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Numero do processo: 13888.900812/2014-74
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR DE ESTIMATIVAS. UTILIZAÇÃO DO CRÉDITO PLEITEADO EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DE SALDO NEGATIVO. INDEFERIMENTO.
Não é possível, sob pena de aproveitamento em duplicidade, deferir à recorrente, a título de pagamento indevido ou a maior de estimativa, o mesmo crédito já utilizado na apuração do saldo negativo anual pleiteado em outra DCOMP já homologada.
Numero da decisão: 1302-003.549
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13888.722205/2014-67, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2007 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR DE ESTIMATIVAS. UTILIZAÇÃO DO CRÉDITO PLEITEADO EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DE SALDO NEGATIVO. INDEFERIMENTO. Não é possível, sob pena de aproveitamento em duplicidade, deferir à recorrente, a título de pagamento indevido ou a maior de estimativa, o mesmo crédito já utilizado na apuração do saldo negativo anual pleiteado em outra DCOMP já homologada.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13888.722205/2014-67, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator. Participaram do julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR Recorrente WEIDMANN TECNOLOGIA ELÉTRICA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR DE ESTIMATIVAS. UTILIZAÇÃO DO CRÉDITO PLEITEADO EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DE SALDO NEGATIVO. INDEFERIMENTO. Não é possível, sob pena de aproveitamento em duplicidade, deferir à recorrente, a título de pagamento indevido ou a maior de estimativa, o mesmo crédito já utilizado na apuração do saldo negativo anual pleiteado em outra DCOMP já homologada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 13888.722205/201467, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram do julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 08 12 /2 01 4- 74 Fl. 769DF CARF MF Processo nº 13888.900812/201474 Acórdão n.º 1302003.549 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do acórdão da 4ª Turma da DRJRecife, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório pleiteado em PER/DCOMP referente a pagamento indevido ou a maior de IRPJ pago por estimativa em 13/04/2007, conforme sintetizado na seguinte ementa: COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e a liquidez dos créditos são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. Devidamente cientificado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, recurso voluntário, no qual alega, em síntese: a) que o Despacho Decisório, não homologou a compensação declarada, sob o fundamento de que o crédito pleiteado, respaldado em pagamento indevido, não foi comprovado pela contribuinte; b) que apresentou manifestação de inconformidade esclarecendo que é optante do regime de recolhimento de IRPJ/CSLL por estimativa mensal, e que no período de apuração de fevereiro de 2007, por um equívoco em sua apuração, recolheu valor acima do efetivamente devido, gerando um pagamento a maior de R$ 20.317,72; e, que os lançamentos estão em consonância com os seus documentos fiscais e que o artigo 165 do Código Tributário Nacional concede ao sujeito passivo o direito à restituição total ou parcial do tributo no caso de pagamento espontâneo indevido. d) que em atendimento à diligência determinada pela DRJ, a Autoridade Fiscal apresentou “Informação Fiscal”, aduzindo que, segundo seu entendimento, não seria possível reconhecer o direito creditório, pois haveria divergência entre o Lucro Líquido informado no LALUR e no Livro Diário, bem como que a contribuinte teria informado o crédito em duplicidade, vez que todo o recolhimento do valor pleiteado foi informado na estimativa que compôs o Saldo Negativo de IRPJ, compensado em outro PERD/DCOMP n°, discutido em outro processo administrativo. e) que manifestouse, esclarecendo que a divergência apontada pela Autoridade Fiscal não pode impedir o reconhecimento do direito creditório, visto que a apuração se deu com base no valor do Lucro Líquido e, também, demonstrou que os valores recolhidos de forma indevida ou a maior não foram compensados em duplicidade no processo de Saldo Negativo. f) que, contudo, a DRJ não acatou os argumentos apresentados e a manifestação de inconformidade foi indeferida pela DRJ, com base na informação fiscal de diligência; g) que não pode ter seu direito creditório obstado por meros equívocos no preenchimento do PER/DCOMP ou em outros documentos, devendo a Autoridade Fiscal possibilitar a retificação das informações, com o escopo de convalidar eventuais erros no preenchimento do documento informativo do crédito, conforme a jurisprudência do CARF; Fl. 770DF CARF MF Processo nº 13888.900812/201474 Acórdão n.º 1302003.549 S1C3T2 Fl. 4 3 h) os valores recolhidos de forma indevida ou a maior não foram compensados em duplicidade; i) que em diversos meses a Recorrente recolheu o IRPJ em valor superior ao das estimativas apuradas, como no mês em referência; j) que os valores lançados a título de IRPJ para o período sempre foram aqueles constantes da DIPJ, uma vez que esta nunca foi retificada, concluindose, assim, que o imposto devido nunca restou incontroverso; k) que todos os lançamentos efetuados estão em consonância entre Livro Diário, Balancetes e LALUR, juntados ao autos e evidenciam que as estimativas apuradas em DIPJ pela Recorrente estão corretas e decorrem de cálculo baseado no lucro de cada período; l) que apesar disso, o crédito pleiteado não foi homologado, sob a premissa equivocada de que o valor integrou o Saldo Negativo do ano calendário de 2007, o qual foi reconhecido e utilizado para compensação dos débitos informados em outro PER/DCOMP; m) que não houve compensação em duplicidade, pois consta do Despacho Decisório que o montante total do crédito pleiteado no outro PER/DCOMP em que se compensou o Saldo Negativo, não inclui o valor dos recolhimentos feitos à maior no período de apuração ora em discussão; n) que, do total recolhido no ano calendário de 2007, apenas uma parte se refere ao pagamento efetivamente alocado de acordo com as estimativas mensais devidas e, portanto, passíveis de compensação de Saldo Negativo. Logo, todo o excedente de efetivamente não compôs a formação do Saldo Negativo de IRPJ de 2007, sendo relativa tão somente aos pagamentos indevidos ou a maior feito durante o ano e, portanto, os pagamentos a maior, não integrantes do Saldo Negativo, foram compensados mensalmente pela contribuinte, como no caso em questão; o) que a Recorrente faz jus ao crédito pleiteado neste processo administrativo, visto que restou comprovado que houve recolhimento indevido ou a maior do IRPJ, não havendo que se falar que o crédito foi compensado em duplicidade, devendo ser integralmente reformado o acórdão recorrido, em respeito ao princípio da verdade material que deve nortear o processo administrativo fiscal, mesmo havendo erros formais no preenchimento do PER/DCOMP; e p) que o acórdão recorrido não deve prevalecer, vez resta demonstrado que o direito de compensação não se encontra extinto, uma vez que o que houve, em verdade, foi a declaração equivocada da apuração de débitos maiores do que o realmente existente em DCTF. É o relatório. Fl. 771DF CARF MF Processo nº 13888.900812/201474 Acórdão n.º 1302003.549 S1C3T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302003.540, de 17/04/2019 proferido no julgamento do Processo nº13888.722205/201467, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302003.540): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos pressupostos legais e regimentais. Assim, dele conheço. O acórdão recorrido indeferiu a manifestação de inconformidade sob o fundamento de que o crédito pleiteado como pagamento indevido ou a maior no recolhimento da estimativa mensal foi integralmente utilizado na apuração do Saldo Negativo do tributo, pleiteado por meio da PER/DCOMP nº 30498.58765.111209.1.3.029897, cujo crédito restou integralmente reconhecido, homologandose as compensações pleiteadas até o limite do crédito reconhecido. Ou seja, nas parcelas indicadas na referida PER/DCOMP, a interessada incluiu na composição do crédito apurado como saldo negativo, o valor integral da estimativa mensal recolhida no mês de apuração, ora em discussão, de sorte que, o valor indicado como recolhido à maior já foi integralmente utilizado naquela DCOMP. A recorrente alega que o que houve, em verdade, foi a declaração equivocada da apuração de débitos maiores do que o realmente existente em DCTF e que o pagamento indevido ou a maior restou efetivamente demonstrado. De fato, ao se analisar individualmente os valores informados mensalmente na DIPJ e na DCTF (retificadora), resta evidenciado que no período de apuração em discussão a interessada recolheu à maior exatamente o valor pleiteado na PER/DCOMP. O valor informado no LALUR como resultado acumulado do período também está em consonância com os dados da DIPJ. A única divergência que se observa na apuração do período é o montante do lucro líquido informado no balancete mensal apresentado que registra um valor menor que o informado no Lalur (o que, aparentemente, é desfavorável ao contribuinte que, inexplicavelmente, partiu de um valor maior para apurar o lucro real). Ocorre que, conforme observou a decisão de primeiro grau, ao indicar as parcelas que compunham o saldo negativo anual apurado, a recorrente informou o pagamento integral do período de apuração objeto da DCOMP ora discutida e este restou integralmente homologado. Desta feita, não é possível, sob pena de aproveitamento em duplicidade, deferir à recorrente o mesmo crédito já utilizado na apuração do saldo negativo anual, a despeito da possibilidade de, eventualmente, ter deixado de aproveitar Fl. 772DF CARF MF Processo nº 13888.900812/201474 Acórdão n.º 1302003.549 S1C3T2 Fl. 6 5 parcelas quitadas em outro períodos de apuração mensais e não utilizadas em outras compensações Ante ao exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 773DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.901075/2008-73
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2001
IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA.
Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se homologam as compensações requeridas.
IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PLEITEADO. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. VINCULADO DEBITO DCTF. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA.
Mantém-se o despacho decisório e o Acórdão de primeira instância que não homologaram a compensação requerida, quando se verifica que o crédito pleiteado já foi integralmente utilizado na quitação de outro débito confessado em DCTF.
Numero da decisão: 2202-005.082
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10480.900089/2008-70, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2001 IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA. Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se homologam as compensações requeridas. IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PLEITEADO. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. VINCULADO DEBITO DCTF. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Mantém-se o despacho decisório e o Acórdão de primeira instância que não homologaram a compensação requerida, quando se verifica que o crédito pleiteado já foi integralmente utilizado na quitação de outro débito confessado em DCTF.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1817; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10480.901075/200873 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202005.082 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 09 de abril de 2019 Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Recorrente BANCO BANORTE S/A EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2001 IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA. Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se homologam as compensações requeridas. IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PLEITEADO. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. VINCULADO DEBITO DCTF. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Mantémse o despacho decisório e o Acórdão de primeira instância que não homologaram a compensação requerida, quando se verifica que o crédito pleiteado já foi integralmente utilizado na quitação de outro débito confessado em DCTF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10480.900089/200870, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 90 10 75 /2 00 8- 73 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10480.901075/200873 Acórdão n.º 2202005.082 S2C2T2 Fl. 3 2 Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2202005.078, de 09 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 10480.900089/200870, paradigma deste julgamento. "Tratase de recurso voluntário interposto contra Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento DRJ, a qual julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e manteve o Despacho Decisório que não homologou a compensação pretendida em vista de que o crédito pleiteado foi totalmente utilizado para quitar outro débito declarado em DCTF. Do Pedido de Compensação O pedido de compensação tratase de processo referente ao PER/DCOMP eletrônico no qual se indicou como origem do crédito, o DARF relativo ao IRRF que teria sido recolhido indevidamente pelo Interessado. Da Análise do PER/DCOMP De acordo com o Despacho Decisório eletrônico, a compensação não foi homologada, pois o direito creditório pleiteado não foi reconhecido, porque o recolhimento realizado no DARF, indicado no PER/DCOMP, foi integralmente utilizado para quitação de outro débito do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação do débito requerido no pedido de compensação (PER/DCOMP): A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP Regularmente intimado do Despacho Decisório com a não homologação da compensação declarada, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando que detinha crédito suficiente a efetivar a compensação pretendida e, por conseqüência, extinguir o respectivo crédito tributário. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Da Decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento Quando da análise do presente caso, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento apreciou o feito, proferindo a decisão por meio do Acórdão no qual considerou improcedente a Manifestação de Inconformidade e manteve o Despacho Decisório, que não homologou a compensação declarada na DCOMP. Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10480.901075/200873 Acórdão n.º 2202005.082 S2C2T2 Fl. 4 3 Do Recurso Voluntário O contribuinte, devidamente intimado da decisão da DRJ, apresentou recurso voluntário. Em sede de recurso, o recorrente se insurgiu contra a decisão da DRJ, alegando que efetuou, em duplicidade, o mesmo recolhimento do tributo, como atestam os DARF e afirmou que o segundo recolhimento foi indevidamente efetuado. Do Pedido Ao final, o Recorrente requer que seja dado provimento ao presente recurso voluntário a fim de reformar o Acórdão proferido pela DRJ, homologar a compensação declarada, reconhecer a existência do crédito e extinguir o débito tributário em face da regular compensação. É o relatório." Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson Relator Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2202005.078, de 09 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 10480.900089/200870, paradigma deste julgamento. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2202005.078, de 09 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária: Acórdão nº 2202005.078 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. De acordo com os autos, percebese que o Recorrente entendeu que houve recolhimento indevido (duplicidade), por meio de DARF, relativo ao IRRF, por isso utilizou o valor para compensar outros débitos de IRRF, mediante apresentação de PER/DCOMP eletrônico. Quando da análise do PER/DCOMP eletrônico, constatouse que não poderia haver o reconhecimento do crédito, pois o crédito requerido para compensação já havia sido utilizado para quitar outro débito relativo ao IRRF declarado, portanto não havendo saldo disponível, conforme consta no campo Fundamentação, Decisão e Enquadramento legal do Despacho Decisório. Do mesmo modo, quando a DRJ apreciou a Manifestação de Inconformidade, também constatou, com base na DCTF, que o valor requerido para compensação foi integralmente vinculado ao débito do IRRF, para tanto, a referida DRJ anexou telas da DCTF, que comprovaram, de forma inequívoca, a vinculação do pagamento requerido ao débito declarado. Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10480.901075/200873 Acórdão n.º 2202005.082 S2C2T2 Fl. 5 4 Neste caso, observase que a existência do direito creditório pleiteado na DCOMP pelo contribuinte não foi verificada, tanto no Despacho Decisório inicial, quanto pela decisão da DRJ, razão pela qual não foi homologada a compensação nela declarada. No tocante ao despacho decisório, notase que o despacho é resultado de uma análise automática do crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior pleiteado em restituição ou utilizado em declaração de compensação, considerando o saldo disponível do pagamento nos sistemas de cobrança, não se verificando efetivamente o mérito da questão, o que seria possível a partir da Manifestação de Inconformidade apresentada pelo requerente, na qual, esperavase que fosse descrita a origem do direito creditório pleiteado de forma a demonstrar a sua disponibilidade. Todavia, o Recorrente não trouxe aos autos elementos suficientes para comprovar a origem do seu crédito. Não apresentou prova da disponibilidade do seu direito creditório, em especial, a escrituração fiscal e contábil do período de apuração em que se pleiteou o crédito. Apenas reproduziu na sua defesa o argumento da peça inicial alegando que se tratava de recolhimento em duplicidade e por isso considerou indevido. Neste contexto, cabe esclarecer que por se tratar de compensação competia ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, e por isso deveria apresentar junto com os motivos de fato e de direito que fundamentaram sua pretensão, os documentos que respaldassem suas afirmações, a fim de comprovar a certeza e a liquidez do seu crédito, conforme o disposto no inciso I, do art. 373 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; (...) Dessa forma, notase que caberia ao contribuinte demonstrar a existência da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, para um análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido, o montante e comparálo ao pagamento efetuado, nos termos do art. 1701 do CTN, que estabelece as condições para o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional. Além disso, ressaltase que o fato de o recolhimento está vinculado a um débito na DCTF, retiralhe as condições de liquidez e certeza, afastando qualquer possibilidade de utilizálo em compensação com outro débito, pois já houve o comprometimento do referido crédito, por meio da vinculação na DCTF, a qual se constitui em instrumento de confissão de dívida quanto aos débitos nela declarados. No mesmo sentido, esclarecese que o documento intitulado Pedido de Ressarcimento / Declaração de Compensação (PER/DCOMP) se presta, assim, a 1 Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10480.901075/200873 Acórdão n.º 2202005.082 S2C2T2 Fl. 6 5 formalizar o encontro de contas entre o contribuinte e a Fazenda Pública, por iniciativa do primeiro a quem cabe, portanto, a responsabilidade pelas informações sobre os créditos e os débitos, cabendo à autoridade tributária a sua necessária verificação e validação. Acrescentase ainda que, o reconhecimento de um direito creditório e a consequente homologação ou não de um pedido de compensação estão condicionados à perfeita identificação do crédito pelo postulante (origem e valor), haja vista ser o instituto da compensação eletrônica procedimento efetuado por conta e risco tanto da Administração Tributária Federal quanto do contribuinte, correndo contra a primeira o prazo de homologação, que uma vez decorrido impede a recuperação de eventuais valores compensados indevidamente, e de outro lado, sobre o contribuinte, que tem o dever de demonstrar a certeza e liquidez do crédito em todos os seus atributos. Ademais, observo que os documentos carreados aos autos não são hábeis à comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado, razão pela qual entendo que o Recorrente não poderia compensar o crédito, porque o mesmo já estava vinculado a um determinado débito declarado da DCTF. Por fim, entendo como correta a decisão da DRJ que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e manteve o Despacho Decisório que não homologou a compensação pretendida. Portanto, não há espaço para reanálise do Despacho Decisório e nem qualquer reforma na decisão recorrida. Decisão Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso." Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 60DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13603.722325/2010-80
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 27 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 30/12/2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. DESATENDIMENTO DE PRESSUPOSTO. NÃO CONHECIMENTO.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas.
Numero da decisão: 9202-007.666
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (Relator), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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RECURSO ESPECIAL. DESATENDIMENTO DE PRESSUPOSTO. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (Relator), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 72 23 25 /2 01 0- 80 Fl. 1223DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Auto de Infração relativo a contribuições destinadas à Seguridade Social, incidente sobre a remuneração paga, devida ou creditada a segurados empregados, não declarada na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP, apuradas a partir do exame da contabilidade e das folhas de pagamento de salário exibidas pela Contribuinte, bem assim de arquivos magnéticos no formato MANAD. Nos termos do Relatório Fiscal (fls. 44/48), constatouse que o Sujeito Passivo escriturou a débito como despesas na sua contabilidade os valores de pagamentos de salários/ordenados, horas extras, adicional noturno, férias e décimo terceiro salário. Instado a apresentar a relação nominal dos segurados empregados beneficiados por esses pagamentos, informou que não têlos realizado, justificando que tais lançamentos tratavamse de rateio de despesas com a empresa Logística Ouro Fino LTDA – CNPJ 04.771.902/000182, conforme contrato firmado com referida empresa e exibido no decorrer do procedimento fiscal. Segundo informa o Sujeito Passivo, tanto o pagamento das despesas com remuneração quanto das contribuições daí decorrentes eram realizados pela Logística Ouro Fino LTDA, cabendo a ela repassar à responsável os valores que lhe cabiam, mediante rateio realizado com base em contrato celebrado para esse fim. O argumento não foi acatado pela Autoridade Autuante pelos motivos a seguir descritos: a) a essência das doutrinas e teorias relativas à ciência contábil encontrase consubstanciada nos princípios fundamentais de contabilidade; dentre os quais, de acordo com a Resolução nº 750 do Conselho Federal de Contabilidade, de 29 de dezembro de 1993 está o da entidade, o qual foi descumprido pelo Sujeito Passivo, pois tal princípio determina que não pode haver em uma contabilidade o registro de gastos de uma empresa como custos ou despesas de outra empresa, ainda que pertencente ao mesmo grupo econômico; b) a escrituração de fatos administrativos entre empresas controladas e ou coligadas são passíveis de ocorrer, desde que haja o registro em contas patrimoniais e não de resultados e em possível registro de hipotéticos rateios, a contabilização deveria registrar obrigações/reembolsos/ressarcimentos e não conforme o constatado, a ocorrência de despesas; c) só existe uma despesa se houver em contrapartida uma receita correspondente e viceversa; d) salários são devidos aos segurados empregados e trabalhadores avulsos e para a Consolidação das Leis do Trabalho – DecretoLei nº 5.452, de 01/05/1943, salário é a quantia paga diretamente pelo empregador ao empregado e é a denominação atribuída para os ganhos dos empregados celetistas e são considerados remuneração, portanto são base de incidência de contribuição previdenciária; e) horas extras são pagamentos inerentes a segurados empregados; f) o adicional noturno é devido aos segurados empregados e é considerado remuneração, portanto é sempre incidente de contribuição previdenciária; g) férias são devidas aos segurados empregados; h) o décimo terceiro salário é devido aos segurados empregados; Fl. 1224DF CARF MF Processo nº 13603.722325/201080 Acórdão n.º 9202007.666 CSRFT2 Fl. 3 3 i) conforme o disposto no parágrafo único do artigo 116 da Lei nº 5.172, de 25/10/1966 – Código Tributário Nacional: “A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária”; e j) foi considerado o contido no artigo 123 da Lei nº 5.172, segundo o qual: “Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes” Foram arrolados como solidários as pessoas jurídicas relacionadas abaixo: CNPJ/CEI/CPF Nome / Nome Empresarial 04.771.902/000182 LOGÍSTICA OURO FINO LTDA 05.480.599/000121 OURO FINO AGROSCIENCES LTDA 06.186.517/000101 OURO FINO AGRONEGÓCIOS LTDA 07.065.512/000185 OURO FINO PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S.A 07.181.400/000190 CENTRO OESTE LOGÍSTICA OURO FINO LTDA 07.380.067/000148 OURO FINO PET LTDA 09.100.671/000107 OURO FINO QUÍMICA LTDA 09.593.434/000117 URO FINO BIOLÓGICOS LTDA 57.624.462/000105 URO FINO SAÚDE ANIMAL LTDA Em sessão plenária de 15/03/2017 foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2401004.674 (fls. 1114/1132), assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 30/12/2007 PRELIMINAR DE NULIDADE DE DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA O indeferimento do pleito quanto a juntada de documentos não tem o condão de macular a decisão exarada em primeira instância, em face do livre convencimento da autoridade julgadora na apreciação da prova formadora de sua convicção. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS A CARGO DOS SEGURADOS EMPREGADOS. RATEIO DE DESPESAS COMUNS. BASE DE INCIDÊNCIA. INOCORRÊNCIA. COMPROVAÇÃO DOS RESSARCIMENTOS RELATIVOS AO RATEIO PACTUADO ENTRE EMPRESAS DO MESMO GRUPO ECONÔMICO O contrato de rateio e pagamentos efetuados servem para comprovar a materialidade dos fatos ocorridos relacionados aos valores registrados na contabilidade. O registro contábil não se coaduna com o conceito de remuneração para fins de caracterização do fato gerador das contribuições sociais previdenciárias. Os valores apurados pela fiscalização não são base de incidência da contribuição previdenciária pois não correspondem a salário de contribuição. Fl. 1225DF CARF MF 4 A PGFN foi cientificada da decisão em 5/04/2017 (fl. 1598 do Processo nº 13603.722323/201091, ao qual os presentes autos estavam apensados) e, em 04/05/2017, foi interposto o Recurso Especial de fls. 1133/1145 (vide histórico de movimentação do sistema e Processo), com fundamento no art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, visando rediscutir as seguintes matéria “Grupo econômico contrato de rateio de despesas com contribuições previdenciárias”. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho datado de 31/07/2018 (fls. 1146/1150). A Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos: a contribuição devida à Seguridade Social, correspondente à parte dos segurados empregados, consoante o disposto no art. 20 da Lei nº 8.212/1991, incide sobre o seu salário de contribuição mensal, definido no art. 28 da mesma Lei; a fiscalização ao examinar a contabilidade do contribuinte constatou registro de verbas pagas, devidas ou creditadas a segurados empregados que, de acordo com a legislação previdenciária constitui base de incidência de contribuições previdenciárias, tais como salários/ordenados, horas extras, adicional noturno, férias e décimo terceiro salário, assim como registro de serviços contratados mediante cessão de mãodeobra, como de segurança, vigilância e limpeza, sem a comprovação da retenção e do recolhimento da contribuição de 11% prevista no art. 31, da Lei nº 8.212/1991; em resposta aos termos de intimação fiscal expedidos pela Autoridade Autuante em relação a valores pagos aos segurados beneficiários de tais pagamentos, assim como àqueles decorrentes de cessão de mãodeobra, a contribuinte informou que não realizou os pagamentos, justificou os lançamentos como sendo de rateio de despesas com a empresa Logística Ouro Fino LTDA, apresentando Contrato de Rateio de Despesas; quanto ao Contrato de Rateio de Despesas, celebrado entre as empresas Minas Logística Ouro Fino Ltda e Logística Ouro Fino Ltda, registrese que o assunto não está respaldo na legislação previdenciária, porém, na legislação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, encontrase fundamento no artigo 299, do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000 de 2009 e Parecer Normativo CST nº 32, de 1991; no âmbito da legislação previdenciária, o art. 32, inciso II, da Lei nº 8.212/1991 e art. 225, inciso II, §§ 13 ao 15, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, determinam que a empresa é obrigada a lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; a escrituração contábil, portanto, deve ser efetuada de forma a possibilitar à fiscalização a identificação dos fatos geradores de contribuições previdenciárias por intermédio dos títulos das contas, sem que haja a necessidade de pesquisa em históricos contábeis ou em outras contas ou grupos de contas, cujos títulos sejam diversos daqueles usualmente utilizados para lançamento dos referidos fatos geradores; a fiscalização apurou na contabilidade do contribuinte autuado, verbas contabilizadas que de acordo com a legislação constituem base de cálculo de incidência de contribuições previdenciárias e das destinadas a outras Fl. 1226DF CARF MF Processo nº 13603.722325/201080 Acórdão n.º 9202007.666 CSRFT2 Fl. 4 5 entidades e fundos, denominados terceiros, tais como, salários/ordenados, horas extras, adicional noturno, férias e décimo terceiro salário e serviços contratados com cessão de mãodeobra, não resta dúvida de que a empresa autuada é responsável pelo encargo previdenciário decorrente de tais hipóteses de incidência; é irrelevante a forma como a empresa autuada pagou as verbas registradas em sua contabilidade, pois, de acordo com a legislação previdenciária as contribuições incidem sobre os valores pagos, devidos ou creditados; o fato de o registro contábil das verbas salariais decorrer de rateio entre empresas do grupo econômico, não retira a responsabilidade do contribuinte autuado pelo recolhimento das contribuições incidentes sobre referidas verbas, assim como a obrigação da retenção e recolhimento da contribuição de 11% incidente sobre as notas fiscais/faturas de serviços contratados com cessão de mãodeobra; dispõe o art. 123 do Código Tributário Nacional – CTN que, “Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes”; mesmo que o referido Contrato de Rateio de Despesas tenha estabelecido a quem compete a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias, o mesmo não pode ser oposto à Fazenda Pública, conforme determinação contida no art. 123 do CTN; DRJ de origem concluiu que os documentos juntados ao feito pelo autuado que segundo ele, comprovam que os recolhimentos de todos os encargos e contribuições decorrentes da relação de emprego entre a autuada e seus empregados foram recolhidos regularmente, não devem ser acolhidos, pois, não há como saber se os recolhimentos referemse de fato aos valores correspondentes àqueles apurados pela fiscalização, já que foram efetuados de forma global pela Logística Ouro Fino Ltda; não constam folhas de pagamento/discriminativos com os valores do rateio e Guia da Previdência Social – GPS, que correspondem aos valores registrados na contabilidade e os apurados pela fiscalização; em nenhum momento o contribuinte demonstrou quais são os trabalhadores e as atividades que exerceram e que deram origem à escrituração contábil; diante da constatação nos registros contábeis do autuado de fatos geradores de contribuições previdenciárias e a não apresentação de documentos que demonstrem os respectivos recolhimentos, agiu corretamente a fiscalização ao lavrar o Auto de Infração contra o contribuinte e demais empresas integrantes do grupo econômico. Requer a Fazenda Nacional seja admitido e provido o Recurso Especial. Cientificadas do acórdão de Recurso Voluntário, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento entre 29/08/2018 e 03/09/2018 (fls. 1171/1180), a Contribuinte e os responsáveis solidários, em 12/09/2018 (fl. 1181), ofereceram conjuntamente as Contrarrazões de fls. 1199/1220, alegando, em resumo o que segue: Fl. 1227DF CARF MF 6 Conhecimento é franca a necessidade da admissibilidade do recurso contrarrazoado ser reformada; sustentamse as razões recursais unicamente na parcial transcrição dos apontamentos das decisões recorridas e dos supostos julgados paradigmáticos, dos quais foram suprimidos trechos que lhes alteram a interpretação; o Recurso Especial interposto pela União viola caput e os §§ 1º, 8º e 11 do art. 67 do Regimento Interno do CARF e não preenche os requisitos de admissibilidade, quer seja porque omite a juntada do inteiro teor do paradigma e o replica no corpo recurso com a supressão de trechos que lhe altera a interpretação, quer seja porque, quando inteiramente cotejadas a decisão recorrida e o paradigma, salta aos olhos que não guardam qualquer similitude fática ou jurídica entre si; de acordo com a decisão recorrida, o ressarcimento da parte devida em rateio formal e previamente contratado de despesas de serviços administrativos comuns a grupo econômico não se amoldam ao conceito de remuneração e, portanto, não configuram fato gerador de Contribuição Previdenciária porque têm natureza indenizatória (reembolso) à empresa que suporta integralmente o ônus do recolhimento; em razão disso, afirmouse que a classificação contábil de uma determinada rubrica não é suficiente para configuração de um fato gerador, tampouco o Contrato Rateio objetiva dissimular sua ocorrência ou natureza; a incidência tributária, como obrigação ex lege que é, prescinde apenas da verificação dos elementos da realidade que se amolde à hipótese de incidência; o Recurso Especial, contudo, desobedece claramente à ordem do § 8º c.c. § 11º, do art. 67, da Lei n. 8.212/91 pois não colaciona o inteiro teor da outra decisão e, ao transcrevêla no corpo da petição, suprime relevantíssimo conteúdo que desmente a existência de similitude fática e jurídica entre os casos; o faz, afinal, para dificultar a constatação de inexistência de divergência jurisprudencial apta a sustentar o seu recurso de exceção; a integral leitura do paradigma (possível apenas com a juntada aos autos como anexo a estas contrarrazões) faz saltar aos olhos que o que efetivamente lá se discutiu foi a solidariedade passiva entre empresas de um mesmo grupo econômico pelo inadimplemento por uma delas; naquele processo a questão da existência ou não de grupo econômico só foi tornada controvertida porque as empresas não se reconheciam como tal; o Fisco constatou que operavam com nítida confusão patrimonial, inclusive com o pagamento direto de despesas de uma empresa por outra, além de associação informal, objetivando omitir sucessão negocial e a identidade operacional; objetivase, com isso, apenas justificar o cerne daquela controvérsia: a responsabilização solidária prevista no inciso IX, do art. 30, da Lei nº 8.212/1991; a situação fática e a controvérsia jurídica analisadas no presente feito são completamente distintas; Fl. 1228DF CARF MF Processo nº 13603.722325/201080 Acórdão n.º 9202007.666 CSRFT2 Fl. 5 7 enquanto a decisão recorrida tratou da inexistência de feição remuneratória de despesa de reembolso advindo de rateio de despesas de empresas de um mesmo grupo (que se reconhece como tal), o paradigma tratou da validade da solidariedade passiva entre empresas de um mesmo grupo econômico (que não se reconhecia como tal) pelo inadimplemento parcial por uma delas; isso se evidencia ainda mais quando se constata que o ponto central do recurso paradigmático é o inciso IX, do art. 30, da Lei n° 8.212/91 e a solidariedade passiva frente às contribuições previdenciárias não foi nem mesmo abordado en passant na decisão recorrida, tampouco apontado expressamente como controvérsia nas razões do Recurso Especial manejado pela União; não há incompatibilidade entre a decisão recorrida e a Legislação; não há colisão, atrito ou mesmo divergência de interpretação a reclamar a admissibilidade do Recurso Especial combatido; à toda evidência, inadmissível não só porque amparado em violações ao § 8º c.c. § 11º, do art. 67, da Lei nº 8.212/91 mas porque as omissões que o permeiam, contanto aclaradas, demonstram cabalmente a inexistência de divergência jurisprudencial entre os acórdãos recorridos e o Acórdão paradigma; Mérito despesas incorridas por quaisquer contribuintes para adimplemento de contrato de rateio de despesas de serviços administrativos que compartilha com outras empresas que compõe seu grupo econômico tem natureza indenizatória; a decisão recorrida é irretocável porque reconhece que o ressarcimento da parte devida em rateio formal e previamente contratado de despesas de serviços administrativos comuns a grupo econômico não se amoldam ao conceito de remuneração e, portanto, não configuram fato gerador de Contribuição Previdenciária porque tem natureza de reembolso (portanto indenizatória) à empresa que suporta integralmente os ônus do recolhimento; a Constituição Federal outorga a competência legislativa para instituição de tributos, traçando ainda limites ao exercício desse poder. Reproduz art. 195 da CF/1988; esses dispositivos não conceituam, entretanto, essas expressões, relegando a definição dos fatos jurídicos tributários ao Código Tributário Nacional, recepcionado com status de lei complementar pela nova ordem jurídica, nos termos do art. 146, III, da CF; o CTN por sua vez traduz de forma genérica preceito constitucional implícito, a tolher na prática e explicitamente os desmandos legislativos dos entes tributantes, prevendo, em seu art. 110, que a lei instituidora do tributo não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado – muito menos pode, nessa ordem de ideias, a opinião fiscal; em suma, revela a existência de uma regramatriz fundamental dos tributos, que não pode ser ignorada ou ampliada pelo legislador ordinário ou pelo Fl. 1229DF CARF MF 8 sujeito ativo tributário num rompante arrecadatório, em especial no tocante aos fatos agravados pelo Direito Tributário. Cita doutrina; não se pode, por outro ângulo, olvidar o caráter de direito de sobreposição do direito tributário, também nominado pela doutrina como direito de superposição; essa característica apresentase visível, face à captação e assimilação de institutos fornecidos por outros segmentos do mundo jurídico. O direito tributário, quando da caracterização dos critérios da regramatriz de incidência, utilizase de institutos advindos de outros subramos da ciência jurídica; por esses motivos é que a compreensão da base de cálculo das contribuições previdenciárias deve advir primitivamente de outros diplomas normativos (p.ex. Consolidação das Leis do Trabalho – CLT), donde se há de extrair que as verbas que interessam à tributação são as de natureza remuneratória; as indenizações, sejam de natureza material ou moral, não se incluem nesse conjunto, porquanto não advêm do capital ou do trabalho e não representam acréscimo, apenas recomposição patrimonial; a decisão recorrida tratou de perquirir e deparouse com inexistência de feição remuneratória nas despesas de reembolso advindo de rateio de serviços administrativos entre as empresas de um mesmo grupo econômico, que, alheias ao campo de incidência das contribuições previdenciárias, não poderiam ser forçadamente exigidas pela autoridade lançadora; a operação é também regular sob a perspectiva jurídicotributária formal, já que todas as despesas rateadas eram e são indispensáveis a realização das atividades da empresa autuada, sem as quais sequer poderia funcionar, e quiçá gerar a riqueza passível de ser tributada; a conformidade com a legislação e a jurisprudência administrativa evidenciase ao constatar que se tratam de despesas indispensáveis a consecução de seu objeto social e que são despesas usuais e normais nas operações, transações e atividades da empresa; o contrato de rateio de despesas de serviços administrativos, ainda que contrato não expressamente previsto e regulamentado no ordenamento jurídico civil, é perfeitamente aceitável conquanto entabulado com respeito à lei, aos bons costumes e os princípios gerais de direito, na forma do art. 425, do Código Civil; tal como reconheceu a decisão recorrida, referido contrato não se presta a alterar a responsabilidade pelo pagamento de tributos, muito menos para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes, como afirmou originalmente a fiscalização; todos os encargos e contribuições decorrentes da relação de emprego entre a autuada e seus empregados sempre foram recolhidos regularmente, assim como também eram os decorrentes das relações entre a Logística Ouro Fino Ltda e os colaboradores que prestaram os serviços administrativos comuns ao Grupo; a vontade real das partes não esteve, em nenhum momento, oculta ou dissimulada. Ao contrário, sempre esteve clara e expressa em todas as cláusulas do instrumento e durante toda a execução de seus termos, de sorte que não se sustenta a pretensão fiscal de se aplicar ao caso o comando contido no parágrafo art. 116, do CTN com o intuito de desconstruir os negócios jurídicos praticados pelas partes envolvidas na celeuma. Fl. 1230DF CARF MF Processo nº 13603.722325/201080 Acórdão n.º 9202007.666 CSRFT2 Fl. 6 9 Requer, por fim, que se reconheça a inadmissibilidade do Recurso Especial ou, subsidiariamente, que lhe seja negado provimento. Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator Conhecimento O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir se atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Alega a Contribuinte, em sede de contrarrazões, também apresentadas tempestivamente, que o Recurso Especial não preenche os requisitos de admissibilidade, posto que violaria o Regimento Interno do CARF (caput e os §§ 1º, 8º, 9º e 11 do art. 67). Consoante infere, a Fazenda Nacional omite a juntada do inteiro teor do paradigma no corpo do apelo. Além do que, as razões recursais apóiamse na transcrição parcial dos apontamentos da decisão recorrida e do julgado paradigmático, dos quais foram suprimidos trechos que lhe alteram o sentido. A esse respeito, à época da interposição do Recurso Especial, a redação dos dispositivos suscitados nas contrarrazões era a seguinte: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. § 1º Não será conhecido o recurso que não demonstrar a legislação tributária interpretada de forma divergente. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) [...] § 8º A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido. § 9º O recurso deverá ser instruído com a cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou com cópia da publicação em que tenha sido divulgado ou, ainda, com a apresentação de cópia de publicação de até 2 (duas) ementas. [...] § 11. As ementas referidas no § 9º poderão, alternativamente, ser reproduzidas no corpo do recurso, desde que na sua integralidade. Fl. 1231DF CARF MF 10 Diferentemente do que entende o Sujeito Passivo, o § 9º acima é claro quanto à possibilidade de, alternativamente à instrução do recurso com cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas, poderem ser apresentadas até 2 (duas) ementas de decisões tidas por divergentes. Tais ementas, esclarece o § 11, poderão ser reproduzidas no corpo do recurso, desde que na sua integralidade. De se notar que inexiste no Regimento Interno a obrigatoriedade de transcrição do inteiro teor das decisões trazidas a cotejo para que o Recurso Especial possa ser admitido. Nesse passo, considerandose que a ementa do Acórdão Paradigma nº 2803002.475 fora integralmente reproduzida no corpo do apelo recursal, não se vislumbra, até aqui, óbice ao seu seguimento. Por outro lado, importa salientar que estamos diante de Recurso Especial de Divergência e que esta somente se caracteriza quando, perante situações fáticas similares são adotadas soluções diversas, em face do mesmo arcabouço jurídiconormativo. O atendimento de tal pressuposto também precisa ser demonstrado para que se possa passar ao exame do mérito da peça recursal. Pois bem. A situação retratada nos autos diz respeito a autuação decorrente de valores registrados na contabilidade a título de salários, horas extras, adicional noturno, férias e décimo terceiro salário não declarados em Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e de Informações à Previdência Social – GFIP. Diante da solicitação do Fisco para que se apresentasse a relação nominal dos segurados da Previdência Social destinatários dos benefícios mencionados nas demonstrações contábeis, a Contribuinte detevese a informar que não realizou o pagamento de referidos benefícios, sob a justificativa de que os lançamentos registrados na contabilidade diziam respeito a rateio de despesas com a empresa Logística Ouro Fino LTDA. Além disso, foi apresentado o denominado “Contrato de Rateio de Despesas” (fls. 219/225) cujo objeto era a divisão proporcional das despesas relacionadas a recursos logísticos utilizados conjuntamente pelas contratantes e suportadas apenas pela Logística Ouro Fino. Nos termos de referido contrato: 3.4 A LOGISTICA OURO FINO LTDA. responsabilizase integralmente pelo cumprimento de todas as obrigações civis, trabalhistas e previdenciárias relacionadas a seus empregados e/ou prestadores de serviços, ainda que estes atuem no desenvolvimento das atividades objeto do rateio ora contratado, objeto do rateio de despesas acordado no presente Contrato, Sendo certo as Partes reconhecem que este Contrato não gera nenhum vínculo empregatício ou de qualquer outra natureza entre os empregados e/ou prestadores de serviços da LOGISTICA OURO FINO LTDA. e a MINAS LOGISTICA OURO FINO LTDA. Segundo a Autuada, os segurados que lhe prestavam serviço eram, em verdade, empregados da Logística Ouro Fino que, de acordo com o contrato apresentado, seria a responsável pelo pagamento dos benefícios resultantes da relação laboral, bem assim das obrigações previdenciárias decorrentes do contrato de trabalho. Aduz ainda que as contribuições previdenciárias foram devidamente recolhidas pela empregadora (Logística Ouro Fino). Fl. 1232DF CARF MF Processo nº 13603.722325/201080 Acórdão n.º 9202007.666 CSRFT2 Fl. 7 11 Com base nos arts. 116 e 123 do Código Tributário Nacional – CTN, a Autoridade Autuante entendeu que a relação contratualmente estabelecida não poderia ser oposta à Fazenda Pública, e efetuou o lançamento das contribuições previdenciárias, considerando como base de cálculo dos tributos os valores registrados na contabilidade da empresa. A Fiscalização constatou ainda a existência de grupo econômico, tendo considerado as empresas integrantes do grupo, relacionadas no relatório, como responsáveis solidárias pelo crédito apurado, conforme inciso IX do Art. 30 da Lei nº 8.212/1991. Não obstante, o Colegiado recorrido suscitou a Solução de Divergência Cosit nº 23/2013 e considerou “ser perfeitamente possível a concentração, em uma única empresa, do controle dos gastos referentes a departamentos de apoio administrativo centralizados, para posterior rateio dos custos e despesas administrativas comuns entre empresas que não a mantenedora da estrutura administrativa concentrada”. Além do que, não se vislumbrou oposição à Fazenda Pública de convenção particular visando a modificação de sujeito passivo ou das obrigações tributárias correspondentes (art. 123 do CTN). De acordo com o voto condutor da decisão recorrida, o que se constatou foi “a existência de ressarcimentos em virtude de rateio pactuado entre empresas no mesmo grupo, o que é corroborado pela própria administração fazendária (SD Cosit nº 23/2013) e regulado pelo art. 299 do Decreto nº 3.000/1999”. Esse procedimento estaria baseado em contrato hígido, cujo objetivo seria ratear despesas incorridas pela empresa Logística Ouro Fino no desenvolvimento dos serviços administrativos, a partir de critérios previamente definidos. Concluiuse assim que: Dessa feita, o contrato de rateio de fls. 103/109, bem como os documentos [de] fls. 629/765, servem para comprovar a materialidade dos fatos ocorridos relacionados aos valores registrados na contabilidade, no entanto, tal registro contábil não se coaduna com o conceito de remuneração para fins de caracterização do fato gerador estabelecido nos arts. 20, 22, incisos I e II, da Lei nº 8.212/91. De outro eito, a decisão paradigmática (Acórdão nº 2803002.475), a meu ver, inserese em contexto fático diverso. Extraise do voto condutor de citado acórdão que o lançamento referese, dentre outros, a diferenças entre o valor declarado em GFIP / constante da contabilidade com o efetivamente recolhido. No caso, concluiuse ainda que os elementos de fato e de direito ali retratados evidenciaram relações jurídicas e comerciais entre inúmeras empresas que permitiriam caracterizálas como grupo econômico, nos termos do inciso IX do Art. 30 da Lei nº 8.212/1991. Em razão disso, essas empresas foram também consideradas responsáveis solidárias pelo cumprimento das obrigações previdenciárias. O relatório da decisão cotejada demonstra que a discussão empreendida naquele processo dizia respeito à caracterização de grupo econômico e à atribuição de responsabilidade solidária às integrantes do grupo. Dito de outra forma, o lançamento em momento algum tratou da hipótese de rateio de despesas entre as empresas que constituíam o grupo, o que evidencia a inexistência de similitude entre as situações fáticas referidas nas decisões contrapostas. Fl. 1233DF CARF MF 12 No paradigma, essa questão foi trazida em sede de recurso voluntário, onde a autuada, que também era a responsável pela contratação e pagamento dos empregados que prestavam serviços ao grupo econômico de fato, pugnava pela realização de rateio das contribuições objeto de autuação entre as empresas do grupo, caso não acolhida a tese de sua inexistência (do grupo). O Colegiado, contudo, entendeu pela impossibilidade do rateio, considerando que o pagamento das contribuições previdenciárias seriam de responsabilidade de quem remunera o trabalhador. Ainda de acordo com a decisão, somente quando o obreiro recebe contraprestação de mais de uma empresa é que todas elas ficam obrigadas a efetivar o recolhimento de sua parte na contribuição. Confirase: No caso de contribuição previdenciária não há rateio de despesas, quem paga a contraprestação ao trabalhador é quem deve se responsabilizar pela contribuição, pois há uma relação jurídica prestacional entre a empresa e o trabalhador. Assim, caso o trabalhador receba contraprestação de mais de uma empresa todas estão obrigadas por estas a efetivar a sua parte da contribuição. Observese que, ainda que se admitisse a existência de similitude entre as situações confrontadas, diversamente do que se infere no Recurso Especial, restou caracterizada uma convergência de entendimento entre acórdãos recorrido e paradigma. No recorrido, deuse provimento ao recurso voluntário por se entender que a incumbência para o cumprimento das obrigações previdenciárias seria da Logística Ouro Fino, na condição de responsável pela contratação e pagamento da remuneração dos segurados que prestaram serviço à Autuada. No paradigma, como visto, entendeuse pela impossibilidade de rateio das contribuições, pois, como o Sujeito Passivo originário era quem pagava a contraprestação aos trabalhadores a serviço das empresas do grupo, deveria ele ser responsabilizado pelo tributo. Tanto é assim que o Acórdão Paradigma nº 2803002.475 manteve incólume a autuação, considerando o Sujeito Passivo originário como responsável pelo adimplemento da obrigação previdenciária como um todo. Do mesmo modo, os demais integrantes do grupo econômico foram mantidos no pólo passivo da relação obrigacional para responder, não apenas com relação a parcela da contribuição alusiva aos serviços que lhe foram prestados pelo empregados vinculados à responsável originária, mas pela totalidade do valor lançado. A esse respeito, o paradigma estabelece o seguinte: Nos grupos econômicos como é o caso dos autos qualquer uma das componentes deste pode ser responsabilizada pelo crédito todo. As jurisprudências do CARF citadas não se aplicam, pois referentes a rateio de despesas para redução do lucro real, ou seja, IRPJ e da CSLL entre instituições financeiras do mesmo grupo e com convênio para o rateio – Acórdão 101.96367, versando o segundo, também, sobre IRPJ e CSLL, onde as empresas do campo industrial detinham acordo operacional para rateio das despesas de negócio comum – Acórdão 10706780. (Grifouse) Ressalvese que não se está aqui a corroborar o entendimento consubstanciado no acórdão recorrido. Até porque esse entendimento tomou por base a Solução de Divergência Cosit nº 23/2013 que não tem relação alguma com contribuições previdenciárias. Referida Solução de Divergência tem por escopo a análise de questões relacionadas a Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas – IRPJ, Contribuição para PIS/Pasep e Cofins e sequer tangencia aspectos relacionados às contribuições incidentes sobre a folha de salários ou à legislação que lhe é afeta. Fl. 1234DF CARF MF Processo nº 13603.722325/201080 Acórdão n.º 9202007.666 CSRFT2 Fl. 8 13 Ademais, os elementos de prova referidos na decisão atacada não deixam dúvidas de que houve prestação de serviços à autuada e que os segurados contratados para tanto receberam a remuneração correspondente, isto é, restou configurada a ocorrência do fato gerador da exação, tendo havido inclusive o registro de sua base de cálculo (salários/ordenados, horas extras, adicional noturno, férias e décimo terceiro salário) na contabilidade do Sujeito Passivo. Contudo, ausente a similitude fática entre o julgado guerreado e os paradigma, não se demonstrou o alegado dissídio interpretativo. Somese a isso o fato de as decisões recorrida e paradigma revelarem entendimentos convergentes por considerarem que as obrigações previdenciárias devem ser adimplidas originariamente pela empresa responsável pela contratação e remuneração dos segurados, ainda que os serviços possam ter sido prestados a pessoa jurídica diversa, integrante do mesmo grupo econômico. Conclusão Ante o exposto voto por não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 1235DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10640.901281/2015-22
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2010
MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE APRESENTADA TEMPESTIVAMENTE, POR VIA POSTAL, DEVIDAMENTE RECEPCIONADA NOS AUTOS. DEVER DA ADMINISTRAÇÃO DE JULGAR SEU MÉRITO.
