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Numero do processo: 12266.720886/2013-01
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 10/04/2008
NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. DISSIMILITUDE FÁTICA/FUNDAMENTOS.
Não se conhece do Recurso Especial quando as situações fáticas e fundamentos considerados nos acórdãos paradigmas são distintos da situação tratada no acórdão recorrido, não se prestando os arestos, por conseguinte, à demonstração de dissenso jurisprudencial.
Numero da decisão: 9303-008.357
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial, vencido o conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, que conheceu do recurso. Votaram pelas conclusões os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Jorge Olmiro Lock Freire.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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DISSIMILITUDE FÁTICA/FUNDAMENTOS. Não se conhece do Recurso Especial quando as situações fáticas e fundamentos considerados nos acórdãos paradigmas são distintos da situação tratada no acórdão recorrido, não se prestando os arestos, por conseguinte, à demonstração de dissenso jurisprudencial. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial, vencido o conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, que conheceu do recurso. Votaram pelas conclusões os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Jorge Olmiro Lock Freire. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 6. 72 08 86 /2 01 3- 01 Fl. 302DF CARF MF Processo nº 12266.720886/201301 Acórdão n.º 9303008.357 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra o acórdão nº 3302003.639, da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, que, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário, consignando a seguinte ementa: (...) EXTENSÃO DOS EFEITOS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT. A Solução de Consulta da COSIT tem efeito vinculante no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa da categoria econômica ou profissional. RETIFICAÇÃO DE INFORMAÇÕES TEMPESTIVAMENTE APRESENTADAS. HARMONIZAÇÃO COM AS BALIZAS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 2, DE 04/02/2016. As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa. ” Irresignada, a Fazenda Nacional opôs Embargos de Declaração, alegando omissão e contradição, requerendo que seja reconhecida a ausência de vinculação à Cosit e que a Turma decida se aplica a jurisprudência do CARF acerca da aplicação da multa em retificação extemporânea ou, inaugurando divergência, exponha os motivos pelos quais inova no entendimento sobre a matéria. Em Despacho, os embargos foram rejeitados. Insatisfeita, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial contra o r. acórdão, trazendo, entre outros, que: · O CARF não se submete aos posicionamentos da Cosit; Fl. 303DF CARF MF Processo nº 12266.720886/201301 Acórdão n.º 9303008.357 CSRFT3 Fl. 4 3 · Por uma questão de segurança jurídica, entendese que as soluções de consulta da Cosit vinculam as partes consulentes, que foram orientadas pela RFB em casos concretos e, por isso, não podem ser surpreendidas com posicionamentos inovadores no futuro; Requer, assim, que seja conhecido e provido o presente recurso, a fim de reformar o acórdão recorrido para que seja restabelecido o acórdão proferido pela DRJ, mantendose a multa aplicada. Foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, ressurgindo com discussões relativas às seguintes matérias: · Inexistência de vinculação do CARF às Soluções de Consulta Cosit; · Da incidência de multa no caso de retificação de informações de carga fora do prazo. Contrarrazões ao recurso foram apresentadas pelo sujeito passivo, que trouxe, entre outros, que: · O recurso não deve ser conhecido; · As Soluções de Consulta e as Soluções de Divergências editadas pela Cosit, sob a luz da IN 1396/13 têm efeito vinculante no âmbito da Receita Federal do Brasil, respaldando o sujeito passivo que as aplicar, independentemente der se o consulente; · Devese reconhecer a manifesta inaplicabilidade da multa prevista no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do DecretoLei 37/66 sobre meras retificações de informações que tinham sido tempestivamente prestadas no SISCARGA; · Ademais, aplicase a denúncia espontânea na seara aduaneira – art. 102 do Decretolei 37/66, com a redação dada pela Lei 12.350/10. É o relatório. Fl. 304DF CARF MF Processo nº 12266.720886/201301 Acórdão n.º 9303008.357 CSRFT3 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303008.343, de 20 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 10280.720013/201114, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 9303008.343): "Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, entendo que não devo conhecêlo, eis que não atendidos os requisitos dispostos no art. 67 do RICARF/2015 – Portaria MF 343/2015 com alterações posteriores. Quanto à primeira matéria trazida em recurso, qual seja “Inexistência de vinculação do CARF às Soluções de Consulta Cosit”, entendo que não devo conhecer dessa parte, pois não há divergência entre os arestos. Eis a ementa da recorrida (Destaques meus) na parte que interessa: “[...] EXTENSÃO DOS EFEITOS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT. A Solução de Consulta da COSIT tem efeito vinculante no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa da categoria econômica ou profissional.[...]” E a ementa do acórdão nº 3301002.880 indicado como paradigma: “Ementa: SOLUÇÃO DE CONSULTA DA COSIT. EFEITOS. A Solução de Consulta da Cosit tem efeito vinculante no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Fl. 305DF CARF MF Processo nº 12266.720886/201301 Acórdão n.º 9303008.357 CSRFT3 Fl. 6 5 Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa de categoria econômica ou profissional.” Não há divergência alguma entre os arestos. Sendo assim, não conheço o recurso em relação à primeira matéria. Quanto à segunda matéria trazida em recurso, qual seja, “Da incidência de multa no caso de retificação de informações de carga fora do prazo”, recordase a ementa do acórdão recorrido: “[...] RETIFICAÇÃO DE INFORMAÇÕES TEMPESTIVAMENTE APRESENTADAS. HARMONIZAÇÃO COM AS BALIZAS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 2, DE 04/02/2016. As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa.” Depreendendose da leitura do voto e da ementa, vêse que o Colegiado adotou a Solução de Consulta na elaboração essa ementa, pois entendeu ser ela vinculante até mesmo aos órgãos julgadores. Considerando que a primeira matéria não foi conhecida, essa segunda matéria está totalmente vinculada à primeira, o que cabe a essa conselheira não conhecer o Recurso Especial em relação à essa segunda. Ademais, vêse que os acórdãos indicados como paradigma os acórdãos 3101001.621 e 3101001.622 nem se referem à Solução de Consulta, que foi considerada vinculante aos órgãos julgadores no presente caso. Data máxima vênia, apenas expresso que entendo que tal solução pode ser vinculante perante a Receita Federal, nos termos do art. 9º da IN 1396/13, mas não aos julgadores do CARF. Em vista de todo o exposto, entendo que não devo conhecer o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional.." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Fl. 306DF CARF MF Processo nº 12266.720886/201301 Acórdão n.º 9303008.357 CSRFT3 Fl. 7 6 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado não conheceu do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 307DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13502.000376/2008-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 13 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1998 a 30/04/1998
DECISÃO DEFINITIVA. ÓRGÃO COLEGIADO QUE ADMINISTRAVA O TRIBUTO. QUESTIONAMENTO EM SEDE DE RECURSO VOLUNTÁRIO. REAPRECIAÇÃO PELO CARF. IMPOSSIBILIDADE.
O julgamento em outros órgãos da administração federal far-se-á de acordo com a legislação própria, ou, na sua falta, conforme dispuser o órgão que administra o tributo, forte no art. 38 do Decreto n. 70.235/1972.
Existindo decisão definitiva exarada por órgão colegiado da administração federal que administra o tributo, falece competência ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) para rediscuti-la, pois não cabe a este atuar como instância revisora das decisões exaradas pelo Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS).
RENOVAÇÃO DE LANÇAMENTO. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. CARACTERIZAÇÃO.
A alteração da qualificação jurídica, consubstanciada na mudança do enquadramento legal do fato jurídico tributário quando da renovação de lançamento autorizada pelo competente órgão julgador que administra o tributo, configura conduta vedada pelo CTN (art. 146).
PRELIMINAR DE DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE STF 8. LEI COMPLEMENTAR 128/2008. ART. 173, I E II, DO CTN. OCORRÊNCIA. LANÇAMENTO SUBSTITUTO.
Transcorrido o quinquênio decadencial previsto na regra geral do art. 173, I, do CTN, em face do lançamento substituto, há se reconhecer o advento da decadência.
As regras de decadência de créditos de natureza tributária (incluídos as contribuições previdenciárias) são aquelas estabelecidas no CTN.
Numero da decisão: 2402-006.971
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Mauricio Nogueira Righetti e Denny Medeiros da Silveira, que negaram provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Wilderson Botto (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1998 a 30/04/1998 DECISÃO DEFINITIVA. ÓRGÃO COLEGIADO QUE ADMINISTRAVA O TRIBUTO. QUESTIONAMENTO EM SEDE DE RECURSO VOLUNTÁRIO. REAPRECIAÇÃO PELO CARF. IMPOSSIBILIDADE. O julgamento em outros órgãos da administração federal far-se-á de acordo com a legislação própria, ou, na sua falta, conforme dispuser o órgão que administra o tributo, forte no art. 38 do Decreto n. 70.235/1972. Existindo decisão definitiva exarada por órgão colegiado da administração federal que administra o tributo, falece competência ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) para rediscuti-la, pois não cabe a este atuar como instância revisora das decisões exaradas pelo Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS). RENOVAÇÃO DE LANÇAMENTO. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. CARACTERIZAÇÃO. A alteração da qualificação jurídica, consubstanciada na mudança do enquadramento legal do fato jurídico tributário quando da renovação de lançamento autorizada pelo competente órgão julgador que administra o tributo, configura conduta vedada pelo CTN (art. 146). PRELIMINAR DE DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE STF 8. LEI COMPLEMENTAR 128/2008. ART. 173, I E II, DO CTN. OCORRÊNCIA. LANÇAMENTO SUBSTITUTO. Transcorrido o quinquênio decadencial previsto na regra geral do art. 173, I, do CTN, em face do lançamento substituto, há se reconhecer o advento da decadência. As regras de decadência de créditos de natureza tributária (incluídos as contribuições previdenciárias) são aquelas estabelecidas no CTN.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Mauricio Nogueira Righetti e Denny Medeiros da Silveira, que negaram provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Wilderson Botto (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira.
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ÓRGÃO COLEGIADO QUE ADMINISTRAVA O TRIBUTO. QUESTIONAMENTO EM SEDE DE RECURSO VOLUNTÁRIO. REAPRECIAÇÃO PELO CARF. IMPOSSIBILIDADE. O julgamento em outros órgãos da administração federal farseá de acordo com a legislação própria, ou, na sua falta, conforme dispuser o órgão que administra o tributo, forte no art. 38 do Decreto n. 70.235/1972. Existindo decisão definitiva exarada por órgão colegiado da administração federal que administra o tributo, falece competência ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) para rediscutila, pois não cabe a este atuar como instância revisora das decisões exaradas pelo Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS). RENOVAÇÃO DE LANÇAMENTO. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. CARACTERIZAÇÃO. A alteração da qualificação jurídica, consubstanciada na mudança do enquadramento legal do fato jurídico tributário quando da renovação de lançamento autorizada pelo competente órgão julgador que administra o tributo, configura conduta vedada pelo CTN (art. 146). PRELIMINAR DE DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE STF 8. LEI COMPLEMENTAR 128/2008. ART. 173, I E II, DO CTN. OCORRÊNCIA. LANÇAMENTO SUBSTITUTO. Transcorrido o quinquênio decadencial previsto na regra geral do art. 173, I, do CTN, em face do lançamento substituto, há se reconhecer o advento da decadência. As regras de decadência de créditos de natureza tributária (incluídos as contribuições previdenciárias) são aquelas estabelecidas no CTN. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 00 03 76 /2 00 8- 71 Fl. 316DF CARF MF Processo nº 13502.000376/200871 Acórdão n.º 2402006.971 S2C4T2 Fl. 317 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Mauricio Nogueira Righetti e Denny Medeiros da Silveira, que negaram provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Wilderson Botto (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário (efls. 215/230) em face da Decisão Notificação (DN) n. 04.401.4/0397/2006 Delegacia da Receita Previdenciária de Salvador (BA) efls. 203/211 que julgou parcialmente procedente o lançamento consignado na Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) DEBCAD n. 35.668.4415 consolidado em 21/12/2005 e constituído em 30/12/2005 no valor total de R$ 4.127,64 Competências: 01/1998 a 04/1998 (efls. 02/56), com fulcro nas contribuições sociais devidas à Seguridade Social, nos termos do art. 20 e 22, I, da Lei n. 8.212/91, e naquelas destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (SAT/RAT/GIILRAT), nos termos do art. 22, II, da Lei n. 8.212/91, todas decorrentes do instituto da responsabilidade tributária, conforme discriminado no Relatório Fiscal de efls. 95/107. De acordo com o Relatório Fiscal (efls. 95/107), a NFLD DEBCAD n. 35.668.4415, em litígio, substituiu a NFLD DEBCAD n. 32.616.0051, de 18/12/1998, declarada nula por decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) órgão colegiado na época responsável pelo controle de legalidade das decisões em processo de interesse dos beneficiários e contribuintes da Seguridade Social nos termos do Acórdão n. 002333, de 24/09/2003. O crédito tributário em apreço foi lançado, conforme informado no Relatório Fiscal (efls. 95/107), com fulcro nas remunerações contidas nas notas fiscais (efls. 123/132) relativas às atividades relacionadas à construção civil executadas pela empresa ENGIM ENGENHARIA E IMPERMEABILIZAÇÕES LTDA. CNPJ 13.479.803/000112, com fundamento legal no art. 30, VI, da Lei n. 8.212/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/1997, c/c art. 124 do CTN. O lançamento em lide foi efetuado em face da CARAÍBA METAIS S/A CNPJ 15.224.488/000108 e da empresa ENGIM ENGENHARIA E IMPERMEABILIZAÇÕES LTDA. CNPJ 13.479.803/000112. Fl. 317DF CARF MF Processo nº 13502.000376/200871 Acórdão n.º 2402006.971 S2C4T2 Fl. 318 3 Devido à ausência nos autos do relatório fiscal da NFLD DEBCAD n. 32.616.0051, bem assim do Acórdão n. 002333, de 24/09/2003, da lavra do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), foi requisitada diligência à unidade de origem, nos termos da Resolução n. 2402000.637 (efls. 270/274), para que fossem juntados os referidos documentos, no que foi atendida (efls. 298/309). A empresa ENGIM ENGENHARIA E IMPERMEABILIZAÇÕES LTDA. CNPJ 13.479.803/000112 não se manifestou nos presentes autos. Em relação a essa empresa, é denunciado no Relatório Fiscal (efls. 95/107) que se encontra com situação cadastral inapta junto à Administração Tributária Federal: Sem contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator. O Recurso Voluntário (efls. 215/230) já foi conhecido pelo Colegiado. Passo à análise. Inicialmente, é oportuno resgatar o entendimento do órgão julgador de primeira instância, consolidado na DecisãoNotificação (DN) n. 04.401.4/0397/2006 (efls. 203/211) e sumarizado na ementa abaixo transcrita: Fl. 318DF CARF MF Processo nº 13502.000376/200871 Acórdão n.º 2402006.971 S2C4T2 Fl. 319 4 Em face da decisão recorrida, a impugnante, agora Recorrente interpôs Recurso Voluntário (efls. 215/230) aduzindo, em linhas gerais, preliminar de decadência, e, no mérito, inexistência de responsabilidade solidária e benefício de ordem. Da Preliminar de Decadência O lançamento consubstanciado na NFLD DEBCAD n. 35.668.4415 (efls. 02/56), foi constituído em 30/12/2005, compreendendo as competências: 01/1998 a 04/1998, e substituiu a NFLD DEBCAD n. 32.616.0051, de 18/12/1998 (relatório fiscal às efls. 298/304), declarada nula por decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) órgão colegiado na época responsável pelo controle de legalidade das decisões em processo de interesse dos beneficiários e contribuintes da Seguridade Social nos termos do Acórdão n. 002333, de 24/09/2003 (efls. 305/309). De plano, cabe destacar que a decisão abrigada no Acórdão n. 002333, de 24/09/2003 (efls. 305/309) de cujo teor a Recorrente tomou conhecimento e contra ela não se insurgiu é definitiva, de mérito, e transitou em julgado na esfera administrativa, não sendo passível, assim, de qualquer tipo de discussão ou revisão suscitada por questionamento em sede de recurso voluntário, vez que falece competência ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) para o mister. por tratarse de instâncias de mesmo nível horizontal, sem qualquer hierarquia entre elas. Nesse sentido, cabe resgatar o art. 38 do Decreto n. 70.235/1972, verbis: Art. 38. O julgamento em outros órgãos da administração federal farseá de acordo com a legislação própria, ou, na sua falta, conforme dispuser o órgão que administra o tributo.(grifei) É dizer, não há que se rediscutir a natureza do vício (formal ou material) que fundamentou a anulação da NFLD DEBCAD n. 32.616.0051 lavrada em 18/12/1998 , prevalecendo assim a natureza de vício formal expressamente indicada no decisum do CRPS, incidindo, destarte, a regra do art. 173, II, do CTN, consoante determinado naquela decisão. Todavia, e apenas por amor à argumentação, destaco excerto do teor do Acórdão n. 002333, de 24/09/2003 (efls. 305/309) ao tratar da NFLD DEBCAD n. 32.616.0051, verbis: [...] Conforme já relatado, trata a presente NFLD, lavrado em 21 JAN 99, de Contribuições Sociais destinadas ao custeio da Previdência Social e Terceiros, parcela empresa (Empresa/SAT) e empregados, incidente sobre a remuneração da mãodeobra cedida à Recorrente através da contratação de prestação de serviços e a ela imputado por solidariedade (vide Art. 31, da Lei 8.212/91). O débito foi apurado com base em nota fiscal de serviço, conforme consta do Relatório Fiscal. Cabe informar que contra a Recorrente foram lavradas diversas NFLD's com o mesmo objeto solidariedade capitulado no Art. 31, da Lei 8.212/91, que foram julgadas pela 2ª e 4ª CaJ/CRPS, que proferiram decisões divergentes. Tendo em vista tratarem de Fl. 319DF CARF MF Processo nº 13502.000376/200871 Acórdão n.º 2402006.971 S2C4T2 Fl. 320 5 processos conexos, foi determinado pelo Presidente do CRPS, que todos os processos fossem encaminhados à 2ª CaJ/CRPS. O Pedido de Revisão tem fundamentação na motivação indevida apontada pela 4ª CaJ/CRPS reconhecimento da solidariedade em decorrência de empreitada de mãodeobra, que só passou a existir com a Lei 9.711, publicada em 21.11.98 e discute, ainda, a inexistência de cessão de mãodeobra, sendo que os contratos objeto da ação fiscal prevêem a realização de serviços por empreitada. Menciona que a OS/INSS 209/99 e a Circular/INSS 46/99 excluíram da solidariedade e da retenção alguns dos serviços contratados pela Caraíba, tal como no caso em pauta. Por fim, protesta que a grande maioria dos serviços notificados são decorrentes de PARADAS PARA MANUTENÇÃO, não se tratando de cessão de mãodeobra, e sim de contratação em regime de empreitada por preço global. O INSS manifestouse no sentido de que o Acórdão da 4ª CaJ/CRPS acompanhou a legislação específica que disciplina a matéria, encontrandose tudo fartamente esclarecido nos autos. Em Recurso, a Caraíba protestou preliminarmente contra a refiscalização efetuada pelo INSS, além de apontar o tratamento dado pela 2ª CaJ/CRPS em algumas NFLD's, que buscou, em diligência uma melhor caracterização da cessão de mãode obra, situação que não restou configurada. Assim, no meu entender e no que diz respeito ao mérito, ficaram impugnados, naquela ocasião, a existência da cessão de mão deobra e o percentual de arbitramento dos salário de contribuição, na forma apresentada. [...] Como já dito, contra a Recorrente foram lavradas mais de duas centenas de NFLD's, decorrentes da solidariedade na contratação da prestação de serviços com cessão de mãode obra. Nas primeiras NFLD's por mim julgadas neguei provimento ao recurso. Posteriormente, quando do julgamento de outras NFLD's passei a solicitar a realização de diligência para que o INSS se manifestasse com relação a refiscalização período anterior a 11.95, bem como evidenciasse de forma mais precisa a existência da cessão de mãodeobra. Assim, por iniciativa própria, o INSS adotou a diligência determinada pela 2ª CaJ/CRPS, como regra, e então instruiu todos os processos com os respectivos contratos e notas fiscais. Aqui cabe realçar que as manifestações do INSS por ocasião da diligência limitaramse a reafirmar a tese da terceírização das atividades normais da empresa e a citação de conceitos relacionados sobre a cessão de mãodeobra, deixando de fazer a correlação entre a documentação juntada e a caracterização da cessão de mãodeobra. O INSS chegou a se manifestar em seu pronunciamento que os dois primeiros pressupostos básicos Fl. 320DF CARF MF Processo nº 13502.000376/200871 Acórdão n.º 2402006.971 S2C4T2 Fl. 321 6 do conceito de cessão de mãodeobra (colocação à disposição do contratante, nas suas dependências ou de terceiros) estariam "demonstrados de forma inequívoca e pacífica nos contratos", sem, entretanto, especificar sequer um contrato (fls., cláusula ou outro) em que obteve tal certeza. A situação é complexa e não se pode perder de vista que não é a simples contratação de um serviço que traz à solidariedade. Esta decorre tão somente da prestação de serviço onde se verifica a existência de cessão de mãodeobra. O próprio INSS reconhece em seus atos normativos, que o elenco das atividades que comportam cessão de mãodeobra especificados na legislação previdenciária (lei e decreto) é meramente exemplificativo, "ou seja, pode haver cessão de mão deobra nas atividades arroladas assim como em qualquer outra, desde que haja enquadramento no conceito de cessão de mão deobra". (grifei) Manual de Fiscalização MAFISC (Fonte: Sislex) Daí decorre a necessidade de uma maior precisão na afirmativa do INSS, de que os contratos e serviços relacionados com as NFLD's comportam cessão de mãodeobra. Não é a presunção de legitimidade da afirmativa fiscal que possibilita o exercício do amplo direito de defesa e sim a motivação e a explicitação que for apresentada. Como poderia a Recorrente se contrapor a afirmativa da existência da cessão de mãodeobra, se o INSS não apontou, de forma concreta, de onde extraiu tais conclusões. A simples tese de terceirização das atividades normais da empresa não basta, até porque não ficou evidenciado que todos os contratos decorrem das "tais atividades normais". Voltamos aos procedimentos adotados por esta CaJ, quando do julgamento de outras NFLD's: ocasião em que este Relator passou a analisar os documentos apresentados pelo INSS, buscando, caracterizar através da referida documentação a cessão de mãodeobra. Hoje, quando do julgamento de novos processos — conexos, instruídos de forma semelhante, e após diversas discussões com meus pares, entendo que tal procedimento foi equivocado, posto que substituí, ainda que com deficiências, atribuição do INSS. Caberia sim ao INSS configurar a existência da cessão de mão deobra com relação a cada um dos contratos e serviços relacionados com a NFLD em pauta, possibilitando que a Recorrente concordasse ou pudesse contestar satisfatoriamente o que deveria ter sido apresentado. O INSS procedeu de forma generalizada apresentando um único modelo de Relatório Fiscal, Pronunciamento Fiscal e DN, sem adentrar nas peculiaridades de cada um dos contratos e/ou serviços. Só quando está CaJ reclamou a necessidade de uma melhor caracterização da cessão de mãodeobra foram apresentados os contratos e outros, ainda assim nenhum esclarecimento foi Fl. 321DF CARF MF Processo nº 13502.000376/200871 Acórdão n.º 2402006.971 S2C4T2 Fl. 322 7 apresentado, além de teorias. O INSS não conseguiu sair do campo da suposição tese da terceirização, e dos dispositivos legais para a realidade fática dos contratos ou das prestações de serviços. Ainda lembro, quando analisei diversos contratos e serviços, ter apontado o que, sob minha ótica, caracterizava ou evidenciava a existência de cessão de mãodeobra. Reputo, hoje, tal procedimento como intolerável, posto que comporta total cerceamento de defesa. Não cabe a este ou a qualquer outro Conselheiro garimpar nos autos evidências do que foi afirmado pelo INSS de forma genérica. Devemos sim cotejar as afirmativas do INSS, devidamente delimitadas e comprovadas, com as alegações do contribuinte inconformado. Cabe sim, ao INSS, motivar adequadamente suas afirmativas, possibilitando ao contribuinte a perfeita compreensão do que lhe é imputado, viabilizando o exercício do direito inserido no Inciso LV, do Art. 5°, da CF/88. Portanto, entendo que o melhor desfecho para a NFLD em pauta, é apontar sua nulidade por cerceamento defesa, possibilitando que o INSS, a seu critério refaça o lançamento, sanando a nulidade apresentada. Registro ainda que em alguns contratos e serviços, vislumbrei a existência de cessão de mão deobra, entretanto volto a reafirmar que cabe à autoridade lançadora motivar seus atos. Tal decisão resguarda os direitos da autarquia no que se refere a prazo decadencial Inciso II, do Art. 173, do CTN. (grifei) CONCLUSÃO Face ao exposto, voto por CONHECER DO PEDIDO DE REVISÃO DO CONTRIBUINTE e no mérito DARLHE PROVIMENTO, anulando o Acórdão n° 04/2364/2002, da 4ª CaJ/CRPS, fls.246. Em substituição àquele voto no sentido de CONHECER DO RECURSO do notificado e ANULAR a NFLD em pauta, na forma do voto do acima apresentado. Da leitura do Acórdão CRPS n. 002333, de 24/09/2003 (efls. 305/309) resta evidenciado que a NFLD DEBCAD n. 32.616.0051 lavrada em 18/12/1998 teve como fundamento legal a responsabilidade tributária por cessão de mão de obra (art. 31 da Lei n. 8.212/1991), tendo sido anulada, oportunizando expressamente ao INSS novo lançamento com fulcro no art. 173, II, do CTN, caracterizandose, portanto, vício formal, restando afastada qualquer possibilidade de rediscussão da sua natureza. Com espeque no decisum acima resgatado, a autoridade lançadora constituiu, em 30/12/2005, a NFLD DEBCAD n. 35.668.4415 (lançamento substituto), dentro, portanto, do lapso temporal de cinco anos previsto no art. 173, II, do CTN, com fundamento legal na responsabilidade tributária de proprietário de obra de construção civil (art. 30, VI, da Lei n. 8.212/91): Fl. 322DF CARF MF Processo nº 13502.000376/200871 Acórdão n.º 2402006.971 S2C4T2 Fl. 323 8 Ocorre que o lançamento consignado na NFLD DEBCAD n. 32.616.0051 (lançamento substituído) teve por fundamentação legal a responsabilidade solidária por cessão de mão de obra (art. 31 da Lei n. 8.212/1991), conforme consta expressamente no Acórdão CRPS n. 002333, de 24/09/2003 (efls. 305/309), acima reproduzido, bem assim no respectivo relatório fiscal (efls. 298/304), verbis: Constitui, pois, fato gerador das contribuições previdenciárias objeto deste Lançamento a remuneração (da mãodeobra) paga, inclusa em Nota Fiscal/Fatura, correspondente aos serviços prestados (com cessão de mãodeobra) pela contratada à contratante. Como não houve comprovação dos recolhimentos das contribuições previdenciárias e de terceiros referentes à remuneração paga aos empregados vinculados à prestação dos serviços contratados, mediante cessão de mãodeobra, a Fiscalização procedeu ao Lançamento do débito em nome da Tomadora_ Para tanto, aplicou o percentual de 40% (QUARENTA POR CENTO ) sobre o valor das Notas Fiscais. de Serviços/Faturas, nos termos das Ordens de Serviços 83, de 13 de agosto de 1993; 176, de 05 de dezembro de 1997; 51, de 06 de outubro de 1992 e 165, de 11 de julho de 1997, aferindo Fl. 323DF CARF MF Processo nº 13502.000376/200871 Acórdão n.º 2402006.971 S2C4T2 Fl. 324 9 assim os Salários de Contribuição, e fazendo incidir sobre os mesmos as alíquotas regulamentares.(grifei) [...](grifei) [...] Ora, nesse contexto, há de se reconhecer, sem muito esforço cognitivo, a ocorrência de evidente alteração da qualificação jurídica adotada no lançamento abrigado na NFLD DEBCAD n. 35.668.4415 (lançamento substituto) consubstanciado na mudança do enquadramento legal do fato jurídico tributário. É dizer, ocorreu, no caso concreto, renovação do lançamento original, autorizada pela decisão do CRPS, por outro lançamento substituto, com fundamento jurídico distinto, confrontando vedação do CTN em seu art. 146. Nessa perspectiva, o lançamento substituto em litígio (NFLD DEBCAD n. 35.668.4415 fundamentação legal no art. 30, VI, da Lei n. 8.212/1991), nada tem a ver com o lançamento original NFLD DEBCAD n. 32.616.0051 (fundamentação legal no art. 31 da Lei n. 8.212/1991), cuja substituição foi autorizada pelo CRPS, caracterizandose, isso sim, um novel lançamento que nasceu fulminado pela decadência, observandose a regra geral do art. 173, I, do CTN, vez que se refere às competências 01/1998 a 04/1998 e foi constituído apenas em 30/12/2005. Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER do Recurso Voluntário (e fls. 215/230) e DARLHE PROVIMENTO, em virtude do advento da decadência do lançamento. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 324DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16004.000760/2010-05
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2005 a 31/03/2007
PRELIMINAR DE NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA.
A ocorrência de decadência de parte do lançamento não acarreta na nulidade total do lançamento.
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO.
Não deve ser conhecida a matéria inovada em recurso voluntário que não havia sido objeto de impugnação, tendo sido consumada a preclusão.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-004.914
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sateles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira e Ronnie Soares Anderson. Ausentes os conselheiros Rorildo Barbosa Correia e Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1482; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 381 1 380 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16004.000760/201005 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202004.914 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 17 de janeiro de 2019 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente UNIDOS AGRO INDUSTRIAL S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/2005 a 31/03/2007 PRELIMINAR DE NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. A ocorrência de decadência de parte do lançamento não acarreta na nulidade total do lançamento. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. Não deve ser conhecida a matéria inovada em recurso voluntário que não havia sido objeto de impugnação, tendo sido consumada a preclusão. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sateles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira e Ronnie Soares Anderson. Ausentes os conselheiros Rorildo Barbosa Correia e Andréa de Moraes Chieregatto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 07 60 /2 01 0- 05 Fl. 381DF CARF MF Processo nº 16004.000760/201005 Acórdão n.º 2202004.914 S2C2T2 Fl. 382 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 16004.000760/201005, em face do acórdão nº 1453.795, julgado pela 10ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (DRJ/RPO), em sessão realizada em 25 de setembro de 2014, no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar procedente em parte a impugnação apresentada. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem que assim os relatou: “Tratase de crédito tributário constituído pela fiscalização em nome do sujeito passivo acima identificado, por meio do Auto de Infração DEBCAD nº 37.300.1460, no valor de R$ 16.463,02, consolidado em 29/11/2010, referente às contribuições destinadas à Seguridade Social e devidas pelos segurados. Constituíram fatos geradores das contribuições lançadas: os valores despendidos na aquisição de produtos alimentícios para fornecimento de cestas básicas aos segurados empregados que lhe prestaram serviços, no período de 03/2005 a 03/2007, sem que a empresa estivesse inscrita no PAT, e apurados com base na contabilidade (Levantamento “CB1 Cesta Básica”). as remunerações pagas aos segurados contribuintes individuais que lhe prestaram serviços, no período de 12/2005 a 02/2006, apuradas com base nas notas fiscais de prestação de serviços elétricos, emitidas por Danilo de Paulo Milhan (Levantamento “CI1 – Serviços Prestado Contrib Indiv”). O sujeito passivo apresentou impugnação ao auto de infração, na qual alega e requer, em suma, o seguinte: Decadência Quando a impugnante foi notificada deste lançamento, em 06/12/2010, já se encontrava decadente o crédito previdenciário relativo ao período de 03/2005 até 12/2005, nos termos do artigo 150, §4º, do CTN, segundo o qual se opera a homologação tácita após cinco anos da ocorrência do fato gerador (Transcreve ementas de decisões do STJ e do CARF). Nulidade do Lançamento Ao se exigir valores já extintos pela decadência, o lançamento não identificou corretamente o montante do tributo devido, estando assim em descordo com o que determina o artigo 142 do CTN, razão pela qual deve ser julgado nulo. Inconstitucionalidade das Multas Aplicadas A multa aplicada no percentual de 75% ofende os princípios constitucionais da vedação do confisco, da proporcionalidade e Fl. 382DF CARF MF Processo nº 16004.000760/201005 Acórdão n.º 2202004.914 S2C2T2 Fl. 383 3 razoabilidade, do devido processo legal e da moralidade administrativa. A penalidade aplicada exorbita a sua finalidade, que é a de punir, ganhando um caráter arrecadatório, o que a invalida. Redução de 50% do valor da multa Caso o pagamento da multa fosse efetuado até trinta dias da intimação do lançamento, haveria uma redução de 50% no valor da multa. Por outro lado, se a impugnante resolvesse discutir o débito na via administrativa, como de fato ocorreu, ela perderia essa redução. Tal situação viola os princípios do devido processo legal e do direito ao contraditório e ampla defesa, uma vez que se pune o exercício de um direito assegurado constitucionalmente. Assim sendo, deve ser aplicada a redução de 50% do valor da multa, mesmo após a apresentação da impugnação. Pedido Requer o reconhecimento da decadência do crédito relativo ao período de 03/2005 a 12/2005, e, por conseguinte, a nulidade do lançamento, por ofensa ao artigo 142 do CTN. Subsidiariamente, requer a redução de 50% no valor da multa. Requer que todas as intimações e avisos sejam feitos no endereço da impugnante, bem como no endereço de seus procuradores. É o relatório.” A DRJ de origem entendeu pela procedência em parte da impugnação, manifestandose a respeito da decadência e da multa aplicada, mantendo em parte o crédito tributário exigido, excluindo os valores lançados nas competências 03/2005 a 11/2005, em razão da decadência. Irresignada, em recurso voluntário, a contribuinte requereu: (i) a nulidade do Auto de Infração DEBCAD nº 37.300.1460, em razão de decadência de parte dos débitos em cobrança; (ii) a exclusão dos valores correspondentes à contribuição destinadas a terceiros sobre os valores despendidos com a aquisição de produtos alimentícios para fornecimento de cestas básicas aos seus segurados empregados independentemente da inscrição no PAT, de acordo com o Ato Declaratório RFB nº 03/11. Em impugnação, a contribuinte apresentou, em suma, as seguintes razões: Fl. 383DF CARF MF Processo nº 16004.000760/201005 Acórdão n.º 2202004.914 S2C2T2 Fl. 384 4 (i) a nulidade do Auto de Infração, tendo em vista a decadência das competências de março a dezembro de 2005; (ii) a necessidade de redução do valor da multa, bem como da manutenção do desconto de 50% do valor da multa. É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. 1. Delimitação da lide. Compreendo que a matéria suscitada somente em recurso voluntário deve ser tratada como não impugnada, não podendo ser analisada por esta instância julgadora, pois já consumada a preclusão. Por tais razões, deixo de conhecer o recurso quanto ao pedido de a exclusão dos valores correspondentes à contribuição destinadas a terceiros sobre os valores despendidos com a aquisição de produtos alimentícios para fornecimento de cestas básicas aos seus segurados empregados independentemente da inscrição no PAT, de acordo com o Ato Declaratório RFB nº 03/11 2. Alegação de nulidade em razão da decadência parcial do lançamento. Não acarreta, em relação a parte do lançamento não objeto de reconhecimento da decadência, a sua nulidade, em razão do reconhecimento pela instância julgadora a quo de que o lançamento estaria decaído em parte. Neste caso, somente aquilo que foi reconhecido como decaído é que se afasta do lançamento, permanecendo a lide em relação a parte em que não houve reconhecimento da decadência, sem qualquer afronta ao art. 142 do CTN. Deste modo, deve ser rejeitada a preliminar suscitada, também aqui tratada como mérito do recurso. Conclusão. Ante o exposto, voto por conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 384DF CARF MF Processo nº 16004.000760/201005 Acórdão n.º 2202004.914 S2C2T2 Fl. 385 5 Fl. 385DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.007686/90-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1985, 1986, 1987, 1988
PROVA EMPRESTADA. VALIDADE
Legítima a utilização de prova emprestada, ou seja, o aproveitamento de elementos probatórios produzidos em processos instaurados por autoridades fiscais de uma esfera de poder por outra, contra o mesmo contribuinte, desde que não haja simples transposição das conclusões sem a juntada das provas correspondentes.
OMISSÃO DE RECEITAS. NOTA CALÇADA.
A prática da emissão de nota calçada - procedimento que consiste no registro do valor real da operação na primeira via da nota fiscal (via do destinatário), enquanto nas demais vias é registrada outra operação com valor inferior - configura omissão de receitas e justifica o lançamento fiscal sobre a diferença apurada.
OMISSÃO DE RECEITAS. PROVA EMPRESTADA PELO FISCO ESTADUAL. PAGAMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO DE ICMS.
Confirma a procedência do lançamento de IRPJ efetuado nos autos, com base em elementos probatórios produzidos em processos instaurados pela fiscalização do ICMS, quando os autos de infração lavrados pelo fisco estadual, inicialmente impugnados, acabaram sendo pagos e/ou parcelados pela contribuinte.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1985, 1986, 1987, 1988
DECADÊNCIA.
