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Numero do processo: 10855.722479/2013-64
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Apr 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010
ILEGITIMIDADE PASSIVA DA AUTUADA. MEDIDA JUDICIAL. ART. 506 DO NCPC - LEI 13.105/2015
É de se deslocar a sujeição passiva para a contribuinte de fato que ingressou com medida judicial, fundamentando suportar o ônus econômico do tributo, quando obtém ordem judicial obstaculizando a contribuinte de direito de reter e recolher o tributo devido, eis que tal decisão constitui de per si norma individual, particular e concreta.
O que, em respeito ao art. 506 do NCPC e à inteligência do item 19 do Parecer Normativo Cosit 1, 2002, cabe o direcionamento da sujeição passiva para a contribuinte de fato - que deverá assumir eventual prejuízo decorrente do insucesso na demanda judicial. Impõe-se, no caso vertente, considerar a ilegitimidade passiva da autuada.
Numero da decisão: 9303-004.625
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos (relator), Andrada Márcio Canuto Natal e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Tatiana Midori Migiyama. Solicitou apresentar declaração de voto o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Júlio César Alves Ramos Relator
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama - Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: JULIO CESAR ALVES RAMOS
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MEDIDA JUDICIAL. ART. 506 DO NCPC LEI 13.105/2015 É de se deslocar a “sujeição passiva” para a “contribuinte de fato” que ingressou com medida judicial, fundamentando suportar o ônus econômico do tributo, quando obtém ordem judicial obstaculizando a “contribuinte de direito” de reter e recolher o tributo devido, eis que tal decisão constitui de per si norma individual, particular e concreta. O que, em respeito ao art. 506 do NCPC e à inteligência do item 19 do Parecer Normativo Cosit 1, 2002, cabe o direcionamento da “sujeição passiva” para a “contribuinte de fato” que deverá assumir eventual prejuízo decorrente do insucesso na demanda judicial. Impõese, no caso vertente, considerar a ilegitimidade passiva da autuada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos (relator), Andrada Márcio AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 72 24 79 /2 01 3- 64 Fl. 2570DF CARF MF 2 Canuto Natal e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Tatiana Midori Migiyama. Solicitou apresentar declaração de voto o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Júlio César Alves Ramos – Relator (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Cuidase de recurso especial da Fazenda Nacional contra decisão da Terceira Turma da Quarta Câmara do CARF, acórdão 3403003.538, assim ementado: RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. MEDIDA JUDICIAL. ART. 121 DO CTN E ARTS. 472 E 811 DO CPC. AUSÊNCIA DE CONDUTA ANTIJURÍDICA. PENALIDADE. Não há que se falar em conduta antijurídica quando o contribuinte observa ordem judicial obtida por "contribuinte de fato" (substituído), determinando que não faça a retenção e o recolhimento do IPI, sob pena de crime de desobediência, circunstância que afasta qualquer tipo de cominação de penalidade. Fl. 2571DF CARF MF Processo nº 10855.722479/201364 Acórdão n.º 9303004.625 CSRFT3 Fl. 2.616 3 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. MEDIDA JUDICIAL. ART. 121 DO CTN E ARTS. 472 E 811 DO CPC. AUSÊNCIA DE CONDUTA ANTIJURÍDICA. Quando "contribuinte de fato" ingressa em Juízo, sob o argumento de suportar o ônus econômico do tributo, e obtém provimento judicial que impeça os seus fornecedores de reterem e recolherem o tributo devido, tal ordem judicial constitui norma individual e concreta que desloca a responsabilidade tributária do tributo, sendo ele quem exclusivamente deu causa ao não recolhimento e ele quem tem legitimidade, reconhecida pela decisão, para responder por eventuais prejuízos ao Fisco. A discussão judicial entre o "contribuinte de fato" e o Fisco apenas gera efeito entre ambos, fazendo "lei" entre tais partes, não envolvendo o contribuinte, sendo que em razão do artigo 811 do CPC é o "contribuinte de fato", quem deu início à discussão judicial e obteve provimento judicial em seu favor, que deve responder pela reversão da medida liminar. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. MEDIDA JUDICIAL. ART. 121 DO CTN E ARTS. 472 E 811 DO CPC. AUSÊNCIA DE CONDUTA ANTIJURÍDICA. AUSÊNCIA DE COBRANÇA Se não há conduta antijurídica e por essa razão o afastamento das penalidades, sob o ponto de vista lógico não há que se falar em dever jurídico de recolhimento do IPI, o que impede que o contribuinte que simplesmente recebeu e cumpriu a ordem judicial obtida por "contribuinte de fato" sofra a exigência do tributo em questão por meio de atos jurídicos denominados auto de infração e de imposição de multa, pois ausente a ilicitude a fundamentar o AIIM. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. MEDIDA JUDICIAL. ART. 121 DO CTN E ARTS. 472 E 811 DO CPC. AUSÊNCIA DE CONDUTA ANTIJURÍDICA. IMPOSTO COBRADO A PARTE. ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. A cobrança dirigida ao contribuinte que recebeu e cumpriu ordem judicial ofende o próprio mecanismo de cobrança do IPI, pois como o Imposto é cobrado à parte, o contribuinte seria cobrado do Imposto (acrescido de multa punitiva e juros) que Fl. 2572DF CARF MF 4 não foi repassado ao próximo elo da cadeia (contribuinte de fato), que justamente é o "contribuinte de fato", que se valeu da medida judicial para maximizar os seus lucros, não respondendo, com a autuação do contribuinte, pelo prejuízo que causou, e enriquecendo sem causa, o que é vedado em nosso Direito, ao se locupletar indevidamente de forma dupla. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. MEDIDA JUDICIAL. ART. 121 DO CTN E ARTS. 472 E 811 DO CPC. CONSULTA FORMAL. A Consulta formal vincula o contribuinte e o Fisco e nunca o Fisco e terceiro, sendo que deve ser observada a resposta a consulta obtida pela contribuinte que expressamente determinou, em obediência às regras processuais, que em hipótese de medida liminar obtida por "contribuinte de fato" é o próprio "contribuinte de fato", quem deu causa ao não recolhimento do tributo, que arque exclusivamente com o crédito tributário, não sendo necessário que o contribuinte obtenha tantas respostas à consulta quantos os terceiros que ingressarem com ação com tal pedido. Entendimento da Secretaria da Receita Federal, ademais, se encontra em perfeita consonância com o posicionamento adotado em outros atos do mesmo Órgão e com as regras adjetivas e substantivas vigentes. Recurso de Ofício Negado e Recurso Voluntário Provido em Parte. Os fatos que a ela conduziram foram assim resumidos pela DRJ: Contra o contribuinte acima identificado foi lavrado Auto de Infração, fls. 1747 a 1761, para exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI no valor de R$120.085.189,63, acrescido da multa de ofício proporcional em função de saldo devedor de IPI sem cobertura de crédito no montante de R$180.127.784,52, de multa de ofício em relação ao IPI não lançado mas com cobertura de crédito no valor de R$50.287.475,99 e dos juros de mora (calculados até 08/2013) de R$ 36.364.751,32, totalizando a exigência de R$ 386.865.201,46, cuja motivação fática encontrase no próprio documento, bem como no Relatório Fiscal, fls. 904 a 915. Fl. 2573DF CARF MF Processo nº 10855.722479/201364 Acórdão n.º 9303004.625 CSRFT3 Fl. 2.617 5 Consoante a descrição dos fatos, restou comprovada a saída de mercadoria de janeiro de 2009 a janeiro de 2010 sem o lançamento de IPI em notas fiscais em virtude da utilização indevida de suspensão de exigibilidade do IPI por força de medida judicial no âmbito de Ação de Procedimento Ordinário com Pedido de Antecipação de Tutela (Processo nº 200451100064866) concedida em 28/10/2004 e cassada em 11/01/2010 (IPI não lançado). O Relatório Fiscal referido esclarece: (...) a Ação de Procedimento Ordinário com Pedido de Antecipação de Tutela – Processo nº 200451100064866, objetivando a suspensão da exigibilidade do IPI, foi impetrada pela LEYROZ DE CAXIAS DISTRIBUIDORA DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS LTDA. – CNPJ nº 06.958.578/000131, com decisão de antecipação de tutela concedida em 28/10/2004, pela Justiça Federal – 4ª Vara de São João do Meriti/RJ (...) 2.8 Posteriormente, esta fiscalização tomou conhecimento, através da PSFN/SOR – Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Sorocaba/SP, de notícia encaminhada pela PRFN – 2ª REGIÃO/RJ referente ao afastamento do Juiz Federal titular da 4ª Vara Federal de São João de Meriti/RJ da condução do processo originário proposto pela LEYROZ DE CAXIAS; 2.9 Fomos informados também que o Juiz Federal convocado, no afastamento do Relator, proferiu, em 11/01/2010, a seguinte decisão juntada ao Processo de Acompanhamento Judicial – DERAT/RJO nº 15374.000403/200924, abaixo transcrita, cassando a liminar concedida: (...) Após o deferimento da antecipação de tutela pelo Juízo de origem (fls. 71/76), houve, pela União, interposição de agravo de instrumento perante esta Corte, em cujos autos foi proferida decisão monocrática atributiva de efeito suspensivo (fls. 466/475). Ocorre que, antes de comunicado o teor dessa decisão, o Juízo de origem proferiu sentença ratificando a liminar e julgando Fl. 2574DF CARF MF 6 procedente o pedido, e não mais dispondo, a partir de então, sobre o cumprimento da ordem emanada desta Corte Revisora. Tudo isso configura situação de descumprimento frontal de ordem emanada desta Corte Revisora, que foi solenemente ignorada pelo Juízo de origem, que passou a oficiar a todas as empresas 'clientes' da parte autora (fls. 477 ss.) como se a liminar ainda estivesse a produzir seus efeitos. Isso reclama imediata correção por parte desta Relatoria, pois a ratificação de liminar por sentença não tem o condão de afastar manifestação em contrário emanada da Corte "ad quem". O art. 520, VII, do CPC somente tem aplicação quando a medida antecipatória seja eficaz, não se podendo retirar o efeito suspensivo da apelação quando a aludida liminar tenha sido suspensa ou cassada. Assim, com fundamento no art. 558, p. u., do CPC, atribuo à apelação da União efeito suspensivo, sustando os efeitos da liminar de fls. 71/76 e de sua retificação pela sentença recorrida. Oficiese, “in continenti”, aos destinatários de fls. 477 ss. (...) Rio de Janeiro 11 de janeiro de 2010.” 2.10 No prosseguimento da ação fiscal, em resposta ao Termo de Intimação Nº 003, a CERVEJARIA PETRÓPOLIS S/A sustentou que a suspensão do destaque do IPI nas saídas realizadas para a LEYROZ, objeto da liminar na Ação nº 2004.51.10.0064866, vigorou no período de 28/10/2004 a 11/01/2010, tendo sua eficácia judicial restabelecida em 31/05/2012, por ocasião da decisão monocrática do STJ no AREsp nº 154.837/RJ, com cópia fornecida pelo intimado, a qual faz parte integrante dos autos; 2.11 Mediante o exame da Escrituração Fiscal Digital (jan/2009 a dez/2010) do estabelecimento industrial sob ação fiscal, restou constatado que as saídas – CFOP 5.401, sem destaque do IPI, ocorreram até 31/01/2010. (...) (...) 2.13 Em 09/05/2013, foi encaminhado ao SEFIS/DRF/SOR o Ofício n.1174/2013/DIAJU/PSFN/SOR informando a permanência da situação de plena exigibilidade do crédito tributário pela União, referente ao IPI não destacado nas notas fiscais pela Cervejaria Petrópolis, decorrente da reversão da decisão de primeira instância mencionada no item 2.9;(...) Fl. 2575DF CARF MF Processo nº 10855.722479/201364 Acórdão n.º 9303004.625 CSRFT3 Fl. 2.618 7 A Delegacia de Julgamento dera parcial provimento à impugnação para afastar a qualificação da infração, com consequente redução do percentual de multa ao nível de 75% do imposto, mantendo no demais a autuação. A decisão recorrida manteve tal redução, ao negar provimento ao recurso de ofício, e afastou a autuação até a data da ciência do ofício revogatório da liminar, com base em voto vencedor da lavra do i. Conselheiro Antonio Carlos Atulim. Nele, entendeu, ao fim, o dr. Atulim que ela se aplicaria mesmo em relação às saídas promovidas para a Leiroz, ainda que não concordasse com ela. Disse o n. conselheiro : No que tange ao efeito e ao alcance da consulta, é fato incontroverso que na consulta específica a Cervejaria Petrópolis incluiu apenas a ação judicial movida pelo distribuidor JM Indústria Comércio e Logística Ltda, deixando de mencionar o distribuidor Leyroz de Caxias, mas tal fato não significa que a consulta não ampare as saídas sem destaque de IPI realizadas ao fornecedor Leyroz de Caixas. Não há como se concordar com a decisão de primeira instância quando afirma que a referida consulta não pode ser aplicada à ação da Leyroz de Caxias ao argumento de que a IN 740/2007 estabelece que a consulta se circunscreve a fato certo e determinado. No caso concreto, o fato certo e determinado é a existência de ações judiciais, não importa quantas sejam, movidas por contribuintes de fato (distribuidores de bebidas) com o objetivo de impedirem a Cervejaria Petrópolis (contribuinte de direito) de destacar o IPI sobre bebidas com base em pautas fiscais estabelecidas por ato administrativo do Secretário da Receita Federal. Esse é um fato único. As ações podem ser múltiplas, tantas quantos forem os distribuidores que se julgam lesados em seus direitos. Mas o fato é único: o mesmo contribuinte de direito foi impedido destacar o IPI por medidas judiciais interpostas pelos seus clientes contribuintes de fato. As tutelas judiciais obtidas pela Leyroz de Caxias e pelo JM Indústria e Comércio foram exatamente as mesmas: impediram a Cervejaria Petrópolis de destacar o IPI sobre bebidas com base em pautas fiscais baixadas por ato administrativo. A Fl. 2576DF CARF MF 8 simples mudança do número da ação ou do nome do distribuidor é um discrímen que não é hábil para sustentar a afirmação de que se tratam de fatos diferentes. (negrito acrescido por este relator) Ademais, com o advento do art. 15 da IN RFB nº 1.464/2014 e dos arts. 8º e 9º da IN RFB nº 1.396/2013, a Administração Tributária passou a atribuir novos efeitos às soluções de consulta. Vejamos. Art. 15 da IN RFB 1.464, de 8 de maio de 2014, in verbis: Art. 15. A Solução de Consulta, a partir da data de sua publicação, tem efeito vinculante no âmbito da RFB e respalda qualquer sujeito passivo que a aplicar, independentemente de ser o consulente, sem prejuízo de que a autoridade fiscal, em procedimento de fiscalização, verifique seu efetivo enquadramento. Arts 8º e 9º da IN RFB nº 1.396, de 16 de setembro de 2013, in verbis: Art. 8º Na solução da consulta serão observados os atos normativos, as Soluções de Consulta e de Divergência sobre a matéria consultada proferidas pela Cosit, bem como as Soluções de Consulta Interna da Cosit e os demais atos e decisões a que a legislação atribua efeito vinculante. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1434, de 30 de dezembro de 2013) Art. 9º A Solução de Consulta Cosit e a Solução de Divergência, a partir da data de sua publicação, têm efeito vinculante no âmbito da RFB, respaldam o sujeito passivo que as aplicar, independentemente de ser o consulente, desde que se enquadre na hipótese por elas abrangida, sem prejuízo de que a autoridade fiscal, em procedimento de fiscalização, verifique seu efetivo enquadramento. Fl. 2577DF CARF MF Processo nº 10855.722479/201364 Acórdão n.º 9303004.625 CSRFT3 Fl. 2.619 9 (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1434, de 30 de dezembro de 2013) O art. 15 da IN RFB nº 1.464/2014, atribui efeito vinculante às consultas formuladas no âmbito da classificação fiscal de mercadorias. A atribuição desse efeito se justifica porque se contribuintes diferentes trabalham com a mesma mercadoria, a solução de consulta que decide a classificação de determinada mercadoria se aplica para todos os demais contribuintes que trabalhem com a mesma mercadoria, uma vez que as regras de interpretação aplicáveis serão as mesmas independentemente do contribuinte que venha a formular a consulta. (negrito acrescido por este relator) Ora, se vários contribuintes diferentes passaram a poder utilizar uma solução de consulta específica para um determinado contribuinte, por qual razão a Cervejaria Petrópolis não poderia utilizar o mesmo entendimento que foi a ela dispensado em relação a um distribuidor para uma situação idêntica provocada por outro distribuidor? Pouco importa quantos sejam os distribuidores que ingressem com ações judiciais para impedir a Cervejaria Petrópolis de destacar o IPI com base em pautas fiscais. A solução a ser adotada pela Administração Tributária em relação a cada ação seria a mesma que foi adotada para o caso do distribuidor JM na Solução de Consulta nº 60/2006, mesmo porque as Superintendências passaram a ficar vinculadas à Solução de Divergência COSIT nº 27, de29 de outubro de 2002, por força do disposto no art. 9º da IN RFB nº 1.396/2013, com a nova redação que lhe foi dada pela IN RFB nº 1.464/2014. Embora discorde da interpretação contida nas soluções de consulta quanto ao alcance do art. 811, do CPC, é inequívoco que tal interpretação vincula a Administração Tributária enquanto não for revista, a teor do art. 48, § 12, da Lei nº 9.430/96, in verbis: "(...) §12. Se, após a resposta à consulta, a administração alterar o entendimento nela expresso, Fl. 2578DF CARF MF 10 a nova orientação atingirá, apenas, os fatos geradores que ocorram após dado ciência ao consulente ou após a sua publicação pela imprensa oficial.(...)" Sendo assim, se tanto na solução de consulta específica da Cervejaria Petrópolis, quanto na Solução de Divergência COSIT nº 27/2002, está expresso o entendimento da Administração Tributária no sentido de que nada pode ser exigido do contribuinte de direito no período de vigência de medida judicial interposta pelo contribuinte de fato, a fiscalização não poderia ter incluído no lançamento tributário os fatos geradores ocorridos anteriormente à suspensão da tutela antecipada, ou seja, fatos geradores ocorridos até 10/01/2010. A consequência desse entendimento conduz à conclusão de que a fiscalização, além de não poder lançar o imposto não destacado no período de vigência da tutela antecipada, também não pode reconstituir os saldos da escrita fiscal, realocando créditos utilizados pelo contribuinte no período de fevereiro a dezembro de 2010 para abater débitos do período coberto pela tutela antecipada. Em outras palavras, a adoção da interpretação contida nas soluções de consulta liquida a pretensão fiscal, no período coberto pela tutela antecipada, para as duas infrações lançadas no auto de infração, quais sejam: a) IPI não lançado; e 2) IPI lançado, mas não recolhido O recurso especial da Fazenda apresenta como paradigma acórdão prolatado pela Segunda Turma da Primeira Câmara (nº 3102002.194) que, analisando as mesmas saídas praticadas pela mesma autuada em período em que vigia a antecipação de tutela concluiu: Da constituição dos créditos do IPI suspensos por determinação judicial No vertente litígio resta incontroverso, conforme se extrai do Termo de Verificação Fiscal, parte integrante do Auto de Infração litigado, que a decisão da Fiscalização Federal de afastar em parte os efeitos da Solução de Consulta favorável à Recorrente deveu-se, exclusivamente, a certas particularidades de cunho técnico-jurídico. Não houve Fl. 2579DF CARF MF Processo nº 10855.722479/201364 Acórdão n.º 9303004.625 CSRFT3 Fl. 2.620 11 qualquer inferência a respeito da prática de atos simulados que subtraíssem por completo a efetividade do expediente. Assim, nenhuma outra razão poderá ser considerada no juízo que se faça sobre o tema, mas apenas aquela que motivou a lavratura do Auto de Infração. Quanto a isso, no Auto, decidiu-se pela perda de efeito da Solução de Consulta em relação à empresa JM Indústria Comércio e Logística Ltda para as operações imediatamente posteriores à cassação da tutela, tal como foi assentado na própria Solução. Encontra-se transcrita no texto (e à folha 361 (numeração digital) do Processo) a decisão colegiada da 3ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, citada pelos Auditores, datada de 04 de julho de 2006. Já no que diz respeito à empresa Leyroz de Caxias Ind. Com. E Logística Ltda, a Fiscalização considerou a Solução de Consulta inaplicável porque, em seu corpo, “em nenhum momento sequer, é feita qualquer menção a LEYROZ DE CAXIAS, ou distribuidor detentor de medida judicial”, mas apenas à empresa JM Indústria Comércio e Logística Ltda. E mais adiante: Já no que se refere às aquisições realizadas à empresa Leyroz de Caxias, além da motivação relacionada aos efeitos da Solução de Consulta, que, pela própria natureza do instituto e legislação que o rege, limitarseiam à empresa citada no corpo da Consulta, no caso a JM, temse, ainda, a o fato de que jamais foi afastada a tributação, mas determinada a suspensão, razão pela qual, uma vez que provimento jurisdicional tenha perdido efeito, deverão ser exigidos os débitos correspondentes. Fl. 2580DF CARF MF 12 Também sobre assunto falouse na Decisão recorrida, cuja fundamentação, mais uma vez, acolho. Ainda sobre a Leyroz, devemos deixar bem claro que a decisão judicial, nos termos em que foi proferida, jamais afastou a aplicação da tributação das operações, optando por apenas suspender a sua exigibilidade. Com a perda de sua eficácia em 21/01/2010 a situação retornou a sua condição normal de exigibilidade, estando totalmente correto o lançamento dos débitos decorrentes das saídas para esse adquirente. Em tempestivas contrarrazões aduziu a autuada que as ações seriam rigorosamente iguais, tendo sido inclusive propostas pelo mesmo causídico e que a diferença arguida na decisão paradigma não existiria, Para além disso, a Fazenda Nacional sustenta em seu Recurso Especial que a decisão obtida pela Leyroz de Caxias não teria afastado a tributação do IPI, eis que unicamente teria suspendido a exigibilidade do tributo. Alega, outrossim, que as decisões obtidas pela Leyroz de Caxias e pela JM outra distribuidora, aquela mencionada expressamente na Consulta formulada pela Recorrida seriam diferentes, justamente pelo argumento de que a decisão conferida à JM teria afastado a tributação do imposto em causa. A bem da verdade, a Fazenda Nacional simplesmente confunde alhos com bugalhos... De fato, é importante salientar que as ações movidas pelas citadas distribuidoras são absolutamente idênticas, o que pode ser constatado pela leitura da inicial aforada pela JM, assim como pela leitura das decisões proferidas neste processo, que seguem anexas. Com efeito, tanto os pedidos quanto as causas de pedir são rigorosamente análogos, sendo certo que as exordiais inclusive são assinadas pelo mesmo causídico. De outra banda, são vãs as considerações da Fazenda Nacional no sentido de que a decisão liminar obtida pela Leyroz de Caxias teria unicamente suspendido a exigibilidade do IPI, sem afastar a tributação em definitivo: é óbvio que as coisas efetivamente se passaram dessa maneira, tendo em vista que NÃO É POSSÍVEL ANTECIPAR OS EFEITOS DA TUTELA PURAMENTE DECLARATÓRIA. Fl. 2581DF CARF MF Processo nº 10855.722479/201364 Acórdão n.º 9303004.625 CSRFT3 Fl. 2.621 13 Noutras palavras: em sede de liminar numa ação declaratória como a de que se cuida, o magistrado unicamente pode suspender a exigibilidade do tributo que, a priori e nesse exame preliminar, se revela ilegítimo. Ainda que o magistrado esteja certo de que o tributo é indevido, ele apenas pode DECLARAR a inexistência de relação jurídica cujo objeto seja o pagamento do tributo em SENTENÇA, nunca em sede de antecipação dos efeitos da tutela. É que apenas podem ser antecipados efeitos PRÁTICOS da tutela vindicada, nunca a eficácia puramente declaratória ou puramente constitutiva, como até as pedras sabem. Um exemplo pode facilitar a compreensão do que acabou de ser dito: imaginese uma pessoa física que acudiu ao Judiciário com vistas a rescindir o contrato de compra e venda a prazo firmado com uma Construtora, pelo fato de que a Construtora teria atrasado a entrega do imóvel adquirido na planta. Nesse caso, e partindo da premissa de que inexiste dúvida quanto à culpa exclusiva da Construtora pelo atraso, o magistrado pode acolher, em sede de antecipação dos efeitos da tutela, pedido que desobrigue a pessoa física de recolher as parcelas vincendas, não podendo ela ser inscrita em cadastro de devedores em virtude do não pagamento de tais parcelas. Entretanto, é certo que, em sede de antecipação dos efeitos da tutela, o juiz não pode desde logo rescindir o contrato, é dizer, não pode antecipar os efeitos constitutivos negativos vindicados pelo autor da ação, eis que essa é propriamente a matéria da sentença, já que tal pronunciamento judicial tem o condão de resolver o litígio. Da mesma forma, não pode o juiz, em antecipação de tutela, declarar a inexistência de relação jurídica cujo objeto seja o pagamento de IPI, mas apenas suspender a sua exigibilidade. No caso concreto, havia uma decisão liminar que suspendeu a exigibilidade do IPI até janeiro de 2010, sendo certo que a Recorrida fora, em outubro de 2004, Oficiada a não recolher o IPI nas vendas à Leyroz sob pena de desobediência. Fl. 2582DF CARF MF 14 Portanto, em se tratando de medida liminar, não há que se falar que o r. decisum não afasta a tributação em definitivo, já que se assim o fizesse não se cuidaria de decisão liminar, e sim de decisão que tem o condão de resolver o litígio com julgamento meritório (art. 269 do CPC). E nem se diga que as decisões obtidas pela JM e pela Leyroz de Caxias são diversas, eis que não são: entretanto, a comparação entre os r. decisa tem que seguir a fase processual respectiva, é dizer, (i) cotejar decisão liminar com decisão liminar e (ii) comparar sentença com sentença, sob pena dos resultados espúrios e fantasiosos a que a Fazenda Nacional chegou. Por fim, é preciso dizer que as subreptícias considerações da Fazenda Nacional no sentido de que a Consulta formulada pela Recorrida não produziria efeitos em relação às vendas à Leyroz de Caxias tendo em vista que a consulta apenas alude à JM são manifestamente equivocadas e, em verdade, sequer poderiam ser conhecidas por essa Colenda 3a Turma. De fato, todas as questões suscitadas foram VERTICAL E PRECISAMENTE resolvidas já no Acórdão Recorrido, cujos fundamentos não foram todos atacados pelo Recurso Especial Fazendário e justamente por isso, por não atacar todos os fundamentos da decisão recorrida, é que o Recurso não deveria ser conhecido nesse ponto, na esteira da Súmula n. 283 do Supremo Tribunal, que reza, verbis: SÚMULA 283 E inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles. É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro Júlio César Alves Ramos Relator Apesar de a Fazenda Nacional, mais uma vez, terse valido da autorização regimental para apenas transcrever no seu recurso a ementa do suposto paradigma, analisando o em sua inteireza, confirmo a admissibilidade de seu recurso apontada no despacho que a examinou. De fato, embora essa conclusão não reste clara apenas da leitura da ementa transcrita no corpo do recurso, tornando necessária a leitura do próprio acórdão indicado Fl. 2583DF CARF MF Processo nº 10855.722479/201364 Acórdão n.