrentes se abstém de citar e transcrever outras cláusulas do mesmo Contrato e que constam devidamente transcritas na decisão de piso e que atestam efetivamente que a Mantecorp Participações S.A estava, desde 30/09/2010, iniciando os entendimentos necessários onde seriam firmadas as bases do Contrato de venda das ações. De se reproduzir cláusula contida na decisão da DRJ, que foi ignorada pelas Recorrentes no recurso voluntário: Fl. 5359DF CARF MF 80 Então, considerando o decidido no presente voto vencedor, do ganho de capital lançado deve permanecer a tributação do ganho pertinente à alienação das ações por venda em espécie, a qual foi da ordem de R$ 592.346.000,00. DO ARBITRAMENTO DE LUCRO Também neste item, de se acatar o decidido pela instância primeira, pelos seus próprios fundamentos: IV – Arbitramento do lucro e período de apuração. O arbitramento do lucro foi assim justificado pela autoridade fiscal no TVF: "Considerando que a operação de alienação das ações da Mantecorp IQ, por venda e por incorporação, se concretizou em 24/01/2011, sem que houvesse escrituração contábil e fiscal e apresentação da Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ, pela Mantecorp Participações S.A., devido à sua extinção formal, em 06/12/2010, o lançamento do IRPJ e da CSLL será feito com base na Fl. 5360DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.321 81 sistemática de apuração do lucro arbitrado(artigo 530 do RIR/99), onde o ganho de capital é considerado uma adição à base de cálculo. Vejamos o artigo nº 536 do RIR/99:[...]" Segundo os impugnantes, anteriormente ao arbitramento do lucro, é necessário que a fiscalização adote todas as providências cabíveis na tentativa de apurar o lucro com base nas outras modalidades: real ou presumido. Isto significa que, conforme já afirmado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, a fiscalização deve se esforçar ao máximo para aproveitar aquilo que foi escriturado. A extinção formal da pessoa jurídica, perpetrada em meio a um planejamento tributário considerado abusivo em razão da falta de propósito negocial apontada no lançamento, traz consigo o risco de os efeitos tributários gerados nessa operação serem distintos daqueles pretendidos por seus protagonistas, inclusive tendo como consequência o arbitramento do lucro pela simples inexistência de escrituração. Nesse contexto, ao extinguir precocemente a holding Mantecorp Participações S.A, excluindoa do negócio às vésperas da assinatura do contrato de venda das ações da Mantecorp IQ, conforme já analisado, a pessoa jurídica deixou, obviamente, de manter a escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, fato que justifica o arbitramento do lucro, por força do disposto no art. 530 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 RIR/1999: "Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do anocalendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): I o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal;" Tratase, com certeza, de um caso excepcional, porém, não há como considerar "aquilo que foi escriturado" (sic), ante, repita se, a inexistência de escrituração de uma pessoa jurídica formalmente extinta. Fazendo referência às disposições do art. 530 do RIR/1999, admitindose o arbitramento do lucro somente a título de argumentação, afirmaram os impugnantes que não foi respeitada a trimestralidade do imposto, com consequências na apuração do adicional e dos juros de mora. A apuração trimestral é a regra geral de tributação do lucro, inclusive no caso de arbitramento, mas no contexto do lançamento, efetuado em face da pessoa jurídica extinta, por meio da responsabilização tributária dos demais sujeitos passivos especificados, a venda das ações da Mantecorp IQ para a Hypermarcas, concretizada em 24/01/2011, representa a Fl. 5361DF CARF MF 82 última operação que se tem notícia que pode ser atribuída à Mantecorp Participações S.A, na condição de empresa que efetivamente conduziu e estruturou todo o negócio, passando então, a partir desta data, a ser considerada extinta de fato. Não havendo nenhum registro de operação ocorrida nos meses de fevereiro e março de 2011 que possa estar relacionada à pessoa jurídica formalmente extinta, reputase correto o lançamento que considerou como período de apuração do tributo (IRPJ e CSLL): 01/01/2011 a 24/01/2011. DA INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO Esta questão já está superada no âmbito deste Colegiado, por força de súmula vinculante: SÚMULA CARF Nº 108. Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquuidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. DA VEDAÇÃO A PRINCÍPIOS DA CONSTITUIÇÃO Acerca de eventual alegação de inconstitucionalidade de lei, vedação ao confisco, etc, de se dizer apenas que tais abordagens no sentido de mostrarem eventuais afrontas à princípios constitucionais, este Colegiado deve seguir o que consta em sumula: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. De tal sorte, há que se ter como correta a aplicação da multa de ofício lançada, conforme consignada nos autos de infração. DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Também neste item, de se acatar o decidido pela instância primeira, pelos seus próprios fundamentos: VIII. Responsabilidade tributária FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DA AUTUAÇÃO. De acordo com o TVF, tendo em vista que a Mantecorp Participações S.A. foi extinta, as pessoas à época investidas do cargo de diretor respondem por infração à lei com fundamento no disposto no artigo 135, inciso III do CTN. São eles: Anna Maria Capella Mantegazza 028.010.49794 Diretora Presidente Luca Mantegazza 246.994.44814 Diretor Superintendente Fl. 5362DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.322 83 Continuando, a fiscalização registrou que, por terem interesse comum na situação que constitua o fato gerador, com fundamento no artigo 124, I, do mesmo Código, todos os acionistas foram arrolados no polo passivo da autuação: Acionistas CPF Gian Enrico Mantegazza 697.644.25887 Anna Maria Capella Mantegazza 028.010.49794 Luca Mantegazza 246.994.44814 Paola Mantegazza 086.071.18897 Enriqueta Mantegazza Capella 213.612.83882 Michele Mantegazza 093.898.99877 Vale ainda transcrever alguns trechos do TVF que justificaram a qualificação da multa ao evidenciar a participação direta dos acionistas pessoas físicas na consecução do planejamento tributário abusivo, com reflexo também na responsabilização tributária: "A conduta dos acionistas da MANTECORP PARTICIPAÇÕES S/A., foi a de criar uma pseudo situação que se enquadrasse numa tributação mais benéfica, buscando desta forma evitar a subsunção do negócio praticado ao fato imponível, objetivando suprimir o IRPJ e a CSLL. Por meio de um planejamento tributário abusivo, realizou a extinção daquela holding como medida preparatória para a alienação das ações da Mantecorp IQ sem a incidência daqueles tributos. O objetivo foi, como ficou demonstrado ao longo deste Termo, passar as ações da Mantecorp IQ, que estavam sob controle direto da holding Mantecorp Participações S.A., para as pessoas físicas e, ato contínuo, transferílas para os Fundos de Investimentos em Participações FIP e assim, não pagar os