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Numero do processo: 13811.000503/2003-33
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR DE ESTIMATIVA MENSAL. ANÁLISE DO CRÉDITO NA PERSPECTIVA DE SALDO NEGATIVO. POSSIBILIDADE.
Os recolhimentos a título de estimativa são referentes, no seu conjunto, a um mesmo período (ano-calendário), e embora a contribuinte tenha indicado como crédito a ser compensado nestes autos apenas a estimativa de julho/2002, e não o saldo negativo total do ano, o pagamento reivindicado como indébito corresponde ao mesmo período anual (2002) e ao mesmo tributo (IRPJ) do saldo negativo que seria restituível/compensável. Há que se considerar ainda que em muitos outros casos com contextos fáticos semelhantes ao presente, os contribuintes, na pretensão de melhor demonstrar a origem e a liquidez e certeza do indébito, indicavam como direito creditório o próprio pagamento (DARF) das estimativas que geravam o excedente anual, em vez de indicarem o saldo negativo constante da DIPJ. Tais considerações levam a concluir que a indicação do crédito como sendo uma das estimativas mensais (antecipação), e não o saldo negativo final, não pode ser obstáculo ao pleito da contribuinte. Os autos devem ser devolvidos à Delegacia de origem, para que sejam reexaminadas as declarações de compensação, tratando do crédito na perspectiva de saldo negativo de IRPJ no ano-calendário de 2002.
Numero da decisão: 9101-004.200
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, com retorno dos autos à Unidade de Origem, para que sejam reexaminadas as declarações de compensação, tratando do crédito na perspectiva de saldo negativo de IRPJ no ano-calendário de 2002, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura e Viviane Vidal Wagner, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Fabiano Alves Penteado, Viviane Vidal Wagner, Lívia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva (suplente convocado), Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Ausente o conselheiro Demetrius Nichele Macei, substituído pelo conselheiro Daniel Ribeiro Silva.
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR DE ESTIMATIVA MENSAL. ANÁLISE DO CRÉDITO NA PERSPECTIVA DE SALDO NEGATIVO. POSSIBILIDADE. Os recolhimentos a título de estimativa são referentes, no seu conjunto, a um mesmo período (anocalendário), e embora a contribuinte tenha indicado como crédito a ser compensado nestes autos apenas a estimativa de julho/2002, e não o saldo negativo total do ano, o pagamento reivindicado como indébito corresponde ao mesmo período anual (2002) e ao mesmo tributo (IRPJ) do saldo negativo que seria restituível/compensável. Há que se considerar ainda que em muitos outros casos com contextos fáticos semelhantes ao presente, os contribuintes, na pretensão de melhor demonstrar a origem e a liquidez e certeza do indébito, indicavam como direito creditório o próprio pagamento (DARF) das estimativas que geravam o excedente anual, em vez de indicarem o saldo negativo constante da DIPJ. Tais considerações levam a concluir que a indicação do crédito como sendo uma das estimativas mensais (antecipação), e não o saldo negativo final, não pode ser obstáculo ao pleito da contribuinte. Os autos devem ser devolvidos à Delegacia de origem, para que sejam reexaminadas as declarações de compensação, tratando do crédito na perspectiva de saldo negativo de IRPJ no anocalendário de 2002. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial, com retorno dos autos à Unidade de Origem, para que sejam reexaminadas as declarações de compensação, tratando do crédito na perspectiva de saldo negativo de IRPJ no anocalendário AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 00 05 03 /2 00 3- 33 Fl. 926DF CARF MF Processo nº 13811.000503/200333 Acórdão n.º 9101004.200 CSRFT1 Fl. 3 2 de 2002, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura e Viviane Vidal Wagner, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Fabiano Alves Penteado, Viviane Vidal Wagner, Lívia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva (suplente convocado), Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Ausente o conselheiro Demetrius Nichele Macei, substituído pelo conselheiro Daniel Ribeiro Silva. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte acima identificada, fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em que se alega divergência de interpretação da legislação tributária quanto ao não reconhecimento do direito creditório reivindicado nas Declarações de Compensação (DCOMP) objeto deste processo. A recorrente insurgese contra o Acórdão nº 1202000.583, de 03/10/2011, por meio do qual a 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF decidiu não reconhecer o direito creditório reivindicado nas Declarações de Compensação, por entender que o suposto crédito (saldo negativo) seria diferente daquele indicado nas DCOMP (pagamento indevido ou a maior de estimativa). O acórdão recorrido contém a ementa e a parte dispositiva descritas abaixo: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002 Ementa: Somente são passiveis de compensação créditos que tenham sido declarados em DCOMP vinculandoos aos débitos declarados, não assistindo direito à contribuinte requerer a compensação dos débitos com suposto créditos que não constavam anteriormente nas DCOMP apresentadas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, rejeitar a proposta de converter o julgamento em diligência.Vencidos os Conselheiros Fl. 927DF CARF MF Processo nº 13811.000503/200333 Acórdão n.º 9101004.200 CSRFT1 Fl. 4 3 Eduardo Martins Neiva Monteiro, Gilberto Baptista e Geraldo Valentim Neto. Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do relatÓrio e votos que integram o presente julgado. No recurso especial, a contribuinte afirma que o acórdão recorrido deu à legislação tributária interpretação divergente da que foi dada em outros processos, relativamente à matéria acima mencionada. Para o processamento do recurso, ela desenvolve os argumentos descritos abaixo: BREVE SÍNTESE DOS FATOS o crédito tributário controvertido neste procedimento está relacionado a Pedido de Compensação (fls. 01 e 02 deste procedimento) apresentado pela Recorrente, por meio do qual se postulou a extinção de débitos de PIS (R$ 176.057,66) e COFINS (R$ 421.630,45) com créditos de IRPJ (R$ 935.179,32); este crédito de IRPJ indicado na respectiva Declaração de Compensação foi originado de “pagamento a maior ou indevido” referente ao anocalendário de 2002, mais precisamente do recolhimento do imposto devido por antecipação em 07/2002, por meio de DARF (fls. 03) e devidamente declarado na DCTF e na DIPJ apresentadas no exercício de 2003; ao analisar a referida DCOMP, a Fiscalização concluiu que o crédito em questão havia sido “integralmente utilizado para quitação de débito do contribuinte, conforme pesquisa à fls. 28...” e, portanto, não haveria crédito disponível para quitação dos débitos objeto das compensações pleiteadas; após o mencionado Despacho Decisório (fls. 42), a Recorrente verificou que houve realmente equívoco no preenchimento da DCOMP, pois o mencionado recolhimento, relativo à antecipação do IRPJ por estimativa mensal, somente se tornou indevido após o encerramento do exercício, quando foi apurado saldo negativo do IRPJ; dessa forma, ao invés de ter assinalado a opção “pagamento a maior ou indevido” no campo nº 03 da DCOMP, a Recorrente deveria ter indicado a opção “saldo negativo de IRPJ e CSLL”; tratase efetivamente, Srs. Conselheiros, de um equívoco formal, consistente na indicação errônea da natureza do crédito oferecido para compensação; apresentada Manifestação de Inconformidade (fls. 48 a 52), a Recorrente buscou esclarecer a inexatidão por ela cometida quando da indicação da origem do crédito oferecido à compensação, bem como demonstrar que este crédito era (e é) perfeitamente suficiente para a extinção dos débitos indicados na DCOMP, ainda que atrelado a outros pedidos de compensação apresentados pela Recorrente; esta defesa, no entanto, restou rejeitada, sob o entendimento de que não seria possível homologar as compensações declaradas pela Recorrente, tendo em vista a impossibilidade de correção do equívoco constante na DCOMP após o Despacho Decisório de nãohomologação; Fl. 928DF CARF MF Processo nº 13811.000503/200333 Acórdão n.º 9101004.200 CSRFT1 Fl. 5 4 a Recorrente buscou a reforma deste entendimento junto a este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. No entanto, a Colenda 2ª Câmara Julgadora negou provimento ao Recurso Voluntário então interposto pela Recorrente, por entender que: (i) O Despacho Decisório se restringe à apreciação do crédito indicado no pedido de compensação, atendose ao que consta da inicial, permitindose sua retificação, desde que anterior à apreciação; e que (ii) As alterações efetuadas extemporaneamente pela Recorrente não podem ser aceitas, uma vez que o processo há de se limitar àquilo que fora declarado no pedido de compensação, apresentado até a data da decisão proferida, ou seja, do Despacho Decisório. a razão para o não reconhecimento do direito creditório da Recorrente na espécie seria, nos termos do v. acórdão então proferido, a impossibilidade de retificação das informações constantes na DCOMP após a prolação de Despacho Decisório não homologando a compensação, bem como a alocação do DARF apresentado para pagamento de débitos da Recorrente no anocalendário de 2002 Em síntese, entendeu a C. Câmara Julgadora que o equívoco formal cometido pela Recorrente quando da apresentação de sua DCOMP seria um óbice intransponível à apreciação de seu direito creditório, o que se daria pelo fato de referida análise cingirse às informações constantes da respectiva declaração, ou ainda de eventual declaração retificadora tempestivamente apresentada; em face de referido v. Acórdão, e por entender existentes determinadas obscuridades e omissões que impediam o correto enfrentamento do mérito de sua pretensão recursal, a Recorrente apresentou Embargos de Declaração; estes foram novamente rejeitados pela C. Câmara “a quo”, alegando não estarem presentes os requisitos necessários para ensejar seu acolhimento, mantendo o v. acórdão embargado por seus próprios termos; diante deste posicionamento adotado pela Colenda Câmara Julgadora de origem, a Recorrente não vislumbrou outra forma de promover sua reforma que não a interposição deste Recurso Especial, seja como forma de adequar o v. acórdão recorrido à jurisprudência deste E. CARF, seja até mesmo como medida de justiça, diante da patente e inconteste existência do crédito buscado pela Recorrente, como adiante novamente se buscará demonstrar; DA ADMISSÃO DESTE RECURSO ESPECIAL E DO COTEJO ANALÍTICO DO V. ACÓRDÃO RECORRIDO E DAS DECISÕES PARADIGMÁTICAS o v. acórdão recorrido contraria, claramente, determinadas decisões já proferidas por este Egrégio Conselho, garantindo, assim, a admissão e o processamento da pretensão recursal aqui deduzida; neste sentido, a Recorrente pede “venia” para destacar inicialmente o recente Acórdão prolatado pela Colenda 3ª Câmara deste E. CARF nos autos do Proc. Adm. nº 11610.005921/200358 (Acórdão nº 1301001.918), no qual foi reconhecida expressamente a necessidade de a verdade material se sobrepor à verdade formal, para fins de perquirir a efetiva procedência do crédito buscado pelo contribuinte: Acórdão nº 1301001.918 Fl. 929DF CARF MF Processo nº 13811.000503/200333 Acórdão n.º 9101004.200 CSRFT1 Fl. 6 5 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2002 COMPENSAÇÃO ERRO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO E/OU PEDIDO Uma vez demonstrado o erro no preenchimento da declaração e/ou pedido, deve a verdade material prevalecer sobre a formal. REPETIÇÃO DE INDÉBITO E COMPENSAÇÃO ORIGEM DO CRÉDITO PLEITEADO. Restando claro que a dúvida acerca da origem do crédito pleiteado pelo contribuinte foi dissipada pelos elementos carreados aos autos, a autoridade julgadora deve, em homenagem aos princípios da verdade material e do informalismo, proceder a análise do pedido formulado. SALDO NEGATIVO DE IRPJ APURADO NA DECLARAÇÃO. Constitui crédito a compensar ou restituir o saldo negativo de IRPJ apurado em declaração de rendimentos, desde que ainda não tenha sido compensado ou restituído, até o limite apurado nos anos calendário objeto do pedido.” da leitura do trecho do voto acima transcrito, fica evidente o entendimento no sentido de ser necessária a correta apreciação acerca da existência do crédito buscado pelo contribuinte, ainda que para tanto seja necessário se sobrepor a eventuais vícios de forma constatados ao longo do procedimento administrativo; a constatação desta divergência fica mais nítida se analisada da seguinte forma: [...]; ou seja, em situação análoga, a C. 3ª Câmara do CARF homologou a compensação, mesmo diante de erro material no preenchimento do Pedido de Restituição. Embora o prazo para retificação da declaração já tivesse decaído, quando do julgamento do Recurso Voluntário, o Julgador buscou a verdade material e superou um mero equívoco do contribuinte quando da transmissão do pedido de restituição; assim, o acórdão acima é plenamente servível para demonstrar a divergência de critérios entre as Câmaras desse CARF, garantindo o conhecimento e provimento do Apelo Especial; esta mesma divergência pode ser constatada se comparada a fundamentação utilizada pelo v. Acórdão nº 1102001.295, prolatado nos autos do Proc. Adm. nº 10880.902468/201197, em que fica perfeitamente delimitado que o erro no preenchimento de DCOMP não pode de forma alguma obstar o reconhecimento do crédito legitimamente apurado pelo contribuinte: Acórdão nº 1102001.295 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2004 IRRF. DIREITO CREDITÓRIO. PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. ERRO DE FATO NA DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Fl. 930DF CARF MF Processo nº 13811.000503/200333 Acórdão n.º 9101004.200 CSRFT1 Fl. 7 6 O imposto de renda retido na fonte que incidiu no pagamento dos juros sobre o capital próprio pode ser compensado com o saldo negativo de IRPJ. No caso houve erro material na identificação do direito creditório, devidamente corrigido, nos termos do art. 147, §2º do CTN. ERRO NO PREENCHIMENTO DE DCOMP. APRECIAÇÃO. CABIMENTO. O direito à compensação decorre da existência do crédito e de sua titularidade e não do preenchimento do pedido pelo qual se requer a compensação. Este, o pedido, representa o meio e não pode se confundir com o direito material que representa a existência do crédito utilizado para compensar o débito, com a extinção de ambos. O direito que se busca com o pedido de compensação não nasce com o requerimento, mas sim com a apuração do crédito por meio da DIPJ, levando em consideração as receitas, as despesas dedutíveis e os demais critérios fixados em lei para apuração do tributo devido. Assim, cabe à autoridade administrativa apreciar o pedido de compensação levando em consideração o efetivo crédito apurado em DIPJ, desconsiderando eventuais erros no preenchimento da Declaração Compensação DCOMP. Recurso voluntário provido Direito creditório reconhecido” aqui novamente o indispensável cotejo analítico: [...]; o acórdão acima ataca o ponto fulcral da discussão, ressaltando que incorreções na declaração não afastam o direito material, cabendo à autoridade julgadora apreciar o pedido levando em consideração o crédito efetivamente apurado; ou seja, não poderia o v. acórdão recorrido se eximir da verdade material, somente com base em um equívoco de preenchimento no campo “Origem do crédito utilizado” da declaração; resta aqui, portanto, demonstrada a necessidade de admissão do presente recurso para seu posterior provimento; DAS RAZÕES DE REFORMA DO V. ACÓRDÃO RECORRIDO DO MERO ERRO FORMAL E DA NECESSIDADE DA BUSCA PELA VERDADE MATERIAL conforme analisado quando do cotejo dos acórdãos paradigmas, eventual equívoco no preenchimento da declaração de compensação não afasta o direito material ao crédito, não podendo a autoridade administrativa ignorar a verdade material; ademais, havendo incongruência, deveriam as autoridades fiscais terem intimado o contribuinte a prestar esclarecimentos ou provas complementares para somente então exararse o despacho decisório, conforme prevê o artigo 4º da Instrução Normativa nº 600, de 28 de dezembro de 2005 e artigo 11, parágrafo único da Norma de Execução Codac/Cosit/Cofis/Cocaj/Cotec nº 06 de 21/11/2007; Fl. 931DF CARF MF Processo nº 13811.000503/200333 Acórdão n.º 9101004.200 CSRFT1 Fl. 8 7 a simples ausência de retificação da declaração não é elemento suficiente para a não homologação das compensações efetuadas, conforme, por exemplo, julgado do e. TRF da 5ª Região (TRF5. Primeira Turma. AC 00081974020134058300): [...]; o julgado acima demonstra um posicionamento pacífico do poder judiciário, sendo que caso mantida a decisão recorrida, certamente a União será vencida quando do debate na esfera judicial, resultando no pagamento de uma pesada sucumbência nos termos do art. 82 do NCPC; com base nisso, temse suficientemente demonstrado que, ao contrário do que afirmado no curso do processo administrativo, a simples ausência de retificação das declarações não justifica a não homologação das compensações; DA EFETIVA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO INDICADO NA DCOMP como já foi amplamente demonstrado ao longo deste contencioso administrativo e novamente abordado acima, discutese neste procedimento a possibilidade de a Recorrente aproveitar crédito decorrente de Saldo Negativo de IRPJ referente ao exercício de 2003 (anocalendário de 2002), indevidamente indicado quando do preenchimento da competente DCOMP como sendo originado de “Pagamento a maior ou indevido”; em decorrência da sistemática de apuração do Imposto de Renda pelo Lucro Real por meio do recolhimento de antecipações efetuadas mensalmente, a Recorrente apurou para o mês de julho de 2002 o montante a pagar de IRPJ de R$ 935.179,92, valor este devidamente recolhido, conforme Guia DARF constante às fls. 03 destes autos; ato contínuo, encerrada a apuração do IRPJ com o encerramento do ano calendário de 2002, a Recorrente constatou ter apurado um prejuízo fiscal de R$ 8.602.686,39, conforme expressamente indicado na DIPJ apresentada no exercício de 2003: [...]; em função deste crédito apurado, decorrente dos pagamentos efetuados em caráter de antecipação, a Recorrente formulou Pedido de Compensação, indicando como crédito justamente o montante relacionado ao pagamento do IRPJ apurado por estimativa em 07/2002 (R$ 935.179,92); vejam, portanto, Srs. Conselheiros, que não obstante a vastidão do prejuízo fiscal destacado na DIPJ (R$ 8.602.686,39), a Recorrente indicou para a compensação controvertida neste procedimento apenas o valor de R$ 935.179,92. E mais, deste montante do crédito informado, foram indicados débitos que totalizavam R$ 597.688,11 (teto da compensação). Ou seja, sequer foi utilizado o montante integral do crédito oferecido para compensação; ocorre que, ao invés de indicar que o crédito em questão seria decorrência de “Saldo Negativo de IRPJ”, a Recorrente equivocadamente mencionou tratarse de crédito decorrente de “Pagamento a Maior ou Indevido”, deflagrando toda a controvérsia que nestes autos se instaurou desde o longínquo ano de 2003; isto porque, tanto as autoridades fiscais como a Colenda Turma Julgadora de origem adotaram a posição de que este equívoco cometido pela Recorrente figuraria como um óbice intransponível à análise do direito creditório por esta formalizado junto à Receita Fl. 932DF CARF MF Processo nº 13811.000503/200333 Acórdão n.º 9101004.200 CSRFT1 Fl. 9 8 Federal do Brasil, já que estaria em desacordo com as especificidades formais instituídas pela legislação com o intuito de regulamentar o procedimento de compensação; a Recorrente, com o devido respeito, entende de forma diversa. E está abalizada, inclusive, em diversos julgados já proferidos por este Egrégio Conselho; isto porque, não obstante estarse diante de um efetivo equívoco cometido pela Recorrente quando do preenchimento de sua DCOMP, este não possui o condão de impedir a análise, por parte dos órgãos administrativos competentes, quanto à origem do crédito indicado quando da formalização do pedido de compensação. Ou seja, tal equívoco não poder ser erigido a tal ponto que impossibilite o reconhecimento do crédito e do direito subjetivo da Recorrente de o utilizar na compensação com débitos fiscais havidos com a Receita Federal; e isto fica ainda mais evidente quando se constata que o procedimento adotado pela Recorrente não está de todo errado. Isto porque, o prejuízo fiscal apurado ao final do anocalendário de 2002 teve origem justamente nas antecipações mensais por efetuadas em montantes superiores àqueles efetivamente devidos. Em outras palavras, o “Saldo Negativo de IRPJ” foi decorrência direta do “Pagamento a Maior ou Indevido” efetuado pela Recorrente; assim, o pagamento efetuado a título de antecipação do IRPJ em 07/2002 somente se tornou efetivamente um crédito da Recorrente quando do encerramento do respectivo período de apuração (2002), ocasião em que se constatou a apuração do prejuízo fiscal. Isto, no entanto, não acarreta qualquer prejuízo ao crédito da Recorrente, uma vez que o Pedido de Compensação foi apresentado APÓS o encerramento do Período de Apuração do imposto recolhido por estimativa (mais especificamente em 13 de fevereiro de 2003); logo, ao formalizar o pedido de compensação controvertido nestes autos, a Recorrente já havia apurado prejuízo fiscal, de modo que já se sabia que o valor referente à antecipação efetuada em 07/2002 era indevido e que a Recorrente passou a ter o direito subjetivo à sua repetição ou, como foi feito, à sua compensação com outros débitos; percebese, portanto, que, sob qualquer óptica que se analise a questão, a conclusão haverá de ser sempre a mesma, qual seja: o crédito indicado no Pedido de Compensação efetivamente existia e fora legitimamente apurado; e é exatamente por conta desta efetiva existência do crédito aqui pleiteado que não se pode aceitar o argumento de que um mero erro formal (e estamos sim diante de um mero erro formal) impeça o contribuinte de fruir aquilo que lhe é seu de direito; qualquer entendimento em sentido contrário vai em sentido contrário a todo conjunto probatório constante dos autos e logo será flagrantemente ilegítimo e extremamente injusto; há de se primar, Srs. Conselheiros, pela instrumentalidade das formas e pela verdade material dos fatos, evitando que toda e qualquer formalidade venha a impedir o crédito legitimamente apurado e oferecido à compensação pelo contribuinte; e justamente como forma de se evitar a perpetração desta injustiça que é aqui combatida, a Recorrente pede “venia” para destacar, além daqueles acima elencadas como forma de preencher os requisitos de admissibilidade deste apelo especial, outros julgados já Fl. 933DF CARF MF Processo nº 13811.000503/200333 Acórdão n.º 9101004.200 CSRFT1 Fl. 10 9 proferidos por este Egrégio Conselho em que foi reconhecida a importância de se primar pela verdade material, até mesmo em detrimento à verdade formal, tudo com o intuito de apurar se o contribuinte tem efetivamente direito ao contribuinte por ele postulado; DO PEDIDO diante de todo o exposto, vem a Recorrente, sempre respeitosamente, requerer a estes nobres Conselheiros que seja o presente Recurso devidamente admitido, conhecido e processado, para que no mérito sejalhe dado integral provimento, reformando o v. Acórdão recorrido e reconhecendo o direito da Recorrente ao crédito de IRPJ aqui pleiteado, juntamente da procedência da compensação que ensejou este procedimento; subsidiariamente, e se assim entenderem estes Srs. Conselheiros, requer a Recorrente seja declarada a nulidade do v. Acórdão recorrido, para que outro seja prolatado em seu lugar, desta vez se atentando ao conjunto fático e às especificidades inerentes e constantes dos autos. Quando do exame de admissibilidade do recurso especial da contribuinte, o Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do despacho exarado em 20/01/2017, deu seguimento ao recurso especial, fundamentando essa decisão na seguinte análise sobre a divergência suscitada: [...] Entendo que a recorrente logrou demonstrar de forma suficiente, neste juízo prévio de admissibilidade do recurso, a similitude fática processual entre os casos, e a divergência de decisões entre eles. De fato, todos os casos trazidos a confronto versam sobre a compensação de tributos, e em todos eles há argumentação, por parte dos contribuintes, da ocorrência de equívocos no preenchimento dos documentos em que identificado o crédito alegado (pedido de restituição, no caso do primeiro paradigma — acórdão 1301001.918, e declarações de compensação, no caso do acórdão recorrido e do segundo paradigma — acórdão 1102001.295). E, enquanto o acórdão recorrido manifestou o entendimento de que haveria óbice intransponível à retificação do PER/DCOMP (no caso, para a alteração de “pagamento a maior ou indevido” para “saldo negativo de IRPJ e CSLL”), uma vez que tal retificação somente seria admissível até o momento anterior à ciência da decisão administrativa a respeito do PER/DCOMP que se pretende retificar, os paradigmas manifestaram entendimento diametralmente oposto, na medida em que, em ambos os casos, foi admitido que os contribuintes corrigissem eventual erro no preenchimento do PER/Dcomp quando da apresentação da defesa administrativa (manifestação de inconformidade). Transcrevese, a seguir, excertos do voto condutor do acórdão recorrido, também parcialmente transcritos pela recorrente no recurso, que bem demonstram ter sido este o fundamento adotado pelo colegiado para, no caso, negar provimento ao recurso: Fl. 934DF CARF MF Processo nº 13811.000503/200333 Acórdão n.º 9101004.200 CSRFT1 Fl. 11 10 [...] Entretanto, nos acórdãos paradigmas, conforme dito, foi reconhecida a possibilidade de que os erros na identificação do crédito fossem corrigidos no curso do processo, consoante se pode verificar de suas próprias ementas, ao norte transcritas, e, nesta conformidade, foi dado provimento ao recurso, em ambos os casos. Pelo exposto, opino no sentido de que se deva DAR SEGUIMENTO ao recurso especial do sujeito passivo (art. 68 do RICARF). Em 23/01/2017, o processo foi encaminhado à PGFN, para ciência do despacho que deu seguimento ao recurso especial da contribuinte, e em 01/02/2017, o referido órgão apresentou tempestivamente suas contrarrazões, com os seguintes argumentos: sobre a compensação, o Código Tributário Nacional em seus artigos 156, II, e 170 prescrevem o seguinte: [...]; como se pode concluir da leitura dos dispositivos transcritos, o CTN previu a compensação como forma de extinção do crédito tributário. Todavia, em atendimento ao princípio da legalidade acima mencionado, determinou que a extinção do crédito tributário por essa modalidade depende de lei autorizadora, que estabeleceria as condições e as garantias em que poderia ocorrer a compensação ou atribuiria à autoridade administrativa o estabelecimento dessas condições e garantias; a fim de normatizar a forma pela qual se daria a compensação no âmbito tributário foram editados diplomas legais e normativos dentre os quais se destaca a Lei nº 9.430/96 e a IN SRF nº 21/97, e alterações posteriores, redundando inclusive na edição da IN SRF nº 460/2004; dessa maneira, é importante verificar que a legislação em vigor à época, dispunha sobre a compensação: [...]; inferese da leitura desses dispositivos que a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública, pode se dar de ofício ou por iniciativa daquele; da norma acima reproduzida é possível aferir que o procedimento de compensação é efetuado por conta e risco tanto da Administração Federal, quanto do contribuinte; com efeito, por um lado corre contra a administração o prazo de homologação, que uma vez decorrido impede a recuperação de eventuais valores compensados indevidamente, de outro lado pesa sobre o contribuinte a exatidão dos valores informados, visto que, uma vez analisada a DCOMP, não é mais admitida qualquer alteração do seu conteúdo; assim, o alegado erro de preenchimento da DCOMP não pode ser admitido, eis que, a retificação da origem do crédito tem a mesma natureza de uma Declaração de Compensação de débitos não homologados o que não é permitido pela legislação; Fl. 935DF CARF MF Processo nº 13811.000503/200333 Acórdão n.º 9101004.200 CSRFT1 Fl. 12 11 ademais, ainda nos termos da legislação retro transcrita, a demonstração da existência de crédito líquido e certo deve ser feita desde o momento da apresentação da declaração de compensação, sob pena de desrespeito à própria natureza do instituto da compensação; não se pode admitir que um suposto crédito, não informado à Administração tributária no momento oportuno, ou seja, até a ciência do despacho decisório que negou a homologação das compensações, sob a pecha de tratarse de erro material, seja admitido em momento tão tardio do processo, sem que tal tema tenha sido objeto de análise pela DRF responsável pela análise do pleito; os diplomas normativos regentes da matéria, quais sejam art. 74 da Lei nº 9.430/96 e art. 170 do CTN deixam clara a necessidade da existência de créditos líquidos e certos no momento da declaração de compensação, hipótese em que o crédito tributário encontrarseia extinto sob condição resolutória, o que não ocorreu no caso dos autos. Da leitura dos dispositivos acima temos que os créditos a serem compensados devem ser líquidos e certos e devem ser minuciosamente informados na declaração de compensação quando de sua apresentação sob pena de invalidação do procedimento; vejase que essa análise não é da alçada da competência do CARF, mas da DRF; não é lícito ao órgão julgador de superposição fazer essa análise para obviar um suposto erro material para daí passar a analisar a “certeza e liquidez” dos créditos; logo, não se trata de erro material à toda evidência; nos termos do acima exposto, temos que, uma vez que a existência do suposto crédito não havia sido informado na DComp, não sendo indicada a origem dos mesmos, não podem ser considerados líquidos e certos, nem mesmo há como homologarse as compensações efetuadas com base nestes, sob pena de afronta direta aos ditames legais acima esposados; com efeito, a compensação de ofício ocorre “sempre que a Secretaria da Receita Federal verificar que o titular do direito à restituição ou ao ressarcimento tem débito vencido relativo a qualquer tributo ou contribuição sob sua administração”, nos termos do art. 7º do DecretoLei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, e do art. 6º do Decreto nº 2.138, de janeiro de 1997; por sua vez, a compensação por iniciativa do sujeito passivo ocorre mediante a entrega, por este, de pedido/declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados; insta salientar ainda que os princípios da verdade material e da economia processual, apesar de louváveis, devem ser aplicados com cautela e, sobretudo, sem desrespeito ao princípio da legalidade insculpido no art. 37 da CF; assim, declaração de compensação apresentada sem que o respectivo crédito que a lastreie seja comprovado desde logo, vindo apenas a ocorrer após a ciência do despacho decisório não pode ser aceita uma vez que constitui inovação à lide sendo situação nova que não estava em discussão quando da análise inicial da existência do crédito; Fl. 936DF CARF MF Processo nº 13811.000503/200333 Acórdão n.º 9101004.200 CSRFT1 Fl. 13 12 a apreciação da compensação em sede estranha aos procedimentos que lhe são pertinentes, não pode ser admitida; de tal sorte, qualquer discussão sobre a compensação, inclusive sobre erro no preenchimento do pedido correspondente, deve ser feita em sede própria; concluise, portanto, que o órgão julgador, ao analisar os autos, deve levar em consideração os dados informados no pedido de compensação apresentado pelo contribuinte para justificar a extinção do crédito tributário. Se considerar mês de apuração ou valor diverso do apontado pelo contribuinte na via compensatória, a decisão conflita com o próprio procedimento de compensação, em que se analisam os créditos e débitos tal qual indicados e não outros diversos; se entendesse ter ocorrido erro na indicação direito creditório que pretendia compensar, o interessado deveria ter solicitado ao órgão competente, no caso, a Delegacia da Receita Federal, por meio de processo administrativo, a retificação da declaração de compensação; aliás, esta é a orientação da Receita Federal, expressa na IN SRF nº 460/2004, in verbis: [...]; a mesma orientação é reproduzida na Instrução Normativa SRF 600/05: [...]; logo, caso prevaleça o entendimento do Recorrente haveria violação ao disposto no art. 170 do CTN e no art. 74, §3º, inciso V, da Lei nº 9.430/96, uma vez que o alegado erro de preenchimento da DCOMP pelo interessado não pode e não poderia ser admitido, eis que, a retificação da origem e do valor do crédito tem a mesma natureza de uma Declaração de Compensação de débitos não homologados o que não é permitido nos termos das normas citadas; e, por fim, para possibilitar a retificação da DCOMP nos moldes pretendidos deve ser atendido o quanto disposto na IN SRF nº 460/2004, ou seja, deve ser formalizada declaração retificadora para correção apenas de inexatidões materiais ocorridas no preenchimento da PER/DCOMP e deve ser apresentada antes de proferida a decisão administrativa; diante de todos os motivos acima expostos, o acórdão recorrido não merece reforma; DO PEDIDO ante todo o exposto, pugna a Fazenda Nacional para que seja negado provimento ao Recurso Especial interposto. É o relatório. Fl. 937DF CARF MF Processo nº 13811.000503/200333 Acórdão n.