º 9303004.625 CSRFT3 Fl. 2.622 15 (disponível no sítio do CARF na internet), constato que lá também se examinou autuação lavrada contra o mesmo sujeito passivo destes autos e por saídas de cerveja para a mesma empresa adquirente. Também lá o IPI foi exigido em relação a período em que vigera a antecipação de tutela, tendo sido lavrada a autuação após sua cassação. Apenas duas diferenças entre os processos puderam ser percebidas: em primeiro lugar, no paradigma a autuação inclui saídas também para a empresa JM Ind. e Com. Como dito no relatório, a consulta formulada pela autuada, e que resultou na resposta que a afastou do pólo passivo, foi relativa a tais saídas, daí porque no paradigma há tópico específico sobre os efeitos da resposta a tal consulta. Em segundo, neste processo, a autoridade autuante sequer faz menção a tal consulta, nem mesmo para justificar por que ela não se aplicaria às vendas para a Leiroz. Não vejo, no entanto, que tais diferenças ocasionem a inaceitação do recurso especial. É que os fatos tratados em ambos os processos, assim como a legislação a ser analisada, são os mesmos. Com isso, estou a reafirmar entendimento que já expressei em outros processos acerca da diferença entre fatos e interpretação dos fatos. A segunda, feita ao longo de todo o processo, a começar pela autoridade lançadora, é sempre passível de alteração à medida que o processo se desenrola; os primeiros, não. De outro lado, também não acolho pleito de não conhecimento do recurso, manifestado em contrarrazões. Segundo ele, teria faltado à Fazenda enfrentar argumento específico posto no voto da decisão recorrida, qual seja, o da extensão dos efeitos da solução de consulta. Assim não vejo. É que o recurso enfrenta sim tal extensão com os argumentos articulados pela DRJ e acolhidos pelo relator da decisão trazida como paradigmática. Conheço, pois, do recurso fazendário. Duas ressalvas se impõem, contudo, em atenção às contrarrazões apresentadas. Primeiro, que não poderá ser aqui examinada, como matéria autônoma, a qualificação da infração, de que resulta a majoração da multa ao percentual de 150%. Essa majoração fora rejeitada já pela DRJ e constituíra o objeto do recurso de ofício, a que foi negado, por unanimidade, provimento. Não tendo a Fazenda Nacional, no especial, trazido a matéria, a multa seguirá o resultado que se der ao principal, ou seja, se mantido o lançamento, ela incidirá no percentual já minorado pela DRJ. A segunda, mais ligada ao mérito, se refere à alegação fazendária, pouco clara, é certo, de que teria havido uma ordem judicial suspensiva dos efeitos da antecipação de tutela anterior a 14/01/2010. Embora isso não esteja dito explicitamente, podem assim ser lidas Fl. 2584DF CARF MF 16 suas considerações conducentes à inexistência de liminar mesmo para o período de 2009 até aquela data. Ocorre que nada há nos autos que o prove. Mais, a própria autoridade responsável pelo lançamento afirma que a liminar valeu até 14/01/2010. Assim também o entenderam a DRJ e a Câmara recorrida. Assim também entendoo eu. Passando, então, ao exame do mérito do recurso, imprescindível reconhecer que não encontrei, em qualquer das mais de 2700 folhas dos autos, cópia do ofício que o Juízo expediu à empresa autuada para cumprimento da decisão judicial que aqui se discute, de modo a que se pudesse, sem a menor sombra de dúvida, averiguar a igualdade de circunstâncias entre as ações judiciais e suas decisões, aceita no voto do dr. Atulim e negada no do paradigma. Ademais, que, até onde pude constatar, a validade da exigência do IPI com base em alíquota específica, isto é, o mérito da demanda judicial, ainda não foi dirimida pelo Poder Judiciário na ação judicial de que se cuida (da Leiroz), visto que houve ordem de retorno dos autos para (re)exame de embargos, de sorte que aqui apenas se deverá dirimir se a autuação contra a industrial é correta. Penso que sim, como já me manifestei em outras ocasiões, na exata linha do quanto expôs o conselheiro Antonio Carlos Atulim em seu voto, que peço vênia para transcrever: É fato incontroverso nos autos que a Cervejaria Petrópolis, por meio de decisão judicial proferida em âmbito de antecipação de tutela, foi compelida a não destacar o IPI sobre seus produtos com base em pautas fiscais ou pautas de valores. A certidão de objeto e pé da ação 2004.51.100064866, ajuizada pelo distribuidor Leyroz de Caxias Distribuidora de Gêneros Alimentícios Ltda, consta às fls. 537/539 e contém o histórico completo da referida ação até o julgamento de um Agravo pelo Superior Tribunal de Justiça, por meio do qual foi determinado ao TRF da 2ª Região que julgasse um embargo de declaração interposto pelo autor. Conquanto a referida certidão não mencione as datas de prolação e de revogação da tutela antecipada, é fato incontroverso nos autos que antecipação dos efeitos da tutela foi concedida em 28/10/2004 e suspensa a partir de 11/01/2010. Em outras palavras, é incontroverso que a tutela antecipada vigorou e foi eficaz no período compreendido entre 28/10/2004 e 11/01/2010. Fl. 2585DF CARF MF Processo nº 10855.722479/201364 Acórdão n.º 9303004.625 CSRFT3 Fl. 2.623 17 A fiscalização entendeu que com a revogação da tutela antecipada as coisas retornaram ao status quo ante, como se a ação judicial jamais houvesse existido, passando o imposto a ser exigível do contribuinte de direito no período em que seu destaque em nota fiscal esteve vedado por aquele provimento judicial. Verificase que o principal argumento da defesa sustenta que o art. 811 do CPC retira do contribuinte de direito a responsabilidade pelo pagamento do tributo e a transfere ao contribuinte de fato, situação que teria sido corroborada pela Administração Tributária na solução de consulta nº 60/2006, formulada pela própria recorrente em relação a uma ação semelhante ajuizada por um outro distribuidor. Neste ponto, não há como concordar com a tese da recorrente e tampouco com a interpretação da Administração Tributária quanto aos efeitos do art. 811 do CPC, pois o referido dispositivo legal estabelece uma hipótese de responsabilidade processual objetiva e em momento algum retira do contribuinte de direito a condição de sujeito passivo direto da obrigação tributária. O STJ já fixou a interpretação a ser dada ao referido dispositivo legal, conforme ementas a seguir transcritas: (...) 5. O art. 811 do CPC trata de hipótese de responsabilidade processual objetiva do requerente da medida cautelar, derivada, por força de texto expresso de lei, do julgamento de improcedência do pedido deduzido na ação principal. 6. Para a satisfação de sua pretensão, basta que a parte lesada promova a liquidação dos danos imprescindível para identificação e quantificação do prejuízo, nos autos do próprio procedimento cautelar. (...) (RESP 1.327.056/PR, 24/09/2013, in:www.stj.jus.br/jurisprudencia) (...) Fl. 2586DF CARF MF 18 2. Recurso especial interposto por Mozariém Gomes do Nascimento: 2.1. Os danos causados a partir da execução de tutela antecipada (assim também a tutela cautelar e a execução provisória) são disciplinados pelo sistema processual vigente à revelia da indagação acerca da culpa da parte, ou se esta agiu de máfé ou não. Basta a existência do dano decorrente da pretensão deduzida em juízo para que sejam aplicados os arts. 273, § 3º, 475O, incisos I e II, e 811 do CPC. Cuidase de responsabilidade objetiva, conforme apregoa, de forma remansosa, doutrina e jurisprudência. 2.2. A obrigação de indenizar o dano causado ao adversário, pela execução de tutela antecipada posteriormente revogada, é consequência natural da improcedência do pedido, decorrência ex lege da sentença e da inexistência do direito anteriormente acautelado, responsabilidade que independe de reconhecimento judicial prévio, ou de pedido do lesado na própria ação ou em ação autônoma ou, ainda, de reconvenção, bastando a liquidação dos danos nos próprios autos, conforme comando legal previsto nos arts. 475O, inciso II, c/c art. 273, § 3º, do CPC. Precedentes. (...) (RESP 1.101.262/DF, 25/09/2012, in:www.stj.jus.br/jurisprudência) Tratandose de dispositivo legal que atribui responsabilidade processual objetiva ao contribuinte de fato, no caso o distribuidor Leyroz de Caxias, o art. 811 do CPC não pode ser tomado como um dispositivo legal que altera a sujeição passiva tributária, como entendeu a solução de consulta. Em outras palavras: em que pese o fato da Leyroz de Caxias estar obrigada a indenizar o prejuízo causado à União pela execução provisória da tutela antecipada, tal fato não retira do contribuinte de direito, no caso a Cervejaria Petrópolis, a condição de sujeito passivo direto do IPI. A obrigação de indenizar prevista no art. 811 do CPC é autônoma e independente da obrigação tributária principal. A obrigação de indenizar do art. 811 do CPC vincula o contribuinte de fato à União. A obrigação tributária principal Fl. 2587DF CARF MF Processo nº 10855.722479/201364 Acórdão n.º 9303004.625 CSRFT3 Fl. 2.624 19 vincula o contribuinte de direito à União. São coisas completamente distintas e incomunicáveis. Ainda que o contribuinte de fato venha a indenizar a União pelo dano causado, persiste a obrigação tributária principal do contribuinte de direito. Com a revogação da tutela antecipada, deveria o contribuinte de direito ter emitido notas fiscais com destaque do imposto para retificar as notas fiscais que haviam sido emitidas sem destaque por força da tutela antecipada. Para o dr. Atulim, portanto, aplicável embora o art. 811, isso não afasta a exigibilidade ao contribuinte "de direito". Naturalmente, deduzo, não pode haver as duas. Mesmo além disso vou para questionar a própria aplicabilidade do art. 811 do CPC às relações tributárias. Mais claramente, se o "prejuízo" causado à União pelo deferimento da liminar deve ser ressarcido diretamente no processo judicial, para que serve a regra do art. 63 da Lei 9.430/96? Em outras palavras, por que teria de haver lançamento para prevenir a decadência ou exigir o tributo se a liminar não mais viger quando a ação é proposta pelo verdadeiro sujeito passivo? não poderia a União, mesmo em tais casos, buscar o ressarcimento de seu "prejuízo", na própria execução judicial da decisão definitiva produzida no Poder Judiciário? Pareceme que não. E isso porque, como todos sabemos, o crédito tributário ostenta requisitos e atributos específicos que são disciplinados em norma própria, com status de lei complementar, o Código Tributário Nacional. Entre eles, com destaque, a necessidade de sua prévia constituição para que possa ser exigido, a menos que o sujeito passivo o tenha confessado espontaneamente. E a ênfase na expressão é, a meu sentir, de todo justificada: o lançamento (inafastável) se faz, por expressa disposição legal, na figura do sujeito passivo da exação. E, como sabemos todos, só há duas espécies de sujeito passivo: o contribuinte e o responsável. O primeiro não admite subdivisões, do tipo "de direito" e "de fato": contribuinte é aquele que tem de recolher (ao Sujeito Ativo) o tributo por designação expressa da lei em face de sua relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador (art. 121). Ora, também segundo o Codex, o fato gerador do IPI é a saída de produtos do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial (art. 46,II), não sendo certo, pois, que o comprador do produto (o contribuinte "de fato") "participe do fato gerador" como se disse em Fl. 2588DF CARF MF 20 uma das iniciais. É certo que ele participa da operação comercial de que decorre a saída; quem a promove, entretanto, é, sempre, o vendedor. Por isso, nunca, jamais, poderá haver lançamento contra "aquele que suportou o ônus do tributo", seja lá o que isso signifique e seja lá quem for tal pessoa. Aliás, essa última expressão, cara aos adeptos da chamada "repercussão jurídica do tributo", costuma ser justificada "por razões econômicas". Decorreria ela da possibilidade de o contribuinte (dito "de direito") "acrescer ao preço do produto ou serviço" o montante do imposto a ser por ele recolhido. Dizse, então, que ele "repassa" ao próximo elo da cadeia o ônus tributário. Nada mais injusto com a teoria econômica! Como sabemos, a figura da transferência do ônus dos tributos é sim matéria estudada por ela, mais precisamente pela análise microeconômica. Segundo ela, porém, longe ainda se está de concluir que o ônus foi repassado apenas porque a legislação permite que o imposto seja acrescido ao preço do produto. Sem digressões muito longas, basta lembrar que, do ponto de vista microeconômico, o que importa não é o tributo que vai "destacado" na nota fiscal, mas se o montante devido pela empresa, a título do tributo, ao final de algum período, foi por ela totalmente acrescido às suas receitas, no mesmo período, de modo que, após efetuar o recolhimento, ainda consegue para si as mesmas receitas de antes. Isso requer, como sabemos, condições tão estritas que, na prática, nunca acontece. Há, quase sempre, uma divisão desse ônus entre o vendedor e o comprador, a parte que cabe a cada um dependendo, entre outras coisas, da estrutura do mercado em questão. Desse modo, quase nunca o preço depois do imposto, é, realmente, o anterior mais o imposto devido, pois se o fosse as vendas cairiam tanto que a receita líquida seria ainda menor. É, pois, do interesse do próprio vendedorcontribuinte rever aquele preço de modo a minimizar a perda resultante do imposto. Ademais, mesmo que se admita a tal repercussão jurídica, como entender que ela acabe no distribuidor se este também "incluirá" no preço o tributo que "pagou" ao comprar a mercadoria? Quem são, pois, os "contribuintes de fato"? por que estariam de fora todos os consumidores finais que adquirem a cerveja? Por fim, e como afirmado nas informações ao Juízo produzidas pela autoridade coatora, a decisão judicial nem impôs ao fabricante que vendesse ao demandante judicial, nem definiu o preço a cobrar em tais operações. Nada há nela, com efeito, que o impeça, por exemplo, de majorar o seu preço de modo a se salvaguardar dos efeitos, sobre si, do julgamento final desfavorável ao seu cliente. Nesses termos, não me parece verdadeira a Fl. 2589DF CARF MF Processo nº 10855.722479/201364 Acórdão n.º 9303004.625 CSRFT3 Fl. 2.625 21 afirmação, posta na consulta formulada, de que qualquer procedimento diferente do adotado (nada destacar, nada recolher, nada aumentar) seria clara desobediência à ordem judicial. Tudo o que determinou o Juízo, ao menos no processo mencionado na consulta, foi que "não se destacasse o IPI com base em pautas". Registro, para concluir, que já nos deparamos, no antigo Conselho de Contribuintes, com situação parecida: lá, "contribuinte de fato" questionava a incidência do IPI sobre o açúcar, "visto ser ele essencial e merecer alíquota zero". Na decisão que a aceitou, entretanto, apontou o Juiz a necessidade de a fabricante promover a "retenção" do imposto, sem o seu recolhimento porém, o que só se daria ao final da ação, e se perdedora a postulante. Caso a ação resultasse vitoriosa, deveriam tais valores ser repassados ao demandante. Com isso, ao menos, preservouse a "vendedora de boafé", das consequências da ação proposta por outrem, sem se desrespeitar as normas do CTN. No caso presente, entendeu, convenientemente, a autuada que a ordem judicial lhe impunha nada recolher, de jeito nenhum. Nesse exato sentido, vejo sua decisão como uma "adesão" voluntária ao critério postulado junto ao Poder Judiciário pelo seu cliente, razão pela qual, aliás, majorada a multa. Mas, despiciendas até tais considerações, visto que não há mesmo divergência entre os colegiados quanto à sujeição passiva da autuada. Com efeito, mesmo a decisão favorável ao contribuinte, a recorrida, também o afirma. A divergência se limita à aplicabilidade ou não da consulta formulada e que, ao meu ver erroneamente, considerou inexigível o tributo do "contribuinte de direito". É apenas nesse ponto que ouso divergir do brilhante voto do dr. Atulim. São os meus motivos: a) as ações judiciais são mesmo diferentes. Com efeito, a cópia da liminar deferida à autuada no processo da Leiroz (fl. 84) apenas considera suspenso o tributo discutido. Já no da JM, afirmao inexigível (fls. 2186), indicando, inclusive, tratarse de pedido de compensação (fl. 2181). b) na solução de consulta apenas se afastou a exigência nas saídas efetuadas para a JM, até porque somente dessa ação se teve notícia. De se conferir: 16. Desta feita, caberá à consulente responder pelas dívidas relativas ao IP1, oriundas de operações com a autora, apenas em relação às operações que se deram até o momento do recebimento da ordem judicial que determinou o não pagamento, bem como em ralação às operações imediatamente Fl. 2590DF CARF MF 22 posteriores à eventual cassação da tutela. Àquelas, dívidas decorrentes das operações aperfeiçoadas na vigência na medida judicial aludida são exigíveis da autora, de forma a se guardar coerência com o tratamento dispensado judicialmente a esta. c) as normas que estenderam o alcance das soluções de consulta, citadas pelo dr. Atulim, são todas posteriores aos fatos aqui discutidos. Ademais, elas expressamente requerem que as situações sejam idênticas. Não concordo com a conclusão do conselheiro relator quando afirma: Ora, se vários contribuintes diferentes passaram a poder utilizar uma solução de consulta específica para um determinado contribuinte, por qual razão a Cervejaria Petrópolis não poderia utilizar o mesmo entendimento que foi a ela dispensado em relação a um distribuidor para uma situação idêntica provocada por outro distribuidor? Pareceme que a equiparação aqui não é automática, precisamente por conta da ressalva de que as situações veiculados pela Solução de Consulta devam ser idênticas. É que no caso de consulta acerca de classificação fiscal de dado produto a verificação dessa identidade é direta: basta saber se o produto é realmente o mesmo. No caso vertente, porém, é preciso comparar ações judiciais, importando a análise de pedidos, decisões e dos ofícios que determinaram à Cervejaria o cumprimento daquelas decisões. Como disse no início do voto, sequer encontrei nos autos o ofício expedido à Cervejaria no caso da Leiroz. Estou, por isso, com o voto da DRJ, e do paradigma, que entendem que a contribuinte não se pode valer das conclusões ali expressas nas saídas para a Leiroz. E com isso, voto por dar inteiro provimento ao recurso da Fazenda, nos precisos termos da decisão aceita como paradigmática. É como voto. (Assinado digitalmente) Júlio César Alves Ramos Voto Vencedor Conselheira Tatiana Midori Migiyama – redatora designada Fl. 2591DF CARF MF Processo nº 10855.722479/201364 Acórdão n.º 9303004.625 CSRFT3 Fl. 2.626 23 Relativamente ao cerne da lide, peço vênia para divergir do nobre relator Júlio César Alves Ramos, que tanto nos enriquece com seus conhecimentos e posicionamentos esclarecedores. O que passo a discorrer sobre o meu entendimento. Para melhor elucidar meu julgamento, importante recordar que: · A empresa Leyroz de Caxias Distribuidora de Gêneros Alimentícios Ltda. ("Leyroz") ingressou com Ação Judicial (Ação de procedimento ordinário com pedido de antecipação de tutela processo n 2004.51100064866) perante a 4ª Vara Federal de São João do Meriti/Rio de Janeiro, e obteve medida liminar que vigorou de 28 de outubro de 2004 até 11 de janeiro de 2010, quando os efeitos de sua medida foram cessados por decisão em Agravo de Instrumento proferida pelo Tribunal Regional Federal; · Tal liminar foi concedida com “o fim de suspender a exigibilidade do IPI incidente nas aquisições dos produtos que a parte autora realizar junto a seus fornecedores”, dentre os quais o sujeito passivo que, nesse período, passou a emitir nota fiscal sem o destaque do IPI nas vendas realizadas pela Leyroz, em estrita observância à ordem judicial; · O “sujeito passivo” Cervejaria, por medida de cautela, formulou ainda Consulta formal perante a Receita Federal, em que, sem determinar o nome do contribuinte "de fato" relatou discussão idêntica àquela proposta pela Leyroz, obtendo a resposta de que não teria qualquer responsabilidade sobre o Imposto que deixou de ser recolhido em virtude do reconhecimento judicial da legitimidade processual da "contribuinte de fato". Continuando, a Autoridade Fazendária autuou a Cervejaria, eis que houve revogação da liminar concedida à Leyroz, com exigência do IPI não recolhido no período compreendido entre 31 de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2010. Consta ainda que a informação de que a Liminar foi cassada em 11.1.2010. Fl. 2592DF CARF MF 24 Em resposta à consulta formulada pela Cervejaria, foi publicada a Solução de consulta nº 60 de 2006 que foi favorável ao consulente, afastando a responsabilidade como “contribuinte de direito” – em caso de insucesso em demanda judicial proposta pela “contribuinte de fato”. Não obstante a esse entendimento emanado pela própria autoridade competente, temse que, nos termos do auto de infração, a autoridade fazendária entendeu que o valor do IPI que deixou de ser destacado por determinação judicial relativa ao processo interposto por terceiro – Leyroz de Caxias – seria devido pela Cervejaria. Ventiladas tais considerações, antecipo meu entendimento de que o IPI não recolhido à época por determinação judicial não pode ser exigido pela Cervejaria, uma vez que ela não é parte do processo judicial de onde se emanou a determinação que suspendeu a exigibilidade do imposto. O que, por conseguinte, não poderia arcar/assumir o r. tributo afastado por determinação judicial, com o insucesso na demanda. Ora, a Cervejaria é terceiro não participante do processo judicial, não podendo responder por eventual insucesso da demanda judicial. Tanto é assim, que o próprio CPC traz o afastamento do terceiro na hipótese de prejuízo oriundo de demandas judiciais propostas: "Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros." É de hialina clareza que esse dispositivo traz que o terceiro – estranho a medida judicial, que apenas cumpriu decisão judicial, não poderá ser prejudicado por futura decisão judicial, eis que não faz parte do processo. No caso vertente, a Cervejaria por determinação judicial recebeu ofício para cumprimento imediato de suspensão da exigibilidade do IPI nas saídas à empresa Leyroz. O que, observando a decisão judicial, a Cervejaria deixou de destacar no documento fiscal o tributo devido ao cliente – parte da demanda judicial, inclusive no período objeto da autuação – de 1.2009 a 1.2010, eis que a determinação judicial estava em plena vigência. A Cervejaria não poderia descumprir a ordem judicial – pois essa tem força de norma individual, particular e concreta. Fl. 2593DF CARF MF Processo nº 10855.722479/201364 Acórdão n.