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Numero do processo: 16327.000900/2009-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/08/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004
COFINS. DECADÊNCIA.
Para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, ocorrendo o pagamento antecipado por parte do sujeito passivo, o prazo decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de cinco anos a contar do fato gerador.
COFINS. BASE DE CÁLCULO. DEDUÇÃO DE PERDAS EM OPERAÇÕES DE HEDGE.
Não tendo sido comprovado que as operações com derivativos tiveram finalidade de hedge, torna-se inadmissível a exclusão de eventuais perdas delas decorrentes na apuração da base de cálculo da Cofins, descabendo, ainda, arguir-se que, não sendo caso de tal hipótese, tais operações poderiam ser consideradas, para fins de exclusão, como aplicações em títulos de renda variável.
PEDIDO SUBSIDIÁRIO. POSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO DE PERDAS COM TÍTULOS DE RENDA FIXA OU VARIÁVEL.
A legislação permite a dedução com títulos de renda fixa ou variável. A operação com derivativos, ainda que entendida como ativo financeiro ou mesmo valor mobiliário, não se enquadra no conceito de título.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA.
O crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária. Assim, quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária, não sendo pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculados na forma da lei.
Numero da decisão: 3201-002.227
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de decadência. Vencidos os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário, relatora. No mérito, acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Cássio Schappo e Tatiana Josefovicz Belisário, relatora, que davam provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto. Nos termos do § 5º do art. 58 do Anexo II do RICARF/2015, na redação conferida pela Portaria MF nº 152, de 2016, a Conselheira Mércia Helena Trajano D'Amorim votou apenas a matéria que restou não votada na assentada anterior (pedido subsidiário: caracterização da perda com títulos de renda fixa e variável ).
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente.
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relator.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Cássio Schappo, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Winderley Morais Pereira. Ausente, justificadamente, a conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo.
Fizeram sustentação oral, pela Recorrente, o(a) advogado(a) Leandro Cabral e Silva, OAB/SP nº 234687 e, pela Fazenda Nacional, o procurador Frederico Souza Barroso.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/08/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004 COFINS. DECADÊNCIA. Para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, ocorrendo o pagamento antecipado por parte do sujeito passivo, o prazo decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de cinco anos a contar do fato gerador. COFINS. BASE DE CÁLCULO. DEDUÇÃO DE PERDAS EM OPERAÇÕES DE HEDGE. Não tendo sido comprovado que as operações com derivativos tiveram finalidade de hedge, tornase inadmissível a exclusão de eventuais perdas delas decorrentes na apuração da base de cálculo da Cofins, descabendo, ainda, arguirse que, não sendo caso de tal hipótese, tais operações poderiam ser consideradas, para fins de exclusão, como aplicações em títulos de renda variável. PEDIDO SUBSIDIÁRIO. POSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO DE PERDAS COM TÍTULOS DE RENDA FIXA OU VARIÁVEL. 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No mérito, acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Cássio Schappo e Tatiana Josefovicz Belisário, relatora, que davam provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto. Nos termos do § 5º do art. 58 do Anexo II do RICARF/2015, na redação conferida pela Portaria MF nº 152, de 2016, a Conselheira Mércia Helena Trajano D'Amorim votou apenas a matéria que restou não votada na assentada anterior (pedido subsidiário: caracterização da perda com títulos de renda fixa e variável ). CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Presidente. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relator. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Cássio Schappo, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Winderley Morais Pereira. Ausente, justificadamente, a conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Fizeram sustentação oral, pela Recorrente, o(a) advogado(a) Leandro Cabral e Silva, OAB/SP nº 234687 e, pela Fazenda Nacional, o procurador Frederico Souza Barroso. Relatório Trago como relatório aquele apresentado pelo acórdão de fls. 782/794: 1. DA AUTUAÇÃO Trata o presente processo de auto de infração (fls. 324 a 331), lavrado em procedimento de fiscalização, para a constituição de créditos tributários de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins dos períodos de apuração referentes aos meses de agosto a dezembro de 2004, relativamente à glosa de perdas em operações com derivativos não caracterizadas como hedge. No termo de verificação fiscal (fls. 295 a 323), relata a fiscalização que a contribuinte em epígrafe é uma sociedade estrangeira que exerce a atividade econômica de banco comercial, estando sujeita à incidência de Cofins nos termos da Lei nº 9.718/98. A fiscalização informa que a contribuinte deduziu perdas em operações com derivativos objeto de hedge na apuração da Fl. 879DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 880 3 Cofins (ficha 26B da DIPJ). Acrescenta que, intimada a justificar as deduções, a contribuinte respondeu que se tratava de perdas em operações de hedge do saldo do patrimônio líquido. Alega a fiscalização que uma operação, para que seja qualificada como hedge contábil, deve atender aos requisitos previstos no art. 5º da Circular Bacen nº 3.082/2002. Além disso, o reconhecimento da variação do ativo objeto de hedge deve ocorrer no mesmo momento da variação do ativo instrumento de hedge, de modo que se compensem num intervalo de 80% a 125%. Argumenta a fiscalização que, no presente caso, a contribuinte reconhece que não é possível vincular as operações efetuadas com o intuito de proteção às variações dos ativos ou passivos que se pretende proteger. A fiscalização sustenta que o hedge do patrimônio líquido alegado pela contribuinte não encontra amparo na legislação brasileira. Acrescenta que o patrimônio líquido é estipulado em moeda corrente do país, não havendo previsão legal de sua atualização por índices de correção monetária ou cambial. Alega ainda que a contribuinte não aufere receitas com a variação cambial de seu patrimônio líquido, não havendo razão para se excluir a perda com operações com derivativos na base de cálculo da Cofins. Informa a fiscalização que a contribuinte impetrou, em 07/06/2005, o Mandado de Segurança nº 2005.61.00.0105878, com o objetivo de afastar a exigência da Cofins com base na Lei nº 9.718/98 ou de pelo menos recolher a contribuição apenas sobre as receitas decorrentes da prestação de serviços. Acrescenta que a sentença denegou a segurança e que o recurso de apelação foi recebido apenas no efeito devolutivo. Assim, conclui a fiscalização que, na data da autuação, o crédito tributário não estava com sua exigibilidade suspensa, devendo ser lançada a contribuição e a multa de ofício. Ante o exposto, foi lavrado auto de infração para a exigência dos seguintes valores (fls. 324 a 331): Fl. 880DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 881 4 2. DA IMPUGNAÇÃO Cientificada da autuação em 31/08/2009 (fls. 330), a contribuinte apresentou, em 30/09/2009, a impugnação de fls. 340 a 359, acompanhada dos documentos de fls. 360 a 476, na qual apresenta os argumentos sintetizados a seguir. 2.1. Do cabimento da impugnação De início, a contribuinte ressalta o cabimento da impugnação, alegando que não há concomitância com o mandado de segurança nº 2005.61.00.0105878. Sustenta que referida ação judicial tem por escopo a impossibilidade de exigência da Cofins com base na Lei nº 9.718/98, ao passo que a presente impugnação trata da natureza das operações de swap com fins de hedge, não havendo identidade de objeto entre as discussões travadas nos âmbitos judicial e administrativo. Ressalta, todavia, que a concessão da segurança, reconhecendo a incidência tributária somente sobre o faturamento, tornaria insubsistente a exigência ora impugnada. 2.2. Da decadência A impugnante alega que teve ciência do auto de infração em 03/09/2009, data em que já havia ocorrido a decadência em relação à Cofins do mês de agosto/2004, devendo ser julgado improcedente o lançamento relativo a esse período. 2.3. Das operações realizadas pela impugnante e de sua finalidade de hedge A impugnante alega que se considera como hedge qualquer operação que tenha como objetivo a proteção do patrimônio das variações cambiais e oscilações de índices, buscando assim a estabilidade patrimonial. Acrescenta que é legítima a operação de hedge do patrimônio líquido, conquanto busque tãosomente a proteção deste, a fim de evitar uma perda futura decorrente dos riscos do negócio por esta realizado ou de alterações do mercado financeiro. A impugnante ressalta que é instituição financeira com natureza jurídica de sociedade estrangeira, sendo que o sócio domiciliado no exterior detém 100% do capital. Argumenta que, por essa razão, seu patrimônio líquido foi considerado como uma obrigação em moeda estrangeira para fins de constituição de proteção contra flutuações das taxas de câmbio. Acrescenta que, nos termos da Circular Bacen nº 2.894/99 e de autorização específica do Banco Central (Doc. 06, fls. 472 a 476), seu patrimônio líquido era considerado como obrigação componente das exposições vendidas em moeda estrangeira, fazendo parte do conjunto de ativos e passivo, que eram gerenciados dentro dos limites de exposição global de riscos definidos pela administração. Fl. 881DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 882 5 Sustenta que efetuou o hedge de uma exposição líquida de carteiras ativas e passivas, haja vista que o gerenciamento de riscos era feito de forma global e não por operação individual. A impugnante alega que a efetividade e a contabilização do hedge realizado no presente caso não se enquadra na Circular Bacen nº 3.082/2002, pois tal norma se destina às operações consideradas de forma isolada. Acrescenta que essa norma disciplina a contabilização de determinadas operações de hedge com derivativos, mas não veda ou proíbe outras formas de realização, razão pela qual não pode servir de base para a presente autuação, devendo ser verificada a efetividade da operação e sua natureza protetora. Argumenta que a comprovação da existência de uma operação de hedge ocorre com a constatação de sua efetividade, que reside na inexistência de perda do objeto protegido ou de ganho com o instrumento utilizado para proteção. A impugnante argumenta que a fiscalização reconhece a efetividade da operação de hedge realizada, tendoa desqualificado por não se adequar aos ditames contábeis da Circular Bacen nº 3.082/2002, que, no seu entender, é inaplicável ao caso. Assim, a impugnante requer seja julgada improcedente a autuação. 2.4. Da possibilidade de se efetuar as deduções como perdas com títulos de renda variável Ad argumentandum, caso não sejam acolhidos os argumentos apresentados anteriormente, alega a impugnante que as operações com derivativos se caracterizam como títulos de renda variável, podendo as perdas serem excluídas nos termos do art. 3º, §6º, I, ‘d’, da Lei nº 9.718/98. Sustenta que o impedimento à dedução das perdas em comento constitui ofensa ao princípio da isonomia, visto que as demais contribuintes que realizaram operações em mercados futuros de bolsa no mesmo período puderam proceder a tal dedução. 2.5. Do pedido Ante o exposto, requer o conhecimento e o provimento da impugnação para que sejam julgados improcedentes os valores lançados na presente autuação. 2.6. Dos documentos juntados à impugnação A impugnante apresentou, juntamente com a impugnação, os documentos de fls. 360 a 476, consistentes em: Docs. 01 e 02 – cópias autenticadas da procuração, dos atos societários e do documento de identificação dos advogados que subscrevem a impugnação; Doc. 03 – cópia do auto de infração e do termo de verificação fiscal; Fl. 882DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 883 6 Doc. 04 – cópia da petição inicial do mandado de segurança nº 2005.61.00.0105878; Doc. 05 – cópia de Darf relativo ao pagamento de Cofins de agosto/2004; Doc. 06 – cópia de correspondência entregue ao Bacen em 10/11/99, cópia do ofício Deorf/Cofin I – 2000/153 e cópia da ata da reunião da diretoria executiva realizada em 03/11/99. É o relatório. A DRJ assim decidiu a questão posta: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/08/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004 PROCESSO JUDICIAL E IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA. CONCOMITÂNCIA. A propositura de ação judicial importa em renúncia à discussão na via administrativa da matéria levada à apreciação do Poder Judiciário. Deve ser conhecida a impugnação em relação à matéria não discutida no processo judicial. COFINS. DECADÊNCIA. Para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, ocorrendo o pagamento antecipado por parte do sujeito passivo, o prazo decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de cinco anos a contar do fato gerador. COFINS. BASE DE CÁLCULO. DEDUÇÃO DE PERDAS EM OPERAÇÕES DE HEDGE. Não tendo sido comprovado que as operações com derivativos tiveram finalidade de hedge, tornase inadmissível a exclusão de eventuais perdas delas decorrentes na apuração da base de cálculo da Cofins, descabendo, ainda, arguirse que, não sendo caso de tal hipótese, tais operações poderiam ser consideradas, para fins de exclusão, como aplicações em títulos de renda variável. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em sede de Recurso Voluntário, aduz a Recorrente que: Fl. 883DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 884 7 A PGFN apresentou Contrarrazões ao Recurso Voluntário, argumentando que (i) não ocorreu a decadência relativamente ao mês de agosto de 2004; (ii) que no curso da ação fiscal, a autoridade autuante verificou que as operações realizadas pelo fiscalizado não poderiam ser caracterizadas como hedge; e, ainda (iii) defende a incidência dos juros de mora sobre a multa aplicada. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Relatora Tatiana Josefovicz Belisário O Recurso é tempestivo e dele tomo conhecimento. Para melhor exame, passo à análise de cada um dos pontos apresentados pela Recorrente. (i) Decadência relativa ao mês de agosto de 2004 nos termos do art. 150, §4º do CTN. Quanto à decadência, alega a Recorrente: Pois bem. No caso concreto, já está chancelada a necessidade de aplicação do art. 150, §4º do CTN para fins de contagem do prazo decadencial, uma vez que, pelo Auto de Infração em análise, efetuouse o lançamento de crédito tributário decorrente de recolhimento a menor da COFINS. Fl. 884DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 885 8 Pelo exame dos autos, notase que a ciência do contribuinte acerca do Auto de Infração ocorreu em 31 de agosto de 2009, como se constata à fl. 321 dos autos: Logo, num primeiro momento, poderseia afirmar que, como o prazo para a constituição do crédito tributário relativo à agosto de 2004 findou em agosto de 2009, e a intimação do contribuinte ocorreu exatamente em agosto de 2009, não haveria falar em ocorrência da decadência. Ocorre que, como se constata às fl. 333 e 334 dos Autos, após a intimação do contribuinte acerca da autuação, a Fiscalização procedeu à duas retificações do Termo de Verificação Fiscal, dos quais foi intimado o Recorrente apenas em 01/09/2009 e 03/09/2009. Logo, podese afirmar, com segurança, que o lançamento fiscal ora combatido apenas se aperfeiçoou em 03/09/2009, data, portanto, a ser considerada como marco interruptivo do prazo decadencial, devendo ser declarados extintos o lançamento relativo aos fatos geradores ocorridos em agosto de 2004. (ii) Natureza das operações como derivativos Hedge Inicialmente, cumpre esclarecer que a matéria em debate já foi analisada por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais nos autos do Processo nº 16327.000935/200990, Acórdão nº 3403003.325, da 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária, Sessão de 15 de outubro de 2014, ocasião na qual se discutiu a dedutibilidade das mesmas despesas ora analisadas, contudo, na base de cálculo da contribuição ao PIS. Como se verifica do resultado do julgamento, a matéria foi assaz controvertida: ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para cancelar a incidência de juros sobre a multa de lançamento de ofício. Vencido o Relator, quanto aos juros de mora sobre a multa de ofício e o Conselheiro Luiz Rogério Sawaya Batista, que deu provimento integral. Designado para a redação do voto vencedor o Conselheiro Antonio Carlos Atulim. O Conselheiro Ivan Allegretti fez declaração de voto. O voto vencedor foi assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/08/2004 a 31/12/2004 Fl. 885DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 886 9 MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Carece de base legal a incidência de juros de mora sobre a multa de lançamento de ofício. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/08/2004 a 31/12/2004 BASE DE CÁLCULO. DEDUÇÃO DE PERDAS EM OPERAÇÕES DE HEDGE. À míngua de comprovação que as operações com derivativos tiveram finalidade de hedge, glosase a indevida exclusão das respectivas perdas na apuração da base de cálculo da Contribuição. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Assim, não obstante o respeito à decisão recorrida, ainda pendente de definição por parte da Câmara Superior de Recursos Fiscais desse CARF, o tema merece cuidadosa análise por parte desta Turma Julgadora, notadamente em face da ampla divergência verificada naquela oportunidade. Pois bem. Como já delineado pela decisão Recorrida, pela Recorrente em seu Recurso Voluntário e pela PGFN em suas contrarrazões, o cerne da questão está em definir se as operações realizadas pelo contribuinte podem ou não ser enquadradas dentro do conceito de hedge. Isso porque, uma vez chancelado que as despesas contabilizadas pela Recorrente correspondem à dedução de perdas com ativos financeiros em operações destinadas à hedge, será permitida a sua dedução da base de cálculo da Cofins, conforme previsão do art. 3º, §6º, I, ‘e’ da Lei nº 9.718/98, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835/2001: Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. (redação original, vigente até edição da Lei nº 12.973/2014) (...) §6º Na determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, as pessoas jurídicas referidas no § 1º do art. 22 da Lei no 8.212, de 1991, além das exclusões e deduções mencionadas no § 5º, poderão excluir ou deduzir: I no caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil e cooperativas de crédito:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/215835.htm art2 (...) Fl. 886DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 887 10 e) perdas com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge;http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/215835.htm art2 Num primeiro argumento, de acordo com a decisão proferida pela DRJ, a operação realizada pela Recorrente não poderia ser caracterizada como hedge. A Fiscalização / DRJ afirma que, para que determinada operação possa ser caracterizada como hedge, deverá, necessariamente, obedecer ao disposto da Circular Bacen nº 3.082/2002. Por outro lado, defende a Recorrente que a referida Circular não se presta a definir o conceito de hedge, mas, sim, a determinar critérios para a contabilização de determinadas operações de hedge por ela regulamentadas, sem que se destine a esgotar o conceito de hedge. A Recorrente de fato afirma que, as operações ora em exame, não foram contabilizadas da forma preconizada pela Circular Bacen nº 3.082/2002 por não se destinarem à cobertura de uma operação específica, mas ao gerenciamento de um risco global: Ou seja, a meu ver, seria inócuo discorrer acerca dos requisitos estabelecidos na Circular Bacen nº 3.082/2002, assim como verificar se a Recorrente cumpriu ou não tais requisitos. É incontroverso que, especificamente quanto à operação ora examinada, a Recorrente não atendeu à tais requisitos normativos. Assim, nesse primeiro aspecto em exame, o questionamento que se coloca é: toda e qualquer operação de hedge, para ser assim considerada, deverá atender aos requisitos elencados na Circular Bacen nº 3.082/2002? Com efeito, entendo que assiste razão à Recorrente quando afirma que a referida Circular Bacen nº 3.082/2002 não tem o propósito de definir, conceituar ou mesmo limitar aquilo que se entende por operação de hedge. A citada norma, conforme sua ementa, tem por objetivo estabelecer e consolidar "critérios para registro e avaliação contábil de instrumentos financeiros derivativos". Estabelece seu artigo 1º: Fl. 887DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 888 11 Art. 1º Estabelecer que as operações com instrumentos financeiros derivativos realizadas por conta própria pelas instituições financeiras, demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil e administradoras de consórcios devem ser registradas observados os seguintes procedimentos: Ademais, norma infralegal não pode limitar ou condicionar aquilo que a lei não limitou ou condicionou. Uma vez verificada a existência de uma operação de hegde, as despesas geradas serão passíveis de dedução, independentemente de eventuais exigências trazidas por normas infralegais. Conforme previsão do art. 3º, §6º, I, ‘e’ da Lei nº 9.718/98, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835/2001, transcrito acima, as instituições financeiras poderão deduzir, na determinação da base de cálculo da COFINS, as "perdas com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge".http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2158 35.htm art2 A norma legal não conceitua o que vem a ser a chamada operação de hedge, ou, ainda, não limita quais operações de hedge (concluindo pela existência de mais de uma modalidade) serão admitidas como geradoras de despesas passíveis de dedução na apuração da COFINS. Assim, consoante interpretação literal da referida norma, toda e qualquer perda com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge, quando realizadas por instituição financeira, será passível de dedução. Vale salientar que o próprio legislador, quando pretendeu limitar ou condicionar as operações de hedge para fins de permitir a sua exclusão na apuração do contribuinte, o fez expressamente, como se verifica na Lei nº 8.981/95, que trata da apuração do Imposto de Renda: Art. 77. O regime de tributação previsto neste Capítulo não se aplica aos rendimentos ou ganhos líquidos: V em operações de cobertura (hedge) realizadas em bolsa de valores, de mercadoria e de futuros ou no mercado de balcão. § 1º Para efeito do disposto no inciso V, consideramse de cobertura (hedge) as operações destinadas, exclusivamente, à proteção contra riscos inerentes às oscilações de preço ou de taxas, quando o objeto do contrato negociado: a) estiver relacionado com as atividades operacionais da pessoa jurídica; b) destinarse à proteção de direitos ou obrigações da pessoa jurídica. § 2º O Poder Executivo poderá definir requisitos adicionais para a caracterização das operações de que trata o parágrafo anterior, bem como estabelecer procedimentos para registro e apuração dos ajustes diários incorridos nessas operações. Fl. 888DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 889 12 Logo, de início, afasto o entendimento contido no acórdão recorrido no sentido de que as despesas deduzidas pela Recorrente não seriam decorrentes de operações de hedge por não terem sido atendidos (e de fato não foram) os requisitos previstos na Circular Bacen nº 3.082/2002. A redação do art. 3º, §6º, I, ‘e’ da Lei nº 9.718/98, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835/2001 não permite qualquer limitação promovida por ato infralegal. Superada tal questão, surge o segundo aspecto da controvérsia instaurada. Qual seria, então, o conceito de operação de hedge adotado pela legislação para fins de autorizar a dedução das despesas correspondentes? Em tradução literal, o vocábulo inglês "hedge" pode ser entendido como salvaguarda, proteção. É exatamente desse modo que se estruturam os contratos de hedge, como uma operação que tem por finalidade proteger o valor de um ativo contra uma possível redução de seu valor numa data futura ou, ainda, assegurar o preço de uma dívida a ser paga no futuro. No caso presente, o ativo assegurado está mensurado em dólar. No "Glossário Completo" disponibilizado pelo Banco Central do Brasil (http://www.bcb.gov.br/glossario.asp?Definicao=1670&idioma=P&idpai=GLOSSARIO), encontramse as seguintes definições: Hedge Operações realizadas com o objetivo de obter proteção contra o risco de variações de taxas de juros, de paridade entre moedas e do preço de mercadorias. A regulamentação sobre operações de proteção (hedge) negociadas no exterior pode ser consultada no Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais. Hedge cambial Proteção contra variações da taxa de câmbio. As variações da taxa de câmbio, tanto negativas quanto positivas, podem afetar a posição dos agentes econômicos, dependendo de sua exposição (ativa ou passiva). A proteção pode se processar por meio da troca de fluxos de caixa via operações de swap ou outros derivativos de câmbio, compra ou venda de ativos referenciados em câmbio, etc. Assim, o hedge contra variação cambial é entendido como um contrato de salvaguarda de uma determinada obrigação assumida em face da flutuação no valor da moeda. Quando determinado agente assume, no Brasil, uma obrigação calculada em moeda estrangeira, com vencimento futuro, no momento do pagamento poderá ou lucrar com eventual desvalorização da moeda estrangeira, ou suportar prejuízo caso ocorra a valorização. Aquele devedor que não deseja assumir riscos, realiza a cobertura hedge da referida operação, por meio da qual um terceiro assume o risco da operação, suportando ou o lucro ou o prejuízo decorrente da variação cambial. Assim, qual seria a obrigação que a Recorrente busca resguardar com a operação de hedge analisada? Fl. 889DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 890 13 Em detalhado Relatório Fiscal de fls. 293 e seguintes dos autos, a Fiscalização apresenta as definições e os esclarecimentos apresentados pela própria Recorrente no curso da ação fiscal. Trago os seguintes trechos de maior relevância, com destaques: 7. Em 05/09/2007, o contribuinte foi intimado a identificar as operações com instrumentos financeiros derivativos destinados a hedge, vigentes no ano de 2004, de acordo com o detalhamento constante da referida intimação; (..) 10. Em 08/09/2008, o contribuinte foi intimado a demonstrar que o excesso de despesa no mercado futuro informado na linha 17 das fichas 22 e 26 da DIPJ teria sido em operações de hedge; 11. Em 02/10/2008, o contribuinte atende a intimação, e menciona no item 11 a apresentação de uma planilha em que relaciona o histórico das operações de hedge pactuadas que identifica como DOC.6; 12. Em 16/01/2009, o contribuinte informa que os derivativos elencados no DOC. 6 têm como finalidade reduzir a exposição de posições proprietárias da Instituição a riscos de mercado, decorrentes de flutuações nas taxas de juros, câmbio e preços dos ativos financeiros respectivos, ou ainda para atender necessidades de hedge de clientes; 13. Em 23/03/2009, o contribuinte complementa a explicação do DOC. 6 nos seguintes termos: a. "Quanto ao questionamento relativo aos valores apresentados no quadro `Histórico do Hedge das posições patrimoniais indexadas em USD', informamos que mesmo tendo sido demonstrado no respectivo quadro diferenças mínimas entre as posições ativas e passivas indexadas a moeda estrangeira (US dólares), os efeitos contábeis registrados em contas de resultados do período de 2004 foram relevantes devido ao fato do Patrimônio Líquido do ING Bank ter sido considerado como uma obrigação em moeda estrangeira para fins de constituição de proteção contra flutuações das taxas de câmbio "; b. "Em decorrência do disposto acima, com a desvalorização sofrida na taxa de conversão de dólares por Reais durante o mesmo período de 2004, além do fato de que o Patrimônio líquido não sofre contabilmente nenhuma atualização cambial, foram verificadas perdas contábeis com derivativos cambiais neste mesmo período "; c. `Adicionalmente, devemos destacar que o procedimento mencionado acima, ou seja, hedge do saldo de Patrimônio líquido do ING Bank, foi realizado em consonância com o estabelecido na Circular n° 2.894/99 e alterações posteriores, a qual determinava que o valor correspondente a participações de investimentos estrangeiros no Patrimônio da Instituição Financeira poderia ser considerado como exposição vendida em moeda estrangeira. Fl. 890DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 891 14 Tal opção foi deliberada em reunião de diretoria do ING Bank (DOC.5) e aprovada posteriormente pelo Banco Central do Brasil (Doc. 6) "; d. "A composição analítica, com indicação das contas COSIF respectivas, dos ativos e passivos indexados em US dólares existentes no mês de janeiro de 2004, conforme disposto no DOC. 04, está sendo apresentada no Doc. 7 ". 14. Em 17/07/2009, o contribuinte tomou ciência da Intimação de 14/07/2009 que solicitou entre outras coisas em seu item F: identificar quais foram os instrumentos de hedge utilizados para proteger o Patrimônio líquido, demonstrar seus resultados e a efetividade do hedge, assim como identificar no razão os respectivos registros contábeis da receita e da despesa relativo aos meses do período de 2004; 15. Em 24/07/2009, o contribuinte responde nos seguintes termos: a. Primeiramente, cumprenos informar que, conforme autorização específica do Banco Central do Brasil, datada de 19 de julho de 1999, e baseada na Circular n° 2.894/99, 100% do Patrimônio Líquido do ING Bank era considerado como obrigação componente das "exposições vendidas em moeda estrangeira "; b. De acordo com o exposto acima, o saldo do Patrimônio Líquido do ING Bank fazia parte do conjunto de ativos e passivos que atendiam as necessidades de clientes ou decorrentes de operações por conta própria, que não observaram os critérios de proteção estabelecidos na Circular n° 3.082/2002 e regulamentações supervenientes, motivo pelo qual eram gerenciados dentro dos limites de "exposição global de riscos" definido pela Administração; c. Objetivando reduzir os riscos decorrentes de variações de taxas de câmbio eram feitos acompanhamentos dos acréscimos e decréscimos da exposição global de riscos de moedas, decorrentes de vencimentos e/ou contratações de operações sujeitas à variação cambial, para que fossem contratados instrumentos financeiros derivativos objetivando manter o saldo da exposição global de riscos dentro dos limites estabelecidos pela Administração; d. Diante de todo o apresentado anteriormente, podemos afirmar que não é possível segregar as operações com instrumentos financeiros derivativos que poderiam ser classificados como "instrumentos de hedge " do Patrimônio Líquido uma vez que o mesmo fazia parte de uma exposição global, sujeitas a variações constantes de saldo, e que em nenhum momento foi tratado deforma isolada para a contratação do seu respectivo "hedge "; Em síntese: a operação de hedge realizada pela Recorrente visava dar cobertura à variação cambial não de uma operação específica, delimitada, mas de seu próprio Fl. 891DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 892 15 patrimônio líquido, considerado como obrigação em moeda estrangeira, ou "exposições vendidas em moeda estrangeira", nos termos de autorização específica do Banco Central do Brasil, datada de 19 de julho de 1999, e baseada na Circular n° 2.894/99. As obrigações que a Recorrente visava resguardar eram aquelas existentes em face dos seus próprios sócios estrangeiros, que investiram o capital social na sociedade constituída no Brasil. O ponto nodal da questão diz respeito ao fato de, na modalidade de hedge realizada pela Recorrente, não ser possível individualizar uma única obrigação à qual se pretenda garantir. Como esclarece a Recorrente, jamais houve um instrumento específico de hedge vinculado à cobertura da variação cambial do PL, uma vez que "o saldo do Patrimônio Líquido do ING Bank fazia parte do conjunto de ativos e passivos que atendiam as necessidades de clientes ou decorrentes de operações por conta própria". Isso porque, ainda nas palavras da Recorrente, esta é uma modalidade de hedge global, prática regularmente praticada no mercado internacional. Com efeito, o conceito de hedge não é jurídico, é um conceito extraído da prática comercial, econômica, e que, uma vez absorvido pela legislação tributária, não pode ser deturpado pelo intérprete. Assim, na busca de tal conceituação, alcançamos trabalho intitulado "Aspectos do hedge accounting não implementados no Brasil", publicado pela RAUSP Revista de Administração publicada pelo Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (R.Adm., São Paulo, v.42, n.4, p.511523, out./nov./dez. 2007), que traz excelente lição: 3. HEDGE 3.1. Conceito e características Conceituase hedge como uma estratégia defensiva que busca evitar o risco provocado pela variação de preços e taxas em determinadas posições assumidas ou futuras, mediante a compensação entre os resultados produzidos pelos itens objetos e os instrumentos financeiros utilizados na proteção. Fazse importante observar que, ao evitar a perda, o hedge também anula a possibilidade de ganho, sendo seu objetivo econômico a transferência dos riscos inerentes às operações para outro agente com posição oposta. Quanto às características, as operações de hedge diferenciam se das demais operações realizadas com títulos e valores mobiliários e instrumentos financeiros derivativos. A distinção está na obrigatoriedade do reconhecimento simultâneo da receita e da despesa geradas em ativos e passivos protegidos e nos instrumentos financeiros derivativos designados para a proteção. Esse mecanismo consiste na aplicação do princípio da confrontação da receita com a despesa, no qual o conceito norteador do registro contábil reside na premissa de atribuir o Fl. 892DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 893 16 mesmo critério ao item protegido e ao instrumento de hedge, ou seja, os dois dançam de forma sincronizada, com ganhos e perdas em resultado ou em patrimônio líquido, procurando anularse mutuamente. Com vistas a limitar as operações que podem ser reconhecidas, mensuradas e contabilizadas como hedge, o IAS 39 (FASB, 2001) classifica o hedge, para fins contábeis, como a destinação de um derivativo para compensar, total ou parcialmente, eventuais mudanças no valor justo ou nos fluxos futuros de caixa do item objeto de hedge. Para as instituições financeiras no Brasil, a Circular 3.082 (BCB, 2002a, p.3) entende por hedge: • “[...] a designação de um ou mais instrumentos financeiros derivativos com o objetivo de compensar, no todo ou em parte, os riscos decorrentes da exposição às variações no valor de mercado ou no fluxo de caixa de qualquer ativo, passivo, compromisso ou transação futura prevista, registrado contabilmente ou não, ou ainda grupos ou partes desses itens com características similares e cuja resposta ao risco objeto de hedge ocorra de modo semelhante”. Especialmente no que diz respeito ao Hedge global, ou macrohedge: 4. EVOLUÇÃO DO HEDGE ACCOUNTING Em função dos fatos apresentados e da constante evolução nos mercados financeiros, a normalização do hedge accounting, em nível internacional, tem sido aprimorada para ampliar sua aplicabilidade pelas entidades que utilizam derivativos em suas operações de hedge. Entre tais aprimoramentos, destacase o macro hedge. 4.1. Macro hedge Com a publicação do Amendment ao IAS 39, em março de 2004, tratando do Fair Value Accounting for a Portfolio Hedge of Interest Rate Risk, o IASB reconheceu o procedimento denominado como macro hedge, ou seja, o hedge de taxa de juros para uma exposição líquida de carteiras ativas e passivas. Esse novo tipo de hedge de exposições líquidas de carteiras ativas e passivas tem sido demandado há bastante tempo pelo mercado financeiro internacional, haja vista que o gerenciamento de riscos em instituições financeiras ocorre de forma global e não por operação individual. O risco em instituições financeiras deve ser avaliado de forma conjunta, compreendendo toda a carteira de ativos e passivos e os descasamentos tratados com base na exposição líquida. Como isso é senso comum, tanto do mercado quanto dos órgãos de regulação, o motivo pelo qual o procedimento não foi antes implantado gira em torno da complexidade em estabelecer critérios objetivos para selecionar ativos e passivos que possam ser designados para compor os itens objetos de hedge, definir as Fl. 893DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 894 17 características dos instrumentos de hedge, mensurar os itens designados periodicamente e avaliar a efetividade. Fazse interessante destacar também que o debate em torno do macro hedge permeou a fase de elaboração do pronunciamento SFAS 133 (FASB, 1998), havendo informações sobre essa questão no próprio pronunciamento(3). Enquanto os defensores do macro hedge sustentavam que ele era a mais efetiva e eficiente forma de administrar riscos em uma entidade, o FASB concluiu naquele momento que era difícil alocar os ganhos e perdas do instrumento de proteção em um grupo de itens protegidos, com características e com respostas a riscos diferentes. Certamente, todos esses aspectos contribuíram para postergar a autorização para utilização do procedimento. O IAS 39 (IASB, 2001), por sua vez, passou a permitir a utilização dos mesmos critérios aplicados ao hedge de valor justo ou ao hedge de taxa de juros de uma carteira, correspondendo o item protegido ao montante dos ativos e passivos designados, em substituição à designação de um ativo ou passivo específico. Com isso, o macro hedge buscou justamente proteger o montante líquido no lugar de um item especifico, sendo necessário, entretanto, designar os ativos e passivos que o compõem. O ganho ou a perda atribuídos ao item protegido será reconhecido em uma rubrica específica dentro do ativo ou do passivo, respectivamente. O pronunciamento menciona o risco de prépagamento (prepayment risk) como uma das principais dificuldades para a estruturação do macro hedge, haja vista a potencial ineficácia existente quando os itens objetos de hedge podem ser pagos ou recebidos antes dos prazos de vencimento, sem a correspondente possibilidade no instrumento derivativo. Para estruturar um macro hedge, as seguintes etapas devem ser realizadas: • identificar a carteira (portfolio) a ser protegida, podendo ser um ativo, um passivo, um compromisso firme, uma transação prevista ou um investimento líquido em entidade no exterior ou um conjunto desses itens com riscos semelhantes. É possível inclusive agrupar ativos e passivos; • segregar os pacotes a serem protegidos por maturidade esperada de vencimentos. Os itens objeto de hedge apresentam prazos originais de vencimento, contudo, para fins de operacionalização do macro hedge, os itens devem ser segregados de acordo com as expectativas reais de pagamento e recebimento, as quais podem variar de acordo com as taxas de mercado vigentes, avaliação do histórico e outras informações disponíveis; Fl. 894DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 895 18 • designar o montante dos itens a serem protegidos em moeda, não sendo permitido informar apenas o valor líquido; • designar o risco que está sendo protegido, ou seja, a exposição a taxa de juros; • designar os instrumentos financeiros derivativos de proteção (swap, por exemplo). A identificação do derivativo servirá de proteção às variações nos itens protegidos; • mensurar e registrar as mudanças no valor justo dos itens protegidos. O reconhecimento deve ser em resultado com contrapartida em uma única linha do ativo ou do passivo, próximo aos itens protegidos. As mudanças no valor dos itens protegidos não devem ser alocadas a um item individual; • mensurar e registrar as mudanças no valor justo dos instrumentos de hedge. O reconhecimento em resultado com contrapartida no ativo ou no passivo, registrandose um valor a receber ou a pagar correspondente à variação do instrumento derivativo; • reconhecer a ineficácia no resultado, assim como a diferença entre a mudança no valor justo do item protegido e no derivativo. Assim, temse que, no âmbito internacional, a operação de macrohedge é considerada uma modalidade nova de hedge. E, por imposição do mercado, que cada vez mais passou a se valor de tal sistemática, foi incorporada às Normas Internacionais de Contabilidade, especificamente a IAS 39. Nesse aspecto, é cediço que, nos últimos anos, o Brasil vem buscando adequar as práticas comerciais realizadas no mercado interno àquelas realizadas no mercado internacional. Assim, observase a conversão das normas brasileiras de contabilidade às normas internacionais. No âmbito do Sistema Financeiro Nacional, conforme Comunicado 14.259, de 10 de março de 2006, o Banco Central do Brasil, considerando o "acelerado processo de globalização da economia, as quais impõem a necessidade de promover a convergência de normas de contabilidade e de auditoria em nível internacional, tendo em conta as condições, peculiaridades e o estágio de desenvolvimento do mercado brasileiro, decidiu pela elaboração das seguintes ações": "1. Determinar, no âmbito do Banco Central do Brasil, o desenvolvimento de ação específica, a ser concluída até 31 de dezembro de 2006, com o objetivo de identificar as necessidades de convergência às normas internacionais de contabilidade e às normas internacionais de auditoria, promulgadas, respectivamente, pelo IASB e pela IFAC, aplicáveis às instituições financeiras. 2. A partir de referido diagnóstico, serão editados normativos objetivando a adoção de procedimentos para a elaboração e publicação de demonstrações contábeis consolidadas em consonância com os pronunciamentos do IASB a partir de 31 de Fl. 895DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 896 19 dezembro de 2010, bem como a observância das normas editadas pela IFAC para a prestação de serviços de auditoria independente no âmbito do Sistema Financeiro Nacional. 