tributos sobre o ganho de capital na alienação das ações da Mantecorp IQ para a Hypermarcas. Em síntese, as pessoas físicas( acionistas da Mantecorp Participações à época) e os Fundos de Investimentos foram utilizad o s como canais de trânsito das ações da Mantecorp IQ , na tentativa de mascarar a verdadeira alienante dessas ações, a MANTECORP PARTICIPA ÇÕES S/A . [...] Os proprietários do Grupo Mantecorp, ao perpetrarem uma reorganização societária, tiveram como único objetivo fugir da tributação na pessoa jurídica MANTECORP PARTICIPAÇÕES Fl. 5363DF CARF MF 84 S/A., CNPJ – 60.879.608/000160 pela alienação das ações da sua controlada MANTECORP INDÚSTRIA QUÍMICA FARMACÊUTICA S/A., CNPJ – 33.060.740/000172 à Hypermarcas S.A. Basicamente, num curto lapso temporal de 12 dias, extinguiuse a controladora(holding) da empresa operacional, passouse o controle para as pessoas físicas, transferiuse as ações para fundos de investimentos e assinouse o contrato de alienação, redundando em uma carga tributária bem menor do que realmente deveria ser. Na verdade, a real alienante foi a holding controladora MANTECORP PARTICIPAÇÕES S/A., a qual deveria ter contabilizado e declarado o ganho de capital e os consequentes tributos IRPJ e CSLL, resultantes da alienação da Mantecorp IQ à Hypermarcas S.A." SÍNTESE DOS ARGUMENTOS DA DEFESA. No tocante à contestação da responsabilização com base nas disposições do art. 135 do CTN, foi afirmado que para que a responsabilidade pudesse ser imputada sob o aspecto da prática de atos com excesso de poderes, imprescindível seria que a fiscalização enumerasse referidos atos, com a devida comprovação de sua prática, bem como individualizando a conduta de cada administrador, o que de fato não ocorreu. Enfatizouse ainda que o impugnante sempre demonstrou boafé em todas as suas ações, razão pela qual resta ainda mais infundada tal imputação. As pessoas físicas implicadas por força do art. 124, inciso I, do CTN, destacaram que a referida norma (fundamento legal da responsabilidade no presente caso) nada dispõe acerca da responsabilização dos acionistas nos casos de extinção da pessoa jurídica, pela impossibilidade de cobrança dos tributos em face desta última. Com efeito, o ordenamento jurídico possui normativos específicos que versam sobre os sujeitos responsáveis nos casos de pessoas jurídicas transformadas, extintas ou cindidas art. 5º do DecretoLei n° 1.598/77: "Seção II Responsáveis por Sucessão Art 5º Respondem pelos tributos das pessoas jurídicas transformadas, extintas ou cindidas: I a pessoa jurídica resultante da transformação de outra; II a pessoa jurídica constituída pela fusão de outras, ou em decorrência de cisão de sociedade; III a pessoa jurídica que incorporar outra ou parcela do patrimônio de sociedade cindida; Fl. 5364DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.323 85 IV a pessoa física sócia da pessoa jurídica extinta mediante liquidação que continuar a exploração da atividade social, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual; V os sócios com poderes de administração da pessoa jurídica que deixar de funcionar sem proceder à liquidação, ou sem apresentar a declaração de rendimentos no encerramento da liquidação. § 1º Respondem solidariamente pelos tributos da pessoa jurídica: a) as sociedades que receberem parcelas do patrimônio da pessoa jurídica extinta por cisão; b) a sociedade cindida e a sociedade que absorver parcela do seu patrimônio, no caso de cisão parcial; c) os sócios com poderes de administração da pessoa extinta, no caso do item V." À luz desses preceitos normativos plenamente aplicáveis ao caso e que não foram mencionados pela autoridade fiscal, é certo que os tributos devidos por pessoa jurídica extinta apenas poderiam ser exigidos, no caso dos autos, de sócios com poderes de administração ou por sócios pessoas físicas que continuassem a explorar a atividade da pessoa jurídica extinta. Foi ressaltado ainda que pela completa análise do Capítulo V do CTN, que aborda todas as hipóteses de responsabilidade tributária, não se identifica qualquer dispositivo capaz de incluir o impugnante no polo passivo dos autos de infração ora combatidos O artigo 124 do CTN aborda a solidariedade em função do interesse comum, a qual ocorre quando há uma pluralidade de sujeitos concorrendo na hipótese de incidência, sendo todos qualificados como contribuintes (por possuírem relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador). Enquanto na hipótese de responsabilidade tributária existe a possibilidade de se atribuir a terceiro o cumprimento da obrigação tributária, por outro lado, no campo da solidariedade por interesse comum (situação pretendida pelo Agente Fiscal), os tributos somente podem ser cobrados daqueles que praticarem o fato gerador, ou seja, dos contribuintes propriamente ditos, nos casos de pluralidade no campo da sujeição passiva. A comprovação do interesse comum mostrase indispensável na medida em que o mero e eventual interesse fático de uma determinada parte não é suficiente para caracterizar o interesse comum previsto no artigo 124, I, do CTN para fins de adoção do instituto da solidariedade. ANÁLISE DOS ASPECTOS LEGAIS DA RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA. Fl. 5365DF CARF MF 86 Primeiramente, vamos analisar a questão em relação à aplicação das disposições do art. 124, inciso I, do CTN, que abarca a responsabilização de todos os acionistas pessoas físicas (ora impugnantes) da extinta holding Mantecorp Participações S.A. Conforme foi abordado nos itens precedentes desse Voto, em razão dos fatos apurados, considerouse correto que os tributos devidos em razão do ganho de capital deveria ter sido suportado pela Mantecorp Participações S.A, que foi a empresa que conduziu e estruturou todo o negócio que resultou na venda das ações da Mantecorp IQ para a Hypermarcas. Em razão da extinção da pessoa jurídica, também foi considerado legítimo o lançamento em face das pessoas físicas dos acionistas, alçadas à condição de sujeitos passivos, por força das disposições do art. 121 do CTN, norma inserida no Capitulo IV Sujeito Passivo. Dentro deste mesmo capítulo do CTN, tratando da responsabilidade solidária, pode ser destacado o art. 124, inciso I, que assim prescreve: "Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal;" A responsabilidade, nesse caso, é atribuída às "pessoas que tenham interesse comum"; não há distinção se é pessoa jurídica ou pessoa física, pode ainda ser sócio, acionista ou qualquer outra pessoa, desde que comprovado o interesse comum na situação de que constitua o fato gerador, independentemente de qualquer vinculação de caráter sucessório. Disto isto, podese afirmar que as disposições do art. 5º do DecretoLei n° 1.598, de 26 de dezembro de 1977, citadas pelos impugnantes e que tratam de responsabilidade por sucessão, não esgotam em si as possibilidades de responsabilização, inclusive pelos tributos devidos pela pessoa jurídica extinta. Subsiste, portanto, a hipótese de, ao acionista da pessoa jurídica extinta, ser atribuído vínculo de responsabilidade em razão de ficar caracterizado o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, nos moldes definidos no art. 124, I, do CTN, passando a