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Numero do processo: 10314.724465/2014-83
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/01/2014 a 31/01/2014
Ementa:
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE NÃO CONFIGURADA.
A suposta imprecisão do MPF, ainda que impedisse a precisa identificação temporal para o seu encerramento, não implicaria a sua nulidade e do correlato lançamento, uma vez que não trouxe prejuízo às defesas dos contribuintes e, ainda, porque a data do termo final do MPF tem implicações para fins de resgate da espontaneidade do contribuinte (art. 7º, § 2° do Decreto 70.235/72) e para a configuração da decadência do crédito tributário, mas não para a sua validade formal.
DENEGAÇÃO DE SUSTENTAÇÃO ORAL EM JULGAMENTO DA DELEGACIA REGIONAL DE JULGAMENTO. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.
A denegação de sustentação oral em sede de julgamento realizado pela Delegacia Regional de Julgamento não viola o devido processo legal e seus consectários lógicos (contraditório e ampla defesa), uma vez que tais valores jurídicos não são absolutos e devem ser conjugados com outros valores jurídicos também tutelados pelo ordenamento constitucional, tais como celeridade e duração razoável do processo. Ademais, não há previsão legal para tal sustentação oral em sede de DRJ. Precedentes do STF.
ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. INEXISTÊNCIA.
Haveria alteração de critério jurídico se a decisão recorrida intentasse promover a alteração dos fundamentos fático-jurídicos que sustentaram a acusação fiscal, o que inexiste no caso em tela.
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO. PROVA
O vasto e elucidativo acervo probatório produzido pelos recorrentes nos autos é suficiente para demonstrar a inexistência de interposição fraudulenta comprovada no caso em espécie. Em verdade, o que existe são atividades lícitas, promovidas em compasso com as ideias de livre iniciativa privada e autonomia de vontade, sem qualquer mácula de caráter aduaneiro e/ou fiscal. Logo, não há que se falar em incidência de diferenças de IPI nas operações fiscalizadas.
Recursos voluntários providos. Crédito tributário exonerado.
Numero da decisão: 3402-004.367
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Waldir Navarro, Pedro Bispo e Jorge Freire. O Conselheiro Jorge Freire apresentou declaração de voto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2014 a 31/01/2014 Ementa: MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE NÃO CONFIGURADA. A suposta imprecisão do MPF, ainda que impedisse a precisa identificação temporal para o seu encerramento, não implicaria a sua nulidade e do correlato lançamento, uma vez que não trouxe prejuízo às defesas dos contribuintes e, ainda, porque a data do termo final do MPF tem implicações para fins de resgate da espontaneidade do contribuinte (art. 7º, § 2° do Decreto 70.235/72) e para a configuração da decadência do crédito tributário, mas não para a sua validade formal. DENEGAÇÃO DE SUSTENTAÇÃO ORAL EM JULGAMENTO DA DELEGACIA REGIONAL DE JULGAMENTO. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. A denegação de sustentação oral em sede de julgamento realizado pela Delegacia Regional de Julgamento não viola o devido processo legal e seus consectários lógicos (contraditório e ampla defesa), uma vez que tais valores jurídicos não são absolutos e devem ser conjugados com outros valores jurídicos também tutelados pelo ordenamento constitucional, tais como celeridade e duração razoável do processo. Ademais, não há previsão legal para tal sustentação oral em sede de DRJ. Precedentes do STF. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. INEXISTÊNCIA. Haveria alteração de critério jurídico se a decisão recorrida intentasse promover a alteração dos fundamentos fático-jurídicos que sustentaram a acusação fiscal, o que inexiste no caso em tela. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO. PROVA O vasto e elucidativo acervo probatório produzido pelos recorrentes nos autos é suficiente para demonstrar a inexistência de interposição fraudulenta comprovada no caso em espécie. Em verdade, o que existe são atividades lícitas, promovidas em compasso com as ideias de livre iniciativa privada e autonomia de vontade, sem qualquer mácula de caráter aduaneiro e/ou fiscal. Logo, não há que se falar em incidência de diferenças de IPI nas operações fiscalizadas. Recursos voluntários providos. Crédito tributário exonerado.
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NULIDADE NÃO CONFIGURADA. A suposta imprecisão do MPF, ainda que impedisse a precisa identificação temporal para o seu encerramento, não implicaria a sua nulidade e do correlato lançamento, uma vez que não trouxe prejuízo às defesas dos contribuintes e, ainda, porque a data do termo final do MPF tem implicações para fins de resgate da espontaneidade do contribuinte (art. 7 o , § 2° do Decreto 70.235/72) e para a configuração da decadência do crédito tributário, mas não para a sua validade formal. DENEGAÇÃO DE SUSTENTAÇÃO ORAL EM JULGAMENTO DA DELEGACIA REGIONAL DE JULGAMENTO. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. A denegação de sustentação oral em sede de julgamento realizado pela Delegacia Regional de Julgamento não viola o devido processo legal e seus consectários lógicos (contraditório e ampla defesa), uma vez que tais valores jurídicos não são absolutos e devem ser conjugados com outros valores jurídicos também tutelados pelo ordenamento constitucional, tais como celeridade e duração razoável do processo. Ademais, não há previsão legal para tal sustentação oral em sede de DRJ. Precedentes do STF. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. INEXISTÊNCIA. Haveria alteração de critério jurídico se a decisão recorrida intentasse promover a alteração dos fundamentos fático-jurídicos que sustentaram a acusação fiscal, o que inexiste no caso em tela. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO. PROVA Fl. 5418DF CARF MF 2 O vasto e elucidativo acervo probatório produzido pelos recorrentes nos autos é suficiente para demonstrar a inexistência de interposição fraudulenta comprovada no caso em espécie. Em verdade, o que existe são atividades lícitas, promovidas em compasso com as ideias de livre iniciativa privada e autonomia de vontade, sem qualquer mácula de caráter aduaneiro e/ou fiscal. Logo, não há que se falar em incidência de diferenças de IPI nas operações fiscalizadas. Recursos voluntários providos. Crédito tributário exonerado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Waldir Navarro, Pedro Bispo e Jorge Freire. O Conselheiro Jorge Freire apresentou declaração de voto Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente. Diego Diniz Ribeiro- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Trata-se de auto de infração decorrente do processo administrativo n. 10314.723792/2014-18, oportunidade em que foi imposta multa equivalente a 10% (dez por cento) do valor da operação de importação pelo fato de a empresa Glikimport Comércio Imp. e Exp. de Cosméticos Ltda. (“Glikimport”) supostamente ter cedido seu nome para a Oito Brasil Distribuidora Ltda. (“Oito Brasil”) realizar negócios no âmbito do comércio exterior. Assim, no presente processo administrativo se discute a exigência da diferença de valores pretensamente devidos a título de IPI, exigência essa que se impõe contras ambas empresas de forma solidária. 2. Segundo a acusação fiscal, a empresa Glikimport Comércio importava por encomenda mercadorias estrangeiras (cosméticos das marcas L´anza e Paul Mitchell), se valendo, para tanto, da Sertrading (BR) Ltda. (“Sertrading”). Não obstante, todas as mercadorias importadas pela empresa Glikimport Comércio eram, necessariamente, vendidas no mercado interno para a empresa Oito Brasil, a qual, por seu turno, distribuía tais bens para salões de beleza espalhados pelo país. 3. Ainda segundo a acusação fiscal, a empresa Glikimport utilizou recursos de terceiro nas operações de importação acima citadas, ocultando, pois, o real adquirente das mercadorias registradas nas diversas Declarações de Importação (DIs) relacionadas no presente Auto de Infração e registradas entre 11/01/2011 a 16/01/2014. Segundo a fiscalização, a real adquirente de tais bens seria a empresa Oito Brasil. 4. A ocultação do real importador teria por escopo afastar a condição da Oito Brasil de estabelecimento equiparado a industrial, de modo que a correlata incidência de IPI Fl. 5419DF CARF MF Processo nº 10314.724465/2014-83 Acórdão n.º 3402-004.367 S3-C4T2 Fl. 5.419 3 recaísse na operação perpetrada pela Glikimport, o que ensejou em uma economia no montante a pagar deste imposto. 5. Diante deste quadro, a fiscalização promoveu 03 (três) diferentes Autos de Infração a seguir detalhados. 6. O primeiro deles redundou no (i) processo administrativo autuado sob o n. 10314.723792/2014-18, lavrado em prejuízo da Glikimport e, solidariamente, em desfavor da Oito Brasil, que, como dito alhures, tem por escopo a imposição de multa equivalente a 10% (dez por cento) do valor da operação (art. 33 da lei n. 11.488/07). 7. Por sua vez, os fatos aqui narrados ensejaram ainda (ii) um segundo processo administrativo (10314.724463/2014-94) no qual se impôs à empresa Oito Brasil e solidariamente à empresa Glikimport a pena de perdimento das mercadorias importadas, convertida em pena de multa. 8. Por fim, adveio ainda (iii) este terceiro Auto de Infração (autos n. 10314.724465/2014-83), lavrado em desfavor das recorrentes e que tem por objeto exigir a diferença de IPI devida na operação. 9. Devidamente intimadas no presente processo administrativo, as empresas Oito Brasil e Glikimport apresentaram suas respectivas impugnações (fls. 2.166/2.203 e 2.959/2.998), o que fizeram com base nos principais fundamentos a seguir indicados: (i) nulidade dos autos de infração e dos procedimentos fiscais; (ii) independência e autonomia das pessoas jurídicas acusadas, o que se retrataria por robusto acervo probatório (inclusive laudo técnico) acostado com a impugnação; (iii) inexistência de adiantamentos financeiros; (iv) inexistência de fraude e violação ao art. 112 do CTN; e, por fim (v) inexistência de incidência de IPI na operação perpetrada pela empresa Oito Brasil, conforme precedente do STJ. 10. Tais impugnações, todavia, foram julgadas improcedentes nos seguintes termos pela DRJ de Ribeirão Preto (acórdão n. 14-56.700 - fls. 3.942/3.969): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2014 a 31/01/2014 PEDIDO DE SUSTENTAÇÃO ORAL NO ÂMBITO DA DELEGACIA DE JULGAMENTO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. É descabido o requerimento de sustentação oral, no âmbito da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, por ausência de previsão na legislação que dispõe sobre o Processo Administrativo Fiscal. Fl. 5420DF CARF MF 4 CONEXÃO. REUNIÃO DE PROCESSOS. FACULDADE. LIMITES DE COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE JULGADORA. Somente se reputam conexos dois ou mais processos, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. Havendo conexão, a fim de prestigiar a economia processual e evitar decisões conflitantes, é facultado ao órgão julgador ordenar a reunião de processos, para que sejam decididos simultaneamente, exceto quanto àqueles cujo julgamento se encontra fora de sua área de competência legal. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. AUSÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. A competência do Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil para o lançamento tributário tem origem na lei. O Mandado de Procedimento Fiscal é apenas um instrumento gerencial de controle administrativo da atividade fiscal e eventuais falhas na sua execução não configuram motivo suficiente para abalar a constituição do crédito tributário, se esta se deu conforme os ditames dos arts. 9º e 10 do Decreto nº 70.235/72 e do art. 142 do CTN. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. CESSÃO DE NOME PARA A REALIZAÇÃO DE OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR DE TERCEIROS. QUESTÃO ATINENTES E DECIDIDAS, EM PRIMEIRA INSTÂNCIA, EM PROCESSOS ADMINISTRATIVOS ANTERIORES. APLICAÇÃO DO DISPOSTO NO ART. 50, § 1º, DA LEI N. 9.784, DE 1999. A motivação da decisão administrativa pode consistir em declaração de concordância com fundamentos de acórdãos anteriores decididos em outros processos administrativos conexos, que, neste caso, serão parte integrante do ato. IPI. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. NÃO VINCULAÇÃO DA AUTORIDADE JULGADORA ADMINISTRATIVA. Ainda que proferida em sede de embargos de divergência, não vincula a autoridade julgadora administrativa a decisão do Superior Tribunal de Justiça sobre hipótese de incidência do IPI, desfavorável à Fazenda Nacional, não proferida em sede de recursos repetitivos, ainda não transitada em julgado e, em tese, sujeita à revisão pelo Supremo Tribunal Federal, por aplicar interpretação implícita da Constituição Federal para afastar disposição expressa de lei, compatível com o Código Tributário Nacional. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI Período de apuração: 01/01/2014 a 31/01/2014 ESTABELECIMENTO IMPORTADOR. SAÍDA DE PRODUTOS IMPORTADOS DIRETAMENTE. SUJEIÇÃO PASSIVA. Fl. 5421DF CARF MF Processo nº 10314.724465/2014-83 Acórdão n.º 3402-004.367 S3-C4T2 Fl. 5.420 5 O estabelecimento importador de produtos estrangeiros é contribuinte do IPI em relação às saídas de tais produtos, independentemente de operar exclusivamente no varejo, excludente que se aplica unicamente a estabelecimentos que não tenham importado os produtos. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido. 11. Diante deste quadro, as duas empresas interpuseram seus respectivos recursos voluntários (fls. 3.984/4.052 e 4.694/4.762), oportunidade em que os recorrentes repisaram os fundamentos invocados em suas impugnações. 12. Não obstante, o então Relator do caso, Conselheiro José Henrique Mauri, requisitou ao Presidente da 3 a Seção deste Tribunal Administrativo que o presente processo (autos n. 10314.723792/2014-18) fosse redistribuído para a minha relatoria em razão da patente conexão entre os casos mencionados alhures, conforme se observa do despacho de fls. 5.414/5.415), o que foi prontamente deferido pelo Presidente substituto da 3 a Seção, Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, conforme atesta o despacho de fls. 5.416. Não obstante, a mesma situação se deu em relação ao processo autuado sob n. 10314.724465/2014-83, no qual se discute o lançamento de IPI em desfavor da Oito Brasil, também sendo deferida pelo Presidente substituto da 3 a Seção, Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas a reunião, por conexão, dos citados autos para que fosse julgado juntamente com o caso decidendo. 13. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro 14. Os recursos voluntários interpostos preenchem os pressupostos de admissibilidade, motivo pelo qual tomo conhecimento de ambos. I. Das nulidades aventadas pelos Recorrentes (i) Do vício no procedimento fiscal a macular a presente autuação fiscal 15. O primeiro fundamento trazido pelos contribuintes em suas peças recursais é no sentido de que o procedimento fiscal instaurado seria maculado por vícios, fato esse que, por conseguinte, afetaria o próprio auto de infração então decorrente. Nesse sentido é o trecho de fls. 4.404/4.405 da manifestação da recorrente. 16. Em suma, os contribuintes alegam que a suposta imprecisão do MPF impede a precisa identificação temporal para o seu encerramento, o que poderia redundar em uma indevida extensão quanto ao tempo de duração da fiscalização. 17. Entendo, entretanto, que os contribuintes não possuem razão em suas assertivas. Primeiro porque um MPF pode ter seu prazo prorrogado por intermédio de termos de renovação. Ademais, este Tribunal tem jurisprudência consagrada que mesmo a ausência ou superação do prazo de 60 (sessenta) dias para a renovação do MPF não contamina a Fl. 5422DF CARF MF 6 fiscalização de nulidade, o que - diga-se de passagem - não conflita com o disposto no art. 7 o , § 2° do Decreto 70.235/72 1 . Em verdade, o que aludido dispositivo faz é explicitar um dos efeitos para o não cumprimento da renovação do mandado de procedimento fiscal em 60 (sessenta) dias, qual seja, o de resgatar a espontaneidade do contribuinte 2 , isso tudo sem prejuízo do transcurso do prazo decadencial do fisco para lançar eventual crédito ou impor uma determinada sanção. 18. Ademais, a Instrução Normativa n. 3.104/11 assim previa: Art. 14. O MPF se extingue: I - pela conclusão do procedimento fiscal, registrado em termo próprio, com a ciência do sujeito passivo; ou II - pelo decurso dos prazos a que se referem os arts. 11 e 12. Parágrafo único. A ciência do sujeito passivo de que trata o inciso I do caput deverá ocorrer no prazo de validade do MPF. Art. 15. A hipótese de que trata o inciso II do art. 14 não implica nulidade dos atos praticados, podendo a autoridade responsável pela expedição do Mandado extinto determinar a emissão de novo MPF para a conclusão do procedimento fiscal. (grifos nosso). 19. Conforme se observa do sobredito art. 15, o eventual decurso de prazo de um mandado de procedimento fiscal não implica a nulidade dos atos até então praticados, o que seria flagrantemente atentatório ao princípio da eficiência da Administração Pública. Logo, tal mandado de procedimento fiscal pode ser objeto de ressurreição pelo ato formal de expedição de termo de intimação para a sua continuidade. 20. Nem se alegue, ainda, que seria necessário a expedição de um "novo" mandado de procedimento fiscal, com a mesmíssima substância do anterior, sob pena de uma indevida sobreposição da forma em detrimento do conteúdo, o que também implicaria notória ofensa ao já citado princípio da eficiência da Administração Pública. 21. Ademais, diferentemente do alegado, as recorrentes tiveram pleno acesso ao objeto da fiscalização, o que, inclusive, permitiu que desenvolvessem robustas peças impugnatórias, lastreadas de farta documentação trazida aos autos a título de contra-prova. O procedimento fiscal, tal como efetivado, não trouxe qualquer prejuízo para o substancial exercício do direito de defesa das recorrentes, motivo pelo qual afasto a pretensão de nulidade aventada pelos contribuintes. 1 "Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: I - o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II - a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III - o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. § 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos." 2 Efeito este que, diga-se de passagem, foi reconhecedo pela súmula CARF n. 75, "in verbis": "A recuperação da espontaneidade do sujeito passivo em razão da inoperância da autoridade fiscal por prazo superior a sessenta dias aplica-se retroativamente, alcançando os atos por ele praticados no decurso desse prazo." Fl. 5423DF CARF MF Processo nº 10314.724465/2014-83 Acórdão n.º 3402-004.367 S3-C4T2 Fl. 5.421 7 (ii) Da nulidade do julgamento de 1a instância pela denegação do pedido de sustentação oral na DRJ 22. Não obstante, outro fundamento colacionado pelos recorrentes seria a pretensa nulidade da decisão proferida pela DRJ pelo fato de ter sido denegada a oportunidade dos contribuintes realizarem sustentações orais perante o órgão de 1 a instância administrativa. 23. Embora reconheça a importância da sustentação oral como instrumento de defesa dos contribuintes e, ainda, como medida cooperativa da parte litigante para o aperfeiçoamento da atividade judicativa atipicamente exercida no âmbito do processo administrativo fiscal (art. 6 o do CPC/2015), não identifico ofensa ao princípio do devido processo legal e seus consectários lógicos (ampla defesa e contraditório) na hipótese de denegação de sustentação oral no seio dos julgamentos realizados pelas DRJ's, exatamente como ocorrido no caso em tela. 24. Primeiramente, insta destacar que o princípio do devido processo legal e seus consectários lógicos, embora sejam considerados garantias fundamentais dentro do ordenamento constitucional brasileiro e, por isso, cláusulas pétreas (art. 60, § 4 o , inciso IV da Constituição Federal), não apresentam um caráter absoluto. Em outros termos, o que se afirma aqui é que mesmo direitos fundamentais podem ser objeto de limitações 3 , em especial quando ponderados em face de outros valores constitucionais também caros para o direito, como as ideias de celeridade e duração razoável do processo. 25. Na hipótese questionada pelos contribuintes não há previsão legal para a sustentação oral o que, eventualmente, poderia ensejar a convocação subsidiária do art. 937 do CPC/2015, o que, em tese, daria subsídio ao pleito do contribuinte. Há que se lembrar, entretanto, que o citado Codex entrou em vigência em março de 2016, enquanto que o caso em julgamento foi decidido pela DRJ em 24 de fevereiro de 2015, não havendo, portanto, que se falar em pretensa aplicação subsidiária do CPC à época do julgamento. 26. Ademais, pela necessidade de previsão legal ou regimental para fins de sustentação oral assim já decidiu o STF quando do julgamento da ADI 705: ADIN- ENTIDADE DE CLASSE- NOÇÃO CONCEITUAL - CONFEDERAÇÃO SINDICAL - INOCORRÊNCIA DOS SEUS REQUISITOS CONFIGURADORES - AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM - AÇÃO DIRETA DE QUE NÃO SE CONHECE. AGRAVO REGIMENTAL - QUESTÃO DE ORDEM - IMPOSSIBILIDADE DE SUSTENTAÇÃO ORAL (RISTF, ART.131, PAR. 2.) - NORMA REGIMENTAL COMPATÍVEL COM A CONSTITUIÇÃO DE 1988 - INOCORRÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA OU OFENSA AO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. - O preceito inscrito no regimento interno do Supremo Tribunal Federal (art. 131, par. 2.), que exclui a possibilidade de sustentação oral nos julgamentos de agravo, embargos declaratórios, arguição de suspeição e medida cautelar, não ofende o princípio do contraditório e nem vulnera o postulado da 3 Mesmo o direito a vida, considerado o mais importante direito tutelado pelo ordenamento constitucional, é passível de limitações, como, "e.g.", na hipótese de guerra externa ou ainda em situações em que tal bem é ofendido em razão do exercício de legítima defesa ou estado de necessidade. Fl. 5424DF CARF MF 8 plenitude de defesa, proclamados pela Constituição da República em seu art. 5., inciso lV. (...) (ADI 705 AgR-QO, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 24/06/1992, DJ 08-04-1994 PP- 07224 EMENT VOL-01739-03 PP-00431 RTJ VOL-00152-03 PP-00782). 27. Em outra oportunidade, o STF deixou expresso que circunstâncias concernentes à celeridade e à racionalização do funcionamento do órgão julgador são causas idôneas para conformar limitações a participação dos advogados no julgamento, sem, com isso, afetar o conteúdo jurídico dos princípios do contraditório e da ampla defesa: QUESTÃO DE ORDEM EM AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. LEI 9756/98. ARTIGO 557/CPC. AGRAVO INTERNO. SUSTENTAÇÃO ORAL. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. ALEGAÇÃO IMPROCEDENTE. 1. Recurso extraordinário. Aplicação do artigo 557 do Código de Processo Civil. Procedência da impugnação por estar o acórdão recorrido em confronto com a jurisprudência pacificada do Supremo Tribunal Federal. Agravo regimental contra a decisão do relator, no qual à parte agravante caberá infirmar a existência dos requisitos necessários à prolação do ato monocrático. 2. Agravo regimental. Sustentação oral. Impossibilidade, por cuidar-se de procedimento contrário à ratio do artigo 557, § 1º, do Código de Processo Civil, tornando inócua a alteração legislativa, cuja finalidade essencial é a de dar celeridade à prestação jurisdicional. Ofensa ao princípio da ampla defesa e do contraditório. Inexistência, visto que a norma constitucional não impede a instituição de mecanismos que visem à racionalização do funcionamento dos Tribunais. 3. Questão de Ordem resolvida no sentido do não-cabimento de sustentação oral no julgamento do agravo interposto da decisão fundamentada no § 1o do artigo 557 do Código de Processo Civil. (RE 227089 AgR-QO, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2000, DJ 21-11-2003 PP- 00008 EMENT VOL-02133-04 PP-00653) (grifos nosso). 28. Diante do exposto, também rechaço essa preliminar desenvolvida pelas recorrentes. (iii) Da suposta alteração de critério jurídico por parte da decisão recorrida 29. Outro fundamento preliminarmente desenvolvido pelas recorrentes diz respeito a suposta alteração de critério jurídico por parte da decisão recorrida. 30. Em um primeiro momento, alegam que a acusação fiscal foi no sentido de que a Glikimport teria cedido seu nome para a Oito Brasil, enquanto que o acórdão recorrido teria tratado a questão como interposição fraudulenta. Fl. 5425DF CARF MF Processo nº 10314.724465/2014-83 Acórdão n.º 3402-004.367 S3-C4T2 Fl. 5.422 9 31. Em relação a tal ponto, não é demais reforçar que os fatos aqui apurados redundaram em 03 diferentes autos de infração, aqui reunidos para julgamento único em razão da conexão vindicada pelo contribuinte e reconhecida por este Tribunal. Nestes 03 autos de infração foram exigidas duas sanções de caráter aduaneiro e uma importância de natureza tributária. Em relação às sanções aduaneiras, a particular acusação formulada neste auto de infração é no sentido de que a empresa Oito Brasil seria a real importadora dos bens aqui tratados, tendo sido acobertada, fraudulentamente, pela empresa Glikimport que, por seu turno, teria cedido seu nome para a Oito Brasil. 32. Logo, não há dúvida que, desde o início da fiscalização, a acusação fiscal - adequada ou não - sempre foi de fraude por parte das empresas Oito Brasil e Glikimport, fraude essa que redundou em diferentes sanções aduaneiras. Aliás, o termo fraude é recorrentemente empregado pelo fiscal no Auto de Infração, mais particularmente no Relatório Fiscal. Logo, não há que se falar em alteração do critério jurídico por parte da decisão vergastada. 33. Por fim, os outros fundamentos para uma aparente alteração do critério jurídico por parte da decisão recorrida se confundem com o mérito, motivo pelo qual serão analisadas no tópico subsequente. II. Do Mérito 34. Ainda preliminarmente, os contribuintes alegam a nulidade da decisão recorrida, uma vez que a mesma não teria analisado o farto acervo probatório acostado com as com as impugnações. Entendo, todavia, que tal questão se confunde com o mérito, motivo pela qual será tratada no presente tópico. (i) Das provas e contraprovas produzidas nos autos 35. Neste momento do presente voto é indispensável analisar se houve ou não em concreto a chamada interposição fraudulenta a configurar, pois, o acobertamento da empresa Oito Brasil pela cessão de nome da empresa Glikimport. Assim, a presente decisão necessariamente perpassa pela ponderação acerca das provas realizadas pela fiscalização e das contraprovas produzidas pelos Recorrentes. 36. Nesse sentido, insta aqui destacar que a fiscalização pauta a acusação de interposição fraudulenta com base nos seguintes elementos fático-jurídicos: (i) confusão entre os endereços da Glikimport e Oito Brasil, uma vez que no endereço da importadora cadastrado perante a RFB seria apenas o seu armazém para o estoque das mercadorias importadas, sendo o seu escritório no prédio ao lado, no mesmo estabelecimento em que situada a Oito Brasil 4 ; (ii) que o quadro societário de ambas empresas autuadas apresentam os mesmos sócios, i.e, as pessoas de Natália Amadeu Landsberger Glik e Cristiane Amadeu Vasconcelos; 4 Relatório fiscal (fl. 35): "(...). O Sr. Renato esclarece que o endereço que está registrado como sendo da empresa GLIKIMPORT, Rua Américo Brasiliense 2119, é na verdade o armazém da empresa. O endereço da matriz é na Rua Américo Brasiliense 2109, ou seja, no mesmo endereço da empresa OITO BRASIL. (...)