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Numero do processo: 13971.916326/2011-86
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2002
COFINS. ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO.
A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.949
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS ANOCALENDÁRIO: 2002 COFINS. ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 91 63 26 /2 01 1- 86 Fl. 71DF CARF MF 2 Relatório Por trazer clara síntese do processo até a interposição da Manifestação de Inconformidade, adoto o relatório da decisão de primeira instância, no Acórdão da DRJ em Florianópolis: "Trata o presente processo de Pedido de Restituição PER, apresentado pela contribuinte acima qualificada. Em análise do pedido, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Blumenau/SC decidiu indeferilo (...), em razão de que o valor recolhido via DARF, indicado como fonte do crédito contra a Fazenda Nacional, já havia sido integralmente utilizado para pagamento de débito da contribuinte, não restando crédito disponível para restituição solicitada no PER. Inconformada com o não deferimento de seu Pedido de Restituição, a contribuinte esclarece, em síntese, que os créditos pleiteados se referem a pagamentos a maior originados da declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, pelo Supremo Tribunal Federal, em 9 de novembro de 2005. A contribuinte alega, ainda, a nulidade do Despacho Decisório, por ausência de diligência sobre o crédito pleiteado, nos termos do artigo 65 da Instrução Normativa nº 900/2008." (grifei) A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente naquela oportunidade, tendo sido o referido acórdão ementado nos seguintes termos: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. REQUISITO. A certeza e liquidez do crédito é requisito essencial para o deferimento da restituição, devendo restar comprovado o efetivo pagamento indevido ou a maior que o devido. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002 PRELIMINAR. NULIDADE. AUSÊNCIA DE REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. A autoridade competente para decidir sobre restituição poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos, bem como tem a faculdade de determinar a realização de diligência. Se pela DCOMP apresentada já é possível concluir que o crédito pleiteado carece de liquidez e certeza, desnecessária a realização de diligência. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" Intimada pessoalmente desta decisão, foi apresentado Recurso tempestivo no qual a Recorrente alega, em síntese, a validade do crédito de COFINS objeto do Pedido de Restituição, vez que calculado com base nas receitas não operacionais auferidas pela empresa, que não podem ser consideradas como base de cálculo do PIS e da COFINS como reconhecido Fl. 72DF CARF MF Processo nº 13971.916326/201186 Acórdão n.º 3402003.949 S3C4T2 Fl. 3 3 pelo Supremo Tribunal Federal nos Recursos Extraordinários 346.084, 358.273, 357.950 e 390.840. Alega ainda a nulidade do despacho decisório, por ausência de diligência prévia para verificação da validade do crédito. Anexou ao Recurso Voluntário cópia do livro razão e planilha com a composição do crédito apurado. Em seguida, os autos foram remetidos a esse Conselho. É o relatório. Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.923, de 28 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 13971.916330/201144, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.923): "Conheço do Recurso Voluntário, por tempestivo, adentrando em suas razões. Em recente julgado desta turma relatado pela Conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, foi reconhecimento o cabimento dos pedidos de restituição que, tal como o presente, se respaldam na inconstitucionalidade do art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/98. Tratase do acórdão n.º 3402003.399, ementado nos seguintes termos: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005 COFINS. ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF." (Número do Processo 10980.911525/201010. Data da Sessão 29/09/2016 Relatora Thais de Laurentiis Galkowicz. Acórdão n.º 3402003.399) Fl. 73DF CARF MF 4 A situação trazida sob julgamento nos presente autos é idêntica àquela julgada naquela oportunidade, razão pela qual adoto integralmente as razões delineadas por aquela Ilustre Conselheira Relatora, à luz do art. 50, §1º da Lei n.º 9.784/99, cujo voto foi acompanhado por unanimidade por esta Turma: "A questão de direito controversa no presente processo é amplamente conhecida. Tratase do inconstitucional alargamento da base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (“Cofins”), sobre o qual cumpre tecer algumas breves explanações. A Cofins, sucessora do FINSOCIAL, foi disciplinada pela Lei n. 9.718, de 27 de novembro de 1998 (“Lei n. 9.718/98”). Nos termos do artigo 3º da citada Lei, ficou estabelecido que a Cofins incidiria sobre a receita bruta de pessoa jurídica. Por sua vez, o §1º do mesmo artigo veio definir o que abrangia o termo "receita", dispondo que: entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Contudo, à época da edição da Lei n. 9.718/98, a Constituição da República brasileira, em seu artigo 195, estabelecia que as Contribuições Sociais a serem recolhidas aos Cofres da União pelos empregadores, dentre as quais se enquadra a Cofins, somente poderiam incidir sobre o “faturamento”. Diante dessa delimitação constitucional, o Supremo Tribunal Federal (“STF”) declarou que o §1º do artigo 3º da Lei n. 9.718/98 é inconstitucional, no julgamento dos Recursos Extraordinários (“RE”) n. 357950, 390840, 358273, 346084 e 336134 em 09 de novembro de 2005. Posteriormente, o Pretório Excelso, no julgamento do RE n. 585.235, publicado em 28/11/2008, julgou pela aplicação da repercussão geral sobre matéria em exame, reconhecendo a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. A ementa do referido julgado foi lavrada nos seguintes termos: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Isto porque, segundo o entendimento dos Ministros do STF, esse dispositivo alargou indevidamente a base de cálculo da Fl. 74DF CARF MF Processo nº 13971.916326/201186 Acórdão n.º 3402003.949 S3C4T2 Fl. 4 5 COFINS, uma vez que igualou o conceito de faturamento (ou receita operacional) ao conceito de receita . Explicase. Enquanto o faturamento é constituído pelas receitas advindas da venda de bens e serviços, a receita compreende "entrada de recursos financeiros remuneradores dos diferentes negócios jurídicos da atividade empresarial”, segundo a lição de José Antonio Minatel. 1 Assim, o faturamento (espécie) é menos amplo que a receita (gênero). Ocorre que tais conceitos não podem ser livremente manejados pelo legislador, pois o artigo 110 do Código Tributário Nacional determina que: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Destarte, se a Constituição determinava que a COFINS somente poderia incidir sobre o faturamento; e o faturamento constitui as receitas provenientes da venda de bens e serviços pela pessoa jurídica; concluise pela inconstitucionalidade da lei que determina a incidência sobre a receita sem sentido amplo, pois essa é mais abrangente que o faturamento2. Buscando solucionar os vícios constitucionais de que padecia a Lei n. 9.718/98, o Poder Legislativo editou a Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998 (“EC n. 20/98”). Tal Emenda alterou o texto do artigo 195 da Constituição, o qual restou positivado nos seguintes dizeres: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 1 MINATEL, José Antonio. Conteúdo do Conceito de Receita e Regime Jurídico para sua Tributação. MP Editora. São Paulo, 2005, p. 132. 2 Ademais, há de se ressaltar que a Lei n. 9.718/98 tem status jurídico de lei ordinária, o que torna ainda mais patente a sua inconstitucionalidade, tendo em vista que somente por meio de lei complementar é que poderia ser criada outra fonte de custeio da seguridade social (incidente sobre outra materialidade), nos termos do artigo 195, §4 e do artigo 154, inciso I, ambos da Constituição. Disto depreendese que somente seria legítima a cobrança da COFINS sobre a receita, hipótese que na época não estava prevista no rol de incisos do artigo 195 da Constituição, caso tal situação tivesse sido instituída por meio de lei complementar. Afinal, tratarseia de nova fonte de custeio da seguridade social. Como a Lei n. 9.718/98 foi votada e publicada pelo rito legislativo próprio das leis ordinárias, mais uma vez concluise pela inconstitucionalidade da exação. Fl. 75DF CARF MF 6 a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Em síntese, a EC n. 20/98 alargou a hipótese de incidência das contribuições sociais devidas pelo empregador, uma vez que a partir de então não só o faturamento pode ser tributado, como também a receita em sentido amplo. Entretanto, essa mudança no texto da Constituição não teve o poder de convalidar os dizeres da Lei n. 9.718/98, pois o sistema jurídico brasileiro não admite a constitucionalidade superveniente, vale dizer, tendo sido promulgada e publicada lei que contraria a Constituição, não é possível que posterior alteração da própria Constituição, por via de emenda, traga de forma retroativa a validade da lei. Foi assim que decidiu o STF. Pois bem. Tendo sido decidida a questão em sede de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, torna se imperioso o seu acatamento por este Conselho, nos moldes do artigo 62, §2º do Regimento Interno do CARF, o qual prescreve a necessidade de reprodução, pelos Conselheiros, das decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, na sistemática da repercussão geral: § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Nesse sentido, é tranquila a jurisprudência do Conselho a respeito da necessidade de reprodução das decisões proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins – citadas alhures aos processos administrativos fiscais, nos quais os contribuintes formulam pedidos de restituição de valores indevidamente pagos a título da contribuição social em questão, exatamente como ocorre no presente caso. Destaco a seguir alguns julgados representativos do entendimento sobre a matéria: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/02/1999 a 30/06/2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. 10 ANOS. PEDIDO REALIZADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR 118/2005. Fl. 76DF CARF MF Processo nº 13971.916326/201186 Acórdão n.º 3402003.949 S3C4T2 Fl. 5 7 O prazo decadencial para o direito de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação é de 10 (dez) anos, a contar do fato gerador quando o pedido for realizado antes da entrada em vigor da Lei Complementar 118/2005, conforme entendimento do STF. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. COFINS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido (Processo 11618.002043/200519, MARCOS ANTONIO BORGES, Nº Acórdão 3801001.835) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 28/02/1999 a 31/05/2000 DECADÊNCIA. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/05. O prazo estabelecido na Lei Complementar 118/05 somente se aplica para os processos protocolizados a partir 9 de junho de 2005, e que anteriormente a este limite temporal aplicase a tese de que o prazo para repetição ou compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação é de dez anos, contado de seu fato gerador, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. PIS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de Fl. 77DF CARF MF 8 mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. PIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido. (Processo 13855.001146/200586, Relator(a) FLAVIO DE CASTRO PONTES, Nº Acórdão , 3801001.722) COFINS. ART. 3º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §1o, I, do RICARF. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62A do RICARF. COFINS. ART. 3º, §1º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. Em face da inconstitucionalidade da alteração da base de cálculo da contribuição a COFINS, promovida pelo art. 3º, §1º, da Lei nº 19.718/98, é cabível o deferimento da restituição do indébito, devendo a autoridade preparadora verificar a comprovação do pagamento indevido ou a maior para compor o crédito a ser deferido ao contribuinte. Sobre o crédito apurado incide correção pela incidência da SELIC desde a data do pagamento indevido ou a maior, na forma do §4º, do Art. 39, da Lei nº 9.250/95. Recurso Parcialmente Provido. (Processo 10950.000184/200626, Relator(a) JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Acórdão 3402001.697) COFINS. FALTA DE RECOLHIMENTO. Mantémse o lançamento quando constatada a falta de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, no período compreendido pelo auto de infração. COFINS. COMPENSAÇÃO. PROCEDIMENTO PRÓPRIO. Fl. 78DF CARF MF Processo nº 13971.916326/201186 Acórdão n.º 3402003.949 S3C4T2 Fl. 6 9 Eventual direito à compensação da COFINS, em razão de recolhimento indevido ou efetuado a maior, deve ser apreciado no procedimento administrativo próprio de restituição/compensação, e não em processo de formalização de exigência de crédito tributário. Todavia, nada impede Requerê la em procedimento próprio. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA. O conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF não é competente para apreciar pedidos de restituição/compensação. A competência é da unidade da Receita Federal que jurisdiciona o contribuinte. Aos órgãos julgadores do CARF compete o julgamento de recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (art. 1º da Portaria MF nº 256/2009) MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado e no percentual determinado expressamente em lei. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. Recurso Voluntário Provido em Parte (Processo 10680.006962/200880, Relator(a) JOSE LUIZ BORDIGNON, Acórdão 3801000.984) Portanto é incontroverso o bom direito da Recorrente em relação à restituição dos recolhimentos indevidamente feitos a título de Cofins, no período de apuração em questão, haja vista que a presente lide administrativa tem como objeto principal a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 pelo STF (alargamento inconstitucional da base de cálculo da Cofins). Com efeito, como já tive a oportunidade de destacar em dissertação sobre o tema: Fl. 79DF CARF MF 10 Tanto a edição de leis inconstitucionais como a cobrança de tributos com base em tais leis tributárias inconstitucionais são atos ilícitos praticados pelo Poder Público. O primeiro constitui ilícito constitucional (edição de lei contrária aos dizeres da Constituição), enquanto o segundo caracteriza ilícito tributário (cobrança pelo Estado e consequente pagamento pelo contribuinte de tributo inválido). Lembrando que as normas jurídicas em sua feição completa são impreterivelmente dotadas de uma sanção em caso de descumprimento, aos citados atos ilícitos o ordenamento jurídico atrela as respectivas sanções: a declaração de inconstitucionalidade, com o objetivo de preservar a integralidade e coerência da ordem jurídica; e a restituição de tributos inconstitucionais, cuja função é conferir segurança jurídica e isonomia aos administrados. 3 Cumpre ainda salientar que à restituição de tributos inconstitucional, cuja natureza e regime jurídico são tributários, são totalmente aplicáveis as regras relativas às demais hipóteses de repetição de indébito dispostas no CTN (artigo 165 a 169). Entretanto, com relação ao quantum devido como restituição do tributo inconstitucional, compete à autoridade administrativa preparadora, com base na documentação apresentada pelo contribuinte no decorrer do processo administrativo, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. Por fim, saliento que apurado o crédito, os valores originais devem sofrer correção pela incidência da SELIC, desde a data do pagamento indevido, como impõe o artigo 39, §4º da Lei nº 9.250/95, até a data do efetivo aproveitamento dos créditos pelo contribuinte. Dispositivo Por tudo quanto exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, haja vista a necessidade de liquidação do julgado, nos termos descritos acima." (grifos no original) Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito à restituição dos valores de COFINS calculados sobre receitas não operacionais auferidas pela empresa com fulcro no dispositivo inconstitucional da Lei n.º 9.718/98 (dentre as quais as receitas financeiras mencionadas pela Recorrente de "JUROS RECEBIDOS", "VARIAÇÃO CAMBIAL" e os valores de "ALUGUÉIS RECEBIDOS")." Importante consignar que os documentos analisados no julgamento do paradigma (razão e planilha de apuração) encontram correspondência com os documentos juntados ao presente processo, variando apenas o período de apuração e os valores envolvidos. 3 LAURENTIIS, Thais de. Restituição de Tributo Inconstitucional. São Paulo: Noeses, 2015. Fl. 80DF CARF MF Processo nº 13971.916326/201186 Acórdão n.º 3402003.949 S3C4T2 Fl. 7 11 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito à restituição dos valores de COFINS calculados sobre receitas não operacionais auferidas pela empresa com fulcro no dispositivo inconstitucional da Lei nº 9.718/98 (dentre as quais as receitas financeiras mencionadas pela Recorrente de "JUROS RECEBIDOS", "VARIAÇÃO CAMBIAL" e os valores de "ALUGUÉIS RECEBIDOS"). assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 81DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.002541/2003-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Feb 09 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1802-000.520
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, encaminhar o presente processo para juntada ao de número 10882.002015/2008-43, em razão de conexão processual.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa- Presidente.
(assinado digitalmente)
Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Gilberto Baptista, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, encaminhar o presente processo para juntada ao de número 10882.002015/2008-43, em razão de conexão processual. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa- Presidente. (assinado digitalmente) Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Gilberto Baptista, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, encaminhar o presente processo para juntada ao de número 10882.002015/200843, em razão de conexão processual. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Gilberto Baptista, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 82 .0 02 54 1/ 20 03 -0 7 Fl. 234DF CARF MF Processo nº 10882.002541/200307 Resolução nº 1802000.520 S1‐TE02 Fl. 3 2 Relatório Tratase de pedido de ressarcimento/compensação de saldo credor dePIS/Pasep, pelo regime não cumulativo, períodos abril e maio de 2003. O crédito foi parcialmente reconhecido e acompensação, também homologada em parte,por meio de despacho decisório, em razão de o contribuinte não havercomprovado o pagamento de mercadorias constantes das notas fiscais que relaciona, além doque, teria realizado aquisições, em 2003, de pessoa jurídica declarada inapta desde 13/05/2008,com efeitos a partir de 01/01/1999. Em manifestação de inconformidade, o contribuinte alegou que as glosas não poderiam ser realizadas em face do transcurso de lapso temporal superior a cinco anos, o quecaracterizaria a decadência do direito do Fisco a tal providência, nos termos do RE 559.8829/RS. No mérito, asseverou que as glosas realizadas são as mesmas contestadas no processoadministrativo 10882.002015/200843,que trata de auto de infração de IRPJ e CSLL, motivopelo qual o crédito tributário decorrente do ressarcimento indeferido estaria com aexigibilidade suspensa, nos termos do art. 151 do CTN. A DRJ Campinas/SP julgou a manifestação de inconformidade improcedente,mediante decisão assim ementada: “DECADÊNCIA Incabível a análise de decurso de prazo para constituição docrédito tributário pela Fazenda Pública em processo decompensação. DESCONTO DE CRÉDITO DA NÃO CUMILATIVIDADE Incabível o reconhecimento do direito creditório, cuja origemfática não restou comprovada. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SOBRESTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. O processo administrativo fiscal é regido por princípios, dentre os quais o da oficialidade, que obriga a administraçãoimpulsionar o processo até sua decisão final.” Em recurso voluntário apresentado em 31/03/2010, o Recorrente reiterou toda a argumentação já deduzida no recurso inaugural, com ênfase na suspensão da exigibilidade do crédito tributário questionado, por força da discussão no PA 10882.002015/200843,uma vez que os fatos são os mesmos. Ao analisar os argumentos presentes no Recurso Voluntário, a 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento deste Conselho constatou que, (a) de fato, o processo administrativo 10882.002015/200843 envolve os mesmos fatos jurídicos que Fl. 235DF CARF MF Processo nº 10882.002541/200307 Resolução nº 1802000.520 S1‐TE02 Fl. 4 3 ensejaram o indeferimento de parte do crédito vindicado e, por conseqüência, a homologação parcial da compensação realizada e (b) que o processo em questão fora distribuído para a 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ªSeção de Julgamento, que, na sessão de 05/08/2011, por intermédio da Resolução 11020062,converteu o julgamento em diligência. Por ter comprovado as alegações trazidas pelo Recorrente, manifestouse aquela 3ª Turma, através do Despacho 340000.008, no sentido de declinar da competência e consequentemente, encaminhar o presente caso à 1ª Seção de julgamento para redistribuição, por conexão, ao relator designado para o processo 10882.002015/200843. Não obstante o despacho acima, o presente caso foi encaminhado a esta 2ª Turma Especial da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, sob minha relatoria, embora o processo 10.882.002015/200843 não o esteja. Esse é o Relatório. Passo ao Voto. Fl. 236DF CARF MF Processo nº 10882.002541/200307 Resolução nº 1802000.520 S1‐TE02 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Relator. Tratase de pedido de ressarcimento/compensação de saldo credor de PIS/Pasep, pelo regime não cumulativo, períodos abril e maio de 2003. O crédito foi parcialmente reconhecido e a compensação, também homologada em parte, em razão de o contribuinte não haver comprovado o pagamento de mercadorias constantes das notas fiscais que relaciona, além do que, teria realizado aquisições, em 2003, de pessoa jurídica declarada inapta desde 13/05/2008, com efeitos a partir de 01/01/1999. Em manifestação de inconformidade o contribuinte alegou a decadência do direito do Fisco pelo lapso temporal superior a cinco anos e, no mérito, invocou a conexão com o processo administrativo 10882.002015/200843, que trata de auto de infração de IRPJ e CSLL, motivo pelo qual o crédito tributário decorrente do ressarcimento indeferido estaria com a exigibilidade suspensa, nos termos do art. 151 do CTN. A DRJ Campinas/SP julgou a manifestação de inconformidade improcedente. Em Recurso Voluntário, o Recorrente reiterou toda a argumentação já deduzida no recurso inaugural, com ênfase na suspensão da exigibilidade do crédito tributário questionado, por força da discussão no PA 10882.002015/200843, uma vez que os fatos são os mesmos. A 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento deste Conselho constatou que, (a) de fato, o processo administrativo 10882.002015/200843 envolve os mesmos fatos jurídicos que ensejaram o indeferimento de parte do crédito vindicado e, por conseqüência, a homologação parcial da compensação realizada e (b) que o processo em questão fora distribuído para a 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, que, na sessão de 05/08/2011, por intermédio da Resolução 11020062, converteu o julgamento em diligência. Por ter comprovado as alegações trazidas pelo Recorrente, manifestouse aquela 3ª Turma, através do Despacho 340000.008, no sentido de declinar da competência e consequentemente, encaminhar o presente caso à 1ª Seção de julgamento para redistribuição, por conexão, ao relator designado para o processo 10882.002015/200843. Não obstante o despacho acima, o presente caso foi encaminhado a esta 2ª Turma Especial da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, sob minha relatoria, embora o processo 10.882.002015/200843 não o esteja. Pois bem, ao examinar as alegações constantes dos autos, reconfirmei que o processo administrativo 10882.002015/200843 envolve, de fato, os mesmos fatos jurídicos que ensejaram o indeferimento de parte do crédito vindicado, a saber: (a) aquisições de insumos sem a respectiva comprovação de pagamento e (b) aquisições de pessoa jurídica declarada inapta em data anterior a tais transações comerciais. Fl. 237DF CARF MF Processo nº 10882.002541/200307 Resolução nº 1802000.520 S1‐TE02 Fl. 6 5 Referido processo foi distribuído para a 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento, que, na sessão de 05/08/2011, por intermédio da Resolução 11020062, converteu o julgamento em diligência. Pela leitura conjunta dos arts. 47, caput e 49, §§ 7º e 8º do RICARF aprovado pela Portaria MF 256/09, acolho a conclusão proferida no Despacho 340000.008, de que o instituto da prevenção encontrase presente nos julgamentos no âmbito do CARF e que, distribuído o processo a determinado Conselheiro, todos os demais que lhe sejam conexos ser lheão encaminhados, independentemente de sorteio. No caso em exame é inegável a conexão entre os processos, incidindo na espécie o disposto no art. 2º, IV, Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF 256/09, nestes termos: “Art. 2° À Primeira Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação de: (...) IV demais tributos e o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), quando procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ; (...)” Entendo, portanto, correta, portanto, a declinação de competência da 3ª Turma Ordinária em favor da Primeira Seção de julgamento para redistribuição, por conexão, ao relator designado para o processo 10882.002015/200843. Ocorre que o presente caso foi encaminhado a esta 2ª Turma Especial da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, sob minha relatoria, embora o processo 10.882.002015/200843 não o esteja. Em pesquisa ao sistema do CARF, verifiquei que o processo 10882.002015/200843 foi distribuído à 1ªTurma Ordinária da 1ª Câmara, estando, desde 09/08/2013, sob a relatoria da Conselheira Monica Sionara Schpallir Calijuri. Diante do quanto exposto, e em concordância com o despacho 340000.008 da 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, proponho a declinação de competência e consequente encaminhamento à Conselheira Monica Sionara Schpallir Calijuri, para apensamento ao processo 10882.002015/200843, sob sua relatoria. Esse o meu voto. (assinado digitalmente) LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA Fl. 238DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11618.003577/2008-05
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Mar 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2007
RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. SIMPLES FEDERAL E SIMPLES NACIONAL. LEI 9.317/1996. LEI COMPLEMENTAR 123/2006. INCLUSÃO RETROATIVA.
