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Numero do processo: 10865.900353/2006-99
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/11/2002 a 30/11/2002
PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO COMPROVADO EM DILIGÊNCIA.
Com a comprovação em diligência de parte do pagamento indevido ou a maior, o contribuinte tem crédito passível de compensação.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3301-003.065
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Giovani Vieira e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/11/2002 a 30/11/2002 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO COMPROVADO EM DILIGÊNCIA. Com a comprovação em diligência de parte do pagamento indevido ou a maior, o contribuinte tem crédito passível de compensação. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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Voluntário Acórdão nº 3301003.065 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de agosto de 2016 Matéria COFINS COMPENSAÇÃO Substituição Tributária Recorrente AUTO POSTO AVENIDA CAMPINAS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/11/2002 a 30/11/2002 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO COMPROVADO EM DILIGÊNCIA. Com a comprovação em diligência de parte do pagamento indevido ou a maior, o contribuinte tem crédito passível de compensação. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Luiz Augusto do Couto Chagas Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Giovani Vieira e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 03 53 /2 00 6- 99 Fl. 211DF CARF MF Processo nº 10865.900353/200699 Acórdão n.º 3301003.065 S3C3T1 Fl. 204 2 Relatório Trata o presente de Declaração de Compensação PER/DCOMP apresentada pelo interessado visando a compensação de débito próprio com crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior para a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins do período de apuração de 11/2002, no valor de R$ 1.662,01. A compensação não foi homologada, conforme o Despacho Decisório, eletrônico, de fl. 4, por motivo de inexistência de crédito. Cientificado da decisão o interessado apresentou manifestação de inconformidade alegando, em breve síntese, que é comerciante varejista de combustíveis operando tão somente com produtos sujeitos à substituição tributária e, portanto, a contribuição para o PIS foi retida pela distribuidora. Alega que, indevidamente, fez o recolhimento da contribuição sobre as vendas de combustível e, portanto, utilizou o valor indevidamente recolhido para compensar com débito próprio. Continua, dizendo que à época não fez a retificação da DCTF, motivo pelo qual a compensação não foi homologada e, agora, regularizando a situação, apresentou a DCTF retificadora, bem como a DIPJ do anocalendário 2002, constando os valores corretos de receitas e débitos. Junta cópias das Notas Fiscais das vendas ocorridas no período e requer a homologação da compensação. A DRJ em Ribeirão Preto (SP) indeferiu a solicitação, nos termos da ementa abaixo transcrita: CONTRIBUINTE. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. REVOGAÇÃO. A partir de 1º de julho de 2000 foi revogado o regime de substituição tributária previsto na redação original da Lei nº 9.718, de 1998, cabendo, a partir dessa data, ao comerciante varejista de combustíveis apuração e o recolhimento das contribuições para o PIS e Cofins nos termos do disposto nos arts. 2º e 3º da Lei n° 9.718, de 1998. COMPENSAÇÃO, LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO DO SUJEITO PASSIVO. Não comprovada a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo, não é cabível a compensação com débitos próprios, nos termos da legislação aplicável art. 170 do CTN, e art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Discordando da decisão de primeira instância, a recorrente interpôs recurso voluntário. Em síntese, apresentou seguintes alegações: Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10865.900353/200699 Acórdão n.º 3301003.065 S3C3T1 Fl. 205 3 A recorrente concorda com a revogação da substituição tributária para a contribuição Cofins. Se antes, pela substituição tributária, era recolhido (retido pela distribuidora) diretamente pela compra na nota fiscal de combustível, obviamente a recorrente não estava obrigada a recolher a contribuição. A partir de 01/07/2000, com a MP 1.991/ 2000 e reedições, a Cofins incidente sobre a revenda de combustíveis dos comerciantes varejistas ficou reduzida a zero. Por fim, requer a recorrente que seja recebido, apreciado e provido o presente recurso para o fim de que seja cancelada a cobrança e homologada a compensação legalmente efetuada. A 1ª Turma Especial da 3ª Seção do CARF converteu o julgamento em diligência pois entendeu que o direito pleiteado pela recorrente é plausível, na medida em que esta, na condição de comerciante varejista (posto de combustíveis), não estava obrigada ao recolhimento da contribuição Cofins no PA 11/2002, informado na compensação pretendida. A diligência foi solicitada nos seguintes termos: (...) Pelo exposto, voto por converter o julgamento em diligência à DRF de origem, a fim de: apurar a base de cálculo da Contribuição Cofins para o período 11/2002, considerando a totalidade das receitas de vendas e serviços auferidas pela recorrente; apurar, relativamente às receitas acima, a parcela correspondente à venda de gasolina, óleo diesel, GLP e álcool carburante, sujeitas à alíquota zero; apurar a contribuição Cofins devida efetivamente pela recorrente no referido período, considerando o disposto na Lei nº 9.718/98 (arts. 3º, 4º e 5º) e na Medida Provisória nº 2.158/2001 (arts. 42 e 77); Retornar o processo a este CARF para julgamento. A diligência foi realizada pela Delegacia de origem, que chegou à seguinte conclusão: (...) A base de cálculo da Cofins, seria então a diferença: R$ 50.484,85, o que implicaria a Cofins devida no valor de R$ 1.514,55 (alíquota de 3%). É o relatório. Fl. 213DF CARF MF Processo nº 10865.900353/200699 Acórdão n.º 3301003.065 S3C3T1 Fl. 206 4 Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator. O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele tomase conhecimento. O fundamento do indeferimento do pedido formulado pelo contribuinte e a conseqüente não homologação da compensação por ele pretendida foi a indisponibilidade do pagamento informado como origem do crédito, em razão de estar vinculado a débito declarado em DCTF e, portanto, já tendo sido utilizado para quitação deste no sistema conta corrente. Isso se deve à análise superficial, realizada nos limites de sistema informatizado de informações da RFB, que consiste no batimento entre o pagamento informado como indevido e sua situação no conta corrente, se está disponível ou não, no qual não se está analisando efetivamente o mérito da questão, cuja análise somente será viável a partir da manifestação de inconformidade apresentada pelo requerente, na qual, esperase, seja descrita a origem do direito creditório pleiteado e sua fundamentação legal. Considerando a referida fundamentação, única apresentada ao contribuinte, este efetuou a retificação das informações prestadas na DCTF, objetivando liberar o pagamento e possibilitar sua utilização para fins de compensação. Informou na manifestação de inconformidade que seu direito decorreria do regime de substituição tributária aplicável à Cofins incidente sobre a receita decorrente da venda de combustíveis. A DRJ/Ribeirão Preto/SP concluiu pela manutenção do indeferimento do pedido, sob o fundamento de que no PA 11/2002 a requerente estaria obrigada ao recolhimento da contribuição Cofins, nos termos do artigo 4º da Lei nº 9.718/98, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 9.990/2000 e dos artigos 1º a 3º da mesma Lei 9.718/98. Entretanto, como bem dito da Resolução que solicitou diligência à delegacia de origem, vêse que, apesar de efetivamente a alteração legislativa citada na decisão de 1ª instância ter acabado com o regime de substituição tributária para a Cofins, relativamente aos combustíveis, tal norma instituiu novo regime, o concentrado, fixando recolhimento único a ser realizado pelas refinarias de petróleo, no caso de gasolinas, exceto de aviação, de óleo diesel e de GLP (art. 4º da Lei nº 9.718/98, alterado pela Lei nº 9.990/2000). No caso do álcool para fins carburantes, o recolhimento concentrouse nas distribuidoras (art. 5º da mesma norma). Complementando tais disposições, a Medida Provisória nº 1.991/2000, reeditada até a de nº 2.158/2001, reduziu a zero a alíquota da contribuição Cofins incidente sobre a receita bruta decorrente da venda de gasolinas, exceto de aviação, de óleo diesel, de GLP e de álcool para fins carburantes, auferida pelos comerciantes varejistas. Tais alíquotas passaram a vigorar a partir de 1º de julho de 2000, conforme artigo 77 das normas citadas. Fl. 214DF CARF MF Processo nº 10865.900353/200699 Acórdão n.º 3301003.065 S3C3T1 Fl. 207 5 Assim, como já dito, o direito pleiteado pela recorrente é plausível, na medida em que esta, na condição de comerciante varejista, já que é posto de combustíveis, não estava obrigada ao recolhimento da contribuição Cofins no PA 11/2002, informado na compensação pretendida, concluindose, ainda, pelo equívoco da decisão recorrida, que não observou a legislação complementar àquela mencionada em seu acórdão. Na diligência solicitada à delegacia de origem, foi pedido: a) Apurar a base de cálculo da Cofins para o período 11/2002, considerando a totalidade das receitas de vendas e serviços auferidas pela recorrente; b) Apurar, relativamente às receitas acima, a parcela correspondente à venda de gasolina, óleo diesel, GLP e álcool carburante, sujeitas à alíquota zero; c) Apurar a Cofins devida efetivamente pela recorrente no referido período, considerando o disposto na Lei nº 9.718/98 (arts. 3º, 4º e 5º) e na Medida Provisória nº 2.158/2001 (arts. 42 e 77). A diligência se limitou a responder o item "c", isto é, a apuração da contribuição Cofins devida efetivamente pela recorrente no referido período, considerando o disposto na Lei nº 9.718/98 (arts. 3º, 4º e 5º) e na Medida Provisória nº 2.158/2001 (arts. 42 e 77). Entretanto, o relatório de diligência é suficiente para o deslinde da controvérsia. A delegacia de origem apurou que a Cofins devida no período de apuração 11/2002 seria de R$ 1.514,55 (alíquota de 3%). Assim, considerando que o crédito pleiteado no processo foi de R$ 1.662,01, e a contribuição devida de Cofins é de R$ 1.514,55, nos termos do que foi apurado pela delegacia de origem, temos que a diferença a que tem direito a recorrente é de R$ 147,46. Portanto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para considerar que houve pagamento indevido de Cofins no período de apuração 11/2002, de R$ 147,46. Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas Relator assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 215DF CARF MF Processo nº 10865.900353/200699 Acórdão n.º 3301003.065 S3C3T1 Fl. 208 6 Fl. 216DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.005195/2009-95
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. COMPROVADA A EXISTÊNCIA DO ALEGADO VÍCIO DE CONTRADIÇÃO. RETIFICAÇÃO DO ACÓRDÃO EMBARGADO. ADMITIDA.
Uma vez demonstrada a existência do vício de contradição entre o enunciado da ementa e teor do dispositivo e do voto condutor do acórdão, acolhe-se os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para integrar o voto condutor do julgado e ratificar o dispositivo do acórdão embargado.
Embargos Acolhidos.
Numero da decisão: 3302-003.708
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para rerratificar o acórdão embargado, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Orlando Rutigliani Berri, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. COMPROVADA A EXISTÊNCIA DO ALEGADO VÍCIO DE CONTRADIÇÃO. RETIFICAÇÃO DO ACÓRDÃO EMBARGADO. ADMITIDA. Uma vez demonstrada a existência do vício de contradição entre o enunciado da ementa e teor do dispositivo e do voto condutor do acórdão, acolhe-se os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para integrar o voto condutor do julgado e ratificar o dispositivo do acórdão embargado. Embargos Acolhidos.
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ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. COMPROVADA A EXISTÊNCIA DO ALEGADO VÍCIO DE CONTRADIÇÃO. RETIFICAÇÃO DO ACÓRDÃO EMBARGADO. ADMITIDA. Uma vez demonstrada a existência do vício de contradição entre o enunciado da ementa e teor do dispositivo e do voto condutor do acórdão, acolhese os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para integrar o voto condutor do julgado e ratificar o dispositivo do acórdão embargado. Embargos Acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para rerratificar o acórdão embargado, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Orlando Rutigliani Berri, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 51 95 /2 00 9- 95 Fl. 1229DF CARF MF 2 Relatório Tratase de embargos de declaração tempestivamente opostos pela Fazenda Naiconal, com o objetivo de suprir suposto vício de contradição no acórdão nº 3302003.214, de 19 de maio de 2016, em que, por unanimidade de votos, foram rejeitadas as preliminares e o pedido de realização de diligência e, no mérito, foi dado parcial provimento ao Recurso Voluntário, para reverter a glosa correspondente aos gastos com fretes no transporte de insumos e produtos em elaboração transferidos entre estabelecimentos ou remetidos para depósitos fechados ou armazéns gerais, com base nos fundamentos que se encontram resumidos nos enunciados das ementas, que seguem transcritos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007 PRODUTO SEM DIREITO A CRÉDITO. GASTOS COM FRETE. CUSTO DE AQUISIÇÃO. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Se para o produto transportado (mercadorias adquiridas de pessoas físicas, mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação etc) é vedado o direito de dedução do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep, pelo mesmo motivo, tal vedação também se estende aos gastos como frete relativos à operação de transporte dos referidos produtos, que a eles se agregam como custo de produção. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE INTERNO NO TRANSPORTE DE PRODUTO IMPORTADO DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Os gastos com frete interno relativos ao transporte de bens destinados à revenda ou utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ainda que pagos a pessoa jurídica domiciliada no País, não geram direito a crédito da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, pois sobre tais gastos não há pagamento da CofinsImportação e da Contribuição para o PIS/PasepImportação, por não integrarem a base de cálculo destas contribuições (valor aduaneiro, segundo art. 7º, I, da Lei 10.865/2004), nem se enquadrarem nas demais hipóteses de dedução de crédito previstas nos incisos III a XI do art. 3º da Lei 10.833/2003. TRANSPORTE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO CONTRIBUINTE E REMESSA PARA ARMAZÉM GERAL. GASTOS COM FRETE. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é admitido o direito de apropriação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep sobre os gastos com frete Fl. 1230DF CARF MF Processo nº 13971.005195/200995 Acórdão n.º 3302003.708 S3C3T2 Fl. 1.230 3 relativos à operação de transporte entre estabelecimentos do contribuinte ou nas remessas para armazéns gerais. TRANSPORTE DE INSUMOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO CONTRIBUINTE. GASTOS COM FRETE. CUSTO DE PRODUÇÃO. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Na sistemática de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep, os gastos com frete relativo à operação de transporte de insumos, incluindo os produtos inacabados, entre estabelecimentos do próprio contribuinte propicia o direito ao crédito da contribuição como custo de produção dos produtos destinados à venda. DEVOLUÇÃO DE MERCADORIA VENDIDA. GASTO COM FRETE. CUSTO DE AQUISIÇÃO. DEDUÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo, por compor o custo do bem devolvido, é passível de apropriação os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep calculados sobre os gastos com frete pagos na operação de devolução de produto/mercadoria vendido, cuja receita tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior e submetido à prévia tributação segundo o regime não cumulativo. GASTOS COM FRETE. FALTA DE COMPROVAÇÃO. GLOSA DOS CRÉDITOS APROPRIADOS. CABIMENTO. No âmbito do regime não cumulativo, ainda que haja previsão legal da dedução, a glosa dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep deve ser integralmente mantida se o contribuinte não comprova a realização do pagamento dos gastos com frete à pessoa jurídica domiciliada no País com documento hábil e idôneo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO ADEQUADA E SUFICIENTE. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, não configura cerceamento do direito de defesa a decisão que apresenta fundamentação adequada e suficiente para o indeferimento do pleito de restituição formulado pela contribuinte, que foi devidamente cientificada e exerceu em toda sua plenitude o seu direito de defesa nos prazos e na forma na legislação de regência. Fl. 1231DF CARF MF 4 DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. INOCORRÊNCIA CERCEAMENTO DIREITO DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade, por cerceamento ao direito de defesa, a decisão de primeiro grau em que houve pronunciamento claro e suficiente sobre todas as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória e cujas conclusões foram apresentadas de forma congruente e devidamente fundamentada. PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. NÃO DEMONSTRADA A IMPRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. POSSIBILIDADE. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. Recurso Voluntário Provido em Parte. A embargante alegou que, apesar de constar no enunciado da ementa a possibilidade de apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep calculados sobre os gastos com frete pagos na operação de devolução de produto/mercadoria vendido, a glosa foi mantida pela Turma, conforme constava na parte dispositiva e se inferia do voto condutor do julgado. Com base no despacho de fls. 1224/1228, que confirmou a existência do alegado vício de contradição, com fundamento no art. 65, § 7º, do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF 343/2015 (RICARF/2015), o presidente desta Turma reconheceu a procedência do alegado vício de contradição e determinou que este Conselheiro colocasse os autos em pauta de julgamento, para prolação de novo acórdão. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. Uma vez cumprido os requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento dos presentes embargos de declaração, para de eliminar o alegado vício de contradição suscitado pela recorrente. A alegação da recorrente procede, haja vista que, do simples cotejo entre o enunciado da ementa, que trata da apropriação de crédito sobre os gastos com frete na devolução de vendas, e a redação do dispositivo do acórdão e do fundamento do voto condutor do julgado embargado, verificase a existência da alegada contradição. Senão veja: ENUNCIADO DA EMENTA: DEVOLUÇÃO DE MERCADORIA VENDIDA. GASTO COM FRETE. CUSTO DE AQUISIÇÃO. DEDUÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Fl. 1232DF CARF MF Processo nº 13971.005195/200995 Acórdão n.º 3302003.708 S3C3T2 Fl. 1.231 5 No âmbito do regime não cumulativo, por compor o custo do bem devolvido, é passível de apropriação os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep calculados sobre os gastos com frete pagos na operação de devolução de produto/mercadoria vendido, cuja receita tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior e submetido à prévia tributação segundo o regime não cumulativo. (grifos não originais) DISPOSITIVO ACÓRDÃO: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e o pedido de realização de diligência e, no mérito, dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para reverter a glosa correspondente aos gastos com fretes no transporte de insumos e produtos em elaboração transferidos entre estabelecimentos ou remetidos para depósitos fechados ou armazéns gerais. Os Conselheiros Walker Araújo e Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa Prado votaram pelas conclusões em relação à manutenção da glosa sobre dos gastos com fretes vinculados às operações de devolução de venda. FUNDAMENTO DO VOTO: Em relação à operação de devolução de venda, há permissão apenas para o estorno do valor do débito da contribuição calculado sobre o valor da receita da venda do bem devolvido, conforme se extrai do disposto no art. 3º, VIII, e § 1º, IV, da Lei 10.637/2002, a seguir transcrito: [...] Assim, independentemente do tipo de operação de devolução, não existe amparo legal para a apropriação de crédito da contribuição calculado sobre os gastos com frete no transporte de bens devolvidos tanto nas operações de devolução de vendas quanto nas operações de devolução de compras. Com base nessas considerações, deve ser integralmente mantida a presente glosa determinada pela fiscalização. (grifos não originais) Do simples cotejo dos textos transcritos, fica evidenciada a existência do alegado vício de contradição, pois, enquanto o enunciado da ementa admite a apropriação dos créditos da contribuição apurados sobre os gastos com frete na devolução de vendas, contrariamente, o dispositivo da decisão e o fundamento do voto não admitem. E como, comprovadamente, o equívoco ocorreu na redação do enunciado da ementa, para eliminar a alegada contradição, o enunciado da ementa do julgado passa a ter o seguinte teor: REGIME NÃO CUMULATIVO. OPERAÇÕES DE DEVOLUÇÃO DE COMPRA E DE VENDA. DESPESA COM FRETE NO TRANSPORTE DO BEM DEVOLVIDO. Fl. 1233DF CARF MF 6 DIREITO DE DEDUÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é passível de apropriação os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep calculados sobre as despesas com frete incorridas na operação de devolução de bem vendido ou comprado, ainda que tais despesas tenha sido suportadas pelo contribuinte. Por todo o exposto, votase pelo conhecimento e acolhimento dos embargos de declaração, para eliminar a alegada contradição e, sem efeitos infringentes, rerratificar o acórdão embargado. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 1234DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10320.720717/2014-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE.
Tendo o auto de infração preenchido os requisitos legais e o processo administrativo proporcionado plenas condições à interessada de contestar o lançamento ou o Termo de Responsabilidade tributária, descabe a alegação de nulidade.
SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTOS. PROGRAMA PRODESIN. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO. DESCARACTERIZAÇÃO.
Os incentivos fiscais percebidos pela contribuinte no ãmbito do Programa de Desenvolvimento Integrado do Estado de Alagoas (PRODESIN) não possuem vinculação direta e específica com a aquisição de bens ou de direitos referentes à implantação ou à expansão de empreendimento econômico, não se caracterizando como subvenção para investimentos e devendo, por conseguinte, ser computados na determinação do lucro real. Os recursos fornecidos às pessoas jurídicas pela Administração Pública, quando não atrelados a implantação ou a expansão do empreendimento projetado, constituem estímulo fiscal que se reveste das características próprias das subvenções para custeio, não se confundindo com as subvenções para investimento, e devem ser computados no lucro operacional das pessoas jurídicas, sujeitando-se, portanto, à incidência do imposto sobre a renda.
RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÕES. PROCEDIMENTO FISCAL INICIADO. PERDA DA ESPONTANEIDADE.
O início do procedimento fiscal exclui a espontaneidade do sujeito passivo e, sendo assim, a retificação de declarações e a inclusão em DCTF
(declaração com efeito de confissão de dívida) de parte dos valores principais lançados, ainda que acompanhada de recolhimentos com acréscimos moratórios, durante a ação fiscal, não inibe a lavratura do auto de infração, nem afasta a imposição das penalidades pertinentes ao lançamento de ofício.
Entretanto demonstrado que, antes do início da ação fiscal, parte do crédito exigido já havia sido extinto por compensação ou por pagamento, deve-se retificar a autuação para que não se exija crédito tributário espontaneamente quitado.
ÔNUS DA PROVA. A Recorrente tem o ônus de demonstrar a veracidade de seus argumentos, mediante a apresentação de documentos idôneos. Meras planilhas, mesmo que elaboradas por empresa de auditoria, não são provas hábeis a desconstituir o crédito tributário, se não forem acompanhadas da documentação que lhe dão suporte. Para um conjunto de documentos e alegações se caracterizarem como força para desconstituir uma prova dos autos não é bastante trazer informações de forma desarticuladas e incompletas, pois devem estar perfeitamente articuladas e conectadas com o auto de infração que se deseja infirmar.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL.
Em se tratando de exigência reflexa de contribuição que tem por base os mesmos fatos que ensejaram o lançamento do imposto de renda, a decisão de mérito prolatada no principal constitui prejulgado na decisão do decorrente.
Numero da decisão: 1401-001.766
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos NEGARAM provimento ao recurso de ofício e, quanto ao recurso voluntário, por unanimidade de votos, REJEITARAM a preliminar de nulidade e, no mérito, por maioria de votos NEGARAM provimento. Vencidas as Conselheiras Livia De Carli Germano e Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin em relação à subvenção para investimento, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
.
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto - Relator e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, José Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto e Lívia de Carli Germano.