Tendo o lançamento fiscal sido regularmente intimado em 01/10/1990, não há que se falar em decadência para os fatos geradores ocorridos nos períodos-base de 1985 a 1988, seja com base na contagem do prazo decadencial previsto no § 4º do artigo 150 do CTN (cinco anos contados da ocorrência do fato gerador), seja com base no artigo 173, inciso I, do mesmo diploma legal (contagem do prazo decadência no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), aplicável ao caso em face de ter sido detectada conduta dolosa pela emissão de notas calçadas.
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE.
A prescrição intercorrente, ou seja, a perda do direito de ação pela paralisação do procedimento administrativo por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, não se aplica aos processos e procedimentos de natureza tributária.
Numero da decisão: 1402-003.817
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Edeli Pereira Bessa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marco Rogério Borges - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa.
Nome do relator: MARCO ROGERIO BORGES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1985, 1986, 1987, 1988 PROVA EMPRESTADA. VALIDADE Legítima a utilização de prova emprestada, ou seja, o aproveitamento de elementos probatórios produzidos em processos instaurados por autoridades fiscais de uma esfera de poder por outra, contra o mesmo contribuinte, desde que não haja simples transposição das conclusões sem a juntada das provas correspondentes. OMISSÃO DE RECEITAS. NOTA CALÇADA. A prática da emissão de nota calçada - procedimento que consiste no registro do valor real da operação na primeira via da nota fiscal (via do destinatário), enquanto nas demais vias é registrada outra operação com valor inferior - configura omissão de receitas e justifica o lançamento fiscal sobre a diferença apurada. OMISSÃO DE RECEITAS. PROVA EMPRESTADA PELO FISCO ESTADUAL. PAGAMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO DE ICMS. Confirma a procedência do lançamento de IRPJ efetuado nos autos, com base em elementos probatórios produzidos em processos instaurados pela fiscalização do ICMS, quando os autos de infração lavrados pelo fisco estadual, inicialmente impugnados, acabaram sendo pagos e/ou parcelados pela contribuinte. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1985, 1986, 1987, 1988 DECADÊNCIA. Tendo o lançamento fiscal sido regularmente intimado em 01/10/1990, não há que se falar em decadência para os fatos geradores ocorridos nos períodos-base de 1985 a 1988, seja com base na contagem do prazo decadencial previsto no § 4º do artigo 150 do CTN (cinco anos contados da ocorrência do fato gerador), seja com base no artigo 173, inciso I, do mesmo diploma legal (contagem do prazo decadência no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), aplicável ao caso em face de ter sido detectada conduta dolosa pela emissão de notas calçadas. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. A prescrição intercorrente, ou seja, a perda do direito de ação pela paralisação do procedimento administrativo por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, não se aplica aos processos e procedimentos de natureza tributária.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa - Presidente. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1985, 1986, 1987, 1988 PROVA EMPRESTADA. VALIDADE Legítima a utilização de prova emprestada, ou seja, o aproveitamento de elementos probatórios produzidos em processos instaurados por autoridades fiscais de uma esfera de poder por outra, contra o mesmo contribuinte, desde que não haja simples transposição das conclusões sem a juntada das provas correspondentes. OMISSÃO DE RECEITAS. NOTA CALÇADA. A prática da emissão de “nota calçada” procedimento que consiste no registro do valor real da operação na primeira via da nota fiscal (via do destinatário), enquanto nas demais vias é registrada outra operação com valor inferior configura omissão de receitas e justifica o lançamento fiscal sobre a diferença apurada. OMISSÃO DE RECEITAS. PROVA EMPRESTADA PELO FISCO ESTADUAL. PAGAMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO DE ICMS. Confirma a procedência do lançamento de IRPJ efetuado nos autos, com base em elementos probatórios produzidos em processos instaurados pela fiscalização do ICMS, quando os autos de infração lavrados pelo fisco estadual, inicialmente impugnados, acabaram sendo pagos e/ou parcelados pela contribuinte. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1985, 1986, 1987, 1988 DECADÊNCIA. Tendo o lançamento fiscal sido regularmente intimado em 01/10/1990, não há que se falar em decadência para os fatos geradores ocorridos nos períodos base de 1985 a 1988, seja com base na contagem do prazo decadencial previsto no § 4º do artigo 150 do CTN (cinco anos contados da ocorrência do AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 76 86 /9 0- 01 Fl. 1412DF CARF MF 2 fato gerador), seja com base no artigo 173, inciso I, do mesmo diploma legal (contagem do prazo decadência no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), aplicável ao caso em face de ter sido detectada conduta dolosa pela emissão de “notas calçadas”. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. A prescrição intercorrente, ou seja, a perda do direito de ação pela paralisação do procedimento administrativo por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, não se aplica aos processos e procedimentos de natureza tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa Presidente. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa. Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 1a Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba PR, que julgou IMPROCEDENTE, na sua integralidade, a impugnação do contribuinte em epígrafe, agora recorrente. Da autuação: Por detalhar e bem esclarecer o auto de infração, transcrevo sua análise e excertos destacados do termo de verificação fiscal: Fl. 1413DF CARF MF Processo nº 10980.007686/9001 Acórdão n.º 1402003.817 S1C4T2 Fl. 1.413 3 Em decorrência de ação fiscal levada a efeito contra a contribuinte identificada, foi lavrado o auto de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ (fls. 250257), que exige o recolhimento de 353.783,28 BTNF de imposto, 528.523,07 BTNF de multas de ofício de 50% e 150%, à época prevista nos art. 728, II e III, do RIR de 1980 (aprovado pelo Decreto nº 85.450, de 1980) e 154.353,53 BTNF de juros de mora. 2. O lançamento fiscal, com base no lucro real, decorre das seguintes infrações: 2.1. omissão de receitas caracterizada por “notas calçadas”, apurada mediante confronto entre as primeiras e quintas vias das notas fiscais emitidas pela contribuinte, com destinatários e valores diversos, com base em levantamento efetuado pela fiscalização do ICMS, conforme descrito no item 1 do Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal (fls. 244249), com infração ao disposto no art. 157, § 1º, 158, 181, 743, II e II, 745 e 746 do RIR de 1980: . períodobase 1985 Cr$ 5.101.559.752,00 . períodobase 1986 Cz$ 11.936.206,84 . períodobase 1987 Cz$ 14.827.680,04 . períodobase 1988 Cz$ 1.832.715,66 2.2. glosa de despesas operacionais não comprovadas, amparadas por notas fiscais simplificadas e/ou notas fiscais sem identificação do beneficiário, conforme descrito no item 2 do Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal (fls. 244249), com infração ao disposto no art. 191 do RIR de 1980: . períodobase 1985 Cr$ 74.470.097,00 3. Os lançamentos reflexos foram tratados nos processos nºs 10980.007681/9089 (Finsocial), 10980.007682/9089 (CSLL) (na realidade, final 41 observação do relator), 10980.007683/9012 (PIS Dedução), 10980.007684/90 77 (IRRF) e 10980.007685/9030 (PIS Faturamento). 4. Regularmente intimada em 01/10/1990, a interessada, por intermédio de seu representante legal (mandato às fls. 267268), apresentou, em 29/10/1990, a tempestiva impugnação de fls. 260266, instruída com os documentos de fls. 269 270, cujas alegações são sintetizadas a seguir: a) para solução do presente conflito há duas questões a serem analisadas: (i) a metodologia da presunção, da ficção e dos indícios, utilizadas pela autoridade fiscal para tipificar a infração tributária; (ii) a inexistência de dano ao erário público federal; b) a presunção é figura de metodologia exegética que permite, em face de determinados comportamentos conhecidos, seja considerado ocorrido comportamento final desconhecido; a ficção jurídica é mentira, que se torna verdade por força de lei; os indícios são elementos de menor densidade probatória que as presunções, os quais podem levar à conformação de uma situação jurídica desconhecida, mas provável por força de sua existência; c) a presunção é inadmissível do ponto de vista da doutrina pura porque a lei não pode criar a presunção absoluta em eventual conflito com os fatos, nem pode permitir a presunção relativa em detrimento do sujeito passivo sem ferir a tipicidade Fl. 1414DF CARF MF 4 cerrada que deve acompanhar o perfil da imposição; a ficção legal não pode ser adotada porque a lei não tem o direito de criar “mentira oficial”; os indícios, porque sua densidade probatória é ainda inferior à das presunções; a coerência do sistema tributário nacional afasta a possibilidade de adoção criterial das ficções, presunções e indícios, como técnica impositiva, em face da falta de conformação absoluta entre o fato detectado e a norma posta; d) no presente caso, o fisco federal, ao basearse em autos de infração lançados pela administração estadual, devidamente impugnados sob nºs 507/508/509/510 e 511 de 1990, na 1ª Delegacia da Receita Federal (sic), ofendeu o princípio constitucional do devido processo legal; presumir uma infração à legislação federal tomando por base os autos de infração lançados pela administração estadual, enquanto ainda controversos os recursos administrativos, caracteriza clara ofensa ao processo legal, visto que ditas infrações poderão ser rejeitadas por decisão administrativa, razão pela qual é de boa prudência aguardar o julgamento dos recursos interpostos a nível estadual; as garantias constitucionais da estrita legalidade e da tipicidade fechada não são compatíveis com as ficções, presunções e indícios, transformados em poderosas técnicas de arrecadação; e) relata que desenvolve suas atividades no ramo de cosméticos e teve a infelicidade de contar, nas áreas administrativas e de expedição, com funcionários despreparados e de duvidosa idoneidade moral, que foram demitidos por justa causa em razão de, entre outras irregularidades, terem emitido notas fiscais com consignações diferentes nas respectivas vias, com claro intuito de vender créditos a pessoas com eles coniventes, conforme apurado em auditoria interna; que essa auditoria, em prévio levantamento, constatou que as notas fiscais, emitida com objetivo de venda de crédito, não foram computadas para efeito de apuração de estoque, fato que não deixa dúvida de que a empresa não teve qualquer participação no ilícito e foi vítima de inescrupulosos empregados; f) considerando que a reclamante não teve participação no ilícito tributário, não lhe pode ser debitada uma penalidade de natureza tão grave quanto a prevista nos arts. 157, § 1º, 158, 181, 743, III e IV, 745 e 746 do RIR de 1980; as atividades da empresa, pelo seu movimento econômico, não poderiam jamais gerar um lucro real no montante apurado pela autoridade fiscal; g) ao final requer: (i) a produção de prova pericial, com base art. 17, parágrafo único, do Decreto nº 70.235, de 1972, como forma de comprovar a inexistência de dano ao erário público; indica, para tanto, o contador Euclides Locatelli, com escritório na Rua XV de Novembro, 266, conj. 33, Curitiba; (ii) anulação dos autos de infração nºs 05147, 05656, 05655, 05668 e 05657. 5. No julgamento de primeira instância à época realizado, a DRF/Curitiba, por meio da Decisão nº 1053/91, de 21/03/1991 (fls. 275278), indeferiu o pedido de realização de perícia e, no mérito, manteve integralmente a exigência fiscal. 6. A Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por meio do Acórdão nº 1057.015, sessão de 17/11/1992 (fls. 293297), por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário interposto pela contribuinte, confirmando a decisão de 1ª instância. 7. Em 22/03/1993, a interessada apresentou recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls. 308313), cujo seguimento foi negado pelo Presidente da Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes em 20/04/1993 (fl. 317). A contribuinte apresentou pedido de reexame de admissibilidade de recurso especial em 19/07/1993 (fls. 326), que foi de igual forma negado (fls. 330 331). Fl. 1415DF CARF MF Processo nº 10980.007686/9001 Acórdão n.º 1402003.817 S1C4T2 Fl. 1.414 5 8. Inscrita na Dívida Ativa da União, a exigência fiscal foi objeto da Execução Fiscal nº 95.00.045869 (fls. 366367), cujo andamento foi paralisado em razão de decisão judicial favorável nos autos da Ação Ordinária nº 94.00.095678 e da Ação Cautelar nº 94.00.055030 (fls. 368372), tendo o Juiz da 6ª Vara Federal de Curitiba, em 29/03/1996, entendido que há imperiosa necessidade de perícia contábil/fiscal para se apurar, com critério e equilibro, a alegada prática de “omissão de receita”, razão pela qual anulou o procedimento administrativo em análise a partir da decisão da DRF/Curitiba, que negou a realização da prova pericial. 9. Em sessão realizada em 19/08/1999, a Segunda Turma do TRF da 4ª Região, nos autos da Remessa ExOfficio em Ação Cautelar nº 96.04.388347/PR e nº 96.04.383027/PR (fls. 374378), negou provimento à remessa oficial e acolheu o entendimento esposado pelo Juízo a quo, em decisão assim ementada (decisão transitada em julgado em 16/11/1999, à fl. 380): ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. INDEFERIMENTO DE PROVA PERICIAL NO PROCESSO ADMINISTRATIVO. CERCEAMENTO DE DEFESA. Configurado o cerceamento de defesa, face ao indeferimento de perícia indispensável ao esclarecimento dos fatos, deve ser anulado o procedimento administrativo, a partir do ato que indeferiu a perícia. 10. A Procuradoria da Fazenda Nacional cancelou as inscrições em dívida ativa dos débitos de IRPJ e lançamentos reflexos e encaminhou os processos administrativos à RFB em 22/04/2014, para análise quanto às providências eventualmente cabíveis, ante a decisão judicial transitada em julgado em 16/11/1999 (fls. 399401). 11. Por conseguinte, em cumprimento à decisão judicial transitada em julgado em 16/11/1999 e com base no disposto no art. 18 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, arts. 35 e 36 do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, e art. 224, inciso XXVI, da Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012, esta Turma da DRJ/Curitiba, por meio do Despacho nº 37, de 21/08/2014 (fls. 11861187), devolveu o processo à DRF/Curitiba para designação de servidor, como perito da União, para acompanhar a realização da perícia requerida pela interessada, além de efetuar outros exames nos livros e documentos comerciais e fiscais da interessada dos períodosbase de 1985 a 1988, porventura ainda existentes, e obter cópia da decisão proferida pela Receita Estadual no julgamento dos autos de infração nºs 3.612.3157, 3.612.3162 e 3.612.3173 e demais autuações de ICMS relacionadas com as notas fiscais arroladas pela fiscalização do IRPJ. 12. O AFRFB designado como perito na União, Celso Guimarães Senra Vidal, lavrou Termo de Informação de Diligência (fls. 13011305), por meio do qual relatou que: . se dirigiu ao domicílio tributário declarado pela interessada no cadastro do CNPJ (Rua José Antunes Ferreira, 83, CIC, Curitiba/PR), onde constatou que estava estabelecida a empresa São Gabriel Transportes, Logística e Distribuição Ltda. (CNPJ nº 115.488.297/000153), razão pela qual o Termo de Início de Diligência Fiscal (fls. 11901191) foi cientificado por meio do Edital/Sefis nº 165/2014 (fl. 1201), afixado no período de 12 a 27/11/2014, mas resposta alguma foi apresentada; Fl. 1416DF CARF MF 6 . o perito indicado pelo sujeito passivo, Euclides Locatelli entregou termo esclarecendo que carece de elementos técnicos para realização da Perícia Contábil; . em resposta aos Ofícios nº 395/2014/RFB/DRF/SEFIS/CTA, de 09/10/2014, e 421/2014/RFB/DRF/SEFIS/CTA, de 19/10/2014 (fls. 12151216), a Inspetoria Geral de Tributação da Receita Estadual, por meio do Ofício nº 88/2014 – IGT (fl. 1217), de 07/11/2014, forneceu os seguintes documentos: (i) cópia das decisões proferidas no julgamento dos autos de infração nºs 36123157, 36123165, 36123173 e 36873830 (fls. 12351269); (ii) tela com dados de débitos inscritos em dívida ativa e incluído em parcelamentos (fls. 12701298); (iii) Informação nº 504/2014 da Inspetoria Geral de Tributação da Receita Estadual (fls. 12991301), no qual consta que os autos de infração nºs 36123157, 36123165 e 36123173 (lavrados em 18/03/1988) e nºs 36873830 e 36873849 (lavrados em 19/09/1990) foram objeto de parcelamento pelo sujeito passivo, estando totalmente quitados, enquanto os autos de infração nºs 36873814 e 36873822 (lavrados em 19/09/1990) foram pagos pelo sujeito passivo; . considerando a manutenção de todos os autos de infração lavrados na esfera estadual, concluiu que as operações retratadas nas primeiras vias das nota fiscais arroladas nos autos foram efetivamente realizadas. 13. À fl. 1307 consta o Despacho nº 3, de 27 de fevereiro de 2015, desta Turma da DRJ/Curitiba, por meio do qual foi solicitado à DRF/Curitiba que desse ciência do Termo de Informação de Diligência de fls. 13011305 à interessada e a seu sóciogerente Oscar Ferreira Pinto, com consequente abertura de prazo de 30 dias para oportunizar a apresentação de novos argumentos impugnatórios. 14. Como o AR com o Termo de Informação de Diligência enviado à interessada (fl. 1310) foi devolvido com o motivo “MUDOUSE, a interessada foi cientificada por Edital Eletrônico publicado em 17/03/2015 (fl. 1313). O AR enviado a Oscar Ferreira Pinto foi devolvido com o motivo “FALECIDO” (fls. 13151316), mas autoridade fiscal informou, por meio de Relatório de Diligência (fl. 1344), que foi dada ciência postal do relatório de diligência à atual sócia administrativa da sociedade, Laura Crispin (AR recebido em 11/06/2015, às fls. 1327). Da Impugnação: Inconformada com a autuação, a recorrente apresentou impugnação, em que expõe, os seguintes argumentos e elementos, os quais aproveito do v. acórdão recorrido, por bem exporem o alegado nesta peça processual: 15. Portanto, a interessada, por intermédio de seu representante legal (mandato à fl. 1343), apresentou, em 09/07/2015, a tempestiva contestação de fls. 13281341 (considerada tempestiva no relatório de diligência de fl. 1344), instruída com os documentos de fls. 13421343, cujas alegações são sintetizadas a seguir: a) no tópico “Tempestividade”, alega que, como foi cientificada do Termo de Informação de Diligência em 11/06/2015, o prazo de 30 dias venceu no dia 13/07/2015; b) no tópico “Prescrição ou decadência” argumenta que os débitos fiscais em análise foram objeto da execução fiscal n° 95.00045869 da 1ª Vara de Execuções Fiscais de Curitiba, extinta em decorrência do julgamento da ação n° 95.00055030 pelo TRF da 4ª Região em 19/08/1999 (RNAC 96.04.388347 e Fl. 1417DF CARF MF Processo nº 10980.007686/9001 Acórdão n.º 1402003.817 S1C4T2 Fl. 1.415 7 96.04.383027), cujo acórdão transitou em julgado em 16/11/1999; a Fazenda foi novamente intimada da baixa dos autos em 23/04/2002 (na ação ordinária) e em 26/08/2003 (na execução fiscal), tendo ambas as ações sido encaminhadas ao Arquivo Geral para baixa e arquivamento em 30/09/2003; apenas em abril/2014, após pleito de baixa de arrolamento administrativo dos 2 caminhões que ficaram com registro de alerta no Detran em decorrência dos referidos débitos (processo 2013.0043778 da PGFN) é que esta Delegacia resolveu reabrir os PAF's; c) o prazo prescricional ou decadencial, portanto, iniciouse com o trânsito em julgado da decisão que anulou o PAF em 16/11/1999, data a partir da qual a Fazenda poderia ter reaberto o PAF, mas a Fazenda simplesmente quedouse inerte por 15 anos; sendo assim, seja pelo transcurso do prazo de 15 anos entre data da decisão judicial e a data da reabertura do PAF, seja pelo fato do processo administrativo ter ficado paralisado igualmente por este mesmo período, em total desídia do fisco, implementouse a extinção de eventuais créditos tributários pela prescrição ou decadência, na forma dos arts. 173, II, e 174 do CTN ou do art. 1º, § 1º, da Lei n° 9.873/1999; cita julgados do STJ; d) qualquer que seja o entendimento a ser aplicado, decadência (se for considerado que a decisão judicial determinou a nulidade formal do processo administrativo de lançamento e constituição do crédito tributário, contandose o prazo de 5 anos a partir da decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, consoante art. 173, II, do CTN), prescrição (se for considerado que a notificação da decisão final no PAF é o marco inicial da prescrição, que ficou suspensa durante o trâmite do PAF, na forma do art. 174 do CTN, prescrição esta que foi interrompida pelo despacho que ordenou a citação na execução fiscal, conforme art. 8º, § 2º, da Lei n° 6.830, de 1980, e art. 219 do CPC, voltando a correr a partir do trânsito em julgado da decisão que cancelou as CDA's e extinguiu a execução) ou prescrição intercorrente (se for considerado que o processo administrativo permaneceu paralisado por mais de 5 anos ou ainda pelo prazo mais restritivo de 3 anos do art. 1º, § 1º, da Lei n° 9.873, de 1999), o crédito tributário perseguido encontrase extinto na mais elastecida das hipóteses desde 16/11/2004, ou seja, há mais de 10 anos; e) ainda que o processo administrativo possa suspender a prescrição durante o seu trâmite, o fato é que o processo administrativo foi julgado em instância final administrativa, momento a partir do qual a prescrição teve seu início, sendo interrompido pelo processo de execução fiscal, voltando a correr com o trânsito em julgado da decisão que cancelou as CDA's e extinguiu o crédito tributário em 16/11/1999, contando a partir desta data o prazo para que o Fisco concluísse o processo administrativo e promovesse nova execução ou ao menos para que procedesse a reabertura do processo administrativo, exatamente como já decidido pelo STJ, sob pena do crédito tributário se tornar imprescritível, figura inexistente em nosso ordenamento jurídico; f) no tópico “Nulidade da intimação por Edital” aduz que não houve esgotamento dos meios para a localização da empresa, visto que a mesma possui advogados constituídos no processo administrativo, sendo, portanto, inválida a intimação por Edital; a prova máxima de que não houve o esgotamento dos meios para a cientifícação da empresa da reabertura do processo administrativo fiscal é que a empresa possui domicílio em seu contrato social diverso do endereço em que o Fisco tentou localizála (contrato social e procuração atualizada em anexo) e também pelo fato da Fazenda ter procedido a intimação pessoal da representante legal da empresa para se manifestar sobre o Termo de Diligência realizado, em substituição à perícia determinada pela decisão judicial; Fl. 1418DF CARF MF 8 g) o direito processual brasileiro adota um padrão de cientifícação de atos processuais para as partes em litígio, seja para processos de natureza judicial, seja para processos de ordem administrativa; a citação, ato de comunicação inicial da existência do processo, é feita via de regra à parte; os demais procedimentos de comunicação de atos do processo, depois da citação, devem ser dirigidas aos advogados, profissionais do direito e que possuem procuração com poderes específicos de representação; com estes poderes compete aos advogados procederem aos atos necessários à defesa e, portanto, tornase imprescindível sua intimação de todos os atos do processo indispensáveis à defesa, sob pena de ofensa aos princípios do devido processo legal e da publicidade; afastar a regra processual da intimação dos atos do processo ao representante legal especialmente designado, sob o argumento de que há norma expressa prevista no Decreto nº 70.235, de 1972, elegendo o domicílio tributário do sujeito passivo, é uma ofensa às regras processuais indispensáveis à formação do processo administrativo e ao seu desenlace; h) o argumento de que no processo administrativo o interesse da administração prevalece frente o interesse privado não mais se sustenta, tendo em vista as garantias do contribuinte na nova ordem constitucional; a paridade de armas no caso entre fisco e contribuinte é tão desproporcional que ao Fisco é assegurada a intimação pessoal do procurador da fazenda, ao passo que ao contribuinte, se prevalecer a intimação da forma como realizada, seu procurador constituído somente tomará ciência do ato por intermédio de terceiros; é nulo, portanto, o feito, a partir da notificação por Edital da reabertura do PAF e no qual se exige a apresentação pela empresa de seus livros fiscais, restabelecendose o devido processo legal; i) no tópico “A não realização da prova pericial se deu por culpa única e exclusiva do fisco” argumenta que a sentença transitada em julgado em 16/11/1999 é clara quanto à indispensabilidade da prova pericial, tendo em vista que o lançamento dos créditos tributários federais foi realizado sem qualquer elemento de prova, além dos carreados pela Receita Estadual, que demonstre a existência de omissão de receita pela empresa no período da autuação; o fisco no intento de cumprir a decisão judicial que anulou o PAF intimou o assistente técnico para dar início aos trabalhos, mas referido assistente técnico, indicado pela parte 20 anos atrás, não mais possui qualquer vínculo com o contribuinte desde 2008, nem mesmo possui qualquer documento da empresa, documentos estes que se encontram de posse de sua representante legal; j) o fisco intimou o assistente técnico, mas não intimou os advogados constituídos nos autos, o que é mais uma prova da ofensa ao devido processo legal, pois foi reaberto um PAF e iniciada uma perícia em absoluta revelia da empresa e de seus advogados constituídos; além de todas as irregularidades já relatadas, o Termo de Diligência ainda assevera que o assistente técnico teria dito carecer de elementos técnicos para a realização da perícia; estranhando o fato, entrou a empresa em contato com o assistente técnico, o qual informou ter dito apenas que não possui mais qualquer documento da época, pois não mais trabalha para a empresa, estando a documentação de posse do contribuinte; k) se o assistente técnico, indicado à época (20 anos atrás), afirma não possuir qualquer documento da empresa, a empresa é quem deveria ter sido notificada a apresentar a documentação que o fisco entende necessária; ainda que viesse a ser constatada eventual ausência de documentação, o que não é o caso dos autos, pois a empresa sequer foi notificada para apresentar qualquer documento, a suposta inviabilização da perícia, pelo longo tempo transcorrido, seria de culpa única e exclusiva do fisco, pois quedouse inerte por quinze anos, abandonando completamente a perseguição do crédito; Fl. 1419DF CARF MF Processo nº 10980.007686/9001 Acórdão n.º 1402003.817 S1C4T2 Fl. 1.416 9 l) se pretende o fisco realizar agora a prova técnica, mesmo estando extinto o crédito tributário pela decadência ou prescrição, deveria ter esgotado os meios para a notificação da empresa da reabertura do PAF e não notificar uma pessoa (contador) que não mais possui qualquer vínculo com a empresa; “Ad argumentandum tantum”, ainda que a perícia venha a ser considerada inviável, pelo longo transcurso de prazo desde a época dos fatos que levaram ao lançamento tributário, o que não é o caso dos autos, não pode agora responsabilizar a contribuinte pelo excesso de prazo; m) no tópico “Anistia” alega que, ao contrário do que consta do Termo de Informação de Diligência, os créditos tributários estaduais não foram parcelados, mas sim anistiados, na forma da Lei n° 11.800, de 1997, que concedeu anistia da multa e atualização monetária, remissão dos juros e exclusão dos honorários de sucumbência, de forma que os créditos tributários estaduais, por serem anteriores à estabilização monetária do plano real (1988 e 1990), praticamente foram zerados; a adesão à anistia pela empresa deuse, única e exclusivamente, em razão de critérios econômicos, visto que os créditos tributários estaduais foram reduzidos para um valor inferior, inclusive, aos custos com despesas judiciais e com as perícias técnicas que haviam sido determinadas nas ações anulatórias que se encontravam em trâmite na justiça comum (autos n°s 14.175/0000, 14.176/000, etc, da 3ª Vara Fazenda Pública da Capital); n) a adesão da parte à anistia dos créditos tributários estaduais não implica em reconhecimento dos créditos tributários federais, mesmo porque, a decisão judicial transitada em julgado na ação anulatória, que decidiu pela imprescindibilidade da prova pericial junto ao PAF, pontificou que os procedimentos realizados pela Receita Estadual não podem ser utilizados como elemento de prova pela Receita Federal, sem que seja realizada perícia técnica que aponte a existência ou não de lucro real no período, não podendo, portanto, ser descumprida pelo Fisco, sob pena de usurpação da jurisdição do poder judiciário e do óbice intransponível do manto da coisa julgada (cláusula pétrea de nossa Constituição Federal CF art. 5º, XXXVI); o) ao final, requer: (i) a extinção de eventual crédito tributário, em face da decadência ou prescrição; (ii) a nulidade da notificação de reabertura do PAF realizada via Edital; (iii) a nulidade do Termo de Informação de Diligência, pois além dos vícios assinalados, fundamentouse, única e exclusivamente, no processo fiscal estadual, em manifesta contrariedade à decisão judicial transitada em julgado, não podendo, portanto, substituir a prova pericial determinada; (iv) cancelamento das autuações, com a imediata baixa junto aos cadastros da Receita Federal do Brasil. Da decisão da DRJ: A decisão da DRJ, como já exposto logo no início do presente relatório, julgou a impugnação improcedente, o que foi acompanhado unanimamente pelos seus pares do colegiado de primeiro grau administrativo. A ementa da decisão é a seguinte: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1985, 1986, 1987, 1988 Fl. 1420DF CARF MF 10 RETORNO DOS AUTOS PARA REALIZAÇÃO DE NOVO JULGAMENTO. Tendo as decisões administrativas de 1ª e 2ª instâncias sido anuladas por decisão judicial transitada em julgado, porquanto foi negada a realização da prova pericial requerida pela impugnante, procedese ao novo julgamento de 1ª instância. PERÍCIA CONTÁBIL. IMPOSSIBILIDADE. Inviável a realização da pericial contábil requerida pela impugnante quando o perito por ela indicado declara não mais possuir elementos técnicos para sua realização. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. INTIMAÇÃO DE ATOS E DECISÕES AO ADVOGADO. IMPOSSIBILIDADE. De acordo com o disposto no art. 23 do Decreto 70.235, de 1972, as intimações de atos e decisões do processo administrativo fiscal devem ser enviadas à própria contribuinte, inexistindo previsão para envio ao endereço de advogados ou representante em local diverso ao domicílio tributário eleito pela contribuinte. INTIMAÇÃO POR EDITAL. VALIDADE. Válida é a intimação por edital quando resultar improfícuo um dos meios previstos no artigo 23 do Decreto nº 70.235, de 1972, a intimação pessoal, por via postal ou por meio eletrônico. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1985, 1986, 1987, 1988 PROVA EMPRESTADA. VALIDADE Legítima a utilização de prova emprestada, ou seja, o aproveitamento de elementos probatórios produzidos em processos instaurados por autoridades fiscais de uma esfera de poder por outra, contra o mesmo contribuinte, desde que não haja simples transposição das conclusões sem a juntada das provas correspondentes. OMISSÃO DE RECEITAS. NOTA CALÇADA. A prática da emissão de “nota calçada” procedimento que consiste no registro do valor real da operação na primeira via da nota fiscal (via do destinatário), enquanto nas demais vias é registrada outra operação com valor inferior configura omissão de receitas e justifica o lançamento fiscal sobre a diferença apurada. OMISSÃO DE RECEITAS. PROVA EMPRESTADA PELO FISCO ESTADUAL. PAGAMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO DE ICMS. Confirma a procedência do lançamento de IRPJ efetuado nos autos, com base em elementos probatórios produzidos em processos instaurados pela fiscalização do ICMS, quando os autos de infração lavrados pelo fisco estadual, inicialmente impugnados, acabaram sendo pagos e/ou parcelados pela contribuinte. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1985, 1986, 1987, 1988 Fl. 1421DF CARF MF Processo nº 10980.007686/9001 Acórdão n.º 1402003.817 S1C4T2 Fl. 1.417 11 DECADÊNCIA. Tendo o lançamento fiscal sido regularmente intimado em 01/10/1990, não há que se falar em decadência para os fatos geradores ocorridos nos períodos base de 1985 a 1988, seja com base na contagem do prazo decadencial previsto no § 4º do artigo 150 do CTN (cinco anos contados da ocorrência do fato gerador), seja com base no artigo 173, inciso I, do mesmo diploma legal (contagem do prazo decadência no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), aplicável ao caso em face de ter sido detectada conduta dolosa pela emissão de “notas calçadas”. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. Como a prescrição não corre contra quem não pode agir (agere non valenti non currit praescriptio), o prazo prescricional de cinco anos é contado somente a partir da data da constituição definitiva do crédito tributário, nos termos do caput do artigo 174 do CTN, ou seja, a partir do momento em que a Fazenda Pública puder exigir, do devedor, a prestação tributária; estando o presente processo pendente de decisão administrativa definitiva, haja vista a decisão judicial transitada em julgado ter anulado as decisões administrativas de 1ª e 2ª instâncias anteriormente proferidas, o prazo prescricional somente começará a fluir após a notificação da nova decisão administrativa definitiva. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. A prescrição intercorrente, ou seja, a perda do direito de ação pela paralisação do procedimento administrativo por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, não se aplica aos processos e procedimentos de natureza tributária. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Do voto do relator, que foi acompanhado unanimemente pelo colegiado de primeira instância administrativa, extraise os seguintes excertos e destaques que entendo mais importantes para dar guarida a sua decisão final: considerou as alegações de defesa apresentadas em 29/10/1990 e em 09/07/2015; da nulidade da intimação por edital, pois não fora dirigido ao advogado, conforme alega, o acórdão recorrido decidiu que o processo administrativo é informal, não seguindo o mesmo rigor que os processos judiciais. Cita ementas de acórdãos do CARF sobre a matéria, em que as intimações relativas a atos e decisões do processo administrativo são efetuadas pessoalmente ao próprio contribuinte, no seu domicílio tributário. De qualquer forma, em análise material, não se encontra nos autos qualquer requerimento para que as intimações fossem para o endereço do representante legal, e que o auditorfiscal designado como perito se dirigiu ao domicílio tributário do contribuinte, onde constatou outra empresa não relacionada no endereço; decadência e prescrição, em que o contribuinte, então impugnante, alega que a execução fiscal foi considerada extinta em 19/08/1999, e a Fazenda Nacional arquivou a ação em 30/09/2003, apenas em abril/2014 é que a DRF/Curitiba resolveu reabrir os PAF's. Fl. 1422DF CARF MF 12 Assim, alega que ocorreu prescrição ou decadência para reabrir o PAF. A DRJ entendeu que no presente caso, não há mais que se falar em decadência, já que o auto de infração foi regulamente constituído com a ciência em 01/10/1990. Igualmente, a decisão judicial anulou apenas o processo administrativo fiscal. Quanto à prescrição, o art. 174 do CTN estabelece que o prazo é contado somente a partir da data da constituição definitiva do crédito tributário, ou seja, a partir do momento que a Fazenda Pública puder exigir, do devedor, a prestação tributária. A DRJ também evoca a súmula 11 do Carf a respeito; quanto ao pleito de perícia contábil/fiscal, o perito indicado pelo contribuinte foi instado a realizar a perícia, após decisão judicial pertinente, mas o mesmo se negou a fazer. Demais alegações de que não foi a contribuinte intimada a respeito, ela não atualizou seu domicílio tributário, o que impediu o contato da autoridade fiscal a respeito; quanto ao protesto do contribuinte contra o fato da autoridade fiscal ter se baseado em prova emprestada do fisco estadual, a DRJ rejeito pois há amparo legal (citado no voto) para tanto, e jurisprudência administrativa formada sobre a matéria no CARF; quanto à questão das notas calçadas, em que o contribuinte alega que seriam meras presunções e indícios, a DRJ entendeu que há uma prova direta da omissão de receitas. Igualmente, os lançamentos do ICMS foram integralmente mantidos na esfera administrativa da Secretaria da Fazenda do Estado do Paraná. A sua alegação de que os valores do ICMS foram anistiados não procede, pois o que foi anistiado foram as multas e a atualização monetária sobre ela incidente; quanto à glosa de despesas operacionais não comprovadas, não há elementos arguidos (e nem provas) pelo contribuinte, mas como solicita o cancelamento integral da autuação fiscal, a DRJ entendeu por bem ressaltar que está devido o lançamento desta parte da matéria principal do auto de infração. Do Recurso Voluntário: Tomando ciência do v. acórdão de primeiro grau administrativo em 09/09/2015, apresentou o recurso voluntário em 05/10/2015, ou seja, tempestivamente. No seu recurso voluntário, expõe e repisa os mesmos elementos e argumentos da sua peça impugnatória. Sucintamente, em contraponto à decisão recorrida, replica a mesma linha argumentativa da sua peça impugnatória, dos quais destaco os seguintes pontos: traz alegações de decadência e prescrição requer a nulidade da intimação por edital; que a não realização da prova pericial se deu por culpa única e exclusiva do fisco; alega que a anistia do estado do Paraná foi no sentido de praticamente zerar os débitos do ICMS em discussão; seu pedido foi na seguinte linha: Fl. 1423DF CARF MF Processo nº 10980.007686/9001 Acórdão n.º 1402003.817 S1C4T2 Fl. 1.418 13 DO PEDIDO Diante do exposto, requerse seja o RECURSO VOLUNTÁRIO provido em todos os seus fundamentos para o fim de extinguir eventual crédito tributário, em face da decadência ou prescrição, ou, caso não seja este o entendimento deste CARF, para decretar a nulidade do feito por cerceamento de defesa, seja peia nulidade da notificação de reabertura do PAF realizada via Edital, seja pela ilegal supressão da prova pericial, em manifesta ofensa à coisa julgada, por ser de direito e merecida Justiça. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Rogério Borges Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que o recebo e dele conheço. Da situação processual Como e apesar de já relatado acima, o presente processo envolve algumas peculiaridades, dos quais procurarei sintetizar abaixo. Trata o presente processo de auto de infração de IRPJ, cientificado em 01/01/1990. Na autuação fiscal, houve a imputação das seguinte infrações: a) omissão de receitas caracterizada por notas fiscais calçadas, apuradas com base em levantamento do fiscal estadual do estado Paraná, mediante o confronto entre a primeira e quinta vias de inúmeras notas fiscais emitidas pela recorrente ao longo dos anos calendário de 1985 a 1988; b) glosa de despesas operacionais por falta de comprovação, no ano calendário de 1985, pois as notas fiscais estariam por demais simplificadas e/ou sem identificação do beneficiário. A recorrente, então impugnante, apresentou impugnação procurando justificar que tais notas fiscais calçadas teriam sido emitidas em sua autorização por, então, ex Fl. 1424DF CARF MF 14 funcionários, demitidos por justa causa, com o intuito de vender créditos a pessoas a eles coniventes. Informou que não houve nenhum dano ao erário, pois as notas fiscais com objetivo de venda de crédito não foram computadas para efeito de apuração de estoque, razão pela qual requereu a produção de prova pericial, como forma de comprovação da existência ou não de tal dando ao erário. Em julgamento realizado em 21/03/1991, à época realizado pela DRF/Curitiba, indeferiu o pedido de realização de perícia e, no mérito, manteve integralmente a autuação fiscal, decisão esta, após recurso voluntário, confirmada pelo Primeiro Conselho de Contribuintes, em acórdão proferido em 17/11/1992. A recorrente interpôs recurso especial a CSRF, ao qual foi negado sua admissibilidade. Desta sorte, os valores autuados foram inscritos na Dívida Ativa da União e objeto de execução fiscal. Contudo, a execução fiscal foi cancelada em virtude de posterior decisão judicial transitada em julgado favorável ao contribuinte. A Procuradoria da Fazenda Nacional cancelou a inscrição em Dívida Ativa da União em 22/04/2014, e devolveu o processo à Secretaria da Receita Federal do Brasil. Esta decisão judicial, no que tange ao primeiro grau judicial, foi proferida em 29/03/1996, pelo entendimento de que haveria imperiosa necessidade de perícia contábil/fiscal para se apurar a alegada prática de omissão de receita, em que entendeu por anular o procedimento administrativo a partir da decisão da DRF/Curitiba, que negou a realização de prova pericial. Em 19/08/1999, o TRF da 4ª Região acolheu e confirmou a decisão do juiz de primeiro grau, tendo tal decisão transitado em definitivo em 16/11/1999. Por conseguinte, o presente processo recomeçou desde o julgamento da peça impugnatória, recomeçando o processo administrativo fiscal a partir deste momento. Dos pontos suscitados no recurso voluntário: Primeiramente, cabe destacar que a recorrente interpõe recurso idêntico para os processos 10980.007686/9001, 10980.007681/9089, 10980.007683/9012 e 10980.007685/9030, todos pautado nesta sessão. Cita também os processos 10980.007684/9077 e 10980.007682/9041 na sua peça recursal. Em relação ao processo 10980.007684/9077, que envolve o tributo IRRF, já houve decisão neste CARF, na câmara baixa, da autuação fiscal, tendo sido negado provimento na sua integralmente às alegações do recurso voluntário, nos termos do acórdão 1302003.169, sessão de 18/10/2018. No momento, está na unidade local de circunscrição do contribuinte aguardando prazo da ciência da decisão por edital, conforme pesquisas efetuadas no sistema e processo. Em relação ao processo 10980.007682/9041, que envolve o tributo CSLL, a DRJ cancelou a autuação fiscal, pois a exigência de tal tributo até 1988 foi declarada constitucional, nos termos do acórdão 0653220, em sessão de 17/08/2015. Conforme Fl. 1425DF CARF MF Processo nº 10980.007686/9001 Acórdão n.º 1402003.817 S1C4T2 Fl. 1.419 15 pesquisas efetuadas no sistema eprocesso, este processo está parado na unidade de circunscrição do contribuinte. Como as matérias alegadas são idênticas em todos os processos agora pautados (10980.007686/9001, 10980.007681/9089, 10980.007683/9012 e 10980.007685/9030), passo a analisar cada um dos processos. das alegações de decadência e prescrição Alega a recorrente que em virtude da ação judicial de primeiro grau, e confirmada pelo segundo grau judicial TRF da 4ª Região em 19/08/1999, cujo acórdão transitou em julgado em 16/11/1999, que extinguiu a execução fiscal promovida pelo presente processo após transcorrido todo o processo administrativo fiscal então vigente, bem como extinguiu os débitos fiscais do presente processo.Aduz que a Fazenda Nacional foi intimada da baixa dos autos em 23/04/2002 (na ação ordinária) e em 26/08/2003 (na execução fiscal), sendo que ambas ações judiciais encaminhadas para baixa e arquivamento em 30/09/2003. Assim, alega que apenas em abril/2004, após pleito incidental de baixa de arrolamento administrativo dos 2 caminhões que ficaram com registro de alerta no Detran em decorrência dos referidos débitos, é que a DRF Curitiba resolveu reabrir os processos administrativos fiscais em questão. Desta forma. alega que o processo incorreu em prazo prescricional ou decadencial, que se iniciara com a decisão que anulou o processo administrativo fiscal em 16/11/1999, data a partir da qual a Fazenda Nacional poderia ter reaberto o processo, o que não ocorreu. Assim, pelo transcurso do prazo de 15 (quinze) anos entre esta data da decisão judicial e a data da reabertura do processo, e o mesmo ter ficado paralisado todo este período, entende a recorrente que teria havido a extinção de créditos tributários pela prescrição ou decadência, na forma dos artigos 173, II, e 174 do Código Tributário Nacional (CTN) ou do artigo 1°, § 1°, da Lei n° 9.873, de 1999. A decisão a quo entendeu que o direito da Fazenda Pública rever lançamento por homologação extinguese, na regra geral, no prazo de cinco anos contado da ocorrência do fato gerador. Ressalta que, no presente caso, como o lançamento fiscal foi regularmente cientificado em 01/10/1990, não há que se falar em decadência para os fatos geradores ocorridos nos períodosbase de 1985 a 1988. Ainda ressalta que, da mesma forma, não cabe a alegação de nulidade formal do processo administrativo de lançamento e constituição do crédito tributário, com contagem do prazo de cinco anos a partir da decisão que anulou, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, consoante disposto no artigo 173, inciso II, do CTN, porquanto a decisão judicial transitada em julgado não anulou o lançamento fiscal, mas apenas o processo administrativo a partir da decisão proferida pela DRF/Curitiba em 21/03/1991. Entendeu que quanto à alegação de que extinguiu a execução fiscal, seria descabida, pois a mesma fora é sobrestada por decisão judicial. Antes de qualquer outra construção, entendo pertinente reavaliar o conteúdo e respectiva extensão dos efeitos da decisão judicial evocada pela recorrente. Nos temos da decisão judicial de primeiro grau (efls. 368 a 372 dos autos), consta ao seu final o seguinte: Fl. 1426DF CARF MF 16 À vista do exposto e o mais que dos autos consta julgo procedente a ação anulatória de débito fiscal, simultaneamente com a medida cautelar em apenso, o que faço para anular o procedimento administrativo noticiado nos autos, a partir da decisão que negou a realização da prova pericial. (grifo meu) A decisão judicial de segundo grau TRF 4ª Região confirmou a decisão retromencionada, nos seguintes termos na sua conclusão, após transcrever excertos da decisão judicial de primeiro grau em questão: Por acolher o mesmo entendimento esposado pelo Juízo a quo, reportome à decisão acima transcrita como razão de decidir. Ou seja, a decisão judicial não anulou a constituição do crédito tributário, e sim, a decisão de primeiro grau administrativo (na época a DRF) que negou a perícia. Assim, na mesma linha da decisão a quo, entendo que no momento que a recorrente foi cientificada do lançamento fiscal, em 01/10/1990, e apresentou impugnação em 29/10/1990, a exigibilidade foi suspensa nos termos do art. 151, inciso III do CTN1. Como o processo aqui em questão ainda se encontra pendente de decisão administrativa definitiva, em virtude da decisão judicial transitada em julgado ter anulado as decisões administrativas de 1a e 2a instâncias anteriormente proferidas, o prazo prescricional previsto no caput do artigo 174 do CTN somente começará a fluir com a notificação da decisão, desfavorável à recorrente, do último recurso administrativo por ela impetrado. Quanto às alegações que o presente processo incorreu em prescrição intercorrente, nos termos do artigo 1°, § 1°, da Lei n° 9.873, de 23 de novembro de 1999, ao qual cito abaixo: Art. 1°. Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. § 1°. Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso. § 2o. Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a prescrição regerseá pelo prazo previsto na lei penal. Art. 1°A. Constituído definitivamente o crédito não tributário, após o término regular do processo administrativo, prescreve em 5 (cinco) anos a ação de execução da administração pública federal relativa a crédito decorrente da aplicação de multa por 1 Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: (...) III as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; (...) Fl. 1427DF CARF MF Processo nº 10980.007686/9001 Acórdão n.º 1402003.817 S1C4T2 Fl. 1.420 17 infração à legislação em vigor. (Incluído pela Lei n° 11.941, de 2009). Ressaltese que apesar do artigo 5° da mesma norma legal dispor expressamente que a perda do direito de ação pela paralisação do procedimento administrativo por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, não se aplica aos processos e procedimentos de natureza tributária: Art. 5°. O disposto nesta Lei não se aplica às infrações de natureza funcional e aos processos e procedimentos de natureza tributária. Assim, configurada a situação acima, resta a aplicação da aplicação da Súmula 11 do CARF dispõe que não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. Por todo o acima exposto, VOTO por rejeitar as alegações relativas à decadência, prescrição e prescrição intercorrente do crédito tributário. da alegação de nulidade da intimação por edital Alega a recorrente que houve nulidade da intimação por edital para ciência do Termo de Início de Diligência Fiscal, sob o argumento de ofensa aos princípios do devido processo legal e da publicidade, pois não teria havido o esgotamento dos meios para a localização da empresa. Alega que o advogado constituído no processo deveria ter sido intimado de todos os atos do processo indispensáveis à defesa. Contudo, não há respaldo legal para tal pleito. A administração tributária não tem obrigação e nem respaldo legal para efetuar a intimação de atos processuais na pessoa e no domicílio do procurador (advogado) constituído pelo sujeito passivo da obrigação tributária. As intimações no processo administrativo de determinação e exigência de crédito tributário são regidas pelo art. 23 do Decreto no 70.235/1972, que limita o envio ao endereço postal fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária, não contemplando o endereçamento a advogados ou representantes localizados em domicílio diverso. Tal matéria atualmente encontrase sumulada, nos termos da súmula CARF nº 110: No processo administrativo fiscal, é incabível a intimação dirigida ao endereço de advogado do sujeito passivo. Cabe frisar que além da falta de previsão legal e matéria já sumulada quanto à intimação diretamente ao advogado da recorrente, para ciência do Termo de Início de Diligência Fiscal, não há nos autos qualquer requerimento no sentido de que as intimações fossem dirigidas ao representante legal. Fl. 1428DF CARF MF 18 Com relação à intimação por edital, registrouse que o Auditor Fiscal designado como perito na União Federal, Celso Guimarães Senra Vidal, se dirigiu, em 12/11/2014, ao domicílio tributário declarado pela interessada no cadastro do CNPJ, à Rua José Antunes Ferreira, 83, CIC, Curitiba/PR, onde constatou que estava estabelecida a empresa São Gabriel Transportes, Logística e Distribuição Ltda. (CNPJ n° 115.488.297/000153), conforme relatado no Termo de Diligência Fiscal. Nesse sentido, considerando que § 1° do artigo 23 do Decreto n° 70.235, de 1972, com a redação dada pelas Leis n°s 11.196, de 2005, e 11.941, de 2009, dispôs que a intimação poderá ser feita por edital quando resultar improfícuo um dos meios previstos naquele artigo intimação pessoal, por via postal ou meio eletrônico o Termo de Início de Diligência Fiscal foi cientificado por meio do Edital Sefis n° 165/2014 (fl. 118), afixado no período de 12 a 27/11/2014. Pelo exposto, não há como acatar a alegação de não ter sido intimada a realizar a perícia determinada por decisão judicial transitada em julgado, VOTO por rejeitar as alegações da recorrente a respeito. da questão da prova pericial e da validade da constituição do crédito tributário Alega a recorrente na sua peça recursal que a não realização da prova pericial se deu por culpa única e exclusiva do fisco. Entende que a sentença judicial teria sido clara quanto à imprescindibilidade da prova pericial, pois no seu entender, o lançamento dos créditos tributários federais foi realizado sem qualquer elemento de prova, algo que estaria no teor da sentença judicial. Traz alegações de que o assistente técnico apenas alegou que não tinha mais os documentos, que estariam com o contribuinte. Aqui cabe ressaltar algo já analisado na decisão a quo. Quando os autos retornaram à alçada da Secretaria da Receita Federal do Brasil, voltaram no seu estágio que a sentença judicial decidiu ao anular o procedimento administrativo da DRF (então 1ª instância administrativa) e suas etapas subsequentes. Ou seja, retorna os autos em fase posterior à impugnação, para a prova pericial requerida pelo contribuinte então, negada administrativamente, e albergada judicialmente. Assim, os autos retornaram à DRJ de Curitiba, a qual em 14/05/2012 despachou o processo, devolvendo à DRF de Curitiba para: a) designar servidor, como perito da União, para realizar o exame pericial dos livros comerciais e fiscais da interessada dos períodosbase de 1985 a 1988 e correspondente documentação comprobatória, porventura ainda existentes, para atestar se foram efetivamente realizadas as operações de venda de mercadorias retratadas nas primeiras vias das notas fiscais arroladas pela fiscalização do IRPJ; b) determinar que o perito indicado pelo sujeito passivo, o contador Euclides Locatelli, seja intimado a realizar o exame à época requerido, como forma de comprovar "a existência ou não de dano ao erário público"; c) considerando que na sentença proferida em 29/03/1996, o Juiz Federal da 6a Vara Federal acolheu a tese de que há vinculação entre a ação fiscal em análise (IRPJ e lançamentos reflexos) com a ação fiscal realizada pela fiscalização do ICMS, razão pela qual Fl. 1429DF CARF MF Processo nº 10980.007686/9001 Acórdão n.º 1402003.817 S1C4T2 Fl. 1.421 19 entendeu que não há como se negar a adoção da figura da "prova emprestada", obter cópia da decisão proferida pela Receita Estadual no julgamento dos autos de infração n°s 3.612.3157, 3.612.3162 e 3.612.3173 e demais autuações de ICMS relacionadas com as notas fiscais arroladas pela fiscalização do IRPJ; em caso de manutenção, total ou parcial, das exigências de ICMS, confirmar se os débitos correspondentes foram pagos, parcelados ou extintos de outra forma pelo contribuinte. O Auditor designado como perito da União Federal, Celso Guimarães Senra Vidal, lavrou Termo de Informação de Diligência, por meio do qual relatou as seguintes constatações: a) quanto à solicitação de exame dos livros e documentos da escrituração comercial e fiscal do sujeito passivo dos anoscalendário de 1985 a 1988, informa que se dirigiu ao domicílio tributário declarado pela interessada no cadastro do CNPJ à Rua José Antunes Ferreira, 83, CIC, Curitiba/PR , onde constatou que estava estabelecida a empresa São Gabriel Transportes, Logística e Distribuição Ltda. (CNPJ n° 115.488.297/000153), razão pela qual o Termo de Início de Diligência Fiscal foi cientificado por meio do Edital/Sefis n° 165/2014, afixado no período de 12 a 27/11/2014, mas resposta alguma foi apresentada; b) com relação à determinação para que o perito indicado pelo sujeito passivo, Euclides Locatelli, realizasse o exame requerido, informa que após contato telefônico, referido perito compareceu pessoalmente na DRF Curitiba para entregar termo esclarecendo que "quanto à Perícia Contábil, carece de elementos técnicos para a sua realização"; c) no que diz respeito à obtenção de cópia das decisões proferidas pela Receita Estadual, informa que, em resposta aos Ofícios n° 395/2014/RFB/DRF/SEFIS/CTA, de 09/10/2014, e 421/2014/RFB/DRF/SEFIS/CTA, de 19/10/2014, a Inspetoria Geral de Tributação da Receita Estadual, por meio do Ofício n° 88/2014 IGT, de 07/11/2014, forneceu os seguintes documentos: (i) cópia das decisões proferidas no julgamento dos autos de infração n°s 36123157, 36123165, 36123173 e 36873830; (ii) tela com dados de débitos inscritos em dívida ativa e incluído em parcelamentos; (iii) Informação n° 504/2014 da Inspetoria Geral de Tributação da Receita Estadual, no qual consta que os autos de infração n°s 36123157, 36123165 e 36123173 (lavrados em 18/03/1988) e n°s 36873830 e 36873849 (lavrados em 19/09/1990) foram objeto de parcelamento pelo sujeito passivo, estando totalmente quitados, enquanto os autos de infração n°s 36873814 e 36873822 (lavrados em 19/09/1990) foram pagos pelo sujeito passivo; d) ao final, considerando a manutenção de todos os autos de infração lavrados na esfera estadual, concluiu que as operações retratadas nas primeiras vias das notas fiscais arroladas nos autos foram efetivamente realizadas. O processo foi devolvido para a DRJ Curitiba para novo julgamento que, por meio do Despacho n° 7, de 27 de fevereiro de 2015, encaminhou novamente o processo à DRF Curitiba para que fosse dado ciência do Termo de Informação de Diligência à Recorrente e a seu sóciogerente Oscar Ferreira Pinto, com consequente abertura de prazo de 30 dias para oportunizar a apresentação de manifestação. Como o AR com o Termo de Informação de Diligência enviado à Recorrente foi devolvido com o motivo "MUDOUSE", a contribuinte foi cientificada por Edital Eletrônico publicado em 17/03/2015 . O AR enviado a Oscar Ferreira Pinto foi devolvido com o motivo "FALECIDO" (fls. 233235), mas autoridade fiscal informou que foi dada ciência Fl. 1430DF CARF MF 20 postal do relatório de diligência à atual sócia administrativa da sociedade, Laura Crispin, que, por intermédio de seus representantes legais, apresentou nova Impugnação, em 09/07/2015. Assim, houve demonstração cabal do intento da autoridade fiscal de localizar representante da recorrente. Sobre essa alegação, o acórdão recorrido registrou que, era necessário reiterar que, a ciência do Termo de Início de Diligência Fiscal foi dada por meio do Edital/Sefis n° 165/2014 em decorrência exclusiva do fato de a interessada não ter atualizado o seu domicílio tributário no cadastro do CNPJ, o que impediu que ela fosse localizada para acompanhar a perícia contábil/fiscal por ela requerida na impugnação apresentada em 29/10/1990. A DRJ salientou que, independentemente das razões pelas quais o processo em tela somente foi devolvido pela Procuradoria da Fazenda Nacional para a Receita Federal do Brasil em 22/04/2014, o fato é que a perícia contábil/fiscal determinada pela decisão judicial transitada em julgado é aquela requerida na impugnação apresentada em 29/10/1990, com fundamento no disposto no artigo 17, parágrafo único, do Decreto n° 70.235, de 1972, na qual foi indicado o contador Euclides Locatelli como seu perito. Destaca que, como na manifestação de 09/07/2015 a Recorrente limitouse a demonstrar irresignação contra o fato de a autoridade fiscal não ter intimado os advogados por ela constituídos para apresentar a documentação que comprovaria a inexistência de dano ao erário público (o quesito formulado para o exame pericial requerido em 29/10/1990), a Recorrente teria perdido nova oportunidade para demonstrar que não ocorreram as operações registradas nas primeiras vias das notas fiscais arroladas nos autos, pois sequer um indício de prova foi apresentado em sua defesa. Com relação à alegação de que as atividades da Recorrente, pelo seu movimento econômico, não poderiam jamais gerar um lucro real no montante apurado pela autoridade fiscal, a DRJ registrou que, não havia como se deixar de ponderar a possibilidade de a contribuinte, da mesma forma que procedeu com as "notas calçadas", ter deixado de escriturar parte das aquisições de mercadorias para revenda. Pelo exposto, compartilho do entendimento da DRJ no sentido de que foram cumpridas as determinações cabíveis para atender ao pedido de perícia contábil/fiscal e, sendo assim, não há cerceamento de defesa, nem mesmo infração ao princípio do devido processo legal. De qualquer forma, conforme ressaltado pela DRJ, ainda que não tenha sido possível realizar a perícia contábil/fiscal requerida pela Recorrente, há nos autos elementos probatórios que permitem a formação de convicção de ocorreram as operações registrada nas primeiras vias das notas fiscais arroladas nos autos. No que tange à prova emprestada, na qual a recorrente protestou do fato da Receita Federal terse baseado em autos de infração de ICMS lavrados pela Receita Estadual lavrados em 18/03/1988 e 19/09/1990, a doutrina processual entende que como totalmente aceito, com previsão no Código de Processo Civil e até no CTN (art. 199). A jurisprudência administrativa do CARF também admite a utilização da prova emprestada produzida pela fiscalização estadual, conforme pesquisa nos acórdãos. De qualquer forma, inobstante seja legítima a utilização de prova emprestada, ou seja, o aproveitamento de provas da infração produzidas em processos instaurados por autoridades fiscais de uma esfera de poder por outra, contra o mesmo contribuinte, cabe Fl. 1431DF CARF MF Processo nº 10980.007686/9001 Acórdão n.º 1402003.817 S1C4T2 Fl. 1.422 21 destacar que o lançamento em análise não se limita a simples transposição das conclusões da fiscalização do ICMS, pois a omissão de receitas está efetivamente comprovada pelas notas fiscais emitidas pela interessada (primeiras e quintas vias), cuja análise autoriza concluir pela prática da emissão de “notas calçadas”. No lançamento fiscal foi constatada a prática da emissão de “notas calçadas”, procedimento que consiste no registro do valor real da operação na primeira via da nota fiscal (via do destinatário), enquanto nas demais vias é registrado um valor inferior para fins contábeis e fiscais, prática considerada crime de sonegação fiscal pelo artigo 1º, inciso III, da Lei nº 4.729, de 14, de julho de 1965, e enquadrada como crime contra a ordem tributária pelo artigo 1º, inciso III, da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Mediante confronto entre as primeiras e quintas vias das notas fiscais abaixo relacionadas, foi apurada uma omissão de receitas no montante de Cr$ 5.101.559.752,00, Cz$ 11.936.206,84, NCz$ 14.827.680,04 e NCz$ 1.832.715,66 nos períodosbase de 1985, 1986, 1987 e 1988, respectivamente: Omissão de Receitas – Períodobase 1985 Nota Fiscal Via Data Cliente Moeda Valor Diferença 2941 1ª via 01/02/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 257.900.642,00 5ª via 28/03/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 75.950,00 257.824.692,00 2954 1ª via 12/02/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 201.780.000,00 5ª via 29/03/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 37.975,00 201.742.025,00 2973 1ª via 23/02/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 73.207.200,00 5ª via Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 82.836,00 73.124.364,00 2989 1ª via 13/04/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 75.000.000,00 5ª via 30/03/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 89.208,00 74.910.792,00 3841 1ª via 26/06/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 340.317.015,00 5ª via 20/06/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 192.979,00 340.124.036,00 3852 1ª via 26/06/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 340.282.114,00 5ª via 21/06/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 111.829,00 340.170.285,00 3868 1ª via 25/07/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 348.987.733,00 5ª via 3106/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 180.646,00 348.807.087,00 3877 1ª via 26/07/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 343.695.945,00 5ª via 24/06/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 104.045,00 343.591.900,00 4937 1ª via 17/08/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 342.971.057,00 5ª via 13/09/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 195.084,00 342.775.973,00 4956 1ª via 18/08/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 342.971.056,00 5ª via 14/09/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 162.756,00 342.808.300,00 4975 1ª via 22/08/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 342.971.056,00 5ª via 16/09/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 160.992,00 342.810.064,00 4986 1ª via 24/08/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 342.971.056,00 5ª via 17/09/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 120.612,00 342.850.444,00 5000 1ª via 13/09/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 289.646.879,00 5ª via 18/09/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 121.932,00 289.524.947,00 5025 1ª via 18/09/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 289.646.879,00 5ª via 19/09/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 157.884,00 289.488.995,00 5066 1ª via 23/09/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 287.625.000,00 5ª via 23/09/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 700.752,00 286.924.248,00 5067 1ª via 23/09/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 287.625.000,00 Fl. 1432DF CARF MF 22 Omissão de Receitas – Períodobase 1985 Nota Fiscal Via Data Cliente Moeda Valor Diferença 5ª via 23/09/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 455.196,00 287.169.804,00 5223 1ª via 30/09/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 135.100.000,00 5ª via 30/09/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 114.400,00 134.985.600,00 5903 1ª via 13/11/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 97.500.000,00 5ª via 13/11/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 234.108,00 97.265.892,00 6042 1ª via 25/11/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 65.000.000,00 5ª via 25/11/1985 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cr$ 234.108,00 64.765.892,00 6293 1ª via 30/11/1985 Casa do Perfume Ltda. Cr$ 300.145.272,00 5ª via 30/11/1985 Distr.Perf.Cosm.Pirâmide Ltda. Cr$ 250.860,00 299.894.412,00 Total 1ª via Cr$ 5.105.343.904,00 5ª via Cr$ 3.784.152,00 5.101.559.752,00 Omissão de Receitas – Períodobase 1986 Nota Fiscal Via Data Cliente Moeda Valor Diferença 7140 1ª via 10/01/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 640.967,04 5ª via 31/01/1986 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cz$ 81,14 640.885,90 7151 1ª via 15/01/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 640.967,04 5ª via 31/01/1986 Kirei Com.Cosméticos Ltda. Cz$ 41,41 640.925,63 7175 1ª via 20/01/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 646.358,47 5ª via Kirei Com.Cosméticos Ltda. Cz$ 51,72 646.306,75 7176 1ª via 05/02/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 449.736,00 5ª via 07/02/1986 Distr.Perf.Cosm.Pirâmide Ltda. Cz$ 65,28 449.670,72 7200 1ª via 12/02/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 449.736,00 5ª via 07/02/1986 Distr.Perf.Cosm.Pirâmide Ltda. Cz$ 59,28 449.676,72 7201 1ª via 18/02/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 525.527,91 5ª via 07/03/1986 Kirei Com.Cosméticos Ltda. Cz$ 57,34 525.470,57 7765 1ª via 02/04/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 70.800,00 5ª via 02/04/1986 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cz$ 121,00 70.679,00 7897 1ª via 08/04/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 70.800,00 5ª via Kirei Com.Cosméticos Ltda. Cz$ 68,20 70.731,80 8184 1ª via 23/04/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 49.350,00 5ª via 23/04/1986 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cz$ 112,00 49.238,00 8210 1ª via 24/04/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 43.500,00 5ª via 24/04/1986 Diprobel Represent.Comerciais Cz$ 60,36 43.439,64 8211 1ª via 24/04/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 65.250,00 5ª via 24/04/1986 Diprofarma Distr.Prod.F.Mar Cz$ 112,00 65.138,00 8284 1ª via 28/04/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 57.450,00 5ª via 28/04/1986 Delfarma Farm.Perfumaria Cz$ 60,36 57.389,64 8304 1ª via 29/04/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 749.760,00 5ª via 29/04/1986 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cz$ 68,20 749.691,80 8444 1ª via 08/05/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 35.400,00 5ª via Diprobel Repres.Comerciais Cz$ 112,00 35.288,00 8445 1ª via 08/05/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 5.814,00 5ª via 08/05/1986 Distr.Perf.Cosm.Pirâmide Ltda. Cz$ 60,36 5.753,64 8507 1ª via 15/05/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 106.200,00 5ª via 15/05/1986 Dimecal Distr.Catar.Med.Ltda. Cz$ 60,36 106.139,64 8647 1ª via 22/05/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 6.756,00 5ª via Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cz$ 60,36 6.695,64 8668 1ª via 22/05/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 229.800,00 Fl. 1433DF CARF MF Processo nº 10980.007686/9001 Acórdão n.º 1402003.817 S1C4T2 Fl. 1.423 23 Omissão de Receitas – Períodobase 1986 Nota Fiscal Via Data Cliente Moeda Valor Diferença 5ª via 22/05/1986 Drogabem Com.Med.Perf.Ltda. Cz$ 60,36 229.739,64 8719 1ª via 30/05/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 114.900,00 5ª via 27/05/1986 Daniel Floriano & Cia.Ltda. Cz$ 78,72 114.821,28 8808 1ª via 02/06/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 90.000,00 5ª via 02/06/1986 Deltron Assess.Proj.Elétr.Ltda. Cz$ 78,72 89.921,28 8949 1ª via 10/06/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 90.000,00 5ª via Divino Matinho de Oliveira Cz$ 86,16 89.913,84 8950 1ª via 10/06/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 83.000,00 5ª via 30/06/1986 Dep.Mat.Const.Triângulo Ltda. Cz$ 86,16 82.913,84 9029 1ª via 13/06/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 51.840,00 5ª via 13/06/1986 Drogarei Farmática Ltda. Cz$ 78,72 51.761,28 9383 1ª via 02/07/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 130.500,00 5ª via 02/07/1986 Distr.Perf.Cosm.Pirâmide Ltda. Cz$ 78,72 130.421,28 9660 1ª via 15/07/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 136.500,00 5ª via 15/07/1986 Distr.Perf.Cosm.Pirâmide Ltda. Cz$ 78,72 136.421,28 9923 1ª via 26/07/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 46.500,00 5ª via 26/07/1986 Distr.Perf.Cosm.Pirâmide Ltda. Cz$ 420,00 46.080,00 10157 1ª via 07/08/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 43.500,00 5ª via 07/08/1986 Distr.Perf.Cosm.Pirâmide Ltda. Cz$ 525,00 42.975,00 10962 1ª via 09/09/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 46.500,00 5ª via 09/09/1986 Distr.Perf.Cosm.Pirâmide Ltda. Cz$ 756,00 45.744,00 10979 1ª via 27/06/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 567.560,00 5ª via 09/09/1986 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cz$ 504,00 567.056,00 10992 1ª via 24/07/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 587.893,63 5ª via 09/09/1986 Krei Com.Cosméticos Ltda. Cz$ 363,36 587.530,27 11001 1ª via 28/07/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 587.893,64 5ª via 10/09/1986 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cz$ 363,36 587.530,28 11010 1ª via 05/08/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 594.655,70 5ª via 10/09/1986 Distr.Perf.Cosm.Pirâmide Ltda. Cz$ 527,04 594.128,66 11033 1ª via 14/08/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 594.655,71 5ª via 10/09/1986 Matusita e Cia.Ltda. Cz$ 588,00 594.067,71 11042 1ª via 21/09/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 573.724,11 5ª via 10/09/1986 Matusita e Cia.Ltda. Cz$ 420,00 573.304,11 11170 1ª via 19/09/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 43.500,00 5ª via 15/09/1986 Distr.Perf.Cosm.Pirâmide Ltda. Cz$ 672,00 42.828,00 11675 1ª via 24/10/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 27.000,00 5ª via 24/10/1986 Distr.Perf.Cosm.Pirâmide Ltda. Cz$ 252,00 26.748,00 11714 1ª via 07/11/1986 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 55.800,00 5ª via 07/11/1986 Distr.Perf.Cosm.Pirâmide Ltda. Cz$ 420,00 55.380,00 11751 1ª via 27/10/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 528.439,80 5ª via 17/11/1986 Matusita e Cia.Ltda. Cz$ 420,00 528.019,80 11768 1ª via 27/10/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 530.046,00 5ª via 21/11/1986 Distr.Perf.Cosm.Pirâmide Ltda. Cz$ 420,00 529.626,00 11778 1ª via 27/10/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 538.077,00 5ª via 25/11/1986 Distr.Perf.Cosm.Pirâmide Ltda. Cz$ 420,00 537.657,00 11791 1ª via 27/10/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 540.486,30 5ª via 02/12/1986 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cz$ 420,00 540.066,30 11811 1ª via 27/10/1986 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 498.766,90 5ª via 02/12/1986 Matusita e Cia.Ltda. Cz$ 336,00 498.430,90 Total 1ª via Cz$ 11.945.911,25 Fl. 1434DF CARF MF 24 Omissão de Receitas – Períodobase 1986 Nota Fiscal Via Data Cliente Moeda Valor Diferença 5ª via Cz$ 9.704,41 11.936.206,84 Omissão de Receitas – Períodobase 1987 Nota Fiscal Via Data Cliente Moeda Valor Diferença 2674 1ª via 23/02/1987 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 1.625.000,00 5ª via Café Alvorada S/A Cz$ 294,00 1.624.706,00 2696 1ª via 24/02/1987 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 1.625.000,00 5ª via Kyrlei Boff Cz$ 398,25 1.624.601,75 2743 1ª via 25/02/1987 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 1.549.192,50 5ª via 30/03/1987 Matusita & Cia.Ltda. Cz$ 437,80 1.548.754,70 3954 1ª via 22/06/1987 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 705.614,04 5ª via 22/06/1987 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cz$ 154,00 705.460,04 3972 1ª via 26/06/1987 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 705.819,38 5ª via 23/06/1987 Kyrlei Boff Cz$ 214,17 705.605,21 5425 1ª via 31/08/1987 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 1.874.592,84 5ª via 30/09/1987 Kirei Com.Cosméticos Ltda. Cz$ 657,60 1.873.935,24 5476 1ª via 09/09/1987 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 1.875.120,30 5ª via 30/09/1987 Kyrlei Boff Cz$ 421,56 1.874.698,74 5495 1ª via 18/09/1987 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 1.875.120,30 5ª via 06/10/1987 Distr.Perf.Cosmét.Silva Ltda. Cz$ 807,96 1.874.312,34 5558 1ª via 26/09/1987 Casa do Perfume Ltda. Cz$ 1.875.166,56 5ª via 08/10/1987 Matusita e Cia.Ltda. Cz$ 622,20 1.874.544,36 5625 1ª via 15/10/1987 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 900.000,00 5ª via 15/10/1987 Kirei Com.Cosméticos Ltda. Cz$ 622,20 899.377,80 5839 1ª via 28/10/1987 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 222.000,00 5ª via 28/10/1987 Kyrlei Boff Cz$ 316,14 221.683,86 Total 1ª via Cz$ 14.832.625,92 5ª via Cz$ 4.945,88 14.827.680,04 Omissão de Receitas – Períodobase 1988 Nota Fiscal Via Data Cliente Moeda Valor Diferença 7812 1ª via 29/01/1988 Cosmetel Perf.e Cosmét.Ltda. Cz$ 1.836.000,00 5ª via 29/02/1988 Jady Coml.de Cosmét.Ltda. Cz$ 3.284,34 1.832.715,66 Total 1ª via Cz$ 1.836.000,00 5ª via Cz$ 3.284.34 1.832.715,66 Observese que nas primeiras vias dessas notas fiscais constam expressivas vendas de mercadorias para apenas dois clientes, Casa do Perfume Ltda. (CNPJ nº 21.174.305/000190, com sede em Belo Horizonte/MG) e Cosmetel Perfumaria e Cosméticos Ltda. (CNPJ nº 48.213.714/000104, em São Paulo/SP), enquanto nas quintas vias constam ínfimas vendas a diversos clientes em Curitiba/PR. Fl. 1435DF CARF MF Processo nº 10980.007686/9001 Acórdão n.º 1402003.817 S1C4T2 Fl. 1.424 25 Por conseguinte, qualquer dúvida acerca da efetividade das vendas registradas nas primeiras vias das notas fiscais foi definitivamente suprimida quando a contribuinte reconheceu a procedência dos autos de infração lavrados pela Receita Estadual, com base nas mesmas operações tributadas nos presentes autos, quando efetuou o pagamento e/ou parcelamento (que exige confissão da dívida) daquelas exigências de ICMS, conforme consta da Informação nº 504/2014 da Inspetoria Geral de Tributação da 1ª Delegacia Regional da Receita do Estado do Paraná (fls. 216217): AI/PAF Situação do encerramento do AI/PAF Situação da Dívida Ativa 36123157 Inscrito na dívida ativa (DA) nº 17975539 Parcelamento TAP nº 01.5171154, já quitado 36123165 Inscrito na dívida ativa (DA) nº 17975512 Parcelamento TAP nº 01.5171154, já quitado 36123173 Inscrito na dívida ativa (DA) nº 17975520 Parcelamento TAP nº 01.5171154, já quitado 36873830 Inscrito na dívida ativa (DA) nº 19481134 Parcelamento TAP nº 01.5385316, já quitado 36873849 Inscrito na dívida ativa (DA) nº 19224190 Parcelamento TAP nº 01.5385316, já quitado 36873814 Baixado por pagamento 36873822 Baixado por pagamento Esses lançamentos de ICMS foram integralmente mantidos nos julgamentos administrativos de 1ª e 2ª instâncias da Secretaria de Estado da Fazenda do Estado do Paraná: . no julgamento das impugnações apresentadas contra os lançamentos de ICMS, os autos de infração lavrados em 18/03/1988 (nºs 36123157, 36123165 e 36123173) e 19/09/1990 (nºs 36873830, 36873849, 36873814 e 36873822) foram julgados integralmente procedentes tanto pela Inspetoria Regional de Tributação da 1ª Delegacia Regional da Receita do Estado do Paraná e como pelo Conselho de Contribuintes e Recursos Fiscais do Estado do Paraná (fls. 152186); . os débitos constantes dos autos de infração de ICMS nºs 36123157, 36123165 e 36123173 foram inscritos na Dívida Ativa em 13/03/1990 (fls. 190192), enquanto os dos autos de infração nºs 36873830 e 36873849 foram inscritos em 23/04/1994 (fl. 193) e 25/06/1993 (fl. 187), respectivamente; . os débitos dos autos de infração nºs 36873814 e 36873822 foram recolhidos pelo sujeito passivo em 02/09/1992 (fls. 188, 189 e 214215); . os débitos dos autos de infração nºs 36123157, 36123165 e 36123173 foram incluídos no parcelamento TAP nº 01.5171154 (fls. 198202), com 36 parcelas, tendo a última sido quitada em 17/02/1993, enquanto os débitos dos autos de infração nºs 36873830 e 3687384 9 foram incluídos no parcelamento TAP nº 15385316, com 100 parcelas, a última quitada em 24/02/2006 (fls. 203213). Dessa forma, restando confirmada a divergência entre as primeiras e quintas vias das notas fiscais emitidas pela interessada, voto por manter a exigência correspondente. Conclusão: Fl. 1436DF CARF MF 26 Em face de todo o exposto acima, VOTO no sentido NEGAR PROVIMENTO INTEGRAL ao recurso voluntário da recorrente. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges Fl. 1437DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12448.731537/2013-78
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 13 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2009, 2010
NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. OMISSÕES. NÃO APRECIAÇÃO DE ALEGAÇÕES DE DEFESA.