pessoa física a figurar no polo passivo da autuação. Admitida a responsabilização do acionista pessoa física pelos créditos tributários devidos pela pessoa jurídica formalmente extinta, passase a analisar se, no caso concreto, houve a ocorrência do chamado "interesse comum", condição imposta para a caracterização da responsabilidade solidária. Conquanto os impugnantes sustentem a falta de comprovação do interesse comum acima referido, os documentos constantes dos autos, em consonância com os registros feitos pela fiscalização no TVF, são fartos a comprovar sua existência. Fl. 5366DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.324 87 Desde a extinção precoce da Mantecorp Participações S.A, a atuação dos acionistas visando à consecução da venda das ações da Mantecorp IQ é evidente, uma vez que a reorganização societária não poderia passar sem o crivo dessas pessoas que detinham o controle acionário da holding. Extinta a pessoa jurídica, em seguida a presença dos acionistas se faz notar pela venda das ações da Mantecorp IQ, das quais eram possuidores diretos, para os cinco Fundos de Investimento em Participações (FIP) constituídos. Conforme contratos celebrados com esses fundos (doc. fls. 2223/2280), em cada um deles o acionista especificado apareceu na qualidade de vendedor, enquanto os outros acionistas figuraram como intervenientesanuentes, evidenciando a atuação conjunta das pessoas físicas em todo o processo. Ato contínuo, os cinco FIP realizaram a alienação das ações para a Hypermarcas, por meio do Contrato de Venda e Compra de Ações, Incorporação de Ações e Outras Avenças (doc. fls. 21/60) e, mais uma vez, todas as pessoas físicas figuraram na qualidade de intervenientesanuentes, demonstrando total conhecimento dos fatos e manifestando a sua concordância expressa com o negócio. Diferentemente da venda de mercadorias ou da prestação de serviços, realização de despesas e outras situações geradoras de resultados em que os acionistas se mostram distantes do cotidiano da pessoa jurídica e diversamente de outros momentos em que as decisões mais relevantes são tomadas pelos administradores da empresa, a venda das ações da Mantecorp IQ teve atuação direta de todos os acionistas, em todas as principais fases do processo, em especial naquelas que evidenciaram o planejamento tributário abusivo que resultou na falta de recolhimento dos tributos devidos pela pessoa jurídica extinta, em decorrência do ganho de capital auferido na operação. Portanto, não há como negar que as pessoas físicas arroladas na autuação como responsáveis tributários tiveram interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal, nos estritos termos do art. 124, inciso I, do CTN. Especificamente em relação a Anna Maria Capella Mantegazza e Luca Mantegazza, além de terem sido arrolados como responsáveis tributários com base no art. 124, I, do CTN, também o foram com fundamento no art. 135, III do mesmo Código, que assim prescreve: "Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: [..] Fl. 5367DF CARF MF 88 III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado." É oportuno destacar que, a respeito da natureza dos atos causadores da responsabilidade tributária dos administradores (“sóciosgerentes”, na expressão consagrada), no Parecer PGFN/CRJ/CAT/Nº 55/20093, foi enfatizado que o “sóciogerente”, de acordo com a jurisprudência aceita pelo STJ, tornase responsável não por ser “sócio”, mas por ter cometido ato ilícito enquanto “gerente”. Em verdade, a condição de sócio é irrelevante. Dois são os elementos verdadeiramente relevantes para sua responsabilização: (a) ser administrador e (b) ter cometido ato ilícito nessa posição. Ainda nesse aspecto, consta ainda do Parecer que o ato ilícito ensejador de responsabilidade tributária pode ser tanto culposo quanto doloso e que a prova da prática de ato ilícito por parte do administrador compete à Fazenda Pública (salvo normas especiais probatórias, como a relativa à CDA). [grifo do Relator CARF) Os fatos que motivaram a qualificação da multa de ofício e a própria responsabilização pelo art. 124, I, do CTN, explicitados anteriormente, evidenciando o planejamento tributário abusivo (ilícito), por meio de atos promovidos sem propósito negocial, com a finalidade única de não recolher os tributos devidos na pessoa jurídica que conduziu e estruturou todo o negócio, dão sustentação à implicação dos acionistasadministradores no polo passivo da autuação também com base no art. 135, III, do CTN. Se os acionistas pessoas físicas atuaram diretamente na consecução do planejamento tributário abusivo, mais ainda os acionistas que figuraram como Diretora Presidente e Diretor Superintendente, assim caracterizados no TVF, não podem negar o total conhecimento dos fatos, concordância plena com as decisões tomadas e com os efeitos tributários resultantes. Vale transcrever ainda o que diz o citado Parecer, na parte que analisou a necessidade de presença de ato doloso por parte do administrador ou da suficiência de culpa, no contexto da responsabilização tributária e à luz da jurisprudência formada pelo STJ: 59. A respeito da necessidade de presença de ato doloso por parte do administrador ou da suficiência da presença de culpa, devese observar que, ao contrário do que defende parte da doutrina, a jurisprudência maciça do STJ exige tãosó a presença de “infração de lei” (= ato ilícito), a qual, pela teoria geral do Direito, pode ser tanto decorrente de ato culposo como de ato doloso (não obstante alguns poucos acórdãos referirem expressamente à necessidade de prova do dolo, em contraposição à imensa maioria que exige somente a culpa). Logo, se a lei e a jurisprudência não separaram as hipóteses de culpa em sentido estrito e dolo, tanto um quanto outro elemento subjetivo satisfaz a hipótese do art. 135 do CTN. Em verdade, o Direito Tributário preocupase com a externalização de atos e fatos, não possuindo espaço para a persecução do dolo; basta a culpa. Fl. 5368DF CARF MF Processo nº 16561.720188/201585 Acórdão n.º 1401003.037 S1C4T1 Fl. 5.325 89 Portanto, foi correto o procedimento fiscal ao qualificar Anna Maria Capella Mantegazza e Luca Mantegazza como responsáveis tributários, consoante disposições do art. 135, inciso III, do CTN. CONCLUSÃO Negar provimento ao recurso voluntário quanto ao mérito da autuação, naquilo que se destacou no presente voto vencedor e manter a responsabilidade solidária de todos os apontados no Auto de Infração. (assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano Fl. 5369DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.683950/2009-06
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1401-000.603
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, nos termos do voto do Relator, vencido o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, que lhe negou provimento. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10880.683947/2009-84, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente).
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia de Carli Germano, Claudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Leticia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente) e Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado).