Nome do relator: ANTONIO BEZERRA NETO
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NULIDADE. Tendo o auto de infração preenchido os requisitos legais e o processo administrativo proporcionado plenas condições à interessada de contestar o lançamento ou o Termo de Responsabilidade tributária, descabe a alegação de nulidade. SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTOS. PROGRAMA PRODESIN. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO. DESCARACTERIZAÇÃO. Os incentivos fiscais percebidos pela contribuinte no ãmbito do Programa de Desenvolvimento Integrado do Estado de Alagoas (PRODESIN) não possuem vinculação direta e específica com a aquisição de bens ou de direitos referentes à implantação ou à expansão de empreendimento econômico, não se caracterizando como subvenção para investimentos e devendo, por conseguinte, ser computados na determinação do lucro real. Os recursos fornecidos às pessoas jurídicas pela Administração Pública, quando não atrelados a implantação ou a expansão do empreendimento projetado, constituem estímulo fiscal que se reveste das características próprias das subvenções para custeio, não se confundindo com as subvenções para investimento, e devem ser computados no lucro operacional das pessoas jurídicas, sujeitandose, portanto, à incidência do imposto sobre a renda. RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÕES. PROCEDIMENTO FISCAL INICIADO. PERDA DA ESPONTANEIDADE. O início do procedimento fiscal exclui a espontaneidade do sujeito passivo e, sendo assim, a retificação de declarações e a inclusão em DCTF AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 0. 72 07 17 /2 01 4- 16 Fl. 3025DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 68 2 (declaração com efeito de confissão de dívida) de parte dos valores principais lançados, ainda que acompanhada de recolhimentos com acréscimos moratórios, durante a ação fiscal, não inibe a lavratura do auto de infração, nem afasta a imposição das penalidades pertinentes ao lançamento de ofício. Entretanto demonstrado que, antes do início da ação fiscal, parte do crédito exigido já havia sido extinto por compensação ou por pagamento, devese retificar a autuação para que não se exija crédito tributário espontaneamente quitado. ÔNUS DA PROVA. A Recorrente tem o ônus de demonstrar a veracidade de seus argumentos, mediante a apresentação de documentos idôneos. Meras planilhas, mesmo que elaboradas por empresa de auditoria, não são provas hábeis a desconstituir o crédito tributário, se não forem acompanhadas da documentação que lhe dão suporte. Para um conjunto de documentos e alegações se caracterizarem como força para desconstituir uma prova dos autos não é bastante trazer informações de forma desarticuladas e incompletas, pois devem estar perfeitamente articuladas e conectadas com o auto de infração que se deseja infirmar. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Em se tratando de exigência reflexa de contribuição que tem por base os mesmos fatos que ensejaram o lançamento do imposto de renda, a decisão de mérito prolatada no principal constitui prejulgado na decisão do decorrente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos NEGARAM provimento ao recurso de ofício e, quanto ao recurso voluntário, por unanimidade de votos, REJEITARAM a preliminar de nulidade e, no mérito, por maioria de votos NEGARAM provimento. Vencidas as Conselheiras Livia De Carli Germano e Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin em relação à subvenção para investimento, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. . (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, José Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto e Lívia de Carli Germano. Fl. 3026DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 69 3 Relatório Tratase de recurso de ofício e recurso voluntário no Acórdão nº 1455.823, da 15ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão PretoSP. Adoto o relatório constante na decisão de primeira instância para compor em parte este relatório: Trata o presente processo de autos de infração lavrados contra a contribuinte em referência por meio dos quais se exigem IRPJ e CSLL no valor total de R$ 25.129.667,09, incluídos a multa de ofício e juros de mora consolidados em 14/03/2014. Da Acusação Fiscal Os fatos que motivaram as autuações foram contextualizados no Termo de Encerramento de Ação Fiscal (TEAF) de fls. 56/90, cujo teor é relatado a seguir. As Autoridades Fiscais iniciam o citado termo, informando as atividades exercidas pela empresa CBA Cia de Bebidas e Alimentos do São Francisco bem com a sua incorporação, em 1° de setembro de 2013, pela Companhia Maranhense de Refrigerantes (CMR), a qual responde pelo crédito tributário constituído. Em seguida, descrevem as intimações realizadas para o bom andamento dos trabalhos fiscais bem como o comportamento da autuada durante a ação fiscal, reportando tanto os esclarecimentos por ela prestados como a inércia no atendimento às intimações. Depois da exposição acerca do desenrolar da ação fiscal, a Fiscalização passa a tratar, no tópico II do TEAF, dos fatos que motivaram os autos de infração lavrados. Do IRPJ Das Receitas com Crédito Presumido de ICMS (infração 0001) A primeira infração relatada pela Fiscalização diz respeito às receitas com crédito presumido do ICMS. Nas DIPJ relativas aos anoscalendário 2009 e 2010, a contribuinte excluiu da base de cálculo apurada valores a título de "doações e subvenções para investimentos". Instada a justificar tal procedimento, a fiscalizada esclareceu que as exclusões em questão estariam relacionadas ao programa Prodesin incentivos governamentais concedidos pelo Estado de Alagoas à CBA por meio dos Decretos nos 3.945, de 2007, e 9.466, de 2010. Acerca da contabilização das receitas em exame, relataram os Auditores Fiscais: a) Do 4° trimestre dc 2009 ao 2° trimestre de 2010; lançado: Fl. 3027DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 70 4 a débito das contas do passivo circulante: "2.01.04.01.0001.00 ICMS IMP.S/CIRC.DEMERC.E SERVIÇOS " Matriz e "2.01.04.02.0001.00 ICMS IMP.S/CIRC.DE MERC.E SERVIÇOS " Filial Arapiraca e a crédito das contas de outras receitas operacionais: "4.07.02.01.0002.00 INCENTIVOS DO ICMS LEI 5.671/95" Matriz e "4.07.02.02.0002.00 INCENTIVOS DO ICMS LEI 5.671/95 " Filial Arapiraca, nos seguintes montantes: TABELA de VALORES (...) b) No 3° trimestre de 2010, no valor total de RS 5.002.540.98, assim registrado: nos meses de julho e agosto dc 2010 R$ 3.357.433,37: lançado a débito nas contas 2.01.04.01.0001.00 (R$ 1.953.089,02) e 2.01.04.02.0001.00 (R$ 1.404.344,35), e lançado a crédito nas contas 4.07.02.01.0002.00 (R$ 1.953.089,02) e 4.07.02.02.0002.00 (R$ 1.404.344,35); no mês de setembro de 2010 R$ 1.645.107,61: lançado a débito da conta do ativo circulante: "0000113401 ICMS a Recuperar" e a crédito da conta dc resultado "DEVOLUÇÃO DA RECEITA BRUTA/IMPOSTOS INCIDENTES SOBRE VENDA LÍQUIDA/ICMS SOBRE AS VENDAS/0000323102 ICMS Presumido PRODESIN". c) No 4° trimestre dE 2010 no valor de RS 7.174.544.18: lançado a débito, ora na conta do ativo circulante: "0000113401 ICMS a Recuperar" ora na conta de passivo circulante "0000213000 ICMS a Recolher" e a crédito da conta de resultado: "DEVOLUÇÃO DA RECEITA BRUTA/IMPOSTOS INCIDENTES SOBRE VENDA LÍQUIDA/ICMS SOBRE AS VENDAS/0000323102 ICMS Presumido PRODESIN". Expõe a Fiscalização que, não obstante o reconhecimento das receitas na escrituração contábil, elas acabaram excluídas do lucro real e da base de cálculo da CSLL. As exclusões, segundo o entendimento do Fisco, seriam indevidas, uma vez que inexiste legislação que as autorize. Na continuação, as Autoridades Fiscais discorrem sobre a distinção entre subvenções para custeio e para investimento, bem como o tratamento tributário dado a elas. Explicam que as subvenções para custeio são computadas no lucro operacional das empresas, consoante o disposto no inciso IV do artigo 44 da Lei n° 4.506, de 1964, e no inciso I do artigo 392 do RIR/99 (Regulamento do Imposto de Renda Decreto n° 3.000, de 1999). As subvenções para investimento, a seu passo, eram registradas no patrimônio líquido em conta de reserva de capital. Em vistas das mudanças dos procedimentos contábeis instituídas pela Lei n° 11.638, de 2007, as subvenções para investimento passaram a ser contabilizadas como receita. No entanto, os efeitos tributários de tais alterações foram neutralizados em vista do Regime Tributário de Transição (RTT), instituído pela Lei n° 11.941, de 2009. 0 tratamento fiscal dado às subvenções para investimento é esclarecido pelo Parecer Normativo CST n° 112/78, cuja conclusão foi reproduzida no TEAF: 7. CONCLUSÃO Fl. 3028DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 71 5 7.1 Ante o exposto, o tratamento a ser dado às SUBVENÇÕES recebidas por pessoas jurídicas, para os fins de tributação do imposto de renda, a partir do exercício financeiro de 1978, face ao que dispõe o art. 67, item 1, letra "b", do Decretolei n° 1.598/77, pode ser assim consolidado: 1 As SUBVENÇÕES CORRENTES PARA CUSTEIO OU OPERAÇÃO integram o resultado operacional da pessoa jurídica; as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, o resultado não operacional; II SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO são as que apresentam as seguintes características: a) a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; b) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; e c) o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. III As ISENÇÕES ou REDUÇÕES de impostos só se classificam como subvenções para investimento, se presentes todas as características mencionadas no item anterior; IV As SUBVENÇÕES, PARA INVESTIMENTO, se registradas como reserva de capital não serão computadas na determinação do lucro real, desde que obedecidas as restrições para a utilização dessa reserva; (...) Destacam as Autoridades Fiscais: Seguindo este entendimento, há um vasto elenco de (recentes) Soluções de Consulta emanadas pelos órgãos da RFB, enfrentando o tratamento tributário a ser dado aos benefícios fiscais decorrentes de programas estaduais que visam atrair e fomentar investimentos aceleradores do desenvolvimento econômico mediante a concessão de incentivos fiscais do ICMS Todas, unânimes em concluir que esses benefícios devem compor as bases dc cálculos do IRPJ/CSLL/PIS/COFINS. Prosseguem, discutindo, especificamente, o benefício fiscal intitulado "programa de desenvolvimento integrado do Estado de Alagoas PRODESIN" por meio do qual é concedido o crédito presumido de 50% do ICMS, nos termos da alínea "d" do inciso V do artigo 4° da Lei Estadual n° 5.671, de 1995: Art. 4° O PRODESIN propiciará as seguintes modalidades de incentivos: (...) V INCENTIVOS FISCAIS: (...) d)—redução em até 50% (cinquenta por cento) da base de cálculo do ICMS de produtos das empresas beneficiárias desta lei, segundo padrões estabelecidos pela Secretaria da Fazenda; d) crédito presumido de 50 % (cinquenta por cento) do ICMS de produtos das empresas beneficiárias desta Lei; (Nova redação dada pelo 1° da Lei n° 5.901 de 02011997). Fl. 3029DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 72 6 Asseveram os Agentes do Fisco: Na nossa leitura de todo o bojo dessa Lei, não visualizamos qualquer vinculação dos recursos dos benefícios fiscais concedidos com a sua aplicação efetiva e específica em bens e direitos ligados à implantação ou expansão do empreendimento econômico beneficiado. Esse entendimento é inclusive coadunado com o da própria empresa, conforme está estampado nas suas demonstrações financeiras publicadas, no Relatório da Auditoria Independente, assinado pela ERNST & YOUNG TERCO, com data de 28/02/2013, onde destacamos (e transcrevemos abaixo) os seguintes trechos: [...] 2.5 Subvenções governamentais [...] No âmbito estadual, a Companhia possui incentivos fiscais enquadrados em determinados programas de desenvolvimento industrial estadual na forma de financiamento ou diferimento do pagamento de impostos, com reduções parciais do valor devido. A Companhia considera que esses incentivos não são classificados como subvenções para investimentos, cobertos pelo CPC 7 ("Subvenções c assistências governamentais "). Os prazos de carência, fruição e as reduções são previstas na legislação fiscal e, quando existentes,; as condições referemse a fatos sob o controle da Companhia. O benefício relativo à redução no pagamento desses impostos é registrado no resultado do exercício da Companhia, com base no regime de competência de registros desses impostos, ou no momento em que a Companhia cumpre com as obrigações fixadas nos programas estaduais, para ter o beneficio concedido. [...] 15. Subvenções governamentais Continuação Em 4 de agosto de 2008, esse incentivo foi readequado conforme Decreto 4.042 instituído pelo Estado de Alagoas. De acordo com este decreto, o incentivo concede a Companhia o crédito presumido de 50% do ICMS relativo aos produtos da Companhia, não possuindo mais nenhum incentivo sobre o ICMS substituto. A readequação do incentivo alterou o prazo de carência para 1 ano, devendo a Companhia proceder com o pagamento findo o prazo de carência em valor equivalente do ICMS dividido em 84 parcelas (7 anos). O prazo de vigência do incentivo é de 15 anos a partir da data da publicação do Decreto 4.042/2008. (grifos dos AuditoresFiscais) Acrescentam, ainda, que a fiscalizada, mesmo intimada, não justificou a exclusão das receitas da tributação. Concluem, assim, que as receitas em questão não são subvenções para investimento, devendo ser registradas em conta de resultado e levadas à tributação. As exclusões promovidas pela contribuinte foram, por conseguinte, glosadas, conforme detalhado no "Demonstrativo de Apuração do IRPJ (Infração 0001) ". Fl. 3030DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 73 7 Da Diferença entre os Valores do IRPJ a pagar indicados em Lalur, DIPJ e DCTF (infração 0002) No que diz respeito à infração 0002, a Fiscalização compara os valores registrados e declarados, salientando que as DIPJ retificadoras foram entregues durante a ação fiscal: (...) Também durante a ação fiscal, foram transmitidas DCTF retificadoras, sumarizadas na tabela abaixo, constante a fls. 70 dos autos: No entanto, ressalta que as aludidas declarações, por terem sido entregues, depois de iniciados os trabalhos fiscais, não são admitidas, nos termos artigo 833 do RIR/99 e da IN RFB n° 1.110/2010. Por este motivo, "as diferenças apresentadas entre os valores devidos do IRPJ escriturados nos livros fiscais (LALUR), apresentados pela fiscalizada, e nas suas DIPJ Retificadoras Ativas, em comparação com os valores anteriormente declarados em DCTF" foram consideradas como apuradas de ofício e exigidas nestas condições. Do Incentivo Fiscal de Redução de 75% do IRPJ (infração 0003) A respeito deste tópico, a AuditoriaFiscal relata ter observado "que no preenchimento da linha 'Isenção e Redução do Imposto' da ficha 12A de suas DIPJ, dos anoscalendário objeto desta fiscalização (2009 e 2010), a fiscalizada informou dedução do Imposto de Renda, a título de Incentivos Fiscais de Redução do Imposto, em valores superiores aos que fazia jus" . Depois de intimada diversas vezes a explicar os valores informados na DIPJ, a interessada apresentou: Demonstrativo de Apuração do Lucro da Exploração e dos Incentivos de Redução de 75% e de Redução por Reinvestimento nos anos de 2009 e 2010; LALUR dos anoscalendário de 2009 e 2010; Demonstrativo das Atividades por Estabelecimentos; Demonstrativo Resumo da Produção Anual das unidades cm Maceió (Matriz e filial 0007 Refrigerantes em Lata) e da unidade em Arapiraca (filial 0008 Refrigerantes Pet). Ainda sob procedimento fiscal, a fiscalizada transmitiu DIPJ retificadoras, alterando os valores deduzidos a título de "Isenção e Redução de Imposto" . As tabelas abaixo informam os valores constantes nas DIPJ ativas quando do início dos procedimentos fiscais e nas retificadoras: Fl. 3031DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 74 8 (...) Comenta a Fiscalização que, ainda que tenha ocorrido significativa redução dos valores declarados pela fiscalizada nas DIPJ retificadoras, eles permanecem superiores aos que a empresa faz jus, conforme explicado a seguir. Relatam os AuditoresFiscais que, nos anos de 2009 e 2010, a empresa adquiriu direito aos benefícios fiscais de redução de 75% do imposto de renda, calculados sobre os lucros de exploração, relativamente a dois estabelecimentos industriais: a unidade produtora 08.965.289/000195 (matriz), em Maceió (AL), e a unidade produtora 08.965.289/000861 (filial), em Arapiraca (AL): (...) Prossegue a Fiscalização: A fiscalizada possui diversos estabelecimentos (incentivados e não incentivados), tendo efetuado no período fiscalizado vendas de produção própria, de produtos incentivados e de produtos não incentivados, bem como revendas de mercadorias, que não são incentivadas. Os produtos incentivados são: a) refrigerantes em lata produzidos pela matriz e b) refrigerantes produzidos pela filial de Arapiraca. Os produtos incentivados são comercializados por todos os estabelecimentos comerciais ou industriais da empresa, pois, há transferência de produção entre eles. Nos ADE da RFB n° 11 e 12 de 2012, onde foram reconhecidos os incentivos, que, se referem, respectivamente, aos LC 0013/2011 e LC 0014/2011 concedidos pela SUDENE em favor da fiscalizada, constam que: "Para gozo do direito à Redução acima declarado, a empresa beneficiária deverá demonstrar e destacar na sua contabilidade, com clareza e exatidão, os elementos de que se compõem os respectivos custos, receitas e atividades amparadas pelo incentivo fiscal." 75. Nesse liame, diz o art. 549 do RIR/99: Subtítulo II Isenções ou Reduções CAPÍTULO I ISENÇÃO OU REDUÇÃO DO IMPOSTO COMO INCENTIVO AO DESENVOLVIMENTO REGIONAL Seção I Incentivos Fiscais às Empresas Instaladas na Área da SUDENE Subseção I Isenção e Redução do Imposto Demonstração do Lucro do Empreendimento Fl. 3032DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 75 9 Art. 549. Quando se verificar pluralidade de estabelecimentos, será reconhecido o direito à isenção de que trata esta Subseção em relação aos rendimentos dos estabelecimentos instalados na área de atuação da SUDENE (Lei n° 4.239, de 1963, art. 16, § 1°). § 1° Para os efeitos do disposto neste artigo, as pessoas jurídicas interessadas deverão demonstrar em sua contabilidade, com clareza e exatidão, os elementos de que se compõem as operações e os resultados do período de apuração de cada um dos estabelecimentos que operem na área de atuação da SUDENE (Lei n° 4.239, de 1963, art. 16, § 2°). § 2° Se a pessoa jurídica mantiver atividades não consideradas como industriais ou agrícolas, deverá efetuar, em relação às atividades beneficiadas, registros contábeis específicos, para efeito de destacar e demonstrar os elementos de que se compõem os respectivos custos, receitas e resultados. § 3° Na hipótese de o sistema de contabilidade adotado pela pessoa jurídica não oferecer condições para apuração do lucro por atividade, este poderá ser estabelecido com base na relação entre as receitas líquidas das atividades incentivadas e a receita líquida total, observado o disposto no art. 544. 76. As empresas que gozam de benefícios fiscais calculados com base no lucro da exploração e cujo sistema de contabilidade não ofereça condições para apurar o lucro da exploração de cada atividade incentivada deverão calcular a parcela do lucro da exploração que corresponde a cada uma das atividades da empresa com base na proporção que a receita líquida dc cada atividade representa em relação à receita líquida total. (... ) Considerando que a contabilidade da empresa não oferece condições para apuração do lucro por atividade, em conformidade o § 3° do art. 549 do Decreto 3.000/99 RIR/99, a empresa adotou a forma de apuração do lucro da exploração das atividades incentivadas com base na relação entre as receitas liquidas das atividades incentivadas e a receita líquida total. Da mesma forma, esta fiscalização assim procedeu, tendo sido elaborado demonstrativo de apuração do lucro da exploração das atividades incentivadas, observando o disposto no art. 544 do RIR/99. Depois de informar que os registros contábeis da empresa também não permitem o levantamento das receitas líquidas das atividades incentivadas, a Fiscalização relata que levou em consideração as notas fiscais eletrônicas e a produção nos estabelecimentos dos produtos incentivados "(considerados aqui inclusive os produtos incentivados produzidos que foram transferidos e vendidos por outros estabelecimentos) ". Observa que, "no levantamento procedido por esta fiscalização, foram consideradas as informações de produção informadas pela empresa, mesmo diante de pequenas diferenças em relação às informações de produção constantes no Sistema de Controle de Produção de Bebidas SICOBE, pois que, consideradas sem significância ". No que diz respeito às receitas líquidas totais e aos lucros da exploração totais, de cada trimestre, foram considerados os valores informados na DIPJ retificadoras entregues em 01/07/2013 (DIPJ 2010) e 27/06/2013 (DIPJ 2011). Fl. 3033DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 76 10 Com base nestas informações, os lucros correspondentes à exploração da atividade incentivada com redução de 75% do IRPJ e Adicionais não Restituíveis foram apurados. Os cálculos realizados foram apresentados no "Demonstrativo do Lucro da Exploração e do Cálculo da Isenção e Redução do Imposto sobre o Lucro Real", a fls. 2452/2455. E arremata: No cálculo do adicional incentivado, o seu rateio toma como base à proporção entre o lucro da exploração de cada atividade e o lucro real da empresa, aplicado sobre o montante do adicional. Se o lucro real for menor que o lucro da exploração, o rateio do adicional deve ser efetuado com base na proporção da receita líquida de cada atividade em relação à receita líquida total. Assim, demonstrado que a fiscalizada deduziu do IRPJ devido, a título de incentivos de Isenção/Redução, valores maiores que o permitido pela legislação, os "excessos de dedução " serão glosados por esta fiscalização e as diferenças dc impostos serão lançadas por meio da lavratura de auto de infração específico do IRPJ. As diferenças a tributar estão especificadas no Demonstrativo de Apuração do IRPJ dos anoscalendário de 2009 e 2010 Infração 0003. O quadro a seguir resume as diferenças dc IRPJ a serem tributadas dc ofício, relativas a esta infração: (...) Do Incentivo Fiscal de Redução por Reinvestimento (infração 0004) Explicase que, na linha 13 da Ficha 12A ("Redução por Investimento") da DIPJ 2010, a contribuinte "deduziu do imposto de renda, a título dc incentivos fiscais de Redução por Reinvestimento, valores superiores aos apurados" pela Fiscalização. Em vista "da redução do lucro da exploração das atividades incentivadas, tratada no tópico anterior, os valores do incentivo fiscal de Redução por Reinvestimento também foram reduzidos", conforme demonstrado nos "Demonstrativos do Lucro da Exploração e do Cálculo da Isenção e Redução do Imposto sobre o Lucro Real". Por via de consequência, a Fiscalização glosou os excessos de dedução. Da CSLL Ao se examinar o tópico III do TEAF, verificase que os mesmos fatos relacionados à infração 0001 do IRPJ, já relatados, motivaram, também, a tributação da CSLL. Fl. 3034DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 77 11 Ademais, foram apuradas divergências semelhantes à tratada na infração 0002 do IRPJ, consoante tabela abaixo: (...) Também, durante a ação fiscal, foram transmitidas DCTF retificadoras, as quais não foram admitidas pela Fiscalização. Com isso, "as diferenças apresentadas entre os valores devidos do IRPJ escriturados nos livros fiscais (LALUR), apresentados pela fiscalizada, e nas suas DIPJ Retificadoras Ativas, em comparação com os valores anteriormente declarados em DCTF" foram consideradas como apuradas de ofício e exigidas nestas condições. No quadro abaixo, foram resumidas as diferenças de CSLL lançadas de ofício: Da Impugnação Cientificada, por via postal, das autuações em 21/03/2014, consoante AR de fls. 2700, a interessada ofereceu sua impugnação em 16/04/2014, a qual foi juntada aos autos a fls. 2713 e seguintes. Depois de descrever, em breve síntese, as autuações impugnadas, expõe a linha de defesa que irá adotar para, em seguida, aprofundar os questionamentos suscitados. Das Preliminares Em sede preliminar, depois de sustentar a tempestividade da impugnação oferecida, argui que o lançamento fiscal é nulo em razão de suposta falta de motivação "quanto à exclusão de subvenções da base de cálculo do IRPJ e da CSLL ". Alega que, nos anoscalendários 2009 e 2010, fazia jus aos incentivos previstos no Programa de Desenvolvimento do Estado de Alagoas (PRODESIN). Todavia, a Fiscalização entendeu que os subsídios em questão deveriam ser tributados porque não haveria vinculação dos recursos à "aplicação específica e efetiva de bens e direitos ligados à implantação ou expansão do empreendimento econômico beneficiado" . Ocorre que, conforme se poderia verificar no TEAF, não teriam sido comprovados nem apontados quais os fatos ou indícios que permitiriam se concluir que não houve "a efetiva e direta aplicação da subvenção por parte do contribuinte" . Fl. 3035DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 78 12 E complementa: 8. Tratase de pura ilação, evidenciando patente ausência de motivação por parte dos autos de infração que apenas se limitam a afirmar não terem vislumbrado qualquer tipo de "vinculação dos recursos dos benefícios fiscais concedidos com a sua aplicação efetiva em bens e direitos ligados à implantação ou expansão de empreendimento (...) " (pág. 12 do Termo de Encerramento), com base simplesmente no fato de que o subsídio em questão consiste na concessão de crédito presumido do ICMS, donde conclui sem apresentar qualquer motivo para tanto que não seria uma "subvenção/doação para investimentos " (pág. 13 do Termo de Encerramento). 9. Assim, arrimandose em meros 2 (dois) parágrafos de puras afirmações desprovidas de qualquer justificativa ou fundamentação, os autos de infração procederam à glosa das parcelas registradas como subvenção para investimento, excluídas do lucro real e da base de cálculo da CSLL da IMPUGNANTE nos anoscalendário de 2009 e 2010. Argui que a Fiscalização simplesmente adotou a premissa de que o incentivo de ICMS não tem natureza jurídica de subvenção para investimento, enquadrando, sem qualquer fundamentação, os créditos recebidos como receitas tributáveis. Aduz que a Resolução CONEDES n° 72/2007, que disciplina a concessão dos benefícios especificamente para a impugnante, vincula os recursos à implantação de projeto industrial, os quais foram contabilizados em conta de "Doações e Subvenções para Investimentos", não distribuída aos sócios. Ademais, o "valor registrado na contabilidade corresponde justamente a parte dos investimentos realizados na implantação da planta industrial de Maceió, à qual tal incentivo encontrase diretamente vinculado nos termos da Resolução CONEDES n° 72/2007 e da legislação relativa ao PRODESIN" . Salienta: 11. Vejase que o Termo de Encerramento de Ação Fiscal limitase apenas a afirmar que "de todo o bojo dessa lei, não visualizamos qualquer vinculação dos recursos dos benefícios fiscais concedidos com sua aplicação efetiva e específica em bens e direitos ligados à implantação (...)" desprezando, contudo, (i) o disposto nos artigos 1° e 2° da Lei n° 5.671/95 que claramente estabelece como objetivo do PRODESIN o subsídio de projetos de implantação, expansão e modernização de indústrias; (ii) o § l° do art. 42 da mesma lei (no qual se prevê o crédito presumido de ICMS em discussão) que expressamente declara que os incentivos em questão correspondem a subsídios para investimento; (iii) ignorando os termos específicos em que tal benefício foi concedido à IMPUGNANTE pela Resolução CONEDES n° 72/2007 que, repisese, o vincula diretamente à implantação de fábrica em Maceió; (iv) sem perquirir se os investimentos a que se vincula foram efetivamente realizados e se o crédito presumido em causa corresponde ou não ao ressarcimento dos investimentos realizados na implantação de referida planta industrial. Conclui que o Fisco não utilizou os amplos poderes de investigação que a legislação lhe concede, limitandose a informar que órgãos de consulta da RFB têm decidido pela tributação de benefícios fiscais concedidos em programas estaduais, sem demonstrar que os programas analisados nas aludidas consultas possuem idênticas características às do PRODESIN e que os fatos lá examinados são equivalentes aos tratados nos presentes autos. Fl. 3036DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 79 13 Defende que os autos de infração não observaram os princípios do inquisitório e da verdade material e que as razões apresentadas pelo Fisco revelam a nulidade deles por ausência de motivação, vício este que afronta os princípios da ampla defesa, do contraditório e da segurança jurídica. Do Mérito do PRODESIN A defendente se diz beneficiária do Programa de Desenvolvimento Integrado do Estado de Alagoas (PRODESIN), instituído pela Lei n° 5.519/93 e presentemente disciplinado pela Lei n° 5.671/95, a qual dispõe em seus artigos 1° e 2°: Art. 1° O Programa de Desenvolvimento Integrado do Estado de Alagoas PRODESIN, instituído pela Lei n° 5.519, de 20 de julho de 1.993, destinado à promoção de meios e ao oferecimento de estímulos voltados à expansão, ao desenvolvimento e à modernização das indústrias alagoanas, inclusive as de base tecnológica e as de micro e de pequeno porte, passa a ser regulado por esta Lei. Art. 2° São objetivos específicos do Programa de Desenvolvimento Integrado do Estado de Alagoas PRODESIN: I apoiar ações e providências tendentes ao melhoramento da qualidade e ao aumento da produtividade turística e industrial, através da modernização tecnológica, do aperfeiçoamento dos recursos humanos e do aprimoramento das atividades de gestão, de modo a assegurar melhores condições de competitividade aos empreendimentos instalados em Alagoas; II propiciar incentivos financeiros, técnicos, creditícios, locacionais, fiscais, infraestruturais e de interiorização turística e industrial, visando a expansão, a diversificação e a modernização destes setores; III estimular a interiorização do processo de desenvolvimento turístico e industrial, especialmente a implantação, a ampliação e a modernização de agroindústriais; IV promover a difusão e a implantação de programas de qualidade total e de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos; V estimular a ampliação e a modernização de agroindústrias e a implantação de novos empreendimentos do gênero; VI contribuir na recuperação de empresas consideradas prioritárias para o desenvolvimento do Estado de Alagoas; VII incentivar a descentralização econômica, especialmente das atividades produtivas; VIII fomentar a implantação de indústrias de transformação de matérias primas disponíveis ou produzidas no próprio Estado; IX promover o desenvolvimento de programas visando ao controle da poluição e a preservação do meio ambiente; Fl. 3037DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 80 14 X estimular a implantação e o desenvolvimento de micro e pequenas empresas, através da concessão de incentivos fiscais, e de outros mecanismos capazes de proporcionar condições favoráveis a ampliação deste segmento da economia; XI incentivar a implantação de incubadoras de empresas e parques tecnológicos , além da adoção de novas técnicas de gestão; XII conceber e executar outras ações voltadas para o desenvolvimento sócioeconômico do Estado de Alagoas. Dentre os incentivos previstos no artigo 4° da Lei n° 5.671, de 1995, destaca: Art. 4° O PRODES1N propiciará as seguintes modalidades de incentivos: I INCENTIVOS FINANCEIROS: (...) II INCENTIVOS TÉCNICOADMINISTRATIVO: (...) III INCENTIVOS CREDITÍCIOS: (...) IV INCENTIVOS LOCACIONAIS: (...) V INCENTIVOS FISCAIS: a) diferimento do ICMS incidente sobre os bens adquiridos no país e no exterior destinados ao ativo fixo da empresa, prevalecente enquanto permaneçam eles no seu patrimônio ou tenham seu valor contábil depreciado pelo tempo máximo de utilização do bem, de acordo com a lei que determina os índices de depreciação de bens do ativo fixo das empresas; b) diferimento do ICMS incidente sobre a matéria prima adquirida no país ou no exterior, efetivamente utilizada no processo industrial, para a saída do produto industrializado, bem como dos eventuais créditos fiscais a ela relativos; c) utilização como crédito fiscal a ser diferido para a data do início das atividades operacionais da empresa a ser implantada, ou para a data a concessão do benefício, no caso de empresa em funcionamento, do valor do ICMS recolhido no Estado ou fora dele sobre a aquisição dos bens destinados ao ativo fixo da empresa, devidamente atualizado; Fl. 3038DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 81 15 d) Crédito presumido de 50% (cinquenta por cento) do ICMS relativo aos produtos das empresas beneficiárias, bem como do imposto relativo às prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, inclusive aqueles prestados através de tubovias, necessários à viabilização do processo industrial e de comercialização dos produtos de Cadeias Produtivas ou de Arranjos Produtivos Locais. e) diferimento, para 360 dias. do ICMS a ser recolhido pelo empreendimento incentivado. VI INCENTIVOS INFRAESTRUTURAIS (...) VIIINCENTIVOSÀ INTERIORIZAÇÃO: (...) A respeito da natureza jurídica das subvenções, lembra que o § 7° do citado artigo 4° prescreve: § 7° Os incentivos concedidos nos termos deste artigo serão considerados subvenções para investimentos, devendo ser lançados em conta de patrimônio líquido. Além disso, argumenta, o artigo 5° da Lei n° 5.671, de 1995, exige o efetivo investimento destinado ao aumento da capacidade produtiva como contrapartida ao à concessão dos benefícios. A seu ver, merecem evidência, ainda, as situações que resultam na perda do benefício, previstas no artigo 34 do Decreto n° 38.394, de 2000: Art. 34. Darseá a perda dos incentivos na hipótese em que a empresa: (...) XIII reduzir a capacidade instalada, durante os 03 (três) primeiros anos, no caso de ampliação, independentemente do aumento de faturamento, ou reverter o processo de recuperação ou modernização, que tiver ensejado a concessão: XIV não iniciar, no prazo máximo de 06 (seis) meses, contados do Decreto concessivo dos incentivos, a implantação do projeto submetido ao COIMDIN; XV reduzir o nível de emprego em relação àquele contido no projeto, ressalvada prévia e expressa aprovação do CONDIN, constante de parecer fundamentado; XVI dar destinação diversa àquela que fundamentou a fruição do incentivo fiscal de que trata este Decreto, à matériaprima ou bem do ativo fixo adquiridos, desde que não fundamentada e não recolhido o ICMS pertinente; (...) Considera, assim, demonstrado que a legislação estadual estabelece que o programa em causa destinase à expansão ou implantação de atividade industrial no Estado, estabelecendo condições para a fruição dos benefícios bem como para a perda deles. Argumenta que, no caso vertente, a concessão dos incentivos está diretamente relacionada ao projeto apresentado ao CONEDES e aprovado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico de Alagoas, implementado pela impugnante, o que resultou "na criação de indústria que fomenta a região de Maceió, gerando empregos e receitas tributárias municipais, estaduais e federais ". Fl. 3039DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 82 16 Discorre acerca das subvenções para investimento, destacando que elas podem ser concretizadas mediante a entrega de valores ou através de incentivos fiscais. Estes são os mais usuais, uma vez que, por representarem redução de expectativa de receita futuras, não requerem a efetiva transferência de recursos já disponíveis. Complementa: 31. Não obstante, em qualquer dessas modalidades dúvidas não podem existir de que o sacrifício financeiro do estado tem como única função subvencionar o investimento privado, só que em certos casos esta subvenção se faz por meio de incentivos fiscais de natureza ressarcitória. 