Deve ser reconhecida a nulidade da decisão de primeira instância administrativa que deixa de analisar argumentos da contribuinte expostos em impugnação.
Numero da decisão: 2202-004.955
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declarar a nulidade da decisão de primeira instância, devendo os autos retornarem à DRJ para novo julgamento, devendo nesse, também, serem apreciadas as alegações da contribuinte no que diz respeito: I) aos efeitos da consulta formulada pelo recorrente em 1992, a qual deu origem ao processo administrativo nº 10768.025.054/92-70; II) à exclusão das penalidades, com base nos artigos 100 e 146 do CTN. Votou pelas conclusões o conselheiro Marcelo de Sousa Sáteles.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcelo de Sousa Sateles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correia, Virgilio Cansino Gil (Suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. OMISSÕES. NÃO APRECIAÇÃO DE ALEGAÇÕES DE DEFESA. Deve ser reconhecida a nulidade da decisão de primeira instância administrativa que deixa de analisar argumentos da contribuinte expostos em impugnação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declarar a nulidade da decisão de primeira instância, devendo os autos retornarem à DRJ para novo julgamento, devendo nesse, também, serem apreciadas as alegações da contribuinte no que diz respeito: I) aos efeitos da consulta formulada pelo recorrente em 1992, a qual deu origem ao processo administrativo nº 10768.025.054/9270; II) à exclusão das penalidades, com base nos artigos 100 e 146 do CTN. Votou pelas conclusões o conselheiro Marcelo de Sousa Sáteles. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcelo de Sousa Sateles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correia, Virgilio Cansino Gil (Suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 73 15 37 /2 01 3- 78 Fl. 2335DF CARF MF Processo nº 12448.731537/201378 Acórdão n.º 2202004.955 S2C2T2 Fl. 2.336 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 12448.731537/201378, em face do acórdão nº 1462.555, julgado pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (DRJ/RPO), em sessão realizada em 29 de agosto de 2016, no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a impugnação apresentada. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem que assim os relatou: “Trata o presente processo de auto de infração lavrado, em 19/12/2013, contra o contribuinte acima identificado relativo ao Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), relativo aos anos calendário 2009 e 2010, no valor de R$ 72.575.221,37 (fl. 306), acrescido de juros de mora à taxa SELIC e multa de ofício de 75%, formalizando o crédito tributário de R$ 153.116.578,93. Na descrição dos fatos, a autoridade fiscal fundamenta que o contribuinte apresentou a Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), referente aos anoscalendário 2009 e 2010, na condição de isento do IRPJ e desobrigado da apuração de CSLL, sendo sua natureza jurídica – outra forma de associação. O contribuinte por ser uma sociedade recreativa, sem fins lucrativos, é isento do recolhimento e pagamento do IRPJ e CSLL, conforme dispõe o art. 15 da Lei nº 9.532/97. No curso da ação fiscal verificouse que o contribuinte não efetuou nenhum recolhimento de Imposto de Renda na Fonte de prêmios pagos aos apostadores de corrida de cavalo, justificando tal procedimento com o Parecer Coordenação do Sistema de Tributação (CST) nº 102/1982. O procedimento fiscal iniciouse, em 20/12/2012, com a ciência do Termo de Início de Ação Fiscal, no qual a autuada foi intimada a apresentar alguns documentos, dentre eles os livros contábeis, a composição do saldo de contas informados na DIPJ. A intimação foi atendida parcialmente, e outras novas intimações foram enviadas. Em 06/03/2013 o contribuinte foi intimado a informar, comprovando com documentação hábil e idônea, se foi recolhido o Imposto de Renda Retido na Fonte código 0916 Prêmio e sorteios em geral. Em resposta a fiscalizada justificou a não retenção e o não recolhimento do imposto de renda sobre prêmios de apostas vencedoras, com base no Parecer CST nº 102/82. A autoridade autuante esclarece no Termo de Verificação Fiscal, que “o referido Parecer, assinado pelo Secretário da Receita Federal do Brasil (RFB) e datado de 19/01/82, fundamentase em legislação vigente à época de sua emissão”. Entretanto, alterações legislativas posteriores e vigentes quando da Fl. 2336DF CARF MF Processo nº 12448.731537/201378 Acórdão n.º 2202004.955 S2C2T2 Fl. 2.337 3 ocorrência do fato gerador, deixaram de dar suporte legal à conclusão do Parecer. Embora não tenha ocorrido revogação expressa, fato é que o Parecer deixou de ter eficácia normativa. O item 6 do citado Parecer menciona que o regulamento da Lei nº 4.096, de 18/07/1962, aprovado sucessivamente pelos Decretos n° 51.816, de 11/03/1963, e 84.395, de 16/01/1980, traz distinção expressa entre as modalidades de apostas feitas mediante aquisição direta (bilhetes simples ou “poules”) ou indireta (bilhetes acumulados) e aquelas denominadas de concursos turfísticos propriamente dito. Entretanto todos os dispositivos legais mencionados foram expressamente revogados. A Lei n° 4.096/62 foi revogada pela Lei n° 5.971, de 11/12/1973, que por sua vez foi revogada pela Lei n.° 7.291, de 19 de dezembro de 1984. Esta é a lei que dispõe atualmente sobre atividades da equideocultura, incluindo as atividades relativas ao turfe, e está regulamentada pelo Decreto nº 96.993, de 17/10/1988, que dispõe no art. 17 o conceito de apostas que engloba todas as modalidades de jogos a dinheiro efetuadas sobre corridas de cavalos patrocinadas por entidades legalmente autorizadas, nela também compreendendose os concursos, jogos lotéricos, remates ou leilões de apostas. No Termo de Verificação Fiscal, a autoridade autuante prossegue afirmando que os itens 11 e 12 do Parecer CST n.° 102/82 mencionam as Leis n° 4.154, de 28/11/1962 e a 4.269, de 22/10/1963. A primeira trata da legislação de rendas e proventos de qualquer natureza, e a segunda promove alteração na primeira, dando nova redação ao art. 19. De fato, ambas produzem alterações no art. 96 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 47.373/1959, excluindo da tributação os lucros decorrentes de prêmios em dinheiro obtidos em turfe em modalidades que não sejam “bettings”. Amparado por esse dispositivo o contribuinte deixou de descontar e recolher o imposto de renda sobre o valor dos prêmios em diversas modalidades de aposta. A autoridade autuante esclarece que o Decreto nº 47.373/1959, que ao final fundamentava o Parecer CST nº 102/82, foi expressamente revogado pelo Decreto de 25/04/1991 (decreto sem número) e que na legislação pertinente posterior não há ressalvas, como a que constava no art. 96 do Decreto nº 47.373/59. Portanto, o Parecer CST nº 102/82 deixou de produzir efeitos, uma vez que a legislação superveniente não dá mais suporte à conclusão nele contida. O Decreto nº 3.000 de 26/03/1999, que aprovou o Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), relaciona, no art. 676, os rendimentos sujeitos à retenção de Imposto de Renda na Fonte e a alíquota a ser aplicada. Dentre os rendimentos, o artigo menciona expressamente prêmios em dinheiros obtidos em loterias, concursos desportivos em geral, compreendidos os de turfe. O artigo 722 atribui de forma expressa à fonte pagadora o dever de reter e recolher o imposto de renda na fonte. Fl. 2337DF CARF MF Processo nº 12448.731537/201378 Acórdão n.º 2202004.955 S2C2T2 Fl. 2.338 4 Diante do exposto, e tendo por base a legislação em vigor, art. 14 da Lei nº 4.506/64, a autoridade autuante efetuou lançamento de ofício, fundamentando a infração por falta de recolhimento do Imposto de Renda Retido na Fonte sobre prêmios e sorteios em geral, no art. 676 do RIR/99. E esclarecendo que a ação fiscal restringiuse à verificação do IRPJ, IRRF e CSLL anos calendário 2009 e 2010. A ciência do Auto de Infração ocorreu em 20/12/2013 (fl. 301). Irresignada, a autuada apresentou, representada por seus advogados, a impugnação de fls. 621 a 670, protocolizada em 21/01/2014, alegando nulidade do lançamento em razão de : a) erro de direito cometido pelo sujeito ativo ao interpretar equivocadamente a legislação que rege a matéria extrapolando o alcance possível da norma aplicável ao caso (art. 676 do RIR/99) e b) falta de comprovação, pela Administração Pública, dos fatos constitutivos do seu direito de exigir o crédito tributário. Alega que o art. 676 do RIR/99 define, no § 1º, um valor de corte para a incidência do imposto de renda, e que a autoridade fiscal equivocadamente incluiu na base de cálculo do imposto o valor total das apostas pagas aos apostadores, sem efetuar a necessária exclusão dos valores apostados, das bonificações e isenções, caracterizandose assim o erro de direito. Transcreve trechos das lições de Paulo de Barros Carvalho e Eurico Diniz de Santi, que esclarecem o que vem a ser erro de direito. Argumenta que o erro de direito impossibilita a revisão do auto de infração, respalda esse argumento com a lição de Gilberto Ulhôa Canto, e ao final requer a anulação do lançamento. Argumenta que os documentos apresentados durante o curso do procedimento fiscal não foram detalhadamente analisados, enumera uma série de equívocos cometidos pela autoridade fiscal quando da apuração da base de cálculo do tributo. E afirma que tais imprecisões a impossibilitam de exercer plenamente o direito ao contraditório e a ampla defesa, requerendo por esta razão a nulidade do lançamento. A fiscalizada prossegue alegando que o Parecer CST nº 102/82, que determina de forma expressa a ausência de tributação das apostas realizadas sob a modalidade de pules, continua vigente. Ademais o processo de consulta formulado pela impugnante é fundamentado no Parecer CST nº 102/82, o que demonstra sua validade, diante do efeito atribuído por lei. Conforme consta no Termo de Verificação Fiscal, a autoridade autuante evidencia que a Lei nº 4.096/62, mencionada no item 6 do Parecer e aprovada sucessivamente pelos Decretos n° 51.816/63 e 84.395/8, trazia distinção expressa entre as diferentes modalidades de apostas, porém tal lei estaria revogada e a lei atualmente em vigor, Lei nº 7.291/84, regulamentada pelo Decreto nº 96.993/88, não disporia acerca Fl. 2338DF CARF MF Processo nº 12448.731537/201378 Acórdão n.º 2202004.955 S2C2T2 Fl. 2.339 5 das diferentes modalidades de apostas. O art. 17 do referido decreto, no qual a autoridade fiscal fundamentou a infração, dispõe de forma expressa que as apostas seriam conceituadas como “todas as modalidades de jogos a dinheiro efetuadas sobre corridas de cavalos”, de forma que não haveria que se falar em distinção entre diferentes modalidades de jogos sobre corridas de cavalos. Ocorre, que segundo alega a autuada, a redação completa do artigo em questão, transcrito abaixo, deixa claro que existem diversas modalidades de apostas, sendo os concursos apenas uma delas, tal como estabelecido no atual Plano Geral de Apostas, aprovado pela Instrução Normativa 48/2008 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Art. 17. Apostas são todas as modalidades de jogos a dinheiro efetuadas sobre corridas de cavalos, patrocinadas por entidades legalmente autorizadas, nelas também compreendendose os concursos, jogos lotéricos, remates ou leilões de apostas. § 1º As apostas poderão ser feitas de acordo com as modalidades previstas no Plano Geral de Apostas, devidamente homologado pela CCCCN. A impugnante argumenta que o Parecer CST nº 102/82 somente mencionou a Lei nº 4.096/62 e os Decretos n° 51.816/63 e 84.395/8 de forma a demonstrar que a distinção entre as diversas modalidades de apostas sempre se encontrou prevista na legislação turfística, e que as menções buscavam meramente traçar um panorama histórico da legislação existente sobre a matéria. Prossegue informando que os itens 11 e 12 do Parecer CST, citados no Termo de Verificação Fiscal, fazem referência às Leis nº 4.154/62 e 4.269/63, que excluíram da tributação os lucros decorrentes de prêmios em dinheiro obtidos em turfe em modalidades que não sejam “bettings”, e, que segundo a autoridade fiscal, tais leis não poderiam ser consideradas para fins de interpretação do art. 14 da Lei nº 4.506/64, uma vez que o referido Parecer estaria baseado no Decreto nº 47.373/59, que foi expressamente revogado pelo Decreto de 25/04/1991. Contesta a afirmação da autoridade autuante, esclarecendo que o Decreto 47.373/59 regulamentava a cobrança e fiscalização do imposto de renda no ano de 1959 e compilava a legislação tributária vigente à época. Dessa forma, o fato de o regulamento ter sido revogado e atualmente encontrarse em vigor o RIR/99 não significa que as Leis n° 4.154/62 e 4.269/63 não possam ser consideradas vigentes para fins de interpretação do art. 14 da Lei nº 4.506/64, que serve de fundamento para o art. 676, inciso I, do atual Regulamento do Imposto de Renda. Segue argumentando que o Parecer CST “realizou uma análise histórica da legislação referente à tributação de apostas turfísticas, de forma a estabelecer uma interpretação a ser conferida ao art. 14 da Lei nº 4.506/64, dispositivo legal que Fl. 2339DF CARF MF Processo nº 12448.731537/201378 Acórdão n.º 2202004.955 S2C2T2 Fl. 2.340 6 atualmente rege a tributação de concursos turfísticos. Nesse contexto, o parecer chegou à conclusão de que os concursos, segundo linguagem própria do turfe, se distinguiriam das demais modalidades de apostas, de forma que somente poderiam ser tributados os concursos propriamente ditos, sendo isentas de tributação as demais modalidades.” Segundo a autuada o Parecer esclareceu que a Lei nº 4.154/62 determinava que os concursos de turfe compreendidos na regra de tributação eram os concursos e as acumuladas (exclusive as “poules” de ponta, de “placé” e de duplas). Entretanto, posteriormente este dispositivo foi alterado pela Lei nº 4.269/63, que passou a estabelecer que seriam tributados apenas os concursos, excluindo da tributação as “poules”, simples e acumuladas, de ponta, de “placé”, e de duplas. A impugnante ressalta que a Lei nº 4.269/63 não sofreu revogação expressa até o presente momento, o que, segundo infere, fortalece ainda mais as conclusões do Parecer CST 102/82. Acrescenta, ainda, que se a Lei nº 4.506/64 tivesse revogado o dispositivo legal constante na Lei nº 4.269/63 tal revogação teria ocorrido de forma expressa. Alega que não se pode, em face do Princípio da Não Presunção da Derrogação, pretender que a intenção do legislador tenha sido a de revogar o dispositivo legal constante na Lei n º 4.269/63, uma vez que se assim desejasse, poderia têlo feito facilmente, da mesma forma em que o fez em relação a dezenas de outros dispositivos legais regulamentares. Cita a lição de Luiz Maria DiezPicaso, que afirma que “...na dúvida a derrogação não se presume e sobre o Legislador pesa o ônus da derrogação expressa.”. Transcreve posicionamento de Arnold Wald, no sentido de que sempre que houve a possibilidade de manter em vigor, paralelamente, as duas normas, não há que se falar em revogação. Invoca o que na doutrina constitucionalista se denomina o silêncio eloqüente da lei, isto é, a intencional nãoinclusão de determinado dispositivo – no caso a conceituação de concurso turfístico constante da Lei nº 4.269/63 , justamente com o objetivo de alcançar o fim pretendido, qual seja, manterlhe a vigência, Justifica dessa forma que não há qualquer incompatibilidade entre o comando contido no art. 14 da Lei nº 4.506/64 e aquele previsto na Lei nº 4.269/63, capaz de autorizar o alegado entendimento equivocado de que houve revogação tácita do dispositivo regulamentar. Ressalta que o parecer “foi elaborado pela Coordenação do Sistema de Tributação (CST), órgão responsável pela interpretação da legislação tributária no âmbito da RFB, de forma que a interpretação conferida ao art. 14 da Lei nº 4.506/1964 que a autoridade fiscal pretende afastar foi realizada pelo próprio órgão administrativo competente para dirimir controvérsias referentes à interpretação de normas tributárias”. Fl. 2340DF CARF MF Processo nº 12448.731537/201378 Acórdão n.º 2202004.955 S2C2T2 Fl. 2.341 7 E, portanto, não poderia a autoridade fiscal, desconsiderar o entendimento constante no Parecer CST n º 102/82. Cita a lição de Vittorio Cassone, que afirma que os assim chamados pareceres normativos compreendem os atos normativos. Nesse contexto, segundo a autuada, os pareces possuem natureza de norma complementar, e a eles se aplica o art. 100, I do CTN, e, portanto, integram a legislação tributária e vinculam a administração. Recorre ao princípio da vedação do comportamento contraditório (nemo potest venire contra factum proprium), que se relaciona diretamente à boafé objetiva, e fundamentase na proteção da confiança nas relações processuais, impedindo a ruptura das legítimas expectativas suscitadas no administrado pela Administração Pública, vinculandoa às suas condutas precedentes, sendo, portanto, instrumento de tutela da segurança jurídica. Nesse contexto, alega que não pode ser prejudicada por ter observado a interpretação conferida ao art. 14 da Lei nº 4.506/64 pelo Parecer CST nº 102/82, que continua em vigor, segundo seu entendimento. Destaca que os artigos 100 e 146 do CTN respaldam a observância ao princípio da confiança legítima do contribuinte. Enquanto o art. 146 dispõe que as alterações nos critérios jurídicos adotados pela autoridade fiscal somente podem ser aplicáveis a fatos geradores ocorridos posteriormente à introdução do novo critério adotado pelo Fisco, o art. 100 determina que a observância das normas complementares – como são os pareceres normativos – contrárias à legislação, exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Prossegue alegando que formulou consulta ao Fisco tendo por objeto o esclarecimento quanto à tributação de duas modalidades de apostas denominadas “bolo milionário do vencedor” e “bolo milionário das duplas”. No primeiro tipo de aposta, sob a modalidade de concursos, a arrecadação era destinada à premiação de quem acertasse todos os páreos. Caso não houvesse ganhador, o prêmio era acumulado até que tal fato ocorresse. O segundo tipo consistia em aposta sob a modalidade de rateio, no qual a arrecadação era destinada ao pagamento do ganhador ou ganhadores do dia. Nessa modalidade não ocorreria acumulação do prêmio, pois sempre haveria um ganhador, efetuandose o rateio entre aqueles que acertassem o maior número de páreos. Segundo alega, o Fisco afirmou que não obstante as referidas apostas serem realizadas em um mesmo bilhete por motivo de economia, tratavase, na verdade, de dois jogos distintos, sendo possível apurar isoladamente os prêmios decorrentes de cada uma das modalidades de apostas, aplicandose o tratamento mencionado a cada uma delas, conforme descrito no Parecer CST nº 102/82. O entendimento esposado pelo Fisco foi de Fl. 2341DF CARF MF Processo nº 12448.731537/201378 Acórdão n.º 2202004.955 S2C2T2 Fl. 2.342 8 tributar as apostas do “bolo milionário do vencedor”, por conferir prêmios bancados pela contribuinte aos vencedores, e não tributar as apostas do “bolo milionário das duplas”, posto que é realizado um rateio dos valores apostados entre os ganhadores. Argumenta que as decisões proferidas em processos de consulta, tal como o Parecer discutido nesse processo, são consideradas normas complementares e, portanto, vinculam a administração e devem obedecer ao princípio da confiança legítima do contribuinte, de forma que quaisquer mudanças de entendimento da administração tributária somente poderão produzir efeitos em fatos geradores futuros. Respalda esse raciocínio citando o art. 48, § 12 da Lei nº 9.430/96. Nesse mesmo sentido, cita a lição de Hugo de Brito Machado e a jurisprudência. Ambas adotam o posicionamento de que a resposta oferecida pela Administração Pública constitui norma, que vincula as partes na relação tributária. E caso ocorra modificação no entendimento adotado na resposta oferecida, o contribuinte deve ser informado e somente a partir de então estará obrigado a qualquer agravamento de ônus tributário daí decorrente. Portanto, segundo alega “o parecer e a decisão proferida no processo de consulta não podem ser desconsiderados pela autoridade fiscal o que descaracteriza qualquer responsabilidade do impugnante pela retenção e recolhimento de imposto no caso em comento.”. Ressalta que as apostas que deram origem ao auto de infração decorrem de rateios que são calculados pelo total de todas as apostas efetuadas, dividido esse somatório pelo total da aposta vencedora, gerando a pule de rateio. Conforme prossegue, o Parecer CST exclui essa modalidade de aposta da tributação de forma expressa. Ademais, a decisão proferida no processo de consulta igualmente já assim estabelecia. Alega que os livrosrazão apresentados, no curso da fiscalização atestam que os pagamentos realizados referemse a rateios de corrida e que a escrituração mantida pelo impugnante faz prova a seu favor, cabendo à autoridade administrativa a prova de inveracidade dos fatos registrados. Quanto a esse último aspecto, transcreve os arts. 923 e 924 do RIR/99 e a lição de Sérgio André Rocha, e ao final argumenta que a jurisprudência administrativa já se encontra pacificada. Prossegue argumentando que constitui ônus da autoridade fiscal demonstrar de forma clara e irrefutável a prática da infração pela impugnante, não sendo suficiente a simples alegação de suposta infração, sem a devida análise da documentação apresentada durante o procedimento de fiscalização. Por fim, contesta os critérios adotados pela autoridade autuante na apuração do imposto devido. Argumenta que foram cometidos diversos erros no cálculo do imposto devido, uma vez que : Fl. 2342DF CARF MF Processo nº 12448.731537/201378 Acórdão n.º 2202004.955 S2C2T2 Fl. 2.343 9 a) As bonificações pagas aos apostadores foram incluídas em duplicidade na base de cálculo considerada. Tais bonificações compõem os prêmios pagos aos apostadores, que são calculados pelo total de todas as apostas efetuadas, acrescidos das citadas bonificações pagas pelo impugnante aos apostadores com a finalidade de aumentar os rateios distribuídos. No Termo de Verificação Fiscal, a autoridade fiscal registra que a base de cálculo para apuração dos valores devidos foram os valores pagos às apostas vencedoras registradas nas contas contábeis : rateios a pagar (nº 2.1.02.003.001 e 2.1.02.03) e despesas de corridas (nº3.1.12000.005 e 3.1.12), no entanto, segundo alega a autuada, os valores constantes na conta contábil “despesas de corrida” são decorrentes das bonificações pagas e já se encontram contabilizados na conta contábil “rateios a pagar”, ocasionando a tributação duplicada das bonificações; b) Não foi excluído o custo de cada aposta realizada, em desrespeito à disposição contida no art. 676 do RIR/99, devendo ser tributado somente o lucro recebido por cada apostador; c) Não foram observadas as isenções previstas no § 1º do art. 676 do RIR/99 e no art. 56 da Lei nº 11.941/2009; d) Os cheques referentes aos prêmios de grande monta recebidos por apostador foram incluídos em duplicidade na base de cálculo. Segundo alega, no sistema contábil adotado até 30/06/2010 a conta ‘rateios a pagar’ possuía uma conta sintética nº 2.1.02.03.46, que representava o somatório dos valores registrados em outras seis contas auxiliares, entretanto duas dessas contas contábeis (46.000046 – Concursos Hipódromo e 46.0006.2 – Concursos Agentes Credenciados) registravam os valores de apostas de grande valor que deveriam ser pagas através da emissão de cheques nominais aos apostadores ganhadores, todavia esses valores já se encontravam contabilizados nas demais contas. Para comprovar os erros cometidos, anexa diversas planilhas relativas às apostas realizadas nos dias 03/01/2009 e 15/05/2010, tomadas como amostra de erros supostamente ocorridos em todas as apostas pagas durante os anos de 2009 e 2010. Diante dos argumentos expostos, o julgamento do processo foi convertido em diligência, e os autos remetidos para a DRF de origem, para que a Fiscalização informasse se a Solução de Consulta foi ou não reformada; se a modalidade de jogo/aposta no caso aqui tratado estaria ou não alcançada pela Solução de Consulta, e se ainda encontravase em vigor; e para que se manifestasse sobre os alegados erros na apuração da base de cálculo. Como consta no Relatório Fiscal, em resposta à diligência solicitada, a impugnante foi intimada a apresentar documentos e Fl. 2343DF CARF MF Processo nº 12448.731537/201378 Acórdão n.º 2202004.955 S2C2T2 Fl. 2.344 10 prestar esclarecimentos quanto aos supostos erros na base de cálculo. No curso da diligência verificouse que : a) em relação às bonificações pagas aos apostadores, alegadamente incluídas em duplicidade na base de cálculo considerada, o sujeito passivo apresentou demonstrativo em planilha da composição das premiações pagas a apostadores. A autoridade fiscal constatou que o valor total pago ao apostador é a soma das colunas rateio mais bonificação, e que o total da coluna prêmio é a soma das contas contábeis auxiliares que compõe a conta nº 2.1.02.003.46.9 – rateios a pagar. E concluiu que, apesar de contabilmente, não ser possível averiguar se os valores da conta contábil ‘despesas de corridas’ estão incluídos na conta ‘rateios a pagar’, os controles extra contábeis totalizam a composição dos prêmios pagos; b) em relação a desconsideração do custo das apostas para fins de base de cálculo do imposto devido, a autoridade fiscal afirma no Relatório Fiscal que, assim como no caso das loterias, o lucro decorrente de concursos desportivos, compreendidos os de turfe, é o valor recebido pelo apostador e não a diferença entre o valor apostado e o prêmio recebido; c) as isenções previstas no § 1º do art. 676 do RIR/99 e no art. 56 da Lei nº 11.941/2009, não se aplicam a concursos desportivos, estando restritas somente aos prêmios lotéricos e de sweepstake; d) em relação aos valores pagos aos apostadores que receberam prêmios de valores substanciais, a autoridade fiscal afirma que conforme informação prestada pelo contribuinte e de acordo com a contabilidade apresentada, a conta contábil nº 2.1.02.03.46 é composta, dentre outras contas, pelas contas contábeis auxiliares nº 46.000046 – Concursos Hipódromo e 46.0006.2 – Concursos Agentes Credenciados, portanto os registros de conta sintética são suportados pelos registros efetuados nas contas contábeis auxiliares. No relatório fiscal consta a informação de que não foi localizado nenhum documento reformando a Solução de Consulta formulada pelo contribuinte, em 19/01/82, processo nº 0768.024844/8112. Quanto ao afastamento da tributação sobre algumas modalidades de apostas, a fiscalização considerou que todos os tipos de apostas praticadas pelo sujeito passivo estão sujeitas a tributação. Este é relatório.” A DRJ de origem entendeu pela improcedência da impugnação, mantendose, assim, o crédito lançado. Inconformada, a contribuinte apresentou recurso voluntário às fls. 2173/2210. Fl. 2344DF CARF MF Processo nº 12448.731537/201378 Acórdão n.º 2202004.955 S2C2T2 Fl. 2.345 11 É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. A decisão primeira instância administrativa deixou de se manifestar em relação aos seguintes pontos da impugnação, os quais prejudicam a análise deste recurso voluntário, sob pena de ocorrer supressão de instância: 1º ponto: A contribuinte alega no tópico IV.2 de sua impugnação que houve a “Desconsideração dos Efeitos da Consulta formulada pelo Impugnante”, às fls. 645/648 do processo, itens 73 a 85. Ainda, em Doc. 06 da impugnação (fls. 850/854) a contribuinte trouxe aos autos cópia autenticada da consulta regularmente formulada pelo ora Impugnante em 1992, a qual deu origem ao processo administrativo nº 10768.025.054/9270. A DRJ de origem chegou a fazer despacho de diligência (fls. 2129/2138) “visando um correto julgamento do contencioso administrativo”, de modo que determinou a conversão do julgamento em diligência com a solicitação para que a Fiscalização informe se a Solução de Consulta foi ou não reformada; se a modalidade de jogo/aposta no caso aqui tratado estaria ou não alcançada pela Solução de Consulta, caso essa ainda esteja em vigor; e se manifeste sobre os alegados erros na apuração da base de cálculo. No entanto, o Relatório Fiscal produzido a fls. 2141/2145 silencia a respeito da Solução de Consulta. Assim, nada menciona o mesmo sobre ela estar ou não reformada. Verificase, portanto, que, a priori, a diligência precisará, em tese, ser novamente requerida pela instância julgadora, inclusive para também verificar a base de cálculo adotada. E, por fim, nada igualmente refere o acórdão da DRJ sobre a Solução de Consulta formulada pelo ora Impugnante em 1992, a qual deu origem ao processo administrativo nº 10768.025.054/9270, a qual, se vigente, poderia afastar o lançamento em questão (art 48 § 12º, da Lei nº 9.430/96 e art. 17 da IN 1.396/2013). Ressaltase, ainda, que a fl. 2312 Há, portanto, clara omissão no julgado, assim como no Relatório Fiscal realizado por diligência. 2º ponto: Conforme relatado. contribuinte alega que os artigos 100 e 146 do CTN respaldam a observância ao princípio da confiança legítima do contribuinte. Enquanto o art. 146 dispõe que as alterações nos critérios jurídicos adotados pela autoridade fiscal somente podem ser aplicáveis a fatos geradores ocorridos posteriormente à introdução do novo critério adotado pelo Fisco, o art. 100 determina que a observância das normas complementares – como são os pareceres normativos – contrárias à legislação, exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Fl. 2345DF CARF MF Processo nº 12448.731537/201378 Acórdão n.º 2202004.955 S2C2T2 Fl. 2.346 12 Assim, verificase que os itens 53 a 72 da impugnação (fls. 637/645) apresentam um arrazoado para que, caso mantido o lançamento, sejam excluídas as penalidades, referindose a cobrança de juros de mora e atualização monetária. Esta matéria também não foi apreciada pela decisão de primeira instância, razão pela qual o acórdão também é omisso neste ponto. Pois bem. Diante da existência de duas relevantes matérias não apreciadas pela DRJ, impõese que seja declarada a nulidade da decisão de primeira instância, pois causam prejuízo à defesa do contribuinte, que deixa de ter seus argumentos analisados, prejudicando, ainda, a análise destes pela segunda instância administrativa (CARF), pois estaria ocorrendo indevida supressão de instância. Ante o exposto, voto por declarar a nulidade da decisão de primeira instância, devendo os autos retornarem à DRJ para novo julgamento, devendo nesse, também, serem apreciadas as alegações da contribuinte no que diz respeito: I) aos efeitos da consulta formulada pelo recorrente em 1992, a qual deu origem ao processo administrativo nº 10768.025.054/9270; II) à exclusão das penalidades, com base nos artigos 100 e 146 do CTN. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 2346DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10111.720831/2015-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 07/10/2010 a 02/12/2012
CESSÃO DE NOME. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA INEXISTÊNCIA DE ENCOMENDANTE DIVERSO.
Apenas o fato de existirem negociações comerciais prévias à importação não é suficiente para a caracterização da cessão de nome na importação. Ausente demais comprovações, como a própria transferência prévia de recursos, não há como subsistir a imputação de penalidade.
SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA. SÓCIO ADMINISTRADOR.
A solidariedade tributária estabelecida em lei pressupõe que a Fiscalização efetue a demonstração do fato e sua adequada subsunção à norma. Inexistente descrição de atos cometidos com excesso de poderes, ou mesmo o interesse jurídico comum, capazes de atrais a incidência das imposições legais, inviável a atribuição de responsabilidade tributária.
Numero da decisão: 3201-004.915
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento aos Recursos Voluntários.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Tatiana Josefovicz Belisário - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 07/10/2010 a 02/12/2012 CESSÃO DE NOME. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA INEXISTÊNCIA DE ENCOMENDANTE DIVERSO. Apenas o fato de existirem negociações comerciais prévias à importação não é suficiente para a caracterização da cessão de nome na importação. Ausente demais comprovações, como a própria transferência prévia de recursos, não há como subsistir a imputação de penalidade. SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA. SÓCIO ADMINISTRADOR. A solidariedade tributária estabelecida em lei pressupõe que a Fiscalização efetue a demonstração do fato e sua adequada subsunção à norma. Inexistente descrição de atos cometidos com excesso de poderes, ou mesmo o interesse jurídico comum, capazes de atrais a incidência das imposições legais, inviável a atribuição de responsabilidade tributária.