Considerando que o acórdão recorrido analisou legislação do Simples Federal, não se conhece recurso especial fundado em paradigma que analisa a legislação do Simples Nacional.
A legislação que trata do Simples Federal, inclusive quanto à forma de opção por tal Sistema Simplificado, é distinta da legislação que regula o Simples Nacional.
Numero da decisão: 9101-002.579
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Cristiane Silva Costa- Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente)
Nome do relator: CRISTIANE SILVA COSTA
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2007 RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. SIMPLES FEDERAL E SIMPLES NACIONAL. LEI 9.317/1996. LEI COMPLEMENTAR 123/2006. INCLUSÃO RETROATIVA. Considerando que o acórdão recorrido analisou legislação do Simples Federal, não se conhece recurso especial fundado em paradigma que analisa a legislação do Simples Nacional. A legislação que trata do Simples Federal, inclusive quanto à forma de opção por tal Sistema Simplificado, é distinta da legislação que regula o Simples Nacional.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente. (Assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa- Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente)
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NÃO CONHECIMENTO. SIMPLES FEDERAL E SIMPLES NACIONAL. LEI 9.317/1996. LEI COMPLEMENTAR 123/2006. INCLUSÃO RETROATIVA. Considerando que o acórdão recorrido analisou legislação do Simples Federal, não se conhece recurso especial fundado em paradigma que analisa a legislação do Simples Nacional. A legislação que trata do Simples Federal, inclusive quanto à forma de opção por tal Sistema Simplificado, é distinta da legislação que regula o Simples Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente. (Assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 8. 00 35 77 /2 00 8- 05 Fl. 66DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente) Relatório Tratase de processo originado por requerimento de inclusão retroativa no Simples, apresentado em 28/05/2008 (fls. 3), no qual alega que foi constituída em 02/02/2007 e que desde então pretendia aderir ao Simples Federal. Pede que a partir do segundo semestre de 2007, automaticamente, seja submetida às regras do Simples Nacional. Tal requerimento foi indeferido pela Delegacia da Receita Federal em João Pessoa, sob os seguintes fundamentos: "6. A inclusão de ofício só é aceitável quando ocorre a falta do preenchimento em campo próprio do evento indicador da opção pelo Simples Federal para as empresas cuja inscrição ocorreram após 01/01/1997, desde que a empresa demonstre de forma inequívoca que era esse seu desejo (entrega das Declarações Anuais Simplificadas e pagamento por meio de Darf Simples) e somente para fatos ocorridos até o exercício de 2003, ano calendário 2002. 7. Vêse, portanto, que o contribuinte não se enquadra nas possibilidade da inclusão de ofício (...). No caso em questão a pessoa jurídica foi constituída em 2007, portanto, para poder aderir ao Simples Federal, deveria ter promovido a inclusão quando da inscrição ou mesmo fazer uma alteração na FCPJ, conforme determina a lei, não tendo feito, não cabe ao fisco suprir essa falha." A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife julgou improcedente a manifestação de inconformidade, conforme acórdão ementado da forma seguinte (26/29): ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2007 OPÇÃO PELO SIMPLES FEDERAL INCLUSÃO RETROATIVA. ANO CALENDÁRIO DE 2007. A opção pelo SIMPLES FEDERAL darseá mediante a inscrição da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa ou empresa de pequeno porte no CNPJ. Não há previsão legal para a inclusão retroativa no ano de 2007. A 2ª Turma Especial da 1ª Seção deu provimento ao recurso voluntário, em acórdão cuja ementa se transcreve a seguir: Fl. 67DF CARF MF Processo nº 11618.003577/200805 Acórdão n.º 9101002.579 CSRFT1 Fl. 67 3 Assunto: : SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2007 Ementa: OPÇÃO PELO SIMPLES FEDERAL. INCLUSÃO RETROATIVA. A opção pelo SIMPLES FEDERAL darseá mediante a inscrição no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas CNPJ da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa ou empresa de pequeno porte. No entanto, os pagamentos mensais por intermédio do Documento de Arrecadação do Simples (Darf Simples) e a apresentação da Declaração Anual Simplificada são instrumentos hábeis para se comprovar a intenção de aderir ao Simples, e, consequentemente a inclusão no Simples de pessoas jurídicas inscritas no CNPJ. (Inteligência do Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 16, de 02/10/2002). Em 12/08/2013, foi proferido despacho de encaminhamento dos autos à Procuradoria da Fazenda Nacional para ciência (fls. 43), que interpôs recurso especial em 04/09/2013, sustentando divergência na interpretação da lei federal com o acórdão paradigma nº 1401000.674, no qual consta: "Diante da ausência de migração automática para o Simples Nacional, caberia ao contribuinte formalizar tempestivamente a sua opção pela inclusão no programa. Para o anocalendário de 2007, a opção só poderia ter sido realizada do primeiro dia útil de julho de 2007 até 20 de agosto de 2007" O recurso especial foi admitido, conforme razões a seguir reproduzidas (fls. 162/164) Do cotejo entre as ementas e os votos condutores dos arestos, recorrido e paradigma, verificase que o tratamento foi diferenciado vez que, no recorrido concluiuse que os pagamentos mensais mediante Documento de Arrecadação do Simples e a apresentação da Declaração Anual Simplificada são instrumentos hábeis para se comprovar a intenção de aderir ao Simples, e a inclusão no Simples de pessoas jurídicas inscritas no CNPJ, nos termos do Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 16, de 02/10/2002. A decisão recorrida admitiu a inclusão retroativa no Simples Nacional, mesmo inexistindo a opção tempestiva do contribuinte entre o primeiro dia útil de julho de 2007 e o dia 20 de agosto de 2007. Quanto ao paradigma nº 1401000.674, entende que há impossibilidade de inclusão retroativa no Simples, tendo em vista a ausência de formalização tempestiva da opção, no período supracitado. A Fazenda Nacional afirma que, de acordo com os arts. 7º e 17 da Resolução CGSN nº 4, de 2007, a opção voluntária pelo Fl. 68DF CARF MF 4 Simples Nacional para o anocalendário de 2007 deveria ser feita exclusivamente por meio da internet, no período compreendido entre o primeiro dia útil de julho e o dia 20 de agosto de 2007, opção esta não realizada pelo contribuinte no prazo determinado. Por tais razões, neste juízo de cognição sumária, concluise pela caracterização das divergências de interpretação suscitadas. (...) Assim sendo, com fundamento nos artigos 68 e 69, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, e em cumprimento ao disposto no inciso III do art. 18, DOU SEGUIMENTO ao recurso especial, interposto pela Fazenda Nacional, para que seja reapreciada a matéria em discussão. A contribuinte foi intimada quanto ao acórdão da Turma Ordinária e quanto ao recurso especial da Procuradoria em 08/01/2016/2016 (fls. 59), apresentado contrarrazões ao recurso em 26/01/2016, requerendo a manutenção da decisão recorrida. Voto Conselheira Cristiane Silva Costa, Relatora Reconheço a tempestividade do recurso especial. Assim, passo a analisar a existência de divergência na interpretação da lei tributária. Lembro que a Recorrente fundamenta seu recurso especial na divergência vislumbrada com o acórdão paradigma nº 1401000.674, no qual consta: "Diante da ausência de migração automática para o Simples Nacional, caberia ao contribuinte formalizar tempestivamente a sua opção pela inclusão no programa. Para o anocalendário de 2007, a opção só poderia ter sido realizada do primeiro dia útil de julho de 2007 até 20 de agosto de 2007" Destaco trecho do acórdão paradigma, para demonstrar a distinção da questão analisada naquele caso e no presente: Em 04/11/2008, conforme Despacho Decisório Simples Nacional n° 188/2008, fls. 22/23, a Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária de São Paulo DERAT decidiu por não tomar conhecimento do pedido de inclusão retroativa a 01/07/2007 no Simples Nacional, por constatar que o contribuinte não solicitou a opção pelo Simples Nacional nos termos da resolução do CGSN n° 004, de 30/05/2007, art. 7° c/c o art. 16 da Lei Complementar n° 123, de 14/12/2006. (...) 2.5. Com o advento da Lei Complementar n° 123/2006 — Lei do Super Simples, ficou estabelecido que as empresas que já eram optante do antigo simples e que não possuíam nenhum tipo de pendência, tinham como certa sua inclusão automática no Simples Nacional. A Inconformada, optante do antigo simples Fl. 69DF CARF MF Processo nº 11618.003577/200805 Acórdão n.º 9101002.579 CSRFT1 Fl. 68 5 por vinte anos, após 1° de julho de 2007, ao consultar o Portal do Simples Nacional constatou que não havia migrado automaticamente para o Simples Nacional devido a restrição da sua atividade que constava no Cadastro Nacional de Pessoa jurídica – CNPJ. O acórdão paradigma cuidou de situação em que se requeria a inclusão retroativa no Simples Nacional, regulado pela Lei Complementar nº 123/2006 enquanto o acórdão recorrido tratou de inclusão retroativa no Simples Federal, regulado pela Lei nº 9.317/1996, além de normas complementares a estas. Ressalto que no caso destes autos, além da inclusão no Simples Federal quanto ao período de fevereiro a junho de 2007, a contribuinte solicitou inicialmente que fosse estendida a inclusão para o Simples Nacional, requerimento que se justifica à luz do artigo 16, §4º, da Lei Complementar nº 123/2006, que prevê: Art. 16. A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e empresa de pequeno porte darseá na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, sendo irretratável para todo o anocalendário. (...) § 4º Serão consideradas inscritas no Simples Nacional, em 1o de julho de 2007, as microempresas e empresas de pequeno porte regularmente optantes pelo regime tributário de que trata a Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, salvo as que estiverem impedidas de optar por alguma vedação imposta por esta Lei Complementar. A eventual aplicação do §4º, do artigo 16, da Lei Complementar nº 123/2006 é apenas um dos efeitos do acolhimento do pedido principal formulado no processo, e devidamente analisado pelas instâncias ordinárias, qual seja a inclusão retroativa no Simples Federal. Diante disso, como o regramento analisado pelo acórdão recorrido e aquele analisado pelo paradigma são totalmente distintos, inclusive para a análise da regularidade de pedido de inclusão retroativa, não conheço do recurso especial fundamentado em tal paradigma. (Assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Fl. 70DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10660.906089/2012-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-000.981
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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COMPENSAÇÃO. Recorrente MOABE ENERGIA INDUSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. O sistema informatizado da Receita Federal emitiu o Despacho Decisório em processamento automatizado indeferindo o pedido e não homologando a compensação, afirmando que o valor do DARF de onde viria o crédito já estava totalmente comprometido em quitação de débito constante de declaração (DCTF) prestada pelo contribuinte. A contribuinte manifestou inconformidade, explicando que: "Tal indeferimento não pode prosperar porque os créditos oriundos de pagamento indevido ou maior já tinham sido devidamente disponibilizados em RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 60 .9 06 08 9/ 20 12 -4 1 Fl. 44DF CARF MF Processo nº 10660.906089/201241 Resolução nº 3401000.981 S3C4T1 Fl. 3 2 razão da desvinculação dos mesmos das DCTFs daquele período." Os Julgadores de 1º piso consideraram improcedente a manifestação da contribuinte, não reconhecendo o direito creditório e mantendo a não homologação, nos termos do Acórdão 14044.344. Inconformada, a contribuinte ingressou com recurso voluntário, por meio da qual esclarece a procedência do seu direito de crédito e apresenta petição, nos seguintes termos: "O aludido recurso de MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE interposto pela recorrente, se deu porque esta entendeu que os pagamentos efetuados indevidamente ou a maior, na data do pedido de restituição/compensação, estavam devidamente desvinculados das declarações acessórias daqueles períodos, fato este que. por si só, já seria suficiente para demonstrar e provar a disponibilidade desses créditos pretendidos, dispensando assim a necessidade de instruir a exordial com as provas, possíveis de serem verificadas pelas informações acessórias fiscais regularmente prestadas ao fisco, pela recorrente, por meio eletrônico, com amparo na produção de provas previstas no art. 332, do crc. Contudo, infelizmente, a recorrente não se atentou para o fato de que a defesa sustentada no recurso anterior, não foi cumprida pelo seu departamento fiscal, o qual estava incumbido de enviar as devidas retificações acessórias, ensejando assim o presente passivo tributário. Diante disso, a recorrente requer a ampliação do prazo para apuração adequada do efetivo direito ao crédito tributário, anteriormente pleiteado, providenciando todas as retificações das declarações acessórias, assim previstas no art. 113, parágrafo 2o, do CTN, para demonstrar a relação dos créditos que tem direito. Reintera ainda sobre a importância da dilação do referido prazo, com base no Principio da Capacidade Contributiva, nos termos do art. 145, §1°, juntamente com o Princípio do não Confisco, nos termos do art. 150, IV, da CF. tendo em vista que, a sua não prorrogação ensejará à recorrente insolvência econômica, uma vez que, o seu patrimônio, não é suficiente para garantir os passivos tributários oriundos das referidas declarações acessórias. Ademais, diante da presente situação, não restou a recorrente outra alternativa senão interpor a presente demanda." É o relatório Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3401000.964, Fl. 45DF CARF MF Processo nº 10660.906089/201241 Resolução nº 3401000.981 S3C4T1 Fl. 4 3 de 25 de janeiro de 2017, proferida no julgamento do processo 10660.906083/201274, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela Resolução (3401000.964): "Tempestivo o Recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Temos diante de nós mais um caso de despacho decisório processado automaticamente, sem que haja qualquer intervenção humana para rever o seu teor e a eventual existência de razões para questionar sua conclusão. Como soe, nessas situações, a contribuinte somente compreende inteiramente a situação quando recebe a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento mantendo o indeferimento eletrônico inicial, geralmente por falta de provas ou de contra argumentações por parte da contribuinte. Nessa toada, há os que se escudam no instituto da preclusão probatória para justificar a impossibilidade de reverter as negativas até então impostas à contribuinte. Coerente com minhas propostas de votação anteriores em situações semelhantes, baseado no argumento de que o princípio da verdade material deve prevalecer, relativizando as formalidades e os institutos preclusivos e assemelhados, e no argumento de que não é do interesse público maior praticar a injustiça fiscal qual seja, a manutenção no Tesouro do pagamento indevido , é que proponho que se tome providências para garantir substantivamente o contraditório (e não apenas formalmente) e para se verificar a verdade do alegado pelas partes. As teses que esposo divergem das postas no acórdão de 1º piso: (a) para uma visão absoluta do ônus probatório e do instituto da preclusão probatória, argumento em favor de que prevaleça a Verdade Material, e que os julgadores do processo administrativo possam agir e determinar providências nessa direção, aliás como expus em outros votos quando fiz alusão aos modelos trazidos pelo novo CPC; (b) que a negativa em pedidos de restituição e/ou compensações motivada pela inexistência de créditos líquidos e certos passe a considerar que a liquidez e certeza possam ser demonstradas ao longo do processo administrativo, não se limitando ao que o instruiu antes de sua chegada à instância de julgamento. Por isso, tendo em vista nem a administração tributária, nem a instância anterior, ter ido além do despacho decisório de processamento automático, proponho a este Colegiado a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. Que se dê ciência à contribuinte desta decisão e também do relatório conclusivo e da informação fiscal resultantes da diligência, e Fl. 46DF CARF MF Processo nº 10660.906089/201241 Resolução nº 3401000.981 S3C4T1 Fl. 5 4 prazo de 30 dias para ela se manifestar em cada uma dessas intimações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, converto o julgamento deste processo em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 47DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.000085/2011-75
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
GLOSA DE DEDUÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO RETIDO NA FONTE. RENDIMENTOS NÃO INCLUÍDOS NA BASE DE CÁLCULO.
No apuração do resultado do imposto sujeito ao ajuste anual, é permitida a dedução de imposto de renda retido na fonte, desde que referente a rendimentos que compõem a base de cálculo do tributo. Não presente essa condição, correta a glosa da dedução indevida.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-003.714
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Rosemary Figueiroa Augusto - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Theodoro Vicente Agostinho (Suplente convocado).
Nome do relator: ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008 GLOSA DE DEDUÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO RETIDO NA FONTE. RENDIMENTOS NÃO INCLUÍDOS NA BASE DE CÁLCULO. No apuração do resultado do imposto sujeito ao ajuste anual, é permitida a dedução de imposto de renda retido na fonte, desde que referente a rendimentos que compõem a base de cálculo do tributo. Não presente essa condição, correta a glosa da dedução indevida. Recurso Voluntário Negado
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secao_s : Segunda Seção de Julgamento
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente. (Assinado digitalmente) Rosemary Figueiroa Augusto - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Theodoro Vicente Agostinho (Suplente convocado).
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RENDIMENTOS NÃO INCLUÍDOS NA BASE DE CÁLCULO. No apuração do resultado do imposto sujeito ao ajuste anual, é permitida a dedução de imposto de renda retido na fonte, desde que referente a rendimentos que compõem a base de cálculo do tributo. Não presente essa condição, correta a glosa da dedução indevida. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (Assinado digitalmente) Rosemary Figueiroa Augusto Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 00 85 /2 01 1- 75 Fl. 71DF CARF MF Processo nº 11020.000085/201175 Acórdão n.º 2202003.714 S2C2T2 Fl. 72 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Theodoro Vicente Agostinho (Suplente convocado). Relatório Tratase de notificação de lançamento de IRPF (fls. 09/14), relativa ao ano calendário 2007, exercício 2008, lavrada por: (i) omissão de rendimentos recebidos acumuladamente em virtude de ação judicial, no valor de no valor de R$ 63.667,56, com fundamento no art. 12 da Lei nº 7.713/88 (tendo sido compensado, na apuração do imposto devido, o valor retido de R$ 1.910,03 em relação a essa verba); e (ii) por compensação indevida a título de imposto complementar no valor de R$ 1.910,03. O imposto devido foi assim apurado: Na impugnação (fls. 02), o contribuinte alegou, em síntese, que importância de R$ 63.667,56 se refere à soma de aposentadoria que a Previdência demorou para pagar e que declarou esse montante como não tributável; e que declarou como valor a ser devolvido a quantia de R$ 1.910,03, descontada na fonte pela Caixa Econômica Federal. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em São Paulo (SP), às fls. 54/61, em face da declaração de inconstitucionalidade do art. 12 da Lei nº 7.713/88 (que determinava a incidência do imposto sobre os rendimentos recebidos acumuladamente no Fl. 72DF CARF MF Processo nº 11020.000085/201175 Acórdão n.º 2202003.714 S2C2T2 Fl. 73 3 mês do recebimento (regime de caixa) e que fundamentou a primeira infração) julgou procedente a impugnação, cancelando o crédito tributário exigido, com apuração de resultado do ajuste sem saldo de imposto a pagar ou a restituir no exercício, conforme abaixo: Ainda inconformado, o sujeito passivo interpôs o recurso voluntário de fls. 66, insurgindose contra a glosa da restituição de R$ 1.910,03, que considera seu direito, uma vez que se refere ao imposto de renda retido na fonte pela Caixa Econômica Federal, por ocasião do pagamento do precatório no valor de R$ 63.667,56, conforme documento de fls. 67. É o relatório. Voto Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto, Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Fl. 73DF CARF MF Processo nº 11020.000085/201175 Acórdão n.º 2202003.714 S2C2T2 Fl. 74 4 Após a DRJ ter cancelado o crédito tributário exigido pela notificação de lançamento, a lide se restringe apenas em relação à possibilidade de restabelecimento, na Declaração de Ajuste Anual, da dedução do imposto retido na fonte, no valor de R$ 1.910,03 (cuja glosa foi mantida na decisão anterior), o que resultaria em imposto a restituir nessa mesma quantia. Conforme informação do contribuinte, o valor de R$ 1.910,03, declarado como imposto pago em sua declaração de ajuste anual, se refere ao imposto de renda retido na fonte pela Caixa Econômica Federal, por ocasião do pagamento do precatório no valor de R$ 63.667,56. Notase que esse montante de R$ 63.667,56, oriundo de ação judicial e recebido acumuladamente no ano de 2007, foi objeto da presente notificação, por ser considerado rendimento tributável omitido, com fundamento no art. 12 da Lei nº 7.713/88, que determinava a incidência do imposto sobre os rendimentos recebidos acumuladamente no mês do recebimento (regime de caixa). Assim, essa quantia foi inserida pelo fisco como rendimento tributável para cálculo do imposto devido. Porém, essa infração foi posteriormente afastada pela DRJ, em razão da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei nº 7.713/88, declarada pelo Supremo Tribunal Federal, em sessão realizada na data de 23/10/2014, no julgamento do Recurso ExtraordinárioRE nº 614.406/RS, sob o regime do art. 543B do CPC. Dessa forma, com o cancelamento dessa exigência fiscal, a primeira instância julgadora excluiu a quantia de R$ 63.667,56 dos rendimentos tributáveis do contribuinte para fins do cálculo do imposto devido. Nesse sentido, cabe frisar que o art. 12, inciso V, da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, permite que seja deduzido do imposto sujeito ao ajuste anual o imposto retido na fonte correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo, conforme abaixo: Art. 11. O imposto de renda devido na declaração será calculado mediante utilização da seguinte tabela: (...) Art. 12. Do imposto apurado na forma do artigo anterior, poderão ser deduzidos: V o imposto retido na fonte ou o pago, inclusive a título de recolhimento complementar, correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo; (...) (Grifouse) Como se vê, na apuração do resultado do imposto sujeito ao ajuste anual, não se pode deduzir imposto retido de rendimentos que sequer compõem a base de cálculo do tributo. Portanto, se após a decisão da DRJ a mencionada quantia de R$ 63.667,56 não está mais sendo considerada como rendimento tributável, ou seja, não compõe a base de cálculo do imposto de renda na DIRPF do anocalendário 2007, também não é possível deduzir impostos que tenham sido retidos na fonte sobre tal valor. Fl. 74DF CARF MF Processo nº 11020.000085/201175 Acórdão n.º 2202003.714 S2C2T2 Fl. 75 5 Assim, a glosa da dedução do imposto no valor de R$ 1.910.03, deve ser mantida, não havendo reparos a se fazer na apuração do imposto realizada no Acórdão da DRJ. Diante do exposto, voto por NEGAR provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Rosemary Figueiroa Augusto Relatora Fl. 75DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11050.002151/2009-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/12/2004 a 29/12/2004
PRESTAÇÃO DE DADOS DE EMBARQUE DE FORMA INTEMPESTIVA. INFRAÇÃO CARACTERIZADA.