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, nos termos do voto do Relator, vencido o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, que lhe negou provimento. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10880.683947/200984, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente). Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia de Carli Germano, Claudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Leticia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente) e Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado). Relatório. Tratase de recurso voluntário interposto contra Acórdão daTurma da DRJ/SPO, que por unanimidade de votos julgou improcedente a manifestação de inconformidade, dada a impossibilidade de retificação de ofício de inexatidão material verificada no preenchimento da Per/Decomp, desde que esteja pendente de decisão administrativa à data do envio do documento retificador. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .6 83 95 0/ 20 09 -0 6 Fl. 235DF CARF MF Processo nº 10880.683950/200906 Resolução nº 1401000.603 S1C4T1 Fl. 3 2 A interessada apresentou Declaração de Compensação (Dcomp), visando compensar crédito supostamente decorrente de pagamento efetuado a maior a título de CSLL, com débitos de PIS e COFINS apurados dentro do mesmo ano calendário. O Despacho Decisório não homologou a referida compensação, sob fundamento de que o crédito pleiteado pela Recorrente, por se tratar de estimativa de CSLL, não poderia ter sido utilizado na compensação tributária. O crédito compensado referese a um pagamento de CSLL, o qual foi considerado indisponível pela DERAT/SP por tratarse o crédito de pagamento a título de estimativa mensal da pessoa jurídica tributada pelo Lucro Real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução de IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. Mesmo após a Manifestação de Inconformidade, restou mantido integralmente o Despacho Decisório. Inconformada, interpôs Recurso Voluntário repisando o argumento quanto a erro de fato no preenchimento de sua DIPJ e uma vez demonstrada a inexistência de vedação legal (Lei n. 9.430/96) para a compensação de crédito oriundo de pagamento a maior de estimativa de IRPJ, forçoso concluir que a Recorrente teria direito ao crédito integral objeto da DCOMP em questão e, consequentemente, homologação integral da compensação pleiteada. É o relatório do essencial. Voto. Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1401000.600, de 22/11/2018, proferida no julgamento do Processo nº 10880.683947/200984, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1401000.600): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais requisitos de admissibilidade, por isso, dele conheço. Conforme esclarece a Recorrente, no ano calendário em discussão, ela teria efetuado o pagamento de IRPJ apurado em um mês daquele ano, contudo, passado algum tempo, verificou que, na verdade, não haveria imposto algum a recolher naquele mês. Ao final do ano, em virtude das retenções sofridas e das antecipações pagas pela Recorrente, restou apurado saldo negativo de Fl. 236DF CARF MF Processo nº 10880.683950/200906 Resolução nº 1401000.603 S1C4T1 Fl. 4 3 IRPJ, o qual, de acordo com a legislação, poderia ser utilizado na compensação de outros tributos administrados pela RFB. No entanto, quando do preenchimento da DECOMP para a compensação do referido crédito com outros débitos relativos ao período de apuração seguinte, sustenta a ocorrência de erro no qual acabou optando equivocadamente pelo tipo de crédito relativo a pagamento indevido ou a maior e não saldo negativo de IRPJ e procurou demonstrar que esse erro de preenchimento não seria a causa suficiente a ensejar o indeferimento do crédito pleiteado, especialmente pelo princípio da verdade material. Erro esse, que defende a recorrente poderia ser retificado de ofício, pois segundo ela a Declaração de Compensação é o instrumento hábil e suficiente paras a exigência de débitos indevidamente compensados. Diversamente do entendimento da decisão recorrida, entendo que restou caracterizado o erro de fato no preenchimento da DCOMP quanto à informação do crédito utilizado/pleiteado. Resta evidente que a informação prestada na DCOMP, quanto à origem do crédito, está em dissonância, em parte, com a DIPJ que trata da apuração do imposto e do pretenso crédito do imposto do anocalendário em questão (declaração de ajuste anual), pois o pretenso crédito pleiteado do anocalendário discutido restou apurado pela contribuinte a título de saldo negativo e não a título de pagamento indevido de estimativa mensal. Lembrese que a Súmula CARF nº 84 permite a restituição de estimativa mensal recolhida em excesso, a partir da data do respectivo recolhimento, no caso de erro de fato comprovado na apuração da base de cálculo da estimativa mensal (erro quanto à apuração com base na receita bruta ou com balancete de suspensão/redução), ou seja, recolhimento que extrapolou, em completa dissonância em relação à base de cálculo demonstrada na escrituração contábil/fiscal na forma da legislação de regência, que não é o caso, pois a contribuinte não alegou erro de fato na apuração do IRPJ – Estimativa Mensal que tivesse gerado recolhimento em excesso à revelia da base de cálculo de que trata a legislação de regência, mas apenas erro de informação na DCOMP quanto à origem do crédito pleiteado na DCOMP. Como demonstrado, restou configurada a existência do erro na informação do direito creditório no preenchimento da DCOMP objeto dos autos (inexatidão material quanto à origem do crédito utilizado/demandado), sendo então hipótese para retificação, correção da DCOMP, conforme art. 57 da IN SRF 460/2004 e IN ulteriores que tratam da matéria, art. 147, § 2º, do CTN, e art. 32 do Decreto nº 70.235/72. Reconhecido, caracterizado, o erro de fato no preenchimento da DCOMP (inexatidão material quanto à informação do direito creditório), deve ser afastado, por conseguinte, o óbice que impediu a decisão recorrida de enfrentar o mérito do crédito, sua Fl. 237DF CARF MF Processo nº 10880.683950/200906 Resolução nº 1401000.603 S1C4T1 Fl. 5 4 liquidez e certeza, a título de saldo negativo do IRPJ do anocalendário questionado. Ou seja, o erro de fato no preenchimento dos dados do crédito na DCOMP, diversamente do entendimento da decisão recorrida, configura sim inexatidão material a que alude o art. 57 da IN SRF nº 460/2004, podendo ser corrigida de ofício pelo julgador, e IN seguintes que tratam da matéria, art. 147, § 2º, do CTN, e art. 32 do Decreto nº 70.235/72. Neste sentido: LUCRO REAL ANUAL. DECLARAÇÃO DE JUSTE ANUAL. DEDUÇÃO INTEGRAL DOS PAGAMENTOS ANTECIPADOS POR ESTIMATIVA MENSAL. APURAÇÃO DE SALDO NEGATIVO NA DIPJ. PEDIDO DE APROVEITAMENTO DE CRÉDITO DE PAGAMENTO INDEVIDO DE ESTIMATIVA MENSAL NA DCOMP. ERRO DE FATO. POSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO DA DCOMP. ÓBICE AFASTADO. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS À DRJ PARA ANÁLISE DE MÉRITO DO CRÉDITO A TÍTULO DE SALDO NEGATIVO. Restando comprovado nos autos que o recolhimento da estimativa mensal foi computado no saldo negativo do imposto na declaração de ajuste anual, configura erro de fato no preenchimento da DCOMP, quando o contribuinte presta informação acerca do crédito pleiteado a título de pagamento indevido ou a maior de estimativa mensal, quando deveria fazêlo a título de saldo negativo. Tratase de inexatidão material no preenchimento da DCOMP, a qual pode ser retificada de ofício pelo julgador ou a pedido do contribuinte para correção do erro de informação quanto ao crédito do referido do anocalendário, nos termos do art. 57 da IN SRF 460/04, art. 147, § 2º, do CTN, e art. 32 do Decreto nº 70.235/72. ACÓRDÃO: 1802002.532 Ademais, para evitar prejuízo ao contraditório e à ampla defesa e para evitar subtração de instância de julgamento quanto à análise de mérito do direito créditório – saldo negativo do IRPJ do anocalendário em questão, tornase necessário devolver os autos à primeira instância de julgamento, para que proceda análise de mérito do direito creditório a título de saldo negativo do IRPJ. Por tudo que foi exposto, entendo possível afastar o óbice que impediu a decisão recorrida de enfrentar o mérito do crédito, sua liquidez e certeza, a título de saldo negativo do IRPJ do anocalendário questionado e voto no sentido de converter os autos em diligência a fim de que a DRF de origem faça nova apreciação no que se refere ao direito creditório alegado para que se analise se além do pagamento reclamado para compensação havia também saldo negativo do imposto passível de aproveitamento naquele ano calendário. É como voto." Fl. 238DF CARF MF Processo nº 10880.683950/200906 Resolução nº 1401000.603 S1C4T1 Fl. 6 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por converter o julgamento em diligência, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 239DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10130.000006/2008-11
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 23/07/2008
RECURSO INTEMPESTIVO. NÃO CONHECIMENTO.