." Fl. 5426DF CARF MF 10 (iii) que ambas empresas autuadas possuem os mesmo procuradores, i.e., os Srs. Renato Santos Telles Rudge, Brunno Amadeu Muniz Barreto Romano e Cláudio Cabido Vasconcelos, os quais possuem poderes para, isoladamente, independente da ordem de nomeação, tratar e resolver sobre qualquer assunto, negócio e interesse das outorgantes, podendo praticar, resumidamente, entre outros, os seguintes atos: movimentar contas bancárias, emitir e endossar cheques, representá-las perante Repartições Públicas, dentre outras atividades; (iv) que todos os produtos adquiridos mediante importação pela empresa Glikimport são revendidos apenas para a empresa Oito Brasil, já que está última é a encarregada de distribuir no Brasil os produtos das marcas L'anza e Paul Mitchell. Assim, a Oito Brasil existiria com o único propósito de comprar e revender as mercadorias importadas pela Glikimport; e, ainda (v) ao analisar o balancete da empresa Glikimport a fiscalização constatou saldo finais de contas bancárias praticamente zeradas, o que atestaria que a importadora teria suas operações financiadas por interposta pessoa, i.e., a Oito Brasil. Tal fato seria reforçado com a prova de que, em algumas importações por encomenda realizadas pela Glikimport por intermédio da empresa Sertrading, o pagamento da trading era feito no mesmo dia ou em dias próximos em que a Glikimport recebia valores da Oito Brasil 5 . 37. Em suma, a fiscalização defende que a suposta interposição fraudulenta descortinada teria por propósito, preponderantemente, minorar a base de cálculo do IPI incidente na operação, o que redundaria, por conseguinte, na redução do valor devido para este imposto. É o que se depreende do seguinte trecho do Relatório Fiscal (fl. 70): (...). Pelo que se pode depreender do esquema montado acima, a OITO BRASIL se ocultou das importações realizadas com o objetivo de se afastar da sua condição de contribuinte do IPI, ou seja, equiparado a industrial. Para isso criou-se a figura da GLIKIMPORT para atuar como encomendante das importações e, por conseguinte equiparado a industrial, de forma a manipular fraudulentamente a base de cálculo do IPI na venda para o Real Adquirente das mercadorias. Apesar de existir fisicamente, com endereço fixo, com empregados e com armazém de estoque de mercadoria, a GLIKIMPORT nada mais é que uma empresa criada e financiada para se interpor na operação de forma a reduzir a base de cálculo do IPI. (...). 38. Com o objetivo de fazer contraprova à acusação fiscal e, em especial, para demonstrar o propósito negocial das diferentes operações empresariais perpetradas pela 5 Relatório fiscal - fl. 53: "O quadro abaixo mostra que no mesmo dia do pagamento para a importadora SERTRADING dos valores das notas fiscais de vendas das mercadorias importadas por encomenda, ou em dias muito próximos, a OITO BRASIL depositava, de forma recorrente, valores semelhantes na conta da GLIKIMPORT. Há também depósitos de valores maiores aos pagamentos à SERTRADING, mas que são facilmente explicados uma vez que havia também no mesmo dia outros pagamentos a serem realizados pela GLIKIMPORT como pagamentos de tributos (ICMS, IRPJ e Contribuições). Exemplificando: no dia 14/02/11, abaixo, foi feito o pagamento de R$ 245.444,25 para pagamento da NF 5323 e no mesmo dia houve um deposito de R$ 251.000,00 na conta da GLIKIMPORT feito pela empresa OITO BRASIL e assim sucessivamente para pagamento da SERTRADING. (...)." Fl. 5427DF CARF MF Processo nº 10314.724465/2014-83 Acórdão n.º 3402-004.367 S3-C4T2 Fl. 5.423 11 Glikimport e pela Oito Brasil, as recorrentes trouxeram robusto laudo técnico (fls. 2.671/2.832) que atestaria a absoluta autonomia das atividades empresariais por elas desempenhadas. 39. Em relação ao endereço das empresas em questão, as recorrentes fazem questão de frisar que, embora vizinhas, tratam-se de estabelecimentos nitidamente distintos, como demonstram as fotos acostadas as fls. 2.691 e 2.698 dos autos. 40. Para reforçar a autonomia física das empresas provam que os dois imóveis são locados e apresentam proprietários distintos. A recorrente Glikimport prova, inclusive, que contrata serviço de armazenagem e estocagem dos produtos por ela importados junto a empresa Cotia Armazéns Gerais S.A. (contrato de fls. 2.783/2.785), o que afasta qualquer ilação de que a recorrente não teria estrutura física para realizar suas operações ou de que se valeria da estrutura física da empresa Oito Brasil para tanto. Ainda quanto a este tópico, as recorrentes comprovam que ambas empresas possuem filiais em locais absolutamente distintos. A Glikimport possui filial em Vitória/ES, em um imóvel também locado, enquanto a Oito Brasil possui ainda outros 03 imóveis locados na cidade de São Paulo, todos situados na Avenida Nove de Julho, n. 3.452 (salas 72, 73 e 74), onde o contribuinte promove o treinamento de equipes de vendas e realiza apresentação para clientes e potenciais clientes. É o que se observa das fotos extraídas do citado laudo técnico (fls. 2.691 e 2.698). 41. Em relação ao fato de possuírem as mesmas sócias as recorrentes alegam, e com razão, que não há qualquer ilicitude em tal fato e, ainda, que tal estruturação societária não é, por si só, suficiente para atestar uma pretensa confusão entre as empresas recorrentes, o mesmo valendo para a questão dos seus representantes legais. 42. Não obstante, a recorrente Oito Brasil também refuta a acusação de que existiria apenas com o fito único de comprar e revender as mercadorias importadas pela Glikimport. Para comprovar tal fato, atesta que além das mercadorias adquiridas pela empresa Glikimport, também adquire os produtos Contro System I, da empresa Farmoderm, bem como o produto Control System II, da empresa Concepcion (notas fiscais exemplarmente acostadas as fls. 2.809/2.810), ou seja, adquirem produtos de fabricantes distintos e concorrentes da exportadora das marcas L'anza e Paul Mitchell. 43. Por fim, em relação ao último apontamento da acusação fiscal, qual seja, de que o balancete da empresa Glikimport apontaria saldos finais de contas bancárias próximos de zero, o que atestaria que a importadora teria suas operações financiadas por interposta pessoa, a recorrente Glikimport demonstra o equívoco da assertiva fiscal. Segundo o laudo pericial, o gráfico elaborado pela fiscalização e referente aos lançamentos contábeis na conta Bradesco n. 302000-2 simplesmente desconsiderou os saldos de aplicação financeira automática, contabilizados na própria conta (extratos de fls. 370/508 dos autos n. 10314.724463/2014-94). Vejamos a resposta do expert para a presente questão: (...). RESPOSTA AO QUESITO 02: O gráfico apresentado pela fiscalização induz a uma interpretação equivocada da real movimentação financeira da GLIKIMPORT, porque desconsidera os saldos de aplicação financeira automática, contabilizados na própria c/c n. 302000-2 do Bradesco.Examinando-se a movimentação bancária efetiva, a partir dos extratos bancários disponibilizados pela GLIKIMPORT à própria fiscalização, conforme item Fl. 5428DF CARF MF 12 Disponibilidade Bancária na PARTE 2 deste laudo, chegamos a gráfico bastante distinto, que comprova que as disponibilidades em banco durante o período de 1.12011 a1.102013. Comparativamente temos o seguinte: (...). RESPOSTA AO QUESITO 2: Analisada a evolução do capital de giro da GLIKIMPORT, conforme item Capital de Giro na Fl. 5429DF CARF MF Processo nº 10314.724465/2014-83 Acórdão n.º 3402-004.367 S3-C4T2 Fl. 5.424 13 PARTE 2 deste laudo, conclui-se que a empresa financiava as suas operações comerciais com o próprio resultado das suas vendas, reinvestindo-o em estoque, ao invés de mantê-lo em disponibilidades bancárias ou de distribui-lo substancialmente aos sócios (embora tenha havido distribuição de lucros). Resumidamente, analisadas as contas do ativo circulante que compõe o capital de giro (bancos + estoques + duplicatas à receber), menos as contas do passivo circulante (fornecedores + impostos + salários etc...), pode-se chegar à seguinte representação gráfica da evolução da empresa: Da análise das informações e do gráfico elucidativo acima, constata-se que o ILC - Índice de Liquidez Corrente da GLIKIMPORT variou entre 1,56 e 3,84 ao longo do período, o que equivale dizer que a empresa poderia reduzir entre 35,90% e 73,96% o seu ativo circulante e, mesmo assim, manteria seu passivo circulante coberto pelo capital de giro. Graficamente essa realidade pode ser assim representada: Fl. 5430DF CARF MF 14 Esse índices demonstra claramente que a empresa possuía capital de giro suficiente e com margem de segurança para manter suas atividades. (...). 44. Não obstante, outro ponto relevante trazido pelo laudo técnico e que refuta a acusação de que a Glikimport teria suas operações "financiadas" previamente pela Oito Brasil é a comparação de movimentação de estoques das duas empresas, as fls. 2.682/2.683 dos autos. 45. Se de fato houvesse o "patrocínio" das operações da Glikimport pela Oito Brasil haveria, por conseguinte, uma sinergia para a movimentação de estoques das empresas. Em outros termos, haveria uma aproximação das linhas apontadas nos gráficos alhures transcritos, o que, como visto, não ocorreu para o período fiscalizado. A análise, em especial, do período posterior a maio de 2011 deixa isso muito claro. Neste período observa-se uma curva ascendente de movimentação de estoque por parte da Glikimport, enquanto que, para a Oito Brasil, há uma tendência de estagnação. 46. Por fim, para clarificar de vez a autonomia entre as empresas fiscalizadas, as recorrentes descrevem as particularidades das operações perpetradas por ambas, demonstrando existir gestão de risco e expertise próprias para cada uma das atividades empresariais desenvolvidas. 47. Nesse sentido, destaco que a Glikimport atua no mercado exterior, o que demanda o preenchimento de inúmeros pressupostos formais e requisitos particulares para esse fim. Além disso, é responsável pela internação no país de produtos de beleza, os quais demandam registro perante a ANVISA, o que exige uma expertise no atendimento de uma burocracia muito particular (e.g. fls. 2.740/2.761). Ademais, no âmbito nacional, atua no mercado atacadista, o que implica a existência de uma logística muito mais simples. Não obstante, a concentração das suas vendas em um adquirente gera um menor risco creditício, permitindo, pois, que tal empresa recorrente trabalhe com uma margem de lucro menor. Fl. 5431DF CARF MF Processo nº 10314.724465/2014-83 Acórdão n.º 3402-004.367 S3-C4T2 Fl. 5.425 15 54. Por sua vez, a Oito Brasil é uma empresa que comercializa produtos de beleza profissionais no varejo, i.e., para salões de beleza espalhados pelo país. Tal fato já denota a existência de uma equipe de representante comerciais, a qual deve ser devidamente treinada para vender produtos com especificidades que lhes são próprias. Além disso, as vendas são difundidas por todo o país, o que além de tornar complexa a logística, também implica em um maior risco de inadimplência. Logo, é natural que tal empresa recorrente trabalhe com uma margem de lucro maior. 55. Neste tópico em particular insta registrar que, apesar de acusar as recorrentes de segregar suas atividades para fim de se beneficiarem de uma incidência diminuta de IPI, em momento algum a fiscalização prova que (i) tal modelo de negócio (segregação de atividades empresariais) é incomum no âmbito do nicho empresarial das recorrentes e que (ii) haveria uma discrepância em relação às margens de lucro praticadas pelos contribuintes, em especial no caso da empresa Glikimport (importadora). Em verdade, quer parecer que a fiscalização parte da equivocada e obsoleta premissa que toda e qualquer atividade empresarial deve estruturar de modo a gerar a maior carga tributária possível, subvertendo, portanto, a ordem das coisas e ignorando, por completo, a lícita existência de medidas de elisão fiscal. Ao assim agir a fiscalização quer se arvorar de uma competência que não tem, qual seja, de pautar operações empresariais, denotando um absurdo viés ideológico próprio de ordenamentos totalitaristas. 56. Em conclusão, não se ignora aqui uma óbvia aproximação entre as atividades empresariais desenvolvidas pelas recorrentes, fato este que, por si só, no presente caso decidendo, não redunda na configuração de um negócio jurídico dissimulado ou fraudulento. Aliás, essa aproximação lícita é própria das operações empresariais entre empresas atacadistas e varejistas. 57. Diante de tais justificativas, entendo ser perfeitamente compreensível sob uma perspectiva econômica a existência de uma empresa importadora de produtos de beleza profissionais e que, no âmbito nacional, atua no mercado atacadista, segregada de outra pessoa jurídica, que comercializa estes mesmos produtos em outro nicho comercial, i.e., o comércio varejista. Nesse sentido, i.e., entendo ser juridicamente válida a segregação lícita de atividades empresariais, já decidiu este tribunal administrativo: Ementa Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 AUTO DE INFRAÇÃO. ABUSO DE DIREITO. SEGREGAÇÃO DE ATIVIDADES ECONÔMICAS. REQUISITOS. A segregação de diferentes atividades econômicas em duas entidades é admissível, mesmo que dela decorra economia tributária, quando realizada previamente à ocorrência dos fatos geradores e revelar evidentes ganhos extrafisais decorrentes do efetivo desenvolvimento dessas atividades separadamente e em estruturas independentes e com administração, corpo de funcionários e instalações próprios. Recurso de Ofício Negado. Fl. 5432DF CARF MF 16 Crédito Tributário Exonerado. (Acórdão n. 3403-002.854, j. em 26/03/2014; Relator Conselheiro Alexandre Kern) (grifos nosso). Ementa Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008 SIMULAÇÃO DE NEGÓCIOS. SUBSTÂNCIA DOS ATOS. O planejamento tributário que é feito segundo as normas legais e que não configura as chamadas operações sem propósito negocial, não pode ser considerado simulação se há não elementos suficientes para caracterizá-la. Não se verifica a simulação quando os atos praticados são lícitos e sua exteriorização revela coerência com os institutos de direito privado adotados, assumindo o contribuinte as conseqüências e ônus das formas jurídicas por ele escolhidas, ainda que motivado pelo objetivo de economia de imposto. (Acórdão n. 1302-001.713, j. em 26/03/2014; Relator Conselheiro Helio Eduardo de Paiva Araújo) (g.n.). 58. É exatamente o caso dos autos, já que as empresas em questão, com atividades econômicas próprias, iniciaram suas atividades muito antes (mais de 10 anos) dos fatos aqui fiscalizados 6 . Aliás, no caso da Glikimport isso era imprescindível, já que para operar no mercado exterior o tempo de existência da empresa e volume de operações empresariais (o que só ocorre no fluxo do tempo) são pressupostos para obtenção e condições do RADAR. 59. Assim, diante do vasto e elucidativo acervo probatório produzido pelo contribuinte, resta claro que não houve, no presente caso, interposição fraudulenta, mas sim operações empresariais válidas e com nítido propósito econômico, em perfeita sintonia, portanto, com o princípio constitucional da livre iniciativa privada. Logo, não há que se falar em incidência de diferenças de IPI nas operações fiscalizadas. Dispositivo 60. Diante do exposto, voto pelo provimento total dos recursos voluntários interpostos pelos contribuintes. 61. É como voto. Relator Diego Diniz Ribeiro - Relator 6 A empresa Oito Brasil foi criada em 12/0/1997 (fl. 2.210) e a empresa Glikimport em 23/12/1997 (fl. 3.006). Fl. 5433DF CARF MF Processo nº 10314.724465/2014-83 Acórdão n.º 3402-004.367 S3-C4T2 Fl. 5.426 17 Declaração de Voto Declaração de voto do Conselheiro Jorge Freire. Com a devida vênia, divirjo do eminente relator Diego Ribeiro quanto às suas conclusões em relação aos processos conexos de números 10314.723792/2014-18, no qual é imputada a penalidade de cessão de nome da empresa Glikimport à empresa Oito Brasil, o de nº 10314.724463/2014-94, no qual foi imposta pena de perdimento convertida em multa à Oito Brasil, sendo apontada como solidária a empresa Glikimport, e o processo de nº 10314.724465/2014-83, no qual é cobrado IPI da empresa OITO BRASIl na qualidade de estabelecimento industrial em relação às importações elencadas às fls. 17/22 do último processo referido. Portanto, esta minha declaração de voto é a mesma a ser inserta no voto dos três processos referidos. A mim restou evidente, em suma, que foi montado um "esquema", sem qualquer business purpose (propósito negocial) para criação da Glikiimport com o fito exclusivo de reduzir o IPI pago pela Oito Brasil, na condição de equiparada a industrial como a seguir passo a discorrer. Não havia outro motivo para que a Oito Brasil não efetuasse ela mesma, por qualquer modalidade, as importações das mercadorias se não a escrachada intenção de fraudar o Fisco reduzindo em milhões de Reais do valor de IPI a ser pago. O Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010 (RIPI) preconiza: “Art. 9º Equiparam-se a estabelecimento industrial: I - os estabelecimentos importadores de produtos de procedência estrangeira, que derem saída a esses produtos (Lei nº 4.502, de 1964, art. 4º, inciso I); (...) IX - os estabelecimentos, atacadistas ou varejistas, que adquirirem produtos de procedência estrangeira, importados por encomenda ou por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora (Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 79, e Lei no 11.281, de 20 de fevereiro de 2006, art. 13); Inconteste da análise dos referidos processos que a empresa Glikimport Comércio importava por encomenda mercadorias estrangeiras (cosméticos das marcas L´anza e Paul Mitchell), para a Oito Brasil valendo-se, para tanto, da Sertrading (BR) Ltda. (“Sertrading”). E aqui pontuo fato essencial ao deslinde da quaestio: quando a importação é feita por conta e ordem (todas as operações foram feitas por conta e ordem da Glikimport por meio da trading Sertrading - CNPJ 04.626.426/0001-06), cabe ao importador dispor da capacidade econômica para o pagamento da importação, pela via cambial e pesa sobre este a obrigação de revender as mercadorias importadas ao encomendante predeterminado, mas da mesma forma, o encomendante também deve ter capacidade econômica para adquirir, no mercado interno, as mercadorias revendidas pelo importador contratado. E como articulo na sequência, farto é o material probatório no sentido de que a Glikimport não dispunha dessa Fl. 5434DF CARF MF 18 capacidade econômica, eis que quem arcava com o ônus da importação, consoante robusta documentação produzida e acostada aos autos, foi a Oito Brasil. Ademais, todas as mercadorias importadas pela empresa Glikimport Comércio eram, necessariamente, vendidas no mercado interno para a empresa Oito Brasil, a qual, por seu turno, distribuía tais bens para salões de beleza espalhados pelo país. A farta documentação produzida ao longo da ação fiscal, e devidamente articulada pelos agentes fiscais, é mais que suficiente para que se chegue a tal conclusão. Não se tratam os autos de planejamento tributário, mas sim de fraude tributária como, bem dito pelo Fisco, com o claro intento de ocultar o real adquirente, a Oito Brasil. Portanto, correta a aplicação da multa de cessão de nome imposta à GLIKIMPORT, nos termos do art. 33 da Lei 11.488/2007, pelo que é de ser negado provimento ao recurso encartado no processo 10314.723792/2014-18. Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). E não há que se falar que essa penalidade não possa conviver com a pena de perdimento, que tem fundamento díspare, o dano ao erário, nos termos do art. 23, V, do Decreto-lei 1.455/76. Assevera a fiscalização: A Oito Brasil criou a Glikimport com o intuito de se ocultar ao controle aduaneiro e não pagar IPI, evitando equiparar-se a estabelecimento industrial. E ainda pontua a distinção entre ocultação, caso dos autos, e interposição fraudulenta de terceiros: A Ocultação do Real Adquirente caracteriza-se pela cessão de nome do importador, que declara-se na DI como sendo o adquirente da mercadoria importada, enquanto que, na verdade, o real adquirente é uma terceira empresa, que se oculta. Os recursos empregados na importação geralmente são fornecidos por esse terceiro oculto, mas, em alguns casos, também podem ser oriundos do próprio importador, desde que aplicados a uma importação destinada, de fato, ao terceiro oculto. Já a Interposição Fraudulenta caracteriza-se por não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações de comércio exterior. Nesse caso, não se sabe quem, de fato, é o real adquirente das mercadorias importadas e nem de onde vêm os recursos financeiros utilizados na importação. Sendo assim, resta não comprovada a licitude da origem dos recursos empregados, o que resulta em declaração de inaptidão da empresa - com base no § 2°, art. 23,Decreto-Lei 1.455/76, §1°, art. 81, Lei 9.430/96 e III , art. 39, IN RFB 1005/10 combinado com art.42 da mesma IN. Como mencionado alhures, elemento digno de nota a reforçar a falta de qualquer propósito negocial é o fato bem pontuado no relatório da fiscalização que, em verdade, as empresas OITO BRASIL e GLIKIMPORT são, em verdade, uma só. O quadro societário de ambas as empresas é assim constituído, sendo seus endereços contíguos. Fl. 5435DF CARF MF Processo nº 10314.724465/2014-83 Acórdão n.º 3402-004.367 S3-C4T2 Fl. 5.427 19 CPF Nome Qualificação Percentual 051.324.768-80 NATÁLIA AMADEU LANDSBERGER GLIK Sócio- administrador 99% 051.324.738-65 CRISTIANE AMADEU VASCONCELOS Sócio 1% Outro dado a demonstrar a identidade e confusão das empresas foram as informações coligidas junto ao 29º Tabelião de Notas. Veja-se o descrito pelo Fisco quanto à essa informação (fl. 52 do processo de cobrança do IPI): Cabe ilustrar que a procuração entregue pelo senhor Renato Rudge foi emitida pelo Cartório do 29° Tabelião de Notas, no dia 19/01/2012, livro 1085, paginas 116/118, onde a GLIKIMPORT nomeia e constituí o senhor Renato Santos Telles Rudge, CPF 105.127.628-48, o senhor Brunno Amadeu Muniz Barreto Romano, CPF 303.728.868-09 e o senhor Cláudio Cabido Vasconcelos, CPF 041.630.688-80 seus procuradores. Aos quais confere poderes para , isoladamente, independente da ordem de nomeação, tratar e resolver sobre qualquer assunto, negócio e interesse da outorgante, podendo praticar, resumidamente, entre outros, os seguintes atos: movimentar contas bancárias, emitir e endossar cheques, representá-la perante Repartições Públicas e etc. Dentre os documentos obtidos desse Cartório posso citar uma procuração emitida nos mesmos termos, no mesmo dia, no mesmo livro e na pagina seguinte da procuração entregue pelo senhor Renato Rudge, citada acima (<Documentos Diversos - Outros – Documentos do Cartório>). Porém, a outorgante desta vez é a empresa OITO BRASIL, mas os procuradores são as mesmas pessoas: o senhor Renato Santos Telles Rudge, CPF 105.127.628-48, o senhor Brunno Amadeu Muniz Barreto Romano, CPF 303.728.868-09 e o senhor Cláudio Cabido Vasconcelos, CPF 041.630.688-80. Ou seja, o senhor Renato Rudge e as demais pessoas citadas aqui são os administradores tanto da empresa GLIKIMPORT como da empresa OITO BRASIL. Também a demonstrar a absoluta falta de propósito negocial é que todas as operações de venda da Glickimport têm como único cliente a Oito Brasil, conforme rol de notas fiscais às fls. 53/54 processo de final 2014-83 (IPI). Isso evidencia que AS MERCADORIAS JÁ TINHAM A OITO BRASIL COMO ADQUIRENTE PREDETERMINADO, QUE AS ESCOLHEU NO EXTERIOR, E SEM A QUAL A OPERAÇÃO JAMAIS TERIA OCORRIDO. Não bastassem todas essas evidências, a contabilidade da Glikimport faz prova de que os recursos para pagamentos das importações advieram da Oito Brasil, o que vai de encontra ao conceito de importação por conta e ordem, na qual o real importador deve ter disponibilidade financeira para pagar os produtos importados por sua conta e ordem. Isso está cabalmente provado (fls. 60/63) quando da análise que o Fisco fez da contabilidade daquela empresa, a importadora. Na tabela anexada no auto de infração resta evidente que os depósitos Fl. 5436DF CARF MF 20 realizados na conta Bancos são feitos com o objetivo de exclusivo de financiar os pagamentos existentes. Como se pode notar, ocorrem depósitos e pagamentos com valores muito equivalentes e em dias próximos. Veja-se o exemplo (o auto de infração espraia o período) que transcrevo: CONTABILIDADE DA GLIKIMPORT CONTABILIDADE SERTRADING E quanto a tais fatos, articula o Fisco: O quadro abaixo mostra que no mesmo dia do pagamento para a importadora SERTRADING dos valores das notas fiscais de vendas das mercadorias importadas por encomenda, ou em dias muito próximos, a OITO BRASIL depositava, de forma recorrente, valores semelhantes na conta da GLIKIMPORT. Há também depósitos de valores maiores aos pagamentos à SERTRADING, mas que são facilmente explicados uma vez que havia também no mesmo dia outros pagamentos a serem realizados pela GLIKIMPORT como pagamentos de tributos (ICMS, IRPJ e Contribuições). ... No dia 28/02/11, foi feito o pagamento de R$ 477.256,75 para pagamento da NF 5529 e no mesmo dia houve um deposito de R$ 655.000,00 feito pela OITO BRASIL. Este valor está a maior por uma razão clara, nesse mesmo dia houveram pagamentos de tributos feito pela GLIKIMPORT de aproximadamente R$ 168.000,00. Total de despesas aproximadas de R$ 645.256,75. Fl. 5437DF CARF MF Processo nº 10314.724465/2014-83 Acórdão n.º 3402-004.367 S3-C4T2 Fl. 5.428 21 Essas informações, ipso facto, são a prova cabal de que quem realmente pagava por essas importações era a real adquirente das mercadorias, qual seja a OITO BRASIL. À toda evidência, portanto, que a GLIKIMPORT cedeu seu nome para OITO BRASIL nas DIs mencionadas, ocultando-a, com a finalidade de fraudar o Controle Aduaneiro. A fiscalização exemplifica alguns casos de depósito efetuados pela OITO BRASIL nos extratos da Glikimport (fls. 68/69). Em relação à essas evidências contábeis e legais, sequer foi objeto dos recursos, calcados apenas na vetusta tese de cerceamento de direito de defesa e em laudo produzido unilateralmente. Diante de tais fatos, conclui-se, até aqui: 1- A GLIKIMPORT vende todas as mercadorias que importa para apenas um cliente, a OITO BRASIL, uma clara demonstração de que essas mercadorias já tinham destinatários predeterminados, antes mesmo do registro da DI, ou seja, a Real Adquirente das mercadorias; - Os documentos fornecidos pelo Cartório, assim como a análise dos quadro societário, ilustram que tanto a empresa GLIKIMPORT como a empresa OITO BRASIL são administrados pelas mesmas pessoas, ou seja, essas empresas nada mais são que uma empresa só. A PROMISCUIDADE ENTRE ELAS É TOTAL. De onde se conclui que a GLIKIMPORT foi criada com o objetivo de ocultar a Real compradora das mercadorias, a OITO BRASIL; 3 - O saldo da conta Bancos da contabilidade da GLIKIMPORT nos anos de 2011 a 2013 são insignificantes, uma visível evidência de que a empresa era financiada pela OITO BRASIL; 4 - Em sua contabilidade, no Razão das contas Clientes e Bancos, a GLIKIMPORT exibe de forma transparente o adiantamento de cliente, no caso OITO BRASIL, para pagamento das importações; 5 - Os extratos mostram de forma irrefutável os depósitos efetuados pela OITO BRASIL na conta da GLIKIMPORT para pagamentos diversos, entre eles os títulos referentes às notas fiscais de venda de mercadorias importadas pela empresa SERTRADING; FRAUDE DO IPI Por fim, analiso, o que meu juízo foi a causa da montagem de toda essa "farsa" empresarial sem qualquer fim negocial que possa explicá-la, qual seja, o fim colimado de pagar menos, muito menos IPI na importação. De acordo com o disposto no inciso I, do art. 9º, do RIPI (decreto n°7.212/10), que reproduz o inciso I, do art. 4º, da Lei nº 4.502/64, as pessoas jurídicas que importarem diretamente produtos industrializados e que derem saída a esses produtos no mercado interno são considerados estabelecimentos equiparados a industrial para efeitos da incidência do IPI. Nesse mesmo caminho, as pessoas jurídicas que importarem indiretamente produtos industrializados, por meio da contratação de pessoas jurídicas para operar por sua Fl. 5438DF CARF MF 22 conta e ordem ou por sua encomenda, também são considerados, pelo inciso IX, do art. 9º, do RIPI, estabelecimentos equiparados a industrial. Para as operações de importação de produtos industrializados de procedência estrangeira, a base de cálculo do IPI consiste no valor aduaneiro do produto, acrescido do montante do II e dos encargos cambiais efetivamente recolhidos pelo importador ou dele exigíveis, conforme disposto na alínea "b", do inciso I, do artigo 14, da Lei nº 4.502/64 e no inciso I, do artigo 47, do CTN. No que diz respeito às operações de saída de produtos industrializados para o mercado interno, a base de cálculo é, em regra, o valor total da operação de saída dos produtos do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial. É de fácil identificação, que no caso em análise, que a GLIKIMPORT seria equiparada a industrial, uma vez que se enquadra no inciso IX do art. 9° do RIPI, e por conseguinte contribuinte do IPI. Porém, conforme demonstrado, a GLIKIMPORT apareceu apenas para ocultar a real adquirente, a OITO BRASIL. Essa, hígidas as provas nesse sentido, foi a causa única da criação da Glikimport. O quadro colacionado pelo Fisco a fl. 73 dos autos deixa isso patente: Pelo que se pode depreender do esquema montado, a OITO BRASIL se ocultou das importações realizadas com o objetivo de se afastar da sua condição de contribuinte do IPI, ou seja, equiparado a industrial. Para isso criou-se a figura da GLIKIMPORT para atuar como encomendante das importações e, por conseguinte equiparado a industrial, de forma a manipular fraudulentamente a base de cálculo do IPI na venda para o Real Adquirente das mercadorias. Apesar de existir fisicamente, com endereço fixo, com empregados e com armazém de estoque de mercadoria, a GLIKIMPORT nada mais é que uma empresa criada e financiada para se interpor na operação de forma a reduzir a base de cálculo do IPI. O fluxograma acima mostra de forma clara porque houve a inserção da figura da GLIKIMPORT nessa cadeia de empresas. O que se depreende em valores aproximados é uma sonegação de aproximadamente R$ 12.3 milhões (R$ 16.2 – R$ 3.9) de IPI. Forçoso concluir-se que nessa situação, na qual foram utilizados métodos fraudulentos com o objetivo de ocultar o real comprador dos produtos de procedência estrangeira, fica configurado o afastamento doloso das suas condições de contribuintes do IPI na figura de estabelecimentos equiparados a industrial, acarretando no intencional não recolhimento do IPI e no descumprimento das obrigações acessórias derivadas da legislação de regência desse imposto. Fl. 5439DF CARF MF Processo nº 10314.724465/2014-83 Acórdão n.º 3402-004.367 S3-C4T2 Fl. 5.429 23 DISPOSITIVO Forte em todo exposto, nego provimento aos recursos de que tratam os processos 10314.723792/2014-18 (cessão de nome), 10314.724463/2014-94 (pena de perdimento convertida em multa - Glikimport autuada como solidária) e 10314.724465/2014- 83. Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 5440DF CARF MF Relatório Voto