A prestação de informação de dados de embarque, de forma intempestiva, por parte do transportador ou de seu agente é infração tipificada no artigo 107, inciso IV, alínea "e" do Decreto-Lei 37/66, com a nova redação dada pelo artigo 61 da MP 135/2003, que foi posteriormente convertida na Lei 10.833/2003.
ATIPICIDADE DA CONDUTA. INOCORRÊNCIA.
A infração cometida no caso concreto está prevista nos artigos 37 e 107, IV, "e", ambos do Decreto-Lei 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/04 c/c art. 44 da IN/SRF 28/94, com a redação dada pela IN/SRF 510/05.
AGENTE MARÍTIMO. REPRESENTANTE DO TRANSPORTADOR ESTRANGEIRO. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES. LEGITIMIDADE PASSIVA.
Respondem pela infração à legislação aduaneira, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para a sua prática.
FALTA DE ELEMENTO ESSENCIAL. INOCORRÊNCIA.
A ausência de informações ou informações prestadas a destempo prejudicam o controle aduaneiro, e de modo finalístico, o Erário, nos termos do artigo 237 da Constituição Federal de 1988, de modo que no caso concreto não há violação ao artigo 113, § 2o do CTN.
Numero da decisão: 3401-003.466
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, negou-se provimento ao recurso voluntário apresentado, vencidos os Conselheiros André Henrique Lemos (relator), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Hélcio Lafetá Reis e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, sendo designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida. Após votação inicial, restaram três teses em debate: (a) a encampada pelo relator; (b) a divergência aberta pelo Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, acompanhado pelos Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Rosaldo Trevisan; e (c) a divergência aberta pelo Conselheiro Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, acompanhado pelos Conselheiros Hélcio Lafetá Reis e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, no sentido de cancelar a autuação por ter sido fundamentada em norma que não se encontrava vigente ao momento dos fatos. Apreciadas pelo colegiado, na forma regimental, as duas teses menos votadas, prevaleceu o posicionamento do Conselheiro Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, acompanhado por todos os demais conselheiros, exceto o relator. Confrontada a tese do Conselheiro Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, à qual aderiu o relator, com a do Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, prevaleceu esta, pela negativa de provimento. Processo julgado em 30/03/2017.
ROSALDO TREVISAN Presidente.
ANDRÉ HENRIQUE LEMOS - Relator.
FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA - Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Hélcio Lafetá Reis (suplente), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator), Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ANDRE HENRIQUE LEMOS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/12/2004 a 29/12/2004 PRESTAÇÃO DE DADOS DE EMBARQUE DE FORMA INTEMPESTIVA. INFRAÇÃO CARACTERIZADA. A prestação de informação de dados de embarque, de forma intempestiva, por parte do transportador ou de seu agente é infração tipificada no artigo 107, inciso IV, alínea "e" do DecretoLei 37/66, com a nova redação dada pelo artigo 61 da MP 135/2003, que foi posteriormente convertida na Lei 10.833/2003. ATIPICIDADE DA CONDUTA. INOCORRÊNCIA. A infração cometida no caso concreto está prevista nos artigos 37 e 107, IV, "e", ambos do DecretoLei 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/04 c/c art. 44 da IN/SRF 28/94, com a redação dada pela IN/SRF 510/05. AGENTE MARÍTIMO. REPRESENTANTE DO TRANSPORTADOR ESTRANGEIRO. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES. LEGITIMIDADE PASSIVA. Respondem pela infração à legislação aduaneira, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para a sua prática. FALTA DE ELEMENTO ESSENCIAL. INOCORRÊNCIA. A ausência de informações ou informações prestadas a destempo prejudicam o controle aduaneiro, e de modo finalístico, o Erário, nos termos do artigo 237 da Constituição Federal de 1988, de modo que no caso concreto não há violação ao artigo 113, § 2o do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 0. 00 21 51 /2 00 9- 70 Fl. 161DF CARF MF Processo nº 11050.002151/200970 Acórdão n.º 3401003.466 S3C4T1 Fl. 162 2 Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, negouse provimento ao recurso voluntário apresentado, vencidos os Conselheiros André Henrique Lemos (relator), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Hélcio Lafetá Reis e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, sendo designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida. Após votação inicial, restaram três teses em debate: (a) a encampada pelo relator; (b) a divergência aberta pelo Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, acompanhado pelos Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Rosaldo Trevisan; e (c) a divergência aberta pelo Conselheiro Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, acompanhado pelos Conselheiros Hélcio Lafetá Reis e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, no sentido de cancelar a autuação por ter sido fundamentada em norma que não se encontrava vigente ao momento dos fatos. Apreciadas pelo colegiado, na forma regimental, as duas teses menos votadas, prevaleceu o posicionamento do Conselheiro Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, acompanhado por todos os demais conselheiros, exceto o relator. Confrontada a tese do Conselheiro Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, à qual aderiu o relator, com a do Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, prevaleceu esta, pela negativa de provimento. Processo julgado em 30/03/2017. ROSALDO TREVISAN – Presidente. ANDRÉ HENRIQUE LEMOS Relator. FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Hélcio Lafetá Reis (suplente), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator), Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Tratase de recurso voluntário, cujo nascedouro se deu por meio de Auto de Infração que exige da contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. No caso concreto, foi impingida a referida multa, referente a apuração de 19 (dezenove) atracações de navios com registros intempestivos dos dados de embarque, ou seja, informadas após 7 (sete) dias da data de embarque, conforme noticia o Auto de Infração, fl. 09, do presente PAF e a lista das várias Declarações de Despachos de Exportações DDE's (fls. 0406), as quais correspondem aos fatos geradores de 01/12/2004 a 29/12/2004 (fl. 09). Fl. 162DF CARF MF Processo nº 11050.002151/200970 Acórdão n.º 3401003.466 S3C4T1 Fl. 163 3 Inconformada com a autuação, a contribuinte apresentou impugnação, tecendo os seguintes argumentos: a) ausência de tipicidade, vez que não deixou de prestar informações, bem como não é uma empresa de transporte internacional, tampouco um agente de carga, não havendo hipótese para seu enquadramento e não se prestando o art. 107, IV, "e" do DL 37/66 para este desiderato. b) ilegitimidade passiva, não podendo figurar no pólo passivo da autuação, posto que é mera agência de navegação marítima, age em nome do Armador e com este não se confunde, logo, não pode responder pessoalmente por eventuais tributos e/ou obrigações acessórias devidos com base no DL 37/66. Colacionou jurisprudência do E. STF (RE 87.138, de 1979); Súmula 192, do extinto TFR e também precedentes do STJ (AGREsp. 2003/01586385/PE, de 2004, REsp. 223836/RS, de 2005, REsp. 148683/SP, de 1998, REsp. 132.624/SP, de 2000, REsp. 724.295/PE, de 2005, REsp. 170997/SP, de 2005 e REsp. 640.895/PR, de 2004). c) denúncia espontânea, sendo descabida a multa, pois as informações foram prestadas antes que o procedimento fiscal fosse instaurado, e por corolário, incidindo o art. 138 do CTN c/c art. 102 do DL 37/66. A DRJ/FLN apreciando todos os argumentos da contribuinte, manteve em parte a autuação, excluindose da autuação os fatos geradores compreendidos no período de 01/12/2004 e 03/12/2004, em razão da decadência reconhecida de ofício, já o presente lançamento foi cientificado em 14/12/2009 (fl. 10), de acordo com os artigos 138 e 139 do DL 37/66 e artigos 668 e 669, ambos do Decreto 4.543/2002. Irresignada com a referida decisão, interpôs a contribuinte, recurso voluntário, basicamente repisando os argumentos asseverados em sua impugnação, acrescentando as teses de falta de elemento essencial, ou seja, que o descumprimento da obrigação em tela não causou qualquer prejuízo arrecadatório ou fiscalizatório de tributos ao fisco, conforme art. 113, § 2°, do CTN, e ainda, a exclusão da multa por conta da presença da denúncia espontânea. Julgando o feito, a E. Turma deu provimento ao recurso voluntário, aplicando a denúncia espontânea para afastar a exigência da multa em comento. Cientificada do acórdão mencionado o Representante da Fazenda Nacional interpôs recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350, de 2010, defendendo que é inaplicável o instituto da denúncia espontânea ao descumprimento de obrigação acessória. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e o contribuinte apresentou contrarrazões. A matéria submetida à Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF restringiuse, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. Fl. 163DF CARF MF Processo nº 11050.002151/200970 Acórdão n.º 3401003.466 S3C4T1 Fl. 164 4 Em sede do recurso excepcional, aplicouse a sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos), dandose provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, por voto de qualidade, para considerar inaplicável ao caso o instituto da denúncia espontânea ao caso concreto (art. 138 do CTN e art. 102 do DL 37/66), pois este não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento do dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à Administração. Citou o voto do relatorpresidente, precedente da 2a Turma Ordinária da 2a Câmara da 3a Seção, acórdão 310200.988, bem como o proferido no acórdão 3802002.314, e ainda, nos autos da AC 500599981.2012.404.7208/SC, da 2a Turma do TRF da 4a Região. Ato contínuo, decidiu que a denúncia espontânea é questão prejudicial de mérito, impedindo o julgamento das demais questões, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação da E. CSRF. Em razão disso, deuse ciência da decisão ao contribuinte, e após, ascenderam os autos para manifestação do Colegiado desta 3a Seção quanto aos demais argumentos expendidos pelo contribuinte em seu recurso voluntário. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro André Henrique Lemos, relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. A questão se restringe na autuação fiscal, por ter a Recorrente, supostamente, infringido o art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350, de 2010, ou seja, tivera a Recorrente prestado informações no Siscomex, referente ao embarque no prazo superior a 7 (sete) dias como exige o ordenamento. Como se viu, o argumento da denúncia espontânea foi enfrentado e julgado em desfavor do contribuinterecorrente por decisão da E. CSRF, restando a análise dos demais temas, quais sejam: 1) Ilegitimidade passiva (já relatado). 2) Do não enquadramento da multa prevista na alínea "e", IV, art. 107, do DL 37/66 (ausência de tipicidade), também já relatado. 3) falta de elemento essencial para a validade da autuação disse o Recorrente que não há no caso concreto um fim específico e próprio que justificasse a penalidade, a teor do art. 113, § 2° do CTN, sendo faltante o elemento essencial da finalidade "no interesse da arrecadação ou fiscalização dos tributos", não restando qualquer prejuízo arrecadatário ou fiscalizatório. Fl. 164DF CARF MF Processo nº 11050.002151/200970 Acórdão n.º 3401003.466 S3C4T1 Fl. 165 5 O recurso voluntário merece prosperar em parte, somente no tocante à aplicação da multa no tempo, respeitando a vigência da Instrução Normativa 510, de 15/02/2005, como se perceberá a seguir. Quanto à legitimidade, entendo que os artigos 95, I do DL 37/66 c/c o artigo 135, II, do CTN, resolvem a questão, respectivamente: "Art. 94 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos. Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie;(...)" "Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados;(...)" Deste modo, na condição de agência marítima e mandatário do transportador estrangeiro, a Recorrente estava obrigada a prestar, tempestivamente, as informações no Siscomex, e assim não procedendo, cometeu a infração contida na alínea "e" do inciso IV do artigo 107 do DL 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, respondendo, pessoalmente pela infração em comento. A Recorrente cita a Súmula 192 do extinto Tribunal Federal de Recursos: "O agente marítimo, quando no exercício exclusivo das atribuições próprias, não é considerado responsável tributário, nem se equipara ao transportador para efeitos do DecretoLei nº 37, de 1966." Esta Súmula restou superada ao longo do tempo, mormente pela redação do artigo 32, I do DL 37/66, dada pelo DL 2.472/1988 e do inciso II, do parágrafo único do mesmo artigo, dada pela MP 215835/2001: "Art . 32. É responsável pelo imposto: (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) I o transportador, quando transportar mercadoria procedente do exterior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Parágrafo único. É responsável solidário: .(Redação dada pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Fl. 165DF CARF MF Processo nº 11050.002151/200970 Acórdão n.º 3401003.466 S3C4T1 Fl. 166 6 II o representante, no País, do transportador estrangeiro; (Redação dada pela Medida Provisória nº 215835, de 2001)" Demais disso, a solidariedade tributária passiva está contida nos artigos 121, parágrafo único, II, 124, I e II e 128, todos do CTN, respectivamente, a saber: "Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz se: II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação." (grifei). A referida Súmula 192 do TFR também restou superada pela decisão do REsp 1.129.430/SP, relator ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJE de 14/12/2010, julgado em sede de recurso repetitivo, o qual assentou que o agente marítimo, no exercício exclusivo de atribuições próprias, no período anterior à vigência do DecretoLei nº 2.472/88 (que alterou o art. 32, do DecretoLei nº 37/66), não ostentava a condição de responsável tributário, porque inexistente previsão legal para tanto. Todavia, a partir da vigência do DecretoLei nº 2.2472/88 já não há mais óbice para que o agente marítimo figurasse como responsável tributário. Ademais, para os 2 (dois) primeiros argumentos tecidos pela Recorrente em seu voluntário, este E. Tribunal em inúmeros precedentes idênticos ao caso concreto já teve a oportunidade de se manifestar, mantendo as autuações, dentre outros, os acórdãos 3302 002.733, 3802003.962, 3403003.252, 3802001.127 e 3302002.732. Por economia, cito apenas a ementa do acórdão 3301002.972 (17/06/2016): "Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. Por expressa determinação legal, o agente marítimo, representante do transportador estrangeiro no País, é responsável solidário com este em relação à exigência de tributos e penalidades decorrentes da prática de infração à legislação tributária. O agente marítimo é, portanto, parte legítima para figurar no polo passivo do auto de infração. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 11050.002151/200970 Acórdão n.º 3401003.466 S3C4T1 Fl. 167 7 REGISTRO NO SISCOMEX DOS DADOS DE EMBARQUE. PRAZO. O registro dos dados de embarque no Siscomex em prazo superior a 7 dias, contados da data do efetivo embarque, para o transporte marítimo, caracteriza a infração contida na alínea "e", inciso IV, do artigo 107 do DecretoLei n° 37/66. Recurso de Ofício negado e Recurso Voluntário negado." Demais disso, impende consignar que a Recorrente, sendo parte em outros Processos Administrativos Fiscais PAF em casos de prestação de informações referente aos embarques, portanto, idênticos ao contido no presente feito , já obteve manifestação deste E. Tribunal, como são os processos resultantes dos acórdãos 3102002.072, 3102002.073, 3102 002.075 e 3102002.077, cuja ementa abaixo se refere ao primeiro acórdão (sendo as demais no mesmo sentido): "Assunto: Obrigações Acessória. Data do fato gerador: 11/06/2008. Multa pela Prestação de Informações em Desacordo com a Legislação. Agente Marítimo. Responsabilidade. Agente Marítimo que, em nome próprio, presta informações relativas ao embarque da mercadoria em desacordo com o estabelecido na legislação de regência, responde pela multa decorrente do descumprimento de obrigação acessória. Denúncia Espontânea. Obrigações Acessórias. Descabimento. As penalidades decorrentes do descumprimento de obrigação acessória não se beneficiam da excludente de responsabilidade fixada no art. 138 do CTN. Cobrança de Multa Isolada. Legalidade. A incidência de multa isolada, escora (sic) Insurgese (sic) ainda a recorrente contra a aplicabilidade, em abstrato, das multas que formam a exigência fiscal. Recurso Voluntário Negado." Portanto, no tocante às arguições de ilegitimidade passiva e atipicidade da conduta não tem razão a Recorrente. O terceiro argumento articulado pela Recorrente diz respeito a falta de elemento essencial, defendendo que o descumprimento do prazo não representaria qualquer prejuízo à arrecadação ou fiscalização dos tributos. O artigo 237 da Constituição Federal de 1988, dispõe: "Art. 237. A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão exercidos pelo Ministério da Fazenda." Vêse que a fiscalização e o controle sobre o comércio exterior são essenciais à defesa dos interesses do Erário nacional, Fl. 167DF CARF MF Processo nº 11050.002151/200970 Acórdão n.º 3401003.466 S3C4T1 Fl. 168 8 portanto, este os bens jurídicos tutelados, não podendo o descumprimento da obrigação acessória, nesta hipótese, se sobrepor àqueles. Neste particular fora o voto proferido no acórdão 3102002.073. Por estas razões, não há violação ao artigo 113, § 2o do CTN, como afirma a Recorrente. Por fim, entendo que a autuação deve ser cancelada com relação aos fatos geradores até o dia 15/02/2005, dia em que entrou em vigor a Instrução Normativa SRF 510/2005, vez que até esta data não existia no ordenamento ato regulamentar fixando prazo para prestar informações acerca dos embargos, ou seja, dar eficácia ao at. 37 do DL 37/66, com a redação dada pela Lei 10.833/2003. O artigo 37 da IN/SRF 28, de 27/04/1994 (DOU de 28/04/1994, seção 1, pág. 6167), não precisava o prazo para prestar as informações: "Art. 37. Imediatamente após realizado o embarque da mercadoria, o transportador registrará os dados pertinentes, no SISCOMEX, com base nos documentos por ele emitidos." (grifei). A precisão sobreveio com a alteração do mencionado texto normativo por meio da redação do artigo 1º da IN/SRF nº 510, de 14/02/2005 (Diário Oficial da União, Seção 1, 15/02/2005. p. 21): "Art. 37. O transportador deverá registrar, no Siscomex, os dados pertinentes ao embarque da mercadoria, com base nos documentos por ele emitidos, no prazo de dois dias, contado da data da realização do embarque." Vêse, portanto, que somente a partir de 15/02/2005 é que se fixou prazo para prestar as informações, logo, até esta data não se deve penalizar o contribuinte. Neste sentido são os votoscondutores dos acórdãos 3202.000.341 e 3102 002.073, este tendo como parte a própria Recorrente, a qual teve seu recurso voluntário provido em parte para afastar a exigência aos embarques anteriores a 15/02/2005, cuja ementa possui o seguinte teor: "Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 03/11/2009 Multa pela Prestação de Informações em Desacordo com a Legislação. Agente Marítimo. Responsabilidade. Agente Marítimo que, em nome próprio, presta informações relativas ao embarque da mercadoria em desacordo com o estabelecido na legislação de regência, responde pela multa decorrente do descumprimento de obrigação acessória. Denúncia Espontânea. Obrigações Acessórias. Descabimento As penalidades decorrentes do descumprimento de obrigação Fl. 168DF CARF MF Processo nº 11050.002151/200970 Acórdão n.º 3401003.466 S3C4T1 Fl. 169 9 acessória não se beneficiam da excludente de responsabilidade fixada no art. 138 do CTN. Cobrança de Multa Isolada. Legalidade A incidência de multa isolada, decorrente do descumprimento de obrigação acessória, encontrase plenamente amparada pela legislação que disciplina o Controle Aduaneiro. Registro Extemporâneo dos Dados de Embarque na Exportação. Multa do Art. 107, IV, “e” do DL 37/1966 (INsSrf 28/1994 e 510/2005). Vigência e Aplicabilidade. A expressão “imediatamente após, constante da vigência original do art. 37 da IN SRF no 28/1994, traduz subjetividade e não se constitui em prazo certo e induvidoso para o cumprimento da obrigação de registro do prazo de registro dos dados de embarque na exportação. Para os efeitos dessa obrigação, a multa que lhe corresponde, instituída no art. 107, IV, “e” do Decretolei no 37/1966, na redação dada pelo art. 77 da Lei no 10.833/2003, somente começou a ser passível de aplicação a partir de fatos ocorridos a partir de 15/2/2005, data em que a IN SRF no 510/2005 entrou em vigor e fixou prazo certo para o registro desses dados no Siscomex. Recurso Voluntário Provido em Parte." À mão de ilustrar, atualmente o prazo é de 7 (sete) dias para se prestar as informações pertinentes ao embarque, a teor da IN/SRF 1.096/2010, que deu nova redação ao multicitado art. 37. No caso concreto os fatos geradores são de 01/12/2004 a 29/12/2004, devendo ser totalmente cancelado o presente auto de infração. Com essas considerações, dou provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a multa referente aos fatos geradores (embarques) anteriores a 15/02/2005 que, no caso concreto abrange todos os fatos geradores da autuação. André Henrique Lemos Fl. 169DF CARF MF Processo nº 11050.002151/200970 Acórdão n.º 3401003.466 S3C4T1 Fl. 170 10 Voto Vencedor Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida, redator designado Com as vênias de praxe, dissinto do entendimento do eminente Relator no sentido da exclusão do auto de infração dos fatos geradores anteriores à IN/SRF nº 510, de 15/02/2005. Entendeu o Relator que a autuação deve ser cancelada com relação aos fatos geradores até o dia 15/02/2005, posto que, antes desta data, não existia regra fixadora de prazo para se implementar a eficácia do art. 37, do DL nº 37/66, na redação dada pelo art. 77, da Lei nº 10.833/03. Argúi a relatoria que o art. 37, da IN/SRF no 28, de 27/04/1994, ao estabelecer que as informações deveriam ser prestadas: "Imediatamente após realizado o embarque da mercadoria..", não precisava o prazo para prestar as informações e que a precisão somente sobreveio com a alteração do mencionado texto normativo por meio da redação do art. 1o, da IN/SRF no 510, de 14/02/2005. Com essas razões, propôs ao Colegiado fosse dado provimento parcial ao recurso voluntário. Entretanto, foi correta a fiscalização ao exigir a observância dos prazos de antecedência de prestação de informações, considerando intempestivos os registros dos dados informadas após 7 (sete) dias da data de embarque. O caput do art. 37, da IN/SRF no 28, de 27/04/1994 determina que "imediatamente" após realizado o embarque da mercadoria, o transportador deve registrar os dados pertinentes, no Sistema Siscomex, com base nos documentos por ele emitidos. Por sua vez, a Noticia Siscomex no 105, de 27/07/1994, esclareceu que o termo "imediatamente" deveria ser interpretado como em até 24 (vinte e quatro) horas. Posteriormente, de acordo com a Noticia Siscomex no 2, de 07/01/2005, o prazo passou a ser de 7(sete) dias para embarques por via marítima. Entendeu a divergência não ser adequado o entendimento de que antes da IN/SRF no 510, de 15/02/2005, não existia regra fixadora de prazo para se implementar a eficácia do art. 37, do DL no 37/66. A norma do art. 37, do DL no 37/66, possui plena eficácia para determinar a imediata prestação de informações. Ocorreu que, as Notícias Siscomex supracitadas, apenas, permitiram que os dados exigidos fossem fornecidos com menor antecedência, nos casos, 48 (quarenta e oito) horas [Noticia Siscomex no 105/94] e 7 (sete) dias [Noticia Siscomex no 2/05], após realizados os embarques, portanto, interpretando a lei tributária que define infrações de maneira mais favorável ao acusado, na linha do que determina o art. 112, do CTN. Fl. 170DF CARF MF Processo nº 11050.002151/200970 Acórdão n.º 3401003.466 S3C4T1 Fl. 171 11 Tendo em vista que a Recorrente não forneceu as informações imediatamente após realizados os embarques, tampouco, com a menor antecedência permitida, nos casos, 48 (quarenta e oito) horas [Noticia Siscomex no 105/94] e 7 (sete) dias [Noticia Siscomex no 2/05], não houve respeito aos prazos de antecedência previstos na legislação de regência em questão. Então, uma vez descumprida a obrigação acessória, não há como afastar a multa aplicada, pois, decorre de lei específica, na forma do art. 37, do DL no 37/66, na redação dada pelo art. 77, da Lei no 10.833/03, não havendo motivos, no caso, para afastar a aplicação ou deixar de observar lei válida. Assim, penso que a presente exigência fiscal, cujo objetivo é desestimular o descumprimento das obrigações aduaneiras, resulta de adequada subsunção dos fatos às normas que regem a matéria, de modo que não vislumbro argumentos capazes de invalidar o presente auto de infração. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, mantendose a exigência fiscal. Fenelon Moscoso de Almeida Fl. 171DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12448.731658/2014-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2012
IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM VIRTUDE DE AÇÃO JUDICIAL FEDERAL.
