Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,956)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,617)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,676)
- Primeira Turma Ordinária (15,290)
- Segunda Turma Ordinária d (15,236)
- Primeira Turma Ordinária (15,176)
- Primeira Turma Ordinária (15,074)
- Segunda Turma Ordinária d (13,812)
- Primeira Turma Ordinária (12,696)
- Primeira Turma Ordinária (11,772)
- Segunda Turma Ordinária d (11,736)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,592)
- Terceira Câmara (63,342)
- Segunda Câmara (51,084)
- Primeira Câmara (16,374)
- 3ª SEÇÃO (15,676)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,653)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (115,596)
- Segunda Seção de Julgamen (108,503)
- Primeira Seção de Julgame (71,208)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,658)
- Câmara Superior de Recurs (37,061)
- Terceiro Conselho de Cont (25,921)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,038)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,839)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,821)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,298)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,195)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,339)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,945)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,845)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,057)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,270)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,850)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,014)
- 2025 (12,261)
Numero do processo: 10510.005856/2007-50
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2011
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Ano calendário:2001, 2002
MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA DECLARAÇÃO.
A falta de apresentação da DCTF mensal sujeita o contribuinte à penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória.
Numero da decisão: 1803-001.058
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Ausente justificadamente a Conselheira Meigan Sack Rodrigues.
Nome do relator: Selene Ferreira de Moraes
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201110
ementa_s : OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Ano calendário:2001, 2002 MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA DECLARAÇÃO. A falta de apresentação da DCTF mensal sujeita o contribuinte à penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória.
turma_s : Terceira Turma Especial da Primeira Seção
numero_processo_s : 10510.005856/2007-50
conteudo_id_s : 5709420
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 11 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1803-001.058
nome_arquivo_s : Decisao_10510005856200750.pdf
nome_relator_s : Selene Ferreira de Moraes
nome_arquivo_pdf_s : 10510005856200750_5709420.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Ausente justificadamente a Conselheira Meigan Sack Rodrigues.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2011
id : 6710587
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:17 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949901754368
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1375; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE03 Fl. 68 1 67 S1TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10510.005856/200750 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 180301.058 – 3ª Turma Especial Sessão de 5 de outubro de 2011 Matéria MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DCTF Recorrente CI CENTRO DE INFORMAÇÕES LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2001, 2002 MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA DECLARAÇÃO. A falta de apresentação da DCTF mensal sujeita o contribuinte à penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Ausente justificadamente a Conselheira Meigan Sack Rodrigues. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes – Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walter Adolfo Maresch, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Sérgio Rodrigues Mendes, Meigan Sack Rodrigues, Selene Ferreira de Moraes. Fl. 76DF CARF MF Emitido em 01/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/11 /2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10510.005856/200750 Acórdão n.º 180301.058 S1TE03 Fl. 69 2 Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: “Tratase de Auto de Infração (fls. 04/07) que pretende a cobrança da multa por atraso na entrega das Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) relativas ao 4° trimestre de 2001 e aos quatro trimestres de 2002. 0 autuante informa que a contribuinte deixou de apresentar as DCTF no prazo legal, mesmo após intimada a fazêlo. Ao presente processo foram anexados os seguintes documentos: Mandado de Procedimento Fiscal (fls. 01/02); Termo de Inicio (fl. 10); contrato social (fls. 11/16); Ato Declaratório de Exclusão do SIMPLES n° 340.042 (fl. 17); Acórdão n° 303 30.786 proferido pela Terceira Camara do Terceiro Conselho de Contribuintes negando provimento ao recurso voluntário da contribuinte, mantendoa excluída do SIMPLES (fls. 18/22). Cientificada do lançamento em 30/11/2007, conforme Aviso de Recebimento — AR à folha 26, a contribuinte apresenta em 28/12/2007 a impugnação de folhas 27/29, alegando em sua defesa, em síntese: 1. A impugnante foi alvo de autuações por parte do Fisco, em face da sua exclusão do SIMPLES, não tendo apresentado as DCTF por estar, à época, incluída na referida sistemática; 2. As contribuições e os tributos federais já foram apurados e lançados pela própria Receita, sendo desnecessária, portanto, a apresentação das DCTF relativas a esses períodos, sob pena de lançamento de ofício referente aos mesmos fatos geradores.” A Delegacia de Julgamento considerou o lançamento procedente, com base nos seguintes fundamentos (fls. 52/53): a) Inicialmente, não se confunde a exigência dos tributos e contribuições declarados em DCTF com a obrigação acessória de apresentar a respectiva declaração. 0 Auto de Infração ora em litígio pretende a cobrança da multa pelo atraso na entrega da DCTF, não guardando relação com eventuais lançamentos de tributos e contribuições declarados pela contribuinte. b) No presente caso, a impugnante foi excluída da sistemática do SIMPLES por meio do ADE n° 340.042 (fl. 17), emitido em 02/10/2000, sendo que em 12/06/2003 foi proferido pela Terceira Camara do Terceiro Conselho de Contribuintes o Acórdão n° 303 30.786 negando provimento ao recurso voluntário da contribuinte. Em 26/11/2007 foi lavrado o Auto de Infração ora em litígio, visto que, até então, a contribuinte não apresentara as respectivas DCTF. Fl. 77DF CARF MF Emitido em 01/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/11 /2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10510.005856/200750 Acórdão n.º 180301.058 S1TE03 Fl. 70 3 c) A exigência fiscal ora combatida somente foi constituída, mediante auto de infração, mais de três anos após o trânsito administrativo da decisão que excluiu a interessada do SIMPLES. d) 0 art. 7° da Lei n° 10.426, de 24 de abril de 2 determina a imposição da multa. Contra a decisão, interpôs a contribuinte o presente Recurso Voluntário, em que, além de reiterar as alegações contidas na impugnação, acrescenta as seguintes considerações: a) Na decisão recorrida, foi dito que "não se confunde a exigência dos tributos e contribuições declarados em DCTF com a obrigação acessória de apresentar a respectiva declaração," o que é evidente. b) Na realidade, a Recorrente não fez essa confusão. 0 que ela quis dizer foi que, como a Receita já havia apurado os tributos supostamente devidos, não haveria a necessidade de a empresa prestar as mesmas informações já apuradas em ação fiscal, sob pena de ter esses mesmos tributos lançados novamente, agora, de oficio. c) Como a Receita já tinha esses valores, por conta da autuação, é lógico que a Recorrente não precisaria prestar uma informação que já era conhecida pelo fisco. d) Ademais, a autuação referese aos anos de 2001 e 2002, período em que ainda estava sendo discutido administrativamente o ADE 340.042, já que a decisão proferida pelo Terceiro Conselho de Contribuintes somente ocorreu em junho de 2003. e) No momento da lavratura do auto, o fisco já tinha conhecimento dos valores relativos aos anos de 2001 e 2002, razão pela qual a apresentação das DCTFs seria irrelevante e desnecessária, pois, como óbvio, entre os valores informados pela empresa e aqueles apurados em ação fiscal, é evidente que a Receita iria considerar os valores que ela mesma levantou. É o relatório. Voto Conselheira Selene Ferreira de Moraes A contribuinte foi cientificada por via postal, tendo recebido a intimação em 13/01/2010 (AR de fls. 55). O recurso foi protocolado em 09/02/2010, logo, é tempestivo e deve ser conhecido. Em que pese a decisão recorrida ter mencionado que a situação fática que motivou a autuação foi o atraso na entrega da declaração, na realidade, esta não foi entregue. Fl. 78DF CARF MF Emitido em 01/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/11 /2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10510.005856/200750 Acórdão n.º 180301.058 S1TE03 Fl. 71 4 A imposição da multa, quer por falta de entrega, quer por atraso na entrega da DCTF é determinada pelo art. 7˚ da Lei n° 10.426/2002: “Art. 7º O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (...) II de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica ou na Dirf, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; (...) § 2º Observado o disposto no § 3º, as multas serão reduzidas: I à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; II a setenta e cinco por cento, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de pessoa física, pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo regime de tributação previsto na Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996; II R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” A lei visa punir, não só a apresentação intempestiva da declaração, mas também, a omissão na entrega, que é o caso dos autos. A exigência da entrega de DCTF é uma obrigação acessória que não guarda qualquer relação com a obrigação principal. Se a contribuinte tivesse entregado declaração, mesmo que zerada, dentro do prazo legal, não seria apenada com a multa prevista no art. 7° da Lei n° 10.426/2002. Por conseguinte, é improcedente o argumento de desnecessidade da entrega da DCTF, pelo fato da fiscalização já ter apurado os valores devidos. A obrigação de entrega das declarações decorre da lei, sendo cabível a penalidade no caso de descumprimento. Fl. 79DF CARF MF Emitido em 01/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/11 /2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10510.005856/200750 Acórdão n.º 180301.058 S1TE03 Fl. 72 5 De mais a mais, a recorrente não observou o comando da Instrução Normativa n° 126/1998, vigente até dezembro de 2002: “Art. 3º Estão dispensadas da apresentação da DCTF, ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo: I as microempresas e empresas de pequeno porte enquadradas no regime do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; II as pessoas jurídicas imunes e isentas, cujo valor mensal de impostos e contribuições a declarar na DCTF seja inferior a dez mil reais; III as pessoas jurídicas inativas, assim consideradas as que não realizaram qualquer atividade operacional, nãooperacional, financeira ou patrimonial, conforme disposto no art. 4º da Instrução Normativa SRF nº 28, de 05 de março de 1998; IV os órgãos públicos, as autarquias e fundações públicas. Parágrafo único. Não está dispensada da apresentação da DCTF, a pessoa jurídica: I excluída do SIMPLES, a partir do 1º trimestre do ano subseqüente ao da exclusão;(nosso grifo) No presente caso, a recorrente foi excluída do Simples em 2 de outubro de 2000. Logo, nos termos da instrução normativa, estava sujeito à entrega da DCTF a partir do 1° trimestre de 2001, independentemente do desfecho da manifestação de inconformidade interposta contra o ato de exclusão. A constatação de que a declaração, cujo atraso gerou o lançamento da multa, tinha como prazo de entrega data comprovadamente posterior ao da ciência do ato de exclusão, autoriza a manutenção da multa. Ante todo o exposto nego provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Fl. 80DF CARF MF Emitido em 01/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/11 /2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10510.005856/200750 Acórdão n.º 180301.058 S1TE03 Fl. 73 6 Fl. 81DF CARF MF Emitido em 01/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/11 /2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES
score : 1.0
Numero do processo: 10380.900770/2009-27
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2005
PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL.
Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-004.447
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello. Solicitou apresentar declaração de voto a Conselheira Vanessa Marini Cecconello.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201612
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2005 PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS. Recurso Especial do Procurador Negado.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10380.900770/2009-27
anomes_publicacao_s : 201702
conteudo_id_s : 5682728
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-004.447
nome_arquivo_s : Decisao_10380900770200927.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RODRIGO DA COSTA POSSAS
nome_arquivo_pdf_s : 10380900770200927_5682728.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello. Solicitou apresentar declaração de voto a Conselheira Vanessa Marini Cecconello. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
id : 6654581
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:56:17 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949917483008
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1787; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10380.900770/200927 Recurso nº 1 Especial do Procurador Acórdão nº 9303004.447 – 3ª Turma Sessão de 07 de dezembro de 2016 Matéria CONTRIBUIÇÕES. PREÇO PREDETERMINADO. CORREÇÃO PELO IGPM. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CGTF CENTRAL GERADORA TERMELETRICA FORTALEZA S.A. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2005 PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS. Recurso Especial do Procurador Negado. Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello. Solicitou apresentar declaração de voto a Conselheira Vanessa Marini Cecconello. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 90 07 70 /2 00 9- 27 Fl. 620DF CARF MF Processo nº 10380.900770/200927 Acórdão n.º 9303004.447 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, de acordo com o disposto no art. 7º, §§ 3º e 5º, da Portaria MF n.º 527, de 2010, interposto pela Fazenda Nacional ao amparo do art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF n.º 256, de 22 de junho de 2009, em face do Acórdão n.º 3101001.726, que possui a seguinte ementa, transcrita na parte de interesse: PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS. Recurso Voluntário Provido em Parte A divergência foi suscitada pela Fazenda Nacional em razão do entendimento de que a previsão de cláusula de reajuste com base no IGPM não desnaturaria o requisito de “preço predeterminado” estatuído no art. 10, XI, “b” da Lei n.º 10.833/2003, condição necessária para manutenção da contribuinte no regime cumulativo do PIS/COFINS. Para comprovar o dissenso foram colacionados, como paradigmas, os Acórdãos nºs 210200.001 e 20219.497. O Contribuinte apresentou contrarrazões postulando, preliminarmente, o não conhecimento do Recurso Especial e, caso seja conhecido, seu nãoprovimento, mantendo a decisão recorrida nos termos em que proferida. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.432, de 07/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.900758/200912, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade do recurso e quanto ao mérito (Acórdão 9303004.432): Da Admissibilidade "Entendemos que o recurso especial deve ser conhecido. Fl. 621DF CARF MF Processo nº 10380.900770/200927 Acórdão n.º 9303004.447 CSRFT3 Fl. 4 3 É que, como restou comprovado no exame de sua admissibilidade, enquanto, no acórdão recorrido, entendeuse que o índice aplicado no contrato celebrado pela contribuinte – o mesmo de que se tratou no primeiro acórdão paradigma – não o desqualificava como predeterminado, neste último chegouse a uma conclusão diversa, ou seja, a de que a aplicação do mesmo índice desnaturou tal condição. Assim sendo, e sem necessidade de maiores digressões, entendemos que o recurso especial interposto pela Procuradoria deve ser conhecido." Do Mérito "A questão posta nos autos cingese a esclarecer se a receita advinda do contrato firmado, por ser anterior a 31 de outubro de 2003, estaria alcançado pelo comando dos artigos 10 e 15 da Lei nº n.º 10.833/03, em razão da Instrução Normativa n.º 468/04, aplicandose, portanto, a sistemática da nãocumulatividade. Por unanimidade de votos, a decisão recorrida reconheceu o direito do Contribuinte de compensar com débitos próprios os créditos de que é titular, decorrentes de pagamentos efetuados a maior realizados a título de COFINS nãocumulativa, sobre as receitas de vendas de energia elétrica, quando esse tributo deveria ter sido calculado no regime cumulativo, de acordo com a a alínea "b" do inciso XI do artigo 10 e no artigo 15 da Lei n.° 10.833/03, do § 3 do artigo 3 da IN SRF n.° 658/06 e do item 3.1 da IN SRF n.° 21/79, por resultarem de contrato firmado antes de 31.10.2003 a preço predeterminado, com prazo de vigência superior a 1 (um) ano (CONTRATO), celebrado com a Companhia Energética do Ceará ("COELCE"). Para melhor elucidar a questão, transcrevo a seguir os dispositivos que serão tratados na presente decisão, iniciando com a art. 10, inciso XI, alínea “b”, da Lei n.º10.833/03, in verbis: "Lei 10.833/03 (...) Art. 10. Permanecem sujeitas às Normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: (...) XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: (...) b) com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços;" Fl. 622DF CARF MF Processo nº 10380.900770/200927 Acórdão n.º 9303004.447 CSRFT3 Fl. 5 4 E artigos 1º e 2º da IN SRF n.º 468/04, trazem a seguinte redação: "Art. 1º Permanecem tributadas no regime da cumulatividade, ainda que a pessoa jurídica esteja sujeita à incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, as receitas por ela auferidas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: (...) II com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços “Art. 2º Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. § 1º Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. § 2º Se estipulada no contrato cláusula de aplicação de reajuste, periódico ou não, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços verificada após a data mencionada no art. 1º. (...)." Verificase que a Instrução Normativa da Receita Federal determina a alteração do regime tributário com a existência de cláusula de reajuste, ou seja, altera a situação da pessoa jurídica do regime tributário da cumulatividade para o não cumulativo. Acredito, que referida instrução normativa ultrapassou o poder regulamentar. Isto porque, ao definir a cláusula de reajuste como marco temporal para modificação do caráter predeterminado do preço, acabou por conferir, de forma reflexa, aumento das alíquotas do PIS (de 0,65% para 1,65%) e da COFINS (de 3% para 7,6%). Cumpre asseverar que o entendimento jurisprudencial só admite alteração, aumento ou fixação de alíquota tributária por meio de lei, sendo inviável a utilização de ato infralegal para este fim, sob pena de violação ao princípio da legalidade tributária, senão vejamos: "PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. FUSEX. NATUREZA TRIBUTÁRIA. FIXAÇÃO DA ALÍQUOTA POR PORTARIA. IMPOSSIBILIDADE. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. 1. É entendimento sedimentado o de não haver omissão no acórdão que, com fundamentação suficiente, ainda que não exatamente a invocada pelas partes, decide de modo integral a controvérsia posta. 2. 'Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não Fl. 623DF CARF MF Processo nº 10380.900770/200927 Acórdão n.º 9303004.447 CSRFT3 Fl. 6 5 foi apreciada pelo tribunal a quo' (Súmula 211/STJ). 3. 'O Fundo de Saúde do Ministério do Exército (FUSEX) é custeado pelos próprios militares que gozam, juntamente com seus dependentes, de assistência médicohospitalar. A contribuição de custeio, tendo em vista seu caráter compulsório, tem natureza jurídica tributária, sujeitandose ao princípio da legalidade. Precedente: REsp 789260/PR, Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, DJ 19.06.2006' (REsp 761.421/PR, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, DJ de 01.03.2007). 4. '(...) por se tratar de lançamento de ofício, o prazo prescricional a ser aplicado às ações de repetição de indébito de contribuições ao FUSEX é o qüinqüenal, nos termos do art. 168, I, do CTN' (REsp 1.068.895/RS, 1ª Turma, Min. Francisco Falcão, DJe de 20/10/2008) 5. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 857.464/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 17.2.2009, DJe 2.3.2009.) Diante, disto, o STJ e o TRF tem posicionado no sentido de declarar a ilegalidade do art. 2º, §2º, da Instrução Normativa SRF n.º 468/04 (redação repetida pelo art. 3º, §2º, da Instrução Normativa SRF n.º 658/06). "TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. REGRA DE TRANSIÇÃO. ART. 10, XI, "B", DA LEI N. 10.833/03. REGULAMENTAÇÃO. SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL. ART. 92 DA LEI N. 10.833/03. CONCEITO DE "PREÇO PREDETERMINADO". ART. 2º, § 2º, DA IN/SRF N. 468/2004 E ART. 3º, §2º, DA IN/SRF N. 658/2006. ILEGALIDADE. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO (ART. 932, IV, CPC/2015 C/C ART. 255, § 4º, II, RISTJ). Processo REsp 1476922 Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Data da Publicação DJe 29/06/2016." "TRIBUTÁRIO. COFINS. REGIME DE CONTRIBUIÇÃO. LEI N. 10.833/03. INSTRUÇÃO NORMATIVA N. 468/2004. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. Cuidase de recurso especial interposto pelo contribuinte, questionando o poder regulamentar da Secretaria da Receita Federal, na edição da Instrução Normativa n. 468/04, que regulamentou o art. 10 da Lei n. 10.833/03. 2. O art. 10, inciso XI, da Lei n. 10.833/03 determina que os contratos de prestação de serviço firmados a preço determinado antes de 31.10.2003, e com prazo superior a 1 (um) ano, permanecem sujeitos ao regime tributário da cumulatividade para a incidência da COFINS. (Grifo meu.) 3. A Secretaria da Receita Federal, por meio da Instrução Normativa n. 468/04, ao definir o que é "preço predeterminado", estabeleceu que "o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços " e, assim, acabou por conferir, de forma reflexa, aumento das alíquotas do PIS (de 0,65% para 1,65%) e da COFINS (de 3% para 7,6%). 4. Somente é possível a alteração, aumento ou fixação de alíquota tributária por meio de lei, sendo inviável a utilização de ato infralegal para este fim, sob pena de violação do princípio da legalidade tributária. 5. No mesmo sentido do voto que eu proferi, o Ministério Público Federal entendeu que houve ilegalidade na regulamentação da lei pela Secretaria da Receita Federal, pois "a Fl. 624DF CARF MF Processo nº 10380.900770/200927 Acórdão n.º 9303004.447 CSRFT3 Fl. 7 6 simples aplicação da cláusula de reajuste prevista em contrato firmado anteriormente a 31.10.2003 não configura, por si só, causa de indeterminação de preço, uma vez que não muda a natureza do valor inicialmente fixado, mas tão somente repõe, com fim na preservação do equilíbrio econômicofinanceiro entre as partes, a desvalorização da moeda frente à inflação ." (Fls. 335, grifo meu.) Mantenho o voto apresentado, no sentido de dar provimento ao recurso especial (REsp. n. 1.089.998 RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18.10.2011). " "TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 557 DO CPC. INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. COFINS. REGIME DE CONTRIBUIÇÃO. LEI N. 10.833/03. INSTRUÇÃO NORMATIVA 468/2004. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. A eventual nulidade da decisão monocrática calcada no art. 557 do CPC fica superada com a reapreciação do recurso pelo órgão colegiado, na via de agravo regimental, como bem analisado no REsp 824.406/RS de Relatoria do Min. Teori Albino Zavascki, em 18.5.2006. 2. A Secretaria da Receita Federal, por meio da Instrução Normativa 468/04, ao definir o que é "preço predeterminado", estabeleceu que "o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços" e, assim, acabou por conferir, de forma reflexa, aumento das alíquotas do PIS (de 0,65% para 1,65%) e da COFINS (de 3% para 7,6%). 3. Somente é possível a alteração, aumento ou fixação de alíquota tributária por meio de lei, sendo inviável a utilização de ato infralegal para este fim, sob pena de violação do princípio da legalidade tributária. Precedentes: REsp 1.089.998RJ, DJe 30/11/2011; REsp 1.109.034PR, DJe 6/5/2009; e REsp 872.169RS, DJe 13/5/2009. Agravo regimental improvido (AgRg no REsp. n. 1.310.284 PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 06.09.2012)." "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ART. 535, II, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA 284/STF. INTIMAÇÃO PESSOAL DA FAZENDA. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. NATUREZA PREVENTIVA. SÚMULA 7/STJ. ART. 10, XI, "B' DA LEI 10.833/03. CONCEITO DE PREÇO PREDETERMINADO. IN SRF 468/04. ILEGALIDADE. PRECEDENTE. ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. MULTA. AFASTAMENTO. SÚMULA 98/STJ. 1. O provimento do recurso especial por contrariedade ao art. 535, II, do CPC pressupõe seja demonstrado, fundamentadamente, entre outros, os seguintes motivos: (a) a questão supostamente omitida foi tratada na apelação, no agravo ou nas contrarrazões a estes recursos, ou, ainda, que se cuida de matéria de ordem pública a ser examinada de ofício, a qualquer tempo, pelas instâncias ordinárias; (b) houve interposição de aclaratórios para indicar à Corte local a necessidade de sanear a omissão; (c) a tese omitida é fundamental à conclusão do julgado e, se examinada, poderia levar à sua anulação ou reforma; e (d) não há outro fundamento autônomo, suficiente para Fl. 625DF CARF MF Processo nº 10380.900770/200927 Acórdão n.º 9303004.447 CSRFT3 Fl. 8 7 manter o acórdão. Esses requisitos são cumulativos e devem ser abordados de maneira fundamentada na petição recursal, sob pena de não se conhecer da alegativa por deficiência de fundamentação, dada a generalidade dos argumentos apresentados. Incidência da Súmula 284/STF. 2. Não cabe recurso especial quanto à controvérsia em torno da intimação pessoal da Fazenda, sob pena de usurparse competência reservada ao Supremo, nos termos do art. 102 da CF/88, já que o aresto recorrido decidiu com base em fundamentos essencialmente constitucionais. 3. Inadmissível recurso especial que demanda dilação probatória incompatível, nos termos da Súmula 7/STJ. No caso, a Corte de origem afirmou, expressamente, tratarse de impetração preventiva, o que afasta o prazo decadencial de 120 dias para a impetração, premissa que não pode ser revista neste âmbito recursal. 4. O preço predeterminado em contrato, previsto no art. 10, XI, "b", da Lei 10.833/03, não perde sua natureza simplesmente por conter cláusula de reajuste decorrente da correção monetária. Ilegalidade da IN n.º 468/04. Precedente. 5. A multa fixada com base no art. 538, parágrafo único, do CPC, deve ser afastada quando notório o propósito de prequestionamento dos embargos de declaração. Incidência da Súmula 98/STJ. 6. Recurso especial conhecido em parte e provido também em parte. Acórdão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer em parte do recurso e, nessa parte, darlhe parcial provimento nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques e Cesar Asfor Rocha votaram com o Sr. Ministro Relator.” Egrégio Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp 1169088 MT 2009/02357184" Com efeito, inferese da leitura da legislação federal que não houve nenhuma previsão de alteração do regime de contribuição por aplicação de cláusula de reajuste nos contratos firmados, não podendo instrumento normativo hierarquicamente inferior determinar a alteração do regime tributário, em observância da princípio da legalidade. Ademais, as Instruções Normativas constituem espécies jurídicas de caráter secundário, cuja validade e eficácia resultam, imediatamente, de sua estrita observância dos limites impostos pelas leis. De conseqüência, à luz dos art. 97 e 99 do Código Tributário Nacional, Instruções Normativas não podem modificar Lei, inovar a ordem jurídica, mas apenas conferir executoriedade às leis, nos estritos limites estabelecidos por elas. Fl. 626DF CARF MF Processo nº 10380.900770/200927 Acórdão n.º 9303004.447 CSRFT3 Fl. 9 8 Não obstante à essa constatação, temse que, posteriormente à IN SRF n.º 468/04, especificamente em 22.11.05, foi publicada a Lei n.º 11.196/05 que trouxe o seguinte dispositivo (Grifos meus): “Art. 109. Para fins do disposto nas alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1o do art. 27 da Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase desde 1o de novembro de 2003.” Pela leitura desse dispositivo, confirmase que não havia nenhuma previsão legal, até o advento da Lei n.º 11.196/05, de alteração do regime de contribuição por aplicação de cláusula de reajuste nos contratos firmados. Vale ainda esclarecer que a introdução de cláusula de reajuste é admitida para assegurar às partes a manutenção do equilíbrio econômico e financeiro da avença. Deve haver uma permanente equivalência entre os encargos suportados pelo particular e a remuneração a ele paga pela Administração. E o artigo 40 da Lei n.º 8.666 de 21 de junho de 1993, que rege as licitações, estabelece a observância obrigatória de determinadas regras, das quais a cláusula de reajuste de preço deve constar não apenas do instrumento contratual, mas também do próprio ato convocatório do processo de licitação. A mesma lei, dispõe que a aplicação de reajuste apenas representa o repasse da correção monetária durante a vigência do contrato, e não o estabelecimento de um novo contrato. O reajuste não provoca alteração contratual, motivo pelo qual é registrado mediante simples apostila. "Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, o dia e a hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: (...) XI – critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela; (...) Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam: (...) Fl. 627DF CARF MF Processo nº 10380.900770/200927 Acórdão n.º 9303004.447 CSRFT3 Fl. 10 9 III o preço e as condições de pagamento, os critérios, database e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios da atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;" "Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: (...) § 8.º A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços previsto no próprio contrato , as atualizações, compensações ou penalizações financeiras decorrentes das condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam alteração do mesmo , podendo ser registrados por simples apostila, dispensando a celebração de aditamento." (grifouse.) Dessa forma, o reajuste, resultante da simples aplicação do índice de correção monetária não tem o poder de alterar o preço predeterminado. Tanto é assim, que não implica em obrigatoriedade de aditamento do contrato, bastando a previsão de cláusula de reajuste com a estipulação de um índice oficial para a atualização monetária do preço. Quanto à IN SRF n.º 658/06, publicada posteriormente à Lei n.º 11.196/05 e que revogou a IN SRF n.º 468/04, que trouxe os arts. 3º e 4º, in verbis: "Art. 3º Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. § 1º Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. § 2º Ressalvado o disposto no § 3º, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação, após a data mencionada no art. 2º, da primeira alteração de preços decorrente da aplicação: I de cláusula contratual de reajuste, periódico ou não; ou II de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômico financeiro do contrato, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. § 3º O reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado. Art. 4º Na hipótese de pactuada, a qualquer título, a prorrogação do contrato, as receitas auferidas depois de vencido o prazo contratual vigente em 31 de outubro de 2003 sujeitarseão à incidência não cumulativa das contribuições.” (Grifos meus) Fl. 628DF CARF MF Processo nº 10380.900770/200927 Acórdão n.º 9303004.447 CSRFT3 Fl. 11 10 É de se considerar, em vista do exposto, que a IN SRF n.º 658/06, especificamente sem eu art. 3º, § 3º, está em consonância com o art. 109 da Lei n.º 11.196/05 ao dispor que o reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei n.º 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado. No caso concreto dos autos a recorrente celebrou, em 31 de agosto de 2001, contrato de compra e venda de energia elétrica com a Companhia Energética do Ceará COELCE, por um prazo de 20 anos, contados a partir da data inicial de fornecimento, que foi devidamente aprovado pela ANEEL através do Oficio n° 243/2002 SFF/ANEEL, de 09/04/2002. E através dos laudos apresentados foi comprovado que o Índice previsto para reajuste do preço predeterminado, constante do contrato de fornecimento de energia elétrica para a Companhia Energética do Ceará COELCE, não restou descaracterizado quando do primeiro reajuste, porquanto tal índice refletira os acréscimos dos custos de produção de energia elétrica, nos exatos termos condicionados pela legislação aplicável, tendo como consequência a tributação de suas receitas pelo PIS e COFINS no sistema cumulativo. E foi demonstrado que a fórmula de reajuste de preços não foi derivada de Índice refletor da variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, Quanto a variação do custo de produção, os peritos ao analisar o Laudo apresentado pela recorrido, apresentaram a seguinte resposta: 'Nesse contexto de forte definição por parte do Estado, os reajustes aplicados desde o inicio do suprimento CGTFCOELCE não ultrapassaram os custos de produção ou a variação ponderada dos insumos pelas seguintes razões: 1As Regras de Reajuste Contratual foram estabelecidas na legislação setorial; 2O contrato foi analisado e aprovado pela ANEEL; 3As regras de reajuste contratual definidas pela legislação setorial visam a variação ponderada dos custos de produção ou dos insumos, em consonância estrita com o princípio da legalidade, observado com todo o natural zelo pelo Regulador, em especial obedecendo o que dispõe o art. 27 da Lei n° 9.069/1995 no que diz respeito às condições necessárias para a utilização de índice diferente do IPC; e 4A variação de preço de venda não foi superior à dos insumos.' Fl. 629DF CARF MF Processo nº 10380.900770/200927 Acórdão n.º 9303004.447 CSRFT3 Fl. 12 11 E posteriormente a recorrida apresentou, o complemento do Laudo Técnico, no qual consta a composição final do preço com base nos nesses insumos e também foi apresentada a evolução ponderada dos insumos e produto. Diante de todos esses elementos ficou comprovado que em todos os anos do período apresentado, a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, ficando demonstrado que a correção no preço da energia elétrica praticada no período em questão (2005) não foi superior ao que ocorreu com seus insumos. Dessa forma, o reajuste praticado não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado, sujeitandose a recorrente à alíquota cumulativa das contribuições, subsistindo indébito tributário passível de repetição e compensação. Ademais, a Recorrida apresentou Ofício nº 1431/2006 da ANEEL, onde foi confirmado que os índices por ela aprovados ou homologados, bem como nos contratos celebrados nos moldes dos examinados nesses processos 'visam exatamente refletir a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados'. Diante dos fatos apurados, nego provimento ao recurso especial da Fazenda, para manter a decisão recorrida." Deixase de transcrever a íntegra da declaração de voto apresentada pela Conselheira Vanessa Marini Cecconello por ter sido apresentada no Acórdão 9303004.432 (processo paradigma), e por não ser essencial à solução do presente litígio. Transcrevese, tão somente, o seguinte fragmento da declaração de voto, que resume o entendimento adotado por parte dos integrantes do Colegiado, que votaram pelas conclusões: "A previsão de cláusula de reajuste do contrato, baseada no IGPM ou outro índice ou fórmula de correção monetária, não descaracteriza a condição de preço predeterminado, prestandose à simples manutenção do valor da moeda no tempo. Portanto, a previsão de reajuste do preço do suprimento de energia elétrica da CGTF à COELCE busca evitar que o valor predeterminado pelas partes contratantes seja corroído pelos efeitos da inflação. Portanto, não havendo a descaracterização da condição de preço predeterminado por cláusula contratual prevendo o reajuste por índice de correção monetária, estáse diante de contrato que preenche integralmente os requisitos estabelecidos na exceção do inciso XI, do art. 10 da Lei nº 10.833/2003, sendo imperiosa a manutenção da tributação das receitas dele decorrentes pelo regime de tributação do PIS e da COFINS cumulativo, havendo o direito da Contribuinte à restituição dos valores indevidamente recolhidos a tal título pela sistemática da nãocumulatividade." Fl. 630DF CARF MF Processo nº 10380.900770/200927 Acórdão n.º 9303004.447 CSRFT3 Fl. 13 12 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, mas, no mérito, negolhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 631DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 35464.002124/2006-51
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2000
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial em relação ao decisum recorrido.
VÍCIO NO LANÇAMENTO. NATUREZA
Em se verificando a existência de vício no procedimento de produção da norma individual e concreta que aplica a regra matriz de incidência (e não na aplicação da referida regra matriz), trata-se de vício de natureza formal e não material.
Numero da decisão: 9202-004.491
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer parcialmente o Recurso Especial da Fazenda Nacional, apenas quanto à natureza do vício (formal ou material), vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que não o conheceram; Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, que o conheceu integralmente e Ana Paula Fernandes, que o conheceu somente quanto à existência ou não do vício. E, no mérito da parte conhecida, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por voto de qualidade, em não conhecer o Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que o conheceram. Designado para redigir o voto vencedor em relação ao Recurso Especial da Fazenda Nacional o conselheiro Heitor de Souza Lima Junior.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra.
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201609
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2000 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial em relação ao decisum recorrido. VÍCIO NO LANÇAMENTO. NATUREZA Em se verificando a existência de vício no procedimento de produção da norma individual e concreta que aplica a regra matriz de incidência (e não na aplicação da referida regra matriz), trata-se de vício de natureza formal e não material.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 13 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 35464.002124/2006-51
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700015
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9202-004.491
nome_arquivo_s : Decisao_35464002124200651.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : PATRICIA DA SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 35464002124200651_5700015.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer parcialmente o Recurso Especial da Fazenda Nacional, apenas quanto à natureza do vício (formal ou material), vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que não o conheceram; Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, que o conheceu integralmente e Ana Paula Fernandes, que o conheceu somente quanto à existência ou não do vício. E, no mérito da parte conhecida, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por voto de qualidade, em não conhecer o Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que o conheceram. Designado para redigir o voto vencedor em relação ao Recurso Especial da Fazenda Nacional o conselheiro Heitor de Souza Lima Junior. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Patrícia da Silva - Relatora (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Redator designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
id : 6688274
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:04 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949924823040
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2046; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 726 1 725 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 35464.002124/200651 Recurso nº Especial do Procurador e do Contribuinte Acórdão nº 9202004.491 – 2ª Turma Sessão de 29 de setembro de 2016 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrentes SANTANDER BRASIL SEGUROS S/A FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2000 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial em relação ao decisum recorrido. VÍCIO NO LANÇAMENTO. NATUREZA Em se verificando a existência de vício no procedimento de produção da norma individual e concreta que aplica a regra matriz de incidência (e não na aplicação da referida regra matriz), tratase de vício de natureza formal e não material. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer parcialmente o Recurso Especial da Fazenda Nacional, apenas quanto à natureza do vício (formal ou material), vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que não o conheceram; Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, que o conheceu integralmente e Ana Paula Fernandes, que o conheceu somente quanto à existência ou não do vício. E, no mérito da parte conhecida, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por voto de qualidade, em não conhecer o Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 46 4. 00 21 24 /2 00 6- 51 Fl. 726DF CARF MF Processo nº 35464.002124/200651 Acórdão n.º 9202004.491 CSRFT2 Fl. 727 2 conheceram. Designado para redigir o voto vencedor em relação ao Recurso Especial da Fazenda Nacional o conselheiro Heitor de Souza Lima Junior. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Redator designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra. Relatório Cuidase de Auto de Infração – DEBCAD 35.872.3485 – que tem por objeto o lançamento de multa de ofício por descumprimento de obrigações acessórias decorrente de apresentação de GFIP incorreta, na qual o contribuinte deixou de declarar nas competências 01/1999 a 12/2000 os valores pagos a título de Auxílio Babá e Auxílio Creche, Prêmios/ Bônus, Participação nos Lucros e Resultados e Veículos. Pelo descumprimento das obrigações principais foram lavrados os NFLD’s 35.872.3418, 35.872.3426, 35.872.3434 e 35.872.344 2. Diante de tal exigência, o Contribuinte apresentou Impugnação, que foi julgada totalmente improcedente, motivando a interposição de Recurso Voluntário, no qual os membros do colegiado acordaram em dar parcial provimento ao recurso para acatar a decadência quinquenal conforme a regra do art. 173, I, do CTN (Acórdão nº 230200.096). Ainda, a Turma decretou a nulidade do auto de infração no que se refere a não declaração em GFIP das rubricas auxíliobabá, auxíliocreche, prêmios e bônus, participação nos lucros e resultados e veículos, por entender que a ausência de fundamentação no relatório fiscal dos motivos que levaram o Fisco a enquadrar tais rubricas como salário de contribuição causou prejuízo ao direito de defesa do contribuinte, ao qual foi imputada autuação sem a descrição clara e precisa de seu fato gerador. Contra a referida decisão, a Fazenda Nacional opôs Embargos de Declaração para sanar omissão quanto à espécie de vício que ensejara a nulidade do lançamento, se formal ou material, os quais foram acolhidos para declarar o vício material do lançamento, tendo sido proferido novo Acórdão sob o nº 2302002.258, que restou assim ementado: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Fl. 727DF CARF MF Processo nº 35464.002124/200651 Acórdão n.º 9202004.491 CSRFT2 Fl. 728 3 Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2000 DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. AUTODEINFRAÇÃO. GFIP. DADOS NÃO CORRESPONDENTES A TODOS OS FATOS GERADORES. Constitui infração a apresentação de GFIP com dados não correspondentes a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, conforme artigo 32, Inciso IV e §50, da Lei n° 8.212/91. DISCRIMINAÇÃO DOS FATOS GERADORES. INSUFICIÊNCIA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. O lançamento deve evidenciar a ocorrência dos fatos geradores das contribuições previdenciárias de forma clara e precisa, sob pena de nulidade por vício material. Recurso Voluntário Provido em Parte A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial requerendo que seja reformado o acórdão recorrido, reconhecendose a ausência de nulidade do auto de infração ou a declaração de que se trata de nulidade formal, e não material, permitindo o reinício do prazo para lançamento do crédito, nos termos do art. 173, II, do CTN. Por fim, o Contribuinte interpôs Recurso Especial impugnando a adoção do art. 173, I, do CTN para a contagem do prazo decadencial, requerendo a aplicação do art. 150, § 4º, do CTN e a aplicação da multa mais benigna nos termos do art. 32A, da Lei n 8.212/91. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva, Relatora a) Recurso Especial da Fazenda Nacional Na interposição do Recurso Especial da Fazenda Nacional, cumpreme trazer alguns pontos importantes a fim de aferir a possibilidade de sua admissibilidade ou não, conforme segue: Da análise das razões recursais, observase que, os supostos dissídios jurisprudenciais estariam apoiados nos acórdãos n° 10808.499 ("1o. Acórdão Paradigma"), n ° 20401.947 ("2o Acórdão Paradigma"), n° 20309.332 ("3o Acórdão Paradigma") e n°206 01.026 ("4o Acórdão Paradigma"). Fl. 728DF CARF MF Processo nº 35464.002124/200651 Acórdão n.º 9202004.491 CSRFT2 Fl. 729 4 Não obstante, o esforço da Procuradoria limitase a mera transcrição de trechos das ementas extraídas daquelas decisões. E, da leitura daquelas escassas informações não é possível aferir se há ou não similitude fática entre os acórdãos recorridos e paradigmas, tampouco a necessária divergência jurisprudencial autorizadora deste Recurso Especial. Porém, é patente a ausência de qualquer esforço de demonstração dos pontos em que se chocam o acórdão recorrido e o acórdão paradigma. A Procuradoria apenas transcreveu, no ponto, a ementa da decisão que julgou caracterizadora da divergência. Não a analisou, de qualquer forma, em comparação com a decisão recorrida, senão vejamos: O primeiro dissídio aduzido pela Procuradoria evidenciaria a impossibilidade de se reputar nulo o lançamento em razão de vício referente à clareza e precisão de descrição de fatos geradores nos casos em que o contribuinte tenha demonstrado pleno conhecimento da matéria de defesa, tal como teria demonstrado a Recorrida. De acordo com a Procuradoria, os acórdãos n° 10808.499 (i.e., 1o Acórdão Paradigma) e n° 20401.947 (i.e., 2o Acórdão Paradigma) fundamentariam esse dissídio, vejamos: Acórdão Recorrido 1° Acórdão Paradigma "Entretanto, após o exame do relatório fiscal de fls. 25, entendi que não restou evidenciado se as rubricas citadas como não informadas em GFIP, à exceção do prolabore, são de fato parcelas integrantes do salário de contribuição e, assim, fatos geradores e, assim, fatos geradores de contribuição previdenciária. Os valores pagos a títulos de auxílio creche, auxílio babá, despesas com veículos e mesmo prêmio e bônus podem ou não integrar o salário de contribuição, dependendo da forma com que foram pagos. Caso tenham sido pagos nas formas descritas no inciso 9o do artigo 28 da Lei n° 8.212/91, que trata das excludentes do salário de contribuição, não haverá incidência da contribuição previdenciária. Uma vez pagos em desacordo com a legislação, serão passíveis da incidência contributiva. Porém, pela leitura do relatório é impossível aferir como foram pagas ou tratadas as verbas citadas... "Particularmente, com atenção voltada para as exigências de IRPJ e de CSLL, pondera o contribuinte que não pudera exercer seu direito de defesa em plenitude à míngua de demonstrativos que evidenciasse a forma de composição da base de cálculo tanto do IRPJ, (fls. 552/553), quanto da CSLL (fls. 669/670) Fl. 729DF CARF MF Processo nº 35464.002124/200651 Acórdão n.º 9202004.491 CSRFT2 Fl. 730 5 Do trecho acima transcrito, depreendese que o v. acórdão recorrido conclui que as verbas ora discutidas seriam passíveis de incidência de contribuição previdenciária somente se a Autoridade Fiscal tivesse apurado que seus pagamentos tivessem sido feito em desacordo com a legislação, devendo, assim, tal verificação constar do Auto de Infração. Entretanto, constatouse que o lançamento foi silente quanto neste ponto, o que acarretou o vício reconhecido pelo v. acórdão de fls., que inviabiliza a própria verificação do fato gerador. Já o 1o. Acórdão Paradigma cuida de exigência de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ("IRPJ") e Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido ("CSLL") decorrentes da glosa de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa, no qual o contribuinte suscita a nulidade do lançamento em razão da preterição do seu direito de defesa decorrente da ausência de demonstrativos de apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL exigidos. Notese que, diferentemente do caso ora em discussão, a "descrição insuficiente" dos fatos no lançamento a que se reporta o 1o. Acórdão Paradigma não impede que o contribuinte identifique a ocorrência do fato gerador da exação exigida, mas toca o seu aspecto quantitativo. Ou seja, naquele lançamento, a ausência de um demonstrativo de apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, ao contrário do ocorre in casu, não inviabiliza a verificação do fato gerador das exações em questão. Por essa razão que o 1º Acórdão Paradigma chegou à conclusão diversa daquela adotada pelo v. acórdão recorrido, confirase: "(...) E tocante à preliminar de nulidade ante a falta de descrição suficiente no auto de infração também entendo ser improcedente, pois o mesmo preenche todos os pressupostos legais em sua elaboração, e a autuada demonstrou pleno conhecimento da matéria em sua defesa, não se constatando quaisquer irregularidades nesse sentido (...)