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Numero do processo: 10480.910505/2012-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO.
O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. As informações prestadas unicamente na DIPJ não têm o condão de provar o direito creditório que o contribuinte alega possuir.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3302-003.678
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Orlando Rutigliani Berri, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ÔNUS DA PROVA. Recorrente ARMAZÉM CORAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO. O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. As informações prestadas unicamente na DIPJ não têm o condão de provar o direito creditório que o contribuinte alega possuir. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Orlando Rutigliani Berri, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 91 05 05 /2 01 2- 24 Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10480.910505/201224 Acórdão n.º 3302003.678 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de PER/DCOMP em que a Contribuinte informa ter efetuado recolhimento a maior que o devido. A DRF/Recife proferiu Despacho Decisório indeferindo o pleito sob o fundamento de que o DARF discriminado no PER/DCOMP foi localizado, mas encontrase integralmente utilizado para quitação de débitos declarados do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição/compensação. Cientificada da decisão, a Recorrente apresentou manifestação de inconformidade alegando, em síntese, que houve mera falha em não retificar a DCTF, mas que devem ser reconhecidas as informações de sua DIPJ retificadora, que atesta a ocorrência de pagamento a maior. Em análise dos argumentos apresentados pela Recorrente, a DRJ/Recife julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 11040.574. O Colegiado a quo entendeu que a Contribuinte não havia comprovado o suposto pagamento a maior. Cientificada da decisão de piso, a Recorrente interpôs recurso voluntário sustentando, em síntese: (i) que o erro cometido pela Recorrente de não retificar as DCTFs não anula a existência dos créditos, vez que decorrem da realização de pagamento efetuados a maior; e (ii) que a existência de pagamento a maior é constatada pela simples verificação das DIPJs retificadoras, onde constam os ajustes necessários para atestar a existência do crédito pleiteado. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulede, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.657, de 22 de fevereiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10480.910482/201258, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.657): "I Tempestividade Fl. 200DF CARF MF Processo nº 10480.910505/201224 Acórdão n.º 3302003.678 S3C3T2 Fl. 4 3 A Recorrente foi intimada da decisão de piso 25.06.2013 e protocolou Recurso Voluntário em 01.07.2013, dentro do prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 33, do Decreto 70.235/721. Desta forma, considerando que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II Questões de Mérito Conforme exposto anteriormente, a Recorrente alega (i) que o erro cometido pela Recorrente de não retificar as DCTFs não anula a existência dos créditos, vez que decorrem da realização de pagamento efetuados a maior; e (ii) que a existência de pagamento a maior é constatada pela simples verificação das DIPJs retificadoras, onde constam os ajustes necessários para atestar a existência do crédito pleiteado. Com todo respeito aos argumentos explicitados pela Recorrente, não concordo com suas alegações. Isto porque, a alegação de que a existência do crédito poderia ser facilmente comprovado por meio das Declarações de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (DIPJ) em nada socorre a Recorrente, posto que além da DIPJ não se constituir em confissão de dívida como é o caso da DCTF, não consta dos autos qualquer documento, a exemplo de livros e documentos fiscais e contábeis, que viesse evidenciar a apuração da contribuinte na sua DIPJ retificadora. Com efeito, a DIPJ contêm dados e informações declarados pelo próprio contribuinte que devem ser lastreados com a correspondente documentação fiscal que comprove os lançamentos contábeis, do contrário, o direito ao crédito não deve ser reconhecido. Ora, a simples apresentação de cópias das referidas declarações são insuficientes para comprovar a origem do pretenso crédito almejado pela Recorrente, inviabilizando a confirmação dos valores registrados nas declarações. Não bastasse isso, os argumentos apresentados pela Recorrente não fazem prova de crédito algum, sequer demonstram qual a composição e/ou origem do crédito que ela alegar possuir. Mais uma vez, repitase, que é necessário que sejam colacionados aos autos excertos da escrituração contábil e fiscal do contribuinte, lastreados em documentação idônea que dê suporte a tais lançamentos. Logo, dúvida não há quanto a inexistência do direito creditório perseguido pela Recorrente. Diante deste cenário, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário." No que diz respeito à tempestividade, o recurso apresentado neste processo também é tempestivo (ciência em 25/06/2013, apresentação do RV em 01/07/2013). E, da mesma forma que no processo paradigma, a Contribuinte também não juntou nestes autos "excertos da escrituração contábil e fiscal do contribuinte, lastreados em documentação idônea" capaz de comprovar a legalidade e materialidade do direito creditório alegado. 1 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 201DF CARF MF Processo nº 10480.910505/201224 Acórdão n.º 3302003.678 S3C3T2 Fl. 5 4 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 202DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.910970/2011-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-000.915
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Fortaleza/CE que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte, a qual pretendeu a reforma do despacho decisório que, por sua vez, indeferiu a homologação da compensação de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Por bem consolidar os fatos ocorridos até a decisão da DRJ, colaciono o relatório do acórdão recorrido in verbis: Consta no referido Despacho Decisório o seguinte motivo para indeferimento do Pedido: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 96 .9 10 97 0/ 20 11 -9 1 Fl. 194DF CARF MF Processo nº 13896.910970/201191 Resolução nº 3402000.915 S3C4T2 Fl. 112 2 Contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. ... De acordo com a Defesa, as operações que destinem mercadorias à Zona Franca de Manaus – ZFM se equiparam, para todos os efeitos fiscais, a uma exportação para o exterior, conforme disposto no art. 4º da Decretolei nº 288/1967. O disposto no referido artigo foi recepcionado pelo art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, que garante a manutenção do referido benefício por prazo determinado. No entanto, o § 2º, inciso I, do art. 14 da Medida Provisória nº 1.858/1999, posteriormente reeditada pela Medida Provisória nº 2.037/2000, excluiu da isenção das receitas de exportação das Contribuições PIS/COFINS, as vendas efetuadas a Empresas instaladas na Zona Franca de Manaus. Ocorre que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento de Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.348, em 07/12/2000, por unanimidade, concedeu a liminar pleiteada, para “suspender a eficácia do artigo 51 da Medida Provisória nº 2.03724, de 23 de Novembro de 2000, relativamente ao inciso I do § 2º do artigo 14 quanto à expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ ”. Assim, tendo em vista a suspensão da eficácia do disposto no art. 14, § 2º, inciso I, quanto às Empresas instaladas na Zona Franca de Manaus, entende o Manifestante que restou assegurada a isenção das Contribuições PIS/COFINS sobre a receita de vendas efetuadas à Empresa estabelecida na citada região. Com efeito, nos termos do art. 165 do Código Tributário Nacional, deve ser reconhecido o direito à restituição dos valores indevidamente recolhidos pelo Manifestante. Sobreveio então o Acórdão 0831.107, da 3ª Turma da FOR/CE, negando provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, cuja ementa foi lavrada nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1999 Ementa: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. Mantémse o Despacho Decisório de não homologação da compensação, quando a Defesa não comprova a certeza e liquidez do crédito pretendido. Irresignada, a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho repisando os argumentos trazidos em sede de manifestação de inconformidade, bem como apresentando notas fiscais por amostragem que dizem respeito às vendas à Zona Franca de Manaus, o que, no seu entender, suprimiria o problema da falta de prova Fl. 195DF CARF MF Processo nº 13896.910970/201191 Resolução nº 3402000.915 S3C4T2 Fl. 113 3 É o relatório Voto Conselheiro Antônio Carlos Atulim, relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3402000.905, de 28 de março de 2017, proferida no julgamento do processo 13896.910963/201199, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu na Resolução 3402000.905: "Como se depreende do relato acima, o pedido de restituição da Recorrente fundase na alegação de ter tributado indevidamente a Contribuição ao PIS sobre receitas de vendas de produtos à estabelecimentos localizados na Zona Franca de Manaus, sendo que tais receitas seriam isentas pela legislação federal, uma vez que foram equiparadas às exportações (artigo 4º do Decreto lei nº 288/1967). Tal direito ao indébito, em tese, foi reconhecido pelo julgamento da DRJ, que somente não conferiu o direito em concreto por falta de provas a certeza e liquidez do crédito pretendido. Para suprir tal falta, a Recorrente trouxe em seu recurso voluntário cópias de notas fiscais de vendas, do período em questão, de bens para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus. Tais provas, apesar de induzirem à conclusão do direito ao crédito, não lhe confere certeza e liquidez, de modo que não foi completamente suprido o ônus da prova da Recorrente, nos moldes do artigo 373 do Código de Processo Civil, uma vez que se trata de pedido de restituição de indébito, de sua iniciativa. Assim é que tem decidido esse Colegiado, conforme se depreende do conteúdo do Acórdão 3402002.881. 1 Pelos os motivos acima expostos, justifico a necessidade de conversão do presente processo em diligência, como requer o artigo 18 caput do Decreto 70.235/72 (PAF), para o arremate do convencimento deste Colegiado sobre os fatos em discussão. Para tanto, devem ser tomadas as seguintes providências pela Repartição Fiscal de origem: i) analisar os documentos adequados para a verificação do crédito, quais sejam: o Demonstrativo de Apuração da Contribuição ao PIS, cópias das folhas dos livros fiscais (Registro de Saídas e de Apuração 1 Nas palavras do Conselheiro Relator do caso, Antonio Carlos Atulim: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade." Fl. 196DF CARF MF Processo nº 13896.910970/201191 Resolução nº 3402000.915 S3C4T2 Fl. 114 4 do ICMS ou do IPI) e contábeis (Razão) do respectivo período de apuração do crédito pleiteado, notas fiscais, entre outros; ii) elaborar relatório conclusivo a respeito do crédito pleiteado; iii) dar ciência do Relatório à Recorrente, abrindolhe prazo regulamentar para manifestação; e iv) devolver o processo para esta 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, 3ª Seção do CARF, para prosseguimento do julgamento. Importante registrar que os documentos apresentados pelo contribuinte no paradigma são os mesmos que instruem o presente processo, de tal sorte que os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso daquele também se justificam neste. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, determino a conversão do autos em diligência para que a Repartição Fiscal de origem adote as seguintes providências: i) analisar os documentos adequados para a verificação do crédito, quais sejam: o Demonstrativo de Apuração da Contribuição ao PIS/COFINS, cópias das folhas dos livros fiscais (Registro de Saídas e de Apuração do ICMS ou do IPI) e contábeis (Razão) do respectivo período de apuração do crédito pleiteado, notas fiscais, entre outros; ii) elaborar relatório conclusivo a respeito do crédito pleiteado; iii) dar ciência do Relatório à Recorrente, abrindolhe prazo regulamentar para manifestação; e iv) devolver o processo para esta 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, 3ª Seção do CARF, para prosseguimento do julgamento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Fl. 197DF CARF MF
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Numero do processo: 11968.000796/2009-35
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue May 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 04/09/2008, 08/09/2008, 12/09/2008, 18/09/2008, 19/09/2008, 09/10/2008, 10/10/2008, 15/10/2008, 17/10/2008, 29/10/2008
MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO.
A multa por prestação de informações fora do prazo encontra-se prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal.
MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de deveres instrumentais caracterizados pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010. A aplicação deste dispositivo deve-se considerar o conteúdo da obrigação acessória violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Nestas a aplicação da denúncia espontânea implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.840
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges.
(assinado digitalmente)
Flávio De Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira - Relator.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente).
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. A multa por prestação de informações fora do prazo encontrase prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. A denúncia espontânea não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de deveres instrumentais caracterizados pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010. A aplicação deste dispositivo devese considerar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Nestas a aplicação da denúncia espontânea implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 96 8. 00 07 96 /2 00 9- 35 Fl. 366DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente). Fl. 367DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório Tratase de o presente processo de Auto de Infração lavrado face ao descumprimento da obrigação acessória de prestar informação sobre veículo ou carga transportada ou sobre operações que executar, no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, de acordo com o que dispõe o art. 107, inciso IV, alínea “e”, do Decreto lei37, de 1966, com a redação dada pelo art. 77 da Lei 10.833, de 2003. Regularmente cientificada, a interessada apresentou a impugnação na qual alega, em breve síntese, que não é parte legitima para figurar no pólo passivo, tendo em vista que atuou na qualidade de mera agência de navegação marítima da empresa transportadora e que não responde por eventuais tributos e/ou obrigações acessórias devidos por esta. Afirma que o agente marítimo age em nome do Armador e com este não se confunde, razão pela qual não pode ser pessoalmente responsabilizada pela autuação em tela, até porque a própria Lei (art. 107, IV "e" do Decreto Lei 37/66) assim não prevê. Alega ausência de tipicidade, porque não deixou de prestar informação no prazo previsto em Regulamento. Apenas retificou posteriormente a sua informação, o que é uma hipótese diferenciada da penalidade estipulada e não se encontra tipificada na alínea 'e' do inciso IV, do art. 107 do Decreto Lei 37/66, com a redação dada pela Lei 10.833/03. Aduz que a autuação carece de elemento essencial de validade, pois, conforme o art. 113, § 2º do CTN, não há um fim específico e próprio que justificasse a penalidade, ou seja, o eventual descumprimento de prestar informações no prazo estipulado não gera qualquer prejuízo ao Fisco. Afirma que o lançamento fere o princípio da Reserva Legal, porque fundamentado em dispositivo constante em Instrução Normativa. Argui que não existe amparo legal para aplicação de penalidade para a ação de alteração/correção de dados no Sistema Sicarga. Alega que o procedimento fiscalizatório somente foi iniciado após ter formalizado a denúncia espontânea, o que a exime de qualquer penalidade, conforme o disposto no parágrafo 2 do art. 102, do Decreto Lei n 37, de 18 de novembro de 1966, cuja redação foi alterada pela Medida Provisória n 497, de 27 de julho de 2010, bem como o art. 138, caput, do Código Tributário Nacional. Requer seja anulado ou cancelado o auto de infração. A DRJ no Recife (PE) decidiu pela improcedência da impugnação, mantendo o crédito. Colaciono a ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 04/09/2008, 08/09/2008, 12/09/2008, 18/09/2008, 19/09/2008, 09/10/2008, 10/10/2008, 15/10/2008, 17/10/2008, 29/10/2008 RETIFICAÇÃO EXTEMPORÂNEA DE CONHECIMENTO ELETRÔNICO. Aplicase a multa prevista no artigo 107, inciso IV, alínea ‘e’, do DecretoLei nº 37, de 1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003, para cada deferimento, automático ou não, de retificação extemporânea do manifesto eletrônico, conhecimento Fl. 368DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 5 4 eletrônico ou item de carga, mesmo que as cargas tenham sido transportadas em uma mesma embarcação. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com improcedência de sua impugnação, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário, expondo que: Por ser uma agência de navegação da transportadora não poderia ser considerado representante do transportador para fins de responsabilidade tributária não lhe correndo os efeitos do Decreto Lei 37/66; Alega que a sua declaração extemporânea teria os mesmos efeitos que a denúncia espontânea e esta seria aplicável às obrigações acessórias; Entende que a Instrução Normativa nº 800/07, infringe o princípio da reserva legal, conforme art. 97, V do CTN; Entende que sua conduta, retificação, seria atípica com relação à sanção prevista no art. 107 do Decreto Lei nº 37/66; Alega que a multa regulamentar, enquanto obrigação acessória, carece de validade essencial, por não estar demonstrado o interesse da arrecadação ou fiscalização de tributos, não sendo assim justificada aplicação da mesma; Entende que não deixou de apresentar informações dentro do prazo referido pela IN nº800/07, mas promoveu a retificação destas. É o sucinto relatório. Fl. 369DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo os demais requisitos de admissibilidade, dele conheço, portanto. Ilegitimidade Passiva Muito embora compartilhe do entendimento que as agências marítimas não possam ser sujeitas da multa prevista pelo art. 107, IV, alínea “e” do DecretoLei nº 37/66, devendo ser estas serem impostas somente ao transportador, tenho que no presente caso tal argumentação não se aplica. A recorrente é empresa transportadora, conforme demonstra o seu CNPJ e objeto social, que assim determina a Cláusula Segunda que: A sociedade tem por objeto a navegação marítima de longo curso marítima (...) o exercício das atividades de agente de transporte multimodal, assessoria ao transporte marítimo e terrestre de cargas em todo o território nacional (...) Face a isto, afasto o argumento da Recorrente de que, por ser a empresa uma agência marítima, e não uma transportadora, não está configurada sua responsabilidade quanto à prática da infração objeto dos autos. Diversos são os julgados deste Conselho onde foi compreendido que a obrigação do transportador, de prestar as informações à RFB, encontrase estabelecida no art. 37 do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833, de 2003, in verbis: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1º O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. Ultrapassados tais argumentos, entendo que a penalidade não deve ser aplicada no presente caso por motivos diversos. Denúncia Espontânea Inicio a análise do argumento da denúncia espontânea, pois uma vez julgado o seu provimento, todas as demais matérias se tornarão prejudicadas. Fl. 370DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 7 6 O Recorrente alega que as informações foram prestadas antes da lavratura do auto de infração. Portanto, nos termos do art. 138, caput, do Código Tributário Nacional (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora,ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentado após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” Ocorre que, muito embora típica e perfeitamente subsumido o fato à norma, no caso em tela se está diante de uma excludente da punibilidade, haja vista a Recorrente estar amparada pela hipótese legal da chamada denúncia espontânea. Esse instituto jurídico tem lugar quando o contribuinte informa à administração as infrações por ele praticadas, antes de iniciado qualquer procedimento fiscalizatório. A vantagem dessa confissão prévia e espontânea para o contribuinte está na consequência legal que o instituto lhe garante. No presente caso temse que o pedido de retificação prestado pela recorrente foi anterior lavratura do Auto de Infração, bem como de qualquer outra intimação da RFB. Deste modo, aplicase ao presente caso o instituto da denúncia espontânea. O Código Tributário Nacional disciplina no art. 138 a exclusão da responsabilidade quando a denúncia espontânea for acompanhada do pagamento do tributo e dos juros de mora, restringindo tal hipótese quando caracterizado o início do procedimento administrativo ou qualquer medida de fiscalização, nos termos do parágrafo único. Destacase também que até a edição da Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, convertida na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, a caracterização da denúncia espontânea não contemplava as obrigações acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com o fato gerador do tributo. Porém, com a vigência da norma acima, foi modificado o § 2º, do art. 102 do DecretoLei nº 37/66, incluindo as penalidades administrativas dentre aquelas possíveis de aplicação da denúncia espontânea, in verbis: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. Fl. 371DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 8 7 § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) No presente caso, temos, portanto que a retificação foi apresentada antes de qualquer procedimento de fiscalização, caracterizando a denúncia espontânea, devendo ser excluída a penalidade ora discutida, de natureza administrativa, conforme previsão do § 2º do artigo 102 do DecretoLei nº 37/66. Ainda, cabe observar que, sendo o fato gerador anterior a Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, necessário aplicar in casu a retroatividade benigna da alteração legislativa processada pela referida Medida Provisória, conforme determina o artigo 106 do CTN. Logo, aplicável à referida legislação ao presente caso. Acrescentase ainda que este Egrégio Conselho tem compartilhado deste entendimento, consoante se verifica pelos arestos abaixo: DENÚNCIA ESPONTÂNEA CONFIGURAÇÃO A retificação de informação prestada em registro de conhecimento de carga antes de qualquer procedimento da fiscalização aduaneira, está amparada pela denúncia espontânea prevista no art. 102, do mesmo diploma legal (Acórdão 3101001.138, 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão de 22/05/2012, Relator Conselheiro Luiz Roberto Domingo) DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO AS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. A alteração do art. 102 do DecretoLei nº 37/66 promovida pela Medida Provisória nº 497/2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350/2010, que incluiu as penalidades de natureza administrativa, dentre aquelas alcançadas pela denúncia espontânea é aplicada aos casos ainda pendentes de julgamento, em razão da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, inciso II, alínea “c” do CTN. (Acórdão 3102001.663, 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, sessão de 25/10/2012, Relator Conselheiro Álvaro Arthur L. de Almeida Filho) Cabe analisar a restrição imposta pelo art. 683, §3º do Decreto nº 6.759, de 05 de fevereiro de 2009, que regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. Este determina que: Art. 683. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento dos tributos dos acréscimos legais, excluirá a imposição da correspondente penalidade (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 102, caput, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 1o; e Lei nº 5.172, de 1966, art. 138, caput). (…) Fl. 372DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 9 8 §3o Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador. O texto original do Decreto nº 6.759/2009 previa em seu §3oque a espontaneidade era afastada depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior e por conseqüência igualmente afastada seria a denúncia espontânea. Notese que esta redação deve ser lida em consonância com o disposto na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010 que passou a ter a seguinte redação: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) Notese que o Decreto nº 6.759/2009 deve ser lido em conformidade com a Lei nº 12.350/2010. Tratase de norma superior e posterior. Assim, tanto pelo critério da hierarquia, quanto pelo critério cronológico deve prevalecer a norma posterior. Da leitura da lei posterior se nota que não há a restrição prevista no §3o, do art. 683 do Decreto nº 6.759/2009, de tal modo que onde não houve restrição legal não poderá a norma regulamentadora restringir, sob pena de ofensa ao princípio da estrita legalidade. Diante da aplicação do instituto da denúncia espontânea, entendo pelo provimento do recurso e passo a analisar as demais matérias, não obstante prejudicadas, para fins de privilégio do devido processo legal. Reserva Legal A infração em tese cometida pela recorrente se encontra caracterizada pela apresentação de declaração de informações sobre o veículo e carga transportada fora do prazo estabelecido, por força do art. 107 do DecretoLei 37/66, com redação dada pela Lei nº 10.833/03, c/c art. 44 da Instrução Normativa 28/94, com redação dada pela Instrução Normativa 510/05 e art. 22 da Instrução Normativa 800/07. No que tange a tipificação da conduta do recorrente, a sua descrição consta igualmente e inicialmente tipificada no art. 107 do DecretoLei 31/66, que estabelece a aplicação de multa para quem deixar de prestar a declaração sobre veículo e carga transportada, bem como quem de forma omissiva ou comissiva embaraçar ação de fiscalização. Fl. 373DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 10 9 Ademais, as instruções normativas tem como finalidade de preencher lacunas que por vezes se encontram dentro dos procedimentos fiscais, no caso específico de normas que estabelecem prazo para a apresentação ou recolhimento de obrigações acessórias, não estão sujeitas a reserva legal do art. 97 do CTN, por não compreenderem o rol de matérias lá estabelecido, cabendo, portanto, o estabelecimento dos prazos por norma de hierarquia inferior, como as Portarias e Instruções Normativas, conforme tem se posicionado o CARF. ASSUNTO: OBRIGAÇÕESACESSÓRIAS Datadofatogerador:31/12/1998 OBRIGAÇÃO ACESSORIA. PRAZO. INSERÇÃO SISCOMEX DE DECLARAÇÃO DE EMBARQUE DE MERCADORIAS. O prazo de inserção das informações do embarque de mercadoria no SISCOMEX é de sete dias, contados do dia do efetivo embarque. Não se aplica a norma processual do artigo 210 do Código Tributário Nacional, neste caso prevalece o prazo fixado em Portarias e Instruções Normativas em razão de que não contemplam aspectos da hipótese de incidência, estão fora da reserva legal prevista no artigo 97 do CTN. Constado inserção além do prazo fixado, impõe negar provimento ao recurso. RecursoNegado. Ressalto que o entendimento seria pela carência de razão do contribuinte caso não estivesse prejudicada a análise desta matéria. Obrigação Acessória Carece de razão a alegação da recorrente quanto à carência de elemento essencial na autuação por descumprimento de obrigação acessória. Isto porque as obrigações acessórias não possuem uma relação de dependência de uma obrigação principal. Como o próprio artigo citado pela recorrente são prestações positivas ou negativas, fazer ou não fazer algo em benefício do interesse arrecadatório ou fiscalizatório. No caso dos autos, a declaração que gerou a autuação da recorrente era uma obrigação acessória, positiva e com finalidade fiscalizatória, pois se caracteriza em um dever de declarar o bem carregado e cujas informações contidas auxiliam o fisco a verificar a adequada descrição de bem importado pelo importador, se houve emissão de notas fiscais, se a importadora estaria correta em sua escrituração fiscal. Logo, a responsabilidade de declarar a mercadoria transportada pela empresa, conforme art. 107 do Decreto lei 37/66, é uma obrigação acessória de declaração ao fisco e cujo descumprimento implica na aplicação de multa por embaraço à fiscalização. Nestes termos, não sendo prestada a obrigação de declaração de mercadorias dentro do prazo legal, houve prejuízo na fiscalização aduaneira, devida, portanto, a multa pelo descumprimento. Fl. 374DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 11 10 Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Tipificação A recorrente alega que não incorreu no tipo específico de descumprimento de declaração de mercadoria, conforme art.37 e 107, IV, “e” do DecretoLei 37/66, posto que não deixou de prestar informações sobre o veículo ou sobre a carga transportada entendendo que retificação, conduta que afirma ter praticado seria diferente de deixar de informar. Entendo que não assiste razão a recorrente, tendo em vista que no auto de infração é possível verificar que o recorrente apresentou Conhecimento de Embarque, promovendo a alteração de NCM fora dos prazos de atracação do navio e conforme art.37 do Decretolei 37/66 “o transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecido, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado”. O entendimento deste Conselho, inclusive para esta empresa em autuação pretérita foi o seguinte: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 05/04/2006 a 15/01/2009 MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. AGENTE MARÍTIMO E TRANSPORTADOR. LEGITIMIDADE PASSIVA A legislação prevê que o agente marítimo, assim como o transportador internacional, respondem solidariamente por quaisquer infrações que tenham concorrido para a prática, solidariamente, sendo, pois, o agente parte legítima a figurar no polo passivo de auto de infração. MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. A multa por prestação de informações fora do prazo encontrase prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. Não há que se falar em denúncia espontânea de obrigação acessória se a norma em comento tem como finalidade a prestação de informações na forma e, sobretudo, no prazo fixado pela legislação, prazo esse que não seria observado se se considerar que a prestação de informações fora do prazo configuraria denúncia espontânea. Fl. 375DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 12 11 Recurso Voluntário Negado. Nesta senda, uma vez não cumprindo o prazo de apresentação das declarações o transportador já incorre no fato gerador da multa regulamentar, resta devidamente enquadrada a conduta da recorrente à infração referida, não havendo qualquer traço de atipicidade. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Art. 50 da Instrução Normativa 800/2007 Entendo que não assiste razão ao recorrente. Conforme a redação do artigo 50 da IN 800/07, informa que os prazos de antecipação de informação previstos no art. 22º da mesma instrução somente serão obrigatórios a partir de 1 de janeiro de 2009. Vejamos: Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1ºde janeiro de 2009. Parágrafoúnico. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País.(grifonosso) Este dispositivo, ao mesmo tempo em que prevê que os prazos mínimos para a prestação de informações à RFB previstos no artigo 22 da IN RFB nº 800/2007 somente são obrigatórios a partir de 1ºde janeiro de 2009, dispõe que o transportador tem a obrigação de prestar informações sobre as cargas transportadas antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Resta claro, portanto, que já a partir do momento em que se inicia a produção de efeitos da IN RFB nº 800/2007, qual seja 31 de março de 2008, as informações sobre as cargas transportadas devem ser prestadas pelas transportadoras antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País, conforme art. 52 da Instrução Normativa, prazo também descumprido pelo contribuinte. Em adição, havendo prazo que estabeleça o início da vigência das antecipações, nos caso dos fatos geradores que antecedem a vigência da Instrução Normativa 800/07, o contribuinte deveria ter cumprido o prazo de sete dias descritos art. 37 da Instrução Normativa SRF n° 28, de 1994, com a redação dada pela IN SRF n° 510, de 2005, para a apresentação da declaração, no que ultrapassou demasiado. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Penalidade Aplicada Por Viagem Fl. 376DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 13 12 A recorrente se insurge contra a aplicação da multa regulamentar contra cada uma das declarações de forma extemporânea, tendo em vista que o entendimento da Receita Federal sobre o assunto em Consulta Interna teria determinado que o transportador fosse multado uma única vez pela prestação de informações fora do prazo, referindo a COSIT SCI nº 8 de 14 de fevereiro de 2008. Não obstante os auditores fiscais tenham interpretado, em sua maioria, a legislação como que a multa deveria ser aplicada por cada declaração fora do prazo, o dispositivo legal deixa brecha para tanto interpretar que a penalidade deve ser aplicada por viagem quanto por declaração, visto que o dispositivo aborda apenas o aspecto quantitativo da multa, a tipificação da conduta, no caso, deixar de apresentar informações nos prazo estabelecidos à Receita Federal e identificação do infrator, qual seja a empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de transporte internacional expresso ou agente de carga. Neste sentido, entendo que se deve interpretar a norma de forma mais favorável ao contribuinte quando esta determina penalidade ao tipo de conduta, conforme resta estabelecido no art. 112, do Código Tributário Nacional – CTN, segundo o qual “a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto”: à capitulação legal do fato; à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade ou punibilidade; e à natureza da penalidade, aplicação, ou à sua gradação. Sobre o tema em comento, temse decidido nas sessões deste Conselho a interpretação da norma em favor do infrator. Vejamos: Assunto: Obrigações Acessórias Anocalendário: 2006 ILEGIMITIDADE PASSIVA. MULTA. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. EXPORTAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR. É legitimo para figurar no polo passivo da autuação, o transportador que registou os dados de embarque fora do prazo estabelecido no art. 37, §2º, da Instrução Normativa SRF nº 28/94. Inteligência dos arts. 107, inciso IV, alínea “e” e 37 do DecretoLei nº 37/66 c/c arts. 37, §2º, 44 e 46 da Instrução Normativa SRF nº 28/94. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR.Ocorrendo dúvida quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; e à natureza da penalidade aplicação, ou à sua gradação, deve ser aplicada a interpretação mais favorável ao acusado (art. 112, CTN).A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do DecretoLei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias destinadas à exportação no Siscomex é aplicada por viagem do veículo transportador e não por carga (Declaração para Despacho de Exportação). DUPLICIDADE DA COBRANÇA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Não comprovada documentalmente o alegado bis in idem, improcedente a alegação de duplicidade da cobrança e a consequente identidade de objetos entre dois processos administrativos fiscais. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138, CTN. MULTA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. Não alegado Fl. 377DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 14 13 em momento oportuno, o argumento está precluso, pelo que não merece ser conhecido, ex vi dos arts. 16, inciso III e 17, do Decreto nº 70.235/72. (Recurso Voluntário nº 11968.001039/200717, Relator Bruno Mauricio Macedo Curi, da 2ª Câmara da 3ª Sessão de Julgamento do Carf, Publicada em 11/09/2013) Nestes termos, entendo que a penalidade do art. 107, IV, alínea “e” do Decreto Lei nº 37/66, deve ser aplicada por viagem e não por declaração de carga, devendo as penalidades aplicadas por declaração excluídas para que fiquem apenas a multa aplicada por viagem apurada no auto de infração. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Em face do exposto, encaminho o voto para DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É assim que voto. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira – Relator Fl. 378DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 15 14 Voto Vencedor Conselheiro Marcos Antonio Borges, Em que pese o entendimento do relator, ouso dele discordar em relação à aplicação do instituto da denúncia espontânea. Da aplicação do instituto da denúncia espontânea No entendimento do STJ, conforme comprovam diversos julgados, a entrega extemporânea de qualquer tipo de obrigação acessória (DCTF, por exemplo) configura infração formal, não podendo ser considerada como infração de natureza tributária apta a atrair o instituto da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN. A prestação de informações no Siscomex, como é o caso, é uma obrigação acessória e, aplicandose essa linha de raciocínio, deveria se observar a aplicação da Súmula CARF n° 49, que adota a mesma interpretação: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do CTN) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. No entanto, essa discussão foi reaberta em face da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010: Art.102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Apesar de alguns julgados recentes do CARF estarem admitindo a caracterização da denúncia espontânea com fundamento da nova redação do dispositivo, entendo que na aplicação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, devese analisar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Fl. 379DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 16 15 Esse entendimento, do qual eu compartilho, foi evidenciado em voto do eminente Conselheiro José Fernandes do Nascimento, no Acórdão 310200.988. 3a S/1a C/2a TO. S. de 22/08/2013: O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2°, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser Fl. 380DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 17 16 citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Assim, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo, no caso a prestação de informação no Siscomex na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, implicaria no esvaziamento do dever instrumental, comprometendo o controle aduaneiro efetuado pela autoridade administrativa no exercício do seu Poder de Polícia. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de obrigações acessórias caracterizadas pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. Desta forma, em virtude de todos os motivos apresentados e dos fatos presentes no caso concreto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 381DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000796/200935 Acórdão n.º 3801004.840 S3TE01 Fl. 18 17 (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 382DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 10980.724167/2010-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon May 18 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007
JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
Por ser parte integrante do crédito tributário, a multa de ofício sofre a incidência dos juros de mora.
DECADÊNCIA
Não poderia a Fazenda Pública constituir o crédito tributário mediante o lançamento de ofício antes de ser utilizado indevidamente o ágio. Dessa forma, não obstante o ágio estar registrado na contabilidade da Recorrente, apenas poderia o Fisco discuti-lo após as amortizações realizadas. A simples apuração do ágio não resulta infração tributária. Assim, antes da utilização do ágio não inicia-se a contagem do prazo decadencial. Tendo sido constatada a simulação, inaplicável a regra do art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional
SIMULAÇÃO
Ocorre a simulação do negócio jurídico quando o mesmo aparenta transferir direitos a pessoa diversa daquela à qual realmente se transmitem.
MULTA QUALIFICADA
Restando comprovada a ocorrência da simulação, nos termos expostos, correta a aplicação da multa agravada de 150%, prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96.
Numero da decisão: 1201-000.963
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso. Vencidos os Conselheiros Rafael Correia Fuso e Luis Fabiano Alves Penteado. O Conselheiro Marcelo Cuba Netto desqualificava a multa de ofício, reduzindo-a de 150% para 75%. O Conselheiro João Carlos de Lima Junior ausentou-se do julgamento, possibilitando a participação do Conselheiro André Almeida Blanco (suplente substituto) como relator. O Conselheiro relator dava provimento parcial ao recurso, para excluir a incidência dos juros e mora sobre a multa de ofício, tendo sido acompanhado pelos Conselheiros Rafael Correia Fuso e Luis Fabiano Alves Penteado, sendo mantida integralmente a exigência pelo voto de qualidade, designado para redigir o voto vencedor, nessa parte, o Conselheiro Marcelo Cuba Netto.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Presidente.
(assinado digitalmente)
André Almeida Blanco - Relator.
(assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz (Presidente à época do julgamento), Marcelo Cuba Netto, Rafael Correia Fuso, Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado e André Almeida Blanco.
Nome do relator: ANDRE ALMEIDA BLANCO
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PAINEIS E SERRADOS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006, 2007 AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO A operação que ocasionou o ágio em discussão já foi apreciada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais em outros autos. O fato de a motivação da decisão recorrida ser a mesma adotada naquele primeiro processo não leva à sua falta de motivação, haja vista que todos os fundamentos ali utilizados são aplicados no presente processo, uma vez que a operação e o ágio discutido são os mesmos. DECADÊNCIA Não poderia a Fazenda Pública constituir o crédito tributário mediante o lançamento de ofício antes de ser utilizado indevidamente o ágio. Dessa forma, não obstante o ágio estar registrado na contabilidade da Recorrente, apenas poderia o Fisco discutilo após as amortizações realizadas. A simples apuração do ágio não resulta infração tributária. Assim, antes da utilização do ágio não iniciase a contagem do prazo decadencial. Tendo sido constatada a simulação, inaplicável a regra do art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional SIMULAÇÃO Ocorre a simulação do negócio jurídico quando o mesmo aparenta transferir direitos a pessoa diversa daquela à qual realmente se transmitem. MULTA QUALIFICADA Restando comprovada a ocorrência da simulação, nos termos expostos, correta a aplicação da multa agravada de 150%, prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005, 2006, 2007 JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 41 67 /2 01 0- 15 Fl. 1331DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 3 2 Por ser parte integrante do crédito tributário, a multa de ofício sofre a incidência dos juros de mora. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso. Vencidos os Conselheiros Rafael Correia Fuso e Luis Fabiano Alves Penteado. O Conselheiro Marcelo Cuba Netto desqualificava a multa de ofício, reduzindoa de 150% para 75%. O Conselheiro João Carlos de Lima Junior ausentouse do julgamento, possibilitando a participação do Conselheiro André Almeida Blanco (suplente substituto) como relator. O Conselheiro relator dava provimento parcial ao recurso, para excluir a incidência dos juros e mora sobre a multa de ofício, tendo sido acompanhado pelos Conselheiros Rafael Correia Fuso e Luis Fabiano Alves Penteado, sendo mantida integralmente a exigência pelo voto de qualidade, designado para redigir o voto vencedor, nessa parte, o Conselheiro Marcelo Cuba Netto. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Presidente. (assinado digitalmente) André Almeida Blanco Relator. (assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz (Presidente à época do julgamento), Marcelo Cuba Netto, Rafael Correia Fuso, Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado e André Almeida Blanco. Fl. 1332DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 4 3 Relatório O presente Processo Administrativo é decorrente de Autos de Infração de IRPJ (fls. 310) e CSLL (fls. 1.119) lavrados contra a Recorrente para exigência de crédito tributário de R$ 18.196.502,53 (Dezoito mil, cento e noventa e seis mil, quinhentos e dois reais e cinquenta e três centavos), pela criação artificial de ágio, o qual não poderia ter sido utilizado para a amortização do lucro real. A Cia Bozano, CNPJ 42.113.662/000118, era acionista da Recorrente e tinha o interesse em se retirar da sociedade. Como forma de operacionalizar sua saída, foi realizada a seguinte operação societária: 1º passo: As ações da Cia Bozano foram vendidas para a empresa G. Berneck Madeiras Ltda, CNPJ 02.302.516/000116, em 15/12/2003. Referida empresa pertencia ao Grupo da Recorrente mas encontravase sem atividade e com capital social de apenas R$ 100,00 (cem reais). Foi estabelecido o preço base de R$ 48 milhões, a serem pagas em 60 parcelas de R$ 934.999,65 (já incorporadas de juros), totalizando desta forma mais de R$ 56 milhões. 2º passo: No dia 25 de janeiro de 2004 a Recorrente realizou a incorporação da G. Berneck Madeiras Ltda., sendo todo o pagamento do negócio, incluindo a primeira parcela, realizado pela incorporadora/Recorrente. Por tal razão, entendeu a Fiscalização que foi a operação intermediária foi forjada, simulando a operação de venda com o único objetivo de ocultar o negócio simulado que possibilitou a amortização do ágio resultado da diferença entre o preço pago e o valor patrimonial das ações, reduzindo, como consequência o lucro tributável da Recorrente. Entendeu a Fiscalização que na ausência da operação simulada a Recorrente sequer teria possibilidade jurídica de comprar suas próprias ações, conforme restrição prevista no art. 30 da Lei nº 6.404, de 1976, que somente permite operações da espécie até o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do capital social. Isso porque a Recorrente apresentava, em 30/11/2003, lucros acumulados e reservas no importe de R$ 7,4 milhões, quantia insuficiente para adquirir as próprias ações (avaliadas em R$ 48 milhões). Dessa maneira, entendeu a fiscalização que quem efetivamente realizou a aquisição das ações foi a própria Recorrente, através de negócio simulado entre o vendedor e a Berneck Madeiras Ltda. Por tal razão, o ágio criado artificialmente não encontraria condições de ser amortizado do lucro real. Dessa maneira, foi realizada a glosa de amortizações mensais de ágio lançadas nas contas “03.07.01.01.02.01 – Despesas Amortização – Ágio” e “3.6.01.02.27 – Despesas Amortização –Ágio”. Ressaltese que referida operação já havia sido analisada por este Tribunal através do Processo Administrativo n.º 10980.009452/200618, também movido contra a Fl. 1333DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 5 4 Recorrente, sendo considerada simulada a operação realizada. Referido processo foi definitivamente julgado com a manutenção dos Autos de Infração lavrados. Ocorre que, não obstante a glosa das referidas amortizações mensais, quando da lavratura daqueles Autos de Infração não havia a Recorrente utilizado todo o ágio artificialmente criado. Tendo a Recorrente continuado a realizar o mesmo procedimento para o restante do ágio ainda não utilizado, foram lavrados os Autos de Infração ora discutidos para a glosa das amortizações referentes aos períodos posteriores. Dessa forma, o lançamento ora discutido constitui apenas uma extensão, para as amortizações ocorridas nos exercícios subsequentes, da glosa do mesmo ágio, feita em relação ao anocalendário de 2004. Devidamente intimada, a Recorrente apresentou sua Impugnação às fls. 620/674, alegando, em síntese: 1 – Teria precluído o direito do Fisco questionar a legalidade dos atos societários que deram origem ao ágio em face do transcurso do prazo decadencial de cinco anos entre os fatos que propiciaram o seu surgimento e a ciência dos autos de infração. 2 –As operações realizadas seriam legais e, portanto, válidas, com evidente propósito negocial. 3 – A operação que entendeu a Fiscalização ter ocorrido de fato (compra das ações diretamente pela Recorrente) nunca poderia ter sido realizada por expressa impossibilidade jurídica de comprar suas próprias ações, como determina o art. 30 da Lei nº 6.404, de 1976, o que afastaria a simulação. 4 Seu saldo de lucros e reservas era inferior ao preço de mercado das ações detidas pela Cia. Bozano, o que impedia que elas fossem negociadas pela própria Recorrente, além do fato de que não tinha interesse em manter as ações em sua tesouraria, já que não era uma empresa de capital aberto e, portanto, não teria como negociar tais ações no mercado. 5 O caminho natural e único a ser percorrido pelo ‘Grupo Berneck” para o alcance do objetivo negocial pretendido (busca da sinergia do Grupo, com a saída de sócio não pertencente à família, e o incremento das atividades comerciais) seria a compra de suas ações por outra empresa do grupo, o que seria legítimo. 6 A empresa Berneck Madeiras estava inativa, mas iniciou sua atividade operacional em 15/12/2003, com a aquisição das ações, e que após essa aquisição, seus sócios permaneceram em sociedade, com evidente affectio societatis, até que a empresa foi incorporada pela Recorrente. 7 – Teria ocorrido o efetivo pagamento do ágio, conforme notas promissórias mensais e os registros contábeis da Berneck Madeiras e da Berneck S/A. 8 – Não teria ocorrido a simulação. 9 – Não teria ocorrido a fraude, sendo inaplicável a multa agravada. Fl. 1334DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 6 5 10 A compra e venda com ágio e a incorporação desta pela Recorrete foram devidamente registradas e apresentadas aos órgãos competentes, como a JUCEPAR, e refletidas também em documentos fiscais e demonstrações contábeis aprovadas por Parecer dos Auditores Independentes, que foram submetidos à apreciação da Receita Federal do Brasil. 2.6 – Da ilegalidade da cobrança de juros sobre a multa argumenta 11 Mesmo que se entenda correta a utilização da taxa SELIC para cobrança dos juros de mora incidentes sobre o tributo supostamente devido, os juros calculados com base nessa taxa não poderão ser exigidos sobre a multa de ofício lançada, por absoluta ausência de previsão legal. Ocorre que, em decisão proferida em 10/02/2011, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Curitiba decidiu que: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008 PRECLUSÃO DA POSSIBILIDADE DE QUESTIONAR A LEGALIDADE DE ATO SOCIETÁRIO. INOCORRÊNCIA POR JÁ TER SIDO LAVRADO, TEMPESTIVAMENTE, AUTO DE INFRAÇÃO ANTERIOR RELATIVO AO MESMO FATO. Tratandose de ágio resultante de atos societários registrados no ano de 2004, cuja irregularidade já ensejou a lavratura, no ano de 2006, de auto de infração julgado procedente por decisão irrecorrível do Conselho de Contribuintes, é descabida a alegação de que, no ano de 2010, teria ocorrido a preclusão de o Fisco formalizar novo lançamento relativo às amortizações do mesmo ágio, nos anos subsequentes. SIMULAÇÃO. INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS. É simulado o negócio jurídico que aparenta transferir direitos a pessoa diversa daquela à qual realmente se transmitem. Neste caso concreto, a autuada, objetivando reduzir seu capital, adquiriu de outra empresa o total de 20% (vinte por cento) de suas próprias ações, pelo preço total de R$ 56.099.980,00, a ser pago em 60 parcelas mensais. Entretanto, valeuse do artifício de simular ato jurídico pelo qual as ações teriam sido adquiridas por empresa pertencente aos seus proprietários, constituída com capital de apenas R$ 100,00, que jamais teve atividades, receitas ou patrimônio, e que veio a ser incorporada menos de dois meses após a aquisição das ações, sendo que, no próprio contrato de alienação já se previu, de forma expressa, a possibilidade de incorporação. A simulação ocorreu porque a verdadeira adquirente das ações, que, de fato, assumiu a responsabilidade pela dívida respectiva, foi a Berneck Aglomerados S/A. MULTA QUALIFICADA. SIMULAÇÃO. A simulação de negócio jurídico, buscando auferir as vantagens previstas no art. 72 da Lei nº 4.502, de 30/11/1964, enseja a imposição de multa de ofício qualificada, no percentual de 150%. EXIGÊNCIA NÃO FORMULADA NO AUTO DE INFRAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE PRONUNCIAMENTO PELA DRJ. Fl. 1335DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 7 6 Não tendo o auto de infração formulado exigência de juros sobre a multa de ofício lançada, inexiste a respeito qualquer contraditório suscetível de apreciação pelas DRJ. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Contra referida decisão, apresentou a Recorrente o seu Recurso Voluntário de fls. 1145/1188, no qual argumenta, em síntese, que: 1 – A decisão recorrida careceria de motivação, haja vista que a Turma Julgadora teria limitadose a transcrever, na decisão recorrida, trechos extraídos da decisão proferida pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal em outro processo administrativo, qual seja, o de nº 10980.009452/200618, no qual foi discutida a mesma questão do ágio, contudo relativamente a período diverso. 2 – Teria precluído/decaído o direito do Fisco questionar a legalidade dos atos societários que deram origem ao ágio, uma vez que o mesmo surgiu como elemento contábil e societário em 15/12/2003, passando a produzir efeitos em 23/01/2004, quando foram transferidos a Recorrente e, por isso, teria transcorrido um lapso de tempo superior a cinco anos. 3 – As operações realizadas pela Recorrente teriam ocorrido de fato, sendo falsa a premissa utilizada pela Fiscalização e “referendada” pela Turma Julgadora para alegar a simulação, uma vez que a empresa nunca poderia ter adquirido diretamente as próprias ações, como sustentado. 4 – Não teria ocorrido a simulação e seria necessária a observância ao Princípio da Legalidade. 5 – Não poderia ser mantida a multa agravada uma vez que teria inexistido a fraude na operação em análise. 6 – Seria ilegal a exigência dos juros sobre a multa. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou suas Contrarrazões às fls. 1240/1271 refutando todos os argumentos apresentados pela Recorrente. É o Relatório. Fl. 1336DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 8 7 Voto Vencido Conselheiro ANDRÉ ALMEIDA BLANCO Sendo tempestivo o Recurso, passo à sua análise. 1 – A alegada falta de motivação da decisão recorrida Alega a Recorrente, em seu Recurso, que a decisão recorrida careceria de motivação, haja vista que a Turma Julgadora teria limitadose a transcrever, na decisão recorrida, trechos extraídos da decisão proferida pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal em outro processo administrativo, qual seja, o de nº 10980.009452/200618. A decisão recorrida, entretanto, enfrentou os argumentos suscitados com a Impugnação, não obstante efetivamente tenha tomado emprestado fundamento sobre o qual já restou decidido noutro Processo Administrativo a matéria sob exame. Tratase de outro processo administrativo, decorrente do aproveitamento considerado indevido de parte do ágio, cuja legitimidade e aproveitamento também se discute nestes autos. Não tratase aqui de ausência de motivação da decisão recorrida. A motivação da decisão foi apenas a mesma adotada naquele primeiro processo. Todos os fundamentos ali utilizados são aplicados no presente processo, uma vez que a operação e o ágio discutido são os mesmos. A reprodução dos fundamentos da DRJ acima é suficiente para afastar por completo a alegação de falta de motivação Com isso, deixo de acolher os argumentos de falta de motivação da decisão recorrida. 2 – A alegação de preclusão/decadência Alega também a Recorrente que teria precluído/decaído o direito do Fisco questionar a legalidade dos atos societários que deram origem ao ágio, uma vez que o mesmo surgiu como elemento contábil e societário em 15/12/2003, passando a produzir efeitos em 23/01/2004, quando foram transferidos a Recorrente e, por isso, teria transcorrido um lapso de tempo superior a cinco anos. Não assiste, contudo, razão à Recorrente. O prazo decadencial previsto no Código Tributário Nacional diz respeito prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário e não para verificar a regularidade da contabilidade da pessoa jurídica. Vejamos a redação do art. 173: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: Fl. 1337DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 9 8 I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Ora, não poderia a Fazenda Pública constituir o crédito tributário mediante o lançamento de ofício antes de ser utilizado indevidamente o ágio. Dessa forma, não obstante o ágio estar registrado na contabilidade da Recorrente, apenas pode o Fisco discutilo após as amortizações realizadas. A simples apuração do ágio não resulta infração tributária. Tanto assim o é que a primeira parte do ágio fora discutida no outro procedimento administrativo, vez que já havia sido utilizado quando da autuação fiscal. Por essa razão, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já decidiu diversas vezes que o fisco pode verificar fatos, operações e documentos, passíveis de registros contábeis e fiscais, devidamente escriturados ou não, em períodos de apuração atingidos pela decadência, em face de comprovada repercussão no futuro, qual seja: na apuração de lucro líquido ou real de períodos não atingidos pela decadência. Vejamos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002, 2003, 2004 AUDITORIA FISCAL. PERÍODO DE APURAÇÃO ATINGIDO PELA DECADÊNCIA PARA CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. VERIFICAÇÃO DE FATOS, OPERAÇÕES, REGISTROS E ELEMENTOS PATRIMONIAIS COM REPERCUSSÃO TRIBUTÁRIA FUTURA. POSSIBILIDADE. LIMITAÇÕES. O fisco pode verificar fatos, operações e documentos, passíveis de registros contábeis e fiscais, devidamente escriturados ou não, em períodos de apuração atingidos pela decadência, em face de comprovada repercussão no futuro, qual seja: na apuração de lucro líquido ou real de períodos não atingidos pela decadência. Essa possibilidade delimitase pelos seus próprios fins, pois, os ajustes decorrentes desse procedimento não podem implicar em alterações nos resultados tributáveis daqueles períodos decaídos, mas sim nos posteriores. Em relação a situações jurídicas, definitivamente constituídas, o Código Tributário Nacional estabelece que a contagem do prazo decadencial para constituição das obrigações tributárias, porventura delas inerentes, somente se inicia após 5 anos, contados do período seguinte ao que o lançamento do correspondente crédito tributário poderia ter sido efetuado (art. 173 do CTN).