score : 1.0
Numero do processo: 10845.725122/2014-38
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Oct 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Dec 26 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1001-000.059
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os autos do presente processo.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Roberto Adelino da Silva- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e Jose Roberto Adelino da Silva
Nome do relator: JOSE ROBERTO ADELINO DA SILVA
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PERÍODO: 01/02/2010 a 28/02/2010 A exclusão do contribuinte da sistemática do Simples Nacional se dá com efeito retroativo, razão pela qual são devidas as multas por atraso na entrega das declarações apresentadas fora do prazo legal previsto na legislação relativa ao tributo. A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração, consoante a Súmula CARF nº 49. Vistos, relatados e discutidos os autos do presente processo. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e Jose Roberto Adelino da Silva AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 5. 72 51 22 /2 01 4- 38 Fl. 35DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra notificação de Lançamento de Multa por Atraso na Entrega da DCTF, do mês de FEVEREIRO de 2010, no valor de R$882,71 (com redução, pela entrega espontânea da Declaração). A DCTF do mês de FEVEREIRO de 2010 foi entregue em 17/09/2014, quando o prazo para entrega da referida declaração expirara em 23/04/2010. O contribuinte apresentou a impugnação do lançamento, tempestivamente, tendo a DRJ julgado improcedentes os argumentos, consoante o relatório, abaixo transcrito: A exclusão do contribuinte da sistemática do Simples Nacional se dá com efeito retroativo, razão pela qual são devidas as multas por atraso na entrega das declarações apresentadas fora do prazo legal previsto na legislação relativa ao tributo.. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Voto Conselheiro Jose Roberto Adelino da Silva Relator Inconformada, a recorrente apresentou o Recurso Voluntário, tempestivo, que apresenta os pressupostos de admissibilidade e, portanto, dele eu conheço. O recorrente alega, em sua defesa, que foi excluído do Simples Nacional, retroativamente, ou seja, à época da entrega da DCTF não estava obrigado a entregála. A alegação não procede, tendo em vista que, a exclusão do Simples Nacional tem efeitos retroativos, conforme a legislação em vigor, que reproduzo a seguir: LC 123/2006, no § 6º do art. 3º e art. 32, Art. 3º. (...) § 6º Na hipótese de a microempresa ou empresa de pequeno porte incorrerem alguma das situações previstas nos incisos do § 4º, será excluída do 3 tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, bem como do regime de que trata o art. 12, com efeitos a partir do mês seguinte ao que incorrida a situação impeditiva. Art. 32. As microempresas ou as empresas de pequeno porte excluídas do Simples Nacional sujeitarseão, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Fl. 36DF CARF MF Processo nº 10845.725122/201438 Acórdão n.º 1001000.059 S1C0T1 Fl. 3 3 Assim, no presente caso, uma vez excluído do Simples o recorrente passou a sujeitarse (efeito ex tunc) às regras aplicáveis às demais pessoas jurídicas, inclusive no que diz respeito às obrigações acessórias, observados os prazos legais originais. Portanto, considero irretocável a decisão da DRJ. Adicionalmente, no presente RV, o recorrente menciona o acórdão número 1803002.256, do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, que excluí multa por atraso na entrega da DCTF pela denúncia espontânea por parte da empresa, alegando ainda o artigo 138, do Código Tributário Nacional. O assunto já foi objeto de súmula por este egrégio Conselho, súmula n°49, como versa: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Assim, não assiste razão a recorrente e, portanto, nego provimento ao presente Recurso Voluntário e mantenho o crédito tributário apurado. É como voto. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Fl. 37DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.904104/2012-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/04/2008 a 30/04/2008
PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. TRÂNSITO EM JULGADO. CARF. REGIMENTO INTERNO.
Em 13.03.2017 transitou em julgado o Recurso Especial nº 1144469/PR, proferido pelo STJ sob a sistemática do art. 543-C do CPC/73, que firmou a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendo-se à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", a qual deve ser reproduzida nos julgamentos do CARF a teor do seu Regimento Interno.
Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido em sentido contrário no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de aplicação obrigatória desse precedente ao caso concreto.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-004.737
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a preliminar de sobrestamento do processo até a decisão final no Recurso Extraordinário 574.706 RG/PR, conforme proposição do Conselheiro Diego Ribeiro, vencido juntamente com os Conselheiros Thais De Laurentiis, Maysa Pittondo e Carlos Daniel; e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Diego Ribeiro.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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conteudo_txt : Metadados => date: 2017-11-08T16:10:33Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.0e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2017-11-08T16:10:33Z; Last-Modified: 2017-11-08T16:10:33Z; dcterms:modified: 2017-11-08T16:10:33Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2017-11-08T16:10:33Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.0e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2017-11-08T16:10:33Z; meta:save-date: 2017-11-08T16:10:33Z; pdf:encrypted: true; modified: 2017-11-08T16:10:33Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2017-11-08T16:10:33Z; created: 2017-11-08T16:10:33Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; Creation-Date: 2017-11-08T16:10:33Z; pdf:charsPerPage: 2054; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-11-08T16:10:33Z | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10935.904104/201240 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402004.737 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de outubro de 2017 Matéria PER/DCOMP PIS/COFINS Recorrente BIGOLIN MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2008 a 30/04/2008 PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. TRÂNSITO EM JULGADO. CARF. REGIMENTO INTERNO. Em 13.03.2017 transitou em julgado o Recurso Especial nº 1144469/PR, proferido pelo STJ sob a sistemática do art. 543C do CPC/73, que firmou a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", a qual deve ser reproduzida nos julgamentos do CARF a teor do seu Regimento Interno. Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido em sentido contrário no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de aplicação obrigatória desse precedente ao caso concreto. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a preliminar de sobrestamento do processo até a decisão final no Recurso Extraordinário 574.706 RG/PR, conforme proposição do Conselheiro Diego Ribeiro, vencido juntamente com os Conselheiros Thais De Laurentiis, Maysa Pittondo e Carlos Daniel; e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Diego Ribeiro. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 41 04 /2 01 2- 40 Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10935.904104/201240 Acórdão n.º 3402004.737 S3C4T2 Fl. 3 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Versa o processo sobre pedido de restituição fundado em suposto pagamento indevido ou a maior face suposta inclusão indevida do ICMS na base de cálculo das contribuições. No que tange esta matéria, o pedido restou indeferido conforme Despacho Decisório que instrui os autos. Regularmente cientificada desta decisão, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. A DRJ, através do Acórdão nº 06041.463, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada. O julgador de primeira instância não acolheu as razões de defesa da impugnante, tendo em vista que não há, na legislação de regência, previsão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, já que esse valor, ainda que assim não entenda a interessada, é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário, nos termos dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/98. A contribuinte foi cientificada dessa decisão, tendo apresentado recurso voluntário tempestivo, onde alega que o valor do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo da Cofins e do PIS, por não estar abrangido nos conceito de "faturamento", tratandose de mero "ingresso" na escrituração contábil das empresas. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.699, de 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10935.902211/201233, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, (Acórdão 3402004.699): "Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10935.904104/201240 Acórdão n.º 3402004.737 S3C4T2 Fl. 4 3 Em relação à inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições sociais, como esclarecido pelo Ilustre Conselheiro Antonio Carlos Atulim, no Acórdão 3402003.317, de 28 de setembro de 2016, que negou provimento ao recurso voluntário em votação unânime do Colegiado, "O recolhimento efetuado pelo contribuinte, incluindo o ICMS na base de cálculo da contribuição, está calcado em entendimento sedimentado desde tempos imemoriais na seara tributária. Tal entendimento tem respaldo legal no art. 12 do DecretoLei nº 1.598/771 e na Instrução Normativa nº 51, de 03/11/1978". Dessa forma, "o valor do ICMS integra o preço da mercadoria, sendo tal valor deduzido contabilmente como despesa operacional". A Lei nº 9.718/98 define a incidência das contribuições sociais sobre o faturamento, correspondente à receita bruta da pessoa jurídica, prevendo a exclusão das suas bases de cálculo somente do IPI e do ICMS, este apenas quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário. Também as Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, que instituíram a não cumulatividade na apuração dessas contribuições, definem que a base dessas contribuições é a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade exercida e a classificação contábil adotada, sendo que, quanto ao ICMS, apenas preveem que as receitas decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes de créditos de ICMS originados de operações de exportação não integram a base de cálculo das contribuições. Ademais, em 13/03/2017 transitou em julgado o Recurso Especial nº 1144469/PR2, sob a sistemática do art. 543C do 1 Art. 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. §1º A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. 2 O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, com base nos seus registros processuais eletrônicos, acessados no dia e hora abaixo referidos CERTIFICA que, sobre o(a) RECURSO ESPECIAL nº 1144469/PR, do(a) qual é Relator o Excelentíssimo Senhor Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO e no qual figuram, como RECORRENTE, FAZENDA NACIONAL, (...) em 10 de Agosto de 2016, PROCLAMAÇÃO FINAL DE JULGAMENTO: "PROSSEGUINDO NO JULGAMENTO, A SEÇÃO, POR UNANIMIDADE, DEU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL E, POR MAIORIA, VENCIDOS OS SRS. MINISTROS RELATOR E REGINA HELENA COSTA, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA EMPRESA RECORRENTE, NOS TERMOS DO VOTO DO SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, QUE LAVRARÁ O ACÓRDÃO."; em 10 de Agosto de 2016, CONHECIDO O RECURSO DE FAZENDA NACIONAL E PROVIDO,POR UNANIMIDADE, PELA PRIMEIRA SEÇÃO RELATOR PARA ACÓRDÃO: MAURO CAMPBELL MARQUES; em 01 de Dezembro de 2016, ATO ORDINATÓRIO PRATICADO ACÓRDÃO ENCAMINHADO(A) À PUBLICAÇÃO PREVISTA PARA 02/12/2016; em 01 de Dezembro de 2016, DISPONIBILIZADO NO DJ ELETRÔNICO EMENTA / ACORDÃO; em 02 de Dezembro de 2016, PUBLICADO EMENTA / ACORDÃO EM 02/12/2016; (...)TRANSITADO EM JULGADO EM 10/03/2017; em 13 de Março de 2017, BAIXA DEFINITIVA PARA TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO; em 07 de Abril de 2017, ENTREGA DE ARQUIVO DIGITAL DOS AUTOS AO DR. WAGNER MUNDIM RIBEIRO OAB/DF 14.760. Certifica, por fim, que o assunto tratado no mencionado processo é: Base de Cálculo. Certidão gerada via internet com validade de 30 dias corridos. Esta certidão pode ser validada no site do STJ com os seguintes dados: Número da Certidão: 2015397 Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10935.904104/201240 Acórdão n.º 3402004.737 S3C4T2 Fl. 5 4 CPC/73, que firmou, para efeito de recurso repetitivo a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", conforme ementa abaixo: RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, § 2º, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS: repercussão geral no RE n. 582.461 / SP, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.05.2011. 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 976.836 RS, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.8.2010. 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.113.159 AM, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11.11.2009. 2.4. Do IPI sobre o ICMS: REsp. n. 675.663 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.08.2010; REsp. Nº 610.908 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 20.9.2005, AgRg no REsp.Nº 462.262 SC, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20.11.2007. 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015. 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto Código de Segurança: 6250.8B72.58DF.245E Data de geração: 17 de Outubro de 2017, às 08:48:06 Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10935.904104/201240 Acórdão n.º 3402004.737 S3C4T2 Fl. 6 5 sobre imposto, salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e § 1º, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMSST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, consoante o art. 279 do RIR/99. 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da não cumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax"). 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10935.904104/201240 Acórdão n.º 3402004.737 S3C4T2 Fl. 7 6 n. 258/TFR: "Incluise na base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP (Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015) que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por dever de coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. 11. Ante o exposto, DIVIRJO do relator para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do PARTICULAR e reconhecer a legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃO APLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.15835, de 2001. Precedentes: AgRg nos EREsp. n. 529.034/RS, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, julgado em 07.06.2006; AgRg no Ag 596.818/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/02/2005; EDcl no AREsp 797544 / SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14.12.2015, AgRg no Ag 544.104/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 28.8.2006; AgRg nos EDcl no Ag 706.635/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 28.8.2006; AgRg no Ag 727.679/SC, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 8.6.2006; AgRg no Ag 544.118/TO, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 2.5.2005; REsp 438.797/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 3.5.2004; e REsp 445.452/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 10.3.2003. 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10935.904104/201240 Acórdão n.º 3402004.737 S3C4T2 Fl. 8 7 das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". 14. Ante o exposto, ACOMPANHO o relator para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL. (STJ REsp: 1144469 PR 2009/01124142, Redator: MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de Julgamento: 10/08/2016, S1 PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 02/12/2016) Como se sabe, nos termos do art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, na redação dada pela Portaria MF nº 152/2016, "As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF". Assim, aqui deve ser obrigatoriamente adotado o entendimento acima do STJ, proferido no Recurso Especial nº 1144469/PR, transitado em julgado em 13/03/2017 sob a sistemática do art. 543C do CPC/73, rejeitandose a argumentação da recorrente em sentido contrário. Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido de forma favorável à tese da ora recorrente no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de sua reprodução no presente julgamento. Nesse mesmo sentido foi decidido recentemente pelo CARF nos julgados abaixo: Processo nº 19515.000094/200720 Acórdão nº 3201003.084– 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 29 de agosto de 2017 Relator: Marcelo Giovani Vieira (...) VOTO (...) Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10935.904104/201240 Acórdão n.º 3402004.737 S3C4T2 Fl. 9 8 Pelo contrário, o STJ, no Resp 114469/PR decidiu, no regime de recursos repetitivos, com trânsito em julgado em 13/03/2017, que o ICMS integra as bases de cálculo do Pis e da Cofins. O STF decidiu de forma diferente, no RE 574.706, em repercussão geral, porém o processo ainda não é definitivo, não sendo vinculante para os colegiados do Carf, nos termos do §2º do art. 625 do Ricarf. Com efeito, é possível que o STF module os efeitos da decisão. Pelo exposto, voto pelo desprovimento do recurso voluntário quanto aos ajustes na base de cálculo. (...) Processo nº 10980.900996/201183 Acórdão nº 3302004.500 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de julho de 2017 Relatora: Lenisa Prado Redator designado: Walker Araújo (...) VOTO VENCEDOR (...) O RICARF prevê o requisito da decisão definitiva para a obrigatoriedade da aplicação do precedente, no caso em análise, o REsp 1.144.469/PR transitou em julgado em 10.03.2017 e o RE 574.706RG/PR ainda espera a modulação de seus efeitos, não havendo, portanto, trânsito em julgado. Logo, devese observar a decisão, já transitada em julgado, do Superior Tribunal de Justiça. (...) Assim, pelo exposto acima, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o litígio resumese ao direito creditório decorrente de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o Colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 65DF CARF MF
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Numero do processo: 10670.002075/2007-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/2003 a 28/02/2007
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 65.
Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige (Súmula CARF nº 65).
Numero da decisão: 2202-004.208
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
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RESPONSABILIDADE PESSOAL DO DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 65. Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige (Súmula CARF nº 65). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 0. 00 20 75 /2 00 7- 71 Fl. 130DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 19515.001700/200813. "Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão de Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve a cobrança do crédito tributário. O Auto de Infração foi lavrado por descumprimento de obrigação acessória verificada durante ação fiscal realizada em órgão público. A autuação ocorreu em nome do sujeito passivo, na condição de dirigente de órgão público, por força do disposto no art. 41 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, vigente à época dos fatos geradores. O recorrente tomou ciência do lançamento e apresentou defesa, entretanto, a primeira instância de julgamento manteve a autuação. Inconformado com a decisão, o sujeito passivo apresentou recurso voluntário ao CARF, onde alega a improcedência da autuação. É o relatório." Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 2202004.158, de 03/10/2017, proferido no julgamento do processo 19515.001700/200813, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 2202004.158): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. O lançamento em questão foi efetuado contra o dirigente do órgão público com base no art. 41 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, que, à época dos fatos geradores, estabelecia: Art. 41. O dirigente de órgão ou entidade da administração federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, responde pessoalmente pela multa aplicada por infração de dispositivos desta Lei e do seu regulamento, sendo obrigatório o respectivo desconto em folha de pagamento, mediante requisição dos órgãos competentes e a partir do primeiro pagamento que se seguir à requisição. Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10670.002075/200771 Acórdão n.º 2202004.208 S2C2T2 Fl. 3 3 Contudo, o dispositivo transcrito foi revogado pela Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, não mais se aplicando, contra dirigente de órgão público, a penalidade por descumprimento de obrigação acessória. Sobre a matéria, a Súmula CARF nº 65 dispõe o seguinte: Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige. Em função disso, aplicase ao caso, a retroatividade benigna de que trata a alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN): Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: [...] II tratandose de ato não definitivamente julgado: [...] c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifei) Portanto, o lançamento em questão deve ser cancelado. Conclusão Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Relator" Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Fl. 132DF CARF MF
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Numero do processo: 10469.724756/2013-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010
PRELIMINAR. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Não há que se falar em nulidade quando o lançamento observa todos os requisitos previstos no artigo 142 do CTN e no artigo 59 do Decreto nº 70.235/72.
PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA. RECEITAS AUFERIDAS NO RESPECTIVO PROGRAMA. RECONHECIMENTO PELA AUTORIDADE LANÇADORA DE RECEITAS E DE PAGAMENTOS EM SEDE DE DILIGÊNCIA FISCAL. EXONERAÇÃO DOS VALORES PAGOS.
Reconhecidas pela autoridade lançadora, em sede de diligência fiscal, receitas auferidas segundo regras do Programa Minha Casa, Minha Vida, exoneram-se os respectivos valores dos tributos recolhidos pelo contribuinte devidos a essas receitas.
MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. DOLO. AUSÊNCIA DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE.
Justifica-se a aplicação da multa no percentual de 150% quando restar demonstrado que o contribuinte agiu de forma dolosa, com o propósito de impedir ou retardar o conhecimento da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária por parte da autoridade fazendária. Ausente a comprovação de dolo, a penalidade aplicada deve ser reduzida para o percentual de 75%.
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM NÃO DEMONSTRADO. IMPROCEDÊNCIA.
A caracterização da solidariedade obrigacional prevista no inciso I, do art. 124, do CTN, prescinde da demonstração do interesse comum de natureza jurídica, e não apenas econômica, entendendo-se como tal aquele que recaia sobre a realização do fato que tem a capacidade de gerar a tributação.
LANÇAMENTOS REFLEXOS. CSLL. PIS. COFINS
A solução dada ao litígio principal, relativa ao IRPJ, aplica-se, no que couber, aos lançamentos reflexos quando não houver fatos ou argumentos a ensejar decisão diversa.