." Da mesma forma, confirase, por sua vez, a análise comparativa referente ao 2o. Acórdão Paradigma: Acórdão Recorrido 2° Acórdão Paradigma "Entretanto, após o exame do relatório fiscal de fls. 25, entendi que não restou evidenciado se as rubricas citadas como não informadas em GFIP, à exceção do prolabore, são de fato parcelas integrantes do salário de contribuição e, assim, fatos geradores e, assim, fatos geradores de contribuição previdenciária. Os valores pagos a títulos de auxílio creche, auxílio babá, despesas com veículos e mesmo prêmio e bônus podem ou não integrar o salário de contribuição, dependendo da forma com que foram pagos. Caso tenham sido pagos nas formas descritas no inciso 9o do artigo 28 da Lei n° 8.212/91, que trata das excludentes do salário de contribuição, "Tratase de auto de infração decorrente de fiscalização procedida pela DRF em Recife PE, na qual foi apurada a base de cálculo da Contribuição ao PIS, com base no Livro Registro dos Serviços Prestados (fls. 15 a 23) e no Registro de Apuração do ICMS (fls. 24 a 30). No demonstrativo de "apuração das diferenças lançadas de ofício" (fl. 14), a fiscalização apurou o PIS devido nos períodos de apuração, abateve (sic) os valores recolhidos ou retidos por órgãos públicos e os valores declarados (que seriam objeto de cobrança eletrônica), lançando de ofício a diferença apurada. Não procede o requerimento da Procuradoria para que seja declarada a Fl. 730DF CARF MF Processo nº 35464.002124/200651 Acórdão n.º 9202004.491 CSRFT2 Fl. 731 6 não haverá incidência da contribuição previdenciária. Uma vez pagos em desacordo com a legislação, serão passíveis da incidência contributiva. Porém, pela leitura do relatório é impossível aferir como foram pagas ou tratadas as verbas citadas. nulidade do lançamento em razão da suposta falta/de descrição dos fatos e enquadramento legal. No auto de infração e nos demonstrativos produzidos pela fiscalização resta claro o procedimento de fiscalização, bem como as diferenças por ela apontadas e a origem dos valores lançados de ofício (escrituração fiscal da própria D. Procuradoria, nos livros relativos ao ISS e ao ICMS). A fundamentação legal também é clara e suficiente para a manifestação da defesa", Novamente aqui se fala na insuficiência de descrição de fato em lançamento que tem efeito inviabilizar a própria verificação do fato gerador. O segundo acórdão paradigma fala em afastamento de alegação de insuficiência de descrição do lançamento por ter a autoridade fiscal indicado DETALHADAMENTE por meio de demonstrativos, todo o procedimento de fiscalização oferecendo elementos suficientes para defesa, o que, em absoluto não é o caso aqui. Outrossim, há mais um óbice ao seu conhecimento, desta vez, relativo aos acórdãos paradigmas trazidos pela Procuradoria para consubstanciar o suposto dissídio jurisprudencial atinente à natureza do vício decorrente da insuficiente descrição de fatos no lançamento fiscal. "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE MATERIAL. Não houve a preclusão apontada pela Fazenda Nacional, conforme se depreende da leitura do recurso voluntário que aponta a ausência de fundamentação do relatório fiscal. Para que não houvesse incidência de contribuições previdenciárias, a legislação vigente à época dos fatos geradores exigia que todos empregados e dirigentes tivessem acesso às bolsas de estudos. Entretanto, não me parece que a autoridade fiscal tenha logrado êxito em demonstrar e muito menos comprovai que a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa não tiveram acesso às bolsas de estudos. Ocorre vício material quando o lançamento não permitir ao sujeito passivo conhecer com nitidez a acusação que lhe é imputada, quer pela insuficiência na descrição dos fatos, quer pela contradição entre seus elementos, é igualmente nulo por falta de materialização da hipótese de incidência e/ou o ilícito cometido. No presente caso a nulidade foi declarada em face da ausência da perfeita descrição do fato gerador do tributo, em virtude de não restar demonstrado que a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa não tiveram acesso às bolsas de estudos, o que caracteriza violação ao art. 142 do CTN e, especificamente, ao art. 37 da Lei n° 8.212/91 e ao art. 229, § 2 o do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n°3.048/1999. Quando nos deparamos com um vício de natureza formal o princípio princípio pas de nullité sans gruf ou princípio do prejuízo deve ser amplamente aplicado, isto porque, a adoção de sistema rígido de invalidação processual impede a eficiente atuação da Administração Pública. Fl. 731DF CARF MF Processo nº 35464.002124/200651 Acórdão n.º 9202004.491 CSRFT2 Fl. 732 7 Cabe a autoridade lançadora o ônus de descrever a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível, conforme descrito no art. 142 do CTN. A declaração de nulidade ante a ausência da perfeita descrição do fato gerador do tributo, decorre do fato de a autoridade fiscal não ter se desincumbido do ônus de descrever a ocorrência do fato gerador da obrigação, o que faz com que o prejuízo ao contribuinte seja intrínseco à declaração de nulidade por vício material. Recurso especial negado." (CSRF, Segunda Turma, Ac. 9202002.375, Conselheiro designado para redigir o voto vencedor Elias Sampaio Freire, Sessão de 06/11/2012). Por mais essa razão, não merece ser conhecido o Recurso Especial da Fazenda Nacional. Caso vencida quanto à admissibilidade, examino o Recurso da Fazenda Nacional. No acórdão recorrido ficou consignado que: (...) Após o exame do relatório fiscal de fls. 25, entendi que não restou evidenciado se as rubricas citadas como não informadas em GFIP, à exceção do prolabore, são de fato parcelas integrantes do salario de contribuição e, assim, fatos geradores de contribuição previdenciária. Os valores pagos a título de auxíliocreche, auxíliobabá, participação nos lucros, despesas com veículos e mesmo prêmio e bônus podem ou não integrar o salario de contribuição, dependendo da forma com que foram pagos. Caso tenham sido pagos nas formas descritas no inciso 9o do artigo 28 da Lei n. 8.212/91, que trata das excludentes do salario de contribuição, não haverá incidência da contribuição previdenciária. Uma vez pagos em desacordo com a legislação, serão passíveis da incidência contributiva. Porém, pela leitura do relatório é impossível aferir como foram pagas ou tratadas as verbas citadas. Única exceção ao fato é o pagamento de prolabore, que está sujeito à contribuição previdenciária, de acordo com a Lei n. 8.212/91. O artigo 12, inciso V, letra “f”da supra citada lei dispõe: (...) Portanto, apenas os valores pagos a título de prolabore se configuram como fato gerador de contribuição previdenciária, no presente auto de infração. Quanto às demais rubricas citadas entendo que não está demonstrado porque se consubstanciaram em fato gerador de contribuição e por isso deveriam estar declaradas em GFIP. Entendo que restou prejudicado o direito de defesa da recorrente, pois foi lhe imputada autuação sem a descrição clara e precisa de seu fato gerador. (Grifo nosso) Fl. 732DF CARF MF Processo nº 35464.002124/200651 Acórdão n.º 9202004.491 CSRFT2 Fl. 733 8 Ainda, na decisão dos Embargos de Declaração, ficou consubstanciado que: Assim, por ser autoridade julgadora competente para a decretação da nulidade e por estar evidenciado que o Relatório Fiscal preteriu o direito de defesa da recorrente, decido pela nulidade do auto de infração por vício material, no que se refere a não declaração em GFIP das rubricas auxíliobabá, auxíliocreche, prêmios e bônus, participação nos lucros e resultados e veículos, por não terem sido verificadas e trazidas aos autos as circunstâncias materiais dos fato geradores de tributos. Deve ser mantida a multa relativa aos valores não declarados em GFIP referentes ao prolabore. A Fazenda Nacional impugnou a referida decisão, apontando como paradigmas os acórdão n. 10808.499 e 20401.947, sob o argumento de que “só há falar em nulidade por descrição insuficiente do fato gerador caso tenha ocorrido prejuízo à defesa, configurado pela incompleta compreensão da acusação fiscal. Ainda, impugnou a declaração de nulidade do acórdão por vício material, aduzindo que a insuficiência na fundamentação do acórdão gera vício formal, e não material. Consubstanciando os autos, constato que de fato a fundamentação do auto de infração é insuficiente, não permitindo se conhecer os motivos pelos quais as rubricas auxílio creche, auxíliobabá, participação nos lucros, despesas com veículos foram caracterizadas como saláriodecontribuição. Vejase que, via de regra, tais verbas não integram o saláriodecontribuição, por força do disposto no art. 28, §9o, “j” e “s”, da Lei n. 8.212/91, exceto quando as verbas não observam os requisitos estabelecidos em lei. O relatório fiscal apenas limitouse a descrever que a empresa deixou de declarar os valores pagos, não fundamentando os motivos pelos quais as verbas foram enquadradas como exceção à regra dos dispositivos supra citados, não tendo oportunizado ao contribuinte conhecer os fatos pelos quais estava sendo autuado. Visto que a ausência de descrição do fato gerador acarretou em prejuízo à ampla defesa e contraditório do contribuinte, o auto de infração está eivado de vício material, sendo nulo. Nesse sentido: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1991 a 30/04/1998 NORMAS PROCEDIMENTAIS. DESCONSIDERAÇÃO PERSONALIDADE JURÍDICA E CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO S EMPREGADOS. PRESSUPOSTOS BÁSICOS. Somente nas hipóteses em que restar constatada a efetiva existência dos elementos constituintes da relação empregatícia entre o suposto Fl. 733DF CARF MF Processo nº 35464.002124/200651 Acórdão n.º 9202004.491 CSRFT2 Fl. 734 9 "tomador de serviços" e os "prestadores de serviços", poderá o Auditor Fiscal caracterizar o contribuinte individual (autônomo) como segurado empregado, ou mesmo promover a desconsideração da personalidade jurídica das empresas prestadoras de serviços, com fulcro no artigo 229, § 2°, do Regulamento da Previdência SocialRPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. RELATÓRIO FISCAL DA NOTIFICAÇÃO. OMISSÕES E/OU INCORREÇÕES NA DESCRIÇÃO DO FATO GERADOR DO TRIBUTO . VÍCIO DE NATUREZA MATERIAL. NÃO APLICABILIDADE TESE D A AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. O Relatório Fiscal tem por finalidade demonstrar/explicitar de forma clara e precisa todos os procedimentos e critérios utilizados pela fiscalização na constituição do crédito previdenciário, indicando precisamente o fato gerador do tributo, o sujeito passivo, a base de cálculo e a matéria tributável, nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional, possibilitando ao contribuinte o pleno direito da ampla defesa e contraditório. Omissões ou incorreções no Relatório Fiscal, relativamente aos critérios de apuração do crédito tributário levados a efeito por ocasião do lançamento fiscal, que impossibilitem o exercício pleno do direito de defesa e contraditório do contribuinte, enseja a nulidade material da autuação/notificação, mormente tratando se de desconsideração de personalidade jurídica e caracterização de segurados empregados, onde os requisitos do vínculo empregatício devem restar circunstanciadamente comprovados. O vício de natureza material constatado no lançamento enseja de pronto a nulidade do feito, não atraindo para si a tese da inexistência de prejuízo, tendo em vista que a ausência da descrição do fato gerador ou qualquer elemento necessário à validade do ato administrativo prescrito no artigo 142 do CTN, representa, por si só, evidente cerceamento à ampla defesa e contraditório do contribuinte, por impossibilitar a compreensão do lhe está sendo imputado. Recurso especial negado. Outrossim, entendo ser hipótese de vício material, que ocorre quando a autoridade não descreve de forma clara e precisa os fatos e/ou motivos que a levaram a lavrar a notificação fiscal e/ ou auto de infração, guardando relação com o conteúdo do ato administrativo. Ao revés, o vício formal, pressuposto extrínseco do ato, relacionase às formalidade previstas no art. 10 e 11, do Decreto n. 70.235/72, não sendo este o caso sob análise. No caso em tela, não estamos diante apenas de uma ausência de formalidade, mas sim da ausência de um pressuposto intrínseco do ato, de um vício de conteúdo, impossível de ser convalidado. Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda, devendo o acórdão recorrido ser mantido por seus próprios fundamentos. Fl. 734DF CARF MF Processo nº 35464.002124/200651 Acórdão n.º 9202004.491 CSRFT2 Fl. 735 10 b) Recurso Especial da Contribuinte Tendo em vista a apreciação do Recurso Especial da Fazenda Nacional, com posição majoritária deste Colegiado no sentido de decretação de nulidade do lançamento por vício formal nas rubricas em litígio, entendo que não resta ao Contribuinte interesse recursal quanto à retroatividade benigna, uma vez que não subsiste a obrigação principal, sendo que, no caso de novo lançamento, a aplicação da referida retroatividade é obrigatória com base na Instrução Normativa RFB no. 1027, de 2010. Ainda, importa registrar que o prolabore foi pago, conforme o que consta das fls. 64 (numeração manual do processo). Quanto à matéria de decadência do lançamento, é o entendimento deste Colegiado que, no caso, de obrigação acessória, devese aplicar sempre o prazo do 173, I, tese contrária ao pedido do contribuinte. Assim, diante da declaração de nulidade formal para o lançamento em questão, entendo que, no caso de realização de novo lançamento, deva ser possibilitada ao contribuinte a rediscussão também sobre a matéria decadencial, notandose que a prolação de decisão agora sobre a questão poderia levar à interpretação de que a matéria já havia sido definida por este Conselho, ficando assim impropriamente impossibilitado novo debate, com eventual diferente composição desta Turma. Assim, diante do acima exposto, deixo de conhecer do Recurso Especial da contribuinte. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 735DF CARF MF Processo nº 35464.002124/200651 Acórdão n.º 9202004.491 CSRFT2 Fl. 736 11 Voto Vencedor Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Redator designado Com a devida vênia ao entendimento esposado pela Relatora, ouso divergir tanto quanto ao conhecimento quanto ao mérito do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. a) Quanto ao conhecimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional: Em que pese aceder ao posicionamento da relatora no que diz respeito ao não conhecimento da primeira matéria arguída (inexistência de vício no lançamento, cuja divergência se tencionou demonstrar através dos Acórdãos paradigmas no. 10808.499 e 204 01.947. ambos citados no voto da Relatora), entendo, em linha com o exame de admissibilidade de efls. 280 a 284, que, para a segunda matéria arguída no pleito (natureza do vício formal ou material), encontrase devidamente caracterizada a divergência interpretativa, em especial a partir do disposto na ementa dos dois paradigmas apresentados pela Fazenda Nacional (Acórdãos 20309.332 e Acórdão 20601.026), verbis: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL — IMUNIDADE NULIDADE POR VICIO FORMAL —A imprecisa descrição dos/aios, pela falta de motivação do ato administrativo, impedindo a certeza e segurança jurídica, macula o lançamento, de vicio insanável, tornando nula a respectiva constituição. Processo anulado ab initia. (Acórdão 20309.332) AUSÊNCIA DE ESPECIFICAÇÃO DA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. VÍCIO FORMAL INSANÁVEL. Na Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD deve haver a expressa fundamentação legal do arbitramento procedido, além de demonstrar de maneira clara e precisa a situação que motivou o uso do procedimento, nos termos da legislação. A inobservância das formalidades legais na lavratura da NFLD acarreta vedação ao direito de defesa do contribuinte. A inobservância dessas regras é vicio insanável, configurando a sua nididade.PROCESSO ANULADO. " (Acórdão 20601.026) (grifos não constam dos originais) De forma bastante clara, temse, a partir dos excertos reproduzidos pela relatora, que, enquanto no recorrido se entende que a falta de motivação que levou ao uso do fundamento legal utilizado para fins de lançamento levaria à nulidade por vício material (vide Acórdão de embargos no. 230200.258, de 22/11/2012, de efls. 239 a 249, que se constitui em decisão integrativa do Acórdão recorrido 2.30200.096), já no âmbito dos paradigmas supra temse que tal falta de situação que motivou a utilização do fundamento legal da autuação (sua motivação) leva à decretação de nulidade por vício formal. Fl. 736DF CARF MF Processo nº 35464.002124/200651 Acórdão n.º 9202004.491 CSRFT2 Fl. 737 12 Esclarecedor a propósito são os seguintes excertos dos Acórdãos paradigmáticos: Acórdão 20309.332 (...) Desta feita, inexistente a devida e correta motivação do ato administrativo. Não basta a mera invocação da norma jurídica, supostamente aplicável ao fato, sem que se explique como e porque aquela norma jurídica deve ser aplicada. Motivar não é simplesmente apontar o texto da lei, eis que a isso se dá o nome de "fundamentação legal". As partes, tanto quem constitui o crédito tributário, pelo lançamento, como quem se insurge contra o ato administrativo, deverão justificar o porquê do ato administrativo ou da decisão administrativa, ou da não concordância com o ato administrativo. (,,,) Em verdade, o agente fiscal pode e deve efetuar o ato administrativo do lançamento de acordo com as razões de seu livre convencimento, todavia, deve explicitar as razões que o levaram a adotar este ou aquele procedimento, de maneira que seu procedimento não se configure em arbítrio Acórdão 20601.026 Acrescente que além de verificada a situação fática, ou seja, de demonstrar os motivos que levaram à adoção de tal medida, que ensejaria o lançamento por arbitramento é, também, imprescindível a indicação do dispositivo legal que autoriza o procedimento, no caso o art. 33 § 30 e/ou 6° da Lei n°8212/91. A observância de tais procedimentos, isto é, a indicação dos fundamentos de fato e de direito do procedimento fiscal é imprescindível face à observância ao Princípio Constitucional da Legalidade Estrita, que deve ser observado tanto pela Administração, quanto pelo Administrado, além de observar ao comando constitucional de que ninguém será privado de seus bens sem o devido processo legal (art. 5° inciso LIV da Constituição). Assim, entendo como caracterizada a divergência de critérios jurídicos quanto á natureza do vício existente, entre o recorrido e os paradigmas apresentados e conheço do pleito fazendário quanto à segunda matéria arguída (natureza do vício vício formal vs. vício material). Passo, destarte, à análise de mérito quanto à matéria. b) Quanto ao mérito do Recurso Natureza do Vício Vício Formal vs. Vício Material: Quanto à distinção entre vício formal e material, alinhome aqui à corrente que os distingue baseado nas noções de norma introdutora e norma introduzida, de lição de Fl. 737DF CARF MF Processo nº 35464.002124/200651 Acórdão n.º 9202004.491 CSRFT2 Fl. 738 13 Paulo de Barros Carvalho e muito bem resumida pela Conselheira Celia Maria de Souza Murphy, no âmbito do Acórdão 2101002.191, de lavra da 1a. Turma Ordinária da 1a. Cãmara da 2a. Seção de Julgamento e datado de 15 de maio de 2013, expressis verbis: "(...) O tema dos vícios material e formal está intrinsecamente relacionado com o processo de positivação do direito. Tomamos por premissa que o direito positivo é um sistema de normas, regidas por um princípio unitário, no qual normas jurídicas, seus elementos, relacionados entre si, são inseridas e excluídas a todo instante. As normas jurídicas são inseridas no sistema do direito positivo de acordo com regras que o próprio sistema produz. É uma norma que estipula qual é o órgão autorizado a inserir normas no sistema do direito positivo e qual o procedimento para que isso se faça. Toda norma jurídica introduzida no sistema do direito positivo o é por meio de uma norma introdutora. As normas sempre andam aos pares: norma introdutora e norma introduzida, tal como leciona Paulo de Barros Carvalho. A norma introdutora espelha o seu próprio processo de produção; a introduzida regula a uma conduta (que pode ser, inclusive, a produção de outra norma). Nesse sentido, seguindo os ensinamentos de Kelsen, são de direito formal as normas que cuidam da organização e do processo de produção de outras normas; de direito material são as normas que determinam o conteúdo desses atos, isto é, regulam o comportamento humano propriamente dito. O lançamento, norma jurídica que é, não foge à regra: compõese de norma introdutora e norma introduzida. Na norma introdutora fica demonstrado o procedimento que o agente público, autorizado a inserir no ordenamento jurídico a norma individual e concreta que aplica a regramatriz de incidência tributária, seguiu para produzila. A norma introduzida é a própria aplicação da regramatriz. A primeira norma trata da forma; a segunda, da matéria. No lançamento, a norma introdutora tem a ver com o procedimento ao qual alude o artigo 142 da Lei n.° 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional) e as normas de Direito Administrativo, que se completa com a norma introduzida, que efetivamente aplica a regramatriz de incidência. Feitas essas considerações, resta analisar em que ponto se identifica o vício do lançamento perpetrado no presente processo, se no processo de produção do ato administrativo do lançamento ou se na aplicação da regramatriz de incidência tributária. Se na norma introdutora, tratase de erro formal; se na norma introduzida, é erro material. (...) Fl. 738DF CARF MF Processo nº 35464.002124/200651 Acórdão n.º 9202004.491 CSRFT2 Fl. 739 14 A regramatriz de incidência, como ensina Paulo de Barros Carvalho, é norma jurídica em sentido estrito que institui o tributo, e compõese de antecedente e conseqüente. No antecedente, temos os critérios material, espacial e temporal. No conseqüente, os critérios pessoal (sujeitos ativo e passivo) e critério quantitativo (base de cálculo e alíquota). Analisamos, a seguir, a aplicação de cada um deles no lançamento em debate. (...)" Notese, especificamente quanto à norma introduzida (aplicação da regra matriz de incidência), que, no caso em questão, entendo como caracterizada a correta aplicação daquela regra em seu critério material, em especial a partir do relatório de efls. 50 e 51, reportandose ali, ainda, a correlação do presente lançamento com as NFLDs 35.872.3418, 35.872.3426, 35.872.3434 e 35.872.3442, destinadas à constituição de crédito das respectivas obrigações principais. Aqui, uma vez mencionado o lançamento das obrigações principais no âmbito daquelas NFLDs, deflui como consequência jurídicotributária a não declaração dos referidos valores em GFIP (visto que não reconhecidos como sujeitos à incidência pela autuada), com a também consequente caracterização da infração objeto do presente lançamento. Ou seja, os fundamentos legais aqui utilizados (efl. 51) são plenamente consistentes com a acusação de não declaração/recolhimento de valores de obrigação principal, os quais, notese foram objeto de lançamento na mesma ação fiscal, com o consequente descumprimento de obrigação acessória vinculada (necessidade de declaração de valores em GFIP). Também não vislumbro, no caso, qualquer violação aos critérios temporal. espacial, pessoal ou quantitativo, quando da aplicação da regra matriz de incidência, que pudesse caracterizar mácula na norma introduzida e, assim, rejeito aqui a ocorrência de vício material. Exemplificativamente, situação diversa poderia ocorrer caso se pudesse depreender dos autos a não ocorrência da hipótese de incidência em questão ou, ainda, caso se tivesse utilizado fundamento legal completamente estranho à acusação imputada, estas, em meu entendimento, se caracterizando em hipóteses de ocorrência de vício material, o que, repito, não se aplica ao presente caso. Todavia, reconhecendo a imperfeição na descrição da motivação do lançamento constatada pela autoridade julgadora a quo (vício cuja existência não mais se encontra em litígio) entendo que se está, no caso sob análise, de vício na norma introdutora (processo de produção do lançamento), por insuficiência da motivação no que diz à falta de declaração em GFIP de determinadas rubricas sujeitas à incidência de contribuição previdenciária e, assim, notese, também em perfeita harmonia com os Acórdãos paradigmáticos citados, me posiciono no sentido de declarar a nulidade do lançamento por vício formal. Diante do exposto, voto por conhecer parcialmente do Recurso da Fazenda Nacional, somente quanto à natureza do vício existente no lançamento, para, no mérito, quanto à matéria conhecida, lhe dar provimento, declarando a nulidade por vício formal. É como voto. Fl. 739DF CARF MF Processo nº 35464.002124/200651 Acórdão n.º 9202004.491 CSRFT2 Fl. 740 15 (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 740DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.900774/2009-13
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2005
PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL.
Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-004.451
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello. Solicitou apresentar declaração de voto a Conselheira Vanessa Marini Cecconello.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201612
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2005 PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS. Recurso Especial do Procurador Negado.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10380.900774/2009-13
anomes_publicacao_s : 201702
conteudo_id_s : 5682732
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-004.451
nome_arquivo_s : Decisao_10380900774200913.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RODRIGO DA COSTA POSSAS
nome_arquivo_pdf_s : 10380900774200913_5682732.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello. Solicitou apresentar declaração de voto a Conselheira Vanessa Marini Cecconello. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
id : 6654589
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:56:17 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949930065920
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1787; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10380.900774/200913 Recurso nº 1 Especial do Procurador Acórdão nº 9303004.451 – 3ª Turma Sessão de 07 de dezembro de 2016 Matéria CONTRIBUIÇÕES. PREÇO PREDETERMINADO. CORREÇÃO PELO IGPM. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CGTF CENTRAL GERADORA TERMELETRICA FORTALEZA S.A. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2005 PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS. Recurso Especial do Procurador Negado. Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello. Solicitou apresentar declaração de voto a Conselheira Vanessa Marini Cecconello. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 90 07 74 /2 00 9- 13 Fl. 422DF CARF MF Processo nº 10380.900774/200913 Acórdão n.º 9303004.451 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, de acordo com o disposto no art. 7º, §§ 3º e 5º, da Portaria MF n.º 527, de 2010, interposto pela Fazenda Nacional ao amparo do art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF n.º 256, de 22 de junho de 2009, em face do Acórdão n.º 3101001.730, que possui a seguinte ementa, transcrita na parte de interesse: PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS. Recurso Voluntário Provido em Parte A divergência foi suscitada pela Fazenda Nacional em razão do entendimento de que a previsão de cláusula de reajuste com base no IGPM não desnaturaria o requisito de “preço predeterminado” estatuído no art. 10, XI, “b” da Lei n.º 10.833/2003, condição necessária para manutenção da contribuinte no regime cumulativo do PIS/COFINS. Para comprovar o dissenso foram colacionados, como paradigmas, os Acórdãos nºs 210200.001 e 20219.497. O Contribuinte apresentou contrarrazões postulando, preliminarmente, o não conhecimento do Recurso Especial e, caso seja conhecido, seu nãoprovimento, mantendo a decisão recorrida nos termos em que proferida. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.432, de 07/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.900758/200912, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade do recurso e quanto ao mérito (Acórdão 9303004.432): Da Admissibilidade "Entendemos que o recurso especial deve ser conhecido. Fl. 423DF CARF MF Processo nº 10380.900774/200913 Acórdão n.º 9303004.451 CSRFT3 Fl. 4 3 É que, como restou comprovado no exame de sua admissibilidade, enquanto, no acórdão recorrido, entendeuse que o índice aplicado no contrato celebrado pela contribuinte – o mesmo de que se tratou no primeiro acórdão paradigma – não o desqualificava como predeterminado, neste último chegouse a uma conclusão diversa, ou seja, a de que a aplicação do mesmo índice desnaturou tal condição. Assim sendo, e sem necessidade de maiores digressões, entendemos que o recurso especial interposto pela Procuradoria deve ser conhecido." Do Mérito "A questão posta nos autos cingese a esclarecer se a receita advinda do contrato firmado, por ser anterior a 31 de outubro de 2003, estaria alcançado pelo comando dos artigos 10 e 15 da Lei nº n.º 10.833/03, em razão da Instrução Normativa n.º 468/04, aplicandose, portanto, a sistemática da nãocumulatividade. Por unanimidade de votos, a decisão recorrida reconheceu o direito do Contribuinte de compensar com débitos próprios os créditos de que é titular, decorrentes de pagamentos efetuados a maior realizados a título de COFINS nãocumulativa, sobre as receitas de vendas de energia elétrica, quando esse tributo deveria ter sido calculado no regime cumulativo, de acordo com a a alínea "b" do inciso XI do artigo 10 e no artigo 15 da Lei n.° 10.833/03, do § 3 do artigo 3 da IN SRF n.° 658/06 e do item 3.1 da IN SRF n.° 21/79, por resultarem de contrato firmado antes de 31.10.2003 a preço predeterminado, com prazo de vigência superior a 1 (um) ano (CONTRATO), celebrado com a Companhia Energética do Ceará ("COELCE"). Para melhor elucidar a questão, transcrevo a seguir os dispositivos que serão tratados na presente decisão, iniciando com a art. 10, inciso XI, alínea “b”, da Lei n.º10.833/03, in verbis: "Lei 10.833/03 (...) Art. 10. Permanecem sujeitas às Normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: (...) XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: (...) b) com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços;" Fl. 424DF CARF MF Processo nº 10380.900774/200913 Acórdão n.º 9303004.451 CSRFT3 Fl. 5 4 E artigos 1º e 2º da IN SRF n.º 468/04, trazem a seguinte redação: "Art. 1º Permanecem tributadas no regime da cumulatividade, ainda que a pessoa jurídica esteja sujeita à incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, as receitas por ela auferidas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: (...) II com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços “Art. 2º Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. § 1º Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. § 2º Se estipulada no contrato cláusula de aplicação de reajuste, periódico ou não, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços verificada após a data mencionada no art. 1º. (...)." Verificase que a Instrução Normativa da Receita Federal determina a alteração do regime tributário com a existência de cláusula de reajuste, ou seja, altera a situação da pessoa jurídica do regime tributário da cumulatividade para o não cumulativo. Acredito, que referida instrução normativa ultrapassou o poder regulamentar. Isto porque, ao definir a cláusula de reajuste como marco temporal para modificação do caráter predeterminado do preço, acabou por conferir, de forma reflexa, aumento das alíquotas do PIS (de 0,65% para 1,65%) e da COFINS (de 3% para 7,6%). Cumpre asseverar que o entendimento jurisprudencial só admite alteração, aumento ou fixação de alíquota tributária por meio de lei, sendo inviável a utilização de ato infralegal para este fim, sob pena de violação ao princípio da legalidade tributária, senão vejamos: "PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. FUSEX. NATUREZA TRIBUTÁRIA. FIXAÇÃO DA ALÍQUOTA POR PORTARIA. IMPOSSIBILIDADE. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. 1. É entendimento sedimentado o de não haver omissão no acórdão que, com fundamentação suficiente, ainda que não exatamente a invocada pelas partes, decide de modo integral a controvérsia posta. 2. 'Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não Fl. 425DF CARF MF Processo nº 10380.900774/200913 Acórdão n.º 9303004.451 CSRFT3 Fl. 6 5 foi apreciada pelo tribunal a quo' (Súmula 211/STJ). 3. 'O Fundo de Saúde do Ministério do Exército (FUSEX) é custeado pelos próprios militares que gozam, juntamente com seus dependentes, de assistência médicohospitalar. A contribuição de custeio, tendo em vista seu caráter compulsório, tem natureza jurídica tributária, sujeitandose ao princípio da legalidade. Precedente: REsp 789260/PR, Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, DJ 19.06.2006' (REsp 761.421/PR, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, DJ de 01.03.2007). 4. '(...) por se tratar de lançamento de ofício, o prazo prescricional a ser aplicado às ações de repetição de indébito de contribuições ao FUSEX é o qüinqüenal, nos termos do art. 168, I, do CTN' (REsp 1.068.895/RS, 1ª Turma, Min. Francisco Falcão, DJe de 20/10/2008) 5. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 857.464/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 17.2.2009, DJe 2.3.2009.) Diante, disto, o STJ e o TRF tem posicionado no sentido de declarar a ilegalidade do art. 2º, §2º, da Instrução Normativa SRF n.º 468/04 (redação repetida pelo art. 3º, §2º, da Instrução Normativa SRF n.º 658/06). "TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. REGRA DE TRANSIÇÃO. ART. 10, XI, "B", DA LEI N. 10.833/03. REGULAMENTAÇÃO. SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL. ART. 92 DA LEI N. 10.833/03. CONCEITO DE "PREÇO PREDETERMINADO". ART. 2º, § 2º, DA IN/SRF N. 468/2004 E ART. 3º, §2º, DA IN/SRF N. 658/2006. ILEGALIDADE. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO (ART. 932, IV, CPC/2015 C/C ART. 255, § 4º, II, RISTJ). Processo REsp 1476922 Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Data da Publicação DJe 29/06/2016." "TRIBUTÁRIO. COFINS. REGIME DE CONTRIBUIÇÃO. LEI N. 10.833/03. INSTRUÇÃO NORMATIVA N. 468/2004. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. Cuidase de recurso especial interposto pelo contribuinte, questionando o poder regulamentar da Secretaria da Receita Federal, na edição da Instrução Normativa n. 468/04, que regulamentou o art. 10 da Lei n. 10.833/03. 2. O art. 10, inciso XI, da Lei n. 10.833/03 determina que os contratos de prestação de serviço firmados a preço determinado antes de 31.10.2003, e com prazo superior a 1 (um) ano, permanecem sujeitos ao regime tributário da cumulatividade para a incidência da COFINS. (Grifo meu.) 3. A Secretaria da Receita Federal, por meio da Instrução Normativa n. 468/04, ao definir o que é "preço predeterminado", estabeleceu que "o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços " e, assim, acabou por conferir, de forma reflexa, aumento das alíquotas do PIS (de 0,65% para 1,65%) e da COFINS (de 3% para 7,6%). 4. Somente é possível a alteração, aumento ou fixação de alíquota tributária por meio de lei, sendo inviável a utilização de ato infralegal para este fim, sob pena de violação do princípio da legalidade tributária. 5. No mesmo sentido do voto que eu proferi, o Ministério Público Federal entendeu que houve ilegalidade na regulamentação da lei pela Secretaria da Receita Federal, pois "a Fl. 426DF CARF MF Processo nº 10380.900774/200913 Acórdão n.º 9303004.451 CSRFT3 Fl. 7 6 simples aplicação da cláusula de reajuste prevista em contrato firmado anteriormente a 31.10.2003 não configura, por si só, causa de indeterminação de preço, uma vez que não muda a natureza do valor inicialmente fixado, mas tão somente repõe, com fim na preservação do equilíbrio econômicofinanceiro entre as partes, a desvalorização da moeda frente à inflação ." (Fls. 335, grifo meu.) Mantenho o voto apresentado, no sentido de dar provimento ao recurso especial (REsp. n. 1.089.998 RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18.10.2011). " "TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 557 DO CPC. INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. COFINS. REGIME DE CONTRIBUIÇÃO. LEI N. 10.833/03. INSTRUÇÃO NORMATIVA 468/2004. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. A eventual nulidade da decisão monocrática calcada no art. 557 do CPC fica superada com a reapreciação do recurso pelo órgão colegiado, na via de agravo regimental, como bem analisado no REsp 824.406/RS de Relatoria do Min. Teori Albino Zavascki, em 18.5.2006. 2. A Secretaria da Receita Federal, por meio da Instrução Normativa 468/04, ao definir o que é "preço predeterminado", estabeleceu que "o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços" e, assim, acabou por conferir, de forma reflexa, aumento das alíquotas do PIS (de 0,65% para 1,65%) e da COFINS (de 3% para 7,6%). 3. Somente é possível a alteração, aumento ou fixação de alíquota tributária por meio de lei, sendo inviável a utilização de ato infralegal para este fim, sob pena de violação do princípio da legalidade tributária. Precedentes: REsp 1.089.998RJ, DJe 30/11/2011; REsp 1.109.034PR, DJe 6/5/2009; e REsp 872.169RS, DJe 13/5/2009. Agravo regimental improvido (AgRg no REsp. n. 1.310.284 PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 06.09.2012)." "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ART. 535, II, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA 284/STF. INTIMAÇÃO PESSOAL DA FAZENDA. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. NATUREZA PREVENTIVA. SÚMULA 7/STJ. ART. 10, XI, "B' DA LEI 10.833/03. CONCEITO DE PREÇO PREDETERMINADO. IN SRF 468/04. ILEGALIDADE. PRECEDENTE. ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. MULTA. AFASTAMENTO. SÚMULA 98/STJ. 1. O provimento do recurso especial por contrariedade ao art. 535, II, do CPC pressupõe seja demonstrado, fundamentadamente, entre outros, os seguintes motivos: (a) a questão supostamente omitida foi tratada na apelação, no agravo ou nas contrarrazões a estes recursos, ou, ainda, que se cuida de matéria de ordem pública a ser examinada de ofício, a qualquer tempo, pelas instâncias ordinárias; (b) houve interposição de aclaratórios para indicar à Corte local a necessidade de sanear a omissão; (c) a tese omitida é fundamental à conclusão do julgado e, se examinada, poderia levar à sua anulação ou reforma; e (d) não há outro fundamento autônomo, suficiente para Fl. 427DF CARF MF Processo nº 10380.900774/200913 Acórdão n.º 9303004.451 CSRFT3 Fl. 8 7 manter o acórdão. Esses requisitos são cumulativos e devem ser abordados de maneira fundamentada na petição recursal, sob pena de não se conhecer da alegativa por deficiência de fundamentação, dada a generalidade dos argumentos apresentados. Incidência da Súmula 284/STF. 2. Não cabe recurso especial quanto à controvérsia em torno da intimação pessoal da Fazenda, sob pena de usurparse competência reservada ao Supremo, nos termos do art. 102 da CF/88, já que o aresto recorrido decidiu com base em fundamentos essencialmente constitucionais. 3. Inadmissível recurso especial que demanda dilação probatória incompatível, nos termos da Súmula 7/STJ. No caso, a Corte de origem afirmou, expressamente, tratarse de impetração preventiva, o que afasta o prazo decadencial de 120 dias para a impetração, premissa que não pode ser revista neste âmbito recursal. 4. O preço predeterminado em contrato, previsto no art. 10, XI, "b", da Lei 10.833/03, não perde sua natureza simplesmente por conter cláusula de reajuste decorrente da correção monetária. Ilegalidade da IN n.º 468/04. Precedente. 5. A multa fixada com base no art. 538, parágrafo único, do CPC, deve ser afastada quando notório o propósito de prequestionamento dos embargos de declaração. Incidência da Súmula 98/STJ. 6. Recurso especial conhecido em parte e provido também em parte. Acórdão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer em parte do recurso e, nessa parte, darlhe parcial provimento nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques e Cesar Asfor Rocha votaram com o Sr. Ministro Relator.” Egrégio Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp 1169088 MT 2009/02357184" Com efeito, inferese da leitura da legislação federal que não houve nenhuma previsão de alteração do regime de contribuição por aplicação de cláusula de reajuste nos contratos firmados, não podendo instrumento normativo hierarquicamente inferior determinar a alteração do regime tributário, em observância da princípio da legalidade. Ademais, as Instruções Normativas constituem espécies jurídicas de caráter secundário, cuja validade e eficácia resultam, imediatamente, de sua estrita observância dos limites impostos pelas leis. De conseqüência, à luz dos art. 97 e 99 do Código Tributário Nacional, Instruções Normativas não podem modificar Lei, inovar a ordem jurídica, mas apenas conferir executoriedade às leis, nos estritos limites estabelecidos por elas. Fl. 428DF CARF MF Processo nº 10380.900774/200913 Acórdão n.º 9303004.451 CSRFT3 Fl. 9 8 Não obstante à essa constatação, temse que, posteriormente à IN SRF n.º 468/04, especificamente em 22.11.05, foi publicada a Lei n.º 11.196/05 que trouxe o seguinte dispositivo (Grifos meus): “Art. 109. Para fins do disposto nas alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1o do art. 27 da Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase desde 1o de novembro de 2003.” Pela leitura desse dispositivo, confirmase que não havia nenhuma previsão legal, até o advento da Lei n.º 11.196/05, de alteração do regime de contribuição por aplicação de cláusula de reajuste nos contratos firmados. Vale ainda esclarecer que a introdução de cláusula de reajuste é admitida para assegurar às partes a manutenção do equilíbrio econômico e financeiro da avença. Deve haver uma permanente equivalência entre os encargos suportados pelo particular e a remuneração a ele paga pela Administração. E o artigo 40 da Lei n.º 8.666 de 21 de junho de 1993, que rege as licitações, estabelece a observância obrigatória de determinadas regras, das quais a cláusula de reajuste de preço deve constar não apenas do instrumento contratual, mas também do próprio ato convocatório do processo de licitação. A mesma lei, dispõe que a aplicação de reajuste apenas representa o repasse da correção monetária durante a vigência do contrato, e não o estabelecimento de um novo contrato. O reajuste não provoca alteração contratual, motivo pelo qual é registrado mediante simples apostila. "Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, o dia e a hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: (...) XI – critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela; (...) Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam: (...) Fl. 429DF CARF MF Processo nº 10380.900774/200913 Acórdão n.º 9303004.451 CSRFT3 Fl. 10 9 III o preço e as condições de pagamento, os critérios, database e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios da atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;" "Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: (...) § 8.º A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços previsto no próprio contrato , as atualizações, compensações ou penalizações financeiras decorrentes das condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam alteração do mesmo , podendo ser registrados por simples apostila, dispensando a celebração de aditamento." (grifouse.) Dessa forma, o reajuste, resultante da simples aplicação do índice de correção monetária não tem o poder de alterar o preço predeterminado. Tanto é assim, que não implica em obrigatoriedade de aditamento do contrato, bastando a previsão de cláusula de reajuste com a estipulação de um índice oficial para a atualização monetária do preço. Quanto à IN SRF n.º 658/06, publicada posteriormente à Lei n.º 11.196/05 e que revogou a IN SRF n.º 468/04, que trouxe os arts. 3º e 4º, in verbis: "Art. 3º Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. § 1º Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. § 2º Ressalvado o disposto no § 3º, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação, após a data mencionada no art. 2º, da primeira alteração de preços decorrente da aplicação: I de cláusula contratual de reajuste, periódico ou não; ou II de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômico financeiro do contrato, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. § 3º O reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado. Art. 4º Na hipótese de pactuada, a qualquer título, a prorrogação do contrato, as receitas auferidas depois de vencido o prazo contratual vigente em 31 de outubro de 2003 sujeitarseão à incidência não cumulativa das contribuições.” (Grifos meus) Fl. 430DF CARF MF Processo nº 10380.900774/200913 Acórdão n.º 9303004.451 CSRFT3 Fl. 11 10 É de se considerar, em vista do exposto, que a IN SRF n.º 658/06, especificamente sem eu art. 3º, § 3º, está em consonância com o art. 109 da Lei n.º 11.196/05 ao dispor que o reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei n.º 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado. No caso concreto dos autos a recorrente celebrou, em 31 de agosto de 2001, contrato de compra e venda de energia elétrica com a Companhia Energética do Ceará COELCE, por um prazo de 20 anos, contados a partir da data inicial de fornecimento, que foi devidamente aprovado pela ANEEL através do Oficio n° 243/2002 SFF/ANEEL, de 09/04/2002. E através dos laudos apresentados foi comprovado que o Índice previsto para reajuste do preço predeterminado, constante do contrato de fornecimento de energia elétrica para a Companhia Energética do Ceará COELCE, não restou descaracterizado quando do primeiro reajuste, porquanto tal índice refletira os acréscimos dos custos de produção de energia elétrica, nos exatos termos condicionados pela legislação aplicável, tendo como consequência a tributação de suas receitas pelo PIS e COFINS no sistema cumulativo. E foi demonstrado que a fórmula de reajuste de preços não foi derivada de Índice refletor da variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, Quanto a variação do custo de produção, os peritos ao analisar o Laudo apresentado pela recorrido, apresentaram a seguinte resposta: 'Nesse contexto de forte definição por parte do Estado, os reajustes aplicados desde o inicio do suprimento CGTFCOELCE não ultrapassaram os custos de produção ou a variação ponderada dos insumos pelas seguintes razões: 1As Regras de Reajuste Contratual foram estabelecidas na legislação setorial; 2O contrato foi analisado e aprovado pela ANEEL; 3As regras de reajuste contratual definidas pela legislação setorial visam a variação ponderada dos custos de produção ou dos insumos, em consonância estrita com o princípio da legalidade, observado com todo o natural zelo pelo Regulador, em especial obedecendo o que dispõe o art. 27 da Lei n° 9.069/1995 no que diz respeito às condições necessárias para a utilização de índice diferente do IPC; e 4A variação de preço de venda não foi superior à dos insumos.' Fl. 431DF CARF MF Processo nº 10380.900774/200913 Acórdão n.º 9303004.451 CSRFT3 Fl. 12 11 E posteriormente a recorrida apresentou, o complemento do Laudo Técnico, no qual consta a composição final do preço com base nos nesses insumos e também foi apresentada a evolução ponderada dos insumos e produto. Diante de todos esses elementos ficou comprovado que em todos os anos do período apresentado, a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, ficando demonstrado que a correção no preço da energia elétrica praticada no período em questão (2005) não foi superior ao que ocorreu com seus insumos. Dessa forma, o reajuste praticado não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado, sujeitandose a recorrente à alíquota cumulativa das contribuições, subsistindo indébito tributário passível de repetição e compensação. Ademais, a Recorrida apresentou Ofício nº 1431/2006 da ANEEL, onde foi confirmado que os índices por ela aprovados ou homologados, bem como nos contratos celebrados nos moldes dos examinados nesses processos 'visam exatamente refletir a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados'. Diante dos fatos apurados, nego provimento ao recurso especial da Fazenda, para manter a decisão recorrida." Deixase de transcrever a íntegra da declaração de voto apresentada pela Conselheira Vanessa Marini Cecconello por ter sido apresentada no Acórdão 9303004.432 (processo paradigma), e por não ser essencial à solução do presente litígio. Transcrevese, tão somente, o seguinte fragmento da declaração de voto, que resume o entendimento adotado por parte dos integrantes do Colegiado, que votaram pelas conclusões: "A previsão de cláusula de reajuste do contrato, baseada no IGPM ou outro índice ou fórmula de correção monetária, não descaracteriza a condição de preço predeterminado, prestandose à simples manutenção do valor da moeda no tempo. Portanto, a previsão de reajuste do preço do suprimento de energia elétrica da CGTF à COELCE busca evitar que o valor predeterminado pelas partes contratantes seja corroído pelos efeitos da inflação. Portanto, não havendo a descaracterização da condição de preço predeterminado por cláusula contratual prevendo o reajuste por índice de correção monetária, estáse diante de contrato que preenche integralmente os requisitos estabelecidos na exceção do inciso XI, do art. 10 da Lei nº 10.833/2003, sendo imperiosa a manutenção da tributação das receitas dele decorrentes pelo regime de tributação do PIS e da COFINS cumulativo, havendo o direito da Contribuinte à restituição dos valores indevidamente recolhidos a tal título pela sistemática da nãocumulatividade." Fl. 432DF CARF MF Processo nº 10380.900774/200913 Acórdão n.º 9303004.451 CSRFT3 Fl. 13 12 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, mas, no mérito, negolhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 433DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10510.721169/2015-95
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. MOLÉSTIA GRAVE. MILITAR. REFORMA. COMPROVAÇÃO IDÔNEA EM FASE RECURSAL. ADMITIDA EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DO FORMALISMO MODERADO.
Comprovada idoneamente que o recorrente preenche os pressupostos legais para o gozo da isenção, ainda que em fase recursal, deve ser admitida os comprovantes apresentados a destempo, com fundamento no princípio do formalismo moderado, não subsistindo o lançamento quanto a este aspecto.
ISENÇÃO. ABRANGÊNCIA APOSENTADORIA REFORMA E RESERVA.
Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Súmula CARF nº 43
Numero da decisão: 2202-003.657
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente.
(Assinado digitalmente)
JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO- Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar, Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201702
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2012 IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. MOLÉSTIA GRAVE. MILITAR. REFORMA. COMPROVAÇÃO IDÔNEA EM FASE RECURSAL. ADMITIDA EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DO FORMALISMO MODERADO. Comprovada idoneamente que o recorrente preenche os pressupostos legais para o gozo da isenção, ainda que em fase recursal, deve ser admitida os comprovantes apresentados a destempo, com fundamento no princípio do formalismo moderado, não subsistindo o lançamento quanto a este aspecto. ISENÇÃO. ABRANGÊNCIA APOSENTADORIA REFORMA E RESERVA. Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Súmula CARF nº 43
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 03 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10510.721169/2015-95
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5688138
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 03 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2202-003.657
nome_arquivo_s : Decisao_10510721169201595.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
nome_arquivo_pdf_s : 10510721169201595_5688138.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente. (Assinado digitalmente) JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO- Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar, Marcio Henrique Sales Parada.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
id : 6664549
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:56:35 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949967814656
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1564; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 70 1 69 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10510.721169/201595 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.657 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 07 de fevereiro de 2017 Matéria Imposto de Renda Pessoa Física IRPF Recorrente CARLOS JOSÉ DE ALMEIDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2012 IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. MOLÉSTIA GRAVE. MILITAR. REFORMA. COMPROVAÇÃO IDÔNEA EM FASE RECURSAL. ADMITIDA EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DO FORMALISMO MODERADO. Comprovada idoneamente que o recorrente preenche os pressupostos legais para o gozo da isenção, ainda que em fase recursal, deve ser admitida os comprovantes apresentados a destempo, com fundamento no princípio do formalismo moderado, não subsistindo o lançamento quanto a este aspecto. ISENÇÃO. ABRANGÊNCIA APOSENTADORIA REFORMA E RESERVA. Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Súmula CARF nº 43 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente. (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 0. 72 11 69 /2 01 5- 95 Fl. 70DF CARF MF 2 JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar, Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Brasília/DF: Contra o contribuinte qualificado nos autos foi emitida a notificação de lançamento, referente ao imposto de renda de pessoa física, exercício 2012, anocalendário 2011. Foi apurado saldo inexistente de imposto a pagar ou a restituir. A notificação de lançamento teve origem na constatação das seguintes infrações, conforme demonstrativos de descrição dos fatos e enquadramento legal. Omissão de rendimentos do trabalho com vínculo empregatício – com base em informações constantes em dirf da fonte pagadora constatouse omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, sujeitos à tabela progressiva, no valor de R$ 37.234,02, do Comando da Marinha. A base legal do lançamento encontrase nos autos. Na impugnação apresentada, o contribuinte, alega, que os rendimentos são isentos por se tratar de proventos de aposentadoria, reforma ou pensão de portador de moléstia grave. Junta ao processo comprovantes de rendimentos fornecidos pela fonte pagadora e Laudo pericial. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Brasília/DF negou provimento à impugnação em decisão cuja ementa é a seguinte: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2012 Ementa: PROVENTOS DE APOSENTADORIA, REFORMA OU PENSÃO MOLÉSTIA GRAVE. São isentos do imposto de renda os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão percebidos pelos portadores das moléstias enumeradas no inciso XIV do artigo 6º da Lei 7.713/1988 e alterações. Tal isenção está condicionada a comprovação da doença mediante laudo pericial emitido de modo conclusivo por Fl. 71DF CARF MF Processo nº 10510.721169/201595 Acórdão n.º 2202003.657 S2C2T2 Fl. 71 3 serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e se aplica aos rendimentos recebidos a partir do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia ou da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo ou parecer, quando a moléstia for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão. A isenção não se aplica aos proventos recebidos por militar integrante da reserva remunerada, ainda que se trate de portador de doença prevista no mencionado dispositivo legal. Cientificado o Recorrente apresentou o Recurso Voluntário (fls. 58/59) por meio do qual afirma que ingressou na Marinha do Brasil em 11 de agosto de 1952 e foi desligado para reserva remunerada em 21 de novembro de 1980, sendo reformado pela Portaria nº 243, de 22 de fevereiro de 1990 da Diretoria de Pessoal Militar da Marinha e publicada no Diário Oficial da União de 11 de março de 1991 e no boletim nº 8/1991 da Marinha do Brasil. Junta ao seu recurso os seguinte documentos: a) Declaração da Capitania dos Portos de Sergipe; b) Diário Oficial da União. É o relatório Voto Conselheira Relatora JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO O recurso preenche os pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. De acordo com a DRJ o contribuinte não comprovou os requisitos necessários a obtenção da aposentadoria por moléstia grave, uma vez que, para tanto, era fundamental que comprovasse que foi transferido para reserva, nestes termos: A Junta de Saúde da Diretoria de Saúde da Marinha atestou ser o contribuinte portador de Nefropatia grave, CID 10 N 18.9 a partir de 12/07/2011. De acordo com a Declaração da Seção de Inativos e pensionistas da Capitania dos Portos de Sergipe, datada de 17 de abril de 2015, o contribuinte foi transferido para a reserva remunerada em 21/11/1980. Não constam do processo documentos que comprovem a reforma do contribuinte. Fl. 72DF CARF MF 4 Assim, apesar de ser portador de doença especificada em lei desde julho de 2011, o contribuinte não cumpriu a outra condição isentiva, que os rendimentos sejam oriundos de reforma. Em seu recurso voluntário o contribuinte traz aos autos Declaração da Capitania dos Portos de Sergipe e Diário Oficial da União que comprovam que ele foi transferido para reforma pela Portaria nº 243, de 22 de fevereiro de 1990. O artigo 16 § 4º do Decreto 70.235/72 determina que "a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Todavia, esse Conselho, em razão do princípio do formalismo moderado que se aplica aos processos administrativos, têm admitido a juntada de provas em fase recursal como se verifica pelas ementas abaixo transcritas: "IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AUTUAÇÃO POR DEDUÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO RETIDO NA FONTE. COMPROVAÇÃO IDÔNEA EM FASE RECURSAL. ADMITIDA EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DO FORMALISMO MODERADO. Comprovada idoneamente, por demonstrativos de pagamentos de rendimentos, a retenção de imposto na fonte, ainda que em fase recursal, são de se admitir os comprovantes apresentados a destempo, com fundamento no princípio do formalismo moderado, não subsistindo o lançamento quanto aeste aspecto. Recurso provido" (Ac 2802001.637, 2ª Turma Especial, 2ª Seção, Sessão 18/04/2012) "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. O art. 16 do Decreto n. 70.235/72 deve ser interpretado com temperamento em decorrência dos demais princípios que informam o processo administrativo fiscal, especialmente instrumentalidade das formas e formalismo moderado. O controle da legalidade do ato de lançamento e busca da “verdade material” alçada como princípio pela jurisprudência dessa Corte impõem flexibilidade na interpretação de regras relativas à instrução da causa, tanto no tocante à iniciativa quanto ao momento da produção da prova. Recurso voluntário provido para anular decisão de primeira instância." (Ac 1102000.859, 1ª Câmara/2ª Turma Ordinária, 1ª Seção, Sessão 09/04/2013) "PEDIDO DE RESTITUIÇÃO / DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRECLUSÃO. APRESENTAÇÃO DE NOVAS PROVAS NO RECURSO VOLUNTÁRIO. POSSIBILIDADE. O art. 16 do Decreto n. 70.235/72, que determina que a prova documental deva ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de se fazêlo em outro momento processual, deve ser interpretado com temperamento em decorrência dos demais princípios que informam o processo administrativo fiscal, tais como o formalismo moderado e a busca da “verdade material”. A apresentação de provas após a Fl. 73DF CARF MF Processo nº 10510.721169/201595 Acórdão n.º 2202003.657 S2C2T2 Fl. 72 5 decisão de primeira instância, no caso, é resultado da marcha natural do processo, pois, não tendo a decisão de piso considerado suficientes os documentos apresentados pelo contribuinte para a comprovação do seu direito creditório, trouxe ele novas provas, em sede de recurso, para reforçar o seu direito". (Ac 1102001.148, 1ª Câmara/2ª Turma Ordinária, 1ª Seção, Sessão 29/04/2014) Por fim, é importante ressaltar que, independente da juntada do documento que comprova a reforma do recorrente, a jurisprudência consolidada do CARF admite que a isenção aplicase aos proventos de reserva e reforma, conforme previsto na Súmula CARF nº 43 abaixo transcrita: Súmula 43 Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Em face do exposto, dou provimento ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 74DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13890.000131/00-25
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Apr 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2000 a 30/09/2000
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BASE DE CÁLCULO. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA.