Em caso de ser apresentada manifestação de inconformidade, de forma tempestiva e regular, por via postal, devidamente recepcionada pela unidade da Administração Tributária, é dever da Administração apreciar suas razões e seu mérito, emitindo decisão fundamentada.
Numero da decisão: 3301-005.988
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, .por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para anular a decisão da DRJ e a realização de um novo julgamento enfrentando o mérito.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo da Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Marco Antonio Nunes Marinho e Ari Vendramini.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, .por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para anular a decisão da DRJ e a realização de um novo julgamento enfrentando o mérito. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo da Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Marco Antonio Nunes Marinho e Ari Vendramini.
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DEVER DA ADMINISTRAÇÃO DE JULGAR SEU MÉRITO. Em caso de ser apresentada manifestação de inconformidade, de forma tempestiva e regular, por via postal, devidamente recepcionada pela unidade da Administração Tributária, é dever da Administração apreciar suas razões e seu mérito, emitindo decisão fundamentada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, .por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para anular a decisão da DRJ e a realização de um novo julgamento enfrentando o mérito. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo da Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Marco Antonio Nunes Marinho e Ari Vendramini. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 90 12 81 /2 01 5- 22 Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10640.901281/201522 Acórdão n.º 3301005.988 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratam estes autos de análise de Pedido Eletrônico de Ressarcimento – PER, de créditos de PIS, cujo pleito não foi integralmente reconhecido, consoante Despacho Decisório carreado aos autos. A requerente foi cientificada do Despacho Decisório, e apresentou manifestação de inconformidade, via postal. Em função de tal apresentação de manifestação da requerente, por via postal, a Agência da Receita Federal em Cataguases/MG enviou Ofício, ao requerente, onde se comunicava que : 2. Cumpre esclarecer que a Instrução Normativa RFB nº 1.412/2013 em seu artigo 2º, §1º, com redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.629/2016, estabelece que “as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, a entrega de documentos será realizada obrigatoriamente no formato digital”. A citada Instrução Normativa estabelece ainda as peculiaridades e procedimentos necessários para se efetivar a apresentação das manifestações de inconformidade em cada processo digital. 3. Diante do exposto, tendo em vista que a apresentação de documentação pelos correios foi realizada em desacordo com o que determina a Instrução Normativa RFB nº 1.412/2013, não será dado conhecimento aos protocolos apresentados e os Despachos Decisórios exarados em cada processo serão considerados como não questionados. 4. Por último cumpre esclarecer que a empresa pode, ainda que intempestivamente, fazer a apresentação dos questionamentos digitalmente na forma da Instrução Normativa RFB nº 1.412/2013. Em caso de discordância quanto à intempestividade, a empresa pode fazer as alegações preliminares que entender cabíveis. A requerente teve ciência deste Ofício, por acesso á sua caixa postal eletrônica,. Em resposta, a requerente apresentou sua Manifestação de Inconformidade por via eletrônica, acompanhada de Declaração de Tempestividade, nos seguintes termos: ' o contribuinte acima identificado vem solicitar a recepção pela Receita Federal da Manifestação de Inconformidade na forma digital (...), uma vez que a mesma fora encaminhada fisicamente pelos correios, tempestivamente, em face da autorização que consta no Ato Declaratório Normativo COSIT nº 19/1997. Desta forma, ciente que apresentou sua irresignação tempestivamente, e considerando que eventual vício de forma não pode mitigar seu direito constitucional de petição e de ampla defesa, direito material, mormente ao considerarmos o princípio do formalismo moderado que rege o processo administrativo fiscal, roga pela recepção e regular processamento da Manifestação de Inconformidade em epígrafe.” Diante destes documentos, a Agência da Receita Federal em Cataguases/MG encaminhou os autos á DRJ/FUIZ DE FORA com o seguinte despacho : “O contribuinte inicialmente apresentou Manifestação de Inconformidade pelos correios dentro do prazo legal porém Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10640.901281/201522 Acórdão n.º 3301005.988 S3C3T1 Fl. 4 3 em desacordo com o que determina a IN 1.412/2013. Em seguida a empresa foi instada a apresentar o questionamento da forma como é determinada a legislação, o que ocorreu intempestivamente. Em seu protocolo porém a empresa alega preliminarmente a tempestividade da Manifestação de Inconformidade. Diante do exposto encaminho o presente processo à SECOJ/DRJ/JFA/MG para apreciação das preliminares, e julgamento se for o caso.” A DRJ/JUIZ DE FORA exarou o Acórdão de nº 09064.395, que julgou intempestiva a manifestação de inconformidade apresentada, mantendo o entendimento da unidade de origem. Irresignado, o requerente apresentou recurso voluntário, dirigido a este CARF, onde, em síntese, contesta a declarada intempestividade da manifestação de inconformidade, alegando : a Recorrente não pode concordar com o acórdão recorrido, o qual não conheceu da Manifestação de Inconformidade por entender ter sido a mesma apresentada intempestivamente. A autoridade preparadora, que detém competência legal para a instrução do processo, por sua vez acolheu a juntada digital dos documentos e enviou os autos para a Delegacia de Julgamento. entende a Recorrente que a tempestividade de sua Manifestação de Inconformidade é evidente, principalmente por conta das peculiaridades acerca da intimação que recebeu – sem instruções alguma sobre apresentação “eletrônica” da mesma confia e espera a Recorrente, lastreada na proficiência dos membros deste I. Órgão Judicante, na anulação da decisão que não conheceu de impugnação regularmente interposta, com a expressa determinação para que a Delegacia de Julgamento profira decisão de mérito sobre a irresignação tempestivamente ofertada, É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301005.974, de 28 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 10640.901267/201529, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301005.974): "13 A questão central destes autos está centrada na tempestividade ou não da manifestação de inconformidade Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10640.901281/201522 Acórdão n.º 3301005.988 S3C3T1 Fl. 5 4 apresentada, que restou não conhecida pela decisão de piso. 14. Entretanto, a principal questão a ser enfrentada é a recepção de documento não entregue por meio digital, carreado aos autos como documento válido, pois que no momento de sua inclusão nos autos, devidamente numerado, tornouse documento devidamente recepcionado pela Administração Tributária. 15. O próprio julgador da DRJ enfrentou o problema ao afirmar “ Registro, de plano, que reputo correta a informação contida no ofício expedido pelo titular da ARF Cataguases quando vem dizendo que "tendo em vista que a apresentação de documentação pelos correios foi realizada em desacordo com o que determina a Instrução Normativa RFB nº 1.412/2013, não será dado conhecimento aos protocolos apresentados e os Despachos Decisórios exarados em cada processo serão considerados como não questionados". Diante desse quadro, devo registrar que a ação, do mesmo servidor, de juntar ao processo os documentos dos quais informara que não tomaria conhecimento colide frontalmente com o disposto no diploma regulador e com a própria conclusão estampada no ofício. Ora, não se junta ao processo documento do qual não se toma conhecimento, devolvese o documento ao remetente para que este tome a atitude que entender mais adequada ao resguardo do seu direito. Temos então os seguintes fatos: a ciência do Despacho Decisório se deu em 22/06/2016; a postagem da Manifestação de Inconformidade se deu em 22/07/2016 e a apresentação, da mesma peça de defesa, na forma preconizada pela Instrução Normativa RFB n° 1.412/2013 se deu em 17/11/2016. Lembrando que esta última somente foi apresentada após a recepção do ofício expedido pelo titular da Agência da RFB em Cataguases, fato que nos permite concluir que o procurador da requerente ignorava a regra que estabelecia que a apresentação da manifestação de inconformidade deveria ser por meio eletrônico (digital). “ 12. Correto o julgador ao afirmar que não se junta ao processo documento do qual n~çao se toma conhecimento, devolvese o documento ao remetente para que este tome a titude que entender mais adequada ao resguardo do seu direito. 13. Entretanto, a contrario sensu, o documento foi efetivamente recepcionado e consta presente nos autos, e mais, foi entregue, mesmo que por via postal, tempestivamente, o que garante ao requerente que o documento seja analisado in totum. Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10640.901281/201522 Acórdão n.º 3301005.988 S3C3T1 Fl. 6 5 14. Verificase, também, que, após a ciência do ofício emitido pela Agência da Receita Federal, a impugnante apresentou o mesmo documento, e seira claramente intempestivo, pois o ofício que comunicou a não aceitação da manifestação de inconformidade foi enviado após o transcurso de prazo legal para a apresentação da citada manifestação. 15. Desta forma, temos que o impugnante teve conhecimento do Despacho Decisório em 04/07/2016, apresentou manifestação de inconformidade em 03/08/2016, portanto tempestivamente, recebeu um ofício da Administração Tributária em 13/10/2016, comunicando lhe que não seria aceita sua manifestação de inconformidade pois que não entregue em meio digital, contrariando regra normativa em vigor e que poderia ser providenciada a apresentação, mesmo que intempestivamente, da manifestação de inconformidade, de forma digital de acordo com o ato normativo. Foi o que a impugnante fez. Apresentou sua manifestação de inconformidade, de forma digital, em 16/11/2016, intempestivamente, que não foi conhecida pela Delegacia de Julgamento, pelo mesmo motivo, intempestividade 16. Diante destes fatos, entendemos que dois fatos são extremamente relevantes para o deslinde da questão : um a juntada aos autos de documento que declaradamente foi considerado não recepcionado, dois a informação dada ao impugnante, de que poderia ser apresentada mesmo que intempestivamente a manifestação de inconformidade. 17. Estes dois fatos analisados conjuntamente trazem a convicção de que houve ferimento ao Princípio Constitucional do Contraditório e da Ampla Defesa, insculpido no inciso LV da Constituição Federal de 1988, que estabelece ; LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 18. O princípio do contraditório é inerente ao direito de defesa, é decorrente da bilateralidade do processo: quando uma das partes alega alguma coisa, há que ser ouvida a outra, dandolhe oportunidade de resposta. 19. Eivada, portanto, de nulidade a decisão de piso, pois que feriu o direito de defesa do impugnante ao não conhecer da manifestação de inconformidade, constante dos autos, devidamente recepcionada tempestivamente, Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10640.901281/201522 Acórdão n.º 3301005.988 S3C3T1 Fl. 7 6 incidindo no disposto no inciso II do artigo 59 do Decreto nº 70.235/1972. Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. 19. Portanto, diante de todo o exposto, entendemos que deva ser analisada a manifestação de inconformidade apresentada, pois que tempestiva. Conclusão 20. Neste norte, voto pela nulidade do Acórdão DRJ, devendo ser os autos devolvidos á DRJ/JUIZ DE FORA para que emita novo Acórdão, analisando a manifestação de inconformidade apresentada, decidindo seu mérito." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por dar parcial provimento ao recurso voluntário, para anular a decisão da DRJ e determinar a realização de um novo julgamento, enfrentando o mérito. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 200DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15582.720087/2015-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 13 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2009, 2010
NULIDADE. ALTERAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO. DO JULGAMENTO. INOCORRÊNCIA.
O fato de a decisão recorrida ter apreciado se a Recorrente preenchia ou não as condições para fazer jus à isenção do PIS e da COFINS nas exportações de serviços prevista nas Leis nº's 10.637/2002 e 10.833/2003 não se caracteriza como inovação, pois tal análise é necessária para o correto deslinde do mérito do caso.
CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE PERFURAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO. TRIBUTAÇÃO.
Os valores pagos como contrapartida de serviços técnicos e administrativos pertinentes a um contrato global de perfuração de poços de petróleo executados no Brasil são materialmente tributáveis pela Cofins, nos termos do art. 1º da Lei 10.865/2004, independentemente do arcabouço formal adotado pelo contribuinte.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2009, 2010
NULIDADE. ALTERAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO. DO JULGAMENTO. INOCORRÊNCIA.
O fato de a decisão recorrida ter apreciado se a Recorrente preenchia ou não as condições para fazer jus à isenção do PIS e da COFINS nas exportações de serviços prevista nas Leis nº's 10.637/2002 e 10.833/2003 não se caracteriza como inovação, pois tal análise é necessária para o correto deslinde do mérito do caso.
CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE PERFURAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO. TRIBUTAÇÃO.
Os valores pagos como contrapartida de serviços técnicos e administrativos pertinentes a um contrato global de perfuração de poços de petróleo executados no Brasil são materialmente tributáveis pela Cofins, nos termos do art. 1º da Lei 10.865/2004, independentemente do arcabouço formal adotado pelo contribuinte.
Numero da decisão: 3201-005.175
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e em negar provimento ao Recurso de Ofício. Acordam ainda, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, relator, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Laercio Cruz Uliana Junior, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Giovani Vieira.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Relator.
(assinado digitalmente)
Marcelo Giovani Vieira - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2009, 2010 NULIDADE. ALTERAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO. DO JULGAMENTO. INOCORRÊNCIA. O fato de a decisão recorrida ter apreciado se a Recorrente preenchia ou não as condições para fazer jus à isenção do PIS e da COFINS nas exportações de serviços prevista nas Leis nº's 10.637/2002 e 10.833/2003 não se caracteriza como inovação, pois tal análise é necessária para o correto deslinde do mérito do caso. CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE PERFURAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO. TRIBUTAÇÃO. Os valores pagos como contrapartida de serviços técnicos e administrativos pertinentes a um contrato global de perfuração de poços de petróleo executados no Brasil são materialmente tributáveis pela Cofins, nos termos do art. 1º da Lei 10.865/2004, independentemente do arcabouço formal adotado pelo contribuinte. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2009, 2010 NULIDADE. ALTERAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO. DO JULGAMENTO. INOCORRÊNCIA. O fato de a decisão recorrida ter apreciado se a Recorrente preenchia ou não as condições para fazer jus à isenção do PIS e da COFINS nas exportações de serviços prevista nas Leis nº's 10.637/2002 e 10.833/2003 não se caracteriza como inovação, pois tal análise é necessária para o correto deslinde do mérito do caso. CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE PERFURAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO. TRIBUTAÇÃO. Os valores pagos como contrapartida de serviços técnicos e administrativos pertinentes a um contrato global de perfuração de poços de petróleo executados no Brasil são materialmente tributáveis pela Cofins, nos termos do art. 1º da Lei 10.865/2004, independentemente do arcabouço formal adotado pelo contribuinte.
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ALTERAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO. DO JULGAMENTO. INOCORRÊNCIA. O fato de a decisão recorrida ter apreciado se a Recorrente preenchia ou não as condições para fazer jus à isenção do PIS e da COFINS nas exportações de serviços prevista nas Leis nº's 10.637/2002 e 10.833/2003 não se caracteriza como inovação, pois tal análise é necessária para o correto deslinde do mérito do caso. CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE PERFURAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO. TRIBUTAÇÃO. Os valores pagos como contrapartida de serviços técnicos e administrativos pertinentes a um contrato global de perfuração de poços de petróleo executados no Brasil são materialmente tributáveis pela Cofins, nos termos do art. 1º da Lei 10.865/2004, independentemente do arcabouço formal adotado pelo contribuinte. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2009, 2010 NULIDADE. ALTERAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO. DO JULGAMENTO. INOCORRÊNCIA. O fato de a decisão recorrida ter apreciado se a Recorrente preenchia ou não as condições para fazer jus à isenção do PIS e da COFINS nas exportações de serviços prevista nas Leis nº's 10.637/2002 e 10.833/2003 não se caracteriza como inovação, pois tal análise é necessária para o correto deslinde do mérito do caso. CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE PERFURAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO. TRIBUTAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 2. 72 00 87 /2 01 5- 01 Fl. 11761DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.762 2 Os valores pagos como contrapartida de serviços técnicos e administrativos pertinentes a um contrato global de perfuração de poços de petróleo executados no Brasil são materialmente tributáveis pela Cofins, nos termos do art. 1º da Lei 10.865/2004, independentemente do arcabouço formal adotado pelo contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e em negar provimento ao Recurso de Ofício. Acordam ainda, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, relator, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Laercio Cruz Uliana Junior, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Giovani Vieira. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator. (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Por retratar com fidelidade os fatos, adoto, com os devidos acréscimos, o relatório produzido em primeira instância, o qual está consignado nos seguintes termos: "Contra o sujeito passivo de que trata o presente processo foram lavrados os autos de infração a seguir indicados: Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, fls. 9.458/9.462, para ajuste da base de cálculo do IRPJ, anocalendário de 2009. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, fls. 9.463/9.467, para ajuste da base de cálculo da CSLL, ano calendário de 2009. Fl. 11762DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.763 3 Contribuição para Financiamento da Seguridade Social Cofins, fls. 9.437/9.446, no valor total de R$ 52.743.466,53, incluindo encargos legais. Contribuição para o Programa de Integração Social PIS, fls. 9.447/9.457, no valor total de R$ 11.450.884,39, incluindo encargos legais. Ao recepcionar inicialmente o processo, a DRJ/Belém proferiu despacho de saneamento, determinando que fosse efetuado o apartamento dos autos, originalmente constante no processo nº 15586.720194/201419 para este, o qual passou a controlar exclusivamente os lançamentos de PIS/Cofins, dado que não são decorrentes do lançamento de IRPJ (infrações distintas). Desta forma, o conteúdo deste acórdão irá se reportar exclusivamente aos autos de infração de PIS/Cofins, que estão sob controle no presente processo. De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, fls. 9.439, integrante do auto de infração da Cofins, foram apuradas as infrações descritas a seguir (idêntica infração foi apontada no auto de infração do PIS). 01 Incidência NãoCumulativa Padrão Insuficiência de Recolhimento. Subvenções para custeio/operação recebidas de pessoas jurídicas de direito privado não incluídas na base de cálculo do PIS e Cofins, conforme Termo de Constatação e de Encerramento do procedimento Fiscal, fls. 9.471/9.539, em anexo. Merecem ser destacados os seguintes aspectos do relatório fiscal: "A partir do anocalendário 2006, após as seguidas autuações da RFB, a fiscalizada promoveu uma reclassificação contábil dos recursos advindos da controladora no exterior, renomeandoos de “reembolsos” para “receitas entre companhias ligadas” – contas código 373000. Mediante tal classificação atribuiu aos recursos remetidos pela empresa estrangeira do Grupo TRANSOCEAN a natureza de isenção cabível às contribuições do PIS e da COFINS correspondentes às receitas de exportação de serviços com ingresso de divisas. Neste novo contexto fabricado, verificase que não há mais necessidade de ocorrer prejuízos contábeis ou fiscais sucessivos, visto que a empresa atribui aos ingressos de divisas provenientes do exterior a natureza de exportação de serviços, excluindoos da base de cálculo do PIS e COFINS. Fl. 11763DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.764 4 Nesse sentido, a fiscalizada apresentou à fiscalização um contrato de prestação de serviços administrativos (fls. 5.193/5.204) firmado em 30/03/2006, retroativo a 01/01/2006, com a TRANSOCEAN UK LIMITED, empresa do Reino Unido, tendo como objeto a prestação de serviços de suporte para as atividades relacionadas aos contratos de afretamento firmados pela TRANSOCEAN UK no Brasil, ou mediante solicitação dela, prestar os serviços relativos a outros contratos do tipo similar com qualquer operador. Somente em setembro do mesmo ano foi incluído no objeto social da fiscalizada a atividade “prestação de serviços administrativos a empresas do mesmo grupo” (45ª alteração contratual – fls. 2115). Segundo o referido contrato, a fiscalizada está “envolvida nas atividades de prestação de serviços administrativos e suporte em terra de perfuração no mar do Brasil” e que tais serviços serão necessários para o cumprimento dos contratos de afretamento do grupo TRANSOCEAN (Transocean Group, como grafado na tradução do contrato) vigentes no Brasil. Seria obrigação da fiscalizada dar “consultoria e assistência pertinente a leis e alfândega locais que afetariam os contratos de afretamento, assistir na entrada e saída de funcionários e equipamentos no e do Brasil, assistir na resolução de quaisquer questões contestadas com qualquer Operador, assistir na obtenção, compra e importação de peças e equipamentos a serem usados nas embarcações de perfuração e, em geral, dar assistência de qualquer forma que possa ser necessária para permitir o cumprimento satisfatório dos contratos de afretamento (…)”." No anexo A é apresentada uma lista dos serviços a serem prestados pela fiscalizada. A fiscalizada apresentou as notas fiscais, as faturas comerciais (invoice) e os contratos de câmbio relativos às operações contabilizados a título de “Receitas entre Cias Ligadas”. (fls. 5205/5454) Da análise de tais documentos extraise que as invoices foram emitidas por “TRANSOCEAN BRAZIL LTDA” tendo por endereço: P.O. Box 2765 Houston Texas 772522765 e assinadas por funcionários da Divisão Sulamericana da empresa (South America Division). Ou seja, as invoices não foram emitidas pela fiscalizada mas, sim, pelo escritório da TRANSOCEAN LTD em Houston – EUA. O destinatário da invoice é a TRANSOCEAN UK LIMITED também com endereço P.O. Box 2765 Houston Texas. Fl. 11764DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.765 5 A descrição dos serviços nas invoices se limita a informar o nome da unidade de perfuração e que se referem a um contrato de gestão. Já as nota fiscais correspondentes às invoices têm como tomador dos serviços a TRANSOCEAN UK LTDA e se refere a prestação de serviço de administração em geral, inclusive de bens e negócios de terceiros. Por fim temos o contrato de câmbio que apresenta como pagador no exterior a TRANSOCEAN UK LIMITED – REINO UNIDO. Como aqui demonstrado, os contratos de afretamento e de perfuração, apesar de formalmente e estrategicamente segregados, são de fato únicos e prestados pelo grupo TRANSOCEAN, por intermédio de suas subsidiárias no Brasil e no exterior. A razão da existência de mais este contrato de serviços de suporte para as atividades relacionadas a contratos de afretamento é buscar iludir a administração tributária simulando uma prestação de serviços entre empresas do grupo. Ora, nas cláusulas de “interveniência” existentes nos contratos de afretamento já está definido que a fiscalizada responde solidariamente por todas as obrigações decorrentes do contrato, portanto, é certo concluir que o contrato firmado entre as empresas do grupo é absolutamente desnecessário. O negócio de perfuração de petróleo, de fato, conta com dois pólos, o contratante no Brasil e o grupo TRANSOCEAN, por intermédio de suas subsidiárias, no caso a TRANSOCEAN UK e a fiscalizada, responsáveis por prestar o serviço de perfuração com utilização da unidade. Tal serviço é prestado no Brasil e seus resultados também são aqui verificados. Assim, não há espaço para interpretar qualquer exportação de serviços alcançada pela isenção em relação a PIS e COFINS. Não há que se falar em exportação de serviços. Mesmo que o contrato de serviços firmado entre as empresas do grupo seja formalmente válido, não seria cabível a aplicação dos arts. 5º, II, da Lei nº 10.637/2002 e 6º, II, da Lei nº 10.833/2003, que estabelecem que as contribuições para o PIS/Pasep e a COFINS não incidirão sobre prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas (redação dada pela Lei nº 10.865/2004). Pela interpretação literal da legislação mencionada, fica claro que a intenção do legislador foi a de contemplar com a isenção do PIS e da COFINS todas as receitas auferidas decorrentes da prestação de serviços para o exterior, cujos valores representem efetivo ingresso de divisas, desde que o adquirente seja Fl. 11765DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.766 6 pessoa (jurídica ou física), estabelecida em país estrangeiro, e se utilize de serviço fornecido ou prestado por pessoa (jurídica ou física) estabelecida no Brasil, pois esta condição está vinculada ao conceito de exportação. Os citados dispositivos legais não fazem quaisquer restrições ao tipo de serviço exportado. As condições são que o respectivo pagamento represente efetivo ingresso de divisas ao País, e que o adquirente seja pessoa estrangeira. Destarte, para que haja exportação, é condição essencial que a pessoa estrangeira não seja estabelecida no Brasil, sob pena de a operação não se traduzir em real ingresso de moeda no País. Assim, é característica essencial que a destinatária seja pessoa estabelecida apenas e tãosomente em país estrangeiro. Ora, a suposta adquirente dos serviços constantes no “contrato de serviços de suporte para as atividades relacionadas a contratos de afretamento” é uma subsidiária da TRANSOCEAN LTD e esta atua no Brasil por intermédio da própria fiscalizada, sua controlada. Motivo pelo qual não ocorre a pretendida exportação. Outrossim, os recursos relativos aos pagamentos efetuados pela PETROBRÁS à empresa estrangeira do Grupo TRANSOCEAN saíram do Brasil, parte deles em decorrência de desequilíbrio contratual, e ao retornarem para a fiscalizada caracterizam um REINGRESSO de divisas. Os recursos advindos do exterior têm por finalidade equilibrar financeiramente a empresa brasileira do grupo, submetida a contratos econômica e financeiramente inviáveis a qualquer empresa, para que o resultado positivo dos contratos seja direcionado para o grupo TRANSOCEAN no exterior. A empresa estrangeira então remete verdadeira subvenção para custeio. Não cabe isenção. Não há ingresso de divisas, mas sim, retorno parcial das divisas, um reingresso. Diante da desproporcionalidade dos valores remuneratórios constantes nos contratos de afretamento e de serviços, a fiscalizada necessita ser subvencionada mediante constantes aportes de recursos para cumprir as obrigações do Grupo TRANSOCEAN perante seus clientes. De acordo com legislação tributária, as subvenções para custeio, bem como recuperações de custos, quando aportadas em espécie, integram a base de cálculo do PIS e da COFINS, consoante o disposto nos artigos 1º das Leis nº 10.833/2003 e 10.637/2002, tendo como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total Fl. 11766DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.767 7 das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independente de sua denominação ou classificação contábil. Tais recursos propuseramse a subvencionar a continuidade de operação da fiscalizada, para que fosse possível ser perpetuada a evasão fiscal praticada. O caráter tributável dos valores utilizados com esta finalidade se submete ao alcance dos textos legais a seguir. (...)Dessa forma, o não oferecimento dos recursos remetidos do exterior pela empresa estrangeira do Grupo TRANSOCEAN para fins de apuração do PIS e COFINS, enseja lavratura de Auto de Infração, visto que tais valores foram remetidos com a finalidade de fazer face ao conjunto de custos/despesas necessários à consecução das suas obrigações, que há vários anos consecutivos são maiores que as receitas auferidas, ou seja, possuem natureza de subvenções para custeio ou operação, enquadrandose no disposto no art. 392 do Decreto nº 3.000/99, e não como “prestação de serviços a domiciliado no exterior, com ingresso de divisas”. Não há como os valores remetidos do exterior deixarem de integrar as bases de cálculo do PIS/COFINS, sob o argumento de que se tratam de receitas de prestação de serviços ao exterior, com ingresso de divisas. Os valores remetidos do exterior classificados indevidamente pela fiscalizada como receita de exportação de serviços estão discriminados nas planilhas de apuração de PIS e Cofins (fls. 6392) apresentadas pela fiscalizada no curso deste procedimento fiscal, bem como informadas nos demonstrativos de Apuração dessas contribuições (DACON – fls. 9149/9166). As notas fiscais relativas a tais serviços constam às fls. 6393/6982, ver também demonstrativos de fls. 4062 e 6984. O Enquadramento Legal encontrase indicado às fls. 9.440/9.441 (Cofins) e fls. 9.450/9.451 (PIS/Pasep). A pessoa jurídica autuada tomou ciência do lançamento em 19/05/2014, conforme aviso de recebimento às fls. 9.544, tendo apresentado impugnações em 18/06/2014, (fls. 9.668/9.747 – PIS/Pasep; e fls. 10.269/10.347 – Cofins), contrapondose aos lançamentos com base nos argumentos a seguir sintetizados. Impugnações aos lançamentos da Cofins e do PIS/Pasep Dos Fatos Tratase de autuação fiscal exigindo valores à título de Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), sob a alegação de ter a Impugnante supostamente deixado de incluir na base de cálculo da Contribuição, recursos recebidos do exterior à título de "receitas de empresas coligadas" e que foram oferecidas à tributação sob a rubrica de receita de exportação Fl. 11767DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.768 8 de serviços, amparada por contrato de Prestação Serviços de Administração e suporte às atividades de afretamento de embarcações. No entender do autuante, os serviços administrativos que geraram estas receitas teriam sido prestados no Brasil e seus resultados também seriam aqui verificados, por serem supostamente inerentes à prestação de serviços de perfuração no País à sua cliente Petróleo Brasileiro S/A ("Petrobrás") e, portanto, não corresponderiam ao de suporte às atividades de afretamento de embarcações pertencentes à empresa estrangeira sediada no exterior. Para uma melhor compreensão, a defesa faz uma contextualização da forma como os serviços de perfuração marítima de poços de petróleo e de gás natural, previstos na Cláusula 2ª de seu Contrato Social, são prestados pela Impugnante no País, diferenciandoos dos serviços de administração do afretamento das embarcações, firmado entre a Impugnante e as empresas estrangeiras. Nesse sentido, destacamse os seguintes aspectos narrados pela impugnante. Conforme se verifica do seu Contrato Social, a Impugnante é empresa que se dedica, entre outras atividades, à prestação de serviços correlatos à indústria do petróleo e gás, tais como perfuração, complementação e "workover". Na realização de suas atividades sociais, a Impugnante é contratada por concessionárias de direitos de exploração e produção de jazidas de petróleo e gás localizadas no País, para o cumprimento dos programas de perfuração desenvolvidos pelas concessionárias em decorrência da concessão para exploração e/ou produção de petróleo e gás natural em campos específicos outorgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Por se tratar de operações extremante complexas e específicas, as concessionárias contratam diversos fornecedores de equipamentos, materiais e serviços para a realização das referidas operações, dentre os quais se inclui a Impugnante no que tange aos serviços de perfurações, completação e "workover". Como as atividades são realizadas offshore, em águas jurisdicionais brasileiras, os serviços prestados pela Impugnante a seus clientes são invariavelmente executados a bordo de plataformas/naviossonda ("embarcações") de propriedade de terceiros domiciliados no exterior, pertencentes ou não ao grupo econômico da Impugnante. Estas embarcações são afretadas diretamente pelas concessionárias de direitos de exploração e produção de jazidas de petróleo e gás, a exemplo da Petrobrás, através de contratos de afretamento celebrados diretamente com empresas. Fl. 11768DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.769 9 Em paralelo, tais concessionárias contratam empresas domiciliadas no País para a realização de serviços de perfurações, completação e "workover", realizados por empresas prestadoras de serviços em geral, não proprietária de embarcações – em geral não são proprietárias das embarcações – que seguem as premissas e orientações previstas no programa de perfuração definido pela própria concessionária. Como se vê, o modelo de contratação adotado pelas concessionárias no País é o da contratação bipartida, que consiste na celebração de dois contratos negócios jurídicos distintos , com pessoas jurídicas distintas, cada qual responsável por acobertar diferentes obrigações, como de rigor. No caso da Petrobrás, as contratações são realizadas através de processo licitatório público exaustivamente regulado, submetido a Concorrência Internacional ou Carta Convite, com regras rígidas e próprias previstas em legislação de regência (Lei n° 8.666/93 e Decreto n° 2.745/98), o que, por si só, já afasta qualquer possibilidade de ingerência das empresas participantes do certame sobre os seus termos e condições, mormente sobre a estrutura já préconcebida dos contratos de serviço e de afretamento. A previsão de duas contratações distintas uma para o afretamento e outra para a prestação de serviços de perfuração encontrase, inclusive, expressamente prevista tanto nos editais das Concorrências Públicas, quanto no próprio Convite Internacional, conforme cláusulas 1.6 e 1.1 (doc. 03). Como se não bastasse a previsão de duas contratações distintas no texto dos editais e dos Convites Internacionais, notese que a legislação do REPETRO prevê, ainda, como requisito para que as embarcações possam ser importadas sob Regime de Admissão Temporária com suspensão total dos tributos federais , que as concessionárias contratem diretamente o afretamento com as proprietárias domiciliadas no exterior, ex vi o já citado artigo 14 da Instrução Normativa n° 844/08. No caso em tela, durante o período autuado, a Petrobrás, concessionária contratante dos serviços de perfuração da Impugnante, celebrou contratos de afretamento com a empresa estrangeira Transocean UK Limited ("TUKL") (tal como destaca o autuante), para o fornecimento das embarcações necessárias ao desenvolvimento de suas operações. Em paralelo, a Petrobrás contratou a Impugnante, para a realização de serviços de perfurações, completação e "workover", a bordo das embarcações por ela afretadas e de acordo com seu próprio programa de perfuração, conforme contratos de prestação de serviço em anexo (tal como destaca o autuante). Na execução dos serviços de perfurações, completação e "workover", a Impugnante incorre em despesas inerentes à sua própria atividade de perfuração e que são, naturalmente, Fl. 11769DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.770 10 apropriadas como despesas suas, não tendo estas despesas sido abjeto da autuação ora combatida. No entanto, nos termos do §4° do artigo 5º da IN RFB n° 844/08 aplicável à época dos fatos geradores , a Impugnante foi designada para promover a importação das embarcações acima referidas, bem como das partes, peças, ferramentas e equipamentos destinados à sua manutenção, reparo e operação no País. A possibilidade de importação não apenas das embarcações afretadas das empresas estrangeiras pelas concessionárias locais, bem como das partes, peças e equipamentos necessários ao perfeito funcionamento e à manutenção das referidas unidades decorre, como visto, de expressa previsão da legislação do REPETRO (Decreto n° 4.543/2002, IN RFB n°s 844/08 e 1.415/13), que autoriza a empresa prestadora dos serviços designada in casu, a Impugnante, a habilitarse ao REPETRO para que, amparada por Atos Declaratórios Executivos ADEs, possa "promover a importação dos bens que sejam objeto de afretamento, (...) desde que vinculados à execução de contrato de prestação de serviços celebrado entre elas", tal qual é o caso dos autos, digase. Ao assumir o papel de importadora das embarcações, partes, peças e equipamentos, conforme designação para fins de REPETRO, as empresas estrangeiras afretadoras contratadas pelas concessionárias locais, por estarem domiciliadas no exterior, contratam, em paralelo, os serviços administrativos da impugnante para o perfeito cumprimento do afretamento no País, de forma a entregar e manter, durante todo o período do afretamento, as embarcações em condições de uso e operação às concessionárias locais. Isto porque em razão da urgência e do dinamismo próprios da atividade de afretamento e, tendo em vista que as empresas afretadoras são domiciliadas no exterior sem representantes no Brasil, a contratação de empresa residente no País para suporte administrativo nas atividades de afretamento é condição necessária para a perfeita execução do afretamento, evitando a interrupção e o comprometimento da navegabilidade e segurança das embarcações. Com efeito, a aquisição de partes e peças destinadas ao funcionamento e à manutenção das embarcações durante o prazo dos contratos de afretamento, bem como as demais despesas ordinárias ou extraordinárias necessárias ao funcionamento e manutenção do bem objeto do afretamento, são inequivocamente de interesse das afretadoras estrangeiras. Tais despesas, no entanto, não se confundem com as despesas incorridas pela Impugnante para a execução dos contratos de prestação de serviços celebrados com a Petrobrás e que, por sua natureza, guardam relação com as atividades de perfuração, tais como os custos e despesas relacionados à Fl. 11770DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.771 11 tripulação de perfuração e aos consumíveis utilizados na prestação de serviços que não sejam adquiridos diretamente pelas concessionárias (e.g. brocas, lamas e fluidos de perfuração, etc Dessa maneira, além dos serviços de perfuração prestados à Petrobrás, a Impugnante presta à afretadora estrangeira, para suporte administrativo na operação de