º 9101004.200 CSRFT1 Fl. 14 13 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. Conheço do recurso, porque ele preenche os requisitos de admissibilidade. O presente processo trata de Declarações de Compensação em que a contribuinte informou direito creditório a título de pagamento indevido ou a maior de IRPJ, que decorreu do DARF recolhido em 30/08/2002, no valor de R$ 935.179,92, referente à estimativa do mês de 07/2002 (vol. I, efls. 02/04, 37/41 e 42/46). A Delegacia de origem indeferiu o pleito (vol. I, efls. 48), com o argumento de que o referido pagamento tinha sido integralmente utilizado para quitação de débito do contribuinte (no caso, do débito da referida estimativa, que havia sido declarado em DCTF). Desde a manifestação de inconformidade, a contribuinte vem alegando, entre outras coisas, que cometeu equívoco no preenchimento das DCOMP, que deveria ter assinalado o campo "saldo negativo de IRPJ", e não "pagamento a maior ou indevido". A decisão de primeira instância administrativa manteve a negativa em relação ao pleito da contribuinte, entendendo que as compensações não poderiam ser realizadas com suposto crédito que não constava das DCOMP. E a decisão de segunda instância (acórdão ora recorrido), ao examinar o recurso voluntário, decidiu nesse mesmo sentido. Com seu recurso especial, a contribuinte busca, em síntese, que seu direito creditório seja tratado como saldo negativo de IRPJ em 2002, e que as compensações sejam homologadas. A controvérsia que chega a essa fase de recurso especial envolve o debate sobre a possibilidade, ou não, de retificação das informações constantes da DCOMP após a prolação do Despacho Decisório pela Delegacia de origem. Em primeiro lugar, cabe registrar que as estimativas mensais "normalmente" não configuram objeto de restituição, e nem de compensação direta com outros tributos. O que se restitui ou compensa, via de regra, é o saldo negativo, a menos que o recolhimento da própria estimativa se caracterize, desde aquele primeiro momento, como um pagamento indevido ou a maior que o devido, levando em conta o valor que seria devido a título da própria estimativa, conforme o regime adotado pelo contribuinte para o seu cálculo (receita bruta ou balancete de suspensão/redução). Essa questão sobre a possibilidade de restituição/compensação de pagamento indevido ou a maior a título de estimativa mensal foi objeto de longa controvérsia, e a matéria foi definitivamente solucionada pelo CARF, nos termos da Súmula CARF nº 84. Fl. 938DF CARF MF Processo nº 13811.000503/200333 Acórdão n.º 9101004.200 CSRFT1 Fl. 15 14 Mas no caso sob exame, embora a contribuinte tenha indicado crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de IRPJ, apontando o DARF da estimativa mensal referente ao mês de julho/2002, sua pretensão não se enquadra na hipótese da referida súmula. Seu objetivo é ver reconhecido o direito creditório como saldo negativo do período anual de 2002, e não como pagamento indevido ou a maior a título da própria estimativa. A questão que deve ser analisada é se o atendimento desse pleito configura inovação/mudança do direito creditório no curso do processo administrativo, caracterizadora de ilegalidade. As decisões já proferidas neste processo entendem que a lei não admite que a DCOMP seja retificada após o despacho que não homologou a compensação. Vale observar, entretanto, que não é incomum a ocorrência de processos em que pedidos de restituição/compensação de IR/fonte ou IRPJ/estimativa são examinados (inclusive pelas DRF e DRJ da Receita Federal) na ótica de sua repercussão no resultado final do período, como elementos que contribuem para a formação de saldo negativo. Isto porque tanto as retenções na fonte quanto as estimativas representam antecipações do devido ao final do período. Na sistemática da apuração anual, caso haja tributo devido no encerramento do ano, as antecipações se convertem em pagamento definitivo. Por outro lado, se houver prejuízo fiscal, ou ainda se as antecipações superarem o valor do tributo devido ao final do período, fica configurado o indébito, a ser restituído ou compensado (ainda que somente a partir do ajuste). Também é importante destacar que os recolhimentos a título de estimativa são referentes, no seu conjunto, a um mesmo período (anocalendário), e que embora a contribuinte tenha indicado como crédito a ser compensado nestes autos apenas a estimativa de julho/2002, e não o saldo negativo total do ano, o pagamento reivindicado como indébito corresponde ao mesmo período anual (2002) e ao mesmo tributo (IRPJ) do saldo negativo que poderia ser, em tese, restituído/compensado. Há que se considerar ainda que em muitos outros casos com contextos fáticos semelhantes ao presente, os contribuintes, na pretensão de melhor demonstrar a origem e a liquidez e certeza do indébito, indicavam como direito creditório o próprio pagamento (DARF) das estimativas que geravam o excedente anual, em vez de indicarem o saldo negativo constante da DIPJ. Com efeito, há muitos casos em que os contribuintes, em vez de reivindicarem todo o saldo negativo de um determinado período de apuração de uma só vez, em um único Per/Dcomp, apresentavam vários Per/Dcomp, cada um deles correspondendo a um recolhimento de estimativa feito para o mesmo período de apuração, até porque a indicação precisa da origem do direito creditório está relacionada à indicação de um DARF, e não há nenhum DARF de saldo negativo, o que normalmente existe são os DARF das estimativas. Tais considerações levam a perceber que a indicação do crédito como sendo uma das estimativas mensais (antecipação), e não o saldo negativo final, não pode ser obstáculo ao pleito da contribuinte. Fl. 939DF CARF MF Processo nº 13811.000503/200333 Acórdão n.º 9101004.200 CSRFT1 Fl. 16 15 O que há no presente caso não é propriamente uma pretensão de mudança do direito creditório, mas sim o aproveitamento de uma parte do crédito, e não do todo, o que não pode prejudicar a caracterização do indébito, porque mesmo no caso de se verificar direito creditório decorrente da estimativa em si (parte), caberia examinar aspectos da apuração do ajuste anual (todo). É que mesmo quando há excesso mensal no pagamento de uma determinada estimativa, esse excedente pode ser necessário para a quitação de ajuste, e isso resulta na sua indisponibilidade para fins de restituição/compensação. Importante distinguir o presente caso daquelas situações em que se pretende mudar o período de apuração do saldo negativo, situação, esta sim, caracterizadora de uma efetiva inovação no direito creditório, já que o saldo negativo de um ano não tem nenhuma relação com o saldo negativo de outro ano. Diferentemente é o que ocorre entre uma estimativa e o saldo negativo formado por ela, eis que guardam relação de parte e todo, com elementos constitutivos comuns. No caso, a contribuinte apresentou em 24/06/2003 uma DIPJ (original) com apuração de saldo negativo de IRPJ no montante de R$ 8.602.686,39 (vol. II, efls. 54). E, posteriormente, apresentou uma DIPJ/retificadora (vol. I, efls. 71), onde passou a constar um saldo negativo de IRPJ no valor de R$ 8.604.905,25. Em seu recurso, a contribuinte alega que o valor do crédito reivindicado (e dos débitos compensados) é bem menor do que aquele que ela teria direito; que o crédito ao final do anocalendário de 2002 teve origem justamente nas antecipações mensais por ela efetuadas; que o “Saldo Negativo de IRPJ” foi decorrência direta do “Pagamento a Maior ou Indevido” efetuado por ela; que o Pedido de Compensação foi apresentado após o encerramento do Período de Apuração do imposto recolhido por estimativa (mais especificamente em 13 de fevereiro de 2003); e que ao formalizar o pedido de compensação, ela já havia apurado saldo negativo, de modo que já se sabia que o valor referente à antecipação de 07/2002 era indevido. Essas alegações estão alinhadas com o que se disse nos parágrafos precedentes. Penso que se a Delegacia de origem confirmar a existência e a disponibilidade do alegado saldo negativo de IRPJ em 2002, a compensação deverá ser homologada, no limite do crédito que assim for reconhecido. Desse modo, voto no sentido de CONHECER e DAR provimento PARCIAL ao recurso especial da contribuinte, determinando o retorno dos autos à Unidade (Delegacia) de Origem, para que sejam reexaminadas as declarações de compensação, tratando do crédito na perspectiva de saldo negativo de IRPJ no anocalendário de 2002. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 940DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.003380/2008-65
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 20 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2202-000.856
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Nome do relator: RORILDO BARBOSA CORREIA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1869; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 364 1 363 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10530.003380/200865 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2202000.856 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 07 de maio de 2019 Assunto SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente PIRELLI PNEUS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para fins de que a Unidade de Origem intime o Ministério da Ciência e Tecnologia para que informe se foi emitido ato autorizativo de migração publicado no Diário Oficial em benefício da Recorrente, nos termos dispostos no § 2º do art. 15 do Decreto nº 5.798/06, juntando a correspondente cópia do ato, bem como esclarecendo, sendo o caso, o alcance temporal dos respectivos efeitos. Na sequência, devese intimar a contribuinte, para se manifestar acerca do resultado da diligência. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente (assinado digitalmente) Rorildo Barbosa Correia Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Virgílio Casino Gil (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão nº 1281.779 proferido pela 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ DRJ/RJO, a qual julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e manteve o Despacho Decisório recorrido, não reconhecendo o direito creditório pleiteado e não RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 30 .0 03 38 0/ 20 08 -6 5 Fl. 364DF CARF MF Processo nº 10530.003380/200865 Resolução nº 2202000.856 S2C2T2 Fl. 365 2 homologando as compensações tratadas no processo apensado nº 10530.003911/200810 (fls. 122/129 e 135/144). Do Pedido de Restituição/Compensação No tocante ao pedido de restituição/compensação, o relatório que acompanha a decisão da DRJ/RJO (fl. 123) mencionou o seguinte: Trata o processo de Pedido de Restituição formalizado em 15/09/2008, no valor de R$ 551.709,44, que corresponde ao crédito de 20% do valor recolhido de IRRF incidente sobre valores pagos, creditados ou remetidos a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior, a título de royalties, tendo por fundamento legal a alínea “a” do inciso V do artigo 17 da Lei nº 11.196/2005. Da Análise do Pedido de Restituição/Compensação De acordo com o Despacho Decisório (fls. 65/67), a autoridade administrativa não reconheceu o direito creditório pleiteado, indeferiu o pedido de restituição e não homologou a compensação: "Em conformidade com a competência que me foi delegada pela Portaria DRF/SAE nº 75, de 07 de outubro de 2011, Indefiro o pleito do interessado e Não Homologo a compensação vinculada ao processo nº 10530.003911/200810" (fl. 67). Da Manifestação de Inconformidade Regularmente intimado do indeferimento do pedido de restituição/compensação, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 77/88), como bem sintetizado no Acórdão (fls. 123/124), alegando que: Não há dúvida acerca do deferimento da migração para o novo regime do PDTI, previsto na Lei n° 11.196/2005, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Adotou o procedimento previsto pela Lei n° 11.196/2005 e artigo 15 do Decreto n° 5.798/2006, tendo sido defenda a migração para o novo regime, como se verifica no Relatório Anual de Utilização dos Incentivos Fiscais, emitido pelo próprio Ministério da Ciência e Tecnologia, que expressamente aponta a interessada como migrada para o novo regime em 2006. Pela leitura dos artigos 17 e 25 da Lei n° 11.196/2005, e do artigo 15 do Decreto n° 5.798/2006, é possível verificar que era opcional a migração para o novo regime, bem como que esta deveria ser requerida e deferida ao Ministério da Ciência e Tecnologia, único com competência para aprovar o pedido. Assim que editado o Decreto n° 5.798/2006, a interessada diligenciou junto ao MCT e requereu sua migração para o novo regime da Lei n° 11.196/2005, pedido este que foi recebido e processado, conforme comprovam os emails em anexo. Concluindo este procedimento, foi publicada a Portaria n° 823 em 31/10/2006, que acolheu o pedido e revogou a Portaria n° 769/2002. Cumpriu todos os requisitos para migração, não podendo assim ser indeferida a restituição pleiteada, sob pena de violação dos princípios da legalidade e da verdade material da ação administrativa. Fl. 365DF CARF MF Processo nº 10530.003380/200865 Resolução nº 2202000.856 S2C2T2 Fl. 366 3 Não se pode argumentar que não houve a migração em função de não ter constado expressamente da Portaria n° 823/2006. Basta verificar os dispositivos legais constantes do preâmbulo da Portaria para se constatar que a mesma trata da migração do regime, sendo que a única interpretação possível é no sentido de que a mesma deferiu o pedido. Além disso, o MCT expressamente reconheceu no "Relatório Anual da Utilização dos Incentivos Fiscais no Ano Base de 2006" que a interessada é detentora do benefício nos termos da Lei n° 11.196/2005. Por força da razoabilidade e proporcionalidade, previstas no artigo 37 da CF/88, resta claro que o MCT reconhece que a interessada teve o benefício migrado em 01/01/2006, ainda que a Portaria não existisse. Sob todos os aspectos restou provado que ocorreu a migração para o novo regime previsto na Lei n° 11.196/2005, o que leva ao acolhimento da presente manifestação de inconformidade e homologação das compensações. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ DRJ/RJO (fls.122/129). Da Decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento Quando da análise do presente caso, a DRJ/RJO apreciou a Manifestação de Inconformidade e proferiu o acórdão nos seguintes termos (fl. 122): "Acordam os membros da 5ª Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro, por unanimidade de votos, não dar provimento à manifestação de inconformidade e não homologar as compensações, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado". Bem como pelos seguintes motivos (fls. 128/129): Do exame dos autos, verifico que alguns elementos essenciais para o reconhecimento ao direito creditório não foram apresentados. O principal deles, e que deu o fundamento para o indeferimento do pedido, é o Ato Autorizativo da Migração publicado no Diário Oficial da União, em atendimento ao previsto no §2° do artigo 15 do Decreto n° 5.798/2006. Esclareço que, como esta autoridade julgadora está vinculada à legislação, o Relatório Anual de Utilização dos Incentivos Fiscais não poderá substituir o Ato Autorizativo do Ministério da Ciência e Tecnologia. E uma formalidade legal essencial para o reconhecimento do direito creditório, que não pode ser suprido por outro documento cujo processo de elaboração pode não envolver os procedimentos necessários para a autorização da migração. (fls. 128/129) Tendo por base o artigo 333 do CPC, que determina que o ônus da comprovação é daquele que pleiteia, verifico que a peça inicial está desacompanhada de alguns requisitos previstos no Decreto n° 5.798/2006, e também na Portaria n° 426, em 30/08/2011, tais como: 1) a comprovação de realização de dispêndios em projetos de pesquisas no País, em montante equivalente a, no mínimo Fl. 366DF CARF MF Processo nº 10530.003380/200865 Resolução nº 2202000.856 S2C2T2 Fl. 367 4 a uma vez e meia do valor do benefício, para pessoas jurídicas nas áreas de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM); e b o dobro do valor do benefício, nas demais regiões. 2) Comprovar a prestação ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) de informações anuais sobre os projetos de pesquisa. Conforme ementas a seguir transcritas (fl. 122): ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008 INCENTIVOS FISCAIS. PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO INDUSTRIAL (PDTI). TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA. ROYALTIES. CRÉDITO DE 20% DO IRRF. Não apresentado o ato autorizativo requerido pela legislação em vigor para fruição do regime previsto na Lei n° 11.196/2005, inviável reconhecer o crédito ora pleiteado, não se homologando, por conseguinte, as compensações em litígio. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Do Recurso Voluntário A Pirelli Pneus Ltda, devidamente intimada da decisão da DRJ/RJO, em 13/06/2016, conforme Termo de Ciência por Abertura de Mensagem (fl. 133), apresentou, conforme termo de juntada (fl. 134), recurso voluntário, em 12/07/2016 (fls. 135/144). Em sede de recurso voluntário, a Recorrente se insurgiu contra a decisão da DRJ/RJO, argumentando que: Da alegada ausência de "Ato autorizativo da migração" §2". do art. 15. do Decreto n° 5.798/06 (fls. 138/141). Conforme exposto na decisão recorrida, não poderia ser deferido o direito pleiteado pela recorrente devido a ausência de apresentação, pela recorrida, de "ato autorizativo da migração", conforme disposto pelo §2°, do art. 15, do Decreto 5.798/06, uma vez que o princípio da legalidade exigiria a apresentação de tal documento formal, e a d. fiscalização dele não poderia abrir mão. Fl. 367DF CARF MF Processo nº 10530.003380/200865 Resolução nº 2202000.856 S2C2T2 Fl. 368 5 Ocorre que tal exigência de, se demonstra demasiadamente formalista e acaba por sobrepor o princípio da legalidade ao princípio da verdade real que deve instruir o processo administrativo tributário e garantir o direito da recorrente. A requerente juntou nos autos da Manifestação de Inconformidade diversos documentos comprovando a validade da migração para o programa PDT1, documentos estes como o Relatório Anual de Utilização dos Incentivos Fiscais da Lei n° 11.196/2005, relatório este emitido pelo próprio Ministério da Ciência e Tecnologia (órgão que por Lei é o competente para fiscalizar a legalidade da migração), e que expressamente legitima a Pirelli Pneus Ltda., como migrada para o novo regime em 2006. Não há outra interpretação a ser conferida aos fatos (princípio da verdade real) que não a de que o PDTI conferido na Portaria MCT n° 769, de 9 de dezembro de 2002, foi migrado para outro ato concessivo de PDTI, senão como se explicaria a inclusão da Pirelli no "Relatório Anual da Utilização dos Incentivos Fiscais Ano Base 2006"? Assim, a argumentação apresentada pela recorrente de que a Portaria MCT n° 823 de 31 de outubro de 2006 não só revogou a Portaria MCT n° 769, de 9 de dezembro de 2002, como por consequência lhe garantiu a migração, conforme autorizado/determinado pela Lei 11.196/2005 é plenamente válida e suficiente a comprovar e garantir o seu direito. Repisase: A apresentação do "Relatório Anual da Utilização dos Incentivos Fiscais Ano Base 2006", editado pelo MCT, em que a Pirelli consta como empresa beneficiada pela Lei do Bem, ou seja, beneficiada pelo PDTI, é prova mais do que suficiente (princípio da verdade real) de que a empresa migrou seu PDTI, de forma devidamente autorizada e legal pelo órgão competente para tanto Ministério de Ciência e Tecnologia. Em todo caso, apresenta a recorrente neste ato OFICIO/GAB/SETEC/N° 112/2013, emitido em 06.08.2013, pelo MCT, em que comprova a migração conforme exigido pela legislação de referência, transcrita abaixo; o que atende também à formalidade do princípio da legalidade explanado pelos i. julgadores. Da alegada ausência de comprovação de outros requisitos exigidos pelo Decreto 5.798/2006 e Portaria 426/2011 (fls. 141/143): Conforme mencionado previamente, outra das alegações dos i. julgadores para negarem o direito pleiteado pela recorrente foi o fato de que não teria sido comprovado nos autos alguns requisitos previstos no mesmo Decreto 5.798/2006 e também na Portaria 426/2011, quais sejam: 1) A comprovação de realização de dispêndios em projetos de pesquisas no país, em montante equivalente a, no mínimo: (i) uma vez e meia do valor do benefício, para pessoas jurídicas nas áreas de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM); Fl. 368DF CARF MF Processo nº 10530.003380/200865 Resolução nº 2202000.856 S2C2T2 Fl. 369 6 (ii) o dobro do valor do beneficio, nas demais regiões. 2) Comprovar a prestação ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) de informações anuais sobre os projetos de pesquisa. Ressalta a recorrente que entende ser de competência exclusiva do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação MCTI avaliar tais disposições mencionadas no item I, e 2 acima, uma vez que se tratam de condicionantes à fruição dos benefícios concedidos pelo Programa de Desenvolvimento Tecnológico PDTI, e que uma vez não cumpridos implicam a cassação do benefício mencionado pelo próprio MCTI, total ou parcialmente, o que em caso venha a ocorrer, sempre é realizado por meio de relatório justificando quais gastos o MCTI entende não corresponderem a investimentos em tecnologia para fins de fruição do beneficio. Em todo caso, tais condições poderiam ter sido facilmente verificadas pela própria fiscalização com o MCTI caso entendesse necessário, sendo que aproveita a recorrente para juntar tais informações / documentos ao processo nesse ato, pelo que requer que sejam recebidos como aptos a integrar sua defesa tendose em vista mais uma vez o princípio da verdade real que embasa o processo administrativo fiscal, sem se falar da desnecessidade de que a presente discussão venha a se converter em uma discussão judicial futura apenas por eventual excesso de formalismo processual. Assim, destacamos os seguintes documentos anexos: (i) Formulário de apresentação das Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento de Inovação Tecnológica da Pirelli Pneus e respectivos anexos, que comprovam a) a prestação anual de informações ao MCTI; e (ii) gastos realizados pela empresa em mais de 3 vezes O necessário (vide pagina 58, e anexo Vi. correspondendo a RS 33.191.853,00; (ii) Email encaminhado pelo Sr. Jorge Castro do endereço eletrônico cgit@mcti.gov.br 01.08.2007, confirmando o recebimento das informações prestadas c mencionadas no item (i) acima; (iii) DIPJ 2007 ficha 46 Inovação tecnológica, onde também poderá ser constatado o valor gasto de RS 33.191.853,00; (iv) Calculo da CSLL e IRPJ referente ao ano de 2006, em que poderá ser constatado nas linhas 3.05, na página 5, os valores trimestrais referentes a pesquisa e desenvolvimento, a fim de compor a respectiva base de cálculo do benefício usufruído. Tais documentos não haviam sido juntados anteriormente por entender a recorrente que tal análise seria exclusiva do MCTI, conforme apontado mais acima, e em nenhum momento a fiscalização solicitou a apresentação destes documentos exigidos pelo Decreto 5.798/2006 e Portaria 426/2011. No entanto, uma análise simples dos mesmos, comprova que a recorrente atendeu todos os requisitos para fruição do PDT1, bem como o pleito da recorrente, negado em primeira instância Fl. 369DF CARF MF Processo nº 10530.003380/200865 Resolução nº 2202000.856 S2C2T2 Fl. 370 7 administrativa, pelo que, requer seja reformada a decisão a fim de conferir à recorrente seus direitos. Do Pedido Ao final, a Recorrente requer que a decisão seja reformada, com o deferimento do seu pedido de restituição e da homologação da sua compensação (fl. 143): Ante todo o exposto, não restando dúvidas acerca do fato de que a Requerente teve seu pedido de migração do regime deferido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, e tendo sido juntado aos autos deste processo administrativo o "ato autorizativo de migração" exigido pelo §2°, do art. 15, do Decreto 5.798/06, bem como demais documentos que comprovam de forma cabal não só o seu direito mas também estarem atendidas as exigências constantes do Decreto 5.798/2006 e Portaria 426/2011, a Requerente pede e espera que a presente decisão recorrida seja reformada, para o fim de ser deferida a restituição pleiteada, com a homologação da compensação objeto do Processo Administrativo 10530.00391 1/200810. É o relatório. Voto Conselheiro Rorildo Barbosa Correia Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Analisando os autos, percebese que a controvérsia se instalou devido a contestação da Recorrente se insurgindo contra a decisão da DRJ/RJO, a qual decidiu que havia necessidade de apresentar o "ato autorizativo requerido pela legislação em vigor para fruição do regime previsto na Lei nº 11.196/2005". Neste caso, a 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ, apreciando o pleito, verificou que: "Por se tratar de pedido de restituição, para fins de reconhecimento do direito creditório, é necessário que estejam presentes os requisitos previstos no artigo 170 do CTN, ou seja, a certeza e liquidez do crédito. Este é ônus daquele que alega, nos termos do artigo 333 do CPC." (fl. 124). Entretanto, a DRJ/RJO entendeu que não foram apresentados elementos para o reconhecimento do direito creditório, nos seguintes termos: "Do exame dos autos, verifico que alguns elementos essenciais para o reconhecimento ao direito creditório não foram apresentados. O principal deles, e que deu o fundamento para o indeferimento do pedido, é o Ato Autorizativo da Migração publicado no Diário Oficial da União, em atendimento ao previsto no §2º do artigo 15 do Decreto nº 5.798/2006." (fl. 128). Fl. 370DF CARF MF Processo nº 10530.003380/200865 Resolução nº 2202000.856 S2C2T2 Fl. 371 8 Por outro lado, a Recorrente contestou afirmando que: "Assim, a argumentação apresentada pela Recorrente de que a Portaria MCT n° 823 de 31 de outubro de 2006 não só revogou a Portaria MCT n° 769, de 9 de dezembro de 2002, como por consequência lhe garantiu a migração, conforme autorizado/determinado pela Lei 11.196/2005 é plenamente válida e suficiente a comprovar e garantir o seu direito." (fl. 139). Com o mesmo propósito, a Recorrente continuou afirmando que: "Repisase: a apresentação do "Relatório Anual da Utilização dos Incentivos Fiscais Ano Base 2006", editado pelo MCT, em que a Pirelli consta como empresa beneficiada pela Lei do Bem, ou seja, beneficiada pelo PDTI, é prova mais do que suficiente (princípio da verdade real) de que a empresa migrou seu PDTI, de forma devidamente autorizada e legal pelo órgão competente para tanto Ministério de Ciência e Tecnologia." (fl. 139). Além do mais, a Recorrente ainda afirmou que: "em todo caso, apresenta a Recorrente neste ato OFICIO/GAB/SETEC/N0 112/2013, emitido em 06.08.2013, pelo MCT, em que comprova a migração conforme exigido pela legislação de referência, transcrita abaixo; o que atende também à formalidade do princípio da legalidade explanado pelos i. julgadores." (fl. 139). Dessa forma, para o deslinde da questão, fazse necessário verificar qual o critério estabelecido para usufruir o incentivo fiscal para capacitação tecnológica da indústria por meio de Programas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial PDTI . Inicialmente, convém esclarecer que o benefício fiscal de que trata este processo foi estabelecido com base na Lei nº 8.661, de 02 de junho de 1993, regulamentada pelo Decreto nº 949, de 5 de outubro de 1993, que contemplava diversos incentivos fiscais para a capacitação tecnológica da indústria, por meio de PDTI e dentre estes incentivos, a lei facultava ao titular do Programa o direito ao crédito de 20% do IRRF sobre os valores pagos, remetidos ou creditados a beneficiário domiciliado no exterior, a título de “royalties”. (o percentual de 20% foi estabelecido pelo art. 2°, inciso II, da Lei n° 9.532/97). Todavia, com a revogação da Lei nº 8.661/93, o benefício fiscal tratado neste processo passou a ser regulado pelo art. 17, inciso V, alínea “a” da Lei n° 11.196/2005, e pelo art. 3°, alínea “a” e parágrafo 4° do Decreto n° 5.798 de 2006. De acordo com o autos, notase que o favor tributário concedido à Recorrente, com base na Lei nº 8.661, de 02 de junho de 1993, regulamentada pelo Decreto nº 949, de 5 de outubro de 1993, por meio da Portaria MCT 769 de 09/12/2002, foi revogado pela Portaria nº 823 de 31/10/2006 do Ministério da Ciência e Tecnologia (fls. 115). No entanto, mesmo após a revogação do benefício fiscal pela Portaria nº 823 de 31/10/2006 do Ministério da Ciência e Tecnologia, a Recorrente poderia continuar usufruindo o incentivo fiscal para capacitação tecnológica da indústria por meio de Programas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial PDTI instituído pelo art. 17, inciso V, alínea “a” da Lei n° 11.196/2005, e pelo art. 3°, alínea “a” e parágrafo 4° do Decreto n° 5.798 de 2006. desde que solicitasse ao Ministério da Ciência e Tecnologia a migração para o novo regime especificado na Lei n° 11.196/2005, nos termos do art. 15 do Decreto n° 5.798/06, que assim dispõe: Art.15. os Programas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial PDTI e Programas de Desenvolvimento Tecnológico Agropecuário Fl. 371DF CARF MF Processo nº 10530.003380/200865 Resolução nº 2202000.856 S2C2T2 Fl. 372 9 PDTA, e os projetos aprovados até 31 de dezembro de 2005 continuam regidos pela legislação em vigor na data de publicação da Lei n° 11.196, de 2005. §1°as pessoas jurídicas executoras de programas e projetos referidos no caput deste artigo poderão solicitar ao Ministério da Ciência e Tecnologia a migração para o regime da Lei no 11.196, de 2005, devendo, nesta hipótese, apresentar relatório final de execução do programa ou projeto. §2° a migração de que trata o §1° acarretará a cessação da fruição dos incentivos fiscais concedidos com base nos programas e projetos referidos no caput, a partir da data de publicação do ato autorizativo da migração no Diário Oficial da União. (grifei). Dessa forma, entendo que para a Recorrente usufruir o benefício fiscal pleiteado, seria necessário observar as condições estabelecidas nos §1° e §2° do art. 15 do Decreto n° 5.798/06, solicitando ao Ministério da Ciência e Tecnologia a migração para o novo regime, a qual seria realizada por meio do ato autorizativo de migração. Contudo, a contribuinte não logrou êxito em comprovar a publicação do referido ato autorizativo, porém, como elemento de prova, apresentou Ofício do Gabinete do Ministério da Ciência e Tecnologia (fls. 140/141) e Relatório Anual dos Incentivos Fiscais no Ano Base de 2006 (fls. 101/112), que no nosso entendimento, não tem o condão de substituir o ato autorizativo do Ministério da Ciência e Tecnologia, por falta de previsão legal. Com efeito, notase que a não apresentação do ato autorizativo estabelecido pelo § 2º do art. 15 do Decreto nº 5.798/06, impede o reconhecimento do direito ao benefício fiscal de que trata a Lei n° 11.196/2005, por outro lado a Recorrente alegou que houve a migração para o novo regime apresentando outros documentos, como o Ofício do Gabinete do Ministério da Ciência e Tecnologia e o Relatório Anual dos Incentivos Fiscais no Ano Base de 2006. Diante desse panorama, proponho então a conversão do julgamento em diligência, para fins de que a Unidade de Origem intime o Ministério da Ciência e Tecnologia para que informe se foi emitido ato autorizativo de migração publicado no Diário Oficial em benefício da Recorrente, nos termos dispostos no § 2º do art. 15 do Decreto nº 5.798/06, juntando a correspondente cópia do ato, bem como esclarecendo, sendo o caso, o alcance temporal dos respectivos efeitos. Na sequência, devese intimar a contribuinte para se manifestar acerca do resultado da diligência. (assinado digitalmente) Rorildo Barbosa Correia Fl. 372DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11060.724287/2011-30
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2006 a 31/12/2008
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
Não há que se falar em nulidade quando a autoridade fiscalizadora indicou expressamente as infrações imputadas ao sujeito passivo e observou todos os demais requisitos constantes do art. 10 do Decreto 70.235/72, reputadas ausentes as causas previstas no art. 59 do mesmo diploma.
PERÍCIA. PEDIDO EM FASE RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE. ART. 16, IV, DECRETO 70.235/72.
Na impugnação deverão restar consignadas as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito.
ADICIONAL PARA O FINANCIAMENTO DOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS EM RAZÃO DO GRAU DE INCIDÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORATIVA DECORRENTES DOS RISCOS AMBIENTAIS DO TRABALHO. MEDIDAS PROTETIVAS. DESNECESSIDADE DE RECOLHIMENTO.
Caso devidamente comprovada a adoção de medidas de proteção coletiva ou individual aptas a neutralizar ou reduzir o grau de exposição do trabalhador a níveis legais de tolerância a agentes nocivos não será devido o recolhimento do adicional para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho.
Numero da decisão: 2202-005.084
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Thiago Duca Amoni e Ronnie Soares Anderson, que deram provimento.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente
(assinado digitalmente)
Ludmila Mara Monteiro de Oliveira - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ludmila Mara Monteiro de Oliveira (Relatora), Leonam Rocha de Medeiros, Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Rorildo Barbosa Correia, Ronnie Soares Anderson (Presidente) e Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado).
Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: LUDMILA MARA MONTEIRO DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/06/2006 a 31/12/2008 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em nulidade quando a autoridade fiscalizadora indicou expressamente as infrações imputadas ao sujeito passivo e observou todos os demais requisitos constantes do art. 10 do Decreto 70.235/72, reputadas ausentes as causas previstas no art. 59 do mesmo diploma. PERÍCIA. PEDIDO EM FASE RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE. ART. 16, IV, DECRETO 70.235/72. Na impugnação deverão restar consignadas as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. ADICIONAL PARA O FINANCIAMENTO DOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS EM RAZÃO DO GRAU DE INCIDÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORATIVA DECORRENTES DOS RISCOS AMBIENTAIS DO TRABALHO. MEDIDAS PROTETIVAS. DESNECESSIDADE DE RECOLHIMENTO. Caso devidamente comprovada a adoção de medidas de proteção coletiva ou individual aptas a neutralizar ou reduzir o grau de exposição do trabalhador a níveis legais de tolerância a agentes nocivos não será devido o recolhimento do adicional para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2006 a 31/12/2008 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em nulidade quando a autoridade fiscalizadora indicou expressamente as infrações imputadas ao sujeito passivo e observou todos os demais requisitos constantes do art. 10 do Decreto 70.235/72, reputadas ausentes as causas previstas no art. 59 do mesmo diploma. PERÍCIA. PEDIDO EM FASE RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE. ART. 16, IV, DECRETO 70.235/72. Na impugnação deverão restar consignadas “as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. ADICIONAL PARA O FINANCIAMENTO DOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS EM RAZÃO DO GRAU DE INCIDÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORATIVA DECORRENTES DOS RISCOS AMBIENTAIS DO TRABALHO. MEDIDAS PROTETIVAS. DESNECESSIDADE DE RECOLHIMENTO. Caso devidamente comprovada a adoção de medidas de proteção coletiva ou individual aptas a neutralizar ou reduzir o grau de exposição do trabalhador a níveis legais de tolerância a agentes nocivos não será devido o recolhimento do adicional para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 0. 72 42 87 /2 01 1- 30 Fl. 699DF CARF MF Processo nº 11060.724287/201130 Acórdão n.º 2202005.084 S2C2T2 Fl. 700 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Thiago Duca Amoni e Ronnie Soares Anderson, que deram provimento. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente (assinado digitalmente) Ludmila Mara Monteiro de Oliveira Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ludmila Mara Monteiro de Oliveira (Relatora), Leonam Rocha de Medeiros, Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Rorildo Barbosa Correia, Ronnie Soares Anderson (Presidente) e Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado). Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto por SOLUÇÕES INTEGRADAS VERDES VALES LTDA.contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande (MS) DRJ/CGE, que rejeitou a impugnação apresentada para manter a cobrança de R$ 101.286,56 (cento e um mil, duzentos e oitenta e seis reais e cinqüenta e seis centavos), referente ao “adicional para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho – SATRAT”, no período compreendido entre janeiro de 2006 a dezembro de 2008. Colaciono a ementa do acórdão recorrido para melhor delineamento da controvérsia devolvida a esta instância revisora: RISCOS NO AMBIENTE DE TRABALHO. ADICIONAL. APOSENTADORIA ESPECIAL. A empresa com atividade que exponha o trabalhador a agentes nocivos químicos, físicos ou biológicos, ou associação desses agentes está sujeita ao pagamento da alíquota adicional do SAT/RAT. VALIDADE DO LANÇAMENTO FISCAL O auto de infração lavrado pela fiscalização é válida e eficaz, se lavrada com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. DILAÇÃO PROBATÓRIA Em regra, a prova documental deve ser apresentada juntamente com a impugnação, sob pena de preclusão, com exceção, apenas das hipóteses do § 4º, do art. 16 do Decreto n.º 70.235/1972. COMUNICAÇÃO PROCESSUAL Fl. 700DF CARF MF Processo nº 11060.724287/201130 Acórdão n.º 2202005.084 S2C2T2 Fl. 701 3 A comunicação processual será feita na forma pessoal, ou por via postal ou telegráfica, com prova de recebimento no domicílio tributário do sujeito passivo. Intimada do acórdão, a recorrente apresentou, em 18/03/2015, recurso voluntário (fls. 675/696), replicando as razões declinadas em sua impugnação, que podem ser assim sumarizadas: I A nulidade do auto de infração, ao argumento de que não teria cumprido o dever mínimo de motivação e demais exigências legais. Afirmou que o auto teria escorado em decisão judicial que se referia a um único exempregado, o que impossibilitaria que seus efeitos extrapolassem a autor daquela ação trabalhista. Diz ainda que auto de infração teria ignorado por completo os levantamentos do PPRA e do PCMSO contratados por ela nos últimos 10 anos. II A inocorrência do fato gerador para a imposição do adicional ao SAT/RAT, eis que adotaria medidas de prevenção de riscos ambientais que neutraliza, em termos efetivos, os efeitos dos agentes nocivos à saúde e à integridade física. Pondera que os levantamentos do PPRA e do PCMSO, somados à comprovação do fornecimento de EPIs e EPCs, demonstram que as medidas de segurança são integralmente atendidas, em conformidade com as previsões legais da NR09 do MTE. Aduz ainda que o laudo judicial apresenta falhas, na medida em que os quesitos 12 e 13, importantes para a efetiva identificação do requisito de concessão da aposentadoria especial, não teriam sido respondidos. Ao sentir da recorrente, a minuciosa identificação e criterioso exame técnico dos EPCs e EPIs seriam fundamentais para a elaboração de qualquer laudo que pretendesse apresentar robustas conclusões sobre a amenização ou neutralização dos agentes nocivos. Pontua que a única menção aos EPIs e EPCs no laudo é um depoimento do próprio exempregado, autor da ação. Diz que o perito não lhe requisitou quaisquer informações e documentos, tampouco os obteve junto ao INSS. Subsidiariamente, afirma que caso sejam os documentos por ela acostados considerados insuficientes, requer seja realizada perícia técnica. III A impossibilidade de alteração retroativa de critérios jurídicos, pois, de acordo com a recorrente, na sentença justrabalhista foi relatado que o INSS pleiteou a não concessão de aposentadoria especial, ao argumento de que os EPIs neutralizavam a ação dos agentes nocivos a que se achava submetido. Por fim, pleiteia que todas as intimações do processo sejam enviadas também ao seu procurador. É o relatório. Voto Conselheira Ludmila Mara Monteiro de Oliveira Relatora Conheço do recurso, presentes os pressupostos de admissibilidade. PRELIMINAR: DA SUPOSTA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO Em primeiro lugar, a recorrente se furta a apontar, de forma concreta, de qual nulidade padeceria o auto de infração. Falhou, portanto, em demonstrar que o lançamento foi Fl. 701DF CARF MF Processo nº 11060.724287/201130 Acórdão n.º 2202005.084 S2C2T2 Fl. 702 4 feito ao arrepio dos requisitos incrustados no art. 10 do Decreto nº 70.235/72 ou que tenha ocorrido quaisquer das causas de nulidade prevista no art. 59 daquele mesmo diploma. Com alegações genéricas brada a nulidade do auto de infração; mas, do escrutínio da extensa peça contendo as razões recursais, fica claro que bem os motivos que ensejaram a autuação. Em verdade, toda argumentação declinada pela recorrente para que seja reconhecida a nulidade do auto de infração tangencia questões de mérito, razão pela qual rejeito a preliminar suscitada. MÉRITO: DA INDIGITADA INOCORRÊNCIA DO FATO GERADOR PARA A IMPOSIÇÃO DO ADICIONAL AO SAT/RAT E DA INDIGITADA ALTERAÇÃO RETROATIVA DE CRITÉRIO JURÍDICO Conforme relatado, o lançamento referese ao adicional para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (art. 22, II da Lei nº 8.212/91), destinado ao financiamento da aposentadoria especial prevista nos artigos 57 e 58 da Lei nº 8.213/91. A Instrução Normativa RFB nº 971, em seus arts. 292 e 293 determina ser possível elidir a incidência do adicional para a aposentadoria especial quando se comprova que a empresa adota medidas de proteção coletiva ou individual capazes de neutralizar ou reduzir o grau de exposição dos trabalhadores aos agentes nocivos a níveis legalmente toleráveis. Cingese a querela, portanto, em averiguar se a ora recorrente adotou medidas capazes de eliminar ou mitigar o grau de exposição dos agentes nocivos dos mecânicos que nela laboravam entre janeiro de 2006 e dezembro de 2008. De acordo com o relatório da fiscalização (f. 23/27), [n]os autos eletrônicos do processo nº 20008.71.52.0008461, movido por Pedro Machado de Oliveira, CPF 441.882.42000, contra o INSS na 1ª Vara Federal de Santa Maria, foi realizada pericial laboral na seda da empregadora, SISTEMAS MECANIZADOS VERDES VALES LTDA., BR 393, Km 1, Nº 2425, na cidade de Santa Maria – RS, CNPJ nº. 04.685.873/000172, com a conclusão de que o segurado estava habitual e permanentemente exposto a agentes nocivos. Conforme perito judicial, os Equipamentos de proteção individual – EPI’s não são eficazes. Laudo Técnico pericial datado em 19/10/2008 e juntado ao processo judicial no evento de nº 22 em 20/11/2008 (cópias anexas). O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais PPRA, e o Programa de Controle Médico de saúde ocupacional – PCMSO apresentados pela empresa a esta fiscalização foram elaborados em janeiro/2008, portanto em data anterior ao Laudo do Perito judicial. Tendo em vista o resultado da perícia judicial, que encontrou riscos ambientais em níveis ou concentrações que prejudicam a saúde do trabalhador na atividade de mecânico, bem como a sentença transitada em julgado, condenando o INSS a pagar aposentadoria especial ao mecânico dessa empresa, efetuamos o lançamento da contribuição adicional para financiamento da Fl. 702DF CARF MF Processo nº 11060.724287/201130 Acórdão n.º 2202005.084 S2C2T2 Fl. 703 5 aposentadoria especial para todos os segurados empregados da empresa que ocupam a função de mecânico (f. 25). A recorrente, por sua vez, alega que os documentos acostados aos autos demonstram o efetivo gerenciamento de riscos e que não há razões que amparem a aplicação da conclusão do laudo pericial judicial aos demais mecânicos da empresa (especialmente porque haveria, tanto no laudo quanto na sentença, incongruências fáticas). Cumpre, nesse caso, cotejar os documentos apresentados pela recorrente em impugnação com o laudo pericial emitido na ação judicial movida pelo exempregado contra o INSS, a fim de concluir se o adicional para a aposentadoria especial é ou não devido. Segundo o laudo pericial judicial, no período de 09/08/04 a 02/06/08, o ex empregado da recorrente exerceu a função de mecânico e esteve exposto a “carvão mineral e seus derivados”, que corresponde ao Código 1.0.7 do Decreto 3.048/99 (f. 75). Esclareceu o perito que foram utilizadas as seguintes metodologias para embasar suas aferições: Entrevista com o autor, avaliação das atividades desenvolvidas, visita aos locais de trabalho de empresas, coleta de dados por analogia em empresas com atividades similares, estudo dos agentes físicos, químicos, biológicos e outros que possam causar danos a saúde ou perda da capacidade laborativa desde que enquadráveis segundo a legislação vigente na época que o trabalho foi efetivamente prestado. (...) Foram realizadas medições de níveis de ruídos nos ambientes de trabalho, das máquinas e equipamentos operados no setor de oficina da Concessionária John Deere – Verdes Vales e a identificação dos agentes de riscos presentes nestas atividades (f. 7576). Em resposta ao quesito nº 14, afirmou que o enquadramento para aposentadoria especial no item 7 do laudo [c]onsiderou a exposição habitual, não ocasional, não eventual, não acidental e em condições de causar perda de capacidade laborativa em caráter permanente devido à ação dos agentes ruído, radiação não ionizante / soldas e hidrocarbonetos / óleos minerais individualmente e/ou combinados, durante a jornada de trabalho, nos respectivos períodos descritos, sem controle de níveis de exposição (f. 79). Noto que o perito não relatou expressamente que os EPIs e EPCs fornecidos pela empresa eram insuficientes para mitigar o risco. Todavia, temse que esse fator foi levado em conta em sua análise, uma vez que no item 5 do laudo há referência aos equipamentos (f. 6869) e na resposta ao quesito 2 mencionase que [a] inspeção é realizada no local de trabalho do autor ou em local que apresenta analogia a fim de permitir uma avaliação adequada em relação aos agentes, tempo de exposição, níveis de exposição e outros fatores ambientais, como alterações de layout, modernização de equipamentos alteração de rotina de trabalho, adoção de programas para uso e controle de EPIs ou EPCs (f. 76, sublinhas deste voto). Fl. 703DF CARF MF Processo nº 11060.724287/201130 Acórdão n.º 2202005.084 S2C2T2 Fl. 704 6 Em sentença, reconheceuse que, no período em que laborou para a recorrente, o exempregado estava sujeito a agentes nocivos, obsevando que “a exposição era permanente a soldas, hidrocarbonetos e óleos minerais individualmente e/ou combinados, sem controle de níveis de exposição” e que “os equipamentos de proteção não se mostravam perfeitamente adequados” (f. 85). Acrescenta a decisão que “não há como dissociar a profissão de mecânico do manuseio de graxas, óleos e solda” (f. 85). A turma recursal reiterou a conclusão da sentença trabalhista, salientando “que o laudo técnico foi claro ao consignar que houve exposição habitual e permanente do autor a agentes nocivos nos períodos controversos” (f. 91). Observase que, conforme apontado pela recorrente, as conclusões da dita sentença não coadunam exatamente com o que foi apontado no laudo pericial. Isso porque, em momento algum, o expert afirmou que os equipamentos de proteção não eram “perfeitamente adequados”. Em verdade, como mencionado, o laudo não indica o motivo pelo qual os EPIs e EPCs não foram suficientes para mitigar o risco. Todavia, certo é que o perito concluiu que o trabalhador estava exposto a agente nocivo, o que justifica a concessão da aposentadoria especial. À impugnação foram acostados alguns documentos, dentro os quais se destacam: PPRA de 20062008; PCMSO de 2007 e 2008; PPP do exempregado Pedro Machado de Oliveira. Também foram juntados inúmeros comprovantes do fornecimento de EPIs e EPCs, bem como sua certificação pelo MTE. Repiso que tal ponto, contudo, não está em discussão, uma vez que, no próprio laudo pericial judicial, consta que o exempregado confirmou o recebimento dos equipamentos da empresa. O cerne da controvérsia, na realidade, consiste na (in)efetividade destes na anulação dos riscos ambientais. O PPP do exempregado, referente ao período de 09/06/2004 a 11/06/2008 consta das f. 320323. No campo “exposição a fatores de risco”, estão elencados os fatores ruído, radiação não ionizante e hidrocarbonetos aromáticos. Em relação a todos está assinalado que o EPI é eficaz. Verificase, entratanto, que a seção de resultados de monitoração biológica (f. 322) não está preenchida. Sendo assim, não se sabe quais os resultados obtidos nos exames médicos realizados entre 20042008. Observase que os PPRAs de 2006 (f. 459467) e 2007 (f. 468476) são reavaliações do documento base de 2004 (f. 414444). No tópico “medidas de proteção e atenuação dos riscos ocupacionais”, ambos os documentos indicam as seguintes medidas para atenuar os riscos de derivados do contato com óleo mineral e hidrocarboneto aromático e alifático: “[e]m contato com óleos, graxas, hidrocarboneto aromático e alifático, combustíveis, fazer uso de luvas ou cremes de proteção dermatológica”. O PPRA de janeiro 2008 (f. 479510), por sua vez, consiste em um novo documento base. No ponto 5.2, “Manutenção”, consta que será efetuado monitoramento periódico para avaliar a eficiência do programa, que serão implantadas medidas de controle e que os resultados dos exames médicos também serão instrumentos para avaliar a eficácia do programa (f. 483). Em relação à atividade de mecânico, que é identificada como “consultor técnico”, foram apurados como agentes de risco ruídos, radiação não ionizante, hidrocarbonetos e outros componentes de carbono óleos e graxas e fumos metálicos (f. 490 491). Observase que, assim como nos PPRAs de 2006 e 2007, há recomendação de usos de EPIs a fim de minimizar os riscos referentes à manipulação de hidrocarbonetos, mais especificamente de creme protetor de segurança e luva de segurança. Fl. 704DF CARF MF Processo nº 11060.724287/201130 Acórdão n.º 2202005.084 S2C2T2 Fl. 705 7 Nos PCMSOs de 2007 (f. 478) e de 2008 (f. 521), indicase apenas a peridiocidade com a qual os trabalhadores devem ser submetidos a exames clínicos. No caso dos mecânicos, que se enquadrariam em “assistência técnica”, há previsão de exames clínicos anuais, complementados por audiometria e hemograma completo. No Laudo Técnico de Insalubridade (f. 591617), de outubro de 2008, consta que a atividade dos “consultores técnicos” (mecânicos) se enquadra no grau máximo de insalubridade, completamente neutralizada, contudo, pelo uso efetivo de EPI (f. 599). Destaca, entretanto, que [c]onforme NR15, ocorre a eliminação ou a redução da exposição ao agente nocivo a níveis não insalubres, pela adoção de medidas de controle, eliminando a obrigatoriedade do pagamento do adicional de insalubridade, mediante comprovação de sua eficácia, dada pelo controle do fornecimento do devido EPI, pelo treinamento periódico e contínua fiscalização do seu uso (f. 603, sublinhas deste voto). Também foi juntado à impugnação um parecer versando sobre o laudo técnico de insalubridade, que traz os seguintes apontamentos: (...) Assim, é correto afirmar que a caracterização e a classificação da insalubridade farseá sempre através de perícia que, num primeiro momento, fica a cargo da própria empresa (através de L.T.C.A.T.) e deve ser submetida a órgão fiscalizador competente (D.R.T.’)s. Tal procedimento é justificado, pois a atividade em condições insalubres não implica somente no pagamento do respectivo adicional, mas repercute, inclusive, junto aos órgãos previdenciários e fiscais. Notase que a atividade desenvolvida pelo trabalhador em condições nocivas à saúde é determinante para que este tenha direito à aposentadoria especial, o que deverá restar demonstrado pelo P.P.P (Perfil Profissiográfico Previdenciário) elaborado pela empresa com base no L.T.C.A.T. (Laudo Técnico de Condições do Ambiente de Trabalho), além de ser relevante para o enquadramento da empresa junto à seguridade social. (...) Assim, para que a empresa esteja efetivamente dispensada do pagamento de adicional de remuneração decorrente de condições nocivas à saúde do empregado, não basta que forneça equipamentos de proteção individual aprovados pelo órgão competente do poder executivo, nem que seu LTCAT ateste que a atividade não é insalubre mediante o uso de aparelhos protetores, mas que se submeta à fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego que, mediante avaliação pericial, deverá atestar que: 1) a atividade insalubre pode ser elidida pelo uso dos E.P.I’s adequados. 2) que os E.P.I’s fornecidos estão em conformidade com suas Normas Regulamentadoras; 3) que a empresa, além de exigir o emprego destes aparelhos de proteção, orientou o trabalhador na melhor forma de utilização Fl. 705DF CARF MF Processo nº 11060.724287/201130 Acórdão n.º 2202005.084 S2C2T2 Fl. 706 8 e fiscaliza continuamente seu uso (f. 609612, sublinhas deste voto). Em suma, os únicos documentos que atestam que os EPIs eram eficientes na contenção do risco são o PPP do exempregado (que não possui informações quanto aos exames médicos realizados) e o laudo de insalubridade, o qual é infirmado pelo próprio parecer que o acompanha, o qual sugere que o adicional de insalubridade deveria continuar sendo pago, até que se procedesse a uma perícia oficial. Registro não ter sido acostado o LTCAT ou quaisquer relatórios médicos. Além disso, os PCMOs, tratamse de documentos genéricos, que apenas apontam para a necessidade de realização regular de exames. Não foram anexados, contudo, quaisquer laudos relativos ao período abrangido pelo auto de infração. Malgrado haja comprovação do efetivo fornecimento de EPIs certificados pelo MTE, não restou demonstrado como eram utilizados pelos trabalhadores e se, de fato, foram suficientes na contenção dos riscos. Aplicável, "mutatis mutandis" o verbete sumular de nº 289 do TST, que determina que [o] simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade, cabendolhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, dentre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado. Tendo em vista que as condições de trabalho são as mesmas para todos os que trabalham em uma mesma função (ao menos não foi apontada nenhuma distinção nos PPRAs), que todos faziam uso dos mesmos EPIs e que restou comprovado que estes seriam insuficientes para afastar o direito à aposentadoria especial, temse que a contribuição adicional é devida em relação a todos, o que afasta a alegação de que as conclusões do laudo judicial não poderiam ser estendidas aos que desempenham idêntica função. Assim, não tendo a recorrente se desincumbido do ônus probatório que lhe cabia, não há como afastar a cobrança tributária. Quanto ao pedido subsidiário, não há como acolhêlo. O Decreto nº 70.235/72, no inc. IV do art. 16, determina que na impugnação deverão restar consignadas “as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito”. Clara, portanto, a inadequação da reiteração do pedido de realização de perícia em sede de recurso voluntário. Aduz ainda recorrente não ser possível a alteração retroativa de critérios jurídicos, eis que no bojo da ação trabalhista teria o INSS "(...) se posicionado expressamente que a recorrente, ao ter entregue todos os EPIs determinados pelo PPRA, neutralizava os riscos ambientais dos empregados." Ora, eventuais manifestações dos procuradores do INSS, que detêm competências completamente díspares das autoridades fazendárias, não têm efeito vinculante tampouco têm o condão de elidir a ocorrência do fato gerador, razão pela qual não há que se cogitar alteração de critério jurídico. Por fim, o pedido de intimação na pessoa do procurador também deve ser rechaçado, eis que, para além de inexistência de previsão legal, como bem anotado pela DRJ da origem, determina o verbete sumular de nº 110 deste Conselho ser "(...) incabível a intimação dirigida ao endereço do advogado do contribuinte." Ante o exposto, nego provimento ao recurso. Fl. 706DF CARF MF Processo nº 11060.724287/201130 Acórdão n.º 2202005.084 S2C2T2 Fl. 707 9 (assinado digitalmente) Ludmila Mara Monteiro de Oliveira Fl. 707DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.926804/2009-29
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
Ementa:
COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR DE ESTIMATIVA DE IRPJ. VALOR TOTAL PAGO UTILIZADO NA APURAÇÃO DO SALDO NEGATIVO DO ANO. CRÉDITO NÃO RECONHECIDO.
Não há como aceitar o pagamento de estimativa como indevido ou a maior quando este foi totalmente utilizado na apuração do saldo negativo de IRPJ apurado ao final do período anual.
Numero da decisão: 1001-001.143
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Sérgio Abelson Presidente
(assinado digitalmente)
Andréa Machado Millan - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Andréa Machado Millan, e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: ANDREA MACHADO MILLAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 Ementa: COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR DE ESTIMATIVA DE IRPJ. VALOR TOTAL PAGO UTILIZADO NA APURAÇÃO DO SALDO NEGATIVO DO ANO. CRÉDITO NÃO RECONHECIDO. Não há como aceitar o pagamento de estimativa como indevido ou a maior quando este foi totalmente utilizado na apuração do saldo negativo de IRPJ apurado ao final do período anual. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Sérgio Abelson – Presidente (assinado digitalmente) Andréa Machado Millan Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Andréa Machado Millan, e Jose Roberto Adelino da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 92 68 04 /2 00 9- 29 Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10680.926804/200929 Acórdão n.º 1001001.143 S1C0T1 Fl. 94 2 Relatório O presente processo trata de Declaração de Compensação que tem por objeto pagamento a maior de IRPJ efetuado pela empresa em 30/01/2004. Transcrevo, abaixo, o relatório da decisão de primeira instância, que bem resume o pleito: O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório nº rastreamento 842258543 emitido eletronicamente em 22/06/2009 (fl. 03), referente ao PER/DCOMP nº 12440.62537.110806.1.3.044054 (doc. de fls. 21/24). A Declaração de Compensação foi gerada pelo programa PER/DCOMP transmitida com o objetivo de ter reconhecido o direito creditório, correspondente a Pagamento Indevido ou a Maior de IRPJ, vencimento em 30/01/2004 e de compensar o(s) débito(s) discriminado(s) no referido PER/DCOMP (folha 23). De acordo com o Despacho Decisório a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório em 29 de junho de 2009, conforme documento de fl. 25, o interessado apresenta manifestação de inconformidade (fls. 01/02), protocolizada em 28 de julho de 2009, argumentando que: apresentou Declaração de Compensação demonstrando pagamento indevido no valor de R$6.393,56, realizado em 30/01/2004, referente ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), código 2362, competência 31/12/2003, DARF no valor de R$13.121,73. o Despacho Decisório não homologou a compensação, sob o entendimento de que inexiste crédito, pois analisando os pagamentos realizados no período, verificouse que todos foram utilizados par quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. esclarece que existia incompatibilidade entre as informações constantes da Declaração de Débitos e Créditos Tributários DCTF do 4º trimestre de 2003, com aquelas constantes do PER/DCOMP, em razão de um equívoco ao deixar de ajustar a DCTF de forma a refletir o pagamento indevido ou a maior. em 26 de junho de 2009, de forma a caracterizar a existência do pagamento indevido ou a maior no valor de R$7.684,08, corrigiu a DCTF do 4º trimestre de 2003. Fl. 94DF CARF MF Processo nº 10680.926804/200929 Acórdão n.º 1001001.143 S1C0T1 Fl. 95 3 Pelo exposto, caracterizada a existência do pagamento indevido ou a maior, requer: ( i ) a reforma do Despacho Decisório, para que se reconheça e homologue a compensação declarada no PER/DCOMP nº 12440.62537.110806.1.3.044054. ( ii ) a suspensão imediata da cobrança dos débitos objetos da compensação não homologada. É o Relatório. À Manifestação de Inconformidade, o contribuinte anexou cópia da folha da DIPJ retificadora (fl. 18) onde aparece o débito de estimativa de IRPJ de dezembro de 2003, no valor de R$ 5.395,97, e cópia das folhas da DCTF retificadora (fls. 19 a 21) onde também aparece o débito de estimativa de dezembro de 2003, no mesmo valor. Ambas as retificadoras transmitidas em 26/06/2009. Ainda, às fls. 35 e 37, vêse a apuração, na DIPJ, da estimativa devida em dezembro, e do IRPJ anual. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte – MG, no Acórdão de Manifestação de Inconformidade às fls. 38 a 41 do presente processo (Acórdão 0233.473, de 12/07/2011), negou provimento à manifestação da empresa. Abaixo, sua ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2004 Pagamento Indevido ou maior de IRPJ. Não há como aceitar o pagamento de estimativa como indevido quando este é parte da apuração do saldo negativo de IRPJ apurado no final do período. Argumentou que o contribuinte optou pelo Lucro Real com a apuração anual do imposto de renda com base em Balancete de Suspensão ou Redução, apurando saldo negativo de IRPJ no valor de R$ 78.140,49, tendo informado o valor de R$ 20.459,40 de Imposto Mensal pago por Estimativa (linha 17 da Ficha 12 A Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real). Que esses R$ 20.459,40 são o somatório da estimativa de novembro com a estimativa de dezembro (R$ 7.337,66 + R$ 13.121,73). Que como o contribuinte utilizou o pagamento na apuração do saldo negativo do anocalendário de 2003, não há como reconhecer o crédito pretendido, especialmente porque o saldo negativo de 2003, apurado na DIPJ/2004, foi objeto de PER/DCOMP tratados no processo administrativo nº 10680.911117/200828. Assim, não reconheceu o direito creditório. Cientificado da decisão de primeira instância em 14/11/2011 (AR de fls. 45 e 46), o prazo para interposição de recurso passou a correr a partir do dia 16/11/2011, dia seguinte ao feriado de 15/11. O contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls. 48 a 56) em 15/12/2011 (despacho de fl. 47). Fl. 95DF CARF MF Processo nº 10680.926804/200929 Acórdão n.º 1001001.143 S1C0T1 Fl. 96 4 Nele alega que errou na DIPJ, porque não informou corretamente as retenções de IR que sofreu no anocalendário de 2003. Que impossibilitada de retificar a DIPJ, transmitiu PER/DCOMP composto com o saldo das retenções de IR, informando o saldo negativo de R$ 102.177,54 (que corresponde ao somatório das retenções, conforme cópias às fls. 86 a 88), discutido no processo administrativo 10680.911117/200828. Que, por isso, o DARF no valor de R$ 13.121,73 não compôs o saldo negativo de IRPJ do ano. É o Relatório. Voto Conselheira Andréa Machado Millan, Relatora O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que regula o processo administrativofiscal (PAF). Dele conheço. Conforme relatório acima, a DRJ concluiu que, como o contribuinte havia utilizado todo o pagamento de estimativa de dezembro de 2003 (que afirmava a maior) na apuração do saldo negativo do anocalendário de 2003, não havia como reconhecer o crédito pretendido. Inclusive porque o saldo negativo de 2003, apurado na DIPJ/2004, havia sido objeto de PER/DCOMP tratado no processo administrativo nº 10680.911117/200828. Então, na DIPJ analisada pela DRJ, anexada à Manifestação de Inconformidade, às fls. (32 a 37), a apuração do IRPJ foi informada conforme tabela abaixo (valores em reais), com os R$ 20.459,40 de estimativas pagas incluindo o DARF de R$ 13.121,73: IR sobre o Lucro Real 13.272,12 Dedução Programa de Alimentação do Trabalhador 530,57 IR retido na fonte 70.422,64 IR pago em estimativas mensais 20.459,40 IR a pagar 78.140,49 Diante do argumento, no Recurso Voluntário a empresa alega que há erro na DIPJ analisada pela DRJ. Que o saldo negativo correto, do anocalendário de 2003, é de R$ 102.177,54, valor que corresponde ao somatório das retenções que a empresa sofreu na fonte ao longo do ano. Que, impossibilitada de retificar a DIPJ, tais valores estão informados apenas na PER/DCOMP anexada às fls. 86 a 88. Que esse saldo negativo foi discutido no processo administrativo 10680.911117/200828. E que, por isso, o DARF no valor de R$ 13.121,73 não compõe o saldo negativo de IRPJ do ano, que é composto exclusivamente das retenções na fonte. Fl. 96DF CARF MF Processo nº 10680.926804/200929 Acórdão n.º 1001001.143 S1C0T1 Fl. 97 5 Na referida PER/DCOMP de fls. 86 a 88 não há, naturalmente, apuração de IRPJ. Apenas a lista de valores de IR retido na fonte, que totalizam os R$ 102.177,54 informados pela empresa como seu correto saldo negativo. Neste ponto, com base nos elementos do processo, já seria possível concluir pela improcedência do pleito do contribuinte, uma vez que o saldo negativo de IRPJ passível de restituição é aquele apurado em DIPJ, composto por parcelas devidamente confirmadas. A PER/DCOMP não é documento destinado à apuração do saldo negativo do período, e não informa as parcelas que compõem tal saldo. Assim, confirmandose os valores informados na DIPJ, já se poderia concluir que é irretocável a decisão de primeira instância. No entanto, para que seja completa a análise do saldo negativo do ano calendário de 2003, é necessário verificar o que foi decidido no processo administrativo 10680.911117/200828, citado pela DRJ e pelo contribuinte. O trecho do relatório abaixo transcrito, extraído do Acórdão 0233.475, proferido pela 2ª Turma da DRJ em Belo Horizonte – MG, em sessão de 12/07/2011, confirma que é esse o assunto objeto do processo. Ainda, esclarece que o Despacho Decisório eletrônico não confirmou o crédito porque o saldo negativo informado na DCOMP (R$ 102.177,54) era diferente daquele informado em DIPJ (R$ 78.140,49): O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório nº rastreamento 796754392 emitido eletronicamente em 23/10/2008 (fl. 03), (...). As Declarações de Compensação foram geradas pelo programa PER/DCOMP transmitidas com o objetivo de ter reconhecido o direito creditório, correspondente a Saldo Negativo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) do Exercício de 2004, anocalendário 2003, e de compensar os débitos discriminados nos referidos PER/DCOMPs. De acordo com o Despacho Decisório analisadas as informações prestadas no PER/DCOMP nº 12613.29006.300805.1.3.029307 (doc. de fls. 26/30), não foi possível confirmar a apuração de crédito, pois o valor informado na Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ/2004) não correspondente ao valor do saldo negativo informado no PER/DCOMP. Valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito: R$102.177,54. Valor do saldo negativo informado na DIPJ: R$78.140,49. No voto (trecho abaixo transcrito), após análise das informações apresentadas pelo contribuinte e aquelas constantes nos sistemas da RFB, o relator, naquele processo, concluiu pelo exato valor informado na DIPJ: Assim, temse a apuração do seguinte saldo negativo de IRPJ, para o ano calendário de 2003: Ficha 12A Cálculo do Imposto de Renda Sobre o Lucro Real Da DIPJ Do Voto Imposto de Renda Alíquota de 15% Programa de Alimentação do Trabalhador IRRF Imp de Renda Mensal pago por Estimativa 13.272,12 530,57 70.422,64 20.459,40 13.272,125 530,57 70.422,64 20.459,40 Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10680.926804/200929 Acórdão n.º 1001001.143 S1C0T1 Fl. 98 6 Imposto de Renda a Pagar 78.140,49 78.140,49 Obs.: Valores em reais Dessa forma, confirmadas as parcelas de composição do saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2003 e informadas na DIPJ/2004 (fl. 67) de R$70.422,64 (linha 13) e R$20.459,40 (linha 17), reconhecese o direito creditório no valor de R$78.140,49. A citada decisão não foi objeto de recurso voluntário, e o processo foi arquivado. Confirmase, portanto, no processo onde foi analisado o saldo negativo do anocalendário de 2003, a exatidão das informações prestadas em DIPJ, consideradas na decisão de primeira instância do presente processo. Em outras palavras, ´confirmase o saldo negativo de R$ 78.140,49 (reconhecido no processo 10680.911117/200828 e objeto de compensação), composto pelas estimativas pagas no valor R$ 20.459,40, que incluem aquela referente a dezembro de 2003, no valor de R$ 13.121,73. Por consequência, não há reparo a fazer à conclusão da decisão de primeira instância de que “uma vez que, o contribuinte utilizou o pagamento na apuração do saldo negativo do anocalendário de 2003, não há como reconhecer o crédito pretendido”. Para que existisse o crédito alegado, ou seja, para que houvesse pagamento disponível no valor pretendido pelo contribuinte (R$ 7.725,76 = R$ 13.121,73 – R$ 5.395,97), seria necessário que ele tivesse informado como valor de estimativa pago, referente a dezembro de 2003, apenas os R$ 5.395,97 que informou como devidos. Como utilizou o total do pagamento efetuado (R$ 13.121,73) para compor o saldo negativo apurado no ano, já utilizado em DCOMP, não há crédito. Conclusão Concluise que, uma vez que o valor de estimativa pago a maior foi totalmente utilizado na apuração do saldo negativo de IRPJ apurado ao final do anocalendário, não há como aceitálo como indevido. Diante do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Andréa Machado Millan Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10680.926804/200929 Acórdão n.º 1001001.143 S1C0T1 Fl. 99 7 Fl. 99DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.904444/2008-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Data do fato gerador: 23/09/2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE DO ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA.