32. E que nestes casos o estado impõe como condição que o empreendedor realize primeiramente os desembolsos financeiros necessários à concretização dos investimentos subvencionados, para somente após ser ressarcido pelo estado, por meio de incentivos de natureza fiscal concedidos em valor que equivalerá, no todo ou em parte, aos referidos investimentos. Diz que isto foi o que precisamente ocorreu no caso em exame, posto que os benefícios foram concedidos em contrapartida à implantação do projeto que deveria se dar em "180 dias, contados da publicação do Decreto Concessório n° 3.945, de 2007, sob pena de caducidade dos benefícios" . Salienta que, de fato, a CBA Cia de Bebidas e Alimentos do São Francisco veio a se estabelecer em Maceió no ano de 2007, em cumprimento ao compromisso assumido junto ao Estado de Goiás e registrado no item 7 da Resolução CONEDES n° 72/2007: DAS EXIGÊNCIAS A SEREM OBSERVADAS PELA EMPRESA BENEFICIADA 7. Fica a empresa obrigada a iniciar no máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contados do decreto concessivo dos incentivos, a implantação do projeto submetido ao CONEDES, conforme disposto no art. 34, inciso XIV, do Decreto n° 38.394/2000 e suas alterações. Considera, destarte, equivocado o entendimento da Fiscalização de que não haveria vinculação entre o benefício e a realização do investimento. Questiona: Teria o ilustre auditor comparecido à indústria que foi efetivamente IMPLANTADA no estado de Alagoas em razão do benefício em tela? Teria ele perquirido se as condições estabelecidas na referida Resolução foram atendidas e se os montantes do crédito presumido de ICMS correspondem ao valor dos investimentos realizados? Acredita que as autuações foram lavradas sem a análise do histórico da empresa, partindose do pressuposto de que todos os incentivos desta natureza não podem ser classificados como subvenções para investimento. Fl. 3040DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 83 17 Prossegue, argumentando que as autuações não se sustentam "à luz de suas próprias razões ". Repisa que o incentivo em tela, tratado, na própria legislação do PRODESIN como subvenção para investimento, é concedido para a implantação de um complexo industrial. Assevera: Vejase que mesmo a ilegal interpretação do Parecer CST n° 112/78 quanto à necessária relação direta entre o benefício econômico derivado do incentivo e sua aplicação financeira no investimento para fins de reconhecimento de sua natureza como subvenção para investimento está presente no caso em exame, uma vez que o início da implantação do projeto em 180 dias era condição essencial à fruição do incentivo do crédito presumido de ICMS em causa que, digase de passagem, só poder ia ser fruído a partir do início da atividade industrial. Tal condição constitui vinculação direta do incentivo aos investimentos, demonstrando tratarse de contrapartida, cuja aplicação financeira direta é incontestável tendo em vista sua natureza ressarcitória. Argumenta que o Conselho Superior de Recursos Fiscais do CARF entendeu ser ilegal a exigência de vinculação direta entre os benefícios concedidos a título de subvenção e os investimentos realizados. Traz à colação o Acórdão 910100.566, de 17/05/2010, "que considerou que o aumento do estoque de capital mediante incorporação dos recursos ao patrimônio da empresa subvencionada configuraria outorga de subvenção ". Enfatiza que o procedimento adotado pela impugnante foi o mesmo examinado pelo CSRF no citado julgamento. Transcreve, em seguida, ementas dos Acórdãos 110100.661, 110300.555, 10193.713 e 10194.009, do CARF, os quais, no entender da impugnante, permitem verificar que o intuito incentivador é elemento fundamental que caracteriza a subvenção para investimento. Depois de repisar os argumentos de que as subvenções em tela foram concedidas para a implantação de um complexo industrial, salienta que "os registros contábeis da subvenção para investimento se deram nos exatos contornos da lei razão pela qual sequer foram questionados pela fiscalização ensejando incontestes exclusões fiscais" . das diferenças entre DCTF e DIPJ Sobre este assunto, argumenta que "as diferenças apontadas não estão corretas, quer seja porque no vencimento a IMPUGNANTE efetuou, através de PERDCOMP, a compensação de parte de seus débitos com créditos de IPI não considerados pelos autos de infração; quer porque a IMPUGNANTE, não obstante a recusa de sua DIPJ retificadora, realizou o pagamento dos tributos que considerou devidos com base na referida DIPJ retificadora, cujos pagamentos também foram ignorados pelos autos de infração". No que diz respeito ao 1° Trimestre de 2010, expõe: Fl. 3041DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 84 18 64. A DIPJ retificadora aponta IRPJ devido no valor de R$ 1.921.710,36, enquanto que a DCTF admitida apresenta o valor de R$ 397.424,42, resultando no lançamento pelos autos de infração a título de "diferença tributável" no valor de R$ 1.524.285,94. 65. Todavia, a IMPUGNANTE realizou efetivamente o pagamento dos montantes principais dos tributos da seguinte forma: • Pagamento do principal no vencimento no valor de R$ 397.424,92 evidenciado pela PERDCOMP anexa (Doc. 6); • Pagamento do principal no vencimento no valor de R$ 527.535,16 evidenciado pelas PERDCOMP anexas (Doc. 6); • Pagamento complementar do principal no valor de R$ 531.918,66 evidenciado pelo DARF anexo (Doc. 7); No que concerne ao 2° Trimestre de 2010, argui: 66. A DIPJ retificadora aponta IRPJ devido no valor de R$ 525.662,61, enquanto a DCTF admitida apresenta o valor de R$ 434.092,08, resultando no lançamento do IRPJ a título de "diferença tributável" no valor de R$ 91.570,53. 67. Todavia, no que respeita a este trimestre a IMPUGNANTE realizou pagamento em excesso, uma vez que: • Pagamento do principal no vencimento no valor de R$ 434.092,08, evidenciado pela PERDCOMP anexa (Doc. 6); • Pagamento complementar do principal, por ocasião da apresentação da DIPJ retificadora, no montante de R$ 371.792,28, ou seja, resultando em um pagamento indevido da ordem de R$ 280.221,75, conforme evidenciado peloo DARF anexo (Doc. 7). Acerca do 3° Trimestre de 2010, oferece as seguintes argumentações: A DIPJ retificadora aponta IRPJ devido no valor de R$ 805.119,87 enquanto a DCTF admitida apresenta o valor de R$ 319.215,48, resultando no lançamento de IRPJ a título de "diferença tributável" no valor de R$ 485.904,39. 69. Todavia, a IMPUGNANTE efetivamente realizou pagamento em relação ao referido trimestre, confirase: • Pagamento do principal no vencimento no valor de R$ 319.215,48 evidenciado pela PERDCOMP anexa (Doc. 6); • Pagamento complementar do principal no valor de R$ 108.556,57 evidenciado pelo DARF anexo (Doc. 7). Comunica que a mesma situação é verificada relativamente à CSLL, consoante documentação apresentada. Argumenta que os cruzamentos realizados pela Fiscalização não são suficientes para motivar as autuações, devendo ela investigar os fatos ocorridos, e que a recusa Fl. 3042DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 85 19 da DIPJ retificadora não justifica a desconsideração das PerDcomp apresentadas no vencimento da obrigação fiscal nem dos pagamentos complementares realizados após o início da ação fiscal. E acrescenta: 73. Neste último caso, é que a entrega da DIPJ retificadora após o início do procedimento de fiscalização impede os efeitos da denúncia espontânea no que respeita à exclusão das penalidades, mas já afasta a necessária consideração dos pagamentos de fato efetuados pelo contribuinte. Com isso, defende que os pagamentos complementares devam ser levados em consideração pelo Fisco, cabendo a ele o direito de lançar eventuais penalidades pelo fato de o pagamento não ter sido espontâneo. Aduz que a exigência dos tributos recolhidos resulta em bis in idem e em enriquecimento sem causa do Estado. Quanto aos juros moratórios, aduz que são devidos até a data do pagamento realizado. Esclarece que as divergências em questão já haviam sido constatadas pela ERNST & YOUNG e DELOITTE, as quais promoveram ampla revisão da situação fiscal da empresa incorporada. Acrescenta que "orientada erradamente pelas auditorias, acabou por realizar pagamento a maior do IRPJ e da CSLL no 2o trimestre e inferior nos l° e 3° trimestres ", argumentando na sequência que, "como o IRPJ e a CSLL pagos trimestralmente consistem em meras antecipações dos tributos devidos em 31 de dezembro, tal excesso de pagamento deve ser imputado ao pagamento insuficiente realizado nos demais períodos do mesmo ano calendário" . Requer, por conseguinte, o cancelamento das exigências formuladas com base nas aludidas divergências, devendo ser realizada, caso a DRJ assim entenda, diligência para a correta apuração e cálculo dos valores envolvidos, do incentivo fiscal de redução de 75% do IRPJ Neste tópico, a impugnante alega que a discrepância apontada pela Fiscalização no que tange à receita incentivada advém de análise incompleta por ela realizada, conforme demonstraria planilha elaborada pela empresa Ernst Young. Destaca o que, a seu ver, são visíveis inconsistências no cálculo fiscal: Produtos da embalagem "PET": • Vendas totais levantadas pelo Fiscal: 372.323 hl. • Vendas totais levantadas pela IMPUGNANTE: 372.832 hl. • Produção Incentivada em Arapiraca levantada pelo Fiscal: 231.948 hl. • Produção incentivada em Arapiraca levantada pela IMPUGNANTE: 231.970 hl. Fl. 3043DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 86 20 • Vendas incentivadas levantadas pelo Fiscal: 232.486 hl. • Vendas incentivadas levantadas pela IMPUGNANTE: 257.793 hl. • Receitas liquidas incentivadas levantada pelo Fiscal: R$ 22.811.444 • Receitas liquidas incentivadas levantadas pela IMPUGNANTE: R$ 26.392.404 • Receitas Líquidas do 2o Trimestre levantadas pelo Fiscal: R$ 23.672.933 • Receitas Líquidas do 2o Trimestre levantadas pela IMPUGNANTE: R$ 24.746.229 • Receitas Líquidas do 3° Trimestre levantadas pelo Fiscal: R$ 21.399.696 • Receitas Líquidas do 3o Trimestre levantadas pela IMPUGNANTE: R$ 23.531.527 • Receitas Líquidas do 4° Trimestre levantadas pelo Fiscal: R$ 27.941.338 • Receitas Líquidas do 4o Trimestre levantadas pela IMPUGNANTE: R$ 30.660.678. A respeito dos "produtos da embalagem lata" , alega: • A fiscalização não levantou as receitas líquidas incentivadas dos 1° e 2° trimestres e o levantamento do 3° trimestre é substancialmente inferior ao real. • O que ocorre é que, apesar de os produtos em Lata estarem incentivado em sua totalidade, na medida que foram produzidos exclusivamente pela CBA Matriz, a fiscalização não considerou sua integralidade, tendo realizado um trabalho por amostragem ou utilizado apenas parte das notas fiscais. • De toda forma, os cálculos do lucro da exploração e parcela incentivada encontramse anexos (Doc. 7) e discrepam frontalmente dos valores parciais encontrados pela fiscalização, tornandose necessário o cancelamento da cobrança ou a baixa em diligência visando apurar os valores de forma integral. do incentivo fiscal de redução por investimento Por fim, na última questão de mérito suscitada, raciocina que, em razão dos problemas suscitados no tópico anterior, "não haverá redução do lucro da exploração e, por conseguinte, não há que se falar em impacto no cálculo do incentivo por reinvestimento" Dos Pedidos Requer que os auto de infração de IRPJ, CSLL, Pis e Cofins sejam julgados improcedentes, cancelandose as cobranças deles decorrentes bem como se afastando as glosas realizadas pela Fiscalização. Fl. 3044DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 87 21 Protesta pela posterior apresentação de novos documentos, provas e alegações necessários à perfeita elucidação dos fatos, inclusive perícia. Relatei. A DRJ manteve EM PARTE os lançamentos, RECORRENDO DE OFÍCIO da parte CANCELADA, nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. São considerados nulos somente atos e termos lavrados por pessoa incompetente e despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa, nos termos do art. 59, incisos I e II, do Decreto n° 70.235, de 1972, hipóteses cuja ocorrência não restou comprovada, sobretudo tendo em conta que os autos de infração e seus anexos foram formalizados com observância dos requisitos do art. 142 do CTN, bem como do disciplinamento do Processo Administrativo Fiscal, permitindo ao contribuinte a perfeita compreensão das infrações que lhe foram imputadas, tanto que delas se defendeu de forma detalhada. SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTOS. PROGRAMA PRODESIN. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO. DESCARACTERIZAÇÃO. Os incentivos fiscais percebidos pela contribuinte no âmbito do Programa de Desenvolvimento Integrado do Estado de Alagoas (PRODESIN) não possuem vinculação direta e específica com a aquisição de bens ou de direitos referentes à implantação ou à expansão de empreendimento econômico, não se caracterizando como subvenção para investimentos e devendo, por conseguinte, ser computados na determinação do lucro real. Os recursos fornecidos às pessoas jurídicas pela Administração Pública, quando não atrelados a implantação ou a expansão do empreendimento projetado, constituem estímulo fiscal que se reveste das características próprias das subvenções para custeio, não se confundindo com as subvenções para investimento, e devem ser computados no lucro operacional das pessoas jurídicas, sujeitandose, portanto, à incidência do imposto sobre a renda. RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÕES. PROCEDIMENTO FISCAL INICIADO. PERDA DA ESPONTANEIDADE. O início do procedimento fiscal exclui a espontaneidade do sujeito passivo e, sendo assim, a retificação de declarações e a inclusão em DCTF (declaração com efeito de confissão de dívida) de parte dos valores principais lançados, ainda que acompanhada de recolhimentos com acréscimos moratórios, durante a ação fiscal, não inibe a lavratura do auto de infração, nem afasta a imposição das penalidades pertinentes ao lançamento de ofício. Todavia, se a impugnante demonstrar que, antes do início da ação fiscal, parte do crédito exigido já havia sido extinto por compensação ou por Fl. 3045DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 88 22 pagamento, devese retificar a autuação para que não se exija crédito tributário espontaneamente quitado. ÔNUS DA PROVA. A impugnante tem o ônus de demonstrar a veracidade de seus argumentos, mediante a apresentação de documentos idôneos. Meras planilhas, mesmo que elaboradas por empresa de auditoria, não são provas hábeis a desconstituir o crédito tributário, se não forem acompanhadas da documentação que lhe dão suporte. Cabe, também, à impugnante a apresentação de argumentos precisos que efetivamente exponham os pontos de discórdia. A alegação genérica de erro nos levantamentos, desacompanhada de provas e apoiada em poucos exemplos de discordância, não macula a autuação nem coloca em dúvida o procedimento fiscal. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Em se tratando de exigência reflexa de contribuição que tem por base os mesmos fatos que ensejaram o lançamento do imposto de renda, a decisão de mérito prolatada no principal constitui prejulgado na decisão do decorrente. PEDIDO POR JUNTADA DE PROVAS. Indeferese o pedido para juntada de provas após o oferecimento da impugnação, em observância ao disposto no artigo 16 do Decreto n° 70.235, de 1972. Devese indeferir o pedido para realização de perícia quando a impugnante não apresenta os questionamentos que demandariam a análise de profissional especializado. Irresignada com a decisão de primeira instância, a Recorrente interpôs recurso voluntário a este CARF da parte MANTIDA, repisando os tópicos aduzidos anteriormente na respectiva impugnação. É o relatório. Fl. 3046DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 89 23 Voto Os recurso de ofício preenche os requisitos de admissibilidade, inclusive o valor exonerado pela decisão de piso supera o previsto no artigo 2º da Portaria MF nº 375/2001, alterado pela Portaria MF nº 03, de 03 de janeiro de 2008 (tributos e encargos de multa superior a R$ 1.000.000,00), motivo pelo qual o recurso de ofício deve ser conhecido. RECURSO DE OFÍCIO Das Diferenças entre DCTF e DIPJ Sobre esta questão, a contribuinte em sua defesa alegou que o crédito tributário exigido já havia sido pago ou compensado antes da lavratura dos autos de infração. Disse que houve compensações realizadas na data do vencimento dos tributos e pagamentos efetuados durante a ação fiscal, que não foram levados em consideração pelas Autoridades Fiscais. A DRJ cancelou parte da autuação, nos termos mais relevantes que abaixo se transcreve: (...) Resumindo, o entendimento acima exposto: pagamento ou compensação providenciados depois de iniciado o procedimento fiscal não impedem a constituição do crédito tributário de ofício. No entanto, os valores recolhidos ou compensados devem ser analisados pelo órgão da Secretaria da Receita Federal do Brasil responsável pela cobrança da dívida fiscal; compensações providenciadas espontaneamente nos termos da legislação aplicável extinguem o crédito tributário, salvo se, expressamente, não forem homologadas pela Autoridade Tributária competente. O mesmo efeito extintivo, naturalmente, possuem os pagamentos realizados antes do início da ação fiscal. (...) Como já se viu, diversas foram as Dcomp declaradas pela interessada antes do início da ação fiscal. Os débitos confessados nestas declarações que também constaram nas DCTF não foram incluídos nos autos de infração, conforme já explicado. Logo, a existência delas não tem o condão de reduzir o crédito tributário lançado de ofício. No entanto, houve débitos informados em Dcomp que não foram arrolados nas DCTF. São eles: Fl. 3047DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 90 24 IRPJ débito CSLL débito fls. Dcomp Data Dcomp valor PA valor PA 02573.60694.200810.1.7.016629 retificadora da Dcomp: 14160.82690.300710.1.3.016153 20/8/2010 527.353,16 1° trim 2796 27446.87544.310111.1.3.017050 31/1/2011 342.342,78 4° trim 990.999,90 4° trim 2813 17540.18003.310111.1.3.014032 31/1/2011 401.751,64 3° trim 125.796,12 3° trim 2818 29696.37588.310111.1.3.010911 31/1/2011 157.288,33 4° trim 2823 Estes débitos, não obstante tenham sido constituídos espontaneamente pela contribuinte, não foram levados em consideração pela Fiscalização. Todavia, entendo que eles devam ser sopesados, pois não deixam de ser tributos confessados pela interessada que, por este motivo, estão relacionados aos tributos informados na DIPJ. A fim de prosseguir com o raciocínio, reproduzo, mais uma vez as tabelas que informam os tributos exigidos pela Fiscalização: Período de Apuracau CSLL a Paear (valores em RÍ) Valores Lalur c DIPJ RctiScadota Declarado cm DCTF Admitida Diferença a Tributar 1° Trim. 2009 10.408,63 0,00 10.408,63 2" Trim. 2009 4 .090, 15 0,00 ■4.090,25 3° Trim. 2009 4.973,39 0,00 4.973.39 4" Trim. 2009 198.631,93 198.631,93 0,00 PTrim. 2010 1.333.49!.97 I.OOi.210,67 328,281.30 2° Trim. 2010 674 C 1 9.1 1 674.419,98 199, 1 ! 3° Trim. 2010 451.492,36 407.212.82 44 279.54 4" Trim. 2010 4i.725,31 0,00 4(i. .25,31 Cotejando as tabelas acima, verificase que há tributos declarados em Dcomp transmitidas antes do início da ação fiscal que extinguem os débitos admitidos pela interessada em suas DIPJ. Devese, então, reduzir os valores dos AI a fim de que o Fisco não exija tributo previamente confessado em Dcomp. Na coluna "valor remanescente do AI" da tabela abaixo, são apresentados os tributos lançados nos AI que não foram declarados em DCTF ou em Dcomp, Fl. 3048DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 91 25 lembrando que o valor de R$ 199,33 (CSLL PA 2° Trim.) já foi retirado da autuação: valor exigido no AI Valor constante em Dcomp não vinculada a DCTF valor remanescente do AI Trimest re IRPJ CSLL IRPJ CSLL IRPJ CSLL 1°/2010 1.524.285,94 328.281,3 527.353,16 0,00 996.932,78 328.281,30 2°/2010 91.570,53 199,13 0,00 0,00 91.570,53 0,00 3°/2010 485.904,39 44.279,54 401.751,64 125796,12 84.152,75 0,00 4°/2010 0,00 46.725,31 499.631,11 990.999,90 0,00 0,00 Revisados os autos, constato a correção da decisão de piso que nada mais fez do que admitir que as compensações formalizadas antes do início da ação fiscal, devem ser aceitas como instrumentos hábeis a extinguir o crédito tributário, sob condição resolutória de posterior exame pela Autoridade Tributária competente, por força do artigo 74 da Lei n° 9.430, de 1996: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1° A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2° A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (... ) § 5° O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (... ) § 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados. (... ) O mesmo efeito extintivo, naturalmente, possuem os pagamentos realizados antes do início da ação fiscal. Por todo o exposto, NEGO provimento ao recurso de ofício. Fl. 3049DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 92 26 RECURSO VOLUNTÁRIO O recurso voluntário preenche os requisitos legais para admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento Preliminares de nulidade Preliminarmente alega a Recorrente que a autuação foi lavrada sem observância às corretas bases de cálculo, e afirma que, além da ofensa aos artigos 44, 97, I e IV, e 142 do CTN, houve atentado aos artigos 153, III, 195, I, "c", e 150, I, da Constituição da República. Além disso, assevera que o lançamento é nulo em decorrência da ilicitude da prova que o lastreia, qual seja, a quebra de sigilo bancário da impugnante sem ordem judicial autorizadora. Em sede preliminar, arguiu a Recorrente que as autuações não estariam adequadamente motivadas, isso porque a Fiscalização foi lacônica ao expor as razões que afastaram o enquadramento, como subvenções para investimento, dos benefícios recebidos no contexto do PRODESIN. Em primeiro lugar há cabe salientar que não há se falar em preterição do direito de defesa, vez que os fatos apurados foram descritos com o respectivo enquadramento legal e levados ao conhecimento da autuada, levando a mesma a defenderse plenamente através da peça impugnatória e recurso acostados aos autos, como efetivamente o fez. Outrossim, foram observados dois requisitos fundamentais à validade do ato administrativo. Os requisitos apontados estão previstos em lei, são os incisos III e IV do art. 10 do Decreto 70.235/72, ou seja, o que se constata é que nos autos de infração foi verificada a ocorrência do fato gerador, determinada a matéria tributável, calculado o montante do tributo devido, identificado o sujeito passivo e aplicada a penalidade cabível, tudo em conformidade com a legislação de regência. Observase, também, que os autos de infração estão acompanhados de todos os elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito e que os lançamentos atendem a todos os requisitos legais, não existindo, portanto, qualquer violação ao princípio da legalidade ou aos dispositivos enumerados pelo contribuinte. Quanto à alegação de que seria nulo por falta de motivação, também não procede, pois a Recorrente pode até discordar da motivação dada pela fiscalização, mas a motivação foi exposta, sim, pela fiscalização, nos seguintes termos: 49. Na obtenção da receita de crédito presumido do ICMS, a fiscalizada se utilizou do benefício previsto na lei do Governo das Alagoas n° 5.671, de 01 de fevereiro de 1995; que dispõe sobre o programa de desenvolvimento integrado do Estado de Alagoas PRODESIN, e, no seu artigo 4°, inciso V, alínea "d", concede incentivo de crédito presumido de 50% (cinquenta por cento) do ICMS para as empresas beneficiárias. Nas demais alíneas desse artigo, a lei fixa regras para diferimento do ICMS. Fl. 3050DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 93 27 50. Na nossa leitura de todo o bojo dessa Lei, não visualizamos qualquer vinculação dos recursos dos benefícios fiscais concedidos com a sua aplicação efetiva e específica em bens e direitos ligados à implantação ou expansão do empreendimento econômico beneficiado. 51. Esse entendimento é inclusive coadunado com o da própria empresa, conforme está estampado nas suas demonstrações financeiras publicadas, no Relatório da Auditoria Independente, assinado pela ERNST & YOUNG TERCO, com data de 28/02/2013, onde destacamos (e transcrevemos abaixo) os seguintes trechos: [...] 2.5 Subvenções governamentais [...] No âmbito estadual, a Companhia possui incentivos fiscais enquadrados em determinados programas de desenvolvimento industrial estadual na forma de financiamento ou diferimento do pagamento de impostos, com reduções parciais do valor devido. A Companhia considera que esses incentivos não são classificados como subvenções para investimentos, cobertos pelo CPC 7 ("Subvenções c assistências governamentais "). Os prazos de carência, fruição e as reduções são previstas na legislação fiscal e, quando existentes,; as condições referemse a fatos sob o controle da Companhia. O benefício relativo à redução no pagamento desses impostos é registrado no resultado do exercício da Companhia, com base no regime de competência de registros desses impostos, ou no momento em que a Companhia cumpre com as obrigações fixadas nos programas estaduais, para ter o beneficio concedido. [...] 15. Subvenções governamentais Continuação Em 4 de agosto de 2008, esse incentivo foi readequado conforme Decreto 4.042 instituído pelo Estado de Alagoas. De acordo com este decreto, o incentivo concede a Companhia o crédito presumido de 50% do ICMS relativo aos produtos da Companhia, não possuindo mais nenhum incentivo sobre o ICMS substituto. A readequação do incentivo alterou o prazo de carência para 1 ano, devendo a Companhia proceder com o pagamento findo o prazo de carência em valor equivalente do ICMS dividido em 84 parcelas (7 anos). O prazo de vigência do incentivo é de 15 anos a partir da data da publicação do Decreto 4.042/2008. (grifos dos AuditoresFiscais) 52. Ademais, a empresa, quando intimada a justificar a exclusão de tais receitas da base de tributação do IRPJ/CSLL, não apresentou quaisquer justificativas. 53. Em concluso, temos que, o crédito presumido do ICMS, por ser uma receita do contribuinte, e por não se tratar de "subvenção/doação para investimentos ", dever ser registrado cm conta de resultado e levado a tributação do IRPJ/CSLL/PIS/COFINS, não sendo admitida a sua exclusão. Fl. 3051DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 94 28 Como se vê, não há vício na motivação podendo haver discordância da mesma, através de juízo de valor, o que será apreciado no mérito mais adiante. Outrossim, como bem colocou a decisão de piso respeito da fundamentação exposta no TVF: Não se verifica, no excerto acima, qualquer vício na motivação que possa ensejar a anulação das autuações. A Fiscalização, depois de examinar os documentos apresentados pela fiscalizada, concluiu que não existem provas de que os benefícios recebidos tivessem "aplicação efetiva e específica em bens e direitos ligados à implantação ou expansão do empreendimento econômico beneficiado ". Veja que o item 50 do TEAF não deve ser interpretado isoladamente como única fonte da motivação das autuações. Todo o contexto apresentado deve ser sopesado. Deste modo, não pode ser olvidado que as orientações do Parecer Normativo CST n° 112/78 serviram de premissa ao raciocínio fiscal. O mencionado parecer, ao seu passo, elucida que, para que uma subvenção seja considerada para investimento, é imprescindível que os recursos recebidos estejam diretamente vinculados aos investimentos realizados. Esta ligação não foi identificada pela Fiscalização. (...) O fundamento do auto de infração foi a inexistência de fatos que demonstrassem que os incentivos recebidos eram diretamente aplicados na implantação ou na expansão do parque industrial. (...) Por todo o exposto, rejeito a preliminar de nulidade. MÉRITO 1) SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO/CUSTEIO CRÉDITOS PRESUMIDOS DE ICMS Tratase de créditos presumidos do ICMS, concedidos pelo Estado do Alagoas que, no entendimento da Recorrente, caracterizariam integralmente como subvenções para investimentos e que, no entendimento da autoridade fiscal, seriam subvenção para custeio, uma vez que não há prova de que os recursos foram efetivamente aplicados naqueles investimentos a que se destinavam. Os critérios que devem ser considerados para determinar se um valor registrado como subvenção se enquadra como investimento foram estabelecidos pela Administração Tributária através do Parecer Normativo CST n° 112, de 1978. Fl. 3052DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 95 29 A Lei das Sociedades Anônimas em seu art. 44 já dispunha, literalmente, que as subvenções integram a receita bruta operacional. Por outro lado, o DecretoLei 1.598/77, dispondo sobre a tributação do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, estipulou apenas que as subvenções para investimento estariam fora do campo de incidência desse tributo. É o que reza o § 2° de seu art. 38 DO DECRETOLEI N° 1.598/77, ALTERADO PELO DECRETOLEI N° 1.730/79: Art. 38. [...] § 2° As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e as doações, feitas pelo Poder Público, não serão computadas na determinação do lucro real, desde que: (Redação dada pelo Decretolei n° 1.730, 1979) (Vigência) a) registradas como reserva de capital, que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto nos §§ 3° e 4° do artigo 19; ou (Redação dada pelo Decretolei n° 1.730, 1979) O que já denota que a interpretação deva ser mais restritiva para efeito de concessão do referido benefício fiscal. A princípio é bom se passar em revista a legislação estadual específica do Estado do Alagoas. A DRJ fez isso muito bem: Como bem explicado pelas partes, PRODESIN é o Programa de Desenvolvimento Integrado do Estado de Alagoas, instituído pela Lei 5.519, de 1993, e presentemente regulado pela Lei Estadual n° 5.671, de 1995, e alterações posteriores. Os artigos 1° e 2° da Lei Estadual n° 5.671, de 1995, traçam as linhas que norteiam o programa, informando que ele se presta, fundamentalmente, a promover a expansão, o desenvolvimento e a modernização das indústrias do Estado de Alagoas: Art. 1° O Programa de Desenvolvimento Integrado do Estado de Alagoas PRODESIN, instituído pela Lei n° 5.519, de 20 de julho de 1.993, destinado à promoção de meios e ao oferecimento de estímulos voltados à expansão, ao desenvolvimento e à modernização das indústrias alagoanas, inclusive as de base tecnológica e as de micro e de pequeno porte, passa a ser regulado por esta Lei. Art. 2° São objetivos específicos do Programa de Desenvolvimento Integrado do Estado de Alagoas PRODESIN: I apoiar ações e providências tendentes ao melhoramento da qualidade e ao aumento da produtividade turística e industrial, através da modernização tecnológica, do aperfeiçoamento dos recursos humanos e do aprimoramento das atividades de gestão, de modo a assegurar melhores condições de competitividade aos empreendimentos instalados em Alagoas; Fl. 3053DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 96 30 II propiciar incentivos financeiros, técnicos, creditícios, locacionais, fiscais, infraestruturais e de interiorização turística e industrial, visando a expansão, a diversificação e a modernização destes setores; III estimular a interiorização do processo de desenvolvimento turístico e industrial, especialmente a implantação, a ampliação e a modernização de agroindústriais; IV promover a difusão e a implantação de programas de qualidade total e de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos; V estimular a ampliação e a modernização de agroindústrias e a implantação de novos empreendimentos do gênero; VI contribuir na recuperação de empresas consideradas prioritárias para o desenvolvimento do Estado de Alagoas; VII incentivar a descentralização econômica, especialmente das atividades produtivas; VIII fomentar a implantação de indústrias de transformação de matérias primas disponíveis ou produzidas no próprio Estado; IX promover o desenvolvimento de programas visando ao controle da poluição e a preservação do meio ambiente; X estimular a implantação e o desenvolvimento de micro e pequenas empresas, através da concessão de incentivos fiscais, e de outros mecanismos capazes de proporcionar condições favoráveis a ampliação deste segmento da economia; XI incentivar a implantação de incubadoras de empresas e parques tecnológicos , além da adoção de novas técnicas de gestão; XII conceber e executar outras ações voltadas para o desenvolvimento sócio econômico do Estado de Alagoas. 0 artigo 4° da mencionada lei trata das diversas modalidades de incentivos promovidas pelo Estado de Alagoas. São incentivos financeiros, técnico administrativos, creditícios, locacionais, fiscais e infraestruturais. A Resolução CONEDES n° 72/2007, a fls. 2791, instrumento por meio do qual se concederam os incentivos previstos em lei à CBA, estabeleceu que a beneficiária teria direito a incentivos fiscais, creditícios e locacionais: 1 INCENTIVOS FISCAIS 1.1 Diferimento do ICMS, incidente sobre os bens adquiridos no país e no exterior destinados ao ativo fixo da empresa na forma prevista na Lei 5.671/1995 e suas alterações; e art. 18 do Decreto 38.394/2000 e suas alterações. 