Numero da decisão: 1301-002.630
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e, em relação ao recurso voluntário: (I) rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento; e, (II) no mérito, dar provimento parcial para (i) cancelar as multas de ofício sobre os valores lançados, mas recolhidos espontaneamente pela pessoa jurídica; (ii) reduzir a multa para o percentual de 75% e (iii) excluir a responsabilidade atribuída aos coobrigados.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Ângelo Abrantes Nunes, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Bianca Felícia Rothschild, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009, 2010 PRELIMINAR. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em nulidade quando o lançamento observa todos os requisitos previstos no artigo 142 do CTN e no artigo 59 do Decreto nº 70.235/72. PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA. RECEITAS AUFERIDAS NO RESPECTIVO PROGRAMA. RECONHECIMENTO PELA AUTORIDADE LANÇADORA DE RECEITAS E DE PAGAMENTOS EM SEDE DE DILIGÊNCIA FISCAL. EXONERAÇÃO DOS VALORES PAGOS. Reconhecidas pela autoridade lançadora, em sede de diligência fiscal, receitas auferidas segundo regras do Programa Minha Casa, Minha Vida, exoneram-se os respectivos valores dos tributos recolhidos pelo contribuinte devidos a essas receitas. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. DOLO. AUSÊNCIA DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE. Justifica-se a aplicação da multa no percentual de 150% quando restar demonstrado que o contribuinte agiu de forma dolosa, com o propósito de impedir ou retardar o conhecimento da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária por parte da autoridade fazendária. Ausente a comprovação de dolo, a penalidade aplicada deve ser reduzida para o percentual de 75%. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM NÃO DEMONSTRADO. IMPROCEDÊNCIA. A caracterização da solidariedade obrigacional prevista no inciso I, do art. 124, do CTN, prescinde da demonstração do interesse comum de natureza jurídica, e não apenas econômica, entendendo-se como tal aquele que recaia sobre a realização do fato que tem a capacidade de gerar a tributação. LANÇAMENTOS REFLEXOS. CSLL. PIS. COFINS A solução dada ao litígio principal, relativa ao IRPJ, aplica-se, no que couber, aos lançamentos reflexos quando não houver fatos ou argumentos a ensejar decisão diversa.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e, em relação ao recurso voluntário: (I) rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento; e, (II) no mérito, dar provimento parcial para (i) cancelar as multas de ofício sobre os valores lançados, mas recolhidos espontaneamente pela pessoa jurídica; (ii) reduzir a multa para o percentual de 75% e (iii) excluir a responsabilidade atribuída aos coobrigados. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Ângelo Abrantes Nunes, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Bianca Felícia Rothschild, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
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NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em nulidade quando o lançamento observa todos os requisitos previstos no artigo 142 do CTN e no artigo 59 do Decreto nº 70.235/72. PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA. RECEITAS AUFERIDAS NO RESPECTIVO PROGRAMA. RECONHECIMENTO PELA AUTORIDADE LANÇADORA DE RECEITAS E DE PAGAMENTOS EM SEDE DE DILIGÊNCIA FISCAL. EXONERAÇÃO DOS VALORES PAGOS. Reconhecidas pela autoridade lançadora, em sede de diligência fiscal, receitas auferidas segundo regras do Programa Minha Casa, Minha Vida, exoneram se os respectivos valores dos tributos recolhidos pelo contribuinte devidos a essas receitas. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. DOLO. AUSÊNCIA DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE. Justificase a aplicação da multa no percentual de 150% quando restar demonstrado que o contribuinte agiu de forma dolosa, com o propósito de impedir ou retardar o conhecimento da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária por parte da autoridade fazendária. Ausente a comprovação de dolo, a penalidade aplicada deve ser reduzida para o percentual de 75%. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM NÃO DEMONSTRADO. IMPROCEDÊNCIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 72 47 56 /2 01 3- 27 Fl. 1824DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.825 2 A caracterização da solidariedade obrigacional prevista no inciso I, do art. 124, do CTN, prescinde da demonstração do interesse comum de natureza jurídica, e não apenas econômica, entendendose como tal aquele que recaia sobre a realização do fato que tem a capacidade de gerar a tributação. LANÇAMENTOS REFLEXOS. CSLL. PIS. COFINS A solução dada ao litígio principal, relativa ao IRPJ, aplicase, no que couber, aos lançamentos reflexos quando não houver fatos ou argumentos a ensejar decisão diversa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e, em relação ao recurso voluntário: (I) rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento; e, (II) no mérito, dar provimento parcial para (i) cancelar as multas de ofício sobre os valores lançados, mas recolhidos espontaneamente pela pessoa jurídica; (ii) reduzir a multa para o percentual de 75% e (iii) excluir a responsabilidade atribuída aos coobrigados. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Ângelo Abrantes Nunes, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Bianca Felícia Rothschild, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Fl. 1825DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.826 3 Relatório M & K COMÉRCIO E CONSTRUÇÕES LTDA (contribuinte), FERNANDO MARINHO e ALEXANDRE MAGNO FERNANDES DE SOUZA (coobrigados) recorrem a este Conselho, com fulcro no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 1660.663 proferido pela 3ª Turma da Delegacia de Julgamento em São Paulo I que julgou parcialmente procedentes as impugnações apresentadas, exonerando parcela do crédito tributário referente a receitas do programa “Minha Casa, Minha Vida” que haviam sido reconhecidas na escrituração contábil e devidamente oferecidas à tributação e débitos incluídos em pedido de parcelamento apresentados antes do início do procedimento fiscal. Em razão do montante de tributos e juros exonerados, o Presidente do colegiado a quo recorre de ofício a este Conselho, com fulcro no art. 34 do Decreto nº 70.235, de 1972, c/c , art. 1º da Portaria MF nº 03, 03 de janeiro de 2008, haja vista o acórdão de origem ter exonerado o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 1.000.000,00. Ressaltese que mesmo com o advento da Portaria MF nº 63, de 9 de fevereiro de 2017, que elevou o limite para interposição de recurso de ofício para R$ 2.500.000,00, o montante exonerado ainda exige novo pronunciamente desta Corte Administrativa. Por bem refletir o litígio até aquela fase, adoto o relatório da decisão recorrida, complementandoo ao final: DO PROCEDIMENTO FISCAL 01. Decorrente do trabalho de fiscalização realizado na pessoa jurídica indicada, relativo aos anoscalendário de 2009 e de 2010, foram lavrados em 16/07/2013 (AR à fl. 200), o auto de infração do Imposto de Renda (fls. 133 a 135), o auto de infração da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (fls. 161 a 163), o auto de infração da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (fls. 181 a 183) e o auto de infração da Contribuição para o PIS (fls. 189 a 192). O “Enquadramento Legal” encontrase nas folhas acima citadas. O crédito tributário total lançado foi de R$ 12.818.788,97 (doze milhões, oitocentos e dezoito mil, setecentos e oitenta e oito reais e noventa e sete centavos), conforme abaixo demonstrado: IMPOSTO DE RENDA 1.351.187,91 JUROS DE MORA 389.000,07 MULTA PROPORCIONAL 2.026.781,88 Fl. 1826DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.827 4 TOTAL IRPJ 3.766.969,86 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL S/ LUCRO LÍQUIDO 742.159,19 JUROS DE MORA 214.122,90 MULTA PROPORCIONAL 1.113.238,79 TOTAL PIS 2.069.520,88 CONTRIBUIÇÃO p/ FINANCIAMENTO S. SOCIAL 2.052.841,52 JUROS DE MORA 606.476,33 MULTA PROPORCIONAL 3.079.262,34 TOTAL CSLL 5.738.580,19 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS 444.890,63 JUROS DE MORA 131.491,41 MULTA PROPORCIONAL 667.336,00 TOTAL COFINS 1.243.718,04 TOTAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 12.818.788,97 02. Os fatos apurados pela Autoridade Lançadora estão descritos no Relatório Fiscal (fls. 211 a 224), a seguir sintetizados. 03. A Autoridade Fiscal discorre que tinham sido identificados, no curso do procedimento fiscal, fortes indícios de que o Contribuinte não havia informado a totalidade de suas receitas nas declarações DIPJ, DACON e DCTFs. 04. A empresa havia apresentado Blocos de Notas Fiscais de Serviços (nºs. 14, 15 e 16), pastas contendo cópias das Notas Fiscais eletrônicas emitidas em 2009 e 2010 (NF 01 a 93 e NF 94 a 264, respectivamente), cópia do Contrato Social e Aditivos de nº 01 a 09, cópias de alguns comprovantes de arrecadação de retenções realizadas pelo próprio Contribuinte. Fl. 1827DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.828 5 05. Em consulta aos sistemas da Receita Federal, a Autoridade Fiscal constatou que o Contribuinte transmitiu apenas a DACON de janeiro de 2009, e com os valores das receitas e das contribuições zerados. O Contribuinte foi então intimado a apresentar os Demonstrativos de Apuração das Contribuições relativos aos demais meses objetos da fiscalização, mas não houve atendimento da solicitação efetuada. 06. Com os elementos disponibilizados pela empresa, com as informações contidas nos registros contábeis e nos talonários de notas fiscais, foram analisados os valores levantados com os respectivos valores constantes das declarações transmitidas pelo Contribuinte à RFB, verificando as divergências apontadas nas tabelas de fl. 213 do Relatório Fiscal, abaixo reproduzidas: Receita Receita Bruta Contabilidade (Conta (DIPJ) Divergência 41102001) 1º trimestre 2.811.658,71 2.811.661,66 2º trimestre 6.338.250,39 6.338.250,59 3º trimestre 7.290.087,65 5.679.824,17 1.610.263,48 4º trimestre 10.383.523,08 7.687.118,67 2.696.404,41 Total 2009 26.823.519,83 22.516.855,09 4.306.664,74 Receita Receita Bruta Contabilidade (Conta (DIPJ) Divergência 41102001) 1º trimestre 9.429.405,97 9.429.405,97 2º trimestre 6.567.165,16 6.567.165,16 3º trimestre 11.624.864,07 11.624.864,07 4º trimestre 18.970.114,23 18.970.114,23 Total 2010 46.591.549,43 46.591.549,43 07. Além das divergências indicadas nas tabelas acima, a Autoridade Fiscal verificou que o Contribuinte recolheu alguns tributos devidos dos períodos fiscalizados, antes do início do procedimento fiscal, porém sem a devida declaração dos débitos em DCTF. 08. Os comprovantes do Imposto de Renda Retido na Fonte pelas fontes pagadoras não foram apresentados pelo Contribuinte. Apenas foram apresentados alguns comprovantes de arrecadação de Fl. 1828DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.829 6 retenções de pagamentos de salários e demais rendimentos de seus empregados. 09. O Contribuinte não identificou em quais contas estão contabilizados os valores de IRRF, assim como das contribuições retidas pelas fontes pagadoras. 10. Em decorrência dos fatos apontados, o Contribuinte foi intimado a esclarecer as divergências indicadas, a retificar as DCTFs com os valores dos débitos no montante exato dos valores recolhidos. Neste caso, o Contribuinte foi alertado que a não declaração dos débitos em DCTF acarretaria a não consideração dos recolhimentos efetuados em caso de lançamento de ofício do crédito tributário. 11. Passados dois meses sem que o Contribuinte tivesse respondido às intimações, a Autoridade Fiscal entendeu ter restado comprovado que houve infração à legislação tributária (receitas omitidas), devido às diferenças entre os valores da contabilidade com os declarados em DCTF e recolhidos. 12. A constatação acima foi comunicada ao Contribuinte por intermédio do Termo de Constatação Fiscal n° 1, com os cálculos dos tributos apurados apresentados por intermédio de planilhas anexas ao termo. 13. Esclarece a Autoridade Fiscal que foram utilizados como receitas auferidas os valores identificados por intermédio dos registros contábeis do Livro Razão Digital, corroborados pelas Notas Fiscais de Prestação de Serviços apresentadas. 14. Foram aplicados os percentuais de 8% e 12 % sobre a receita bruta para a apuração do IRPJ e da CSLL, na sistemática do Lucro Presumido, correspondente à prestação de serviços de construção civil com emprego de materiais. 15. Em favor do Contribuinte, foram aproveitados os respectivos tributos declarados em DCTF, assim como os valores do IRRF e demais Contribuições Sociais, cujos rendimentos constam de DIRFs informadas pelas fontes pagadoras à RFB. Fl. 1829DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.830 7 16. A multa de ofício aplicada foi a qualificada. A Autoridade Fiscal entendeu que o comportamento do Contribuinte, caracterizado por entrega de declarações incorretas (DIPJ, DCTFs, DACON), denota ter havido evidente intuito de fraude, nos termos dos artigos 71 e 72 da Lei n° 4.502/64. 17. Houve, ainda, atribuição de responsabilidade pelo crédito tributário (sujeição passiva solidária) aos sócios administradores Alexandre Magno Fernandes de Souza e Fernando Marinho, pelo preenchimento e entrega da DIPJ, com a omissão de receitas da atividade da empresa, e pela entrega da DACON com valores zerados para a Receita de Venda de Bens e Serviços bem como do PIS e da Cofins. Além disso, foram intimados a transmitir os respectivos demonstrativos. Enquadrado nos arts. 124, I, e 135, II, do CTN, pela existência de interesse jurídico comum com a empresa M&K Com. e Construções Ltda e pela conduta descrita. 18. Também deixaram de confessar em DCTF os tributos federais devidos, com o intuito de ser coerente com os valores da DIPJ e DACON e de obter diversas certidões positivas com efeito de negativas. 19. Informa a Autoridade Fiscal que, em virtude de crime contra a ordem tributária (art. 1º, I, e art. 2º, I, ambos da Lei 8.137/90) foi elaborada a Representação Fiscal para Fins Penais, conforme prevê o art. 66 do DecretoLei n° 3.688/41, bem como o Decreto n° 2.730/1998, e Portaria RFB n° 2.439/2010. DAS IMPUGNAÇÕES 20. Cientificado do auto de infração em 16/07/2013, o Contribuinte M & K Com. e Construções Ltda, Fernando Marinho e Alexandre Magno Fernandes de Souza apresentaram impugnações às fls. 229 a 291, 729 a 791 e 796 a 858, respectivamente, em 15/08/2013, na qual fizeram a defesa a seguir sintetizada. 21. Preliminarmente, a Impugnante defendeu a tempestividade da impugnação apresentada. Fl. 1830DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.831 8 22. Inicia a Impugnante a sua defesa dizendo que apresentou todos os documentos solicitados pela Fiscalização e que mantém escrituração regular. Por esse motivo, não seria cabível o agravamento da multa no percentual de 150%. Além disso, não é caso de enquadramento nas normas da Lei n° 4.502/64, arts. 71 e 72, já que não houve sonegação ou mesmo fraude no presente caso. Logo, a qualificação da multa é incabível. 23. Diz a Impugnante que o Auditor deveria ter verificado que houve pagamentos efetuados, os quais deveriam ter sido abatidos. Alega que o Auditor utilizouse da lógica “contabilidade menos DIPJ igual a base de cálculo”. 24. A Impugnante não entende como a Autoridade Fiscal reconheceu a existência de pagamentos e ignorou o fato, em razão da não declaração em DCTF. Para a Impugnante, a obrigação principal foi cumprida e não se admite desconsiderar o valor pago. Assim, o auto de infração é nulo de pleno direito. 25. Afirmou que existem valores relativos ao programa minha casa minha vida que estão submetidos a regime especial de tributação e tem alíquota menor. Citou a IN RFB n° 934/2009. As receitas do citado programa estão destacadas nas notas fiscais e foram recolhidas. 26. Não houve omissão de receita como quer impor a Fiscalização. As receitas estavam contabilizadas e foram lançadas devidamente. Para a Impugnante, “parece que o auditor estava diante de CONTRIBUINTE sem escrita contábil e sem documentos. Com isso, a utilização de arbitramento, sem base para tanto, viola o art. 148 do CTN.” 27. Sobre a transmissão de DCTF sem débitos, diz a Impugnante assim procedeu na crença de que não havia recolhimento a ser feito por conta de eventuais créditos, “conforme comprova a existência de pedidos na receita ....” Os valores foram retificados por entender que estava submetido a uma tributação menor, de 1%, reconhecida pelo próprio Auditor. Fl. 1831DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.832 9 28. Continuando, a Impugnante defendeu não ser possível presumir ter havido sonegação pela retificação de DCTF com emissão de certidão. Interpretações que determinam multas que levam a percentuais abusivos e a condutas criminosas não podem ser permitidas. 29. Quanto à sujeição passiva, diz que a imputação de responsabilidade solidária sem lei é um verdadeiro absurdo. A imputação solidária nos termos do art. 124 conjugado com o art. 135 do CTN viola a lei. E a desconsideração da personalidade jurídica só é cabível quando exauridos os meios de cobrança da empresa. No presente caso, a pessoa jurídica e a pessoa física estão equiparadas e isso foi rechaçado pelo legislador. Cita doutrina que entende favorável a sua tese. 30. Quanto à Representação Fiscal, defendeu que não houve conduta delituosa no caso em questão, já que todos os elementos para a fiscalização estavam presentes, inclusive os dados contábeis, logo não há que se falar de qualquer ato comissivo ou omisso que possa ser enquadrado como sonegação ou fraude fiscal. 31. Ao final, requereu a Impugnante o acolhimento da sua pretensão conforme razões acima sintetizadas. DA RESOLUÇÃO 32. Em 22 de novembro de 2013, os autos do presente processo administrativo fiscal, através da Resolução n 379, foram encaminhados à Autoridade Fiscal para que fossem realizadas as seguintes medidas: “RESOLUÇÃO Em linhas resumidas e no que interessa neste momento para a presente Resolução, destacamos das impugnações apresentadas os seguintes pontos: 1. A Impugnante afirmou ter apresentado à Autoridade Fiscal todos os documentos solicitados e que mantém escrituração regular. Fl. 1832DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.833 10 2. Afirmou que existem valores relativos ao Programa Minha Casa, Minha Vida, os quais estão submetidos a regime especial de tributação e alíquota menor. 3. As receitas do Programa Minha Casa, Minha Vida estão destacadas nas notas fiscais e foram recolhidas. 4. As receitas estavam contabilizadas, portanto não houve omissão. 5. A Impugnante indicou a existência de “pedidos na receita...” 6. Afirmou que existem valores objeto de parcelamento. É conveniente observar de imediato que o Contribuinte não declarou receitas nas DIPJs dos anos fiscalizados de 2009 e 2010, bem como os débitos devidos nas DCTFs, conforme apurados pela Autoridade Fiscal. As divergências apuradas pela Autoridade Fiscal são consideráveis, não podendo ser atribuídas a mero erro. Intimado a se manifestar sobre as diferenças apuradas, bem como a retificar as DCTFs, o Contribuinte não atendeu à intimação. Não aproveitada, no curso do procedimento fiscal, a oportunidade de apresentar seus argumentos, agora o Contribuinte traz fatos não conhecidos pela Autoridade Fiscal e que deverão ser por ela auditados. A Impugnante trouxe aos autos do processo a questão dos recolhimentos pelo Regime Especial de Tributação – RET de receitas que segundo alega estão compreendidas no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida. Ao compulsarmos os autos do processo, às fls. 693 a 726, encontramos documentos relativos a recolhimentos feitos pelo Contribuinte com o código de receita 1068, que se aplica a recolhimentos pelo RET e PMCMV. Fl. 1833DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.834 11 Se é fato que houve os recolhimentos acima citados, isso, por si só, não significa que o Contribuinte implementou todas as condições necessárias para usufruir do benefício fiscal. O Regime Especial de Tributação e o Programa Minha Casa, Minha Vida possuem regras próprias que devem ser cumpridas para que se faça jus à tributação favorecida, conforme estabelecido na Lei n° 10.931/2004 e na IN RFB n° 934/2009, que tratam do Regime Especial de Tributação aplicável às incorporações imobiliárias e sobre o pagamento unificado de tributos aplicável às construções de unidades habitacionais contratadas no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida. O cumprimento dos requisitos estabelecidos pela legislação poderiam ter sido analisados pela Autoridade Fiscal, se com ela o Contribuinte já tivesse colaborado na época do procedimento fiscal. E esse fato é impeditivo da continuidade do presente julgamento, pois as análises necessárias à verificação do cumprimento dos requisitos legais devem ser feitas pela Autoridade Fiscal (escrituração, notas fiscais, contratos, respectivas receitas relativas às unidades habitacionais construídas conforme regras do PMCMV, etc). Se o Contribuinte efetivamente cumpriu os requisitos legais do PMCMV e tinha receitas passíveis de tributação pelo RET, as alíquotas aplicáveis ao lançamento não seriam aquelas que foram utilizadas pela Autoridade Fiscal e, nesse caso, seria necessário a respectiva adequação. Portanto, quanto às alegadas receitas compreendidas no âmbito do PMCMV, o processo deve seguir para diligência para que a Autoridade Fiscal verifique o cumprimento das condições estabelecidas na legislação para a obtenção do benefício da tributação favorecida. Se positivo, deverá ser elaborado demonstrativo com a nova base de cálculo, com a identificação das receitas compreendidas no programa, que possuem regime especial de tributação, e com as demais receitas que estão fora do citado programa. Fl. 1834DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.835 12 Além das eventuais receitas sujeitas à tributação favorecida, deverá ser analisada a questão do parcelamento de débitos levantada pela Impugnante. Às fls. 678 a 692 dos autos, constam documentos referentes a Pedidos de Parcelamento de Débitos (Pepar) do Contribuinte (PIS, IRPJ, COFINS e CSLL), protocolizados em 09/07/2012, processo nº 10469.727246/201221. Os débitos são relativos ao anocalendário de 2010. De acordo com o AR de fl. 5 dos autos, o Termo de Início de Procedimento Fiscal teve ciência do Contribuinte em 20/02/2013. Portanto o parcelamento é de data anterior ao início do procedimento fiscal. Dessa forma, deverá ser elaborado demonstrativo com os efeitos do parcelamento na base de cálculo dos tributos lançados, se esse for o caso. Caberá ao Contribuinte ora Impugnante, que trouxe essas questões à apreciação por esta Turma de julgamento, fornecer todos os elementos necessários à realização dos trabalhos, mormente quanto à questão das receitas submetidas à tributação pelo RET, bem como prestar todos os esclarecimentos solicitados pela Autoridade Fiscal para a plena realização dos trabalhos. Feitas as considerações acima, devem os autos do presente processo administrativo ser encaminhados à Delegacia de origem do Contribuinte para a implementação das providências acima indicadas, quanto ao RET & PMCMV e quanto ao parcelamento, bem como quaisquer outras que a Autoridade Fiscal entenda cabíveis ao caso. Ao final, deverá ser elaborado relatório conclusivo dos resultados da diligência/auditoria empreendida, com os demonstrativos das bases de cálculo dos tributos lançados, antes e depois da diligência, bem como quaisquer outros esclarecimentos que a Autoridade Fiscal entenda pertinentes ao caso. Em conclusão, voto no sentido de transformar em diligência o presente julgamento, com o encaminhamento dos autos Fl. 1835DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.836 13 do presente processo administrativo fiscal à Delegacia de origem, conforme exposto, para implementação das medidas propostas e outras que se fizerem necessárias, concedendo ao Contribuinte, após realização do trabalho, o prazo de 30 (trinta) dias para manifestação, de acordo com o art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011.” DA DILIGÊNCIA 33. Às fls. 1328 a 1331, encontrase o “Termo de Início de Diligência Fiscal”, através do qual a Autoridade Fiscal intimou o Contribuinte a apresentar (i) relação contendo a identificação das Notas Fiscais de Prestação de Serviços de construção de unidades habitacionais contratadas no âmbito de Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV, emitidas no ano de 2009 e de 2010; (ii) cópia de cada contrato de prestação de serviço de construção de unidades habitacionais realizadas no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV. 34. Ainda através do citado termo, caso o Contribuinte tivesse auferido receita na condição de incorporador, decorrente da venda de unidades imobiliárias residenciais no âmbito de PMCMV, deveria apresentar (i) Registro de Averbação junto aos Cartórios de Imóveis do Termo de Afetação do terreno e das acessões objeto de cada incorporação; (ii) cópia do CNPJ de cada incorporação imobiliária afetada e submetida ao Regime Especial de Tributação – RET; (iii) cópia do Termo de Opção pelo Regime Especial de Tributação – RET, protocolado em época própria junto à Delegacia da Receita Federal do Brasil, para cada empreendimento imobiliário; (iv) escrituração contábil, de 2009 e de 2010, em meio magnético com a clara identificação das contas utilizadas para segregar os lançamentos das receitas, custos e despesas incorridas em cada incorporação submetida ao RET. 35. O Contribuinte, às fls. 1333 a 1334, apresentou documento com resposta ao “Termo de Início de Diligência Fiscal”, no qual informava estar entregando as notas fiscais de prestação de serviços de construção emitidas no âmbito do PMCMV dos anos de 2009 e de 2010 e os contratos firmados com a Caixa Econômica Federal, no âmbito do PMCMV. Informou, também, não ter auferido receita na condição de incorporador. Fl. 1836DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.837 14 36. Após análise dos elementos apresentados, foi elaborado pela Autoridade Fiscal o “Relatório de Diligência Fiscal” (fls. 1532 a 1547), cujos trechos principais reproduzimos a seguir: “(...) 5. Analisando os documentos apresentados (Notas Fiscais Eletrônicas do Exercício de 2010 e quatro contratos, todos firmados em 2010, com a Caixa Econômica Federal), concluímos que de fato a empresa M & K COM E CONSTRUÇÕES LTDA auferiu receita, somente no AC 2010, na condição de prestador de serviços de construção de unidades habitacionais, contratadas no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida PMCMV, atendendo, em partes, os termos da legislação de regência à época do fato gerador para fins de tributação diferenciada, qual seja: o Art. 2o da Lei 12.024 de 27/08/2009, regulamentado pelos Art 12 a 15 da Seção II da Instrução Normativa IN SRF 934 de 27/04/2009, a seguir transcritos: (...) 