A partir de 28 de julho de 2010, em se tratando de rendimentos recebidos acumuladamente, relativos a anos-calendário anteriores, estes serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, conforme o 12-A da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988.
No caso concreto, constata-se que a recorrente não declarou os rendimentos no campo atinente aos RRA, tampouco os ofereceu ao ajuste anual. Tal opção foi realizada pela fiscalização; logo, como foi omitido o rendimento percebido de forma acumulada, deve permanecer, para fins de cálculo do montante de imposto devido, relativo à infração apurada, a regra geral, qual seja, a forma de tributação exclusiva/definitiva na fonte.
Incabível levar ao ajuste na Declaração de Rendimentos de 2013 os rendimentos omitidos, por ser esta forma de tributação incompatível com os dispositivos de regência, motivo pelo qual deve o contribuinte ser exonerado do pagamento do imposto suplementar formalizado através da Notificação de Lançamento constante nos autos.
Não cabe a restituição, pois é o caso de tributação exclusivamente na fonte.
Numero da decisão: 2401-004.687
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, e, no mérito, dar-lhe provimento parcial, exonerando o crédito tributário lançado. Votaram pelas conclusões os conselheiros Cleberson Alex Friess e Carlos Alexandre Tortato.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andrea Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2012 IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM VIRTUDE DE AÇÃO JUDICIAL FEDERAL. A partir de 28 de julho de 2010, em se tratando de rendimentos recebidos acumuladamente, relativos a anos-calendário anteriores, estes serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, conforme o 12-A da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988. No caso concreto, constata-se que a recorrente não declarou os rendimentos no campo atinente aos RRA, tampouco os ofereceu ao ajuste anual. Tal opção foi realizada pela fiscalização; logo, como foi omitido o rendimento percebido de forma acumulada, deve permanecer, para fins de cálculo do montante de imposto devido, relativo à infração apurada, a regra geral, qual seja, a forma de tributação exclusiva/definitiva na fonte. Incabível levar ao ajuste na Declaração de Rendimentos de 2013 os rendimentos omitidos, por ser esta forma de tributação incompatível com os dispositivos de regência, motivo pelo qual deve o contribuinte ser exonerado do pagamento do imposto suplementar formalizado através da Notificação de Lançamento constante nos autos. Não cabe a restituição, pois é o caso de tributação exclusivamente na fonte.
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RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM VIRTUDE DE AÇÃO JUDICIAL FEDERAL. A partir de 28 de julho de 2010, em se tratando de rendimentos recebidos acumuladamente, relativos a anoscalendário anteriores, estes serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, conforme o 12A da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988. No caso concreto, constatase que a recorrente não declarou os rendimentos no campo atinente aos RRA, tampouco os ofereceu ao ajuste anual. Tal opção foi realizada pela fiscalização; logo, como foi omitido o rendimento percebido de forma acumulada, deve permanecer, para fins de cálculo do montante de imposto devido, relativo à infração apurada, a regra geral, qual seja, a forma de tributação exclusiva/definitiva na fonte. Incabível levar ao ajuste na Declaração de Rendimentos de 2013 os rendimentos omitidos, por ser esta forma de tributação incompatível com os dispositivos de regência, motivo pelo qual deve o contribuinte ser exonerado do pagamento do imposto suplementar formalizado através da Notificação de Lançamento constante nos autos. Não cabe a restituição, pois é o caso de tributação exclusivamente na fonte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 73 16 58 /2 01 4- 09 Fl. 59DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, e, no mérito, darlhe provimento parcial, exonerando o crédito tributário lançado. Votaram pelas conclusões os conselheiros Cleberson Alex Friess e Carlos Alexandre Tortato. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andrea Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 12448.731658/201409 Acórdão n.º 2401004.687 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face da decisão da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo (DRJ/SPO), que julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido, conforme ementa do Acórdão nº 1669.754 (fls. 36/40): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2012 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. TRIBUTAÇÃO. São tributáveis os rendimentos recebidos pelo contribuinte e omitidos em sua declaração de ajuste anual. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O Presente processo teve sua origem na Notificação de Lançamento Imposto de Renda Pessoa Física nº 2013/215455629698762 (fls. 07/10), lavrada em face da revisão da declaração de ajuste anual do exercício 2013, anocalendário 2012, apurandose: 1. Imposto de Renda Pessoa Física – Suplementar (Cód. 2904) de R$ 5.050,71; 2. Multa de Ofício de R$ 3.788,03; 3. Juros de Mora de R$ 723,26. De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 09) constatouse omissão de rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente, decorrentes de ação judicial federal, no valor de R$ 57.242,43, com IRRF sobre os valores omitidos de R$ 1.717,27. Devidamente notificada do lançamento em 15/10/2014 (fl.22), a contribuinte apresentou, em 12/11/2014, impugnação (fls. 02/05), instruída com os documentos anexos de fls. 11 a 21, onde alega: 1. Que os rendimentos objeto da notificação são oriundos de sentença judicial da 25ª Vara Federal/RJ no processo 0036613 83.1992.4.02.5101, antigo processo nº 92.00366163, e que é sucessora do autor, Luiz Francisco Costa Junior, seu falecido cônjuge, de acordo com a decisão proferida em 16/09/2010 (fl. 13); 2. No referido processo estava sendo pleiteado o reajuste dos benefícios previdenciários pagos pelo INSS do período de 06/1984 a 07/2005, perfazendo um total de 254 meses, conforme planilhas anexas (fls. 16/21); Fl. 61DF CARF MF 4 3. Os valores recebidos eram Rendimentos Recebidos Acumuladamente (RRA) e que de acordo com o art. 12A da Lei 7.713/88 são tributados exclusivamente na fonte no mês do seu recebimento; 4. Que o valor apurado no processo judicial foi de R$ 79.801,33, recebido pela Contribuinte em maio/2012, e, após deduzido os honorários advocatícios, restou o valor de R$ 57.242,43; 5. Utilizou a IN RFB nº 1.127/2011 e suas alterações posteriores para fazer o cálculo do IR devido e em virtude da quantidade de 254 meses correspondentes ao período aquisitivo do RRA, chegou no valor de R$ 415.825,95, como sendo o valor limite de isenção; 6. Por ser o valor limite de isenção bem superior ao valor de R$ 79.801,33 recebidos, sem ainda ter sido feito o desconto dos honorários advocatícios, concluiu que o valor recebido seria isento do IRRF; 7. Reconhece o equívoco de não ter informado na DAA 2013/2012 o valor recebido, mas considera não ter havido qualquer efeito tributário já que esse RRA sujeito à tributação exclusiva na fonte está isento do IRRF; 8. Requereu o cancelamento da Notificação de Lançamento e a restituição do valor de R$ 1.717,27”. Após ter sido julgado improcedente a impugnação pela 5ª Turma da DRJ/SPO, a contribuinte foi notificada do Acórdão de nº 1669.754 em 07/11/2015 (fl. 46) e em 07/12/2015 apresentou Recurso Voluntário (fls. 49/53). Em seu recurso voluntário, repete, de forma mais detalhada, a maioria dos argumentos aduzidos na impugnação apresentada à DRJ, e acrescenta que a CEF cometeu vários equívocos quando do preenchimento da DIRF, bem como deixou de informar, de forma adequada, os valores que deveria ter apresentado em sua DAA 2013/2012, como RRA em campo próprio; Assevera que resta demonstrado que os rendimentos recebidos da ação judicial se caracterizam como RRA (fl. 12) e reafirma que os benefícios se referem a 254 meses (fls. 16/21); Aponta como razão das divergências encontradas pelo julgador da DRJ, com relação aos valores da ação, a correção monetária entre as datas de cálculo, sendo o valor de R$ 79.801,33 calculado em Janeiro/2010 (fl. 17) e o valor de R$ 80.450,55 calculado em Março/2011 (fl. 14). Por fim, requer a aplicação do disposto na IN RFB nº 1.500/2014, para chegar à conclusão de que o RRA é isento do IRRF e que a não informação desse valor na DAA não trouxe qualquer prejuízo ao Tesouro Nacional, postulando o cancelamento do débito fiscal e a restituição do IRRF retido indevidamente. É o relatório. Fl. 62DF CARF MF Processo nº 12448.731658/201409 Acórdão n.º 2401004.687 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto Relatora Juízo de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado dentro do prazo legal e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Mérito Cuidase o presente Processo Administrativo de lançamento de IRPF, onde foram identificadas omissão de rendimentos tributáveis recebidos pelo contribuinte em virtude de ação da Justiça Federal, com base em informações contidas na DIRF (fls. 34), mas não declarados pela contribuinte na sua Declaração de Ajuste Anual (fls. 28/33). A contribuinte, em seu Recurso Voluntário, alega que o valor recebido caracterizase como Rendimento Recebido Acumuladamente em 2012, portanto sujeitos à tributação conforme previsto no art. 12A da Lei nº 7.713/88. Na própria Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 9), contida na Notificação de Lançamento (fl. 7), "constatouse omissão de rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente em virtude de ação judicial federal, no valor de 57.242,43". Compulsando os autos, verifico que os documentos apresentados comprovam que os valores recebidos tem a natureza de RAA (fls. 11/15). Pelo que se observa do número constante na DIRF (fs.34), nada mais é que o processo RPV adunado às fls. 40 relativo à ação originária nº 9200366163. Superada a questão da origem do RRA, necessário se faz analisar a validade do lançamento em virtude da forma de cálculo utilizada pelo Auditor Fiscal dos valores recebidos acumuladamente. A partir de 28 de julho de 2010, em se tratando de rendimentos recebidos acumuladamente, relativos a anoscalendário anteriores ao do recebimento, estes serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, conforme assevera o 12A da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988. Nesse sentido, será utilizada “tabela progressiva resultante da multiplicação de quantidade de meses a que se refiram os rendimentos”, com o propósito de compatibilizar o regime ao entendimento pacificado pela Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário nº 614. 406/RS. Transcrevo: Fl. 63DF CARF MF 6 Art. 12A. Os rendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando correspondentes a anoscalendários anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) § 1o O imposto será retido pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento ou pela instituição financeira depositária do crédito e calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito. § 2o Poderão ser excluídas as despesas, relativas ao montante dos rendimentos tributáveis, com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010)§ 3º. A base de cálculo será determinada mediante a dedução das seguintes despesas relativas ao montante dos rendimentos tributáveis: (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) I – importâncias pagas em dinheiro a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente ou de separação ou divórcio consensual realizado por escritura pública; e (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) II – contribuições para a Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) § 5o O total dos rendimentos de que trata o caput, observado o disposto no § 2o, poderá integrar a base de cálculo do Imposto sobre a Renda na Declaração de Ajuste Anual do ano calendário do recebimento, à opção irretratável do contribuinte. § 6o Na hipótese do § 5o, o Imposto sobre a Renda Retido na Fonte será considerado antecipação do imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual. § 7o Os rendimentos de que trata o caput, recebidos entre 1o de janeiro de 2010 e o dia anterior ao de publicação da Lei resultante da conversão da Medida Provisória no 497, de 27 de julho de 2010, poderão ser tributados na forma deste artigo, devendo ser informados na Declaração de Ajuste Anual referente ao anocalendário de 2010. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010). (Grifamos). Fl. 64DF CARF MF Processo nº 12448.731658/201409 Acórdão n.º 2401004.687 S2C4T1 Fl. 5 7 Como se observa do disposto na regra do § 1º, o imposto de renda será retido, pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento ou pela instituição financeira depositária do crédito, e calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se referem os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito. Assim, os valores em questão, correspondentes àqueles descritos no caput da norma encimada, deveriam ter sido declarados naquele campo específico (regra do caput) ou, opcionalmente, serem oferecidos ao ajuste anual (opção prevista no § 5º). No caso concreto, constatase que a recorrente não declarou os rendimentos no campo atinente aos RRA, tampouco os ofereceu ao ajuste anual (vide Declaração de Ajuste Anual de fls. 28/33). Tal opção foi realizada pela fiscalização; logo, como foi omitido o rendimento percebido de forma acumulada, deve permanecer, para fins de cálculo do montante de imposto devido, relativo à infração apurada, a regra geral, qual seja, a forma de tributação exclusiva/definitiva na fonte. Deste modo, incabível levar ao ajuste na Declaração de Rendimentos de 2013 os rendimentos omitidos, por ser esta forma de tributação incompatível com os dispositivos de regência, motivo pelo qual deve o contribuinte ser exonerado do pagamento do imposto suplementar formalizado através da Notificação de Lançamento constante nos autos. Improcede o pleito de restituição aduzido no Recurso Voluntário na medida em que trata de caso de tributação exclusivamente na fonte. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário, para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO, para exonerar a exigência contida no lançamento. (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Fl. 65DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13054.000431/2002-62
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002
PRECLUSÃO. INOVAÇÃO DE DEFESA. NÃO CONHECIMENTO
Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pela manifestante, precluindo o direito de defesa trazido somente no Recurso Voluntário. O limite da lide circunscreve-se aos termos da manifestação de inconformidade.
CRÉDITO PRESUMIDO IPI. LEI N.º 9.363/1996
O artigo 1º da lei nº 9.363/96, ao instituir o benefício do crédito presumido de IPI à empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais, não o restringe apenas aos produtos industrializados, não cabendo ao intérprete administrativo fazer distinção onde a própria lei não o fez.A Lei n.º 9.363/1996 não vincula o cálculo do crédito presumido à efetiva tributação pelo IPI na entrada ou na saída.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA SELIC.
É legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco, no pedido de ressarcimento contra o qual houve a oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543-C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009).
APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ.
Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
Recurso Voluntário provido em Parte.