º 9303004.625 CSRFT3 Fl. 2.627 25 Ademais, tenho que, com a decisão judicial determinando a Cervejaria a afastar a tributação do tributo em questão na operação com a parte que demandou a medida judicial – JURIDICAMENTE direcionou a “sujeição passiva” da Cervejaria para a parte – Leyroz. Dessa forma, direcionando a “sujeição passiva” para a Leyroz mediante decisão judicial, não poderia a autoridade fazendária ignorar o decidido pelo judiciário, lavrando o auto de infração para a Cervejaria, eis que tal decisão configurase norma concreta e individual. E, recordando, que tal norma direcionou a “sujeição passiva” para a Leyroz. Ademais, é de se recordar que nem houve demanda da fazenda no processo judicial alegando ilegitimidade da parte. O que, resta concluir que houve concordância daquela autoridade fazendária de que a Leyroz seria efetivamente a parte que deveria sofrer a autuação fiscal. Cabe trazer que a Leyroz, por se tratar de distribuidora de bebidas, ao adquirir o produto industrializado da fabricante para posterior revenda ao comerciante final, deve suportar o encargo financeiro do IPI, em razão da obtenção do provimento judicial que manda afastar a exigência do r. tributo; passando, assim, a ostentar a condição de contribuinte. O que, portanto, nessa condição, a Leyroz passa a desfrutar a legitimidade para questionar a base de cálculo do r. tributo e contrapor possíveis direitos decorrentes dessa transação, assim como, a ser responsável pelos tributos não recolhidos. No caso aqui tratado não pode atribuir ao sujeito passivo fabricante a responsabilidade da obrigação tributária, mas sim da própria Leyroz eis que foi ela quem deu origem ao não recolhimento do IPI. Ademais, não seria coerente deixar de observar a solução de consulta emitida para a Cervejaria, considerando o argumento da DRJ pelo afastamento da vinculação, sob o fundamento de que o fato determinado por ela versado, ainda que trate da mesma hipótese do processo da Leyroz, seria distinto deste, por se referir a uma decisão judicial obtida por outra pessoa jurídica. Ora, a IN SRF 1396 que dispõe sobre o processo de consulta relativo à interpretação da legislação tributária e aduaneira e à classificação de serviços, intangíveis e Fl. 2594DF CARF MF 26 outras operações que produzam variações no patrimônio, no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil traz em seu art. 9º (Grifos meus): "Art. 9º A Solução de Consulta Cosit e a Solução de Divergência, a partir da data de sua publicação, têm efeito vinculante no âmbito da RFB, respaldam o sujeito passivo que as aplicar, independentemente de ser o consulente, desde que se enquadre na hipótese por elas abrangida, sem prejuízo de que a autoridade fiscal, em procedimento de fiscalização, verifique seu efetivo enquadramento." Vêse, assim, que o próprio art. 9º da r. IN traz que a solução de consulta respalda o sujeito passivo que a aplicar quando se tratar de mesma hipótese. O que é o caso, eis que a própria DRJ também admite que se tratar de mesma hipótese. As duas soluções de consulta contemplam a hipótese dos autos dúvida acerca da responsabilidade tributária no caso de haver decisão judicial afastando o recolhimento de tributo e quando a parte da decisão judicial é o contribuinte de fato. Esse foi o cerne das duas soluções de consulta, independentemente de o número das medidas judiciais serem diferentes ou uma ou outra tratar de pedido de compensação. Também não seria possível ignorar a disposição dessa IN somente com o argumento de que essa norma não era a vigente à época e que, por conseguinte, vigia a IN 740/2007 que, por sua vez, é mais restritiva, vez que a IN 1396 traz ainda: "Art. 34. A partir da data de publicação desta Instrução Normativa, a Instrução Normativa RFB nº 740, de 2 de maio de 2007, não se aplica aos processos de consulta de que trata o art. 1º." Sendo assim, não há que se falar que a solução de consulta formulada por dado sujeito passivo alcança apenas as operações envolvendo a mesma parte, pois se semelhantes as hipóteses tal como confirmou a própria DRJ, aplicarseá o art. 9 º da IN 1396 – para resguardar qualquer sujeito passivo, ainda que não se trate do consulente, que aplicar o entendimento exposto na solução. Tal IN trouxe celeridade ao processo administrativo fiscal, bem como segurança jurídica, pois tirou a obrigatoriedade de o sujeito passivo formular a mesma dúvida sobre a mesma hipótese de que a autoridade fazendária já se manifestou. Fl. 2595DF CARF MF Processo nº 10855.722479/201364 Acórdão n.º 9303004.625 CSRFT3 Fl. 2.628 27 O que entendo que tal solução de consulta é plenamente aplicável ao caso em questão, vez que trata da mesma hipótese ora discutida nesse processo. Proveitoso ainda trazer que esse entendimento está condizente com a inteligência do Parecer Normativo Cosit 1/2002 que traz, entre outros (Grifos meus): "[...] 18. Por fim, resta identificar a responsabilidade tributária na hipótese em que a fonte pagadora se vê impedida de reter o imposto de renda ao pagar determinado rendimento a contribuinte, devido a um provimento judicial, normalmente uma medida liminar. 19. Caso a decisão final confirme como devido o imposto em litígio, este deverá ser recolhido, retroagindo os efeitos da última decisão, como se não tivesse ocorrido a concessão da medida liminar. Nesse caso, não há como retornar a responsabilidade de retenção à fonte pagadora. O pagamento do imposto, com os acréscimos legais cabíveis, deve ser efetuado pelo próprio contribuinte" Tal parecer esclarece que, no caso de um terceiro ingressar com medida judicial e obter liminar determinando que o responsável tributário (estranho ao processo judicial) não mais retenha o IRF quando do trânsito ao terceiro, esse terceiro – “a priori” responsável tributário não poderá ser prejudicado se a decisão final confirmar como devido o imposto. Ainda estabelece que não há que se falar em retornar tal responsabilidade tributária. O que em está em consonância com o entendimento discorrido acima, eis que, nesse caso, ocorreu efetivamente o direcionamento da “sujeição passiva” da Cervejaria” à Leyroz. Em vista de todo o exposto, nego provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o meu voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 2596DF CARF MF 28 Declaração de Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Concordamos com a divergência inaugurada pela il. Conselheira Tatiana Midori Migiyama. O tema não nos é novo. Já o enfrentamos quando integrávamos umas das turmas da DRJ/REC. Na discussão que então travamos, um dos argumentos levantados pela fiscalização, ainda que não expressamente declinados nos autos deste e de outros processos, era o de que, na impossibilidade de autuar o contribuinte de fato (aquele que ajuizou a ação mandamental), não restava outra alternativa, senão a de lançar contra o contribuinte de direito. O argumento é metajurídico. O Direito não se resolve assim. A solução não pode ser residual. O fato é que não se pode exigir de ninguém (aqui, o contribuinte de direito) que cumpra e, ao mesmo tempo, descumpra algo. No caso, que cumprisse a determinação judicial e, no mesmo exato momento, que a descumprisse, mediante a observância da norma geral e abstrata que lhe determinava a exigência (do contribuinte de fato) e o destaque do IPI. A contribuinte autuada, é inquestionável, não era parte da ação judicial (por isso, não há sequer como reconhecer a concomitância entre as esferas judicial e administrativa), hipótese em que, aí sim, poderseia proceder ao lançamento, que se destinaria apenas a prevenir a decadência (sem multa de ofício). Se o contribuinte de fato tinha ou não tinha legitimidade para pleitear em juízo o direito que reinvindicou (como se sabe, não tinha, mas o juízo entendeu que sim), isso é coisa a ser discutida e dirimida no bojo da ação judicial, não cabendo discutila na esfera administrativa. Para nós, a solução para o caso não está em autuar o contribuinte de direito, mas o contribuinte fato (o autor da ação judicial), só que na qualidade de responsável, nos termos do art. 124, I, do CTN, dado o seu interesse comum (e jurídico!) na situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal, sem que o contribuinte de direito, todavia, integre o polo passivo do lançamento. A autuação seria direcionada apenas contra o responsável solidário. É o nosso entendimento. Fl. 2597DF CARF MF Processo nº 10855.722479/201364 Acórdão n.º 9303004.625 CSRFT3 Fl. 2.629 29 (Assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 2598DF CARF MF
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Numero do processo: 16542.000343/2007-61
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2003 a 01/01/2004, 01/03/2004 a 31/07/2004, 01/12/2004 a 31/01/2005
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.990
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 54 2. 00 03 43 /2 00 7- 61 Fl. 387DF CARF MF Processo nº 16542.000343/200761 Acórdão n.º 9202004.990 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10380.005876/200753. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.792, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.005876/200753, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.792): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 388DF CARF MF Processo nº 16542.000343/200761 Acórdão n.º 9202004.990 CSRFT2 Fl. 0 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 389DF CARF MF Processo nº 16542.000343/200761 Acórdão n.º 9202004.990 CSRFT2 Fl. 0 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Fl. 390DF CARF MF Processo nº 16542.000343/200761 Acórdão n.º 9202004.990 CSRFT2 Fl. 0 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 391DF CARF MF Processo nº 16542.000343/200761 Acórdão n.º 9202004.990 CSRFT2 Fl. 0 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 392DF CARF MF Processo nº 16542.000343/200761 Acórdão n.º 9202004.990 CSRFT2 Fl. 0 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 393DF CARF MF Processo nº 16542.000343/200761 Acórdão n.º 9202004.990 CSRFT2 Fl. 0 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 394DF CARF MF Processo nº 16542.000343/200761 Acórdão n.º 9202004.990 CSRFT2 Fl. 0 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 395DF CARF MF Processo nº 16542.000343/200761 Acórdão n.º 9202004.990 CSRFT2 Fl. 0 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 396DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.900044/2012-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-001.015
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO. Recorrente RODOBENS CAMINHÕES PERNAMBUCO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER que pretende obter reconhecimento de direito creditório das contribuições por suposto pagamento a maior. O sistema informatizado da Receita Federal emitiu o Despacho Decisório em processamento automatizado indeferindo o pedido, afirmando que o valor do DARF de onde viria o crédito já estava totalmente comprometido em quitação de débito constante de declaração prestada pelo contribuinte ao Fisco. A contribuinte manifestou inconformidade, explicando que: 1. A autoridade de administração e a autoridade fiscal não tomaram conhecimento das razões da contribuinte para seu direito, nem se aprofundaram em sua análise, nem buscaram investigar os fatos; a contribuinte não foi intimada a explicar os fundamento do seu pedido antes do despacho decisório; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 80 .9 00 04 4/ 20 12 -8 1 Fl. 225DF CARF MF Processo nº 10480.900044/201281 Resolução nº 3401001.015 S3C4T1 Fl. 3 2 2. seu direito repousa no fato de que ela indevidamente tinha incluído na base de cálculo do tributo receitas (tais como receitas financeiras, e outras), face a declaração de inconstitucionalidade pelo STF para o § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/1998; pois a base de tributação deve se cingir às receitas de faturamento pela venda de mercadorias e da prestação de serviços. 3. Pede a reunião dos vários processos administrativos que tratam da mesma matéria/tributo, mudando apenas os períodos de apuração, para serem julgados na mesma ocasião. Os Julgadores de 1º piso não acolheram o pedido de reunião dos vários processos. Eles também consideraram improcedente o recurso da contribuinte, entendendo pela insuficiência de provas pelo alegado. Seria da contribuinte o ônus de provar o direito objeto do seu pedido, no momento da interposição da Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legalmente previstas, nos termos do art. 16, caput, III e §4°, do Decreto 70.235/72, conforme consta do voto da decisão recorrida. Concluíram, os Julgadores a quo, pelo não reconhecimento do direito creditório, nos termos do Acórdão 11041. 897. Inconformada, a contribuinte ingressou com recurso voluntário por meio do qual repisou as alegações apresentadas na manifestação de inconformidade, e acrescentou as seguintes: ● não é verdade que houve insuficiência de provas, pois apresentou planilha, balancete e livro obrigatório da contabilidade da contribuinte; ● a autoridade fiscal não questionou a efetividade dos pagamentos em discussão; ● não pode prevalecer o entendimento esposados pelos julgadores de 1º piso de que houve preclusão para a juntada de provas; isso fere o disposto na letra "c" do § 4º do artigo 16 do Decreto n. 70.235, de 1972 (apresentar provas que se destine a contrapor fatos e razões posteriormente trazidas aos autos). Cita doutrina, acórdãos e jurisprudências; ● a falta de retificação da DCTF não deve servir de justificativa para não se analisar e se deferir o direito da contribuinte; ● Não procede o entendimento dos Julgadores a quo de que a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei n. 9.718/1998 proferida pelo STF não seja de observação obrigatória no processo administrativo fiscal; ● a Verdade Material deve prevalecer, e a autoridade deve realizar um exame completo dos fatos. É o relatório Fl. 226DF CARF MF Processo nº 10480.900044/201281 Resolução nº 3401001.015 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3401000.984, de 25 de janeiro de 2017, proferida no julgamento do processo 10480.900040/201201, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela Resolução (3401000.984): "Tempestivo o Recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Temos diante de nós mais um caso de despacho decisório processado automaticamente, sem que haja qualquer intervenção humana para rever o seu teor e a eventual existência de razões para questionar sua conclusão. É freqüente, nessas situações, que a contribuinte somente compreenda totalmente a situação quando recebe a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento mantendo o indeferimento eletrônico inicial, geralmente por falta de provas ou de contra argumentações por parte da contribuinte. Nessa toada, há os que se escudam no instituto da preclusão probatória para justificar a impossibilidade de reverter as negativas até então impostas à contribuinte. Coerente com minhas propostas de votação anteriores em situações semelhantes, baseado no argumento de que o princípio da verdade material deve prevalecer, relativizando as formalidades e os institutos preclusivos e assemelhados, e no argumento de que não é do interesse público maior praticar a injustiça fiscal qual seja, a manutenção no Tesouro do pagamento indevido , é que proponho que se tome providências para garantir substantivamente o contraditório (e não apenas formalmente) e para se verificar a verdade do alegado pelas partes. As teses que esposo divergem das postas no acórdão de 1º piso: (a) para uma visão absoluta do ônus probatório e do instituto da preclusão probatória, argumento em favor de que prevaleça a Verdade Material, e que os julgadores do processo administrativo possam agir e determinar providências nessa direção, aliás como expus em outros votos quando fiz alusão aos modelos trazidos pelo novo CPC; (b) que a negativa em pedidos de restituição e/ou compensações motivada pela inexistência de créditos líquidos e certos passe a considerar que a liquidez e certeza possam ser demonstradas ao longo do processo administrativo, não se limitando ao que o instruiu antes de sua chegada à instância de julgamento. Ressalto que a contribuinte, segundo que foi relatado, em sua primeira contestação havia juntado balancetes e planilhas, o que poderia ser no mínimo considerado princípio de prova. Fl. 227DF CARF MF Processo nº 10480.900044/201281 Resolução nº 3401001.015 S3C4T1 Fl. 5 4 Por isso, tendo em vista que a administração tributária de jurisdição não apreciou as razões do suposto direito creditório, proponho a este Colegiado a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. Que se dê ciência à contribuinte desta decisão e também do relatório conclusivo e da informação fiscal resultantes da diligência, e prazo de 30 dias para ela se manifestar em cada uma dessas intimações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, converto o julgamento deste processo em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 228DF CARF MF
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Numero do processo: 10711.721235/2011-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 30/05/2008
REGRAS DE CONTROLE ADUANEIRO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE VEÍCULO OU CARGA TRANSPORTADA, OU SOBRE OPERAÇÃO QUE EXECUTAR.
Obrigatoriedade de prestação de informações à Receita Federal do Brasil, tanto pelo transportador, quanto pelo agente de cargas. Incidência de multa pelo descumprimento de obrigação acessória, na forma do caput e § 1º, do art. 37, e art. 107, do Decreto-lei nº 37/1966, com redação dada pela Lei nº 10.833/2003.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3401-003.387
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rodolfo Tsuboi.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE VEÍCULO OU CARGA TRANSPORTADA, OU SOBRE OPERAÇÃO QUE EXECUTAR. Obrigatoriedade de prestação de informações à Receita Federal do Brasil, tanto pelo transportador, quanto pelo agente de cargas. Incidência de multa pelo descumprimento de obrigação acessória, na forma do caput e § 1º, do art. 37, e art. 107, do Decretolei nº 37/1966, com redação dada pela Lei nº 10.833/2003. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rodolfo Tsuboi. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 72 12 35 /2 01 1- 37 Fl. 96DF CARF MF Processo nº 10711.721235/201137 Acórdão n.º 3401003.387 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Versa o presente sobre Auto de Infração, para exigência de multa, com base no arts. 22 e 50 da IN RFB n° 800/2007 e arts. 37 e 107, inciso IV, alínea 'e', do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo art. 77, da Lei nº 10.833/03, por não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada, referente ao fato gerador de 30/05/2008, conforme quadro DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO(S) LEGAL(IS) do Auto de Infração, no qual restou consignado, em síntese que: a realização da desconsolidação deve ser feita até o registro da atracação no porto de destino, pois é o porto de referência para este tipo de operação, sendo esse o limite temporal imposto e vigente para a data do fato gerador em referencia; no caso, não há dúvida quanto à materialidade do fato, qual seja, a não apresentação de informação na forma e no prazo definido pela legislação aduaneira; o art. 50, da IN RFB n° 800/2007, fixando que: o prazo (48 horas antes da atracação no porto de destino) de antecedência previsto no art. 22 desta IN somente será obrigatório a partir de 1° de abril de 2009 (Redação dada pela IN RFB n° 899/2008), não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no Pais, nos termos do parágrafo único, do mesmo art. 50. A decisão de primeira instância, foi pela improcedência da impugnação, nos termos do Acórdão 08032.709. Após ciência ao acórdão de primeira instância, a recorrente apresentou o recurso voluntário, alegando, em síntese: (a) a inobservância do art. 50, da IN RFB nº 800/2007, sobre os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal do Brasil entraram em vigor apenas em 1º de abril de 2009, estando dispensada de tal obrigação por ocasião dos fatos (30/05/2008) que deram ensejo à autuação, pois, na condição de agente de carga, não lhe são aplicáveis as disposições sobre transportador de carga do parágrafo único do referido art. 50; (b) ao definir a impugnante, agente de carga, como transportadora, distorceuse conceitos de direito privado, o que é expressamente vedado pelo art. 110 do CTN; (c) tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do CTN. É o relatório. Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.381, de 25 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 11128.006616/201054, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401003.381): Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10711.721235/201137 Acórdão n.º 3401003.387 S3C4T1 Fl. 4 3 "O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Como visto do relatório, tratase de Auto de Infração, lavrado para exigência de multa no valor de R$ 5.000,00, do art. 107, inciso IV, alínea 'e', do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo art. 77, da Lei nº 10.833/03, por não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada, referente ao fato gerador de 11/09/2008, com base no arts. 22 e 50 da IN RFB n° 800/2007. A Recorrente defende que as disposições do art. 22, da IN RFB nº 800/2007, não são aplicáveis ao caso em exame, visto que os fatos datam de setembro de 2008 e os efeitos do artigo citado ocorreram somente após 1º de abril de 2009, na forma do caput do artigo 50, da mesma IN, com redação dada pela IN RFB nº 899/2008. Entretanto, foi correta a fiscalização ao exigir a observância dos prazos de antecedência de prestação de informações, na forma do parágrafo único, do artigo 50, da IN RFB nº 800/2007, cuja redação segue abaixo: Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de janeiro de 2009. Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pela IN RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. O art. 50, da IN RFB nº 800/2007, não eliminou a exigência de prazo para a prestação das informações até 1º de abril de 2009, apenas permitiu que os dados exigidos fossem fornecidos com menor antecedência, no caso, ao invés das 48 horas antes da atracação no porto de destino, o limite temporal é até o registro da atracação no porto de destino. Vejase que, o parágrafo único, do artigo 50, da IN RFB nº 800/2007, diz textualmente que o tempo de vacância do artigo 22, da IN RFB nº 800/2007, “não exime o transportador da obrigação de prestar informações”, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no Pais. Assim como, os arts. 3º e 5º, da IN RFB nº 800/2007, afirma referirse a transportador, abrangendo o agente de carga: "Seção II Da Representação do Transportador Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10711.721235/201137 Acórdão n.º 3401003.387 S3C4T1 Fl. 5 4 Art. 3º O consolidador estrangeiro é representado no País por agente de carga. [...] Art. 5º As referências nesta Instrução Normativa a transportador abrangem a sua representação por agência de navegação ou por agente de carga " (grifei) Por outro lado, tanto o transportador, quanto o próprio agente de cargas, qualidade que se insere a ora Recorrente, por força do caput e § 1º do art. 37, do Decretolei nº 37/66, com redação dada pelo art. 77, da Lei nº 10.833/03, têm o dever de prestar informações à Receita Federal do Brasil, na forma e prazos por ela estabelecidos. Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. Tendo em vista que a embarcação atracou em 08/09/2008 e a Recorrente somente procedeu a desconsolidação da carga em 11/09/2008, não houve respeito aos prazos de antecedência previstos na legislação de regência em questão. Então, uma vez descumprida a obrigação acessória, não há como afastar a multa aplicada, pois, esta decorre de lei específica, dispondo expressamente aplicarse ao agente de carga, na forma do artigo 107, do Decretolei nº 37/1966, com redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso porta a porta, ou ao agente de carga; (...) [grifei] Assim, penso que a presente exigência fiscal, cujo objetivo é desestimular o descumprimento das obrigações aduaneiras, resulta de adequada subsunção dos fatos às normas que regem a matéria, de modo que não vislumbro argumentos capazes de invalidar o presente auto de infração. Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10711.721235/201137 Acórdão n.º 3401003.387 S3C4T1 Fl. 6 5 Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, mantendose a exigência fiscal." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 100DF CARF MF
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Numero do processo: 10120.005847/2007-52
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2005 a 30/08/2005
PREVIDENCIÁRIO - CUSTEIO - AUTO DE INFRAÇÃO - AQUISIÇÃO DE PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA - SUBRROGAÇÃO - CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS INCIDENTES SOBRE A RECEITA DA COMERCIALIZAÇÃO DE SUA PRODUÇÃO. LEI Nº 10.256/2001 - CONTRIBUIÇÃO TERCEIROS - SENAR - INAPLICABILIDADE DO RE 363.852/MG DO STF
Não houve, no âmbito do RE 363.852/MG, apreciação dos aspectos relacionados a inconstitucionalidade do art. 30, IV da Lei no. 8.212, de 2001. O fato de constar no resultado do julgamento inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97 não respalda a interpretação extensiva de que fora declarada também a inconstitucionalidade do art. 30, IV, uma vez considerada a ausência de fundamentos jurídicos no próprio voto condutor. A Lei no. 10.256, de 2001, conferiu legitimidade à cobrança de contribuições sobre a aquisição do produtor rural pessoa física. Ainda, a sistemática de subrrogação e recolhimento das contribuições pela aquisição da produção rural de pessoas físicas encontra respaldo também no inciso III do art. 30 da Lei no. 8.212, de 1991, permanecendo incólume ainda que se adotasse a argumentação de declaração de inconstitucionalidade do art. 30, IV.
As contribuições destinadas ao SENAR não foram objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no Recurso Extraordinário no. 363.852, não existindo questionamento acerca da legitimidade de sua cobrança.
Numero da decisão: 9202-005.137
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe deu provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado).
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/2005 a 30/08/2005 PREVIDENCIÁRIO - CUSTEIO - AUTO DE INFRAÇÃO - AQUISIÇÃO DE PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA - SUBRROGAÇÃO - CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS INCIDENTES SOBRE A RECEITA DA COMERCIALIZAÇÃO DE SUA PRODUÇÃO. LEI Nº 10.256/2001 - CONTRIBUIÇÃO TERCEIROS - SENAR - INAPLICABILIDADE DO RE 363.852/MG DO STF Não houve, no âmbito do RE 363.852/MG, apreciação dos aspectos relacionados a inconstitucionalidade do art. 30, IV da Lei no. 8.212, de 2001. O fato de constar no resultado do julgamento inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97 não respalda a interpretação extensiva de que fora declarada também a inconstitucionalidade do art. 30, IV, uma vez considerada a ausência de fundamentos jurídicos no próprio voto condutor. A Lei no. 10.256, de 2001, conferiu legitimidade à cobrança de contribuições sobre a aquisição do produtor rural pessoa física. Ainda, a sistemática de subrrogação e recolhimento das contribuições pela aquisição da produção rural de pessoas físicas encontra respaldo também no inciso III do art. 30 da Lei no. 8.212, de 1991, permanecendo incólume ainda que se adotasse a argumentação de declaração de inconstitucionalidade do art. 30, IV. As contribuições destinadas ao SENAR não foram objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no Recurso Extraordinário no. 363.852, não existindo questionamento acerca da legitimidade de sua cobrança.