1.2 Diferimento do ICMS incidente sobre a matéria.prima adquirida no país ou no exterior na forma prevista na Lei 5.671/1995 e suas alterações; e no art. 19 do Decreto 38.394/2000 e suas alterações. 1.3 Crédito presumido de 50% (cinquenta por cento) do ICMS relativo aos produtos da empresa beneficiária, bem como do imposto relativo às prestações de serviço de transporte interestadual e intermunicipal na forma prevista na Lei 5.671/1995 e suas alterações; e nos arts. 21 e 22 do Decreto 38.394/2000 e suas alterações. Fl. 3054DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 97 31 1.4 Diferimento pura 360 {trezentos e sessenta) dias do ICMS a ser recolhido pelo empreendimento incentivado na forma prevista na Lei 5.671/1995 e suas alterações e no art. 23 do Decreto 38.394/2000 e suas alterações. II INCENTIVOS CREDITÍCIOS 2 1 A empresa beneficiada poderá, por força da não operacionalização do FUNED, financiar o ICMS em até 84 (oitenta e quatro) parcelas mensais e consecutivas, nos percentuais previstos no Decreto 38.394/2000 e suas alterações, dos saldos devedores do ICMS apurados a partir do mês subsequente à publicação do decreto concessivo. III INCENTIVO LOCACIONAL 3.1. Incentivo Locacionalpor meio do subsídio no valor de R$ 5,00 (cinco reais) por metro quadrado na compra de uma área industrial de aproximadamente 150.000,00 m2, em local a ser definido pela empresa beneficiária. Para saber se esta espécie de subvenção deve compor a base de cálculo do IRPJ e CSLL é preciso se fazer também algumas considerações epistemológicas, lógicas e jurídicas. Entrando primeiramente num discurso de natureza epistemológica, o que se vê é que a doutrina e a jurisprudência tem se enredado nessa difícil missão de extrair “definibilidade” e “precisão” das regras e dos conceitos jurídicos, em “casos fronteiriços”, ou seja em casos tais em que ocorre uma indeterminação semântica no uso de termos gerais, inerente a toda e qualquer linguagem, justamente em função do fenômeno da textura aberta da linguagem. No caso, os famosos juristas do Direito Analítico, Alchourron e Bulygin, em seu clássico “Normative Systems”, no âmbito do Direito, foram os que mais se debruçaram sobre essa problemática, vindo a classificar tais indeterminações como sendo uma "Lacuna de Reconhecimento", que por sua vez, estaria representada tanto por dois outros conceitos: tanto ou por uma “vaguidade de grau” ou por uma “vaguidade combinatória”. A primeira se refere a dúvidas quanto à quantidade ou grau de presença de uma das propriedades constitutivas de um conceito que deve estar presente no caso particular para que a aplicação do conceito seja possível. A segunda lacuna, a de ”vaguidade combinatória”, referirseia à imprecisão a respeito de quais são as propriedades constitutivas de um conceito e a maneira pela qual elas devem estar combinadas para que o uso do termo geral possa ser empregado de forma legítima, o que me parece ser a dificuldade do caso que ora se enfrenta: quais critérios se combinariam para perfazer o conceito de "subvenção para investimento", diferenciandoo do conceito de "subvenção para custeio". Por esse motivo, ou seja, por uma questão epistemológica, subestimo o papel que os conceitos devem representar no âmbito do Direito Positivo. Acho que a legislação complementar e ordinária devem desempenhar um papel mais relevante na construção desses conceitos do que a doutrina geralmente tolera. Isso em função desse aspecto epistemológico traçado, ou seja, em função da natureza intrínseca dos conceitos que são geralmente vagos. Data maxima venia, tenho pra mim que a doutrina tradicional trabalha em cima de premissas já superadas e utópicas, ainda centradas no "paradigma da subjetividade" pretendendo fazer crer que no mundo da linguagem, na qual necessariamente o direito está Fl. 3055DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 98 32 calcado, características tais inerentes à realidade dos conceitos, como "indeterminação", “impureza” ou "complexidade" sejam totalmente desprezados. O que eu quero transmitir é simplesmente que é inescapável a incumbência de o direito positivo (legislação complementar e ordinária) projetar com mais detalhes as tão almejadas “definibilidade” e “precisão” que estão por natureza carentes nos "conceitos" de uma forma geral. É nesse contexto, permissa venia, que se enquadram os Pareceres Normativos expedidos pela Administração Tributária que se inserem no âmbito das normas complementares das leis, tratados e convenções internacionais e dos decretos, nos termos do art. 100, do CTN e que, apesar de não vincularem o CARF, ainda assim a interpretação exarada em um parecer normativo merece ser levada em conta justamente para efeito de conferir precisão e determinabilidade a determinados conceitos, como é o caso de se pretender definir/destinguir o conceito de "subvenção para investimento" do conceito de "subvenção para custeio". Ainda mais, tendo em vista que o Parecer Federal em referência (Parecer Normativo CST nº 112/78) traz critérios de distinção perfeitamente razoáveis, não tendo sido infirmados com solidez pela doutrina. O que se percebe e o que se pretende demonstrar mais adiante com vagar é que as tentativas de flexibilizar os critérios desse Parecer conduzem necessariamente à uma falta de distinção entre os conceitos de subvenção para investimento e subvenção para custeio, o que torna essas tentativas falhas. Como ficou pressuposto no meu voto, o ponto polêmico aqui em discussão não é o conceito de "subvenção" propriamente dito, pois nesse sentido discordo daqueles que pensam que essa ajuda/auxílio do poder público sem contrapartida não abarcaria o conceito de isenção, como é o caso concreto, da isenção do ICMS. Ora, a origem, se através de isenções ou não, da transferência do dinheiro público para o beneficiário não é ponto relevante para caracterizar ou não uma "subvenção". Como é sabido as definições legais geralmente são estipulatórias, pois estipulam definições dogmáticas com força cogente, mesmo que esteja em dissonância com a realidade. Nesse sentido, ínsito ao conceito legal de subvenção dotado pelo legislador federal estão as notas relativas à finalidade ou aplicação do uso daquele recurso: se para investimento ou custeio. Nesse sentido, não se aceita que o referido incentivo estadual quando utilizado em um caráter "ressarcitório" não se presta para preencher os requisitos necessários para o perfeito enquadramento de uma subvenção para investimento, pois como se disse a principal nota determinante da natureza de uma subvenção para investimento é que a alocação dos recursos recebidos deve ter a finalidade de expansão de investimentos geralmente através criação de novos empreendimentos ou expansão dos já existentes. Ora, se o investimento já foi feito, cai no vazio essa finalidade precípua. A DRJ também fez essa constatação: No caso concreto, no momento em que as subvenções foram recebidas pela interessada, anos de 2009 e 2010, o complexo industrial já estava em atividade, tanto que o crédito presumido do ICMS somente pode ser gerado depois que a empresa entrou em operação. Disse que a finalidade de expansão era uma nota ínsita ao conceito de subvenção para investimento, porque é sabido que para definir algo é preciso primeiro dividir, é preciso distinguir. E foi o que fez o legislador federal. O filósofo e logicista Pascal Ide, em Fl. 3056DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 99 33 seu clássico “A arte de Pensar”(Ed. Martins Fontes, 2ª Ed.,p.165) assim trata da divisão como forma suprir a “definição”: Um quarto instrumento é necessário para aprender a pensar: a divisão. Quantas vezes esta simples palavra, “Distingamos”, dissipou as trevas e apaziguou os espíritos inflamados por polêmicas estéreis. (...) A divisão tem três grandes aplicações no funcionamento do pensar: a definição, o raciocínio, a ordenação dos textos. (...) Para definir é preciso dividir, distinguir. Com efeito, a definição é um conhecimento distinto do ser de uma coisa; ora, vimos que, no ponto de partida, nosso conhecimento é confuso, e não distinto. Como passar do confuso ao distinto a não ser distinguindo, ordenando esse confuso? Então vamos lá a essa nobre tarefa: distingamos. Sendo assim, se faz mister primeiro fazermos uma rápida digressão no sentido de indicar os critérios rigorosos que geralmente se usam para fazer as distinções ou classificação. No caso, estamos diante de uma classificação dicotômica feita pelo legislador onde se espera que razoavelmente se respeite as regras naturais e lógicas de uma classificação/divisão, o que não ocorrerá se alargarmos ou flexibilizarmos o conceito de "subvenção para investimentos", fazendo letra morta o conceito de "subvenção para custeio". E isso acontecerá principalmente em face do desrespeito aos critérios segundo e terceiro, abaixo traçados. Novamente invocando Pascal Ide, em sua famosa obra “A Arte de Pensar”1, nos ensina que toda divisão rigorosa deve obedecer a quatro critérios ou regras: 1) A diferença deve ser intrínsica: a distinção deve ser feita no interior e não no exterior do gênero, isto é, da noção mais universal a partir da qual se divide; 2) A diferença deve ser exclusiva, noutros termos, os dois membros da divisão devem se excluir, não devendo haver “sobreposição de telhas”; 3) A diferença deve ser exaustiva, ao se excluírem os membros em presença devem esgotar a divisão e portanto fornecer uma distinção exaustiva; 4) A diferença deve ser estabelecida segundo o mesmo ponto de vista, por outras palavras, deve conservar a mesma perspectiva. Este é o modelo de regras geralmente seguidas que faz com que uma determinada classificação seja considerada “rigorosa”. Posto isso, façamos agora uma análise rigorosa dos critérios traçados pela legislação complementar, pelo Parecer Normativo CST nº 112/78, a fim de verificar a consistência lógica de seus critérios. Destacamse, assim, os seguintes trechos: 2.11 Uma das fontes para se pesquisar o adequado conceito de SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO é o Parecer Normativo 1 Ide PASCAL, A Arte de Pensar, São Paulo, Martins Fontes, 2000, p. 171/173 Fl. 3057DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 100 34 CST nº 2/78 (DOU de 16.01.78). No item 5.1 do Parecer encontramos, por exemplo, menção de que a SUBVENÇÃO para INVESTIMENTO seria a destinada à aplicação em bens ou direitos. Já no item 7, subentendose um confronto entre as SUBVENÇÕES PARA CUSTEIO ou OPERAÇÃO e as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, tendo sido caracterizadas as primeiras pela não vinculação a aplicações específicas. Já o Parecer Normativo CST Nº 143/73 (DOU de 16.10.73), sempre que se refere a investimento complementao com a expressão em ativo fixo. Desses subsídios podemos inferir que SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliá la, não nas suas despesas, mais sim, na aplicação específica em bens ou direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos. Essa concepção está inteiramente de acordo com o próprio § 2º do art. 38 do DL 1.598/77. 2.12 Observase que a SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO apresenta características bem marcantes, exigindo até mesmo perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta apenas o "animus" de subvencionar para investimento. Impõese, também, a efetiva e específica aplicação da subvenção, por parte do beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. Por outro lado, a simples aplicação dos recursos decorrentes da subvenção em investimentos não autoriza a sua classificação como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. 2.13 Outra característica bem nítida da SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO, para os fins do gozo dos favores previstos no § 2º do art. 38 do DL nº 1.598/77, de que seu beneficiário terá que ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. Em outras palavras quem está suportando a ônus de implantar ou expandir o empreendimento econômico é que deverá ser tido como beneficiário da subvenção, e, por decorrência, dos favores legais. Essa característica está muito bem observada nos desdobramentos do item 5 do PN CST nº 2/78. 2.14 Com o objetivo de promover a interação dos dois diplomas legais ora dissecados [Lei nº 4.506/64 e DL nº 1.598/77] podemos resumir a matéria relacionada com as SUBVENÇÕES nos seguintes termos: As SUBVENÇÕES, em princípio, serão, todas elas, computadas na determinação do lucro líquido: as SUBVENÇÕES PARA CUSTEIO ou OPERAÇÃO, na qualidade de integrantes do resultado operacional; as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, como parcelas do resultado nãooperacional. As primeiras integram sempre o resultado do exercício e devem ser contabilizadas como tal; as últimas, se efetivamente aplicadas em investimentos, podem ser registradas como reserva de capital, e, neste caso, não serão computadas na determinação do lucro real, desde que obedecidas as restrições. para a utilização dessa reserva. (...) Fl. 3058DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 101 35 3.6 Há, também, uma modalidade de redução do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (ICM), utilizada por vários Estados da Federação como incentivo fiscal, que preenche todos os requisitos para ser considerada como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. A mecânica do benefício fiscal consiste no depósito, em conta vinculada, de parte do ICM devido em cada mês. Os depósitos mensais, obedecidas as condições estabelecidas, retornam à empresa para serem aplicados na implantação ou expansão de empreendimento econômico. Em alguns casos que tivemos oportunidade de examinar, esse tipo de subvenção é sempre previsto em lei, da qual consta expressamente a sua destinação para o investimento; o retorno das parcelas depositadas só se efetiva após comprovadas as aplicações no empreendimento econômico; e o titular do empreendimento é o beneficiário da subvenção. (...) 7.1 Ante o exposto, o tratamento a ser dado às SUBVENÇÕES recebidas por pessoas jurídicas, para os fins de tributação do imposto de renda, a partir do exercício financeiro de 1978, face ao que dispõe o art. 67, item 1, letra "b", do Decretolei nº 1.598/77, pode ser assim consolidado: I As SUBVENÇÕES CORRENTES PARA CUSTEIO OU OPERAÇÃO integram o resultado operacional da pessoa jurídica; as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, o resultado não operacional; II SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO são as que apresentam as seguintes características: a) a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; b) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; e c) o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. III As ISENÇÕES ou REDUÇÕES de impostos só se classificam como subvenções para investimento, se presentes todas as características mencionadas no item anterior; IV As SUBVENÇÕES, PARA INVESTIMENTO, se registradas como reserva de capital não serão computadas na determinação do lucro real, desde que obedecidas as restrições para a utilização dessa reserva; Do exposto, cabe observar que as "subvenções para investimento" são identificadas a partir das seguintes características: Fl. 3059DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 102 36 a) a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; b) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado (sincronia entre o ente subvencionador e o subvencionado); c) o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. Ou seja, a natureza jurídica de subvenção para investimento está condicionada ao atendimento desses três critérios acima de forma cumulativa. Isso quer dizer que basta a falta do atendimento de um critério para não se perfazer o conceito de Subvenção para Investimento, caindo necessariamente na outra categoria: subvenção para custeio. Como se vê também, o Parecer delimita muito bem através desses critérios o que seja subvenção para investimento, e respeitando os critérios lógico de classificação inclusive o segundo (a diferença deve ser exclusiva) e o terceiro (a diferença deve ser exaustiva). O tem "c" não se discute no caso concreto. Quanto ao primeiro requisito, se não há nem a intenção do ente subvencionador de que os recursos se destinem ao investimento, não há que se falar em subvenção para investimento, nem muito menos se perquirir se o beneficiário a seu bel prazer destinou ou não os recursos a investimento. É necessário que o ente subvencionador revele esse objetivo de forma macro, estabelecendo parâmetros mínimos a serem cumpridos para efeito de expansão do empreendimento econômico projetado. Esse requisito foi dado como atendido pela fiscalização. De outra banda, se há intenção do ente subvencionador demonstrado na legislação, mas o beneficiário dos recursos não promove a efetiva e específica aplicação da subvenção nos investimentos previstos de implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado, não há também que se falar em subvenção para investimento, pois os recursos foram drenados necessariamente para o custeio. E esse foi o caso dos autos. Não houve problema na intenção do ente subvencionador, mas na efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado ou seja não houve a chamada sincronia entre a intenção do ente subvencionador e a ação da pessoa jurídica subvencionada. Por outro lado praticamente todo o arrazoado recursal se volta para defender ,em síntese, um único ponto, qual seja, o segundo critério estabelecido pelo referido Parecer, que é a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado (sincronia entre o ente subvencionador e o subvencionado). Porém, como visto não é possível abrir mão desse critério, pois senão não haveria como se aferir se os recursos estariam sendo destinados para o seu fim, o que não é aceitável. E diferentemente do alegado pela Recorrente, esse critério define, sim, a natureza dos recursos. O seu não atendimento descaracteriza sua natureza. E mesmo que o ente subvencionador estabeleça outros requisitos, não muda essa situação, pois para efeito da legislação federal o pressuposto relevante é aplicação em investimentos fixos. Fl. 3060DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 103 37 Nesse sentido, há uma confusão comum no que diz respeito a identificar os papeis a serem desempenhados pelas duas legislações (estadual e federal). É que cabe apenas à legislação estadual conceder o benefício à Recorrente, a exclusão da tributação dos tributos federais diz respeito à legislação federal e o seu enquadramento nada tem a ver com a interpretação isolada da legislação estadual como geralmente acontece. Isso porque o lançamento fiscal não teve como fundamento a existência de algum evento específico que alterou a natureza da subvenção ou alguma irregularidade cometida no descumprimento da legislação estadual que tenha resultado em perda do direito ao incentivo. O fundamento do auto de infração foi a inexistência de fatos que demonstrassem que os incentivos recebidos eram diretamente aplicados na implantação ou na expansão do parque industrial, conforme expressamente disposto no art. 38, §2° do DecretoLei n.° 1.598/77. Em relação ao preenchimento do segundo requisito, claro está que os estabelecimentos industriais já se encontravam em atividade e a receita percebida pela contribuinte estava disponível para ser aplicada ao seu livre critério. E se esse é o caso, é imperativo se concluir que o crédito presumido de ICMS acabou por reforçar o capital de giro da empresa beneficiada, utilizando este da forma que melhor lhe aprouvesse. Ora, a simples aplicação dos recursos decorrentes da subvenção em investimentos aleatoriamente escolhidos pelo subvencionado não autoriza a classificação como efetiva subvenção para investimento", havendo aqui a clara quebra da sincronia entre a intenção do ente subvencionador e a ação da pessoa jurídica subvencionada. De outra banda, não se nega a existência do complexo industrial, apenas não se admite o fato de que as subvenções em questão tenham sido utilizadas rigorosamente para sua implantação, tratandose, pois, de subvenção para custeio. A corroborar essa questão vem a tentativa da própria recorrente justificar suas razões com argumentos ligados à possibilidade do caráter ressarcitório desses recursos em vista dos investimentos industriais feitos outrora. Como já colocado, a DRJ também fez essa constatação: No caso concreto, no momento em que as subvenções foram recebidas pela interessada, anos de 2009 e 2010, o complexo industrial já estava em atividade, tanto que o crédito presumido do ICMS somente pode ser gerado depois que a empresa entrou em operação. E aqui não se venha alegar que o fato desse tipo de incentivo estadual pressupor que já exista um parque fabril, uma vez que para recebêlo a empresa precisa já estar em operação, vai de encontro ao critério estabelecido de sincronia. Primeiro lugar, o parque pode até já existir, mas a expansão do mesmo é sempre uma possibilidade daí não se inviabiliza o gozo do benefício federal por esse aspecto. E por último, ainda nesse contexto da expansão, não há porque não se poder fazer o sincronismo do recebimento com o investimento. Nesse sentido, muito bem dispôs o item 3.6 do Parecer Normativo n° 112, de 1978, indicando que ressarcimentos podem, sim, ser considerados subvenções para investimento mas é necessário que os recursos sejam liberados nas exatas proporções em que os investimentos são realizados: 3.6 Há, também, uma modalidade de redução do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (ICM), utilizada por vários Estados da Federação como incentivo fiscal, que preenche todos os requisitos para ser considerada como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. A mecânica do benefício fiscal consiste no depósito, em conta vinculada, de parte do ICM devido em cada mês. Os Fl. 3061DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 104 38 depósitos mensais, obedecidas as condições estabelecidas, retornam à empresa para serem aplicados na implantação ou expansão de empreendimento econômico. Em alguns casos que tivemos oportunidade de examinar, esse tipo de subvenção é sempre previsto em lei, da qual consta expressamente a sua destinação para o investimento; o retorno das parcelas depositadas só se efetiva após comprovadas as aplicações no empreendimento econômico; e o titular do empreendimento é o beneficiário da subvenção. O que se vê é que a recorrente não desincumbe a contento em provar que fazia jus a subvenção para investimento, o que ficou claro no item 51 do TVF, através do qual se demonstrou que a própria Recorrente, através de sua consultoria, Ernest Young não reconhce qualquer subvenção estadual em sua contabilidade, mas contraditoriamente declara de forma diferente em sua DIPJ: 51. Esse entendimento é inclusive coadunado com o da própria empresa, conforme está estampado nas suas demonstrações financeiras publicadas, no Relatório da Auditoria Independente, assinado pela ERNST & YOUNG TERCO, com data de 28/02/2013, onde destacamos (e transcrevemos abaixo) os seguintes trechos: [...] 2.5 Subvenções governamentais [...] No âmbito estadual, a Companhia possui incentivos fiscais enquadrados em determinados programas de desenvolvimento industrial estadual na forma de financiamento ou diferimento do pagamento de impostos, com reduções parciais do valor devido. A Companhia considera que esses incentivos não são classificados como subvenções para investimentos, cobertos pelo CPC 7 ("Subvenções c assistências governamentais "). Os prazos de carência, fruição e as reduções são previstas na legislação fiscal e, quando existentes,; as condições referemse a fatos sob o controle da Companhia. O benefício relativo à redução no pagamento desses impostos é registrado no resultado do exercício da Companhia, com base no regime de competência de registros desses impostos, ou no momento em que a Companhia cumpre com as obrigações fixadas nos programas estaduais, para ter o beneficio concedido. [...] 15. Subvenções governamentais Continuação Em 4 de agosto de 2008, esse incentivo foi readequado conforme Decreto 4.042 instituído pelo Estado de Alagoas. De acordo com este decreto, o incentivo concede a Companhia o crédito presumido de 50% do ICMS relativo aos produtos da Companhia, não possuindo mais nenhum incentivo sobre o ICMS substituto. A readequação do incentivo alterou o prazo de carência para 1 ano, devendo a Companhia proceder com o pagamento findo o prazo de carência em valor equivalente do ICMS dividido em 84 parcelas (7 anos). O prazo de vigência do incentivo é de 15 Fl. 3062DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 105 39 anos a partir da data da publicação do Decreto 4.042/2008. (grifos dos AuditoresFiscais) E esse aspecto do sincronismo também ficou bastante claro no voto do então Conselheiro Claudemir, conforme se extrai do julgamento em sede de recurso especial na CSRF, acórdão 910101.239 1a Turma, sessão de 21 de novembro de 2011:: Voto Vencedor (...) O fato da lei que institui o beneficio revelar a intenção da Pessoa Jurídica de Direito Público de transferir capital para a iniciativa privada, é apenas indicativo de tratarse de subvenção para investimento, pois sua correta qualificação, inequivocamente, depende dos requisitos e exigências estipuladas para a fruição do beneficio, cujas características permitem assegurar o efetivo cumprimento dos objetivos da norma concessiva. Assim, verificar se tal beneficio pode ser considerado, para fins fiscais, como subvenção para investimento, ou para custeio, implica investigar a natureza juridica do beneficio, com destaque para os pontos da lei concessiva que estabelecem os critérios quantitativos e qualitativos, bem como os requisitos e mecanismos que assegurem a efetiva "implantação ou expansão de empreendimentos econômicos", tal como preconizado pelo Decreto Lei n° 1.598/77. O argumento recursal de que a autuação decorre de interpretação extensiva do Parecer Normativo Cosit n° 112, de 1978, também não prospera, seja porque o critério da sincronia está lá perfeitamente delineado, seja porque, com fundamento nesse Parecer Normativo, foi exarada, no processo 11080.008859/0069, Solução de Consulta da Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil da 10a Região Fiscal, sob n° 218, de 18/12/2001, confirmando o entendimento que suscitou a autuação: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ementa: SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. CARACTERIZAÇÃO. As subvenções para investimentos passíveis de exclusão da apuração do lucro real são aquelas que, recebidas do Poder Público, ainda que em função de redução de impostos, sejam efetiva e especificamente aplicadas pelo beneficiário nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado, devendo haver absoluta correspondência e vinculação entre a percepção da vantagem e a aplicação dos recursos. Sem essas características a subvenção se torna tributável, incluída na apuração do lucro real. Dispositivos Legais: arts. 392, I, e 443 do Decreto n° 3.000, de 1999 (RIR/1999); Parecer Normativo CSTn° 112, de 1978. Fl. 3063DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 106 40 Da inconstitucionalidade do Parecer normativo nº 112/1978 Quanto a esse tópico desenvolvido pela Recorrente, as alegações de ofensa a princípios constitucionais, cabe esclarecer que a autoridade administrativa é vinculada a lei válida e vigente, não cabendo a este órgão do Poder Executivo deixar de aplicálas, encontrando óbice, inclusive na Súmula nº 2 deste Conselho (atual Primeira Sessão do CARF): Súmula 1ºCC nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (PORTARIA MF N.° 383 – DOU de 14/07/2010). Incentivo Fiscal de Redução de 75% do IRPJ Por fim, por absoluta prova de suas alegações, reitero em todos os seus termos as razões da decisão de piso que rejeitaram de forma bastante detalhada e percuciente as alegações genéricas e imprecisas da Recorrente a respeito deste tópico: Do Incentivo Fiscal de Redução de 75% do IRPJ Conforme já relatado, o benefício fiscal em referência é calculado sobre os lucros da exploração da atividade incentivada, o qual é apurado com base na contabilidade da contribuinte, que deve apresentar "os elementos que compõem a operações e os resultados do período de apuração de cada um dos estabelecimentos que operem na área de atuação da SUDENE ", consoante o disposto no § 1° do artigo 549 do RIR/99. Caso a contabilidade não ofereça condições de apurar o lucro de exploração de cada atividade incentivada, será realizada uma estimativa com base "na proporção que a receita líquida de cada atividade representa cm relação à receita líquida total" , segundo explicado pelos AuditoresFiscais. No caso em exame, a Fiscalização teve que recorrer ao procedimento de estimativa previsto na legislação, posto que a contabilidade da contribuinte não permitiu se proceder com as apurações previstas na lei. Registrese, aqui, que a impugnante não se contrapôs especificamente a este fato, concordando, implicitamente, com as conclusões fiscais. Outras premissas apresentadas pela Fiscalização para a apuração do lucro de exploração da atividade incentivada também não foram questionadas, o que permite se concluir que, de fato, a empresa goza dos incentivos apenas nas unidades matriz e filial Arapiraca e que "os registros contábeis também não permitiram o levantamento das receitas líquidas das atividades incentivadas" (TEAF fls. 76). Em sua defesa, a impugnante alegou que haveria uma discrepância generalizada entre os valores por ela levantados e os indicados pela Fiscalização e que a planilha elaborada pela empresa de auditoria Ernst Youg comprovaria tal afirmação. Todavia, ao apontar as divergências, arrolou poucas situações, que, de forma alguma, maculam o procedimento fiscal. Os poucos casos citados não permitem qualquer inferência acerca da validade do procedimento fiscal. Quando muito, indicariam pontuais divergências a serem averiguadas pelo órgão julgador. Fl. 3064DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 107 41 Deve ser lembrado, a esse passo que, nos termos do artigo 16 do Decreto n° 70.235, de 1972, compete à impugnante oferecer precisamente as razões de impugnação, não podendo ser aceita a conduta de indicar algumas divergências e dizer que uma extensa planilha demonstraria a ilegitimidade do procedimento fiscal. As argumentações oferecidas pela impugnante devem ser mais detalhadas para que o julgador administrativo não seja impelido a procurar questões que não foram expressamente levantadas pela parte. Os acórdãos do CARF abaixo elencados demonstrar que o ônus de comprovar a irregularidade da autuação não pode ser transferido ao julgador: IRPJ PROVA Cumpre à impugnante demonstrar o efeito modificativo ou extintivo do crédito constituído pelo lançamento. Não basta ao impugnante juntar documentos aos autos, sendo indispensável que ele demonstre o efeito probatório por eles produzido. (Acórdão n° 10707882) DA INADEQUAÇÃO DA BASE DE CALCULO PRESUMIDA Quanto há alegação de erros de cálculo perpetrado pela Fiscalização, há a Recorrente de demonstrar os pontos nodais caracterizadores dos ditos erros. Não se pode ater a negativa genérica. E quando alega que a base de cálculo utilizada em determinadas competências não corresponde à realidade dos fatos, uma vez que foi presumida sem qualquer prova documental, deve ater ao fato de o relatório fiscal que descreveu os documentos que serviram, conforme ocorreu no caso em tela. (Acórdão 2301003.876) Deve ser lembrado, também, que a Fiscalização deixou muito claro, no TEAF, que os valores utilizados nas autuações foram fornecidos pela própria fiscalizada. Quando ocorreram eventuais divergências entre as informações entregues pela empresa e as constantes no sistema SICOBE, prevaleceram os esclarecimentos prestados durante a ação fiscal: Assim é que, com observância nos laudos constitutivos, esta fiscalização apurou as receitas líquidas incentivadas da unidade Matriz e da unidade Arapiraca (únicos estabelecimentos incentivados); para tanto, considerando as notas fiscais eletrônicas (NFe) emitidas e a produção nesses estabelecimentos dos produtos incentivados (considerados aqui inclusive os produtos incentivados produzidos que foram transferidos e vendidos por outros estabelecimentos). Observamos aqui que, no levantamento procedido por esta fiscalização, foram consideradas as informações de produção informadas pela empresa, mesmo diante de pequenas diferenças em relação às informações de produção constantes no Sistema de Controle de Produção de Bebidas SICOBE, pois que, consideradas sem signifícância. Se a autuada, em sede de impugnação, diz apresentar planilha que não confirma valores anteriormente repassados aos AuditoresFiscais e avalizados por eles, deve ela comprovar a veracidade de suas alegações, juntando aos autos elementos de demonstrem que as quantias apuradas pela empresa de auditoria devam prevalecer. Mesmo as alegações (a) de que a Fiscalização "não levantou as receitas líquidas incentivadas dos 1° e 2° trimestres e o levantamento do 3° trimestre é substancialmente inferior ao real" e (b) de que a fabricação de produtos em lata não tenha sido considerada em sua integralidade, embora de caráter mais abrangentes, também não maculam o lançamento fiscal, pois estão desacompanhadas de efetivas Fl. 3065DF CARF MF Processo nº 10320.720717/201416 Acórdão n.º 1401001.766 S1C4T1 Fl. 108 42 provas (notas fiscais e comprovantes de produção, por exemplo) que comprovem a sua veracidade. Pagamentos compensações feitas após procedimento de ofício Outrossim, os pagamentos e compensações feitos após procedimento de ofício, como bem colocado pela decisão de piso, não impedem a constituição do lançamento com sua multa, no entanto os valores recolhidos ou compensados devem ser analisados pelo órgão da SRFB responsável pela cobrança, não competindo sua análise/imputação a autoridade julgadora. TRIBUTAÇÃO CSLL Em se tratando de exigência reflexa de contribuição que tem por base os mesmos fatos que ensejaram o lançamento do imposto de renda, a decisão de mérito prolatada no principal constitui prejulgado na decisão do decorrente. Por todo o exposto, NEGO provimento aos Recursos de ofício e voluntário. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Relator Fl. 3066DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10140.721850/2014-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA DO CARF.