afretamento no País, diversos serviços administrativos, que inclui o auxílio na obtenção das licenças necessárias juntos às autoridades marítimas para a embarcação operar no País, no desembaraço aduaneiro da embarcação, bem como de suas partes e peças de reposição, na armazenagem destas partes e peças no País, na acomodação de funcionários da empresa estrangeira, no auxílio na identificação de fornecedores de serviços e materiais estritamente relacionados à manutenção da condição de navegabilidade e segurança da embarcação, dentre outros. Apenas à título de exemplo das contratações incorridas no País, estranhas à atividade de perfuração da Impugnante eis que se tratam de demandas relativas ao afretamento das embarcações a Impugnante pode citar a contratação de terceiros para a execução dos serviços de (i) mecânica e reparo de motores; (ii) serviços de análise de ancoragem das embarcações; (iii) reparo e calibração de equipamentos a bordo das unidades; (iv) assistência técnica; (v) locação de andaimes para reparos a bordo; (vi) troca de válvulas; (vii) locação de mãodeobra para serviços de soldagem a bordo das unidades; (viii) manutenção e segurança da embarcação, como defensas, instalação de painéis de detecção de incêndio , todos necessários ao funcionamento, manutenção e reparo das embarcações sob contratos de afretamento, tal como consta do Contrato firmado com a afretadora no exterior com a Petrobrás. E de se notar que todos os serviços acima foram efetivamente prestados por terceiros e em prol das embarcações destacadas no Relatório de Fiscalização, como fazem prova as respectivas notas fiscais ora acostadas (doc. 04). Estes serviços administrativos de gerenciamento das embarcações no País são amparados por um terceiro contrato, o de Prestação de Serviços Administrativos (doc 5), firmado apenas entre a Impugnante e a proprietária estrangeira das embarcações, cujo escopo contratual não se confunde com os contratos firmados com a Petrobrás, cujos objetos distintos são delineados em editais e Convites internacionais. Nos termos do referido contrato firmado, a Impugnante cobra da afretadoraestrangeira um valor fixo (taxa) para o gerenciamento de cada embarcação administrada, sendo este valor faturado diretamente à empresa estrangeira conforme se comprova pelas notas fiscais de serviços (doc. 6). Fl. 11771DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.772 12 De fato, ao prestar serviços administrativos para o funcionamento e manutenção da embarcação, a Impugnante não está a serviço da Petrobrás, mas sim a serviço das afretadoras estrangeiras, cujos considerandos do Contrato de Serviços Administrativos bem esclarecem o propósito da referida avenca (doc. 6). E válido relembrar que a remuneração decorrente deste contrato firmado entre a Impugnante no País e a empresa estrangeira proprietária das embarcações, não guarda qualquer relação com àquele decorrente da prestação de serviços de perfuração firmado pela Impugnante com a Petrobrás e sim com aqueles serviços estabelecidos no Anexo "A" do Contrato de Prestação de Serviços Administrativos (doc. 5 ). É válido mencionar que a remuneração pelos serviços de administração prestados é paga pelas empresas estrangeiras através de remessas periódicas acobertadas por contratos de câmbio devidamente registrados e aprovados pelo Banco Central do Brasil, ora colacionados à título ilustrativo (doc. 6). Dessa maneira, por se tratar remuneração inerentes a serviços administrativos prestados à empresa sediada no exterior, os valores dele decorrentes são lançados pela Impugnante como Receitas de Exportação de Serviços, sendo devidamente oferecidas à tributação, tal como fazem prova as anexas Declarações fiscais (does. 07) e as notas fiscais de serviços com destaque do ISS (doc. 06). A defesa apresenta ilustração sobre a estrutura operacional/contratual e organograma sobre o cerne da disputa. Não há qualquer relação entre os valores recebidos das afretadoras estrangeiras pelos serviços de administração prestados pela Impugnante, e aqueles recebidos da Petrobrás pela prestação de serviços de perfuração no País; muito menos entre os valores remetidos pela Petrobrás à título de afretamento à proprietária das embarcações domiciliada exterior, que justifique o grave entendimento do autuante de que os valores recebidos pelos Serviços Administrativos prestados à TUKL (afretadora estrangeira) seriam, na verdade, reingresso de receitas decorrentes da prestação de serviços no País da Impugnante à Petrobrás e, portanto, sujeitos à tributação. Digase desde logo que não poderia o autuante desconsiderar a estanqueidade dos referidos Contratos e a licitude nas contratações, entendendo que os valores recebidos em decorrência das atividades de gerenciamento e administração previstos nos Contratos de Serviços de Administração, seriam, na verdade, receitas operacionais da Impugnante decorrentes das atividades de prestação de serviços à Petrobrás amparadas por Contrato diverso , sem que o autuante houvesse comprovado a ocorrência de dolo, fraude, simulação ou abuso de forma ou de direito por parte da Impugnante. Fl. 11772DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.773 13 Apenas com a comprovação do dolo, fraude, simulação ou abuso de forma ou de direito é que poderia o autuante desconsiderar a lisura da estrutura operacional/contratual existente em diferentes Contratos, para proceder com a desconsideração dos negócios jurídicos validamente realizados (i) entre a Impugnante e a Petrobrás; (ii) entre a Impugnante e a empresa estrangeira e (iii) entre a empresa estrangeira e a Petrobrás. Em reforço ao acima exposto, válido lembrar que essas avenças, em especial aquelas firmadas com a Petrobrás, foram fruto de Concorrências Internacionais em que, tanto as afretadorasestrangeiras, quanto a Impugnante, na qualidade de prestadora de serviços, sagraramse vencedoras cabendo à cada tipo de Contrato, condições e obrigações específicas previstas nos editais e nos Convites Internacionais que, decerto, não se confundem. Enfim, constatase que o lançamento em questão, além de desrespeitar por completo os comandos normativos autorizadores da desconsideração dos atos jurídicos praticados pelas empresas e a própria personalidade jurídica da Impugnante, enquadrando todos os contratos como se um só fossem, baseouse o autuante em mera aposição para confundir as diferentes atividades e obrigações previstas em cada uma dessas contratações. Não bastasse a equivocada premissa utilizada pelo autuante de inadvertidamente considerar sob o escopo de um único contrato de serviços de perfuração no País as diferentes obrigações assumidas pela Impugnante (administração de embarcações e prestação de serviços), ainda assim a exigência do PIS não se sustenta, pois, restará demonstrado tratarse o serviço de administração de embarcações uma efetiva exportação de serviços, isenta, portanto, da referida Contribuição. A legalidade de se Planejar Tributariamente Antes de adentrar nas razões preliminares de sua defesa, a Impugnante tece algumas considerações acerca da licitude de se planejar, inclusive, tributariamente negócios jurídicos. Nesse sentido, destacamse as seguintes questões levantadas pela impugnante. Dentre estas garantias constitucionais aplicáveis ao contribuinte empresário, destacamse a livre iniciativa e a autonomia privada, que de forma conjugada, permitem aos particulares exercerem suas vontades individuas e firmar acordos de vontade conforme os seus interesses no campo do Direito Privado, desde que submetidos ao princípio da legalidade, também previsto no texto constitucional. No Direito Tributário, cujo campo também atinge as relações e atos de vontade exercidos pelos indivíduos em decorrência da autonomia privada da vontade, vige o princípio da tipicidade, Fl. 11773DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.774 14 onde os comportamentos não proibidos podem ser exercidos, desde que permaneçam dentro da licitude esperada. Deste permissivo surge a possibilidade que é dada ao contribuinte por ausência de vedação legal de estruturar seus negócios, seu modo de vida e seus costumes, de forma que, dentro da licitude do ordenamento Pátrio, opte por trilhar o caminho que lhe seja menos oneroso para atingir o objeto social de sua atividade. Não pode o legislador impor ao contribuinte que este se submeta sempre a seguir a estrutura, o caminho, que implique em maior carga tributária. A Lei das Sociedades Anônimas, inclusive, traz comando normativo que impõe aos administradores das sociedades a busca pela menor onerosidade (art. 153). Também utilizandose como exemplo a indústria de petróleo e gás, da qual a Impugnante faz parte, a legislação do REPETRO permite a importação de bens principais (embarcações) e acessórios (partes e peças) através de Regime Aduaneiro Especial de Admissão Temporária, com suspensão total dos tributos federais incidentes, justamente como forma de evitar que o contribuinteimportador tenha que nacionalizálos para utilizálos nas operações contratadas. A licitude de se planejar e organizar a vida empresarial de modo a se optar pela direção menos onerosa, decerto que encontra balizadores no próprio campo do Direito Tributário Com efeito, não basta que o indivíduo tenha planejado seus negócios para exercer a sua atividade de modo menos onerosa e dentro da legalidade e da licitude. E também imprescindível que o faça antes de esbarrar no "fato definido em Lei como necessário e suficiente ao nascimento da obrigação tributária". Somente então, estarseá diante de legítimo Planejamento Fiscal lícito, amplamente aceito pelo ordenamento. Reforçando seus argumentos, a defesa faz transcrições sobre o entendimento de Cândido Henrique de Campos e Ricardo Mariz de Oliveira. A jurisprudência administrativa vem reconhecendo a licitude do planejamento tributário, quando presente a legitimidade e coerência entre o negócio praticado e o desejo externado. Contudo, como saber se o planejamento que se pretende empreender encontrase dentro do campo da licitude? Marco Aurélio Greco traz em sua obra Planejamento Tributário, um certo modelo funcional, capaz de responder à este questionamento. Segundo o Professor: "As manifestações de vontade não existem isoladas no tempo e no espaço. Surgem em função de uma situação que as antecede e buscase com elas obter determinado resultado. Fl. 11774DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.775 15 Assim, o relevante em determinada operação (além do atendimento à legalidade e da inocorrência de patologias) é a justificação que se encontra em seu contexto (...)" Com isso, sugere que a validade do planejamento tributário seja testada através das seguintes constatações: • a existência de motivo e finalidade não predominantemente tributários; • a congruência da manifestação da vontade (e do perfil do negócio) em relação ao motivo e à finalidade; e • a função dentro do empreendimento econômico a que se destina a operação. Dessa maneira, para a constatação da validade do planejamento tributário por parte do Fisco, o essencial não é analisar a simples existência de menor carga tributária, como efeito de determinado negócio jurídico, mas sim examinar a justificação da conduta que teve aquele efeito tributário. No caso em apreço, como se verá adiante, ainda que fosse imputado à Impugnante eventual planejamento tributário em seus negócios, o que de fato não aconteceu, todas as questões acima são facilmente respondidas com base nos próprios contratos analisados pela fiscalização e com base em dispositivos expressos da legislação de regência. A Validade do Contrato Firmado pela Impugnante com a Petrobrás e a Ausência de Solidariedade entre os Contratos de Prestação de Serviços de Perfuração e Afretamento Nesse tópico da impugnação, a defesa analisa a validade dos contratos de afretamento e de prestação de serviços de perfuração firmados. Considera que o autuante se utilizou da autorização excepcionalíssima comedida pela legislação de regência, para desconsiderar a estanqueidade dos contratos firmados com a Petrobrás para a prestação de serviços de perfuração e afretamento, utilizandose da premissa para desconsiderar os demais negócios jurídicos firmados pela Impugnante. Entende que o autuante olvidouse de analisar detidamente as cláusulas e condições dos contratos antes de concluir de forma açodada sua grave acusação. Nesse sentido, argumenta: Primeiramente, deveria o autuante observar se tratar de contratos decorrentes de licitação pública do tipo Concorrência Internacional e Carta Convite, cujos termos e condições postos pela administração aos interessados, não podem ser alterados pelas partes interessadas. No que concerne ao propósito negocial de se firmar dois contratos (afretamento e de serviços de perfuração), em vez de Fl. 11775DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.776 16 celebrar um único com cliente brasileiro, bastaria a simples análise detida das cláusulas e condições constantes tanto nos editais das Concorrências Públicas, quanto no próprio Convite Internacional, para perceber que uma das principais condições da proposta é a obrigatoriedade de duas contratações distintas uma para o afretamento e outra para a prestação de serviços de perfuração a bordo das unidades afretadas (vide cláusulas .6 e 1.1 doc. 03). De fato, ao promover o afretamento da embarcação através de contrato firmado com empresa estrangeira, a legislação do REPETRO autoriza, nos termos do artigo 14 da IN RFB 844/0 aplicável à época que a importação seja realizada sob Regime de Admissão Temporária, com suspensão total dos tributos federais incidentes. Tratase, portanto, de imposição da própria administração indireta, na medida em que lhe é lícito planejar a forma menos onerosa da contratação o que, por si, só, esvazia a equivocada premissa de artificialidade dos contratos que partiu o autuante para desconsiderar tais contratações, mormente quando a própria legislação do REPETRO prevê a simultaneidade/bipartição dos contratos (serviços e afretamento). O segundo ponto atacado pela defesa diz respeito à divisão da remuneração pelos serviços de afretamento e de prestação de serviços de perfuração, que, de acordo com a fiscalização, teria sido criada artificialmente pela Impugnante, com um evidente desequilíbrio contratual. Destaca, nesse ponto, o que dispõe a própria cláusula 1.6 do edital público de Concorrência Internacional, que estabeleceu um percentual de 90% para o contrato de afretamento, e 10% para o de prestação de serviços. Ressalta que, em situação bastante similar à presente, o E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já teve a oportunidade de se pronunciar, ocasião em que, com máximo acerto e segurança, decidiu que não se pode insinuar que a empresa, ao assinar contrato de prestação de serviços cuja licitante fixou em 10% o valor para a prestação de serviços e 90% para o afretamento, estava praticando ato com finalidade de lesar o fisco. Acrescenta: É valido mencionar o quão equivocada é a premissa que partiu o autuante que em alguns contratos firmados com a Petrobrás e elencados no relatório de fiscalização, a proporção da remuneração entre o afretamento e a prestação de serviços é de 60%40%, não demonstrando assim, nenhuma suposta disparidade embora previstas por editais capaz de indiciar qualquer intenção da Impugnante em prejudicar o erário. Fl. 11776DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.777 17 Aditese, ainda, o fato de que em relação ao período autuado, a Impugnante obteve lucro de aproximadamente R$ 40 milhões de Reais no ano de 2010, demonstrando, mais uma vez, a inexistência de qualquer relação de prejudicialidade entre a contratação e os seus negócios. Com efeito, tratandose de concorrências públicas, certo é que para a impugnante, na qualidade de prestadora de serviços de perfuração, não há campo para negociações em relação às condições e aos preços impostos pela concessionária em seus certames, não lhe cabendo alternativa, senão aceitálos, caso queira sagrarse vencedora. Portanto, uma vez caracterizada a impossibilidade de ingerência da Impugnante não apenas sobre o desmembramento das atividades de perfuração e afretamento, como também sobre os valores e percentuais entre eles estipulados, eis que pré estabelecidos em edital pela própria concessionária, resta mais do que comprovada a validade dos contratos firmados e mais; a ausência de qualquer intenção dolosa por parte da Impugnante em segundo as infundadas alegações do autuante alterar de forma artificial os contratos como meio de tornar deficitária sua atividade no País. A jurisprudência administrativa reconhece a validade do desmembramento de contratos entre empresas, como forma de planejamento válido. A terceira questão abordada nesse item da impugnação diz respeito à acusação do autuante de que haveria solidariedade entre os contratos de Serviço e de Afretamento e que se confundiriam e que seriam praticamente idênticos, confundindo se entre si. Argumenta: Ao que parece, o autuante desconhece a figura dos "contratos mistos ou coligados. Nesse aspecto, colhase novamente o que ensina a doutrina civilista: "O contrato misto resulta da combinação de elementos de diferentes contratos, formando nova espécie contratual não esquematizada em lei. (...)Nos contratos coligados, não surge a unidade em uma única figura. Eles simplesmente se formam da união de outras espécies, mas permanecendo estas autônomas quanto aos seus efeitos. Faltalhe unidade intrínseca, mas transparece uma dependência recíproca, às vezes imposta pela lei, configurandose, então, como necessária, o que se verifica no transporte aéreo e no seguro de passageiros. Outras formas existem nas quais a dependência é determinada pela vontade das partes." (Contratos, Arnaldo Rizzardo, 2001, pag. 61/62 grifamos) Fl. 11777DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.778 18 O E. Supremo Tribunal Federal já teve a oportunidade de se manifestar e de reconhecer a existência e plena validade de contratos coligados. Portanto, ainda que se entendesse, do que se cogita apenas para argumentar, que o Contrato de Serviço firmados pela Impugnante e o Contrato de Afretamento se confundiriam entre si, ainda assim não haveria qualquer vedação legal nesse aspecto, tal como insinua o autuante, sabidamente desconhecedor dos contratos mistos. Em reforço da validade da bipartição dos contratos (Serviço e Afretamento), citese que a Instrução Normativa n° 844/08, então vigente à época dos fatos geradores autuados, previa expressamente a "execução simultânea" do contrato de afretamento com um contrato de serviço. Finalizando esse tópico, a impugnante analisa se de acordo com o modelo funcional criado por Marco Aurélio Greco, para validar o planejamento tributário realizado pelo contribuinte, o contrato de serviços de perfuração firmado entre a Impugnante e a Petrobrás seria válido. A resposta é sim, com base nas seguintes constatações: • Qual o motivo e finalidade não predominantemente tributários; R: A Impugnante não possui embarcação, portanto, não pode e mesmo não se encontra habilitada a participara de certame público para o afretamento de embarcações. Daí a Impugnante não ser a afretadora da embarcação. Na medida em que a Impugnante possui reconhecido expertise nos serviços de perfuração de poços de petróleo e gás, participou e sagrouse vencedora do certamente nesse particular. Válido dizer que a legislação do REPETRO prevê e reconhece a coexistência do contrato de serviços com empresa local e do afretamento com empresa estrangeira, o que acaba por corroborar o motivo da estrutura em questão. • Qual a congruência da manifestação da vontade (e do perfil do negócio) em relação ao motivo e à finalidade; e R: A manifestação de vontade firmada pela Impugnante reflete ^ fielmente sua participação em toda a estrutura comentada na presente defesa. Firmou contrato de serviços com a Petrobrás para a perfuração de poços de petróleo e gás no País e firmou com a empresa estrangeira contrato para auxílio administrativo à referida empresa em suas necessidades domésticas para o bom e perfeito atendimento do afretamento pela empresa estrangeira. • Qual a função dentro do empreendimento econômico a que se destina a operação. R: Por se tratar de empresa que tem como objeto a prestação de serviços Fl. 11778DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.779 19 de perfuração de poços de petróleo e gás, certo que as avenças firmadas pela Impugnante convergem para o seu propósito empresarial. Restando, portanto, demonstrada a validade e legalidade dos contratos firmados pela Impugnante com a Petrobrás, temse como demonstrado o equívoco na premissa que partiu o autuante para desnaturar os demais negócios jurídicos firmados pela Impugnante. PRELIMINARMENTE A Nulidade por Vício de Motivação A ausência da comprovação de dolo, fraude, (dis)simulação ou abuso de forma ou de direito por parte da Impugnante para se desconsiderar a Personalidade Jurídica da Impugnante e os atos jurídicos praticados. Faltando qualquer um desses elementos, o ato administrativo padece de vício de ilegalidade, pois, inexistindo autorização legal, o ato terá sido praticado sem fundamento e inexistindo o motivo de fato, o ato terá sido praticado em hipótese que a própria lei não autorizava. No presente caso, alega que o ato administrativo consubstanciado no auto de infração impugnado, carece de validade por ausência do motivo de fato. A Ausência de Prova do Fato tido como Ilegal para Autorizar a Desconsideração da Personalidade Jurídica e os Atos validamente praticados pela Impugnante A Inexistência da grave acusação de Evasão Fiscal. No que concerne à acusação fiscal de que o contribuinte deixou de incluir na base de cálculo da Contribuição recursos recebidos do exterior à título de "Receitas de empresas coligadas, no lugar de receita de exportação de serviços, a defesa apresenta, em síntese, os seguintes argumentos. Tanto os serviços de perfuração prestados à Petrobrás, quanto os serviços administrativos de gerenciamento das embarcações no País prestados pela Impugnante à afretadora estrangeira, são amparados por contratos próprios e válidos, este último firmado apenas entre a Impugnante e a proprietária estrangeira das embarcações, cujo escopo contratual não se confunde com os contratos firmados com a Petrobrás, cujos termos e condições são previamente delineados em editais e nos Convites Internacionais. Em que pese existirem duas relações jurídicas distintas, com obrigações autônomas e inconfundíveis, o autuante desconsiderou a estanqueidade jurídica dos referidos Contratos, entendendo pela fantasiosa tese, digase que os valores recebidos pela Impugnante da empresa estrangeira, pela administração embarcações por ela afretadas à Petrobrás, também corresponderiam à uma parcela da remuneração dos Fl. 11779DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.780 20 serviços de perfuração prestados no País pela Impugnante à concessionária, e que, através do referido Contrato de administração, estariam retornando à ora Impugnante na forma de remuneração decorrente da exportação de serviços, isenta de tributação pelas contribuições Cofins e PIS. O autuante se ampara na presunção de que embora previstos em ato jurídico próprio, celebrado entre a Impugnante e a afretadora das embarcações no exterior, o pagamento dos valores à título de taxa de administração das embarcações corresponderia, em realidade, à uma parcela da obrigação assumida pela Impugnante junto à Petrobrás. A fiscalização tenta, ainda, justificar em seu relato que tanto a afretadora estrangeira, quanto a Impugnante partilhariam da mesma receita operacional. Estas receitas decorreriam, veja só, dos serviços de perfuração realizados no País, embora ambas fossem responsáveis por obrigações absolutamente distintas firmadas com a Petrobrás e previamente elencadas e individualizadas nos editais e nos Convites Internacionais. Olvidouse o autuante de analisar que embora a empresa afretadora pertença ao mesmo grupo econômico da Impugnante, tratase de pessoa jurídica domiciliada no exterior, com contratos, obrigações, receitas e contabilidade próprias e distintas da Impugnante. É certo ainda que o simples fato de pertencerem ao mesmo grupo econômico não é, per si, capaz de desencadear uma suposta conduta elisiva por parte da Impugnante. A defesa faz uma breve análise sobre os princípios da legalidade, da verdade material e da motivação, para concluir que todo ato administrativo, para ser válido, deve apoiarse numa dupla demonstração: (i) da existência de lei autorizadora da sua emanação, o denominado motivo legal, e (ii) da verificação concreta da situação fática para a qual a lei previu o cabimento daquele ato, o denominado motivo de fato. Faltando qualquer um desses elementos, o ato administrativo padece de vício de ilegalidade, pois, inexistindo autorização legal, o ato terá sido praticado sem fundamento e inexistindo o motivo de fato, o ato terá sido praticado em hipótese que a própria lei não autorizava. No presente caso, alega que o ato administrativo consubstanciado no auto de infração impugnado, carece de validade por ausência do motivo de fato. A Ausência de Prova do Fato tido como Ilegal para Autorizar a Desconsideração da Personalidade Jurídica e os Atos validamente praticados pela Impugnante A Inexistência da grave acusação de Evasão Fiscal. No que concerne à acusação fiscal de que o contribuinte deixou de incluir na base de cálculo da Contribuição recursos recebidos do exterior à título de "Receitas de empresas coligadas, no lugar Fl. 11780DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.781 21 de receita de exportação de serviços, a defesa apresenta, em síntese, os seguintes argumentos. Tanto os serviços de perfuração prestados à Petrobrás, quanto os serviços administrativos de gerenciamento das embarcações no País prestados pela Impugnante à afretadora estrangeira, são amparados por contratos próprios e válidos, este último firmado apenas entre a Impugnante e a proprietária estrangeira das embarcações, cujo escopo contratual não se confunde com os contratos firmados com a Petrobrás, cujos termos e condições são previamente delineados em editais e nos Convites Internacionais. Em que pese existirem duas relações jurídicas distintas, com obrigações autônomas e inconfundíveis, o autuante desconsiderou a estanqueidade jurídica dos referidos Contratos, entendendo pela fantasiosa tese, digase que os valores recebidos pela Impugnante da empresa estrangeira, pela administração embarcações por ela afretadas à Petrobrás, também corresponderiam à uma parcela da remuneração dos serviços de perfuração prestados no País pela Impugnante à concessionária, e que, através do referido Contrato de administração, estariam retornando à ora Impugnante na forma de remuneração decorrente da exportação de serviços, isenta de tributação pelas contribuições Cofins e PIS. O autuante se ampara na presunção de que embora previstos em ato jurídico próprio, celebrado entre a Impugnante e a afretadora das embarcações no exterior, o pagamento dos valores à título de taxa de administração das embarcações corresponderia, em realidade, à uma parcela da obrigação assumida pela Impugnante junto à Petrobrás. A fiscalização tenta, ainda, justificar em seu relato que tanto a afretadora estrangeira, quanto a Impugnante partilhariam da mesma receita operacional. Estas receitas decorreriam, veja só, dos serviços de perfuração realizados no País, embora ambas fossem responsáveis por obrigações absolutamente distintas firmadas com a Petrobrás e previamente elencadas e individualizadas nos editais e nos Convites Internacionais. Olvidouse o autuante de analisar que embora a empresa afretadora pertença ao mesmo grupo econômico da Impugnante, tratase de pessoa jurídica domiciliada no exterior, com contratos, obrigações, receitas e contabilidade próprias e distintas da Impugnante. É certo ainda que o simples fato de pertencerem ao mesmo grupo econômico não é, per si, capaz de desencadear uma suposta conduta elisiva por parte da Impugnante. Com efeito, sendo necessária a contratação de suporte gerencial e administrativo no País, eis que domiciliada no exterior, a afretadora estrangeira poderia ter contratado terceiros para esta função, contudo, por questões puramente de facilidades comerciais e para manter a completude dos serviços no grupo, optou por contratar os serviços administrativos da Fl. 11781DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.782 22 Impugnante, nas mesmas bases e condições que seriam contratados de terceiros. É fato que qualquer desconsideração dos atos e negócios jurídicos realizados pelo sujeito passivo é autorizada pela legislação de regência apenas quando haja comprovadamente abuso de forma ou abuso de direito. O mesmo ocorre para a desconsideração da personalidade jurídica da empresa. Esta autorização é condicionada à verificação e à comprovação concreta pela autoridade administrativa, dos motivos de fato ocorrência de atos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária a ensejar a desconsideração dos atos ou negócios jurídicos praticados pelo sujeito passivo para, somente então, constatar a ocorrência do fato gerador. No entanto, a inclusão do parágrafo único no artigo 116 do CTN, ao mesmo tempo em que ampliou a possibilidade de se comprovar a existência dos "elementos constitutivos da obrigação tributária", dentre eles, o fato gerador do tributo, trouxe também rígidos critérios para a atuação subjetiva da autoridade administrativa. Realmente, por se tratar de norma geral antielisiva, cuja aplicação é excepcionalíssima, olvidouse o autuante de observar os rígidos critérios exigidos pela legislação de regência que autorizariam a desconsideração dos negócios e atos jurídicos realizados pela Impugnante, tornando descabida a exigência do tributo. Da leitura dos trechos do relatório de fiscalização, percebese que para efetuar o lançamento de ofício da Contribuição sem qualquer prova de dolo, fraude, simulação, ou abuso de forma ou de Direito, digase o autuante se ampara na presunção de que embora previstos em ato jurídico próprio, celebrado entre a Impugnante e a afretadora proprietária das embarcações no exterior, o pagamento dos valores à título de taxas pela administração das unidades, muito embora previstos no próprio contrato (cláusula 4 da tradução juramentada), decorrem de contrato diverso, firmado entre a Impugnante e a Petrobrás. Ocorre que de acordo com a legislação de regência, nenhuma das graves acusações não provadas perpetradas pelo autuante a ensejar a desconsideração dos atos e negócios jurídicos praticados pela Impugnante podem ser presumidas, tal como se confere de seu superficial relato. Um dos requisitos previstos na legislação Pátria para a desconsideração dos atos ou negócios jurídicos praticados é a constatação e comprovação pelo autuante através de evidências no próprio processo administrativo instaurado, da ocorrência de dolo, fraude, simulação ou abuso de forma ou de Direito por parte do sujeito passivo com a finalidade dolosa de dissimular a ocorrência do fato gerador. Fl. 11782DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.783 23 Neste sentido, a defesa traz à colação julgados administrativos que impõem ao agente fiscal o ônus de provar a ocorrência de dolo, fraude ou simulação para autorizar a desconsideração dos atos e negócios jurídicos do sujeito passivo para fins de exigência de tributo Ressalta que o conceito legal da simulação vem expresso no Código Civil, no qual se há de buscar o seu sentido e alcance, especialmente porque não há definição legal específica de simulação na lei tributária sendo portanto aplicável o art. 110 do CTN. Nos termos do art. 167 do Código Civil haverá simulação nos negócios jurídicos quando estes (i) aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; (ii) contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; e (iii) estiverem embasados em instrumentos particulares antedatados ou pósdatados. Em primeiro lugar, vêse que a Impugnante não aparentou conferir ou transmitir e de fato não conferiu ou transmitiu direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferiu ou transmitiu. Os documentos acostados aos autos bem refletem a mais pura realidade dos fatos econômicos e dos atos jurídicos praticados, o que significa afirmar que o que neles foi escrito representou a efetiva vontade das partes e de fato ocorreu. Em segundo, e pela mesma razão, porque os documentos produzidos pela Impugnante ou pelas demais empresas relacionadas na autuação não contém declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira. O que nelas foi declarado, repitase, é verdadeiro e ocorreu, não havendo nem mesmo alegação das autoridades fiscais a esse respeito, o que dirá prova em sentido contrário. Em terceiro e último lugar, porque também não há, no presente caso, instrumentos particulares antedatados ou pósdatados. A autuação fiscal estribouse exclusivamente em ilações do autuante que reputa a grave acusação de suposta evasão fiscal pela Impugnante para "mascarar" a ocorrência do fato gerador sem, no entanto, observar os rígidos critérios impostos pela legislação de regência para esta grave acusação. E, pior, sem trazer qualquer prova que a sustente para descaracterizar a validade dos contratos firmados. Não há uma única prova a demonstrar a ocorrência de dolo, fraude ou simulação nos Contratos celebrados pelas Partes aqui ventiladas, a permitir a desconsideração dos atos jurídicos praticados. Pelo contrário! Através da análise dos respectivos editais e Convites Internacionais emitidos pela Petrobrás para contratação de serviços de perfuração e de afretamento de embarcações, percebese que no caso da Petrobrás, as contratações são realizadas através de licitações públicas, sejam por Concorrência Internacional, seja do tipo Convite, cuja obrigatoriedade de duas contratações distintas uma para o Fl. 11783DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.784 24 afretamento e outra para a prestação de serviços de perfuração a bordo das unidades afretadas encontrase expressamente prevista, tanto nos editais das Concorrências Públicas, quanto nos Convites Internacionais, não cabendo qualquer ingerência das empresas participantes nos termos e condições pré estabelecidos nestes contratos. É válido dizer que nem mesmo os percentuais fixados à título de remuneração por cada contrato afretamento e de prestação de serviços de perfuração são negociáveis pelas partes interessadas, encontrandose já prédefinidos nos anexos dos Convites Internacionais encaminhados. Portanto, não bastam meras suspeitas ou indícios para que quaisquer atos ou negócios jurídicos possam ser desconsiderados pela Fiscalização. E necessário que o Fisco apresente prova concreta de suas alegações. Reforçando seus argumentos a defesa transcreve entendimentos de MISABEL ABREU MACHADO DERZI,, do Professor CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, Professor ITAMAR GAINO , RICARDO MARIZ DE OLIVEIRA, e IVES GANDRA DA SILVA MARTINS. Na dissimulação, ou simulação relativa, é preciso que se verifique e que se comprove a clara intenção dolosa do agente em ocultar através de um ato ou negócio jurídico criado exclusivamente para mascarar a "ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária ", o que decerto não ocorre na espécie. Realmente, não basta a mera irresignação do autuante com a forma pelos quais referidos contatos são validamente pactuados eis que, como visto, decorrem de certame cuja ingerência aos seus termos e condições impostos aos participantes fogem da alçada da Impugnante. Da mesma maneira, os contratos de administração das embarcações no País refletem exatamente os serviços efetivamente prestados pela Impugnante à sua contratante no exterior, tal qual elencados no anexo "A" da avença, cujo ônus de provar o contrário o suposto fato gerador do PIS cabe exclusivamente ao Fisco autuante. Deveria, pois, o autuante caso entendesse por sua "artificialidade", provar que o objeto que o rege tem objetivo diverso daquele efetivamente pactuado, o que decerto não o fez. Utilizando o conceito da "dissimulação" ou simulação relativa, verificase raramente que os valores recebidos pela prestação de serviços de gerenciamento e administração das embarcações no País para permitir a continuidade dos contratos de afretamento firmados entre a proprietária estrangeira e a Petrobrás, nem de longe tinham como objetivo 'mascarar" receitas operacionais recebidas no País pela Impugnante para cobrir despesas Fl. 11784DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.785 25 incorridas na prestação de seus serviços de perfuração à Petrobrás, tal como tenta impor o autuante. Pelo contrário, os valores recebidos da empresa estrangeira eram contabilizados pela Impugnante em conta contábil específica e lançados pela Impugnante como Receitas de Exportação de Serviços e, como de rigor, oferecidas à tributação do IRPJ e da CSLL, tal como fazem prova os anexas declarações fiscais (docs. 07) e as notas fiscais de serviços com destaque do ISS (docs. 06). Neste sentido, a fiscalização dispôs de todos os dados para constatar a eventual ocorrência do fato gerador e o regular recolhimento realizado pela Impugnante, não havendo, portanto, qualquer conduta dolosa com o intuito de fraudar, (dis)simular ou ocultar a ocorrência do fato gerador. O que ocorre é que no caso dos autos, em relação ao PIS e a COFINS, por força legal, as receitas obtidas na prestação dos serviços de Administração das embarcações são isentas da Contribuição. Para comprovar a transparência e a lisura nos procedimentos adotados pela Impugnante para o recebimento dos valores da afretadora estrangeira como contraprestação aos serviços de administração das embarcações no País, a Impugnante destaca que estes valores eram, também como de rigor, contabilizados e convertidos através de contratos de câmbio devidamente registrados e aprovados pelo Banco Central do Brasil, nos estritos limites legais e contratuais (docs. 06), não havendo o que se falar, sequer, em omissão de receitas. Das conclusões acima, verificase que a infundada acusação de evasão fiscal e/ou planejamento tributário abusivo equivocadamente sugeridos mas não provados pelo autuante como motivadores da desconsideração dos Contratos firmados, não restaram comprovados no curso do processo de fiscalização, eis que os negócios celebrados pela Impugnante com a concessionária local e com as empresas estrangeiras não se enquadram em quaisquer das hipóteses previstas em lei para sua caracterização como (dis)simulado, não sendo possível a presunção de sua ocorrência onde a lei não a preveja. Com efeito, somente com a comprovação dos elementos de dolo ou fraude com o objeto de dissimular/fraudar a ocorrência do fato gerador do tributo, poderia o autuante desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados pela Impugnante para entender que tanto a Impugnante quanto a afretadora estrangeira supostamente partilhariam da mesma receita operacional decorrente do contrato de prestação de serviços de perfuração firmado com a Petrobrás (grifei). Portanto, sem que o autuante tenha evidenciado nos autos através de prova inequívoca qualquer prática de dolo fraude ou simulação a permitir a desconsideração dos atos e negócios jurídicos validamente praticados pela Impugnante, a falta de motivação fática toma contornos insuperáveis. Fl. 11785DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.786 26 Por todas as razões acima, está certa a Impugnante que o auto de infração ora impugnado é nulo de pleno direito por patente falta de motivação e base legal para fundamentar as conclusões do autuante. A Decadência Parcial A defesa se insurge contra parcela do lançamento, relacionada aos fatos geradores ocorridos até abril de 2009, pois teriam sido atingidos pela decadência. Nesse sentido, faz referência ao art. 150, § 4º, do CTN, que trata do lançamento por homologação. Informa que houve pagamento das contribuições PIS e Cofins no período autuado. Afirma que deve ser agastado desde logo o eventual argumento de que diante da alegada e não provada, insistase conduta dolosa praticada pela Impugnante, a contagem do prazo decadencial estaria postergada para o exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador (art. 173, 1 do CTN). Assim, como apenas tomou ciência do lançamento em 19 de maio de 