A industrialização efetuada por terceiros visando aperfeiçoar para o uso ao qual se destina a matéria-prima, produto intermediário ou material de embalagem utilizados nos produtos finais a serem exportados pelo encomendante agrega-se ao seu custo de aquisição para efeito de gozo e fruição do crédito presumido do IPI relativo ao PIS e a COFINS previsto nos artigos 1º e 2º, ambos da Lei nº 9.363/96.
Numero da decisão: 9303-004.697
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal (relator) e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado).
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Andrada Marcio Canuto Natal - Relator.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/07/2000 a 30/09/2000 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BASE DE CÁLCULO. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. A industrialização efetuada por terceiros visando aperfeiçoar para o uso ao qual se destina a matéria-prima, produto intermediário ou material de embalagem utilizados nos produtos finais a serem exportados pelo encomendante agrega-se ao seu custo de aquisição para efeito de gozo e fruição do crédito presumido do IPI relativo ao PIS e a COFINS previsto nos artigos 1º e 2º, ambos da Lei nº 9.363/96.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Apr 07 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13890.000131/00-25
anomes_publicacao_s : 201704
conteudo_id_s : 5708444
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 07 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-004.697
nome_arquivo_s : Decisao_138900001310025.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
nome_arquivo_pdf_s : 138900001310025_5708444.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal (relator) e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado). (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Andrada Marcio Canuto Natal - Relator. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).
dt_sessao_tdt : Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
id : 6707188
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949970960384
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1720; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13890.000131/0025 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303004.697 – 3ª Turma Sessão de 21 de março de 2017 Matéria CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado TH BUSCHINELLI E CIA LTDA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2000 a 30/09/2000 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BASE DE CÁLCULO. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. A industrialização efetuada por terceiros visando aperfeiçoar para o uso ao qual se destina a matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem utilizados nos produtos finais a serem exportados pelo encomendante agregase ao seu custo de aquisição para efeito de gozo e fruição do crédito presumido do IPI relativo ao PIS e a COFINS previsto nos artigos 1º e 2º, ambos da Lei nº 9.363/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal (relator) e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado). (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Andrada Marcio Canuto Natal Relator. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Redator designado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 0. 00 01 31 /0 0- 25 Fl. 588DF CARF MF Processo nº 13890.000131/0025 Acórdão n.º 9303004.697 CSRFT3 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício). Fl. 589DF CARF MF Processo nº 13890.000131/0025 Acórdão n.º 9303004.697 CSRFT3 Fl. 4 3 Relatório Tratase de recurso especial de divergência apresentado pela Procuradoria da Fazenda Nacional em face do Acórdão nº 20218.150, de 20/06/2007, o qual possui a seguinte ementa na parte que interessa ao presente exame: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Exercício 2000 INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. DIREITO A CRÉDITO. LEI N° 9.363/96. 0 beneficio deve ser calculado incluindose os valores referentes à operação de beneficiamento da argila in natura — industrialização por encomenda. (...) Cuida o presente processo de Pedido de Ressarcimento e Declaração de Compensação, no qual a interessada acima qualificada pleiteia ressarcimento de crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), previsto no art. 1º da Lei nº 9.363/96, apurado no 3º trimestre do ano de 2000. Antes do julgamento que resultou na ementa acima transcrita, importante destacar que a Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por meio da Resolução nº 20201.025, efls. 230/232, determinou a realização de diligência para que se respondesse os seguintes quesitos: quais os insumos remetidos a terceiros; qual produto é produzido com os mesmos; e o que é feito do produto industrializado após seu retorno ao encomendante, ou seja, se este realiza nova operação de industrialização com o mesmo, antes de remetêlo ao exterior. Foi efetuada a diligência, tendo a fiscalização, por meio do Termo de Informação Fiscal de efl. 236, constatado o seguinte: (...) No 1º e 2º trimestres de 2000 os produtos remetidos a terceiros foram basicamente argila in natura, a qual foi submetida a beneficiamento, voltando na forma de pó cerâmico com descrições do tipo "argila moída" ou "argila beneficiada", que é o insumo básico utilizado pela empresa em seu processo de produção de pisos e revestimentos cerâmicos. Tais insumos foram remetidos e retornaram com suspensão de IPI. (...) Fl. 590DF CARF MF Processo nº 13890.000131/0025 Acórdão n.º 9303004.697 CSRFT3 Fl. 5 4 A controvérsia suscitada se refere à possibilidade de inclusão dos serviços de industrialização por encomenda na base de cálculo do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 1996. Para comprovar a divergência, a recorrente apresentou o seguinte acórdão paradigma: nº 20179.866. A fiscalização glosou os valores apropriados relativos à industrialização por encomenda com o seguinte fundamento, transcrito do Relatório Fiscal de efl. 88: (...) Foi constatado no Livro de Registro de Apuração do IPI que o contribuinte utilizou na composição dos custos valores referentes ao código 1.13 industrialização por encomenda. Esta operação, com a remessa dos insumos e o retorno dos produtos corn suspensão do imposto, caracteriza apenas prestação de serviço, não podendo ser incluída no cômputo da base de cálculo, pois, a Lei n° 9.363, de 1996 diz respeito, tão somente, às aquisições de MP, PI e ME, conforme art. 1º, caput, não fazendo qualquer menção a serviços executados neste tipo de operação. A legislação somente passou a permitir tais gastos a partir da MP n° 2.202, de 2001, convertida na Lei nº 10.276, com vigência a partir de sua regulamentação pela IN SRF nº 69, de 6 de agosto de 2001. (...) Em apertada síntese, a Procuradoria da Fazenda Nacional afirma que não existe previsão legal para a inclusão dos valores gastos com industrialização por encomenda no cálculo do crédito presumido do IPI. O recurso especial da Fazenda Nacional foi admitido por meio do Despacho de efls. 320/321. Cientificado, o contribuinte apresentou contrarrazões nas quais pede a manutenção do entendimento exarado no acórdão recorrido. O contribuinte também apresentou recurso especial de divergência em relação à glosa realizada decorrente de gastos com GLP, porém tal recurso não foi admitido, conforme despacho de efl. 501 e Despacho de Reexame de Admissibilidade de efls. 573/575. É o relatório. Fl. 591DF CARF MF Processo nº 13890.000131/0025 Acórdão n.º 9303004.697 CSRFT3 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, relator. O recurso especial apresentada pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos requisitos legais para o seu conhecimento. Mérito Como visto, a controvérsia estabelecida referese à possibilidade de inclusão dos serviços de industrialização por encomenda na base de cálculo do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 1996. Esta matéria não é nova no CARF e eu me filio à corrente de que no regime da Lei nº 9.363/96 tal apropriação está desamparada de previsão legal. Inicialmente partilho do entendimento de que qualquer modalidade de incentivo ou benefício fiscal deve estar sujeito a regras de interpretação literal da legislação que o concede. Não creio que está correta a conclusão de que as formas de exclusão do crédito tributário sejam somente as previstas no art. 175 do CTN. Na minha opinião o art. 175 do CTN somente estabeleceu que a isenção e a anistia excluem o crédito tributário, mas por evidente, não são as únicas formas existentes de exclusão do crédito tributário. A concessão de crédito presumido de IPI é uma forma indireta de excluir o crédito tributário, na medida em que permite se apropriar de um crédito antes inexistente para ser compensado com tributos devidos. Fosse correta a conclusão de que as únicas formas de exclusão do crédito tributário são a isenção e a anistia, penso que a redação do art. 111 do CTN seria muito infeliz em prever no seu inciso II uma regra que já se encaixava no próprio inciso I, ou seja, seria desnecessário constar no inciso II que se interpreta literalmente as regras de outorga de isenção já que esta é uma forma de exclusão do crédito tributário já contemplado no inciso I. Veja como é a redação do art. 111 do CTN: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Portanto entendo que no presente caso deve se dar interpretação literal à norma tributária que concede o benefício fiscal nos exatos termos de que dispõe o art. 111 do CTN. Na verdade a concessão de isenção, anistia, incentivos e benefícios fiscais decorrem de normas que têm caráter de exceção. Fogem às regras do que seria o tratamento normal. Transcrevo abaixo trecho da doutrina do Professor Eduardo Sabbag: (...) Fl. 592DF CARF MF Processo nº 13890.000131/0025 Acórdão n.º 9303004.697 CSRFT3 Fl. 7 6 Retomando a análise do art. 111 do CTN, o que se nota é que tal dispositivo disciplina hipóteses de “exceção”, devendo sua interpretação ser literal. Na verdade, consagra um postulado que emana efeitos em qualquer ramo jurídico, isto é, “o que é regra se presume; o que é exceção deve estar expresso em lei”. Com efeito, a regra não é o descumprimento de obrigações acessórias, nem a isenção concedida e, por fim, nem a exclusão ou suspensão do crédito tributário, mas, respectivamente, o cumprimento de obrigações, o pagamento do tributo e a extinção do crédito, mediante pagamento ou outra modalidade extintiva. Assim, o direito excepcional deve ser interpretado literalmente, razão pela qual se impõe o artigo ora em estudo. Aliás, em absoluta consonância com o art. 111 está a regra do parágrafo único do art. 175, pela qual “a exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente”. (...) (Trecho extraído da internet no seguinte endereço: https://eduardosabbag.jusbrasil.com.br/artigos/121933898/inter pretacaoeintegracaodalegislacaotributaria) Estabelecido esta premissa, vejamos então como o crédito presumido do IPI está disciplinado na Lei nº 9.363/96: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. Art. 2º A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem referidos no artigo anterior, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador. A interpretação literal que se extrai do comando normativo acima transcrito é que gera direito ao crédito presumido do IPI os valores decorrentes da aquisição no mercado interno de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem para aplicação no processo produtivo das empresas produtoras e exportadoras. A industrialização por encomenda é um serviço prestado ao industrial e não se identifica definitivamente com qualquer dos itens Fl. 593DF CARF MF Processo nº 13890.000131/0025 Acórdão n.º 9303004.697 CSRFT3 Fl. 8 7 citados na norma, quais sejam matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem. Portanto mesmo que nessa prestação de serviço possa se agregar algum insumo ou mesmo que do serviço resulte uma matériaprima a ser utilizada no seu processo produtivo próprio, entendo que a lei não permitiu essa apropriação. Tanto é verdade, que posteriormente à edição do referido benefício fiscal, sobreveio por meio da Lei nº 10.276/2001, uma forma alternativa de apuração do crédito presumido, desta feita prevendo expressamente a possibilidade de se apropriar do valor correspondente aos serviços com industrialização por encomenda. Segue transcrição do dispositivo legal: Art. 1º Alternativamente ao disposto na Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, a pessoa jurídica produtora e exportadora de mercadorias nacionais para o exterior poderá determinar o valor do crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), como ressarcimento relativo às contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) e para a Seguridade Social (COFINS), de conformidade com o disposto em regulamento. § 1º A base de cálculo do crédito presumido será o somatório dos seguintes custos, sobre os quais incidiram as contribuições referidas no caput: I de aquisição de insumos, correspondentes a matériasprimas, a produtos intermediários e a materiais de embalagem, bem assim de energia elétrica e combustíveis, adquiridos no mercado interno e utilizados no processo produtivo; II correspondentes ao valor da prestação de serviços decorrente de industrialização por encomenda, na hipótese em que o encomendante seja o contribuinte do IPI, na forma da legislação deste imposto. (...) § 5o Aplicamse ao crédito presumido determinado na forma deste artigo todas as demais normas estabelecidas na Lei no 9.363, de 1996. Ora, na minha opinião, evidente que se o contribuinte quiser se apropriar dos valores gastos com industrialização por encomenda é obrigatório que ele faça a opção pelo cálculo do crédito presumido do IPI na forma alternativa proposta pela Lei nº 10.276/2001. Ou seja, ao optar pela fórmula de cálculo da Lei nº 9.363/96 não há possibilidade desse aproveitamento por absoluta falta de previsão legal. Por todo o exposto voto por dar provimento ao recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator. Fl. 594DF CARF MF Processo nº 13890.000131/0025 Acórdão n.º 9303004.697 CSRFT3 Fl. 9 8 Voto Vencedor Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Redator. Discordamos do il. Relator. Imaginemse as seguintes situações: uma primeira, em que a matériaprima sai do estabelecimento vendedor já definitivamente acabado e pronto para aplicação no processo produtivo do adquirente, ou seja, quando nela já se encontra aplicado aquele serviço que, se assim não fosse, o adquirente teria de encomendar a um terceiro a sua realização para o posterior emprego no seu processo produtivo. Neste caso, não se questiona que todo o valor do custo de aquisição da matériaprima gera o direito ao crédito pleiteado. Agora, uma segunda situação, na qual a matériaprima é adquirida do estabelecimento vendedor sem que nele tenha sido aplicado o serviço que se afigura necessário à sua utilização no processo produtivo do adquirente, que, por isso mesmo, o encomenda a um terceiro. Embora o gasto assim dispendido seja incorporado ao custo da matériaprima, a tese vencida o exclui da determinação do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996. Todavia, a Lei nº 9.363, de 1996, autoriza o direito ao crédito sobre todas as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, utilizados no processo produtivo. Não havendo óbice legal, todos os gastos empregados na matériaprima a fim de permitir a sua utilização devem ser a ela incorporados, ainda que só empregados, por encomenda, por um terceiro, de modo que devem ser considerados na determinação do crédito presumido pelo encomedante. Adotando o nosso entendimento, confiramse os seguintes acórdãos desta mesma Turma e do Superior Tribunal de Justiça STJ: CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. A industrialização efetuada por terceiros visando aperfeiçoar para o uso ao qual se destina a matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem utilizados nos produtos finais a serem exportados pelo encomendante agregase ao seu custo de aquisição para efeito de gozo e fruição do crédito presumido do IPI relativo ao PIS e a COFINS previsto nos artigos 1º e 2º, ambos da Lei nº 9.363/96. (Acórdão nº 9303001.721, de 07/11/2011). Fl. 595DF CARF MF Processo nº 13890.000131/0025 Acórdão n.º 9303004.697 CSRFT3 Fl. 10 9 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BASE DE CÁLCULO. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. Provado que o bem submetido a industrialização adicional em outro estabelecimento é empregado pelo encomendante em seu processo produtivo na condição de matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem, para obtenção do produto por ele exportado, o valor pago ao executor integra a base de cálculo do incentivo instituído pela Lei 9.363/96 deferido ao produtorexportador. (...) (Acórdão nº 930301.623, de 29/09/2011). TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. MATÉRIAPRIMA. BENEFICIAMENTO POR TERCEIROS. INCLUSÃO. CUSTOS RELATIVOS A ENERGIA ELÉTRICA E COMBUSTÍVEIS. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. DECRETO 20.910/32. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA Nº 1.129.971 BA. 1. Ao analisar o artigo 1º da Lei 9.363/96, esta Corte considerou que o benefício fiscal consistente no crédito presumido do IPI é calculado com base nos custos decorrentes da aquisição dos insumos utilizados no processo de produção da mercadoria final destinada à exportação, não havendo restrição à concessão do crédito pelo fato de o beneficiamento o insumo ter sido efetuado por terceira empresa, por meio de encomenda. Precedentes: REsp 752.888/RS, Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 25/09/2009; AgRg no REsp 1230702/RS, Ministro Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, DJe 24/03/2011; AgRg no REsp 1082770/RS, Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 13/11/2009. 2. A respeito do pleito de cômputo dos valores referentes à energia e ao combustível consumidos no processo de industrialização no cálculo do crédito presumido do IPI, o recurso especial não foi conhecido em face da ausência de prequestionamento. Nesta feita, a agravante limitouse a repetir as teses jurídicas apresentadas no recurso especial, deixando de impugnar o fundamento específico da decisão hostilizada quanto ao ponto. Incidência da Súmula n. 182/STJ. 3. Em se tratando de ações que visam o reconhecimento de créditos presumidos de IPI a título de benefício fiscal a ser utilizado na escrita fiscal ou mediante ressarcimento, a prescrição é qüinqüenal. Orientação fixada pela Primeira Seção, por ocasião do julgamento do recurso especial representativo da controvérsia: REsp. Nº 1.129.971 BA. Fl. 596DF CARF MF Processo nº 13890.000131/0025 Acórdão n.º 9303004.697 CSRFT3 Fl. 11 10 4. Agravo regimental da Fazenda Nacional não provido e agravo regimental da contribuinte conhecido em parte e, nessa parte, não provido. (AgRg no REsp 1267805/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 22/11/2011) Ante o exposto, nego provimento ao recurso especial. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 597DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12448.724243/2013-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUTIBILIDADE. IRPF. NECESSÁRIA PROVA DE PAGAMENTO. RECIBOS.
A mera apresentação de recibos não é suficiente, por si só, para amparar a dedutibilidade de pensão alimentícia alegadamente paga em cumprimento de decisão judicial.
Numero da decisão: 2402-005.771
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo, Presidente
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson, Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201704
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2011 PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUTIBILIDADE. IRPF. NECESSÁRIA PROVA DE PAGAMENTO. RECIBOS. A mera apresentação de recibos não é suficiente, por si só, para amparar a dedutibilidade de pensão alimentícia alegadamente paga em cumprimento de decisão judicial.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue May 02 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 12448.724243/2013-90
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5715693
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 02 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2402-005.771
nome_arquivo_s : Decisao_12448724243201390.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RONNIE SOARES ANDERSON
nome_arquivo_pdf_s : 12448724243201390_5715693.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo, Presidente (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 05 00:00:00 UTC 2017
id : 6737157
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:53 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950035972096
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 814; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 101 1 100 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12448.724243/201390 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402005.771 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 05 de abril de 2017 Matéria IRPF Recorrente EDMAR SANTOS VAZ Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUTIBILIDADE. IRPF. NECESSÁRIA PROVA DE PAGAMENTO. RECIBOS. A mera apresentação de recibos não é suficiente, por si só, para amparar a dedutibilidade de pensão alimentícia alegadamente paga em cumprimento de decisão judicial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 72 42 43 /2 01 3- 90 Fl. 79DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo, Presidente (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 80DF CARF MF Processo nº 12448.724243/201390 Acórdão n.º 2402005.771 S2C4T2 Fl. 102 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador (BA) DRJ/SDR, que julgou procedente Notificação de Lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) relativa ao ano calendário 2011 (fls. 4/9), decorrente da glosa de pensão alimentícia em razão de não haver sido comprovada a equivalência entre a pensão alimentícia acordada e o valor declarado, além de não ter sido trazidos comprovantes de pagamento. Na impugnação (fl. 2) o contribuinte trouxe os mesmos recibos já apresentados à fiscalização, motivo pelo qual a instância a quo manteve a exigência (fls. 48/50). O espólio interpôs recurso voluntário em 14/7/2015 aludindo ao efetivo valor de prova dos recibos apresentados e afirmando que a pensão era devidamente informada na declaração da beneficiária. É o relatório. Fl. 81DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Dispõe o art. 78 do Decreto nº 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99): Pensão Alimentícia Art.78. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida a importância paga a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais (Lei n º 9.250, de 1995, art. 4 º , inciso II). §1 º A partir do mês em que se iniciar esse pagamento é vedada a dedução, relativa ao mesmo beneficiário, do valor correspondente a dependente. §2 º O valor da pensão alimentícia não utilizado, como dedução, no próprio mês de seu pagamento, poderá ser deduzido nos meses subseqüentes. §3 º Caberá ao prestador da pensão fornecer o comprovante do pagamento à fonte pagadora, quando esta não for responsável pelo respectivo desconto. (...) Na espécie, o contribuinte trouxe a título de prova de pagamento uma série de recibos assinados pela beneficiária da pensão (fls. 15/21). Partilho do entendimento manifestado pela decisão recorrida de que documentos do gênero descrevem determinados acontecimentos passados, no caso, a suposta quitação dos alimentos recebidos, porém são aptos tão somente a comprovar as declarações em si, mas não a veracidade das informações nelas consignadas, a teor do disposto nos arts. 408 e 412 do Código de Processo Civil. Na mesma linha, a informação na declaração da beneficiária da percepção de determinados valores a título de pensão alimentícia não é prova suficiente, mesmo a par dos indigitados recibos, de terem sido tais pagamentos efetivamente realizados, e que o tenham sido em consonância com os ditames da decisão judicial. Aliás os valores informados como percebidos pela beneficiária (R$ 12.863,05, fl. 69) são bastante inferiores aos declarados como pagos pelo notificado nesse mesmo ano (R$ 33.880,00, fl. 41) . Conforme bem expressa a recorrida (fl. 49), O interessado deveria apresentar documentos bancários comprovando a transferência para a beneficiária, ou então, no caso de pagamentos em espécie, Fl. 82DF CARF MF Processo nº 12448.724243/201390 Acórdão n.º 2402005.771 S2C4T2 Fl. 103 5 deveria comprovar os saques correspondentes em sua conta. Apresenta somente o extrato do mês de fevereiro de 2011 (fls. 13), que não contém qualquer registro do pagamento da pensão a que se refere o recibo deste mês (fls. 16), no valor de R$ 2.400,00, o que apenas reforça a convicção de que não houve tal pagamento. Ademais, e sem a pretensão de inovar na argumentação, mas sim reforçar os pontos já colocados, pode ser constatado que o contribuinte recebida seus proventos no ano em comento da fonte pagadora "Fundação Vale do Rio Doce e Seguridade Social", CNPJ nº 42.271.429/000163 (fl. 35), causando certa espécie que o desconto da pensão não tenha se dado em folha, como sói acontecer. Decerto, como o próprio recorrente admite (fl. 59), "o acordo judicial foi feito de forma precária e imprecisa", o que, ao final, contribui para a insuficiência dos elementos probatórios carreados para a comprovação do pagamento da pensão nos termos previstos na legislação, com vistas à sua dedução da base de cálculo do imposto de renda. Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 83DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.005447/2009-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2007
EMBARGOS INOMINADOS. CORREÇÃO DE ERRO MATERIAL.
Constatado erro material, prolata-se nova decisão para sua correção.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Exercício: 2007
INCORPORAÇÃO. LIMITAÇÃO DE 30% NA COMPENSAÇÃO DE BASES NEGATIVAS DE CSLL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL EXCEPCIONANDO A REGRA GERAL.
A compensação de bases negativas de CSLL não é elemento inerente ao cálculo da base de cálculo dessa contribuição, constituindo-se, ao contrário, como benesse tributária, a qual deve ser gozada, pelo contribuinte, nos estritos limites da lei.
À míngua de qualquer previsão legal, não há como se afastar a aplicação da trava de 30% na compensação de bases negativas de CSLL da empresa a ser incorporada.