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LEI Nº 10.256/2001 CONTRIBUIÇÃO TERCEIROS SENAR INAPLICABILIDADE DO RE 363.852/MG DO STF Não houve, no âmbito do RE 363.852/MG, apreciação dos aspectos relacionados a inconstitucionalidade do art. 30, IV da Lei no. 8.212, de 2001. O fato de constar no resultado do julgamento “inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97” não respalda a interpretação extensiva de que fora declarada também a inconstitucionalidade do art. 30, IV, uma vez considerada a ausência de fundamentos jurídicos no próprio voto condutor. A Lei no. 10.256, de 2001, conferiu legitimidade à cobrança de contribuições sobre a aquisição do produtor rural pessoa física. Ainda, a sistemática de subrrogação e recolhimento das contribuições pela aquisição da produção rural de pessoas físicas encontra respaldo também no inciso III do art. 30 da Lei no. 8.212, de 1991, permanecendo incólume ainda AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 58 47 /2 00 7- 52 Fl. 139DF CARF MF 2 que se adotasse a argumentação de declaração de inconstitucionalidade do art. 30, IV. As contribuições destinadas ao SENAR não foram objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no Recurso Extraordinário no. 363.852, não existindo questionamento acerca da legitimidade de sua cobrança. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe deu provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado). Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 230200.838, prolatado pela 2a Turma Ordinária da 3a. Câmara da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais na sessão plenária de 10 de fevereiro de 2011 (efls. 67 a 71). Ali, por unanimidade de votos, negouse provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e a decisão a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/2005 a 30/08/2005 COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL É FATO GERADOR DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. A empresa e equiparados é responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias. Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10120.005847/200752 Acórdão n.º 9202005.137 CSRFT2 Fl. 140 3 Comercialização da produção rural é fato gerador de contribuições previdenciárias. Recurso Voluntário Negado. Decisão: por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Acompanhou pelas conclusões o Conselheiro Manoel Coelho Arruda Júnior. Inicialmente, o contribuinte, cientificado em 05/03/2013 (efl. 77), apresentou, em 11/03/2013, embargos de efls. 78 a 81, rejeitados consoante despachos de e fls. 85 a 87. Enviados os autos para fins de ciência da rejeição dos embargos, ocorrida em 04/11/2013 (efl. 90), esta apresentou, em 14/11/2013 (efl. 91), Recurso Especial (efls. 91 a 100 e anexos), com fulcro no art. 67 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal. Alegase, no pleito, divergência em relação ao decidido pela 1a. Turma Ordinária da 3a. Câmara deste CARF, através do Acórdão 2301002.494, prolatado em 18 de fevereiro de 2011, e, ainda, em relação ao decidido pela 3a. Turma Especial desta 2a. Seção, através do Acórdão 2803001.868, de 16 de outubro de 2012, de ementas e decisões a seguir transcritas: Acórdão 2301002.494 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/2004 a 30/07/2006 MPF. RECEBIMENTO PELO CONTADOR. VALIDADE. Em acordo com a Teoria da Aparência, não há nulidade do MPF diante da intimação do contador da empresa ao invés de seu representante legal, se aquele se coloca como investido de autorização para recebêla,bem como conhece os fatos a serem examinados pela fiscalização (art. 23 do Decreto n°. 70.235/72). TIAF. INEXIGIBILIDADE. O TIAF é inexigível desde 18 de dezembro de 2003, com o advento da Instrução Normativa INSS/DC n°. 100. Não há necessidade de expedição de dois instrumentos, o TIAF e o MPF, quando ambos têm o mesmo objetivo, de informar ao contribuinte que se encontram sob auditoria fiscal. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA.VALIDADE DE INTIMAÇÃO. Inexiste cerceamento ao direito de defesa da empresa apontada como responsável solidária pelo débito, se devidamente intimada para se manifestar acerca da autuação contra ela lavrada. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DO PRODUTOR RURAL. INCIDÊNCIA SOBRE A RECEITA BRUTA DA Fl. 141DF CARF MF 4 COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. OBRIGAÇÃO DO ADQUIRENTE DE RETER E RECOLHER A CONTRIBUIÇÃO. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO STF. Reconhecida por decisão do plenário do STF, transitada em julgado, a inconstitucionalidade da contribuição devida pelo produtor rural e segurado especial sobre a receita bruta da comercialização da sua produção, bem como a obrigação do adquirente de efetuar a retenção e o recolhimento, pode o CARF aplicála, afastando as obrigações com fulcro na referida contribuição. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. Constatada a existência de grupo econômico de fato, não há como ser afastada a solidariedade imposta pelo artigo 30, IX da Lei nº 8.212/1991. NÃO DECLARAÇÃO EM GFIP DE FATOS GERADORES DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. APLICAÇÃO DE PENALIDADE MAIS BENÉFICA AO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. A apresentação de GFIP com dados não correspondentes a todos os fatos geradores das contribuições previdenciárias, constituía, à época da infração,violação ao art. 32, IV, §3º da Lei 8.212/91, ensejando a aplicação da multa prevista no art. 32, §5º da mesma Lei.A penalidade prevista no art. 32A,inciso I, da Lei 8.212/91, incluído pela Lei nº 11.941/2009, pode retroagir para beneficiar o contribuinte, sendolhe mais benéfica. Decisão: I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, para, no mérito, afastar da autuação os valores referentes à omissão dos valores da receita bruta proveniente da comercialização da produção rural adquirida de terceiros, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Mauro e Marcelo, que votaram pela manutenção integral da autuação; b) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para aplicar ao cálculo da multa o art. 32A, da Lei 8.212/91, caso este seja mais benéfico à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para determinar que a multa seja recalculada, nos termos do I, art. 44, da Lei n.º 9.430/1996, como determina o Art. 35A da Lei 8.212/1991, deduzindose as multas aplicadas nos lançamentos correlatos, e que se utilize esse valor, caso seja mais benéfico à Recorrente; II) Por unanimidade de votos: a)em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Acórdão 2803001.868 Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2002 a 30/08/2004. CONTRIBUIÇÃO PARA O FUNRURAL. INCONSTITUCIONALIDADE. Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10120.005847/200752 Acórdão n.º 9202005.137 CSRFT2 Fl. 141 5 A Suprema Corte no julgamento do RE 363.852, declarou a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei n.º 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos IV, da Lei n.º 8.212/91.Indevido o recolhimento de contribuição para o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL) sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural de pessoas físicas. Recurso Voluntário Provido. Decisão: por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) relator(a), para decotar do lançamento a incidência de contribuição sobre a comercialização da produção adquirida de produtores rurais pessoas físicas FUNRURAL. Vencido(a) o(a) Conselheiro(a) Osmar Pereira Costa. Em linhas gerais, argumenta a recorrente em sua demanda: a) Que tratase de matéria objeto de Recurso com Repercussão Geral no âmbito do STF e, assim, com fulcro no art. 62A do Regimento Interno deste CARF citado, caberia a apreciação acerca da referida, sendo que a negativa do Colegiado a quo representaria violação aos arts. 19 da Lei no. 10.522, de 19 de julho de 2002, bem como ao art. 21 da Lei no. 12.844, de 19 de agosto de 2013; b) Entende, quanto ao RE 363.852/MG, é possível depreender como determinante à conclusão da Corte Constitucional, no que interessa à presente lide, a necessidade de lei complementar para instituição da contribuição sob análise, à luz do art. 195, §4°, da Constituição. Assim, a exação objeto do presente processo é inconstitucional por ter inovado na base de cálculo, nos termos do art. 195, I da CF e, assim, a contribuição social aqui debatida continua inconstitucional, dado que sua base de cálculo foi prevista por lei ordinária antes da Emenda Constitucional n° 20, de 1998 e, após a promulgação da mencionada Emenda, nenhuma nova legislação foi produzida no sentido do estabelecimento de uma base de cálculo para a contribuição social; c) Ressalta que o TRF da 4a. Região, por sua vez, reconheceu a inconstitucionalidade da cobrança da contribuição discutida nestes autos, na vigência da Lei n° 10.256, de 2001, tendo inclusive, chegado essa matéria à Suprema Corte Brasileira onde foi reconhecida a "repercussão geral", e o Ministro Ricardo Lewandowski concedeu liminar para que o produtor rural não sofresse a retenção na fonte, ou seja, impedindo a tributação dessa exação. Assim, a matéria objeto do presente processo administrativo é inconstitucional por ausência de legislação ordinária adequada após a EC 20, de 1998, merecendo provimento o presente recurso; Requer, assim, o conhecimento do Recurso e seu provimento para reformar a decisão a quo, anulandose a integralidade do lançamento. O recurso foi admitido, consoante despachos de efls. 128 a 132. Encaminhados os autos à PGFN para fins de ciência, esta apresenta contrarrazões tempestivas de efls. 134 a 137, onde defende como correto o posicionamento do Fl. 143DF CARF MF 6 acórdão recorrido, no sentido da manutenção da exigência, reafirmando que a referida comercialização da produção rural é fato gerador da contribuição previdenciária.. É o relatório. Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10120.005847/200752 Acórdão n.º 9202005.137 CSRFT2 Fl. 142 7 Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Pelo que consta no processo quanto a sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, bem como a caracterização de divergência interpretativa, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade e, assim, dele conheço. Tratase de contribuições devidas pela notificada, destinadas à Seguridade Social, correspondentes aos valores devidos da parte da empresa, ao financiamento da complementação das prestações por acidente do trabalho (Seguro de Acidente de Trabalho — SAT, até 06/97), ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa (após 06/97) e a destinada a outras Entidades (Terceiros), incidentes sobre a comercialização da produção adquirida de terceiros pessoa física. 1. Da contribuição do sobre a receita bruta de comercialização e SAT/RAT (GILRAT). A propósito, reproduzse, a seguir, os dispositivos legais da Lei no. 8.212, de 1991, de relevância para o caso em questão, com a redação aplicável a data dos fatos geradores em análise: Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (...) V como contribuinte individual:(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária ou pesqueira, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua;(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (...) VII como segurado especial: o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o pescador artesanal e o assemelhado, que exerçam essas atividades individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de quatorze anos ou a eles equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo.(Redação dada pela Lei n° 8.398, de 7.1.92). Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. Fl. 145DF CARF MF 8 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea "a" do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: (Redação alterada pela Lei nº 10.256/01 Vigência a partir de 01/11/01) I 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção;(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). II 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho.(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (...) Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas:(Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93) (...) III a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25, até o dia 2 do mês subseqüente ao da operação de venda ou consignação da produção, independentemente de estas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regulamento;(Redação dada pela Lei 9.528, de 10.12.97, vigência até 22.01.07) IV a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa ficam subrogadas nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento;(Redação dada pela Lei 9.528, de 10.12.97) (...) O cerne da questão que remanesce nos presentes autos reside na delimitação do alcance da decisão emanada do STF no âmbito do RE 363.852/MG, de ementa abaixo: RECURSO EXTRAORDINÁRIO – PRESSUPOSTO ESPECÍFICO – VIOLÊNCIA À CONSTITUIÇÃO – ANÁLISE – CONCLUSÃO – Porque o Supremo, na análise da violência à Constituição, adora entendimento quanto à matéria de fundo extraordinário, a conclusão a que chega deságua, conforme sempre sustentou a melhor doutrina – José Carlos Barbosa Moreira , em provimento ou desprovimento do recurso, sendo impróprias as nomenclaturas conhecimento e não conhecimento. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – COMERCIALIZAÇÃO DE BOVINOS – PRODUTORES RURAIS PESSOAS NATURAIS – SUBROGAÇÃO – LEI Nº 8.212/91 – ART. 195, INCISO I, DA CARTA FEDERAL – PERÍODO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 – UNICIDADE DE INCIDÊNCIA – EXCEÇÕES – COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10120.005847/200752 Acórdão n.º 9202005.137 CSRFT2 Fl. 143 9 PRECEDENTE – INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR – Ante o texto constitucional, não subsiste a obrigação tributária subrogada do adquirente, presente a venda de bovinos, por produtores rurais, pessoas naturais, prevista os artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e 9.528/97. Aplicação de leis no tempo – considerações (g.n.) Naqueles autos, discutese a constitucionalidade da contribuição exigida com base no art. 25 da Lei n° 8.212, de 1991, com redação dada pelas Leis no. 8.540, de 1992 e 9.528, de 10 de dezembro de 1997, incidente sobre o valor da comercialização da produção rural, tendo como contribuinte o empregador rural e o produtor rural Pessoa Física, citados nos incisos V, "a" e VII do art 12 da referida Lei n° 8.212, de 1991 . Uma excelente digressão bastante abrangente acerca do tema foi realizada pela Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, no âmbito do Acórdão CSRF 9.202 003.707, de 23 de janeiro de 2016, à qual acedo integralmente, verbis: " (...) É sabido que a Constituição da República de 1988 estabeleceu a tributação incidente sobre a comercialização da produção rural para os casos de economia familiar (art. 195, § 8° da CR). Em face disso, a Lei n° 8.212/91, art. 25, originariamente determinava que apenas os segurados especiais (produtor rural individual, sem empregados, ou que exerce a atividade rural em regime de economia familiar) passariam a contribuir de forma diversa, mediante a aplicação de uma alíquota sobre a comercialização da produção. Todavia, com a edição das Leis n. 8.540, 9.528, que alteraram a redação do art. 25 da Lei n° 8.212/91, passouse a exigir tanto do empregador rural pessoa física como do segurado especial a contribuição com base no valor da venda da produção rural. Quanto a este ponto o Supremo Tribunal Federal manifestouse pela inconstitucionalidade da exação questionada, conforme decisão proferida no RE 363.852, no sentido de que houve a criação de uma nova fonte de custeio da Previdência Social e que tal iniciativa teria de ser tomada mediante a aprovação de lei complementar, conforme prevê o § 4° do art. 195 da Constituição da República. Impende saber se este modelo previdenciário trazido pela atual redação do art. 25 da Lei n° 8.212 (introduzida pela Lei 10.256 e demais dispositivos já mencionados) se amoldaria aos preceitos constitucionais previstos no art. 195 da Constituição Federal. Portanto, de pronto, podemos concluir que a exigência de contribuições sobre a aquisição da produção rural de pessoas físicas até a edição da lei 10.256/2001, ou seja, para lançamentos que envolvem competências até a edição da referida lei, encontrase abarcada pelo manto da Fl. 147DF CARF MF 10 inconstitucionalidade conforme decisão proferida pelo STF, acima transcrita. Notase que o objeto do RE 363.852 referese à discussão da constitucionalidade dos dispositivos da Lei nº 8.212/1991 nas redações dadas pelas Leis 8.540/1992 e 9.528/1997, ambas anteriores à Emenda Constitucional nº 20/1998. (...) Portanto, decidiu o STF que a inovação da contribuição sobre comercialização de produção rural da pessoa física não encontrava respaldo na Carta Magna até a Emenda Constitucional 20/98, decidindo expressamente pela inconstitucionalidade acerca das Leis 8.540/92 e 9.528/97, razão pela qual compete a este Conselho, em observância ao art. 62A determinar a improcedência dos lançamento envolvendo períodos anteriores. Confirmando, ainda mais o posicionamento a ser adotado o referido precedente RE 363.852 foi ao depois aplicado em regime de repercussão geral por meio do julgamento do Recurso Extraordinário nº 596.177/RS (art. 543B do Código de Processo Civil), cuja ementa encontrase abaixo transcrita: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA.INCIDÊNCIA SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO.ART. 25 DA LEI 8.212/1991, NA REDAÇÃO DADA PELO ART. 1º DA LEI 8.540/1992. INCONSTITUCIONALIDADE. I – Ofensa ao art. 150, II, da CF em virtude da exigência de dupla contribuição caso o produtor rural seja empregador. II – Necessidade de lei complementar para a instituição de nova fonte de custeio para a seguridade social. III – RE conhecido e provido para reconhecer a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei 8.540/1992, aplicandose aos casos semelhantes o disposto no art. 543B do CPC. (RE 596177, Relator Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2011, REPERCUSSÃO GERAL –MÉRITO, DJe165 de 29082011) Vale também transcrever posição do Dr. Rafael de Oliveira Franzoni, Procurador da Fazenda Nacional, que em seu artigo: “A CONSTITUCIONALIDADE DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DO EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA: Análise da jurisprudência do STF e do TRF da 4ª Região”, assim conclui acerca das decisões proferidas no âmbito do STF: (...) Ou seja, o que era apenas um precedente tornouse um posicionamento consolidado no âmbito do Supremo Tribunal Federal sobre a inconstitucionalidade da contribuição previdenciária prevista no art. 25 da Lei nº 8.212/1991, inclusive com as alterações decorrentes das Leis nºs 8.540/1992 e 9.528/1997, no que atine ao empregador rural pessoa física. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10120.005847/200752 Acórdão n.º 9202005.137 CSRFT2 Fl. 144 11 Sendo assim, em face da força persuasiva especial e diferenciada proveniente dos julgamentos proferidos sob a nova sistemática da repercussão geral, é muito provável que seja tal entendimento seja seguido pelos demais órgãos do Poder Judiciário, independentemente da não existência de efeito vinculante a qualificar o controle difuso de constitucionalidade. Vale registrar, por oportuno, que a contribuição previdenciária do segurado especial, também regulada pelo art. 25 da Lei nº 8.212/1991, não foi afetada pela decisão da Suprema Corte no Recurso Extraordinário nº 596.177/RS, haja vista que o seu fundamento constitucional é distinto e independente da exação incidente sobre o empregador rural pessoa física. O daquela reside ele no § 8º; ao passo que o desta, no inciso I, ambos do art. 195 do Texto Magno. Se assim é, a declaração de inconstitucionalidade de que se cuida foi parcial, isto é, apenas parte da norma contida no texto do já citado art. 25 foi julgada nula e, portanto, extirpada do ordenamento jurídico. Mas este ponto será mais amiudemente examinado em tópico apartado. Assim, até a edição da Emenda Constitucional nº 20/98 o art. 195, inciso I, da CF previa como bases tributáveis de contribuições previdenciárias a folha de salários, o faturamento e o lucro, não havendo qualquer menção à receita como base tributável, o que macula a contribuição criada com base na receita da comercialização. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) Alinhome, assim, aos que entendem que a inconstitucionalidade decretada no âmbito do RE 363.852/MG e no âmbito do RE 596.177/RS limitase: a) aos fatos geradores ocorridos antes da Lei no. 10.256, de 2001, e b) à contribuição devida pela comercialização da produção do empregador rural pessoa física, não abrangendo o caso do segurado especial previsto no art. 12, VII, da Lei no. 8.212, de 1991, visto que, neste último caso, a contribuição devida foi instituída com fulcro no art. 195, § 8o. da CRFB e não com fulcro no art. 195, I do Fl. 149DF CARF MF 12 Texto Maior, conforme muito bem esmiuçado em outro ponto do mesmo artigo citado de lavra do Dr. Rafael de Oliveira, verbis: (...) Anteriormente, foi aqui afirmado que a inconstitucionalidade de que se cuida foi apenas parcial. E por que parcial? Porque o art. 25 da Lei nº 8.212/1991, na redação atualizada até a Lei nº 9.528/1997, continha em seu bojo duas normas exacionais claramente divisíveis: uma que tinha como contribuinte o empregador rural pessoa física; e outra, o segurado especial. Vejamos: Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea “a” do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada a Seguridade Social, é de: I dois por cento da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; II – 0,1 % (um décimo por cento) da recita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho; [...] E com efeito, como bem ensina o Ministro Gilmar Mendes, “o Tribunal somente deve proferir a inconstitucionalidade daquelas normas viciadas, não devendo estender o juízo de censura às outras partes da lei, salvo se elas não puderem subsistir de forma autônoma.” Logo, não havendo fundamento para afastar do mundo jurídico a contribuição incidente sobre o segurado especial, haja vista que a sua tributação encontra respaldo no art. 195, § 8º, da Constituição da República, o resultado dos Recursos Extraordinários nºs 363.852/MG e 596.177/RS foi uma declaração de inconstitucionalidade parcial com redução de texto. A técnica da declaração de inconstitucionalidade com redução de texto ocorrerá “quando for possível, em virtude da redação do texto impugnado, declarar a inconstitucionalidade de determinada expressão, possibilitando, à partir dessa exclusão de texto, uma interpretação compatível com a Constituição Federal”, como assinala Alexandre de Moraes . De tal modo, o Judiciário expurga do ato normativo apenas e tão somente o que dele for incompatível com a Constituição, preservando o que puder ser preservado, desde que esse resíduo também seja conforme a vontade do constituinte e do legislador infraconstitucional. Nessa linha, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal já excluiu apenas a palavra desacato do texto do § 2º do art. 7º da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil), julgada inconstitucional por conflitar com a autoridade do magistrado na condução da atividade jurisdicional. Fl. 150DF CARF MF Processo nº 10120.005847/200752 Acórdão n.º 9202005.137 CSRFT2 Fl. 145 13 O restante do texto e da norma foi mantido em respeito à presunção de constitucionalidade das leis. Nesse quadro, em razão dos seus fundamentos de decidir, e em que pese não pronunciada expressamente pelo Supremo, a redução do texto do art. 25 da Lei nº 8.212, julgado parcialmente inconstitucional foi a seguinte: Art. 25. A contribuição do segurado especial referido no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada a Seguridade Social, é de: I dois por cento da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; II – 0,1 % (um décimo por cento) da recita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho; [...] Destarte, o exato limite da inconstitucionalidade declarada foi este: a supressão no texto do caput do art. 25 da expressão “[...] do empregador rural pessoa física e [...] referidos, respectivamente, na alínea “a” do inciso V [...]”. Preservouse no dispositivo, portanto, texto e norma suficiente para não ferir a contribuição social do segurado especial, arrimada no art. 195, § 8º, da Lei Maior. Por outro lado, embora tenha havido a redução parcial do texto da cabeça do dispositivo inquinado, a declaração de inconstitucionalidade relativamente aos incisos I e II, entretanto, ocorreu sem redução de texto alguma. Isso para que o texto legislativo permanecesse íntegro para com relação à norma exacional incidente sobre o segurado especial. E aqui vale fazer a distinção entre texto e norma. Segundo os ensinamentos de Paulo de Barros Carvalho, texto é o conjunto de símbolos linguísticos marcados em papel ou outro suporte, expostos em termos prescritivos e em forma técnica; já norma é “o juízo (ou pensamento) que a leitura do texto provoca em nosso espírito”. A norma é a significação do texto. Dito de outro modo, embora a redação dos incisos não tenha sido ferida pela declaração de inconstitucionalidade, como ocorreu com a cabeça, a norma que ali residia o foi, dela se expurgando a contribuição do empregador rural pessoa física. (...) De se notar, ainda, que, perfeitamente em linha com tal posicionamento, o RE 596.177/RS, dotado de repercussão geral e, assim, de obrigatória obediência por parte deste CARF, limitase ao caso do empregador rural pessoa física (cuja contribuição foi instituída com fulcro no art. 195, I da CRFB) para fatos geradores ocorridos antes da Lei no.10.256, de 2001, não havendo que se falar de qualquer violação ao regimento interno deste CARF em seu art. 62A ao se adotar a tese acima delineada de inconstitucionalidade parcial, antes da vigência da Lei no. 10.256, de 2001, à qual, conforme já mencionado, me alinho integralmente. Fl. 151DF CARF MF 14 Já para fatos geradores ocorridos posteriormente à vigência da Lei nº 10.256, de 2001, que deu nova redação ao art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991, segue a Conselheira tecendo as seguintes considerações, às quais também acedo aqui integralmente, adotandoas como razões de decidir para o presente caso: (...) a partir da referida lei, existiria respaldo para o lançamento de contribuições, conforme acima descrito e consolidado tal entendimento por decisão proferida pelo Ministro Joaquim Barbosa no julgamento do RE 585684, senão vejamos (grifei): No julgamento do RE 363.852 (rel. min. Marco Aurélio, DJe de 23.04.2010), o Pleno desta Corte considerou inconstitucional o tributo cobrado nos termos dos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e nº 9.528/97. Assim, o acórdão recorrido divergiu dessa orientação. Ante o exposto, conheço do recurso extraordinário e doulhe parcial provimento, para proibir a cobrança da contribuição devida pelo produtor rural empregador pessoa física, cobrada com base na Lei 8.212/1991 e as que se seguiram até a Lei 10.256/2001. [grifo nosso] (RE 585684, Relator Min. JOAQUIM BARBOSA, julgado em 10/02/2011, publicado no DJe038 de 25/02/2011) Isto posto, com a entrada em vigor da Lei nº 10.256/2001, editada sob o manto constitucional aberto pela Emenda Constitucional nº 20/98, passam a ser devidas as contribuições sociais a cargo do empregador rural pessoa física, às alíquotas de 2% e 0,1% incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, nos termos assinalados no art. 25 da Lei nº 8.212/91, com a redação que lhe foi introduzida pela Lei nº 10.256/01. Ou seja, removida, através da Emenda Constitucional no. 20, de 1998, seguida da edição da Lei no. 10.256, de 2001, a inconstitucionalidade formal que embasou a decisão prolatada no âmbito do RE 363.852/MG, de se manter incólume a exação (contribuição sobre a comercialização da produção de empregadores rurais pessoas físicas), para quaisquer fatos geradores ocorridos na vigência da citada Lei no. 10.256, de 2001. Cita a Conselheira, ainda, a seguinte jurisprudência acerca do tema respaldando seu posicionamento, também aqui adotado: “TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA EMPREGADOR. PRESCRIÇÃO. LC 118/05. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. 1 O STF, ao julgar o RE nº 363.852, declarou inconstitucional as alterações trazidas pelo art. 1º da Lei nº 8.540/92, eis que instituíram nova fonte de custeio por meio de lei ordinária, sem observância da obrigatoriedade de lei complementar para tanto. 2 Com o advento da EC nº 20/98, o art. 195, I, da CF/88 passou a ter nova redação, com o acréscimo do vocábulo "receita". 3 Em face do novo permissivo constitucional, o art. 25 da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 10.256/01, ao prever a contribuição do empregador rural pessoa física como incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, não se encontra eivado de inconstitucionalidade.” Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10120.005847/200752 Acórdão n.º 9202005.137 CSRFT2 Fl. 146 15 (Apelação nº 000242212.2009.404.7104, Rel. Des. Fed. Mª de Fátima Labarrère, 01ª Turma do TRF4, julgada em 11/05/10). Ainda a propósito, de forma consistente com o posicionamento acima, entendo que a melhor interpretação do decisum prolatado no âmbito do RE 363.852/MG, remete à conclusão de que, em nenhum momento, a sistemática da subrogação foi declarada como inconstitucional pela Corte, conforme muito bem delineado pelo Conselheiro Arlindo da Costa e Silva no âmbito do Acórdão 230202.445, de 18.04.2013, verbis: (...) Assim proclamou o Min. Marco Aurélio, ad litteris et verbis: “Ante esses aspectos, conheço e provejo o recurso interposto ora para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial, invertidos os ônus da sucumbência.” Olhando com os olhos de ver, o Min. Marco Aurélio não declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91, mas, tão somente, a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 8.540/92, o qual, dentre outras tantas providências, “deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91”. (...) Ora, caros leitores, o fato de o art. 1º da Lei nº 8.540/92 ter sido declarado, na via difusa, inconstitucional, não implica ipso facto que todas as modificações legislativas por ele introduzidas sejam tidas por inconstitucionais. A pensar assim, seria inconstitucional a fragmentação da alínea ‘a’ do inciso V do art. 12 da Lei nº 8.212/91, nas alíneas ‘a’ e ‘b’ do mesmo dispositivo legal, sem qualquer modificação em sua essência, assim como a renumeração das alíneas ‘b’, ‘c’ e ‘d’ do mesmo inciso V acima citado para ‘c’, ‘d’ e ‘e’, respectivamente, sem qualquer modificação de texto. (...) E o que falar, então, sobre a constitucionalidade do Inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212/91, o qual, embora citado pelo Sr. Min. Marco Aurélio, sequer se houve por tocado pelo art. 1º da Lei nº 8.540/92. Seria, assim, o Inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212/91 inconstitucional simplesmente e tão somente porque fora citado pelo Min. Marco Aurélio em seu voto? Não nos parece ser essa a melhor exegese do caso em debate. (...) Fl. 153DF CARF MF 16 Aditese que o inciso IX do art. 93 da CF/88 determina, taxativamente, que todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário, aqui incluído por óbvio o STF, devem ser públicos, e fundamentadas todas as suas decisões, sob pena de nulidade. Ora ... No julgamento do RE 363.852/MG inexiste qualquer menção, ínfima que seja, a possíveis vícios de inconstitucionalidade na subrogação encartada no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91. Aliás, o vocábulo “subrogação” assim como a referência ao “inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91” somente são mencionados na conclusão do Acórdão, ocasião em que o Sr. Min. Relator desobriga os recorrentes do RE 363.852/MG da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, e que é declarada inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 8.540/92, o qual deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97. Como fundamentação adicional, também comungo do entendimento de que, ainda, que a bem do debate, se entendesse ter sido declarada a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 30 da Lei no. 8.212, de 1991, para fatos geradores abrangidos pela vigência da Lei no. 10.256, de 2001, restaria incólume a responsabilidade de recolhimento prevista no art. 30, III da Lei no. 8.212, de 1991, conforme muito bem delineado também pelo Conselheiro Arlindo da Costa e Silva no Acórdão citado, verbis: (...) A quatro, porque a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições de que trata o art. 25 da Lei nº 8.212/91 foi determinada ao adquirente, ao consignatário e à cooperativa, expressamente, pelo inciso III do art. 30 da Lei nº 8.212/91, o qual não foi igualmente atingido, sequer de raspão, pelos petardos da declaração de inconstitucionalidade aviada no RE nº 363.852/MG, permanecendo tal obrigação tributária ainda vigente e eficaz, mesmo em relação ao empregador rural pessoa física após a publicação da Lei nº 10.256/2001, produzindo todos os efeitos jurídicos que lhe são típicos. (...) É certo que o disposto no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91 já seria bastante e suficiente para impingir ao adquirente, consumidor, consignatário e à cooperativa o dever jurídico de recolher as contribuições incidentes sobre a comercialização de produção rural. Mas o Legislador Ordinário foi mais seletivo: Isolou, propositadamente, no inciso III do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social, a obrigação tributária do adquirente, do consumidor, do consignatário e da cooperativa de recolher a contribuição de que trata o art. 25 dessa mesma lei, no prazo normativo, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10120.005847/200752 Acórdão n.º 9202005.137 CSRFT2 Fl. 147 17 produtor ou com intermediário pessoa física, outorgando ao Regulamento da Previdência Social a competência para dispor sobre a forma de efetivação de tal obrigação acessória. Acomodou no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91, de maneira genérica, a subrogação do adquirente, do consumidor, do consignatário e da cooperativa nas demais obrigações, de qualquer naipe, do empregador rural pessoa física e do segurado especial decorrentes do art. 25 desse Diploma Legal, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física. Da análise dos dispositivos legais acima selecionados, restou visível que a obrigação da empresa adquirente, consumidora, consignatária e a cooperativa pelo recolhimento das contribuições previstas no art. 25 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 10.256/2001, decorre não da norma inscrita no inciso IV do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social, mas, sim, do preceito assentado no inciso III desse mesmo dispositivo legal, em atenção ao princípio jurídico da especialidade na solução dos conflitos aparentes de normas jurídicas, que faz com que a norma específica prevaleça sobre aquela editada de maneira genérica, princípio eternizado no brocardo latino “lex specialis derogat generali”. (...)" Feita tal digressão e, agora, atendose mais especificamente ao caso em questão, verifico se estar, nos presentes autos, diante de litígio acerca de montantes tributários devidos cujos fatos geradores ocorreram já sob o período de vigência da Lei no. 10.256, de 2001 (competências de 03/2005 a 08/2005), tendo, ainda, o lançamento utilizado como fundamento legal o mencionado inciso III do art. 30, da Lei no. 8.212, de 1991 (vide Relatório de fundamentos legais do débito, à efl. 12). Assim, com base na fundamentação acima disposta, não há que se falar em violação à Lei no. 12.844, de 2013 ou ao Regimento Interno deste CARF, entendendo este Conselheiro que, contrariamente ao disposto no recorrido, quanto à contribuição prevista no art. 25 da Lei no. 8.212, de 1991, não há, in casu, que se falar de inconstitucionalidade da exação objeto de lançamento (visto que não abrangida pela decisão prolatada no âmbito do RE 363.852/MG e nem no âmbito do RE 596.177/RS) e, destarte, quanto a esta matéria, nego provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, mantendose o lançamento na forma que efetuado. 2. Quanto à Contribuição ao SENAR Estabelece o art. 6o. da Lei no. 9.528, de 1997: Art. 6º A contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea "a" do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei n° 8.212, de 1991, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SENAR, criado pela Lei n° 8.315, de 23 de dezembro de 1991, é de 0,1% Fl. 155DF CARF MF 18 incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural. (Vigência até 01.11.01) Art. 6o A contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), criado pela Lei no 8.315, de 23 de dezembro de 1991, é de zero vírgula dois por cento, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural. (Redação dada pela Lei nº 10.256, de 9.7.2001, vigência a partir de 01.11.01) Ainda a propósito, na Lei no. 8.212, de 1991: Art. 94. O Instituto Nacional do Seguro SocialINSS poderá arrecadar e fiscalizar, mediante remuneração de 3,5% do montante arrecadado, contribuição por lei devida a terceiros, desde que provenha de empresa, segurado, aposentado ou pensionista a ele vinculado, aplicandose a essa contribuição, no que couber, o disposto nesta Lei.(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, às contribuições que tenham a mesma base utilizada para o cálculo das contribuições incidentes sobre a remuneração paga ou creditada a segurados, ficando sujeitas aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios, inclusive no que se refere à cobrança judicial. § 1o O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, às contribuições que tenham a mesma base utilizada para o cálculo das contribuições incidentes sobre a remuneração paga ou creditada a segurados, ficando sujeitas aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios, inclusive no que se refere à cobrança judicial.(Renumerado pela Lei nº 11.080, de 2004). §2o A remuneração de que trata o caput deste artigo será de 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento) do montante arrecadado pela aplicação do adicional de contribuição instituído pelo §3o do art. 8o da Lei no 8.029, de 12 de abril de 1990.(Incluído pela Lei nº 11.080, de 2004, vigente a partir de 31.12.2004). Assim, a partir do disposto no parágrafo único do art. 94 acima reproduzido, posteriormente renumerado para § 1o., também aqui, a partir na delimitação da abrangência do decisum prolatado nos RE 363.852/MG já anteriormente efetuada, de se entender que também a contribuição ao SENAR, para as competências em questão, não foi objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no âmbito daquele Recurso Extraordinário. Assim, também de se negar provimento ao Recurso Especial, para manter o lançamento na forma que efetuado. 3. Conclusão Pelo exposto, voto por negar provimento ao Recurso Especial interposto pela contribuinte. É como voto. Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10120.005847/200752 Acórdão n.º 9202005.137 CSRFT2 Fl. 148 19 (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 157DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.720303/2008-91
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
ESTIMATIVA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE.
Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação (Súmula CARF nº 84).
Numero da decisão: 9101-002.647
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento, com retorno dos autos à Unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário.
Fez sustentação oral o patrono do contribuinte, Dr. Gustavo Froner Minatel, OAB-SP 210198, escritório Minatel Advogados.
[assinado digitalmente]
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 ESTIMATIVA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação (Súmula CARF nº 84). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento, com retorno dos autos à Unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário. Fez sustentação oral o patrono do contribuinte, Dr. Gustavo Froner Minatel, OABSP 210198, escritório Minatel Advogados. [assinado digitalmente] Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 72 03 03 /2 00 8- 91 Fl. 291DF CARF MF Processo nº 10865.720303/200891 Acórdão n.º 9101002.647 CSRFT1 Fl. 3 2 Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 120100.403, que julgou o recurso voluntário interposto pela contribuinte acerca da possibilidade de compensação de créditos de pagamentos de estimativas. O Acórdão recorrido deu provimento ao recurso voluntário para afastar o argumento jurídico da não homologação, entendendo ser possível a compensação de créditos de pagamentos de estimativas. Em seguida, para comprovar a divergência de interpretação necessária ao conhecimento do seu recurso, a Fazenda Nacional interpôs o presente recurso especial de divergência, por entender que a decisão de reconhecer a possibilidade de compensação do valor indevidamente pago, ou pago a maior, de estimativa é fruto de interpretação da legislação tributária que conflita com a interpretação adotada no acórdão paradigma colacionado aos autos. O recurso foi admitido por meio do despacho do Presidente da Câmara. Após, sobrevieram contrarrazões em que o sujeito passivo defende o acerto da decisão questionada e pugna pela sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9101002.610, de 16/03/2017, proferido no julgamento do processo 10280.900603/200912, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9101002.610): O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento, na forma como foi admitido. O contribuinte apresentou DCOMP apontando indébito oriundo de pagamento a maior de estimativa. Ao apreciar a referida declaração, a Receita Federal não homologou a compensação, sob o fundamento de que o pagamento de estimativa não é passível de compensação, devendo compor a apuração anual do tributo. A decisão recorrida foi no sentido oposto, reconhecendo o direito de o contribuinte compensar o indébito de estimativa, devolvendo os autos para a unidade de origem, para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário pleiteado, vez que essa matéria ainda não sofreu apreciação pela Administração Tributária. Fl. 292DF CARF MF Processo nº 10865.720303/200891 Acórdão n.º 9101002.647 CSRFT1 Fl. 4 3 O recurso especial veio para que esta Câmara Superior reforme a decisão recorrida, restabelecendo a declaração de impossibilidade de o contribuinte compensar crédito de estimativa, nos termos da legislação infralegal então em vigor. Todavia, a IN RFB nº 900, de 2008, retirou a referida proibição do ordenamento tributário e é pacífico na jurisprudência administrativa o entendimento de que seus efeitos devem retroagir para alcançar as compensações pendentes de decisão administrativa. Esse entendimento é adotado pela própria Administração Tributária, exteriorizado por meio da Solução de Consulta Interna Cosit n° 19, de 05/12/2011, assim ementada: ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Caracterizase como indébito de estimativa inclusive o pagamento a maior ou indevido efetuado a este título após o encerramento do período de apuração, seja pela quitação do débito de estimativa de dezembro dentro do prazo de vencimento, seja pelo pagamento em atraso da estimativa devida referente a qualquer mês do período, realizado em ano posterior ao do período da estimativa apurada, mesmo na hipótese de a restituição ter sido solicitada ou a compensação declarada na vigência das IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005. A nova interpretação dada pelo art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, aplicase inclusive aos PER/DCOMP retificadores apresentados a partir de 1º de janeiro de 2009, relativos a PER/DCOMP originais transmitidos durante o período de vigência da IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005, desde que estes se encontrem pendentes de decisão administrativa. No âmbito deste Tribunal Administrativo, a matéria foi pacificada por meio da Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso especial da Procuradoria, com retorno dos autos à unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fl. 293DF CARF MF Processo nº 10865.720303/200891 Acórdão n.º 9101002.647 CSRFT1 Fl. 5 4 Fazenda Nacional, e, no mérito, negolhe provimento, com retorno dos autos à unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário. assinado digitalmente Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 294DF CARF MF
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Numero do processo: 10437.720889/2014-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011
NULIDADE. INEXISTÊNCIA. REQUISITOS DO LANÇAMENTO. DIREITO DE DEFESA.
Preenchidos os requisitos do lançamento, não há que se falar em nulidade, nem em cerceamento do direito de defesa.
USUFRUTO. NATUREZA JURÍDICA. PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS.
O usufruto representa uma divisão das faculdades inerentes ao direito de propriedade, uma vez que o direito real sobre o objeto do usufruto é conferido a outrem, que passa a retirar os frutos e utilidades que a coisa alheia produz, sem alterar sua substância. É da essência do usufruto o aproveitamento dos rendimentos do bem pelo usufrutuário.
Com base na disciplina normativa afeta ao direito civil e societário, os valores a titulo de lucros/dividendos e de juros sobre capital próprio, pagos ou creditados como resultado de participações societárias, são rendimentos que pertencem ao usufrutuário.
USUFRUTO. LUCROS/DIVIDENDOS. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. TRIBUTAÇÃO. INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA.
No caso dos rendimentos pagos ou creditados a título de lucros/dividendos e de juros sobre capital próprio, o legislador tributário deixou de atribuir ao instituto do usufruto efeitos tributários específicos, o que implica remeter o intérprete aos efeitos típicos decorrentes do direito privado.
As normas que estabelecem exceções à tributação ordinária devem ser interpretadas de maneira estrita, não comportando ampliação de conteúdo ou emprego de analogias, assim como inviável também a utilização pelo intérprete de exegese restritiva, para o fim de distinguir onde a lei não distingue.
JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. USUFRUTO. TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVA NA FONTE.
Os juros pagos ou creditados a pessoa física na condição de usufrutuário de participações societárias, a título de remuneração do capital próprio, devem ser tributados exclusivamente na fonte à alíquota de 15% (quinze por cento), na data do pagamento ou crédito.
LUCROS OU DIVIDENDOS. USUFRUTO. ISENÇÃO.
Os valores pagos a título de lucros ou dividendos, calculados com base nos resultados da pessoa jurídica apurados a partir do mês de janeiro de 1996, não estão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integram a base de cálculo do imposto sobre a renda da pessoa física beneficiária dos rendimentos na condição de usufrutuária de participações societárias.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2401-004.568
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para, no mérito, por maioria, dar-lhe provimento. Vencidos a relatora e o conselheiro Márcio de Lacerda Martins que negavam provimento ao recurso e a conselheira Maria Cleci Coti Martins que dava provimento parcial, mantendo a tributação sobre os juros sobre capital próprio. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Relatora e Presidente.
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Redator Designado.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andrea Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI
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CLASSIFICAÇÃO INDEVIDA DE RENDIMENTOS. Recorrente SALIM DAYAN Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2009, 2010, 2011 NULIDADE. INEXISTÊNCIA. REQUISITOS DO LANÇAMENTO. DIREITO DE DEFESA. Preenchidos os requisitos do lançamento, não há que se falar em nulidade, nem em cerceamento do direito de defesa. USUFRUTO. NATUREZA JURÍDICA. PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS. O usufruto representa uma divisão das faculdades inerentes ao direito de propriedade, uma vez que o direito real sobre o objeto do usufruto é conferido a outrem, que passa a retirar os frutos e utilidades que a coisa alheia produz, sem alterar sua substância. É da essência do usufruto o aproveitamento dos rendimentos do bem pelo usufrutuário. Com base na disciplina normativa afeta ao direito civil e societário, os valores a titulo de lucros/dividendos e de juros sobre capital próprio, pagos ou creditados como resultado de participações societárias, são rendimentos que pertencem ao usufrutuário. USUFRUTO. LUCROS/DIVIDENDOS. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. TRIBUTAÇÃO. INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. No caso dos rendimentos pagos ou creditados a título de lucros/dividendos e de juros sobre capital próprio, o legislador tributário deixou de atribuir ao instituto do usufruto efeitos tributários específicos, o que implica remeter o intérprete aos efeitos típicos decorrentes do direito privado. As normas que estabelecem exceções à tributação ordinária devem ser interpretadas de maneira estrita, não comportando ampliação de conteúdo ou emprego de analogias, assim como inviável também a utilização pelo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 43 7. 72 08 89 /2 01 4- 82 Fl. 1279DF CARF MF 2 intérprete de exegese restritiva, para o fim de distinguir onde a lei não distingue. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. USUFRUTO. TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVA NA FONTE. Os juros pagos ou creditados a pessoa física na condição de usufrutuário de participações societárias, a título de remuneração do capital próprio, devem ser tributados exclusivamente na fonte à alíquota de 15% (quinze por cento), na data do pagamento ou crédito. LUCROS OU DIVIDENDOS. USUFRUTO. ISENÇÃO. Os valores pagos a título de lucros ou dividendos, calculados com base nos resultados da pessoa jurídica apurados a partir do mês de janeiro de 1996, não estão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integram a base de cálculo do imposto sobre a renda da pessoa física beneficiária dos rendimentos na condição de usufrutuária de participações societárias. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para, no mérito, por maioria, darlhe provimento. Vencidos a relatora e o conselheiro Márcio de Lacerda Martins que negavam provimento ao recurso e a conselheira Maria Cleci Coti Martins que dava provimento parcial, mantendo a tributação sobre os juros sobre capital próprio. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Relatora e Presidente. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Redator Designado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andrea Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 1280DF CARF MF Processo nº 10437.720889/201482 Acórdão n.º 2401004.568 S2C4T1 Fl. 1.280 3 Relatório Tratase de Auto de Infração, fls. 787/796, que exige do contribuinte R$ 6.493.388,11 de imposto, com multa de ofício de 75% e juros moratórios, em razão da apuração de “RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA CLASSIFICADOS INDEVIDAMENTE NA DIRPF” como isentos e nãotributáveis e/ou rendimentos sujeitos a tributação exclusiva/definitiva. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal, fls. 755/786, o contribuinte, nos anoscalendário 2009, 2010 e 2011, declarou ter percebido rendimentos isentos e não tributáveis e/ou rendimentos sujeitos a tributação exclusiva/definitiva, de pessoas jurídicas, conforme quadro 1. Quadro 1 Rendimentos declarados Anocalendário Rendimento valor 2009 juros sobre capital próprio Banco Daycoval R$ 10.091.578,42 lucros e dividendos Banco Daycoval R$ 12.265.152,29 reservas ao capital/bonificação de ações Daycoval Financeira R$ 83.135.894,57 2010 juros sobre capital próprio Banco Daycoval R$ 9.958.729,42 lucros e dividendos Banco Daycoval R$ 3.415.081,14 2011 juros sobre capital próprio Banco Daycoval R$ 9.693.425,42 Ainda de acordo com referido termo: a) Em março de 2007, o contribuinte e outros cinco acionistas do Banco Daycoval S/A, pertencentes à mesma família, constituíram a empresa Daycoval Holding Financeira S/A com um capital social de R$ 10.000,00, que foi aumentado para R$ 254.998.749,79 e para R$ 354.631.818,87, em 19/03/2007 e 20/03/2007, respectivamente, por meio da integralização da nua propriedade de ações do Banco Daycoval S/A, pertencentes aos únicos seis acionistas da Holding, os quais reservaram para si o usufruto dos direitos econômicos de tais ações. b) Como o contribuinte e os demais membros da família citados deixaram de ser acionistas do Banco Daycoval S/A, uma vez que a titularidade das ações passou para a Daycoval Holding Financeira S/A, não poderiam declarar os valores recebidos do Banco Daycoval como sendo distribuição de juros sobre capital próprio JCP e/ou dividendos. Esses valores teriam sido recebidos em decorrência da situação jurídica de usufrutuário e não de acionista. c) O novo titular dos direitos de acionista do Banco Daycoval S/A passou a ser a empresa Daycoval Holding Financeira S/A, sendo que os direitos econômicos percebidos pelo contribuinte, no lugar daquela holding, não se fundamentam na situação jurídica de acionista, mas sim, de usufrutuário, devendo, portanto, os rendimentos com origem nesta condição, serem tributados, por determinação legal, pelo regime de tributação de ajuste anual, que, no caso, submetese à alíquota de 27,5% dos rendimentos anuais auferidos. Fl. 1281DF CARF MF 4 d) A distribuição de JCP é dedutível da base de cálculo do IRPJ e da CSLL das sociedades anônimas e que, para serem pagos aos sócios da Holding, deveriam antes ser registrados como receita financeira desta, o que não aconteceu, tendo sido pagos pelo Banco Daycoval S/A diretamente ao exsócio, sem transitar contabilmente pela Holding, legítima beneficiária dos rendimentos pagos ou creditados a título de dividendos ou JCP, que também não efetuou qualquer pagamentos a título de JCP e/ou dividendos a seus sócios. e) Não cabe ao usufrutuário de ações a percepção de rendimentos da companhia, a título de dividendos ou JCP, tendo em vista que não participa da composição do capital social da sociedade. f) O pagamento de dividendos e JCP constitui remuneração para os sócios em decorrência do capital aplicado na sociedade, enquanto os valores recebidos pelo usufrutuário decorrem de direito real sobre a coisa alheia e não da condição de investidor em uma sociedade (acionista). g) Notase que o Banco Daycoval S/A remunerou o contribuinte com valores, a título de distribuição de lucros e/ou JCP, completamente a descoberto de participação societária, em detrimento da sociedade Daycoval Holding Financeira S/A, e sem qualquer reconhecimento e controle do registro contábil desses pagamentos, nesta empresa. h) A instituição do usufruto “apenas concede ao contribuinte o direito de receber, de outro sócio, ou diretamente por parte do banco, a mando do sócio cedente do direito, ou por lei, VALORES EQUIVALENTES àqueles que seriam pagos ou creditados ao acionista” , não dando direito ao “sócio a descoberto” de “perceber os recursos econômicos e financeiros a que o sócio de direito faz jus a receber da sociedade, não transforma esse direito do sócio a descoberto no mesmo direito do verdadeiro sócio, aquele que é o real proprietário das ações/quotas que deram origem à parcela de rendimentos sem fundamentos societários recebidos por aquele, por meio de um negócio jurídico qualquer”. i) A existência de um negócio jurídico qualquer (usufruto no caso) entre as partes diz respeito somente a elas, não exime o contribuinte da responsabilidade tributária, nem implica na modificação da definição legal do sujeito passivo, assim como não pode ser oposta à Fazenda Pública, não se aceitando a realização aparentemente dissimulada de negócios jurídicos, que devem ser desconsiderados nos termos do CTN, art. 116, parágrafo único. j) No presente caso, o usufruto das ações, apenas concede ao usufrutuário o direito de receber, por parte da companhia, valores equivalentes aos que seriam pagos ou creditados ao nuproprietário (acionista), caso este não estivesse sujeito ao gravame de usufruto sobre as ações de sua propriedade. O direito do usufrutuário a receber os valores devidos ao acionista não transforma esse direito no mesmo direito do acionista da companhia. k) Não há previsão legal de equiparação entre usufrutuário e acionista, especificamente em relação à tributação do imposto de renda. l) Os valores recebidos pelo usufrutuário estão sujeitos à tributação do IR, sem direito à isenção. Esses valores foram considerados como semelhantes a alugueis e/ou royalties de bens e direitos. m) O contribuinte possuía até 29/7/11, 2,46% do capital total do Banco Daycoval S/A, implicando que parte dos rendimentos recebidos são efetivamente decorrentes de dividendos e/ou JCP. Assim, a parcela excedente de rendimentos auferidos pelo contribuinte, oriunda do exercício do usufruto foi reclassificada, conforme tabela de fl. 784. Fl. 1282DF CARF MF Processo nº 10437.720889/201482 Acórdão n.º 2401004.568 S2C4T1 Fl. 1.281 5 n) Os valores referentes ao imposto de renda retido na fonte IRPF, declarados em DIRF foram considerados com parte do imposto de renda devido pelo contribuinte e recolhidos antecipadamente pela fonte pagadora Banco Daycoval S/A. o) Em 29/7/11 foi reduzido o capital da Daycoval Holding Financeira S/A, pela entrega aos acionistas da nuapropriedade de ações ordinárias nominativas do Banco Daycoval S/A, a partir de 60 dias da publicação da ata, ao contribuinte e seus familiares, passando esses, a serem acionistas desta sociedade. Os valores recebidos por eles, a partir de dessa data podem ser realizados a título de dividentos e JCP. Assim, não foram tributados os valores recebidos em 17/10/11, pois o contribuinte se encontrava na posição de acionista de direito do Banco Daycoval S/A. p) Os rendimentos considerados indevidamente declarados como dividendos e JCP, conforme tabela de fl. 784, estão discriminados na tabela 1. Tabela 1 Rendimentos e IRRF Anocalendário Rendimento reclassificado valor IRRF 2009 juros sobre capital próprio Banco Daycoval R$ 9.534.527,86 R$ 1.430.179,17 lucros e dividendos Banco Daycoval R$ 9.885.725,46 R$ 0,00 2010 juros sobre capital próprio Banco Daycoval R$ 9.440.489,47 R$ 1.416.073,42 lucros e dividendos Banco Daycoval R$ 2.750.298,50 R$ 0,00 2011 juros sobre capital próprio Banco Daycoval R$ 5.172.834,86 R$ 775.925,23 Cientificado do Auto de Infração AI, o contribuinte apresentou impugnação, sendo proferido o Acórdão com a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010, 2011, 2012 DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. RENDIMENTOS SUJEITOS AO AJUSTE ANUAL. FATO GERADOR EM 31 DE DEZEMBRO. Os rendimentos sujeitos ao ajuste anual se enquadram no conceito de lançamento por homologação, cujo termo inicial da contagem do prazo decadencial de cinco anos é a data da ocorrência do fato gerador: 31 de dezembro do anocalendário correspondente ao exercício analisado. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. REQUISITOS CORRETOS. DIREITO DE DEFESA EXERCIDO. Afastase a preliminar de nulidade quando o lançamento foi lavrado por pessoa competente e com informações que permitiram ao sujeito passivo exercer o direito de defesa. JURISPRUDÊNCIA. EFEITOS. As decisões administrativas e judiciais que não se enquadram dentre as hipóteses que vinculam a administração tributária Fl. 1283DF CARF MF 6 somente se aplicam à questão em análise e vinculam as partes envolvidas naqueles litígios. INSTRUMENTO PARTICULAR. ALTERAÇÃO DA SUJEIÇÃO PASSIVA. INOPONIBILIDADE AO FISCO. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos não podem ser opostas à Fazenda Pública para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. DIVIDENDOS. USUFRUTO DE AÇÕES. TRIBUTAÇÃO. A celebração de contrato de usufruto de ações importa transferência do direito de percepção dos valores correspondentes aos juros sobre capital próprio e dividendos, mas não transforma o usufrutuário em acionista e, assim, os valores recebidos por não sócios em decorrência do direito de fruição das ações não se confundem com a percepção de JCP e dividendos, porque derivam de relações jurídicas distintas e, consequentemente, estão sujeitas a formas de tributação específicas, devendo o valor recebido pela pessoa física usufrutuária das ações ser tributado integralmente. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. DIVIDENDOS. NATUREZA JURÍDICA DIVERSA. Os juros sobre capital próprio (JCP) correspondem a lucros apurados em períodos anteriores e que ficaram retidos na empresa, sendo pagos com a finalidade de remunerar o sócio/acionista pela indisponibilidade do capital que ele aplicou na sociedade; já os dividendos são pagos aos sócios/acionistas em decorrência do desempenho da empresa, expresso no lucro apurado no ano, e remuneram o investidor pelo sucesso do empreendimento no qual investiu, portanto, os dividendos e os JCP são institutos diferentes, que possuem natureza jurídica e tratamento tributário distintos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado do Acórdão em 20/8/15 (Aviso de Recebimento AR de fl. 1.105), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 21/9/15, fls. 1.119/1.199, que contém, em síntese: LEGALIDADE DO PROCEDIMENTO Diz ter agido na legalidade ao receber JCP e dividendos do Banco em razão do ato de transferência da nua propriedade das ações para a Holding e a reserva do usufruto econômico delas para si. Explica o porquê da operação. Afirma que a Holding não ficou com a propriedade integral das ações. Com a reserva de usufruto, os direitos decorrentes da propriedade das ações do Banco se dividiram entre nuproprietário e usufrutuário. A Holding ficou com os direitos políticos, enquanto a recorrente, como usufrutuário, com o direito à percepção dos frutos (direitos econômicos). Fl. 1284DF CARF MF Processo nº 10437.720889/201482 Acórdão n.