Incabível na esfera administrativa a discussão de que uma determinada norma legal não é aplicável por ferir princípios constitucionais, pois essa competência é atribuída exclusivamente ao Poder Judiciário, na forma dos artigos 97 e 102 da Constituição Federal. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO.
A vedação quanto à instituição de tributo com efeito confiscatório é dirigida ao legislador e não ao aplicador da lei.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).
MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE PREVISTA EM LEI.
A aplicação de penalidade prevista em lei não pode ser tachada de ilegal, não tendo o CARF competência para análise da constitucionalidade da norma.
Numero da decisão: 1402-002.468
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário em relação à natureza confiscatória da multa por ser matéria constitucional e, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Ausentes momentaneamente o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone e justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2009 INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA DO CARF. Incabível na esfera administrativa a discussão de que uma determinada norma legal não é aplicável por ferir princípios constitucionais, pois essa competência é atribuída exclusivamente ao Poder Judiciário, na forma dos artigos 97 e 102 da Constituição Federal. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO. A vedação quanto à instituição de tributo com efeito confiscatório é dirigida ao legislador e não ao aplicador da lei. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE PREVISTA EM LEI. A aplicação de penalidade prevista em lei não pode ser tachada de ilegal, não tendo o CARF competência para análise da constitucionalidade da norma.
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IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA DO CARF. Incabível na esfera administrativa a discussão de que uma determinada norma legal não é aplicável por ferir princípios constitucionais, pois essa competência é atribuída exclusivamente ao Poder Judiciário, na forma dos artigos 97 e 102 da Constituição Federal. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO. A vedação quanto à instituição de tributo com efeito confiscatório é dirigida ao legislador e não ao aplicador da lei. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE PREVISTA EM LEI. A aplicação de penalidade prevista em lei não pode ser tachada de ilegal, não tendo o CARF competência para análise da constitucionalidade da norma. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 14 0. 72 18 50 /2 01 4- 16 Fl. 893DF CARF MF Processo nº 10140.721850/201416 Acórdão n.º 1402002.468 S1C4T2 Fl. 894 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário em relação à natureza confiscatória da multa por ser matéria constitucional e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Ausentes momentaneamente o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone e justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. Fl. 894DF CARF MF Processo nº 10140.721850/201416 Acórdão n.º 1402002.468 S1C4T2 Fl. 895 3 Relatório FRIGORÍFICO PERI LTDA recorre a este Conselho, com fulcro no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 1456.611 proferido pela 3ª Turma da Delegacia de Julgamento em Ribeirão Preto que julgou improcedente a impugnação apresentada. Por bem refletir o litígio, adoto o relatório da decisão recorrida, complementandoo ao final: Versa o presente Processo Administrativo Fiscal (PAF) sobre impugnação à exigência de crédito tributário no valor total de R$ 39.942.333,88 (fl. 02) – inclusos os consectários legais (juros de mora calculados até 30/09/2014; multa de ofício no percentual de 150%) – constituído por autos de infração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ; R$ 13.390.884,52; fls. 0317), de Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL; 6.050.018,46; fls. 1933), de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins; R$ 16.850.491,13; fls. 3544), de Contribuição para o PIS/PASEP (PIS; R$ 3.650.939,77; fls. 4655), referente a períodos de apuração compreendidos no anocalendário de 2009. A descrição da exigência consta de cada Auto de Infração, bem como em seus elementos integrantes (às fls. 0260) – inclusive discriminação das receitas apuradas, bases de cálculo, alíquotas, apuração dos valores dos tributos, percentual das multas de ofício aplicadas, descrição do procedimento fiscal, dos fatos verificados e da configuração em infrações tributárias, além do regime de tributação adotado pela fiscalização (arbitramento de ofício, considerando a não apresentação de livros contábeis e fiscais, tendo a contribuinte sido intimada e reintimada). Imputouse responsabilidade solidária ao Sr. Ademir Lopes (CPF nº 189.362.10068), sócioadministrador, conforme consta dos referidos autos de infração e do “Termo de Ciência de Lançamento(s) e Encerramento Total do Procedimento Fiscal – Responsabilidade Tributária” (acostado às fls. 5960 do PAF). Cientificado, pessoalmente, no dia 1º de outubro de 2014 (fl. 60), o sujeito passivo solidário não apresentou impugnação. A contribuinte (empresa fiscalizada), representada por seu sócioadministrador (Sr. Ademir Lopes), foi cientificada da exigência na mesma oportunidade, dia 1º de outubro de 2014 (fl. 58). No dia 29 de outubro de 2014, apresentou impugnação e anexos (fls. 805828), contendo suas razões de irresignação contra a autuação, a seguir sumariadas: (Dos Fatos e Fundamentos de Direito) A empresa impugnante acompanhou todas as fiscalizações realizadas, e sempre colaborou com a fiscalização, apresentando “sempre que possível todas as documentações cabíveis e solicitadas”. Não merece subsistir a alegação “de que teria ocorrido ‘omissão de receitas por falta de recolhimento’”, pois “o que aconteceu foi um equívoco por parte dos responsáveis pela fiscalização, que fecharam os seus olhos quando não reconheceram o direito da empresa contribuinte”; Fl. 895DF CARF MF Processo nº 10140.721850/201416 Acórdão n.º 1402002.468 S1C4T2 Fl. 896 4 (Das Preliminares – Da Insubsistência da Multa Qualificada e dos Juros) É totalmente infundada, “inverídica e improcedente” a acusação “sobre ter o impugnante ter praticado fraude”. A “descrição, pura e simples e não fundamentada, constante do auto de infração, é por demais impertinente ao conceito legal de fraude. Significa que se deve provar e não apenas declarar a existência do elemento subjetivo, que é o dolo (vontade livre e consciente de produzir o resultado), o que não fora ocorrido no caso.”; segundo “a doutrina abalizada, as infrações fiscais podem ser classificadas, quanto à sua natureza, em substanciais e formais. (...)”. “Por seu turno, conforme o grau de culpabilidade, as infrações podem ser objetivas e infrações subjetivas, que podem ser culposas ou dolosas, estas quais consistem na atuação deliberada do agente contra a lei, com a clara e manifesta intenção de obter o resultado do evento ilícito. Certos doutrinadores, como Sampaio Dória e Alberto Xavier, por exemplo, que denominam estas infrações, genericamente, de evasão, dizemnas omissivas (...); ou comissivas, que podem ser lícitas ou não, as quais são praticadas com o fim de não pagar o tributo, e como já fora deixado claro no caso concreto, o impugnante jamais teve intenção de prejudicar o fisco, pelo contrário, está disposto a arcar com seus deveres. (...) No caso vertente, temos tratarse de uma infração de natureza subjetiva, substancial, dolosa. (...)”; “Portanto, se a Fiscalização não reúne as provas seguras para positivar a acusação de fraude, devese abster de sua prática, sob pena de cometer verdadeira injustiça em razão de sua gravidade e seriedade, bem como de sujeitar seus agentes às sérias conseqüências da responsabilidade funcional, posto que sua atuação prendese, obrigatoriamente, aos precisos termos postos no artigo 142 do Código Tributário Nacional, por tratarse de atividade plenamente vinculada e obrigatória.”; “Vejamos a jurisprudência selecionada: 1. Acórdão n° 10419.384 Sessão de 11/06/2003: (...) 2. Acórdão n° 10419.550 Sessão de 10/09/2003: (...) 3. Acórdão n° 10418.487 Sessão de 06/12/2001: (...)” “Em face dos alentados argumentos acima e da jurisprudência transcrita, admitindose, por mera concessão dialética, que os Ilustres Julgadores superem as razões exibidas nos tópicos anteriores, impõese afastar a multa de 150%.”; “Além das ilegalidades aplicadas jamais chegaria ao absurdo valor apresentado pela fazenda publica, devendo ser refeito o calculo, e retificado o valor, se não acatado nenhuma ilegalidade exposta.’; “Os juros aplicados tem efeito de confisco, haja vista que são totalmente inaceitáveis, pois ultrapassam qualquer limite legal. Ao efetuar tal aplicação ocorre a infração a proibição do tributo com efeito de confisco (...)”; “Temos diversas correntes sobre a aplicação do efeito confiscatório, visto se tratar de uma matéria extremamente importante em nosso ordenamento, pois, uma aplicação erronia por parte da fazenda publica pode fazer a diferença para milhares de pessoas. O jurista Ives Gandra da Silva Martins, defende a posição mais ampla, sugerindo a idéia que a aplicação do princípio do artigo 150, inciso IV da Constituição, não protege tão somente o tributo, mas também Fl. 896DF CARF MF Processo nº 10140.721850/201416 Acórdão n.º 1402002.468 S1C4T2 Fl. 897 5 toda obrigação dela decorrente, inclusive a gerada pelo inadimplemento do contribuinte.” (Os Fatos) “O impugnante está sendo acusado pela Receita Federal do Brasil de ter deixado de apresentar à fiscalização os Livros Diário e Razão do exercício de 2009. E por estes fatos o sujeito ativo aplicou penalidade a impugnante, sobre IRPJ, CSLL, PIS e COFINS pela tributação baseada no LUCRO ARBITRADO, chegando a um valor exorbitante.”; “Em preliminar é de se informar a este julgador que o contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, passou por alguns problemas no seu sistema interno, principalmente em relação à sua contabilidade, por isso obteve desconfortos em relação à fiscalização no ocorrido ano calendário. E diante dessas informações, segue abaixo esclarecimentos dos fatos e fundamentos jurídicos.”; (DO IRPJ, CSLL, PIS E COFINS) – (DO IRPJ) “Não nega de fato, que esse imposto mereça subsistir, tanto que está aqui para conciliar esta situação, perante o fisco. É importante ressaltar que não houve máfé em nenhuma conduta da empresa, ora recorrente.”; “Preliminarmente, cabe dizer que no processo em questão, ocorreu a quebra do princípio da isonomia, pois sobre as empresas, pessoas jurídicas, a contribuição sobre o lucro, incidente sobre sua receita produziu grande distorção. A receita da contribuinte passou a sofrer ônus de quase 6% somente a título de contribuição previdenciária, fora as outras contribuições. Isso caracteriza bis in idem sobre a receita bruta de pessoas jurídicas, é vantajosa para alguns contribuintes, e extremamente desvantajosa para outros, no caso em questão, podemos dizer que para os contribuintes os quais a mãodeobra representa custo significativo em relação à sua receita, no caso, saíram beneficiadas com a medida, todavia para os contribuintes cuja mãodeobra representa custo pequeno em relação à receita, a medida se mostrou deveras onerosa.”; “Se esta alegação não for reconhecida, requer desde já a redução das multas aqui aplicadas, pois no que tange à multa aplicada, razão não existe, posto que fraude não houve, já que o que a caracterizaria seria uma conduta dolosa. Não existe nos autos qualquer evidência de ocorrência de fraude, apenas houve o não pagamento do imposto.”; “No que tange à multa de 150%, razão não mereça subsistir, como explicado no tópico anterior, pois não houve fraude alguma, apenas passamos por um grande problema financeiro na empresa, e não tivemos como pagar a referida multa. Portanto, não havendo máfé a multa aplicada é a de 75%, que mesmo assim, também é exagerada, e pode acabar com a estrutura de qualquer empresa, e com isso gerar desempregos.”; “Ademais a multa isolada que foi aplicada nos autos, é absurdamente inapropriada para o presente caso, pois apresenta a mesma base de cálculo, que já foi exigida com o tributo.”; “A Lei é clara e prevê que a multa isolada somente é aplicada na hipótese de não haver imposto a recolher, portanto existindo imposto é cabível somente a aplicação da multa de ofício, pois a dupla penalidade para o mesmo fato e com a mesma base, não é contemplada no nosso ordenamento jurídico, conforme dispõe várias jurisprudências da Colenda Câmara de Conselhos de Fl. 897DF CARF MF Processo nº 10140.721850/201416 Acórdão n.º 1402002.468 S1C4T2 Fl. 898 6 Contribuintes. Existindo imposto, é cabível somente a aplicação da multa de ofício disposta no artigo 44, I, da lei citada acima, já que a dupla penalidade para o mesmo fato e com a mesma base, não é contemplada pelo nosso Direito, além de farta jurisprudência nesse sentido em todas as Câmaras do Conselho de Contribuintes. “Impugnase também a multa agravada vinculada a referida omissão. Assevera que, declaração inexata não pode ser equiparada a omissão. Não concorda, também, com o percentual de 150% como multa isolada, pois o imposto devido pode ser pago ao final do exercício, caso constatado débito fiscal. Pedese resguardo ao princípio da proporcionalidade.”; (DO PIS) “O Contribuinte foi autuado, com a descrição do PIS sobre a omissão de receita. Entendemos o porquê desta autuação, mas cabe falar em preliminar que houve erro em nossos sistemas na hora de ser feita a Declaração do contribuinte, logo então sabemos que o ser humano é passível de erros, e nesta situação com erro materializado, não cabe aplicação destas multas abusivas, pois não houve má fé, e nem intenção de burlar o fisco, pois conforme se pode verificar esta é uma empresa que sempre cumpriu com todas as suas obrigações.”; “Impugnase aqui a multa, mas entendemos que a autuação baseiase em inconstitucionalidades, tendo em vista que as diferenças apontadas no Auto de Infração decorrem do fato de terem sido considerados pelo AFRF responsável pelo lançamento, no valor tributável da contribuição, valores que não integram sua base de cálculo, seja por determinação legal, seja por força da inconstitucionalidade da lei que determina sua inclusão.”; “Relativamente às receitas financeiras auferidas, alega a inconstitucionalidade dos artigos da Lei 9.718/98 que expandiram a base de cálculo da COFINS e do PIS para outras receitas que não o ‘faturamento’.”; (DA COFINS) “A inconstitucionalidade se verifica porque a COFINS foi criada sob uma previsão legislativa que já havia sido preenchida pela contribuição ao PIS, que embora criada antes da Constituição de 1988, foi necessariamente por ela recepcionada, logo então, sua cobrança estaria eivada de inconstitucionalidade desde a promulgação da atual Carta Magna.”; “Ora, se já existia, quando da criação da COFINS, contribuição que preenchesse a previsão do art. 195,I, restaria ao legislador instituir novas fontes de custeio com fulcro no parágrafo 4º do art. 195.”; (...) “Logo então, a criação da COFINS teve como fundamento o mesmo dispositivo constitucional que permite a contribuição para o PIS, sem contudo, substituílo, e assim, as referidas contribuições passaram a existir em conjunto. Entretanto, da redação desses dois artigos da Constituição Federal transcritos acima, destacase a seguinte conclusão: primeiro, é permitida a criação de novas fontes de custeio para a Seguridade Social, que não as descritas no art. 195 da Constituição Federal. Segundo, que essa nova fonte de custeio, seja ela, imposto, taxa ou contribuição social, deve obedecer, mutatis mutandis, os comandos dispostos no art. 154, I, também da Magna Carta, quais sejam, a nãocumulatividade e a não coincidência entre o fato gerador e a base de cálculo.”; Fl. 898DF CARF MF Processo nº 10140.721850/201416 Acórdão n.º 1402002.468 S1C4T2 Fl. 899 7 “Se não acolhido este pedido, ou seja, não for reconhecida esta inconstitucionalidade, requer sobre esta contribuição a redução da multa para 75%, pois esta também não merece subsistir, por apresentar a mesma base de cálculo da multa de ofício já exigida como tributo, conforme dispõe o art. 44, II da Lei n° 9.430/1996.”; (DA CSLL) “O valor que está sendo exigido a título de CSLL sobre o lucro arbitrado referente ao anocalendário, não está correto. Naquele ano, para determinar a base de cálculo da contribuição, aplicavase 10% sobre a receita. Encontrada a base de cálculo, sobre ela aplicavase novamente o percentual de 10% encontrandose o valor a pagar, logo então este valor deve ser reduzido.”; “O § 1º do art. 43 da Lei n° 8.541/92 é inconstitucional, pois define como base de cálculo das contribuições para a seguridade social o valor da receita omitida, olvidando que a base de cálculo da CSLL é o lucro, não a receita, este dispositivo fere o disposto no artigo 195,1, da Constituição Federal.”; “É indevida a incidência de juros com a base utilizada.”; “Se não acolhido este pedido, ou seja, não for reconhecida esta inconstitucionalidade, requer sobre esta contribuição a redução da multa isolada, pois esta também não merece subsistir, por apresentar a mesma base de cálculo da multa de ofício já exigida como tributo, conforme dispõe o art. 44, II da Lei n° 9.430/1996.”; (Da Insubsistência da Multa Pela Acusação de Prática de Fraude) “Os documentos utilizados pelo fisco foram adquiridos de forma errônea, visto que eles utilizaram também documentos diversos dos apresentados pelo contribuinte, ocorrendo quebra do sigilo de dados.”; “O fisco como toda pessoa física ou jurídica tem que respeitar as previsões constitucionais, principalmente os de caráter personalíssimo, ao utilizar documentos diversos dos apresentados, acarretando invasão de privacidade do contribuinte, ferindo o direito a vida privada e a privacidade.”; “Tal princípio é parte de um direito fundamental, estando ligados diretamente com o principio da dignidade da pessoa humana. Sobre o mesmo assunto a boa doutrina o conceitua da seguinte forma: (...) “Como vimos ao utilizar tal interpretação temos uma violação expressa aos princípios basilares, pois, o fisco utilizou dados diversos dos apresentados pelo contribuinte, sendo vedada tal medida. O fisco por diversas vezes ultrapassa o limite entre a utilização dos dados e o abuso de poder e de tecnologia. Portanto, tal violação a dispositivo constitucional deve levar a anulação dos presentes autos de infrações.”; (DO PEDIDO) “Posto isso e demonstrada à saciedade a total improcedência do lançamento de oficio, o impugnante espera por um julgamento justo e imparcial, sem qualquer dose de subjetivismo, influência de pressões ou desvirtuamentos, pois somente assim terá a plena convicção de que será realizada a mais lídima justiça, que certamente consistirá no deferimento das pretensões a seguir formuladas: Fl. 899DF CARF MF Processo nº 10140.721850/201416 Acórdão n.º 1402002.468 S1C4T2 Fl. 900 8 1. acolher as razões preliminares e decisão fundamentada na proporcionalidade da multa aplicada, e do imposto cobrado; 2. superadas as preliminares, hipótese ventilada apenas e tãosomente para argumentar, o impugnante pede, quanto ao julgamento do mérito: a) seja o lançamento declarado insubsistente, no todo ou em parte, ou; b) seja afastada a multa qualificada (se ainda restar matéria tributável), declarandoa abusiva, assim como os juros aplicados, e que seja declarado nulo o valor do crédito tributário. c) Que a Fazenda Publica acoste todos os documentos aos autos, para que se possa verificar a exatidão de suas alegações.” Analisando a impugnação apresentada, a turma julgadora de primeira instância julgoua improcedente. O contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância em 25 de setembro de 2015 (fl. 873), apresentando recurso voluntário de fls. 875882 em 22 de outubro de 2015. Em resumo, questionam a taxa de juros e a multa moratória aplicadadas. É o suficiente para o relato. Fl. 900DF CARF MF Processo nº 10140.721850/201416 Acórdão n.º 1402002.468 S1C4T2 Fl. 901 9 Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE O recurso é manifestamente tempestivo e assinado pelo representante legal da pessoa jurídica, portanto, dele tomo conhecimento. 2 MÉRITO Embora a exigência diga a respeito à infração de omissão de receita, o recurso voluntário limitase a contestar a taxa de juros e a multa de ofício cominadas. Em relação à taxa de juros aplicada, a Lei nº 8.981, de 1995, art. 84, inciso I, e § 1°, Lei nº 9.065, de 1995, art. 13, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, § 3°, preceituam, em relação a fatos geradores ocorridos a partir de 1° de abril de 1995, que os créditos tributários da União não pagos até a data do vencimento serão acrescidos de juros de mora equivalentes à variação da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia — SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento. O Recorrente defende a "ilegalidade" e inconstitucionalidade da aplicação da SEL1C. Ora, não lhe assiste razão, em razão de ser a aplicação da taxa SELIC determinada legalmente, estando tal matéria absolutamente pacificada no âmbito do CARF, tendo sido alvo, inclusive de Súmula, cujo enunciado número 4 recebeu a seguinte redação: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Conforme determina o caput do art. 72 do Regimento Interno do CARF, os enunciado da súmula CARF são de observância obrigatória por parte de seus membros. A respeito da suposta inconstitucionalidade da taxa SELIC, devese observar que a declaração de inconstitucionalidade de leis está além das possibilidades de juízo desta Corte Administrativa, pois essa competência é atribuída exclusivamente ao Poder Judiciário, na forma dos artigos 97 e 102 da Constituição Federal. No âmbito do procedimento administrativo tributário, cabe, tão somente, verificar se o ato praticado pelo agente do fisco está, ou não, conforme à lei, sem emitir juízo de constitucionalidade das normas jurídicas que embasam aquele ato. Ademais, o próprio Regimento Interno do CARF, em seu art. 62, dispõe que “Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.” O caso concreto não se enquadra nas exceções elencada no parágrafo Fl. 901DF CARF MF Processo nº 10140.721850/201416 Acórdão n.º 1402002.468 S1C4T2 Fl. 902 10 único de tal dispositivo regimental, portanto, as normas atacadas são de aplicação cogente aos membros do CARF. Por fim, em relação à competência para analisar inconstitucionalidade de lei tributária, este Conselho também já pacificou seu entendimento por meio da Súmula nº 2, cujo teor é o seguinte: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Portanto, correta a aplicação da taxa SELIC sobre os tributos apurados.. No que diz respeito à multa de ofício, aplicouse a penalidade de 150% sobre o imposto de renda e contribuições apuradas, prevista no art. 44, inciso I, §1º, da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 2007. Para melhor entendimento, transcrevese, a seguir, o art. 44 da Lei nº 9.430 de 1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007: Art. 14. O art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação, transformandose as alíneas a, b e c do § 2o nos incisos I, II e III: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. [...] O Recorrente não questiona as razões para a qualificação da penalidade, questionando tão somente a constitucionalidade da norma, em especial em razão de suposto confisco. Fl. 902DF CARF MF Processo nº 10140.721850/201416 Acórdão n.º 1402002.468 S1C4T2 Fl. 903 11 Conforme se observa, a autoridade fiscal entendeu restarem preenchidos os pressupostos legais para cominação da penalidade 150%, também prevista em lei. Poderia o Recorrente questionar as razões para qualificar a penalidade, mas preferiu discutir não a legalidade do procedimento, mas sim a constitucionalidade da norma. Como já abordado neste voto, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Em relação aos argumentos sobre confisco, esclareçase, ainda, que a vedação à utilização de tributo com efeito de confisco, preceituada pelo art. 150, IV, da Constituição da República Federativa do Brasil não se destina aos aplicadores da Lei, mas sim ao Poder Legislativo, que deve tomar em consideração tal preceito quando da elaboração das leis. A respeito da decisão do STF sobre o patamar máximo de multa em 100% do tributo, há de se ressaltar que não foi abordado o limite da penalidade em casos de sonegação, fraude ou conluio, como as apontadas no caso concreto, tema em que recentemente foi reconhecida sua repercussão geral no Recurso Extraordinário 736090, pendente de julgamento. Desse modo, não há como se acatar os argumentos do Recorrente. 3 CONCLUSÃO Isso posto, voto por não conhecer do recurso voluntário em relação à natureza confiscatória da multa por ser matéria constitucional e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 903DF CARF MF
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Numero do processo: 11080.907942/2010-74
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/11/2005 a 30/11/2005
CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO.
Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9303-004.475
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/11/2005 a 30/11/2005 CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido. Recurso Especial do Procurador Provido.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
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PREÇO PREDETERMINADO. CORREÇÃO. IGPM. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COMPANHIA ESTADUAL DE GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA CEEEGT ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/11/2005 a 30/11/2005 CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido. Recurso Especial do Procurador Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 90 79 42 /2 01 0- 74 Fl. 572DF CARF MF Processo nº 11080.907942/201074 Acórdão n.º 9303004.475 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3803005.921, que julgou o recurso voluntário interposto pela contribuinte contra a não homologação de compensação declarada (PER/DCOMP). A compensação está lastreada em crédito oriundo de pagamento de contribuição supostamente efetuado a maior, em razão de apuração efetuada na sistemática nãocumulativa. O colegiado a quo entendeu, em síntese, que a correção dos preços pelo IGP M não descaracteriza a natureza de preço predeterminado para os efeitos da tributação pelas contribuições cumulativas, incidentes sobre contratos de longo prazo firmados antes de 31 de outubro de 2003, conforme previsão contida no inciso XI, b, do artigo 10 e inciso V do artigo 15 da Lei nº10.833/2003. Com esse entendimento, ficou caracterizado o pagamento a maior em razão da apuração da contribuição na sistemática não cumulativa. Para comprovar a divergência de interpretação necessária ao conhecimento do seu recurso, a Fazenda Nacional aponta decisões que enfrentaram exatamente a mesma situação mesmo setor econômico, mesmo índice em discussão e concluíram de modo antagônico. Após, sobrevieram contrarrazões em que o sujeito passivo defende o acerto da decisão questionada e pugna pela sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.467, de 07/12/2016, proferido no julgamento do processo 11080.909061/201179, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303004.467): O recurso cumpre os requisitos regimentais para que seja apreciado; dele conheço. Fl. 573DF CARF MF Processo nº 11080.907942/201074 Acórdão n.º 9303004.475 CSRFT3 Fl. 4 3 Começo com o registro de que concordo com quase todos os fundamentos da decisão recorrida, da lavra do douto e coerente ex membro desta casa, o dr. Belchior Melo de Souza. De fato, apenas discordo dele quando vislumbra diferença semântica relevante entre as locuções presentes na lei ("reajuste em função de ...") e no ato normativo que buscou regulamentar o assunto ("reajuste em percentual ... "). Para mim, nenhuma diferença há aí: reajuste "em função de" quer dizer exatamente "aplicando o percentual previsto no" índice. O que se tem de ver é se o índice cumpre os requisitos da lei, isto é, refletir "a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do §1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995". É que, como já reiteradamente transcrito, a norma que temos de aplicar autoriza a adoção de dois critérios alternativos e mutuamente excludentes para fixação do reajuste do preço: pode ele expressar a variação dos custos ou se basear em índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Por "variação dos custos", entendo eu, quer o ato legal se referir à variação efetivamente ocorrida e devidamente apurada pela empresa em sua escrita contábil. Já o índice que se empregue pode, em princípio, ser qualquer um objeto do acordo celebrado com o cliente, mas não pode superar a efetiva variação dos custos. A meu sentir, a norma sob análise decorre das especificidades do setor em discussão. Como é bem sabido, tratase de uma atividade essencialmente monopolizada, na qual prestador e tomador acordam condições que prevalecerão por períodos de tempo bastante longos. Nesses casos, inexistente um "mercado fixador", o preço é contratualmente definido, especificando o contrato também a forma de reajuste que o preserve dos efeitos inflacionários. Outra especificidade do setor diz com o elevado aporte de capital necessário a sua exploração, o que o fez, até há duas décadas, exclusivamente estatal. A privatização do setor, ocorrida nos idos dos anos 90 do século passado, exigia, por isso, que se garantisse (até onde possível) uma remuneração ao capital privado suficiente a estimular o seu ingresso. E na fixação desse percentual, obviamente, um fator essencial é a "margem de contribuição", no dizer dos contabilistas, ou o markup, na dos economistas: em ambos as acepções, a diferença entre o preço e o custo (unitário, na primeira; marginal, na segunda). E tal diferença, sabidamente, é influenciada pela tributação que incida sobre o setor. É por isso que o legislador, a meu ver acertadamente, previu que o reajuste do preço em percentual "compatível" com a variação efetiva dos custos, por si só, não afetaria a forma de tributação pelas contribuições PIS e COFINS que vigia quando os contratos foram assinados. A rigor, tal regra limitaria a correção dos preços à efetiva variação ocorrida nos custos, mas o legislador a ampliou ao deferir que fosse usado índice, desde que ele refletisse a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Fl. 574DF CARF MF Processo nº 11080.907942/201074 Acórdão n.º 9303004.475 CSRFT3 Fl. 5 4 É importante aqui considerar, como minudentemente feito no voto do dr. Belchior, a diferença entre reajuste, recomposição e repactuação. Citoo: Nesse passo, importa identificar três formas de fixação de preços nos contratos em andamento: a repactuação ou revisão, a recomposição e o reajuste. A autorizada doutrina de Marçal Justen Filho1 define o que vêm a ser recomposição e reajuste. “A recomposição é o procedimento destinado a avaliar a ocorrência de evento que afeta a equação econômico financeira do contrato e promove adequação das cláusulas contratuais aos parâmetros necessários para recompor o equilíbrio original. Já o reajuste é procedimento automático, em que a recomposição se produz sempre que ocorra a variação de certos índices, independentemente de averiguação efetiva do desequilíbrio” A recomposição, também chamada de revisão, decorre de fatos imprevisíveis: caso de força maior, caso fortuito, fato do príncipe ou álea econômica extraordinária. O reajuste objetiva reconstituir os preços praticados no contrato em razão de fatos previsíveis, é dizer, álea econômica ordinária, no momento da contratação, ante a realidade existente, como a variação inflacionária. Por decorrência, o reajuste deve retratar a alteração dos custos de produção a fim de manter as condições efetivas da proposta contratual, embora muitas vezes não alcance este desiderato relativamente a certo segmento ou agente econômico. A repactuação visa à adequação dos preços contratuais aos novos preços de mercado e, no âmbito da Administração Pública Federal, encontrase regulamentada no art. 5º do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 19972. A possibilidade de repactuação prevista neste decreto não se faz acompanhar de disciplina acerca dos seus efeitos tributários, valendo a citação apenas para destacar a definição do signo repactuação. Novamente, em nada posso divergir dessa conceituação, mas tampouco posso concordar com a conclusão que dela extrai meu celebrado colega: para mim, a possibilidade de o contrato estabelecer cláusula de alteração em consequência de mudança tributária que venha a afetar o preço, implementada posteriormente à assinatura do contrato, está exatamente a validar o meu entendimento. É que ela seria totalmente desnecessária (ao menos no tocante às contribuições em tela) se fosse possível mantêlo no regime cumulativo pela aplicação de qualquer índice contratual, pois, nesse caso, nunca haveria impacto tributário do reajuste. 1 Filho, Marçal Justen. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. São Paulo: Dialética, 10. ed., 2004, p. 389. 2 Art. 5º Os contratos de que trata este Decreto, que tenham por objeto a prestação de serviços executados de forma contínua poderão, desde que previsto no edital, admitir repactuação visando à adequação aos novos preços de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica da variação dos componentes dos custos do contrato, devidamente justificada. Fl. 575DF CARF MF Processo nº 11080.907942/201074 Acórdão n.º 9303004.475 CSRFT3 Fl. 6 5 Penso que, ao contrário, ela pode se dar (caso a correção pelo índice leve à tributação não cumulativa) o que atrai o procedimento de recomposição. Divirjo, portanto, dos que entendem (como parece ser a conclusão da decisão recorrida) que a autorização legal esteja a permitir que a empresa adote um determinado índice e não mais precise averiguar se ele é inferior ou superior à efetiva variação dos seus custos. É óbvio que se for inferior, não estará autorizada a deixar de aplicar o índice contratualmente previsto para reajuste. Aplicamse, nesse caso, as disposições contratuais relativas à recomposição e/ou repactuação, conforme didaticamente exposto pelo dr. Belchior em seu voto. O que isso não implica, porém, é que, em qualquer caso, mantém se o regime cumulativo, pois não é isso o que diz o ato legal. Necessário, pois, provar. Quando se trata de lançamento de ofício, essa prova, a meu sentir, há de ser exigida e desconstituída fundamentadamente pela fiscalização para que possa ser mantido o lançamento. Já nos casos, como o presente, em que é a própria empresa quem postula administrativamente a sistemática cumulativa, ela deve ser a primeira peça a instruir o seu pleito. No presente caso, do relatório da decisão recorrida e da leitura da íntegra do processo, não encontro qualquer prova, no entanto, ainda que a empresa tenha afirmado em seu recurso voluntário que: "(...) em nenhum momento foram aferidos os custos de produção do contribuinte no período fiscalizado. Nesse caso, mesmo considerando que o IGPM desfigura o conceito normativo de preço predeterminado, não poderia ter sido ignorada outra prerrogativa legal, a qual estabelece um percentual não superior ao acréscimo do custo de produção". Como já repetidamente afirmado, tal prova competia a ela, postulante, e não à fiscalização. Fora isso, a defesa da empresa lastreiase essencialmente no ato da ANEEL, que efetivamente afirma que o IGPM cumpre o requisito legal relativo à tributação aqui discutida. Isso não obstante, rejeito o argumento, pois a competência da ANEEL não alcança matéria tributária. Com efeito, entre as atribuições daquela agência reguladora, exaustivamente elencadas na própria lei que a criou3, nada há acerca da tributação incidente sobre o setor. Assim, as Notas Técnicas e as Resoluções daquela agência reguladora aplicamse às questões inerentes à geração e à distribuição de energia elétrica e às atividades correlatas. Sua competência, pois, restringese à seara dos contratos, dos preços da energia e da remuneração das concessionárias e permissionárias desses serviços públicos. Por óbvio, entre tais atribuições está dizer que possa ser contratualmente previsto o IGPM. O que não pode é dizer que isso implica tal ou qual consequência tributária. 3 Lei 9.427/96, arts. 3º e 4º Fl. 576DF CARF MF Processo nº 11080.907942/201074 Acórdão n.º 9303004.475 CSRFT3 Fl. 7 6 No presente caso, como já afirmado, embora postule a compensação, nada trouxe a empresa que comprovasse a adequação do índice aos ditames legais. Voto, pois, por dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, doulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 577DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.727193/2009-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
Constatada omissão no acórdão, acolhem-se os embargos de declaração, para que seja sanado o vício apontado.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. JUROS MORATÓRIOS. AÇÃO TRABALHISTA. INCIDÊNCIA.
Os juros moratórios recebidos acumuladamente em decorrência de sentença judicial, sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda, salvo quando (a) pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (quando o trabalhador perde o emprego) ou (b) quando os juros se referem a verba principal sobre a qual não há incidência (acessório segue o principal).
Embargos Acolhidos em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.654
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos de declaração e na parte conhecida, acolhê-los em parte, sem efeitos infringentes para, sanando a omissão apontada, manter a decisão embargada.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo Presidente
(assinado digitalmente)
Túlio Teotônio de Melo Pereira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Mario Pereira de Pinho Filho, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild e Theodoro Vicente Agostinho.
Nome do relator: TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Constatada omissão no acórdão, acolhem-se os embargos de declaração, para que seja sanado o vício apontado. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. JUROS MORATÓRIOS. AÇÃO TRABALHISTA. INCIDÊNCIA. Os juros moratórios recebidos acumuladamente em decorrência de sentença judicial, sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda, salvo quando (a) pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (quando o trabalhador perde o emprego) ou (b) quando os juros se referem a verba principal sobre a qual não há incidência (acessório segue o principal). Embargos Acolhidos em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos de declaração e na parte conhecida, acolhê-los em parte, sem efeitos infringentes para, sanando a omissão apontada, manter a decisão embargada. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Mario Pereira de Pinho Filho, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild e Theodoro Vicente Agostinho.
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IRPF. JUROS NA BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA. Embargante WILSON HENRIQUE FIGUEIREDO DE ANDRADE Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Constatada omissão no acórdão, acolhemse os embargos de declaração, para que seja sanado o vício apontado. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. JUROS MORATÓRIOS. AÇÃO TRABALHISTA. INCIDÊNCIA. Os juros moratórios recebidos acumuladamente em decorrência de sentença judicial, sujeitamse à incidência do Imposto de Renda, salvo quando (a) pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (quando o trabalhador perde o emprego) ou (b) quando os juros se referem a verba principal sobre a qual não há incidência (acessório segue o principal). Embargos Acolhidos em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 71 93 /2 00 9- 66 Fl. 291DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos de declaração e na parte conhecida, acolhêlos em parte, sem efeitos infringentes para, sanando a omissão apontada, manter a decisão embargada. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo – Presidente (assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Mario Pereira de Pinho Filho, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild e Theodoro Vicente Agostinho. Fl. 292DF CARF MF Processo nº 10580.727193/200966 Acórdão n.º 2402005.654 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Temse em pauta embargos de declaração (fls. 250/265), opostos pelo sujeito passivo, em face do acórdão no 2101002.4411.ª Câmara / 1.ª Turma Ordinária / CARF (fls. 236/241). Os embargos foram parcialmente admitidos, consoante despacho (fls. 285/289), dos quais transcrevemos os excertos a seguir: Adentrando a peça, verifico que se insurge o embargante contra o Acórdão 2.101002.441, da 1a. Turma Ordinária da 1a. Câmara da 2a. Seção de Julgamento deste CARF, prolatado na sessão de 20 de março de 2014 (efls. 236 a 241), cuja ementa e decisão se transcrevem a seguir, verbis: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA. IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS COMO ISENTOS E NÃO TRIBUTÁVEIS PELO CONTRIBUINTE A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. LEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO. A União tem legitimidade ativa para cobrar o imposto de renda da pessoa física nas hipóteses em que o Estado não tenha efetuado a retenção na fonte. IRPF. VALORES NÃO RETIDOS A TÍTULO DE IMPOSTO DE RENDA NA FONTE SUJEITO AO AJUSTE ANUAL. RENDIMENTOS NÃO SUBMETIDOS À TRIBUTAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA DO CONTRIBUINTE. Nos termos do Parecer Normativo SRF n. ° 01, de 24 de setembro de 2002, verificada a falta de retenção pela fonte pagadora antes da data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual, passase a exigir do contribuinte o imposto, a multa de ofício e os juros de mora, nos casos em que este não tenha submetido os rendimentos à tributação. IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza salarial. Precedentes do STF e do STJ. Fl. 293DF CARF MF 4 IRPF. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. O erro escusável do Recorrente justifica a exclusão da multa de ofício (Súmula CARF 73). Recurso provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento em parte ao recurso voluntário, para afastar a multa de ofício, em virtude da aplicação da Súmula CARF 73. Alega o embargante que haveria omissão acerca dos seguintes itens: a) Quanto à falta de legitimidade ativa da União: Alega a necessidade de posição esclarecedora, uma vez que teria sido a questão somente sucintamente ventilada pelo embargado. Retoma aqui a tese de que com base no art. 157, I da CF/88, que dispõe que o produto da arrecadação do IRRF pagos pelos Estados e pelo Distrito Federal a estes últimos pertencem, e, ainda, com base na tese de que este direito surgiria anteriormente ao momento da retenção, poderia o Estado da Bahia dispor sobre estas receitas sem que a União pudesse intervir; b) Quanto à quebra do princípio constitucional da isonomia: O Acórdão não teria se manifestado acerca da disposição da Resolução STF 245, que, alegadamente, no caso de situação e verbas idênticas, estabeleceu a isenção e o caráter indenizatório da verba para os Magistrados Federais e membros do Ministério Público da União; c) Quanto à incidência do imposto de renda sobre os juros de mora recebidos pelo contribuinte: Alega que o Acórdão não teria se manifestado acerca da sua argumentação de não incidência. Reproduz, a propósito, o teor do decidido no âmbito do REsp 1.227.133/RS, entendendo aquele decisum como aplicável à situação sob análise, uma vez sendo as verbas em questão decorrentes de ação ordinária trabalhista transitada em julgado. Ressalta, por fim, a necessária obediência deste CARF ao decidido no âmbito do mencionado REsp, uma vez que julgado sob a sistemática do art. 543C do CPC, a partir do preconizado pelo art. 62A do anexo II do Regimento Intemo deste CARF anteriormente mencionado. Analisando a argumentação do contribuinte, foram rejeitados os embargos com relação às matérias indicadas nas alíneas "a" e "b" acima resumidas, admitindose os embargos em relação à matéria veiculada na alínea "c", nos seguintes termos: Analiso a argumentação, obedecendo a ordem dos quesitos apresentadas no pleito recursal: a) Quanto à falta de legitimidade ativa da União: Verifico não assistir razão à recorrente, uma vez que o Acórdão guerreado foi Fl. 294DF CARF MF Processo nº 10580.727193/200966 Acórdão n.º 2402005.654 S2C4T2 Fl. 4 5 bastante esclarecedor acerca da separação entre a etapa de destinação do produto de arrecadação, regrada na forma do art. 157, I da F/8 e as etapas (necessariamente anteriores) de instituição e cobrança do tributo, devidamente regradas pela legislação tributária que confere a competência e a legitimidade ativa do tributo à União, estando abrangida nesta última a cobrança do imposto de renda, a partir da retenção não realizada pela fonte pagadora sob análise. Rechaçouse assim, de forma integral a tese do embargante, verbis: "(...) Preliminarmente, com relação ao argumento de que não haveria legitimidade da União para cobrança do referido imposto, tendo em vista a redação do art. 157, I, da Constituição Federal, verificase que este dispositivo trata da repartição da receita tributária. Não obstante a destinação da arrecadação obtida por meio de tributos ser matéria afeta ao Direito Financeiro, esta não tem o condão de alterar o disposto na legislação tributária, a qual conferiu à União a competência tributária e a legitimidade ativa para instituir e cobrar o imposto em questão, principalmente no presente caso, em que a retenção do imposto de renda não foi realizada pela fonte pagadora. (...)" Assim, de se rejeitar os embargos quanto a esta matéria. b) Quanto à quebra do princípio da isonomia: O Acórdão também aqui foi bastante claro, ao concluir pela não aplicabilidade da Resolução STF 245 às diferenças de URV (matéria objeto do lançamento sob análise), assim, jogando por terra a alegação do contribuinte de quebra de isonomia em relação aos magistrados federais e membros do MPU, expressis verbis: "(...) Buscando reforçar o argumento, requer o contribuinte a aplicação da Resolução n. ° 245 do STF, o qual disporia acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pelo Recorrente. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2° e parágrafos da Lei n.° 10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1° trouxe a forma de cálculo deste abono: "I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei n° 10.474, de 2002 (Resolução STF n° 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente recebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, Fl. 295DF CARF MF 6 exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recalculo da representação (194%) ". A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre a abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: "Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)" (STJ, Recurso Especial n.° 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.° 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: "Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução n° 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, tem se que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)" (STF, Recurso Extraordinário n.° 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. (...)" Assim, entendo que não há que se falar de qualquer omissão no Acórdão vergastado, também quanto a esta segunda matéria alegada. c) Quanto aos juros de mora recebidos: Aqui, verifico que, não apesar do contribuinte ter questionado a incidência do imposto de renda sobre os juros de mora recebidos no âmbito da ação ordinária em questão (vide Recurso Voluntário às efls. 222 a 224), realmente o Acórdão embargado não se manifestou a respeito, devendo assim os embargos serem admitidos quanto à matéria, a fim de que novo Acórdão seja prolatado suprindo tal omissão. Fl. 296DF CARF MF Processo nº 10580.727193/200966 Acórdão n.º 2402005.654 S2C4T2 Fl. 5 7 Destarte, diante do exposto, proponho que os presentes embargos de declaração sejam conhecidos e parcialmente acolhidos, de forma a que se sane a omissão verificada quanto à não manifestação do Acórdão embargado acerca da incidência tributária sobre os juros de mora contidos no montante objeto de lançamento. Nesses termos recebemos os autos para julgamento. É o relatório. Fl. 297DF CARF MF 8 Voto Conselheiro Túlio Teotônio de Melo Pereira Relator Conhecidos parcialmente os embargos, passamos diretamente à análise da questão de mérito admitida. Dos juros contidos na base de cálculo Em sua peça recursal (fl. 99), o sujeito passivo argumenta que os juros e correção monetária recebidos em decorrência da decisão judicial têm caráter indenizatório, pelo que sobre tais verbas não incidiria o imposto de renda. Sem razão, no entanto, a argumentação do contribuinte. A tributação pelo imposto sobre a renda dos juros moratórios e correção monetária recebidos na reclamatória trabalhista, encontra fundamento nos §§ 1° e 4° do art. 3° da Lei n° 7.713/1988, e no parágrafo único do art. 16 da Lei n° 4.506/1964, abaixo reproduzidos: Lei n° 7.713/1988 Art. 3° O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9° a 14 desta Lei. (Vide Lei 8.023, de 12.4.90) § 1° Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. (...) § 4° A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. Lei n°4.506/1964 Art. 16. Serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado tôdas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício dos empregos, cargos ou funções referidos no artigo 5° do Decretolei número 5.844, de 27 de setembro de 1943, e no art. 16 da Lei número 4.357, de 16 de julho de 1964, tais como: Fl. 298DF CARF MF Processo nº 10580.727193/200966 Acórdão n.º 2402005.654 S2C4T2 Fl. 6 9 (...) Parágrafo único. Serão também classificados como rendimentos de trabalho assalariado os juros de mora e quaisquer outras indenizações pelo atraso no pagamento das remunerações previstas neste artigo. (grifouse) No tocante aos rendimentos recebidos acumuladamente, a lei somente exclui da incidência o valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento. Nesse sentido, o Regulamento do Imposto de Renda/1999 (RIR) estabeleceu que, no caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá sobre o total dos rendimentos recebidos acumuladamente, inclusive juros e atualização monetária: Art. 56. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá no mês do recebimento, sobre o total dos rendimentos, inclusive juros e atualização monetária. Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, poderá ser deduzido o valor das despesas com ação judicial necessárias ao recebimento dos rendimentos, inclusive com advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. De notarse que não se desconhece a decisão do STJ no julgamento do Recurso Especial (REsp) n° 1.227.133/RS, de 28/09/2011, na sistemática do recurso repetitivo, redator para o acórdão Ministro César Asfor Rocha, na qual se assentou que sobre os juros moratórios legais, vinculados a verbas trabalhistas reconhecidas em decisão judicial, não há incidência do imposto sobre a renda. A ementa do julgado, após julgamento dos embargos de declaração, restou assim redigida: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL NA EMENTA DO ACÓRDÃO EMBARGADO. Havendo erro material na ementa do acórdão embargado, devese acolher os declaratórios nessa parte, para que aquela melhor reflita o entendimento prevalente, bem como o objeto específico do recurso especial, passando a ter a seguinte redação : "RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. JUROS DE MORA LEGAIS. NATUREZA INDENIZATÓRIA. VERBAS TRABALHISTAS. NÃO INCIDÊNCIA OU ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. Não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais vinculados a verbas trabalhistas reconhecidas em decisão judicial. Recurso especial, julgado sob o rito do art. 543C do CPC, improvido." Embargos de declaração acolhidos parcialmente. Acontece que a decisão foi melhor explicitada no REsp n° 1.089.720/RS, julgado em 10/10/2012, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, que levando em consideração o decidido no REsp n° 1.227.133/RS, aclarou e sintetizou a posição da 1.ª Seção Fl. 299DF CARF MF 10 do STJ quanto às regras de isenção dos juros moratórios. Seguem transcritos excertos da ementa: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF. REGRA GERAL DE INCIDÊNCIA SOBRE JUROS DE MORA. PRESERVAÇÃO DA TESE JULGADA NO RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA RESP. N. 1.227.133 RS NO SENTIDO DA ISENÇÃO DO IR SOBRE OS JUROS DE MORA PAGOS NO CONTEXTO DE PERDA DO EMPREGO. ADOÇÃO DE FORMA CUMULATIVA DA TESE DO ACCESSORIUM SEQUITUR SUUM PRINCIPALE PARA ISENTAR DO IR OS JUROS DE MORA INCIDENTES SOBRE VERBA ISENTA OU FORA DO CAMPO DE INCIDÊNCIA DO IR. (...) 2. Regra geral: incide o IRPF sobre os juros de mora, a teor do art. 16, caput e parágrafo único, da Lei n. 4.506/64, inclusive quando reconhecidos em reclamatórias trabalhistas, apesar de sua natureza indenizatória reconhecida pelo mesmo dispositivo legal (matéria ainda não pacificada em recurso representativo da controvérsia). 3. Primeira exceção: são isentos de IRPF os juros de mora quando pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, em reclamatórias trabalhistas ou não. Isto é, quando o trabalhador perde o emprego, os juros de mora incidentes sobre as verbas remuneratórias ou indenizatórias que lhe são pagas são isentos de imposto de renda. A isenção é circunstancial para proteger o trabalhador em uma situação sócioeconômica desfavorável (perda do emprego), daí a incidência do art. 6°, V, da Lei n. 7.713/88. Nesse sentido, quando reconhecidos em reclamatória trabalhista, não basta haver a ação trabalhista, é preciso que a reclamatória se refira também às verbas decorrentes da perda do emprego, sejam indenizatórias, sejam remuneratórias (matéria já pacificada no recurso representativo da controvérsia REsp. n.° 1.227.133 RS, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Rel .p/acórdão Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 28.9.2011). 3.1. Nem todas as reclamatórias trabalhistas discutem verbas de despedida ou rescisão de contrato de trabalho, ali podem ser discutidas outras verbas ou haver o contexto de continuidade do vínculo empregatício. A discussão exclusiva de verbas dissociadas do fim do vínculo empregatício exclui a incidência do art. 6°, inciso V, da Lei n. 7.713/88. 3.2. O fator determinante para ocorrer a isenção do art. 6°, inciso V, da Lei n. 7.713/88 é haver a perda do emprego e a fixação das verbas respectivas, em juízo ou fora dele. Ocorrendo isso, a isenção abarca tanto os juros incidentes sobre as verbas indenizatórias e remuneratórias quanto os juros incidentes sobre as verbas não isentas. Fl. 300DF CARF MF Processo nº 10580.727193/200966 Acórdão n.º 2402005.654 S2C4T2 Fl. 7 11 4. Segunda exceção: são isentos do imposto de renda os juros de mora incidentes sobre verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR, mesmo quando pagos fora do contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (circunstância em que não há perda do emprego), consoante a regra do "accessorium sequitur suum principale ". Na espécie, temse juros de mora recebidos acumuladamente em reclamatória trabalhista. Não se tem notícia da perda do emprego pelo reclamante, ou seja, os juros não foram pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, pelo que não incide isenção prevista no art. 6°, V, da Lei n. 7.713/88. A verba principal recebida, sobre a qual incidiram os juros, qual seja diferenças de URV, tiveram a incidência do imposto de renda, conforme decidido no acórdão embargado. Logo, pela regra de que o acessório segue o principal, os juros devem submeterse à incidência do imposto de renda, por força da regra geral disposta no art. 16, caput e parágrafo único, da Lei n. 4.506/64. Por todo o exposto, impossível acolher o pedido de exclusão dos juros e correção monetária da base de cálculo. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de conhecer dos embargos e, no mérito, acolhêlos em parte, sem efeitos infringentes para, sanando a omissão apontada, manter a decisão anterior. (assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira. Fl. 301DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10073.720476/2013-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2010
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL. ÁREA ALAGADA.