É nula, por preterição do direito de defesa, a decisão que deixa de enfrentar todos os argumentos deduzidos na impugnação que sejam essenciais à solução da lide administrativa, à luz do que determina o art. 59, II, do Decreto 70.235, de 1972.
Numero da decisão: 2201-004.865
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher a preliminar suscitada de ofício pelo Conselheiro Relator, para considerar nula, por cerceamento do direito de defesa, a decisão proferida em sede de 1ª instância e determinar o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento para que emita nova decisão, oportunidade em que todos os temas tratados na impugnação deverão ser analisados pelo colegiado administrativo.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Data do fato gerador: 23/09/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE DO ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. É nula, por preterição do direito de defesa, a decisão que deixa de enfrentar todos os argumentos deduzidos na impugnação que sejam essenciais à solução da lide administrativa, à luz do que determina o art. 59, II, do Decreto 70.235, de 1972.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher a preliminar suscitada de ofício pelo Conselheiro Relator, para considerar nula, por cerceamento do direito de defesa, a decisão proferida em sede de 1ª instância e determinar o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento para que emita nova decisão, oportunidade em que todos os temas tratados na impugnação deverão ser analisados pelo colegiado administrativo. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
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NULIDADE DO ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. É nula, por preterição do direito de defesa, a decisão que deixa de enfrentar todos os argumentos deduzidos na impugnação que sejam essenciais à solução da lide administrativa, à luz do que determina o art. 59, II, do Decreto 70.235, de 1972. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher a preliminar suscitada de ofício pelo Conselheiro Relator, para considerar nula, por cerceamento do direito de defesa, a decisão proferida em sede de 1ª instância e determinar o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento para que emita nova decisão, oportunidade em que todos os temas tratados na impugnação deverão ser analisados pelo colegiado administrativo. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 44 44 /2 00 8- 39 Fl. 137DF CARF MF Processo nº 16327.904444/200839 Acórdão n.º 2201004.865 S2C2T1 Fl. 3 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.849, de 17 de janeiro de 2019 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 16327.904454/200874, paradigma deste julgamento. "Acórdão nº 2201004.849 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Tratase de recurso voluntário apresentado em face da decisão de primeiro grau que negou provimento à manifestação de inconformidade formalizada pelo sujeito passivo negando o direito ao crédito do IRRF recolhido a ser compensado com outro tributo administrado pela Receita Federal. De acordo com o despacho decisório, o pagamento indicado não possui saldo disponível para compensação, visto que foi integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte. O contribuinte alega que efetuou a retenção de forma equivocada de IRRF sobre operações de ganho de capital em operação de compra e venda em bolsa de valores pois considerou diversas empresas investidoras não residentes e situadas em países com tributação favorecida (paraíso fiscal). Aduz que houve erro de fato, pois de acordo com a IN 188/02 as empresas situadas em Luxemburgo que não sejam constituídas na forma de Holding Company não estão sujeitas a retenção do IRRF e, portanto o pagamento do tributo foi compensado. A Delegacia da Receita de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte sob o fundamento em síntese de falta de comprovação dos documentos societários constitutivos da empresa investidora para não ter o tratamento de holding company na forma da legislação luxemburguesa, sendo que considerando esses fatos, foi apresentado recurso voluntário para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para este Conselheiro. É o que havia para ser relatado." Fl. 138DF CARF MF Processo nº 16327.904444/200839 Acórdão n.º 2201004.865 S2C2T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.849, de 17 de janeiro de 2019 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 16327.904454/200874, paradigma deste julgamento. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2201004.849, de 17 de janeiro de 2019 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária: "Acórdão nº 2201004.849 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária O recurso preenche os requisitos de admissibilidade e, portanto, o conheço. Tratase de recurso voluntário apresentado em face da decisão de primeiro grau que negou provimento à manifestação de inconformidade formalizada pelo sujeito passivo mantendo integralmente os termos do despacho decisório que não homologou o crédito de IRRF para compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. No presente recurso o contribuinte questiona além do fato de existir provas de que a empresa investidora não era à época dos fatos holding company para se inserir na regra de retenção do IRRF, argumenta também sobre a existência de erro de fato. Contudo não foi enfrentada no acórdão da decisão da DRJ e não dedicada nem uma só linha sequer sobre o assunto do erro de fato muito embora seja ela essencial ao deslinde desta lide administrativa e tenha constado na manifestação de inconformidade do contribuinte. O contribuinte destaca em seu recurso e na manifestação de inconformidade tanto o tema quanto a ocorrência de erro de fato quanto a questão da comprovação da natureza societária em Luxemburgo da empresa investidora. Contudo, pela análise da decisão de piso, verifico que apenas a questão sobre a natureza societária da empresa investidora, no caso a comprovação se era a época dos fatos, holding company, foi objeto de decisão de primeiro grau, deixando a C. Turma do colegiado a quo de se manifestar em relação a questão do erro de fato, que foi objeto de capítulo exclusivo na manifestação de inconformidade do contribuinte. Portanto, nesse caso, de ofício e de forma preliminar entendo que para evitar supressão de instância devido ao fato da DRJ não ter analisado essa questão quanto ao erro de fato, levantada pelo contribuinte desde a manifestação de inconformidade e também em recurso voluntário, entendo que houve preterição ao direito de defesa de acordo com art. 59, II do Decreto 70.235/72 devendo ser anulada a r. decisão recorrida para que a DRJ a analise, ressalvado ao Fl. 139DF CARF MF Processo nº 16327.904444/200839 Acórdão n.º 2201004.865 S2C2T1 Fl. 5 4 contribuinte, posteriormente o recurso em relação aos demais itens não abordados nessa decisão. Com efeito, os demais argumentos trazidos no recurso ficam prejudicados quanto a sua análise em vista das razões acima, sendo que ficam ressalvados em caso de necessidade de posterior análise após nova decisão da DRJ. Conclusão Diante do exposto, conheço e DOU PROVIMENTO AO RECURSO para reconhecer de ofício a nulidade da decisão de primeira instância administrativa, por cerceamento do direito de defesa, e determinar o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento para que emita nova decisão, oportunidade em que todos os temas tratados na impugnação deverão ser analisados pelo colegiado administrativo." Diante do exposto, conheço e DOU PROVIMENTO AO RECURSO para reconhecer de ofício a nulidade da decisão de primeira instância administrativa, por cerceamento do direito de defesa, e determinar o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento para que emita nova decisão, oportunidade em que todos os temas tratados na impugnação deverão ser analisados pelo colegiado administrativo. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 140DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.904934/2009-10
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jun 06 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2005
DCOMP NÃO HOMOLOGADA. ERRO DE PREENCHIMENTO DA DCTF.
Em verificação fiscal da DCOMP transmitida, apurou-se que não existia crédito disponível para se realizar a compensação pretendida, vez que o pagamento indicado na DCOMP já havia sido utilizado para quitação de outro débito.
ÔNUS DA PROVA DO CRÉDITO RECAI SOBRE O CONTRIBUINTE.
Como se pacificou a jurisprudência neste Tribunal Administrativo, o ônus da prova é devido àquele que pleiteia seu direito. Portanto, para fato constitutivo do direito de crédito o contribuinte deve demonstrar de forma robusta ser detentor do crédito.
Numero da decisão: 3003-000.286
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
Marcos Antônio Borges - Presidente.
(assinado digitalmente)
Müller Nonato Cavalcanti Silva - Relator.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges (presidente da turma), Vinícius Guimarães, Márcio Robson Costa e Müller Nonato Cavalcanti Silva.
Nome do relator: MULLER NONATO CAVALCANTI SILVA
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ERRO DE PREENCHIMENTO DA DCTF. Em verificação fiscal da DCOMP transmitida, apurouse que não existia crédito disponível para se realizar a compensação pretendida, vez que o pagamento indicado na DCOMP já havia sido utilizado para quitação de outro débito. ÔNUS DA PROVA DO CRÉDITO RECAI SOBRE O CONTRIBUINTE. Como se pacificou a jurisprudência neste Tribunal Administrativo, o ônus da prova é devido àquele que pleiteia seu direito. Portanto, para fato constitutivo do direito de crédito o contribuinte deve demonstrar de forma robusta ser detentor do crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Marcos Antônio Borges Presidente. (assinado digitalmente) Müller Nonato Cavalcanti Silva Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 90 49 34 /2 00 9- 10 Fl. 121DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges (presidente da turma), Vinícius Guimarães, Márcio Robson Costa e Müller Nonato Cavalcanti Silva. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra acórdão de manifestação de inconformidade em razão de PER/DCOMP transmitida por valor supostamente recolhidos a maior a título de Contribuição o PIS no PA 01/04/2005 à 30/03/2005. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório elaborado pela DRJ de Recife (DRJ/REC): Tratase de Manifestação de Inconformidade interposta aos 17/07/2009 em face do Despacho Decisório, proferido eletronicamente pela Unidade de Origem, do qual a contribuinte tomou ciência aos 26/06/2009, que não homologou a compensação objeto da Declaração de Compensação DCOMP tratada nos correntes autos, na qual foi indicado o valor de R$ 315,67 como crédito originário inicial a ser compensado, atinente a suposto pagamento a maior da contribuição para o PIS/PASEP, que foi realizado no montante original de R$ 2.230,54 em relação ao período de apuração de abril de 2005. 2. A compensação foi não homologada porque detectado que o citado pagamento fora totalmente aproveitado para quitação do débito da contribuição para o PIS/PASEP devido pela interessada em relação ao mês de abril de 2005, não restando saldo para a compensação. 3. No recurso interposto, a defendente diz que apresentou, inicialmente, DCTF com equívoco no valor do débito informado nesta declaração, tendo, contudo, sanado o lapso na DCTF retificadora enviada aos 02/07/2009, na qual foi reduzido para R$ 2.002,80 o débito da contribuição para o PIS/PASEP correspondente ao período de apuração aqui analisado. 4. Ao final, requereu o reconhecimento da exatidão do valo informado na DCTF, e, conseqüentemente, a admissão do crédito de R$ 315,67 objeto da compensação, tendo, ainda, postulado provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente pela juntada posterior de documentos que se fizerem necessários. A 2ª Turma da DRJ de Recife entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, pela ementa que transcrevo: TRIBUTO. PAGAMENTO ESPONTÂNEO. RESTITUIÇÃO. RECONHECIMENTO. REQUISITOS. Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10850.904934/200910 Acórdão n.º 3003000.286 S3C0T3 Fl. 3 3 O reconhecimento do direito à restituição exige a comprovação da realização de pagamento de tributo indevido ou a maior que o devido em face da legislação aplicável ou das circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido. RESTITUIÇÃO. ÔNUS PROBANTE. É do sujeito passivo o ônus probante do direito à restituição. INDÉBITO. NÃO RECONHECIMENTO. COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. O não reconhecimento do indébito implica a não homologação da compensação em que ele foi utilizado e a conseqüente cobrança do débito indevidamente compensado. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2005 DIREITO CREDITÓRIO. PROVAS. MOMENTO PARA APRESENTAÇÃO. Ressalvadas as hipóteses das alíneas “a” a “c”, do art. 16, do Decreto nº 70.235/72, as provas do direito creditório devem ser apresentadas por ocasião da interposição da Manifestação de Inconformidade, precluindo o direito de posterior juntada. Inconformada com acórdão proferido pela instância de piso, interpôs Recurso Voluntário a este Conselho alegando as razões já apostas na manifestação de inconformidade, além de alegar que a retificação da DCTF se deu antes da prolação do acórdão de manifestação de inconformidade, e que pelo princípio da Verdade Material deverseá admitir a juntada de documentos probatórios em Recurso Voluntário. Ao fim pede que seja o Recurso conhecido e provido para que seja homologado o crédito declarado em Dcomp. São os fatos. Voto Conselheiro Müller Nonato Cavalcanti Silva Relator. Fl. 123DF CARF MF 4 O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos formais de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. DO PROCESSO APENSO De início, ressalto que os presentes autos estão apensos ao PAF de n. 10850.906126/200989, que trata de outra declaração de compensação com referência ao mesmo crédito. Por tratarse de objetos idênticos, uso para ambos as mesmas razões de decidir. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA Alega a Recorrente que utilizou créditos de PIS, oriundo de pagamentos indevidos que resultaram em sobra de valores, referente ao período de apuração 30/04/2005. A Autoridade Fiscal afirma que os créditos utilizados na compensação pretendida pela Recorrente já havia extinguido outro débito tributário, não restando saldo para utilização. Duas, portanto, são as questões a serem enfrentadas: a quem cabe o ônus da prova em processos administrativos cujo objeto é pedido de restituição; se existem provas suficientes ou no mínimo que dêem verossimilhança às alegações da Recorrente. Sabemos que o momento apropriado para apresentação das provas que comprovem suas alegações é na propositura da impugnação/manifestação de inconformidade. Temos conhecimento, também, que a regra fundamental do sistema processual adotado pelo Legislador Nacional, quanto ao ônus da prova, encontrase cravada no art. 373 do Código de Processo Civil, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. § 2º A decisão prevista no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. § 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando: I recair sobre direito indisponível da parte; II tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10850.904934/200910 Acórdão n.º 3003000.286 S3C0T3 Fl. 4 5 § 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes ou durante o processo. Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo administrativo fiscal, vez que a obrigação de provar está expressamente atribuída àa Autoridade Fiscal quando realiza o lançamento tributário, para o sujeito passivo, quando formula pedido de repetição de indébito/ressarcimento. Definida a regra que direciona o onus probandi no âmbito do processo administrativo fiscal, resta estabelecer o conceito de prova, sua finalidade e seu objeto. As provas devem ser compreendidas como um meio apto a formar convencimento daquele que avalia determinada situação fática. No caso em testilha, o que deve ser compreendido e elevado ao patamar de prova são quaisquer elementos, aptos a dissuadir o julgador a tomar como verdadeira as alegações enunciadas nos autos. Ao se falar em provas no processo administrativo tributário, o julgador deve aterse, quando houver expressa prescrição legal, a admitir somente os meios que a Lei estabelece como aptos a revelar o fato jurídico tributário. Entretanto, na ausência de prescrição normativa vinculante, o julgador usa da interpretação pautada na boa técnica jurídica e na sistemática existente, tanto nos autos quanto em todo o sistema tributário. Segundo Maria Rita Ferragut, “o evento, por se esgotar no tempo e por deter natureza diversa da única forma possível de transmissão do conhecimento, que é a linguagem, é inatingível, inapreensível. Consequência inarredável dessa premissa é que as provas não são os eventos, mas articulações linguísticas sobre a realidade.” (p. 192). O conceito de prova retirado dos ensinamentos de Moacir Amaral Santos: No sentido objetivo, como os meios destinados a fornecer ao julgador o conhecimento da verdade dos fatos. Mas a prova no sentido subjetivo é aquela que se forma no espírito do julgador, seu principal destinatário, quanto à verdade desse fatos. A prova, então, consiste na convicção que as provas produzidas no processo geram no espírito do julgador quanto à existência ou inexistência dos fatos. Compreendida como um todo, reunindo seus dois caracteres, objetivo e subjetivo, que se completam e não podem ser tomados separadamente, apreciada como fato e como indução lógica, ou como meio com que se estabelece a existência positiva ou negativa do fato probando e com a própria certeza dessa existência. Para Carnelutti: As provas são fatos presentes sobre os quais se constrói a probabilidade da existência ou inexistência de um fato passado. A certeza resolvese, a rigor, em uma máxima probabilidade. Dinamarco define o objeto da prova: Fl. 125DF CARF MF 6 ....conjunto das alegações controvertidas das partes em relação a fatos relevantes para todos os julgamentos a serem feitos no processo. Fazem parte dela as alegações relativas a esses fatos e não os fatos em si mesmos. Sabido que o vocábulo prova vem do adjetivo latino probus, que significa bom, correto, verdadeiro, seguese que provar é demonstrar que uma alegação é boa, correta e portanto condizente com a verdade. O fato existe ou inexiste, aconteceu ou não aconteceu, sendo portanto insuscetível dessas adjetivações ou qualificações. Não há fatos bons, corretos e verdadeiros nem maus, incorretos mendazes. As legações, sim, é que podes ser verazes ou mentirosas e daí a pertinência de proválas, ou seja, demonstrar que são boas e verazes. Já a finalidade da prova é a formação da convicção do julgador quanto à existência dos fatos. Em outras linhas, um dos principais objetivos do direito é fazer prevalecer a justiça. Para que uma decisão seja justa, é relevante que os fatos estejam provados a fim de que o julgador possa estar convencido da sua ocorrência Em virtude dessas considerações, é importante relembrar alguns preceitos que norteiam a busca da verdade real por meio de provas materiais. Dinamarco afirma: Todo o direito opera em torno de certezas, probabilidades e riscos, sendo que as próprias certezas não passam de probabilidades muito qualificadas e jamais são absolutas porque o espírito humano não é capaz de captar com fidelidade e segurança todos os aspectos das realidades que o circulam. Para entender melhor o instituto “probabilidade” mencionado professor Dinamarco, aduzo importante distinção feita por Calamandrei entre verossimilhança e probabilidade: É verossimil algo que se assemelha a uma realidade já conhecida, que tem a aparência de ser verdadeiro. A verossimilhança indica o grau de capacidade representativa de uma descrição acerca da realidade. A verossimilhança não tem nenhuma relação com a veracidade da asserção, não surge como resultante do esforço probatório, mas sim com referência à ordem normal das coisas. A probabilidade está relacionada à existência de elementos que justifiquem a crença na veracidade da asserção. A definição do provável vinculase ao seu grau de fundamentação, de credibilidade e aceitabilidade, com base nos elementos de prova disponíveis em um contexto dado., resulta da consideração dos elementos postos à disposição do julgador para a formação de um juízo sobre a veracidade da asserção. Desse modo, a certeza vai se formando através dos elementos da ocorrência do fato que são colocados pelas partes interessadas na solução da lide. Mas não basta ter certeza, o julgador tem que estar convencido para que sua visão do fato esteja a mais próxima possível da verdade. Como o julgador sempre tem que decidir, ele deve ter bom senso na busca pela verdade, evitando a obsessão que pode prejudicar a justiça célere. Mas a impossibilidade Fl. 126DF CARF MF Processo nº 10850.904934/200910 Acórdão n.º 3003000.286 S3C0T3 Fl. 5 7 de conhecer a verdade absoluta não significa que ela deixe de ser perseguida como um relevante objetivo da atividade probatória. Quanto ao exame da prova, defende Dinamarco: (...) o exame da prova é atividade intelectual consistente em buscar, nos elementos probatórios resultantes da instrução processual, pontos que permitam tirar conclusões sobre os fatos de interesse para o julgamento. Já Francesco Carnelutti compara a atividade de julgar com a atividade de um historiador: (...) o historiador indaga no passado para saber como as coisas ocorreram. O juízo que pronuncia é reflexo da realidade ou mais exatamente juízo de existência. Já o julgador encontrase ante uma hipótese e quando decide converte a hipótese em tese, adquirindo a certeza de que tenha ocorrido ou não o fato. Estar certo de um fato quer dizer conhecêlo como se houvesse visto. No mesmo sentido, o professor Moacir Amaral Santos afirma que a prova dos fatos fazse por meios adequados a fixálos em juízo. Por esses meios, ou instrumentos, os fatos deverão ser transportados para o processo, seja pela sua reconstrução histórica, ou sua representação. Assim sendo, a verdade encontrase ligada à prova, pois é por meio desta que se torna possível afirmar idéias verdadeiras, adquirir a evidência da verdade, ou certificarse de sua exatidão jurídica. Ao direito somente é possível conhecer a verdade por meio das provas. Concluise que a finalidade imediata da prova é reconstruir os fatos relevantes para o processo e a mediata é formar a convicção do julgador. Os fatos não vêm simplesmente prontos, tendo que ser construídos no processo, pelas partes e pelo julgador. Após a montagem desse quebracabeça, a decisão se dará com base na valoração das provas que permitirá o convencimento da autoridade julgadora. Assim, a importância da prova para uma decisão justa vem do fato dela dar probabilidade às circunstâncias a ponto de formar a convicção do julgador. Regressando aos autos, A Recorrente não apresentou cópia da DCTF original, cópia da DCTF retificadora e da declaração de compensação (DCOMP). Tanto no Despacho Decisório quanto no Acórdão de Manifestação de Inconformidade foi identificado que o crédito que estava sendo utilizado na compensação por ele pretendida já havia sido aproveitado na extinção de outro tributo. Cabia ao contribuinte demonstrar que essa afirmativa não refletia a realidade. Não obstante, sua atitude foi de fazer alegações gerais, sem demonstrar as questões de direito que embasavam seu indébito. Também não se preocupou em participar da instrução processual, pois não apresentou nenhum documento probatório. Por fim, somente em Recurso Voluntário, a Recorrente apresentou folhas do livro Diário com o requerimento para que os documentos fossem conhecidos, mesmo que juntados após o momento processual de sua juntada. Antes de adentrar na análise do efeito probatório dos documentos juntados aos autos, por tratarse de despacho decisório proferido eletronicamente, invoco o Fl. 127DF CARF MF 8 entendimento desta Corte, que transcrevo em trecho do voto 1ª Turma da CSRF, esboçado no acórdão de n. 9101003.927, de relatoria do eminente Conselheiro André Mendes de Moura: entendo que a interpretação mais adequada não impede a apresentação das provas em sede de recurso voluntário, desde que sejam documentos probatórios que esteja m no contexto da discussão da matéria em litígio, ou seja, podem ser apresentadas desde que não disponham sobre nenhuma inovação. Grifos no original. Por mais que seja afastada a preclusão administrativa descrita nos artigos 15 e 16 do Decreto 70.235/1972, ainda assim não é possível a comprovação, pelo menos indiciária, da existência do crédito pleiteado. Para a demonstração da certeza e liquidez do direito creditório invocado, não basta que a recorrente apresente declarações retificadoras, mas apresentar demonstrativo de apuração das contribuições sociais contrastando o cálculo original com o retificado. Pela análise das folhas do livro Diário que acompanha o Recurso Voluntário não é possível identificar a demonstração do suposto pagamento indevido alegado em DCOMP. A ausência de evidência probatória conduz para a manutenção da decisão recorrida. Concluo nesta análise que não há nos autos provas que demonstrem a natureza e extensão de eventuais créditos que possam ser objeto de Declaração de Compensação. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e no mérito negarlhe provimento. Müller Nonato Cavalcanti Silva Relator. (assinado digitalmente) Fl. 128DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.720900/2013-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 20 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006
LIMITES DO LITÍGIO. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. NÃO CONHECIMENTO.
Nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto nº 70.235/72, a fase litigiosa do processo administrativo fiscal somente se instaura se apresentada impugnação ou manifestação de inconformidade contendo as matérias expressamente contestadas, as quais determinam os limites do litígio.
A competência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, nos termos do art. 25 do Decreto nº 70.235/72, circunscreve-se ao julgamento de "recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos de natureza especial, de sorte que tudo que escape a este espectro de atribuições não deve ser apreciado por este Conselho, incluindo-se toda a matéria não impugnada ou não recorrida.
PIS/COFINS. RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. SÚMULA CARF N. 125.
Súmula CARF nº 125: No ressarcimento da COFINS e da Contribuição para o PIS não cumulativas não incide correção monetária ou juros, nos termos dos artigos 13 e 15, VI, da Lei nº 10.833, de 2003.
O entendimento veiculado pelo Recurso Especial nº 1.035.847, julgado pela sistemática de recursos repetitivos, que diz respeito ao ressarcimento de créditos de IPI, não pode ser estendido para o ressarcimento de créditos das contribuições sociais não cumulativas (PIS/Cofins), eis que, para estas há vedação legal expressa de atualização monetária, o que não ocorre para o IPI.