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EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 07/10/2010 a 02/12/2012 CESSÃO DE NOME. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA INEXISTÊNCIA DE ENCOMENDANTE DIVERSO. Apenas o fato de existirem negociações comerciais prévias à importação não é suficiente para a caracterização da cessão de nome na importação. Ausente demais comprovações, como a própria transferência prévia de recursos, não há como subsistir a imputação de penalidade. SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA. SÓCIO ADMINISTRADOR. A solidariedade tributária estabelecida em lei pressupõe que a Fiscalização efetue a demonstração do fato e sua adequada subsunção à norma. Inexistente descrição de atos cometidos com excesso de poderes, ou mesmo o interesse jurídico comum, capazes de atrais a incidência das imposições legais, inviável a atribuição de responsabilidade tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento aos Recursos Voluntários. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Tatiana Josefovicz Belisário Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 11 1. 72 08 31 /2 01 5- 92 Fl. 18734DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior. Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte em face do acórdão nº 11054.083, proferido pela 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Recife (PE), que assim relatou o feito: Tratase de auto de infração lavrado em desfavor da empresa UNIVEX COMERCIO DE UTILIDADES PARA O LAR E PRESENTES LT, por meio do qual é formalizada a exigência da multa de conversão da pena de perdimento, no montante de R$ 284.869,63, capitulada no § 3º do art. 23 do Decretolei nº 1.455, de 1976, incluído pelo art. 59 da Lei nº 10.637, de 2002. Segundo a autuação, restara caracterizado que as empresas PRIME e UTILIDAD atuaram, respectivamente como importadora ostensiva e adquirente de mercadorias importadas por sua conta e ordem, com o objetivo deliberado de ocultar a participação da empresa UNIVEX nas transações de comércio exterior sob análise, sendo esta última à verdadeira responsável por sua promoção. Os fatos narrados ensejariam a aplicação da pena de perdimento das mercadorias em razão da ocultação do sujeito passivo mediante a interposição fraudulenta de terceiros em operações de importação, mas tendo em vista a impossibilidade de sua apreensão, devido a sua não localização, consumo ou revenda, foi aplicada a multa pecuniária substitutiva correspondente a 100% do valor aduaneiro das mercadorias, conforme art. 23, inciso V, §§ 1º e 3º, do Decretolei nº 1.455/1976. Registra a autoridade fiscal, inicialmente, que os fatos ora analisados, integraram outro Auto de Infração, lavrado de 08/02/2013, no âmbito do Processo 10111.720165/201321, o qual fora julgado nulo em Primeira Instância Administrativa, por entender o Colegiado responsável que restara configurado o cerceamento do direito de defesa dos contribuintes, uma vez que a acusação fizera remissão às conclusões de outro procedimento fiscal, formalizado no âmbito do processo administrativo fiscal nº 10111.720547/201273, sem, no entanto, transladar a totalidade as provas a ele inerentes ao processo que analisaria os fatos consequentes. Nesse diapasão, observa a autoridade lançadora que, uma vez anulado o primeiro lançamento, caberia a lavratura de novo auto de infração, adotandose a cautela de transladar e referenciar todas as provas oriundas de procedimento fiscal diverso e que tenham correlação com os fatos ora analisados. Fl. 18735DF CARF MF Processo nº 10111.720831/201592 Acórdão n.º 3201004.915 S3C2T1 Fl. 18.735 3 Por fim, antes de se adentrar ao detalhamento da acusação, cumpre destacar que foram também arrolados no pólo passivo como responsáveis solidários pela obrigação tributária (art. 95, I, do Decretolei nº 37/1966; arts. 124, 134, e 135, III, do CTN): (i) EDMAR MOTHÉ (sócio administrador da UNIVEX COMÉRCIO e exsócio administrador da UTILIDAD; (ii) MARIÂNGELA MOTHÉ AMORIM (sócia da UNIVEX COMÉRCIO DE UTILIDADES PARA O LAR E PRESENTES LTDAEPP entre 15/05/1998 e 20/01/2011 ); (iii) CLEIDE SONIA BARBOSA (sóciaadministradora da UNIVEX); iv) ADRIANA VAZ DA COSTA (sócia da empresa UNIVEX COMÉRCIO DE UTILIDADES PARA O LAR E PRESENTES LTDAEPP entre 13/07/2007 e 20/01/2011); v) a empresa UTILIDAD COMÉRCIO DE MÓVEIS E ELETRO LTDA (adquirente ostensiva); a empresa PRIME HOLDING E PARTICIPAÇÕES EMPRESARIAIS LTDA (sócia administradora da empresa Utilidad); vi) PRIME COMERCIAL IMPORTADORA E EXPORTADORA LTDA (importadora ostensiva); (vii) FILIPE DA COSTA COELHO (sócioadministrador da PRIME COMERCIAL IMPORTADORA E EXPORTADORA); (v) VINICIUS DA COSTA COELHO (sócioadministrador da PRIME COMERCIAL IMPORTADORA E EXPORTADORA); (vi) DANIEL CHICRALA CHAVES DE OLIVEIRA (sócioadministrador da PRIME COMERCIAL IMPORTADORA E EXPORTADORA). Da Autuação Inicialmente, discorre a fiscalização sobre as medidas adotadas para execução do novo procedimento fiscal executado sobre a autuada, tendo sido declarado nulo auto de infração anteriormente lavrado contemplando os mesmos fatos. Registra, nesse trilhar, as intimações realizadas e respostas recebidas durante a execução do referido procedimento. Por outro lado, observa a autoridade fiscal que, em razão da participação das empresas Utilidad e Prime nas irregularidades ora tratadas, parte dos fatos ora narrados e dos elementos de prova colacionados pela acusação teriam sido inicialmente analisados no âmbito do processo administrativo fiscal nº 10111.720547/201273, que contém o Auto de Infração lavrado em desfavor da empresa UTILIDAD, como conclusão do procedimento especial de fiscalização pelo qual passou aquela empresa. Registra ainda que Termo de Verificação Fiscal integrante daquele processo e respectivos anexos são reproduzidos no presente processo. I. Contextualização da Fiscalização (Empresas Envolvidas no Esquema) Apontam as autoridades fiscais, por meio do Termo de Verificação Fiscal (TVF) que é parte integrante do auto de infração (fls. 11 a 196), juntamente com os respectivos anexos, que a Univex representaria a verdadeira adquirente de mercadorias declaradas perante a RFB como importadas pela pessoa jurídica Prime Comercial Importadora e Exportadora Fl. 18736DF CARF MF 4 por conta e ordem da pessoa jurídica Utilidad Comércio de Móveis e Eletro Ltda., doravante denominadas, respectivamente, Prime e Utilidad. Expõem, inicialmente as autoridades autuantes, que a Univex faria parte de um grupo de empresas que, tendo números de inscrição distintos no CNPJ e quadros societários distintos, compartilhariam o nome fantasia “Mundo dos Filtros”. Por outro lado, expõem os autuantes sua convicção de que as pessoas jurídicas Prime e Utilidad apresentariam o basicamente mesmo quadro societário e estariam estabelecidas no mesmo endereço. Concluem, nessa linha, que, na prática, as duas seriam a mesma empresa. Ademais, a pessoa jurídica alegadamente qualificada como adquirente de mercadoria importada por sua conta e ordem não possuiria capacidade econômicofinanceira para realizar as operações declaradas, tendo sido incapaz de demonstrar a origem dos recursos efetivamente empregados em tais transações. Destacam, outrossim, que a Utilidad fora anteriormente autuada por cessão de nome e documentos próprios, de modo a ocultar a participação de terceiros em operações de comércio exterior, nos termos do processo administrativo nº 10111.720547/2012 73. Concluem, as autoridades fiscais, que as operações de importação declaradas como realizadas diretamente pelas pessoas jurídicas Prime e Utilidad, em que a Prime figurava como importadora por conta e ordem da Utilidad eram, na verdade, promovidas por conta e ordem ou encomenda de terceiros ocultos, dentre eles a Univex e outras empresas ligadas ao “grupo” Mundo dos Filtros. As provas que respaldariam as conclusões do Fisco teriam sido apreendidas durante diligência fiscal empreendida nos estabelecimento das pessoas jurídicas Prime e Utilidad, inclusive em filial informal mantida na cidade do Rio de Janeiro (todas as empresas citadas estão sediadas em Brasília). No que concerne às empresas Prime e Utilidad, foram ainda obtidos dados relativos a movimentação bancária, por meio de RMF. I.I. Da Caracterização da Univex e do “grupo” Mundo dos Filtros O “grupo” Mundo dos Filtros seria, na realidade, um conjunto de cerca de trinta empresas distintas, com CNPJ próprios (na maior parte dos casos não relacionadas como matriz e filiais), que compartilhariam o mesmo nome fantasia. Além disso, destacam as autoridades fiscais que, em praticamente todos os quadros societários das empresas do “grupo”, haveria a presença de alguém da família “Mothe”, dentre eles o Sr. Edmar Mothe. A Univex, faria parte desse “grupo” de empresas, tendo sido constituída em maio de 1998, inicialmente sob a razão social FILTRAGUA COMÉRCIO DE ARTIGOS DO LAR LTDA, para atuação, conforme contrato social, no ramo de “comércio varejista de aparelhos eletrodomésticos, filtros, saunas, artigos de piscina e equipamentos esportivos produtos cerâmicos, presentes, Fl. 18737DF CARF MF Processo nº 10111.720831/201592 Acórdão n.º 3201004.915 S3C2T1 Fl. 18.736 5 artigos para decoração e utilidades para o lar em geral, cápsulas de café expresso e solúvel e a prestação de serviços de representação comercial e intermediação de negócios em geral”. Destaca a autoridade fiscal que, embora atue como revendedora de mercadorias importadas, a Univex jamais obtivera habilitação para importar mercadorias. A Univex teve como sócio desde sua constituição o Sr. BRENO MOTHE AMORIM, CPF 872.802.64115, filho da Sr.ª MARIÂNGELA MOTHE AMORIM, CPF 525.554.02772, que é irmã do Sr. EDMAR MOTHE. O próprio Sr. EDMAR MOTHE, bem como a Srª MARIÂNGELA MOTHE AMORIM, passaram a compor o quadro societário da UNIVEX a partir da quinta alteração contratual, em janeiro de 2011, permanecendo desde então até os dias atuais esse mesmo quadro societário. A administração da sociedade está a cargo do Sr. EDMAR MOTHE, desde sua entrada na sociedade até os dias atuais. Além da Univex, o Sr. Edmar Mothe seria sócioadministrador de outras empresas do "grupo Mundo dos Filtros" como CAPITAL FILTROS E UTILIDADES DO LAR LTDA, CNPJ Nº 08.109.825/000150, SHOPPING FILTROS LTDA, CNPJ 02.810.923/000134, UNIVERSO DOS FILTROS LTDA, CNPJ 02.823.324/000155, e UNIVEX COMERCIO DE UTILIDADES PARA O LAR E PRESENTES LTDA, CNPJ 02.596.702/000105, agora fiscalizada. Por outro lado, destaca a autoridade fiscal o fato de o Sr. Edmar Mothe haver feito parte do quadro societário da Utilidad. Com efeito, por meio da 4a. alteração do contrato social da Utilidad, o Sr. Edmar Mothe teria ingressado na sociedade como sócioadministrador da empresa no dia 03/08/2011, tendo porém deixado a empresa dois meses mais tarde, na quinta alteração contratual, datada 30/09/2011. O ingresso do Sr. Edmar Mothe na sociedade teria propiciado lastro a suposto aporte de R$ 110.000,00 ao capital social. I.II. Da Atuação da Utilidad como Interposta Pessoa em Operações de Importação (conclusões extraídas do processo administrativo fiscal nº 10111.720547/201273) Nos termos do processo administrativo fiscal nº 10111.720547/201273, a Utilidad fora autuada por cessão de nome com vistas à ocultação da participação de terceiros em operações de comércio exterior, as quais eram declaradas pela Prime como realizadas por conta e ordem da Utilidad. Tal conclusão fora extraída dos elementos a seguir destacados. Observa a autoridade fiscal que a Univex fora citada naquele processo como real interessada e adquirente de fato de parte dos bens importados de forma irregular. I.II.I Da Relação entre as Empresas Prime e Utilidad As empresas Utilidad e Prime compartilhariam basicamente o Fl. 18738DF CARF MF 6 mesmo quadro societário e, conforme constatado em diligência fiscal, o mesmo endereço. Teria restado caracterizado que se tratava de uma mesma empresa, artificialmente subdividida, de modo a atuar em dois níveis, uma como importadora e outra como adquirente de mercadoria importada por conta e ordem. A Utilidad seria uma empresa que atuaria na importação de bens para revenda. Ela figuraria como real adquirente de mercadorias importadas por sua conta e ordem. Por sua vez, a Prime seria o importador ostensivo encarregado de tais operações. Destaca a autoridade fiscal que, figurando como adquirente de mercadorias supostamente importadas por sua conta e ordem, caberia à Utilidad promover o aporte dos recursos empregados em tais operações. No entanto, a capacidade econômico financeira da empresa seria incompatível com o volume transacionado. No particular, registra o auditorfiscal que a Utilidad não lograra êxito nas duas tentativas de demonstrar à RFB capacidade econômicofinanceira superior àquela atribuída por ocasião de sua habilitação para operar no comércio exterior. Da mesma forma, a empresa fora incapaz de demonstrar origem lícita para os recursos empregados em operações de importação. I.II.II Constituição Societária e Origem dos Recursos da Utilidad Com relação à estrutura societária da pessoa jurídica Utilidad, aponta a autoridade fiscal que a sociedade foi constituída com a Razão Social de Tracker Comercial Importadora e Exportadora Ltda. e seu quadro societário era formado pelos Srs. VINICIUS DA COSTA COELHO, CPF Nº 010.408.99110, DANIEL CHÍCRALA CHAVES DE OLIVEIRA, CPF Nº 858.493.24100 e FELIPE DA COSTA COELHO, CPF Nº 717.690.481 20, todos com participação idêntica no Capital Social da empresa, e cabendo a todos os sócios administrar a sociedade com os mesmos poderes. Após três alterações do contrato social, por meio das quais alterouse desde o quadro societário até a própria razão social (quando Tracker passou a denominarse Utilidad), em 3 de agosto de 2011, sobreveio a quarta alteração, quando saem do quadro societário os sócios Vinícius, Daniel e Felipe, e ingressam na sociedade a pessoa jurídica Prime Holding, de propriedade dos sócios que teriam se retirado da Utilidad, e o Sr. Edmar Mothé ligado a diversas empresas do “grupo” Mundo dos Filtros, apontadas como verdadeiras adquirente das operações sob análise. Nesta mesma alteração, há um significativo aumento no capital social: outrora de R$ 60.000,00, passa a ser de R$ 500.000,00. A responsabilidade pelo aporte de R$ 440.000,00 teria sido distribuída entre: a) o Sr. Edmar Mothé (R$ 110.000,00); b) os Srs. Altemir Rogério Marques e Anderson Rodrigo Marques, que ingressaram na 2ª alteração (R$ 78.750,00 cada um); e c) a pessoa jurídica Prime Holding (R$ 172.500,00). Em 30 de setembro de 2011, ou seja, menos de dois meses depois, o Sr. Edmar Mothé retirase da sociedade e cede suas Fl. 18739DF CARF MF Processo nº 10111.720831/201592 Acórdão n.º 3201004.915 S3C2T1 Fl. 18.737 7 cotas para demais os sócios, o que demonstraria que o seu ingresso teria como único objetivo lastrear o aporte de R$ 110.000,00 no capital social. Tanto a entrada quanto a saída do Sr. Edmar, só teriam sido comunicadas à RFB em 04/2012, após o início da ação fiscal. Destacase, ademais, que o ingresso da pessoa jurídica Prime Holding, que funciona no mesmo endereço da pessoa jurídica Prime (Comercial) e da própria Utilidad, não teria sido igualmente comunicado à RFB. Conclui o Fisco, noutro giro, que não teria sido demonstrada a origem lícita dos recursos empregados na integralização do Capital Social, pois todos os aportes teriam sido demonstrados por meio da exclusiva apresentação de cópia de depósito em espécie, alegadamente realizado pelos sócios. Ou seja, sem a demonstração da origem desses recursos. Com relação aos aportes alegadamente realizados pelos sócios Prime, Altemir e Anderson, teria sido detectada uma discrepância entre os valores depositados e informados no contrato social. Ante a tais elementos, e tendo em vista que os sócios não possuiriam patrimônio ou rendimentos declarados condizentes com os depósitos apresentados, foi solicitada a apresentação de elementos que demonstrassem a origem lícita dos recursos e, em resposta, teriam sido apresentadas declarações de imposto de renda e, no que diz respeito à Prime Holding, informado que o aumento do capital estaria baseado em transferência de seus sócios. Como prova da disponibilidade, foi apresentada cópia de extrato bancário, onde teriam sido destacados os seguintes lançamentos: 30/09/2011, depósito em dinheiro no valor R$ 50.000,00; 30/09/2011, TED Daniel Chicrala no valor R$ 30.000,00; 30/09/2011 transf Daniel Chicrala no valor R$ 5.000,00; 10/10/2011; TED Daniel Chicrala, no valor R$ 15.000,00; 11/10/2011, TED Vinicius da Costa, no valor R$ 50.000,00. Os demais lançamentos do extrato apresentado teriam sido rasurados. Após analisar os sistemas informatizados da RFB, teria restado constatado que o capital social da Prime seria de R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais) e que esta pessoa jurídica possuiria recursos para operar como empresa a partir do dia 30 de setembro de 2011 (dois mil e onze). Concluise, assim, que o depósito de R$ 165.000,00, datado de 31 de agosto de 2011 não se prestaria a demonstrar a declarada integralização de capital da pessoa jurídica Utilidad. Naquela data, a Prime não possuiria qualquer recurso e não poderia operar uma vez que sua integralização de recursos provenientes dos sócios só seria iniciada quase um mês depois. Na opinião do responsável pela ação fiscal, também não teria restado demonstrada a origem dos recursos alegadamente aportados pelos sócios pessoa física, pois as declarações apresentadas, desacompanhadas de documentos que as Fl. 18740DF CARF MF 8 respaldassem, não teriam o condão de comprovar as informações prestadas pelos próprios sócios. I.II.III Dos Documentos Apreendidos nas Empresas Prime e Utilidad Diversos documentos apreendidos em diligências fiscais junto às empresas Prime e Utilidad revelam indícios de atuação fraudulenta orquestrada no comércio exterior. Dentre tais elementos, destacamse: a) Minutas de contratos celebrados entre as pessoas jurídicas Prime e Myra Import, também de propriedade do Sr. Edmar Mothe e entre Myra Import com a Utilidad. A primeira evidenciaria o compromisso de realizar importações para a cessionária Myra e a segunda, em sentido inverso, a atuação da Myra como cedente e da Utilidad como cessionária. b) Faturas proforma com valores distintos, listas de preços com menção expressa à “necessidade” de emissão de invoices subfaturadas. Confrontandose tais referenciais com as faturas efetivamente emitidas pelo exportador restara caracterizado, de fato, subfaturamento da ordem de 40%; c) Processos Internos (envelopes plásticos) identificados por um código interno, que, normalmente, conteriam: Capa de processo interno contendo número do CPP, descrição genérica dos produtos, nome do cliente e data de formalização do processo. Extrato da Declaração de Importação. Boletos bancários e comprovantes de pagamento de despesas de importação tais como: fundo da marinha mercante, despesas com serviço de despachante aduaneiro, comprovante de arrecadação do ICMS, despesas com armazenamento, desconsolidação e capatazia, entre outros. Faturas comerciais (Invoice), faturas proforma, conhecimento de transporte internacional, romaneio de carga (packing list), nota fiscal de entrada, nota fiscal de saída para simples remessa e contrato de câmbio. Demonstrativo de Despesa, consignando o cliente, código de processo CPP, nº da fatura, nº do conhecimento de carga, fornecedor estrangeiro, descrição genérica dos produtos, despesas tributárias e nãotributárias entre outros. Estimativa de Custos de Importação, consignando o cliente, NCM da mercadoria, descrição detalhada da mercadoria, despesas tributárias e operacionais e apuração total dos custos de importação. Cópias de emails diversos, contendo em sua maioria detalhes de negociação com clientes e fornecedores, entre outros. Partindo desse padrão de organização documental, a autoridade fiscal teria identificado o verdadeiro cliente das respectivas operações de importação, no caso do presente processo, a Univex e demais empresas do “grupo” Mundo dos Filtros. Fl. 18741DF CARF MF Processo nº 10111.720831/201592 Acórdão n.º 3201004.915 S3C2T1 Fl. 18.738 9 Em algumas operações, além da identificação do adquirente, seria possível verificar, que, em data próxima e anterior ao registro da DI, era elaborado um documento intitulado “Solicitação de Numerário”, de nome autoexplicativo, onde a importadora ostensiva (Prime) solicitaria a antecipação dos recursos empregados no registro da declaração de importação. I.II.IV Análise da Contabilidade e Movimentação Bancária da Utilidad A ausência de recursos financeiros para fazer face aos dispêndios inerentes às operações da pessoa jurídica Utilidad teria sido identificada a partir da análise da contabilidade da autuada, revelando que a empresa, na realidade, atuava como interposta pessoa, ocultando terceiro, verdadeiro responsável pela operação. Confirase alguns dos indícios apurados pela fiscalização: a) “Estouro” da conta caixa, o que evidenciaria o aporte de recursos de terceiros, com origem não comprovada; b) Contabilização de estoques em valores diversos das operações de importação, de modo a “inflar” os custos e reduzir o valor dos tributos internos; c) “Estouro” do estoque, representado pela escrituração da venda de mercadorias que não se encontravam no estoque. d) Ocultação dos reais adquirentes, mediante a simulação de vendas sem nenhum ou com pouco valor agregado ou venda em data anterior ao registro da DI. e) Simulação do recebimento de duplicatas; f) Ausência de bens no ativo imobilizado; g) Movimentações bancárias vultosas sem o devido registro contábil h) Simulação da disponibilidade de recursos que nunca teriam transitado pela conta caixa; O cotejamento entre contabilidade e extratos bancários revelou, ainda, o aporte de recursos de “clientes” nas contas bancárias da empresa Utilidad, através de descontos de duplicatas, depósitos, pagamento de títulos, transferência, etc. Tais recursos são imediatamente e integralmente repassados para a Prime para pagamentos de despesas com importação, revelando que tais “clientes”seriam os reais financiadores das operações declaradas como realizadas por conta e ordem da Utilidad. No que concerne ao “grupo” Mundo dos Filtros, foram identificadas inúmeras transações. Na maioria das vezes, tais montantes seriam imediata e integralmente transferidos à Prime. Exemplificativamente, destacamse as seguintes transações: Fl. 18742DF CARF MF 10 a) Folha 172 do Anexo B.4 – Entrada de recursos no montante de R$ 52.506,92 proveniente de seis transferências do grupo Mundo dos Filtros e saída no mesmo dia e valor para a empresa Prime, que registra estes créditos no CPP 134/10 (DI 11/06668091) conforme folha 8 do Anexo B.12 no dia 11/03/2011. Esta DI foi registrada no dia 12/04/2011, ou seja, um mês após o recebimentos dos valores dos reais adquirentes ocultos. b) Folhas 183 e 184 do Anexo B.4 – Entrada de recursos no montante de R$ 235.450,54 e 109.000,00 proveniente de 27 transferências do grupo Mundo dos Filtros e saída no mesmo dia e valor para a empresa Prime, que registra estes créditos no CPP 276/10 (DI 11/12365810, 11/12616235, 11/15254270, 11/1523621 2, 11/13600928 e 11/15383568) conforme folha 19 do Anexo B.12 no dia 25/03/2011. Estas DIs foram registradas em datas posteriores, ou seja, após o recebimentos dos valores dos reais adquirentes ocultos. c) Folha 29 do Anexo B.5 – Entrada de recursos no montante de R$ 226.334,44 proveniente de diversas transferências do grupo Mundo dos Filtros, somadas a uma transferência eletrônica no mesmo dia do Sr. Edmar Mothe, dono de empresas do grupo Mundo dos Filtros e saída, no dia seguinte, de montante no mesmo valor para a empresa Prime; Por outro lado, a análise dos extratos bancários revela, a existência de 43 transferências bancárias da Utilidad para a conta pessoal do Sr. Edmar Mothé (Banco Itaú Ag. 4454 CC 111115), entre os dias 25/07/2011 e 28/11/2011. Verificouse ainda que tais recursos seriam provenientes de vendas realizadas com o uso de documentos fiscais emitidos pela empresa Utilidad a supostos “clientes” (conforme Anexo “Documentos Comprobatórios – Outros – Transferências para Edmar Mothé”). Tal fato evidencia a íntima relação entre o Sr. Edmar Mothé e a Utilidad, embora, formalmente, ele só tenha figurado no quadro societário daquela pessoa jurídica por dois meses. Tais transferências demonstrariam, outrossim, que a empresa Utilidad emprestou e empresta sua estrutura fiscal, documental, contábil e bancária para ocultar os verdadeiros responsáveis pelas transações por ela registrada. Abaixo, apresentamse, exemplificativamente, algumas das transferências bancárias identificadas: Na linha 3 da tabela 6 identificase transferência no montante de R$ 111.150,00 (cento e onze mil e cento e cinqüenta reais) relacionado à Nota Fiscal nº 1170A, a qual se refere a uma venda da empresa Utilidad para um “cliente” no montante de R$ 223.300,00 (duzentos e vinte e três mil e trezentos reais). Ou seja, a empresa Utilidad repassou 50% (cinqüenta por cento) desta venda da Utilidad para Sr. Edmar Mothé. Na linha 6 da tabela 6 identificase tranferência no mesmo valor, revelando a transferência integral da receita de venda feita por meio da Utilidad. Na linha 13 da tabela 6 identificase transferência no montante de R$ 19.000,00 (dezenove mil reais) relacionada à Fl. 18743DF CARF MF Processo nº 10111.720831/201592 Acórdão n.º 3201004.915 S3C2T1 Fl. 18.739 11 Nota Fiscal nº 1772, referente a uma venda da empresa Utilidad para um “cliente” no mesmo montante. Ou seja, a empresa Utilidad repassou a totalidade desta receita de venda da Utilidad para o Sr. Edmar Mothé. Na linha 32 da tabela 6 identificase transferência bancária no montante de R$ 19.000,00 (dezenove mil reais) relacionada à Nota Fiscal nº 1774, referente a uma venda da empresa Utilidad para um “cliente” no mesmo montante. Ou seja, novamente, a empresa Utilidad repassou a totalidade desta receita de venda da Utilidad para o Sr. Edmar Mothé. No particular, concluiu a fiscalização: “A tabela 6 acima relaciona ainda outras tantas transferências que demonstram que a relação do Sr. EDMAR MOTHÉ com a empresa ora fiscalizada é de uma pessoa responsável pelo financiamento das operações da empresa UTILIDAD, ditas como de sua própria importação nas Declarações de Importação registradas pela dupla PRIME COMERCIAL e UTILIDAD. Este financiador, Sr EDMAR MOTHÉ, é ou foi dono de empresas do grupo Mundo dos Filtros que ficam ocultas em todas as importações registradas pela UTILIDAD e que a fiscalização demonstra durante todo este Termo de Verificação Fiscal que são estas as empresas reais adquirentes ocultas de diversas importações registradas em nome da UTILIDAD.” II. Da Auditoria Realizada sobre a Univex Além de relacionar as intimações realizadas para empreendimento do procedimento fiscal e respectivas respostas e negativas recebidas, observa a autoridade fiscal que parte das mercadorias importadas e que estariam sujeitas à pena de perdimento já havia sido entregue à custódia da Receita Federal, por ocasião da realização de outro procedimento fiscal. Registra, outrossim, que o procedimento que resultou no presente auto de infração limitouse às operações cujas mercadorias não foram localizadas, em razão de haverem sido revendidas ou consumidas. II.I Do Contrato Social Nesse ponto, relembra a autoridade fiscal informações já detalhadas que demonstram a participação direta de membros da família Mothe no quadro societário da empresa e especificamente do Sr. Edmar Mothe, bem como na composição de diversas outras empresas ligadas ao "Grupo Mundo dos Filtros". Aponta que a relação entre o Sr. Edmar Mothe e a Utilidad, empresa da qual teria sido sócio, reforça a tese defendida pela fiscalização de que a relação entre Univex (Mundo dos Filtros) e Utilidad (declarada como adquirente dos bens importados) visava à ocultação da participação dos verdadeiros responsáveis pelas transações internacionais. Fl. 18744DF CARF MF 12 II.I Análise dos Registros Contábeis e Cotejamento com Informações Extraídas da Auditoria Realizada sobre as Empresas Utilidad e Prime Os livros contábeis da pessoa jurídica Univex, segundo a autoridade autuante, revelariam novas evidências da sua condição de real financiadora de parte das operações declaradas como realizadas pela pessoa jurídica Prime, por conta e ordem da pessoa jurídica Utilidad. Tais irregularidades teriam sido evidenciadas a partir da análise dos lançamentos efetuados no Livro Diário nº 004 (janeiro a dezembro de 2011), onde se verificariam lançamentos contábeis destinados a registrar as transferências de valores para a Utilidad, as quais seriam corroboradas pelos extratos bancários da Utilidad. O primeiro desses lançamentos aparece na folha nº 0023 do Livro Diário nº 004, registrado no dia 11 de março de 2011, e apresenta uma transação a crédito da conta contábil de bancos nº 1.1.01.02.0003, a qual reflete as movimentações da conta corrente que a empresa mantém no Banco do Brasil S/A, com o histórico descrito como “enviado em transferência”, e valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). No particular, a análise das contabilidades da Prime e Utilidad teria revelado que as entradas de recursos somariam os montantes de R$ 52.506,92, provenientes de 6 transferências do grupo Mundo dos Filtros, sendo que a participação da Univex foi com o valor já citado, conforme identificado no extrato bancário. Registrase, ainda, que na mesma data tal soma de valores foi integralmente repassada pela Utilidad à Prime. Observa a autoridade fiscal que a contrapartida do lançamento contábil foi feita contra a conta caixa, e não contra uma conta de fornecedores, o que seria esperado. E não há registro contábil de saída desse valor da conta caixa. Ou seja, a transferência não foi devidamente lançada na contabilidade pela Univex. Segundo os autuantes, tal constatação corroboraria a tese de que a empresa aqui fiscalizada, a Univex, agira intencionalmente para encobrir tal transação e manter oculta sua participação como financiadora das importações, pois de fato faria parte de um esquema existente para fraudar o Erário Público, através de operações de importação. Tal fato reflete ainda a inidoneidade de sua contabilidade. Aponta o auditorfiscal a existência de diversos outros lançamentos de valores transferidos pela Univex para a Utilidad, inclusive envolvendo somas bastante superiores a essa, sempre como parte de um conjunto de transferências de empresas do Grupo Mundo dos Filtros, feitas no mesmo dia, cujas somas dos montantes eram também repassadas no mesmo dia para a importadora Prime, para financiar as importações, e não registrados na contabilidade da Univex. Fl. 18745DF CARF MF Processo nº 10111.720831/201592 Acórdão n.º 3201004.915 S3C2T1 Fl. 18.740 13 Tais fatos denotariam que a Univex agira deliberadamente em conluio com a Utilidad para ocultar sua condição de real financiadora das importações. II.II Das Importações realizadas no Interesse do “Grupo” Mundo dos Filtros As seguintes declarações de importação foram apontadas como tendo sido realizadas por conta e ordem ou sob encomenda do “grupo” Mundo dos Filtros. As mercadorias importadas por intermédio de cada uma delas teriam sido integralmente vendidas a empresas do “grupo”, dentre elas a Univex. A análise feita sobre as notas fiscais de venda emitidas pela empresa Utilidad, relativamente a todas as 21 DIs verificadas no âmbito do presente processo permitiria concluir que, em todos os casos, a integralidade das mercadorias importadas seria repassada a diversas empresas do “grupo” Mundo dos Filtros, dentre elas a Univex. Pontua a autoridade fiscal, em alguns casos, a identificação de transferências de numerários por empresas ligadas ao “Mundo dos Filtros” antes do registro importação. Em outras operações, aponta o autuante a existência de documentos comprovando que previamente ao registro da DI a Utilidad já definira as empresas ligadas ao Mundo dos Filtros como clientes para “aquisição” da mercadoria importadas. Registrase ainda que, nas operações fiscalizadas, regra geral, teria sido constatada exclusivamente uma pequena diferença no valor agregado (entre 3,4% e 13,7%). Há casos em que a agregação foi negativa. Em outros casos, teria sido identificada a prática de subfaturamento, a partir do cotejamento de duas versões da invoice apreendidas. Conclui a autoridade fiscal: “Esta situação, em conjunto com outros elementos constantes no Auto de Infração do processo nº 10111.720547/201273, bem como todos os argumentos anteriormente apresentados, formou a convicção de que a relação entre os reais adquirentes (empresas MUNDO DOS FILTROS, entre elas, a UNIVEX) e a empresa UTILIDAD não é comercial, e sim uma relação que visa a ocultar os verdadeiros os verdadeiros responsáveis pela importação daqueles produtos, e que ficaram ocultos em todas as declarações e documentos apresentados à RFB no curso da fiscalização feita sobre a UTILIDAD e agora sobre a UNIVEX. A ocultação do real adquirente visa a “blindar” os verdadeiros favorecidos pela fraude, uma vez que estas empresas, quando chamadas a cumprir com suas obrigações legais tributárias e até civis), não são alcançadas em virtude da ocultação. Finalmente, após discorrer sobre a legislação de regência, detalhando seu entendimento a respeito das três modalidades de importação previstas, concluiu a autoridade fiscal que, em face de tais constatações, as mercadorias importadas sujeitarseiam à pena de perdimento, com fulcro no inciso V do art. 23 do Decretolei nº 1.455, de 1976 e, dado que a maior parte das mercadorias, conforme declarado pela Fl. 18746DF CARF MF 14 autuada, teria sido revendida, caberia a aplicação da multa substitutiva prevista no § 3º do mesmo art. 23. DA IMPUGNAÇÃO A seguir, apresentase uma síntese dos argumentos manejados pela defesa dos impugnantes. I. Univex, Sr. Edmar Mothe e Sra. Mariângela Mothe Amorim Regularmente cientificados em 06/05/2015 (Univex) e em 22/05/2015 (Sr. Edmar Mothe e Sra. Mariângela Mothe Amorim), comparecem os autuados ao processo em 03/06/2015, apresentando impugnação na qual manejam as alegações sintetizadas a seguir. Inicialmente, alegam que, nos termos do acórdão proferido pela DRJ/Fortaleza no âmbito do processo administrativo fiscal 10111.722272/201393, que julgou nulo auto de infração lavrado com base nos mesmos fatos ora narrados, é ônus do Fisco colacionar os elementos de prova dos fatos constitutivos do direito fazendário. Observa que não foi anexado aos autos o inteiro teor daquele processo, movido contra a Utilidad, do qual teriam sido extraídas provas emprestadas ao presente, fato que deveria novamente motivar a anulação do feito. Acrescenta que as conclusões apresentadas em processo do qual não fizeram parte, e ao qual não têm acesso, não poderiam fazer prova contra os impugnantes, uma vez que foram anexados ao presente apenas trechos do processo 10111.720547/201273. No mérito, alegam que as operações de importação objeto de autuação teriam sido realizadas pela Prime, por conta e ordem da Utilidad, ressalvando, ainda, que apenas uma parcela das mercadorias importadas teria sido revendida à Univex. Destacam que as pessoas jurídicas que teriam adquirido mercadorias da Utilidad seriam autônomas entre si, sendo irrelevante o fato de algumas delas apresentarem sócios em comum ou com parentesco com o Sr. Edmar Mothe, idealizador da marca. Tais empresas seriam varejistas e não importadoras, e apenas compartilhariam os mesmos fornecedores. Teria cabido ao Sr. Edmar Mothe realizar uma grande negociação para que diversas empresas da marca adquirissem conjuntamente mercadorias junto à Utilidad. Observam, por outro lado, que num primeiro momento os produtos comercializados apresentariam a marca Utilidad e, posteriormente, passouse a mesclar os mesmos produtos com outras marcas. Sustentam que caberia à autoridade fiscal o ônus probandi, o que exigiria demonstrar o exato fluxo financeiro relativo a cada importação. Noutro giro, argúem que não se poderia apenar empresas que apenas teriam adquirido mercadorias junto a empresas nacionais regulares, em transações com nota fiscal e, mais relevante, à vista do comprovante de importação. Irregularidades eventualmente Fl. 18747DF CARF MF Processo nº 10111.720831/201592 Acórdão n.º 3201004.915 S3C2T1 Fl. 18.741 15 praticadas na importação não alcançariam a impugnante que seria adquirente de boa fé. Reitera que a impugnante não participaria das importações. Ressalva que não haveria lei que proibisse tal modelo de organização e afirma que todos os impostos incidentes sobre as transações teriam sido regularmente recolhidos. Acrescenta que o fato de os sócios das empresas Prime e Utilidad haverem optado por constituir duas empresas distintas, uma focada na importação, fazendo jus aos benefícios fiscais concedidos no âmbito do DF, e outra focada na distribuição de mercadorias, não caracterizaria qualquer irregularidade, assim como seria legalmente admitido que a Univex, adquirisse produtos importados pela Prime e distribuídos pela Utilidad. A própria Constituição Federal ampararia a livre iniciativa e livre organização, e definiria que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Nesse trilhar, não se poderia falar em ocultação da Univex, uma vez que a impugnante seria apenas um dos clientes da Utilidad, sendo que as mercadorias objeto das DI em questão teriam sido revendidas a diversas empresas e, ademais, a maior parte dos produtos ostentaria a marca da importadora. Tais transações decorreriam da livre organização da atividade empresarial e seriam lícitas. Destacam que não existiria qualquer vínculo entre Univex e Utilidad. Defendem que o Siscomex não admitiria a inclusão de informações relativas à revenda de mercadorias a elos posteriores da cadeia de importação o que tornaria impossível atender à expectativa fiscal. Sustentam que haveria cerca de 30 adquirentes de mercadorias da Utilidad no caso em tela, sendo inviável o registro de 30 declarações de importação, com 30 faturas comerciais e 30 conhecimentos de carga, como se cada uma dessas empresas tivesse negociado individualmente suas mercadorias com o fornecedor estrangeiro. Por outro lado, acrescentam que eventuais erros contábeis encontrados pela Fiscalização não poderiam sustentar a acusação de ocultação, sendo esta uma infração objetiva. Sustentam que não há nos autos prova de que a Utilidad não tenha negociado as mercadorias no exterior, assim como não haveria nos autos provas de que a impugnante procedera a tal negociação, de modo a caracterizar sua ocultação. Acrescenta que as empresas estavam regularmente estabelecidas e existiriam de fato. Em síntese, defendem que o lançamento seja julgado improcedente. Particularmente no que diz respeito à responsabilidade dos sócios, alegase que: Fl. 18748DF CARF MF 16 a) Esta seria limitada ao valor integralizado das respectiva cotas, sendo todos os sócios responsáveis solidariamente pela integralização total do capital, enquanto não cumprida em sua totalidade. Nesse contexto, o acesso a bens pessoais dos sócios somente seria admissível caso comprovada a prática de atos realizados com excesso de poderes, que culminassem em ilícitos, fraudes ou irregularidades que lesassem terceiros; b) Não teria sido individualizada a conduta de cada sócio, que apenas teriam sido arrolados em razão de seus poderes teóricos. Defende, outrossim, que os sócios que não exercem atos irregulares, dos quais resultem transtornos para a empresa não responderão com seus bens, segundo entendimento que seria pacífico no STJ; c) Na mesma linha, argumentase que a desconsideração da personalidade jurídica somente seria admissível quando for inconteste a prática de atos exercidos com excesso de poderes da parte dos sócios, sendo imperioso o benefício de ordem, que prevê primeiramente o esgotamento dos bens da sociedade. Acrescenta que tal instituto somente poderia ser aplicado pelo poder judiciário; d) No que diz respeito exclusivamente ao Sr. Edmar Mothe, informase que não se comentará sua participação no quadro societário da empresa Utilidad, uma vez que tal medida seria objeto de outro processo, cabendo apenas discutirse sua posição no quadro da Univex. Argumenta que em nenhum momento a acusação individualizou a conduta o Sr. Edmar Mothe de maneira a ensejar sua punição, sendo certo que esta não pode decorrer do mero fato de ele figurar no quadro societário da autuada. e)No que tange à Sra. Mariângela Mothe Amorim, alegase, igualmente, que não houve individualização de conduta que ensejasse sua responsabilização, acrescentandose que a acusação visava a punila em razão de mero parentesco com o Sr. Edmar Mothe. Ao final, no que tange à responsibilização fiscal para fins penais, argumentam que a pretensão de punir criminalmente os autuados seria desprovida de qualquer fundamento, cabendo, com base nos argumentos narrados, sua exclusão do pólo passivo. Por fim, requerem que, ante os argumentos lançados e a ausência de provas, que o auto de infração seja julgado improcedente. Subsidiariamente, requerem a relevação da pena de perdimento, aplicandose a multa de que trata o art. 712 do regulamento aduaneiro, bem como a exclusão dos sócios do pólo passivo da obrigação tributária, não tendo sido indicados atos praticados na administração da referida empresa com excesso de poderes ou com infração à lei, contrato social e estatutos. 