Numero da decisão: 3402-003.840
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por não conhecer do Recurso Voluntário nas matérias que não foram objeto de Manifestação de Inconformidade e, na parte conhecida, dar parcial provimento para a) garantir a inclusão na base de cálculo do crédito presumido do valor das aquisições de matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem, utilizados na fabricação de produtos classificados como não tributados (NT) pelo IPI e exportados; b) garantir a inclusão na definição das receitas de exportação dos valores das mercadorias vendidas para o exterior não tributadas (NT) pelo IPI; e c) garantir a inclusão da taxa SELIC desde a data do protocolo do pedido de ressarcimento, nos termos do voto da Relatora.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(Assinado com certificado digital)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 PRECLUSÃO. INOVAÇÃO DE DEFESA. NÃO CONHECIMENTO Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pela manifestante, precluindo o direito de defesa trazido somente no Recurso Voluntário. O limite da lide circunscrevese aos termos da manifestação de inconformidade. CRÉDITO PRESUMIDO IPI. LEI N.º 9.363/1996 O artigo 1º da lei nº 9.363/96, ao instituir o benefício do crédito presumido de IPI à empresa produtora e exportadora de “mercadorias nacionais”, não o restringe apenas aos produtos industrializados, não cabendo ao intérprete administrativo fazer distinção onde a própria lei não o fez.A Lei n.º 9.363/1996 não vincula o cálculo do crédito presumido à efetiva tributação pelo IPI na entrada ou na saída. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA SELIC. É legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco, no pedido de ressarcimento contra o qual houve a oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 05 4. 00 04 31 /2 00 2- 62 Fl. 492DF CARF MF 2 prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Recurso Voluntário provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por não conhecer do Recurso Voluntário nas matérias que não foram objeto de Manifestação de Inconformidade e, na parte conhecida, dar parcial provimento para a) garantir a inclusão na base de cálculo do crédito presumido do valor das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, utilizados na fabricação de produtos classificados como não tributados (NT) pelo IPI e exportados; b) garantir a inclusão na definição das receitas de exportação dos valores das mercadorias vendidas para o exterior não tributadas (NT) pelo IPI; e c) garantir a inclusão da taxa SELIC desde a data do protocolo do pedido de ressarcimento, nos termos do voto da Relatora. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente. (Assinado com certificado digital) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Trata o presente processo de Pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI previsto na Lei n.º 9.363/1996 (Portaria n.º 38/97), relativo ao 1º trimestre de 2002, originariamente formulado pela empresa HARTZ MOUNTAIN LTDA. Com fulcro no Parecer DRF/NHO/SACAT n.º 273/2002 (efls. 300/302), foi proferido despacho decisório à efl. 303 reconhecendo em parte o crédito pleiteado em razão das seguintes irregularidades: "• O contribuinte havia incluído na Receita de Exportação o valor relativo à venda de produtos Não Tributados NT (orelhas). Efetuamos a exclusão de tais valores com base nos documentos fornecidos pelo contribuinte de fls. 240, 241 e 243. Fl. 493DF CARF MF Processo nº 13054.000431/200262 Acórdão n.º 3402003.840 S3C4T2 Fl. 493 3 • A Receita Operacional Bruta foi alterada pois o contribuinte não deduziu o valor referente ao IPI sobre vendas. • O contribuinte incluiu indevidamente nos custos os valores de materiaprima NT (orelhas e pele suína) e material de embalagem (documentos de fls. 233 a 239, 247 e 248) aplicados na fabricação de produtos NT e o valor referente a Venda de Resíduos que foram comprados nos CFOP 1.11 e 2.11(fls. 244 a 246). • Os valores referentes à compra de lenha para caldeira e tratamento de efluentes foram deduzidos das compras totais somente no final do trimestre. Refizemos os cálculos para que tais valores fossem deduzidos mês a mês. • Não havia sido deduzido o IPI referente a devoluções de compras." (efl. 301) Inconformada, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, integralmente negada na decisão de primeira instância ementada nos seguintes termos: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. A matéria submetida a glosa em revisão de pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI, não especificamente contestada na manifestação de inconformidade, é reputada como incontroversa, e é insuscetível de ser trazida à baila em momento processual subseqüente. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. EXPORTAÇÃO DE PRODUTO NT. Operação que resulta em produto nãotributável, não é considerada operação industrial, não fazendo jus ao crédito presumido de IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Inexiste previsão legal para abonar atualização monetária ou acréscimo de juros equivalentes A taxa SELIC a valores objeto de ressarcimento de crédito de IPI. Solicitação Indeferida" (efl. 427) Como consignado na decisão de primeira instância e como se depreende da Manifestação de Inconformidade, "a manifestante não questionou a alteração da Receita Operacional Bruta, porque o contribuinte não deduziu o valor do IPI incidente sobre as vendas, nem a dedução do IPI referente a devoluções de compras, nem, tampouco, a correção efetuada nos valores referentes à compra de lenha para caldeira e tratamento de efluentes" (e fl. 429). Estas matérias, portanto, não foram objeto de apreciação de pela Delegacia de Julgamento, por terem sido admitidas como matérias não impugnadas na forma do art. 17 do Decreto n.º 70.235/72. Notificado desta decisão em 01/12/2006, foi apresentado Recurso Voluntário em 21/12/2006 repisando os argumentos da Manifestação de Inconformidade e trazendo novas considerações quanto aos pontos não impugnados anteriormente, alegando, em síntese: "(i) o ressarcimento dos valores com o acréscimo da Taxa SELIC, contada a partir da data de geração do direito ao crédito presumido, ou, ao menos sucessivamente, contada a partir da data do protocolo do Pedido de Ressarcimento; (ii) a apuração da base de cálculo do crédito presumido considerando o valor das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, utilizados na fabricação de produtos classificados como não tributados (NT) pelo IPI; Fl. 494DF CARF MF 4 (iii) a apuração do valor do crédito presumido do IPI considerando na definição das receitas de exportação os valores das mercadorias vendidas para o exterior não tributadas (NT) pelo IPI; (iv) a apuração do crédito presumido do IPI considerando o valor do IPI destacado nas Notas Fiscais de aquisição das matériasprimas, compra de lenha para caldeira e efluentes; e (v) a apuração do crédito presumido do IPI considerando as que acobertaram devoluções de compras." (efl. 454/455) Quando da análise deste Recurso, o então Segundo Conselho de Contribuintes entendeu por converter o julgamento em diligência pela Resolução n.º 204 00.509, no seguinte sentido: "Como restou indicado no relatório, a única peça em que a fiscalização manifestou a sua discordância com os procedimentos adotados pela fiscalizada o "Parecer" de fls. 294 a 297 que embasou o Despacho Decisório de fl. 298 mantido integralmente pela DRJ — não discrimina o impacto de cada "irregularidade" sobre o montante do credito. Aponta apenas o efeito global de redução daquele montante sobre a receita de exportação, a operacional bruta e a base de cálculo do beneficio. Acontece que esse "tratamento totalizante" apenas calha bem com os que partilhem integralmente as motivações do próprio Parecer, alias, digase de passagem, inteiramente ausentes dele. Especialmente, é necessário que com ele se concorde no sentido de que qualquer mercadoria não tributada pelo IPI não pode entrar no cômputo do beneficio, seja na condição de matériaprima, seja na de produto exportado. (...) Com essas considerações, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a fiscalização: 1. quantifique, discriminadamente, a redução no beneficio fiscal para cada correção indicada no Parecer; e 2. esclareça o significado da glosa de "valor de venda de resíduos comprados nos códigos 1.11 e 2.11". Especificamente, se se trata de aquisições de insumos NT aplicados para produzir produtos tributados ou se, ao contrário, tratase da venda de resíduos da produção do estabelecimento. Nesse último caso, se as vendas foram no mercado interno ou externo." (efls. 477478 grifei) No relatório da Diligência apresentado, a fiscalização refez os cálculos quantificando discriminadamente a redução no beneficio fiscal para cada correção indicada no parecer considerando dois cenários distintos: 1) com a manutenção da glosa da receita de exportação (fl. 484) Fl. 495DF CARF MF Processo nº 13054.000431/200262 Acórdão n.º 3402003.840 S3C4T2 Fl. 494 5 2) considerando a reversão da glosa da receita de exportação (fls. 484/485): Quanto ao segundo questionamento da Resolução, elucidou a fiscalização que "tratase de aquisição de insumos NT aplicados para produzir produtos do estabelecimento, que foram posteriormente transformados em resíduos, para posteriormente serem vendidos" (efls. 484/485) Sem manifestação da Recorrente após sua regular intimação do relatório da diligência, os autos retornaram para este CARF para julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne Como já atestado na Resolução de conversão do presente processo em diligência, o Recurso é tempestivo. Contudo, não é possível tomar conhecimento nesta seara daquelas matérias que não foram levadas à apreciação da Delegacia de Julgamento, por não terem sido objeto da Manifestação de Inconformidade apresentada. Os pontos não contestados na primeira defesa apresentada pela ora Recorrente foram identificadas a partir da leitura da decisão de primeira instância (efl. 429), quais sejam: ü alteração da Receita Operacional Bruta, porque o contribuinte não deduziu o valor do IPI incidente sobre as vendas, ü dedução do IPI referente a devoluções de compras, e ü a correção efetuada nos cálculos dos valores referentes à compra de lenha para caldeira e tratamento de efluentes. Assim, estas matérias trazidas no Recurso Voluntário, por não terem sido trazidas em sede de Manifestação de Inconformidade, restaram preclusas na forma do art. 17 Fl. 496DF CARF MF 6 do Decreto n.º 70.235/721. Com isso, não se tratando de matérias passíveis de serem conhecidas por este colegiado por não constarem do rol do art. 342 do CPC/20152, aplicável de forma subsidiária ao presente processo, delas não tomo conhecimento sob pena de supressão de instância e de ferir o devido processo legal. Nesse sentido é o entendimento deste E. CARF: "Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2003 PRECLUSÃO. INOVAÇÃO DE DEFESA. NÃO CONHECIMENTO Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pela manifestante, precluindo o direito de defesa trazido somente no recurso voluntário. O limite da lide circunscrevese aos termos da manifestação de inconformidade." (Processo 10875.903610/200978 Relator Juliano Eduardo Lirani Acórdão n.º 3803004.666. Unânime grifei) Por todo o exposto, não tomo conhecimento dos pontos (iv) e (v) indicados no pedido do Recurso Voluntário3, passando à análise dos demais pontos controvertidos. I DA BASE DE CÁLCULO DO CRÉDITO PRESUMIDO DA LEI N.º 9.363/1996 Neste tópico, adentraremos nas considerações da Recorrente que foram levadas à apreciação da decisão de primeira instância quanto à base de cálculo do crédito presumido, especificamente nas seguintes alegações: a) inclusão na base de cálculo do crédito presumido do valor das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, utilizados na fabricação de produtos classificados como não tributados (NT) pelo IPI; e b) inclusão na definição das receitas de exportação dos valores das mercadorias vendidas para o exterior não tributadas (NT) pelo IPI. O crédito presumido sob análise foi instituído pela Lei n.º 9.363/1996 com a finalidade de incentivar as exportações, em prol das empresas produtoras e exportadoras de mercadorias nacionais, nos seguintes termos: "Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior." (grifei) 1 "Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante." 2 "Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando: I relativas a direito ou a fato superveniente; II competir ao juiz conhecer delas de ofício; III por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição." 3 "(iv) a apuração do crédito presumido do IPI considerando o valor do IPI destacado nas Notas Fiscais de aquisição das matériasprimas, compra de lenha para caldeira e efluentes; e (v) a apuração do crédito presumido do IPI considerando as que acobertaram devoluções de compras." (efl. 455) Fl. 497DF CARF MF Processo nº 13054.000431/200262 Acórdão n.º 3402003.840 S3C4T2 Fl. 495 7 Ao fazer menção à garantia do crédito sobre mercadorias nacionais, a lei conseguiu englobar todas as mercadorias produzidas, sejam elas tributadas ou não pelo IPI. A condição de incidência sobre as aquisições foi feita, apenas, para o PIS e a COFINS, contribuições de que tratam as Leis Complementares 7 e 8/704. Com efeito, o crédito presumido é para ressarcimento do valor do PIS e da COFINS devidos pelas empresas produtoras e exportadoras de mercadorias nacionais. A forma de apuração e aproveitamento deste crédito foi relacionado ao IPI, cuja legislação foi adotada de forma subsidiária quanto aos conceitos de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem. Nos termos da lei: "Art. 2o A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem referidos no artigo anterior, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador. § 1o O crédito fiscal será o resultado da aplicação do percentual de 5,37% sobre a base de cálculo definida neste artigo. (Vide Lei nº 10.637, de 2002) (...) Art. 3o Para os efeitos desta Lei, a apuração do montante da receita operacional bruta, da receita de exportação e do valor das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem será efetuada nos termos das normas que regem a incidência das contribuições referidas no art. 1o, tendo em vista o valor constante da respectiva nota fiscal de venda emitida pelo fornecedor ao produtor exportador. Parágrafo único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem. Art. 4o Em caso de comprovada impossibilidade de utilização do crédito presumido em compensação do Imposto sobre Produtos Industrializados devido, pelo produtor exportador, nas operações de venda no mercado interno, farseá o ressarcimento em moeda corrente." Contudo, e ao contrário do que entendeu o Despacho Decisório no presente caso, a lei não faz qualquer exigência de tributação pelo IPI para o gozo do crédito, sendo certo que basta que sejam adquiridos matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem (nos termos da legislação do IPI, sejam eles tributados ou não por este imposto) para a produção de mercadorias nacionais (tributadas ou não pelo IPI). Com efeito, não há qualquer exigência legal no sentido de que: (i) as aquisições de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem utilizados na produção dos produtos a serem exportados sejam tributados pelo IPI, vez que "a base de cálculo do ressarcimento é o valor total das aquisições dos insumos utilizados no processo produtivo (art. 2º), sem condicionantes" (REsp 586392/RN), ou mesmo que (ii) o produto exportado pela beneficiária do crédito presumido seja um produto tributado pelo IPI. 4 Cumpre mencionar que como sedimentado pelo Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial Repetitivo n.º 993.164/MG (Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 13/12/2010, DJe 17/12/2010), "sobressai a "ilegalidade" da instrução normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96, ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI, as aquisições (relativamente aos produtos oriundos de atividade rural) de matériaprima e de insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS". Fl. 498DF CARF MF 8 Esse raciocínio vem sendo traçado, há muito, por este Conselho, como se depreende do julgamento do Conselho Superior exarado em 2003: "IPI. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI NA EXPORTAÇÃO. PRODUTOS EXPORTADOS CLASSIFICADOS NA TIPI COMO NÃO TRIBUTADOS. O artigo 1º da Lei nº 9.363/96 prevê crédito presumido de IPI como ressarcimento de PIS e da COFINS em favor da empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. Referindose a lei a “mercadorias” foi dado o benefício fiscal ao gênero, não cabendo ao intérprete restringilo apenas aos “produtos industrializados”, que são espécie do gênero “mercadorias”. (...) Recurso ao qual se dá parcial provimento. (...) VOTO DO CONSELHEIRO DALTON CESAR CORDEIRO DE MIRANDA RELATORDESIGNADO (...) Creio, ainda, abrindo aqui parênteses a bem ilustrar o debate, que do exame do Regulamento do IPI , (Decreto n° 2.637/98), que trata dos conceitos de industrialização (transformação; beneficiamento; montagem; acondicionamento; e renovação e recondicionamento), entendo possível afirmar que as "mercadorias" exportadas pela interessada (produtos de origem animal impróprios para o consumo humano, utilizados na preparação de produtos farmacêuticos — fl. 143) sobre os quais houve incidência de PIS e COFINS , são sim objeto ou resultante de um processo produtivo, mesmo que classificados como NT. Neste sentido, vale citar trechos de artigo de Júlio M. de Oliveira, intitulado "A Constituição, A Lei e o Regulamento do IPI — Hipóteses de Conflito": "(..) Ao nosso ver, o objeto do imposto não consiste meramente no ato de produzir acima delineado, pelo contrário, a materialidade da hipótese de incidência reside no resultadáfinal deste ato — o produto. . Assim não fosse, estaríamos diante de um imposto sobre industrialização e não sobre o produto industrializado. Neste sentido, cabe lembrar as sempre lúcidas considerações do mestre Geraldo Ataliba, verbis: "... Pela sua utilização (desse conjunto de componentes) é que se obtém, afinal, um produto. Se, portanto, a produção ou industrialização for posta na materialidade da hipótese de incidência do imposto, já não se estará diante do IPI, mas de tributo diverso."8 Porém, esgotarse na existência de produtos industrializados a materialidade da hipótese de incidência do IPI, em outras palavras, o mero surgimento de um produto industrializado é suficiente para caracterização da ocorrência do fato gerador do imposto? Quer nos parecer que não. (.)." Feitas essas considerações, é possível afirmar que as "mercadorias" exportadas pela interessada são sim "produtos industrializados", mesmo que não tributados Mas, a meu entender, não é essa a questão central que se encontra em debate. E a propósito da discussão central travada nestes autos, necessária se faz reafirmar que o beneficio do crédito presumido está expressamente direcionado à empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. O artigo de lei é abrangente, portanto, daí não ser possível restringir o debate entre a distinção entre "produto industrializado não tributado" e "produto industrializado tributado", pois tanto um como outro são "mercadorias" e, conseqüentemente, abrangidos pela Lei n° 9.363/96. Daí, sim, se autorizado o pleito de ressarcimento para produtores de produtos NTs, como na hipótese dos autos. Aliás, o crédito presumido em análise tem por objetivo o ressarcimento das contribuições incidentes sobre as etapas anteriores da cadeia produtiva, no caso o PIS e a COFINS, não importando se o produto é ou não tributado pelo IPI na Fl. 499DF CARF MF Processo nº 13054.000431/200262 Acórdão n.º 3402003.840 S3C4T2 Fl. 496 9 saída final" (CSRF, Processo 13005.000689/9861, Data da Sessão 13/08/2003 Relator Henrique Pinheiro Torres Nº Acórdão 20215016 grifei) Em consonância com o entendimento do voto acima transcrito, entendo que não importa para fins de aferição do crédito presumido da Lei n.º 9.363/1996 a tributação pelo IPI seja na entrada para a produção, seja na saída para exportação. E analisando as posições atuais deste E. CARF, em especial no âmbito do CSRF, vislumbrase que esse entendimento no sentido da desnecessidade de tributação pelo IPI para o gozo do crédito presumido (ainda que com posições dissonantes), persiste. Vejamos a título de exemplo "IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/1998 a 30/09/1998 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PRODUTOS EXPORTADOS CLASSIFICADOS NA TIPI COMO NÃO TRIBUTADOS. O artigo 1º da Lei nº 9.363/96, ao instituir o benefício do crédito presumido de IPI à empresa produtora e exportadora de “mercadorias nacionais”, não o restringe apenas aos produtos industrializados, não cabendo ao intérprete administrativo fazer distinção onde a própria lei não o fez. Recurso Especial do Contribuinte Provido. Decisão Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Rodrigo da Costa Pôssas e Otacílio Dantas Cartaxo, que negavam provimento. (...) Nesse sentido, restase evidente o entendimento de que, tendo o crédito presumido em análise o objetivo de ressarcir as contribuições incidentes sobre as etapas anteriores da cadeia produtiva, não é relevante se o produto é ou não tributado pelo IPI na sua saída final. " (CSRF, Número do Processo 11077.000253/200367 Data da Sessão 30/05/2011 Relatora Nanci Gama Acórdão n.º 9303001.438 grifei) "Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PRODUTOS EXPORTADOS CLASSIFICADOS NA TIPI COMO NÃO TRIBUTADOS. O artigo 1º da lei nº 9.363/96, ao instituir o benefício do crédito presumido de IPI à empresa produtora e exportadora de “mercadorias nacionais”, não o restringe apenas aos produtos industrializados, não cabendo ao intérprete administrativo fazer distinção onde a própria lei não o fez. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. FRETES. VINCULAÇÃO AOS INSUMOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. APROVEITAMENTO. De se permitir na formação do cálculo presumido de IPI a inclusão dos gastos com fretes pagos e destacados nas notas fiscais por ocasião de insumos utilizados no processo produtivo. TAXA SELIC. SÚMULA nº 411STJ. É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco. Rel. Min. Luiz Fux, em 25/11/2009. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelo art. 543C do Código de Fl. 500DF CARF MF 10 Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Recurso Especial do Procurador Negado. Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho (Relator), Henrique Pinheiro Torres, Rodrigo da Costa Pôssas e Otacílio Dantas Cartaxo, que davam provimento parcial quanto à exportação de produtos NT. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Nanci Gama." (CSRF, Processo 11610.021746/200265 Data da Sessão 31/05/2011. Relator Gilson Macedo Rosenburg Filho Nº Acórdão 9303001.469 grifei) "Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Exercício: 2000 CRÉDITO PRESUMIDO. PRODUTOS NT. COEFICIENTE DE EXPORTAÇÃO. Para fins de apuração da relação percentual entre a receita de exportação e a receita operacional bruta, incluise o valor correspondente à exportação de produtos NT. AQUISIÇÕES DE NÃO CONTRIBUINTES. PESSOAS FÍSICAS. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. ART. 62A do RI do CARF. REPETITIVO DO STJ. Os valores correspondentes às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem de não contribuintes do PIS e da COFINS (pessoas físicas) podem compor a base de cálculo do crédito presumido de que trata a Lei nº 9.363/96. Não cabe ao intérprete fazer distinção nos casos em que a lei não o fez. Antecedentes desta Câmara Superior de Recursos Fiscais e Recurso Repetitivo do STJ. Além disso, deve ser aplicada a taxa Selic aos valores a serem ressarcidos à título de incentivo fiscal, sob risco de se afrontar à própria lei instituidora do benefício, se este tiver seu valor corroído pelos efeitos da inflação. Com efeito, a não aplicação de qualquer índice para recompor o valor de compra da moeda revestese em violação aos princípios da razoabilidade e da isonomia. Portanto, aplicase a taxa Selic desde o protocolo do pedido até seu efetivo pagamento ou até a data da consolidação das compensações a ele vinculadas. REP Negado e REC Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, : I) por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Vencido o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão, que dava provimento; e II) por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial do sujeito passivo. (...) No entanto, no tocante ao mérito, o mesmo, a meu ver, não merece provimento, e para tanto peça vênia para reproduzir as razões do voto do ilustre conselheiro Henrique Pinheiro Torres, acórdão no. 930301.606, da sessão de 30 de agosto de 2011, que adoto como razão de decidir: No tocante à inclusão no cálculo da receita operacional bruta dos valores correspondentes às vendas para o exterior de produtos adquiridos de terceiros, para determinação da relação percentual entre a receita de exportação e a receita operacional bruta, ao meu sentir, a posição mais consentânea com a norma legal é aquela pela inclusão de tais valores tanto no cálculo da receita de exportação quanto no da receita operacional bruta. Explico: a Lei 9.363/1996, ao instituir o benefício, mesclou conceitos próprios do IPI com outros do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica “emprestados” às contribuições, senão vejamos: (...) Receita Operacional Bruta e Receita de Exportação são conceitos afeitos ao impost o de Renda da Pessoa Jurídica e, por empréstimo, às contribuições, enquanto a Fl. 501DF CARF MF Processo nº 13054.000431/200262 Acórdão n.º 3402003.840 S3C4T2 Fl. 497 11 definição de matérias primas, produtos intermediários, materiais de embalagem, produção e produtor intrínseca ao IPI. Em razão disso, a norma do parágrafo único desse artigo determina a aplicação subsidiária da legislação desses tributos na conceituação dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, de matériaprima, de produtos intermediários e de materiais de embalagem (...) Por outro lado, a Portaria MF 129/1995, de 05 de abril de 1995, em seu art. 2º, § 2º, inc. II definiu, para efeito de cálculo do crédito presumido, a receita de exportação como o produto da venda para o exterior de mercadorias nacionais. Com essa definição, não se pode inferir que as vendas para o exterior de produtos não industrializados diretamente pelo produtor/exportador devam ser expurgadas do cálculo da receita de exportação, pois o texto legal não faz qualquer distinção no tocante à tributação dos produtos, ao contrário, trataos de forma genérica, condicionando apenas que sejam "mercadorias nacionais". Em termos econômicos, também não faz sentido essa exclusão, a não ser que a parcela fosse de igual maneira excluída da receita operacional bruta, de forma a evitar distorção no índice a ser aplicado sobre o valor das aquisições, pois do contrário, estarseia alterando artificialmente, sem respaldo legal, a relação entre a receita de exportação e a operacional bruta. Esclareçase, por oportuno, que não se está aqui reconhecendo direito ao crédito presumido pertinente às aquisições desses produtos, que, sem qualquer industrialização adicional efetuada pelo adquirente, são por ele exportados. Uma coisa é estabelecerse o coeficiente entre a receita de exportação e a operacional bruta, outra bem diferente é definir os insumos em que predito coeficiente será aplicado para determinação das “aquisições incentivadas”." (CSRF, Processo n.º 13811.005178/200214 Data da Sessão 20/02/2014 Relatora Nanci Gama Acórdão n.º 9303002.889) Nesse sentido, por entender que Lei n.º 9.363/1996 não vincula o cálculo do crédito presumido à efetiva tributação pelo IPI na entrada ou na saída, voto no sentido de dar parcial provimento ao Recurso Voluntário neste ponto para afastar dois pontos do despacho decisório, quais sejam: ü Garantir a validade da inclusão na Receita de Exportação do "valor relativo à venda de produtos Não Tributados NT (orelhas)" excluídos pela fiscalização "com base nos documentos fornecidos pelo contribuinte de fls. 240, 241 e 243" dos autos físicos. ü Considerar válida a inclusão "nos custos os valores de materiaprima NT (orelhas e pele suína) e material de embalagem (documentos de fls. 233 a 239, 247 e 248) aplicados na fabricação de produtos NT" exportados. Neste último ponto, cumpre frisar que não restou comprovado nestes autos que "a Venda de Resíduos que foram comprados nos CFOP 1.11 e 2.11(fls. 244 a 246)." foram realizados para o exterior, tendo concluído a diligência que "tratase de aquisição de insumos NT aplicados para produzir produtos do estabelecimento, que foram posteriormente transformados em resíduos, para posteriormente serem vendidos" (efls. 484/485). Uma vez que o crédito presumido sob análise se relaciona com a exportação, não é viável garantir o aproveitamento do crédito vez que não comprovada que a venda dos resíduos foi para o exterior. Fl. 502DF CARF MF 12 Nesse sentido, entendo que deve ser dado parcial provimento ao Recurso Voluntário para garantir a) inclusão na base de cálculo do crédito presumido do valor das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, utilizados na fabricação de produtos classificados como não tributados (NT) pelo IPI e exportados; e b) inclusão na definição das receitas de exportação dos valores das mercadorias vendidas para o exterior não tributadas (NT) pelo IPI. II DO ACRÉSCIMO DA TAXA SELIC NO RESSARCIMENTO Pleiteia a Recorrente o acréscimo da taxa SELIC sobre os créditos objeto de ressarcimento, a partir da data de geração do direito ao crédito presumido, ou, ao menos sucessivamente, contada a partir da data do protocolo do Pedido de Ressarcimento. Tem razão a Recorrente em seu pedido da inclusão da SELIC a partir da data do protocolo do Pedido de Ressarcimento. Isso porque, ainda que não seja possível a correção a partir da data da geração do crédito por ausência de previsão legal, com o impedimento da utilização do crédito com a emissão do despacho decisório relativo ao pedido de ressarcimento, passou a ser necessária a sua correção desde a data do protocolo do pedido por ter ocorrido uma oposição do fisco ao legítimo aproveitamento do crédito. Este entendimento está em conformidade com o entendimento sedimentado pelo Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.035.847/RS, em sede de recursos repetitivos, que deve ser aplicado por este CARF na forma do art. 62, §2º, do Regimento Interno: "PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008." Fl. 503DF CARF MF Processo nº 13054.000431/200262 Acórdão n.º 3402003.840 S3C4T2 Fl. 498 13 (REsp 1035847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009) A aplicação analógica deste julgamento tem sido feita de forma reiterada pelo Conselho Superior deste CARF, como se depreende dos julgados já trazidas acima, e dos seguintes julgados apenas a título de exemplo: "Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/07/2001 a 30/09/2001 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA SELIC. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da nãocumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (...) Recurso Especial da Fazenda Nacional Negado e Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte." (CSRF, Processo 10675.001666/200195 Data da Sessão 04/04/2011 Relator Rodrigo Cardozo Miranda. Redator designado Antônio Carlos Atulim. Acórdão n.º 9303001.407 grifei) "Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 19/01/2000 (...) NORMAS REGIMENTAIS. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DE DECISÕES DOS TRIBUNAIS SUPERIORES PROFERIDAS NA SISTEMÁTICA DO ART. 543 DO CPC Dispõe o art. 62A do RICARF baixado pela Portaria MF 256/2009: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. RESSARCIMENTO DE CRÉDITO DE IPI. OPOSIÇÃO INJUSTIFICADA DA ADMINISTRAÇÃO. INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC. Nos termos da decisão proferida pelo STJ no RE 993.164: 12. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da nãocumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob Fl. 504DF CARF MF 14 pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). 13. A Tabela Única aprovada pela Primeira Seção (que agrega o Manual de Cálculos da Justiça Federal e a jurisprudência do STJ) autoriza a aplicação da Taxa SELIC (a partir de janeiro de 1996) na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco (REsp 1150188/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20.04.2010, DJe 03.05.2010). NORMAS REGIMENTAIS. RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS. Não se admite recurso especial cuja divergência não esteja comprovada nos termos do artigo 67 do RICARF baixado pela Portaria MF 256/2009." (CSRF, Processo 13971.001062/0040 Data da Sessão 23/02/2016 Relator Julio Cesar Alves Ramos. Acórdão n.º 9303003.460 grifei) Como se depreende dos julgados acima colacionados, não se cabe falar em correção desde a data da geração do crédito vez que o crédito presumido é um crédito escritural para o qual não há previsão legal de atualização. Uma vez emitido o despacho decisório com a oposição à utilização do crédito presumido, cabível a inclusão da SELIC desde a data do protocolo do pedido de ressarcimento, para evitar o locupletamento ilícito do fisco. III CONCLUSÃO Diante do exposto, voto por não conhecer do Recurso Voluntário nas matérias que não foram objeto de Manifestação de Inconformidade e, na parte conhecida, dar parcial provimento para a) garantir a inclusão na base de cálculo do crédito presumido do valor das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, utilizados na fabricação de produtos classificados como não tributados (NT) pelo IPI e exportados; b) garantir a inclusão na definição das receitas de exportação dos valores das mercadorias vendidas para o exterior não tributadas (NT) pelo IPI; e c) garantir a inclusão da taxa SELIC desde a data do protocolo do pedido de ressarcimento. É como voto. Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora Fl. 505DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15940.720182/2013-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2009 a 31/12/2011
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. REQUISITOS. CUMPRIMENTO.