Recurso Voluntário negado na parte conhecida
Numero da decisão: 3402-006.448
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso Voluntário e, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Cynthia Elena de Campos.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 LIMITES DO LITÍGIO. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto nº 70.235/72, a fase litigiosa do processo administrativo fiscal somente se instaura se apresentada impugnação ou manifestação de inconformidade contendo as matérias expressamente contestadas, as quais determinam os limites do litígio. A competência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, nos termos do art. 25 do Decreto nº 70.235/72, circunscreve-se ao julgamento de "recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos de natureza especial, de sorte que tudo que escape a este espectro de atribuições não deve ser apreciado por este Conselho, incluindo-se toda a matéria não impugnada ou não recorrida. PIS/COFINS. RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. SÚMULA CARF N. 125. Súmula CARF nº 125: No ressarcimento da COFINS e da Contribuição para o PIS não cumulativas não incide correção monetária ou juros, nos termos dos artigos 13 e 15, VI, da Lei nº 10.833, de 2003. O entendimento veiculado pelo Recurso Especial nº 1.035.847, julgado pela sistemática de recursos repetitivos, que diz respeito ao ressarcimento de créditos de IPI, não pode ser estendido para o ressarcimento de créditos das contribuições sociais não cumulativas (PIS/Cofins), eis que, para estas há vedação legal expressa de atualização monetária, o que não ocorre para o IPI. Recurso Voluntário negado na parte conhecida
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MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto nº 70.235/72, a fase litigiosa do processo administrativo fiscal somente se instaura se apresentada impugnação ou manifestação de inconformidade contendo as matérias expressamente contestadas, as quais determinam os limites do litígio. A competência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, nos termos do art. 25 do Decreto nº 70.235/72, circunscrevese ao julgamento de "recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos de natureza especial”, de sorte que tudo que escape a este espectro de atribuições não deve ser apreciado por este Conselho, incluindose toda a matéria não impugnada ou não recorrida. PIS/COFINS. RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. SÚMULA CARF N. 125. Súmula CARF nº 125: No ressarcimento da COFINS e da Contribuição para o PIS não cumulativas não incide correção monetária ou juros, nos termos dos artigos 13 e 15, VI, da Lei nº 10.833, de 2003. O entendimento veiculado pelo Recurso Especial nº 1.035.847, julgado pela sistemática de recursos repetitivos, que diz respeito ao ressarcimento de créditos de IPI, não pode ser estendido para o ressarcimento de créditos das contribuições sociais não cumulativas (PIS/Cofins), eis que, para estas há vedação legal expressa de atualização monetária, o que não ocorre para o IPI. Recurso Voluntário negado na parte conhecida AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 72 09 00 /2 01 3- 21 Fl. 231DF CARF MF Processo nº 10925.720900/201321 Acórdão n.º 3402006.448 S3C4T2 Fl. 3 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso Voluntário e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Cynthia Elena de Campos. Relatório Tratase de recurso voluntário em face da decisão da Delegacia de Julgamento em Ribeirão Preto que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. Versam os autos sobre Pedido de Ressarcimento de crédito de contribuição não cumulativa, transmitido pela Cooperativa Rio do Peixe, CNPJ nº 84.590.314/000181, posteriormente incorporada pela Cooperativa de Produção de Consumo de Concórdia. A autoridade administrativa não deferiu integralmente o pleito, em síntese, sob os seguintes fundamentos: a) as receitas de revendas da interessada gerariam créditos passíveis apenas de abatimento do valor da contribuição a pagar, mas não de ressarcimento; b) seria vedado o aproveitamento de crédito decorrente da aquisição de insumos referentes a produtos agropecuários vendidos com suspensão das contribuições; c) houve necessidade de ajuste do percentual de rateio para o ressarcimento dos créditos, pois representa a relação proporcional entre as receitas de venda de produtos produzidos com alíquota maior que zero, isentos ou não alcançados pela tributação em relação à receita total obtida; d) as receitas de revendas de produtos adquiridos com alíquota zero, isentos ou não tributáveis não gerariam direito ao crédito, conforme art. 3º, § 2º, II, Lei nº 10.637/2002; e) não seria possível a tomada de créditos em relação a produtos farmacêuticos com tributação concentrada, em virtude da vedação contida nos arts. 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003. A interessada apresentou sua defesa em face da parte do despacho decisório relativa às glosas do crédito da contribuição sobre vendas e revenda de mercadorias com suspensão, com base nas Leis nºs 11.033/2004 e 11.116/2005, bem como requereu a aplicação da taxa Selic entre a data do pedido de restituição e a satisfação do crédito. A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, nos termos do Acórdão nº 14075.903. Cientificada dessa decisão, a interessada interpôs o recurso voluntário ora em apreço, sustentando, em síntese: Fl. 232DF CARF MF Processo nº 10925.720900/201321 Acórdão n.º 3402006.448 S3C4T2 Fl. 4 3 i) O critério de rateio adotado pela fiscalização não tem amparo legal. Não há, em toda a legislação que rege o PIS/Pasep e a Cofins, no regime não cumulativo, nada que prescreva ou autorize o procedimento adotado pela fiscalização, no sentido de excluir as receitas suspensas, isentas, alíquota zero e sem incidência, na composição do montante das receitas não tributadas. ii) A autoridade fiscal não pode se valer do prazo previsto na IN nº 660/2006 para deixar de reconhecer a suspensão da incidência de PIS/Pasep e da Cofins, decorrentes de venda de suínos e leite “in natura”, sob argumento que não aplica suspensão a estes produtos. iii) A realocação da totalidade do crédito sobre a revenda de mercadorias exclusivamente para o mercado interno tributado está em evidente descompasso com as disposições legais que tratam dessa matéria. Em sintonia com as disposições do art. 17 da Lei nº 11.033/2004, o art. 16 da Lei nº 11.116/2005 erigiu comando muito claro do sentido de que o saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3º das Leis n°s 10.637/2002 e 10.833/2003 e do art. 15 da Lei n° 10.865/2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário, em virtude da manutenção de crédito assegurada pelo art. 17, da Lei nº 11.033/2004, poderá ser objeto de compensação ou, então, de pedido de ressarcimento em espécie. iv) A recorrente requer o reconhecimento do direito de direito de receber o valor do seu crédito atualizado monetariamente pela taxa Selic desde a data do protocolo do seu pedido até a data do efetivo ressarcimento. Ademais, a atualização do crédito pela taxa Selic decorre também da aplicação do disposto no art. 62 do Regimento Interno do CARF, abaixo transcrito na parte pertinente, por se tratar de matéria julgada na sistemática do art. 543 C, do Código do Processo Civil pelo Superior Tribunal de Justiça (REsp 993.164). É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402006.431, de 23 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 10925.720269/201018, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão nº 3402006.431): "Cotejandose o conteúdo da manifestação de inconformidade com o do recurso voluntário, verificase que a recorrente inova neste último em relação à matéria contestada. Na manifestação de inconformidade, a interessada somente se insurgiu em face das glosas relativas ao crédito da contribuição sobre vendas e revenda de mercadorias com Fl. 233DF CARF MF Processo nº 10925.720900/201321 Acórdão n.º 3402006.448 S3C4T2 Fl. 5 4 suspensão, com base nas Leis nºs 11.033/2004 e 11.116/2005, bem como requereu a aplicação da taxa Selic entre a data do pedido de restituição e a satisfação do crédito. Posteriormente, no recurso voluntário, a recorrente traz alegações sobre outras matérias objeto do Despacho Decisório que não constaram na sua primeira defesa, quais sejam: a) recálculo efetuado pela fiscalização do índice de rateio (receita não tributada no mercado interno/receita total) para a obtenção do montante do crédito a ressarcir e b) realocação da "totalidade do crédito relativo a bens para revenda, informado na linha 01, das Fichas 06A e 16A, do Dacon, exclusivamente, para o mercado interno tributado". Nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto nº 70.235/721, a fase litigiosa do processo administrativo fiscal somente se instaura se apresentada a manifestação de inconformidade ou impugnação contendo as matérias expressamente contestadas, de forma que a matéria contestada submetida à primeira instância que determina os limites do litígio. A competência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, nos termos do art. 25 do Decreto nº 70.235/72, circunscrevese ao julgamento de "recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos de natureza especial”, de sorte que tudo que escape a este espectro de atribuições não deve ser apreciado por este Conselho, incluindose toda a matéria não impugnada ou não recorrida. O efeito devolutivo do recurso somente pode dizer respeito àquilo que foi decidido pelo órgão a quo que, por conseguinte, poderá ser objeto de revisão pelo órgão ad quem. Se não houve decisão pelo órgão a quo por não ter sido a 1 Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. (...) Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei n.º 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei no 9.532, de 1997): b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei n.º 9.532, de 1997); c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei n.º 9.532, de 1997) (...) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei n.º 9.532, de 1997). Fl. 234DF CARF MF Processo nº 10925.720900/201321 Acórdão n.º 3402006.448 S3C4T2 Fl. 6 5 matéria sequer impugnada, não se há de falar em reforma do julgado nesta parte (Acórdão nº 2402006.480, de 07/08/2018, Relatora: Renata Toratti Cassini). O entendimento acima coadunase com o que tem sido decidido neste CARF, no sentido de não conhecer de matéria que não tenha sido objeto de litígio no julgamento de primeira instância, como consta nas ementas que ora se transcreve: Acórdão nº 9303004.566 – 3ª Turma /CSRF, Relator: Demes Brito, j. 08/12/2016 Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/09/1998 a 31/12/2003 PRECLUSÃO. JULGAMENTO PELO COLEGIADO DE SEGUNDA INSTÂNCIA DE MATÉRIA NÃO SUSCITADA PELO SUJEITO PASSIVO. IMPOSSIBILIDADE. O julgamento da causa é limitado pelo pedido, devendo haver perfeita correspondência entre o postulado pela parte e a decisão, não podendo o julgador afastarse do que lhe foi pleiteado, sob pena de vulnerar a imparcialidade e a isenção, conforme teor do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, considerase não impugnada a matéria não deduzida expressamente no recurso inaugural, o que, por consequência, redunda na preclusão do direito de fazêlo em outra oportunidade. (...) Acórdão 3301002.475 – 3º Seção/3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, Relator: Sidney Eduardo Stahl, j. 11/11/ 2014 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Ano calendário: 2006, 2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. O contencioso administrativo instaurase com a impugnação, que deve ser expressa, considerandose não impugnada a matéria que não tenha sido diretamente contestada pelo impugnante. Inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria não suscitada na instância a quo. Não se conhece do recurso quando este pretende alargar os limites do litígio já consolidado, sendo defeso ao contribuinte tratar de matéria não discutida na impugnação. (...) Fl. 235DF CARF MF Processo nº 10925.720900/201321 Acórdão n.º 3402006.448 S3C4T2 Fl. 7 6 Dessa forma, em face da preclusão, não se deve conhecer de parte da matéria do recurso voluntário relativa ao "recálculo do índice de rateio" e à "realocação de crédito relativo a bens para revenda". De outra parte, tomase conhecimento, por atender aos requisitos de admissibilidade, da parte restante do recurso voluntário relativa à correção monetária e às glosas de crédito da contribuição sobre vendas e revenda de mercadorias com suspensão, ainda que contida nos tópicos da peça recursal relativos ao índice de rateio e à realocação de crédito. O pedido de ressarcimento tem fundamento no art. 17 da Lei nº 11.033/2004 e no art. 16 da Lei nº 11.116/2005, que assim dispõem: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação (...) II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. (...) Nesse ponto, cabe reiterar o entendimento deste Colegiado, conforme consta na ementa do Acórdão nº 3402 006.223, julgado em 26 de fevereiro de 2019 no sentido de que: "O art. 17 da Lei nº 11.033/2004, que possibilita a manutenção do crédito das operações vinculadas a vendas desoneradas das contribuições, não tem o condão de derrogar as vedações de creditamento já existentes em outras leis", sendo que tal "dispositivo possibilita apenas a manutenção do crédito já existente para aquela operação". Dessa forma, para o ressarcimento do saldo credor da contribuição com base no art. 17 da Lei nº 11.033/2004 c/c o art. 16 da Lei nº 11.116/2005, deve haver um crédito preexistente na aquisição de determinado bem, a qual é vinculada à venda da contribuinte com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da contribuição PIS/Cofins. Alega a recorrente que "não procede o argumento lançado pela autoridade fiscal no sentido de que as vendas de suínos e de leite “in natura”, efetuadas pela recorrente, não se Fl. 236DF CARF MF Processo nº 10925.720900/201321 Acórdão n.º 3402006.448 S3C4T2 Fl. 8 7 deram nas condições em que se aplicaria a suspensão do pagamento das contribuições". Argumenta que "a autoridade fiscal não pode se valer do prazo previsto na IN nº 660/2006, para deixar de reconhecer a suspensão da incidência de PIS/Pasep e da Cofins, decorrentes de venda de suínos e leite “in natura”, sob argumento que não aplica suspensão a estes produtos". No entanto, especificamente no presente processo, observase da leitura atenta do Despacho Decisório que a questão da não vigência da suspensão no período de apuração (prazo prorrogado no art. 11 da IN nº 660/2006) não foi suscitada pela fiscalização e não representou nenhum óbice ao pedido de ressarcimento da interessada, como se denota nos trechos abaixo do Despacho Decisório: (...) (...)[as] operações classificadas pela contribuinte como saídas com suspensão não ocorreram as condições de suspensão elencadas na legislação de regência – é o caso da compra para revenda de suínos, que na verdade estavam sob o campo de incidência das contribuições sociais em causa. (...) Com efeito, não estão inseridos no contexto da suspensão de incidência de que trata o art. 9º da Lei nº 10.925/2004 as aquisições de produtos agropecuários para revenda –o que ocorreu em larga escala ao efetuar a compra de leitoões de associados e não associados para revendêlos a outros, além da compra de suínos para revenda a Cooperativa Central Oeste Catarinense Aurora. De fato, às aquisições para revenda não se aplica a apuração dos créditos presumidos e nem a suspensão. A concessão de favor fiscal vinculado ao requisito de destinação a consumo humano ou animal deve ser entendido como destinação imediata do produto ao consumo (produtos do art. 8º, caput, da Lei nº 10.925/2004). Conseguintemente, se a agroindústria comercializar as mercadorias produzidas para outras indústrias, sejam ou não do setor alimentício, onde serão utilizadas em novo processo industrial, resta descaracterizada a destinação ao consumo humano ou animal. (...) De outra banda, a determinação estampada na IN SRF nº 636/2006 que dispõe sobre a suspensão da exigibilidade das indigitadas contribuições é claro no sentido na impossibilidade do aproveitamento de créditos em relação as aquisições de insumos de produtos agropecuários Fl. 237DF CARF MF Processo nº 10925.720900/201321 Acórdão n.º 3402006.448 S3C4T2 Fl. 9 8 vendidos com suspensão dessas contribuições. Observe se: (...) 2.2.2. Operações com suspensão da exigibilidade das contribuições. Sistema de parceria para a criação de Suínos e da Venda do leite “in natura” e cereais (milho e soja). A receita da venda de cereais (milho e soja) da venda de suínos que foram criados pelo sistema de integração e da venda de leite “in natura” ocorreu com suspensão da exigibilidade das contribuições Pis e Cofins não cumulativo de acordo com os registros contábeis e fiscais apresentados. Observese: (...) De fato, os artigos 8º e 9º da Lei nº 10.925/2004 permitem às sociedades cooperativas efetuarem a venda destes insumos com suspensão da incidência das indigitas contribuições. O artigo 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, propicia às pessoas jurídicas que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, destinadas à alimentação humana ou animal, deduzir crédito presumido calculado sobre o valor dos insumos adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. Permite também, no seu § 1º, I, que as aquisições, por essas mesmas pessoas, quando efetuadas de cerealistas também tenham direito a esse crédito presumido: (...) A par do crédito presumido atribuído ao adquirente dos produtos, o artigo 9º da Lei nº 10.925/2004 determina a suspensão das contribuições, quando da venda de certos produtos agrícolas, por, entre outros, cooperativas, “litteris”: Art. 9o A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1o do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1o do art. 8o desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (grifei) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III Fl. 238DF CARF MF Processo nº 10925.720900/201321 Acórdão n.º 3402006.448 S3C4T2 Fl. 10 9 do § 1o do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (grifouse) Os produtos relacionados no § 1º do artigo 8º, que quando de sua venda admitem suspensão, são os incluídos nos códigos NCM 09.01 (café), 10.01 a 10.08 (trigo, centeio, cevada, aveia, milho, arroz, sorgo de grão, alpiste e outros cereais) exceto os dos códigos 1006.20 (arroz descascado) e 1006.30 (arroz semibranqueado ou branqueado), 12.01 (soja) e 18.01 (cacau). Ao conceder a suspensão quando da venda desses produtos, a Lei nº 10.925/2004 também estabeleceu a vedação ao aproveitamento do crédito presumido e de créditos em geral por parte de quem vende com suspensão. Essa vedação aparece no § 4º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004: (...) 2.2.3 Apuração dos créditos de bens para revenda (Linha 1 do DACON). (...) Como regra geral, a aquisição de produtos para revenda gera direito ao crédito, no entanto, em relação aos produtos adquiridos com alíquota zero, isentos ou não alcançados pela tributação, há vedação expressa neste sentido por parte do revendedor e do produtor. (...) Dos dispositivos legais acima colacionados, verificase que a regra é a apuração de crédito em relação à aquisição de bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Todavia, o texto legal constante no art. 3º, § 2º, II, determina expressamente que não dará direito a crédito o valor da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento das contribuições. Nesse diapasão, possível concluir que não dá direito a crédito a aquisição de bens para revenda sujeitos à incidência da alíquota zero uma vez que o legislador determinou que não gera crédito o valor das aquisições de bens e serviços não sujeitos ao pagamento das contribuições, exceto quando adquiridos com isenção, se os referidos bens forem utilizados para gerar receita tributável. (...) Em outras palavras, tendo a contribuinte adquirido créditos, na forma do art.3º, das Leis nºs 10.637, de 2002 e Fl. 239DF CARF MF Processo nº 10925.720900/201321 Acórdão n.º 3402006.448 S3C4T2 Fl. 11 10 10.833, de 2003, por haver arcado com o ônus do pagamento dos tributos incidentes na cadeia da produção, esses créditos serão mantidos, ainda que as vendas efetuadas forem efetivadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da contribuição, por determinação legal. É o caso, por exemplo, dos próprios custos suportados pela contribuinte, na operação de revenda dos seus produtos, tais como, energia elétrica, transporte, locações e outros créditos vinculados que sofreram a incidência do PIS e da Cofins. Não podendo ser incluído aí o custo das compras da mercadoria por ela revendida, quando foi afastada a tributação como no caso da ocorrência de alíquota zero ou isenção, o que é o caso da revenda de: sementes, fertilizantes, defensivos, corretivos, medicamentos, etc. Assim, o art.17 da Lei nº 11.033/2004 permite a manutenção de créditos na tributação concentrada no fabricante ou importador não sendo possível manter crédito do PIS/Pasep e da Cofins nas aquisições para revenda de produtos sujeitos à incidência monofásica ou sujeitos a alíquota zero, isentos ou não tributados e, por conseguinte, conceder ressarcimento ou compensação. Alega também a recorrente que a "lei assegura a possibilidade da compensação ou do ressarcimento para todos os créditos previstos no art. 3º, das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003 e no art. 15, da Lei nº 10.865/2004, dentre os quais constam os créditos sobre os bens adquiridos para revenda". Embora da leitura isolada de alguns trechos do Despacho Decisório pudesse parecer que a fiscalização estaria entendendo incabível o creditamento com base no art. 17 da Lei nº 11.033/2004 e no art. 16 da Lei nº 11.116/2005 a todos bens para revenda, isso não se confirma numa análise mais aprofundada do Despacho Decisório. Em verdade, nenhuma glosa ou ajuste de crédito foi efetuada simplesmente por se tratar de revenda, mas em face de tratar de revenda de: a) produtos agropecuários que não atenderiam às condições para a fruição do crédito presumido da agroindústria (art. 8º da Lei nº 10.925/2004) ou da suspensão da incidência da contribuição na venda prevista no art. 9º dessa Lei, vez que a revenda descaracterizaria a destinação imediata ao consumo humano ou animal; ou de b) de produtos que não dariam direito a crédito básico. Além disso, outro obstáculo ao pleito de ressarcimento da interessada quanto aos bens para revenda foi o fato de o crédito presumido da agroindústria, quando aplicável, só poderia ser utilizado para a dedução das próprias contribuições de PIS/Cofins devidas no período de apuração. Relativamente à correção monetária, alega a recorrente descumprimento do disposto no art. 24 da Lei nº 11.457/2007 e violação do princípio constitucional da razoável duração do Fl. 240DF CARF MF Processo nº 10925.720900/201321 Acórdão n.º 3402006.448 S3C4T2 Fl. 12 11 processo, requerendo a atualização monetária de eventual crédito que seja reconhecido em seu favor. No entanto, a pretensão da recorrente encontra obstáculo expresso no art. 13 da Lei nº 10.833/2003, aplicável à Cofins e também ao PIS/Pasep, por força do art. 15 dessa Lei. Além disso, a previsão legal de atualização do valor pela taxa Selic, nos termos do art. 39, §4º da Lei 9.250/1995, somente é aplicável para os casos de compensação e restituição, mas não para o ressarcimento. Ademais, como bem esclareceu o Conselheiro Relator Bernardo Motta Moreira, em seu Voto no Acórdão nº 3301 002.088, da 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária, em sessão de 23/10/2013, o entendimento veiculado pelo Recurso Especial nº 1.035.847, julgado pela sistemática de recursos repetitivos prevista no artigo 543C do CPC/73, que diz respeito ao ressarcimento de créditos de IPI, não pode ser estendido para o ressarcimento de créditos das contribuições sociais não cumulativas, eis que, para essas, há, na lei, a vedação expressa de atualização monetária, o que não ocorre para o IPI. Essa matéria já está pacificada neste CARF, tendo sido objeto da Súmula abaixo, de aplicação obrigatória pelos seus membros: Súmula CARF nº 125: No ressarcimento da COFINS e da Contribuição para o PIS não cumulativas não incide correção monetária ou juros, nos termos dos artigos 13 e 15, VI, da Lei nº 10.833, de 2003. Acórdãos Precedentes: 20313.354, de 07/10/2008; 3301 00.809, de 03/02/2011; 330200.872, de 01/03/2011; 310101.072, de 22/03/2012; 310101.106, de 26/04/2012; 3301002.123, de 27/11/2013; 3302002.097, de 21/05/2013; 3403001.590, de 22/05/2012; 3801001.506, de 25/09/2012; 9303005.303, de 25/07/2017; 9303 005.941, de 28/11/2017. Assim, pelo exposto, voto no sentido de: a) não conhecer o recurso voluntário quanto à alegação de "recálculo do índice de rateio" e de "realocação dos créditos sobre revendas"; b) conhecer o restante do recurso voluntário para, no mérito, negarlhe provimento. " Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por: Fl. 241DF CARF MF Processo nº 10925.720900/201321 Acórdão n.º 3402006.448 S3C4T2 Fl. 13 12 a) não conhecer o recurso voluntário quanto à alegação de "recálculo do índice de rateio" e de "realocação dos créditos sobre revendas"; b) conhecer o restante do recurso voluntário para, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 242DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.002068/2009-00
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2013
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF
Exercício: 2006, 2007, 2008, 2009
IRRF. IMPOSTO RETIDO E NÃO RECOLHIDO. RESPONSABILIDADE DOS ADMINISTRADORES DA FUNDAÇÃO NÃO CONFIGURADA.
NECESSÁRIA COMPROVAÇÃO DE INFRAÇÃO À LEI OU AO ESTATUTO SOCIAL. RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DO SUJEITO PASSIVO QUE EFETUOU A RETENÇÃO NA FONTE DO TRIBUTO.
Não se pode responsabilizar os administradores da entidade pela ausência de recolhimento do IRRF sem que se cumpram os requisitos do artigo 135, III, do CTN. Inteligência da Súmula 430 do STJ. Configuração da responsabilidade exclusiva da fonte pagadora, à luz do Parecer Normativo n.º 01/2002 da Receita Federal do Brasil.
REPASSE DO IRRF. OBRIGAÇÃO QUE INDEPENDE DO GOZO DA IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA.
O repasse do IRRF é obrigação da Fundação e independe do gozo da
imunidade. Eventual violação aos princípios do devido processo legal, contraditório e da ampla defesa em relação à suspensão da imunidade deve ser reconhecida em sede própria. Observância, no caso em exame, dos aludidos princípios.
FUNDAÇÃO INSTITUÍDA, MAS NÃO MANTIDA, PELO MUNICÍPIO ART.
158 DA CONSTITUIÇÃO. DESTINAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO PARA A UNIÃO.
Considera-se mantida pelo Município a Fundação cujo custeio das atividades dependa, de forma preponderante, de recursos providos pelo Poder Público Municipal. Se esta condição não é verificada, não se perfaz a hipótese do art. 158, I, da Constituição, devendo o produto do IRRF incidente sobre os rendimentos pagos, a qualquer título, pela Fundação, ser repassado à União e
não ao Município.
Recurso dos administradores provido e recurso da fundação negado.
Numero da decisão: 2101-002.036
Decisão: ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento em parte ao recurso, para reconhecer a ilegitimidade passiva de Genesio Teo e Antonio Carlos de Souza, cancelando, em relação a eles, a exigência fiscal e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
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IMPOSTO RETIDO E NÃO RECOLHIDO. RESPONSABILIDADE DOS ADMINISTRADORES DA FUNDAÇÃO NÃO CONFIGURADA. NECESSÁRIA COMPROVAÇÃO DE INFRAÇÃO À LEI OU AO ESTATUTO SOCIAL. RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DO SUJEITO PASSIVO QUE EFETUOU A RETENÇÃO NA FONTE DO TRIBUTO. Não se pode responsabilizar os administradores da entidade pela ausência de recolhimento do IRRF sem que se cumpram os requisitos do artigo 135, III, do CTN. Inteligência da Súmula 430 do STJ. Configuração da responsabilidade exclusiva da fonte pagadora, à luz do Parecer Normativo n.º 01/2002 da Receita Federal do Brasil. REPASSE DO IRRF. OBRIGAÇÃO QUE INDEPENDE DO GOZO DA IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. O repasse do IRRF é obrigação da Fundação e independe do gozo da imunidade. Eventual violação aos princípios do devido processo legal, contraditório e da ampla defesa em relação à suspensão da imunidade deve ser reconhecida em sede própria. Observância, no caso em exame, dos aludidos princípios. FUNDAÇÃO INSTITUÍDA, MAS NÃO MANTIDA, PELO MUNICÍPIO ART. 158 DA CONSTITUIÇÃO. DESTINAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO PARA A UNIÃO. Considerase mantida pelo Município a Fundação cujo custeio das atividades dependa, de forma preponderante, de recursos providos pelo Poder Público Municipal. Se esta condição não é verificada, não se perfaz a hipótese do art. 158, I, da Constituição, devendo o produto do IRRF incidente sobre os AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 20 68 /2 00 9- 00 Fl. 2980DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10925.002068/200900 Acórdão n.º 2101002.036 S2C1T1 Fl. 2.458 2 rendimentos pagos, a qualquer título, pela Fundação, ser repassado à União e não ao Município. Recurso dos administradores provido e recurso da fundação negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao recurso, para reconhecer a ilegitimidade passiva de Genesio Teo e Antonio Carlos de Souza, cancelando, em relação a eles, a exigência fiscal e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), José Raimundo Tosta Santos, Celia Maria de Souza Murphy, Carlos André Rodrigues Pereira Lima e Eivanice Canário da Silva. Relatório Tratase de recursos voluntários (fls. 2.367/2.398, fls. 2.412/2.431 e fls. 2.433/2.452) interpostos em 17 de maio de 2010 contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (SC) (fls. 2.332/2.359), do qual os Recorrentes tiveram ciência em 15 de abril de 2010 (fl. 2.366), que, por unanimidade de votos, julgou procedente o auto de infração de fls. 06/23, lavrado em 25 de novembro de 2009, em decorrência de falta de recolhimento do imposto de renda na fonte sobre trabalho assalariado, trabalho sem vínculo de emprego, juros auferidos pela entrega de recursos a pessoa jurídica, remuneração de outros serviços prestados por pessoa jurídica e pagamentos a cooperativas de trabalho, verificada nos anoscalendário de 2005, 2006, 2007 e 2008. O acórdão teve a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008 FALTA DE RECOLHIMENTO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. COMPETÊNCIA. Fl. 2981DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10925.002068/200900 Acórdão n.º 2101002.036 S2C1T1 Fl. 2.459 3 Compete ao fisco federal, por intermédio dos AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, constituir o crédito tributário relativo ao Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF, independentemente da destinação do produto da arrecadação do imposto. FUNDAÇÕES INSTITUÍDAS E MANTIDAS POR MUNICÍPIO. CONDIÇÕES. DESTINAÇÃO DO IRRF. O imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, retido na fonte por fundação municipal em decorrência dos pagamentos que efetua, somente pertencerá ao Município se a referida fundação for não só instituída como também mantida por esse ente político. Considerase que a fundação é mantida pelo Município, quando este lhe destina os recursos necessários à sua subsistência. Caso não se verifique esta condição, o produto da arrecadação do IRRF incidente sobre os rendimentos pagos, a qualquer titulo, pela fundação, pertence à União Federal e não ao Município. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008 IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. FALTA DE RECOLHIMENTO. ADMINISTRADORES. SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. São solidariamente responsáveis com o sujeito passivo os acionistas controladores, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, pelos créditos decorrentes do não recolhimento do imposto sobre produtos industrializados e do imposto sobre a renda descontado na fonte. A responsabilidade das pessoas referidas restringese ao período da respectiva administração, gestão ou representação. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” (fl. 2.332). Não se conformando, a Recorrente Fundação Universidade do Oeste de Santa Catarina interpôs recurso voluntário (fls. 2.367/2.398) pedindo a reforma do acórdão recorrido, para cancelar o lançamento, alegando, em síntese: (i) sua ilegitimidade passiva por obrigação tributária perante a responsabilidade pessoal dos dirigentes; (ii) a ilegitimidade ativa da União em relação ao imposto de renda retido na fonte; (iii) a nulidade do auto de infração por irregular suspensão da imunidade da entidade, com ofensa ao princípio do devido processo legal, contraditório e ampla defesa; (iv) inexistência de óbice legal na percepção de outras receitas; (v) seu enquadramento como fundação pública municipal nos termos da legislação constitucional e a consequente impossibilidade da exigência do imposto de renda na fonte. De igual modo, os Recorrentes Genesio Teo e Antônio Carlos de Souza interpuseram recursos voluntários (fls. 2.412/2.431 e fls. 2.433/2.452, respectivamente) repisando as razões recursais já apresentadas pela FUNOESC e aduzindo, ainda, (i) a necessidade do conhecimento e manifestação do colegiado julgador administrativo em relação ao termo de sujeição passiva solidária; (ii) a nulidade do ato de declaração de responsabilidade pessoal dos administradores da pessoa jurídica; bem como (iii) sua ilegitimidade passiva em relação ao crédito tributário da pessoa jurídica. Fl. 2982DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10925.002068/200900 Acórdão n.º 2101002.036 S2C1T1 Fl. 2.460 4 É o relatório. Voto Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, Relator. O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. Inicialmente, há de se analisar as preliminares arguidas pela Recorrente FUNOESC e pelos Recorrentes Genesio Teo e Antonio Carlos de Souza. Alega a Recorrente FUNOESC que não possui legitimidade para figurar no polo passivo do auto de infração devido à lavratura do Termo de Sujeição Passiva Solidária (fls. 2.078/2.081), pelo qual a fiscalização incluiu os administradores da fundação como corresponsáveis pelo tributo devido e pelas penalidades impostas. Esse termo, segundo a citada Recorrente, indica a responsabilidade exclusiva dos administradores, na esteira do que dispõe o artigo 135 do Código Tributário Nacional, que utiliza a expressão “pessoalmente responsáveis”. Dessa forma, tendo sido os administradores responsabilizados por enquadramento no citado dispositivo legal, apenas estes deveriam, sob sua ótica, ser autuados, excluindose, assim, a responsabilidade da pessoa jurídica. Por sua vez, sustentam os Recorrentes Genesio Teo e Antonio Carlos de Souza sua ilegitimidade passiva à luz dos requisitos constantes no art. 135, III, do CTN. A alegação da FUNOESC, no entanto, não merece prosperar, havendo de ser acolhida, nesse ponto, a preliminar suscitada pelos Recorrentes Genesio Teo e Antonio Carlos de Souza. Explico. Ainda que se considere pessoal a responsabilidade de administradores enquadrados no art. 135 do Código Tributário Nacional, tal enquadramento não pode ser feito sem comprovação da prática, pelos administradores, de atos “com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos”, como determina o próprio artigo mencionado: “Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: (...) III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.” Pois bem, da análise do conjunto probatório dos autos, verificase que não se logrou comprovar a prática, pelos Recorrentes Genesio Teo e Antonio Carlos de Souza, de atos com excesso de poderes ou infração à lei ou ao estatuto social da Fundação dos quais teria se originado a obrigação de recolhimento. O Termo de Sujeição Passiva Solidária, lavrado nas fls. 2.078/2.081 dos autos, remete ao Relatório de Atividade Fiscal, o qual, nas fls. 92 e seguintes, trata da sujeição passiva solidária dos mencionados Recorrentes. Fl. 2983DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10925.002068/200900 Acórdão n.º 2101002.036 S2C1T1 Fl. 2.461 5 Como se infere do aludido relatório, o Fisco configurou a responsabilidade tributária dos administradores sob o fundamento de que a alegação dos ora Recorrentes no sentido da “desnecessidade” de recolhimento do IRRF “não encontra amparo na C.F, nas leis, nos julgados administrativos e nem nas decisões judiciais”, “de forma que a decisão de não recolher o IRRF, bem como, a reiteração dessa conduta e a significância dos valores envolvidos nesta apropriação fazem enquadrar a diretoria da Funoesc na hipótese de responsabilização tipificada no art. 135, III, da Lei n.