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Numero do processo: 11020.720063/2007-49
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jan 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Aug 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO DE DECISÃO INEQUÍVOCA DO STF. POSSIBILIDADE.
Nos termos regimentais, pode-se afastar aplicação de dispositivo de lei que tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária do Supremo Tribunal Federal.
É inconstitucional a incidência da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins sobre os ingressos de valores pertinentes à cessão onerosa de crédito de ICMS decorrentes de exportações de mercadorias para o exterior.
Recurso Especial do Contribuinte Provido.
Numero da decisão: 9303-002.789
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial.
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente Substituto
Henrique Pinheiro Torres - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyasaki, Maria Teresa Martínez López, Gileno Gurjao Barreto e Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Nome do relator: Relator
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO DE DECISÃO INEQUÍVOCA DO STF. POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, podese afastar aplicação de dispositivo de lei que tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária do Supremo Tribunal Federal. É inconstitucional a incidência da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins sobre os ingressos de valores pertinentes à cessão onerosa de crédito de ICMS decorrentes de exportações de mercadorias para o exterior. Recurso Especial do Contribuinte Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial. Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente Substituto Henrique Pinheiro Torres Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 72 00 63 /2 00 7- 49 Fl. 332DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 11020.720063/200749 Acórdão n.º 9303002.789 CSRFT3 Fl. 333 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyasaki, Maria Teresa Martínez López, Gileno Gurjao Barreto e Marcos Aurélio Pereira Valadão. Relatório Os fatos foram assim narrados no acórdão recorrido: Tratase de Recurso Voluntário interposto pela Interessada, visando a reforma do Acórdão nº 1017.249, de 25 de setembro de 2008 (fls. 61/64), proferido pelos membros da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre/RS (DRJ/POA), cuja ementa ficou a assim redigida, verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 CESSÃO DE ICMS INCIDÊNCIA DE PIS/PASEP E COFINS . A cessão de direitos de ICMS compõe a receita do contribuinte, sendo base de cálculo para o PIS/PASEP e a COFINS. Rest/Ress. Indeferido Comp. não homologada Por meio da Declaração de Compensação (DComp) de nº 33581.57202.230106.1.3.094076 (fls. 06/09), a Interessada informou a compensação do saldo remanescente dos créditos da Cofins Exportação do 3º trimestre de 2005, discriminado no Pedido de Ressarcimento (PER) de nº 20809.83722.230106.1.1.093804 (fls. 02/05), com os débitos do IRPJ e da CSLL do mês de dezembro/2005 (fl. 09). A origem do valor do crédito pleiteado corresponde ao somatório dos valores dos saldos remanescentes dos créditos da Cofins nãocumulativa dos meses de julho a setembro de 2005 (3º trimestre 2005), relativo aos insumos empregados na industrialização dos produtos exportados no período em referência. Ao analisar o pleito em tela, por intermédio do Parecer de fls. 15/19, a autoridade fiscal informou que, após análise da documentação apresentada e dos dados extraídos dos sistemas de comércio exterior administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), chegou a conclusão que os valores dos créditos pleiteados pela Recorrente estavam correstos, entretanto, como não foram tributados os valores das receitas das transferências de créditos de ICMS auferidas no citado trimestre, opinou pela glosa dos citados valores do valor total do crédito pleiteado. Por sua vez, acatando as conclusões exaradas no referido Parecer, em 11/08/2008, a autoridade da Unidade da RFB de origem, por delegação de competência, proferiu o Despacho Decisório de fl. 19, reconhecendo, parcialmente, o direito creditório pleiteado e homologando as compensações declaradas, até o limite do valor do crédito reconhecido. Fl. 333DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 11020.720063/200749 Acórdão n.º 9303002.789 CSRFT3 Fl. 334 3 Em 28/08/2008, a Interessada foi cientificada, por via postal (fl. 26), dos referidos Parecer e Despacho Decisório, bem como da Carta Cobrança de fls. 24/25, exigindolhe a parcela do débito, cuja compensação não fora homologada, por insuficiência de crédito. Descontente, em 03/09/2008, apresentou a Manifestação de Inconformidade de fls. 27/37, aduzindo as razões de defesa que foram assim resumidas no Relatório integrante do Acórdão recorrido, ipsis litteris: Alega que haveria uma alteração qualitativa da classificação contábil, que não implicaria em receita tributável, e, por isso, não existe previsão legal para a tributação. Admite, para fins de argumentação, que se de receita se tratasse, ela seria qualificada como receita de exportação e estaria isenta e imune à incidência das contribuições ao PIS e COFINS, pois a exportação é a causa imediata da manutenção dos créditos e de sua transferência para terceiros. Traz doutrina e jurisprudência para fundamentar seus raciocínios de defesa. Sobreveio o Acórdão recorrido, em que, os membros da Turma julgadora a quo, por unanimidade de votos, mantiveram o indeferimento da parcela do crédito não reconhecida e, por decorrência, a não homologação da parcela do débito compensado, com base nos seguintes argumentos: a) a cessão dos direitos de ICMS para terceiros era uma receita do cedente (contribuinte), independente de haver lucro ou prejuízo com a operação jurídica/contábil; b) o fato gerador da Cofins é o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pala pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil; c) o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica; d) o negócio jurídico em tela não se enquadrava em nenhuma de exclusão da base de cálculo, prevista na legislação, para a referida Contribuição; e e) a cessão de créditos do ICMS não era uma operação de exportação de mercadorias ou serviços, como alegara a Interessada, logo, não estaria albergada por qualquer imunidade ou isenção em favor das exportações. Em 21/10/2008, a Recorrente foi cientificada, por via postal (fl. 70), do referido Acórdão e da Carta Cobrança de fls. 68/69. Inconformada, em 11/11/2008 (fl. 72), interpôs o Recurso Voluntário de fls. 72/82, reafirmando as razões de defesa aduzidas na peça impugnatória e requerendo o integral provimento do presente Recurso. Em cumprimento ao despacho de fl. 85 (última numerada), os presentes autos foram enviados a este e. Conselho. Em cumprimento ao disposto no art. 49 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, na Sessão de maio do corrente ano, mediante sorteio, os presentes autos foram distribuídos para este Conselheiro. Fl. 334DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 11020.720063/200749 Acórdão n.º 9303002.789 CSRFT3 Fl. 335 4 Contra esse acórdão, o sujeito passivo apresentou recurso especial, que logrou seguimento, nos termos do despacho de fls. 299/300. Contrarrazões da Fazenda Nacional às fls. 302 a 316. É o relatório. Voto Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, Relator A questão que se apresenta a debate cingese em se definir se os ingressos relativos à cessão onerosa de créditos de ICMS decorrentes de operação de exportação são tributáveis pela Cofins. O entendimento pessoal deste relator, por diversas vezes externado neste Colegiado, é no sentido de que tais ingressos representam receita e, como tal, até 1º de janeiro 2009, estavam sujeitos à incidência da Cofins e do PIS. Somente a partir dessa data, por força da norma inserta no art. art.17, c/c o art. 33, I, “d”, da Lei nº 11.945, de 2009, a referida receita foi expressamente excluída da base de cálculo dessas contribuições. Todavia, esse não é o entendimento do Supremo Tribunal Federal, que, em decisão plenária, à quase unanimidade, vencido apenas o Ministro Dias Toffoli, entendeu que tais ingressos não estão sujeitos à incidência dessas contribuições. Cabe então verificar os efeitos dessa decisão pretoriana sobre a tributação ora em exame. Entendo que o controle concreto de constitucionalidade tem efeito interpartes, não beneficiando nem prejudicando terceiros alheios à lide. Para que produza efeitos erga omnes, é preciso que o Senado Federal edite resolução suspendendo a execução do dispositivo de lei declarado inconstitucional pelo STF. Não desconheço que o Ministro Gilmar Mendes há muito vem defendendo a desnecessidade do ato senatorial para dar efeitos geral às decisões da Corte Maior, mas essa posição ainda não foi positivada no ordenamento jurídico brasileiro, muito embora alguns passos importantes já foram dados, como é o caso da súmula vinculante. De qualquer sorte, a resolução senatorial ainda se faz necessária, para estender efeitos de decisões interpartes a terceiros alheios à demanda. De outro lado, o regimento interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais trouxe a possibilidade de se estender as decisões do STF, em controle difuso, aos julgados administrativos, conforme preceitua a Portaria nº 256/2009, Anexo II, art. 62. Este dispositivo reproduz a mesma redação prevista no regimento anterior (art. 49, na redação dada pela Portaria nº 147/2007): É vedado afastar a aplicação de lei, exceto ... “I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal. Notese que tal dispositivo cria uma exceção à regra que veda este Colegiado afastar a aplicação de dispositivo legal, mas exige que a inconstitucionalidade desse dispositivo já tenha sido declarada por decisão definitiva do plenário do STF. Não basta qualquer decisão da Corte Maior. Tem de ser de seu plenário, e, devese entender como definitiva a decisão que Fl. 335DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 11020.720063/200749 Acórdão n.º 9303002.789 CSRFT3 Fl. 336 5 passa a nortear a jurisprudência desse tribunal nessa matéria. Em outras palavras, decisão definitiva, na acepção do art. 62 do RICARF, é aquela assentada na Corte. O art. 62A1 do Anexo II ao Regimento Interno do CARF, acrescentado pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010, foi mais além. Tornou obrigatória a observância das decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C do CPC, no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. O caso dos autos, a meu sentir, amoldase, perfeitamente, à norma inserta nos artigos 62 e 62A mencionados, já que a questão da incidência dessas contribuições sobre os ingressos relativos à cessão onerosa de créditos de ICMS decorrentes de operação de exportação, como dito linhas acima, foi enfrentada pelo plenário do STF no Recurso Extraordinário 606.107 Rio Grande do Sul, na sistemática prevista no Art. 543B do CPC, cujo acórdão foi assim ementado: EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X, “a”, da CF). Em ambos os casos, tratase de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. III – A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos , imuniza as 1 Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5,869, de 11 de janeiro de de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 336DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 11020.720063/200749 Acórdão n.º 9303002.789 CSRFT3 Fl. 337 6 operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditar. se do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. Fl. 337DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 11020.720063/200749 Acórdão n.º 9303002.789 CSRFT3 Fl. 338 7 Aplicandose, pois, ao caso ora em exame, a decisão do STF que julgou inconstitucional a incidência das contribuições sociais sobre os ingressos de valores relativos à cessão onerosa de crédito de ICMS decorrentes de exportações, devese cancelar a exigência da Cofins sobre tais receitas. Por derradeiro, não se pode olvidar que a Constituição é aquilo que o Supremo Tribunal Federal diz que ela é. A interpretação pretoriana deve sempre prevalecer, ainda que com ela não concordemos. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento ao recurso apresentado pelo sujeito passivo. Henrique Pinheiro Torres Fl. 338DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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Numero do processo: 18108.001296/2007-28
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2006
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (SC). VALE TRANSPORTE. PECÚNIA. NÃO INCIDÊNCIA.
A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de vale transporte, mesmo que em pecúnia
(SúmulaCARFnº89).
Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
Recurso Especial da Fazenda Provido em Parte
Numero da decisão: 9202-005.106
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2006 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (SC). VALE TRANSPORTE. PECÚNIA. NÃO INCIDÊNCIA. A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de vale transporte, mesmo que em pecúnia (SúmulaCARFnº89). Recurso Especial do Procurador Provido em Parte. Recurso Especial da Fazenda Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 10 8. 00 12 96 /2 00 7- 28 Fl. 593DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento parcial para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra o acórdão 2403000.797, da 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF, que deu provimento parcial ao recurso, para: (a) excluir a tributação sobre Vale Transporte e (b) determinar o recálculo da multa com base na redação dada pela Lei 11.941/2009 ao artigo 35 da Lei 8.212/91, que faz remissão ao art. 61 da Lei n° 9.430, de 1996, e prevalência da mais benéfica ao contribuinte. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que: (a) fosse restabelecida a tributação dos valores pagos a título de vale transporte; e (b) a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões ao recurso especial da Fazenda Nacional, nem interpôs recurso especial próprio contra a parte do acórdão 2403000.797 que lhe foi desfavorável. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator O Recurso Especial da Fazenda Nacional foi interposto tempestivamente e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Portanto, conheço do Recurso Especial da Fazenda Nacional. São duas as matérias em exame: (a) a tributação de verbas pagas a título de vale transporte, em pecúnia e (b) a aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Vale Transporte Fl. 594DF CARF MF Processo nº 18108.001296/200728 Acórdão n.º 9202005.106 CSRFT2 Fl. 3 3 A primeira matéria em litígio versa sobre a incidência de contribuição previdenciária sobre valores pagos a título de vale transporte em pecúnia. Cumpre referir que essa matéria está sumulada (súmula CARF n° 89), cuja aplicação é mandatória pelos conselheiros, nos termos do art. n° 45 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 343, de 2015, nos termos reproduzidos a seguir: “Súmula CARF nº 89: A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de vale transporte, mesmo que em pecúnia.” Art. 45. Perderá o mandato o conselheiro que: ... VI deixar de observar enunciado de súmula ou de resolução do Pleno da CSRF, bem como o disposto no art. 62; Portanto, não deve ser exigida contribuição previdenciária sobre valores pagos em pecúnia, a título de vale transporte. Em razão do que se encontra acima exposto, é de se negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional quanto a esta matéria. Retroatividade Benigna Cingese a segunda matéria às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. Entretanto, ao litígio sobreveio o fato de o contribuinte ter parcelado o débito objeto do lançamento. Teoricamente, a solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da Fl. 595DF CARF MF 4 aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% Fl. 596DF CARF MF Processo nº 18108.001296/200728 Acórdão n.º 9202005.106 CSRFT2 Fl. 4 5 previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou Fl. 597DF CARF MF 6 II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. Fl. 598DF CARF MF Processo nº 18108.001296/200728 Acórdão n.º 9202005.106 CSRFT2 Fl. 5 7 No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação Fl. 599DF CARF MF 8 principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº Fl. 600DF CARF MF Processo nº 18108.001296/200728 Acórdão n.º 9202005.106 CSRFT2 Fl. 6 9 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Pelo que se encontra acima apresentado, é de se dar provimento ao recurso quanto a esta matéria, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Conclusão Pelo exposto, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional e, no mérito, dou provimento em parte ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 601DF CARF MF 10 Fl. 602DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.915953/2008-25
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/07/2001
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-003.978
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente SPECTRUM BRANDS BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DE BENS DE CONSUMO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/07/2001 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 59 53 /2 00 8- 25 Fl. 257DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915953/200825 Acórdão n.º 9303003.978 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3801003.861, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 258DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915953/200825 Acórdão n.º 9303003.978 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 259DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915953/200825 Acórdão n.º 9303003.978 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 260DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915953/200825 Acórdão n.º 9303003.978 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 261DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915953/200825 Acórdão n.º 9303003.978 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 262DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915953/200825 Acórdão n.º 9303003.978 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 263DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915953/200825 Acórdão n.º 9303003.978 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 264DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 19396.720017/2014-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/07/2010
Ementa:
COFINS NÃO-CUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO.
A Cofins incide sobre o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Somente se faz autorizada a exclusão de receitas da respectiva base de cálculo submetida à alíquota positiva quando resulte cabalmente demonstrado que foram satisfeitas as disposições normativas estabelecidas à espécie.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/07/2010
PAF. ATOS ADMINISTRATIVOS. NULIDADE. HIPÓTESES.
As hipóteses de nulidade encontram-se no art. 59 do Decreto n. 70.235, de 1972. Consoante tal dispositivo, são nulos, além dos atos e termos lavrados por pessoa incompetente, os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. O art. 60 do mesmo Decreto esclarece que as irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no art. 59 não importarão em nulidade, e, salvo se o sujeito passivo lhes houver dado causa, serão sanadas quando resultarem em prejuízo para este, ou quando não influírem na solução do litígio. No caso aqui em análise não ocorreu qualquer uma das hipóteses que implicassem em nulidade ou anulação do auto de infração.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/07/2010
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
Carece de base legal a incidência de juros de mora sobre a multa de lançamento de ofício.
Numero da decisão: 3401-003.106
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria, dar parcial provimento nos seguintes termos: 1) quanto às preliminares argüidas, negou-se provimento, por unanimidade, 2) no mérito, 2.1) quanto à caracterização dos reembolsos de despesas como receita, negou-se provimento, pelo voto de qualidade, vencidos os Conselheiros Augusto Fiel Jorge dOliveira, Waltamir Barreiros, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, e, 2.2) incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, deu-se provimento, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira (relator), Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl. Designado o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco para redigir o voto vencedor. Sustentou pela recorrente o advogado Leonardo Martins, OAB/RJ 98.995.
Robson José Bayerl - Presidente.
Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator.
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2009 a 31/07/2010 Ementa: COFINS NÃO-CUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. A Cofins incide sobre o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Somente se faz autorizada a exclusão de receitas da respectiva base de cálculo submetida à alíquota positiva quando resulte cabalmente demonstrado que foram satisfeitas as disposições normativas estabelecidas à espécie. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2009 a 31/07/2010 PAF. ATOS ADMINISTRATIVOS. NULIDADE. HIPÓTESES. As hipóteses de nulidade encontram-se no art. 59 do Decreto n. 70.235, de 1972. Consoante tal dispositivo, são nulos, além dos atos e termos lavrados por pessoa incompetente, os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. O art. 60 do mesmo Decreto esclarece que as irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no art. 59 não importarão em nulidade, e, salvo se o sujeito passivo lhes houver dado causa, serão sanadas quando resultarem em prejuízo para este, ou quando não influírem na solução do litígio. No caso aqui em análise não ocorreu qualquer uma das hipóteses que implicassem em nulidade ou anulação do auto de infração. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2009 a 31/07/2010 MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Carece de base legal a incidência de juros de mora sobre a multa de lançamento de ofício.