(...) (Acórdão nº: 140200.802 1ª Sessão 4ª Câmara 2ª Turma Ordinária Sessão de 21 de outubro de 2011) Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 DECADÊNCIA. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. TERMO INICIAL. Em relação à decadência, a contagem do prazo deve ter como base a data a partir da qual o Fisco poderia efetuar o lançamento, ou seja, a data do fato gerador da obrigação. Sob essa ótica, para efeito de tributação da amortização indevida do ágio, a simples apuração desse ágio Fl. 1338DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 10 9 não dá azo a qualquer infração a qual só poderia, eventualmente, caracterizarse quando da amortização. Isso porque o valor amortizado é despesa que reduz o resultado tributável gerando, quando indevida, a infração passível de lançamento. (ACÓRDÃO: 1402001.338 1ª Sessão 4ª Câmara 1ª Turma Ordinária Data da Sessão: 01/04/2013) Ressaltese que inaplicável a regra do art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional, haja vista a comprovação de ocorrência de simulação, como restará adiante demonstrado. Vejamos os exatos termos da norma: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (g. n.) Vejamos, inclusive, os termos da ementa da decisão proferida no Processo nº. 16327 002113/200510, citada pela Recorrente às fls. 1.155 como fundamento de sua pretensão e que não fora transcrita na peça recursal: IRPJ — DECADÊNCIA — Uma vez expirado o prazo previsto no art 150 § 4º, a Fiscalização não está autorizada a promover revisão dos fatos ocorridos e registrados anteriormente, pois que alcançados pelo instituto da decadência. Não prevalece a exigência em relação aos valores submetidos à tributação como conseqüência da inobservância da regra que tornara imutáveis os fatos espelhados nos registros contábeis mantidos. Ocorre que, tendo sido constatada a simulação no presente caso, inaplicável a regra do art. 150, § 4º, fundamento da decisão citada pela Recorrente. Dessa forma, afasto também a preliminar de preclusão ou decadência. 3 – O ágio, a compra e venda de ações, a incorporação da empresa adquirente, do aproveitamento das despesas decorrentes do ágio e da glosa de despesas com ágio. O tema central do presente recurso está na legitimidade da glosa de despesas decorrentes da amortização de ágio pago à Bozano, em razão da alienação de suas ações na empresa Berneck Aglomerados S/A. Façamos uma breve introdução ao tema de forma a melhor compreensão do caso em análise. Nas palavras de Edmar Oliveira Andrade Filho: As figuras do “ágio” e “deságio” na aquisição de participações societárias estão intrinsicamente ligadas ao método de avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido, também chamado “equivalência patrimonial”. Ágio e deságio surgem na aquisição de investimento que deva, por imposição legal, ser avaliado por esse método, e Fl. 1339DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 11 10 correspondem à diferença, para mais (ágio) ou para menos (deságio), entre o preço de aquisição e o valor do patrimônio líquido contábil da participação societária adquirida em sociedade coligada ou controlada. Essas parcelas, portanto, fazem parte do custo de aquisição da participação societária e têm grande relevância na determinação do valor do eventual ganho de capital. (ANDRADE FILHO. Edmar Oliveira. Imposto de renda das empresas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 527) Ou seja, para se compreender a figura do ágio nas operações societárias, mister compreender inicialmente o método de equivalência patrimonial. Nas palavras de Sérgio de Iudícibus, “o conceito do método de equivalência patrimonial é baseado no fundamento de que os resultados e quaisquer variações patrimoniais de uma controlada ou coligada devem ser reconhecidos (contabilizados) no momento em que são gerados, independentemente de serem ou não distribuídos”. (IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de contabilidade das sociedades por ações. Aplicável às demais sociedades. 1 ed. São Paulo: Atlas, 1978) Entende o referido autor que por esse método a contabilidade irá acompanhar o fato econômico, que seria a geração dos resultados e não mais a formalidade da distribuição de tal resultado. O método da equivalência patrimonial foi previsto inicialmente pelo art. 248 da Lei nº. 6.404/76 que tinha como redação inicial: Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os investimentos relevantes (artigo 247, parágrafo único) em sociedades coligadas sobre cuja administração tenha influência, ou de que participe com 20% (vinte por cento) ou mais do capital social, e em sociedades controladas, serão avaliados pelo valor de patrimônio líquido, de acordo com as seguintes normas: I o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado, com observância das normas desta Lei, na mesma data, ou até 60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço da companhia; no valor de patrimônio líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas; II o valor do investimento será determinado mediante a aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido referido no número anterior, da porcentagem de participação no capital da coligada ou controlada; III a diferença entre o valor do investimento, de acordo com o número II, e o custo de aquisição corrigido monetariamente; somente será registrada como resultado do exercício: a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou controlada; b) se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou perdas efetivos; c) no caso de companhia aberta, com observância das normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários. Fl. 1340DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 12 11 § 1º Para efeito de determinar a relevância do investimento, nos casos deste artigo, serão computados como parte do custo de aquisição os saldos de créditos da companhia contra as coligadas e controladas. § 2º A sociedade coligada, sempre que solicitada pela companhia, deverá elaborar e fornecer o balanço ou balancete de verificação previsto no número I. Atualmente o “caput” referido art. 248 da Lei das S/As possui redação da Lei nº. 11.638/2007, legislação essa que alterou toda a sistemática de regulamentação contábil no país mas que não alterou efetivamente o método de equivalência patrimonial. Por sua vez, o DecretoLei nº. 1.598/77 dispôs que: Art. 20 O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em: I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo 21; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o número I. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento. § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico: a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. Referida norma encontrase presente no art. 384 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99). Dessa forma, através do método de equivalência patrimonial tornase possível que “os resultados de uma sociedade que seja sócia ou acionista de outra reflitam, em cada balanço, o valor de participação nos lucros, prejuízos, ou qualquer outro acréscimo ao patrimônio líquido gerado por Reservas de Capital ou Reavaliação de Bens, nas sociedades investidas”. (ANDRADE FILHO. Ob. Cit. P. 453) Diante desse cenário, os investimentos relevantes nas coligadas ou controladas devem ser avaliados pelo método da equivalência patrimonial, devendo, no ato de aquisição do investimento avaliável pelo valor do patrimônio líquido, ser o custo de aquisição ser desdobrado em valor do patrimônio líquido da coligada ou controlada e em ágio ou deságio. Fl. 1341DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 13 12 O ágio ou o deságio apurado nesses termos e registrados no Ativo poderão ser amortizados, passando para desse para o resultado do período. Ocorre que a legislação do Imposto de Renda, via de regra, não autoriza a dedução do ágio como despesa dedutível para fins de determinação do lucro real. Exceções a essa indedutibilidade são os casos de ocorrência de fusão, cisão ou incorporação da sociedade. Vejamos os termos do art. 389 do Regulamento do Imposto de Renda sobre o assunto: Art. 389. A contrapartida do ajuste de que trata o art. 388, por aumento ou redução no valor de patrimônio líquido do investimento, não será computada na determinação do lucro real. § 1º Não serão computadas na determinação do lucro real as contrapartidas de ajuste do valor do investimento ou da amortização do ágio ou deságio na aquisição de investimentos em sociedades estrangeiras coligadas ou controladas que não funcionem no País. § 2º Os resultados da avaliação dos investimentos no exterior pelo método da equivalência patrimonial continuarão a ter o tratamento previsto nesta Subseção, sem prejuízo do disposto no art. 394. Dessa maneira, o valor do ágio ou deságio amortizado que afetar o resultado do período deverá ser adicionado ou excluído do valor do resultado do período para fins de determinação do lucro real. Contudo, ocorrendo as situações cisão, fusão ou incorporação, permite a legislação do Imposto de Renda sua amortização, nos termos do disposto no art. 386 do Regulamento, que dispõe: Art. 386. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no artigo anterior: (...) III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2º do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; (...) § 2º Se o bem que deu causa ao ágio ou deságio não houver sido transferido, na hipótese de cisão, para o patrimônio da sucessora, esta deverá registrar: I o ágio em conta de ativo diferido, para amortização na forma prevista no inciso III; Assim sendo, a sociedade que absorver o patrimônio da coligada ou controlada poderá amortizar o valor do ágio com fundamento no valor de rentabilidade com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração. Fl. 1342DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 14 13 Ocorre, contudo, que haja vista que a legislação do Imposto de Renda autoriza apenas a dedução com despesas de amortização do ágio nos casos em que envolvam cisão, fusão ou incorporação, muitas vezes essas operações são utilizadas com esse único e exclusivo intuito. Marco Aurélio Greco trata as mesmas como “operações preocupantes”, ressaltando, contudo, que “o fato de determinada operação ser preocupante não significa que esteja contaminada; significa apenas que merece especial atenção, pois contém algum elemento sobre o qual há necessidade de particular cautela”. (GRECO, Marco Aurélio. Planejamento tributário. 2 ed. São Paulo: Dialética, 2008, p. 391) Tratemos, exemplificativa, de algumas dessas “operações preocupantes” citadas por referido doutrinados. Situação muito comumente utilizada para os Planejamentos Tributários é a realização de “Operações Estruturadas em Sequência”. Correspondem essas a operações sequencialmente realizadas com o intuito de obter determinado benefício fiscal e que só têm sentido caso assim realizadas. Sobre essas operações sequenciais Marco Aurélio Greco ensina as mesmas devem ser analisadas conjuntamente. Em suas palavras: Diante de uma situação complexa, é essencial considerar a figura como um todo, examinando ao mesmo tempo os vários aspectos que a cercam, pois o conhecimento e o enquadramento de determinada realidade será a resultante das diversas circunstâncias reunidas no caso concreto. Assim, a postura metodológica mais adequada é aquela que – sem perder de vista as peculiaridades de cada etapa ou dos segmentos de que a operação se compõe – visualiza o conjunto assim formado e busca determinar o enquadramento que este, globalmente considerado, deve ter perante o ordenamento jurídico brasileiro. Vale dizer, ao invés de analisar cada fotografia (etapa) é importante analisar o filme (conjunto delas). Mais do que um evento (etapa) é importante interpretar a estória (conjunto). (GRECO, Marco Aurélio. Ob. Cit. P. 392/393) Em referida análise deve ser verificada inicialmente qual a situação existente antes dos atos realizados sequencialmente e qual a situação existente ao final. Essa análise deve envolver o patrimônio da sociedade, a composição societária, etc. Além disso, há que se verificar o intervalo de tempo entre cada uma das operações realizadas, de forma a se verificar se podem as mesmas serem consideradas como operações autônomas. Contudo, ressalta Marco Aurélio Greco que não há uma resposta objetiva para essa questão. Segundo o mesmo: Serão as circunstâncias fáticas, de cada caso concreto, a indicar se um negócio jurídico celebrado ou uma alteração societária implementada dois, cinco ou seis meses depois serão ou não considerados etapa de operação mais ampla ou se terão a feição de operação isolada. (GRECO, Marco Aurélio. Ob. Cit. P. 393) Assim, as operações sequenciais devem ser analisadas caso a caso, mas os atos societários devem ser analisados conjuntamente e não de forma isolada. Fl. 1343DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 15 14 Outra situação de “operações preocupantes” são as ditas “Operações Invertidas”. São operações que possuem aparência inversa daquilo que ocorre normalmente, como é o caso da “incorporação às avessas”. Marco Aurélio Greco ressalta que: Os institutos jurídicos são desenhados para regular situações que, na vida comum em sociedade, se apresentam como o que frequentemente ocorre à vista das características e qualidades dos respectivos participantes. Assim, por exemplo, num grupo societário em que uma pessoa jurídica controla outra (relação “mãe e filha”), caso haja necessidade de reunião de ambas num único empreendimento, o caminho que a experiência aponta como natural é a controladora incorporar sua controlada e não o inverso (incorporação às avessas). (GRECO, Marco Aurélio. Ob. Cit. P.395) Não obstante a ausência de impedimento legal, há que se analisar a causa da operação afim de se verificar sua oponibilidade ao fisco. Marco Aurélio Greco cita ainda a questão sobre o uso das sociedades afim de se atingir determinado favorecimento fiscal. O autor ressalta que devem ser feitas três observações preliminares sobre o assunto. São elas: “A ‘primeira’ é que o elemento relevante quando estamos perante uma pessoa jurídica não é apenas a sua existência formal (no registro competente, etc.); tão importante ou até mais – em matéria tributária – é a identificação do empreendimento que justifica sua existência. A criação de uma pessoa jurídica tem sentido na medida em que corresponda à vestimenta jurídica de determinado empreendimento econômico ou processional. A idéia de empresa é o núcleo a ser perquirido. A ‘segunda’ é no sentido de que, para fins tributários, o Código Tributário Nacional ao dispor sobre a capacidade tributária passiva – vale dizer, sobre a qualificação subjetiva para fins de imputação de consequências tributárias em função da realização de fatos geradores alcançados pela legislação brasileira – estabelece de forma categórica que ela ‘independe: (...) III – de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional”. “A ‘terceira’ é que a figura da simulação pode se dar mediante o uso de pessoas jurídicas. Com efeito, a simulação pode ser objetiva, quando forem utilizados atos, ou subjetiva, quando a aparência do negócio se der mediante criação ou atribuição de poderes ou deveres a uma pessoa jurídica”. Feitas essas considerações preliminares, vejamos a situação do caso concreto. O Auditor Fiscal entendeu ser nulo o negócio jurídico consubstanciado no Instrumento Particular de Compra e Venda das Ações da Berneck Aglomerados S/A, que tem de um lado Berneck Madeiras (adquirente) e de outro Cia. Bozano (alienante) e deste modo glosou as despesas de amortização do ágio pago, fazendoo por força da simulação do ato jurídico referido que de fato, a seu ver não revela o negócio levado à efeito pelas partes. Desde o Termo de Verificação Fiscal o AFRFB dá conta que já em 2006 a Recorrente Berneck Aglomerados S/A teria sofrido ação fiscal onde, em face da constatação dos mesmos fatos trazidos à colação nestes autos, teriam sido glosadas despesas de amortização com ágio na apuração de IR e CSLL relativas ao ano calendário de 2004. Fl. 1344DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 16 15 Não obstante esta notícia e o relato detalhado acerca dos fatos apurados naquele processo, bem como sobre os embates processuais que culminaram com a manutenção da exigência fiscal, o Auto de Infração descreve novamente todo o escorço histórico das operações e traz também a descrição detalhada dos elementos de convicção que o levaram nestes autos à conclusão acerca da simulação noticiada, à glosa das despesas com a amortização de ágio e cominação de multa qualificada, em face do intuito de fraude. De plano advém a dúvida sobre eventual coisa julgada que decorra daqueles autos e nos obrigue à suplantar a discussão acerca da efetividade dos fatos noticiados nestes autos para simplesmente atribuir a estes fatos jurídicos tributários verificados nos anos calendários de janeiro de 2005 à dezembro/2008 os mesmos efeitos jurídicos já reconhecidos para aquele período, por se tratar do “mesmo ágio”, ou ágio decorrente da mesma operação, mas amortizado em períodos subsequentes. A Procuradoria da Fazenda Nacional alega que “a matéria discutida nestes autos trata de desdobramento daquela operação, haja vista que a dedutibilidade indevida do ágio teve repercussão tributária em exercícios seguintes, cujos lançamentos fiscais devem igualmente prevalecer”, mas não chega a pleitear a decorrência ou reflexividade. Por se tratar de exigência fiscal autônoma ainda que consubstanciada em lançamento tributário levado a efeito em face do reconhecimento dos mesmos fatos jurídicos já noticiados noutros autos, entendo que estão sujeitos a novo exame para que seja atestada ou refutada a legitimidade dos atos dos quais decorrem os tributos lançados. Fica, portanto, devolvida a esta Turma e a mim na condição de Relator, a matéria julgada pela DRJ de Curitiba nestes autos e guerreada pelo Recurso Voluntário, ora sob exame. Sustenta então a Recorrente que as operações realizadas teriam ocorrido de fato e de direito, sendo falsa a premissa utilizada pela Fiscalização e “referendada” pela Turma Julgadora de que houvera simulação acerca da real adquirente das ações da Cia Bozano na Berneck Aglomerados S/A, uma vez que a empresa nunca poderia ter adquirido diretamente as próprias ações, como sustentado, bem como que seria necessária a observância ao Princípio da Legalidade. Os fatos incontestes nestes autos são: a) A Bozano vendeu sua participação na Berneck Aglomerados S/A; b) O valor do negócio é incontroverso e monta R$ 48 milhões; c) O preço do negócio compreende o valor patrimonial das ações detidas pela Cia. Bozano, além da mais valia decorrente da perspectiva de rentabilidade futura (o ágio); d) O pagamento foi feito pela Berneck Aglomerados S/A desde a primeira parcela (fls. 494, comprovante HSBC e posterior protocolo de justificação da incorporação); e) A Berneck Madeiras foi incorporada pela Berneck Aglomerados S/A que passou a deter a totalidade do capital decorrente das ações anteriormente adquiridas; Fl. 1345DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 17 16 O que sustenta a Recorrente é que por força das disposições constantes do art. 30 da Lei nº 6.404/76, § 1º, alínea “a” ela sequer poderia proceder à aquisição das ações da Cia Bozano em face de seu próprio capital, “mas apenas por outras empresas”. Dispõe o referido artigo: Art. 30. A companhia não poderá negociar com as próprias ações. § 1º Nessa proibição não se compreendem: a) as operações de resgate, reembolso ou amortização previstas em lei; b) a aquisição, para permanência em tesouraria ou cancelamento, desde que até o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do capital social, ou por doação; c) a alienação das ações adquiridas nos termos da alínea b e mantidas em tesouraria; d) a compra quando, resolvida a redução do capital mediante restituição, em dinheiro, de parte do valor das ações, o preço destas em bolsa for inferior ou igual à importância que deve ser restituída. A DRJ reconhece, tal qual o faz o AFRFB no Termo de Verificação Fiscal, que o resultado final verificado é exatamente este, ou seja, a titularidade das ações passa à Berneck Aglomerados S/A, por incorporação. Vejamos: “É de se admitir, portanto, a existência de proibição da aquisição direta das ações pela contribuinte, no montante total da operação, por desatender os requisitos estipulados na alínea “a” do § 1º do art. 30 da Lei nº 6.404, de 1976. Entretanto, essa constatação não exclui, antes evidencia, a ocorrência de simulação, uma vez que, apenas 40 dias após a assinatura do contrato, as ações já pertenciam à impugnante, ou seja, ocorreu efetiva aquisição das ações e redução de capital.” (fls. 1130) Não importa, entretanto, para a definição acerca da legitimidade da amortização do ágio resultante da aquisição da Cia. Bozano o fato da titularidade das ações pela Berneck Aglomerados S/A, em ofensa à disposição contida no artigo 30 da Lei das S/A. Entretanto, não é verdade que a vedação legal acima tenha constituído o único motivo pelo qual a Recorrente teria se utilizado da aquisição por intermédio da Berneck Madeiras. A “impossibilidade jurídica” de aquisição pela Berneck Aglomerados S/A em face dos lucros acumulados (R$7,4milhões à época) não serem suficientes para cobertura do valor do preço pago (permissivo da alínea b do referido artigo 30) não obrigaram os controladores à aquisição pela Berneck Madeiras. Contudo, sustenta a Recorrente em seu Recurso Voluntário que: “Disso decorre que o caminho natural e único a ser percorrido pelo “Grupo Berneck” para o alcance do objetivo negocial pretendido (busca da sinergia do “Grupo” com a saída de sócio não pertencente à família e o incremento das atividades comerciais) seria a Fl. 1346DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 18 17 compra das ações da Recorrente por outra empresa do grupo, o que é, ressaltese, absolutamente legal e legítimo.” (fls. 1164) Ora, outras possibilidades de estruturação do capital para referida aquisição poderiam ter sido levadas a efeito apesar da impossibilidade de redução do capital (que reduziria a participação de ambos), como, por exemplo, a aquisição pelos controladores pessoas físicas, a aquisição pela Berneck e Cia, etc.. Foi opção da Recorrente ou de seus controladores a aquisição pela empresa Berneck Madeiras. Como assevera a Recorrente às fls. 1165: (...)ademais, ressaltese que o Grupo Berneck poderia ter constituído uma nova sociedade tendo como objeto social a participação em outras sociedades e com esta nova sociedade realizar a compra das ações. Nesta hipótese a nova sociedade teria existido e seu objeto social teria sido realizado quando da compra das ações detidas pela Cia. Bozano, ou seja, todas as operações teriam sido praticadas de forma lícita e em conformidade com o objeto social da empresa, exatamente como ocorreu no presente caso com a Berneck Madeiras, pelo que não se fazia necessária a constituição de uma nova empresa. Ocorre que o que temos como condição sine qua non para o efetivo nascimento do direito ao aproveitamento do ágio é que haja absorção de patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do Decretolei n.º 1.598, de 26 de dezembro de 1977. Assim, se a referida aquisição poderia ter sido levada a efeito por qualquer empresa, inclusive pela coligada Berneck Madeiras, basta verificar se há fundamento econômico e se esta empresa efetivamente procedeu à referida aquisição em todos os seus termos e aspectos, ou seja, jurídicos e financeiros, de modo a concretizar a hipótese legal que autoriza a dedução das despesas com amortização dom ágio. Entretanto, o que denota dos autos é que a empresa Berneck Madeiras foi utilizada como empresa veículo para aquisição da participação da Cia. Bozano, sem fundamento econômico para tanto e sem que tivesse efetiva capacidade financeira para assumir as obrigações decorrentes do Instrumento de Compra e Venda de Ações em que figura como adquirente e isso nossa leva a investigar a realidade desta aquisição como noticiada, bem como avaliar se há elementos que caracterizem eventual simulação. Avaliando a efetividade da operação em relação à Cia. Bozano vemos que efetivamente vendeu as ações que detinha em Berneck S/A (20% de participação) e vemos que o preço ajustado de R$48 milhões foi pago, ainda que pela Berneck S/A. O que se verifica, entretanto, é que tais pagamentos foram feitos por Berneck S/A em lugar de terem sido pagos por Berneck Madeiras, segundo Termo de Verificação Fiscal, as provas trazidas aos autos, fato este não contraditado ou justificado pela Recorrente. Como se vê às fls. 494, a Recorrente Berneck Aglomerados S/A, em 15/01/2003, autorizou que o Banco HSBC transferisse, diretamente de sua conta, para a conta Fl. 1347DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 19 18 da Cia. Bozano a importância de R$ 934.999,65, relativa ao pagamento da primeira parcela do preço. O protocolo de justificação da incorporação dá conta que as ações foram canceladas e o capital da Berneck S/A reduzido, (fls. 885), tendo esta pago, além da primeira parcela, todas as demais parcela relativas à referida aquisição já que extinta a Berneck Madeiras, por incorporação. Realmente se confirma a hipótese levantada pelo AFRFB e confirmada pela DRJ de Curitiba de que apesar de ter figurado no referido contrato como adquirente a Berneck Madeiras não pagou o preço acordado, em razão da sua absoluta incapacidade financeira para tanto. Os autos revelam que o capital social de R$100,00 está representado por saldo em conta corrente no valor de R$99,00, conforme comprova o balanço colacionado, levantado pela empresa à época do procedimento de sua incorporação por Berneck S/A. O balanço contábil da empresa Berneck Madeiras, juntado às fls. 735, produzido para efeitos da produção do laudo de avaliação contábil efetivado pela empresa de auditoria Deloitte para efeitos da incorporação referida revela que a empresa efetivamente não tinha capacidade econômica alguma para cumprir as obrigações assumidas por força do Instrumento Particular de Compra e Venda de Ações (fls. 173). Neste balanço juntado aos autos vemos que nada mais há dentre os ativos da empresa Berneck Madeiras do que a participação adquirida em Berneck S/A, por força do referido contrato. Não há capital social que justifique financeiramente esta aquisição, tampouco há comprovação de mútuo celebrado entre a Berneck S/A e a Berneck Madeiras (ou entre qualquer dos acionistas em comum) que servisse para lastrear o pagamento feito a partir da conta corrente daquela à Cia. Bozano. Vemos que não há também contabilização de eventual dívida da Berneck Madeiras para com suas coligadas, seus acionistas ou com qualquer instituição financeira, mas somente a contabilização da dívida com a Cia. Bozano decorrente da referida aquisição, no valor de R$48 milhões. Não há tampouco nos autos notícia de eventual aumento de capital ou AFAC (adiantamento para futuro aumento de capital) à época dos fatos que comprovasse o real interesse dos acionistas em proceder a referida aquisição por intermédio desta empresa coligada, ainda que á época e desde sua constituição ela não tenha tido operação, viabilizando tal aquisição por meio da injeção de recursos financeiros. No livro diário juntado aos autos há apenas a contabilização de um JCP que foi creditado à Berneck Madeiras pela própria Berneck S/A sem que, contudo, houvesse o transito financeiro de pagamento do referido valor. Com base nesse artifício contábil a Recorrente afirma possuir condições financeiras para realização da aquisição em questão. Contudo, o pagamento já da primeira parcela pela Recorrente e a posterior incorporação que a subroga na totalidade da obrigação formalmente assumida pela Berneck Fl. 1348DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 20 19 Madeiras comprova a simulação, já que desde o início a intenção de assumir e a condição de única empresa do grupo apta para a aquisição da participação da Cia. Bozano era a Recorrente. A Recorrente corrobora o fato de que a empresa efetivamente não teve atividade operacional e seu balanço ratifica a inexistência de qualquer entrada de recursos de decorrente de desenvolvimento de seus objetivos sociais. O fato da inexistência de qualquer aporte de capital suficiente ao pagamento das parcelas ajustadas indica sim que na verdade nunca houve real interesse da Recorrente e de seus acionistas de que a Berneck Madeiras procedesse à aquisição das ações de Cia. Bozano, sob o alegado objetivo negocial pretendido “busca da sinergia do “Grupo” com a saída de sócio não pertencente à família e o incremento das atividades comerciais”. Fato é que tal objetivo negocial consubstanciado na busca de sinergia do grupo poderia ter sido alcançado ainda que tal aquisição tivesse sido levada a efeito por qualquer dos acionistas ou da própria Berneck e Cia., acionista majoritária. A utilização da Berneck Madeiras só justificaria e corroboraria o alegado objetivo negocial caso ficasse comprovado, exemplificativamente, que se cuidasse de empresa operacional do grupo responsável por determinada divisão e que precisasse ser integrada ao grupo econômico, pela referida aquisição e incorporação ou ainda os objetivos estratégico operacionais que motivassem a aquisição das ações da Cia. Bozano por esta empresa especificamente. Isso não foi alegado, demonstrado ou comprovado. O que foi alegado é que “o caminho natural e único a ser percorrido pelo “Grupo Berneck” para o alcance do objetivo negocial pretendido (busca da sinergia do “Grupo” com a saída de sócio não pertencente à família e o incremento das atividades comerciais) seria a compra das ações da Recorrente por outra empresa do grupo”, no caso a Berneck Madeiras. E isso, no meu sentir, não caracteriza o almejado conteúdo ou motivação econômica para a utilização da Berneck Madeiras, outras possibilidades de estruturação do capital para referida aquisição poderiam ter sido levadas a efeito, como, por exemplo, a aquisição pelos controladores pessoas físicas, a aquisição pela Berneck e Cia. Foi opção da Recorrente ou de seus controladores a aquisição pela empresa Berneck Madeiras. Mas não é somente a falta de propósito negocial que me leva a questionar a legitimidade do aproveitamento fiscal das despesas de amortização do ágio, mas antes e, principalmente, a falta de capacidade financeira e econômica da Berneck Madeiras para proceder sponte propria à referida aquisição de participação societária (ainda que em interesse do grupo Berneck) e à assunção da obrigação de pagamento do valor de R$48 milhões à Cia. Bozano. E comprovadamente não tinha capacidade financeira representada pelo capital social irrisório de R$100,00 à época dos fatos, bem como pela inexistência de ativos suficientes à garantia da referida aquisição, seja pela falta de comprovação de captação de recursos suficientes à quitação das obrigações assumidas. Fl. 1349DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 21 20 O que vemos foi o pagamento das obrigações por ela assumidas sendo feitos pela Berneck S/A desde a primeira parcela de 60 assumidas. A DRJ sustenta que o próprio Instrumento Particular de Compra e Venda de Ações evidencia a simulação construída a partir dos contornos de realidade consubstanciados nos elementos formalmente produzidos para instrumentalizar referida aquisição por parte da Berneck Madeiras (fls. 97): 6.1 As PARTES ajustam que o preço fixado no item 2.1 deste contrato será representado por 60 Notas Promissórias correspondentes a cada uma das parcelas vincendas, no valor previsto também no item 2.1., notas promissórias essas a serem emitidas pela COMPRADORA, com o aval de BERNECK AGLOMERADOS S.A. e da BERNECK & CIA., ambas devidamente qualificadas no preâmbulo deste contrato. 