Embargos de Declaração Acolhidos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 1402-002.409
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos inominados para correção de erro material e ratificar o decidido no acórdão 1402-001.816 no sentido de, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201702
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 2007 EMBARGOS INOMINADOS. CORREÇÃO DE ERRO MATERIAL. Constatado erro material, prolata-se nova decisão para sua correção. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Exercício: 2007 INCORPORAÇÃO. LIMITAÇÃO DE 30% NA COMPENSAÇÃO DE BASES NEGATIVAS DE CSLL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL EXCEPCIONANDO A REGRA GERAL. A compensação de bases negativas de CSLL não é elemento inerente ao cálculo da base de cálculo dessa contribuição, constituindo-se, ao contrário, como benesse tributária, a qual deve ser gozada, pelo contribuinte, nos estritos limites da lei. À míngua de qualquer previsão legal, não há como se afastar a aplicação da trava de 30% na compensação de bases negativas de CSLL da empresa a ser incorporada. Embargos de Declaração Acolhidos. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 20 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 19515.005447/2009-40
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700306
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1402-002.409
nome_arquivo_s : Decisao_19515005447200940.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
nome_arquivo_pdf_s : 19515005447200940_5700306.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos inominados para correção de erro material e ratificar o decidido no acórdão 1402-001.816 no sentido de, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
dt_sessao_tdt : Thu Feb 16 00:00:00 UTC 2017
id : 6688565
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:20 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950061137920
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 19; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1623; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 495 1 494 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.005447/200940 Recurso nº Embargos Acórdão nº 1402002.409 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 16 de fevereiro de 2017 Matéria CSLL Recorrente COMPANHIA BRASILIANA DE ENERGIA (Sucedida por AES TIETÊ ENERGIA S.A) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2007 EMBARGOS INOMINADOS. CORREÇÃO DE ERRO MATERIAL. Constatado erro material, prolatase nova decisão para sua correção. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Exercício: 2007 INCORPORAÇÃO. LIMITAÇÃO DE 30% NA COMPENSAÇÃO DE BASES NEGATIVAS DE CSLL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL EXCEPCIONANDO A REGRA GERAL. A compensação de bases negativas de CSLL não é elemento inerente ao cálculo da base de cálculo dessa contribuição, constituindose, ao contrário, como benesse tributária, a qual deve ser gozada, pelo contribuinte, nos estritos limites da lei. À míngua de qualquer previsão legal, não há como se afastar a aplicação da trava de 30% na compensação de bases negativas de CSLL da empresa a ser incorporada. Embargos de Declaração Acolhidos. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos inominados para correção de erro material e ratificar o decidido no acórdão 1402 001.816 no sentido de, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 54 47 /2 00 9- 40 Fl. 495DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 496 2 (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 496DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 497 3 Relatório Tratase de embargos de declaração opostos por COMPANHIA BRASILIANA DE ENERGIA (fls. 12851293) em face do acórdão nº 1402001.816, julgado na sessão de 23 de setembro de 2014. A exigência diz respeito a autos de infração de CSLL referente à compensação de bases negativas de períodos anteriores sem a observância da limitação de 30% da base de cálculo do período de apuração. Alega a Embargante que foi anexado aos autos o acórdão incorreto, de número 1402001.754, referente ao processo nº 19515.005446/200903, relativo ao IRPJ, julgado na sessão de 30 de julho de 2014. Conforme já informado em despacho próprio (fls. 424425): Tratase, a bem da verdade, de correção de inexatidão material não no teor da decisão constante dos autos, nas sim no próprio arquivo anexado ao processo, que não diria respeito à decisão proferida por este colegiado. Razão assiste à Embargante quando alega que o acórdão referente ao recurso voluntário anexado aos autos (1402001.754) não se refere ao presente litígio, mas sim ao processo nº 19515.005446/200903, relativo ao IRPJ, julgado em outra sessão (30 de julho de 2014). A correção do erro levado a cabo poderia se dar de modo célere, desentranhandose o arquivo equivocadamente anexado aos autos e anexandose o arquivo correto. Contudo, tendo em vista que o Relator do acórdão não mais compõe os quadros do CARF, não mais podendo firmar o novo acórdão, necessária se faz a prolação de nova decisão. O Presidente deste colegiado, por meio do despacho de fl. 426, aprovou as informações prestadas e retornoume os autos para relato. Como fui designado redator do voto vencedor do acórdão embargado, possuía à minha disposição o inteiro teor do relatório e voto do então relator, bem como o próprio texto do voto vencedor que lavrei. Em razão disso, para correção do erro de fato já indicado, utilizarei os mesmos textos então disponibilizados pelo Conselheiro Relator e por mim próprio em razão da designação como redator do voto vencedor: COMPANHIA BRASILIANA DE ENERGIA, contribuinte inscrita no CNPJ/MF sob nº 04.128.563/000110, com domicílio fiscal na cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Rua. Lourenço Marques, nº 158, 1° andar sala C Bairro Vila Olímpia, jurisdicionada a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo SP, inconformada com a decisão de Primeira Instância de fls. 155/167, prolatada pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo – SP recorre, Fl. 497DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 498 4 a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pleiteando a sua reforma, nos termos da petição de fls. 177/219. Contra a contribuinte, acima identificada, foi lavrado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Fiscalização em São Paulo SP, o Auto de Infração de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), com ciência pessoal, em 07/12/2009 (fl. 96), exigindose o recolhimento de crédito tributário no valor total de R$ 4.155,58, a título de contribuição, referente ao exercício de 2007, correspondente ao anocalendário de 2006. A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização de revisão de declaração de pessoa jurídica, referente ao exercício de 2007, onde a autoridade lançadora entendeu haver compensação indevida de base de calculo negativa de períodos anteriores, tendo em vista a inobservância do limite de compensação de 30% da Base de Cálculo da CSLL, ajustado pelas adições e exclusões previstas e autorizadas pela legislação da Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido (CSLL), conforme Termo de Constatação e Intimação n ° 02, lavrado em 17 de março de 2009, que faz parte integrante do presente, Auto de Infração. Infração capitulada no art. 2 ° e §§, da Lei n ° 7.689, de 1988; art. 58 da Lei n ° 8.981, de 1995; art. 16 da Lei n ° 9.065, de 1995 e art. 37 da Lei n ° 10.637, de 2002. O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela constituição do crédito tributário lançado esclarece, ainda, através do Termo de Constatação e Intimação nº 2 (fls. 33/37), entre outros, os seguintes aspectos: que a empresa incorporada elaborou o livro de apuração do lucro real, correspondente ao mês de Dezembro de 2006 na página 31, o qual serviu de base ao preenchimento das fichas 09A, 11 e 12A; que as compensações de Prejuízos Fiscais e da Base de Cálculo Negativa da CSLL, ficou evidenciado que a empresa incorporada, a AES TIETÊ EMPREENDIMENTOS S.A., vulnerou as normas contidas nos Artigos 247, 250, inciso III, 251, parágrafo único, e 510 do RIR/99, e, no Artigo 16 da Lei n° 9.065, de 20 de Junho de 1995; que o limite de 30% para a compensação da Base de Cálculo Negativa da CSLL de anos anteriores foi fixada pelo Artigo 16 da Lei n° 9.065, de 20 de Junho de 1.995; que os valores tributáveis, para a multa isolada por postergação de IRPJ e da CSLL, bem como os saldos do IRPJ a PAGAR e da CSLL a PAGAR tem como base calculo os valores declarados na DIPJ 2006, ora ajustados os quais não foram declarados, via de conseqüência, na DCTF correspondente, como se demonstra o correto preenchimento das FICHAS 11, 9A, 16 e 17. Em sua peça impugnatória de fls. 103/124, instruída pelos documentos de fls. 125/154, apresentada, tempestivamente, em 05/01/2010, a autuada se indispõe contra a exigência fiscal, solicitando que seja acolhida à impugnação para declarar a insubsistência do Auto de Infração, com base, em síntese, nos seguintes argumentos: que a Impugnante, incorporou, em 28/12/2006, a AES. Em razão da incorporação, entendeu o Sr. Agente Fiscal que, quando da apresentação da DIPJ de encerramento, teria ocorrido excesso de compensação do saldo de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL acumulados pela empresa incorporada; Fl. 498DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 499 5 que não há que se falar em excesso de compensação e em violação aos dispositivos legais no presente caso, uma vez que ocorreu a extinção da pessoa jurídica (que se beneficiou dessas compensações) e, conseqüentemente, o encerramento de suas atividades por conta da incorporação mencionada; que da operação de incorporação, de acordo com o artigo 227, caput, da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 Lei das Sociedades Anônimas ("LSA"), a incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra que lhe sucede em todos os direitos e obrigações; que, apesar da "responsabilidade tributária por sucessão", passase a demonstrar a possibilidade de aproveitamento integral dos saldos de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL acumulados pela empresa incorporada no encerramento de suas atividades (D1PJ do período de 01/01/2006 a 31/12/2006), motivo pelo qual não subsiste qualquer responsabilidade tributária à Impugnante, pelo que as autuações em questão deverão ser canceladas por essa C. Turma Julgadora; que da não aplicação da "trava" de 30% para as compensações nos casos de incorporação, a legislação tributária estabelece regras gerais que limitam o direito de compensação dos prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas da CSLL, acumulados pela empresa, a porcentagem c/c 30% do lucro tributável, aplicável a cada período base, para o IRPJ e para a CSLL; que os dispositivos supra mencionados extinguiram o prazo decadencial anteriormente existente na legislação tributária e, simultaneamente, estabeleceram um limite para a compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL apurados, aplicável a cada período base, qual seja, 30% do lucro tributável do período; que muito embora a norma trazida pelos dispositivos legais acima mencionados tenha limitado a compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL, o direito it compensação continua assegurado para os anos seguintes. Por esse entendimento é que o antigo Conselho de Contribuintes e o Superior Tribunal de Justiça reconhecem a legalidade da norma (Lei n° 8.981/95), com fundamento na inexistência de cerceamento ao direito à compensação, já que o contribuinte poderá compensar o saldo remanescente dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL, não utilizados em razão da limitação de 30%, nos exercícios seguintes; que caso obedecesse à limitação de 30% imposta pela Lei n° 8.891/95 e Lei n° 9.065/95, a AES (incorporada), ao fechar o balanço no encerramento de suas atividades e apresentar sua declaração de encerramento, deixaria de utilizar aproximadamente 65% de seus prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas da CSLL acumulados, os quais não poderiam ser aproveitados futuramente, seja pelo encerramento de suas atividades, seja pela expressa vedação imposta à utilização desses mesmos prejuízos ou bases pelo seu incorporador. Fato esse que desconfigura o conceito de lucro inserido no ordenamento jurídico brasileiro; que o procedimento adotado pela AES, de se utilizar da integralidade do saldo de base de cálculo negativa da CSLL/prejuízo fiscal no momento da sua incorporação, está totalmente de acordo coin as jurisprudências da E. Câmara Superior Recursos Fiscais e do Superior Tribunal de Justiça, pelo que não poderá sei mantida qual exigência em face da Impugnante; Fl. 499DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 500 6 que, ad argumentandum/da ilegalidade da cobrança de juros sobre a multa, conforme exposto em sede de preliminar, o lançamento realizado pelo Sr. Agente Fiscal é incerto, pois não é possível aferir, com certeza, se o Sr. Agente Fiscal simplesmente reduziu o saldo negativo de IRPJ apurado pela Impugnante no anocalendário de 2006 de R$ 20.781.555,56 para RS 389.857,74 ou, se, além disso, lançou também o crédito tributário de RS 20.050.322,94; que, prevalecendo a segunda hipótese, o que se alega a titulo de argumentação, a Impugnante, desde já, manifestase contrariamente a incidência dos juros de mora, que podem vir a ser cobrados, sobre uma suposta multa de oficio, por ser manifestadamente ilegal, conforme jurisprudência administrativa (Acórdão n.° 10196.523, Acórdão 10516754, Acórdão n.° 20178.718, acórdão CSRF/0203.133 ainda não formalizado a data da Impugnação). Após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pela impugnante, os membros da 3° Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo – SP, concluíram pela improcedência da impugnação e pela manutenção do crédito tributário lançado com base, em síntese, nas seguintes considerações: que da impossibilidade de compensar a base de cálculo de CSLL apurada, com base de cálculo negativa acumulada de períodos anteriores, no caso de evento de incorporação, sem respeitar a "trava de 30%" prevista na legislação, portanto, a fiscalização verificou compensação indevida de base de cálculo negativa, em face da inobservância do limite de compensação de 30% da base de cálculo de CSLL apurada no anocalendário de 2006; que em que pese as alegações trazidas à baila terem sido fundamentadas em entendimento jurisprudencial administrativo e judicial, verificase que acompanhar a argumentação da empresa, resulta em negar a aplicação da norma esculpida no caput, in fine, do art. 16 da Lei n° 9.065/1995, ao caso de incorporação de empresa; que, não há, na legislação tributária, previsão de exceção à aplicação dessa norma nos casos de incorporação; que tendo a Fiscalização se mantido firmemente nos limites da legislação de regência vigente, cumpre ao julgador da esfera administrativa apenas verificar a legalidade do ato e a observância das normas pertinentes; que os argumentos dos Impugnantes restringiramse à matéria de legalidade e constitucionalidade, mantémse a glosa levada a cabo pela Fiscalização, posto que se revestiu da legalidade necessária; que da incidência de juros sobre a multa de oficio, a Impugnante que em prevalecendo a exigência do crédito tributário lançado, a incidência dos juros de mora, sobre uma suposta multa de oficio, seria manifestadamente ilegal, conforme jurisprudência administrativa (Acórdão n.° 10196.523, Acórdão 10516754, Acórdão n.° 20178.718, acórdão CSRF/0203.133 ainda não formalizado data da Impugnação); que referidas decisões não tem efeito vinculante, razão pela qual somente aproveitam à pessoa jurídica que integrou a lide contra a União; Fl. 500DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 501 7 que, em apertada síntese, o argumento da Impugnante é de que a incidência de juros sobre a multa de oficio não encontraria amparo legal, visto que a legislação que rege a matéria autorizaria a incidência de juros somente sobre o valor do tributo ou contribuição; que a exigência de acréscimos moratórios sobre a penalidade não é objeto do lançamento ora em litígio. Os juros incidentes sobre o crédito tributário lançado a titulo de multa serão calculados e atualizados ate a data do efetivo pagamento, na fase de execução do acórdão e de cobrança do crédito tributário mantido, após se tornar definitiva na esfera administrativa, a decisão acerca do lançamento impugnado; que, assim, tem plena previsão legal a incidência de juros moratórios sobre a multa aplicada, visto que se trata de débitos para com a Unido, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. A presente decisão está consubstanciada nas seguintes ementas: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006 INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. A instância administrativa não se manifesta a respeito de supostas inconstitucionalidades e/ou ilegalidades da legislação tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2006 BASE DE CALCULO DA CSLL. APURAÇÃO. BASE NEGATIVA. COMPENSAÇÃO. LIMITE DE 30%. EVENTO DE INCORPORAÇÃO. APLICABILIDADE. Para determinação da base de cálculo da contribuição social, o lucro liquido depois de ajustado pelas adições e exclusões prescritas ou autorizadas pela legislação da CSLL, poderá ser reduzido pela compensação de bases de cálculo negativas da CSLL de períodos de apuração anteriores em até, no máximo, trinta por cento do referido lucro liquido ajustado na data do evento de extinção por incorporação. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 JUROS DE MORA INCIDENTES SOBRE MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. LEGALIDADE DA COBRANÇA. A multa de oficio, sendo parte integrante do credito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao do vencimento. Impugnação Improcedente Fl. 501DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 502 8 Crédito Tributário Mantido Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 11/01/2013 conforme Termo constante às fl. 175, e, com ela não se conformando, a contribuinte interpôs, tempestivamente (07/02/2013), o recurso voluntário de fls. 177/219, instruído pelos documentos de fls. 220/245, no qual demonstra irresignação contra a decisão supra, baseado, em síntese, nas mesmas razões expendidas na fase impugnatória, reforçado pelas seguintes considerações: que da possibilidade de compensação integral dos prejuízos fiscais e das bases de calculo negativas acumulados nas hipóteses de incorporação, portanto, ainda que não seja decretada a nulidade da decisão ora recorrida, diante da evidente afronta ao principio do contraditório e da ampla defesa, o que se alega a título de argumentação, também no mérito a Turma Julgadora não obteve melhor êxito; que a Recorrente passará a demonstrar, novamente, os motivos pelos quais o auto de infração do CSLL originário do presente processo administrativo não pode ser mantido intacto, e, portanto, os motivos pelos quais a decisão recorrida, que é de pronto nula, deve ser integralmente reformada; que dos fatos concreto discutido no presente processo administrativo, como restou consignado na peça impugnatória, a Recorrente incorporou, em 28/12/2006, a AES Tietê Empreendimentos S/A (CNPJ/MF n° 02.670.218/000189). Em razão da incorporação, entendeu o Sr. Agente Fiscal que, quando da apresentação da DIPJ de encerramento, teria ocorrido excesso de compensação do saldo de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativo da CSLL acumulados pela empresa incorporada; que não há que se falar em excesso de compensação e em violação aos dispositivos legais no presente caso, uma vez que ocorreu a extinção da pessoa jurídica (que se beneficiou dessas compensações) e, conseqüentemente, o encerramento de suas atividades por conta da incorporação mencionada; que da operação de incorporação, portanto, de acordo com o artigo 227, caput, da Lei no. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 — Lei das Sociedades Anônimas ("LSA"), a incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra que lhe sucede em todos os direitos e obrigações; que a Recorrente, uma vez mais, demonstrará que mediante uma análise sistemática da legislação atualmente vigente a conclusão a que se chega é pela possibilidade de aproveitamento integral dos saldos de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativas da CSLL acumulados pela empresa incorporada no encerramento de suas atividades (no presente caso no momento da entrega da DIPJ do período de 01/01/2006 a 31/12/2006), o que servirá como fundamento suficiente para que este E. CARF determine a reforma integral da decisão recorrida, com o consequente cancelamento do auto de infração de IRPJ originário do presente processo administrativo; que da não aplicação da "trava" de 30% para as compensações nos casos de incorporação, a legislação tributária estabelece regras gerais que limitam o direito de compensação dos prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas da CSLL, acumulados pela empresa, à porcentagem de 30% do lucro tributável, aplicável a cada período base, para o IRPJ e para a CSLL; Fl. 502DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 503 9 que, portanto, o procedimento adotado pela AES (incorporação pela Recorrente), de se utilizar da integralidade do Aldo de base de cálculo negativo da CSLL no momento da sua incorporação, está totalmente de acordo com as jurisprudências desde E. CARF e do Superior Tribunal de Justiça, pelo que, outra solução não se espera que não a determinação da reforma integral da decisão ora recorrida; que da relevância da jurisprudência no presente caso, ou seja, não merece também prosperar o entendimento da Turma Julgadora no sentido de que as decisões transcritas pela Recorrente na peça impugnatória não teriam efeito vinculante; que em razão dos precedentes jurisprudenciais administrativos acerca da matéria, aguarda a Recorrente que esse E. Conselho os leve em consideração para que seja reconhecida a legitimidade do procedimento adotado pela empresa incorporada pala Recorrente, quando, no ato de incorporação, compensou integralmente o saldo de base negativa da CSLL que detinha; que do conteúdo da norma insculpida no artigo 16 da Lei n° 9.065/1995, portanto, conforme já mencionado anteriormente, o que pretendeu a Recorrente com seus argumentos de defesa apresentados na peça impugnatória foi evidenciar a necessidade de interpretar de modo sistemático as normas atualmente vigentes, para, com isso, demonstrar que não há, atualmente, qualquer norma que proíba a compensação integral do saldo de prejuízo fiscal e de base negativa da CSLL nas hipóteses em que determinada empresa é extinta por incorporação; que, diante de todo o exposto, deve ser analisado de forma sistemática o conteúdo e alcance da norma insculpida no artigo 16 da Lei n° 9.065/95, o que resultará, sem sombra de dúvidas, na reforma da decisão ora recorrida por esse E. CARF, já que não há qualquer norma no ordenamento jurídico que vede a compensação integral dos saldos de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativo da CSLL em casos de incorporação de empresa; que da impossibilidade de sucessão da multa de ofício sobre fatos geradores ocorridos antes da incorporação, no que tange à impossibilidade de sucessão da multa de ofício no presente caso, como demonstrado no tópicos das preliminares de presente recurso voluntário, a Turma Julgadora sequer se manifestou sobre os argumentos apresentados pela Recorrente na sua peça impugnatória; que não sejam acolhidos os argumentos anteriores expostos, que demonstram que a chamada “trava de 30%” seria inaplicável ás hipóteses de extinção da pessoa jurídica por incorporação, requerse que, ao menos, seja afastada a exigência da multa de oficio em razão da existência, à época dos fatos, de decisão irrecorrível e garantidora do