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/07/2010 Ementa: COFINS NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. A Cofins incide sobre o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Somente se faz autorizada a exclusão de receitas da respectiva base de cálculo submetida à alíquota positiva quando resulte cabalmente demonstrado que foram satisfeitas as disposições normativas estabelecidas à espécie. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2009 a 31/07/2010 PAF. ATOS ADMINISTRATIVOS. NULIDADE. HIPÓTESES. As hipóteses de nulidade encontramse no art. 59 do Decreto n. 70.235, de 1972. Consoante tal dispositivo, são nulos, além dos atos e termos lavrados por pessoa incompetente, os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. O art. 60 do mesmo Decreto esclarece que as irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no art. 59 não importarão em nulidade, e, salvo se o sujeito passivo lhes houver dado causa, serão sanadas quando resultarem em prejuízo para este, ou quando não influírem na solução do litígio. No caso aqui em análise não ocorreu qualquer uma das hipóteses que implicassem em nulidade ou anulação do auto de infração. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2009 a 31/07/2010 MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Carece de base legal a incidência de juros de mora sobre a multa de lançamento de ofício. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 39 6. 72 00 17 /2 01 4- 12Fl. 3184DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria, dar parcial provimento nos seguintes termos: 1) quanto às preliminares argüidas, negouse provimento, por unanimidade, 2) no mérito, 2.1) quanto à caracterização dos reembolsos de despesas como receita, negouse provimento, pelo voto de qualidade, vencidos os Conselheiros Augusto Fiel Jorge d”Oliveira, Waltamir Barreiros, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, e, 2.2) incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, deuse provimento, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira (relator), Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl. Designado o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco para redigir o voto vencedor. Sustentou pela recorrente o advogado Leonardo Martins, OAB/RJ 98.995. Robson José Bayerl Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Trata este processo de auto de infração para exigir COFINS para o período de apuração compreendido entre janeiro de 2009 e julho de 2010. A autoridade lançadora constatou que a contribuinte não incluiu na base de cálculo da apuração desse tributo os valores recebidos do exterior a título de 'reembolso de despesas'. Vejamos: 35. Em virtude da natureza evidenciada pelos registros contábeis, os recursos recebidos do exterior pela fiscalizada deveriam ter sido oferecidos à tributação do PIS e da Cofins, posto que os "reembolsos de despesas" decorrentes de pagamentos efetuados por conta e ordem das proprietárias das embarcações se destinaram tãosomente a cobrir as despesas e os custos necessários à consecução de obrigações previstas em contratos firmados com a Petrobrás, configurandose assim em subvenção para custeio e/ou recuperação de custo/despesas. 36. A respeito do assunto, dispõe o Decreto n° 3.000, de 1999, em seu art. 392, que [...] "as subvenções para custeio e/ou recuperações de custos integram a base de cálculo do PIS e da COFINS quando aportadas em espécie", em conformidade com o disposto no art. 1o da Lei n° 10.833/2003 e Lei n° Fl. 3185DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 19396.720017/201412 Acórdão n.º 3401003.106 S3C4T1 Fl. 3 3 10.637/2002, sendo o fato gerador das contribuições o faturamento mensal constituído pelo total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independente de sua denominação ou classificação contábil. 37. Registrese ainda que a presente fiscalização cingiuse às apurações relativas à Cofins consoante demonstrado neste Relatório, em especial no item 02, tendo sido mantido preservado o direito de a Receita Federal do Brasil verificar sob outros aspectos e nível detalhamento o cumprimento de obrigações tributárias que se refiram a esse tributo durante os anoscalendário de 2009 e 2010. 38. Considerando toda a exposição anterior, bem assim que a documentação coligida durante o procedimento fiscal comprova a matéria de fato no que tange à não adição à base de cálculo da Cofins dos recursos recebidos do exterior a título de "reembolso de despesas", mediante depósito bancário realizado em conta corrente de titularidade do contribuinte, procedeuse à lavratura de auto de infração, com o propósito de constituir o crédito tributário relativo ao PIS e à Cofins incidentes sobre as receitas oriundas de subvenções para custeio/recuperação de custos definidas pelo valor das Notas de Débito discriminadas nas planilhas abaixo reproduzidas , nos termos do art. 392 do RIR/99, além dos acréscimos legais devidos. A contribuinte impugnou a autuação, cujas razões, em resumo elaborado pelo relator da decisão da RJ que reproduzo pela sua objetividade, foram os seguintes: "....destaca que, em vista da complexidade envolvida nas operações de exploração e produção de jazidas de petróleo e gás, as concessionárias respectivas contratariam os mais diversos fornecedores de equipamentos, materiais e serviços, entre os quais a impugnante, no tocante aos serviços de sondagens, perfurações, avaliações, completação e workover." "Neste diapasão, o modelo de contratação adotado por tais concessionárias seria o da contratação bipartida, consistindo na celebração, com pessoas jurídicas diversas, de dois contratos distintos. As embarcações seriam afretadas diretamente pelas concessionárias de direitos de exploração e produção de jazidas de petróleo e gás a exemplo da Petrobras e da OGX , através de contratos de afretamento firmados com empresas domiciliadas no exterior; em paralelo, referidas concessionárias contratariam empresas domiciliadas no país para a realização dos serviços prestados pela impugnante (sondagens, perfurações, avaliações, completação e workover)." Conforme estipulado nos contratos de prestação de serviços celebrados entre as concessionárias locais e a contribuinte, esta teria sido designada para promover a importação das aludidas embarcações, bem como das partes, peças, ferramentas e equipamentos destinados à manutenção, reparo e operação das mesmas no país. Tal possibilidade restaria prevista no Decreto n. 4.543, de 2002, como também na IN RFB n. 844, de 2008, e na IN RFB n. 1.415, de 2013, autorizandose a prestadora de serviços a se habilitar ao Repetro no intuito de, amparada por atos declaratórios executivos, promover referida importação. Ao assumir o papel de importadora das embarcações, partes, peças, ferramentas e equipamentos, conforme designação para fins de Repetro, a contribuinte anteciparia custos e despesas em benefício das empresas estrangeiras afretadoras contratadas pelas concessionárias locais, vez que, por estarem domiciliadas no exterior, seriam obrigadas a subcontratar a contribuinte Fl. 3186DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 4 para o perfeito cumprimento da obrigação de entregar e manter em condições de operação, durante todo o período contratado, as embarcações. Tais despesas, no entanto, realizadas em nome das afretadoras das embarcações no exterior, não se confundiriam com aquelas incorridas pela contribuinte para a execução dos contratos de prestação de serviços celebrados com a Petrobras e a OGX, posto que, ao incorrer nas despesas relacionadas ao funcionamento e manutenção da embarcação, a contribuinte não estaria a serviço das precitadas concessionárias, mas sim a serviço das afretadoras estrangeiras (docs. 08, 09, 10 e 11). Dessa maneira, tratandose de custos e despesas inerentes à manutenção e continuidade de afretamento do qual a contribuinte não seria parte contratante, os valores incorridos seriam lançados em conta específica denominada "Receitas de Custos Intercompanhia", criada com o propósito único de controlar e gerencias tais custos e despesas adiantados pela contribuinte. Precitados adiantamentos seriam reembolsados pelas empresas estrangeiras através de remessas periódicas acobertadas por contratos de câmbio devidamente registrados e aprovados pelo Banco Central do Brasil (doc. 13). Inexistiria, segundo a impugnante, qualquer relação das despesas incorridas em nome das afretadoras estrangeiras com os serviços prestados por ela à Petrobras e à OGX que justificasse o entendimento da autoridade fiscal no sentido de que os reembolsos recebidos seriam, na verdade, receitas decorrentes da prestação de serviços no país às referidas concessionárias. Também não poderia a autoridade fiscal, sem que comprovada a ocorrência de dolo, fraude, simulação ou abuso de forma ou de direito por parte da contribuinte, entender que os custos e despesas antecipados em decorrência das atividades de gerenciamento e administração previstas em contratos de prestação de serviços e de reembolso de custos distintos, seriam, em verdade, receitas operacionais decorrentes das atividades de prestação de serviços à Petrobras e à OGX. Fosse o caso, deveria a autoridade fiscal ter aplicado, não por faculdade, mas por obrigação legal a ela imposta, multa agravada de 150%. Tal não teria ocorrido, em vista da inexistência de elementos que permitissem sustentar eventual abuso de forma ou fraude pela contribuinte cometidos. E se não houvera fraude, simulação também não, vez que o pressuposto desta seria aquela. Desrespeitados, assim, os comandos normativos autorizadores da desconsideração dos atos jurídicos praticados pelas empresas envolvidas, carecendo o ato administrativo consubstanciado no auto de infração de validade por ausência de motivo de fato. Nulo, portanto, ante o vício de motivação. Ainda de acordo com a inconformada, mesmo que se pudesse considerar que as despesas adiantadas em prol da manutenção e operacionalidade das embarcações sob contratos de afretamento fossem inerentes aos seus serviços, a exigência de Cofins não se sustentaria, posto que correspondente à efetiva exportação de serviços, cuja isenção restaria prevista na Medida Provisória n. 2.15835, de 2001. Os anexos contratos de câmbio (doc. 13) demonstrariam o efetivo ingresso de divisas no país exigido pela legislação afeta ao PIS/Pasep e à Cofins. Parcialmente decadente, também, o direito à constituição do crédito tributário censurado, vez que, em vista dos pagamentos relativos ao período que se estende entre janeiro e março de 2009, já decorrido o prazo a que se refere o art. 150 do Código Tributário Nacional CTN, na medida em que a impugnante somente teria tomado ciência do lançamento fiscal em 03 de abril de 2014. Fl. 3187DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 19396.720017/201412 Acórdão n.º 3401003.106 S3C4T1 Fl. 4 5 Em sede meritória, em adição a diversos dos argumentos anteriormente alinhados, acrescenta a impugnante que, da análise das despesas por ela adiantadas, perceberseia que seriam elas características dos serviços de agenciamento e administração das embarcações pertencentes às empresas estrangeiras, em nada se relacionando aos serviços de perfuração prestados pela contribuinte às concessionárias de petróleo e gás no país. A título ilustrativo, destaca as seguintes despesas adiantadas em prol das afretadoras estrangeiras das embarcações, que se relacionariam estritamente à manutenção e administração das embarcações afretadas: serviços de praticagem; contratação de seguros de casco; pagamento de tributos aduaneiros incorridos pelas embarcações; contratação de docagem em estaleiros para reparos nas embarcações; e demandas relacionadas com o sistema de propulsão, ancoragem e rebocagem das embarcações, entre outros. Assevera que o conceito de receita decorreria do exercício de atividades em transações efetuadas por conta própria e que viesse a aderir ao patrimônio de quem as recebe, através do ingresso de montante, sob a forma de dinheiro ou recebíveis, aos quais correspondam vendas de mercadorias ou produtos, prestações de serviços ou, ainda, em decorrência de ganhos financeiros, bem como de outros ganhos que venham eventualmente representar efetivo acréscimo patrimonial. Não se confundiria, portanto, com mera entrada. Incabível, ainda, a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício aplicada pela autoridade fiscal, pois, consoante art. 61 da Lei n. 9.430, de 1996, apenas os débitos decorrentes de tributos e contribuições seriam atualizáveis. Ao final: Diante de todo o acima exposto, espera e confia a Impugnante que V.Sas. decretarão a procedência integral da presente Impugnação, seja acolhendo o manifesto e insanável vício de nulidade nela contido, seja pelo mérito, pois, tal como se demonstrou nesta defesa, a natureza das despesas adiantadas em nome das empresas estrangeiras e os reembolsos recebidos em nada se equivalem às receitas operacionais obtidas pela Impugnante com a prestação de serviços à Petrobras e à OGX. Caso ainda assim não entendam V.Sas., requer seja reconhecido que, havendo a efetiva prestação de serviços ao exterior que representou incontroverso ingresso de divisas ao País, reconheçase a isenção prevista na legislação de regência, cancelando a autuação lavrada para a exigência da COFINS. Pelo todo exposto, requer a Impugnante seja julgada PROCEDENTE a presente defesa e, conseqüentemente, seja julgado totalmente improcedente o auto de infração lavrado. Para tanto, carreia aos autos os documentos de fls. 314/3.044. É o relatório. Os julgadores de 1 º piso rejeitaram as preliminares que pediam nulidade por vicio de motivação, pois entenderam que não ocorreu qualquer uma das hipótese que justificariam a nulidade da autuação (art. 59 e 60 do Decreto n. 70.235, de Fl. 3188DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 6 1972), e que a autuação atendeu os requisitos de sua validade (artigo 10 do Decreto n. 70.235, de 1972 e art. 142 do CTN). Eles também rejeitaram a preliminar de nulidade em que a contribuinte alegara que não houve comprovação de simulação, fraude, dolo que justificasse a autoridade fiscal desconsiderar os contratos que a contribuinte tinha com seus clientes relativos aos reembolsos de despesas. Os Julgadores expuseram que: (a) não há, no ordenamento jurídico, como quer fazer crer a contribuinte, rito próprio à promoção da desconsideração dos atos jurídicos em tela; (b) os valores exigidos se referem a ingressos provindos de empresas situadas no Brasil e eles que se enquadram no conceito de receita para fins de tributação da contribuição social, e não significam ingressos de divisas provindas do exterior. Eles acolheram a preliminar de decadência do direito à promoção da constituição do crédito tributário para os meses de janeiro a março de 2009, pois a contribuinte tomou ciência da exigência em 03/04/2014, e verificase que houve pagamentos da contribuição nesses meses, o que remete à regra de decadência do § 4º do art. 150 do CTN. No mérito, consideraram que foram corretas as razões postas pela autoridade fiscal para o lançamento, por que: 1. a contribuinte lançou os valores discutidos como ingressos na apuração do lucro operacional, mas deixou de incluílos na base de cálculo do PIS e da COFINS. 2. os valores discutidos correspondem à definição legal do que deve compor a base de cálculo do PIS e da COFINS, tal como consta dos artigos 2 e 3 da Lei n. 9.718, de 1998, e pelas Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003, com o apoio do que conceitua o art. 392 do RIR (Decreto n. 3.000/1999) e Parecer Normativo CST n. 112/1978. 3. os valores discutidos recebem a denominação de 'reembolso de despesas', mas eles chegam à contribuinte sob a égide de uma grande contrato que abrande os ajustes de afretamento e de prestação de serviços, e são,de fato, receita para os fins da tributação da COFINS. E, por fim, não deram razão à contribuinte com relação à sua contestação da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, por que: (a) o auto de infração não definiu o fato contestado pela contribuinte; (b) a lei não impede que a multa de ofício sofra a incidência dos juros de mora, ao contrário, prevê a atualização do débito não pago no vencimento. O Acórdão n.º 0130.177, proferido pela respeitável 3ª turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belém em 30/09/2014, ficou assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2009 a 31/07/2010 PAF. ATOS ADMINISTRATIVOS. NULIDADE. HIPÓTESES. As hipóteses de nulidade encontramse no art. 59 do Decreto n. 70.235, de 1972. Consoante tal dispositivo, são nulos, além dos atos e termos lavrados por pessoa incompetente, os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. O art. 60 do mesmo Decreto esclarece que as irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no art. 59 não importarão em nulidade, e, salvo se o sujeito passivo lhes houver dado causa, serão sanadas quando resultarem em prejuízo para este, ou quando não influírem na solução do litígio. Fl. 3189DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 19396.720017/201412 Acórdão n.º 3401003.106 S3C4T1 Fl. 5 7 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/07/2010 COFINS NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. A Cofins incide sobre o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Somente se faz autorizada a exclusão de receitas da respectiva base de cálculo submetida à alíquota positiva quando resulte cabalmente demonstrado que foram satisfeitas as disposições normativas estabelecidas à espécie. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2009 a 31/07/2010 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO ANTECIPADO. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. Se a lei não fixar prazo para a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. JUROS DE MORA. DÉBITOS DECORRENTES DE TRIBUTOS. INCIDÊNCIA. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil, quando não pagos no prazo, sofrerão incidência de juros de mora calculados com base na taxa Selic. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Inconformada, a contribuinte ingressou com recurso voluntário. No seu entendimento a decisão proferida pelos julgadores de 1º piso incorreu em diversos equívocos, pois, in verbis: (i) deixou de se manifestar sobre a nulidade da desconsideração de atos e negócios jurídicos legalmente praticados; (ii) introduziu indevidamente fundamento novo para fazer incidir juros sobre a multa de ofício quando da eventual execução do julgado, o que não constou originalmente na atuação; (iii) considerou como receita da Recorrente a entrada de numerários recebidos por conta e em benefício de empresas estrangeiras, para custeio de despesas destas no País, somente com base na classificação contábil do contribuinte, o que é irrelevante para saber se tais valores devem ser incluídos na base de cálculo da COFINS; (iv) ignorou o fato de que mesmo que viesse a se considerar o mero ingresso de numerário como receita da Recorrente, o que se admite apenas para argumentar, as despesas comprovadas e incorridas anulariam por completo o suposto reflexo que tais entradas teriam para o resultado da Recorrente, pois, todas Fl. 3190DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 8 elas as supostas receitas tinham uma equivalente antecipação promovida pela Recorrente em favor das citadas empresas estrangeiras; e (v) tratou equivocadamente os recursos recebidos das empresas estrangeiras como "subvenções", já que, como amplamente exposto, as quantias remetidas somente servem para reembolsar os adiantamento de despesas incorridos pela Recorrente, não se tratando de ajuda ou subsídio para consecução dos seus objetivos sociais, de modo que a ausência de relação entre os reembolsos com os valores dos serviços prestados às concessionárias ficou comprovada no processo; (vi) desconsiderou indevidamente a existência de estrutura contratual válida e idônea para afirmar, sem provas, que se trataria de um único contrato, o que sequer possui fundamentação; Ela, como primeiras preliminares, pede nulidade do acórdão da DRJ por que: (a) deixou de enfrentar todos os fundamentos da defesa da contribuinte, mais especificamente, deixou de enfrentar questão suscitada pela contribuinte na impugnação, qual seja: que o auto de infração, para justificar a exigência, se reporta a desconsideração de operações e documentos legítimos; (b) adotou critério jurídico diferente do constante da autuação quanto à incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, qual seja: a decisão da DRJ pretende exigir juros sobre a multa, enquanto a autuação não fez menção a esse fato, nem mesmo fundamentou a cobrança de tal encargo contra a contribuinte em relação à multa de ofício. Ainda, alega que a autuação deve ser declarada nula por que a autoridade fiscal não pode desconsiderar as operações efetuadas e relativas aos valores do reembolso das despesas, pois foram regulares e legítimas; e a autoridade fiscal não comprovou a existência de dolo, fraude, ou simulação, ou abuso de forma ou de direito, de modo a justificar fossem desconsideradas atos jurídicos praticados essas operações e os respectivos documentos. No mesmo sentido com relação ao acórdão de 1º piso. Cita jurisprudências. Vejamos parte da sua defesa sobre este tópico: No entanto, em que pese existirem duas relações jurídicas distintas, com obrigações autônomas e inconfundíveis, o autuante no que foi inadvertidamente acompanhado pela decisão ora recorrida desconsiderou a estanqueidade jurídica dos referidos Contratos, entendendo que os custos e consequentemente os reembolsos recebidos em decorrência das atividades de gerenciamento e administração, previstos nos Contratos de Reembolso de Custos firmados com as afretadoras estrangeiras c a Recorrente, seriam, na verdade, receitas operacionais da Recorrente decorrentes das atividades de prestação de serviços à Petrobras e à OGX. Com efeito, da leitura do Termo de Verificação Fiscal, percebese que o autuante se utilizou da autorização concedida em hipóteses restritas e excepcionais, diga se pela legislação de regência, para desconsiderar os atos e negócios jurídicos legal e validamente praticados pela Recorrente com as concessionárias locais e com as empresas estrangeiras, embasando uma suposta ausência de pagamento da Contribuição sobre os recursos recebidos do exterior à título de "reembolso de despesas". Segundo o autuante, embora cobertos por contratos firmados com as afretadoras no exterior "as despesas reembolsadas à fiscalizada pelas empresas sediadas no exterior têm origem na prestação de sennços de prospecção, perfuração, avaliação, completação e 'workover' contratadas pela Petrobras" (penúltimo parágrafo de fls. 21 do relatório de fiscalização). Como visto, o autuante se ampara na presunção de que embora previstos cm ato jurídico próprio, celebrado entre a Recorrente e as afretadoras das embarcações no exterior, o reembolso destas despesas decorreria em realidade de obrigação assumida pela Recorrente junto à Petrobras e à OGX. Fl. 3191DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 19396.720017/201412 Acórdão n.