2. Prime e Utilidad Regularmente cientificadas por via postal em 25 de maio de 2015, comparecem as autuadas Prime e Utilidad ao processo em 22 de junho de 2006, para impugnar o feito, Fl. 18749DF CARF MF Processo nº 10111.720831/201592 Acórdão n.º 3201004.915 S3C2T1 Fl. 18.742 17 manuseando essencialmente os mesmos argumentos, os quais sintetizamos a seguir. Após arguírem a tempestividade de impugnação apresentada, passam a confrontar a acusação. Inicialmente, argumentam que o auto de infração vinculado ao Processo Administrativo Fiscal no. 10111.720547/201273, lavrado contra a Utilidad e do qual a fiscalização extraíra provas emprestadas ao presente processo, teria sido julgado improcedente em Primeira Instância Administrativa. Defendem, outrossim, que não restara comprovada a interposição fraudulenta de terceiros em tais operações. Nesse trilhar, pugnam preliminarmente pela nulidade do lançamento.Nesse ponto, defendem que o presente lançamento seria uma decorrência daquele veiculado no âmbito do processo 10111.720547/201273. Argumentam que a prova emprestada, notadamente o Termo de Verificação Fiscal que sustentaria as conclusões de que houvera prática de interposição fraudulenta pela Utilidad, não seria útil ao presente lançamento, posto que tal alegação teria sido afastada pelas autoridades que julgaram aquele processo. Noutras palavras, argumentam que não se vislumbraria materialidade do ato. No mérito, destacase, inicialmente, que a Utilidad disporia de capital social de 500.000,00 devidamente integralizados. Acrescentase que diferentemente do alegado pela autoridade fiscal, seu quadro societário seria distinto daquele da empresa Prime. Registrase que a partir da 5a. alteração contratual, fariam parte do quadro societário da Prime, Altemir Rogério Marques e Anderson Rodrigo Marques, sendo que somente Vinícius da Costa Coelho e Daniel Chicrala Chaves de Oliveira integrariam ambas sociedades empresariais. Observam ainda que o objetivo comercial da Prime seria o de desenvolvimento de atividades de comércio exterior, podendo importar, exportar, distribuir, comercializar, armazenar em estabelecimento de terceiros de diversos gêneros, bem como a prestação de serviços de transportes rodoviário de cargas e logística. Concluem que as operações da prime resumirseiam à importação ostensiva de mercadorias, tanto para a Utilidad como para outras empresas, sendo que a Utilidad atuaria exclusivamente na distribuição de mercadorias. Destacase que a participação da Prime na cadeia comercial da Utilidad seria justificada em razão da fruição de benefícios fiscais concedidos pelo Distrito Federal à primeira, o que contribuiria para a redução do custo dos produtos revendidos. Defendese que a fiscalização não pode exigir que se siga determinado modelo de negócios, sendo que a Constituição Federal, por meio de seus art. 170 e 173, defende expressamente o direito à liberdade econômica, livre iniciativa e livre concorrência. Fl. 18750DF CARF MF 18 Defendem, outrossim, a licitude do modelo comercial adotado e da opção, pela Utilidad, pela terceirização de suas importações. Acrescentam que a norma e o próprio Siscomex não previram a possibilidade de indicação de mais de um adquirente. Sustentase que a situação seria distinta caso a empresa apontada como adquirente das mercadorias (a Utilidad) inexistisse de fato. Entretanto, afirmase que a empresa possui recursos próprios e quadro societário distinto da importadora (Prime). Quanto aos documentos coletados nas diligências ficais, os CPP, esclarecem tratarse do registro de cada processo "importação venda", com o fito de analisar as estatísticas, para definir as estratégias de marketing, ações comerciais, busca por novos produtos, bem como outras atividades ligadas ao fim das empresas. Argumentam que, em que pese a fiscalização sustentar que tais documentos seriam definidos antes das vendas, o que aconteceria na prática seria que tais pastas seriam montadas posteriormente à realização das vendas. Desse modo, não se poderia afirmar que a empresa conheceria antecipadamente todos os clientes. Nesse trilhar, sustentam ainda que o fato de empresa trocar emails com potenciais clientes antes da importação não significaria que a importação tratarseia de uma encomenda. Alega que a empresa, ante aos riscos inerentes ao comércio exterior, realizaria pesquisas junto ao mercado antes de efetuar suas importações. Acrescenta ainda que, com o tempo, a empresa acabaria sendo capaz de identificar as necessidades de seus clientes. Sustenta que seria natural os clientes adquirirem grande parte ou mesmo a totalidade dos produtos importados, uma vez que as quantidades importadas seriam inferiores à sua demanda. Argumentam que boa parte dos produtos comercializados pela Utilidad, especialmente eletrodomésticos, seriam estampados com a marca da empresa. Defende que a marca pertence à própria empresa, e não às suas clientes, o que descaracterizaria a ocultação. Questionam as conclusões da fiscalização relativamente aos lançamento da Univex em favor da Utilidad, que foram creditados à conta Caixa. Argumenta que não seria possível responsabilizar a impugnante por equívocos cometidos na contabilidade de sua cliente. Particularmente a Utilidad maneja os argumentos a seguir sintetizados, no que diz respeito à sua relação com as empresas do grupo Mundo dos Filtros, ao seu quadro societário e correspondente integralização de seu capital social, e à sua capacidade financeira e análise contábil. No que se refere ao "grupo Mundo dos Filtros" alega, inicialmente, que se trata de um conjunto de empresas distintas, Fl. 18751DF CARF MF Processo nº 10111.720831/201592 Acórdão n.º 3201004.915 S3C2T1 Fl. 18.743 19 com quadros societários distintos, o que, por si só, deveria afastar a alegação de ocultação. Acrescenta que praticaria a mesma política de preços com todas as empresas do grupo, as quais teriam sido apresentadas à Utilidad pelo Sr. Edmar Mothe, que, parceiro, acabou convidado da integrar o quadro societário da empresa. Alega repassar ao Sr. Edmar Mothe valores a título de comissão ou bonificação, visto que a política de preços deve ser a mesma para todas as empresas do Mundo dos Filtros, o que impediria o pagamento de tais bonificações via descontos para as empresas das quais o Sr. Edmar Mothe seria integrante. Sustenta que não haveria ilicitude em tais transações, cabendo, se fosse o caso, cobrar os impostos correspondentes ao Sr. Edmar Mothe. Defende que as margens de agregação praticadas, entre 3 e 10% seriam suficientes para o primeiro elo da cadeia, argumentando ainda que a prática de margens maiores poderia levar à estagnação do estoque. Por outro lado, defende que, a despeito dos questionamentos acerca da capacidade econômica dos sócios e relativos à integralização do capital social, a Utilidad disporia de crédito bancário de R$ 8 milhões, o que teria sido comprovado no processo administrativo 10111.720547/201273, sendo suficiente para viabilizar todas as suas operações. Registra ainda que, embora os volumes transacionados fossem grandes, suas margens eram pequenas, o que exigia rápido giro do estoque. Atribui a participação do Sr. Edmar Mothe "por breve período" no quadro da empresa ao seu entusiasmo momentâneo com o negócio, por ocasião do convite, e sua posterior frustração, ao perceber que os ganhos da Utilidad seriam pequenos e o trabalho intenso. Pondera que a Prime, da qual o Sr. Edmar Mothe não se tornou sócio, responderia por uma parte maior dos lucros, em razão do benefício fiscal recebido do Distrito Federal. No que tange à integralização do capital, aponta os sócios responsáveis pelas respectivas integralizações, incluindo o Sr. Edmar Mothe, afirmando que as origens de recursos estariam descritas nas respectivas declarações de renda dos exercícios de 2011 e 2012, conforme o caso. No que tange à Prime, o dinheiro utilizado estaria disponível no caixa da empresa. Sustenta que haveria mero desencontro entre as datas da integralização de fato e as datas da constantes do contrato social, erro passível de retificação. Nesse trilhar, alega que incumbiria ao Fisco demonstrar eventual irregularidade na origem dos recursos empregados, Fl. 18752DF CARF MF 20 devidamente apontados nas declarações de renda, e faz remissão às conclusões apresentadas no julgamento, em Primeira Instância Administrativa, do processo 10111.720547/201273. No que tange à alegação da autoridade fiscal de que as declarações de renda, desacompanhadas de documentação comprobatória não se prestariam a demonstrar a origem lícita dos recursos empregados, argumenta que tais declarações constituiriam obrigações acessórias, e, como tal, gozariam de presunção de veracidade, competindo ao Fisco demonstrar omissão ou inexatidão (art. 7o da Lei 9.250/95). Acrescenta que no citado processo administrativo fiscal, o Fisco empreendera análise da contabilidade da empresa e concluíra que esta se valia de recursos dos clientes para empreender suas operações, o que, no entendimento da autuação, implicaria reconhecer que tais clientes seriam os verdadeiros adquirentes das mercadorias importadas, os quais teriam restado ocultos perante o Fisco. Reitera que a autoridade fiscal deixara de considerar a existência de crédito bancário em montante superior a R$ 8 milhões. Acrescenta que as notas fiscais emitidas traduziriam a realidade das operações, e que os livros fiscais da empresa as escriturariam de forma correta. Por outro lado, ante o giro e volume de operações, argumenta que seria impossível vincular um ou outro pagamento a determinada operação de comércio exterior. No que diz respeito ao estouro de caixa verificado no âmbito do processo administrativo 10111.720547/201273, reconhece sua ocorrência, mas alega que a grande maioria dos recebimentos em questão decorreria do desconto de duplicatas em empresas de fomento mercantil. Defende o afastamento de toda e qualquer penalidade, incluindo a multa proporcional ao valor aduaneiro substitutiva da pena de perdimento. Por sua vez, a Prime defende a regularidade de sua conduta, manejando individualmente os argumentos a seguir sintetizados. Inicialmente, destaca haver cumprido todas as obrigações principais e acessórias relativas às importações, tendo declarado com exatidão todos os seus elementos. Ressalta que os pagamentos realizados pela Utilidad seriam legais, não cabendo à Prime investigar a origem dos recursos recebidos. Esclarece que a relação entre ambas empresas é estritamente comercial, sobretudo se considerado o vasto crédito que a Utilidad detinha no mercado. Reitera o argumento manejado pela Utilidad de que o saldo credor de caixa decorreria do desconto de duplicatas em empresas de fomento mercantil. Fl. 18753DF CARF MF Processo nº 10111.720831/201592 Acórdão n.º 3201004.915 S3C2T1 Fl. 18.744 21 Tal qual a Utilidad, defende o afastamento de toda e qualquer penalidade, incluindo a multa proporcional ao valor aduaneiro substitutiva da pena de perdimento. No que tange à responsabilidade solidária, ambas as empresas alegam, inicialmente, que restando afastada a hipótese de ocultação dos reais adquirentes, e tendo restado caracterizado que as mercadorias teriam sido adquiridas com recursos próprios, não caberia a aplicação do art. 95 do Decreto Lei 37/66. No que tange à aplicação do art. 124 do CTN, sustenta ser necessária a caracterização de interesse comum aos devedores, sendo que as partes envolvidas deveriam estar no mesmo polo de uma determinada operação jurídica para que houvesse unidade de interesse. Desse modo, os devedores teriam que ter interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária. Nesse trilhar, alega não haver interesse comum, mas apenas coincidente em relação à efetividade do negócio, sendo que o prestador de serviços tem interesse em prestar o serviço para receber o preço pactuado. Já ao tomador interessa receber o serviço, pouco importando ao prestador o destino final que se dá à mercadoria. Por fim, no que tange à solidariedade dos sócios, prevista no art. 134 do CTN, defende que tal expediente somente pode ser aplicado nas hipóteses em que há dissolução (liquidação) da sociedade, o que não ocorreu. Registra, ainda, que a solidariedade alcança ainda as pessoas elencadas no 135 do CTN, ou seja, além das mencionadas no 134, os mandatários, prepostos empregados, diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, no que tange aos atos praticados com excesso de poderes, infração à lei, contrato social ou estatuto. Argumenta que não haveria como, ante à análise dos art. 134 e 135, subsistir o auto de infração, por ausência de subsunção dos fatos à norma. Requerem que sejam conhecidas as impugnações e julgado improcedente o auto de infração. 3. Cleide Sônia Barbosa Regularmente cientificada em 22/05/2015 da sua condição de responsável solidária pelo crédito tributário constituído, comparece a autuada ao processo em 19/06/15, para impugnar o lançamento, apresentando as razões de defesa a seguir sintetizadas. Inicialmente, alega jamais haver praticado atos de gestão durante o período em que figurou no quadro societário da empresa Univex. Fl. 18754DF CARF MF 22 Refuta a suposta acusação da fiscalização de que a aquisição das mercadorias em território nacional, após o regular recolhimento dos tributos incidentes, teria o objetivo de propiciar a evasão de tributos mediante atos fraudulentos. Informa que não caberia a si pronunciarse sobre a conduta da empresa, seja por não ser mais sócia, seja por desconhecer a íntegra dos fatos, os quais não lhes dizem respeito. Acrescenta que somente poderia ser responsabilizada caso houvesse a comprovação de que agira com excesso de poderes. Nesse trilhar, reitera argumentos já manejados pelos demais impugnantes, de que a responsabilidade dos sócios seria limitada à integralização do capital social, havendo distinção entre a personalidade da empresa e de seus sócios, sendo igualmente distintos os patrimônios de um e de outros. Não haveria nos autos qualquer prova de atos praticados pela impugnante, seja celebração de contrato, assinatura de cheques, assunção de avais, dívidas ou outra obrigações. Defende que, ainda que viesse a ser comprovada a responsabilidade dos sócios, a desconsideração da personalidade jurídica exigiria a observância do benefício de ordem, sendo imperioso inicialmente esgotarse o patrimônio da empresa. Acrescenta que tal instituto somente poderia ser aplicado pelo Poder Judiciário. No mais, discorre sobre as hipóteses de responsabilização dos sócios, previstas no CTN, manejando argumentos já levantados pelos demais impugnantes. É o Relatório. Após exame das defesas apresentadas pelos Contribuintes Edmar MothÉ; Mariângela Mothe Amorim; Cleide Sônia Barbosa; Prime e Utilidad, a DRJ proferiu acórdão assim ementado: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 07/10/2010 a 02/02/2012 CERCEAMENTO DE DEFESA. USO DE PROVA EMPRESTADA. NECESSIDADE DE TRANSPOSIÇÃO INTEGRAL DE PROCESSO CONEXO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. DECISÃO FAVORÁVEL À AUTUADA EM PROCESSO CONEXO. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE PREJUDICIALIDADE. O uso de prova emprestada, coletada no âmbito de outro procedimento fiscal e que tenha embasado outro lançamento é admitido pela legislação, cabendo transladar ao presente processo a íntegra dos elementos que servem de suporte à acusação, e não a íntegra do processo de origem de tais elementos, o qual abrange matéria estranha e irrelevante à análise da acusação ora julgada. Assim sendo, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa uma vez que todos os elementos que efetivamente respaldam as conclusões da fiscalização encontramse reproduzidos no presente processo. Fl. 18755DF CARF MF Processo nº 10111.720831/201592 Acórdão n.º 3201004.915 S3C2T1 Fl. 18.745 23 Ademais, embora ambos processos compartilhem determinado conjunto probatório, há que se observar que inexiste relação de prejudicialidade entre eles. Com efeito, mesmo que o julgamento do processo do qual se extraíram parte das provas a sustentar uma nova acusação tivesse concluído pela insubsistência daquela acusação, o que comprovadamente não ocorreu, cabe apreciar a nova acusação, valorandose efetivamente os elementos probatórios apresentados e buscando verificarse a subsunção dos fatos à norma. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 07/10/2010 a 02/02/2012 DANO AO ERÁRIO. OCULTAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO, DO REAL VENDEDOR, COMPRADOR OU DE RESPONSÁVEL PELA OPERAÇÃO. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM PECÚNIA. PROCEDÊNCIA. O dano ao Erário decorrente da ocultação das partes envolvidas na operação comercial que fez vir a mercadoria do exterior é hipótese de infração “de mera conduta”, que se materializa quando o sujeito passivo oculta a intervenção de terceiro, independentemente do prejuízo tributário perpetrado. O dano ao Erário deve ser punido com a pena de perdimento dos bens ou, na impossibilidade de sua apreensão, deve ser aplicada multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias. RELEVAÇÃO DA PENALIDADE DE PERDIMENTO. INCOMPETÊNCIA. A competência para relevação da penalidade de perdimento, prevista no art. 736 Regulamento Aduaneiro de 2009, na hipótese em que restem configuradas os pressupostos estabelecidos, é privativa do Ministro da Fazenda. SOLIDARIEDADE DOS SÓCIOS. LIMITES. EXCEÇÕES. Os sócios, ao constituírem a sociedade sob a forma limitada, limitam sua responsabilidade aos aportes que realizam para a formação do capital social. Porém, existem exceções a tal princípio geral, uma delas aplicável às relações de cunho jurídico tributária, relacionadas aos atos gerenciais praticados com excesso de mandato, violação da lei ou do contrato social. Em tais situações os sócios devem responder solidariamente pelo crédito lançado. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido A procedência parcial da impugnação, portanto, se deu exclusivamente para afastar do pólo passivo a Sra. Mariângela Mothé Amorim, e reduzindo a responsabilidade solidária da Sra. Cleide Sônia Barbosa aos fatos geradores ocorridos até 20/01/2011. Devidamente intimados, os Contribuintes CLEIDE SÔNIA BARBOSA (fls. 18.663 e seguintes); ADRIANA VAZ DA COSTA (fls. 18.675 e seguintes); UTILIDAD COMÉRCIO DE MÓVEIS e PRIME COMERCIAL IMPORTADORA E EXPORTADORA Fl. 18756DF CARF MF 24 LTDA (fls. 18.689 e seguintes) apresentaram Recurso Voluntário, reiterando os argumentos de defesa apresentados quanto ao crédito tributário mantido. Os autos foram inicialmente distribuídos à Conselheira Mara Cristina Sifuentes, da 1ª TO da 4º Câmara desta 3º Seção de Julgamento. Nos termos despacho de fls. 18.727 e seguintes, foi determinada, com a concordância dos respectivos Presidentes de Turma, Câmara e Seção, a remessa dos autos à minha relatoria em razão de conexão com o Processo nº 10111.720.547/201273 (Utilidad). Por conseguinte, os autos foram a mim redistribuídos para inclusão em pauta de julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Tatiana Josefovicz Belisário Os Recursos Voluntários são próprios e tempestivos, portanto, dele tomo conhecimento. Inicialmente cumpre esclarecer que, ao presente processo integra o seguinte grupo de processos reunidos por conexão: PROCESSO PARTE 10111.720547/201273 UTILIDAD COMÉRCIO DE MÓVEIS E ELETRO LTDA. 10111.721635/201373 MEGALAR ELETRO UTILIDADES LTDA. EPP 10111.720158/201418 FILTROS AGUA LIMPA EIRELI ME 10111.720939/201313 UTILAR UTILIDADES PARA O LAR LTDA ME 10111.720047/201312 NOVA DISTRIBUIDORA E LOGÍSTICA LTDA. E OUTROS 10111.721473/201373 MYRA PARTICIPACOES, GESTAO DE ATIVOS, IMPORTACAO, EXPORTACAO E COMERCIO LTDA 10111.721457/201381 UTILAR UTILIDADES PARA O LAR LTDA ME 10111.720831/201592 UNIVEX COMERCIO DE UTILIDADES PARA O LAR E PRESENTES LTDA EPP Tratamse de autuações em face da constatação fiscal de operações de importação fraudulenta, com a ocultação do real importador. A UTILIDAD (Processo Principal) é apresentada como importadora ostensiva e, as demais empresas, como sujeitos ocultados. Fl. 18757DF CARF MF Processo nº 10111.720831/201592 Acórdão n.º 3201004.915 S3C2T1 Fl. 18.746 25 Todos os processos acima, reunidos por conexão, estão sendo submetidos a julgamento conjunto por este colegiado. Feito tal esclarecimento, passa ao exame dos presentes autos. Estão sob julgamento os seguintes Recursos Voluntários: 1. CLEIDE SÔNIA BARBOSA (fls. 18.663 e seguintes); 2. ADRIANA VAZ DA COSTA (fls. 18.675 e seguintes); 3. UTILIDAD COMÉRCIO DE MÓVEIS e 4. PRIME COMERCIAL IMPORTADORA E EXPORTADORA LTDA (fls. 18.689 e seguintes) Inexiste qualquer outro Recurso Voluntário nos autos. Assim, passase ao exame das razões recursais. Preliminarmente a Recorrente alega violação ao direito de ampla defesa e exercício do contraditório pelo fato de não lhe ter sido oportunizado o acesso ao Processo nº 10111.720547/201273 (Utilidad Processo principal), circunstância que impediria ou comprometeria a sua defesa. Com efeito, para fins de manutenção ou não do presente lançamento, apenas as provas acostadas nos presentes autos (ainda que oriundas de procedimento fiscalizatório diverso), podem ser levadas em consideração pelos julgadores. É a suficiência ou não das provas existentes que nortearão o julgamento. Em outras palavras, apenas o fato de não ter tido acesso aos autos do processo nº 10111.720547/201273 (Utilidad Processo principal), não é, por si só, suficiente para qualquer declaração de nulidade. E será no mérito que as provas existentes nos presentes autos serão examinadas, identificandose se estas são ou não aptas a fundamentar o lançamento combatido. Assim, afastase a preliminar aventada. Quanto ao mérito, temse que a multa cobrada no presente feito é exatamente a mesma objeto de cobrança nos autos principais nº 10111.720547/201273 (Utilidad). Desse modo, adotase aqui o mesmo posicionamento adotado no referido feito. Quanto ao mérito, deve merecer a mesma sorte daquele analisado nos autos do processo principal (10111.720547/201273 UTILIDAD), acima referenciado. A acusação fiscal fundamentase no fato de que, apesar das importações terem sido regularmente realizadas pelo Prime, com indicação que esta se dava por conta e ordem da Utilidad, existiria um terceiro envolvido ocultado da administração aduaneira. No caso, estaria se ocultando os clientes da Utilidad, como é o caso da empresa Recorrente, APL. Fl. 18758DF CARF MF 26 Buscouse demonstrar que, anteriormente ao registro das DI pela empresa Prime, na condição de importadora por conta e ordem e tendo como importadora final, a autuada Utilidad., a própria Utilidad já tinha conhecimento do seu destinatário final. Além disso, indicouse proximidade de datas entre o registro da DI e da Nota Fiscal de venda ao varejista “ocultado”. É preciso destacar que a cessão de nome identificada nos presentes autos se deu de forma atípica. Como afirma a Fiscalização, esta ocorreu no "segundo nível". Quer dizer, havia um primeira nível consistente na importação pela Prime por conta e ordem da Utilidad (primeiro nível), sendo que, no entendimento fiscal, deveria constar como real importador o destinatário final das mercadorias, no caso, os clientes da Utilidad (segundo nível). De fato, cuidou a Fiscalização de demonstrar que a Utilidad, quando registrava as importações, já tinha provável conhecimento do consumidor final que adquiriria tais itens no mercado interno. Nesse ponto, ressalto que a constatação de ocultação de nome ocorreu exclusivamente em razão desta prévia destinação, pois, como visto no Recurso de Ofício, a Fiscalização não logrou demonstrar a ocorrência de transferência indevida de recursos entre os envolvidos. Também relativamente à proximidade entre as datas de emissão das DI e Notas Fiscais de venda, não há nada que indique uma prévia encomenda, posto que os pedidos junto aos fabricantes estrangeiros ocorriam bem antes do registro da DI, estas emitidas apenas no momento de embarque das mercadorias no exterior, quando a Utilidad já poderia se comprometer comercialmente com os seus compradores. E mais, as importações eram realizadas via avião (e não via marítima), portanto, com curto prazo de transporte. A existência de operações comerciais pela destinatária das importações anteriores ao registro da importação não são, por si só, capazes de caracterizar irregularidade da operação antecedente. É certo que na importação realizada por conta e ordem só é possível informar o importador e o adquirente. Não existe qualquer ferramenta que permita a indicação de um terceiro envolvido nesta operação. Ou seja, se a Fiscalização não pôde desconsiderar a importação por conta e ordem realizada entre a Prime e a Utilidad, ou seja, não comprovou qualquer irregularidade nesta, não pode exigir a informação de uma terceira pessoa quando a legislação aduaneira não o faz. Notase que toda fundamentação da fiscalização se deu em cima da contabilidade da empresa, em nenhum momento perquiriu acerca da existência de um estoque físico de mercadorias. Desse modo, à exemplo do que se verifica relativamente à acusação de interposição fraudulenta, falhou a Fiscalização no seu ônus probatório. Ainda que existentes indícios de irregularidades nas empresas envolvidas e até mesmo nas operações, é preciso que a submissão dos fatos à norma seja feita de modo vinculado e coerente. É preciso ressaltar que a decisão ora proferida não tem o propósito de legitimar as operações de importação realizadas, tampouco a idoneidade das empresas envolvidas. O que se afirma é que o lançamento fiscal é carente de provas aptas a suportar a acusação realizada. Fl. 18759DF CARF MF Processo nº 10111.720831/201592 Acórdão n.º 3201004.915 S3C2T1 Fl. 18.747 27 Por fim, quanto à responsabilidade tributária solidária, também referenciando ao Processo nº 10111.720547/201273 (Utilidad Processo principal) No caso, tendo em vista o cancelamento da autuação por ausência de provas quanto ao cometimento dos ilícitos apontados, por mais razão deverá ser anulada a atribuição de uma responsabilidade que só se justificaria em razão do cometimento de ato ilícito. Ademais, vejase que no Relatório Fiscal limitouse à indicação dos dispositivos legais capazes de sustentar a solidariedade, contudo, sem indicar de forma precisa qual ato cometido pelo solidário seria apto para atrais a solidariedade, tampouco em qual inciso legal o ato seria enquadrado (por exemplo, se interesse comum ou se excesso de poderes pelo administrador) 7.4 – SOLIDARIEDADE NA APLICAÇÃO DA PENALIDADE: As empresas UTILIDAD e seus sócios e exsócios, PRIME COMERCIAL e seus sócios, devem aparecer como figura solidária e responsável no pólo passivo para as penalidades aplicadas, nos termos do Artigo 124, 134 e 135 do Código Tributário Nacional (CTN), Lei nº 5.172/66. Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: I os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; II os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; V o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; VI os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; VII os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório. Fl. 18760DF CARF MF 28 Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Logo, mais uma vez se constata a fragilidade do lançamento fiscal, deixando novamente de proceder a subsunção do fato à norma. No caso, sequer indicou qual fato seria capaz de atrair a incidência de qualquer norma impositiva de solidariedade, seja qual for a sua natureza Pelo exposto, votase por DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntários para cancelar a exigência fiscal. É como voto. Tatiana Josefovicz Belisário Fl. 18761DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13884.722782/2016-51
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Mar 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
IRPF. OMISSÃO - RENDIMENTOS - ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. REQUISITOS DA LEI Nº 7.713/88.
O contribuinte aposentado e portador de moléstia grave reconhecida em laudo médico pericial de órgão oficial terá o benefício da isenção do imposto de renda sobre seus proventos de aposentadoria. Na forma do art. 30 da Lei nº 9.250/95, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle.
Numero da decisão: 2002-000.719
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para cancelar a omissão de rendimentos de aposentadoria recebidos do Ministério da Saúde nos meses de junho a dezembro de 2011, vencida a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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OMISSÃO RENDIMENTOS ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. REQUISITOS DA LEI Nº 7.713/88. O contribuinte aposentado e portador de moléstia grave reconhecida em laudo médico pericial de órgão oficial terá o benefício da isenção do imposto de renda sobre seus proventos de aposentadoria. Na forma do art. 30 da Lei nº 9.250/95, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para cancelar a omissão de rendimentos de aposentadoria recebidos do Ministério da Saúde nos meses de junho a dezembro de 2011, vencida a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 72 27 82 /2 01 6- 51 Fl. 189DF CARF MF 2 Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 57 a 61), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu autuação de valores supostamente devidos por omissão de rendimentos do trabalho com vínculo e/ou sem vínculo empregatício. Tal omissão gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 7.513,17, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, à efl. 02 a 28 dos autos e, de acordo com a decisão da DRJ: O contribuinte apresenta impugnação (fls. 0712), na qual, em síntese, expõe os motivos de fato e de direito que se seguem: O valor contestado é isento, pois está com grave moléstia desde o ano 2012, carcinoma neuroendócrino em íleo terminal (neoplasia maligna). A impugnação foi apreciada na 3ª Turma da DRJ/BSB que, por unanimidade, em 23/02/2017, no acórdão 0373.527, às efls. 67 a 72, julgou a impugnação improcedente, mantendo o crédito tributário em sua integralidade. Recurso voluntário Ainda inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, em 13/04/2017 às efls. 83 a 90, no qual alega, em resumo, que: · Não deve prosperar o lançamento tributário quanto a omissão de rendimentos, pois estes devem ser considerados isentos por atender todos os requisitos legais. · Ainda, alega que pagou o valor devido quando da apresentação da primeira DAA, que posteriormente foi retificada para considerar os rendimentos como isentos. Diligência Em sessão realizada em 19/04/2018, este Colegiado converteu o julgamento em diligência, conforme Resolução nº 2002000.007 (efls.126/127), para que o contribuinte Fl. 190DF CARF MF Processo nº 13884.722782/201651 Acórdão n.º 2002000.719 S2C0T2 Fl. 190 3 juntasse ao processo documento que comprove a origem dos rendimento, se são de aposentadoria, reforma ou pensão, bem como apresente laudo médico oficial para comprovação da moléstia grave. Em atendimento, foram anexadas as informações de fls.136/183. É o relatório. Voto Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Conforme os autos, o lançamento tributário foi baseado na suposta omissão de rendimentos do trabalho com vínculo e/ou sem vínculo empregatício. Irresignado, o contribuinte informa que é portador de moléstia grave e que preenche todos os requisitos legais para o gozo da isenção dos rendimentos recebidos do Ministério da Saúde e do Ministério do Planejamento. Contudo, não carreou aos autos documentos comprobatórios quando da apresentação da impugnação e do Recurso Voluntário. Desta forma, este colegiado entendeu por baixar o processo em diligência, solicitando a comprovação da natureza jurídica dos rendimentos e o laudo médico atestando que o contribuinte é acometido por moléstia grave. Da exegese do artigo 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88, do artigo 39, XXXI, do Regulamento de Imposto de Renda (RIR Decreto 3.000/99) e do artigo 30 da Lei nº 9.250/95 para o gozo da regra isentiva devem ser comprovados, cumulativamente (i) que os rendimentos sejam oriundos de aposentadoria, pensão ou reforma, (ii) que o contribuinte seja portador de moléstia grave prevista em lei e (iii) que a moléstia grave esteja comprovada por laudo médico oficial. Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; Fl. 191DF CARF MF 4 (...) Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...) XXXI os valores recebidos a título de pensão, quando o beneficiário desse rendimento for portador de doença relacionada no inciso XXXIII deste artigo, exceto a decorrente de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensã(...) XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (...) A jurisprudência deste CARF segue a mesma linha: REQUISITO PARA A ISENÇÃO RENDIMENTOS DE APOSENTADORIA OU PENSÃO E RECONHECIMENTO DA MOLÉSTIA GRAVE POR LAUDO MÉDICO OFICIAL LAUDO MÉDICO PARTICULAR CONTEMPORÂNEO A PARTE DO PERÍODO DA AUTUAÇÃO LAUDO MÉDICO OFICIAL QUE RECONHECE A MOLÉSTIA GRAVE PARA PERÍODOS POSTERIORES AOS DA AUTUAÇÃO IMPOSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DA ISENÇÃO O contribuinte aposentado e portador de moléstia grave reconhecida em laudo médico pericial de órgão oficial terá o Fl. 192DF CARF MF Processo nº 13884.722782/201651 Acórdão n.º 2002000.719 S2C0T2 Fl. 191 5 benefício da isenção do imposto de renda sobre seus proventos de aposentadoria. Na forma do art. 30 da Lei nº 9.250/95, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. O laudo pericial oficial emitido em período posterior aos anoscalendário em debate, sem reconhecimento pretérito da doença grave, não cumpre as exigências da Lei. De outro banda, o laudo médico particular, mesmo que contemporâneo ao período da autuação, também não atende os requisitos legais. Acórdão nº 10616928 29/05/2008) Às efls. 142 a 154 o contribuinte comprova que recebe proventos de aposentadoria do INSS e do Ministério da Saúde, rendimentos considerados omitidos conforme a fiscalização. Contudo, os laudos juntados às efls. 176 a 182, dentre eles o oficial (efls. 179) interpretados conjuntamente, confirmam que o contribuinte é acometido pela moléstia grave desde 05/11 (efls. 182). Não comprovou pelos documentos juntados que os proventos do Ministério do Planejamento são oriundos de aposentadoria. Logo, pelo conjunto probatório e análise dos laudos particulares e oficial, é patente e cristalino que o contribuinte padece de alienação mental, devendo se beneficiar da isenção. Já há jurisprudência deste CARF no sentido de aplicar a regra isentiva ao portador de Alzheimer: IRPF – RENDIMENTOS DE APOSENTADORIA OU PENSÃO – PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE (MAL DE ALZHEIMER) ISENÇÃO “(...) IRPF MAL DE ALZHEIMER ALIENAÇÃO MENTAL Havendo nos autos laudos médicos confirmando que o contribuinte é portador do chamado Mal de Alzheimer, sendo que o quadro clínico apresentado caracteriza sua alienação mental, devese concluir que tem direito ao gozo da isenção prevista no artigo 6°, inciso XIV, da Lei n° 7.713/88, com a redação que lhe foi dada pela Lei n° 8.541/92. (Acórdão nº 106.14.468 25/02/2005) Como se trata de uma doença de difícil precisão de diagnóstico, vez que muitas vezes os sintomas iniciais se confundem com o processo de envelhecimento, bem como é de caráter irreversível, a meu sentir, os documentos analisados conjuntamente são idôneos para a concessão da regra isentiva. Conforme posicionamento da Associação Brasileira de Alzheimer, cujo sítio eletrônico é http://abraz.org.br/sobrealzheimer/diagnostico, temos: Fl. 193DF CARF MF 6 É muito comum que os sintomas iniciais da Doença de Alzheimer (DA) sejam confundidos com o processo de envelhecimento normal. Essa confusão tende a adiar a busca por orientação profissional e, não tão raro, a doença é diagnosticada tardiamente. Recomendase que, diante dos primeiros sinais, as famílias procurem profissionais e/ou serviços de saúde especializados para diagnóstico precoce no estágio inicial da doença, o que favorecerá a evolução e o prognóstico do quadro. Nos quadros de demência da Doença de Alzheimer, normalmente observase um início lento dos sintomas (meses ou anos) e uma piora progressiva das funções cerebrais. A certeza do diagnóstico só pode ser obtida por meio do exame microscópico do tecido cerebral do doente após seu falecimento. Antes disso, esse exame não é indicado, por apresentar riscos ao paciente. Na prática, o diagnóstico da Doença de Alzheimer é clínico, isto é, depende da avaliação feita por um médico, que irá definir, a partir de exames e da história do paciente, qual a principal hipótese para a causa da demência. Por todo exposto, conheço do Recurso Voluntário para, no mérito, darlhe parcial provimento para conceder isenção dos proventos da contribuinte em relação ao meses de junho a dezembro de 2011, em relação aos proventos oriundos do Ministério da Saúde, vez que apenas estes estão comprovados enquanto rendimentos de aposentadoria. (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Fl. 194DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10835.900019/2011-50
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/12/2005
DCOMP. ERRO DE PREENCHIMENTO. DARF COMPENSANDO DÉBITO EXTINTO POR PAGAMENTO.
Constatado efetivo erro de fato no preenchimento da DCOMP, com informação de DARF compensando débito extinto por pagamento, é de se reconhecer o crédito relativo ao pagamento indevido ou a maior apurado bem como a prévia extinção do débito.