Acolhem-se os embargos declaratórios, atribuindo-lhes efeitos modificativos, para corrigir o erro material existente no julgado, com retificação da metragem de áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas.
Embargos Acolhidos.
Numero da decisão: 2401-004.685
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade,, em acolher os embargos declaratórios, com efeitos infringentes, para retificar o dispositivo analítico do acórdão embargado, corrigindo o valor da área alagada para 2.742,0 hectares.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente convocado).
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2010 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL. ÁREA ALAGADA. Acolhem-se os embargos declaratórios, atribuindo-lhes efeitos modificativos, para corrigir o erro material existente no julgado, com retificação da metragem de áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas. Embargos Acolhidos.
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ERRO MATERIAL. ÁREA ALAGADA. Acolhemse os embargos declaratórios, atribuindolhes efeitos modificativos, para corrigir o erro material existente no julgado, com retificação da metragem de áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas. Embargos Acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 3. 72 04 76 /2 01 3- 93 Fl. 939DF CARF MF Processo nº 10073.720476/201393 Acórdão n.º 2401004.685 S2C4T1 Fl. 940 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade,, em acolher os embargos declaratórios, com efeitos infringentes, para retificar o dispositivo analítico do acórdão embargado, corrigindo o valor da área alagada para 2.742,0 hectares. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente convocado). Fl. 940DF CARF MF Processo nº 10073.720476/201393 Acórdão n.º 2401004.685 S2C4T1 Fl. 941 3 Relatório Tratamse de embargos de declaração opostos pelo contribuinte, às fls. 931/933, contra o Acórdão nº 2401004.410, em que redigi o voto vencedor, o qual está juntado às fls. 890/901. 2. Alega o embargante a existência de erro material no v. acórdão. Enquanto o Laudo Técnico, que serviu de referência para a decisão do Colegiado, aponta uma área de 2.742,0 ha, o acórdão embargado reconheceu uma área alagada do imóvel equivalente a somente 2.269,0 ha, (fls. 755/756). 3. A diferença de 473,0 ha corresponde à sobreposição da área de interesse ecológico, que foi diminuída no Laudo Técnico apenas com a finalidade de não se contabilizar a mesma área mais de uma vez. 4. O peticionante tomou ciência do acórdão embargado no dia 20/9/2016, terça feira, começando a fluir o prazo recursal de 5 (cinco) dias em 21/9/2016, com término no dia 25/9/2016, prorrogado para o primeiro dia com expediente, segundafeira, 26/9/2016. Os embargos foram protocolados pelo contribuinte no dia 26/9/2016 (fls. 928/934). 5. Os aclaratórios foram admitidos por meio de despacho do presidente da Turma, Conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini, cujo processo foi devolvido para relatoria e inclusão em pauta de julgamento (fls. 937/938). É o relatório. Fl. 941DF CARF MF Processo nº 10073.720476/201393 Acórdão n.º 2401004.685 S2C4T1 Fl. 942 4 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator 6. Preenchidos os requisitos de admissibilidade dos embargos de declaração, passo ao exame de mérito (art. 65, § 1º, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015). 7. Assisti razão à recorrente, sendo viável a utilização dos aclaratórios para a correção de erro material contido no acórdão embargado. 8. Com efeito, no que tange à exclusão da tributação apoiada no enunciado da Súmula nº 45 deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o voto vencedor, de minha relatoria, concluiu que havia provas da existência de áreas alagadas utilizadas para fins de reservatórios do Complexo Hidrelétrico de Ribeirão das Lajes (fls. 900). 9. Em vista disso, com base no Laudo Técnico de fls. 708/779, reconheceuse 2.269,0 ha de área líquida alagada para usina hidrelétrica, afastando a tributação do Imposto Territorial Rural (ITR). 10. Acontece que o Quadro do Laudo Técnico, às fls. 756, indica que o valor de 2.269,0 ha para a "Área Alagada para Usina Hidrelétrica AUH" correspondente ao seu resultado líquido, após excluída a sobreposição de 473 ha relativa à "Área Declarada de Interesse Ecológico AIE". 11. Na hipótese dos autos, não houve exclusão para efeito do ITR, no ano calendário 2009, exercício 2010, com relação a áreas de interesse ecológico. Logo, a área alagada deve corresponder ao tamanho real, igual a 2.742,0 ha, conforme informado no mencionado no Laudo (fls. 756). 12. Por esta razão, deve ser alterada a decisão para constar como área alagada o valor de 2.742,0 ha, em vez dos 2.269,0 hectares indicados. 13. Na conclusão do voto vencedor, restará consignado o seguinte texto: "Logo, dou PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para reconhecer 2.742,0 hectares de áreas alagadas, afastando a tributação do ITR, relativa ao exercício 2010, sobre essa parcela de área do imóvel. Acompanho a Relatora nas demais matérias do seu voto. É como voto. Cleberson Alex Friess" Fl. 942DF CARF MF Processo nº 10073.720476/201393 Acórdão n.º 2401004.685 S2C4T1 Fl. 943 5 14. Tal correção de erro material repercutirá na parte dispositiva do acórdão do recurso voluntário, nesses termos: "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, dar parcial provimento para: i) por unanimidade, para restabelecer o valor da terra nua, conforme declarado pelo recorrente e ii) por maioria de votos, para reconhecer a isenção de ITR sobre 2.742,0 hectares a título de áreas alagadas, conforme o laudo. Vencidos na votação os conselheiros Maria Cleci Coti Martins, Arlindo da Costa e Silva e Miriam Denise Xavier Lazarini. O Conselheiro Rayd Santana Ferreira também dava provimento à área de preservação permanente. Responsável pela elaboração do voto vencedor o Conselheiro Cleberson Alex Friess." (DESTAQUEI) Conclusão Ante o exposto, voto por CONHECER dos embargos declaratórios e, no mérito, ACOLHER OS DECLARATÓRIOS, com efeitos infringentes, para sanar o erro material apontado, com a seguinte redação para a parte dispositiva do Acórdão nº 2401004.410: "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, dar parcial provimento para: i) por unanimidade, para restabelecer o valor da terra nua, conforme declarado pelo recorrente e ii) por maioria de votos, para reconhecer a isenção de ITR sobre 2.742,0 hectares a título de áreas alagadas, conforme o laudo. Vencidos na votação os conselheiros Maria Cleci Coti Martins, Arlindo da Costa e Silva e Miriam Denise Xavier Lazarini. O Conselheiro Rayd Santana Ferreira também dava provimento à área de preservação permanente. Responsável pela elaboração do voto vencedor o Conselheiro Cleberson Alex Friess." É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 943DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 17878.000143/2009-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 11/02/2004 a 20/02/2004
IPI. VALOR TRIBUTÁVEL MÍNIMO.
Não compete ao CARF afastar a aplicação de norma legal em face da alegação de inconstitucionalidade. A norma do Regulamento do IPI quanto ao Valor Tributável Mínimo tem presunção de legitimidade que não pode ser afastada nessa seara.
Numero da decisão: 3201-002.440
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o Conselheiro Cássio Schappo, que dava provimento ao recurso.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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VALOR TRIBUTÁVEL MÍNIMO. Não compete ao CARF afastar a aplicação de norma legal em face da alegação de inconstitucionalidade. A norma do Regulamento do IPI quanto ao Valor Tributável Mínimo tem presunção de legitimidade que não pode ser afastada nessa seara. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o Conselheiro Cássio Schappo, que dava provimento ao recurso. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 87 8. 00 01 43 /2 00 9- 41 Fl. 241DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário em face de acórdão proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (MG), que assim relatou o feito: Trata o presente processo da DCOMP no 19826.21757.131204.1.3.04 8028, que utilizou como lastro da compensação declarada pagamento indevido do IPI no valor original de R$29.348,11, oriundo de recolhimento efetuado em 27/02/2004, no valor de R$245.966,63, relativo ao segundo decêndio de fevereiro de 2004. A apuração e o recolhimento são referentes ao estabelecimento 67.405.936/000416. A verificação da legitimidade dos créditos alegados foi efetuada pela unidade de origem, que intimou a contribuinte a identificar e comprovar o crédito oriundo do pagamento indevido do IPI (fls. 21/23). Em atendimento, a contribuinte apresentou os documentos de fls. 26/79, informando, em resumo, que: a) quando de sua chegada ao Brasil, adotou a estratégia de vender veículos a preços inferiores ao valor da importação; b) não obstante, "realizou indevidamente o estorno dos créditos do IPIimportação, proporcionalmente à diferença entre os valores de entrada e saída" (historiados como estornos ref. valor tributável mínimo); c) em razão desses estornos indevidos, apurou e efetuou recolhimentos de valores a maior do IPI, visto não terem sido deduzidos os créditos escriturais pertinentes; d) posteriormente (em 2004), ciente do equívoco cometido, decidiu recuperar os créditos estornados mediante a apresentação de DCOMPs, sem lançálos no RAIP I. A Saort/DRFNolta Redonda/RJ analisou as informações/documentos apresentados, mas não reconheceu o direito ao crédito. Fundamentou o indeferimento, essencialmente, nas seguintes razões: o procedimento adotado pela interessada, de vender os veículos importados por preço inferior ao custo de aquisição, não encontra respaldo na legislação do IPI (valor tributável mínimo); no tocante ao valor alegado como pagamento indevido, argumentou que a contribuinte não comprovou a redução do valor do saldo devedor do IPI originalmente apurado, única forma de comprovar ter sido indevido o pagamento efetuado (na sua totalidade). Concluiu que o procedimento adotado pela contribuinte não se enquadra na sistemática da restituição de pagamento indevido prevista no artigo 165 do CTN, do que resultou o nãoreconhecimento do direito creditório. Por conseguinte, a compensação declarada resultou não homologada. É o que se extrai do Despacho Decisório de fls. 80/83. Fl. 242DF CARF MF Processo nº 17878.000143/200941 Acórdão n.º 3201002.440 S3C2T1 Fl. 242 3 Insurgiuse a interessada contra o indeferimento de seu pleito apresentando manifestação de inconformidade (fls. 90/119). Em preliminar, requereu a nulidade do Despacho Decisório por falta de motivação para o indeferimento do pleito, o que acarretou prejuízo à defesa da Impugnante. No mérito, apresentou as seguintes razões, em apertada síntese: i. suscitou a ilegalidade do artigo 136 do RIPI/2002, que exik& a observância de um valor tributável mínimo, quando confrontado aos artigos 46 e 47 do CTN, que definem a base de cálculo do IPI; ii. que é imperiosa a manutenção dos créditos escriturais, indevidamente estornados, em razão do princípio da não cumulatividade e da capacidade contributiva; iii. que é inequívoca a existência dos estornos indevidamente efetuados, e, por consequência, dos créditos utilizados nas compensações declaradas; iv. ao final, requer a realização de diligência para confirmar o valor dos créditos estornados como ajustes ao valor tributável mínimo, bem como a vinculação desses estornos com a diferença entre os valores de entradas e saídas dos veículos importados. . Apesar de a contribuinte ter apresentado alguns documentos em atendimento à intimação da unidade de origem, deixou de apresentar a cópia do RAIPI relativo ao período de apuração para o qual solicitou a restituição (202/2004). O processo foi, então, baixado em diligência por intermédio do despacho de fl. 147. Em atendimento, foi juntado aos autos a cópia do RAIPI solicitada (fls. 154/158). É o relatório, no essencial. Após apresentação de Manifestação de Inconformidade pelo Contribuinte, o lançamento foi integralmente mantido em acórdão assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 11/02/2004 a 20/02/2004 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR QUE o DEVIDO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Nos termos das disposições do art. 165 do CTN, não há como reconhecer direito creditório informado como pagamento indevido se não restar comprovado que o valor do pagamento do tributo foi superior ao devido em face da legislação tributária aplicável. Eventual inadequação na forma de tributação do imposto, da qual não resulte pagamento em montante superior ao devido, não enseja direito a restituição. Manifestação de Inconformidade Improcedente Fl. 243DF CARF MF 4 Direito Creditório Não Reconhecido Intimado da referida decisão, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando os termos da Impugnação. Os autos foram, então, remetidos a este CARF e a mim distribuídos por sorteio. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário O Recurso é próprio e tempestivo e dele tomo conhecimento. Para melhor exame dos fundamentos de recurso, passo a analisar cada um dos tópicos do Recurso Voluntário apresentado. IV — PRELIMINARMENTE IV.1 — DA POSSÍVEL NULIDADE DO ACÓRDÃO RECORRIDO EM FACE DO INDEFERIMENTO DA PERÍCIA CONTÁBIL Inicialmente a Recorrente aduz a nulidade do despacho decisório e do próprio despacho recorrido uma vez que estes indeferiram o pedido de perícia contábil do contribuinte. Todavia, entendo que o indeferimento da prova pericial fundamentouse no fato de que os julgadores entenderam ser desnecessária tal prova ou ainda, indiferente, para a formação de seu convencimento. É certo que, não obstante tal indeferimento, nada impede que estes julgadores (CARF), entendendo que a produção das provas requeridas possam influenciar o presente, requeiram a sua produção, de ofício ou a requerimento das partes. Todavia, nem mesmo tal circunstância seria caracterizadora de nulidade das decisões anteriores, posto que, como visto, o destinatário da prova é o julgador e a este cabe decidir ou não pela conveniência de sua produção. Logo, havendo fundamentação para o indeferimento das provas periciais requeridas, não há falar em nulidade das decisões. Afasto, pois, a preliminar suscitada. IV.2 — DA NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO A Recorrente sustenta a nulidade do despacho decisório por entender ter ocorrido vício na motivação. Entende a contribuinte que os motivos exposto não são suficientes para fundamentar o lançamento. Fl. 244DF CARF MF Processo nº 17878.000143/200941 Acórdão n.º 3201002.440 S3C2T1 Fl. 243 5 O "motivo" em questão seria a que a Recorrente "não comprovou a origem dos créditos compensados", expondo com clareza a razão pela qual entendeu não restar comprovada esta origem. Inicialmente ressalto que tratase de Pedido de Restituição de crédito apresentado pelo contribuinte e, portanto, a ele compete o ônus da prova do direito alegado. Assim, não vislumbro ausência de motivação, mas, sim, inconformismo da Recorrente quanto aos fundamentos do lançamento e, portanto, esta deve ser analisada juntamente com o mérito. IV.3 DA GARANTIA LEGAL E O PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL Discorrendo amplamente acerca dos princípios da garantia legal e da verdade material, a Recorrente defende que: O fato de as autoridades fiscais se negarem a verificar as provas que a Recorrente informa serem necessárias à comprovação dos créditos compensados e, ao mesmo tempo, taxarem tais créditos como inexistentes, tornam plenamente nulo o despacho decisório originário e ensejam seu cancelamento, a respeito do que seguemse imperiosas as ponderações no subitem seguinte. Em síntese, aduz a Recorrente que, ainda que a forma de utilização do crédito de IPI por ela apurado não estivesse em conformidade com a normatização vigente, a sua existência é incontestável e, portanto, deveria a Autoridade Fiscal buscar todo e qualquer meio de prova de existência do crédito alegado e não apenas negálo com base nos elementos existentes apenas no momento da autuação. A Recorrente ainda acrescenta que "ao recusarse a restituir crédito efetivamente existente, ainda que através de compensação, a Autoridade Fazendária viola, entre outros, o princípio do enriquecimento sem causa, pois obtém vantagem de cunho econômico em detrimento do contribuinte sem justa fundamentação". Pois bem. Como já manifestado em votos anteriormente proferidos, o Princípio da Verdade Material é bastante caro à esta Turma Julgadora, e especialmente à esta Relatora. Havendo qualquer indício acerca do direito alegado ao contribuinte, deve ser buscada a prova correspondente, devendo o fato e o direito incontestável se sobrepor a eventuais procedimentos, especialmente quanto estes não estejam pautados em lei no sentido estrito. Não obstante, na hipótese concreta dos autos, entendo que a matéria fática é subsidiária em face da matéria de direito efetivamente debatida. A negativa do direito ao crédito não se deu com base em eventual irregularidade de forma ou ausência de comprovação. A negativa é fundada em matéria essencialmente de direito, qual seja a "necessidade de observância do valor tributável mínimo (impossibilidade de "comercializar" por preço inferior ao custo de aquisição". Fl. 245DF CARF MF 6 Ainda que a Autoridade Fiscal tenha acrescentado às razões de indeferimento o fato de que o valor pleiteado não teria sido comprovado "segundo normas atinentes a pedidos de restituição", entendo que não é esta a fundamentação essencial para o indeferimento. À evidência, acaso superada a questão de direito nesta instância julgadora, caberá, dentro dos princípios da verdade material e do devido processo legal, perquirir acerca das provas existentes e de eventual perícia contábil. Não obstante, tal circunstância não macula de nulidade a decisão recorrida, posto que sua fundamentação encontrase coerente com o entendimento de direito nela firmado, entendimento está sendo colocado sob revisão por esta Turma Julgadora, nos termos do Recurso Voluntário interposto pela parte. Pelo exposto, rejeito a preliminar de nulidade aventada quanto à violação ao princípio da verdade material. IV.4 — DA NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO POR FALTA DE MOTIVAÇÃO E DE FUNDAMENTO FÁTICO Nesse tópico preliminar a Recorrente, com a devida vênia, apresenta fundamentos genéricos (ainda que jurídicos e sólidos) acerca da nulidade do Despacho Decisório por suposta ausência de motivação e fundamento fático. Em síntese, aduz: Resta patente que não há elementos suficientes para se determinar a razão que deu ensejo à exigência fiscal em comento, visto ser impossível extrair os reais motivos que suportam a decisão fazendária, sendo inviável a Recorrente se defender da exigência que ora lhe é imposta, em flagrante ofensa aos princípios da ampla defesa e do contraditório, previstos no art. 50, inciso LV, da CF. As afirmações de que a Recorrente não comprovou a origem dos créditos compensados não se afigura como fundamento suficiente para denegação da compensação, pois a Recorrente esclareceu que a comprovação do crédito dependia de diligência, mas esta somente não pode ser realizada porque as autoridades fiscais as julgaram despiciendas. Verificase, por conseguinte, a contradição patente no arrazoado das autoridades fiscais e a inexistência dos pressupostos de fato que ensejam a não homologação vergastada, do que decorre a falta de motivação, o cerceamento do direito de defesa da Recorrente e, assim, a nulidade do despacho decisório impugnado. Com a devida vênia, na hipótese dos autos não vislumbro a nulidade apontada. O Auto de Infração apresentou de forma clara os fatos e fundamentos pelos quais indeferiu o crédito pleiteado pelo contribuinte, possibilitandolhe amplamente sua defesa. Os "os reais motivos que suportam a decisão fazendária" foram devidamente apresentados: inobservância, pela Recorrente, do Valor Tributável Mínimo do IPI. Fl. 246DF CARF MF Processo nº 17878.000143/200941 Acórdão n.º 3201002.440 S3C2T1 Fl. 244 7 Quanto à alegação de que "a comprovação do crédito dependia de diligência, mas esta somente não pode ser realizada porque as autoridades fiscais as julgaram despiciendas", como já exposto anteriormente, tenho que, por ser a decisão recorrida fundamentada essencialmente em matéria de direito, não há qualquer nulidade no indeferimento da perícia contábil. O inconformismo da Recorrente quanto à fundamentação utilizada pela DRJ deve e será objeto de análise por esta Turma Julgadora quando do exame do mérito da demanda. Pelo exposto, afasto também esta preliminar de nulidade. V — DO MÉRITO V.1 — DA ILEGALIDADE DA BASE DE CÁLCULO MÍNIMA DO IPI Nesse tópico a Recorrente se dedica a questionar a legalidade da base de cálculo mínima do IPI, prevista na legislação de regência, que é, exatamente, o ponto nevrálgico da presente lide. A Recorrente defende que o art. 136 do Regulamento do IPI RIPI (Decreto nº 4.544/02 estabelece uma base de cálculo distinta daquela prevista nos arts. 46 e 47 do CTN. O referido art. 136 do então vigente RIPI/02 assim dispunha quanto ao Valor Tributável Mínimo do IPI: Art. 136. O valor tributável não poderá ser inferior: I ao preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente quando o produto for destinado a outro estabelecimento do próprio remetente ou a estabelecimento de firma com a qual mantenha relação de interdependência (Lei nº 4.502, de 1964, art. 15, inciso I, e Decretolei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 5ª); II a noventa por cento do preço de venda aos consumidores, não inferior ao previsto no inciso I, quando o produto for remetido a outro estabelecimento da mesma empresa, desde que o destinatário opere exclusivamente na venda a varejo (Lei nº 4.502, de 1964, art. 15, inciso II, e Lei nº 9.532, de 1997, art. 37, inciso III); III ao custo de fabricação do produto, acrescido dos custos financeiros e dos de venda, administração e publicidade, bem assim do seu lucro normal e das demais parcelas que devam ser adicionadas ao preço da operação, no caso de produtos saídos do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial, com destino a comerciante autônomo, ambulante ou não, para venda direta a consumidor (Lei nº 4.502, de 1964, art. 15, inciso III, e Decretolei nº 1.593, de 1977, art. 28); Fl. 247DF CARF MF 8 IV a setenta por cento do preço da venda a consumidor no estabelecimento moageiro, nas remessas de café torrado a comerciante varejista que possua atividade acessória de moagem (Decretolei nº 400, de 1968, art. 8º). § 1º No caso do inciso II, sempre que o estabelecimento varejista vender o produto por preço superior ao que haja servido à determinação do valor tributável, será este reajustado com base no preço real de venda, o qual, acompanhado da respectiva demonstração, será comunicado ao remetente, até o último dia do período de apuração subseqüente ao da ocorrência do fato, para efeito de lançamento e recolhimento do imposto sobre a diferença verificada. § 2º No caso do inciso III, o preço de revenda do produto pelo comerciante autônomo, ambulante ou não, indicado pelo estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial, não poderá ser superior ao preço de aquisição acrescido dos tributos incidentes por ocasião da aquisição e da revenda do produto, e da margem de lucro normal nas operações de revenda. O art. 137 do mesmo RIPI, aplicável à hipótese dos autos por se tratar de produto importado, assim dispunha: Art. 137. Para efeito de aplicação do disposto nos incisos I e II do art. 136, será considerada a média ponderada dos preços de cada produto, vigorastes no mês precedente ao da saída do estabelecimento remetente, ou, na sua falta, a correspondente ao mês imediatamente anterior àquele. Parágrafo único. Inexistindo o preço corrente no mercado atacadista, para aplicação do disposto neste artigo, tomarseá por base de cálculo: I no caso de produto importado, o valor que serviu de base ao Imposto de Importação, acrescido desse tributo e demais elementos componentes do custo do produto, inclusive a margem de lucro normal; e II no caso de produto nacional, o custo de fabricação, acrescido dos custos financeiros e dos de venda, administração e publicidade, bem assim do seu lucro normal e das demais parcelas que devam ser adicionadas ao preço da operação, ainda que os produtos hajam sido recebidos de outro estabelecimento da mesma firma que os tenha industrializado. De acordo com a argumentação desenvolvida pela Recorrente, o Valor Tributável Mínimo (seja qualquer um dos critérios previstos nos dispositivos acima) estaria em desacordo com os artigos 46 e 47 do CTN quanto à definição de fato gerador e, especialmente, base de cálculo do IPI: Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: I o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; II a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51; Fl. 248DF CARF MF Processo nº 17878.000143/200941 Acórdão n.º 3201002.440 S3C2T1 Fl. 245 9 III a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considerase industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo. Art. 47. A base de cálculo do imposto é: I no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do artigo 20, acrescido do montante: a) do imposto sobre a importação; b) das taxas exigidas para entrada do produto no País; c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis; II no caso do inciso II do artigo anterior: a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria; b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente; III no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação. Na hipótese, é preciso salientar, não há controvérsia quanto ao fato de que a recorrente promoveu a saída de veículos importados de seu estoque em valor inferior ao da importação, sendo esta a diferença de IPI que pleiteia. Ou seja, o contribuinte requer que a base de cálculo do IPI na saída seja equivalente ao valor efetivo da operação, enquanto a Fiscalização entende que o valor desta operação de saída não pode ser inferior ao da sua entrada, para fins de base de cálculo do imposto. Assim, é preciso perquirir se a forma de apuração da base de cálculo do IPI previstas nos artigos 136 e 137 do RIPI/02 estão ou não em conformidade com os artigos 46 e 47 do CTN, especialmente o art. 47, inciso II, alíneas 'a' e 'b'. Para tanto, é essencial que se tenha assinalada a forma de composição da base de cálculo utilizada pela Recorrente relativamente aos fatos geradores ora examinados. Confirase o esclarecimento prestado às fl. 42/43 dos autos: Quando de 'sua chegada ao Brasil; a ' Requerente importava' veículos de sua matriz francesa para revendêlos no mercado nacional e, devido às circunstâncias, buscava divulgar sua marca no mercado nacional e conquistar novos consumidores. Em razão disso, adotou a estratégia de comercializar seus Fl. 249DF CARF MF 10 veículos importados a valores inferiores àqueles praticados quando da importação, de modo a possibilitar um preço ao menos competitivo com os veículos de outras marcas já comercializados no país. Em resumo, a Requerente vendia veículos a preços inferiores ao valor da importação, arcando com o ônus financeiro desta operação, certa de que esse prejuízo econômico imediato seria compensado pelas vantagens comerciais a serem colhidas a médio e longo prazos. A Autoridade Tributária, a seu turno, entendeu que a Recorrente não poderia ter utilizado como base de cálculo o valor da operação de saída, mas que deveria ter adotado o Valor Tributável Mínimo previsto no RIPI/02: De outra parte, o regulamento do IPI estabelece um valor tributável mínimo, que, no caso em questão, não deve ser inferior (RIPI, art. 136): I ao preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente quando o produto for destinada a outro estabelecimento do próprio remetente ou a estabelecimento de firma com a qual mantenha relação de interdependência; II a noventa por cento do preço de venda aos consumidores, não inferior ao previsto no inciso I, quando o produto for remetido a outro estabelecimento da mesma empresa, desde que o destinatário opere exclusivamente na venda a varejo. Inexistindo o preço corrente no mercado atacadista, tomarseá por base de cálculo (RIPI, art. 137, parágrafo único): I no caso de produto importado, o valor que serviu de base ao Imposto de Importação, acrescido desse tributo e demais elementos componentes do custo do produto, inclusive a margem de lucro normal; e II no caso de produto nacional, o custo de fabricação, acrescido dos custos financeiros e dos de venda, administração e publicidade, bem assim do seu lucro normal e das demais parcelas que devam ser adicionadas ao preço da operação, ainda que os produtos hajam sido recebidos de outro estabelecimento da mesma firma que os tenha industrializado. A matéria não é nova e já foi objeto de inúmeras decisões proferidas por este CARF. Cito, inicialmente, trecho de voto do Relator Jean Cleuter Simões Mendonça no Processo nº 17878.000139/200983, Acórdão nº 3401002.885, Sessão de 24 de fevereiro de 2015 : A delegacia de origem aplicou a legislação do IPI pertinente à base de cálculo e concluiu que a venda de veículos por um valor inferior ao custo de aquisição não encontra amparo na legislação do IPI. A DRJ interpretou o entendimento da delegacia de origem no sentido de que, na verdade, o que se quis dizer é que a Contribuinte não poderia tributar os veículos na venda em um valor menor que o tributado na aquisição. Como a Fl. 250DF CARF MF Processo nº 17878.000143/200941 Acórdão n.º 3201002.440 S3C2T1 Fl. 246 11 Recorrente não refutou essa afirmação, a acolho como incontroversa. Sendo assim, cabe apreciar a base de cálculo mínima. A Recorrente alega que o art. 47, do CTN, determina que a base de cálculo do IPI deve ser o valor da efetiva operação e que o valor tributável mínimo é ilegal, por ser determinado pelo decreto que regulamento o IPI, norma inferior ao CTN. Em primeiro lugar, cabe destacar que a previsão do valor tributável mínimo no RIPI 2002 (Decreto nº 4.544/02), vigente na época dos fatos objetos deste processo, tinha base na Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, mas que permanece vigente. Vejamos o que diz o art. 15, da Lei nº 4.502/64: “Art . 15. O valor tributável não poderá ser inferior: I ao preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente, quando o produto for remetido a outro estabelecimento da mesma pessoa jurídica ou a estabelecimento de terceiro incluído no artigo 42 e seu parágrafo único; (Redação dada pelo DecretoLei nº 34, de 1966) II a 90% (noventa por cento) do preço de venda aos consumidores, não inferior ao previsto no inciso anterior, quando o produto for remetido a outro estabelecimento da mesma empresa, desde que o destinatário opere exclusivamente na venda a varejo.; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) III ao custo do produto, acrescido das margens de lucro normal da empresa fabricante e do revendedor e, ainda, das demais parcelas que deverão ser adicionadas ao preço da operação, no caso de produtos saídos do estabelecimento industrial, ou do que lhe seja equiparado, com destino a comerciante autônomo, ambulante ou não, para venda direta a consumidor”. Desse modo, o valor tributável mínimo, previsto no Decreto nº 4.544/02 (RIPI/2002) tem base legal. Afastar a legalidade do VTM em razão do CTN, dependeria de uma análise constitucional da hierarquia das leis, o que não é permitido em decorrência da Súmula nº 2, do CARF, que assim disciplina: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Desse modo, para fins de julgamento administrativo, a VTM deve ser mantido, haja vista ter base em lei vigente. Como, em resumo, o que a Recorrente pretende é o ressarcimento da diferença recolhida com base no VTM, sob premissa de que nada deveria recolher por ter vendido os veículos a um custo menor que o da aquisição/importação, o direito não lhe ampara e o pleito deve ser indeferido. Fl. 251DF CARF MF 12 Como a questão foi dirimida na análise da matéria de Direito e é incontroverso que os documentos fiscais obrigatórios não apresentam crédito em favor da Recorrente, é inócua a realização de diligência, motivo pelo qual é indeferida. Ex positis, nego provimento ao recuso voluntário interposto. (destaques pela Relatora) Embora a tese defendida pela Recorrente no sentido de que a base de cálculo do IPI deve corresponder ao valor da operação efetivamente praticada possa ser relevante e juridicamente defensável, ressalto as limitações impostas a este órgão julgador Com efeito, nos termos do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, este Conselho está vedado de afastar a aplicação do de lei ou decreto: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Desse modo, adotando os fundamentos acima como razão de decidir, nego provimento ao Recurso Voluntário quanto ao mérito. V.2 — DA IMPERIOSA MANUTENÇÃO DOS CRÉDITOS ESCRITURAIS EM RAZÃO DO PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE E DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA A Recorrente traz sólida argumentação acerca da violação aos Princípios da Não Cumulatividade e da Capacidade Contributiva. Não obstante, diante das limitações impostas à este órgão julgador (art. 62 do Anexo II do RICARF), não merece acolhida o Recurso nesse ponto. V.3 — DA INEQUÍVOCA EXISTÊNCIA DOS CRÉDITOS ESTORNADOS E DOS CRÉDITOS COMPENSADOS Os argumentos expostos nesse tópico do Recurso dizem respeito à forma de apropriação dos créditos de IPI por parte da recorrente. Todavia, como exposto, a negativa ao reconhecimento do crédito decorre de questão exclusivamente de direito. Inexistindo o reconhecimento do direito ao crédito pleiteado, se torna irrelevante a forma de apuração adotada. Assim, nego provimento nesse aspecto. Fl. 252DF CARF MF Processo nº 17878.000143/200941 Acórdão n.º 3201002.440 S3C2T1 Fl. 247 13 IV. DA PERÍCIA CONTÁBIL A Recorrente postula pela realização de prova pericial tendente, justamente, a comprovar a existência dos créditos apropriados em livro fiscal. Contudo, tendo em vista que o presente feito se decide por aspecto exclusivamente de direito, conforme exposto em tópico precedente, tornase inócua a produção de prova pericial. Pelo exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário do Contribuinte em razão da impossibilidade de se afastar, na esfera do contencioso administrativo, a legalidade da cobrança do Valor Tributável Mínimo previsto no Regulamento do IPI. É como voto. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Fl. 253DF CARF MF
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Numero do processo: 10783.901697/2006-25
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Apr 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BASE DE CÁLCULO. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA.