º 3401003.106 S3C4T1 Fl. 6 9 No entanto, esta extrema autorização é condicionada à verificação e à comprovação concreta pela autoridade administrativa, dos motivos de fato ocorrência de atos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária a ensejar a desconsideração dos atos ou negócios jurídicos praticados pelo sujeito passivo para, somente então, constatar a ocorrência do fato gerador. Verificase da análise de todo o processo administrativo iniciado pelo autuante, que não há uma única prova a demonstrar a ocorrência de dolo, fraude ou simulação nos Contratos celebrados pelas Partes aqui ventiladas, a permitir a desconsideração dos atos jurídicos praticados, tal como fez o autuante para a descabida exigência do tributo através da autuação ora combatida. A contribuinte, em seu recurso voluntário, reafirma que os valores objeto da autuação não são receitas, mas apenas reembolso de despesas, e explicam sua natureza e procedência, em suas palavras: Pois bem, durante o período autuado, a Petrobras e a OGX celebraram Contratos de Afretamento com as empresas estrangeiras DIAMOND OFFSHORE NETHERLANDS BV e DIAMOND OFFSHORE DRILLING (UK) (does. 03 e 04 da impugnação), para utilizálas em atividades de exploração de petróleo e gás natural no País, conduzidos pela própria Petrobras e OGX, respectivamente. Diante dessa situação, tendo em vista que as empresas afretadoras não possuem estabelecimentos no País, a Recorrente foi designada por elas, nos termos da regulamentação do REPETRO, para promover a importação das referidas unidades, suas partes e peças, de modo a viabilizar, em nome das afretadoras estrangeiras, o perfeito funcionamento das embarcações no curso dos Contratos de afretamento firmados entre as afretadoras e a Petrobras e a OGX. E válido destacar e repisar que referidas despesas incorridas pelas afretadoras estrangeiras no País se estenderam, também, à importação e aquisição local de partes e peças destinadas à manutenção das embarcações durante o período de operação no País. Dessa forma, com o objetivo de suportar o afretamento das referidas embarcações, a Recorrente celebrou com as respectivas afretadoras no exterior, os Contratos de Serviços (does. 08 e 09 da impugnação) e os Contratos de Reembolso de Custos (does. 10 e 11 da impugnação), cujos considerandos bem esclarecem o propósito daquelas avenças: (....) De acordo com os termos dos referidos Contratos, cabia à Recorrente adiantar, em nome das afretadoras das embarcações estrangeiras, determinados custos e despesas necessários ao funcionamento e à manutenção das embarcações durante o prazo de agenciamento, de modo a evitar a interrupção e o comprometimento da navegabilidade e segurança das embarcações afretadas pelas citadas empresas estrangeiras à Petrobras e à OGX. Lembrese que se define agenciamento como a "intermediação de serviços.(...) A atividade do agente não pode ser eventual, mas habitual. A execução dos serviços de agenciamento è permanente, habitual, jamais esporádica." (O ISS ao Alcance de Todos, José Cassiano Borge e Maria Lúcia Américo dos Reis, pag. 133/134) Dizem ainda mais os citados doutrinadores sobre o serviço de agenciamento/intermediação: "Intermediação é a atividade de quem exerce a aproximação entre duas mais pessoas que desejam negociar." (ob.cit. pag. 134) (....) Da análise das despesas adiantadas pela Recorrente, percebese serem elas característica? 'dos serviços de agenciamento e administração das embarcações pertencentes às empresas estrangeiras, que em nada se relacionam aos serviços de perfuração prestados pela Recorrente às concessionárias de petróleo e gás no País. Fl. 3192DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 10 Com efeito, considerando as atividades de administração das demandas do navio, muito bem exemplificadas pelo Professor Haroldo dos Anjos, bastaria a análise detida das despesas adiantadas pela Recorrente cujos reembolsos foram considerados pelo autuante como receitas da própria Recorrente para se perceber que referidos adiantamentos, referemse à despesas que se enquadram perfeitamente neste conceito de agenciamento, não havendo que se falar em "subvenção", como já refutado anteriormente. Apenas à título ilustrativo, eminentes Conselheiros, a Recorrente destaca as seguintes despesas adiantadas em prol das afretadoras estrangeiras das embarcações, que se relacionam estritamente à manutenção e administração das embarcações afretadas: (i) serviços de praticagem obrigatórios para a atracação das embarcações afretadas; (ii) contratação de seguros de casco; (iii) pagamento de tributos aduaneiros incorridos pelas embarcações; (iv) contratação de docagem em estaleiros para reparos nas embarcações; (v) demandas relacionadas com o sistema de propulsão, ancoragem e rebocagem da embarcação; dentre tantos outros. (....) Com efeito, em virtude dos adiantamentos promovidos pela Recorrente em nome e em benefício das afretadoras estrangeiras, os respectivos valores recebidos à título de reembolso são devidamente anulados ao serem correlacionados/alocados à respectiva despesa outrora adiantada pela Recorrente. Digase novamente que embora os custos e despesas adiantados pela Recorrente em benefício das afretadoras estrangeiras sejam posteriormente reembolsados pelo mesmo valor antecipado, pelos serviços de apoio c intermediação executados pela Recorrente às mesmas empresas estrangeiras, estas remuneram os serviços da Recorrente, conforme prescrito na Cláusula 1.2 dos Contratos de Serviço firmados entre as afretadoras e a Recorrente (does. 08 e 09 da impugnação). Portanto, enquanto a remuneração pelos serviços prestados pela Recorrente às afretadoras estrangeiras seja inegavelmente uma receita de exportação de serviços, os valores recebidos em decorrência dos contratos de reembolso de custos são meros ingressos para recompor o caixa da Recorrente por despesas antecipadas em benefício das empresas estrangeiras. A contribuinte contesta, ademais, o entendimento do acórdão da DRJ, que motivou sua decisão, de que os recursos recebidos a título de reembolso de despesas teriam sido contabilizados como receita (na conta denominada 'receitas de custos intercompanhia'). Explica que essa denominação teve o único propósito de controlar e gerenciar custos de despesas adiantadas pela recorrente em benefício das afretadoras estrangeiras; e afirma que não pode prevalecer a mera formalidade da classificação contábil para descaracterizar a real natureza dessas verbas, qual seja, não se trata de receita, mas de reembolso de despesas adiantadas. A verdade material deve prevalecer sobre a formal. Outrossim, ela contradita o acórdão de 1ª instância de que as verbas em discussão teriam a natureza de subvenção. Invoca o Parecer Normativo CST n. 112/1978 que expõe que subvenção para custeio é transferência de recursos para pessoa jurídica com a finalidade de auxiliála a fazer frente às despesas de suas operações próprias, mas que esse não é o caso dessas verbas pois elas se referem a despesas com operações de terceiros. A contribuinte argumenta, ainda, que os reembolsos de despesas não se enquadram no conceito de receita, pois esse tipo de montante "não adere definitivamente ao patrimônio do alienante", pois a importância apenas transita em mãos do alienante sem que em verdade lhe pertença em caráter definitivo. Cita doutrina, jurisprudências e soluções de consulta. Invoca decisão do STF, com repercussão geral, que afirma não incidir PIS e COFINS sobre os valores recebidos a título de crédito de ICMS, que sublinha o entendimento de que são valores que apenas transitam pela alienante. Fl. 3193DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 19396.720017/201412 Acórdão n.º 3401003.106 S3C4T1 Fl. 7 11 Para a contribuinte, não tem procedência, por falta de indício ou provas, o entendimento da DRJ de que as despesas reembolsadas teriam estreita ligação com a prestação de serviços contratados pelas concessionárias. Vejamos essa argumentação: Em outra passagem, o acórdão recorrido chega a alegar que as despesas reembolsadas teriam estreita ligação com a prestação de serviços contratados à Recorrente pelas concessionárias, o que é nitidamente temerário, pois não há sequer indício da tal correlação, como já evidenciado anteriormente. (...) Esse fundamento falacioso e não provado, contido no corpo do acórdão deverá, com todo o respeito ser plenamente desconsiderado por esse E. Conselho, pois se trata de mera ilação do prolator da decisão, cuja prova se fazia indispensável. No caso dos autos, pelo contrário, já se demonstrou por diversos documentos que não há relação entre os reembolsos e os serviços prestados pela Recorrente às concessionárias. (...) Para agravar, o acórdão recorrido ainda chega às raias do absurdo ao afirmar que se estaria diante de um único e grande contrato, contemplando o afretamento e prestação de serviços de sondagens, perfurações, avaliações, completação, workover, cuja receita una e indivisível não teria sido submetida à incidência do PIS e da COFINS "por meio de mecanismo" em que a quantia envolvida fora remetida às afretadoras estrangeiras para, em seguida, retomar sob a denominação de reembolso de despesas: A contribuinte, em seu recurso voluntário, ad argumentandum, e alternativamente à sua argumentação central, pede que, ao caso, haja o reconhecimento da isenção da COFINS para as receitas provenientes de exportação de serviços prestados cujo pagamento represente ingresso de divisas. Aponta como provas adicionais os contratos de câmbio: Na improvável hipótese de tudo o que acima se expôs vir a restar superado, do que se cogita apenas para argumentar, ainda assim não há como se cogitar da incidência da COFINS sobre os valores autuados, já que, a teor da Medida Provisória n° 2.158 35/2001, estão isentas de tais contribuições as receitas decorrentes "dos serviços prestados a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas ". Sobre a incidência de Juros de mora sobre a multa de ofício A contribuinte, além de tratar deste tema na preliminar, retorna a ele no mérito, dizendo que é insustentável a visão das autoridades fiscal e administrativa favorável a essa incidência. Que elas se remetem à Portaria MF n. 28, de 02/04/1998, e a Parecer proferido pela Coordenação Geral do Sistema Tributário (COSIT), mas não têm amparo na Lei, como se pode verificar no texto do artigo 61 da Lei. 9.430, de 1996. Os juros de mora incidem somente os débitos decorrentes de tributos e contribuições, e não sobre penalidades. Cita decisões proferidas no CARF, inclusive na CSRF. Logo, diante de tudo o que foi exposto acima, resta evidente o erro do acórdão ora recorrido em pretender aplicar, in casu, juros sobre a multa de ofício, motivo pelo qual, na hipótese de ser superada a preliminar arguida no início do presente recurso, a Recorrente espera que esse E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais afaste a aplicação de juros sobre a aludida penalidade, prestigiando, assim, a legislação federal e a sólida jurisprudência administrativa a respeito do tema. É o relatório. Fl. 3194DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 12 Voto Vencido Conselheiro Eloy Eros da Silv Nogueira Tempestivo o recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Sobre o recurso de ofício: Os julgadores de 1º piso recorrem a este Colegiado por terem exonerado parte do crédito tributário da exigência objeto deste processo. Reconheceram, eles, que houve a decadência do direito da Fazenda Nacional constituir o crédito tributário relativo ao período de janeiro a março de 2009, com aplicação do disposto no § 4º do artigo 150 do CTN. De fato, considerando os comprovantes de arrecadação juntados aos autos que indicam ter havido pagamento da contribuição social nesses meses de 2009, há que se determinar o prazo decadencial conforme a regra desse § 4º acima citado. Considerando que a contribuinte tomou ciência do auto de infração em 03 de abril de 2014, já havia se passado o prazo fatal para os valores de tributo apurados como exigíveis de janeiro a março de 2009. Por essas razões, proponho que seja negado provimento ao recurso de ofício. Preliminares Delimitação da lide Após percorrer detidamente os documentos e atos que instruem este processo, sinto necessário apontar as fronteiras do contraditado, antes que adentremos as preliminares suscitadas pelas partes e o próprio mérito. Sobre a relação societária entre a contribuinte e as afretadoras: Vi, nos documentos juntados, que a contribuinte Brasdril Sociedade de Perfurações Ltda. é uma sociedade limitada constituída apenas por dois sócios estrangeiros, que são as empresas DIAMOND OFFSHORE NETHERLANDS B.V. E DIAMOND OFFSHORE DRILLING (UK). E que a Brasdril é a representante oficial no Brasil dessas duas empresas estrangeiras. Fl. 3195DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 19396.720017/201412 Acórdão n.º 3401003.106 S3C4T1 Fl. 8 13 E que essas duas empresas estrangeiras são as duas afretadoras contratadas pela Petrobrás e pela OGX a que se referem a autoridade fiscal e a contribuinte. E que as sócias da contribuinte contrataram a sociedade por elas formada para prestar serviços junto aos contratos da Petrobrás e da OGX com as afretadoras. Estes são fatos não contestados pela contribuinte. Sobre a relação entre os contratos firmados pela contribuinte (BRASDRIL) com as afretadoras DIAMOND OFFSHORE NETHERLANDS B.V. E DIAMOND OFFSHORE DRILLING (UK) e as concessionárias (PETROBRÁS E OGX): A contribuinte alega que os contratos que mantém com as afretadoras não têm relação e não se confundem com os contratos das afretadoras com a Petrobrás e com a OGX, e também não têm relação com os contratos da contribuinte com a Petrobrás e a OGX. Ocorre que os contratos firmados pelas afretadoras com a Petrobrás e a OGX trazem cláusulas que expressamente estabelecem competências e responsabilidade para a contribuinte, que é deles cosignatária. Vejamos algumas dessas cláusulas: extratos do contrato da concessionária com a afretadora Diamond 1.1, O objeto do presente Contrato é o afretamento, à PETROBRAS, da UNIDADE, a fim de ser utilizada na perfuração e/ou completação e/ou avaliação e/ou manutenção de poços de petróleo e/ou gás (verticais, direcionaís, horizontais e partilhados), em águas brasileiras delimitadas pelas coordenadas geográficas de acordo com Contratos de Concessão assinados pela PETROBRAS com a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), até a profundidade máxima de 7.000 metros, em lâmina d'água de 870 metros. O Contrato mencionado neste item 1.1 e seus Anexos serão referidos neste instrumento como CONTRATO. (..) 2.2.1. Início do CONTRATO O início do CONTRATO ocorrerá quando a UNIDADE for liberada pela PETROBRAS, em notificação por escrito à CONTRATADA, para início do afretamento/ depois de realizado o teste geral dos equipamentos previsto no item 3.3 deste CONTRATO. A data de início do CONTRATO deverá ocorrer até 30/04/2008, observandose o disposto no item 9.1.1 deste CONTRATO. 2.2.1.1. O CONTRATO terá sempre execução simultânea com o de Prestação de Serviços, assinado na mesma data, sem prejuízo dos termos da Cláusula Décima Primeira Rescisão. (...) 23 Chegada no Brasil A UNIDADE deverá chegar no porto ou em águas abrigadas, na Cidade de Macaé RJ. Para efeito de aplicação das cláusulas contratuais os portos indicados pela PETROBRAS são os de Macaé e Vitória e os aeroportos são os de Macaé, o do Farol de São Tomé, em Campos dos Goytacazes e o de Vitória. (...) Fl. 3196DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 14 CLÁUSULA TERCEIRA OBRIGAÇÕES DA CONTRATADA (....) 3.2.1 Executar o afretamento ora contratado, nos prazos e condições aqui estabelecidos. 3.2.2 Facilitar á ação da Fiscalização, fornecendo informações ou provendo acesso à documentação e ás operações em execução e atendendo prontamente às observações e exigências por ela apresentadas. 3.2.3 Manter à frente do afretamento representante específico para este contrato, credenciado por escrito, capaz de responsabilizarse pela direção do afretamento contratado e representála perante a PETROBRAS. (....) 3.8 (....) Arcar com todas as despesas, inclusive óleo diesel e transporte da UNIDADE, para docagens, inclusive aquelas decorrentes de caso fortuito ou força maior, como definida na Cláusula Décima Terceira do CONTRATO. (...) 3.25. Manter a UNIDADE, seus pertences, bem como acessórios e elementos de substituição e, durante o período do CONTRATO, em adequadas condições de funcionamento em regime de operação de 24 (vinte e quatro) horas por dia e 7 (sete) dias por semana, garantindo que a UNIDADE esteja dimensionada de forma a executar as atividades objeto desta contratação, nos prazos e condições (...) 5.4 A CONTRATADA declara que os preços propostos para a execução do afretamento contratado levou em conta todos os custos, insumos, lucro, despesas e demais obrigações legais para o cumprimento integral das disposições contratuais até o termo final do presente contrato, não cabendo, pois, quaisquer reivindicações a título de revisão de preço, compensação ou reembolso, (...) CLÁUSULA DÉCIMA SÉTIMA SOLIDARIEDADE 17.1. Assina o CONTRATO, como empresa juridicamente solidária quanto às obrigações pecuniárias dele decorrentes, independente de causa, origem ou natureza jurídica, a empresa contratada Brasdril Sociedade de Perfurações Ltda., tal como definida no Contrato de Prestação de Serviços de n° ku50.0031894.07.2, aqui denominada EMPRESA SOLIDÁRIA que, neste " ato, declara estar ciente de todo o teor e efeitos do CONTRATO. A EMPRESA SOLIDÁRIA tem sede na Rua Tenente Célio, 185, Novo Cavaleiros, Cidade de Macaé, Estado do Rio de Janeiro, República Federativa do Brasil, com inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas, do Ministério da Fazenda, sob o n° 42.101.3117000197, neste ato representada por seu Gerente Geral, Mickey Welch. (....) 23.2 Na eventualidade de demanda ou para qualquer outro propósito vinculado ao presente CONTRATO e sua execução, a PETROBRAS notificará a CONTRATADA, enviando correspondência(s) a seu(s) representante(s) legal(ais), no(s) endereço(s) citado(s): Mickey Welch Rua Tenente Célio, 185, Novo Cavaleiros, Cidade de Macaé Estado do Rio de Janeiro República Federativa do Brasil (....) A CONTRATADA deverá importar as máquinas e os equipamentos necessários à execução do CONTRATO como importados ou os que a PETROBRAS autorizar prévia e expressamente. Poderá importar materiais, aparelhos, ferramentas, sobressalentes e outros bens igualmente indispensáveis à execução do CONTRATO. Assinam a concessionária, a Diamond e a Brasdril. Fl. 3197DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 19396.720017/201412 Acórdão n.º 3401003.106 S3C4T1 Fl. 9 15 Como se pode ver, o contrato da afretadora com a concessionária é feito em par com o contrato de prestação de serviço entre a representante da afretadora no Brasil (no caso a própria contribuinte) e a concessionária. Além disso, a representante da afretadora no Brasil (que é a contribuinte) e a afretadora firmaram um contrato em paralelo a esses dois contratos que são, de fato e de direito, os originários do negócio entre essas 3 entidades. Além disso, os contratos originais são firmados para cada embarcação que deve ser trazida ao país para os serviços à concessionária, e identificam a Brasdril como co responsável com a afretadora pelas obrigações assumidas de manter as instalações em condições de pleno uso. E, por fim, esses contratos originários deixam claro que todos os custos, insumos e despesas estão previstos nos preços contratados, abrangendo os serviços de importação da embarcação, de partes e peças, de manutenção, etc. Ademais, os contratos firmados pela contribuinte com as afretadoras, que são suas sócias constituintes, têm objeto que são umbilicalmente vinculados ao objeto dos contratos das afretadoras com a Petrobrás e OGX. A contribuinte se compromete a cuidar das condições de operação das embarcações das afretadoras, mas isso se dá por que cada uma dessas embarcações está a serviço da Petrobrás ou da OGX nos termos firmados entre essas concessionárias e as afretadoras. Essas vinculações são uma dependência daqueles contratos com relação a esses, tanto quanto ao aspecto fático, quanto no aspecto do direito. Os contratos da contribuinte com as afretadoras e também dela com a própria Petrobrás e com a OGX somente existem e têm sua efetividade por que as afretadoras firmaram os contratos com a Petrobrás e a OGX. Essa conclusão não é uma interpretação, mas é o que esses contratos estabelecem como podemos neles ler. Portanto, de um lado, não há como considerar procedente a alegação da contribuinte que afirma haver estanqueidade entre esses contratos, por outro lado, não foi contraditado pela contribuinte a dependência de fato que há entre o objeto dos contratos da contribuinte com a afretadora com relação aos contratos por ela firmados com as concessionárias e com relação aos contratos firmados entre as afretadoras e as concessionárias. Sobre o aproveitamento dos valores registrados como despesas e custos na apuração da COFINS: S.m.j, a autoridade fiscal informa que, em sua auditoria, constatou que a contribuinte tomou os valores de custos debitados na 'conta a receber intercompanhia' para calcular créditos por ela apropriados. E este fato não foi contestado pela contribuinte, passando a ser incontroverso. Sobre o fato da contribuinte não requerer perícias, diligências ou produção de provas: Fl. 3198DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 16 Também verifiquei que a contribuinte não solicitou, nem solicita, a realização de diligências, ou a produção de provas, sob o manto da efetivação do Princípio da Verdade material. A argumentação da contribuinte se reporta aos documentos que instruem o processo, seja os juntados pela autoridade fiscal, seja os por ela mesma juntados, mas não contesta sua validade. Além disso, a recorrente não alega existir documentos não juntados aos autos que possam provar o contrário do que os documentos juntados pretendem demonstrar, ou que existam documentos que desmantelariam as razões da autuação. Sobre as preliminares argüidas pela recorrente: Preliminar que pede nulidade do acórdão da DRJ por ter deixado de se enfrentar todos os fundamentos da defesa a contribuinte. A contribuinte informa que havia sido enfático e insistente em defender a validade e a idoneidade dos atos e dos negócios jurídicos referentes às operações relacionadas às despesas reembolsadas. E que a autoridade lançadora, para lavrar o auto de infração, desconsiderou a validade desses documentos e negócios mas sem comprovar as razões para sua invalidação, ou comprovar que houve simulação, fraude ou abuso de forma ou de direito. Nesse sentido, eminentes Conselheiros, convém recordar que a Recorrente, ao apresentar a sua impugnação de fls., foi enfática e insistente ao defender a validade e idoneidade dos atos e negócios jurídicos regularmente praticados no período autuado, de forma que o Auditor Fiscal responsável por lavrar a autuação, para desconsiderar a estrutura de tais operações, deveria comprovar o seu posicionamento, explicitando as razões e as correspondentes provas para considerar que os reembolsos de despesas recebidos pela Recorrente de empresas estrangeiras que afretaram embarcações à Petrobras e à OGX seriam, na verdade, uma forma de subvenção destas para o custeio e/ou recuperação de custos/despesas incorridos pela Recorrente em sua própria atividade de prestação de serviços no País para Petrobras e para OGX. Como exposto na impugnação de fls., a fiscalização simplesmente desconsiderou a existência de contratos e documentos que demonstram que a Recorrente é reembolsada por empresa estrangeira pelas despesas adiantadas decorrentes, por exemplo, com a manutenção das embarcações. Contudo se olvidou o autuante, como seria mandatório, de evidenciar que a estrutura contratual existente seria uma simulação, dissimulação, fraude ou abuso de forma ou de direito já que o lançamento não pode se basear em meras convicções pessoais sem fundamentação, mormente quando se pretende a desconsideração de atos jurídicos. Ocorre que, ao se analisar o acórdão ora recorrido, é possível verificar que, em nenhum momento, a questão referente à nulidade do lançamento relativa à ausência de Fl. 3199DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 19396.720017/201412 Acórdão n.