2014, a autuação em tela só poderia atingir fatos geradores ocorridos a partir de maio de 2009. Destarte, requer que seja desconstituída a parcela da autuação que verse sobre fatos geradores já atingidos pela decadência, em especial aqueles ocorridos entre 31.01.2009 e 31.04.2009, nos termos do inciso V, do artigo 156 do Código Tributário Nacional c/c o artigo 150, parágrafo 4º do mesmo Código. Os Serviços Administrativos prestados pela Impugnante e a efetiva exportação de serviços à Empresa Estrangeira Afretadora das Embarcações Nesse tópico a defesa destaca alguns aspectos relacionados ao Contrato de Serviço de Administração (doc. 05), que celebrou com a empresa estrangeira Transocean UK Limited, ressaltando que diverge do contrato firmado com a Petrobrás. Dentre os argumentos expostos, destacamse: Tendo em vista que a empresa afretadora não possui estabelecimento no País, a Impugnante foi designada, nos termos da regulamentação do REPETRO, para promover a importação das referidas unidades, suas partes e peças, de modo a viabilizar, em nome da afretadora estrangeira, o perfeito funcionamento das embarcações no curso dos Contratos de afretamento firmados entre a afretadora e a Petrobrás. Dessa forma, com o objetivo de gerenciar e administrar os gastos com a manutenção das referidas embarcações afretadas, a afretadora no exterior celebrou com Impugnante, o Contrato de Serviço de Administração. De acordo com os termos do referido Contrato, cabia à Impugnante, em nome da afretadora das embarcações estrangeiras, gerenciar determinados custos e despesas necessários ao funcionamento e à manutenção das embarcações durante o prazo em que estivessem afretadas às Concessionárias Fl. 11786DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.787 27 no País no caso à Petrobrás , de modo a evitar a interrupção e o comprometimento da navegabilidade e segurança das embarcações e que pudesse, inclusive, prejudicar os serviços de perfuração prestados pela Impugnante à Petrobrás a bordo das referidas unidades. Tratase, portanto, de verdadeira atividade de agenciamento. Da análise das obrigações constantes do Anexo "A" do referido contrato de Aministração, percebese serem elas, de fato, características dos serviços de agenciamento e administração das embarcações pertencentes às empresas estrangeiras, cuja remuneração pelos serviços prestados em nada se relacionam aos serviços de perfuração prestados pela Impugnante à Petrobrás. Apenas à título ilustrativo a Impugnante destaca a contratação de terceiros para a execução dos seguintes serviços no País em prol da afretadora estrangeira das embarcações, que se relacionam estritamente à manutenção e administração das embarcações afretadas: (i) mecânica e reparo de motores; (ii) serviços de análise de ancoragem das embarcações; (iii) reparo e calibração de equipamentos a bordo das unidades; (iv) assistência técnica; (v) locação de andaimes para reparos a bordo; (vi) troca de válvulas; (vii) locação de mãodeobra para serviços de soldagem a bordo das unidades; (viii) manutenção e segurança da embarcação, como defensas, instalação de painéis de detecção de incêndio; dentre tantos outros (docs. 04). Portanto, remuneração pelos serviços prestados pela Impugnante à afretadora estrangeira é, inegavelmente, receita de exportação destes serviços de agenciamento realizados em prol ou em função das embarcações em favor da empresa estrangeira contratante, cuja descaracterização somente se permitiria com prova robusta e inequívoca das infundadas alegações, o que não ocorre na espécie. Os recursos remetidos pela empresa estrangeira à Impugnante à título de remuneração pelos serviços de administração à ela prestados não representam remuneração por serviços prestados à Petrobrás, constituindo verdadeira exportação de serviços em favor da afretadora estrangeira, não configurando receita da Impugnante passível de tributação pela contribuição ao PIS. In casu, ao contrário do que tenta impor o autuante, a Impugnante, de fato, prestou serviços ao exterior, pois, na Fl. 11787DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.788 28 medida em que a empresa estrangeira responsável por afretar embarcações à Petrobrás não é domiciliada no País, se utilizou da Impugnante na qualidade de agente para a obtenção de fornecedores e serviços domésticos que necessitava aqui no Brasil para a plena manutenção e operacionalização das obrigações que assumiu nos Contratos de Afretamento firmados; daí surgindo as receitas pelos serviços prestados pela Impugnante à afretadora estrangeira, que embora seja do mesmo grupo econômico, tratase de pessoa jurídica absolutamente distinta e independente. Também nesse particular os contratos de câmbio (doc. 06) socorrem a Impugnante e bem demonstram o efetivo ingresso de divisas no País como contrapartida dos serviços prestados pela ora Impugnante a terceiros localizados no exterior. Diante desse cenário, incorre em equívoco o autuante ao pretender exigir PIS e COFINS sobre "receitas" de prestações de serviços efetivamente realizadas ao exterior que representaram ingresso de divisas no País. A Inaplicabilidade da Multa Qualificada (115%) Ausência do elemento doloso A Multa Agravada Alega a defesa que, embora se possa atribuir à Impugnante multa formal por eventual falta de recolhimento das contribuições, por não considerar os valores recebidos da afretadora estrangeira como receitas de exportação de serviços o que se admite apenas para argumentar , tal fato não justifica e não legitima classificar eventual equívoco cometido pela Impugnante, na classificação destas receitas como conduta dolosa, muito embora, tal como comprovado pela documentação que acompanha esta defesa, tais receitas tenham sido devidamente oferecidas à tributação do IRPJ e da CSLL. Afirma que a existência de dolo ou intuito de lesar o Fisco depende da comprovação de que o contribuinte tenha usado artifícios para impedir que o Fisco tivesse acesso e conhecimento à situação fática real ou ainda a apresentação de documentação inidônea, essa entendida como aquela criada pelo Contribuinte sem qualquer suporte fático; o que decerto não é a hipótese dos presentes autos. In casu, não teria havido ocultação ou omissão de receitas, tampouco uso ou emissão de documentos falsos. Ao contrário, o autuante dispôs das informações necessárias e suficientes para o exercício da fiscalização, tais como o contrato de prestação de serviços administrativos, as notas fiscais emitidas pela Impugnante, os contratos firmados com a Petrobrás, dentre tantos outros documentos elencados pelo próprio autuante em seu relatório de fiscalização. Assim, considera inconcebível acusar a Impugnante de ter agido dolosamente para ocultar a ocorrência do fato gerador (art. 72 da Lei n° 4.502/64) quando se verifica nos autos que a própria Impugnante emitiu notas fiscais das exportações de serviço que realizou, que todas as operações eram registradas através de Fl. 11788DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.789 29 contratos de câmbio apro\ados pelo BACEN, que computou as receitas dessas exportações de serviço na base de cálculo do IRPJ e da CSSL devidos em sua DIPJ, que recolheu ISS sobre tais receitas de exportação e que informou tais receitas em suas DIPJs Em vista de todas as razões acima, conclui que resta clara a inexistência de evidente intuito de dolo por parte da Impugnante, de forma que não se pode admitir a aplicação da multa agravada de 150%. A Impossibildade de se Exigir Juros sobre a Multa de Ofício A partir da análise do Parecer MF n.° 28, de 02 de abril de 1998, emitido pela CoordenaçãoGeral do Sistema de Tributação (COSIT), do artigo 61 da Lei n.° 9.430/96, e do art. 43 da Lei nº 9.430/96, a defesa sustenta o entendimento de que não há margem para qualquer interpretação acerca da possibilidade da incidência de juros sobre as multas de ofício aplicadas pelas autoridades fiscais. Assim, considera que procedimento costumeiramente adotado pelos agentes fiscais de calcular juros sobre a multa de ofício carece de fundamentação legal. Essa prática da fiscalização somente seria válida nos casos em que a multa aplicada pelas autoridades fiscais correspondesse ao valor principal do débito fiscal, como, por exemplo, na hipótese de autuação do contribuinte por descumprimento de obrigação acessória/regulamentar. Acréscimos Moratórios Por fim, a defesa faz uma análise sobre a cobrança dos juros de mora, para concluir que a jurisprudência vem reconhecendo a inaplicabilidade da taxa referencial SELIC aos créditos tributários, uma vez que considera que esta taxa não foi criada por lei para fins tributários. Pelo todo exposto, requer a Impugnante seja julgada PROCEDENTE a presente defesa e, consequentemente, seja julgado totalmente improcedente os autos de infração do PIS e da Cofins." A decisão recorrida julgou parcialmente procedente a Impugnação e apresenta a seguinte ementa: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2009, 2010 PIS. EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS. NÃO INCIDÊNCIA. A não incidência do PIS sobre a prestação de serviços somente resta caracterizada com a presença cumulativa dos seguintes elementos: (i) a prestação de serviços é para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior; e (ii) o pagamento represente o ingresso de divisas. INGRESSO DE RECURSOS DO EXTERIOR. NÃO CONFIGURAÇÃO. Não configura ingresso de divisas o pagamento de prestação de serviços por empresa no exterior, para empresa do mesmo grupo Fl. 11789DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.790 30 econômico no Brasil, quando esse pagamento faz parte do custo de um outro serviço dessa empresa estrangeira para uma terceira em nosso país. O fato de o recurso ter ido originalmente para uma empresa no exterior e retornado não modifica a natureza da operação original. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2009, 2010 COFINS. EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS. NÃO INCIDÊNCIA. A não incidência da Cofins sobre a prestação de serviços somente resta caracterizada com a presença cumulativa dos seguintes elementos: (i) a prestação de serviços é para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior; e (ii) o pagamento represente o ingresso de divisas. INGRESSO DE RECURSOS DO EXTERIOR. NÃO CONFIGURAÇÃO. Não configura ingresso de divisas o pagamento de prestação de serviços por empresa no exterior, para empresa do mesmo grupo econômico no Brasil, quando esse pagamento faz parte do custo de um outro serviço dessa empresa estrangeira para uma terceira em nosso país. O fato de o recurso ter ido originalmente para uma empresa no exterior e retornado não modifica a natureza da operação original. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009, 2010 PREJUDICIAL DE DECADÊNCIA. PIS/COFINS. PAGAMENTO ANTECIPADO. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário relativo às contribuições PIS e Cofins extinguese após o prazo de cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador, desde que tenha havido pagamento antecipado e não seja verificada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Prejudicial de decadência acolhida para parte dos valores lançados. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. DESCONSIDERAÇÃO DE ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS. A alteração da estrutura de um grupo econômico, separando em duas pessoas jurídicas diferentes, não configura planejamento tributário abusivo, se os negócios forem efetivamente distintos e as estruturas forem autônomas. JURISPRUDÊNCIAS ADMINISTRATIVA E JUDICIAL. DOUTRINA. NÃO VINCULAÇÃO. Fl. 11790DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.791 31 As referências a entendimentos proferidos em outros julgados administrativos ou judiciais ou em manifestações da doutrina especializada não vinculam os julgamentos administrativos emanados em primeiro grau pelas Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento. TAXA SELIC. Procede a cobrança de juros de mora com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), por expressa previsão legal, cuja legitimidade não pode ser aferida na esfera administrativa. JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre a qual também deve incidir os juros de mora à taxa Selic. MULTA QUALIFICADA. NÃO CABIMENTO. Descabe a aplicação da multa qualificada de 150%, quando não devidamente caracterizado nos autos uma das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte" O Recurso Voluntário da Recorrente foi interposto de forma hábil e tempestiva, contendo, em breve síntese, os seguintes argumentos: (i) é empresa que se dedica à prestação de serviços de perfuração marítima de poços de petróleo e gás a bordo de embarcações estrangeiras afretadas por sua cliente/contratante (Petrobras), diretamente dos armadores/empresas proprietárias das embarcações no exterior; (ii) tratamse de duas contratações distintas uma para o afretamento e outra para a prestação de serviços de perfuração que além de expressamente previstas na legislação do REPETRO e corroboradas pela Lei nº 13043/2014, decorrem de processo licitatório público regulado, submetido a Concorrência Internacional ou Carta Convite e com regras rígidas próprias, o que, por si só afasta qualquer possibilidade de ingerência sua sobre os termos e condições do certame, mormente sobre a estrutura já préconcebida dos contratos de serviços e de afretamento; (iii) foi surpreendida com a lavratura de autos de infração para exigência do PIS e COFINS, sob alegação de ter supostamente deixado de incluir na base de cálculo destas contribuições, recursos recebidos do exterior à título de "subvenções para custeio/operação recebidas de pessoa jurídicas de direito privado"; (iv) referidos recursos decorrem de receitas de exportação de serviços prestados à fretadora das embarcações no exterior (TUKL), amparados por contrato próprio de Prestação de Serviços de Administração e Suporte às atividades de afretamento de Fl. 11791DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.792 32 embarcações no país, necessário para atender ao próprio dinamismo da legislação que rege estas contratações/ (v) tendo em vista que a empresa fretadora/proprietária das embarcações (TUKL) é domiciliada no exterior sem representantes no Brasil, tornase necessária a contratação paralela ao afretamento, de empresa residente no país, para que através de suporte administrativo, possase garantir a operacionalidade de suas embarcações afretadas à sua cliente (Petrobras); (vi) nada mais lógico que utilizarse de empresa do mesmo grupo econômico que, além de sediada no país, também fora contratada pela Petrobras para a prestação de serviços de perfuração a bordo da embarcação afretada; (vii) a contratação paralela, tratase de atividade de agenciamento de embarcações; (viii) para fundamentar a autuação, sustenta o Fisco, que embora celebrados de forma autônoma, o contrato de prestação de serviços celebrado entre a Recorrente e a Petrobras e o contrato de afretamento firmado entre a Petrobras e a fretadora estrangeira (TUKL) seriam, na verdade, uma única contratação consubstanciada na prestação de serviços de perfuração mediante o uso de embarcação; tendo sido bipartida de forma artifical pels empresas do grupo Transocean, apenas para que a maior parte dos valores fossem remetidos ao exterior à título de afretamento, com menor carga tributária; (ix) o autuante parte da inexistência de autonomia nas diferentes avenças contratuais firmadas entre a Recorrente e a Petrobras e entre a fretadora estrangeira das embarcações e a Petrobras, para invalidálas, alegando estarse diante de estrutura artificiosa, simulada, fraudulenta e abusiva quando da bipartição dos contratos celebrados com Petrobras, já que no seu entender, ambos caracterizariam como uma única contratação; (x) a Turma Julgadora reconheceu de forma expressa que o autuante não aprofundou as investigações para demonstrar a inexistência dos serviços prestados no contrato; (xi) se a premissa da autuação foi a de que a repartição das receitas entre os contratos seria fraudulenta e artificiosa e se a decisão recorrida afastou fundamentadamente essa equivocada premissa, teria que ter sido decretada a total improcedência das autuações; (xii) em insustentável tentativa de manutenção do lançamento, a Delegacia de Julgamento decidiu que os pagamentos realizados pela fretadora estrangeira à Recorrente seriam, na verdade, em reingresso destes recursos percebidos na prestação de serviços no país, que teriam sido remetidos à fretadora no exterior como receitas de afretamento, apenas para evitar a tributação; (xiii) a decisão recorrida ao mudar o critério jurídico do lançamento ofendeu o art. 146 do Código Tributário Nacional CTN; (xiv) a acusação originariamente lavrada contra a Recorrente pelo autuante foi a de que esta teria recebido subvenção para custeio, pois a repartição das receitas entre os contratos celebrados seria artificiais e sem substância; Fl. 11792DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.793 33 (xv) para sua surpresa ao decidir pela manutenção parcial das autuações, a Turma Julgadora fundamente toda sua decisão no fato de não ter a Recorrente preenchido os requisitos previstos nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 para fruir da isenção do PIS e da COFINS na exportação; (xvi) cita precedentes do CARF sobre a impossibilidade de alteração de critério jurídico; (xvii) a decisão recorrida em diversas passagens destaca a ausência de qualquer irregularidade na estrutura contratual existente entre a Recorrente e a Petrobras e entre esta e a fretadora estrangeira; (xviii) a teor da Medida Provisória nº 215835/2001, de fato, as receitas obtidas através de Contrato de Administração firmado com a fretadora no exterior estão isentas de tais contribuições, por decorrerem "dos serviços prestados a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas"; (xix) olvidase a decisão recorrida de atentar para o fato de a empresa fretadora não possuir estabelecimento no país e de ter havido incontroversamente contratos de câmbio da fretadora estrangeira à Recorrente para o pagamento pelos serviços de suporte que recebeu; (xx) a legislação do REPETRO reconhece a necessidade de as fretadoras estrangeiras que não possuam presença física no país se utilizarem de representantes brasileiros; tanto que prevê textualmente que empresa brasileira seja designada pela fretadora estrangeira na Declaração de Importação da embarcação estrangeira; (xxi) foi designada para promover a importação da embarcação, suas peças e partes, de modo a viabilizar, em nome da fretadora estrangeira, o funcionamento das embarcações no curso dos contratos; (xxii) cabia à recorrente, de acordo com o contrato, em nome da fretadra da embarcações estrangeiras,, gerenciar determinados custos e despesas necessários ao funcionamento e à manutenção das embarcações durante o prazo em que estivessem afretadas às concessionárias no país; (xxiii) tratase, portanto, de atividade de agenciamento/intermediação; (xiv) o CARF já reconheceu a regularidade na existência de contratos conexos envolvendo os serviços prestados pela Recorrente às concessionárias brasileiras e os serviços de suporte e manutenção de embarcações prestados por prestadoras de serviços de perfuração tal como a Recorrente às fretadoras estrangeiras, o que corrobora a total regularidade e idoneidade dessa forma de contratação; (xv) a remuneração pelos serviços prestados pela Recorrente à fretadora estrangeira é, inegavelmente, receita de exportação destes serviços de agenciamento realizados em prol ou em função das embarcações em favor da empresa estrangeira contratante, cuja descaracterização somente se permitiria com prova robusta e inequívoca das infundadas alegações, o que não ocorre no caso, tal como reconhecido pela Turma julgadora; Fl. 11793DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.794 34 (xvi) os recursos remetidos pela empresa estrangeira à Recorrente à título de remuneração pelos serviços de administração à ela prestados não representam remuneração por serviços prestados à Petrobras, como equivocadamente entendeu o acórdão recorrido, constituindo verdadeira exportação de serviços em favor da fretadora estrangeira, não configurando receita passível de tributação pelo PIS e pela COFINS; (xvii) houve inequívoco ingresso de divisas do exterior, os quais estão materializados nos contratos de câmbio (doc. 6 anexo à impugnação da COFINS), como contrapartida dos serviços prestados à fretadora estrangeira; (xviii) não há qualquer prova capaz de invalidar os contratos de câmbio que atestam os pagamentos realizados pela fretadora estrangeira pelos serviços prestados de suporte e manutenção às embarcações afretadas e, por conseguinte, do efetivo ingresso de divisas; (xix) a conversão cambial comprova o efetivo ingresso de divisas no país a ensejar a isenção do PIS e da COFINS se decorrentes da exportação de serviços à pessoa não domiciliada no país; (xx) em casos análogos, já obteve decisões favoráveis no CARF nos processos nº's 15521.000148/200636 e 15521.000126/200595; (xxi) no processo nº 19396.720072/201593 a Turma Julgadora da DRJ de Belém, cancelou autuação lavrada contra empresa prestadora de serviços de perfuração para a cobrança de PIS e COFINS decorrente do ingresso de recursos pela exportação de serviços prestados à empresas estrangeiras, fretadoras de embarcações às concessionárias locais, tal como no caso em tela; (xxii) não é devida a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício; e (xxiii) inaplicável a Taxa SELIC somo juros de mora. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou Contrarrazões em que rebate todos os argumentos da Recorrente. Em petição protocolizada no dia 20/02/2017 a Recorrente anexa a Solução de Divergência COSIT nº 1, de 13/01/2017, a qual segundo o seu entendimento tem aplicação no caso concreto. Por sua vez, a Procuradoria da Fazenda Nacional em manifestação datada de 16/11/2017 defende que a Solução de Divergência COSIT nº 1, de 13/01/2017 não tem aplicação ao caso e pugna pelo desprovimento do Recurso Voluntário e provimento do Recurso de Ofício. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Relator Fl. 11794DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.795 35 Do Recurso de Ofício Correta a decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza (CE), a qual acatou a prejudicial de decadência alegada em relação aos fatos geradores ocorridos até abril de 2009. Assim, é de se transcrever o excerto decisório: "Tem sido convergente o entendimento da jurisprudência e da doutrina especializada que as contribuições para PIS/Pasep e Cofins são exigidas pela modalidade de lançamento prevista no art. 150 do Código Tributário Nacional – CTN (lançamento por homologação). Nessa modalidade, a regra para contagem do prazo decadencial a ser observada, a princípio, é a estabelecida no § 4º do referido art. 150, a saber: § 4 º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Entretanto, conforme ressalva no final do parágrafo, a homologação tácita não ocorrerá quando for verificada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. No presente caso, tais hipóteses estão afastadas, conforme será analisado adiante. Além disso, o lançamento por homologação só se concretiza se houver pagamento antecipado. Se o sujeito passivo nada pagou e a fiscalização verifica que havia tributo a pagar, o que se passa não é que ela deixe de homologar o não pagamento; cabe, sim, lançar (de ofício) o tributo que o devedor tinha o dever de pagar e não pagou. O contribuinte afirma que efetuou pagamentos referentes ao meses de janeiro a abril de 2009, que considera estarem atingidos pela decadência. De acordo com o sistema SIEF – Fiscalização Eletrônica, constatase a existência de uma grande quantidade de pagamentos do PISImportação (5602), PIS não cumulativo (6912), CofinsImportação (5629) e Cofins não cumulativa (5856) no período de 01/01/2009 a 30/05/2009. Assim, a regra a ser aplicada neste processo é a contagem dos cinco anos, a partir da ocorrência do fato gerador. Considerandose que o contribuinte foi cientificado da exigência em 19/05/2014, conforme aviso de recebimento às fls. 9.544, resta claro que nesta data já havia se passado o prazo qüinqüenal, relativamente aos fatos geradores ocorridos de Jan a Abr/2009. Acolhese, portanto, a prejudicial de decadência." Fl. 11795DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.796 36 Acerta, ainda, a decisão, quando afasta a multa qualificada de 150% baseada nos elementos de prova anexados aos autos. Novamente, é de se reportar aos termos do decidido em 1ª instância: "A multa qualificada no percentual de 150% teve por base o disposto no art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430/96, a saber: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...)§ 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) O percentual de 150% deve ser aplicado apenas nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964, ou seja, o intuito de fraude foi aí aludido em seu sentido amplo, devendo para seu entendimento serem observadas as definições dos indigitados dispositivos, in verbis: “Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos no artigo 71 e 72.” (Grifouse) O conluio não chega a ser uma terceira hipótese qualificadora autônoma, pois se refere à possibilidade de a sonegação e/ou a Fl. 11796DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.797 37 fraude serem orquestradas por meio de ajuste doloso entre duas ou mais pessoas (físicas ou jurídicas). Analisandose as características textuais das definições empreendidas pelos arts. 71 e 72, a primeira premissa indispensável é a de que sonegação e fraude são condutas dolosas. Isso se depreende da expressão “(...) toda ação ou omissão dolosa tendente (...)”, que é repetida em ambos os artigos. Sonegação e fraude puníveis são condutas, e não genericamente quaisquer situações jurídicas. São sempre uma “ação” ou “omissão” perpetradas por ser humano, seja em relação ao sujeito passivo pessoa física, seja em relação ao sujeito passivo pessoa jurídica. Isto é, apenas existe sonegação ou fraude qualificadoras se houver uma conduta humana (ação ou omissão). A conduta humana qualificadora deve ser dolosa. Afora todas as doutrinas e controvérsias existentes, podese satisfatoriamente colherse no direito positivo brasileiro o conceito jurídico de dolo. O Código Penal (DecretoLei nº 2.848, de 1940) prevê as figuras do dolo direto e do dolo eventual; tendo adotado a “teoria da vontade” em relação ao dolo direto e a “teoria do assentimento” em relação ao dolo eventual. Segundo a teoria da vontade, age dolosamente quem pratica a ação consciente e voluntariamente. São elementos do dolo: a) a consciência, isto é, o conhecimento do fato, a ciência de que a conduta é a conduta típica; b) a vontade de realizar a conduta típica. Eis o “dolo direto”: a vontade consciente de realizar a conduta típica. Age dolosamente (dolo direto) quem age sabendo que está agindo e querendo agir dessa maneira, mesmo que ignore completamente o caráter ilícito dessa ação. A potencial consciência da ilicitude não é elemento do dolo e, por isso, não se localiza dentro da tipicidade, mas sim é elemento componente da culpabilidade. Se a pessoa realiza uma conduta sabendo que estava realizando essa conduta e com vontade de realizar essa conduta, ela agiu dolosamente, ainda que tivesse plena convicção da licitude dessa conduta. Terá incorrido numa excludente de culpabilidade – erro de proibição –, mas terá agido dolosamente. Já o dolo eventual, conforme a teoria do consentimento, existe quando o sujeito tem a previsão da possibilidade de acontecimento do resultado e ainda assim realiza a conduta, ainda que não queira o resultado. O agente consente em realizar o resultado, mesmo que não o queira (irrelevância da vontade, substituída pelo assentimento). E aqui a diferença fundamental em relação à “culpa consciente”, que acontece quando o sujeito prevê a possibilidade do resultado, mas com ele não assente, porque ele acredita sinceramente que o resultado não acontecerá. Fl. 11797DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.798 38 Portanto, sonegação e fraude são condutas dolosas (dolo direto ou eventual). Para qualificar a multa proporcional de ofício, a autoridade fiscal deve identificar e comprovar a ocorrência da conduta dolosa do sujeito passivo, mediante apresentação de conjunto probatório suficiente. A matéria já foi objeto de duas súmulas, Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Súmula CARF nº 25: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. No caso dos autos, a fiscalização justificou a aplicação da multa qualificada nos seguintes termos: Dos levantamentos acima descritos, do conjunto de elementos e evidências elencadas, chegase a conclusão que a sistemática adotada pela fiscalizada para não recolher as contribuições PIS e COFINS, mesmo após seguidas auditorias fiscais, que ocasionaram autuações sobre as receitas remetidas do exterior pela empresa estrangeira do Grupo TRANSOCEAN, comprova o elemento subjetivo do ilícito fiscal. Tal conduta evidencia, em tese, crime contra Ordem Tributária. (...)Ficou caracterizado que os contratos firmados com a PETROBRÁS segmentamse em dois, porém representam uma única prestação de serviços de perfuração de poços de petróleo. O objetivo foi de remeter a maior parte dos recursos ao exterior sem tributação no Brasil. Conforme já analisado no presente voto, mesmo que se considere que não exista propósito negocial para segregação das operações nos contratos 1 e 2, não foi comprovada a existência de conduta fraudulenta por parte do sujeito passivo na elaboração desses dois contratos. A desconsideração do contrato 3, por simulação, parte da premissa que os contratos 1 e 2 são únicos. Se considerarmos válidos os contratos 1 e 2, o contrato 3 somente poderia ser considerado simulado se o autuante tivesse apresentado provas que os serviços neles prestados não foram executados (o que não foi o foco do trabalho fiscal). Por sua vez, se entendermos que os contratos 1 e 2 são inválidos por falta de propósito negocial (conforme considerou a fiscalização), a conclusão sobre a imprestabilidade do contrato Fl. 11798DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.799 39 3 é mera decorrência lógica, e não por ter sido constatada a existência de conduta fraudulenta em seu conteúdo. Além disso, as autuações anteriores tiveram suporte legal diverso da presente, não podendo serem utilizadas para justificar a qualificação da multa na presente situação. Por tais motivos, entendo que descabe a aplicação da multa qualificada baseada nos elementos de prova anexados aos autos. Acolhe a tese da defesa nesse aspecto." Acrescento que esta Turma de Julgamento deliberou pela possibilidade da bipartição de contratos, considerando lícita a operação, conforme recente precedente a seguir transcrito: "Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico CIDE Anocalendário: 2009 BASE DE CÁLCULO. CONTRATOS VINCULADOS DE FRETE E SERVIÇOS TÉCNICOS. BIPARTIÇÃO. POSSIBILIDADE. O arcabouço legislativo brasileiro permite a bipartição de contratos de serviços técnicos e afretamento/aluguel de embarcações, contratados com empresas vinculadas. BASE DE CÁLCULO. SERVIÇOS TÉCNICOS. PROVA. A base de cálculo da CIDE, incidente sobre remessas a pessoa jurídica no exterior para pagamentos de serviços técnicos (art. 2º, §2º da Lei 10.168/2000), não é composta pelo frete ou aluguel de equipamento, de modo que o Fisco deve quantificar e comprovar o montante atribuível somente a serviços técnicos. Recurso Voluntário Provido" (Processo nº 16539.720014/2013 38; Acórdão nº 3201004.482; Relator Conselheiro Marcelo Giovani Vieira; sessão de 28/11/2018) Cito, ainda, excertos da Declaração de voto proferida pelo Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira em processo de minha relatoria (Acórdão nº 3201003.150): "A legislação tributária tem legitimada a coexistência de contratos de afretamento e de prestação de serviços com execução simultânea, pois expressamente admite a celebração de contratos dessa natureza por parte de um único concessionário de exploração de petróleo e gás, inclusive quando as contrapartes são pessoas jurídicas vinculadas. Podese mencionar as Instruções Normativas RFB n°s 844/2008, 941/2009 e 1.070/2010; a Solução de Consulta Cosit nº 225/2014; as Leis nºs. 9.481/1997 e 13.043/2014 e; a recente MP nº 795/2017. A Receita Federal expressamente admite que a mesma pessoa jurídica contratada pela concessionária para a prestação de Fl. 11799DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.800 40 serviços possa providenciar o fornecimento de bem necessário a essa execução, amparado em contrato de afretamento distinto do contrato de serviços, desde que tenham execução simultânea. Tratase da previsão contida no § 3º do art. 5º da Instrução Normativa RFB nº 844, de 2008, incluído pela Instrução Normativa RFB nº 941, de 25 de maio de 2009: (...)" No mesmo sentido: "Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico CIDE Data do fato gerador: 06/05/2011, 27/06/2011, 07/07/2011, 20/07/2011, 12/09/2011, 19/10/2011, 29/11/2011, 16/12/2011, 27/12/2011, 29/12/2011 CONTRATO DE AFRETAMENTO E DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EXECUÇÃO SIMULTÂNEA. Mesmo antes da alteração promovida pela Lei nº 13.043/2014, é legítima a celebração de contratos de afretamento e de prestação de serviços com execução simultânea, por parte de um único concessionário de exploração de petróleo e gás. CONTRATO DE AFRETAMENTO. PREVISÃO DE SERVIÇOS. A previsão de serviços relacionados à navegação e à manutenção da própria embarcação afretada não altera a natureza de afretamento do contrato, nas modalidades por tempo ou por viagem. TRANSFERÊNCIA MALICIOSA DE VALORES DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PARA O DE AFRETAMENTO. NECESSIDADE DE DETERMINAÇÃO. Se a fiscalização entender que há transferência maliciosa de valores do contrato de prestação de serviços para o de afretamento, ela deve determinar ou, ao menos, estimar os valores transferidos, e não simplesmente desconsiderar por completo o conteúdo econômico do contrato de afretamento e lançar todo os valores contratados como se decorrentes da prestação de serviços fossem. Recurso de Ofício Negado." (Processo n° 10872.720152/2016 92; Acórdão nº 3301004.592; Redatora designada para o voto vencedor Conselheira Semíramis de Oliveira Duro; sessão de 17/04/2018) Diante do exposto, voto por negar provimento ao Recurso de Ofício. Do Recurso Voluntário Para melhor compreensão do Recurso Voluntário, passase a sua análise de modo individualizado de acordo com os tópicos recursais. Fl. 11800DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.801 41 Da preliminar de nulidade da decisão recorrida em razão de mudança de critério jurídico Defende a Recorrente que a decisão recorrida é nula, pois na tentativa de manutenção do lançamento, a Delegacia de Julgamento decidiu que os pagamentos realizados pela fretadora estrangeira à Recorrente seriam, na verdade, um reingresso destes recursos percebidos na prestação de serviços no país, que teriam sido remetidos à fretadora no exterior como receitas de afretamento, apenas para evitar a tributação. Entendo que não assiste razão aos argumentos recursais. Percebese que a autuação tem por fundamento que a Recorrente teria recebido subvenção para custeio, pois considerou que a repartição das receitas entre os contratos celebrados seriam artificiais e sem substância. Dos Autos de Infração se extrai: Fl. 11801DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.802 42 Já do Termo de Constatação e Encerramento do Procedimento Fiscal (fl. 56), temse: "Os recursos advindos do exterior têm por finalidade equilibrar financeiramente a empresa brasileira do grupo, submetida a contratos econômica e financeiramente inviáveis a qualquer empresa, para que o resultado positivo dos contratos seja direcionado para o grupo TRANSOCEAN no exterior. A empresa estrangeira então remete verdadeira subvenção para custeio. Não cabe isenção. Não há ingresso de divisas, mas sim, retorno parcial das divisas, um reingresso. Diante da desproporcionalidade dos valores remuneratórios constantes nos contratos de afretamento e de serviços, a fiscalizada necessita ser subvencionada mediante constantes aportes de recursos para cumprir as obrigações do Grupo TRANSOCEAN perante seus clientes. De acordo com legislação tributária, as subvenções para custeio, bem como recuperações de custos, quando aportadas em espécie, integram a base de cálculo do PIS e da COFINS, consoante o disposto nos artigos 1º das Leis nº 10.833/2003 e 10.637/2002, tendo como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independente de sua denominação ou classificação contábil. Tais recursos propuseramse a subvencionar a continuidade de operação da fiscalizada, para que fosse possível ser perpetuada a evasão fiscal praticada. O caráter tributável dos valores Fl. 11802DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.803 43 utilizados com esta finalidade se submete ao alcance dos textos legais a seguir." Ocorre que, do mesmo Termo temse que a Fiscalização apreciou a questão da exportação de serviços, tendo consignado em diversas passagens tal matéria: "Já a partir do anocalendário 2006, após seguidas autuações da RFB, a fiscalizada promoveu uma reclassificação contábil de parte dos recursos advindos do exterior, alterando sua denominação de “reembolsos” para “receitas de empresas coligadas”, os quais foram oferecidos à tributação sob a rubrica, também indevida, de receita de exportação de serviços. Agindo dessa forma a TRANSOCEAN BRASIL LTDA passou a interpretar parte dos valores advindos do exterior como receita de exportação de serviços para que assim pudesse gozar dos benefícios da isenção das contribuições para o PIS e COFINS." (fls. 5 e 6) "Mediante tal classificação atribuiu aos recursos remetidos pela empresa estrangeira do Grupo TRANSOCEAN a natureza de isenção cabível às contribuições do PIS e da COFINS correspondentes às receitas de exportação de serviços com ingresso de divisas. Neste novo contexto fabricado, verificase que não há mais necessidade de ocorrer prejuízos contábeis ou fiscais sucessivos, visto que a empresa atribui aos ingressos de divisas provenientes do exterior a natureza de exportação de serviços, excluindoos da base de cálculo do PIS e COFINS." (fl. 52) "O negócio de perfuração de petróleo, de fato, conta com dois polos, o contratante no Brasil e o grupo TRANSOCEAN, por intermédio de suas subsidiárias, no caso a TRANSOCEAN UK e a fiscalizada, responsáveis por prestar o serviço de perfuração com utilização da unidade. Tal serviço é prestado no Brasil e seus resultados também são aqui verificados. Assim, não há espaço para interpretar qualquer exportação de serviços alcançada pela isenção em relação a PIS e COFINS. Não há que se falar em exportação de serviços. Mesmo que o contrato de serviços firmado entre as empresas do grupo seja formalmente válido, não seria cabível a aplicação dos arts. 5º, II, da Lei nº 10.637/2002 e 6º, II, da Lei nº 10.833/2003, que estabelecem que as contribuições para o PIS/Pasep e a COFINS não incidirão sobre prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas (redação dada pela Lei nº 10.865/2004). Pela interpretação literal da legislação mencionada, fica claro que a intenção do legislador foi a de contemplar com a isenção do PIS e da COFINS todas as receitas auferidas decorrentes da prestação de serviços para o exterior, cujos valores representem efetivo ingresso de divisas, desde que o adquirente seja pessoa (jurídica ou física), estabelecida em país estrangeiro, e se utilize Fl. 11803DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.804 44 de serviço fornecido ou prestado por pessoa (jurídica ou física) estabelecida no Brasil, pois esta condição está vinculada ao conceito de exportação." (fl. 55) "Outrossim, os recursos relativos aos pagamentos efetuados pela PETROBRÁS à empresa estrangeira do Grupo TRANSOCEAN saíram do Brasil, parte deles em decorrência de desequilíbrio contratual, e ao retornarem para a fiscalizada caracterizam um REINGRESSO de divisas. Os recursos advindos do exterior têm por finalidade equilibrar financeiramente a empresa brasileira do grupo, submetida a contratos econômica e financeiramente inviáveis a qualquer empresa, para que o resultado positivo dos contratos seja direcionado para o grupo TRANSOCEAN no exterior. A empresa estrangeira então remete verdadeira subvenção para custeio. Não cabe isenção. Não há ingresso de divisas, mas sim, retorno parcial das divisas, um reingresso." (fl. 56) "Os valores remetidos do exterior classificados indevidamente pela fiscalizada como receita de exportação de serviços estão discriminados nas planilhas de apuração de PIS e Cofins (fls. 6392) apresentadas pela fiscalizada no curso deste procedimento fiscal, bem como informadas nos demonstrativos de Apuração dessas contribuições (DACON – fls. 9149/9166)." (fl. 58) "O contribuinte se apropriou indevidamente do instituto da isenção de PIS e COFINS própria da exportação de serviços que represente ingresso de divisas no país. Deixou de considerar que os valores que recebeu de empresa estrangeira do Grupo Transocean representam na realidade subvenção para custeio/operação e um reingresso de divisas, conforme explanado neste Termo Fiscal." (fl. 66) A decisão recorrida de modo expresso reconhece que a análise do mérito da questão passa pela análise de duas irregularidades, conforme a seguir transcrito: "Portanto, a solução do litígio envolve a análise de duas irregularidades apontadas pela fiscalização. A primeira, relacionada à validade dos contratos firmados pela Petrobrás com duas empresas do mesmo grupo econômico para execução das atividades de afretamento e perfuração (Transocean UK Limited e Transocean Brasil Ltda – autuada). E, a segunda, no que concerne à legitimidade do terceiro contrato, em que a Transocean Brasil Ltda. presta serviços para a empresa afretadora no exterior (Transocean UK Limited). Esse último contrato que originou o pagamento de prestação de serviços, cuja tributação ensejou os lançamentos aqui analisados." A própria Recorrente em sua Impugnação apresenta detalhada defesa em relação è exportação de serviços. A título ilustrativo da defesa reproduzse alguns dos excertos: Fl. 11804DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.805 45 Fl. 11805DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.806 46 Constatase, portanto, que a decisão recorrida, analisou todos os aspectos abordados no processo, tanto pela Fiscalização quanto pela Recorrente. O fato de a decisão recorrida ter apreciado se a Recorrente preenchia ou não as condições para fazer jus à isenção do PIS e da COFINS nas exportações de serviços prevista nas Leis nº's 10.637/2002 e 10.833/2003 não se caracteriza como inovação, pois tal análise é necessária para o correto deslinde do mérito do caso. Assim, por não vislumbrar ofensa ao art. 146 do Código Tributário Nacional, voto por não acolher a preliminar de nulidade suscitada pela Recorrente. Do Mérito A Medida Provisória 215835 preceitua que as receitas: "[...]III dos serviços prestados a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas;" "Art.14.Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...) III dos serviços prestados a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; [...]§ 1o São isentas da contribuição para o PIS/PASEP as receitas referidas nos incisos I a IX do caput." De igual modo, as Leis nº's 10.637/2002 e 10.833/2003, disciplinam a isenção da prestação de serviços ao exterior: "Art. 5o A contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: (...) Fl. 11806DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.807 47 II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas;" "Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: (...) II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas;" A Recorrente, em casos análogos, já obteve decisões em seu favor, por afastar a incidência do PIS e da COFINS das receitas decorrentes da prestação de serviços para pessoa jurídica residente ou domiciliada no exterior. Tais decisões estão ementadas nos seguintes termos: "Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2001 Ementa: IRPJ — AJUSTES AO LUCRO REAL — COMPROVAÇÃO — O lançamento tem origem na falta de adição, ao lucro real, de subvenções correntes para custeio ou operação ou de recuperações ou devoluções de custos. Se a contribuinte não comprovou que os valores recebidos constituíram reembolso de despesas por ela incorridas em nome de terceiros, deve ser mantido o lançamento. PIS E COFINS — RECEITAS DO EXTERIOR — ISENÇÃO — São isentas da COFINS e PIS as receitas decorrentes da prestação de serviços para pessoa jurídica residente ou domiciliado no exterior, no ano calendário 2001." (Processo nº 15521.000148/200636; Acórdão nº 110100.246; Relator Conselheiro Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho; sessão de 28/01/2010) "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2000 PRELIMINAR. DECADÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. ART. 150, §4º, CTN. Transcorridos mais de cinco anos da ocorrência do fato gerador, é de se declarar a extinção dos créditos tributário de Pis e Cofins referentes às competências de janeiro a dezembro de 2000. RECUPERAÇÃO DE CUSTOS DE CONTROLADORA NO EXTERIOR. Comprovado que os valores recebidos do exterior era para custear despesas com a atividades relacionadas ao contrato assumido pela controladora e que tais valores não transitaram pelo resultado da recorrente, não há como haver tributação de IRPJ e CSLL.PIS E COFINS — Fl. 11807DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.808 48 RECEITAS DO EXTERIOR — ISENÇÃO São isentas da COFINS e PIS as receitas decorrentes da prestação de serviços para pessoa jurídica residente ou domiciliado no exterior, no ano calendário 2000." (Processo nº 15521.000126/200595; Acórdão nº 1102001.317; Relator Conselheiro Francisco Alexandre dos Santos Linhares; sessão de 24/03/2015) Este último acórdão foi parcialmente reformado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais (Acórdão nº 9101002.741) somente em relação a matéria conhecida (qualificação dos recursos provenientes do exterior objeto da autuação fiscal: são ingressos não tributáveis (reembolso de despesas) ou receitas tributáveis (recuperação de custos, art. 392, inciso II do RIR/99)). Assim, em relação ao PIS e a COFINS, a decisão proferida no Acórdão nº Acórdão nº 1102001.317 foi mantida. Entendo que no caso concreto, a Recorrente logrou êxito em demonstrar que as receitas auferidas se devem a exportação de serviços. A decisão recorrida entendeu que no presente processo os recursos pagos pela empresa estrangeira à autuada não representam o ingresso efetivo de divisas, mas sim o retorno de parte do pagamento efetuado pela Petrobrás (que é a contratante de todo o serviço), conforme a seguir transcrito: "Todas as características das operações envolvidas demonstram de forma indubitável que os recursos pagos pela empresa estrangeira à autuada não representam o ingresso efetivo de divisas, mas sim o retorno de parte do pagamento efetuado pela Petrobrás (que é a contratante de todo o serviço). Aliás, quando se fala em retorno de recursos, esse entendimento deve ser relativizado, pois a rigor a questão envolve duas empresas de um mesmo grupo econômico. Não existe uma geração de riqueza para o nosso país nessa transação (contrato 3). A Petrobrás afretou uma plataforma que deve ser mantida pela contratada (Transocean UK Limited). Essa, para viabilizar o afretamento, alega que subcontratou uma terceira empresa do mesmo grupo econômico (autuada). O custo total da operação foi pago com recursos oriundos originalmente do nosso país (Petrobrás). Portanto, o serviço prestado pela autuada teve como beneficiário final a Petrobrás, e não a empresa no exterior. No presente voto, mantive o entendimento de que não se pode, de per si, desclassificar a liberdade do grupo TRANSOCEAN em segregar suas atividades no Brasil. Porém, não se pode olvidar que todos os recursos envolvidos nas operações são oriundos do nosso país. É um fato inquestionável, repitase. Destarte, mesmo que se aceite a tese da defesa de que todos contratos são legítimos, não ocorreu um ingresso de divisas, apenas uma realocação de parte do custo da operação de Fl. 11808DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.809 49 afretamento, pago pela Petrobrás, que ficou com uma empresa no Brasil. O fato de o recurso ter ido originalmente para uma empresa no exterior e retornado não modifica a natureza da operação. Tanto é verdade que, quando ocorre o inverso, quando o pagamento da empresa no exterior é feito inicialmente a um intermediário aqui no nosso país, que depois repassa a uma empresa brasileira, a Receita Federal considera que a operação continua sendo de prestação de serviços para o exterior (embora a prestadora de serviços tenha recebido o pagamento de intermediária no Brasil). Nesse sentido, citemse, dentre muitas as seguintes soluções de consulta: Solução de Consulta nº 51, SRRF/10ª RF, 23/06/2010 A existência de terceira pessoa, desde que agindo na condição de mero mandatário, entre a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior e a prestadora dos serviços não afeta a relação jurídica negocial exigível entre estas últimas. Solução de Consulta nº 72, SRRF/9ª RF, 12/03/2010 A existência de terceira pessoa na relação negocial entre pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior e prestadora de serviços nacional, não afeta a relação jurídica exigível no art. 5º, inciso II, da Lei nº 10.637, de 2002, e no art. 6º, inciso II, da Lei nº 10.833, de 2003, para fins de reconhecimento da nãoincidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, respectivamente, desde que a terceira pessoa aja na condição de mero mandatário, ou seja, não aja em nome próprio, mas em nome e por conta do mandante pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior. Daí porque não há como o contribuinte se beneficiar do disposto nos arts. 5º, II, da Lei nº 10.637/2002 e 6º, II, da Lei nº 10.833/2003 – não incidência do PIS/Pasep e a COFINS sobre prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior." Entendeu, portanto, a decisão recorrida que os valores citados seriam em reingresso de parcela dos recursos que teria sido remetida à fretadora no exterior como receitas de afretamento, apenas para evitar a tributação Necessário, também, transcrever os principais excertos do recurso para compreensão do tema em debate: "Olvidase a decisão recorrida de atentar para o fato de a empresa fretadora não possuir estabelecimento no País e de ter havido incontroversamente contratos de câmbio da fretadora estrangeira à recorrente para o pagamento pelos serviços de suporte que recebeu!! Fl. 11809DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.810 50 Ora, é indisputável que mesmo durante a vigência do contrato de afretamento firmado pela empresa estrangeira com a Petrobras, a embarcação demandará manutenção, reparo, reposições, vistorias, certificações etc. Atividades essas para as quais, na ausência de representação da citada empresa estrangeira no País, são facilitadas pela própria Recorrente. Daí a justificada necessidade de haver a prestação de serviços de suporte operacional da Recorrente à refereida fretadora estrangeira. Digase que a própria legislação do REPETRO reconhece a necessidade de as fretadoras estrangeiras que não possuam presença física no país se utilizarem de representantes brasileiros; tanto que prevê textualmente que empresa brasileira seja designada pela fretadora estrangeira na Declaração de Importação da embarcação estrangeira. Com efeito, não foi por outra razão que a Recorrente foi designada, nos termos da regulamentação do REPETRO, para promover a importação da embarcação, suas partes e peças, de modo a viabilizar, em nome da fretadora estrangeira, o perfeito funcionamento das embarcações no curso dos Contratos de afretamento firmados entre a fretadora e a Petrobras. Dessa forma, com o objetivo de gerenciar e supriras demandas que a embarcação viesse e exigir (ex.: vistorias, certificações, manutenção, reparo, substituição de partes e peças etc), a fretadora no exterior celebrou com a Recorrente, o Contrato de Serviços de Administração (doc. 05 anexo à impugnação da COFINS), cujos considerandos bem esclarecem o prpósito daquela avença: "CONSIDERANDO QUE a TUKL celebrou determinados contratos de afretamento para o fornecimento de embarcações de perfuração com vários Operadores e pode eventualmente celebrar outros contratos de afretamento com outros operadores (...);" CONSIDERANDO QUE a TUKL pode eventualmente exigir suporte da TBL para concluir suas obrigações de acordo com os diversos Contratos de Afretamento; e" CONSIDERANDO QUE a TBL concordou em prestar serviços de suporte de Contratos de Afretamento da TUKL." De acordo com os termos do referido Contrato, cabia à Recorrente, em nome da fretadora das embarcações estrangeiras, gerenciar determinados custos e despesas necessários ao funcionamento e à manutenção das embarcações durante o prazo em que estivessem afretadas às Concessionárias no País no caso à Petrobras , de modo a evitar a interrupção e o comprometimento da navegabilidade e segurança das embarcações e que pudesse, inclusive, prejudicar os serviços de Fl. 11810DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.811 51 perfuração prestados pela Recorrente à Petrobras a bordo das referidas embarcações." O Contrato de Prestação de Serviços Administrativos celebrado entre as empresas Transocean Brasil Ltda (Recorrente) e Transocean UK Limited estabelece o seguinte escopo: "1. Escopo: As Partes desejam que a TBL preste os serviços de sua organização com a finalidade de dar suporte aos Contratos de Afretamento da TUKL ou, mediante solicitação da TUKL, outros contratos de tipo similar com qualquer Operador. A TBL dará consultoria e assistência pertinente a leis e alfândega locais que afetariam os Contratos de Afretamento, assistirá na entrada e saída de funcionários e equipamentos no e do Brasil, assistirá na resolução de quaisquer questões contestadas com qualquer Operador, assistirá na obtenção, compra a importação de peças e equipamentos a serem usados nas embarcações de perfuração e , em geral, dará sua assistência de qualquer forma que possa ser necessária para permitir o cumprimento satisfatório dos Contratos de Afretameto da TUKL com os Operadores. Uma lista não limitadora dos serviços que serão prestados pela TBL à TUKL está disposta no Anexo A deste Contrato." Por sua vez, o Anexo "A" do contrato estabelece que: "O objeto deste Contrato é a prestação de serviços de suporte para as atividades relacionadas a contratos de afretamento, como: Assistência na chegada, estadia e partida de funcionários da TUKL que operem embarcações de perfuração de acordo com os Contratos de Afretamento, incluindo o seguinte: (i) acomodação de funcionários da TUKL; (ii) intermediação para Permissões de trabalho de patrocinador no Brasil; e (iii) assistêcnia de funcionários da TUKL para cumpriri obrigações fiscais brasileiras. Assistência no processo de contratação de agências de viagem, que serão encarregadas de viagens de funcionários da TUKL, incluindo sem limitar: (i) acomodação em hotéis; e (ii) passagens aéreas. Assistência na organização administrativa de treinamentos dados a funcionários da TUKL no Brasil, incluindo, quando aplicável, tornar as instalações da TBL disponíveis para o treinamento. Assistência na importação de bens e serviços a serem usados nas embarcações da TUKL, em conformidade com os objetivos do Contrato de Afretamento, incluindo, sem limitação, a contratação de terceiros, necessários para manter as embarcações de perfuração de acordo com os Contratos de Afretamento. Fl. 11811DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.812 52 Assistência na aquisição de materiais nacionais a serem usados nos poços da TUKL de acordo com os Contratos de Afretamento, incluindo, sem limitação, a contratação de terceiros, necessários para manter as embarcações de perfuração de acordo com os Contratos de Afretamento. Assistência em negociações administrativas e jurídicas com os que contratam serviços de afretamento. Prestação de serviços administrativos, de contabilidade, gerenciamento e outros serviços em apoio às embarcações de perfuração. A lista anterior de serviços é ilustrativa. Assim, outros serviços considerados necessários pela TUKL poderiam ser prestados pela TBL, na medida em que esse prestador de serviços seja capaz de prestar os mesmos ou fazer contrações externas, conforme venha a ser exigido pela TUKL." Compreendo que a razão está ao lado da Recorrente, pois comungo que houve a prestação de serviços de gerenciamento (serviços de suporte) por parte da Recorrente à fretadora estrangeira, não tendo logrado êxito a Fiscalização em derruir as alegações expendidas. Diversamente do entendido pela respeitável decisão recorrida, é de se entender que os valores recebidos pela Recorrente da empresa estrangeira não são valores de remuneração pelos serviços prestados à Petrobras, mas sim provento pelos serviços prestados à fretadora, portanto, exportação de serviços. A regularidade do modelo operacional já foi enfrentada pelo CARF: "Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2007 IRPJ. OMISSÃO DE RECEITAS. O lançamento fundado em suposta omissão de receita requer prova da existência de tais receitas e o não oferecimento destas à tributação. O fato de a lei brasileira prever tributação de forma diferenciada às empresas estrangeiras, proprietárias de embarcação objeto de contrato de afretamento com a Petrobrás, ou a circunstância de a Petrobrás limitar o valor pago às empresas de perfuração de poços, subsidiárias das proprietárias das embarcações afretadas, não pode ser utilizado como elemento subjetivo para supor conluio entre as empresas contratantes, em especial quando a contratação se dá por força de licitação pública. GLOSA DE DESPESAS. NECESSIDADE DE INDIVIDUALIZAÇÃO. Nos casos de glosa de despesas fazse necessário a sua individualização e a indicação do motivo da glosa. Não subsiste a autuação que considera a totalidade das despesas como indedutíveis, sem individualizálas. Fl. 11812DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.813 53 Recurso de Ofício Negado." (Processo nº 19395.720018/2012 13; Acórdão nº 1402001.439; Relator Conselheiro Moisés Giacomelli Nunes da Silva; sessão de 10/09/2013) Do voto destacase: "É prerrogativa do órgão público estabelecer as regras que devem conter no edital de licitação e as condições do contrato, requisitos estes estabelecidos de forma prévia. Assim, não se pode insinuar que a empresa aqui referida, ao assinar contrato de prestação de serviços cuja licitante fixou em 10% o valor para prestação dos serviços e 90% para o afretamento, estava praticando ato com a finalidade de lesar o fisco. No contrato de afretamento de embarcações/plataforma para exploração de petróleo não se pode ignorar que se trata de uma operação complexa. De um lado temse a proprietária de um bem com sofisticada tecnologia e alto valor que requer conhecimentos específicos para conservação e manuseio. De outro, uma terceira empresa utilizando a citada embarcação para explorar petróleo. Sem a existência deste conjunto (contrato de afretamento e contrato de exploração de petróleo), inviabilizamse as atividades. Se a proprietária não garantir o funcionamento da embarcação a prestadora de serviços não tem como executar suas atividades. Por outro lado, se a embarcação estiver em pleno funcionamento e a prestadora de serviços não desempenhar seu papel, para a contratante PETROBRÁS não haverá proveito algum. É por esta razão que ditos contratos costumam conter cláusula de solidariedade das empresas contratadas frente à Petrobras. O fato de a lei brasileira prever tributação de forma diferenciada às empresas estrangeiras, proprietária da embarcação, não pode ser utilizado como argumento para se imputar responsabilidade à empresa nacional ou para supor conluio entre os contratantes. Por fim, mas não menos relevante, enfrento a acusação de que a empresa recorrida, em face do contrato celebrado, vir apresentando prejuízos sucessivos, sendo socorrida financeiramente pelas empresas proprietárias da embarcação. Quanto a este aspecto, em se tratando de empresas do mesmo grupo e diante das condições estabelecidas pela licitante, em relação à qual a recorrente não têm ingerência, nada obsta, por hipótese, que a prestação de serviços apresente prejuízo e a locação da embarcação apresente lucro que compensa suportar prejuízo num dos contratos. Se tanto a prestadora de serviços quanto às proprietárias da embarcação, tributadas com base no lucro real, fossem empresas brasileiras, as questões aqui referidas sequer seriam citadas." Assim, considerando os serviços prestados pela Recorrente à empresa estrangeira, com a emissão de documentos fiscais de prestação de serviços, os valores Fl. 11813DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.814 54 recebidos devem ser categorizados como remuneração pela exportação de serviços em prol da empresa fretadora. O CARF possui o entendimento de que comprovada que as receitas decorrentes das referidas prestações de serviço a pessoa sediada no exterior, mesmo que coligada, constituem receitas de exportação, isentas do PIS e da COFINS nos termos do art. 5°, inc. II da lei 10.637/02; art. 6°, inc. II da lei 10.833/03 "Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/09/2004 a 31/01/2007 COFINS/PIS BASE DE CÁLCULO RECEITAS DE EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS SERVIÇOS DE REPRESENTAÇÃO E AGENCIAMENTO DE CLIENTES ISENÇÃO ART. 5°, INC. II DA LEI 10.637/02; ART. 6°, INC. II DA LEI 10.833/03; ART. 2°, INCISO I, § ÚNICO, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 116/03 LANÇAMENTO INSUBSISTENTE. Comprovada a efetiva prestação de serviços, através dos contratos de prestação de serviços de representação e agenciamento, das respectivas Notas Fiscais e contratos de câmbio representativos de entrada de divisas no território nacional, todos emitidas em nome da tomadora dos serviços exportados, não residente no país, as receitas decorrentes das referidas prestações de serviço a pessoa sediada no exterior, mesmo que coligada, constituem “receitas de exportação”, isentas da Cofins nos termos do art. 5°, inc. II da lei 10.637/02; art. 6°, inc. II da lei 10.833/03, não incidindo a restrição contida no art. 2°, inciso I parágrafo único, da Lei Complementar nº 116/03, quando os resultados ou benefícios dos serviços de agenciamento (investimentos externos em empresas do grupo) são desencadeados fora do território nacional." (Processo nº 19515.000823/200748; Acórdão nº 3402002.248; Relator Conselheiro Fernando Luiz da Gama Lobo D'Eça; sessão de 26/11/2013) "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1999 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A TOMADOR SEDIADO NO EXTERIOR ISENÇÃO. Receitas advindas de prestação de serviço a pessoa jurídica sediada no exterior, mesmo que coligada, constitui, para o prestador, receita de exportação, isenta da Cofins." (Processo nº 10882.002047/200415; Acórdão nº 9303001.660; Relator Conselheiro Henrique Pinheiro Torres; sessão de 04/10/2011) Diante do exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário interposto na matéria em apreço. Fl. 11814DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.815 55 Impossibilidade da Incidência de Juros de Mora sobre a Multa de Ofício Com relação ao argumento de não incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício exigida nos Autos de Infração, a recente Súmula CARF nº 108 pacificou a questão no âmbito administrativo. Aludida Súmula possui a seguinte redação: "Súmula CARF nº 108 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício." Assim, sendo referida súmula de aplicação obrigatória por este colegiado, maiores digressões sobre a matéria são desnecessárias, razão pela qual é de se negar provimento ao recurso neste tópico. Acréscimos moratórios Insurgese a recorrente contra a incidência da Taxa SELIC como juros de mora em créditos tributários. No caso, por serem vinculantes, aplicamse as Súmulas nº's 4 e 5 do CARF a seguir reproduzidas: "Súmula CARF nº 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais." (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). "Súmula CARF nº 5 São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). Assim, é de se negar provimento ao Recurso na matéria em apreço. Diante do exposto, voto por (i) rejeitar a preliminar de nulidade suscitada; (ii) negar provimento ao Recurso de Ofício e (iii) dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator Fl. 11815DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.816 56 Voto Vencedor Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Redator designado Quanto ao Recurso de Ofício, acompanho o relator. A operação acusada se revela como uma tentativa de planejamento tributário, sem fraude ou simulação. Os prejuízos recorrentes, e as despesas operacionais maiores que as receitas operacionais foram apontados, mas não foram desconstituídos, resultando que não se pode utilizálos, os prejuízos recorrentes, como elementos de prova de fraude. Não obstante, quanto ao mérito do lançamento, divirjo respeitosamente do relator. Mantenho lançamento por dois fundamentos independentes: 1 – Embora o fundamento da artificialidade do bipartimento dos contratos possa ser afastado, os outros fundamentos do lançamento, independentes, se mantém. Os serviços, mesmo sendo administrativos, são prestados para o objeto dos contratos, a perfuração dos poços para Petrobrás, e são distintos de frete, constituindose em base de cálculo de Pis e Cofins: O contrato entre a Petrobrás e a Transocean UK Limited pode ser bipartido em serviços e frete, conforme explana o relator. Porém, o contrato entre a recorrente e sua matriz no exterior não têm natureza distinta, que possa ser separada do contrato que o grupo econômico presta à Petrobrás. Todos os serviços, técnicos e administrativos, então vinculados e somente se justificam dentro da prestação de serviços total que o grupo econômico presta à Petrobrás, com o fito específico de consecução do contrato com a Petrobrás. Desse modo, todos os serviços são serviços prestados à Petrobrás, e são base de cálculo do Pis e da Cofins. Art. 1o Ficam instituídas a Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público incidente na Importação de Produtos Estrangeiros ou Serviços PIS/PASEPImportação e a Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do Exterior COFINS Importação, com base nos arts. 149, § 2o, inciso II, e 195, inciso IV, da Constituição Federal, observado o disposto no seu art. 195, § 6o. § 1o Os serviços a que se refere o caput deste artigo são os provenientes do exterior prestados por pessoa física ou pessoa jurídica residente ou domiciliada no exterior, nas seguintes hipóteses: I executados no País; ou II executados no exterior, cujo resultado se verifique no País. Observo ainda que a decisão recorrida não alterou o critério jurídico do lançamento, porque o Fisco utilizou vários fundamentos suficientes, não só o fundamento de que os pagamentos recebidos pela recorrente seriam subvenção para investimento. O tema do Fl. 11816DF CARF MF Processo nº 15582.720087/201501 Acórdão n.º 3201005.175 S3C2T1 Fl. 11.817 57 reingresso de divisas, utilizado pela decisão recorrida, também estava no fundamento do Fisco (fl. 9.525): “O negócio de perfuração de [poços de] petróleo, de fato, conta com dois polos, o contratante no Brasil e o grupo TRANSOCEAN, por intermédio de suas subsidiárias, no caso a TRANSOCEAN UK e a fiscalizada, responsáveis por prestar o serviço de perfuração com utilização da unidade. Tal serviço é prestado no Brasil e seus resultados também são aqui verificados. Assim, não há espaço para interpretar qualquer exportação de serviços alcançada pela isenção em relação a PIS e COFINS. Não há que se falar em exportação de serviços.” E o fundamento da impossibilidade de partição do contrato em administrativo e técnico também estava presente nas razões do lançamento, pela descrição da confusão contratual de serviços, conforme o relatório. Se a divisão de contratos de serviços em administrativos e técnicos, feito pela empresa, não é válida para os fins tributários presentes, seu vício não pode ser de seu proveito, podendo o Fisco tributar as receitas recebidas tanto como subvenção, quanto como receita de prestação de serviços à Petrobrás. O erro de forma foi da recorrente e não pode lhe aproveitar. 2 – Além disso, o pagamento dos serviços administrativos que a Transocean UK Limited fez à recorrente não representou ingresso de divisas, como exige o inciso II do art. 6º da Lei 10.833/2003, pois as divisas apenas retornaram, após a remessa, por parte da Petrobrás, para pagamento dos valores totais dos contratos entre a Petrobrás e a Transocean UK . Por essas razões, nego provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira, Redator designado Fl. 11817DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.725058/2010-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 15 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jun 05 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1402-000.863
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(Assinado digitalmente)
Edeli Pereira Bessa - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Mauritania Elvira de Sousa Mendonça (Suplente Convocada), Junia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa (Presidente)
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (Assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa - Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Mauritania Elvira de Sousa Mendonça (Suplente Convocada), Junia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa (Presidente)
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E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (Assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Mauritania Elvira de Sousa Mendonça (Suplente Convocada), Junia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa (Presidente) Relatório Tratamse de Autos de Infração para exigir IRPJ, CSLL, PIS e COFINS relativos aos anoscalendário 2006 e 2007 lançado em face da empresa COLUMBUS SUGAR DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA. (Na pessoa de SócioAdministrador o Sr. Pedro Esulo Cavalcante de Carvalho), sendo arrolada a Pessoa Jurídica AMÉRICA DI SUL DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA, bem como o Sr. MARCUS VINICIUS CARVALHO FONTENELLE, como sujeitos passivos solidários. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 80 .7 25 05 8/ 20 10 -7 6 Fl. 1187DF CARF MF Processo nº 10380.725058/201076 Resolução nº 1402000.863 S1C4T2 Fl. 729 2 Por bem descrever os fatos, segue,resumidamente, partes do relatório da decisão recorrida nos seguintes termos: Segundo o Auto de Infração, as razões para o arbitramento foram as seguintes: O arbitramento do lucro ocorreu devido a escrituração mantida pelo Contribuinte ser imprestável para determinação do Lucro Real, em virtude da existência de uma contabilidade paralela, apreendida mediante Mandado de Busca e Apreensão, constante dos autos do Inquérito Policial n° 820/2007SR/ DPF/CE (Processo 2007.81.00.00147396), em cujos balanços gerais mensais o faturamento da Empresa é notoriamente superior ao constante de sua escrita fiscal/contábil apresentada à Fiscalização, tal como circunstanciado no Termo de Constatação Fiscal, parte integrante do Auto de Infração. O Referido Auto de Infração, dividiu as infrações da seguinte forma: 1. RECEITA OPERACIONAL OMITIDA (ATIVIDADE NÃO IMOBILIÁRIA) OMISSÃO DE RECEITA REVENDA DE MERCADORIAS. Lucro arbitrado no período de janeiro/2006 a dezembro/2007, tendo por base a diferença de receita contabilizada a menor nos assentamentos contábeis constantes do Livro Diário e Razão da Empresa Fiscalizada, que foram apresentados à Fiscalização pelo seu Representante Legal. A diferença de receita acima mencionada é resultante do confronto entre as receitas faturadas constantes dos mapas e balanços gerais mensais apreendidos pela Policia Federal, mediante Mandado de Busca e Apreensão, constante dos autos do Inquérito Policial n° 820/2007SR/ DPF/CE (Processo 2007.81.00.00147396), em relação aos valores das receitas escrituradas nos Livros da escrituração contábil e fiscal da Empresa apresentados à Fiscalização. Diante da evidência de fraude, sobre os tributos e contribuições lançados "ex officio" resultantes da fiscalização, cabe a aplicação de multa qualificada de 150% de que trata o art. 44, II, da Lei 9.430/96, e alterações posteriores (art. 14 da MP 351/2007 e art. 14 da Lei 11.488/2007), em razão dos fatos circunstanciados no Termo de Constatação Fiscal, por onde se infere a ocorrência de evidente intuito de fraude perpetrado pelos Responsáveis pela Empresa Fiscalizada, caracterizada pela manutenção de escrita paralela e com a agravante da manutenção de interposição fraudulenta de terceiros a encobrir a identificação dos verdadeiros proprietários do Empreendimento Comercial Fiscalizado. 2. RECEITAS OPERACIONAIS (ATIVIDADE NÃO IMOBILIÁRIA) REVENDA DE MERCADORIAS Lucro arbitrado no período de janeiro/2006 a dezembro/2007, tendo por base de cálculo a receita bruta conhecida a partir dos valores registrados na escrita fiscal e contábil da Empresa, através dos Livros de Apuração do ICMS e RAZÃO da Empresa, apresentados pela Fiscalizada, cujas cópias foram anexadas ao auto. Sobre tais tributos e contribuições, também aplicouse a multa qualificada de 150%, descrita alhures. Fl. 1188DF CARF MF Processo nº 10380.725058/201076 Resolução nº 1402000.863 S1C4T2 Fl. 730 3 Em 11/2007 foi encaminhado à Receita Federal parte do material apreendido nos autos do Inquérito Policial 820/2007SR/ DPF/CE (Operação Secos e Molhados), na forma como determinado pelo MM. Juiz Federal Ricardo Ribeiro Campos, nos autos do referido inquérito. Em consequência da análise da documentação encaminhada, a qual foi fotocopiada e triada, o Contribuinte foi selecionado para fiscalização do IRPJ e contribuições nos anos calendário de 2006 e 2007. A Empresa Fiscalizada, que se encontra extinta desde 27/06/2008, conforme Distrato Social da Firma, registrado na Junta Comercial do Estado do Ceará JUCEC/ CE, em 30/06/2008, constituíase de um estabelecimento comercial tendo por objeto o comércio atacadista de gêneros alimentícios, mais especificamente de açúcar. Segundo consta do Contrato Social arquivado na JUCEC nº 23201089385, figura como Sócio Administrador o Sr. Pedro Esulo Cavalcante de Carvalho, CPF 122.172.47387. A Fiscalização envolveu os anoscalendário de 2006 e 2007, para os quais a Empresa apresentou as respectivas Declarações de Rendimentos DIPJ pelo regime de lucro real trimestral. Segundo consta dessas Declarações, a Empresa auferiu receitas de revenda de mercadorias nos montantes de R$ 6.910.141,98 em 2006 e R$ 3.347.543,33 em 2007. Com relação ao PIS e COFINS, ao se verificarem as DCTFs, constatouse que os débitos de valores mais expressivos apurados no Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais DACON, não foram declarados na mesma, como também não foram recolhidos. Do exame do material encaminhado pela Polícia Federal, coletado através de Mandado de Busca na "Operação Secos e Molhados", constante dos autos do Inquérito Policial 820/2007SR/ DPF/CE (Processo 2007.81.00.00147396), constatouse a existência de uma quantidade expressiva de documentos envolvendo o nome da Empresa Fiscalizada, constituídos por balanços gerenciais, correspondências a fornecedores (usineiros de açúcar) e transportadores, correspondências para os Bancos em que a Empresa mantinha contas correntes, dentre outros. Tais documentos demonstram de forma bastante clara que os verdadeiros Proprietários da Empresa COLUMBUS SUGAR são pessoas estranhas ao seu Contrato Social e Aditivos arquivados na JUCEC, identificadas como sendo o Sr. Marcus Vinicius Carvalho Fontenelle, CPF 430.443.28349, com 40% (quarenta por cento) do seu capital social, e a Empresa América do Sul Distribuidora de Alimentos Ltda, CNPJ 04.003.705/000172, com os restantes 60% (sessenta por cento) do capital social, e que, dessa forma, o Sr. Pedro Esulo Cavalcante de Carvalho, bem como a Sra. Sidina Andréia de Melo Ramos Lima, que figuram no contrato social da Empresa, seriam apenas Sócios de fachada, utilizados apenas pro forma, conhecidos na linguagem corriqueira como "laranjas", encobrindo assim a identidade dos verdadeiros Sócios e Proprietários da Empresa. Corroborando o constatado pela Fiscalização através do material apreendido, Consta da Declaração de Rendimentos do Sr. Pedro Esulo, a título de rendimentos auferidos da Empresa Columbus Sugar, uma quantia irrisória de R$ 6.300,00 no ano de 2006 e de R$ 8.400,00 no ano de 2007. Somase a isso o fato de constarem como seus bens, informados nas referidas Declarações, apenas 1/3 de um apartamento na Av. Santos Dumont, as quotas de participação do capital social nessa Empresa e uma pequena quantia em dinheiro em conta corrente. Fl. 1189DF CARF MF Processo nº 10380.725058/201076 Resolução nº 1402000.863 S1C4T2 Fl. 731 4 Pelas Declarações de Rendimentos do Sr. Pedro Esulo, evidenciase que o referido Senhor, de fato, não deveria ser o verdadeiro responsável pelos negócios realizados em nome da Empresa Fiscalizada nos anos sob fiscalização, porquanto desprovido de condições financeiras para tal. Evidentemente que essa situação econômica é incompatível com a de um Empresário que fosse de fato o Proprietário de um Empreendimento Comercial a movimentar milhões de reais, como é caso da Empresa Fiscalizada, que chegou a faturar mais de R$ 10.000.000,00 em 2006 e mais de R$ 6.000.000,00 em 2007. Por outro lado, ao se examinarem as Declarações de Rendimentos do Sr. Marcus Vinicius Carvalho Fontenelle dos anoscalendário de 2006 e 2007, constatouse tratarse de um Empresário Abastado, aparecendo como Sócio Quotista de várias Empresas, que reside em área nobre da cidade, possui vários veículos de luxo, um caminhão Mercedes Benz, uma propriedade rural, e uma Empresa AgroIndustrial a Faisa Agro Indústria S.A., adquirida em leilão por R$ 250.000,00, em 2006, uma situação bem divergente da do Sr. Pedro Esulo Cavalcante de Carvalho, que consta do Contrato Social. A outra questão que não poderia ser ignorada é o fato de a Empresa COLUMBUS SUGAR ter funcionado exatamente no mesmo endereço onde, anteriormente, até novembro de 2005, funcionava a Empresa "Cometa Distribuidora de Alimentos Ltda" no ramo de comercialização de açúcar, a qual pertencia, de fato, a dois dos mesmos donos da Empresa América do Sul, a qual também figura nos documentos apreendidos pela Polícia Federal, como a outra Sócia Proprietária da Fiscalizada. Ou seja, os Donos da Empresa COMETA, ao encerrarem as suas atividades, prosseguiram com a mesma atividade, desta feita, sob nova inscrição e razão social denominada Columbus Sugar Distribuidora de Alimentos Ltda, instalada no mesmo local e operando a partir de janeiro de 2006. Intimado a comparecer à Repartição a fim de prestar esclarecimentos, o Sr. Pedro Esulo, apesar de afirmar que era o SócioAdministrador da Empresa Columbus Sugar, informou, dentre outras, que não tinha idéia de quanto a Empresa faturava, de quem era a propriedade do imóvel onde a Empresa funcionava e que, após fechar a Empresa, foi trabalhar na AMC Autarquia Municipal de Trânsito da Prefeitura Municipal de Fortaleza, como contratado comissionado, ou seja, numa atividade bem diversa da supostamente alegada no seu depoimento. De ressaltar que, no decorrer da tomada de suas declarações, foram apresentados ao Sr. PEDRO ESULO CAVALCANTE DE CARVALHO (Declarante) os documentos listados acima, objeto da apreensão feita pela Polícia Federal, em relação aos quais o mencionado Senhor foi instado a se pronunciar sobre o seu conteúdo, ao que, dirigindose à Fiscalização, afirmou que " não desejava se manifestar a respeito". Por todo o exposto, concluiu a fiscalização que a Empresa Columbus Sugar Distribuidora de Alimentos Ltda. tinha por proprietários "de fato" o Sr. Marcus Vinícius Carvalho Fontenelle CPF 430.443.28349, e a Empresa América do Sul Distribuidora de Alimentos Ltda, CNPJ 04.003.705/000113, e que o Sr. PEDRO ESULO CAVALCANTE DE CARVALHO, embora tendo constado do quadro societário na qualidade de Sócio Administrador, não era quem, de fato, detinha o poder de mando dos negócios e dispunha de seu resultado econômico, mas sim o Sr. Marcus Vinícius Carvalho Fontenelle e a Empresa América do Sul, conforme comprovado por todas as evidências expostas. Assim, tais pessoas foram responsabilizadas com base na hipótese do art. 124, inciso I, do CTN, ipsis literis: “que são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal”. Fl. 1190DF CARF MF Processo nº 10380.725058/201076 Resolução nº 1402000.863 S1C4T2 Fl. 732 5 Assim, diante do Auto de Infração em comento, inconformado com a Exigência descrita, fls. 3/61, da qual tomara ciência em 17 e 24/11/2011, o Sujeito Passivo apresentou Impugnação, por meio dos Sócios Responsáveis Solidários, bem como do Sócio Administrador, em 16 e 22/12/2011, fls. 418, 491, 510, requerendo: a) que fosse declarada a improcedência do Auto de Infração, excluída a imputação de Sujeição Passiva Solidária, com a consequente extinção de sua responsabilidade pelos créditos tributários lançados contra a Empresa COLUMBUS SUGAR DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA; b) a nulidade do Auto de Infração, argumentando flagrante ofensa ao Art. 10, IV, do Decreto 70.235/1972, como também à garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa, eximindo o Requerente e demais Responsáveis Solidários de toda e qualquer responsabilidade decorrente do mesmo, que fosse reconhecida a inexistência de obrigação solidária, por força de inexistência de prova inequívoca, excluindo, por conseguinte, o Requerente da sujeição passiva, desobrigandoo das responsabilidades decorrentes do Auto de Infração. A impugnante AMÉRICA DO SUL DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA. argumentou em síntese que: a) imputar responsabilidade solidária a uma pessoa física sem qualquer vínculo sócioadministrativo com o Contribuinte fiscalizado afronta as mais basilares normas reguladoras do Direito Tributário. O impugnante MARCUS VINÍCIUS CARVALHO FONTENELLE, afirmou que sequer compõe a Sociedade Limitada Fiscalizada, sendo Sócio de uma filial da Empresa Fiscalizada, sendo que esta filial sequer fora fiscalizada. A impugnante COLUMBUS SUGAR DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA., por sua vez aduziu que efetuar lavratura de AI baseado em documentações oriundas de outra Pessoa Jurídica DIGASE TOTALMENTE INDEPENDENTE DA AUTUADA além de extrapolar a função do Fiscal, procede de maneira ilegal e indevida a comando normativo dos arts. 124 seguintes do Código Tributário Nacional, assim como de julgados emanados dos mais doutos Colegiados, inclusive do Egrégio CARF e do extinto Conselho de Contribuintes. A Delegacia da Receia Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza (CE) julgou improcedente as Impugnações apresentas conforme a ementa do Acórdão abaixo transcrita (fls. 1117): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2006, 2007 ARBITRAMENTO DE LUCRO. A não apresentação dos Livros e Documentos da escrituração contábil, por ocasião da Fiscalização a Pessoa Jurídica, justifica o arbitramento do lucro calculado sobre os valores das receitas auferidas pela Empresa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário:2006, 2007 Fl. 1191DF CARF MF Processo nº 10380.725058/201076 Resolução nº 1402000.863 S1C4T2 Fl. 733 6 SIMULAÇÃO. INTERPOSTA PESSOA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. Na utilização de interposição de pessoa, o intuito do Declarante é o de inculcar a existência de um Titular de Direito, mencionado na Declaração, ao qual, todavia, nenhum direito se outorga ou se transfere, servindo seu nome exclusivamente para encobrir o da pessoa a quem de fato se quer outorgar ou transferir o direito de que se trata, afigurandose, na espécie, o evidente intuito de fraude, enquadrável na tipificação de simulação da identidade dos verdadeiros Responsáveis pela Empresa Fiscalizada. SOLIDARIEDADE. SÓCIO DE FATO. Nos termos do art. 124 do Código Tributário Nacional (CTN), as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, são solidariamente obrigadas, revestindose, no caso do inciso I do dispositivo legal, da condição de Contribuinte; assim, uma vez constatado que pessoa não integrante do quadro societário é sócio de fato da pessoa jurídica, recai sobre ele a condição de devedor solidário. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário:2006, 2007 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. A teor do art. 100, inciso II, do Código Tributário Nacional, as Decisões Administrativas, mesmo proferidas por Órgãos Colegiados, sem uma Lei que lhes atribua eficácia, não constituem normas complementares do Direito Tributário e não podem ser estendidas genericamente a outros A não apresentação dos Livros e Documentos da escrituração contábil, por ocasião da Fiscalização a Pessoa Jurídica, justifica o arbitramento do lucro calculado sobre os valores das receitas auferidas pela Empresa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006, 2007 SIMULAÇÃO. INTERPOSTA PESSOA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. Na utilização de interposição de pessoa, o intuito do Declarante é o de inculcar a existência de um Titular de Direito, mencionado na Declaração, ao qual, todavia, nenhum direito se outorga ou se transfere, servindo seu nome exclusivamente para encobrir o da pessoa a quem de fato se quer outorgar ou transferir o direito de que se trata, afigurandose, na espécie, o evidente intuito de fraude, enquadrável na tipificação de simulação da identidade dos verdadeiros Responsáveis pela Empresa Fiscalizada. SOLIDARIEDADE. SÓCIO DE FATO. Fl. 1192DF CARF MF Processo nº 10380.725058/201076 Resolução nº 1402000.863 S1C4T2 Fl. 734 7 Nos termos do art. 124 do Código Tributário Nacional (CTN), as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, são solidariamente obrigadas, revestindose, no caso do inciso I do dispositivo legal, da condição de Contribuinte; assim, uma vez constatado que pessoa não integrante do quadro societário é sócio de fato da pessoa jurídica, recai sobre ele a condição de devedor solidário. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006, 2007 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. A teor do art. 100, inciso II, do Código Tributário Nacional, as Decisões Administrativas, mesmo proferidas por Órgãos Colegiados, sem uma Lei que lhes atribua eficácia, não constituem normas complementares do Direito Tributário e não podem ser estendidas genericamente a outros casos, somente aplicandose sobre a questão em análise e vinculando as Partes envolvidas naqueles litígios. POSICIONAMENTOS DE ILUSTRES JURISTAS. A Autoridade Administrativa não tem competência para apreciar alegações de descabimento de Norma legitimamente inserida no Ordenamento Jurídico Nacional, não obstante posicionamentos de Ilustres Juristas, por motivo de essa matéria ser reservada ao Supremo Tribunal Federal. ARGUMENTO DE NULIDADE DE AÇÃO FISCAL. Não provada violação das disposições contidas no (artigo) art. 142 do Código Tributário Nacional (CTN), nem nos arts. 10 e 59 do Decreto 70.235/72, descabe o argumento de nulidade do Lançamento formalizado através de Auto de Infração. Conforme se constata das fls. 1146/1147, a Delegacia da receita Federal do Brasil de Julgamento, encaminhou cópia de seu acórdão, a interessada: COLUMBUS SUBAR DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA., CNPJ: 07.798.677/000166, no seguinte endereço: R. Governador Sampaio, 270 – Centro – Cidade de Fortaleza, Estado do Ceará, CEP: 60055050. O documento foi autenticado e assinado digitalmente em 07/12/2011. Ato contínuo, anexo à fl. 1149, está o AR que fora devolvido pelos Correios, constando como motivo da devolução a não existência do número indicado no endereço. Foi emitido outro Termo de Intimação, em face da mesma interessada e com destino ao mesmo endereço supracitado, conforme constatase na fl. 1151. Entretanto, nas fl. 1156, encontrase anexo o AR destinado ao Sr. Pedro Esulo Cavalcante de Carvalho, o qual fora recebido e assinado em 25/07/2012. Ressaltase que este é o único AR anexo aos autos do processo administrativo em comento, tendo sido inclusive o Sr. Pedro, SÓCIO de direito do sujeito passivo, o único a apresentar o Recurso Voluntário (fls. 1158/1174) em face do Acórdão proferido pela DRJ. Fl. 1193DF CARF MF Processo nº 10380.725058/201076 Resolução nº 1402000.863 S1C4T2 Fl. 735 8 Não consta dos autos a intimação dos demais interessados, quais sejam, a pessoa jurídica AMÉRICA DO SUL DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA. e o Sr. MARCUS VINICIUS CARVALHO FONTENELLE, o que acarretaria em nítido cerceamento de defesa aos sujeitos passivos solidários. Em 24 de fevereiro de 2015, foi proferida a Resolução nº 3301000.209, por meio da qualquer foi declinada a competência para o julgamento do recurso à primeira Seção, nos seguintes termos: O Mandado de Procedimento Fiscal que deu início à fiscalização em foco tem o número 03.1.01.00.2010003351, englobando os tributos IRPJ, PIS e Cofins. O Auditor Fiscal entendeu por bem separar os lançamentos em processos administrativos diferentes; o que resultou em três numerações, quais sejam: 10380.725057/201021, mediante o qual apurouse o IRPJ e a CSLL; 10380.725058/201076, relativo ao PIS e 10380.725059/201011, para o lançamento da Cofins. Malgrado seu procedimento em apartar os autos, é induvidoso que todos derivam dos mesmos fatos jurídicos e decorrem do mesmo arbitramento de lucros que deu origem ao lançamento do IRPJ, conforme o Relatório Fiscal cujo trecho se grifou acima. Com efeito, o Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, determinou a especialização das Seções por matéria, cabendo à Primeira Seção processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação de Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas IRPJ e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL (artigo 2º, incisos I e II), bem como dos demais tributos e, quando procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ (inciso IV, com alterações introduzidas pela Port. MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010–DOU de 22.12.2010). Assim sendo, voto pelo encaminhamento dos autos à Primeira Seção de Julgamento para processar e julgar o Recurso Voluntário. É o Relatório. Voto Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio Relatora Em face ao quanto relatado, fazse necessário examinar a presença dos pressupostos de admissibilidade recursal. Embora tempestivo, o Recurso apresentado por Pedro Esulo Cavalcante Carvalho, sócio formal da empresa Columbus Sugar, não deve ser conhecido por ausência de legitimidade. Fl. 1194DF CARF MF Processo nº 10380.725058/201076 Resolução nº 1402000.863 S1C4T2 Fl. 736 9 Isso porque, pelos Autos de Infração de fls 02/49 o lançamento foi efetuado contra empresa Columbus Sugar e contra os devedores solidários Marcus Vinicius Carvalho Fontenelle e a Empresa America do Sul Distribuidora. Sendo assim, ao Sr. Pedro Esulo Cavalcante Carvalho não foi imputada qualquer obrigação seja na qualidade de contribuinte ou responsável solidário. O fato de constar como sócio formal da empresa Columbus Sugar é irrelevante. Em primeiro lugar, porque a referida empresa já se encontrava extinta quando da realização do lançamento. Em segundo lugar, porque, ainda que assim não fosse, o trabalho fiscal deixou fora de dúvida que o vínculo societário deste com a referida empresa era de natureza simplesmente formal, conforme se constada dos seguintes trechos do Termo de Constatação abaixo transcrito : 2. DA FISCALIZADA E SUA SITUAÇÃO FISCAL A empresa fiscalizada, que se encontra extinta desde 27/06/2008, conforme Distrato Social da frima, registrado na Junta Comercial do Estado do Ceará JUCEC/CE, em 30/06/2008, constituiase de um estabelecimento comercial tendo por objeto o comércio atacadista de gêneros alimentícios, mais especificamente de açucar. Segundo consta do Contrato Social arquivado na JUCEC sob o nº 23201089385, figura como sócioadministrador desta empresa o Sr. Pedro Esulo Cavalcante de Carvalho, CPF 122.172.47387, e como sócia minoritária sem poder de mando a Sra Sidina Andréia de Melo Ramos Lima, CPF nº 430.060.27353. (...) 3. DA ANÁLISE DO MATERIAL APREENDIDO PELA POLÍCIA FEDERAL. (...)Do exame do material que nos foi encaminhado pela Polícia Federal, coletado através de Mandado de Busca na "Operação Secos e Molhados", constante dos autos do Inquérito Policial nº 820/2007 SR/DPF/CE (Processo 2007.81.00.00147396), constatamos a existência de uma quantidade expressiva de documentos envolvendo o nome da empresa ora fiscalizada, constituídos por balanços gerenciais, correspondências à fornecedores (usineiros de açúcar) e transportadores, correspondências para os bancos em que a empresa matinha contascorrentes, dentre outros, os quais demonstram de forma bastante clara que o verdadeiros proprietários da empresa COLUMBUS SUGAR são pessoas estranhas ao seu Contrato Social e Aditivos arquivados da JUCEC, indentificadas como sendo Sr. Marcus Vinicius Carvalho Fontenelle, CPF nº 430.443.28349, com 40% (quarenta por cento) do seu capital social, e a empresa América do Sul Distribuidora de Alimentos Ltda, CNPJ nº 04.003.705/000172, com os restatnes 60% (sessenta por cento) do capital social, e que dessa forma, o Sr. Pedro Esulo Cavalcante de Carvalho, bem como a Sra Sidina Andréia de Melo Ramos Lima, que figuram no contrato social da empresa , seriam apenas sócios de fachada, utilizados apenas pró forma, conhecidos na linguagem corriqueira de laranjas, encobrindo assim a identidade dos verdadeiros sócios e proprietários da empresa. Fl. 1195DF CARF MF Processo nº 10380.725058/201076 Resolução nº 1402000.863 S1C4T2 Fl. 737 10 Além disso, como já dito, o lançamento não imputa qualquer responsabilidade ao Sr. Pedro Esulo, quer na qualidade de contribuinte ou responsável solidário. Conforme disposto na Súmula CARF nº 71 Súmula CARF nº 71: Todos os arrolados como responsáveis tributários na autuação são parte legítima para impugnar e recorrer acerca da exigência do crédito tributário e do respectivo vínculo de responsabilidade. Da leitura da referida súmula, inferese, a contrario sensu, que a legitimidade passiva para contestar ou recorrer depende da atribuição do vínculo de responsabilidade, o que, na hipótese dos autos, não ocorreu. É importante ressaltar, também, que não se aplica à hipótese dos autos o comando da súmula nº 112 do CARF a qual dispõe: Súmula 112 é nulo, por erro na identificação do sujeito passivo, o lançamento formalizado contra pessoa jurídica extinta por liquidação voluntária ocorrida e comunicada ao Fisco Federal antes da lavratura do auto de infração." Isso porque, no caso dos autos o lançamento foi efetuado em nome dos sujeitos passivos solidários e não somente em face da empresa extinta. Verificase que foram responsabilizados, solidariamente, ao sujeito passivo, o Sr. Marcus Vinicius Carvalho Fontenelle e a empresa América do Sul Distribuidora de Alimentos Ltda, e que essas mesmas pessoas apresentaram respectivas impugnações, que foram devidamente apreciadas pela autoridade julgadora de primeira instância. Todavia, não existe nos autos a comprovação de que os responsáveis solidários, Sr. Marcus e a empresa América do Sul, foram regularmente intimados da decisão da DRJ. Sendo assim, imprescindível, a bem do direito a ampla defesa e do contraditório, converter o julgamento em diligência para: a) que a autoridade de origem intime os responsáveis solidários, Sr. Marcus Vinicius Carvalho Fontenelle e a empresa América do Sul Distribuidora de Alimentos Ltda, dando ciência da decisão de primeira instância, informando a existência do prazo legal de 30 (trinta) dias para oferecerem, se quiserem, os respectivos recursos voluntários; b) com os recursos interpostos, caso necessário, que se intime a Procuradoria da Fazenda Nacional para, em assim querendo, oferte suas contrarrazões recursais c) após tais providências necessárias, retornem os autos para o competente julgamento do quanto diligenciado e o seu resultado. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 1196DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.901789/2008-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2000
IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA.
Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se homologam as compensações requeridas.
IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PLEITEADO. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. VINCULADO DEBITO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA.
Mantém-se o despacho decisório que não homologou a compensação requerida, quando se verifica que o crédito pleiteado já foi integralmente utilizado na quitação de outro débito confessado pela contribuinte.
PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO. NÃO APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO.
A prova documental deve ser produzida no início da fase litigiosa, considerado o momento processual oportuno, precluindo o direito do sujeito passivo de fazê-lo posteriormente, salvo a ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação posterior.
VERDADE MATERIAL. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. PROVA EXTEMPORÂNEA. IMPOSSIBILIDADE.
A busca da verdade material, em situações excepcionais, confere ao julgador a aceitação extemporânea de provas, todavia não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Ressalvando as hipóteses previstas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72.
PERÍCIA. CONHECIMENTO TÉCNICO ESPECIALIZADO. SUBSTITUIR PROVA DOCUMENTAL. NÃO SE APLICA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO.
A perícia, pela sua especificidade, não tem a faculdade de substituir provas que poderiam ser produzidas pela contribuinte com a juntada de documentos ao autos no momento oportuno. Assim, o pedido de perícia será indeferido se o fato a ser provado não necessitar de conhecimento técnico especializado, fora do campo de atuação do julgador.
Numero da decisão: 2202-005.125
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar proposta de realização de diligência, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que encaminhou a proposta. Acordam ainda, quanto ao mérito, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os conselheiros Martin da Silva Gesto, Thiago Duca Amoni e Leonam Rocha de Medeiros.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2000 IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA. Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se homologam as compensações requeridas. IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PLEITEADO. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. VINCULADO DEBITO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Mantém-se o despacho decisório que não homologou a compensação requerida, quando se verifica que o crédito pleiteado já foi integralmente utilizado na quitação de outro débito confessado pela contribuinte. PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO. NÃO APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO. A prova documental deve ser produzida no início da fase litigiosa, considerado o momento processual oportuno, precluindo o direito do sujeito passivo de fazê-lo posteriormente, salvo a ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação posterior. VERDADE MATERIAL. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. PROVA EXTEMPORÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. A busca da verdade material, em situações excepcionais, confere ao julgador a aceitação extemporânea de provas, todavia não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Ressalvando as hipóteses previstas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. PERÍCIA. CONHECIMENTO TÉCNICO ESPECIALIZADO. SUBSTITUIR PROVA DOCUMENTAL. NÃO SE APLICA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO. A perícia, pela sua especificidade, não tem a faculdade de substituir provas que poderiam ser produzidas pela contribuinte com a juntada de documentos ao autos no momento oportuno. Assim, o pedido de perícia será indeferido se o fato a ser provado não necessitar de conhecimento técnico especializado, fora do campo de atuação do julgador.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar proposta de realização de diligência, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que encaminhou a proposta. Acordam ainda, quanto ao mérito, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os conselheiros Martin da Silva Gesto, Thiago Duca Amoni e Leonam Rocha de Medeiros. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2000 IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA. Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se homologam as compensações requeridas. IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PLEITEADO. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. VINCULADO DEBITO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Mantémse o despacho decisório que não homologou a compensação requerida, quando se verifica que o crédito pleiteado já foi integralmente utilizado na quitação de outro débito confessado pela contribuinte. PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO. NÃO APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO. A prova documental deve ser produzida no início da fase litigiosa, considerado o momento processual oportuno, precluindo o direito do sujeito passivo de fazêlo posteriormente, salvo a ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação posterior. VERDADE MATERIAL. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. PROVA EXTEMPORÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. A busca da verdade material, em situações excepcionais, confere ao julgador a aceitação extemporânea de provas, todavia não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Ressalvando as hipóteses previstas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 17 89 /2 00 8- 11 Fl. 160DF CARF MF Processo nº 15374.901789/200811 Acórdão n.º 2202005.125 S2C2T2 Fl. 3 2 PERÍCIA. CONHECIMENTO TÉCNICO ESPECIALIZADO. SUBSTITUIR PROVA DOCUMENTAL. NÃO SE APLICA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO. A perícia, pela sua especificidade, não tem a faculdade de substituir provas que poderiam ser produzidas pela contribuinte com a juntada de documentos ao autos no momento oportuno. Assim, o pedido de perícia será indeferido se o fato a ser provado não necessitar de conhecimento técnico especializado, fora do campo de atuação do julgador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar proposta de realização de diligência, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que encaminhou a proposta. Acordam ainda, quanto ao mérito, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os conselheiros Martin da Silva Gesto, Thiago Duca Amoni e Leonam Rocha de Medeiros. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2202005.099, de 10 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 15374.901804/200812, paradigma deste julgamento. "Acórdão nº 2202005.099 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Tratase de Recurso Voluntário interposto contra Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento DRJ, a qual julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e não homologou o pedido de compensação. Do Pedido de Compensação O pedido de compensação tratase de processo referente ao PER/DCOMP eletrônico no qual a Soft Consultoria Ltda pretende aproveitar o crédito de IRRF que teria sido recolhido indevidamente. Fl. 161DF CARF MF Processo nº 15374.901789/200811 Acórdão n.º 2202005.125 S2C2T2 Fl. 4 3 Da Análise do PER/DCOMP De acordo com o Despacho Decisório eletrônico, a compensação não foi homologada, pois o direito creditório pleiteado não foi reconhecido, uma vez que o recolhimento realizado pelo DARF indicado no PER/DCOMP foi integralmente utilizado para quitação de outros débitos declarados pela contribuinte, não restando crédito disponível para compensação do débito requerido no pedido de compensação (PER/DCOMP): A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP Regularmente intimada do Despacho Decisório com a não homologação da compensação declarada, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando que: Do direito ao crédito de imposto de renda retido na fonte sobre royalties remessa ao exterior. Logo, diante dos fundamentos apresentados, entende a Manifestante que os valores referentes ao IRRF pagos por ela sobre remessas para pagamento de importações de "softwares" de prateleira são passíveis de pedido de indébito e por isso a impossibilidade de se manter o indeferimento em tela. Por fim, outro argumento deve ser realçado pela ora Manifestante, é a necessidade expressa de se realizar perícia a fim de se apurar o tipo de software comercializado pela empresa no presente processo. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Da Decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento Quando da análise do presente caso, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento apreciou a Manifestação de Inconformidade, proferiu o Acórdão negandolhe provimento, mantendo o Despacho Decisório e não homologando o PER/DCOMP. Do Recurso Voluntário A Soft Consultoria, devidamente intimada da decisão da DRJ, conforme aviso de recebimento, apresentou recurso voluntário. Em sede de recurso voluntário, a Recorrente se insurgiu contra a decisão da DRJ, alegando que: Concessa maxima venia, cabe ao Contribuinte eleger o meio de prova que julga adequado à demonstração dos fatos. Na espécie, dada a natureza da matéria sub examine, entendeu ser a prova pericial. A própria norma reguladora da matéria é clara ao determinar tal possibilidade. Nos termos postos, a defesa do Contribuinte fica inviabilizada, vez que não carreou aos autos a prova apontada pelo nobre relator, a saber, embalagens dos softwares "de prateleira" e respectivos documentos de importação. Fl. 162DF CARF MF Processo nº 15374.901789/200811 Acórdão n.º 2202005.125 S2C2T2 Fl. 5 4 Paralelamente, além de indeferir o pedido formulado, o julgador administrativo também não oportunizou ao contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas. Alegou também a necessidade de se observar o Princípio da Verdade Material, afirmou que em decorrência do princípio da legalidade, a autoridade administrativa tem o dever de buscar a verdade material e que a referida verdade material é um princípio específico do processo administrativo, contrapondose ao princípio do dispositivo, próprio do processo civil, bem como alegou ainda que: Nesse diapasão, a produção de prova documental no processo administrativo tributário federal não se limita ao momento da impugnação. É que em nome dos princípios da ampla defesa, legalidade, oficialidade e verdade material, dentre outros, não se pode negar ao Administrado a produção de prova em outra fase. Não poderia ser de outra forma, vez que, o órgão judicante, ao afastar a prova pretendida pelo Contribuinte, não poderia negarlhe a possibilidade de apresentar, em outra oportunidade, a prova que ele mesmo julgou conveniente. Ademais, pelo Princípio da Informalidade Moderada, que é a mais adequado ao autocontrole da legalidade pela Administração Pública e mais aberta à busca da verdade material (base de todo sistema), poderia, sem qualquer violação, o julgador administrativo ter determinado exofício a juntada dos documentos que julgou conveniente. Do Pedido Ao final, a Recorrente requer que seja reformado o acórdão e analisados os documentos acostados junto ao recurso: 1 A reforma do v. acórdão fustigado, com o conseqüente deferimento do pedido de produção de prova pericial; conforme formulado da Manifestação de Inconformidade, ou, caso assim não entendam Vs.Sas., 2 Seja, com base nos princípios apontados e na economia processual, analisada a documentação ora acostada, a qual corresponde aos meios de prova apontados pelos julgadores a quo, com o conseqüente deferimento do PER/DCOMP versado na aludida Manifestação de Inconformidade. É o relatório." Fl. 163DF CARF MF Processo nº 15374.901789/200811 Acórdão n.º 2202005.125 S2C2T2 Fl. 6 5 Voto Ronnie Soares Anderson Relator Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2202005.099, de 10 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 15374.901804/200812, paradigma deste julgamento. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2202005.099, de 10 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária: Acórdão nº 2202005.0992 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Preliminar Da Apresentação De Provas e Da Verdade Material A Recorrente questionou, invocando a necessidade de observância ao Princípio da Verdade Material, que a produção de prova documental no processo administrativo tributário federal não se limita ao momento da impugnação. No mesmo sentido, a Recorrente ainda questionou a decisão de primeira instância alegando que o julgador administrativo poderia ter determinado exofício a juntada dos documentos que julgou conveniente. Além disso, a Recorrente, quando da apresentação do recurso voluntário, solicitou a juntada de diversos documentos com o objetivo de comprovar suas alegações. No que diz respeito ao pedido da recorrente, entendo que não merece acolhimento, uma vez que, a partir da Manifestação de Inconformidade, início da fase litigiosa, era dever da contribuinte municiar sua defesa com os elementos de prova que suportassem as informações consignadas no seu pedido de compensação. Neste contexto, cabe registrar que a fim de comprovar a certeza e liquidez do crédito, a contribuinte deveria, sob pena de preclusão, instruir sua Manifestação de Inconformidade apresentando junto com os motivos de fato e de direito que fundamentaram sua pretensão, os documentos que respaldassem suas afirmações, conforme disciplina os dispositivos legais pertinentes à matéria, os artigos 15 e 16 do Decreto nº 70.235/72, bem como o disposto no inciso I, do art. 373 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; Fl. 164DF CARF MF Processo nº 15374.901789/200811 Acórdão n.º 2202005.125 S2C2T2 Fl. 7 6 (...) Assim, como não apresentou elementos necessárias para comprovar suas alegações, apenas requereu a realização de perícia, a autoridade julgadora de primeira instância apreciou a Manifestação de Inconformidade, negandolhe provimento, pois verificou a inexistência de elementos probantes, dessa forma indeferiu o pedido de perícia e não homologou a compensação declarada, confirmando as razões do despacho decisório. No tocante as novas provas apresentadas, entendo que, além de extemporâneas, estão ausentes os requisitos que autorizariam o afastamento da preclusão de que trata as alíneas do § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. Do mesmo modo, observo não há fato ou razão renovada trazida aos autos pela DRJ, porquanto o voto proferido pelos julgadores daquela DRJ, apresentou considerações no sentido de que tais provas independem de perícia, pois poderiam ter sido produzidas por meio de documentos. Todavia, ao fazer estas considerações, entendo que a DRJ estava demonstrando que a contribuinte perdeu a oportunidade legal de apresentar os documentos que, em tese, poderiam comprovar o seu pleito. Inclusive, no que diz respeito a apresentação de prova apenas em sede de recurso voluntário, compartilho o entendimento apresentado no Acórdão nº 3201 004.710, sessão de 29 de janeiro de 2019, proferido pela 2ª Câmara da 1ª Turma Ordinária, que em situação semelhante negou provimento ao recurso do contribuinte. Com base no citado Acórdão, observo o entendimento de que a jurisprudência apresenta certo grau de atenuação dos rigores das normas processuais acerca da preclusão, afastandoa em alguns casos referentes a fatos notórios ou incontroversos que podem permitir o pronto convencimento do julgador. No mesmo sentido, entendo que o direito da parte produzir provas posteriores, até o momento da decisão administrativa, comporta graduação e será determinado a critério da autoridade julgadora, com fundamento em seu juízo de valor, acerca da utilidade e da necessidade, bem como à percepção de que efetivamente houve um esforço na busca de comprovar o direito alegado, que no caso é de responsabilidade da contribuinte. No caso dos autos, notase que a Recorrente não produziu oportunamente os documentos que poderiam justificar as suas alegações, responsabilidade esta que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Decreto nº 70.235/72 e, de forma subsidiária, pela Lei nº 13.105/2015 (CPC). Neste contexto, observase que o princípio da verdade material confere ao julgador administrativo maior liberdade na apreciação das provas, podendo coletar provas ou determinar a produção de provas não produzidas pelas partes, se assim for necessário para o seu convencimento diante das provas já apresentadas. Contudo, não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Desse modo, não é aceitável que um pleito, onde se objetiva a compensação para extinção de crédito tributário, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também, em sede de julgamento se oportunize tais demonstração e comprovação, pois a busca pela verdade material não se presta a suprir a inércia da contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas Fl. 165DF CARF MF Processo nº 15374.901789/200811 Acórdão n.º 2202005.125 S2C2T2 Fl. 8 7 necessárias a possível comprovação do crédito alegado, bem como não permite a supressão de instância. Isto posto, rejeito, preliminarmente, o pedido para acatar os documentos apresentados após a decisão de primeira instância administrativa. Da Perícia Na peça de defesa inicial, a contribuinte requereu a realização de perícia com o objetivo de comprovar os seus argumentos, todavia, quando apreciou a Manifestação de Inconformidade, a DRJ indeferiu o pedido de realização de perícia, porque entendeu desnecessária, uma vez que a pretensão da contribuinte poderia ser comprovada por meio de prova documental. Dessa forma, percebese que a contribuinte optou por não apresentar documentos que pudessem comprovar suas alegações, pois, no seu entendimento, poderia eleger o meio de prova que julgasse adequado e neste caso, devido a natureza da matéria em exame, a empresa optou pelo pedido de prova pericial, que a seu ver seria a mais adequada. Neste aspecto, observo que não podem prosperar os argumentos e os questionamentos apresentados, pois entendo que a Recorrente ao invés de apresentar oportunamente os documentos que, em tese, poderiam comprovar suas alegações, optou por substituir sua incumbência probatória com providências a cargo do Fisco ou do perito técnico, por meio de realização de perícia. Ademais, a prova pericial, além do caráter específico, não depende exclusivamente da vontade das partes, mas sim de circunstâncias que justifiquem a necessidade de apreciações técnicas, por especialistas com conhecimento específico em determinadas matérias, com o intuito de esclarecer aspectos controvertidos, para quando o julgador, diante de indícios ou elementos incipientes de prova, pudesse melhor elucidar os fatos para formar sua convicção. À vista disso, entendo que seja prescindível a realização da perícia, tendo em vista que a mesma se destinava a suprir prova que poderia ser produzida pela contribuinte com a juntada de documentos carreados aos autos no momento oportuno. Esclarecendo ainda que a contribuinte tem a obrigação jurídica de manter os meios probatório de seu interesse. Assim sendo, indefiro o pedido de perícia, por considerálo desnecessário à produção das provas pretendidas pela empresa Soft Consultoria Ltda, nos termos do art. 29 do Decreto nº 70.235/1972, que permite a autoridade julgadora, na apreciação das provas, formar livremente sua convicção, podendo indeferir o pedido de perícia/diligência que entender desnecessário. Da Defesa Inviabilizada No tocante a alegação da Recorrente de que a sua defesa ficou inviabilizada, porque o julgador administrativo não oportunizou à contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas, também não merece acolhida, pois a recorrente teve oportunidade de apresentar tempestivamente a documentação pertinente relativo aos fatos, mas não o fez. Além do mais, cabe registrar que nos pedidos de compensação/restituição o ônus da prova cabe ao sujeito passivo, como pode ser observado no disposto do art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, disciplinando que o ônus da prova incumbe ao autor, enquanto Fl. 166DF CARF MF Processo nº 15374.901789/200811 Acórdão n.º 2202005.125 S2C2T2 Fl. 9 8 que o art. 36 da Lei nº 9.784, de 29/01/99, impõe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. No mesmo sentido, dispõe o Decreto nº 70.235, de 1972, que, regendo as compensações por força do art. 74, § 11, da Lei 9.430/96, determina em seu art. 15 que as impugnações administrativas já devem trazer os elementos de prova: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Dessa forma, entendo que não caberia ao julgador de primeira instância oportunizar ao contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas, pois as provas já deveriam ser apresentadas no momento da contestação por meio da Manifestação de Inconformidade, conforme disciplina o art. 15 do Decreto nº 70.235/72, uma vez que caberia à contribuinte, ao ofertar a sua defesa, produzir a prova em contrário, por meio de documentação hábil e idônea. Como não o fez, o seu pedido de compensação não foi homologado, conforme decisão proferida no Acórdão de primeira instância que manteve o Despacho Decisório. Por tudo aqui exposto, rejeito o argumento da contribuinte de que a sua defesa ficou inviabilizada, porque o julgador administrativo não oportunizou à contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas. Da Ausência de Comprovação da Liquidez e Certeza do Crédito De acordo com os autos, percebese que a Recorrente alegou que houve recolhimento indevido de tributo e por este motivo requereu, mediante apresentação de PER/DCOMP, compensação destes valores. No entanto, quando da análise do seu pedido de compensação, o direito creditório pleiteado não foi reconhecido, pois o crédito indicado no PER/DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitar outros débitos, motivo pelo qual se fundamentou a não homologação da compensação declarada, conforme o Despacho Decisório. Além disso, quando apresentou a sua Manifestação de Inconformidade, a contribuinte não apresentou documentos que pudessem comprovar que houve recolhimento indevido bem como se o valor pleiteado estaria disponível, demonstrando a existência da liquidez e certeza do crédito. Isto posto, cabe esclarecer que o ponto chave para atender pedido de compensação diz respeito a necessidade de comprovar que o crédito aludido estivesse disponível para ser utilizado na quitação do débito indicado no PER/DCOMP. Dessa forma, caberia a contribuinte demonstrar a existência da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, para um análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido, o montante e comparálo ao pagamento efetuado, nos termos do art. 1701 do CTN, que estabelece as condições para o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional. 1 Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Fl. 167DF CARF MF Processo nº 15374.901789/200811 Acórdão n.º 2202005.125 S2C2T2 Fl. 10 9 Por fim, percebese que a contribuinte não logrou êxito em comprovar a liquidez e certeza do crédito e, dessa forma, entendo como correto o resultado exarado no Despacho Decisório eletrônico bem com na decisão proferida pelo Acórdão de primeira instância administrativa que negou provimento à Manifestação de Inconformidade e não homologou a compensação declarada, tendo em vista que o crédito indicado na DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitar outros débitos declarados pela contribuinte. Destarte, com base em tudo que foi exposto, entendo que não há espaço para reanálise do despacho decisório e nem qualquer reforma na decisão recorrida. No tocante ao pedido de realização de perícia, entendo desnecessária. Decisão Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rorildo Barbosa Correia" Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Fl. 168DF CARF MF
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Numero do processo: 18365.721203/2011-21
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2007
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. AUSÊNCIA DE LITÍGIO. DEFINITIVIDADE.