Numero da decisão: 1003-000.467
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Sérgio Abelson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: SERGIO ABELSON
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ERRO DE PREENCHIMENTO. DARF COMPENSANDO DÉBITO EXTINTO POR PAGAMENTO. Constatado efetivo erro de fato no preenchimento da DCOMP, com informação de DARF compensando débito extinto por pagamento, é de se reconhecer o crédito relativo ao pagamento indevido ou a maior apurado bem como a prévia extinção do débito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Abelson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 90 00 19 /2 01 1- 50 Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10835.900019/201150 Acórdão n.º 1003000.467 S1C0T3 Fl. 109 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra o acórdão de primeira instância (folhas 44/51) que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada contra o despacho decisório à folha 07, que homologou parcialmente a compensação, ali mencionada, de crédito correspondente a pagamento indevido ou a maior. A recorrente, às folhas 58/61, em síntese, alega erro no preenchimento da DCOMP, na qual equivocadamente informou como crédito o valor total do DARF pago a maior de CSLL DEMAIS PJ QUE APURAM O IRPJ COM BASE EM LUCRO REAL BALANÇO TRIMESTRAL (código de receita 6012) relativa ao quarto trimestre de 2005, e como débito o próprio montante declarado em DCTF e DIPJ a este título. É o relatório. Voto Conselheiro Sérgio Abelson, Relator O Recurso voluntário é tempestivo, portanto dele conheço. Na DCOMP nº 07460.67176.190407.1.3.040583 (folhas 02/06) constam, como origem do crédito, o DARF de período de apuração 31/12/2005, código de receita 6012, data de arrecadação 31/01/2006 e valor principal e total de R$ 8.134,85 (folha 04), bem como débito de código de receita 601201, período de apuração 4º Trimestre de 2005, data de vencimento 31/01/2006 e valor principal e total de R$ 5.600,91 (folha 05). Observase, de pronto, tratarem, débito e crédito, de mesmo código de receita e período de apuração, com data de vencimento coincidente com a de arrecadação. Na DIPJ 2006 Ano Calendário 2005, transmitida em 30/06/2006 (folha 72), Ficha 17 Cálculo da CSLL do 4º Trimestre (folha 76), cujos valores em nenhum momento foram contestados por fiscalização, consta como CSLL a pagar (linha 54) o montante de R$ 16.802,73 (embora parcialmente apagado na cópia apresentada), valor correspondente ao débito de CSLL do 4º trimestre de 2005 (folha 87) informado na DCTF relativa ao segundo semestre de 2005 transmitida em 02/12/2006 (folha 82), dividido em 3 quotas de R$ 5.600,91 (folhas 88/90), valor do débito informado como a compensar na DCOMP (R$ 5.600,91), cuja diferença de R$ 2.533,94 em relação ao DARF informado como origem do crédito (1ª quota, arrecadação em 31/01/2006) corresponde ao crédito reconhecido no despacho decisório.à folha 07 O pagamento informado como crédito é, portanto, o valor total do DARF pago a maior relativo ao próprio débito informado como objeto de compensação na DCOMP. Fica evidente, assim, o erro de preenchimento na DCOMP, pois não faz sentido que a contribuinte pretenda compensar o débito que foi extinto pelo pagamento efetuado mediante o próprio DARF informado como crédito. O crédito disponível no DARF, Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10835.900019/201150 Acórdão n.º 1003000.467 S1C0T3 Fl. 110 3 na verdade, corresponde à diferença entre o valor do DARF e o valor do débito informado, no exato valor do crédito reconhecido no mencionado despacho decisório. Devese, portanto, manter o reconhecimento do crédito referente ao pagamento indevido ou a maior efetuado, bem como cancelar a cobrança indevida do débito, informado na DCOMP por erro de fato e já extinto por pagamento. É o que pretende a contribuinte ao solicitar o "cancelamento" da DCOMP: ver reconhecidos o crédito correspondente ao pagamento indevido ou a maior, bem como a extinção, por pagamento, do débito indevidamente informado na DCOMP. Em relação às demais DCOMP mencionadas pela recorrente, que, segundo ela, utilizam o mesmo crédito, cabe apenas registrar que devem ser tratadas em seus respectivos processos administrativos fiscais, devendo a Unidade de Origem ou instância julgadora que eventualmente analisar as referidas compensações atentar para o impedimento da eventual utilização dos créditos aqui reconhecidos em duplicidade. Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso, para manter o reconhecimento do crédito original, de 31/01/2006, no valor de R$ 2.533,94, ressaltando que o débito de CSLL, código de receita 601201, período de apuração terceiro trimestre de 2005, data de vencimento 31/01/2006 e valor principal e total de 5.600,91, encontrase extinto por pagamento efetuado com o próprio DARF origem do crédito reconhecido. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Abelson Fl. 110DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.721240/2014-11
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009
JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. FACULDADE SUJEITA AO REGIME DE COMPETÊNCIA E A CRITÉRIOS TEMPORAIS. DEDUÇÃO EM EXERCÍCIOS POSTERIORES. VEDAÇÃO.
1- O pagamento ou crédito de juros sobre capital próprio a acionista ou sócio representa faculdade concedida em lei, que deve ser exercida em razão do regime de competência. Incabível a deliberação de juros sobre capital próprio em relação a exercícios anteriores ao da deliberação, posto que os princípios contábeis, a legislação tributária e a societária rejeitam tal procedimento, seja pela ofensa ao regime de competência, seja pela apropriação de despesas em exercício distinto daquele que as ensejou.
2- As despesas de Juros com Capital Próprio devem ser confrontadas com as receitas que formam o lucro do período, ou seja, tem que estar correlacionadas com as receitas obtidas no período que se deu a utilização do capital dos sócios, no período em que esse capital permaneceu investido na sociedade.
3- A aplicação de uma taxa de juros que é definida para um determinado período de um determinado ano, e seu rateio proporcional ao número de dias que o capital dos sócios ficou em poder da empresa, configuram importante referencial para a identificação do período a que corresponde a despesa de juros, e, conseqüentemente, para o registro dessa despesa pelo regime de competência.
4- Não existe a possibilidade de uma conta de despesa ou de receita conservar seus saldos para exercícios futuros. Em outros termos, apurado o resultado, o que era receita deixa de sê-lo e também o que era despesa deixa de sê-lo. Apenas as contas patrimoniais mantém seus saldos de um ano para outro. Os JCPs podem passar de um exercício para o outro, desde que devidamente incorrida e escriturada a despesa dos JCPs no exercício em que o capital dos sócios foi utilizado pela empresa, com a constituição do passivo correspondente.
5- O caso aqui não é de mera inexatidão da escrituração de receita/despesa quanto ao período de apuração, não é de simples aproveitamento extemporâneo de uma despesa verdadeira, que já existia em momento anterior. O que a contribuinte pretende é "criar" em 2009 despesas de juros nos anos de 2005, 2006, 2007 e 2008, despesas que corresponderiam à remuneração do capital dos sócios que foi disponibilizado para a empresa naqueles períodos passados, despesas que estariam correlacionadas às receitas e aos resultados daqueles anos já devidamente encerrados, e isso realmente não é possível porque subverte toda a lógica não apenas do princípio da competência, mas da própria contabilidade.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA - CSLL
Estende-se ao lançamento decorrente, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 9101-003.757
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas em relação ao tema "JCP" e, no mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, acordam em negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra (relator) e Luís Flávio Neto, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araujo. Ausente, momentaneamente, a conselheira Cristiane Silva Costa.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Presidente em Exercício e Redator Designado.
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Redatora Ad Hoc
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araujo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. FACULDADE SUJEITA AO REGIME DE COMPETÊNCIA E A CRITÉRIOS TEMPORAIS. DEDUÇÃO EM EXERCÍCIOS POSTERIORES. VEDAÇÃO. 1 O pagamento ou crédito de juros sobre capital próprio a acionista ou sócio representa faculdade concedida em lei, que deve ser exercida em razão do regime de competência. Incabível a deliberação de juros sobre capital próprio em relação a exercícios anteriores ao da deliberação, posto que os princípios contábeis, a legislação tributária e a societária rejeitam tal procedimento, seja pela ofensa ao regime de competência, seja pela apropriação de despesas em exercício distinto daquele que as ensejou. 2 As despesas de Juros com Capital Próprio devem ser confrontadas com as receitas que formam o lucro do período, ou seja, tem que estar correlacionadas com as receitas obtidas no período que se deu a utilização do capital dos sócios, no período em que esse capital permaneceu investido na sociedade. 3 A aplicação de uma taxa de juros que é definida para um determinado período de um determinado ano, e seu rateio proporcional ao número de dias que o capital dos sócios ficou em poder da empresa, configuram importante referencial para a identificação do período a que corresponde a despesa de juros, e, conseqüentemente, para o registro dessa despesa pelo regime de competência. 4 Não existe a possibilidade de uma conta de despesa ou de receita conservar seus saldos para exercícios futuros. 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O que a contribuinte pretende é "criar" em 2009 despesas de juros nos anos de 2005, 2006, 2007 e 2008, despesas que corresponderiam à remuneração do capital dos sócios que foi disponibilizado para a empresa naqueles períodos passados, despesas que estariam correlacionadas às receitas e aos resultados daqueles anos já devidamente encerrados, e isso realmente não é possível porque subverte toda a lógica não apenas do princípio da competência, mas da própria contabilidade. TRIBUTAÇÃO REFLEXA CSLL Estendese ao lançamento decorrente, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas em relação ao tema "JCP" e, no mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, acordam em negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra (relator) e Luís Flávio Neto, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araujo. Ausente, momentaneamente, a conselheira Cristiane Silva Costa. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Presidente em Exercício e Redator Designado. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Redatora Ad Hoc Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araujo (Presidente em Exercício). Fl. 711DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 712 3 Relatório Inicialmente esclareço que fui nomeada redatora ad hoc para formalização de acórdão relatado pelo Conselheiro Gerson Macedo Guerra. O relatório a seguir reproduzido foi apresentado pelo Relator em sessão de julgamento. Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pelo Contribuinte em epígrafe diante do acórdão 1302002.063, onde restou decidido que é vedada a dedução de juros, a título de remuneração do capital próprio, que tome como base de referência contas do patrimônio líquido relativas a exercícios anteriores ao do seu efetivo reconhecimento como despesa. Na origem, foi lavrado Auto de Infração lavrado para cobrança de IRPJ e CSLL, acrescidos de multa de 75% e juros, em razão da indedutibilidade de despesas com o pagamento de Juros Sobre o Capital Próprio (“JCP”), deduzidas no anocalendário de 2009 (Ex. 2010), mas referentes aos períodos de 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009. Analisando Impugnação proposta pelo Contribuinte, a 3ª Turma da DRJ/RPO manteve as exigências fiscais, aplicando ao caso concreto o entendimento da Solução de Consulta COSIT nº. 329/2014, segundo o qual, para efeito de apuração do Lucro Real, é vedada a dedução de JCP que tome como base de referência contas do patrimônio líquido relativas a exercícios anteriores ao do seu efetivo reconhecimento como despesa, por desatender ao regime de competência. Inconformado, o Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, sustentando que não houve infração ao regime de competência, pois como o pagamento dos JCP é uma faculdade da sociedade, apenas com a efetiva deliberação e pagamento ou crédito dos JCP é que a despesa é incorrida. Além disso, sustentou a não aplicação do juros de mora sobre a multa de ofício, tendo em vista que os referidos juros só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa de ofício aplicada. Interposto o tempestivo Recurso Voluntário 2ª Turma Ordinária, da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF proferiu o acórdão ora recorrido, no qual decidiu, por maioria de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário. É a ementa do julgado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. Fere a razoabilidade concluir que os limites de que trata o §1º do art. 9 da Lei 9.249/95 são referentes ao ano em que há o pagamento ou o crédito, já a variação da TJLP de que trata o caput pode ser de qualquer período, inclusive de anos anteriores, pois o auferimento de lucros em ano posterior não poderia modificar a situação de ano pretérito impeditiva de pagamento de JCP. O § 1º do art. 9º da Lei nº 9.249/95 expressamente dispõe que o limite (de 50%) é estabelecido sobre o lucro do período antes da Fl. 712DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 713 4 dedução dos JCP, o que obviamente só pode ser o lucro do período em que se está pagando os JCP, pois seria de todo dessarazoado querer deduzir os JCP de outro período que não aquele em que ele é uma despesa financeira JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO A melhor exegese do caput do art. 30 da Lei n° 10.522/02 leva à conclusão de que tal dispositivo é aplicável aos débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, razão pela qual, incidem juros de mora calculados pela taxa Selic sobre as multas de ofício ad valorem. LANÇAMENTO DECORRENTE CSLL Tratandose de lançamento reflexo, a solução dada ao lançamento matriz é aplicável, no que couber, ao lançamento decorrente, ante a íntima relação de causa e efeito que os vincula. Cientificado dessa decisão o Contribuinte, tempestivamente, apresenta recurso especial alegando objetivando discutir as duas matérias trazidas em seu Voluntário, quais sejam (i) impossibilidade de dedução, na apuração do lucro real, dos valores de JCP calculados com base no patrimônio líquido dos anos anteriores ao ano em que exercida a faculdade do pagamento pelo contribuinte; e (ii) incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. O Recurso do Contribuinte foi conhecido, conforme despacho de admissibilidade. Intimada do recurso Fazenda apresenta contrarrazões, pedindo o não provimento do recurso do Contribuinte. Não há insurgência quanto ao conhecimento. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Livia De Carli Germano, Redatora ad hoc Conforme exposto no relatório supra, fui designada redatora ad hoc para formalizar o presente acórdão, utilizando relatório e voto apresentados pelo Relator em sessão de julgamento. Nestes termos, o conteúdo do voto a seguir transcrito corresponde ao voto proferido pelo Conselheiro Gerson Macedo Guerra: Sobre a admissibilidade do Recurso, entendo que bem se posicionou o Presidente da Câmara em relação à matéria possibilidade de dedução de juros sobre capital próprio de períodos pretéritos. Deste modo, conheço do recurso nos termos do despacho de admissibilidade em relação à essa matéria. Fl. 713DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 714 5 Por outro lado, não conheço do recurso em relação à matéria incidência de juros sobre multa de ofício, dado que foi aprovada a súmula CARF 108, impedindo o conhecimento do recurso por essa Turma. Nesse contexto, passo à análise de mérito. POSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO DE JCP RETROATIVOS A questão posta em discussão no presente processo diz respeito à dedutibilidade da despesa com juros sobre o capital próprio. A controvérsia está representada pela seguinte questão: apurados e não pagos ou creditados contabilmente como passivo devido aos sócios os juros sobre o capital próprio em determinado anocalendário, a dedução dessa despesa poderia ser feita em outro ano calendário, isto é, em período de apuração diverso do correspondente ao de apuração? Pois bem. A dedutibilidade dos juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, encontrase disciplinada no artigo 9º da Lei nº. 9.249, de 1995. Ali está estabelecido, verbis: Art. 9º A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP. § 1º O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados. § 2º Os juros ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de quinze por cento, na data do pagamento ou crédito ao beneficiário. § 3º O imposto retido na fonte será considerado: I antecipação do devido na declaração de rendimentos, no caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real; II tributação definitiva, no caso de beneficiário pessoa física ou pessoa jurídica não tributada com base no lucro real, inclusive isenta, ressalvado o disposto no § 4º; § 4º REVOGADO PELA LEI Nº. 9.430/96 Fl. 714DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 715 6 § 5º No caso de beneficiário sociedade civil de prestação de serviços, submetida ao regime de tributação de que trata o art. 1º do DecretoLei nº 2.397, de 21 de dezembro de 1987, o imposto poderá ser compensado com o retido por ocasião do pagamento dos rendimentos aos sócios beneficiários. § 6º No caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real, o imposto de que trata o § 2º poderá ainda ser compensado com o retido por ocasião do pagamento ou crédito de juros, a título de remuneração de capital próprio, a seu titular, sócios ou acionistas. § 7º O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de remuneração do capital próprio, poderá ser imputado ao valor dos dividendos de que trata o art. 202 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sem prejuízo do disposto no § 2º. § 8º Para os fins de cálculo da remuneração prevista neste artigo, não será considerado o valor de reserva de reavaliação de bens ou direitos da pessoa jurídica, exceto se esta for adicionada na determinação da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido. § 9º REVOGADO PELA LEI Nº. 9.430/96 §10 REVOGADO PELA LEI Nº 9.430/96 Das regras acima transcritas, vale destacar o seguinte: ü que os juros dedutíveis devem ser calculados sobre as contas do patrimônio líquido e devem ser limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP; e ü que o efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados. Releva notar que antes da edição da Lei nº. 9.249/95 não eram admitidas, como custo ou despesa dedutível, as importâncias creditadas ao titular ou aos sócios da empresa, a título de juros sobre o capital (artigo 49 da Lei nº. 4.506/64). Ao introduzir a possibilidade de dedução, a norma tributária impôs condições, como anteriormente explicitado. A Instrução Normativa SRF nº. 11, de 1996, complementando as disposições trazidas pelo art. 9º da Lei nº. 9.249, de 1995, estabeleceu: Art. 29. Para efeito de apuração do lucro real, observado o regime de competência, poderão ser deduzidos os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP. Fl. 715DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 716 7 Interpretando essa norma regulamentar, com as normas trazidas pela Lei 9.249/95 retro transcritas, outra não pode ser a conclusão senão a de que o período de competência para reconhecimento da despesa com o JCP coincide com a deliberação de pagamento aos sócios. Ou seja, contabilmente, apenas se reconhece a despesa quando se delibera o pagamento dos juros. Mesmo na eventualidade de considerar que a ausência de deliberação do JCP em exercícios anteriores conduziria à caducidade do direito à dedução do valor do lucro real (direito material), o argumento não prosperaria em virtude da ausência de fundamento legal que ampare esse raciocínio. Isso porque, a deliberação do pagamento de JCP é uma faculdade dos acionistas. Lado outro, a caducidade extingue o direito pelo fato de seu Titular quedarse inerte e não exercer seu direito dentro do prazo legal ou convencional. Ora, se a lei não define prazo para que seja exercida a faculdade atribuída ao contribuinte, não há que se falar em perda do direito por decurso de prazo que não foi limitado ou fixado por ato legal. Deste modo, não merece prosperar o argumento de preclusão temporal, vez que esse Sobre estes tema, vale transcrever excertos da manifestação do ilustre Professor Edmar Oliveira Andrade Filho1, que aborda com propriedade a questão, nos seguintes termos: "De fato, a remuneração do capital dos sócios ou acionistas é uma faculdade que depende apenas da decisão formal deles próprios por intermédio de deliberação tomada em Assembléia de Acionistas ou Reunião de Quotistas, ou em virtude de cláusula estatutária ou contratual existente. Essa faculdade é garantida por um feixe de normas jurídicas que constituem a esfera particular de ação das pessoas. Nessa esfera as ações são governadas pelos princípios da livre iniciativa e da autonomia da vontade que são delimitados e orientados pelo ordenamento jurídico. Portanto, em princípio, uma sociedade pode – no presente – deliberar a respeito dos pagamento de juros sobre o capital para períodos passados, ou seja, pode adotar como marco inicial para a contagem dos juros o momento em que a empresa passou a utilizálo ou outro momento qualquer. Há que se ter presente, todavia, que uma coisa é a possibilidade jurídica do pagamento dos juros e outra, completamente diferente, é o tratamento fiscal que deverá ser dispensado a tais juros. De fato, como visto, a dedutibilidade dos juros sobre o capital está sujeita à observância de limites quantitativos objetivos. Assim, há um primeiro limite que diz respeito à taxa de juros aceita como dedutível e um outro que diz respeito ao montante máximo do encargo que pode ser deduzido, e além desses critérios existem dúvidas se tais encargos têm a sua dedutibilidade subordinada ou não ao regime de competência. O art. 29 da Instrução Normativa nº. 11/96 determina que a dedutibilidade dos juros sobre o capital será aferida de acordo com o regime de competência, o que está correto; o problema é saber quando surge a despesa e quando o atendimento ao regime 1 ANDRADE FILHO, Edimar Oliveira. Imposto de Renda das Empresas. São Paulo: Atlas, 2006. p. 240242. Fl. 716DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 717 8 de competência é exigível. Em outras palavras, há dúvida do momento em que a despesa se torna incorrida, ou seja, quando houve a formação da relação jurídica incondicional pela qual a pessoa jurídica tornase devedora dos juros. Pois bem, o “regime de competência” é um princípio geral que sofre recortes de várias espécies segundo a vontade da lei. Assim, por exemplo, algumas receitas são tributadas em cash basis e algumas despesas não são dedutíveis a despeito de estarem incorridas, e, em outras situações, o critério de imputação é o pro rata tempore. Não há um regime especial de imputação temporal dos juros sobre o capital, de modo que é intuitivo que eles devem ser registrados segundo o regime de competência. Tanto a Lei nº. 9.249/95, quanto a Lei nº. 9.430/96, não revogaram ou modificaram a regra geral do art. 6º do Decretolei nº. 1.598/77. Embora posteriores ao Decretolei nº. 1.598/77, as referidas leis não revogaram expressamente ou tacitamente aquele diploma normativo. Não há que se cogitar, no caso, da aplicação do disposto no parágrafo 1º do art. 2º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual a lei posterior revoga a anterior “quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”. As Leis nºs. 9.249/95 e 9.430/96, embora tenham trazido diversas modificações na legislação até então vigente, não regularam inteiramente a apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. A rigor, no caso, incide a regra do parágrafo 2º do art. 2º da referida Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”. As leis, nesse caso, se entrelaçam, não se excluem. Portanto, é falsa a conclusão de que o art. 29 da Instrução Normativa nº. 11/96 padece do vício da ilegalidade. Ela tem fundamento de validade no art. 6º do Decretolei nº. 1.598/77 e, além disso, não é incompatível com as Leis nºs. 9.249/95 e 9.430/96. Se a dedutibilidade dos juros estivesse subordinada unicamente ao regime de competência, isto é, se não existissem limites objetivos a serem observados, a eventual inobservância do regime de competência não traria maiores conseqüência porque a observância – e a eventual inobservância – desse regime não é fator preponderante para fins de aferição da dedutibilidade2. A observância do regime de competência surge, no caso dos juros sobre o capital, no momento em que eles são pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas. O que determina a exigibilidade do pagamento ou do crédito é a existência de uma deliberação nesse sentido e que não imponha condição suspensiva para o aperfeiçoamento do direito e da correspondente obrigação. Antes da formalização do ato jurídico Fl. 717DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 718 9 que determine o pagamento dos juros, os titulares do capital não têm nem mesmo um direito expectativo, a exemplo do que ocorre com os lucros e dividendos. Ora, se os dividendos, que estão previstos em norma de ordem pública, não existem como crédito antes de deliberação societária, o que se dirá dos juros sobre o capital que não ostentam essa mesma natureza jurídica? O pagamento ou crédito de juros sobre o capital é uma faculdade e, como tal, pode ou não ser exercida pelos próprios sócios, razão pela qual os juros não decorrem de um direito subjetivo inerente à condição de sócio ou acionista. Portanto, o período da competência do encargo relativo aos juros sobre o capital é aquele em que ocorre a deliberação de seu pagamento ou crédito de forma incondicional. Sem essa deliberação a sociedade não se obriga (não assume a obrigação) e o sócio ou acionista nada pode exigir por absoluta falta de título jurídico que legitime a sua pretensão. Do ponto de vista fiscal, é no momento (período) em que o valor dos juros é imputado ao resultado do exercício que o sujeito passivo deverá observar os critérios e limites existentes segundo o direito aplicável. Portanto, é fora de dúvida que enquanto não houver o ato jurídico que determine a obrigação de pagar os juros não existe a despesa ou encargo respectivo e não há que se cogitar de dedutibilidade de algo ainda inexistente." Diante disso, é forçoso concluir que os limites de que trata o §1º do art. 9 da Lei 9.249/95 (ou seja, que o pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados) são referentes ao ano em que há o pagamento ou o crédito (e deliberação societária), já a variação da TJLP de que trata o caput do artigo 9º pode ser de qualquer período, inclusive de anos anteriores. Nesse contexto, voto por dar provimento ao Recurso do Contribuinte quanto a essa matéria. Portanto, voto DAR provimento ao recurso do Contribuinte, quanto à matéria conhecida. É o que se reproduz do voto do Relator original. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Fl. 718DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 719 10 Voto Vencedor Conselheiro Rafael Vidal de Araujo Redator Designado. Em que pesem as razões de decidir do eminente relator, peço vênia para dele divergir quanto à possibilidade de dedução de juros sobre capital próprio (JCP) referentes a períodos pretéritos. O dispositivo legal que dá ensejo à divergência jurisprudencial sob exame é o art. 9º, caput e §1º, da Lei nº 9.249, de 26/12/1995. Transcrevoo abaixo: Art. 9º A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP. § 1º O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados. (Redação dada pela Lei nº 9.430, de 1996) § 2º Os juros ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de quinze por cento, na data do pagamento ou crédito ao beneficiário. § 3º O imposto retido na fonte será considerado: I antecipação do devido na declaração de rendimentos, no caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real; II tributação definitiva, no caso de beneficiário pessoa física ou pessoa jurídica não tributada com base no lucro real, inclusive isenta, ressalvado o disposto no § 4º; ... § 5º No caso de beneficiário sociedade civil de prestação de serviços, submetida ao regime de tributação de que trata o art. 1º do DecretoLei nº 2.397, de 21 de dezembro de 1987, o imposto poderá ser compensado com o retido por ocasião do pagamento dos rendimentos aos sócios beneficiários. § 6º No caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real, o imposto de que trata o § 2º poderá ainda ser compensado com o retido por ocasião do pagamento ou crédito de juros, a título de remuneração de capital próprio, a seu titular, sócios ou acionistas. § 7º O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de remuneração do capital próprio, poderá ser imputado ao valor dos Fl. 719DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 720 11 dividendos de que trata o art. 202 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sem prejuízo do disposto no § 2º. § 8º Para os fins de cálculo da remuneração prevista neste artigo, não será considerado o valor de reserva de reavaliação de bens ou direitos da pessoa jurídica, exceto se esta for adicionada na determinação da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido. Entendo que não assiste razão à contribuinte, pelos motivos que passo a expor. DA NATUREZA JURÍDICA DOS JCPS Primeiramente, é importante apontar algumas características dos JCPs. Cito duas características essenciais da natureza jurídica dos Juros sobre Capital Próprio: a) a primeira é que visam à REMUNERAÇÃO DOS SÓCIOS; e b) a segunda é que são JUROS (como o próprio nome os qualificam). Constatase, com isso, que as quantias que os sócios recebem a título de remuneração do capital próprio não podem se confundir com o patrimônio da entidade. Assim, para estar de acordo com a real natureza jurídica, os JCPs somente podem ser entendidos como elementos que não venham a se integrar ao patrimônio da sociedade (consistindo numa rubrica redutora do mesmo), ou seja, não podem estar em contas redutoras dos lucros acumulados, das reservas de lucros ou de outras contas do patrimônio líquido. Portanto, na apuração do lucro líquido do exercício, os valores destinados aos sócios como remuneração do capital devem compor o lucro contábil da entidade; o que implica, necessariamente, em reconhecêlos como integrantes do resultado do exercício da sociedade, ou, seja, assumindo a natureza de DESPESA, não se admitindo que sejam incorridos apenas no momento em que sejam decididas as destinações dos lucros. Entender diferentemente seria negar validade ao princípio da entidade, que veda confundir o patrimônio dos sócios com o patrimônio da sociedade, bem como prever o enriquecimento dos sócios em detrimento da empresa. Confirase o que diz a Resolução nº 750, de 29/12/1993, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), sobre o princípio da entidade: CAPÍTULO I DOS PRINCÍPIOS E DE SUA OBSERVÂNCIA Art. 1º Constituem PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE (PFC) os enunciados por esta Resolução. §1º A observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). §2º Na aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade há situações concretas e a essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais. CAPÍTULO II DA CONCEITUAÇÃO, DA AMPLITUDE E DA ENUMERAÇÃO ... Fl. 720DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 721 12 SEÇÃO I O PRINCÍPIO DA ENTIDADE Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Parágrafo único – O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômicocontábil. Deste Princípio Fundamental da Contabilidade (PFC) societária saltam conceitos como de autonomia patrimonial, de diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, além da evidente e contundente conseqüência: "o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição". Assim, para que esse PFC seja observado, é de rigor que o incorrimento dos JCPs não se dê na integração do patrimônio da sociedade; devendo, os Juros sobre Capital Próprio, inevitavelmente, transitar pelo resultado da sociedade como despesa. O CFC, considerando a conveniência de um maior esclarecimento sobre o conteúdo e abrangência dos PFCs, emitiu a Resolução nº 774, de 16/12/94, dando interpretação à Resolução CFC nº 750/93, por meio de um apêndice. Sobre o princípio da entidade foi melhor detalhada a questão da autonomia patrimonial: 2.1.1 – A autonomia patrimonial O cerne do Princípio da ENTIDADE está na autonomia do patrimônio a ela pertencente. O Princípio em exame afirma que o patrimônio deve revestirse do atributo de autonomia em relação a todos os outros Patrimônios existentes, pertencendo a uma Entidade, no sentido de sujeito suscetível à aquisição de direitos e obrigações. A autonomia tem por corolário o fato de que o patrimônio de uma Entidade jamais pode confundir se com aqueles dos seus sócios ou proprietários. Por conseqüência, a Entidade poderá ser desde uma pessoa física, ou qualquer tipo de sociedade, instituição ou mesmo conjuntos de pessoas, tais como: famílias; empresas; governos, nas diferentes esferas do poder; sociedades beneficentes, religiosa, culturais, esportivas, de lazer, técnicas; sociedades cooperativas; fundos de investimento e outras modalidades afins. Fl. 721DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 722 13 No caso de sociedades, não importa que sejam sociedades de fato ou que estejam revestidas de forma jurídica, embora esta última circunstância seja a mais usual. O Patrimônio, na sua condição de objeto da Contabilidade, é, no mínimo, aquele juridicamente formalizado como pertencente à Entidade, com ajustes quantitativos e qualitativos realizados em consonância com os princípios da própria Contabilidade. A garantia jurídica da propriedade, embora por vezes suscite interrogações de parte daqueles que não situam a autonomia patrimonial no cerne do Princípio da Entidade, é indissociável desse princípio, pois é a única forma de caracterização do direito ao exercício de poder sobre o mesmo Patrimônio, válida perante terceiros. Cumpre ressaltar que, sem autonomia patrimonial fundada na propriedade, os demais Princípios Fundamentais perdem o seu sentido, pois passariam a referirse a um universo de limites imprecisos. A autonomia patrimonial apresenta sentido unívoco. Por conseqüência, o patrimônio pode ser decomposto em partes segundo os mais variados critérios, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. Mas nenhuma classificação, mesmo que dirigida sob ótica setorial, resultará em novas Entidades. Carece, pois, de sentido, a idéia de que as divisões ou departamentos de uma Entidade possam constituir novas Entidades, ou “microentidades”, precisamente por que sempre lhes faltará o atributo da autonomia. A única circunstância em que poderá surgir nova Entidade, será aquela em que a propriedade de parte do patrimônio de uma Entidade, for transferida para outra unidade, eventualmente até criada naquele momento. Mas, no caso, teremos um novo patrimônio autônomo, pertencente a outra Entidade. Na contabilidade aplicada, especialmente nas áreas de custos e de orçamento, trabalhase, muitas vezes, com controles divisionais, que podem ser extraordinariamente úteis, porém não significam a criação de novas Entidades, precisamente pela ausência de autonomia patrimonial. Da interpretação autêntica do princípio da entidade, percebese que o cerne deste está na autonomia patrimonial, que está indissociavelmente ligado à garantia jurídica da propriedade, como "única forma de caracterização do direito ao exercício de poder sobre o mesmo patrimônio, válida perante terceiros". Daí se conclui que terceiros (a exemplo dos sócios) não podem dispor livremente (fora das formas jurídicas concebidas para a correta disposição) do patrimônio da sociedade, que detém autonomia patrimonial e garantia jurídica de sua propriedade. Portanto, para que haja o respeito à autonomia patrimonial da sociedade e de forma a respeitar o seu direito de propriedade, os JCPs devem passar pelo resultado da sociedade no momento do reconhecimento da despesa do exercício, e não serem incorridos a partir do seu patrimônio já formado. Desse raciocínio, verifico mais uma característica essencial da natureza jurídica do JCPs: transitam pelo resultado por serem despesas, sendo deduzidas para formação2 do lucro líquido do exercício. Ademais, essa característica está de acordo com o fato dos Juros sobre Capital Próprio serem Juros, pois os outros tipo de juros sempre são despesas para quem os deve. 2 Todos os interessados na escrituração da sociedade, sejam os clientes, os fornecedores, os sócios/acionistas, a própria sociedade, tem direito a evidenciação desse fato. Fl. 722DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 723 14 Esta característica já foi sabiamente identificada no Acórdão do Processo nº 13888.721267/201290, da lavra da Conselheira Edeli Pereira Bessa: Assim, embora os juros sobre o capital próprio apresentem alguma semelhança com o tratamento societário conferido aos dividendos, consoante alegado pela contribuinte em sua impugnação, há uma diferença essencial entre eles: os juros sobre o capital próprio representam o custo do capital investido pelos sócios e, portanto, despesa da pessoa jurídica, ao passo que os dividendos correspondem a distribuição do resultado. Como despesa, conceitualmente os juros sobre o capital próprio antecedem a apuração do lucro contábil. O crédito ou pagamento futuro de juros sobre o capital próprio, portanto, exige o seu prévio provisionamento, de modo a reduzir o lucro do período. Se desta forma não se procede, o resultado do período, majorado pela ausência daquela dedução, passa a ter o status de lucro a ser destinado nos termos do art. 192 da Lei nº 6.404/76. Ainda que os limites legais de dedutibilidade tenham em conta as reservas de lucros e lucros acumulados, a fixação de tais limites tem por objetivo apenas evitar a descapitalização da pessoa jurídica com a remuneração dos sócios, e não evidencia, por si só, que valores já destinados a reservas de lucros e lucros acumulados possam ter sua natureza revertida, por deliberação futura, de lucro para despesa. Vejase que a referida provisão, com vistas a reduzir o lucro do período ao qual competiriam os juros, não resulta em despesa dedutível na medida em que a legislação exige deliberação e individualização do pagamento ou crédito dos juros sobre o capital próprio. Mas é essencial para evitar que tais valores integrem o lucro e sejam destinados a outro fim. Em suma, cabe à sociedade decidir como remunerar o capital investido pelos sócios: por meio de juros ou de lucros. E esta decisão deve ser tomada antes da destinação do lucro líquido do exercício, na forma do art. 192 da Lei nº 6.404/76. Ultrapassado este momento, sem o prévio provisionamento dos juros, a deliberação de seu pagamento futuro, associada ao crédito ou pagamento individualizado, não é suficiente para constituir, neste segundo momento, despesa dedutível na apuração do IRPJ e da CSLL, como defende a recorrente. Ainda que não seja causa do fato dos JCPs serem despesas, mas conseqüência disso, o que concorda com a realidade dos outros tipos de juros, constatase que, para aqueles que recebem JCPs, estes são considerados receitas e assim tributados. Tudo isso apenas confirma o acerto na consideração dos JCP como despesas, despesas financeiras, despesas com pagamento de juros. Um corolário imediato da característica essencial dos Juros sobre Capital Próprio SEREM JUROS é que: para haverem juros, há de haver empréstimo ou financiamento de algo. E esse algo, no caso dos JCP, é o capital dos sócios, ou seja, há de haver "empréstimo" do capital dos sócios. Digo isso porque é comum as abordagens sobre esse tema fazerem analogia entre os Juros sobre Capital Próprio (pago aos sócios) e os juros pagos a terceiros por empréstimos contraídos pela empresa. Fl. 723DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 724 15 Essa analogia faz sentido na medida em que: a integralização do capital da pessoa jurídica se dá pela transferência de capital dos sócios para a empresa; a empresa realiza suas atividades com esse capital dos sócios que foi para ela transferido/disponibilizado; o patrimônio líquido da pessoa jurídica representa "dívida" desta para com os sócios (por isso, aliás, o PL figura na coluna do