º 3401003.106 S3C4T1 Fl. 10 17 comprovação do dolo, fraude, dissimulação ou abuso de forma ou de direito por parte da Recorrente foi devidamente enfrentada. Necessário, portanto, retornarmos à decisão atacada para verificarmos se ocorreu o alegado. Primeiramente, podemos ler, no relatório do Acórdão, bem como no voto, a referência feita a essa argüição preliminar da impugnação. Relatório (....) Também não poderia a autoridade fiscal, sem que comprovada a ocorrência de dolo, fraude, simulação ou abuso de forma ou de direito por parte da contribuinte, entender que os custos e despesas antecipados em decorrência das atividades de gerenciamento e administração previstas em contratos de prestação de serviços e de reembolso de custos distintos, seriam, em verdade, receitas operacionais decorrentes das atividades de prestação de serviços à Petrobras e à OGX. Fosse o caso, deveria a autoridade fiscal ter aplicado, não por faculdade, mas por obrigação legal a ela imposta, multa agravada de 150%. Tal não teria ocorrido, em vista da inexistência de elementos que permitissem sustentar eventual abuso de forma ou fraude pela contribuinte cometidos. E se não houvera fraude, simulação também não, vez que o pressuposto desta seria aquela. Desrespeitados, assim, os comandos normativos autorizadores da desconsideração dos atos jurídicos praticados pelas empresas envolvidas, carecendo o ato administrativo consubstanciado no auto de infração de validade por ausência de motivo de fato. Nulo, portanto, ante o vício de motivação. (...) Voto (...) A título preliminar, enfeixa a impugnante uma série de argumentos no sentido da nulidade do lançamento fiscal. Tais alegações, a par da suscitada decadência do direito à promoção de parcela do referido lançamento, a ser tratada em seguida, apresentam como traço comum suposto vício de motivação, posto que ausente comprovação de dolo, fraude, simulação ou abuso de forma ou de direito a justificar a desconsideração de atos jurídicos representados pelos contratos ajustados entre a contribuinte e as concessionárias brasileiras, como também, as afretadoras estrangeiras. À evidência, porém, a matéria resta afeta ao mérito da contenda, e no departamento próprio será objeto de apreciação. (...) O auto de infração, de seu turno, obedeceu às exigências impostas pelo art. 142 do CTN, e art. 10 do Decreto n. 70.235, de 1972, contendo: qualificação da autuada; local, a data e a hora da lavratura; descrição do fato; disposição legal infringida e penalidade aplicável; determinação da exigência e intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; e assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Restara facultado à interessada, assim, o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. Fl. 3200DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 18 De se ressalvar, neste passo, o procedimento fiscal objeto de censura detém nítida natureza inquisitorial. Conforme art. 14 do Decreto n. 70.235, de 1972, uma vez discordando do lançamento fiscal, é com a peça impugnatória que resta instaurado o litígio entre a Administração Tributária e o contribuinte, no âmbito do qual, não poderia ser diferente, tem este asseguradas as respectivas garantias processuais. Improcedente, por conseguinte, esta parcela da defesa fiscal. (...) Em sede meritória, como adiantado alhures, retoma a impugnante rol de argumentos que convergem no sentido da ausência de comprovação de dolo, fraude, simulação ou abuso de forma ou de direito a ensejar a desconsideração de atos jurídicos consubstanciados nos contratos ajustados entre a contribuinte e as concessionárias brasileiras, bem como as afretadoras estrangeiras. (...) E, adiantese, entretanto, temse por acertada a conclusão a que chega a autoridade fiscal. Isto porque, ao depararse com a escrituração contábil da contribuinte, verificara a representante do Fisco que os recursos percebidos a título de ressarcimento/reembolso de despesas, equivalentes às notas de débito repassadas pela fiscalizada às afretadoras estrangeiras (DIAMOND OFFSHORE NETHERLANDS B.V. e DIAMOND OFFSHORE DRILLING (UK)), restaram, em verdade contabilizados como receita, em conta nominada "Receitas de Custos Intercompanhia". (...) Em verdade, da análise dos contratos de afretamento e de prestação de serviços de sondagens, perfurações, avaliações, completação e workover, no âmbito do chamado modelo de contratação bipartida, percebese que as despesas em causa têm estreita vinculação à prestação dos referidos serviços pelas concessionárias contratados junto à autuada, sem as quais as embarcações afretadas por parte das empresas estrangeiras (DIAMOND OFFSHORE NETHERLANDS B.V. e DIAMOND OFFSHORE DRILLING (UK)) não apresentariam condições de pleno funcionamento, inviabilizando, em decorrência, o cumprimento das obrigações assumidas pela própria contribuinte em face das concessionárias. (...) Neste diapasão, curioso notar ainda excertos dos contratos de reembolso de custos colacionados pela impugnante, segundo os quais, quando e como necessitado pela DIAMOND, a autuada adquiriria determinados materiais/suprimentos e providenciaria determinados serviços relativos aos contratos de afretamento, posteriormente cobrados da DIAMOND a preço de custo. É somente a partir de 1o de outubro de 2007, no que parece integrar conjunto de providências tendentes ao aperfeiçoamento da operação em epígrafe após sucessivas auditorias fiscais levadas a termo que a contribuinte firma contrato de serviços com DIAMOND OFFSHORE NETHERLANDS B.V. e DIAMOND OFFSHORE DRILLING (UK), ocasião em que resta pactuada taxa administrativa de serviços nos moldes seguintes (fls. 2.330/2.331 e 2.340/2.341): (....) A nosso sentir, estáse, em verdade, efetivamente, diante de um único e grande contrato, contemplando os ajustes de afretamento e de prestação de serviços de sondagens, perfurações, avaliações, completação e workover, cuja receita, em substancial Fl. 3201DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 19396.720017/201412 Acórdão n.º 3401003.106 S3C4T1 Fl. 11 19 proporção, restou mantida alheia a incidência do PIS/Pasep e da Cofins por meio de mecanismo segundo o qual referido montante, antes de socorrer a autuada, fora remetido as afretadoras estrangeiras, para em seguida retornar sob a denominação de "reembolso de despesas". No entanto, insiste a autuada que a autoridade fiscal teria, ao arrepio dos motivos de fato a ensejar a desconsideração dos atos ou negócios jurídicos de que trata o parágrafo único ao art. 116 do Código Tributário Nacional, validose, implícita e indevidamente, da autorização concedida pela legislação de regência para tanto. Não é o que se verifica da leitura dos autos. Aludidos recursos, por tudo quanto declinado no presente voto e no Relatório de Fiscalização (fls. 33/60), não representam verdadeiro ingresso de divisas no Brasil, na medida em que, tudo está a indicar, providos pelas concessionárias locais no intuito de fazer frente a execução de contratos de prestação de serviços levados a efeito pela própria contribuinte. Ademais, no ordenamento jurídico vigente, inexiste, diferentemente do que parece querer fazer crer a impugnante, rito próprio a promoção da desconsideração dos atos ou negócios jurídicos em tela. Destarte, se não atende aos anseios da impugnante a forma como abordada pela autoridade fiscal, também não enseja a reforma (ou anulação, como adiantado alhures) do lançamento tributário, pois suficientemente pormenorizadas pela representante da Fazenda as razões que conduziram a exigência fiscal. GRIFOS EM NEGRITO ACRESCIDOS Como se pode ver, os julgadores a quo entenderam que o auto de infração não descumpriu as leis (art. 142 do CTN e art. 9 e 10 do Decreto n. 70.235, de 1972) que estabelecem seus requisitos de validade, que não houve vício de motivação, e também que não ocorreu qualquer uma das causas legais (artigos 59 e 60 do Decreto n. 70.235, de 1972) de nulidade do ato administrativo. Eles identificaram as alegações da contribuinte dessa preliminar e as analisaram, expondo as razões por que tomaram a decisão de refutar essa preliminar. Os julgadores trataram diretamente da argüição feita pela impugnante, divergindo do seu entendimento e de sua proposição. A meu ver, não se confirma a alegação da contribuinte de que os julgadores de 1º piso não teriam enfrentado essa sua argüição de nulidade. Por isso que proponho a este colegiado que não seja dado provimento a essa preliminar. 2ª preliminar: nulidade do acórdão da DRJ por ter alterado o fundamento jurídico da exigência A contribuinte informa que, em sua impugnação, defendeu a impossibilidade de se exigir juros sobre a multa de ofício por falta de previsão na lei, mas que a decisão da DRJ Fl. 3202DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 20 destacou não ter constado do auto de infração a exigência de juros sobre a multa de ofício, mas que tal lapso não impediria que, na liquidação do crédito tributário os juros de mora fosse aplicados sobre a multa. A contribuinte entende que o acórdão pretende exigir juros de mora sobre a multa, enquanto a autuação originária não teria feito qualquer menção a esse fato e nem mesmo fundamentou a cobrança dos juros sobre a multa de ofício. Ao lermos o auto de infração podemos ver que os juros de mora ali foram designados como parte da exigência fiscal. Vemos, ainda, que, para se determinar o valor do crédito tributário até a data da lavratura do auto de infração, os juros de mora foram calculados somente sobre o tributos devido (favor ver fls. 10). Mas os fundamentos jurídicos da autuação para incluir os juros de mora são o artigo 161 do CTN e o § 3º do artigo 61 da Lei n. 9.430, de 1996: Lei n. 5.172, de 1966: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Lei n. 9.430, de 1996: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Os julgadores da instância primeira, para contestar a preliminar da impugnação, afirmam que o auto de infração não exigiu juros de mora sobre a multa de ofício, e que os juros de mora passam a ser devidos quando o pagamento do que é devido não ocorre dentro do prazo definido na legislação tributária, reportandose ao § 3º do art. 61 da Lei n. 9.430, de 1996. Ora, em minha leitura do auto de infração, encontro que os juros de mora não foram calculados sobre a multa de ofício, mas exclusivamente sobre a contribuição social devida. Não se trata de uma interpretação, mas uma constatação. A meu ver essa constatação não implica em mudança do fundamento da autuação. Além disso, penso que o caput e o § 3º ambos do artigo 61 informam que os débitos decorrentes de tributos não pagos no prazo previsto na lei devem ser acrescidos de multa de mora e de juros de mora. A multa de ofício (artigo 44, inciso I, da Lei n.º 9.430, de 1996) é calculada sobre o valor do tributo devido, ela é um débito decorrente do tributo devido. Fl. 3203DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 19396.720017/201412 Acórdão n.º 3401003.106 S3C4T1 Fl. 12 21 Por isso entendo que a multa de ofício é débito abrangido pelo que dispõe o caput e o § 3º do art. 61 dessa Lei, desde que não tenha sido pago no prazo. Os julgadores de 1º piso, ao contraditarem as alegações da impugnação, estão tratando do que a Lei dispõe a respeito da hipótese de incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. A ementa do Acórdão sintetiza esse entendimento. A sua decisão é que a alegação da contribuinte não poderia ser acolhida. Mas, de direito, o acórdão não está alterando o fundamento do auto de infração, pois ambos se apóiam nos mesmos textos legais. Com essas considerações, proponho a este Colegiado não dar provimento a essa preliminar. 3ª preliminar: nulidade do auto de infração por que houve vício de motivação na ausência da comprovação de dolo, fraude, (dis)simulação ou abuso de forma ou de direito por parte da contribuinte para desconsiderar os atos jurídicos praticados: A contribuinte alega que o ato administrativo não tem o motivo de fato, o que lhe retiraria sua validade. A autoridade lançadora teria presumido, mas sem provar, que o reembolso das despesas em discussão decorreria da obrigação mantida pela contribuinte junto á Petrobrás e à OGX, desconsiderando o fato de que esse reembolso estão previsto em outros contratos (entre a contribuinte e as afretadoras). A recorrente expõe sua visão de que, ao assim proceder, a autoridade lançadora desconsiderou os atos e os negócios jurídicos representados por esses contratos, mas que seu agir confronta a autorização legal para isso por que não prova que houve fraude, dolo, simulação ou abuso de forma ou de direito quanto a esses contratos. E que é necessário que haja a comprovação da intenção dolosa da contribuinte de criar o ato ou o negócio jurídico exclusivamente para mascarar a ocorrência do fato gerador ou os elementos constitutivos da obrigação tributária. Mas que o auto de infração não traz essa essas provas, inclusive ele não agrava a multa de ofício. Consequentemente, com a ausência de prova do dolo, fraude, (dis)simulação, abuso de forma ou de ^reito, nunca poderia o Fisco desconsiderar atos e negócios jurídicos validamente praticados pela Recorrente e submeter determinadas receitas à incidência da COFINS a seu bem entender, como acabou ocorrendo in casu, pois a sua atuação é vinculada e precisa preencher determinados requisitos legais, ex vi do art. 142, parágrafo único, do CTN. (...) Verificase da análise de todo o processo administrativo iniciado pelo autuante, que não há uma única prova a demonstrar a ocorrência de dolo, fraude ou simulação nos Contratos celebrados pelas Partes aqui ventiladas, a permitir a desconsideração dos atos jurídicos praticados, tal como fez o autuante para a descabida exigência do tributo através da autuação ora combatida. (...) Caso, de fato, houvesse qualquer intuito dissimulado nos atos e negócios jurídicos praticados pela Recorrente, com o objetivo de fraudar o fisco, deveria não por faculdade conferida ao autuante, mas por obrigação legal a ele imposta ter sido aplicada a multa agravada de 150%, o que não ocorreu justamente por não haver elementos que permitissem ao autuante sustentar eventual abuso de forma ou fraude cometidos pela Recorrente. (...) Fl. 3204DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 22 Restando, portanto, claramente afastada a imputação de fraude, simulação, ou dissimulação na conduta da Recorrente, outra consequência não há senão considerar como válidos os atos praticados por ela à luz do sistema jurídico brasileiro. Para se verificar o desacerto das premissas que partiu o autuante para considerar como simulados (ou dissimulados) os reembolsos das despesas adiantadas pela Recorrente às empresas estrangeiras, classificandoos como receitas operacionais da Recorrente, basta o cotejo entre as despesas adiantadas e o objeto dos Contratos de prestação de serviços firmados com a Petrobras e a OGX para se perceber que não guardam qualquer relação para justificar a tese do autuante. Ao ler detidamente o auto de infração e o seu termo de informação fiscal não encontro qualquer referência a desconsideração dos atos e negócios jurídicos praticados pela contribuinte e discutidos neste processo. Também não encontrei qualquer referência da autoridade fiscal a atribuir à contribuinte a intenção de mascarar a ocorrência do fato gerador ou os elementos constitutivos da obrigação tributária. Ao contrário, a análise que foi feita se apóia nos documentos e registros representativos desses atos e negócios jurídicos. Rogo pela paciência dos Ilustres Conselheiros para nos aprofundarmos na análise dessa argüição. Vejamos alguns trechos do termo fiscal do auto de infração: Do exame da contabilidade, verificase que, de 01/01/2009 a 31/7/2010, a fiscalizada alterou o critério anteriormente/utilizado para classificação contábil dos recursos financeiros denominados "Reembolsos de Despesas com Reparo e Manutenção de Plataformas", assumindo como seus tanto os dispêndios realizados (despesas com manutenção e reparo);, quanto os ingressos do exterior (receita de custos intercompanhia). Em sentido oposto, não ofereceu à tributação do PIS e da Cofins os recursos recebidos do exterior, decisão contraditória quando se constata que a fiscalizada se apropriou de créditos vinculados aos custos e insumos debitados na "Conta a Receber Intercompanhia", que totalizaram R$ 1.024.671,77 (um milhão, vinte e quatro mil, seiscentos e setenta e um reais, setenta e sete centavos) e R$ 4.719.700,29 (quatro milhões, setecentos e dezenove mil, setecentos reais, vinte e nove centavos), respectivamente, nos anoscalendário de 2009 e 2010. Preservando a coerência lógica, merece anotação que não cabem questionamentos à decisão da fiscalizada de, na contabilidade, reputar seus os custos, as despesas e (também) as receitas que (outrora) alegara pertencerem às proprietárias das embarcações, procedimento que, frisese, guarda (estreito) alinhamento com a tese defendida pela fiscalização. Entretanto, a apropriação de créditos do PIS e da Cofins sem a inclusão na base de cálculo das contribuições de despesas, custos e insumos correspondentes demonstra que não existe coerência na conduta adotada pela fiscalizada quando atribui o caráter de isento do PIS e da Cofins aos recursos remetidos pelas empresas DIAMOND OFFSHORE NETHERLANDS B.V. e DIAMOND OFFSHORE DRILLING (UK): à isenção, prevista na legislação aplicável, faz jus a receita de exportação de serviços com (efetivo, frisese) ingresso de divisas, natureza que os recursos recebidos do exterior definitivamente não possuem, conforme (muito) bem explicado pelo contribuinte na impugnação acima (parcialmente) transcrita. Por esse motivo, ao deslinde da questão; fazse essencial definir a natureza dos recursos enviados do exterior pelas proprietárias das embarcações, análise que deve necessariamente ser realizada no contexto delineado pelos registros contábeis da fiscalizada, relativos ao período; compreendido entre 01/01/2009 e 31/7/2010: se "receita da prestação de serviços", os serviços teriam sido prestados à pessoa jurídica domiciliada no exterior:e, por conseguinte, Fl. 3205DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 19396.720017/201412 Acórdão n.º 3401003.106 S3C4T1 Fl. 13 23 seriam receita de exportação isenta do PIS e da Cofins, ou à Petrobrás em território brasileiro, receita obtida no mercado interno? Para a fiscalização, não restam duvidas de que. as despesas reembolsadas à fiscalizada pelas empresas sediadas no exterior têm origem na prestação de serviços de prospecção, perfuração, avaliação, completação e "workover" contratados pela Petrobrás, conclusão embasada nos contratos; de afretamento e de prestação de serviço entregues à fiscalização, parte integrante deste Relatório. Assim sendo, não seria exagero afirmar —: se admitirmos como premissa que a natureza de uma receita é definida por sua origem e/ou fonte geradora que são basicamente as despesas, custos e insumos inerentes à prestação de serviços à Petrobrás pela fiscalizada, em território brasileiro, que justificam (e somente eles) as remessas de recursos do exterior, serviços cuja consecução não seria exeqüível sem a alocação (em funcionamento e com manutenção em ordem) das embarcações afretadas das empresas DIAMOND OFFSHORE NETHERLANDS B.V. e DIAMOND OFFSHORE DRILLING (UK). Nesse contexto, não pode a fiscalizada opor à Fazenda a sua pretensão de não assumir todas as conseqüências advindas da alteração de critério contábil, sendo uma das mais importantes, senão a principal, o reconhecimento da natureza do "reembolso de despesas" como receita operacional, evidenciado pelos registros existentes na sua contabilidade, conclusão ratificada pela apropriação das despesas, custos e insumos correspondentes e pelo aproveitamento de créditos do PIS e da Cofins! Por último merece retoque a afirmação "não gerando qualquer vantagem fiscal à Brasdr,' e nem prejuízo ao Erário", especificamente a parte sobre eventual dano à Fazenda: o "reembolso de despesas" assume a natureza de receita no mercado interno assertiva embasada, repisese, nos registros contábeis da fiscalizada , porque remetido com o propósito primeiro de cobrir as despesas, custos e insumos incorridos na prestação de serviços à Petrobrás, razão por que são tributáveis pelo PIS e pela Cofins, em conformidade com o disposto no art. Io da Lei n° 10.637/2002 e da Lei n° 10.833/2003, in verbis: (....) (GRIFOS EM NEGRITO NO ORIGINAL; GRIFOS SUBLINHADOS ACRESCIDOS NESTE EXCERTO). Como se pode verificar, a análise da autoridade fiscal se fundamenta nos documentos apresentados pela contribuinte e em seus registros contábeis e empresariais. Ela não sugere que houve simulação, ou fraude, ou abuso de forma ou de direito, ou intenção de mascarar o fato gerador ou os seus elementos constitutivos. Em meu entender, não compõe esse contraditório o instituto da desconsideração dos atos e negócios jurídicos, como pretende fazer crer a contribuinte em seu recurso. A autoridade fiscal não considerou inválidos os atos e negócios em discussão. Além disso, necessário pontuar que, em minha visão, não tem base na Lei a argumentação da contribuinte de que é necessário provar dolo, fraude ou simulação, ou abuso de forma ou de direito, para se constatar a ocorrência de fato gerador e de obrigação tributária não adimplida. Ademais, a administração tributária federal não se encontra limitada a conseguir uma prévia declaração definitiva, judicial ou administrativa, de nulidade ou de invalidação de tos jurídicos como requisito para proceder à determinação de tributação e infração, como se pode constatar no que define o artigo 118 do CTN: Lei n. 5.172, de 1966: Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose: Fl. 3206DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 24 I da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. O auto de infração traz os motivos de direito e de fato, e se baseiam na documentação e nos registros da contribuinte, que foram considerados válidos. Não houve desatendimento ao que estabelecem o artigo 142 do CTN ou aos artigos 9 e 10 do Decreto n. 70.235, de 1972, que possa justificar que haja vício de motivação no auto de infração. Portanto, entendo que não se pode dar acolhida às alegações da contribuinte quanto a essa preliminar, razão por que proponho a este Colegiado não lhe ser dado provimento. Mérito A contribuinte, em seu recurso, reafirma que: (i) os valores objeto da autuação não são receitas, mas apenas reembolso de despesas; (ii) os recursos recebidos a título de reembolso de despesas teriam sido contabilizados como receita (na conta denominada 'receitas de custos intercompanhia'), mas que essa classificação teve o único propósito de controlar e gerenciar custos de despesas adiantadas pela recorrente em benefício das afretadoras estrangeiras; (iii) não pode prevalecer a mera formalidade da classificação contábil para descaracterizar a real natureza dessas verbas. A verdade material deve prevalecer sobre a formal. (iv) as verbas em discussão não teriam a natureza de subvenção. Invoca o Parecer Normativo CST n. 112/1978 que expõe que subvenção para custeio é transferência de recursos para pessoa jurídica com a finalidade de auxiliála a fazer frente às despesas de suas operações próprias, mas que esse não é o caso dessas verbas pois elas se referem a despesas com operações de terceiros. (v) os reembolsos de despesas não se enquadram no conceito de receita, pois esse tipo de montante "não adere definitivamente ao patrimônio do alienante", pois a importância apenas transita em mãos do alienante sem que em verdade lhe pertença em caráter definitivo. (vi) não tem procedência, por falta de indício ou provas, o entendimento da DRJ de que as despesas reembolsadas teriam estreita ligação com a prestação de serviços contratados pelas concessionárias. (vii) alternativamente, pede o reconhecimento de isenção ou imunidade por se tratar de valores recebidos decorrentes de exportação de serviços. Cita doutrina, jurisprudências e soluções de consulta. Invoca decisão do STF, com repercussão geral, que afirma não incidir PIS e COFINS sobre os valores recebidos a título de crédito de ICMS, que sublinha o entendimento de que são valores que apenas transitam pela alienante. Primeiramente, os documentos acostados aos autos, a meu ver, não confirmam as alegações da contribuinte. Fl. 3207DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 19396.720017/201412 Acórdão n.