procedimento adotado pela Recorrente, em observância ao disposto no artigo 76, inciso II, alínea “a” da Lei n° 4.502/64 e ao principio da segurança jurídica; que da ilegalidade da cobrança do juros SELIC sobre a multa de ofício, cabe esclarecer que, caso se entenda pela manutenção da autuação em análise, o que se alega a título argumentativo, é certo que os juros calculados com base na taxa SELIC não poderão ser exigidos sobre a multa de ofício lançada, por absoluta ausência de previsão legal; que a Recorrente aguarda que esse E. CARF determine a reforma da decisão ora recorrida para que seja reconhecido, expressamente, o cancelamento dos juros de mora, Fl. 503DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 504 10 calculados com base na taxa Selic, sobre a multa de ofício lançada nos autos de infração originários do presente processo administrativo. É o relatório. Fl. 504DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 505 11 Voto Vencido Conselheiro Paulo Roberto Cortez, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Trata o presente processo de Auto de Infração de Contribuição Social sobre o Lucro Liquido — CSLL — (fls. 93/98) que exige o montante de R$ 4.155,58, estando contidos nesse montante o principal (R$ 2.019,63), multa de oficio de 75% (R$ 621,23) e juros de mora calculados até 30/11/2009 (R$ 1.514,72). A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização, onde a autoridade fiscal lançadora observou que a contribuinte foi autuada na condição de responsável, em razão de ter incorporado a empresa AES TIETÊ EMPREENDIMENTOS S.A., inscrita no CNPJ n° 02.670.218/000189, conforme a Ata da Assembléia Geral Extraordinária, realizada em 02 de dezembro de 2006, a qual foi registrada na JUCESP, na sessão do dia 23 de fevereiro de 2007. A infração verificada foi à compensação indevida de prejuízos fiscais apurados, em face da inobservância do limite de compensação de 30% do lucro liquido ajustado pelas adições e exclusões, previstas e autorizadas pela legislação do imposto de renda. Em razão do constatado, glosouse a base de cálculo negativa no total de R$ 80.057.291,75 (fl. 40), recalculandose a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. O aumento do imposto apurado na linha 42 da Ficha 17 da DIPJ foi de R$ 0,00 (fl. 36), para R$ 7.226.756,26 (fl. 43). O valor devido foi parcialmente extinto por compensação com o valor a ser deduzido na linha 52 da mesma Ficha (estimativa paga), no total de 7.224.736,62 (fls. 42/43 e 93), resultando no valor de R$ 2.019,63 a título de CSLL a pagar. Inconformada com a autuação, a contribuinte apresentou a impugnação contra o auto de infração lavrado. A decisão recorrida entendeu que para determinação da base de cálculo da Contribuição Social, o Lucro Líquido depois de ajustado pelas adições e exclusões prescritas ou autorizadas pela legislação da CSLL, poderá ser reduzido pela compensação de bases de cálculo negativas da CSLL de períodos de apuração anteriores em até, no máximo, trinta por cento do referido lucro liquido ajustado na data do evento de extinção por incorporação. Inconformada, em virtude de não ter logrando êxito na instância inicial, a contribuinte apresenta a sua peça recursal a este E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais pleiteando a reforma da decisão prolatada na Primeira Instância Fl. 505DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 506 12 onde, em sua defesa, ataca o que entende terem sido os fundamentos do lançamento apresentando preliminar de nulidade da decisão recorrida e razões de mérito. Deixo de analisar a argüição da preliminar de nulidade da decisão recorrida em razão da decisão de mérito. Senão vejamos. Conforme relatado, a discussão versa sobre a possibilidade de compensação de base de cálculo negativa por pessoa jurídica incorporada no balanço de encerramento de atividades sem o limite de 30% estabelecido no caput do artigo art. 15 da Lei nº 9.065, de 1995. A legislação tributária estabelece regras gerais que limitam o direito de compensação dos prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas da CSLL, acumulados pela empresa, à porcentagem de 30% do lucro tributável, aplicável a cada período base, para o IRPJ e para a CSLL. De fato, disciplina a Lei nº. 8.981, de 20 de janeiro de 1995 que: Art. 42. A partir de 1º de janeiro de 1995, para efeito de determinar o lucro real, o lucro liquido ajustado pelas adições e exclusões previstas ou autorizadas pela legislação do imposto de renda, poderá ser reduzido em, no máximo, trinta por cento. Parágrafo único. A parcela dos prejuízos fiscais apurados ate 31 de dezembro de 1994, não compensada em razão do disposto no caput deste artigo poderá ser utilizada nos anoscalendário subseqüentes. [...] Art. 58. Para efeito de determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, o lucro liquido ajustado poderá ser reduzido por compensação da base de cálculo negativa, apurada em períodosbase anteriores em, no máximo, trinta por cento Por sua vez, os artigos 15 e 16 da Lei nº. 9.065, de 20 de junho de 1995, determinam o seguinte: Art. 15. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do anocalendário de 1995 poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro liquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro liquido ajustado. [...] Art. 16. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, quando negativa, apurada a partir do encerramento do anocalendário de 1995 poderá ser compensada, cumulativamente com a base de cálculo Fl. 506DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 507 13 negativa apurada até 31 de dezembro de 1994, com o resultado do período de apuração ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação da referida contribuição social, determinado em anoscalendário subseqüentes, observado o limite máximo de redução de trinta por cento, previsto no art. 58 da Lei no 8.981, de 1995. Sempre foi meu entendimento de que, em casos de descontinuidade da pessoa jurídica, como na incorporação, não se pode aplicar a limitação à compensação, mais comumente denominada por "trava". Ora, uma vez interrompido o exercício da atividade, notadamente em face de fusão ou incorporação, desaparece ou deixa de existir o pressuposto que conferiu ao empreendimento a possibilidade de diferir, no tempo, a compensação de seus prejuízos e da base de cálculo negativa da CSLL. É indiscutível que desde o advento do Decretolei n° 1.598, de 1977, o prejuízo apurado em determinado períodobase poderia ser compensado com o lucro real determinado nos quatro períodosbase subseqüentes, sistemática que perdurou até a edição da Lei n° 8.981, de 1995, oportunidade na qual restou determinado que o prejuízo verificado em um períodobase tivesse sua dedução diferida para os anos calendário subseqüentes, sem limitação temporal. Cumpre consignar que o artigo 33 da Lei n° 2.341, de 1987, veda a compensação de prejuízos fiscais, pela sucessora, da sucedida, em razão de incorporação, fusão ou cisão. Ensina Ricardo Mariz de Oliveira, em sua obra Fundamentos do Imposto de Renda (Editora Quartier Latin do Brasil, São Paulo: 2008, p. 895/900), ao tratar do poder legal para impedir, condicionar ou limitar a compensação de prejuízos fiscais: Para os que sustentam haver um direito verdadeiramente imanente à obrigação tributária relativa ao imposto de renda, inatingível por lei ordinária, portanto um meta direito que até prescinde de declaração por lei ordinária, o seu fundamento está no fato de que a hipótese de tributação é sempre um acréscimo patrimonial, e acréscimo patrimonial exige que se deduzam prejuízos anteriores para que somente possa ser alvo de incidência o valor que representar efetivo aumento ao capital trazido pelos sócios para o empreendimento gerador do lucro. Se assim não for, estarseá tributando o próprio capital ou o patrimônio do contribuinte, descaracterizando e desnaturando o fato gerador do imposto de renda. E, sendo assim, não poderia haver limite de prazo ou de valor, assim como outras condições não poderiam ser impostas para o exercício (já que aquisição sempre Fl. 507DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 508 14 existiria) desse direito. Muito menos ele poderia ser eliminado. Edson Vianna de Brito, assim discorreu sobre a norma de limitação, em seu livro Imposto de Renda, Frase Editora, São Paulo, 1995, pp. 161 e segs.: Este dispositivo estabelece uma base de cálculo mínima, para efeito da determinação do imposto de renda devido, através da fixação de um limite máximo de redução — por compensação de prejuízos fiscais — do lucro tributável apurado em cada anocalendário. Em outras palavras, as pessoas jurídicas que detenham estoque de prejuízos fiscais apurados em anos anteriores passam a sujeitarse a um imposto de renda mínimo, uma vez que o lucro tributável só poderá ser reduzido em no máximo trinta por cento. Notese, preliminarmente, que em nenhum momento, o texto legal cerceou o direito do contribuinte de compensar os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994 com o lucro real obtido a partir de 1° de janeiro de 1995. Pelo contrário, ao fixar um limite máximo para compensação em cada anocalendário, o dispositivo legal, em seu parágrafo único, faculta a compensação da parcela que seria compensável se não houvesse a limitação com o lucro real de anos calendário subseqüentes. Como visto a norma nunca teve intenção de cercear direito à compensação. Daí inclusive tornar os prejuízos imprescritíveis para a compensação. Essa certeza mais se concretiza quanto mais se busca o histórico da legislação quando em tramitação. No Diário Oficial do Congresso Nacional de 14 de junho de 1995, consta a exposição de motivos da Medida Provisória n° 998/95, reedição das Medidas Provisórias 947/95 e 972/95 e convertida na Lei 9.065/95. Dela se pode destacar o seguinte excerto: Arts. 15 e 16 do Projeto: decorrem de Emenda do Relator, para restabelecer o direito à compensação de prejuízos, embora com as limitações impostas pela Medida Provisória n° 812194 (Lei 8.981195). Ocorre hoje vacado legis em relação à matéria. A limitação de 30% garante uma parcela expressiva da arrecadação, sem retirar do contribuinte o direito de compensar, até integralmente, num mesmo ano, se essa compensação não ultrapassar o valor do resultado positivo. A expressão "sem retirar do contribuinte o direito de compensar reforça o meu entendimento de que, em casos de descontinuidade da empresa, na declaração de encerramento cabe integral compensação dos prejuízos acumulados, sendo inaplicável a trava. Todo o interesse protegido foi somente regular o fluxo de caixa do Governo, sem extirpar do contribuinte o direito à compensação de prejuízos. Qualquer Fl. 508DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 509 15 hipótese na qual o efeito seja eliminar a compensação não estará abrangida pelo campo de incidência da norma de limitação. A avaliação da questão pressupõe a consideração do ordenamento legal da apuração do IRPJ como um todo. Para isso, há de se considerar outra vedação legal à compensação de prejuízos fiscais, aquela estabelecida pelo art. 514 do RIR/1999, nos seguintes termos: Art. 514. A pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão não poderá compensar prejuízos fiscais da sucedida (DecretoLei nº 2.341, de 1987, art. 33). Vêse, então, que os prejuízos da incorporada não se transferem para a incorporadora, sua sucessora, por expressa disposição legal. A aplicação da “trava” de 30% é justificável enquanto existente a presunção de continuidade da pessoa jurídica. A extinção via incorporação afasta a exigência de observância do limite à compensação. Entendimento contrário significaria negação da faculdade conferida à contribuinte e resultaria no abandono forçado de um ativo seu, representado por benefício assegurado em lei. Enfim, caso a recorrente obedecesse à limitação de 30% imposta pela Lei nº 8.891, de 1995 e Lei nº 9.065, de 1995, a AES (incorporada), ao fechar o balanço no encerramento de suas atividades e apresentar sua declaração de encerramento, deixaria de utilizar aproximadamente 65% de seus prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas da CSLL acumulados, os quais não poderiam ser aproveitados futuramente, seja pelo encerramento de suas atividades, seja pela expressa vedação imposta utilização desses mesmos prejuízos ou bases pelo seu incorporador. Fato esse que modifica o conceito de lucro inserido no ordenamento jurídico brasileiro. Desse modo, e considerando que à empresa incorporadora é vedado o aproveitamento do saldo de prejuízo fiscal da empresa incorporada (Decretolei 2341/87, arts. 32 e 33), deixa de existir a premissa de inexistência de limitação de aproveitamento do prejuízo com os lucros futuros, o que compromete a legitimidade da trava do prejuízo. Diante do conteúdo dos autos e pela associação de entendimento sobre todas as considerações expostas no exame da matéria, voto no sentido de dar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Paulo Roberto Cortez Fl. 509DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 510 16 Voto Vencedor Conselheiro FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO – Redator Designado. Com a devida vênia, ouso discordar do ilustre Conselheiro Relator. A limitação de compensação de prejuízos fiscais e bases negativas de CSLL de períodos anteriores é prevista em lei, não havendo qualquer previsão no sentido de sua limitação em caso de extinção da pessoa jurídica. Por concordar integralmente com sua fundamentação, peço vênia aos meus pares para adotar como razões de decidir, mutatis mutandis, o voto do Conselheiro Alberto Pinto Souza Júnior nos autos do PAF 11065.001759/200756, em julgamento ocorrido na 1a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, com a ressalva de que, embora tal processo refirase à exigência de IRPJ, os argumentos, e a legislação pertinente, são as mesmas: Com a devida vênia dos que defendem a compensação sem trava do prejuízo fiscal no último balanço da empresa a ser incorporada, ouso discordar, por enxergar, nos argumentos que assim sustentam, um caráter muito mais propositivo do que analítico do Direito posto. Sustentase que o direito à compensação existe sempre, até porque, se negado, estarseá a tributar um não acréscimo patrimonial, uma não renda, mas sim o patrimônio do contribuinte que já suportou tal tributação. Ora, se isso fosse realmente verdade, a legislação do IRPJ que vigorou até a entrada em vigor da Lei 154/47 teria ofendido o conceito de renda e chegaríamos à absurda conclusão de que, até essa data, tributouse, no Brasil, outra base que não a renda. Da mesma forma, mesmo após a autorização da compensação de prejuízos fiscais (Lei 154/47), também não se estaria tributando a renda, pois sempre foi imposto um limite temporal para que se compensasse o prejuízo fiscal, de tal sorte que, em não havendo lucros suficientes em tal período, caducava o direito a compensar o saldo de prejuízo fiscal remanescente. Pelo entendimento esposado pelo recorrente, a perda definitiva do saldo de prejuízos fiscais, nesses casos, também contaminaria os lucros reais posteriores, já que não mais estariam a refletir "renda". Não é razoável imaginar que toda a legislação do IRPJ que vigorou até a entrada em vigor da Lei 9.065/95 (ou do art. 42 da Lei 8.981/95) tenha ofendido o conceito de renda, nem também é possível sustentar que a Lei 9065/95 tenha instituído um novo conceito de renda. Notese que o art. 43 do CTN trata do aspecto material do imposto de renda, seja de pessoa jurídica ou física, e não há que se dizer que a legislação do IRPF ofende o conceito de renda ali previsto, pelo fato, por exemplo, de não permitir que a pessoa física que tenha mais despesas médicas do que rendimento em um ano leve o seu decréscimo patrimonial para ser compensado no ano seguinte. Fl. 510DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 511 17 Na verdade, o CTN não tratou do aspecto temporal do IRPJ, deixando para o legislador ordinário fazêlo. Ora, se o legislador ordinário define como período de apuração um ano ou três meses, é nesse período que deve ser verificado o acréscimo patrimonial e não ao longo da vida da empresa como quer o Relator. Sobre isso, vale trazer à colação trecho colhido do voto do Min. Garcia Vieira no Recurso Especial n° 188.855GO, in verbis: "Há que compreenderse que o art. 42 da Lei 8.981/1995 e o art. 15 da Lei 9.065/1995 não efetuaram qualquer alteração no fato gerador ou na base de cálculo do imposto de renda. O fato gerador, no seu aspecto temporal, como se explicará adiante, abrange o período mensal. Forçoso concluir que a base de cálculo é a renda (lucro) obtida neste período. Assim, a cada período corresponde um fato gerador e uma base de cálculo próprios e independentes. Se houve renda (lucro), tributase. Se não, nada se opera no plano da obrigação tributária. Daí que a empresa tendo prejuízo não vem a possuir qualquer "crédito" contra a Fazenda Nacional. Os prejuízos remanescentes de outros períodos, que dizem respeito a outros fatos geradores e respectivas bases de cálculo, não são elementos inerentes da base de cálculo do imposto de renda do período em apuração, constituindo, ao contrário, benesse tributária visando minorar a má atuação da empresa em anos anteriores." Data maxima venia, confundese aqueles que citam o art. 189 da Lei 6.404/76, para sustentar que "o lucro societário somente é verificado após a compensação dos prejuízos dos exercícios anteriores". Primeiramente, por força do disposto nos arts. 6° e 67, XI, do DL 1598/77, o lucro real parte do lucro líquido do exercício, ou seja, antes de qualquer destinação, inclusive daquela prevista no art. 189 em tela (absorver prejuízos acumulados). Em segundo, os arts. 6 e 67, XI, do DL 1598/77 já demonstram, à saciedade, que o acréscimo patrimonial que se busca tributar é de determinado período lucro líquido do exercício. Sustentase também que a compensação de prejuízos fiscais não deve ser entendida como um beneficio fiscal. Todavia, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é em sentido contrário, ou seja, que "somente por benesse da política fiscal que se estabelecem mecanismos como o ora analisado, por meio dos quais se autoriza o abatimento de prejuízos verificados, mais além do exercício social em que constatados", conforme dicção da Min. Ellen Gracie ao julgar o RE 344994. Evidencia ainda o caráter de mera liberalidade do legislador ordinário, quando se verifica que, para o IRPF, decidiuse que apenas os resultados da atividade rural podem ser compensados com prejuízos de períodos anteriores. Ou seja, o benefício de poder compensar prejuízos fiscais foi concedido apenas a uma parte do universo de contribuinte de IRPF. Duas verdades óbvias se deduz de tal entendimento: primeiro, renda é o acréscimo patrimonial dentro do período de apuração definido em lei; segundo, a compensação de prejuízo poderia ser totalmente desautorizada pelo legislador ordinário, pois não haveria ofensa ao conceito de renda (art. 43 do CTN). Fl. 511DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 512 18 Enganase também quem defende que a não submissão dos prejuízos à trava, nos casos de que se trata, não se encontra vedada pelas normas veiculadas pelos artigos 32 e 33 do Decretolei 2.341/1987, pois, teleologicamente, o art. 33 visa impedir que o saldo de prejuízo fiscal da empresa a ser incorporada cause qualquer impacto financeiro na incorporadora, o que ocorreria se, no seu último exercício, fosse permitido a incorporada pagar menos IRPJ compensando o saldo de prejuízos além dos 30% permitidos. Todavia, a questão principal não gira em torno do art. 33 do DL 2.341/87, mas da total falta previsão legal para que se afaste a regra geral da trava de 30% no último período de apuração da empresa a ser incorporada. Isso mesmo, não há previsão legal, mas um mero esforço exegético do recorrente, o qual desborda os parâmetros hermenêuticos das normas de regência da matéria. Ademais, permissa venia, a interpretação, digamos, sistemática feita pelo recorrente já que não se baseia em nenhum dispositivo legal específico, mas no sistema jurídico como um todo é contraditória e ofende a isonomia, pois, "já que sustenta que o prejuízo fiscal deve ser integralmente compensável no tempo, para que a tributação não ofenda o conceito de renda, como fazer então se houver saldo remanescente de prejuízo no último período de existência da pessoa jurídica ainda que lhe fosse afastada a trava dos 30%? Ora, em alguns países, a exemplo dos Estados Unidos da América Unidos da América1, é permitida a compensação retroativa de prejuízos fiscais (ou seja, com lucros anteriores). Será então que, para respeitar o conceito de renda, o intérprete deveria também entender autorizada a compensação retroativa na situação em tela sem lei que a preveja? A resposta é, por tudo que já demonstramos antes, indubitavelmente, negativa. Ocorre, porém, que, nessa hipótese, o recorrente aceita que se perca o direito à compensação do saldo de prejuízo fiscal, criando um situação não isonômica entre a incorporada que tem lucro no seu último exercício suficiente para ser compensado 100% do saldo de prejuízos acumulados e aqueloutra que não o tenha, a qual ficará com saldo de prejuízo fiscal que jamais será compensado. Vale ainda ressaltar que, quando o legislador ordinário quis, ele expressamente afastou a trava de 30%. Refirome ao art. 95 da Lei 8.981/95. Assim, nem mesmo o Poder Judiciário poderia chegar tão longe a ponto de criar, por jurisprudência, uma nova exceção à regra da trava de 30%, sob pena de se estar legislando positivamente. Isso posto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Redator Designado 1 Refirome ao carryback, previsto: na section 172 (b) do Internal Revenue Code. Fl. 512DF CARF MF Processo nº 19515.005447/200940 Acórdão n.º 1402002.409 S1C4T2 Fl. 513 19 CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por acolher os embargos de declaração para corrigir o erro material, e ratificar o decidido no acórdão 1402001.816. (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO – Relator dos Embargos Fl. 513DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10111.000483/2005-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 29/08/2005
OMISSÃO. EMBARGO. CABIMENTO.
Verificado vício de omissão nas decisões exaradas em segunda instância administrativa, cabíveis embargos de declaração, nos moldes do art. 65 do RICARF/2015.
MODIFICAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. MATÉRIA NÃO DEDUZIDA EM IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. VERIFICAÇÃO.
Constatada a ausência de questionamento em impugnação, in casu, a modificação de critério jurídico do lançamento, considera-se incontroversa a matéria, a teor do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, não sendo admissível a renovação da altercação em sede recurso voluntário, por verificação da preclusão consumativa.
PRÁTICAS REITERADAS. INEXISTÊNCIA. EXCLUSÃO DE MULTA E JUROS. DESCABIMENTO.
Não consubstanciam práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas a adoção de entendimentos exarados por atos administrativos baixados pela RFB, quando obedecida a sua vigência e a aplicação contemporânea aos casos concretos submetidos, não havendo razão para exoneração de multa e juros, com base no art. 100 do Código Tributário Nacional.
Embargos rejeitados.
Numero da decisão: 3401-003.509
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos, reconhecendo-se as omissões, que foram supridas pelo colegiado, sendo rejeitada a demanda pela aplicação, ao caso, do artigo 100 do Código Tributário Nacional (CTN), e não conhecida a alegação de aplicação do artigo 146 da mesma codificação, por preclusão. Os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e André Henrique Lemos votaram pelas conclusões, porque analisavam a alegação referente ao artigo 146 do CTN, e a rejeitavam, no mérito.