passivo). Mas a "dívida" que motiva o pagamento de JCP também guarda diferenças com as dívidas que fundamentam o pagamento de juros por empréstimos contraídos com terceiros, especialmente no que diz respeito aos índices de remuneração do capital "emprestado" e às condições para a sua dedutibilidade, que são fixadas em lei e não em um contrato de empréstimo tomado, por exemplo, junto a uma instituição financeira. De acordo com o art. 9º da Lei nº 9.249/1995, o índice de remuneração do capital admitido para fins de apuração do lucro real é a Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP definida especificamente para o período em que o capital dos sócios ficou à disposição da empresa. Vale registrar que a TJLP é definida por períodos trimestrais, e que o dispositivo legal acima referido estabelece que essa taxa deve ser aplicada "pro rata die", ou seja, proporcionalmente aos dias em que o capital dos sócios ficou em poder da empresa. A aplicação de uma taxa de juros que é definida para um determinado período de um determinado ano, e seu rateio proporcional ao número de dias que o capital dos sócios ficou em poder da empresa, configuram importante referencial para a identificação do período a que corresponde a despesa de juros, e, conseqüentemente, para o registro dessa despesa pelo regime de competência, que é a matéria examinada adiante. DO TRATAMENTO SOCIETÁRIO DAS DESPESAS (DE JCP). Pois bem, uma vez sedimentado que os JCP transitam pelo resultado como despesas, há que perquirir qual o tratamento específico dado pela legislação a essas despesas. Consultandose a legislação societária, constatase que, de fato, não há nenhum tipo de tratamento específico às despesas de JCPs. Em assim sendo, frente a esse vazio normativo da legislação comercial, concluo que as despesas de JCP entram nas regras gerais de tratamento de despesas. Como bem sabido, despesa é um item do resultado do exercício. Apurado o resultado do exercício a partir das receitas e das despesas, encerramse as receitas e as despesas, as contas contábeis onde são registradas são zeradas ao final do exercício. Não existe a possibilidade de uma conta de despesa ou de receita conservar seus saldos para exercícios futuros. Em outros termos, apurado o resultado, o que era receita deixa de sêlo e também o que era despesa deixa de sêlo. Apenas as contas patrimoniais tem influencia de um ano para outro, as contas de resultado de um exercício não podem influenciar anos subseqüentes, é um pilar essencial que as contas de resultado iniciamse e extinguemse dentro de um mesmo exercício. É o que se deduz do art. 187 da Lei nº 6.404, de 15/12/1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações (S.A.): Fl. 724DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 725 16 Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais; (Redação dada pela Lei nº 9.249, de 1995) V o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados; VII o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. Uma despesa, para ser deduzida do resultado societário de outro exercício, necessita de autorização legal nesse sentido que venha a ser uma exceção ao §1º do art. 187 da Lei das S.A. O conceito de exercício é precisamente definido pela legislação societária e, conforme o art. 175 da Lei das S.A., bem delimitado temporalmente (tendo duração de um ano), sem possibilidade de alteração desse período (exceto nos casos especiais relacionado no parágrafo único deste mesmo artigo); apenas a data de término pode ser alterada. SEÇÃO I Exercício Social Art. 175. O exercício social terá duração de 1 (um) ano e a data do término será fixada no estatuto. Parágrafo único. Na constituição da companhia e nos casos de alteração estatutária o exercício social poderá ter duração diversa. Ademais, o conceito de exercício é tão caro para a legislação societária que os próprios conceitos de resultado e de lucro líquido estão sobre eles assentados, é o que se infere da leitura dos arts. 176, 189 e 191 da Lei nº 6.404/1976. DO REGIME DE COMPETÊNCIA Fl. 725DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 726 17 A Lei das Sociedades por Ações estabeleceu como regra de observância obrigatória o regime de competência, através de seu art. 177, a seguir transcrito: Escrituração Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. § 1º As demonstrações financeiras do exercício em que houver modificação de métodos ou critérios contábeis, de efeitos relevantes, deverão indicála em nota e ressaltar esses efeitos. ... Dessa imposição legal, verificase que as mutações patrimoniais da sociedade estão vinculadas ao regime de competência. Essa é a regra geral da Lei das S.A., e não é somente a regra geral, é a regra para a totalidade dos casos; pois, na legislação societária, não foi normatizada nenhuma exceção. E, onde não há exceção, na ausência de disposição expressa em contrário, a regra se aplica. Como não foi criada para as despesas de Juros com Capital Próprio nenhuma exceção própria ao regime de competência, daí então se conclui que elas estão submetidas a esse regime. Não há necessidade de disposição expressa na Lei das S.A. que preveja especificamente para as despesas de JCPs que elas devam atender ao regime de competência. Quando se fala em regime de competência, um outro conceito é interno a este, qual seja, o conceito de exercício social (tratado no tópico anterior). Assim regime de competência depende de exercício social, ou seja, é função deste; em outras palavras, mudou se o exercício social, mudouse o regime de competência; não se pode, portanto, construir um conceito de regime de competência dissociado de exercício social. Ademais, regime de competência é um instituto jurídico tradicional, de definição bem precisa e sobre o qual a legislação fiscal pôde estruturar a tributação no tempo. Confirase as disposições do art. 9º da Resolução CFC nº 750/93: SEÇÃO VI O PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA Art. 9º As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. § 1º O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da OPORTUNIDADE. § 2º O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração. (...) Fl. 726DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 727 18 O regime de competência apresenta o seguinte elemento chave: o correlacionamento simultâneo entre as receitas e as despesas (também entendido como princípio do confronto das despesas com as receitas e com os períodos contábeis). A concretização do regime de competência para as despesas consiste no reconhecimento das despesas no momento em que incorridas, não estando relacionado (sendo o reconhecimento independente) com recebimentos ou pagamentos. Sobre essa realidade não preciso muito discorrer, sendo suficiente a lição da FIPECAFI3, em seu Manual4: 3.1.5.4 O PRINCÍPIO DO CONFRONTO DAS DESPESAS COM AS RECEITAS E COM OS PERÍODOS CONTÁBEIS ENUNCIADO: "Toda despesa diretamente delineável com as receitas reconhecidas em determinado período, com as mesmas deverá ser confrontada; os consumos ou sacrifícios de ativos (atuais ou futuros), realizados em determinado período e que não puderam ser associados à receita do período nem às dos períodos futuros, deverão ser descarregados como despesa do período em que ocorrerem..." É importante notar que a base do confronto não está relacionada ao montante dos recursos efetivamente recebido em dinheiro ou pago, no período, mas às receitas reconhecidas (ganhas), nas bases já mencionadas, e às despesas incorridas (consumidas) no período. Assim, podemos consumir ativos pagos no mesmo período ou adquiridos em períodos anteriores. Pode ocorrer o caso de sacrifícios de ativos, no esforço de propiciar receita, cujos desembolsos efetivos somente irão ocorrer em outro exercício, ou de se incorrer em despesas a serem desembolsadas posteriormente (sacrifício de ativo no futuro, ativo esse que pode nem existir hoje). Todas as despesas e perdas ocorridas em determinado período deverão ser confrontadas com as receitas reconhecidas nesse mesmo período ou a ele atribuídas, havendo alguns casos especiais: a) os gastos de períodos em que a entidade é total ou parcialmente préoperacional. São normalmente ativados para amortização como despesa a partir do exercício em que a entidade, ou a parte do ativo, começar a gerar receitas; b) a parcela dos gastos dos departamentos de pesquisa e desenvolvimento que superar o montante necessário para manter o setor em funcionamento, independentemente do número de projetos em execução. (Esses últimos gastos incluem os salários fixos dos pesquisadores e as depreciações dos equipamentos permanentes.) Todo o gasto incremental necessário para determinado projeto poderá ser ativado e, quando o projeto iniciar a geração de receitas, amortizado contra as receitas. Os gastos diferidos que não vierem a gerar receitas deverão ter seus valores específicos descarregados como perda no período em 3 FIPECAFI = Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, FEA/USP. 4 Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações (aplicável às demais sociedades). IUDÍCIBUS, Sérgio; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. São Paulo: Editora Atlas S.A. 6a Edição, pgs. 64 e 65. Fl. 727DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 728 19 que se caracterizar a impossibilidade da geração de receita ou o fracasso ou desmobilização do projeto. Os gastos com propaganda e promoção de venda, mesmo institucional, deverão ser considerados como despesas dos períodos em que ocorrerem. Somente um motivo muito forte e preponderante pode fazer com que um gasto deixe de ser considerado como despesa do período, ou através do confronto direto com a receita ou com o período. Se somos conservadores no reconhecimento da receita, devemos sêlo, em sentido oposto, com a atribuição de despesas. Os juros e encargos financeiros decorrentes da obtenção de recursos para construção ou financiamento de ativos de longo prazo de maturação ou construção somente poderão ser ativados durante o período pré operacional. Entretanto, seu montante deverá ser contabilizado em conta específica de ativo a ser amortizada a partir do exercício em que o ativo entrar em operação. As demais despesas financeiras serão apropriadas aos períodos em que foram incorridas. Alguns pontos devem ficar bastante sedimentados, quais sejam: a) a base de confronto não está relacionada aos recursos pagos; b) as despesas financeiras devem ser apropriadas no período em que incorridas, excetuado os casos de despesas préoperacionais (aqui inaplicável); e c) somente situações extremamente especiais (como as mencionadas na lição, entre as quais não se enquadra o presente processo), autorizase a quebra da consideração da despesa do período através do confronto direto com a receita do período. Bem fixadas essas premissas, a aplicação ao caso concreto leva a constatar que as despesas de Juros com Capital Próprio devem ser confrontadas com as receitas que formam o lucro do período, ou seja, tem que estar correlacionadas com as receitas obtidas no período que se deu a utilização do capital dos sócios, no período em que esse capital permaneceu investido na sociedade. Assim, andou bem o voto vencedor do Acórdão nº 120100.348, de 11/11/2010, da lavra do Conselheiro Marcelo Cuba Netto, ao dizer: a pessoa jurídica deverá reconhecer a despesa ao longo do tempo em que empregado o capital objeto da remuneração. Também acertado o voto condutor do Acórdão n° 1201000.857, do mesmo Conselheiro citado, de 10/09/2013: a despesa com juros deve ser apropriada nos mesmos períodos em que a pessoa jurídica empregou o capital no desenvolvimento de suas atividades. Daí então se conclui que o incorrimento da despesa deve se dar no exercício das receitas (geradas pelo uso do capital) que vão formar o resultado do mesmo exercício; que, em sendo positivo, será chamado de lucro líquido daquele exercício. Sendo certo que as despesas devem estar correlacionadas com as receitas do mesmo exercício, questionase: o que as despesas de JCPs de um exercício têm a ver com as receitas do exercício anterior, ou com as receitas do exercício de dois, três, quatro ou cinco anos anteriores? Pareceme que nada. Fl. 728DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 729 20 De fato, as despesas de JCP só guardam alguma correlação com as receitas que formam o lucro líquido do mesmo exercício, pois é neste período que o capital próprio foi empregado para geração de receitas (e, conseqüentemente, do lucro) daquele exercício. Portanto, eventual data da assembleia que determine pagamento de JCP não consegue atender ao regime de competência, primeiro porque se utilizou do principal fator que este regime teve o cuidado de absolutamente afastar (qual seja, o pagamento); depois porque a data de assembleia não representa duração de utilização, pela sociedade, do capital que lhe foi disponibilizado pelos sócios; e, por fim, esta data não é tempo de geração de receitas, para fins de confrontação. Não é correto entender que o incorrimento da despesa é o momento do pagamento (seja o determinado no estatuto ou contrato social, seja na data da assembleia que delibere sobre pagamento, seja na data da decisão da administração no silêncio destes). Nada mais contrário ao regime de competência, no qual o tempo do pagamento é totalmente irrelevante para o reconhecimento das despesas. Sabendose que o incorrimento da despesa se dá no exercício da aplicação do capital investido pelos sócios/acionista na sociedade (no tempo em que a empresa faz usufruto desse capital), ou ainda, que o incorrimento da despesas num exercício se opera quando há correlação com as receitas de igual exercício; é elementar ver que a data de AG que delibere sobre pagamento de JCPs não tem o condão de modificar a data do incorrimento das despesas de JCPs. Não obstante tudo o que se disse, é muito importante deixar claro que é possível fazer incorrer as despesas de JCP de um exercício relativamente ao capital disponibilizado naquele exercício e não efetuar pagamento algum a título de JCPs (assim não haverá lançamento do caixa/banco contra despesas). Neste caso, o que deve ser feito é a constituição da OBRIGAÇÃO/DÍVIDA DE PAGAR JCPs, que formará uma dívida da sociedade para com os sócios (sendo registrada no passivo), de forma que esse DEVER da empresa fique evidenciado. Isso está perfeitamente de acordo com o regime de competência. O tempo da constituição da obrigação de pagar juros é simultâneo ao do incorrimento das despesas, pois essa obrigação é a contrapartida contábil (para atender o método das partidas dobradas) do registro das despesas incorridas. E essa obrigação pode ser conservada ao longo de vários exercícios (ou seja, num exercício poderá haver passivos de JCPs de exercícios anteriores), sem que se aponte qualquer inobservância ao regime de competência; de forma que, quando se der o pagamento, satisfeita será a dívida, sem qualquer vinculação com as despesas de JCPs incorridas no eventual exercício em que houver o pagamento. Esses fatos serão relevantes mais à frente, para a interpretação da norma fiscal: o art. 9º da Lei nº 9.249/95. DA EXISTÊNCIA, OU NÃO, DO DIREITO DE FAZER INCORRER EM EXERCÍCIOS SUBSEQÜENTES DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES NÃO INCORRIDAS Analiso agora se as despesas de JCP que deixaram de ser incorridas em exercícios anteriores, que deixaram de ir ao resultado destes exercícios, podem ser incorridas Fl. 729DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 730 21 em exercícios posteriores. Ou ainda, se a sociedade adquiriu, frente à legislação societária, o direito de deduzir, do lucro líquido, a despesa incorrida com a manutenção do capital dos sócios na sociedade em anos anteriores (embora não tenha deliberado sobre isso no momento adequado). Como visto no tópico anterior, as despesas de JCP, por não serem exceção ao regime de competência, são despesas padrão: devem ser levadas ao resultado quando incorridas (ao tempo em que o sócio disponibilizou o capital para a empresa) e independem do pagamento para sua dedução na contabilidade societária. Assim, a despesa é incorrida pela manutenção do capital dos sócios na empresa durante o exercício em que o resultado é apurado. Se a despesa for incorrida em exercício diferente ao do qual o capital vinculado a essa despesa esteve disponibilizado, então essa despesa não estará mais vinculada ao capital do exercício anterior, mas sim ao capital do exercício em curso; havendo, portanto, flagrante desrespeito à regra do confronto, e, conseqüentemente, ao regime de competência. O direito de fazer incorrer despesa na lei societária é determinado no tempo do art. 175 da Lei das S.A., ou seja, no exercício, assim não existe direito de fazer incorrer despesa de exercícios anteriores (art. 187, III e IV e §1º b). Na observância do regime de competência, também não há direito de postergação de despesa para exercícios seguintes. Ademais, as despesas de exercícios anteriores que deveriam ter lá tido seu incorrimento não podem ser incorridas em exercícios futuros, conforme vedação do art. 186, §1º, da Lei nº 6.404/1976: Art. 186. ... ... § 1º Como ajustes de exercícios anteriores serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subseqüentes. ... Portanto, o que ocorreu nos autos não foi mudança de critério contábil e também não foi retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subseqüentes. Pelo exposto, concluo que não há direito algum5 de fazer incorrer em exercícios subseqüentes despesas de exercícios anteriores não incorridas, ou seja, inexiste direito da sociedade a deduzir do lucro líquido do ano despesas de JCP que deixaram de ser incorridas em anos anteriores, tanto por contrariedade ao art. 177 (regime de competência) como por não se enquadrar no art. 186, §1º, e no art. 187, III e IV e §1ºb, todos da Lei nº 6.404/1976 (Lei das S.A). O art. 192 da Lei das S.A. também auxilia na compreensão do problema: Proposta de Destinação do Lucro 5 O direito somente é adquirido se estiver de acordo com ordenamento jurídico, o que não se deu. Fl. 730DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 731 22 Art. 192. Juntamente com as demonstrações financeiras do exercício, os órgãos da administração da companhia apresentarão à assembléiageral ordinária, observado o disposto nos artigos 193 a 203 e no estatuto, proposta sobre a destinação a ser dada ao lucro líquido do exercício. A destinação do lucro é uma decisão submetida à assembleia de sócios/acionistas do exercício. E estes devem estar atentos aos itens de custos e despesas que acabam por reduzirem os seus lucros. Daí porque talvez a Lei das S.A. tenha sido tão restritiva no seu art. 186, §1º, em razão da seriedade que envolve a apuração do lucro líquido do exercício, com a conseqüente destinação dos lucros, impactando todos os exercícios futuros. Uma despesa que deixe de ser incorrida em um exercício e que pretensamente venha a ser ratificada em outro exercício pode acabar por reduzir o lucro de um quadro de sócios/acionistas diferente do quadro de sócios/acionistas do exercício em que a despesa não foi considerada, prejudicando uns em detrimento dos outros; e, inevitavelmente, influenciando o valor das ações. A possibilidade de se estar remunerando com pagamento de JCP quem nem era sócio na época da alegada despesa evidencia um nítido problema. Tais questões só não seriam pertinentes se a estrutura societária se mantivesse sempre a mesma, o que é muito improvável. E isso evidencia mais um aspecto negativo para a tese de que "despesas" que poderiam/deveriam ter reduzido o lucro dos anoscalendário de 2005 a 2008 (se tivessem efetivamente existido naquela época) sejam computadas como tal no anocalendário de 2009. DA INTERPRETAÇÃO DO ART. 9º DA LEI Nº 9.429/95 O art. 9º da Lei nº 9.429/95 não modifica nada que esteja assentado na legislação comercial/societária, pelo contrário, ele deve ser interpretado de forma a se harmonizar com os princípios e regras gerais dessa legislação. A referida norma legal apenas concedeu autorização de dedutibilidade do lucro real das despesas incorridas6 e pagas, não concedeu esse tratamento para despesas pagas e não incorridas (como é o caso de despesas que deixaram de ser incorridas no exercício anterior, que poderiam ser despesas no exercício anterior; mas, nesse exercício, não são despesas, nem conservam a capacidade de serem incorridas). Na óptica da analogia que se fez com os empréstimos de modo geral como fundamento para pagamento de juros, a empresa não está limitada a deduzir, do lucro líquido do exercício, qualquer valor de despesas de JCP. Ou seja, para a legislação societária, não há qualquer restrição de quantidade, daí porque o capital pode ser disponibilizado para a empresa a taxas maiores do que a TJLP. Já no âmbito fiscal não se pode dizer o mesmo. As despesas de JCP do exercício devem observar conjuntamente os limites do caput e do §1º do art. 9º da Lei nº 9.429/95 e o excesso dessas despesas devem ser estornadas, em obediência ao art. 6º, §2º "a", do DecretoLei nº 1.598, de 26/12/1977. Conforme visto nos parágrafos anteriores, os JCPs podem passar de um exercício para o outro, desde que devidamente incorrida e escriturada a despesa dos JCPs no 6 Porque se não forem incorridas sequer despesas serão. Fl. 731DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 732 23 exercício em que o capital dos sócios foi utilizado pela empresa, e devidamente escriturada (no passivo) e constituída a corresponde obrigação/dívida de pagálos. Foi visto que essa forma de agir não contraria o regime de competência. A dúvida surge em relação a saber se este procedimento prejudica a norma do ponto de vista fiscal, o que demanda análise. A expressão utilizada pelo art. 9º da Lei nº 9.429/95 não foi "despesa de juros pagos ou creditados", foi apenas "juros pagos ou creditados"; assim, não se pode limitar esse artigo de forma a permitir apenas a dedução de despesas incorridas no exercício e pagas no mesmo exercício. Portanto, os "juros" devem ser entendidos como "despesa de juros" e "obrigações/dívidas7 de juros". Assim, podese falar em direito em relação a descontar juros pagos, seja pagamento das despesas de JCPs do exercício, seja satisfação pelo pagamento da dívida de pagar JCPs que tiveram suas despesas incorridas em exercícios anteriores. Esse segunda hipótese não impossibilita a dedução da despesa. O contribuinte alega inexistir restrição temporal neste artigo. Não há, propriamente, restrição temporal, há restrição material, explico: para que os JCP sejam pagos, é necessário que os JCP a serem pagos existam; caso contrário estarseia pagando outra coisa indedutível que não JCP (como foi o caso que resultou na autuação em julgamento). Ou ainda, há de existirem as despesas de JCPs do exercício (que serão pagas no exercício, o que dispensa a necessidade da constituir obrigação de pagar) ou existir obrigação de pagar JCPs para serem satisfeitas pelo pagamento, obrigação esta constituída em razão das despesas de juros relativas a exercícios anteriores não terem sido pagas nos exercícios em que incorridas. Não obstante, ainda que a norma fiscal não vede a dedução do lucro real dos valores pagos para extinguir a dívida de pagar JCPs de exercícios anteriores, também o montante pago daí originado está submetido aos dois limites (o do caput e o do §1º) do art. 9º da Lei nº 9.429/95. Ademais, tendo em vista serem os limites direcionados para os "juros" (assim entendido o gênero, dos quais as despesas e as obrigações seriam espécies), então este limite deve ser compartilhado (ou seja, os valores devem ser somados) entre o total das despesas pagas de JCPs do exercício e o total dos pagamentos para quitar as dívidas de pagar JCPs de exercício anteriores, estando o excesso submetido ao art. 6º, §2º, "a", do DecretoLei nº 1.598/1977. No caso dos autos, não haviam obrigações/dívidas (ausência de passivo), da sociedade, de pagar JCPs vinculadas a despesas de JCPs incorridas em exercícios anteriores, estas dívidas inexistiam, em virtude de não terem sido constituídas pela falta do incorrimento, nos exercícios anteriores, das despesas de JCPs, resultando em desobediência do art. 177 (regime de competência) e do art. 186, §1º, da Lei das S.A. Assim, o que foi estornado sequer pode ser chamado de Juros sobre Capital Próprio (pois não era baixa de passivo de JCP, nem tampouco despesas de JCP já que essas somente as incorridas no exercício). 7 Ou juros a pagar. Fl. 732DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 733 24 Finalmente, registro que não entendo ser adequado tratar a questão sob a perspectiva de que houve renúncia ou decadência de direito pelo contribuinte. Tendo em vista que tanto a renúncia quanto a decadência tratam de formas que impedem o exercício de um direito: esta por implicar na caducidade do direito por perda do prazo de sua duração e aquela por perda do direito pela manifestação de não exercêlo, entendo por bem tratálas em conjunto. No âmbito tributário, a meu ver, o que ocorreu foi ausência de atendimento de requisito para gozo de benefício fiscal, mas não de ordem temporal e sim material: não existiam JCP para serem pagos! Deuse a situação de ausência de juros (seja por ausência de despesa já que a despesa só pode ser do exercício; seja por ausência de conversão da obrigação de pagar JCP). Ou seja, não houve o incorrimento da despesa com JCP e a conseqüente constituição da obrigação de pagar os JCP, o que permitiria, no caso de pagamento ou crédito, o enquadramento ao benefício fiscal de dedutibilidade do lucro real. O que foi pago não corresponde à satisfação (por meio de pagamento ou crédito) de obrigações com despesas incorridas de JCP. Portanto, não há que se cogitar de renúncia no âmbito tributário. Se não atendo aos requisitos para usufruto de um benefício fiscal, isso não implica em concluir que estou renunciando ao mesmo, implica em concluir que sequer tenho a capacidade de renunciá lo; ou que se o fizer, essa renúncia não produz efeito algum, pois de que adianta renunciar a algo que não obteria ainda que não houvesse renunciado. Ainda que fosse caso de aplicação dos institutos jurídicos da renúncia ou da decadência, esta seria no âmbito societário e não no âmbito fiscal; seria, assim, renúncia/perda de prazo de fazer incorrer a despesa de JCP na lei societária, ou ainda, do direito de deduzir do lucro líquido (e não do lucro real) essa despesa incorrida em exercícios anteriores. Ocorre que o pressuposto lógico para aplicação dos institutos da renúncia e também da decadência é haver a existência de algum direito. O problema é que não há direito dos sócios de exigir os juros sobre o capital próprio, tampouco há obrigação da sociedade, quando da ausência da deliberação de fazêlos incorrer. A simples manutenção do capital na empresa não pode ser presumida como intenção de receber JCPs e não constitui uma obrigação da sociedade de remunerar os sócios através de JCP; o mero fato da permanência do capital dos sócios na empresa não pode, na ausência de ficções legais (a exemplo de presunção) ou de manifestação de vontade, ser juridicamente associado a uma forma específica de remuneração do capital. Caso se aceite a existência do "direito" de fazer incorrer em exercícios subseqüentes despesas de exercícios anteriores não incorridas (pois não houve renuncia, já que não houve manifestação de vontade em não fazer, e nem decadência, já que não há prazo que fulmine esse direito), aí sim a discussão teria algum sentido. Mas já se verificou que esse direito não existe, pois somente poderia se sustentar se as prescrições da própria legislação societária tivessem sido observadas e não haver aplicação de nenhuma das suas vedações. Fl. 733DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 734 25 Como se viu anteriormente, o art. 177, o art. 186, §1º, e o art. 187, III e IV e §1º, "b", da Lei das S.A. não foram respeitados, a sociedade não observou o regime de competência (ausência de correlação despesareceita/capital), bem como se encaixou na vedação das possibilidades de ajustes extemporâneos. Aqui, a situação é de não cumprimento de obrigação: ao não fazer da forma correta, surge a vedação de fazer. Não é que o regime de competência disponha sobre prazo decadencial do direito de deduzir do lucro líquido despesas incorridas em anos anteriores ou permita essa dedução, desde que esse direito não seja renunciado. Na verdade, o regime de competência simplesmente não permite8 a dedução do lucro líquido de despesas incorridas em anos anteriores, ou seja, esse direito sequer existe, ainda mais quando não há autorização para fazer incorrer a despesa. Concluo, portanto, que, na ausência de direito a deduzir do lucro líquido despesas de JCP incorridas em anos anteriores, simplesmente não há que se falar nos institutos jurídicos da renúncia ou da decadência, por falta do pressuposto básico dos mesmos. Na esteira de tudo o que já foi dito, também é importante registrar que não se aplicam aqui as regras que tratam dos casos em que o "cômputo" de uma receita ou de uma despesa se dá em período distinto daquele em que esses eventos efetivamente ocorreram. Não cabem argumentos que tomam como referência o art. 273 do RIR/1999, no sentido de que estaria havendo uma mera postergação de despesa, com antecipação de imposto, sem qualquer prejuízo ao fisco, e que, desse modo, ao menos caberia recompor o resultado dos anoscalendário aos quais deveriam corresponder as despesas (no caso, anos calendário de 2005 a 2008). Só se poderia aceitar a ideia de simples postergação de despesa se os pressupostos para sua existência estivessem presentes nos anos anteriores, o que, como visto, não ocorreu. Se a despesa nem chegou a existir no passado, não há como defender que o que está ocorrendo é apenas o seu cômputo em período de apuração posterior. O caso aqui não é de mera inexatidão da escrituração de receita/despesa quanto ao período de apuração, não é de simples aproveitamento extemporâneo de uma despesa verdadeira, que já existia em momento anterior. O que a contribuinte pretende é "criar" em 2009 despesa de juros nos anos de 2005, 2006, 2007 e 2008, despesas que corresponderiam à remuneração do capital dos sócios que foi disponibilizado para a empresa naqueles períodos passados, despesas que estariam correlacionadas às receitas e aos resultados daqueles anos já devidamente encerrados, e isso realmente não é possível porque subverte toda a lógica não apenas do princípio da competência, mas da própria contabilidade. Apenas para encerrar a discussão, analiso qual o direito que nasce com a deliberação decorrente da assembleia geral relativa ao pagamento ou crédito de JCP, na parte que excede ao limite legal . 8 Exceto os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subseqüentes. Fl. 734DF CARF MF Processo nº 16327.721240/201411 Acórdão n.º 9101003.757 CSRFT1 Fl. 735 26 Certamente dessa deliberação nasce um direito para os sócios de receber os valores a eles creditados, bem como nasce um dever para a sociedade de pagálos ou creditá los. Mas como esses valores não podem corresponder a conversão de obrigações anteriores de JCP, já que não houve incorrimento de despesas de JCP nos anos anteriores, resta apenas a alternativa de reclassificar o que está denominado de pagamento a título de JCP, para registro de algum tipo de direito da sociedade para com os sócios, distribuição de dividendos, etc. Assim, diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da contribuinte, para manter o lançamento de IRPJ e CSLL fundado na glosa da despesa a título de JCP de períodos anteriores. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 735DF CARF MF
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Numero do processo: 10380.007059/2003-14
Turma: Segunda Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Fri May 08 00:00:00 UTC 2009
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/01/1998 a 28/02/1998, 01/11/1998 a 31/12/1998
AUTO DE INFRAÇÃO. MOTIVAÇÃO E DISPOSIÇÕES LEGAIS INFRINGIDAS.
O auto de infração deverá conter obrigatoriamente todos os elementos relacionados no art. 10 do Decreto n° 70.235/72, mormente a indicação da motivação que lhe deu origem, arrimada em fatos verídicos e comprovados, sob pena de padecer de nulidade insanável.
Processo anulado ab initio.
Numero da decisão: 2101-000.142
Decisão: ACORDAM os membros da 1ª câmara / 1ª turma ordinária do segunda seção de julgamento, por unanimidade de votos, declarar nulo o auto de infração ah initio. Ausente momentaneamente o conselheiro Caio Marcos Cândido, pelo quê o julgamento foi presidido pela conselheira Maria Teresa Martínez López.
Matéria: DCTF_PIS - Auto eletronico (AE) lancamento de tributos e multa isolada (PIS)
Nome do relator: MARIA CRISTINA ROZADA COSTA
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SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n° 10380.007059/2003-14 Recurso n° 136.674 Voluntário Acórdão n° 2101-00.142 — 1" Câmara / 1" Turma Ordinária Sessão de 08 de maio de 2009 Matéria PIS Recorrente GERARDO BASTOS PNEUS E PEÇAS LTDA. Recorrida DRJ em Fortaleza - CE ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1998 a 28/02/1998, 01/11/1998 a 31/12/1998 AUTO DE INFRAÇÃO. MOTIVAÇÃO E DISPOSIÇÕES LEGAIS INFRINGIDAS. O auto de infração deverá conter obrigatoriamente todos os elementos relacionados no art. 10 do Decreto n° 70.235/72, mormente a indicação da motivação que lhe deu origem, arrimada em fatos verídicos e comprovados, sob pena de padecer de nulidade insanável. Processo anulado ab initio. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da l a câmara / 1' turma ordinária do segunda seção de julgamento, por unanimidade de votos, declarar nulo o auto de infração ah initio. Ausente momentaneamente o conselheiro Caio Marcos Cândido, pelo quê o julgamento foi presidido pela conselheira Maria Teresa Martínez López. , MARIA TE f SA MARTINEZ LÓPEZ Presidente Substituta /(I MÁA."- CRISTINA ROS DA COSTA elatora o Processo n° 10380.007059/2003-14 S2-CIT1 Acórdão n.° 2101-00.142 Fl. 171 -4 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Gustavo Kelly, Alencar, Antonio Zomer, Antônio Lisboa Cardoso, Antonio Carlos Atulim e Domingos de Sá Filho. Relatório Trata-se de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 4' Turma de Julgamento da DRJ em Fortaleza, CE. Os autos tratam de auto de infração de PIS, lavrado contra a filial 003 da empresa acima identificada e, por bem descrever os fatos reproduzo abaixo o relatório da decisão recorrida: "Contra o contribuinte identificado nos autos foi lavrado o Auto de Infração da Contribuição para o PIS de fls. 44/48, referente ao primeiro e quarto trimestre de 1998, fatos geradores de janeiro, fevereiro, novembro e dezembro de 1998, para formalização e exigência do crédito tributário nele estipulado no valor de R$ [*_1, incluído multa de oficio e juros de mora, estes calculados até 31/07/2003. 2. O feito .fiscal originou-se da realização de auditoria interna onde foi constatada irregularidade nos créditos vinculados informados pelo contribuinte nas DCTFs dos I" e 4" trimestres de 1998, tendo em vista que não foi confirmada a vincula ção dos créditos tributários, por tratar-se de processo judicial de outro CNPJ, conforme "Anexo I — Demonstrativo dos Créditos Vinculados não Confirmados (fls. 46/47) e "Anexo III — Demonstrativo do Crédito Tributário a Pagar" «Is. 48). 3. Inconformado com a exigência, da qual tomou ciência em 11/08/2003 (AR. fls. 43), o contribuinte apresentou impugnação em 20/08/2003 (fls. 1/2), alegando em síntese que: 3.1. o Auto de Infração foi lavrado tendo em vista tratar-se de processo judicial de outro CNPJ, conforme consta dos autos. Ocorre que os processos judiciais n"s 970011875-4 980022722- 9, informados nas DCTFs, tiveram como uma das partes a empresa Gerardo Bastos S/A Pneus e Peças, o qual teve sua razão social alterada para Gerardo Bastos Pneus e Peças Ltda, continuando com o mesmo CNPJ, consoante se verifica pelo aditivo ao contrato social em anexo; 3.2. desta forma a infração apontada no Auto de Infração não procede, uma vez que o inzpugnante é parte dos processos judiciais es 970011875-4 e 980022722-9, tendo a empresa demandada sofrido apenas alteração de sua razão social, entretanto permanecendo com o mesmo CNPJ; 3.3. Diante do exposto requer que seja julgado improcedente o Auto de Infração que trata o presente processo." Processo n0 10380.007059/2003-14 S2-C1T1 Acórdão n." 2101-00.142 Fl. 172 Analisando as razões de impugnação a Turma Julgadora proferiu decisão no sentido de considerar procedente em parte o lançamento para excluir a multa de oficio, nos termos da seguinte ementa: "Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 1998 Ementa: Ação Judicial. Prevenção da Decadência. O crédito tributário deve ser constituído pelo lançamento em razão do dever de oficio e da necessidade de serem resguardados os direitos da Fazenda Nacional, previnindo-se contra os efeitos da decadência. Multa. Retroatividade Benigna. Em conformidade com a nova redação dada pelo art. 25 da Lei 11.051, de 2004, ao art. 18 da Lei 10.833, de 2003, em combinação com o art. 106, inciso II, alínea "c", do CTN, cancela-se a multa de ofício aplicada. Lançainento Procedente em Parte". Cientificado da decisão em 09/06/2006 o interessado apresentou em 07/07/2006 recurso voluntário a este Eg. Conselho de Contribuintes com as mesmas razões de dissentir postas na impugnação, reforçando seus argumentos ao alegar que a compensação foi realizada com base na liminar concedida na ação cautelar, sendo que a sentença proferida na ação ordinária competente transitou em julgado. Cita precedentes dos Tribunais Superiores. Alflm requer seja julgado improcedente o auto de infração e reconhecimento da validade das compensações, ultimadas nas respectivas DCTF.Alternativamente requer se aplique o art. 171 do CTN. É o relatório. Voto Conselheira MARIA CRISTINA ROZA DA COSTA, Relatora O recurso voluntário é tempestivo e preenche as demais condições para sua admissibilidade e conhecimento. A ocorrência (fl. 46/47) que motivou a autuação por "falta de recolhimento ou pagamento do principal, declaração inexata" (fl. 45), está descrita como "proc jud de outro CNPJ". Ou seja, a motivação foi a não comprovação da existência do processo judicial n° 98.0022722-9, citado nas DCTF apresentadas, nas quais a recorrente declarou: "comp s/ DARF — outros - PJU' (fl.46/47). A recorrente demonstra a improcedência do motivo que ensejou a lavratura do auto de infração eletrônico pela apresentação de peças do processo judicial comprovando a efetividade da impetração da ação cautelar e respectiva ação ordinária, como litisconsorte 3 Processo n° 10380.007059/2003-14 S2-CITI Acórdão n.° 2101-00.142 Fl. 173 s. ativa, conforme liminar no processo judicial (11.40/42), circunstância que não foi investigada pela autoridade administrativa signatária do referido ato administrativo de exigência do crédito tributário. Assim, não tem como prosperar sua eficácia de vez que produzida prova contrária aos motivos que levaram à sua expedição. Havendo DCTF, regularmente apresentada, contendo os créditos tributários confessados, inclusive com a expressa citação de processo judicial que suspendeu a exigibilidade dos mesmos, não há falar em lavratura de auto de infração para prevenir a decadência, uma vez que a mesma se encontra extinta, pela ruptura de seu curso em razão da confissão do débito e a prescrição não se iniciou em face de sua interrupção por força da ordem judicial. Assim, o auto de infração desprestigia o art. 10 do Decreto n° 70.235/1972, especificamente no inciso IV que determina que o auto de infração conterá obrigatoriamente a disposição legal infringida e a penalidade aplicável. Ora, arrimado que foi o auto de infração no fato de a compensação, apontada na DCTF, haver se realizado com base em processo judicial não comprovado, o que não é verdadeiro, de vez que do processo foi indicado pela recorrente e sua existência foi confirmada, tratando da matéria objeto dos autos, resta inveridica a motivação ou não infringida qualquer disposição legal citada nos autos. O crédito tributário encontra-se declarado em DCTF, a qual constitui confissão irretratável de débito. A compensação nela apontada, que dá suporte à pretensa extinção do crédito tributário, encontrava-se sub judice. Portanto, ao término da ação judicial sendo a sentença desfavorável à recorrente caberá ao fisco unicamente exigir, de imediato, o crédito tributário confessado na DCTF ou inscrevê-las na Dívida Ativa da união, em caso de resistência do devedor. Caso contrário, como consta da sentença anexada aos autos, sendo a sentença favorável, restará homologada a compensação e extinto o crédito tributário confessado. No âmbito dos presentes autos, restou provado que a ocorrência que fundamentou o auto de infração está dissociada da verdade dos fatos em razão da existência do processo judicial informado na DCTF. Em razão do exposto, voto por anular o presente processo ab inicio. Sala das Sessões, em 08 de maio de 2009. _ atAACRISTINA RO DA COSTA 4
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