º 3401003.106 S3C4T1 Fl. 14 25 A contribuinte alega que os contratos que mantém com as afretadoras não têm relação e não se confundem com os contratos das afretadoras com a Petrobrás e com a OGX, e também não têm relação com os contratos da contribuinte com a Petrobrás e a OGX., Mas como pudemos analisar nas preliminares deste voto, os contratos firmados pelas afretadoras com a Petrobrás e a OGX trazem cláusulas que expressamente estabelecem competências e responsabilidade para a contribuinte, que é deles cosignatária. Ademais, os contratos firmados pela contribuinte com as afretadoras, que são suas únicas sócias constituintes, têm objeto que são umbilicalmente vinculados ao objeto dos contratos das afretadoras com a Petrobrás e OGX. A contribuinte se compromete a cuidar das condições de operação das embarcações das afretadoras, mas isso se dá por que cada uma dessas embarcações está a serviço da Petrobrás ou da OGX nos termos firmados entre essas concessionárias e as afretadoras. Mantenho o entendimento de que essas vinculações são uma dependência daqueles contratos com relação a esses, tanto quanto ao aspecto fático, quanto nos aspecto contratual. Essa situação se confirma quando analisamos as notas das operações relacionadas às despesas reembolsadas: elas se referem às embarcações trazidas pelas afretadoras enquanto prestando serviços às concessionárias (Petrobrás e OGX). Os documentos revelam a materialidade dessa dependência, que são fatos não contraditados pela contribuinte. E, divergindo da contribuinte, a meu ver, os contratos da contribuinte com as afretadoras e também dela com a própria Petrobrás e com a OGX somente existem e têm sua efetividade por que as afretadoras firmaram os contratos com a Petrobrás e a OGX. Essa conclusão não é uma interpretação, mas é o que esses contratos estabelecem. Assim, vejo que não procede que não tenha prova da estreita ligação entre os contratos da contribuinte com as afretadoras, com os contratos da contribuinte com as concessionárias e das afretadoras com as concessionárias. Quanto à crença de que os reembolsos de despesas não seriam receitas e não teriam natureza de receita para fins de tributação da COFINS, pareceme que a razão não a assiste. A matéria não é nova neste Tribunal, e há julgados que decidem que o reembolso de despesa deve ser computada como receita operacional no caso de COFINS e PIS (e.g.: Acórdão n. 3301000422, de 03/01/2010; Acórdão n. 3401002.806, de 11/11/2014). Os reembolsos se referem a custos e despesas ocorridos nas atividades de prestação de serviços pela contribuinte, consoante seu objeto social, ou seja, se referem às próprias atividades operacionais da contribuinte, no cumprimento dos seus compromissos contratuais. Não são custos ou despesas excepcionais ou estranhos ao objeto social e às atividades da contribuinte. Esses reembolsos, assim, têm natureza de recuperação econômica do que foi despendido como necessário à prestação dos serviços, razão por que deve, a meu sentir, compor o faturamento e a receita operacional da prestadora de serviço. O que informam esses documentos desmontam a idéia da contribuinte de que esses valores seriam meros ingressos de caixa, e que eles apenas passariam pela contabilidade, não tendo qualquer aderência ao patrimônio. As Lei n. 10.637, de 2002, e n. 10.833, de 2003, definem como fato gerador do PIS e da COFINS, na incidência não cumulativa, "o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou Fl. 3208DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 26 classificação contábil". Essa definição de Lei, s.m.j., abrange os reembolsos de despesas decorrentes das atividades operacionais da contribuinte junto a seus clientes. Não têm sustentação as alegações da contribuinte de que os reembolsos não são receita, e que não corresponde à definição legal, ou que a verdade material das operações que deram causa a esses reembolsos deveria prevalecer sobre a classificação contábil que adotou (uma vez que as classificou como receita). Há que se sublinhar que a contribuinte é do mesmo grupo das afretadoras (Diamond Netherlands e Diamond Drilling), ou seja, são as únicas sócias da contribuinte que a contrataram para integrar os contratos firmados com as concessionárias. E que esse fato não desqualifica o nosso entendimento de que esses reembolsos têm natureza de recuperação econômica do que foi despendido como necessário à prestação dos serviços, e que devem compor o faturamento e a receita operacional da prestadora de serviço. Também não convenceram a defesa que a contribuinte fez de que os valores não teriam caráter de subvenção, como considerado pela autoridade fiscal no auto de infração. Ao contrário do que argumentou a contribuinte em seu recurso voluntário, os reembolsos tiveram origem em pagamentos para cobrir despesas em atividades cujo único propósito foi a prestação dos serviços propiciados pela demanda das concessionárias, configurandose subvenção para custeio e/ou recuperação de despesas e custos. Como vimos ao analisarmos os documentos, os contratos das concessionárias (Petrobrás e OGX) com as afretadoras são o alfa dos contratos da contribuinte. As receitas obtidas pelas afretadoras com as concessionárias são a origem das receitas auferidas pela contribuinte. Os serviços são prestados no Brasil para atender à Petrobrás e à OGX. São as concessionárias que se beneficiam direta e concretamente pelos serviços da contribuinte, dentro do escopo da relação mantida pelas afretadoras com as concessionárias. Não há a exportação de serviços, como sugerido pela contribuinte como hipótese alternativa para justificar a não tributação dos reembolsos de despesas. É de sublinhar que a contribuinte não contestou, nem provou o desacerto da autoridade fiscal, que ela, quanto aos valores decorrentes das operações aqui em discussão, reputou seus os custos, as despesas e que se apropriou de créditos vinculados aos custos e insumos debitados nas contas a receber de intercompanhias. Não creio que mereça reparos o entendimento firmado pela autoridade fiscal quanto à determinação da tributação, nesse caso. Por fim, quanto à contestação de que não podem incidir juros de mora sobre a multa de ofício, como expus anteriormente neste voto, aliome àqueles que entendem que é cabível a incidência de juros de mora, à taxa SELIC, para a multa de ofício que não tenha sido quitada no seu vencimento. Esse entendimento tem base no artigo 61, caput e § 3º, da Lei n. 9.430, de 1996, pois a multa de ofício é débito decorrente de tributo devido. S.m.j., a jurisprudência apontada pela contribuinte em seu recurso não tem o caráter vinculante que ela sugere. Com essas considerações, concluo propondo a este colegiado não dar provimento ao recurso voluntário e ao recurso de ofício. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator Fl. 3209DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 19396.720017/201412 Acórdão n.º 3401003.106 S3C4T1 Fl. 15 27 Voto Vencedor Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Registro o voto divergente do conselheiro relator no concernente à incidência de juros de mora sobre a multa de lançamento de ofício. De acordo com a Súmula CARF nº 4, a partir de 1º/04/1995, "(...) os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal" passaram a ser devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial SELIC para títulos federais. Resta dúvida, todavia, sobre se a expressão "débitos tributários" compreende apenas tributos ou também as penalidades, sobretudo ao se ter em conta que o art. 161 do Código Tributário Nacional determina que o "(...) crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora (...) sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis": Código Tributário Nacional Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1° Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Em outras palavras, ao crédito tributário se acrescem os juros de mora e, para além deste montante, é possível a aplicação de penalidades aquelas cabíveis segundo a legislação. Logo, a dicção do art. 161 do Código Tributário Nacional determina a incidência dos juros sobre o crédito, do qual não participam as multas, pois espécies de penalidades cabíveis. Neste sentido o racional, com o qual comungamos, do voto vencedor do Conselheiro Rosaldo Trevisan no Acórdão CARF nº 3403002.702, de 29/01/2014: "As multas são inequivocamente penalidades. Assim, restaria ilógica a leitura de que a expressão créditos ao início do caput abarca as penalidades. Tal exegese equivaleria a sustentar que: os tributos e multas cabíveis não integralmente pagos no vencimento serão acrescidos de juros, sem prejuízos da aplicação das multas cabíveis" (seleção e grifos nossos) . O voto em referência, que representa de maneira fidedigna e satisfatória a posição em torno da qual se formou a maioria do colegiado no julgamento do presente processo, continua a sua análise pela leitura do art. 61 da Lei nº 9.430/1996 que também demarcou a divisão entre os débitos, de um lado, sobre os quais devem incidir os juros de mora (cf. caput e § 3º do dispositivo) e a multa de mora, de outro: Fl. 3210DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 28 Lei nº 9.430/1996 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1 de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O voto propõe, então, a análise dos arts. 29 e 30 da Lei nº 10.522/2002, que tampouco pacificam a matéria em debate: Lei nº 10.522/2002 Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de Ufir, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1º de janeiro de 1997. § 1° A partir de 1o de janeiro de 1997, os créditos apurados serão lançados em reais. § 2° Para fins de inscrição dos débitos referidos neste artigo em Dívida Ativa da União, deverá ser informado à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional o valor originário dos mesmos, na moeda vigente à época da ocorrência do fato gerador da obrigação (...). Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1o de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia Selic para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento. O art. 30 determina a incidência de juros de mora (Selic) sobre os débitos referidos no art. 29, que seriam aqueles de qualquer natureza devidos à Fazenda Nacional e aqueles decorrentes de contribuições arrecadadas pela União. Contudo, ao se referir à apuração realizada a partir de 1º de janeiro de 1997, o legislador utiliza o vocábulo "créditos", o que implica ou promiscuidade terminológica ou um discrímen voltado especificamente para as quantias apuradas a partir de 1997, o que remete à conclusão do raciocínio do voto que referenciamos: "(...) tal raciocínio, ancorado em uma entre duas leituras possíveis do dispositivo, revelase insuficiente para impor o ônus ao contribuinte (...). Não se tem dúvidas que o valor das multas também deveria ser atualizado, sob pena de a penalidade tornarse pouco efetiva ou até inócua ao fim do processo. Mas o legislador não estabeleceu expressamente isso. Pela Fl. 3211DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 19396.720017/201412 Acórdão n.º 3401003.106 S3C4T1 Fl. 16 29 carência de base legal, então, entendese pelo não cabimento da aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício"1 (seleção e grifos nossos). Pelo exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, reconhecendo, para efeitos de execução do presente acórdão pela unidade local, a não incidência de juros de mora sobre o valor da multa de ofício. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco 1 Voto vencedor do Conselheiro Rosaldo Trevisan no Acórdão CARF nº 3403002.702, de 29/01/2014. Fl. 3212DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 05/06/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10283.006155/2005-05
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2001
ITR - ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E ÁREA DE RESERVA LEGAL - APRESENTAÇÃO DE ADA
Para fatos geradores ocorridos em 2001, na vigência do §1º, do artigo 17-O, da Lei 6.938/81 para as áreas de preservação permanente e de reserva legal, era obrigatória a utilização do ADA para redução do ITR a pagar.
No presente caso, como se trata de fato gerador ocorrido em 01/01/2001 e não houve a apresentação do ADA, referidas áreas não poderiam ser excluídas da base de cálculo do imposto.
Numero da decisão: 9202-004.620
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que lhe negaram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Junior, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Gerson Macedo Guerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, ausente, momentaneamente, a Conselheira Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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No presente caso, como se trata de fato gerador ocorrido em 01/01/2001 e não houve a apresentação do ADA, referidas áreas não poderiam ser excluídas da base de cálculo do imposto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que lhe negaram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Junior, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 61 55 /2 00 5- 05 Fl. 309DF CARF MF 2 Silva Vieira, ausente, momentaneamente, a Conselheira Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Por estar clara e objetiva a redação do relatório do Acórdão a quo, tomo emprestada parte que aqui nos interessa, a saber: Contra a contribuinte acima identificada, foi lavrado Notificação de Lançamento (fls. 05/11) para exigir crédito tributário de ITR, exercício 2001, no montante total de R$ 17.873,12, incluído multa de ofício de 75% e juros de mora calculados até 30/11/2005, incidente sobre o imóvel rural denominado “Fazenda Dez Dias"(NIRF n° 6.311.4003), localizado no município de Novo Aripuana /AM, com área total de 9.616,9 ha. Conforme se depreende do Demonstrativo de apuração de ITR (fls.08), que acompanhou o auto de infração, foi glosada integralmente da área de exclusão da base de cálculo do ITR, a área utilização limitada de 7.693,5ha. Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal fl. 07, a glosa teve origem na falta de protocolo do ADA – Ato Declaratório Ambiental. Cientificada do lançamento, a contribuinte apresentou tempestivamente impugnação às fls.23/36, insurgindose em síntese pela desnecessidade do ADA para efeito de exclusão do ITR sobre área de reserva legal devidamente averbada. Após analisar a matéria, os Membros da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife/PE, acordaram, por unanimidade de votos, em julgar procedente o lançamento, nos termos do Acórdão DRJ/REC n° 1120.997, de 06 de dezembro de 2007, fls.38/43, em decisão assim ementada: No julgamento do Recurso Voluntário a 1ª Turma Ordinária, da 2ª Câmara, da 2ª Seção de Julgamento a ele deu provimento, para restabelecer a área de reserva legal na apuração do imposto, conforme ementa abaixo: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2001 Ementa: AUTO DE INFRAÇÃO PARA LANÇAMENTO SUPLEMENTAR DE ITR. GLOSA DE ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA POR FALTA DO COMPETENTE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA) EXPEDIDO PELO IBAMA. Descabida a cobrança de Imposto Suplementar por glosa de área da Reserva Legal da propriedade em função da não apresentação tempestiva do Ato Declaratório Ambiental, fatos estes que foram devidamente sanados e comprovados devidamente, mesmo fora do prazo, durante a fase processual administrativa Fl. 310DF CARF MF Processo nº 10283.006155/200505 Acórdão n.º 9202004.620 CSRFT2 Fl. 310 3 RESERVA LEGAL. Estando a reserva legal registrada à margem da matrícula do registro de imóveis não há razão para ser desconsiderada sob pena de afrontar dispositivo legal. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencido(a) o(a) Conselheiro(a) Eduardo Tadeu Farah. Regularmente intimada da decisão a União, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, objetivando rediscutir a glosa da área de reserva legal, tendo em vista a ausência de apresentação tempestiva do ADA. Para demonstrar a divergência de interpretação trouxe como paradigma os Acórdãos nº 30134.352 e 30239.144. Em suas razões, a União alega, em apertada síntese: 1. O primeiro ponto que se deve destacar, no tocante às áreas de preservação permanente e reserva legal, é que o citado dispositivo legal trata de concessão de benefício fiscal, razão pela qual deve ser interpretado literalmente, de acordo com o art. 111 da Lei nº 5.172, de 25/10/1966 (Código Tributário Nacional – CTN). 2. Assim, para efeito da exclusão das áreas de preservação permanente e reserva legal da incidência do ITR, é necessário que o contribuinte comprove o reconhecimento formal específica e individualmente da área como tal, apresentando o ADA respectivo ou protocolizando requerimento de ADA perante o IBAMA ou em órgãos ambientais delegados por meio de convênio, no prazo de seis meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da declaração. 3. A exigência do ADA encontra se consagrada na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 17O, §1º, com a redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 27/12/2000, já em vigor para o ITR desde o exercício de 2001. De fato, esse diploma reiterou os termos da Instrução Normativa nº 43/97 e atos posteriores, no que concerne ao meio de prova disponibilizado aos contribuintes para o reconhecimento das áreas de preservação permanente e de utilização limitada, com vista à redução da incidência do ITR. 4. Nesse contexto, a União (Fazenda Nacional) pede, reconhecida a contrariedade ao art. 17O, § 1º, da Lei nº 6.938/81, com a alteração da Lei nº 10.165/2000, c/c 10, inciso II, da Lei nº 9.393/96, 111, inciso II, do CTN, art. 17 da IN SRF nº 60/2001 e 10 do Decreto nº 4.382/2002 e com base na divergência apontada, seja conhecido e provido o presente Recurso Especial, para reformar a decisão recorrida e restaurar o inteiro teor da r. decisão de primeira instância administrativa. Fl. 311DF CARF MF 4 Na análise de admissibilidade, foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto, nos seguintes termos: O cotejo da ementa do Acórdão nº 30239.144 com a ementa do acórdão recorrido permite constatar que efetivamente foi demonstrada a alegada divergência jurisprudencial: enquanto o paradigma considera que, a partir do exercício 2001, passou a ser obrigatória a apresentação do ADA, ou a comprovação do protocolo de requerimento daquele Ato, junto ao IBAMA, em tempo hábil, para fins de isenção da tributação do IR, no julgado guerreado essa exigência foi dispensada. Regularmente notificado em 10/07/2013 (conforme AR de fl. 305), o contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Gerson Macedo Guerra, Relator Presentes os requisitos para admissibilidade do recurso especial, não tenho reparos a fazer na análise previamente realizada. A exclusão da área de reserva legal da base de cálculo do ITR, à época do fato gerador em questão, estava prevista no artigo 10, §1º, II, "a", da Lei 9.393/96. Segundo tal norma, a área tributável seria a área total do imóvel menos, dentre outras, a área de reserva legal prevista na Lei 4.771/65, nos seguintes termos: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; Com a publicação da Lei 10.165/2000, em 28/12/2000, foi alterado o artigo 17O, da Lei 6.938/81, incluindose ali o §1º, que estabeleceu a obrigatoriedade de utilização do ADA para efeito de redução do valor do ITR a pagar, verbis: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Fl. 312DF CARF MF Processo nº 10283.006155/200505 Acórdão n.º 9202004.620 CSRFT2 Fl. 311 5 (...) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Logo, na vigência do §1º em questão, todas as áreas passíveis de exclusão da base de cálculo do ITR deveriam estar contidas no ADA para tanto. Importante comentar que a MP 2.16667/01 revogou tal norma em relação às áreas de preservação permanente, de reserva legal e sob regime de servidão ambiental, ao introduzir o §7º, ao artigo 10, da Lei 9.393/96. Contudo, tal revogação surtiu efeitos apenas para fatos geradores de ITR ocorridos a partir de 2002, tendo em vista que sua publicação ocorreu em 25/08/2001. No presente caso, como estamos diante de fato gerador ocorrido em 01/01/2001, encontravase plenamente vigente o §1º, da Lei 6.938/81, e a exigência do ADA, portanto. Nesse contexto, voto por DAR provimento ao recurso da União. Importante registrar que no entendimento da maioria a falta de ADA não consiste em elemento capaz de obstar o direito ao reconhecimento de área de reserva legal, pois esta exigência pode ser suprida pela averbação da área de reserva legal à margem da matricula do registro de imóveis, desde que ocorrida, tempestivamente, antes do fato gerador do tributo. No presente caso a averbação se deu posteriormente à ocorrência do fato gerador do ITR 2001, conforme se pode depreender das certidões de matrícula às fls. 37 e 39 dos autos. (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Fl. 313DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10469.904165/2009-55
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/03/2006 a 31/03/2006
COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. PROVA.
Na apuração de COFINS não-cumulativa, a prova da existência do direito de crédito indicado na PER/DCOMP incumbe ao contribuinte.
COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE.
Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de indeferimento de seu pedido.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.080
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Valcir Gassen, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Giovani Vieira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/03/2006 a 31/03/2006 COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. PROVA. Na apuração de COFINS não-cumulativa, a prova da existência do direito de crédito indicado na PER/DCOMP incumbe ao contribuinte. COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de indeferimento de seu pedido. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Valcir Gassen, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Giovani Vieira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
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Compensação. Comprovação do direito creditório. Recorrente G J DE MEDEIROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/03/2006 a 31/03/2006 COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. PROVA. Na apuração de COFINS nãocumulativa, a prova da existência do direito de crédito indicado na PER/DCOMP incumbe ao contribuinte. COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de indeferimento de seu pedido. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Valcir Gassen, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Giovani Vieira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 90 41 65 /2 00 9- 55 Fl. 1277DF CARF MF Processo nº 10469.904165/200955 Acórdão n.º 3301003.080 S3C3T1 Fl. 3 2 Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 4ª Turma da DRJ Recife, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade, não reconhecendo o direito creditório oriundo de suposto recolhimento à maior da Cofins. Em consequência, foi mantida a nãohomologação da compensação declarada. A autoridade competente da DRF/Natal não homologou a compensação, fundamentandose no fato de o DARF informado no PER/DCOMP já ter sido utilizado integralmente para quitar débitos declarados da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP objeto do presente processo. Segundo a Contribuinte, a explicação para a existência do crédito é o fato de haver apurado e recolhido a COFINS sobre seu faturamento total. No entanto, considerando que a maior parte dos produtos vendidos eram tributados à alíquota 0% (frutas e verduras no mercado interno art. 28 da Lei 10.865/2004), o valor devido seria bem menor do que o que foi declarado/pago. Quando ciente deste erro, ocorrido em 2005 e 2006, procedeu à reapuração dos valores devidos da Cofins, apurando créditos utilizados nas compensações declaradas (PER/DECMPs), mas não retificou as DCTFs. A retificação das DCTFs só foi efetuada após a ciência dos Despachos Decisórios emitidos pela DRF/Natal. A 4ª Turma da DRJ/REC, por intermédio do Acórdão nº 1133.627, julgou a manifestação de inconformidade improcedente, por entender que não foram comprovadas a liquidez e a certeza do suposto crédito informado na compensação declarada. Transcrevese a parte da ementa de interesse: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO (...) DCOMP. ERRO DE FATO EM DCTF. NÃO COMPROVAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não comprovado o erro de fato no preenchimento da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, com base em documentos hábeis e idôneos, não há que se acatar a retificadora para fins de comprovar a liquidez e certeza do crédito oferecido para a compensação com os débitos indicados na PER/DCOMP eletrônica. COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e a liquidez dos créditos são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL (...) PROVAS. As provas devem ser apresentadas na forma e no tempo previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. Fl. 1278DF CARF MF Processo nº 10469.904165/200955 Acórdão n.º 3301003.080 S3C3T1 Fl. 4 3 Em seu recurso voluntário, a Recorrente reitera seu direito creditório, justificando que nessa oportunidade apresenta as cópias das notas fiscais do período a que se refere a compensação, cópia do livro de registro de notas fiscais de saída, o relatório de vendas feitas no período, por produto, e o balancete do mês. Estes autos vieram ao CARF para apreciação do recurso voluntário, tendo o feito sido convertido em diligência, Resolução nº 3802000.027, da 2ª Turma Especial, nos termos do voto do relator Francisco José Barroso Rios, para que a unidade preparadora: · examinasse a fidedignidade da documentação acostada ao recurso voluntário, isso, frente a eventuais demonstrativos e documentação outra a ser requerida da interessada, porventura necessários à apuração da contribuição efetivamente devida; · diante dos elementos constantes dos autos, frente à documentação anexada ao processo e demais documentos e esclarecimentos que julgar necessários indagar à suplicante, se manifestasse sobre o valor da COFINS efetivamente devida. A empresa foi intimada pela fiscalização (Termo de Intimação Fiscal Número 001), tendo apresentado mais alguns elementos comprobatórios de seu alegado direito. Conforme consta do Relatório de Diligência Fiscal (anexado como Despacho de Diligência), as informações prestadas foram satisfatórias para a comprovação dos créditos de outros processos (outros períodos de apuração), mas não para o período de apuração analisado no presente. Por esse motivo foi emitida uma segunda intimação (Termo de Intimação Fiscal Número 002), exigindo da contribuinte o detalhamento dos créditos utilizados, relativos a nãocumulatividade do tributo. Todavia, não houve resposta à intimação nº 2. Por isso o Auditor Fiscal concluiu que o valor devido da Cofins foi o originalmente apurado/pago pela contribuinte, que não logrou êxito em comprovar o suposto recolhimento à maior. Por fim, o despacho de encaminhamento da unidade de origem atesta que, observado o prazo regulamentar, não houve manifestação da contribuinte quanto ao resultado da diligência. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.092, de 27 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10469.903724/200918, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.092): "O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Fl. 1279DF CARF MF Processo nº 10469.904165/200955 Acórdão n.º 3301003.080 S3C3T1 Fl. 5 4 A não homologação do PER/DCOMP se deu pelo fato de que à época da análise eletrônica da compensação declarada, a interessada ainda não havia entregue a DCTF retificadora e o dito pagamento estava, assim, totalmente apropriado ao débito originalmente declarado. Como relatado, no Recurso Voluntário, a Recorrente informa que o faturamento total de fevereiro/2006 foi de R$ 683.020,04 e que o faturamento sujeito à tributação da COFINS era somente de R$ 27.625,15. Dessa forma, a COFINS nãocumulativa informada e pleiteada pela Recorrente seria de R$ 476,68, calculada sob a alíquota de 7,6%, portanto, a base de cálculo utilizada teria sido a de R$ 6.272,10. Por isso, a Recorrente foi intimada para apresentar e comprovar os créditos subtraídos do faturamento tributável (R$ 27.625,15) para chegar à base de cálculo efetiva, de R$ 6.272,10. Foi comprovada nos autos a ciência dessa intimação, em 29/12/2015, mas o contribuinte não procedeu a essa demonstração. A prova a cargo do contribuinte tem como função especificar quais os produtos vendidos hortifrutigranjeiros (se classificados Capítulos 7 e 8 da TIPI), com seus valores e quantidades e sua destinação ao mercado interno, para que pudesse estar sujeita ao disposto no art. 28, da Lei 10.865/2004: Lei 10.865/2004 Art. 28. Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COF1NS incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda, no mercado interno, de: (Vide Lei n° 11.727, de 2008) (...) III produtos hortícolas e frutas, classificados nos Capítulos 7 e 8, e ovos, classificados na posição 04.07, todos da TIPI; e Na apuração de COFINS nãocumulativa, a prova da existência do direito de crédito indicado incumbe ao contribuinte, de maneira que, não havendo tal demonstração por parte do contribuinte, deve a Fiscalização não efetuar a homologação da compensação. Em regra geral, considerase que o ônus de provar recai sobre quem alega o fato ou o direito: CPC/1973 Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 1280DF CARF MF Processo nº 10469.904165/200955 Acórdão n.º 3301003.080 S3C3T1 Fl. 6 5 CPC/2015 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor É do próprio contribuinte o ônus de registrar, guardar e apresentar os documentos e demais elementos que testemunhem o seu direito ao creditamento. Nesse sentido a lição de Fabiana Del Padre Tomé (A Prova no Direito Tributário. 3ª ed. São Paulo: Noeses, 2011, p. 264): A prova compete a quem tem interesse em fazer prevalecer o fato afirmado. Por outro lado, se o autor apresenta provas do fato que alega, incumbe ao demandado fazer a contraprova, demonstrando fato oposto. Em processo tributário, por exemplo, se o Fisco afirma que houve determinado fato jurídico, apresentando documento comprobatório, ao contribuinte cabe provar a inocorrência do alegado fato, apresentando outro documento, pois a negativa se resolve em uma ou mais afirmativas. A empresa foi intimada a apresentar os documentos comprobatórios, o que não foi exercido. Sem o atendimento à diligência determinada pelo CARF, não há como comprovar os créditos da nãocumulatividade, porque não foram colocados à disposição para verificação. No caso presente, devese ainda acrescentar que tratase um pedido de iniciativa do próprio contribuinte (ressarcimento), para o qual, necessariamente, o mesmo deve possuir e apresentar as provas correspondentes. Isso porque a compensação tributária somente é possível, se demonstrada a liquidez e certeza dos créditos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública, conforme a prescrição do art. 170 do Código Tributário Nacional CTN: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Fl. 1281DF CARF MF Processo nº 10469.904165/200955 Acórdão n.º 3301003.080 S3C3T1 Fl. 7 6 Enfim, estáse diante da ausência de liquidez e certeza quanto ao suposto crédito contra a Fazenda Nacional, não cabendo a homologação do PER/DCOMP a ele vinculado. Conclusão Em vista disso, a Recorrente não logrou êxito em comprovar o crédito alegado, consequentemente a COFINS devida referente ao mês de fevereiro de 2006 permanece no valor originalmente pago e declarado, de R$ 18.404,01. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a empresa foi intimada a comprovar os valores que deveriam ser subtraídos da base de cálculo originalmente apurada (vendas sujeitas à alíquota zero), além da comprovação dos créditos descontados (apuração não cumulativa), para chegar à base de cálculo que, supostamente, seria a efetiva. Contudo, apesar das oportunidades que lhe foram dadas, a contribuinte não conseguiu apresentar a demonstração/comprovação necessária para que o Fisco atestasse a certeza e liquidez do direito creditório utilizado na compensação declarada nestes autos. Permanece como devido, portanto, o valor da Cofins de R$29.759,09, referente ao mês de março de 2006, valor esse originalmente declarado e recolhido pela contribuinte. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 1282DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.727015/2013-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. AMPLA DEFESA. IMPUGNAÇÃO.
Os procedimentos da autoridade fiscalizadora têm natureza inquisitória não se sujeitando ao contraditório os atos lavrados nesta fase. Somente depois de lavrado o auto de infração e instalado o litígio administrativo é que se pode falar em obediência aos ditames do princípio do contraditório e da ampla defesa. Ademais, após a ciência do auto de infração, com o litígio instaurado entre o fisco e o contribuinte, a legislação concede na fase impugnatória, ampla oportunidade para apresentação documentos e razões de fato e de direito.
SIGILO BANCÁRIO.
É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº 105/2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. A obtenção de informações junto às instituições financeiras, por parte da administração tributária, não implica quebra de sigilo bancário, mas simples transferência deste, porquanto em contrapartida está o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais por dever de ofício.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS.
Os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações são caracterizados como omissão de receitas.
PRESUNÇÃO JURIS TANTUM. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. FATO INDICIÁRIO. FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO.
A presunção legal juris tantum inverte o ônus da prova. Neste caso, a autoridade lançadora fica dispensada de provar que o depósito bancário não comprovado (fato indiciário) corresponde, efetivamente, ao auferimento de rendimentos (fato jurídico tributário), nos termos do art. 334, IV, do Código de Processo Civil. Cabe ao contribuinte provar que o fato presumido não existiu na situação concreta.
ARBITRAMENTO DO LUCRO - CABIMENTO
Sujeita-se ao arbitramento o contribuinte que apresentar a escrituração a que estiver obrigado com erros e deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO - EFEITO CONFISCATÓRIO.
Não há de se cogitar da materialização das hipóteses de confisco e de ofensa ao Princípio da Capacidade Contributiva quando os lançamentos se pautaram nos pressupostos jurídicos, declarados no enquadramento legal, e fáticos, esses coadunados com o conteúdo econômico das operações comerciais do contribuinte.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA
Aplica-se às contribuições sociais reflexas, no que couber, o que foi decido para a obrigação matriz, dada a íntima relação de causa e efeito que os une.
Numero da decisão: 1402-002.286
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Goncalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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EPP. Recorrida FAZENDA PÚBLICA. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. AMPLA DEFESA. IMPUGNAÇÃO. Os procedimentos da autoridade fiscalizadora têm natureza inquisitória não se sujeitando ao contraditório os atos lavrados nesta fase. Somente depois de lavrado o auto de infração e instalado o litígio administrativo é que se pode falar em obediência aos ditames do princípio do contraditório e da ampla defesa. Ademais, após a ciência do auto de infração, com o litígio instaurado entre o fisco e o contribuinte, a legislação concede na fase impugnatória, ampla oportunidade para apresentação documentos e razões de fato e de direito. SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº 105/2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. A obtenção de informações junto às instituições financeiras, por parte da administração tributária, não implica quebra de sigilo bancário, mas simples transferência deste, porquanto em contrapartida está o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais por dever de ofício. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. Os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações são caracterizados como omissão de receitas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 70 15 /2 01 3- 15 Fl. 5514DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10530.727015/201315 Acórdão n.º 1402002.286 S1C4T2 Fl. 5.515 2 PRESUNÇÃO JURIS TANTUM. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. FATO INDICIÁRIO. FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO. A presunção legal juris tantum inverte o ônus da prova. Neste caso, a autoridade lançadora fica dispensada de provar que o depósito bancário não comprovado (fato indiciário) corresponde, efetivamente, ao auferimento de rendimentos (fato jurídico tributário), nos termos do art. 334, IV, do Código de Processo Civil. Cabe ao contribuinte provar que o fato presumido não existiu na situação concreta. ARBITRAMENTO DO LUCRO CABIMENTO Sujeitase ao arbitramento o contribuinte que apresentar a escrituração a que estiver obrigado com erros e deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira. LANÇAMENTO DE OFÍCIO EFEITO CONFISCATÓRIO. Não há de se cogitar da materialização das hipóteses de confisco e de ofensa ao Princípio da Capacidade Contributiva quando os lançamentos se pautaram nos pressupostos jurídicos, declarados no enquadramento legal, e fáticos, esses coadunados com o conteúdo econômico das operações comerciais do contribuinte. TRIBUTAÇÃO REFLEXA Aplicase às contribuições sociais reflexas, no que couber, o que foi decido para a obrigação matriz, dada a íntima relação de causa e efeito que os une. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Goncalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 5515DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10530.727015/201315 Acórdão n.º 1402002.286 S1C4T2 Fl. 5.516 3 Relatório Tratamse de Recursos Voluntários interpostos pela empresa autuada, face v. acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil do que decidiu por manter integralmente as exigências perpetradas nos Autos de Infração (anocalendário 2009), relativas a omissão de receita, constatada por meio de extratos bancários, nos termos do artigo 42 da Lei 9.430/96 e arbitramento do lucro com base no critério da receita bruta conhecida, conforme dispõe os incisos II e III do art. 530 e arts. 532 e 537 do Decreto 3.000/1999, devido a impossibilidade de se calcular a receita com base nos documentos entregues pela Recorrente. A CSLL e o PIS/COFINS são decorrentes da infração de depósito bancário de origem não comprovada. Foi aplicada multa de ofício de 75%. A Recorrente foi autuada por omissão de receita devido a valores creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas junto a instituições financeiras, em relação aos quais o Recorrente, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem e o oferecimento a tributação dos recursos utilizados nessas operações, conforme Relatório Fiscal em anexo. O lucro dos quatro trimestres do anocalendário de 2009, foi arbitrado tendo em vista que a escrituração apresentada pelo contribuinte é imprestável para apuração do lucro e da movimentação financeira, em virtude dos erros e falhas apontados no Relatório Fiscal Intimado da lavratura do Auto de Infração, a Recorrente apresentou impugnação alegando e requerendo o seguinte: Nulidade da autuação, devido ao não atendimento da Fiscalização do pedido de devolução da documentação que pertence a Recorrente, incorrendo assim em cerceamento do direito de defesa. Alega que a multa aplicada ao presente caso é confiscatória e requer sua redução de 75% para 20%. Aduz a quebra ilegal de sigilo bancário. No mérito: Aduz que o arbitramento do lucro é ilegal, eis que a Recorrente entregou todos os documentos solicitados pela Fiscalização, tal como o Livro Registro de Caixa. Afirma que como a Recorrente era submetida pela sistemática do lucro presumido, o lucro deveria ter sido arbitrado pelo critério do lucro líquido. Alega que a movimentação financeira não é renda e que a autuação se baseou em presunções para lavrar o Auto de Infração. Fl. 5516DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10530.727015/201315 Acórdão n.º 1402002.286 S1C4T2 Fl. 5.517 4 Em seguida a DRJ de proferiu v. acórdão mantendo integralmente o Auto de Infração, registrando a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. São improfícuos os julgados administrativos trazidos pelo sujeito passivo, pois tais decisões não constituem normas complementares do Direito Tributário, já que foram proferidas por órgãos colegiados sem, entretanto, uma lei que lhes atribuísse eficácia normativa, na forma do art. 100, II, do Código Tributário Nacional. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões judiciais, com efeito inter partes, não podem ser aplicadas a outros casos. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. AMPLA DEFESA. IMPUGNAÇÃO. Os procedimentos da autoridade fiscalizadora têm natureza inquisitória não se sujeitando ao contraditório os atos lavrados nesta fase. Somente depois de lavrado o auto de infração e instalado o litígio administrativo é que se pode falar em obediência aos ditames do princípio do contraditório e da ampla defesa. Ademais, após a ciência do auto de infração, com o litígio instaurado entre o fisco e o contribuinte, a legislação concede na fase impugnatória, ampla oportunidade para apresentação documentos e razões de fato e de direito. SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº 105/2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. A obtenção de informações junto às instituições financeiras, por parte da administração tributária, não implica quebra de sigilo bancário, mas simples transferência deste, porquanto em contrapartida está o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais por dever de ofício. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. Os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações são caracterizados como omissão de receitas. PRESUNÇÃO JURIS TANTUM. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. FATO INDICIÁRIO. FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO. Fl. 5517DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10530.727015/201315 Acórdão n.º 1402002.286 S1C4T2 Fl. 5.518 5 A presunção legal juris tantum inverte o ônus da prova. Neste caso, a autoridade lançadora fica dispensada de provar que o depósito bancário não comprovado (fato indiciário) corresponde, efetivamente, ao auferimento de rendimentos (fato jurídico tributário), nos termos do art. 334, IV, do Código de Processo Civil. Cabe ao contribuinte provar que o fato presumido não existiu na situação concreta. ARBITRAMENTO DO LUCRO CABIMENTO Sujeitase ao arbitramento o contribuinte que apresentar a escrituração a que estiver obrigado com erros e deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira. LANÇAMENTO DE OFÍCIO EFEITO CONFISCATÓRIO. Não há de se cogitar da materialização das hipóteses de confisco e de ofensa ao Princípio da Capacidade Contributiva quando os lançamentos se pautaram nos pressupostos jurídicos, declarados no enquadramento legal, e fáticos, esses coadunados com o conteúdo econômico das operações comerciais do contribuinte. TRIBUTAÇÃO REFLEXA Aplicase às contribuições sociais reflexas, no que couber, o que foi decido para a obrigação matriz, dada a íntima relação de causa e efeito que os une. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com a decisão exarada no v. acórdão, a Recorrente interpõe Recurso Voluntário, repisando os mesmos argumentos da impugnação. Ato contínuo, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 5518DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10530.727015/201315 Acórdão n.º 1402002.286 S1C4T2 Fl. 5.519 6 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e possui os requisitos previstos na legislação, motivo pelo qual deve ser admitido. Em relação à nulidade no lançamento: A Recorrente alega cerceamento do direito de defesa, devido a Fiscalização não ter devolvido documentos que, supostamente, estavam sob seus cuidados. Ocorre que a Recorrente sequer indica quais são os documentos que se encontravam com a Fiscalização e se tais documentos tinham alguma relação com a autuação. Ademais, segundo consta nos autos, todos os documentos foram juntados ao processo, o qual, a Recorrente sempre obteve livre acesso. Tanto foi assim, que tirou cópia dos autos e apresentou impugnação contestando todas as acusações. Ou seja, o principio do devido processo legal e o da ampla defesa foram respeitados no processo, inexistindo o alegado cerceamento do direito de defesa. Desta forma, não verifico caracterizado o alegado cerceamento do direito de defesa, motivo pelo qual, afasto a nulidade no lançamento, apontada pela Recorrente. Quebra do sigilo bancário: Quanto à alegação de quebra de sigilo bancário sem autorização do judiciário e a argüição de inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 105 e da Lei nº 10.174, ambas de 2001, entendo que devido à recente decisão do Pretório Excelso, tal alegação da Recorrente não irá alterar a conclusão da decisão que foi tomada no v. acórdão "a quo" em relação a violação ao sigilo bancário. Vejamos a jurisprudência do STF e do CARF/MF: EMENTA: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE CONTRIBUINTES, PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS Fl. 5519DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10530.727015/201315 Acórdão n.º 1402002.286 S1C4T2 Fl. 5.520 7 REFERENTES A EXERCÍCIOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. (RE 601314 RG, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 22/10/2009, DJe218 DIVULG 19112009 PUBLIC 20 112009 EMENT VOL0238307 PP01422 ) A jurisprudência do E. CARF/MF, segue no mesmo sentido: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2010 SIGILO BANCÁRIO. VIOLAÇÃO. INEXISTÊNCIA. É lícito ao Fisco requisitar dados bancários, sem autorização judicial (art. 6º da Lei Complementar 105/2001). INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. INCOMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas são incompetentes para apreciar argüições de inconstitucionalidade de lei regularmente editada, tarefa privativa do Poder Judiciário. ARBITRAMENTO DO LUCRO. Sujeitase ao arbitramento do lucro o contribuinte que deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal. A eventual apresentação de livros, posterior ao lançamento efetuado, não invalida o arbitramento (Súmula CARF nº 59). RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. LEGITIMIDADE PROCESSUAL. PRECLUSÃO. A responsabilidade tributária deve ser objeto de contestação pelas próprias pessoas físicas e jurídicas às quais tal condição foi imputada pela fiscalização. A falta de questionamento, pelas pessoas físicas e jurídicas arroladas, no prazo legal, de sua condição de responsáveis pelo crédito tributário lançado, leva à preclusão desta matéria na esfera administrativa. A empresa fiscalizada, sem quaisquer provas de que tenha recebido procuração das responsáveis para apresentação de defesa em seus nomes, não possui legitimidade processual para contestar aquela imputação. Eventual recurso apresentado, nestas condições, não deve ser conhecido nesta parte. TRIBUTAÇÃO REFLEXA OU DECORRENTE. Aplicase aos lançamentos reflexos ou decorrentes, no que couber, o disposto em relação ao IRPJ exigido de ofício com base na mesma matéria fática e elementos de prova. (Recurso Voluntário Proc. 10218.720693/201472 Recorrente: Carajas Extração de Água Mineral LTDA ME Relator João Otavio Thome Acórdão: 1201 001.401). Ademais, em relação às alegadas inconstitucionalidades, cumpre ressaltar que os julgadores deste E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, são impedidos de analisálas nos termos da Súmula 02 deste mesmo tribunal. Desta forma, não há como se acolher as alegações relativas à violação do ao sigilo bancário. Da omissão de receita: Fl. 5520DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10530.727015/201315 Acórdão n.