3. Dentro do horizonte do projeto, inclusive na fase de diagnóstico, o Banco Central do Brasil, a exemplo do que já vem desenvolvendo nos últimos anos, adotará os procedimentos necessários para atingir os objetivos de convergência, de modo a que as normas para a implementação em 2010 sejam editadas com a maior brevidade possível. 4. O Banco Central do Brasil promoverá o acompanhamento contínuo das normas editadas pelo IASB e pela IFAC, de modo a garantir que, uma vez obtida a convergência, essa seja mantida. No que tange, portanto, à IAS 39, o diagnóstico de convergência do Banco Central do Brasil foi assim elaborado: 1. Introdução O IAS 39 Financial Instruments: Recognition and Measurement estabelece procedimentos para a contabilização e evidenciação de operações realizadas com instrumentos financeiros, dentre eles, os derivativos. Define, ainda, procedimentos contábeis específicos para o registro de operações de hedge (proteção) feitas com a utilização de derivativos ou outro instrumento financeiro. Tais procedimentos são conhecidos como hedge accounting e estão regulados no SFN por meio da Circular 3.082, de 2002. A versão do IAS 39 utilizada neste diagnóstico foi publicada em 31 de dezembro de 2005. 2. Descrição sucinta da norma internacional vinculada ao Hedge Accounting Os parágrafos do IAS 39 relacionados ao hedge accounting definem e qualificam os itens que podem ser instrumento ou objeto de hedge. São conceituados e detalhados os tipos de hedge accounting, bem como definido quando deve ser implementado/descontinuado cada tipo. De maneira geral, todos derivativos podem ser utilizados como instrumentos de hedge. Outros instrumentos financeiros só podem ser utilizados em uma operação de hedge de risco de variação cambial. Pode ser utilizada uma parte ou a totalidade do instrumento de hedge na operação de proteção. No entanto, não é permitida a utilização de um instrumento de hedge apenas durante uma parcela de sua vida útil. Um único instrumento de proteção pode ser utilizado para mais de um tipo de risco, desde que seja possível identificar claramente cada um dos riscos protegidos, calcular a eficácia do hedge e comprovar a sua vinculação com cada risco específico. É possivel ainda, usar dois ou mais Fl. 896DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 897 20 instrumentos de hedge ou parcelas dos mesmos em uma operação de hedge, exceto quando estes instrumentos resultarem em uma posição lançada em uma opção, pois, segundo o pronunciamento, a perda potencial em uma opção vendida pode ser significativamente superior ao ganho potencial do item protegido. Os itens objeto de hedge podem ser um ativo ou um grupo de ativos ou passivos reconhecidos, compromissos firmes não reconhecidos, transações previstas que sejam altamente prováveis ou investimentos líquidos no exterior. Instrumentos financeiros mantidos até o vencimento só podem ser objeto de hedge de risco cambial ou de risco de crédito. Se o item coberto for um ativo ou um passivo financeiro, a operação de hedge pode ser feita para uma parcela de seu valor justo ou de seus fluxos de caixa, desde que seja mensurada a eficácia do hedge. Um conjunto de ativos e passivos pode ser objeto de hedge de risco de taxa de juros (operação conhecida como macro hedge ou hedge global). No entanto, a operação de proteção não pode ser feita a partir de uma posição líquida de ativos e passivos. Para fins de hedge, a entidade deve designar uma parte específica de ativos ou uma parte específica de passivos como item objeto de hedge. Ativos ou passivos semelhantes podem ser agrupados em uma operação de hedge desde que a proteção seja feita para um mesmo risco e desde que as variações individuais de cada item protegido sejam proporcionais às variações ocorridas em todo o grupo. Segundo o pronunciamento, as operações de hedge podem ser de 3 tipos: I fair value hedge: é a proteção de uma exposição a mudanças no valor justo de um ativo ou de parte dele, de um passivo reconhecido, ou de um compromisso firme não reconhecido, que seja atribuível a um risco em particular e que possa afetar o resultado; II cash flow hedge: é a proteção de uma exposição a variações no fluxo de caixa que possa ser atribuível a um risco específico associado a um ativo ou passivo reconhecido ou a uma transação projetada que seja altamente provável; III hedge of a net investiment in a foreign operation: é a proteção de um investimento líquido em uma unidade operacional estrangeira, como definido no IAS 21 The Effects os Changes in Foreign Exchange Rates. Uma operação de proteção só se qualifica para fins de hedge accounting se: I No início da operação for feita a designação do instrumento de proteção e dos itens protegidos, com base em documentação comprobatória; e Fl. 897DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 898 21 II O hedge previsto deve ser altamente eficaz durante todo o período da proteção e deve haver mecanismos de confirmação de tal eficácia; e III No cash flow hedge, a transação prevista deve ser altamente provável. No fair value hedge, a parcela eficaz do ajuste decorrente das variações no valor do instrumento de proteção deve ser contabilizada no resultado paralelamente ao registro das variações no valor do item objeto de hedge. Se o item objeto de hedge for um conjunto de ativos ou passivos, a contrapartida do registro em resultado deve ser registrada, no balanço, em rubrica diferente da conta que registra os itens cobertos. No cash flow hedge, a parcela eficaz do ajuste decorrente das variações no valor do instrumento de proteção deve ser contabilizada no Patrimônio Líquido (PL) até que ocorra o fluxo de caixa objeto da proteção, quando então deve ser transferida para resultado. O hedge of a net investment in a foreign operation deve ser contabilizado como um cash flow hedge. Em qualquer modalidade de hedge, a parcela ineficaz da proteção deve ser contabilizada imediatamente no resultado. Uma operação de hedge, independentemente da modalidade, deve ser descontinuada quando forem verificadas quaisquer das seguintes situações: I O instrumento de hedge expira, termina, é exercido ou vendido; II O hedge deixa de atender os critérios para qualificação da operação; III A entidade cancela a operação de hedge; ou IV No caso do cash flow hedge, a transação prevista não ocorra. 3. Normas aplicáveis às instituições financeiras A regulamentação sobre o tema figura nas Circulares BCB 3.082, de 30 de janeiro de 2002, 3.129, de 27 de junho de 2002, 3.150, de 11 de setembro de 2002 e na CartaCircular 3.023, de 11 de junho de 2002, e consolidadas nos Cosif 1.4 e 1.22. De maneira geral, as normas emanadas do Banco Central aplicáveis as operações de hedge accounting se encontram alinhadas às normas internacionais, mesmo porque tais normas foram baseadas no Financial Accounting Statement (FAS) 133 do FASB e na própria norma internacional. No entanto, a norma nacional se apresenta mais restritiva pois define que só os instrumentos financeiros derivativos podem ser utilizados em operações de hedge. Fl. 898DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 899 22 Observase, ainda, que a norma local utiliza a expressão ‘valor de mercado’, como referência para instrumentos financeiros derivativos, em detrimento à terminologia ‘valor justo’ (fair value), presente nas normas internacionais. Os critérios de qualificação e designação dos itens de proteção e dos itens protegidos são observados, não havendo, no entanto, a definição para situações específicas como, por exemplo, a relativa a montagem de operações de hedge envolvendo instrumentos financeiros derivativos mantidos até o vencimento. As operações de hedge são de 2 tipos: I Hedge de risco de mercado: equivalentes as operações de fair value hedge; e II Hedge de fluxo de caixa: equivalentes as operações de cash flow hedge. A norma nacional não prevê a categoria de hedge of a net investiment in a foreign operation. Não prevê, ainda, o macro hedge, permitido na norma internacional, mesmo que de forma limitada. Um ponto a destacar, é que as normas locais, ao contrário da norma internacional, permitem que um derivativo utilizado em uma operação de hedge não seja marcado a mercado nas seguinte situações: I Quando estiver vinculado a uma operação de captação ou aplicação, observadas as condições definidas na Circular 3.150, de 2002; e II Quando for utilizado para a proteção de um título classificado na categoria ‘Mantido até o Vencimento’, conforme a Circular 3.129, de 2002. Tais procedimentos ferem um requisito básico das normas internacionais, que são consensuais ao definirem que a única informação válida, para fins de registro de um instrumento financeiro derivativo, é seu valor justo. Fora do SFN, não existem normas definindo o tratamento contábil das operações de hedge accounting 4. Diagnóstico Do exposto, podese concluir que existem algumas divergências entre as normas brasileiras aplicáveis às instituições financeiras e o IAS 39 no que tange ao hedge accounting. No entanto, tais diferenças não são avaliadas como críticas. Para que ocorra a harmonização, é necessária, em linhas gerais, a realização dos seguintes ajustes na regulamentação local: a utilização da expressão ‘valor justo’, em substituição a ‘valor de mercado’, a definição da categoria de hedge para investimentos líquidos no exterior, o macro hedge e a adequação do tratamento dado aos Fl. 899DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 900 23 derivativos utilizados em operações de hedge de títulos mantidos até o vencimento. Logo, é o próprio Banco Central do Brasil que reconhece a prática, no âmbito internacional, do chamado hedge global, regulamentado pela IAS 39. E mais, reconhece que tal modalidade não foi ainda contemplada na normatização interna (fato, inclusive, que reforça a não aplicação da Circular Bacen nº 3.082/2002 ao caso concreto). Respaldada, portanto, pela doutrina especializada, pela normatização contábil internacional e, primordialmente, por estudo elaborado pelo Banco Central do Brasil, tenho como forçoso concluir pela existência, no mercado nacional e internacional, da modalidade de hedge global, tal como a realizada pela Recorrente. E mais, é o órgão nacional regulamentador do mercado financeiro que reconhece a deficiência na normatização pátria no que diz respeito ao acolhimento de prática financeira do mercado nacional. Tal deficiência regulatória, contudo, não inviabiliza que tais negócios jurídicos venham a ser praticados internamente. Não há qualquer vedação, legal ou regulatória, que impeça a utilização do chamado hedge global pelas instituições financeiras que operam no país. Assim, entendo que, como dito, inexistindo na Lei nº 9.718/98 qualquer limitação quanto à modalidade de hedge para as quais se permite a dedução das despesas incorridas, e, reconhecida a existência do chamado hedge global no âmbito do mercado internacional, não vejo como chancelar a glosa efetuada pela Fiscalização. (iv) Pedido subsidiário "POSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO DAS PERDAS COM BASE NA ALÍNEA 'D', DO INCISO I, DO §6º, DO ARTIGO 3º LEI Nº 9.718/98" Alternativamente, na hipótese de as operações ora examinadas não serem entendidas como hedge por este colegiado, a Recorrente postula pela possibilidade de sua caracterização como sendo operações com títulos de renda variável, para fins de enquadramento na hipótese de dedução estabelecida pela alínea "d", do inciso I, do §6º, do artigo 3º da Lei nº 9.718/98: Art. 3oO faturamento a que se refere o art. 2ocompreende a receita bruta de que trata oart. 12 do DecretoLei no1.598, de 26 de dezembro de 1977. (...) §6oNa determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, as pessoas jurídicas referidas no§ 1odo art. 22 da Lei no8.212, de 1991, além das exclusões e deduções mencionadas no § 5o, poderão excluir ou deduzir: Ino caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil e cooperativas de crédito: Fl. 900DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 901 24 (...) d)perdas com títulos de renda fixa e variável, exceto com ações Muito embora, conforme exposto no presente voto, esta Relatora defenda o entendimento de que as operações realizadas pelo Recorrente devem, efetivamente, ser entendidas como hedge e, desse modo, enquadradas na alínea "e", do inciso I, do §6º, do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, em face das discussões havidas neste colegiado por ocasião do julgamento, fazse necessária a manifestação acerca do presente pedido subsidiário. Passase, portanto, ao exame do pleito. De acordo com o acórdão Recorrido, "no presente caso, o objeto do lançamento foram exclusões de perdas em operações com derivativos, ativos estes que não estão na categoria de títulos de renda variável", concluindo, portanto, que "não restaram caracterizados nem o objetivo de hedge de tais operações, para seu enquadramento na alínea ‘e’, do inciso I, do § 6º, do art. 3º, da Lei 9.718/98, nem os requisitos de títulos para serem enquadradas na alínea ‘d’ do referido comando legal". De acordo com a fundamentação utilizada pela decisão recorrida, após discorrer acerca de normativos expedidos pela CVM Comissão de Valores Mobiliários, "os ativos financeiros seriam gênero e títulos seriam espécie. Por consequência, todo título seria ativo financeiro, mas nem todo ativo financeiro seria título." Afirma, ainda, que, embora a operação realizada pela Recorrente possa ser entendida como um ativo financeiro, "não ostentam os atributos anteriormente referidos dos títulos, de cartularidade, literalidade e autonomia, que lhes permitam fácil circulação, visto que são direcionados ao atendimento de interesses financeiros específicos a duas pessoas jurídicas, em determinadas condições e para determinado período de tempo." Por outro lado, o Recorrente aduz que, ainda que não se admita a modalidade de hedge, é certo se tratar a operação examinada de uma operação com derivativos. Tais operações com derivativos, por sua vez, são contratos de ativos financeiros. Até então, portanto, há identidade com a conceituação trazida pela DRJ: está se, indubitavelmente, diante de um ativo financeiro. Todavia, a contribuinte defende que as operações com derivativos são, assim como as ações, valores mobiliários, afirmando, por conseguinte, que devem ser incluídas no conceito de "títulos de renda fixa e variável". Com a devida vênia às fundamentadas razões apresentadas pelo contribuinte, alinhome ao entendimento externado pela DRJ, notadamente em face das limitações interpretativas impostas à esta julgadora. Com efeito, ainda que se entenda que as operações com derivativos são ativos financeiros da "espécie" valores mobiliários, não vejo como têlos na condição de "títulos" de valores mobiliários, tal como definido na norma legal. Ainda que reconheça a existência de grande discussão doutrinária acerca dos conceitos de "valores mobiliários" e "títulos mobiliários" se seriam estas expressões sinônimas ou não, é certo que, na legislação brasileira, a despeito da ausência de conceituação legal expressa (a exemplo do que se verifica relativamente ao hedge), tais termos vêm sendo usados Fl. 901DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 902 25 de forma distinta, segregada. Logo, uma vez que a Lei nº 9.718/98 utiliza a terminologia restrita de "títulos", não vejo como interpretála no sentido de "valores mobiliários". Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao pedido subsidiário formulado pela Recorrente. (v) Juros de mora sobre multa No que se refere à incidência dos juros sobre a multa de mora aplicada, alio me inteiramente ao entendimento vencedor no citado Processo nº 16327.000935/200990, Acórdão nº 3403003.325, que passo a transcrever: Divirjo do Relator quanto à incidência de juros de mora sobre a multa de lançamento de ofício. Já defendi a impossibilidade dessa incidência no voto condutor do Acórdão nº 002.367, de 24 de julho de 2013, que a seguir transcrevo: (...) O assunto seria aparentemente resolvido pela Súmula nº 4 do CARF: “Súmula CARF n° 4: A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais” (grifo nosso) Contudo, resta a dúvida se a expressão “ débitos tributários” abarca as penalidades, ou apenas os tributos. Verificando os acórdãos que serviram de fundamento à edição da Súmula, não se responde a questão, pois tais julgados se concentram na possibilidade de utilização da Taxa SELIC. Seguese então, para o art. 161 do Código Tributário Nacional, que dispõe: “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1° Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2 / O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.” (grifo nosso) As multas são inequivocamente penalidades. Assim, restaria ilógica a leitura de que a expressão créditos ao início do caput abarca as penalidades. Tal exegese equivaleria a sustentar que: Fl. 902DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 903 26 “ os tributos e multas cabíveis não integralmente pagos no vencimento serão acrescidos de juros, sem prejuízos da aplicação das multas cabíveis” . A Lei nº 9.430/1996, por sua vez, dispõe, em seu art. 61, que: “ Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Novamente ilógico interpretar que a expressão “ débitos” ao início do caput abarca as multas de ofício. Se abarcasse, sobre elas deveria incidir a multa de mora, conforme o final do comando do caput. Mais recentemente tratouse do tema nos arts. 29 e 30 da Lei nº 10.522/2002: “ Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de Ufir, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1o de janeiro de 1997. § 1° A partir de 1o de janeiro de 1997, os créditos apurados serão lançados em reais. § 2° Para fins de inscrição dos débitos referidos neste artigo em Dívida Ativa da União, deverá ser informado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional o valor originário dos mesmos, na moeda vigente à época da ocorrência do fato gerador da obrigação. § 3° Observado o disposto neste artigo, bem assim a atualização efetuada para o ano de 2000, nos termos do art. 75 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, fica extinta a Unidade de Referência Fiscal –Ufir, instituída pelo art. 1o da Lei no 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Fl. 903DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 904 27 Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1o de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia –Selic para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento.” (grifo nosso) Vejase que ainda não se aclara a questão, pois se trata da aplicação de juros sobre os “ débitos” referidos no art. 29, e a expressão designada para a apuração posterior a 1997 é “ créditos” . Bem parece que o legislador confundiu os termos, e quis empregar débito por crédito (e viceversa), mas tal raciocínio, ancorado em uma entre duas leituras possíveis do dispositivo, revelase insuficiente para impor o ônus ao contribuinte. Não se tem dúvidas que o valor das multas também deveria ser atualizado, sob pena de a penalidade tornarse pouco efetiva ou até inócua ao fim do processo. Mas o legislador não estabeleceu expressamente isso. Pela carência de base legal, então, entendese pelo não cabimento da aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício, na linha que já vem sendo adotada por esta Turma. Pelo exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, reconhecendo, para efeitos de execução do presente acórdão pela unidade local, que não incidem juros de mora sobre o valor da multa de ofício. Com essas considerações, divirjo do ilustre relator e voto por que se dê provimento ao recurso quanto a esta matéria. Pelo exposto, voto por dar DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário para cancelar a totalidade da exigência fiscal fundamentada na glosa de despesas relativas à realização de operação de hedge global da recorrente. No que tange ao pedido subsidiário formulado pela Recorrente, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário relativamente à possibilidade de dedução das despesas em operações com derivativos na alínea ‘e’, do inciso I, do § 6º, do art. 3º, da Lei 9.718/98. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Voto Vencedor Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Em que pese a profundidade da análise efetuada pela ilustre relatora em seu voto, a maioria dos conselheiros desta Turma divergiu de seu entendimento em relação a três Fl. 904DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 905 28 questões, quais sejam: a decadência de parte do lançamento; a possibilidade de exclusão da base de cálculo da Cofins de despesas relativas à realização de operação de hedge global da recorrente; e a incidência de juros de mora sobre a multa de lançamento de ofício. Em relação à alegação de decadência, esta Turma entendeu que o sujeito passivo tomou ciência do auto de infração em 31/08/2009, não ocorrendo, desta forma, a decadência do crédito tributário referente ao período de apuração agosto de 2004. O entendimento decorre da análise das provas anexadas aos autos. O sujeito passivo tomou ciência do auto de infração na modalidade pessoal, em 31/08/2009, conforme demonstra documento de fls. 321 deste processo. Os documentos de fls. 333 e 334 deste processo correspondem a retificações mínimas no lançamento foram alterados uma data (de 23/03/2009 para 27/03/2009) e o código de um item do quadro despesas de derivativos (de 8.1.5.50.11.28 para 8.1.5.50.11.85.22) que não tem o condão de descaracterizar a data original da ciência do auto de infração. Tais informações não modificam os fatos descritos no auto de infração, nem interferem a solução do litígio. No que tange ao mérito propriamente dito, entendeu esta Turma pela impossibilidade da dedução da base de cálculo da Cofins das perdas com ativos financeiros em operações denominadas hedge global, devido a hipótese não estar prevista na legislação pátria. A operação em tela não se encontra prevista nem pela Circular Bacen nº 3.082/2002, que regulamente e discrimina as operações com instrumentos financeiros derivativos realizadas pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, nem por qualquer outra norma de direito interno, não podendo ser enquadrada como hedge à luz do direito interno. O artigo 3º, §6º, inciso I, alínea ‘e’ da Lei nº 9.718/98, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835/2001, prevê a dedução da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins das perdas com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge. Já o artigo 5º da citada Circular Bacen nº 3.082/2002 estabelece as condições para que as operações com instrumentos financeiros derivativos possam ser consideradas como destinadas a hedge. O dispositivo tem a seguinte redação: Art. 5º.As operações com instrumentos financeiros derivativos destinadas a "hedge" nos termos dos arts. 3º e 4º devem atender, cumulativamente, às seguintes condições: I possuir identificação documental do risco objeto de "hedge", com informação detalhada sobre a operação, destacados o processo de gerenciamento de risco e a metodologia utilizada na avaliação da efetividade do "hedge" desde a concepção da operação; Fl. 905DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 906 29 II comprovar a efetividade do "hedge" desde a concepção e no decorrer da operação, com indicação de que as variações no valor de mercado ou no fluxo de caixa do instrumento de "hedge" compensam as variações no valor de mercado ou no fluxo de caixa do item objeto de "hedge" num intervalo entre 80% (oitenta por cento) e 125% (cento e vinte e cinco por cento); III prever a necessidade de renovação ou de contratação de nova operação no caso daquelas em que o instrumento financeiro derivativo apresente vencimento anterior ao do item objeto de"hedge"; IV demonstrar, no caso dos compromissos ou transações futuras objeto de "hedge" de fluxo de caixa, elevada probabilidade de ocorrência e comprovar que tal exposição a variações no fluxo de caixa pode afetar o resultado da instituição; V não ter como contraparte empresa integrante do consolidado econômicofinanceiro, observado o disposto nos arts. 3º e 18 da Resolução 2.723, de 31 de maio de 2000, alterada pela Resolução 2.743, de 28 de junho de 2000. Parágrafo único. O não atendimento, a qualquer tempo, das exigências previstas neste artigo implica observância dos critérios previstos no art. 2º e imediata transferência, ao resultado do período, no caso do "hedge" de fluxo de caixa, dos valores referentes à operação registrados em conta destacada do patrimônio líquido, na forma do art. 4º, inciso II. Do exposto, extraise que uma operação com derivativos com a finalidade de hedge deve estar necessariamente relacionada ao ativo ou passivo que se quer proteger. O reconhecimento contábil do resultado com derivativos destinados a hedge deve ser feito no mesmo período de reconhecimento do item que está sendo protegido; ocorrendo a compensação entre receitas e despesas. A operação denominada hedge global, praticada pela recorrente, visava a proteção do patrimônio líquido da recorrente, sem identificar os itens do ativo ou passivo objetos do hedge. Desta forma, as operações ora sob análise não podem ser consideradas como sendo destinadas a hedge, o que impede a dedução das perdas na apuração da base de cálculo da Cofins. Por fim, em relação à incidência da Selic sobre as multas aplicadas, entende a Turma ser devida a Taxa Selic nos cálculos dos débitos dos contribuintes para com a Fazenda Pública Federal, independente de tratarse de obrigação principal decorrente da ocorrência de fato gerador ou decorrente da aplicação de penalidade pecuniária. A obrigação tributária principal, de acordo com o §1º do artigo 113 do CTN surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto o pagamento do tributo ou de penalidade pecuniária, e extingue se com o crédito dela decorrente. Fl. 906DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 907 30 O artigo 139 do CTN dispõe ainda que o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Do exposto, concluise que o crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária, visto que ambos constituem a obrigação tributária, a qual tem a mesma natureza do crédito a ela correspondente. O artigo 161 do CTN, por sua vez, estabelece que o crédito não integralmente pago no vencimento será acrescido de juros de mora, sem fazer nenhuma restrição ao crédito tributário decorrente de penalidade pecuniária. Além destes dispositivos, destacase ainda o artigo 43 da Lei nº. 9.430/96, que assim dispõe: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Da análise dos dispositivos citados, resta claro que o crédito tributário, relativo à penalidade pecuniária, constituído de ofício, não pago no respectivo vencimento, fica sujeito à incidência de juros moratórios, calculados à taxa Selic, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Desta forma, com base neste entendimento, foi negado provimento ao recurso voluntário. Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto redator designado Fl. 907DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13411.000906/2006-38
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 28 00:00:00 UTC 2011
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES
Ano calendário:2002, 2003
INTERESSE RECURSAL. AUSÊNCIA. RECURSO NÃO CONHECIDO.
Não deve ser conhecido o recurso voluntário se não há inconformidade do contribuinte em relação ao que foi decidido na primeira instância.
Numero da decisão: 1803-000.944
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos não conhecer do recurso, nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, que anulava o acórdão de primeira instância.
Matéria: Simples - ação fiscal - insuf. na apuração e recolhimento
Nome do relator: Selene Ferreira de Moraes
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002, 2003 INTERESSE RECURSAL. AUSÊNCIA. RECURSO NÃO CONHECIDO. Não deve ser conhecido o recurso voluntário se não há inconformidade do contribuinte em relação ao que foi decidido na primeira instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos não conhecer do recurso, nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, que anulava o acórdão de primeira instância. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes – Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walter Adolfo Maresch, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Sérgio Rodrigues Mendes, Marcelo de Assis Guerra, Selene Ferreira de Moraes. Fl. 828DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 29/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 13411.000906/200638 Acórdão n.º 180300.944 S1TE03 Fl. 785 2 Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: “Contra a contribuinte acima qualificada foram lavrados os Autos de Infração, às fis. 236 a 275, para exigência de créditos tributários, referentes aos anos calendários de 2002 e 2003, adiante especificados: (...) Os referidos autos de infração são decorrentes do procedimento de fiscalização efetuado junto à contribuinte, no qual a fiscalização constatou infrações legislação do SIMPLES. No Relatório Fiscal, fls. 285/289, consta que a contribuinte informou nas Declarações Anuais Simplificadas dos anos calendários de 2002 e 2003, consoante cópias anexas 71 e 77/90, valores de receita bruta inferiores aos verificados pela fiscalização através:do Livro de Apuração do ICMS (fls. 145/172); do Livro de Registro de Serviços Prestados (fls.173/198) e Folhas SINTEGRA ICMS da Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco (fls.93/144), consolidados nos demonstrativos de fls. 279/284. Assim, a fiscalização procedeu à autuação apontando a seguinte irregularidade: 1) INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO, dos meses de janeiro a dezembro de 2002 e 2003 dos impostos e contribuições do SIMPLES (IRPJ, CSLL, PIS, COFINS E INSS), decorrente da diferença apurada entre os valores devidos e os valores declarados/pagos. 1) Devidamente notificada, e não se conformando com o procedimento fiscal, a contribuinte apresentou, tempestivamente, a sua peça impugnatória, às fls. 294/295, na qual questiona, em parte, os autos de infração, apresentando seus argumentos de defesa, abaixo descritos sucintamente. A impugnante alega que a fiscalização considerou, indevidamente, como receita as receitas originárias de remessa de mercadorias para manutenção e devoluções de mercadorias. Afirma que a remessa de mercadoria para manutenção com retorno dentro do prazo legal, bem como as devoluções de mercadorias não são faturamento, e portanto não podem ser consideradas como base de cálculo do SIMPLES. Em sua defesa, anexa às fls. 315/316, e 342 os demonstrativos de todas as notas relativas às referidas saídas de mercadorias, e às fls.304/307 e 317/357, cópias das Notas Fiscais citadas nos demonstrativos. Fl. 829DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 29/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 13411.000906/200638 Acórdão n.º 180300.944 S1TE03 Fl. 786 3 A impugnante também afirma que a fiscalização apurou o valor de receitas a menor relativamente aos meses de: março de 2002 (no valor de R$ 0,90); e junho de 2002(no valor de R$ 2,0). Contesta ainda a impugnante que a fiscalização ao apurar os valores devidos no SIMPLES deixou de considerar o recolhimento relativo ao período de apuração de janeiro de 2003 no valor de R$ 675,25, anexando em sua defesa cópia do referido DARF às fls.302/303. A impugnante anexa em sua defesa, às fls. 296/301 e 315/316, relatórios onde consolida as diferenças de receitas apuradas entre a fiscalização e o caixa da empresa, distinguindo os valores que efetivamente reconhece como devido e os que se encontram em litígio. Consoante "Informações" à fl. 688, os valores acatados pela contribuinte foram apartados do presente processo dando origem ao processo administrativo n° 13411.000560/200759. Consta anexado aos autos: as cópias do "Extrato de Processo", às fls. 617/687, e tela do SIEF Processo, fl. 687, onde constam as informações sobre os valores contestados e a impugnação. A Delegacia de Julgamento considerou o lançamento procedente em parte, com base nos seguintes fundamentos (fls. 693/700): a) Acatou as alegações da empresa em relação às notas fiscais discriminadas nos quadros demonstrativos relativos aos anos calendário de 2002 e 2003. b) Excluiu da tributação os valores de R$ 675,25 e R$ 791,80, por terem sido confessados na declaração simplificada. c) Relativamente à alegação da contribuinte de que a fiscalização apurou o valor de receitas a menor relativamente aos meses de: março de 2002 (no valor de R$ 0,90); e junho de 2002 (no valor de R$ 2,00), estes não serão considerados para alterar para maior os valores considerados pela fiscalização, haja vista que esta instância de julgamento não possui a atribuição de proceder a novo lançamento. Contra a decisão, interpôs a contribuinte o presente Recurso Voluntário, em que, tece as seguintes considerações (718/720 – vol. 3): a) O voto da quarta turma da DRJ/REC, relativo as alegações da impugnação, quanto as saídas de mercadorias consideradas indevidamente pela fiscalização, como receita tributável da empresa, foi favorável a empresa, dando razão a impugnação na sua totalidade; conforme os "quadros demonstrativos relativo ao ano de 2002 e 2003”. b) Cabe observar também que no quadro "Demonstrativo do valor do Simples devido" à fls. 698, do acórdão, o valor do SIMPLES excluído totaliza R$ 2.611,16, sendo superior ao valor do SIMPLES impugnado, e que o valor devido do SIMPLES mantido, totaliza R$ 31.384,10, sendo inferior ao total do imposto recolhido para o processo no valor de R$ 32.108,34. Fl. 830DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 29/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 13411.000906/200638 Acórdão n.º 180300.944 S1TE03 Fl. 787 4 c) O voto da quarta turma do DRJ/REC, foi favorável na sua totalidade pela impugnação pleiteada, excluindo inclusive um valor de SIMPLES devido (principal) superior ao valor da impugnação, conforme intimação 075/2008 e acórdão 1122.975 anexos, porém no mesmo processo se está cobrando um crédito que é quase o mesmo valor do imposto SIMPLES impugnado (principal), com diferença de apenas de R$ 0,03 (três centavos). d) A cobrança do crédito acima descrito pode inclusive referirse ao próprio lançamento do imposto SIMPLES impugnado, uma vez que os valores são coincidentes e que o imposto devido mantido é inclusive inferior ao recolhido, o que pode ocorrer devido a não operacionalização do processo, não se excluindo o valor da impugnação do processo em questão, ocorrendo assim a cobrança indevida. É o relatório. Voto Conselheira Selene Ferreira de Moraes Nos termos do art. 1°, do Anexo I, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria n° 256, de 22 de junho de 2009, compete a este colegiado o julgamento de recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância, que versem sobre a aplicação da legislação discriminado no art. 2°, do Anexo II, em processos de valor inferior a R$ 1.000.000,00. Antes de examinar o pedido contido no recurso, que é de reforma, anulação, esclarecimento ou integração da decisão de primeira instância, é preciso que estejam presentes certos pressupostos, os chamados pressupostos de admissibilidade. Vicente Greco Filho, em sua obra “Direito Processual Civil Brasileiro” divide os pressupostos e condições gerais do recurso da seguinte forma: “Os pressupostos e condições gerais dos recursos podem ser divididos em pressupostos e condições objetivos e pressupostos e condições subjetivos. São pressupostos objetivos: 1) o cabimento e a adequação do recurso; 2) a tempestividade; 3) a regularidade procedimental, incluídos nesta o pagamento das custas e a motivação; e 4) a inexistência de fato impeditivo ou extintivo. São pressupostos subjetivos: 1) a legitimidade; e 2) o interesse, que decorre da sucumbência”.(GRECO FILHO, Vicente. Direito processual civil brasileiro, volume 2. 17. ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2006.) Feitas as devidas adaptações para o processo administrativo fiscal, podemos afirmar que também é necessário o juízo de admissibilidade dos recursos administrativos. Fl. 831DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 29/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 13411.000906/200638 Acórdão n.º 180300.944 S1TE03 Fl. 788 5 O presente recurso atende a todos os pressupostos objetivos, e também ao pressuposto relativo à legitimidade, uma vez que a recorrente é parte legítima. No entanto, não há interesse recursal, conforme será demonstrado a seguir. Antes de passar a análise concreta do presente caso, é oportuno transcrevermos mais um trecho da obra acima citada: “Finalmente é pressuposto subjetivo dos recursos a sucumbência. A sucumbência, que se identifica com o interesse de recorrer, é a situação de prejuízo causado pela decisão. Não, porém, prejuízo no sentido material de dano, mesmo porque, como o direito de ação é abstrato, para demandar e para recorrer não se exige que alguém esteja realmente prejudicado, porque é a própria decisão jurisdicional que vai definir quem tem razão; prejuízo, para fins de recurso, tem sentido comparativo, de relação entre a expectativa da parte e o que foi decidido. Não apenas é sucumbente aquele que pediu e não foi atendido integralmente; é também aquele que poderia esperar algo explícita ou implicitamente da decisão e não obteve. Basta, para que haja sucumbência e, portanto, interesse de recorrer, que a decisão não tenha atendido a uma expectativa, explícita ou implícita, justa ou injusta. Assim, é sucumbente aquele que teve ganho parcial na causa, como aquele que venceu, mas teve os honorários advocatícios fixados em 10%, quando o juiz poderia fixar até 20%. Nas decisões processuais interlocutórias também a sucumbência se verifica pelas expectativas processuais das partes. É sucumbente a parte que requereu perícia e a teve indeferida; é sucumbente aquele que requereu o adiamento da audiência porque entendeu existir justa causa e não teve sua alegação acolhida. Como se vê, para fins de recurso a sucumbência tem um significado bastante amplo, não exigindo nenhuma análise externa sobre o direito que cada parte tenha, mas simplesmente uma relação desfavorável entre o que podia ser obtido e o que foi decidido. A sucumbência, pois, decorre do desatendimento de uma expectativa juridicamente possível. O que provoca a sucumbência, porém, não são os argumentos ou a fundamentação da decisão, mas sim o seu dispositivo, a parte decisória propriamente dita. Assim, se uma ação ou uma defesa tem mais de um fundamento e o juiz acolhe apenas um deles, mas que considera bastante para a procedência integral, não é porque repeliu o outro que a parte vencedora vem a ser sucumbente. Desde que o pedido tenha sido integralmente acolhido, a fundamentação não causa sucumbência. (op. cit. pp.331312). A contribuinte afirma claramente que a decisão recorrida acolheu integralmente sua impugnação, excluindo da tributação valor até superior ao que havia sido pleiteado. Não há discordância em relação aos valores mantidos pela Delegacia de Julgamento, que perfazem o total de R$ 31.384,08, sendo distribuídos de acordo com os percentuais legais cabíveis ao imposto e às contribuições (fls. 699): Fl. 832DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 29/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 13411.000906/200638 Acórdão n.º 180300.944 S1TE03 Fl. 789 6 TOTAL jan/2002 a dez/2003 IRPJ PIS CSLL COFINS INSS 1.266,23 1.266,23 5.497,84 10.995,70 12.358,08 A irresignação da recorrente referese a diferenças entre os valores que afirma ter pago e aqueles que a DRJ considerou devidos. Tal pleito deve ser apreciado pela autoridade administrativa responsável pela cobrança do crédito tributário, que em despacho fundamentado deve verificar a procedência ou não da alegação da contribuinte de que recolheu um montante de R$ 32.108,34, ou seja, valor superior ao que foi mantido pela decisão de primeira instância. A divergência explicitada no recurso surgiu na fase de execução da decisão de primeira instância, não havendo nos autos manifestação da autoridade administrativa encarregada da cobrança e execução da decisão. Ao verificar que a principal alegação da contribuinte é o equívoco na cobrança, ou seja, a existência de pagamentos em valores superiores ao montante exigido na decisão de primeira instância, a autoridade administrativa responsável pela cobrança deveria ter efetuado batimento dos alegados pagamentos com o extrato do processo anexado às fls. 702/712, a fim de averiguar a improcedência ou procedência da cobrança, expondo suas conclusões em despacho fundamentado. Não há possibilidade deste colegiado verificar a existência dos pagamentos alegados, nem tampouco sua suficiência para extinguir os débitos mantidos, e não contestados em sede recursal pela contribuinte. Cabe à autoridade administrativa da unidade de origem cobrar exatamente os valores mantidos na decisão administrativa. No presente caso não há diferença entre a expectativa da parte e a decisão de primeira instância, estando ausente o pressuposto subjetivo do interesse recursal, que decorre da sucumbência. Ante todo o exposto, não conheço do recurso. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Fl. 833DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 29/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 13411.000906/200638 Acórdão n.º 180300.944 S1TE03 Fl. 790 7 Fl. 834DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 29/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES
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Numero do processo: 19515.002665/2004-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS
Exercício: 1999 PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA
A variação cambial ativa não integra a base de cálculo da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social, por força do entendimento sedimentado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, nos Recursos Extraordinários n°s 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, que reconheceu a inconstitucionalidade da exigência do PIS e da COFINS, na vigência da Lei n° 9.718/98. Aplicação do art.62, parágrafo único, inciso I do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Numero da decisão: 3201-001.752
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora.