º 2401004.568 S2C4T1 Fl. 1.282 7 Alega que em ratificação ao ato de usufruto perpetrado com as Atas das Assembleias Gerais Extraordinárias AGEs ficou determinado ter a recorrente, na figura de usufrutuário, direito à percepção de JCP e dividendos (fls. 972/1.020). Acrescenta que, nos termos da Lei 6.404/76, art. 100, o referido usufruto foi registrado no Livro de Ações Nominativas do Banco. Diz que atendeu também ao parecer CVM nº 30. Aduz que a Receita Federal do Brasil trata com naturalidade e acata seus reflexos fiscais, como se vê do PN CST nº 16/72 e do PN CST nº 4/95, os quais se aplicam ao caso por tratarem do tema usufruto. Argumenta que o CARF, ao analisar a situação formalizada em decorrência da mesma operação ora analisada, só que em face da Holding (Acórdão 1103001.123 proferido no processo 16327.720576/201113), sedimentou que o recorrente, como usufrutuário, é pessoa legalmente capaz de receber JCP e dividendos. Cita trecho do voto: É que o usufrutuário passa a figurar, ao lado do nuproprietário, como acionista da sociedade: ambos são titulares da ação. Em outras palavras, conforme a doutrina de Modesto Carvalhosa, o nuproprietário terá a titularidade primária da ação e o usufrutuário deterá a sua titularidade secundária, isto é, ambos terão direitos de acionista. Entende que o usufruto cumpriu as formalidades previstas em lei e teve finalidade própria, que justifica a classificação fiscal adotada pelo recorrente e a correta tributação em DIRPF. Afirma que o auditor fiscal e a DRJ/CTA reconhecem a legalidade dos atos, mas agem como se eles não existissem e criam uma nova realidade no qual os rendimentos percebidos pelo recorrente a título de JCP e dividendos, como usufrutuário, se tornam "alugueis" e/ou "royalties". DECADÊNCIA Explica que a decadência deve ser analisada em face da possibilidade, ou não, de se alterar a classificação do rendimento que, pela norma aplicável ao rendimento tributado exclusivamente na fonte, estaria preclusa em razão do tempo decorrido desde o fato gerador reconhecido pela fonte pagadora e pelo recorrente, até a ciência do AI. Afirma que sendo o IRPF um tributo sujeito ao lançamento por homologação, a contagem do prazo decadencial deslocase da regra gerado do CTN, art. 173, para o art. 150, § 4º. Diante disso, como houve antecipação do pagamento do IRPF, devese contar os cinco anos, para efeito de lançamento de eventual diferença, a partir do fato jurídico. Acrescenta que mesmo que se considere o valor recebido como aluguel ou royalty, o IRPF foi recolhido e admitido com essa rubrica (fonte). Cita decisões do 1º Conselho de Contribuintes, Acórdão 10614.117 e Acórdão 10417.561, no sentido de que é do fato que gera o recolhimento do IRPF que se deve Fl. 1285DF CARF MF 8 contar o prazo de decadência, independentemente do momento da entrega da DIRPF, e que o fato gerador previsto em lei é o pagamento ou crédito. Conclui que todos os valores recebidos pelo recorrente de JCP até 9/12/09 e que foram objeto de IRPF se encontram extintos pela decadência. NULIDADE Ofensa ao artigo 142 do CTN Diz que não restou comprovado a ocorrência do fato jurídico tributário consistente no suposto recebimento de valores a título de alugueis ou royalties, ofendendo assim o CTN, art. 142. Entende que o trabalho fiscal é precário e já começa na utilização do termos "e/ou". Para reclassificar a natureza de recebimento de valores o AFRFB deveria especificar se tais valores são decorrentes de alugueis ou de royalties. Aduz que não há nos autos qualquer elemento material que indique terem as partes envolvidas no processo de fiscalização expressado qualquer elemento de vontade que embasasse acordo de aluguel ou de royalty. Critica ter a DRJ considerado irrelevante tais dados, consistentes na justificativa do reenquadramento. Conclui que a presunção absoluta do AFRFB, tida como válida pela DRJ/CTA sem justificativa plausível, que visa distorcer a realidade e criar um cenário para arrecadar, sem estabelecer os liames do fato jurídico tributário passível de tributação do IRPF, fere o art. 142 do CTN e o art. 10 do Decreto 70.235/72. Afirma que a falta de específica descrição do fato e comprovação de sua existência, são motivos de nulidade do lançamento. Cerceamento do Direito de Defesa Afirma que a consequência da falta de descrição de como teriam sido perpetrados os acordos de locação ou royalty, sem qualificar as partes, objeto e teor do pagamento e, por conseguinte, de comprovação do fato jurídico tributário acarreta a nulidade por cerceamento de defesa. Cita decisão da DRJ em Fortaleza. CONCEITO DE ALUGUEIS E ROYALTIES DESRESPEITO AO DIREITO À LIVRE CONTRATAÇÃO Cita o código civil, art. 565, que trata do contrato de locação e afirma que não há como transformar o usufruto em contrato de locação. Diz que o recorrente somente recebeu dividendo e JCP do Banco e para isso nada pagou (a título de aluguel, royalty ou qualquer outra contraprestação). Acrescenta que a DRJ/CTA ao retratar que o art. 53 do RIR/99 só "equipara" os rendimentos a "alugueis" e/ou "royalties", revela o desprezo à legalidade. Conclui que tanto a desconsideração da natureza do usufruto quanto à falta de delimitação do suposto aluguel ou royalty demonstram desrespeito às relações jurídicas, devendo o lançamento ser cancelado. ILEGALIDADE DO LANÇAMENTO DE OFÍCIO Fl. 1286DF CARF MF Processo nº 10437.720889/201482 Acórdão n.º 2401004.568 S2C4T1 Fl. 1.283 9 Afirma que o lançamento de ofício é ilegal, pois não há no ordenamento jurídico pátrio norma legal que a autorize a transformação dos valores recebidos a título de JCP e dividendos pelo usufrutuário em aluguel ou royalties. Aduz que o AFRFB não descaracterizou o usufruto. Foi criada uma nova realidade, díspar da verdade material acostada aos autos. Cita decisões do CARF no sentido de que a autoridade fiscal tem o dever de provar o fato jurídico tributário (Acórdãos 310200.696 e 10417.561). Conclui que por falta de previsão legal, não há como sustentar o lançamento baseado na presunção absoluta de que os JCP e dividendos recebidos pelo usufrutuário seriam alugueis ou royalties, devendo ser afastado o acórdão proferido pela DRJ/CTA e cancelado o AI. CORRETA CLASSIFICAÇÃO DE VALORES RECEBIDOS NA DIRPF Diz que está correta a classificação do recebimento de dividendos e JCP nas DIRPFs do recorrente, haja vista o contrato de usufruto, que é legal sob o ponto de vista da legislação privada e não altera a substância dos frutos percebidos pelo usufrutuário. Disserta sobre o usufruto, citando o Código Civil (artigos 1.390, 1.394, 1.400 e 1.410) e doutrina. Reafirma estar correta a classificação dos rendimentos como JCP e dividendos e que o usufruto formalizado tornouse perfeito e acabado no momento da formalização das AGEs e do registro realizado no livro de ações do Banco. Acrescenta que não há relação de rendimento entre a Holding (nuproprietária) e o recorrente (usufrutuário). Destaca que a relação entre as partes é: i) a Holding com a nuapropriedade e os direitos políticos; e ii) o recorrente com direito aos frutos, neles incluídos os JCP e os dividendos. E, por isso, o recorrente recebeu dividendos e JCP do Banco. Cita o CC, Lei das SA, art. 205,e a Lei 9.249, art. 9º. Volta a citar o Acórdão 1103001.123 do CARF. Cita também jurisprudência e entendimento da CVM no sentido de que os JCP são dividendos. Cita decisões do CARF (Acórdãos 10709.588 e 10197.083) no sentido de que o usufruto não altera a natureza do recebimento dos dividendos pelo usufrutuário. Menciona decisões do CARF sobre usufruto de imóvel, onde consta que os rendimentos produzidos pelo bem pertencem ao usufrutuário e a ele cabe tributar o valor correspondente (Acórdãos 1329263 e 1245671). Alega que a Solução de Consulta nº 11, de 14/1/10, da RFB, ratifica que os lucros distribuídos aos usufrutuários das quotas de capital da empresa constituem rendimento não sujeito à tributação pelo imposto de renda. Conclui que considerando que os JCP foram pagos com retenção de IRPF na fonte pelo Banco e os dividendos são isentos, nos termos do art. 75 da Lei 383/91, o recorrente classificou corretamente seus rendimentos em suas DIRPFs. OFENSA AO ART. 110 DO CTN Fl. 1287DF CARF MF 10 Entende que ao desrespeitar o instituto privado do usufruto e classificar os rendimentos como "alugueis ou royalties", o AFRFB feriu o art. 110 do CTN, que determina ser defeso à lei tributária alterar os institutos de direito privado. Cita decisões do CARF nesse sentido. Repete argumentos já relatados sobre o usufruto e afirma que o lançamento deve ser cancelado. PEDIDO Requer o cancelamento integral do AI ou, quando menos, a extinção por decadência dos valores exigidos no ano de 2009. CONTRARRAZÕES DA PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL A PGFN apresentou contrarrazões, nos termos do RICARF, art. 48, § 2º, juntada às fls. 1.259/1.276, que contém, em síntese: PRELIMINAR DE DECADÊNCIA PARCIAL Diz que a premissa básica que norteia a acusação fiscal está assentada no fato de que o recorrente não detém participação acionária no Banco Daycoval, mas apenas faz jus ao usufruto dos direitos econômicos das ações de titularidade da Daycoval Holding, não recebeu pagamentos a título de JCP. Assim, tais rendimentos estariam submetidos ao regime de tributação de ajuste anual. Afirma que como houve a reclassificação dos valores recebidos para rendimentos tributáveis no ajuste anual, é imperativo a análise da decadência considerandose essa reclassificação. Aduz que para que se proceda à contagem do prazo decadencial, é necessário perquirir o momento em que ocorreu o fato gerador quanto ao recebimento de rendimentos oriundos do usufruto e não de JCP. Cita a Lei 9.250/95, art. 7º e art. 13, e o CTN, art. 150, § 4º, concluindo que no caso de rendimentos submetidos à tributação no ajuste anual, a data de ocorrência do fato gerador corresponde ao dia 31 de janeiro (sic) de cada anocalendário. Destaca julgados do CARF nesse sentido. Na hipótese, tendo em vista que o fato gerador mais remoto ocorreu em 31/12/09, não há que se cogitar de decadência, pois o lançamento foi notificado ao sujeito passivo em 10/12/14. TITULARIDADE DAS RECEITAS PROVENIENTES DOS JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO Descreve os atos realizados pela Daycoval Holding Financeira S/A: o capital social desta empresa foi integralizado pelos sócios apenas com a nua propriedade das ações que possuíam do Banco Daycoval, ficando estes com o usufruto das ações do Banco, enquanto a Holding exercia o controle direto sobre o Banco. Destaca que o ponto central deste processo reside em saber a quem pertencem as receitas provenientes do pagamento de JCP, feito pelo Banco Daycoval. Para o recorrente tais receitas seriam dos sócios da Holding, em virtude do usufruto; para a Fl. 1288DF CARF MF Processo nº 10437.720889/201482 Acórdão n.º 2401004.568 S2C4T1 Fl. 1.284 11 fiscalização, tais receitas seriam da Daycoval Holding, não existindo relação societária com as pessoas físicas que justificasse o seu pagamento a título de JCP diretamente para elas. Afirma que a constituição do usufruto confere ao usufrutuário o direito a receber os resultados econômicos auferidos pela companhia. Assim, o pagamento dos dividendos está em conformidade com a Lei 6.404/76. Entende que o recorrente busca conferir aos JCP o mesmo tratamento dispensado pela Lei das SA aos dividendos. A analogia utilizada pelo recorrente é no sentido de que, tal qual os dividendos, os JCP a que teria direito a Daycoval Holding, na qualidade de acionista do Banco Daycoval, poderiam ser destinados aos sócios pessoas físicas daquela empresa. Desta maneira, os sócios escapariam ao regime de tributação mais oneroso, que recairia sobre a Daycoval Holding caso esta recebesse os rendimentos provenientes do pagamento da JCP. Entretanto, não é possível estender aos JCP a mesma disciplina legal prevista para os dividendos. Ressalta que a fiscalização não questionou a criação da Holding, nem a utilização do usufruto, mas a correta interpretação das normas tributárias e consequente apuração dos tributos. Destaca que as repercussões tributárias do pagamento de JCP e dos dividendos são distintas. Enquanto os dividendos são disciplinados pela Lei das S/A, os JCP são regidos pro legislação específica, que regulamenta seus aspectos e efeitos tributários. Cita a Lei 9.249/95, art. 9º, destacando: a) pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados; b) juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio. O primeiro trecho evidencia a pessoa jurídica que paga os JCP, enquanto o segundo, aqueles que recebem os respectivos valores. Portanto, o legislador explicitou os participantes das operações envolvendo o pagamento de JCP a sociedade paga uma remuneração a seus acionistas. Cita doutrina e entendimento exarado na decisão de primeiro grau proferida no processo envolvendo da Daycoval Holding (16327.720576/201113). Afirma que a existência de usufruto que determine a entrega de valores referentes a JCP a terceiros não tem o condão de descaracterizar a relação jurídicotributária estabelecida pelo art. 9º da Lei 9.249/96. Cita trecho do Acórdão da DRJ/CTA, ao citar o CTN, artigos 109, 116 e 123, no sentido de afastar os efeitos das convenções estabelecidas entre particulares, concluindo que as alegações referentes à validade ou ao momento em que teria sido constituído o usufruto perdem força, visto que o ponto central discutido neste processo resumese a interpretar a legislação tributária específica e apontar o titular das receitas de JCP. NATUREZA JURÍDICA DOS JCP Disserta sobre a natureza jurídica das JCP, afirmando que não têm natureza de dividendos, sendo receitas financeiras que deveriam ter sido oferecidas à tributação na pessoa jurídica. Os dividendos são valores pagos aos acionistas com base no resultado econômico da empresa, enquanto os juros sobre capital próprio são recebidos como forma de remuneração do capital investido. Fl. 1289DF CARF MF 12 Cita ementa do Acórdão 10196.692 do CARF, proferido no processo 11080.009776/200581: IRPJ — JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO — Os juros sobre capital próprio investido pela sociedade em outra empresa não têm natureza de lucro ou dividendo, mas de receita financeira. Regime jurídico tributário diferenciado. Os juros recebidos em decorrência de aplicação capital próprio em outra pessoa jurídica compõem a base de cálculo do IRPJ. Cita outros acórdãos do CARF no mesmo sentido e decisão do STJ. SUPOSTA NULIDADE DO AI POR AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO FATO GERADOR Cita o Decreto 70.235/72, art. 59 e art. 60, e afirma que foi propiciado ao sujeito passivo o efetivo direito de defesa que apresentou longo e detalhado arrazoado, contestando o mérito da questão. A jurisprudência da Câmara Superior do CARF tem firmado entendimento de que se o autuado revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, mostrase incabível a declaração de nulidade do lançamento por cerceamento de defesa. Cita doutrina. Acrescenta que foram devidamente informados no AI todos os requisitos do art. 10 do Decreto 70.235/72 e também estão presentes os ditames do art. 142 do CTN. Explica que a fiscalização não deixa dúvidas de que os valores recebidos em virtude do usufruto devem ser apropriados com renda tributável submetida ao regime de tributação de ajuste anual. O fato de se ter mencionado que as importâncias recebidas pelo contribuinte em razão do usufruto deveriam ser consideradas como alugueis ou royalties não nulifica o lançamento, na medida em que a submissão de tais rendimentos ao regime de ajuste anual independe de tal enquadramento. Quer fossem as importâncias recebidas efetivamente alugueis ou royalties, quer fossem enquadradas pela fiscalização genericamente como rendimentos recebidos de pessoa jurídica, a consequência jurídicotributária seria a mesma, submissão ao ajuste anual. PEDIDO Requer seja negado seguimento ao recurso voluntário, mantendose a decisão recorrida. É o relatório. Fl. 1290DF CARF MF Processo nº 10437.720889/201482 Acórdão n.º 2401004.568 S2C4T1 Fl. 1.285 13 Voto Vencido Conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini Relatora. ADMISSIBILIDADE O recurso voluntário foi oferecido no prazo legal, assim, deve ser conhecido. INTRODUÇÃO Inicialmente, ressaltese que o cerne da questão que ora se apresenta é a reclassificação dos rendimentos recebidos pelo sujeito passivo do Banco Daycoval, declarados por ele como sendo distribuição de juros sobre capital próprio JCP e/ou dividendos, considerados pela fiscalização como rendimentos tributáveis, sujeitos ao regime de tributação de ajuste anual. A discussão sobre tal procedimento é questão de mérito que será apreciada no presente voto. DECADÊNCIA Caso o procedimento adotado pelo sujeito passivo tivesse sido considerado correto, não teria sido feito o lançamento. Entretanto, uma vez que a fiscalização reclassificou os valores declarados, a decadência deve ser avaliada em relação à forma de tributação apontada pela fiscalização. Não cabe então o argumento de que os valores de JCP estão sujeitos à tributação exclusiva na fonte, cujo fato gerador do imposto sobre a renda seria a data do pagamento, uma vez que tais rendimentos foram reclassificados como rendimentos tributáveis no ajuste anual. Para os rendimentos sujeitos ao ajuste anual, a Lei 9.250/95, art. 7º e art. 13, parágrafo único, dispõem que: Art. 7º A pessoa física deverá apurar o saldo em Reais do imposto a pagar ou o valor a ser restituído, relativamente aos rendimentos percebidos no anocalendário, e apresentar anualmente, até o último dia útil do mês de abril do ano calendário subseqüente, declaração de rendimentos em modelo aprovado pela Secretaria da Receita Federal. Art. 13. O montante determinado na forma do artigo anterior constituirá, se positivo, saldo do imposto a pagar e, se negativo, valor a ser restituído. Parágrafo único. Quando positivo, o saldo do imposto deverá ser pago até o último dia útil do mês fixado para a entrega da declaração de rendimentos. Fl. 1291DF CARF MF 14 Tais dispositivos legais conferem ao imposto sobre a renda os contornos de um lançamento por homologação, aplicandose então, para se apurar a decadência, o comando do CTN, art. 150, § 4º: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. No caso dos rendimentos submetidos à tributação no ajuste anual, a data de ocorrência do fato gerador corresponde ao dia 31 de dezembro de cada anocalendário. No presente caso, o fato gerador mais remoto ocorreu em 31/12/09, começando nesta data a fluir o prazo decadencial de cinco anos. Assim, a fiscalização teria até 31/12/14 para efetuar o lançamento. Como a ciência do sujeito passivo ocorreu em 10/12/14 (Aviso de Recebimento AR à fl. 800), não há que se falar em decadência. NULIDADE A fiscalização ao reclassificar os valores recebidos pelo sujeito passivo, considerados por ele como JCP e dividendos, considerou que tais rendimentos devem ser tributados, por determinação legal, pelo regime de tributação de ajuste anual, que, no caso, submetese à alíquota de 27,5% dos rendimentos anuais auferidos. Consta do TVF, conforme relatado, que a instituição do usufruto “apenas concede ao contribuinte o direito de receber, de outro sócio, ou diretamente por parte do banco, a mando do sócio cedente do direito, ou por lei, VALORES EQUIVALENTES àqueles que seriam pagos ou creditados ao acionista” , não dando direito ao “sócio a descoberto” de “perceber os recursos econômicos e financeiros a que o sócio de direito faz jus a receber da sociedade, não transforma esse direito do sócio a descoberto no mesmo direito do verdadeiro sócio, aquele que é o real proprietário das ações/quotas que deram origem à parcela de rendimentos sem fundamentos societários recebidos por aquele, por meio de um negócio jurídico qualquer”. A fiscalização (fl. 779) deixa claro que a natureza do rendimento não é de JCP ou dividendos, devendo tais rendimentos serem apropriados como renda tributável, semelhantemente a alugueis e/ou royalties, nos termos do RIR/99, art. 53 Art. 53. Serão também consideradas como aluguéis ou royalties todas as espécies de rendimentos percebidos pela ocupação, uso, fruição ou exploração dos bens e direitos, além dos referidos nos arts. 49 e 52, tais como [...] Fl. 1292DF CARF MF Processo nº 10437.720889/201482 Acórdão n.º 2401004.568 S2C4T1 Fl. 1.286 15 Da leitura do TVF vêse claramente que em nenhum momento a fiscalização apurou rendimentos de alugueis ou royalties, mas apenas afirmou que os rendimentos recebidos pelo sujeito passivo são tributáveis, tal qual, os alugueis ou royalties. Assim, descabidos os argumentos de desrespeito ao art. 142 do CTN e ao art. 10 do Decreto 70.235/72. Também não há que se falar em cerceamento do direito de defesa, pois a recorrente demonstra na impugnação e no recurso voluntário apresentados, perfeito entendimento sobre o lançamento, fato gerador, base de cálculo, alíquotas, tributo devido e sujeito passivo da obrigação. Se não há qualquer lançamento a título de alugueis ou royalties, também não tem razão o contribuinte ao questionar a natureza destas verbas. Quanto à legalidade do lançamento, mais uma vez, descabido o argumento do recorrente, como já relatado e acima afirmado, não houve transformação de valores de JCP e dividendos em alugueis ou royalties. O que se verifica foi um pagamento realizado pelo Banco Daycoval, em valor equivalente aos devidos à Daycoval Holding a título de JCP e dividendos, a pessoa física. Tais valores recebidos pelo recorrente, que não se enquadram como JCP ou dividendos, foram, portanto, considerados como tributáveis. Se uma empresa paga a uma pessoa física qualquer valor que não se enquadre nas hipóteses de isenção ou rendimento tributável exclusivamente na fonte, nos termos da lei, tais valores possuem a natureza de rendimento tributável, independentemente do nome dado à verba. DOUTRINA, JURISPRUDÊNCIA E DECISÕES ADMINISTRATIVAS Em que pese o respeito aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais apresentados no recurso, inclusive o que consta no voto vencedor do Acórdão 1103001.123, citado no recurso, eles não têm o condão de vincular este órgão julgador. O CTN, art. 100, II, dispõe que: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: [...] II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; [...] Conforme consta do Acórdão de impugnação, as consultas que vinculam a administração tributária são as Soluções de Consulta Cosit e as Soluções de Divergência, nos termos da Instrução Normativa IN RFB 1.396/13, art. 13. No âmbito do CARF, apenas as hipóteses descritas nos artigos 62 e 75 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Fl. 1293DF CARF MF 16 Portaria MF nº 343, de 9/6/15, na redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016, vinculam o julgamento: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Art. 75. Por proposta do Presidente do CARF, do Procurador Geral da Fazenda Nacional, do Secretário da Receita Federal do Brasil ou de Presidente de Confederação representativa de categoria econômica ou profissional habilitada à indicação de conselheiros, o Ministro de Estado da Fazenda poderá atribuir à súmula do CARF efeito vinculante em relação à administração tributária federal. Fl. 1294DF CARF MF Processo nº 10437.720889/201482 Acórdão n.