Não deve ser conhecido o recurso voluntário interposto após o prazo legal.
Recurso Voluntário não conhecido.
Numero da decisão: 3002-000.543
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem.
Nome do relator: MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 23/07/2008 RECURSO INTEMPESTIVO. NÃO CONHECIMENTO. Não deve ser conhecido o recurso voluntário interposto após o prazo legal. Recurso Voluntário não conhecido.
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NÃO CONHECIMENTO. Não deve ser conhecido o recurso voluntário interposto após o prazo legal. Recurso Voluntário não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem. Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório da decisão da DRJ, à fl. 66 dos autos: Trata o presente processo de auto de infração para a constituição de crédito tributário, no valor de R$ 10.000,00, decorrente da aplicação de multa por AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 13 0. 00 00 06 /2 00 8- 11 Fl. 127DF CARF MF 2 desacato à autoridade aduaneira, prevista no artigo 107, inciso III, do Decreto lei nº 37, de 1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833, de 2003. Alegou a autuação que, em 15/07/08, nos autos do processo administrativo nº 10183.002021/200888, foi indeferido pedido da empresa IMEX IMPORT EXPORT TRADING COMPANY S/A, CNPJ nº 07.790.955/000139, relativo a sua habilitação ordinária no sistema SISCOMEX, tendo a mesma apresentado recurso administrativo no qual cometeu diversos excessos, consubstanciados pela utilização de expressões injuriosas, difamatórias à moral da autoridade fiscal aduaneira, o AFRFB MÁRCIO HENRIQUE GONÇALVES MONTIJO, denegrindo sua imagem enquanto no desempenho de atividade inerente ao cargo. O rol de expressões que no entendimento da fiscalização configuram a infração consta da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal do auto de infração, de fls. 02 a 10. O autuado foi cientificado da autuação através do Edital nº 0055/08 EFA/DRFCuiabá/MT, afixado em 12/09/2008 (fl. 24), tendo apresentado impugnação e documentos (fls. 28 a 57). A unidade preparadora se manifestou pela tempestividade da peça de defesa (fl. 62). O autuado alegou que: I Descrição dos fatos. 1. O autuado era à época dos fatos responsável legal da empresa IMEX IMPORT EXPORT TRADING COMPANY S/A; 2. Sendo advogado de profissão, perante um ato administrativo marcado por irregularidades, exerceu seu direito através do instituto da impugnação, e o fez de forma veemente, atribuindo adjetivos a cada irregularidade; 3. Esse é um direito do contribuinte e um dever do advogado, tratar aquilo que considera errado com palavras que de fato caracterizam o erro, sem precisar se expressar com eufemismos; 4. O autuante chamou de excessos praticados pela defesa para justificar verdadeira retaliação e tentativa de reprimir a voz do advogado, tentando impor limites nas palavras do profissional da advocacia; 5. A aplicação de multa por desacato à autoridade, além de um ranço autoritário que permeia na atividade pública, é uma arma nas mãos de servidores que não suportam crítica aos seus atos; 6. Se o problema é de crime por desacato, que o servidor tenha a coragem de promover a devida representação criminal para que o assunto seja discutido em órgão jurisdicionado competente; 7. Tratase de tentativa de intimidar com multa pela defesa apresentada; II – Da descaracterização do desacato. 8. A impugnação interposta contra a decisão do autuante no processo de habilitação ordinária no sistema SISCOMEX está pautada na prática de crime de prevaricação, artigo 319 do Código Penal, logo, o modo como foi construída a impugnação não poderia ser diferente, posto que quem cometeu excessos não foi o advogado que mostrou de forma contundente sua tese, mas o servidor que não cumpriu a lei e que se utilizou do poder que o Estado lhe confere para prejudicar a pessoa do autuado; 9. Quando se denuncia a prática de crime, a eventual injúria, difamação ou calúnia estariam elididas pela chamada exceção da verdade, ou seja, em nenhum momento houve a intenção de ofender a dignidade de alguém, atribuindolhe falsamente ato não cometido; 10. Através da impugnação apresentada, pretende o autuado a correção dos erros cometidos na via administrativa, erros esses que ensejam a prática do crime mencionado na ótica da defesa; 11. Dentro de todo um contexto juridicamente embasado, dizer que o servidor é despreparado, que ignora certos institutos jurídicos, que o mesmo praticou uma atrocidade jurídica oriunda de sua imaginação, que foi negligente, desmedido, audacioso, imprudente, surpreendente, desleixado, que agiu por Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10130.000006/200811 Acórdão n.º 3002000.543 S3C0T2 Fl. 127 3 motivação pessoal e quejandos, não pode caracterizar desacato, sob pena do advogado estar cerceado em sua defesa; 12. O advogado utilizouse do devido processo legal para expressar sua indignação sobre os atos cometidos pelo servidor, mas em nenhum momento objetivou causar qualquer tipo de vexame ao servidor, apenas mostrar de forma intensa a irregularidade de seu ato e seu posicionamento; III – Da exceção da verdade. 