As matérias não contestadas por ocasião da impugnação tornam-se definitivas, vez que sobre elas não se instaurou litígio, nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto Lei nº 70.235/1972.
Numero da decisão: 3001-000.791
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário do contribuinte.
(assinado digitalmente)
Marcos Roberto da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco Martins Leite Cavalcante - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Roberto da Sikva, Francisco Martins Leite Cavalcante e Luis Felipe de Barros Reche.
Nome do relator: FRANCISCO MARTINS LEITE CAVALCANTE
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 2007 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. AUSÊNCIA DE LITÍGIO. DEFINITIVIDADE. As matérias não contestadas por ocasião da impugnação tornam-se definitivas, vez que sobre elas não se instaurou litígio, nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto Lei nº 70.235/1972.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1235; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T1 Fl. 2 1 1 S3C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18365.721203/201121 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3001000.791 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 14 de maio de 2019 Matéria MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DACON Recorrente COMPANHIA TROPICAL DE HOTEIS DA AMAZÔNIA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2007 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. AUSÊNCIA DE LITÍGIO. DEFINITIVIDADE. As matérias não contestadas por ocasião da impugnação tornamse definitivas, vez que sobre elas não se instaurou litígio, nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto Lei nº 70.235/1972. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário do contribuinte. (assinado digitalmente) Marcos Roberto da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Francisco Martins Leite Cavalcante Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Roberto da Sikva, Francisco Martins Leite Cavalcante e Luis Felipe de Barros Reche. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 36 5. 72 12 03 /2 01 1- 21 Fl. 94DF CARF MF 2 Adoto o relatório da decisão recorrida que bem historia os fatos objeto do presente processo (fls. 90/95), verbis. Em decorrência de atraso verificado na entrega do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais – DACON referente ao mês de setembro de 2007, foi lavrado contra a Interessada o Auto de Infração de fl. 39 — data de vencimento 26/08/2011 — com vistas à cobrança de uma multa no valor de R$ 7.051,51. A multa em questão foi calculada pelo percentual de 2% por mês de atraso, ou fração, incidente sobre o montante da COFINS informado no DACON — respeitados o percentual máximo de 20% e o valor mínimo de R$ 500,00 —, aplicandose, no caso concreto, redução de 50% no valor da penalidade, por se tratar de entrega espontânea do demonstrativo (art. 7º, inciso III e §§, da Lei nº 10.426, de 2002, com redação dada pelo art. 19 da Lei nº 11.051, de 2004). Inconformada com a exigência, a Interessada apresentou, em 15/08/2011, a impugnação de fls. 02/34, alegando, em síntese: • Erro na apuração do PIS/COFINS – Inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718, de 1998, que alargou indevidamente a base de cálculo das referidas contribuições, ao determinar sua incidência sobre a totalidade das receitas auferidas; • Erro na apuração da COFINS – Ilegalidade e inconstucionalidade do art. 8º da Lei nº 9.718, de 1998, que majorou a alíquota da contribuição para 3%; • Erro na apuração do PIS/COFINS – Ilegalidade da inclusão da taxa de administração de cartões de débito e crédito nas bases de cálculo das referidas contribuições; • Erro na apuração do PIS/COFINS – Inconstitucionalidade da inclusão do ISS na base de cálculo das referidas contribuições; • Erro na apuração do PIS/COFINS – Ilegalidade da incidência das referidas contribuições sobre receitas decorrentes de serviços prestados a pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior; • Efeito confiscatório da multa – Violação dos princípios constitucionais da razoabilidade e da proporcionalidade – Ofensa à garantia do direito de propriedade; • Inconstitucionalidade e ilegalidade da taxa Selic. Subsidiariamente, a Interessada pleiteia “a realização de diligência, para que seja efetuada nova apuração dos Fl. 95DF CARF MF Processo nº 18365.721203/201121 Acórdão n.º 3001000.791 S3C0T1 Fl. 3 3 valores lançados no auto de infração em questão, considerando, para tanto, as deduções concernentes às despesas com a prestação dos serviços realizados, bem como a constituição de novos cálculos, excluindose da base do PIS e a majoração da alíquota do COFINS, a Receita Bruta esculpida pelo artigo 3º da Lei 9.718/98, declarado inconstitucional pelo STF, da não incidência do PIS/COFINS sobre a Taxa de Administração de Cartão de Crédito e Débito, bem como a não incidência do pagamento do PIS e COFINS sobre os serviços prestados à pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior”. Por fim, na eventualidade de se aplicar alguma multa, a Interessada postula, ao menos, “seja excluída a Taxa Selic, aplicandose os juros de mora de 1%, nos termos do parágrafo 1º, do artigo 161 do CTN, bem como sejam reduzidas as multas aplicadas em patamar condizente com a condição econômica da impugnante”. A decisão recorrida negou guarida à pretensão deduzida pelo contribuinte em sua impugnação (fls. 90/95), pelos argumentos sintetizados na seguinte ementa (fls. 90), verbis. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2007 ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. No âmbito do processo administrativo fiscal, é vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação de lei sob fundamento de inconstitucionalidade. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2007 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DO DACON. QUESTIONAMENTOS ACERCA DA BASE DE CÁLCULO DA COFINS. A apresentação do DACON fora do prazo fixado na legislação tributária enseja a aplicação de multa, calculada com base nos valores da COFINS, ou do PIS, informados pelo sujeito passivo. Alegações de equívocos na base de cálculo de tais contribuições só podem ser acatadas mediante prova inconteste do erro, fato que não se verifica no caso concreto, uma vez que os valores de COFINS a pagar informados no DACON coincidem com os débitos confessados em DCTF. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Fl. 96DF CARF MF 4 Os débitos fiscais recolhidos em atraso estão sujeitos à incidência de juros de mora calculados com base na taxa Selic. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Regularmente cientificada da decisão guerreada em 29 de maio de 2017 (fls. 98/103), ingressou a contribuinte com Recurso Voluntário em 12 de junho de 2017, vazado em singelas 6 linhas (fls. 108). É o relatório. Voto Conselheiro Francisco Martins Leite Cavalcante Relator O recurso é tempestivo, posto que o contribuinte teve ciência da decisão recorrida em 29 de maio de 2017 e ingressou com Recurso em 12 de maio de 2017. Presentes os demais pressupostos processuais, dele tomo conhecimento. Em decorrência de atraso verificado na entrega do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais – DACON referente ao mês de setembro de 2007, foi lavrado contra a Interessada o Auto de Infração de fl. 39 — data de vencimento 26/08/2011 — com vistas à cobrança de uma multa no valor de R$ 7.051,51. A longa impugnação da empresa (fls. 3/35), foi devida e adequadamente rebatida pelo v. acórdão recorrido (fls. 90/96), em consonância com a jurisprudência predominante neste Conselho. Em seu singelo Recurso, a Companhia Tropical de Hoteis da Amazônia limitouse a reportarse ao que chamou de inicial e requerer o cancelamento do débito fiscal reclamado, em peça de apenas 6 linhas (fls. 108), verbis. I – Os Fatos/ Preliminar /Mérito Conforme já exposto na inicial sobre a improcedência dos débitos exigidos vêmse manifestar a este Conselho. II – Do pedido e Conclusão À vista de todo o exposto nas iniciais já apresentadas nos recursos, as estâncias anteriores e demonstrada a insubsistência e improcedência da ação fiscal, espera e requer a recorrente seja acolhido o presente recurso para o fim de assim ser decidido, cancelandose o débito fiscal reclamado. Termos em que, Pede deferimento Verificase, pois que, de fato, a empresa não se insurgiu sobre nenhum dos pontos abordados pelo v. Acórdão recorrido. Em outras palavras, não existe Recurso Voluntário a ser apreciado, uma vez que não foram rebatidos, mesmo que indiretamente, os fundamentos jurídicos formalizados através da decisão guerreada. Fl. 97DF CARF MF Processo nº 18365.721203/201121 Acórdão n.º 3001000.791 S3C0T1 Fl. 4 5 A matéria é conhecida deste Colegiado, sendo considerado como inexistente o Recurso Voluntário que não conteste motivadamente a decisão recorrida, haja vista que o apelo deve preencher todos os pressupostos processuais para ser conhecido. Quando não os preenche, não será conhecido, em obediência ao sistema recursal do processo à comando dos arts. 14 a 16 do Decreto nº 70.235/1972, regramento importante no exercício do direito na lide. Sob este aspecto, peço venia ao Conselheiro João Alfredo Duarte Filho para transcrever parte do seu voto que resultou no Acórdão nº 2001000.301 Turma Extraordinária 1ª Turma, proferido em 27 de fevereiro de 2018, verbis. Reformar decisão para afastar possível engano no julgamento que reflita injustiça corresponde a uma ação muito delicada e, especialmente por isso, o trâmite processual deve ser devidamente observado. A motivação é pressuposto fundamental para a admissão do recurso. A parte que recorre deve sempre motivar, ou seja, dar suas razões para interpor o recurso, seja pelo seu inconformismo, seja por discordar de algum ponto técnico na decisão. Nesse sentido não basta o Recorrente anexar provas sem dizer do contraditório ao que foi decidido no julgamento anterior. Relevante transcrever, também, a ementa constante do Acórdão nº 3302 006.108 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, poferido em 25 de outubro de 2018, tendo como Relator o ilustre Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, verbis ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2007 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. AUSÊNCIA DE LITÍGIO. DEFINITIVIDADE. As matérias não contestadas por ocasião da impugnação tornamse definitivas, vez que sobre elas não se instaurou litígio, nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto Lei nº 70.235/1972. IMPUGNAÇÃO. DELIMITAÇÃO DA LIDE. INOVAÇÃO DE ARGUMENTOS EM FASE RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE. O conhecimento e apreciação das alegações recursais e provas deve ser conduzido sob as normas que regem o Processo Administrativo Fiscal, nos termos do disposto nos arts. 14 a 17 do Decreto nº 70.235/1972, segundo os quais as matérias que delimitam o contencioso devem ser aduzidas por ocasião da impugnação, não se podendo conhecer de novas alegações produzidas apenas em sede de recursal. Diante do exposto, e tendo em vista que, de fato, inexiste Recurso atacando o teor da decisão recorrida, voto POR NÃO CONHECER do apelo por falta de cumprimento de pressupostos básicos de admissibilidade, como recomendado nos arts. 14 a 16 do Processo Administrativo Fiscal (Decreto 70.235/1972). Fl. 98DF CARF MF 6 (assinado digitalmente) Francisco Martins Leite Cavalcante Relator Fl. 99DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11030.000709/2009-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 31 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008
DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO
Não se justifica a diligência para apurar informações quando os documentos e fatos constantes do processo são suficientes para convencimento do julgador.
PRELIMINAR. NULIDADE.
Os casos de nulidade absoluta restringem-se aos previstos na legislação. Se não forem verificados os casos taxativos enumerados no art. 59 do mesmo normativo, não se justifica argüir a nulidade do lançamento de ofício.
NÃO-CUMULATIVIDADE. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. VENDAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Somente se consideram isentas do PIS as receitas de vendas efetuadas com o fim específico de exportação quando comprovado que os produtos tenham sido remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. BASE DE CÁLCULO. CUSTO AGREGADO.
Custo agregado ao produto agropecuário está limitado aos dispêndios pagos ou incorridos com matéria-prima, mão-de-obra, encargos sociais, locação, manutenção, depreciação e demais bens aplicados na produção, beneficiamento ou acondicionamento e os decorrentes de operações de parcerias e integração entre a cooperativa e o associado, bem assim os de comercialização e armazenamento dos produto entregue pelo cooperado.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO. VENDAS DE PRODUTOS A ASSOCIADOS.
A exclusão da base de cálculo da receita de vendas de produtos a associados limita-se aos produtos vinculados diretamente com a atividade por eles exercida e que seja objeto da cooperativa, desde que sejam contabilizadas destacadamente.
SOCIEDADES COOPERATIVAS. ATO COOPERATIVO. INCIDÊNCIA.
A partir de 1º.10.1999, por força da MP 1.858-6/99, as sociedades cooperativas estão sujeitas ao PIS sobre o seu faturamento, incidindo a contribuição sobre a totalidade das receitas, com as exclusões previstas no art. 15 da MP 2.158/2001 e no art. 17 da Lei nº 10.684/2003, para as cooperativas de produção agropecuária.
NÃO-CUMULATIVIDADE. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. HIPÓTESE. IMPOSSIBILIDADE.
As exclusões de base de cálculo do PIS, nos termos do art. 11 da IN SRF nº 635, de 2006, não configuram hipótese em que é autorizada a compensação do saldo credor com débitos de tributos administrados pela RFB ou o seu ressarcimento, nos termos do art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, e do art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005.
Numero da decisão: 3301-005.685
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Foi proposta a conversão do julgamento em diligência, que não foi acatada pela turma. Vencido o Conselheiro Ari Vendramini.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo da Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Marco Antonio Marinho Nunes e Ari Vendramini.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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INDEFERIMENTO Não se justifica a diligência para apurar informações quando os documentos e fatos constantes do processo são suficientes para convencimento do julgador. PRELIMINAR. NULIDADE. Os casos de nulidade absoluta restringemse aos previstos na legislação. Se não forem verificados os casos taxativos enumerados no art. 59 do mesmo normativo, não se justifica argüir a nulidade do lançamento de ofício. NÃOCUMULATIVIDADE. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. VENDAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Somente se consideram isentas do PIS as receitas de vendas efetuadas com o fim específico de exportação quando comprovado que os produtos tenham sido remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. BASE DE CÁLCULO. CUSTO AGREGADO. Custo agregado ao produto agropecuário está limitado aos dispêndios pagos ou incorridos com matériaprima, mãodeobra, encargos sociais, locação, manutenção, depreciação e demais bens aplicados na produção, beneficiamento ou acondicionamento e os decorrentes de operações de parcerias e integração entre a cooperativa e o associado, bem assim os de comercialização e armazenamento dos produto entregue pelo cooperado. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO. VENDAS DE PRODUTOS A ASSOCIADOS. A exclusão da base de cálculo da receita de vendas de produtos a associados limitase aos produtos vinculados diretamente com a atividade por eles exercida e que seja objeto da cooperativa, desde que sejam contabilizadas destacadamente. SOCIEDADES COOPERATIVAS. ATO COOPERATIVO. INCIDÊNCIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 03 0. 00 07 09 /2 00 9- 11 Fl. 356DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 3 2 A partir de 1º.10.1999, por força da MP 1.8586/99, as sociedades cooperativas estão sujeitas ao PIS sobre o seu faturamento, incidindo a contribuição sobre a totalidade das receitas, com as exclusões previstas no art. 15 da MP 2.158/2001 e no art. 17 da Lei nº 10.684/2003, para as cooperativas de produção agropecuária. NÃOCUMULATIVIDADE. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. HIPÓTESE. IMPOSSIBILIDADE. As exclusões de base de cálculo do PIS, nos termos do art. 11 da IN SRF nº 635, de 2006, não configuram hipótese em que é autorizada a compensação do saldo credor com débitos de tributos administrados pela RFB ou o seu ressarcimento, nos termos do art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, e do art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Foi proposta a conversão do julgamento em diligência, que não foi acatada pela turma. Vencido o Conselheiro Ari Vendramini. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo da Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Marco Antonio Marinho Nunes e Ari Vendramini. Relatório Trata o presente de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 10 037.787, que julgou improcedente manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte, mantendo o indeferimento parcial do PER apresentado, consoante despacho decisório acostado aos autos. Inconformada com o não reconhecimento do direito creditório pleiteado, a requerente apresentou Recurso Voluntário, com as seguintes alegações : I – DOS FATOS E DO HISTÓRICO DOS PEDIDOS DE RESSARCIMENTO REFERENTE AO SEGUNDO TRIMESTRE DE 2005 o Acórdão DRJ deve ser revisto e reformado, pois a recorrente é sociedade cooperativa, subsumindose ao regime não cumulativo da Contribuição ao PIS e, para tanto, para consecução de seus objetivos a recorrente industrializa e comercializa produtos, fazendo jus a créditos de PIS quando da aquisição de insumos empregados no processo produtivo e de comercialização de sua produção, por tal motivo efetivou Fl. 357DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 4 3 pedidos de ressarcimento dos saldos credores acumulados do PIS, que foram indeferidos pela autoridade fiscalizadora, por não concordar com alguns critérios de cálculo adotados pela cooperativa, concluindo que a cooperativa teria saldos devedores não declarados em DCTF e nem recolhidos. o presente processo visava a análise dos pedidos de ressarcimento do saldo de créditos referentes ao PIS não cumulativo acumulado no período do segundo trimestre de 2005, e não deve prosperar o indeferimento pois os créditos pleiteados estão de acordo com a legislação de regência. II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 2.1 – DAS DIVERGÊNCIAS NOS CÁLCULOS APURADOS PELA AUTORIDADE FISCALIZADORA 2.2.1 – AQUISIÇÃO DE INSUMOS NÃO SUJEITOS AO PAGAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES foi glosado o crédito apropriado sobre aquisições considerados como insumo de produção que, conforme alega a autoridade autuante que tais insumos não se sujeitam ao pagamento das contribuições de acordo com o artigo 42 da MP 2.15835, que determina que as vendas efetuadas por distribuidor e varejista ficam reduzidas a zero não integrando, portanto, a base de cálculo dos créditos. Entretanto, a previsão legal para o crédito das contribuições encontrase no Inciso II do artigo 3º das leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, tendo estes dispositivos legais autorizado expressamente o creditamento quando utilizados como insumo de produção. além disso, tais mercadorias estão sujeitas ao regime de incidência monofásica das contribuições, portanto tais produtos estão sujeitos á incidência das contribuições, conforme pronunciamento da Secretaria da Receita Federal, na Solução de Consulta nº 51 de 31/03/2005, que afirma que produtos sujeitos a incidência monofásica, quando usados como insumos de produção, geram direito a crédito das citadas contribuições. assim não merece prosperar o argumento da autoridade fiscal autuante. 2.2.2 – AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS PARA REVENDA NÃO SUJEITAS AO PAGAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES a autoridade fiscal constatou que a cooperativa adquiriu e revendeu mercadorias não sujeitas ao pagamento das contribuições que estão sujeitas a alíquota zero, excluindo assim tais valores da base de cálculo dos créditos; conforme demonstrativos fornecidos á autoridade fiscal as mercadorias adquiridas com alíquota zero não foram computadas na base de cálculo do crédito, não cabendo nenhuma exclusão pois “ não tem lógica excluir da base de cálculo dos créditos o valor da receita de venda dessas Fl. 358DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 5 4 mercadorias, se a cooperativa tivesse incluído tais mercadorias na base de cálculo dos créditos. Assim, o que deveria ser excluído seria o valor das aquisições e não o valor das vendas conforme alega ter feito o agente fiscalizador.” 2.3 – DO DIREITO A CONSTITUIÇÃO E AO RESSARCIMENTO DO CRÉDITO PRESUMIDO – AGROINDÚSTRIA A PARTIR DE 01/08/2004 a autoridade fiscal afirma que a partir de 01/08/2004 não existe mais previsão legal para o benefício do crédito presumido previsto no § 10 do artigo 3º da Lei nº 10.637/2002 e no § 11 do artigo 3º da lei nº 10.833/203, pois este benefício foi revogado pelo artigo 16 da Lei nº 10.925/2004, por tal motivo efetuou a glosa de tais valores. a recorrente, a partir de 01/08/2004, passou a se apropriar dos créditos presumidos previstos no artigo 8º da Lei nº 10.925/2004, cuja vigência está disposta no artigo 17 do mesmo diploma legal, portanto, não há prevalecer o argumento da autoridade fiscal, podendo tal crédito ainda ser objeto de pedido de ressarcimento em função das exportações ou em função da sua origem, conforme artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e artigo 16 da Lei nº 11.116/2005, não importando se tais créditos se acumularam em função de vendas sujeitas a alíquota zero, isenção, suspensão ou não incidência.. 2.4 – DAS RECEITAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO a recorrente efetuou vendas de soja e milho com fim específico de exportação, sendo que tais receitas não sofrem incidência de PIS e COFINS, citando o artigo 7º da Lei nº 10.637/2002, alega a recorrente que a autoridade fiscal afirma que o não houve comprovação das vendas remetidas diretamente para embarque ou para recinto alfandegado, sendo por tal desconsideradas como vendas com fim específico de exportação, pois alguns destinatários não tem registro no SISCOMEX e outros tem tal registro porém não possuem recinto alfandegado, tendo sido descaraterizadas 100 % das vendas realizadas com este fim a autoridade fiscal se contradisse pois admitiu quer o ônus da prova quanto á efetiva exportação é de responsabilidade da comercial exportadora, e depois afirma que a recorrente não apresentou tal comprovação, reitera a recorrente que a responsabilidade por tal prova é da comercial exportadora, e que possui em seus arquivos memorandos de exportação que comprovam o efetivo embarque das mercadorias para o exterior. 2.5 – QUANTO Á APURAÇÃO DOS DÉBITOS (RECEITAS) – DAS EXCLUSÕES PERMITIDAS ÁAS COOPERATIVAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA Fl. 359DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 6 5 2.5.1 – CUSTOS DAS MERCADORIAS E BENS VENDIDOS AOS ASSOCIADOS a autoridade fiscal afirma que a recorrente excluiu indevidamente da base de cálculo das contribuições os custos referentes ás vendas de mercadorias e produtos aos associados, entretanto nem todos os custos são referentes ás vendas para associados, pois também são produzidos insumos enviados aos cooperados sob regime de integração, onde não ocorre a venda, portanto essa parcela do custo seria considerada custo agregado aos produtos dos associados e, ainda, a lei não exige que haja industrialização dos produtos adquiridos de associados de cooperativa para que haja a exclusão do valor pago para o associado pelo seu produto das bases de cálculo do PIS e da COFINS, portanto não deve prosperar o argumento da autoridade fiscal. 2.5.2 – CUSTO DOS PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS VENDIDOS A TERCEIROS (CUSTO AGREGADO) a autoridade fiscal afirma que a recorrente excluiu indevidamente da base de cálculo do PIS e da COFINS os custos agregados aos produtos industrializados pela cooperativa e vendidos a terceiros, alegando que apenas os custos agregados aos produtos agropecuários dos cooperados entregues á cooperativa para comercialização é que poderiam ser objeto da exclusão, citando o artigo 17 da Lei nº 10.684/2003 e o § 8º c/c o Inciso V do artigo 11 da Instrução Normativa SRF nº 635/2006, afirma a recorrente que o auto de infração está eivado irregularidades pois com base nos dispositivos citados, é claro que os custos de produção agregados na elaboração dos produtos agropecuários entregues pelos cooperados á cooperativa podem ser deduzidos da base de cálculo do PIS e da COFINS. 2.6 – DAS RECEITAS OBTIDAS NAS SEÇÕES DE VAREJO – RECEITAS DISCRIMINADAS NAS LINHAS 01 A 09 DA DACON a autoridade fiscal entendeu serem tributadas as receitas obtidas nas seções de varejo (supermercados), com a exclusão da alíquota zero e a substituição tributária pois tais receitas não estariam individualizadas, ou seja, não seria possível identificar as que são provenientes de vendas a associados e ao público em geral, ao contrário do que afirma a autoridade fiscal a recorrente mantém tais receitas provenientes de vendas a associados, de forma individualizada, conforme comprovam seus controles e inclusão de tais receitas na rubrica contábil “outras exclusões” e estão discriminadas nas linas 01 a 09 da DACON porém, com as exclusões permitidas para as cooperativas, não restou base tributável para o PIS e a COFINS, Fl. 360DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 7 6 a falta de comprovação das alegações pela autoridade fiscal é motivo de nulidade do procedimento, pois embasase no arbítrio e na presunção da autoridade fiscalizadora, procedimento não amparado por lei e caso a autoridade fiscal quisesse lançar alguma irregularidade deveria fazer prova em contrário dos documentos apresentados pela recorrente, como a autoridade fiscal não prova, mas apenas alegou a irregularidade, não merece procedência os seus argumentos, pois é vedado á Administração atuar sob presunção fiscal. 2.7 – EXCLUSÃO DOS VALORES REPASSADOS a autoridade fiscal considerou a incidências do PIS e da COFINS sobre todas as operações de prestação de serviços, independentemente de terem sido prestadas por associado ou terceiro, não considerando nenhuma exclusão da base de cálculo, por entender que somente a partir de dezembro de 2005 passou a ser permitida a exclusão da base de cálculo dos repasses aos associados, com a alteração promovida pela Lei nº 11.196/2005 e pelo artigo 30 da Lei nº 11.051/2004. a autoridade fiscal deixou de aplicar o § único do artigo 79 da Lei nº 5.764/71, a qual define que os atos cooperados não são receitas e, portanto, o que existe é uma não incidência, portanto, quando um serviço é prestado por um associado está configurado o ato cooperativo e, configurado o ato cooperativo, não haverá a incidência de PIS e COFINS, e também o artigo 87 da mesma lei, que define o diferenciado tratamento tributário a ser dado ás operações com terceiros, além de não considerar o disposto no artigo 146 da Constituição Federal, que definiu que somente lei complementar pode legislar sobre o tratamento tributário do ato cooperativo, sendo assim, as lei e medidas provisórias que embasaram o argumento da autoridade fiscal não merecem prosperar por tais razões entende a recorrente que todos os serviços prestados por associados devem ser excluídos da base de cálculo do PIS e da COFINS, pois são beneficiados pela não incidência aplicável ao ato cooperativo. 2.8 – DOS CRÉDITOS APURADOS PROPORCIONALMENTE A RECEITA NÃO TRIBUTADA a autoridade fiscal alega que os produtos comercializados pela cooperativa sofrem a incidência do PIS e da COFINS e que a cooperativa equivocouse no cálculo das vendas não sujeitas ao pagamento das contribuições para fins de determinação dos créditos passíveis de ressarcimento, pos alega que somente seriam passíveis de ressarcimento os créditos vinculados á receita de venda com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência, conforme artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e artigo 16 da Lei nº 11.116/200 para a recorrente o ato cooperativo foi considerado como uma não incidência das contribuições, por isso, nos demonstrativos da cooperativa todo o crédito estava vinculado á receita não Fl. 361DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 8 7 tributada e , seguindo orientações da DACON sobre segregação dos créditos vinculados ás receitas tributadas e não tributadas no mercado interno, a recorrente identificou todos os insumos e despesas de produção que são vinculados diretamente a receita não tributada no mercado interno e apropriou diretamente na coluna Não Tributadas no mercado Interno, fazendo o mesmo com os custos e despesas vinculadas a receita tributada. a autoridade fiscal utilizou o critério de rateio para todos os custos e despesas, sem considerar os valores que foram apropriados diretamente na coluna específica, distorcendo o valor do crédito a ser ressarcido, não refletindo a realidade e não podendo prevalecer. III – DO REQUERIMENTO FINAL requer o recebimento e processamento do presente recurso, que seja a recorrente intimada pessoalmente para querendo fazer sustentação oral perante o CARF, que seja dado provimento ao presente recurso reformando o Acórdão recorrido com base nas razões de pedir constantes deste recurso para que : sejam homologados os dados inseridos pela recorrente nos DACON que comprovam o direito ao crédito, seja reconhecido o direito creditório, sejam declaradas homologadas as compensações realizadas, no caso de não reconhecimento do direito creditório, seja designada perícia em diligência ao estabelecimento da recorrente para a verificação in loco dos documentos e do processo de industrialização. É o relatório Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301005.672 de 31 de janeiro de 2019, proferido no julgamento do processo 11030.000694/200991, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301005.672): Fl. 362DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 9 8 "7. Estão presentes os requisitos de admissibilidade, por tal razão conheço do recurso. 8. Antes de qualquer argumentação, ressaltemos que as razões de recurso são idênticas ás razões de impugnação, muito bem tratadas pelo Acórdão DRJ/PORTO ALEGRE, portanto, não é demais lembrar que adotaremos muito dos dizeres da decisão de piso, diante das matérias tratadas. 9. Relevante destacar as observações do julgador da DRJ, que assim se manifestou, de forma precisa: A interessada deixa de contestar expressamente os itens 4.2 (Das vendas realizadas para a Zona Franca de Manaus), 4.3 (Das vendas realizadas com suspensão do PIS e da Cofins nãocumulativos anterior a 04/04/2006), e 4.10 (Dos créditos decorrentes de aquisição de bens para revenda e de bens e serviços utilizados como insumos na produção adquiridos de associados) do Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal, matérias que se tornaram definitivas na esfera administrativa. (...) Deve se observar também que a interessada aborda questões em sua manifestação de inconformidade que não foram levantadas pela Fiscalização na auditoria realizada, ou seja, os itens da manifestação 2.2.1 (Aquisição de Insumos Não sujeitos ao Pagamento das Contribuições tributação monofásica), 2.2.2 (Aquisição de Mercadorias Para Revenda Não Sujeitas ao Pagamento das Contribuições – Alíquota Zero) da sua manifestação de inconformidade, não gerando glosas dos valores pleiteados. (...) Importante destacar também que os itens 4.4 (Das condições para aplicação da Suspensão de PIS e Cofins não cumulativos nas vendas realizadas a partir de 04/04/2006), 4.7 (Dos créditos decorrentes dos custos e despesas operacionais vinculadas às receitas das vendas com suspensão previstas no § 4º do art. 34 da IN SRF nº 635/2006) e 4.8 (Do crédito dos estoques de abertura) do Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal não resultaram em glosas do crédito pleiteado. PRELIMINAR – DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO 9. Afirma a recorrente que ocorreu nulidade do procedimento fiscal pelos seguintes motivos : o argumento utilizado pela autoridade fiscal, ao alegar que a recorrente excluiu indevidamente da base de cálculo das contribuições os custos referentes ás vendas de mercadorias e produtos aos associados, não pode subsistir por violação Fl. 363DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 10 9 direta do Princípio Constitucional da Legalidade (Item 2.5.1 do Recurso Voluntário); a autoridade fiscal alega que a recorrente excluiu indevidamente da base de cálculo das contribuições os custos agregados aos produtos industrializados pela recorrente e vendidos a terceiros, para o que não há fundamento legal que ampare tal entendimento, motivo pelo qual o auto de infração está eivado de irregularidades e vícios insanáveis, o que leva a sua extinção (Item 2.5.2 do Recurso Voluntário); a alegação fiscal de que as receitas não estariam individualizadas, sem provar materialmente o que alega, é caso de nulidade do procedimento pois, embasase inadmissivelmente no arbítrio e na presunção da autoridade fiscalizadora, procedimento este não amparado em lei e, ainda, com relação á presunção fiscal, é vedado á Fazenda Pública com base nela atuar e cobrar tributos, seja porque os atos fiscais deve ser praticados em estrita observância ao estabelecido em lei, seja porque não se admite a exigência tributária consubstanciada em ficção.(Item 2.6 do Recurso Voluntário). 10. Não assiste razão á recorrente. O que a recorrente chama de presunção e meras alegações não tem fundamento, pois o procedimento fiscal foi todo baseado em provas e respostas á intimações fornecidas pela própria recorrente, além de as autoridades fiscais autoras do lançamento detalharem todo o seu procedimento no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal, ás fls. 81 a 113 dos autos digitais, segregando a autuação em itens detalhados, descrevendo a fundamentação legal e os motivos das glosas ou ajustes realizados, portanto não ocorreu a presunção ou a ilegalidade alegada pela recorrente. 11. A recorrente teve pleno conhecimento de todos os procedimentos fiscal, tendo intimada e reintimada a esclarecer pontos julgados controversos pelas autoridades fiscais, teve oportunidade de oferecer provas e se manifestar livremente, teve conhecimento do Termo de Verificação Fiscal em sua íntegra (INTIMAÇÃO Nº 125/2011.SAORT/DRF/PFO/SRRF/1O/RB/MFRS ás fls. 120 dos autos digitais e Aviso de Recebimento ás fls. 138 dos autos digitais), ainda apresentou razões defesa onde demonstrou que teve acesso a todos os procedimentos de autuação e aos argumentos do relatório fiscal, tendo ainda oportunidade de apresentar argumentos de defesa nas instâncias administrativas. 12. Ainda há que se considerar que as nulidades no processo administrativo estão descritas no Artigo 59 do Decreto nº 70.235/1972, que regulamentou o Processo Administrativo Fiscal : Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; Fl. 364DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 11 10 II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta 13. Não tendo ocorrido tais hipóteses legais de nulidade, não há motivo para prosperarem as acusações da recorrente e, por tal motivo, nego provimento ao recurso quanto a este quesito. (...)1 Em que pese o respeitável voto do e. relator, peço vênia para divergir do entendimento em relação a necessidade de diligência. Consultando os autos verificase que os documentos necessários ao deslinde da questão estão acostados aos autos. Caso a Recorrente entendesse pela apresentação adicional de documentos e informações, poderia ter prestado nas instâncias de julgamento, tanto na manifestação de inconformidade quanto da apresentação do Recurso Voluntário. A diligência tem como pressuposto a busca de esclarecimentos para subsidiar o julgador na sua decisão. A diligência não se presta a produção de provas que devem ser apresentadas pela Recorrente. No caso em tela, a turma entendeu que os documentos acostados ao processo e os esclarecimentos prestados são suficientes para a convicção do julgador, não sendo necessária nenhuma informação adicional para solução da lide. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao pedido de diligência e apreciar as demais matérias constantes do recurso voluntário. (...) NO MÉRITO (...) RECEITAS ORIUNDAS DE VENDAS PARA EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA COM FIM ESPECÍFICO DE 1 Transcritos apenas os entendimentos que prevaleceram no julgamento. Íntegra dos votos pode ser consultada no processo paradigma (11030.000694/200991). Fl. 365DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 12 11 EXPORTAÇÃO (item 2.4 do recurso voluntário– item 4.1 do relatório fiscal) 24. O artigo 5º da Lei nº 10.637/2002 e o artigo 6º da Lei nº 10.833/2003, estabeleceram para a Contribuição ao PIS/PASEP e a COFINS, respectivamente, que tais contribuições não incidem sobre as receitas decorrentes das operações de exportação de mercadorias para o exterior, bem como sobre vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. Lei 10.637/2002 : Art. 5º a contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. Lei 10.833/2003 : Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. 25. Vários textos legais tratam do conceito da expressão “fim específico de exportação”, como segue : Decretolei nº 1.248/1972 Dispõe sobre o tratamento tributário das operações de compra de mercadorias no mercado interno, para o fim específico da exportação, e dá outras providências Art.1º As operações decorrentes de compra de mercadorias no mercado interno, quando realizadas por empresa comercial exportadora, para o fim específico de exportação, terão o tratamento tributário previsto neste DecretoLei. Parágrafo único. Consideramse destinadas ao fim específico de exportação as mercadorias que forem diretamente remetidas do estabelecimento do produtor vendedor para: Fl. 366DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 13 12 a) embarque de exportação por conta e ordem da empresa comercial exportadora; b) depósito em entreposto, por conta e ordem da empresa comercial exportadora, sob regime aduaneiro extraordinário de exportação, nas condições estabelecidas em regulamento. ……………………………………………………………… ………... Decreto nº 4.524/ 2002: Art. 45. São isentas do PIS/Pasep e da Cofins as receitas (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 14, Lei nº 9.532, de 1997, art. 39, § 2º , e Lei nº 10.560, de 2002, art. 3º , e Medida Provisória nº 75, de 2002, art. 7º ): (...) IX de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. § 1º Consideramse adquiridos com o fim específico de exportação os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. ……………………………………………………………… …………………. Lei n.º 9.532/1997: Art. 39. (...) (...) § 2º Consideramse adquiridos com o fim específico de exportação os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. MP 2.15835/2001 Art.14 Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (…..) VIII de vendas realizadas pelo produtorvendedor às empresas comerciais exportadoras nos termos do DecretoLei no 1.248, de 29 de novembro de 1972, e Fl. 367DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 14 13 alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior; IX de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; X (….) § 1º São isentas da contribuição para o PIS/PASEP as receitas referidas nos incisos I a IX do caput. 26. Alguns atos normativos expedidos pela Secretaria da Receita Federal, reproduziram o mesmo entendimento : Instrução Normativa nº 247, de 21 de novembro de 2002: Art. 46. São isentas do PIS/Pasep e da Cofins as receitas: (...) IX – de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. § 1o Consideramse adquiridos com o fim específico de exportação os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. ……………………………………………………………… ………… Instrução Normativa nº 635, de 24 de março de 2006: Dispõe sobre a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, cumulativas e nãocumulativas, devidas pelas sociedades cooperativas em geral. Art. 36 São isentas da Contribuição para PIS/Pasep e da Cofins as receitas decorrentes: I de fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações e aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível, observado o disposto no § 3º; II do transporte internacional de cargas ou passageiros; III de vendas realizadas pela cooperativa de produção agropecuária às empresas comerciais exportadoras nos termos do Decreto lei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas aos fim específico de exportação para o exterior; Fl. 368DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 15 14 IV de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. §1º Consideramse adquiridos com o fim específico de exportação os produtos remetidos diretamente pela cooperativa de produção agropecuária para embarque de exportação ou para recinto alfandegados, por conta e ordem de empresa comercial exportadora. 27. Como se verifica nos dispositivos legais e normativos reproduzidos, de não incidência do PIS e da Cofins sobre “vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação”, constatase que não são todas as receitas de vendas para empresas exportadoras registradas na Secex sobre as quais não incidem o PIS e a Cofins, mas somente em relação àquelas que tenham “fim específico de exportação”. 