6. Entretanto, cabe ressaltar que o contribuinte não observou a obrigação acessória estabelecida pelo parágrafo único do Art. 15 da IN RFB 934/2009, no que concerne à manutenção de registro contábil, ou similar, de forma a destacar a identificação das receitas relativas a cada construção sujeita ao pagamento unificado. 7. Ademais, transmitiu no AC 2010 DIPJ contendo informações zeradas, inclusive àquelas relativas às respectivas linhas da Ficha 14 A, destinadas ao registro das Receitas da Atividade Imobiliárias Tributadas pelo Regime Especial Tributário RET, inclusive aquelas decorrentes da Fl. 1837DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.838 15 atividade de construção de unidades residenciais contratadas no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida — PMCMV. 8. Outro aspecto relevante, que caracteriza a intenção deliberada do contribuinte em induzir a Fiscalização ao erro, e, portanto, retardar a cobrança dos tributos devidos, é o fato de que o mesmo não respondeu a nenhuma das Intimações e Constatações Fiscais lavradas no curso do Procedimento de Fiscalização, optando claramente pelo silêncio diante das indagações formuladas pelo Fisco Federal. 9. Destarte, em que pese o fato de o contribuinte, utilizandose das condutas acima descritas, omitir do Fisco Federal o conhecimento de suas receitas, inclusive essas, com tributação favorecida, situações que corroboram com a decisão da Fiscalização pela qualificação da multa de ofício, entendemos, à luz do Princípio da Verdade Material, que tais receitas, auferidas com a prestação de serviços de construção no âmbito do PMCMV, devam ser apartadas das demais receitas tributadas sob a sistemática do lucro presumido para fins de tributação favorecida, com aplicação da regra definida pelo Art 12 IN SRF 934 de 27/04/2009, acima transcrito, cujos recolhimentos em DARF, código de Receita 1068, apresentados em sede de contencioso administrativo são suficientes para extinguir o respectivo crédito tributário. 10. Sendo assim, e esclarecendo à primeira indagação formulada pela Resolução 379 da 3a Turma da DRJ/SP 1, apresentamos o quadro abaixo segregando a receita do contribuinte, no AC 2009 e 2010, segundo a forma de tributação: Fl. 1838DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.839 16 (...) 11. Quanto a questão do parcelamento de débitos levantada pelo contribuinte, consultamos a Seção de Controle e Acompanhamento Tributário SACAT da DRF/Natal e fomos informados que, no momento da consulta (31/03/2013), o contribuinte não possuía parcelamento convencional ou simplificado ativos, e que somente possuía parcelamento da Lei 11.941/2009, porém este não abrange débitos dos anoscalendário de 2009e2010. 12. Fomos informados ainda pela SACAT, que no dia 16/09/2011 o contribuinte formalizou pedido de parcelamento por intermédio do processo 10.469.721511/201186, sendo o mesmo rescindido automaticamente por inadimplência em 08/02/2012, e que, no dia 09/07/2012 o contribuinte formalizou pedido de reparcelamento desses débitos (Pedido de Parcelamento PePar juntados como anexos à Impugnação) tendo sido este desmembrado para o processo 10.469.727246/201221 para fins de controle dos débitos. 13. O referido reparcelamento foi rescindido automaticamente por inadimplência em 26/03/2013, sendo em seguida enviado para a Procuradoria da Fazenda Nacional — PFN no Rio Grande do Norte para fins de inscrição do saldo remanescente dos débitos em Dívida Ativa da União, o que ocorreu em 12/04/2013. 14. Sendo assim, a conclusão que chegamos é que de fato existem débitos relativos aos tributos e períodos de apuração objeto dos Autos de Infração que foram incluídos em parcelamentos / Dívida Ativa da União, e, portanto, os mesmos devem Fl. 1839DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.840 17 ser excluídos do Lançamento de Ofício no montante discriminado no quadro abaixo: (...) 15. Para fins de apuração, na sistemática do Lucro Presumido, dos valores de débitos remanescentes em seus valores originais, ou seja, sem aplicação da multa de ofício e juros de mora, e após a exclusão das receitas auferidas com a prestação de serviços de construção no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida PMCMV, bem como dos valores de débitos parcelados/inscritos em Dívida Ativa da União, elaboramos um conjunto de planilhas, anexas ao presente Relatório de Diligência Fiscal, de modo a responder de forma conclusiva as principais indagações formuladas pela Resolução 379 da 3a Turma da DRJ/SP 1. 16. Nas referidas planilhas de cálculo foram aproveitados, em favor do contribuinte, os valores dos respectivos tributos limitados ao montante declarado na última DCTF válida transmitida antes do início do procedimento fiscal, bem como os valores de Imposto Renda Retido na Fonte IRRF e demais Contribuições Sociais que constam das Declarações de Imposto Retido na Fonte DIRF informadas pelas fontes pagadoras à RFB. (...)” 37. Em seguida, a Autoridade Fiscal apresentou considerações sobre alguns argumentos expostos pelo Contribuinte em sua peça impugnatória. 38. Explicou a Autoridade Fiscal que intimou o Contribuinte, no curso do procedimento fiscal, a transmitir DCTF Retificadora contemplando os recolhimentos, mas não houve atendimento do Contribuinte; não foi apresentada qualquer manifestação contrária quando do recebimento do Termo de Constatação Fiscal lavrado em 14/06/2013. Fl. 1840DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.841 18 39. Acrescenta a Autoridade Fiscal que o Contribuinte, de forma deliberada, não atendeu a qualquer das intimações lavradas pela Autoridade Tributária em todo curso do procedimento fiscal, inclusive quanto ao cumprimento da obrigação de declarar em DCTF a existência de débitos. Houve o lançamento dos débitos não declarados em DCTF, de forma a constituir o crédito tributário. 40. Sobre a multa qualificada, a Autoridade Fiscal esclareceu que, mesmo com a decisão deliberada do Contribuinte em não atender as intimações, não houve agravamento da multa de ofício pela não apresentação de documentos, mas sim a aplicação da multa qualificada, em decorrência de estarem configurados, em tese, os crimes de sonegação e fraude, tipificados no art. 71 e no art. 72 da Lei 4.502/1964. 41. Esclareceu, também, que não houve no lançamento qualquer espécie de arbitramento, portanto, é equivocada a alegação de violação ao art. 148 do CTN. Foram utilizados os valores de receita da atividade do contribuinte registrado em seus arquivos digitais. 42. O evidente intuito de fraude e sonegação, nos termos dos Art. 71 e 72 da Lei 4.502/1964, como por exemplo, a transmissão de DIPJ, DACON e DCTF zeradas, ou ainda com a redução significativa dos valores de débitos declarados no sentido de igualálos aos valores recolhidos em DARF, objetivando com isso a obtenção sem restrições, diretamente no site RFB na internet, de Certidões Positivas com Efeitos de Negativa. 43. Quanto aos valores contabilizados pelo Contribuinte a Fiscalização esclareceu que a Receita Federal do Brasil RFB somente tem acesso à contabilidade do sujeito passivo após instaurado um procedimento regular de fiscalização ou diligência tendente a apurar e lançar de ofício possíveis créditos tributários, ou seja, após identificado, com base no cruzamento das informações prestadas pelos contribuintes em DIPJ, DACON e DCTF com as demais informações de terceiros, dentre elas a DIRF, algum indício de que o mesmo não tenha observado o correto cumprimento das obrigações tributárias, inclusive no que concerne a condutas passíveis de serem enquadradas como sonegação. Fl. 1841DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.842 19 44. Logo, no caso em questão, os indícios de sonegação foram identificados pela RFB quando do confronto entre as informações contidas nas declarações acima citadas, e apenas confirmados, no curso da Fiscalização, a partir da análise das informações contábeis constantes nos arquivos digitais, ou seja, muito tempo após o momento em que o sujeito passivo praticou os atos de omissão de suas receitas. 45. Sobre a retificação da DCTF pelo Contribuinte, que alegou ter entendido que estava submetido a uma tributação menor – de 1%, esse argumento não procede, pois no anocalendário de 2009 o Contribuinte não auferiu receita com tributação favorecida (PMCMV) e não formalizou qualquer pedido de parcelamento, porém informou em DIPJ e DACON receitas em montante inferior ao que de fato realizou, bem como declarou de forma insuficiente em DCTF os débitos dos referidos tributos federais. 46. No anocalendário de 2010, a Autoridade Fiscal observou que o contribuinte transmitiu a 3a DCTF retificadora reduzindo o valor dos débitos de PIS e COFINS relativos aos meses de janeiro e fevereiro de 2010 para o patamar de 1% do valor devido desses tributos, efetuando o recolhimento por meio de DARF comum (código 8109 e 2172), ou seja, isso nada tem a ver com o Pagamento Unificado de Tributos aplicáveis às Construções no âmbito do PMCMV (código 1068), os quais somente se iniciaram a partir de abril/2010 e são apurados a partir da aplicação da alíquota de 1% sobre essas receitas. 47. Acrescenta a Autoridade Fiscal que, mesmo após as conclusões registradas no Relatório de Diligência Fiscal, com as exclusões das receitas com tributação favorecida (PMCMV) e os valores parcelados/inscritos em Dívida Ativa da União, e ainda considerando os recolhimentos em DARF não aproveitados no Lançamento de Ofício, observase que a empresa, ainda assim, retificou as DCTF do último trimestre de 2010 para valores irrisórios, quando comparados aos valores devidos, no sentido de igualálos aos valores recolhidos em DARF e, com isso, tentar passar despercebido aos olhos do Fisco, além de beneficiarse com a emissão automática e sem restrições pela internet de Certidões Positivas com Efeitos de Negativa. 48. A esses elementos, a Autoridade Fiscal adicionou que não houve por parte do Contribuinte mesmo um simples pedido de parcelamento espontâneo, o que ocorreu na prática foi uma tentativa frustrada de beneficiarse Fl. 1842DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.843 20 de créditos fundados em um suposto direito a títulos da dívida pública, comprados de terceiros com intenção de utilizálos para suspender a exigibilidade dos débitos declarados por intermédio da 5a DCTF Retificadora. 49. Explicou que a dinâmica perpetrada pelo Contribuinte consistiu em declarar débitos no período de janeiro a setembro/2010, vinculandoos à condição de exigibilidade suspensa, informando ser autor da ação judicial n° 20093.400013/4966, que tramitava na 18a Vara Federal no Distrito Federal/DF, e ainda efetuou depósitos judiciais irrisórios, no valor de R$ 15,00 (quinze reais), para, dessa forma, passar despercebido pelos sistemas de cobrança da Receita Federal. 50. A referida declaração de débitos foi submetida, por intermédio do processo 10469.721511/201186, à análise do Grupo de Acompanhamento Judicial GAJ da DRF/Natal que concluiu, em 16/03/2011, serem tais débitos plenamente exigíveis no valor originário de R$ 739.656,53, tendo em vista a inexistência no processo citado de qualquer medida judicial que franqueasse sua suspensão, tampouco trânsito em julgado da ação ou mesmo depósito do montante integral, sendo, então, iniciado em 08/04/2011 o procedimento de cobrança administrativa. 51. Em 16/09/2011 o Contribuinte formalizou o seu primeiro pedido de parcelamento (fls.170 a 186), confessando de forma irretratável a dívida perante a Receita Federal. 52. O processo 10469.721511/201186 foi rescindido por inadimplência, e então o Contribuinte ingressou com pedido de reparcelamento (processo 10469.727246/201221), que também foi rescindido por inadimplência, sendo o saldo remanescente dos débitos inscrito em Dívida Ativa da União no dia 12/04/2013. 53. A Autoridade Fiscal também discorreu sobre o seminário intitulado “Prevenção à Fraude Tributária com Títulos Públicos Antigos”, realizado em Brasília no dia 22/06/2012 pela Receita Federal do Brasil, ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, Secretaria do Tesouro Nacional e Ministério Público Federal, que culminou com o lançamento de uma cartilha tratando desse tema. Fl. 1843DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.844 21 54. Portanto, para a Autoridade Fiscal restou comprovado, tanto no curso da Fiscalização como na presente Diligência Fiscal, que a empresa M & K. COM E CONSTRUÇÕES LTDA, por intermédio de seus sócios administradores, realizou um conjunto de atos, ordenados e conscientes, com o objetivo claro de omitir de forma sistemática as receitas operacionais auferidas em suas atividades, bem como tentou utilizarse de expediente considerado pelos órgãos fiscalizadores como fraude para fins de extinção de débitos federais declarados em DCTF. 55. Não há nos autos do processo manifestação do Contribuinte, ou dos responsáveis pelo crédito tributário, quanto aos resultados da diligência empreendida pela Autoridade Fiscal. Analisando as impugnações apresentadas o colegiado a quo julgouas parcialmente procedentes, exonerando somente parcela do crédito tributário referente a receitas do programa “Minha Casa, Minha Vida” que haviam sido reconhecidas na escrituração contábil, e devidamente oferecidas à tributação, bem como débitos confessados em pedido de parcelamento apresentado antes do início do procedimento fiscal. Mantevese, contudo, a responsabilidade tributária que foi atribuída aos coobrigados. O contribuinte foi intimado da decisão em 10 de setembro de 2014 (fl. 1.624), apresentando em 07 de outubro de 2014 recurso voluntário de fls. 1.6261.682, reafirmando, em resumo, os termos de sua de sua impugnação. Não identifiquei nos autos intimações dirigidas aos coobrigados para ciência da decisão da DRJ. Contudo, constam recursos voluntários às fls. 1.6851.741 e e às fls. 1.744 1.79, interpostos em 14 de outubro de 2014 respectivamente pelos coobrigados FERNANDO MARINHO e ALEXANDRE MAGNO FERNANDES DE SOUZA. Todos os recursos voluntários possuem absolutamente o mesmo teor, cujos pedidos reproduzemse a seguir: a) que seja anulado o auto de infração por vício material consubstanciado no fato de o autiro fiscal não ter considerado as receitas do programa minha casa minha vida e os valores pagos, declarados e confessados, ensejando que o alnaçmento não pode ser retificado no seu aspecto quantitativo sem que isso afete a higidez do seu objeto; b) que seja anulado o auto de infração por vício formal, determinando queo lançamento seja feito excluindose todos os valores pagos, declarados, confessados e as receitas do programa minha casa minha vida determinando a incidência de multa de 20%; c) que seja julgado procedente o pedido para que o lançamento exclua todos os valores pagos, declarados, confessados com a redução da multa para 20%, tendo em vista que os valores foram declarados ao Fisco; Fl. 1844DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.845 22 d) que seja julgado procedente o pedido para exclusão da multa, tendo em vista que os elementos apontam para a retificação justificada de declarações, inclusive pela adequação ao programa minha casa minha vida, que foi reconhecido; e) que seja julgado procedente o pedido para excluir a solidariedade dos sócios; f) que seja julgado procedente o pedido para excluir elementos de dolo no presente caso. É o relatório. Fl. 1845DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.846 23 Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE O recurso voluntário apresentado pelo contribuinte é tempestivo e assinado por procurador devidamente habilitado. Preenchidos os demais pressupostos de admissibilidade, dele, portanto, tomo conhecimento. Quanto ao recurso dos coobrigados, em que pese a não identificação de intimações para cientificálos da decisão de primeira instância, o comparecimento desses aos autos, mediante apresentação de recursos voluntários, supre a deficiência na instrução processual, nos termos do § 5º do art. 26 da Lei nº 9.784, de 19991. Deles, portanto, tomo também conhecimento. Em relação ao recurso de ofício, os requisitos legais também mostramse atendidos, dele, portanto, conheço. 2 PRELIMINARES DE NULIDADE DO LANÇAMENTO Para os recorrentes, os autos de infração seriam nulos em razão de a autoridade fiscal autuante não ter efetuado a dedução dos valores já recolhidos espontaneamente pelo contribuinte, de valores já confessados em declarações e pedidos de parcelamento bem como pelo lançamento com base em arbitramento em descompasso com o disposto no art. 148 do CTN. Os pressupostos legais para a validade do auto de infração são determinados pelo art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, que trata do Processo Administrativo Fiscal, a seguir transcrito: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; 1 Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências. [...] § 5º As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade. Fl. 1846DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.847 24 V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de 30 (trinta) dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. A respeito da nulidade, o mesmo diploma legal assim dispõe: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1.º. A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2.º. Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3.º. Quando puder decidir o mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Acrescido pelo art. 1.º da Lei n.º 8.748/1993) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. (grifo nosso) Art. 61. A nulidade será declarada pela autoridade competente para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade. Compulsando o processo, constatase que os autos de infração lavrados preenchem os requisitos elencados pelo art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972. Além disso, no caso concreto, não há qualquer dúvida quanto à ausência de prejuízo ao contribuinte e coobrigados, tanto que, já em sede de impugnação defenderamse plenamente, despendendo com clareza e qualidade, todos os argumentos necessários ao pleno exercício de suas defesas. Portanto, não há que se falar em cerceamento de defesa. Isso porque, não se constata qualquer prejuízo ao pleno exercício do contraditório e da ampla defesa por parte da dos recorrentes, aliás, prejuízo esse primordial à caracterização de nulidade, conforme apregoa o art. 60 do Decreto nº 70.235/72: “As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo”. Assim sendo, sob os aspectos formais, não há qualquer mácula no auto de infração lavrado. Fl. 1847DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.848 25 Ademais, todos esses temas tratados pelos recorrentes dizem respeito ao mérito da exigência e, se confirmados, redundarão em cancelamento parcial ou integral da exigência, não caracterizando qualquer hipótese de nulidade do lançamento. Assim sendo, voto por rejeitar a preliminar de nulidade. 3 RECURSO DE OFÍCIO A maior parte do crédito tributário objeto de recurso de ofício se deve a valores já objeto de apuração e recolhimento por parte do contribuinte. Vejase excerto da decisão recorrida a esse respeito: 81. A argumentação defendida pela Impugnante lastreada no Programa Minha Casa, Minha Vida é parcialmente procedente. Após a realização da diligência fiscal, a própria Autoridade Lançadora verificou, conforme “Relatório de Diligência Fiscal”, a existência de receitas auferidas dentro do Programa Minha Casa, Minha Vida, conforme trechos a seguir transcritos: 5. Analisando os documentos apresentados (Notas Fiscais Eletrônicas do Exercício de 2010 e quatro contratos, todos firmados em 2010, com a Caixa Econômica Federal), concluímos que de fato a empresa M & K COM E CONSTRUÇÕES LTDA auferiu receita, somente no AC 2010, na condição de prestador de serviços de construção de unidades habitacionais, contratadas no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida PMCMV, atendendo, em partes, os termos da legislação de regência à época do fato gerador para fins de tributação diferenciada, qual seja: o Art. 2o da Lei 12.024 de 27/08/2009, regulamentado pelos Art 12 a 15 da Seção II da Instrução Normativa IN SRF 934 de 27/04/2009, a seguir transcritos: (...) 9. Destarte, em que pese o fato de o contribuinte, utilizandose das condutas acima descritas, omitir do Fisco Federal o conhecimento de suas receitas, inclusive essas, com tributação favorecida, situações que corroboram com a decisão da Fiscalização pela qualificação da multa de ofício, entendemos, à luz do Princípio da Verdade Material, que tais receitas, auferidas com a prestação de serviços de construção no âmbito do PMCMV, devam ser apartadas das demais receitas tributadas sob a sistemática do lucro presumido para fins de tributação favorecida, com aplicação da regra definida pelo Art 12 IN SRF 934 de 27/04/2009, acima transcrito, cujos recolhimentos em DARF, código de Receita 1068, Fl. 1848DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.849 26 apresentados em sede de contencioso administrativo são suficientes para extinguir o respectivo crédito tributário. (...) [grifos da decisão recorrida] 82. Assim, parte do crédito tributário lançado, referente apenas ao anocalendário de 2010, será exonerada, de acordo com o que foi auditado pela Autoridade Fiscal, conforme detalhado no “Relatório de Diligência Fiscal” e nas planilhas apresentadas. Registrese que a Impugnante não se manifestou contra os valores apurados pela Autoridade Lançadora após a diligência realizada. Nesse ponto, não há qualquer reparo a ser feito na decisão da DRJ, uma vez que a própria autoridade fiscal autuante, em procedimento de diligência, confirmou que o contribuinte já houvera apurado o tributo devido em relação às receitas auferidas no âmbito do “Programa Minha Casa, Minha Vida”, tributando em regime especial previsto no art. 2º da Lei 12.024, de 27/08/2009, nos exatos termos dos arts. 12 a 15 da Instrução Normativa RFB nº 934, de 27/04/2009, qual seja, aplicandose 1% sobre as receitas correspondentes. Em relação aos pedidos de compensação, assim esclareceu a unidade de origem por meio da diligência requisitada pela DRJ: 11. Quanto a questão do parcelamento de débitos levantada pelo contribuinte, consultamos a Seção de Controle e Acompanhamento Tributário SACAT da DRF/Natal e fomos informados que, no momento da consulta (31/03/2013), o contribuinte não possuía parcelamento convencional ou simplificado ativos, e que somente possuía parcelamento da Lei 11.941/2009, porém este não abrange débitos dos anoscalendário de 2009 e 2010. 12. Fomos informados ainda pela SACAT, que no dia 16/09/2011 o contribuinte formalizou pedido de parcelamento por intermédio do processo 10.469.721511/201186, sendo o mesmo rescindido automaticamente por inadimplência em 08/02/2012, e que, no dia 09/07/2012 o contribuinte formalizou pedido de reparcelamento desses débitos (Pedido de Parcelamento PePar juntados como anexos à Impugnação) tendo sido este desmembrado para o processo 10.469.727246/201221 para fins de controle dos débitos. 13. O referido reparcelamento foi rescindido automaticamente por inadimplência em 26/03/2013, sendo em seguida enviado para a Procuradoria da Fazenda Nacional — PFN no Rio Grande do Fl. 1849DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.850 27 Norte para fins de inscrição do saldo remanescente dos débitos em Dívida Ativa da União, o que ocorreu em 12/04/2013. 14. Sendo assim, a conclusão que chegamos é que de fato existem débitos relativos aos tributos e períodos de apuração objeto dos Autos de Infração que foram incluídos em parcelamentos / Dívida Ativa da União, e, portanto, os mesmos devem ser excluídos do Lançamento de Ofício no montante discriminado no quadro abaixo: (...) 15. Para fins de apuração, na sistemática do Lucro Presumido, dos valores de débitos remanescentes em seus valores originais, ou seja, sem aplicação da multa de ofício e juros de mora, e após a exclusão das receitas auferidas com a prestação de serviços de construção no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida PMCMV, bem como dos valores de débitos parcelados/inscritos em Dívida Ativa da União, elaboramos um conjunto de planilhas, anexas ao presente Relatório de Diligência Fiscal, de modo a responder de forma conclusiva as principais indagações formuladas pela Resolução 379 da 3a Turma da DRJ/SP 1. Como a decisão recorrida acatou os cálculos elaborados pela unidade de origem, resta evidente que tanto os valores objeto de tributação no RET (receitas do “Programa Minha Casa, Minha Vida”), quanto os débitos objeto de pedido de parcelamento foram cancelados pela decisão recorrida de maneira absolutamente acertada. Por essas razões, voto por negar provimento ao recurso de ofício. Como consequência, em relação ao lançamento de ofício, não há que se falar em redução da penalidade para 20% em relação aos débitos confessados, uma vez que tais valores devem ser excluídos para fins de determinação do crédito tributário devido pela pessoa jurídica. 4 RECURSO VOLUNTÁRIO A exigência diz respeito a omissão de receitas com base em divergência entre os valores escriturados e os declarados em DIPJ. Vejase a diferença apontada pelo Fisco em cada um dos anoscalendário objeto de lançamento, conforme tabela contida no Relatório Fiscal que fundamenta a exigência (fl. 213): Fl. 1850DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.851 28 Receita Receita Bruta Contabilidade (Conta (DIPJ) Divergência 41102001) 1º trimestre 2.811.658,71 2.811.661,66 2º trimestre 6.338.250,39 6.338.250,59 3º trimestre 7.290.087,65 5.679.824,17 1.610.263,48 4º trimestre 10.383.523,08 7.687.118,67 2.696.404,41 Total 2009 26.823.519,83 22.516.855,09 4.306.664,74 Receita Receita Bruta Contabilidade (Conta (DIPJ) Divergência 41102001) 1º trimestre 9.429.405,97 9.429.405,97 2º trimestre 6.567.165,16 6.567.165,16 3º trimestre 11.624.864,07 11.624.864,07 4º trimestre 18.970.114,23 18.970.114,23 Total 2010 46.591.549,43 46.591.549,43 Tais fatos foram contestados pelos recorrentes com base em supostas retificações de declarações que demonstrariam não ter havido qualquer omissão, além de pedido de parcelamento e recolhimentos efetuados antes do início do procedimento fiscal. A respeito das supostas retificações de declarações e dos pedidos de parcelamento, embora os recorrentes tenham mantido seus argumentos já apresentados em impugnação, aparentemente não atentaram que esses foram rechaçados pela decisão de primeira instância. Isso porque não trouxeram qualquer nova alegação tentando alterar as conclusões da decisão de primeira instância no sentido de que as declarações se deram tão somente reduzindo os já parcos valores declarados em DCTF, e os valores objeto de pedidos de parcelamento já foram excluídos do lançamento por ocasião da decisão recorrida matéria, inclusive, objeto de recurso de ofício cuja proposta de voto deste relator é de negarlhe provimento. A respeito das retificações de DCTF, destaco o consignado pela unidade local em procedimento de diligência e constante do relatório da decisão da DRJ: 45. Sobre a retificação da DCTF pelo Contribuinte, que alegou ter entendido que estava submetido a uma tributação menor – de 1%, esse argumento não procede, pois no anocalendário de 2009 o Contribuinte não auferiu receita com tributação favorecida (PMCMV) e não formalizou qualquer pedido de parcelamento, porém informou em DIPJ e DACON receitas em montante inferior ao que de fato realizou, bem como declarou de forma insuficiente em DCTF os débitos dos referidos tributos federais. 