Os requisitos do lançamento tributário constam do artigo 142 do CTN e devem ser realizados na forma prescrita pelos artigos 10 e 11 do Decreto nº 70.235/72. Sendo observados os preceitos legais mencionados, não há que se falar em nulidade.
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. GLOSA. MULTA DE 150%. CABIMENTO.
Serão glosados pelo Fisco os valores compensados indevidamente pelo sujeito passivo. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada, deve ser aplicada a multa de 150%.
Numero da decisão: 2201-003.415
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade arguida e no mérito, negar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado) que dava provimento parcial. Realizou sustentação oral o Dr. Eduardo Ferrari Lucena, OAB/DF nº 41.497.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Relator.
EDITADO EM: 24/02/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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REQUISITOS. CUMPRIMENTO. Os requisitos do lançamento tributário constam do artigo 142 do CTN e devem ser realizados na forma prescrita pelos artigos 10 e 11 do Decreto nº 70.235/72. Sendo observados os preceitos legais mencionados, não há que se falar em nulidade. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. GLOSA. MULTA DE 150%. CABIMENTO. Serão glosados pelo Fisco os valores compensados indevidamente pelo sujeito passivo. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada, deve ser aplicada a multa de 150%. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade arguida e no mérito, negar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado) que dava provimento parcial. Realizou sustentação oral o Dr. Eduardo Ferrari Lucena, OAB/DF nº 41.497. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Relator. EDITADO EM: 24/02/2017 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 94 0. 72 01 82 /2 01 3- 19 Fl. 925DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão que julgou improcedente a impugnação ao lançamento de contribuições previdenciárias incidentes sobre glosa de compensações de contribuições previdenciárias. Os motivos ensejadores do lançamento tributário se encontram no Relatório Fiscal (fls 24 do processo digitalizado). Na ação fiscal foram constituídos os seguintes documentos de crédito: · Auto de Infração Debcad n° 51.023.9242, no valor de R$ 14.631.983,26, atualizado até dezembro de 2013, referente ao valor do tributo, juros e multa de ofício, relativo à quota patronal de contribuição previdenciária, constituído no âmbito do processo administrativo nº 15940.720174/201372. · Auto de Infração Debcad n° 51.023.9250, no valor de R$ 3.440.520,00 atualizado até dezembro de 2013, referente ao valor do tributo, juros e multa de ofício, relativo à contribuição previdenciária devida sobre os valores pagos aos contribuintes individuais, constituído no âmbito do processo administrativo nº 15940.720174/201372. · Auto de Infração Debcad n° 51.023.9269, no valor de R$ 5.051.150,44, atualizado até dezembro de 2013, referente ao valor do tributo, juros e multa de ofício, relativo à contribuição previdenciária retida dos segurados e não repassada, constituído no âmbito do processo administrativo nº 15940.720174/201372. · Auto de Infração Debcad n° 51.023.9277, no valor de R$ 424.776,36, atualizado até dezembro de 2013, devida aos terceiros, constituído no âmbito do processo administrativo nº 15940.720174/201372. · Auto de Infração Debcad n° 51.023.9285, no valor de R$ 11.662.498,88, atualizado até dezembro de 2013, multa isolada sobre a declaração de compensações indevidas. · Auto de Infração Debcad n° 51.023.9307, no valor de R$ 10.886.926,50, atualizado até dezembro de 2013, referente a glosa de compensação indevida. · Auto de Infração Debcad n° 51.023.9293, no valor de R$ 13.500,00, atualizado até dezembro de 2013, constituído no âmbito do processo administrativo nº 15940.720176/201361. Fl. 926DF CARF MF Processo nº 15940.720182/201319 Acórdão n.º 2201003.415 S2C2T1 Fl. 926 3 O crédito tributário constituído se refere a período de novembro de 2009 a dezembro de 2011. O lançamento tributário se aperfeiçoou com a ciência do devedor, por via postal (AR fls 92) em 26 de dezembro de 2013. Inconformado, o sujeito passivo apresenta impugnação (fls. 820), tempestivamente. A 5ª Turma da DRJ em Juiz de Fora/MG, por unanimidade de votos, por meio do Acórdão 09.51.430 (fls. 872), decidiu pela improcedência da impugnação. Tal decisão contém o seguinte relatório, que adoto, por sua clareza e precisão (fls. 873): "O Relatório Fiscal de fls. 24/74 trata dos processos 15940.720174/201372 e 15940.720182/201319 e explicita que a empresa entregou diversas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) para o período objeto de apuração, de 11/2009 a 12/2011. Afirma que, apesar do envio das informações através de GFIP retificadoras antes do início do procedimento fiscal, não resta caracterizada a denúncia espontânea, uma vez que se trata de lançamento por homologação. Informa, ademais, que o contribuinte não quitou as diferenças devidas, concomitantemente com a retificação das GFIP, devendo ser afastada qualquer pretensão nesse sentido, de acordo com a Súmula nº 360 do STJ, segundo a qual “o beneficio da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, regularmente declarados, mas pagos a destempo”. Nesse sentido, cita ainda o art. 47 da Lei nº 9.430, de 1996 e a Súmula CARF nº 33. O início do procedimento fiscal ocorreu em 07/05/2012, através do recebimento pessoal do Termo de Inicio do Procedimento Fiscal. Durante a ação fiscal, além de diversos termos lavrados, foram emitidos Termos de Ciência e de Continuação do Procedimento Fiscal, entre eles o termo datado de 10/09/2012, recebido por via postal em 19/09/2012, e o termo datado de 05/12/2012, recebido por via postal em 11/12/2012. Conforme item V do referido Relatório Fiscal, o contribuinte efetuou a compensação de contribuições previdenciárias incidentes sobre a aquisição da produção rural de produtores rurais pessoas físicas e segurados especiais, recolhidas no período de 01/2005 a 02/2008, conforme planilhas apresentadas à fiscalização, em resposta ao Termo de Intimação Fiscal de 05/04/2013. De acordo com a autoridade lançadora, o contribuinte afirmou ter se compensado da contribuição patronal de 2,1%, incidente sobre a aquisição da produção rural, em razão de grande parte de sua produção ser exportada. O Relatório Fiscal informa que o contribuinte não retificou as GFIP de 01/2005 a 02/2008 para delas excluir a aquisição de Fl. 927DF CARF MF 4 produtos rurais, não tendo desconstituído o crédito tributário anteriormente declarado. Registra que as aquisições da produção rural de produtores pessoas físicas foram objeto de retenção das contribuições para a previdência social, conforme consta dos lançamentos levados a efeito na conta 4.1.03.100.00012INSS AUTÔNOMOS PRODUTOR RUAL, cujas contrapartidas estão registradas na conta 2.1.03.002.00010 INSS RETIDO A RECOLHER. A compensação efetuada pelo contribuinte no período de 11/2009 a 09/2010 também se refere ao adicional de contribuição devido em razão da exposição dos trabalhadores a agentes nocivos, para financiamento da aposentadoria especial. Novamente, o contribuinte não retificou as GFIP anteriormente entregues, para o período de 01/2005 a 10/2009, para delas excluir a referida contribuição. Em outro item, a autoridade lançadora relata a ocorrência de compensações realizadas com direito a ressarcimento de crédito presumido de IPI, compensações essas já recepcionadas pelo sistema informatizado da RFB, pelo que não se efetuou o lançamento de ofício. Foi efetuada ainda a glosa da retenção prevista na Lei nº 9.711, de 1998, declarada em GFIP em 11/2009, 01/2011, 06/2011, 11/2011 e 12/2011, visto o contribuinte não ter prestado serviços, mediante cessão de mão de obra, mas ter comprado os supostos créditos de terceiros. O contribuinte informou à fiscalização que as GFIP com retenção foram enviadas erroneamente e de forma irresponsável por empresa de consultoria tributária com sede no Rio de Janeiro. Consta registrado contabilmente que os créditos adquiridos pela autuada foram deduzidos na conta INSS A PAGAR – 2.1.04.001.0002. Em razão de as retenções declaradas serem inexistentes, estão sendo lançadas com multa de vinte por cento e juros SELIC. Por se tratar de falsidade na declaração, reconhecida pela empresa, também foi lançada a multa isolada, nos termos do art. 89, §10, da Lei nº 8.212, de 1991. O Relatório Fiscal discorre, em seguida, acerca da apuração de prolabore indireto. Mais adiante, discorre acerca da multa aplicada pelas compensações indevidas. Neste ponto, diz que o contribuinte não se enquadra na condição de credor da RFB, vez que não retificou as GFIP de 01/2005 a 02/2008, para as aquisições de produção rural de produtores pessoas físicas e segurados especiais, e de 01/2005 a 08/2009, para o adicional da contribuição para financiamento da aposentadoria especial. Fl. 928DF CARF MF Processo nº 15940.720182/201319 Acórdão n.º 2201003.415 S2C2T1 Fl. 927 5 Por esta razão, foi aplicada a multa isolada em dobro, nos termos do art. 89, §10, da Lei nº 8.212, de 1991, combinado com o art. 44, I, da Lei nº 9.430, de 1996. Em relação aos créditos apurados nas competências 13/2010 e 10/2011, o Relatório Fiscal informa que foram enviadas diversas GFIP, as quais estavam na situação “excluídas” no início do procedimento fiscal. As GFIP válidas, enviadas após o início do procedimento fiscal, estão na situação “aguardando exportação”. À vista disso, restando caracterizada a falta de declaração em GFIP, foi lançado o valor não declarado e não recolhido, com a multa de ofício (art. 44, I, da Lei 9.430, de 1996). Foi emitida Representação Fiscal para Fins Penais, que integra o processo nº 15940.720175/201317. Da ciência e da impugnação Cientificado das autuações em 26/12/2013, conforme Aviso de Recebimento de fls. 92, o contribuinte apresentou impugnação em 24/01/2014, de fls. 820/865, alegando, em síntese, o que vem abaixo descrito. Preliminarmente, alega a nulidade do lançamento por ser incompleta e imprecisa a sua capitulação legal e por conseqüente cerceamento de defesa e comprometimento do contraditório, sobre os quais discorre. Afirma ter a fiscalização se limitado a anexar relação confusa, genérica e imprecisa da legislação que rege as contribuições ao INSS, não correlacionando os dispositivos com a matéria tributária glosada. Entende que do lançamento deveriam constar somente os dispositivos infringidos pela impugnante e não a relação de todos os dispositivos legais pertinentes às contribuições previdenciárias. Transcreve decisão administrativa a respeito da nulidade argüida. Em seguida, alega a reaquisição da espontaneidade, em razão de a empresa ter sido cientificada de Termo de Ciência e Continuidade do Procedimento Fiscal em 19/09/2012 e, a partir desta data, foi novamente cientificada de outro Termo de Ciência e Continuidade do Procedimento Fiscal apenas em 11/12/2012, com intervalo de 84 dias, maior que o intervalo de 60 dias previsto no §2º do art. 7º do Decreto nº 70.235, de 1972. Nesse sentido, cita ainda o art. 138 do CTN, o art. 7º do Decreto nº 70.235, de 1972, o art. 472 da Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, e a Súmula CARF nº 75. Entende que a recuperação da espontaneidade afasta as infrações descritas no item VIII do Relatório Fiscal, que trata da glosa de retenção da Lei nº 9.711, de 1998, tendo em vista a Fl. 929DF CARF MF 6 emissão de novas GFIP, as quais devem ser recepcionadas, e revisto o procedimento fiscal, afastando a multa isolada, nos termos do §10 do art. 89 da Lei nº 8.212, de 1991. Discorre, em seguida, acerca da compensação das contribuições relativas à aquisição de produtos rurais e afirma atuar no mercado nacional e internacional como produtora de couro. Insurgese contra o entendimento da autoridade fiscal, segundo o qual, o primeiro passo para se pleitear a compensação é a desconstituição do crédito tributário, através da retificação das GFIP anteriormente enviadas, referentes ao período de 01/2005 a 02/2008. Aduz que o descumprimento de obrigações acessórias, como é o caso, não descaracteriza o seu direito creditório, uma vez que o art. 165 do CTN lhe confere o direito de pleitear a restituição do tributo pago indevidamente ou a maior sem impor condição para tanto. Argui que a legislação ordinária não pode se sobrepor à complementar e estabelecer condições para a restituição do crédito. Alega que a IN RFB 971, de 2009, ofende o disposto no art. 149, §2º, I, da CRFB, de 1988, ao restringir a imunidade relativa às contribuições previdenciárias apenas às exportações realizadas diretamente com adquirente domiciliado no exterior, excluindo as operações realizadas por empresas comerciais e “trading companies”. Alega ainda que a referida IN 971, de 2009, ofende também o art. 150, I, da CRFB, de 1988, por não ser instrumento hábil para exigir tributos de produtores rurais e agroindústrias, e o art. 3º, II, da Carta Magna, uma vez que a restrição por ela imposta contraria os objetivos fundamentais da República, que visam garantir o desenvolvimento nacional. Conclui que a restrição imposta pela IN é inconstitucional, ilegal e ofende os princípios da isonomia, da razoabilidade, da legalidade, da atividade econômica, pois onera os produtos dos produtores rurais e agroindústrias e pequeno e médio porte. Em relação à compensação de valores declarados em GFIP no período de 01/2005 a 10/2009, relativos ao adicional de 6% (seis por cento) da contribuição para o financiamento da aposentadoria especial, a impugnante alega que a fiscalização não pode, como fez, se basear apenas na atividade da empresa para definir a incidência ou não da referida contribuição, sendo necessária a verificação dos documentos relacionados na IN RFB 971, de 2009, os quais não foram solicitados na ação fiscal, para se verificar a efetiva exposição dos trabalhadores aos agentes nocivos. À vista disso, requer o afastamento da exigência, ainda que sejam realizadas diligências posteriores. Fl. 930DF CARF MF Processo nº 15940.720182/201319 Acórdão n.º 2201003.415 S2C2T1 Fl. 928 7 Em relação à compensação efetuada com ressarcimento de crédito presumido de IPI, ressalta ter havido o pagamento, ainda que parcial, das contribuições devidas, nos termos que indica. Em relação à glosa de retenção da Lei nº 9.711, declarada em GFIP, afirma não ter prestado qualquer serviço às empresas informadas no Relatório Fiscal, conforme já explicitado à autoridade lançadora no curso da ação fiscal. Alega ter sido vítima de uma quadrilha que afirmava possuir créditos com a União, a qual foi contratada pela empresa e, de posse de sua senha para regularizar as compensações junto a RFB, inseriu indevidamente em GFIP dados não representativos da realidade, nos períodos de 11/2009, 01/2011, 06/2011, 11/2011 e 12/2011. Diz que, no inicio do procedimento fiscal, a empresa já havia efetuado a transmissão de GFIP retificadoras, mas seu processamento foi obstado pela fiscalização. Argui que, todavia, em decorrência da reaquisição da espontaneidade em 11/12/2012, as referidas declarações devem ser processadas e afastada a multa de oficio. Afirma ter agido de boafé, tendo ingressado judicialmente contra os contratados para se ressarcir dos prejuízos sofridos. Conclui que, comprovada sua boafé e o parcelamento dos débitos do período mencionado com a posterior compensação de oficio com créditos perante a RFB, requer o afastamento da multa isolada. Discorre, em seguida, acerca do prólabore indireto. Depois, impugna a multa, aplicada em dobro, com fundamento no art. 89, §10 da Lei nº 8.212, de 1991, e art. 44, I, da Lei nº 9.430, de 1996, considerando que, para sua aplicação, é necessária a comprovação da ocorrência de sonegação, fraude ou conluio, o que não se verifica no caso. Nesse sentido, cita entendimentos do CARF e do Conselho de Contribuintes e o art. 46 da IN RFB nº 900, de 2009. Por conseguinte, requer, caso não seja declarada a improcedência da autuação, que seja ao menos afastada a penalidade agravada." Cientificado de decisão que contrariou seus interesses em 09 de maio de 2014, por meio postal (AR de folhas 889), o sujeito passivo interpôs, tempestivamente, em 05 de junho de 2014, recurso voluntário (fls. 891). Constam do apelo, em síntese, as mesmas alegações constantes da impugnação interposta e acima reproduzida. O processo foi distribuído, por sorteio eletrônico, para este Conselheiro. É o relatório do necessário. Fl. 931DF CARF MF 8 Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Presentes os pressupostos de admissibilidade do recurso, dele conheço e passo a apreciálo na ordem de suas alegações. NULIDADE DO LANÇAMENTO POR IMPRECISÃO DA CAPITULAÇÃO LEGAL CERCEAMENTO DE DEFESA A Recorrente, alega, inicialmente, nulidade do lançamento. Seus argumentos constam das folhas 895 e seguintes: "De inicio é de se consignar que a douta Fiscalização omitiu a fundamentação legal em que baseou a imposição tributária, bem como omitiu a descrição da matéria tributável, resultando totalmente nula tal exigência, não passando de um juízo temerário caracterizador de cerceamento de defesa, impeditiva do direito de discutir a legalidade da exação. Limitouse tão somente a anexar relação confusa, genérica e imprecisa da legislação que rege as contribuições ao INSS, conforme colacionado acima, não correlacionando os dispositivos com a matéria tributária glosada Tanto no processo judicial quanto no administrativo devem ser assegurados o contraditório e a ampla defesa. Por ampla defesa devese entender o asseguramento que é feito ao réu de condições que lhe possibilitem trazer para o processo e/ou ação fiscal todos os elementos tendentes a esclarecer a verdade. É por isso que ela assume múltiplas direções, ora se traduzirá na inquirição de testemunhas, ora na designação de um defensor dativo, ora na juntada de documentos em poder da parte adversa, não importando, assim, as diversas modalidades, em um primeiro momento." Por ora basta salientar o direito em pauta como um instrumento assegurador de que o processo não se converterá em uma luta desigual em que ao autor cabe a escolha do momento e das armas para travála e ao réu só cabe timidamente esboçar negativas. Não, forçoso se faz que ao acusado se possibilite a colocação da questão posta em debate sob um prisma conveniente à evidencia da sua versão. É por isto que a defesa ganha um caráter necessariamente contraditório. É pela afirmação e negação sucessivas que a verdade irá exsurgindo nos autos. Nada poderá ter valor inquestionável ou irrebatível. A tudo terá de ser assegurado o direito do réu de contraditar, contradizer, contraproduzir e até mesmo de contraagir processualmente. A ampla defesa só estará plenamente assegurada quando uma verdade tiver iguais possibilidades de convencimento do Fl. 932DF CARF MF Processo nº 15940.720182/201319 Acórdão n.º 2201003.415 S2C2T1 Fl. 929 9 magistrado ou julgador , quer seja ela alegada pelo autor, quer pelo réu." Ao longo de 9 laudas o recurso traz doutrina e jurisprudência deste Colegiado, que ao seu ver, embasam sua pretensão. Não tenho o mesmo entendimento. Os requisitos de validade do lançamento tributário constam do artigo 142 do Código Tributário Nacional e a forma deste documento de crédito se encontra determinada nos artigos 10 e 11 do Decreto nº 70.235/72. Posso constatar que a Autoridade Lançadora cumpriu os ditames legais no lançamento que aqui se discute. Há a identificação do sujeito passivo, a comprovação da ocorrência do fato gerador tributário, a determinação da matéria tributável e sua quantificação, além da imposição da penalidade cabível. A simples transcrição do relatório fiscal permite a constatação da minha afirmação (fls. 33 e seguintes): "O presente relatório faz parte integrante do Auto de Infração com base na declaração mensal prestada pelo contribuinte à Secretaria da Receita Federal do Brasil SRFB, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviços e Informações à Previdência Social GFIP (documento declaratório instituído pelo artigo 32, Inciso IV, da Lei n. 8.212/91, acrescentado pela Lei n. 9.528/97 e redação dada pela Lei 11.941/2009). Cumpre acrescentar que a Lei 11.457, de 16 março de 2007, assim dispõe: Art. 2a Além das competências atribuídas pela legislação vigente ci Secretaria da Receita Federal, cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, e das contribuições instituídas a título de substituição. ( . . . ) § 3a As obrigações previstas na Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, relativas às contribuições sociais de que trata o caput deste artigo serão cumpridas perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil. VDA COMPENSAÇÃO COM AQUISIÇÕES DE PRODUTOS RURAIS O contribuinte efetuou compensação considerando como direito creditício contribuições previdenciárias recolhidas sobre aquisições de produtos rurais, no lapso temporal de 01/2005 a 02/2008, junto a produtores rurais pessoas físicas e segurados especiais, conforme planilhas apresentadas pela empresa em resposta ao Termo de Fl. 933DF CARF MF 10 Intimação Fiscal de 05/04/2013 O contribuinte em sua resposta apresentada, em 28/06/2012, junto à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Presidente Prudente, assim concluiu: "Diante do exposto, por ser a empresa Intimada adquirente de matéria prima (couro) de produtores rurais pessoas físicas, por subrogação legal, tornouse diretamente responsável pelo recolhimento das contribuições devidas pelo produtor rural e pelo segurado especiar'. "Ademais, por seus produtos serem confeccionadas com o intuito de alcançar todo tipo de púbico, grande partes de sua produção é dirigida ao mercado externo (exportação), deste modo, por determinação legal dos 2,3% pagos nos últimos cinco anos, a empresa Intimada está recuperando os 2,1% (parte da empresa) e não os 0,2% do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SENAR, deduzi do da base de cálculo as receitas de exportação que não foi deduzida na época própria" Em face dos documentos, planilhas e informações prestadas pelo contribuinte, cumpre esclarecer que, o primeiro passo para se pleitear compensação, restituição ou repetição de indébito é a desconstituição do crédito tributário, ou seja, o contribuinte deveria retificar todas as GFIPs, referentes aos meses de 01/2005 a fevereiro de 2008, destas não fazendo constar as aquisições de couros junto a produtores rurais pessoas físicas e segurados especiais. Modo de agir inobservado pela pleiteante do crédito em comento. Ora, o simples fato de o contribuinte não desconstituir o crédito de 01/2005 a 02/2008, por si só, já afasta o desiderato de ver reconhecidas as compensações levadas a efeito nas GFIPs dos meses de novembro de 2009 a setembro de 2010. (...)" destaques originais O pequeno excerto do relatório demonstra que o Auditor Fiscal explicita o fato gerador tributário objeto do lançamento e o faz de maneira clara e objetiva, demonstando no trecho que se tomou como exemplo não só a conduta do contribuinte como também a determinação legal a ser observada. Ao longo de suas 22 páginas, e de seu anexo I, o relatório explica todo o procedimento fiscal com riqueza de detalhes, determinação dos documentos examinados e menção expressa à legislação aplicável. Não obstante, mister realçar que além do relatório fiscal conter as determinações da legislação de regência, o Auto de Infração é composto de relatórios que mencionam os documentos apresentados (RDA), relatório de lançamento (RL), discriminativo do débito (DD), relatório de apropriação de documentos apresentados (RADA), além de explicativo sobre os fundamentos legais do débito (FLD). Assim, não se observa o vício de nulidade apontado, posto que não observo falha no lançamento, tampouco na capitulação legal. Fl. 934DF CARF MF Processo nº 15940.720182/201319 Acórdão n.