13. A exceção da verdade é a demonstração do fato imputado a outrem, desta forma tornase imperiosa a explicação jurídica detalhada dos motivos que embasaram a defesa firme apresentada pelo autuado contra ato praticado pelo autuante; 14. Apresentou explicação jurídica e comentários sobre cada uma das frases que foram entendidas pelo autuante como desacato; 15. Não se constata na argumentação do autuado a intenção de humilhar, injuriar, difamar, caluniar, desrespeitar ou desprestigiar a pessoa do funcionário público, mas tão somente defender a empresa interessada dos atos irregulares e ilegais presentes na decisão impugnada; 16. A única explicação cabível para o caso é que se trata de perseguição pessoal contra o defensor da empresa, que é advogado tributarista militante, com históricos embates com o Fisco, em defesa de legalidade; 17. O inconformismo com atos como estes a partir de agora será chamado de desacato. Exigir tratamento adequado e a observação da legislação e do devido processo legal é cometer excessos; 18. A decisão impugnada deveria ser reanalisada por toda a estrutura da RFB, tanto para sua reforma completa quanto para a verificação de ausência de sustentação legal, de modo a servir de exemplo para os demais funcionários públicos atuantes no Fisco; 19. A máquina do Estado é movimentada por pessoas, por seres humanos, portanto suscetíveis a erros, mas que quando erram devem consertar tal erro, e não impôlo à força ao cidadão utilizandose de ameaças como multa por desacato; 20. Reiterou que não houve intenção do autuado em ofender, denegrir, humilhar, difamar, desmoralizar, injuriar, caluniar ou trazer qualquer dano à imagem do autuante, mas tão somente defender a companhiavítima e tentar reverter a grave situação a que fora exposta a empresa, buscando com a impugnação apresentada fazer com que a decisão proferida sem base legal fosse analisada e reformada por órgão interno superior, corrigindo assim as faltas graves que compõe a decisão negatória; 21. Ao final, pugnou pela nulidade da autuação, por falta de fundamentos para seu enquadramento. Com sua impugnação, o contribuinte juntou às fls. 42/57 os documentos listados à fl. 41. Ao analisar o caso, a DRJ entendeu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação, conforme decisão que restou assim ementada: Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 23/07/2008 DESACATO À AUTORIDADE ADUANEIRA. PENALIDADE. COMPROVAÇÃO. Fl. 129DF CARF MF 4 O desacato configurase pelo desrespeito à atividade profissional da autoridade aduaneira. Existindo prova inequívoca da ocorrência de desacato, há que se manter a exigência de penalidade. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O contribuinte foi intimado da decisão em 15/09/2015 (vide AR à fl. 78 dos autos) e, insatisfeito com o seu teor interpôs, em 06/11/2015, Recurso Voluntário (fls. 84/107). Em seu recurso, o contribuinte argumentou, preliminarmente, ter ocorrido a prescrição intercorrente, pelo transcurso de sete anos entre a aplicação da penalidade e apresentação da impugnação (2008) até o julgamento de primeira instância (2015). Prosseguiu sua argumentação repisando os argumentos apresentados em sua impugnação em relação à descrição dos fatos, á descaracterização do desacato, da exceção da verdade, frisando a ausência de intenção de denegrir e ofender a imagem do servidor que teria sofrido o desacato, pois estaria apenas exercendo a defesa da empresa que representa. Argumentou que o acórdão se mostrou contraditório e corporativo no ponto em que reconheceu que o tratamento pouco cordial, a crítica e a censura não representam desacato, tendo, contudo, considerado que o autuado agiu de forma desrespeitosa para com a autoridade. Argumentou que o dispositivo lastreador da penalidade remonta à ditadura, demonstrando o caráter opressor do estado. Alegando inexistir definição legal do que seria desacato, argui a amplitude de enquadramento que desse fato resulta e argumenta não se caracterizar desacato o comportamento que não se realiza na presença do servidor, sendo esse o caso discutido, onde as expressões foram lançadas através de uma impugnação, dentro do devido processo legal. Arguiu, por fim, que considerar desacato os termos de uma defesa resultará no encadeamento de aplicação de multas a toda inconformidade demonstrada pelo contribuinte, subjugando o direito do contribuinte à vontade do servidor que se sente contrariado. Os autos, então, vieramse conclusos para fins de análise do Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte. É o relatório Voto Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora: Como é cediço, de acordo com o estabelecido no art. 33 do Decreto nº 70.235/1972, das decisões de primeira instância, cabe recurso voluntário dentro do prazo de trinta dias, contados da ciência do Acórdão recorrido: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. No caso concreto aqui analisado, consoante acima narrado, o contribuinte foi intimado acerca da decisão da DRJ em 15/09/2015 (terçafeira) (vide AR à fl. 78 dos autos). Sendo assim, o prazo de 30 dias para interposição do Recurso Voluntário teve início em 16/09/2015 (quartafeira), findando, portanto, em 15/10/2015 (quintafeira). Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10130.000006/200811 Acórdão n.º 3002000.543 S3C0T2 Fl. 128 5 Acontece que, in casu, o Recurso Voluntário (vide fls. 84/107 dos autos) fora interposto pelo contribuinte tão somente em 06/11/2015, ou seja, quando já havia expirado o seu prazo recursal. Nesse contexto, deixo de conhecer do Recurso Voluntário interposto, em razão da sua intempestividade. É como voto. (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Fl. 131DF CARF MF
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Numero do processo: 19740.000603/2003-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/1999 a 30/11/2002
MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138 CTN. INAPLICABILIDADE.
A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.
Numero da decisão: 3401-005.733
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Lázaro Antonio Souza Soares, Tiago Guerra Machado, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente. Ausente, justificadamente, a Conselheira Mara Cristina Sifuentes.