Nome do relator: Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo
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ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Exercício: 1999 PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA A variação cambial ativa não integra a base de cálculo da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social, por força do entendimento sedimentado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, nos Recursos Extraordinários n°s 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, que reconheceu a inconstitucionalidade da exigência do PIS e da COFINS, na vigência da Lei n° 9.718/98. Aplicação do art.62, parágrafo único, inciso I do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
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BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA A variação cambial ativa não integra a base de cálculo da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social, por força do entendimento sedimentado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, nos Recursos Extraordinários n°s 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, que reconheceu a inconstitucionalidade da exigência do PIS e da COFINS, na vigência da Lei n° 9.718/98. Aplicação do art.62, parágrafo único, inciso I do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki – Presidente (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 20 81 /2 00 6- 12 Fl. 624DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 2 Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Joel Miyazaki (Presidente), Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Daniel Mariz Gudiño . Relatório Referese o presente processo a auto de infração para a cobrança de PIS e Cofins, decorrente da não inclusão na base de cálculo das contribuições, dos valores decorrentes de variações cambiais. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Contra o contribuinte foram lavrados autos de infração de ajustes das bases de cálculo do Imposto de Renda (folhas 403/404) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (folhas 414/415) e de exigência das contribuições para o Programa de Integração Social (folhas 407/408), no valor de R$ 62.565,27, e para o Financiamento da Seguridade Social (folhas 411/412), no valor de R$ 280.705,67, neste dois últimos casos a exigência é acrescida da multa de ofício de 75% e juros de mora calculados pela taxa Selic. No Termo de Verificação Fiscal (folhas 381/385) é dito que os autos de infração decorrem da constatação de omissão de receitas financeiras, caracterizada pela contabilização de variação cambial ativa a menor e variação cambial passiva a maior verificada nas contas de empréstimo de pessoas jurídicas ligadas com sede no exterior: Baxter World TradeS. A. Bélgica — e Baxter — Uruguai. Além disso, o contribuinte também realizou operações de exportações e importações com empresas vinculadas, cujas entradas e saídas de divisas geraram variações monetárias em função da taxa de câmbio, que foram incluídos na determinação do lucro operacional. Ocorre que no confronto entre os valores apurados pelo contribuinte e pela fiscalização foram encontradas diferenças em razão da taxa de câmbio utilizada pelo contribuinte, que se valeu da taxa média do mês para reconhecer a variação cambial mensal dos empréstimos e no encerramento do balanço, em 31 de dezembro, utilizou a cotação do dia 30 de dezembro. O contribuinte apurou o Lucro Real Anual, com determinação da base de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido com base em Balanço de suspensão ou redução do imposto. Nesse caso, as atualizações de créditos ou obrigações em moeda estrangeiras devem ser efetuadas mensalmente, utilizandose a taxa de compra e venda disponíveis no SISBACEN no último dia de cada mês. Às folhas 386/389 encontrase o demonstrativo do cálculo da variação cambial da conta de Clientes. Às folhas 390/391 encontrase o demonstrativo do cálculo da variação cambial da conta Fornecedores. Às folhas 392/393 encontrase o Fl. 625DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 19515.002081/200612 Acórdão n.º 3201001.752 S3C2T1 Fl. 94 3 demonstrativo do cálculo da variação cambial da conta Empréstimos e Juros. Às folhas 394/397 encontrase o demonstrativo dos ajustes do Lucro Líquido. À folha 398 o demonstrativo das bases de cálculo do PIS e da COFINS, originadas da variação cambial e, por último, às folhas 399/402 encontramse os demonstrativos de redução das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. O contribuinte apresenta a impugnação de folhas 429/440, subscrita por procurador devidamente habilitado e instruída com os documentos de folhas 441/550, dizendo que possuiu elevado estoque de saldo negativo da base de cálculo da CSLL e de prejuízos fiscais, embora não concordando com o ajuste proposto, não tratará de questões relativas ao IRPJ e CSLL, ficando a discussão restrita aos créditos tributários indevidamente constituídos a título de PIS e COFINS. Alega que o PIS e a COFINS não podem incidir sobre receitas financeiras decorrentes de variações cambiais ativas e/ou passivas, uma vez que o critério material da hipótese de incidência dessas contribuições é o faturamento, assim entendido como as receitas exclusivamente auferidas com a venda de mercadorias e a prestação de serviços. Nessa linha, o conceito de faturamento adotado pela Lei n° 9.718, de 1998, adotado como base para a exigência fiscal, não poderá prevalecer, pois esse conceito não pode ser ampliado a ponto de incidir sobre quaisquer ingressos que não guardem pertinência com a venda de mercadorias ou a prestação de serviço, conforme disposição do artigo 110 do Código Tributário Nacional, segundo o qual a legislação tributária não pode alargar conceitos e formas de Direito Privado. Continua, dizendo que a exigência do PIS sobre outras receitas que não estejam enquadradas no conceito de faturamento dependeria de promulgação de emenda constitucional que alterasse a materialidade do tributo prevista no artigo 239 da Constituição Federal e, no caso da COFINS, contraria as determinações do artigo 195 inciso I da Constituição Federal,vigente à época, sendo certo, ainda, que a EC n° 20, de 15 de dezembro de 1998, não é fundamento de validade para a Lei n°9.718, de 1998. Por fim, caso não sejam considerados esses argumentos, o que admite apenas para argumentar, entende que o PIS e a COFINS somente poderiam ter suas sistemáticas de tributação alteradas por leis complementares, dado o princípio da hierarquia das leis. O impugnante se insurge, também, contra a cobrança da multa de ofício, pelo seu caráter confiscatório, e dos juros de mora calculados pela taxa Selic, por não ter sido criada para fins tributários e não possuir caráter moratório. Por último, requer que se dê provimento à impugnação para cancelamento dos autos de infração e, na hipótese de não ser Fl. 626DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 4 acolhido o pedido, requer que ao menos seja cancelada a abusiva multa de ofício e afastado o cômputo dos juros de mora com base na taxa Selic. A argumentação o impugnante é lastreada em jurisprudências do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. A competência para o julgamento deste processo foi transferida à esta DRJ pela Portaria RFB n° 10.795, de 03 de agosto de 2007. Resumidamente, esse é o relatório. A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a impugnação, em decisão assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/01/1999, 31/03/1999, 30/04/1999, 31/05/1999, 30/06/1999, 31/07/1999, 30/11/1999, 31/12/1999 BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA A variação cambial ativa integra a base de cálculo da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/01/1999, 31/03/1999, 30/04/1999, 31/05/1999, 30/06/1999, 31/07/1999, 30/11/1999, 31/12/1999 BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA A variação cambial ativa integra a base de cálculo da Contribuição para o Programa de Integração Social. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/01/1999, 31/03/1999, 30/04/1999, 31/05/1999, 30/06/1999, 31/07/1999, 30/11/1999, 31/12/1999 APLICAÇÃO DE NORMA LEGALMENTE EDITADA Não cabe à instância administrativa afastar a aplicação de norma legal vigente e que tenha sido legalmente editada. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO No lançamento de ofício de crédito tributário é cabível a aplicação da multa de 75%. JUROS DE MORA Na cobrança de crédito tributário em atraso é cabível a exigência de juros de mora com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. Fl. 627DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 19515.002081/200612 Acórdão n.º 3201001.752 S3C2T1 Fl. 95 5 Lançamento Procedente Na decisão recorrida, em síntese, entendeuse que, com fulcro no artigo 9o da Lei n° 9.718, de 1998, determinava que as variações monetárias positivas, decorrentes da taxa de câmbio, fossem consideradas como receitas financeiras e, como tais, integrariam a receita bruta da pessoa jurídica, sujeitandose à incidência do PIS e da Cofins. Em relação à multa de ofício, há previsão legal no artigo 44, inciso I da Lei n° 9.430, de 1996, e os juros de mora, encontra previsão no artigo 84 da Lei n° 8.981, de 1995, em combinação com o artigo 13 da Lei n°9.065, de 20 de junho de 1995. No recurso voluntário apresentado, reitera os argumentos iniciais, acrescendo a Recorrente que autoridades administrativas têm competência para deixar de aplicar, em casos concretos, normas ilegais e/ou inconstitucionais que estejam sendo utilizadas para a constituição de crédito tributário, especialmente em hipótese como a dos autos, em que se busca aplicar dispositivo de lei cuja inconstitucionalidade já foi declarada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal. É o relatório. Voto Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Relatora O presente recurso preenche as condições de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Conforme se depreende dos autos, inicialmente deve se destacar que o objeto do presente recurso voluntário é questão de direito, ou seja a inclusão ou não das receitas decorrentes da variação cambial nas bases de cálculo do PIS e da Cofins, em vista do disposto no art. 9o da Lei n. 9718/1998, não havendo controvérsias em relação à sistemática utilizada pela fiscalização para o cálculo das variações cambiais. Ademais, consta que houve expressa manifestação da Recorrente de concordância em relação aos autos de infração do IRPJ e da CSLL. Como bem ressaltou a Recorrente, o cerne do litígio é a definição de “faturamento” para efeitos de composição da base de cálculo do PIS e da Cofins, nos termos da Lei n. 9718/98. Destarte, a Lei Complementar 70/91 prevê, em seu artigo 2º, que a Cofins “incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza”, ao passo que a Lei 9.718/98, a qual alargou a base de cálculo tanto da Cofins quanto da contribuição para o PIS para considerar, em seu artigo 3º, §1º que a receita bruta seria a totalidade das receitas auferidas pela pessoa, incluindose, por conseguinte, as decorrentes de variações cambiais. Fl. 628DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 6 O Pleno do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o incidente de inconstitucionalidade força do entendimento sedimentado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, nos Recursos Extraordinários n°s 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, em que se reconheceu a inconstitucionalidade da exigência do PIS e da COFINS, na vigência da Lei n° 9.718/98, declarandose o referido artigo 3º, §1º da Lei 9.718/98, inconstitucional, por haver um indevido alargamento da base de cálculo das contribuições. Nesse contexto, considerandose o entendimento sedimentado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, deve ser o seu acatamento em sede de processo administrativo fiscal, por força do disposto no art.62, parágrafo único, inciso I do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, como, inclusive, já decidiu a Câmara Superior de Recursos Fiscais, como se depreende da ementa a seguir transcrita, do Acórdão n. 930301.930: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1999 COFINS. RECEITAS ORIUNDAS DE VARIAÇÕES CAMBIAIS. LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO EM MOMENTO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI 10.833/03. Cabe aos membros do CARF afastarem a aplicação de dispositivo de lei que tenha sido declarado inconstitucional em sessão plenária de julgamento no STF, como foi o caso do artigo 3º, § 1º, da Lei 9.718/98, declarado inconstitucional no julgamento do RE 390.840. Antes da vigência da Lei 10.833/03 a Cofins apenas incidia sobre as receitas oriundas do exercício do objeto social da empresa, conforme disposição do artigo 2º da LC 70/91. Apenas após a vigência da Lei 10.833/03 é que a Cofins passou a incidir sobre a totalidade de receitas auferidas pela empresa, inclusive aquelas oriundas de variação cambial. Tendo o auto de infração sido lavrado em momento anterior à vigência da Lei 10.833/03, mister se faz considerar como base de cálculo da Cofins aquela prevista no artigo 2º da LC 70/91. Recurso Especial do Procurador Negado. Em face do exposto, dou provimento recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Fl. 629DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
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Numero do processo: 13896.910979/2011-00
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-000.924
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Fortaleza/CE que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte, a qual pretendeu a reforma do despacho decisório que, por sua vez, indeferiu a homologação da compensação de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Por bem consolidar os fatos ocorridos até a decisão da DRJ, colaciono o relatório do acórdão recorrido in verbis: Consta no referido Despacho Decisório o seguinte motivo para indeferimento do Pedido: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 96 .9 10 97 9/ 20 11 -0 0 Fl. 194DF CARF MF Processo nº 13896.910979/201100 Resolução nº 3402000.924 S3C4T2 Fl. 112 2 Contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. ... De acordo com a Defesa, as operações que destinem mercadorias à Zona Franca de Manaus – ZFM se equiparam, para todos os efeitos fiscais, a uma exportação para o exterior, conforme disposto no art. 4º da Decretolei nº 288/1967. O disposto no referido artigo foi recepcionado pelo art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, que garante a manutenção do referido benefício por prazo determinado. No entanto, o § 2º, inciso I, do art. 14 da Medida Provisória nº 1.858/1999, posteriormente reeditada pela Medida Provisória nº 2.037/2000, excluiu da isenção das receitas de exportação das Contribuições PIS/COFINS, as vendas efetuadas a Empresas instaladas na Zona Franca de Manaus. Ocorre que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento de Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.348, em 07/12/2000, por unanimidade, concedeu a liminar pleiteada, para “suspender a eficácia do artigo 51 da Medida Provisória nº 2.03724, de 23 de Novembro de 2000, relativamente ao inciso I do § 2º do artigo 14 quanto à expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ ”. Assim, tendo em vista a suspensão da eficácia do disposto no art. 14, § 2º, inciso I, quanto às Empresas instaladas na Zona Franca de Manaus, entende o Manifestante que restou assegurada a isenção das Contribuições PIS/COFINS sobre a receita de vendas efetuadas à Empresa estabelecida na citada região. Com efeito, nos termos do art. 165 do Código Tributário Nacional, deve ser reconhecido o direito à restituição dos valores indevidamente recolhidos pelo Manifestante. Sobreveio então o Acórdão 0831.112, da 3ª Turma da FOR/CE, negando provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, cuja ementa foi lavrada nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2000 Ementa: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. Mantémse o Despacho Decisório de não homologação da compensação, quando a Defesa não comprova a certeza e liquidez do crédito pretendido. Irresignada, a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho repisando os argumentos trazidos em sede de manifestação de inconformidade, bem como apresentando notas fiscais por amostragem que dizem respeito às vendas à Zona Franca de Manaus, o que, no seu entender, suprimiria o problema da falta de prova Fl. 195DF CARF MF Processo nº 13896.910979/201100 Resolução nº 3402000.924 S3C4T2 Fl. 113 3 É o relatório Voto Conselheiro Antônio Carlos Atulim, relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3402000.905, de 28 de março de 2017, proferida no julgamento do processo 13896.910963/201199, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu na Resolução 3402000.905: "Como se depreende do relato acima, o pedido de restituição da Recorrente fundase na alegação de ter tributado indevidamente a Contribuição ao PIS sobre receitas de vendas de produtos à estabelecimentos localizados na Zona Franca de Manaus, sendo que tais receitas seriam isentas pela legislação federal, uma vez que foram equiparadas às exportações (artigo 4º do Decreto lei nº 288/1967). Tal direito ao indébito, em tese, foi reconhecido pelo julgamento da DRJ, que somente não conferiu o direito em concreto por falta de provas a certeza e liquidez do crédito pretendido. Para suprir tal falta, a Recorrente trouxe em seu recurso voluntário cópias de notas fiscais de vendas, do período em questão, de bens para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus. Tais provas, apesar de induzirem à conclusão do direito ao crédito, não lhe confere certeza e liquidez, de modo que não foi completamente suprido o ônus da prova da Recorrente, nos moldes do artigo 373 do Código de Processo Civil, uma vez que se trata de pedido de restituição de indébito, de sua iniciativa. Assim é que tem decidido esse Colegiado, conforme se depreende do conteúdo do Acórdão 3402002.881. 1 Pelos os motivos acima expostos, justifico a necessidade de conversão do presente processo em diligência, como requer o artigo 18 caput do Decreto 70.235/72 (PAF), para o arremate do convencimento deste Colegiado sobre os fatos em discussão. Para tanto, devem ser tomadas as seguintes providências pela Repartição Fiscal de origem: i) analisar os documentos adequados para a verificação do crédito, quais sejam: o Demonstrativo de Apuração da Contribuição ao PIS, cópias das folhas dos livros fiscais (Registro de Saídas e de Apuração 1 Nas palavras do Conselheiro Relator do caso, Antonio Carlos Atulim: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade." Fl. 196DF CARF MF Processo nº 13896.910979/201100 Resolução nº 3402000.924 S3C4T2 Fl. 114 4 do ICMS ou do IPI) e contábeis (Razão) do respectivo período de apuração do crédito pleiteado, notas fiscais, entre outros; ii) elaborar relatório conclusivo a respeito do crédito pleiteado; iii) dar ciência do Relatório à Recorrente, abrindolhe prazo regulamentar para manifestação; e iv) devolver o processo para esta 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, 3ª Seção do CARF, para prosseguimento do julgamento. Importante registrar que os documentos apresentados pelo contribuinte no paradigma são os mesmos que instruem o presente processo, de tal sorte que os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso daquele também se justificam neste. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, determino a conversão do autos em diligência para que a Repartição Fiscal de origem adote as seguintes providências: i) analisar os documentos adequados para a verificação do crédito, quais sejam: o Demonstrativo de Apuração da Contribuição ao PIS/COFINS, cópias das folhas dos livros fiscais (Registro de Saídas e de Apuração do ICMS ou do IPI) e contábeis (Razão) do respectivo período de apuração do crédito pleiteado, notas fiscais, entre outros; ii) elaborar relatório conclusivo a respeito do crédito pleiteado; iii) dar ciência do Relatório à Recorrente, abrindolhe prazo regulamentar para manifestação; e iv) devolver o processo para esta 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, 3ª Seção do CARF, para prosseguimento do julgamento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Fl. 197DF CARF MF
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Numero do processo: 11050.000774/2009-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 22/06/2008, 10/07/2008, 18/08/2008
DESCUMPRIMENTO DO PRAZO PREVISTO NO ART. 24 DA LEI N° 11.457/07 NÃO ACARRETA NULIDADE DO LANÇAMENTO
O descumprimento do prazo de 360 dias para o julgamento de processos administrativos, previsto no art. 24 da Lei n° 11.457/07, não acarreta em nulidade do lançamento tributário, o que ocorreria tão somente se estivesse presente ao menos uma das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto n° 70.235/72.
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. NÃO APLICÁVEL AO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SÚMULA CARF N° 11
A prescrição intercorrente não se aplica ao processo administrativo fiscal, nos termos da Súmula CARF n° 11.
ATRASO NA INFORMAÇÃO DE QUATRO C. E. GENÉRICOS. MULTA INCIDENTE SOBRE CADA UMA DAS INFRAÇÕES. NÃO CARACTERIZAÇÃO DO BIS IN IDEM
O art. 17 da IN n° 800/07 estabelece que seja apresentada informação concernente a cada um dos conhecimentos eletrônicos genéricos, a despeito de pertencerem eventualmente à mesma escala ou manifesto eletrônico. E, para o descumprimento do prazo aplicável a cada um dos conhecimentos eletrônicos, incide a multa regulamentar de R$ 5.000,00.
Não se configura o fenômeno do bis in idem, posto que trata-se de multas aplicadas sobre condutas infracionais distintas.
Embargos Acolhidos em Parte
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 3301-003.246
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos, para sanar o vício de omissão concernente `a não-apreciação de alegações apresentadas no recurso voluntário, porém, no mérito, negar-lhe provimento.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 22/06/2008, 10/07/2008, 18/08/2008 DESCUMPRIMENTO DO PRAZO PREVISTO NO ART. 24 DA LEI N° 11.457/07 NÃO ACARRETA NULIDADE DO LANÇAMENTO O descumprimento do prazo de 360 dias para o julgamento de processos administrativos, previsto no art. 24 da Lei n° 11.457/07, não acarreta em nulidade do lançamento tributário, o que ocorreria tão somente se estivesse presente ao menos uma das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto n° 70.235/72. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. NÃO APLICÁVEL AO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SÚMULA CARF N° 11 A prescrição intercorrente não se aplica ao processo administrativo fiscal, nos termos da Súmula CARF n° 11. ATRASO NA INFORMAÇÃO DE QUATRO C. E. GENÉRICOS. MULTA INCIDENTE SOBRE CADA UMA DAS INFRAÇÕES. NÃO CARACTERIZAÇÃO DO BIS IN IDEM O art. 17 da IN n° 800/07 estabelece que seja apresentada informação concernente a cada um dos conhecimentos eletrônicos genéricos, a despeito de pertencerem eventualmente à mesma escala ou manifesto eletrônico. E, para o descumprimento do prazo aplicável a cada um dos conhecimentos eletrônicos, incide a multa regulamentar de R$ 5.000,00. Não se configura o fenômeno do bis in idem, posto que tratase de multas aplicadas sobre condutas infracionais distintas. Embargos Acolhidos em Parte Crédito Tributário Mantido AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 0. 00 07 74 /2 00 9- 16 Fl. 199DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 11 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos, para sanar o vício de omissão concernente `a nãoapreciação de alegações apresentadas no recurso voluntário, porém, no mérito, negarlhe provimento. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Fl. 200DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 12 3 Relatório Tratase de Embargos de Declaração (fls. 188 a 190), fundado no art. 65 do Anexo II da Portaria n° 343/2015 (Regimento Interno do CARF RICARF), opostos em face do Acórdão de nº 3803005.558 (fls. 163 a 169), de 26 de fevereiro de 2014, da 3ª Turma Especial desta 3ª Seção de Julgamento, que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário. O processo versa sobre a lavratura de auto de infração (fls. 3 a 15) para cobrança de multa regulamentar de R$ 25.000,00, prevista na alínea "e" do art. 107 do Decreto lei n° 37/66, em razão de atraso no provimento de informações acerca da desconsolidação de carga, previsto no art. 17 da IN n° 800/07. O Acórdão embargado foi assim ementado: "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 22/06/2008, 10/07/2008, 18/08/2008 AGENTE DE CARGA. TRANSPORTADOR. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PRAZO. DESCUMPRIMENTO. MULTA ADMINISTRATIVA. SUJEIÇÃO. A agência de cargas desconsolidadora nacional da carga que a si estava consignada atua na categoria de transportador, devendo observar o prazo exigido deste para a prestação da informação da carga transportada, que compreende a desconsolidação. O seu descumprimento enseja a aplicação da multa legalmente prevista. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso." Consta nos embargos de declaração (fls. 188 a 190) que o acórdão embargado teria deixado de apreciar as seguintes alegações apresentadas no recurso voluntário (fls 121 a 134), incorrendo em omissão e, assim, justificando a interposição dos embargos (art.65 do RICARF): "a) a arguição de nulidade do lançamento fiscal, em razão da inobservância do prazo estabelecido no artigo 24 da Lei 11.457/2007 para julgamento do Recurso Voluntário apresentado pela Embargante (itens 04 a 12 do Recurso Voluntário); b) a arguição de prescrição intercorrente, devidamente fundamentada nos itens 13 a 16 do Recurso Voluntário; c) a natureza jurídica da responsabilidade por infrações e sua aplicabilidade no caso em tela, debatidos especificadamente nos itens 17 a 23 do Recurso Voluntário e; Fl. 201DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 13 4 d) a possibilidade ou impossibilidade de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea no presente caso, em especial pela nova redação conferida ao artigo 102, §2º, do DecretoLei 37/1966 pela Lei 12.350/2010, debatido especificadamente nos itens 28 a 31 do Recurso Voluntário, e; e) a possibilidade de redução da penalidade imposta de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para R$ 15.000,00 (quinze mil reais), em razão da vedação do bis in idem (itens 45 a 51 do Recurso Voluntário)." Nas fls. 223 a 224, encontrase o despacho, por meio do qual o Presidente 3ª TE/3ª Seção/CARF admitiu os embargos, reconhecendo, entretanto, tão somente a ocorrência das omissões indicadas nas letras "a", "b" e "e" do excerto acima transcrito. É o relatório. Fl. 202DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 14 5 Voto Conselheiro Relator Marcelo Costa Marques d'Oliveira De acordo com o despacho de admissibilidade (fls. 223 a 224), a 3ª TE/3ª Seção/CARF deixou de apreciar as alegações contidas nos itens 4 ao 16 e 45 ao 51 do recurso voluntário (fls. 121 a 134) e assim sumarizadas nas letras "a", "b" e "e" do item 3 dos embargos de declaração (fl. 189): "a) a arguição de nulidade do lançamento fiscal, em razão da inobservância do prazo estabelecido no artigo 24 da Lei 11.457/2007 para julgamento do Recurso Voluntário apresentado pela Embargante (itens 04 a 12 do Recurso Voluntário); b) a arguição de prescrição intercorrente, devidamente fundamentada nos itens 13 a 16 do Recurso Voluntário; (. . .) e) a possibilidade de redução da penalidade imposta de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para R$ 15.000,00 (quinze mil reais), em razão da vedação do bis in idem (itens 45 a 51 do Recurso Voluntário)." Da leitura do recurso voluntário e do Acórdão nº 3803005.558, verificase que realmente ocorreram as omissões indicadas no despacho. Assim sendo, nos termos do art. 65 do RICARF, tomo conhecimento dos presentes embargos de declaração, para que esta turma aprecie alegações contidas no excerto dos embargos de declaração acima reproduzido. Os fatos que ensejaram a lavratura do auto de infração e a fundamentação legal encontramse nele detalhadamente narrados (fls. 7 a 9), como segue: Fl. 203DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 15 6 Fl. 204DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 16 7 Fl. 205DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 17 8 Importante mencionar que a DRJ reduziu a multa de R$ 25.000,00 para R$ 20.000,00, em razão de terem sido aplicadas duas multas de R$ 5.000,00 pela desconsolidação efetuada a destempo do Conhecimento Eletrônico Genérico n° 210.805.154.609.347. Descritas as infrações e apresentada a fundamentação legal, passemos às alegações objetos dos embargos de declaração. "A) A ARGUIÇÃO DE NULIDADE DO LANÇAMENTO FISCAL, EM RAZÃO DA INOBSERVÂNCIA DO PRAZO ESTABELECIDO NO ARTIGO 24 DA LEI 11.457/2007 PARA JULGAMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO APRESENTADO PELA EMBARGANTE (ITENS 04 A 12 DO RECURSO VOLUNTÁRIO);" "B) A ARGUIÇÃO DE PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE, DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA NOS ITENS 13 A 16 DO RECURSO VOLUNTÁRIO;" A embargante alega que protocolizou a impugnação ao auto de infração no dia 13/05/09 (fl. 67) e que esta foi julgada tão somente na sessão do dia 06/06/12 (fl. 104), descumprindose, assim, o prazo de 360 dias estabelecido pelo art. 24 da Lei n° 11.457/07, a saber: "Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte. § 1o (VETADO) § 2o (VETADO)" Em razão do descumprimento do citado prazo legal para julgamento da impugnação, pleiteia que o lançamento seja declarado nulo. Robustece sua alegação, recorrendo ao princípio da eficiência processual, albergado no inciso LXXVIII do art. 5° da Constituição Federal e à manifestação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em sede dos EDcl no AgRg no REsp 1090242/SC, de cuja ementa extraio os trechos destacados pela embargante: "(. . .) " 3. A conclusão de processo administrativo em prazo razoável é corolário dos princípios da eficiência, da moralidade e da razoabilidade. (. . .) 7. Deveras, ostentando o referido dispositivo legal natureza processual fiscal, há de ser aplicado imediatamente aos pedidos, defesas ou recursos administrativos pendentes. 8. Destarte, tanto para os requerimentos efetuados anteriormente à vigência da Lei 11.457/07, quanto aos pedidos protocolados após o advento do referido diploma legislativo, o Fl. 206DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 18 9 prazo aplicável é de 360 dias a partir do protocolo dos pedidos (art. 24 da Lei 11.457/07)." Adicionalmente, também como consequência do interregno de tempo entre a data da apresentação da impugnação e seu julgamento, requer o cancelamento do auto de infração, com o arquivamento do processo, em virtude da ocorrência da "prescrição intercorrente" (§ 1° do art. 1° da Lei n° 9.873/99), a saber: "Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. § 1o Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso. (. . .)" (g.n.) Não assiste razão à embargante. Não obstante o fato de reconhecer que o art. 24 da Lei n° 11.457/07 deve ser obrigatoriamente observado, no âmbito do processo administrativo fiscal, entendo que seu descumprimento não tem o condão de eivar de nulidade o lançamento tributário. Para tanto, haveria que se identificar algum dos vícios previstos no art. 59 do Decreto n° 70.235/72, o que, todavia, não ocorreu. Com efeito, assim dispõe o art. 59 do Decreto n° 70.235/72: "Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa." Neste sentido, encontramse os Acórdãos n° 2202003.404 (12/05/16), cuja ementa está abaixo reproduzida, 1801002.315 (04/03/15), 1301001.697 (23/10/14) e 2102003.031 (17/07/14): "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007 NULIDADE DA DECISÃO ADMINISTRATIVA PROFERIDA APÓS O PRAZO DE 360 DIAS PREVISTO NO ARTIGO 24 DA LEI Nº 11.457, DE 2007. INOCORRÊNCIA. O conteúdo do dispositivo é programático, não fixando o artigo 24 da Lei nº 11.457, de 2007, quais seriam as conseqüências objetivas de sua inobservância. Assim, não impõe à Administração Pública a perda de seu poderdever de julgar Fl. 207DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 19 10 processos administrativos no caso de escoado o prazo impróprio trazido no referido dispositivo. Outrossim, prevalece sobre a Lei n° 11.457/07, o Decreto n. 70.235/72, que trata especificamente sobre o processo administrativo fiscal federal, que, em seu artigo 59, estabelece taxativamente as hipóteses de nulidade do ato administrativo concernente." Também não procede a alegação de que o processo deveria ser arquivado, pela incidência da prescrição intercorrente, dado o disposto na Súmula CARF n° 11, à qual se vincula este colegiado: "Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal." Com base no acima exposto, nego provimento às alegações contidas nas letras "a" e "b"do item 3 dos embargos de declaração. "E) A POSSIBILIDADE DE REDUÇÃO DA PENALIDADE IMPOSTA DE R$ 20.000,00 (VINTE MIL REAIS) PARA R$ 15.000,00 (QUINZE MIL REAIS), EM RAZÃO DA VEDAÇÃO DO BIS IN IDEM (ITENS 45 A 51 DO RECURSO VOLUNTÁRIO)." Extraio trechos do recurso voluntário, que contém o núcleo dos argumentos da embargante: "(. . .) (. . .) Fl. 208DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 20 11 (. . .) A questão foi muito bem examinada pela DRJ em Florianópolis (SC), que, inclusive, reduziu a multa apurada pela fiscalização de R$ 25.000,00 para R$ 20.000,00, em razão de o agente fiscal ter computado a multa para o atraso na informação do Conhecimento Eletrônico Agregado n° 210.805.154.609.347 em duplicidade. Extraio os pertinentes excertos do Acórdão DRJ n° 0729.184, dos quais faço minha razão de decidir: "(. . .) A presente autuação está lastreada na alínea “e”, inciso IV, do artigo 107 do DecretoLei n° 37/66, com redação dada pelo artigo 77 da Lei n° 10.833/03. Traz a seguinte redação: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e ...(Grifos acrescidos) Observese que a Lei claramente estabeleceu que a informação deve ser prestada na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. Fl. 209DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 21 12 Por sua vez, a redação dos artigos 22 (fatos geradores a partir de 01/04/2009) e 50 (fatos geradores até 31/03/2009) da Instrução Normativa RFB n° 800/07 são claros ao determinar prazos para que as informações em apreço sejam devidamente apresentadas: Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: I as relativas ao veículo e suas escalas, cinco dias antes da chegada da embarcação no porto; e II as correspondentes ao manifesto e seus CE, bem como para toda associação de CE a manifesto e de manifesto a escala: a) cinco horas antes da saída da embarcação, para os manifestos e respectivos CE a carregar em porto nacional, em caso de cargas despachadas para exportação, quando o item de carga for granel; b) dezoito horas antes da saída da embarcação, para os manifestos e respectivos CE a carregar em porto nacional, em caso de cargas despachadas para exportação, para os demais itens de carga; c) cinco horas antes da saída da embarcação, para os manifestos CAB, BCN e ITR e respectivos CE; d) quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação, para os manifestos e respectivos CE a descarregar em porto nacional, ou que permaneçam a bordo; e III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. (...) Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009.(Redação dada pela IN RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. ... (Grifos acrescidos) Neste ponto é salutar esclarecer que embora o caput do artigo 50 da Instrução Normativa RFB nº 800/07 tenha expressamente postergado a vigência do artigo 22 para 1º/04/2009, o Parágrafo único deste mesmo artigo estabeleceu prazo inequívoco (antes da atracação da embarcação em porto no País) para prestação das informações Fl. 210DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 22 13 relacionadas às cargas; portanto, embora não se aplique o prazo previsto no artigo 22 (48 horas), há que se respeitar o prazo determinado no artigo 50 (antes da atracação). Logo, não se acata a alegação de que a norma ainda não estava vigente, a fiscalização não aplicou, no presente caso, a regra prevista no artigo 22, mas sim aquela contida no Parágrafo único do artigo 50. (. . .) Quanto à importância da prestação correta e tempestiva da informação relacionada a desconsolidação do Conhecimento Eletrônico, a Instrução Normativa RFB nº 800/07 é clara ao estabelecer que a mercadoria existente a bordo do veículo só será considerada manifestada se a carga tiver sido informada nos termos por ela definidos; também é clara ao exigir a informação da desconsolidação da carga. É o que se vislumbra dos artigos 10 e 17 do citado ato normativo: Art. 10. A informação da carga transportada no veículo compreende: (...) III a informação dos conhecimentos eletrônicos; IV a informação da desconsolidação; e (...) § 4º A mercadoria somente será considerada manifestada, para efeitos legais, quando a carga tiver sido informada nos termos do caput e demais disposições desta Instrução Normativa, observados, ainda, outras normas estabelecidas na legislação específica. (...) Art. 17. A informação da desconsolidação da carga manifestada compreende: I a identificação do CE como genérico, pela informação da quantidade de seus conhecimentos agregados; e II a inclusão de todos os seus conhecimentos eletrônicos agregados. ... (Grifos acrescidos)" A multa em trato, que pune a omissão do agente de carga, na sua obrigação de informar a desconsolidação do Conhecimento Eletrônico genérico ou master dentro de determinado prazo, pretende disciplinar a apresentação tempestiva do registro das informações no sistema para fins de evidente controle aduaneiro e tributário. A infração está plenamente caracterizada na conduta realizada pela interessada; havia prazo certo para apor no sistema as informações. A interessada deixou de prestar informação sobre a carga transportada no veículo na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (. . .) Como se sabe, a administração pública regese pelo princípio da estrita legalidade (CF, artigo 37, caput), especialmente em matéria de administração Fl. 211DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 23 14 tributária, que é uma atividade administrativa plenamente vinculada (Lei n° 5.172/66 – Código Tributário Nacional (CTN), artigos 3o e 142, parágrafo único). Portanto, considerando o erro cometido, e a disposição legal, há que se registrar que os fatos se subsumem à hipótese legal. Por outro lado, a aplicação da multa em apreço tem relação direta com a informação relacionada à desconsolidação de Conhecimento Eletrônico genérico, compreendendo (artigo 17 da Instrução Normativa RFB n° 800/07): a identificação do Conhecimento Eletrônico como genérico, pela informação da quantidade de seus conhecimentos agregados; e, a inclusão de todos os seus Conhecimentos Eletrônicos agregados. Em outras palavras, a multa em trato, no que diz respeito à informação da desconsolidação, tem relação direta com o Conhecimento Eletrônico genérico e não com as informações prestadas nos diversos Conhecimentos Eletrônicos agregados ou filhotes (house) que em verdade são o resultado da operação de desconsolidação. Logo, independentemente do número de Conhecimentos Eletrônicos agregados gerados na operação de desconsolidação, a multa em trato será aplicada em relação ao Conhecimento Eletrônico genérico que deixou de ser desconsolidado no prazo determinado. O caso dos autos trata da informação de desconsolidação de 04 Conhecimentos Eletrônicos genéricos distintos, assim, deve ser mantida apenas a parte do crédito tributário correspondente a tais informações prestadas fora do prazo determinado na norma de regência, devendo ser excluído o valor de R$ 5.000,00, correspondente à parte restante." (g.n.) Conforme acima exposto, de acordo com a legislação aplicável, a embargante tinha o dever de prestar informações sobre quatro Conhecimentos Eletrônicos Genéricos, até a data da atracação das embarcações. E comina multa específica para a prestação fora do prazo, sendo irrelevante que os conhecimentos digam respeito à mesma escala ou manifesto eletrônico, tal qual aduziu a embargante. Foram quatro condutas infracionais que resultaram na aplicação de quatro multas distintas. Assim, não há que se falar na ocorrência de bis in idem. Portanto, nego provimento aos argumentos contidos na letra "e" do item 3 dos embargos de declaração. CONCLUSÃO De todo exposto, voto no sentido de acolher parcialmente os embargos, para sanar o vício de omissão concernente `a nãoapreciação das alegações apresentadas no recurso voluntário e indicadas nas letras "a", "b" e "e" do item 3 dos embargos de declaração (fl. 189), acima reproduzidas, porém, no mérito, negarlhe provimento, mantendo a cobrança da multa regulamentar prevista no inciso IV do art. 107 do Decretolei n° 37/66 no montante de R$ 20.000,00. É como voto. Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira Fl. 212DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 24 15 Fl. 213DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 36216.000033/2006-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/05/2000 a 31/05/2002
MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ERRO MATERIAL. CONSTATAÇÃO. RECEPCIONADOS EMBARGOS INOMINADOS. ARTIGO 66 RICARF. CORREÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO.