º 5.172/66.” (fl. 92). Extraise do relatório fiscal, ainda, o entendimento segundo o qual “para a perfectibilização do tipo” bastaria apenas o “dolo genérico de omitir o recolhimento do tributo devido”, não se exigindo um fim específico ou especial (fl. 92). A autuação dos responsáveis, portanto, encontrase embasada nos seguintes elementos: (i) a conduta reiterada do agente, caracterizada pela ausência de recolhimento de significativos valores de IRRF pela alegada “desnecessidade” de tal repasse, a qual não encontra amparo na legislação e decisões administrativas e judiciais, e (ii) o dolo genérico de inadimplir a obrigação tributária. Tais elementos, contudo, não são suficientes à caracterização da responsabilidade prevista no art. 135, inc. III, do CTN. Motivo de inúmeras controvérsias doutrinária e jurisprudencial, pareceme que a interpretação mais acertada do art. 135 do CTN é aquela segundo a qual, para a configuração da responsabilidade pessoal do agente, fazse necessária a prática dolosa de ato em desfavor do contribuinte, da qual decorra uma obrigação tributária. Esclarecedora, a esse respeito, a lição de MISABEL ABREU MACHADO DERZI: “A aplicação do art. 135 supõe, assim: 1. a prática de ato ilícito, dolosamente, pelas pessoas mencionadas no dispositivo; 2. ato ilícito, como infração de lei, contrato social ou estatuto, normas que regem as relações entre contribuintes e terceiroresponsável, externamente à norma tributária básica ou matriz, da qual se origina o tributo; 3. a atuação tanto da norma básica (que disciplina a obrigação tributária em sentido restrito) quando da norma secundária (constante do art. 135 e que determina a responsabilidade do terceiro, pela prática do ato ilícito). A peculiaridade do art. 135 está em que os atos ilícitos ali mencionados, que geram a responsabilidade do terceiro que os pratica, são causa (embora externa) do nascimento da obrigação tributária, contraída em nome do contribuinte; mas contrariamente a seus interesses. São, assim, do ponto de vista temporal, antes concomitantes ao acontecimento do fato gerador da norma básica, que dá origem à obrigação. Por isso, o dispositivo menciona ‘obrigações resultantes de atos praticados com excesso de poderes, infração de lei, contrato social ou estatuto.” (BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. 11ª ed., rev. e ampl. por Misabel Abreu Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2000. p. 757. Grifouse). Fl. 2984DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10925.002068/200900 Acórdão n.º 2101002.036 S2C1T1 Fl. 2.462 6 O ato praticado com infração à lei, contrato social ou estatuto, portanto, é causa do surgimento da obrigação tributária, não havendo que ser confundido com o mero não recolhimento do tributo, eis que antecede a obrigação tributária. Tal entendimento foi cristalizado na Súmula 430 do STJ: Súmula 430: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sóciogerente. Este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais também já se manifestou nesse sentido, conforme trecho do voto condutor do acórdão n.º 1302000.503, proferido no Processo Administrativo n.º 10680.015391/200793, em 23/02/2011: “O artigo 135 do CTN prescreve: (...). No caso dos autos, há demonstração de que houve descumprimento de legislação tributária, o que levou ao presente lançamento. Entretanto, me parece faltar a prova do elemento volitivo do sócio, que, inclusive, levaria à qualificação da penalidade aplicada. Se sempre que houvesse a prática de infração da legislação tributária o sócio teria de ser responsabilizado, o próprio sentido da responsabilidade limitada estaria alterado, pois essa seria sempre pessoal ou solidária do sócio. O fato de ter havido distribuição de lucro, isoladamente, não tendo sido demonstrado que tal demonstração foi ilegal, também não muda em nada a situação do sócio. Entendo que o STJ também entende dessa forma. A súmula 430 expressa: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sóciogerente.” Ao contrário do pontuado pela fiscalização, portanto, não há de se falar que o mero inadimplemento da obrigação tributária constitui ilícito capaz de ensejar a responsabilidade do administrador ou sóciogerente. E mais, o dolo do agente, para a caracterização do tipo previsto no art. 135, III, do CTN, não pode estar calcado no “dolo genérico de omitir o recolhimento do tributo devido”, como pretendeu a fiscalização, mas sim na intenção deliberada de violar a lei, o contrato ou estatuto social. Como bem observam ARNOLDO WALD e LUIZA RANGEL DE MORAES, “apenas quando demonstrada a circunstância de que os administradores (sócios ou não) agiram com dolo, violando seus deveres legais ou estatutários para com a sociedade, é que estes passam a ser os únicos responsáveis pela dívida tributária.” (WALD, Arnoldo; MORAES, Luiza Rangel de. Da desconsideração da personalidade jurídica e seus efeitos tributários. In: TÔRRES, Heleno Taveira (et. al.). Desconsideração da personalidade jurídica em matéria tributária. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p. 251). Também a chamada “conduta reiterada do agente”, tal como referida pela fiscalização, não tem o condão de caracterizar o dolo necessário à deflagração dos efeitos da norma constante no art. 135, III, do CTN. Fl. 2985DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10925.002068/200900 Acórdão n.º 2101002.036 S2C1T1 Fl. 2.463 7 No caso concreto, ainda que a ninguém seja lícito alegar o desconhecimento da lei, certo é que havia uma controvérsia a respeito da necessidade de repasse dos valores retidos, representada por litígios não definitivamente julgados no momento da lavratura do auto de infração, a saber: Ação Anulatória de Débito Fiscal n.º 2004.72.03.0017762, a qual foi objeto de recurso de apelação não apreciado na época da lavratura do auto de infração, conforme atesta o próprio Relatório Fiscal (fl. 65), pelo Agravo de Instrumento n.º 2005.04.0012690, pela Medida Cautelar Inominada n.º 2005.72.03.0003196, cujo reexame necessário também pendia de apreciação, pelos Embargos à Execução Fiscal n.º 2006.72.03.0012785, pelos Processos Administrativos n.os 10925.0000500/200162 e 10925.0001182/200581, cuja possibilidade de discussão administrativa, como anota a fiscalização, de igual modo, não se exaurira na época dos fatos, e, por fim, pela Ação Penal Pública n.º 2002.72.03.0006329. Não há prova, nos autos, de decisão definitiva na esfera administrativa ou do trânsito em julgado das ações em referência. Como se sabe, tanto em relação ao Direito Penal quanto em relação ao chamado Direito Penal Tributário vige o chamado princípio da presunção da inocência. Decorre de tal princípio a impossibilidade de caracterização do dolo do agente com base em prática reiterada de conduta que não foi definitivamente apreciada, não se lhe conferindo o grau de certeza necessária. De igual modo, também a “significância dos valores” não adquire, por si só, efeitos jurídicos para a configuração do dolo do agente. Importante registrar que a configuração da reincidência, para fins tributários, requer tanto a existência de lei que fixe os seus limites e efeitos quanto a configuração da definitividade da conduta, que pressupõe o esgotamento de eventual discussão na esfera administrativa e/ou o trânsito em julgado de decisão judicial. Autora de obra específica acerca da reincidência tributária, Juliana Borges não diverge desse entendimento: “Enquanto a reincidência não for conceituada, e pelo veículo competente para introduzir esse tipo de norma jurídica no sistema (pela lei), quer dizer, enquanto não soubermos em que consiste tal conduta para aquela norma específica que a prevê, não há como verificarmos se um determinado fato jurídico a ela se coaduna.(...).” (BORGES, Juliana. Reincidência tributária: teoria e prática. São Paulo: Quartier Latin, 2005. p. 163). E prossegue a autora para investigar, a despeito da inexistência de legislação que lhe atribua efeitos, qual o possível valor semântico da reincidência, concluindo pela necessidade do elemento “certeza” a permear a conduta tida por recidiva: “Sempre que observamos qualquer alusão à reincidência, percebemos que existe – ainda que como um pensamento depreendido do contexto – referência a uma pena imposta antes da nova infração; a uma pena inquestionavelmente imposta; e não à simples incidência automática da norma penal sobre um evento delitivo, ou à mera lavratura de um auto de infração, passível de reforma na esfera administrativa.” (BORGES, Juliana. Op. cit., p. 169). Não bastasse o quanto exposto, registrese que, na ação penal já referida, a configuração do dolo resumiuse ao “dolo genérico de omitir o recolhimento da contribuição ou tributo devido” (p. 72), o qual, a teor da citada Súmula 430 do STJ, não tem o condão de deflagrar a aplicação da responsabilidade pessoal do agente a que alude o art. 135, III, do CTN. Fl. 2986DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10925.002068/200900 Acórdão n.º 2101002.036 S2C1T1 Fl. 2.464 8 Relevante notar, ainda, que foi aplicada, na hipótese, a excludente de punibilidade aos dirigentes da fundação, justamente por se configurar a ocorrência de circunstâncias que pautaram o fenômeno chamado erro de proibição, dado o erro sobre a ilicitude do fato (p. 73). Por fim, a análise dos elementos probatórios do caso em referência bem demonstram que os Recorrentes não ocultaram, em nenhum momento, a informação acerca da retenção do IRRF, mas sim o deixaram de recolher, diante do apontado erro de proibição, o que corrobora a inexistência de dolo no caso em questão. Concluise, portanto, não obstante a lavratura dos Termos de Sujeição Passiva Solidária, conforme se infere das fls. 2.206/2.207 e 2.223/2.224, que não há, nos autos, qualquer elemento que demonstre a responsabilidade pessoal dos Recorrentes na realização dos apontados ilícitos tributários. E por certo não há que se falar, aqui, da interpretação isolada do artigo 8.º do DecretoLei n.º 1.736/1979, que prevê como responsáveis solidários “os acionistas controladores, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, pelos créditos decorrentes do não recolhimento do imposto sobre produtos industrializados e do imposto sobre a renda descontado na fonte”. Isso porque a interpretação de tal dispositivo deve ser feita à luz do que dispõe o artigo 135 do CTN, que é a norma geral em relação à matéria. Exatamente por isso, o Supremo Tribunal Federal, em caso semelhante ao presente, julgado sob a sistemática da repercussão geral, já se manifestou no sentido da inconstitucionalidade de lei (art. 13 da Lei 8.620/93) na parte em que determinou que os sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitada responderiam solidariamente pelos débitos junto à Seguridade Social. Como se extrai da ementa de voto da Exma. Min. Ellen Gracie, em tudo aplicável ao presente caso, “o “terceiro” só pode ser chamado responsabilizado na hipótese de descumprimento de deveres próprios de colaboração para com a Administração Tributária, estabelecidos, ainda que a contrario sensu, na regra matriz de responsabilidade tributária, e desde que tenha contribuído para a situação de inadimplemento pelo contribuinte. 5. O art. 135, III, do CTN responsabiliza apenas aqueles que estejam na direção, gerência ou representação da pessoa jurídica e tãosomente quando pratiquem atos com excesso de poder ou infração à lei, contrato social ou estatutos. Desse modo, apenas o sócio com poderes de gestão ou representação da sociedade é que pode ser responsabilizado, o que resguarda a pessoalidade entre o ilícito (mal gestão ou representação) e a conseqüência de ter de responder pelo tributo devido pela sociedade.”(RE 562276, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 03/11/2010, Repercussão Geral Mérito DJe 027, div. em 09/02/2011, pub. em 10/02/2011. Sem grifo no original). Independentemente do argumento da inconstitucionalidade da norma, certo é que a incidência do art. 8º do DecretoLei n.º 1.736/79 também se encontra adstrita aos requisitos impostos pelo art. 135 do CTN, devendo ser demonstrada a infração à lei ou estatuto praticada pelos administradores da Fundação, conforme se verifica das seguintes decisões proferidas no âmbito do Poder Judiciário: Fl. 2987DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10925.002068/200900 Acórdão n.º 2101002.036 S2C1T1 Fl. 2.465 9 "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE IRREGULARIDADES NO ACÓRDÃO. EXECUÇÃO FISCAL. RESPONSABILIDADE DE SÓCIOGERENTE. LIMITES. ART. 135, III, DO CTN. (omissis) 8. Não importa se o débito é referente ao IPI (DL nº 1.736/79). O ponto central é que haja comprovação de dissolução irregular da sociedade ou infração à lei praticada pelo dirigente/sócio. 9. Descabe, nas vias estreitas de embargos declaratórios, que a matéria seja reexaminada, no intuito de ser revista ou reconsiderada a decisão proferida. Não preenchimento dos requisitos necessários e essenciais à sua apreciação. 10. Embargos rejeitados." (grifouse) (STJ, 2ª T., EDAGA 471.387/SC, 1ª Turma, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, j. 25/3/2003, DJ 12/5/2003) “AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. INCLUSÃO DE SÓCIO NO PÓLO PASSIVO. ARTIGOS 13 DA LEI Nº 8.620/93 QUE DEVE SER INTERPRETADO EM CONSONÂNCIA COM O ARTIGO 135 DO CTN. AUSÊNCIA DE DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA SOCIEDADE. PRECEDENTES DO STJ E DESTE TRIBUNAL. 1. No que se refere ao IPI e ao IRRF, contrariamente ao pretendido pela exeqüente, aplicase o disposto no inciso II do art. 124 do CTN, combinado com o art. 135 e art. 8º do DecretoLei nº 1.736/79. 2. O artigo 13 da Lei nº 8.620/93 deve ser interpretado em consonância com o artigo 135 do Código Tributário Nacional, o qual dispõe que os diretores, gerentes ou representantes das pessoas jurídicas são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei. Precedentes do STJ. 3. A dissolução irregular da sociedade somente autoriza a desconsideração da personalidade jurídica e a conseqüente substituição da responsabilidade tributária, desde que comprovada por documentos que indiquem o encerramento da empresa. Entendimento desta Sexta Turma. 4. Não existe fundamento legal a autorizar a desconsideração da pessoa jurídica e a conseqüente substituição da responsabilidade tributária, pois não há indícios de paralisação das atividades da empresa de maneira irregular. 5. A insuficiência de bens penhoráveis, por si só, não leva à responsabilização dos sócios gerentes. 6. Agravo de instrumento a que se nega provimento.” (grifouse) (TRF3, 6ª Turma, AI 200903000038090, relator Desembargador Federal LAZARANO NETO, DJE de 07/12/2009. Grifouse). Dessa forma, ausentes os pressupostos de aplicação do art. 135, III, do Código Tributário Nacional, não há que se falar na responsabilização pessoal dos administradores Genésio Téo e Antonio Carlos de Souza, mantendose, por conseguinte, a responsabilidade pelo recolhimento do tributo da fonte pagadora, qual seja, a Funoesc. A propósito, convém citar, a esse respeito, o quanto disposto no Parecer Normativo n.º 01/2002, da Receita Federal do Brasil, afigurandose a reponsabilidade exclusiva da fonte pagadora nas hipóteses nas quais há a retenção do imposto, mas não o seu recolhimento: Fl. 2988DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10925.002068/200900 Acórdão n.º 2101002.036 S2C1T1 Fl. 2.466 10 “IRRF RETIDO E NÃO RECOLHIDO. RESPONSABILIDADE E PENALIDADE. Ocorrendo a retenção e o não recolhimento do imposto, serão exigidos da fonte pagadora o imposto, a multa de ofício e os juros de mora, devendo o contribuinte oferecer o rendimento à tributação e compensar o imposto retido.” Pelas razões expostas, rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva da FUNOESC e acolho as preliminares de ilegitimidade passiva dos administradores ora Recorrentes, Genésio Téo e Antônio Carlos de Souza, para cancelar, em relação a eles, a exigência fiscal. Superado o exame das preliminares de ilegitimidade passiva, passo à análise da preliminar acerca da nulidade do auto de infração por alegada ofensa aos princípios do devido processo legal administrativo, contraditório e ampla defesa, diante da suposta irregularidade na suspensão da imunidade da entidade. Alega a Fundação que “para que pudesse a Secretaria da Receita Federal do Brasil exercer qualquer exigência tributária deveria, previamente, suspender a imunidade da qual a Impugnante é detentora, na forma preconizada pelo art. 32 da Lei n.º 9.430, de 27/12/1996” (fls. 2381). No entanto, equivocase a Recorrente ao considerar o não repasse do IRRF, que retém nos pagamentos que realiza, como consequência da imunidade de que goza. De forma diversa a essa concepção, o repasse do IRRF retido é conditio sine qua non para o gozo da imunidade. Tal entendimento, ainda que não estivesse previsto em lei, é de todo compreensível, já que o IRRF não é imposto diretamente desembolsado pela instituição, mas apenas repassado por esta ao Fisco, diante do desconto na fonte dos pagamentos feitos a terceiros, os quais têm a renda afetada por essa exação. De qualquer maneira, não deixa dúvida a previsão contida nos artigos 15, §3,º e 12, §2º, alínea “f”, da Lei 9.532/1997: “Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (...) § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14.” “Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (...) § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: (...) Fl. 2989DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10925.002068/200900 Acórdão n.º 2101002.036 S2C1T1 Fl. 2.467 11 f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí decorrentes; (...)” Não se nega, como alegado pela Recorrente, que ela tenha o direito a exercer o contraditório e a ampla defesa no processo no qual se questiona eventual inobservância dos requisitos acerca da imunidade, por meio de devido processo legal a ser iniciado pela autoridade competente, se esta entender que algum requisito para fruição de tal benefício foi descumprido. No entanto, o presente processo possui objeto diverso, qual seja, o dever, que possui a Fundação, de repassar para a União o IRRF por ela retido nos pagamentos que realiza. Em suma, o repasse do IRRF é obrigação da Fundação e independe do gozo da imunidade. O não repasse desse tributo, por sua vez, ensejou a presente autuação fiscal, na qual foram observados os princípios do devido processo legal, contraditório e da ampla defesa, razão pela qual rejeito a preliminar suscitada. Por fim, as preliminares arguidas pela FUNOESC referentes (i) à ilegitimidade da União em relação ao Imposto de Renda Retido na Fonte e (ii) aos arts. 157, inc. I, e 158, inc. I, ambos da Constituição, por se confundirem com o mérito do recurso ora em pauta, serão com ele analisadas. Passo, portanto, à análise do mérito. O Imposto de Renda é tributo de competência da União, como previsto no art. 153, inc. III, da Constituição da República. Tanto essa quanto todas as demais competências tributárias, constitucionalmente previstas, são indelegáveis, ou seja, não pode a União transferir para outro ente político a aptidão para instituir o imposto, atribuído a si pela Carta Magna. O texto constitucional prevê, também, alguns casos em que a receita de tributos é destinada a entes diversos daqueles que possuem competência para a instituição das mesmas exações. É o que trazem os arts. 157, inc. I, e 158, inc. I, da Constituição: “Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: I o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; (...).” “Art. 158. Pertencem aos Municípios: I o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; (...).” Esses dispositivos constitucionais preveem o redirecionamento das receitas do imposto sobre a renda incidente na fonte para os Estados, Distrito Federal e Municípios apenas nas hipóteses em que tal imposto incide sobre os rendimentos pagos por estes entes, por suas autarquias e pelas fundações por eles instituídas e mantidas. Fl. 2990DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10925.002068/200900 Acórdão n.º 2101002.036 S2C1T1 Fl. 2.468 12 Frisese: no caso do imposto sobre a renda incidente na fonte sobre pagamentos feitos por fundações, há duas exigências, sem as quais não há autorização constitucional para redirecionamento da receita dessa modalidade de tributo federal: (i) a fundação deve ser instituída pelo ente a ser beneficiado com a receita e (ii) a fundação deve ser mantida por este mesmo ente. No caso sob análise, o Relatório da Atividade Fiscal esclareceu que “Descontada a apropriação efetuada pela Fundação dos valores retidos de IRRF nos seus pagamentos, a participação de recursos públicos para a formação da Receita Total da Funoesc variou dentro de uma amplitude que, no seu ponto máximo (anocalendário 2005) chegou a 4,23% e, no ponto mínimo (anocalendário 1999), atingiu 0,46%. Ninguém consegue manter quem quer que seja provendoo por 13 anos, no máximo, com apenas 4,23% das suas necessidades.” (fl. 58) Essa afirmação baseiase no demonstrativo consolidado dos percentuais de participação de subvenções públicas para a formação da receita total da FUNOESC (fl. 59), o qual não deixa dúvidas, ao contrário do que afirma a Recorrente, de que, ainda que tenha sido instituída pelo Município de Joaçaba, ela não é mantida por este, mas por recursos privados. Dúvida não há, nos autos, de que a Fundação foi instituída pelo Município. E tal instituição deuse por meio da Lei Municipal de Joaçaba n.º 545, de 22/11/1968. No entanto, não é possível concluir pela manutenção da Fundação pelo Município de Joaçaba se este repassou àquela recursos que totalizaram menos de 5% de sua receita total. Com efeito, no período ora sob análise (anoscalendário 2005, 2006, 2007 e 2008), a pequena participação da verba destinada pelo Município no total dos recursos auferidos pela Fundação não implica, de forma alguma, que esta seja mantida por aquele. Disso se extrai, sem dificuldade, que a legitimidade ativa para pleitear o IRRF retido e não repassado é da União e não do Município, como quer a Recorrente, pois aquela tanto possui a competência tributária sobre o imposto em questão, quanto é a destinatária constitucional da receita deste advinda. Quanto a uma possível controvérsia sobre o que se pode entender pelo termo “mantiverem” trazido no texto constitucional supracitado, a Câmara Superior de Recursos Fiscais já se pronunciou, em sede de recurso especial, por meio do Acórdão n.º 9202001.868, proferido nos autos do Processo Administrativo n.º 11516.002953/200612, em 28/11/2011: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE – IRRF Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 ARTIGO 158, INCISO I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. FUNDAÇÃO QUE DEVE SER MANTIDA PELO MUNICÍPIO. RELAÇÃO DE DEPENDÊNCIA QUE NÃO EXISTE. Somente incide o artigo 158, inciso I, da Constituição Federal, se, para além da comprovação da instituição da fundação pelo Município, aquela também é mantida por este. Repasse de valor que se limita a cerca de 5% da receita total da Fundação não configura a relação de manutenção, de dependência exigida pela Constituição Federal.” Fl. 2991DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10925.002068/200900 Acórdão n.º 2101002.036 S2C1T1 Fl. 2.469 13 O voto condutor do acórdão acima, da Relatora Conselheira SUSY GOMES HOFFMANN, acompanhado pela unanimidade dos membros da Câmara, tratou com acuidade a matéria ora objeto de análise, em situação fática muito semelhante à destes autos, como se observa no trecho abaixo transcrito: “Com efeito, a Constituição Federal estabelece que, para além da instituição, o município deve manter financeiramente a Fundação. O artigo 158 não fixa, é verdade, o que se entende pelo vocábulo “mantiverem”. Neste passo, cabe ao intérprete fazêlo, interpretando o texto constitucional (artigo 158, inciso I, CF) de acordo com a finalidade mesmo da Carta Magna, e conforme o sistema constitucional em que se encontra inserido o dispositivo. Como se vê, em direito, não se pode ter interpretação que desborde do sentido razoável da norma. Neste passo, quando a Constituição exige, para a incidência do artigo 158, inciso I, que a fundação tenha sido instituída e seja mantida pelo Município, neste último aspecto, a Carta Magna não se satisfaz com todo e qualquer repasse de verba do Município para a fundação. A exigência constitucional da manutenção da Fundação pelo Município quer revelar que, sem a participação orçamentária ou financeira deste, aquela não pode subsistir por si só. Se a Fundação pode manterse por si própria, em vista da diminuta participação do município, obviamente não se revela presente aquela vinculação, aquela ligação entre fundação e município a ensejar o repasse do produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, sobre rendimentos pagos por aquela Fundação. De fato, devese ressaltar que entre Fundação e Município deve haver, necessariamente, para a incidência da norma constitucional, uma verdadeira relação de dependência, no sentido de que, sem a participação do Município, a Fundação não poderia subsistir. O argumento de que a Constituição Federal não especifica parâmetros objetivos para a aferição do que se entenda por “mantiverem” não pode levar à conclusão de que todo e qualquer repasse de verbas promovido pelo Município implica em manutenção da Fundação. Tal entendimento levaria à possibilidade de aplicação do dispositivo constitucional em situações absurdas. Notese que, quando a Constituição determina que a Fundação deve ser mantida pelo Município, ela não exclui a possibilidade de que aquela possua outras fontes de receita. A Fundação pode ter outras fontes de receita; o que não pode é que tais fontes sejam responsáveis pela sua manutenção, e não o repasse promovido pelo Município. No presente caso, como já mencionado, o valor total do repasse do Município de Tubarão à Unisul representa apenas cerca de 5% do valor total da sua receita. Não se pode dizer, portanto, que a Unisul é mantida pelo Município de Tubarão. A hipotética ausência do repasse promovido pelo Município não importaria a derrocada da Unisul, porque, justamente, não se vislumbra aquela relação de dependência, de manutenção entre o Município de Tubarão e a Unisul.” Fl. 2992DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10925.002068/200900 Acórdão n.º 2101002.036 S2C1T1 Fl. 2.470 14 Foi também nesse exato sentido o Acórdão n.º 10422.179, proferido em 24/01/2007 pela Quarta Câmara do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, em recurso interposto pela própria FUNOESC, no bojo do Processo Administrativo n.º 10925.001182/200581, processo este em que se apurou também matéria idêntica a esta aqui analisada: “PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL NULIDADE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA INOCORRÊNCIA Não estando configurado nos autos qualquer óbice ao pleno exercício por parte do contribuinte do seu direito de defesa, nos termos definidos na legislação, não há falar em nulidade, seja do lançamento, seja da decisão recorrida por cerceamento do direito de defesa. CISÃO PARCIAL RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDARIEDADE Na cisão parcial sociedade cindida e sucessora respondem solidariamente pelas obrigações desta última. FUNDAÇÕES INSTITUÍDAS E MANTIDAS PELO MUNICÍPIO DESTINAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO Considerase que a Fundação é mantida pelo Município quando o custeio de suas atividades dependa, preponderantemente, de recursos providos pelo Poder Público Municipal, ainda que haja contribuição de fontes privadas. Se esta condição não é verificada, o produto do IRRF incidente sobre os rendimentos pagos, a qualquer título, pela Fundação pertence à União e não ao Município.” Segue trecho do voto condutor de tal decisão, proferido pelo Relator Conselheiro GUSTAVO LIAN HADDAD: “No presente caso, conforme relatório de atividade fiscal e documentos de fls. 194 a 291, não se discute que a Recorrente é fundação instituída pelo Município de Joaçaba através da Lei Municipal n.º 545 de 1968, sendo pessoa jurídica de direito privado, com patrimônio próprio, participação de recursos privados e sem fins lucrativos (Lei Municipal 1.637/1990). O Município participa da gestão da entidade, com indicação de membros de seu quadro de gestão. Entendeu a fiscalização, entretanto, que a Recorrente não é fundação “mantida” pelo Município, na medida em que, como demostrado no quadro de fls. 63, menos de 5% de suas receitas, nos períodos objeto da autuação, decorreu de contribuições do Município, sendo o restante advindo de recursos privados, nomeadamente a cobrança de mensalidades dos alunos. A solução da questão passa pelo exame do que seria necessário para caracterizar que o Município de Joaçaba é responsável pela manutenção de determinada fundação municipal por ele instituída (no caso, a Recorrente). Entendo que o verbo “manter”, como utilizado pelo legislador constitucional, deve ser entendido no sentido substancial de “prover do necessário à subsistência” ou, no caso de uma pessoa jurídica como a Recorrente, de prover dos recursos necessários ao seu funcionamento. O sentido sistemático da previsão constitucional parece ser o de que se o Município mantém a fundação, provendo dos recursos para seu funcionamento, faz sentido que a fundação seja tratada, para os fins de repartição do produto da arrecadação do IRFonte, como se fosse o próprio Município, cabendo a este a titularidade dos recursos por ela retidos. Fl. 2993DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10925.002068/200900 Acórdão n.º 2101002.036 S2C1T1 Fl. 2.471 15 Não há, de fato, qualquer óbice à participação de recursos privados no custeio da fundação, como mensalidades, doações, etc. Não obstante, para a aplicação do art. 158, I da CF é necessário que a contribuição do Município seja ainda assim substancial, preponderante, sob pena de se subverter a ratio do dispositivo constitucional.” Nessa mesma linha, diversos outros julgados foram proferidos por este CARF, a exemplo do Acórdão n.º 10417.724 (proferido no Processo Administrativo n.º 13964.000215/9933, pelo Relator Conselheiro NELSON MALLMANN), cuja ementa transcrevo: “FALTA DE RECOLHIMENTO DE IRFON – LANÇAMENTO DE OFÍCIO – COMPETÊNCIA – Sempre que apurarem infração das disposições contidas no Regulamento do Imposto de Renda, os Auditores Fiscais da Receita Federal lavrarão o competente auto de infração, com observância do Decreto n.º 70.235, de 06 de março de 1972, e alterações posteriores, que dispõem sobre o Processo Administrativo Fiscal. PARECER ADMINISTRATIVO – EFICÁCIA – O parecer exarado em relação a uma situação concreta, mas mutável, e que contempla um período determinado, só terá eficácia em relação ao caso a que se refere e no período considerado. IRF – FUNDAÇÕES INSTITUÍDAS E MANTIDAS PELO MUNICÍPIO DESTINAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO – Considerase que a Fundação é mantida pelo Município, quando este destina recursos necessários à subsistência daquela. Se esta condição não é verificada, o produto do IRRF incidente sobre os rendimentos, a qualquer título, pela Fundação pertence à União e não ao Município. MULTA – CARÁTER CONFISCATÓRIO – INOCORRÊNCIA – É inaplicável às penalidades pecuniárias de caráter punitivo o princípio de vedação ao confisco. Recurso Negado.” Logo, um dos requisitos constitucionais exigidos para o produto do IRRF incidente sobre os pagamentos feitos pela FUNOESC reverterse para o Município de Joaçaba está ausente, o que implica a destinação da receita para a própria União, em prol de quem o crédito tributário ora em discussão deve ser mantido. Eis os motivos pelos quais voto no sentido de DAR provimento aos recursos interpostos pelos Recorrentes Genesio Teo e Antonio Carlos de Souza, para acolher a preliminar de ilegitimidade passiva, cancelando, em relação a eles, a exigência fiscal, e NEGAR provimento ao recurso interposto pela Fundação Universidade do Oeste de Santa Catarina – FUNOESC, rejeitando as preliminares argüidas. (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Fl. 2994DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10925.002068/200900 Acórdão n.º 2101002.036 S2C1T1 Fl. 2.472 16 Fl. 2995DF CARF MF Impresso em 08/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 28/01/ 2013 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Numero do processo: 10680.902570/2017-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jun 05 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2013 a 01/09/2014
CONCEITO DE INSUMOS. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE.
São insumos, para efeitos do inciso II do artigo 3º da lei nº 10.637/2002, todos os bens e serviços essenciais ao processo produtivo e á prestação de serviços para a obtenção da receita objeto da atividade econômica do seu adquirente, podendo ser empregados direta ou indiretamente no processo produtivo, cuja subtração implica a impossibilidade de realização do processo produtivo e da prestação do serviço, comprometendo a qualidade da própria atividade da pessoa jurídica.
Desta forma, deve ser estabelecida a relação da essencialidade do insumo (considerando-se a imprescindibilidade e a relevância/importância de determinado bem ou serviço, dentro do processo produtivo, para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pela pessoa jurídica) com o objeto social da empresa, para que se possa aferir se o dispêndio realizado pode ou não gerar créditos na sistemática da não cumulatividade,
Sendo esta a posição do STJ, externada no voto do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, ao julgar o RE nº 1.221.170/PR, em sede de recurso repetitivo, ao qual está submetido este CARF, por força do § 2º do Artigo 62 do Regimento Interno do CARF.
DISPÊNDIOS COM FRETE. FRETE NA TRANSFERÊNCIA DE INSUMOS E DE PRODUTOS EM ELABORAÇÃO OU SEMI ELABORADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA.
A transferência de minérios extraídos de minas para a usina onde será beneficiado para que seja obtido o produto final constitui-se em etapa essencial e imprescindível para a manutenção do processo produtivo, mormente quando se considera a distância que separa as unidades mineradoras da usina e a diversidade de locais onde se situam as minas.
Ademais, é característica da atividade da empresa a produção do próprio insumo, até mesmo como forma se certificar de que não haverá interrupção ou comprometimento do processo produtivo.
Assim, essencial e imprescindível a contratação de frete junto á terceira pessoa jurídica para transferência entre estabelecimentos da mesma empresa, frete este pago em decorrência do transporte de minerais das minas até a usina onde é obtido o produto final, no caso, minério de ferro beneficiado, caracterizando-se este dispêndio como insumo.
Portanto, em sendo insumos, os valores decorrentes da contratação de fretes de transporte de insumos (matérias-primas) e produtos em elaboração ou semi- elaborados entre estabelecimentos da mesma empresa geram créditos da Contribuição ao PIS/Pasep na sistemática não cumulativa.
DISPÊNDIOS COM FRETE. DE PRODUTOS ACABADOS - MINÉRIO DE FERRO JÁ BENEFICIADO DESTINADO Á EXPORTAÇÃO. FRETE NO TRANSPORTE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA EMPRESA E ARMAZÉNS PARA ESTOQUE AGUARDANDO EXPORTAÇÃO E TERMINAIS PORTUÁRIOS PARA EXPORTAÇÃO.
Os dispêndios com frete de produtos já beneficiados e vendidos, ou seja, os minérios beneficiados, já vendidos, cujo transporte é feito para terminais portuários ou mesmo para armazéns com o objetivo de aguardar o embarque para o exterior caracterizam-se como produtos vendidos cujo frete é suportado pelo vendendor, onde o crédito é garantido por dispositivo legal, neste caso, o inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833/2003.
USINA DE MINÉRIO DE FERRO. GASTOS COM INSUMOS NA FASE PRÉ BENEFICIAMENTO.
Diante da essencialidade dos gastos incorridos para pesquisa, preparação do terreno, escavação, extração para obtenção do minério, matéria prima básica da atividade da recorrente, tais gastos devem gerar créditos para a Contribuição do PIS/PASEP e COFINS no sistema da não cumulatividade, por serem essenciais para a obtenção da receita da atividade desenvolvida. Incluem-se nesta fase os gastos com manutenção da infra estrutura das minas.
MINÉRIO DE FERRO. GASTOS COM O BENEFICIAMENTO DO MINÉRIO .
Diante da essencialidade dos gastos incorridos para pesquisa, preparação do terreno, escavação, extração para obtenção do minério, matéria prima básica da atividade da recorrente, tais gastos devem gerar créditos para a Contribuição do PIS/PASEP e COFINS no sistema da não cumulatividade, por serem essenciais para a obtenção da receita da atividade desenvolvida
GASTOS COM INSUMOS POR OBRIGAÇÃO LEGAL
Incluem-se nesse conceito os gastos com consultoria ambiental (com o objetivo de obtenção de licenças ambientais, pesquisas e estudos técnicos são necessários), os gastos com prestação de consultoria e monitoramento de vibração das cavidades naturais existentes no terreno de lavra de minérios, gastos com prestação de serviços de execução e prospecção espeleológica. Não se enquadram nesse conceito os gastos com prestação de serviços de medicina do trabalho e segurança, por serem comuns a todas as empresas, portanto não essencial e relevante para obtenção da receita vinculada a atividade da recorrente
Numero da decisão: 3301-006.102
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar parcial provimento para reverter as glosas referentes: fretes de insumos e produtos semi elaborados entre estabelecimentos da empresa (unidade mineradora e complexo industrial de beneficiamento de minério - usina); fretes com transporte de produtos acabados/beneficiados já destinados à exportação; gastos com insumos na fase de pré-beneficiamento; gastos com o beneficiamento do minério; gastos com insumos por obrigação legal. Vencida a conselheira Liziane Angelotti Meira, que manteve a glosa de fretes entre estabelecimentos.
Assinado digitalmente
Winderley Morais Pereira - Presidente.