6.1.1 As Notas Promissórias de que trata o item 6.1 anterior são, neste ato, entregues à VENDEDORA, que declara têlas recebido. 6.2 Em garantia de todas as obrigações assumidas pela COMPRADORA neste contrato, inclusive, mas não limitado ao pagamento do preço previsto nos itens 2.1 e 2.2 e à substituição, pela COMPRADORA, dos avais e das fianças previstos na Cláusula Quinta, o Sr. GILSON MUELLER BERNECK, qualificado no preâmbulo deste contrato, assume a qualidade de fiador e principal pagador pelos valores devidos pela COMPRADORA e pelo cumprimento de todas as obrigações assumidas pela COMPRADORA neste instrumento, renunciando desde já aos benefícios previstos nos artigos 821, 827 e 835 do Código Civil Brasileiro. 4.3 A VENDEDORA desde já concorda com a transferência dos direitos e obrigações decorrentes deste contrato exclusivamente na hipótese de a COMPRADORA vir a ser incorporada por uma empresa vinculada ao mesmo grupo econômico da COMPRADORA ou dos INTERVENIENTES ANUENTES, incluindo a própria BASA, e desde que a maioria do capital com direito a voto da incorporadora pertença à BASA ou aos INTERVENIENTES ANUENTES. Nesta hipótese, a incorporadora da COMPRADORA a esta sucederá em todos os direitos e obrigações pactuados neste contrato e os fiadores garantirão as obrigações assim assumidas pela incorporadora em toda a sua extensão, independentemente de celebração de novo instrumento ou aditamento contratual. Tais cláusulas são comuns aos contratos de aquisição de cotas ou ações e por si só não constituem inequivocamente prova de que a própria Berneck S/A seria a real adquirente das referidas ações, mas conjugado com o pagamento feito por esta em lugar da própria Berneck Madeiras e de sua reconhecida incapacidade financeira constituem indícios que somam para caracterização da simulação reconhecida pela DRJ. Esse plexo de fatos coordenados é que evidenciam a interposição ou superposição da empresa veículo Berneck Madeiras para a efetivação da referida aquisição, na verdade levada a efeito pela Berneck S/A e caracterizam a simulação de um fato jurídico, quando na prática outro negócio foi realizado, com o evidente e único efeito de aproveitamento do ágio. Não quero dizer que empresas veículos não possam legitimamente ser utilizadas para aproveitamento do ágio, conforme atestam outros julgados do CARF, mas que efetivamente estas empresas realizem no plano da concretude dos negócios jurídicos todos os Fl. 1350DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 22 21 aspectos de uma determinada operação de modo a vermos irradiados todos os plenos efeitos da norma jurídica que autoriza o aproveitamento do ágio, ou despesas de sua amortização. Em julgamento desta mesma 1ª Turma, restou assentado no voto pelo Relator Rafael Fuso, no que foi acompanhado por esta Turma que “o fato de constituir uma empresa veículo para receber investimentos não é óbice jurídico, vislumbro que da mesma forma que as empresas compostas do Novo Grupo não poderiam ser incorporadas pela Celpe, visto que possuíam outros ativos, a empresa Guaraniana também não poderia ser incorporada, pois seu papel era de verdadeira controladora da Celpe e de várias empresas no ramo de energia elétrica, no setor de geração e distribuição de energia, permanecendo sob seu controle empresas como a Celpe, Coelba, Cosern, Termoaçu, entre outras”. (Processo nº 19647.010151/200783 Recurso nº 174.747 de Ofício e Voluntário Acórdão nº 120100.689) E continua o ilustre Relator para, naquele caso, reconhecer o propósito negocial da criação de uma empresa veículo, com a realização de um negócio jurídico indireto, donde destaco alguns pontos: “A empresa Leicester, de fato, serviu para que as ações com ágio pertencentes à Guaraniana fossem transferidas a uma empresa que seria incorporada pela Celpe sob o fundamento legal da incorporação às avessas prevista no artigo 386, inciso II, do § 6°, do RIR/99, com o fim negocial de permitir que o ágio fosse aproveitado pela empresa Celpe; Na Celpe, o ágio foi escriturado numa conta de ativo diferido (em contrapartida de uma conta de Reserva, no Patrimônio Líquido), em valor igual ao ágio com que as empresas adquiriram o seu controle acionário, para ser amortizado, no prazo de sua concessão para distribuição de energia elétrica, atendendo ao disposto no artigo 386 do RIR/99;” Dessa forma, o investimento das investidoras na Celpe continuaram a existir, visto que o controle da Celpe permaneceu em nome da Neoenergia, formada pelo Novo Grupo de investidores; Se a Celpe tivesse incorporado qualquer das empresas controladoras como a ADL, PREVI, BB e 521, o ágio seria perfeitamente aproveitável, como bem narrado pela própria fiscalização, visto que há expressa previsão legal quanto à incorporação às avessas, conforme visto acima; Existindo obstáculos negociais para tanto, como bem demonstrado, as alternativas societárias criadas pelo grupo de novos investidores para aproveitar esse ágio na própria empresa adquirida foi a utilização de empresa veículo sob a detenção e controle do Grupo Neoenergia, que continua com o mesmo papel e instituto jurídico de controlador, usando essa operação fundada em negócio jurídico indireto para permitir que a Celpe aproveitasse do ágio que fora gerado na aquisição de suas ações;” Destaco ainda voto da 2a Turma da 4ª Câmara, desta 1ª seção do CARF, onde restou assentado que “é regular o planejamento, sob amparo dos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/97, mediante a utilização de empresa veículo, desde que não tenha resulte em aparecimento de novo ágio, tampouco em economia de tributos diferente da que seria obtida sem a utilização da empresa veículo”. (Acórdão nº 1402001.310 – 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, Sessão de 5 de dezembro de 2012, Recorrente BIOSINTETICA FARMACEUTICA LTDA e Recorrida FAZENDA NACIONAL). Foi opção da Recorrente ou de seus controladores a aquisição pela empresa Berneck Madeiras, até mesmo porque acaso fosse efetivada pela própria Berneck S/A não haveria aproveitamento do ágio. Fl. 1351DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 23 22 A falta de capacidade financeira é que demonstra sua impossibilidade levar a efeito o planejamento implementado pela Recorrente e realizar seu propósito na condição de empresa veículo. Neste caso concreto, entendo, portanto, que houve simulação do negócio jurídico por aparentar transferir direitos a pessoa diversa daquela à qual realmente se transmitem. A Berneck Madeiras, apesar da intenção da Recorrente e todas as formalidades implementadas através do contrato firmado e dos consequentes e pertinentes registros, nunca teve capacidade financeira para praticar o negócio jurídico para o qual foi designada por seus controladores e pela Recorrente, restando comprovado neste processo que referida aquisição foi levada a efeito pela Recorrente, responsável pelo pagamento do preço. Sem a interposição da Berneck Madeiras a Recorrente não teria legitimidade ao aproveitamento do ágio discutido nestes autos, mas a incapacidade financeira daquela, revelada por todos os elementos trazidos aos autos, a impossibilita de realizar o negócio jurídico em todos os aspectos de sua concretude, restando somente a forma e a vontade da Recorrente, não suficientes para atender o antecedente normativo que autoriza o aproveitamento do ágio. A Recorrente reduziu seu capital, adquirindo da Cia. Bozano o total de 20% (vinte por cento) de suas próprias ações por intermédio da Berneck Madeiras, cujo preço deveria ser pago em 60 parcelas mensais, caracterizando a interposição desta empresa, e levando a efeito a simulação do negócio jurídico que não chegou acontecer no plano fático já que a Recorrente foi a verdadeira adquirente das ações tendo assumido a responsabilidade pela dívida respectiva. Diante disso entendo que há perfeita caracterização da hipótese legal de simulação prevista no art. 167, §, I do Novo Código Civil que reproduzo: “Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pósdatados.” Reproduzo ainda trecho de voto da I. Relatora Sandra Faroni, acerca da insuficiência dos atos simulados como suficientes à produção dos plenos efeitos legis, neste e naquele caso, para aproveitamento das despesas com amortização do ágio: “A reorganização societária, para ser legítima, deve decorrer de atos efetivamente existentes, e não apenas artificial e formalmente revelados em documentação ou na escrituração mercantil ou fiscal. Há que se perquirir se os atos praticados são reais, e não Fl. 1352DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 24 23 simulados E essa análise não há que ser feita para cada negócio isoladamente, mas em relação ao conjunto de negócios encadeados, como um todo. Quanto à caracterização da simulação, despiciendo dizer que sua prova direta é difícil, quando não impossível, razão pela qual admitese que a simulação seja provada por todos os meios admitidos em direito, inclusive por indícios e presunções. (...) É de todo evidente que a operação foi articulada pelas pessoas físicas que, direta ou indiretamente, controlam o capital das empresas envolvidas, para criar, formalmente, uma situação que se enquadrasse na possibilidade de deduzir despesas de amortização de ágio, advinda com a publicação da Lei n° 9.532/97. A sucessão dos atos, a proximidade temporal entre eles e a extinção da empresa por incorporação revelam que nunca houve a intenção real de constituir uma empresa (a ZBT, constituída em junho de 1998 e extinta em agosto de 1998) para efetivamente operar segundo seu objetivo social, mas sim de criar uma sociedade efêmera, de passagem, que possibilitasse um registro de ágio a ser amortizado por empresa do grupo. Conforme deixa claro o Termo de Verificação, a ZBT TERMINAIS foi constituída em 01 de junho de 1998, com capital inicial de R$ 1.000,00, subscrito, conforme AGE de 17/06/98 por duas pessoas físicas, sendo R$999,00 pelo Sr. Gonçalo Borges Torrealba, também acionista da Libra Terminais S/A e da Libra Terminal 35 S/A. Em 05/08/1998 foi aprovado o aumento de capital mediante a subscrição de mais 10 milhões de ações ordinárias, subscritas por LIBRA TERMINAIS S/A (que passou a deter 99,99% das ações) Esse ato foi que possibilitou o surgimento do ágio que daria origem às despesas de amortização, pois a integralização deuse com ações da Libra Terminal 35 avaliadas em R$ 123.157.000,00. Em 06/08/1998 o patrimônio da ZBT é cindido e seu acervo é incorporado pela LIBRA TERMINAL 35 S/A. Durante toda a sua existência formal, de junho de 1998 a 06 de agosto de 1998, a ZBT não praticou qualquer ato vinculado com seu objetivo social. Alega a Recorrente a existência de alternativas que atendiam o requisito legal para a amortização dedutível, quais sejam: (a) a incorporação da Libra Terminal 35 S/A pela Libra Terminais S/A; (b) a incorporação da Libra Terminais S/A pela Libra Terminal 35 S/A, e (c) a cisão parcial da Libra Terminal S/A, mediante destaque de parcela do patrimônio fonnado pelo investimento (com ágio) na Libra Tenninal 35 S/A, sendo tal parcela incorporada por esta última. Olvidouse a Recorrente de observar que enquanto existiam apenas a Libra Terminais S/A e a Libra Terminal 35 S/A não havia contabilização de investimento adquirido com ágio, a ser amortizado em uma das alternativas mencionadas. O surgimento do ágio foi possibilitado com a constituição (exclusivamente formal) da ZBT. Nada do que foi trazido no recurso sensibiliza meu espírito a ponto de produzir dúvida quanto à inexistência de fato da ZBT, que foi constituída exclusivamente para possibilitar a formação de um ágio, passível de gerar despesa de amortização”. (Processo n° 18471.000947/200633, Recurso n° 159.490 De Oficio e Voluntário Matéria IRPJ CSLL Fl. 1353DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 25 24 Anoscalendário 2001 e 2002 Acórdão n° 10196.724, Sessão de 28 de maio de 2008 Recorrentes LIBRA TERMINAL 35 S/A e 4' Turma DRJ Rio de Janeiro). A própria jurisprudência trazida pela Recorrente com o Recurso Voluntário (fls 30) revela que “é indispensável que os atos praticados não pudessem ser realizados fosse por vedação legal, ou qualquer outra razão” (Acórdão no. 10609.343) e reproduz exatamente a hipótese caracterizada nos autos. A aquisição da participação da Bozano pela Berneck S/A para cancelamento das ações ou manutenção em tesouraria, não poderia ser realizada por força de expressa vedação contida no art. 30 da Lei das S/A. Diante de todo o exposto, mantenho a autuação fiscal decorrente da amortização indevida do ágio. 4 – A multa agravada Sustenta ainda a Recorrente que seria indevida a aplicação da multa agravada. Ocorre que dispõe o art. 44 da Lei nº. 9.430/96 que: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I – de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) § 1º. O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Por sua vez, os arts. 71 a 73 da Lei nº. 4.502/64 citados no § 1º acima dispões que: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Fl. 1354DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 26 25 Ou seja, restando comprovada a ocorrência da simulação, nos termos expostos, correta a aplicação da multa agravada de 150%, prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96. 5 – Juros sobre a multa Por fim, entendo que assiste razão à Recorrente com relação à impossibilidade de incidência dos juros sobre a multa. O cerne da discussão está em verificar se às multas exigidas de ofício incidem os juros de mora. A legislação tributária, notadamente o Código Tributário Nacional, determina que o crédito tributário não pago integralmente no vencimento deve ser acrescido de juros de mora, sem prejuízo da aplicação de penalidades cabíveis. Vejamos os exatos termos do art. 161: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. O § 1º de referido art. 161 determina que o crédito tributário não pago integralmente será acrescido dos juros de mora calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês, desde que a lei não disponha de forma diversa. Ocorre que, para determinados créditos tributários a legislação trouxe índice diverso. Vejamos. A Lei nº. 9.065/95, em seu art. 13, instituiu a Taxa SELIC nos seguintes termos: Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea c do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea a.2, da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. Por sua vez, a Lei nº. 8.981/95, citada em referido dispositivo legal e que faz menção à utilização da Taxa SELIC para fins tributários, previu de forma expressa que: Art. 84. Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1º de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: I juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna; Fl. 1355DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 27 26 Posteriormente à edição de referidas normas legais,aLein°9.430/96,ao tratar sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social e o processo administrativo de consulta, dispôs emseuartigo61que: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Ou seja, de acordo com a legislação em vigor, os tributos e as contribuições sociais administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil não pagos nos prazos previstos devem ser atualizados de acordo com a Taxa SELIC. No caso das multas isoladas, também cabível a aplicação da Taxa SELIC, nos exatos termos do art. 43 da Lei nº. 9.430/96 que dispõe expressamente: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O referido art. 5º, em seu § 3º, dispõe que: Art. 5º O imposto de renda devido, apurado na forma do art. 1º, será pago em quota única, até o último dia útil do mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração. (...) § 3º As quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do segundo mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. Dessa maneira, há expressa previsão legal para a aplicação da Taxa SELIC às multas isoladas. Contudo, não há previsão na legislação de sua aplicação às multas de ofício. Ao contrário do artigo antecedente, dispõe o art. 44 da Lei nº. 9.430/96 que: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: Fl. 1356DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 28 27 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 2º Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I prestar esclarecimentos; II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. § 3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. § 4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. § 5º Aplicase também, no caso de que seja comprovadamente constatado dolo ou máfé do contribuinte, a multa de que trata o inciso I do caput sobre: I a parcela do imposto a restituir informado pelo contribuinte pessoa física, na Declaração de Ajuste Anual, que deixar de ser restituída por infração à legislação tributária; e Assim, diferentemente do art. 43, não trouxe o art. 44 qualquer previsão sobre a aplicação da Taxa SELIC às multas de ofício. Ou seja, no caso das multas isoladas há previsão expressa para a incidência da Taxa SELIC, enquanto que para as multas de ofício referida previsão é inexistente na legislação tributária. Dessa maneira, não há que se falar na incidência da Taxa SELIC sobre a multa de ofício. Esse Conselho Administrativo de Recursos Fiscal possui diversos julgados no sentido de que, não havendo lei específica estabelecendo a aplicação dos juros de mora às Fl. 1357DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 29 28 multas de ofício, seria devida a regra geral do Código Tributário Nacional, valendo transcrever os seguintes: Assunto: (...) MULTA DE OFÍCIO JUROS DE MORA Sobre a multa de ofício, lançada juntamente com o tributo ou contribuição não paga no vencimento, incidem juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, nos termos do art. 161 do Código Tributário Nacional. (Processo nº. 16327.003962/200329 Data da Sessão 16/10/2008 – Relator Luiz Martins Valero nº Acórdão 10709526) ASSUNTO: (...) MULTA DE OFÍCIO JUROS DE MORA. Sobre a multa de oficio, lançada juntamente com o tributo ou contribuição não paga no vencimento, incidem juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, nos termos do art. 161 do Código Tributário Nacional. Recurso Voluntário provido em Parte. (Processo nº. 16561.000188/200755 – Relator Antônio José Praga de Souza nº Acórdão 140200213) Contudo, entendo não ser essa a melhor solução. A Conselheira Maria Teresa Martinez Lopes, em Voto Vencedor proferido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, bem analisou essa questão. Vejamos: Com a devida vênia, não compartilho desse entendimento. 0 artigo 61 da Lei no 9.430/96 prevê a incidência de juros sobre "os débitos a que se referem o artigo", ou seja, ao valor principal do tributo, de acordo com o caput do artigo 6. Não há, portanto, guarida na legislação para que a administração exija juros sobre a multa de oficio quando da cobrança do crédito tributário. Destarte, se por um lado, a ressalva prevista no artigo 161 do CTN permite apenas inserir que o termo "crédito" neste especifico caso se refere ao tributo, dele não fazendo parte a multa. Isto porque, se assim não fosse, não seria necessário separálo das penalidades quando, no mesmo artigo, cita "sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta lei ou em lei tributária". Como dito anteriormente, a multa, que é uma sanção, não se confunde com tributo. Por outro lado, ainda que pudesse ser ultrapassado este entendimento, ainda assim, admitir a possibilidade da cobrança de 1% ao mês (art. 161 do CTN) haveria ofensa ao principio da segurança jurídica, eis que do lançamento não constou sequer a previsão da atualização. Relativamente ao lançamento, o artigo 10 do Decreto nº 70.235/72 (PAF) estabelece que o auto de infração será lavrado por servidor competente e conterá obrigatoriamente a disposição legal infringida e a penalidade aplicável. Enfim, claro está para esta Conselheira, que por inexistir previsão legal, de atualização da multa de oficio, sobre os fatos geradores ocorridos a partir de 1º/01/1997, nenhuma atualização deverá ocorrer, por ocasião do pagamento do tributo lançado. (CSRF Processo n° 18471.001680/200430 Acórdão n° 0203.133 Sessão de 05 de maio de 2008) De referido voto se extrai que: 1 – o art. 161 do CTN permite apenas inserir que o termo “crédito” ao tributo, dele não fazendo parte a multa, haja vista a sua separação das penalidades quando cita "sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta lei ou em lei tributária". Fl. 1358DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 30 29 2 Admitir a possibilidade da cobrança de 1% ao mês (art. 161 do CTN) haveria ofensa ao principio da segurança jurídica, eis que do lançamento não constou sequer a previsão da atualização. Dessa forma, não obstante a existência de recentes julgados da Câmara Superior de Recursos Fiscal entendendo pela inaplicabilidade dos juros de mora com base na Taxa Selic às multas de ofício, nos termos do voto da Conselheira Maria Teresa Martinez Lopes. 6 – Conclusão Diante todo o exposto, rejeito as preliminares de nulidade da decisão recorrida por ausência de motivação e por decadência e, no mérito, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso para afastar a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. (assinado digitalmente) André Almeida Blanco Fl. 1359DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 31 30 Voto Vencedor Conselheiro Marcelo Cuba Netto, Redator designado. Esclareçase desde logo que presente voto divergente tem como objeto apenas a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Pois bem, com o respeito devido e merecido ao Relator, entendo que, por ser a multa de ofício parte integrante do crédito tributário, sobre ela incidem os juros moratórios, conforme prescrito pelo art. 161 do CTN, in verbis: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. (...) Esse é também o entendimento do STJ sobre o assunto, conforme de observa na abaixo transcrita ementa ao AgRg no REsp 1335688/PR (DJe de 10/12/2012): PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. Embora essa decisão não possua efeito vinculante perante esse Conselho, é importante ressaltar que o STJ vem reiteradamente admitindo a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício em decisões proferidas por ambas as Turmas de sua Primeira Seção. Da mesma forma, é pacífica a jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais no sentido de que é cabível a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, conforme acórdãos nos 910100.539, 9101001.474, 9101001.657, 9303002.399, 9303002.400 e 9101001.678. (assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Fl. 1360DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 32 31 Declaração de Voto Conselheiro Marcelo Cuba Netto. Inicialmente é preciso esclarecer que a presente declaração de voto limitase à parte do litígio referente à qualificação da multa de oficio. Pois bem, conforme demonstrado no voto do Relator, ao fim dos negócios jurídicos referentes à compra e venda das ações de Berneck S/A inicialmente em poder da Cia Bozano, Berneck S/A adquiriu (com ágio) suas próprias ações. Como tal operação não poderia ser realizada diretamente, sob pena de violação ao disposto no art. 30 da Lei nº 6.404/761, as ações de Berneck S/A em poder da Cia Bozano foram primeiro adquiridas por Berneck Madeiras, empresa que integra o grupo econômico da ora recorrente Berneck S/A. Ato contínuo, Berneck Madeiras foi incorporada por Berneck S/A, o que importou na aquisição de suas próprias ações. Em assim sendo, a meu juízo está provada a simulação levada a cabo pela ora recorrente com vistas a contornar a vedação prevista no art. 30 da Lei nº 6.404/76. De fato, o exíguo espaço de tempo decorrido entre a data da aquisição das ações de Berneck S/A por Berneck Madeiras e a data da incorporação de Berneck Madeiras por Berneck S/A, aliada à ausência de propósito negocial dessa última operação, autorizam concluir que houve simulação com vista a contornar o impedimento previsto no aludido art. 30. Ocorre que a simulação empregada pela recorrente com vistas a afastar a incidência do art. 30 da Lei nº 6.404/76, norma cuja fiscalização cabe à CVM, por si só não é motivo para qualificação da multa de ofício estabelecida no art. 44 da Lei nº 9.430/96. Para qualificarse a multa de ofício exigese a demonstração do evidente intuito de fraude (dolo) na prática de sonegação, fraude ou conluio (arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64). Explico. Suponha que inexistisse a vedação contida no art. 30 da Lei nº 6.404/76. Se assim fosse, Berneck S/A poderia validamente adquirir suas próprias ações diretamente de Cia Bozano. Nessa hipótese, todavia, ainda que o ágio pudesse ser registrado na contabilidade de Berneck S/A (o que admitimos apenas para fins argumentativos), não poderia ser ele amortizado para fins fiscais uma vez que os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532/95 só autorizam a amortização quando o ágio for fruto incorporação, fusão ou cisão, o que não ocorreu nessa situação hipotética2. 1 “Art. 30. A companhia não poderá negociar com as próprias ações.” 2 “Art. 7º A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977: (...) III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do § 2° do art. 20 do Decretolei n° 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; (Redação dada pela Lei nº 9.718, de 1998) (...)” Fl. 1361DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10980.724167/201015 Acórdão n.º 1201000.963 S1C2T1 Fl. 33 32 Ainda na hipótese de inexistir a vedação contida no art. 30 da Lei nº 6.404/76, acaso a aquisição das ações fosse realizada por via indireta, como efetivamente ocorreu no caso dos presentes autos, aí sim estaria evidente o dolo da contribuinte em sonegar tributo. Pois na hipótese de a aquisição direta ser permitida, a aquisição, por Berneck Madeiras, das ações de Berneck S/A em poder de Cia Bozano, seguida da incorporação de Berneck Madeiras por Berneck S/A, teria como única finalidade ocultar a aquisição direta, a qual, como visto acima, não daria à recorrente o direto à amortização do ágio. Ocorre que o art. 30 da Lei nº 6.404/76 existe na ordem jurídica nacional e encontrase em pleno vigor. Nesse sentido, a operação nunca poderia ser validamente realizada de forma direta. Isso posto, a meu ver, o fato de a aquisição ter sido realizada indiretamente não autoriza concluir que houve, no caso, conduta dolosa da contribuinte tendente em ocultar do fisco a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. (assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Fl. 1362DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 p or ANDRE ALMEIDA BLANCO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado di gitalmente em 10/03/2015 por MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 10907.001367/2010-71
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed May 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 03/04/2009, 24/03/2010, 29/03/2010, 19/07/2010
MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. AGENTE MARÍTIMO E TRANSPORTADOR. LEGITIMIDADE PASSIVA
A legislação prevê que o agente marítimo, assim como o transportador internacional, respondem solidariamente por quaisquer infrações que tenham concorrido para a prática, solidariamente, sendo, pois, o agente parte legítima a figurar no polo passivo de auto de infração.
MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO.
A multa por prestação de informações fora do prazo encontra-se prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal.
MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de deveres instrumentais caracterizados pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010. A aplicação deste dispositivo deve-se considerar o conteúdo da obrigação acessória violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Nestas a aplicação da denúncia espontânea implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.816
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges.
(assinado digitalmente)
Flávio De Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira - Relator.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente).
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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DIREITO ADUANEIRO. AGENTE MARÍTIMO E TRANSPORTADOR. LEGITIMIDADE PASSIVA A legislação prevê que o agente marítimo, assim como o transportador internacional, respondem solidariamente por quaisquer infrações que tenham concorrido para a prática, solidariamente, sendo, pois, o agente parte legítima a figurar no polo passivo de auto de infração. MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. A multa por prestação de informações fora do prazo encontrase prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. A denúncia espontânea não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de deveres instrumentais caracterizados pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010. A aplicação deste dispositivo devese considerar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Nestas a aplicação da denúncia espontânea implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 7. 00 13 67 /2 01 0- 71 Fl. 143DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 3 2 Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente). Fl. 144DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório Tratase de o presente processo de Auto de Infração lavrado face ao descumprimento da obrigação acessória de prestar informação sobre veículo ou carga transportada ou sobre operações que executar, no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, de acordo com o que dispõe o art. 107, inciso IV, alínea “e”, do Decreto lei37, de 1966, com a redação dada pelo art. 77 da Lei 10.833, de 2003. Regularmente cientificada, a interessada apresentou a impugnação na qual alega, em breve síntese, que não é parte legitima para figurar no pólo passivo, tendo em vista que atuou na qualidade de mera agência de navegação marítima da empresa transportadora e que não responde por eventuais tributos e/ou obrigações acessórias devidos por esta. Afirma que o agente marítimo age em nome do Armador e com este não se confunde, razão pela qual não pode ser pessoalmente responsabilizada pela autuação em tela, até porque a própria Lei (art. 107, IV "e" do Decreto Lei 37/66) assim não prevê. Alega ausência de tipicidade, porque não deixou de prestar informação no prazo previsto em Regulamento. Apenas retificou posteriormente a sua informação, o que é uma hipótese diferenciada da penalidade estipulada e não se encontra tipificada na alínea 'e' do inciso IV, do art. 107 do Decreto Lei 37/66, com a redação dada pela Lei 10.833/03. Aduz que a autuação carece de elemento essencial de validade, pois, conforme o art. 113, § 2º do CTN, não há um fim específico e próprio que justificasse a penalidade, ou seja, o eventual descumprimento de prestar informações no prazo estipulado não gera qualquer prejuízo ao Fisco. Afirma que o lançamento fere o princípio da Reserva Legal, porque fundamentado em dispositivo constante em Instrução Normativa. Argui que não existe amparo legal para aplicação de penalidade para a ação de alteração/correção de dados no Sistema Sicarga. Alega que o procedimento fiscalizatório somente foi iniciado após ter formalizado a denúncia espontânea, o que a exime de qualquer penalidade, conforme o disposto no parágrafo 2 do art. 102, do Decreto Lei n 37, de 18 de novembro de 1966, cuja redação foi alterada pela Medida Provisória n 497, de 27 de julho de 2010, bem como o art. 138, caput, do Código Tributário Nacional. Requer seja anulado ou cancelado o auto de infração. A DRJ de Florianópolis (DRJ/FNS) decidiu pela improcedência da impugnação, mantendo o crédito, sendo o Acórdão dispensado de ementa, de acordo com a Portaria SRF n° 1.364, de 10/11/2004. Inconformada com improcedência de sua impugnação, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário, expondo que: Por ser uma agência de navegação da transportadora não poderia ser considerado representante do transportador para fins de responsabilidade tributária não lhe correndo os efeitos do Decreto Lei 37/66; Alega que a sua declaração extemporânea teria os mesmos efeitos que a denúncia espontânea e esta seria aplicável às obrigações acessórias; Entende que a Instrução Normativa nº 800/07, infringe o princípio da reserva legal, conforme art. 97, V do CTN; Fl. 145DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 5 4 Entende que sua conduta, retificação, seria atípica com relação à sanção prevista no art. 107 do Decreto Lei nº 37/66; Alega que a multa regulamentar, enquanto obrigação acessória, carece de validade essencial, por não estar demonstrado o interesse da arrecadação ou fiscalização de tributos, não sendo assim justificada aplicação da mesma; Entende que não deixou de apresentar informações dentro do prazo referido pela IN nº800/07, mas promoveu a retificação destas. É o sucinto relatório. Fl. 146DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo os demais requisitos de admissibilidade, dele conheço, portanto. Ilegitimidade Passiva Muito embora compartilhe do entendimento que as agências marítimas não possam ser sujeitas da multa prevista pelo art. 107, IV, alínea “e” do DecretoLei nº 37/66, devendo ser estas serem impostas somente ao transportador, tenho que no presente caso tal argumentação não se aplica. A recorrente é empresa transportadora, conforme demonstra o seu CNPJ e objeto social, que assim determina a Cláusula Segunda que: A sociedade tem por objeto a navegação marítima de longo curso marítima (...) o exercício das atividades de agente de transporte multimodal, assessoria ao transporte marítimo e terrestre de cargas em todo o território nacional (...) Face a isto, afasto o argumento da Recorrente de que, por ser a empresa uma agência marítima, e não uma transportadora, não está configurada sua responsabilidade quanto à prática da infração objeto dos autos. Diversos são os julgados deste Conselho onde foi compreendido que a obrigação do transportador, de prestar as informações à RFB, encontrase estabelecida no art. 37 do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833, de 2003, in verbis: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1º O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. Ultrapassados tais argumentos, entendo que a penalidade não deve ser aplicada no presente caso por motivos diversos. Denúncia Espontânea Inicio a análise do argumento da denúncia espontânea, pois uma vez julgado o seu provimento, todas as demais matérias se tornarão prejudicadas. Fl. 147DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 7 6 O Recorrente alega que as informações foram prestadas antes da lavratura do auto de infração. Portanto, nos termos do art. 138, caput, do Código Tributário Nacional (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora,ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentado após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” Ocorre que, muito embora típica e perfeitamente subsumido o fato à norma, no caso em tela se está diante de uma excludente da punibilidade, haja vista a Recorrente estar amparada pela hipótese legal da chamada denúncia espontânea. Esse instituto jurídico tem lugar quando o contribuinte informa à administração as infrações por ele praticadas, antes de iniciado qualquer procedimento fiscalizatório. A vantagem dessa confissão prévia e espontânea para o contribuinte está na consequência legal que o instituto lhe garante. No presente caso temse que o pedido de retificação prestado pela recorrente foi anterior lavratura do Auto de Infração, bem como de qualquer outra intimação da RFB. Deste modo, aplicase ao presente caso o instituto da denúncia espontânea. O Código Tributário Nacional disciplina no art. 138 a exclusão da responsabilidade quando a denúncia espontânea for acompanhada do pagamento do tributo e dos juros de mora, restringindo tal hipótese quando caracterizado o início do procedimento administrativo ou qualquer medida de fiscalização, nos termos do parágrafo único. Destacase também que até a edição da Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, convertida na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, a caracterização da denúncia espontânea não contemplava as obrigações acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com o fato gerador do tributo. Porém, com a vigência da norma acima, foi modificado o § 2º, do art. 102 do DecretoLei nº 37/66, incluindo as penalidades administrativas dentre aquelas possíveis de aplicação da denúncia espontânea, in verbis: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. Fl. 148DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 8 7 § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) No presente caso, temos, portanto que a retificação foi apresentada antes de qualquer procedimento de fiscalização, caracterizando a denúncia espontânea, devendo ser excluída a penalidade ora discutida, de natureza administrativa, conforme previsão do § 2º do artigo 102 do DecretoLei nº 37/66. Ainda, cabe observar que, sendo o fato gerador anterior a Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, necessário aplicar in casu a retroatividade benigna da alteração legislativa processada pela referida Medida Provisória, conforme determina o artigo 106 do CTN. Logo, aplicável à referida legislação ao presente caso. Acrescentase ainda que este Egrégio Conselho tem compartilhado deste entendimento, consoante se verifica pelos arestos abaixo: DENÚNCIA ESPONTÂNEA CONFIGURAÇÃO A retificação de informação prestada em registro de conhecimento de carga antes de qualquer procedimento da fiscalização aduaneira, está amparada pela denúncia espontânea prevista no art. 102, do mesmo diploma legal (Acórdão 3101001.138, 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão de 22/05/2012, Relator Conselheiro Luiz Roberto Domingo) DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO AS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. A alteração do art. 102 do DecretoLei nº 37/66 promovida pela Medida Provisória nº 497/2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350/2010, que incluiu as penalidades de natureza administrativa, dentre aquelas alcançadas pela denúncia espontânea é aplicada aos casos ainda pendentes de julgamento, em razão da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, inciso II, alínea “c” do CTN. (Acórdão 3102001.663, 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, sessão de 25/10/2012, Relator Conselheiro Álvaro Arthur L. de Almeida Filho) Cabe analisar a restrição imposta pelo art. 683, §3º do Decreto nº 6.759, de 05 de fevereiro de 2009, que regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. Este determina que: Art. 683. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento dos tributos dos acréscimos legais, excluirá a imposição da correspondente penalidade (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 102, caput, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 1o; e Lei nº 5.172, de 1966, art. 138, caput). (…) Fl. 149DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 9 8 §3o Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador. O texto original do Decreto nº 6.759/2009 previa em seu §3oque a espontaneidade era afastada depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior e por conseqüência igualmente afastada seria a denúncia espontânea. Notese que esta redação deve ser lida em consonância com o disposto na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010 que passou a ter a seguinte redação: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) Notese que o Decreto nº 6.759/2009 deve ser lido em conformidade com a Lei nº 12.350/2010. Tratase de norma superior e posterior. Assim, tanto pelo critério da hierarquia, quanto pelo critério cronológico deve prevalecer a norma posterior. Da leitura da lei posterior se nota que não há a restrição prevista no §3o, do art. 683 do Decreto nº 6.759/2009, de tal modo que onde não houve restrição legal não poderá a norma regulamentadora restringir, sob pena de ofensa ao princípio da estrita legalidade. Diante da aplicação do instituto da denúncia espontânea, entendo pelo provimento do recurso e passo a analisar as demais matérias, não obstante prejudicadas, para fins de privilégio do devido processo legal. Reserva Legal A infração em tese cometida pela recorrente se encontra caracterizada pela apresentação de declaração de informações sobre o veículo e carga transportada fora do prazo estabelecido, por força do art. 107 do DecretoLei 37/66, com redação dada pela Lei nº 10.833/03, c/c art. 44 da Instrução Normativa 28/94, com redação dada pela Instrução Normativa 510/05 e art. 22 da Instrução Normativa 800/07. No que tange a tipificação da conduta do recorrente, a sua descrição consta igualmente e inicialmente tipificada no art. 107 do DecretoLei 31/66, que estabelece a aplicação de multa para quem deixar de prestar a declaração sobre veículo e carga transportada, bem como quem de forma omissiva ou comissiva embaraçar ação de fiscalização. Fl. 150DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 10 9 Ademais, as instruções normativas tem como finalidade de preencher lacunas que por vezes se encontram dentro dos procedimentos fiscais, no caso específico de normas que estabelecem prazo para a apresentação ou recolhimento de obrigações acessórias, não estão sujeitas a reserva legal do art. 97 do CTN, por não compreenderem o rol de matérias lá estabelecido, cabendo, portanto, o estabelecimento dos prazos por norma de hierarquia inferior, como as Portarias e Instruções Normativas, conforme tem se posicionado o CARF. ASSUNTO: OBRIGAÇÕESACESSÓRIAS Datadofatogerador:31/12/1998 OBRIGAÇÃO ACESSORIA. PRAZO. INSERÇÃO SISCOMEX DE DECLARAÇÃO DE EMBARQUE DE MERCADORIAS. O prazo de inserção das informações do embarque de mercadoria no SISCOMEX é de sete dias, contados do dia do efetivo embarque. Não se aplica a norma processual do artigo 210 do Código Tributário Nacional, neste caso prevalece o prazo fixado em Portarias e Instruções Normativas em razão de que não contemplam aspectos da hipótese de incidência, estão fora da reserva legal prevista no artigo 97 do CTN. Constado inserção além do prazo fixado, impõe negar provimento ao recurso. RecursoNegado. Ressalto que o entendimento seria pela carência de razão do contribuinte caso não estivesse prejudicada a análise desta matéria. Obrigação Acessória Carece de razão a alegação da recorrente quanto à carência de elemento essencial na autuação por descumprimento de obrigação acessória. Isto porque as obrigações acessórias não possuem uma relação de dependência de uma obrigação principal. Como o próprio artigo citado pela recorrente são prestações positivas ou negativas, fazer ou não fazer algo em benefício do interesse arrecadatório ou fiscalizatório. No caso dos autos, a declaração que gerou a autuação da recorrente era uma obrigação acessória, positiva e com finalidade fiscalizatória, pois se caracteriza em um dever de declarar o bem carregado e cujas informações contidas auxiliam o fisco a verificar a adequada descrição de bem importado pelo importador, se houve emissão de notas fiscais, se a importadora estaria correta em sua escrituração fiscal. Logo, a responsabilidade de declarar a mercadoria transportada pela empresa, conforme art. 107 do Decreto lei 37/66, é uma obrigação acessória de declaração ao fisco e cujo descumprimento implica na aplicação de multa por embaraço à fiscalização. Nestes termos, não sendo prestada a obrigação de declaração de mercadorias dentro do prazo legal, houve prejuízo na fiscalização aduaneira, devida, portanto, a multa pelo descumprimento. Fl. 151DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 11 10 Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Tipificação A recorrente alega que não incorreu no tipo específico de descumprimento de declaração de mercadoria, conforme art.37 e 107, IV, “e” do DecretoLei 37/66, posto que não deixou de prestar informações sobre o veículo ou sobre a carga transportada entendendo que retificação, conduta que afirma ter praticado seria diferente de deixar de informar. Entendo que não assiste razão a recorrente, tendo em vista que no auto de infração é possível verificar que o recorrente apresentou Conhecimento de Embarque, promovendo a alteração de NCM fora dos prazos de atracação do navio e conforme art.37 do Decretolei 37/66 “o transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecido, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado”. O entendimento deste Conselho, inclusive para esta empresa em autuação pretérita foi o seguinte: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 05/04/2006 a 15/01/2009 MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. AGENTE MARÍTIMO E TRANSPORTADOR. LEGITIMIDADE PASSIVA A legislação prevê que o agente marítimo, assim como o transportador internacional, respondem solidariamente por quaisquer infrações que tenham concorrido para a prática, solidariamente, sendo, pois, o agente parte legítima a figurar no polo passivo de auto de infração. MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. A multa por prestação de informações fora do prazo encontrase prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. Não há que se falar em denúncia espontânea de obrigação acessória se a norma em comento tem como finalidade a prestação de informações na forma e, sobretudo, no prazo fixado pela legislação, prazo esse que não seria observado se se considerar que a prestação de informações fora do prazo configuraria denúncia espontânea. Fl. 152DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 12 11 Recurso Voluntário Negado. Nesta senda, uma vez não cumprindo o prazo de apresentação das declarações o transportador já incorre no fato gerador da multa regulamentar, resta devidamente enquadrada a conduta da recorrente à infração referida, não havendo qualquer traço de atipicidade. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Art. 50 da Instrução Normativa 800/2007 Entendo que não assiste razão ao recorrente. Conforme a redação do artigo 50 da IN 800/07, informa que os prazos de antecipação de informação previstos no art. 22º da mesma instrução somente serão obrigatórios a partir de 1 de janeiro de 2009. Vejamos: Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1ºde janeiro de 2009. Parágrafoúnico. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País.(grifonosso) Este dispositivo, ao mesmo tempo em que prevê que os prazos mínimos para a prestação de informações à RFB previstos no artigo 22 da IN RFB nº 800/2007 somente são obrigatórios a partir de 1ºde janeiro de 2009, dispõe que o transportador tem a obrigação de prestar informações sobre as cargas transportadas antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Resta claro, portanto, que já a partir do momento em que se inicia a produção de efeitos da IN RFB nº 800/2007, qual seja 31 de março de 2008, as informações sobre as cargas transportadas devem ser prestadas pelas transportadoras antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País, conforme art. 52 da Instrução Normativa, prazo também descumprido pelo contribuinte. Em adição, havendo prazo que estabeleça o início da vigência das antecipações, nos caso dos fatos geradores que antecedem a vigência da Instrução Normativa 800/07, o contribuinte deveria ter cumprido o prazo de sete dias descritos art. 37 da Instrução Normativa SRF n° 28, de 1994, com a redação dada pela IN SRF n° 510, de 2005, para a apresentação da declaração, no que ultrapassou demasiado. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Penalidade Aplicada Por Viagem Fl. 153DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 13 12 A recorrente se insurge contra a aplicação da multa regulamentar contra cada uma das declarações de forma extemporânea, tendo em vista que o entendimento da Receita Federal sobre o assunto em Consulta Interna teria determinado que o transportador fosse multado uma única vez pela prestação de informações fora do prazo, referindo a COSIT SCI nº 8 de 14 de fevereiro de 2008. Não obstante os auditores fiscais tenham interpretado, em sua maioria, a legislação como que a multa deveria ser aplicada por cada declaração fora do prazo, o dispositivo legal deixa brecha para tanto interpretar que a penalidade deve ser aplicada por viagem quanto por declaração, visto que o dispositivo aborda apenas o aspecto quantitativo da multa, a tipificação da conduta, no caso, deixar de apresentar informações nos prazo estabelecidos à Receita Federal e identificação do infrator, qual seja a empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de transporte internacional expresso ou agente de carga. Neste sentido, entendo que se deve interpretar a norma de forma mais favorável ao contribuinte quando esta determina penalidade ao tipo de conduta, conforme resta estabelecido no art. 112, do Código Tributário Nacional – CTN, segundo o qual “a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto”: à capitulação legal do fato; à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade ou punibilidade; e à natureza da penalidade, aplicação, ou à sua gradação. Sobre o tema em comento, temse decidido nas sessões deste Conselho a interpretação da norma em favor do infrator. Vejamos: Assunto: Obrigações Acessórias Anocalendário: 2006 ILEGIMITIDADE PASSIVA. MULTA. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. EXPORTAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR. É legitimo para figurar no polo passivo da autuação, o transportador que registou os dados de embarque fora do prazo estabelecido no art. 37, §2º, da Instrução Normativa SRF nº 28/94. Inteligência dos arts. 107, inciso IV, alínea “e” e 37 do DecretoLei nº 37/66 c/c arts. 37, §2º, 44 e 46 da Instrução Normativa SRF nº 28/94. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR.Ocorrendo dúvida quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; e à natureza da penalidade aplicação, ou à sua gradação, deve ser aplicada a interpretação mais favorável ao acusado (art. 112, CTN).A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do DecretoLei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias destinadas à exportação no Siscomex é aplicada por viagem do veículo transportador e não por carga (Declaração para Despacho de Exportação). DUPLICIDADE DA COBRANÇA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Não comprovada documentalmente o alegado bis in idem, improcedente a alegação de duplicidade da cobrança e a consequente identidade de objetos entre dois processos administrativos fiscais. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138, CTN. MULTA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. Não alegado Fl. 154DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 14 13 em momento oportuno, o argumento está precluso, pelo que não merece ser conhecido, ex vi dos arts. 16, inciso III e 17, do Decreto nº 70.235/72. (Recurso Voluntário nº 11968.001039/200717, Relator Bruno Mauricio Macedo Curi, da 2ª Câmara da 3ª Sessão de Julgamento do Carf, Publicada em 11/09/2013) Nestes termos, entendo que a penalidade do art. 107, IV, alínea “e” do Decreto Lei nº 37/66, deve ser aplicada por viagem e não por declaração de carga, devendo as penalidades aplicadas por declaração excluídas para que fiquem apenas a multa aplicada por viagem apurada no auto de infração. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Em face do exposto, encaminho o voto para DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É assim que voto. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira – Relator Fl. 155DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 15 14 Voto Vencedor Conselheiro Marcos Antonio Borges, Em que pese o entendimento do relator, ouso dele discordar em relação à aplicação do instituto da denúncia espontânea. Da aplicação do instituto da denúncia espontânea No entendimento do STJ, conforme comprovam diversos julgados, a entrega extemporânea de qualquer tipo de obrigação acessória (DCTF, por exemplo) configura infração formal, não podendo ser considerada como infração de natureza tributária apta a atrair o instituto da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN. A prestação de informações no Siscomex, como é o caso, é uma obrigação acessória e, aplicandose essa linha de raciocínio, deveria se observar a aplicação da Súmula CARF n° 49, que adota a mesma interpretação: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do CTN) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. No entanto, essa discussão foi reaberta em face da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010: Art.102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Apesar de alguns julgados recentes do CARF estarem admitindo a caracterização da denúncia espontânea com fundamento da nova redação do dispositivo, entendo que na aplicação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, devese analisar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Fl. 156DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 16 15 Esse entendimento, do qual eu compartilho, foi evidenciado em voto do eminente Conselheiro José Fernandes do Nascimento, no Acórdão 310200.988. 3a S/1a C/2a TO. S. de 22/08/2013: O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2°, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser Fl. 157DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 17 16 citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Assim, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo, no caso a prestação de informação no Siscomex na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, implicaria no esvaziamento do dever instrumental, comprometendo o controle aduaneiro efetuado pela autoridade administrativa no exercício do seu Poder de Polícia. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de obrigações acessórias caracterizadas pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. Desta forma, em virtude de todos os motivos apresentados e dos fatos presentes no caso concreto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 158DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10907.001367/201071 Acórdão n.º 3801004.816 S3TE01 Fl. 18 17 (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 159DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 13893.000208/2002-33
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Apr 29 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/1997
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE.