Nos termos do artigo 66 do Regimento Interno do CARF, restando comprovada a existência de erro material no Acórdão guerreado, cabem embargos inominados para sanear o lapso manifesto na conclusão, bem como no dispositivo da decisão embargada.
Impõe-se o conhecimento da manifestação de inconformidade formalizada pela autoridade fazendária de origem, uma vez que devidamente fundamentada nos preceitos inscritos no artigo 66 do RICARF, o qual contempla pressupostos de conhecimento específicos e bem distintos dos Embargos de Declaração inseridos no artigo 65 do mesmo Regimento, devendo, portanto, ser analisados de maneira absolutamente apartada.
Embargos Acolhidos.
Numero da decisão: 2401-004.617
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos de declaração, para, no mérito, acolhê-los, com efeitos infringentes, para sanando a contradição apontada, corrigir o dispositivo do acórdão para "ACORDAM os Membros da SEXTA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazari - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros:, Miriam Denise Xavier Lazari, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Marcio de Larceda Martins, Andre Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/2000 a 31/05/2002 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ERRO MATERIAL. CONSTATAÇÃO. RECEPCIONADOS EMBARGOS INOMINADOS. ARTIGO 66 RICARF. CORREÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO. Nos termos do artigo 66 do Regimento Interno do CARF, restando comprovada a existência de erro material no Acórdão guerreado, cabem embargos inominados para sanear o lapso manifesto na conclusão, bem como no dispositivo da decisão embargada. Impõese o conhecimento da manifestação de inconformidade formalizada pela autoridade fazendária de origem, uma vez que devidamente fundamentada nos preceitos inscritos no artigo 66 do RICARF, o qual contempla pressupostos de conhecimento específicos e bem distintos dos Embargos de Declaração inseridos no artigo 65 do mesmo Regimento, devendo, portanto, ser analisados de maneira absolutamente apartada. Embargos Acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 36 21 6. 00 00 33 /2 00 6- 75 Fl. 693DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos de declaração, para, no mérito, acolhêlos, com efeitos infringentes, para sanando a contradição apontada, corrigir o dispositivo do acórdão para "ACORDAM os Membros da SEXTA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazari Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros:, Miriam Denise Xavier Lazari, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Marcio de Larceda Martins, Andre Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 694DF CARF MF Processo nº 36216.000033/200675 Acórdão n.º 2401004.617 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório BASF S/A, contribuinte, teve contra si lançado Crédito Previdenciário referente às contribuições previdenciárias devidas ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS e destinadas à Seguridade Social, na forma da legislação em vigor, relativas à retenção de 11%, incidentes sobre o valor bruto dos serviços contidos nas notas fiscais, faturas ou recibos, na contratação de serviços prestados mediante cessão de mãodeobra ou empreitada, no período de 05/2000 a 05/2002, conforme disposto no art. 31, § 3o da Lei n° 8212/91, com a redação dada pela Lei n° 9.711/98. Após regular processamento, a Egrégia Sexta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes entendeu por bem DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário da contribuinte no Acórdão nº 20600.112, o qual restou assim ementado: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/2000 a 31/05/2002 Ementa: PREVIDENCIÁRIO. CONSTRUÇÃO CIVIL CESSÃO DE MÃODEOBRA. OU EMPREITADA. RETENÇÃO. OBRIGATORIEDADE. JUROS SELIC. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. DECLARAÇÃO. VEDAÇÃO. 1 De acordo com o artigo 34 da Lei n° 8212/91, as contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas elo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal e lançamento, pagas com atraso ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. 2 Nos termos do art. 49 do Regimento Interno deste Conselho é vedado ao Conselho afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto sob o fundamento de inconstitucionalidade, sem que tenham sido assim declaradas pelos órgãos competentes. A matéria encontrase sumulada, de acordo com a Súmula n° 2 do 2o Conselho de Contribuintes. 3 Consoante disposto no art. 31 da Lei n° 8212/91, com a redação dada pela Lei n° 9711/98, a empresa contratante de serviços de execução de obra de construção civil mediante cessão de mão de obra ou empreitada deverá reter 11 % do valor bruto da Nota Fiscal ou Fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida até o dia dois do mês seguinte ao da emissão da nota fiscal ou fatura, em nome da empresa cedente de mãodeobra. Recurso Voluntário Provido. Fl. 695DF CARF MF 4 Devidamente intimada em 01/07/2008, a Procuradoria da Fazenda Nacional não apresentou qualquer recurso. Igualmente, a contribuinte fora cientificada do acórdão supracitado sem se manifestar. Tendo o acórdão sido encaminhado para execução, a Equipe de Orientação da Recuperação de Créditos da DERAT de São Paulo, em 26/08/2008, elaborou manifestação alegando a existência de contradição entre a decisão contida no referido Acórdão nº 206 00.112 e os seus fundamentos. Com o regresso dos presentes autos, a Ilma. Relatora entendeu por bem negar conhecimento aos embargos de declaração em virtude de sua intempestividade. Inconformada, a DERATSPO/DICAT/EQREC oferece nova manifestação às fls. 599/600 alegando, em síntese, que: (i) a Ilma. Relatora não chegou a examinar o acórdão para efetivamente verificar a contradição apontada, nos exatos termos do despacho do Sr. Presidente da Quarta Câmara da Segunda Seção, pois apenas abordou a admissibilidade do recurso como embargos de declaração, quanto ao prazo previsto para sua interposição e fez constar a data de 01/07/2008 como sendo a data da ciência do acórdão por esta Equipe de Orientação da Recuperação de Crédito EQREC, data que consta no despacho fl. 594, que se refere a um trânsito indevido do processo que começou pelo encaminhamento incorreto do próprio CARF para a DRFSão Bernardo do Campo e desta para a Equipe de Controle e Cobrança de Créditos Tributários DERATSPO/DICAT/EQCOB, um outro encaminhamento incorreto, antes do processo efetivamente chegar a esta equipe; e (ii) a oposição de embargos de declaração para sanar inexatidões materiais independe de prazo, podendo ser evidenciada até mesmo quando formada a coisa julgada material. Conclui que o acórdão não pode ser cumprido da forma como se encontra sob pena de risco de um dano irreversível, que seria a baixa do débito cujas alegações de sua insubsistência foram claramente refutadas pela instância julgadora competente; pois de outra forma, se não corrigido o acórdão, resta a esta Equipe de Orientação da Recuperação de Crédito EQREC informar ao contribuinte que o débito foi claramente mantido, e que desconsidere a informação "darlhe provimento" e considere a informação correta "negar provimento", e que estaria caracterizada aquela mera irregularidade que nem mesmo precisa ser sanada. Crédito EQREC informar ao contribuinte que o débito foi claramente mantido, e que desconsidere a informação "darlhe provimento" e considere a informação correta "negar provimento", e que estaria caracterizada aquela mera irregularidade que nem mesmo precisa ser sanada. Foram apresentadas contrarrazões do contribuinte às fls. 637/652. De início, esclareço que o Acórdão objeto de análise teve como Relatora a Conselheira Cleuza Vieira de Souza, não integrante mais deste Colegiado, bem como o Conselheiro Igor Araújo Soares que analisou preliminarmente tal manifestação também não integrar mais este Tribunal, razão pela qual o presente processo foi a minha pessoa redistribuído. Os "embargos" foram apresentados intempestivamente, entretanto, da análise do inteiro teor do Acórdão em referência observase a patente ocorrência de erro material (contradição) constante de sua parte dispositiva e os fundamentos da decisão: Fundamento: Por fim o lançamento obedeceu aos critérios estabelecidos pela legislação previdenciária, especialmente aqueles do art. 37, da Fl. 696DF CARF MF Processo nº 36216.000033/200675 Acórdão n.º 2401004.617 S2C4T1 Fl. 4 5 Lei n. ° 8.212/91 e assim, a despeito da argumentação apresentada pelo recorrente, não vejo nela qualquer fundamento que possa julgar totalmente insubsistente a NFLD, ou levar à desconstituição do crédito previdenciário ora atacado, uma vez que se encontra revestido das formalidades legais exigidas para a sua constituição. Parte dispositiva: ACORDAM os Membros da SEXTA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Conforme se depreende dos elementos que instruem o processo, constatase que a pretensão da DERAT merece recebimento, impondo seja conhecida a Manifestação de Inconformidade, como Embargos Inominados, com o fito de sanear a contradição incorrida no Acórdão guerreado, uma vez que fundamentados no art. 66 do RICARF. Por fim, pugna pelo recebimento e acolhimento da manifestação, para que a Turma recorrida se pronuncie a respeito da contradição suscitada, capaz de justificar a conclusão levada a efeito no resultado final do julgamento. Submetido à análise de admissibilidade, por parte do nobre Conselheiro Igor Araújo Soares, este entendeu por bem acolher o pleito da DERAT inscritos e recepcionados como Embargos Inominados, propondo inclusão em nova pauta de julgamento para sanear a contradição apontada, nos termos do Despacho de efls. 681/684 e o Despacho deste Conselheiro "ad hoc" de efls. 688/691. Distribuídos os presentes Embargos, ad hoc, a este Relator já com Despacho de acolhimento e determinação de inclusão em pauta, consoante Despacho encimado, assim o faço. É o relatório. Fl. 697DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que os embargos foram apresentados intempestivamente, entretanto, da análise do inteiro teor do Acórdão em referência observase a patente ocorrência de erro material (contradição), por conseguinte, impondo sejam conhecida a Manifestação de Inconformidade, como Embargos Inominados, com o fito de sanear a contradição incorrida no Acórdão guerreado. Vejase o teor do artigo 66 do Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Art. 66. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. Nas razões da manifestação, fundamentada no art. 66 do Regimento, pretende a Autoridade Administrativa incumbida da execução do acórdão proferido pelo Antigo Conselho de Contribuintes sejam conhecidos seus Embargos, insurgindose contra o Acórdão recorrido, por entender ter havido a ocorrência de manifesto erro material no dispositivo, eis que o crédito exonerado do lançamento, pela leitura do corpo, deveria ter sido mantido, diferentemente o que diz a conclusão. Por fim, pugna pelo recebimento e acolhimento da presente manifestação, para que a Turma recorrida se pronuncie a respeito da contradição apontada, de modo a sanar o manifesto erro. Como já devidamente lançado no Despacho que propôs o acolhimento dos presentes Embargos, o Conselheiro Dr. Igor Araújo Soares constatou que houve contradição, inclusive, já se manifestando quanto ao seu posicionamento. Nesse sentido, procedem os Embargos Inominados opostos pelo representante da DERAT, impondo seja acolhida sua pretensão para que aludida omissão seja devidamente saneada. Com efeito, por este acórdão devese prover a correção da inexatidão material devida a lapso manifesto de erro de escrita do dispositivo, questão objetiva sobre a qual não paira dúvida. A leitura das razões de decidir do Acórdão 20600.112, bem como o conteúdo da ementa levam à hialina conclusão: o dever da empresa contratante de serviços de execução de obra de construção civil mediante cessão de mão de obra ou empreiteira reter 11% sobre o valor bruto da NF, ou seja, o pleito da não retenção pretendido pelo Contribuinte foi negado, tendo sido, portanto, negado provimento ao recurso voluntário, vejamos o que diz a ementa, in verbis: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/2000 a 31/05/2002 Ementa: Fl. 698DF CARF MF Processo nº 36216.000033/200675 Acórdão n.º 2401004.617 S2C4T1 Fl. 5 7 PREVIDENCIÁRIO. CONSTRUÇÃO CIVIL CESSÃO DE MÃO DEOBRA. OU EMPREITADA. RETENÇÃO. OBRIGATORIEDADE. JUROS SELIC. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. DECLARAÇÃO. VEDAÇÃO. 1 De acordo com o artigo 34 da Lei n° 8212/91, as contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas elo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal e lançamento, pagas com atraso ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. 2 Nos termos do art. 49 do Regimento Interno deste Conselho é vedado ao Conselho afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto sob o fundamento de inconstitucionalidade, sem que tenham sido assim declaradas pelos órgãos competentes. A matéria encontrase sumulada, de acordo com a Súmula n° 2 do 2o Conselho de Contribuintes. 3 Consoante disposto no art. 31 da Lei n° 8212/91, com a redação dada pela Lei n° 9711/98, a empresa contratante de serviços de execução de obra de construção civil mediante cessão de mão de obra ou empreitada deverá reter 11 % do valor bruto da Nota Fiscal ou Fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida até o dia dois do mês seguinte ao da emissão da nota fiscal ou fatura, em nome da empresa cedente de mãodeobra.(grifamos) Para excluir quaisquer dúvidas, o corpo do acórdão embargo é claro ao tratar da matéria, não se manifestando em nenhum momento em provimento ao recurso voluntário, mas sim sempre em consonância com os preceitos legais quanto o dever da retenção e recolhimento, vejamos: "Superada a liminar, passo à análise das razões de mérito. Conforme relatado, tratase de Crédito Previdenciário lançado contra a empresa em epígrafe, que, de acordo com o relatório fiscal, fls. 44/47, referese às contribuições previdenciárias devidas ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS e destinadas à Seguridade Social, na forma da legislação em vigor, relativas à retenção de 11%, incidentes sobre o valor bruto dos serviços contidos nas notas fiscais, faturas ou recibos, na contratação de serviços prestados mediante cessão de mão deobra, no período de 05/2000 a 05/2002, conforme disposto no art. 31, § 3o da Lei n° 8212/91, com a redação dada pela Lei n° 9.711/98. A obrigatoriedade da retenção de 11% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços executados mediante cessão de mão de obra, está prevista no art. 31 da Lei n° 8212/91, com a redação dada pela Lei n° 9711/98, abaixo transcrito, que estabeleceu a responsabilidade tributária por Fl. 699DF CARF MF 8 substituição do tomador de serviços executados mediante cessão de mãodeobra, que confere a esse tomador o dever de antecipar o recolhimento das contribuições incidentes sobre a remuneração percebida pelos segurados da prestadora, na execução dos seviços contratados. (...) Portanto inconteste é a obrigação previdenciária da empresa tomadora de serviços mediante cessão de mãodeobra de reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal" ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida até o dia 2 do mês subseqüente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, em nome da empresa cedente de mãodeobra, ficando diretamente responsável pelo que deixar de recolher. Justamente, pelo fato de o contratante passar a ser sujeito passivo da obrigação previdenciária, tornase irrelevante, para fins de aferição do cumprimento da obrigação principal, o fato de a prestadora ter ou não efetuado o recolhimento das suas contribuições sobre a folha de pagamento. (...) Entretanto, mesmo que assim não fosse, no presente caso não há como.negar a existência da cessão de mãodeobra, eis que o contrato de prestação de serviços ( fls. 70), não deixa qualquer dúvida de como os serviços contratados são prestados, especialemnte pelo que se pode destacar do seu item 6.1 "fornecer por empregados seus, devidamente registradaos, toda a equipe de trabalho necessária à execução dos serviços (...)" o objeto do contrato é a prestação de serviços de construção civil e correlatos, com fornecimento de ferramentas e equipamentos.(grifei). Cabe ainda, salientar que, não se considera cessão de mãode obra e, via, de conseqüência, não haveria retenção, apenas quando a contratação de construção civil em que a empresa construtora assuma a responsabilidade direta e total pela obra ou repasse o contrto integralmente, casos em que aplicase a responsabilidade solidária prevista no artigo 30 inciso VI da Lei n° 8212/91 e art. 220 do RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, o que no presente caso não ocorreu, conforme contrato de prestação de serviços e notas fiscais presentes nos autos. Por fim o lançamento obedeceu aos critérios estabelecidos pela legislação previdenciária, especialmente aqueles do art. 37, da Lei n. ° 8.212/91 e assim, a despeito da argumentação apresentada pelo recorrente, não vejo nela qualquer fundamento que possa julgar totalmente insubsistente a NFLD, ou levar à desconstítuíção do crédito previdenciário ora atacado, uma vez que se encontra revestido das formalidades legais exigidas para a sua constituição. (...)" Embora todo o fundamento acima transcrito, bem como a ementa encimada, tratarem pela manutenção do lançamento e eventual não provimento do recurso, a conclusão do voto dispõe: Fl. 700DF CARF MF Processo nº 36216.000033/200675 Acórdão n.º 2401004.617 S2C4T1 Fl. 6 9 "CONCLUSÃO: pelo exposto VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO, para no mérito, DARLHE PROVIMENTO, reformando, em conseqüência, a Decisão Notificação DN n° 21.434.4/0063/2006." Conseqüentemente a parte dispositiva repetiu a conclusão e diz: "ACORDAM os Membros da SEXTA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso". Como se observa, a menção "DARLHE PROVIMENTO" ao final do acórdão embargado constitui evidente erro material, devendo ser sanado, pela sua retirada do texto em questão, a restar a seguinte forma: CONCLUSÃO: pelo exposto VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO, para no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. Por todo o exposto VOTO NO SENTIDO DE ACOLHER OS EMBARGOS INOMINADOS de acordo com o artigo 66 do RICARF, para corrigir a parte dispositiva do acórdão, antes escrita como: “ACORDAM os Membros da SEXTA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso” , para que passe a ler lida como “ACORDAM os Membros da SEXTA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.” É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira. Fl. 701DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12466.003452/2008-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 15/10/2003, 22/10/2003, 30/10/2003, 10/11/2003, 17/11/2003, 19/11/2003, 26/11/2003, 01/12/2003
RECURSO DE OFÍCIO NÃO CONHECIDO. VALOR DE ALÇADA. PORTARIA MF Nº 63 DE 09 DE FEVEREIRO DE 2017.
O Recurso de Ofício não alcança o limite de R$2.500.000,00 (dois milhões e meio de reais) ampliado pela Portaria MF nº 63 de 09 de fevereiro de 2017 e, portanto, não deve ser conhecido.
SÚMULA CARF Nº 103
Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
Numero da decisão: 3201-002.740
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Turma, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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VALOR DE ALÇADA. PORTARIA MF Nº 63 DE 09 DE FEVEREIRO DE 2017. O Recurso de Ofício não alcança o limite de R$2.500.000,00 (dois milhões e meio de reais) ampliado pela Portaria MF nº 63 de 09 de fevereiro de 2017 e, portanto, não deve ser conhecido. SÚMULA CARF Nº 103 Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Turma, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 34 52 /2 00 8- 11 Fl. 531DF CARF MF 2 Relatório Dada a existência de questão preliminar atinente à admissibilidade do Recurso, fazse breve relatório. Tratase de Recurso de Ofício em face do acórdão nº 0721.421, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (SC) que anulou o lançamento tributário pela constatação de vício formal, além de julgar improcedente o lançamento de multa O valor exonerado foi de R$ 1.277.027,48 (um milhão, duzentos e setenta e sete mil, vinte e sete reais e quarenta e oito centavos). Os autos foram remetidos a este CARF por via de Recurso de Ofício (fl. 529 eprocesso) e a mim distribuídos por sorteio. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Existe questão prejudicial a ser apreciada quanto ao juízo de admissibilidade do presente Recurso de Ofício. Conforme Relatório do acórdão recorrido, o valor do crédito tributário exonerado foi de R$ 1.277.027,48 (fl. 512 eprocesso): Versa o presente processo sobre Auto de Infração (fls. OI a 112) lavrado contra a empresa em epígrafe, com vistas à constituição de credito tributario. no valor total de R$ 1.277.027,48 (um milhão, duzentos e setenta e sete mil, vinte e sete reais e quarenta e oito centavos), referente à falta de recolhimento de Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), acrescidos de multa qualificada lançada de oficio proporcional a 150% dos valores não recolhidos e juros moratórios, além de multa por infração administrativa ao controle das imponações, em razão de subfaturamento, equivalente a 100% sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação 'ou entre o preço declarado e o preço arbitrado. Para o cabimento do recurso de ofício, a decisão que exonera o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa deve suplantar o limite de alçada da autoridade judicante, que, neste caso, foi recentemente redefinido pela Portaria MF nº 63 de 09 de fevereiro de 2017: Fl. 532DF CARF MF Processo nº 12466.003452/200811 Acórdão n.º 3201002.740 S3C2T1 Fl. 532 3 Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Acrescentase, por oportuno, o enunciado da Súmula CARF nº 103: Súmula CARF nº 103 : Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Assim, considerando que no presente caso o valor exonerado foi inferior ao limite de alçada redefinido pela Portaria MF nº 63 de 09 de fevereiro de 2017, voto pelo NÃO CONHECIMENTO do Recurso de Ofício. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Fl. 533DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10976.000475/2009-79
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
IRPJ SOBRE LUCRO ARBITRADO. LANÇAMENTO REFLEXO. PIS E COFINS. PERIODICIDADE DE APURAÇÃO. AJUSTES NA BASE DE CÁLCULO. POSSIBILIDADE.
O fato de o sistema eletrônico de apuração de tributos ter replicado nos autos de infração de PIS e COFINS as mesmas datas dos fatos geradores de IRPJ e CSLL, agrupando as bases mensais nessas datas, não acarreta a nulidade dos lançamentos de PIS e COFINS. Se a referência temporal que consta dos autos de infração de PIS e COFINS consiste apenas na indicação das datas de ocorrência dos fatos geradores, assim discriminadas: 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005 e 31/12/2005; e se não há dúvida de que ocorreram fatos geradores das contribuições PIS e COFINS em 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005 e 31/12/2005, cabe apenas ajustar a base de cálculo desses fatos geradores aos valores das receitas auferidas em março, junho, setembro e dezembro de 2005, respectivamente.
MERCADORIAS SUJEITAS AO REGIME MONOFÁSICO E À ALÍQUOTA ZERO DE PIS E DE COFINS. RETORNO DOS AUTOS PARA APRECIAÇÃO DA MATÉRIA PELO COLEGIADO DE TURMA ORDINÁRIA.
A contribuinte alegou em seu recurso voluntário que boa parte das mercadorias por ela comercializadas estavam sujeitas ao regime monofásico e à alíquota zero de PIS e de COFINS. Embora o voto condutor do acórdão recorrido tenha tecido considerações sobre isso, a análise da questão pelo colegiado ficou prejudicada, uma vez que se decidiu pela nulidade integral do lançamento de PIS e COFINS. Afastando-se agora a nulidade, os autos devem retornar à fase anterior, para que a matéria seja devidamente apreciada pelo colegiado de turma ordinária.
Numero da decisão: 9101-002.608
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. Por unanimidade de votos, acordam em determinar o retorno dos autos ao colegiado a quo para análise das demais questões postas no recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal De Araujo - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005 IRPJ SOBRE LUCRO ARBITRADO. LANÇAMENTO REFLEXO. PIS E COFINS. PERIODICIDADE DE APURAÇÃO. AJUSTES NA BASE DE CÁLCULO. POSSIBILIDADE. O fato de o sistema eletrônico de apuração de tributos ter replicado nos autos de infração de PIS e COFINS as mesmas datas dos fatos geradores de IRPJ e CSLL, agrupando as bases mensais nessas datas, não acarreta a nulidade dos lançamentos de PIS e COFINS. Se a referência temporal que consta dos autos de infração de PIS e COFINS consiste apenas na indicação das datas de ocorrência dos fatos geradores, assim discriminadas: 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005 e 31/12/2005; e se não há dúvida de que ocorreram fatos geradores das contribuições PIS e COFINS em 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005 e 31/12/2005, cabe apenas ajustar a base de cálculo desses fatos geradores aos valores das receitas auferidas em março, junho, setembro e dezembro de 2005, respectivamente. MERCADORIAS SUJEITAS AO REGIME MONOFÁSICO E À ALÍQUOTA ZERO DE PIS E DE COFINS. RETORNO DOS AUTOS PARA APRECIAÇÃO DA MATÉRIA PELO COLEGIADO DE TURMA ORDINÁRIA. A contribuinte alegou em seu recurso voluntário que boa parte das mercadorias por ela comercializadas estavam sujeitas ao regime monofásico e à alíquota zero de PIS e de COFINS. Embora o voto condutor do acórdão recorrido tenha tecido considerações sobre isso, a análise da questão pelo colegiado ficou prejudicada, uma vez que se decidiu pela nulidade integral do lançamento de PIS e COFINS. Afastando-se agora a nulidade, os autos devem retornar à fase anterior, para que a matéria seja devidamente apreciada pelo colegiado de turma ordinária.
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 IRPJ SOBRE LUCRO ARBITRADO. LANÇAMENTO REFLEXO. PIS E COFINS. PERIODICIDADE DE APURAÇÃO. AJUSTES NA BASE DE CÁLCULO. POSSIBILIDADE. O fato de o sistema eletrônico de apuração de tributos ter replicado nos autos de infração de PIS e COFINS as mesmas datas dos fatos geradores de IRPJ e CSLL, agrupando as bases mensais nessas datas, não acarreta a nulidade dos lançamentos de PIS e COFINS. Se a referência temporal que consta dos autos de infração de PIS e COFINS consiste apenas na indicação das datas de ocorrência dos fatos geradores, assim discriminadas: 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005 e 31/12/2005; e se não há dúvida de que ocorreram fatos geradores das contribuições PIS e COFINS em 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005 e 31/12/2005, cabe apenas ajustar a base de cálculo desses fatos geradores aos valores das receitas auferidas em março, junho, setembro e dezembro de 2005, respectivamente. MERCADORIAS SUJEITAS AO REGIME MONOFÁSICO E À ALÍQUOTA ZERO DE PIS E DE COFINS. RETORNO DOS AUTOS PARA APRECIAÇÃO DA MATÉRIA PELO COLEGIADO DE TURMA ORDINÁRIA. A contribuinte alegou em seu recurso voluntário que boa parte das mercadorias por ela comercializadas estavam sujeitas ao regime monofásico e à alíquota zero de PIS e de COFINS. Embora o voto condutor do acórdão recorrido tenha tecido considerações sobre isso, a análise da questão pelo colegiado ficou prejudicada, uma vez que se decidiu pela nulidade integral do lançamento de PIS e COFINS. Afastandose agora a nulidade, os autos devem retornar à fase anterior, para que a matéria seja devidamente apreciada pelo colegiado de turma ordinária. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 97 6. 00 04 75 /2 00 9- 79 Fl. 3881DF CARF MF Processo nº 10976.000475/200979 Acórdão n.º 9101002.608 CSRFT1 Fl. 3 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. Por unanimidade de votos, acordam em determinar o retorno dos autos ao colegiado a quo para análise das demais questões postas no recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Rafael Vidal De Araujo Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em que se alega divergência jurisprudencial relativamente à nulidade de parte do lançamento contido nestes autos, por erro na periodicidade de apuração das contribuições PIS/COFINS no anocalendário de 2005. A recorrente insurgiuse contra o Acórdão nº 1103000.940, de 09/10/2013, por meio do qual a 3a Turma Ordinária da 1a Câmara da 1a Seção de Julgamento do CARF, entre outras questões, decidiu, por unanimidade de votos, dar provimento parcial a recurso voluntário apresentado pela contribuinte acima identificada, para fins de afastar a incidência de PIS e COFINS (reflexos do IRPJ) sob a justificativa de que os lançamentos se deram em bases trimestrais, quando o correto seriam bases mensais, havendo, portanto, erro jurídico, que inquinaria de nulidade por vicio substancial o lançamento. O acórdão recorrido contém a ementa e a parte dispositiva descritas a seguir: Fl. 3882DF CARF MF Processo nº 10976.000475/200979 Acórdão n.º 9101002.608 CSRFT1 Fl. 4 3 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 ARBITRAMENTO DO LUCRO Arbitramento do lucro no caso vertente é de rigor, com causas concorrentes para tanto: falta de escrituração do Lalur, falta de escrituração de 7.885 lançamentos bancários, ausência de comprovação do efetivo fornecimento das mercadorias pelas vendedoras à recorrente e saída deste de recursos financeiros, quanto às notais fiscais de entrada, ausência de demonstrativo de estoque e avaliação de mercadorias ou de Registro de Inventário. ARBITRAMENTO DO LUCRO JUÍZO DE COERÊNCIA A adoção da receita bruta com base nos Livros de Saída e de Apuração do ICMS, e a não adoção dos valores do Livro de Entrada de ICMS para reconhecimento de custos não rompeu juízo de coerência ou mesma medida de valor, pois não se sabe se as mercadorias registradas no último livro é que saíram nos períodos de apuração, pois a recorrente não possui escrituração do Livro de Registro de Inventário, nem demonstrativo de estoque e avaliação de mercadorias. PIS E COFINS NULIDADE MATERIAL Os lançamentos de PIS e de Cofins se deram em bases trimestrais. Não se trata de erro matemático, mas de erro jurídico. A recondução em bases mensais, conquanto aritmeticamente possível, juridicamente não a é, sob pena de refazimento dos lançamentos. Vício substancial que os inquina de nulidade. MULTA QUALIFICADA A conta de resultado “4.101.001 Venda de Mercadorias”, embora registrada em partidas mensais, conforme se vê do Razão, contempla os mesmos valores mensais constantes nos Livros de Saída e de Apuração do ICMS e utilizados como receita bruta para o arbitramento do lucro. Não se divisa aqui o dolo específico, o elemento subjetivo do tipo, para fins de qualificação da multa. Não interfere, para tanto, a questão da solidariedade exposta pelo autuante, que só concorre para impedimento ou retardamento do conhecimento dos que podem vir a ser responsabilizados pelas obrigações tributárias concretizadas pela recorrente, mas não para conhecimento dessas obrigações tributárias. Não subsiste a aplicação da multa qualificada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento parcial ao recurso para excluir as exigências de PIS e Cofins e afastar a qualificação da multa de ofício, reduzindoa para 75%, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A PGFN afirma que o acórdão recorrido deu à lei tributária interpretação divergente da que tem sido dada em outros processos, especificamente quanto ao cancelamento Fl. 3883DF CARF MF Processo nº 10976.000475/200979 Acórdão n.º 9101002.608 CSRFT1 Fl. 5 4 dos lançamentos de PIS e COFINS, em razão de vício de nulidade, por erro na periodicidade de apuração das referidas contribuições. Para o processamento de seu recurso, a PGFN desenvolve os argumentos descritos abaixo: de acordo com o acórdão recorrido, os lançamentos de PIS e COFINS se deram em bases trimestrais, quando o correto seriam com bases mensais, havendo, portanto, erro jurídico, que inquina de nulidade por vicio substancial o lançamento; DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL a decisão recorrida está em evidente divergência com decisão da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento: ACÓRDÃO Nº 130200.163 [...] PIS, COFINS, MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. RETIFICAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. POSSIBILIDADE. O fato de a autoridade autuante ter considerado períodos de apuração trimestrais na determinação do montante devido a título de PIS e COFINS, não impede que, em sede de revisão, a autoridade administrativa julgadora retifique as bases de cálculo correspondentes a cada um dos meses de encerramento do referido período de apuração, vez que, concretizada a hipótese de incidência, ainda que disso decorram exações inferiores às que foram consignadas nas peças acusatórias, remanesce o dever do contribuinte de cumprir com a obrigação tributária principal correspondente. [...] diante das teses antagônicas dos acórdãos recorrido e paradigma, não restam dúvidas em relação à divergência jurisprudencial, encontrandose presentes, portanto, os requisitos de admissibilidade do recurso especial; DO MÉRITO os fatos que desencadearam a declaração de nulidade do presente lançamento não foram abarcados pelo art. 59 do Decreto nº 70.235/72; há que se interpretar o art. 59 do Decreto nº 70.235/72 à luz do princípio da instrumentalidade processual, plenamente aplicável ao processo administrativo tributário, que impede seja declarada a nulidade de atos processuais quando não exista prejuízo ao contribuinte; somente importarão em nulidade as irregularidades apontadas no art. 59 do diploma legal acima referido, o que não é a hipótese dos autos, haja vista que a decisão vergastada reconheceu como nulidade eventual equívoco na determinação da matéria tributável, fato este que não se enquadra às hipóteses descritas pelo art. 59 do Decreto nº 70.235/72; Fl. 3884DF CARF MF Processo nº 10976.000475/200979 Acórdão n.º 9101002.608 CSRFT1 Fl. 6 5 esse julgamento vai de encontro aos princípios da economia processual e da instrumentalidade das formas. É de se concluir, por conseguinte, que se aplica a este feito o art. 60 do Decreto 70.235/72, razão pela qual a suposta irregularidade do lançamento não poderá importar em nulidade; considerandose o equívoco na apuração do tributo devido pelo contribuinte e a patente necessidade de revisão, não havendo dúvida quanto à infração imputada ao contribuinte, o presente lançamento se torna necessário, com o intuito de se preservar o direito da Fazenda Pública na constituição do correto montante do crédito tributário; tratase de mero ato para salvaguardar eventual crédito tributário representado pelo presente lançamento, não havendo razão plausível para de declarar a sua nulidade, se o mesmo pode ser ajustado; portanto, desnecessária e ilegal a anulação do presente lançamento, bastandose sua revisão pela autoridade julgadora, excluindose os valores indevidos, até mesmo em sede de execução do julgado, para sanar eventuais equívocos na determinação da matéria tributável; DO PEDIDO requer a FAZENDA NACIONAL seja conhecido e provido o presente recurso especial para reformar o acórdão atacado e declarar a validade do lançamento em relação ao Pis e à Cofins, procedendose, conseqüentemente, apenas à revisão do lançamento. Quando do exame de admissibilidade do Recurso Especial da PGFN, o Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do despacho exarado em 20/04/2015, admitiu o recurso especial com base na seguinte análise sobre a divergência suscitada: [...] A divergência encontrase plenamente demonstrada, pelo simples confronto entre as ementas dos acórdãos paradigma e a ementa do acórdão recorrido, e se confirma, também, pela análise do inteiro teor de ambos. Enquanto o acórdão recorrido cancelou as exigências de PIS e da COFINS efetivada em bases trimestrais, considerando o lançamento nulo por vício substancial, o acórdão paradigma promoveu tão somente a revisão do ato de lançamento, de modo a sanar os eventuais equívocos na determinação da matéria tributável, mantendo, portanto, parcialmente o lançamento efetuado Pelo exposto, opino no sentido de que se deva DAR SEGUIMENTO ao recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional (art. 68 do RICARF). Em 15/06/2015, a contribuinte foi intimada do Acórdão nº 1103000.940, do recurso especial da PGFN, e do despacho que admitiu esse recurso. Tempestivamente, em 24/06/2015, ela apresentou as contrarrazões ao recurso, com os argumentos descritos a seguir: Fl. 3885DF CARF MF Processo nº 10976.000475/200979 Acórdão n.º 9101002.608 CSRFT1 Fl. 7 6 o acórdão hostilizado seguiu os preceitos legais e a melhor interpretação da matéria; os lançamentos de PIS e COFINS foram realizados em períodos de apuração trimestral, a despeito do que determina o art. 288 do Decreto n° 3.000/99: Art. 288. Verificada a omissão de receita, a autoridade determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período de apuração a que corresponder a omissão (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24 ). segundo o art. 142 do CTN, compete à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, e o erro na construção do lançamento acarreta vício insanável, razão pela qual devem ser canceladas as exigências de PIS e COFINS no presente caso; não houve alternativa do julgado senão cancelar a exigência, por erro na construção do lançamento, em contrariedade ao art. 142 do Código Tributário Nacional; confirase a esse respeito outro acórdão do CARF sobre matéria semelhante, o qual também entendeu pelo cancelamento do lançamento: Acórdão nº 110100241 Decisão ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso voluntário, para cancelar a exigência, por erro na construção do lançamento, em contrariedade ao art. 142 do Código Tributário Nacional e, em face do cancelamento da exigência, julgar prejudicado o recurso de oficio, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Ementa ERRO NA CONSTRUÇÃO DO LANÇAMENTO NULIDADE DO LANÇAMENTO Se a Fiscalização considerou os depósitos bancários como receita operacional, deveria, em conformidade com art. 288 do RIR/99, respeitar, no lançamento do imposto, o regime de tributação e o período de apuração a que estava submetido a contribuinte. Se o auditor fiscal utiliza critério diverso daquele que a legislação prescreve para a realização do lançamento, acarretando, inclusive, o cerceamento do direito de defesa do sujeito passivo, resta violado o art. 142 do CTN e caracterizado erro na construção do lançamento, que impõe a sua nulidade, portanto, o erro do lançamento em questão não é passível de emenda como quer fazer crer a recorrente, não sendo, pois, cabível sua revisão pela autoridade julgadora, razão pela qual há de ser cancelado sob pena de prejuízo à defesa; destarte, deve ser negado provimento ao recurso especial, mantendo a decisão guerreada que cancelou os lançamentos de PIS e COFINS. Fl. 3886DF CARF MF Processo nº 10976.000475/200979 Acórdão n.º 9101002.608 CSRFT1 Fl. 8 7 É o relatório. Fl. 3887DF CARF MF Processo nº 10976.000475/200979 Acórdão n.º 9101002.608 CSRFT1 Fl. 9 8 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. Conheço do recurso, pois este preenche os requisitos de admissibilidade. O presente processo tem por objeto lançamento a título de IRPJ e tributos reflexos (CSLL, PIS e COFINS) sobre fatos geradores ocorridos no anocalendário de 2005. A apuração dos tributos está baseada em receitas de revenda de mercadorias que não haviam sido oferecidas à tributação, e que foram apuradas de acordo com os livros fiscais da contribuinte. A apuração do IRPJ/CSLL se deu pelo lucro arbitrado, porque a escrituração mantida pela contribuinte era imprestável para determinação do lucro real, em virtude de erros e falhas que estão enumerados no Termo de Verificação Fiscal. As mesmas receitas de revenda de mercadorias que serviram de base para a autuação de IRPJ/CSLL, também serviram de base para a exigência das contribuições PIS/COFINS. A controvérsia que chega a essa fase de recurso especial diz respeito à divergência jurisprudencial relativamente à nulidade dos lançamentos de PIS e COFINS, por erro na periodicidade de apuração dessas contribuições. O acórdão recorrido afastou a incidência de PIS e COFINS sob a justificativa de que os lançamentos se deram em bases trimestrais, quando o correto seriam bases mensais, havendo, portanto, erro jurídico, que inquinaria de nulidade por vício substancial o lançamento. A PGFN pretende reverter essa decisão, indicando paradigma que, diante da mesma situação, ou seja, de erro na periodicidade de apuração de PIS e COFINS, não cancelou os lançamentos por vício de nulidade, mas apenas retificou as bases de cálculo. O acórdão recorrido apresenta os seguintes fundamentos para o cancelamento dos lançamentos de PIS e COFINS: [...] Tanto o lançamento de PIS como o de Cofins se deram em bases trimestrais. É o que se constata das fls. 19 a 21, 24 a 26. O dislate aqui é juridicamente incontornável. Não se trata de erro matemático, mas de erro jurídico. A recondução em bases mensais, conquanto aritmeticamente possível, juridicamente não a é, sob pena de refazimento dos autos de infração. Fl. 3888DF CARF MF Processo nº 10976.000475/200979 Acórdão n.º 9101002.608 CSRFT1 Fl. 10 9 Em suma, tratase de eiva que inquina os lançamentos por vício substancial. Por tal ordem de razão, dou provimento ao recurso sobre a questão de PIS e de Cofins. O acórdão paradigma, por sua vez, ao tratar de autuação com o mesmo tipo de erro na apuração de PIS e COFINS, não cancelou os lançamentos por vício de nulidade, mas apenas retificou as bases de cálculo, de acordo com os meses correspondentes ao momento em que a autoridade fiscal considerou ocorrido o fato gerador: Considerouse, na linha aqui esposada, que, não obstante a indicação incorreta dos períodos de apuração, cada um dos meses correspondentes ao momento em que a autoridade fiscal considerou ocorrido o fato gerador, efetivamente era indicativo de tal ocorrência, porém, em montantes inferiores aos apontados nas peças acusatórias, eis que ali estavam incluídas receitas que correspondiam a meses distintos do indicado como sendo o correspondente à concretização da hipótese de incidência. (grifos acrescidos) O entendimento lá manifestado foi no sentido de que, como o auto de infração apontava a ocorrência de fatos geradores em 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005 e 31/12/2005, e como realmente havia ocorrido fatos geradores nessas datas, era correto manter a autuação para esses meses (março, junho, setembro e dezembro), apenas ajustando a base de cálculo para que ela representasse o faturamento do mês indicado no auto de infração, e não do trimestre. É isso o que a PGFN busca nos presentes autos. Alguns aspectos são importantes para examinar a questão da nulidade dos lançamentos de PIS e COFINS sob exame. O primeiro deles, é que há uma tabela que acompanha os autos de infração, intitulada "DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DA RECEITA BRUTA E LUCRO ARBITRADO ANOCALENDÁRIO 2005", às fls. 40, e que discrimina a composição e o valor total da receita bruta mensal de vendas durante o referido ano. Cabe observar também que a informação de períodos trimestrais ("trimestre 1", "trimestre 2", "trimestre 3" e "trimestre 4") só aparece nos autos de infração de IRPJ e CSLL. A referência temporal que consta dos autos de infração de PIS e COFINS consiste apenas na indicação das datas de ocorrência dos fatos geradores, assim discriminadas: 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005 e 31/12/2005. Não há dúvida de que ocorreram fatos geradores das contribuições PIS e COFINS em 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005 e 31/12/2005. Também não há dúvida de que houve erro no lançamento de PIS e COFINS. Fl. 3889DF CARF MF Processo nº 10976.000475/200979 Acórdão n.º 9101002.608 CSRFT1 Fl. 11 10 Mas esse erro consistiu em não indicar as datas de todos os fatos geradores ocorridos em 2005, especificamente as relativas aos meses de janeiro, fevereiro, abril, maio, julho, agosto, outubro e novembro de 2005. E englobar as receitas desses meses nos fatos geradores ocorridos em 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005 e 31/12/2005 (datas que constaram dos autos de infração de PIS e COFINS). O que ocorreu é que o sistema eletrônico de apuração de tributos replicou nos autos de infração de PIS e COFINS as mesmas datas dos fatos geradores de IRPJ e CSLL, agrupando as bases mensais nessas datas. O primeiro erro do lançamento foi não exigir as contribuições PIS e COFINS que seriam devidas em relação aos meses de janeiro, fevereiro, abril, maio, julho, agosto, outubro e novembro de 2005. E o segundo erro foi inflar equivocadamente a base de cálculo dos fatos geradores de PIS e COFINS ocorridos em 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005 e 31/12/2005 (datas que constam dos autos de infração de PIS e COFINS). Com base nessas informações, penso que foi acertada a decisão contida no acórdão paradigma, de modo que ela deve ser reproduzida neste processo. Como já mencionado, não há dúvida de que ocorreram fatos geradores das contribuições PIS e COFINS em 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005 e 31/12/2005 (datas que constam dos autos de infração dessas contribuições), cabendo apenas ajustar a base de cálculo desses fatos geradores aos valores das receitas auferidas em março, junho, setembro e dezembro de 2005, respectivamente. Há ainda um outro ponto que precisa ser examinado em relação aos lançamentos de PIS e COFINS. É que o voto que orientou o acórdão recorrido, antes de declarar a nulidade do lançamento de PIS e COFINS (que agora está sendo afastada), examinou alegação da contribuinte de que boa parte das mercadorias por ela comercializadas estavam sujeitas ao regime monofásico e à alíquota zero de PIS e de COFINS. Em seu voto, o relator do acórdão fez considerações sobre a comprovação dessa alegação, apresentou planilhas constantes de laudo que teria sido elaborado a partir das notas fiscais de entrada e de livros fiscais, e ainda adotou um critério para apuração da base tributável, defendendo a proporcionalização das saídas em relação às entradas. Contudo, a análise dessa questão pelo colegiado acabou ficando prejudicada, uma vez que se decidiu naquela oportunidade pela nulidade integral do lançamento de PIS e COFINS. Afastandose agora a nulidade, e visando evitar supressão de instância, especialmente porque há aspectos relacionados a exame de prova, entendo que os autos devem retornar à fase anterior, para que essa questão referente às mercadorias sujeitas ao regime monofásico e à alíquota zero de PIS e de COFINS seja devidamente apreciada pelo colegiado de turma ordinária. Fl. 3890DF CARF MF Processo nº 10976.000475/200979 Acórdão n.º 9101002.608 CSRFT1 Fl. 12 11 Diante do exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso especial da PGFN, para afastar a nulidade do lançamento de PIS e COFINS, e determinar o retorno dos autos à fase anterior, para que a questão relativa às mercadorias sujeitas ao regime monofásico e à alíquota zero de PIS e de COFINS seja devidamente apreciada pelo colegiado de turma ordinária. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 3891DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.003932/2007-17
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2001, 2003, 2004, 2005, 2006
DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. REGRA DO ART. 173, I, DO CTN.