º 2201003.415 S2C2T1 Fl. 930 11 Preliminar de nulidade rejeitada. Passemos ao mérito. DA COMPENSAÇÃO COM AQUISIÇÃO DE PRODUTOS RURAIS A Recorrente se insurge contra a glosa das compensações efetuadas com base nas retenções efetuadas decorrentes da aquisição de produtos rurais. Os argumentos estão reproduzidos abaixo e constam das folhas 904: "Nesse ponto a douta fiscalização entendeu por bem não homologar as compensações efetuadas no período de 11/2009 a 09/2010, com direitos creditícios decorrente da aquisição de produtos rurais, ocorridas de 01/2005 a 02/2008, junto a produtores rurais pessoa física e segurados especiais. Primeiramente, cumpre esclarecer que a impugnante atua no mercado nacional e internacional como produtora de couro (CNAE 15.10.600), e no exercício de suas atividades esta sujeita ao recolhimento das contribuições previdenciárias previstas em Lei. O i. fiscal alegou no termo de verificação e conclusão fiscal que "o primeiro passo para se pleitear compensação, restituição ou repetição de indébito é a desconstituição do crédito tributário, ou seja, o contribuinte deveria retificar todas as GFIPs, referentes ao meses de 01/2005 a fevereiro de 2008, destas não fazendo constar as aquisições de couros junto a produtores rurais pessoas físicas e segurados especiais. Modo de agir inobservado pela pleiteante do crédito em comento". O i. julgador tributário acompanhou o entendimento da fiscalização. Contudo, a tese acima citada é claramente falaciosa. Isso porque, de acordo com o Código Tributário Nacional, em seu artigo 165, temos: (...) Em outras palavras o Código Tributário Nacional, confere ao contribuinte o direito de pleitear restituição total ou parcial do tributo que for paga indevidamente ou a maior. Verificase que o artigo em comento não impõe qualquer condição para o pedido de restituição. Dessa forma, podemos concluir que, não pode a legislação infra complementar se sobrepor a Lei Complementar e estabelecer condições para a restituição do direito creditório. Portanto, o simples descumprimento de obrigações acessórias, como é o caso, não tem o condão por si só, de descaracterizar o direito creditório da impugnante. Passemos ao mérito da questão. Fl. 935DF CARF MF 12 Sabese que a própria Constituição Federal determina que sejam respeitados e bem cumpridos seus princípios, pois muitas vezes, uma lei é tida por inconstitucional não por ferir letra expressa da Constituição, mas porque é contrária aos seus princípios (ainda que implícitos) insertos neste Diploma Excelso. Veja, a Constituição Federal em seu artigo, 149, §2.°, inciso I, prevê que em relação às contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação. (...)" (destaques não constam do recurso) Prossegue a Recorrente em suas alegações, demonstrando que não pode a legislação tributária, por meio de atos infra legais, obstar uma imunidade, que por óbvio, decorre de determinação constitucional. Não assiste razão ao Recorrente. Vejamos seus argumentos sobre o tema (fls 906): "Art. 149 (...) § 2° As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional n° 33, de 2001) I não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; (Incluído pela Emenda Constitucional n° 33, de 2001) Da análise do dispositivo acima mencionado, concluímos que sua inclusão tem como intuito beneficiar a todos que comercializam sua produção para o exterior, em relação a não incidência das contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico sobre as receitas de exportação. Dessa forma, verificase que a Instrução Normativa 971/2009, em seu artigo 170, restringiu o benefício da imunidade apenas para as exportações cuja produção for comercializada diretamente com adquirente domiciliado no exterior. Com essa restrição imposta pela Instrução Normativa, as operações de exportação realizadas por empresas comerciais e trading companies exportadoras foram oneradas pelas contribuições previdenciárias, uma vez que foram consideradas como receitas provenientes do comércio interno e não de exportação. Em outras palavras, o atual panorama significa que as receitas de exportação por produtores agrícolas e agroindústrias via comercial exportadora ou trading passam a entrar no cálculo e a pagar a Previdência. Observase que a IN 971/2009, ofende frontalmente o disposto Constitucional, uma vez que a Constituição Federal não faz qualquer distinção entre as exportações realizadas diretamente e aquelas efetuadas através de empresa comercial exportadora, Fl. 936DF CARF MF Processo nº 15940.720182/201319 Acórdão n.º 2201003.415 S2C2T1 Fl. 931 13 o que impede que qualquer outra norma inferior faça tal diferenciação. Fato esse que ocorreu no presente caso." A leitura do texto constitucional não deixa a menor sombra de dúvida. Não incide contribuição previdenciária espécie de contribuição social sobre as receitas derivadas de venda ao exterior. Sejamos específicos. Se uma empresa exportar uma mercadoria, não sofrerá exação sobre a contribuição social incidente sobre a receita decorrente dessa operação de venda ao exterior. Ora, para que essa norma imunizante alcance as contribuições previdenciárias essas devem incidir por óbvio sobre a receita da empresa exportadora. Cediço que a regra geral de incidência da contribuição previdenciária é o valor da remuneração dos segurados que trabalham, qualquer que seja o vínculo desse trabalho, ao empregador, assim entendido aquele que oferece trabalho remunerado à pessoa física. Tal entendimento encontra embasamento constitucional no inciso I, alínea 'a', artigo 195 da Carta Fundamental e fundamento legal nos incisos I e III do artigo 22 da Lei nº 8.212/91. Porém, exceções há. O artigo 22A e o artigo 25, excepcionam a contribuição do produtor rural pessoa física e pessoa jurídica, além da agroindústria. Esses contribuem sobre a receita bruta decorrente da produção rural que comercializem. Do cotejamento do acima exposto, podemos inferir que para que a imunidade prevista no artigo 149, § 2º, I seja aplicável às contribuições previdenciárias, essas devem incidir sobre a comercialização da produção rural, ou seja, o sujeito passivo deve ser produtor rural, pessoa física ou jurídica ou ainda, agroindústria. Quanto às estas últimas, agroindústrias, o código de seu enquadramento sindical, FPAS, decorrente de sua atividade econômica, para fins da substituição tributária da base de cálculo mencionada, é o 744. A própria Recorrente, como se observa nas GFIP acostadas às folhas 69 e seguintes (Anexo do Relatório Fiscal), se enquadra no FPAS 507, aplicável às indústrias em geral. Tal explicação demonstra o porquê que a compensação efetuada pela Recorrente ocorreu sobre os valores por ela retidos dos produtores rurais pessoas físicas de quem ela, recorrente, adquiriu os produtos rurais que ensejam a substituição tributária. Ora, é claro que tal situação não está abarcada pela imunidade constante do artigo 149 da Constituição Federal. Imune é a exportação. Imune é a receita decorrente do produto final enviado ao exterior, seja esse produto uma mercadoria ou um serviço. Não é imune o valor da aquisição de um produto rural necessário para a industrialização de um produto que venha a ser importado. Não é isso que consta da Carta Magna. Mister ainda ressaltar, com tintas fortes, que o valor compensado pela Recorrente não foi por ela suportado. Como bem dito no relatório fiscal e reconhecido no Fl. 937DF CARF MF 14 recurso voluntário, o que há na aquisição de um produto rural diretamente do produtor pessoa física por uma empresa é o dever de reter e recolher o valor da contribuição previdenciária devida por esse produtor, o que se denomina na técnica tributária de dever de subrrogação. Vejamos as disposições da Lei de Custeio da Previdência Social: Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de I 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; II 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho. (...) Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas:(Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93) I a empresa é obrigada a: a) arrecadar as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço, descontandoas da respectiva remuneração; (...) III a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25 até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da operação de venda ou consignação da produção, independentemente de essas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regulamento;" (destaquei) Como dito, tal situação não é desconhecida do Recorrente (fls 904): "Nesse ponto a douta fiscalização entendeu por bem não homologar as compensações efetuadas no período de 11/2009 a 09/2010, com direitos creditícios decorrente da aquisição de produtos rurais, ocorridas de 01/2005 a 02/2008, junto a produtores rurais pessoa física e segurados especiais" (destaquei) Expresso o comando normativo (IN RFB nº 971/09), sobre o tema da subrrogação no dever de recolher o tributo após a devida retenção dos valores devidos pelo produtor rural: Art. 78. A empresa é responsável: (...) V pela arrecadação, mediante desconto, e pelo recolhimento da contribuição do produtor rural pessoa física e do segurado Fl. 938DF CARF MF Processo nº 15940.720182/201319 Acórdão n.º 2201003.415 S2C2T1 Fl. 932 15 especial incidente sobre a comercialização da produção, quando adquirir ou comercializar o produto rural recebido em consignação, independentemente dessas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com o intermediário pessoa física, observado o disposto no art. 184;" (destaquei) Por óbvio que os valores compensados não são direitos creditórios da Recorrente. Esse entendimento é explicitado na legislação tributária. Vejamos os artigo da IN RFB nº 900/08, vigente à época dos fatos, sobre o tema. Art. 44. O sujeito passivo que apurar crédito relativo às contribuições previdenciárias previstas nas alíneas "a" a "d" do inciso I do parágrafo único do art. 1º, passível de restituição ou de reembolso, poderá utilizálo na compensação de contribuições previdenciárias correspondentes a períodos subseqüentes. (...) § 5ºA empresa ou equiparada poderá efetuar a compensação de valor descontado indevidamente de sujeito passivo e efetivamente recolhido, desde que seja precedida do ressarcimento ao sujeito passivo. (...) § 7º A compensação deve ser informada em GFIP na competência de sua efetivação." (destaquei) Outro não poderia ser o comando normativo, posto que a compensação nada mais é do que um encontro de contas entre credor e devedor, como explicita o Código Civil em seu artigo 368. Claro que, no caso tributário, o sujeito passivo devedor da obrigação tributária deve ostentar crédito seu lembrar que no caso em apreço há expressa vedação de compensação de créditos de terceiros (artigo 74 , § 12, da Lei nº 9.430/960 contra o sujeito ativo. Importante não esquecer que o direito à compensação em matéria tributária decorre de lei. O instituto da compensação é forma de extinção do crédito tributário, consoante o disposto no artigo 156 do Código Tributário Nacional, Lei nº 5.172/66, recepcionada pela Carta de 1988 (artigo 146, III) como lei complementar. Tratando especificamente do tema, o Códex Tributário explicita em seu artigo 170: "Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a Fl. 939DF CARF MF 16 correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento." (negritei) Exsurge da leitura do texto legal que os limites da compensação decorrem de expressa previsão legal, uma vez que a lei pode estipular não só a própria compensação em si, como também as condições e garantias que a autorizem. Não cabe ao interprete do direito, tampouco ao sujeito passivo, estipular as condições da compensação dos eventuais créditos existentes frente ao débito decorrente do surgimento da obrigação tributária. Explicitando o caráter singular da compensação tributária, leciona Luis Eduardo Schoueri (Direito Tributário, 3ª ed., Ed. Saraiva, pg. 619): "Em matéria tributária, não se aplica a compensação legal regulada no Código Cvil. Na verdade, quando o novo Código Civil foi promulgado, seu artigo 374 estendia o instituto à matéria fiscal, mas o referido artigo, matéria de lei complementar nos termos do artigo 146 da Constituição Federal, foi imediatamente revogado pela Lei nº 10.677/03. Assim, aplicase o que dispõe o artigo 170 do Código Tributário Nacional: (...)" (negritei) Paulo de Barros Carvalho (Curso de Direito Tributário, 14ª ed. Ed. Saraiva, pag. 457), no mesmo sentido das especificidades da compensação tributária, nos lembra que: "Sempre em homenagem ao princípio da indisponibilidade dos bens públicos, o Código Tributário Nacional acolhe o instituto da compensação como forma extintiva, mas desde que haja lei que autorize. É a seguinte a redação do seu art. 170: (...)" (destaquei) Os dois professores titulares de Direito Tributário na Faculdade de Direito do Largo São Francisco apontam de maneira inequívoca a necessária autorização legal para que exista a compensação tributária. Schoueri (ob. cit. pg.620) é veemente quanto à questão: "Relevante, outrossim, notar que, na matéria fiscal, a compensação somente se dá quando a lei autorizar, e nos limites desta. Não há um direito assegurado à compensação ampla e irrestrita. Diversos Municípios não preveem compensação. Nesses casos, o sujeito passivo mantém sua obrigação, mesmo tendo créditos contra a Administração Pública" (destaques não constam do original) Patente a ausência de direito à compensação fora dos limites da lei tributária. Nesse sentido os argumentos da recorrente padecem de respaldo jurídico. Há, forçosamente, que se verificar no caso concreto quais as exigências legais que permitem a extinção do crédito tributário relativo às contribuições previdenciárias por meio de compensação. De plano constatamos que existe permissivo legal para a compensação. A Lei de Custeio da Previdência Social, Lei nº 8.212/91, em seu artigo 89, prescreve: "Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas 'a', 'b' e 'c' do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a Fl. 940DF CARF MF Processo nº 15940.720182/201319 Acórdão n.º 2201003.415 S2C2T1 Fl. 933 17 terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil." (negritei) Voltando os olhos para as condições estabelecidas pela RFB, encontramos na Instrução Normativa RFB nº 900, vigente à época dos procedimentos, as regras necessárias para o encontro de contas. Não obstante todo o exposto, fundamento mais do que suficiente para validar a glosa realizada, mister realçar, como bem o faz a Autoridade Lançadora, que a legislação tributária expressamente exige que o Contribuinte expressamente declare a compensação efetuada na competência na GFIP, como se observa no § 7º do artigo 44 da IN RFB 900/08, acima transcrito. Ao assim não proceder, descumpriu o Recorrente preceito normativo determinante par o regular exercício do direito à compensação. Mister realçar que tal comando tem o desiderato de garantir à Administração Tributária a informação que impacta seu direito de crédito e seu dever de fiscalização e cobrança. Regular a glosa das compensações dos créditos decorrentes da subrogação da contribuição previdenciária incidente sobre comercialização da produção do produtor rural pessoa física, realizada pelo Fisco Portanto, diante de todo o exposto, nego provimento ao recurso nesta parte. DA COMPENSAÇÃO COM VALORES DECLARADOS EM GFIPS NO PERÍODO DE 01/2005 A 10/2009 SUBSÍDIO APOSENTADORIA ESPECIAL 6% Se insurge a Recorrente contra a glosa das compensações realizadas em razão do aproveitamento, pelo contribuinte, de valores pagos a título de adicional do SAT para o financiamento da aposentadoria especial. São os argumentos constantes do apelo (fls 910): Aqui também a douta fiscalização entendeu por bem não homologar as compensações efetuadas no período de 11/2009 a 12/2010, com direitos creditícios decorrentes do recolhimento indevido do subsídio Aposentadoria especial de 6%. A fiscalização sem maiores fundamentações deduziu que "pela atividade da empresa resta claro que alguns funcionários estão expostos a agentes nocivos e perigosos." O que, por si, já se constitui em cerceamento de defesa e em nulidade pela falta de fundamentação. Conforme previsto no Anexo IV do Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto n° 3,048/99, o rol de agentes nocivos é exaustivo, enquanto que as atividades listadas, é apenas exemplificativo, verbis Fl. 941DF CARF MF 18 O que determina o direito ao benefício é a exposição do trabalhador ao agente nocivo presente no ambiente de trabalho e no processo produtivo, em nível de concentração superior aos limites de tolerância estabelecidos. (Redação dada pelo Decreto, n° 3.265, de 1999) O rol de agentes nocivos é exaustivo, enquanto que as atividades listadas, nas quais pode haver a exposição, é exemplificativa. (Redação dada pelo Decreto, n° 3.265, de 1999) Conforme se extrai do art. 291, incisos I, IV e V da INRFB 971/09, para aferição sobre a existência ou não de riscos ambientais em níveis que prejudiquem a saúde ou a integridade física do trabalhador e que justifiquem a obrigatoriedade do recolhimento do RAT a 6%, nestes termos: (...) Assim, não pode a fiscalização se basear apenas na atividade da empresa para definir a incidência ou não da contribuição de 6%, seria necessário a verificação através de laudos e documentos elencados na INRFB 971/09, se os funcionários realmente tiveram contato com os agentes nocivos listados. Não temos noticias que tais documentos tenham sido solicitados e examinados pela fiscalização. Essa falha procedimental é suficiente para afastar a exigência , ainda que não obste diligencias e verificações posteriores. É o que se requer." Sobre o tema, assim se pronunciou a decisão de piso (fls. 880): "Em relação à contribuição adicional para o financiamento da aposentadoria especial, a impugnante alega a necessidade de verificação, pela fiscalização, da efetiva exposição dos trabalhadores a agentes nocivos. De fato, tal procedimento é necessário para que a fiscalização possa constituir o crédito tributário relativo ao referido adicional. Todavia, este não é o caso em tela. Isso porque a empresa declarou em GFIP, no período de 01/2005 a 10/2009, a exposição de alguns trabalhadores a agentes nocivos, confessando, portanto, nos termos do §2º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, ser devido o referido adicional. Desta forma, não é cabível a compensação da contribuição anteriormente declarada, sem a prévia retificação das GFIP em que seus valores foram declarados como devidos, como explicitado acima. Correta, portanto, a glosa da compensação efetuada pela autoridade lançadora." Como bem apontado pela Recorrente, a exigência do adicional GILRAT, assim denominado a contribuição adicional ao seguro acidente do trabalho em razão da aposentadoria especial decorrente da exposição ao agentes físicos, químicos ou biológicos nocivos a saúde do trabalhador , depende da comprovação da efetiva exposição dos trabalhadores ao agentes nocivos. Fl. 942DF CARF MF Processo nº 15940.720182/201319 Acórdão n.