Estando presentes os requisitos formais previstos nos arts. 9 e 10 do Decreto nº 70.235/72, não há que se falar em nulidade do lançamento.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO ELETRÔNICO. CANCELAMENTO. DÉBITOS COBRADOS EM DUPLICIDADE.
Cancela-se o lançamento de ofício quando a administração constata o lançamento em duplicidade de um mesmo crédito tributário.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3801-005.322
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Sérgio Celani, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Cássio Schappo.
Nome do relator: FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/1997 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. Estando presentes os requisitos formais previstos nos arts. 9 e 10 do Decreto nº 70.235/72, não há que se falar em nulidade do lançamento. LANÇAMENTO DE OFÍCIO ELETRÔNICO. CANCELAMENTO. DÉBITOS COBRADOS EM DUPLICIDADE. Cancelase o lançamento de ofício quando a administração constata o lançamento em duplicidade de um mesmo crédito tributário. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Sérgio Celani, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Cássio Schappo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 3. 00 02 08 /2 00 2- 33 Fl. 919DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13893.000208/200233 Acórdão n.º 3801005.322 S3TE01 Fl. 11 2 Relatório Adotase o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que narra bem os fatos: Tratase de Auto de Infração eletrônico (fls. 12/21) relativo à Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), decorrente do processamento da DCTF do anocalendário 1997, lavrado em 01/11/2001, cientificado em 13/12/2001 (AR de fls. 306) exigindo crédito tributário no valor total de R$ 484.665,04, discriminado em contribuição, multa de ofício vinculada e juros de mora calculados até 30/11/2001. A infração decorre da não confirmação do processo judicial indicado pelo contribuinte para suspensão da exigibilidade dos débitos declarados para os períodos de janeiro a dezembro de 1997, conforme demonstrativos anexos ao auto de infração. 2.Inconformado, o contribuinte protocolizou em 14/01/2002, por intermédio de seu representante legal, impugnação de fls. 01/09, acompanhada dos documentos de fls. 10/121, alegando em sua defesa, as razões de fato e de direito, em síntese: 2.1 Preliminarmente, argúi nulidade do auto de infração e diz ter ocorrido cerceamento no amplo direito de defesa, por não conter a peça fiscal “uma descrição do fato tido por delituoso”. 2.2 A seguir, esclarece que o interessado ingressou em juízo visando a declaração da inconstitucionalidade da majoração da base de cálculo do PIS, promovida pelos DecretosLei nºs. 2.445/88 e 2.449/88, e por conseguinte, para que lhe fosse autorizada a compensação dos valores indevidamente recolhidos daquele tributo com débitos do próprio PIS e da Cofins. E acrescenta: “O que importa frisar no presente momento é que a antecipação dos efeitos da tutela, pleiteada no bojo da ação declaratória supra citada, fora indeferida pelo MM. Juiz, fato este que propiciou a interposição do competente recurso de Agravo de Instrumento perante o Egrégio Tribunal Regional Federal da Terceira Região, que fora autuado sob o nº 97.03.0025340, sendo então reconhecido o direito da empresa contribuinte a compensar os valores recolhidos a maior a título de PIS, com o próprio tributo, no período de vigência dos malfadados DecretosLeis supra citados. Posteriormente, foi prolatada r. sentença de mérito, que julgou parcialmente procedente os pedidos formulados pela Autora, declarando a inexistência da relação jurídicotributária que a obrigasse à sistemática dos DecretosLeis nº 2.445/88 e 2.449/88, julgados inconstitucionais pelo Pretório Excelso, confirmando, desta sorte, a decisão proferida pelos ilustres desembargadores Federais do Egrégio Tribunal Regional Federal da Terceira Região, no que tange o reconhecimento do Fl. 920DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13893.000208/200233 Acórdão n.º 3801005.322 S3TE01 Fl. 12 3 direito da empresa contribuinte em compensar os valores indevidamente recolhidos com parcelas do próprio PIS. Desta decisão foram interpostos competentes recursos de apelação, que foram distribuídos perante a Terceira Turma do Egrégio Tribunal Regional Federal da Terceira Região. Decidiram os ilustres Desembargadores em manter o disposto na r. sentença, no que diz respeito à possibilidade de se proceder a compensação dos valores indevidamente recolhidos, sendo certo que o v. acórdão já transitou em julgado.” 2.3 Noutra frente da defesa ofertada, diz que a exigibilidade do crédito tributário encontrase suspensa por força do inciso V, do art. 151, da Lei nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966 (CTN). 2.4 No tópico seguinte, desenvolve argumento contra a aplicação da multa de ofício por entender que, estando suspensa a exigibilidade do próprio crédito tributário não cabe a aplicação da multa, que tem nítido caráter de penalidade pelo não recolhimento, no momento oportuno, do tributo devido. E arremata: “O recolhimento, no entanto, só se realiza quando o tributo perfaz o requisito da exigibilidade, não sendo exigível, não pode cobrar do contribuinte o recolhimento. Deste modo podemos já concluir que não é aplicável a multa por falta de recolhimento no momento oportuno, posto que a exigibilidade do tributo encontrase suspensa, e consequentemente, não há mora.” 2.5 Ao final, requer a improcedência do auto de infração por força do inciso V, do art. 151 do CTN, ou a suspensão da exigibilidade do crédito constituído, até que seja proferida a decisão final na esfera judicial. 3.Às fls. 307/308, encontrase o Extrato do Processo, no qual os débitos objeto do presente auto de infração apontam para a existência de Saldo de Principal e Multa Vinculada, nos períodos e valores lançados no auto de infração. A DRJ em Campinas (SP) julgou procedente em parte o lançamento, excluindose a incidência da multa de ofício no percentual de 75% sobre o principal lançado, nos termos da ementa abaixo transcrita: DCTF. REVISÃO INTERNA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. Em razão da formalização do crédito tributário em DCTF, superadas estão eventuais nulidades no lançamento e, não caracterizado cerceamento do direito de defesa, cumpre, apenas, analisar os demais argumentos para decidir sobre a procedência do lançamento. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO COM PROCESSO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. Fl. 921DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13893.000208/200233 Acórdão n.º 3801005.322 S3TE01 Fl. 13 4 A propositura de ação judicial, antes ou após o procedimento fiscal do lançamento, com o mesmo objeto, implica a renúncia ao litígio administrativo e impede a apreciação das razões de mérito pela autoridade administrativa a que caberia o julgamento, mas não obsta a formalização do lançamento. MULTA DE OFÍCIO VINCULADA. Em face do princípio da retroatividade benigna, consagrado no Código Tributário Nacional, é cabível a exoneração da multa de lançamento de ofício, para débitos já declarados em DCTF. Outrossim, a DRJ solicitou a unidade de origem que atentasse para a notícia de trânsito em julgado da decisão judicial e da necessária verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito reconhecido judicialmente, para fins de compensação com débitos aqui lançados e com outros débitos vinculados à mesma ação judicial. Discordando da decisão de primeira instância, a recorrente interpôs recurso voluntário, instruído com diversos documentos, cujo teor é sintetizado a seguir. Em breve arrazoado, inicialmente, descreve os fatos inconformada com as premissas do acórdão recorrido. Pontua que os créditos pretendidos no Auto de Infração em questão já se encontram em discussão no Procedimento Administrativo n° 10875.002866/200117 (Doc. 01), originário do Auto de Infração MPF n° 0811100/00188/01, restando patente a necessidade de anulação do Auto de Infração que originou a presente cobrança, haja vista a ocorrência da duplicidade da cobrança. Apresenta tabela comparativa entre os lançamentos. Colaciona jurisprudência administrativa. No mérito alega inexistência de identidade de matéria e do desrespeito a decisão judicial. Esclarece que o objeto da ação judicial em questão, visava obter uma decisão, a qual a autorizasse a efetuar a compensação do crédito tributário, o que foi autorizado pelo Poder Judiciário, tendo, inclusive, transitado em julgado. Ocorre, que malgrado a Recorrente estar amparada por decisão favorável, a qual a autorizava a efetuar a compensação, a Autoridade Fiscal autuou a mesma, ignorando a aludida ordem judicial, não podendo, deste modo, ser tolhido o direito de defesa do contribuinte. Defende que o objeto da demanda judicial não se confunde com o objeto do Procedimento Administrativo em comento, eis que uma visava tutela jurisdicional para poder compensar e outra visa defenderse de auto de infração indevidamente autuado, haja vista decisão judicial favorável. Insiste que o auto de infração lavrado, foi uma decorrência da ação judicial proposta pela Recorrente. Dessa forma, não há que se falar que a Recorrente pretende discutir a mesma matéria, simultaneamente, em ambas as esferas, inclusive o auto de infração não Fl. 922DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13893.000208/200233 Acórdão n.º 3801005.322 S3TE01 Fl. 14 5 somente foi lavrado em face do principal devido, mas também imposta multa de mora e aplicado juros. Argumenta, ainda, que deveria a autoridade fiscal ter lavrado o auto de infração com exigibilidade suspensa. Recorda que a decisão emanada pelo Poder Judiciário, a qual autorizou que a Recorrente efetuasse a compensação do crédito tributário em questão já transitou em julgado, sendo totalmente procrastinatória e tumultuosa a manutenção do Auto de Infração em questão, tanto para o Poder Executivo como para o Poder Judiciário, sendo medida de rigor a anulação do auto de infração combatido. Por fim, requer o provimento total ao presente Recurso Voluntário, para reforma da r. decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento, para declarar improcedente o Auto de Infração vertente, haja vista a duplicidade na cobrança, bem como porque o procedimento administrativo possui objeto diverso da ação judicial mencionada. É o relatório. Fl. 923DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13893.000208/200233 Acórdão n.º 3801005.322 S3TE01 Fl. 15 6 Voto Conselheiro Flávio de Castro Pontes O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele tomase conhecimento. De início apreciase a alegação de duplicidade da cobrança. A recorrente sustenta essencialmente a ocorrência de lançamento em duplicidade, uma vez que o lançamento de ofício constante do processo administrativo fiscal 10875.002866/200117 inclui os períodos de apuração em discussão. Assiste razão à recorrente, conforme será demonstrado. Como relatado, trata o processo do Auto de Infração eletrônico da contribuição PIS, referente ao período de apuração de janeiro a dezembro de 1997 (PA 01/1997 a 12/1997). Ocorre, todavia, que para os mesmos períodos de apuração e para o mesmo tributo, PIS, a autoridade fiscal constituiu de ofício os créditos tributários, segundo processo n° 10875.002866/200117. Os elementos comprobatórios colacionados a este processo, indicam que, de fato, o lançamento ocorreu em duplicidade, senão vejamos. Neste sentido, o despacho de fl. 451, in verbis; O presente foi encaminhado a este SECAT pela ARF/MCS/SP para manifestação acerca da alegada compensação amparada em decisão judicial, conforme folha 442. Em função das alegações do contribuinte, desarquivei o processo 10875.002866/200117 para análise. Trata o processo desarquivado de auto de infração de PIS lavrado pela DRF/Guarulhos, que alcança, entre outros, os períodos e valores controlados neste. Copiei e juntei o despacho de folha 486 e o Despacho Decisório" n°773/06 daquele processo, que indicam a análise e a homologação da compensação dos débitos com créditos da ação judicial n° 9600402906 (folhas 443 a 445). Juntei, também, extrato do processo que demonstra que os valores e períodos coincidem com os deste (folhas 446 a 450). Pelo exposto, proponho a devolução do processo à ARF/MCS/SP com o esclarecimento acima, para que o encaminhe ao Conselho de Contribuintes.(grifouse) Fl. 924DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13893.000208/200233 Acórdão n.º 3801005.322 S3TE01 Fl. 16 7 Na mesma direção, a decisão proferida no processo 10875.002866/200117, Despacho Decisório n°773/06, folhas 443 a 445, e o respectivo extrato em que evidenciase a duplicidade de cobrança. Assim sendo, a controvérsia foi objeto de análise em outro processo administrativo, sendo desnecessária a conversão do processo em diligência, em especial porque os fatos geradores ocorreram há mais de 18(dezoito) anos. Em remate, o lançamento de ofício deve ser cancelado porque a administração reconheceu que os valores exigidos neste auto de infração eletrônico também estavam sendo exigidos em outro lançamento de ofício, portanto restou caracterizada a duplicidade de lançamento. Ante ao exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário no sentido de cancelar o lançamento de ofício. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Relator Fl. 925DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 10509.000135/2009-54
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu May 28 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2004
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Aplica-se o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3801-005.241
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges votaram pelas conclusões. Fez sustentação oral pela recorrente a Dra. Vanessa Ferraz Coutinho, OAB/RJ 134.407.
(assinatura digital)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinatura digital)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Redator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antônio Borges, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Cássio Shappo e Flavio de Castro Pontes
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 2004 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Aplica-se o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação. Recurso Voluntário Provido.
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APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Aplicase o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges votaram pelas conclusões. Fez sustentação oral pela recorrente a Dra. Vanessa Ferraz Coutinho, OAB/RJ 134.407. (assinatura digital) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira – Redator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 50 9. 00 01 35 /2 00 9- 54 Fl. 228DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 27/05/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10509.000135/200954 Acórdão n.º 3801005.241 S3TE01 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antônio Borges, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Cássio Shappo e Flavio de Castro Pontes Fl. 229DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 27/05/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10509.000135/200954 Acórdão n.º 3801005.241 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 10509.000135/200954, contra o acórdão nº 0734.840, julgado pela 1ª. Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Florianópolis I (DRJ/FNS), na sessão de julgamento de 21 de maio de 2014, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia Regional de Julgamento de origem, que assim relatou: A presente autuação referese à exigência da multa capitulada no art. 107, IV, alínea “e”, do DecretoLei n.º 37/66, com a redação da Lei n.º 10.833/2003, no valor de R$5.000,00, aplicada por veículo/viagem, identificado pelo respectivo vôo, por não prestar as informações sobre a carga transportada no prazo estabelecido na IN SRF n.º 28/1994, alterada pela IN SRF n.º 510/2005. Consta no Auto de Infração uma relação com as informações acerca dos embarque e data do registro dos respectivos dados, bem como da DDE e número do voo (fls. 11). Junta também às fls. 13/21, extratos do Sistema Siscomex (consulta dados de embarque e consulta histórico despacho). Intimada da autuação, a interessada apresentou a impugnação alegando, em síntese, o que segue: 1 Cerceamento do direito de defesa e ausência de provas da infração: não existem no processo cópias de telas do MANTRA que comprovem as informações da fiscalização constantes da planilha que embasou o auto, a qual não tem qualquer valor probatório. É latente o desrespeito ao art. 9.º do Decreto n.º 70.235/72 que determina a instrução do auto de infração com elementos de prova. 2 A lei aplicável deve sempre ter sido publicada anteriormente a ocorrência do Fato Gerador para que possa surtir efeitos no ordenamento jurídico, conforme preceitua o principio da anterioridade, razão pela qual não poderá ser aplicada a IN/SRF n° 510/2005, cuja publicação ocorreu em 15 de fevereiro de 2005, que estipulou prazo para prestação de informação. Anteriormente não havia prazo, não podendo, então, retroagir norma que imponha prazo não vigente à época dos fatos. 3 A Instrução Normativa n.º 510/2005 não é lei, razão pela qual não pode estabelecer um prazo que vincule o cumprimento de uma obrigação acessória. A Lei n.º 10.833/2003 jamais poderia ter delegado à Secretaria da Receita Federal a capacidade de estabelecer prazo para cumprimento de uma obrigação acessória. Esta lei fere o princípio da legalidade. Fl. 230DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 27/05/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10509.000135/200954 Acórdão n.º 3801005.241 S3TE01 Fl. 5 4 4 Referese ao aumento de exportações no ano de 2004, razão pela qual a Receita Federal se manifestou verbalmente no sentido de permitir que as averbações fossem realizadas em prazo indeterminado. 5 Os atrasos ocorreram também pela ineficiência do Sistema da Receita Federal que é falho e sai do ar a todo instante e ainda pela demora do agente de carga em entregar os conhecimentos ocasionando atraso nas averbações. É de responsabilidade do agente de carga fazer constar as informações precisas no documento de conhecimento aéreo. 5 Não cabe a aplicação da multa tendo em vista que a informação quanto embarque foi prestada e o texto da lei é claro que haverá a imposição da multa a quem não prestar a informação. Deve ser considerada a ocorrência da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN. 6 Houve violação aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 7 Existe previsão legal específica na constatação de mercadoria transportada não manifestada ou não informada à SRF na forma e no prazo estabelecidos legalmente, prevista no art. 107, XI, “a”, do DecretoLei n.º 37/66. 8 Pelas razões expostas, requer a improcedência do lançamento e ainda uma auditoria no Sistema da receita Federal, visto que a planilha juntada não possui qualquer valor probatório. A DRJ de Florianópolis (DRJ/FNS) decidiu pela improcedência da impugnação, mantendo o crédito. Colaciono a ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2004 Ementa: Acórdão dispensado de ementa, de acordo com a Portaria SRF nº 1.364, de 10/11/2004. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com improcedência de sua manifestação de inconformidade, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário a fl. 78/127, expondo que: 1 O auto de infração foi lavrado com base em incorreta tipificação, bem como em incorreta adequação dos fatos à norma; Fl. 231DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 27/05/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10509.000135/200954 Acórdão n.º 3801005.241 S3TE01 Fl. 6 5 2 A impossibilidade de aplicação das normas IN 510/2005, utilizada para embasar o auto de infração, e da IN 1.096/2010, uma vez que não vigentes à época dos fatos e prejudiciais à recorrente; 3 Necessário afastamento da penalidade ora aplicada à Recorrente em razão da aplicação do Instituto da denúncia espontânea, cuja legislação sofreu modificação para abranger também as penalidades de natureza administrativa; 4 Impossibilidade de responsabilização da Recorrente pelo descumprimento da obrigação acessória contida no art. 37 da IN nº 28/94 em razão das folhas técnicas do Sistema Siscomex; 5 Inexistência de embaraço à fiscalização, bem como necessária desoneração das exportações e também nítida violação à finalidade do ato administrativo; 6 Violação ao princípio da isonomia, tendo em vista que diversas companhias aéreas autuadas exatamente pela mesma infração já tiveram seus débitos definitivamente exonerados na via administrativa. É o sucinto relatório. Fl. 232DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 27/05/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10509.000135/200954 Acórdão n.º 3801005.241 S3TE01 Fl. 7 6 Voto Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo os demais requisitos de admissibilidade, dele conheço, portanto. A questão em debate cingese à incidência da multa prevista pelo art. 107, IV, alínea “e” do DecretoLei nº 37/66. Entendo que a penalidade não deve ser aplicada no presente caso. Ocorre que a Recorrente alega que as informações foram prestadas antes da lavratura do auto de infração. Portanto, nos termos do art. 138, caput, do Código Tributário Nacional (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentado após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” Deste modo, entendo que por ter a Recorrente apresentado as declarações, mesmo que fora do prazo, passou a existir o instituto da denúncia espontânea. Assim, muito embora típica e perfeitamente subsumido o fato à norma, no caso em tela se está diante de uma excludente da punibilidade, haja vista a Recorrente estar amparada pela hipótese legal da chamada denúncia espontânea. Esse instituto jurídico tem lugar quando o contribuinte informa à administração as infrações por ele praticadas, antes de iniciado qualquer procedimento fiscalizatório. A vantagem dessa confissão prévia e espontânea para o contribuinte está na consequência legal que o instituto lhe garante. No presente caso temse que o pedido de retificação prestado pela recorrente foi anterior à lavratura do Auto de Infração, bem como de qualquer outra intimação da RFB. Deste modo, aplicase ao presente caso o instituto da denúncia espontânea. O Código Tributário Nacional disciplina no art. 138 a exclusão da responsabilidade quando a denúncia espontânea for acompanhada do pagamento do tributo e dos juros de mora, restringindo tal hipótese quando caracterizado o início do procedimento administrativo ou qualquer medida de fiscalização, nos termos do parágrafo único. Destacase também que até a edição da Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, convertida na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, a caracterização da denúncia espontânea não contemplava as obrigações acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com o fato gerador do tributo. Porém, com a vigência da norma acima, foi Fl. 233DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 27/05/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10509.000135/200954 Acórdão n.º 3801005.241 S3TE01 Fl. 8 7 modificado o § 2º, do art. 102 do DecretoLei nº 37/66, incluindo as penalidades administrativas dentre aquelas possíveis de aplicação da denúncia espontânea, in verbis: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) No presente caso, temos portanto que a retificação foi apresentada antes de qualquer procedimento de fiscalização, caracterizando a denúncia espontânea, devendo ser excluída a penalidade ora discutida, de natureza administrativa, conforme previsão do § 2º do artigo 102 do DecretoLei nº 37/66. Ainda, cabe observar que, sendo o fato gerador anterior a Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, necessário aplicar in casu a retroatividade benigna da alteração legislativa processada pela referida Medida Provisória, conforme determina o artigo 106 do CTN. Logo, aplicável à referida legislação ao presente caso. Acrescentase ainda que este Egrégio Conselho tem compartilhado deste entendimento, consoante se verifica pelos arestos abaixo: DENÚNCIA ESPONTÂNEA CONFIGURAÇÃO A retificação de informação prestada em registro de conhecimento de carga antes de qualquer procedimento da fiscalização aduaneira, está amparada pela denúncia espontânea prevista no art. 102, do mesmo diploma legal (Acórdão 3101001.138, 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão de 22/05/2012, Relator Conselheiro Luiz Roberto Domingo) DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO AS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. A alteração do art. 102 do DecretoLei nº 37/66 promovida pela Medida Provisória nº 497/2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350/2010, que incluiu as penalidades de natureza administrativa, dentre aquelas alcançadas pela denúncia espontânea é aplicada aos casos ainda pendentes de julgamento, em razão da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, Fl. 234DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 27/05/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10509.000135/200954 Acórdão n.º 3801005.241 S3TE01 Fl. 9 8 inciso II, alínea “c” do CTN. (Acórdão 3102001.663, 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, sessão de 25/10/2012, Relator Conselheiro Álvaro Arthur L. de Almeida Filho) DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA ADMINISTRATIVA ADUANEIRA ISOLADA. DENUNCIA ESPONTÂNEA. Por força de dispositivo legal, a denúncia espontânea passou a beneficiar a multa administrativa aduaneira aplicada isoladamente por descumprimento de obrigação acessória denunciada antes de quaisquer procedimentos de fiscalização. (Acórdão 3301001.691, 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão de 30/01/2013, Relator Conselheiro Jose Adão Vitorino de Morais) Diante da aplicação do instituto da denúncia espontânea, deixo de apreciar os demais argumentos trazidos pela recorrente. Em face do exposto, encaminho o voto para DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para excluir a penalidade aplicada, em razão da denúncia espontânea. É assim que voto. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira – Relator Fl. 235DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 27/05/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA
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Numero do processo: 11065.101395/2007-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Sun Jul 08 00:00:00 UTC 2001
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006
PIS/PASEP e COFINS. APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS. COMERCIAL EXPORTADORA.