46. No anocalendário de 2010, a Autoridade Fiscal observou que o contribuinte transmitiu a 3a DCTF retificadora reduzindo o valor dos débitos de PIS e COFINS relativos aos meses de janeiro e fevereiro de Fl. 1851DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.852 29 2010 para o patamar de 1% do valor devido desses tributos, efetuando o recolhimento por meio de DARF comum (código 8109 e 2172), ou seja, isso nada tem a ver com o Pagamento Unificado de Tributos aplicáveis às Construções no âmbito do PMCMV (código 1068), os quais somente se iniciaram a partir de abril/2010 e são apurados a partir da aplicação da alíquota de 1% sobre essas receitas. 47. Acrescenta a Autoridade Fiscal que, mesmo após as conclusões registradas no Relatório de Diligência Fiscal, com as exclusões das receitas com tributação favorecida (PMCMV) e os valores parcelados/inscritos em Dívida Ativa da União, e ainda considerando os recolhimentos em DARF não aproveitados no Lançamento de Ofício, observase que a empresa, ainda assim, retificou as DCTF do último trimestre de 2010 para valores irrisórios, quando comparados aos valores devidos, no sentido de igualálos aos valores recolhidos em DARF e, com isso, tentar passar despercebido aos olhos do Fisco, além de beneficiarse com a emissão automática e sem restrições pela internet de Certidões Positivas com Efeitos de Negativa. 48. A esses elementos, a Autoridade Fiscal adicionou que não houve por parte do Contribuinte mesmo um simples pedido de parcelamento espontâneo, o que ocorreu na prática foi uma tentativa frustrada de beneficiarse de créditos fundados em um suposto direito a títulos da dívida pública, comprados de terceiros com intenção de utilizálos para suspender a exigibilidade dos débitos declarados por intermédio da 5a DCTF Retificadora. 49. Explicou que a dinâmica perpetrada pelo Contribuinte consistiu em declarar débitos no período de janeiro a setembro/2010, vinculandoos à condição de exigibilidade suspensa, informando ser autor da ação judicial n° 20093.400013/4966, que tramitava na 18a Vara Federal no Distrito Federal/DF, e ainda efetuou depósitos judiciais irrisórios, no valor de R$ 15,00 (quinze reais), para, dessa forma, passar despercebido pelos sistemas de cobrança da Receita Federal. 50. A referida declaração de débitos foi submetida, por intermédio do processo 10469.721511/201186, à análise do Grupo de Acompanhamento Judicial GAJ da DRF/Natal que concluiu, em Fl. 1852DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.853 30 16/03/2011, serem tais débitos plenamente exigíveis no valor originário de R$ 739.656,53, tendo em vista a inexistência no processo citado de qualquer medida judicial que franqueasse sua suspensão, tampouco trânsito em julgado da ação ou mesmo depósito do montante integral, sendo, então, iniciado em 08/04/2011 o procedimento de cobrança administrativa. 51. Em 16/09/2011 o Contribuinte formalizou o seu primeiro pedido de parcelamento (fls.170 a 186), confessando de forma irretratável a dívida perante a Receita Federal. 52. O processo 10469.721511/201186 foi rescindido por inadimplência, e então o Contribuinte ingressou com pedido de reparcelamento (processo 10469.727246/201221), que também foi rescindido por inadimplência, sendo o saldo remanescente dos débitos inscrito em Dívida Ativa da União no dia 12/04/2013. 53. A Autoridade Fiscal também discorreu sobre o seminário intitulado “Prevenção à Fraude Tributária com Títulos Públicos Antigos”, realizado em Brasília no dia 22/06/2012 pela Receita Federal do Brasil, ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, Secretaria do Tesouro Nacional e Ministério Público Federal, que culminou com o lançamento de uma cartilha tratando desse tema. 54. Portanto, para a Autoridade Fiscal restou comprovado, tanto no curso da Fiscalização como na presente Diligência Fiscal, que a empresa M & K. COM E CONSTRUÇÕES LTDA, por intermédio de seus sócios administradores, realizou um conjunto de atos, ordenados e conscientes, com o objetivo claro de omitir de forma sistemática as receitas operacionais auferidas em suas atividades, bem como tentou utilizarse de expediente considerado pelos órgãos fiscalizadores como fraude para fins de extinção de débitos federais declarados em DCTF. Portanto, embora alegado pelos recorrentes, não há qualquer prova no sentido de que as retificadoras apresentadas indicassem os débitos objeto de lançamento, ao menos em parte. Aliás, muito pelo contrário, pelo resultado da diligência realizada, constatase que as retificadoras em questão inclusive diminuíram os valores originalmente declarados. No que diz respeito aos valores recolhidos e não declarados em DCTF, não deduzidos no lançamento, entendo que o recurso voluntário deva ser provido parcialmente. Fl. 1853DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.854 31 Não basta a dedução dos valores no momento de quitação dos débitos lançados, pois com tal procedimento seriam mantidas as multas de ofício lançadas, o que não se mostra razoável. A respeito da cobrança de multa em casos de valores recolhidos e não confessados em declarações da RFB, há pronunciamento da própria Receita Federal sobre a necessidade de seu cancelamento. Vejase a conclusão da Solução de Consulta Interna Cosit nº 8, de 30 de abril de 2007: 14. Diante do exposto, concluise que o indébito decorrente de pagamento de tributo a maior do que o informado pelo contribuinte em DCTF, DIRPF ou declaração de ITR, não deverá ser considerado para efeito de aproveitamento/utilização na apuração do tributo devido, devendo o respectivo crédito tributário ser constituído de ofício em sua totalidade. 15. Comprovando o contribuinte na impugnação que já pagou o tributo lançado, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento poderá exonerálo da multa de ofício, quando o pagamento houver sido tempestivo. Com o cancelamento da penalidade, não há prejuízo algum aos recorrentes que os tributos lançados e já recolhidos sejam exigidos, devendo a unidade de origem deduzir tais valores para efeitos de cobrança, evitandose, assim que se possibilite eventual pedido de restituição em razão da não constituição do crédito tributário. 4.1 MULTA DE OFÍCIO No caso dos autos, foi aplicada a multa de 150%, prevista no art. 44 da Lei nº 9.430 de 1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, verbis: Art. 14. O art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação, transformandose as alíneas a, b e c do § 2o nos incisos I, II e III: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Fl. 1854DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.855 32 Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. [...] Como visto, nos termos do § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996, só é admitida a aplicação da multa no percentual de 150%, nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964, que assim dispõem: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente; Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos artigos 71 e 72. Desse modo, a multa de 150% terá aplicação sempre que em procedimento fiscal constatarse a ocorrência de sonegação, fraude ou conluio. Vêse que, para enquadrar determinado ilícito fiscal nos dispositivos dessa lei, há necessidade que esteja caracterizado o dolo. O dolo, que se relaciona com a consciência e a vontade de agir, é elemento de todos os tipos penais de que trata a Lei nº 4.502/64, ou seja, a vontade de praticar a conduta, para a subsequente obtenção do resultado. Deve ficar demonstrada que a conduta praticada teve o intuito consciente voltado a suprimir ou reduzir o pagamento do tributo ou contribuições devidos. No caso concreto, convém novamente destacar os valores de receitas efetivamente auferidas pelo contribuinte, conforme sua escrituração contábil, e os valores informados para a Receita Federal, mas não só por meio das DIPJ transmitidas: Fl. 1855DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.856 33 Receita Receita Bruta Contabilidade (Conta (DIPJ) Divergência 41102001) 1º trimestre 2.811.658,71 2.811.661,66 2º trimestre 6.338.250,39 6.338.250,59 3º trimestre 7.290.087,65 5.679.824,17 1.610.263,48 4º trimestre 10.383.523,08 7.687.118,67 2.696.404,41 Total 2009 26.823.519,83 22.516.855,09 4.306.664,74 Receita Receita Bruta Contabilidade (Conta (DIPJ) Divergência 41102001) 1º trimestre 9.429.405,97 9.429.405,97 2º trimestre 6.567.165,16 6.567.165,16 3º trimestre 11.624.864,07 11.624.864,07 4º trimestre 18.970.114,23 18.970.114,23 Total 2010 46.591.549,43 46.591.549,43 Em relação aos terceiro e quarto trimestres do anocalendário de 2009, as receitas omitidas foram 22,09% e 25,97%, respectivamente. No anocalendário inteiro, as receitas omitidas correspondem a 16,06% das receitas auferidas. Já em relação ao anocalendário de 2010, há de se levar em consideração outros fatores. No caso concreto, convém novamente destacar os valores de receitas efetivamente auferidas pelo contribuinte, conforme sua escrituração contábil, e os valores informados para a Receita Federal, mas não só por meio das DIPJ transmitidas, uma vez que o contribuinte recolheu os tributos devidos que incidem sobre as receitas sujeitas a tributação favorecida (Programa Minha Casa Minha Vida, cujo valor devido de tributos é de 1% da receita auferida) e também parcelou débitos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins: Receitas com Tributação Favorecida (PMCMV) (a) Receita ref. a Tributos Parcelados (b) TOTAL DAS RECEITAS (c) RECEITAS OMITIDAS (d) jan/10 858.863,67 867.538,84 8.675,17 fev/10 2.785.502,00 2.813.638,31 28.136,31 mar/10 512.874,33 5.748.228,82 5.235.354,49 abr/10 1.024.592,88 1.206.537,67 2.253.667,33 22.536,78 mai/10 1.067.002,32 1.069.547,67 2.158.131,45 21.581,46 jun/10 1.187.284,61 926.728,00 2.155.366,38 41.353,77 jul/10 1.940.812,40 1.015.598,00 2.986.273,03 29.862,63 ago/10 3.168.036,23 851.854,67 4.063.495,83 43.604,93 set/10 2.525.541,71 2.003.802,67 4.575.095,21 45.750,83 out/10 3.929.815,64 5.201.702,36 1.271.886,72 nov/10 5.003.254,49 5.863.014,49 859.760,00 dez/10 6.061.909,84 7.905.397,38 1.843.487,54 25.908.250,12 11.231.308,67 46.591.549,43 9.451.990,64 (a) Conforme Relatório Fiscal fl. 1537. Fl. 1856DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.857 34 (b) Com base no valor dos débitos parcelados (Relatório Fiscal fl. 1538). Tomouse como base que o valor confessado de Cofins é de 3% da Receita Bruta correspondente. (c) Conforme Relatório Fiscal fl. 1537. (d) Total de Receitas (c) diminuída das receitas já oferecidas à tributação [(a) + (b)]. Devese observar que o contribuinte efetivamente auferiu pouco mais de R$ 46 milhões de reais de receitas, não oferecendo à tributação pouco mais de 20% dessas receitas. Nesse cenário, não me convenço de que tenha havido dolo por parte do contribuinte. Os atos praticados parecem se amoldar melhor à hipótese de declaração inexata tratada no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, situação em que a multa de ofício cabível é a de 75%. Com efeito, entendo que o recurso deva ser provido para reduzir a penalidade ao percentual de 75%. 4.2 DA RESPONSABILIDADE DOS COOBRIGADOS As alegações de defesa partem do princípio de que o simples inadimplemento de tributos não pode levar à responsabilização dos representantes legais da pessoa jurídica, não sendo aplicável o art. 124 do CTN em caso de inexistência de interesse jurídico na ocorrência do fato gerador, e não de interesse financeiro. Pois bem, passo à análise do tema. Justamente por não ter sido definida pela lei, a expressão “interesse comum” é imprecisa, questionável, abstrata e mostrase inadequada para expor com exatidão a condição em que se colocam aqueles que participam da realização do fator gerador. Daí a fragilidade do inciso I, do mencionado art. 124, do CTN; muitas vezes utilizado de forma equivocada para estabelecer uma espécie de sujeição passiva de forma indireta. Para que haja solidariedade com supedâneo no art. 124, I do CTN, é preciso que todos os devedores tenham um interesse focado exatamente na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária. Ainda que mais de uma pessoa tenha interesse comum em algum fato, para que haja solidariedade tributária é necessário que o objeto deste interesse recaia sobre a realização do fato que tem a capacidade de gerar a tributação. 2 Mais ainda, é necessário que o interesse comum não seja simplesmente econômico, mas sim jurídico, entendendose como tal aquele derivado de uma relação jurídica de qual o sujeito de direito seja parte integrante, e que interfira em sua esfera de direitos e deveres e o legitima a postular em juízo em defesa do seu interesse. No caso concreto, não há como se apontar a existência de interesse jurídico dos coobrigados na realização do fato gerador. Em relação à responsabilidade tributária com base no art. 135 do CTN, entendo também não ser o caso. 2 BARCELOS, Soraya Marina. Os Limites da Obrigação Tributária Solidária Prevista no art. 124 do Código Tributário Nacional e o Princípio da Preservação da Empresa. Disponível em http://www.mcampos.br/posgraduacao/Mestrado/dissertacoes/2011. Acesso em 31/08/2012. Fl. 1857DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.858 35 Isso porque, afastado o dolo em razão da redução da penalidade para 75%, estamos diante de mero inadimplemento de crédito tributário. A esse respeito, a jurisprudência do STJ é pacífica no sentido da impossibilidade de responsabilização dos administradores da pessoa jurídica, entendimento que pode ser resumido com a transcrição do Enunciado nº 430 da Súmula do STJ: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sóciogerente. Mais recentemente, julgouse a matéria sob a égide do disposto no art. 543C do CPC/1973 (“recurso repetitivo”), sendo que a Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.101.728/SP, de Relatoria do Ministro Teori Albino Zavascki, consolidou entendimento segundo o qual “a simples falta de pagamento do tributo não configura, por si só, nem em tese, circunstância que acarreta a responsabilidade subsidiária do sócio, prevista no art. 135 do CTN. É indispensável, para tanto, que tenha agido com excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato social ou ao estatuto da empresa”. Por essas razões, voto por prover os recursos voluntários para afastar a responsabilidade tributária dos coobrigados. 4.3 LANÇAMENTOS REFLEXOS Os lançamentos do Programa de Integração Social PIS, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL foram lavrados em decorrência da omissão de receita apurada. Assim, mantido o lançamento quanto ao IRPJ, e não tendo fatos ou argumentos novos a ensejar conclusão diversa, é de se manter também essas exigências, ante a íntima relação e causa e efeito. Há disposição legal expressa de que a receita omitida seja incluída na base de cálculo da CSLL, PIS e COFINS, conforme dispõe o § 2º do art. 24 da Lei nº 9.249/1995, verbis: Art. 24. Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no períodobase a que corresponder a omissão. (...) § 2º. O valor da receita omitida será considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para a seguridade social COFINS e da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP. Diante do exposto, os lançamentos reflexos a que refere o recurso voluntário devem ser mantidos. Fl. 1858DF CARF MF Processo nº 10469.724756/201327 Acórdão n.º 1301002.630 S1C3T1 Fl. 1.859 36 5 CONCLUSÃO Isso posto, voto por negar provimento ao recurso de ofício e, em relação ao recurso voluntário: (I) rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento; e, (II) no mérito, dar provimento parcial para (i) cancelar as multas de ofício sobre os valores lançados, mas recolhidos espontaneamente pela pessoa jurídica; (ii) reduzir a multa para o percentual de 75% e (iii) excluir a responsabilidade atribuída aos coobrigados. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 1859DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.100782/2009-94
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Dec 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008
CONTRIBUIÇÕES NÃO CUMULATIVAS. CONCEITO DE INSUMO.
O termo insumo utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais.
No caso julgado, são exemplos de insumos os gastos realizados com os equipamentos de proteção individual.
Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-005.609
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, para excluir o creditamento sobre os gastos realizados com o tratamento de resíduos industriais, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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CONCEITO DE INSUMO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado H. KUNTZLER & CIA. LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÕES NÃO CUMULATIVAS. CONCEITO DE INSUMO. O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. No caso julgado, são exemplos de insumos os gastos realizados com os equipamentos de proteção individual. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial, para excluir o creditamento sobre os gastos realizados com o tratamento de resíduos industriais, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 10 07 82 /2 00 9- 94 Fl. 393DF CARF MF Processo nº 11065.100782/200994 Acórdão n.º 9303005.609 CSRFT3 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional PFN contra o Acórdão nº 3102001.604, que deu provimento parcial ao recurso voluntário para: · reconhecer o direito de crédito das contribuições sobre as aquisições de equipamentos de proteção individual; · reconhecer o direito de crédito das contribuições sobre os gastos incorridos com o tratamento de resíduos industriais. No recurso especial, a PFN insurgese contra o reconhecimento do direito de crédito sobre os itens acima identificados. Seu principal argumento é o de que tais insumos não foram diretamente utilizados na fabricação do produto, não podendo, desta forma, originar créditos da contribuição. O recurso especial da Fazenda Nacional foi admitido mediante despacho do Presidente da Câmara competente e a contribuinte apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.601, de 19/09/2017, proferido no julgamento do processo 11065.003652/200581, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.601): "Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial interposto pela PFN deve ser conhecido. Com efeito, enquanto o acórdão recorrido aplicou o conceito intermediário de insumos, de molde a permitir o creditamento sobre alguns gastos realizados pela contribuinte, o segundo paradigma, o Acórdão de nº 20219.127, aplicou o conceito mais estrito, nos moldes em que adotado nos atos normativos expedidos pela RFB. Conhecido, passamos à análise do mérito do litígio. Fl. 394DF CARF MF Processo nº 11065.100782/200994 Acórdão n.º 9303005.609 CSRFT3 Fl. 4 3 Depois de longos debates, passamos a adotar, para o conceito de insumos do PIS/Cofins no regime da não cumulatividade, o entendimento hoje majoritário que, entre outras decisões, se encontra encartado no voto proferido pelo il. Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, nos autos do processo administrativo n.º 11065.101271/200647 (Acórdão 3ª Turma/CSRF nº 930301.035, sessão de 23/10/2010), daí por que passamos a transcrever os seus fundamentos e adotálos como razão de decidir. Eilos: A questão que se apresenta a debate diz respeito à possibilidade ou não de se apropriar como crédito de PIS/Pasep dos valores relativos a custos com combustíveis, lubrificantes e com a remoção de resíduos industriais. O deslinde está em se definir o alcance do termo insumo, trazido no inciso II do art. 3º da Lei 10.637/2002. A Secretaria da Receita Federal do Brasil estendeu o alcance do termo insumo, previsto na legislação do IPI (o conceito trazido no Parecer Normativo CST n° 65/79), para o PIS/Pasep e a para a Cofins não cumulativos. A meu sentir, o alcance dado ao termo insumo, pela legislação do IPI não é o mesmo que foi dado pela legislação dessas contribuições. No âmbito desse imposto, o conceito de insumo restringese ao de matériaprima, produto intermediário e de material de embalagem, já na seara das contribuições, houve um alargamento, que inclui até prestação de serviços, o que demonstra que o conceito de insumo aplicado na legislação do IPI não tem o mesmo alcance do aplicado nessas contribuições. Neste ponto, socorro me dos sempre precisos ensinamentos do Conselheiro Júlio Cesar Alves Ramos, em minuta de voto referente ao Processo n° 13974.000199/200361, que, com as honras costumeiras, transcrevo excerto linhas abaixo: Destarte, aplicada a legislação do ao caso concreto, tudo o que restaria seria a confirmação da decisão recorrida. Isso a meu ver, porém, não basta. É que, definitivamente, não considero que se deva adotar o conceito de industrialização aplicável ao IPI, assim como tampouco considero assimilável a restritiva noção de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem lá prevista para o estabelecimento do conceito de ‘insumos’ aqui referido. A primeira e mais óbvia razão está na completa ausência de remissão àquela legislação na Lei 10.637. Em segundo lugar, ao usar a expressão ‘insumos’, claramente estava o legislador do PIS ampliando aquele conceito, tanto que ai incluiu ‘serviços’, de nenhum modo enquadráveis como matérias primas, produtos intermediários ou material de embalagem. Ora, uma simples leitura do artigo 3º da Lei 10.637/2002 é suficiente para verificar que o legislador não restringiu a apropriação de créditos de PIS/Pasep aos parâmetros adotados no creditamento de IPI. No inciso II desse artigo, como asseverou o insigne conselheiro, o legislador incluiu no conceito de insumos os serviços contratados pela pessoa jurídica. Esse dispositivo legal também considerou como insumo combustíveis e lubrificantes, o que, no âmbito do IPI, seria um verdadeiro sacrilégio. Mas as diferenças não param aí, nos incisos seguintes, permitiuse o creditamento de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa, máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado etc. Isso denota que o legislador não quis restringir o creditamento do PIS/Pasep as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Fl. 395DF CARF MF Processo nº 11065.100782/200994 Acórdão n.º 9303005.609 CSRFT3 Fl. 5 4 Vejamos o dispositivo citado: [...]As condições para fruição dos créditos acima mencionados encontramse reguladas nos parágrafos desse artigo. Voltando ao caso dos autos, os gastos com aquisição de combustíveis e com lubrificantes, junto à pessoa jurídica domiciliada no pais, bem como as despesas havidas com a remoção de resíduos industriais, pagas a pessoa jurídica nacional prestadora de serviços, geram direito a créditos de PIS/Pasep, nos termos do art. 3º transcrito linhas acima. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso apresentado pela Fazenda Nacional. (grifamos) Passemos ao caso concreto. A Câmara baixa reconheceu o crédito de PIS/Cofins sobre os gastos com o tratamento de resíduos industriais e com os equipamentos de proteção individual. A contribuinte dedicase à atividade de fabricação de calçados. Para tanto, sustenta ser obrigada, por lei, a fazer tratamento de seus resíduos industriais, o que faz através da contratação de empresa especializada. Ora, o fato de ser obrigada, por lei, a fazer o adequado tratamento de seus resíduos industriais – muitas outras obrigações legais têm as pessoas jurídicas, nem por isso podem se enquadrar como insumos –, não acarreta, por consequência lógica inarredável, o creditamento sobre os gastos assim realizados. Ainda que não se aplique, no conceito de insumos, o próprio da legislação do IPI, não se pode adotar, como regra, aquele que alcance gastos só efetuados após a conclusão do processo produtivo, dado que não aplicados ou consumidos na produção ou na fabricação de seus produtos. Insumo, é até desnecessário enfatizar, só pode ser, como regra, aquilo que vem antes, não depois de concluído o processo. Contudo, concordamos, pelos motivos que aqui vimos de adotar, que os gastos realizados na aquisição de equipamentos de proteção individual sejam considerados insumos para o efeito da legislação do PIS/Cofins não cumulativo, conforme esta mesma Turma recentemente decidiu: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/03/2002 a 31/01/2005 COFINS. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. Inseremse no conceito de insumos, para fins de créditos da não cumulatividade do PIS e da Cofins, os bens consumidos diretamente na prestação de serviços, nos termos dos art. 3º, inc. II das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. No caso uniformes e materiais de segurança de uso obrigatório na prestação dos serviços, são bens que se consomem gradualmente com o tempo na prestação dos serviços executados pelo contribuinte. (CSRF/3ª Turma, rel. Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Acórdão nº 9303005.192, de 17/05/2017). Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, doulhe parcial provimento, a fim de excluir o creditamento apenas sobre os gastos realizados com o tratamento de resíduos industriais." Fl. 396DF CARF MF Processo nº 11065.100782/200994 Acórdão n.º 9303005.609 CSRFT3 Fl. 6 5 A declaração de voto apresentada pela Conselheira Vanessa Marini Cecconello não foi transcrita neste voto, pois o entendimento defendido foi vencido na votação, não se aplicando à solução do litígios deste processo (entendimento no sentido de reconhecer o direito de crédito das contribuições sobre os gastos incorridos com o tratamento de resíduos industriais, em razão de atender ao critério da necessidade/essencialidade com o processo produtivo). Todavia, a declaração de voto consta, na sua íntegra, do acórdão do processo paradigma. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial foi conhecido e, no mérito, o colegiado deulhe provimento parcial, a fim de excluir o creditamento apenas sobre os gastos realizados com o tratamento de resíduos industriais. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 397DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15922.000619/2008-55
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004
DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE.
Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
Numero da decisão: 2001-000.015
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
JORGE HENRIQUE BACKES - Presidente e Relator
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária.