º 2401004.568 S2C4T1 Fl. 1.287 17 OFENSA AO ART. 110 DO CTN Sobre este assunto, transcrevese o conteúdo que consta no voto do acórdão de impugnação, que muito bem tratou da questão: Incabível também a alegação trazida na impugnação de que o lançamento teria ferido o art. 110 do CTN, uma vez que esse dispositivo é direcionado ao legislador, cabendo a esta instância de julgamento somente aplicar as determinações existentes na legislação tributária, conforme definido no já transcrito no art. 142 do CTN: Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. MÉRITO A fiscalização não questionou o procedimento adotado pelo contribuinte quando instituiu o usufruto dos direitos econômicos das ações, muito menos os fatos que determinaram tal conduta do recorrente. Como afirmado no início deste voto, o cerne da questão que ora se apresenta é a reclassificação dos rendimentos recebidos pelo sujeito passivo do Banco Daycoval, declarados por ele como sendo distribuição de juros sobre capital próprio JCP e/ou dividendos, considerados pela fiscalização como rendimentos tributáveis. A atividade vinculada do agente administrativo não o permite interpretar a lei de forma diversa, devendo observar o disposto no CTN, art. 142: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Cumpre, inicialmente, perquirir a quem cabe o recebimento de JCP e dividendos de uma empresa. Para avaliar o JCP, deve ser observada a Lei 9.249/95, art. 9º, e o RIR/99, art. 347: Lei 9.249/95: Art. 9º A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados Fl. 1295DF CARF MF 18 individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP. (grifo nosso) [...] § 2º Os juros ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de quinze por cento, na data do pagamento ou crédito ao beneficiário. § 3º O imposto retido na fonte será considerado: I antecipação do devido na declaração de rendimentos, no caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real; II tributação definitiva, no caso de beneficiário pessoa física ou pessoa jurídica não tributada com base no lucro real, inclusive isenta, ressalvado o disposto no § 4º; [...] RIR/99: Art. 347. A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos de apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP Da leitura da legislação citada, notase que o destinatário do JCP é o sócio ou acionista da pessoa jurídica, para remunerar o capital por ele investido na empresa. Quanto aos dividendos, devese observar o comando do RIR/99, art. 663: Art. 663. Estão isentos do imposto os lucros e dividendos pagos a sócios, acionistas ou titular de empresa individual, que não ultrapassarem o valor que serviu de base de cálculo do imposto de renda da pessoa jurídica, deduzido do imposto correspondente (grifo nosso) Destacase que quanto a isenção, assim dispõe o CTN: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: [...] II outorga de isenção; [...] Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Diante da interpretação literal da legislação tributária que trata da isenção, na ausência de lei que atribua isenção aos valores recebidos em razão do usufruto, não há como aplicarlhes tal benefício. Fl. 1296DF CARF MF Processo nº 10437.720889/201482 Acórdão n.º 2401004.568 S2C4T1 Fl. 1.288 19 Como bem descrito no TVF, "a mera condição de usufrutuário não transforma o mesmo em acionista, com direito à percepção de dividendos e/ou juros sobre capital próprio". Dito isto, quem a lei confere o direito de receber os dividendos e/ou JCP é o sócio ou acionista, mas não o usufrutuário. Diante da situação apresentada, verificase que o Banco Daycoval pagou ao sujeito passivo determinados valores (em montante equivalente ao JCP e dividendos devidos à Daycoval Holding) que deveriam ter sido oferecidos à tributação do IRPF, uma vez que a tributação independe da denominação dada aos rendimentos, conforme dispõe o CTN, art. 43, e a Lei 7.713/88, art. 3º: CTN Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. § 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. Lei 7.713/88 Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. [...] § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. Fl. 1297DF CARF MF 20 Citese trecho do Acórdão de impugnação, sobre os direitos do usufrutuário: Os dispositivos legais do Direito Civil definem ter o usufrutuário direito à percepção dos frutos do bem, mas essa é uma relação particular acertada entre as partes, proprietários e usufrutuário, que não pode ser oposta à definição da fonte pagadora e do sujeito passivo, empresa investida e sócio/acionista, definidos na legislação tributária para os casos de pagamento de JCP e dividendos. Essa determinação está contida nos arts. 109, 116 e 123 do CTN, que são claros ao definir: que o direito privado não pode ser utilizado na definição dos efeitos tributários de institutos nele definidos; que o sujeito passivo da obrigação tributária é a pessoa que tem relação pessoal e direta com a situação que constituiu o fato gerador e que as convenções particulares não podem ser opostas à Fazenda Pública: Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizamse para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz se: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; [...] Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Portanto, o instrumento de concessão de usufruto só produz efeito entre as partes que o firmaram e não geram repercussões tributárias não previstas na legislação do Imposto de Renda. Certo é que o contrato faz "lei" entre as partes, contudo, não têm validade as cláusulas que são contrárias ao disposto em lei. O fato de ter o contribuinte atendido às disposições da Lei 6.404/76, para instituir o usufruto, não lhe confere o direito de opor tal determinação à Fazenda Pública. O disposto no art. 100 de referida lei não transforma o usufrutuário em acionista. Acrescentese que o disposto no art. 205 da Lei 6.404/76 faz referência apenas aos dividendos: Art. 205. A companhia pagará o dividendo de ações nominativas à pessoa que, na data do ato de declaração do dividendo, estiver inscrita como proprietária ou usufrutuária da ação. Tal dispositivo, como descrito no TVF, não deve ser interpretado isoladamente, contrariando a legislação tributária, especialmente o RIR/99, art. 663, transcrito acima. Fl. 1298DF CARF MF Processo nº 10437.720889/201482 Acórdão n.º 2401004.568 S2C4T1 Fl. 1.289 21 Ademais, tal permissão legal para pagar dividendos ao usufrutuário não pode ser estendida para o pagamento de JCP, pois possuem natureza jurídica e tratamento tributário distintos. Sendo assim, correto o procedimento fiscal que reclassificou os valores declarados pelo sujeito passivo como dividendos (rendimento isento) e JCP (rendimento sujeito à tributação exclusiva), como rendimentos tributáveis sujeitos ao ajuste anual. CONCLUSÃO Voto por conhecer do recurso, NEGANDOLHE provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Fl. 1299DF CARF MF 22 Voto Vencedor Conselheiro Cleberson Alex Friess Redator Designado Peço vênia a Ilustre Relatora para discordar do voto proferido, especificamente quanto ao mérito. Depreendese do Termo de Verificação Fiscal, às fls. 755/786, que a fiscalização não questionou a idoneidade dos atos societários praticados pelas partes, inclusive a criação da Holding, assumindo que é perfeitamente lícita a instituição do usufruto dos direitos econômicos de participações societárias sob a ótica do direito privado. A controvérsia instaurada pela autoridade lançadora referese aos efeitos tributários decorrentes do usufruto reservado aos acionistas, dentre eles o ora recorrente, da sociedade Daycoval Holding Financeira S/A sobre os direitos econômicos das ações do Banco Daycoval S/A e a consequente apuração do imposto sobre a renda incidente sobre o acréscimo patrimonial da pessoa física. Em síntese apertada, para a fiscalização o pagamento de lucros/dividendos e de juros sobre capital próprio constitui remuneração para os sócios em virtude do capital aplicado na sociedade. Todavia, o usufrutuário não participa diretamente da composição do capital social da sociedade e recebe valores com origem no seu direito real sobre a coisa alheia, e não na condição de acionista da companhia. Logo, os valores recebidos pelo usufrutuário são rendimentos sujeitos ao regime ordinário de tributação no ajuste anual, sem direito à isenção e/ou tributação definitiva do imposto sobre a renda. Tal linha de raciocínio acabou sendo acatada pela decisão de primeira instância e pelo voto da I. Relatora. Pois bem. Longe de questões de fato, a matéria em debate nos autos cingese à interpretação da legislação tributária atinente à distribuição de lucros/dividendos e de juros sobre capital próprio diretamente ao usufrutuário, como parcelas dos rendimentos produzidos pelas participações societárias que foram objeto de usufruto. Em outros dizeres, a tarefa do intérprete consiste em pesquisar e extrair o exato conteúdo das normas jurídicas contidas no art. 9º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, que trata da tributação exclusiva na fonte pagadora relacionada aos pagamentos a título de juros sobre capital próprio, assim como no art. 10 da mesma Lei, o qual dispõe sobre a isenção do imposto de renda sobre pagamentos de lucros/dividendos. Com vistas a tal análise interpretativa, cabe relembrar inicialmente o que prescreve o art. 109 do Código Tributário Nacional (CTN), veiculado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, abaixo reproduzido: Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizamse para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Fl. 1300DF CARF MF Processo nº 10437.720889/201482 Acórdão n.º 2401004.568 S2C4T1 Fl. 1.290 23 Ao cuidar de instituto previsto no Código Civil, o significado e a extensão do usufruto são obtidos a partir do conjunto normativo do direito privado. Porém, é lícito ao legislador, e não ao intérprete, conferir efeitos tributários próprios, diversos daqueles normalmente produzidos nas relações entre particulares, os quais estarão submetidos aos princípios de direito tributário. Acontece que o legislador tributário, na matéria controversa, não atribuiu ao instituto do usufruto efeitos tributários específicos, o que implica remeter o hermeneuta aos efeitos típicos decorrentes do direito privado, cuja interpretação reclama, no caso do usufruto de ações, também a investigação das normas de direito societário. Segundo a definição civilista, o proprietário do bem é aquele tem a faculdade de usar, gozar e dispor, além do direito de reavêlo do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha (art. 1.228 do Código Civil, veiculado pela Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002). Por sua vez, o instituto do usufruto representa uma divisão das faculdades inerentes ao direito de propriedade, cujo direito real de obtenção dos frutos e das utilidades é conferido a outrem (arts. 1.390 e 1.394 do Código Civil). Quero dizer com isso que o usufrutuário detém a possa direta da coisa, possuindo o direito real de uso e gozo do bem, explorandoo economicamente na retirada de seus rendimentos e acessórios. O nuproprietário, por outro lado, permanece com a faculdade de dispor do bem. No âmbito da disciplina das sociedades por ações, a Lei nº 6.404, 15 de dezembro de 1976 (Lei das S/A), contém diversos dispositivos que cuidam especificamente da possibilidade de constituição do usufruto sobre participações societárias. Senão vejamos, entre outros: Outros Direitos e Ônus Art. 40. O usufruto, o fideicomisso, a alienação fiduciária em garantia e quaisquer cláusulas ou ônus que gravarem a ação deverão ser averbados: (...) Voto das Ações Gravadas com Usufruto Art. 114. O direito de voto da ação gravada com usufruto, se não for regulado no ato de constituição do gravame, somente poderá ser exercido mediante prévio acordo entre o proprietário e o usufrutuário. (...) Direito de Preferência Art. 171. Na proporção do número de ações que possuírem, os acionistas terão preferência para a subscrição do aumento de capital. (...) Fl. 1301DF CARF MF 24 § 5º No usufruto e no fideicomisso, o direito de preferência, quando não exercido pelo acionista até 10 (dez) dias antes do vencimento do prazo, poderá sêlo pelo usufrutuário ou fideicomissário. (...) Pagamento de Dividendos Art. 205. A companhia pagará o dividendo de ações nominativas à pessoa que, na data do ato de declaração do dividendo, estiver inscrita como proprietária ou usufrutuária da ação. (...) (GRIFEI) Não é difícil perceber que a lei das sociedades por ações, em respeito ao conceito civil de usufruto, prevê o aproveitamento pelo usufrutuário dos rendimentos produzidos pelas participações societárias, consistente nas faculdades de usar e fruir das ações do capital social. Conquanto não empregue uma linguagem uniforme em todos os artigos que tratam do usufruto, a Lei S/A reconhece, ao fim e ao cabo, que tanto nuproprietário quanto usufrutuário estão legitimados a exercerem direitos de acionistas. É que conforme realçado pelo votocondutor do Acórdão nº 1103001.123, proferido pela 3ª Turma da 1ª Câmara da Primeira Seção, na sessão de 21/10/2014, com base na doutrina de Modesto Carvalhosa, o nuproprietário tem a titularidade primária da ação e o usufrutuário detém a sua titularidade secundária. Salta aos olhos ainda que o art. 205 da Lei das S/A, acima reproduzido, contém expressa previsão para pagamento de dividendos ao usufrutuário. Nada menciona a Lei, contudo, a respeito dos juros sobre capital próprio, até porque é um instituto criado mais recentemente. Acentuou com lucidez a I. Relatora que dividendos e juros sobre capital próprio possuem natureza jurídica e tratamentos tributários distintos. É uma assertiva verdadeira. Entretanto, em uma acepção ontológica dos termos, ambos são formas de remuneração do acionistas pelo capital investido na companhia. Os lucros/dividendos remuneram o resultado econômico da sociedade, enquanto os juros sobre capital próprio tem por finalidade remunerar o capital do investidor que deixou de ser direcionado, por opção do acionista, a outra aplicação financeira. Em uma e outra hipótese apontada, são riquezas representativas de direitos econômicos das ações, consistindo em rendimentos a serem aproveitados pelo usufrutuário, na concepção de proveitos dos frutos e utilidades que a coisa alheia produz. Nessa linha de compreensão sobre o tema, é interessante anotar que a própria Lei nº 9.249, de 1995, que possui natureza tributária, estabelece a possibilidade de as companhias pagarem juros sobre capital próprio em substituição aos lucros/dividendos. Reproduzo o § 7º do seu art. 9º: Fl. 1302DF CARF MF Processo nº 10437.720889/201482 Acórdão n.º 2401004.568 S2C4T1 Fl. 1.291 25 Art. 9º (...) § 2º Os juros ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de quinze por cento, na data do pagamento ou crédito ao beneficiário. (...) § 7º O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de remuneração do capital próprio, poderá ser imputado ao valor dos dividendos de que trata o art. 202 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sem prejuízo do disposto no § 2º. (...) (GRIFEI) Dessa forma, levando em conta o regramento normativo exposto do direito civil e societário, é possível assegurar que, uma vez instituído o usufruto, os lucros/dividendos e os juros sobre capital próprio, pagos ou creditados como resultado produzido pelas participações societárias, são rendimentos que pertencem ao usufrutuário. No tocante à legislação tributária, cabe realçar que a subsunção do fato à regra de incidência tributária do imposto sobre a renda enseja, via de regra, a tributação do acréscimo patrimonial. Por isso, os dispositivos legais que estabelecem exceções à tributação ordinária, a exemplo daqueles que conferem isenção aos rendimentos percebidos ou estabelecem a aplicação de alíquotas mais benéficas ao contribuinte, devem ser interpretados de forma literal, tal como indica o art. 111 do CTN: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: (...) II outorga de isenção; (...) Porém, o legislador não quis dizer que não se possa utilizar os critérios teleológico, histórico e sistemático na interpretação da legislação tributária que trata de regras de exceção. É que a legislação tributária, em que pese a autonomia de conceitos próprios, não pode ser examinada de maneira dissociada das demais normas que fazem parte do ordenamento jurídico, sob pena de levar a um distanciamento do alcance do texto de lei. Em verdade, a interpretação literal a que alude o CTN diz respeito aos efeitos tributários produzidos pela avaliação do hermeneuta, devendo as normas de exceção serem interpretadas de maneira estrita. Fl. 1303DF CARF MF 26 Significa que a interpretação não comporta ampliação da norma jurídica, tampouco analogias. Mas não só. Também é inviável a utilização de exegese restritiva, a qual acarreta distinção onde a lei não distingue ("ubi lex non distingui nec nos distinguere debemus"). Traçados os contornos básicos do meu ponto de vista sobre o viés interpretativo da matéria controvertida, passase ao exame dos correspondentes dispositivos legais, considerando que o recorrente declarou parte dos valores recebidos como isentos (lucros/dividendos) e outra parte como de tributação exclusiva na fonte (juros sobre capital próprio). Em ambas as situações, a autoridade lançadora reclassificou os rendimentos, oriundos do exercício do usufruto, para fins do lançamento de ofício do crédito tributário, submetendoos à tributação no ajuste anual. Juros sobre Capital Próprio Para melhor visualização do conteúdo do dispositivo de lei, transcrevo o art. 9º da Lei nº 9.249, de 1995, no que interessa ao feito: Art. 9º A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP. (...) § 2º Os juros ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de quinze por cento, na data do pagamento ou crédito ao beneficiário. § 3º O imposto retido na fonte será considerado: (...) II tributação definitiva, no caso de beneficiário pessoa física ou pessoa jurídica não tributada com base no lucro real, inclusive isenta, ressalvado o disposto no § 4º; (...) (GRIFEI) Esse é o mesmo teor dos arts. 347 e 668 do Regulamento do Imposto sobre a Renda, veiculado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99): Art. 347. A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos de apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP (Lei nº 9.249, de 1995, art. 9º). (...) Fl. 1304DF CARF MF Processo nº 10437.720889/201482 Acórdão n.º 2401004.568 S2C4T1 Fl. 1.292 27 § 2º Os juros ficarão sujeitos à incidência do imposto na forma prevista no art. 668 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 9º, § 2º). (...) Art. 668. Estão sujeitos ao imposto na fonte, à alíquota de quinze por cento, na data do pagamento ou crédito, os juros calculados sobre as contas do patrimônio líquido, na forma prevista no art. 347 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 9º, § 2º). § 1º O imposto retido na fonte será considerado (Lei nº 9.249, de 1995, art. 9º, § 3º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 51, parágrafo único): (...) II tributação definitiva, nos demais casos, inclusive se o beneficiário for pessoa jurídica isenta. (...) Em linha de aderência com o retratado neste voto, nenhum efeito tributário específico atribuiu o legislador ao usufruto. Embora o regime jurídico esteja regulado pela Lei nº 9.249, de 1995, o legislador não impôs limitações ao recebimento pelo usufrutuário de valores a título de juros sobre capital próprio, que, em razão da instituição do usufruto, a ele pertencem. Configurase restritiva a interpretação de que a expressão "acionista", tal como inserida na "cabeça" do art. 9º da Lei nº 9.249, de 1995, diga respeito somente ao beneficiário que detém a participação acionária direta na pessoa jurídica, na condição de proprietário pleno ou mesmo de possuidor da nua propriedade dos ativos, com exclusão das pessoas físicas usufrutuárias dos direitos econômicos. O legislador não adotou esse tipo de restrição, mesmo porque a instituição do usufruto não altera a natureza jurídica dos frutos percebidos pelo usufrutuário. É da essência do usufruto o aproveitamento dos rendimentos pelo usufrutuário, em harmonia com as disciplinas previstas nas leis civil e societária, que abrange, entre outros, os juros sobre capital próprio. A condição de usufrutuário implica considerálo acionista, para fins de percepção dos juros sobre capital próprio. De fato, como dito, o usufrutuário detém a titularidade secundária das participações acionárias. À vista disso, correta a classificação dos valores recebidos pelo recorrente do Banco Daycoval S/A, no período da autuação, como rendimentos a título de juros sobre capital próprio. Os juros pagos ou creditados, a título de remuneração do capital próprio, devem ser tributados exclusivamente na fonte à alíquota de 15% (quinze por cento), na data do pagamento ou crédito. Logo, é improcedente o lançamento de ofício do crédito tributário na forma de rendimentos tributáveis sujeitos ao ajuste anual. Fl. 1305DF CARF MF 28 Dada a insubsistência do crédito tributário lançado pela fiscalização, deixo de reavaliar, por absolutamente desnecessário, o critério para o cômputo do prazo decadencial aplicável aos rendimentos pagos a título de juros sobre capital próprio, tributados exclusivamente na fonte. Lucros/Dividendos Neste ponto controvertido, copio a redação do "caput" do art. 10 da Lei nº 9.249, de 1995: Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. (...) O texto de lei está reproduzido no inciso XXIX do art. 39 e no art. 692 do RIR/99: Rendimentos Diversos Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...) XXIX os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado (Lei nº 9.249, de 1995, art. 10); (...) Lucros ou Dividendos Apurados a partir de 1º de janeiro de 1996 Art. 692. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real ou arbitrado a pessoa física ou jurídica, domiciliada no exterior, não estão sujeitos à incidência do imposto na fonte (Lei nº 9.249, de 1995, art. 10). De pronto, observase que a legislação de regência não faz qualquer menção à figura do titular, sócio ou acionista. Os lucros/dividendos apurados a partir de 1º de janeiro de 1996, como é a hipótese dos autos, pagos ou creditados a pessoa física ou jurídica, não estão sujeitos á incidência do imposto sobre a renda na fonte, tampouco integram a base de cálculo do imposto submetido ao ajuste anual da pessoa física. Fl. 1306DF CARF MF Processo nº 10437.720889/201482 Acórdão n.º 2401004.568 S2C4T1 Fl. 1.293 29 Cuidase de uma verdadeira isenção tributaria de natureza objetiva, na medida em que o legislador ordinário escolheu como parâmetro um determinado fato jurídico, sem levar em consideração as condições das pessoas beneficiadas pela exceção. Em outras palavras, a isenção alcança a riqueza lucros/dividendos na sua concepção primária, ou seja, os lucros/dividendos das pessoas jurídicas apurados com base nos seus resultados e pagos ou creditados aos respectivos beneficiários dos rendimentos. E como exaustivamente afirmado, o usufrutuário, haja vista a essência do instituto do usufruto, é beneficiário dos lucros/dividendos. Além dos argumentos já deduzidos no presente voto, nessa situação é ainda mais evidente que o legislador não circunscreveu o tratamento tributário diferenciado apenas para o beneficiário que detenha participação acionária direta na pessoa jurídica, promovendo a exclusão do usufrutuário da regra de isenção. Daí porque, utilizandose de via inadequada, a interpretação da autoridade lançadora inova a norma jurídica contida no art. 10 da Lei nº 9.249, de 1995. Assim sendo, correta a classificação dos valores recebidos pelo recorrente do Banco Daycoval S/A, no período da autuação, como rendimentos a título de lucros/dividendos recebidos de pessoa jurídica. Os valores pagos ou creditados, a título de lucros/dividendos apurados a partir de 1996, são rendimentos isentos do imposto sobre a renda da pessoa física. Logo, também é improcedente o lançamento de ofício do crédito tributário na forma de rendimentos tributáveis sujeitos ao ajuste anual. Conclusão Ante o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 1307DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.010127/2005-20
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 23 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Anocalendário: 2000
DESPESAS DE PROPAGANDA. CONTRATO DE FRANQUIA.
As despesas com propaganda enviadas para o franqueador encontramse sob a tutela de dedutibilidade contida no Regulamento do Imposto de Renda RIR/ 99 art. 366, IV.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL
Anocalendário: 2000
LANÇAMENTO DECORRENTE
Em se tratando de base de cálculo originária da infração que motivou o lançamento principal, deve ser observado para o lançamento decorrente o que foi decidido para o lançamento matriz, qual seja que as despesas com propaganda enviadas para o franqueador encontram se sob a tutela de dedutibilidade contida no Regulamento do Imposto de Renda RIR/99 art. 366, IV.
Dado provimento ao Recurso Voluntário.