O artigo 6°, § 4°, da Lei n° 10.833/2003 veda expressamente o aproveitamento dos créditos decorrentes das aquisições de mercadorias por empresas comerciais exportadoras com o fim específico de exportação.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3102-01.110
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
Nome do relator: Ricardo Paulo Rosa
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ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 PIS/PASEP e COFINS. APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS. COMERCIAL EXPORTADORA. O artigo 6°, § 4°, da Lei n° 10.833/2003 veda expressamente o aproveitamento dos créditos decorrentes das aquisições de mercadorias por empresas comerciais exportadoras com o fim específico de exportação. Recurso Voluntário Negado
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APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS. COMERCIAL EXPORTADORA. O artigo 6°, § 4°, da Lei n° 10.833/2003 veda expressamente o aproveitamento dos créditos decorrentes das aquisições de mercadorias por empresas comerciais exportadoras com o fim específico de exportação. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente. Ricardo Paulo Rosa Relator. EDITADO EM: 08/07/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Paulo Sergio Celani, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho e Nanci Gama. Ausente justificadamente o Conselheiro Luciano Pontes de Maya Gomes. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 29/02/2012 por MARIA FRANCISCA MEDEIROS DE AQUINO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/07/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 17/08/2011 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 08/07/2011 por RICARDO PAULO ROSA 2 Trata o presente processo de manifestação de inconformidade contra Despacho de Decisório proferido pela DRF Nova Hamburgo que glosou parcialmente o direito creditório relativo ao PIS não cumulativo e homologou as compensações declaradas até o limite do direito creditório reconhecido. De acordo com o Relatório de Verificação Fiscal foram apuradas irregularidades na escrituração da empresa que resultaram na glosa efetuada: cálculo de créditos sobre aquisições de mercadorias com fim específico de exportação. A interessada adquiriu da empresa MR Couros Indústria e Comércio LTDA., situada no estado do Maranhão, “couros bovinos curtidos ao cromo, tipo wet blue", constando das notas fiscais (fls. 66, 68) a informação de remessa com fim específico de exportação (campo informações complementares) e ainda o código CFOP 6118 (venda para exportação). As mercadorias foram entregues diretamente para CMA CGM do Brasil Agência Marítima LTDA, situada na cidade de Belém do Pará, e exportadas por meio do porto situado nessa cidade. A interessada insurgese contra a inclusão na base de cálculo do PIS não cumulativo de receitas referentes a cessão e/ou transferência de créditos de ICMS, por entender que tais valores não se enquadrariam no conceito de receita estabelecido pela Lei n° 10.637/2002. Discorda também da glosa dos créditos referente às compras de mercadorias com fim específico de exportação, defendendo o direito ao creditamento, uma vez que não preencheria os requisitos estabelecidos pela legislação (Decretolei n° 1.248/1972) para ser considerada uma empresa comercial exportadora. Acredita que se não houve o recolhimento da contribuição devida pela empresa vendedora (MR Couros Indústria e Comércio LTDA) esse deveria ser cobrado daquela empresa. Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007 COMERCIAL EXPORTADORA. São empresas que têm como objetivo social a comercialização, podendo adquirir produtos fabricados por terceiros para revenda no mercado interno ou destinálos à exportação, assim como importar mercadorias e efetuar sua comercialização no mercado doméstico, ou seja, atividades tipicamente de uma empresa comercial. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. A partir de 01 de fevereiro de 2004, é vedado às empresas comerciais exportadoras aproveitar os créditos relativos aos insumos adquiridos para fins de exportação, conforme se verifica na disposição constante do art. 6°, § 4° da Lei n° 10.833/2003. Insatisfeita com a decisão de primeira instância, a recorrente apresenta recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por meio do qual repisa argumentos contidos na Manifestação de Inconformidade. Repete não estar constituída como uma trading company. Aduz que muitas vezes efetua a remessa de bens através de operações triangulares, onde o beneficiador faz a remessa diretamente para o embarque e desembaraço aduaneiro e que, por estas razões a recorrente não teria “como informar ao fornecedor o Fl. 131DF CARF MF Impresso em 29/02/2012 por MARIA FRANCISCA MEDEIROS DE AQUINO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/07/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 17/08/2011 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 08/07/2011 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11065.101395/200711 Acórdão n.º 3102001.110 S3C1T2 Fl. 2 3 número de seu cadastro na DECEX, fato este indispensável para que o mesmo enquadrasse sua venda como sendo “à empresa comercial exportadora” ”. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do recurso voluntário. Devem ser rejeitados os argumentos baseados na descaracterização da empresa da condição de uma trading company. Todas as considerações trazidas aos autos em primeira instância são por demais esclarecedoras e não foram objetadas de maneira consistente pela recorrente, que limitouse apenas a repetir, sem nada acrescentar, que não é uma trading company. Inobstante, como fica claro no voto condutor da decisão recorrida, que adoto in totum neste particular, não é necessário que seja. Ainda mais, tratase de uma controvérsia que parece também poder ser resolvida pela leitura do teor do artigo 6º da Lei 10.833/03. Art. 6º A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior, com pagamento em moeda conversível; III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. § 1o Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3º, para fins de: I dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 2º A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no § 1o poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 3º O disposto nos §§ 1o e 2o aplicase somente aos créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8o e 9o do art. 3o. § 4º O direito de utilizar o crédito de acordo com o § 1º não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim previsto Fl. 132DF CARF MF Impresso em 29/02/2012 por MARIA FRANCISCA MEDEIROS DE AQUINO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/07/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 17/08/2011 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 08/07/2011 por RICARDO PAULO ROSA 4 no inciso III do caput, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação. (grifos meus) Finalmente, o argumento de que há ocorrência de operações triangulares, onde o beneficiador faz a remessa diretamente para o embarque e desembaraço aduaneiro e que a recorrente não teria como informar ao fornecedor o número de seu cadastro na DECEX, descaracterizando a operação como sendo de uma comercial exportadora, não foram de maneira nenhuma comprovadas. Conforme consta do relatório de fiscalização, a autoridade fiscal foi zelosa na formação de juízo a respeito do assunto, se não vejamos. Constatamos, mediante análise da memória de cálculo fornecida e declaração apresentada pelo contribuinte, que o mesmo incluiu na base de cálculo dos créditos de COFINS aquisições de mercadorias recebidas com fim especifico de exportação. Essas compras não estiveram sujeitas ao pagamento das contribuições pelo respectivo fornecedor, não gerando direito a crédito para a exportadora adquirente. O contribuinte realizou diversas aquisições de "couros bovinos curtidos ao cromo, tipo wet blue", da empresa MR COUROS INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA., CNPJ 04.030.554/000192, situada em Governador Edison Lobão, no Estado do Maranhão, as quais foram classificadas pela vendedora no CFOP 6118, como "Venda para Exportação". No corpo das Notas Fiscais destas operações consta a seguinte observação: "Mercadoria a ser entregue na CMA CGM do Brasil Agência Maritima Ltda., Sito à Av. Marechal Hermes, 397 — Umarisal, Belém — PA". Os couros adquiridos nessas operações foram exportados pelo contribuinte, classificados no CFOP 7501, como "Exportação de mercadorias recebidas para o fim especifico de exportação". Importante salientar que todas estas exportações foram embarcadas no porto de Belém — PA. Cabe lembrar aqui que o contribuinte está localizado em Novo Hamburgo — RS e as suas exportações de produtos por ele industrializados no período foram embarcadas no porto de Rio Grande — RS. Na planilha anexa, relacionamos as aquisições com fim específico de exportação realizadas no período, bem como as respectivas exportações de mercadorias recebidas com o fim específico de exportação, estabelecendo uma relação entre as Notas Fiscais de compra e as Notas Fiscais de exportação, através da quantidade, em pés quadrados (P2). Nela, podese ver que a mesma quantidade de couros recebida é imediatamente exportada, lembrando que tanto o recebimento quanto o embarque dos couros para o exterior são feitos em Belém — PA. Ou seja, diante de tais evidências, fica claro que trataramse, de fato, de exportações de mercadorias recebidas com o fim específico de exportação. Por todo o exposto, VOTO POR NEGAR provimento ao recurso voluntário apresentado pela recorrente. Sala de Sessões, 08 de julho de 2001. Ricardo Paulo Rosa – Relator. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 29/02/2012 por MARIA FRANCISCA MEDEIROS DE AQUINO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/07/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 17/08/2011 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 08/07/2011 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11065.101395/200711 Acórdão n.º 3102001.110 S3C1T2 Fl. 3 5 Fl. 134DF CARF MF Impresso em 29/02/2012 por MARIA FRANCISCA MEDEIROS DE AQUINO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/07/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 17/08/2011 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 08/07/2011 por RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 11080.919040/2012-42
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue May 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 24/12/2010
PROCESSO ADMINISTRATIVO. DESPACHO DECISÓRIO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. NÃO ACATADA.
Não é nulo o Despacho Decisório que contém os elementos essenciais do ato administrativo.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA.
Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO.
Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA.
O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito.
MULTA E JUROS DE MORA.
Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora.
INCONSTITUCIONALIDADE. DE NORMA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2.
Não compete aos julgadores administrativos pronunciar-se sobre a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-005.180
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Participou do julgamento o Conselheiro Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo em substituição ao Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que se declarou impedido
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Sérgio Celani - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 24/12/2010 PROCESSO ADMINISTRATIVO. DESPACHO DECISÓRIO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. NÃO ACATADA. Não é nulo o Despacho Decisório que contém os elementos essenciais do ato administrativo. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE. DE NORMA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2. Não compete aos julgadores administrativos pronunciar-se sobre a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos. Recurso Voluntário Negado.
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DESPACHO DECISÓRIO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. NÃO ACATADA. Não é nulo o Despacho Decisório que contém os elementos essenciais do ato administrativo. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE. DE NORMA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 90 40 /2 01 2- 42 Fl. 124DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.919040/201242 Acórdão n.º 3801005.180 S3TE01 Fl. 3 2 Não compete aos julgadores administrativos pronunciarse sobre a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Participou do julgamento o Conselheiro Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo em substituição ao Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que se declarou impedido (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sérgio Celani Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo. Relatório Inicialmente, esclarecese que estão em julgamento nesta 1ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do CARF cento e quarenta e oito processos da mesma contribuinte, em que o cerne da discussão é o mesmo: a certeza e liquidez de crédito pleiteado, decorrente de pagamento indevido ou a maior de Cofins, ou contribuição para o PIS/Pasep ou IPI, e o ônus da prova deste direito. Feitas estas observações, passase ao relato propriamente dito. Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em CuritibaDRJ/CTA que julgou improcedente manifestação de inconformidade apresentada contra despacho decisório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de origem. O processo se iniciou com PER/DCOMP, por meio do qual a contribuinte pleiteou o reconhecimento de direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo e a compensação de débitos tributários com o crédito pleiteado. Fl. 125DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.919040/201242 Acórdão n.º 3801005.180 S3TE01 Fl. 4 3 De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF informado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, utilizados para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível suficiente para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência/insuficiência de crédito, a compensação declarada não foi homologada ou foi homologada apenas parcialmente. Como enquadramento legal foram citados os arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25/10/1966 (Código Tributário Nacional CTN), e o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, conforme quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório “ Extraio do relatório da decisão recorrida resumo das alegações apresentadas pela contribuinte contra o despacho decisório: “Na manifestação apresentada, a contribuinte argúi em preliminar a nulidade do Despacho Decisório, alegando o não atendimento ao requisito constitucional da fundamentação do ato administrativo, além de ferir os princípios de ampla defesa, contraditório e do devido processo legal, estando, outrossim, revestido de desvio de finalidade. Expõe que o ato administrativo resumiuse a informar a não homologação da compensação declarada com o parco fundamento da inexistência de crédito disponível; entende que o procedimento correto da fiscalização seria o de intimar a contribuinte para que prestasse informações sobre a origem do crédito, bem como do fundamento de validade; e ressalta a necessidade de fundamentação ou motivação dos atos administrativos para o exame de sua legalidade, finalidade e moralidade administrativa. Alega que o Despacho Decisório não se presta a dar início ao contraditório administrativo, eis que carente de fundamentação, restando prejudicado o seu direito de defesa, e que também extrapolou sua função precípua, tornandose meio oblíquo pelo qual a fiscalização buscou interromper o prazo de homologação da compensação declarada. Diz que a autoridade preparadora deixou de cumprir seu dever de ofício de bem instruir o procedimento fiscal, como a solicitação de informações, apreensão de documentos, diligências, dentre outros expedientes. Sob o tema “Do Mérito”, discorre especificamente sobre o princípio da verdade material, citando diversos doutrinadores. Mas nada aduz sobre o origem do suposto crédito, apenas alegando a posterior juntada de documentos que comprovariam as ‘alegações trazidas na presente manifestação’, eis que o direito creditório, diz, pode ser comprovado a qualquer tempo. Por fim, argumenta sobre a inaplicabilidade da multa de mora em face do princípio constitucional de não confisco e dos princípios administrativos da razoabilidade e da proporcionalidade.. A ementa do acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em CuritibaDRJ/CTA que julgou improcedente a manifestação de inconformidade contém o seguinte teor: “ASSUNTO: ... Data do Fato Gerador: ... CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INTIMAÇÃO PARA ESCLARECIMENTOS. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.919040/201242 Acórdão n.º 3801005.180 S3TE01 Fl. 5 4 A ausência de pedido de esclarecimentos ou realização de diligência na fase preparatória do procedimento fiscal não caracteriza cerceamento do direito de defesa, que é assegurado na fase do contraditório, inaugurada com a manifestação de inconformidade. 1PIS/PASEP. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito está integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. PAGAMENTO A MAIOR QUE O DEVIDO. COMPROVAÇÃO. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar a existência de direito creditório pleiteado. MULTA E JUROS DE MORA. DÉBITOS NÃO HOMOLOGADOS. Os débitos indevidamente compensados sofrem a incidência de multa e juros de mora, nos percentuais determinados pela legislação, calculados a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento da contribuição até o dia em que se efetivar o seu pagamento, uma vez que a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos não homologados.” No recurso voluntário a recorrente repete as alegações da manifestação de inconformidade. É o relatório. 1 Nos processos em que o crédito alegado se refere à Cofins, consta COFINS. Nos processos em que o crédito seria originado de Contribuição para o PIS/Pasep, consta PIS/PASEP. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.919040/201242 Acórdão n.º 3801005.180 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator. Admissibilidade do recurso voluntário. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para julgamento nesta turma especial. Preliminar de nulidade do despacho decisório. O processo se iniciou com PER/DCOMP da contribuinte, no qual informou ter realizado pagamento indevido ou a maior do tributo em discussão. A Secretaria da Receita Federal do BrasilRFB, baseandose em dados constantes de seus sistemas informatizados, alimentados por informações prestadas pelo próprio contribuinte, por meio de declarações fiscais próprias, constatou que o pagamento informado foi integralmente utilizado para quitar tributo informado em DCTF, logo, tributo considerado devido, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Isto está claro no quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório, no qual constam os artigos 165 e 170 da Lei nº 5.172, de 25/10/66 (CTN), e o artigo 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, como fundamentos para a não homologação da compensação. No mesmo quadro 3, consta que diante da inexistência do crédito não se homologava a compensação declarada, bem como o valor devedor consolidado, correspondente aos débitos indevidamente compensados, e a data para pagamento. Há, ainda, a informação de que para verificação de valores devedores e emissão de DARF, deveria ser consultado o endereço da internet “www.receita.fazenda.gov.br”, na opção “Onde Encontro” ou através de certificação digital na opção “eCAC”, assunto “PER/DCOMP Despacho Decisório”. Logo, não procede a alegação de que o despacho decisório não contém fundamentação e de que houve desvio de finalidade. Por outro lado, a manifestação de inconformidade, a qual, por força do art. 74, §§ 9º a 11 da Lei nº 9.430, de 1996, aplicamse as regras previstas no Decreto nº 70.235, de 1972, demonstra que a contribuinte exerceu plenamente seu direito ao contraditório, sem nenhuma dificuldade, provando que não houve cerceamento do direito de defesa. Por estas razões, votase por negar provimento às alegações preliminares. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.919040/201242 Acórdão n.º 3801005.180 S3TE01 Fl. 7 6 Certeza e liquidez do crédito pleiteado. Conforme visto acima: i) O processo se iniciou com PER/DCOMP da contribuinte, no qual informou ter realizado pagamento indevido ou a maior de tributo; ii) Foi constatado pela RFB que o pagamento informado como indevido ou a maior fora integralmente utilizado para quitar tributo informado em DCTF, logo, tributo considerado devido; iii) Isto está claro no quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório; iv) Esta constatação baseouse em dados constantes do sistemas informatizados da RFB, alimentados por informações prestadas pelo próprio contribuinte, por meio de declarações fiscais próprias. Uma vez que o pagamento informado como indevido ou a maior estava totalmente vinculado a tributo declarado em DCTF como devido, o DARF a ele relativo não prova a existência de crédito algum A DRJ/CTA, tendo em vista que a contribuinte não apresentou documentação fiscal e contábil hábil e suficiente para comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado, manteve o despacho decisório. As decisões da DRF e da DRJ estão amparadas no fato de a legislação tributária dispor que a DCTF é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário (art. 5º do DecretoLei nº 2.124, de 1984) e que a compensação de débitos tributários somente pode ser efetuada mediante existência de créditos líquidos e certos do interessado perante a Fazenda Pública (art. 170 do Código Tributário NacionalCTN), e de a lei que trata do processo administrativo tributário federal estabelecer que a prova documental deve ser apresentada na impugnação (art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972). Apesar de a decisão de primeira instância ter sido fundamentada de modo a dar a conhecer à contribuinte as razões de fato e de direito que levaram ao indeferimento de sua manifestação de inconformidade, nenhum documento ou livro fiscal ou contábil foi apresentado com o recurso voluntário. A recorrente limitouse a discorrer sobre o princípio da verdade material. Tratandose de despacho eletrônico, admitese a apresentação destes documentos e livros após a decisão da DRJ, pois alguns Conselheiros entendem que o princípio da verdade material assim autoriza, outros entendem que se está diante de caso em que a prova se destina a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos, hipótese prevista no art. 16, §4º, letra “c” do Decreto nº 70.235, de 1972. O importante é que a contribuinte, até o presente, não apresentou nenhum documento ou livro, fiscal ou contábil, que pudesse comprovar seu direito. Logo, não comprovou a certeza e liquidez do crédito pleiteado. Fl. 129DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.919040/201242 Acórdão n.º 3801005.180 S3TE01 Fl. 8 7 Não é só isso. A recorrente sequer argumentou sobre os fatos ou direito que ensejariam o crédito. Por estas razões, com fundamento no art. 170 do CTN e no art. 333 do CPC, aplicável subsidiariamente ao caso, que determina que o ônus da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, não cabe o reconhecimento do crédito pleiteado. Sobre multa e juros de mora Os artigos 61 e 74 da Lei nº 9.430, de 1996, deixam claro que são devidos juros de mora e multa no presente caso. Cito: “Art.61.Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998)” “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) §1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) §2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) (...) §6º A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos Fl. 130DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.919040/201242 Acórdão n.º 3801005.180 S3TE01 Fl. 9 8 indevidamente compensados. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §7º Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §8º Não efetuado o pagamento no prazo previsto no §7º, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o disposto no §9º. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §9º É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7º, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) (...)” Vejase que os §§ 6º a 8º acima dispõem que a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados e que, não homologada a compensação e não efetuado o pagamento no prazo previsto no §7º, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, sendo devidos juros de mora e multa. A exigência do pagamento destes débitos não se submete a julgamento administrativo. Além disso, os membros do CARF não podem afastar aplicação ou deixar de observar lei sob fundamento de inconstitucionalidade, salvo em casos excepcionais não presentes, a teor do disposto no art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/6/2009, e do disposto no art. 26A da Decreto nº 70.235, de 1972, com redação dada pela Lei nº 11.941, de 27/5/2009. O mesmo se conclui do enunciado da Súmula CARF nº 2, verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.919040/201242 Acórdão n.º 3801005.180 S3TE01 Fl. 10 9 Conclusão Pelo exposto, em especial, pela não comprovação da existência de direito de crédito líquido e certo, voto por negar provimento ao recurso voluntário, mantendose a decisão recorrida. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani. Fl. 132DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 10805.720025/2005-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon May 04 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1999
NULIDADE DE ACÓRDÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. VIA INADEQUADA.
Os embargos de declaração constituem via inadequada para requerer-se a nulidade do acórdão embargado.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. IMPOSSIBILIDADE DE NOVA ANÁLISE DE MÉRITO.
A legislação do Processo Administrativo Fiscal não autoriza, sob o pretexto de omissão do acórdão recorrido, nova análise de mérito em sede de embargos de declaração.
Numero da decisão: 1202-001.236
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros deste Colegiado, por unanimidade de votos, em: NÃO CONHECER dos presentes embargos por erro de premissa e CONHECER dos presentes embargos pelas alegadas omissões para REJEITÁ-LOS, nos termos do voto do relator.
(documento assinado digitalmente)
Plínio Rodrigues Lima Presidente e Relator.
EDITADO EM: 30/04/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Plínio Rodrigues Lima (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Valmar Fonsêca de Menezes, Geraldo Valentim Neto, Marcelo Baeta Ippólito (Suplente Convocado) e Orlando José Gonçalves Bueno.
Nome do relator: PLINIO RODRIGUES LIMA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1999 NULIDADE DE ACÓRDÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. VIA INADEQUADA. Os embargos de declaração constituem via inadequada para requerer-se a nulidade do acórdão embargado. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. IMPOSSIBILIDADE DE NOVA ANÁLISE DE MÉRITO. A legislação do Processo Administrativo Fiscal não autoriza, sob o pretexto de omissão do acórdão recorrido, nova análise de mérito em sede de embargos de declaração.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros deste Colegiado, por unanimidade de votos, em: NÃO CONHECER dos presentes embargos por erro de premissa e CONHECER dos presentes embargos pelas alegadas omissões para REJEITÁ-LOS, nos termos do voto do relator. (documento assinado digitalmente) Plínio Rodrigues Lima Presidente e Relator. EDITADO EM: 30/04/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Plínio Rodrigues Lima (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Valmar Fonsêca de Menezes, Geraldo Valentim Neto, Marcelo Baeta Ippólito (Suplente Convocado) e Orlando José Gonçalves Bueno.