A contagem do prazo decadencial nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, quando a lei prevê pagamento antecipado do tributo e este inocorre, se inicia no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, regra do art. 173, inciso I, do CTN (Decisão do STJ sob o regime do art. 543-C do CPC - recursos repetitivos - REsp nº 973.333/SC).
DECADÊNCIA. MULTA ISOLADA. PARADIGMA CONTRÁRIO À SÚMULA.
Não se conhece de divergência cujo paradigma trazido é contrário à súmula CARF.
INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 7.689, DE 1988. EFEITOS PROSPECTIVOS DA COISA JULGADA. ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JURÍDICAS. APLICAÇÃO DO DECIDIDO NO RESP Nº 1.118.893/MG.
Ainda que as decisões do STJ exaradas sob o regime do art. 543-C do CPC (recursos repetitivos) devam ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, ao se aplicar o decidido por aquela Corte na verificação dos efeitos de decisões judiciais transitadas em julgado que declararam inconstitucional a Lei nº 7.689, de 1988 (REsp nº 1.118.893/MG), deve-se cotejar as circunstâncias jurídicas e fáticas que envolvem o caso concreto e a decisão transitada em julgado com os limites do decidido no recurso especial em tela. Discrepâncias normativas e de precedentes demonstram que a hipótese não se subsume ao repetitivo, e justificam a sua não aplicação.
INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 7.689, DE 1988. EFEITOS PROSPECTIVOS DA COISA JULGADA. ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JURÍDICAS.
Os precedentes dos RE nº 146.733/SP e nº 138.284/CE, posteriormente confirmados no julgamento da ADI nº 15-2/DF, possuem força para, com o seu advento, impactar ou alterar o sistema jurídico vigente ao tempo da prolação de decisão judicial, transitada em julgado, que declarou a inconstitucionalidade da Lei nº 7.689, de 1988, fazendo cessar automaticamente sua eficácia.
MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS.
A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício (Súmula CARF nº 105).
Numero da decisão: 9101-002.583
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial do Contribuinte, deixando de conhecer a matéria decadência da multa isolada, por aplicação da Súmula CARF nº 104. No mérito, (i) quanto à preliminar de decadência do direito de lançar a CSLL, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar; (ii) quanto aos efeitos da coisa julgada, por maioria de votos, em negar provimento, vencidos os Conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à Conselheira Cristiane Silva Costa), José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição à Conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio) e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões o Conselheiro Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Luís Flávio Neto); e (iii) quanto à concomitância da multa isolada sobre pagamentos por estimativas e multa de ofício, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Solicitaram apresentar declaração de voto os Conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Demetrius Nichele Macei e José Eduardo Dornelas Souza. Declararam-se impedidos de participar do julgamento os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rêgo, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, André Mendes de Moura, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, José Eduardo Dornelas Souza, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2001, 2003, 2004, 2005, 2006 DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. REGRA DO ART. 173, I, DO CTN. A contagem do prazo decadencial nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, quando a lei prevê pagamento antecipado do tributo e este inocorre, se inicia no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, regra do art. 173, inciso I, do CTN (Decisão do STJ sob o regime do art. 543-C do CPC - recursos repetitivos - REsp nº 973.333/SC). DECADÊNCIA. MULTA ISOLADA. PARADIGMA CONTRÁRIO À SÚMULA. Não se conhece de divergência cujo paradigma trazido é contrário à súmula CARF. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 7.689, DE 1988. EFEITOS PROSPECTIVOS DA COISA JULGADA. ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JURÍDICAS. APLICAÇÃO DO DECIDIDO NO RESP Nº 1.118.893/MG. Ainda que as decisões do STJ exaradas sob o regime do art. 543-C do CPC (recursos repetitivos) devam ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, ao se aplicar o decidido por aquela Corte na verificação dos efeitos de decisões judiciais transitadas em julgado que declararam inconstitucional a Lei nº 7.689, de 1988 (REsp nº 1.118.893/MG), deve-se cotejar as circunstâncias jurídicas e fáticas que envolvem o caso concreto e a decisão transitada em julgado com os limites do decidido no recurso especial em tela. Discrepâncias normativas e de precedentes demonstram que a hipótese não se subsume ao repetitivo, e justificam a sua não aplicação. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 7.689, DE 1988. EFEITOS PROSPECTIVOS DA COISA JULGADA. ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JURÍDICAS. Os precedentes dos RE nº 146.733/SP e nº 138.284/CE, posteriormente confirmados no julgamento da ADI nº 15-2/DF, possuem força para, com o seu advento, impactar ou alterar o sistema jurídico vigente ao tempo da prolação de decisão judicial, transitada em julgado, que declarou a inconstitucionalidade da Lei nº 7.689, de 1988, fazendo cessar automaticamente sua eficácia. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício (Súmula CARF nº 105).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial do Contribuinte, deixando de conhecer a matéria decadência da multa isolada, por aplicação da Súmula CARF nº 104. No mérito, (i) quanto à preliminar de decadência do direito de lançar a CSLL, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar; (ii) quanto aos efeitos da coisa julgada, por maioria de votos, em negar provimento, vencidos os Conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à Conselheira Cristiane Silva Costa), José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição à Conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio) e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões o Conselheiro Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Luís Flávio Neto); e (iii) quanto à concomitância da multa isolada sobre pagamentos por estimativas e multa de ofício, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Solicitaram apresentar declaração de voto os Conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Demetrius Nichele Macei e José Eduardo Dornelas Souza. Declararam-se impedidos de participar do julgamento os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rêgo, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, André Mendes de Moura, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, José Eduardo Dornelas Souza, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto.
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TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. REGRA DO ART. 173, I, DO CTN. A contagem do prazo decadencial nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, quando a lei prevê pagamento antecipado do tributo e este inocorre, se inicia no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, regra do art. 173, inciso I, do CTN (Decisão do STJ sob o regime do art. 543C do CPC recursos repetitivos REsp nº 973.333/SC). DECADÊNCIA. MULTA ISOLADA. PARADIGMA CONTRÁRIO À SÚMULA. Não se conhece de divergência cujo paradigma trazido é contrário à súmula CARF. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 7.689, DE 1988. EFEITOS PROSPECTIVOS DA COISA JULGADA. ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JURÍDICAS. APLICAÇÃO DO DECIDIDO NO RESP Nº 1.118.893/MG. Ainda que as decisões do STJ exaradas sob o regime do art. 543C do CPC (recursos repetitivos) devam ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, ao se aplicar o decidido por aquela Corte na verificação dos efeitos de decisões judiciais transitadas em julgado que declararam inconstitucional a Lei nº 7.689, de 1988 (REsp nº 1.118.893/MG), devese cotejar as circunstâncias jurídicas e fáticas que envolvem o caso concreto e a decisão transitada em julgado com os limites do decidido no recurso especial em tela. Discrepâncias normativas e de precedentes demonstram que a hipótese não se subsume ao repetitivo, e justificam a sua não aplicação. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 39 32 /2 00 7- 17 Fl. 1361DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.362 2 INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 7.689, DE 1988. EFEITOS PROSPECTIVOS DA COISA JULGADA. ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JURÍDICAS. Os precedentes dos RE nº 146.733/SP e nº 138.284/CE, posteriormente confirmados no julgamento da ADI nº 152/DF, possuem força para, com o seu advento, impactar ou alterar o sistema jurídico vigente ao tempo da prolação de decisão judicial, transitada em julgado, que declarou a inconstitucionalidade da Lei nº 7.689, de 1988, fazendo cessar automaticamente sua eficácia. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício (Súmula CARF nº 105). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial do Contribuinte, deixando de conhecer a matéria decadência da multa isolada, por aplicação da Súmula CARF nº 104. No mérito, (i) quanto à preliminar de decadência do direito de lançar a CSLL, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar; (ii) quanto aos efeitos da coisa julgada, por maioria de votos, em negar provimento, vencidos os Conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à Conselheira Cristiane Silva Costa), José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição à Conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio) e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões o Conselheiro Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Luís Flávio Neto); e (iii) quanto à concomitância da multa isolada sobre pagamentos por estimativas e multa de ofício, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Solicitaram apresentar declaração de voto os Conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Demetrius Nichele Macei e José Eduardo Dornelas Souza. Declararamse impedidos de participar do julgamento os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rêgo, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, André Mendes de Moura, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, José Eduardo Dornelas Souza, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto. Fl. 1362DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.363 3 Relatório COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO recorre a este Colegiado por meio do Recurso Especial de efls 1081/1101, contra o acórdão nº 1302001.130 (efls. 945/953), que, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer a decadência relativa aos lançamentos de multa isolada de janeiro a novembro de 2001. Transcrevese a ementa do acórdão recorrido: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2001, 2003, 2004, 2005, 2006 COISA JULGADA. AFASTADA. Por força do disposto no art. 13 combinado com o art. 42 da Lei Complementar nº 73/93, este Colegiado é obrigado a observar as conclusões do PGFN/CRJ/Nº 492/2011, por ter sido ratificado pelo Ministro de Estado da Fazenda. DECADÊNCIA. CSLL. Tratandose de situação em que não houve o recolhimento antecipado da CSLL, aplicase, in casu, a regra decadencial do art. 173, I, do CTN. DECADÊNCIA. MULTA ISOLDADA. Ao lançamento de multas, inclusive a multa isolada por falta de recolhimneto da estimativa, aplicase sempre a regra decadencial do art. 173, I, do CTN. MULTA ISOLADA. A multa isolada pune o contribuinte que não observa a obrigação legal de antecipar o tributo sobre a base estimada ou levantar o balanço de suspensão, logo, conduta diferente daquela punível com a multa de ofício proporcional, a qual é devida pela ofensa ao direito subjetivo de crédito da Fazenda Nacional. O legislador dispôs expressamente, já na redação original do inciso IV do §1º do art. 44, que é devida a multa isolada ainda que o contribuinte apure prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa ao final do ano, deixando claro, assim, que estava se referindo ao imposto ou contribuição calculado sobre a base estimada, já que em caso de prejuízo fiscal e base negativa, não há falar em tributo devido no ajuste; que o valor apurado como base de cálculo do tributo ao final do ano é irrelevante para se saber devida ou não a multa isolada; e que a multa isolada é devida ainda que lançada após o encerramento do ano calendário. Irresignada com o acórdão supra, a Recorrente apresentou Embargos de Declaração (efls. 994/1015), os quais foram rejeitados, por meio do acórdão nº 1302001.287 (efls. 1064/1071). Fl. 1363DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.364 4 A Recorrente aponta divergência jurisprudencial em relação a (i) relativização da coisa julgada; (ii) aplicação do prazo decadencial estabelecido no art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional (CTN); (iii) decadência das multas isoladas cobradas, nos termos do art. 150, § 4º, do CTN; (iv) inaplicabilidade da multa isolada em razão do encerramento do anobase; e (v) impossibilidade de cumulação da multa isolada com a multa de ofício. Com relação à primeira divergência suscitada, transcrevese a ementa dos acórdãos indicados como paradigmas, no que interessa ao exame da matéria: Acórdão nº 9101001.369: LIMITES DA COISA JULGADA – Tendo o Superior Tribunal de Justiça, sob a sistemática dos chamados Recursos Repetitivos, reconhecido, na espécie, a efetiva ofensa à coisa julgada, nas hipóteses em que a decisão obtida pelo contribuinte reconhece a inconstitucionalidade incidenter tantum da exigência da CSLL originalmente, pelas disposições da Lei 7689/88 , sejalhe exigida, agora, com a simples referência à existência de diplomas normativos posteriores que rege a matéria, deve os conselheiros desta Corte, reproduzir tal entendimento no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, a teor do disposto no art. 62A do Regimento. Acórdão nº 1301001.083: CSLL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. TRÂNSITO EM JULGADO. OBSERVÂNCIA DO ARTIGO 52A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. JULGAMENTO PELO STJ DO REsp 118893/MG Recurso Especial 2009/00111359 NA FORMA DO ARTIGO 543C DO CPC. Na forma do Regimento do CARF, cumpre observar o que decidido pelo STJ no julgamento do REsp 118893/MG Recurso Especial 2009/00111359, na forma do artigo 543C do CPC, de sorte que se firmouse o entendimento de que o fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena de negar validade ao próprio controle difuso de constitucionalidade. Em face do acórdão recorrido, em que restou consignado o afastamento da coisa julgada, considerandose legítima a exigência do tributo, a partir da inteligência do Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011, a Recorrente sustenta, em síntese, que deve ser aplicado à discussão objeto desse processo o entendimento exarado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) quando do julgamento do Recurso Especial nº 1.118.893/MG. Segundo a contribuinte, no citado recurso o STJ: (i) "expressamente afastou qualquer hipótese no sentido de que as superficiais alterações sofridas pela Lei nº 7.689/88 teriam o condão de macular as relações jurídicas já pacificadas pela coisa julgada" e (ii) "afastou qualquer efeito do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 15 ("ADI nº 15") pelo Supremo Tribunal Federal sobre a relação jurídica estabilizada por decisão judicial transitada em julgado". Aduz ainda que o entendimento exarado pelo STJ seria de observância obrigatória pelo CARF, com base no art. 62A do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, vigente à época da apresentação do recurso. Fl. 1364DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.365 5 Nesse ponto, discorre ainda sobre os Pareceres PGFN/CRJ/ Nº 492/2011 e PGFN/CDA/CRJ Nº 396/2013, bem como sobre a manifestação da PGFN em face do julgamento do Recurso Especial nº 1.118.893/MG. Já no que tange à segunda divergência, argumenta a Contribuinte que deve ser reconhecida a decadência referente ao anobase de 2001, uma vez que ao caso em tela se aplicaria o art. 150, § 4º do CTN, e não o art. 173, inciso I. Nesse sentido, apresentou como paradigmas os acórdãos abaixo, com as seguintes ementas sobre a matéria: Acórdão nº 0105.779: IRPJ DECADÊNCIA Os tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa sujeitamse à modalidade de lançamento por homologação, tendo o prazo decadencial regido pelo art. 150, § 4º, do CTN. A ausência de recolhimento não desnatura o lançamento, pois o que se homologa é a atividade exercida pelo contribuinte. Acórdão nº 0105.806: DECADÊNCIA IRPJ A partir de janeiro de 1992, por força do artigo 38 da Lei nº 8.383/91, o IRPJ passou a ser tributo sujeito ao lançamento pela modalidade homologação. O início da contagem do prazo decadencial é o da ocorrência do fato gerador do tributo, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, nos termos do § 4º do artigo 150 do CTN. Na ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o início da contagem do prazo deslocase do fato gerador para o primeiro dia do exercício seguinte àquele no qual o lançamento poderia ser realizado, antecipando para o dia da entrega da declaração se feita no ano seguinte ao da ocorrência dos fatos geradores. (Art. 150 § 4º e 173I e § único do CTN). (Destaquei) Com relação à terceira divergência apontada, a Recorrente sustenta que o prazo decadencial para a cobrança das multas isoladas por ausência de recolhimento por estimativas é o previsto no art. 150, § 4º do CTN, "devendo ser canceladas integralmente as multas isoladas cobradas nesse processo". A Recorrente apresentou como paradigma o acórdão nº 108.08.394, o qual dispõe o seguinte no que interessa à matéria: MULTA ISOLADA CSLL – DECADÊNCIA – Considerando que a Contribuição Social Sobre o Lucro é lançamento do tipo por homologação, o prazo para o fisco efetuar lançamento é de 5 anos a contar da ocorrência do fato gerador, sob pena de decadência nos termos do art. 150, § 4º, do CTN. A quarta divergência trata da impossibilidade de cobrança de multa isolada em razão da falta de recolhimento de estimativa da CSLL. Sustenta a Contribuinte que "as multas isoladas cobradas nesse processo, somente poderiam ser exigidas caso o Fisco tivesse verificado a sua ausência de recolhimento antes do término dos anosbase de 2001 e 2002". Nesse sentido, são apresentados os seguintes acórdãos como paradigmas: Acórdão nº 110300.200: Fl. 1365DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.366 6 MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS. ENCERRAMENTO DO ANO CALENDÁRIO. A multa isolada por falta de recolhimento das estimativas não tem lugar quando aplicada após o encerramento do exercício, quando efetivamente já se conhece o montante efetivo do tributo devido ou do prejuízo apurado. Acórdão nº 10321.253: IRPJ MULTA ISOLADA Encerrado o período de apuração do imposto de renda, a exigência de recolhimentos por estimativa deixa de ter sua eficácia, uma vez que prevalece a exigência do imposto efetivamente devido apurado, com base no lucro real, em declaração de rendimentos apresentada tempestivamente. O mesmo ocorre, no caso de ocorrência de prejuízo fiscal no exercício. Revelase, portanto, improcedente a cominação de multa. Por fim, a Contribuinte aponta divergência acerca da cumulação da multa isolada com a multa de ofício. A fim de demonstrar a divergência jurisprudencial em questão, são apresentados os acórdãos paradigmas abaixo: Acórdão nº 910100.966: APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFICIO E MULTA ISOLADA NA ESTIMATIVA. Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de oficio pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. A infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. Pelo critério da consunção, a primeira conduta é meio de execução da segunda. O bem jurídico mais importante é sem dúvida a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do anocalendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação. Acórdão nº 1401000.765: MULTA ISOLADA. Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de oficio pela .falta de pagamento de tributo apurado no balanço. A infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. Assim, a primeira conduta é meio de execução da segunda. A aplicação concomitante de multa de oficio e de multa isolada na estimativa implica em penalizar duas vezes o mesmo contribuinte pela imputação de penalidades de mesma natureza, já que ambas estão relacionadas ao descumprimento de obrigação principal que, por sua vez, consubstanciase no dever de recolher o tributo. Ao final requer a Recorrente que o presente recurso seja conhecido e provido, "para que seja reformado parcialmente o acórdão nº 1302001.130 (...) e, consequentemente, Fl. 1366DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.367 7 cancelados integralmente os autos de infração originários do presente processo administrativo". O recurso foi admitido por meio do Despacho de efls. 1319/1326. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões (efls. 1328/1345). Com relação à coisa julgada suscitada pela Recorrente, a Procuradoria concluiu pela obrigatoriedade da exação tributária da CSLL, "tendo em vista as alterações legislativas posteriores, os limites objetivos do trânsito em julgado da sentença proferida na ação ajuizada pela contribuinte, bem como em observância aos entendimentos judiciais e administrativos citandos, destacandose decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, pela constitucionalidade da instituição da CSLL". Ademais, afirma que ao caso dos autos não se aplica a decisão do STJ citada pela recorrente, "pois este é referente ao exercício de 1991, anterior a inúmeras alterações legislativas que modificaram substancialmente o regime jurídico da CSLL". Em relação às demais divergências levantadas pela Recorrente, a Fazenda Nacional afirmou, em síntese, o seguinte: a) que há entendimento consolidado do STJ pela aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, para a contagem do prazo decadencial em face da ausência de pagamento, o que deve ser observado pelo CARF, em razão do disposto no art. 62A do RICARF; b) que foi correta a aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, no que concerne ao prazo decadencial para lançamento da multa. De acordo com a Procuradoria, não cabe "a subsunção da norma prevista no art. 150, §4 do CTN ao fato ensejador de multa, tendo em vista inexistência de atividade do contribuinte a ser homologada pela autoridade fiscal, quando do cometimento de infração administrativotributária, sendo o lançamento de multa, por infração à legislação tributária, somente aplicada de ofício pelo Fisco"; c) que, "por expressa disposição legal, a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, (...) pode ser aplicada tanto dentro do ano calendário a que se referem os fatos geradores, como nos anos subsequentes dentro do período decadencial contado dos fatos geradores"; d) que "a concomitância das multas isoladas e de ofício é justificada pela existência de condutas infracionais diferentes". Ao final, a Fazenda Nacional requer seja negado provimento ao recurso especial, mantendose o acórdão nº 1302.001.130. É o relatório. Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo Relatora Fl. 1367DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.368 8 O recurso é tempestivo, porém em relação às divergências, merece reparos. Prazo Decadencial da CSLL pelo art. 150, § 4º, do CTN Alega a Recorrente que deve ser reconhecida a decadência referente aos fatos geradores de CSLL ocorridos no anocalendário de 2001, já que se aplica ao caso o art. 150, § 4º, do CTN, e não o seu art. 173, inciso I, "porquanto o que se homologa não é o eventual pagamento realizado, mas sim, a atividade exercida pelo contribuinte", como reconhecem os acórdãos paradigma da CSRF que indica. Tratase, no entanto, de matéria que foi objeto de decisão do STJ no regime dos recursos repetitivos de que trata o art. 543C do CPC (REsp nº 973.333/SC), a qual vincula os conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, conforme prescrito no art. 62, § 2º, do Anexo II do RICARF. O julgado em questão sedimenta o entendimento de que nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, quando a lei prevê pagamento antecipado do tributo e este inocorre, a contagem do prazo decadencial se inicia no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, regra do art. 173, inciso I, do CTN. Confirase o teor da ementa do julgado do STJ em questão (REsp nº 973.333/SC): PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, Fl. 1368DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.369 9 "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Dessa forma, como no presente caso não houve recolhimento antecipado da CSLL, é imperativa a aplicação da regra decadencial do art. 173, inciso I, do CTN. Correto, portanto, o acórdão recorrido quando concluiu que "o crédito relativo ao anocalendário de 2001 poderia ser lançado em 2002, logo, o dies a quo do prazo decadencial foi 01/01/2003, podendo o Fisco efetuar o lançamento até 31/12/2007". E, assim, considerando que a Recorrente foi cientificada do auto de infração em 07/12/2007 (efls. 675), não há falar em decadência referente aos fatos geradores de CSLL ocorridos em 2001. Nego, portanto, provimento ao recurso especial quanto à presente matéria preliminar. Prazo Decadencial das Multas Isoladas pelo art. 150, § 4º, do CTN Sustenta a Recorrente que também o prazo decadencial para a cobrança das multas isoladas por ausência de recolhimento das estimativas deve ser contado conforme o art. 150, § 4º, do CTN, razão pela qual deve ser reconhecida a decadência não apenas referente aos Fl. 1369DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.370 10 às multas referentes ao período de janeiro a novembro de 2001, como fez o acórdão recorrido, mas também as demais multas isoladas lançadas (meses entre dezembro de 2001 e junho de 2002). Também aqui se trata de matéria pacificada em sentido contrário às alegações da Recorrente. Só que desta feita, o entendimento contrário vem de súmula do CARF, mais precisamente da Súmula CARF nº 104, que assim enuncia: Súmula CARF nº 104: Lançamento de multa isolada por falta ou insuficiência de recolhimento de estimativa de IRPJ ou de CSLL submetese ao prazo decadencial previsto no art. 173, inciso I, do CTN. Assim, é de se constatar que o acórdão paradigma trazido pela recorrente é contrário a essa súmula de forma que, ao teor do § 12, inciso III, do art. 67 do Anexo II do RICARF, tal divergência não pode conhecida. Neste aspecto, não conheço do recurso especial da Contribuinte no que diz respeito a esta matéria. Efeitos da Coisa Julgada Inconstitucionalidade Lei nº 7.689/1988 Compulsandose o TVF (efls. 584 e ss.), verificase que a autuação fiscal decorreu de conclusão de que a ação ordinária n° 90.49366, que declarou a inexistência de relação jurídica que obrigasse a ora Recorrente ao recolhimento da CSLL em face da inconstitucionalidade da Lei n° 7.689/1988 não mais produzia efeitos uma vez que "a relação jurídica que deu ensejo à formação da coisa julgada não mais existe, porquanto a regulamentação da CSLL não corresponde àquela declarada inconstitucional pelo Poder Judiciário" ["a situação jurídica anteriormente existente (disciplina da Lei 7.689/88) foi alterada pela Lei n° 8.212/91 e pela Lei Complementar n. 70/91, que passaram a regulamentar a CSLL, dando novos contornos jurídicos à exação tributária"]. Às efls 39 e ss. consta a sentença de primeira instância no âmbito do processo judicial em questão, que declarou "a inexistência de relação jurídica entre as autoras e a União Federal, no que tange a exigência de pagar a contribuição social, instituída pela Lei nº 7.689/88, por sua manifesta inconstitucionalidade". A decisão em questão foi confirmada pelo TRF da 1ª Região, que, ao julgar remessa de ofício através do acórdão que consta às efls. 58 e ss. (proferido em 18/11/1991 e transitado em julgado em 20/02/1992), assim se posicionou (sublinhouse): Ementa: CONSTITUCIONAL. TRIBUTARIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. LEI Nº 7.689/88. ART. 146, III, "A", da CF/88. MESMO FATO GERADOR E MESMA BASE DE CÁLCULO PARA TRIBUTOS DIFERENTES. EXIGENCIA DE LEI COMPLEMENTAR PARA INSTITUICAO DE CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. INCONSTITUCIONALIDADE. 1. É inaplicável às contribuições sociais o disposto no art. 150, inciso III, da Constituição da República, em face do disposto no § 6º, do art. 195, da mesma Lei Maior. Fl. 1370DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.371 11 2. Somente através de lei complementar pode ser instituída contribuição social. 3. Decisão do Plenário na AMS nº 89.01.136147 MG, por maioria. Ressalva pessoal. 4. Recurso improvido. Voto Condutor: 1. A matéria versada nos autos foi objeto de decisão, por maioria, na qual integrei a minoria, em sessão Plenária, na Argüição de inconstitucionalidade na AMS ng 89.01.136147 MG. Relator o Eminente Juiz Tourinho Neto, ficando assim ementada no DJ de 14.10.91: "CONSTITUCIONAL. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. LEI 7.689, DE 15.12.88. INCONSTITUCIONALIDADE. 1. Ante o disposto no art. 149, da Constituição Federal de 1988, que manda observar o art. 146, inc. III, só lei complementar pode instituir contribuição social. 2. As contribuições sociais, que, em face dos arts. 149 e 146, inc. III, da CF/88, são tributos, não se aplica o disposto no art. 150, inc. III, tendo em vista o estabelecido no parag. 6, do art. 195, da CF/88. 3. As contribuições sociais novas não podem ter fato gerador ou base de cálculo próprios dos impostos e contribuições já existentes (CF/88, art. 195, parag. 4, c/c o art. 154, inc. I). A Lei 7689/88, no entanto, elege como base de cálculo da Contribuição o Lucro das Pessoas Jurídicas (arts. 1 e 2), que já e próprio do imposto de renda (arts. 44 do CTN, e 153, do RIR/80), além de assemelhar o seu fato gerador ao deste imposto aquisição da disponibilidade económica ou jurídica (art. 43, CTN). 4. A Lei 7.689, de 15 de dezembro de 1988, por outro lado, não poderia instituir contribuição social, pois o novo sistema tributário ainda não estava em vigor, ex vi do art. 34 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que estabeleceu que o sistema tributário entraria em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês seguinte ao da promulgação da constituição 1 de março de 1989. Infringência, por conseguinte, ao principio da irretroatividade. 5. Violou, outrossim, a Lei 7.689/88, o art. 165, parag. 5, inc. II, da CF/88, ao determinar, em seu art. 6, que a contribuição social será administrada e fiscalizada pela Secretaria da Receita Federal, quando diante do preceito constitucional (art. 165, parag.5, inc. III), a sua arrecadação deveria integrar o orçamento da seguridade social. 6. A Lei 7.689/88 é inconstitucional, em razão, pois, de ter infringido os arts. 146, inc. III; 154, inc. I; 165, parag. 5, inc.III; e 195, parags. 4 e 6, da Constituição Federal de 1988. 7. Incidente de inconstitucionalidade procedente." Fl. 1371DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.372 12 2. Submetome à decisão retro referida, e esclareço, antecipadamente, que não procedo à juntada do acórdão em questão, do seu inteiro teor, tendo em vista que centenas ou milhares de processos idênticos transitam neste Tribunal,e, assim, nada obsta a que a parte, em recorrendo, e querendo, faça a juntada do julgamento em sua integralidade, mesmo porque a ela cabe deduzir os fundamentos respectivos, pois o presente acórdão se limita a adotar a decisão proferida pelo Plenário. 