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138 CTN. INAPLICABILIDADE. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Lázaro Antonio Souza Soares, Tiago Guerra Machado, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente. Ausente, justificadamente, a Conselheira Mara Cristina Sifuentes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 74 0. 00 06 03 /2 00 3- 27 Fl. 1625DF CARF MF Processo nº 19740.000603/200327 Acórdão n.º 3401005.733 S3C4T1 Fl. 1.626 2 Relatório 1. Tratase do despacho decisório, situado às fls. 378 a 393 (Volume 03), proferido em 22/03/2010, proferido em com base no Parecer DEINF/RJO da 7ª Região Fiscal (SRRF07) nº 34/2004, situado às fls. 378 a 393 (Volume 03), que homologou em parte as declarações de compensação, situadas às fls. 01 a 04, transmitidas em 27/11/2003, por meio das quais a contribuinte declarou a compensação de débitos de tributos diversos com crédito referente a valores recolhidos a maior a título de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins desistência de ação judicial art 21 da Medida Provisória n° 66/2002, código de recolhimento 9073), referente ao período de apuração compreendido entre 01/02/1999 e 31/04/2002. 2. A contribuinte, intimada em 09/07/2004, apresentou, em 10/08/2004, manifestação de inconformidade, situada às fls. 392 a 403, na qual argumentou, em síntese, que: (i) impetrou mandado de segurança visando o reconhecimento do seu direito de recolher a Cofins sobre o seu faturamento (receita de serviços), e não sobre a receita bruta auferida, conforme art. 3º da Lei n° 9.718/1998 e, tendo em vista o deferimento da medida liminar, passou a recolher a contribuição apenas sobre as receitas de serviços, e não mais sobre todas as receitas auferidas, parcela que permaneceu com a exigibilidade suspensa em virtude da liminar; (ii) em um segundo momento, com o advento da Medida Provisória n° 66/2002, alterada pela Medida Provisória n° 75/2002, a contribuinte aderiu à anistia fiscal e pagou a diferença da Cofins não recolhida discutida em juízo; (iii) ao analisar as planilhas de Cofins que serviram de base para os recolhimentos efetuados, constatou que a receita do grupo contábil "7.1.3" foi tributada em duplicidade desde 01/02/1999 até 30/11/2002; e, ainda: 1) uma vez atendidos os requisitos listados pela Medida Provisória 66/2002, quais sejam, a comprovação de desistência da ação judicial e o pagamento do débito objeto da anistia, não há razão para se indeferir o pedido de compensação formulado pela ora Impugnante, mormente porque há comprovação de que o valor recolhido ultrapassa o devido, como demonstrado nas DCOMP e Per/DCOMP regularmente aceitas pela Deinf; 2) tampouco procede o argumento de que as demais condições estabelecidas na Portaria SRF/PGFN n° 1225/02 não foram atendidas. Sob esse prisma, buscou a Diort/Deinf incutir a idéia de que, ao desistir da ação judicial que havia suspendido a exigibilidade do recolhimento da Cofins nos moldes da Lei n° 9.718/98, a ora Impugnante estaria renunciando a qualquer alegação futura de defesa de tais direitos. Mas não é isso o que o art. 6° da referida norma pretendeu; 3) ao pontuar que "o beneficio" da anistia "é condicionado a renúncia a qualquer alegação de direito sobre as quais se fundam as referidas ações", não pretendeu a norma em apreço cercear o direito de defesa do contribuinte, sob pena de violar preceito constitucional (direito ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa); Fl. 1626DF CARF MF Processo nº 19740.000603/200327 Acórdão n.º 3401005.733 S3C4T1 Fl. 1.627 3 4) outrossim, a questão sobre a qual se irresignou a ora Impugnante é matéria essencialmente fática, posto que a divergência paira na expressão numérica (recolhimento a maior em face do oferecimento à tributação da receita de câmbio em duplicidade); 5) o direito sobre o qual se fundava a ação judicial em comento dizia respeito sobre a (in)constitucionalidade da Cofins instituída pela Lei n° 9.718/98, de cuja discussão abriu mão a ora Impugnante ao desistir da ação. Ao aderir à anistia, indiretamente teve a Impugnante que admitir como correta a cobrança da Cofins sobre toda as suas receitas, e não apenas sobre as de serviço, como havia autorizado a liminar e sentença; 6) outrossim, o preceito de que a renúncia a esse direito "constitui confissão extrajudicial e irretratável de dívida" significa tão somente que a adesão ao programa da anistia é uma via de mãoúnica, não cabendo arrependimentos. Assim, uma vez aderido ao programa, a desistência da ação é irrevogável; 7) por "confissão irretratável da dívida" devese entender apenas a opção exercida, não o direito a recuperar valores pagos a maior em decorrência do exercício dessa opção. 3. Em 15/12/2010, a 01ª Turma da Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (MG) proferiu o Acórdão DRJ nº 0231.934, situado às fls. 1593 a 1604 (Volume 14), de relatoria do AuditorFiscal Marco Antonio Zocratto, que entendeu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade, indeferindo o direito creditório pleiteado, nos termos da ementa abaixo transcrita: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/02/1999 a 30/11/2002 COMPENSAÇÃO. Somente são passíveis de compensação os créditos comprovadamente existentes, devendo estes gozar de liquidez e certeza na data da apresentação/transmissão da Declaração de Compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido 4. A contribuinte interpôs recurso voluntário, no qual reiterou as razões de sua manifestação de inconformidade. É o Relatório. Fl. 1627DF CARF MF Processo nº 19740.000603/200327 Acórdão n.º 3401005.733 S3C4T1 Fl. 1.628 4 Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Relator 5. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 6. Transcrevese, abaixo, por pertinente, trecho da decisão recorrida: Afirma a interessada que os créditos existentes (i) em razão da adição em duplicidade das contas do grupo contábil resultado de câmbio, na apuração da base de cálculo da Cofins, e (ii) em decorrência da multa de mora recolhida indevidamente sobre a Cofins paga em dobro sobre a receita de câmbio, foram avaliados e admitidos pela DRF, que procedeu à compensação dos mesmos nos moldes pretendidos pela requerente. No entanto, entende que haveria ainda uma terceira origem de crédito, o qual decorreria do recolhimento indevido de multa de mora para os fatos geradores ocorridos entre os períodos de maio e outubro de 2002 sobre as demais receitas que não eram relativas às receitas de câmbio tributadas em dobro. Acrescenta, a partir desse entendimento, que não houve qualquer manifestação da DRF quanto a esse crédito. De início, deve ser dito que em nenhum momento anterior à atual manifestação de inconformidade, a interessada aventou e pleiteou a existência desse crédito. No documento de fls. 61 a 67, por intermédio do qual fundamenta a origem do crédito pleiteado, a interessada explica que constatou que a receita do grupo contábil "7.1.3" foi tributada em duplicidade desde fevereiro de 1999 até novembro de 2002. E explica, "isto porque, de acordo com o modelo de planilha fornecido pela SRF (IN n° 37/99), as contas do grupo '7.1.3 Resultado de câmbio' fazem parte do 'Anexo I Apuração do Resultado de Câmbio' e são oferecidas à tributação líquidas das despesas listadas naquele anexo. Ocorre que, na entrada de dados das demais receitas que não compõem o referido Anexo I, a conta '7.1.3' foi novamente somada para fins de composição do total de receitas, ocorrendo sua tributação mais uma vez". (...) Assim, está claro que o crédito pleiteado pela interessada diz respeito tão somente às receitas de câmbio tributadas em dobro Fl. 1628DF CARF MF Processo nº 19740.000603/200327 Acórdão n.