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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. VIA INADEQUADA. Os embargos de declaração constituem via inadequada para requererse a nulidade do acórdão embargado. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. IMPOSSIBILIDADE DE NOVA ANÁLISE DE MÉRITO. A legislação do Processo Administrativo Fiscal não autoriza, sob o pretexto de omissão do acórdão recorrido, nova análise de mérito em sede de embargos de declaração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros deste Colegiado, por unanimidade de votos, em: NÃO CONHECER dos presentes embargos por erro de premissa e CONHECER dos presentes embargos pelas alegadas omissões para REJEITÁLOS, nos termos do voto do relator. (documento assinado digitalmente) Plínio Rodrigues Lima – Presidente e Relator. EDITADO EM: 30/04/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Plínio Rodrigues Lima (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Valmar Fonsêca de Menezes, Geraldo Valentim Neto, Marcelo Baeta Ippólito (Suplente Convocado) e Orlando José Gonçalves Bueno. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 72 00 25 /2 00 5- 34 Fl. 354DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2015 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 30/04/201 5 por PLINIO RODRIGUES LIMA Processo nº 10805.720025/200534 Acórdão n.º 1202001.236 S1C2T2 Fl. 3 2 Relatório Consta o seguinte relatório do Acórdão n° 120200.375 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária (Fls. 312 a 315): Tratase da Declaração de Compensação (Dcomp) de fls. 01/06, apresentada em 30/05/2003, para utilização de crédito decorrente de saldo negativo do IRPJ, relativo ao ano calendário 1999, no valor de R$ 1.662.289,51, com débito de estimativa de IRPJ do mês de abril de 2003, no valor de R$ 2.632.734,13. Conforme Despacho Decisório de fls. 80/83 ; foi reconhecido parcialmente o direito creditório, com a homologação da compensação na proporção do valor do crédito comprovado (R$ 541.940,26), em decorrência da recomposição do saldo negativo, por força da comprovação do IRRF no valor de R$ 541.939,76, e não de R$ 1.662.321,02, como declarado na correspondente DIPJ. (...) vide fls. 272 v e 273 Cientificada em 31/07/2006 (AR de fls. 88 verso), a contribuinte interpôs, em 29/08/2006, manifestação de inconformidade de fls. 91/105, acompanhada de documentos de fls. 106/267. Ao fazer breve resumo dos fatos, alega que o entendimento da fiscalização decorreu de erro no preenchimento da DEPJ. Aponta que o crédito pleiteado é absolutamente legitimo, porque o valor reconhecido referese apenas ao saldo apurado no período compreendido entre 01/08/1999, sendo certo que o saldo negativo total do anocalendário de 1999 é de R$ 2.866.973,26, conforme passa a demonstrar. Reconhece a cisão implementada e a apresentação de duas DIPJ. Alega que, quando do preenchimento da declaração, por equivoco, não apontou o saldo de IRRF compensável na DIPJ referente ao período compreendido entre 01/01/1999 e 31/07/1999, apontandoo integralmente na DIPJ relativa ao período auditado (01/08/1999 e 31/12/1999), nos termos do quadro abaixo: Linha n° Ficha 13 DIPJ 01/01/1999 a 31/07/1999 (valores em R$) doc.06 DIPJ 01/08/1999 A 31/12/1999 (valores em R$) doc. 07 01 A alíquota de 15% 730.460,25 887.692,35 03 Adicional 472.973,50 581.794,90 Deduções 05 Programa de Alimentação do Trabalhador (58.436,82) (35.507,70) Fl. 355DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2015 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 30/04/201 5 por PLINIO RODRIGUES LIMA Processo nº 10805.720025/200534 Acórdão n.º 1202001.236 S1C2T2 Fl. 4 3 06 ValeTransporte (excesso) 0,00 (35.507,70) 13 Imposto de Renda Retido na Fonte 0,00 (1.662.321.02) 16 Imposto de Renda mensal pago por estimativa (2.349.469,81) (1.398.471,86) 17 Total (1,204.472,88) (1.662.321,02) Diz que, de acordo com as disposições do Majur (linha 13/13), deveria ser informado o saldo do IRRF passível de compensação, o que não foi feito pela requerente. E que, acaso tivesse observado as disposições do Majur, sua declaração teria o seguinte resultado: Linha n°. Ficha 13 DIPJ 01/01/1999 a 31/07/1999 (valores em R$)doc.06 • DIPJ 01/08/1999 A 31/12/1999 (valores em R$) doc. 07 01 À alíquota de 15% 730.460,25 887.692,35 03 Adicional 472.973,50 581.794,90 Deduções 05 Programa de Alimentação do Trabalhador (58.436,82) (35.507,70) 06 ValeTransporte (excesso) 0,00 (35.507,70) 13 Imposto de Renda Retido na Fonte (1.113.698,54) (542.119,62) 16 Imposto de Renda mensal pago por estimativa (2.349.469,81) (1.398.471,86) 17 Total (2.318.170,42) (542.119,62) Conclui, portanto, que o saldo negativo apurado pela fiscalização referese apenas ao saldo do período compreendido entre 01/08/1999 e 30/12/1999, tendo sido desconsiderado o saldo existente em 31/07/1999, no montante de R$ 1.113.698,54. Nesse contexto passa a demonstrar a legitimidade do saldo de R$ 1.113.698,54 glosado na decisão. Esclarece que sofreu retenção de imposto na fonte no total de R$5.403.758,83, sendo R$ 3.463.167,35 do período compreendido entre 01/01/1999 e 31/07/1999 (docs. 08 e 09) e R$ 1.940.591,48 do período compreendido entre 01/08/1999 e 31/12/1999 (docs. 09 e 10), bem como que todas as receitas que serviram de base para as retenções foram devidamente contabilizadas, como fazem prova o razão das contas de receitas "Prestação de Serviços" e "Aplicações Financeiras" (doc.12), a cópia do balancete (doc. 13) e a cópia da DIPJ — Ficha 07 (docs. 06 e 07). Aponta, no entanto, que do total do IRRF passível de compensação (R$5.403.758,83), parte já foi utilizada no período Fl. 356DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2015 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 30/04/201 5 por PLINIO RODRIGUES LIMA Processo nº 10805.720025/200534 Acórdão n.º 1202001.236 S1C2T2 Fl. 5 4 de cisão (01/01/99 a 30/07199), para pagamento do imposto devido por estimativa, conforme quadro abaixo: Linha n°. Ficha 13 DIPJ 01/01/1999 a 31/07/1999 (valores em R$) doc.06 DIPJ 01/08/1999 A 31/12/1999 (valores em R$) doe. 07 01 A alíquota de 15% 730.460,25 887.692,35 03 Adicional 472.973,50 581.794,90 Deduções 05 Programa de Alimentação do Trabalhador (58.436,82) (35.507,70) 06 ValeTransporte (excesso) 0,00 (35.507,70) 13 Imposto de Renda (1.113.698,54) (542.119,62) Retido na Fonte 16 Imposto de Renda mensal pago por estimativa (2.349.469,81) (1.398.471,86) 17 Total (2.318.170,42) (542.119,62) Conclui ter como saldo anual negativo de IRPJ passível de compensação os seguintes valores: 1°. Período (01/01/1999 a 30/07/1999) (valores em reais) 2o. Período (01/08/1999 a 30/12/1999) (valores em reais) TOTAL (valores em reais) (2.318.170,42) (542.119,62) (2.860.290,04) Entendo que por se tratar de equivoco cometido pela requerente na DIPJ, não se pode negar que se trata de mero erro de fato, não se podendo desconsiderar a existência de crédito passível de compensação. Ressalta que parte do saldo negativo de IRPJ apurado no ano calendário de 1999, no valor de R$ 1.204.471,88 foi utilizada para compensar outros débitos, já devidamente homologado pela SRF, como faz prova o doc. 14, de sorte que, considerando o crédito reconhecido na decisão recorrida, de R$ 542.119,62, resta, ainda, a compensar o direito creditório de R$ 1.113.698,54(R$2.860.290,04 (R$1.204.471,88+R$542.119,62)), correspondente ao 1° período de 1999 (01/01/1999 a 30/07/1999). Reconhece que foi compensado a maior o montante de R$ 6.502,86, em virtude de que o saldo passível de compensação é de R$ 2.860.290,04, como comprovado acima, e não de R$2.866.792,90, como considerado originalmente nas declarações. Fl. 357DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2015 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 30/04/201 5 por PLINIO RODRIGUES LIMA Processo nº 10805.720025/200534 Acórdão n.º 1202001.236 S1C2T2 Fl. 6 5 Esclarece ter recolhido essa diferença, com os acréscimos legais exigidos, conforme DARF anexo (doc. 15). Aponta que o preenchimento equivocado da DIPJ é erro formal, sem qualquer prejuízo ao Fisco, não sendo passível de sanção, conforme jurisprudência citada. Acrescenta que a própria SRF inseriu em seu site orientações aos contribuintes para regularização de erros desta natureza, denominados "meras inconsistências", aconselhando a transmissão de DTPJ retificadora. Argumenta que a DIPJ em questão não é mais passível de retificação, por se referir ao anocalendário 1999, tendo transcorrido o prazo de cinco anos da entrega tempestiva da declaração. Conclui que deve ser levado em conta o principio da verdade material, pois, como demonstrado, o crédito é absolutamente legitimo, homologandose a compensação efetuada. A 4a. Turma da DRJ/CPS, por unanimidade de votos, não reconheceu o direito creditório e, por conseguinte, não homologou a compensação pleiteada. O acórdão restou assim ementado: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 1999 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PASSÍVEL DE RESTITUIÇÃO. DCOMP. NORMAS DE APRESENTAÇÃO Correta a decisão que alterou o saldo negativo do IRPJ informado na DIPJ em virtude da retificação do valor do IRRF compensável, mormente quando o erro é admitido pela própria contribuinte. A indicação, como direito creditório existente, de saldo negativo de IRPJ apurado em DIPJ distinta daquela apontada na Dcomp originalmente apresentada consiste em inovação do pedido formulado, ensejando a apresentação de nova Declaração de Compensação O contribuinte foi devidamente cientificado da decisão em 15/07/2008, conforme AR juntado à fl. 278 v. Inconformado com a decisão de 1 a• Instância, a contribuinte apresenta, em 11 de agosto de 2008, recurso voluntário (fls. 281 a 308) aduzindo, em resumo: em 30/05/2003 a recorrente apresentou Declaração de Compensação do crédito correspondente ao saldo negativo do IRPJ apurado no anocalendário de 1999, no valor original de R$ 1.662.321,02 para fins de quitação do débito de estimativa de IRPJ de abril de 2003; Fl. 358DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2015 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 30/04/201 5 por PLINIO RODRIGUES LIMA Processo nº 10805.720025/200534 Acórdão n.º 1202001.236 S1C2T2 Fl. 7 6 apesar de ter cumprido os requisitos legais para apresentação da DCOMP, indicando o crédito a ser utilizado bem como o débito a ser compensado, seu pleito não foi acolhido em virtude de erro no preenchimento de DIPJ; meros erros materiais podem ser superados em litígios fiscais com base no Principio da Verdade Material. Nas palavras da recorrente: Por certo, com a comprovação idônea de que as informações prestadas em DIPJ estavam equivocadas (embora fossem de pleno conhecimento do Fisco), deveria o D. Órgão Julgador, em homenagem ao Principio da Verdade Material, apreciar as provas apresentadas e deliberar sobre a existência ou não do direito creditório da Recorrente, superando, nessa medida, os erros formais no preenchimento do citado documento. nega que o caso em análise equivaleria a inovação do pedido originalmente efetuado, em razão do crédito a ser compensado estar consubstanciado em DIPJ distinta daquela apontada na DCOMP. Justifica sua negativa afirmando que o crédito pleiteado é o mesmo, ou seja, saldo negativo do IRPJ do ano calendário de 1999 e o débito a ser compensado também é o mesmo: estimativa de IRPJ de abril de 2003, sem qualquer inovação; a legislação aplicável admite a retificação de DCOMPS em casos de erros materiais, conforme se verifica pela leitura dos artigos 57, 58 e 59 da IN SRF n°. 600/05. Porém, a recorrente encontrase impossibilitada de retificar sua DCOMP em virtude de já existir decisão administrativa. as tabelas apresentadas na impugnação demonstrando o alegado erro e a forma correta de indicação do crédito foram reproduzidas no recurso voluntário (fls. 297 a 303; requerer seja integralmente reformada a r. decisão proferida, para reconhecer o crédito da Recorrente existente no montante de R$ 1.113.698,54, homologandose, em decorrência, integralmente a compensação dos débitos com saldo negativo de IRPJ apurado no anocalendário de 1999. Este E. Colegiado, na sessão de 31/08/2010, negou provimento ao recurso voluntário, nos termos a seguir resumidos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1999 Compensação. Crédito passível de restituição. DCOMP. Normas de apresentação. A indicação, como direito creditório existente, de saldo negativo de IRPJ apurado em DIPJ distinta daquela apontada na Dcomp originalmente apresentada consiste em inovação do pedido Fl. 359DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2015 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 30/04/201 5 por PLINIO RODRIGUES LIMA Processo nº 10805.720025/200534 Acórdão n.º 1202001.236 S1C2T2 Fl. 8 7 formulado, ensejando a apresentação de nova Declaração de Compensação. Após a intimação da referida decisão à embargante em 23/03/2011 (Fls. 319), protocolaramse os presentes embargos em 28/03/2011 (Fls. 320), alegandose em síntese (Fls.320 a 330): (...) III — DO PEDIDO 26. Ante o exposto, é a presente para requerer o acolhimento dos presentes Embargos de Declaração para: (a) declarar a nulidade do v. Acórdão n° 120200.375 devido a existência de erro de premissa e, em novo julgamento, ser provido o recurso voluntário; ou, caso assim não entenda; (b) retificar o v. acórdão n° 120200.375, sanandose as omissões apontadas com o julgamento de procedência do recurso voluntário. Conforme o disposto no art. 65, § 3°, do RICARF, em 09/02/2015, este Presidente submeteu os embargos à deliberação desta E. Turma, com julgamento nesta sessão. É o relatório. Voto Conselheiro Plínio Rodrigues Lima, Relator Tratase de embargos de declaração, por meio do qual se alega erro de premissa e omissões no acórdão n° 120200.375, requerendose o conhecimento e o provimento deste recurso para declarar a nulidade do acórdão embargado e, subsidiariamente, sanear as alegadas omissões. Dispõe os arts. 65, §1º, e 66, do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22.06.2009, que aprovou o Regimento Interno do CARF (RICARF): Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. § 1° Os embargos de declaração poderão ser interpostos por conselheiro da turma, pelo Procurador da Fazenda Nacional, pelos Delegados de Julgamento, pelo titular da unidade da administração tributária encarregada da execução do acórdão ou pelo recorrente, mediante petição fundamentada dirigida ao Fl. 360DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2015 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 30/04/201 5 por PLINIO RODRIGUES LIMA Processo nº 10805.720025/200534 Acórdão n.º 1202001.236 S1C2T2 Fl. 9 8 presidente da Câmara, no prazo de 5 (cinco) dias contado da ciência do acórdão. (...) Art. 66. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão serão retificados pelo presidente de turma, mediante requerimento de conselheiro da turma, do Procurador da Fazenda Nacional, do titular da unidade da administração tributária encarregada da execução do acórdão ou do recorrente. Em relação à tempestividade, a embargante cumpriu o prazo regimental, pelo que conheço dos presentes embargos nesse ponto. Quanto ao erro de premissa, aduz a embargante: (...) 2. Conforme se verifica das razões de decidir do v. Acórdão n° 120200.375, a controvérsia foi analisada sob o enfoque de que o caso concreto se trataria de erro no preenchimento da declaração de compensação e que a Embargante estaria a pleitear crédito que não fora objeto do pedido original. 3. Entretanto, e com o devido respeito, a declaração de compensação apresentada pela Embargante foi preenchida corretamente (formal e materialmente) e o crédito pleiteado foi apurado na DIPJ 1999 entregue à Receita Federal do Brasil em 28/01/2000 (período de 1°/08/1999 a 31/12/1999), de modo que não está sendo pleiteado crédito apurado em DIPJ diversa da indicada no pedido original. 4. Com efeito, em virtude de evento especial (cisão parcial), foram apresentadas 2 (duas) DIPJs relativamente ao ano calendário de 1999: (I) uma para o período de 1°/01/1999 a 30/07/1999 (entregue à Receita Federal do Brasil em 29/10/1999), apurando saldo negativo de IRPJ, no valor original de R$ 1.204.472,88, que foi integralmente confirmado nos autos do Processo Administrativo n° 10805.720024/200590; e (II) outra para o período de 1°/08/1999 a 31/12/1999 (entregue à Receita Federal do Brasil em 28/01/2000), apurando saldo negativo de IRPJ, no valor original de R$ 1.662.321,02, objeto da declaração de compensação que deu origem ao processo administrativo em questão 5. Na data do evento especial (30/07/1999), a Embargante possuía saldo de IRRF disponível, no valor de R$ 1.113.698,54, que não foi informado na Linha 13 da Ficha 13 da DIPJ 1999 entregue à Receita Federal do Brasil em 29/10/1999 e, portanto, não foi computado na formação do saldo negativo de IRPJ relativo ao período de 1°/01/1999 a 30/07/1999. Fl. 361DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2015 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 30/04/201 5 por PLINIO RODRIGUES LIMA Processo nº 10805.720025/200534 Acórdão n.º 1202001.236 S1C2T2 Fl. 10 9 6. Tendo em vista que o saldo de IRRF disponível em 30/07/1999, no valor de R$ 1.113.698,54, não havia sido utilizado anteriormente, o referido valor foi informado na Linha 13 da Ficha 13 da DIPJ 1999 entregue à Receita Federal do Brasil em 28/01/2000, compondo a formação do saldo negativo de IRPJ relativo ao período de 1°/08/1999 a 31/12/1999, objeto da declaração de compensação em análise nos presentes autos. 7 Dessa forma, e comprovado por meio de documentação hábil e idônea que o saldo de IRRF disponível em 30/07/1999, no valor de R$ 1.113.698,54, compôs a apuração do saldo negativo de IRPJ relativo ao período de 1°/08/1999 a 31/12/1999, conforme DIPJ 1999 entregue à Receita Federal do Brasil em 28/01/2000, não subsiste o argumento de que a Embargante estaria a pleitear crédito que não fora objeto do pedido original. 8 Assim, está demonstrado o erro de premissa adotado nas razões de decidir do v. Acórdão n° 120200.375 e, por decorrência, a sua nulidade, pois analisou o caso concreto como se se tratasse de erro no preenchimento da declaração de compensação e de pedido de crédito que não fora objeto da declaração de compensação original, quando, em realidade, a parcela do IRRF, no valor de R$ 1.113.698,54, compôs o saldo negativo de IRPJ relativo ao período de 1°/08/1999 a 31/12/1999, objeto da declaração de compensação que deu origem ao processo administrativo em questão. (...) Equivocouse a embargante em seus argumentos, eis que nulidade por erro de premissa não se enquadra nos requisitos regimentais para propositura de embargos de declaração constante do art. 65 do RICARF e não se trata de erro de escrita ou de cálculo nem de inexatidão material devido a lapso manifesto constante do art. 66 do RICARF. Em face do exposto, não conheço dos presentes embargos devidos à nulidade por erro de premissa. Quanto às omissões alegadas, consta dos presentes embargos: (...) Caso, porém, não se entenda pela nulidade do v. Acórdão n° 120200.375, pelo menos, deve ser retificado para serem sanadas as omissões a seguir apontadas. II. 1 Omissão quanto às provas juntadas aos autos para comprovar a existência do direito creditório pleiteado No caso concreto, somente em 31/07/2006, quando a Embargante foi intimada do despacho decisório proferido nos autos do processo administrativo em referência, ela teve conhecimento de que, aparentemente, as DIPJs entregues em 29/10/1999 (período de 1701/1999 a 30/07/1999) e 28/01/2000 (período de 1708/1999 a 31/12/1999), bem com as declarações Fl. 362DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2015 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 30/04/201 5 por PLINIO RODRIGUES LIMA Processo nº 10805.720025/200534 Acórdão n.º 1202001.236 S1C2T2 Fl. 11 10 de compensações relacionadas aos créditos apurados, teriam sido preenchidas "incorretamente". Entretanto, em 31/07/2006, já havia decorrido o prazo decadencial de 5 (cinco) anos para a retificação das referidas DIPJs, bem como não era mais possível a retificação das declarações de compensação, de modo que, por esses motivos, deve ser assegurado nos presentes autos o direito da Embargante de comprovar o crédito a que tem direito e, também, de obter resposta quanto à qualidade da prova produzida, sob pena de cerceamento do seu direito de defesa. De fato, ainda que o caso concreto se tratasse de mero erro no preenchimento das DIPJs, ou, então, de erro no preenchimento da declaração de compensação, eventuais equívocos do contribuinte devem ser superados em respeito aos princípios da legalidade, da verdade material e do formalismo moderado, especialmente quando comprovada, por meio de documentação hábil e idônea, a existência do crédito pleiteado, conforme reiteradamente decidido pelo antigo Conselho de Contribuintes. (...) Na linha da jurisprudência administrativa acima mencionada, a Embargante juntou aos autos documentação (fiscal e contábil) comprovando que o saldo disponível do IRRF em 30/07/1999, no valor de R$ 1.113.698,54, foi computado na formação do saldo negativo de IRPJ relativo ao período de 1708/1999 a 31/12/1999 e, com isso, comprovando o seu direito ao crédito em discussão. Contudo, todo o acervo probatório produzido nos presentes autos não foi avaliado pelo v. Acórdão embargado, em evidente cerceamento ao direito de defesa da Embargante e na "contramão" da jurisprudência administrativa mencionada, justificando, assim, a apresentação dos embargos de declaração. Por sua vez, consta dos fundamentos do acórdão recorrido: (...) Entendo que o acórdão de 1 a. Instância não merece qualquer reparo. De acordo com a análise da Dcomp apresentada bem como dos documentos que a embasam, o saldo negativo pleiteado, no valor de R$ 1.662.289,51 reportase ao período de 01/08/1999 a 31/12/1999. Reconhecido o direito creditório no valor de R$541.940,26 no despacho decisório, restou uma diferença de R$ 1.113.698,54 que corresponde, segundo a recorrente, ao saldo negativo relativo à declaração apresentada para o período 01/01/1999 a 31/07/1999, lançado erroneamente na DIPJ do período de 01/08/1999 a 31/12/1999. Entretanto, não há naDCOMP qualquer menção a esse período. Além disso, a DIPJ de 01/01/1999 a 31/07/1999 não faz parte do pedido de compensação apresentado e em análise no presente caso. Fl. 363DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2015 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 30/04/201 5 por PLINIO RODRIGUES LIMA Processo nº 10805.720025/200534 Acórdão n.º 1202001.236 S1C2T2 Fl. 12 11 Portanto, o reconhecimento do direito creditório relativo ao período 01/01/1999 a 31/07/1999 constitui novo pedido e deveria ser objeto de nova Declaração de Compensação. (...) Destarte, o acórdão recorrido baseou sua decisão nos documentos acostados aos autos, ao contrário dos argumentos recursais, os quais objetivam, a título de omissão, nova análise de provas em sede de embargos de declaração. Em face do exposto, conheço dos presentes embargos quanto à alegada omissão para negarlhes provimento. II.2 Omissão quanto à inexistência de compensação em duplicidade do IRRF e de prejuízo para a Fazenda Nacional (...) É certo que o saldo disponível de IRRF em 30/07/1999, no valor de R$ 1.113.698,54, a rigor, deveria ter sido computado na formação do saldo negativo de IRPJ relativo ao período de 1701/1999 a 30/07/1999, todavia, não o foi. Contudo, também é certo que o saldo disponível de IRRF em 30/07/1999, no valor de R$ 1.113.698,54, representa um crédito a favor da Embargante, de modo que não há qualquer irregularidade na sua utilização em períodos posteriores, desde que observado o prazo decadencial, tal como ocorreu no caso concreto. Dessa forma, o procedimento adotado pela Embargante não implicou utilização em duplicidade do crédito de IRRF, no valor de R$ 1.113.698,54, nem causou qualquer prejuízo para a Fazenda Nacional. (...) Diante do exposto, também nesse ponto, data vênia, o v. Acórdão embargado foi omisso, não se pronunciando sobre a inexistência de utilização em duplicidade do crédito de IRRF, no valor de R$ 1.113.698,54, e de prejuízo para a Fazenda Nacional. Por sua vez, fundamentou o acórdão recorrido: (...) Entendo que o acórdão de 1 a. Instância não merece qualquer reparo. De acordo com a análise da Dcomp apresentada bem como dos documentos que a embasam, o saldo negativo pleiteado, no valor de R$ 1.662.289,51 reportase ao período de 01/08/1999 a 31/12/1999. Reconhecido o direito creditório no valor de R$541.940,26 no despacho decisório, restou uma diferença de R$ 1.113.698,54 que corresponde, segundo a recorrente, ao saldo negativo relativo à declaração apresentada para o período 01/01/1999 a Fl. 364DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2015 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 30/04/201 5 por PLINIO RODRIGUES LIMA Processo nº 10805.720025/200534 Acórdão n.º 1202001.236 S1C2T2 Fl. 13 12 31/07/1999, lançado erroneamente na DIPJ do período de 01/08/1999 a 31/12/1999. Entretanto, não há naDCOMP qualquer menção a esse período. Além disso, a DIPJ de 01/01/1999 a 31/07/1999 não faz parte do pedido de compensação apresentado e em análise no presente caso. Portanto, o reconhecimento do direito creditório relativo ao período 01/01/1999 a 31/07/1999 constitui novo pedido e deveria ser objeto de nova Declaração de Compensação. Apesar de o contribuinte afirmar que se trata de erro material, não pode ser considerado erro material, (reiterese: susceptivel de retificação), o fato de a Recorrente ter pleiteado a compensação de débito com crédito de um determinado período (ao invés de outro desejado) quando ela anexa à declaração os documentos relativos apenas a um período especifico, ou seja, 01/08/1999 a 31/12/1999. Em verdade, sob a justificativa de tratarse de "retificação de erro material" pretende a Recorrente formular novo pedido de compensação (do mesmo débito, mas acrescendo outro crédito) aproveitandose da data do pleito originário. Destarte, o acórdão recorrido pronunciouse sobre a diferença de R$ 1.113.698,54 que corresponde, segundo a recorrente, ao saldo negativo relativo à declaração apresentada para o período 01/01/1999 a 31/07/1999, lançado erroneamente na DIPJ do período de 01/08/1999 a 31/12/1999. O argumento de omissão do acórdão recorrido em pronunciarse sobre inexistência de utilização em duplicidade do crédito de IRRF objetiva nova análise de mérito em sede de embargos de declaração, além de não constar do recurso voluntário (Fls. 283 a 308), conforme o respectivo pedido: III PEDIDO 65. Por todo o exposto e considerando (a) o Principio da Verdade Material deve informar o curso de todos os Processos Administrativos Federais, sempre com vistas à busca da essência dos fatos em discussão; (b) os requisitos legais para preenchimento da DCOMP foram fielmente observados (art. 74, § 1°, da Lei n° 9.430/96); (c) não há inovação do pedido original, pois tanto o crédito, quanto o débito permanecem exatamente os mesmos; (d) se houvessem dúvidas acerca das informações constantes da DCOMP, deveriam as autoridades julgadoras realizarem diligência, a teor do art. 4° da IN SRF n° 600/05; (e) apesar de não ser o caso de retificação de DCOMP, em nome do Principio da Verdade Material, todas as provas devem ser consideradas; (f) em decorrência de processo de reestruturação societária (cisão), apresentou no anocalendário de 1999, DIPJs referentes Fl. 365DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2015 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 30/04/201 5 por PLINIO RODRIGUES LIMA Processo nº 10805.720025/200534 Acórdão n.º 1202001.236 S1C2T2 Fl. 14 13 aos períodos de 1°/01/1999 a 30/07/1999 e 1°/08/1999 a 30/12/1999; (g) por equívoco, declarou o saldo de IRRF passível de compensação existente em 30/07/1999 (R$ 1.113.698,54), na segunda DIPJ apresentada e não na primeira; (h) a prova do direito creditório envolve a análise das 2 (duas) DIPJs apresentadas no anocalendário de 1999; (i) com a consideração do saldo de IRRF de R$ 1.113.698,54 no primeiro período (1°/01/1999 a 30/07/1999), o saldo negativo de IRPJ deste período seria de R$ 2.318.170,42 e não de R$ 1.204.471,88; (j) o saldo negativo total de IRPJ do anocalendário de 1999 representa o montante de R$ 2.860.290,04, sendo, portanto, suficiente para suportar as compensações realizadas pela Recorrente; (k) o crédito existente é legitimo, conforme comprovado pela DIPJ, pelo livro razão das contas de receita "Prestação de Serviços" e "Aplicação Financeira", pelo balancete e pelos informes de rendimentos; (l) as receitas que foram base para a retenção do IRRF foram tributadas pelo IRPJ e pela CSLL; (m) mero erro de fato, consubstanciado no preenchimento equivocado das DIPJs, que não causou prejuízo ao erário e não decorreu de máfé do contribuinte, não é passível de sanção, é a presente para requerer seja integralmente reformada a r. decisão proferida, para reconhecer o crédito da Recorrente existente no montante de R$ 1.113.698,54, homologandose, em decorrência, integralmente a compensação dos débitos com saldo negativo de IRPJ apurado no anocalendário de 1999. Em face do exposto, conheço dos presentes embargos por omissão do acórdão recorrido em pronunciarse sobre a inexistência de utilização em duplicidade do crédito de IRRF, no valor de R$ 1.113.698,54, e de prejuízo para a Fazenda Nacional para negarlhes provimento. Em face de todo o exposto, não conheço dos presentes embargos devido à nulidade por erro de premissa; conheço dos presentes embargos pelas alegadas omissões para negarlhes provimento. É como voto. (documento assinado digitalmente) Fl. 366DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2015 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 30/04/201 5 por PLINIO RODRIGUES LIMA Processo nº 10805.720025/200534 Acórdão n.º 1202001.236 S1C2T2 Fl. 15 14 Plínio Rodrigues Lima Fl. 367DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/04/2015 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 30/04/201 5 por PLINIO RODRIGUES LIMA
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