3. Em face do exposto, nego provimento o recurso. De pronto é possível identificar que o precedente sobre o qual se baseou o TRF da 1ª Região ao julgar o processo da ora Recorrente é o mesmo que fundamentou a decisão transitada em julgado, que é objeto do leading case no julgamento do recurso repetitivo pelo STJ cuja aplicação a Recorrente reclama no recurso especial ora apreciado: a AMS nº 89.01.136147MG TRF da 1ª Região. Contudo, tal constatação não é suficiente para aplicar, de forma automática, o decidido no Recurso Especial (REsp) nº 1.118.893/MG ao presente caso, pois o lançamento ora analisado se fundamenta em sistema jurídico diverso daquele analisado pelo STJ. Com efeito, o auto de infração contra o qual se insurgiu a Contribuinte no presente processo (efls. 590 e ss.) foi lavrado em 07/12/2007, e alcançou fatos geradores de CSLL ocorridos nos anoscalendário 2001, 2003, 2004, 2005 e 2006, tendo como enquadramento legal correspondente à infração de falta de recolhimento de CSLL (efls. 602), além da Lei nº 7.689, de 1988 (art. 2º e §§), o art. 19 da Lei n° 9.249/1995, o art. 28 da Lei nº 9.430/1996, o art. 6° da Medida Provisória n° 1.858/1999 e suas reedições, e o art. 37 da Lei nº 10.637, de 2002. Ou seja, os fatos geradores alcançados no auto de infração (anoscalendário 2001, 2003, 2004, 2005 e 2006) ocorreram entre nove e treze anos após o julgamento em que o TRF da 1ª Região declarou, em favor da Recorrente, a inexistência de relação jurídico tributária a ensejar a cobrança de CSLL. Nesse período, a legislação de regência da CSLL sofreu diversas modificações por obra de normas supervenientes, tais como as Lei Complementar nº 70 (art. 11) e nº 8.383 (arts. 41, 44, 79, 81, 86, 87, 89, 91 e 95), ambas de 30 de dezembro de 1991; a Lei nº 8.541, de 1992 (arts. 22, 38, 39, 40, 42 e 43); a Lei nº 9.249, de 1995 (arts. 19 e 20); a Lei nº 9.430, de 1996 (arts. 28 a 30, sendo que o art. 28 remete aos arts. 1º a 3º, 5º a 14, 17 a 24, 26, 55 e 71 da mesma Lei); e a Lei nº 10.637, de 2002 (arts. 35 a 37, 45). Importante salientar que a superveniência da Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, foi destacada no TVF como elemento a estabelecer novo quadro jurídico sobre a matéria da inconstitucionalidade da cobrança de CSLL, que faz cessar os efeitos da coisa julgada que declarava a desobrigação da ora Recorrente de recolher essa contribuição. Vejase, também, que o posicionamento abraçado no acórdão do TRF que desobrigou a Recorrente a recolher a CSLL, no sentido de que "somente através de lei complementar pode ser instituída contribuição social", deixa de ser impeditivo da cobrança dessa contribuição com a edição da Lei Complementar nº 70, 1991. É dizer, como consignado no TVF, a situação jurídica em que se produziu a decisão judicial transitada em julgado que desobrigava a Recorrente do recolhimento da CSLL Fl. 1372DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.373 13 não mais perdurava ao tempo dos fatos geradores alcançados pela autuação fiscal, razão pela qual a coisa julgada em seu favor não mais surtia efeitos. A Recorrente afirma na peça recursal e reitera em Memorial, no entanto, que a decisão firmada pelo STJ no Recurso Especial nº 1.118.893/MG (a qual, tomada sob a sistemática dos recursos repetitivos de que trata o art. 543C do CPC, seria de observância obrigatória no CARF, a teor do art. 62A do Anexo II do RICARF então vigente) (i) "expressamente afastou qualquer hipótese no sentido de que as superficiais alterações sofridas pela Lei nº 7.689/88 teriam o condão de macular as relações jurídicas já pacificadas pela coisa julgada" e (ii) "afastou qualquer efeito do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 15 ("ADI nº 15") pelo Supremo Tribunal Federal sobre a relação jurídica estabilizada por decisão judicial transitada em julgado". Ocorre, porém, que a legislação analisada pelo STJ no REsp nº 1.118.893/MG, e que teria alterado a incidência da CSLL a partir da Lei nº 7.689, de 1988, corresponde à Lei Complementar nº 70, de 1991, e às Leis nº 7.856, de 1989, nº 8.034, de 1990, nº 8.212, de 1991, nº 8.383, de 1991 e nº 8.541, de 1992. Verificase que o voto do Ministro Arnaldo Esteves Lima, relator do REsp, é calcado, na parte que analisa as citadas leis, no voto da Min. Eliana Calmon, por ocasião do REsp nº 731.250/PE, que analisa detalhadamente cada dispositivo dessas leis, mas apenas essas leis. Por conseguinte, algumas das normas que serviram para fundamentar o auto de infração não foram analisadas no julgamento do REsp nº 1.118.893/MG, notadamente a Lei nº 9.430, de 1996, e o art. 37 da Lei nº 10.637, de 2002, além do art. 6° da Medida Provisória n° 1.858, de 1999, e suas reedições É importante destacar que já ao tempo da publicação da Lei nº 9.430, ou seja, dezembro de 1996, era pacífico o entendimento no âmbito do STF que a CSLL podia ser regulada por lei ordinária, pois no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) nº 146.733/SP, em 29/06/1992, o Pleno do STF reconheceu, em sede de controle difuso, a constitucionalidade da Lei nº 7.689, de 1988 (a exceção do art. 8º do referido diploma). Tal entendimento foi confirmado no julgamento do RE nº 138.284/CE , em 01/07/1992, igualmente em controle difuso, cuja ementa ora transcrevo, com grifos: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. CONTRIBUIÇÕES INCIDENTES SOBRE O LUCRO DAS PESSOAS JURIDICAS. Lei n. 7.689, de 15.12.88. I. Contribuições parafiscais: contribuições sociais, contribuições de intervenção e contribuições corporativas. C.F., art. 149. Contribuições sociais de seguridade social. C.F., arts. 149 e 195. As diversas espécies de contribuições sociais. II. A contribuição da Lei 7.689, de 15.12.88, e uma contribuição social instituida com base no art. 195, I, da Constituição. As contribuições do art. 195, I, II, III, da Constituição, não exigem, para a sua instituição, lei complementar. Apenas a contribuição do parag. 4. do mesmo art. 195 e que exige, para a sua instituição, lei complementar, dado que essa instituição devera observar a tecnica da competência residual da União (C.F., art. 195, parag. 4.; C.F., art. 154, I). Posto estarem sujeitas a lei complementar do art. 146, III, da Constituição, porque não são impostos, não há Fl. 1373DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.374 14 necessidade de que a lei complementar defina o seu fato gerador, base de calculo e contribuintes (C.F., art. 146, III, "a"). III. Adicional ao imposto de renda: classificação desarrazoada. IV. Irrelevância do fato de a receita integrar o orçamento fiscal da União. O que importa e que ela se destina ao financiamento da seguridade social (Lei 7.689/88, art. 1.). V. Inconstitucionalidade do art. 8., da Lei 7.689/88, por ofender o princípio da irretroatividade (C.F., art, 150, III, "a") qualificado pela inexigibilidade da contribuição dentro no prazo de noventa dias da publicação da lei (C.F., art. 195, parag. 6). Vigencia e eficacia da lei: distinção. VI. Recurso Extraordinário conhecido, mas improvido, declarada a inconstitucionalidade apenas do artigo 8. da Lei 7.689, de 1988. Assim, não se pode dizer que a Lei nº 9.430, de 1996, bem como a Lei nº 10.637, de 2002, estariam alcançadas pelo REsp 1.118.893/MG, a ponto de não poderem ser aplicadas a quem porventura tenha uma decisão judicial favorável fundamentada na inconstitucionalidade da Lei nº 7.689, de 1988 (que foi o objeto de pedir no caso concreto). Mas a alteração legislativa não é a única forma que podemos considerar como uma mudança no suporte jurídico decorrido entre a decisão judicial transitada em julgado e os fatos geradores objeto do lançamento. É preciso ter em conta, também, quando se está tratando de constitucionalidade de leis, as decisões definitivas do STF com efeitos erga omnes, pois, sendo o STF o “Guardião da Constituição”, seu pronunciamento em caráter definitivo afasta qualquer dúvida sobre a constitucionalidade/inconstitucionalidade de uma norma. Nesse contexto, como concluído na síntese final do já referido Parecer PGFN/CRJ nº 492/2011, "possuem força para, com o seu advento, impactar ou alterar o sistema jurídico vigente, precisamente por serem dotados dos atributos da definitividade e objetividade", não apenas os precedentes "formados em controle concentrado de constitucionalidade, independentemente da época em que prolatados" e os "formados em sede de controle difuso de constitucionalidade, seguidos, ou não, de Resolução Senatorial, desde que, nesse último caso, tenham resultado de julgamento realizado nos moldes do art. 543B do CPC", mas também aqueles, anteriores a 3 de maio de 2007, "formados em sede de controle difuso de constitucionalidade, seguidos, ou não, de Resolução Senatorial, desde que, nesse último caso, tenham sido oriundos do Plenário do STF e sejam confirmados em julgados posteriores da Suprema Corte" (lembrando que 3 de maio de 2007 corresponde à data da alteração regimental do STF, introduzindo as disposições da Lei nº 11.418, de 2006). Tais precedentes, acrescenta o Parecer em sua síntese final, são objetivos e definitivos, configurando "circunstância jurídica nova apta a fazer cessar a eficácia vinculante das anteriores decisões tributárias transitadas em julgado que lhe forem contrárias". Nessa condição, quando vão no sentido da constitucionalidade de lei tributária, fazem com que o Fisco retome "o direito de cobrar o tributo em relação aos fatos geradores ocorridos daí para frente, sem que, para tanto, necessite ajuizar ação judicial". Confirase (sublinhouse): V Síntese do exposto Fl. 1374DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.375 15 99. Eis a síntese das principais considerações/conclusões expostas ao longo do presente Parecer: (i) a alteração nos suportes fático ou jurídico existentes ao tempo da prolação de decisão judicial voltada à disciplina de relações jurídicas tributárias continuativas faz cessar, dali para frente, a eficácia vinculante dela emergente em razão do seu trânsito em julgado; (ii) possuem força para, com o seu advento, impactar ou alterar o sistema jurídico vigente, precisamente por serem dotados dos atributos da definitividade e objetividade, os seguintes precedentes do STF: (i) todos os formados em controle concentrado de constitucionalidade, independentemente da época em que prolatados; (ii) quando posteriores a 3 de maio de 2007, aqueles formados em sede de controle difuso de constitucionalidade, seguidos, ou não, de Resolução Senatorial, desde que, nesse último caso, tenham resultado de julgamento realizado nos moldes do art. 543B do CPC; (iii) quando anteriores a 3 de maio de 2007, aqueles formados em sede de controle difuso de constitucionalidade, seguidos, ou não, de Resolução Senatorial, desde que, nesse último caso, tenham sido oriundos do Plenário do STF e sejam confirmados em julgados posteriores da Suprema Corte. (iii) o advento de precedente objetivo e definitivo do STF configura circunstância jurídica nova apta a fazer cessar a eficácia vinculante das anteriores decisões tributárias transitadas em julgado que lhe forem contrárias; (iv) como a cessação da eficácia da decisão tributária transitada em julgado é automática, com o advento do precedente objetivo e definitivo do STF, quando no sentido da constitucionalidade da lei tributária, o Fisco retoma o direito de cobrar o tributo em relação aos fatos geradores ocorridos daí para frente, sem que, para tanto, necessite ajuizar ação judicial; por outro lado, com o advento do precedente objetivo e definitivo do STF, quando no sentido da inconstitucionalidade da lei tributária, o contribuinte autor deixa de estar obrigado ao recolhimento do tributo, em relação aos fatos geradores praticados dali para frente, sem que, para tanto, necessite ajuizar ação judicial; (v) em regra, o termo a quo para o exercício do direito conferido ao contribuinteautor de deixar de pagar o tributo antes tido por constitucional pela coisa julgada, ou conferido ao Fisco de voltar a cobrar o tributo antes tido por inconstitucional pela coisa julgada, é a data do trânsito em julgado do acórdão proferido pelo STF. Excepcionase essa regra, no que tange ao direito do Fisco de voltar a cobrar, naquelas específicas hipóteses em que a cessação da eficácia da decisão tributária transitada em julgado tenha ocorrido em momento anterior à publicação deste Parecer, e tenha havido inércia dos agentes fazendários quanto à cobrança; nessas hipóteses, o termo a quo Fl. 1375DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.376 16 do direito conferido ao Fisco de voltar a exigir, do contribuinte autor, o tributo em questão, é a publicação do presente Parecer. Ora, como já disse, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) nº 146.733/SP, em 29/06/1992, o Pleno do STF reconheceu, em sede de controle difuso, a constitucionalidade da Lei nº 7.689, de 1988 (a exceção do art. 8º do referido diploma). Tal entendimento foi confirmado no julgamento do RE nº 138.284/CE (em 01/07/1992, igualmente em controle difuso) e no julgamento da ADI nº 152/DF (em 14/06/2007, aqui já em controle concentrado de constitucionalidade). É dizer, na inteligência do Parecer PGFN/CRJ n° 492, de 2011, já com a decisão do STF no julgamento do RE nº 138.284/CE, há precedente objetivo e definitivo do STF a fazer cessar a eficácia vinculante da decisão tributária transitada em julgado em favor da Contribuinte. Por oportuno, esclareço que o acórdão do RE nº 138.284/CE transitou em julgado em 29/09/1992, sendo que em 12/04/1995 foi publicada Resolução do Senado Federal decorrente, que suspendeu os efeitos a execução do disposto no art. 8º da Lei nº 7.689, de 1988. Vale lembrar que, como dito alhures, a autuação fiscal no presente processo data de 07/12/2007, alcançando fatos geradores de CSLL de 2001, 2003, 2004, 2005 e 2006, e tem como enquadramento legal, além da Lei nº 7.689, de 1988 (art. 2º e §§), o art. 19 da Lei n° 9.249/1995, o art. 28 da Lei nº 9.430/1996, o art. 6° da Medida Provisória n° 1.858/1999 e suas reedições, e o art. 37 da Lei nº 10.637, de 2002. Ou seja, não só a autuação fiscal se deu quando já havia precedente objetivo e definitivo do STF pela constitucionalidade da Lei nº 7.689, de 1988, como os próprios fatos geradores objeto da autuação também são posteriores ao precedente. A ementa do RE nº 138.284/CE já foi transcrita acima; cumpre, então, transcrever as ementas dos demais julgados citados, na parte de interesse: RE nº 146.733/SP: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO DAS PESSOAS JURIDICAS. LEI 7689/88. NÃO E INCONSTITUCIONAL A INSTITUIÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO DAS PESSOAS JURIDICAS, CUJA NATUREZA E TRIBUTARIA. CONSTITUCIONALIDADE DOS ARTIGOS 1., 2. E 3. DA LEI 7689/88. REFUTAÇÃO DOS DIFERENTES ARGUMENTOS COM QUE SE PRETENDE SUSTENTAR A INCONSTITUCIONALIDADE DESSES DISPOSITIVOS LEGAIS. AO DETERMINAR, POREM, O ARTIGO 8. DA LEI 7689/88 QUE A CONTRIBUIÇÃO EM CAUSA JA SERIA DEVIDA A PARTIR DO LUCRO APURADO NO PERIODO BASE A SER ENCERRADO EM 31 DE DEZEMBRO DE 1988, VIOLOU ELE O PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE CONTIDO NO ARTIGO 150, III, "A", DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, QUE PROIBE QUE A LEI QUE INSTITUI TRIBUTO TENHA, COMO FATO GERADOR DESTE, FATO OCORRIDO ANTES DO INICIO DA VIGENCIA DELA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO COM BASE NA LETRA "B" DO INCISO III DO ARTIGO 102 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, MAS A QUE SE NEGA Fl. 1376DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.377 17 PROVIMENTO PORQUE O MANDADO DE SEGURANÇA FOI CONCEDIDO PARA IMPEDIR A COBRANÇA DAS PARCELAS DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL CUJO FATO GERADOR SERIA O LUCRO APURADO NO PERIODOBASE QUE SE ENCERROU EM 31 DE DEZEMBRO DE 1988. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 8. DA LEI 7689/88. ADI nº 152/DF: (...) IV. ADIn: L. 7.689/88, que instituiu contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas, resultante da transformação em lei da Medida Provisória 22, de 1988. 1. Não conhecimento, quanto ao art. 8º, dada a invalidade do dispositivo, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal, em processo de controle difuso (RE 146.733), e cujos efeitos foram suspensos pelo Senado Federal, por meio da Resolução 11/1995. 2. Procedência da arguição de inconstitucionalidade do artigo 9º, por incompatibilidade com os artigos 195 da Constituição e 56, do ADCT/88, que, não obstante já declarada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 150.764, 16.12.92, M. Aurélio (DJ 2.4.93), teve o processo de suspensão do dispositivo arquivado, no Senado Federal, que, assim, se negou a emprestar efeitos erga omnes à decisão proferida na via difusa do controle de normas. 3. Improcedência das alegações de inconstitucionalidade formal e material do restante da mesma lei, que foram rebatidas, à exaustão, pelo Supremo Tribunal, nos julgamentos dos RREE 146.733 e 150.764, ambos recebidos pela alínea b do permissivo constitucional, que devolve ao STF o conhecimento de toda a questão da constitucionalidade da lei. Vejase que a supracitada ADI só confirma o entendimento do STF manifestado em sede de controle difuso de constitucionalidade, como se pode até verificar dos acórdãos que ela mesma menciona. Ademais, voltandose ao repetitivo nº 1.118.893/MG, de 2011, e em atenção à alegação da Recorrente que tal decisão afastou qualquer efeito do julgamento da ADI sobre a relação jurídica estabilizada por decisão judicial transitada em julgado, verificase que a manifestação acerca da ADI foi no sentido de não poder ela retroagir para alcançar os fatos geradores objeto do caso concreto lá julgado, de 1991. É flagrante no voto do Ministro que o valor perquirido foi a segurança jurídica daqueles que se comportaram segundo uma decisão transitada em julgado em controle difuso, consoante trecho que ora transcrevo: “Outrossim, o fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena de negar validade à própria existência do controle difuso de constitucionalidade, fragilizando, sobremodo, a res judicata, com imensurável repercussão negativa no seio social.” Fl. 1377DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.378 18 Mas, como se viu, o suporte jurídico existente ao tempo dos fatos geradores objeto do lançamento que aqui se discute (anoscalendário 2001, 2003, 2004, 2005 e 2006) não era aquele que orientou o julgamento da Ação Ordinária nº 90.49366, em favor da Recorrente. Tanto o fato de o auto de infração ter se fundamentado em normas não alcançadas pela decisão do STJ no julgamento do REsp 1.118.893/MG, quanto as antes citadas decisões do STF assim confirmam. É dizer, o valor da segurança jurídica a que atentou o STJ vai aqui no sentido de que coisa julgada alcançada por alteração no suporte jurídico não pode continuar a surtir efeitos vinculantes prospectivos, dali para frente. Outro não foi o posicionamento desta 1ª Turma da CSRF em julgamento recente (acórdão nº 9101002.287, de 5 de abril de 2016, de minha relatoria), como se vê na ementa parcialmente transcrita a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2007, 2008 INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 7.689, DE 1988. EFEITOS PROSPECTIVOS DA COISA JULGADA. ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JURÍDICAS. APLICAÇÃO DO DECIDIDO NO RESP Nº 1.118.893/MG. Ainda que as decisões do STJ exaradas sob o regime do art. 543 C do CPC (recursos repetitivos) devam ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, ao se aplicar o decidido por aquela Corte na verificação dos efeitos de decisões judiciais transitadas em julgado que declararam inconstitucional a Lei nº 7.689, de 1988 (REsp nº 1.118.893/MG), devese cotejar as circunstâncias jurídicas e fáticas que envolvem o caso concreto e a decisão transitada em julgado com os limites do decidido no recurso especial em tela. Discrepâncias normativas e de precedentes demonstram que a hipótese não se subsume ao repetitivo, e justificam a sua não aplicação. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 7.689, DE 1988. EFEITOS PROSPECTIVOS DA COISA JULGADA. ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JURÍDICAS. Os precedentes da ADI nº 152/DF e dos RE nº 146.733/SP e nº 138.284/CE possuem força para, com o seu advento, impactar ou alterar o sistema jurídico vigente ao tempo da prolação de decisão judicial, transitada em julgado, que declarou a inconstitucionalidade da Lei nº 7.689, de 1988, fazendo cessar automaticamente sua eficácia. Em atenção ao argumento trazido pela Recorrente em Memorial, de que o Parecer PGFN/CRJ nº 492/2011, que vincula este Colegiado, veda a manutenção de lançamentos de fatos geradores ocorridos em momento anterior à sua publicação, como é o caso presente, verificase que não merece acolhida. Com efeito, em seu Memorial a Recorrente transcreve o item 79 do Parecer mas deixa de reproduzir o item anterior (de número 78) que diz expressamente que "o termo a quo para o exercício, pelo Fisco, do direito de voltar a exigir, do contribuinteautor, o tributo em questão é a data da publicação deste Parecer" apenas quando "a cessação da eficácia da decisão tributária transitada em julgado, em face do advento de precedente objetivo e definitivo do STF em sentido contrário ao nela sufragado, tenha ocorrido em momento Fl. 1378DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.379 19 anterior à publicação deste Parecer" (o que é o caso) e "tendo havido inércia dos agentes fazendários" (o que não é o caso). Confirase: 78.Assim, tendo em conta o princípio da segurança jurídica e os seus consectários princípios da não surpresa e da proteção à confiança, bem como por força do que prevê o art. 146 do CTN, entendese, aqui, que naquelas específicas hipóteses em que a cessação da eficácia da decisão tributária transitada em julgado, em face do advento de precedente objetivo e definitivo do STF em sentido contrário ao nela sufragado, tenha ocorrido em momento anterior à publicação deste Parecer, e tendo havido inércia dos agentes fazendários, o termo a quo para o exercício, pelo Fisco, do direito de voltar a exigir, do contribuinteautor, o tributo em questão é a data da publicação deste Parecer, o que significa dizer que apenas os fatos geradores praticados a partir desse instante poderão ser objeto de lançamento. A mesma afirmação consta no item "v" da antes transcrita síntese final do Parecer PGFN/CRJ nº 492/2011, que é claro ao fixar o termo a quo do direito conferido ao Fisco de voltar a exigir do contribuinteautor tributo antes tido por inconstitucional na data de publicação do Parecer apenas na hipótese "em que a cessação da eficácia da decisão tributária transitada em julgado tenha ocorrido em momento anterior à publicação deste Parecer, e tenha havido inércia dos agentes fazendários quanto à cobrança". Ora, no presente processo não houve, a toda evidência, inércia do Fisco na cobrança dos créditos tributários de CSLL aqui discutidos, haja vista que, como se disse antes, a autuação fiscal (datada de 07/12/2007) ocorreu muito antes da edição do Parecer PGFN/CRJ nº 492/2011. É dizer, em um momento em que já havia precedente objetivo e definitivo do STF pela constitucionalidade da Lei nº 7.689, de 1988, a Fiscalização lavrou o auto de infração, sem se quedar inerte. Não vejo qualquer relevância no fato destacado pela Recorrente no Memorial de a autuação fiscal não ter mencionado decisão do STF para fundamentar o lançamento. Como destacado alhures, o auto de infração teve enquadramento legal, entre outros diplomas, na Lei nº 7.689, de 1988 (art. 2º e §§), precisamente a norma que o STF julgou constitucional, sendo que toda autuação fiscal se embasa na alteração das circunstâncias jurídicas que deram ensejo à decisão judicial transitada em julgado que impedia o Fisco de cobrar CSLL da ora Recorrente. Além disso, o afastamento no presente caso do decidido no REsp nº 1.118.893/MG não se pauta apenas na declaração de constitucionalidade pelo STF da Lei nº 7.689, de 1988, mas também em alterações legislativas posteriores à decisão transitada em julgado em favor da Contribuinte, alterações essas que, como se viu, mudaram o sistema jurídico que circunda a matéria. Em relação ao argumento também trazido pela Recorrente em sede de Memorial de que o STF manifestou entendimento que "condiciona a relativização da coisa julgada exclusivamente às decisões em sede de ação recisória", no julgamento do RE nº 730.462/SP, em 28/05/2015, com repercussão geral, a vincular este Colegiado, temse que também não procede. Fl. 1379DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.380 20 Conforme trecho da ementa do acórdão lavrado no RE, o qual, é de se assinalar, sequer trata de matéria tributária, resta ressalvada da indispensabilidade de ação rescisória, "a questão relacionada à execução de efeitos futuros da sentença proferida em caso concreto sobre relações jurídicas de trato continuado". Confirase (sublinhouse): 4. Afirmase, portanto, como tese de repercussão geral que a decisão do Supremo Tribunal Federal declarando a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito normativo não produz a automática reforma ou rescisão das sentenças anteriores que tenham adotado entendimento diferente; para que tal ocorra, será indispensável a interposição do recurso próprio ou, se for o caso, a propositura da ação rescisória própria, nos termos do art. 485, V, do CPC, observado o respectivo prazo decadencial (CPC, art. 495). Ressalvase desse entendimento, quanto à indispensabilidade da ação rescisória, a questão relacionada à execução de efeitos futuros da sentença proferida em caso concreto sobre relações jurídicas de trato continuado. Ora, o caso presente envolve justamente os efeitos futuros de sentença proferida em caso concreto sobre relações jurídicas de trato continuado. Isso porque trata dos efeitos, em relação a fatos geradores sucessivos ocorridos nos anoscalendário 2001, 2003, 2004, 2005 e 2006, de decisão em favor da Contribuinte declarando a impossibilidade de o Fisco lhe exigir CSLL, decisão essa transitada em julgado em 20/02/1992. Finalmente, em relação ao argumento também trazido em Memorial de que há parecer da ProcuradoriaGeral da República em processo que trata do tema aqui discutido, com repercussão geral, em que aquela Procuradoria se manifesta pelo provimento de recurso extraordinário da Fazenda Nacional mas pondera que os efeitos devem ser prospectivos em homenagem à boafé dos contribuintes que possuem sentenças válidas e plenas de efeitos, tem se que não vincula esse Colegiado. Concluo, portanto, que a decisão judicial transitada em julgado em favor da Recorrente não possuía mais eficácia vinculante frente aos fatos geradores de CSLL sobre os quais recaiu a autuação fiscal, razão pela qual deve ser mantido o lançamento dessa contribuição. Nego provimento, portanto, ao recurso especial quanto à presente matéria de mérito. Aplicação da Multa Isolada por Falta de Recolhimento de Estimativas Alega a Recorrente que as multas isoladas por falta de recolhimento de estimativas lançadas, como se viu, para o período que vai de janeiro de 2001 a junho de 2002, não devem ser mantidas por não poderem ser lançadas após o encerramento dos respectivos anoscalendário e em razão da impossibilidade de aplicação concomitante das multas de ofício e isolada. O tema da aplicação simultânea da multa de ofício e da multa isolada por falta de recolhimento das estimativas mensais, ou da "concomitância" das multas isolada e de ofício, tem propiciado intensos debates no âmbito das Turmas do CARF e desta 1ª Turma da CSRF. Fl. 1380DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.381 21 No acórdão nº 9101001.854, desta 1ª Turma, proferido em 29 de janeiro de 2014, o Relator, Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão, cedeu ao entendimento preponderante da Turma e dos colegiados da 1ª Seção do CARF, que ia no sentido de que não é cabível a cobrança de multa isolada quando já lançada a multa de ofício, após o encerramento do anocalendário. Vejase, a propósito, que, posteriormente a esse julgado (e também à prolação do acórdão ora recorrido), foi aprovada, em 08/12/2014, a Súmula CARF nº 105, que assim enuncia (sublinhouse): Súmula CARF nº 105: a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. No presente processo, o lançamento das multas isoladas por falta de recolhimento de estimativas foi assim quantificado e fundamentado no TVF (efls. 585): Também exigimos a multa isolada nos meses constantes no demonstrativo abaixo: Os valores tributáveis estão demonstrados nos anexos (fls. 85/567) que fazem parte integrante deste Termo de Verificação Fiscal. No tocante à multa isolada prevista no Art. 44, parágrafo primeiro, inciso IV, da Lei 9.430/96, pela falta do recolhimento da CSLL apurada em Balanço ou Balancete de suspensão ou redução, está devidamente demonstrado abaixo. DEMONSTRATIVO DO CALCULO DA MULTA ISOLADA Extraise daí que as multas foram lançadas com fundamento no art. 44, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9.430, de 1996, isto é, com base na redação do art. 44 anterior à edição Medida Provisória nº 351, de 22 de janeiro de 2007, convertida na Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007 (os fatos eram de 2001 e 2002), embora tenha sido aplicado o percentual de 50% previsto na redação desse artigo dada pela MP em questão (redação que já vigia quando da Fl. 1381DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.382 22 lavratura do auto de infração). Isso em razão da retroatividade benigna de que trata o art. 106, inciso II, alínea "c", do CTN. Por clareza, cumpre reproduzir a redação desse artigo antes e depois da edição da MP em tela: Art. 44 da Lei nº 9.430/1996, na redação anterior à MP nº 351, de 2007: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; (...) § 1° As multas de que trata este artigo serão exigidas: I juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; (...) IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2°, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro liquido, no anocalendário correspondente. Art. 44 da Lei nº 9.430/1996, na redação dada pela MP nº 351, de 2007: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Isso posto, considerando que a multa isolada foi lançada com fundamento no art. 44, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9.430, de 1996, aplicase ao presente caso a antes transcrita Súmula CARF nº 105. Fl. 1382DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.383 23 Nesse passo, dou provimento ao Recurso Especial para exonerar as multas isoladas por falta de recolhimento de estimativas que não haviam sido alcançadas pela decadência (período de dezembro de 2001 a junho de 2002). Conclusão Em face ao exposto, voto no sentido de conhecer parcialmente o recurso especial interposto pela Contribuinte, deixando de conhecer apenas no que diz respeito à matéria da decadência da multa isolada, porém, no mérito, dar parcial provimento tão somente para exonerar as multas isoladas por falta de recolhimento de estimativas. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Declaração de Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza Antes de trazer as razões que me levaram a divergir da I. Relatora acerca da matéria em exame, registro meu respeito pelos fundamentos declinados em seu voto. Tratase de processo administrativo, oriundo de auto de infração, por meio do qual se constituiu o crédito tributário referente à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), referente aos anoscalendário de 2001, 2003, 2004, 2005 e 2006, bem como de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas da CSLL, referente aos meses de janeiro de 2001 a junho de 2002. Com referência ao lançamento de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas da CSLL, não há divergência, vez que acompanhei os fundamentos adotados no votocondutor do presente acórdão, afastando sua incidência, em conformidade com a Súmula CARF nº 105. A divergência diz respeito à eficácia da coisa julgada relativamente à inconstitucionalidade da CSLL instituída pela Lei nº 7.698/88. A discussão reside em saber se as reformas legislativas implementadas após o ano de 1992 representaram substancial modificação nas regras atinentes à CSLL, a ponto de representar modificação no estado de fato ou de direito, capaz de fazer cessar os efeitos da coisa julgada alcançada pela recorrente, em face do manejo de ação individual que reconheceu à inexistência de relação jurídica entre ela e a União Federal, no que tange à exigência de pagar a Contribuição Social, instituída pela Lei nº 7.689/88. Além disso, buscase saber a aplicabilidade ou não do entendimento exarado pelo E. Superior Tribunal de Justiça quando do julgamento do Recurso Especial no 1.118.893/MG, em que se assentou o entendimento no sentido de que: Fl. 1383DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.384 24 (í) alterações legislativas que não modificam a regra matriz da CSLL em sua essência não teriam o condão de flexibilizar as relações pacificadas pela coisa julgada, bem como que; (ii) a posterior manifestação do Supremo Tribunal Federal em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em favor do contribuinte não tem o condão de alterar os efeitos da res judicata. Conforme entendimento doutrinário majoritário, coisa julgada material significa a qualidade que torna imutável e indiscutível o comando originado da parte dispositiva da sentença de mérito, proferida em processo em que respeitado o contraditório e realizada a cognição exauriente da matéria litigiosa, e em relação à qual não caiba mais recurso ordinário ou extraordinário, nem sujeição à remessa necessária. A coisa julgada não é oponível em relação a todas e quaisquer situações que guardam grau de relação com a demanda originalmente proposta ou, ainda, em face de toda e qualquer pessoa.. No particular, necessária a percepção dos limites subjetivos e objetivos (inclusive no aspecto temporal) da res iudicata. Em síntese, os limites subjetivos da coisa julgada consistem na adequada determinação das pessoas sujeitas à imutabilidade e indiscutibilidade decorrentes do trânsito em julgado da sentença de mérito proferida na demanda judicial. Por sua vez, os limites objetivos dizem respeito à determinação da matéria que não mais poderá ser revista ou discutida perante os órgãos judiciários ou administrativos, diante da autorictas rei judicatae que se impõe à sentença de mérito transitada em julgado. Com a delimitação desse objeto buscase prevenir que o Poder Judiciário ou a Administração Pública aprecie por mais de uma vez o mesmo conflito, evitandose contradições que possam ocorrer no plano prático. Sob o aspecto temporal, os limites objetivos relacionamse ao contexto "espaçotempo" em que a sentença é proferida, o que valor dizer: mantida a situação de fato e de direito verificada entre as partes no tempo da propositura da demanda, mantida a autoridade da coisa julgada. No caso, a contribuinte aduziu pretensão (e obteve decisão judicial proferida) em termos amplos, tomando em conta a perspectiva de repetição periódica da incidência do tributo, razão pela qual a sentença que a acolheu (tal como formulada) produz efeitos em relação a mais de um exercício fiscal e até que sejam alteradas as situações fáticas e normativas que foram submetidas à apreciação do Poder Judiciário. Ao analisar as reformas legislativas implementadas até então, verificase que elas apenas modificaram a alíquota e a base de cálculo da contribuição instituída pela Lei 7.689/88, ou dispuseram sobre a forma de pagamento, alterações que não criaram nova relação juridicotributária. Nenhuma delas foi substancial a ponto de representar "modificação no estado de fato ou de direito" capaz de fazer cessar os efeitos da coisa julgada, conforme prescrito pelo artigo 505, I, do CPC/2015. Isso porque, desde a sua criação até os tempos atuais, não foi alterada a hipótese de incidência da CSLL: a pessoa jurídica domiciliada no Brasil (e as que lhe forem equiparadas) que vier a auferir lucro deverá apurar e recolher a contribuição social. Nem sequer uma única reforma foi realizada no art. 1º da Lei 7.689/88, que prescreve o aspecto material da hipótese de incidência da CSLL, qual seja, auferir lucro (“Art. 1º Fica instituída Fl. 1384DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.385 25 contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas, destinada ao financiamento da seguridade social”.) Nenhuma alteração tampouco foi realizada no caput do art. 2º da Lei 7.689/88, segundo o qual "a base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, o qual deve ser considerado antes mesmo da provisão para o imposto de renda. Em especial, o §1º, "c", embora tenha ganho nova redação em 1989, 1990 e 2014, mantevese essencialmente inalterado. A mesma diretriz da redação original da Lei 7.689 permanece inalterada desde a sua publicação, 1988: a base de cálculo da CSLL corresponde a acréscimos patrimoniais, ao "lucro" reconhecido pela legislação de regência. Mais evidente ainda é a insignificância, ao presente caso, das alterações de natureza meramente procedimental, atinentes à data ou à forma de recolhimento do tributo. Desta forma, concluise, portanto, que não houve reforma legislativa para a introdução de alterações substanciais, capazes de inaugurar um novo esquema normativo com a modificação do estado de direito que foi objeto da ação judicial proposta pelo contribuinte e que goza da autoridade da coisa julgada. Mas não é só. Após o trânsito em julgado da decisão judicial exarada em favor da recorrente, o Supremo Tribunal Federal firmou seu entendimento sobre a matéria em exame, nos autos de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI nº 15), declarando a constitucionalidade da Lei nº 7.689/88. Esta ADI transitou em julgado em 12/09/2007, posteriormente aos fatos geradores objeto do presente lançamento tributário (2002 a 2006). Instado a se manifestar sobre o tema, o E. Superior Tribunal de Justiça analisou o Resp nº 1.118.893MG, sujeito ao regime do artigo 543C do CPC, onde restou assentando o entendimento de que a edição de legislação superveniente (Leis nºs 7.856/89, 8.034/90, 8.212/91, 8.383/91, 8.542/91 e Lei Complementar n. 70/91) e posterior declaração de constitucionalidade do tributo pela C. Suprema, não retiram os efeitos da sentença de mérito transitada em julgado em favor do contribuinte. Vejase, nesse sentido, ementa do citado precedente jurisprudencial, verbis: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. RITO DO ART. 543C DO CPC. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO CSLL. COISA JULGADA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI 7.689/88 E DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICOTRIBUTÁRIA. SÚMULA 239/STF. ALCANCE. OFENSA AOS ARTS. 467 E 471, CAPUT, DO CPC CARACTERIZADA. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL CONFIGURADA. PRECEDENTES DA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO. 1. Discutese a possibilidade de cobrança da Contribuição Social sobre o Lucro CSLL do contribuinte que tem a seu favor decisão judicial transitada em julgado declarando a Fl. 1385DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.386 26 inconstitucionalidade formal e material da exação conforme concebida pela Lei 7.689/88, assim como a inexistência de relação jurídica material a seu recolhimento. 2. O Supremo Tribunal Federal, reafirmando entendimento já adotado em processo de controle difuso, e encerrando uma discussão conduzida ao Poder Judiciário há longa data, manifestouse, ao julgar ação direta de inconstitucionalidade, pela adequação da Lei 7.689/88, que instituiu a CSLL, ao texto constitucional, à exceção do disposto no art 8º, por ofensa ao princípio da irretroatividade das leis, e no art. 9º, em razão da incompatibilidade com os arts. 195 da Constituição Federal e 56 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ADCT (ADI 15/DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, DJ 31/8/07). 3. O fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena de negar validade ao próprio controle difuso de constitucionalidade. 4. Declarada a inexistência de relação jurídicotributária entre o contribuinte e o fisco, mediante declaração de inconstitucionalidade da Lei 7.689/88, que instituiu a CSLL, afastase a possibilidade de sua cobrança com base nesse diploma legal, ainda não revogado ou modificado em sua essência. 5. "Afirmada a inconstitucionalidade material da cobrança da CSLL, não tem aplicação o enunciado nº 239 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, segundo o qual a "Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores" (AgRg no AgRg nos EREsp 885.763/GO, Rel. Min. HAMILTON CARVALHIDO, Primeira Seção, DJ 24/2/10). 6. Segundo um dos precedentes que deram origem à Súmula 239/STF, em matéria tributária, a parte não pode invocar a existência de coisa julgada no tocante a exercícios posteriores quando, por exemplo, a tutela jurisdicional obtida houver impedido a cobrança de tributo em relação a determinado período, já transcorrido, ou houver anulado débito fiscal. Se for declarada a inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo, não há falar na restrição em tela (Embargos no Agravo de Petição 11.227, Rel. Min. CASTRO NUNES, Tribunal Pleno, DJ 10/2/45). 7. "As Leis 7.856/89 e 8.034/90, a LC 70/91 e as Leis 8.383/91 e 8.541/92 apenas modificaram a alíquota e a base de cálculo da contribuição instituída pela Lei 7.689/88, ou dispuseram sobre a forma de pagamento, alterações que não criaram nova relação jurídicotributária. Por isso, está impedido o Fisco de cobrar a exação relativamente aos exercícios de 1991 e 1992 em respeito à coisa julgada material" (REsp 731.250/PE, Rel. Min. ELIANA CALMON, Segunda Turma, DJ 30/4/07). Fl. 1386DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.387 27 8. Recurso especial conhecido e provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil e da Resolução 8/STJ.” (G.N) Segundo as razões trazidas no votocondutor do presente acórdão, entende I. Relatora, acompanhada pela maioria deste E. Colegiado, inaplicável o entendimento do E. STJ, manifestado no Resp. nº 1.118.893/MG, em face da matéria fática analisada naquele precedente está relacionada à CSLL dos exercícios de 1991 e 1992. De fato, na referida decisão, o E. STJ entendeu que as Leis nºs 7.856/89, 8.034/90, a LC 70/91 e as Leis 8.383/91 e 8.541/92, não estabeleceram nova relação jurídico tributária com a União, tendo em vista que apenas dispuseram sobre alíquota e base de cálculo da CSLL, motivo pelo qual assegurou a impossibilidade de cobrança da referida exação relativamente aos exercícios de 1991 e 1992, em respeito à coisa julgada material. Ocorre que, apesar do E. STJ ter analisado as alterações legislativas posteriores à edição da Lei 7.689/88 até 1992, constatase que os diplomas legais posteriores ao anocalendário de 1992 também não estabeleceram nova relação jurídicatributária capaz de ensejar a cobrança da CSLL, tendo em vista que dispuseram apenas (igualmente) sobre (i) alíquota; (ii) base de cálculo; e (iii) normas de apuração e recolhimento. Sendo assim, penso que as alterações legislativas que ocorreram após o ano calendário de 1992, possuem a mesma natureza daquelas analisadas pelo STJ, quando do julgamento do Recurso Especial nº 1.118.893MG, mesmo porque tais mudanças não introduziram nova contribuição social. Por fim, por ser relevante ao tema, trago à colação decisão do STF tomada em Recurso Extraordinário (RE 730.462), com repercussão geral, onde afirmou que as suas decisões não se prestam a automaticamente rescindir sentenças já transitadas em julgado, sendo imprescindível o ajuizamento de ação rescisória para tal fim. O aludido acórdão restou assim ementado: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE PRECEITO NORMATIVO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. EFICÁCIA NORMATIVA E EFICÁCIA EXECUTIVA DA DECISÃO: DISTINÇÕES. INEXISTÊNCIA DE EFEITOS AUTOMÁTICOS SOBRE AS SENTENÇAS JUDICIAIS ANTERIORMENTE PROFERIDAS EM SENTIDO CONTRÁRIO. INDISPENSABILIDADE DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO OU PROPOSITURA DE AÇÃO RESCISÓRIA PARA SUA REFORMA OU DESFAZIMENTO. 1. A sentença do Supremo Tribunal Federal que afirma a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito normativo gera, no plano do ordenamento jurídico, a consequência (= eficácia normativa) de manter ou excluir a referida norma do sistema de direito. 2. Dessa sentença decorre também o efeito vinculante, consistente em atribuir ao julgado uma qualificada força Fl. 1387DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.388 28 impositiva e obrigatória em relação a supervenientes atos administrativos ou judiciais (= eficácia executiva ou instrumental), que, para viabilizarse, tem como instrumento próprio, embora não único, o da reclamação prevista no art. 102, I, “l”, da Carta Constitucional. 3. A eficácia executiva, por decorrer da sentença (e não da vigência da norma examinada), tem como termo inicial a data da publicação do acórdão do Supremo no Diário Oficial (art. 28 da Lei 9.868/1999). É, consequentemente, eficácia que atinge atos administrativos e decisões judiciais supervenientes a essa publicação, não os pretéritos, ainda que formados com suporte em norma posteriormente declarada inconstitucional. 4. Afirmase, portanto, como tese de repercussão geral que a decisão do Supremo Tribunal Federal declarando a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito normativo não produz a automática reforma ou rescisão das sentenças anteriores que tenham adotado entendimento diferente; para que tal ocorra, será indispensável a interposição do recurso próprio ou, se for o caso, a propositura da ação rescisória própria, nos termos do art. 485, V, do CPC, observado o respectivo prazo decadencial (CPC, art. 495). Ressalvase desse entendimento, quanto à indispensabilidade da ação rescisória, a questão relacionada à execução de efeitos futuros da sentença proferida em caso concreto sobre relações jurídicas de trato continuado. 5. No caso, mais de dois anos se passaram entre o trânsito em julgado da sentença no caso concreto reconhecendo, incidentalmente, a constitucionalidade do artigo 9º da Medida Provisória 2.16441 (que acrescentou o artigo 29C na Lei 8.036/90) e a superveniente decisão do STF que, em controle concentrado, declarou a inconstitucionalidade daquele preceito normativo, a significar, portanto, que aquela sentença é insuscetível de rescisão. 6. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (STF, RE 730462, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 28/05/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe177 DIVULG 0809 2015 PUBLIC 09092015) Como se pode observar, o Ministro TEORI ZAVASCKI, relator do RE 730.462, achou por bem ressalvar do quanto decidido as relações jurídicas de trato continuado. A ressalva, no entanto, atua como obter dictum, tão só para delimitar os traços do caso analisado sob o rito da repercussão geral. Significa dizer que, aquele julgado em específico, nada diz respeito a relações jurídicas de trato continuado. Assim, considerandos (a) os expressos termos da decisão judicial cujos efeitos se pretende aplicar neste procedimento (que não os limita a apenas um exercício financeiro); b) o citado precedente exarado pelo E. Superior Tribunal de Justiça (Resp nº 1.118.893MG), que reconhece a eficácia contemporânea de decisões judiciais análogas à sob exame; e c) o disposto no artigo 62A do Regimento Interno do CARF, que determina serem de observância obrigatória os precedentes jurisprudenciais da E. Corte de Justiça exarados sob o Fl. 1388DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.389 29 regime do art. 543C do CPC; impõese o acolhimento do presente recurso especial para cancelamento dos lançamentos que tenham por objeto a CSLL e seus respectivos consectários. Conclusão Por esses fundamentos, voto pelo CONHECIMENTO do recurso e, no mérito, voto por DARLHE PROVIMENTO, a fim de que sejam cancelado o auto de infração lavrado em afronta à decisão judicial com trânsito em julgado obtida pelo contribuinte, que lhe garante o direito à não incidência de CSLL sobre as suas atividades no período em questão. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Declaração de voto Conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Apesar do brilhante voto da Conselheira Relatora, peço permissão para discordar do seu entendimento em relação aos efeitos da coisa julgada no presente caso. Na espécie, o contribuinte ajuizou demanda judicial com o fim de eximirse do recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, com o fundamento da inconstitucionalidade de sua instituição pela Lei nº 7.689/88, obtendo sentença favorável, transitada em julgado, sem interposição de qualquer medida judicial por parte da PFN para reverter tal situação. Na origem da lide em análise, temse que o contribuinte obteve provimento judicial declarando a inexistência de relação jurídicotributária, por meio da Ação Declaratória 90.00049366, o que resultou na impossibilidade da exigência de CSLL instituída pela Lei nº 7.689/88, a partir do anobase de 1989. Referida ação foi julgada procedente e transitou em julgado em 20 de fevereiro de 1992. Pois bem, sabese que a sentença só produz efeitos após seu trânsito em julgado. Não se quer, com isso, confundir a eficácia da sentença com sua imutabilidade e a possibilidade de nova discussão. A coisa julgada, não é efeito da sentença, mas uma situação jurídica nova, surgida no momento em que se torna inadmissível a interposição de recurso contra tal provimento, consistente na imutabilidade e indiscutibilidade da sentença e de seu conteúdo. Logo, enquanto houver possibilidade de recurso, haverá possibilidade de discutir e, eventualmente, obter provimento judicial em sentido diverso. No entanto, tal expediente de mudança deve obedecer ao procedimento previsto em lei. In casu, a sentença judicial poderia ser atacada por apelação, ou por ação rescisória. Decorridos os respectivos prazos legais, sem que houvesse interposição deste ou daquele recurso, verificase o trânsito em julgado da mesma, não havendo, portanto, razão para discutirse acerca da mesma. Fl. 1389DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.390 30 Não obstante, o STF veio a pronunciarse, novamente, agora em sentido contrário, declarando a constitucionalidade da Lei 7.689/88. Desta forma, então, a fiscalização voltou a autuar aquelas empresas que não recolhiam a CSLL com base na referida lei. Entretanto, a mudança de entendimento do STF, por si só, não serve para modificar relação jurídica estabilizada pela coisa julgada. Isto porque, o fato de o Supremo mudar seu entendimento acerca da constitucionalidade de uma lei, em controle difuso ou concentrado, não pode alterar decisão jurisdicional que havia declarado a inexistência de relação jurídicotributária entre Fisco e contribuinte. Com profundidade, quando o Magistrado emite uma norma individual e concreta declarando a inexistência de relação jurídicotributária, esta norma impede que, uma vez ocorrido o fato gerador do tributo, seja emitida outra norma estabelecendo a obrigação pecuniária entre o contribuinte e o Fisco. Em outras palavras, impede que seja estabelecida a relação jurídica entre aquele que praticou o fato gerador, e aquele que tem o direito subjetivo de obter a prestação pecuniária. Tratase do primado da segurança jurídica que confere estabilidade, previsibilidade e confiabilidade às relações jurídicas. Neste âmago Ricardo Lobo Torres ensina: “Segurança jurídica é certeza e garantia dos direitos. É paz. Como todos os valores jurídicos é aberta, variável, bipolar e indefinível. A segurança jurídica significa sobretudo segurança dos direitos fundamentais. A segurança jurídica tornase valor fundamental do Estado de Direito, pois o capitalismo e o liberalismo necessitam de certeza, calculabilidade, legalidade e objetividade nas relações jurídicas e previsibilidade na ação do Estado e garantia da propriedade. (...) A segurança foi incluída na declaração dos direitos fundamentais constante no art. 5º da CF/88:(...). A segurança é um valor jurídico e, como segurança dos Direitos fundamentais, se transforma ela própria em direito fundamental. A segurança jurídica é valor porque guarda todas as características deles (generalidade, abstração, polaridade, interação com outros valores); é garantida no art. 5º da CF por intermédio dos princípios jurídicos, e não como performativo.” (“Limitações ao Poder Impositivo e Segurança Jurídica”, Pesquisas Tributárias – Nova Série nº 11. São Paulo: RT/Centro de Extensão Universitária, 2005, pp. 74/76) Ives Gandra da Silva Martins assevera que, em sua visão, certeza e segurança: “...são direitos e garantias fundamentais; a ‘segurança’ é ofertada pelas disposições dos textos legislativos e a ‘certeza’ pela interpretação que os Tribunais lhes ofertam. Desta forma, a ‘segurança’, a que se refere a Carta Magna, só adquire ‘certeza’ absoluta quando o Poder Judiciário oferta a decisão definitiva, a interpretação última, aquela que permite seja a interpretação seguida pelos cidadãos com confiança. É de se admitir, portanto, que a ‘segurança jurídica’ só se completa com a ‘certeza’ da interpretação pelo Poder que a Fl. 1390DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.391 31 determina, e o Supremo Tribunal Federal, como guardião da Constituição, é aquele que oferta a interpretação última, definitiva, que orienta, sinaliza, mostra a todos os cidadãos o caminho correto a seguir. O jurista, finaliza seu parecer afirmando: “Não pode, pois, o Estado eximirse de sua responsabilidade – através do único Poder que impõe, com ‘definitividade’, sua orientação e interpretação da ordem jurídica – em respeitar os direitos da cidadania. E nem seria justo que a Suprema Corte, no caso de alterar reiterada jurisprudência a favor do particular, declarasse caber o ônus de seu ‘erro’, de sua ‘instabilidade decisória’, exclusivamente aos cidadãos. Não seria legítimo – nem engrandeceria a tradição de guardiã da Constituição, que o Pretório Excelso detém – que tendo seus eminentes integrantes ‘errado’, deva o cidadão pagar por esse erro.” (“Coisa julgada – Constitucionalidade e legalidade em matéria tributária, coedição São Paulo: Dialética; e Fortaleza: Instituto Cearense de Estudos Tributários – ICET, 2006, pp. 218/219) Este entendimento, inclusive, foi corroborado pelo STJ, em sede de recurso repetitivo, no REsp nº 1.118.893 – MG (2009/00111359), à seguir transcrito: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. RITO DO ART. 543C DO CPC. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO CSLL. COISA JULGADA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI 7.689/88 E DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICOTRIBUTÁRIA. SÚMULA 239/STF. ALCANCE. OFENSA AOS ARTS. 467 E 471, CAPUT, DO CPC CARACTERIZADA. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL CONFIGURADA. PRECEDENTES DA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO. 1. Discutese a possibilidade de cobrança da Contribuição Social sobre o Lucro CSLL do contribuinte que tem a seu favor decisão judicial transitada em julgado declarando a inconstitucionalidade formal e material da exação conforme concebida pela Lei 7.689/88, assim como a inexistência de relação jurídica material a seu recolhimento. 2. O Supremo Tribunal Federal, reafirmando entendimento já adotado em processo de controle difuso, e encerrando uma discussão conduzida ao Poder Judiciário há longa data, manifestouse, ao julgar ação direta de inconstitucionalidade, pela adequação da Lei 7.689/88, que instituiu a CSLL, ao texto constitucional, à exceção do disposto no art 8º, por ofensa ao princípio da irretroatividade das leis, e no art. 9º, em razão da incompatibilidade com os arts. 195 da Constituição Federal e 56 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ADCT (ADI 15/DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, DJ 31/8/07). Fl. 1391DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.392 32 3. O fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena de negar validade ao próprio controle difuso de constitucionalidade. 4. Declarada a inexistência de relação jurídicotributária entre o contribuinte e o fisco, mediante declaração de inconstitucionalidade da Lei 7.689/88, que instituiu a CSLL, afastase a possibilidade de sua cobrança com base nesse diploma legal, ainda não revogado ou modificado em sua essência. 5. "Afirmada a inconstitucionalidade material da cobrança da CSLL, não tem aplicação o enunciado nº 239 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, segundo o qual a "Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores" (AgRg no AgRg nos EREsp 885.763/GO, Rel. Min. HAMILTON CARVALHIDO, Primeira Seção, DJ 24/2/10). 6. Segundo um dos precedentes que deram origem à Súmula 239/STF, em matéria tributária, a parte não pode invocar a existência de coisa julgada no tocante a exercícios posteriores quando, por exemplo, a tutela jurisdicional obtida houver impedido a cobrança de tributo em relação a determinado período, já transcorrido, ou houver anulado débito fiscal. Se for declarada a inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo, não há falar na restrição em tela (Embargos no Agravo de Petição 11.227, Rel. Min. CASTRO NUNES, Tribunal Pleno, DJ 10/2/45). 7. "As Leis 7.856/89 e 8.034/90, a LC 70/91 e as Leis 8.383/91 e 8.541/92 apenas modificaram a alíquota e a base de cálculo da contribuição instituída pela Lei 7.689/88, ou dispuseram sobre a forma de pagamento, alterações que não criaram nova relação jurídicotributária. Por isso, está impedido o Fisco de cobrar a exação relativamente aos exercícios de 1991 e 1992 em respeito à coisa julgada material" (REsp 731.250/PE, Rel. Min. ELIANA CALMON, Segunda Turma, DJ 30/4/07). 8. Recurso especial conhecido e provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil e da Resolução 8/STJ. Ademais, ressaltase que o Direito não dispõe de normas individuais e concretas para regular cada caso em específico. Dispõe sim, de um aparato de normas gerais e abstratas, que não atuam diretamente sobre as condutas intersubjetivas, exatamente em decorrência da sua generalidade e abstração. O sistema pressupõe, por isso, que, a partir dessas normas gerais e abstratas, sejam criadas outras normas (individuais e concretas) diretamente voltadas aos comportamentos dos indivíduos, para atuarem especificamente em cada caso, o que só ocorre com a aplicação do direito. A norma não tem força para sozinha atingir condutas intersubjetivas e modificálas. Depende dos homens, dos aplicadores do direito. Isto porque, tomando o sistema jurídico como um corpo de linguagem, qualquer modificação que lhe pretenda (como a criação de direitos e deveres correlatos) pressupõe a produção de uma nova linguagem, e esta, por sua Fl. 1392DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.393 33 vez, pressupõe alguém que a produza, por isso, a inevitável presença do homem na constituição de efeitos jurídicos. Não obstante, o produtor dessa linguagem deve ser investido de competência para tanto. No caso em espeque, há decisão judicial em que o julgador, investido de competência, declarou a inexistência de relação jurídica entre o contribuinte e o Fisco. Ou seja, posteriormente ao pleito do jurisdicionado, o Magistrado emitiu norma jurídica declarando que relativamente à CSLL regulamentada pela Lei 7.689/88, não existe relação jurídicotributária, o que, expressamente veda a cobrança do contribuinte quanto ao referido tributo. Relevante pontuar que a referida decisão fora obtida no âmbito judicial, desse modo, voltando ao caso, estarseia a infirmar esta norma jurídica, por meio de regra produzida no âmbito administrativo, qual seja, o Parecer PGFN 492/2011. Desse modo, em caso de prevalência da interpretação administrativa sobre a norma emitida pelo Judiciário, verificarse ia clara violação ao princípio da separação dos Poderes. Isto porque, o Poder Judiciário tem a função típica de aplicar o direito ao caso concreto, exercendo jurisdição complementar em relação ao Poder Legislativo, posto que, enquanto este elabora a lei visando um caso abstrato, aquele aplica a lei no caso concreto. Por sua vez, o Poder Executivo tem a função precípua de administrar, sempre de acordo com o ordenamento legislativo, sob pena do ato administrativo “nascer” nulo. Assim, a divisão e a harmonia dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, asseguram o respeito aos direitos dos cidadãos, bem como a efetivação das garantias constitucionais, exatamente porque cada um desses Poderes tem, segundo Montesquieu, a par de sua faculdade de estatuir, desempenhando cada qual sua missão específica, também a faculdade de impedir, ou seja, limitar a ação dos outros poderes, o que hoje se denomina sistema de freios e contrapesos. Portanto, uma vez que o direito foi assegurado pelo Judiciário, não pode o Poder Executivo exigir obrigação que importe na anulação da norma jurídica, pois é aquele Poder quem detém jurisdição para dispor sobre as relações jurídicas. Isto importa em afirmar que o Parecer PGFN 492/2011, utilizado na fundamentação do decisum, não pode ser aposto como motivo para descumprir a norma jurídica imposta pelo Poder Judiciário, através da Ação Declaratória proposta pelo contribuinte. Deve observarse que o Parecer PGFN 492/2011 é, nada mais, nada menos que uma interpretação do conjunto normativo ofertada por aquele órgão. Em outros termos, tratase de uma atribuição de sentido ao conjunto normativo atual, emitido por aquele órgão. De outro lado, temos uma norma jurídica individual e concreta, emitida pelo Magistrado, investido de competência para análise fática e aplicação do direito afim de coordenar a relação jurídica. Não há razoabilidade no entendimento de que o Parecer sobredito, que apenas dá interpretação a um conflito aparente entre entendimentos divergentes do STF, possa se sobrepor a uma norma individual e concreta emitida por ente competente. Não se quer aqui, adentrar o mérito da constitucionalidade ou não da interpretação conferida no mencionado Parecer, o que não é dado a este Conselho. Fl. 1393DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.394 34 Contudo, afirmase que a tutela obtida em meio judicial deve ser respeitada. Portanto, não pode o Poder Executivo simplesmente desfazer o mandamento proferido pelo Poder Judiciário, posto que esse é quem detém jurisdição sobre as relações jurídicas. Logo, concluise que para o restabelecimento da relação jurídica que, ao momento encontrase extinta, deve a União provocar o Judiciário afim de que seja produzida outra norma jurídica desconstituindo os efeitos da norma individual e concreta que atualmente rege a relação. Neste sentido, colhese jurisprudência deste Conselho: CSRF, Sessão de 20.01.2015, acórdão n. 9101002.087. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Ano calendário: 2005 RELAÇÃO JURÍDICO TRIBUTÁRIA CONTINUATIVA. DECISÃO TRANSITADA EM JULGADA EM AÇÃO JUDICIAL QUE DECLARA A INCONSTITUCIONALIDADE DA EXIGÊNCIA DA CSLL NOS TERMOS DA LEI Nº 7.689/88. COISA JULGADA. DECISÃO POSTERIOR EM AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE. EFEITOS. ALCANCE TEMPORAL. RECURSO ESPECIAL 1.118.893 MG (2009/00111359), SUBMETIDO AO REGIME DO ARTIGO 543C DO CPC. ARTIGO 62ª DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Segundo entendimento do STJ proferido no julgamento do Recurso Especial 1.118.893 MG, submetido ao artigo 543 C do CPC: Nos casos que envolvem relação jurídico tributária continuativa, a decisão transitada em julgado, declarando a inexistência de relação jurídico tributária entre o contribuinte e o fisco, faz coisa julgada em relação a períodos posteriores. Nos casos em que há decisão judicial transitada em julgado, em controle difuso, declarando a inexistência de relação jurídico tributária entre o contribuinte e o fisco, mediante declaração de inconstitucionalidade de lei que instituiu determinado tributo, a decisão posterior, em controle concentrado, mediante Ação Declaratória de Constitucionalidade, em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada. CSRF. Sessão de 04.06.2012. Acórdão n. 9101001.369 LIMITES DA COISA JULGADA – Tendo o Superior Tribunal de Justiça, sob a sistemática dos chamados Recursos Repetitivos, reconhecido, na espécie, a efetiva ofensa à coisa julgada, nas hipóteses em que a decisão obtida pelo contribuinte reconhece a inconstitucionalidade incidenter tantum da exigência da CSLL originalmente, pelas disposições da Lei 7689/88, sejalhe exigida, agora, com a simples referência à existência de diplomas normativos posteriores que rege a matéria, deve os conselheiros desta Corte, reproduzir tal entendimento no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, a teor do disposto no art. 62ª do Regimento. Fl. 1394DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.395 35 CARF, Data da Sessão: 03/06/2014, Acórdão n.º 1302001.410 Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Exercício: 1996, 1997 INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI 7.689/88. INCONSTITUCOINALIDADE DA CSLL. EXISTÊNCIA DE COISA JULGADA. CONSTITUCIONALIDADE DA CSLL SUPERVENIENTE. AUSÊNCIA DE AÇÃO RESCISÓRIA. FORMAÇÃO DE COISA SOBERANAMENTE JULGADA. A coisa julgada formada em controle concentrado não é rescindida por decisão do Supremo Tribunal Federal em controle difuso em sentido contrário, especialmente nos casos em que inexiste ação rescisória. PARECER PGFN 492/2011. INTERPRETAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. EXISTÊNCIA DE RECURSO REPETITIVO EM SENTIDO CONTRÁRIO. INTERPRETAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. O Parecer PGFN 492/2011 apresenta interpretação conflitante com o caráter constitucional e infraconstitucional da coisa julgada, este reafirmado pelo REsp 1118893/MG, julgado pelo rito do art. 543C do CPC, razão pela qual não deve ser observado pelos Tribunais Administrativos. Conforme a coletânea de julgados destacados acima, viuse a preponderância da coisa julgada sobre a mudança de entendimento dos Tribunais superiores, assim como a inaplicabilidade do Parecer PGFN 492/2011 ao caso sob análise. Por todo o exposto, voto por dar PROVIMENTO ao recurso especial do Contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Declaração de voto Conselheiro Demetrius Nichele Macei Tratase de Recurso Especial interposto pela COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO de efls 1081/1101, contra o acórdão nº 1302001.130 (efls. 945/953), que, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer a decadência relativa aos lançamentos de multa isolada de janeiro a novembro de 2001. Dentre as divergências apontadas pelo recorrente, me concentro na primeira delas, devidamente conhecida por esta Turma Julgadora, relacionada ao que denominou "relativização da coisa julgada". Fl. 1395DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.396 36 É incontroverso nos autos que a contribuinte tem a seu favor ação judicial transitada em julgado em 02/1992, afastando a incidência da CSLL em relação ao seu lucro, desde então. Segundo o contribuinte, em síntese, deve ser aplicado à discussão objeto desse processo o entendimento exarado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) quando do julgamento do Recurso Especial nº 1.118.893/MG, cuja conclusão foi: (i) "expressamente afastou qualquer hipótese no sentido de que as superficiais alterações sofridas pela Lei nº 7.689/88 teriam o condão de macular as relações jurídicas já pacificadas pela coisa julgada" e (ii) "afastou qualquer efeito do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 15 ("ADI nº 15") pelo Supremo Tribunal Federal sobre a relação jurídica estabilizada por decisão judicial transitada em julgado". Aduz ainda que o entendimento exarado pelo STJ seria de observância obrigatória pelo CARF, com base no art. 62A do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, vigente à época da apresentação do recurso. Entendeu a i. relatora, contudo, que não se pode dizer que a Lei nº 9.430, de 1996, bem como a Lei nº 10.637, de 2002, estariam alcançadas pelo REsp 1.118.893/MG, a ponto de não poderem ser aplicadas a quem porventura tenha uma decisão judicial favorável fundamentada na inconstitucionalidade da Lei nº 7.689, de 1988 (que foi o objeto de pedir no caso concreto). Ainda segundo a i. relatora, de ombro a ombro com o Parecer PGFN 492/2011, antes de março de 2007, as decisões proferidas pelo STF em controle difuso sobre uma determinada questão constitucional, mesmo que não submetidas a Resolução Senatorial, se proferidas pelo Plenário, e cujo entendimento tenha sido reafirmado em diversos julgados posteriores, também têm esse efeito. (fls. 14 do voto) Discordo com a afirmação de as decisões do STF, pelo simples fato de serem tomadas na composição plena, têm o efeito de modificar o quadro jurídico da CSLL. Se assim fosse, não haveria a necessidade de Resolução do Senado para retirar a norma do ordenamento (gerando efeitos a quem não está no processo), por exemplo, ou seria irrelevante ser a decisão tomada no regime de repercussão geral, com efeito semelhante. Também não acredito que o STJ, extrapolando sua competência, no meu humilde entendimento, possa dizer qual é o alcance dos efeitos da decisão do STF, senão o próprio STF. Por essas razões, me filio ao entendimento de que não há ofensa à coisa julgada, mas sim a cessação dos seus efeitos, contudo, somente após a decisão no julgamento da ADI nº 152/DF, de 14/06/2007, pelo único fato de se enquadrar em controle concentrado de constitucionalidade, é que houve sim mudança do quadro jurídico que instituiu o tributo, ensejando portanto a cessação dos efeitos da coisa julgada para o caso concreto. O STF por vocação constitucional e por ser integrante do Poder Judiciário, emite normas individuais e concretas (controle difuso), contudo, também por permissão constitucional, emite normas gerais e abstratas, tal qual ocorre com o Poder Legislativo Fl. 1396DF CARF MF Processo nº 19515.003932/200717 Acórdão n.º 9101002.583 CSRFT1 Fl. 1.397 37 (controle concentrado), que devem ser tratadas como tal, inclusive em relação às normas gerais de direito (antiguidade/especialidade/irretroatividade). Tal posicionamento por mim adotado, a meu ver, atende ao mesmo tempo a Segurança Jurídica (irretroatividade do novo "quadro jurídico") como a Justiça, pois se a situação fosse exatamente inversa ao do caso concreto (o STF declarar inconstitucional o tributo) não faria sentido algum que a Fazenda Nacional continuasse cobrando o tributo em lançamentos realizados anteriormente pelo simples fato de que o contribuinte, por hipótese, tivesse contra si ação judicial transitada em julgado, em sede de controle difuso de constitucionalidade. É a declaração de voto. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Fl. 1397DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.721048/2014-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010, 2011, 2012
PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS ATRIBUÍDA A DIRETORES. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO DE EMPREGO. INDEDUTIBILIDADE.
Por expressa disposição legal, são indedutíveis os valores distribuídos a administradores a título de participação nos resultados. Inexistindo subordinação jurídica, o empregado eleito diretor estatutário terá seu contrato de trabalho suspenso. O pagamento de verbas trabalhistas, por mera liberalidade, durante o período em que o contrato de trabalho deveria estar suspenso, não tem o condão de transformar uma relação estatutária em uma relação de emprego.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. Precedentes das três turmas da Câmara Superior - Acórdãos 9101-001.863, 9202-003.150 e 9303-002.400. Precedentes do STJ - AgRg no REsp 1.335.688-PR, REsp 1.492.246-RS e REsp 1.510.603-CE.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 1402-002.355
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade. No mérito, em primeira votação, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e votos que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella e Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, que votaram por dar provimento. Designado o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, para redigir o voto vencedor. Em segunda votação, por unanimidade de votos, manter a exigência dos juros de mora sobra a multa de ofício.
(assinado digitalmente)
Leonardo Couto de Andrade - Presidente
(assinado digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (presidente), Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçaalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei.