Nome do relator: JORGE HENRIQUE BACKES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004 DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
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RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) JORGE HENRIQUE BACKES Presidente e Relator Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 92 2. 00 06 19 /2 00 8- 55 Fl. 61DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa à Imposto de Renda Pessoa Física, glosa de Despesas Médicas, do anocalendário de 2004. A seguir indicamos páginas de peças importantes no presente processo: Acórdão de Impugnação (fl. 28 e seg.); Recurso Voluntário (fl. 36 e seg.); Documentos declarações dos profissionais confirmando recibos (fl. 3 e seg.); Fundamentos do lançamento (fl. 10). A Ementa do Acórdão de Impugnação foi prolatada nos seguintes termos: DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. GLOSA. O direito à dedução de despesas médicas restringese àquelas relativas ao contribuinte e seus dependentes, e está condicionado à comprovação da efetividade da prestação do serviço e do pagamento. Os fundamentos do lançamento, que se encontram na Notificação de Lançamento, foram os seguintes: Glosa do valor de R$ 24.l60,00, indevidamente deduzido a titulo de Despesas Médicas, por falta de comprovação, ou por falta de previsão legal para sua dedução. Glosa de despesas médicas (...) visto que os recibos apresentados relacionados aos profissionais acima, não atendem ao disposto no Art. 80,§l°, III do decreto n° 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda) Destacamos abaixo algumas passagens do Recurso Voluntário apresentado pelo contribuinte, onde se alega que os recibos são idôneos, que não há indicação no lançamento de elementos de irregularidades neles. Nesse sentido, pese o respeito, a diligente fiscalização não conseguiu e não indicou um elemento sequer que possa tornar inválidos os comprovantes de pagamentos. É principio constitucional de que ninguém será punido por presunção! Aqui, no caso tratado, existe mera presunção, visto não haver prova concreta, robusta e legitima que nulifiquem os comprovantes de pagamentos. Voto Conselheiro Relator, Jorge Henrique Backes Verificada a tempestividade do recurso voluntário, dele conheço e passo à sua análise. Os recibos não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, tanto do serviço como do pagamento. Mesmo que não sejam apresentados outros elementos de comprovação, a recusa a sua Fl. 62DF CARF MF Processo nº 15922.000619/200855 Acórdão n.º 2001000.015 S2C0T1 Fl. 3 3 aceitação, pela autoridade fiscal, deve estar fundamentada. Como se trata do documento normal de comprovação, para que sejam glosados devem ser apontados indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. No caso, não foram solicitados outros elementos de prova de maneira objetiva, e como fundamento para lançar apenas foi afirmado que recibos não comprovam despesas médicas e que esses recibos não atendem ao art. 80 do RIR/99. Assim, na ausência de indicações desabonadoras, na falta de fundamentação na recusa, os recibos comprovam despesas médicas. Não deixo de fazer aqui uma fundamentação do entendimento expresso acima, pois a falta de fundamentação é a matéria em discussão. Muitas vezes a autoridade fiscal baseia a recusa a deduções no art.73 do Decreto nº 3.000, de 1999, que assim dispôs: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Tal artigo indica que determinados documentos não fazem prova absoluta, podendo ser solicitados elementos adicionais de comprovação. No entanto, isso não significa que o juízo, o fundamento da autoridade, dos fatos e do direito, não necessite ser apresentado. E tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como veremos na Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. O lançamento pode até ocorrer sem pedido de esclarecimentos ou de prévia intimação ao contribuinte, como consta inclusive em súmula do CARF: Súmula CARF nº 46: O lançamento de ofício pode ser realizado sem prévia intimação ao sujeito passivo, nos casos em que o Fisco dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário. No entanto, a recusa não pode prescindir de justificativa, inclusive porque deduções elevadas podem estar completamente dentro da lei e do direito do contribuinte. Trazendose um pouco de doutrina percebese claramente a necessidade da motivação. Diz Celso Antônio Bandeira de Mello, em relação aos atos discricionários: “A motivação deve ser prévia ou contemporânea à expedição do ato. (…) Naqueloutros, todavia, em que existe discricionariedade administrativa ou em que a prática do ato vinculado depende de apurada apreciação e sopesamento dos fatos e das regras jurídicas em causa, é imprescindível motivação detalhada. [...] E Maria Sylvia Zanella Di Pietro, sobre a motivação expressase assim:: Fl. 63DF CARF MF 4 “O princípio da motivação exige que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de direito de suas decisões. Ele está consagrado pela doutrina e pela jurisprudência, não havendo mais espaço para as velhas doutrinas que discutiam se a sua obrigatoriedade alcançava só os atos vinculados ou só os atos discricionários, ou se estava presente em ambas as categorias. A sua obrigatoriedade se justifica em qualquer tipo de ato, porque se trata de formalidade necessária para permitir o controle de legalidade dos atos administrativos.” Passagem do francês Jèze, trazida por Hely Lopes Meirelles: descreve com clareza a necessidade da motivação do ato administrativo: “Para se ter a certeza de que os agentes públicos exercem a sua função movidos apenas por motivos de interesse público da esfera de sua competência, leis e regulamentos recentes multiplicam os casos em que os funcionários, ao executarem um ato jurídico, devem expor expressamente os motivos que o determinaram. É a obrigação de motivar. O simples fato de não haver o agente público exposto os motivos de seu ato bastará para tornálo irregular; o ato não motivado, quando o devia ser, presumese não ter sido executado com toda a ponderação desejável, nem ter tido em vista um interesse público da esfera de sua competência funcional. E além de princípios e doutrinas, também a lei , como antes aventado, dispõe sobre a obrigação de motivar. A Lei nº 9.784/1999 que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal em seu artigo 50, dispõe: “Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III – decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V – decidam recursos administrativos; VI – decorram de reexame de ofício; VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII– importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.” Esse artigo da lei não faz diferenciação entre atos vinculados ou discricionários. Todos os atos que se encaixam nas situações dos supracitados incisos, sejam vinculados ou discricionários, devem compulsoriamente ser motivados. A amplitude e o imenso alcance desse artigo sobre os atos administrativos não deixa nenhum resquício de Fl. 64DF CARF MF Processo nº 15922.000619/200855 Acórdão n.º 2001000.015 S2C0T1 Fl. 4 5 incerteza ou de dúvida: a regra ampla e geral é a obrigatoriedade de motivação dos atos administrativos. E como princípio, de maneira não menos importante, vejase o que diz sobre a matéria o art. 2º da mesma Lei 9.784, de 1999: “Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: (…) VII indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; (…) XIII interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação”. Assim, na ausência de fundamentação plausível para a recusa de documentos usuais de comprovação é indevida a glosa de despesas médicas. Conclusão Em razão do exposto, voto pelo provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Relator Fl. 65DF CARF MF 6 Fl. 66DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.721577/2013-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Dec 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Ano-calendário: 2008
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA.
Constatado que o contribuinte informou em GFIP crédito sabidamente inexistente no momento da compensação, há que se reconhecer o caráter de declaração falsa sobre a existência do direito creditório, justificando-se a aplicação da penalidade isolada pela compensação indevida.
MULTA ISOLADA. PERCENTUAL EXCESSIVO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. INCONSTITUCIONALIDADE.
Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 2201-004.007
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário para, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 23/11/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausentes os Conselheiros Dione Jesabel Wasilewski e Daniel Melo Mendes Bezerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Ano-calendário: 2008 COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. Constatado que o contribuinte informou em GFIP crédito sabidamente inexistente no momento da compensação, há que se reconhecer o caráter de declaração falsa sobre a existência do direito creditório, justificando-se a aplicação da penalidade isolada pela compensação indevida. MULTA ISOLADA. PERCENTUAL EXCESSIVO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. INCONSTITUCIONALIDADE. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário para, na parte conhecida, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator. EDITADO EM: 23/11/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausentes os Conselheiros Dione Jesabel Wasilewski e Daniel Melo Mendes Bezerra.
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MULTA ISOLADA. Constatado que o contribuinte informou em GFIP crédito sabidamente inexistente no momento da compensação, há que se reconhecer o caráter de declaração falsa sobre a existência do direito creditório, justificandose a aplicação da penalidade isolada pela compensação indevida. MULTA ISOLADA. PERCENTUAL EXCESSIVO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. INCONSTITUCIONALIDADE. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário para, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 23/11/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 15 77 /2 01 3- 51 Fl. 406DF CARF MF 2 Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausentes os Conselheiros Dione Jesabel Wasilewski e Daniel Melo Mendes Bezerra. Relatório O presente processo trata de Auto de Infração de multa isolada decorrente da inserção de créditos indevidos em Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, fl. 02 a 09, que originou o DEBCAD 51.020.6506, cujo valor lançado alcançou o montante de R$ 89.581,54. Nos autos do processo 10580.721575/201362 tramita a lide administrativa relativa ao Auto de Infração decorrente da glosa de compensação de contribuições previdenciárias identificadas no período de abril a dezembro de 2008, incluindo o 13º salário, que deu origem ao DEBCAD 37.369.0479, cujo montante lançado, consolidado até fevereiro de 2013, alcançou R$ 898.316,98, incluindo juros e multa de mora. O Relatório Fiscal de fl. 12 a 18 aponta os seguintes motivos para a constituição, de ofício, do crédito tributário: que as compensações efetuadas pelo contribuinte, lastreadas em crédito decorrente de valores pagos incidentes sobre salário maternidade, foram realizadas com base em créditos inexistentes, já que a ação judicial em que se discutiu a matéria resultou em decisão desfavorável ao contribuinte (item 3.1.2, fl. 12); que as compensações efetuadas pelo contribuinte, lastreadas em crédito decorrente de valores pagos incidentes sobre o adicional de 1/3 de férias, apesar de sentença favorável proferida nos autos do MS nº 002647830.2007.4.01.3300, foram efetuadas indevidamente, já que o provimento judicial condiciona a compensação ao julgamento em definitivo da lide, nos termos do disposto no art. 170A da Lei 5.172/66 CTN (item 3.1.3, fl. 13); que em razão da infração identificada e autuadas no processo 10580.721575/201362, foi lançada multa isolada incidente sobre o percentual indevidamente compensado, exclusivamente em relação às compensações indevidas promovidas no período de vigência da MP 449, de 03 de dezembro de 2008 (a partir de 04 de dezembro de 2008) Ciente do Auto de Infração em 05 de março de 2013, conforme fl. 02, inconformado, o autuado apresentou, tempestivamente, a impugnação de fl. 58 a 96, que assim foi relatada pela Decisão a quo, fl. 151 a 153: Preliminarmente, alega que a autuação é nula de pleno direito porque o período objeto da fiscalização já havia sido fiscalizado. Afirma que em 26/10/2010, através do Mandado de Procedimento Fiscal – MPF nº 0510100.2010.012686, foi iniciado um procedimento de fiscalização referente às contribuições previdenciárias relativas ao período de 06/2006 a 12/2008, cujo encerramento ocorreu no dia 05/12/2011. Destaca que depois de encerrada essa fiscalização, no dia 07/02/2012, o AuditorFiscal autuante iniciou nova fiscalização referente ao mesmo tributo e aos mesmos fatos (MPF nº 0510100.2012.000995), analisando a mesma documentação do período compreendido entre 04/2008 a 12/2008, o que configura vício formal e implica nulidade da autuação. Fl. 407DF CARF MF Processo nº 10580.721577/201351 Acórdão n.º 2201004.007 S2C2T1 Fl. 407 3 Ainda em preliminar, afirma que em nenhum momento o autuante afastou a existência dos créditos da empresa e que o procedimento de compensação foi feito pelo instrumento previsto na legislação (GFIP), conforme previsto no art. 44 da IN RFB nº 900. Alega que há divergência no Auto de Infração, pois a autoridade fiscal enquadrou o procedimento do contribuinte como “falso” a fim de aplicar a multa de 150%, mas não analisou o procedimento de compensação em si (homologação ou não homologação) e simplesmente afastou o quantum declarado pelo contribuinte. Afirma que a aplicação do artigo 170A do CTN em ações de mandado de segurança é uma atecnia, e nesse sentido cita entendimento da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Argumenta que o art. 170A poderia ser suscitado no máximo para não homologar a compensação realizada, mas não para enquadrar a declaração como falsa. Assevera que a falsidade da declaração ocorre quando a justificativa apresentada para a compensação é uma e o apurado é outro, sendo que no presente caso as justificativas e toda a documentação solicitada foram apresentadas no decorrer da fiscalização e o Relatório Fiscal é muito claro no sentido de que os valores levantados e glosados foram apurados nas GFIP. Diante deste cenário, conclui que os Autos de Infração são nulos de pleno direito, haja vista que o enquadramento legal não foi adotado corretamente. Alega que a impugnação suspende a exigibilidade do crédito tributário, o qual só poderá ser considerado definitivamente constituído após o encerramento do processo administrativo fiscal. Afirma que antes disso não se poderá de modo algum atribuirse ao contribuinte a prática de algum crime fiscal e cita diversas decisões do STF nesse sentido. Por isso, conclui que a Representação Fiscal para Fins Penais deverá ficar no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil até o esgotamento final da via administrativa e, ainda, até o final do prazo para o contribuinte pagar ou parcelar o tributo. No mérito, esclarece que as compensações foram efetuadas com utilização dos créditos oriundos dos autos de Mandado de Segurança nº 2007.33.00.0264934, impetrado pela empresa para contestar a incidência de contribuição previdenciária sobre os valores pagos nos 15 primeiros dias de afastamento do funcionário doente ou acidentado, bem como sobre os valores pagos a título de saláriomaternidade, férias, adicional de férias de 1/3 (terço constitucional) e aviso prévio indenizado. Afirma que, conforme foi indicado no próprio Relatório Fiscal, a empresa obteve êxito na referida ação, tendo portanto o direito de não mais pagar sobre as verbas discutidas, bem como de compensar os créditos decorrentes dos pagamentos indevidos, na forma declarada nas GFIPs pertinentes ao período em questão. Destaca que a empresa cumpriu todas as suas obrigações fiscais, sendo prova disso os diversos documentos que foram apresentados no decorrer da fiscalização (cópias das decisões proferidas nos mandados de segurança, planilhas de memórias de cálculo e GFIPs), os quais demonstraram que a impugnante Fl. 408DF CARF MF 4 está adimplente com o fisco previdenciário, pois cumpriu todos os seus deveres principais e instrumentais. Discorre sobre a base de cálculo das contribuições previdenciárias, citando o art. 195 da Constituição Federal, o art. 22 da Lei 8.212/91 e também diversos dispositivos da Instrução Normativa RFB nº 971/2009. Destaca que a incidência da contribuição patronal limitase aos valores pagos aos segurados como retribuição ao trabalho efetivo ou potencial. Afirma que já se tentou, através das Medidas Provisórias 1.523 13 e 1.59614, ampliar a hipótese tributária para além dos valores pagos como contraprestação de serviços, contudo essa ampliação foi prontamente obstada pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal, na ADIN nº 16596, e depois acabou sendo expressamente rejeitada quando da conversão da MP em lei. Diante disso, conclui que a exigência de contribuições sobre as importâncias pagas nos primeiros 15 dias de afastamento do empregado por doença ou acidente, sobre os valores pagos a título de férias gozadas e adicional de 1/3 de férias e sobre os valores pagos a título de saláriomaternidade constitui inegável ofensa ao princípio da legalidade estrita e ao histórico legislativo e jurisprudencial, pois nas referidas situações é óbvio que o empregado não presta serviços nem fica a disposição da empresa. Discorre especificamente sobre a natureza de cada uma das verbas acima mencionadas, visando a demonstrar que as mesmas não têm natureza de contraprestação pelo trabalho e não concretizam a hipótese legal de incidência. Para corroborar sua tese, cita julgados dos Tribunais Regionais Federais e do Superior Tribunal de Justiça. Afirma que o fisco sustenta a exigência da contribuição previdenciária patronal sobre salário maternidade,férias gozadas e respectivo adicional de 1/3 com o argumento de que esses valores integram o saláriode contribuição, quando é certo que o saláriodecontribuição é base de cálculo apenas da contribuição devida pelos segurados, e não da contribuição patronal (conforme disposto no art. 20 da Lei 8.212/91). Defende que as peculiaridades do salário de contribuição não podem ser invocadas para justificar a incidência das contribuições a cargo do empregador. Afirma que a compensação facultada pelo art. 66 da Lei 8.383/91 ocorre no âmbito do lançamento por homologação e independe de autorização da Administração Pública, cuja participação na operação cingese à posterior revisão, com a possível homologação ou com o lançamento em razão da discordância total ou parcial com a compensação realizada. Assevera que essa hipótese não se confunde com a modalidade de compensação prevista nos artigos 170 e 170A do Código Tributário Nacional, que cuida da compensação realizada diretamente pelos agentes fiscais, a pedido do contribuinte, extinguindo crédito tributário já constituído, nos termos do art. 156, II, do CTN. Anota que a distinção entre esses regimes de compensação tem sido destacada pelo Superior Tribunal de Justiça e, por fim, conclui que a Administração não pode vincular o procedimento de compensação efetuado pelo contribuinte ao trânsito em julgado da decisão judicial. Fl. 409DF CARF MF Processo nº 10580.721577/201351 Acórdão n.º 2201004.007 S2C2T1 Fl. 408 5 Alega que a apresentação de GFIP é apenas uma obrigação acessória do contribuinte, que não substitui a constituição do crédito tributário por meio do lançamento, ato administrativo vinculado e obrigatório atribuído de maneira privativa à autoridade fiscal (art. 142 do CTN). Afirma que é função do sujeito ativo da obrigação tributária, em caso de averiguação de ausência de pagamento ou de compensações indevidas, proceder ao lançamento de ofício e notificar o sujeito passivo. Argumenta que o contribuinte, ao informar em GFIP a suspensão de pagamento com fundamento em processos judiciais, não pratica nenhum ato tendente a constituir o crédito tributário, e portanto não há razão para que o Fisco proceda à inscrição em dívida ativa e à respectiva cobrança de seus créditos. Contesta a multa aplicada no Auto de Infração DEBCAD nº 51.020.6506, afirmando que se a obrigação principal é indevida também não há que se falar em multa acessória. Além disso, alega que a multa aplicada é flagrantemente inconstitucional, porque viola os princípios do nãoconfisco, da capacidade contributiva, da isonomia, da proporcionalidade, da razoabilidade e da moralidade. Ao final, com base nesses argumentos, a empresa pediu que seja dado provimento à impugnação e que seja julgado improcedente o Auto de Infração. Requereu também a intimação do seu patrono para a realização da oportuna sustentação oral por ocasião do julgamento da impugnação. Debruçada sobre os argumentos expressos na impugnação, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR, por unanimidade de votos, concluiu pela sua improcedência, mantendo integralmente o crédito tributário lançado, fl. 150 a 162. As conclusões do Julgador de 1ª instância podem ser assim resumidas: Preliminares Período objeto da fiscalização O fato de o período fiscalizado já ter sido objeto de fiscalização anterior não acarreta nenhum vício no crédito tributário. Inexiste previsão legal de “homologação” de fatos analisados e não glosados em fiscalizações anteriores. Ao contrário, em virtude da indisponibilidade do interesse público e tendo em vista o caráter vinculado e obrigatório da atividade administrativa de lançamento, a Fiscalização pode e deve constituir o crédito tributário correspondente a todas as infrações que porventura sejam apuradas, desde que não tenha decorrido o prazo decadencial (Código Tributário Nacional, artigos 142 e 149). Questões relativas à análise da compensação (...) O fato de a compensação ter sido feita através do instrumento previsto na legislação (GFIP) não impede que a fiscalização desconsidere esse procedimento e constitua o crédito tributário daí decorrente. Aliás, em nenhum momento a Fl. 410DF CARF MF 6 autoridade fiscal afirmou que o motivo da glosa da compensação teria sido a inadequação do instrumento utilizado. A descrição dos fatos e fundamentos jurídicos constantes do Relatório Fiscal deixa claro que o motivo da glosa foi a inexistência dos créditos informados em GFIP pela empresa autuada. Ao contrário do que afirma a impugnante, a fiscalização afastou sim a existência e validade dos créditos da empresa. Isso foi feito de forma expressa nos itens 3.1.1 a 3.1.6: (...) Conseqüentemente, também se mostra equivocada a alegação de que a fiscalização não teria analisado “o procedimento de compensação em si”. O trecho do Relatório Fiscal acima citado deixa claro que as compensações foram devidamente analisadas, tendo a fiscalização concluído que a mesma foi feita em desacordo com o art. 170A do Código Tributário Nacional. (...) Portanto, entendo que as preliminares de nulidade devem ser rejeitadas. O Auto de Infração está devidamente motivado e não possui nenhum vício que possa acarretar a nulidade dos Autos de Infração. (...) Representação Fiscal para Fins Penais Por fim, no que tange às alegações relativas à Representação Fiscal para Fins Penais, é necessário esclarecer que se trata de matéria que está fora do âmbito de atribuições das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ. Mérito Compensação indevida (...) Em consulta ao site do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (www.trf1.jus.br) e às cópias de decisões judiciais anexadas no presente processo, é possível verificar que a empresa teve decisão parcialmente favorável na primeira e na segunda instância. O pedido da autora foi julgado improcedente em relação ao saláriomaternidade e procedente em relação ao adicional de um terço de férias. Contudo essas decisões não transitaram em julgado, pois a Fazenda Nacional interpôs recurso especial, o qual se encontra sobrestado aguardando julgamento de recurso representativo da controvérsia no Superior Tribunal de Justiça (sistemática dos recursos repetitivos). (...) Portanto, o simples fato de o processo judicial movido pela empresa autuada ainda estar em andamento já é suficiente para evidenciar que o procedimento de compensação efetuado está em desacordo com a lei, pois foi efetuado antes do trânsito em julgado da decisão judicial relativa às contribuições discutidas, o que configura afronta direta ao artigo 170A do Código Tributário Nacional. A autuada alega que a limitação do artigo 170A do CTN não seria aplicável aos tributos discutidos por meio de mandado de segurança, nem às compensações efetuadas na sistemática do Fl. 411DF CARF MF Processo nº 10580.721577/201351 Acórdão n.º 2201004.007 S2C2T1 Fl. 409 7 lançamento por homologação (com base no art. 66 da Lei nº 8.383/91). Contudo, essa alegação não tem como prosperar, pois o condicionamento da compensação ao trânsito em julgado da decisão, previsto no artigo 170A do CTN, aplicase a toda e qualquer modalidade de compensação e a todo e qualquer tipo de ação judicial. (...) Portanto, a glosa das compensações efetuadas pela empresa nas competências do período de 04/2008 a 13/2008 está correta e a exigência constante do Auto de Infração DEBCAD nº 37.369.0479 deve ser mantida integralmente. Multa de 150% prevista no art. 89, § 10, da Lei 8.212/91 A meu ver, o fato de o contribuinte ter informado como compensável um crédito cujo aproveitamento em compensação é vedado expressamente pela legislação mostrase suficiente para configurar a falsidade da declaração, e enseja a aplicação da multa prevista no artigo 89, § 10, da Lei 8.212/91. (...) Sem dúvida, o fato de a vedação à compensação antes do trânsito em julgado ter sido consignada expressamente na decisão proferida na ação judicial movida pela autuada deixa mais do que evidente o caráter consciente e intencional da conduta realizada. (...) Diante do exposto, resta plenamente demonstrado que a empresa realizou compensação indevida, mediante declaração falsa, de forma deliberada e intencional, com plena consciência de que aqueles recolhimentos não poderiam ser utilizados para compensação naquele momento. Portanto, mostrase acertada a aplicação da multa de 150%, nos termos do art. 89, § 10, da Lei 8.212/91. Alegação de inconstitucionalidade da multa A autoridade fiscal deve observar estritamente os atos normativos vigentes, não lhe cabendo questionar a constitucionalidade dos mesmos. Essa vinculação abrange inclusive os órgão de julgamento administrativo, conforme disposto no artigo 26A do Decreto 70.235/72, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009 (...) Questionamentos relativos às contribuições incidentes sobre algumas rubricas da folha de pagamento Matérias discutidas em juízo pela empresa autuada – Renúncia ao contencioso administrativo Com relação às alegações expendidas pelo contribuinte com o intuito demonstrar a ilegalidade/inconstitucionalidade das contribuições previdenciárias incidentes sobre algumas rubricas de sua folha de pagamento (tais como os valores pagos no primeiros 15 dias de afastamento do segurado por doença acidente, saláriomaternidade, férias e respectivo adicional de Fl. 412DF CARF MF 8 1/3), cabe esclarecer que se trata de matérias que estão sendo discutidas pelo contribuinte no bojo do Mandado de Segurança nº 002647830.2007.4.01.3300 (numeração antiga 2007.33.00.0264934) O Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, que regulamenta o processo de determinação e exigência de créditos tributários da União, estabelece que a propositura de ação judicial importa em renúncia ou desistência da instância administrativa:(...). Alegação de necessidade de lançamento O contribuinte alega que a apresentação de GFIP não substitui o lançamento tributário, de forma que seria necessária a atuação da fiscalização para constituição do crédito tributário. (...) E foi justamente isso que aconteceu no presente caso. A autoridade fiscal iniciou um procedimento fiscal contra o contribuinte, intimouo para apresentar documentos e esclarecimentos, analisou os elementos apresentados e, ao final, efetuou os lançamentos, consubstanciados nos Autos de Infração nºs 37.369.0479 e 51.020.6506. Portanto, o questionamento da empresa não tem sentido. Requerimentos finais – intimação a respeito da data de julgamento e sustentação oral Quanto ao pedido de intimação a respeito da data de julgamento e de realização de sustentação oral, é necessário esclarecer que tais medidas não se mostram cabíveis na primeira instância do processo administrativo fiscal, por falta de previsão legal. (...) Ante todo o exposto, voto no sentido de considerar improcedente a impugnação, mantendo integralmente o Auto de Infração DEBCAD nº 51.020.6506. Ciente do Acórdão do Julgamento em 1ª Instância, em 22 de setembro de 2014 (fl. 164), ainda inconformado, o contribuinte apresentou o recurso voluntário de fl. 166 a 198, em que pleiteou a improcedência total do débito ora sob análise, lastreando suas razões a partir dos seguintes tópicos: I Preliminarmente matéria em recurso repetitivo revisão e/ou retificação de lançamento necessidade regimento interno lei 10.522/02; I.I Preliminar Período de apuração foi objeto de fiscalização no MPF 0510100.2010.01.012686; II Da tempestividade e do efeito suspensivo; IV Do Mérito IV.I Do vício (insanável) da autuação em razão da ausência de correlação lógica entre os valores lançados e a base de cálculo utilizada para apuração dos supostos créditos tributários; IV.II Da compensação prevista no art. 66 da lei nº 8.383/91; Fl. 413DF CARF MF Processo nº 10580.721577/201351 Acórdão n.