28. Sobre o que se considera “fim específico de exportação”, tanto para empresas exportadoras registradas no Secex como para as empresas comerciais exportadoras (“tradings”) verificase que o entendimento da Administração Tributária vai de encontro ao conceito definido nos textos legais, para aclarálo, encontrandose expresso em vários atos administrativos, dos quais transcrevemos o conceito e a forma de comprovação da receita oriunda de “fim específico de exportação.”, constante da ementa da Solução de Consulta Interna (SCI) n° 4 – SRRF/10ª RF/Disit, de 27 de junho de 2007, que assim restou redigida : “A referência, na legislação tributária e aduaneira, a ‘empresa exportadora’, ou ‘empresa comercial exportadora’, sem qualificação ou restrição específica, abrange qualquer empresa exportadora registrada na Secex; somente quando o legislador restringe uma norma explicitamente às empresas comerciais exportadoras constituídas nos termos do DecretoLei nº 1.248, de 1972, ficam excluídas as demais empresas exportadoras.” O conceito de “fim específico de exportação” constante do parágrafo único do art. 1º do DecretoLei nº 1.248, de 1972, aplicase unicamente às empresas comerciais exportadoras constituídas nos termos desse Decreto Lei; para as empresas exportadoras simplesmente registradas na Secex, o conceito de “fim específico de exportação” aplicável é o plasmado no § 2º do art. 39 da Lei nº 9.532, de 1997. [...] A alusão feita por quaisquer atos infralegais a “fim específico de exportação” – a exemplo da Portaria MF nº 93, de 2004, e da Instrução Normativa SRF nº 419, de 2004 – deve ser interpretada em consonância com o conceito estabelecido no § 2º do art. 39 da Lei nº 9.532, Fl. 369DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 16 15 de 1997, ou com o vazado no parágrafo único do art. 1º do DecretoLei nº 1.248, de 1972, conforme se trate, respectivamente, de aquisição efetuada por exportadoras gerais, simplesmente registradas na Secex, ou por “trading companies”, constituídas conforme exige o DecretoLei nº 1.248, de 1972. [...] “A comprovação do fim específico de exportação fazse mediante a apresentação de uma nota fiscal de venda na qual conste como adquirente uma empresa comercial exportadora, e como destino das mercadorias um endereço que corresponda a um dos locais previstos na legislação de regência, não sendo hábil para essa comprovação, nem o “Memorando de Exportação, previsto no Convênio ICMS nº 113, de 1996”, nem qualquer documento que possa fazer prova de que houve a efetiva exportação posterior pela adquirente.” 29. Conforme os dispositivos legais e normativos citados, que adotamos neste voto, não incidem a Cofins e a Contribuição ao PIS/PASEP sobre as receitas decorrentes de vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação, caracterizadas estas vendas quando as mercadorias são remetidas diretamente para embarque de exportação ou para recinto alfandegado, por conta e ordem do adquirente. Sendo irrelevante para a obtenção do benefício da operação, se as mercadorias sejam ou não posteriormente exportadas, visto que em não se concretizando a exportação, a responsabilidade pelo pagamento dos tributos e contribuições devidos é da empresa comercial exportadora adquirente dos produtos que deveriam ser exportados. 30. No caso dos autos, a interessada após ser intimada duas vezes a apresentar documentos que comprovassem o cumprimentos dos requisitos exigidos pela legislação, informou que não dispunha dos boletins de exportação das vendas realizadas através de “Tradings” (Resposta da recorrente – fls 24 autos digitais No demonstrativo que atende o item 1 desta intimação, demonstrase no código 20 as receitas de exportação abertas por CFOP, entretanto, não dispomos dos respectivos boletins de exportação das vendas realizadas ao exterior através de “Tradings.”), bem como que a documentação havia sido extraviada (Resposta da recorrente – fls 28 dos autos digitais 3 – Informamos que em função dos transtornos vividos pela cooperativa nos últimos tempos, essa documentação foi extraviada, encaminhamos um ofício para os clientes da cooperativa solicitando uma segunda via dos memorandos de exportação, porém ainda não recebemos retorno.). Portanto, não comprovou, a recorrente, por documentação hábil e idônea, o direito para a concessão do benefício fiscal, entendendose, pois, correta a posição adotada pela autoridade fiscal e corroborada pela autoridade julgadora de que tais receitas devem compro a base de cálculo das contribuições. Fl. 370DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 17 16 31. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso neste quesito. EXCLUSÕES INDEVIDAS DA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO AO PIS/PASEP E DA COFINS (itens 2.5.1, 2.5.2 e 2.6 do recurso voluntário e itens 4.5 e 4.6 do relatório fiscal) 32. A base de cálculo da Cofins e do PIS, na sistemática nãocumulativa, é apurada a partir da totalidade das receitas da sociedade cooperativa, com as exclusões permitidas pela legislação, conforme disposto nos no art. 17 da Lei nº 10.684/2003. 33. A autoridade fiscal incluiu na base de cálculo das contribuições os valores que foram considerados indevidamente excluídos, como a parcela dos custos agregados aos produtos do associado que não correspondem ao conceito dado pela legislação (valores consolidados nos grupos denominados de “Dos dispêndios e despesas tributárias”, “Dos dispêndios e despesas operacionais – Dispêndios tributários”, “Dos dispêndios e despesas operacionais – Dispêndios técnicos”, “Dos dispêndios e despesas operacionais – Outros dispêndios operacionais” e “Despesas Administração Geral”). 34. Além dessa parcela, foram incluídos os valores das vendas efetuadas no segmento econômico de “supermercados”, uma vez que foram contabilizadas indistintamente a associados e não associados, além de não haver comprovação de que esses produtos estavam diretamente vinculados à atividade econômica desenvolvida pelo associado. 35. Alega a cooperativa que nem todos os custos seriam oriundos de vendas para associados, seriam produzidos insumos enviados aos cooperados no regime de integração, parcela que deveria compor o custo agregado do produto. Afirma ainda que mantém registro individualizado das receitas provenientes de vendas para associados e que esse estaria demonstrado em planilha anexada à presente manifestação. Argumenta que a Fiscalização não comprovou a falta de individualização das receitas, sendo nulo o procedimento embasado em presunção da autoridade fiscal. 36. Caberia à contribuinte apresentar a comprovação de que identifica o adquirente e os produtos por ele adquiridos, visto ser essa identificação condição para que possa ser excluída da base de cálculo a receita decorrente da venda de bens e mercadorias ao associado, assim determina o artigo 15 da MP nº 1.8589, com as suas sucessivas reedições, tendo permanecido a de nº 2.15835, de 2001 : Art.15 As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: Fl. 371DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 18 17 I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. §1oPara os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. §2oRelativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: Ia contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas. 37. Ressaltese ainda que, ao contrário do afirmou em suas razões, não foram juntadas quaisquer planilhas discriminando os adquirentes dos produtos comercializados. Os valores contabilizados nas contas “Dos dispêndios e despesas tributárias”, “Dos dispêndios e despesas operacionais – Dispêndios tributários”, “Dos dispêndios e despesas operacionais – Dispêndios técnicos”, “Dos dispêndios e despesas operacionais – Outros dispêndios operacionais” e “Despesas Administração Geral” não atendem ao disposto no artigo 17 da Lei nº 10.684/2003, que expandiu as hipóteses de exclusão da base de cálculo para as cooperativas : Art. 17. Sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, e no art. 1o da Medida Provisória no 101, de 30 de dezembro de 2002, as sociedades cooperativas de produção agropecuária e de eletrificação rural poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o Programa de Integração Social e de Fl. 372DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 19 18 Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS os custos agregados ao produto agropecuário dos associados, quando da sua comercialização e os valores dos serviços prestados pelas cooperativas de eletrificação rural a seus associados. Parágrafo único. O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da .Medida Provisória no 1.85810, de 26 de outubro de 1999. 38. A Secretaria da Receita Federal, ao normatizar e consolidar a legislação em vigor sobre a Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS devidas pelas sociedades cooperativas, editou a Instrução Normativa nº 635/2006, e no seu artigo 11 assim explicita o comando inserto no artigo 17 da lei nº 10.864/2003 : Art. 11. A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, apurada pelas sociedades cooperativas de produção agropecuária, pode ser ajustada, além do disposto no art. 9º, pela: (...) V dedução dos custos agregados ao produto agropecuário dos associados,quando da sua comercialização; (...) §8º Considerase custo agregado ao produto agropecuário, a que se refere o inciso V do caput, os dispêndios pagos ou incorridos com matériaprima, mão de obra, encargos sociais, locação, manutenção, depreciação e demais bens aplicados na produção, beneficiamento ou acondicionamento e os decorrentes de operações de parcerias e integração entre a cooperativa e o associado, bem assim os de comercialização ou armazenamento do produto entregue pelo cooperado. 39. Explicando os critérios adotados para tal interpretação da legislação, a própria RFB expedindo a Solução de Consulta COSIT nº 533, de 19/12/2017, com os quais concordamos e, ainda, resumindo a legislação até agora citada, assim se pronunciou : As sociedades cooperativas estão reguladas pela Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que definiu os contornos da Política Nacional de Cooperativismo e instituiu o regime jurídico das cooperativas. Além disso, o Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002) estabelece regras acerca das sociedades cooperativas em seus artigos 1.093 a 1.096. Fl. 373DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 20 19 Conforme definido pelo art. 79 da Lei nº 5.764, de 1971, o ato cooperativo é aquele praticado entre as cooperativas e seus associados para a consecução dos objetivos sociais. Nas cooperativas de produção agropecuária, é considerado ato cooperativo típico a entrega de produtos dos associados à cooperativa para comercialização, bem como repasses efetuados pela cooperativa a eles decorrentes dessa comercialização. Ratifica este entendimento o texto do art. 83 do mesmo diploma legal, segundo o qual a entrega da produção do associado à sua cooperativa constitui outorga de poderes. Assim, essa operação que constitui o chamado “ato cooperativo” não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Art. 83. A entrega da produção do associado à sua cooperativa significa a outorga a esta de plenos poderes para a sua livre disposição, inclusive para gravála e dála em garantia de operações de crédito realizadas pela sociedade,salvo se, tendo em vista os usos e costumes relativos à comercialização de determinados produtos, sendo de interesse do produtor, os estatutos dispuserem de outro modo. O entendimento de que a cooperativa de produção agrícola também pode realizar o beneficiamento da produção a ser comercializada está assentado no próprio dispositivo sobre o qual paira a dúvida, pois, ao disciplinar o art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, a IN SRF n.º 635, de 2006, art. 11, caput, combinado com inciso IV, admite que a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurada pelas sociedades cooperativas de produção agropecuária seja ajustada pela exclusão das receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produto do associado. Em breve retrospectiva, verificase que a Contribuição para o PIS/Pasep e a Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) foram instituídas, respectivamente, pela Lei Complementares nº 7, de 7 de setembro de 1970, e pela Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991. Nessa época, quanto aos atos cooperativos, as sociedades cooperativas eram beneficiadas com a isenção da Cofins concedida pelo inciso I do art. 6º da LC nº 70, de 1991, ipsis litteris: Art. 6° São isentas da contribuição: I as sociedades cooperativas que observarem ao disposto na legislação específica, quanto aos atos cooperativos próprios de suas finalidades; A referida isenção foi revogada, a partir de 30 de junho de 1999, pelo art 93, inciso II, alínea “a”, da Medida Fl. 374DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 21 20 Provisória nº 2.15835, de 2001. Nessa época, consolidou se para as sociedades cooperativas a apuração das duas contribuições (PIS/Pasep e Cofins) com base nos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, utilizando o regime de incidência cumulativo, permitidas as exclusões das bases de cálculo também concedidas em caráter geral aos demais contribuintes. Em seguida, foram criadas novas exclusões, específicas para as sociedades cooperativas, pelo art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, de onde se extrai o seguinte excerto (grifos acrescidos): Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts.2º e 3º da Lei nº 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da Cofins e do PIS/PASEP: [...] IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; [...] § 2º Relativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: I a contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas. Expandindo as hipóteses de exclusões da base de cálculo das contribuições, o art. 17 da Lei nº 10.684, de 30 de maio de 2003 previu (grifos acrescidos): Art. 17 . Sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001 , e no art. 1º da Medida Provisória nº 101, de 30 de dezembro de 2002 , as sociedades cooperativas de produção agropecuária e de eletrificação rural poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social Cofins os custos agregados ao produto agropecuário dos associados, quando da sua comercialização e os valores dos serviços prestados pelas cooperativas de eletrificação rural a seus associados. Parágrafo único. O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisória nº 1.85810, de 26 de outubro de 1999 . (grifos nossos) Fl. 375DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 22 21 Inovando mais uma vez, foram editadas a Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, e a Medida Provisória nº 135, de 30 de outubro de 2003, convertidas, respectivamente, na Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e na Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, com a finalidade de instituir o regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Na ocasião, as sociedades cooperativas permaneceram sujeitas ao regime de apuração cumulativa das contribuições, de acordo com a redação original do inciso VI do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, e do inciso X do art. 8º da Lei nº 10.637, de 2002. Posteriormente, ficou estabelecida a adoção do regime de apuração não cumulativa para as cooperativas de produção agropecuária e de consumo, pelas mudanças implementadas por meio da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, da Lei nº 11.051, de 29 de dezembro de 2004, e da Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, nos textos do inciso VI do art. 10 e do inciso V do art. 15 da Lei nº 10.833 (grifos acrescentados): Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da Cofins, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: [...] VI sociedades cooperativas, exceto as de produção agropecuária, sem prejuízo das deduções de que trata o art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, e o art. 17 da Lei nº 10.684, de 30 de maio de 2003, não lhes aplicando as disposições do § 7º do art. 3º das Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e as de consumo; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] V nos incisos VI, IX a XXVII do caput e nos §§ 1º e 2º do art. 10 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Logo, as bases de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins aplicáveis às cooperativas sujeitas ao regime de apuração não cumulativa veiculadas pelo artigo 1º da Lei nº 10.637, de 2002, e pelo artigo 1º da Lei nº 10.833, de 2003, devem ainda ser ajustadas, no caso das Fl. 376DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 23 22 cooperativas de produção agropecuária, pelas exclusões listadas pelo art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, e pelo art. 17 da Lei nº 10.864, de 2003. Isto porque, embora originalmente as ditas exclusões se referissem apenas à base de cálculo das cooperativas filiadas ao regime cumulativo, o inciso VI, do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, manteve expressamente o direito a essas mesmas exclusões para as cooperativas de produção agropecuárias, agora filiadas ao regime de apuração não cumulativa. Assim, na apuração da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, as cooperativas aplicam a mesma sistemática prevista para as demais pessoas jurídicas, ou seja, calculam a totalidade das receitas obtidas e fazem as exclusões previstas na legislação. Desse modo, ao extinguir a isenção específica para os atos cooperativos de que trata o art. 79 da Lei nº 5.764, de 1971, o legislador instituiu outro tratamento diferenciado, permitindo, além das exclusões de caráter geral (art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998), as exclusões consolidadas na MP no 2.15835, de 2001 e, no caso das sociedades cooperativas de produção agropecuária, objeto da consulta, também é possível a exclusão dos custos agregados, prevista no art. 17 da Lei 10.684, de 2003. Nesse contexto, com a finalidade de consolidar a legislação em vigor sobre a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins devidas pelas sociedades cooperativas, foi editada a Instrução Normativa SRF nº 635, de 2006, objeto da dúvida suscitada pela consulente, especificamente quanto aos incisos IV e V do art. 11, transcritos a seguir: Art. 11. A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, apurada pelas sociedades cooperativas de produção agropecuária, pode ser ajustada, além do disposto no art. 9º, pela: I exclusão do valor repassado ao associado, decorrente da comercialização, no mercado interno, de produtos por ele entregues à cooperativa; II exclusão das receitas de venda de bens e mercadorias ao associado; III exclusão das receitas decorrentes da prestação, ao associado, de serviços especializados aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV exclusão das receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produto do associado; Fl. 377DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 24 23 V dedução dos custos agregados ao produto agropecuário dos associados, quando da sua comercialização; [...] § 3º As exclusões previstas nos incisos II a IV do caput: I ocorrerão no mês da emissão da nota fiscal correspondente a venda de bens e mercadorias e/ou prestação de serviços pela cooperativa; e II terão as operações que as originaram contabilizadas destacadamente, sujeitas à comprovação mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor, da espécie e quantidade dos bens, mercadorias ou serviços vendidos. [...] § 6º A sociedade cooperativa de produção agropecuária, nos meses em que fizer uso de qualquer das exclusões ou deduções de que tratam os incisos I a VII do caput, deverá, também, efetuar o pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários, conforme disposto no art. 28. [...] § 8º Considerase custo agregado ao produto agropecuário, a que se refere o inciso V do caput, os dispêndios pagos ou incorridos com matériaprima, mão de obra, encargos sociais, locação, manutenção, depreciação e demais bens aplicados na produção, beneficiamento ou acondicionamento e os decorrentes de operações de parcerias e integração entre a cooperativa e o associado, bem assim os de comercialização ou armazenamento do produto entregue pelo cooperado. Nesse contexto, é relevante observar de imediato que a exclusão da base de cálculo de que trata o inciso IV do art. 11 da IN SRF nº 635, de 2006, não se refere às receitas decorrentes da comercialização dos produtos industrializados. Essa norma prevê somente a exclusão das receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produto do associado. Significa dizer que poderá ser excluída da base de cálculo a receita própria que a cooperativa auferir pela industrialização promovida sobre os produtos rurais recebidos dos cooperados, mas não toda a receita dos produtos comercializados. Assim, fica evidente que não há permissão legal para a sociedade cooperativa excluir da base de cálculo a receita total da comercialização dos produtos industrializados, conforme pretendido pela consulente. Entretanto, caso a Fl. 378DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 25 24 cooperativa aufira receita derivada especificamente do processo de industrialização dos produtos recebidos dos associados, pode promover a exclusão dessa importância da base de cálculo – situação que poderia ocorrer por exemplo se a cooperativa cobrasse dos associados, a título de receita própria, o reembolso dos custos de industrialização dos produtos primários deles recebidos. Por outro lado, considerandose que, no caso concreto, os valores correspondentes aos custos com a industrialização dos produtos recebidos dos cooperados não sejam diretamente cobrados dos associados, mas sim suportados pela cooperativa para posterior recuperação no momento da comercialização (após a industrialização), não haveria razão para se aplicar a exclusão com fulcro no inciso IV do art. 11 sobre a parcela da receita que, de fato, decorra da industrialização da produção entregue pelos associados, porque nessa situação já se adotaria o ajuste previsto no inciso V do art. 11, isto é, dedução dos custos agregados ao produto agropecuário dos associados, quando da sua comercialização. Com efeito, os ajustes previstos nos incisos IV e V do art. 11 da IN SRF nº 635, de 2006, devem ser adotados de forma integrada, na medida que, se não tiver sido excluída a parcela da receita decorrente da industrialização do produto agropecuário recebido dos associados, poderão ser deduzidos os custos agregados pela cooperativa a esse produto, quando da sua comercialização. Interpretase sistematicamente as duas normas, tendo em vista que, se a situação comportar a exclusão da parcela da receita obtida pela industrialização, não fará mais sentido efetuar a dedução dos custos agregados ao produto, quando esses custos estiverem embutidos no preço de comercialização do produto final. Caso a cooperativa adquira também o produto primário de não cooperados, com relação a estes produtos e aos custos a eles agregados não poderá fazer uso das exclusões previstas nos incisos IV e V do art. 11 da IN RFB nº 635, de 2006. Nessa situação, deverá ser feito um rateio para definir quais frações poderão ser submetidas aos ajustes mencionados no incisos IV e V do art. 11 da IN RFB nº 635, de 2006. De acordo com o § 3º do art. 11 da IN SRF nº 635, de 2006, as exclusões devem ser efetuadas no mês da emissão da nota fiscal correspondente a venda de bens e mercadorias e/ou prestação de serviços pela cooperativa e terão as operações que as originaram contabilizadas destacadamente, sujeitas à comprovação mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor, da espécie e quantidade dos bens, mercadorias ou serviços vendidos. Quanto à definição de custo agregado, por meio do § 8º do art. 11 da IN SRF nº Fl. 379DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 26 25 635, de 24 de março de 2006, a RFB divulgou o seguinte entendimento: considerase custo agregado ao produto agropecuário os dispêndios pagos ou incorridos com matéria prima, mãodeobra, encargos sociais, locação, manutenção, depreciação e demais bens aplicados na produção, beneficiamento ou acondicionamento e os decorrentes de operações de parcerias e integração entre a cooperativa e o associado, bem assim os de comercialização ou armazenamento do produto entregue pelo cooperado. 40. Assim, os ajustes procedidos pela autoridade fiscal visaram restabelecer o correto valor dos créditos passíveis de ressarcimento/compensação por parte da contribuinte e estão de acordo com a legislação em vigor. 41. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso voluntário neste quesito. O ATO COOPERATIVO (item 2.7 do recurso voluntário e item 4.5 do relatório fiscal) 42. A cooperativa invoca o disposto no art. 79 da Lei nº 5.764/71, que define o ato cooperativo, no intuito de afastar a tributação da cooperativa. 43. A sociedade cooperativa, por sua natureza jurídica própria, goza, constitucionalmente de tratamento diferenciado e incentivado em relação às demais sociedades mercantis, sendo remetida à legislação infraconstitucional a tarefa de conceder esse tal tratamento. 44. Já na vigência da Emenda Constitucional nº 20, de 1998, foi editada a Medida Provisória no 1.8586, de 29 de junho de 1999, a qual, tendo regulado a incidência do PIS sobre a folha de pagamento em seu art. 13, revogou expressamente, em seu art. 23, o inciso II do art. 2º da Lei no 9.715/98, verbis: “Art. 23. Ficam revogados: I a partir de 28 de setembro de 1999, o inciso II do art. 2º da Lei nº 9.715, de 25 de novembro de 1998;”. 45. Observese que os casos previstos no art. 13 da Medida Provisória no 1.8586/99, que trata do PIS incidente sobre a folha de pagamento, não abrangem as sociedades cooperativas. 46. Dessa forma, com a edição da Medida Provisória no 1.8586/99, as sociedades cooperativas passaram a estar sujeitas à exigência do PIS de acordo com a norma geral aplicada às demais pessoas jurídicas, isto é, com base no seu faturamento: “Art 2º As contribuições para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Fl. 380DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 27 26 Art 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica.” 47. Em síntese, com a edição da Medida Provisória no 1.8586/99, a base de cálculo do PIS passou a ser aquela prevista nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718/98, como acima transcrito, ou seja, a receita bruta mensal da sociedade cooperativa, decorrente da venda de mercadorias ou de serviços, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para estas receitas. No caso das cooperativas, isso significa que, a partir de então, o PIS passou a ser devido inclusive sobre a receita decorrente dos atos cooperativos, com as exclusões permitidas na legislação superveniente,. 48. Portanto, após 01/10/1999 é irrelevante a distinção entre atos cooperativos e nãocooperativos para efeito de tributação do PIS/Pasep,visto que a classificação não afeta a base imponível definida por lei. 49. Relativamente ao PIS, o que há de específico na incidência dessa contribuição para as sociedades cooperativas são as exclusões da base de cálculo permitidas pelo art. 15 da Medida Provisória nº 1.8589, de 1999, com sucessivas reedições, permanecendo no ordenamento a MP nº 2.15835, de 2001, cujo art. 15 estabelece: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2º e 3º da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica,extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. § 1º Para os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. Fl. 381DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 28 27 § 2º Relativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: I a contribuição para o PIS/Pasep será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas. 50. Interessante notar que, mesmo ao listar as exclusões permitidas contra a base de cálculo da contribuição, a lei não faz qualquer referência à natureza dos atos praticados como atoscooperados ou nãocooperados, mas, sim a operações com associado, não se podendo, pois, estender a norma exonerativa a terceiros, independentemente de se tratar de negóciomeio ou negóciofim ou, ainda, de ato cooperado ou nãocooperado. 51. Nesse contexto, como regra geral, não há mais que se distinguir atos cooperativos de atos nãocooperativos estranhos à finalidade da cooperativa quanto à obtenção de valores submetidos ao PIS. Como se viu, na ordem legal aplicável aos fatos geradores em tela, a dimensão tributável para o PIS é o faturamento da sociedade. 52. Seguindo esse raciocínio, nos deparamos com as alterações introduzidas pela Lei nº 10.637/2002 que estabeleceu o regime da nãocumulatividade para as empresas tributadas com base no Lucro Real. Inicialmente, as sociedades cooperativas estavam excluídas deste regime. A Lei nº 10.865/2004 excepcionou as sociedades cooperativas de produção agropecuária, sem prejuízo das deduções previstas no art. 15 da MP nº 2.158/2001 e no art. 17 da Lei nº 10.864/2003. 53. Portanto, a partir das alterações introduzidas na legislação referente à tributação pelo PIS das sociedades cooperativas, a sua tributação deve obedecer ao disposto na legislação específica em vigor. 54. Por fim, para definir que o ato cooperativo é tributado, citamos o posicionamento do STF, externado no RE nº 599.362, na sistemática de repercussão geral : “Recurso extraordinário. Repercussão geral. Artigo 146, III, c, da Constituição Federal. Adequado tratamento tributário. Inexistência de imunidade ou de não incidência com relação ao ato cooperativo. Lei nº 5.764/71. Recepção como lei ordinária. PIS/PASEP. Incidência. MP nº 2.15835/2001. Afronta ao princípio da isonomia. Inexistência. 1. O adequado tratamento tributário referido no art. 146, III, c, CF é dirigido ao ato cooperativo. A norma constitucional concerne à tributação do ato cooperativo, e não aos tributos dos quais as cooperativas possam vir a ser contribuintes. 2. O art. 146, III, c, CF pressupõe a possibilidade de tributação do ato cooperativo ao dispor que a lei complementar estabelecerá a forma adequada para tanto. O Fl. 382DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 29 28 texto constitucional a ele não garante imunidade ou mesmo não incidência de tributos, tampouco decorre diretamente da Constituição direito subjetivo das cooperativas à isenção. 3. A definição do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo se insere na órbita da opção política do legislador. Até que sobrevenha a lei complementar que definirá esse adequado tratamento, a legislação ordinária relativa a cada espécie tributária deve, com relação a ele, garantir a neutralidade e a transparência, evitando tratamento gravoso ou prejudicial ao ato cooperativo e respeitando, ademais, as peculiaridades das cooperativas com relação às demais sociedades de pessoas e de capitais. 4. A Lei nº 5.764/71 foi recepcionada pela Constituição de 1988 com natureza de lei ordinária e o seu art. 79 apenas define o que é ato cooperativo, sem nada referir quanto ao regime de tributação. Se essa definição repercutirá ou não na materialidade de cada espécie tributária, só a análise da subsunção do fato na norma de incidência específica, em cada caso concreto, dirá. 5. Na hipótese dos autos, a cooperativa de trabalho, na operação com terceiros – contratação de serviços ou vendas de produtos não surge como mera intermediária de trabalhadores autônomos, mas, sim, como entidade autônoma, com personalidade jurídica própria, distinta da dos trabalhadores associados. 6. Cooperativa é pessoa jurídica que, nas suas relações com terceiros, tem faturamento, constituindo seus resultados positivos receita tributável. 7. Não se pode inferir, no que tange ao financiamento da seguridade social, que tinha o constituinte a intenção de conferir às cooperativas de trabalho tratamento tributário privilegiado, uma vez que está expressamente consignado na Constituição que a seguridade social ‘será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei’ (art. 195, caput, da CF/88). 8. Inexiste ofensa ao postulado da isonomia na sistemática de créditos conferida pelo art. 15 da Medida Provisória 2.158 35/2001. Eventual insuficiência de normas concedendo exclusões e deduções de receitas da base de cálculo da contribuição ao PIS não pode ser tida como violadora do mínimo garantido pelo texto constitucional. 9. É possível, senão necessário, estabeleceremse diferenciações entre as cooperativas, de acordo com as características de cada segmento do cooperativismo e com a maior ou a menor necessidade de fomento dessa ou daquela atividade econômica. O que não se admite são as diferenciações arbitrárias, o que não ocorreu no caso concreto. 10. Recurso extraordinário ao qual o Supremo Tribunal Federal dá provimento para declarar a incidência da contribuição ao PIS/PASEP sobre os atos (negócios jurídicos) praticados pela impetrante com terceiros tomadores de serviço, objeto da impetração.” 55. Portanto, nego provimento ao recurso neste quesito. O CRÉDITO VINCULADO ÁS VENDAS TRIBUTADAS NO MERCADO INTERNO (item 2.3 do recurso voluntário e item 4.12 do relatório fiscal) Fl. 383DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 30 29 56. Referiu a Fiscalização que os créditos remanescentes decorrentes de operações no mercado interno e que tinham fundamento em reduções da base de cálculo do PIS e da COFINS, estas com previsão no art. 15 da MP nº 2.15835, de 2001, e no art. 17 da Lei nº 10.684, de 2003), não são passíveis de ressarcimento ou compensação, podendo ser destinados, apenas, à dedução de valores devidos daquelas contribuições. 57. A possibilidade de utilização dos créditos de PIS ou de COFINS apurados no regime nãocumulativo, na forma de ressarcimento em espécie ou de compensação com outros tributos, restringiase aos créditos decorrentes de custos e despesas vinculados à exportação, conforme o art. 5º da Lei nº 10.637, de 2002, e art. 6o e parágrafos da Lei 10.833, de 2003. 58. Posteriormente, o art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005, dispôs sobre a possibilidade de o saldo credor do PIS e da COFINS, acumulado ao final de cada trimestre do ano calendário, ser objeto de compensação ou pedido de ressarcimento. Esse artigo, entretanto, traz uma condição: de que o saldo credor seja decorrente do disposto no art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004. Isso significa dizer que a empresa só pode beneficiarse da norma do citado art. 16, se suas vendas forem efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência daquelas contribuições. Transcrevese esses dispositivos: Lei nº 11.033, de 2004 Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem amanutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Lei nº 11.116, de 2005 Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do ano calendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestre Fl. 384DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 31 30 calendário anterior ao de publicação desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da promulgação desta Lei. 59. Conforme relata a Fiscalização, a interessada pleiteia o ressarcimento dos créditos que decorrem da redução da base de cálculo (art. 15 da MP nº 2.15835, de 2001, e art. 17 da Lei nº 10.684, de 2003). Tais exclusões, tratadas no art. 11 da IN SRF nº 635, de 2006, não configuram hipótese em que é autorizado o ressarcimento/compensação do saldo credor com débitos de tributos administrados pela RFB, ou o seu ressarcimento, nos termos do art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, e do art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005. Para que isso fosse admitido, os créditos deveriam estar, obrigatoriamente, vinculados a vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou nãoincidência das contribuições. 60. Assim, nego provimento ao recurso neste quesito. A SOLICITAÇÃO DE PROVA PERICIAL 61. Adotamos o posicionamento do julgador da DRJ, para justificarmos que não vemos necessidade de prova pericial no presente caso : O requerimento de perícia ao final de sua manifestação deve ser considerado como não formulado, nos termos do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, que assim determina nos casos em que os pedidos de perícia deixarem de atender aos requisitos previstos naquela artigo. Ademais, se mostra irrelevante a produção de prova pericial quando presentes nos autos os elementos necessários e suficientes à dissolução do litígio administrativo. 62. Portanto, indefiro o pedido de perícia pleiteado. Conclusão 63. Por todo o exposto, voto no sentido de rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fl. 385DF CARF MF Processo nº 11030.000709/200911 Acórdão n.º 3301005.685 S3C3T1 Fl. 32 31 Winderley Morais Pereira Fl. 386DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.101219/2008-52
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006
DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. ESTABELECIMENTO GERIÁTRICO.
As despesas de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico só podem ser deduzidas se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica.
Numero da decisão: 9202-007.812
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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DESPESAS MÉDICAS. ESTABELECIMENTO GERIÁTRICO. As despesas de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico só podem ser deduzidas se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 10 12 19 /2 00 8- 52 Fl. 101DF CARF MF 2 Relatório O presente processo trata de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física do exercício de 2007, anocalendário de 2006, acrescido de juros de mora e multa de ofício, tendo em vista a apuração de deduções indevidas de despesas médicas. Em sessão plenária de 17/05/2012, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2802001.614 (efls. 64 a 70), assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007 IRPF. DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. DESPESAS DE INTERNAÇÃO EM ESTABELECIMENTO GERIÁTRICO. REQUISITO PARA DEDUTIBILIDADE. Se comprovado que a paciente necessita de cuidados integrais de enfermagem, por laudo médico, os gastos com estabelecimento geriátrico são dedutíveis. Recurso Voluntário Provido." A decisão foi assim registrada: “Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso nos termos do voto do redator designado. Vencida a Conselheira Dayse Fernandes Leite (relatora). Designado(a) para redigir o voto vencedor o (a) Conselheiro (a) Sidney Ferro Barros." O processo foi encaminhado à PGFN em 31/01/2013 (Despacho de Encaminhamento de efls. 71) e, em 26/02/2013, foi interposto o Recurso Especial de efls. 72 a 79 (Despacho de Encaminhamento de efls. 92), com fundamento no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, visando rediscutir a dedução de despesas com estabelecimento geriátrico não qualificado como hospital. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 04/04/2016 (efls. 93 a 95). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta as seguintes alegações: a legislação que disciplina a matéria não ampara a dedução de despesas médicas com estabelecimento geriátrico, quando esse local não for qualificado como hospital; tendo em vista que as despesas médicas reduzem o Imposto de Renda, as normas de regência devem ser interpretadas literalmente, não cabendo conferirlhes efeito extensivo para autorizar deduções que não estão expressamente previstas; tal linha de raciocínio encontrase colmatada pela jurisprudência administrativa, assente na necessidade de expressa previsão legal, para fins de dedução da base de cálculo do Imposto de Renda; Fl. 102DF CARF MF Processo nº 11065.101219/200852 Acórdão n.º 9202007.812 CSRFT2 Fl. 102 3 diante dessas considerações, o acórdão merece ser reformado, tendo em vista a correção da glosa de despesas deduzidas a título de internação em estabelecimento geriátrico não qualificado como hospital, por falta de amparo de tal dedução no corpo normativo que disciplina a matéria. Ao final, a Fazenda Nacional requer seja conhecido e provido o Recurso Especial, reformandose a decisão recorrida. Cientificado, o Contribuinte quedouse silente (efls. 98). Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Não foram oferecidas Contrarrazões. Tratase de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, tendo em vista a glosa de despesas médicas, referente ao anocalendário de 2006. No acórdão recorrido, deuse provimento ao Recurso Voluntário, restabelecendose a dedução das despesas de internação em estabelecimento geriátrico, referentes à genitora do Contribuinte, uma vez que estaria comprovada nos autos a necessidade de assistência de enfermagem de forma contínua. A Fazenda Nacional, por sua vez, pede que seja restabelecida a glosa, ao argumento de que não haveria amparo para a dedução de despesas médicas com estabelecimento geriátrico, quando este não for qualificado como hospital. A possibilidade de dedução de despesas médicas da base de cálculo do IRPF tem previsão na alínea “a”, do inciso II, do art. 8º, da Lei nº 9.250, de 1995, que assim dispõe: "Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias;" (grifei) O § 4º, do art. 80, do RIR/1999, define de forma claríssima o alcance da isenção tributária, relativamente às despesas de internação geriátrica, ao estipular que estas são dedutíveis somente quando o referido estabelecimento estiver qualificado como hospital pelo Ministério da Saúde: Fl. 103DF CARF MF 4 "Art.80.Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. (...) §4º As despesas de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico só poderão ser deduzidas se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica." (grifei) No caso em exame, conforme bem pontuou a decisão de Primeira Instância, foram apresentados pelo Contribuinte Alvará da Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo, Licença da Secretaria Municipal da Saúde de Novo Hamburgo e Certidão de Responsabilidade Técnica do Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul, porém ditos documentos não comprovam a qualificação do Lar Santa Ana como hospital. Quanto ao alvará, dele apenas consta que se trata de associação sem fins lucrativos. No que tange à licença concedida pela Secretaria Municipal da Saúde, esta informa que a concessão é para o ramo "Instituição de Longa Permanência para Idosos". Finalmente, quanto à certidão expedida pelo Conselho Regional de Enfermagem, esta simplesmente atesta a designação/contratação de enfermeiro para a chefia do serviço/unidade de enfermagem. Com efeito, nenhum desses documentos logrou comprovar que o Lar Santa Ana, instituição mantida pela Associação de Exalunos das Irmãs de Santa Catarina, tem qualificação hospitalar, condição prevista pelo art. 80, § 4°, do Regulamento do Imposto de Renda, de 1999, para que as despesas possam ser deduzidas pelo Contribuinte. Destarte, ainda que o estabelecimento geriátrico conte com profissionais que atuam na área de saúde e que se dedique a tratamentos recomendados por profissionais da área médica, as despesas decorrentes dos serviços por ele prestados não são alcançadas pela isenção prevista na alínea “a”, do inciso II, do art. 8º, da Lei nº 9.250, de 1995, a menos que esteja enquadrado como hospital, o que não ocorreu no presente caso. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 104DF CARF MF
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