Assinado digitalmente
Ari Vendramini- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Ari Vendramini (Relator)
Nome do relator: ARI VENDRAMINI
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REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. São insumos, para efeitos do inciso II do artigo 3º da lei nº 10.637/2002, todos os bens e serviços essenciais ao processo produtivo e á prestação de serviços para a obtenção da receita objeto da atividade econômica do seu adquirente, podendo ser empregados direta ou indiretamente no processo produtivo, cuja subtração implica a impossibilidade de realização do processo produtivo e da prestação do serviço, comprometendo a qualidade da própria atividade da pessoa jurídica. Desta forma, deve ser estabelecida a relação da essencialidade do insumo (considerandose a imprescindibilidade e a relevância/importância de determinado bem ou serviço, dentro do processo produtivo, para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pela pessoa jurídica) com o objeto social da empresa, para que se possa aferir se o dispêndio realizado pode ou não gerar créditos na sistemática da não cumulatividade, Sendo esta a posição do STJ, externada no voto do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, ao julgar o RE nº 1.221.170/PR, em sede de recurso repetitivo, ao qual está submetido este CARF, por força do § 2º do Artigo 62 do Regimento Interno do CARF. DISPÊNDIOS COM FRETE. FRETE NA TRANSFERÊNCIA DE INSUMOS E DE PRODUTOS EM ELABORAÇÃO OU SEMI ELABORADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. A transferência de minérios extraídos de minas para a usina onde será beneficiado para que seja obtido o produto final constituise em etapa essencial e imprescindível para a manutenção do processo produtivo, mormente quando se considera a distância que separa as unidades mineradoras da usina e a diversidade de locais onde se situam as minas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 90 25 70 /2 01 7- 34 Fl. 968DF CARF MF 2 Ademais, é característica da atividade da empresa a produção do próprio insumo, até mesmo como forma se certificar de que não haverá interrupção ou comprometimento do processo produtivo. Assim, essencial e imprescindível a contratação de frete junto á terceira pessoa jurídica para transferência entre estabelecimentos da mesma empresa, frete este pago em decorrência do transporte de minerais das minas até a usina onde é obtido o produto final, no caso, minério de ferro beneficiado, caracterizandose este dispêndio como insumo. Portanto, em sendo insumos, os valores decorrentes da contratação de fretes de transporte de insumos (matériasprimas) e produtos em elaboração ou semi elaborados entre estabelecimentos da mesma empresa geram créditos da Contribuição ao PIS/Pasep na sistemática não cumulativa. DISPÊNDIOS COM FRETE. DE PRODUTOS ACABADOS MINÉRIO DE FERRO JÁ BENEFICIADO DESTINADO Á EXPORTAÇÃO. FRETE NO TRANSPORTE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA EMPRESA E ARMAZÉNS PARA ESTOQUE AGUARDANDO EXPORTAÇÃO E TERMINAIS PORTUÁRIOS PARA EXPORTAÇÃO. Os dispêndios com frete de produtos já beneficiados e vendidos, ou seja, os minérios beneficiados, já vendidos, cujo transporte é feito para terminais portuários ou mesmo para armazéns com o objetivo de aguardar o embarque para o exterior caracterizamse como produtos vendidos cujo frete é suportado pelo vendendor, onde o crédito é garantido por dispositivo legal, neste caso, o inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833/2003. USINA DE MINÉRIO DE FERRO. GASTOS COM INSUMOS NA FASE PRÉ BENEFICIAMENTO. Diante da essencialidade dos gastos incorridos para pesquisa, preparação do terreno, escavação, extração para obtenção do minério, matéria prima básica da atividade da recorrente, tais gastos devem gerar créditos para a Contribuição do PIS/PASEP e COFINS no sistema da não cumulatividade, por serem essenciais para a obtenção da receita da atividade desenvolvida. Incluemse nesta fase os gastos com manutenção da infra estrutura das minas. MINÉRIO DE FERRO. GASTOS COM O BENEFICIAMENTO DO MINÉRIO . Diante da essencialidade dos gastos incorridos para pesquisa, preparação do terreno, escavação, extração para obtenção do minério, matéria prima básica da atividade da recorrente, tais gastos devem gerar créditos para a Contribuição do PIS/PASEP e COFINS no sistema da não cumulatividade, por serem essenciais para a obtenção da receita da atividade desenvolvida GASTOS COM INSUMOS POR OBRIGAÇÃO LEGAL Incluemse nesse conceito os gastos com consultoria ambiental (com o objetivo de obtenção de licenças ambientais, pesquisas e estudos técnicos são necessários), os gastos com prestação de consultoria e monitoramento de vibração das cavidades naturais existentes no terreno de lavra de minérios, gastos com prestação de serviços de execução e prospecção espeleológica. Não se enquadram nesse conceito os gastos com prestação de serviços de medicina do trabalho e segurança, por serem comuns a todas as empresas, portanto não essencial e relevante para obtenção da receita vinculada a atividade da recorrente Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 969DF CARF MF Processo nº 10680.902570/201734 Acórdão n.º 3301006.102 S3C3T1 Fl. 969 3 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar parcial provimento para reverter as glosas referentes: fretes de insumos e produtos semi elaborados entre estabelecimentos da empresa (unidade mineradora e complexo industrial de beneficiamento de minério usina); fretes com transporte de produtos acabados/beneficiados já destinados à exportação; gastos com insumos na fase de prébeneficiamento; gastos com o beneficiamento do minério; gastos com insumos por obrigação legal. Vencida a conselheira Liziane Angelotti Meira, que manteve a glosa de fretes entre estabelecimentos. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Presidente. Assinado digitalmente Ari Vendramini Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Ari Vendramini (Relator) Relatório 1. Os presentes autos tiveram origem em procedimento de fiscalização para verificação dos créditos da não cumulatividade, relativos a receitas de exportação, objetos dos PER – PEDIDOS ELETRÔNICOS DE RESSARCIMENTO, aqui relacionados, da Contribuição para o PIS/PASEP NÃO CUMULATIVA e da COFINS NÃO CUMULATIVA. Vinculados a tais PER estavam Declarações de Compensação DCOMPs, também transmitidas eletronicamente pela ora recorrente, sendo que para cada PER foi vinculado um processo administrativo, como demonstrado na tabela. Nestes autos, a recorrente transmitiu a PER n° 135395811716081311082730, visando o ressarcimento de direito creditório, decorrente da/o PIS não cumulativo exportação, do 2 TRIM 2013, no valor de R$ 207.896,20, vinculando a ele diversas DCOMP's PIS/PASEP NÃO CUMULATIVA PERÍODO DE APURAÇÃO PER Nº PROCESSO ADM Nº 1º TRIM 2013 07863.33572.140613.1.1.081944 10680.902569/201718 2º TRIM 2013 13539.58117.160813.1.1.082730 10680.902570/201734 1º TRIM 2014 17839.05923.270614.1.1.087016 10680.904482/201777 2º TRIM 2014 10601.11364.141014.1.1.080400 10680.904485/201719 3º TRIM 2014 23840.16224.091214.1.1.085643 10680.904486/201755 COFINS NÃO CUMULATIVA PERÍODO DE APURAÇÃO PER Nº PROCESSO ADM Nº 1º TRIM 2013 22860.92415.140613.1.1.090419 10680.902568/201765 Fl. 970DF CARF MF 4 2º TRIM 2013 27279.46428.160813.1.1.097390 10680.902571/201789 1º TRIM 2014 38881.14812.270614.1.1.097662 10680.904483/201711 2º TRIM 2014 20115.88267.141014.1.1.094906 10680.904484/201766 3º TRIM 2014 41431.13586.091214.1.1.090731 10680.904487/201708 2. Dos trabalhos de fiscalização foram formalizados os lançamentos por autos de infração, por descumprimento da legislação de regência dos tributos, sendo glosados os créditos apurados, sob a fundamentação constante do Termo de Verificação Fiscal e tabelas anexas de fls. 89/116, constantes destes autos digitais. Estes autos de infração são o objeto dos presentes autos, tendo como reflexos os processos a estes apensados. 3. Por economia processual e por bem descrever os fatos, adotamos o relatório do Acórdão da DRJ/JUIZ DE FORA, combatido nestes autos pela recorrente : Tratase de autos de infração lavrados contra a empresa acima identificada, em que foram lançados Cofins, no valor principal de R$ 6.483.588,64, e PIS, no valor principal de R$ 1.407.621,21, acompanhados de juros de mora (calculados até 06/2017) e multa de ofício 75%. O valor consolidado do crédito tributário corresponde a R$ 17.104.745,37. Na “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, que acompanha os autos de infração, a infração apurada está assim discriminada: Foi emitido Termo de Verificação Fiscal (TVF) para um conjunto de PER, abaixo relacionados, em função de procedimento de fiscalização do cumprimento das obrigações tributárias, pelo contribuinte acima identificado, relativas aos créditos das contribuições para o PIS e para a COFINS, pelo regime não cumulativo: O TVF traz que: // PROCEDIMENTOS INICIAIS DE FISCALIZAÇÃO (...) /// FUNDAMENTAÇÃO LEGAL UTILIZADA (...) IV DOS FATOS APURADOS (...) Com base nas informações prestadas pelo contribuinte, em cotejo com o seu processo produtivo, passamos a examinar os insumos empregados na produção. Desta análise, constatamos erro na adoção do conceito de insumos e, consequentemente, na amplitude da base de cálculo dos créditos com direito a dedução/ressarcimento na apuração de PIS e COFINS na modalidade não cumulativa. Como já descrito, a legislação de regência não assegura o direito de apurar crédito sobre todo e qualquer custo, despesa ou encargo, ainda que necessário à atividade da pessoa jurídica. Para serem considerados insumos, os bens e os serviços devem ser aplicados ou consumidos durante a fabricação do produto ou a prestação do serviço e, com relação aos serviços, prestados por pessoas jurídicas domiciliadas no País. Concluise que a condição imposta para o aproveitamento dos créditos é a aplicação ou consumo, tanto de serviços quanto Fl. 971DF CARF MF Processo nº 10680.902570/201734 Acórdão n.º 3301006.102 S3C3T1 Fl. 970 5 de bens, durante o processo produtivo de bem destinado à venda ou à prestação de serviços. Logo, o termo insumo não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gere custo/despesa, como pretendeu o contribuinte, mesmo que necessário para a atividade da pessoa jurídica, mas somente o que efetivamente se aplicou ou consumiu diretamente na produção ou fabricação do produto destinado à venda. Assim, elaboramos planilhas:(Anexos I, II, III, IV e V), que passam a fazer parte integrante deste termo, para demonstrar todo procedimento adotado na presente ação fiscal e, sobretudo, elencar os bens ou serviços que, embora utilizados pelo contribuinte, devido às restrições impostas pela legislação de regência, não foram considerados como insumos e, portanto, tiveram os respectivos créditos glosados. Não obstante, citamos e fazemos referências ao conteúdo de cada anexo, conforme segue: Anexo I DEMONSTRATIVO FORNECEDORES E OPERAÇÕES OBJETO DE GLOSA. Planilha relacionando os fornecedores de produtos ou serviços, na primeira coluna, e a descrição dos produtos ou serviços, os quais foram desconsiderados por esta fiscalização para efeito de geração de crédito(GLOSA), na segunda coluna. Como pode ser constatado, na supramencionada planilha, são produtos ou serviços que não participam diretamente do processo produtivo do contribuinte: extração e processamento do minério de ferro. Minério de ferro que é o produto final, que é o objeto de venda e que enseja débito de PIS/COFINS, a ser compensado com os respectivos créditos. Em que pese serem produtos e serviços úteis, tais como: consultorias ambientais e outras, abertura e conservação de acessos, projetos, serviço de limpeza e apoio administrativo, serviço de despacho aduaneiro, obras de infra estrutura, movimentação interna de produtos e rejeitos e transporte em território nacional, de mercadoria destinada à exportação. Cabe destacar aqui, pela relevância, as operações de transporte ou remoção de produtos, subprodutos ou rejeitos. Tais operações são posteriores ao processo produtivo, afastando o conceito de insumos, necessário para considerálas como geradores de crédito. Quanto ao transporte de produtos acabados, ou seja, após o término do processo produtivo, independente se entre o local de produção até o estoque, bem como do estoque até o armazém portuário para futuro embarque, essas operações não estão contempladas como ensejadoras de crédito. Anexo II DEMONSTRATIVO BASE CÁLCULO GLOSAS Planilha com totalizações mensais de valores das operações e respectivos fornecedores, que foram objeto de glosa. Anexo III DEMONSTRATIVO CÁLCULO GLOSAS CRÉDITO Planilha que se inicia com os totais das bases de cálculo, demonstrados no anexo II, e que segue com o cálculo das Fl. 972DF CARF MF 6 contribuições (PIS/COFINS) glosadas, rateadas na proporção das receitas auferidas no mercado interno e mercado externo. Anexo IV DEMONSTRATIVO APURAÇÃO, DEDUÇÕES E CONTROLE DO SALDO POSITIVO. Planilha com os cálculos dos débitos e créditos mensais bem como a demonstração das deduções e dos saldos dc cada contribuição. Anexo V DEMONSTRATIVO SALDOS NEGATIVOS DE CRÉDITO, LANÇADOS EM AUTO DE INFRAÇÃO. Demonstração do crédito apurado na fiscalização (coluna D), que foi o resultado entre o crédito apurado pelo contribuinte (coluna B) e os valores dos créditos glosados (coluna C), rateado na proporção das receitas do mercado interno e mercado externo (co!unas E a H). Finalmente foram discriminadas as deduções utilizadas pelo contribuinte (coluna I), para se chegar nos valores negativos de créditos, que foram objeto de lançamento por meio de lavratura de Auto de Infração(coluna J). Tais valores foram o resultado do crédito apurado pelo contribuinte, diminuído das glosas e das deduções efetuadas pelo contribuinte(B C 1 ). V— CONCLUSÃO Em função do presente trabalho e decorrente das glosas demonstradas, considerando as deduções já efetuadas, ao contrário da pretensão do contribuinte, restou saldo a recolher de PIS/COFINS, cujos valores foram objeto de lançamento por meio de Auto de Infração. Este relatório é comum às contribuições para o PIS e para a COFINS não cumulativas e aos Per/Dcomp do período fiscalizado, tendo em vista os mesmos elementos de prova e análise. A empresa apresenta impugnação, na qual alega que: II DOS FATOS (...) Nos termos autorizados pela legislação regente, a Manifestante acumula créditos de referida Contribuição, uma vez que realiza exportações do produto por ela explorado (minério de ferro) e, em virtude disto, regularmente apresenta, perante a Receita Federal do Brasil em Belo Horizonte MG, Pedidos de Ressarcimento daquelas contribuições. (...) Entretanto, a Fiscalização não acatou os créditos apropriados pela Manifestante,digase desde já, por desconhecimento da atividade desenvolvida, em especial no que tange ao processo produtivo empregado para a consecução do seu objeto social. Neste ponto, importante esclarecer que, paralelamente a análise do PER/DCOMP em questão, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Belo Horizonte MG levou a efeito procedimento de fiscalização em face da Manifestante que culminou na lavratura dos Autos de Infração assentados no Processo Administrativo Tributário de n° 15504.724.382/201713. Desta forma, naquela oportunidade, restaram constituídos créditos tributários da Contribuição ao PIS e da COFINS, referentes aos exercícios de 2013 e 2014 período de apuração que engloba o objeto do presente feito utilizandose para tanto, Fl. 973DF CARF MF Processo nº 10680.902570/201734 Acórdão n.º 3301006.102 S3C3T1 Fl. 971 7 dos mesmos argumentos usados por este Fisco para a não homologação do Pedido de Ressarcimento em análise. Por conseguinte, necessário se faz o apensamento daquele processo administrativo (n° 15504,724.382/201713) ao presente feito, para que não haja o risco de serem prolatadas decisões divergentes para demandas que possuem o mesmo objeto. (...) II.1 DA ATIVIDADE DE EXTRAÇÃO E BENEFICIAMENTO DO MINÉRIO DE FERRO E DOS PRINCIPAIS INSUMOS UTILIZADOS, (...) Fase 01 Extração Nesta fase, é promovida a extração do minério de ferro na forma de material bruto, também chamado de minério "ROM" (run of mine) que será executada, principalmente, por meio de explosivos, retroescavadeiras e tratores. Logo após, é feito o carregamento dos caminhões que transportarão o minério (ROM) até a planta de beneficiamento (usina), uma vez que a área onde o minério é extraído encontra se distante do local onde ocorrem os processos de beneficiamento. Fase 02 Beneficiamento (...) 2.1 Britagem (...) 2.2 Concentração (...) Fase 03 Transporte Finalizado o tratamento na Usina, o minério de ferro será transportado até o Estoque de Produtos, de onde será levado por caminhões para o terminai ferroviário. No terminal, o minério será carregado em trens e levado até os portos via estrada férrea. Após chegar ao Porto, finalmente é embarcado em navios e exportado para o comprador destinatário. (...) III DO DIREITO DO REAL CONCEITO DE INSUMO (...) Contudo, a Fiscalização Federal, ao não reconhecer os créditos da Manifestante, restringiu a compreensão do conceito de insumo para fins da não cumulatividade da Contribuição ao PIS, deixando, assim, de homologar os créditos solicitados para ressarcimento no PER/DCOMP objeto deste processo administrativo. A bem da verdade, o que fez a Fiscalização foi estabelecer uma analogia direta entre o conceito de insumo para a sistemática da Contribuição ao PIS e da COFINS nãocumulativas com o conceito de insumo adotado para o IPI, cujo pressuposto de fato reside na industrialização de produtos, e cuja não cumulatividade em nada se assemelha à aplicada à Contribuição do PIS e da COFINS, que tem como pressuposto Fl. 974DF CARF MF 8 de fato a receita, isso porque, o conceito de insumo adotado pela Fiscalização admite como insumos geradores de crédito apenas as despesas com matérias primas, materiais de embalagem e produtos intermediários que se incorporem ao produto final ou, pelo menos, desgastamse peio contato físico com o produto em fabricação,desconsiderando, inclusive, que o regime da não cumulatividade é voltado não apenas a produtores de bens, mas também prestadores de serviços, que não lidam com despesas dessa natureza. Porém, tal conceito é muito restrito para fins de preservar a não cumulatividade do PIS e da COFINS. É que, tratandose de tributo direto que incide sobre a totalidade das receitas auferidas pela empresa, impõese que se permita a apuração de créditos relativamente a todas as despesas realizadas junto a pessoas jurídicas sujeitas à Contribuição, necessárias à obtenção de receita. Assim, em matéria de PIS e COFINS não há como limitarse à idéia de crédito físico, porquanto essas contribuições não se baseiam nas despesas necessárias para a produção ou fabricação de um produto, mas sim nas despesas necessárias para a geração de receita. Discorre sobre o tema, trazendo acórdãos do CARF e decisões na esfera judicial e finaliza: Vêse, pois, que devem ser considerados como insumos que ensejam a apuração de créditos, os gastos relativos a serviços e bens, cuja aquisição configure dispêndio essencial à exploração da atividade da pessoa jurídica. (...) III2 DA EXISTÊNCIA DOS CRÉDITOS INFORMADOS PELA MANIFESTANTE. III2.1 DOS BENS E SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS Segundo as alegações da Fiscalização, a Manifestante não faz jus ao crédito de PIS sobre alguns bens e serviços utilizados como insumos, sob a alegação de que não foram consumidos diretamente na extração e produção do minério de ferro (lista em anexo). Citase, como exemplo, alguns bens e serviços glosados. • Transporte de minério de ferro dos terminais até o porto. • Transporte de minério de ferro dos terminais até o terminal ferroviário. • Serviço de remoção e transporte de finos de minério, produtos e rejeitos. • Obras de infraestrutura de mina (drenagem das minas e abertura de acessos) e operações com caminhão pipa, para captação e transporte de água. • Serviços de terraplanagem, bacias de sedimentação e drenagem, • Manutenção e limpeza manual e mecanizada das instalações industriais. • Consultoria ambiental. • Serviços de perícia técnica relacionados à segurança do trabalho. Na verdade, conforme já exposto em tópico específico, a Fiscalização entendeu por bem limitar o conceito de insumo para fins de observância à nãocumulativtdade da Contribuição ao PIS e da COFINS, considerando apenas o crédito físico, ou Fl. 975DF CARF MF Processo nº 10680.902570/201734 Acórdão n.º 3301006.102 S3C3T1 Fl. 972 9 seja, apenas os bens e serviços que se exaurem no contato físico com o produto em fabricação. No entanto, sob pena de inviabilizar a nãocumulatividade eleita pelo legislador ordinário, o limite até aonde se pode considerar uma despesa como insumo é a capacidade do insumo em gerar receita para a empresa. Repisase: devem ser considerados como insumos que ensejam a apuração do crédito os gastos relativos a bens e serviços, cuja aquisição configure dispêndio essencial à exploração da atividade da pessoa jurídica. (...) III.2.2 DOS TRANSPORTES DO MINÉRIO DE FERRO. (...) Vêse que o inciso IX do dispositivo legal supracitado, admite expressamente o creditamento relativo aos custos com armazenagem de mercadorias e com fretes na operação de vendas contratados junto a pessoas jurídicas e desde que suportados pelo vendedor. Neste sentido, a interpretação sistemática da legislação é a que se impõe no caso, pois tratase de matéria a ser examinada sob a luz da nãocumulatividade da Contribuição ao PIS e da COFINS, e não propriamente sob a luz de exclusões de crédito tributário. Assim sendo, o referido inciso IX é extensivo aos bens e serviços previstos no inciso II do mesmo artigo, o qual prevê o direito ao crédito dos bens e serviços necessários à consecução das atividades da empresa. No caso das atividades desempenhadas pela Manifestante, é indispensável o transporte de minério de ferro bruto, retirado das suas minas, que é um produto ainda em elaboração, para a planta de beneficiamento, local em que o processo produtivo será concluído. Ainda, com relação ao serviço de transporte do produto acabado entre estabelecimentos ou centros de distribuição, também não há dúvidas quanto à sua essencialidade. Sem esses transportes, a Manifestante nunca conseguiria vender os seus produtos, independentemente se no mercado interno ou externo. (...) III.2.2.1 Toniolo Busnello S.A Túneis Terraplanagens e Pavimentação Conforme contratos anexados, a empresa Toniolo Busnello prestava à Manifestante o serviço de carregamento de minério "ROM" run of mine, que é o minério bruto recém retirado da mina, até a Usina em que era beneficiado. Sem este transporte inicial, não se poderia realizar o beneficiamento do minério, interrompendo sua cadeia produtiva logo no início e, assim, inviabilizando o objeto social da MMX Sudeste Mineração S/A, Destarte, é incontroverso que o transporte realizado pela Toniolo Busnello compõe a cadeia produtiva empreendida pela Manifestante, sendo considerado insumo nos termos da legislação que rege a Contribuição ao PIS e a COFINS no regime nãocumulativo.(...) III.2.2.2 Mecma No período entre 2011 e 2014, a Mecma Terraplanagem e Locação de Equipamentos foi responsável pelo transporte do Fl. 976DF CARF MF 10 minério já beneficiado até o Estoque, onde eram fechados os lotes a depender dos pedidos e especificações de cada cliente. (...) III.2.2.3 Rodoreal Transportes Ltda ME A empresa Rodoreal Transportes Ltda ME realizava, às expensas da Manifestante, o transporte dos lotes de minério desde o Estoque até o terminal ferroviário. É que, após a separação do minério de ferro em lotes, de acordo com a especificação do produto, que se dá no Estoque, a Manifestante, para realizar a venda do produto, precisa transportálo até os terminais ferroviários, onde estão localizados os trens que irão escoar a sua produção até o porto. Neste ponto, importante salientar que o transporte realizado até o terminal ferroviário também se enquadra, como demonstrado, na hipótese descrita pelo inciso IX do art. 3o da Lei n° 10.833, de 2003, já que a operação realizada peia Rodoreal constitui, nas palavras da lei, "frete na operação de venda", cujo custo foi inteiramente suportado pela Manifestante, conforme contratos anexos. Por consequência, o valor do serviço deve gerar créditos da nãocumulatividade nos termos da legislação regente. III.2.2.4 Terminal Serra Azul Ltda. Conforme notas fiscais anexas (juntadas por amostragem), a empresa Terminal Serra Azul Ltda" era responsável pela armazenagem dos lotes de minério e, posteriormente, pelo carregamento dos trens que realizam o transporte do produto comercializado pela Manifestante até o Porto. Assim sendo, sua atividade compõe a cadeia de frete para venda, enquadrandose no conceito descrito peio inciso IX do art. 3o da Lei n° 10.833/03, gerando crédito da não cumulatividade a serem apropriados pela Manifestante. III.2.2.5 MRS Logística S/A Por sua vez, a empresa MRS Logística S/A era a responsável por transportar, via estrada de ferro, os lotes minerais, destinados à exportação, até o Porto onde seriam embarcados nos navios de carga. Da mesma forma que os estágios anteriores, esta fase compõe a cadeia contínua de frete para a venda, pois se fosse omitida, seria impossível que a Manifestante realizasse a venda ou exportação de sua produção. Mais uma vez, cumpre salientar que todo o custo deste transporte era suportado pela Manifestante, atraindo, sem dúvida, a incidência da regra do inciso IX do art. 3o da Lei n° 10.833, de 2003, que determina que os custos envolvidos na armazenagem e frete para venda gerem créditos, caso da Manifestante. (...) III.2.3 DOS SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE INFRAESTRUTURA DE MINA. (...) Ora, para que seja extraído o minério de ferro, é essencial que se tenha acesso às minas. Do contrário, a Manifestante sequer terá condições de iniciar suas atividades. (..) Fl. 977DF CARF MF Processo nº 10680.902570/201734 Acórdão n.º 3301006.102 S3C3T1 Fl. 973 11 Por certo, é entendimento pacificado que a compreensão do conceito de insumo para a nãocumulatividade da Contribuição ao PIS e da COFINS deve ser mais abrangente, abarcando os serviços por sua essencialidade ao processo produtivo. (...) III.2.3.1 Transportes Sarzedo Ltda TSL Como fica claro nos contratos aqui anexos, a Transportes Sarzedo Ltda – TSL realizava obras de manutenção de infraestrutura, tais como limpeza e desassoreamento de barragens de rejeito de propriedade da Manifestante, (...) III.2.3.2 Toniolo Busnello S.A Túneis Terraplanagens e Pavimentação Em concomitância às atividades de transporte de minério "ROM", a Toniolo realizava, também, serviços de infraestrutura de barragens, como o alteamento de barragem (contrato anexo), que consiste no reforço das laterais e aumento da altura de uma determinada barragem de rejeitos. III.2.3.3 ~ Skavaminas Mineração, Construção e Transportes Ltda. A empresa Skavaminas operava as obras de manutenção e estruturação direta de minas, realizando, nos termos do contrato anexado, serviços como abertura e manutenção de acessos, a drenagem e a limpeza das minas. É o relatório 4. Decidindo a matéria impugnada, a DRJ/JUIZ DE FORA exarou o Acórdão assim ementado: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/01/2013 a 01/09/2014 APENSAÇÃO DE PROCESSOS. A apensação de processos segue, no âmbito da RFB, as hipóteses previstas em norma administrativa específica, dentre elas: processo que analisa o ressarcimento do PIS/Cofins não cumulativo exportação com o processo referente ao lançamento de ofício dele decorrente. GLOSA DE CRÉDITOS. PIS/COFINS NÃO CUMULATIVO. EXPORTAÇÃO Se a glosa de créditos efetivada pelo Fisco resulta em contribuição a pagar, mostrase correto o lançamento realizado. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido 5. Inconformado com tal decisão, o requerente apresentou Recurso Voluntário, onde traz, como razões de defesa os mesmos fundamentos e argumentos apresentados na Manifestação de Inconformidade dirigida á DRJ, requerendo ao final que seja provido o recurso voluntário para que seja reformada a decisão combatida, cancelandose, por consequencia, na totalidade, o auto de infração constante destes autos e qualquer determinação dele decorrente. 6. Os autos foram então a mim distribuídos para relatar. Fl. 978DF CARF MF 12 É o relatório. Voto Conselheiro Ari Vendramini 7. A contenda no presente caso gira em torno da possibilidade de serem considerados como insumos os dispêndios incorridos no processo produtivo da recorrente, em sendo considerados insumos, se estes podem originar créditos a serem utilizados como determina a legislação da Contribuição ao PIS/Pasep e da COFINS, na sistemática da não cumulatividade. DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELA RECORRENTE 8. No caso aqui em exame, tratase de empresa que desenvolve, como principal atividade econômica que engloba toda a cadeia de mineração, dentre outras atividades, sendo que ás fls. 153/174 dos autos digitais encontrase cópia de Ata de Assembleia Geral Extraordinária, realizada em 28/04/2016, onde se encontra o Estatuto Social da recorrente. No Artigo 3 do Capítulo I deste Estatuto está estabelecido o seu objeto social : Artigo 3º. A Companhia tem por objeto a indústria e comércio de minérios em geral, em todo o território nacional, compreendendo a pesquisa, lavra e beneficiamento; a prestação de serviços geológicos; a importação, exportação e comércio de produtos minerais, químicos e industriais; as atividades de transporte e de operação portuária de navegação; a comercialização de produtos primários e/ou industrializados (commodities), no mercado interno e externo; bem como a participação no capital de outras sociedades simples ou empresárias, qualquer que seja o objeto social. Para atender ao objeto social da Companhia, esta poderá constituir subsidiárias sob qualquer forma societária. 9. Os seguintes trechos extraídos do texto do Recurso Voluntário apresentado ajudam a delinear as atividades desenvolvidas pela recorrente : fls. 1.418 dos autos digitais : Assim sendo, para entender a essencialidade de cada bem ou serviço é imprescindível rememorar o processo produtivo empreendido pela Recorrente, processo este retratado no esquema fase a fase, a seguir: Fase 01 — Extração Nesta fase, é promovida a extração do minério de ferro na forma de material bruto, também chamado de minério "ROM" (run of mine) que será executada,principalmente, por meio de explosivos, retroescavadeiras e tratores. Logo após, é feito o carregamento dos caminhões que transportarão o minério (ROM) até a planta de beneficiamento (usina), uma vez que a área onde o minério é extraído encontrase distante do local onde ocorrem os processos de beneficiamento. Fase 02 — Beneficiamento Fl. 979DF CARF MF Processo nº 10680.902570/201734 Acórdão n.º 3301006.102 S3C3T1 Fl. 974 13 Na Usina, ocorrem diversos processos de beneficiamento que podem sintetizar, grosseiramente, em: 2.1 — Britagem A britagem corresponde ao primeiro estágio mecânico de fragmentação de minérios. O controle da britagem é feito pelas operações de peneiramento. Isso significa que o minério que não atingiu o tamanho adequado deve retornar para ser fragmentado mais uma ou duas vezes. Em conjunto com a fragmentação,ocorre a classificação das partículas de minério por tamanho. 2.2— Concentração Tem como objetivo distinguir o minério valioso, chamado de concentrado, e o descartável, conhecido como rejeito. Através de diferentes processos de concentração como a "jigagem" ou a separação magnética, o minério é separado e classificado em lotes diferenciados de acordo com a demanda dos compradores, a depender do fim a que se destinam os lotes. Neste momento, são realizadas diversas análises para atestar a qualidade dos lotes. Fase 03 Transporte Finalizado o tratamento na Usina, o minério de ferro será transportado até o Estoque de Produtos, de onde será levado por caminhões para o terminal ferroviário. No terminal, o minério será carregado em trens e levado até os portos via estrada férrea. Após chegar ao Porto, finalmente é embarcado em navios e exportado para o comprador destinatário. O CONCEITO DE INSUMOS NA SISTEMÁTICA DA NÃO CUMULATIVIDADE PARA A CONTRIBUIÇÃO AO PIS/PASEP E A COFINS. 10. Tema polêmico que vem sendo enfrentado desde o surgimento do Princípio da Não Cumulatividade para as contribuições sociais, instituído no ordenamento jurídico pátrio pela Emenda Constitucional nº 42/2003, que adicionou o § 12 ao artigo 95 da Constituição Federal, onde se definiu que os setores de atividade econômica que seriam atingidos pela nova e atípica sistemática da não cumulatividade seriam definidos por legislação infraconstitucional, diferentemente da sistemática de não cumulatividade instituída para os tributos IPI e ICMS, que já está definida no próprio texto constitucional. Portanto, a nova sistemática seria definida por legislação ordinária e não pelo texto constitucional, estabelecendo a Carta Magna que a regulamentação desta sistemática estaria a cargo do legislador ordinário. 11. Assim, a criação da sistemática da não cumulatividade para a Contribuição para o PIS/Pasep se deu pela Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002, onde o Inciso II do seu artigo 3º autoriza a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados á venda. 16. Mais tarde, muitos textos legais surgiram para instituir novos créditos, inclusive presumidos, para serem utilizados sob diversas formas : dedução do valor das contribuições devidas, apuradas ao final de determinado período, compensação do saldo acumulado de créditos com débitos titularizados pelo adquirente dos insumos e até ressarcimento, em, espécie, do valor do saldo acumulado de créditos, na impossibilidade ser utilizados nas formas anteriores. Fl. 980DF CARF MF 14 17. Por ser o órgão governamental incubido da administração, arrecadação e fiscalização da Contribuição ao PIS/Pasep, a Secretaria da Receita Federal expediu a Instrução Normativa de nº 247/2002, onde informa o conceito de insumos passíveis de creditamento pela Contribuição ao PIS/Pasep, sendo que a definição de insumos adotada pelo ato normativo foi considerada excessivamente restritiva, pois aproximouse do conceito de insumo utilizado pela sistemática da não cumulatividade do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, estabelecido no artigo 226 do Decreto nº 7.212/2010 – Regulamento do IPI , pois definia que o creditamento seria possível apenas quando o insumo for efetivamente incorporado ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, sofrendo desgaste pelo contato com o produto a ser atingido ou com o próprio processo produtivo, ou seja, para que o bem seja considerado insumo ele deve ser matériaprima, produto intermediário, material de embalagem ou qualquer outro bem que sofra alterações tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas. 18. Consideramse, também, os insumos indiretos, que são aqueles não envolvidos diretamente no processo de produção e, embora frequentemente também sofram alterações durante o processo produtivo, jamais se agregam ao produto final, como é o caso dos combustíveis. 19. Mais tarde, evoluiuse no estudo do conceito de insumo, adotandose a definição de que se deveria adotar o parâmetro estabelecido pela legislação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, que tem como premissa os artigos 290 e 299 do Decreto nº 3.000/1999 – Regulamento do Imposto de Renda, onde se poderia inserir como insumo todo e qualquer custo da pessoa jurídica com o consumo de bens e serviços integrantes do processo de fabricação ou da prestação de serviços como um todo. A doutrina e a jurisprudência concluíram que tal procedimento alargaria demais o conceito de insumo, equiparandoo ao conceito contábil de custos e despesas operacionais que envolve todos os custos e despesas que contribuem para atividade da empresa, e não apenas a sua produção, o que provocaria uma distorção na legislação instituidora da sistemática. 20. Reforçam estes argumentos na medida em que, ao se comparar a sistemática da não cumulatividade para o IPI e o ICMS e a sistemática para a Contribuição ao PIS/Pasep, verificase que a primeira tem como condição básica o destaque do valor do tributo nas Notas Fiscais de aquisição dos insumos, o que permite o cotejo destes valores com os valores recolhidos na saída do produto ou mercadoria do estabelecimento adquirente dos insumos, tendose como resultado uma conta matemática de dedução dos valores recolhidos a saída do produto ou mercadoria contra os valores submetidos na entrada dos insumos, portanto os valores dos créditos estão claramente definidos na documentação fiscal dos envolvidos, adquirentes e vendedores. 