º 1402002.286 S1C4T2 Fl. 5.521 8 A Recorrente não conseguiu demonstra nos autos, nem a origem dos depósitos e nem comprovar o oferecimento para a D. Fiscalização de tais valores relativos a diferença. Como muito bem apresentado pela Fiscalização no Relatório Fiscal (fls. 4/7), após ter sido identificado os depósitos bancários, a Recorrente apresentou explicações, que conforme abaixo colacionado, não comprovaram a origem e o seu oferecimento a tributação, devido a diversas divergências. "Identificado o montante dos recursos creditados/depositados nas contas bancárias da citada empresa durante o anocalendário 2009, resta analisar as justificativas os elementos comprobatórios das origens dos recursos apresentados pelo contribuinte mediante atendimento à intimação específica para esse fim. Conforme já mencionado, a empresa foi intimada a apresentar planilhas indicativas da origem dos recursos financeiros creditados nas contas bancárias de sua titularidade acompanhadas da correspondente documentação comprobatória, conforme Termo de Intimação Fiscal 05275/2013. Em resposta, a empresa apresentou as planilhas constantes nos Anexos I, II e III do TIF 05275/2013, preenchidas com informações acerca da origem e natureza dos recursos creditados em suas contas bancárias durante o ano 2009, acrescentando que a documentação comprobatória relativa a contratos de venda de veículos através de intermediação já havia sido entregues. Analisando as informações prestadas pelo contribuinte nas planilhas em questão, percebese que as justificativas relativas às origens dos recursos apresentadas resumiramse em “Depósito em conta próprio” e “Depósito em conta terceiros”. No tocante aos esclarecimentos acerca da natureza dos recursos, prestou esclarecimentos resumidos relativos a apenas duas justificativas “Disponível” e “Intermediação de Venda”, não havendo qualquer outro tipo de esclarecimento. Com base nas respostas e justificativas apresentadas pelo contribuinte, percebese que a empresa pretendeu justificar a movimentação de todos recursos creditados/depositados nas contas de sua titularidade como provenientes da intermediação de veículos. Entretanto, não conseguiu vincular nenhum dos Contratos de Venda e/ou Intermediação apresentados aos valores creditados nas contas de sua titularidade no período, tendo em vista que não identificou nas referidas planilhas o nome dos responsáveis pelos créditos, tampouco preencheu o campo relativo ao documento de origem. Também não existe coincidência entre as datas e os valores constantes nos referidos contratos com aqueles existentes nas planilhas elaboradas a partir dos dados retirados dos extratos bancários fornecidos pelo contribuinte. Analisando as cópias dos Contratos de Venda e Intermediação de Veículos apresentadas pelo contribuinte, percebese que alguns deles encontramse acompanhados de cópias de Notas Fiscais de Prestação Fl. 5521DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10530.727015/201315 Acórdão n.º 1402002.286 S1C4T2 Fl. 5.522 9 de Serviço de Intermediação de Venda, cujos valores representam 1% do valor das operações de venda, além dos seguintes aspectos: a) Alguns dos contratos apresentados são denominados “Contrato de Prestação de Serviço de Intermediação e Outras Avencas”; Outros simplesmente “Contrato de Compra e Venda de Veículos”; b) Para os contratos de Prestação de Serviço, figuram como parte no contrato apenas a empresa fiscalizada na condição de contratada e o comprador na figura de contratante; c) Para os contratos de Compra e Venda a empresa fiscalizada figura nos contratos como representante do vendedor; d) Em todos os contratos assinam apenas o comprador e a empresa fiscalizada; Entretanto, analisando mais detidamente as operações consignadas nas cópias dos contratos de compra e venda e de intermediação apresentados, percebese que as características das citadas operações não são usuais em simples operações de intermediação de veículos, conforme elementos a seguir destacados: a) Usualmente, em operações de simples intermediação os compradores poderiam efetuar os pagamentos diretamente aos vendedores, sem necessidade dos recursos transitarem pelas contas da intermediadora (fiscalizada); b) Por outro lado, ainda que se tratassem de simples intermediação, a empresa poderia com certa facilidade identificar não só o ingresso de recursos vinculandoo a cada lançamento bancário, como também seria capaz de apontar a data e o valor de saída dos recursos de suas contas para repasse ao vendedor. O que não foi realizado para nenhuma das operações; c) Outro elemento que chama atenção é o fato de que, nos contratos de “Intermediação e outras Avencas”, cita que a contratada (fiscalizada) estaria autorizada a localizar e adquirir determinado tipo de veículo para o contratante. Entretanto, na maioria dos casos, o veículo já era identificado, pormenorizadamente, no próprio contrato através da identificação de dados do Renavam, Chassis, Placa, etc; d) Outro aspecto que merece destaque é que, mesmo nos contratos denominados de Compra e Venda, o possível vendedor, mesmo devidamente identificado, não assina os contratos. Não é demais ressaltar que, apesar da tentativa de justificar toda sua movimentação financeira através das cópias de contratos apresentados, merece destaque que a soma dos contratos apresentados é da ordem de pouco mais de 15 milhões de reais (Planilha 06), enquanto a soma dos créditos nas contas bancárias no período supera a casa dos 37 milhões de reais (Planilha 05). [...] Não é demais ressaltar que a referida empresa não é uma simples intermediadora de veículos, o próprio endereço da empresa na internet no endereço www.trocouveiculos.com.br indica que a empresa trabalha com a compra, a venda e a intermediação de veículos novos e usados. Fl. 5522DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10530.727015/201315 Acórdão n.º 1402002.286 S1C4T2 Fl. 5.523 10 Outro dado que merece destaque é o considerável porte da empresa e a existência de significativo estoque de veículos na empresa, conforme tornouse possível constatar em pesquisa realizada no endereço eletrônico acima referenciado, no dia 01/11/2013, data em que havia mais de 120 veículos de diversas marcas e valores cadastrados, conforme cópias das páginas juntadas ao Processo Fiscal. De igual modo, os Livros apresentados pelo contribuinte também não permitem aferir as operações comerciais realizadas pela empresa no período, tampouco permitem estabelecer correlação entre as operações bancárias e as operações comerciais realizadas, conforme elementos abaixo identificados: a) O Livro denominado Razão apresentado pelo contribuinte contem o registro apenas das contas Caixa Geral; Conta Banco do Brasil; Bradesco; Itaú e Cont. Intermd. Veículos a Pagar. b) Os lançamentos registrados nas referidas contas foram escriturados no sistema de partidas simples, não permitindo identificação das contrapartidas dos respectivos lançamentos; c) Os lançamentos efetuados na conta Caixa Geral relativos à venda/intermediação de veículos foram registrados pelos montantes diários que não permite identificar os lançamentos individuais; d) Nas contas referentes às movimentações realizadas nas contas bancárias não há registro de operações com a venda/intermediação com veículos que permita identificar/individualizar a operação; e) Em relação ao livro denominado “Caixa”, consta apenas o registro das operações realizadas na conta denominada “Caixa Geral”; f) Para este livro são aplicáveis as mesmas observações apontadas nas alíneas “b” e “c”. Por todo exposto, tendo em vista que a empresa não logrou êxito na comprovação da origem dos recursos depositados nas contas bancárias de sua titularidade, serão utilizados os valores constantes na planilha a seguir, para fins de determinação das bases de cálculo dos tributos devidos, os quais correspondem à soma dos créditos de origem não comprovada. Insta esclarecer também, que a D. Fiscalização excluiu da determinação da base de cálculo, os valores relativos a movimentação entre contas da própria Recorrente, empréstimos, devoluções, cheques etc.., por não serem passíveis de tributação, discriminados nos Anexos I, II e III do Relatório Fiscal. (fl. 4 do Relatório Fiscal). Assim, entendo que a Recorrente não conseguiu refutar a acusação fiscal. As provas acostadas aos autos pela Recorrente, não responderam a pergunta relativa a origem dos montantes depositados e nem demonstraram que tais valores foram oferecidos a tributação. No presente caso de omissão de receita constatada por meio de depósitos bancários, invertese o ônus da prova, ficando a Fiscalização desobrigada a provar que os depósitos bancários não comprovados (fato indiciário) correspondem, efetivamente, aos Fl. 5523DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10530.727015/201315 Acórdão n.º 1402002.286 S1C4T2 Fl. 5.524 11 rendimentos (fato jurídico tributário), nos termos do art. 334, IV, do Código de Processo Civil. Nesta caso, cabe ao contribuinte provar que o fato presumido não existiu na situação concreta posta a baila. Sendo assim, entendo que agiu corretamente a Fiscalização em lavrar auto de infração por omissão de receita nos termos do art. 42 da Lei 9.430/96 De resto, para evitar teratologia, colaciono a fundamentação do voto "a quo" recorrido que servirá de motivação para meu voto em relação aos tópicos de omissão de receita. Da análise dos documentos juntados Inicialmente a Impugnante apresenta um “Relatório Técnico”, que em seu conteúdo fundamenta a legalidade da escrita comercial apresentada e conclui: Dentro do exposto a contabilidade e os controles internos da empresa cumpre bem a função. Calçada na exigência do Decreto Lei nº 1.598 de 1.977 em seu artigo 12º, § 3º, de que o arbitramento do livro caixa, apenas e somente poderá ocorrer, quando houver evidente omissão de receita nas demonstrações contábeis, e controles internos apresentados. Análise da forma de tributação já foi objeto de análise no item II – 1.1 – deste voto. Anexa na seqüência, uma “peça complementar ao relatório da perícia”, acrescenta mais argumentos: ................................................................................................................... E fato observar, que a empresa nunca teria pretendido justificar a sua movimentação. A empresa demonstrou todo o seu procedimento legal, pois é realmente assim que a intermediação de veículos funciona, mas ficou claro que o fisco não se mostrou interessado em entender, ou não foi capaz de entender o funcionamento da SERGIO CORRETORA. ................................................................................................................... Na intermediação, a confiança entre quem entrega seu carro para ser negociado e a empresa que negocia, tem que ser ampla, pois os recursos inicialmente vão para a empresa intermediadora e posteriormente na forma desejada é entregue ao proprietário(a) em dinheiro (após saque), em cheque ou cheques, em transferência para conta própria ou de terceiro, pode ser usado a totalidade ou parte do seu valor na aquisição de um outro veículo no próprio estabelecimento ou em outro. Não compreendendo seu funcionamento o Fisco cometeu erros absurdos, como o que aconteceu neste caso, pois buscar datas de pagamento , ou valores iguais será sempre difícil de ser encontrado. Não deve querer o Fisco comparar atividade de intermediação com a de uma loja de roupa em um shopping. E sempre bom repetir que o fisco não compreendeu a forma de negociação por intermediação, pois no parágrafo 37° (trigésimo sétimo) diz que: " alguns dos contratos são de prestação de serviço de intermediação .... e outro é de compra e venda" Fl. 5524DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10530.727015/201315 Acórdão n.º 1402002.286 S1C4T2 Fl. 5.525 12 Percebese claramente a confusão no entendimento do Fisco sobre os contratos usados pela empresa: O Contrato de INTERMEDIAÇÃO é feito apenas com o proprietário do veiculo, um contrato que dá segurança a quem deixa o seu veículo sobre os cuidados da SERGIO CORRETORA DE VEÍCULOS LTDA. Já o Contrato de COMPRA E VENDA é feito apenas para o contribuinte (SERGIO CORRETORA DE VEÍCULOS LTDA ( procurador), oficializar a negociação e emitir a nota fiscal de serviço, finalizando o processo, inclusive assinando pelo proprietário como determina o contrato de intermediação. Obs: É importante analisar que o contrato de intermediação se assemelha a uma Procuração Pública, onde o procurador, baseado nos poderes dados a ele, pode comprar e vender etc e, no caso analisado, pode assinar contrato de negociação de veículos de terceiros. Seguindo esta linha de raciocínio da Impugnante, a mesma deveria trazer nesta peça impugnatória demonstrativos, livros fiscais/comerciais, e documentos hábeis e idôneos que justificassem os lançamentos correspondentes aos créditos nas contas correntes, com a finalidade de comprovar suas origens e o seu oferecimento à tributação. Para tanto deveria: 1 – Identificar o valor a ser comprovado; 2 – vincular a ele, um contrato de Intermediação de Negócios; 3 – demonstrar a comissão recebida referente a este depósito, inclusive o registro da receita no Livro Fiscal correspondente; 4 – Demonstrar o repasse, da diferença entre o valor depositado e a comissão a que faz jus, para a parte Contratante( proprietário do veículo). 5 – Demonstrar que estes valores foram lançados a Crédito e a Débito no Livro Caixa correspondente( caso da escrituração obrigatória na tributação pelo Lucro Presumido); Continuando a análise dos Demonstrativos e documentos juntados concluímos: Comparando os Demonstrativos da Fiscalização em que aponta os depósitos não comprovados (fl. 178/277) com o Relatório Comparativo Crédito – Débito, verificamos que a Impugnante apresenta alguns valores da base de cálculo, sem vincular a ele a comprovação no moldes acima, pois a Impugnante só se ateve a demonstrar os créditos, débitos e saldos (fl. 2.207/ 2.390). De igual forma no Demonstrativo de Comissões de intermediações de compra e venda de veículos (fl. 2.394/2.405), não ha correspondência com os valores a serem comprovados. E os demais documentos de fl. 2.409/5.443 ( Livro fiscais, Comerciais, e contratos) seriam documentos hábeis para a comprovação, desde que fossem vinculados aos depósitos a serem comprovados nos moldes de comprovação acima. Em face do exposto, consideramos correta a tributação. Fl. 5525DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10530.727015/201315 Acórdão n.º 1402002.286 S1C4T2 Fl. 5.526 13 Do arbitramento do lucro: O arbitramento do lucro de seu devido a deficiência da escrita fiscal da Recorrente, que impediu a Fiscalização de determinar a movimentação financeira e o lucro da empresa. Vejamos a justificativa do Agente Fiscal de Rendas para arbitrar o lucro. "os Livros apresentados pelo contribuinte também não permitem aferir as operações comerciais realizadas pela empresa no período, tampouco permitem estabelecer correlação entre as operações bancárias e as operações comerciais realizadas entre as operações bancárias e as operações comerciais realizadas, conforme elementos abaixo identificados: a)O Livro denominado Razão apresentado pelo contribuinte contem o registro apenas das contas Caixa Geral; Conta Banco do Brasil; Bradesco; Itaú e Cont. Intermd. Veículos a Pagar. b) Os lançamentos registrados nas referidas contas foram escriturados no sistema de partidas simples, não permitindo identificação das contrapartidas dos respectivos lançamentos; c) Os lançamentos efetuados na conta Caixa Geral relativos à venda/intermediação de veículos foram registrados pelos montantes diários que não permite identificar os lançamentos individuais; d) Nas contas referentes às movimentações realizadas nas contas bancárias não há registro de operações com a venda/intermediação com veículos que permita identificar/individualizar a operação; e) Em relação ao livro denominado “Caixa”, consta apenas o registro das operações realizadas na conta denominada “Caixa Geral”; f) Para este livro são aplicáveis as mesmas observações apontadas nas alíneas “b” e “c”. Em decorrência das deficiências da escrituração apresentada pelo contribuinte indicadas no presente Relatório Fiscal, tornouse necessário proceder ao arbitramento do lucro do contribuinte com base no critério da receita bruta conhecida, conforme dispõe os incisos II e III do art. 530 e arts. 532 e 537 do Decreto 3.000/1999.(grifamos) Vejam D. Julgadores, que a Fiscalização não tinha outra opção, senão arbitrar o lucro, utilizando o critério de receita bruta, nos termos do artigo 540, 518, 519 e o artigo 244, todos do RIR/99. Importante ressaltar que o Agente Fiscal de Rendas não incluiu valores referentes à movimentação entre contas do próprio contribuinte, empréstimos, devoluções de cheques, etc, que restaram comprovados nos autos, cujos valores serão excluídos para fins de determinação da base de cálculo por não representarem ingresso de receitas passíveis de tributação, conforme demonstrado nos Anexos I, II e III do presente Relatório Fiscal. Fl. 5526DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10530.727015/201315 Acórdão n.º 1402002.286 S1C4T2 Fl. 5.527 14 Desta forma, entendo que agiu corretamente o Agente Fiscal de Rendas ao arbitrar o lucro utilizando o critério de receita bruta. Da Multa: A multa foi corretamente capitulada e aplicada de acordo com a infração praticada. Sendo assim, de acordo com o principio da estrita legalidade, entende que a multa deve ser mantida no percentual de 75%. Sendo assim, deixo de acolher o pedido de redução da multa para o percentual de 20%. Da mesma forma, deixo de acolher a alegação de que a multa aplicada ao Auto de Infração seria confiscatória, por estar impedido de analisar constitucionalidade de lei no processo administrativo tributário federal. (Súmula 2 do E. CARF/MF). Tributação Reflexa: Aplicase às contribuições sociais reflexas, no que couber, o que foi decido para a obrigação matriz, dada a íntima relação de causa e efeito que os une. Pelo exposto e por tudo que consta processado nos autos, conheço do Recurso Voluntário e nego provimento. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Fl. 5527DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 10480.004010/2003-73
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3402-000.823
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por unanimidade de votos, converteu-se o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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Recorrida UNIÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, converteuse o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto. Antonio Carlos Atulim Presidente. Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de pedido de ressarcimento de créditos de IPI no valor de R$ 25.198,23, relativo ao período de 16/01 a 28/02 de 2003, decorrente da aquisição de insumos tributados à alíquota zero e isentos. 2. Ao longo do processo administrativo formado, o Recorrente foi intimado para efetuar o seu pedido de ressarcimento levando em consideração o saldo credor por períodos trimestrais, oportunidade em que a Recorrente requereu a juntada de todos os pedidos de ressarcimento antes materializados pela empresa, no que tange aos créditos fundados em decisão judicial proferida pelo Tribunal Regional Federal da 5a. Região (Apelação em Mandado de Segurança n. 82.188) e no qual se discutiu o aproveitamento de créditos em operações desoneradas com a Zona Franca de Manaus. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 80 .0 04 01 0/ 20 03 -7 3 Fl. 434DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10480.004010/200373 Resolução nº 3402000.823 S3C4T2 Fl. 434 2 3. Diante deste quadro, o pedido do contribuinte foi indeferido, ao fundamento que a Recorrente não teria obedecido o disposto no art. 11 da Lei n.° 9.779/991 e o disposto no art. 14 da IN SRF n. 210/022 vigente à época, vez que o saldo passível de ressarcimento somente seria aquele acumulado ao final de cada trimestrecalendário, o que não teria sido provado nos autos. 4. Uma vez intimado, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 118/127) alegando, em suma, que: (i) obteve, em grau de recurso judicial, o direito ao crédito de IPI sobre aquisições de insumos desonerados, decisão que ainda estaria em vigor, razão pela qual o crédito em apreço não poderia lhe ser negado, sob pena de ofensa a citada decisão judicial; (ii) uma vez reconhecido o crédito, este deveria ser objeto de correção monetária, conforme entendimento consagrado pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso especial julgado sob o rito de recursos repetitivos. 5. Referida Manifestação foi indeferida pela DRJRecife, conforme se depreende do acórdão n. 1125.072 (325/329), que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 16/01/2003 a 28/02/2003 RESSARCIMENTO. ART. 11 DA LEI N.° 9.779/99. PERÍODO DE APURAÇÃO TRIMESTRAL. INOBSERVÂNCIA. INDEFERIMENTO. O pedido de ressarcimento de créditos de IPI, formulado com base no art. 11 da Lei n.° 9.779/99, reclama sejam apurados os créditos ao final de cada trimestrecalendário, sob pena de indeferimento do pedido. Solicitação Indeferida. 6. Diante deste quadro a Recorrente interpôs o Recurso Voluntário de fls. 335/373, oportunidade em que repisou os fundamentos desenvolvidos em Manifestação de Inconformidade e também suscitou que a decisão em apreço se apegava a uma questão 1 "Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestre calendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda." 2 "Art. 14. Os créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), escriturados na forma da legislação específica, poderão ser utilizados pelo estabelecimento que os escriturou na dedução, em sua escrita fiscal, dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados. (...). § 2º Remanescendo, ao final de cada trimestrecalendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento após efetuadas as deduções de que tratam o caput e o § 1º, o estabelecimento matriz da pessoa jurídica poderá requerer à SRF o ressarcimento de referidos créditos em nome do estabelecimento que os apurou, mediante utilização do "Pedido de Ressarcimento de Créditos do IPI", bem assim utilizálos na forma prevista no art. 21 desta Instrução Normativa. (...)." Fl. 435DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10480.004010/200373 Resolução nº 3402000.823 S3C4T2 Fl. 435 3 estritamente formal que não poderia se sobrepor a questão de fundo aqui debatida, i.e., a qualidade dos créditos indicados pelo contribuinte. 7. É o relatório. Resolução 8. Primeiramente, insta desde já registrar que a discussão aqui travada não é de mérito, mas sim de forma. Em outros termos, não se discute a qualidade ou não do crédito apurado pela Recorrente, razão pela qual a decisão judicial proferida na Apelação em Mandado de Segurança n. 82.188 não é o mote da decisão guerreada, como indevidamente quer fazer crer o contribuinte. Tal fato, inclusive, foi bem percebido pela decisão atacada, conforme se observa do seguinte trecho do voto proferido: (...). 11. Como também visto, a defesa do contribuinte limitouse a sustentar o direito ao crédito, o qual, segundo afirma, teria sido reconhecido por decisão judicial, o que em nada interfere com a exigência legal de que o pedido deve observar a forma de apuração prevista em lei, que exige, como antes ressaltado, a apuração do crédito somente ao final de cada trimestrecalendário. (...) (fl. 329). 9. Em suma, a decisão guerreada e o indeferimento lavrado pela fiscalização de 1a. instância decorrem de um único fundamento: o contribuinte não teria formulado seu pedido de ressarcimento por períodos trimestrais o que, por conseguinte, impediria a apuração quanto à existência ou não de saldo credor de IPI. 10. Acontece que, ao se analisar o pedido de ressarcimento é possível observar que (i) referido pleito corresponde a créditos para o período compreendido entre 16/01/2003 e 28/02/2003, ou seja, para créditos referentes ao 1o trimestre de 2003 (fls. 01/07) . Não obstante, tal pedido foi (ii) devidamente lastreado em notas fiscais correspondentes a tal período de apuração, conforme atestam os documentos de fls. 19/87. Por fim, (iii) o referido pleito de ressarcimento foi protocolizado em 24/04/03 (fl. 04), i.e., quando já encerrado o trimestre e, portanto, já em tese apurada a existência ou não de saldo credor do imposto. 11. Nesse sentido, o fundamento da fiscalização, bem como da decisão de 1a. instância, qual seja, de que o contribuinte não teria formulado seu pedido com base em períodos trimestrais, não apresenta perfeita correspondência com os fatos apurados nos autos. 12. Em verdade, o problema no presente pleito é que o Recorrente formulou seu pedido com base apenas nos documentos já mencionados no parágrafo "10" do presente voto, ou seja, sem também apresentar cópia do livro de apuração do IPI para o período em tela, o que impede a fiscalização de cotejar tal documento fiscal com os demais documentos alhures citados e, por conseguinte, precisar se de fato houve ou não saldo credor para o 1o trimestre de 2003. 13. Assim, me parece que, para a devida apuração dos fatos, mister se faz converter o julgamento em diligência para que: Fl. 436DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10480.004010/200373 Resolução nº 3402000.823 S3C4T2 Fl. 436 4 (i) o contribuinte seja intimado para apresentar o livro de apuração do IPI para o período em comento; (ii) de posse de tal livro, a fiscalização proceda a sua análise vis a vis das notas fiscais acostadas as fls. 19/87, apurando, ato contínuo, se há ou não o crédito vindicado pelo Recorrente; e, ainda (iii) concluída a diligência, que o contribuinte seja intimado para que, tendo interesse, possa se manifestar a seu respeito em 30 (trinta) dias. 14. É a resolução. Diego Diniz Ribeiro Relator Fl. 437DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM
score : 1.0
Numero do processo: 13819.903327/2008-28
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/05/2002 a 31/05/2002
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.054
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/05/2002 a 31/05/2002 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente THREE BOND DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/05/2002 a 31/05/2002 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 90 33 27 /2 00 8- 28 Fl. 160DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903327/200828 Acórdão n.º 9303004.054 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3402001.413, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 161DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903327/200828 Acórdão n.º 9303004.054 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 162DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903327/200828 Acórdão n.º 9303004.054 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903327/200828 Acórdão n.º 9303004.054 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 164DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903327/200828 Acórdão n.º 9303004.054 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 165DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903327/200828 Acórdão n.º 9303004.054 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903327/200828 Acórdão n.º 9303004.054 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 167DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10880.018297/00-56
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jul 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 15/12/1990 a 31/12/1991
RESTITUIÇÃO TAXA CACEX. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. DIES A QUO E PRAZO PARA EXERCÍCIO DO DIREITO. PRESCRIÇÃO PARCIAL.