º 2201004.007 S2C2T1 Fl. 410 9 IV.III Da indevida exigência de contribuição previdenciária sobre valores objeto do Mandado Segurança apresentado (15 primeiros dias de afastamento, salário maternidade, das férias e do terço constitucional); IV.IV Da incoerência da cobrança de multa isolada DEBCAD 51.020.6506. Da ausência de falsidade nas declarações. IV.V Da ausência de falsidade na declaração prestada. Errônea tipificação do auto de infração. Nulidade. IV.VI Da ausência de descrição precisa dos fatos. Não demonstração de dolo, má fé ou falsidade na declaração. Atentado ao direito à ampla defesa. Nulidade do Auto de Infração. IV.VII Da exorbitância dos valores cobrados a título de multa isolada. IV.VIII Da necessidade de conversão do julgamento em diligência. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por preencher as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. Inicialmente, importante ressaltar que o objeto do presente processo está restrito aos questionamentos relacionados ao Auto de Infração de multa isolada decorrente da inserção de créditos indevidos em Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, o qual originou o DEBCAD 51.020.6506. As questões relacionadas ao mérito das glosas de compensações das quais resultaram os débitos aqui discutidos devem ficar restritas ao processo 10580.721575/201362, para que seja evitada duplicidade de análise dos mesmo temas. Assim, tendo em vista o julgamento levado a termo no processo citado no parágrafo precedente, em que restaram expressas as conclusões deste Relator submetidas ao crivo do Colegiado de 2ª instância na mesma Sessão de Julgamento e em momento imediatamente anterior à submissão do presente à mesma Turma, deixo de conhecer dos temas abaixo elencados: I Preliminarmente matéria em recurso repetitivo revisão e/ou retificação de lançamento necessidade regimento interno lei 10.522/02; I.I Preliminar Período de apuração foi objeto de fiscalização no MPF 0510100.2010.01.012686; IV Do Mérito Fl. 414DF CARF MF 10 IV.I Do vício (insanável) da autuação em razão da ausência de correlação lógica entre os valores lançados e a base de cálculo utilizada para apuração dos supostos créditos tributários; IV.II Da compensação prevista no art. 66 da lei nº 8.383/91; IV.III Da indevida exigência de contribuição previdenciária sobre valores objeto do Mandado Segurança apresentado (15 primeiros dias de afastamento, salário maternidade, das férias e do terço constitucional); IV.VIII Da necessidade de conversão do julgamento em diligência. Limitadas as matérias relacionadas especificamente ao lançamento em tela, passase à análise das razões da defesa. PRELIMINARES Da tempestividade e do efeito suspensivo. A tempestividade do recurso já foi declarada no início do presente voto, resultando, por consequência, na suspensão do crédito tributário até que exaurido o trâmite administrativo previsto na legislação. Assim, nada a prover neste tema. MÉRITO IV.IV Da incoerência da cobrança de multa isolada DEBCAD 51.020.6506. Da ausência de falsidade nas declarações. IV.V Da ausência de falsidade na declaração prestada. Errônea tipificação do auto de infração. Nulidade. Alega o recorrente que a imputação da multa isolada deve ser anulada em razão da inocorrência de fraude no procedimento de compensação realizado, uma vez que foi baseado na legislação que regulamenta a matéria, nas decisões exaradas no âmbito judicial e deste Conselho. Afirma que o limitador do art. 170A do CTN poderia ser utilizado, no máximo, para não homologar a compensação realizada e não para enquadrar como declaração falsa. Sustenta que a compensação previdenciária deve ser analisada inicialmente pelo crivo da formalidade e, em segundo momento, pelo crivo da materialidade (existência ou não do crédito), concluindo que, no que tange à forma, observou estritamente os termos do art. 44 da IN 900, c/c o art. 66 da Lei 8.383/91. Já em relação à materialidade, assevera que restará demonstrada a existência do crédito. Manifesta seu entendimento de que não há como considerar falsas as GFIP apresentadas, salientando que o contribuinte tem direito ao ressarcimento dos valores que recolheu a maior, independentemente de autorização judicial, conforme art. 66 da Lei 8.383/91. Fl. 415DF CARF MF Processo nº 10580.721577/201351 Acórdão n.º 2201004.007 S2C2T1 Fl. 411 11 Alega que a legitimidade do crédito não restou atacada pelo Auto de Infração inaugural, que se limitou à questão da necessidade de trânsito em julgado da decisão judicial correlata, concluindo que há respaldo legal para o creditamento realizado pelo contribuinte. Questiona qual seria a falsidade constante das GFIP, afirmando que não agiu desprovida de fundamento jurídico. Por fim colaciona precedentes administrativos sobre a improcedência da imputação da penalidade isolada em razão da compensação antes do trânsito em julgado da decisão judicial que tenha reconhecido o crédito pleiteado em juízo. Pontuados os argumentos da defesa, importante ressaltar os termos da legislação citada pelo recorrente: Lei 8.383/91 Art. 66. Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos, contribuições federais, inclusive previdenciárias, e receitas patrimoniais, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a período subseqüente. § 1º A compensação só poderá ser efetuada entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie. § 2º É facultado ao contribuinte optar pelo pedido de restituição. § 3º A compensação ou restituição será efetuada pelo valor do tributo ou contribuição ou receita corrigido monetariamente com base na variação da UFIR. § 4º As Secretarias da Receita Federal e do Patrimônio da União e o Instituto Nacional do Seguro Social INSS expedirão as instruções necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo. A IN SRF nº 900/2008, era a Instrução vigente na época em que o contribuinte promoveu a compensação considerada indevida que lastreou a imputação da multa isolada ora sob análise. Vejamos os termos do art. 44: O sujeito passivo que apurar crédito relativo às contribuições previdenciárias previstas nas alíneas "a" a "d" do inciso I do parágrafo único do art. 1º, passível de restituição ou de reembolso, poderá utilizálo na compensação de contribuições previdenciárias correspondentes a períodos subseqüentes. (...) § 7º A compensação deve ser informada em GFIP na competência de sua efetivação Como se viu no Relatório supra, o contribuinte pleiteou judicialmente a não incidência do tributo previdenciário sobre algumas verbas, tendo obtido provimento judicial parcial. Considerando tal circunstância, a análise dos excertos acima pode levar o leitor menos Fl. 416DF CARF MF 12 atento a acreditar que o recorrente, formalmente, teria observado os rigores da legislação para efetuar o encontro de contas que pretendia, já que considerou o parcial sucesso na lide judicial e promoveu a compensação mediante informação em GFIP. Contudo, em uma leitura mais atenta do art. 44 da IN 900 é possível identificar, com clareza, uma limitação à possibilidade de compensação, que o crédito seja passível de restituição ou reembolso. Assim, tendo em vista que o crédito em questão decorre de provimento judicial, necessário trazermos à balha o art 70 da mesma IN 900: Art. 70. São vedados o ressarcimento, a restituição e a compensação do crédito do sujeito passivo para com a Fazenda Nacional, objeto de discussão judicial, antes do trânsito em julgado da decisão que reconhecer o direito creditório. Como se vê, a regulamentação da compensação de tributos está alinhada ao que prevê o art. 170A da Lei 5.172/66, que assim dispõe: Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Artigo incluído pela LC nº 104, de 2001) Não obstante, poderíamos estar diante de um provimento judicial que tivesse afastado a limitação de utilização do crédito apurado pelo contribuinte apenas após o trânsito em julgado da decisão que o tenha reconhecido. Assim, vejamos o que decidiu o Magistrado, em 28 de fevereiro de 2005: Do exposto, CONCEDO PARCIALMENTE A SEGURANÇA pleiteada para: a) declarar a inexistência de relação jurídica entre a Impetrante e a autoridade coatora que a obrigue ao pagamento da contribuição previdenciária incidente tão somente sobre o auxílio doença pago diretamente por ela aos seus empregados (quinze primeiros dias de afastamento dos empregados doente ou acidentados), bem como do adicional de férias (1/3); b) assegurar à Impetrante o direito de compensar, sem a incidência dos artigos 3º e 4º da LC 118/2005 e IN nº 600/2005, e, após o trânsito em julgado, na forma do art. 74 da Lei 9.430/96 e da IN 210/2012, os valores recolhidos a título das referidas contribuições incidentes sobre o auxílio doença pago diretamente por ela aos seus empregados, bem como do adicional de férias (1/3), com as parcelas vincendas de quaisquer tributos ou contribuições sob administração da Secretaria da Receita Federal do Brasil, facultandose à Administração a conferência das quantias, atualizando seus créditos pela Selic. Notase que a decisão em tela data de fevereiro de 2008 e o início da compensação promovida pelo recorrente se deu em abril do mesmo ano. Assim, o procedimento efetuado pelo contribuinte não observou formal ou materialmente o que prevê a legislação e o que foi decidido judicialmente. Formalmente, não observou as limitações impostas pela legislação e materialmente, tendo em vista a inexistência de trânsito em julgado da decisão judicial, não se poderia afirmar que o crédito que entendia possuir estava revestido de liquidez e certeza. Fl. 417DF CARF MF Processo nº 10580.721577/201351 Acórdão n.º 2201004.007 S2C2T1 Fl. 412 13 Vejamos o lastro legal utilizado pela fiscalização para imputação da multa isolada: Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (...) § 10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. Portanto, a previsão legal acima não restringe a incidência da penalidade isolada aos casos em que se demonstre a ocorrência de dolo ou fraude, bastando que se constate a ocorrência de uma compensação indevida em que haja falsidade na declaração apresentada pelo contribuinte. Neste caso, o contribuinte tinha plena ciência do provimento judicial que limitou o exercício do seu direito de compensar ao trânsito em julgado da decisão, ainda assim atuou efetivamente para extinguir créditos tributários devidos, mediante compensação com alegado direito creditório líquido e certo, ainda que, no momento da operação, o crédito, de fato, ainda era objeto de discussão judicial, não sendo passível de restituição ou capaz de amparar compensação. A Autoridade Administrativa apenas homologa ou não o procedimento efetuado pelo sujeito passivo e, para tanto, verifica sua correção no momento em que seus efeitos são alcançados, ou seja, no momento da compensação. Além da verificação do cumprimento das exigências impostas pela legislação, se estes forem plenamente atendidos, o Fisco quantifica o indébito e avalia sua eventual suficiência em relação ao débito que se pretendeu extinguir. No caso ora sob análise, não tendo sido identificada, no momento da homologação, a ocorrência do trânsito em julgado do provimento judicial, não se chegou às fases seguintes do procedimento fiscal(quantificação do crédito e cotejo com o débito). Portanto, a falsidade não está na GFIP apresentada, mas na informação nela inserida de que o recorrente seria detentor de crédito passível de restituição em momento que, sabidamente, o indicado direito creditório ainda não existia. IV.VI Da ausência de descrição precisa dos fatos. Não demonstração de dolo, má fé ou falsidade na declaração. Atentado ao direito à ampla defesa. Nulidade do Auto de Infração. Alega o recorrente que não se mostra razoável a manutenção do lançamento da penalidade isolada, em razão da que classifica como "débil descrição dos fatos que Fl. 418DF CARF MF 14 ensejaram a lavratura do auto de infração que aplicou a multa isolada" que não seria suficiente a sua correta compreensão. Afirma que a mera suspeita de ocorrência de máfé não é fundamento que sustente a imposição da multa no patamar de 150%, sendo necessário que o autor do procedimento comprove, de forma inequívoca, que a impugnante fraudou a legislação tributária. Alega que o simples ato de indicar e transcrever dispositivos legais não pode ser confundido com fundamentação e que o tratamento da questão de modo superficial torna impossível para a impugnante compreender o saber do que são constituídas as imputações que pesam sobre si. Não prosperam os argumentos recursais. O modo com que o autor do procedimento fiscal motivou o lançamento da penalidade isolada foi plenamente suficiente à correta compreensão do autuado, tanto que formalizou adequadamente sua defesa administrativa em 1ª e 2ª Instâncias. Veja que, embora o presente trate da multa isolada pela compensação indevida, o AuditorFiscal, no termo Relatório Fiscal de fl. 12 a 18, repisou todos os termos da compensação que considerou indevida, salientando que, mesmo sabendo que não tinha respaldo legal para efetuar as compensações, a empresa o fez, tudo ao arrepio da legislação correlata e agindo em evidente afronta à decisão judicial. Assim, nada a prover neste tema. IV.VII Da exorbitância dos valores cobrados a título de multa isolada. Aduz o recorrente que, ainda que seja mantido o entendimento quanto à falsidade que deu ensejo à aplicação da multa isolada, merece redução o valor a ser pago, já que 150% sobre o valor devido representa verdadeiro confisco, em violação ao art. 150, incido IV, da CF de 1988. Colaciona precedentes judiciais em Ação Direta de Inconstitucionalidade em face de preceito contido na Constituição do Estado do Rio de Janeiro, por violação ao o inciso IV do art. 150 da Carta da República. Ademais, colaciona entendimentos doutrinários e precedentes deste Conselho sobre a qualificação da penalidade de ofício prevista no art. 44 da lei 9.430/96, para os casos previstos nos art. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Inicialmente, ressaltese que os precedentes judiciais, administrativos e os entendimentos doutrinários não vinculam a presente análise. Não se pode confundir a aplicação da penalidade isolada com esteio no § 10 do art. 89 da Lei 8.212/91 com aquela prevista no art. 44 da Lei 9.430/96, já que, nesta, ao contrário daquela, é imprescindível a evidenciação do dolo na conduta praticada pelo contribuinte. Como se viu, o percentual aplicado de 150% é exatamente o previsto no art. 89 da Lei 8.212/91, restando inadequada a discussão sobre a constitucionalidade do preceito no âmbito administrativo, por falta de competência legal deste CARF. É o que se depreende da Súmula Carf nº 2: Fl. 419DF CARF MF Processo nº 10580.721577/201351 Acórdão n.º 2201004.007 S2C2T1 Fl. 413 15 Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.. Assim, nada a prover nesta tema. Conclusão Por tudo que consta nos autos, bem assim em razão das razões e fundamentos legais acima expressos, nego provimento ao recurso voluntário. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 420DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14333.000261/2007-57
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Nov 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2002 a 31/08/2004
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.882
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 33 3. 00 02 61 /2 00 7- 57 Fl. 859DF CARF MF Processo nº 14333.000261/200757 Acórdão n.º 9202005.882 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 15979.000274/200701. Tratase de auto de infração, referente às contribuições devidas ao INSS, destinadas à Seguridade Social. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 860DF CARF MF Processo nº 14333.000261/200757 Acórdão n.º 9202005.882 CSRFT2 Fl. 0 3 Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202005.782, de 26/09/2017, proferido no julgamento do processo 15979.000274/200701, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202005.782): Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Do mérito Aplicação da multa retroatividade benigna Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade Fl. 861DF CARF MF Processo nº 14333.000261/200757 Acórdão n.º 9202005.882 CSRFT2 Fl. 0 4 benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262 (Sessão de23dejunhode2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. Fl. 862DF CARF MF Processo nº 14333.000261/200757 Acórdão n.º 9202005.882 CSRFT2 Fl. 0 5 A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdãonº9202004.499 (Sessão de 29desetembrode2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: Fl. 863DF CARF MF Processo nº 14333.000261/200757 Acórdão n.º 9202005.882 CSRFT2 Fl. 0 6 I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao Fl. 864DF CARF MF Processo nº 14333.000261/200757 Acórdão n.º 9202005.882 CSRFT2 Fl. 0 7 raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na Fl. 865DF CARF MF Processo nº 14333.000261/200757 Acórdão n.º 9202005.882 CSRFT2 Fl. 0 8 NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). Fl. 866DF CARF MF Processo nº 14333.000261/200757 Acórdão n.º 9202005.882 CSRFT2 Fl. 0 9 § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de Fl. 867DF CARF MF Processo nº 14333.000261/200757 Acórdão n.º 9202005.882 CSRFT2 Fl. 0 10 ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Por fim, destacase que, independente do lançamento fiscal analisado referirse a Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) e Acessória (AIOA), este último consubstanciado na omissão de fatos geradores em GFIP, lançados em conjunto, ou seja formalizados em um mesmo processo, ou em processos separados, a aplicação da legislação não sofrerá qualquer alteração, posto que a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009 contempla todas as possibilidades, já que a tese ali adotada tem por base a natureza das multas. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. Face o exposto, voto por conhecer do Recurso Especial e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 868DF CARF MF Processo nº 14333.000261/200757 Acórdão n.º 9202005.882 CSRFT2 Fl. 0 11 Fl. 869DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13701.000181/2008-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 04 00:00:00 UTC 2011
Ementa: SIMPLES NACIONAL
Ano calendário: 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008
MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. TEMPESTIVIDADE.
É tempestiva a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte antes da notificação de sua exclusão do simples.
Negado provimento ao recurso.
Numero da decisão: 1401-00.633
Decisão: ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, determinando o retorno dos autos à DRJ para julgamento da manifestação de inconformidade.
Nome do relator: Alexandre Antonio Alkmim Teixeira
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. TEMPESTIVIDADE. É tempestiva a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte antes da notificação de sua exclusão do simples. Negado provimento ao recurso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, determinando o retorno dos autos à DRJ para julgamento da manifestação de inconformidade. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Participaram da sessão os seguintes Conselheiros: Viviane Vidal Wagner (Presidente), Karem Jureidini Dias, Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes De Mattos, Sergio Luiz Bezerra Presta Fl. 134DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXE, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXE 2 Relatório Antes mesmo de ser cientificado do Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional, que ocorreu por meio magnético, em 14/03/2008, recibo n° 00.01.99.5616, conforme consignado à fl. 41, o contribuinte apresentou, em 31/01/2008, petição opondose à eventual rejeição que poderia sofrer (fls. 01 a 03), anexando ao seu pedido telas de consulta a restrições para obter CND (fls. 07) e cópia de declaração retificadora (fls. 13 a 31), pretendendo demonstrar que as irregularidades apontadas no relatório já haviam sido devidamente sanadas. Encaminhado o processo para análise da Divisão de Controle e Acompanhamento Tributário (DICAT), o Supervisor de Equipe consignou (fl. 46) que: Trata o presente processo de impugnação ao Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional, fls. 01 a 03. O contribuinte anexou consulta a restrições para obter CND, fls. 07, e cópia de declaração retificadora, fls. 13 a 31. O Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional, com data de registro em 14/03/2008, consta em fls. 41. O indeferimento foi motivado por débitos não previdenciários e previdenciários, conforme Detalhamento da Solicitação de Opção em fls. 42. A pendência identificada permaneceu após o processamento final da solicitação, de acordo com o Detalhamento das Irregularidades em fls. 43. Verificamos que os débitos não previdenciários de Simples (código 6106), referentes aos períodos de apuração 01/2005 a 12/2005, constavam em cobrança, fls. 10/11, e a principio motivaram o indeferimento. Estes débitos foram retificados e não constam mais em cobrança, sendo assim indevidos. Tendo em vista o exposto acima, encaminhese à EQCDP/Derat para, se possível, informar se o contribuinte regularizou os débitos relativos as contribuições sociais dentro do prazo legal, ou seja, até 31/01/2008, e caso não tenha havido a regularização dentro do prazo, informar os débitos que permaneceram pendentes após o referido prazo. Solicitamos também informar se atualmente o contribuinte apresenta débito com a RFB relativo as contribuições previdenciárias. Os autos foram encaminhados à DICAT/EQPAR Equipe de Parcelamentos Especiais Previdenciários, que, às fls. 55 a 58, apontou divergências de GFIPs e, também, a existência de GFIPs incompletas, consignando ao final que, “tendo em vista a não regularização até a presente data dos débitos relativos as Contribuições Sociais, permanecem os impedimentos para inclusão do contribuinte em comento no SIMPLES NACIONAL.” Submetido o feito à análise da Divisão de Orientação e Análise Tributaria – DIORT/ Equipe do Simples – EQSIMPLES (fl. 89), foi elaborado parecer no qual se afirmou que: Fl. 135DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXE, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXE Processo nº 13701.000181/200884 Acórdão n.º 140100.633 S1C4T1 Fl. 133 3 “[...] 3. De acordo com a tela do Detalhamento da Solicitação de Opção (fls. 42), verificase que a empresa apresenta débitos não previdenciários com a RFB, e débitos de natureza previdenciária com a RFB; 4. Com relação aos débitos não previdencidáios, as telas Informações de Apoio para Emissão de Certidão — TRATANI — não indicam débitos com a RFB (fls. 87 e 88); 5. Com relação aos débitos previdenciários, a tela Consulta a Restrições para Emissão da CND não apresenta restrições ao contribuinte (fls. 60), e as telas CONTIP Consulta Detalhamento da IP apresentam IP 00.097.007/2009 com SUSP. EMISSÃO DCG, IP 00.022.920/2008 com CANCELAMENTO DA IP em 27/05/2008 e IP 00.240.061/2007 com CANCELAMENTO DA IP em 04/01/2008 (fls. 61 a 65); 6. A análise da Equipe de Parcelamentos Especiais Previdenciários – EQPAR demonstra divergências para as competências 11/2003, 02/2004 a 04/2004, 05/2005 (Valor), 04/2008 a 07/2008 (GFIP incompleta) para o CNPJ 31.527.351/000189, e 01/2004, 02/2004, 04/2004, 05/2004, 07/2004 a 12/2004, 05/2005, 02/2006, 09/2007, 11/2007 (Valor), 04/2006, 09/2006, 02/2007 a 06/2007 (GFIP incompleta) para o CNPJ 31.527.351/000260; 7. A consideração superior, sugerindo encaminhar o presente a Delegacia de Julgamento.” Como se vê, foi expressamente consignado que, da tela do Detalhamento da Solicitação de Opção (fls. 46), verificase que a empresa apresenta débitos previdenciários e não previdenciários perante a RFB. Contudo, o contribuinte não teria condições de averiguar esse fato apenas pelas análise das telas de Informações de Apoio para Emissão de Certidão (TRATANI), visto que nelas não estão indicados os débitos não previdenciários pendentes perante a RFB (fls. 91 e 92). Com relação aos débitos previdenciários, a tela Consulta a Restrições para Emissão da CND também não apresenta restrições ao contribuinte (fls. 68), e, por fim, as telas “CONTIP Consulta Detalhamento da IP” apresentam “IP 00.097.007/2009 com susp. emissão DCG”, “IP 00.022.920/2008 com cancelamento da IP em 27/05/2008” e “IP 00.240.061/2007 com cancelamento da IP em 04/01/2008” (fls. 65 a 69). Temse assim que, somente a partir do parecer elaborado pela análise da Equipe de Parcelamentos Especiais Previdenciários EQPAR, do qual o contribuinte, ora Recorrente, não foi cientificado, foi que restou assentada a existência de divergências para as competências 11/2003, 02/2004 a 04/2004, 05/2005 (valor), 04/2008 a 07/2008 (GFIP incompleta) para o CNPJ 31.527.351/000189, e 01/2004, 02/2004, 04/2004, 05/2004, 07/2004 a 12/2004, 05/2005, 02/2006, 09/2007, 11/2007 (valor), 04/2006, 09/2006, 02/2007 a 06/2007 (GFIP incompleta) para o CNPJ 31.527.351/000260. Vale ressaltar, no entanto, que, embora o contribuinte não tenha sido cientificado do parecer da Equipe de Parcelamentos Especiais Previdenciários EQPAR, ele foi devidamente intimado (fl. 93) da manifestação da Divisão de Orientação e Análise Fl. 136DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXE, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXE 4 Tributaria DIORT/Equipe do Simples EQSIMPLES (fl. 89), na qual foram consignadas as mesmas divergências de GFIP e GFIPs incompletas apuradas pela EQPAR, conforme assinalado acima. Submetido o caso a julgamento pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento, esta não recebeu a defesa do contribuinte, por entender que “como não há nos autos manifestação de inconformidade contra o Termo de Indeferimento de fls. 41, existindo tão somente uma petição sobre os fatos identificados no relatório de pendências juntado às fls. 04, protocolada em 31/01/2008, data esta anterior ao Termo de Indeferimento já mencionado, razão pela qual não há qualquer recurso a ser apreciado por esta DRJ/RJ1.” Inconformado com a decisão proferida, o contribuinte interpôs o recurso de fls. 94 a 100, aduzindo, em síntese, a nulidade da decisão, a nulidade do termo de indeferimento e, no mérito, sustentou que a Recorrente não possui qualquer débito (previdenciário ou não) junto à RFB, pelo que deve ser mantida no regime instituído pelo Simples Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Relator: O recurso é tempestivo e atendidos os demais requisitos legais, dele conheço. Compulsando os autos, identifico que a Recorrente apresentou o pedido de fls. 1/3, em que afirma haver consultado sistema eletrônico da RFB e descoberto que havia sido excluída do SIMPLES NACIONAl. Assim, refuta a existência de impeditivos e débitos da empresa para a opção ao Refis. No entanto, a negativa efetiva de seu pedido de exclusão do SIMPLES NACIONAL somente se deu com o registro do documento de fls. 41, ocorrido em 14 de março de 2008. Em processamento ao pedido de fls. 01/03, a DICAT – Divisão de Acompanhamento Tributário (fls. 46) e a EQPAR – Equipe de Parcelamentos Especiais Previdenciário (fls. 55/58) trataram o pedido como “impugnação ao Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional”. E também assim entendeu a DIORT – Divisão de Orientação Tributária, que recomendou a remessa do processo para julgamento perante a DRJ. No entanto, a DRJ não reconheceu o pedido de fls. 1/3 como manifestação de inconformidade, razão pela qual devolveu o processo para a DRF para o processamento. Entendo de forma diversa. O art. 5º, inciso XXXIV, da CR/88 garante o direito de petição, segundo o qual a todos é assegurado o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou Fl. 137DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXE, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXE Processo nº 13701.000181/200884 Acórdão n.º 140100.633 S1C4T1 Fl. 134 5 contra ilegalidade ou abuso de poder. No caso, a Recorrente, não se sabe se por meio oficioso ou o quê, tomou conhecimento de sua não inclusão no Simples Nacional e, mesmo antes da formalização dessa situação, tomou providências para garantir o direito que entende possuir. Por outro lado, a petição de fls. 1/3 ataca exatamente os fundamentos que levaram à rejeição do pedido de adesão ao Simples Nacional, preenchendo os requisitos do art. 16 do decreto nº 70.235. Assim, apesar de o pedido da Recorrente ter sido apresentado antes da notificação de indeferimento da adesão ao Simples Nacional, entendo que o mesmo deva ser recebido como manifestação de inconformidade (ou, na dicção do documento de fls. 41, impugnação ao indeferimento) para que o mesmo seja processado e julgado perante a Delegacia Regional de Julgamento. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso, para que os autos retornem à DRJ para julgamento da manifestação de inconformidade de fls. 1/3. É como voto. (assinado digitalmente). Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Fl. 138DF CARF MF Emitido em 26/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXE, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXE
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