Rosaldo Trevisan Presidente
Robson José Bayerl Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201704
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 29/08/2005 OMISSÃO. EMBARGO. CABIMENTO. Verificado vício de omissão nas decisões exaradas em segunda instância administrativa, cabíveis embargos de declaração, nos moldes do art. 65 do RICARF/2015. MODIFICAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. MATÉRIA NÃO DEDUZIDA EM IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. VERIFICAÇÃO. Constatada a ausência de questionamento em impugnação, in casu, a modificação de critério jurídico do lançamento, considera-se incontroversa a matéria, a teor do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, não sendo admissível a renovação da altercação em sede recurso voluntário, por verificação da preclusão consumativa. PRÁTICAS REITERADAS. INEXISTÊNCIA. EXCLUSÃO DE MULTA E JUROS. DESCABIMENTO. Não consubstanciam práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas a adoção de entendimentos exarados por atos administrativos baixados pela RFB, quando obedecida a sua vigência e a aplicação contemporânea aos casos concretos submetidos, não havendo razão para exoneração de multa e juros, com base no art. 100 do Código Tributário Nacional. Embargos rejeitados.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu May 11 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10111.000483/2005-61
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5718867
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu May 11 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3401-003.509
nome_arquivo_s : Decisao_10111000483200561.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ROBSON JOSE BAYERL
nome_arquivo_pdf_s : 10111000483200561_5718867.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos, reconhecendo-se as omissões, que foram supridas pelo colegiado, sendo rejeitada a demanda pela aplicação, ao caso, do artigo 100 do Código Tributário Nacional (CTN), e não conhecida a alegação de aplicação do artigo 146 da mesma codificação, por preclusão. Os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e André Henrique Lemos votaram pelas conclusões, porque analisavam a alegação referente ao artigo 146 do CTN, e a rejeitavam, no mérito. Rosaldo Trevisan Presidente Robson José Bayerl Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
id : 6744665
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:59:28 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950080012288
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1804; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 10 1 9 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10111.000483/200561 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3401003.509 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de abril de 2017 Matéria CLASSIFICAÇÃO FISCAL Embargante AUTOTRAC COMÉRCIO E TELMUNICAÇÕES S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 29/08/2005 OMISSÃO. EMBARGO. CABIMENTO. Verificado vício de omissão nas decisões exaradas em segunda instância administrativa, cabíveis embargos de declaração, nos moldes do art. 65 do RICARF/2015. MODIFICAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. MATÉRIA NÃO DEDUZIDA EM IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. VERIFICAÇÃO. Constatada a ausência de questionamento em impugnação, in casu, a modificação de critério jurídico do lançamento, considerase incontroversa a matéria, a teor do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, não sendo admissível a renovação da altercação em sede recurso voluntário, por verificação da preclusão consumativa. PRÁTICAS REITERADAS. INEXISTÊNCIA. EXCLUSÃO DE MULTA E JUROS. DESCABIMENTO. Não consubstanciam práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas a adoção de entendimentos exarados por atos administrativos baixados pela RFB, quando obedecida a sua vigência e a aplicação contemporânea aos casos concretos submetidos, não havendo razão para exoneração de multa e juros, com base no art. 100 do Código Tributário Nacional. Embargos rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos, reconhecendose as omissões, que foram supridas pelo colegiado, sendo rejeitada a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 11 1. 00 04 83 /2 00 5- 61Fl. 1115DF CARF MF 2 demanda pela aplicação, ao caso, do artigo 100 do Código Tributário Nacional (CTN), e não conhecida a alegação de aplicação do artigo 146 da mesma codificação, por preclusão. Os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e André Henrique Lemos votaram pelas conclusões, porque analisavam a alegação referente ao artigo 146 do CTN, e a rejeitavam, no mérito. Rosaldo Trevisan – Presidente Robson José Bayerl – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Tratase de auto de infração de classificação fiscal relativo a mercadoria constante da DI 05/09260319, abrangendo multa por erro de classificação e diferenças de tributos. A impugnação argumentou a nulidade do lançamento, por inépcia; discorreu sobre o equipamento importado; defendeu a classificação fiscal adotada, com fulcro em laudo técnico; deduziu razões de ordem econômica para improcedência da autuação; e, aduziu o descabimento das multas e dos juros de mora, com fulcro no art. 100, III, parágrafo único do Código Tributário Nacional. O julgamento foi convertido em diligência para juntada de cópias de processos judiciais atinentes à questão (MS 2004.34.00.0066088 e AO 0053926 61.2010.4.01.3400) Uma vez cumprida a diligência determinada, a DRJ Fortaleza/CE manteve o lançamento em decisão assim ementada: “INÉPCIA DO LANÇAMENTO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É válido o lançamento cuja descrição das ocorrências e enquadramento legal permitam a perfeita compreensão dos fatos pelo autuado, mormente quando a realização de diligência oportuniza dirimir eventuais dúvidas. DILIGÊNCIA. JUNTADA DE DOCUMENTOS ANTERIORES AO LANÇAMENTO. POSSIBILIDADE. Quando da realização de diligência, é admissível que a fiscalização junte novos documentos para esclarecer os fatos em causa, ainda que tenham sido produzidos antes do lançamento. Fl. 1116DF CARF MF Processo nº 10111.000483/200561 Acórdão n.º 3401003.509 S3C4T1 Fl. 11 3 DOCUMENTO GRAFADO EM IDIOMA ESTRANGEIRO. AUSÊNCIA DE TRADUÇÃO JURAMENTADA. ADMISSIBILIDADE. A ausência de tradução juramentada de documento grafado em idioma estrangeiro não impede sua utilização nos autos, desde que fique demonstrada a ausência de prejuízo para as partes envolvidas. TERMINAL MÓVEL DE COMUNICAÇÃO DO SISTEMA OMNISAT. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. O Terminal Móvel de Comunicação do Sistema OmniSAT se enquadra no código 8526.91.00 da Nomenclatura Comum do Mercosul, pois se trata de uma combinação de máquinas cuja função principal é desempenhada pelo receptor GPS nele inserido, que fornece as informações necessárias para a supervisão do deslocamento do veículo em que ele é instalado. ERRO NA CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE PRODUTO IMPORTADO. MULTA ESPECÍFICA. DIFERENÇAS DE TRIBUTOS. O erro na classificação fiscal de mercadoria importada configura infração punível com multa específica, sem prejuízo da cobrança de ofício das diferenças de tributos eventualmente apuradas, com os acréscimos legais. COSTUME ADMINISTRATIVO. PUBLICAÇÃO DE ATO FIXANDO O ENTENDIMENTO DA ADMINISTRAÇÃO. FATOS POSTERIORES. Diante da publicação de ato que fixe entendimento diferente do que vinha sendo aceito pela Administração anteriormente, não há falar em costume administrativo em relação aos fatos posteriores a esse ato.” Em recurso voluntário o contribuinte, como preliminar, argüiu a impossibilidade de juntada de documentos e esclarecimentos pela autoridade preparadora e a invalidade de documentos em língua estrangeira. No mérito, teceu considerações sobre suas atividades e o equipamento importado; defendeu a inaplicabilidade da classificação adotada para aparelhos de radionavegação; citou precedentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e soluções de consulta de aparelhos similares; abordou os laudos técnicos apresentados; e, rechaçou a possibilidade de alteração do critério jurídico e também o cabimento das multas e dos juros respectivos. Alicerçada na informação de opção pela via judicial, consubstanciada na Ação Ordinária nº 004787847.2014.4.01.3400, Seção Judiciária do Distrito Federal, Tribunal Regional Federal da 1ª Região, a 1ª Turma Especial, através do Acórdão 3801004.296, de 17/09/2014, declarou a concomitância das discussões e não conheceu do recurso voluntário. Cientificado da decisão, o contribuinte interpôs embargo de declaração alegando omissão do julgado quanto à impossibilidade de modificação de critério jurídico e a inaplicabilidade das multas e juros moratórios, matérias não deduzidas perante o Poder Judiciário. Os embargos foram admitidos pelo presidente do colegiado argüido e, posteriormente, redistribuídos por sorteio, em função de reorganização do órgão, promovida pela Portaria MF 343/2015. É o relatório. Fl. 1117DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator Os embargos de declaração manobrados preenchem os requisitos formais de admissibilidade. Preamburlamente, cabe examinar o objeto da demanda judicial instalada e a sua coincidência com as questões postas no contencioso administrativo, bem assim os efeitos processuais daí decorrentes, para então verificar a existência da ventilada omissão. Consoante petição inicial juntada aos autos, o pedido do recorrente, na esfera judicial, no que tange ao mérito, consistiu na i) declaração de inexistência de relação jurídico tributária que autorizasse a União a exigir a classificação na posição 8526.91.00 da NCM, ii) o reconhecimento do direito de classificar o produto importado na posição 8517.62.71 e, ainda, iii) a determinação da anulação dos autos de infração que cita, dentre eles, o albergado pelo presente processo. Em 26/06/2015 foi proferida sentença julgando procedente o pedido formulado, estando o dispositivo vazado nos seguintes termos: “Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para: a) DECLARAR a inexistência de relação jurídico tributária oriunda da classificação fiscal do MCT como aparelho de radionavegação, atualmente enquadrado na posição 8526.91.00 da NCM; b) DECLARAR o direito da autora de classificar o MCT na posição reservada a aparelhos de comunicação; c) ANULAR os créditos tributários constituídos contra a autora, em razão da não classificação fiscal do MCT como aparelho de radionavegação (posição 8526.91.00), determinandose, ainda, o cancelamento dos autos de infração descritos no itens b.3 e b.4; d) AFASTAR as penalidades aplicadas e, em especial, a multa do IPI; Condeno a União ao pagamento das custas em ressarcimento e honorários advocatícios sucumbenciais, que fixo em R$10.000,00 (dez mil reais), já observado o disposto no art. 20, §4º, do CPC.” (sublinhado) Atualmente o processo judicial aguarda julgamento de apelação pelo TRF 1ª Região. Como se vê, há pedido expresso, devidamente acolhido, ainda que pendente de recurso, para declarar o cancelamento do lançamento abrigado neste processo administrativo. É certo que, em âmbito judicial, o recorrente não expôs a impossibilidade de modificação de critério jurídico, em sede de revisão aduaneira, tampouco o cabimento das multas e juros, com lastro no art. 100 do Código Tributário Nacional, como fundamento de seu pedido; todavia, o pedido formalizado, tanto administrativa como judicialmente, é idêntico, Fl. 1118DF CARF MF Processo nº 10111.000483/200561 Acórdão n.º 3401003.509 S3C4T1 Fl. 12 5 qual seja, a declaração de improcedência da autuação, de modo que, sob esse ângulo, a concomitância é patente. Dessarte, a delimitação da lide é feita pelo pedido apresentado, que sobre ele deverá se manifestar e decidir a autoridade julgadora correspondente, sendo a parte dispositiva dessa decisão aquela que oferecerá a resposta ao pleito, sendo essa a parte sujeita ao trânsito em julgado e, por via de conseqüência, à imutabilidade típica da coisa julgada. Como existe decisão de mérito no processo judicial, a formação da coisa julgada é inexorável, incidindo na espécie a inteligência do art. 508 do Código de Processo Civil, segundo o qual, transitada em julgado a decisão, considerarseão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor, tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido. De qualquer modo, entendo que, mesmo omisso o acórdão arguido, no mérito, não merece acolhida o aclaratório manobrado, haja vista que, em relação à impossibilidade de modificação do critério jurídico, verificouse a preclusão consumativa da matéria, a teor dos arts. 16, III e 17 do Decreto nº 70.235/72, porquanto não integrante da impugnação protocolada. Respeitante ao descabimento das penalidades e juros moratórios, com lastro no art. 100, III e parágrafo único do CTN, pela pretensa observância das práticas reiteradas adotadas pelas autoridades administrativas, temse que a aceitação da classificação fiscal empregada pelo contribuinte nas declarações de importação que cita, por parte da fiscalização, é anterior à edição do ADI SRF nº 22, de 20/08/2004, que modificou o entendimento oficial acerca da classificação fiscal da mercadoria importada, como anotado pela decisão recorrida, verbis: “Em sede de pedido alternativo, a impugnante solicita a dispensa dos juros e multas, com base no disposto no art. 100, inciso III e parágrafo único, do CTN. Suscita que desde o início de suas operações vinha promovendo a importação do equipamento em foco, sem que houvesse nenhuma contestação por parte dos fiscais alfandegários. Assim, estaria caracterizada a ocorrência de prática reiteradamente observada pela autoridade administrativa, o que elidiria a cobrança de penalidades e de juros na exação sob exame. Também em relação a esse aspecto não assiste razão à defesa. Com a edição do Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 14/2003, publicado no DOU de 4/9/2003, a Receita Federal oficializou seu entendimento quanto à classificação fiscal dos equipamentos ali indicados, em cuja descrição se enquadrava o caso MCT, conforme se demonstra: (...) Assim, ainda que em períodos anteriores ao referido ADI o MCT viesse sendo desembaraçado em código distinto, Fl. 1119DF CARF MF 6 como alega a defesa, não há falar em costume administrativo em relação a operações posteriores à publicação desse Ato, realizadas em desconformidade com a orientação nele formalizada. O ADI 14/2003 supriu eventual necessidade de norma complementar para definir a classificação fiscal dos equipamentos nele indicados. As operações contrárias a ele, na realidade, passaram a ser frontalmente ilegais. A partir da vigência desse Ato, embora o mesmo tenha sido revogado pelo ADI SRF nº 22/2004, verificase que a fiscalização aduaneira continuou a classificar o MCT no mesmo código anteriormente definido (8526.91.00). Como o importador insistiu em utilizar classificação fiscal diferente, as importações desse equipamento passaram a ser objeto de autuação, e só foram desembaraçadas sem a correção do enquadramento tarifário por determinação judicial.” Ou seja, não se identifica qualquer “prática reiterada”, por parte das autoridades fiscais, contemporânea ao registro da declaração de importação lançada, no sentido de acatar a classificação reclamada pelo contribuinte. Portanto, não há qualquer ressalva a ser feita à decisão embargada, que, mesmo não fazendo remissão específica às teses expostas e ora apontadas como omissas, reconheceu acertadamente a concomitância das discussões e a renúncia à discussão administrativa, não havendo qualquer vício de declaração que a conspurque. Com estas considerações, voto por conhecer dos embargos quanto às omissões apontadas e, no mérito, negar provimento ao recurso. Robson José Bayerl Fl. 1120DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10875.906541/2012-50
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 30/06/2003
BASE DE CÁLCULO PIS/PASEP E COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS SOBRE VENDAS DEVIDO NA CONDIÇÃO DE CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE.
A parcela relativa ao ICMS, devido sobre operações de venda na condição de contribuinte, inclui-se na base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3302-003.542
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado, que dava provimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède e Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 30/06/2003 BASE DE CÁLCULO PIS/PASEP E COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS SOBRE VENDAS DEVIDO NA CONDIÇÃO DE CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE. A parcela relativa ao ICMS, devido sobre operações de venda na condição de contribuinte, inclui-se na base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10875.906541/2012-50
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5702066
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3302-003.542
nome_arquivo_s : Decisao_10875906541201250.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RICARDO PAULO ROSA
nome_arquivo_pdf_s : 10875906541201250_5702066.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado, que dava provimento. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède e Lenisa Rodrigues Prado.
dt_sessao_tdt : Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6691638
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:41 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950090498048
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1537; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10875.906541/201250 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302003.542 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de janeiro de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES. BASE DE CÁLCULO. ICMS. Recorrente ATLANTA QUÍMICA INDUSTRIAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/06/2003 BASE DE CÁLCULO PIS/PASEP E COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS SOBRE VENDAS DEVIDO NA CONDIÇÃO DE CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE. A parcela relativa ao ICMS, devido sobre operações de venda na condição de contribuinte, incluise na base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado, que dava provimento. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède e Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Tratase de Pedido de Restituição cujo direito creditório é oriundo de recolhimento informado como indevido ou a maior que o devido a título de PIS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 90 65 41 /2 01 2- 50 Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10875.906541/201250 Acórdão n.º 3302003.542 S3C3T2 Fl. 3 2 A Delegacia da Receita Federal de jurisdição do contribuinte emitiu despacho decisório eletrônico indeferindo a restituição pleiteada, sob o argumento de que o pagamento foi utilizado na quitação integral de débito(s) do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Após ser intimada, a Contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade que foi julgada improcedente por intermédio do Acórdão 02050.786. Em síntese, entendeu a DRJ que não existe previsão legal para excluir o ICMS da base de cálculo das contribuições, do que resultou mantido o indeferimento do pleito de restituição. Inconformada, a Recorrente interpôs recurso voluntário pugnando pelo reconhecimento de seu direito creditório. O principal argumento da defesa é o de que o ICMS não pode ser considerado como faturamento da empresa, não podendo, desta forma, compor a base de cálculo das contribuições. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.520, de 26 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10875.906543/201249, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.520): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. No que tange à exclusão do ICMS devido nas operações de venda, na condição de contribuinte, o §2º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998 estabeleceu as hipóteses de exclusão da base de cálculo das contribuições, à época dos fatos: § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: I as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; II as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Fl. 173DF CARF MF Processo nº 10875.906541/201250 Acórdão n.º 3302003.542 S3C3T2 Fl. 4 3 III os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo; (Vide Medida Provisória nº 1.99118, de 2000) (Revogado pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) IV a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente. Verificase no inciso I, que o ICMS incidente nas operações na condição de contribuinte (próprio) não foi elencado como parcela a ser excluída da base de cálculo. Juridicamente e contabilmente, o ICMS compõe a receita de venda e consiste em redutor da receita bruta. A legislação, ao longo do tempo, dispôs sobre a receita bruta, sempre indicando que os impostos incidentes sobre a venda a compunham. Assim, citamse o artigo 12 do Decretolei nº 1.598/1977, o artigo 187 da Lei nº 6.404, o artigo 31 da Lei nº 8.981/1995, bem como a IN SRF nº 51/1978: Decretolei nº 1.598/1977: Art 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. Art. 12. A receita bruta compreende: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) I o produto da venda de bens nas operações de conta própria; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) II o preço da prestação de serviços em geral; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) III o resultado auferido nas operações de conta alheia; e (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) IV as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 1º A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. § 1o A receita líquida será a receita bruta diminuída de: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) I devoluções e vendas canceladas; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) II descontos concedidos incondicionalmente; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) III tributos sobre ela incidentes; e (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) IV valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das operações vinculadas à receita bruta. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Lei nº 6.404/1976: Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; Fl. 174DF CARF MF Processo nº 10875.906541/201250 Acórdão n.º 3302003.542 S3C3T2 Fl. 5 4 IN SRF nº 51/1978: 1. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens, nas operações de conta própria, e o preço dos serviços prestados (artigo 12 do Decretolei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977). 2. Na receita bruta não se incluem os impostos nãocumulativos cobrados do comprador ou contratante impostos nãocumulativos cobrados do comprador ou contratante (imposto sobre produtos industrializados e imposto único sobre minerais do País) e do qual o vendedor dos bens ou prestador dos serviços seja mero depositário. Imposto não cumulativo é aquele em que se abate, em cada operação, o montante de imposto cobrado nas anteriores. 3. Igualmente não se computam no custo de aquisição das mercadorias para revenda e das matériasprimas os impostos mencionados no item anterior, que devam ser recuperados. 4. A receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta da vendas e serviços, diminuídas (a) das vendas canceladas, (b) dos descontos e abatimentos concedidos incondicionalmente e (c) dos impostos incidentes sobre as vendas. 4.1 Vendas canceladas correspondentes a anulação de valores registrados como receita bruta de vendas e serviços; eventuais perdas ou ganhos decorrentes de cancelamento de venda, ou de rescisão contratual, não devem afetar a receita líquida de vendas e serviços, mas serão computados nos resultados operacionais. 4.2 Descontos incondicionais são parcelas redutoras do preço de vendas, quando constarem da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos. 4.3 Para os efeitos desta Instrução Normativa reputamse incidentes sobre as vendas os impostos que guardam proporcionalmente com o preço da venda ou dos serviços, mesmo que o respectivo montante integra a base de cálculo, tais como o imposto de circulação de mercadorias, o imposto sobre serviços de qualquer natureza, o imposto de exportação, o imposto único sobre energia elétrica, o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes etc. Neste sentido o STJ publicou as súmulas 69 e 94, cujos enunciados dispõem: Súmula n. 68 : "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94: "A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL". É de se concluir que a legislação inclui o ICMS incidente sobre as vendas no conceito de receita bruta, excluindoo apenas do conceito de receita líquida. Sobre o tema, há decisões recentes do STJ entendendo pela inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições, como o AgRg no REsp 1576424 / RS, de 10/03/2016, cuja ementa transcrevese: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SUBSTITUTIVA. ARTS. 7º e 8º DA LEI Nº 12.546/2011. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA. INCLUSÃO DO ICMS. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO, MUTATIS MUTANDIS, DA ORIENTAÇÃO FIRMADA NO RESP Nº 1.330.737/SP, REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA RELATIVA À INCLUSÃO Fl. 175DF CARF MF Processo nº 10875.906541/201250 Acórdão n.º 3302003.542 S3C3T2 Fl. 6 5 DO ISSQN NA BASE DE CÁLCULO DO PIS/PASEP E DA COFINS NA SISTEMÁTICA NÃOCUMULATIVA. 1. A possibilidade de inclusão, na receita bruta, de parcela relativa a tributo recolhido a título próprio foi pacificada, por maioria, pela Primeira Seção desta Corte em 10.6.2015, quando da conclusão do julgamento do recurso representativo da controvérsia REsp nº 1.330.737/SP, de relatoria do Ministro Og Fernandes, ocasião em que se concluiu que o ISSQN integra o conceito maior de receita bruta, base de cálculo do PIS/Pasep e da COFINS. 2. As razões que fundamentam o supracitado recurso especial representativo de controvérsia se aplicam, mutatis mutandis, à inclusão das parcelas relativas ao ICMS na base de cálculo da contribuição substitutiva prevista nos arts. 7º e 8º da Lei nº 12.546/2011. Precedente: REsp nº 1.528.604, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17.9.2015. 3. A contribuição substitutiva prevista nos arts. 7º e 8º da Lei nº 12.546/2011, da mesma forma que as contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS na sistemática não cumulativa previstas nas Leis n.s 10.637/2002 e 10.833/2003, adotou conceito amplo de receita bruta, o que afasta a aplicação ao caso em tela do precedente firmado no RE n. 240.785/MG (STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 08.10.2014), eis que o referido julgado da Suprema Corte tratou das contribuições ao PIS/Pasep e COFINS regidas pela Lei n. 9.718/98, sob a sistemática cumulativa que adotou, à época, um conceito restrito de faturamento. Precedente. 4. Agravo regimental não provido. Ressaltase que a inclusão do ISS na base de cálculo das contribuições foi considerada legítima e julgada sob a sistemática de recursos repetitivos no REsp 1.330.737/SP, em 10/06/2015, que possuiu a seguinte ementa: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ N. 8/2008. PRESTADOR DE SERVIÇO. PIS E COFINS. INCLUSÃO DO ISSQN NO CONCEITO DE RECEITA OU FATURAMENTO. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DOS ARTS. 109 E 110 DO CTN. 1. Para efeitos de aplicação do disposto no art. 543C do CPC, e levando em consideração o entendimento consolidado por esta Corte Superior de Justiça, firmase compreensão no sentido de que o valor suportado pelo beneficiário do serviço, nele incluindo a quantia referente ao ISSQN, compõe o conceito de receita ou faturamento para fins de adequação à hipótese de incidência do PIS e da COFINS. 2. A orientação das Turmas que compõem a Primeira Seção deste Tribunal Superior consolidouse no sentido de que "o valor do ISSQN integra o conceito de receita bruta, assim entendida como a totalidade das receitas auferidas com o exercício da atividade econômica, de modo que não pode ser dedutível da base de cálculo do PIS e da COFINS" (REsp 1.145.611/PR, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 8/9/2010; AgRg no REsp 1.197.712/RJ, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 9/6/2011; AgRg nos EDcl no REsp 1.218.448/RS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 24/8/2011; AgRg no AREsp 157.345/SE, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 2/8/2012; AgRg no AREsp 166.149/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 28/08/2012, DJe 4/9/2012; EDcl no AgRg no REsp 1.233.741/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 7/3/2013, DJe 18/3/2013; AgRg no AREsp 75.356/SC, Rel. Fl. 176DF CARF MF Processo nº 10875.906541/201250 Acórdão n.º 3302003.542 S3C3T2 Fl. 7 6 Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 15/10/2013, DJe 21/10/2013). 3. Nas atividades de prestação de serviço, o conceito de receita e faturamento para fins de incidência do PIS e da COFINS deve levar em consideração o valor auferido pelo prestador do serviço, ou seja, valor desembolsado pelo beneficiário da prestação; e não o fato de o prestador do serviço utilizar parte do valor recebido pela prestação do serviço para pagar o ISSQN Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza. Isso por uma razão muito simples: o consumidor (beneficiário do serviço) não é contribuinte do ISSQN. 4. O fato de constar em nota fiscal informação no sentido de que o valor com o qual arcará o destinatário do serviço compreende quantia correspondente ao valor do ISSQN não torna o consumidor contribuinte desse tributo a ponto de se acolher a principal alegação das recorrentes, qual seja, de que o ISSQN não constituiu receita porque, em tese, diz respeito apenas a uma importância que não lhe pertence (e sim ao município competente), mas que transita em sua contabilidade sem representar, entretanto, acréscimo patrimonial. 5. Admitir essa tese seria o mesmo que considerar o consumidor como sujeito passivo de direito do tributo (contribuinte de direito) e a sociedade empresária, por sua vez, apenas uma simples espécie de "substituto tributário", cuja responsabilidade consistiria unicamente em recolher aos cofres públicos a exação devida por terceiro, no caso o consumidor. Não é isso que se tem sob o ponto de vista jurídico, pois o consumidor não é contribuinte (sujeito passivo de direito da relação jurídicotributária). 6. O consumidor acaba suportando o valor do tributo em razão de uma política do sistema tributário nacional que permite a repercussão do ônus tributário ao beneficiário do serviço, e não porque aquele (consumidor) figura no polo passivo da relação jurídicotributária como sujeito passivo de direito. 7. A hipótese dos autos não se confunde com aquela em que se tem a chamada responsabilidade tributária por substituição, em que determinada entidade, por força de lei, figura no polo passivo de uma relação jurídico tributária obrigacional, cuja prestação (o dever) consiste em reter o tributo devido pelo substituído para, posteriormente, repassar a quantia correspondente aos cofres públicos. Se fosse essa a hipótese (substituição tributária), é certo que a quantia recebida pelo contribuinte do PIS e da COFINS a título de ISSQN não integraria o conceito de faturamento. No mesmo sentido se o ônus referente ao ISSQN não fosse transferido ao consumidor do serviço. Nesse caso, não haveria dúvida de que o valor referente ao ISSQN não corresponderia a receita ou faturamento, já que faticamente suportado pelo contribuinte de direito, qual seja, o prestador do serviço. 8. Inexistência, portanto, de ofensa aos arts. 109 e 110 do CTN, na medida em que a consideração do valor correspondente ao ISSQN na base de cálculo do PIS e da COFINS não desnatura a definição de receita ou faturamento para fins de incidência de referidas contribuições. 9. Recurso especial a que se nega provimento. De fato, as mesmas razões utilizadas no repetitivo acima são aplicáveis na análise da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins, o que restou configurado no julgamento do REsp nº 1.144.469, em 10/08/2016, sob a sistemática de recursos repetitivos, embora não possa ser aplicado pelo artigo 62 do RICARF, Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10875.906541/201250 Acórdão n.º 3302003.542 S3C3T2 Fl. 8 7 pois que ainda não transitado em julgado. A certidão deste julgamento constante no site do Superior Tribunal de Justiça traz o seguinte teor: AUTUAÇÃO RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL ADVOGADO : PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL RECORRENTE: HUBNER COMPONENTES E SISTEMAS AUTOMOTIVOS LTDA ADVOGADOS: ANETE MAIR MACIEL MEDEIROS HENRIQUE GAEDE E OUTRO(S) RECORRIDO : OS MESMOS ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO Crédito Tributário Base de Cálculo CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "Prosseguindo no julgamento, a Seção, por unanimidade, deu provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional e, por maioria, vencidos os Srs. Ministros Relator e Regina Helena Costa, negou provimento ao recurso especial da empresa recorrente, nos termos do voto do Sr. Ministro Mauro Campbell Marques, que lavrará o acórdão." Votaram com o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Gurgel de Faria, Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região) e Humberto Martins. Quanto à jurisprudência do STF, não obstante o RE 240.785 ter sido julgado favorável à tese defendida pela recorrente, não há, ainda, posicionamento definitivo no STF, uma vez que o RE 574.906 RG/PR, sob repercussão geral, ainda não foi julgado. Assim, enquanto não julgado o recurso extraordinário sob repercussão geral, devese prestigiar a legislação vigente que considera o ICMS das operações próprias como componente do preço de venda. Neste mesmo sentido, é a posição pacífica deste Conselho, como decidido no Acórdão nº 9303003549, de 17/03/2016, cuja ementa transcrevese: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 Cofins. Base de Cálculo. Exclusão ICMS. Por se tratar de imposto próprio, que não comporta a transferência do encargo, a parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo das contribuições ao PIS e à COFINS. Precedentes do STJ (Súmulas n°s 68 e 94). Às autoridades administrativas e tribunais que não dispõem de função legislativa não podem conceder, ainda que sob fundamento de isonomia, benefícios de exclusão da base de cálculo do crédito tributário em favor daqueles a quem o legislador não contemplou com a vantagem A mesma conclusão se estende à Contribuição ao PIS. Por fim, quanto ao pedido de encaminhamento das notificações ao patrono da recorrente, esclareçase que as intimações no processo administrativo fiscal de exigência de crédito tributário são regidas pelo artigo 23 do Decreto nº 70.235/72, consolidado no artigo 10 do Decreto nº 7.574/2011, o qual prevê as formas pessoal, por via postal, telegráfica ou qualquer outro meio com prova de recebimento no domicílio tributário, ou por meio eletrônico, não sujeitos a ordem de preferência, e, Fl. 178DF CARF MF Processo nº 10875.906541/201250 Acórdão n.º 3302003.542 S3C3T2 Fl. 9 8 ainda, por edital, caso os meios anteriores sejam improfícuos, nos termos abaixo transcritos: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) I no endereço da administração tributária na internet; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) III uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) III se por meio eletrônico: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) c) na data registrada no meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo; (Incluída pela Lei nº 12.844, de 2013) IV 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 4º Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10875.906541/201250 Acórdão n.º 3302003.542 S3C3T2 Fl. 10 9 II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 5º O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado com expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária informarlheá as normas e condições de sua utilização e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 6º As alterações efetuadas por este artigo serão disciplinadas em ato da administração tributária. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Portanto, o pedido efetuado carece de previsão legal. Por todo o exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 180DF CARF MF
score : 1.0