º 2201003.415 S2C2T1 Fl. 934 19 Porém, no caso em tela, a própria empresa declarou em GFIP a exposição de alguns de seus trabalhadores, o que, aliado à atividade empresarial desenvolvida, permitiu ao Auditor Fiscal a presunção da efetiva exposição desses trabalhadores com a consequente exação. Porém, diferentemente do alegado, com o fito de comprovar a ilação realizada, a Autoridade Fiscal intima a empresa a comprovar o direito à compensação realizada, como se pode comprovar pelo TIPF constante das folhas 100. Vejamos a transcrição do trecho em comento: Tanto assim o foi que, em resposta, o Contribuinte alega (fls 110): Se observa, portanto, que houve, por parte do Fisco a intimação para a comprovação do direito de compensação. Tal intimação foi recebida e respondida pelo sujeito passivo que, além de não comprovar seu direito à compensação, posto que aqui sim, necessária a prova documental da não exposição dos trabalhadores ao agente nocivo presente no meio ambiente do trabalho, não foi precedida da necessária formalidade, verdadeira instrumentalidade do direito de compensação, previsto na Lei de Custeio de Previdência Social. Logo, não se pode admitir o recurso nessa parte, posto que o sujeito passivo confessa dívida tributária, recolhe o valor devido e, tempos depois, sem nenhuma comprovação de eventual erro, e mais, sem cumprir a formalidade prevista na Lei, o dever de informação, se compensa do valor pretensamente representativo de indébito. Fl. 943DF CARF MF 20 Mister recordar que o CTN expressamente preceitua no artigo 147, ao tratar das declarações em âmbito tributário: "§ 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento." Glosa de compensação corretamente realizada. Recurso negado também nessa parte. RETENÇÃO DA LEI 9.711/98 DECLARADA EM GFIP Sobre o tema, consta do recurso (fls 912): "De inicio voltamos a afirmar, conforme já informado à fiscalização, que não prestamos qualquer serviço as empresas ou entidades informadas no Relatório Fiscal. Em verdade a empresa foi vítima de uma quadrilha que afirmava possuir créditos junto a União, que mediante ardil, ludibriou os diretores da empresa até a assinatura dos contratos e, supostamente para regularizarem as compensações junto a Receita Federal do Brasil, de posse da senha da empresa, efetuaram a inserção de dados e informações nas GFIPs que não representam a realidade, nos períodos de 11/2009, 01/2011, 06/2011, 11/2011 e 12/2011. Quando do inicio do procedimento fiscal a empresa já havia efetuado a transmissão de GFIPs retificadoras de forma a reverter as informações ao status quo ante, mas o processamento das retificadoras foi obstado pela fiscalização. Diferentemente do que entendeu o i. julgador, com a reaquisição da espontaneidade em 11/12/2012, cujos efeitos retroagem para todo o período anterior, essas declarações que se encontram bloqueadas pela fiscalização devem ser processadas e afastadas a exigência de multa isolada de ofício. Repitase, a impugnante acreditou estar lançando mão de planejamento tributário, absolutamente lícito, não existindo motivos para ser diferente, já que pelo fato de ser exportadora é constantemente fiscalizada, no mais das vezes por conta de medida judicial impetrada com esse fim. Outrossim, a empresa ora impugnante, agindo na mais pura boafé, informou prontamente a fiscalização, bem como, ingressou com medidas judiciais na esfera criminal e cível para responsabilizar os contratados e ressarcirse dos prejuízos sofridos." Assim se pronunciou a decisão de piso (fls. 881): "Em relação à retenção da Lei nº 9.711, de 1998, a empresa afirma terem sido as retenções declaradas indevidamente, por Fl. 944DF CARF MF Processo nº 15940.720182/201319 Acórdão n.º 2201003.415 S2C2T1 Fl. 935 21 inexistentes, nos períodos de 11/2009, 01/2011, 06/2011, 11/2011 e 12/2011. Afirma que, no início do procedimento fiscal, a empresa já havia efetuado a transmissão de GFIP retificadoras, mas seu processamento foi obstado pela fiscalização. Todavia, em decorrência da reaquisição da espontaneidade em 11/12/2012, considera que as referidas declarações devem ser processadas e, por conseguinte, afastada a multa de oficio. Conforme disposto no Manual da GFIP, para a Previdência Social, deve haver apenas uma GFIP para cada chave, transmitida pelo empregador ou contribuinte. A chave de uma GFIP, por sua vez, é composta pelos seguintes dados: CNPJ do empregador, competência, código de recolhimento, FPAS e, for o caso, CNPJ do tomador de serviços. Havendo a transmissão de mais de uma GFIP para o mesmo empregador, competência, código de recolhimento, FPAS e, se for o caso, CNPJ do tomador (mesma chave), a GFIP transmitida posteriormente é considerada como retificadora para a Previdência Social, substituindo a GFIP transmitida anteriormente, ou é considerada uma duplicidade, dependendo do número de controle. Verificase constar dos autos o Anexo de fls. 69/74, o qual relaciona as GFIP consideradas válidas pela fiscalização quando da emissão do Termo de Início do Procedimento Fiscal. Por outro lado, em consulta ao sistema GFIPWEB, verificase terem sido enviadas, para as competências acima citadas, as seguintes GFIP, após o início da ação fiscal, em 07/05/2012: (...) Considerando a data de recebimento do Termo de Início do Procedimento Fiscal, em 07/05/2012, e a data de recebimento do Termo de Ciência e Continuidade do Procedimento Fiscal, em 11/12/2012, devese verificar a situação das GFIP enviadas neste intervalo de tempo. Verificase, inicialmente, que, para a competência 11/2009, não foram enviadas novas GFIP. Para as demais competências, as GFIP a serem apreciadas são as enviadas em 26/06/2012. Dentre estas, enviadas em 26/06/2012, devese desconsiderar aquelas com status “em duplicidade”, visto que, neste caso, a referida GFIP possui mesmo número de controle da última GFIP informada, não sendo, portanto, retificadora. Restam, assim, apenas as GFIP enviadas para as competências 11/2011 e 12/2011, para se verificar se as mesmas são retificadoras. Em relação à competência 11/2011, verificase serem válidas antes do início da ação fiscal, conforme consta do Anexo de fls. Fl. 945DF CARF MF 22 69/74 e do sistema GFIPWEB, as GFIP com as seguintes chaves: CNPJ: 03.582.844/000186; competência: 11/2011; código de recolhimento: 150; FPAS 507, enviada em 23/03/2012, e CNPJ: 03.582.844/000186; competência: 11/2011; código de recolhimento: 155; FPAS 507, enviada em 06/01/2012. O valor da retenção foi informado na GFIP com código de recolhimento 150, tendo como tomador a própria empresa. A GFIP enviada em 26/06/2012 possui código de recolhimento 155, não sendo, portanto, retificadora da GFIP com código de recolhimento 150, visto serem de chaves distintas Desta forma, também para a competência 11/2011, não houve entrega de GFIP retificadora, pelo que não é cabível o pleito do autuado. Por fim, para a competência 12/2011, verificase que a GFIP considerada válida pela fiscalização, na qual foi informado o valor da retenção, tendo como tomador a própria empresa, tem a seguinte chave: CNPJ: 03.582.844/000186; competência: 12/2011; código de recolhimento: 155; FPAS 507, enviada em 14/02/2012. Por outro lado, verificase que a GFIP enviada em 26/12/2012, conforme tabela acima, tem a mesma chave da GFIP citada, enviada em 14/02/2012. Ainda, verificase, no sistema GFIPWEB, conforme mostrado no quadro acima, que a referida GFIP foi marcada com dois indicadores de bloqueio de processamento: o identificador AF (ação fiscal) código 8, que indica o bloqueio do processamento da GFIP enviada em razão de este ter sido posterior ao início da ação fiscal, e o indicador BLQ (bloqueio por débito) – código 03, que resulta de um procedimento automático executado pelo sistema informatizado, após o vencimento de uma intimação para pagamento (IP), o qual impede o processamento de nova GFIP que vise à retificação de informações anteriores da mesma chave e que tenha por objetivo a redução de fatos geradores. O bloqueio decorrente do identificador AF, código 8, poderia ser superado, tendo em vista a recuperação da espontaneidade do sujeito passivo, acima explicitada. Todavia, o bloqueio decorrente do identificador BLQ, código 3, o qual ocorre após o vencimento de uma intimação para pagamento (IP) e impede o processamento de nova GFIP que vise à retificação de informações anteriores da mesma chave e que tenha por objetivo a redução de fatos geradores, não pode ser desconsiderado pelo órgão julgador, tendo em vista o disposto na IN RFB nº 971, de 2009: (...) Em consulta ao sistema GFIPWEB, observase que o campo “Valor devido à Previdência Social” da GFIP enviada em 26/12/2012 apresenta valor menor que aquele constante da GFIP anterior, enviada em 14/02/2012: R$357.260,76 e R$382.652,89, respectivamente. Fl. 946DF CARF MF Processo nº 15940.720182/201319 Acórdão n.º 2201003.415 S2C2T1 Fl. 936 23 Considerando que a GFIP enviada em 26/12/2012 visa substituir uma GFIP anterior de mesma chave, para a qual foi emitida Intimação para Pagamento, e considerando que a referida GFIP apresenta valor devido à Previdência Social menor que o anteriormente informado, o que ensejou o bloqueio de seu processamento, não cabe sua apreciação por esta instância administrativa de julgamento, visto não terem sido observados os dispositivos acima transcritos. Desta forma, também não há que se falar em retificação do lançamento efetuado pela autoridade lançadora relativo à competência 12/2011." A minudente e bem explicitada decisão de piso não merece reparo nessa parte e conta com minha total aquiescência. Como consta no voto condutor da decisão de primeiro grau, tendo ocorrido, como reconhecido pelo Recorrente, declaração de valores de crédito decorrente de retenção, necessário verificar, nos termos da legislação vigente, se houve previamente à ação fiscal entrega de GFIP's retificadoras aptas a corrigir a informação prestada e constituidora do crédito tributário devido em razão da correção do erro reconhecido. Não se observou tal efeito para as retificadoras encaminhadas. Logo, a glosa da compensação realizada deve ser mantida. Recurso negado também nessa parte. MULTA POR COMPENSAÇÕES INDEVIDAS Alega o Recorrente: Conforme já informado anteriormente a impugnante foi vítima de uma quadrilha, que se apresentava como detentora de créditos em face da União Federal, e que poderiam fazer a compensação com os seus débitos vencidos, dentro da estrita legalidade. Acreditando estar fazendo um planejamento tributário lícito, contratou as empresas MM Consultoria Empresarial Ltda. CNPJ 07.695.495/000160 e Bachega e Miralha Sociedade de Advogados Ltda., que se comprometiam a ceder referidos créditos e a efetuar todos os procedimentos administrativos para a compensação Durante o procedimento de fiscalização emergiram as 'falcatruas' e informações indevidas inseridas nas GFIPs, fato esse, repelido veementemente pela impugnante, tanto que busca na justiça a responsabilização cível e criminal dessas pessoas. A boa fé da impugnante é patente, pois não se furtou a prestar os esclarecimentos tão logo solicitados pela fiscalização, pois, se tivesse conhecimento 'amais autorizaria qualquer procedimento nesses moldes. Fl. 947DF CARF MF 24 O .Relatório Fiscal informa que a impugnante utilizou créditos oriundos de terceiros e de créditos inexistentes, sendo pertinente "a aplicação da multa isolada em dobro, nos termos do §10, do artigo 89 da Lei n° 8.212/91, combinado com o artigo 44, I da Lei n° 9.430/96". Somente isso não é suficiente para embasar a aplicação da multa isolada em dobro, tendo em vista a comprovação da boa fé da autuada. Conforme prevê a legislação de regência, para que se torne possível a aplicação da multa agravada, necessário se faz a comprovação de que houve sonegação, fraude ou conluio, o que não se verifica no presente caso" (destaquei) Consta do Relatório Fiscal (fls. 63): "Cumpre aduzir que a Vitapelli não produziu nenhuma prova de que a as cessionárias suso mencionadas fossem detentoras de tais créditos. Ainda que as supostas cedentes fossem detentoras de tais créditos e, de fato, os tivessem repassado a cessionária, não há previsão legal para que tais valores possam afastar o pagamento das contribuições previdenciárias declaradas pelo contribuinte ou reclamadas de ofício. Outrossim, a Vitapelli Ltda nos meses 11/2009 a 11/2010 compensou contribuições previdenciárias referente aquisições de produtos rurais ocorridas nos meses de 01/2005 a 02/2008 e créditos referente 6% (seis por cento) para garantir a aposentadoria especial a alguns segurados que prestaram serviços sujeito a riscos ambientais, referente ao período de 01/2005 a 08/2009. (...) As compensações em comento foram levadas a efeito em diversas GFIPs, conforme demonstrado no quadro abaixo: Portanto, é pertinente a aplicação da multa isolada em dobro, nos termos do § 10 do artigo 89 da lei n° 8.212/91, combinado com o artigo 44,1 da lei n.° 9.430/96. Assim, conforme quadro abaixo, resta demonstrado a glosa das compensações indevidas (estão incluídas as retenções da Lei 9711/98, as quais absolutamente não existiram, conforme já predito no presente relatório) e as respectivas competências em que as GFIPs válidas (gfip válida é aquela enviada antes do início do procedimento fiscal e, concomitantemente, não tenha sido excluída pelo contribuinte) foram enviadas como sendo a competência em que se aplicou a multa isolada (...) Pelo circunstanciado, restou caracterizado a falta da declaração em GFIP, por conseguinte, será reclamado o Fl. 948DF CARF MF Processo nº 15940.720182/201319 Acórdão n.º 2201003.415 S2C2T1 Fl. 937 25 valor não declarado e não recolhido, aplicandose a multa de ofício do inciso I do artigo 44 da Lei n° 9.430/896. Importante esclarecer que a exação fiscal capitulada no parágrafo anterior, não poderá ser cumulada com a autuação por não declarar. Assim, por óbvio, não haverá a multa com o código fundamentação legal 77." A imposição de penalidades cabe, segundo expressa disposição do artigo 142 do CTN à autoridade lançadora. Tal poder enseja o dever dessa mesma autoridade em comprovar tal imposição de pena, ou seja, para que a penalidade aplicada subsista, é ônus da Administração Tributária comprovar que houve a prática reprovada legalmente e motivadora da sanção legal. Tal entendimento encontra apoio na legislação tributária. Recordemos as disposições do Decreto nº 70.235/72: "Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito" (destaquei) Logo, em que pese as alegações da Recorrente, a imputação da penalidade majorada decorre da comprovação da conduta prevista na lei. Portanto, é do texto legal que se retira a pratica vedada pelo ordenamento e a quantificação de sua reprovação. É no relatório fiscal que se comprova que o sujeito passivo, ou terceiro em favor dele, incidiu na conduta ativa ou omissiva proibida pela lei. Simples assim! Determina a Lei de Custeio da Previdência: "Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas 'a', 'b' e 'c' do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (...) § 10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado" (negritei e sublinhei) Não restam dúvidas sobre o ditame da lei. Havendo falsidade na declaração prestada pelo sujeito passivo caberá a multa que aqui se discute. Fl. 949DF CARF MF 26 Ressaltemos: Não se discute o dolo, fraude ou simulação. Nenhuma dessas condutas constam do tipo sancionador. A única questão que se deve ponderar é: houve falsidade na declaração prestada? Falsa declaração, segundo a ínclita Professora Maria Helena Diniz (Dicionário Jurídico Universitário, Ed. Saraiva, pag. 263), é: "Falsa declaração. 1. Direito civil. Dizse da declaração negocial que não corresponde à verdade ou à realidade dos fatos. 2. Direito Penal. a) Crime contra a fé pública que consiste em inserir declaração diversa da que devia ser escrita, ou não correspondente à realidade, com intuito de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar verdade sobre fato jurídico relevante, apenado com reclusão e multa. Tratase do crime de falsidade ideológica. (...)"(destaquei) Tratando do tema, Alexandre Macedo Tavares (A não Homologação da Compensação e/ou o Indeferimento de Pedido de Ressarcimento e a Endêmica Multa de Ofício, Revista Dialética de Direito Tributário, Vol. 202, Ed. Dialética, pg.46) , afirma sobre a falsidade de declaração constante do texto legal: "Tratase de modalidade comissiva, onde o agente (contribuinte), diretamente, insere informação falsa ou diversa do que deveria ter sido escrita" Assentes na definição da falsidade exigida pela Lei como conduta reprovável e ensejadora da sanção, vejamos se o Fisco pode comprovar que a conduta do contribuinte se coaduna com o agir reprovado pelo ordenamento. Reproduzo novamente, com a devida desculpa pela repetição, o seguinte trecho do Relatório Fiscal, (fls 64): " As compensações em comento foram levadas a efeito em diversas GFIPs, conforme demonstrado no quadro abaixo: Portanto, é pertinente a aplicação da multa isolada em dobro, nos termos do § 10 do artigo 89 da lei n° 8.212/91, combinado com o artigo 44,1 da lei n.° 9.430/96. Assim, conforme quadro abaixo, resta demonstrado a glosa das compensações indevidas (estão incluídas as retenções da Lei 9711/98, as quais absolutamente não existiram, conforme já predito no presente relatório) e as respectivas competências em que as GFIPs válidas (gfip válida é aquela enviada antes do início do procedimento fiscal e, concomitantemente, não tenha sido excluída pelo contribuinte) foram enviadas como sendo a competência em que se aplicou a multa isolada " (destaquei) Patente a conduta do contribuinte. Não apresenta base legal para o direito de compensação de valores decorrentes de subrrogação da contribuição do produtor rural pessoa física, não comprova o direito de compensação do adicional GILRAT; adquire valores de terceiros para compensação da retenção de 11% ao arrepio expresso da lei. Fl. 950DF CARF MF Processo nº 15940.720182/201319 Acórdão n.º 2201003.415 S2C2T1 Fl. 938 27 Há inserção de informação diversa da que deveria ter sido escrita, informação falsa portanto. Não é crível que empresa de tal porte, não possa contatar profissional, ou membro de sua equipe que verifique a regularidade dos procedimentos que pretende adotar. Mesmo não o fazendo, o que se analisa somente por hipótese, não é crível, aos olhos deste julgador, que o Contribuinte não conheça a lei e nem verifique a idoneidade de uma assessoria que pretenda contratar. Importa realçar que, não é qualquer informação diversa que no meu entendimento cause a qualificadora prevista na norma. Dúvidas interpretativas reais, possibilidades de duplo entendimento, ou mesmo, casuísmos raros, podem ensejar uma informação errônea na declaração, porém, sem atrair a pena. Porém, no lançamento em apreço, houve, como comprovado pelo Fisco, inserção de informação falsa pois diversa da realidade existente no caso concreto causadora de compensação indevida. Observase a incidência da norma geral e abstrata contida na Lei de Custeio. Multa isolada aplicável. Recurso negado também nessa parte CONCLUSÃO Diante de todo o exposto e pelos fundamentos apresentados, voto por conhecer do recurso voluntário, rejeitar a preliminar de nulidade arguída e no mérito, negar provimento ao recurso. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Relator Fl. 951DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14367.000306/2008-87
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Feb 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/01/2005
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.727
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 36 7. 00 03 06 /2 00 8- 87 Fl. 856DF CARF MF Processo nº 14367.000306/200887 Acórdão n.º 9202004.727 CSRFT2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10660.722287/201173. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo ofereceu contrarrazões, pugnando pela negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.650, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10660.722287/201173, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.650): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 857DF CARF MF Processo nº 14367.000306/200887 Acórdão n.º 9202004.727 CSRFT2 Fl. 4 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De início, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262, de 23/06/2016, cuja ementa a seguir se transcreve: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 858DF CARF MF Processo nº 14367.000306/200887 Acórdão n.º 9202004.727 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, é necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o parágrafo anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106, do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA, somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP, não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que, na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, correspondente aos 75% previstos no art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingido pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime, proferido no Acórdãonº9202004.499, de 29/09/2016: Fl. 859DF CARF MF Processo nº 14367.000306/200887 Acórdão n.º 9202004.727 CSRFT2 Fl. 6 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 860DF CARF MF Processo nº 14367.000306/200887 Acórdão n.º 9202004.727 CSRFT2 Fl. 7 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 861DF CARF MF Processo nº 14367.000306/200887 Acórdão n.º 9202004.727 CSRFT2 Fl. 8 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 862DF CARF MF Processo nº 14367.000306/200887 Acórdão n.º 9202004.727 CSRFT2 Fl. 9 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Nesse passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 863DF CARF MF Processo nº 14367.000306/200887 Acórdão n.º 9202004.727 CSRFT2 Fl. 10 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 864DF CARF MF Processo nº 14367.000306/200887 Acórdão n.º 9202004.727 CSRFT2 Fl. 11 10 Em face ao exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 865DF CARF MF
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