21. Em contrapartida, a sistemática da não cumulatividade da Contribuição ao PIS/Pasep criou créditos, por intermédio de legislação ordinária, que tem alíquotas variáveis, assumindo diversos critérios, que, ao final se relacionam com a receita auferida e não com o processo produtivo em si, o que trouxe a discussão de que os créditos estariam vinculados ao processo de obtenção da receita, seja ela de produção, comercialização ou prestação de serviços, trazendo uma nova característica desta sistemática, a sua atipicidade, pois os créditos ou valor dos tributos sobre os quais se calculariam os créditos, não estariam destacados nas Notas Fiscais de aquisição de insumos, o que dificultaria a sua determinação. 22. Portanto, haveria que se estabelecer um critério para a conceituação de insumo, nesta sistemática atípica da não cumulatividade das contribuições sociais. Fl. 981DF CARF MF Processo nº 10680.902570/201734 Acórdão n.º 3301006.102 S3C3T1 Fl. 975 15 23. Há algum tempo vem o CARF pendendo para a idéia de que o conceito de insumo, para efeitos os Inciso II do artigo 3º da lei nº 10.637/2002, deve ser interpretado com um critério próprio : o da essencialidade, ou seja, para a definição de insumo buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo, e a atividade realizada pelo seu adquirente. 24. Desta forma, para que se verifique se determinado bem ou serviço adquirido ou prestado possa ser caracterizado como insumo para fins de geração de crédito de PIS/Pasep, devem ser levados em consideração os seguintes aspectos : pertinência ao processo produtivo, ou seja, a aquisição do bem ou serviço para ser utilizado especificamente na produção do bem ou prestação do serviço ou, para tornálo viável. essencialidade ao processo produtivo, ou seja, a produção do bem ou a prestação do serviço depende diretamente de tal aquisição, pois, sem ela, o bem não seria produzido ou o serviço não seria prestado. possibilidade de emprego indireto no processo de produção, ou seja, não é necessário que o insumo seja consumido em contato direto com o bem produzido ou seu processo produtivo. 25. Por conclusão, para que determinado bem ou prestação de serviço seja definido como insumo gerador de crédito de PIS/Pasep, é indispensável a característica de essencialidade ao processo produtivo ou prestação de serviço, para obtenção da receita da atividade econômica do adquirente, direta ou indiretamente, sendo indispensável a comprovação de tal essencialidade em relação á obtenção da respectiva receita. 26. Pondo um fim á controvérsia, o Superior Tribunal de Justiça assumiu a mesma posição, refletida no voto do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, no julgamento do Recurso Especial nº 1.221.170/PR, que se tornou emblemático para a doutrina e a jurisprudência, ao definir insumo, na sistemática de não cumulatividade das contribuições sociais, sintetizando o conceito na ementa, assim redigida : TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social Fl. 982DF CARF MF 16 da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. 28. Neste contexto histórico, a Secretaria da Receita Federal, vinculada a tal decisão por força do disposto no artigo 19 da lei nº 10.522/2002 e na Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 1/2014, expediu o Parecer Normativo COSIT/RFB nº 05/2018, tendo como objetivo analisar as principais repercussões decorrentes da definição de insumos adotada pelo STJ, e alinhar suas ações á nova realidade desenhada por tal decisão. 29. Interessante destacar alguns trechos do citado Parecer : 9. Do voto do ilustre Relator, Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, mostramse relevantes para este Parecer Normativo os seguintes excertos: “39. Em resumo, Senhores Ministros, a adequada compreensão de insumo, para efeito do creditamento relativo às contribuições usualmente denominadas PIS/COFINS, deve compreender todas as despesas diretas e indiretas do contribuinte, abrangendo, portanto, as que se referem à totalidade dos insumos, não sendo possível, no nível da produção, separar o que é essencial (por ser físico, por exemplo), do que seria acidental, em termos de produto final. 40. Talvez acidentais sejam apenas certas circunstâncias do modo de ser dos seres, tais como a sua cor, o tamanho, a quantidade ou o peso das coisas, mas a essencialidade, quando se trata de produtos, possivelmente será tudo o que participa da sua formação; deste modo, penso, respeitosamente, mas com segura convicção, que a definição restritiva proposta pelas Instruções Normativas 247/2002 e 404/2004, da SRF, efetivamente não se concilia e mesmo afronta e desrespeita o comando contido no art. 3º, II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que explicita rol exemplificativo, a meu modesto sentir'. 41. Todavia, após as ponderações sempre judiciosas da eminente Ministra REGINA HELENA COSTA, acompanho as suas razões, as quais passo a expor:(...)” (fls 24 a 26 do inteiro teor do acórdão) ………………………………….. 10. Por sua vez, do voto da Ministra Regina Helena Costa, que apresentou a tese acordada pela maioria dos Ministros ao final do julgamento, cumpre transcrever os seguintes trechos: “Conforme já tive oportunidade de assinalar, ao comentar o regime da nãocumulatividade no que tange aos impostos, a nãocumulatividade representa autêntica aplicação do princípio constitucional da capacidade contributiva (...) Em sendo assim, exsurge com clareza que, para a devida eficácia do sistema de nãocumulatividade, é fundamental a definição do conceito de insumo (...) Fl. 983DF CARF MF Processo nº 10680.902570/201734 Acórdão n.º 3301006.102 S3C3T1 Fl. 976 17 (...) Nesse cenário, penso seja possível extrair das leis disciplinadoras dessas contribuições o conceito de insumo segundo os critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte (...) Demarcadas tais premissas, temse que o critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência. Por sua vez, a relevância, considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço. Desse modo, sob essa perspectiva, o critério da relevância revelase mais abrangente do que o da pertinência.” (fls 75, e 79 a 81 da íntegra do acórdão) ………………………. 11. De outra feita, do voto original proferido pelo Ministro Mauro Campbell, é interessante apresentar os seguintes excertos: “Ressaltase, ainda, que a nãocumulatividade do Pis e da Cofins não tem por objetivo eliminar o ônus destas contribuições apenas no processo fabril, visto que a incidência destas exações não se limita às pessoas jurídicas industriais, mas a todas as pessoas jurídicas que aufiram receitas, inclusive prestadoras de serviços (...), o que dá maior extensão ao contexto normativo desta contribuição do que aquele atribuído ao IPI. Não se trata, portanto, de desonerar a cadeia produtiva, mas sim o processo produtivo de um determinado produtor ou a atividadefim de determinado prestador de serviço. (...) Sendo assim, o que se extrai de nuclear da definição de "insumos" (...) é que: 1º O bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos (pertinência ao processo produtivo); 2º A produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição (essencialidade ao processo produtivo); e 3º Não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto (possibilidade de emprego indireto no processo produtivo). Ora, se a prestação do serviço ou produção depende da própria aquisição do bem ou serviço e do seu emprego, direta ou indiretamente, na prestação do serviço ou na produção, surge daí o conceito de essencialidade do bem ou serviço para fins de receber a qualificação legal de insumo. Vejase, não se trata da essencialidade em relação exclusiva ao produto e sua composição, mas essencialidade em relação ao próprio processo produtivo. Os combustíveis utilizados na maquinaria não são essenciais à composição do produto, mas são Fl. 984DF CARF MF 18 essenciais ao processo produtivo, pois sem eles as máquinas param. Do mesmo modo, a manutenção da maquinaria pertencente à linha de produção. Outrossim, não basta, que o bem ou serviço tenha alguma utilidade no processo produtivo ou na prestação de serviço: é preciso que ele seja essencial. É preciso que a sua subtração importe na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, obste a atividade da empresa, ou implique em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultante. (...) Em resumo, é de se definir como insumos, para efeitos do art. 3°, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3°, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes.” (fls 50, 59, 61 e 62 do inteiro teor do acórdão) ……………………………………. 12. Já do segundo aditamento ao voto lançado pelo Ministro Mauro Campbell, insta transcrever os seguintes trechos: “Contudo, após ouvir atentamente ao voto da Min. Regina Helena, sensibilizeime com a tese de que a essencialidade e a pertinência ao processo produtivo não abarcariam as situações em que há imposição legal para a aquisição dos insumos (v.g., aquisição de equipamentos de proteção individual EPI). Nesse sentido, considero que deve aqui ser adicionado o critério da relevância para abarcar tais situações, isto porque se a empresa não adquirir determinados insumos, incidirá em infração à lei. Desse modo, incorporo ao meu as observações feitas no voto da Min. Regina Helena especificamente quanto ao ponto, realinhando o meu voto ao por ela proposto. Observo que isso em nada infirma o meu raciocínio de aplicação do "teste de subtração", até porque o descumprimento de uma obrigação legal obsta a própria atividade da empresa como ela deveria ser regularmente exercida. Registro que o "teste de subtração" é a própria objetivação segura da tese aplicável a revelar a imprescindibilidade e a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte.” (fls 141 a 143 da íntegra do acórdão) ………………………………………………………………….. 13. De outra banda, do voto da Ministra Assusete Magalhães, interessam particularmente os seguintes excertos: “É esclarecedor o voto da Ministra REGINA HELENA COSTA, no sentido de que o critério da relevância revelase mais abrangente e apropriado do que o da pertinência, pois a relevância, considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço.(...) Sendo esta a primeira oportunidade em que examino a matéria, Fl. 985DF CARF MF Processo nº 10680.902570/201734 Acórdão n.º 3301006.102 S3C3T1 Fl. 977 19 convencime pedindo vênia aos que pensam em contrário da posição intermediária sobre o assunto, adotada pelos Ministros REGINA HELENA COSTA e MAURO CAMPBELL MARQUES, tendo o último e o Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO realinhado seus votos, para ajustarse ao da Ministra REGINA HELENA COSTA.” (fls 137, 139 e 140 da íntegra do acórdão) ……………………………………………... 19. Prosseguindo, verificase que a tese acordada pela maioria dos Ministros foi aquela apresentada inicialmente pela Ministra Regina Helena Costa, segundo a qual o conceito de insumos na legislação das contribuições deve ser identificado “segundo os critérios da essencialidade ou relevância”, explanados da seguinte maneira por ela própria (conforme transcrito acima): a) o “critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço”: a.1) “constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço”; a.2) “ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência”; b) já o critério da relevância “é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja”: b.1) “pelas singularidades de cada cadeia produtiva”; b.2) “por imposição legal”. 20. Portanto, a tese acordada afirma que são insumos bens e serviços que compõem o processo de produção de bem destinado à venda ou de prestação de serviço a terceiros, tanto os que são essenciais a tais atividades (elementos estruturais e inseparáveis do processo) quanto os que, mesmo não sendo essenciais, integram o processo por singularidades da cadeia ou por imposição legal. …………………………………………………………… 25. Por outro lado, a interpretação da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça acerca do conceito de insumos na legislação das contribuições afasta expressamente e por completo qualquer necessidade de contato físico, desgaste ou alteração química do bem insumo com o bem produzido para que se permita o creditamento, como preconizavam a Instrução Normativa SRF nº 247, de 21 de novembro de 2002, e a Instrução Normativa SRF nº 404, de 12 de março de 2004, em algumas hipóteses. ( grifos deste relator) 30. No âmbito deste colegiado, aplicase ao tema o disposto no § 2º do artigo 62 do Regimento Interno do CARF – RICARF : Artigo 62 (…...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei Nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. 31. Assim, são insumos, para efeitos do inciso II do artigo 3º da lei nº 10.637/2002, todos os bens e serviços essenciais ao processo produtivo e á prestação de serviços para a Fl. 986DF CARF MF 20 obtenção da receita objeto da atividade econômica do seu adquirente, podendo ser empregados direta ou indiretamente no processo produtivo, e cuja subtração implica a impossibilidade de realização do processo produtivo ou da prestação do serviço, comprometendo a qualidade da própria atividade da pessoa jurídica 32. Desta forma, deve ser estabelecida a relação da essencialidade do insumo (considerandose a imprescindibilidade e a relevância/importância de determinado bem ou serviço, dentro do processo produtivo, para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pela pessoa jurídica) com a atividade desenvolvida pela empresa, para que se possa aferir se o dispêndio realizado pode ou não gerar créditos na sistemática da não cumulatividade da Contribuição ao PIS/Pasep. A QUESTÃO DOS DISPÊNDIOS COM FRETES DE INSUMOS E PRODUTOS SEMI ELABORADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA EMPRESA ( UNIDADE MINERADORA E COMPLEXO INDUSTRIAL DE BENEFICIAMENTO DE MINÉRIO USINA) 30. Em exame nos presentes autos a possibilidade de serem considerados como insumo os dispêndios incorridos na contratação de fretes de matériasprimas entre estabelecimentos da mesma empresa e de fretes de insumos e de produtos em elaboração para transferência entre estabelecimentos da recorrente. 31. Conforme se verifica do objeto social da recorrente, dentre suas atividades temos a industrialização, a armazenagem, o comércio, a importação e a exportação de produtos químicos, fertilizantes e suas matériasprimas, para uso próprio ou de terceiros e a pesquisa, a lavra, o beneficiamento e a industrialização de minérios utilizados como matériaprima na fabricação de fertilizantes de uso próprio ou de terceiros, portanto, os minerais desempenham papel de principais insumos na produção de fertilizantes, que são extraídos de minas distantes do complexo industrial, havendo necessidade de seu transporte, envolvendo frete pago a terceira pessoa jurídica, até o local da industrialização e produção do fertilizante para consumo. 32. Neste diapasão, a recorrente sustenta desenvolver atividade econômica em toda a cadeia de produção de fertilizantes, sendo responsável não só pela fabricação, como pela extração dos minerais que o compõem, sendo ainda responsável pelo beneficiamento de parte dos insumos utilizados no processo produtivo, defendendo que as despesas com frete contratado na aquisição dos insumos e para as transferências de matériaprima das minas de extração para as unidades industrializadoras são essenciais para o processo produtivo e fabricação do produto final (fertilizante). 33. Verificase, nestes autos, que a extração de minerais ocorre em minas da própria recorrente, que é produtora dos fertilizantes, sendo que o principal insumo para a fabricação do seu produto são os minerais, sendo assim necessários, imprescindíveis e essenciais á atividade da empresa, ao processo produtivo e á obtenção da respectiva receita, porque para a movimentação da matériaprima até o estabelecimento produtor do fertilizante, é necessária a contratação de empresa para o transporte da matériaprima até o complexo industrial, o que envolve o dispêndio com o frete respectivo, tal frete, por estar direta e imprescindivelmente ligado ao processo produtivo como um todo, deve ser considerado como insumo. 34. Constatase, ainda, que a transferência de matériasprimas extraídas das minas para as fábricas constituise em etapa essencial do processo produtivo, ainda mais quando se Fl. 987DF CARF MF Processo nº 10680.902570/201734 Acórdão n.º 3301006.102 S3C3T1 Fl. 978 21 considera a distância que separa as unidades mineradoras dos complexos industriais e a diversidade dos locais onde as minas estão situadas. 35. Por ser característica da atividade da recorrente a produção do próprio insumo, até mesmo como forma de ter a segurança de não interrupção do processo produtivo de fertilizante, ou seu comprometimento. Assim, desta forma, mostrase imprescindível a contratação de transporte junto á terceira pessoa jurídica para transferência entre estabelecimentos da mesma empresa, que envolve o pagamento de frete em decorrência deste transporte de insumos (minerais) e de produtos semi elaborados (minerais agregados a outros insumos) das minas até o complexo industrial onde é produzido o fertilizante, inserindose no conceito de insumo. 36. Em conclusão, os valores referentes a contratação de fretes de insumos (matériasprimas) e produtos semi elaborados entre estabelecimentos da própria empresa , por serem insumos, geram créditos da Contribuição ao PIS/Pasep na sistemática não cumulativa, pois se caracterizam como essenciais e imprescindíveis ao processo produtivo. B OS FRETES COM PRODUTOS ACABADOS/BENEFICIADOS JÁ DESTINADOS Á EXPORTAÇÃO 37. Quanto ao frete de produtos já beneficiados e vendidos, ou seja, os minérios beneficiados, já vendidos, cujo transporte é feito para terminais portuários ou mesmo para armazéns com o objetivo de aguardar o embarque para o exterior caracterizamse como produtos vendidos cujo frete é suportado pelo vendendor, onde o crédito é garantido por dispositivo legal, neste caso, o inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833/2003 (do valo apurado a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor), portanto, somente resta reverter tais glosas, pois realizadas indevidamente. 38. A própria recorrente descreve esta fase : Fase 03 Transporte Finalizado o tratamento na Usina, o minério de ferro será transportado até o Estoque de Produtos, de onde será levado por caminhões para o terminai ferroviário. No terminal, o minério será carregado em trens e levado até os portos via estrada férrea. Após chegar ao Porto, finalmente é embarcado em navios e exportado para o comprador destinatário C OS GASTOS COM INSUMOS NA FASE PRÉ BENEFICIAMENTO 39. Outra discussão versa sobre a possibilidade de apuração de créditos das contribuições na modalidade aquisição de insumos em relação a dispêndios necessários à produção de um beminsumo utilizado na produção de bem destinado à venda ou na prestação de serviço a terceiros (insumo do insumo). Assim, uma das principais novidades plasmadas na decisão da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça em testilha foi a extensão do conceito de insumos a todo o processo de produção de bens destinados à venda ou de prestação de serviços a terceiros 40. Encontramse embarcados neste conceito os gastos com a manutenção da infra Fl. 988DF CARF MF 22 estrutura da mina de minério, pois realmente os serviços de manutenção e melhoramento de infraestrutura de mina revelamse indispensáveis ao desempenho das funções da mineração, pois possibilitam que as minas de extração de ferro sejam efetivamente exploradas. Não se poderia obter minério sem a realização de escavações, lavra, manutenção dos acessos existentes e, vale lembrar, a retirada dos rejeitos e saneamento do local de extração 40 Por oportuno, reproduzo os dizeres do Parecer COSIT nº 5/2018 : Assim, tomandose como referência o processo de produção como um todo, é inexorável que a permissão de creditamento retroage no processo produtivo de cada pessoa jurídica para alcançar os insumos necessários à confecção do beminsumo utilizado na produção de bem destinado à venda ou na prestação de serviço a terceiros, beneficiando especialmente aquelas que produzem os próprios insumos (verticalização econômica). Isso porque o insumo do insumo constitui “elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço”, cumprindo o critério da essencialidade para enquadramento no conceito de insumo. 41. A recorrente esclarece resumidamente tal fase do processo produtivo : Fase 01 — Extração Nesta fase, é promovida a extração do minério de ferro na forma de material bruto, também chamado de minério "ROM" (run of mine) que será executada,principalmente, por meio de explosivos, retroescavadeiras e tratores. Logo após, é feito o carregamento dos caminhões que transportarão o minério (ROM) até a planta de beneficiamento (usina), uma vez que a área onde o minério é extraído encontrase distante do local onde ocorrem os processos de beneficiamento 42. Inseremse, portanto, nessa fase os seguintes dispêndios como geradores de crédito Serviço de remoção e transporte de finos de minério, produtos e rejeitos. Obras de infraestrutura de mina (drenagem das minas e abertura de acessos) e operações com caminhão pipa, para captação e transporte de água. Serviços de terraplanagem, bacias de sedimentação e drenagem limpeza e desassoreamento de barragens de rejeito; serviços de alteamento da barragem de rejeitos serviços de abertura e manutenção de acessos, serviços de drenagem e limpeza das minas, serviços de terraplenagem e drenagem da planta industrial, serviços de limpeza e manutenção e conservaçao do maquinário pesado D GASTOS COM O BENEFICIAMENTO DO MINÉRIO 42. A letra do inciso II do caput do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº 10.833, de 2003, permitem a apuração de créditos das contribuições “bens e serviços utilizados como insumo (...) na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda”. 42. Mais uma vez nos socorremos do Parcer COSIT nº 5/2018 : 31,A citação concomitante a “produção” e “fabricação” de “bens” ou “produtos” mostrase muito relevante na interpretação da abrangência da hipótese de creditamento das contribuições pela aquisição de insumos (ver Fl. 989DF CARF MF Processo nº 10680.902570/201734 Acórdão n.º 3301006.102 S3C3T1 Fl. 979 23 também o § 13 do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003). 32. Conquanto os termos “produção” e “fabricação” sejam utilizados como sinônimos em algumas normas da legislação tributária federal, no presente dispositivo diversos argumentos conduzem à conclusão de que não são sinônimos, restando a “fabricação de produtos” como hipótese específica e a “produção de bens” como hipótese geral. 33. Inexoravelmente, a “fabricação de produtos” a que alude o dispositivo em comento equivale ao conceito e às hipóteses de industrialização firmadas na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). 34. Já a “produção de bens” aludida no mencionado dispositivo referese às atividades que, conquanto não sejam consideradas industrialização, promovem a transformação material de insumo(s) em um bem novo destinado à venda ou o desenvolvimento de seres vivos até alcançarem condição de serem comercializados. 43. A recorrente traz em suas razões a descrição dets fase : Fase 02 — Beneficiamento Na Usina, ocorrem diversos processos de beneficiamento que podem sintetizar, grosseiramente, em: 2.1 — Britagem A britagem corresponde ao primeiro estágio mecânico de fragmentação de minérios. O controle da britagem é feito pelas operações de peneiramento. Isso significa que o minério que não atingiu o tamanho adequado deve retornar para ser fragmentado mais uma ou duas vezes. Em conjunto com a fragmentação,ocorre a classificação das partículas de minério por tamanho. 2.2— Concentração Tem como objetivo distinguir o minério valioso, chamado de concentrado, e o descartável, conhecido como rejeito. Através de diferentes processos de concentração como a "jigagem" ou a separação magnética, o minério é separado e classificado em lotes diferenciados de acordo com a demanda dos compradores, a depender do fim a que se destinam os lotes. Neste momento, são realizadas diversas análises para atestar a qualidade dos lotes. E OS GASTOS COM INSUMOS POR OBRIGAÇÃO LEGAL 44. A decisão do STJ incluiu no conceito de insumos geradores de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, em razão de sua relevância, os itens “cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção (...) por imposição legal”. 46 . Daí se constata que a inclusão dos itens exigidos da pessoa jurídica pela legislação no conceito de insumos deveuse mais a uma visão do sistema normativo do que à verificação de essencialidade ou pertinência de tais itens ao processo de produção de bens ou de prestação de serviços protagonizado pessoa jurídica. 47. Entretanto, por serem impeditivos ao funcionamento da atividade se descumpridos, os itens exigidos por legislação específica devem se rconsiderados, por analogia, como essenciais ao processo produtivo. Fl. 990DF CARF MF 24 48. Assim, incluemse nesse conceito os gastos com consultoria ambiental (com o objetivo de obtenção de licenças ambientais, pesquisas e estudos técnicos são necessários), os gastos com prestação de consultoria e monitoramento de vibração das cavidades naturais existentes no terreno de lavra de minérios, gastos com prestação de serviços de execuçõ e prospecção espeleológica. 49. Não se enquadram nesse conceito os gastos com prestação de serviços de medicina do trabalho e segurança, por serem comuns a todas as empresas, portanto não essencial e relevante para obtenção da receita vinculada a atividade da recorrente. Conclusão 37. Por todo o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário apresentado, para REVERTER.AS GLOSAS REFERENTES AOS SEGUINTES GASTOS, POR GERAREM DIREITO AOS CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE fretes de insumos e produtos semi elaborados entre establecimentos da empresa (unidade mineradora e complexo industrial de beneficiamento de minério usina) fretes com transporte de produtos acabados/beneficiados já destinados á exportação, pois o crédito referente a tais gastos são garantidos por texto legal; gastos com insumos na fase de prébeneficiamento gastos com o beneficiamento do minério gastos com insumos por obrigação legal MANTER AS GLOSAS REFERENTES AOS SEGUINTES GASTOS: serviços de medicina do trabalho e segurança consultoria, serviço de mãodeobra em posto de abastecimento consultoria em negociação de energia, prestação de serviço de despacho adiuaneiro consultoria técnica transporte de equipe de trabalho mão de obra como morotoristas, serviços de limpeza e manutenção elétrica não vinculados aoa processo produtivo transportes em geral serviços de apoio administrativo treinamentos É o meu voto Assinado digitalmente Ari Vendramini Relator Fl. 991DF CARF MF Processo nº 10680.902570/201734 Acórdão n.º 3301006.102 S3C3T1 Fl. 980 25 Fl. 992DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.935085/2009-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
Ementa:
INDÉBITO. CARACTERIZAÇÃO. DIREITO À RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 84
É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. (Súmula revisada conforme Ata da Sessão Extraordinária de 03/09/2018, DOU de 11/09/2018).
Numero da decisão: 1302-003.334
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer o direito à compensação de estimativas mensais e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para continuidade do exame do direito creditório, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº10880.935088/2009-14, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Carmen Ferreira Saraiva (Suplente Convocada), Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005 Ementa: INDÉBITO. CARACTERIZAÇÃO. DIREITO À RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 84 É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. (Súmula revisada conforme Ata da Sessão Extraordinária de 03/09/2018, DOU de 11/09/2018).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer o direito à compensação de estimativas mensais e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para continuidade do exame do direito creditório, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº10880.935088/2009-14, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Carmen Ferreira Saraiva (Suplente Convocada), Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
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ESTIMATIVA. PARADIGMA Recorrente NOVELIS DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 Ementa: INDÉBITO. CARACTERIZAÇÃO. DIREITO À RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 84 É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. (Súmula revisada conforme Ata da Sessão Extraordinária de 03/09/2018, DOU de 11/09/2018). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer o direito à compensação de estimativas mensais e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para continuidade do exame do direito creditório, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo nº10880.935088/200914, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Carmen Ferreira Saraiva (Suplente Convocada), Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 93 50 85 /2 00 9- 81 Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10880.935085/200981 Acórdão n.º 1302003.334 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto face a acórdão que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, registrandose a seguinte ementa: PAGAMENTOS INDEVIDOS OU A MAIOR DE ESTIMATIVAS A edição da IN SRE n° 460/2004, publicada em 29/10/2004, determinou em seu art. 10 que os recolhimentos a maior ou indevidos de estimativas de IRPJ e CSLL deveriam ser utilizados na apuração anual dos tributos e apuração do saldo negativo correspondente, sendo vedada sua utilização em compensações como pagamentos a maior ou indevidos. A IN SRF n° 600/2005, publicada em 30/12/2005, reproduziu essa proibição no seu exato teor e no mesmo artigo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A Recorrente apresentou Declaração de Compensação, indicando como crédito pagamento indevido ou a maior. A fiscalização concluiu pela improcedência do crédito, por tratarse de pagamento de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente poderia ser utilizado na dedução do IRPJ ou da CSLL devidos, ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. As decisões foram fundamentadas nas disposições das IN SRF nº 460, de 18/10/2004 e IN SRF nº 600, de 28/12/2005. Apresentouse DARF para demonstrar a origem do crédito. A DCOMP não foi homologada e resultou em lançamento. A Recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade e Recurso Voluntário, tempestivamente. Defende que, a fiscalização e a DRJ se equivocaram. Pois, o valor compensado no mês subsequente ao do recolhimento, referese a valor que pagou além do valor apurado como sendo o valor devido de estimativa. Alega, assim, que "as antecipações devidas pelo contribuinte e posteriormente transformadas em crédito, por conta do IRPJ e/ou da CSLL apurados a menor, por ocasião do ajuste, somente podem ser compensadas a partir do mês de abril do ano subsequente, ao passo que as antecipações recolhidas indevidamente ou a maior pelo contribuinte, ou seja, aquelas recolhidas em valor maior que o apurado com base na estimativa, como ocorre no presente caso, configurariam créditos que poderiam ser compensados já no mês subsequente ao do recolhimento indevido." Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10880.935085/200981 Acórdão n.º 1302003.334 S1C3T2 Fl. 4 3 Fundamentou seu entendimento nas disposições dos arts. 2º e 6º, da Lei nº 9.430/96; art. 74 da Lei nº 9.430/96. Também colacionou ementas de julgados do CARF. Sustentou que o regramento contido no artigo 10 da Instrução Normativa SRF n° 460/2004, replicado na Instrução Normativa n° 600/2005, tratava apenas do recolhimento do que efetivamente devido a título de antecipação de IRPJ e CSLL, não abrangendo recolhimentos a maior ou indevidos. Do contrário, contrariaria o citado art. 74 da Lei n° 9.430/96. No intuito de demonstrar o valor devido estimado para recolhimento antecipado de IRPJ, a Recorrente apresentou a DCOMP, Darfs, DCTFs retificadoras. Não há informação sobre o motivo pelo qual a Recorrente teria apurado, no primeiro momento, o referido valor devido de IRPJ por estimativa e no momento seguinte retificou DCTF e DIPJ para indicar outro valor como sendo correto. A Recorrente não informou o erro ou o equívoco cometido. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302003.319, de 22/01/2019, proferido no julgamento do Processo nº 10880.935088/2009 14, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302003.319): Conheço do Recurso Voluntário à vista de sua interposição tempestiva e do atendimento ao demais pressupostos de admissibilidade previstos no Dec. nº 70.235/72. A questão, portanto, reside em verificar se a Recorrente teria crédito de IRPJ e CSLL, relativo a pagamento, indevido ou a maior, além da estimativa, e se estaria autorizada a utilizar o suposto crédito, já no mês subsequente. Como visto, o acórdão recorrido ratificou o entendimento da fiscalização, no sentido de que, no caso (empresa optante pelo lucro real e estimativas mensais, com base em balancete de suspensão ou redução) somente no ajuste anual seria possível apurar pagamento de valor indevido ou a maior de estimativa mensal. Antes do ajuste anual, não haveria pagamento indevido ou a maior, nem mesmo a possibilidade de compensação no mês subsequente. Esse foi o entendimento que a fiscalização e a DRJ extraíram da IN SRF nº 460, de 18/10/2004 e IN SRF nº 600, de 28/12/2005. De outro modo, a Recorrente refuta tal entendimento, colacionando acórdãos do CARF, que concluíram pela possibilidade de se utilizar, para fins de Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10880.935085/200981 Acórdão n.º 1302003.334 S1C3T2 Fl. 5 4 compensação, já no mês subsequente, os recolhimentos realizados em valor superior à quantia regularmente apurada, como sendo a estimativa mensal devida. A controvérsia quanto à possibilidade de compensação de pagamentos indevidos ou a maior de estimativas foi solucionada pela Solução de Consulta Interna da Cosit SCI n° 19, de 05/12/2011, de cuja ementa se extrai: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB n° 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1° de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Caracterizase como indébito de estimativa inclusive o pagamento a maior ou indevido efetuado a este título após o encerramento do período de apuração, seja ela quitação do débito de estimativa de dezembro dentro do prazo de vencimento, seja pelo pagamento em atraso da estimativa devida referente a qualquer mês do período, realizado em ano posterior ao do período da estimativa apurada, mesmo na hipótese de a restituição ter sido solicitada ou a compensação declarada na vigência das IN SRF n° 460, de 2004, e IN SRF n° 600, de 2005. A nova interpretação dada pelo art. 11 da IN RFB n° 900, de 2008, aplicase inclusive aos PER/DCOMP retificadores apresentados a partir de 1° de janeiro de 2009, relativos a PER/DCOMP originais transmitidos durante o período de vigência da IN SRF n° 460, de 2004, e IN SRF n° 600, de 2005, desde que estes se encontrem pendentes de decisão administrativa. Dispositivos Legais: Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, arts. 2° e 74; IN SRF n° 460, de 18 de outubro de 2004; IN SRF n° 600, de 28 de dezembro de 2005; IN RFB n° 900, de 30 de dezembro de 2008. Este entendimento também foi consolidado na jurisprudência deste conselho por meio da Súmula CARF n° 84, verbis: É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. (Súmula revisada conforme Ata da Sessão Extraordinária de 03/09/2018, DOU de 11/09/2018). Nesse ponto específico, portanto, assiste razão à recorrente. Não obstante, quanto ao mérito do reconhecimento do direito creditório pleiteado e da respectiva compensação, não é possível a este colegiado adentrar no seu exame, posto que a autoridade administrativa competente ainda não se pronunciou sobre tal matéria. Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10880.935085/200981 Acórdão n.º 1302003.334 S1C3T2 Fl. 6 5 Pelo exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer o direito à compensação de estimativas mensais e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para continuidade do exame do direito creditório. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer o direito à compensação de estimativas mensais e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para continuidade do exame do direito creditório. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 102DF CARF MF
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