A industrialização efetuada por terceiros visando aperfeiçoar para o uso ao qual se destina a matéria-prima, produto intermediário ou material de embalagem utilizados nos produtos finais a serem exportados pelo encomendante agrega-se ao seu custo de aquisição para efeito de gozo e fruição do crédito presumido do IPI relativo ao PIS e a COFINS previsto nos artigos 1º e 2º, ambos da Lei nº 9.363/96.
Numero da decisão: 9303-004.693
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal (relator) e Rodrigo da Costa Possas, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado).
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Andrada Marcio Canuto Natal - Relator.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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BASE DE CÁLCULO. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. A industrialização efetuada por terceiros visando aperfeiçoar para o uso ao qual se destina a matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem utilizados nos produtos finais a serem exportados pelo encomendante agregase ao seu custo de aquisição para efeito de gozo e fruição do crédito presumido do IPI relativo ao PIS e a COFINS previsto nos artigos 1º e 2º, ambos da Lei nº 9.363/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal (relator) e Rodrigo da Costa Possas, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado). (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Andrada Marcio Canuto Natal Relator. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Redator designado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 90 16 97 /2 00 6- 25 Fl. 938DF CARF MF Processo nº 10783.901697/200625 Acórdão n.º 9303004.693 CSRFT3 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício). Fl. 939DF CARF MF Processo nº 10783.901697/200625 Acórdão n.º 9303004.693 CSRFT3 Fl. 4 3 Relatório Tratase de recurso especial de divergência apresentado pelo contribuinte em face do Acórdão nº 330201.684, de 27/06/2012, o qual possui a seguinte ementa transcrita somente na parte que interessa ao presente exame: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003 CRÉDITO PRESUMIDO. CUSTOS COM SERVIÇO DE INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. INCLUSÃO NO CÁLCULO. IMPOSSIBILIDADE. O crédito presumido do IPI diz respeito, unicamente, ao custo de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem, não podendo ser incluído em sua base de cálculo, prevista na Lei nº 9.363/96, o valor do serviço de industrialização por encomenda. (...) Cuida o presente processo de Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação (PER/DCOMP) nº 41119.69344.310703.1.1.017150, no qual a interessada acima qualificada pleiteia ressarcimento de crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), previsto no art. 1º da Lei nº 9.363/96, no valor de 195.787,48, apurado no 2º trimestre do ano de 2003, para posterior compensação. A controvérsia suscitada se refere à possibilidade de inclusão dos serviços de industrialização por encomenda na base de cálculo do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 1996. Para comprovar a divergência, a recorrente apresentou os seguintes paradigmas: CSRF nº 0202.320 e nº 930301.619. Reportando ao relatório do acórdão recorrido, constatase que as razões para o indeferimento tiveram as seguintes motivações em relação à parte ora controvertida: (...) j) no tocante aos insumos adquiridos no período de apuração, foram glosados os valores constantes das notas fiscais de entradas com os códigos CFOP 5.124, 5.125, 6.124 e 6.125, pois se referem à industrialização/beneficiamento efetuados por terceiros em matériasprimas remetidas pela empresa (tais como serragem e polimento de chapas de granito) e também ao valor cobrado pelos serviços realizados em produtos intermediários (como serras diamantadas e produtos enviados para manutenção); k) assim, quanto às industrializações por encomenda, ficou claro que se trata de prestação de serviço, não se enquadrando no conceito de matériaprima (MP), Fl. 940DF CARF MF Processo nº 10783.901697/200625 Acórdão n.º 9303004.693 CSRFT3 Fl. 5 4 produto intermediário (PI) e material de embalagem (ME), mencionado na legislação; (...) Em apertada síntese, o contribuinte defende o seu direito à inclusão da industrialização por encomenda no cálculo do crédito presumido do IPI afirmando que esta é apenas uma das fases de industrialização do produto final e que não pode ser tratada como uma mera prestação de serviços. Cita doutrina e excertos da jurisprudência do CARF, bem como posicionamento do STJ sobre o assunto. Para uma melhor visão de sua defesa transcrevo resumo contido do relatório do acórdão recorrido: (...) e) quanto à industrialização por encomenda, as operações desenvolvidas sobre blocos/lâminas exportados não se limitaram à agregação de mãodeobra, consistiram industrialização consignada em beneficiamento; f) sustenta que a referida industrialização por encomenda equivale à aquisição de MP, PI e ME, suficientes para integrar a base de calculo do crédito presumido do IPI, na forma da Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996; g) pondera que remeteu blocos de granito para industrialização por encomenda, tendo recebido chapas brutas serradas. Após, promoveu industrialização sobre tais produtos, consubstanciada em beneficiamento, polimento e acondicionamento para exportação, o que faculta a usufruir do beneficio em comento; (...) O recurso especial do contribuinte foi admitido por meio do Despacho de e fls. 926/928. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões nas quais pede a manutenção do entendimento exarado no acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 941DF CARF MF Processo nº 10783.901697/200625 Acórdão n.º 9303004.693 CSRFT3 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, relator. O recurso especial apresentada pelo contribuinte é tempestivo e atende aos requisitos legais para o seu conhecimento. Mérito Como visto, a controvérsia estabelecida referese à possibilidade de inclusão dos serviços de industrialização por encomenda na base de cálculo do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 1996. Esta matéria não é nova no CARF e eu me filio à corrente de que no regime da Lei nº 9.363/96 tal apropriação está desamparada de previsão legal. Inicialmente partilho do entendimento de que qualquer modalidade de incentivo ou benefício fiscal deve estar sujeito a regras de interpretação literal da legislação que o concede. Não creio que está correta a conclusão de que as formas de exclusão do crédito tributário sejam somente as previstas no art. 175 do CTN. Na minha opinião o art. 175 do CTN somente estabeleceu que a isenção e a anistia excluem o crédito tributário, mas por evidente, não são as únicas formas existentes de exclusão do crédito tributário. A concessão de crédito presumido de IPI é uma forma indireta de excluir o crédito tributário, na medida em que permite se apropriar de um crédito antes inexistente para ser compensado com tributos devidos. Fosse correta a conclusão de que as únicas formas de exclusão do crédito tributário são a isenção e a anistia, penso que a redação do art. 111 do CTN seria muito infeliz em prever no seu inciso II uma regra que já se encaixava no próprio inciso I, ou seja, seria desnecessário constar no inciso II que se interpreta literalmente as regras de outorga de isenção já que esta é uma forma de exclusão do crédito tributário já contemplado no inciso I. Veja como é a redação do art. 111 do CTN: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Portanto entendo que no presente caso deve se dar interpretação literal à norma tributária que concede o benefício fiscal nos exatos termos de que dispõe o art. 111 do CTN. Na verdade a concessão de isenção, anistia, incentivos e benefícios fiscais decorrem de normas que têm caráter de exceção. Fogem às regras do que seria o tratamento normal. Transcrevo abaixo trecho da doutrina do Professor Eduardo Sabbag: (...) Fl. 942DF CARF MF Processo nº 10783.901697/200625 Acórdão n.º 9303004.693 CSRFT3 Fl. 7 6 Retomando a análise do art. 111 do CTN, o que se nota é que tal dispositivo disciplina hipóteses de “exceção”, devendo sua interpretação ser literal. Na verdade, consagra um postulado que emana efeitos em qualquer ramo jurídico, isto é, “o que é regra se presume; o que é exceção deve estar expresso em lei”. Com efeito, a regra não é o descumprimento de obrigações acessórias, nem a isenção concedida e, por fim, nem a exclusão ou suspensão do crédito tributário, mas, respectivamente, o cumprimento de obrigações, o pagamento do tributo e a extinção do crédito, mediante pagamento ou outra modalidade extintiva. Assim, o direito excepcional deve ser interpretado literalmente, razão pela qual se impõe o artigo ora em estudo. Aliás, em absoluta consonância com o art. 111 está a regra do parágrafo único do art. 175, pela qual “a exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente”. (...) (Trecho extraído da internet no seguinte endereço: https://eduardosabbag.jusbrasil.com.br/artigos/121933898/inter pretacaoeintegracaodalegislacaotributaria) Estabelecido esta premissa, vejamos então como o crédito presumido do IPI está disciplinado na Lei nº 9.363/96: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. Art. 2º A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem referidos no artigo anterior, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador. A interpretação literal que se extrai do comando normativo acima transcrito é que gera direito ao crédito presumido do IPI os valores decorrentes da aquisição no mercado interno de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem para aplicação no processo produtivo das empresas produtoras e exportadoras. A industrialização por encomenda é um serviço prestado ao industrial e não se identifica definitivamente com qualquer dos itens Fl. 943DF CARF MF Processo nº 10783.901697/200625 Acórdão n.º 9303004.693 CSRFT3 Fl. 8 7 citados na norma, quais sejam matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem. Portanto mesmo que nessa prestação de serviço possa se agregar algum insumo ou mesmo que do serviço resulte uma matériaprima a ser utilizada no seu processo produtivo próprio, entendo que a lei não permitiu essa apropriação. Tanto é verdade, que posteriormente à edição do referido benefício fiscal, sobreveio por meio da Lei nº 10.276/2001, uma forma alternativa de apuração do crédito presumido, desta feita prevendo expressamente a possibilidade de se apropriar do valor correspondente aos serviços com industrialização por encomenda. Segue transcrição do dispositivo legal: Art. 1º Alternativamente ao disposto na Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, a pessoa jurídica produtora e exportadora de mercadorias nacionais para o exterior poderá determinar o valor do crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), como ressarcimento relativo às contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) e para a Seguridade Social (COFINS), de conformidade com o disposto em regulamento. § 1º A base de cálculo do crédito presumido será o somatório dos seguintes custos, sobre os quais incidiram as contribuições referidas no caput: I de aquisição de insumos, correspondentes a matériasprimas, a produtos intermediários e a materiais de embalagem, bem assim de energia elétrica e combustíveis, adquiridos no mercado interno e utilizados no processo produtivo; II correspondentes ao valor da prestação de serviços decorrente de industrialização por encomenda, na hipótese em que o encomendante seja o contribuinte do IPI, na forma da legislação deste imposto. (...) § 5o Aplicamse ao crédito presumido determinado na forma deste artigo todas as demais normas estabelecidas na Lei no 9.363, de 1996. Ora, na minha opinião, evidente que se o contribuinte quiser se apropriar dos valores gastos com industrialização por encomenda é obrigatório que ele faça a opção pelo cálculo do crédito presumido do IPI na forma alternativa proposta pela Lei nº 10.276/2001. Ou seja, ao optar pela fórmula de cálculo da Lei nº 9.363/96 não há possibilidade desse aproveitamento por absoluta falta de previsão legal. Por todo o exposto voto por negar provimento ao recurso especial apresentado pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator. Fl. 944DF CARF MF Processo nº 10783.901697/200625 Acórdão n.º 9303004.693 CSRFT3 Fl. 9 8 Voto Vencedor Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Redator. Discordamos do il. Relator. Imaginemse as seguintes situações: uma primeira, em que a matériaprima sai do estabelecimento vendedor já definitivamente acabado e pronto para aplicação no processo produtivo do adquirente, ou seja, quando nela já se encontra aplicado aquele serviço que, se assim não fosse, o adquirente teria de encomendar a um terceiro a sua realização para o posterior emprego no seu processo produtivo. Neste caso, não se questiona que todo o valor do custo de aquisição da matériaprima gera o direito ao crédito pleiteado. Agora, uma segunda situação, na qual a matériaprima é adquirida do estabelecimento vendedor sem que nele tenha sido aplicado o serviço que se afigura necessário à sua utilização no processo produtivo do adquirente, que, por isso mesmo, o encomenda a um terceiro. Embora o gasto assim dispendido seja incorporado ao custo da matériaprima, a tese vencida o exclui da determinação do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996. Todavia, a Lei nº 9.363, de 1996, autoriza o direito ao crédito sobre todas as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, utilizados no processo produtivo. Não havendo óbice legal, todos os gastos empregados na matériaprima a fim de permitir a sua utilização devem ser a ela incorporados, ainda que só empregados, por encomenda, por um terceiro, de modo que devem ser considerados na determinação do crédito presumido pelo encomedante. Adotando o nosso entendimento, confiramse os seguintes acórdãos desta mesma Turma e do Superior Tribunal de Justiça STJ: CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. A industrialização efetuada por terceiros visando aperfeiçoar para o uso ao qual se destina a matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem utilizados nos produtos finais a serem exportados pelo encomendante agregase ao seu custo de aquisição para efeito de gozo e fruição do crédito presumido do IPI relativo ao PIS e a COFINS previsto nos artigos 1º e 2º, ambos da Lei nº 9.363/96. (Acórdão nº 9303001.721, de 07/11/2011). Fl. 945DF CARF MF Processo nº 10783.901697/200625 Acórdão n.º 9303004.693 CSRFT3 Fl. 10 9 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BASE DE CÁLCULO. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. Provado que o bem submetido a industrialização adicional em outro estabelecimento é empregado pelo encomendante em seu processo produtivo na condição de matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem, para obtenção do produto por ele exportado, o valor pago ao executor integra a base de cálculo do incentivo instituído pela Lei 9.363/96 deferido ao produtorexportador. (...) (Acórdão nº 930301.623, de 29/09/2011). TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. MATÉRIAPRIMA. BENEFICIAMENTO POR TERCEIROS. INCLUSÃO. CUSTOS RELATIVOS A ENERGIA ELÉTRICA E COMBUSTÍVEIS. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. DECRETO 20.910/32. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA Nº 1.129.971 BA. 1. Ao analisar o artigo 1º da Lei 9.363/96, esta Corte considerou que o benefício fiscal consistente no crédito presumido do IPI é calculado com base nos custos decorrentes da aquisição dos insumos utilizados no processo de produção da mercadoria final destinada à exportação, não havendo restrição à concessão do crédito pelo fato de o beneficiamento o insumo ter sido efetuado por terceira empresa, por meio de encomenda. Precedentes: REsp 752.888/RS, Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 25/09/2009; AgRg no REsp 1230702/RS, Ministro Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, DJe 24/03/2011; AgRg no REsp 1082770/RS, Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 13/11/2009. 2. A respeito do pleito de cômputo dos valores referentes à energia e ao combustível consumidos no processo de industrialização no cálculo do crédito presumido do IPI, o recurso especial não foi conhecido em face da ausência de prequestionamento. Nesta feita, a agravante limitouse a repetir as teses jurídicas apresentadas no recurso especial, deixando de impugnar o fundamento específico da decisão hostilizada quanto ao ponto. Incidência da Súmula n. 182/STJ. 3. Em se tratando de ações que visam o reconhecimento de créditos presumidos de IPI a título de benefício fiscal a ser utilizado na escrita fiscal ou mediante ressarcimento, a prescrição é qüinqüenal. Orientação fixada pela Primeira Seção, por ocasião do julgamento do recurso especial representativo da controvérsia: REsp. Nº 1.129.971 BA. Fl. 946DF CARF MF Processo nº 10783.901697/200625 Acórdão n.º 9303004.693 CSRFT3 Fl. 11 10 4. Agravo regimental da Fazenda Nacional não provido e agravo regimental da contribuinte conhecido em parte e, nessa parte, não provido. (AgRg no REsp 1267805/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 22/11/2011) Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 947DF CARF MF
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Numero do processo: 13896.910973/2011-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-000.918
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Fortaleza/CE que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte, a qual pretendeu a reforma do despacho decisório que, por sua vez, indeferiu a homologação da compensação de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Por bem consolidar os fatos ocorridos até a decisão da DRJ, colaciono o relatório do acórdão recorrido in verbis: Consta no referido Despacho Decisório o seguinte motivo para indeferimento do Pedido: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 96 .9 10 97 3/ 20 11 -2 4 Fl. 194DF CARF MF Processo nº 13896.910973/201124 Resolução nº 3402000.918 S3C4T2 Fl. 112 2 Contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. ... De acordo com a Defesa, as operações que destinem mercadorias à Zona Franca de Manaus – ZFM se equiparam, para todos os efeitos fiscais, a uma exportação para o exterior, conforme disposto no art. 4º da Decretolei nº 288/1967. O disposto no referido artigo foi recepcionado pelo art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, que garante a manutenção do referido benefício por prazo determinado. No entanto, o § 2º, inciso I, do art. 14 da Medida Provisória nº 1.858/1999, posteriormente reeditada pela Medida Provisória nº 2.037/2000, excluiu da isenção das receitas de exportação das Contribuições PIS/COFINS, as vendas efetuadas a Empresas instaladas na Zona Franca de Manaus. Ocorre que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento de Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.348, em 07/12/2000, por unanimidade, concedeu a liminar pleiteada, para “suspender a eficácia do artigo 51 da Medida Provisória nº 2.03724, de 23 de Novembro de 2000, relativamente ao inciso I do § 2º do artigo 14 quanto à expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ ”. Assim, tendo em vista a suspensão da eficácia do disposto no art. 14, § 2º, inciso I, quanto às Empresas instaladas na Zona Franca de Manaus, entende o Manifestante que restou assegurada a isenção das Contribuições PIS/COFINS sobre a receita de vendas efetuadas à Empresa estabelecida na citada região. Com efeito, nos termos do art. 165 do Código Tributário Nacional, deve ser reconhecido o direito à restituição dos valores indevidamente recolhidos pelo Manifestante. Sobreveio então o Acórdão 0831.109, da 3ª Turma da FOR/CE, negando provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, cuja ementa foi lavrada nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2000 Ementa: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. Mantémse o Despacho Decisório de não homologação da compensação, quando a Defesa não comprova a certeza e liquidez do crédito pretendido. Irresignada, a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho repisando os argumentos trazidos em sede de manifestação de inconformidade, bem como apresentando notas fiscais por amostragem que dizem respeito às vendas à Zona Franca de Manaus, o que, no seu entender, suprimiria o problema da falta de prova Fl. 195DF CARF MF Processo nº 13896.910973/201124 Resolução nº 3402000.918 S3C4T2 Fl. 113 3 É o relatório Voto Conselheiro Antônio Carlos Atulim, relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3402000.905, de 28 de março de 2017, proferida no julgamento do processo 13896.910963/201199, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu na Resolução 3402000.905: "Como se depreende do relato acima, o pedido de restituição da Recorrente fundase na alegação de ter tributado indevidamente a Contribuição ao PIS sobre receitas de vendas de produtos à estabelecimentos localizados na Zona Franca de Manaus, sendo que tais receitas seriam isentas pela legislação federal, uma vez que foram equiparadas às exportações (artigo 4º do Decreto lei nº 288/1967). Tal direito ao indébito, em tese, foi reconhecido pelo julgamento da DRJ, que somente não conferiu o direito em concreto por falta de provas a certeza e liquidez do crédito pretendido. Para suprir tal falta, a Recorrente trouxe em seu recurso voluntário cópias de notas fiscais de vendas, do período em questão, de bens para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus. Tais provas, apesar de induzirem à conclusão do direito ao crédito, não lhe confere certeza e liquidez, de modo que não foi completamente suprido o ônus da prova da Recorrente, nos moldes do artigo 373 do Código de Processo Civil, uma vez que se trata de pedido de restituição de indébito, de sua iniciativa. Assim é que tem decidido esse Colegiado, conforme se depreende do conteúdo do Acórdão 3402002.881. 1 Pelos os motivos acima expostos, justifico a necessidade de conversão do presente processo em diligência, como requer o artigo 18 caput do Decreto 70.235/72 (PAF), para o arremate do convencimento deste Colegiado sobre os fatos em discussão. Para tanto, devem ser tomadas as seguintes providências pela Repartição Fiscal de origem: i) analisar os documentos adequados para a verificação do crédito, quais sejam: o Demonstrativo de Apuração da Contribuição ao PIS, cópias das folhas dos livros fiscais (Registro de Saídas e de Apuração 1 Nas palavras do Conselheiro Relator do caso, Antonio Carlos Atulim: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade." Fl. 196DF CARF MF Processo nº 13896.910973/201124 Resolução nº 3402000.918 S3C4T2 Fl. 114 4 do ICMS ou do IPI) e contábeis (Razão) do respectivo período de apuração do crédito pleiteado, notas fiscais, entre outros; ii) elaborar relatório conclusivo a respeito do crédito pleiteado; iii) dar ciência do Relatório à Recorrente, abrindolhe prazo regulamentar para manifestação; e iv) devolver o processo para esta 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, 3ª Seção do CARF, para prosseguimento do julgamento. Importante registrar que os documentos apresentados pelo contribuinte no paradigma são os mesmos que instruem o presente processo, de tal sorte que os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso daquele também se justificam neste. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, determino a conversão do autos em diligência para que a Repartição Fiscal de origem adote as seguintes providências: i) analisar os documentos adequados para a verificação do crédito, quais sejam: o Demonstrativo de Apuração da Contribuição ao PIS/COFINS, cópias das folhas dos livros fiscais (Registro de Saídas e de Apuração do ICMS ou do IPI) e contábeis (Razão) do respectivo período de apuração do crédito pleiteado, notas fiscais, entre outros; ii) elaborar relatório conclusivo a respeito do crédito pleiteado; iii) dar ciência do Relatório à Recorrente, abrindolhe prazo regulamentar para manifestação; e iv) devolver o processo para esta 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, 3ª Seção do CARF, para prosseguimento do julgamento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Fl. 197DF CARF MF
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