Numero da decisão: 1803-000.819
Decisão: ACORDAM os membros da especial do primeira SEÇÃO DE JULGAMENTO,
dar provimento ao recurso voluntario para excluir as glosas efetuadas pela fiscalização referente às despesas com propagandas efetuadas no ano calendário de 2000 da base de calculo do IRPJ e CSLL, cancelando o lançamento tributário constante das fls. 4 a 18 dos autos.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: Sérgio Luiz Bezerra Presta
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CONTRATO DE FRANQUIA. As despesas com propaganda enviadas para o franqueador encontramse sob a tutela de dedutibilidade contida no Regulamento do Imposto de Renda RIR/99 art. 366, IV. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2000 LANÇAMENTO DECORRENTE Em se tratando de base de cálculo originária da infração que motivou o lançamento principal, deve ser observado para o lançamento decorrente o que foi decidido para o lançamento matriz, qual seja que as despesas com propaganda enviadas para o franqueador encontramse sob a tutela de dedutibilidade contida no Regulamento do Imposto de Renda RIR/99 art. 366, IV. Dado provimento ao Recurso Voluntário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da especial do primeira SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, dar provimento ao recurso voluntario para excluir as glosas efetuadas pela fiscalização referente às despesas com propagandas efetuadas no anocalendário de 2000 da base de calculo do IRPJ e CSLL, cancelando o lançamento tributário constante das fls. 4 a 18 dos autos. (assinado digitalmente) Sérgio Luiz Bezerra Presta (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Relator Presidente Fl. 685DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (presidente da turma), Walter Adolfo Maresch, Sergio Rodrigues Mendes, Marcelo Fonseca Vicentini e enedicto Celso Benício Júnior. Fl. 686DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA Processo nº 10580.010127/200520 Acórdão n.º 180300.819 S1TE03 Fl. 3 3 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 649/682, interposto pela contribuinte SALCO COMÉRCIO DE ALIMENTOS S/A. contra decisão da 2a Turma da DRJ em SalvadorBA, de fls.635/640, que julgou improcedente a impugnação apresentada pela contribuinte. A controvérsia originouse de auto de infração lavrado em 08/11/2005, através do qual a autoridade administrativa identificou falta de recolhimento de IRPJ e CSLL no ano calendário de 2000 em decorrência, segundo a autoridade administrativa, “as despesas com propaganda, mesmo que fixadas em contrato de franquia, para serem aceitas como dedutíveis na apuração do lucro real, devem ser comprovadas com documentação hábil e idônea”. Em razão de sua pertinência, transcrevo abaixo o relatório da decisão recorrida, o qual adoto: “Tratase de autos de infração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica — IRPJ (fls.03/08) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido — CSLL (09/14), decorrentes da apuração de despesas não comprovadas, de acordo com a descrição dos fatos, que tem o seguinte teor, em síntese: conforme planilhas apresentadas pela empresa (fls. 17/29), a contribuinte pagou, a título de propaganda, a importância total, no ano de 2000, de R$730.315,95, correspondente a 5% do somatório das vendas deduzido dos impostos incidentes sobre essas vendas; a autuada, intimada a apresentar os comprovantes dos valores pagos,apresentou diversos boletos bancários, sem identificação de seus beneficiários; novamente intimada a apresentar os comprovantes, tais como notas fiscais e recibos emitidos pelos beneficiários, e após diversos pedidos de prorrogação de prazo, a interessada apresentou diversas notas fiscais. Da análise dessas notas, verificouse que não foram emitidas em nome da contribuinte e, também, que totalizavam R$1.483.355,05; com isso, concluiuse que a contribuinte não comprovou a despesa em questão, embora tenha sido intimada reiteradas vezes a fazêlo, impondo a lavratura dos autos de infração do IRPJ e da CSLL, decorrentes da glosa das despesas de propaganda escrituradas na conta 212012001; através da conferência dos valores escriturados com aqueles demonstrados nas planilhas elaboradas pela empresa, constatouse uma diferença no mês de janeiro de 2000, o que implicou na apuração de um total de despesa com propaganda Fl. 687DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA 4 da ordem de R$730.517,77, correspondente ao valor tributável dos lançamentos em análise. A interessada tomou ciência dos lançamentos em 08/11/2005 e apresentou, em 07/12/2005, as impugnações de fls. 94/107 (CSLL) e 358/370 (IRPJ), acompanhadas dos documentos de fls. 108/357 e 371/619, respectivamente, com as seguintes alegações, em síntese: • o lançamento fiscal resulta de supostas irregularidades atribuídas à autuada, em decorrência do exercido de uma atividade empresarial (exploração de Restaurantes McDonald's), pautada em direitos e obrigações emergentes de Contratos de Franquia Empresarial celebrados entre a impugnante, como Franqueado, e a McDonald's Comércio de Alimentos Ltda., como Franqueador, anexados às fls.124/289, sendo um contrato para cada uma das cinco lojas; conforme Cláusula 5 do citado Contrato de Franquia, a impugnante (Franqueado) "comprometese a transferir mensalmente ao Franqueador importância equivalente a 5% (cinco por cento) das Vendas Brutas (conforme definido adiante), importância essa que o Franqueador destinará à publicidade e à promoção das atividades desenvolvidas pelos Restaurantes McDonald's"; • a impugnante, no ano de 2000, efetuou os pagamentos a que estava obrigada por contrato, como comprovam os boletos bancários e a planilha demonstrativa dos valores pagos a título de propaganda, escriturados na conta 212102001 (fls. 291/344); • verificase que consta expressamente dos boletos bancários, como Cedente (beneficiário dos depósitos), o Franqueador McDonald's Comércio de Alimentos Ltda. O fato de alguns dos boletos do Banco Real estarem sem o nome do beneficiário não dificulta em nada a sua identificação, já que constam outros boletos do mesmo banco nos quais consta expressamente como Cedente o Franqueador (McDonald's Comércio de Alimentos Ltda.) e, o que é mais importante, com a expressa identificação da Agência/Código do Cedente (0689/8704451), que estão presentes em todos os boletos do Banco Real ora anexados; Além disso, consta nos boletos a expressão "ESTE BOLETO DESTINASE EXCLUSIVAMENTE PARA PAGAMENTO DE PROPAGANDA". Esta mensagem está aposta sobre a marca "M" do Sistema McDonald's; • finalmente, como prova irrefutável dos pagamentos e da identificação do seu beneficiário, a impugnante anexa uma declaração assinada pelo Diretor Financeiro da McDonald's Comércio de Alimentos Ltda. (fls. 345/350), na qual declara que a impugnante promoveu os pagamentos, a título de propaganda, no valor de R$730.517,78, referentes ao ano de 2000, valor este exatamente igual ao montante glosado pela fiscalização; • os dispositivos legais que respaldam o lançamento (arts. 249, I, 251 e parágrafo único, 299 e 300 do RIR/1999) são rigorosamente observados pela impugnante, que mantém, em perfeita regularidade, escrituração comercial e fiscal revestida das formalidades legais; Fl. 688DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA Processo nº 10580.010127/200520 Acórdão n.º 180300.819 S1TE03 Fl. 4 5 • esclareçase que não cabe à impugnante fiscalizar se a empresa encarregada da veiculação da propaganda do sistema McDonald's estaria ou não atendendo às exigências legais, tais como comprovação dos gastos efetivamente realizados, a título de propaganda. Tratase de prova a ser produzida por terceiro e que,conseqüentemente, não pode ser exigida da impugnante, cabendolhe, isso sim, demonstrar que atende ao requisito da essencialidade e observar o limite legal para a sua dedutibilidade; • a simples integração da impugnante ao Sistema McDonald's, com as obrigações e direitos que acarreta por força dos contratos firmados com o Franqueador, já constitui prova eloqüente de que as despesas de propaganda se afiguram necessárias à atividade da empresa (arts. 299 e 300 do RIR/1999). Por outro lado, o percentual de 5% de suas vendas, observado pela impugnante, conforme cláusula 5 do Contrato de Franquia, atende ao requisito de razoabilidade recomendado pela jurisprudência administrativa; • as despesas de propaganda glosadas pela fiscalização foram cobradas da impugnante no cumprimento de obrigação contratual expressa. Desse modo, não poderia a impugnante, na condição de Franqueada, deixar de cumprir o pactuado com a Franqueadora, sob pena de resilição do contrato e da resultante perda do direito à franquia, arcando com as conseqüências do inadimplemento contratual; • o que pode ser exigido da impugnante é, apenas, a prova de que o dispêndio em questão atende aos requisitos legais para sua dedutibilidade. E isso restou comprovado; • uma vez prevista no contrato a obrigação de ressarcir, pela forma pactuada,a Franqueadora pelos gastos realizados a título de propaganda, não cabe à impugnante exigir a prova documental dessas despesas, o que só pode ser feito através de exame na escrita contábil da empresa que houver efetuado o pagamento diretamente ao veículo de comunicação encarregado da publicidade; • a impugnante já foi autuada, no período de 1991 a 1994, sob o mesmo fundamento de agora, e teve seu direito reconhecido por decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais do Conselho de Contribuintes, através do Acórdão n° CSRF/0104.629 (Processo n° 10580.003202/9616), de cujo inteiro teor se junta cópia (fls. 353/357); • o simples enunciado de sua ementa evidencia que o auto de infração não encontra respaldo na jurisprudência da mais alta corte administrativa (reproduz); • o citado acórdão deu provimento, por unanimidade, ao recurso especial manifestado naquela ocasião pela ora impugnante, reformando as decisões de primeira e segunda instâncias, no que tange à glosa de despesas com propaganda; Fl. 689DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA 6 • o Relator, em seu voto, deixa claro o entendimento no sentido de ser legítima a dedução de despesas com propaganda e publicidade quando se trate de propaganda institucionalizada ou promocional, notadamente se tal obrigação decorre de contrato. É o relatório. Voto Conselheiro Sergio Luiz Bezerra Presta, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, dele conheço. Conforme relatado, tratase procedimento fiscal que teve como origem a autoridade administrativa identificou falta de recolhimento de IRPJ e CSLL no ano calendário de 2000 em decorrência, segundo a autoridade administrativa, “as despesas com propaganda, mesmo que fixadas em contrato de franquia, para serem aceitas como dedutíveis na apuração do lucro real, devem ser comprovadas com documentação hábil e idônea” Para as empresas tributadas com base no lucro real, a definição das despesas dedutíveis é fator muito relevante. Em tese, todas as despesas são “necessárias” sob o aspecto contábil – até porque seria absurdo admitir “gastos desnecessários” na atividade empresarial, cuja finalidade é sempre a obtenção de lucro, a sim pagar os tributos que o tenham como fato gerador da obrigação tributária. Mas, o Regulamento do Imposto de Renda contém restrições e exigências no que se refere à autorização para a dedução de uma despesa efetivamente incorrida e regularmente escriturada. A grande questão, aqui, reside na subjetividade de conceitos. Vejamos o que diz o art. 299 do RIR/1999: “Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º). § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º). § 3º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem.” O antigo Parecer Normativo CST nº 32/1981 declarou que o gasto é necessário quando essencial a qualquer transação ou operação exigida pela exploração das atividades, principais ou acessórias, que estejam vinculadas com as fontes produtoras de Fl. 690DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA Processo nº 10580.010127/200520 Acórdão n.º 180300.819 S1TE03 Fl. 5 7 rendimentos. O mesmo Parecer definiu que despesa normal é aquela que se verifica comumente no tipo de operação ou transação efetuada e que, na realização do negócio, se apresenta de forma usual, costumeira ou ordinária. E afirmou, ainda, que o requisito de usualidade da despesa deve ser interpretado na acepção de habitual na espécie de negócio. Porém, em muitos casos a autoridade fiscalizadora exagera ao rotular determinada despesa como “nãonecessária”, como é no presente caso onde o argumento é restritivo quanto à admissibilidade de despesas que aparentem não preencher o conceito de necessidade e usualidade. Observando o caso nos autos quero usar como parâmetro a legislação do Imposto de Renda, mais não o art. 299 e sim as determinações do art. 366 do Decreto 3.000/99 que assim determina: “Art. 366. São admitidos, como despesas de propaganda, desde que diretamente relacionados com a atividade explorada pela empresa e respeitado o regime de competência, observado, ainda, o disposto no art. 249, parágrafo único, inciso VIII (Lei nº 4.506, de 1964, art. 54, e Lei nº 7.450, de 1985, art. 54): I os rendimentos específicos de trabalho assalariado, autônomo ou profissional, pagos ou creditados a terceiros, e a aquisição de direitos autorais de obra artística; II as importâncias pagas ou creditadas a empresas jornalísticas, correspondentes a anúncios ou publicações; III as importâncias pagas ou creditadas a empresas de radiodifusão ou televisão, correspondentes a anúncios, horas locadas ou programas; IV as despesas pagas ou creditadas a quaisquer empresas, inclusive de propaganda; V – (...) § 1º Poderá ser admitido, a critério da Secretaria da Receita Federal, que as despesas de que trata o inciso V ultrapassem, excepcionalmente, os limites previstos na alínea "c", nos casos de planos especiais de divulgação destinados a produzir efeito além de um anocalendário, devendo a importância excedente daqueles limites ser amortizada no prazo mínimo de três anos, a partir do anocalendário seguinte ao da realização das despesas (Lei nº 4.506, de 1964, art. 54, parágrafo único). § 2º As despesas de propaganda, pagas ou creditadas a quaisquer empresas, somente serão admitidas como despesa operacional quando a empresa beneficiada for registrada no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica e mantiver escrituração regular (Lei nº 4.506, de 1964, art. 54, inciso IV). § 3º As despesas de que trata este artigo deverão ser escrituradas destacadamente em conta própria. Fl. 691DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA 8 Confrontando o texto da norma legal e os documentos constante dos autos, observase que a Recorrente efetuou pagamentos, a titulo de verba para propaganda, ao seu franqueador, McDONALD's COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA., sociedade inscrita no CNPJ sob n° 42.591.651/000143, em decorrência unicamente das determinações contidas no contrato de franquia, cuja cópia encontrase as fls. 126 a 226 dos autos; contrato que assim determina: “5. PUBLICIDADE 5.1 Para que o Franqueador possa proteger e preservar a imagem mundial da McDonald's e do Sistema McDonald's, como sinônimo de Restaurantes de serviço rápido, acolhedor, limpo e sadio, permanentemente apropriado para famílias, o Franqueado se obriga, sob pena de caracterização de infração de natureza grave (item 19.1 infra), a somente usar materiais publicitários e promocionais fornecidos e/ou previamente aprovados, expressamente e por escrito, pelo Franqueador. O fato do Franqueador aprovar o material publicitário e promocional do Franqueado ou fornecer esse material ao Franqueado, não acarreta a obrigação, para o Franqueador, direta ou indiretamente, de arcar com os custos relativos a tal publicidade ou promoção. 5.2 O Franqueado comprometese a transferir mensalmente ao Franqueador, importância equivalente a 5% (cinco por cento) das Vendas Brutas (conforme definição adiante), importância essa que o Franqueador destinará à publicidade e promoção de atividades desenvolvidas pelos Restaurantes McDonald's. O Franqueador poderá, a seu exclusivo critério, proceder ajustes ou alterações nas importâncias devidas pelo Franqueado sob esta cláusula 5.2, fixando, inclusive, as datas e formas de pagamento, respeitado, entretanto, em qualquer hipótese, o limite de 5% (cinco por cento) das Vendas Brutas”. Observando o que estabelece o contrato, quero trazer a tona alguns argumentos da Recorrente inseridos no recurso voluntário que ora analisamos, constantes das fls. 656 e 657 dos autos, “verbis”: “15. Como se verifica na Cláusula 5 do Contrato de Franquia (fls.), o Franqueado, no caso, a ora Recorrente "comprometese a transferir mensalmente ao Franqueador importância equivalente a 5% (cinco por cento) das Vendas Brutas (conforme definido adiante), importância essa que o Franqueador destinará à publicidade e promoção das atividades desenvolvidas pelos Restaurantes McDonald's". (grifos nossos). 16. Assim é que, no ano de 2000, objeto da ação fiscal, a ora Recorrente efetuou os pagamentos a que estava obrigada por contrato, consoante comprova boletos bancários e planilha demonstrativa dos valores pagos a titulo de propaganda escriturados na conta 212102001 (doc. 04 anexado à impugnação de fls.). A planilha traz, mês a mês, os valores pagos por cada uma das 5 (cinco) lojas franqueadas. 17. Verificase que consta expressamente dos referidos boletos bancários, como Cedente (beneficiário do depósito), o Franqueador McDONALD's COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA. Os boletos bancários são de duas instituições bancárias: Banco Real e BankBoston. O fato de alguns dos Fl. 692DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA Processo nº 10580.010127/200520 Acórdão n.º 180300.819 S1TE03 Fl. 6 9 boletos do Banco Real estarem sem o nome do beneficiário não dificulta em nada a sua identificação, já quie existem outros boletos do mesmo Banco Real nos quais consta expressamente como Cedente (beneficiário do depósito) o Franqueador McDONALD's COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA, e o que é mais importante, com a expressa identificação da Agência/Código do Cedente (0689/8704451), que estão presentes em todos os boletos do Banco Real anexados aos autos. 18. Além disso, consta nos boletos a mensagem que "ESTE BOLETO DESTINASE EXCLUSIVAMENTE PARA PAGAMENTO DE PROPAGANDA". Esta mensagem está aposta sobre a marca "M" do Sistema McDONALD's. 19. Finalmente, como prova irrefutável dos pagamentos e da identificação do seu beneficiário, a Recorrente anexou à sua impugnação uma Declaração assinada pelo Diretor Financeiro da McDONALD's COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA (doc. 05 anexado à impugnação), na qual ele declara que a Impugnante, ora Recorrente, promoveu os pagamentos, a titulo de propaganda, no valor de R$ 730.517,78, referentes ao ano de 2000. Detalhe: este valor é exatamente o valor glosado pela Fiscalização”. Assim, o que vejo ao me deparar com os argumentos lastrados na prova documental dos autos é que a Recorrente efetivamente pagou as verbas de propaganda para seu franqueador McDONALD's COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA., sociedade inscrita no CNPJ sob n° 42.591.651/000143, e este último certamente efetivou, em nome da rede, as despesas de propaganda. Diante dessa realidade chego a uma pergunta: Será que quaisquer despesas com propaganda são dedutíveis? A minha resposta é definitivamente não! Isso porque a legislação tributária (§§ 2º e 3º do art. 366 do RIR/1999) fixou normas mais rígidas para que as referidas despesas sejam admitidas como dedutíveis; e, vejo que a Recorrente se enquadra nesses limites e parâmetros. Além do mais, o inciso IV do art. 366 do RIR/99 determina que são dedutíveis todas “as despesas pagas ou creditadas a quaisquer empresas, inclusive de propaganda”. Ora a Recorrente, por condição contratual expressa, pagou ao seu franqueador para que este efetivasse a contratação de propaganda e o repasse a verba para as empresas de propaganda em nome dos fraqueados. Isso não é receita do franqueador, mas é despesa dos fraqueados. E, não entender que tais despesas são dedutíveis para quem as suportou verdadeiramente (os fraqueados), sob argumento de falta de formalidade, é conceder ao franqueador, a empresa McDONALD's COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA., inscrita no CNPJ sob n° 42.591.651/000143 a possibilidade de esta empresa poder deduzir da base de cálculo do IR e da CSLL os valores que foram repassados às empresas de propaganda, mas que efetivamente não foram suportados por ele. Assim não há como manter o lançamento tributário, sob pena de exagerar ao rotular a despesa de propaganda paga pela Recorrente como uma despesa como “não necessária”, simplesmente porque a Recorrente não pagou diretamente a uma empresa de Fl. 693DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA 10 propaganda e sim repassou tais valores, conforme determina o contrato de franquia, para o seu franqueador Diante do exposto voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntario para excluir as glosas efetuadas pela fiscalização referente às despesas com propagandas efetuadas no anocalendário de 2000 da base de calculo do IRPJ e CSLL, cancelando o lançamento tributário constante das fls. 4 a 18 dos autos. (assinado digitalmente) Sérgio Luiz Bezerra Presta Fl. 694DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA
score : 1.0
Numero do processo: 13707.002209/2003-53
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1998
EMBARGOS INOMINADOS. ERRO DE ESCRITA.
Devem ser acolhidos os embargos inominados para correção de erro de escrita, mediante a prolação de um novo acórdão, nos termos do artigo 66 do Anexo II da Portaria MF nº 343/2015 (RICARF).
Embargos acolhidos sem efeitos infringentes.
Credito Tributário Exonerado.
Numero da decisão: 3302-003.711
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados para correção de erro de escrita.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente-Substituto), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes De Souza, Lenisa Rodrigues Prado e Orlando Rutigliani Berri.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1998 EMBARGOS INOMINADOS. ERRO DE ESCRITA. Devem ser acolhidos os embargos inominados para correção de erro de escrita, mediante a prolação de um novo acórdão, nos termos do artigo 66 do Anexo II da Portaria MF nº 343/2015 (RICARF). Embargos acolhidos sem efeitos infringentes. Credito Tributário Exonerado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados para correção de erro de escrita. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente-Substituto), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes De Souza, Lenisa Rodrigues Prado e Orlando Rutigliani Berri.
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Numero do processo: 10835.001518/2002-71
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Apr 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/1997 a 31/12/1997
AUTO DE INFRAÇÃO ELETRÔNICO - MOTIVAÇÃO DOS FATOS INSUBSISTENTE
Se a autuação toma como pressuposto de fato a inexistência de processo judicial, limitando-se a indicar como dado concreto "PROC JUD NÃO COMPROVADO", e o sujeito passivo demonstra a existência desta ação, bem como que figura no pólo ativo, deve-se reconhecer a improcedência do lançamento por absoluta falta de amparo fático - configurando vício material.
Numero da decisão: 9303-004.906
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/1997 a 31/12/1997 AUTO DE INFRAÇÃO ELETRÔNICO - MOTIVAÇÃO DOS FATOS INSUBSISTENTE Se a autuação toma como pressuposto de fato a inexistência de processo judicial, limitando-se a indicar como dado concreto "PROC JUD NÃO COMPROVADO", e o sujeito passivo demonstra a existência desta ação, bem como que figura no pólo ativo, deve-se reconhecer a improcedência do lançamento por absoluta falta de amparo fático - configurando vício material.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 00 15 18 /2 00 2- 71 Fl. 268DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 280400.008, da 4º Turma Especial da 2ª Seção que, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário, consignando a seguinte ementa: “AUTO DE INFRAÇÃO — PROCESSO JUDICIAL — COMPROVAÇÃO. Se o auto de infração tem como arrimo a inexistência de processo judicial garantidor de créditos passíveis de compensação pelo contribuinte, a comprovação idônea de sua existência é bastante para cancelar o lançamento.” Insatisfeita, a Fazenda Nacional opôs Embargos de Declaração, alegando omissão quando do direcionamento do Colegiado a nulidade do lançamento, requerendo que que fique expresso o tipo de vício que maculou o lançamento – se material ou formal. A 1ª Turma Especial da 3ª Seção, assim, apreciou os Embargos de Declaração, consignando acórdão 3801001.709 com a seguinte ementa: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/1997 a 31/12/1997 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONTRADIÇÃO OCORRÊNCIA Constatada a ocorrência de contradição na decisão embargada, deve ser dado provimento aos embargos de declaração com vistas a sanear tais incorreções. ” Para melhor elucidar, transcrevo o voto do acórdão de embargos (Grifos meus): “Os embargos de declaração foram opostos no prazo legal, razão pela qual são admitidos. Fl. 269DF CARF MF Processo nº 10835.001518/200271 Acórdão n.º 9303004.906 CSRFT3 Fl. 269 3 Efetivamente se comprova a alegada contradição, na medida em que o relator e fundamenta sua decisão nos seguintes termos: "De fato o lançamento do auto de infração se deu pela não comprovação de processo judicial que autorizaria a compensação de créditos oriundos do FINSOCIAL, excedentes à alíquota de 0,5% (meio por cento). De fato, se há nos autos a comprovação do ajuizamento de demanda judicial que garantiu a compensação, respeitada a prescrição quinquenal, não subsiste o motivo que determinou a lavratura do auto de infração." No entanto, conclui pela nulidade do auto de infração, quando o correto seria pela improcedência do lançamento, urna vez que, conforme a própria fundamentação da decisão, constata que a base fática constante da exigência não se comprovou. Em consequência, voto por dar provimento aos embargos de declaração interpostos pela PFN para retificar o último parágrafo do voto nos seguintes termos: “Destarte, porquanto comprovado nos autos a existência de decisão judicial que confere ao Recorrente o direito a compensar os créditos com o débito fiscal, voto no sentido de garantir procedência ao recurso, declarando a improcedência do auto de infração.”” Insatisfeita, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial contra o acórdão proferido pela 1ª Turma Especial da 3ª Seção, que cancelou o lançamento de débitos de COFINS, relativos ao período de julho a dezembro de 1997, decorrente da não comprovação dos créditos informados pelo contribuinte em sua DCTF. Alega, em síntese, que o embasamento fático da lavratura do auto de infração não fora a inexistência do processo judicial informado, mas sim a ausência de recolhimento de COFINS em virtude da não comprovação dos créditos informados em DCTF. Em Despacho às fls. 241 a 243, o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional foi admitido. Contrarrazões foram apresentadas pelo sujeito passivo, trazendo, entre outros, que: Fl. 270DF CARF MF 4 · Foi autuado de forma eletrônica ao enfoque de não pagamento da Cofins do período mencionado; · O sujeito passivo efetuou a compensação do crédito reconhecido pela ação judicial, com parcelas vincendas da Cofins, nos períodos ora mencionados, sendo certo que, por não ter á época campo próprio para a compensação em DCTF – ocorreu o auto de infração eletrônico por entender que não houve pagamento; · Conforme vários documentos apresentados aos autos, foi comprovada a compensação efetuada, bem como o crédito reconhecido – inclusive pela própria autoridade fazendária. · A defesa e recurso apresentados não tem o condão de discutir a matéria nas duas esferas administrativa e judicial. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora Depreendendose da análise do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, entendo que devo conhecêlo, eis que observados os pressupostos para a admissibilidade do r. recurso. Contrarrazões devem ser consideradas, eis que tempestivas. Ventiladas tais considerações, passo a analisar as discussões acerca da “Nulidade” do Auto de Infração no caso vertente. Ou melhor, pela improcedência do lançamento. Primeiramente, importante trazer o que contemplou o Auto de Infração: “O presente Auto de Infração originouse da realização de Auditoria Interna na(s) DCTF discriminada(s) no quadro 3 (três), conforme IN SRF n° 045 e 077/98. “Contexto Fl. 271DF CARF MF Processo nº 10835.001518/200271 Acórdão n.º 9303004.906 CSRFT3 Fl. 270 5 Fo(ram) constatada(s) irregularidade(s) no(s) crédito(s) vinculado(s) informado(s) na(s) DCTF, conforme indicada(s) no Demonstrativo de Créditos Vinculados não Confirmados (Anexo I), e/ou no "Relatório de Auditoria Interna de Pagamentos Informados na(s) DCTF' (Anexos Ia ou Ib), e /ou "Demonstrativo de Pagamentos Efetuados Após o Vencimento" (Anexos IIa ou IIb), e/ou no "Demonstrativo do Crédito Tributário a Pagar" (Anexo III) e/ou no "Demonstrativo de Multa e/ou Juros a Pagar Não Pagos ou Pagos a Menor" (Anexo IV) . Para efetuar o pagamento da(s) diferença(s) apurada(s) em Auditoria Interna, objeto deste Auto de Infração, o contribuinte deve consultar as "Instruções de Pagamento" (Anexo V).” “Fatos e Enquadramento Legal FALTA DE RECOLHIMENTO OU PAGAMENTO DO PRINCIPAL, DECLARAÇÃO INEXATA, conforme Anexo III. DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO A PAGAR, em anexo. Arts. 1 a 4 LC 70/91; art. 1 L 9249/95; art. 57 L 9069/95; arts 56 e par um, 60 e 66, L 9430/96; arts 53 e 69 L 9532/97. MULTA VINCULADA; ART 160 L 5172/66; ART 1 l 9249/95; ART 44 E PAR 1 INC L 9430/96. JUROS DE MORA; ART 160 L 5172/66; ART 43 PAR UN L 9430/96; ART 9 L 10426/02” É de se constatar que a descrição do auto de infração foi extremamente genérica. O que considero que tal falha na descrição dos fatos e enquadramento legal já se direciona para a improcedência do lançamento, por se tratar de vício material. Ora, o auto de infração trouxe no campo descrição dos fatos a ocorrência exclusiva da ocorrência “Proc jud não comprovado”. Vêse claro que houve prejuízo ao sujeito passivo, justamente porque, como traz a própria autoridade fazendária, o sujeito passivo trouxe todas as Fl. 272DF CARF MF 6 informações da medida judicial – para se esclarecer que o processo judicial, de fato, existia. Comprovou, assim, que possui processo judicial discutindo a exigência em questão, com sentença favorável e tutela antecipada, suspendendo a cobrança dos valores pretensamente compensados. No processo administrativo fiscal, a lavratura de auto de infração deve respeitar os termos do art. 10, inciso III, do Decreto 70.235/72, in verbis: "Art. 10. 0 auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: [...] III a descrição do fato; [...]” O que, por conseguinte, impossível considerar que não há falha na descrição dos fatos e desrespeito ao disposto no art. 10, inciso III, do Decreto 70.235/72. Vêse que a descrição defeituosa do fato, bem como do enquadramento legal torna o auto de infração defeituoso, prejudicando o contraditório regular e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, prerrogativas constitucionais insculpidas no inciso LV do art. 5º da CF, aplicáveis por expressa remissão ao procedimento administrativo fiscal. Encontramse no auto apenas descrições genéricas de hipóteses fáticas, não exatamente o fato supostamente praticado pela impugnante que configura infração, bem como sua precisa capitulação legal. E ainda, se a descrição dos fatos constante do auto se resumia na inexistência de processo judicial em nome do sujeito passivo e o sujeito passivo demonstrou a existência da medida judicial em seu nome, o motivo que lhe originou se “expandiu” no espaço. Sendo assim, voto por negar provimento ao recurso interposto pela Fazenda Nacional – ou seja, pela improcedência do lançamento. É como voto. Fl. 273DF CARF MF Processo nº 10835.001518/200271 Acórdão n.º 9303004.906 CSRFT3 Fl. 271 7 (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 274DF CARF MF
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