Nos termos do entendimento firmado pelo STF no RE nº 566.621/RS, e pelo STJ no REsp nº 1.269.570MG, para os pedidos de restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação, formalizados antes da antes de 09/06/2005, é de dez anos o prazo para o contribuinte pleitear restituição/compensação. O prazo de cinco anos, contados da extinção do crédito pelo pagamento efetuado, aplica-se somente aos pedidos formulados após a vigência do art. 3º da LC nº118/2005. Aplicação da Súmula CARF nº 91 e do art. 62 do RICARF, para reconhecer a prescrição parcial do pedido de restituição.
RESTITUIÇÃO. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS.
A partir da edição do Ato Declaratório PGFN n.º 10/2008, é cabível a aplicação nos pedidos de restituição/compensação, objeto de deferimento na via administrativa, dos índices de atualização monetária (expurgos inflacionários) previstos na Resolução do Conselho da Justiça Federal.
Numero da decisão: 9303-004.202
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, com retorno dos autos à unidade de origem. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Érika Costa Camargos Autran - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Robson Jose Bayer, Charles Mayer de Castro Souza, Valcir Gassen, Erika Costa Camargos Autran, Julio Cesar Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN
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Recorrentes FAZENDA NACIONAL NOVARTIS BIOCIÉNCIAS S/A ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 15/12/1990 a 31/12/1991 RESTITUIÇÃO TAXA CACEX. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. DIES A QUO E PRAZO PARA EXERCÍCIO DO DIREITO. PRESCRIÇÃO PARCIAL. Nos termos do entendimento firmado pelo STF no RE nº 566.621/RS, e pelo STJ no REsp nº 1.269.570MG, para os pedidos de restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação, formalizados antes da antes de 09/06/2005, é de dez anos o prazo para o contribuinte pleitear restituição/compensação. O prazo de cinco anos, contados da extinção do crédito pelo pagamento efetuado, aplicase somente aos pedidos formulados após a vigência do art. 3º da LC nº118/2005. Aplicação da Súmula CARF nº 91 e do art. 62 do RICARF, para reconhecer a prescrição parcial do pedido de restituição. RESTITUIÇÃO. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. A partir da edição do Ato Declaratório PGFN n.º 10/2008, é cabível a aplicação nos pedidos de restituição/compensação, objeto de deferimento na via administrativa, dos índices de atualização monetária (expurgos inflacionários) previstos na Resolução do Conselho da Justiça Federal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento parcial, com retorno dos autos à unidade de origem. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 01 82 97 /0 0- 56 Fl. 1982DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10880.018297/0056 Acórdão n.º 9303004.202 CSRFT3 Fl. 1.983 2 Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Robson Jose Bayer, Charles Mayer de Castro Souza, Valcir Gassen, Erika Costa Camargos Autran, Julio Cesar Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de pedido de restituição da Taxa de Licenciamento de Importação (Taxa Cacex), protocolado em 15/12/2000, referente ao período compreendido entre 1° de janeiro de 1989 e 31 de dezembro de 1991, e declarada inconstitucional, em controle difuso, pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, no RE n.° 167.992/PR. Em decisão proferida pela SAORT, tal pedido foi indeferido, sob o argumento de que a Secretaria da Receita Federal não possuía legitimidade para apreciar o pedido, posto que a referida taxa não era por aquele órgão administrado. A Delegacia de Julgamento ratificou a sobredita ilegitimidade passiva, acrescentando, outrossim, estar decaído o direito de restituição postulado pelo contribuinte, nos termos do Ato Declaratório SRF n.° 96/99. Interposto recurso voluntário, a Terceira Camara do Terceiro Conselho de Contribuintes (acórdão 30331.076) anulou a decisão de primeira instancia, uma vez que, em tendo sido reconhecida questão preliminar, é defeso adentrar ao mérito, anulando considerações acerca de eventual prescrição. Baixados os autos à Delegacia de Julgamento, esta os encaminhou A. Secretaria do Comércio Exterior SECEX, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Referido órgão elaborou o PARECER/MDIC/CONJUR/MMO/N.° 0621 7.9/2004 que estatuiu, em resumo, que o recolhimento da taxa em questão pode ser comprovado por meio do extrato bancário ou recibo com autenticação do banco e, também, a competência plena da Secretaria da Receita Federal para apreciação de pedidos de restituição. Estatuída a competência da SRF, a autoridade julgadora indeferiu a restituição (decisão SAORT n.° 061/2004), por entender ter operado decadência, trazendo novamente a lume o Ato Declaratório n.° 96, de 26/11/99. Manifestada inconformidade pelo contribuinte, o órgão colegiado de primeira instancia ratificou a decisão acima. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, defendendo que, no caso de controle de constitucionalidade difuso, o prazo a quo para pleitear a devolução do Fl. 1983DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10880.018297/0056 Acórdão n.º 9303004.202 CSRFT3 Fl. 1.984 3 indébito iniciase na data de publicação da Resolução do Senado que confere eficácia erga ommes a decisão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu a inconstitucionalidade do tributo. A decisão da Terceira Camara do Terceiro Conselho de Contribuintes que, por maioria de votos, rejeitou a prejudicial de prescrição do direito à restituição, mediante o Acórdão n.º 30332.677 assim ementado: “RESTITUIÇÃO TAXA CACEX. NÃO PRESCRIÇÃO. O STF declarou a inconstitucionalidade da taxa via controle difuso. Posteriormente o Senado Federal suspendeu a execução da norma que autorizava a exação em 17.12.1995. 0 pedido de restituição foi protocolado em 15.12.2000 quando ainda não havia a prescrição do direito de pedir a restituição. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. O principio do duplo grau de jurisdição deve militar a favor do contribuinte e não para justificativa que possa ser esgrimida com caráter meramente protelatório, no interesse de fazer voltar o processo à primeira instancia tão somente para que após longos meses, ou anos, se volte a afirmar posição administrativa que já ficou patente no processo. CORREÇÃO MONETÁRIA DO INDÉBITO. ISONOMIA. Quanto ao cálculo da correção monetária do indébito, no âmbito administrativo, deve ser feito com base na NE COSAR/COS1T 08/97. Não há sustentação legal para que a administração tributária possa corrigir de modo diferenciado do que faz quando exige um crédito tributário. Por determinação legal a Fazenda Nacional recebe seus haveres com correção segundo certos indices e não há porque dispensar ao contribuinte tratamento mais favorável. Recurso voluntário parcialmente provido.” Inconformada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial (fls. 1.630/1.641), contra parte da decisão da Terceira Camara do Terceiro Conselho de Contribuintes que, por maioria de votos, rejeitou a prejudicial de prescrição do direito à restituição. Devidamente cientificada, a Contribuinte apresentou contrarrazões e Recurso Especial de Divergência (fls. 1.702/1.718), contra a parte da decisão que, pelo voto de qualidade, negou provimento ao recurso quanto aos expurgos inflacionários, determinando a aplicação daqueles indices previstos na NE COSIT/COSAR n.° 08/97. É o relatório, em síntese. Fl. 1984DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10880.018297/0056 Acórdão n.º 9303004.202 CSRFT3 Fl. 1.985 4 Voto Conselheira Érika Costa Camargos Autran Relatora Inicialmente cabe mencionar que o recurso especial interposto pela Fazenda Nacional e pelo Contribuinte são tempestivo e, a meu ver, encontramse reunidos os pressupostos de admissibilidade. Do Recurso da Fazenda Tratase de Recurso Especial interposto pelo I. Procurador da Fazenda Nacional (fls. 1.630/1.641), contra parte da decisão da Terceira Camara do Terceiro Conselho de Contribuintes que, por maioria de votos, rejeitou a prejudicial de prescrição do direito à restituição, mediante o Acórdão n.º 30332.677 assim ementado: “RESTITUIÇÃO TAXA CACEX. NÃO PRESCRIÇÃO. O STF declarou a inconstitucionalidade da taxa via controle difuso. Posteriormente o Senado Federal suspendeu a execução da norma que autorizava a exação em 17.12.1995. 0 pedido de restituição foi protocolado em 15.12.2000 quando ainda não havia a prescrição do direito de pedir a restituição. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. O principio do duplo grau de jurisdição deve militar a favor do contribuinte e não para justificativa que possa ser esgrimida com caráter meramente protelatório, no interesse de fazer voltar o processo à primeira instancia tão somente para que após longos meses, ou anos, se volte a afirmar posição administrativa que já ficou patente no processo.” O Recurso Especial versa tão somente para determinar o prazo para o contribuinte pleitear restituição da taxa CACEX, declarada inconstitucional pelo STF, e posteriormente suspensas por força da Resolução do Senado Federal de n.º 73/95, publicada com base em decisão do STF que reconheceu as suas inconstitucionalidades. O acórdão recorrido entendeu que o prazo para pleitear restituição deve ser de 5 anos contados a partir da data da publicação de referida Resolução do Senado Federal. A Fazenda Nacional entende que o prazo para pleitear restituição é de 5 anos contados a partir da data de extinção do crédito tributário, nos termos dos art, 165 inc. I e art.168, inc. I, ambos do CTN, e que, portanto, o pedido de restituição, já estaria prescrito. No que tange à discussão acerca do termo inicial a ser considerado para a contagem do prazo prescricional/decadencial, importante trazer que o art. 62 ao Regimento Interno do CARF, determina que as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Fl. 1985DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10880.018297/0056 Acórdão n.º 9303004.202 CSRFT3 Fl. 1.986 5 Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, essa questão não mais comportaria debates. Assim, aplicase ao presente caso o entendimento do STF consubstanciado no julgamento do RE n.º 566.621, bem como o entendimento do STJ objeto do julgamento do REsp n.º 1.269.570. O acórdão do Supremo Tribunal Federal STF no julgamento do RE n.º 566.621, restou assim ementado: “DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardando se, no mais, a eficácia da norma, permite se a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Fl. 1986DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10880.018297/0056 Acórdão n.º 9303004.202 CSRFT3 Fl. 1.987 6 Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerando se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, §3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.” O acórdão do Superior Tribunal de Justiça STJ (REsp n.º 1.269.570), prolatado após a decisão do STF, tem a seguinte ementa: "CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (ART. 543C, DO CPC). LEI INTERPRETATIVA. PRAZO DE PRESCRIÇÃO PARA A REPETIÇÃO DE INDÉBITO NOS TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ART. 3º,DA LC 118/2005. POSICIONAMENTO DO STF. ALTERAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO STJ SUPERADO ENTENDIMENTO FIRMADO ANTERIORMENTE TAMBÉM EM SEDE DE RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. 1. O acórdão proveniente da Corte Especial na AI nos Eresp nº 6 44.736/PE, Relator o Ministro Teori Albino Zavascki, DJ de 27.08.2007, e o recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.002.932/SP, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.11.2009, firmaram o entendimento no sentido de que o art. 3º da LC 118/2005 somente pode ter eficácia prospectiva, incidindo apenas sobre situações que venham a ocorrer a partir da sua vigência. Sendo assim, a jurisprudência deste STJ passou a considerar que, relativamente aos pagamentos efetuados a partir de 09.06.05, o prazo para a repetição do indébito é de cinco anos a contar da data do pagamento; e relativamente aos pagamentos anteriores, a prescrição obedece ao regime previsto no sistema anterior. 2. No entanto, o mesmo tema recebeu julgamento pelo STF no RE n. 566.621/RS, Plenário, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 04.08.2011, onde foi fixado marco para a aplicação do regime novo de prazo prescricional levandose em consideração a data do ajuizamento da ação (e não mais a data do pagamento) em confronto com a data da vigência da lei nova (9.6.2005). 3. Tendo a jurisprudência deste STJ sido construída em interpretação de princípios constitucionais, urge inclinarse esta Casa ao decidido pela Corte Suprema competente para dar a palavra final em temas de tal jaez, notada mente em havendo julgamento de mérito em repercussão geral (arts. 543A e 543B, do CPC). Desse modo, para as ações ajuizadas a partir Fl. 1987DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10880.018297/0056 Acórdão n.º 9303004.202 CSRFT3 Fl. 1.988 7 de 9.6.2005, aplicase o art. 3º, da Lei Complementar n. 118/2005, contandose o prazo prescricional dos tributos sujeitos a lançamento por homologação em cinco anos a partir do pagamento antecipado de que trata o art. 150, §1º, do CTN. 4. Superado o recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.002.932/SP, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.11.2009. 5. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008." (Grifos no original) Ademais, o entendimento dos tribunais superiores acima, foi consolidado em súmula por este Pleno, em 09/12/2013 in verbis: Súmula CARF n.º 91 Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. No presente caso, o contribuinte protocolizou em 15/12/2000 o pedido de restituição de valores indevidamente pagos a título de Taxa de Licenciamento de Importação (Taxa Cacex) do período compreendido entre 1° de janeiro de 1989 e 31 de dezembro de 1991. Assim, considerado o prazo de 10 anos (cinco mais cinco), contado da ocorrência do fato gerador, para pleitear a restituição, verificase que, na data do protocolo do pedido (15/12/2000), estavam prescritos os pedidos de indébitos relativos aos fatos geradores ocorridos até 15/12/1990. Por outro lado, afigurase hígido o pleito de restituição com relação aos fatos geradores ocorridos após 15/12/1990. Em face de todo o exposto, dou provimento parcial ao recurso especial da Fazenda Nacional para declarar prescrito o pedido de restituição quanto aos pagamentos efetuados relativos aos fatos geradores ocorridos antes de dezembro de 1990 e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para a análise do direito creditório com relação aos demais períodos pleiteados. RECURSO DO CONTRIBUINTE Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Contribuinte (fls. 1.702/1.718), contra a parte da decisão da Terceira Camara do Terceiro Conselho de Contribuintes que, pelo voto de qualidade, negou provimento ao recurso quanto aos expurgos inflacionários, determinando a aplicação daqueles índices previstos na NE COSIT/COSAR n.° 08/97, mediante o Acórdão n° 30332.677, assim ementado: "(...) CORREÇÃO MONETÁRIA DO INDÉBITO. ISONOMIA. Fl. 1988DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10880.018297/0056 Acórdão n.º 9303004.202 CSRFT3 Fl. 1.989 8 Quanto ao cálculo da correção monetária do indébito, no âmbito administrativo, deve ser feito com base na NE COSAR/COSIT 08/97. Não há sustentação legal para que a administração tributária possa corrigir de modo diferenciado do que faz quando exige um crédito tributário. Por determinação legal a Fazenda Nacional recebe seus haveres com correção segundo certos índices e não há porque dispensar ao contribuinte tratamento mais favorável. Recurso voluntário parcialmente provido." A matéria posta à apreciação por esta Câmara Superior, referese à aplicação de índices de correção monetária que contemplem os denominados expurgos inflacionários. Em virtude das decisões prolatadas no AgRg no RESP 935594/SP (DJ 23.04.2008); EDcl no REsp 773.265/SP (DJ 21.05.2008); EDcl nos EREsp 912.359/MG (DJ 27.22.2008); EREsp 912.359/MG (DJ 03.12.2007), foi pacificado o entendimento de que na repetição de indébito tributário, a correção monetária será calculada segundo os índices indicados para os Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução n.º 561 do Conselho da Justiça Federal. Cumpre destacar que a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional através do Parecer PGFN/CRJ n.º 2.601/2008 foi dispensada de interpor recursos nas ações que requeiram a inclusão dos índices expurgados de planos econômicos para atualização dos créditos tributários, conforme ementa e conclusão abaixo transcritas (grifos meus): "PARECER PGFN/CRJ/Nº 2601/2008 Tributário. Correção Monetária. Inclusão de índices expurgados de planos econômicos para atualização dos créditos tributários. Jurisprudência pacificada no Superior Tribunal de Justiça. Aplicação da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997. ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recursos e a desistir dos já interpostos. I O escopo do presente Parecer é analisar a possibilidade de se promover, com base no inciso II do artigo 19 da Lei nº 10.522, de 19/07/2002, e no Decreto n.º 2.346, de 10.10.1997, a dispensa de interposição de recursos ou requerimento de desistência dos já interpostos, com relação às decisões judiciais que entendem pela inclusão dos índices expurgados de planos econômicos no cálculo da correção monetária de valores recolhidos indevidamente a serem compensados ou restituídos. 2. Tal Parecer, em face da alteração trazida pela Lei nº 11.033, de 2004, à Lei nº 10.522/2002, terá também o condão de dispensar a apresentação de contestação pelos Procuradores da Fazenda Nacional sobre a matéria. 3. Este estudo é feito em razão da existência de decisões reiteradas no Superior Tribunal de Justiça – STJ, no sentido de que é devida a aplicação Fl. 1989DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10880.018297/0056 Acórdão n.º 9303004.202 CSRFT3 Fl. 1.990 9 dos índices de inflação expurgados pelos planos econômicos governamentais, como fator de atualização monetária de débitos judiciais. II 4. O entendimento reiteradamente invocado pela Fazenda Nacional em sua defesa sempre foi no sentido de ser descabida a aplicação dos índices expurgados para fins de correção monetária de valores recolhidos indevidamente a serem compensados ou restituídos, somente sendo possível, para este fim, a aplicação dos índices legalmente estatuídos. 5. Ocorre que o Poder Judiciário entendeu diversamente, tendo sido pacificado no âmbito do STJ o entendimento no sentido de que devem ser incluídos, para cálculo da correção monetária de débitos judiciais, os percentuais dos expurgos inflacionários verificados na implantação dos planos governamentais, sendo esta incidência decorrente de lei (Lei 6.899/81), pelo que se faz desnecessária a expressa menção no pedido formulado em juízo, a teor do que dispõe o art 293 do CPC. 6. No que atine ao critério a ser utilizado para cálculo da correção monetária, firmouse orientação no sentido de que os índices a serem aplicados na compensação ou repetição do indébito tributário são os constantes na Tabela Única da Justiça Federal, aprovada pela Resolução n. 561 do Conselho da Justiça Federal, de 2.7.2007, a saber: (...)" Por fim, em vista a aprovação do parecer acima, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, através do Ato Declaratório n.º 10/2008 determina que é cabível a aplicação dos expurgos inflacionários constantes na Tabela Única da Justiça Federal aprovada pela Resolução n.º 561, de 02/07/2007, do Conselho da Justiça Federal, senão vejamos: “ATO DECLARATÓRIO Nº 10, DE 1º DE DEZEMBRO DE 2008 O PROCURADORGERAL DA FAZENDA NACIONAL, no uso da competência legal que lhe foi conferida, nos termos do inciso II do art. 19, da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do art. 5º do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, tendo em vista a aprovação do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2601/2008, desta Procuradoria –Geral da Fazenda Nacional, pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 8/12/2008, DECLARA que fica autorizada a dispensa de apresentação de contestação de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante: “nas ações judiciais que visem a obter declaração de que é devida, como fator de atualização monetária de débitos judiciais, a aplicação dos índices de inflação expurgados pelo planos econômicos governamentais constantes na Tabela Única da Justiça Federal, aprovada pela Resolução nº 561 do Conselho da Justiça Federal, de 02 de julho de 2007.” Portanto, cotejando os atos normativos acima transcritos, é possível afirmar que os índices a serem aplicados na compensação ou repetição do indébito tributário são os constantes na Tabela Única da Justiça Federal. Fl. 1990DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10880.018297/0056 Acórdão n.º 9303004.202 CSRFT3 Fl. 1.991 10 Assim, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte para que sejam aplicados os índices do Conselho da Justiça Federal. Conclusões Finais Com essas considerações, voto no sentido de dá provimento ao Recurso Especial do Contribuinte e dar provimento Parcial ao Recurso Especial da Fazenda. É como voto. ÉRIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN Fl. 1991DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS
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