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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P. MORGAN S. A. Recorrida FAZENDA PÚBLICA. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010, 2011, 2012 PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS ATRIBUÍDA A DIRETORES. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO DE EMPREGO. INDEDUTIBILIDADE. Por expressa disposição legal, são indedutíveis os valores distribuídos a administradores a título de participação nos resultados. Inexistindo subordinação jurídica, o empregado eleito diretor estatutário terá seu contrato de trabalho suspenso. O pagamento de verbas trabalhistas, por mera liberalidade, durante o período em que o contrato de trabalho deveria estar suspenso, não tem o condão de transformar uma relação estatutária em uma relação de emprego. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. Precedentes das três turmas da Câmara Superior Acórdãos 9101001.863, 9202003.150 e 9303 002.400. Precedentes do STJ AgRg no REsp 1.335.688PR, REsp 1.492.246RS e REsp 1.510.603CE. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade. No mérito, em primeira votação, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e votos que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella e Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, que votaram por dar provimento. Designado o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, para redigir o voto vencedor. Em AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 10 48 /2 01 4- 16 Fl. 3775DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.776 2 segunda votação, por unanimidade de votos, manter a exigência dos juros de mora sobra a multa de ofício. (assinado digitalmente) Leonardo Couto de Andrade Presidente (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves – Relator (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (presidente), Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçaalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei. Fl. 3776DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.777 3 Relatório Tratase o presente de Recurso Voluntário interpostos pela autuada, face v. acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de São Paulo que manteve integralmente a exigência perpetrada no Auto de Infração. Segundo a Fiscalização, o Auto de Infração foi lavrado devido a Recorrente ter, deduzido indevidamente da base de cálculo do IRPJ gratificações e Participações nos Lucros ou Resultados PRL pagas aos administradores/diretores estatutários. A Recorrente ofereceu impugnação e juntou documentos às fls. 2878/3657, alegando que os Diretores são empregados, com contratos regidos pela CLT, recolhem contribuição previdenciária, tem subordinação e hierárquica com a controladora situada no exterior, com a Assembléia Geral e Conselho Fiscal. Aponta que existe Convenção Coletiva da categoria com o Sindicato delimitando o PRL. Que o Agente Fiscal deixou de analisar os outros documentos costados aos autos que demonstram que são Diretores empregados e que por isso as gratificações e PRL são despesas necessárias nos termos do artigo 299 do RIR/99, podendo ser deduzidas da base de cálculo do IRPJ. Afirma, subsidiariamente, que na hipótese de se entenderem que os Diretores não são empregados e sim trabalhadores administradores, o parágrafo primeiro, do artigo terceiro, bem como o artigo primeiro, ambos da Lei 10.101/00 e o inciso III, do artigo 462 do RIR/99, indicam que as participações no lucro, são despesas necessárias e por tal motivo poderiam ser deduzidas do lucro liquido do período de apuração. Alega que é nulo o Auto de Infração por ausência de provas que caracterizem a prática da infração imputada a Recorrente, eis que as provas dos autos demonstram com clareza que os Diretores são empregados regidos pela CLT. Aduz que não é possível incidir juros sobre a multa de ofício. O v. acórdão recorrido manteve integralmente o Auto de Infração, afastando as alegações da Recorrente de ilegalidade dos juros sobre a multa e por entender que os Fl. 3777DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.778 4 diretores não eram meros empregados do banco, mas sim dirigentes/administradores, sendo que as gratificações e PRLs neste caso, enquadramse nas regras específicas previstas nos artigos 303 e 463 do RIR/99, não sendo dedutíveis da base de cálculo do IRPJ. Ato contínuo, inconformada com o v. acórdão, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário repisando os mesmos argumentos da impugnação. a) É nulo o Auto de Infração por ausência de provas que caracterizem a prática da infração imputada (contratação de diretores/administradores estatutários como se empregados fossem). b) As gratificações e a PLR são despesas operacionais dedutíveis, tendo em vista que realizadas para (i) diretores empregados, devidamente registrados e submetidos ao regime da CLT, (ii) cuja remuneração se sujeita à regular tributação, sendo refletidas em GFIP, DIRF, DIPJ, e que, notadamente, submetemse aos (iii) vínculos da relação de emprego, caracterizada clara relação de subordinação hierárquica a sua controladora no exterior. c) Ainda que se equiparem os diretores empregados a administradores investidos de poder decisório, o art. 3º, § 1º, da Lei 10.101/2000 impõe a dedutibilidade da PLR da base de cálculo do IRPJ. Também o art. 462, II e III, do RIR/99 prevê a possibilidade de dedução da PLR concedida nos termos da Lei ou, ainda, daquela PLR atribuída sem discriminação dos trabalhadores. d) As despesas foram pagas a diretores que efetivamente são empregados, cuja relação jurídica é regida pelo Direito do Trabalho, aplicandose os ditames da CLT. e) Existe previsão legal para a contratação de diretor empregado, de modo que os procedimentos adotados pela empresa atendem a legislação regente. f) Estão provados o vínculo empregatício e a real subordinação hierárquica dos diretores empregados. g) Os diretores empregados que ensejaram o lançamento fiscal não possuem autonomia e tampouco poder decisório ilimitado, tendo em vista que subsiste a subordinação caracterizada pelas limitações de atuação que lhes são impostas. h) Não é possível incidir juros sobre a multa de ofício. Ato contínuo, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 3778DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.779 5 Voto Vencido Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e possui todos os requisitos de admissibilidade, devendo ser admitido. Em relação a preliminar de nulidade do lançamento, devido a ausência de prova da conduta irregular da Recorrente, pois apesar de reconhecer que os diretores empregados estavam devidamente contratados e registrados segundo a CLT, a D. Fiscalização tratou tais fatos como irrelevantes, entendo que não merece prevalecer. Não existe ausência de provas nos autos para constar se a conduta da Recorrente era ou não irregular. A Fiscalização juntou aos autos farta documentação (fls. 16/2851) e apenas interpretou de forma diferente da Recorrente, conforme disposto no Termo de Verificação Fiscal (fls. 03/15). Também não verifico que o trabalho do Agente Fiscal e o Auto de Infração tenham contrariado o artigo 59 da Lei 70.235/72. A autuação está clara e foi lavrada por Agente Fiscal competente, inexistindo cerceamento do direito de defesa. Tanto foi assim, que a Recorrente conseguiu se defender alegando diversos argumentos contra a acusação. Ademais, consta no Auto de Infração todos os requisitos do artigo 10 da Lei 70.235/72 e do artigo 142 do CTN. Desta forma, deixo de acolher a nulidade no lançamento alegada pela Recorrente. Em relação ao mérito, a lide cingese em analisar se os Diretores da Recorrente que receberam gratificação e participação nos lucros e resultados PRL, são empregados comuns ou dirigentes/administradores para fins de dedutibilidade na base de cálculo do IRPJ de tais despesas. Se os Diretores forem considerados empregados comuns, tais despesas se enquadrariam na regra do artigo 299 do RIR/99. (despesas necessárias e dedutíveis) Entretanto, se restar constatado nos autos que os Diretores da sociedade anônima são dirigentes/administradores, por serem verdadeiros representantes da companhia e responsáveis diretos por sua administração, não se caracterizando como empregados, desloca Fl. 3779DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.780 6 se a regulamentação de tais despesas com gratificação e PRL, para as regras específicas, previstas nos artigos 303 e 463 do RIR/99. (despesas não necessárias e não dedutíveis) A Fiscalização, seguida pela DRJ, entendeu por meio da analise do conteúdo probatório constante nos autos (mais precisamente pela análise do Estatuto Social), que os Diretores eram administradores dirigentes e estatutários, ainda que tenham vinculo formal de empregados comuns, regulamentado pela Consolidação das Leis Trabalhistas CLT. Ou seja, a acusação pautouse em analisar o Estatuto Social da Recorrente, para chegar a conclusão de que eram administradores/dirigentes com poderes de comando e gerencia da Recorrente aqui no Brasil. A Recorrente, por sua vez, alega que os Diretores empregados são contratados na forma que determinam as normas do BACEN, que seguem ordens, tem uma linha de subordinação hierárquica, são contratados pelo regime da CLT e recolhem contribuição previdenciária. Informa, inclusive, que existe Convenção Coletiva junto ao Sindicato da categoria (doc. 6 da impugnação ver fls. 16/17 do RV) e que os documentos fiscais de declaração (GFIP, DIRF, DIPJ) demonstram que são empregados, nos termos da CLT. Vejam D. Julgadores, estamos diante de uma situação fática que nos demonstra, por meio de documentos, que os Diretores tem vinculo trabalhista formal e, ao mesmo tempo, de acordo com o Estatuto da Recorrente (empresa sociedade anônima), são estatutário com poderes de gestão, mas limitados. Esta C. Turma Ordinária, já julgou processo que tratou de matéria muito parecida, onde após uma detida análise dos documentos daqueles autos, entendeu que os Diretores não eram simples funcionários, mas que na realidade eram Administradores/dirigentes estatutários com poderes de gerencia e autonomia de decisões, afastando o vinculo trabalhista formal, enquadrando a dedução da gratificação e PRL da base calculo do IRPJ, nos termos dos artigos 303 e 463 do RIR/99. Entretanto, de uma análise mais acurada dos fatos e documentos acostados aos autos, peço vênia aos meus pares, para alterar meu entendimento expressado no voto anterior e ousar, aqui no caso em epígrafe, votar em sentido contrário. Pois bem. Consta nos autos, Convenção Coletiva da categoria com o Sindicato, determinando regras trabalhistas e limites mínimos de participações no lucro PRL. (doc. 6) Também consta, que os Diretores são registrados, se submetem a contrato de trabalho regido pela CLT e que a Recorrente recolhe a Contribuição Previdenciária do Diretores, sendo seu contrato de trabalho de longa data, com continuidade, habitualidade, onerosidade, com serviços sucessivos, para o qual foram feitos pagamentos reiterados, conforme declarados por meio GIFP, DIRF e DIPJ. Fl. 3780DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.781 7 Por outro lado, o trabalho do Agente Fiscal, se pautou em um único requisito de falta de subordinação dos Diretores e, para presumir tal acontecimento, buscou respaldo apenas no Estatuto Social da Recorrente. No meu entendimento, o Agente Fiscal se equivocou ao fundamentar a acusação em apenas uma das provas, o Estatuto Social, deixando de analisar o vasto conteúdo probatório dos autos. De uma análise mais detida dos autos, natose que os outros documentos acostados, demonstram que existe sim hierarquia e subordinação dos Diretores, face aos controladores situados no exterior. Inclusive, os Diretores tem limites de gastos e aqui no Brasil tem de se reportar ao Conselho de Administração e a Assembléia Geral. Vejam as view permissions, abaixo colacionadas, que constam nos autos. De acordo com os quadros colacionados acima, os Diretores tem poderes e autorização de gastos extremante limitados, afastando, ao menos no meu entender, a teoria da acusação de que teriam poderes amplos de administração e que não tem de se reportar ao seu superior hierárquico. Ora, as empresas podem montar seu organograma hierárquico da forma como bem entenderem, e não existe limitação na legislação de que o superior esteja situado no exterior. Fl. 3781DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.782 8 Ademais, os demais documentos constantes nos autos, além de contrariar a fundamentação da acusação, nos levam a crer que os Diretores da Recorrente, tem vinculo empregatício, eis que tem contratos regidos pela CLT e pela Lei 8.212/91, recolhem contribuição previdenciária, tem o imposto retido na fonte, recibo de férias de acordo com a CLT, recolhem INSS, dentre outros requisitos que comprovam a relação de emprego, conforme ficha financeira dos Diretores constantes nos autos. E mais, os Diretores são contratados de acordo com as normas do BACEN, que determinam alto índice de preparo e qualificação, sendo rotina do mercado financeiro, remunerar tais empregados com gratificações e PRL, caracterizandose ai, no meu entender, a usualidade, rotina e necessidade da despesa. O Agente Fiscal, desqualificou o vinculo empregatício formal, por meio da interpretação de apenas uma prova, o Estatuto Social. Ora, quer dizer então, que o Estatuto Social tem mais valor do que o contrato regido pela CLT? Ou então, mais do que a obrigatoriedade de ter que recolher a previdência social? Ora, a documentação formal trabalhista tem menos valor que um Estatuto Social, formado apenas entre as partes privadas? Entendo que não. E mais, considero que restou comprovados nos autos, que os Diretores são empregados da Recorrente e, por tal motivo, as despesas devem ser regidas pelo artigo 299 do RIR/99. As despesas com gratificações e PRL, são usuais, necessárias e rotineiras no mercado (banco financeiro) da Recorrente, devendo ser enquadradas nos termos do artigo 299 do RIR/99. Desta forma, entendo que para a legislação nacional, tais Diretores se enquadram como empregados da Recorrente, sendo devido a dedução das despesas relativas as gratificações e PRL da base de cálculo do IRPJ. Ademais, de acordo com os documentos acostados aos autos, que levou a este D. Relator a conclusão de que os Diretores são regidos por contrato de emprego (relação de emprego), entendo ser necessário afastar a possibilidade de qualquer argumento de acusação utilizado para lavra ou manter Auto de Infração, de que no presente caso ocorreu a Distribuição Disfarçada de Lucro DDL. No caso em epígrafe, a DDL poderia ocorrer na hipótese de se entender que os Diretores são administradores com poder de decisão autônoma de gerência, sem qualquer subordinação, o que não se constatou nos documentos acostados aos autos. De qualquer forma, insta esclarecer que o Termo de Verificação Fiscal e o Auto de Infração não acusaram a Recorrente de tal prática. Noutra baila, a Recorrente afirma também, de forma subsidiária, que na hipótese de se entenderem que os Diretores não são empregados e sim trabalhadores administradores, o artigo 7, XI, da C.F./88, o parágrafo primeiro, do artigo terceiro, bem como o artigo primeiro, ambos da Lei 10.101/00 e o inciso III, do artigo 462 do RIR/99, indicam, Fl. 3782DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.783 9 sem distinção entre empregados e trabalhadores, que as participações no lucro, são despesas necessárias e por tal motivo poderiam ser deduzidas do lucro liquido do período de apuração. Tal argumento de defesa, no meu entender, está correto. Vejamos. Como se não bastasse tais dispositivos acima apontados, insta ressaltar, que existe nos autos a Convenção Coletiva (que fora ignorada pelo v. acórdão) formulada com o Sindicato da categoria, onde determinam as condições do PRL, restando novamente demonstrada a necessidade das despesas com PRL devido a convenção trabalhista. Ou seja, a Recorrente é obrigada a pagar PLR aos Diretores, sob pena de contrariar a Convenção Coletiva e ter de enfrentar problemas trabalhistas e com o Sindicato. Desta forma, caso meus pares entendam que os Diretores não são empregados e por tal motivo enquadrem as despesas como não necessárias e indedutíveis nos termos dos artigos 303 e 463 RIR/99; em relação a PLR, entendo que de acordo com os argumentos acima, se caracterizam como despesas necessárias, usuais, rotineiras e normais que devem ser pagas aos Diretores trabalhadores, devido a concorrência do mercador, para que se consiga contratar profissionais qualificados e respeite a Convenção Coletiva e as normas do BACEN. Ante o exposto e por tudo que consta processado nos autos, conheço do Recurso Voluntário e dou provimento, para cancelar totalmente o Auto de Infração em epígrafe. É como voto. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Fl. 3783DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.784 10 Voto Vencedor Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Redator Designado. Em que pesem os valorosos argumentos do I. Conselheiro Relator, ouso discordar de suas conclusões. A discussão versa, basicamente, sobre a dedutibilidade, para fins de apuração de base de cálculo do IRPJ, dos valores de participação nos resultados distribuídos a seus diretores. Em suas razões de defesa, o Recorrente alega que, mantida a condição de empregado, e consequente subordinação jurídica, aplicase o disposto no art. 3º, §1º, da Lei nº 10.101/2000, a seguir transcrito: § 1o Para efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos termos da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição. Argumentou ainda não se aplicar o disposto nos arts. 303 e 463, caput do RIR/99, assim vazados: Art. 303. Não serão dedutíveis, como custos ou despesas operacionais, as gratificações ou participações no resultado, atribuídas aos dirigentes ou administradores da pessoa jurídica (Lei nº 4.506, de 1964, art. 45, § 3º, e DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 58, parágrafo único). Art. 463. Serão adicionadas ao lucro líquido do período de apuração, para efeito de determinar o lucro real, as participações nos lucros da pessoa jurídica atribuídas a partes beneficiárias de sua emissão e a seus administradores (Decreto Lei nº 1.598, de 1977, art. 58, parágrafo único). O deslinde da questão, passa, necessariamente, pela análise da possibilidade, ou não, da dedução a título de participações nos resultados dos valores distribuídos a diretores que, segundo o Recorrente, mantiveram sua condição de empregados. Diretores e Subordinação Convém ressaltar que há quadros jurídicos distintos para as diferentes espécies de diretores, mormente em sociedades de capital. Nesse sentido, ressalta Paulo Emílio Ribeiro de Vilhena: De um lado, aparecem aqueles que vêm com suas atribuições definidas pelos estatutos, cujas esferas de ação não sofrem interferência de outro órgão qualquer da sociedade e cujas Fl. 3784DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.785 11 responsabilidades somente decorrem do exercício normal ou regular do cargo, evidentemente atendendose à interligação como um todo harmônico dos demais órgãos diretivos da empresa.(grifo nosso) Se muito deles atuam com poderes de mando e gestão e representação definidos e intocáveis, até chegarse aos incólumes cimos do diretorpresidente, ou aos amplos e até discricionários poderes de um diretorsuperintendente, outros, porém, são limitados em suas funções, não as têm fixadas nos estatutos (diretores inominados) ou desenvolvem sua força trabalho agregados a outros diretores (os chamados diretores adjuntos). Em geral, esses diretores – conquanto eleitos – os adjuntos e os sem designação especial (inominados), não têm a faculdade de substituírem os diretores qualificados (o presidente, o vice presidente, o comercial, o superintendente etc.) em suas ausências ou impedimentos e, quando ocorre, entre eles, “substituição”, esta se dá por ordem ou determinação da diretoria (superior). (grifo nosso) Verificase, pois, dessa distinção que, mesmo no quadro da diretoria eleita, ocorre uma diferença qualitativa no comportamento entre uns e outros diretores, diferença essa que, embora da mecânica e do sistema de mobilidade dos órgãos diretivos entre si, se vista sob o prisma objetivo das relações de poderes entre eles desenroladas, caracterizadamente pode chegar a um sensível grau de subordinação na prestação de trabalho, bastante para esmaecer a qualificação estatuto comercial do administrador, propiciando um seu deslocamento para a esfera do Direito do Trabalho. 1 Pois bem, passemos a uma breve análise da estrutura administrativa do Recorrente, conforme estatuto social vigente à época dos fatos objetos da autuação: no art. 13, convencionouse que a remuneração da Diretoria será fixada pela Assembleia Geral, podendo consistir em uma importância global cuja distribuição ficará a critério da Diretoria; que seus diretores exercem atividades típicas de administração de negócio e submetemse a orientações gerais traçadas pelos Órgãos Estatutários competentes, nos termos dos artigos 8º, 13 (Assembleia Geral que os elege e fixa a remuneração), 15 e 17 (Comitê de Auditoria que somente tem o poder de recomendações à Diretoria) do Estatuto do Recorrente; O Banco será administrado por uma Diretoria 4 composta de no mínimo 2 e no máximo 20 diretores, sendo um deles necessariamente designado como Diretor Presidente (art. 7º), o qual, na hipótese de 1 VILHENA, Paulo Emílio ribeiro de. Relação de emprego: estrutura legal e supostos. 3. ed. São Paulo: LTR, 2005, p. 702703. Fl. 3785DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.786 12 quaisquer impasses nas decisões da Diretoria terá o voto de desempate (§ 2º); de acordo com o art. 9º, compete à Diretoria: I. Zelar pelo cumprimento, por parte do Banco, seus Diretores e funcionários, dos preceitos estatutários, das determinações das Assembleias, das recomendações do Comitê de Auditoria e das disposições legais e regulamentares pertinentes. II. Acompanhar o andamento geral das atividades sociais, examinando periodicamente os resultados apresentados à luz dos objetivos colimados, recursos disponíveis e consequentes planos. Parágrafo 1° A critério da Diretoria, por deliberação da maioria simples de membros especialmente reunidos, o Banco poderá adquirir ações do próprio capital, até o montante que fixar, de conformidade com o disposto na alinea "b", do artigo 30, § 1º da Lei n°6.404, de 15 de dezembro de 1976. em seu art. 10, define o estatuto que a “Diretoria tem amplos poderes de administração necessários a assegurar o funcionamento regular do Banco, podendo hipotecar, empenhar e caucionar bens sociais, adquirir e alienar bens móveis e imóveis, transigir e renunciar a direitos.” (grifo nosso); o art. 11 trata dos requisitos de validade dos atos que criarem responsabilidade para o Banco ou exonerarem terceiros de responsabilidade para com ele, bem como sua representação, ativa e passiva, exigindo, em resumo, a assinatura conjunta de dois membros da Diretoria, de dois procuradores constituídos com fins específicos, ou de um membro da Diretoria e um procurador constituído com fins específicos, ou somente um procurador, constituído com fins específicos, em algumas situações; em seu artigo 12 o estatuto define que em caso de impedimento temporário ou ocasional de um Diretor, a sua substituição se fará por outro membro da Diretoria indicado por seus pares, mas que em caso de vacância, as substituições se farão interinamente da mesma forma, até a realização da primeira Assembleia Geral, a qual designará o substituto definitivo, que exercerá o mandato pelo tempo que restava ao substituído (parágrafo único). Convém ressaltar que o art. 138, e seu §1º, da Lei das S/A2 dispõe que a administração da companhia competirá, segundo dispuser seu estatuto, ao Conselho de Administração e à diretoria, ou somente à diretoria. No caso concreto, até mesmo pela não existência de Conselho de Administração, não há dúvidas quanto à concentração dos poderes de gestão aos diretores da companhia. 2 Art. 138. A administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou somente à diretoria. § 1º O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada, sendo a representação da companhia privativa dos diretores. Fl. 3786DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.787 13 Segundo o Estatuto, à Diretoria compete a representação da Companhia (com algumas exceções em que os procuradores, com poderes específicos, são designados pela própria Direitoria), a gestão dos negócios sociais e a prática de atos de administração. Logo, não procedem os argumentos de que muito embora o exercício do cargo de direção, relativamente a outros empregados, coloque os diretores num nível diferenciado, relativamente à mantémse com subordinação. A representação da companhia se dá por seus Diretores (ou, em alguns casos, com a participação de procuradores com fins específicos e designados pela própria Diretoria) e os atos que impliquem responsabilidade ou obrigação da companhia perante terceiros poderão ser assinados, inclusive, por dois diretores, ou por procuradores por eles designados. Para Paulo Emílio Ribeiro de Vilhena, em relação aos cargos diretivos, alguns fatores são imprescindíveis para caracterização, ou não, da relação de emprego: A atribuição de assistir ou mesmo assessorar a outros diretores superiores na hierarquia do comando empresário, a indeterminação ou o silêncio de funções nos estatutos, a mobilidade dirigida são fatos jurídicos de extraordinária riqueza na desfiguração da relação estatutária de um diretor e na fisionomização da relação de emprego, do cargo diretivo. 3 Desse modo, embora o Recorrente argumente a respeito de pretensa subordinação durante os respectivos contratos de trabalho, os demais documentos acostados aos autos, em especial o Estatuto Social e Atas de Assembleias e de Reuniões do Conselho de Administração, demonstram que não havia qualquer subordinação entre os membros da diretoria, ou entre os diretores e qualquer outra pessoa ocupante de demais cargos da Companhia. Observase que eventual relação se dava entre órgãos e não entre cargos. Nesse sentido, assevera Adriana Calvo: Os órgãos não possuem deveres determinados por lei, e sim, seus titulares que exercem coletiva ou individualmente os respectivos encargos. Os Diretores integram um órgão não coletivo – a Diretoria. Neste órgão, o exercício dos deveres de seus integrantes é individual. Cada Diretor, nos limites de suas funções, manifesta unilateralmente a vontade social. Tem essa vontade individual efeitos jurídicos externos, já que cabe a cada Diretor, por lei e na forma do estatuto, a representação orgânica da sociedade. Assim, os Diretores não constituem órgãos da companhia, mas representam a Diretoria. 4 (grifo nosso) A respeito do tema, Domenico Napoletano acrescenta: 3 VILHENA, Paulo Emílio ribeiro de. Relação de emprego: estrutura legal e supostos. 3. ed. São Paulo: LTR, 2005, p. 703. 4 CALVO, Adriana Carrera. O regime jurídico do diretor nas sociedades comerciais. Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 65, 1 maio 2003. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/4068>. Acesso em: 16 nov. 2011. Fl. 3787DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.788 14 Se é exato que o administrador constitui o órgão ativo da sociedade e, como tal, exprime uma vontade própria da sociedade, não é possível nem concebível que ele mesmo possa contratar com ele, ou seja, consigo mesmo. E isto se dá tratando se de um administrador único como tratandose de membro de um conselho.5 Na mesma linha de raciocínio, assim conclui Adriana Calvo: [...] a doutrina e jurisprudência prevalecentes são no sentido de que a figura do Diretor nomeado nos termos da lei como órgão representativo da sociedade e a de empregado da mesma sociedade são excludentes, pois a mesma pessoa não pode ser ao mesmo tempo órgão representativo da empresa e empregado. Na lição de Arnaldo Sussekind, "o bom senso e a lógica jurídica evidenciam que a mesma pessoa física não pode exercer o poder de comando, característico da figura do empregador, e permanecer juridicamente subordinado a esse poder, que se objetiva nos poderes diretivo e disciplinar". Argumenta o autor ainda: "E precisamente o fato de, no plano jurídico, a intensidade da colaboração suplantar a subordinação, quando o empregado é eleito Diretor da sociedade anônima, como conseqüência jurídica da circunstância de, com isso, assumir, legalmente a posição de empregador, como órgão da própria pessoa jurídica ou seja impossibilita a situação da mesma pessoa ser empregado e empregador." No dizer do autor: "há os que consideram que o preceituado no art. 499 da CLT pode fundamentar a tese da simples interrupção remunerada da prestação de serviços do empregado eleito Diretor da sociedade anônima. O artigo diz respeito a inexistência de estabilidade no exercício pelo empregado, como empregado, de certos cargos. Por isso, está no artigo, com todas as letras, que esses cargos devem ser de confiança imediata do empregador. Nada tem que ver com a eleição para a Diretoria de sociedade anônima". Neste sentido manifestouse Mozart Russomano, quando ainda no exercício da magistratura, no Tribunal Superior do Trabalho: " Insisto em que o Diretor da sociedade anônima não está capitulado entre os cargos de Diretoria a que se refere o art. 499 CLT, porque não existe entre o Diretor da sociedade anônima e a empresa qualquer relação de emprego. Não existe dependência hierárquica, que desapareceu totalmente. O Diretor de sociedade anônima não é responsável perante qualquer chefe ou empregador imediato, a não ser a Assembléia Geral. Ele é órgão da administração da sociedade anônima da empresa, e não empregado da mesma. Não pode ser despedido segundo as regras da CLT e só pode ser destituído 5 DOMENICO, Napoletano apud VILHENA, Paulo Emílio ribeiro de. Relação de emprego: estrutura legal e supostos. 3. ed. São Paulo: LTR, 2005, p. 705. Fl. 3788DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.789 15 consoante as normas mercantis da sociedade anônima".6(grifo nosso) Aduz ainda a doutrinadora que há diferenças entre o diretorempregado e o diretor, enquanto empregado, que pode ter seu contrato de trabalho suspenso durante o exercício do cargo administrativo. Para Adriana Calvo, a figura do diretorempregado se dá nas hipóteses de relação de emprego comum, mantendose todas as obrigações trabalhistas. Afirma ainda que, nessa situação, o exercício do cargo de diretorempregado se enquadraria no conceito de cargo de confiança, o que não se confunde com a figura do empregador, uma vez que os atos praticados por esse não vinculariam a companhia. Desse modo, para que os atos praticados pelo diretorempregado possam vincular a companhia, fazse necessário que membros da Diretoria (estatutária) confiram ao diretorempregado poderes específicos.7 Francisco Antônio de Oliveira, distingue entre “empregadodiretor” e “diretorempregador”: este seria o diretor eleito com poderes plenos, não podendo ser empregado e empregador ao mesmo tempo; já aquele seria o empregado designado pelo empregador para o exercício de cargo de confiança que, embora possua algum nível de poderes de mando e gestão, não pode substituir o empregador, mantendose a esse subordinado juridicamente.8 Vêse, pois, que no caso em análise, os poderes atribuídos aos diretores extrapolam, e muito, o conceito de diretorempregado ou empregadodiretor, uma vez que seus atos vinculam a companhia por força do próprio estatuto e não por instrumento firmado pelo Diretor Presidente ou qualquer ocupante de cargos na estrutura do impugnante. Enquadramse, pois, no conceito de diretorempregador. Enunciado nº 269 do TST O entendimento do TST sobre o tema foi assim firmado: DIRETOR ELEITO. CÔMPUTO DO PERÍODO COMO TEMPO DE SERVIÇO. O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo contrato de trabalho suspenso, não se computando o tempo de serviço deste período, salvo se permanecer a subordinação jurídica inerente à relação de emprego. Segundo o Recorrente, os contratos não foram suspensos durante o período, tendo sido pagos todos os direitos trabalhistas, justamente por permanecer o vínculo de subordinação jurídica inerente à relação de emprego. Convém destacar que a existência, ou não, de relação empregatícia não está ligada ao pagamento das verbas trabalhistas, mas sim, ao preenchimento dos elementos necessários à sua existência. Raciocinar de forma diversa implicaria concluirmos que havendo 6 CALVO, Adriana Carrera. O regime jurídico do diretor nas sociedades comerciais. Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 65, 1 maio 2003. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/4068>. Acesso em: 16 nov. 2011. 7 CALVO, Adriana Carrera. O regime jurídico do diretor nas sociedades comerciais. Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 65, 1 maio 2003. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/4068>. Acesso em: 16 nov. 2011. 8 OLIVEIRA, Francisco Antônio de. Comentários às Súmulas do TST. 6. ed. rev. atual. e amp. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, p. 690. Fl. 3789DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.790 16 o inadimplemento das obrigações trabalhistas não restaria configurado o vínculo de emprego, o que por si só, demonstra não ser possível concluir que o pagamento de verbas trabalhistas tenha o condão de transformar qualquer relação estatutária em uma relação de emprego. Os arts. 2º e 3º da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT definem os quatro elementos necessários à configuração da relação de emprego: prestação pessoal de serviços (a pessoalidade), não eventualidade (ou continuidade), subordinação e pagamento mediante salário (onerosidade). A doutrina e a jurisprudência apontam que a ausência de qualquer desses elementos ocasionará a inexistência, ou, ao menos, tornará incompleta a noção jurídica de relação de emprego. Conforme já demonstrado, não há qualquer subordinação dos diretores em relação a outros membros da Diretoria: a relação existente se dá entre órgãos e não entre cargos (Diretoria/Conselho de Administração/Assembleia Geral), afastando a ideia de subordinação e, consequentemente, de relação de emprego. Impõe ressaltar que, segundo Adriana Calvo, “somente quando a eleição do empregado para o cargo de Diretor configurar uma simulação em fraude a lei é que não se verificará a suspensão do contrato de trabalho, permanecendo o empregado juridicamente subordinado ao poder de comando do verdadeiro empresário.”9 Ou seja, a exceção do enunciado em tela visa a afastar atos fraudulentos que busquem diminuir direitos trabalhistas de empregados travestidos de diretores, o que, sem sombra de dúvida, não se amolda ao presente caso. Sobre o tema, assim conclui Maurício Godinho Delgado: O que parece essencial é se incorporar, nesse exame, o critério sugerido pela Súmula 269, isto é, a objetiva e sensata verificação da existência (ou não) de subordinação no caso concreto (se tidos como presentes os demais elementos fáticojurídicos da relação de emprego). Nesse processo analítico, não parece razoável, entretanto, inferirse apenas da presença de decisões e orientações do conselho de administração sobre a diretoria a real ocorrência do fenômeno clássico da subordinação. As relações fáticojurídicas entre esses órgãos, em princípio, são claramente distintas da relação comando/obediência afinada à ideia de subordinação. Nesse quadro, é necessário à configuração da relação empregatícia que se comprove uma intensidade especial de ordens sobre o diretor recrutado, de modo a assimilar essa figura jurídica ao trabalhador subordinado a que se reporta a Consolidação das Leis do Trabalho. 10 (grifo nosso) Impende salientar que a jurisprudência atual do TST não discrepa do entendimento exposto, conforme se observa no julgado cuja ementa se transcreve a seguir: SOCIEDADE ANÔNIMA. DIRETOR ELEITO. VÍNCULO DE EMPREGO. 1. A eleição para o cargo de direção da empresa suspende o contrato de trabalho do empregado, consoante 9 OLIVEIRA, Francisco Antônio de. Comentários às Súmulas do TST. 6. ed. rev. atual. e amp. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. 10 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: LTR, 2009, 342. Fl. 3790DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.791 17 entendimento expresso na Súmula n.º 269 deste Tribunal Superior. Apenas a comprovação inequívoca da circunstância excepcional de permanência da situação de subordinação jurídica típica da relação de emprego pode afastar a aplicação dessa regra geral, que atende plenamente à lógica de que a situação privilegiada do diretor eleito da sociedade anônima, exercente dos poderes de mando e gestão que lhe são próprios, não se compatibiliza com a condição de hipossuficiência do trabalhador, disciplinada pelo artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho, ensejadora da aplicabilidade das normas protetivas trabalhistas. 2. No caso dos autos, restou consagrado pelo Tribunal Regional que, conquanto alçado ao cargo de diretor da empresa, fora mantida a subordinação do obreiro aos sócios majoritários da demandada. 3. Agravo de instrumento a que se nega provimento. (AIRR 4364049.2007.5.04.0009 Data de Julgamento: 11/10/2011, Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 21/10/2011) (grifo nosso) Assim sendo, a aplicação do referido enunciado para o caso concreto parece se enquadrar não nos moldes de sua exceção, qual seja, a manutenção da subordinação jurídica, mas sim, na regra de que o contrato de trabalho deveria ser suspenso durante o período em que o empregado eleito desempenhou a função de diretor. O fato de a companhia ter arcado com as verbas trabalhistas correspondentes, não possui o condão de transformar a relação estatutária numa relação de emprego, não podendo acarretar qualquer influência para fins de apuração da base de cálculo do IRPJ. Alega ainda o Recorrente não ser aplicável ao caso concreto o disposto nos arts. 303 e 463 do RIR/99. Mais uma vez os argumentos de defesa não merecem prosperar, senão vejamos. Os referidos dispositivos, já transcritos, são taxativos ao considerar indedutíveis as despesas com participações nos lucros atribuídas a administradores (art. 303, RIR/99), bem como impor a adição ao lucro do real dos valores contabilizados a título de participação nos resultados destinados a administradores (art. 463, RIR/99), não se alterando o panorama tributário mesmo havendo convenção trabalhista que determine o pagamento de participação nos lucros aos diretores. É importante ressaltar que não se está afirmando que os pagamentos realizados aos diretores sejam despesas desnecessárias, mas que, por força de dispositivo legal literal, devem ser adicionados na apuração do lucro do real os valores contabilizados a título de participação nos resultados destinados a administradores (art. 463, RIR/99). Entendo que, por si só, os dispositivos acima seriam suficientes para justificar o lançamento efetuado. O conceito de renda é dado pelo legislador, e, uma vez determinado que os valores em exame não devem influenciar a base de cálculo do IRPJ, não há que se falar em violação ao conceito de renda e aplicação impertinente ao caso concreto. Fl. 3791DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.792 18 JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO Por fim, alegou o Recorrente que a cobrança de juros sobre a multa de ofício seria ilegal. Observase, inicialmente, que a questão tem sido objeto intenso debate pela Câmara Superior, haja vista que, num lapso de poucos meses, ocorreram votações em sentidos opostos, ambos decididos por maioria apertada de votos, como se verifica dos acórdãos n° 910100539, de 11/03/2010, e n° 910100.722, de 08/11/2010. Abstraindose de argumentos finalísticos, como o enriquecimento ilícito do Estado, os quais fogem à alçada deste tribunal administrativo, conforme determina a Súmula CARF n° 2, expõese os fundamentos considerados suficientes para justificar a cobrança nos presentes autos, com espelho no acórdão n° 910100539, de 11/03/2010, de lavra da Conselheira Viviane Vidal Wagner: O conceito de crédito tributário, nos termos do art. 139 do CTN, comporta tanto tributo quanto penalidade pecuniária. Uma interpretação literal e restritiva do caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96, que regula os acréscimos moratórios sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições, pode levar à equivocada conclusão de que estaria excluída desses débitos a multa de ofício. Contudo, uma norma não deve ser interpretada isoladamente, especialmente dentro do sistema tributário nacional. No dizer do jurista Juarez Freitas (2002, p.70), "interpretar uma norma é interpretar o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma aplicação da totalidade do direito". Merece transcrição a continuidade do seu raciocínio: "Não se deve considerar a interpretação sistemática como simples instrumento de interpretação jurídica. É a interpretação sistemática, quando entendida em profundidade, o processo hermenêutico por excelência, de tal maneira que ou se compreendem os enunciados prescritivos nos plexos dos demais enunciados ou não se alcançará compreendêlos sem perdas substanciais. Nesta medida, mister afirmar, com os devidos temperamentos, que a interpretação jurídica é sistemática ou não é interpretação." (A interpretação sistemática do direito, 3.ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 74). Daí, por certo, decorrerá uma conclusão lógica, já que interpretar sistematicamente implica excluir qualquer solução interpretativa que resulte logicamente contraditória com alguma norma do sistema. O art. 161 do CTN não distingue a natureza do crédito tributário sobre o qual deve incidir os juros de mora, ao dispor que o crédito tributário não pago Fl. 3792DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.793 19 integralmente no seu vencimento é acrescido de juros de mora, independentemente dos motivos do inadimplemento. Nesse sentido, no sistema tributário nacional, a definição de crédito tributário há de ser uniforme. De acordo com a definição de Hugo de Brito Machado (2009, p.172), o crédito tributário "é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária (objeto da relação obrigacional)." A obrigação tributária principal referente à multa de ofício, a partir do lançamento, convertese em crédito tributário, consoante previsão do art. 113, §1°, do CTN: Art. 113 A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1° A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito tributário dela decorrente. (destacouse) A obrigação principal surge, assim, com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, o que inclui a multa de ofício proporcional. A multa de ofício é prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, e é exigida "juntamente com o imposto, quando não houver sido anteriormente pago''" (§1°). Assim, no momento do lançamento, ao tributo agregase a multa de ofício, tornandose ambos obrigação de natureza pecuniária, ou seja, principal. A penalidade pecuniária, representada no presente caso pela multa de ofício, tem natureza punitiva, incidindo sobre o montante não pago do tributo devido, constatado após ação fiscalizatória do Estado. Os juros moratórios, por sua vez, não se tratam de penalidade e têm natureza indenizatória, , compensarem o atraso na entrada dos recursos que seriam de direito da União. A própria lei em comento traz expressa regra sobre a incidência de juros sobre a multa isolada. Eventual alegação de incompatibilidade entre os institutos é de ser afastada pela previsão contida na própria Lei n° 9.430/96 quanto à incidência de juros de mora sobre a multa exigida isoladamente. O parágrafo único do art. 43 da Lei n° 9.430/96 estabeleceu expressamente que sobre o crédito tributário constituído na forma do caput incidem juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Fl. 3793DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.794 20 O art. 61 da Lei n° 9.430, de 1996, ao se referir a débitos decorrentes de tributos e contribuições, alcança os débitos em geral relacionados com esses tributos e contribuições e não apenas os relativos ao principal, entendimento, dizia então, reforçado pelo fato de o art. 43 da mesma lei prescrever expressamente a incidência de juros sobre a multa exigida isoladamente. Nesse sentido, o disposto no §3° do art. 950 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99) exclui a equivocada interpretação de que a multa de mora prevista no caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 poderia ser aplicada concomitantemente com a multa de ofício. Art.950. Os débitos não pagos nos prazos previstos na legislação específica serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso (Lei n° 9.430, de 1996, art. 61). §1°A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do imposto até o dia em que ocorrer o seu pagamento (Lei n° 9.430, de 1996, art. 61, §1°). §2°O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento (Lei n°9.430, de 1996, art. 61, §2°). §3°A multa de mora prevista neste artigo não será aplicada quando o valor do imposto já tenha servido de base para a aplicação da multa decorrente de lançamento de ofício. A partir do trigésimo primeiro dia do lançamento, caso não pago, o montante do crédito tributário constituído pelo tributo mais a multa de ofício passa a ser acrescido dos juros de mora devidos em razão do atraso da entrada dos recursos nos cofres da União. No mesmo sentido já se manifestou a Câmara Superior de Recursos Fiscais quando do julgamento do Acórdão n° CSRF/0400.651, julgado em 18/09/2007, com a seguinte ementa: JUROS DE MORA MULTA DE OFÍCIO OBRIGAÇÃO PRINICIPAL A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de ofício proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Fl. 3794DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.795 21 Cabe referir, ainda, a Súmula Carf n° 5: "São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral." Diante da previsão contida no parágrafo único do art. 161 do CTN, buscase na legislação ordinária a norma complementar que preveja a correção dos débitos para com a União. Para esse fim, a partir de abril de 1995, temse a taxa Selic, instituída pela Lei n° 9.065, de 1995. No âmbito do Poder Judiciário, a jurisprudência é forte no sentido da aplicação da taxa de juros Selic na cobrança do crédito tributário, como se vê no exemplo abaixo: REsp 1098052 / SP RECURSO ESPECIAL2008/02395728 Relator(a) Ministro CASTRO MEIRA (1125) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 04/12/2008 Data da Publicação/Fonte DJe 19/12/2008 Ementa PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO. NÃOOCORRÊNCIA. LANÇAMENTO. DÉBITO DECLARADO E NÃO PAGO. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE. TAXA SELIC. LEGALIDADE. 1. É infundada a alegação de nulidade por maltrato ao art. 535 do Código de Processo Civil, quanto o recorrente busca tãosomente rediscutir as razões do julgado. 2. Em se tratando de tributos lançados por homologação, ocorrendo a declaração do contribuinte e na falta de pagamento da exação no vencimento, a inscrição em dívida ativa independe de procedimento administrativo. 3. É legítima a utilização da taxa SELIC como índice de correção monetária e de juros de mora, na atualização dos créditos tributários (Precedentes: AgRg nos EREsp 579.565/SC, Primeira Seção, Rel. Min. Humberto Martins, DJU de 11.09.06 e AgRg nos EREsp 831.564/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, DJU de 12.02.07). No âmbito administrativo, a incidência da taxa de juros Selic sobre os débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal foi pacificada com a edição da Súmula CARF n° 4, de observância obrigatória pelo colegiado, por força de norma regimental (art. 72 do RICARF), nos seguintes termos: Súmula CARF n° 4: A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre Fl. 3795DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.796 22 débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. No que se refere ao período de 01/01/1995 a 31/12/1996, sustentam alguns que o Parecer MF/SRF/Cosit nº 28/98 teria deixado claro não ser exigível a incidência de juros sobre a multa de ofício tendo em vista as disposições do inciso I, do art. 84, da Lei nº 8.981/95. O mencionado Parecer, ainda que conclua pela incidência dos juros sobre a multa de ofício para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/1997, de fato manifestase nos termos dessa tese. Entretanto, constatase que o referido Ato Administrativo não levou em consideração a alteração legislativa trazida pela MP nº 1.110, de 30/08/95, que acrescentou o § 8º ao art. 84, da Lei 8.981/95, e que estendeu os efeitos do disposto no caput aos demais créditos da Fazenda Nacional cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da Procuradoria da Fazenda Nacional. Cumpre esclarecer ainda que as três turmas da Câmara Superior, em decisões recentes, vêm confirmando a incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício (Acórdãos 9101001.863, 9202003.150 e 9303002.400). Por fim, corroborando o aqui exposto, o STJ vem firmando entendimento no mesmo sentido, entendendo que os juros moratórios incidem sobre a multa de ofício, conforme se observa na ementa a seguir reproduzida: DIREITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA FISCAL PUNITIVA. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. Precedentes citados: REsp 1.129.990 PR, DJe 14/9/2009, e REsp 834.681MG, DJe 2/6/2010. AgRg no REsp 1.335.688PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 4/12/2012. Ressaltase ainda que, em recentes julgados o STJ decidiu que, no âmbito do parcelamento especial previsto na Lei nº 11.941/2009, as remissões previstas em tal dispositivo legal para as multas de mora e de ofício não autorizam aplicações de reduções superiores às fixadas na mesma lei (45%) para os juros de mora incidentes sobre tais penalidades, ou seja, visto sob outro enfoque, reafirmouse o entendimento de que incidem juros moratórios sobre as multas de mora e de ofício. Tal exegese pode ser observada no REsp 1.492.246/RS (Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, segunda turma, julgado em 02/06/2015, DJe 10/06/2015) e no REsp 1.510.603–CE (Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 20/08/2015), em relação ao qual transcrevese a seguir sua ementa: TRIBUTÁRIO. PARCELAMENTO. 11.941/2009. REMISSÃO DE MULTA EM 100%. DESINFLUÊNCIA NA APURAÇÃO DOS JUROS DE MORA. PARCELAS DISTINTAS. PRECEDENTE. 1. "Em se tratando de remissão, não há qualquer indicativo na Lei n. 11.941/2009 que permita concluir que a redução de 100% (cem por cento) das multas de mora e de ofício estabelecida no art. 1º, §3º, I, da referida lei implique uma redução superior à de 45% (quarenta e cinco por cento) dos juros de mora estabelecida nos mesmo inciso, para atingir uma Fl. 3796DF CARF MF Processo nº 16327.721048/201416 Acórdão n.º 1402002.355 S1C4T2 Fl. 3.797 23 remissão completa da rubrica de juros (remissão de 100% de juros de mora), como quer o contribuinte " (REsp 1.492.246/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/06/2015, DJe 10/06/2015.). 2. Consequentemente, a Lei n. 11.941/2009 tratou cada parcela componente do crédito tributário (principal, multas, juros de mora e encargos) de forma distinta, de modo que a redução percentual dos juros moratórios incide sobre as multas tão somente após a apuração atualizada desta rubrica (multa). Recurso especial provido. REsp 1.510.603–CE, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 20/08/2015. Isso posto, voto por manter tal exigência. CONCLUSÃO Diante das razões acima expendidas voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Redator Designado Fl. 3797DF CARF MF
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