º 3401005.733 S3C4T1 Fl. 1.629 5 (principal e multa de mora). Não há, no documento de fls. 61 a 67, por intermédio do qual fundamenta a origem do crédito pleiteado, qualquer alusão à multa de mora paga indevidamente sobre a Cofins apurada sobre as demais receitas daqueles períodos. Por essa razão, ou seja, por não ter sido pleiteado, esse ponto não foi apreciado em nenhum dos Despachos Decisórios que apreciaram o pedido. Não é demais fazer o seguinte excerto do Acórdão n° 14.928, de 26 de janeiro de 2007, de fls. 417/421, por intermédio do qual a DRJ/RJOII decidiu por afastar a nãohomologação das Dcomp pela Deinf/RJO e determinou a apreciação do mérito: (...) A interessa argumenta, ainda, que possuía liminar nos autos do Mandado de Segurança n° 99.0059964, distribuído perante a Seção Judiciária do Rio de Janeiro, ocorrendo portanto, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário concernente à Cofins incidente sobre a totalidade das receitas auferidas. Em seqüência invoca o parágrafo 2o do art. 63 da Lei n° 9.430/96, para concluir que, em face da desistência da ação judicial e da renúncia ao direito sobre o qual a mesma se funda, em cumprimento ao estabelecido na legislação da anistia, e tendo em vista que o pedido foi analisado pelo TRF 2a Região no dia 24/01/2006, ocorrendo a publicação da decisão que homologou o pedido de desistência da ação em 30/01/2006, não caberia a multa de mora paga em 31/01/2003. O argumento esposado induz ao entendimento de que a interessada possuía uma liminar que teria vigorado até 30 dias após a data da publicação da decisão que homologou o pedido de desistência da ação, em 30/01/2006. No entanto, a interessada não traz qualquer prova nesse sentido. Só o fato de não provar o que alegaja seria motivo suficiente para repudiar o argumento. Não obstante, pesquisa procedida no site do TRF 2a Região mostra que a decisão judicial que concedeu a Ordem de Segurança, confirmando a liminar anteriormente deferida, foi publicada em 01/12/1999. E, ainda, em face de recurso de apelação da Fazenda Nacional, houve julgamento no âmbito do TRF 2a Região, em 25/09/2001,no qual se deu "provimento ao recurso da União e à remessa para julgar improcedente a ação" (fls. 1.431/1.447). A interessada postula, em sequência, que na remota hipótese de não serem reconhecidos os aspectos precitados, também restaria garantido o crédito com base no instituto da denúncia espontânea, estabelecido no art. 138 do CTN (cita decisões do "Conselho de Contribuintes Federal" e do STJ). (...) Quanto a esse ponto, a tese defendida pela contribuinte, em relação ao art. 138 do CTN, está direcionada a que se configure Fl. 1629DF CARF MF Processo nº 19740.000603/200327 Acórdão n.º 3401005.733 S3C4T1 Fl. 1.630 6 interpretação extensiva e ampla para o instituto da denúncia espontânea, dando a esta eficácia suficiente para afastar a multa de mora nas hipóteses de mera inadimplência. O art. 138 do CTN está inserido no Capítulo V, que disciplina a Responsabilidade Tributária, mais precisamente na Seção IV, que trata da Responsabilidade por Infrações. (...) A conclusão sobre se a multa de mora pode ser albergada pela denúncia espontânea disposta no art. 138 do CTN passa ao largo da discussão se esta é penalidade ou não, se é de natureza compensatória ou sancionatória. Com efeito, agravar o crédito tributário em até 20% de multa de mora deve ser considerado como uma penalidade, como uma sanção, que as Fazendas Públicas utilizam objetivando realizar o crédito tributário no menor tempo possível. A missão da multa moratória é buscar o adimplemento voluntário, e nos prazos fixados, das obrigações tributárias geradas a partir da ocorrência do fato imponível. Labora em erro quem afirma que a imposição da multa moratória culminaria no desestímulo ao pagamento espontâneo, tornando o art. 138 do CTN dispositivo inócuo e sem utilidade no universo jurídicotributário. Ora, pelo contrário, entenderse que a multa moratória estaria albergada pela denúncia espontânea implicaria, sem sombras de dúvidas, no estímulo ao nãorecolhimento dos tributos nos prazos de vencimento, sobrecarregando sobremaneira os controles da Administração Tributária e premiando a impontualidade. Por outro lado, esse entendimento não sepulta o instituto da denúncia espontânea como veremos logo adiante. (...) Assim, com a denúncia espontânea o contribuinte livrase da multa de lançamento de oficio porquanto denunciou a infração ou o seu comportamento delituoso, que obrigaria, em tese, o poder tributante a tomar a iniciativa de verificar a ocorrência do fato imponível. Neste sentido, o fisco conhecendo a posteriori a atitude antijurídica utilizada pelo sujeito passivo não poderá aplicar qualquer penalidade, porém o tributo, se vencido, deve ser recolhido com os respectivos acréscimos legais moratórios (juros + multa). Por outro lado, com a prática infracional utilizada pelo contribuinte a Administração Tributária encontra se menos aparelhada para formalizar a exigência do tributo, posto tratarse de fato desconhecido, e, por isso, abriu o legislador a hipótese legal de o sujeito passivo, antes de iniciado qualquer procedimento de ofício, se antecipar a um possível lançamento de ofício com a aplicação da competente multa de ofício. 7. Assim, não se trata, na espécie, da aplicação da decisão definitiva do STJ, na sistemática dos recursos repetitivos, no sentido de afastar a cobrança da multa de mora Fl. 1630DF CARF MF Processo nº 19740.000603/200327 Acórdão n.º 3401005.733 S3C4T1 Fl. 1.631 7 por pagamento em atraso, feito anterior ou até concomitantemente à apresentação da DCTF na qual o débito foi confessado, desde que antes do início de qualquer procedimento fiscal, hipótese em que se configura a denúncia espontânea do art. 138 do CTN, uma vez que no caso corrente não se cogita pagamento, mas ordem liminar que teria vigorado até 30 dias após a data da publicação da decisão que homologou o pedido de desistência da ação, em 30/01/2006, argumento este que exsurge como fundamento do crédito apenas a partir da instauração do contencioso administrativo com a apresentação das razões de impugnação. 8. Em síntese, o pagamento em atraso anterior à apresentação da DCTF e antes do início de qualquer procedimento fiscal afasta a multa de mora, por força de aplicação vinculante da prefalada decisão judicial. 9. Não tendo as partes apresentado novos argumentos ou razões de defesa perante esta segunda instância administrativa, propõese a confirmação e adoção da decisão recorrida, nos termos da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), com a alteração da Portaria MF nº 329, de 04/06/2017, que acrescentou o § 3º ao art. 57 da norma regimental. 10. Assim, com base nestes fundamentos, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário interposto. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Fl. 1631DF CARF MF
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